Você está na página 1de 15

A Noite Eterna

Meu nome é Eldrich, e eu não sou deste mundo, estou aqui para
contar a vocês uma história... Você acredita em monstros? E se eu
dissesse que eles são tão reais quanto as folhas que caem das
arvores? Para entender essa história vocês primeiro precisam
entender algumas coisas básicas sobre a realidade.
Além do seu mundo existe um lugar onde uma infinidade de monstros
vive, e eu sou um deles. Nós existimos em várias formas e tamanhos,
a maioria das lendas sobre vampiros, lobisomens, fantasmas e outras
criaturas foram criadas após seus ancestrais terem avistado ou
entrado em contato um de nós.
Alguns de nós são tão antigos quanto a própria terra, diferente de
vocês, nós não envelhecemos, muito pelo contrário, quanto mais
velhos ficamos mais poderosos nos tornamos. Meu mundo se
encontra em uma espécie de realidade paralela sobreposta a seu
mundo.
Monstros também vivem em sociedade, aliás criamos sociedades
muito antes de humanos. Monstros se alimentam de energia negativa
emitida pelas criaturas viventes da terra, a mais nutritiva para nós é
o medo, a maioria dos avistamentos de fantasmas ou criaturas
inexplicáveis provavelmente era apenas um de nós se alimentando ou
coletando medo para a organização que governa nosso mundo.
Nossa dimensão é governada pela Midnight, uma organização
criada pelos monstros mais antigos do nosso mundo, quase todos os
monstros trabalham para eles, inclusive eu.
Eles geralmente nos mandam arquivos sobre um alvo especifico,
junto de suas fobias, angustias e medos para que nosso trabalho fique
mais fácil, e então coletamos sua energia negativa (95% das vezes
medo, pois ela é a energia negativa mais poderosa) e levamos de
volta para agencia e no fim da noite, e em troca ganhamos energia
negativa.
Tudo começou em uma noite fria de inverno na Alemanha, no ano de
1940, o mundo estava em guerra. Meu alvo era um soldado Alemão,
Albert, um homem de 40 anos, com tendencias agressivas e
alcoólatra, lembro de ler o relatório e pensar que seria apenas mais
uma noite comum como qualquer outra onde eu quase mataria meu
alvo de medo e atingiria minha meta diária.
Eu era um dos melhores funcionários, então conseguia atingir minha
meta diária com apenas um alvo, quanto emoções negativas um
monstro faz o alvo ter, mais energia ele coletará. Então o tanto de
energia que você consegue coletar de um alvo, dependerá apenas do
seu talento.
Mas, no entanto, a Midnight tem algumas regras, como por exemplo
nós não podemos matar o alvo ou deixa-lo extremamente debilitado,
como eu disse antes a Midnight controla o nosso mundo, como uma
espécie de governo. Nós também temos leis, assim como vocês.
Como eu havia dito, a noite estava fria, neve caia do céu e não havia
ninguém além de soldados na rua indo para casa. Meu alvo era um
desse soldados, estava tão bêbado que andava cambaleando. Esse
não era o primeiro alvo desse tipo que eu lidava, eu odiava alvos
assim por mais que fossem um dos tipos mais fáceis de assustar.
Eu estava seguindo Albert até sua casa, nós monstros somos
naturalmente invisíveis a olhos nus, mas podemos ficar visíveis a
qualquer momento que desejarmos, o que torna nosso trabalho muito
mais fácil.
Geralmente esperamos até o alvo ficar em um local sozinho para nos
tornarmos visíveis, a política da organização é: Quanto menos
pessoas nos virem melhor, muitas vezes os alvos que assustamos
apenas pensam que estavam loucos ou alucinando na hora, mas nem
sempre ficamos visíveis para assustar.
Aquela cadeira que se mexe sozinha, os copos que caem do nada, as
sombras se mexendo no seu quarto a noite, a maioria das vezes somos
nós assustando vocês, muitos também apenas coletam emoções
negativas que vocês emitem sozinhos como raiva, angustia, nojo...
Mas nenhuma delas é tão poderosa quanto o medo, 95% dos
monstros apenas coletam medo, a Midnight nos deixa trabalhar da
forma que achamos melhor então temos bem liberdade nesse quesito.
