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Meus olhos pesados indicam que não estou muito bem, é claro, estou prestes a

ser acordado, e isso me deixa muito irritado. Mais uma vez estava tendo
um sonho maravilhoso com uma festa de aniversario muito agitada. Todo mundo
acha que aos 18 se tornará invencível, os jovens costumam achar que são
imunes as consequências... bem, para mim, isso é uma verdade. Afinal, sou neto
do Drácula, e como neto do Drácula e um vampiro puro, posso fazer qualquer
coisa, quer dizer, quase qualquer coisa. Ainda não posso sair no sol, mas, hoje
completo 18 anos de vida, então, vou finalmente ganhar meu totem marcado na
pele, e sair no sol já não será mais um problema.

Como Vampiro, acho que estou cumprindo o meu papel, sabe como é, tomando
sangue humano direto da veia, curtindo a noite toda, coisas de vampiro mau,
mas como filho, acho que não tenho sido o melhor exemplo, exatamente pelos
mesmos motivos. Meus pais dizem que tenho que ser mais responsável, que
tenho que parar de acordar quase todas as manhãs com uma humana diferente
na minha cama, e que também tenho que aprender a dominar minhas
habilidades, só não sei pra que, já que sou rápido o suficiente para encurralar
qualquer pessoa e meu poderes de hipnose são muito bons. Tenho quase
certeza que meus pais queriam que eu fosse igual ao meu irmão, ele sim é um
exemplo para eles. Acho que Victor é um exemplo para todos os monstros que
vivem ao seu redor, se formou no colégio Oaks aos 15 anos. Agora acho que
você deve estar se perguntando o que diabos é o colégio Oaks? e porque esse
nome está na capa. Em resumo, é um colégio interno para monstros, onde você
aprende a dominar suas habilidades para não ser descoberto pelos humanos e
consequentemente ser caçado por eles, já basta os Idiotas remanescentes que
ficam por aí bancando uma de Van Helsing. Oaks também é um internato de
elite, não só por ter professores de ponta, como também ser o lar de alunos
brilhantes e de famílias renomadas, e pela faixa de idade desse colégio variar
entre alunos de 18 anos à 23, meu irmão ter se formado com 15 foi algo mais
que brilhante, um orgulho para todos, mas para mim, é só alguém com quem
meus pais me comparam, apesar que gosto muito dele, mesmo com seu jeito
todo frio e autoritário.

Acordei com Lufeia (Bruxa da família) me levitando e me arremessando para fora


da cama.

- Da próxima vez que eu vier aqui é melhor você estar de pé e tomado banho -
Lufeia apenas passou falando enquanto andava pelo corredor
- Saudades de quando me acordava puxando a coberta - Gritei o mais alto que
consegui, Graças a audição apurada, pude ouvir ela dizer que da próxima vez ia
ser pior

Ri levemente enquanto me levantava ainda meio atordoado de sono, estava


tendo um sonho maluco onde eu era caçado por lobisomens no meio de uma
floresta chuvosa. Lufeia usa um método muito eficaz, uma coisa é sonhar que
está caindo e acordar com aquela aceleração no coração, outra coisa é ser
arremessado pela cama. Nunca quis arriscar saber o que Lufeia iria fazer se
tivesse que voltar uma terceira vez, paciência nunca foi o forte dela.

Usando minha velocidade sobre-humana atravessei o quarto da mansão


totalmente desnecessária e liguei o som no volume máximo de uma banda não
muito conhecida chamada AJR, e ao som de "Don't Throw Out My Legos" tomei
um bom e longo banho. Apesar de gostar muito da minha hipervelocidade, gosto
mais ainda de aproveitar a vida, a menos que o caminho seja chato ou sem
graça, eu costumo desfrutar ao máximo. Gosto de fazer isso em todas as áreas
da minha vida, incluindo na hora de me alimentar direto da fonte, com certeza
não a nada mais prazeroso do que beber sangue direto da jugular de um ser
humano.

Quando saí do banho me arrumei como sempre, uma calça Jeans, uma camisa
toda preta de manga comprida e gola alta, um Allstar de cano longo e por força
do destino, decidi não vestir minha jaqueta favorita (Uma jaqueta com espinhos
prateados nos ombros). Quando estava prestes a sair do quarto, Lufei apareceu
na porta, ela usou seus poderes para me empurrar de volta até minha cama e
me fez sentar. A uns três meses atrás tentei resistir, mas Lufeia é muito mais
poderosa do que eu, em questão de força bruta devo ser mais forte, mas, em
questão de magia ela é infinitamente mais, e com esses mesmos poderes ela
abriu as cortinas, o que permitiu a Luz da lua entrar... é, para mim o dia é noite,
e noite é dia, igualzinho nos filmes de monstros, por pouco tempo se me permitir
dizer.

- Parabéns pelo seu aniversário de 18 anos - Lufeia começou a falar ainda de


costas para mim - Mas não é porque você completou 18 anos que vai achar que
isso aqui vai virar um covil de bruxas desordeiras, as regras ainda serão as
mesmas, se você trazer uma mortal para cá e a matar, eu irei pessoalmente te
colocar em um calabouço tão escuro que nem sua visão noturna irá te ajudar -
estava pronto para fazer alguma piada, mas a encarada que Lufeia me deu fez
eu repensar na hora minhas atitudes - Nada de festas aqui, a partir de agora
você responde pelos seus atos como um ser místico, se for preso, não deverá
reagir ou usar seus poderes, lembre-se, caçadores estão espalhados por todo
lugar, basta um descuido, e estará morto em questão de minutos, principalmente
pela sua pouca experiência e controle do seu poder - estava preste a protestar,
mas lembrei que isso era pura verdade - Agora que estas devidamente avisado,
pegue seu presente - e com o estralar de dedos Lufeia teletransportou uma
caixinha pequena para sua mão e me entregou.

- Eu jurei que quando você estralasse os dedos iria aparecer uma nova lista de
regras - Provoquei dando uma leve sacudida na caixinha de madeira bastante
detalhada

Olhando mais de perto, os detalhes na verdade são runas, que são basicamente
letras ou símbolos que carregam segredos e mistérios, geralmente usado por
bruxas para nutrir ou preservar uma magia ou feitiço.

- Pare de enrolar e abra logo, daqui a pouco seu irmão vai chegar

- Victor está vindo? - Perguntei abrindo a caixinha e dando de cara com um colar
com uma runa entalhada em um pedaço de madeira circular, era simplesmente
lindo.

- Sim, saberia se lesse as cartas do seu irmão...

- Estamos no século 21, não se usa mais cartas! - Respondi colocando o colar -
Qual o mistério por de trás dessa runa?

- Essa Runa foi entalhada por mim mesma, ela irá te manter vivo por alguns
minutos a mais, independente do ferimento, isso irá dar a chance de você ser
salvo ou reconstruído

- E qual preço você paga por esse presentinho?

- Alguns anos de minha vida... - um silêncio tomou conta do quarto que foi
quebrado por Lufeia mesmo - por isso espero que você não use essa runa
Quando Lufeia estava saindo do quarto, parou na porta. Isso me levou a crer que
ela iria dar mais algum aviso, mas, quando ela virou para mim com o olhar
assutada, pude ver que algo não estava certo. Nunca tinha visto ela com medo
de nada, nem mesmo quando meu pai perdeu o controle e se transformou em
uma besta gigante, aquilo sim foi assustador pra cacete, meu irmão e meu pai
quebrando a sala de jantar toda.

- O que foi? - Perguntei me levantando e indo ao encontro dela

- Atravessaram a barreira de proteção da mansão, e essa energia... - Lufeia ficou


em silêncio por alguns segundos - São caçadores! Vamos! - Lufeia me puxou
pelo braço e começamos a correr pelos corredores

- Você não consegue dar conta de alguns caçadores? - perguntei acompanhando


Lufeia, eu era bem mais rápido que ela, mas não podia a deixar sozinha

- Eles não são simples caçadores, dá pra sentir, temos alguns minutos antes que
entrem na casa - os olhos de Lufeia brilharam um verde neon e eu pude sentir
poder exalar dela, ela havia ativado os golens de pedra - Isso irá nos dar mais
algum tempo...

Conforme avançávamos pelos corredores podíamos ouvir o estrondo dos golens


ao pisar no chão, o grito dos caçadores também eram bastante divertidos.
Quando estávamos chegando ao salão C (onde o quarto de pânico ficava), vi de
relance Lufeia levar um golpe de espada, ao me virar usando minha super
velocidade vi um homem decapitar ela com um único golpe. O sangue dela
espalhado pelo ar fez com que se ascendesse uma onda de ódio que eu não
podia conter. Quando um ser místico é tomado pela raiva, se torna irracional, por
isso, quando um ser místico perde a cabeça, ou é necessário usar força bruta
para conter, ou, mata-lo. Meus olhos se cintilaram da cor verde azulado. Minhas
presas saíram na hora. Escutei um dos caçadores mandar todos ficarem
preparados. Usei minha velocidade para proferir um ataque ao caçador mais
próximo. Segurei na garganta dele e arranquei os músculos da garganta dele
com apenas um movimento. Ainda dominado pela raiva corri em direção ao cara
com a espada. Para minha surpresa, o caçador não só acompanhou meus
movimentos, como me acertou um soco que me fez voar metade da sala. O soco
foi tão forte que me deixou tonto. Quando tentei me levantar levei um tiro bem
no braço direito, e logo em seguida mais disparos foram proferidos contra mim
em sequência. Tentei me levantar e correr, mas aqueles tiros doíam mais que o
normal, com certeza deviam ser balas especiais. O caçador largou a arma e
subiu em cima de mim dando vários socos no meu rosto. Os golpes não só eram
fortes e rápidos, como também queimavam. Era como se tivesse me queimando
com a luz solar. Estava quase desmaiando e engasgando com meu próprio
sangue quando ele parou de me atacar. Foi quando consegui respirar um pouco,
normalmente eu me regenerava bem rápido, mas nesse caso, estava lutando
para não engasgar com o meu sangue. Estava totalmente à mercê daqueles
caçadores, eles me levantaram e me colocaram sentado no chão encostado na
parede para que o caçador que havia me dado uma surra me olhasse melhor.
Ele parou agachado na minha frente e ficou me analisando. Alguns homens
ainda gritavam no lado de fora. Pelo menos os golens ainda estão vivos e
matando alguns deles. Cuspi um pouco de sangue na tentativa de parar de me
engasgar com ele, um pouco inútil, mas, me colocar sentado me ajudou a
respirar um pouco melhor.

- Esse aqui é bastante veloz para a idade... Quem diria que conseguiríamos nos
livrar de uma bruxa poderosa e ainda levar de brinde um dos filhos do Drácula,
o líder vai gostar do relatório, vamos o matar e sair daqui o mais rápido possível.
– O caçador falava de uma forma relaxada, como se aquilo fosse normal para
ele

Ele se levantou puxando um revolver de dentro do bolso. Ele elevou o bico da


arma até o centro das minhas sobrancelhas. De uma hora para a outra minha
vida tinha tomado um rumo interessante, acordei a menos de 2 horas e já matei
um homem e estou prestes a levar um tiro que irá finalizar minha vida de pura
diversão. É uma pena que eu vá morrer antes de sentir a luz do sol na pele sem
morrer. Dizem que o por do sol é lindo, mas acho que vou ficar no gostinho.

O caçador engatilhou a arma e eu fui ousado a deslocar meu corpo encostando


a cabeça no cano da arma que começou a brilhar. Em volta dela apareceram
alguns diagramas e quando estava prestes a ser executado, vi o peito do caçador
ser atravessado e vi também o coração dele pulsar na mão de alguém. O
caçador caiu seco no chão. Minha visão começou a escurecer e os caçadores
começaram a gritar. De costas o meu salvador parecia com Victor, mas desmaiei
antes que pudesse confirmar alguma coisa.
CAPITULO 2

Acordei com um cheiro estranho invadindo minha cabeça, quando abri os olhos,
tive uma enorme surpresa, Lufeia estava com uma espécie de madeira na minha
frente, e quando suspirei fundo, quase vomitei com o cheiro amargo que vinha
daquele pedaço de pau.

- Você está bem? - Perguntou Lufeia me ajudando a levantar

- Vou ficar se você tirar essa parada do meu nariz!- Falei quase em um gemido
empurrando a mão de Lufeia para longe, nunca senti uma dor como essa - Meu
peito esta doendo...

- Deve ser porque levou uma sequência de tiros de balas de madeira, de uma
coisa é certa, você é bastante resistente!

- Então você é o que? porque eu vi aquele caçador arrancar sua cabeça. - ironizei
o fato tentando me levantar

- Senti a presença do caçador alguns milissegundos antes dele proferir o ataque,


isso me deu uma chance de me projetar em espirito, e quando ele arrancou
minha cabeça, eu já havia colocado um feitiço de restauração

- Você é assustadoramente poderosa e ágil! - Enfatizei o ocorrido olhando a


minha volta

Havia corpos destroçados por todo lado. O chão estava completamente


ensanguentado. Olhando com calma, não estava muito diferente de mim, minhas
roupas estavam cheias de sangue. Entre os corpos, estava o do que matei,
relembrar o lance em minha mente fez com que um sorriso escapasse, levei o
dedo a boca para lamber o sangue um pouco seco em minhas mãos.

- E meu irmão? - Perguntei dando uma volta pela sala

- Victor foi ver se a área está livre de caçadores - Lufeia começava a levantar os
corpos com o poder da mente enquanto os levitava em direção a grande lareira
do salão - Esses caras não são comuns, não podemos arriscar, nenhum deles
pode sobreviver! Conseguiram passar pela minha barreira sem que eu
percebesse e ainda atacaram um Drácula, nenhum dele pode sair vivo...
- Como assim não são comuns?

- Esqueça Drácula, vá se arrumar logo, não vamos deixar que uma tentativa de
assassinato atrapalhe seu aniversario

Se tem uma coisa que aprendi com a vida, é a obedecer as ordens de Lufeia. Eu
podia revelar o que eles me disseram, mas preferi deixar para lá, não deve ser
nada importante, monstros formam grupos o tempo todo, esses caçadores
devem fazer parte um clã qualquer que está brincando de caçar.

Durante o banho me perdia em pensamentos. Nunca estive perto da morte, não


dessa maneira. Tudo bem que em certas ocasiões irritei tanto o meu irmão que
ele já tentou me matar de formas muito criativas, mas, nunca havia me deixado
dessa maneira. Entretanto, o que realmente estava dominando meus
pensamentos era aquela frase "eles não são comuns", existem níveis
classificando os caçadores? e se existe uma classificação para os caçadores,
existe uma para os vampiros? e as bruxas? se existe, Lufeia está entre os mais
poderosos com toda certeza! como é possível sobreviver depois de ter sua
cabeça arrancada?

O tempo que levei para me arrumar não deu nem para começar a organizar o
emaranhado de perguntas que não paravam de chegar. Se existia uma pessoa
que poderia responder todos esses questionamentos, essa pessoa era meu
irmão, isso se estivesse de bom humor. Quando terminei de me arrumar e me
virei, levei um susto que me fez dar dois passos para trás e me bater na bancada
de madeira. Meu irmão estava levemente encostado na parede do meu quarto
comendo uma maça que ele mesmo estava cortando com uma faca pra lá de
brilhante.

- Pensando no diabo... - Provoquei dando um sorriso de canto para disfarçar o


susto - Posso ajudar Victor?

- Irmaozinho! estou aqui a uns 10 minutos e você nem percebeu... por esse e
outros motivos levou 17 tiros, e deu sorte que eles queriam brincar com você,
caso contrário, estaria morto.

- Boa noite pra você também! - agora que o meu coração voltou a bater
normalmente posso me hombriar com ele
- Seus dias de curtição estão prestes a acabar... - Victor se virou e começou a
andar saindo do meu campo de visão

Usei minha velocidade para o acompanhar e começamos a andar lado a lado


pelos corredores. victor tem um jeito requintado de andar, como se o chão não
fosse digno de ser pisado por ele. Eu por outro lado ando todo ousado, como um
astro do rock.

- Como assim vão acabar, completei 18 hoje, minha vida de curtição acabou de
começar! – tentei falar encarando nos olhos de Victor, mas aqueles malditos
olhos castanhos nem fintavam para o lado

Victor deu um sorriso de canto, e seu rosto extremamente definido igual ao meu
deixava claro suas emoções, apesar que ele tentava ao máximo esconde-las, e
se eu conhecia meu irmão, aquele sorrisinho não era um bom sinal... para mim

- Você vai pro colégio Oaks! Papai achou melhor que eu viesse pessoalmente te
levar e te avisar em cima da hora, dessa maneira não poderia encher o saco dele
antes do necessário... - Victor fazia questão de deixar bem claro que estava se
divertindo ao me dar aquela informação

- E ainda dizem que você não tem senso de humor, eu nem fiz a prova...

- Talvez essas regras se apliquem para outros monstros, mas nós somos
Dráculas, e papai só avisou para os diretores que você iria, ninguém em sã
consciência iria discordar

- Sabia que isso é uma espécie de nepotismo?

- Não caro irmão, isso é poder, puro e simples poder - por um instante Victor
deixou escapar suas emoções e seus olhos brilharam vermelho cintilante

Nós vampiros, temos duas cores de olhos. A primeira pode variar entre as mais
comuns, exemplo, o clássico castanho claro como é no meu caso, ou o castanho
escuro como o do meu irmão, e varia até aos mais claros, como verde ou azul,
mas... a segunda cor, a que realmente importa, é aquela que se mostra quando
estamos usando nossos poderes ou quando nossas emoções vão tão ao
extremo que se revela em forma física, são muito chamativas, variando entre
cores muito inusitadas, pois quase sempre são cintilantes, no caso do meu
irmão, vermelho, no meu, verde azulado.

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- Você ainda continua com esses papos de puritanismo? mas enfim, não vou
para aquele colégio de mauricinhos mimadas - Falei abrindo a porta que dava
acesso a garagem de casa

- Não é mais seguro pra você ficar aqui, mesmo Lufeia sendo uma bruxa
poderosa, ela não pode enfrentar todos os caçadores imortais sozinha, e eu não
posso ficar aqui o tempo todo, o mundo está uma zona

- Tem trezentos lugares para me esconder pelo mundo, mas antes, me explica
o que é um caçador imortal...

Mais uma vez Victor me ignorou abrindo a porta de um opala preto, nossa
coleção de carros é pra lá de imensa e variada, e meu irmão tem uma queda
pelos modelos mais antigos.

- Da pra me responder - Falei um pouco irritado entrando no carro, Victor


costumava responder a todos os meus questionamentos, mas, hoje ele não esta
para papo

- Vai ter suas respostas quando começar as aulas em Oaks

-Eu não vou!

- Acho que você não entendeu, sou só o mensageiro do papai, e vai por mim,
você não quer desafiar ele agora, principalmente com todos os problemas que
ele está enfrentando com o conselho - Victor ligou o carro e deu partida no carro

- Que tipo de problema?

- Monstros vinculados a aliança estão aparecendo mortos, outros monstros estão


começando uma rebelião - Victor estava sério, como quase sempre

- Caçadores?
- Não só caçadores, mas também monstros

- Monstros atacando monstros? achei que fossemos mais unidos

- É algo mais complexo que isso, é uma causa, uma religião, não podemos culpar
ninguém por ser fiel as suas crenças, e além do mais, o numero de monstros
tem crescido de mais nos últimos anos, está se tornando cada vez mais difícil
manter todos sobre controle...

- Parece que você compartilha com essa filosofia

- Irmãozinho, você nunca entrou em combate, nunca matou, não entende o ódio,
e é por isso que vai pra Oaks, lá estará com os melhores, estará mais seguro,
hoje mesmo embarcará no primeiro avião da Oaks, e eu sugiro que escolha
sabiamente bons aliados ainda no voou - Neste momento Victor olhou em meus
olhos e deu um sorriso de leve - Todas essas dúvidas e curiosidades que estão
crescendo na sua cabeça vão ser respondidas lá

- Não leia minha mente!

- Não seja tão fraco - Retrucou Victor

No restante da viagem até a cidade, ficamos calados ouvindo algumas músicas


de bandas indies, nossos gostos musicais são bastantes parecidos, o que facilita
na hora de concordar e escolher a trilha sonora da viagem, mas, parecia que
cada música que tocava tinha sido feita especialmente para mim, eram tão
reflexivas que me levaram a questionar se valia a pena perder minha liberdade
pelo conhecimento, mas pelo o que estou vendo, isso nem vai ser uma escolha.

Cerca de 35 minutos depois chegamos à cidade, entre prédios e casas


encontramos uma espécie de boate monstro com um nome pra lá de estranho,
SunSan, de uma coisa é certo, é uma boate do alto escalão, uma fila não muito
grande se formava na porta, e dois seguranças enormes estavam parados na
única entrada, quando parei na fila meu irmão me puxou pelo braço e
começamos a andar e a passar na frente de todo mundo, que pela cara, não
estavam gostando nem um pouco de serem passados para trás.
- Nós somos Dráculas, não precisamos pegar fila - Meu irmão falou com tanta
segurança aquelas palavras, que por um segundo realmente senti que aquilo era
uma verdade universal, mas quando a mão do segurança me impediu de
continuar a andar, comecei a duvidar novamente

- Vai pra onde vampirinho? - A voz do segurança era grave, não esperava nada
menos de um cara daquele tamanho - Voltem para o final da fila, o segurança
me empurrou para trás me fazendo dar alguns passos pra me equilibrar

Victor se moveu tão rapidamente, que antes mesmo que eu pudesse me


equilibrar o segurança já estava desacordado no chão.

- Da próxima vez que ele levantar a mão pra um membro da família Drácula, eu
vou matar ele e você - Victor deu uma encarada no segundo segurança que faria
o diabo ter medo

O segurança apenas acenou com a cabeça concordando com meu irmão e saiu
da frente, Victor me olhou de canto e deu uma piscadinha abrindo as portas de
SunSan, e com essa abertura de portas começou a andar em direção ao corredor
todo iluminado por uma luz azul, passei por cima do segurança desacordado no
chão e dei um tapinha de leve no rosto do outro, tenho quase certeza que ele vai
ter pesadelos com meu irmão, e enquanto andávamos pelo corredor vi uma
sequências de quadros com monstros famosos neles, cada um deles se
tornaram lendas, inclusive meu avô, o próprio conde Drácula, se eu não tenho
outra escolha a não ser ir para Oaks, é melhor fazer isso com grande estilo,
tenho certeza que meu talento para confusões irá me acompanhar, mas, também
tenho certeza que consigo lidar com isso, além do mais, depois que eu me formar
estarei livre para curtir meus inúmeros anos de vida de vampiro, não sei se você
sabe, mas nós vampiros vivemos muito tempo.
CAPITULO 3

No fim daquele corredor havia duas portas de metal com duas gárgulas
desenhadas em ambos os lados. Por de trás das portas se encontravam
inúmeras espécies de monstros, fico imaginando o que aconteceria se um
humano comum entrasse de surdina procurando uma baladinha dessas por aí,
deixei um leve sorriso escapar ao imaginar tudo que aconteceria com ele.

O salão principal era composto por uma espécie de uma grande depressão no
solo, que distribuía o lugar em cinco níveis, e bem lá no meio estava o DJ tocando
no meio de duas caixas de sons gigantescas. Os monstros pulavam em volta em
movimentos descoordenados e aleatórios, pela coloração dos olhos do DJ, ele
é um vampiro. Enquanto andávamos entre as mesas espalhadas simetricamente
organizadas comecei a reparar no local em si, com certeza não era um lugar
qualquer, todos os itens ali pareciam novinhos em folha. As paredes estavam
entalhadas com inúmeras runas, o que deixa claro que muitos bruxos estão
envolvidos nesse estabelecimento, o que é no caso das maiorias casas de festas
ou bares monstros, os bruxos realmente são poderosos o suficiente para manter
a ordem. Elevei o olhar acompanhando as runas e fiquei bastante espantado em
ver como esse lugar é grande. No teto haviam alguns desenhos de monstros,
todos os tipos mesmo, o desenho tomava conta de cada centímetro, por um
instante, quis ter a capacidade de me transformar em besta para poder voar para
mais perto, mas pelo pouco que consegui ver, o desenho começa de baixo de
um rio mostrando as sereias e vai até os céus mostrando algumas bestas
voadoras, de fato, os desenhos são bem detalhistas. Por estar distraído acabei
esbarrando em duas vampiras, como sei disso? Os olhos, sempre os olhos! Eles
dizem tudo que você precisa saber sobre uma pessoa ou monstro. Uma das
vampiras possui o cabelo loiro tingido, a outra, era uma morena muito bela. A
loira estava praticamente nua, não por questão de estética ou sedução, é comum
para os monstros mostrarem muito de seus corpos, já que uma vez não estão
presos a paradigmas de vestimenta, por exemplo, quando um lobisomem se
transforma, as suas roupas acabam se rasgando inteiras, e quando voltam ao
estado humanoide, estão completamente pelados, esse é só um dos inúmeros
motivos por nós monstros não ligarmos para isso.

- Olha só quem deu as caras, o senhor puritano - A loira tateou os ombros do


meu irmão de forma provocadora antes de continuar a falar - Não lembro de você
ser tão gato
- Olá Jennifer - meu irmão retirou o ombro se afastando dois passos para trás
ficando lado a lado comigo - Esse é o meu irmão Michael Drácula - Falou Victor
colocando a mão em meu ombro e me apresentando

Victor não era de se esquivar assim, ele nunca foi muito sociável, mas a ponto
de não querer ser tocado era novidade para mim, e de certa forma, suspeito.

- Olá! - as cumprimentei piscando para a jovem morena que retribuiu com um


sorriso de canto

- É uma pena que não possam se conhecer melhor - Falou meu irmão
atrapalhando minha tentativa de elevar aquele relacionamento de apenas
conhecidos para algo bem mais que conhecidos – Mas, temos que ver Simon

- É uma pena mesmo - respondeu a bela morena que ainda não sei o nome -
Mas estaremos a noite toda aqui, talvez a gente se esbarre de novo...

Tenho quase certeza que isso é um sinal que tenho uma boa chance de me dar
bem, já faz um tempo que não tenho uma noite de prazer com uma vampira,
transar com humanas é bom, mas, destruir um quarto é infinitamente mais
divertido. Victor me puxou pelo braço e continuamos a andar pela multidão de
monstros que pulavam ao som do DJ, quanto mais descíamos os níveis, mais
alto a música ficava.

Para se deslocar de um nível para o outro era necessário descer uma escada
feita de puro mármore, mas como eles conseguiam fazer com que a escada
ficasse totalmente lisa e brilhante era uma incógnita para mim. Quando
chegamos ao terceiro nível, caminhamos até uma porta gigante, e parando pra
pensar, este lugar está repleto por portas parecidas com essa em todos os
níveis, não acredito como não percebi isso antes.

- Está pronto para conhecer Simon?

- Quem diabos se chama Simon? - Respondi tentando não rir muito – Parece
nome de um cachorro da raça chihuahua

- É melhor não fazer esse tipo de piadinha lá dentro


- Por que?

- Porque Simon vive desde o nosso avô, e tem uma grande porcentagem de
chance de estar aqui quando nós dois se formos, é um dos grandes, terceiro na
hierarquia de poder, e vamos dizer que tem um certo complexo de deus

- Parece alguém que conheço - Brinquei entreolhando Victor que fez uma careta
de desdém

Paramos em frente a porta de madeira, um dos seguranças estendeu uma


lanterna de luz negra e meu irmão também estendeu o braço. Quando a luz
refletiu na pele do meu irmão, pude ver uma círculo azul com o que me parece
ser a estrela de Davi, e com isso um outro segurança abriu a porta, revelando
uma sala gigante, diferente da luz azul que tomava conta da balada, aquela sala
era conduzida por um vermelho escuro e denso. Quando as portas se fecharam
o som alto que vinha do Dj sumiu, e um jazz suave tomou conta do lugar, e o
que antes estava vazio, em um passe de mágica se tornou povoada. A única
coisa que permaneceu inalterável era a luz vermelha, vários monstros bem
vestidos estavam espalhados por sofás em formato de semi-circulo, havia vários
narguilés espelhados no centro de cada sofá, várias mulheres muito sexy
estavam passando de um lado pro outro, eu diria que isso estava parecendo um
puteiro de luxo e talvez seja isso, mas antes que pudesse refletir mais um pouco,
ouvi um sussurro no meu ouvido.

- Se abrir mais a boca vão acabar arrancando essas suas presas - aquele
sussurro me fez tremer

Quando me virei, dei de cara com um homem de terno e barba perfeitamente


alinhada que estava parado atrás de mim, e antes que eu fizesse algo que eu
iria me arrepender, Victor tomou a frente.

- Olá Simon! quanto tempo...

- Olha só, se não é grande família Drácula, quer dizer, nem mais tão grande
assim...
Encarei meu irmão esperando alguma reação, mas, para minha surpresa, Victor
apenas continuou a conversar como se aquele cara não tivesse falado nada
demais.

- Simon, precisamos que faça um Totem para meu irmão, e não a ninguém mais
poderoso que você nesta cidade

Victor estava quase beijando os pés desse tal de Simon, esse não é meu irmão...
E foi nesse momento que percebi o que estava acontecendo.

- Merda! - Esbravejei

Eu havia caído em uma ilusão, só existe um jeito de quebrar uma, é bem simples
na verdade. Basta quebrar algum membro do seu corpo, e foi exatamente o que
fiz, quebrei o meu dedo mindinho da mão esquerda e saí daquela realidade falsa,
em um piscar de olhos aquela ilusão foi trocada pela realidade.

Meu irmão estava de braços cruzados, ao lado de uma mulher muito bonita, e
antes que eu pudesse dizer algo, aquela mulher começou a bater palmas.

- Muito bem, viu a minha ilusão em menos de 5 Minutos, seu irmão levou 10, a
média geralmente é entre 30 minutos á 1 hora, meus parabéns, você tem
grandes talentos psíquicos!

- Obrigado! - Falei tentando esconder a cara de surpreso, eu jurava que Simon


era o nome de um homem, e quando falaram que estava entre os bruxos mais
poderosos do mundo, só reforçou a imagem de um homem na minha cabeça

- Se decepcionou? - Simon começou a andar em minha direção enquanto ainda


falava

- Só comigo mesmo por ter sido sexista

- Gostei de você! - Simon se aproximou muito, fazendo com que eu me curvasse


levemente para trás, ela abriu minha boca sem nem encostar em mim e começou
a analisar meus dentes - São bem conservadas, fortes e olha só, você herdou
as mesmas características de Vlad, presas que podem injetar, já matou quantas
pessoas?
- Meu irmão não sabe usar os seus poderes, se eu chegasse um minuto
atrasado, ele estaria morto, falar nisso, o que sabe sobre os caçadores que
chegaram à cidade?

- Não muito, os que apareceram aqui se suicidaram antes que eu pudesse


arrancar as informações, mas vamos acabar logo com isso - Simon se virou para
mim antes de continuar a falar - Vamos fazer seu Totem, não tenho a noite toda

Simon estalou os dedos e novamente o lugar trocou de forma, de uma aparência


de puteiro para um estúdio de tatuagem.

- Isso vai doer? - Perguntei me sentando em uma poltrona

- Vai doer mais em você do que em mim - Simon deu um sorriso pra lá de
malicioso - Mas a gente vai curtir muito, isso eu prometo...
CAPITULO 4

Como prometido, aquela tatuagem estava doendo para cacete, cada vez que a
máquina do capiroto tocava minha pele, me queimava. Era como se tivessem
esfregando prata na minha pele, uma vez que me queimei com o sol, e foi menos
dolorido que isso. No final da tatuagem minhas costas estavam latejando, uma
águia era meu totem protetor, ela estava sendo colocada exatamente no centro
das costas, sendo calculado perfeitamente para ser simétrico. Cada milímetro
daquela tatuagem estava revestido com o poder de um bruxo, Simon para ser
mais exato, e era aquele totem que iria me permitir andar sobe a luz do sol,
Simon tentou me explicar como ela funcionava, mas, a dor não me permitia
raciocinar, estava ansioso para a chegada do momento, sempre sonhei com
isso, deve ser muito bom sentir a luz do sol tocando na pele e não virar cinzas.

- Obrigado Simon! - Falei levantando e vestindo a blusa que havia sido


enfeitiçada

- Olha só, esse Drácula diz obrigado, cuidado para seu irmão não acabar te
matando por não honrar os Dráculas - Simon fez uma cara de deboche para
Victor

- Que história é essa? - Perguntei encarando Victor que estava parado com os
braços cruzados encostado em uma parede

- Já chega Simon! - Meu irmão falou firme e nesse momento se desencostou da


parede - Ele não está nesse nosso jogo e nem possui as informações
necessárias para não tomar um posicionamento burro igual ao seu

- Olha como fala comigo Drácula! - Simon deixou os seus poderes iluminarem
suas mãos

Os olhos de Victor se iluminaram mostrando o vermelho vivido

- Não tenho medo de você Simon, você não é seu irmão!

Simon arremessou uma espada a um centímetro dos pés de Victor, eu nem


mesmo sei de onde saiu essa espada, e muito menos sei como ela havia feito
isso, Victor não esboçou nenhuma reação, mas dava pra sentir o ódio emanar
no local, se eu estivesse no lugar dele, teria soltado um grito fino igualzinho
daqueles de terror. O clima ficou muito carregado, então é assim que é o clima
entre dois demônios poderosos.

- Saiam daqui, antes que eu perca a cabeça!

- Com todo prazer - Falei usando minha velocidade para chegar ao lado de Victor
e puxei ele pelo braço - Obrigado pelo totem Simon

- De nada Satur, mas os favores pros Dráculas terminam hoje!

Como assim os favores pros Dráculas terminam hoje? De que favores ela está
falando? De qualquer forma, não quero mais ficar entre os poderes de Simon e
Victor, vai que eu viver é um favor pra ela, a última coisa que quero fazer na noite
do meu aniversário é morrer, apesar que não seria a primeira vez essa noite que
minha vida estaria por um triz.

- Porque você é assim? - perguntei ao meu irmão enquanto andávamos até o


bar da balada, que agora parecia mais cheia do que antes, aparentemente cada
nível dessa balada tem seu próprio bar tender.

- A pergunta não é o porquê eu sou assim, é porque você não é assim, você é
um Drácula e não se comporta a altura, é fraco e desleixado, nosso avô deve
estar se revirando no tumulo, mas o que me consola é que dentro de duas horas
estará no primeiro avião em direção a Oaks, queira você ou não, vai ter que
aprender algumas lições, começando pela bebida - Victor fez o copo de sangria
que estava na minha mão explodir derramando toda a bebida em cima do balcão.

- Nesse colégio nunca te ensinaram a ter bons modos? - Perguntei sacudindo as


mãos no ar para secá-las

- Não, bons modos vêm de casa, eles me ensinaram como explodir um copo com
o poder da mente

- Há, tá explicado porque você não tem bons modos...

Victor me me encarou com um olhar furioso. Seus olhos trocaram de castanho


para vermelho em um instante. Aquilo era profundo e amedrontador pra cacete,
menos para mim.
- Não esqueça mano, não tenho medo de você como os demais - Falei pegando
o copo de um monstro que passava, ele estava tão bêbado que nem ligou,
apenas riu e continuou a andar, não sei o que tem nesse copo, mas esse liquido
azul parece ser forte

- E é só por isso que ainda acredito que você tem salvação, agora vamos, não
quero me atrasar...

- Eu quero curtir mais um pouco! - Tentei fazer meu irmão mudar de ideia, mas
ele não iria me deixar em paz - O que me impede de fugir daqui e nunca pisar
os pés naquele colégio? - falei dando um gole daquela bebida, fiz uma careta
imediatamente, aquela bebida era muito mais forte do que eu imaginava

- Porque você nunca perde a chance de fazer merda, e também nunca perde
uma boa aventura, em Oaks você terá desafios a altura, poderá aprender a se
transformar, e eu sei que você quer muito isso, desde que o papai se transformou
na sua frente você nunca mais parou de pensar nisso

- Sabia que é feio ficar lendo os pensamentos dos outros? desculpa, mas ainda
não me convenceu... - Eu estaria mentindo se disse que ele não estava perto de
me convencer, de fato, sempre quis me transformar em uma grande besta, e se
eu tenho que sacrificar alguns anos de liberdade por isso, acho que é um preço
justo.

- Você sabe que a idade média dos iniciados é entre 16 a 20 anos? ou seja,
muitas vampiras sedentas de aventuras... - Victor lançou um sorrisinho de canto
- Você não quer deixá-las se aventurando sozinhas não é mesmo?

- Está bem, agora me convenceu... Vamos! - Victor sabia exatamente em que


ponto tocar para me convencer a aceitar mais de boa aquela ideia

A viagem até o aeroporto durou cerca de 50 minutos, que pareceram ser uma
eternidade, a noite tinha passado muito rápido, a tatuagem demorou muito mais
tempo do que eu esperava, dentro de 1 hora estaria em um voou para sei lá a
onde esse colégio fica, meu irmão estava pensativo, não faço a mínima ideia
sobre o que ele estava pensando, mas a julgar por alguns sorrisinhos que ele
soltava, ele estava se divertindo.
Quando chegamos ao aeroporto meu irmão disse que precisava pegar uma
coisa, quando perguntei o que era, fui totalmente ignorado, Victor só mandou eu
ir fazendo "check in", e sumiu no piscar de olhos. Para nós vampiros, essa frase
é literal, observei os humanos passando de um lado pro outro com as cabeças
baixadas olhando seus celulares, alguns atrasados caminhavam mais rápido na
tentativa de não perder o voou, acho que essas pessoas em específico gostariam
de ter a velocidade dos vampiros.

