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ser acordado, e isso me deixa muito irritado. Mais uma vez estava tendo
um sonho maravilhoso com uma festa de aniversario muito agitada. Todo mundo
acha que aos 18 se tornará invencível, os jovens costumam achar que são
imunes as consequências... bem, para mim, isso é uma verdade. Afinal, sou neto
do Drácula, e como neto do Drácula e um vampiro puro, posso fazer qualquer
coisa, quer dizer, quase qualquer coisa. Ainda não posso sair no sol, mas, hoje
completo 18 anos de vida, então, vou finalmente ganhar meu totem marcado na
pele, e sair no sol já não será mais um problema.
Como Vampiro, acho que estou cumprindo o meu papel, sabe como é, tomando
sangue humano direto da veia, curtindo a noite toda, coisas de vampiro mau,
mas como filho, acho que não tenho sido o melhor exemplo, exatamente pelos
mesmos motivos. Meus pais dizem que tenho que ser mais responsável, que
tenho que parar de acordar quase todas as manhãs com uma humana diferente
na minha cama, e que também tenho que aprender a dominar minhas
habilidades, só não sei pra que, já que sou rápido o suficiente para encurralar
qualquer pessoa e meu poderes de hipnose são muito bons. Tenho quase
certeza que meus pais queriam que eu fosse igual ao meu irmão, ele sim é um
exemplo para eles. Acho que Victor é um exemplo para todos os monstros que
vivem ao seu redor, se formou no colégio Oaks aos 15 anos. Agora acho que
você deve estar se perguntando o que diabos é o colégio Oaks? e porque esse
nome está na capa. Em resumo, é um colégio interno para monstros, onde você
aprende a dominar suas habilidades para não ser descoberto pelos humanos e
consequentemente ser caçado por eles, já basta os Idiotas remanescentes que
ficam por aí bancando uma de Van Helsing. Oaks também é um internato de
elite, não só por ter professores de ponta, como também ser o lar de alunos
brilhantes e de famílias renomadas, e pela faixa de idade desse colégio variar
entre alunos de 18 anos à 23, meu irmão ter se formado com 15 foi algo mais
que brilhante, um orgulho para todos, mas para mim, é só alguém com quem
meus pais me comparam, apesar que gosto muito dele, mesmo com seu jeito
todo frio e autoritário.
- Da próxima vez que eu vier aqui é melhor você estar de pé e tomado banho -
Lufeia apenas passou falando enquanto andava pelo corredor
- Saudades de quando me acordava puxando a coberta - Gritei o mais alto que
consegui, Graças a audição apurada, pude ouvir ela dizer que da próxima vez ia
ser pior
Quando saí do banho me arrumei como sempre, uma calça Jeans, uma camisa
toda preta de manga comprida e gola alta, um Allstar de cano longo e por força
do destino, decidi não vestir minha jaqueta favorita (Uma jaqueta com espinhos
prateados nos ombros). Quando estava prestes a sair do quarto, Lufei apareceu
na porta, ela usou seus poderes para me empurrar de volta até minha cama e
me fez sentar. A uns três meses atrás tentei resistir, mas Lufeia é muito mais
poderosa do que eu, em questão de força bruta devo ser mais forte, mas, em
questão de magia ela é infinitamente mais, e com esses mesmos poderes ela
abriu as cortinas, o que permitiu a Luz da lua entrar... é, para mim o dia é noite,
e noite é dia, igualzinho nos filmes de monstros, por pouco tempo se me permitir
dizer.
- Eu jurei que quando você estralasse os dedos iria aparecer uma nova lista de
regras - Provoquei dando uma leve sacudida na caixinha de madeira bastante
detalhada
Olhando mais de perto, os detalhes na verdade são runas, que são basicamente
letras ou símbolos que carregam segredos e mistérios, geralmente usado por
bruxas para nutrir ou preservar uma magia ou feitiço.
- Pare de enrolar e abra logo, daqui a pouco seu irmão vai chegar
- Victor está vindo? - Perguntei abrindo a caixinha e dando de cara com um colar
com uma runa entalhada em um pedaço de madeira circular, era simplesmente
lindo.
- Estamos no século 21, não se usa mais cartas! - Respondi colocando o colar -
Qual o mistério por de trás dessa runa?
- Essa Runa foi entalhada por mim mesma, ela irá te manter vivo por alguns
minutos a mais, independente do ferimento, isso irá dar a chance de você ser
salvo ou reconstruído
- Alguns anos de minha vida... - um silêncio tomou conta do quarto que foi
quebrado por Lufeia mesmo - por isso espero que você não use essa runa
Quando Lufeia estava saindo do quarto, parou na porta. Isso me levou a crer que
ela iria dar mais algum aviso, mas, quando ela virou para mim com o olhar
assutada, pude ver que algo não estava certo. Nunca tinha visto ela com medo
de nada, nem mesmo quando meu pai perdeu o controle e se transformou em
uma besta gigante, aquilo sim foi assustador pra cacete, meu irmão e meu pai
quebrando a sala de jantar toda.
- Eles não são simples caçadores, dá pra sentir, temos alguns minutos antes que
entrem na casa - os olhos de Lufeia brilharam um verde neon e eu pude sentir
poder exalar dela, ela havia ativado os golens de pedra - Isso irá nos dar mais
algum tempo...
- Esse aqui é bastante veloz para a idade... Quem diria que conseguiríamos nos
livrar de uma bruxa poderosa e ainda levar de brinde um dos filhos do Drácula,
o líder vai gostar do relatório, vamos o matar e sair daqui o mais rápido possível.
– O caçador falava de uma forma relaxada, como se aquilo fosse normal para
ele
Acordei com um cheiro estranho invadindo minha cabeça, quando abri os olhos,
tive uma enorme surpresa, Lufeia estava com uma espécie de madeira na minha
frente, e quando suspirei fundo, quase vomitei com o cheiro amargo que vinha
daquele pedaço de pau.
- Vou ficar se você tirar essa parada do meu nariz!- Falei quase em um gemido
empurrando a mão de Lufeia para longe, nunca senti uma dor como essa - Meu
peito esta doendo...
- Deve ser porque levou uma sequência de tiros de balas de madeira, de uma
coisa é certa, você é bastante resistente!
- Então você é o que? porque eu vi aquele caçador arrancar sua cabeça. - ironizei
o fato tentando me levantar
- Victor foi ver se a área está livre de caçadores - Lufeia começava a levantar os
corpos com o poder da mente enquanto os levitava em direção a grande lareira
do salão - Esses caras não são comuns, não podemos arriscar, nenhum deles
pode sobreviver! Conseguiram passar pela minha barreira sem que eu
percebesse e ainda atacaram um Drácula, nenhum dele pode sair vivo...
- Como assim não são comuns?
- Esqueça Drácula, vá se arrumar logo, não vamos deixar que uma tentativa de
assassinato atrapalhe seu aniversario
Se tem uma coisa que aprendi com a vida, é a obedecer as ordens de Lufeia. Eu
podia revelar o que eles me disseram, mas preferi deixar para lá, não deve ser
nada importante, monstros formam grupos o tempo todo, esses caçadores
devem fazer parte um clã qualquer que está brincando de caçar.
O tempo que levei para me arrumar não deu nem para começar a organizar o
emaranhado de perguntas que não paravam de chegar. Se existia uma pessoa
que poderia responder todos esses questionamentos, essa pessoa era meu
irmão, isso se estivesse de bom humor. Quando terminei de me arrumar e me
virei, levei um susto que me fez dar dois passos para trás e me bater na bancada
de madeira. Meu irmão estava levemente encostado na parede do meu quarto
comendo uma maça que ele mesmo estava cortando com uma faca pra lá de
brilhante.
- Irmaozinho! estou aqui a uns 10 minutos e você nem percebeu... por esse e
outros motivos levou 17 tiros, e deu sorte que eles queriam brincar com você,
caso contrário, estaria morto.
- Boa noite pra você também! - agora que o meu coração voltou a bater
normalmente posso me hombriar com ele
- Seus dias de curtição estão prestes a acabar... - Victor se virou e começou a
andar saindo do meu campo de visão
- Como assim vão acabar, completei 18 hoje, minha vida de curtição acabou de
começar! – tentei falar encarando nos olhos de Victor, mas aqueles malditos
olhos castanhos nem fintavam para o lado
Victor deu um sorriso de canto, e seu rosto extremamente definido igual ao meu
deixava claro suas emoções, apesar que ele tentava ao máximo esconde-las, e
se eu conhecia meu irmão, aquele sorrisinho não era um bom sinal... para mim
- Você vai pro colégio Oaks! Papai achou melhor que eu viesse pessoalmente te
levar e te avisar em cima da hora, dessa maneira não poderia encher o saco dele
antes do necessário... - Victor fazia questão de deixar bem claro que estava se
divertindo ao me dar aquela informação
- E ainda dizem que você não tem senso de humor, eu nem fiz a prova...
- Talvez essas regras se apliquem para outros monstros, mas nós somos
Dráculas, e papai só avisou para os diretores que você iria, ninguém em sã
consciência iria discordar
- Não caro irmão, isso é poder, puro e simples poder - por um instante Victor
deixou escapar suas emoções e seus olhos brilharam vermelho cintilante
Nós vampiros, temos duas cores de olhos. A primeira pode variar entre as mais
comuns, exemplo, o clássico castanho claro como é no meu caso, ou o castanho
escuro como o do meu irmão, e varia até aos mais claros, como verde ou azul,
mas... a segunda cor, a que realmente importa, é aquela que se mostra quando
estamos usando nossos poderes ou quando nossas emoções vão tão ao
extremo que se revela em forma física, são muito chamativas, variando entre
cores muito inusitadas, pois quase sempre são cintilantes, no caso do meu
irmão, vermelho, no meu, verde azulado.
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- Você ainda continua com esses papos de puritanismo? mas enfim, não vou
para aquele colégio de mauricinhos mimadas - Falei abrindo a porta que dava
acesso a garagem de casa
- Não é mais seguro pra você ficar aqui, mesmo Lufeia sendo uma bruxa
poderosa, ela não pode enfrentar todos os caçadores imortais sozinha, e eu não
posso ficar aqui o tempo todo, o mundo está uma zona
- Tem trezentos lugares para me esconder pelo mundo, mas antes, me explica
o que é um caçador imortal...
Mais uma vez Victor me ignorou abrindo a porta de um opala preto, nossa
coleção de carros é pra lá de imensa e variada, e meu irmão tem uma queda
pelos modelos mais antigos.
- Acho que você não entendeu, sou só o mensageiro do papai, e vai por mim,
você não quer desafiar ele agora, principalmente com todos os problemas que
ele está enfrentando com o conselho - Victor ligou o carro e deu partida no carro
- Caçadores?
- Não só caçadores, mas também monstros
- É algo mais complexo que isso, é uma causa, uma religião, não podemos culpar
ninguém por ser fiel as suas crenças, e além do mais, o numero de monstros
tem crescido de mais nos últimos anos, está se tornando cada vez mais difícil
manter todos sobre controle...
- Irmãozinho, você nunca entrou em combate, nunca matou, não entende o ódio,
e é por isso que vai pra Oaks, lá estará com os melhores, estará mais seguro,
hoje mesmo embarcará no primeiro avião da Oaks, e eu sugiro que escolha
sabiamente bons aliados ainda no voou - Neste momento Victor olhou em meus
olhos e deu um sorriso de leve - Todas essas dúvidas e curiosidades que estão
crescendo na sua cabeça vão ser respondidas lá
- Vai pra onde vampirinho? - A voz do segurança era grave, não esperava nada
menos de um cara daquele tamanho - Voltem para o final da fila, o segurança
me empurrou para trás me fazendo dar alguns passos pra me equilibrar
- Da próxima vez que ele levantar a mão pra um membro da família Drácula, eu
vou matar ele e você - Victor deu uma encarada no segundo segurança que faria
o diabo ter medo
O segurança apenas acenou com a cabeça concordando com meu irmão e saiu
da frente, Victor me olhou de canto e deu uma piscadinha abrindo as portas de
SunSan, e com essa abertura de portas começou a andar em direção ao corredor
todo iluminado por uma luz azul, passei por cima do segurança desacordado no
chão e dei um tapinha de leve no rosto do outro, tenho quase certeza que ele vai
ter pesadelos com meu irmão, e enquanto andávamos pelo corredor vi uma
sequências de quadros com monstros famosos neles, cada um deles se
tornaram lendas, inclusive meu avô, o próprio conde Drácula, se eu não tenho
outra escolha a não ser ir para Oaks, é melhor fazer isso com grande estilo,
tenho certeza que meu talento para confusões irá me acompanhar, mas, também
tenho certeza que consigo lidar com isso, além do mais, depois que eu me formar
estarei livre para curtir meus inúmeros anos de vida de vampiro, não sei se você
sabe, mas nós vampiros vivemos muito tempo.
CAPITULO 3
No fim daquele corredor havia duas portas de metal com duas gárgulas
desenhadas em ambos os lados. Por de trás das portas se encontravam
inúmeras espécies de monstros, fico imaginando o que aconteceria se um
humano comum entrasse de surdina procurando uma baladinha dessas por aí,
deixei um leve sorriso escapar ao imaginar tudo que aconteceria com ele.
O salão principal era composto por uma espécie de uma grande depressão no
solo, que distribuía o lugar em cinco níveis, e bem lá no meio estava o DJ tocando
no meio de duas caixas de sons gigantescas. Os monstros pulavam em volta em
movimentos descoordenados e aleatórios, pela coloração dos olhos do DJ, ele
é um vampiro. Enquanto andávamos entre as mesas espalhadas simetricamente
organizadas comecei a reparar no local em si, com certeza não era um lugar
qualquer, todos os itens ali pareciam novinhos em folha. As paredes estavam
entalhadas com inúmeras runas, o que deixa claro que muitos bruxos estão
envolvidos nesse estabelecimento, o que é no caso das maiorias casas de festas
ou bares monstros, os bruxos realmente são poderosos o suficiente para manter
a ordem. Elevei o olhar acompanhando as runas e fiquei bastante espantado em
ver como esse lugar é grande. No teto haviam alguns desenhos de monstros,
todos os tipos mesmo, o desenho tomava conta de cada centímetro, por um
instante, quis ter a capacidade de me transformar em besta para poder voar para
mais perto, mas pelo pouco que consegui ver, o desenho começa de baixo de
um rio mostrando as sereias e vai até os céus mostrando algumas bestas
voadoras, de fato, os desenhos são bem detalhistas. Por estar distraído acabei
esbarrando em duas vampiras, como sei disso? Os olhos, sempre os olhos! Eles
dizem tudo que você precisa saber sobre uma pessoa ou monstro. Uma das
vampiras possui o cabelo loiro tingido, a outra, era uma morena muito bela. A
loira estava praticamente nua, não por questão de estética ou sedução, é comum
para os monstros mostrarem muito de seus corpos, já que uma vez não estão
presos a paradigmas de vestimenta, por exemplo, quando um lobisomem se
transforma, as suas roupas acabam se rasgando inteiras, e quando voltam ao
estado humanoide, estão completamente pelados, esse é só um dos inúmeros
motivos por nós monstros não ligarmos para isso.
Victor não era de se esquivar assim, ele nunca foi muito sociável, mas a ponto
de não querer ser tocado era novidade para mim, e de certa forma, suspeito.
- É uma pena que não possam se conhecer melhor - Falou meu irmão
atrapalhando minha tentativa de elevar aquele relacionamento de apenas
conhecidos para algo bem mais que conhecidos – Mas, temos que ver Simon
- É uma pena mesmo - respondeu a bela morena que ainda não sei o nome -
Mas estaremos a noite toda aqui, talvez a gente se esbarre de novo...
Tenho quase certeza que isso é um sinal que tenho uma boa chance de me dar
bem, já faz um tempo que não tenho uma noite de prazer com uma vampira,
transar com humanas é bom, mas, destruir um quarto é infinitamente mais
divertido. Victor me puxou pelo braço e continuamos a andar pela multidão de
monstros que pulavam ao som do DJ, quanto mais descíamos os níveis, mais
alto a música ficava.
Para se deslocar de um nível para o outro era necessário descer uma escada
feita de puro mármore, mas como eles conseguiam fazer com que a escada
ficasse totalmente lisa e brilhante era uma incógnita para mim. Quando
chegamos ao terceiro nível, caminhamos até uma porta gigante, e parando pra
pensar, este lugar está repleto por portas parecidas com essa em todos os
níveis, não acredito como não percebi isso antes.
- Quem diabos se chama Simon? - Respondi tentando não rir muito – Parece
nome de um cachorro da raça chihuahua
- Porque Simon vive desde o nosso avô, e tem uma grande porcentagem de
chance de estar aqui quando nós dois se formos, é um dos grandes, terceiro na
hierarquia de poder, e vamos dizer que tem um certo complexo de deus
- Parece alguém que conheço - Brinquei entreolhando Victor que fez uma careta
de desdém
- Se abrir mais a boca vão acabar arrancando essas suas presas - aquele
sussurro me fez tremer
- Olha só, se não é grande família Drácula, quer dizer, nem mais tão grande
assim...
Encarei meu irmão esperando alguma reação, mas, para minha surpresa, Victor
apenas continuou a conversar como se aquele cara não tivesse falado nada
demais.
- Simon, precisamos que faça um Totem para meu irmão, e não a ninguém mais
poderoso que você nesta cidade
Victor estava quase beijando os pés desse tal de Simon, esse não é meu irmão...
E foi nesse momento que percebi o que estava acontecendo.
- Merda! - Esbravejei
Eu havia caído em uma ilusão, só existe um jeito de quebrar uma, é bem simples
na verdade. Basta quebrar algum membro do seu corpo, e foi exatamente o que
fiz, quebrei o meu dedo mindinho da mão esquerda e saí daquela realidade falsa,
em um piscar de olhos aquela ilusão foi trocada pela realidade.
Meu irmão estava de braços cruzados, ao lado de uma mulher muito bonita, e
antes que eu pudesse dizer algo, aquela mulher começou a bater palmas.
- Muito bem, viu a minha ilusão em menos de 5 Minutos, seu irmão levou 10, a
média geralmente é entre 30 minutos á 1 hora, meus parabéns, você tem
grandes talentos psíquicos!
- Vai doer mais em você do que em mim - Simon deu um sorriso pra lá de
malicioso - Mas a gente vai curtir muito, isso eu prometo...
CAPITULO 4
Como prometido, aquela tatuagem estava doendo para cacete, cada vez que a
máquina do capiroto tocava minha pele, me queimava. Era como se tivessem
esfregando prata na minha pele, uma vez que me queimei com o sol, e foi menos
dolorido que isso. No final da tatuagem minhas costas estavam latejando, uma
águia era meu totem protetor, ela estava sendo colocada exatamente no centro
das costas, sendo calculado perfeitamente para ser simétrico. Cada milímetro
daquela tatuagem estava revestido com o poder de um bruxo, Simon para ser
mais exato, e era aquele totem que iria me permitir andar sobe a luz do sol,
Simon tentou me explicar como ela funcionava, mas, a dor não me permitia
raciocinar, estava ansioso para a chegada do momento, sempre sonhei com
isso, deve ser muito bom sentir a luz do sol tocando na pele e não virar cinzas.
- Olha só, esse Drácula diz obrigado, cuidado para seu irmão não acabar te
matando por não honrar os Dráculas - Simon fez uma cara de deboche para
Victor
- Que história é essa? - Perguntei encarando Victor que estava parado com os
braços cruzados encostado em uma parede
- Olha como fala comigo Drácula! - Simon deixou os seus poderes iluminarem
suas mãos
- Com todo prazer - Falei usando minha velocidade para chegar ao lado de Victor
e puxei ele pelo braço - Obrigado pelo totem Simon
Como assim os favores pros Dráculas terminam hoje? De que favores ela está
falando? De qualquer forma, não quero mais ficar entre os poderes de Simon e
Victor, vai que eu viver é um favor pra ela, a última coisa que quero fazer na noite
do meu aniversário é morrer, apesar que não seria a primeira vez essa noite que
minha vida estaria por um triz.
- A pergunta não é o porquê eu sou assim, é porque você não é assim, você é
um Drácula e não se comporta a altura, é fraco e desleixado, nosso avô deve
estar se revirando no tumulo, mas o que me consola é que dentro de duas horas
estará no primeiro avião em direção a Oaks, queira você ou não, vai ter que
aprender algumas lições, começando pela bebida - Victor fez o copo de sangria
que estava na minha mão explodir derramando toda a bebida em cima do balcão.
- Não, bons modos vêm de casa, eles me ensinaram como explodir um copo com
o poder da mente
- E é só por isso que ainda acredito que você tem salvação, agora vamos, não
quero me atrasar...
- Eu quero curtir mais um pouco! - Tentei fazer meu irmão mudar de ideia, mas
ele não iria me deixar em paz - O que me impede de fugir daqui e nunca pisar
os pés naquele colégio? - falei dando um gole daquela bebida, fiz uma careta
imediatamente, aquela bebida era muito mais forte do que eu imaginava
- Porque você nunca perde a chance de fazer merda, e também nunca perde
uma boa aventura, em Oaks você terá desafios a altura, poderá aprender a se
transformar, e eu sei que você quer muito isso, desde que o papai se transformou
na sua frente você nunca mais parou de pensar nisso
- Sabia que é feio ficar lendo os pensamentos dos outros? desculpa, mas ainda
não me convenceu... - Eu estaria mentindo se disse que ele não estava perto de
me convencer, de fato, sempre quis me transformar em uma grande besta, e se
eu tenho que sacrificar alguns anos de liberdade por isso, acho que é um preço
justo.
- Você sabe que a idade média dos iniciados é entre 16 a 20 anos? ou seja,
muitas vampiras sedentas de aventuras... - Victor lançou um sorrisinho de canto
- Você não quer deixá-las se aventurando sozinhas não é mesmo?
A viagem até o aeroporto durou cerca de 50 minutos, que pareceram ser uma
eternidade, a noite tinha passado muito rápido, a tatuagem demorou muito mais
tempo do que eu esperava, dentro de 1 hora estaria em um voou para sei lá a
onde esse colégio fica, meu irmão estava pensativo, não faço a mínima ideia
sobre o que ele estava pensando, mas a julgar por alguns sorrisinhos que ele
soltava, ele estava se divertindo.
Quando chegamos ao aeroporto meu irmão disse que precisava pegar uma
coisa, quando perguntei o que era, fui totalmente ignorado, Victor só mandou eu
ir fazendo "check in", e sumiu no piscar de olhos. Para nós vampiros, essa frase
é literal, observei os humanos passando de um lado pro outro com as cabeças
baixadas olhando seus celulares, alguns atrasados caminhavam mais rápido na
tentativa de não perder o voou, acho que essas pessoas em específico gostariam
de ter a velocidade dos vampiros.