Como vocês já devem ter percebido, eu sou do tipo que coleta medo.
E também do tipo que gosta de aparecer para o alvo e faze-lo se
borrar de medo.
Quando Albert finalmente chegou em sua casa, eu decidi dar uma
olhada pelo lugar para já planejar como ia assusta-lo, a casa dele é
exatamente como você espera que seja a casa de um alcoólatra, toda
suja, roupas jogadas pelo chão e garrafas empilhadas nos lugares.
Era uma casa de 2 andares, com um porão, um quarto e um banheiro
em cima, e um banheiro em baixo e claro uma cozinha e uma sala.
Depois que terminei de dar uma olhada na casa me dirigi até a sala
e ele estava sentado no sofá, com as luzes apagadas, com um abajur
ligado ao lado do sofá, apenas de cueca e com uma garrafa de
cerveja na mão e na outra uma foto de uma mulher, provavelmente
sua esposa que havia desaparecido 10 anos atras segundo seu
arquivo.
Aquele era o momento perfeito, eu iria derrubar o armário que
estava no seu quarto e o atrair para lá, trancar a porta e fazer meu
trabalho.
Porém, quando olhei bem para ele sentado no sofá, notei algo
estranho. Havia uma boneca debaixo de uma almofada do lado de
Albert, uma boneca de pano, no arquivo não dizia que ele havia filhos
ou alguém mais morando na casa, então o que uma boneca estaria
fazendo na casa de um homem de 40 anos? Eu havia olhado na casa
inteira e não tinha achado ninguém, o único lugar que não havia
entrado era o porão, eu não gosto de imprevistos ou ser pego de
surpresa por outras pessoas, então decidi ir até o porão checar se
havia alguém lá.
O porão ficava no fim de um corredor na sala, então desci escadas, a
porta estava fechada com um cadeado grande e correntes, mas isso
não era problema para mim.
Uma grande parte dos monstros conseguem ficar intangíveis e
atravessar a maioria dos materiais encontrados no mundo humano, o
que torna nossa navegação no mundo humano muito mais fácil.
Eu consegui atravessar a porta facilmente, o porão estava muito
escuro, mas isso não era problema para mim pois monstros
conseguem enxergar até mesmo na mais profunda escuridão, porém
não conseguimos enxergar as cores de objetos no escuro.
O porão estava todo bagunçado, pilhas e pilhas de lixo amontoadas,
junto de garrafas de cervejas e roupas sujas espalhadas pelo chão, e
para minha surpresa havia uma cama no fundo do porão, e encima
dela uma garotinha de aparentemente 10 anos de idade.
Eu me aproximei lentamente da cama, e pude ver que ela estava com
correntes nos pés presas a cama. Ela estava completamente suja, com
uma camisola rasgada, e com hematomas pelo corpo todo. Suas
roupas estavam com manchas de sangue, assim como os lençóis de
sua cama.
Confesso que fiquei surpreso quando me deparei com aquela
garotinha, raramente sinto pena de humanos ou fico comovido com
algo, mas aquela situação tocou meu coração frio e sombrio.
E para minha surpresa, a garotinha estava acordada. Ela se sentou
na cama, arregalou os olhos e ficou olhando em minha direção, algo
que achei estranho pois eu não havia me tornado visível. E para
minha surpresa a garotinha começou a falar:
- Garotinha: Quem é você?

Fiquei surpreso quando ela falou comigo, existem alguns humanos


que conseguem nos ver mesmo quando estamos ocultando nossa
presença, mas eles são tão raros quanto diamantes. A última vez que
encontrei um foi a mais de 100 anos atrás.
Outra coisa que me surpreendeu foi o fato de a garotinha não
parecer horrorizada com a minha presença, quase todas as vezes que
uma criança vê um monstro elas gritam ou desmaiam e ficam
traumatizadas pela vida toda, mas ela não, ela parecia calma e
serena.
(Para você entender melhor, eu sou um monstro de 2,5 metros de
altura, com chifres virados para baixo, braços longos, garras de 30
centímetros, com orelhas de morcego, olhos brilhantes amarelos e
asas feitas de ossos que cobrem meu corpo como uma túnica quando
não estão abertas. Quase todos os humanos sentem um pavor extremo
ao me ver.)