Já tinha vindo a esse aeroporto antes, mas, hoje tudo parecia diferente, o correto
seria dizer que o olhar do observador é que está diferente, quando vim aqui pela
primeira vez estava indo ao brasil, mas dessa vez, estava indo para uma prisão
de segurança máxima que chamam de colégio. Olhei em volta procurando uma
pista que me levasse ao "guichê dos monstros", mas tudo que via eram humanos
e mais humanos, podia sentir até o pulso de alguns latejar, acho que seria bom
fazer um lanchinho antes de ir, mas... pensando melhor, não é bom arriscar, se
estamos no lugar certo, deve estar cheio de monstros por aqui, incluindo
vampiros, e é um pouco difícil de diferenciar alguns monstros dos humanos,
como alguns tipos de fadas que são praticamente a mesma coisa, não é bom
arriscar começar uma rixa de raças. Então fechei os olhos e respirei fundo, os
olhos fechados ajudam a criar uma imagem de cheiros, não somos tão bons
quanto os lobisomens, mas dá pro gasto. Falando no diabo, os primeiros
monstros que senti o cheiro foram um grupo de lobisomens, era um cheiro forte
e pesado, foi até fácil, quando abri os olhos, lá estavam eles, 7 lobisomens em
um grupo formado de 6 meninos e 1 menina, agora eu só precisava segui-los e
provavelmente chegaria ao guichê. Antes que eu pudesse dar um passo Victor
reapareceu em um único movimento.

- Ainda está aqui?

- Se você não sabe, esse aeroporto ainda é humano, não é uma boa ficar
brincando de aparecer em qualquer lugar na velocidade que lhe der na telha

Victor fez uma cara de deboche que me fez perder a cabeça por um instante, e
isso fez meus olhos brilharem.

- Calma maninho, como você mesmo disse, aqui é um local de encontro em


massa de humanos, não é bom ficar cintilando por aí
Antes que eu pudesse dizer algo, um grupo tomou completamente minha
atenção. Eles pareciam ser humanos, mas fizeram meu irmão entrar na
defensiva, como sei disso? Victor praticamente se pós em posição de fuga, os
homens e mulheres daquele grupo me lembravam uma equipe de guerra, com
casacos de couro, coturnos e calças que eram muito parecidas com as militares,
e se vacilar, estão até armados, ao encarar o homem que parecia ser o líder
pude sentir um arrepio subir a minha coluna. Dei até um passo para trás quando
nossos olhos se encontraram, o grupo inteiro parecia andar pronto para defender
aquele cara, uma menina estava com ele, talvez tenha até tenha minha idade,
tenho que admitir que o cabelo ruivo dela me chamou bastante atenção, mas, o
que realmente me importunava os pensamentos era, quem são eles? meu irmão
sussurrou ao meu lado, e isso tirou qualquer resquícios de duvida da minha
mente.

- Van Helsing...

Não era possível, aquele ali na minha frente era o próprio Van Helsing, lendário
caçador de monstros, engoli a seco minha saliva, ouvi falar que ele fez as pazes
com a comunidade monstro e que só caça aqueles remanescentes do "mal", de
fato, aquele cara era no mínimo imbatível.

- Está com medo de alguma coisa? - Perguntei provocado o meu irmão

- Só um tolo não teria medo diante do maior caçador de monstros que já viveu

- Ele parece bem novo, quer dizer, já não era para ele ter uns 300 anos de idade?
como um humano pode viver tanto e aparentar ter 40 anos?

- Ele tem mais de 500 anos, e não é um humano

- Como assim?

- Ele é uma espécie em extinção, são chamados de "imortais" por um motivo,


quando eles matam monstros, não só pegam o tempo de vida deles, como
algumas habilidades temporariamente, existem poucos de nós que travaram
uma batalha com Van Helsing e saíram vivos, nosso avô conseguiu, mas
segundo as lendas, foi por piedade do próprio Van Helsing, nosso avô quase foi
morto para esse "Humano".
- Interessante, então se eu o matar, vou ser o lendário vampiro que matou o Van
Helsing?

- Se você o matar, seria a lenda mais caçada do mundo... - Victor respirou


aliviado quando o grupo se direcionou para o portão de embarque M - Vamos!
Afinal eles não são as únicas lendas por aqui

Enquanto caminhávamos Victor me entregou uma passagem, analisei um pouco


o pedaço de papel impresso em um material curioso, creio que seja Couche,
mas, não tenho certeza, é inacreditável que os monstros tenham um avião só
para eles, Victor também me entregou uma mochila e me informou que Lufeia
havia preparado essa mini mala com alguns itens básicos.

"Satur Drácula, Vampiro, destino, Oaks".

Com certeza não imaginaria que isso iria acontecer, e o curto espaço de tempo
também é bastante impressionante. A uns dois dias atrás estava com uma bela
loira nos meus braços, agora, estou embarcando no que posso chamar de a
maior aventura que já estive, espero que seja ao menos divertida e desafiadora.
Capitulo 5

Quando chegamos na área de embarque norte, nos deparamos com um


segurança, a partir dali só quem tivesse uma passagem poderia entrar.

- É aqui que nos separamos irmãozinho! - Victor parou a alguns centímetros do


meu lado e ficamos paralelos um ao outro observando calmamente o local que
começava a ficar movimentado.

Consigo sentir a presença magica se elevando, não sei se todos aqui são
monstros, mas posso dizer que pelo menos a maioria é.

- Como vou entrar? Aqui literalmente está escrito vampiro, e se o cara que for
ver minha passagem não for um monstro?

- Nenhum desses caras são, mas foram todos hipnotizados para darem as
informações necessárias as pessoas certas... - Victor deu uma pausa dramática
antes de dar as últimas informações - Oaks é um colégio de elite, faça por
merecer estar lá, e por favor, não faz nenhuma besteira e vê se não morre.

- Como assim? - Perguntei me virando para Victor, mas ele já tinha sumido, mais
uma vez tinha soltado uma frase e saiu me fazendo parecer um louco que fica
conversando sozinho

Me virei de costas para o saguão de embarque, eu ainda podia fugir, podia deixar
toda essa história de lado e viver pelo mundo aproveitando o melhor que ele
poderia me oferecer, o único problema é que provavelmente seria caçado pelo
meu pai que estaria no mínimo furioso comigo por fazer ele ter que ir atrás de
mim, respirei fundo na tentativa de me convencer que por mais que isso fosse
divertido, não era legal fazer meu velho passar por isso tudo.

- Sabia que ainda dá pra saber exatamente no que está pensando?

Eu reconhecia essa voz, mas eu ainda não acreditava que o universo estaria
sendo tão bom comigo me mandando para o inferno com o meu melhor amigo,
ou quase isso, já que não tenho mais certeza se ele ainda gosta tanto assim de
mim depois daquele dia.
- É mesmo? e no que estou pensando? - Me virei para meu velho amigo que
estava parado com uma mochila nas costas, ele ainda parecia ser bem mais
novo do que era, mas seu cabelo estava diferente, estava maior, o que o permitia
usar um coque longo, ele usava o velho óculos de leitura que chamava a atenção
por ser feito inteiramente de diamante, mas os óculos só perdiam para os olhos
dele, que eram azuis tão intensos que lembravam o mar, e ficavam ainda mais
bonitos por contrastar com a pele morena dele, ele realmente tinha uma cor
igualzinha a de um achocolato.

- Deve estar pensando se realmente vale a pena ir para Oaks... ou está


pensando se no avião terá bolinhos...

- Porque eu estaria pensando em bolinhos?

- Porque não estaria pensando? Bolinhos são muito bons!

Encarei meu velho amigo antes de caminhar na direção dele e dar um abraço
apertado.

- Quanto tempo Blade! - falei ainda o abraçando

- Quanto tempo Drácula! - Blade terminou o abraço agarrando minha cabeça


com as duas mãos e me encarando nos olhos - Você não mudou nada...

- Ao contrário de você, não é mesmo? Que cabelinho é esse?

Blade me soltou dando alguns passos para trás e dando uma volta exibindo o
cabelo e o sobretudo gigante de couro.

- Gostou?

- Claro que gostei, igualzinho ao do seu pai, não é?

- Exatamente, igual ao do grande e poderoso Blade, o caçador de vampiros! -


Blade estava bastante orgulhoso e parecia bem mais confiante

Então eu e Blade começamos a andar em direção ao saguão de embarque,


Blade não parava de encarar todo mundo, essa era uma habilidade especial
dele, ele conseguia ler o nível de poder físico, magico e o quanto de força vital a
pessoa possuía, os óculos encantados dele permitem que ele conseguisse fazer
isso muito mais rápido que o normal, por isso os óculos de leitura, não eram para
livros, mas sim para monstros.

Já havíamos passado pelo detector de matais humanos, e depois disso, fomos


conduzidos por um gentil rapaz até uma área só para monstros, estávamos
parado na fila já a algum tempo, e conversávamos sobre os velhos tempo, foi
quando uma das maquinas apitou chamando a atenção de qualquer um que
tenha uma audição sobrenatural, o barulho era alto e irritante; dei alguns passos
para o lado para ver quem tinha disparado o detector, eu juro que se for um
Frankenstein de novo, eu vou dar muita risada, e para minha tristeza não era um
dos "legos" monstruosos, apesar que a responsável deixava as coisas muito
mais interessantes, era a garota de mais cedo, a que andava ao lado de Van
Helsing, ela estava tirando o casaco no exato momento que comecei a observar,
de baixo do casaco ia pendurado dois coldres com as armas, não sei exatamente
de que tipo é, mas tenho certeza que deve ser muito potente, isso só pelo
tamanho, deixei um leve sorriso escapar, era irônico uma pessoa entrar em um
aeroporto armado e não ser preso, o cara só pediu para que ela tirasse todas as
armas, e assim ela fez, tirou as duas pistolas, três facas, cinco carregadores que
devem estar lotados de balas e duas estacas de prata.

- Aquela garota está indo para a guerra? - Blade parou do meu lado também
encarando a menina

- Andrew, consegue ler o nível de poder dela?

- Me chamando pelo primeiro nome? - Andrew me encarou alguns segundos


antes de voltar a encarar a garota - Vamos ver...

Os segundos de silêncio de Andrew me deixaram levemente ansioso, qual será


o nível de poder da garota que só podia ser a filha ou alguma parente de Van
Velsing?

- Ela é uma caçadora, só pode ser isso, não consigo ler os seus poderes, imortais
possuem esse escudo natural - Andrew voltou para a fila sem dar mais nenhuma
palavra
- É, ela estava com Van Helsing, deve ser uma parente, ou até mesmo filha.

- Entendo, acho melhor a gente ficar longe dela, sabe como é, não estou à
vontade com esses imortais dividindo o mesmo local, vai que eles dão uma doida
e voltam a praticar caça esportiva com os monstros

- Você vem de uma família de caçadores, seu pai é uma lenda nesse quesito,
não pode julgar...

- Você tem um ponto!

Continuamos a conversar enquanto a fila andava, e por sorte, nenhum detector


apitou novamente.

Depois de uns 15 minutos esperando na fila para embarcar no avião, chegou a


nossa vez, uma moça bonita que devia ter seus 28 anos e com o uniforme de
aeromoça vermelho pediu nossas passagens, quando as entregamos ela nos
encarou, parecia impressionada, acho que ela sabia exatamente quem éramos.

- Boa noite! - além de bonita, ela possuía uma voz doce, sentia poder magico
emanando dela, com certeza magica - Já passaram por privação de habilidades
alguma vez na vida?

- Não! - Andrew e eu respondemos ao mesmo tempo

- Pois bem, assim que entrarem no avião, poderão sentir náuseas e dor de
cabeça, além que sentirão seus corpos mais pesados e também cansaço físico.

- Pera, nossos poderes serão tirados? isso é possível? - Não sei se estava mais
surpreso ou se estava mais com medo.

- Você não faz nem ideia do que é possível...

A moça parecia estar bem convicta, e baseado nos últimos acontecimentos, isso
me parece ser uma verdade. Enquanto andávamos pelo corredor escuro que
levava direto para o avião, um vampiro se aproximou usando a velocidade, ele
desacelerou caminhando lado a lado com a gente, Andrew e eu nos
entreolhamos e depois encaramos o jovem vampiro que começava a falar.
- Sabia que tecnicamente nossos poderes não são retirados? eles apenas são
reprimidos a um ponto que faz com que nossa humanidade seja mais forte que
nossas habilidades sobrenaturais. - o Jovem vampiro falava rápido e sem
pausas, era um pouco irritante, ele lembrava muito aqueles nerds que ficam na
frente da sala querendo provar que sabe toda a matéria e fica interrompendo o
professor a toda hora - Mas, habilidades especiais não podem ser reprimidas,
por isso existe sempre dois grandes bruxos de olho nos encrenqueiros, eles tem
autorização para usar a força, e se necessário até mesmo matar, claro que em
um voou como esse eles nunca arriscariam matar alguém, porque isso não só
poderia desencadear uma guerra, como também colocaria o nome de Oaks no
chão, coisa que não seria aceito pelos grandes mestres, aproposito, meu nome
e Samuel Dandridge, é um prazer conhecer vocês.

- Sabia que você falou 108 palavras em menos de 25 segundos? isso é difícil até
para vampiros... - falei voltando os olhos para Andrew e dando um sorriso de
canto

- Alguns vampiros possuem habilidades extraordinárias, a minha habilidade é


pensar rápido, e consequentemente, falar rápido.

- Isso não é habilidade, é ansiedade! - Andrew falou encarando Samuel - Seu


nível de poder é de 350, baixíssimo para um vampiro, mas o seu nível de poder
magico, esse é gigante, o que te torna intrigante

- Você é um leitor?! incrível! - Os olhos de Samuel estavam cintilantes da cor de


um girassol

- Está vendo a diferença de uma habilidade especial para um problema


emocional?

- Sim, imagino que isso seja uma verdade...

Antes que a conversa pudesse se estender mais um pouco, minha boca


começou a ficar seca, era exatamente como me sentia quando estava com
"fome", se é que me entende, e também começava a sentir meu corpo ficando
pesado, a frente estava a porta, e uma aeromoça estava em prontidão, não sei
que tipo de magia é essa, mas tenho certeza que é bastante potente.
- Agora, o que estamos sentindo é exatamente o efeito da magia, conseguem
sentir o quão forte ela é? - Samuel parecia estar animado, e tenho quase certeza
que ele fez essa pergunta para ele mesmo.

Quando atravessamos a porta, tive que me apoiar na parede, estava fraco, meu
corpo pesava, era como se tivessem colocado peso extra nas minhas costas, o
ar também parecia estar diferente, para ser mais exato, o mundo parecia estar
diferente, olhei para Andrew que estava levando bem melhor do que eu, já
Samuel caia na risada, como se não fosse nada.

*******

- Porque estou tendo tanta sede? Nem lembro quando foi a última vez que quis
tanto uma jugular - Joguei a pergunta no ar enquanto me sentava na poltrona do
lado da janela, o barulho de conversação começava a ficar alto, mas, não
conseguia entender ou focar em alguma, minhas habilidades realmente foram
tiradas, era tão divertido escutar as conversas dos outros

- Não estou sentindo sede - Respondeu Andrew

- Nem eu, com nossos poderes reprimidos, nossos desejos por sangue também
são diminuídos, a única explicação lógica é que você seja 100% sanguinário,
tanto o seu lado "humano" como sobrenatural, mas isso já é esperado para um
Drácula... - Samuel parecia uma máquina falando

- Diminui o ritmo meu amigo, você não vai morrer antes de terminar de falar

- Meu pai costumava dizer a mesma coisa - Samuel riu de forma descontraída

Alguns minutos de silêncio no grupo surgiu logo em seguida, o que nos levou a
começar a explorar nossos acentos, a primeira coisa que fiz foi reclinar o banco
o máximo que consegui, por minhas experiências anteriores, não era pra descer
tanto; senti o banco bater em alguma coisa, e logo em seguida um grito "ei!".
Puxei de volta a poltrona o mais rápido que consegui e me virei ficando de joelhos
e olhando para a dona da voz, era a garota dos caçadores, quer dizer, que estava
com os caçadores.
- Desculpa! - Falei olhando para a jovem garota de cabelos curtos e de uma cor
que misturava vermelho com laranja, não tenho certeza que cor é exatamente ,
mas era bonito, quer dizer, ela era bonita, de longe ela não parecia muito...

A poltrona havia batido na garrafa dela e derramado quase tudo bem em cima
de sua roupa, ela estava abanando os braços e me encarava irritada.

- Toma mais cuidado seu sangue suga! - Pelo tom da voz dela, com certeza está
com raiva

- Não acho que seja uma boa ideia insultar vampiros, na real, não acho que seja
uma boa ideia insultar nenhum monstro, já que estamos em um avião cheio de
nós...

- Por acaso está me ameaçando? - A jovem imortal puxou do bolso uma faca,
não faço ideia como ela entrou aqui armada, até onde sei é proibido, apesar da
atitude intimidadora, dava pra sentir que ela estava usando a agressividade
como uma ferramenta defensiva, no lugar dela, eu estaria apavorado.

- Opa, vamos nos acalmar não é mesmo? - Uma jovem do lado da imortal tomou
a frente da situação, Andrew e Samuel a essa altura também estavam de joelhos
observando a situação bem de perto, Andrew parecia estar se divertindo

Quando estava prestes a desafiar a imortal, um bruxo supervisor interviu, ele fez
com que a faca voasse da mão da garota e fosse direto para a mão dele.

- É proibido todo tipo de arma! - o bruxo levitou a faca e a fez entrar na sua pele
pela palma da mão, era como se a mão dele fosse uma gaveta para guardar
coisas, isso foi pra lá de legal, começo a ter a impressão que esse colégio será
bem mais interessante do que eu imaginava - Terá ela de volta quando
pousarmos, enquanto isso, estão tendo algum tipo de problema aqui?

- Não! - Todos responderam em um coro, mas antes que eu e os meninos


virássemos, o bruxo manipulou a água e secou a imortal em milésimos de
segundos, isso me parece bem útil

Quando nos sentamos de volta, comecei novamente a explorar meu acento; era
de couro, branco, e de certa forma, bem confortável, acho que a elite realmente
tem privilégios, do lado do meu acento havia um porta copo, se existe um porta
copo, é porque eles distribuem bebidas, certo? Será que permitem as alcoólicas?
Ou melhor, as Sanguinárias?

- Boa noite! Sejam bem-vindos a bordo, seus poderes e habilidades foram


removidos para sua própria segurança - a aeromoça cortou meus pensamentos,
e aos poucos o avião começou a ficar em silêncio para ouvir a moça que estava
impecável no vestido vermelho tubinho e cabelos loiros em um coque magnifico
parada a alguns metros no inicio do corredor do avião - Passageiros sentados
nas saídas de emergências, leiam atentamente o manual que estará de baixo
dos seus acentos, em caso de emergência de queda, seus poderes serão
reestabelecidos e poderão os usar para fuga e sobrevivência, agora é só
aguardar as instruções vindas do comandante, muito obrigada pela atenção.

- Então tá... - Respondi enquanto dava uma leve risada e voltava a explorar as
possibilidades do meu acento

Acima da minha cabeça tinha um monte de adereços, duas luzes meio fracas e
um botão para chamar a aeromoça, acho que é muito cedo para apertar ele,
mas, na primeira oportunidade estarei pedindo sangue.

"Senhores passageiros, aqui quem vos fala é o seu comandante, dou as boas
vindas ao voou zero, zero, zero, com destino a Oaks, peço a sua atenção por
um instante. Em caso de queda, seus poderes deverão ser usados para vocês e
somente vocês, existem 10 saídas de emergência neste avião, leiam
atentamente os cards que estão abaixo dos seus acentos, assim saberão
exatamente que saída se adequa para você. Para aqueles que nunca tiveram
contato com o sol, avisamos que não devem encarar diretamente o sol, sua visão
não está acostumada e você não quer perder a visão por descuido. Agradeço a
atenção de todos e desejo um ótimo voou, dentro de alguns minutos estaremos
dando início"

Quando a voz robotizada se calou, encarei Andrew e Samuel, não pode conter
a risada, Andrew estava de fones balançando a cabeça de olhos fechados, e
Samuel lia desesperadamente o card.

- Sabia que esse avião é muito maior do que o normal, ele possui dois andares,
um para os professores e mestres, e outros para os alunos, então presumo que
esse avião é muito mais seguro do que ele aparenta! - Samuel falava enquanto
ainda lia

- Você é daquele tipo de pessoa que necessita ter todas as informações? – Era
uma pergunte muito válida, já que aparentemente ele se tornaria bem próximo

- Sim, creio que informações sejam o meio mais eficiente para alcançar poder,
afinal, saber uma maneira de como acabar com alguém é legal, mas saber 30
maneiras é muito melhor!

Era uma lógica muito boa, e de certa forma, poderosa, acho que afinal de contas,
ele é um parceiro que agrega valor a equipe.

- É sério que você não está sentido sede? – Perguntei enquanto levava a mão a
garganta, podia sentir cada saliva descer mais seca que a outra, as minha presas
já tinha se mostrado e eu começava a ficar irritado

- É, infelizmente não a nada que eu possa fazer, pelo menos não com meus
poderes suprimidos

Rapidamente toquei no botão para chamar a aeromoça, o plano era fazer isso
mais tarde, mas, já estou começando a sentir os efeitos da sede, e com certeza
você não quer ver um vampiro com sede, costumamos ser bem maus quando
estamos com fome.

As conversas já haviam voltado ao tom normal, jovens perto de amigos


costumam ser bem barulhentos, ainda mais quando estão empolgados, mas
tudo que eu conseguia pensar no momento era em sangue, podia sentir as
minhas veias começarem a secar, realmente estava sentindo mais que os meus
colegas, a prova disso era Andrew, que parecia estar se divertindo com sua
música. Quando vi a aeromoça andando na minha direção senti um alivio emanar
do corpo.

- No que posso ajudar? - A aeromoça parou ao lado de Andrew que abriu os


olhos imediatamente e retirou o fone para ouvir a conversa, Andrew é tipo
aquelas velhas que prestam atenção em tudo para ter assunto quando for
conversas com as outras velhas fofoqueiras
- Teria como me trazer um pouco de sangue? Minha garganta está muito seca!

A aeromoça me deu um sorriso muito amigável antes de me responder.

- Todos os alunos são proibidos de beber sangue até a chegada ao destino,


ordens do comandante! - Ela possuía um olhar amistoso, por isso tentei a
persuadir.

- Talvez essa regra se aplique aos demais alunos, mas, eu sou um Drácula,
tenho certeza que seu comandante irá entender... - dei meu melhor sorriso na
tentativa de chegar ao coração dela

- Sinto muito, ordens são ordens! Mas eu posso trazer um copo de vinho ou
refrigerante se preferir, o que me diz?

- Pode vinho, mas não pode sangue? - Samuel tomou a frente em um


questionamento, creio que essa tenha sido a primeira frase que ele falou
calmamente desde que nos conhecemos, que pensando bem, não faz tanto
tempo

- Vai querer algo ou não? - A aeromoça começava a se mostrar levemente hostil

- Não, obrigado! - falei levando a mão na garganta e virei para a janela tentando
parecer forte enquanto a comissória de bordo ia embora

- Você está bem? - Andrew parecia preocupado – Sua vitalidade desceu um


pouco...

- Para ser sincero, não, mas vou ficar! - Falei encarando Andrew e acenando
com a cabeça para o tranquilizar

Foi neste exato momento que uma cabeça apareceu por cima do assento de
Samuel, todos nós apenas levantamos a cabeça e a encaramos, era a garota
que estava ao lado da ruiva que por algum motivo queria brigar comigo, ela era
muito mais bonita que a maioria das garotas que eu já julguei ser bonita, ele tinha
a cor de pele mais clara que a de Samuel, mas seu rosto era avermelhado na
altura das bochechas, creio que seja maquiagem, já que os olhos dela estavam
perfeitamente esfumaçados, e sim, eu sei muito sobre maquiagem e essas
coisas "femininas", por algum motivo a maioria das mulheres gosta de conversar
sobre isso, e principalmente de sair pra comprar essas coisas, então, aprendi
muito acompanhando as meninas em suas idas ao shopping, mas, o que mais
achei atraente em um todo, era o contraste marcante de seu cabelo preto como
a noite em sua pele. Sem falar naqueles olhos, meu Deus, que olhos!

- Você está sofrendo não é mesmo? - Ela começou a falar um pouco rápido,
mas, não era como Samuel, era mais como se ela estivesse nervosa ou ansiosa,
e antes que eu pudesse responder ela continuou a falar – Sobre a linhagem
Drácula, existe uma lenda que circula entre as bruxas, dizem que vocês são
descendentes de uma linhagem tão perversa que faz com que vocês sejam
100% sanguinários, isso porque vocês foram criados a partir do pior dos
assassinos humanos.

Era uma lenda muito interessante, eu já tinha ouvido umas histórias bem
macabras, mas, ninguém nunca comentou sobre isso, então creio que seja mais
uma mera lenda criada para dar um Up na fama dos Dráculas.

- A onde você quer chegar? - Ela não estaria contando isso para gente se não
tivesse algo em mente

- Seus amigos são vampiros, não podem te alimentar, e baseado que desde que
chegou ninguém veio falar com você, e nem você procurou por alguém, você
não tem mais nenhum amigo neste avião!

- Até agora você falou muito e não disse nada! Aproposito, olá Bianca! - Samuel
a cumprimentou com um leve acenar de cabeça, se é que podemos chamar isso
de um aceno, já que estamos praticamente encarando ela de cabeça pra baixo

- Olá Samuel, como vai sua mãe?

- Bem, as vezes ela pergunta sobre você! Como se fossemos íntimos... – Samuel
parecia levemente decepcionado

- Foco! - Eu não era o tipo de cara que pedia foco ou concentração, até preferia
que as conversas fossem o mais aleatório possível, mas, estava ficando muito
ansioso, e se ela ainda esta aqui, é porque ela vai me apresentar uma solução
- Tem razão! Estou aqui para oferecer meu sangue em troca de um favor em um
futuro não necessariamente próximo... - as últimas palavras foram ditas em um
tom sexy, mas, não acho que ela esteja falando de sexo ou algo do tipo

- Que tipo de favor?

- E isso importa?

- Não mesmo! Negócio fechado! Agora nós apertamos a mão ou selamos o pacto
com um beijo?

- Tá achando que eu sou o que? - Ela não pareceu ofendida, ela apenas voltou
para seu acento e em alguns segundos voltou entregando um anel para mim –
Coloque o anel, ele só será removido quando cumprir com sua parte do trato!

- E quanto a sua parte do trato, não é por nada, mas estou começando a dar nos
nervos

- Tudo bem! Andrew, poderia trocar de lugar comigo, você é um dos poucos que
não tem o que temer de Ayla, afinal, os pais de vocês dois já até caçaram juntos

Então era esse o nome da ruiva?! e agora com a confirmação do parentesco dela
com Helsing sei seu nome completo, Ayla Helsing!

- Samuel, vá para o lugar de Andrew!

E dessa forma todos trocaram de lugar em alguns segundos, e Bianca se sentou


do meu lado.

- Como não temos mais uma faca porque Ayla queria cortar sua garganta, vamos
ter que fazer isso do modo antigo!

- Então você irá estender o braço para mim?

- Não imbecil, isso iria chamar a atenção, vamos ter que fazer isso parecer
natural!
- Então sente no colo dele, jogue os cabelos por de trás das cabeça de vocês e
o deixe tomar uma boa dose de você por de trás do pescoço, assim, quem olhar
de fora achará apenas que são íntimos, fora que as luzes logo se apagarão -
Samuel não só era rápido quando falava, aparentemente, também era rápido
pensando, exatamente como ele havia dito

Enquanto analisávamos a opção dada por Samuel, o avião ligou os motores, e


sentimos o avião começar a se mover, cada vez mais rápido. Já havia andado
de avião antes, mas tenho quase certeza que não eram tão rápidos quanto esse
daqui, seria algum tipo de magia ou coisa parecida? O fato era que meu corpo
estava sendo pressionado contra o assento, e quando enfim o avião decolou,
pode sentir aquele velho frio na barriga, não importa o quanto viaje, esse frio na
decolagem sempre me aterroriza, creio que seja uma consequência do meu leve
medo de altura, não chegava a ser uma fobia, mas, eu não ficava apreciando a
vista de lugares altos muito da beirada, eu sei, é ridículo isso vir de um vampiro.

Quando a última aeromoça passou conferindo se todos estavam bem, Bianca


tirou os cintos que eu nem tinha visto ela colocar e se sentou no meu colo, a
princípio fiquei um pouco desconfortável, e ela também parecia estar, mas, essa
era a melhor opção para nós e eu não iria reclamar de uma garota bonita sentar
no meu colo.

Ela jogou os cabelos para trás cobrindo a minha cabeça, ela se encaixou no meu
braço e encostou a cabeça no meu ombro, e quando respirei fundo, senti o
perfume exalar do seu pescoço, era um perfumo doce, mas intenso, e fez um
fogo se ascender dentro de mim, eu podia ficar ali por um bom tempo, e por um
instante meus olhos brilharam, e quando o brilho sessou, as luzes do avião se
apagaram, minhas presas finalizaram a sua saída e eu a mordi o mais suave que
consegui, tentando ser o mais gentil possível, a pele quente dela acendeu
novamente o fogo dentro de mim, e quando o sangue dela começou a descer
pela minha garganta pode sentir um ecstasy, era igual a uma droga, mas, o gosto
era diferente, mais doce do que estava acostumado, era muito saboroso, e
involuntariamente segurei mais firme no braço e cintura dela, e enquanto bebia,
senti as mãos dela deslizarem por cima das minhas mãos, ela havia se
entregado, e começava a relaxar, essa era o sinal para parar, se eu continuasse
ela poderia viciar nisso, quando um vampiro se alimenta, ele transmite uma
sensação de paz e tranquilidade extremas, semelhante ao estado após um
orgasmo, sem falar no alto nível de dopamina.
Quando minhas presas voltaram ao estado normal, ela havia dormido em meu
ombro, e quando o sangue que eu havia ingerido começou a fazer efeito senti
minhas veias pulsarem normalmente, mas, logo o efeito que a Tv não conta
também começou a agir, beber sangue é maravilhoso, o gosto é inigualável,
mas, se você beber sangue quente direto da veia, acaba tomando as emoções
da sua vítima, toda preocupação que ela possui é transmitido para você. E
aparentemente Bianca estava muito cansada, sem falar na ansiedade.

- Ela estava muito cansada – Ayla estava por de cima do meu assento, era como
se ela estivesse pronta para sair em defesa de Bianca - Não dorme a dias se
preparando para Oaks

- Percebi, mas, agora ela vai descansar – Falei o mais baixo possível para não
acordar ela, e também coloquei as pernas dela estiradas melhorando o apoio
dela e deixando ela mais confortável, também desci o assento um pouco para
que ela se encaixe melhor no meu peitoral – Pode descansar tranquila, eu vou a
proteger. – Falei olhando para Ayla que voltou para o seu assento.

Não sei quem é exatamente essa garota que está em meus braços, mas, eu
sinto muito poder vindo dela, mesmo com a supressão de poderes ela continua
exalando tanto poder quanto aquele supervisor, com toda certeza ela será uma
grande bruxa. Com as pontas do dedo coloquei o cabelo dela por de trás da
orelha, ela respirou fundo e se acomodou um pouco mais, acho que ela se sente
segura.

O barulho começava a diminuir, e em alguns minutos estavam todos


praticamente em silêncio, dava para ouvir um ou outro fone tocando alguma
musica bem alto, mas, isso era normal, afinal, uma boa música precisa ser
ouvida no volume máximo, eu queria pegar meu fone, mas, preferia não arriscar
acordar Bianca, então, simplesmente encarei a janela e a escuridão vinda dos
céus, estou muito ansioso para ver o sol nascer, mas, acabei me perdendo nos
meus próprios pensamentos.
Capitulo 6

Enquanto o tempo passava, me perdi dentro da minha própria mente, meu peito
começava a ficar levemente apertado de tanta ansiedade, acho que de todas as
minhas aventuras essa é de longe uma das mais desafiadoras, baseado que em
algumas horas estarei em um ambiente totalmente novo, e totalmente fora da
minha zona de conforto. Meus pensamentos só foram interrompidos quando o
dia começou a clarear, normalmente a essa altura eu já estaria me trancando em
algum lugar, mas essa seria a primeira vez que não me esconderia, seria a
primeira vez que sentiria o calor do sol, não podia esconder a minha cara de
empolgação.

Com o subir e descer do peitoral de Bianca era possível ver que ela estava tendo
um sonho ruim, e foi questão de segundos para ela acordar subitamente com os
olhos brilhando em um tom azul escuro cintilante, ela levou alguns segundos
para entender a onde estava, mas isso foi o suficiente para chamar a atenção de
Samuel que estava tão perdido nos pensamentos quanto eu estava.

- Bom dia dorminhoca! - Samuel tentou falar o mais baixo que conseguia, afinal,
a maioria do avião estava em total silêncio

- Eu dormi por quanto tempo? - Bianca perguntou no mesmo tom que Samuel e
saiu do meu colo se sentando no banco enquanto começava a arrumar seu
cabelo que estava levemente bagunçado

- Umas 2 horas mais ou menos - Respondi me ajeitando no banco e o levantando

- Nossa, nem lembro quando foi a ultima vez que dormir por mais de 30 minutos!
- Ela parecia bastante surpresa por ter dormido tanto tempo

- Devia imaginar que isso iria acontecer, esperava o que depois de alimentar um
vampiro diretamente por contato?

- Não é por causa disso! - Bianca me encarou levando as duas mãos ao meu
rosto e abrindo levemente minha boca - Deixe-me ver elas!

Eu sabia exatamente do que ela estava falando, mas, perdi totalmente a


concentração quando as mão dela deslizaram sobre minha pele, a mão dela era
tão macia, tão quente, talvez eu é que seja frio de mais, tenho que tomar cuidado,
ou vou acabar me apaixonando por essa garota.

- Vamos!

Então levei a concentração para as presas e fiz com que elas saíssem, eu diria
que é meio desconfortante fazer com que elas saiam a força.

- Como eu imaginei, são presas injetáveis! São muito raras, e possuem


propriedades muito pouco exploradas - Bianca segurou firme a minha presa e
logo depois soltou, subindo de joelhos no banco e indo conversar com Ayla

Já é a segunda vez que ouço esse negocio de presas injetáveis, e não tenho
nenhuma noção do que signifique isso.

- Presas injetáveis? - Sussurrei involuntariamente, mas logo tive uma resposta


vinda de Samuel

- Presas injetáveis são muito raras, como Bianca havia falado, mas, elas já floram
exploradas pelos maiores pesquisadores, creio que tudo que tivesse para ser
descoberto já foi descoberto!

- Sempre que alguém acha que sabe de tudo, na verdade ele apenas descobriu
30% de tudo que ainda pode ser explorado. - Bianca virou para trás encarando
Samuel com um sorriso no rosto - Ainda há tantas coisas para serem
descobertas, e se você não sair dos livros, só terá 30% de todo o conhecimento
que você julga tanto ser importante

Samuel ficou sem reação encarando Bianca que se sentou novamente e


começou a responder alguns dos meus questionamentos.

- Presas injetáveis é o estagio 2 da evolução das presas, você tem a capacidade


de injetar emoções e também as retirar, mas, claramente você não possui
controle sobre isso ainda.

- É por isso que sempre que me alimento deixo as pessoas tranquilas e sinto
todas as emoções negativas delas? eu achava que isso acontecia com todos os
vampiros!
- Exatamente, os demais vampiros não possuem essa capacidade.

Isso era incrível, mas também era perturbador, como eu vou conseguir ter
controle sobre isso?

- Mas, não precisa se estressar com isso! - Bianca puxou um pequeno espelho
do bolso e começou a olhar seu pescoço pelo reflexo a procura de marcas, não
importa o quão gentil eu tenha sido, uma mordida sempre deixará marcas - O
bom é que você só mordeu uma vez! Se alimentou bem?

Antes que eu conseguisse responder alguma coisa, um som de "bip" bem alto
equalizou pelo avião e a voz do comandante robotizada veio logo em seguida.

"Senhores passageiros, estou passando para lembrar que logo o sol estará a
vista, e que vocês não devem encarar ele diretamente! Muito Grato pelo sua
atenção!"

Isso foi o suficiente para me fazer perder a atenção do momento e apenas


encarar a janela, a paisagem realmente começava a ficar mais clara, podia sentir
meu coração acelerar as batidas, podia sentir cada veia do meu corpo pulsar no
ritmo das batidas do meu coração.

- Ei! - Andrew apareceu por de trás dos bancos, exatamente entre minha cabeça
e a de Bianca, acho que ela levou um susto pela velocidade que Andrew
apareceu e principalmente pela a intensidade do tom de voz, me virei lentamente
para ele e esperei ele continuar a falar - Você lembra daquele poema? aquele
sobre o sol?

Me lembro de cada palavra sobre essa poesia, foi uma das primeiras que eu li
na vida, e tenho uma boa memoria para coisas que envolvem a arte da escrita,
então comecei a recitar a poesia exatamente como uma poesia deve ser
recitada, calmamente e pausadamente, dando ênfase a cada palavra, para a
minha sorte, sou bem eloquente.

"Rasgam-se as nuvens no céu estrelado, invade-se a vontade de gritar,

o Sol mantém-se ao longe... calado,


ouvindo o som do belo luar.
A fada desperta do sono encantado,
com a sua harpa de sonho a tocar,
o sol dormindo... sonha deleitado,
vislumbrando ao longe um novo acordar

Surge então um novo céu... a nevar


de noite e durante a madrugada,
O sol mantém-se coberto a sonhar
com estrelas e com a sua amada...

Ouve-se ao longe um galo a cantar,


adivinha-se o nascer de um novo dia,
A lua vai-se embora a chorar,
mas o Sol... desperta com alegria.

A lua adormece por fim.


Mas o Sol nada leva a mal,
pois ama a Lua tanto assim,
que voltará a encontrá-la num sonho de Natal."

Enquanto eu recitava eu olhava o sol nascer por de trás das nuvens, tímido,
parecia que ele sabia exatamente que estávamos falando sobre ele. Alguns
segundos de silêncio se seguiram até finalmente ser quebrado por Bianca.