Já tinha vindo a esse aeroporto antes, mas, hoje tudo parecia diferente, o correto
seria dizer que o olhar do observador é que está diferente, quando vim aqui pela
primeira vez estava indo ao brasil, mas dessa vez, estava indo para uma prisão
de segurança máxima que chamam de colégio. Olhei em volta procurando uma
pista que me levasse ao "guichê dos monstros", mas tudo que via eram humanos
e mais humanos, podia sentir até o pulso de alguns latejar, acho que seria bom
fazer um lanchinho antes de ir, mas... pensando melhor, não é bom arriscar, se
estamos no lugar certo, deve estar cheio de monstros por aqui, incluindo
vampiros, e é um pouco difícil de diferenciar alguns monstros dos humanos,
como alguns tipos de fadas que são praticamente a mesma coisa, não é bom
arriscar começar uma rixa de raças. Então fechei os olhos e respirei fundo, os
olhos fechados ajudam a criar uma imagem de cheiros, não somos tão bons
quanto os lobisomens, mas dá pro gasto. Falando no diabo, os primeiros
monstros que senti o cheiro foram um grupo de lobisomens, era um cheiro forte
e pesado, foi até fácil, quando abri os olhos, lá estavam eles, 7 lobisomens em
um grupo formado de 6 meninos e 1 menina, agora eu só precisava segui-los e
provavelmente chegaria ao guichê. Antes que eu pudesse dar um passo Victor
reapareceu em um único movimento.
- Se você não sabe, esse aeroporto ainda é humano, não é uma boa ficar
brincando de aparecer em qualquer lugar na velocidade que lhe der na telha
Victor fez uma cara de deboche que me fez perder a cabeça por um instante, e
isso fez meus olhos brilharem.
- Van Helsing...
Não era possível, aquele ali na minha frente era o próprio Van Helsing, lendário
caçador de monstros, engoli a seco minha saliva, ouvi falar que ele fez as pazes
com a comunidade monstro e que só caça aqueles remanescentes do "mal", de
fato, aquele cara era no mínimo imbatível.
- Só um tolo não teria medo diante do maior caçador de monstros que já viveu
- Ele parece bem novo, quer dizer, já não era para ele ter uns 300 anos de idade?
como um humano pode viver tanto e aparentar ter 40 anos?
- Como assim?
Com certeza não imaginaria que isso iria acontecer, e o curto espaço de tempo
também é bastante impressionante. A uns dois dias atrás estava com uma bela
loira nos meus braços, agora, estou embarcando no que posso chamar de a
maior aventura que já estive, espero que seja ao menos divertida e desafiadora.
Capitulo 5
Consigo sentir a presença magica se elevando, não sei se todos aqui são
monstros, mas posso dizer que pelo menos a maioria é.
- Como vou entrar? Aqui literalmente está escrito vampiro, e se o cara que for
ver minha passagem não for um monstro?
- Nenhum desses caras são, mas foram todos hipnotizados para darem as
informações necessárias as pessoas certas... - Victor deu uma pausa dramática
antes de dar as últimas informações - Oaks é um colégio de elite, faça por
merecer estar lá, e por favor, não faz nenhuma besteira e vê se não morre.
- Como assim? - Perguntei me virando para Victor, mas ele já tinha sumido, mais
uma vez tinha soltado uma frase e saiu me fazendo parecer um louco que fica
conversando sozinho
Me virei de costas para o saguão de embarque, eu ainda podia fugir, podia deixar
toda essa história de lado e viver pelo mundo aproveitando o melhor que ele
poderia me oferecer, o único problema é que provavelmente seria caçado pelo
meu pai que estaria no mínimo furioso comigo por fazer ele ter que ir atrás de
mim, respirei fundo na tentativa de me convencer que por mais que isso fosse
divertido, não era legal fazer meu velho passar por isso tudo.
Eu reconhecia essa voz, mas eu ainda não acreditava que o universo estaria
sendo tão bom comigo me mandando para o inferno com o meu melhor amigo,
ou quase isso, já que não tenho mais certeza se ele ainda gosta tanto assim de
mim depois daquele dia.
- É mesmo? e no que estou pensando? - Me virei para meu velho amigo que
estava parado com uma mochila nas costas, ele ainda parecia ser bem mais
novo do que era, mas seu cabelo estava diferente, estava maior, o que o permitia
usar um coque longo, ele usava o velho óculos de leitura que chamava a atenção
por ser feito inteiramente de diamante, mas os óculos só perdiam para os olhos
dele, que eram azuis tão intensos que lembravam o mar, e ficavam ainda mais
bonitos por contrastar com a pele morena dele, ele realmente tinha uma cor
igualzinha a de um achocolato.
Encarei meu velho amigo antes de caminhar na direção dele e dar um abraço
apertado.
Blade me soltou dando alguns passos para trás e dando uma volta exibindo o
cabelo e o sobretudo gigante de couro.
- Gostou?
- Aquela garota está indo para a guerra? - Blade parou do meu lado também
encarando a menina
- Ela é uma caçadora, só pode ser isso, não consigo ler os seus poderes, imortais
possuem esse escudo natural - Andrew voltou para a fila sem dar mais nenhuma
palavra
- É, ela estava com Van Helsing, deve ser uma parente, ou até mesmo filha.
- Entendo, acho melhor a gente ficar longe dela, sabe como é, não estou à
vontade com esses imortais dividindo o mesmo local, vai que eles dão uma doida
e voltam a praticar caça esportiva com os monstros
- Você vem de uma família de caçadores, seu pai é uma lenda nesse quesito,
não pode julgar...
- Boa noite! - além de bonita, ela possuía uma voz doce, sentia poder magico
emanando dela, com certeza magica - Já passaram por privação de habilidades
alguma vez na vida?
- Pois bem, assim que entrarem no avião, poderão sentir náuseas e dor de
cabeça, além que sentirão seus corpos mais pesados e também cansaço físico.
- Pera, nossos poderes serão tirados? isso é possível? - Não sei se estava mais
surpreso ou se estava mais com medo.
A moça parecia estar bem convicta, e baseado nos últimos acontecimentos, isso
me parece ser uma verdade. Enquanto andávamos pelo corredor escuro que
levava direto para o avião, um vampiro se aproximou usando a velocidade, ele
desacelerou caminhando lado a lado com a gente, Andrew e eu nos
entreolhamos e depois encaramos o jovem vampiro que começava a falar.
- Sabia que tecnicamente nossos poderes não são retirados? eles apenas são
reprimidos a um ponto que faz com que nossa humanidade seja mais forte que
nossas habilidades sobrenaturais. - o Jovem vampiro falava rápido e sem
pausas, era um pouco irritante, ele lembrava muito aqueles nerds que ficam na
frente da sala querendo provar que sabe toda a matéria e fica interrompendo o
professor a toda hora - Mas, habilidades especiais não podem ser reprimidas,
por isso existe sempre dois grandes bruxos de olho nos encrenqueiros, eles tem
autorização para usar a força, e se necessário até mesmo matar, claro que em
um voou como esse eles nunca arriscariam matar alguém, porque isso não só
poderia desencadear uma guerra, como também colocaria o nome de Oaks no
chão, coisa que não seria aceito pelos grandes mestres, aproposito, meu nome
e Samuel Dandridge, é um prazer conhecer vocês.
- Sabia que você falou 108 palavras em menos de 25 segundos? isso é difícil até
para vampiros... - falei voltando os olhos para Andrew e dando um sorriso de
canto
Quando atravessamos a porta, tive que me apoiar na parede, estava fraco, meu
corpo pesava, era como se tivessem colocado peso extra nas minhas costas, o
ar também parecia estar diferente, para ser mais exato, o mundo parecia estar
diferente, olhei para Andrew que estava levando bem melhor do que eu, já
Samuel caia na risada, como se não fosse nada.
*******
- Porque estou tendo tanta sede? Nem lembro quando foi a última vez que quis
tanto uma jugular - Joguei a pergunta no ar enquanto me sentava na poltrona do
lado da janela, o barulho de conversação começava a ficar alto, mas, não
conseguia entender ou focar em alguma, minhas habilidades realmente foram
tiradas, era tão divertido escutar as conversas dos outros
- Nem eu, com nossos poderes reprimidos, nossos desejos por sangue também
são diminuídos, a única explicação lógica é que você seja 100% sanguinário,
tanto o seu lado "humano" como sobrenatural, mas isso já é esperado para um
Drácula... - Samuel parecia uma máquina falando
- Diminui o ritmo meu amigo, você não vai morrer antes de terminar de falar
- Meu pai costumava dizer a mesma coisa - Samuel riu de forma descontraída
Alguns minutos de silêncio no grupo surgiu logo em seguida, o que nos levou a
começar a explorar nossos acentos, a primeira coisa que fiz foi reclinar o banco
o máximo que consegui, por minhas experiências anteriores, não era pra descer
tanto; senti o banco bater em alguma coisa, e logo em seguida um grito "ei!".
Puxei de volta a poltrona o mais rápido que consegui e me virei ficando de joelhos
e olhando para a dona da voz, era a garota dos caçadores, quer dizer, que estava
com os caçadores.
- Desculpa! - Falei olhando para a jovem garota de cabelos curtos e de uma cor
que misturava vermelho com laranja, não tenho certeza que cor é exatamente ,
mas era bonito, quer dizer, ela era bonita, de longe ela não parecia muito...
A poltrona havia batido na garrafa dela e derramado quase tudo bem em cima
de sua roupa, ela estava abanando os braços e me encarava irritada.
- Toma mais cuidado seu sangue suga! - Pelo tom da voz dela, com certeza está
com raiva
- Não acho que seja uma boa ideia insultar vampiros, na real, não acho que seja
uma boa ideia insultar nenhum monstro, já que estamos em um avião cheio de
nós...
- Por acaso está me ameaçando? - A jovem imortal puxou do bolso uma faca,
não faço ideia como ela entrou aqui armada, até onde sei é proibido, apesar da
atitude intimidadora, dava pra sentir que ela estava usando a agressividade
como uma ferramenta defensiva, no lugar dela, eu estaria apavorado.
- Opa, vamos nos acalmar não é mesmo? - Uma jovem do lado da imortal tomou
a frente da situação, Andrew e Samuel a essa altura também estavam de joelhos
observando a situação bem de perto, Andrew parecia estar se divertindo
Quando estava prestes a desafiar a imortal, um bruxo supervisor interviu, ele fez
com que a faca voasse da mão da garota e fosse direto para a mão dele.
- É proibido todo tipo de arma! - o bruxo levitou a faca e a fez entrar na sua pele
pela palma da mão, era como se a mão dele fosse uma gaveta para guardar
coisas, isso foi pra lá de legal, começo a ter a impressão que esse colégio será
bem mais interessante do que eu imaginava - Terá ela de volta quando
pousarmos, enquanto isso, estão tendo algum tipo de problema aqui?
Quando nos sentamos de volta, comecei novamente a explorar meu acento; era
de couro, branco, e de certa forma, bem confortável, acho que a elite realmente
tem privilégios, do lado do meu acento havia um porta copo, se existe um porta
copo, é porque eles distribuem bebidas, certo? Será que permitem as alcoólicas?
Ou melhor, as Sanguinárias?
- Então tá... - Respondi enquanto dava uma leve risada e voltava a explorar as
possibilidades do meu acento
Acima da minha cabeça tinha um monte de adereços, duas luzes meio fracas e
um botão para chamar a aeromoça, acho que é muito cedo para apertar ele,
mas, na primeira oportunidade estarei pedindo sangue.
"Senhores passageiros, aqui quem vos fala é o seu comandante, dou as boas
vindas ao voou zero, zero, zero, com destino a Oaks, peço a sua atenção por
um instante. Em caso de queda, seus poderes deverão ser usados para vocês e
somente vocês, existem 10 saídas de emergência neste avião, leiam
atentamente os cards que estão abaixo dos seus acentos, assim saberão
exatamente que saída se adequa para você. Para aqueles que nunca tiveram
contato com o sol, avisamos que não devem encarar diretamente o sol, sua visão
não está acostumada e você não quer perder a visão por descuido. Agradeço a
atenção de todos e desejo um ótimo voou, dentro de alguns minutos estaremos
dando início"
Quando a voz robotizada se calou, encarei Andrew e Samuel, não pode conter
a risada, Andrew estava de fones balançando a cabeça de olhos fechados, e
Samuel lia desesperadamente o card.
- Sabia que esse avião é muito maior do que o normal, ele possui dois andares,
um para os professores e mestres, e outros para os alunos, então presumo que
esse avião é muito mais seguro do que ele aparenta! - Samuel falava enquanto
ainda lia
- Você é daquele tipo de pessoa que necessita ter todas as informações? – Era
uma pergunte muito válida, já que aparentemente ele se tornaria bem próximo
- Sim, creio que informações sejam o meio mais eficiente para alcançar poder,
afinal, saber uma maneira de como acabar com alguém é legal, mas saber 30
maneiras é muito melhor!
Era uma lógica muito boa, e de certa forma, poderosa, acho que afinal de contas,
ele é um parceiro que agrega valor a equipe.
- É sério que você não está sentido sede? – Perguntei enquanto levava a mão a
garganta, podia sentir cada saliva descer mais seca que a outra, as minha presas
já tinha se mostrado e eu começava a ficar irritado
- É, infelizmente não a nada que eu possa fazer, pelo menos não com meus
poderes suprimidos
Rapidamente toquei no botão para chamar a aeromoça, o plano era fazer isso
mais tarde, mas, já estou começando a sentir os efeitos da sede, e com certeza
você não quer ver um vampiro com sede, costumamos ser bem maus quando
estamos com fome.
- Talvez essa regra se aplique aos demais alunos, mas, eu sou um Drácula,
tenho certeza que seu comandante irá entender... - dei meu melhor sorriso na
tentativa de chegar ao coração dela
- Sinto muito, ordens são ordens! Mas eu posso trazer um copo de vinho ou
refrigerante se preferir, o que me diz?
- Não, obrigado! - falei levando a mão na garganta e virei para a janela tentando
parecer forte enquanto a comissória de bordo ia embora
- Para ser sincero, não, mas vou ficar! - Falei encarando Andrew e acenando
com a cabeça para o tranquilizar
Foi neste exato momento que uma cabeça apareceu por cima do assento de
Samuel, todos nós apenas levantamos a cabeça e a encaramos, era a garota
que estava ao lado da ruiva que por algum motivo queria brigar comigo, ela era
muito mais bonita que a maioria das garotas que eu já julguei ser bonita, ele tinha
a cor de pele mais clara que a de Samuel, mas seu rosto era avermelhado na
altura das bochechas, creio que seja maquiagem, já que os olhos dela estavam
perfeitamente esfumaçados, e sim, eu sei muito sobre maquiagem e essas
coisas "femininas", por algum motivo a maioria das mulheres gosta de conversar
sobre isso, e principalmente de sair pra comprar essas coisas, então, aprendi
muito acompanhando as meninas em suas idas ao shopping, mas, o que mais
achei atraente em um todo, era o contraste marcante de seu cabelo preto como
a noite em sua pele. Sem falar naqueles olhos, meu Deus, que olhos!
- Você está sofrendo não é mesmo? - Ela começou a falar um pouco rápido,
mas, não era como Samuel, era mais como se ela estivesse nervosa ou ansiosa,
e antes que eu pudesse responder ela continuou a falar – Sobre a linhagem
Drácula, existe uma lenda que circula entre as bruxas, dizem que vocês são
descendentes de uma linhagem tão perversa que faz com que vocês sejam
100% sanguinários, isso porque vocês foram criados a partir do pior dos
assassinos humanos.
Era uma lenda muito interessante, eu já tinha ouvido umas histórias bem
macabras, mas, ninguém nunca comentou sobre isso, então creio que seja mais
uma mera lenda criada para dar um Up na fama dos Dráculas.
- A onde você quer chegar? - Ela não estaria contando isso para gente se não
tivesse algo em mente
- Seus amigos são vampiros, não podem te alimentar, e baseado que desde que
chegou ninguém veio falar com você, e nem você procurou por alguém, você
não tem mais nenhum amigo neste avião!
- Até agora você falou muito e não disse nada! Aproposito, olá Bianca! - Samuel
a cumprimentou com um leve acenar de cabeça, se é que podemos chamar isso
de um aceno, já que estamos praticamente encarando ela de cabeça pra baixo
- Bem, as vezes ela pergunta sobre você! Como se fossemos íntimos... – Samuel
parecia levemente decepcionado
- Foco! - Eu não era o tipo de cara que pedia foco ou concentração, até preferia
que as conversas fossem o mais aleatório possível, mas, estava ficando muito
ansioso, e se ela ainda esta aqui, é porque ela vai me apresentar uma solução
- Tem razão! Estou aqui para oferecer meu sangue em troca de um favor em um
futuro não necessariamente próximo... - as últimas palavras foram ditas em um
tom sexy, mas, não acho que ela esteja falando de sexo ou algo do tipo
- E isso importa?
- Não mesmo! Negócio fechado! Agora nós apertamos a mão ou selamos o pacto
com um beijo?
- Tá achando que eu sou o que? - Ela não pareceu ofendida, ela apenas voltou
para seu acento e em alguns segundos voltou entregando um anel para mim –
Coloque o anel, ele só será removido quando cumprir com sua parte do trato!
- E quanto a sua parte do trato, não é por nada, mas estou começando a dar nos
nervos
- Tudo bem! Andrew, poderia trocar de lugar comigo, você é um dos poucos que
não tem o que temer de Ayla, afinal, os pais de vocês dois já até caçaram juntos
Então era esse o nome da ruiva?! e agora com a confirmação do parentesco dela
com Helsing sei seu nome completo, Ayla Helsing!
- Como não temos mais uma faca porque Ayla queria cortar sua garganta, vamos
ter que fazer isso do modo antigo!
- Não imbecil, isso iria chamar a atenção, vamos ter que fazer isso parecer
natural!
- Então sente no colo dele, jogue os cabelos por de trás das cabeça de vocês e
o deixe tomar uma boa dose de você por de trás do pescoço, assim, quem olhar
de fora achará apenas que são íntimos, fora que as luzes logo se apagarão -
Samuel não só era rápido quando falava, aparentemente, também era rápido
pensando, exatamente como ele havia dito
Ela jogou os cabelos para trás cobrindo a minha cabeça, ela se encaixou no meu
braço e encostou a cabeça no meu ombro, e quando respirei fundo, senti o
perfume exalar do seu pescoço, era um perfumo doce, mas intenso, e fez um
fogo se ascender dentro de mim, eu podia ficar ali por um bom tempo, e por um
instante meus olhos brilharam, e quando o brilho sessou, as luzes do avião se
apagaram, minhas presas finalizaram a sua saída e eu a mordi o mais suave que
consegui, tentando ser o mais gentil possível, a pele quente dela acendeu
novamente o fogo dentro de mim, e quando o sangue dela começou a descer
pela minha garganta pode sentir um ecstasy, era igual a uma droga, mas, o gosto
era diferente, mais doce do que estava acostumado, era muito saboroso, e
involuntariamente segurei mais firme no braço e cintura dela, e enquanto bebia,
senti as mãos dela deslizarem por cima das minhas mãos, ela havia se
entregado, e começava a relaxar, essa era o sinal para parar, se eu continuasse
ela poderia viciar nisso, quando um vampiro se alimenta, ele transmite uma
sensação de paz e tranquilidade extremas, semelhante ao estado após um
orgasmo, sem falar no alto nível de dopamina.
Quando minhas presas voltaram ao estado normal, ela havia dormido em meu
ombro, e quando o sangue que eu havia ingerido começou a fazer efeito senti
minhas veias pulsarem normalmente, mas, logo o efeito que a Tv não conta
também começou a agir, beber sangue é maravilhoso, o gosto é inigualável,
mas, se você beber sangue quente direto da veia, acaba tomando as emoções
da sua vítima, toda preocupação que ela possui é transmitido para você. E
aparentemente Bianca estava muito cansada, sem falar na ansiedade.
- Ela estava muito cansada – Ayla estava por de cima do meu assento, era como
se ela estivesse pronta para sair em defesa de Bianca - Não dorme a dias se
preparando para Oaks
- Percebi, mas, agora ela vai descansar – Falei o mais baixo possível para não
acordar ela, e também coloquei as pernas dela estiradas melhorando o apoio
dela e deixando ela mais confortável, também desci o assento um pouco para
que ela se encaixe melhor no meu peitoral – Pode descansar tranquila, eu vou a
proteger. – Falei olhando para Ayla que voltou para o seu assento.
Não sei quem é exatamente essa garota que está em meus braços, mas, eu
sinto muito poder vindo dela, mesmo com a supressão de poderes ela continua
exalando tanto poder quanto aquele supervisor, com toda certeza ela será uma
grande bruxa. Com as pontas do dedo coloquei o cabelo dela por de trás da
orelha, ela respirou fundo e se acomodou um pouco mais, acho que ela se sente
segura.
Enquanto o tempo passava, me perdi dentro da minha própria mente, meu peito
começava a ficar levemente apertado de tanta ansiedade, acho que de todas as
minhas aventuras essa é de longe uma das mais desafiadoras, baseado que em
algumas horas estarei em um ambiente totalmente novo, e totalmente fora da
minha zona de conforto. Meus pensamentos só foram interrompidos quando o
dia começou a clarear, normalmente a essa altura eu já estaria me trancando em
algum lugar, mas essa seria a primeira vez que não me esconderia, seria a
primeira vez que sentiria o calor do sol, não podia esconder a minha cara de
empolgação.
Com o subir e descer do peitoral de Bianca era possível ver que ela estava tendo
um sonho ruim, e foi questão de segundos para ela acordar subitamente com os
olhos brilhando em um tom azul escuro cintilante, ela levou alguns segundos
para entender a onde estava, mas isso foi o suficiente para chamar a atenção de
Samuel que estava tão perdido nos pensamentos quanto eu estava.
- Bom dia dorminhoca! - Samuel tentou falar o mais baixo que conseguia, afinal,
a maioria do avião estava em total silêncio
- Eu dormi por quanto tempo? - Bianca perguntou no mesmo tom que Samuel e
saiu do meu colo se sentando no banco enquanto começava a arrumar seu
cabelo que estava levemente bagunçado
- Nossa, nem lembro quando foi a ultima vez que dormir por mais de 30 minutos!
- Ela parecia bastante surpresa por ter dormido tanto tempo
- Devia imaginar que isso iria acontecer, esperava o que depois de alimentar um
vampiro diretamente por contato?
- Não é por causa disso! - Bianca me encarou levando as duas mãos ao meu
rosto e abrindo levemente minha boca - Deixe-me ver elas!
- Vamos!
Então levei a concentração para as presas e fiz com que elas saíssem, eu diria
que é meio desconfortante fazer com que elas saiam a força.
Já é a segunda vez que ouço esse negocio de presas injetáveis, e não tenho
nenhuma noção do que signifique isso.
- Presas injetáveis são muito raras, como Bianca havia falado, mas, elas já floram
exploradas pelos maiores pesquisadores, creio que tudo que tivesse para ser
descoberto já foi descoberto!