- Eldrich: Meu nome é Eldrich.
A garotinha me analisou de cima a baixo, olhou para meu rosto e
me perguntou com cara de surpresa:
- Garotinha: O que você é?
- Eldrich: Bom... eu sou um monstro.
- Garotinha: E o que você está fazendo aqui? Veio me assustar?
- Eldrich: Não, não vim assustar você.
- Garotinha: Então... você veio me machucar igual o papai faz
todos os dias? (Disse ela enquanto seus olhos se enchiam de
lagrimas...).
- Eldrich: Não, fique tranquila, prometo que não vou machucar
você. (Disse eu, tentando conforta-la) Alias, qual seu nome
garotinha?
- Garotinha: Meu nome é Katherine... Obrigada por não me
machucar Sr. Monstro (Disse ela enquanto enxugava as
lagrimas).
- Katherine: Então se o Sr. Monstro não veio me machucar, o que
o senhor veio fazer?
- Eldrich: Eu... vim assustar o seu pai.
- Katherine: O senhor pode me tirar daqui? Eu não aguento mais
esse inferno que vivo... Eu me sinto tão triste, não entendo
porque o papai faz essas coisas comigo, eu sempre sou
obediente, mas ele me machuca mesmo assim...(Disse ela
olhando para baixo com uma feição triste, quase chorando
novamente).
Quando ela me perguntou isso, confesso que me senti muito mal,
infelizmente as regras do nosso mundo não nos permite interferir no
cotidiano humano, nosso trabalho é apenas assustar e ir embora, não
temos permissão para interferir na vida de humanos.
- Eldrich: Me desculpe garotinha, eu não posso...
Após ouvir isso, ela não falou mais nada, seu rosto ficou
completamente sem expressão, seus olhos se transformaram em olhos
vazios e sem vida, e então uma lagrima escorreu pelos seus olhos.
Ela enxugou sua lagrima com a manga de sua camisola, olhou para
mim e disse com uma voz extremamente triste:
- Khaterine: Tudo bem, foi um prazer conhece-lo Sr. Monstro.
Após isso ela se deitou novamente na cama e fechou seus olhos,
naquele momento fiquei pensando na possibilidade de soltá-la, quer
dizer, eu sei que tenho regras, mas acho que não faria mal nenhum
soltá-la correto? Eu sempre segui as regras da Midnight, por isso era
difícil para mim fazer algo assim... Antigamente se eu queria fazer
algo, eu fazia, mas agora as coisas são diferentes...
Enquanto eu estava desatento pensando no que eu iria fazer, algo
aconteceu. Albert, o pai da garota, começou a socar a porta enquanto
perguntava porque ela estava falando sozinha a essa hora da noite.
E então, ele abriu a porta e começou a descer as escadas, ele estava
com uma garrafa de cerveja em uma mão, e uma barra de ferro em
outra, enquanto ele descia as escadas ele começou a gritar:
- Albert: SUA DESGRAÇADA, EU VOU TE DAR UMA SURRA
PRA VOCE APRENDER A FICAR QUIETA DURANTE A
NOITE!
Ele estava tão bêbado que acabou pisando em falso e rolou escada
abaixo, a garotinha estava tão assustada que se cobriu inteira com
seu cobertor e começou a chorar a ponto de soluçar, Albert que
estava caído no chão após ter rolado escada abaixo se levantou com
muito ódio, pegou a barra de ferro e começou a gritar:
- Albert: Isso é culpa sua infeliz! Você só estraga minha vida! A
culpa da sua mãe ter ido embora é sua! HOJE EU VOU TE
BATER TANTO QUE VOCE VAI ENTRAR EM COMA!
- Katherine: Por favor não! (Ela dizia enquanto soluçava de
tanto chorar) Eu não fiz nada por favor vai embora, por favor
não me machuca! (Ela dizia soluçando de tanto chorar).
Albert começou a correr em direção a cama, arrancou os cobertores
de cima dela, pegou ela pelos cabelos e a jogou no chão.