- Quem é o autor? - Bianca me encarava com um brilho no olhar

- Não sei, estava em branco no espaço do autor, e o papiro era tão velho que
parecia que ia derreter só de você tocar... - respondi vendo o sol finalmente se
mostrar inteiro

Fechei os olhos e senti o primeiro raio de sol tocando na minha pele, era quente,
e quando aquela luz branca se misturou com o vermelho da membrana fina de
minha pálpebra, pude sentir uma leve felicidade no meu interior, era como um
sentimento de esperança, respirei fundo e abri os olhos, me deparei com
uma das cenas mais lindas que já vi, verdade que quase toda cena que envolva
a natureza para mim é muito linda, mas, essa é realmente de tirar o folego,
seguindo as ordens do comandante, evitei olhar diretamente para o sol, mas
apenas a cor do amarelo com um toque de laranja refletindo no mar de nuvens
brancas foi o suficiente para me deixar com um sorriso no rosto e certamente
com os olhos brilhando.

Os múrmuros começaram a ficar altos após o nascer do sol, todos os jovens


estavam conversando, e certamente estavam tirando fotos. Como todo jovem
humano, os jovens monstros também são metidos a bloguerinhos, ainda mais
com nosso App particular, feito e desenvolvido pelos maiores gênios da nossa
era, isso inclui Mark Zuckerberg e até mesmo Elon Musk, eu poderia entrar nos
detalhes, mas, duvido que saberia explicar de forma correta, o fato é que os
monstros costumam ser bem mais irritantes nas redes sociais que os humanos,
falo por experiência própria.
Capitulo 7

Quando o comandante sinalizou que iriamos aterrissar em alguns minutos,


comecei a sentir uma energia me invadir, era uma mistura de ansiedade com
empolgação, estava feliz, muito feliz para dizer a verdade, ainda estávamos por
cima das nuvens, e eu não imaginava o que me esperava por de baixo delas.

Quando o avião passou a linhas das nuvens em direção ao chão fiquei meio
confuso, não havia nada a não ser uma camada de gelo fina por cima da
vegetação rasteira , mas ao olhar no horizonte era possível ver uma cadeia de
montanhas com seus picos brancos.

- Ainda bem! - Sussurrei em um alivio

- O que foi? - Bianca se debruçava em minha direção tentando saber do que eu


estava falando

- Odiaria ter que estudar em um lugar que fizesse calor!

- Acho que nesse ponto eu concordo também - Bianca voltou a sua posição -
Apesar que não sei se trouxe roupa suficiente

- Droga! - esbravejei - Eu nem fiz minha mala, tudo que tinha na mochila era
algumas blusas, meu casaco e equipamentos eletrônicos, Lufeia havia sido bem
sucinta.

- Caraca! tá muito ferrado! - eu não conhecia Ayla bem, mas, já dava para saber
que era ela falando pelo tom de voz - Não vai passar nem da primeira semana,
isso se passar do trote!

Levantei o dedo do meio por cima do banco, o aviso dos cintos de segurança já
estava piscando, e eu não arriscaria levar uma bronca de um supervisor, em
resposta Ayla chutou meu banco, e Andrew não segurou a risada.

- Vocês dois ainda vão terminam juntos! - Samuel falou dando risada - É verdade
que vocês possuem um destino juntos, seja pelo bem ou pelo mal, pode terminar
com uma espada atravessa um no outro, ou deitados em uma cama, eu em
particular preferiria a segunda alternativa
- Eu só não te dou um soco agora porque Bianca está no meio. - existia um pingo
de verdade no que Samuel havia acabado de dizer, mas, eu não precisava que
ele ficasse por ai a dizendo

- Deixa que eu resolvo! - Bianca deu um soco direto na bochecha de Samuel

Agora foi minha vez de dar risada, o soco pegou em cheio, e fez com que Samuel
levasse a mão ao rosto.

- O que eu te fiz? - Samuel sacudiu a cabeça na tentativa de se recuperar da


tontura

- Nada ué! Só cumpri o desejo de... - Bianca deu uma pausa como se estivesse
tentando lembrar de algo - Ei, eu não sei o seu primeiro nome!

- Meu nome é Satur! - Falei dando um sorriso

- Abreviação de Saturno?

- Sim

- Curiosidade, sabia que Saturno é um nome de uma facção de elite do mundo


monstro? cada membro leva o nome de uma das luas, e eles são responsáveis
por grandes feitos, desde movimentos oficiais, como não oficiais.

- Eu ouvi boatos mesmo, todos os membros são de nível altíssimo, incluindo o


bruxa mais poderoso do mundo, ele carrega o nome da primeira lua de Saturno,
A lua Pã, o mais impiedoso dos bruxos.

Nunca antes eu havia me sentido tão desinformado, mesmo sendo um monstro


e de uma família renomada, eu não sabia nada sobre a vida, era como se eu
fosse um total analfabeto funcional quando o assunto é o mundo monstro, isso
é muito preocupante.

Quando me virei novamente para a janela, me deparei com um dos lugares mais
sensacionais que já vi, era simplesmente incrível, fiquei de boca aberta
literalmente. Estávamos sobrevoando um lago, e na beira do lago havia um chalé
enorme, e mais afastado havia algumas casas de madeiras distribuídas entre as
arvores, vários jovens pareciam estar fazendo uma festa, e eu juro que vi um
bicho enorme saltar de dentro do lago, devia ter uns 12 metros. Mas, em questão
de segundos deixamos o lago para trás, o avião já estava bem perto do chão,
decolar me dá um frio na barriga, mas, aterrissar é de boa, afinal, já estamos
perto do chão mesmo, o que de pior pode acontecer.

Quando pousamos e o aviso do cinto de segurança foi desligado, levantei e fiquei


de joelhos na poltrona, por algum motivo, pousamos em uma área que parecia
deserta, não dava para ver nada no horizonte, só as montanhas e a neve que as
cobriam.

- Não era para a gente estar em um colégio de elite? - Minha pergunta era a
mesma que devia estar na cabeça de uma boa parte dos monstros por aqui

- Aqui deve ser só o aeroporto, deve ter um ônibus ou algum trem, tipo Harry
Potter - Aandrew fez uma ótima comparação

Ayla encarou a janela, parecia estar pensando em algo. Bianca e Samuel


também ficaram de joelhos, o avião começava a ficar um pouco barulhento,
todos os jovens monstros estavam acordados e ansiosos, o que torna tudo bem
mais divertido.

- Ayla, você já descobriu não é mesmo? - Bianca batucava na poltrona

- Sim... - Ayla parou de encarar o horizonte e olhou para Bianca - É uma magia
oculta não é?

- Exatamente! Ela serve para esconder dos olhos alheios aquilo que você não
quer que vejam.

- Estou muito ansiosa! - Bianca parecia mesmo que estava preste a sair saltando
de felicidade

- Não só você! - Ayla deixou escapar um sorriso de canto, e ela parecia muito
mais malvada agora

"Senhores passageiros, aqui quem vos fala é o seu comandante, gostaria


de agradecer a todos pela cooperação e por todos terem seguidos as
regras de voou, dentro de alguns minutos estaremos liberando o
desembarque, peço ordem e decência, monitores estarão esperando vocês
na saída. obrigado por terem voado no voou 000, e tenham um bom dia"

Eu acho que agora é para valer, quando o comandante desligou, o barulho


voltou, e tenho que admitir, estou louco para esticar as pernas, fora que, estou
quase tão ansioso para conhecer esse colégio quanto Bianca que estampava
um sorriso de um canto a outro da cara.

Eu odeio o momento em que as portas são abertas, toda vez é a mesma coisa,
quase todo mundo levanta ao mesmo tempo, ai fica todo mundo igual bois na fila
de um matadouro, era tosco, porque não simplesmente esperar fileira por fileira,
assim evitamos o constrangimento de ficar parado em pé um atrás do outro.

Bianca e Ayla foram as primeiras a se meter entre as pessoas e desapareceram


entre a multidão, eu como sempre fiquei sentado, e aproveitei para tentar saber
como Ayla descobriu que era uma magia oculta apenas olhando, Samuel estava
pegando sua bolsa de dentro do bagageiro, Andrew que ainda estava na fileira
de trás saltou por cima do banco, e se sentou na cadeira do meio.

- O que estamos esperando, vamos empurrar esses caras e sair logo! - Andrew
parecia animado, e eu sei bem o porque

- Calma meu caro amigo, logo estaremos lá fora... - Acalmei Andrew da melhor
forma que eu consegui - É isso!

- Do que você está falando? - Samuel entrou na conversa

- A barreira magica, ela é bastante sutil, e quase imperceptível, mas, se olhar


direto por entre os fechos de luz, é possível ver uma distorção, indicando
presença de magia. - Finalmente eu consegui ver o que Ayla tinha visto, a duvida
que fica na minha cabeça é em relação a Bianca, será que ela já sabia ou ela viu
isso em questão de segundos quando olhou pela janela, se for a segunda opção,
ela além de poderosa é bastante sagaz.

- Incrível! seus poderes visuais devem ser gigantes, esse tipo de observação só
é possível se você tiver talento
Continuamos sentados por mais alguns minutos antes de Samuel quebrar o
silêncio.

Vamos?

Olhei em volta, o amontoado de jovens eufóricos havia se dissipado um pouco


mais, agora alguns remanescentes como nós ainda estavam nas suas
respectivas fileiras, conversando ou apenas arrumando as suas coisas.

- É, acho que podemos ir! - falei acenando para Andrew que se levantou e pegou
a minha mochila e a dele.

Quando ele me entregou a bolsa pode ouvir alguém gritar o meu sobrenome.

"Drácula"

Me virei em a procura daquele que me chamava, era uma voz masculina, mas
eu não a reconhecia. Quando encarei o dono da voz, me deparei com um jovem
rapaz que estava com mais dois amigos, eu procurei em minha mente o rosto
dele, mas, não o reconheci.

- Falou comigo? - Respondi o chamado o mais amigável possível, analisando ele


e os demais, eu diria que ele é um Lobisomem, só não dou certeza, porque hoje
em dia, o relacionamento entre as espécies criam as mais variadas espécies de
híbridos, como o nosso novo amigo Samuel.

- Falei sim - O jovem rapaz de cabelos escuros, branco e orelhas pontudas


estava a 3 fileiras afastado de nós do outro lado do avião - Só queria avisar que
esse colégio costuma ser perigoso para os Dráculas, espero que não apareça
morto no seu quarto pela manhã... - O Jovem lançou um sorriso de canto

O silêncio que ficou no avião depois que aquele lobisomem me ameaçou foi
quebrado por mim e por Andrew dando risada de forma descontrolada, e pela
cara de confusão do jovem, não era essa a reação que ele esperava de nossa
parte.

- Pobre cachorrinho, se quiser ter uma chance contra nós, deverá arrumar uma
matilha maior, porque só com esses dois aí a única coisa que conseguiriam seria
alguns ossos para roer, isso se já tivéssemos jantado - Andrew respondeu ainda
rindo, mas, quando terminou a frase lançou um olhar de desafio

Os dois rapazes que estavam com o lobisomens avançaram, mas antes que
conseguissem dar dois passos o lobisomem estendeu o braço os impedindo de
passar, eles pareciam ter se irritado com a comparação de Andrew, tenho que
admitir que ele costuma ser bastante cruel.

Olhei para Samuel que tinha se afastado alguns passos, ele parecia estar tenso,
com medo para falar a verdade, olhei em volta, os demais monstros observavam
atentamente, alguns nem piscavam.

- Eu não sei quem é você ou que tipo de rixa existe entre você e minha família,
mas, eu não sou eles - falei me virando de costa e dando um tapa de leve no
ombro de Andrew o convidando a me seguir, passei o braço em volta do pescoço
de Samuel e começamos a caminhar pelo corredor lado a lado seguidos por
Andrew - e já que foi gentil de me dar esse aviso, irei retribuir dando um outro,
se entrar no meu quarto iremos matar qualquer um sem avisos prévios - Falei
ainda de costa, mas tenho certeza de que eles ouviram, e quando passamos por
um grupo de jovens dei uma piscada maliciosa, que teve resposta imediata
através de sorriso desajeitados e desvio de olhares envergonhados.

Era fácil bancar o durão, afinal, tenho o nome e o porte para tal feito, mas, a
verdade é que se tivéssemos que lutar daquela forma, provavelmente perderia,
sempre fui muito dependente dos meus poderes, para ser sincero, usei a minha
vida toda a velocidade e nada mais, acho melhor esse colégio ter aulas de
combate o mais rápido possível, porque pelo que vi, o nome de minha família
atrai muitos inimigos, e eles estão vindo com a intenção de matar, mas, isso é
problema para outra hora.

Havia uma escada na saída do avião, e quando colocamos a cara para fora foi
possível ver uma quantidade considerável de alunos espalhados em fileiras,
cada fileira devia ter uns 25 ou mais alunos. O lugar em si era uma grande pista
de pouso, sem mais nada, não havia nenhuma espécie de aeroporto ou algo do
tipo, era só uma grande reta, e quando olhei para trás, me deparei com um avião
gigante, era como Samuel havia dito, havia dois andares, o avião por fora era
branco com o nome "Oaks" estampado em vermelho na lateral.
Quando chegamos ao inicio da escada fomos recebidos por uma mulher mais
velha, ela devia ter uns 40 anos, usava um vestido tomara que caia vermelho
bem colado no corpo, um corpo com muitas curvas.

- Bem-vindos, eu sou sua guia de hoje, peço que se encaminhem para a fileira 7
- Ela apontou para uma das fileira, acenamos com a cabeça e caminhamos até
a fila, tenho que admitir que estou com frio, esse casaco que estou usando não
serve para muita coisa.

Levei a mão a boca as esfregando na tentativa de esquentar elas, quando


chegamos a fileira 7, nos encontramos novamente com Bianca e Ayla.

- A não, vocês de novo? estão nos seguindo? - Ayla Parecia um pouco revoltada

- Acho que estamos mesmo ligados - Rebati lançando um sorriso para Ayla, que
continuou com sua cara seria, ela possuía uma expressão facial de alguém que
mata a sangue frio

- Calma amiga! - Bianca tomou a frente levando a mão ao meu peito - Esse é o
meu maior investimento até agora, olha só para esse rostinho, moreno, olhos
castanhos claro, lábios rosados e carnudos, uma maquina perfeita de atração.

- Só se for para você... - Ayla virou de costa para nós

- Não é só para mim, é que você é imune aos encantos de um vampiro, me


pergunto como Mike conseguiu te conquistar...

- Já chega! - Ayla nem se virou ao praticamente gritar uma ordem a Bianca, ela
parecia brava, e Bianca acatou as ordens

- Então tá!

O clima ficou um pouco tenso, mas, logo me distrai em pensamentos encarando


as montanhas, foi quando Samuel me cutucou sinalizando para que eu olhasse
para trás, quando me virei, lá estava o cara que me ameaçou a poucos minutos.

- Nós temos que ficar atentos, realmente me parece que aquele cara tem um
problema comigo.
- Estão falando de que? - Bianca realmente parecia determinada a manter um
laço com o nosso grupo, será que é aquilo que Victor falou de fazer aliados?

- Aquele rapaz ameaçou Satur de morte. - Samuel como sempre falava muito e
rápido - Baseado nas orelhas pontudas, o atual inimigo é um lobisomem, ainda
mais se levar em consideração que os jovens que estão com ele parecem o
obedecer, ele também foi bastante especifico em relação ao perigo que Satur
corre, então se ele for atacar, ele irá fazer isso a noite e no seu quarto, visto que
ele especificou "aparecer morto no seu quarto pela manhã".

- Nem chegamos ao colégio e você já arrumou um inimigo? - Bianca levou a mão


na cabeça em sinal de decepção, mas depois levou a mão ao bolso esquerdo da
jaqueta que ela usava, puxando um pedaço de madeira com uma runa de
proteção, se eu não me engano o nome dessa runa é Algiz - Se sofrer um ataque
basta passar seu sangue nessa runa, eu chegarei logo em seguida, não seja
burro de tentar enfrentar uma matilha de lobisomens, mesmo vocês sendo em
três, uma matilha costuma ser bastante perigosa, e cuidado, hojé é lua cheia, eu
ficaria atenta, a lua triplica os poderes de um lobisomem nessa fase.

Quando Bianca pegou na minha mão para colocar a runa arregalou os olhos.

- Caraca, você está com frio! - Bianca levou o dedo a minha boca - Morde aqui!
- Fiquei meio acuado com o pedido, mas ela parecia saber o que estava fazendo,
então a mordi, abrindo um pequeno corte no polegar dela

Bianca pediu que eu esticasse as duas mãos com a palma para cima, então ela
passou o dedo marcando com o sangue dois sinais de mais, uma em cada mão,
ela recitou alguma coisa bem baixinho e o sangue foi absorvido pela minha pele,
e imediatamente minhas mão começaram a se esquentar, depois o calor se
espalhou para meu corpo, Andrew e Samuel pareciam estar tão surpresos
quanto eu.

- Seus poderes não estão suprimidos? - Andrew parecia tentar ler o nível de
poder de Bianca, mas pela cara, ele não estava tendo sucesso

- Estão, mas, eu sou muito poderosa para uma magia desse nível funcionar em
mim totalmente, e desista, você não conseguirá ler meu nível de poder se eu não
quiser que veja! - Bianca encarou Andrew que desviou o olhar na hora
Como ela soube da habilidade de Andrew? Não importa, essa garota é muito
mais poderosa que aparentava, mas ela não aprecia ser má, geralmente todo
bruxa tem seu toque de perversidade, tipo os vampiros, não importa o quão
bonzinho você ache que um vampiro pode ser, ele sempre esconderá um lado
sombrio.

Nossa guia chegou na ponta do grupo pedindo atenção, assim como todos os
guias de cada grupo.

"Atenção todos, começaremos agora o tour pelo instituto Oaks, guardem


suas perguntas para si, quando chegarem aos seus respectivos
alojamentos, terá um monitor só para tirar suas duvidas, peço silêncio e
atenção, pois não repetiremos nada do que for dito, agora sigam seus
respectivos guias, e hipótese nenhuma saia do seu grupo, há, só para
lembrar que quando passarem pela barreira seus poderes serão
reestabelecidos, vocês podem sentir uma leve tontura."

Então era isso, finalmente iriamos conhecer o colégio Oaks, estava ansioso,
assim como todos, tenho certeza que cada um está com o coração apertado,
mas, Bianca estava com o um sorriso que não escondia a empolgação.

- Vamos lá!
Capitulo 8

Os segundos que antecederam a travessia da barreira foram os mais


empolgantes da minha vida, Bianca e Ayla foram as primeiras a atravessar a
barreira, Samuel foi na frente, enquanto eu e Andrew atravessamos ao mesmo
tempo. Do outro lado da barreira, me deparei com um dos lugares mais incríveis
que já vi, e olha que viajei para inúmeros lugares de tirar o folego, mas esse em
especial era lindo de mais, creio que isso seja um consenso geral, pois ao olhar
para Andrew e os demais, todos estavam com as pupilas dilatadas. Samuel
estava até de boca aberta, mas, logo os poderes de todos foram restaurados, o
que levou a alguns monstros a vomitarem, isso incluindo a mim. Depois de todos
se recuperarem, começamos a andar por uma rua de paralelos branco, resultado
da espeça camada de neve que cobria ela, ela também se estendia por um longo
caminho, a paisagem havia sido trocada de apenas montanhas brancas
totalmente desertas, por uma espécie de... eu diria que é uma floresta colorida,
eu não sou muito bom com esse negocio de vegetação, mas de uma coisa eu
sei, lugares frios não costumam ter muitos tipos de vegetação, muito menos tão
coloridas e vividas quanto essa, o contraste das cores com a neve ao redor era
magnifico, alguns estudantes nos encaravam, outros continuavam deitados sem
ligar para a nossa presença, todos eles estavam distribuídos aleatoriamente
entre as arvores sentados em panos que pareciam brilhar, como alguém pode
estar sentado no meio da neve como se não estivem sentindo frio? Apesar que
eu também não estava sentindo frio, aliás, estava quentinho, não sei que magia
é essa que Bianca usou, só sei que funciona, o que me leva a achar que aquele
brilho dos cobertores deva ser magia.

- Muito bem iniciados, seus poderes foram reestabelecidos, mas vou logo
avisando que ataques letais são estritamente proibidos, puníveis até com prisão
caso sejam bem sucedidos - a instrução da guia era bastante firme

Olhei em volta, para mim era algo engraçado imaginar uma prisão para
monstros, mas, estou em um colégio para monstros não é mesmo?

- Permaneçam atentos aos meus comandos e não teremos nenhum problema! -


Agora ela me deu um pouquinho de medo, mesmo aparentando ter uns 40 anos,
tenho quase certeza que essa não deva ser a idade verdadeira idade
Apesar de estar encantado com tudo, uma coisa realmente chamou minha
atenção, olhando em volta, não via nenhum dos outros grupos, será que ninguém
reparou nisso?

- Você percebeu não é mesmo? - Samuel encarava todos ao redor assim como
eu

- Cadê os outros grupos? - Perguntei para Samuel

- Provavelmente essa não é só uma barreira de ocultamento, deve ser também


um portal, cada grupo deve começar de um ponto, isso é bastante esperto, um
bando de jovens eufóricos juntos só iria dificultar o trabalho dos guias. - Samuel
novamente havia falado em uma velocidade surpreendente, acho que uma hora
ou outra vou me acostumar

- Muito bem, sei que todos estão animados, então vamos começar logo com o
tour pelo colégio Oaks, o maior instituto de monstros da américa latina, quem é
Havard perto de nós? - A guia realmente parecia acreditar nas próprias palavras,
era uma afirmação ousada, espero que esse colégio cumpra com a expectativa,
os múrmuros começavam, mas, não era algo que atrapalhasse a guia -
Começando por essa maravilhosa área colorida, temos aqui a floresta da vida,
uma floresta regada pelos poderes dos bruxos da natureza, temos mais de mil
espécies de arvores frutíferas e não frutíferas, caso esteja afim e comer alguma
fruta direto do pé, este é o lugar certo, só não desperdice, os bruxos da natureza
costumam ser temperamentais em relação a essas arvores

A guia ia falando conforme andava, e nós, como bons patinhos enfileirados


íamos andando logo atrás dela, a empolgação dela era bastante nítida, e
acabava nós contagiando, pelo menos a mim contagiou.

- Atenção novatos, vocês são iniciados, isso quer dizer que vocês são do
primeiro ano de Oaks, o que os coloca na "ralé" do colégio, muitos de vocês não
chegarão nem ao fim da primeira semana, então, quando derem de cara com
um veterano, é bom não os irritar - A guia deixou escapar um sorriso quando nos
aproximamos de uma bifurcação, onde havia uma espécie de amontoado de
placas, cada placa apontava para um caminho diferente, sendo seis caminhos ,
a guia parou do lado da placa e começou a apontar de cima para baixo falando
o nome de cada placa e a explicando
- Oaks é grande, então é comum que se deparem com placas iguais a estas
informando como chegar a tal lugar - Ainda apontando para a primeira placa ela
continuou a falar - Grutas! localizadas em uma das cavernas subterrâneas, é o
lugar ideal para relaxar com um banho quente, não se enganem pelo nosso clima
frio, por baixo de nós passa um extenso rio de lava, que como uma mãe,
esquenta nossas grutas para nos proporcionar um banho maravilhoso

Ela abaixou o dedo apontando para a segunda placa que direcionava para o
caminho da direita.

- Templários! em pouco tempo saberão a importância das fraternidades e


irmandades no campos, a fraternidade dos templários é uma das mais antigas
de Oaks, não é bom se aproximarem de uma fraternidade ou irmandade sem ser
convidado - Um dos jovens do grupo fez um sinal que iria fazer uma pergunta,
mas, a guia continuou a falar, ignorando o jovem, acho que não é momento para
perguntas

- Curiosidade, realmente foram os templários que fundaram essa fraternidade,


dizem que eles eram ferozes! - Samuel continuou a falar enquanto puxou de
dentro da bolsa um tablet e conforme ele falava foi acessando inúmeras paginas
ao mesmo tempo - Eles eram em nove, sendo seis homens e três mulheres -
Samuel virou o tablet mostrando uma imagem meio apagada, mas era o desenho
de nove cavaleiros, com armaduras e tudo

Eu não ligava pra palestras, muito menos para essa guia, pelo visto isso vai
demorar, ainda mais se ela parar para explicar cada pedacinho desse lugar,
tenho certeza que esse colégio deve ser gigante, e não estou a fim de ouvir ela
o dia inteiro. Quando voltei a prestar atenção ao que ela estava dizendo, vi que
já estava na ultima placa, e para ser sincero, era a única que me interessava no
momento, a placa apontava para o ultimo caminho, olhei todos as placas
rapidamente enquanto ouvia a guia continuar a falar, elas estavam em ordem de
cima para baixo com os seguintes nomes "Grutas", "Os templários", "Bosque da
morte" nomezinho meio tenebroso, "Natural" e por ultimo e até agora a campeã
de minha atenção "Lagoa dos afogados", eu posso até ser meio desligado, mas
essa placa apontava direto para aquele lago que vi ainda dentro do avião.
- Já disse e repito, dá para saber exatamente no que está pensando! - Andrew
estava parado do meu lado com um sorriso de canto - Vamos deixar essa chatice
para lá e dar um pulinho nesse lago!

- É assim que se fala meu amigo! Você vem Samuel? - Ainda não tinha me
acostumado 100% com meu mais novo amigo, mas, já tinha me apegado o
suficiente para querer ele do meu lado

- Não mesmo, essa espécie de tour é uma beleza, um amontoado de


informações uteis, se eu fosse vocês, não sairiam daqui, exatamente 23 alunos
estavam no nosso grupo, agora estamos em 19, isso quer dizer que 4 alunos já
desertaram...

- Bota mais dois para a sua conta, nós estamos de saída, depois você me conta
como foi, está bem? - Tentei parecer o menos impressionado possível, era
extraordinário como a mente de Samuel trabalhava

Quando a guia virou de costa mandando que todos a seguissem, Andrew e eu


por outro lado, usamos esse dom da velocidade para sumir dali, tenho certeza
que a guia nem reparou, se Samuel estava certo, mais 4 alunos já haviam
sumido sem que ela percebesse, não sei o que essa guia é, mas, não me parece
ser muito boa no que faz, além de que... acho que meu karma nunca voltou tão
rápido quanto agora, antes que eu concluísse meu próprio pensamento, senti
uma enorme dor emanar da ponta do meu queixo, quando você está em
supervelocidade, o mundo fica lento ao seu redor, é magnifico, mas, quando um
outro vampiro também está usando a velocidade, é quase impossível distinguir
um ataque proferido contra você, quando vê é tarde de mais, exatamente como
agora, tudo que vi foi um relance de uma mão em minha direção, e pela dor que
sinto, foi um belo soco, um barulho de osso seco sendo quebrado emanou por
toda direção, logo em seguida um barulho idêntico, não sei se você já caiu
quando estava correndo, mas, se caiu, sabe exatamente como é a sensação de
ver o mundo rodando do nada, o céu se mistura com a terra em frações de
segundos, até que o mundo para, e aí, ou você está olhando para o céu, ou para
a terra, tentando entender exatamente o que aconteceu, e no meu caso, estava
estirado com as costas para o chão encarando as nuvens no céu,
involuntariamente tentei esboçar algum gemido, mas isso só fez com que a dor
aumentasse, com toda a certeza do mundo minha mandíbula estava quebrada,
já havia sentido essa dor antes, causada pelo meu próprio irmão, não me lembro
o motivo, mas, meu irmão me deu um soco que teve o mesmo efeito, sentia meu
sangue quente escorrer pelas laterais da boca, estava meio zonzo.

- Meu nariz! - Andrew esbravejou enquanto soltava uma sequencia de palavrões,


pelo barulho da neve diante de nós, ele estava rolando de um lado para o outro

Me sentei levando a mão ao meu queixo segurando firme e pressionando o osso


de volta para o lugar dele, olhei para Andrew que estava sentado, aparentemente
não estava rolando, mas, não parava de mexer as pernas, assim como eu, ele
tentava tentando colocar o nariz no lugar.

Os nossos ossos se recuperam muito rápido, muito mesmo, mas, quando nós
damos uma forcinha o colocando na posição certa, o processo fica bem mais
rápido, levando o olhar a uns 6 metros a nossa frente podemos ver o rosto da
responsável pelo ataque.

- Olha só! Sempre achei que as pessoas gostassem de me ouvir falar, dizem que
eu tenho uma voz doce

- Olha só, quem disse isso para você te enganou - Andrew parecia irritado, eu já
havia me levantado, ainda meio zonzo, mas estava em pé, Andrew por outro lado
parecia focado em arrumar o nariz e permanecia sentado - Nossa Drácula, nós
devemos ser uma decepção para os nossos pais, 4 alunos saíram antes de nós,
e só a gente foi apanhado!

Quando o ultimo estralar de ossos foi sentido por mim, fechei a boca limpando o
sangue, ao meu redor havia perfeitamente o meu formato, meu sangue havia se
misturado a neve branca, criando um contraste tão belo quando o das arvores
ainda ao nosso redor. Não entendo como Andrew não vê, a guia a nossa frente
não é a verdadeira, ela é apenas um clone, pelo soco que ela nós atingiu, não é
uma miragem, e sim um golen feito de barro ou argila, minha ama é perita nesse
assunto, e aparentemente a guia também é.

- Blade, acho que os demais que saíram também foram atacados, estou errado
senhora...?

- Por favor, não me chame de senhora, só tenho 329 anos, estou na flor da idade!
E sim, você está certo, eles foram alcançados assim que sairiam do grupo.
329 anos, eu falei que não se pode confiar na aparência no mundo dos monstros.

- E agora? nós vamos receber uma detenção? ou melhor vamos ser levados
para a sala do diretor? - Não é uma boa ideia provocar alguém que é mais
experiente que você, mas por outro lado, é muito mais divertido

- Satur, isso poderia ficar muito pior, imagina se ela leva a gente de volta para o
tour! - Andrew foi muito maldoso, acho que já falei, mas vou falar de novo,
Andrew é muito malvado quando quer ser, Andrew se recompôs e levantou,
caminhou até meu lado e ajeitou os óculos

- Olha só! Para iniciando vocês são extremamente arrogantes, mas, é


exatamente assim que alguém vindo de famílias como as suas deveria se portar,
entretanto, só arrogância não basta aqui! - os olhos do golén se acenderam, um
azul bebe muito belo

- Deixe ela comigo, tenho uma técnica que gostaria de testar! além do mais, com
o nível de poder dela, ela nunca me derrotaria! - Os olhos de Andrew se
iluminaram no verde real de sempre

- Sem ataques letais!

- Até onde sei, isso se encaixa apenas para seres vivos, um golen não é um ser
vivo... sim, eu demorei, mas entendi!

Andrew acelerou, a guia também, aparentemente ela estava usando magia para
igualar a velocidade, isso somado a força gigante de um golen a deixa pareô
para um vampiro, mas, ela iria lutar com Andrew, e ele não costumava perder.

Andrew lançou o primeiro ataque, tenho que admitir que meus olhos ainda não
acompanham totalmente os movimentos em alta velocidade, tenho que focar
muito para não perder muita coisa, a guia conseguiu desviar das primeiras
sequências de golpes, aparentemente a técnica de Andrew não é de ataque e
sim de contragolpe, afinal, ele é um perito nessa área.

Apesar de Andrew ter deixado varias aberturas, a guia não atacou de primeira,
esperando que Andrew terminasse sua sequência, gosto de ver uma boa luta,
mas, estou a fim de terminar logo com isso, então ignorando o que meu amigo
queria, planejei o meu ataque, olhei em volta a procura de algo, mas, só havia
neve para todo lado, balancei os ombros e sorri, quem diria que minha arma
seria neve?

Fiz uma bolinha de neve perfeita. A guia lançou ataques mágicos, dois fachos
de luz branca saíram de sua mão em direção a Andrew, não sei exatamente para
que serve, mas antes que ela lançasse o terceiro ataque me movimentei para as
costas dela a uma distancia de 4 metros, sei que ainda estava longe, mas,
é suficiente para minha técnica funcionar. Me preparei o melhor possível para
arremessar, esse momento era digno de uma pose daquelas de jogadores de
beisebol.

Com a minha movimentação, a guia teve que se colocar lateralmente a mim e a


Andrew que estava a 2 metros dela, ela foi rápida o suficiente para olhar para
mim, mas não rápida o suficiente para desviar. Arremessei a bola o mais rápido
que consegui e aí você já sabe! velocidade + massa + aceleração + mira perfeita
= igual a Hadshot! acho que nunca vi neve se dispersar daquela maneira ao
atingir um alvo, parecia um balão de água jogado de um prédio atingindo o chão.
A cabecinha dela foi para trás igual cabeça de bêbado quando cai na calçada e
o pescoço passa reto freando só no cimento seco. Andrew usou esse segundo
para atravessar o peito da guia com a mão, se você arrancar o pedaço de papel
que fica exatamente no lugar do coração, o golen desliga na hora, exatamente
como aconteceu. o bom é que golens não sangram, isso evita uma sujeira
danada.

- Uma bola de Neve? Serio? - Andrew estava dando risada, achei que ele iria
ficar chateado por eu ter interferido, mas não era o caso, dei de ombro fazendo
uma careta que diz exatamente a mesma coisa em qualquer lugar "foi o que deu
para fazer", o que levou Andrew a dar risada deixando o corpo do Golen cair na
neve - a tática "Vacilou, perdeu!" está de volta!

Não pude conter a risada, era bom voltar a ser amigo de Andrew, fomos
caminhando devagar, relembrando dos velhos tempos e de todas as vezes que
usamos essa técnica, cada vez que a usamos, era uma historia muito
engraçada.
Capitulo 9

Por uma boa parte do caminho nos deparamos com veteranos voltando do lago,
como sei disso é bem simples, apesar de estarem usando roupas de frio, em
grande maioria estavam com os cabelos molhados, começo acreditar que essas
águas sejam mesmo quentes, só isso explicaria alguém estar pulando em um
lago nesse frio. Depois de uma caminhada de 23 minutos pela neve comecei a
me questionar se ainda estávamos na direção certa, a neve cobriu boa parte do
caminho e creio que se perder é uma opção, já fazia algum tempo que não nos
esbarrávamos com ninguém, mas, minhas suspeitas se desfizeram quando
comecei a ouvir uma leve batida musical, olhei para Andrew que abriu um sorriso.

- Eletrônico? - Perguntou Andrew mexendo nos seus óculos

- Nop, isso é Pop, certeza! - Ainda encarando Andrew continuei a falar - Acho
que já podemos acelerar o passo, não é mesmo?

Seguindo o barulho da musica chegamos a uma espécie de portão de ferro, ele


estava aberto, desaceleramos quando dois caras se puseram a nossa frente.
Paramos bem diante de dois brutamontes, mais afastada a alguns metros, uma
garota bastante peculiar se virou jogando os cabelos no ar, ela tinha um cabelo
azul bem curto, usava uma blusa bastante decotada e instigante, o que era
bastante impressionante, já que estava muito frio, a única fonte de calor que ela
possuía era uma fogueira não muito grande perto dela.

Olhando ao redor, era possível ver um muro de ferro levantado nas duas
direções, era consideravelmente alto, não conseguia ver o final dela, chuto que
ela faz a volta no lago.

- São duas esferas de prata para entrar! -um dos brutamontes estendeu a mão
como se esperasse que entregássemos algo

- Como é que é? - Perguntei o mais firme possível, mas creio que meu rosto não
escondeu a minha cara de confusão

- Não acredito nisso! - A garota soltou uma risada que eu diria que foi um pouco
maldosa - Eles são iniciandos, olhem só as mochilas deles... - A garota caminhou
até nossa direção parando atrás dos brutamontes - Eu não sou de ser boazinha,
mas gostei desse aí - A garota de cabelos azuis deu uma piscada para Andrew
- Esse lago está sobe o domínio da fraternidade Zeta Beta Tau, e para entrar
vocês precisam pagar, e eu diria que pela cara de vocês, fugiram do tour, e nesse
tour em especifico seria revelado o que conta aqui... essas coisinhas valem mais
do que dinheiro! - A garota puxou 4 esferas de vidro com cores diferentes que
ficaram posicionadas por entre os seus dedos - Em primeiro e muito comum por
aqui, a esfera prata, que pode ser comprada diretamente em uma das lojas de
cambio espalhadas por Oaks, em segundo lugar a esfera vermelha, essa aqui
só é importante pros viciados em sangue, em terceiro lugar a esfera azul, usada
para adquirir itens mágicos, e por ultima e mais difícil de ser encontrada, a esfera
roxa, com essa belezinha você consegue o que quiser, até mesmo itens raros!

De primeira tudo o que eu consegui pensar foi, Samuel estava certo! o tour era
importante, encarei Andrew que estava analisando a jovem garota a nossa
frente.

- Está bem, mas o que me impede de entrar a força? - até onde sei, um lago é
um lago...

Andrew colocou a mão no meu peito, como se me mandasse ficar na minha.

- Não vai querer provocar ela! Os brutamontes só possuem força, mas o nível de
poder magico dela é de certa forma assustador! - Andrew se aproximou pertinho
de mim para sussurrar o mais discreto possível - Lembre-se do que aquela guia
falou, não devemos irritar os veteranos.

Os dois brutamontes a frente deram risada, certeza eles ouviram a nossa


conversa particular e estavam achando graça.

- Está bem, não temos essas tais esferas, a onde podemos arrumar umas o mais
rápido possível? - Lancei a pergunta para a garota que não parava de encarar
Andrew com um sorriso malicioso

- Olha só, já falei, não sou boazinha, as primeiras informações foram de graça,
mas essa terá um preço! que vai ser pago com um beijo bem quente... Sabe
como é, estou morrendo de frio... -
Vou contar uma coisa a vocês, ela conseguiu ser bastante sexy. Os dois
brutamontes, se entreolharam e depois encararam a moça que andou por entre
eles em direção a Andrew, que prestando atenção, estava gostando disso.