- Sempre que alguém acha que sabe de tudo, na verdade ele apenas descobriu
30% de tudo que ainda pode ser explorado. - Bianca virou para trás encarando
Samuel com um sorriso no rosto - Ainda há tantas coisas para serem
descobertas, e se você não sair dos livros, só terá 30% de todo o conhecimento
que você julga tanto ser importante
- É por isso que sempre que me alimento deixo as pessoas tranquilas e sinto
todas as emoções negativas delas? eu achava que isso acontecia com todos os
vampiros!
- Exatamente, os demais vampiros não possuem essa capacidade.
Isso era incrível, mas também era perturbador, como eu vou conseguir ter
controle sobre isso?
- Mas, não precisa se estressar com isso! - Bianca puxou um pequeno espelho
do bolso e começou a olhar seu pescoço pelo reflexo a procura de marcas, não
importa o quão gentil eu tenha sido, uma mordida sempre deixará marcas - O
bom é que você só mordeu uma vez! Se alimentou bem?
Antes que eu conseguisse responder alguma coisa, um som de "bip" bem alto
equalizou pelo avião e a voz do comandante robotizada veio logo em seguida.
"Senhores passageiros, estou passando para lembrar que logo o sol estará a
vista, e que vocês não devem encarar ele diretamente! Muito Grato pelo sua
atenção!"
- Ei! - Andrew apareceu por de trás dos bancos, exatamente entre minha cabeça
e a de Bianca, acho que ela levou um susto pela velocidade que Andrew
apareceu e principalmente pela a intensidade do tom de voz, me virei lentamente
para ele e esperei ele continuar a falar - Você lembra daquele poema? aquele
sobre o sol?
Me lembro de cada palavra sobre essa poesia, foi uma das primeiras que eu li
na vida, e tenho uma boa memoria para coisas que envolvem a arte da escrita,
então comecei a recitar a poesia exatamente como uma poesia deve ser
recitada, calmamente e pausadamente, dando ênfase a cada palavra, para a
minha sorte, sou bem eloquente.
Enquanto eu recitava eu olhava o sol nascer por de trás das nuvens, tímido,
parecia que ele sabia exatamente que estávamos falando sobre ele. Alguns
segundos de silêncio se seguiram até finalmente ser quebrado por Bianca.
- Não sei, estava em branco no espaço do autor, e o papiro era tão velho que
parecia que ia derreter só de você tocar... - respondi vendo o sol finalmente se
mostrar inteiro
Fechei os olhos e senti o primeiro raio de sol tocando na minha pele, era quente,
e quando aquela luz branca se misturou com o vermelho da membrana fina de
minha pálpebra, pude sentir uma leve felicidade no meu interior, era como um
sentimento de esperança, respirei fundo e abri os olhos, me deparei com
uma das cenas mais lindas que já vi, verdade que quase toda cena que envolva
a natureza para mim é muito linda, mas, essa é realmente de tirar o folego,
seguindo as ordens do comandante, evitei olhar diretamente para o sol, mas
apenas a cor do amarelo com um toque de laranja refletindo no mar de nuvens
brancas foi o suficiente para me deixar com um sorriso no rosto e certamente
com os olhos brilhando.
Quando o avião passou a linhas das nuvens em direção ao chão fiquei meio
confuso, não havia nada a não ser uma camada de gelo fina por cima da
vegetação rasteira , mas ao olhar no horizonte era possível ver uma cadeia de
montanhas com seus picos brancos.
- Acho que nesse ponto eu concordo também - Bianca voltou a sua posição -
Apesar que não sei se trouxe roupa suficiente
- Droga! - esbravejei - Eu nem fiz minha mala, tudo que tinha na mochila era
algumas blusas, meu casaco e equipamentos eletrônicos, Lufeia havia sido bem
sucinta.
- Caraca! tá muito ferrado! - eu não conhecia Ayla bem, mas, já dava para saber
que era ela falando pelo tom de voz - Não vai passar nem da primeira semana,
isso se passar do trote!
Levantei o dedo do meio por cima do banco, o aviso dos cintos de segurança já
estava piscando, e eu não arriscaria levar uma bronca de um supervisor, em
resposta Ayla chutou meu banco, e Andrew não segurou a risada.
- Vocês dois ainda vão terminam juntos! - Samuel falou dando risada - É verdade
que vocês possuem um destino juntos, seja pelo bem ou pelo mal, pode terminar
com uma espada atravessa um no outro, ou deitados em uma cama, eu em
particular preferiria a segunda alternativa
- Eu só não te dou um soco agora porque Bianca está no meio. - existia um pingo
de verdade no que Samuel havia acabado de dizer, mas, eu não precisava que
ele ficasse por ai a dizendo
Agora foi minha vez de dar risada, o soco pegou em cheio, e fez com que Samuel
levasse a mão ao rosto.
- Nada ué! Só cumpri o desejo de... - Bianca deu uma pausa como se estivesse
tentando lembrar de algo - Ei, eu não sei o seu primeiro nome!
- Abreviação de Saturno?
- Sim
Quando me virei novamente para a janela, me deparei com um dos lugares mais
sensacionais que já vi, era simplesmente incrível, fiquei de boca aberta
literalmente. Estávamos sobrevoando um lago, e na beira do lago havia um chalé
enorme, e mais afastado havia algumas casas de madeiras distribuídas entre as
arvores, vários jovens pareciam estar fazendo uma festa, e eu juro que vi um
bicho enorme saltar de dentro do lago, devia ter uns 12 metros. Mas, em questão
de segundos deixamos o lago para trás, o avião já estava bem perto do chão,
decolar me dá um frio na barriga, mas, aterrissar é de boa, afinal, já estamos
perto do chão mesmo, o que de pior pode acontecer.
- Não era para a gente estar em um colégio de elite? - Minha pergunta era a
mesma que devia estar na cabeça de uma boa parte dos monstros por aqui
- Aqui deve ser só o aeroporto, deve ter um ônibus ou algum trem, tipo Harry
Potter - Aandrew fez uma ótima comparação
- Sim... - Ayla parou de encarar o horizonte e olhou para Bianca - É uma magia
oculta não é?
- Exatamente! Ela serve para esconder dos olhos alheios aquilo que você não
quer que vejam.
- Estou muito ansiosa! - Bianca parecia mesmo que estava preste a sair saltando
de felicidade
- Não só você! - Ayla deixou escapar um sorriso de canto, e ela parecia muito
mais malvada agora
Eu odeio o momento em que as portas são abertas, toda vez é a mesma coisa,
quase todo mundo levanta ao mesmo tempo, ai fica todo mundo igual bois na fila
de um matadouro, era tosco, porque não simplesmente esperar fileira por fileira,
assim evitamos o constrangimento de ficar parado em pé um atrás do outro.
- O que estamos esperando, vamos empurrar esses caras e sair logo! - Andrew
parecia animado, e eu sei bem o porque
- Calma meu caro amigo, logo estaremos lá fora... - Acalmei Andrew da melhor
forma que eu consegui - É isso!
- Incrível! seus poderes visuais devem ser gigantes, esse tipo de observação só
é possível se você tiver talento
Continuamos sentados por mais alguns minutos antes de Samuel quebrar o
silêncio.
Vamos?
- É, acho que podemos ir! - falei acenando para Andrew que se levantou e pegou
a minha mochila e a dele.
Quando ele me entregou a bolsa pode ouvir alguém gritar o meu sobrenome.
"Drácula"
Me virei em a procura daquele que me chamava, era uma voz masculina, mas
eu não a reconhecia. Quando encarei o dono da voz, me deparei com um jovem
rapaz que estava com mais dois amigos, eu procurei em minha mente o rosto
dele, mas, não o reconheci.
O silêncio que ficou no avião depois que aquele lobisomem me ameaçou foi
quebrado por mim e por Andrew dando risada de forma descontrolada, e pela
cara de confusão do jovem, não era essa a reação que ele esperava de nossa
parte.
- Pobre cachorrinho, se quiser ter uma chance contra nós, deverá arrumar uma
matilha maior, porque só com esses dois aí a única coisa que conseguiriam seria
alguns ossos para roer, isso se já tivéssemos jantado - Andrew respondeu ainda
rindo, mas, quando terminou a frase lançou um olhar de desafio
Os dois rapazes que estavam com o lobisomens avançaram, mas antes que
conseguissem dar dois passos o lobisomem estendeu o braço os impedindo de
passar, eles pareciam ter se irritado com a comparação de Andrew, tenho que
admitir que ele costuma ser bastante cruel.
Olhei para Samuel que tinha se afastado alguns passos, ele parecia estar tenso,
com medo para falar a verdade, olhei em volta, os demais monstros observavam
atentamente, alguns nem piscavam.
- Eu não sei quem é você ou que tipo de rixa existe entre você e minha família,
mas, eu não sou eles - falei me virando de costa e dando um tapa de leve no
ombro de Andrew o convidando a me seguir, passei o braço em volta do pescoço
de Samuel e começamos a caminhar pelo corredor lado a lado seguidos por
Andrew - e já que foi gentil de me dar esse aviso, irei retribuir dando um outro,
se entrar no meu quarto iremos matar qualquer um sem avisos prévios - Falei
ainda de costa, mas tenho certeza de que eles ouviram, e quando passamos por
um grupo de jovens dei uma piscada maliciosa, que teve resposta imediata
através de sorriso desajeitados e desvio de olhares envergonhados.
Era fácil bancar o durão, afinal, tenho o nome e o porte para tal feito, mas, a
verdade é que se tivéssemos que lutar daquela forma, provavelmente perderia,
sempre fui muito dependente dos meus poderes, para ser sincero, usei a minha
vida toda a velocidade e nada mais, acho melhor esse colégio ter aulas de
combate o mais rápido possível, porque pelo que vi, o nome de minha família
atrai muitos inimigos, e eles estão vindo com a intenção de matar, mas, isso é
problema para outra hora.
Havia uma escada na saída do avião, e quando colocamos a cara para fora foi
possível ver uma quantidade considerável de alunos espalhados em fileiras,
cada fileira devia ter uns 25 ou mais alunos. O lugar em si era uma grande pista
de pouso, sem mais nada, não havia nenhuma espécie de aeroporto ou algo do
tipo, era só uma grande reta, e quando olhei para trás, me deparei com um avião
gigante, era como Samuel havia dito, havia dois andares, o avião por fora era
branco com o nome "Oaks" estampado em vermelho na lateral.
Quando chegamos ao inicio da escada fomos recebidos por uma mulher mais
velha, ela devia ter uns 40 anos, usava um vestido tomara que caia vermelho
bem colado no corpo, um corpo com muitas curvas.
- Bem-vindos, eu sou sua guia de hoje, peço que se encaminhem para a fileira 7
- Ela apontou para uma das fileira, acenamos com a cabeça e caminhamos até
a fila, tenho que admitir que estou com frio, esse casaco que estou usando não
serve para muita coisa.
- A não, vocês de novo? estão nos seguindo? - Ayla Parecia um pouco revoltada
- Acho que estamos mesmo ligados - Rebati lançando um sorriso para Ayla, que
continuou com sua cara seria, ela possuía uma expressão facial de alguém que
mata a sangue frio
- Calma amiga! - Bianca tomou a frente levando a mão ao meu peito - Esse é o
meu maior investimento até agora, olha só para esse rostinho, moreno, olhos
castanhos claro, lábios rosados e carnudos, uma maquina perfeita de atração.
- Já chega! - Ayla nem se virou ao praticamente gritar uma ordem a Bianca, ela
parecia brava, e Bianca acatou as ordens
- Então tá!
- Nós temos que ficar atentos, realmente me parece que aquele cara tem um
problema comigo.
- Estão falando de que? - Bianca realmente parecia determinada a manter um
laço com o nosso grupo, será que é aquilo que Victor falou de fazer aliados?
- Aquele rapaz ameaçou Satur de morte. - Samuel como sempre falava muito e
rápido - Baseado nas orelhas pontudas, o atual inimigo é um lobisomem, ainda
mais se levar em consideração que os jovens que estão com ele parecem o
obedecer, ele também foi bastante especifico em relação ao perigo que Satur
corre, então se ele for atacar, ele irá fazer isso a noite e no seu quarto, visto que
ele especificou "aparecer morto no seu quarto pela manhã".
Quando Bianca pegou na minha mão para colocar a runa arregalou os olhos.
- Caraca, você está com frio! - Bianca levou o dedo a minha boca - Morde aqui!
- Fiquei meio acuado com o pedido, mas ela parecia saber o que estava fazendo,
então a mordi, abrindo um pequeno corte no polegar dela
Bianca pediu que eu esticasse as duas mãos com a palma para cima, então ela
passou o dedo marcando com o sangue dois sinais de mais, uma em cada mão,
ela recitou alguma coisa bem baixinho e o sangue foi absorvido pela minha pele,
e imediatamente minhas mão começaram a se esquentar, depois o calor se
espalhou para meu corpo, Andrew e Samuel pareciam estar tão surpresos
quanto eu.
- Seus poderes não estão suprimidos? - Andrew parecia tentar ler o nível de
poder de Bianca, mas pela cara, ele não estava tendo sucesso
- Estão, mas, eu sou muito poderosa para uma magia desse nível funcionar em
mim totalmente, e desista, você não conseguirá ler meu nível de poder se eu não
quiser que veja! - Bianca encarou Andrew que desviou o olhar na hora
Como ela soube da habilidade de Andrew? Não importa, essa garota é muito
mais poderosa que aparentava, mas ela não aprecia ser má, geralmente todo
bruxa tem seu toque de perversidade, tipo os vampiros, não importa o quão
bonzinho você ache que um vampiro pode ser, ele sempre esconderá um lado
sombrio.
Nossa guia chegou na ponta do grupo pedindo atenção, assim como todos os
guias de cada grupo.
Então era isso, finalmente iriamos conhecer o colégio Oaks, estava ansioso,
assim como todos, tenho certeza que cada um está com o coração apertado,
mas, Bianca estava com o um sorriso que não escondia a empolgação.
- Vamos lá!
Capitulo 8
- Muito bem iniciados, seus poderes foram reestabelecidos, mas vou logo
avisando que ataques letais são estritamente proibidos, puníveis até com prisão
caso sejam bem sucedidos - a instrução da guia era bastante firme
Olhei em volta, para mim era algo engraçado imaginar uma prisão para
monstros, mas, estou em um colégio para monstros não é mesmo?
- Você percebeu não é mesmo? - Samuel encarava todos ao redor assim como
eu
- Muito bem, sei que todos estão animados, então vamos começar logo com o
tour pelo colégio Oaks, o maior instituto de monstros da américa latina, quem é
Havard perto de nós? - A guia realmente parecia acreditar nas próprias palavras,
era uma afirmação ousada, espero que esse colégio cumpra com a expectativa,
os múrmuros começavam, mas, não era algo que atrapalhasse a guia -
Começando por essa maravilhosa área colorida, temos aqui a floresta da vida,
uma floresta regada pelos poderes dos bruxos da natureza, temos mais de mil
espécies de arvores frutíferas e não frutíferas, caso esteja afim e comer alguma
fruta direto do pé, este é o lugar certo, só não desperdice, os bruxos da natureza
costumam ser temperamentais em relação a essas arvores
- Atenção novatos, vocês são iniciados, isso quer dizer que vocês são do
primeiro ano de Oaks, o que os coloca na "ralé" do colégio, muitos de vocês não
chegarão nem ao fim da primeira semana, então, quando derem de cara com
um veterano, é bom não os irritar - A guia deixou escapar um sorriso quando nos
aproximamos de uma bifurcação, onde havia uma espécie de amontoado de
placas, cada placa apontava para um caminho diferente, sendo seis caminhos ,
a guia parou do lado da placa e começou a apontar de cima para baixo falando
o nome de cada placa e a explicando
- Oaks é grande, então é comum que se deparem com placas iguais a estas
informando como chegar a tal lugar - Ainda apontando para a primeira placa ela
continuou a falar - Grutas! localizadas em uma das cavernas subterrâneas, é o
lugar ideal para relaxar com um banho quente, não se enganem pelo nosso clima
frio, por baixo de nós passa um extenso rio de lava, que como uma mãe,
esquenta nossas grutas para nos proporcionar um banho maravilhoso
Ela abaixou o dedo apontando para a segunda placa que direcionava para o
caminho da direita.
Eu não ligava pra palestras, muito menos para essa guia, pelo visto isso vai
demorar, ainda mais se ela parar para explicar cada pedacinho desse lugar,
tenho certeza que esse colégio deve ser gigante, e não estou a fim de ouvir ela
o dia inteiro. Quando voltei a prestar atenção ao que ela estava dizendo, vi que
já estava na ultima placa, e para ser sincero, era a única que me interessava no
momento, a placa apontava para o ultimo caminho, olhei todos as placas
rapidamente enquanto ouvia a guia continuar a falar, elas estavam em ordem de
cima para baixo com os seguintes nomes "Grutas", "Os templários", "Bosque da
morte" nomezinho meio tenebroso, "Natural" e por ultimo e até agora a campeã
de minha atenção "Lagoa dos afogados", eu posso até ser meio desligado, mas
essa placa apontava direto para aquele lago que vi ainda dentro do avião.
- Já disse e repito, dá para saber exatamente no que está pensando! - Andrew
estava parado do meu lado com um sorriso de canto - Vamos deixar essa chatice
para lá e dar um pulinho nesse lago!
- É assim que se fala meu amigo! Você vem Samuel? - Ainda não tinha me
acostumado 100% com meu mais novo amigo, mas, já tinha me apegado o
suficiente para querer ele do meu lado
- Bota mais dois para a sua conta, nós estamos de saída, depois você me conta
como foi, está bem? - Tentei parecer o menos impressionado possível, era
extraordinário como a mente de Samuel trabalhava
Os nossos ossos se recuperam muito rápido, muito mesmo, mas, quando nós
damos uma forcinha o colocando na posição certa, o processo fica bem mais
rápido, levando o olhar a uns 6 metros a nossa frente podemos ver o rosto da
responsável pelo ataque.
- Olha só! Sempre achei que as pessoas gostassem de me ouvir falar, dizem que
eu tenho uma voz doce
- Olha só, quem disse isso para você te enganou - Andrew parecia irritado, eu já
havia me levantado, ainda meio zonzo, mas estava em pé, Andrew por outro lado
parecia focado em arrumar o nariz e permanecia sentado - Nossa Drácula, nós
devemos ser uma decepção para os nossos pais, 4 alunos saíram antes de nós,
e só a gente foi apanhado!
Quando o ultimo estralar de ossos foi sentido por mim, fechei a boca limpando o
sangue, ao meu redor havia perfeitamente o meu formato, meu sangue havia se
misturado a neve branca, criando um contraste tão belo quando o das arvores
ainda ao nosso redor. Não entendo como Andrew não vê, a guia a nossa frente
não é a verdadeira, ela é apenas um clone, pelo soco que ela nós atingiu, não é
uma miragem, e sim um golen feito de barro ou argila, minha ama é perita nesse
assunto, e aparentemente a guia também é.
- Blade, acho que os demais que saíram também foram atacados, estou errado
senhora...?
- Por favor, não me chame de senhora, só tenho 329 anos, estou na flor da idade!
E sim, você está certo, eles foram alcançados assim que sairiam do grupo.
329 anos, eu falei que não se pode confiar na aparência no mundo dos monstros.
- E agora? nós vamos receber uma detenção? ou melhor vamos ser levados
para a sala do diretor? - Não é uma boa ideia provocar alguém que é mais
experiente que você, mas por outro lado, é muito mais divertido
- Satur, isso poderia ficar muito pior, imagina se ela leva a gente de volta para o
tour! - Andrew foi muito maldoso, acho que já falei, mas vou falar de novo,
Andrew é muito malvado quando quer ser, Andrew se recompôs e levantou,
caminhou até meu lado e ajeitou os óculos
- Deixe ela comigo, tenho uma técnica que gostaria de testar! além do mais, com
o nível de poder dela, ela nunca me derrotaria! - Os olhos de Andrew se
iluminaram no verde real de sempre
- Até onde sei, isso se encaixa apenas para seres vivos, um golen não é um ser
vivo... sim, eu demorei, mas entendi!
Andrew acelerou, a guia também, aparentemente ela estava usando magia para
igualar a velocidade, isso somado a força gigante de um golen a deixa pareô
para um vampiro, mas, ela iria lutar com Andrew, e ele não costumava perder.
Andrew lançou o primeiro ataque, tenho que admitir que meus olhos ainda não
acompanham totalmente os movimentos em alta velocidade, tenho que focar
muito para não perder muita coisa, a guia conseguiu desviar das primeiras
sequências de golpes, aparentemente a técnica de Andrew não é de ataque e
sim de contragolpe, afinal, ele é um perito nessa área.
Apesar de Andrew ter deixado varias aberturas, a guia não atacou de primeira,
esperando que Andrew terminasse sua sequência, gosto de ver uma boa luta,
mas, estou a fim de terminar logo com isso, então ignorando o que meu amigo
queria, planejei o meu ataque, olhei em volta a procura de algo, mas, só havia
neve para todo lado, balancei os ombros e sorri, quem diria que minha arma
seria neve?
Fiz uma bolinha de neve perfeita. A guia lançou ataques mágicos, dois fachos
de luz branca saíram de sua mão em direção a Andrew, não sei exatamente para
que serve, mas antes que ela lançasse o terceiro ataque me movimentei para as
costas dela a uma distancia de 4 metros, sei que ainda estava longe, mas,
é suficiente para minha técnica funcionar. Me preparei o melhor possível para
arremessar, esse momento era digno de uma pose daquelas de jogadores de
beisebol.
- Uma bola de Neve? Serio? - Andrew estava dando risada, achei que ele iria
ficar chateado por eu ter interferido, mas não era o caso, dei de ombro fazendo
uma careta que diz exatamente a mesma coisa em qualquer lugar "foi o que deu
para fazer", o que levou Andrew a dar risada deixando o corpo do Golen cair na
neve - a tática "Vacilou, perdeu!" está de volta!
Não pude conter a risada, era bom voltar a ser amigo de Andrew, fomos
caminhando devagar, relembrando dos velhos tempos e de todas as vezes que
usamos essa técnica, cada vez que a usamos, era uma historia muito
engraçada.
Capitulo 9
Por uma boa parte do caminho nos deparamos com veteranos voltando do lago,
como sei disso é bem simples, apesar de estarem usando roupas de frio, em
grande maioria estavam com os cabelos molhados, começo acreditar que essas
águas sejam mesmo quentes, só isso explicaria alguém estar pulando em um
lago nesse frio. Depois de uma caminhada de 23 minutos pela neve comecei a
me questionar se ainda estávamos na direção certa, a neve cobriu boa parte do
caminho e creio que se perder é uma opção, já fazia algum tempo que não nos
esbarrávamos com ninguém, mas, minhas suspeitas se desfizeram quando
comecei a ouvir uma leve batida musical, olhei para Andrew que abriu um sorriso.