Eu estava com muito ódio, queria muito ajudar a garotinha naquele
momento, mas eu sabia o que podia acontecer se eu desobedecesse às
regras, e então me controlando para não arrancar a cabeça daquele
desgraçado com minhas garras, apenas fiquei parado.
A garotinha começou a gritar, quando caiu no chão. Albert começou
a chutá-la no estomago enquanto dizia que hoje seria o dia que ela
mais iria sofrer na vida. E então, depois de chutá-la 3 vezes, ele
pegou a barra de ferro e bateu com toda a força que ele tinha na
perna esquerda de Katherine. Ela gritou, e então o desgraçado
começou a rir, naquele momento, eu estava com tanto ódio que uma
aura negra se formou em voltou de mim, e então a garotinha olhou
para mim desesperada e gritando:
- Katherine: Por favor Sr. Monstro, se o senhor não pode me
ajudar pelo menos me mate, acabe com meu sofrimento, não
aguento mais essa vida, POR FAVOR ME MATE! (Ela disse
gritando enquanto soluçava de tanto chorar).
Albert estava pronto para bater nela novamente com a barra de
ferro, mas então eu não aguentei. Após ouvir aquilo, eu não consegui
mais ficar parado. Albert tentou bater nela com a barra de ferro mais
uma vez, mas dessa vez, eu segurei a barra de ferro.
Ele ficou confuso quando percebeu que não podia mais mover a
barra de ferro, e então, me tornei visível para ele. Ele ficou tão
horrorizado ao me ver, que soltou a barra de ferro e caiu para traz.
Albert, em um movimento rápido tentou se levantar e correr até a
escada, mas eu era muito mais rápido que ele, usei minha super
velocidade e apareci na frente da escada antes de Albert subir.
Ele estava horrizado, Albert se ajoelhou no chão e começou a chorar
de medo enquanto implorava:
- Albert: Por favor não me machuque! Eu faço qualquer coisa!
Naquele momento, eu o peguei pelo pescoço e o levantei até mim.
- Eldrich: Sabe que dia é hoje Albert? Hoje é o dia que você mais
vai sofrer na sua vida. Mas não desse jeito, eu quero que você
esteja sóbrio para isso.
Naquela hora, usei meus poderes e fiz todo o álcool que estava em
seu sangue sair pela sua boca e logo após ataquei Albert no chão.
(Nós monstros temos várias habilidades, alguns tem mais que outros,
quanto mais velho mais poderoso será o monstro, imagine nossos
poderes como uma leve manipulação da realidade.)
Quando estava no chão, Albert ficou confuso por alguns segundos,
mas logo depois voltou a realidade, mais atento doque nunca.
- Albert: Meus Deus, eu estou sóbrio... isso não é um pesadelo, é
real. (Disse Albert enquanto olhava para suas mãos).
- Eldrich: Sim meu caro, isso é real.
Albert quando se deu conta doque estava acontecendo, correu para
pegar a barra de ferro que estava no chão.
- Albert: Sua coisa maldita, eu vou te matar!
- Eldrich: Pequena humana (Eu gritei) feche os olhos e tape seus
ouvidos, o que irá acontecer agora não é para os olhos e
ouvidos de uma criança.
Ela acenou com a cabeça e obedeceu.
- Eldrich: Agora podemos começar a diversão, seu verme
imundo.
- Albert: Então pode vir! Seu desgraçado, eu vou te ma-
AHHHHHHHHHHHH!
Antes de ele terminar de falar, me teleportei até a frente dele e
arranquei seu braço direito fora com minhas garras, com que
segurava a barra de ferro. Ele gritou de dor, sangue começou a
jorrar, horrorizado ele olhou para seu braço cortado, colocou a mão
sobre a ferida em uma tentativa desesperada de tapar a hemorragia e
então correu até as escadas, subiu e correu em direção a sala. Deixei
ele ir, para que ele pudesse ter uma última esperança de que
escaparia e eu ter o prazer de arrancar essa esperança.
Depois que ele já havia subido, usei minha super velocidade e o
segui, quando cheguei na sala ele estava com uma arma apontada em
minha direção, o sangue continuava jorrando, e a mão com que
segurava a arma tremia. E então comecei a rir.