- Quando foi que você virou mulherengo?! - Sussurrei vendo Andrew caminhar
em direção a garota, até virei pro lado quando eles se agarraram, privacidade
era necessário no caso deles

Depois de alguns minutinhos de agarração na neve, os dois se largaram.

- Nada mal, os iniciandos estão vindo muito bem representados! - A garota


parecia estar feliz, já que não conseguiu esconder o sorriso, mas por outro lado,
Andrew parecia mais surpreso do que empolgado - Eu sei, sou quente por
natureza meu bem - A garota deu um toque de leve no queixo de Andrew e virou
de costas andando de volta em direção aos brutamontes - Sigam o muro de ferro
até encontrarem uma par de placas, sigam a direção dos alojamentos, e quando
encontrarem um uma construção de três andares muito grande vão saber que
chegaram, lá tem uma casa de cambio, mas não troquem nada, eu sugiro que
deitem e descansem, vocês conseguiram escapar do ou da guia, usem essa
vantagem, de noite me agradecerão!

E assim como ela havia mandado, nós fizemos, não era hoje que iria conhecer
o lago, mas tenho total certeza que isso não demorará. De primeira não era
possível ver o caminho por causa da neve, mas, alguns metros para frente, o
caminho começava a abrir.

Enquanto caminhávamos pelo caminho que a jovem de cabelos azul nos havia
apontado, nos batemos com mais alguns estudantes, e tenho que falar,
realmente esse lugar passa uma sensação de elite, todos até agora estavam
bem vestidos e tinham um ar de superioridade no olhar que só pessoas
importantes possuem, não falo apenas dos que tem dinheiro, mas também
aqueles que estão em altos cargos na sociedade como chefe de policia ou
presidente da CIA.

Chegando ao fim do caminho havia três placas, uma apontada para o alojamento
escrito ALOJAMENTO é obvio, e as outras duas apontavam para direções
oposta, um com o nome de INSTITUTO e outro com o nome de ILHAS.
- UAL! - Exclamou Andrew em um suspiro - Parece que teremos um pouco de
espaço.

- Bota espaço nisso!

A garota tinha avisado que era um alojamento de 3 andares, mas, esqueceu de


revelar o pequeno detalhe que esse lugar é quase um coliseu, só que sem ser
redondo e estar caindo aos pedaços, alias, saudades de Roma, lugar incrível, só
a pizza que não me agradou muito, quem diria que na Itália eles não iriam saber
fazer boas pizzas?

A estrutura em si era rustica, mas, parecia que havia acabado de ser reformado,
a área externa tinha em sua composição cascalhos ao redor, contando com o
caminho que estávamos, havia mais 3 visíveis ligando o ALOJAMENTO ao
restante de Oaks, deve ter mais caminhos por de trás dessa obra arquitetônica,
alguns estudantes estavam sentados na porta rindo, em volta havia bancos de
ferro e uma fonte com um laço de água cortando de forma engraçada.

Passando pela porta do alojamento nos deparemos com um corredor, a maioria


dos quartos estava fechado, por fora esse lugar lembrava uma antiguidade, por
dentro era outra história. Em primeiro lugar, o espaço era enorme, o que já conta
para mim como moderno, segundo, um carpete cinza se estendia do inicio ao
fim, havias exatamente 10 quartos paralelos um ao outro intercalados por uns 10
metros de distância, no teto um espelho auxiliava a iluminação que era composta
por um faixo de luz que começava na lateral da parede e se estendia por entre
o vidro, isso sim era coisa de outro nível.

No final do corredor havia um balcão com um telefone, um cara magro estava


parado com os pés em cima do balcão, ele não nos viu entrando, e também
parecia estar distraído comendo um bolinho.

- Bolinho! Tem mais algum aí? -Andrew realmente era doido por bolinhos, e não
escondia esse fato

O cara levou um susto, não sei porque, nem tentamos ser discretos, ele levantou
em um salto com uma cara de assombro nos encarando, ele colocou o bolinho
no balcão e começou a fazer uma sequencia de perguntas e afirmações
- Quem são vocês? Porque estão com bolsas? vocês não parecem ser segundo
ano! Vocês fugiram! Droga! Não era para ter gente aqui antes das 15h! E agora?
- O cara nos encarou por alguns segundos, tenho que admitir que estava meio
assustado com ele, parecia um usuário de cocaína, olhei para Andrew que
estava com a mesma cara que eu.

- Já sei! - O jovem falou saltando por cima da mesa em nossa direção, o que fez
com que eu e Andrew déssemos alguns passos para trás em uma tentativa de
manter uma distancia boa daquele aspirante a maluco

Ele esticou as mãos paralelamente a uns 5 centímetros de distancia uma da


outra, os olhos deles brilharam azul.

- Convictum! - Ele falava firme e de forma bastante audível, pelo visto, ele era
um bruxo, isso me fez dar mais dois passos para trás, encarei Andrew que estava
com as pupilas dilatadas, ele amava magia mais do que amava bolinhos -
Restaurandum! - o bruxo separou as mãos em uma abertura maior, o que fez
com que uma espécie de anomalia começasse a se formar no meio das mãos
deles - Inducantur! - Foi a ultima palavra que ele disse antes de abrir os braços
no limite máximo, então toda aquela anomalia foi dispersada por toda a parte,
atingindo primeiro Andrew que caiu de joelhos, tentei usar minha velocidade,
mas a energia foi mais rápido, e quando cai de joelhos senti meus poderes serem
esvaziados, era exatamente como no avião, mas dessa vez sem aviso prévio...

- Porque fez isso cara? - Perguntei me levantando, o bruxo já estava ajudando


Andrew

- Mil desculpas, não achei que teria gente aqui tão cedo, e como ainda havia
alguns ajudantes na arrumação do alojamento deixei a zona sem restrição, mas
as regras são claras, sem poderes no dormitório para iniciandos!

Andrew estava encarando o bruxo mais que o normal! parecia fascinado com o
cara magrelo, aliás, ele me lembrava o salsicha de scooby doo, até mesmo na
parte da barbicha.

- Vamos começar do zero! - o bruxo deu um passo para trás e respirou fundo -
Olá! nós nos chamamos Sven, seremos os supervisores desse alojamento pelos
próximos 6 meses, já que são os primeiros a chegar adiantados por muitas
horas, irão poder escolher o andar que quiserem e ganharão um tour particular
pelo alojamento!

- A não! - esbravejei imediatamente - Não fugi de um tour, lutei com golen e


caminhei de montão para ouvir outro cara falar por um tempão! Agradeço pela
atenção, mas é só nos dar a chave de um quarto no terceiro andar que a gente
se vira!

Sven deu um sorriso de canto e voltou para trás da mesa e começou a mexer
em alguma coisa que devia estar cheia de chaves, e não achem que eu não
reparei no papo esquisito dele de "Nós", olhei em volta e não estou vendo mais
ninguém aqui, e Andrew ainda não tinha dado nem um pio.

- Aqui está! - Sven levantou sacudindo uma chave - Quarto 000, o melhor do
terceiro andar com uma vista linda da praça da revolução! bom descanso! Vão
precisar.

- Obrigado! - Peguei a chave da mão do bruxo e dei um puxão no braço de


Andrew o forçando a me seguir, não sei o que é que tem nessa supressão de
poderes que me deixa com tanta sede, mas quando estou com sede eu fico
rabugento, mais rabugento do que quando acordo, subimos dois lances de
escadas bastante espaçosas, era incrível como conseguiram fazer uma escada
com carpete ficar tão elegante.

- Porque não parava de encarar aquele maluco do bolinho?

- Você tinha que ver, os números ficavam saltando na minha cabeça, não era
possível saber o nível de poder dele ou qualquer outra coisa.

- Tá, ele consegue esconder as informações, e daí? um monte monstro tem essa
habilidade, e aqui isso deve acontecer mais vezes que o normal

- Não é isso Satur, ele não estava escondendo, ele é um B.E.B, já ouvi falar, mas
são muito raros e são mais fascinantes ainda vistos pelos meus olhos, você tinha
que ver!

- O que é um B.E.E? - Já vi que minha vida nesse colégio será resumido em uma
única frase "o que é?"
- B.E.B, bruxos entre bruxos, é similar ao TDI dos humanos, só que para os
bruxos, é como se existisse vários bruxos com habilidades e identidades
diferentes dentro do corpo dele, e essas habilidades ficam variando a todo o
instante, por isso que dependendo da personalidade regente, o bruxo fica mais
forte ou mais fraco!

- tá, isso é interessante, e deve ser muito difícil de controlar!

- Com certeza! Agora vamos descansar...

No final do terceiro andar havia uma porta estampada com o numero 000,
quando entramos no quarto meu queixo caiu, não pelo detalhes do quarto,
porque ele era simples e espaçoso, mas, no lugar da parede havia uma abertura
com vidro, que pela altura e posicionamento que estávamos, nos permitia ter
uma visão privilegiada.

- Nossa... - Andrew parou do meu lado deixando a mochila cair

- É, esse lugar é muito maior do que eu imaginava!

Olhando por aquela abertura, era possível ver que Oaks era cercada por arvores,
não necessariamente com espécies de regiões frias, a neve criava um padrão
de cores que só se perdia quando levantei os olhos mais ao fundo, uma grande
construção se erguia no horizonte, era difícil especificar o tamanho de forma
precisa, e apesar de estar ansioso para saber mais sobre, já tem um tempão que
estou acordado, e ao contrario de muitos vampiros por ai, eu necessito dormir, é
como uma terapia para mim.
Capitulo 10

Havia se passado algumas horas desde que chegamos, o quarto era muito
espaçoso, mas contava com um banheiro minúsculo, duas camas de solteiros
em lados distintos, dois baús para guardar as roupas e duas mesas com suas
respectivas cadeiras giratórias, nada era muito sofisticado, mas, o minimalismo
do lugar dava um toque de classe.

Como perdemos o almoço no refeitório, coisa que aliás, fazia parte do tour, Sven
trouxe duas bandejas com alguns pedaços de carne, uma farofa muito bem
reforçada, um bolinho de sobremesa e para minha felicidade, 500 ml de sangue
em uma garrafa de vidro, eu estava ficando louco de sede, e Andrew como um
bom amigo, trocou o meu bolinho pelos 500 ml da garrafa dele, creio que o nível
de importância seja o mesmo para ambos os lados.

Andrew estava sentado na cama dele ouvindo musica e lendo um livro enquanto
eu tirava um cochilo merecido, creio que vai ser difícil regular as horas de sono
nos primeiros dias, esse negocio de sentir o sol só foi empolgante nas primeiras
horas, eram quase 17:00 horas da tarde quando os barulhos no corredor
começaram, mas, o que realmente me acordou foi Andrew me chamando.

- Acorda bela adormecida! Você precisa ver isso!

- Acho que você lembra da minha regra sobre acordar... - Retruquei levantando
ainda resmungando, o soninho estava uma delicia

- Acho que era algo do tipo... - Andrew deu uma pausa dramática - Se tiver
mulher pelada ou sangue fresco.

- Exatamente, qual das duas opções? - Perguntei ainda limpando os olhos e


parando ao lado de Andrew que olhava algo pela janela de vidro, que a partir de
agora vou chamar apenas de janelão

- Nenhuma, só queria mostrar que seu arque inimigo número um veio para Oaks
- Andrew apontou para a fonte

E lá estava ele, Pedro Ohins, um dos vampiros mais irritantes que já


atravessaram no meu caminho, e por algum motivo tínhamos gostos muito
parecidos, incluindo o gosto para mulheres, talvez fossemos amigos se ele não
tivesse a irritante mania de querer ser superior, não sei se é com todo mundo,
mas, comigo ele parece marcar mais pesado, fora que ele deu em cima de uma
garota muito especial para mim, o que deve ser minha válvula para ter um ódio
diferenciado por ele.

- Tá de brincadeira comigo! Até aqui ele veio atrás de mim? Achei que esse
colégio era só para elite, não me lembro do nome Ohins estar em nenhuma
boca... - Eu estava revoltado, e isso é bastante visível

- Esse nome está na sua não é mesmo? - Andrew lançou um sorriso de


provocação, e eu lancei um olhar furioso em resposta, que tipo de amigo é esse
que vem com logica em momentos de raiva? - Além do mais, ter um nome não
é a única maneira de entrar para um colégio de elite, se você for extremamente
habilidoso, qualquer monstro formado em Oaks pode te indicar como um
possível candidato

- Que seja, só espero que ele não me siga aqui também.

Ficamos alguns minutos parados olhando pelo janelão observando o local


começar a ganhar vida, um monte de estudantes se reuniam em pequenos
grupos, a maioria estava rindo, pareciam estar todos empolgados, e enquanto
The Hills de The Weeknd fazia a nossa trilha sonora me peguei imaginando como
esse ano será um verdadeiro desafio, todos parecem tão preparados, tão
capacitados, começo a me questionar se estarei a altura.

- Ei, olha lá o nosso pequeno gênio! - Andrew me deu um toque no ombro para
que eu olhasse para um dos bancos, e lá estava Samuel

Sentado com um notebook no colo escrevendo algo, ao lado estava uma garota
de toca e casaco verde, aos seus pés havia um... Guepardo? só pode ser...

- Vamos lá, tenho a leve certeza que perdemos muita coisa importante - retribui
o toque de Andrew dando um tapinha nas costas dele, peguei meu celular que
estava jogado na cama e caminhei até a porta, esperei Andrew desligar a caixa
de som, quando abri a porta, dei de cara com Ayla encostada na porta paralela
a nossa com os braços cruzados, na cintura bastante visível uma Desert Eagle
reluzia, acho que ela gosta mesmo de uma arma, Bianca estava trancando a
porta e não entendeu nada quando Ayla praguejou.
- Cara, a gente não consegue se livrar mesmo de vocês! - Ayla se desencostou
da parede descruzando os braços

- Não tenho nada a comentar, chegamos aqui primeiro, vocês é que estão nos
seguindo - Rebati a provocação de Ayla

Bianca se virou dando risada, Andrew pareceu se divertir com a situação


também.

- Vocês dois são uma graça! - Andrew passou o braço pelo meu pescoço me
puxando e me guiando para fora daquele dormitório, Ayla e Bianca vieram logo
atrás, Bianca era muito diferente de Ayla, mas, as duas pareciam ser bastante
amigas, Ayla parecia disposta a matar qualquer um, enquanto Bianca parecia
estar pronta para ser amiga de todos, em outras palavras, Ayla era sombria e
Bianca bem receptível.

O corredor estava uma zona, varias portas abertas e barulho para todo lado,
todos estavam se acomodando, o que deixava o corredor cheio de malas, aliás,
acabei de lembrar de uma coisa super importante, preciso fazer compras
urgente, Andrew havia pegado as malas em algum momento enquanto eu estava
dormindo, até que para um vampiro ele é bastante estiloso. vários jovens
estavam socializando no meio do corredor, e em alguns casos tínhamos que nos
esquivar para não acabar batendo em alguém, mas, mesmo com todo o meu
esforço, acabei me esbarrando com uma garota.

- Desculpa! - Teve uma vez que meu irmão me deu um soco no estomago só
porque eu disse essa palavra, mas eu não podia evitar, cresci com Lufeia, pedir
desculpa era uma garantia de continuar com todos os dentes da boca, na boca.

- Tudo bem! - Foi a resposta da garota - A culpa foi minha, estava tão distraída
que não o vi

Acho que não consegui esconder minha cara, estava completamente encantado
pela garota, acho que em toda minha vida nunca me senti tão atraído, ninguém
gosta de esbarrar em ninguém, mas, eu estava praticamente sorrindo em
completo êxtase, o rosto dela era delicado, todos os traços dela eram perfeitos,
seu cabelo ondulado parecia estar se movendo por conta própria, era como se
uma brisa estivesse passando por ali, mas, não havia janelas por perto.
- Nossa, como você é linda! - Eu sei que é completamente tosco alguém se portar
assim, até eu achava isso, mas foi completamente involuntário, eu estava
completamente cativado por aquela garota.

- Obrigada! - A garota deu um sorriso de canto, o que fez com que meus olhos
se iluminassem - Agora eu preciso entrar, foi um prazer, Tchau! - Ela entrou no
quarto e fechou a porta ainda com um sorriso delicado no rosto

- Não vá ainda... - Eu estava praticamente implorando para que ela não fosse,
mas a porta se fechou sem nenhuma hesitação da parte dela

Eu estava completamente apaixonado por aquela desconhecida, eu queria ter


filhos, uma casa e um cachorro com aquela garota, e isso era uma verdade
absoluta na minha cabeça, por alguns segundos tinha esquecido completamente
Andrew, Bianca e Ayla, mas, quando a garota fechou a porta, todo aquele
sentimento de amor começou a diminuir, e o mundo a minha volta começava a
ficar barulhento de novo. Quando me virei procurando pelos outros me deparei
com Andrew e Bianca dando risada, Ayla estava seria como sempre.

- Porque estão rindo? - Perguntei sem entender nada, outra coisa que não
entendia era como minha paixão pela garota estava diminuindo drasticamente,
a literalmente um segundo atrás estava querendo a beijar com todas as minhas
forças.

- Você meu caro amigo, entrou em transe, uma daquelas que pega com tudo! -
Andrew virou o celular da mão dele mostrado o vídeo que ele havia feito, peguei
o celular da mão dele e comecei a andar seguido por ele que ainda estava dando
risada juntamente com Bianca.

No vídeo eu estava parado com uma cara de um bobo apaixonado, qualquer um


podia ver isso, estava estampado nos meus olhos, foi aí que me toquei, ela era
uma Ninfa, eles são conhecidos por serem perigosas por exalarem um feromônio
que atrai qualquer um ao seu redor, mas, quando eles entram em contato direto
com você, esse feromônio se intensifica em 100 vezes, existem uma enorme
variação de feromônio, e claramente aquela Ninfa tem algo ligado ao amor, eu
me sentia um idiota agora, imagina estar na pele dela, com aquele nível de
poder, ela não pode ficar muito próximo das pessoas sem que elas queiram a
agarrar. Quando saímos da casa senti novamente os meus poderes serem
restituídos, novamente fiquei enjoado, pelo menos não vomitei, considero isso
uma vitória, Andrew parecia bem melhor do que, já Bianca nem parecia sofrer
com isso, e pelo que senti no avião, acho que a supressão de poderes não
funciona com ela, depois que me recuperei 100% fomos até Samuel, Bianca e
Ayla foram para o lado oposto.

- Eai meu jovem! - Falei dando a volta no banco ficando atrás de Samuel e da
garota que ainda estava ao lado dele, agora eu tinha certeza, era um guepardo,
a garota era bastante misteriosa, mas o que mais me chamava a atenção eram
os olhos grandes e penetrantes.

- Vocês tem noção do quanto perderam? Esse lugar é repleto de coisas e lugares
maravilhosos, é uma mina de diversidade, existem tantas disciplinas, tantos
professores incríveis, eu estou surtando - Samuel estava elétrico, os dedos dele
estavam digitando enquanto ele olhava para a gente e conversava, minha única
pergunta é, como isso é possível?

- Calma meu amigo! Que tal nos apresentar a sua amiga? - Andrew estava
parado diante de Samuel com os braços cruzados, ele estava igualzinho ao pai
dele, principalmente com esse sobretudo.

- Ela não é uma amiga, é minha meia-irmã mais nova, Vik Dandridge! - Samuel
deu um toque com o cotovelo em Vik isso fez com que ela se mexesse, por ela
estar de toca, eu não tinha visto que ela estava de fones

- Oi! - A voz dela era doce e gentil - Meu nome é Vik Dandridge, é um prazer
conhecer vocês!

- Vik, esse parado a nossa frente é Andrew Blade, e esse as minhas costas se
chama Satur Drácula - Samuel nos apresentou, mas continuou a digitar o tempo
todo

Andrew acenou com a cabeça e eu fiz o mesmo, mas logo voltei minha atenção
ao Notebook de Samuel, estava curioso para saber o que prendia a atenção de
Samuel, mas não consegui entender nada, ele estava escrevendo em uma outra
língua? isso era ainda mais surpreendente. Quando voltei minha atenção para
Andrew e Vik, peguei a conversa na metade, mas pelo que entendi, eles estavam
conversando sobre os fones, aparentemente eles não são para escutar musica,
eles servem para emitir uma frequência única que tampa a conexão de Vik com
os espíritos, Vik não é uma hibrida igual a Samuel, ela é uma bruxa Natural, ela
possui uma forte ligação com os espíritos, tão forte que eles ficam sussurrando
no seu ouvido o tempo todo, e os fones ajudam ela a não ouvir nada.

Ficamos conversando sobre Samuel por alguns minutos, mas quando o sol
começou a se pôr por de trás das montanhas, um circulo verde se estendeu em
uma circunferência que abrangia o alojamento e a todos fora do alojamento, um
estrondo muito alto veio de dentro do alojamento, todos ficaram em alerta e
alguns gritos vieram de dentro do alojamento, e rapidamente os alunos
começaram a sair correndo do alojamento juntamente com uma fumaça, era gás
lacrimogênio.

- Está na hora! - Samuel fechou o Notbook e entregou para Vik que começou a
dobrar o notebook até ele ficar do tamanho de um cartão de credito, ela então
jogou o notebook no ar que foi engolido de uma só vez pelo guepardo, eu estava
muito impressionado com o que havia acabado de acontecer, só que estava mais
curioso para saber o que estava acontecendo no alojamento, será que algum
maluco estourou uma granada dentro do alojamento?

- Está na hora do que? - Andrew parecia tão curioso quanto eu

- Um dos espíritos avisou que o trote iria acontecer ao por do sol, acho que
acabou de começar! - Vik se levantou do banco seguido por Samuel

Enquanto muitos estudantes saiam correndo do alojamento tossindo, uma


imagem foi projetada na parede, escrito na parede estava "TROTE 1", isso, me
dá uma pequena pista de que não haverá apenas um trote essa noite...
Capitulo 11

Foi de uma hora para outra, quando pisquei a bruxa de mais cedo, aquela de
cabelos azuis que tinha enrolado a língua na de Andrew, estava em cima do
alojamento, ao lado dela estava mais cinco jovens, todas elas usando um manto
todo preto com detalhes dourado, os mantos balançavam o suficiente para saber
que havia algo desenhado nas suas costas, mas não dava para saber
exatamente o que era, eles encaravam a todos, e quando o ultimo aluno saiu do
alojamento, a jovem bruxa levou a mão ao pescoço, e surpreendentemente
começou a falar de forma audível e bastante coerente, magia é realmente algo
curioso.

- Eu até desejaria uma boa noite, mas, acredito que não seja apropriado, já que
terão uma das piores noites que já tiveram em suas patéticas vidas - Ela
transmitia uma sensação de perigo a cada palavra dita, todos estavam com os
olhos voltados para cima do alojamento - A partir de agora começa o trote de
vocês, saibam que suas vidas estão em perigo, se quiserem, podem ficar aqui,
só que terão que pegar suas coisas e vão partir ao nascer o sol de volta para sei
lá de onde vieram, mas, para aqueles que querem participar, saibam que se não
passarem também irão voltar com os desistentes, Oaks é um colégio de elite,
apenas a elite continuará a partir daqui! - A jovem deu uma pausa longa, tática
muito boa para aterrorizar os alunos - Agora que estão avisados... Sigam as
chamas!

A jovem tirou a mão da garganta e recitou "IN SEMITA FLAMMAE" juntamente


com as demais pessoas que estavam junto come ela, e imediatamente labaredas
de fogo foram se estendendo do ponto que elas estavam em direção ao circulo
verde, quando atingiu o circulo verde, as labaredas mudaram de forma e direção,
o circulo se desfez, e um mini portão feito de puro fogo se formou, as labaredas
continuaram, formando um caminho que sumia pela escuridão, e aos poucos foi
possível ver uma frase escrita em cima do portão, não era algo fácil de perceber,
pois o fogo era inconstante e variava muito, mas lá estava a frase.

" O fogo é o guia, mas é nas sombras que a verdade está!"

- Isso seria uma dica? - Murmurei baixinho, mas, alto o suficiente para ser
questionado por Andrew, então apontei para o portão, e ele começou o analisar
- Eu não demoraria para chegar a onde devem chegar - Foram as ultimas
palavras vinda daquela jovem e ela desapareceu em um piscar de olhos

Os jovens começaram a se posicionar, a maioria usou sua velocidade e seus


poderes para correrem em direção ao portão e seguiram o caminho de
labaredas, outros pareciam estar analisando a frase, mas, alguns correram
imediatamente para as floresta. Andrew e Samuel pareceram entender a frase,
mas eu e Vik continuávamos com uma cara de bobalhões.

- Acho que vocês entenderam! Mas, podem nos explicar? - Eu estava


completamente na escuridão

- É simples na verdade, as chamas vão leva-los ao lugar certo, mas é através da


escuridão que vamos chegar mais rápido, corram para a floresta! - Samuel
parecia ter total certeza, e quem sou eu para duvidar?

- Nos vemos lá? - Era uma pergunta retorica, estava na hora de correr um pouco,
eu não queria ficar para trás, e ao que me parece, esse trote não é uma festinha
de boas vindas

Em um corte no vento atravessei uns 10 metros na floresta seguido por Andrew,


um jovem rapaz vestido com a mesma capa que as meninas de cima do
alojamento nos parou, ele passou algum tipo de óleo em nossas cabeças e
sussurrou algumas palavras em Latim, vampiros enxergam bem no escuro, não
tão bem quanto os lobisomens, mas aquilo que ele havia passado em nossas
cabeças parecia ter aguçado ainda mais a nossa visão, e além do Upgrade, foi
possível ver uma sequencias de luzes azuis marcando uma trilha por entre a
floresta.

- Sigam as luzes, irão dar de cara com uma parede viva, lá haverá uma entrada,
atravessem o portal o mais rápido que conseguirem! - As instruções eram claras
- Eu acho melhor vocês correrem...

Olhei para Andrew que me encarou por um microssegundo, antes de


desaparecer.

- Maldito!
Praguejei correndo em direção as luzes, deixando uma por uma para trás, não
sou muito bom com cartografia, mas, tenho certeza que esse caminho quase em
linha reta esta me levando para o norte, e eu posso jurar que esse cheiro é de
agua, muita agua, será que estamos perto do mar? ao respirar fundo na tentativa
de sentir os cheiro melhor, acabei me perdendo em uma fragrância doce e suave,
alguém devia estar por perto, e esse alguém tem um perfume muito bom!

Me distrai com aquele cheiro por tempo suficiente para não ver um galho a minha
frente, o que me custou alguns arranhões por dentro da camisa e umas duas
capotadas na neve, vai por mim, depois de muito tempo caindo em alta
velocidade, você aprende uns macetes para levantar mais rápido.

É incrível o quão rápido você consegue se deslocar de um ponto para o outro


sendo um vampiro. Quando cheguei na ultima luz, me deparei com um enorme
arbusto, deixei um sorrisinho escapar, admito que quando aquele bruxo falou
"cerca viva" imaginei um monte pessoas penduradas em ferros, mas, eram só
uma planta, frustrante!

Observei calmamente o lugar, o bruxo havia sido bastante claro "atravessem o


portal o mais rápido que conseguirem", mas, só existia uma abertura, e não me
parece uma boa ideia entrar correndo por algo que parece estar totalmente no
breu. A cerca viva se estendia de um lado para o outro, tinha um fim... mas eles
haviam mandado entrar, acho que seguir regras é um ponto positivo aqui, apesar
de ir de encontro com meus princípios que são claros, "Regras só são boas se
vierem acompanhadas de um uma dose de morte" caso contrario, as quebre ,
será muito mais divertido!

-É! Acho que não tenho outra escolha... - Eu estava prestes a abrir mão e entrar
na abertura quando me passou uma ideia na cabeça - E se...

Saltei em direção ao topo da cerca, talvez consiga ver algo por lá que me
tranquilize mais. entretanto, senti alguns laços me envolverem tão rápido quanto
eu subia, e quando pisquei os olhos, estava de volta ao chão enrolado por
trepadeiras que cresceram da cerca.

- É serio isso?! - bradei tentando me desvencilhar das trepadeiras que


começavam a apertar e a crescer flores roxas em volta, me deixando apenas
com o rosto descoberto
Então, surgiu entre a cerca viva um cara totalmente nu, algumas runas
desenhadas por seu corpo me davam a pista que era um bruxo, mas, porquê
diabos ele estava pelado, e o que estava fazendo dentro da cerca?

- Olá iniciando! - O peladão tinha uma voz grave e um rosto bem harmônico,
parecia calmo, e nem um pouco desconfortável - Quando uma instrução é dada,
você a deve seguir! Mas, Admiro como você pensa, é muito bom saber que tem
opinião própria, os futuros lideres precisam ter essa característica, por isso, irei
te dar uma segunda chance...

Como assim? ele estava dentro da minha cabeça? Eu preciso aprender a trancar
a minha mente o mais rápido possível. O peladão fez um movimento com as
mãos de cima para baixo, e as trepadeiras começaram a retornar para a cerca,
pode sentir um alivio, era bom não estar mais preso, ele começou a andar em
minha direção, o que me fez dar dois passos para trás, ele não parecia querer
me machucar, a final, ele poderia ter feito muito mais estrago com a trepadeira,
só que, eu estava um pouco desconfortável com um cara pelado vindo em minha
direção. Ele parou a um metro de mim, estendeu o braço e fez uma marcação
no ar, logo em seguida pareceu empurrar o vento em minha direção, eu em
particular não senti nada, se foi uma magia, ou não funcionou, ou eu não devia
sentir nada.

- Agora está marcado, se pisar na bola mais uma vez, esta fora de Oaks! - apesar
de ter dado aquele aviso de forma calma e gentil, ele parecia estar falando muito
serio, e quando vi, ele já estava entrando na cerca e aos poucos começa a virar
um só com ela sumindo de vista completamente.

- Sinistro! - Falei caminhando em direção a entrada, acho melhor não ser expulso
no primeiro dia, imagina a vergonha para minha família? Meu irmão me mataria
por sujar o nome dos Dráculas.

Tomei um pouco de distância, afinal, a instrução era para entrar o mais rápido
que eu conseguisse, me abaixei um pouco, posicionei os pés paralelos um ao
outro com o pé esquerdo alguns centímetros para trás, e disparei com toda
velocidade para a cerca, não vou mentir, correr na neve é muito mais difícil do
que parece.
Ao atravessar o portal, o chão de neve foi trocado por um chão de terra, o que
me deu mais aderência, e consequentemente, mais velocidade, só que, estava
estava diante de um labirinto de espelhos, e não consegui parar antes de meter
a cara no vidro, e o som de minha cara entrando no vidro ecoou pelo labirinto
bem alto.

-Ai...

Cai sentado com alguns cacos do espelho presos na minha testa, estava
doendo, balancei a cabeça de um lado para o outro e comecei a puxar os cacos
enquanto o sangue escorria da minha testa, o labirinto era fechado por completo,
então era por isso que queriam que a gente entrasse correndo? me pergunto se
fui o único a cair nessa pegadinha.

O labirinto era composto de por uma sequência de arcos brancos que eram
iluminados por algumas luzes coloridas que ficavam piscando, me levantei
puxando o último caco. No primeiro arco havia uma tela que estava em contagem
regressiva, 01:30 e descendo...

Isso me leva a crer que tenho menos de uma hora e meia para sair daqui, mas
acho que isso é o menor dos meus problemas, respirando fundo dava pra sentir
que aqueles arcos estavam soltando algum gás, e tenho quase certeza que esse
gás não é boa coisa.

Comecei a andar com bastante cautela, isso me ajudou a não enfiar a cara em
nenhum espelho, entretanto, depois de 40 minutos andando, cheguei a um beco
sem saída, e isso é um problema, o relógio mostrava que faltava menos de 50
minutos para o fim, então, larguei a cautela e comecei a voltar pelo caminho, se
me lembro bem, existiu uma bifurcação a uns 10 corredores atrás, eu podia ser
um imprestável para muitas coisas, mas, consigo decorar bem os caminhos e
lembro como chegar neles, ainda que eu não decorasse os nomes muito bem.

Quando cheguei na bifurcação, faltava 43 minutos para o fim de sei lá o que, o


cheiro do gás começava a ficar bem mais forte, e minha visão começava a ficar
um pouco turva em alguns momentos, não sou Sherlock Homes, mas posso
associar que esse gás tem algo haver com isso.
A partir da bifurcação, eu não podia correr muito rápido, mas, se quisesse
terminar esse labirinto, precisava correr o risco de meter a cara no espelho, e a
essa altura, já havia entendido um pouco mais o padrão dos espelhos, e com
isso ganhei a confiança para acelerar um pouco mais, e algumas curvas depois...
PAM! Enfiei a cabeça novamente no espelho, mas dessa vez, não cai sentado,
o que já era um avanço, só que dessa vez, acho que quebrei um cano que estava
distribuindo o gás, o que fez ele ser lançado diretamente no meu rosto em grande
quantidade.

- Droga! - Esbravejei sozinho me afastando do gás e entrando em uma outra


sequência de labirintos

O padrão dos espelhos havia mudado, agora, eles estavam mais abertos e mais
distantes um do outro, acho que isso significava um avanço no percurso, mas
aquele gás havia me causado muito mais dano do que o pedaço de espelho
atravessado uns dois centímetros no meu crânio , estava vendo dobrado, isso,
somado com o próprio reflexo dos espelhos me deixava em uma situação de
apuros.

Tentei me recuperar, mas estava tão drogado com aquele gás que havia
esquecido até mesmo de tirar o pedaço de espelho do crânio. Estava zanzando
pelos corredores com aquilo enfiado na cabeça e não estava chegando a lugar
nenhum. Me joguei no chão desacreditado, eu sabia que não estava no nível de
Oaks, mas, não podia acreditar que iria ser expulso no primeiro dia.

Fiquei alguns minutos sentado observando o relógio chegar a reta final, faltava
apenas 10 minutos, em completo silêncio tudo que era possível se ouvir era o
contador do relógio e o barulho do gás que continuava a sair, a essa altura já
havia me acostumado com o cheiro dele.

Meus sentidos de visão e olfato estavam completamente alterados, o sangue


ainda escorria por minha cabeça, mas, estava o ignorando por completo, eu não
via saída dali, a não ser... Me lembrei dos meus primeiros segundos dentro do
labirinto, quando bati tão forte no espelho que o barulho do choque ecoou por
todo o labirinto, se minha visão estava afetada e meu olfato também, iria apelar
para minha audição.
Me levantei cambaleando e me segurei em um dos espelhos, me posicionei
novamente para correr e me joguei com toda velocidade que consegui contra um
dos espelhos mais afastados de mim. E Igual a última vez, o barulho do meu
choque contra o vidro ecoou por todos os lados, mas , concentrando minha
atenção no barulho, consegui criar um mapa por onde ele percorreu.

- Bingo! - Gritei jogando as mão para o alto

Comecei a correr pelo labirinto seguindo o mapa que criei na mente, mas, como
estava com meus sentidos bastante alterados, acabei me esbarrando algumas
vezes em alguns espelhos, mas, em 3 minutos alcancei o corredor final, uma luz
branca e forte vinha do final daquele corredor, finalmente havia alcançado o final
desse inferno, e com 4 minutos de sobra!

Quando atravessei a luz me deparei com um monte de monstros, o local estava


bastante agitado, Andrew, Samuel e Vik estavam parados me esperando na
saída.

- Quase em Drácula! - Andrew me falou me conduzindo para umas cadeiras de


madeira que estavam espalhadas por varias saídas, olhei para trás, a cerca viva
desse lado tinha varias saídas, o que me leva a crer que esse labirinto tem uma
entrada para cada um.

Vik se aproximou de mim, ela e sua irmã gêmea... ainda estava vendo dobrado,
ela começou a puxar vários cacos do espelho de mim, eu nem percebi, mas
estava sangrando por todo lado, acho que minha ultima batida havia causado
muito mais estrago do que havia percebido.

Aos poucos meus sentidos estavam se recuperando, e eu já estava


completamente sarado das minhas feridas, só minhas roupas que estavam muito
ensanguentadas. O local estava repleto de estudantes que vibravam quando um
monstro concluía o labirinto, era uma recepção incrível e bem acalorada, vários
telões estavam espalhados pelo local, todos estavam assistindo o percurso de
cada um no labirinto, e aparentemente, muitos estavam assistindo o meu telão,
numero 29, como sei disso? a maioria estava olhando pra mim e cochichando,
como se eu não pudesse ouvir eles com minha audição, afinal, tinha saído do
labirinto usando essa habilidade.
Samuel me contou que havia conseguido sair com 40 minutos do labirinto
usando uma magia de bússola, já vik saiu ouvindo as vozes que lhe disseram o
caminho todo, ela havia saído com 20 minutos, Já Andrew levara cerca de 50
minutos para sair, ele entendeu o padrão dos espelhos muito mais rápido do que
eu.

Quando o relógio zerou, todas as saídas desapareceram, e uma vaia surgiu dos
espectadores, e logo depois um estrondo bem alto foi ecoado por todo canto, e
todos que estavam dentro do labirinto caíram no chão desacordados, será
mesmo que eles mataram os alunos?

Um cara meio estranho cheio de pontos espalhados pelo corpo subiu em uma
plataforma que eu nem tinha visto, e gritou as seguintes palavras.

"Parabéns por terem passado pelo primeiro trote! Mas, agora começa o segundo
trote! Vamos lá?"
Capitulo 12

Não acredito nisso, eles vão nos empurrar para outro trote assim do nada? Sem
descanso ou algo do tipo? Tudo bem que demorei mais que a maioria, mesmo
assim, isso é revoltante! Cadê os militantes de plantão?