- Nop, isso é Pop, certeza! - Ainda encarando Andrew continuei a falar - Acho
que já podemos acelerar o passo, não é mesmo?
Olhando ao redor, era possível ver um muro de ferro levantado nas duas
direções, era consideravelmente alto, não conseguia ver o final dela, chuto que
ela faz a volta no lago.
- São duas esferas de prata para entrar! -um dos brutamontes estendeu a mão
como se esperasse que entregássemos algo
- Como é que é? - Perguntei o mais firme possível, mas creio que meu rosto não
escondeu a minha cara de confusão
- Não acredito nisso! - A garota soltou uma risada que eu diria que foi um pouco
maldosa - Eles são iniciandos, olhem só as mochilas deles... - A garota caminhou
até nossa direção parando atrás dos brutamontes - Eu não sou de ser boazinha,
mas gostei desse aí - A garota de cabelos azuis deu uma piscada para Andrew
- Esse lago está sobe o domínio da fraternidade Zeta Beta Tau, e para entrar
vocês precisam pagar, e eu diria que pela cara de vocês, fugiram do tour, e nesse
tour em especifico seria revelado o que conta aqui... essas coisinhas valem mais
do que dinheiro! - A garota puxou 4 esferas de vidro com cores diferentes que
ficaram posicionadas por entre os seus dedos - Em primeiro e muito comum por
aqui, a esfera prata, que pode ser comprada diretamente em uma das lojas de
cambio espalhadas por Oaks, em segundo lugar a esfera vermelha, essa aqui
só é importante pros viciados em sangue, em terceiro lugar a esfera azul, usada
para adquirir itens mágicos, e por ultima e mais difícil de ser encontrada, a esfera
roxa, com essa belezinha você consegue o que quiser, até mesmo itens raros!
De primeira tudo o que eu consegui pensar foi, Samuel estava certo! o tour era
importante, encarei Andrew que estava analisando a jovem garota a nossa
frente.
- Está bem, mas o que me impede de entrar a força? - até onde sei, um lago é
um lago...
- Não vai querer provocar ela! Os brutamontes só possuem força, mas o nível de
poder magico dela é de certa forma assustador! - Andrew se aproximou pertinho
de mim para sussurrar o mais discreto possível - Lembre-se do que aquela guia
falou, não devemos irritar os veteranos.
- Está bem, não temos essas tais esferas, a onde podemos arrumar umas o mais
rápido possível? - Lancei a pergunta para a garota que não parava de encarar
Andrew com um sorriso malicioso
- Olha só, já falei, não sou boazinha, as primeiras informações foram de graça,
mas essa terá um preço! que vai ser pago com um beijo bem quente... Sabe
como é, estou morrendo de frio... -
Vou contar uma coisa a vocês, ela conseguiu ser bastante sexy. Os dois
brutamontes, se entreolharam e depois encararam a moça que andou por entre
eles em direção a Andrew, que prestando atenção, estava gostando disso.
- Quando foi que você virou mulherengo?! - Sussurrei vendo Andrew caminhar
em direção a garota, até virei pro lado quando eles se agarraram, privacidade
era necessário no caso deles
E assim como ela havia mandado, nós fizemos, não era hoje que iria conhecer
o lago, mas tenho total certeza que isso não demorará. De primeira não era
possível ver o caminho por causa da neve, mas, alguns metros para frente, o
caminho começava a abrir.
Enquanto caminhávamos pelo caminho que a jovem de cabelos azul nos havia
apontado, nos batemos com mais alguns estudantes, e tenho que falar,
realmente esse lugar passa uma sensação de elite, todos até agora estavam
bem vestidos e tinham um ar de superioridade no olhar que só pessoas
importantes possuem, não falo apenas dos que tem dinheiro, mas também
aqueles que estão em altos cargos na sociedade como chefe de policia ou
presidente da CIA.
Chegando ao fim do caminho havia três placas, uma apontada para o alojamento
escrito ALOJAMENTO é obvio, e as outras duas apontavam para direções
oposta, um com o nome de INSTITUTO e outro com o nome de ILHAS.
- UAL! - Exclamou Andrew em um suspiro - Parece que teremos um pouco de
espaço.
A estrutura em si era rustica, mas, parecia que havia acabado de ser reformado,
a área externa tinha em sua composição cascalhos ao redor, contando com o
caminho que estávamos, havia mais 3 visíveis ligando o ALOJAMENTO ao
restante de Oaks, deve ter mais caminhos por de trás dessa obra arquitetônica,
alguns estudantes estavam sentados na porta rindo, em volta havia bancos de
ferro e uma fonte com um laço de água cortando de forma engraçada.
- Bolinho! Tem mais algum aí? -Andrew realmente era doido por bolinhos, e não
escondia esse fato
O cara levou um susto, não sei porque, nem tentamos ser discretos, ele levantou
em um salto com uma cara de assombro nos encarando, ele colocou o bolinho
no balcão e começou a fazer uma sequencia de perguntas e afirmações
- Quem são vocês? Porque estão com bolsas? vocês não parecem ser segundo
ano! Vocês fugiram! Droga! Não era para ter gente aqui antes das 15h! E agora?
- O cara nos encarou por alguns segundos, tenho que admitir que estava meio
assustado com ele, parecia um usuário de cocaína, olhei para Andrew que
estava com a mesma cara que eu.
- Já sei! - O jovem falou saltando por cima da mesa em nossa direção, o que fez
com que eu e Andrew déssemos alguns passos para trás em uma tentativa de
manter uma distancia boa daquele aspirante a maluco
- Convictum! - Ele falava firme e de forma bastante audível, pelo visto, ele era
um bruxo, isso me fez dar mais dois passos para trás, encarei Andrew que estava
com as pupilas dilatadas, ele amava magia mais do que amava bolinhos -
Restaurandum! - o bruxo separou as mãos em uma abertura maior, o que fez
com que uma espécie de anomalia começasse a se formar no meio das mãos
deles - Inducantur! - Foi a ultima palavra que ele disse antes de abrir os braços
no limite máximo, então toda aquela anomalia foi dispersada por toda a parte,
atingindo primeiro Andrew que caiu de joelhos, tentei usar minha velocidade,
mas a energia foi mais rápido, e quando cai de joelhos senti meus poderes serem
esvaziados, era exatamente como no avião, mas dessa vez sem aviso prévio...
- Mil desculpas, não achei que teria gente aqui tão cedo, e como ainda havia
alguns ajudantes na arrumação do alojamento deixei a zona sem restrição, mas
as regras são claras, sem poderes no dormitório para iniciandos!
Andrew estava encarando o bruxo mais que o normal! parecia fascinado com o
cara magrelo, aliás, ele me lembrava o salsicha de scooby doo, até mesmo na
parte da barbicha.
- Vamos começar do zero! - o bruxo deu um passo para trás e respirou fundo -
Olá! nós nos chamamos Sven, seremos os supervisores desse alojamento pelos
próximos 6 meses, já que são os primeiros a chegar adiantados por muitas
horas, irão poder escolher o andar que quiserem e ganharão um tour particular
pelo alojamento!
Sven deu um sorriso de canto e voltou para trás da mesa e começou a mexer
em alguma coisa que devia estar cheia de chaves, e não achem que eu não
reparei no papo esquisito dele de "Nós", olhei em volta e não estou vendo mais
ninguém aqui, e Andrew ainda não tinha dado nem um pio.
- Aqui está! - Sven levantou sacudindo uma chave - Quarto 000, o melhor do
terceiro andar com uma vista linda da praça da revolução! bom descanso! Vão
precisar.
- Você tinha que ver, os números ficavam saltando na minha cabeça, não era
possível saber o nível de poder dele ou qualquer outra coisa.
- Tá, ele consegue esconder as informações, e daí? um monte monstro tem essa
habilidade, e aqui isso deve acontecer mais vezes que o normal
- Não é isso Satur, ele não estava escondendo, ele é um B.E.B, já ouvi falar, mas
são muito raros e são mais fascinantes ainda vistos pelos meus olhos, você tinha
que ver!
- O que é um B.E.E? - Já vi que minha vida nesse colégio será resumido em uma
única frase "o que é?"
- B.E.B, bruxos entre bruxos, é similar ao TDI dos humanos, só que para os
bruxos, é como se existisse vários bruxos com habilidades e identidades
diferentes dentro do corpo dele, e essas habilidades ficam variando a todo o
instante, por isso que dependendo da personalidade regente, o bruxo fica mais
forte ou mais fraco!
No final do terceiro andar havia uma porta estampada com o numero 000,
quando entramos no quarto meu queixo caiu, não pelo detalhes do quarto,
porque ele era simples e espaçoso, mas, no lugar da parede havia uma abertura
com vidro, que pela altura e posicionamento que estávamos, nos permitia ter
uma visão privilegiada.
Olhando por aquela abertura, era possível ver que Oaks era cercada por arvores,
não necessariamente com espécies de regiões frias, a neve criava um padrão
de cores que só se perdia quando levantei os olhos mais ao fundo, uma grande
construção se erguia no horizonte, era difícil especificar o tamanho de forma
precisa, e apesar de estar ansioso para saber mais sobre, já tem um tempão que
estou acordado, e ao contrario de muitos vampiros por ai, eu necessito dormir, é
como uma terapia para mim.
Capitulo 10
Havia se passado algumas horas desde que chegamos, o quarto era muito
espaçoso, mas contava com um banheiro minúsculo, duas camas de solteiros
em lados distintos, dois baús para guardar as roupas e duas mesas com suas
respectivas cadeiras giratórias, nada era muito sofisticado, mas, o minimalismo
do lugar dava um toque de classe.
Como perdemos o almoço no refeitório, coisa que aliás, fazia parte do tour, Sven
trouxe duas bandejas com alguns pedaços de carne, uma farofa muito bem
reforçada, um bolinho de sobremesa e para minha felicidade, 500 ml de sangue
em uma garrafa de vidro, eu estava ficando louco de sede, e Andrew como um
bom amigo, trocou o meu bolinho pelos 500 ml da garrafa dele, creio que o nível
de importância seja o mesmo para ambos os lados.
Andrew estava sentado na cama dele ouvindo musica e lendo um livro enquanto
eu tirava um cochilo merecido, creio que vai ser difícil regular as horas de sono
nos primeiros dias, esse negocio de sentir o sol só foi empolgante nas primeiras
horas, eram quase 17:00 horas da tarde quando os barulhos no corredor
começaram, mas, o que realmente me acordou foi Andrew me chamando.
- Acho que você lembra da minha regra sobre acordar... - Retruquei levantando
ainda resmungando, o soninho estava uma delicia
- Acho que era algo do tipo... - Andrew deu uma pausa dramática - Se tiver
mulher pelada ou sangue fresco.
- Nenhuma, só queria mostrar que seu arque inimigo número um veio para Oaks
- Andrew apontou para a fonte
- Tá de brincadeira comigo! Até aqui ele veio atrás de mim? Achei que esse
colégio era só para elite, não me lembro do nome Ohins estar em nenhuma
boca... - Eu estava revoltado, e isso é bastante visível
- Ei, olha lá o nosso pequeno gênio! - Andrew me deu um toque no ombro para
que eu olhasse para um dos bancos, e lá estava Samuel
Sentado com um notebook no colo escrevendo algo, ao lado estava uma garota
de toca e casaco verde, aos seus pés havia um... Guepardo? só pode ser...
- Vamos lá, tenho a leve certeza que perdemos muita coisa importante - retribui
o toque de Andrew dando um tapinha nas costas dele, peguei meu celular que
estava jogado na cama e caminhei até a porta, esperei Andrew desligar a caixa
de som, quando abri a porta, dei de cara com Ayla encostada na porta paralela
a nossa com os braços cruzados, na cintura bastante visível uma Desert Eagle
reluzia, acho que ela gosta mesmo de uma arma, Bianca estava trancando a
porta e não entendeu nada quando Ayla praguejou.
- Cara, a gente não consegue se livrar mesmo de vocês! - Ayla se desencostou
da parede descruzando os braços
- Não tenho nada a comentar, chegamos aqui primeiro, vocês é que estão nos
seguindo - Rebati a provocação de Ayla
- Vocês dois são uma graça! - Andrew passou o braço pelo meu pescoço me
puxando e me guiando para fora daquele dormitório, Ayla e Bianca vieram logo
atrás, Bianca era muito diferente de Ayla, mas, as duas pareciam ser bastante
amigas, Ayla parecia disposta a matar qualquer um, enquanto Bianca parecia
estar pronta para ser amiga de todos, em outras palavras, Ayla era sombria e
Bianca bem receptível.
O corredor estava uma zona, varias portas abertas e barulho para todo lado,
todos estavam se acomodando, o que deixava o corredor cheio de malas, aliás,
acabei de lembrar de uma coisa super importante, preciso fazer compras
urgente, Andrew havia pegado as malas em algum momento enquanto eu estava
dormindo, até que para um vampiro ele é bastante estiloso. vários jovens
estavam socializando no meio do corredor, e em alguns casos tínhamos que nos
esquivar para não acabar batendo em alguém, mas, mesmo com todo o meu
esforço, acabei me esbarrando com uma garota.
- Desculpa! - Teve uma vez que meu irmão me deu um soco no estomago só
porque eu disse essa palavra, mas eu não podia evitar, cresci com Lufeia, pedir
desculpa era uma garantia de continuar com todos os dentes da boca, na boca.
- Tudo bem! - Foi a resposta da garota - A culpa foi minha, estava tão distraída
que não o vi
Acho que não consegui esconder minha cara, estava completamente encantado
pela garota, acho que em toda minha vida nunca me senti tão atraído, ninguém
gosta de esbarrar em ninguém, mas, eu estava praticamente sorrindo em
completo êxtase, o rosto dela era delicado, todos os traços dela eram perfeitos,
seu cabelo ondulado parecia estar se movendo por conta própria, era como se
uma brisa estivesse passando por ali, mas, não havia janelas por perto.
- Nossa, como você é linda! - Eu sei que é completamente tosco alguém se portar
assim, até eu achava isso, mas foi completamente involuntário, eu estava
completamente cativado por aquela garota.
- Obrigada! - A garota deu um sorriso de canto, o que fez com que meus olhos
se iluminassem - Agora eu preciso entrar, foi um prazer, Tchau! - Ela entrou no
quarto e fechou a porta ainda com um sorriso delicado no rosto
- Não vá ainda... - Eu estava praticamente implorando para que ela não fosse,
mas a porta se fechou sem nenhuma hesitação da parte dela
- Porque estão rindo? - Perguntei sem entender nada, outra coisa que não
entendia era como minha paixão pela garota estava diminuindo drasticamente,
a literalmente um segundo atrás estava querendo a beijar com todas as minhas
forças.
- Você meu caro amigo, entrou em transe, uma daquelas que pega com tudo! -
Andrew virou o celular da mão dele mostrado o vídeo que ele havia feito, peguei
o celular da mão dele e comecei a andar seguido por ele que ainda estava dando
risada juntamente com Bianca.
- Eai meu jovem! - Falei dando a volta no banco ficando atrás de Samuel e da
garota que ainda estava ao lado dele, agora eu tinha certeza, era um guepardo,
a garota era bastante misteriosa, mas o que mais me chamava a atenção eram
os olhos grandes e penetrantes.
- Vocês tem noção do quanto perderam? Esse lugar é repleto de coisas e lugares
maravilhosos, é uma mina de diversidade, existem tantas disciplinas, tantos
professores incríveis, eu estou surtando - Samuel estava elétrico, os dedos dele
estavam digitando enquanto ele olhava para a gente e conversava, minha única
pergunta é, como isso é possível?
- Calma meu amigo! Que tal nos apresentar a sua amiga? - Andrew estava
parado diante de Samuel com os braços cruzados, ele estava igualzinho ao pai
dele, principalmente com esse sobretudo.
- Ela não é uma amiga, é minha meia-irmã mais nova, Vik Dandridge! - Samuel
deu um toque com o cotovelo em Vik isso fez com que ela se mexesse, por ela
estar de toca, eu não tinha visto que ela estava de fones
- Oi! - A voz dela era doce e gentil - Meu nome é Vik Dandridge, é um prazer
conhecer vocês!
- Vik, esse parado a nossa frente é Andrew Blade, e esse as minhas costas se
chama Satur Drácula - Samuel nos apresentou, mas continuou a digitar o tempo
todo
Andrew acenou com a cabeça e eu fiz o mesmo, mas logo voltei minha atenção
ao Notebook de Samuel, estava curioso para saber o que prendia a atenção de
Samuel, mas não consegui entender nada, ele estava escrevendo em uma outra
língua? isso era ainda mais surpreendente. Quando voltei minha atenção para
Andrew e Vik, peguei a conversa na metade, mas pelo que entendi, eles estavam
conversando sobre os fones, aparentemente eles não são para escutar musica,
eles servem para emitir uma frequência única que tampa a conexão de Vik com
os espíritos, Vik não é uma hibrida igual a Samuel, ela é uma bruxa Natural, ela
possui uma forte ligação com os espíritos, tão forte que eles ficam sussurrando
no seu ouvido o tempo todo, e os fones ajudam ela a não ouvir nada.
Ficamos conversando sobre Samuel por alguns minutos, mas quando o sol
começou a se pôr por de trás das montanhas, um circulo verde se estendeu em
uma circunferência que abrangia o alojamento e a todos fora do alojamento, um
estrondo muito alto veio de dentro do alojamento, todos ficaram em alerta e
alguns gritos vieram de dentro do alojamento, e rapidamente os alunos
começaram a sair correndo do alojamento juntamente com uma fumaça, era gás
lacrimogênio.
- Está na hora! - Samuel fechou o Notbook e entregou para Vik que começou a
dobrar o notebook até ele ficar do tamanho de um cartão de credito, ela então
jogou o notebook no ar que foi engolido de uma só vez pelo guepardo, eu estava
muito impressionado com o que havia acabado de acontecer, só que estava mais
curioso para saber o que estava acontecendo no alojamento, será que algum
maluco estourou uma granada dentro do alojamento?
- Um dos espíritos avisou que o trote iria acontecer ao por do sol, acho que
acabou de começar! - Vik se levantou do banco seguido por Samuel
Foi de uma hora para outra, quando pisquei a bruxa de mais cedo, aquela de
cabelos azuis que tinha enrolado a língua na de Andrew, estava em cima do
alojamento, ao lado dela estava mais cinco jovens, todas elas usando um manto
todo preto com detalhes dourado, os mantos balançavam o suficiente para saber
que havia algo desenhado nas suas costas, mas não dava para saber
exatamente o que era, eles encaravam a todos, e quando o ultimo aluno saiu do
alojamento, a jovem bruxa levou a mão ao pescoço, e surpreendentemente
começou a falar de forma audível e bastante coerente, magia é realmente algo
curioso.
- Eu até desejaria uma boa noite, mas, acredito que não seja apropriado, já que
terão uma das piores noites que já tiveram em suas patéticas vidas - Ela
transmitia uma sensação de perigo a cada palavra dita, todos estavam com os
olhos voltados para cima do alojamento - A partir de agora começa o trote de
vocês, saibam que suas vidas estão em perigo, se quiserem, podem ficar aqui,
só que terão que pegar suas coisas e vão partir ao nascer o sol de volta para sei
lá de onde vieram, mas, para aqueles que querem participar, saibam que se não
passarem também irão voltar com os desistentes, Oaks é um colégio de elite,
apenas a elite continuará a partir daqui! - A jovem deu uma pausa longa, tática
muito boa para aterrorizar os alunos - Agora que estão avisados... Sigam as
chamas!
- Isso seria uma dica? - Murmurei baixinho, mas, alto o suficiente para ser
questionado por Andrew, então apontei para o portão, e ele começou o analisar
- Eu não demoraria para chegar a onde devem chegar - Foram as ultimas
palavras vinda daquela jovem e ela desapareceu em um piscar de olhos
- Nos vemos lá? - Era uma pergunta retorica, estava na hora de correr um pouco,
eu não queria ficar para trás, e ao que me parece, esse trote não é uma festinha
de boas vindas
- Sigam as luzes, irão dar de cara com uma parede viva, lá haverá uma entrada,
atravessem o portal o mais rápido que conseguirem! - As instruções eram claras
- Eu acho melhor vocês correrem...
- Maldito!
Praguejei correndo em direção as luzes, deixando uma por uma para trás, não
sou muito bom com cartografia, mas, tenho certeza que esse caminho quase em
linha reta esta me levando para o norte, e eu posso jurar que esse cheiro é de
agua, muita agua, será que estamos perto do mar? ao respirar fundo na tentativa
de sentir os cheiro melhor, acabei me perdendo em uma fragrância doce e suave,
alguém devia estar por perto, e esse alguém tem um perfume muito bom!
Me distrai com aquele cheiro por tempo suficiente para não ver um galho a minha
frente, o que me custou alguns arranhões por dentro da camisa e umas duas
capotadas na neve, vai por mim, depois de muito tempo caindo em alta
velocidade, você aprende uns macetes para levantar mais rápido.
-É! Acho que não tenho outra escolha... - Eu estava prestes a abrir mão e entrar
na abertura quando me passou uma ideia na cabeça - E se...
Saltei em direção ao topo da cerca, talvez consiga ver algo por lá que me
tranquilize mais. entretanto, senti alguns laços me envolverem tão rápido quanto
eu subia, e quando pisquei os olhos, estava de volta ao chão enrolado por
trepadeiras que cresceram da cerca.
- Olá iniciando! - O peladão tinha uma voz grave e um rosto bem harmônico,
parecia calmo, e nem um pouco desconfortável - Quando uma instrução é dada,
você a deve seguir! Mas, Admiro como você pensa, é muito bom saber que tem
opinião própria, os futuros lideres precisam ter essa característica, por isso, irei
te dar uma segunda chance...
Como assim? ele estava dentro da minha cabeça? Eu preciso aprender a trancar
a minha mente o mais rápido possível. O peladão fez um movimento com as
mãos de cima para baixo, e as trepadeiras começaram a retornar para a cerca,
pode sentir um alivio, era bom não estar mais preso, ele começou a andar em
minha direção, o que me fez dar dois passos para trás, ele não parecia querer
me machucar, a final, ele poderia ter feito muito mais estrago com a trepadeira,
só que, eu estava um pouco desconfortável com um cara pelado vindo em minha
direção. Ele parou a um metro de mim, estendeu o braço e fez uma marcação
no ar, logo em seguida pareceu empurrar o vento em minha direção, eu em
particular não senti nada, se foi uma magia, ou não funcionou, ou eu não devia
sentir nada.
- Agora está marcado, se pisar na bola mais uma vez, esta fora de Oaks! - apesar
de ter dado aquele aviso de forma calma e gentil, ele parecia estar falando muito
serio, e quando vi, ele já estava entrando na cerca e aos poucos começa a virar
um só com ela sumindo de vista completamente.
- Sinistro! - Falei caminhando em direção a entrada, acho melhor não ser expulso
no primeiro dia, imagina a vergonha para minha família? Meu irmão me mataria
por sujar o nome dos Dráculas.
Tomei um pouco de distância, afinal, a instrução era para entrar o mais rápido
que eu conseguisse, me abaixei um pouco, posicionei os pés paralelos um ao
outro com o pé esquerdo alguns centímetros para trás, e disparei com toda
velocidade para a cerca, não vou mentir, correr na neve é muito mais difícil do
que parece.
Ao atravessar o portal, o chão de neve foi trocado por um chão de terra, o que
me deu mais aderência, e consequentemente, mais velocidade, só que, estava
estava diante de um labirinto de espelhos, e não consegui parar antes de meter
a cara no vidro, e o som de minha cara entrando no vidro ecoou pelo labirinto
bem alto.
-Ai...
Cai sentado com alguns cacos do espelho presos na minha testa, estava
doendo, balancei a cabeça de um lado para o outro e comecei a puxar os cacos
enquanto o sangue escorria da minha testa, o labirinto era fechado por completo,
então era por isso que queriam que a gente entrasse correndo? me pergunto se
fui o único a cair nessa pegadinha.
O labirinto era composto de por uma sequência de arcos brancos que eram
iluminados por algumas luzes coloridas que ficavam piscando, me levantei
puxando o último caco. No primeiro arco havia uma tela que estava em contagem
regressiva, 01:30 e descendo...
Isso me leva a crer que tenho menos de uma hora e meia para sair daqui, mas
acho que isso é o menor dos meus problemas, respirando fundo dava pra sentir
que aqueles arcos estavam soltando algum gás, e tenho quase certeza que esse
gás não é boa coisa.
Comecei a andar com bastante cautela, isso me ajudou a não enfiar a cara em
nenhum espelho, entretanto, depois de 40 minutos andando, cheguei a um beco
sem saída, e isso é um problema, o relógio mostrava que faltava menos de 50
minutos para o fim, então, larguei a cautela e comecei a voltar pelo caminho, se
me lembro bem, existiu uma bifurcação a uns 10 corredores atrás, eu podia ser
um imprestável para muitas coisas, mas, consigo decorar bem os caminhos e
lembro como chegar neles, ainda que eu não decorasse os nomes muito bem.
O padrão dos espelhos havia mudado, agora, eles estavam mais abertos e mais
distantes um do outro, acho que isso significava um avanço no percurso, mas
aquele gás havia me causado muito mais dano do que o pedaço de espelho
atravessado uns dois centímetros no meu crânio , estava vendo dobrado, isso,
somado com o próprio reflexo dos espelhos me deixava em uma situação de
apuros.
Tentei me recuperar, mas estava tão drogado com aquele gás que havia
esquecido até mesmo de tirar o pedaço de espelho do crânio. Estava zanzando
pelos corredores com aquilo enfiado na cabeça e não estava chegando a lugar
nenhum. Me joguei no chão desacreditado, eu sabia que não estava no nível de
Oaks, mas, não podia acreditar que iria ser expulso no primeiro dia.
Fiquei alguns minutos sentado observando o relógio chegar a reta final, faltava
apenas 10 minutos, em completo silêncio tudo que era possível se ouvir era o
contador do relógio e o barulho do gás que continuava a sair, a essa altura já
havia me acostumado com o cheiro dele.
Comecei a correr pelo labirinto seguindo o mapa que criei na mente, mas, como
estava com meus sentidos bastante alterados, acabei me esbarrando algumas
vezes em alguns espelhos, mas, em 3 minutos alcancei o corredor final, uma luz
branca e forte vinha do final daquele corredor, finalmente havia alcançado o final
desse inferno, e com 4 minutos de sobra!
Vik se aproximou de mim, ela e sua irmã gêmea... ainda estava vendo dobrado,
ela começou a puxar vários cacos do espelho de mim, eu nem percebi, mas
estava sangrando por todo lado, acho que minha ultima batida havia causado
muito mais estrago do que havia percebido.
Quando o relógio zerou, todas as saídas desapareceram, e uma vaia surgiu dos
espectadores, e logo depois um estrondo bem alto foi ecoado por todo canto, e
todos que estavam dentro do labirinto caíram no chão desacordados, será
mesmo que eles mataram os alunos?
Um cara meio estranho cheio de pontos espalhados pelo corpo subiu em uma
plataforma que eu nem tinha visto, e gritou as seguintes palavras.
"Parabéns por terem passado pelo primeiro trote! Mas, agora começa o segundo
trote! Vamos lá?"
Capitulo 12
Não acredito nisso, eles vão nos empurrar para outro trote assim do nada? Sem
descanso ou algo do tipo? Tudo bem que demorei mais que a maioria, mesmo
assim, isso é revoltante! Cadê os militantes de plantão?
— Muito bem! alguns de vocês já devem ter sacado que estamos perto do mar,
encontrem ele e saberão exatamente o que fazer a seguir! — O rapaz cheio de
cicatrizes ficou alguns segundos em silêncio nos encarando.
Depois desse último aviso, todos que estavam recuperados sumiram da vista
comum. Os bruxos podem ser muito poderosos, mas, não são muito rápidos, e
creio que a maioria aqui não consegue lançar um feitiço forte o suficiente para
elevar sua velocidade, exceto Bianca, ela talvez tenha o poder necessário, mas
será se tem o feitiço para isso?
******
Demorou alguns minutos para chegarmos ao destino, o local era mais próximo
do que eu imaginara. Teria sido bem mais rápido se tivéssemos corrido, só que
não podíamos deixar Vik para trás, por mais que ela tivesse insistido para
fazermos isso inúmeras vezes.
— O que será que vamos enfrentar agora? Esse povo parece bem-disposto a
complicar nossa vida aqui! — Samuel parecia estar contando algo, pois seus
dedos estavam se levantando em ordem, um atrás do outro
— Droga Vik, as vozes te contaram o que eles estão planejando e você não nos
disse nada? — Samuel parecia irritado, mas, logo essa irritação se tornou medo,
medo que ele não conseguiu esconder — Tem algo haver com esse precipício
não mesmo?
— Que precipício? — Andrew fez a pergunta antes que eu pudesse a fazer, mas,
isso era completamente desnecessário, já que assim que ele fechou a boca, o
grupo de pessoas a nossa frente se deslocou para arquibancadas nas laterais
que ficavam viradas de frente para o mar
E, vamos dar uma pausa por um instante. O mar é algo que sempre me fascinou,
só que sempre que eu o via, era do mesmo nível, vendo ele sempre da beira da
praia, mas, a vista daqui é completamente diferente, estávamos vendo o mar a
vários metros a cima, e essa visão é indescritível, e a única coisa que consegui
dizer foi...
Com as arquibancadas elevadas nas laterais, o meio era a única opção para
nós iniciandos ficar, e quando voltei a atenção para o grupo, vi Samuel dando
um chilique daqueles.
— Eu não vou! Eles não podem me obrigar! Minha vida não vale muito, mas,
vale o suficiente para que eu não me dê ao luxo de fazer essas idiotices! —
Samuel estava agitado mexendo as mãos, ele falou tão rápido que quase não
deu para entender, enquanto isso, Vik dava risada e Andrew se perdia
analisando o nível de poder de todo mundo que não fosse esperto o suficiente
para ocultar essa informação
— Mas eles não vão nos mandar saltar... — Eu não fazia ideia se eles iam
mandar saltar ou não... — Aliás, como sabe que isso tem mais de 100 metros de
altura? — esse era um bom jeito de fazer Samuel se acalmar, nada mais acalma
um nerd do que uma boa palestra para ele demonstrar sua devida inteligência
— Do mesmo jeito que você saiu do labirinto, usando o som! — Samuel deu um
intervalo para respirar antes de continuar a sua explicação — As ondas batem
nos rochedos com um intervalo específico, e todos nós sabemos que a
velocidade de propagação do som também varia de acordo com a altura em que
o som se inicia em relação ao nível do mar, baseado no fato que a altura do mar
esta visível, isso somado ao tempo que ele levou para percorrer a rocha até aqui,
estimo que esse penhasco tenha mais de 100 metros de altura! Quer que eu diga
a fórmula que usei?
— Não precisa, me convenceu! Mas, lamento informar que eles não vã mandar
a gente pular!
— Então... estão esperando o que? — O rapaz deu mais dois passos e se jogou
do precipício
— É... Acho que sobrou só a gente... — Falei meio frustrado por ter sido deixado
no vaco, a final, não faço ideia de como vou atravessar o grande mar e meu
melhor amigo se lançou nele sem nenhum problema
Eu já estava ficando preocupado, se Samuel não passar no teste, ele vai ser
eliminado, e eu não sei se tenho força para jogar ele penhasco a baixo, já Vik,
estava com um sorriso no rosto, parecia que ela estava se divertindo com o
irmão.
— Me solte agora ou eu vou contar pra Satur que voc... — Antes que Samuel
pudesse continuar a falar, as raízes se enrolaram na boca dele, Samuel
continuava a se debater e a soltar gritos abafados
— Porque não deixou ele terminar a sua frase? — Perguntei a Vik enquanto
caminhávamos para a beira do penhasco
-Não é nada, eu só disse que você era... era... era sagaz! — Vik estava corando
um pouco e passou a mão por de trás da orelha ajeitando o cabelo — Sabe, pela
forma que você saiu do labirinto, qualquer um que tivesse inalado aquela
quantidade de gás não teria conseguido raciocinar direito — Sem olhar para
Samuel, Vik lançou o próprio irmão penhasco a baixo
Samuel gritou todos os 4 segundos que levou para atingir o mar, e enquanto eu
ria daquela cena, o céu fechou, nuvens carregadas e raios começaram a se
tornar uniformes no céu, só que uma coisa era bastante incomum, parecia ser
só nos quilômetros que levavam até a ilha. Nuvens e raios eram normais, o que
não era normal era raio sem trovão, e nuvens sem chuva, e isso era apenas o
começo. Um círculo roxo enorme surgiu abrangendo até onde os olhos podem
ver, e dentro desse círculo começou a se formar a imagem de uma runa, uma
runa roxa que iluminava o mar em um formato muito parecido com a estrela de
Davi.
Quando chegamos ao mar, havia uma plataforma feita pelos bruxos, realmente,
bruxos são criaturas muito poderosas. Foi neste momento que novamente
demos de cara com Bianca e Ayla que pareciam vidradas no que estava
acontecendo no mar, também havia mais uns 15 iniciandos parados, alguns
pareciam estar com bastante medo, mas, para mim eles eram totalmente
irrelevantes, então apenas os ignorei.
— Olá Drácula! — Bianca era muito doce e gentil, como sempre, entretanto, ela
transmitia uma sensação de poder que qualquer um podia sentir — Foi quase
hein, mas, ainda bem que conseguiu concluir o labirinto, se você não tivesse
passado, como iria cobrar o meu favor? — Bianca apontou para o anel em meu
dedo, me lembrando que estou preso a uma promessa
— Verdade, fico feliz por você ter conseguido também, só não fico feliz por essa
daí — Com o olhar apontei para Ayla que suspirou alto em desaprovação
— Vocês dois são uma figura... — Bianca voltou o olhar para o mar que
continuava a cintilar com as magias, e o ecoar dos impactos dos socos se
misturavam com os trovões — Tem um grupo de bruxos encurralados a
noroeste... — Bianca deu uma suspirada analisando a situação — Acho que
deveríamos ir lá ajudar!
— Você vai atravessar como? — Bianca estava dirigindo a pergunta a mim, mas
não tirava os olhos de Vik
Ayla deu risada enquanto Bianca parecia estar surpresa com a minha
declaração.
— Você deve ser o pior vampiro que já entrou em Oaks! — Ayla deu um passo
em minha direção, segurou firme na gola de minha camisa e me deu uma
encarada olhando diretamente em meus olhos, e em uma piscada, os olhos
delas se iluminaram em um azul-claro cintilante — Veja e aprenda — Ela então
se virou para Bianca — Leve ele no meu lugar, vou pelo mar... — E puxando a
Desert correu em disparada por cima da água
Todos os bruxos quando lançam feitiços tem seus olhos iluminados, mas, até
agora os olhos de Bianca não se iluminaram, e mesmo assim, ela lança feitiços
poderosos, isso é no mínimo muito curioso.
Nos aproximamos da ilha muito mais rápido que os demais, a ilha estava escura,
e mesmo com a visão aguçada, não consegui ver nada além dos 13 iniciandos
que já estavam na beira da ilha, incluindo o rapaz de olhos amarelos, Andrew
era um dos 13, estava encharcado, mas não parecia estar sentido frio. Quando
chegamos na ilha a bolha estourou e cai na pose de herói (aquele jeitinho que
os heróis aterrissam, com um dos joelhos dobrado e apoiado no chão). Bianca
automaticamente se virou para o mar observando atentamente o mar, ela estava
ofegante, quanto mais feitiços um bruxo usa, mais fadigado fica. 3 minutos
depois Ayla chegou, estava sem balas e reclamando que devia ter pegado mais
pentes; já Samuel chegou reclamando muito mais, estava vermelho de ódio e
dizia que ia fazer a irmã se arrepender por ter o jogado, tudo isso enquanto
tentava se secar; Vik chegou com o grupo de bruxas 10 minutos depois, nesse
pequeno período, muitos outros iniciandos chegaram, e todos se voltavam para
o mar para assistir à chegada dos demais, e em particular, as chegadas mais
bonitas vinham das sereias.
Estávamos todos tensos, todos os olhos estavam cintilando. Tenho que admitir
que é um contraste bonito com a escuridão.
Uma forte luz reluziu de dentro da ilha fazendo com que todos fechassem os
olhos. Quando voltamos a enxergar , uma enorme faixa estava pendurada de um
coqueiro a outro, luzes coloridas estavam espalhadas por entre as árvores e
escrito na faixa estava "Bem vindos", foi um alivio voltar a respirar tranquilo.
- Eai Drácula, quanto tempo? - Pedro era muito dissimulado, era uma das
inúmeras coisas que não suporto nele
- Pedro, você por aqui? não sabia que Oaks estava aceitando monstros de
segunda categoria...
- O que é isso... Não seja tão duro com você mesmo. - Pedro lançou um sorriso
de canto que fez meus olhos brilharem de raiva - Drácula, foi muito bom te ver,
mas agora preciso ir, aquelas suas amigas são muito bonitas, será que são
solteiras? - Pedro pegou uma das garrafas de sangue e saiu andando em direção
a Bianca e Ayla que ainda estavam conversando perto de um coqueiro
Antes que eu pudesse dar um passo para avançar em Pedro, Andrew segurou
meu braço.
- Não deixe que ele entre na sua mente - Andrew estava com um pedaço de
bolinho na boca, e quando eu o encarei ele me ofereceu um pedaço que recusei
de imediato - Já que não quer esse bolinho maravilhoso, deixe-me apresentar
Sabrina...
A garota de cabelos azuis ainda estava vestindo o manto preto, mas dessa vez
ele estava aberto o suficiente para mostrar um decote bem generoso.
- Meus parabéns por passar pelos trotes, tenho certeza que vocês terem
descansado foi essencial para passar nesses desafios
- Não foi por você, foi por esse belo pedaço de mau caminho... - Sabrina piscou
para Andrew que retribuiu com um sorriso
- Então tá... Sabrina, o que significa essa cabeça de dragão no seu manto? - Era
um desenho muito estranho e chamativo, já que era dourado, e dourado
geralmente se destaca bastante no preto.
- Bruxos elementares?
- Entendi...
- Você não entra, é convocado pelo "cabeça" mas tenho certeza que com um
sobrenome como o seu o que não vai faltar será convites, escolha sabiamente...
- Legal...
O fato que eu tinha me distraído tempo o suficiente para perder Ayla dando um
fora em Pedro. Bianca parecia muito animada com alguma coisa ao chegar em
nosso pequeno grupo, Ayla continuava com a cara fechada de sempre.
- Satur, você tem noção do quão rápido é? - Bianca estava com um sorriso meigo
- Não faço ideia, sei que sou mais rápido que os humanos, e é isso que importa
para mim...
- Caraca, como você é idiota... - Ayla era sempre bruta ao falar - Você não é só
mais rápido que os humanos, é mais rápido que a maioria dos vampiros, e
provavelmente se treinar direito irá se igualar a velocidade dos Gran Mestres...
- O problema é que estamos a muito tempo nos tempos fáceis, o último despertar
foi na segunda guerra mundial, quando o filho do Drácula liderou o seu
esquadrão e interviu na guerra matando Adolf Hitler, dizem que seu esquadrão
era o mais hábil e que praticamente sozinhos pararam a guerra - Sabrina estava
com os olhos cintilantes em vermelho vivo, parecia admirar meu pai e seus
amigos...
- O ponto aqui é que Satur pode ser um dos candidatos a Gran mestre... - Ayla
conseguia a atenção das pessoas de maneira natural - Quem estiver na equipe
dele terá uma visibilidade tão grande quanto a dele, e eu não sei vocês, mas eu
quero que meu nome seja conhecido, não só meu sobrenome...
- Fale pôr você, eu quero que meu nome e meu sobrenome seja conhecido, tô
dentro do seu plano... - Samuel parecia empolgado
- Então, deixa eu ver se entendi direito... todos vocês querem entrar em uma
equipe que eu esteja para se aproveitar do meu nome e uma possível habilidade
que eu possa ter no futuro, ou seja, vocês vão me manter vivo, me ajudar a me
formar no colégio e me paparicar, e em troca eu só preciso correr?
- Onde eu assino?
- Sabem que não é bem assim? para vocês estarem no mesmo esquadrão
precisam estar na mesma fraternidade, e é muito raro que um "cabeça" de uma
fraternidade ou irmandade queira todos vocês...
- Tá, mas esse plano não é para fazermos algo raro se tornar cotidiano? - Se
isso vai para frente, todos precisam entender que estamos embarcando em uma
jornada que fazer algo impossível é exatamente nossa praia - Todos me
encararam por alguns segundos antes de se tocarem que eu detinha a razão.
- E qual seria essa condição? - se me lembro bem, da ultima vez ela queria um
beijo de Andrew
- Vou ajudar vocês a conseguirem o que querem, mas quando vocês formarem
o seu esquadrão, irão lutar por mim e me levarão para sua fraternidade e para
seu esquadrão...
- Ok! - estiquei a mão para Sabrina que apertou minha mão em resposta, ela era
quente mesmo, entendo porque Andrew gamou nela...
____________________
Havia seis pequenos botes que deveriam acomodar umas 3 a 4 pessoas, a noite
havia esfriado mais um pouco, e uma neblina leve se estendia pelo mar que
estava quieto. Não havia sinal de nenhum responsável e o lugar estava deserto.
Escutei alguns passos na areia atrás de mim e virei a cabeça lentamente
esperando ver o rosto de quem se aproximava.
- Ela está conversando com um dos professores de combate, e pelo ritmo, vai
demorar, e eu meio que estou cansada.
- E pelo visto com frio também, porque não se aquece com sua magia?
- Se você diz... - Entrei no bote tentando manter o equilíbrio, mas acabei caindo
sentado em uma das tabuas feitas para serem os bancos. Bianca riu da cena e
subiu no barco em um único salto e se sentou do meu lado
- Posso te fazer uma pergunta? - Eu estava intrigado com isso já a algum tempo
- Você já bebeu do meu sangue, fazer uma pergunta é muito menos invasivo! -
Bianca encostou as mãos no barco e recitou "Facere opertet fieri" e os remos se
deslocaram e encaixaram no fecho. O bote começou a se deslocar sozinho, os
remos iam para frente e para trás fazendo o bote tomar uma constância leve e
suave.
- Acho que você já sabe que os olhos acendem quando os seres mágicos ativam
seus poderes ou quando as emoções fogem do controle, certo? Mas já se
perguntou o que acontece quando um bruxo não controla a magia que flui dentro
dele? - Bianca levou os dedos ao olho esquerdo e tirou uma lente de contato, e
assim que ela abriu, ele estava brilhando, era um violeta intenso e cintilante, e
dentro dele havia a constelação de Andrômeda desenhada em sua íris, era lindo,
a constelação parecia estar se movendo de forma leve - A magia flui através de
mim o tempo todo, não existe botão de desligar para mim, simplesmente uso e
uso, e nunca se esgota, por isso uso essa lente de contato que esconde meu
olho brilhante - Bianca volta a colocar a lente
A única coisa que consegui fazer foi suspirar admirado. Bianca desviou o olhar
para a escuridão do mar antes de continuar a falar.
- Eu vim para esse colégio porque ele é o melhor da américa. É o único lugar
que poderei usar meus poderes ao máximo, e quem sabe realizar grandes feitos
- Você tem noção do quanto é poderosa? - Era uma pergunta estupida, mas eu
precisava saber qual seria a resposta dela
- Eu tenho uma leve ideia, mas ainda existe muita coisa que preciso melhorar. -
Bianca desviou o olhar dessa vez para baixo, era um sinal que ela se sentia
insegura.
- Eu ainda não sei... - Bianca levantou a cabeça e lançou um sorriso para mim -
mas, e você? Qual o seu objetivo?
Dessa vez foi minha vez de encarar a escuridão pensando, e depois de alguns
segundos obtive minha resposta.
- Confie em mim, prometo que irá se surpreender com o meu controle - Olhei no
fundo dos olhos de Bianca
- Está bem...
Para haver uma canalização é necessário que o bruxo não só permita o uso dos
seus poderes de livre e espontânea vontade, como também entregue algo que
seja irrigado com o poder dele. Bianca se curvou levemente em minha direção
jogando os cabelos para trás, deixando o pescoço livre, e eu podia sentir o
sangue pulsar em suas veias.
Bianca me encarou por alguns segundos, ela mais do que ninguém sabia que eu
não iria controlar o poder por mais tempo. Eu podia ouvir seus
batimentos acelerando, sua respiração era profunda e constante, ela completou
o espaço entre nós e me beijou suavemente. Seus lábios eram quentes, era
como se estivesse no frio por muito tempo e entrasse de baixo de um cobertor
quente e macio. Nossa posição não era das melhores, e aproveitando que
Bianca era bem mais baixa do que eu, deslizei minhas mãos pela cintura dela e
a levantei puxando para meu colo, isso fez com que nossos lábios se
afastassem, mas, logo já estavam juntos novamente, Bianca cruzou os braços
por de trás do meu pescoço e o beijo se intensificou. Para haver a ligação, era
necessário ainda que nossos sangues se encontrassem, por isso, mordi
levemente o lábio inferior de Bianca causando um leve sangramento, e quando
nossos sangues se encontraram, uma chama azul se ascendeu em nossa volta,
meu corpo começou a formigar, Bianca me envolveu mais forte em seu abraço
forçando nossos rostos um no outro. Em questão de segundos a chama azul
aumentou e uma rajada de ventos foi disparada em todas as direções
balançando o bote, Bianca interrompeu o beijo subitamente elevou os olhos a
escuridão dos céus. Mesmo com a lente criada para esconder seu brilho, os
olhos dela brilharam mais forte do que as chamas que nos envolviam, e quando
ela suspirou fundo as chamas e o brilho de seus olhos cessou. Bianca
desmoronou em meus braços, estava ofegante e suava um pouco, era como se
ela tivesse esgotado todas as suas forças. Ela estava com um sorriso leve no
rosto, mas não abria os olhos, era como se estivesse em um sonho bom.