Agora que o nível de adrenalina havia abaixado e o veneno do gás se dissipado


mais do organismo, consegui sentir a brisa marinha, e concentrando na audição,
era possível ouvir o quebrar das ondas do mar em algo a alguns quilômetros de
distância em direção as árvores, ainda indo para o norte.

— Muito bem! alguns de vocês já devem ter sacado que estamos perto do mar,
encontrem ele e saberão exatamente o que fazer a seguir! — O rapaz cheio de
cicatrizes ficou alguns segundos em silêncio nos encarando.

Assim como eu, alguns monstros estavam ainda se recuperando do labirinto

— Estão esperando o que? Tic-Tac, o relógio já está rodando! — Como se


estivesse olhando um relógio invisível o rapaz se virou de costa e começou a
andar em direção ao grupo de alunos que estavam assistindo e começou a andar
lado a lado com eles

Depois desse último aviso, todos que estavam recuperados sumiram da vista
comum. Os bruxos podem ser muito poderosos, mas, não são muito rápidos, e
creio que a maioria aqui não consegue lançar um feitiço forte o suficiente para
elevar sua velocidade, exceto Bianca, ela talvez tenha o poder necessário, mas
será se tem o feitiço para isso?

Olhei tudo a minha volta procurando por Bianca enquanto acompanhava


Andrew, Samuel e Vik. Só que nesse amontoado de monstros, era impossível
achar alguém, então, apenas tentei me concentrar no que estava por vir, esse
primeiro trote quase me fez reprovar, ou morrer, seja lá o que for que aconteceu
com os que ficaram presos no labirinto, precisava passar nesse segundo trote
com bastante louvor.

******

Demorou alguns minutos para chegarmos ao destino, o local era mais próximo
do que eu imaginara. Teria sido bem mais rápido se tivéssemos corrido, só que
não podíamos deixar Vik para trás, por mais que ela tivesse insistido para
fazermos isso inúmeras vezes.

— O que será que vamos enfrentar agora? Esse povo parece bem-disposto a
complicar nossa vida aqui! — Samuel parecia estar contando algo, pois seus
dedos estavam se levantando em ordem, um atrás do outro

— Se você soubesse o que eles estão preparando, provavelmente teria


preferido ficar dentro do labirinto! — Vik soltou uma risada maliciosa

— Droga Vik, as vozes te contaram o que eles estão planejando e você não nos
disse nada? — Samuel parecia irritado, mas, logo essa irritação se tornou medo,
medo que ele não conseguiu esconder — Tem algo haver com esse precipício
não mesmo?

— Que precipício? — Andrew fez a pergunta antes que eu pudesse a fazer, mas,
isso era completamente desnecessário, já que assim que ele fechou a boca, o
grupo de pessoas a nossa frente se deslocou para arquibancadas nas laterais
que ficavam viradas de frente para o mar

E, vamos dar uma pausa por um instante. O mar é algo que sempre me fascinou,
só que sempre que eu o via, era do mesmo nível, vendo ele sempre da beira da
praia, mas, a vista daqui é completamente diferente, estávamos vendo o mar a
vários metros a cima, e essa visão é indescritível, e a única coisa que consegui
dizer foi...

— Ual! — Acho que não consegui esconder a boca aberta

Os alunos na arquibancada estavam afoitos, e não paravam de conversar entre


si, era igual aos momentos de tensão antes do início da partida, só que era uma
final de copa mundial, quando a empolgação se mistura com o medo do que
pode acontecer. Todos estavam com os olhares atentos em direção ao mar, isso
me deixava levemente mais curioso.

Com as arquibancadas elevadas nas laterais, o meio era a única opção para
nós iniciandos ficar, e quando voltei a atenção para o grupo, vi Samuel dando
um chilique daqueles.
— Eu não vou! Eles não podem me obrigar! Minha vida não vale muito, mas,
vale o suficiente para que eu não me dê ao luxo de fazer essas idiotices! —
Samuel estava agitado mexendo as mãos, ele falou tão rápido que quase não
deu para entender, enquanto isso, Vik dava risada e Andrew se perdia
analisando o nível de poder de todo mundo que não fosse esperto o suficiente
para ocultar essa informação

— Calma maninho! Não sabemos o que eles estão aprontando... — Tentei


acalmar Samuel, mas tudo que consegui foi uma nova sequências de palavras
ditas tão rápido que deixaria Eminem com inveja

— Me acalmar? Eles estão prestes a nos mandar saltar em um penhasco de


mais de 100 metros! E você quer que eu me acalme? Eu batalhei tanto pra estar
aqui... E agora eu vou voltar pra casa, porque não importa o que façam, eu não
vou! — Samuel bateu o pé no chão como forma de mostrar que não ia mudar de
opinião

— Mas eles não vão nos mandar saltar... — Eu não fazia ideia se eles iam
mandar saltar ou não... — Aliás, como sabe que isso tem mais de 100 metros de
altura? — esse era um bom jeito de fazer Samuel se acalmar, nada mais acalma
um nerd do que uma boa palestra para ele demonstrar sua devida inteligência

— Do mesmo jeito que você saiu do labirinto, usando o som! — Samuel deu um
intervalo para respirar antes de continuar a sua explicação — As ondas batem
nos rochedos com um intervalo específico, e todos nós sabemos que a
velocidade de propagação do som também varia de acordo com a altura em que
o som se inicia em relação ao nível do mar, baseado no fato que a altura do mar
esta visível, isso somado ao tempo que ele levou para percorrer a rocha até aqui,
estimo que esse penhasco tenha mais de 100 metros de altura! Quer que eu diga
a fórmula que usei?

— Não precisa, me convenceu! Mas, lamento informar que eles não vã mandar
a gente pular!

"Agora que todos chegaram, vamos ao segundo trote da noite, a missão de


vocês é bastante simples! Vocês precisam chegar a ilha que está em vermelho!
Não importa como vão realizar isso, a única diretriz é... Vocês precisam ir através
desse penhasco! Vocês tem 40 minutos a partir de... Agora!"
— Droga! — Falei me virando de costas para Samuel que estava quase gritando
na minha cara que ele tinha toda a razão, Andrew e Vik se acabaram na risada.

Os demais iniciandos estavam se entreolhando enquanto se aproximavam da


borda, estava escuro, mas o céu estava aberto e a lua iluminava o suficiente
para ver as ondas batendo com força no início do penhasco, o forte vento
também dava uma sensação de perigo.

Quando nos aproximamos totalmente da borda, engoli em seco minha saliva,


estava a um passo de uma queda pra lá de feia para qualquer um que não seja
sobrenatural, realmente, Samuel havia acertado, esse penhasco deve ter
mesmo uns 100 metros, se não tiver mais. Todos os iniciandos estavam se
entreolhando, acho que realmente esse trote estava em um nível que fazia todos
pensarem um pouco mais. Com certeza eu não sou apreciador de altura, por
isso tratei logo de me afastar da borda.

Até que um cara de cabelos castanhos bem curtinhos, de estatura baixa e


levemente magrelo se aproximou da fileira de iniciandos perguntando o que era
pra fazer, explicaram de forma bastante breve e ele não pareceu se preocupar,
os olhos deles chamavam muito a atenção por ter uma coloração amarela
natural, dava para sentir que ele era um vampiro, e um bem perigoso, mas o que
realmente chamava a atenção nele era uma bazuca pendurada nas suas costas,
também havia uma pistola com o cano alongado reluzindo em sua cintura.

— Então o objetivo é aquela ilha? — O cara de olhos amarelos apontou para o


mar de onde saía a luz vermelha indicando a ilha

— Exato! — Respondeu um dos figurantes, é assim que chamo qualquer um


que não é relevante o suficiente para que eu decore o nome

— Então... estão esperando o que? — O rapaz deu mais dois passos e se jogou
do precipício

Automaticamente todos os iniciandos se curvaram para ver o desfecho dos olhos


amarelos. Levou 4 segundos para ele atingir o mar, mas, no segundo antes dele
tocar na água, ele desapareceu, e se não fosse pelo rastro deixado na água, não
conseguiríamos saber para onde ele havia ido, e lá estava ele, correndo sobre a
água em alta velocidade.
Alguns iniciandos recuaram alguns metros e correndo se lançaram do penhasco,
alguns passaram reto em um mergulho no grande mar que se chocava contra os
rochedos, outros também estavam correndo por cima do mar, alguns bruxos
criaram uma espécie de escada de terra na lateral do penhasco que ia até o mar,
e por essa escada, a maioria dos estudantes estava descendo, alguns bruxos
também lançaram um feitiço que fez enormes raízes brotarem do chão, se
enrolando nos seus pulsos e os levando para baixo em segurança, descendo
mais rápido que os demais que optaram por descer pela escada.

— Eai! Vamos de escada ou vamos saltar? — Perguntei me virando para o


grupo, Andrew passou correndo por mim se lançando no penhasco, e ao
contrário dos olhos amarelos, ele mergulhou no mar com uma classe de dar
inveja, me pergunto se eles não estão com medo de se bater nas rochas...

— É... Acho que sobrou só a gente... — Falei meio frustrado por ter sido deixado
no vaco, a final, não faço ideia de como vou atravessar o grande mar e meu
melhor amigo se lançou nele sem nenhum problema

— Só você e a Vik... — Samuel se sentou de pernas cruzadas e de braços


cruzados, igual a uma criança fazendo birra — Eu não saio daqui!

Eu já estava ficando preocupado, se Samuel não passar no teste, ele vai ser
eliminado, e eu não sei se tenho força para jogar ele penhasco a baixo, já Vik,
estava com um sorriso no rosto, parecia que ela estava se divertindo com o
irmão.

— Me perdoa irmãozinho... — Vik levantou a mão esquerda fazendo uma


conjuração — "Mãe Natureza! Imperym Trum!" — E com a outra mão fez com
que as raízes envolvessem Samuel, que lutou bravamente para se desvencilhar,
só que sem sucesso.

— Me solte agora ou eu vou contar pra Satur que voc... — Antes que Samuel
pudesse continuar a falar, as raízes se enrolaram na boca dele, Samuel
continuava a se debater e a soltar gritos abafados

— Porque não deixou ele terminar a sua frase? — Perguntei a Vik enquanto
caminhávamos para a beira do penhasco
-Não é nada, eu só disse que você era... era... era sagaz! — Vik estava corando
um pouco e passou a mão por de trás da orelha ajeitando o cabelo — Sabe, pela
forma que você saiu do labirinto, qualquer um que tivesse inalado aquela
quantidade de gás não teria conseguido raciocinar direito — Sem olhar para
Samuel, Vik lançou o próprio irmão penhasco a baixo

Samuel gritou todos os 4 segundos que levou para atingir o mar, e enquanto eu
ria daquela cena, o céu fechou, nuvens carregadas e raios começaram a se
tornar uniformes no céu, só que uma coisa era bastante incomum, parecia ser
só nos quilômetros que levavam até a ilha. Nuvens e raios eram normais, o que
não era normal era raio sem trovão, e nuvens sem chuva, e isso era apenas o
começo. Um círculo roxo enorme surgiu abrangendo até onde os olhos podem
ver, e dentro desse círculo começou a se formar a imagem de uma runa, uma
runa roxa que iluminava o mar em um formato muito parecido com a estrela de
Davi.

— Droga! — Vik esbravejou indignada — Isso é uma inovação classe mestre, o


que eles estão querendo? Matar os alunos?

— O que é aquilo? — Perguntei apontando para um rastro meio claro em meio


ao mar que se dirigia em uma velocidade um pouco maior que o rapaz de olhos
amarelos, e olha que ele estava liderando a corrida até a ilha

— Um monstro marinho! — Vik respondeu correndo em direção a escada feita


pelos outros alunos, ela parecia também estar brigando com uma das vozes,
parecia chateada por não ter sido avisada

— Um não... São vários — Falei correndo atrás dela

Vários monstros marinhos nadavam em direção aos alunos, lembravam uma


cobra gigante, entretanto, esses monstros possuíam braços alongados com
garras, e suas respectivas bocas eram duas vezes maior que um navio de
pequeno porte. De repente um clarão iluminou tudo, seguido de um barulho alto
de explosão. Um dos monstros havia saltado em direção ao rapaz de olhos
amarelos, e ele não levou nem dois segundos para disparar a bazuca no
monstro, que caiu de volta ao mar sem se mexer direito. Eu sabia que bazucas
eram poderosas, mas, começo a ter a leve impressão que essa bazuca não é
normal.
Logo, os vampiros e bruxos que corriam por cima da água tiveram que começar
a enfrentar os monstros marinhos que saltavam e os atacavam. O mar estava
um caos, magias e socos poderosos emanando de toda parte iluminavam a noite
escura, os bruxos tinham que alternar entre magias para se manter na superfície
e magias de ataque, por sorte os monstros não eram tão ofensivos. Os vampiros
atravessavam correndo o mar em zigue-zague, mas, quando necessário,
usavam a velocidade para acertar socos poderosos nos monstros marinhos que
pareciam sentir a pressão de cada golpe. Os lobisomens no segundo estágio de
transformação, eram tão rápidos quanto os vampiros em terra, mas, quando o
assunto era na água, eles não conseguiam correr por cima igual aos vampiros,
então, eles usavam a velocidade para nadar bem mais rápido que o normal. As
ninfas, sereias e tritões iam por dentro da água, e sobre o que estava
acontecendo lá eu não posso falar nada, pois, não dá pra ver a mais de 10 metros
dentro da água.

Quando chegamos ao mar, havia uma plataforma feita pelos bruxos, realmente,
bruxos são criaturas muito poderosas. Foi neste momento que novamente
demos de cara com Bianca e Ayla que pareciam vidradas no que estava
acontecendo no mar, também havia mais uns 15 iniciandos parados, alguns
pareciam estar com bastante medo, mas, para mim eles eram totalmente
irrelevantes, então apenas os ignorei.

— Olha só quem está aqui... — Bianca me encarou com um leve sorriso em


resposta, já Ayla virou os olhos em desgosto por ouvir minha voz

— Olá Drácula! — Bianca era muito doce e gentil, como sempre, entretanto, ela
transmitia uma sensação de poder que qualquer um podia sentir — Foi quase
hein, mas, ainda bem que conseguiu concluir o labirinto, se você não tivesse
passado, como iria cobrar o meu favor? — Bianca apontou para o anel em meu
dedo, me lembrando que estou preso a uma promessa

— Verdade, fico feliz por você ter conseguido também, só não fico feliz por essa
daí — Com o olhar apontei para Ayla que suspirou alto em desaprovação

— Vocês dois são uma figura... — Bianca voltou o olhar para o mar que
continuava a cintilar com as magias, e o ecoar dos impactos dos socos se
misturavam com os trovões — Tem um grupo de bruxos encurralados a
noroeste... — Bianca deu uma suspirada analisando a situação — Acho que
deveríamos ir lá ajudar!

— Você que sabe... — Ayla puxou a Desert Eagle e a engatilhou

— Deixem aqueles bruxos comigo... "Victoriam Regis" — Os olhos de Vik


brilharam ao lançar o feitiço, enormes pedaços de vitória regia começaram a
crescer conforme ela corria sobre a água, formando uma base solida para que
ela corresse em direção ao grupo de bruxos que pareciam estar com dificuldade,
vários monstros saltavam de todas as direções tentando os pegar

— Bom, agora podemos ir em paz, não é mesmo? — Ayla guardou a arma de


volta no coldre

— Você vai atravessar como? — Bianca estava dirigindo a pergunta a mim, mas
não tirava os olhos de Vik

— Nadando, eu acho... Não sei correr sobre as águas — Era vergonhoso


assumir isso, a final, os vampiros aprendem isso desde cedo apenas por
diversão, se não me engano, é uma mistura de uma habilidade especial dos
vampiros com a velocidade...

Ayla deu risada enquanto Bianca parecia estar surpresa com a minha
declaração.

— Você deve ser o pior vampiro que já entrou em Oaks! — Ayla deu um passo
em minha direção, segurou firme na gola de minha camisa e me deu uma
encarada olhando diretamente em meus olhos, e em uma piscada, os olhos
delas se iluminaram em um azul-claro cintilante — Veja e aprenda — Ela então
se virou para Bianca — Leve ele no meu lugar, vou pelo mar... — E puxando a
Desert correu em disparada por cima da água

— Essa é a habilidade de um imortal, ele rouba seus poderes e habilidades


durante cinco minutos, é assim que os imortais lutam de igual para igual com
todos os tipos de seres místicos — Bianca fez um movimento com as mãos no
formato de círculo — "Prasidyum bull" — Imediatamente uma bolha se formou
em minha volta me levantando alguns centímetros no ar, não consegui me
equilibrar em pé e acabei caindo sentado na bolha
— O que é isso? — Perguntei tentando me levantar, mas sem sucesso

— Xiu, estou me concentrando... — Alguns segundos de silêncio se sucederam


antes de Bianca o quebrar — "CylerIts" — Bianca se lançou mais rápido que um
vampiro sobre águas, a bolha a acompanhou durante todo o percurso, nós
passamos até de Ayla, era impressionante a maestria que Bianca se
movimentava desviando dos monstros, mas, admito que não vi muito bem as
coisas, já que estava sendo lançado de um lado para o outro dentro da bolha,
em certo momento até dei uma volta completa na bolha.

Todos os bruxos quando lançam feitiços tem seus olhos iluminados, mas, até
agora os olhos de Bianca não se iluminaram, e mesmo assim, ela lança feitiços
poderosos, isso é no mínimo muito curioso.

Nos aproximamos da ilha muito mais rápido que os demais, a ilha estava escura,
e mesmo com a visão aguçada, não consegui ver nada além dos 13 iniciandos
que já estavam na beira da ilha, incluindo o rapaz de olhos amarelos, Andrew
era um dos 13, estava encharcado, mas não parecia estar sentido frio. Quando
chegamos na ilha a bolha estourou e cai na pose de herói (aquele jeitinho que
os heróis aterrissam, com um dos joelhos dobrado e apoiado no chão). Bianca
automaticamente se virou para o mar observando atentamente o mar, ela estava
ofegante, quanto mais feitiços um bruxo usa, mais fadigado fica. 3 minutos
depois Ayla chegou, estava sem balas e reclamando que devia ter pegado mais
pentes; já Samuel chegou reclamando muito mais, estava vermelho de ódio e
dizia que ia fazer a irmã se arrepender por ter o jogado, tudo isso enquanto
tentava se secar; Vik chegou com o grupo de bruxas 10 minutos depois, nesse
pequeno período, muitos outros iniciandos chegaram, e todos se voltavam para
o mar para assistir à chegada dos demais, e em particular, as chegadas mais
bonitas vinham das sereias.

Um vento vindo do penhasco silenciou o mar, as luzes da invocação se


apagaram conforme o vento percorreu o caminho até a ilha, todos os iniciandos
que ainda estavam no mar sumiram dentro da água, como se tivessem sidos
puxados para dentro do mar, creio que isso indica que o tempo acabou. Quando
o vento nos alcançou um barulho estridente veio de dentro da ilha, som de
tambores embalavam nossas emoções para um medo sem nenhum motivo, o
que colocou todos em posição defensiva, e conforme os tambores tocavam mais
alto a tensão crescia.
— Merda!
Capitulo 13

Estávamos todos tensos, todos os olhos estavam cintilando. Tenho que admitir
que é um contraste bonito com a escuridão.

Uma forte luz reluziu de dentro da ilha fazendo com que todos fechassem os
olhos. Quando voltamos a enxergar , uma enorme faixa estava pendurada de um
coqueiro a outro, luzes coloridas estavam espalhadas por entre as árvores e
escrito na faixa estava "Bem vindos", foi um alivio voltar a respirar tranquilo.

Uma música começou a tocar e fomos recepcionados por alguns alunos e


professores, fomos conduzidos e levados para dentro da ilha, onde uma enorme
mesa com inúmeros salgados nos esperava, de um dos lados da mesa havia
uma outra mesa com todos os tipos de bebidas, e do outro lado, uma com várias
garrafas de sangue, nem preciso dizer que meu corpo foi puxado diretamente
para essa mesa.

Andrew estava se divertindo conversando com a garota de cabelos azuis de mais


cedo. Samuel brigava com a irmã e Bianca conversava com Ayla, não sei
exatamente sobre o que estão conversando, mas, deve ser algo que me envolva,
já que estavam me encarando a quase todo instante, eu até ligaria para isso, se
não estive louco por sangue. Virei a primeira garrafa em poucos segundos, e
quando já estava no final da segunda garrafa senti um solavanco nas costas, ao
me virar dei de cara com Pedro Ohins.

- Eai Drácula, quanto tempo? - Pedro era muito dissimulado, era uma das
inúmeras coisas que não suporto nele

- Pedro, você por aqui? não sabia que Oaks estava aceitando monstros de
segunda categoria...

- O que é isso... Não seja tão duro com você mesmo. - Pedro lançou um sorriso
de canto que fez meus olhos brilharem de raiva - Drácula, foi muito bom te ver,
mas agora preciso ir, aquelas suas amigas são muito bonitas, será que são
solteiras? - Pedro pegou uma das garrafas de sangue e saiu andando em direção
a Bianca e Ayla que ainda estavam conversando perto de um coqueiro

Antes que eu pudesse dar um passo para avançar em Pedro, Andrew segurou
meu braço.
- Não deixe que ele entre na sua mente - Andrew estava com um pedaço de
bolinho na boca, e quando eu o encarei ele me ofereceu um pedaço que recusei
de imediato - Já que não quer esse bolinho maravilhoso, deixe-me apresentar
Sabrina...

A garota de cabelos azuis ainda estava vestindo o manto preto, mas dessa vez
ele estava aberto o suficiente para mostrar um decote bem generoso.

- Olá! - A cumprimentei o mais caloroso possível

- Meus parabéns por passar pelos trotes, tenho certeza que vocês terem
descansado foi essencial para passar nesses desafios

- Por falar nisso, muito obrigado...

- Não foi por você, foi por esse belo pedaço de mau caminho... - Sabrina piscou
para Andrew que retribuiu com um sorriso

- Então tá... Sabrina, o que significa essa cabeça de dragão no seu manto? - Era
um desenho muito estranho e chamativo, já que era dourado, e dourado
geralmente se destaca bastante no preto.

- Essa é a cabeça do lendário dragão colossal, ele é o símbolo da minha


irmandade, os Draycon, é uma irmandade apenas para bruxos elementares...

- Bruxos elementares?

- Exatamente Drácula, existem inúmeros tipos de bruxos, os elementares são


bruxos que nascem com um elemento protetor, os mais comuns são os puros,
como água, terra, ar ou fogo, como é no meu caso...

- Entendi...

- Como você entra em uma fraternidade?

- Você não entra, é convocado pelo "cabeça" mas tenho certeza que com um
sobrenome como o seu o que não vai faltar será convites, escolha sabiamente...
- Legal...

O fato que eu tinha me distraído tempo o suficiente para perder Ayla dando um
fora em Pedro. Bianca parecia muito animada com alguma coisa ao chegar em
nosso pequeno grupo, Ayla continuava com a cara fechada de sempre.

- Satur, você tem noção do quão rápido é? - Bianca estava com um sorriso meigo

- Não faço ideia, sei que sou mais rápido que os humanos, e é isso que importa
para mim...

- Caraca, como você é idiota... - Ayla era sempre bruta ao falar - Você não é só
mais rápido que os humanos, é mais rápido que a maioria dos vampiros, e
provavelmente se treinar direito irá se igualar a velocidade dos Gran Mestres...

- Como assim? - Samuel entrou na conversa em um salto, era como se ele


estivesse ouvindo toda a conversa enquanto ainda discutia com Vik - Alguém da
nossa geração poderia atingir a velocidade dos Gran Mestres? Dizem que as
gerações não conseguem passar da categoria mestre a anos...

- Seu idiota, é sempre assim que acontece um despertar da geração, é aquele


famoso ciclo "Tempos difíceis criam seres fortes, seres fortes criam tempos
fáceis, tempos fáceis criam seres fracos, seres fracos criam tempos difíceis, e o
ciclo se repete" - Vik chegou dando um soco no braço de Samuel

- O problema é que estamos a muito tempo nos tempos fáceis, o último despertar
foi na segunda guerra mundial, quando o filho do Drácula liderou o seu
esquadrão e interviu na guerra matando Adolf Hitler, dizem que seu esquadrão
era o mais hábil e que praticamente sozinhos pararam a guerra - Sabrina estava
com os olhos cintilantes em vermelho vivo, parecia admirar meu pai e seus
amigos...

- O ponto aqui é que Satur pode ser um dos candidatos a Gran mestre... - Ayla
conseguia a atenção das pessoas de maneira natural - Quem estiver na equipe
dele terá uma visibilidade tão grande quanto a dele, e eu não sei vocês, mas eu
quero que meu nome seja conhecido, não só meu sobrenome...
- Fale pôr você, eu quero que meu nome e meu sobrenome seja conhecido, tô
dentro do seu plano... - Samuel parecia empolgado

- Que plano? - Sabrina fez o mesmo questionamento que estava na minha


cabeça

- O de ficar na equipe de Satur custe o que custar...

- Só um minutinho, vocês estão esquecendo de perguntar a Satur sobre isso. -


Andrew saiu em minha defesa

Como estava terminando de virar a quarta garrafa de sangue, demorei um


instante para raciocinar, tudo que estaca pensando era em como aquele sangue
estava uma delícia, parecia fresquinho.

- Então, deixa eu ver se entendi direito... todos vocês querem entrar em uma
equipe que eu esteja para se aproveitar do meu nome e uma possível habilidade
que eu possa ter no futuro, ou seja, vocês vão me manter vivo, me ajudar a me
formar no colégio e me paparicar, e em troca eu só preciso correr?

- Exatamente! - Todos responderam ao mesmo tempo

- Onde eu assino?

- Sabem que não é bem assim? para vocês estarem no mesmo esquadrão
precisam estar na mesma fraternidade, e é muito raro que um "cabeça" de uma
fraternidade ou irmandade queira todos vocês...

- Tá, mas esse plano não é para fazermos algo raro se tornar cotidiano? - Se
isso vai para frente, todos precisam entender que estamos embarcando em uma
jornada que fazer algo impossível é exatamente nossa praia - Todos me
encararam por alguns segundos antes de se tocarem que eu detinha a razão.

- Eu posso ajudar vocês... mas eu tenho uma condição - Sabrina cruzou os


braços esperando a resposta

- E qual seria essa condição? - se me lembro bem, da ultima vez ela queria um
beijo de Andrew
- Vou ajudar vocês a conseguirem o que querem, mas quando vocês formarem
o seu esquadrão, irão lutar por mim e me levarão para sua fraternidade e para
seu esquadrão...

- Ok! - estiquei a mão para Sabrina que apertou minha mão em resposta, ela era
quente mesmo, entendo porque Andrew gamou nela...

- O que faremos então? - Samuel parecia ansioso, mais do que o normal

- Agora? Vamos curtir essa festa, os cabeças estão apenas observando... se


divirtam e socializem, precisam conhecer todos, pois logo eles serão seus
aliados ou inimigos, desejo uma boa festa para vocês - Sabrina se despediu
puxando Andrew e os dois foram para um lado escuro da ilha

____________________

No final da noite já havíamos conversado com muitos estudantes e professores,


gostaria de dizer que curti toda a paparicada que recebi, mas tenho que admitir
que depois de cumprimentar mais pessoas do que posso me lembrar, as coisas
começaram a ficar entediantes, mas, se realmente buscamos uma boa
fraternidade, esse é o caminho.

Estava quase amanhecendo quando decidi retornar aos aposentando.


Aparentemente Andrew havia desaparecido, Samuel já havia retornado a muitas
horas atrás acompanhado por sua irmã, então decide ir até os barcos que
estavam parados e começar minha trajetória para os dormitórios.

Havia seis pequenos botes que deveriam acomodar umas 3 a 4 pessoas, a noite
havia esfriado mais um pouco, e uma neblina leve se estendia pelo mar que
estava quieto. Não havia sinal de nenhum responsável e o lugar estava deserto.
Escutei alguns passos na areia atrás de mim e virei a cabeça lentamente
esperando ver o rosto de quem se aproximava.

- Satur, fugindo da festa? - Bianca estava levando a mão a boca enquanto


tentava se esquentar
- Olha só quem está falando, cadê sua sombra do mal? - Falei empurrando um
dos botes para a água

- Ela está conversando com um dos professores de combate, e pelo ritmo, vai
demorar, e eu meio que estou cansada.

- E pelo visto com frio também, porque não se aquece com sua magia?

- Porque gosto do frio, ele me mantem alerta.

- Se você diz... - Entrei no bote tentando manter o equilíbrio, mas acabei caindo
sentado em uma das tabuas feitas para serem os bancos. Bianca riu da cena e
subiu no barco em um único salto e se sentou do meu lado

- Posso te fazer uma pergunta? - Eu estava intrigado com isso já a algum tempo

- Você já bebeu do meu sangue, fazer uma pergunta é muito menos invasivo! -
Bianca encostou as mãos no barco e recitou "Facere opertet fieri" e os remos se
deslocaram e encaixaram no fecho. O bote começou a se deslocar sozinho, os
remos iam para frente e para trás fazendo o bote tomar uma constância leve e
suave.

- Todos os bruxos e criaturas magicas acendem os olhos quando usam seus


poderes, mas, você não, porque?

- Acho que você já sabe que os olhos acendem quando os seres mágicos ativam
seus poderes ou quando as emoções fogem do controle, certo? Mas já se
perguntou o que acontece quando um bruxo não controla a magia que flui dentro
dele? - Bianca levou os dedos ao olho esquerdo e tirou uma lente de contato, e
assim que ela abriu, ele estava brilhando, era um violeta intenso e cintilante, e
dentro dele havia a constelação de Andrômeda desenhada em sua íris, era lindo,
a constelação parecia estar se movendo de forma leve - A magia flui através de
mim o tempo todo, não existe botão de desligar para mim, simplesmente uso e
uso, e nunca se esgota, por isso uso essa lente de contato que esconde meu
olho brilhante - Bianca volta a colocar a lente

A única coisa que consegui fazer foi suspirar admirado. Bianca desviou o olhar
para a escuridão do mar antes de continuar a falar.
- Eu vim para esse colégio porque ele é o melhor da américa. É o único lugar
que poderei usar meus poderes ao máximo, e quem sabe realizar grandes feitos

- Você tem noção do quanto é poderosa? - Era uma pergunta estupida, mas eu
precisava saber qual seria a resposta dela

- Eu tenho uma leve ideia, mas ainda existe muita coisa que preciso melhorar. -
Bianca desviou o olhar dessa vez para baixo, era um sinal que ela se sentia
insegura.

- Qual o seu objetivo de vida?

- Eu ainda não sei... - Bianca levantou a cabeça e lançou um sorriso para mim -
mas, e você? Qual o seu objetivo?

Dessa vez foi minha vez de encarar a escuridão pensando, e depois de alguns
segundos obtive minha resposta.

- Bom, no inicio eu só queria me divertir e beber sangue, quando fui forçado a


entrar em Oaks, encarei como um desafio, mas, nunca tive convicção que isso
era realmente para mim. Quando te conheci, senti algo que nunca havia sentido,
não sabia como identificar, muito menos nomear, mas, agora sei exatamente o
que quero fazer... Pode me ensinar a canalizar a sua magia por alguns
segundos?

Bianca me encarou, parecia um pouco confusa e meio receosa de aceitar o meu


pedido, e eu entendo o porque. Um ser místico consegue canalizar o poder de
um bruxo, mas exige uma grande quantidade de concentração e domínio,
lembro que da primeira vez que brinquei com isso, acabei passando 3 dias
desacordado em uma floresta brasileira.

- Porque quer canalizar o meu poder? Sabe o quanto é perigoso, principalmente


em um bote pequeno desse?

- Confie em mim, prometo que irá se surpreender com o meu controle - Olhei no
fundo dos olhos de Bianca

- Está bem...
Para haver uma canalização é necessário que o bruxo não só permita o uso dos
seus poderes de livre e espontânea vontade, como também entregue algo que
seja irrigado com o poder dele. Bianca se curvou levemente em minha direção
jogando os cabelos para trás, deixando o pescoço livre, e eu podia sentir o
sangue pulsar em suas veias.

- Meu item mais poderoso é o meu próprio sangue...

Reclinei em direção a Bianca, soltei minhas presas e a mordi suavemente, ela


se arrepiou e se entregou, mas ao contrario de antes, não estava com sede,
então consegui controlar a força e velocidade com que me alimentava, e após
um breve instante a soltei e mantive uma quantidade do sangue na minha boca.
O sangue dessa vez tinha um gosto diferente, era um gosto forte e marcante,
esse era o sabor do poder dela? Isso seria possível? Sentir o gosto do poder de
uma pessoa?

Me concentrei alguns segundos no que estava prestes a fazer, e quando engoli


o sangue um calor subiu por meu corpo, era como beber puro fogo. mantive a
concentração ao recitar as palavras de forma clara e fria, se por um momento
errasse ou me deixasse levar pela emoção, o poder dela iria ser disperso e não
dá para medir o que iria acontecer.

- Aqui e agora, rogo a lua e as estrelas, o mar e a escuridão, que sejam


testemunhas desse meu juramento. Que a noite alimente meu espirito, as
estrelas no céu sejam minha força, e que a lua ilumine meus olhos, para que de
hoje até o meu ultimo dia de vida eu proteja aquela a quem beijo aqui e agora. -
Mordi minha língua causando um pequeno corte e um sangramento leve, me
reclinei sobre Bianca e me aproximei lentamente, não podia a obrigar a me beijar,
muito menos aceitar esse juramento de vida, por isso, deixei um espaço
suficiente para que ela decidisse

Bianca me encarou por alguns segundos, ela mais do que ninguém sabia que eu
não iria controlar o poder por mais tempo. Eu podia ouvir seus
batimentos acelerando, sua respiração era profunda e constante, ela completou
o espaço entre nós e me beijou suavemente. Seus lábios eram quentes, era
como se estivesse no frio por muito tempo e entrasse de baixo de um cobertor
quente e macio. Nossa posição não era das melhores, e aproveitando que
Bianca era bem mais baixa do que eu, deslizei minhas mãos pela cintura dela e
a levantei puxando para meu colo, isso fez com que nossos lábios se
afastassem, mas, logo já estavam juntos novamente, Bianca cruzou os braços
por de trás do meu pescoço e o beijo se intensificou. Para haver a ligação, era
necessário ainda que nossos sangues se encontrassem, por isso, mordi
levemente o lábio inferior de Bianca causando um leve sangramento, e quando
nossos sangues se encontraram, uma chama azul se ascendeu em nossa volta,
meu corpo começou a formigar, Bianca me envolveu mais forte em seu abraço
forçando nossos rostos um no outro. Em questão de segundos a chama azul
aumentou e uma rajada de ventos foi disparada em todas as direções
balançando o bote, Bianca interrompeu o beijo subitamente elevou os olhos a
escuridão dos céus. Mesmo com a lente criada para esconder seu brilho, os
olhos dela brilharam mais forte do que as chamas que nos envolviam, e quando
ela suspirou fundo as chamas e o brilho de seus olhos cessou. Bianca
desmoronou em meus braços, estava ofegante e suava um pouco, era como se
ela tivesse esgotado todas as suas forças. Ela estava com um sorriso leve no
rosto, mas não abria os olhos, era como se estivesse em um sonho bom.

Com delicadeza a coloquei encostada em uma das tabuas segurando a cabeça


dela com uma das mãos, e com a outra, tirei meu casaco e o fiz de um travesseiro
improvisado para Bianca, ela havia ficado inconsciente, e o barco havia parado,
teria que remar de volta. Lancei um leve sorriso no ar, me sentia um pouco
diferente desde que comecei o juramento, agora, elevando meus olhos para
escuridão do céu, conseguia ver melhor, não como a visão dos vampiros, era
muito melhor, até minha respiração estava mais forte, suspirei fundo e podia
sentir muitos cheiros, mais do que antes, só não sabia identificar direito todos
eles. Serrei o pulso para conter a euforia que crescia dentro de mim. Já havia
ouvido muitas historias sobre ligações, quanto mais profundas, mais fortes são,
não existe um padrão, mas, a ligação transfere poderes do jurado para o
conjurador, e eu acho que é puro poder de bruxa que está correndo em minhas
veias.

A madrugada estava fria, fria a ponto de uma fumaça rala sair pelas narinas de
Bianca enquanto ela respirava. Eu havia conseguido atravessar o lago em alguns
minutos demorados, definitivamente não levo jeito para guiar botes, devo ter
rodado mais vezes do que uma roda gigante gira em uma noite. Quando
chegamos ao outro lado da margem, peguei Bianca no colo, ela era
anatomicamente encaixável em meu peito, sua cabeça estava subindo e
descendo com o meu respirar. Vantagem de ser um vampiro, somos
extremamente fortes, e durante toda a minha caminhada de 25 minutos até o
dormitório não me custaram quase nada de esforço.

O local estava quieto e bem iluminado. Algumas pessoas estavam sentadas nos
bancos. Atravessei o primeiro andar sem nenhuma interferência, e agora que
meus poderes haviam sido retirados, Bianca começava a ficar pesada, mas
antes de chegar no nosso andar fui acompanhado por Sven.

- O que aconteceu com ela? - Sven analisava Bianca

- Nada de mais, ela só esta dormindo...

- Ela não me pareceu alguém que bebeu todas... - Sven encarou Bianca por
alguns segundos, suas sobrancelhas se arquearam e ele xingou antes de me
segurar pelo braço - Você fizeram um ritual de invocação? - Sven ficou um pouco
alterado

Fiquei parado encarando Sven, não sabia o que responder, do jeito que ele
reagiu, parece que isso não é uma boa coisa. Ele agarrou meu queixo com força
e virou meu rosto para olhar atrás da minha orelha.

Quando você faz uma magia de ligação, ambos ganham uma marca no pescoço,
o símbolo beta aparece atrás da orelha da pessoa que lançou a jura, e o símbolo
de alfa aparece atrás da orelha da pessoa que recebeu a jura. É indolor, e eu
até havia esquecido disso.