A madrugada estava fria, fria a ponto de uma fumaça rala sair pelas narinas de
Bianca enquanto ela respirava. Eu havia conseguido atravessar o lago em alguns
minutos demorados, definitivamente não levo jeito para guiar botes, devo ter
rodado mais vezes do que uma roda gigante gira em uma noite. Quando
chegamos ao outro lado da margem, peguei Bianca no colo, ela era
anatomicamente encaixável em meu peito, sua cabeça estava subindo e
descendo com o meu respirar. Vantagem de ser um vampiro, somos
extremamente fortes, e durante toda a minha caminhada de 25 minutos até o
dormitório não me custaram quase nada de esforço.
O local estava quieto e bem iluminado. Algumas pessoas estavam sentadas nos
bancos. Atravessei o primeiro andar sem nenhuma interferência, e agora que
meus poderes haviam sido retirados, Bianca começava a ficar pesada, mas
antes de chegar no nosso andar fui acompanhado por Sven.
- Ela não me pareceu alguém que bebeu todas... - Sven encarou Bianca por
alguns segundos, suas sobrancelhas se arquearam e ele xingou antes de me
segurar pelo braço - Você fizeram um ritual de invocação? - Sven ficou um pouco
alterado
Fiquei parado encarando Sven, não sabia o que responder, do jeito que ele
reagiu, parece que isso não é uma boa coisa. Ele agarrou meu queixo com força
e virou meu rosto para olhar atrás da minha orelha.
Quando você faz uma magia de ligação, ambos ganham uma marca no pescoço,
o símbolo beta aparece atrás da orelha da pessoa que lançou a jura, e o símbolo
de alfa aparece atrás da orelha da pessoa que recebeu a jura. É indolor, e eu
até havia esquecido disso.
- Você não tem noção do que fez, que tipo de inconsequente você é para fazer
uma coisa dessas? Sabe o que isso significa? acho que você não tem noção....
Sabe que se ela mandar você parar de beber sangue você vai definhar até não
conseguir mais mexer seu corpo, seu idiota!
- Ei, deixa as broncas para amanhã... - Comecei a andar ignorando Sven, ele
não vai conseguir me segurar sem magia, e se eu não posso usar minhas
habilidades, ele também não pode usar seus poderes
Não faço ideia do que irá acontecer a partir daqui, Sven estava parado no final
do corredor olhando para mim, e ele estava certo, o que agente fez tem um peso
muito grande, estamos ligados para sempre, e eu estou sobre a palavra de
Bianca. Começo a achar que talvez tenha me equivocado, mas quer saber de
uma coisa, confio em Bianca mais do que confio em mim mesmo.
Capitulo 14
Acredito que só tenha conseguido dormir umas duas horas. Estava até tendo um
sonho gostoso que envolvia mulheres, carros e muito sangue. Mas é como dizem
por aí, o que é bom dura pouco, e acordei com Andrew segurando na minha
perna e me arremessando do outro lado do quarto.
- Você é o vampiro mais idiota que já conheci! - Andrew parecia furioso, resolvi
ficar na minha até entender o que estava acontecendo - Eu nem vou perguntar
o motivo de ter feito isso, porque não importa! - Andrew estava aumentando o
tom da voz de forma progressiva e continua e mantinha o pulso cerrado - Não
importa o que diabos tenha se passado na sua cabeça! Fazer uma ligação no
segundo dia de colégio já é uma estupidez que nem um gnomo com problemas
mentais faria, agora, fazer uma ligação como beta a uma bruxa que não importa
o quanto é poderosa, nem nome possui, é uma grande estupidez, seu idiota!
Irresponsável, imbecil! Estupido! Burro!
- Cuidado Blade! - Agora que entendi o porque do acesso de fúria da parte dele
posso dialogar com o mesmo
- Você está mandando alguém ter cuidado quando você claramente não sabe o
que isso significa!
Dei alguns passos em direção a Andrew ficando cara a cara com ele e abaixei o
tom da voz mais alguns tons, ele precisava entender que eu não iria permitir que
ele continuasse a falar alto comigo.
- Sei que está preocupado comigo, e sei exatamente o porque, não ache que
esqueci o que aconteceu com sua mãe, sei bem o que isso significa e no
momento em que tomei a decisão decidi que iria mudar a minha vida a partir
dessa escolha, somos eternamente responsáveis pelas escolhas que fazemos.
- Eu espero mesmo que esteja ciente disso! - Andrew desviou o olhar para o lado
e usou o punho serrado para me empurrar levemente para trás - E como está
Bianca?
- Não sei, preciso vê-la! -Evitei Andrew e abri a porta andando em direção ao
quarto das meninas, e assim que me aproximei da porta ouvi gritos, parecia ser
a voz de Ayla e ela não parecia estar nem um pouco feliz.
Bati na porta e, assim que Bianca disse que eu poderia entrar, abri a porta.
Ayla começou a andar em minha direção apontando o dedo para mim. Conforme
ia se aproximando começava a me xingar cada vez mais, até que ficou próximo
o suficiente para me dar um soco, teria desviado com facilidade do soco, como
tentei fazer, mas, esqueci que estava sem minhas habilidades. O soco pegou em
cheio e me fez ficar um pouco tonto.
- Já chega Ayla! - Bianca ordenou com firmeza, e em resposta Ayla recuou ainda
furiosa - Ele não me obrigou a nada, foi uma escolha mutua!
- Não é porque vocês tomaram a decisão por livre e espontânea vontade que
essa escolha deixará de ser uma escolha estupida! Vocês não pensaram na
consequência disso?
Ayla caminhou até a cama que ainda estava lotada de armas, pegou duas facas,
colocou por dentro da bota e saiu do quarto bufando de raiva.
Olhei para trás onde Andrew estava encostado na porta com uma cara que dizia
"Ela tem razão".
- Poderia nos dá licença? - Perguntei para Andrew que acenou com a cabeça e
saiu fechando a porta.
Encarei Bianca por alguns segundos que desviou o olhar e se encolheu na cama
encostando na parede. Andei em direção as coisas de Ayla pegando uma das
facas e depois me direcionando até a cama de Bianca, me jogando ao seu lado.
- É!
- Sabe, não penso assim... - Arremessei a faca no centro da porta a uns 3 metros
de distância! literalmente no centro da porta. - Eu me sinto exatamente como
essa faca! eu era bom sozinho, sabia como cortar e era afiado, mas nas mãos
certas poderei atingir o meu objetivo! já fiz muita merda na vida, mas, é a primeira
vez que tenho total certeza que fiz uma ótima escolha, e também sei que tudo o
que vou provar a partir de agora será bom, pois, estou sobe as ordens da bruxa
mais poderosa da nossa geração e arrisco em dizer que será uma das maiores
bruxas que já existiram.
- Muito bom! Uma faca pode ser usada para matar ou para auxiliar em uma
cirurgia, não é porque os Dráculas sempre fizeram coisas más que você também
será mal.
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- Lamento ter que fazer mais uma pergunta, o que é esse lugar?
- Está bem, mas o que isso tem haver com um vampiro? poderia muito bem estar
bebendo umas garrafas de sangue agora mesmo.
- Em primeiro lugar, você agora possui uma ligação com uma bruxa, pode ser
que algumas habilidades minhas tenham sido passados para você, em segundo
lugar, você só tem direito a duas garrafas de 500ml durante o dia, se quiser mais,
terá que ter esferas vermelhas para comprar garrafas extras...
- Olha aqui, não preciso de ajuda para controlar algo que é muito bom! - Estava
quase pulando em cima de Andrew para socar ele
Ópla Exousía é uma estrutura gigante em formato circular, parece uma bola
gigante, pelas minhas estimativas deve possuir uns 10 metros. E ele se
destacava apontando por entre as arvores.
O local era composto por paredes muito simplistas e sem marcações expressas,
mas, dava para sentir o peso das magias envolvidas na proteção deste lugar.
Alguns corredores depois estávamos no centro de Ópla Exousías, antes de
entrar na sala gigante e oval, tivemos que dar nossos nomes, foi quando um
rapaz careca que aparentava estar vivo na época da arca de Noé nos
recepcionou.
- Meu nome e Gael, sou o responsável pela Ópla Exousía a mais tempo que
possam imaginar...
- Eu consigo ter uma noção... - Não consegui segurar a piada, Andrew também
não conseguiu segurar a risada, Bianca por outro lado não pareceu gostar da
piada e me deu uma cotovelada nas costelas
- O que? - Eu sabia que era uma pergunta retorica, mas de vez em quando eu
gostava de provocar os mais velhos
Gael se virou com um olhar que fez todos nós pararmos. Era um olhar
sanguinário seguido por uma presença magica perturbadora, senti todos os
pelos do corpo se arrepiarem, estava paralisado. A presença dele fez com que
uma descarga de adrenalina fosse injetada tão rápido que mal podia me manter
de pé, Bianca caiu sobre os joelhos, ela estava com o olhar preso em Gael, era
como se ela estivesse vendo algo a mais do que a gente. E assim que ela caiu,
recuperei o controle do meu corpo saindo em defesa de Bianca em dois
movimentos, a segurei pelo braço e mantive o olhar fixo em Gael, ativei minhas
habilidades e por consequência meus olhos se acenderam.
- Prestem atenção pois só vou falar uma vez... - Gael levantou as mãos e com a
abaixar delas o salão que parecia estar vazio ficou repleto de armas de fogo,
varinhas, cajados, todo tipo de armas brancas que iam desde simples adagas a
espadas que possuíam mais de 3 metros, havia inúmeros itens ali, e todos
estavam flutuando no ar em forma circular e constante - Cada um de vocês, um
por vez, irá recitar as seguinte frase. - Gael nos encarou individualmente para
ver se realmente estávamos prestando atenção, e após confirmar que
estávamos o ouvindo continuou - " Epélexe me " , falem com convicção e com
uma boa dicção, essa frase ira ativar a zona magica, e se tiver algum traço
magico, a zona irá escolher o melhor armamento para você baseado no seu
potencial magico.
Isso é muito irado, sempre fui fascinado pela magia, agora, realmente estou
apaixonado.
- Ok, quero ser o primeiro a tentar! - Andrew caminhou até o "x" marcado no
centro
Gael nos puxou alguns passos a mais para trás e sinalizou para que Andrew
prosseguisse
Andrew abaixou a cabeça e trocou de lugar com Bianca, Andrew não parecia
estar triste, só um pouco decepcionado, era como se ele ainda tivesse uma leve
esperança. Bianca parou por alguns segundos, olhou para mim, fiz um sinal com
o polegar para transmitir confiança, ela sorriu e respirou fundo, não havia duvida
de que nela havia traços de magia, eu só não contava com o que estava prestes
a acontecer.
- Epélexe me! - Bianca falou cada palavra perfeitamente, a zona magica foi
ativada e neste momento vi uma das cena mais assustadoras da minha vida
A luva parecia ser feita de liga metálica, com uma espécie de garra nas pontas
dos dedos. Bianca encarou as luvas por um instante antes de andar até nós,
Gael estava com a boca aberta admirado com Bianca.
-E bota ano nisso! - Não podia deixar passar, apesar que a encarada de Gael
me fez calar a boca na hora
- Nunca vi a zona interagir com alguém dessa maneira, e com toda certeza nunca
vi as armas brigarem para ter vez... - Gael recuperou a postura de velho
rabugento e continuo a falar - As luvas de Helena Bulgs, a bruxa hibrida, o pai
dela era um bruxo poderoso e sua mãe uma lobisomem, e Helena desenvolveu
essas luvas para dispersar magia enquanto atacava com golpes mortais,
acredito que você será uma grande bruxa de combate. - Gael se recompôs mais
um pouco e continuou - Próximo!
Encarei Andrew antes de ir para o centro. Acho que nunca o vi com os olhos tão
arregalados, agora ele viu o que eu vi em Bianca desde o primeiro momento.
Andei até o "x", ainda encarando o amontoado de armas a cima da minha
cabeça, respirei fundo e disse a frase.
"Epélexe me!"
Não foi grandioso como a vez de Bianca, mas, o circulo se ascendeu, os meus
olhos brilharam e as armas começaram a circular em minha volta, nada
glamoroso. Um livro enorme começou a se aproximar de mim sem nenhuma
resistência, nenhuma arma se chocou contra o livro, e quando ele se aproximou
de mim eu o segurei. As armas voltaram a ficar paradas e eu sai do circulo
caminhando até Gael analisando o livro em minha mão. O livro era de couro
marrom, parecia antigo, o livro também possuía uma alça para que eu o
carregasse como uma bolsa e não havia nenhum símbolo, runa ou qualquer
outra coisa escrita na capa ou dentro das paginas, um livro muito estranho, isso
me faz questionar se isso aqui não é um diário.
- O livro de Ryomen Sukuna! Até onde sabemos, foi um dos primeiro bruxos
datados, e ele era o bruxo muito peculiar, tanto que criou o livro katára, todas as
maldiçoes poderosas são canalizadas diretamente para o livro, é um enorme
grimorio com as maldições mais poderosas de cada estilo e categoria, e se uma
maldição for criada e se por sorte o criador a fizer mais forte que uma outra no
mesmo estilo, a mais fraca é apagada automaticamente, ela também
acompanha as agulhas Dekára, são dez no total, cada uma é controlada por um
dos dedos da sua mão, mas elas só aparecem conforme você se torna mais
capaz e consciente do poder das maldições. Bem, é muito bom saber que os
novatos estão tão fortes assim! os itens são escolhidos pela própria magia, e a
magia não costuma errar. Gael se virou e fez um sinal com as mãos para que
nós nos retirássemos, e assim fizemos.
- Olha aqui, estou com inveja de vocês, eu sou o único saindo daqui sem
nenhuma acessório novo! - Andrew cortou meus pensamentos com essa
declaração que apesar de ter sido dita em um tom de piada carrega um fundo de
verdade
- Se quiser ficar com o meu eu deixo! Odeio livros, e esse livro é estranho, não
tem nada escrito nele, porque quero um grimorio de maldições? Sei duas muito
boas, e é só o que eu preciso! - Estiquei o livro para Andrew que se apreçou a
pegar
Assim que tocou no livro ele gritou de dor , e eu diria que a fumaça saindo da
mão dele não significava boa coisa.
- Que merda foi essa? - Andrew segurava a mão contra o peito enquanto a
fumaça continuava a subir
- Ele é um vampiro, existe energia mais negativa que um ser das trevas? -
Andrew estava revoltado por não poder pegar no livro
- Acho que nunca me viu com raiva... - Bianca lançou um sorriso meigo e mordeu
de leve o lábio inferior, senti o coração acelerar um pouco, mas não acho que
seja algo que deva me preocupar, talvez só esteja empolgado.
- Meu nome é Zyan Swith! Sou líder da irmandade Grigora e tenho uma proposta
para fazer a você, Drácula!
Capitulo 15
- Você está falando comigo? - Me sentia um tolo ao fazer essa pergunta, porque
claramente ele havia falado Drácula
- Podemos conversar a sós? - Zyan não parecia estar fazendo uma pergunta,
ele era calmo e tinha o falar manso
- Zyan, se tiver alguma coisa a me falar, pode dizer aqui e agora, sem nenhuma
cerimonia!
Zyan desapareceu, antes que eu pudesse piscar. Senti uma mão segurar meu
pescoço, e com isso, uma pressão fez com que minha cabeça ficasse levemente
inclinada.
- Olha só, fez uma ligação como beta?! Não é meio imprudente para um Drácula
se colocar nessa posição? - Zyan estava muito perto de mim, podia sentir sua
respiração, isso sem contar o fato de estar quase sussurrando em meu ouvido
Zyan me soltou, e quando me virei em direção a ele, tudo que via era Bianca e
Andrew me encarando. Aparentemente, estavam tão confusos quanto eu. Será
que ele era mais rápido do que um vampiro? Mas ele não teve tempo de lançar
nenhuma magia, então como estava se movendo tão rápido?
- Vocês são fracos! - Zyan estava nas minhas costas novamente, e agora,
andando em direção a porta com um caminhar leve e despreocupado - Me
acompanhem... Por favor
Antes que eu pudesse decidir o que fazer, Bianca e Andrew passaram por mim
o seguindo.
- Está esperando o que? O poder dele é o maior que eu já vi! - Andrew estava
animado - Fecha essa boca de papa mosca e vem logo.
Encarei Bianca espantado por ela estar seguindo esse tal de Zyan.
- O que? - Bianca estava com uma cara cínica - Ele está indo em direção a saída,
é o mesmo lugar que eu estou indo...
Esse é um belo ponto de vista, mas, não vou muito com a cara dele. Não confio
em ninguém que é calmo de mais. Quando chegamos na porta Zyan já esperava
por nós.
- Vou ser direto e sem muita embromação! Quero convidar vocês para a
irmandade Grígoria, apesar de ter mais interesse no Drácula, não vejo o porque
de não levar vocês...
Zyan continuou a andar sem olhara para trás nos conduzindo em direção as
barracas mais próximas da saida. Mas quando estávamos nos aproximando da
primeira, ele parou e se virou nos encarando.
- Olha aqui, já que esta se preocupando em ser direto, vou devolver na mesma
moeda, se vocês são tão pequenos, porque iriamos escolher vocês? Ouvi falar
que existem muitas vantagens em pertencer a grupos mais renomados
- Calma lá vampirinho de baixa categoria, estava sendo gentil em dizer que vocês
são fracos, as demais fraternidades e irmandades não estão nem um pouco
interessados na vossa senhoria!
- Cada casa do campos deixará vocês de molho para verem se são realmente
bons, com toda certeza vocês não impressionaram ninguém nos trotes, que tem
como maior objetivo demonstrar o nível dos novatos, quer dizer, alguns de vocês
impressionaram por serem tão fracos!
- Dessa vez ele olhou para você, Satur - Andrew estava rindo da minha cara e
nem disfarçava que estava querendo criar uma intriga
- Olha aqui, não tenho culpa se colocaram um espelho logo na entrada! - Ignorei
Zyan por completo e comecei a discutir com Andrew
- Olha aqui seu nerd literário! Vou pegar esses teus óculos e quebrar na sua
cabeça, e em seguida vou enfiar ele a onde o sol não bate!
- Parem vocês dois! - Zyan parecia um pouco irritado, eu diria que a definição
correta seria envergonhado - Eu estou dizendo que vocês não causaram uma
boa impressão, e para me mostrar que eu estou errado, estão discutindo feito
duas crianças?
- E como você vai encontrar ela? Esse colégio parece um dos armários de
Narnia!- Dei as costas para Zyan que ficou mais revoltado ainda e levou as mãos
ao rosto, ele realmente não esta acreditando como somos irreverentes a
presença intimidadora dele
- Não leva para o lado pessoal, nunca fomos de prestar muita atenção! - Andrew
passou o braço em volta de Zyan que desapareceu dos braços de Andrew e
reapareceu no meu lado, dessa vez consegui acompanhar o movimento de Zyan
- Entendi! você não é rápido, você só está se tele-transportando! - Falei
involuntariamente, antes de Zyan tapar minha boca se teletransportando para o
meu lado
Ele me encarava com uma cara de surpreso enquanto mantinha a mão quente
e pulsante na minha boca, sentia o sangue dele correndo por suas veias.
- Acho melhor tirar sua mão da boca de um vampiro com fome - Alertou Andrew
caminhando até nós
Zyan me lembrava o tipo todo engomadinho que prefere seguir uma rotina toda
manhã, vai ser um saco acordar todos os dias ouvindo ele ditar regras.
- Vamos Satur, preciso de uma resposta! - Andrew parecia ansioso para o meu
posicionamento
- Esta bem pé no saco! - Dei uma pausa dramática - E a minha resposta é...
Partiu! - joguei os braços no ar como se estivesse comemorando um gol do meu
time do coração
Zyan me encarava de uma forma diferente. Ele não parecia mais nos desprezar,
mas também não estava admirado, parecia mais intrigado.
- Ou vocês tem um futuro brilhante nas mãos, ou serão os piores que já entraram
na Grígoria! - Zyan balançou a cabeça em desaprovação
- Mas pelo menos temos dinheiro! Dinheiro já resolveu muito problema que meti,
sou tipo Tio Patinhas nadando em uma piscina de dólares!
Andrew concordou e deu risada antes que Zyan respondesse.
- Porque acha que vim até você? Seu dinheiro no momento é mais útil que você!
- Olha aqui, eu também tenho sentimentos! Mas, que bom que ele tem alguma
utilidade!
Coloquei a mão no bolso e puxei minha carteira, peguei um dos cartões e joguei
em direção a Zyan. O cartão cortou o ar, mesmo tentando não jogar forte Zyan
quase não pegou, mas devo admitir que os reflexos dessa girafa são bons.
- A senha é 9064, é um cartão sem limite, use com sabedoria, e quando eu digo
com sabedoria, é pra comprar muito sangue! - Agora vou me matricular...
Capitulo 16
° Velocidade Escalar.
° Combate físico.
° Combate Magico.
° Combate de armamento.
° Elixires.
° Criação.
° Maldições.
° Caça.
° Medicina.
° Portais.
° Histórico Monster.
° Geográfico Monster.
° Politica Monster.
° Sociologia Monster.
A moça tentou falar mais algumas, só que fiquei entediado e resolvi começar por
conta própria. As primeiras aulas que me matriculei foram as de combate, gosto
de um estilo mais violento, então escolhi uma disciplina de combate físico, para
ser mais preciso, Muay Thai. Gosto da ideia de usar pé e mão para quebrar meus
inimigos na porrada. A segunda matéria foi de caça, afinal, sou um vampiro.
Terceira foi maldições, se entendi bem, esse livro que está nas minhas mãos é
um livro de maldição, não precisa ser nenhum Albert Einstein para escolher essa
matéria. Me matriculei em duas matérias de velocidade escalar, combate de
armamento e quando estava na ultima barraca ouvi dois mauricinhos
conversando, e essa conversa me interessou bastante.
- Ouvi dizer que tem um professor de combate corpo a corpo que é humano! - O
primeiro era um moreno mauricinho em todos os sentidos, literal e
figurativamente tinha um nariz empinado, por um momento até achei que ele
poderia se desequilibrar e cair de costa
- Ouvi dizer que ele só teve dois matriculados na aula, só tenho pena dessas
pobres almas que se inscreveram!
- E por acaso você não teria ouvido a onde posso me inscrever na aula desse
professor? - interrompi os dois me aproximando um pouco mais
- Quem é você? - O garoto parecia mesmo do tipo que só respeita pessoas com
hierarquia superiores as demais
A expressão nos olhos deles mudaram, não estavam mais me encarando como
um qualquer, agora eles estavam me dando atenção. Até seus corpos pareciam
responder positivamente a mim. Acho que realmente o nome Drácula tem poder.