- Você não tem noção do que fez, que tipo de inconsequente você é para fazer
uma coisa dessas? Sabe o que isso significa? acho que você não tem noção....
Sabe que se ela mandar você parar de beber sangue você vai definhar até não
conseguir mais mexer seu corpo, seu idiota!

- Ei, deixa as broncas para amanhã... - Comecei a andar ignorando Sven, ele
não vai conseguir me segurar sem magia, e se eu não posso usar minhas
habilidades, ele também não pode usar seus poderes

Quando cheguei no quarto de Bianca, abri a porta e a levei para a cama a


colocando deitada. Ela ainda parecia estar em um sonho bom e respirava de
forma leve e constante. Olhei em volta o quarto delas, era menor do que o meu
e de Andrew, mas detinha os mesmos moveis, não havia janelas na sala. Puxei
uma das cobertas a cobri, a outra cama estava repleta de facas, balas de
revolveres e armas de diferentes calibres, provavelmente, são de Ayla, sai do
quarto e fechei a porta deixando os pensamentos de Ayla ser uma pscopata para
trás.

Não faço ideia do que irá acontecer a partir daqui, Sven estava parado no final
do corredor olhando para mim, e ele estava certo, o que agente fez tem um peso
muito grande, estamos ligados para sempre, e eu estou sobre a palavra de
Bianca. Começo a achar que talvez tenha me equivocado, mas quer saber de
uma coisa, confio em Bianca mais do que confio em mim mesmo.
Capitulo 14

Acredito que só tenha conseguido dormir umas duas horas. Estava até tendo um
sonho gostoso que envolvia mulheres, carros e muito sangue. Mas é como dizem
por aí, o que é bom dura pouco, e acordei com Andrew segurando na minha
perna e me arremessando do outro lado do quarto.

- Ei! - esbravejei enquanto me levantava depois de ter sido jogado contra a


parede, Andrew continuava com uma força brutal mesmo com os poderes
suprimidos

- Você é o vampiro mais idiota que já conheci! - Andrew parecia furioso, resolvi
ficar na minha até entender o que estava acontecendo - Eu nem vou perguntar
o motivo de ter feito isso, porque não importa! - Andrew estava aumentando o
tom da voz de forma progressiva e continua e mantinha o pulso cerrado - Não
importa o que diabos tenha se passado na sua cabeça! Fazer uma ligação no
segundo dia de colégio já é uma estupidez que nem um gnomo com problemas
mentais faria, agora, fazer uma ligação como beta a uma bruxa que não importa
o quanto é poderosa, nem nome possui, é uma grande estupidez, seu idiota!
Irresponsável, imbecil! Estupido! Burro!

- Cuidado Blade! - Agora que entendi o porque do acesso de fúria da parte dele
posso dialogar com o mesmo

- Você está mandando alguém ter cuidado quando você claramente não sabe o
que isso significa!

Dei alguns passos em direção a Andrew ficando cara a cara com ele e abaixei o
tom da voz mais alguns tons, ele precisava entender que eu não iria permitir que
ele continuasse a falar alto comigo.

- Sei que está preocupado comigo, e sei exatamente o porque, não ache que
esqueci o que aconteceu com sua mãe, sei bem o que isso significa e no
momento em que tomei a decisão decidi que iria mudar a minha vida a partir
dessa escolha, somos eternamente responsáveis pelas escolhas que fazemos.

- Eu espero mesmo que esteja ciente disso! - Andrew desviou o olhar para o lado
e usou o punho serrado para me empurrar levemente para trás - E como está
Bianca?
- Não sei, preciso vê-la! -Evitei Andrew e abri a porta andando em direção ao
quarto das meninas, e assim que me aproximei da porta ouvi gritos, parecia ser
a voz de Ayla e ela não parecia estar nem um pouco feliz.

Bati na porta e, assim que Bianca disse que eu poderia entrar, abri a porta.

- Bianca, como está?

Bianca estava sentada na cama, Ayla estava em pé alguns centímetros a frente


e me lançou um olhar furioso, podia sentir o ódio exalando dela.

- Como ela está? - tentei ser o mais meigo possível

- Você é um idiota, estupido e irresponsável!

Ayla começou a andar em minha direção apontando o dedo para mim. Conforme
ia se aproximando começava a me xingar cada vez mais, até que ficou próximo
o suficiente para me dar um soco, teria desviado com facilidade do soco, como
tentei fazer, mas, esqueci que estava sem minhas habilidades. O soco pegou em
cheio e me fez ficar um pouco tonto.

- Já chega Ayla! - Bianca ordenou com firmeza, e em resposta Ayla recuou ainda
furiosa - Ele não me obrigou a nada, foi uma escolha mutua!

- Não é porque vocês tomaram a decisão por livre e espontânea vontade que
essa escolha deixará de ser uma escolha estupida! Vocês não pensaram na
consequência disso?

Ayla caminhou até a cama que ainda estava lotada de armas, pegou duas facas,
colocou por dentro da bota e saiu do quarto bufando de raiva.

Olhei para trás onde Andrew estava encostado na porta com uma cara que dizia
"Ela tem razão".

- Poderia nos dá licença? - Perguntei para Andrew que acenou com a cabeça e
saiu fechando a porta.
Encarei Bianca por alguns segundos que desviou o olhar e se encolheu na cama
encostando na parede. Andei em direção as coisas de Ayla pegando uma das
facas e depois me direcionando até a cama de Bianca, me jogando ao seu lado.

- Como você está? - Perguntei começando a brincar com a faca de prata.

- Fisicamente? É como se a todo momento tivessem injetando adrenalina


diretamente na minha veia. Emocionalmente, um pouco instável, fico me
perguntando se tomamos uma decisão inteligente.

- Entendi, é como se tivéssemos sido irresponsáveis, não é?

- É!

- Sabe, não penso assim... - Arremessei a faca no centro da porta a uns 3 metros
de distância! literalmente no centro da porta. - Eu me sinto exatamente como
essa faca! eu era bom sozinho, sabia como cortar e era afiado, mas nas mãos
certas poderei atingir o meu objetivo! já fiz muita merda na vida, mas, é a primeira
vez que tenho total certeza que fiz uma ótima escolha, e também sei que tudo o
que vou provar a partir de agora será bom, pois, estou sobe as ordens da bruxa
mais poderosa da nossa geração e arrisco em dizer que será uma das maiores
bruxas que já existiram.

Enquanto falava, Bianca ia abrindo um leve sorriso, e no momento que calei a


boca, Bianca veio em minha direção, me envolveu com um abraço e me deu um
beijo na bochecha.

- Você não parece ser um Drácula! - Bianca ainda estava me abraçando

- E isso é bom ou ruim?

- Muito bom! Uma faca pode ser usada para matar ou para auxiliar em uma
cirurgia, não é porque os Dráculas sempre fizeram coisas más que você também
será mal.

- Gosto do que ouço!


- Eu também! - Bianca levantou com um sorriso mais aberto, vestiu um casaco
e caminhou até a porta. - Vamos meu beta, o primeiro dia de aula já começou!

_________________________________________________

O caminho estava muito movimentado, tanto iniciandos vindo em nossa direção


quanto indo com a gente, o relógio no meu pulso marcava 10:15 da manhã e o
sol estava bastante agradável, e apesar de ainda haver neve espalhada no chão,
não estava frio. Andrew havia nos esperado do lado de fora do dormitório, mas
até agora ambos estavam calados.

Toda essa movimentação me lembrava que eu não sabia nada de como as


coisas funcionavam por aqui, acredito que terei que me informar com Samuel o
mais breve possível, por falar nisso, a onde aquele sabichão está?

- Para onde estamos indo mesmo? - Perguntei começando a ficar um pouco


rabugento

- Estamos indo para o Ópla Exousía!

- Lamento ter que fazer mais uma pergunta, o que é esse lugar?

- É o local que possui uma enorme quantidade de artefatos mágicos. - Andrew


sempre usava da conversa para fazer as pazes

- Esses artefatos podem ser para canalização, liberação ou para aumentar o


poder de um ser místico que detenha poder magico.

- Está bem, mas o que isso tem haver com um vampiro? poderia muito bem estar
bebendo umas garrafas de sangue agora mesmo.

- Em primeiro lugar, você agora possui uma ligação com uma bruxa, pode ser
que algumas habilidades minhas tenham sido passados para você, em segundo
lugar, você só tem direito a duas garrafas de 500ml durante o dia, se quiser mais,
terá que ter esferas vermelhas para comprar garrafas extras...

- Que? - gritei involuntariamente


- Relaxe Drácula, o colégio serve exatamente para isso, treinar nossos impulsos.
- Andrew estava com um sorriso no rosto ao me responder, ele sabia que isso
era o mais difícil para mim

- Olha aqui, não preciso de ajuda para controlar algo que é muito bom! - Estava
quase pulando em cima de Andrew para socar ele

Ópla Exousía é uma estrutura gigante em formato circular, parece uma bola
gigante, pelas minhas estimativas deve possuir uns 10 metros. E ele se
destacava apontando por entre as arvores.

A região estava agitada, haviam alunos de todos as espécies, parecia uma


grande feira, e o que mais colaborava para essa aparência era a quantidade de
mesas espalhadas na entrada do Ópla, aliás, que entrada magnifica, a porta era
praticamente do tamanho da estrutura, duas portas de metais que estavam
abertas, o prédio parecia ser composto por pedras de granito, e as portas eram
puro ferro entalhado com runas. Dois seguranças estavam parados na porta, um
deles detinha um fuzil descansando em seu ombro, o que é muito engraçado,
mesmo que magia seja uma opção muito forte para combate, armamento
humano combinado com as habilidades sobrenaturais se tornam uma
maravilhosa tática de combate ou defesa. se realmente esse lugar detém uma
grande quantidade de artefatos mágicos, esses seguranças são só o inicio das
manobras de defesa que envolvem esse lugar.

Andando entre as pessoas acabei esbarrando com algumas delas, mas,


estavam todos tão agitados que nem se quer um esbarrão os faziam parar.
Quando chegamos a entrada, os dois seguranças nos analisaram de cima a
baixo, devo admitir que senti um calafrio subir pela minha espinha quando o
veterano armado me encarou. Podia sentir através do olhar dele que aquela
arma já havia sido responsável por inúmeras mortes, e que se eu tentasse
alguma coisa, eu seria apenas mais um numero nessa estatística.

O local era composto por paredes muito simplistas e sem marcações expressas,
mas, dava para sentir o peso das magias envolvidas na proteção deste lugar.
Alguns corredores depois estávamos no centro de Ópla Exousías, antes de
entrar na sala gigante e oval, tivemos que dar nossos nomes, foi quando um
rapaz careca que aparentava estar vivo na época da arca de Noé nos
recepcionou.
- Meu nome e Gael, sou o responsável pela Ópla Exousía a mais tempo que
possam imaginar...

- Eu consigo ter uma noção... - Não consegui segurar a piada, Andrew também
não conseguiu segurar a risada, Bianca por outro lado não pareceu gostar da
piada e me deu uma cotovelada nas costelas

- Muito engraçado... - Gael deu as costas e começou a andar e nós o seguimos,


ele não aprecia ter gostado da piada - Pelo seu porte e presença diria que você
é da família Drácula, e todos os Dráculas sem exceções fizeram a mesmas
piada, e sabe o que respondi a cada um deles?

- O que? - Eu sabia que era uma pergunta retorica, mas de vez em quando eu
gostava de provocar os mais velhos

- Eu falei... - o velho parou por um instante antes de continuar a falar - Não se


faz piada com alguém velho em uma posição que se costuma morrer jovem...

Gael se virou com um olhar que fez todos nós pararmos. Era um olhar
sanguinário seguido por uma presença magica perturbadora, senti todos os
pelos do corpo se arrepiarem, estava paralisado. A presença dele fez com que
uma descarga de adrenalina fosse injetada tão rápido que mal podia me manter
de pé, Bianca caiu sobre os joelhos, ela estava com o olhar preso em Gael, era
como se ela estivesse vendo algo a mais do que a gente. E assim que ela caiu,
recuperei o controle do meu corpo saindo em defesa de Bianca em dois
movimentos, a segurei pelo braço e mantive o olhar fixo em Gael, ativei minhas
habilidades e por consequência meus olhos se acenderam.

- Considerem esse momento como a primeira lição de Oaks - Gael se virou e


começou a andar em direção ao centro da sala - Nunca mexam com alguém que
vocês não conhecem, mas jovem Drácula, saiba que foi o primeiro que
conseguiu se mover diante de mim.

Andrew e eu ajudamos Bianca a se levantar, ela ainda estava encarando Gael,


mas dessa vez estava com um sorriso de admiração.

- Porque está sorrindo?


- Vocês não viram a áurea protetora dele? Ele é muito poderoso! Então esse é o
nível de Oaks, será que aqui são todos tão poderosos quanto ele?

Acompanhamos Bianca até o centro da sala. O teto era transparente, só que


duvido que seja feito de vidro, a sala era muito grande e estava completamente
vazia. Os detalhes na parede lembravam runas, mas não reconheço nenhuma
dessas. Gael começou a explicar o que iria acontecer nos próximos segundos
trazendo minha atenção novamente para a terra.

- Prestem atenção pois só vou falar uma vez... - Gael levantou as mãos e com a
abaixar delas o salão que parecia estar vazio ficou repleto de armas de fogo,
varinhas, cajados, todo tipo de armas brancas que iam desde simples adagas a
espadas que possuíam mais de 3 metros, havia inúmeros itens ali, e todos
estavam flutuando no ar em forma circular e constante - Cada um de vocês, um
por vez, irá recitar as seguinte frase. - Gael nos encarou individualmente para
ver se realmente estávamos prestando atenção, e após confirmar que
estávamos o ouvindo continuou - " Epélexe me " , falem com convicção e com
uma boa dicção, essa frase ira ativar a zona magica, e se tiver algum traço
magico, a zona irá escolher o melhor armamento para você baseado no seu
potencial magico.

Isso é muito irado, sempre fui fascinado pela magia, agora, realmente estou
apaixonado.

- Ok, quero ser o primeiro a tentar! - Andrew caminhou até o "x" marcado no
centro

Gael nos puxou alguns passos a mais para trás e sinalizou para que Andrew
prosseguisse

- Epélexe me! - Andrew falou perfeitamente, mas, nada aconteceu.

- Não a traço de magia em você! Próximo! - Gael era indiferente, me pergunto


quantas vezes já não acompanhou esse processo, se fosse eu no seu lugar
estaria entediado já

Andrew abaixou a cabeça e trocou de lugar com Bianca, Andrew não parecia
estar triste, só um pouco decepcionado, era como se ele ainda tivesse uma leve
esperança. Bianca parou por alguns segundos, olhou para mim, fiz um sinal com
o polegar para transmitir confiança, ela sorriu e respirou fundo, não havia duvida
de que nela havia traços de magia, eu só não contava com o que estava prestes
a acontecer.

- Epélexe me! - Bianca falou cada palavra perfeitamente, a zona magica foi
ativada e neste momento vi uma das cena mais assustadoras da minha vida

Os olhos de Bianca se ascenderam em um brilho violeta intenso, uma áurea


também violeta a envolveu, o local começou a ventar violentamente. O céu em
volta de Ópla Exousía fechou em um instante e através do teto transparente
podíamos ver alguns raios cortarem o céu . Os cabelos de Bianca ficarem em pé
e ela cerrou os punhos, meu corpo ficou pesado e o ar denso, os itens mágicos
começaram a se mover acompanhando o vento, ao contrario da presença
magica de Gael, a presença de Bianca era suave, mas era mais intensa do que
a presença de gael, o que deixava as coisa muito mais amedrontadoras .

Os itens começavam a se chocar conforme iam rodando em direção a Bianca,


pareciam estar brigando para ver quem chegaria até ela. Um par de luvas se
chocou com um cajado, o cajado foi lançado para o ar novamente e o par de
luvas terminou de descer até Bianca, ela levantou a mão e segurou as luvas,
com isso, toda a ventania sessou, o tempo voltou a ficar ensolarado e o brilho de
Bianca apagou.

A luva parecia ser feita de liga metálica, com uma espécie de garra nas pontas
dos dedos. Bianca encarou as luvas por um instante antes de andar até nós,
Gael estava com a boca aberta admirado com Bianca.

- Incrível... - Gael estava com as pupilas dilatadas - Em todos os meus anos...

-E bota ano nisso! - Não podia deixar passar, apesar que a encarada de Gael
me fez calar a boca na hora

- Nunca vi a zona interagir com alguém dessa maneira, e com toda certeza nunca
vi as armas brigarem para ter vez... - Gael recuperou a postura de velho
rabugento e continuo a falar - As luvas de Helena Bulgs, a bruxa hibrida, o pai
dela era um bruxo poderoso e sua mãe uma lobisomem, e Helena desenvolveu
essas luvas para dispersar magia enquanto atacava com golpes mortais,
acredito que você será uma grande bruxa de combate. - Gael se recompôs mais
um pouco e continuou - Próximo!

Encarei Andrew antes de ir para o centro. Acho que nunca o vi com os olhos tão
arregalados, agora ele viu o que eu vi em Bianca desde o primeiro momento.
Andei até o "x", ainda encarando o amontoado de armas a cima da minha
cabeça, respirei fundo e disse a frase.

"Epélexe me!"

Não foi grandioso como a vez de Bianca, mas, o circulo se ascendeu, os meus
olhos brilharam e as armas começaram a circular em minha volta, nada
glamoroso. Um livro enorme começou a se aproximar de mim sem nenhuma
resistência, nenhuma arma se chocou contra o livro, e quando ele se aproximou
de mim eu o segurei. As armas voltaram a ficar paradas e eu sai do circulo
caminhando até Gael analisando o livro em minha mão. O livro era de couro
marrom, parecia antigo, o livro também possuía uma alça para que eu o
carregasse como uma bolsa e não havia nenhum símbolo, runa ou qualquer
outra coisa escrita na capa ou dentro das paginas, um livro muito estranho, isso
me faz questionar se isso aqui não é um diário.

- O livro de Ryomen Sukuna! Até onde sabemos, foi um dos primeiro bruxos
datados, e ele era o bruxo muito peculiar, tanto que criou o livro katára, todas as
maldiçoes poderosas são canalizadas diretamente para o livro, é um enorme
grimorio com as maldições mais poderosas de cada estilo e categoria, e se uma
maldição for criada e se por sorte o criador a fizer mais forte que uma outra no
mesmo estilo, a mais fraca é apagada automaticamente, ela também
acompanha as agulhas Dekára, são dez no total, cada uma é controlada por um
dos dedos da sua mão, mas elas só aparecem conforme você se torna mais
capaz e consciente do poder das maldições. Bem, é muito bom saber que os
novatos estão tão fortes assim! os itens são escolhidos pela própria magia, e a
magia não costuma errar. Gael se virou e fez um sinal com as mãos para que
nós nos retirássemos, e assim fizemos.

Enquanto começávamos nossa trajetória para fora de Ópla Exousía ia pensando


comigo mesmo sobre Bianca. Ela fez o velho cagado ficar impressionado, e
acredito fielmente que aquele velhote é forte pra cacete, o quão Bianca será
visada? Será que será admirada ou odiada? Cada vez mais começo a imaginar
que ela precisara de muita proteção, e eu preciso estar a altura dos inimigos que
tentarem fazer algum mal a ela.

- Olha aqui, estou com inveja de vocês, eu sou o único saindo daqui sem
nenhuma acessório novo! - Andrew cortou meus pensamentos com essa
declaração que apesar de ter sido dita em um tom de piada carrega um fundo de
verdade

- Se quiser ficar com o meu eu deixo! Odeio livros, e esse livro é estranho, não
tem nada escrito nele, porque quero um grimorio de maldições? Sei duas muito
boas, e é só o que eu preciso! - Estiquei o livro para Andrew que se apreçou a
pegar

Assim que tocou no livro ele gritou de dor , e eu diria que a fumaça saindo da
mão dele não significava boa coisa.

- Que merda foi essa? - Andrew segurava a mão contra o peito enquanto a
fumaça continuava a subir

- É um livro de maldições, você achou que ficaria ao acesso de qualquer um? -


Bianca parecia estar se divertindo com a situação - Acredito que só alguém com
energia negativa pode tocar

- Ele é um vampiro, existe energia mais negativa que um ser das trevas? -
Andrew estava revoltado por não poder pegar no livro

- Acho que nunca me viu com raiva... - Bianca lançou um sorriso meigo e mordeu
de leve o lábio inferior, senti o coração acelerar um pouco, mas não acho que
seja algo que deva me preocupar, talvez só esteja empolgado.

Bianca caminhou alguns passos em minha direção. Ela esticou o braço e


segurou o livro e ao contrario de Andrew não largou em sequencia, mas, também
começou a sair fumaça entre a mão dela e o livro.

- O livro não consegue me amaldiçoar, mas, está me repelindo - Bianca o esticou


de volta para mim - Pega, antes que ele mude a maldição para o meu nível
Antes que eu conseguisse pegar o livro um vulto cortou o ar, e esse vulto pegou
o livro da mão de Bianca e parou a uns 4 metros de costa para nós.

- Interessante... o livro katára! Era um sonho botar as mãos nesse livro... - O


vulto tinha uma voz calma, ele era alto e tinha cabelos compridos como o de
Andrew, mas os dele eram castanhos claros, ele vestia um sobretudo preto e
nas suas costas havia uma foice de combate que deve ter um metro e meio polo
menos, isso sem contar a lamina que deve ter meio metro pelo menos

A velocidade dele se equipara a de um vampiro, mas ele não é um vampiro, sua


presença magica é muito maior, posso sentir que ele esta em um outro nível.

- Meu nome é Zyan Swith! Sou líder da irmandade Grigora e tenho uma proposta
para fazer a você, Drácula!
Capitulo 15

- Você está falando comigo? - Me sentia um tolo ao fazer essa pergunta, porque
claramente ele havia falado Drácula

- Podemos conversar a sós? - Zyan não parecia estar fazendo uma pergunta,
ele era calmo e tinha o falar manso

- Zyan, se tiver alguma coisa a me falar, pode dizer aqui e agora, sem nenhuma
cerimonia!

Zyan desapareceu, antes que eu pudesse piscar. Senti uma mão segurar meu
pescoço, e com isso, uma pressão fez com que minha cabeça ficasse levemente
inclinada.

- Olha só, fez uma ligação como beta?! Não é meio imprudente para um Drácula
se colocar nessa posição? - Zyan estava muito perto de mim, podia sentir sua
respiração, isso sem contar o fato de estar quase sussurrando em meu ouvido

Zyan me soltou, e quando me virei em direção a ele, tudo que via era Bianca e
Andrew me encarando. Aparentemente, estavam tão confusos quanto eu. Será
que ele era mais rápido do que um vampiro? Mas ele não teve tempo de lançar
nenhuma magia, então como estava se movendo tão rápido?

- Vocês são fracos! - Zyan estava nas minhas costas novamente, e agora,
andando em direção a porta com um caminhar leve e despreocupado - Me
acompanhem... Por favor

Antes que eu pudesse decidir o que fazer, Bianca e Andrew passaram por mim
o seguindo.

- Está esperando o que? O poder dele é o maior que eu já vi! - Andrew estava
animado - Fecha essa boca de papa mosca e vem logo.

Encarei Bianca espantado por ela estar seguindo esse tal de Zyan.

- O que? - Bianca estava com uma cara cínica - Ele está indo em direção a saída,
é o mesmo lugar que eu estou indo...
Esse é um belo ponto de vista, mas, não vou muito com a cara dele. Não confio
em ninguém que é calmo de mais. Quando chegamos na porta Zyan já esperava
por nós.

- Vou ser direto e sem muita embromação! Quero convidar vocês para a
irmandade Grígoria, apesar de ter mais interesse no Drácula, não vejo o porque
de não levar vocês...

Zyan continuou a andar sem olhara para trás nos conduzindo em direção as
barracas mais próximas da saida. Mas quando estávamos nos aproximando da
primeira, ele parou e se virou nos encarando.

- A irmandade Grígoria é pequena e nova, ao contrario das demais irmandades


e fraternidades do campos, Grígoria só tem 5 anos, e conta apenas com 12
membros, sendo 6 já formados, e 6 prestes a se formar, quero que assuma a
Grígoria após minha formatura como um cabeça... - Zyan estava se dirigindo a
mim, e nem se preocupava em tentar incluir os demais na conversa

- Olha aqui, já que esta se preocupando em ser direto, vou devolver na mesma
moeda, se vocês são tão pequenos, porque iriamos escolher vocês? Ouvi falar
que existem muitas vantagens em pertencer a grupos mais renomados

- Calma lá vampirinho de baixa categoria, estava sendo gentil em dizer que vocês
são fracos, as demais fraternidades e irmandades não estão nem um pouco
interessados na vossa senhoria!

Senti um pouco de deboche na parte de "vossa senhoria", mas vou relevar


para não perder tempo com uma briga boba. Quero ver o que esse gnomo alto
tem a dizer.

- Cada casa do campos deixará vocês de molho para verem se são realmente
bons, com toda certeza vocês não impressionaram ninguém nos trotes, que tem
como maior objetivo demonstrar o nível dos novatos, quer dizer, alguns de vocês
impressionaram por serem tão fracos!

- Dessa vez ele olhou para você, Satur - Andrew estava rindo da minha cara e
nem disfarçava que estava querendo criar uma intriga
- Olha aqui, não tenho culpa se colocaram um espelho logo na entrada! - Ignorei
Zyan por completo e comecei a discutir com Andrew

- Todos nós tínhamos um espelho na entrada - Andrew apontou o dedo em todas


as direções, mas logo virou o dedo para mim antes de continuar a falar - Mas
você foi o único que deu uma de Alice e tentou atravessar o espelho...

- Olha aqui seu nerd literário! Vou pegar esses teus óculos e quebrar na sua
cabeça, e em seguida vou enfiar ele a onde o sol não bate!

Estávamos a mais ou menos 1 metro um do outro, algumas pessoas começavam


a reparar na nossa discussão.

- Parem vocês dois! - Zyan parecia um pouco irritado, eu diria que a definição
correta seria envergonhado - Eu estou dizendo que vocês não causaram uma
boa impressão, e para me mostrar que eu estou errado, estão discutindo feito
duas crianças?

- É! - Andrew e eu respondemos ao mesmo tempo

- Céus! - Bianca revirou os olhos antes de sair - A gente se vê de noite, vou


procurar Ayla!

- E como você vai encontrar ela? Esse colégio parece um dos armários de
Narnia!- Dei as costas para Zyan que ficou mais revoltado ainda e levou as mãos
ao rosto, ele realmente não esta acreditando como somos irreverentes a
presença intimidadora dele

- Feitiço de rastreio! - Bianca gritou por cima do ombro

- Vocês estão me ignorando mesmo? - Zyan estava com os olhos arregalados,


era como se não acreditasse no que estava vendo, confirmando a minha teoria

- Não leva para o lado pessoal, nunca fomos de prestar muita atenção! - Andrew
passou o braço em volta de Zyan que desapareceu dos braços de Andrew e
reapareceu no meu lado, dessa vez consegui acompanhar o movimento de Zyan
- Entendi! você não é rápido, você só está se tele-transportando! - Falei
involuntariamente, antes de Zyan tapar minha boca se teletransportando para o
meu lado

Ele me encarava com uma cara de surpreso enquanto mantinha a mão quente
e pulsante na minha boca, sentia o sangue dele correndo por suas veias.

- Acho melhor tirar sua mão da boca de um vampiro com fome - Alertou Andrew
caminhando até nós

Zyan me soltou, se tele-transportando um pouco mais afastado de mim, minhas


presas já haviam saído, e devo admitir que estava começando a aceitar a ideia
de lanchar esse boneco de posto. Andrew encostou do meu lado e cruzou os
braços.

- O que você acha Drácula, vamos com o senhor coveiro ai?

- Ainda estou pensando, ele parece chato!

Zyan me lembrava o tipo todo engomadinho que prefere seguir uma rotina toda
manhã, vai ser um saco acordar todos os dias ouvindo ele ditar regras.

- Vamos Satur, preciso de uma resposta! - Andrew parecia ansioso para o meu
posicionamento

- Esta bem pé no saco! - Dei uma pausa dramática - E a minha resposta é...
Partiu! - joguei os braços no ar como se estivesse comemorando um gol do meu
time do coração

Zyan me encarava de uma forma diferente. Ele não parecia mais nos desprezar,
mas também não estava admirado, parecia mais intrigado.

- Ou vocês tem um futuro brilhante nas mãos, ou serão os piores que já entraram
na Grígoria! - Zyan balançou a cabeça em desaprovação

- Mas pelo menos temos dinheiro! Dinheiro já resolveu muito problema que meti,
sou tipo Tio Patinhas nadando em uma piscina de dólares!
Andrew concordou e deu risada antes que Zyan respondesse.

- Porque acha que vim até você? Seu dinheiro no momento é mais útil que você!

- Olha aqui, eu também tenho sentimentos! Mas, que bom que ele tem alguma
utilidade!

Coloquei a mão no bolso e puxei minha carteira, peguei um dos cartões e joguei
em direção a Zyan. O cartão cortou o ar, mesmo tentando não jogar forte Zyan
quase não pegou, mas devo admitir que os reflexos dessa girafa são bons.

- A senha é 9064, é um cartão sem limite, use com sabedoria, e quando eu digo
com sabedoria, é pra comprar muito sangue! - Agora vou me matricular...
Capitulo 16

Depois de 20 minutos de muitas broncas da parte dos auxiliares, descobrimos


enfim como funcionava as matriculas, não vou mentir, senti falta de Samuel
sendo uma biblioteca ambulante com ele do lado não preciso prestar atenção
nos detalhes, ele me fala o importante e vida que segue. Aparentemente existem
4 períodos de aula nesse pequeno inferno que chamamos de Oaks, além dos
convencionais que são manhã, tarde e noite, esse lugar tem aula de madrugada,
pela explicação raivosa de uma senhora que estava na mesa das aulas de
combate, o fato de ter vampiros e que os infelizes não são de dormir, temos
algumas aulas importantes nesses horários.

Basicamente você precisa estar matriculado em pelo menos 7 matérias, e para


se formar no final de quatro anos, precisa pelo menos ter se formado em 28
disciplinas. E as matérias/disciplinas/sei lá o que é isso que estão ensinando aqui
são:

° Velocidade Escalar.

° Combate físico.

° Combate Magico.

° Combate de armamento.

° Elixires.

° Criação.

° Maldições.

° Caça.

° Medicina.

° Portais.

° Histórico Monster.
° Geográfico Monster.

° Politica Monster.

° Sociologia Monster.

A moça tentou falar mais algumas, só que fiquei entediado e resolvi começar por
conta própria. As primeiras aulas que me matriculei foram as de combate, gosto
de um estilo mais violento, então escolhi uma disciplina de combate físico, para
ser mais preciso, Muay Thai. Gosto da ideia de usar pé e mão para quebrar meus
inimigos na porrada. A segunda matéria foi de caça, afinal, sou um vampiro.
Terceira foi maldições, se entendi bem, esse livro que está nas minhas mãos é
um livro de maldição, não precisa ser nenhum Albert Einstein para escolher essa
matéria. Me matriculei em duas matérias de velocidade escalar, combate de
armamento e quando estava na ultima barraca ouvi dois mauricinhos
conversando, e essa conversa me interessou bastante.

- Ouvi dizer que tem um professor de combate corpo a corpo que é humano! - O
primeiro era um moreno mauricinho em todos os sentidos, literal e
figurativamente tinha um nariz empinado, por um momento até achei que ele
poderia se desequilibrar e cair de costa

- Nossa! Esse colégio desceu mesmo de nível, onde já se viu um humano


ensinando monstros a combater, chega a ser ultrajante! - respondeu em tom de
soberba o segundo rapaz, ele transmitia um ar de superioridade ao falar desse
humano

- Ouvi dizer que ele só teve dois matriculados na aula, só tenho pena dessas
pobres almas que se inscreveram!

- E por acaso você não teria ouvido a onde posso me inscrever na aula desse
professor? - interrompi os dois me aproximando um pouco mais

Ambos se viraram com os narizes empinados, e mentiria se não tivesse me


irritado um pouco, me deu uma leve vontade de socar a cara desses
mauricinhos. Mas, preciso da resposta.
- Você estava ouvindo nossa conversa? - perguntou o moreno de nariz
extremamente fino

- Aparentemente tudo o que você sabe vem de ouvir conversas de outras


pessoas, qual é o problema de eu ouvir algumas? - Eu sabia que mexer com o
orgulho deles era perigoso, mas eu não podia evitar de dar uma provocadinha

- Quem é você? - O garoto parecia mesmo do tipo que só respeita pessoas com
hierarquia superiores as demais

- Sou Satur Drácula! Poderia me responder logo?

A expressão nos olhos deles mudaram, não estavam mais me encarando como
um qualquer, agora eles estavam me dando atenção. Até seus corpos pareciam
responder positivamente a mim. Acho que realmente o nome Drácula tem poder.

- Na barraca numero 14 de combate físico, peça pela aula de combate 03. Mas,
porque iria fazer uma aula dada por um humano?

- Vocês são idiotas ou o que? Ele é um humano dando aula em um colégio de


elite para monstros, esse cara não é um qualquer...

Dei as costas para ele e comecei a procurar pela barraca. Depois de alguns
minutos de estresse consegui encontrar... me matriculei fechando o numero
mínimo de matérias possíveis. Quando estava analisando os cartões e o horário
das aulas praguejei de raiva, a aula desse tal Humano começava dentro de 5
minutos! Com a minha velocidade poderia chegar a tempo, o único problema é
que, EU NÃO FAÇO A MINIMA IDEIA DE ONDE FICA A FLORESTA DA VIDA!
Andrew estava em uma fila esperando enquanto encarava todo mundo, usei
minha velocidade para chegar ao lado de Andrew.

- Ei, você sabe onde fica a floresta da vida? Tenho aula dentro de 3 minutos! -
Eu estava começando a ficar um pouco ansioso

- Você é muito burro mesmo, é a floresta colorida que vimos logo quando
atravessamos a barreira!

- Certo!
Andrew piscou e começou a falar alguma coisa, mas, eu não estava mais
presente para entender. Comecei a correr refazendo o caminho para os
dormitórios, e logo em seguida, refiz o percurso em direção ao lago. A neve
estava quase rala e em muitas partes já haviam derretido totalmente,aqui
realmente possui um clima bem estranho. Após chegar ao portão, comecei a
correr nas mesma direção que viemos da ultima vez, não tem erro, não tem como
se perder em linha reta como alguns personagens de animes por ai.

Depois de chegar a floresta me deparei com alguns alunos jogados pela grama,
o local estava diferente de antes, a neve branca já não mais cobria o chão, a
paisagem ainda estava linda, e eu diria que estava mais colorida, culpa da grama
verde que se estendia por toda parte.

- Como vou achar o professor? - Murmurei levando as mãos a cintura e comecei


a pensar em uma estratégia

Era simples, não sei como não pensei nisso logo de cara. É só dar uma de
fofoqueira e começar a escutar as conversas dos outros. Me sentei de vez no
chão, cruzei os dedos da mão e fechei os olhos. Desde que fiz a ligação com
Bianca sinto que minhas habilidades melhoraram. Respirei fundo e comecei a
prestar atenção nos sons. No começo é difícil, você precisa ir ignorando os
animais, e olha que nessa floresta tem poucos pássaros, depois tive que ignorar
as pequenas frequências, e por fim, tinha que escutar a conversa das pessoas,
analisar e depois excluir. as primeiras conversas eram fúteis, tinham haver com
roupas ou equipamentos, logo depois veio as conversas sobre amores, e devo
dizer que Luan realmente é um cara bem safado pelas coisas que fez com a
garota de voz estridente, sua amiga desafinou um pouco no tom ao dizer que
estava feliz pela amiga ter perdido a virgindade, acho que ela não está tão feliz
quanto diz. Mas vamos continuar, após dois minutos de pura concentração
encontrei uma conversa que parecia ser de uma aula, já que a frase que ouvi foi
"o que vocês sabem sobre combate corpo a corpo?" Era a minha deixa, levantei
e corri em direção a conversa, quase atropelei um casal no meio do caminho,
mas, consegui saltar antes de pisar neles, cheguei em menos de 8 segundos
depois da pergunta.

- Combate corpo a corpo é uma expressão que se refere a uma luta de confronto
físico, sem a utilização de armas de longo alcance - Encarei os dois alunos que
estavam sentados, como tive que que pegar ar, respirei fundo, e por
consequência acabei inspirando todos os cheiros do local, e isso incluía os dois
alunos do professor, não tinha como confundir o cheiro, eram dois Lobisomens,
uma garota muito bonita e um rapaz baixo e franzino - Um bom exemplo são as
lutas medievais, eram um corpo a corpo muito sangrento... - Fiz questão de
enfatizar essa ultima parte encarando a jovem loba a minha frente, pisquei de
leve e tive uma resposta bem agradável da parte dela

- E você é? - Uma voz baixa, mas, grossa veio de trás de mim, por um momento
havia esquecido do professor, passei reto por ele e ainda não tinha me
apresentado

- Sou Satur Drácula! Terceiro aluno da sua matéria...

Respondi me virando devagar. O dono da voz era muito mais baixo do que eu
imaginava, talvez ele medisse 1, 58 no máximo, seus olhos verdes azulados
eram bem bonitos, mas o olhar dele era muito suave, apesar que transparecia
confiança e experiência. Ele também tinha uma barba rala ,mas, bem definida.
havia uma cicatriz que ia de baixo do olho esquerdo em direção a bochecha, era
uma cicatriz grossa e com um aspecto um pouco pesado, o professor vestia
roupas casuais, mas na cintura iam duas adagas uma do lado da outra que
faziam qualquer um dar um passo para trás, como foi no meu caso.

- Olha só, um Drácula, e esse chega atrasado, é irreverente e não tem um pingo
de bom senso! Sente-se!

Eu poderia ter ficado quieto e sentar, mas minha maldita boca não perde uma
oportunidade de falar merda.

- Foi mal pelo atraso, mas nem se você fosse rápido como eu teria chegado aqui
a tempo!

Aparentemente o professor não gostou do que ouviu.

- Então você se acha veloz... - O professor me encarou de uma forma que me


deixou na defensiva, por um momento achei que ele iria me mandar sair, mas
ele apenas parou e abriu um sorriso - Então vamos ver se é realmente rápido...
se conseguir tocar um dedo em mim sem levar um soco meu, você irá mandar
quando quiser na aula, mas se você perder, irá ser meu servo por 1 mês!
- Feito!

"Vai ser moleza!"

Foi o que eu pensei. Um humano nunca conseguiria acompanhar meus


movimentos, e em menos de um segundo me desloquei do ponto A até o ponto
B, meu plano era o segurar pela blusa e o levantar. Bem... meu plano não deu
certo. Quando estava prestes a segurar na camisa dele, ele se moveu mais
rápido, e não só isso, senti uma dor localizada na perna irradiar, logo em seguida,
as arvores estavam de lado, minha bochecha doendo e o céu estava rodando.
O professor não só havia me acertado um soco, como também teve tempo para
puxar sua adaga, cortar minha perna e colocar a adaga de volta na bainha.

- Está com sono? Quem sabe eu consiga um travesseiros para você ficar mais
confortável aí no chão!

Humano desaforado! Só não falo nada porque o mundo ainda está girando.

- Certo, Recomponha-se! - O professor deu as costas e continuou a falar com os


outros dois alunos - Combate corpo a corpo é extremamente vital para monstros,
afinal, armas de longo alcance não costumam funcionar tão bem quanto armas
de curto alcance, naturalmente, vocês são mais fortes e mais rápidos,
consequentemente, é muito mais eficaz que aprendam a elevar suas habilidades
para que possam estremecer a terra com o simples chute.

O professor continuou a dar mais algumas informações enquanto eu me


recuperava. O soco dele havia mexido com os meus sistemas de orientação,
tenho quase certeza que ele não me deu um soco bruto, acredito que deva ter
algo a mais atrás das habilidades desse humano.

Quando o mundo parou de girar me levantei e sentei com as pernas cruzadas


ao lado da moça, minha perna já estava completamente curada, mas agora havia
um corte em minha calça além de estar suja de sangue.

- Gostaria de começar nosso ano letivo me apresentando, meu nome é Koby


Dikson, tenho 30 anos, provavelmente não estarei vivo quando completarem 70
anos de vida, mas, minha missão é fazer com que lembrem de mim o resto de
suas vidas imortais. - Koby apontou para o lobisomem franzino pedindo que ele
se apresentasse.

- Meu nome é Edy Bronk, sou um lobisomem e tenho 19 anos, minha missão é
não ser morto pelo meu irmão.

Meio sombrio, mas, ele não parecia estar fazendo uma piada. O professor Koby
também não parecia surpreso.

- Normal para famílias tradicionais de lobisomem. - o professor falava como se


isso fosse realmente aceitável - Seu irmão já matou quantos?

- Três, faltam dois para chegar minha vez - Edy desviou o olhar para baixo com
uma expressão triste e distante

- Onde eles estão agora? - O professor Koby se agachou chamando a atenção


de Edy para que ele o encarasse

- Sul da Romênia, para ser mais preciso, nas florestas perdidas, já faz 3 meses
- Edy levantou o olhar encarando o professor

- Muito bem, temos alguns dias para te preparar! Garanto que nem um aluno
meu irá perder um LYKOS PÁLI! - O professor Koby não só parecia confiante,
como também conseguia transmitir esse sentimento para as pessoas a volta, era
como se ele realmente se importasse com os alunos

- O que é exatamente um LYKOS PÁLI? - Perguntei interrompendo o momento


fofo entre aluno e mestre

- Um LYKOS PÁLI é uma espécie de rito de passagem, ele só é praticado por


famílias de lobisomem tradicionais, onde para um lobisomem poder se tornar um
alfa de uma outra matilha, ele precisa primeiro matar todos os seus irmão em um
combate bestial.

- E o que é um combate bestial? - Merda, minha vida nesse colégio é um eterno


programa de "Porquês"!
- É um combate de alto nível, quando os dois desafiantes lutam em suas ultimas
formas! - o professor Koby se levantou e começou a explicar, eu só possuía uma
ideia superficial do que se tratava esse estado bestial - O estado bestial só pode
ser alcançado por aspirantes a "deuses", mas, nem todos os "deuses"
conseguem entrar em um estado bestial. - O professor Koby me encarou antes
de continuar sua fala - Mas aqui não é aula de nomenclatura para ficar
explicando as coisas, aqui é uma aula de combate! - O professor Koby pediu
para que a garota do meu lado se apresentasse.

- Meu nome é Lay Holsquimon, sou uma lobisomem e tenho 18 anos, e eu acho
que minha missão é ser igual ao meu pai!

Genérico de mais, inclusive é uma das minhas missões também.

- Sua vez meu servo! Se apresente corretamente. - O professor estava se


divertindo com tudo isso

- Meu nome é Saturno Drácula, obviamente, sou um vampiro, tenho 18 anos e


minha missão é ser mais forte que meu avô!

- Você é um Drácula estranho - O professor se posicionou na nossa frente com


os braços para trás

- Essa frase tem sido recorrente nos últimos dias

- Ótimo, agora que eu tenho uma leve ideia de quem querem ser, vamos ver do
que são capazes - o professor apontou para mim e Edy pedindo que nos
ajoelhássemos um de frente pro outro - Vamos ver a força de vocês através de
uma quebra de braço

- Vai ser mole! - pisquei para Edy em provocação que deu um sorriso leve, ele
parecia tenso

Nos posicionamos deitados de barriga pro chão, a grama leve balançava com a
brisa que passava pelo parque. Estávamos perfeitamente alinhados, mas a
diferença de tamanho era evidente entre nós dois, pelas minhas contas, ele deve
ter um metro e 60 no máximo, e o corpo franzino não ajudava em nada.
O professor se abaixou apoiando apenas um joelho no chão, ele segurou nossas
mão e colocou o mais reto que podia.

- Vocês podem usar suas forças totais, não precisam se segurar. lembre-se , não
é velocidade, é força que estamos testando aqui, então façam o movimento mais
lento que conseguirem. - Ele se certificou que nós acenássemos com a cabeça
antes de continuar - No três! 1... 2... 3... Já!

Assim como o professor havia instruído, começamos a quebra de braço. Nós


dois ficamos parados nos entreolhando antes de realmente começarmos a fazer
força. Mas, assim que nós dois começamos a levar a brincadeira a serio,
começamos a rir, para mim, o motivo da risada era nervosismos misturado com
histeria, não queria perder para um garoto que aparentemente era mais fraco do
que eu, mas conforme os segundos se passavam, ele demonstrou ser mais forte
do que aparentava e ele me surpreendeu, ele havia dominado a situação e meu
braço já estava quase tocando no chão, por um instante pensei em diminuir a
força e entregar a vitória a ele. Edy parecia estar se esforçando ao máximo,
então, resolvi colocar todas as minhas fichas em uma ultima tentativa, se não
desce certo, não aguentaria continuar. Foi neste momento que ele chegou ao
limite e eu comecei a ganhar espaço, e enfim virei o jogo em um grito de
empolgação. Virei de costas ainda deitado no chão e respirei fundo, já fazia
algum tempo que eu não testava o limite da minha força. E para ser sincero
comigo mesmo, não havia gostado do resultado.

- Impressionante, lobisomens possuem o triplo da força de um vampiro, mas


mesmo assim Satur se sobressaiu em pura força. - O professor levou as mãos
ao rosto pensando antes de falar - Satur, você possui uma força gigante, mas
está claro que não possui resistência e familiaridade com a "Anáptyxi Pónos", o
que é essencial para atingir o seu objetivo. - O professor Koby era calmo ao falar
- Já você, Edy, não sabe usar sua força, precisa aprender a manifestar esse
poder que carrega, isso está ligado diretamente a sua autoestima. Alguma
duvida da parte de vocês?

- Eu tenho uma, o que é "Anáptyxi Pónos" ?

- É um estado que que antecede a evolução pessoal de um ser místico, é quando


você fica entre dois universos, um que você atinge o próximo estagio ou uma
que você permanece a onde está, e sempre, literalmente sempre, esse estado é
pura dor e sofrimento.

- Entendi ... E como me torno familiar com esse estado?

- Sofrendo!

- Sinistro

- Chaga de papo! - O professor Koby deu um basta na minha pesquisa - Por


ordem de eliminação, saturno e Lay, é a vez de vocês, vamos ver quem é mais
forte

Nos deitamos de frente um para o outro. Lay me encarou, os olhos dela paresiam
perfurar minha alma, apesar de um jeito meigo, ela parecia confiante, e quando
o professor deu a ordem ela sorriu, e apesar de usar minha força no máximo, ela
nem se mexeu, nem parecia sentir a pressão, não tremia e nem parecia se
esforçar para segurar.

- Já posso finalizar? - Lay sorria enquanto tirava onda com minha cara

Lay começou a abaixar minha mão, em uma ultima tentativa desesperada tentei
a impedir da vitória certa, foi quando uma parte do meu braço continuou o
movimento enquanto a outra metade continuou agarrada na mão dele, meu osso
partiu em dois, dei um grito, soltei a mão dela e girei na grama gemendo de dor.
O professor Koby caiu na risada enquanto Edy tentava me ajudar.

- Acho que descobrimos quem é o mais forte de vocês três! - O professor Koby
continuava a rir enquanto se abaixava e me ajudava a colocar o osso no lugar -
Aqui vai mais uma lição, se o oponente for mais forte que vocês, não é vergonha
entregar o jogo, é mais elegante perder do que se machucar ou morrer

Após alguns minutos meu osso havia se recuperado. Mas, tenho que admitir que
não foi nada fácil, não sei explicar bem, mas, dependendo do local que os ossos
quebrem, a intensidade da recuperação será mais dolorosa do que outras. E no
tempo em que estava recuperando o professor koby começou a explicar um
pouco mais como seria o estilo que treinaríamos.
- Existem inúmeros estilos e formas de combate corpo a corpo, e o que irei
ensinar a vocês é basicamente ataques rápidos e com uma força extraordinária,
o soco de vocês precisam causar uma pressão no ar, mas para esse estilo de
luta, é necessário que vocês não se preocupem em receber ataques, então sinto
em informar que o nosso treino começa por isso, precisam aumentar a
resistência a dor, ou sejam, precisam apanhar!

Todos nós nos entreolhamos, eles pareciam questionar esse método, menos eu,
tenho certeza que meu olho estava brilhando, esse professor era um gênio. Ele
faz o anormal, e é isso que faz a diferença.

- Vamos, se levantem, vamos começar por você meu novo servo! - O professor
Koby me encarava com um sorriso no rosto

Todos nos levantamos ao mesmo tempo, e eu, caminhei até o professor que
estava a uns 4 metros de distancia, ele me segurou pelos ombros e me
posicionou de costa para ele e de frente para Lay e Edy, que me encaravam.

- Levar um soco sem esperar irá doer mais do que levar um soco esperando,
então vamos começar treinando a partir disso - o professor segurou mais firme
em meus ombros antes de dar a ordem - Se preparem! - Lay e Edy ficaram
apostos, eu não sabia quais seriam as ordens então me posicionei inclinado
levemente para a frente - Acertem dois socos na barriga de Saturno o mais forte
que conseguirem!

O professor colocou a cintura contra as minhas costas para não deixar que eu
me movesse muito. Endureci o abdômen segundos antes do primeiro golpe, Lay
foi a primeira, acertou um belo soco direito, e mesmo eu tendo tempo de
endurecer, senti meus órgãos internos balançarem, acredito fielmente que a dor
que começava a irradiar era ocasionada por uma hemorragia.

Quando cai de joelhos o mundo escureceu, senti uma enorme pressão na


cabeça e o ar ficou gelado. Não conseguia respirar, foi alguns segundos
angustiantes. Após a pressão passar e a luz acender novamente, entrei em
choque. Não estava mais na floresta, estava em um campo de terra compactada,
era uma terra vermelha, sem vida, o ar estava seco, havia um sol mas, era falso,
me pergunto se isso é uma ilusão, mas, está tão diferente...
Capitulo 17

Parado a uns 15 metros de distancia havia um grupo de pessoas, eles estavam


me encarando e estavam armados com facas e espadas, eles pareciam estar
agitados.

- Levante-se Saturno... - O professor Koby tomou a minha frente sem tirar os


olhos do grupo a nossa frente

Olhei em volta tentando entender o que estava acontecendo, realmente, isso


parecia uma ilusão, a paisagem era reta e não havia nada em quilômetros e
quilômetros de distancia, mas, a sensação era diferente de uma ilusão.

De repente, mais pessoas começaram a aparecer diante dos meus olhos, vários
alunos, incluindo Ayla e Andrew, acho que fomos 15 no total. Estavam sendo
tele-transportados, ou seja, haviamos sido trazidos aqui contra a nossa vontade.
Um feitiço desse nível sóo opode ser realizado por alguém muito poderoso.

Ayla puxou os revolveres e apontou em direção ao grupo a nossa frente, ela


estava três metros de mim e olhava em volta com bastante atenção.

- Ei seu merda! o que está rolando aqui? - Ayla me perguntou enquanto se


aproximava sem abaixar os revolveres

- E você acha que eu sei? - Falei tentando me levantar, mas com dificuldades,
Andrew correu em minha direção e me deu a mão me ajudando a me apoiar

Os demais alunos começaram a se aproximar de nós. Dois deles já estavam com


os poderes ligados prontos para ataque, era possível sentir que estavam prontos
para o combate. O garoto eu reconhecia, e nem tinha como não, afinal, não são
muitos que andam com uma bazuca nas costas, já a garota não era familiar, mas
o poder dela era igual ou só um pouco menor que o de Bianca.

- Crianças, eu estou dando ordens explicitas a vocês! - O professor Koby era


único adulto trazido até aqui, então era natural que ele fosse o responsável por
todos nós - Se entrarmos em combate, permaneçam na defensiva, mas, se
passarem por mim e atacarem vocês, tem a minha permissão para os matar!
- Olha só que humano ousado! - A voz ecoou de dentro do grupo inimigo a nossa
frente, eles então abriram espaço e o dono da voz caminhou até a frente deles -
Queríamos matar apenas as crianças dos nossos inimigos, mas, que bom que
vamos matar um professor de Oaks também!

O professor puxou as adagas e deu um sorriso cínico em resposta. O rapaz que


parecia liderar o grupo carregava uma tatuagem de uma lua no pescoço. Seu
cabelo espetado dava a ele um ar de rebelde, e seus brincos apenas
confirmavam esse ar. Ele era troncudo e um pouco baixo. Mesmo assim, parecia
ser bem confiante.

- Vocês estão prestes a descobrir o porque não devem provocar o colégio Oaks,
nós não somos o lugar mais seguro... somos o mais perigoso! - O professor
soltou uma das adagas e segurou na lamina com força causando um corte na
mão, quando o sangue dele atingiu o chão uma explosão de fumaça subiu 3
metros de altura e tomou conta em uns 5 metros quadrados

O professor disparou correndo cortando a nuvem de fumaça em um salto


subindo e caindo igual a um meteoro no meio dos inimigos, e logo o silêncio foi
substituído por gritos de dor e ferro atingido ferro. Na nossa frente havia uma
mulher com um robe vermelho extremamente fino, dava para ver todo o seu
corpo, estava totalmente pelada. A mulher soltou o robe que caiu por completo
no chão, suas mãos começaram a brilhar em um tom de roxo

- Alunos, cheguem mais perto! - A mulher gritou em um tom de urgência para


que entrássemos em um circulo que surgia a nossa volta

Os inimigos também ouviram a ordem e correram em nossa direção para evitar


a nossa fuga, pela expressão deles, não contavam com a presença dos
professores. Três dos inimigos a frente eram tão rápidos que iriam entrar no
circulo antes que ele se fechasse, então, eu deveria ser aquele que iria os
impedir.

Usei minha velocidade para atravessar o circulo e interceptar os inimigos. Com


certeza eram vampiros, isso porque suas presas estavam a mostra. Juntamente
comigo vieram Andrew e Ayla.
Ayla havia usado Andrew para copiar os poderes e estava tão veloz quanto eu.
E suas balas mais rápidas que a luz. Ela acertou dois deles fazendo com que
caíssem rebolando pelo chão. Atras de nós a professora nua nos encarava
enquanto finalizava o circulo e sumia com os alunos em um piscar de olhos. Tele
- transporte com essa quantidade de pessoas é muito difícil e requer um nível de
poder absurdo.

O único inimigo que não havia sido acertado por Ayla partiu para cima de mim
com uma faca. O golpe dele quase me atingiu por questão de alguns
centímetros. Esquivei e segurei em sua mão usando a força para puxá-lo até
mim. Dei um soco que fez com que ele ficasse semiacordado, segurei ele firme
com a outra mão. Isso foi o tempo suficiente para que Andrew com um golpe
perfurante atravessasse o peito dele arrancando o coração do vampiro. Essa é
uma das maneiras de matar um vampiro. o coração bateu alguns segundos na
mão de Andrew. Larguei o corpo que caiu seco no chão.

O professor enfrentava sozinhos os demais inimigos, isso até que com um único
golpe ele foi arremessado alguns metros no ar, caindo e se chocando com força
no chão. Corremos em direção dele e encaramos o grupo. O inimigo que o
acertou era o mesmo que estava falando no inicio de tudo. Seu olho brilhava
amarelo e ele sacudia a mão como se limpasse ela.

- Merda! - Esbravejou o jovem que parecia ter uns 28 anos - Foi difícil marcar
todos vocês, e mesmo assim um professor veio junto estragando todo o nosso
plano, mesmo assim, matar um Drácula, um Blade e uma Helsing será bem
impactante no mundo sobrenatural.

O nosso professor já havia se recuperado um pouco, mesmo assim, ele era um


humano que havia chegado ao seu limite.

- Meu servo, não se atreva a morrer aqui, ele é uma lua, entretanto, vocês são
três e essa ai tem uma arma que pode matá-lo, sobrevivam até que a professora
retorne, depois ela cuidará de tudo

Peguei as adagas com o professor e me levantei. Em nenhum momento Ayla


abaixou a arma, ela realmente é bem preparada para combates.
- Antes que eu te mate, teria como me explicar porque vossa senhoria quer nos
matar?

- Você é mesmo ousado, tinha que ser um Drácula, você não precisa saber de
nada, pois irá morrer aqui!

Nós estamos em desvantagem e com certeza os outros iriam ser um problema


se tivéssemos que enfrentar um cara que derrotou o professor com um único
golpe. Em questão de velocidade eu sou muito habilidoso, poderia enrolar até
Andrew e Ayla acabarem com eles.

- Eai, está com medo?

O Lua me encarou e sorriu, depois olhou para seus parceiros que também deram
risada.

- Meu nome é Darlen, sou portador da lua Mimas, umas das 12 grandes de
saturno. Estou a mais tempo vivo e já corri direto mais anos do que você tem de
vida para atingir a velocidade que tenho hoje. Antes de te matar irei brincar com
você...

Antes que eu pudesse piscar recebi um soco com tudo. Velocidade mais força,
igual a 20 metros rolando e batendo com força contra o chão, devo ter me relado
todo. Realmente Essa lua era veloz, entretanto, eu não estou muito atrás, ainda
aproveitando o embalo levantei e comecei a correr o mais rápido que conseguia.
Não era surpresa que ele conseguisse acompanhar meus movimentos, então
tudo o que eu fiz foi correr e desviar dos socos que ele proferia, por sorte esse
lugar que estamos é muito grande e reto. Darlen parecia estar se divertindo e
não parecia estar casando, ao contrario de mim. Olhando para Ayla e Andrew
eles estavam tão ferrados quanto eu. Mas Ayla estava com vantagem. A cada
tiro que ela dava, um morria. Essa minha espiada custou três dentes arrancados
e um nariz quebrado. Dessa vez não consegui me levantar antes que o inimigo
estivesse em cima de mim já proferindo um outro soco. Consegui jogar a cabeça
para o lado e o soco pegou direto no chão causando um tremor e uma rachadura
do chão. Ele começou a proferir socos e mais socos, e dessa vez tive que
segurar os impactos protegendo com os braços. Em poucos segundos meus
braços estavam destruídos. Vendo ele que eu não conseguiria mais me
defender, aplicou seu ultimo golpe perfurando meu coração.
Acho que é isso, vou morrer. Uma dor aguda tomava conta do meu peito, ele
poderia arrancar meu coração a qualquer momento, mas o sorriso dele indicava
qe ele realmente queria se divertir. Aos poucos ele começou a apertar meu
coração. Comecei a me sentir sufucado e sangue começou a escorrer pela
minha boca.

- Seu pai foi um dos que não quis entrar na guerra, mas agora que o filho dele
vai morrer, ele vai ter que tomar uma posição... - Darlen Sussurrava no meu
ouvido enquanto eu lutava para me manter consciente, a dor era absurda e parte
de mim desejava que ele arrancasse logo meu coração para que a dor passasse.
Mas, uma outra parte de mim se incendiou, aos pouco uma sensação de que eu
era invisível começou a tomar conta de mim. Então isso é o Anáptyxi Pónos.

Com a motivação súbita que me invadiu segurei o braço dele bem firme, e com
a outra mão atravessei em um golpe veloz e bruto entre os ligamentos do
cotovelo fragilizando o braço dele. Também usei a velocidade para dar uma
cabeçada nele que fez com que meu inimigo ficasse tonto. Era minha chance,
segurei o braço dele e o empurrei para longe arrancando o braço que estava
enfiado em mim bem no meio do cotovelo. Darlen gritou de dor e começou a
sacudir o braço dividido no meio respingando sangue por toda a parte. Ele
também me xingava de muitos nomes. Mas eu não podia dar brecha alguma
para ele. Então o ataquei subitamente usando toda a minha velocidade, e eu
conseguia sentir que estava um pouco mais veloz. Proferi muitos socos em
direção, agora com apenas um braço ele não conseguia se defender muito bem
e muito menos contra atacar. Finalmente havia o colocado em posição defensiva,
o único problema era que meu peito estava doendo cada vez mais com minha
movimentação. E aos poucos o mundo foi escurecendo. Ignorando a dor o
mundo escuro continuei a socar com toda a minha velocidade, havia aprendido
alguns padrões de movimento de Darlen e com isso, comecei a acertar alguns
socos. infelizmente, antes que eu pudesse continuar cai de joelhos diante dele.
Meu peito estava pegando fogo, e se todo esse liquido que esta em minha volta
for sangue, eu estou em grave perigo. Minha respiração estava ofegante e minha
visão desfocava toda hora quando escurecia. Eu não tinha mais forças para
continuar, havia chegado no meu limite.

- Seu merda, chegou bem perto hein... mas não tera outra chance, não vou mais
brincar com você. Adeus!
Darlen se aproximou e me atacou mirando novamente no peito, dessa vez não
havia mais nada que eu pudesse fazer. Mas no ultimo segundo o mundo parou,
o ataque, meu peito, a única coisa que estava se mexendo era meus
pensamentos. Na minha frente, bem atrás de Darlen havia um velho, vestido com
roupas finas e elegantes exibindo cabelos e barbas brancas me encarando, ele
levantou a mão e eu pude me movimentar novamente.

- Quem é você? - o velho ainda me encarava com uma cara de surpresa

- Satur Drácula

- Nossa, e foi você que deixou a lua mimo dessa maneira? - o velho e eu
encaramos Darlen, ele realmente estava em um estado mais acabado do que eu
imaginava, seu rosto estava sangrando resultados dos vários socos que
pegaram em cheio, e seu braço arrancado deixavam ele com uma aparência
bem acabada mesmo.

- Olha, se você não tivesse interrompido quem estaria morto agora era eu, e se
ele não tivesse parado para brincar comigo eu já teria passado dessa pra melhor

- Entendo, mesmo assim, é muito impressionante. Sou Lyonsem Grinfor, diretor


de Oaks, e por titulo ancião, demorei um pouco de chegar pois estávamos com
dificuldade de encontrar o mundo sem uma ancora forte.

- Mas que bom que chegou

- Agora junte-se aos seus amigos, preciso libertar todos esses inimigos e os
interrogar, mas antes preciso manda-los para a enfermaria.

Olhei em volta e a uns 15 metros estava Ayla e andrew em volta do professor


Koby e a mulher pelada. Usei minha velocidade para chegar perto deles, mas
fraquejei caindo assim que cheguei, por sorte ou azar cai bem nos braços de
Ayla que me segurou. Nossos rostos ficaram muito próximos um do outro. Ela
me segurou e me ajudou me apoiando nela.

- Seu idiota, me sujou de sangue

- Como foi que só eu sai sangrando daqui?


- Você e eu - interrompeu Koby - Alias, parabéns, assisti suas luta, você mostrou
instintos de batalha surpreendentes e superou a si mesmo nesta batalha

- Obrigado, agora vamos que eu ainda tenho um rombo no peito e estou com
fome

A professora fechou o circulo e nos tele transportou para a emfermaria de Oaks


que parecia mais com um hospital. Entretanto, a viagem me fez muito mal e eu
cai desmaiado assim que atravessamos a porta.
Capitulo 18

Acordei com minha cabeça doendo e meu peito ardendo. Olhei para baixo e
estava enfaixado. Na cadeira ao lado estava Bianca que se levantou no mesmo
instante que eu acordei.

- Como você esta? - Bianca parecia muito preocupado e segurou na minha mão
enquanto falava - Se eu tivesse te perdido... eu... eu não sei o que teria feito

- Esta doendo tudo...

- Também, fez cosplay de espetinho de vampiro - Andrew estava parado do lado


de Ayla que desviou o olhar no mesmo instante que nossos olhos se cruzaram

- Olha aqui, só tive uma aula de combate

- Quanto tempo eu dormi? - Tentei me levantar, mas só consegui com a ajuda


de Bianca

- Duas semanas e meia

- Duas semanas?! Como isso é possível? vampiro nem dorme se não quiser

- Você sofreu ferimentos muito profundos, os curandeiros optaram por deixar


você se regenerar da forma natural a pedido do seu pai

- Meu pai?

- É, ele esteve aqui, mas já foi embora depois que viu a marca do seu pescoço -
Bianca diminuiu o tom de voz - Ele pareceu ter ficado bravo, entretanto, disse
que "agora teria que fazer algo que ele não queria ter que fazer"

- Merda - Esbravejei ficando sentado e ereto

- E ainda tem mais... - Andrew caminhou e se sentou ao meu lado, Bianca ainda
segurava na minha mão e ficando colada em mim me ajudando a manter a
postura
- Mais?

- O diretor convocou um conselho de emergência com o pai de todos os


envolvidos, e todos sem exceção decidiram que deveríamos ter acesso desde o
primeiro ano ao programa de agentes, dessa maneira teríamos experiência na
pratica em missões

- Como assim agentes? Tipo FBI?

- Sim, todas as escolas possuem agentes espalhados pelo mundo que são
acionados para resolver conflitos pelas suas respectivas casas, existem ativos e
inativos, geralmente é através de missões que os seres místicos fazem seus
nomes

- Acho que isso é familiar, mas se já querem nos matar, porque nos colocar na
linha de fogo?

- Porque de qualquer forma metade de nós estaremos mortos até o final dessa
guerra civil entre monstros

- Isso é tenso! e como vamos nos tornar agentes?

- A nossa irmandade irá nos inscrever nos testes daqui a alguns meses, tempo
suficiente para nos prepararmos e treinarmos.

- Então vamos lá

Minha recuperação iria demorar um pouco mais, entretanto, era o tempo que eu
precisaria para compreender melhor tudo o que estava acontecendo. Eu possuo
o potencial a questão é, será que eu vou conseguir usa-lo?
Capitulo 19

A irmandade Grigoria tinha como sede principal e única, uma casa de madeira
de dois andares bem simples e relativamente pequena. Zyan havia recuperado
um item muito raro que ele trocou por uma casa perto das montanhas de neve
de Oaks. O terreno a volta engloba um pedaço de terra gigante lotado de arvores
coníferas que nós deveríamos proteger. E ainda, quando se tornaram uma
irmandade, receberam como responsabilidade patrulhar as montanhas do sul
para não sermos invadidos, o que acontece com uma certa frequência por aqui.
Por Oaks ser um lar de filhos de seres místicos importantes e ainda ter a fama
que tem, os inimigos se sentem tentados a medir seus poderes atacando o
colégio. E para que os professores não tenham que interromper as aulas para
deter os invasores, eles estabeleceram que cada irmandade e fraternidade seria
responsável para proteger zonas em Oaks. E dessa maneira, todas as
madrugadas eu patrulho por entre as montanhas de neve juntamente com Luca,
um bruxo calado que ainda não trocou uma palavra comigo. Todas as
madrugadas saímos em silêncio e em silêncio voltamos, a única parte boa é que
sempre que saio, Bianca ativa uma magia para me manter aquecido.

Depois de algumas semanas me adaptando a nova rotina e a nova casa, me via


perdido entre os dias. Quase não via o pessoal, Zyan e os outros veteranos
vivem em missões, e eu acabo patrulhando sozinho. Zyan e os demais veteranos
precisam viver em missões porque são os únicos membros da casa com
permissão para isso. Todos os alunos do segundo ano podem se inscrever na
prova para ter permissão de agentes, mas, para se tornar um agente da casa
que você representa, é necessário sobreviver ao exame pratico, o que costuma
reprovar cerca de 70% dos alunos, e quando falo em reprovar, significa que 70%
dos alunos morrem. E eu não sei bem o porque, mas se meu irmão sobreviveu
bem mais novo do que eu, na minha cabeça eu completaria a prova sem nenhum
problema. O direito decidiu que faríamos a prova mesmo sendo novatos. Minha
fama começou a melhorar depois que souberam que enfrentei uma das luas de
saturno e que eu sai vivo.

Os dias aqui são resumidos em horas e horas de treinos pesados e aulas chatas.
Apesar que vez ou outra algo interessante aparecia, tipo o motivo da separação
da pangeia. Descobri na aula que o que os humanos acham que foi causas
naturais na realidade foi por causa de uma guerra a muito tempo que envolveu
os mais poderosos seres que já viveram na terra. Era uma época em que
existiam seres com o nível de poder categorizado de Diogenes, esses seres são
praticamente deuses, isso tudo porque beiraram a zona de serem onipotentes.
Depois de um desentendimento, eles lutaram ferozmente, em um ataque coletivo
despedaçando a grande massa de terra chamado pangeia. Depois do ataque,
apenas 6 dos 27 Diogenes permaneceram vivos. Os sobreviventes perderam
grande parte dos seus poderes no ataque, ainda assim, são os mais poderosos
seres místicos vivos, hoje, chamados de anciões, o que inclui o nosso diretor,
isso explica como ele conseguiu parar o mundo apenas como poder da mente,
ele é um bruxo que domina sobre o tempo e o manipula ao seu bel prazer. Os
anciões se separaram e de tempos em tempos se reúnem para decidir questões
importantes sobre o mundo místico.

No mundo místicos existem categorias que dividem os seres em níveis. Por


exemplo, o mais baixo são agentes, eles representam uma fraternidade ou
irmandade de um determinado colégio, sendo os "soldados" de cada colégio.
Depois, vemos os mestres, que qualquer um pode alcançar esse titulo, basta
que ele se torne especialista em uma habilidade especifica, os mestre ganham
uma tatuagem formato de "V" no seu pulso para sinalizar que ele se tornou um
mestre.

Depois desse nível, vem o Gran Mestre, esse titulo você ganha dominando todas
as suas habilidades ao máximo, eles seriam do que os humanos chamam de
profissionais, esse é o nível em que estamos procurando alcançar, já que faz
anos que ninguém ganha esse titulo, os próximos a tingir esse nível se tornará
bastante visado, e modéstia a parte, Bianca e eu temos boas chances de atingir
esse nível.

Depois de Gran Mestre vem as luas de Saturno, um ser místico só pode ganhar
esse titulo se for escolhido por uma das luas para ser discípulo e herdar a lua
como codinome após a morte ou entrega da lua pelo ser místico representante
da lua. Esses caras são os mais poderosos entre a sociedade e são um grupo
que detém a maior liberdade dentre os seres místicos já que são respeitados em
todas as esferas da sociedade monstro. São uma organização que não respeita
regras ou diretrizes, eles apenas reconhecem o poder, e é claro que meu pai é
uma dessas luas, e meu irmão, o discípulo de meu pai.

Por fim vem os Diogenes, são seis no total, apenas as luas de saturno já viram
eles lutarem, já que, para oficializar o titulo de lua, você precisa lutar contra um
deles e mostrar ser digno de representar uma das luas. Fora esses caras,
ninguém jamais viu eles lutando, isso porque os seres místicos da atualidade
não possuem poder o suficiente para passar nem pelas luas que são os guarda
costas dos anciões. Na real, não se sabe mais se eles possuem ainda o nível de
poder de Diogenes, mas ninguém ainda pode testar.

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Estava jogado no sofá da sala em um sonho tão gostoso, mas como é uma casa
pequena e eu divido a casa com um grupo de jovens atentados, não demorou
muito para ser acordado, e nesse caso por Ayla e sua cara rabugenta.

- Acorda seu idiota! - Ayla jogou um pedaço de pedra na minha cabeça

- Ei! - esbravejei sentando no sofá levando uma das mãos para o local onde a
pedra tinha acertado - Como você conseguiu uma pedra dentro dessa casa? -
perguntei pegando o pedaço de pedra que havia caído do meu lado e joguei de
volta em direção a Ayla que desviou deixando a pedra pegar na parede

- Eu estava praticando uma magia de troca equivalente! - Bianca respondeu


enquanto descia pelas escadas que davam acesso da sala para o segundo andar
- Vocês dois se amam e não admitem

A cada dia Bianca se torna mais poderosa e bonita, as vezes preciso me


concentrar para não ficar a encarando muito.

- Eu ainda vou ter a cabeça do Drácula na minha parede se ele vacilar! - Ayla
não parecia estar brincando - Agora vamos seu idiota, temos aula!

- Já? Não faz nem uma hora que eu sai da ultima aula! - Reclamei levantando
do sofá e me espreguiçando

- Olha aqui, essa parada de termos que treinar para ser uma só equipe também
não é do meu agrado, e eu odeio o fato de você ser o líder, meu pai vai sentir
tanta vergonha de mim quando descobrir... - Ayla falava baixinho da cozinha, era
como se ela quisesse que apenas eu a escutasse

Dei um sorriso de canto e avancei para o lado de Bianca que terminava de descer
a escada. os degraus eram desregulados e o ultimo era o maior de todos, então,
estendi a mão para apoiar Bianca. Quando ela desceu Blade apareceu
subitamente na sala todo suado, ele esta ficando cada vez mais rápido. Blade
parou nos encarando enquanto eu ainda segurava a mão de Bianca.

- Olha só... De mãos dadas hein... Quando vão oficializar o namoro? - Blade se
jogou em direção ao sofá mas não chegou a cair nele, Bianca usou o poder da
telecinese para segurar ele no ar e o levar não muito confortavelmente para o
chão

- Aqui não é uma bagunça nojenta, eu deito nesse sofá, você não vai ficar se
jogando todo suado nele! - Bianca largou minha mão e andou em direção a
cozinha - Vamos logo vocês Dois!

- Sua namorada é muito chata! - Blade avançou em minha direção usando a


velocidade

- Ela não é minha namorada! - rebati em defesa enquanto seguíamos para a


cozinha

- Vocês se veem toda a madrugada...

- Para ela me manter aquecido nas patrulhas

- Vocês tomam café juntos...

- Porque as nossas aulas são no mesmo horário - Comecei a sentir que estava
perdendo no argumento

- Vocês conversam toda noite quando voltam das aulas...

- A onde você quer chegar? - Perguntei puxando Blade pelo braço


- Que você costuma ser um cafetão antes dela, antes você acordava uma noite
atrás da outra com uma garota diferente, o que aconteceu com aquele cara? -
Blade me encarava com uma pergunta muito difícil de ser respondida

- Acho que quando quase fui morto na noite anterior a vir para cá vi o quanto era
fraco - desviei o olhar, não consegui continuar a olhar para Blade ao continuar -
Fui derrotado por um imortal em poucos segundos, depois, os trotes me
mostraram que a situação era pior do que imaginava, por isso agora estou
levando as coisas mais a serio, não é a garota, é por mim, apesar que eu preciso
me tornar forte para protege-la...

- Ei, não precisa se envergonhar, não comigo! - Blade colocou a mão em meu
ombro e se abaixou para me encarar novamente - Antes de vir pra cá também
sofremos um ataque, mas minha mãe estava em casa e acabou com os imortais,
mas eu fiquei com tanto medo que me escondi - Blade lançou um sorriso antes
de continuar - Mas, preste atenção, essa garota, é muito mais que uma amiga!

Blade acelerou desaparecendo em direção as meninas que já haviam saído.


Fiquei alguns segundos refletindo nas ultimas palavras dele. Então o
acompanhei a fim de descobrir mais um pouco sobre o que ele tinha dito, não a
parte de Bianca, que eu presumo ser verdade, mas, sobre a parte anterior, se
ele havia também sido atacado, então era um padrão, padrão que se repetiu com
três pessoas. Aceleirei em encontro a Blade que já havia acompanhado as
meninas.