- Na barraca numero 14 de combate físico, peça pela aula de combate 03. Mas,
porque iria fazer uma aula dada por um humano?
Dei as costas para ele e comecei a procurar pela barraca. Depois de alguns
minutos de estresse consegui encontrar... me matriculei fechando o numero
mínimo de matérias possíveis. Quando estava analisando os cartões e o horário
das aulas praguejei de raiva, a aula desse tal Humano começava dentro de 5
minutos! Com a minha velocidade poderia chegar a tempo, o único problema é
que, EU NÃO FAÇO A MINIMA IDEIA DE ONDE FICA A FLORESTA DA VIDA!
Andrew estava em uma fila esperando enquanto encarava todo mundo, usei
minha velocidade para chegar ao lado de Andrew.
- Ei, você sabe onde fica a floresta da vida? Tenho aula dentro de 3 minutos! -
Eu estava começando a ficar um pouco ansioso
- Você é muito burro mesmo, é a floresta colorida que vimos logo quando
atravessamos a barreira!
- Certo!
Andrew piscou e começou a falar alguma coisa, mas, eu não estava mais
presente para entender. Comecei a correr refazendo o caminho para os
dormitórios, e logo em seguida, refiz o percurso em direção ao lago. A neve
estava quase rala e em muitas partes já haviam derretido totalmente,aqui
realmente possui um clima bem estranho. Após chegar ao portão, comecei a
correr nas mesma direção que viemos da ultima vez, não tem erro, não tem como
se perder em linha reta como alguns personagens de animes por ai.
Depois de chegar a floresta me deparei com alguns alunos jogados pela grama,
o local estava diferente de antes, a neve branca já não mais cobria o chão, a
paisagem ainda estava linda, e eu diria que estava mais colorida, culpa da grama
verde que se estendia por toda parte.
Era simples, não sei como não pensei nisso logo de cara. É só dar uma de
fofoqueira e começar a escutar as conversas dos outros. Me sentei de vez no
chão, cruzei os dedos da mão e fechei os olhos. Desde que fiz a ligação com
Bianca sinto que minhas habilidades melhoraram. Respirei fundo e comecei a
prestar atenção nos sons. No começo é difícil, você precisa ir ignorando os
animais, e olha que nessa floresta tem poucos pássaros, depois tive que ignorar
as pequenas frequências, e por fim, tinha que escutar a conversa das pessoas,
analisar e depois excluir. as primeiras conversas eram fúteis, tinham haver com
roupas ou equipamentos, logo depois veio as conversas sobre amores, e devo
dizer que Luan realmente é um cara bem safado pelas coisas que fez com a
garota de voz estridente, sua amiga desafinou um pouco no tom ao dizer que
estava feliz pela amiga ter perdido a virgindade, acho que ela não está tão feliz
quanto diz. Mas vamos continuar, após dois minutos de pura concentração
encontrei uma conversa que parecia ser de uma aula, já que a frase que ouvi foi
"o que vocês sabem sobre combate corpo a corpo?" Era a minha deixa, levantei
e corri em direção a conversa, quase atropelei um casal no meio do caminho,
mas, consegui saltar antes de pisar neles, cheguei em menos de 8 segundos
depois da pergunta.
- Combate corpo a corpo é uma expressão que se refere a uma luta de confronto
físico, sem a utilização de armas de longo alcance - Encarei os dois alunos que
estavam sentados, como tive que que pegar ar, respirei fundo, e por
consequência acabei inspirando todos os cheiros do local, e isso incluía os dois
alunos do professor, não tinha como confundir o cheiro, eram dois Lobisomens,
uma garota muito bonita e um rapaz baixo e franzino - Um bom exemplo são as
lutas medievais, eram um corpo a corpo muito sangrento... - Fiz questão de
enfatizar essa ultima parte encarando a jovem loba a minha frente, pisquei de
leve e tive uma resposta bem agradável da parte dela
- E você é? - Uma voz baixa, mas, grossa veio de trás de mim, por um momento
havia esquecido do professor, passei reto por ele e ainda não tinha me
apresentado
Respondi me virando devagar. O dono da voz era muito mais baixo do que eu
imaginava, talvez ele medisse 1, 58 no máximo, seus olhos verdes azulados
eram bem bonitos, mas o olhar dele era muito suave, apesar que transparecia
confiança e experiência. Ele também tinha uma barba rala ,mas, bem definida.
havia uma cicatriz que ia de baixo do olho esquerdo em direção a bochecha, era
uma cicatriz grossa e com um aspecto um pouco pesado, o professor vestia
roupas casuais, mas na cintura iam duas adagas uma do lado da outra que
faziam qualquer um dar um passo para trás, como foi no meu caso.
- Olha só, um Drácula, e esse chega atrasado, é irreverente e não tem um pingo
de bom senso! Sente-se!
Eu poderia ter ficado quieto e sentar, mas minha maldita boca não perde uma
oportunidade de falar merda.
- Foi mal pelo atraso, mas nem se você fosse rápido como eu teria chegado aqui
a tempo!
- Está com sono? Quem sabe eu consiga um travesseiros para você ficar mais
confortável aí no chão!
Humano desaforado! Só não falo nada porque o mundo ainda está girando.
- Meu nome é Edy Bronk, sou um lobisomem e tenho 19 anos, minha missão é
não ser morto pelo meu irmão.
Meio sombrio, mas, ele não parecia estar fazendo uma piada. O professor Koby
também não parecia surpreso.
- Três, faltam dois para chegar minha vez - Edy desviou o olhar para baixo com
uma expressão triste e distante
- Sul da Romênia, para ser mais preciso, nas florestas perdidas, já faz 3 meses
- Edy levantou o olhar encarando o professor
- Muito bem, temos alguns dias para te preparar! Garanto que nem um aluno
meu irá perder um LYKOS PÁLI! - O professor Koby não só parecia confiante,
como também conseguia transmitir esse sentimento para as pessoas a volta, era
como se ele realmente se importasse com os alunos
- Meu nome é Lay Holsquimon, sou uma lobisomem e tenho 18 anos, e eu acho
que minha missão é ser igual ao meu pai!
- Ótimo, agora que eu tenho uma leve ideia de quem querem ser, vamos ver do
que são capazes - o professor apontou para mim e Edy pedindo que nos
ajoelhássemos um de frente pro outro - Vamos ver a força de vocês através de
uma quebra de braço
- Vai ser mole! - pisquei para Edy em provocação que deu um sorriso leve, ele
parecia tenso
Nos posicionamos deitados de barriga pro chão, a grama leve balançava com a
brisa que passava pelo parque. Estávamos perfeitamente alinhados, mas a
diferença de tamanho era evidente entre nós dois, pelas minhas contas, ele deve
ter um metro e 60 no máximo, e o corpo franzino não ajudava em nada.
O professor se abaixou apoiando apenas um joelho no chão, ele segurou nossas
mão e colocou o mais reto que podia.
- Vocês podem usar suas forças totais, não precisam se segurar. lembre-se , não
é velocidade, é força que estamos testando aqui, então façam o movimento mais
lento que conseguirem. - Ele se certificou que nós acenássemos com a cabeça
antes de continuar - No três! 1... 2... 3... Já!
- Sofrendo!
- Sinistro
Nos deitamos de frente um para o outro. Lay me encarou, os olhos dela paresiam
perfurar minha alma, apesar de um jeito meigo, ela parecia confiante, e quando
o professor deu a ordem ela sorriu, e apesar de usar minha força no máximo, ela
nem se mexeu, nem parecia sentir a pressão, não tremia e nem parecia se
esforçar para segurar.
- Já posso finalizar? - Lay sorria enquanto tirava onda com minha cara
Lay começou a abaixar minha mão, em uma ultima tentativa desesperada tentei
a impedir da vitória certa, foi quando uma parte do meu braço continuou o
movimento enquanto a outra metade continuou agarrada na mão dele, meu osso
partiu em dois, dei um grito, soltei a mão dela e girei na grama gemendo de dor.
O professor Koby caiu na risada enquanto Edy tentava me ajudar.
- Acho que descobrimos quem é o mais forte de vocês três! - O professor Koby
continuava a rir enquanto se abaixava e me ajudava a colocar o osso no lugar -
Aqui vai mais uma lição, se o oponente for mais forte que vocês, não é vergonha
entregar o jogo, é mais elegante perder do que se machucar ou morrer
Após alguns minutos meu osso havia se recuperado. Mas, tenho que admitir que
não foi nada fácil, não sei explicar bem, mas, dependendo do local que os ossos
quebrem, a intensidade da recuperação será mais dolorosa do que outras. E no
tempo em que estava recuperando o professor koby começou a explicar um
pouco mais como seria o estilo que treinaríamos.
- Existem inúmeros estilos e formas de combate corpo a corpo, e o que irei
ensinar a vocês é basicamente ataques rápidos e com uma força extraordinária,
o soco de vocês precisam causar uma pressão no ar, mas para esse estilo de
luta, é necessário que vocês não se preocupem em receber ataques, então sinto
em informar que o nosso treino começa por isso, precisam aumentar a
resistência a dor, ou sejam, precisam apanhar!
Todos nós nos entreolhamos, eles pareciam questionar esse método, menos eu,
tenho certeza que meu olho estava brilhando, esse professor era um gênio. Ele
faz o anormal, e é isso que faz a diferença.
- Vamos, se levantem, vamos começar por você meu novo servo! - O professor
Koby me encarava com um sorriso no rosto
Todos nos levantamos ao mesmo tempo, e eu, caminhei até o professor que
estava a uns 4 metros de distancia, ele me segurou pelos ombros e me
posicionou de costa para ele e de frente para Lay e Edy, que me encaravam.
- Levar um soco sem esperar irá doer mais do que levar um soco esperando,
então vamos começar treinando a partir disso - o professor segurou mais firme
em meus ombros antes de dar a ordem - Se preparem! - Lay e Edy ficaram
apostos, eu não sabia quais seriam as ordens então me posicionei inclinado
levemente para a frente - Acertem dois socos na barriga de Saturno o mais forte
que conseguirem!
O professor colocou a cintura contra as minhas costas para não deixar que eu
me movesse muito. Endureci o abdômen segundos antes do primeiro golpe, Lay
foi a primeira, acertou um belo soco direito, e mesmo eu tendo tempo de
endurecer, senti meus órgãos internos balançarem, acredito fielmente que a dor
que começava a irradiar era ocasionada por uma hemorragia.
De repente, mais pessoas começaram a aparecer diante dos meus olhos, vários
alunos, incluindo Ayla e Andrew, acho que fomos 15 no total. Estavam sendo
tele-transportados, ou seja, haviamos sido trazidos aqui contra a nossa vontade.
Um feitiço desse nível sóo opode ser realizado por alguém muito poderoso.
- E você acha que eu sei? - Falei tentando me levantar, mas com dificuldades,
Andrew correu em minha direção e me deu a mão me ajudando a me apoiar
- Vocês estão prestes a descobrir o porque não devem provocar o colégio Oaks,
nós não somos o lugar mais seguro... somos o mais perigoso! - O professor
soltou uma das adagas e segurou na lamina com força causando um corte na
mão, quando o sangue dele atingiu o chão uma explosão de fumaça subiu 3
metros de altura e tomou conta em uns 5 metros quadrados
O único inimigo que não havia sido acertado por Ayla partiu para cima de mim
com uma faca. O golpe dele quase me atingiu por questão de alguns
centímetros. Esquivei e segurei em sua mão usando a força para puxá-lo até
mim. Dei um soco que fez com que ele ficasse semiacordado, segurei ele firme
com a outra mão. Isso foi o tempo suficiente para que Andrew com um golpe
perfurante atravessasse o peito dele arrancando o coração do vampiro. Essa é
uma das maneiras de matar um vampiro. o coração bateu alguns segundos na
mão de Andrew. Larguei o corpo que caiu seco no chão.
O professor enfrentava sozinhos os demais inimigos, isso até que com um único
golpe ele foi arremessado alguns metros no ar, caindo e se chocando com força
no chão. Corremos em direção dele e encaramos o grupo. O inimigo que o
acertou era o mesmo que estava falando no inicio de tudo. Seu olho brilhava
amarelo e ele sacudia a mão como se limpasse ela.
- Merda! - Esbravejou o jovem que parecia ter uns 28 anos - Foi difícil marcar
todos vocês, e mesmo assim um professor veio junto estragando todo o nosso
plano, mesmo assim, matar um Drácula, um Blade e uma Helsing será bem
impactante no mundo sobrenatural.
- Meu servo, não se atreva a morrer aqui, ele é uma lua, entretanto, vocês são
três e essa ai tem uma arma que pode matá-lo, sobrevivam até que a professora
retorne, depois ela cuidará de tudo
- Você é mesmo ousado, tinha que ser um Drácula, você não precisa saber de
nada, pois irá morrer aqui!
O Lua me encarou e sorriu, depois olhou para seus parceiros que também deram
risada.
- Meu nome é Darlen, sou portador da lua Mimas, umas das 12 grandes de
saturno. Estou a mais tempo vivo e já corri direto mais anos do que você tem de
vida para atingir a velocidade que tenho hoje. Antes de te matar irei brincar com
você...
Antes que eu pudesse piscar recebi um soco com tudo. Velocidade mais força,
igual a 20 metros rolando e batendo com força contra o chão, devo ter me relado
todo. Realmente Essa lua era veloz, entretanto, eu não estou muito atrás, ainda
aproveitando o embalo levantei e comecei a correr o mais rápido que conseguia.
Não era surpresa que ele conseguisse acompanhar meus movimentos, então
tudo o que eu fiz foi correr e desviar dos socos que ele proferia, por sorte esse
lugar que estamos é muito grande e reto. Darlen parecia estar se divertindo e
não parecia estar casando, ao contrario de mim. Olhando para Ayla e Andrew
eles estavam tão ferrados quanto eu. Mas Ayla estava com vantagem. A cada
tiro que ela dava, um morria. Essa minha espiada custou três dentes arrancados
e um nariz quebrado. Dessa vez não consegui me levantar antes que o inimigo
estivesse em cima de mim já proferindo um outro soco. Consegui jogar a cabeça
para o lado e o soco pegou direto no chão causando um tremor e uma rachadura
do chão. Ele começou a proferir socos e mais socos, e dessa vez tive que
segurar os impactos protegendo com os braços. Em poucos segundos meus
braços estavam destruídos. Vendo ele que eu não conseguiria mais me
defender, aplicou seu ultimo golpe perfurando meu coração.
Acho que é isso, vou morrer. Uma dor aguda tomava conta do meu peito, ele
poderia arrancar meu coração a qualquer momento, mas o sorriso dele indicava
qe ele realmente queria se divertir. Aos poucos ele começou a apertar meu
coração. Comecei a me sentir sufucado e sangue começou a escorrer pela
minha boca.
- Seu pai foi um dos que não quis entrar na guerra, mas agora que o filho dele
vai morrer, ele vai ter que tomar uma posição... - Darlen Sussurrava no meu
ouvido enquanto eu lutava para me manter consciente, a dor era absurda e parte
de mim desejava que ele arrancasse logo meu coração para que a dor passasse.
Mas, uma outra parte de mim se incendiou, aos pouco uma sensação de que eu
era invisível começou a tomar conta de mim. Então isso é o Anáptyxi Pónos.
Com a motivação súbita que me invadiu segurei o braço dele bem firme, e com
a outra mão atravessei em um golpe veloz e bruto entre os ligamentos do
cotovelo fragilizando o braço dele. Também usei a velocidade para dar uma
cabeçada nele que fez com que meu inimigo ficasse tonto. Era minha chance,
segurei o braço dele e o empurrei para longe arrancando o braço que estava
enfiado em mim bem no meio do cotovelo. Darlen gritou de dor e começou a
sacudir o braço dividido no meio respingando sangue por toda a parte. Ele
também me xingava de muitos nomes. Mas eu não podia dar brecha alguma
para ele. Então o ataquei subitamente usando toda a minha velocidade, e eu
conseguia sentir que estava um pouco mais veloz. Proferi muitos socos em
direção, agora com apenas um braço ele não conseguia se defender muito bem
e muito menos contra atacar. Finalmente havia o colocado em posição defensiva,
o único problema era que meu peito estava doendo cada vez mais com minha
movimentação. E aos poucos o mundo foi escurecendo. Ignorando a dor o
mundo escuro continuei a socar com toda a minha velocidade, havia aprendido
alguns padrões de movimento de Darlen e com isso, comecei a acertar alguns
socos. infelizmente, antes que eu pudesse continuar cai de joelhos diante dele.
Meu peito estava pegando fogo, e se todo esse liquido que esta em minha volta
for sangue, eu estou em grave perigo. Minha respiração estava ofegante e minha
visão desfocava toda hora quando escurecia. Eu não tinha mais forças para
continuar, havia chegado no meu limite.
- Seu merda, chegou bem perto hein... mas não tera outra chance, não vou mais
brincar com você. Adeus!
Darlen se aproximou e me atacou mirando novamente no peito, dessa vez não
havia mais nada que eu pudesse fazer. Mas no ultimo segundo o mundo parou,
o ataque, meu peito, a única coisa que estava se mexendo era meus
pensamentos. Na minha frente, bem atrás de Darlen havia um velho, vestido com
roupas finas e elegantes exibindo cabelos e barbas brancas me encarando, ele
levantou a mão e eu pude me movimentar novamente.
- Satur Drácula
- Nossa, e foi você que deixou a lua mimo dessa maneira? - o velho e eu
encaramos Darlen, ele realmente estava em um estado mais acabado do que eu
imaginava, seu rosto estava sangrando resultados dos vários socos que
pegaram em cheio, e seu braço arrancado deixavam ele com uma aparência
bem acabada mesmo.
- Olha, se você não tivesse interrompido quem estaria morto agora era eu, e se
ele não tivesse parado para brincar comigo eu já teria passado dessa pra melhor
- Agora junte-se aos seus amigos, preciso libertar todos esses inimigos e os
interrogar, mas antes preciso manda-los para a enfermaria.
- Obrigado, agora vamos que eu ainda tenho um rombo no peito e estou com
fome
Acordei com minha cabeça doendo e meu peito ardendo. Olhei para baixo e
estava enfaixado. Na cadeira ao lado estava Bianca que se levantou no mesmo
instante que eu acordei.
- Como você esta? - Bianca parecia muito preocupado e segurou na minha mão
enquanto falava - Se eu tivesse te perdido... eu... eu não sei o que teria feito
- Duas semanas?! Como isso é possível? vampiro nem dorme se não quiser
- Meu pai?
- É, ele esteve aqui, mas já foi embora depois que viu a marca do seu pescoço -
Bianca diminuiu o tom de voz - Ele pareceu ter ficado bravo, entretanto, disse
que "agora teria que fazer algo que ele não queria ter que fazer"
- E ainda tem mais... - Andrew caminhou e se sentou ao meu lado, Bianca ainda
segurava na minha mão e ficando colada em mim me ajudando a manter a
postura
- Mais?
- Sim, todas as escolas possuem agentes espalhados pelo mundo que são
acionados para resolver conflitos pelas suas respectivas casas, existem ativos e
inativos, geralmente é através de missões que os seres místicos fazem seus
nomes
- Acho que isso é familiar, mas se já querem nos matar, porque nos colocar na
linha de fogo?
- Porque de qualquer forma metade de nós estaremos mortos até o final dessa
guerra civil entre monstros
- A nossa irmandade irá nos inscrever nos testes daqui a alguns meses, tempo
suficiente para nos prepararmos e treinarmos.
- Então vamos lá
Minha recuperação iria demorar um pouco mais, entretanto, era o tempo que eu
precisaria para compreender melhor tudo o que estava acontecendo. Eu possuo
o potencial a questão é, será que eu vou conseguir usa-lo?
Capitulo 19
A irmandade Grigoria tinha como sede principal e única, uma casa de madeira
de dois andares bem simples e relativamente pequena. Zyan havia recuperado
um item muito raro que ele trocou por uma casa perto das montanhas de neve
de Oaks. O terreno a volta engloba um pedaço de terra gigante lotado de arvores
coníferas que nós deveríamos proteger. E ainda, quando se tornaram uma
irmandade, receberam como responsabilidade patrulhar as montanhas do sul
para não sermos invadidos, o que acontece com uma certa frequência por aqui.
Por Oaks ser um lar de filhos de seres místicos importantes e ainda ter a fama
que tem, os inimigos se sentem tentados a medir seus poderes atacando o
colégio. E para que os professores não tenham que interromper as aulas para
deter os invasores, eles estabeleceram que cada irmandade e fraternidade seria
responsável para proteger zonas em Oaks. E dessa maneira, todas as
madrugadas eu patrulho por entre as montanhas de neve juntamente com Luca,
um bruxo calado que ainda não trocou uma palavra comigo. Todas as
madrugadas saímos em silêncio e em silêncio voltamos, a única parte boa é que
sempre que saio, Bianca ativa uma magia para me manter aquecido.
Os dias aqui são resumidos em horas e horas de treinos pesados e aulas chatas.
Apesar que vez ou outra algo interessante aparecia, tipo o motivo da separação
da pangeia. Descobri na aula que o que os humanos acham que foi causas
naturais na realidade foi por causa de uma guerra a muito tempo que envolveu
os mais poderosos seres que já viveram na terra. Era uma época em que
existiam seres com o nível de poder categorizado de Diogenes, esses seres são
praticamente deuses, isso tudo porque beiraram a zona de serem onipotentes.
Depois de um desentendimento, eles lutaram ferozmente, em um ataque coletivo
despedaçando a grande massa de terra chamado pangeia. Depois do ataque,
apenas 6 dos 27 Diogenes permaneceram vivos. Os sobreviventes perderam
grande parte dos seus poderes no ataque, ainda assim, são os mais poderosos
seres místicos vivos, hoje, chamados de anciões, o que inclui o nosso diretor,
isso explica como ele conseguiu parar o mundo apenas como poder da mente,
ele é um bruxo que domina sobre o tempo e o manipula ao seu bel prazer. Os
anciões se separaram e de tempos em tempos se reúnem para decidir questões
importantes sobre o mundo místico.
Depois desse nível, vem o Gran Mestre, esse titulo você ganha dominando todas
as suas habilidades ao máximo, eles seriam do que os humanos chamam de
profissionais, esse é o nível em que estamos procurando alcançar, já que faz
anos que ninguém ganha esse titulo, os próximos a tingir esse nível se tornará
bastante visado, e modéstia a parte, Bianca e eu temos boas chances de atingir
esse nível.
Depois de Gran Mestre vem as luas de Saturno, um ser místico só pode ganhar
esse titulo se for escolhido por uma das luas para ser discípulo e herdar a lua
como codinome após a morte ou entrega da lua pelo ser místico representante
da lua. Esses caras são os mais poderosos entre a sociedade e são um grupo
que detém a maior liberdade dentre os seres místicos já que são respeitados em
todas as esferas da sociedade monstro. São uma organização que não respeita
regras ou diretrizes, eles apenas reconhecem o poder, e é claro que meu pai é
uma dessas luas, e meu irmão, o discípulo de meu pai.