- Você sofreu um atentado na noite anterior do dia que viria para Oaks? -
Perguntei para confirmar os fatos na minha cabeça

- Sim, acabei de te dizer isso! Está com problemas de memoria? Deve ter sido
algum feitiço que Bianca errou! - Blade provocou Bianca com um leve sorrisinho

- Ei, eu nunca erro feitiços, eles que de vez em nunca erram comigo! - Bianca
deu um sorriso participando da brincadeira

- Não é estranho que tenhamos sofridos emboscadas no mesmo dia? E outra


coisa, não foram só nós dois, o bruxo que eu havia ido fazer meu totem também
sofreu um ataque, isso é muito suspeito, será que estão interligados?
- Seu idiota, é claro que estão interligados - Ayla entrou na conversa - Todos os
filhos de monstros sofreram uma emboscada na noite anterior, aparentemente
foi algum grupo rebelde organizado que planejou, claro que foram mal sucedidos,
até mesmo eu fui vitima da emboscada, a suspeita é que sejam o mesmo grupo
que nos atacaram

- Porque eles fariam essa loucura? - Bianca não parecia entender

- Acho que isso eu posso responder - Falei a encarando nos olhos - Estão
começando uma rebelião, monstros atacando monstros, estamos em guerra com
a nossa própria espécie!

- Minha mãe contou que os anciões não estão mais agradando, e que os
monstros querem uma nova ordem, querem que o conselho se dissolva para que
os monstros comandem tudo através do voto, como no mundo humano! - Bianca
estava com o olhar distante

- Mas eu não acho que essa rebelião perdure, a final, estamos falando dos seres
mais poderosos vivos, ninguém conseguiria tomar o poder a força! - As palavras
haviam saído da minha boca, mas não sei se acreditava nessa afirmação

- De qualquer forma, precisamos melhorar o mais rápido possível, se tentaram


nos matar duas vezes, nada impede de tentar uma terceira, esta na hora de
crescer, vamos fazer nossos pais dormirem descansados

Capitulo 20

06 meses depois

Caído sobre um dos joelhos prestava atenção em minha respiração. Estava


ofegante e meus batimentos cardíacos estavam bastante acelerados. Meu corpo
não esta se recuperando na velocidade que deveria, isso indica que já estou no
meu limite sobre-humano. A chuva forte que despenca dos céus sobre nós me
impede de sentir o odor dos inimigos, fora que o cheiro de terra molhada só
aumenta em meio aos carvalhos que se estendem por esse mundo infinito. A
floresta densa me faz ficar cada vez mais apreensível do que poderia se
esconder nas sombras dos arbustos espinhentos que se intensificam com o final
da tarde. Seria muita arrogância dizer que não estou com medo. Meus músculos
estão tremendo como nunca antes, e não é só o medo, o meu corpo nunca tinha
chegado a um estado de fadiga como esse. Já faz três dias que estamos em
combate, e a dois que não paro de usar meus poderes, até agora, eliminamos
35 inimigos de diferentes espécie. Ayla tem estado ligado a mim desde o
começo, dessa maneira, estou queimando minhas energias e habilidades por
dois.

- Merda! - Ayla esbravejou desacelerando do meu lado - Eles completaram o


cerco! isso já saiu do controle

- Tem mais quantas balas? - perguntei me levantando

- Só mais uma! - Ayla se agachou tentando regular a respiração - Estamos


ficando mais devagar ou é impressão minha?

- Estamos mais devagar! Não me alimento a dois dias, e minhas habilidades


estão sendo consumidas por duas pessoas... Se não dermos um jeito de acabar
com essa matilha de lobisomens, ainda hoje vamos morrer! - Apesar de estar
gritando, minha voz era quase um sussurro em meio aos trovões que
esbravejavam no céu

- Seu plano está indo ladeira a baixo, seu idiota! - Ayla não perdia a chance de
me insultar, e acredito que a situação só a deixe mais estressada

- Se não lutarmos vamos morrer aqui!

Ayla se jogou no chão não se importando de tudo a nossa volta estar pura lama.
A chuva estava muito forte, mas, as arvores ao nosso redor nos davam uma bela
proteção.

- E o que sugere sangue suga?

Me joguei deitado no chão procurando uma posição confortável, ignorando o fato


de que estamos sendo caçados por uma matilha de lobisomens em modo bestial,
mas, precisava de alguns segundos para recalcular o plano.
- Já sei! Vamos atrair eles até o rio, vamos usar a correnteza para manter nossas
costas protegidas, a final, eles atacam em bando, e se não poderem nos cercar,
não podem nos pegar de surpresa.

- É um bom improviso, pena que já estamos cercados...

- Olha, eu posso tentar usar meu livro de maldições. Ainda não aprendi a
controlar muito bem, mas será o suficiente para furar o bloqueio e ainda o atiçar
o suficiente para cair em nossa armadilha

- E você acha que consegue usar sem afetar a nossa velocidade? Eles estão
quase nos alcançando e se nos pegarem vão nos destroçar em segundos

- Vamos ter que arriscar!

Enquanto estávamos conversando como se nossas vidas não estivesse em


perigo, ouvi o quebrar de galhos a alguns metros atrás de mim. Isso significa que
era hora de ir. Nos levantamos e aceleramos começando a correr por entre a
mata densa. Por varias vezes alguns galhos rasgavam nossas peles. No inicio
nos regenerávamos muito rápido, mas agora, leva alguns minutos.

Quando corremos em alta velocidade, as gotas da chuva parecem cair em


câmera lenta. Nunca tinha reparado nisso, esse momento seria poético se não
fosse melodramático. Respirando fundo os cheiros se misturavam em um leve
toque de terra molhada com pinheiros, mas, quando o fedor de cachorro molhado
entrava na equação estragava as coisas.

- Estão a 40 metros a frente! - Gritei com Ayla antes de puxar o livro de maldição
e o segurar firme e aberto na pagina 5 onde a maldição do espinho negro ficava.

O livro de maldições é bastante antigo. Um dos professores de maldições ficou


todo ouriçado ao ver ele. Pelo o que Bianca pesquisou sobre esse livro, ele só
foi usado por bruxos esplêndidos que no mínimo dominavam todas as maldições.
Mas, os registros param por ai, aparentemente, todos eram corrompidos pelo
poder das maldições e acabaram mortos sozinhos.

Basicamente, as maldições só podem ser usadas por bruxos com almas


corrompidas e que possuem um grande controle de magia negra. Caso um bruxo
não encaixe nessas características, a maldição irá se voltar contra ele e o matar.
Por isso fiquei com muito medo de usar, isso e o fato de eu ser o primeiro vampiro
na historia a usar esse livro.

A primeira maldição que apareceu no livro foi a maldição da eletricidade. E como


até agora só posso usar uma agulha de cada vez e não consigo lançar elas com
a mente, tenho que me aproximar o máximo e lançar a agulha manualmente
enquanto ativo a maldição. O meu primeiro teste foi em uma arvore, mas, não
aconteceu nada, então, testei em Andrew para ver no que dava. Essa maldição
é de nível básico, ou seja, serve apenas para contenções menores. Mas Andrew
sofreu um bocado, já que quando a agulha perfura o oponente ele fica sendo
eletrocutado em intervalos muito pequenos, e quando tentam remover, o choque
dobra de força e assim por diante. A vitima só para de levar choque quando
permanece imóvel. Mas quando testei com Rafael, ele mostrou que não funciona
com seres místicos experientes e familiarizados com a dor. Ele retirou a agulha
em poucos segundos.

- Ali! - Gritou Ayla se referindo ao grande e fedido lobisomem que corria em


nossa direção quebrando um conjunto de arvores que estava no caminho dele
até nós

Os lobisomens possuem vários estágios de transformações, mas o ultimo estado


e o mais forte de qualquer ser místico, é o bestial. O lobisomem fica maior que
um urso e mais rápido que vampiros com velocidade normal, ele se torna uma
maquina de matar extremamente sanguinário. Correm como um lobo, mas,
quando atacam eles tem a curvatura de um urso. Fora a sua arcada dentearia
que não parei muito tempo para contar, mas ,deve ter umas quatro fileiras em
cima e umas cinco em baixo, é uma parada bizarra. As garras deles são como
adagas extremamente afiadas, devem medir pelo menos uns 30 centímetros.

- Pare! - Gritei em resposta puxando a agulha de dentro do livro. Depois, acelerei


o máximo que consegui em direção ao lobisomem

Nos últimos três meses tenho aumentado minha velocidade dia após dia, até
agora já alcancei a velocidade de 190 km em uma velocidade constante, e vou
de 0 a 100 em 10,01 segundos, mas acredito que isso é só o inicio... Eu já sou
mais rápido que a maioria dos vampiros, ou seja, tenho uma vantagem aqui,
vantagem essa que acaba quando vamos medir a força, e se somar com o
tamanho de um lobisomem em forma bestial minhas chances estão mais baixas
do que eu gostaria.

Saltei em direção a uma arvore. A gravidade fica um pouco volátil quando


estamos em alta velocidade, isso torna mais fácil subir nas coisas. Quando
toquei na arvore, ela começou a afundar, isso é uma consequência da velocidade
somado a força que tenho que fazer para me lançar mais alto. Precisava usar o
tronco como base para subir um pouco mais e escapar das garras do lobisomem.
No momento em que subi, a arvore se partiu ao meio lançando farpas do outro
lado. O lobisomem acompanhou o meu movimento saltando junto comigo.
Admito que por um segundo achei que ele iria me alcançar e me fatiar em
pedaços não muito iguais, mas, a garra passou reto causando apenas um
arranhão superficial em minha barriga.

- Se ferrou totó! - Gritei arremessando a agulha que cortou o ar num barulho


agudo e seco - "mávro ankáthi" - falei de forma audível e lancei a maldição na
agulha que perfurou as costas do lobisomem

Ele começou a sua queda já uivando de dor, e eu também iniciei minha queda
só que com um sorriso no rosto. Ayla me alcançou assim que terminei de dar um
rolamento ao atingir o chão. As aulas de Pakour ajudaram muito para que eu não
tivesse medo de saltar tão alto e ainda me deram mais opções na hora da luta.

- Essa maldição faz o que? - Ayla perguntou me puxando para que


continuássemos a correr

- Já viu um porco espinho? - rebati a pergunta começando a acelerar

- só imagens na internet!

- A maldição do espinho negro irá criar uma copia atrás da outra dentro do corpo
dele, até que ele se torne um grande porco espinho, só que de dentro para fora!
legal, né?

- A cada dia que se passa, você se torna mais poderoso! Me pergunto se não
devia te matar agora... - Ayla se expressava como se não estivesse falando em
me matar, e pelo o que conheço dela, não estava brincando
- Acha que conseguiria? - Provoquei Ayla enquanto estampava um sorriso no
rosto. Se é para morrer, que seja dando risada.

Ayla me encarou com um olhar furioso antes de continuar

- Olha aqui, Bianca te ama de verdade, por isso te dou o beneficio da duvida,
mas, se algum dia eu sentir que você corrompeu sua alma, vou te matar sem
hesitar... - Ayla ainda me encarava, e provavelmente estava tão focada em mim
que não percebeu o lobisomem saltando em sua direção

Estávamos correndo a uns 130 km. Não tinha como eles terem nos alcançado.
Além do mais, sou um dos melhores quando o assunto são cheiros e sons, e
afirmo com total certeza, esse lobisomem não estava aqui a poucos segundos
atrás. De qualquer forma, não posso deixar ele matar ela dessa maneira.

Me movimentei usando o resto das minhas energias para dar um pico de


adrenalina e superar a velocidade que estávamos. Empurrei Ayla e ela caiu
batendo com força no chão. tenho certeza que ela vai quebrar alguns ossos
nessa queda, não é muito bom cair em uma velocidade dessas, ainda mais de
qualquer forma, mas, é melhor do que ter a cabeça arrancada. Quando Ayla caiu,
eu tomei a posição dela. Não que minha situação fosse melhor, mas, pelo menos
estou de frente e posso me preparar para o encontro.

Nas aulas de sobrevivência, aprendemos que em caso de um ataque frontal de


um lobisomem, o melhor a fazer e saltar (coisa que eu não posso fazer agora).
A segunda opção é acertar um chute de baixo para cima (também não tenho
mais como fazer isso) e a terceira opção é tentar segurar no pescoço dele e
aguentar o primeiro impacto (as chances de morrer nessa opção são grandes,
mas é a minha única opção).

- Vamos lá! - Sussurrei esperando o impacto.

As patas da frente do lobisomem acertaram meu corpo em cheio. O impacto fez


com que a água da chuva que escorria pelo meu corpo criasse uma camada a
minha volta. Enquanto caiamos, o lobisomem tentou morder minha cabeça, mas,
joguei o pescoço para o lado e ele mordeu o vento ao meu lado. O barulho da
mordida ressoou no fundo da minha mente, a potência da mordida de um
lobisomem é 100 vezes maior do que a potência de uma mordida de um
crocodilo. O lobisomem fechou as garras em meu ombro e isso me fez gritar de
dor em resposta. Isso não seria o suficiente para me fazer entregar as fichas.
Assim que atingimos o chão, o impacto somado a velocidade nos vez começar
a girar, mas, estávamos unidos pelas garras deles em meu ombro.

- Vamos dançar! - Gritei segurando as patas dele

Nas aulas do terceiro mês, nos fizeram segurar diferentes tipos de rochas e
pedras. Ao todo eram em seis, escaladas em ordem de dureza absoluta. Fomos
de bolas de aço, a bolas de diamante, nosso objetivo? Esmaga-las com o que
chamam de Força de disparo, é quando apertamos um objeto com uma descarga
de força. E é exatamente o que vou fazer com esse lobo aqui.

Os ossos de um lobisomem são duros como Diamante, mas, não levei nem uma
hora para quebrar a bola de diamante. E agora que estou com minha vida em
perigo. Apertei de uma só vez. O Lobisomem uivou de dor em resposta, mas as
garras dele só me soltaram quando terminamos de rolar pela mata e lama, que
por sorte, eu terminei por cima. Pressionei meu joelho no tórax dele e me levantei
ainda segurando as patas dele. Ele começou a resistir tentando rolar, mas, eu
detinha a vantagem ali. Por isso, pisei no pescoço dele segurando mais firme as
suas patas. Quanto mais ele se debatia, mais eu apertava, estava perecido com
um toureiro em cima do touro tentando ficar os últimos segundos em cima do
animal, a diferença é que se eu largar, o touro vai arrancar minha cabeça em
uma mordida. Quando ele começou a se entregar, finalizei o empasse puxando
as duas patas e o desmembrando. Sangue para todo lado entregava nossa
posição aos demais lobisomens, logo, estaríamos cercados, mas esse aqui já
não seria mais um problema.

Todo esse lance durou cerca de 25 segundos. Tempo suficiente para que Ayla
terminasse de cair, tempo mediano para ela se tocar que eu a havia empurrado,
e tempo muito curto para evitar que eu levasse um socão no meio da boca que
me fez quase desmaiar.

- Que ideia de merda é essa de me empurrar em uma velocidade daquelas? -


Ayla estava gritando comigo, mas, surpreendentemente estava me ajudando a
levantar
- Eu salvei sua vida, ingrata! Mas só porque o cachorrão não merecia comer uma
merda feito você! - Gritei em resposta me apoiando no ombro dela.

- O rio está a poucos metros a frente, vamos!

Acenei com a cabeça começando a ser carregado por Ayla nos metros que
faltavam para chegar ao rio. Eu não tinha noção do estrago que as garras do
lobisomem haviam feito em mim, mas, pelo olhar preocupado de Ayla, a parada
estava seria. Feridas externas (qualquer coisa que não seja mística) se
cicatrizam rapidamente, mas, feridas místicas (causada por agentes
sobrenaturais) demoram muito mais. Perto do rio as arvores começavam a abrir,
até que paravam, pois, uma orla de pedregulhos se estendia em torno do rio.

- Chegamos seu idiota! - apesar de ainda estar sendo grossa comigo, ela me
colocou gentilmente no chão a uns 5 passos do rio

O sangue se misturava com a chuva que ainda caía forte, e agora, sem a
proteção das arvores estava caindo toda sobre nós. Mas isso deve ser bom,
sabe, lavar a ferida aberta, que pela dor, deve ser bem grande, e pela cara de
Ayla bem grave.

- Pare de me olhar assim, ainda vamos lutar contra uns lobisomens, sabe o lado
bom disso?

Ayla balançou a cabeça dizendo que não, ela soprava a água que escorria por
sua boca que estava azulada por conta do frio.

- Vamos morrer no por do sol...

A nuvem de chuva nos acompanhou desde que entramos neste mundo, mas, o
mundo continua na ordem que foi criada, por isso, no fim, do horizonte o sol se
põe sem ligar para o confronto que esta prestes a acontecer.

Ayla puxou uma das adagas e jogou enfincada ao meu lado, ela puxou outra e
segurou firme em sua mão esquerda. Ela também puxou o revolver e engatilhou.
Acho que ela ainda não desistiu.

- Então... Vamos morrer lutando!


Peguei a faca e me posicionei ao lado de Ayla, meu corpo latejava de dor. No
final das contas, ela não vai usar a ultima bala para me matar, mas, admito que
morrer ao lado dela não era assim uma ideia tão ruim.
Capitulo 21

- As coisas ainda estão seguindo o seu plano? - Ayla tentava manter os olhos
nos meus, mas, eles sempre desviavam para a minha ferida

- Mais ou menos, mas, se ela ainda não se manifestou é porque ainda não
concluímos a missão! - Com o avançar dos segundos a dor ia aumentando e eu
não consegui mais disfarçar a dor

Ayla ia comentar alguma coisa antes de ser interrompida pelo uivo mais macabro
que já ouvi na minha vida. Desviamos o olhar para a mata. Pela distância do
uivo, ele estavam perto ou em cima do lobo que eu havia desmembrado.

- Encontraram o corpo!

Ficamos apreensivos e em alerta. A qualquer segundo iriam atravessar a mata


e nos atacar. Admito que a chuva começou a atrapalhar minha visão e só deixava
a espera mais agonizante. Comecei até mesmo a me questionar se realmente
foi um bom plano. Eles confiaram em mim, e até agora quase morremos varias
vezes. Os segundos de apreensão esperando a chegada dos lobinhos não durou
muito. O primeiro lobo bestial apareceu na esquerda, logo em seguida, o restante
da matilha apontaram de dentro da mata. Estavam rosnando, a chuva que caia
forte sobre nós tornavam a aparência deles ainda mais amedrontadora. O
rosnado deles não era alto, mas a vibração deixava o ambiente mais sinistro do
que era para ser. Eles fizeram um semicírculo a nossa volta, mas, estavam
apenas se movimentavam de um lado para o outro, pareciam estar esperando
alguma ordem.

- Você acha que ela está entre eles? - Era a primeira vez que Ayla iniciava uma
conversa sem me chamar de idiota, acho que realmente estou para morrer

- Vamos ver... - Falei baixinho dando alguns passos para frente - Aquele era o
tio de vocês? A não! ele era o irmão mais novo? Foi tão fácil mata-lo, acho que
foi o mais fácil até agora! - Eu estava provocando eles, tentando despertar algum
sentimento

Do meio dos lobos, um começou a andar em nossa direção, e aos poucos


começou a se transfigurar. O lobo estava tomando forma de uma mulher, em
poucos segundos estava completamente pelada e parou a uns 10 metros de
nós.

Ela chamava a atenção, não parecia ligar para o frio que vinha com a chuva que
caia sobre nós. Ela me encarava com um olhar furioso, senti, um arrepio na alma
quando nossos olhos se encontraram. Os olhos dela brilhavam com uma luz
branca opaca, não existia íris, apenas um vazio branco no lugar dos globos
oculares, no meio de sua testa uma lua em formato quase completo brilhava
forte. Agora que ela não estava transformada, podíamos sentir o poder dela. O
meu plano havia dado certo, mas, não era assim que parecia.

- Você... você matou o meu amor, e eu não vou te perdoar!

Ela era uma bruxa transformista, exatamente como havia imaginado. Mas, não
imaginava o quanto ela era forte. Ayla correu tomando a minha frente. Não faço
ideia do porque ela estava agindo dessa maneira, será que minhas feridas são
tão graves assim?

- Você, garota de cabelos vermelhos, vai morrer aqui também, mas, não negarei
essa refeição aos meus lobos. - Ela levantou a mão e logo em seguida abaixou,
os lobos dispararam no mesmo instante em nossa direção

Na minha cabeça, queria me deslocar para tomar a frente de Ayla. Mas, no


mesmo momento que ativei meus poderes cai de joelhos, meu peito ardeu e eu
fiquei tonto. Ayla por outro lado disparou em direção ao lobos. Ela deslizou pelos
cascalhos e abriu a barriga do primeiro lobisomem com sua adaga deixando as
vísceras do animal exposta pelo chão. Logo, ela estava saltando e socando os
lobisomens. Toda a matilha parecia estar em sincronia nos ataques contra Ayla.
Estávamos perdidos, se eles não chegarem nos próximos segundos, vamos
morrer...

A bruxa se aproximou andando devagar. A cada passo dela minha dor ia


aumentando, até que cai sentado, acho que ela esta usando minha ferida para
canalizar alguma magia.

- Vocês acharam que entrariam no meu mundo, pegariam meus artefatos e


sairiam daqui vivos? - Enquanto ela falava, ela também gesticulava com bastante
raiva - Tenho mais de 500 anos de idade! Vocês vão morrer hoje, mas você vai
sofrer o inferno antes de partir!

A bruxa parou a quatro metros de mim. Estendeu o braço e apontou a palma da


mão em minha direção. Em seguida, lançou um feitiço em forma de uma faixa
de luz branca fina que cortou o ar causando uma pressão que fez a chuva ao
redor cair ao contrario. Levantei a mão em um ato involuntário de defesa. A
velocidade do feitiço era maior que a minha no meu estado atual, desviar é
impossível para mim.

No ultimo segundo antes de ser atingido, Bianca tomou a frente, e com apenas
uma das mãos desviou o ataque para o chão. Quando a magia acertou a terra,
vi o estrago que teria feito em mim. Uma cratera de uns dois metros de
circunferência se formou em modelo espiral. Se tivesse pegado em mim, com
certeza meu braço teria sido arrancado. Elevando os olhos, vi blade e Samuel
entrarem na briga contra os lobos. Retornando a atenção para a bruxa que queria
me matar, acompanhei o dialogo entre as bruxas.

- Não vai encostar nem se quer um dedo no meu namorado, a partir de agora,
eu serei sua adversaria! - Os olhos de Bianca se iluminaram e a bruxa
transformista recuou alguns metros em um salto evasivo

- Você é diferente dos demais bruxos que cruzaram este mundo!

A bruxa transformista não me encarava mais, agora sua atenção estava toda em
Bianca, ainda bem... Agora que estou completamente seguro, posso enfim
relaxar, meu plano havia fugido do controle a alguns lances atrás, mas, no final,
as coisas se ajeitaram.

Sentei no chão com um pouco de dificuldade. Minha visão escurecia de segundo


em segundo, acho que estou perdendo mais sangue do que está sendo
produzido pelo meu corpo. Fomos enviados a este mundo com o intuito de
ganhar nossos distintivos para realizar missões no nosso mundo. O objetivo
desta missão? Tomar posse de uma maleta com itens raros de magia guarnecido
por matilhas de lobos em modo bestial, mas, assim que entramos, Vick sentiu
uma presença estranha entre os lobos, como se existisse entre eles um bruxo
transformista. Ela é a melhor sensorial do grupo, então, alterei o plano. Iriamos
eliminar cada um dos lobos até encontrar o bruxo transformista, e agora, acho
que não só encontramos um bruxo, mas, se aquele lobo era namorado dela,
então, existia dois. A esta hora, Vick e sabrina já atravessaram o portal com a
maleta e a missão foi finalizada com sucesso.

Enquanto tentava não desmaiar, Bianca e Bruxa transformista começaram o


duelo. Bianca não gosta de matar, mas, nas aulas em Oaks fomos instruídos a
usar magia letal quando o oponente for mais forte e experiente, só na união
desses fatores é que devemos usar magia e ataques letais. Bianca começou
com ataques de curta distancia.

As magias podem ser lançadas de formas verbais e não verbais, vai depender
da magia, do poder e da experiência do bruxo. Os ataques não possuem
padrões, podem variar de acordo com a magia, elemento e nível de poder, uma
magia pode ter três níveis, o primeiro sendo o básico, o segundo nível mestre e
o terceiro Diógenes.

Bianca sempre começa com um ataque para medir a velocidade de resposta do


inimigo. O elemento mais rápido é o elemento vento, por isso ela usa a magia
"dóry", uma lança de vento que percorre o ar em uma velocidade absurda. Ela
mirou no peito da bruxa transformista que levantou uma parede com os
pedregulhos os transformando em um escudo solido. O choque da lança com os
pedregulhos estilhaçou a parede. A lança conseguiu perfurou o escudo, mas,
desviou de trajetória sendo ricocheteada para cima.

O contra ataque da bruxa transformista foi rápido, ela recitou "Rocky Shot" e a
parede tomou forma de diversas esferas pequenas e com o movimento das mãos
foram disparadas em nossa direção como um tiro. Bianca movimentou as mãos
e seus olhos brilharam quando ela formou em nossa volta um furacão que
mesclava o elemento vento com o elemento de agua, canalizada da chuva,
formando uma defesa que misturava a velocidade do vento com a força da
agua.

Em seguida ela canalizou o furacão para tomar forma de uma cabeça de dragão
lançando o ataque em forma de semicírculo em direção a bruxa, Bianca também
usou novamente a magia "dóry" transformando o seu movimento em um ataque
duplo. A bruxa transformista usou uma magia de defesa também do elemento
água e assim desviou o ataque dragão, mas, ela não contava com o segunda
ataque. A lança de vento pegou em cheio no ombro da Bruxa transformista que
gritou de dor enquanto um buraco de 3 centímetros se abria em seu ombro
permitindo ver o outro lado através dela, mas, ela não recuou da batalha.

Assim que terminou de girar após receber o impacto do ataque usou uma magia
pessoal (uma magia particular, que só ela sabe como ativar, admito que era de
se esperar que uma bruxa que vive isolada em um mundo esquecido tenha
desenvolvido uma magia pessoal), ela bradou em alto e bom som, "dánkoma
lýkou". uma espécie de boca de lobo se formou em nossa volta formada pela
terra e misturada com uma capa verde da magia da bruxa. Logo a boca havia
sido revestida de dentes afiados e em poucos segundos fecharam em uma
mordida, iriamos ser empalados pelos dentes do lobo de pedra se Bianca não
tivesse estendido os dois braços, apontando a palma das mãos uma para cada
lado da boca disparando um ataque direto de poder. A facha de luz roxa que saia
da mão de Bianca indicava que era um ataque canalizado direto da fonte, havia
sido canalizado diretamente do poder de Bianca, esse tipo de ataque é o ataque
mais puro de um bruxo. Bianca confiava tanto no seu poder que usou um ataque
pessoal contra uma magia pessoal, isso era coisa de bruxos nível mestre, um
movimento ousada que Bianca podia fazer de forma tranquila. A boca do lobo foi
destruída antes que pudesse se fechar, mandando pedaços de pedras para
todas as direções.

Bianca não estava com muita paciência para continuar com aquele confronto,
acho que em grande parte porque eu estava atrás dela agonizando de dor.
Bianca ativou um ataque de elemento terra. Proferiu um chute no ar, subindo a
perna de forma reta até a altura do peito e quando o seu pé atingiu o limite do
peito um espinho de terra saiu de dentro dos pedregulhos a alguns centímetros
da bruxa transformista atravessando sua barriga bem no centro a levantando
alguns centímetros do chão a fazendo escorregar de volta ao chão lentamente.
A bruxa cuspiu sangue nos primeiros segundo enquanto segurava o pedaço de
terra que a mantinha pendurada, logo Samuel e Blade a agarraram pelos braços
a imobilizando, Ayla apareceu na frente com a arma apontada para a cabeça da
bruxa. Se ela tentasse lançar alguma magia, Blade e Samuel arrancariam os
braços dela e Ayla iria meter uma bala especial na cabeça da bruxa.

No mesmo instante que a bruxa transformista foi imobilizada Bianca virou, se


colocando de joelhos ao meu lado. Admito que já estava começando a seguir a
luz quando ela colocou a minha cabeça no seu ombro e o pulso em minha boca.
Morde-la foi instintivo, não me alimentava a um tempão e meu corpo havia
perdido muito sangue. Sempre que eu mordia alguém conseguia sentir suas
emoções, Bianca estava agitada, normal, já que havia acabado de sair de um
duelo de vida ou morte, mas, o sentimento que predominava era o de
preocupação, seguido pelo medo. Então parei de beber o sangue dela e comecei
a tentar acalma-la.

- Ei, relexa, foi só um arranhão... - Tentava não fraquejar ao falar, o sangue que
havia bebido já começava a me recuperar e eu podia sentir o processo
acelerando

- Você é um líder muito descuidado, devia ter deixado os liderados serem a


isca...

- Mas ai eu seria igual ao restante da minha família, eu vou ser diferente deles,
eu serei melhor

- Mas para isso deve estar vivo!

- Por isso eu tenho você!

Os batimentos de Bianca começaram a desacelerar, senti o olhar dela mudar de


um olhar preocupado para um olhar aliviado. Agora podia continuar meu
processo de cura, bebi mais um pouco de sangue dela antes de Bianca lançar
uma magia de aprisionamento na bruxa transformista e uma magia temporal para
atrasar em alguns minutos o sangramento dela até a levarmos para Oaks.
Graças a Samuel, minha dor também foi substituída por um incomodo leve, e eu
continuei a descansar em baixo de um guarda-chuva feito de agua, irônico não
é mesmo?

Demoramos quase uma hora para chegar no portal que nos levaria para o mundo
real, e logo depois poderíamos nos tele transportar para Oaks, dessa maneira
finalizando nossa missão e se tudo der certo, receberemos nossos distintivos
ainda hoje.
Capitulo 22

Já estávamos quase no final do ano. Minha notas foram boas em quase todas
as matérias, apesar que consegui me destacar mais na área de combate, com
isso, assim que recebermos os nossos distintivos poderemos partir em missões
nas férias, estaremos cada vez mais aptos a enfrentar todos os inimigos que
aparecerem.

A escola estava reunida em uma das praças de oaks quando chegamos, haviam
construído um palco e colocado varias arquibancadas para os alunos
prestigiarem os recém chegados. Minha equipe e mais 10 se candidataram para
se tornarem agentes, cada um recebeu um mundo místico que deveríamos
invadir e retornar com um artefato.

O mundo mistico ou como é mais conhecido, mundo bruxo, é um lugar criado


por algum bruxo poderoso, ele pode ser similar ao nosso mundo, ou
completamente utópico, leva anos para ser construído e pode ser infinito como
o mundo que estávamos a pouco. Basicamente o mundo só é limitado pelo seu
criador. O que acontece é que quando o bruxo morre, o mundo continua a existir,
só que agora se torna selvagem e nada seguro. Os agentes são comissionados
a explorar ou a resgatar artefatos perdidos nesses mundos.

Fomos recepcionados calorosamente, apesar da minha situação e a da


prisioneira. Assim que aparecemos com o inimigo, dois professores de Oaks
vampiros praticamente brotaram em nossa frente e os alunos ficaram em
silencio.

- Saturno, explique a situação! - Os dois professores puxaram adagas e se


posicionaram contra a inimiga

- Ela protegia a caixa que deveríamos recuperar, quer dizer, ela e o namorado
que eu mesmo eliminei

Mais dois professores chegaram diante de nós enquanto do alto do palco o


diretor nos observava com os dois braços cruzados.

- Essa é valmir belrrur, ela é uma lua de saturno, como capturaram ela? - Os
professores estavam agitados e pareciam nervosos
- Ela era forte, mas eu sou mais! - Bianca havia adquirido uma grande autoestima
conforme o tempo passava, acredito que isso foi canalizado da minha parte da
ligação

- Vamos leva-la agora para prisão, ela é procurado a mais de 100 anos por
assassinatos a místicos

Os quatro professores assumiram o transporte da prisioneira a conduzindo pelo


campos. Aos poucos os murmurinhos cresciam e ficava cada vez mais difícil
conversar entre nós. O professor kobi me recepcionou com uma bruxa
curandeira. Ela acelerou o meu processo de cura e em poucos minutos estavam
em cima do palco.

Fomos a primeira equipe a retornar da missão, e isso que passamos 15 dias


naquele inferno. Zyan como líder da irmandade também era responsável por
forjar nossos distintivos. Eu estava emocionado e de certa forma muito orgulhoso
por ter chegado até aqui. Havia superado meu irmão, já que me tornei agente no
meu primeiro ano. Bianca estava quase cintilante, Samuel e Vik estavam neutros
e de certa forma pareciam distantes. Sabrina estava tão empolgada quanto Ayla,
ou seja, estavam completamente de cara fechada, ambas queriam apenas tomar
um banho e dormir, não necessariamente nessa ordem. A escola foi ao delírio
quando recebemos nossos distintivos marcados com "O" de Oaks envolto de um
rubi vermelho.

O diretor de Oaks se levantou de uma das cadeiras e andou até nos pedindo que
entregássemos a caixa para ele. A caixa foi posta em cima de uma bancada e
dois professores bruxos auxiliaram a abertura da caixa.

- Vamos ver o que conseguiram achar - O diretor parecia tão empolgado quanto
Bianca para saber o que havia dentro da caixa. Os exploradores do mundo só
sabiam que havia uma caixa naquele mundo, mas não sabiam o que havia dentro
da caixa, seria a primeira vez em séculos que aquela caixa seria aberta, todo
cuidado é pouco, se bem que estávamos diante de um dos anciões, não haviam
muitas coisas que poderiam mata-lo tão facilmente.

Quando a caixa foi aberta uma fumaça sinistra subiu pelo ar, e pelo brilho do
olho do diretor o artefato era poderoso.
- O olho que tudo vê! Esse é o colar mais poderoso que poderia cair nas mãos
de um vampiro, da ultima vez que eu o vi estava com Vladir Drácula e ele chegou
bem perto de me ferir com ele - o diretor se virou para mim e estendeu o colar -
Acho que ele deve ficar com um drácula...

- Agradeço a oportunidade - Falei segurando o colar - Mas, quero superar o meu


avô sem adereços - me virei para blade e fiz um sinal para que ele abaixasse a
cabeça

coloquei o colar em Blade e ele sentiu a pressão do colar que o fez cair de
joelhos. O ajudei a levantar imediatamente.

- Bem, sei que devem estar exaustos, por favor, vão descansar e aproveitem sua
vitória, tenho certeza que a irmandade grigoria preparou uma recepção festiva...
- Diretor se virou e foi conversar com outros professores

- Bem, acho que está na hora de descansar...

___________________________________

Zyan foi na frente para preparar a recepção, e enquanto caminhávamos


lentamente para nossa irmandade riamos e discutíamos sobre como quase
morremos varias vezes, inclusive, se não fosse por Samuel, teríamos morrido
envenenados comendo uma fruta pra lá de estranha.

Samuel nessa aventura se mostrou muito mais que um amigo, e eu confiava nele
para qualquer coisa, até aquele instante. Instante que meu mundo desabou e eu
vi o céu cair sobre mim. Bianca foi desacorda com um único golpe por Samuel. E
Vick, atravessou a mão por de trás de Blade arrancando o seu coração e
puxando o colar junto para si. Ayla e sabrina tentaram reagir, mas samuel foi
mais rápido e desacordou as duas em dois movimentos, eu não conseguia
entender, de onde tinha vindo aquela velocidade? De onde tinha vindo aquele
poder? Eu assisti Blade cair desacordado sobre os joelhos. Eu estava perplexo
de mais para reagir no mesmo instante. Não conseguia entender o que estava
acontecendo, fiquei totalmente sem reação.

- Por... porque? - foi a única coisa que saiu da minha boca

- Nós íamos esperar mais um pouco antes de nos revelarmos, mas, esse colar
é muito poderoso para ficar em suas mãos, fora que Blade trás um perigo para
o nosso plano

- Não... Não pode ser... - Meus olhos ainda encaravam Blade, meu melhor amigo,
meu amigo mais antigo, morto diante dos meus olhos

Vick ativou um colar e segurou em Samuel desapareceram deixando para trás


apenas uma carta. Corri até Blade e me debrucei sobre ele. Não podia conter as
lagrimas que começaram a cair. Não conseguia dizer nada, mas meu grito falou
tudo o que eu estava sentindo. Dor, tristeza, incapacidade, o som do meu grito
atraiu pessoas e mais pessoas, até que Zyan chegou. Tentaram acordar Bianca
e os outros, mas eles haviam sido nocauteados atraves de uma magia poderosa.
Fiquei com o corpo até que os professores chegassem, seguido pelo diretor.

- O que aconteceu aqui?

- Eu fui traído por um membro do esquadrão, peço autorização para caçar e


matar samuel e vick

O diretor permaneceu em silencio por alguns segundos, e quando me encarou


nos olhos deu seu posicionamento.

- Permissão concedida, use o que for necessário para captura-los

- Desculpe ancião, mas a única coisa que trarei para cá é a cabeça deles

______________________________________
A morte de blade foi impactante para mim, mas também pegou Sabrina
desprevenida. Eles estavam tendo um lance, não chegaram a oficializar, mas
todos nós sabíamos. Passei os demais dias em uma mistura de luto e vingança.
Os agentes possuem autorização para usar equipes especiais para localizar
inimigos. E eu dei a ordem para a busca assim que pude. Enquanto isso só
poderíamos esperar alguma informação que nos levasse até eles. Na carta que
Samuel havia deixado havia uma explicação dessa traição.

"Se vocês estão lendo essa carta significa que finalmente nós agirmos, a missão
é espionar de perto o Drácula e Bianca, esperando a hora certa de agir,
entretanto, se o que tiver na caixa for o que estamos pensando, os planos
mudaram, a muito tempo nossa ordem foi traída por uma lua de saturno que
roubou um artefato necessário para que tragamos de volta aquele que foi
esquecido. Uma nova ordem esta surgindo, os anciões vão cair e tudo o que
você conhece vai mudar."

Ele havia escrito essa carta durante nossa missão, então desde ali ele já
planejava matar um de nós, eu não posso perdoar ele. Entre amor ou sangue,
sempre escolherei o sangue. Eu vou me vingar e mostrar a ele porque sou um
drácula.

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