Por fim vem os Diogenes, são seis no total, apenas as luas de saturno já viram
eles lutarem, já que, para oficializar o titulo de lua, você precisa lutar contra um
deles e mostrar ser digno de representar uma das luas. Fora esses caras,
ninguém jamais viu eles lutando, isso porque os seres místicos da atualidade
não possuem poder o suficiente para passar nem pelas luas que são os guarda
costas dos anciões. Na real, não se sabe mais se eles possuem ainda o nível de
poder de Diogenes, mas ninguém ainda pode testar.
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Estava jogado no sofá da sala em um sonho tão gostoso, mas como é uma casa
pequena e eu divido a casa com um grupo de jovens atentados, não demorou
muito para ser acordado, e nesse caso por Ayla e sua cara rabugenta.
- Ei! - esbravejei sentando no sofá levando uma das mãos para o local onde a
pedra tinha acertado - Como você conseguiu uma pedra dentro dessa casa? -
perguntei pegando o pedaço de pedra que havia caído do meu lado e joguei de
volta em direção a Ayla que desviou deixando a pedra pegar na parede
- Eu ainda vou ter a cabeça do Drácula na minha parede se ele vacilar! - Ayla
não parecia estar brincando - Agora vamos seu idiota, temos aula!
- Já? Não faz nem uma hora que eu sai da ultima aula! - Reclamei levantando
do sofá e me espreguiçando
- Olha aqui, essa parada de termos que treinar para ser uma só equipe também
não é do meu agrado, e eu odeio o fato de você ser o líder, meu pai vai sentir
tanta vergonha de mim quando descobrir... - Ayla falava baixinho da cozinha, era
como se ela quisesse que apenas eu a escutasse
Dei um sorriso de canto e avancei para o lado de Bianca que terminava de descer
a escada. os degraus eram desregulados e o ultimo era o maior de todos, então,
estendi a mão para apoiar Bianca. Quando ela desceu Blade apareceu
subitamente na sala todo suado, ele esta ficando cada vez mais rápido. Blade
parou nos encarando enquanto eu ainda segurava a mão de Bianca.
- Olha só... De mãos dadas hein... Quando vão oficializar o namoro? - Blade se
jogou em direção ao sofá mas não chegou a cair nele, Bianca usou o poder da
telecinese para segurar ele no ar e o levar não muito confortavelmente para o
chão
- Aqui não é uma bagunça nojenta, eu deito nesse sofá, você não vai ficar se
jogando todo suado nele! - Bianca largou minha mão e andou em direção a
cozinha - Vamos logo vocês Dois!
- Porque as nossas aulas são no mesmo horário - Comecei a sentir que estava
perdendo no argumento
- Acho que quando quase fui morto na noite anterior a vir para cá vi o quanto era
fraco - desviei o olhar, não consegui continuar a olhar para Blade ao continuar -
Fui derrotado por um imortal em poucos segundos, depois, os trotes me
mostraram que a situação era pior do que imaginava, por isso agora estou
levando as coisas mais a serio, não é a garota, é por mim, apesar que eu preciso
me tornar forte para protege-la...
- Ei, não precisa se envergonhar, não comigo! - Blade colocou a mão em meu
ombro e se abaixou para me encarar novamente - Antes de vir pra cá também
sofremos um ataque, mas minha mãe estava em casa e acabou com os imortais,
mas eu fiquei com tanto medo que me escondi - Blade lançou um sorriso antes
de continuar - Mas, preste atenção, essa garota, é muito mais que uma amiga!
- Você sofreu um atentado na noite anterior do dia que viria para Oaks? -
Perguntei para confirmar os fatos na minha cabeça
- Sim, acabei de te dizer isso! Está com problemas de memoria? Deve ter sido
algum feitiço que Bianca errou! - Blade provocou Bianca com um leve sorrisinho
- Ei, eu nunca erro feitiços, eles que de vez em nunca erram comigo! - Bianca
deu um sorriso participando da brincadeira
- Acho que isso eu posso responder - Falei a encarando nos olhos - Estão
começando uma rebelião, monstros atacando monstros, estamos em guerra com
a nossa própria espécie!
- Minha mãe contou que os anciões não estão mais agradando, e que os
monstros querem uma nova ordem, querem que o conselho se dissolva para que
os monstros comandem tudo através do voto, como no mundo humano! - Bianca
estava com o olhar distante
- Mas eu não acho que essa rebelião perdure, a final, estamos falando dos seres
mais poderosos vivos, ninguém conseguiria tomar o poder a força! - As palavras
haviam saído da minha boca, mas não sei se acreditava nessa afirmação
Capitulo 20
06 meses depois
- Seu plano está indo ladeira a baixo, seu idiota! - Ayla não perdia a chance de
me insultar, e acredito que a situação só a deixe mais estressada
Ayla se jogou no chão não se importando de tudo a nossa volta estar pura lama.
A chuva estava muito forte, mas, as arvores ao nosso redor nos davam uma bela
proteção.
- Olha, eu posso tentar usar meu livro de maldições. Ainda não aprendi a
controlar muito bem, mas será o suficiente para furar o bloqueio e ainda o atiçar
o suficiente para cair em nossa armadilha
- E você acha que consegue usar sem afetar a nossa velocidade? Eles estão
quase nos alcançando e se nos pegarem vão nos destroçar em segundos
- Estão a 40 metros a frente! - Gritei com Ayla antes de puxar o livro de maldição
e o segurar firme e aberto na pagina 5 onde a maldição do espinho negro ficava.
Nos últimos três meses tenho aumentado minha velocidade dia após dia, até
agora já alcancei a velocidade de 190 km em uma velocidade constante, e vou
de 0 a 100 em 10,01 segundos, mas acredito que isso é só o inicio... Eu já sou
mais rápido que a maioria dos vampiros, ou seja, tenho uma vantagem aqui,
vantagem essa que acaba quando vamos medir a força, e se somar com o
tamanho de um lobisomem em forma bestial minhas chances estão mais baixas
do que eu gostaria.
Ele começou a sua queda já uivando de dor, e eu também iniciei minha queda
só que com um sorriso no rosto. Ayla me alcançou assim que terminei de dar um
rolamento ao atingir o chão. As aulas de Pakour ajudaram muito para que eu não
tivesse medo de saltar tão alto e ainda me deram mais opções na hora da luta.
- só imagens na internet!
- A maldição do espinho negro irá criar uma copia atrás da outra dentro do corpo
dele, até que ele se torne um grande porco espinho, só que de dentro para fora!
legal, né?
- A cada dia que se passa, você se torna mais poderoso! Me pergunto se não
devia te matar agora... - Ayla se expressava como se não estivesse falando em
me matar, e pelo o que conheço dela, não estava brincando
- Acha que conseguiria? - Provoquei Ayla enquanto estampava um sorriso no
rosto. Se é para morrer, que seja dando risada.
- Olha aqui, Bianca te ama de verdade, por isso te dou o beneficio da duvida,
mas, se algum dia eu sentir que você corrompeu sua alma, vou te matar sem
hesitar... - Ayla ainda me encarava, e provavelmente estava tão focada em mim
que não percebeu o lobisomem saltando em sua direção
Estávamos correndo a uns 130 km. Não tinha como eles terem nos alcançado.
Além do mais, sou um dos melhores quando o assunto são cheiros e sons, e
afirmo com total certeza, esse lobisomem não estava aqui a poucos segundos
atrás. De qualquer forma, não posso deixar ele matar ela dessa maneira.
Nas aulas do terceiro mês, nos fizeram segurar diferentes tipos de rochas e
pedras. Ao todo eram em seis, escaladas em ordem de dureza absoluta. Fomos
de bolas de aço, a bolas de diamante, nosso objetivo? Esmaga-las com o que
chamam de Força de disparo, é quando apertamos um objeto com uma descarga
de força. E é exatamente o que vou fazer com esse lobo aqui.
Os ossos de um lobisomem são duros como Diamante, mas, não levei nem uma
hora para quebrar a bola de diamante. E agora que estou com minha vida em
perigo. Apertei de uma só vez. O Lobisomem uivou de dor em resposta, mas as
garras dele só me soltaram quando terminamos de rolar pela mata e lama, que
por sorte, eu terminei por cima. Pressionei meu joelho no tórax dele e me levantei
ainda segurando as patas dele. Ele começou a resistir tentando rolar, mas, eu
detinha a vantagem ali. Por isso, pisei no pescoço dele segurando mais firme as
suas patas. Quanto mais ele se debatia, mais eu apertava, estava perecido com
um toureiro em cima do touro tentando ficar os últimos segundos em cima do
animal, a diferença é que se eu largar, o touro vai arrancar minha cabeça em
uma mordida. Quando ele começou a se entregar, finalizei o empasse puxando
as duas patas e o desmembrando. Sangue para todo lado entregava nossa
posição aos demais lobisomens, logo, estaríamos cercados, mas esse aqui já
não seria mais um problema.
Todo esse lance durou cerca de 25 segundos. Tempo suficiente para que Ayla
terminasse de cair, tempo mediano para ela se tocar que eu a havia empurrado,
e tempo muito curto para evitar que eu levasse um socão no meio da boca que
me fez quase desmaiar.
Acenei com a cabeça começando a ser carregado por Ayla nos metros que
faltavam para chegar ao rio. Eu não tinha noção do estrago que as garras do
lobisomem haviam feito em mim, mas, pelo olhar preocupado de Ayla, a parada
estava seria. Feridas externas (qualquer coisa que não seja mística) se
cicatrizam rapidamente, mas, feridas místicas (causada por agentes
sobrenaturais) demoram muito mais. Perto do rio as arvores começavam a abrir,
até que paravam, pois, uma orla de pedregulhos se estendia em torno do rio.
- Chegamos seu idiota! - apesar de ainda estar sendo grossa comigo, ela me
colocou gentilmente no chão a uns 5 passos do rio
O sangue se misturava com a chuva que ainda caía forte, e agora, sem a
proteção das arvores estava caindo toda sobre nós. Mas isso deve ser bom,
sabe, lavar a ferida aberta, que pela dor, deve ser bem grande, e pela cara de
Ayla bem grave.
- Pare de me olhar assim, ainda vamos lutar contra uns lobisomens, sabe o lado
bom disso?
Ayla balançou a cabeça dizendo que não, ela soprava a água que escorria por
sua boca que estava azulada por conta do frio.
A nuvem de chuva nos acompanhou desde que entramos neste mundo, mas, o
mundo continua na ordem que foi criada, por isso, no fim, do horizonte o sol se
põe sem ligar para o confronto que esta prestes a acontecer.
Ayla puxou uma das adagas e jogou enfincada ao meu lado, ela puxou outra e
segurou firme em sua mão esquerda. Ela também puxou o revolver e engatilhou.
Acho que ela ainda não desistiu.
- As coisas ainda estão seguindo o seu plano? - Ayla tentava manter os olhos
nos meus, mas, eles sempre desviavam para a minha ferida
- Mais ou menos, mas, se ela ainda não se manifestou é porque ainda não
concluímos a missão! - Com o avançar dos segundos a dor ia aumentando e eu
não consegui mais disfarçar a dor
Ayla ia comentar alguma coisa antes de ser interrompida pelo uivo mais macabro
que já ouvi na minha vida. Desviamos o olhar para a mata. Pela distância do
uivo, ele estavam perto ou em cima do lobo que eu havia desmembrado.
- Encontraram o corpo!
- Você acha que ela está entre eles? - Era a primeira vez que Ayla iniciava uma
conversa sem me chamar de idiota, acho que realmente estou para morrer
- Vamos ver... - Falei baixinho dando alguns passos para frente - Aquele era o
tio de vocês? A não! ele era o irmão mais novo? Foi tão fácil mata-lo, acho que
foi o mais fácil até agora! - Eu estava provocando eles, tentando despertar algum
sentimento
Ela chamava a atenção, não parecia ligar para o frio que vinha com a chuva que
caia sobre nós. Ela me encarava com um olhar furioso, senti, um arrepio na alma
quando nossos olhos se encontraram. Os olhos dela brilhavam com uma luz
branca opaca, não existia íris, apenas um vazio branco no lugar dos globos
oculares, no meio de sua testa uma lua em formato quase completo brilhava
forte. Agora que ela não estava transformada, podíamos sentir o poder dela. O
meu plano havia dado certo, mas, não era assim que parecia.
Ela era uma bruxa transformista, exatamente como havia imaginado. Mas, não
imaginava o quanto ela era forte. Ayla correu tomando a minha frente. Não faço
ideia do porque ela estava agindo dessa maneira, será que minhas feridas são
tão graves assim?
- Você, garota de cabelos vermelhos, vai morrer aqui também, mas, não negarei
essa refeição aos meus lobos. - Ela levantou a mão e logo em seguida abaixou,
os lobos dispararam no mesmo instante em nossa direção
No ultimo segundo antes de ser atingido, Bianca tomou a frente, e com apenas
uma das mãos desviou o ataque para o chão. Quando a magia acertou a terra,
vi o estrago que teria feito em mim. Uma cratera de uns dois metros de
circunferência se formou em modelo espiral. Se tivesse pegado em mim, com
certeza meu braço teria sido arrancado. Elevando os olhos, vi blade e Samuel
entrarem na briga contra os lobos. Retornando a atenção para a bruxa que queria
me matar, acompanhei o dialogo entre as bruxas.
- Não vai encostar nem se quer um dedo no meu namorado, a partir de agora,
eu serei sua adversaria! - Os olhos de Bianca se iluminaram e a bruxa
transformista recuou alguns metros em um salto evasivo
A bruxa transformista não me encarava mais, agora sua atenção estava toda em
Bianca, ainda bem... Agora que estou completamente seguro, posso enfim
relaxar, meu plano havia fugido do controle a alguns lances atrás, mas, no final,
as coisas se ajeitaram.
As magias podem ser lançadas de formas verbais e não verbais, vai depender
da magia, do poder e da experiência do bruxo. Os ataques não possuem
padrões, podem variar de acordo com a magia, elemento e nível de poder, uma
magia pode ter três níveis, o primeiro sendo o básico, o segundo nível mestre e
o terceiro Diógenes.
O contra ataque da bruxa transformista foi rápido, ela recitou "Rocky Shot" e a
parede tomou forma de diversas esferas pequenas e com o movimento das mãos
foram disparadas em nossa direção como um tiro. Bianca movimentou as mãos
e seus olhos brilharam quando ela formou em nossa volta um furacão que
mesclava o elemento vento com o elemento de agua, canalizada da chuva,
formando uma defesa que misturava a velocidade do vento com a força da
agua.
Em seguida ela canalizou o furacão para tomar forma de uma cabeça de dragão
lançando o ataque em forma de semicírculo em direção a bruxa, Bianca também
usou novamente a magia "dóry" transformando o seu movimento em um ataque
duplo. A bruxa transformista usou uma magia de defesa também do elemento
água e assim desviou o ataque dragão, mas, ela não contava com o segunda
ataque. A lança de vento pegou em cheio no ombro da Bruxa transformista que
gritou de dor enquanto um buraco de 3 centímetros se abria em seu ombro
permitindo ver o outro lado através dela, mas, ela não recuou da batalha.
Assim que terminou de girar após receber o impacto do ataque usou uma magia
pessoal (uma magia particular, que só ela sabe como ativar, admito que era de
se esperar que uma bruxa que vive isolada em um mundo esquecido tenha
desenvolvido uma magia pessoal), ela bradou em alto e bom som, "dánkoma
lýkou". uma espécie de boca de lobo se formou em nossa volta formada pela
terra e misturada com uma capa verde da magia da bruxa. Logo a boca havia
sido revestida de dentes afiados e em poucos segundos fecharam em uma
mordida, iriamos ser empalados pelos dentes do lobo de pedra se Bianca não
tivesse estendido os dois braços, apontando a palma das mãos uma para cada
lado da boca disparando um ataque direto de poder. A facha de luz roxa que saia
da mão de Bianca indicava que era um ataque canalizado direto da fonte, havia
sido canalizado diretamente do poder de Bianca, esse tipo de ataque é o ataque
mais puro de um bruxo. Bianca confiava tanto no seu poder que usou um ataque
pessoal contra uma magia pessoal, isso era coisa de bruxos nível mestre, um
movimento ousada que Bianca podia fazer de forma tranquila. A boca do lobo foi
destruída antes que pudesse se fechar, mandando pedaços de pedras para
todas as direções.
Bianca não estava com muita paciência para continuar com aquele confronto,
acho que em grande parte porque eu estava atrás dela agonizando de dor.
Bianca ativou um ataque de elemento terra. Proferiu um chute no ar, subindo a
perna de forma reta até a altura do peito e quando o seu pé atingiu o limite do
peito um espinho de terra saiu de dentro dos pedregulhos a alguns centímetros
da bruxa transformista atravessando sua barriga bem no centro a levantando
alguns centímetros do chão a fazendo escorregar de volta ao chão lentamente.
A bruxa cuspiu sangue nos primeiros segundo enquanto segurava o pedaço de
terra que a mantinha pendurada, logo Samuel e Blade a agarraram pelos braços
a imobilizando, Ayla apareceu na frente com a arma apontada para a cabeça da
bruxa. Se ela tentasse lançar alguma magia, Blade e Samuel arrancariam os
braços dela e Ayla iria meter uma bala especial na cabeça da bruxa.
- Ei, relexa, foi só um arranhão... - Tentava não fraquejar ao falar, o sangue que
havia bebido já começava a me recuperar e eu podia sentir o processo
acelerando
- Mas ai eu seria igual ao restante da minha família, eu vou ser diferente deles,
eu serei melhor
Demoramos quase uma hora para chegar no portal que nos levaria para o mundo
real, e logo depois poderíamos nos tele transportar para Oaks, dessa maneira
finalizando nossa missão e se tudo der certo, receberemos nossos distintivos
ainda hoje.
Capitulo 22
Já estávamos quase no final do ano. Minha notas foram boas em quase todas
as matérias, apesar que consegui me destacar mais na área de combate, com
isso, assim que recebermos os nossos distintivos poderemos partir em missões
nas férias, estaremos cada vez mais aptos a enfrentar todos os inimigos que
aparecerem.
A escola estava reunida em uma das praças de oaks quando chegamos, haviam
construído um palco e colocado varias arquibancadas para os alunos
prestigiarem os recém chegados. Minha equipe e mais 10 se candidataram para
se tornarem agentes, cada um recebeu um mundo místico que deveríamos
invadir e retornar com um artefato.
- Ela protegia a caixa que deveríamos recuperar, quer dizer, ela e o namorado
que eu mesmo eliminei
- Essa é valmir belrrur, ela é uma lua de saturno, como capturaram ela? - Os
professores estavam agitados e pareciam nervosos
- Ela era forte, mas eu sou mais! - Bianca havia adquirido uma grande autoestima
conforme o tempo passava, acredito que isso foi canalizado da minha parte da
ligação
- Vamos leva-la agora para prisão, ela é procurado a mais de 100 anos por
assassinatos a místicos
O diretor de Oaks se levantou de uma das cadeiras e andou até nos pedindo que
entregássemos a caixa para ele. A caixa foi posta em cima de uma bancada e
dois professores bruxos auxiliaram a abertura da caixa.
- Vamos ver o que conseguiram achar - O diretor parecia tão empolgado quanto
Bianca para saber o que havia dentro da caixa. Os exploradores do mundo só
sabiam que havia uma caixa naquele mundo, mas não sabiam o que havia dentro
da caixa, seria a primeira vez em séculos que aquela caixa seria aberta, todo
cuidado é pouco, se bem que estávamos diante de um dos anciões, não haviam
muitas coisas que poderiam mata-lo tão facilmente.
Quando a caixa foi aberta uma fumaça sinistra subiu pelo ar, e pelo brilho do
olho do diretor o artefato era poderoso.
- O olho que tudo vê! Esse é o colar mais poderoso que poderia cair nas mãos
de um vampiro, da ultima vez que eu o vi estava com Vladir Drácula e ele chegou
bem perto de me ferir com ele - o diretor se virou para mim e estendeu o colar -
Acho que ele deve ficar com um drácula...
coloquei o colar em Blade e ele sentiu a pressão do colar que o fez cair de
joelhos. O ajudei a levantar imediatamente.
- Bem, sei que devem estar exaustos, por favor, vão descansar e aproveitem sua
vitória, tenho certeza que a irmandade grigoria preparou uma recepção festiva...
- Diretor se virou e foi conversar com outros professores
___________________________________
Samuel nessa aventura se mostrou muito mais que um amigo, e eu confiava nele
para qualquer coisa, até aquele instante. Instante que meu mundo desabou e eu
vi o céu cair sobre mim. Bianca foi desacorda com um único golpe por Samuel. E
Vick, atravessou a mão por de trás de Blade arrancando o seu coração e
puxando o colar junto para si. Ayla e sabrina tentaram reagir, mas samuel foi
mais rápido e desacordou as duas em dois movimentos, eu não conseguia
entender, de onde tinha vindo aquela velocidade? De onde tinha vindo aquele
poder? Eu assisti Blade cair desacordado sobre os joelhos. Eu estava perplexo
de mais para reagir no mesmo instante. Não conseguia entender o que estava
acontecendo, fiquei totalmente sem reação.
- Nós íamos esperar mais um pouco antes de nos revelarmos, mas, esse colar
é muito poderoso para ficar em suas mãos, fora que Blade trás um perigo para
o nosso plano
- Não... Não pode ser... - Meus olhos ainda encaravam Blade, meu melhor amigo,
meu amigo mais antigo, morto diante dos meus olhos
- Desculpe ancião, mas a única coisa que trarei para cá é a cabeça deles
______________________________________
A morte de blade foi impactante para mim, mas também pegou Sabrina
desprevenida. Eles estavam tendo um lance, não chegaram a oficializar, mas
todos nós sabíamos. Passei os demais dias em uma mistura de luto e vingança.
Os agentes possuem autorização para usar equipes especiais para localizar
inimigos. E eu dei a ordem para a busca assim que pude. Enquanto isso só
poderíamos esperar alguma informação que nos levasse até eles. Na carta que
Samuel havia deixado havia uma explicação dessa traição.
"Se vocês estão lendo essa carta significa que finalmente nós agirmos, a missão
é espionar de perto o Drácula e Bianca, esperando a hora certa de agir,
entretanto, se o que tiver na caixa for o que estamos pensando, os planos
mudaram, a muito tempo nossa ordem foi traída por uma lua de saturno que
roubou um artefato necessário para que tragamos de volta aquele que foi
esquecido. Uma nova ordem esta surgindo, os anciões vão cair e tudo o que
você conhece vai mudar."
Ele havia escrito essa carta durante nossa missão, então desde ali ele já
planejava matar um de nós, eu não posso perdoar ele. Entre amor ou sangue,
sempre escolherei o sangue. Eu vou me vingar e mostrar a ele porque sou um
drácula.