- Eldrich: HAHAHAHAHA Vamos atire e veja o que acontece!
Albert não pensou duas vezes, usou toda sua munição e atirou contra
mim, e então todas as balas, uma por uma, caíram no chão
amassadas.
- Eldrich: Nada neste mundo pode me ferir, humano tolo. Eu sou
indestrutível.

Ele começou a chorar percebendo que não havia mais esperanças,


nesse momento usei minha super velocidade e arranquei fora o braço
com que Albert apontava sua arma para mim. Mais uma vez, ele
gritou e caiu no chão.
- Albert: Por favor já chega! EU NÃO AGUENTO MAIS!
Eu ainda não estava satisfeito, o ódio ainda queimava em meu
sangue, e então fiz braços sem pele saírem do chão e segurarem
Albert. Materializei uma guilhotina em volta das pernas de Albert, ele
desesperado implorou mais uma vez:
- Albert: POR FAVOR, JA CHEGA!
- Eldrich: Ainda não estou satisfeito.

Fiz a lâmina da guilhotina cair e arrancar fora as duas pernas de


Albert, logo após isso a guilhotina e os braços sem pele
desapareceram. Ele quase sem forças gritou mais uma vez.
Após isso o piso estava cheio de sangue, uma poça gigante se formou
em volta dele, e o medo que ele sentia... Era gigantesco, o tanto de
energia negativa que ele emitia, eu poderia sentir a 1 KM de
distância.
Depois que ele parou de gritar, olhou para mim e me disse quase
sem forças:
- Albert: Espero que você e essa puta desgraçada queimem no
inferno juntos...
Na hora eu já estava alterado, com ódio fervendo no sangue e fiz
algo que um monstro nunca deve fazer, eu o matei. Enfiei minhas
garras no peito de Albert e destruí seu coração.
Depois que vi a vida em seus olhos indo embora, me dei conta doque
fiz...
- Eldrich: Eu o matei... Se a Midnight descobrir isso, eu vou
pagar caro...(Pensei comigo mesmo).
Matar um humano é um crime muito grave para um monstro, eu
estava tão cego pelo ódio que não me dei conta doque estava fazendo.
Mas sinceramente, eu não me arrependo, Albert era um ser humano
podre, e merecia o que aconteceu com ele. Essa foi uma das únicas
vezes que deixei minhas emoções me controlarem, geralmente sou
frio e apenas faço meu trabalho e vou embora, mas dessa vez uma
pequena humana conseguiu tocar meu coração frio e sombrio.
Então me dei conta de que a menina ainda estava no porão, fui
caminhando até lá enquanto pensava no que eu iria fazer a partir de
agora. Quando cheguei no porão percebi que o braço arrancado de
Albert ainda estava no chão, usei meus poderes para teleporta-lo até
a sala ao lado do corpo morto de Albert.
A garotinha ainda estava ali em cima da cama, com os olhos
fechados e os ouvidos tampados. Cheguei perto dela e encostei
levemente em seu braço, ela então abriu os olhos e tirou a mão dos
ouvidos.
- Eldrich: Está tudo bem agora, ele não vai mais machucar você.
Ela sorriu levemente para mim, e disse:
- Katherine: Obrigada...
- Eldrich: Não se preocupe, tudo vai ficar bem a partir de agora.
- Katherine: Desculpe a pergunta... Mas você matou ele não é?
- Eldrich: Sim... (Respondi com a voz tremula)
- Katherine: Eu não queria isso... Mas o papai era um homem
ruim... Obrigada por me salvar Sr. Monstro (Disse ela sorrindo
enquanto uma lagrima escorria de seu rosto). Você pode se
aproximar um pouco por favor?
- Eldrich: Sim.
Me aproximei da pequena humana e algo que eu não esperava
aconteceu, ela me abraçou... Na hora não acreditei no que estava
acontecendo, durante toda minha vida nunca tinha sido abraçado por
um humano. Não consigo imaginar tudo que ela deve ter passado,
para se sentir confortável em abraçar um monstro horrendo como eu.
Após me abraçar ela sentou novamente na cama e me pediu para
tirar as correntes das pernas dela, eu usei meus poderes e fiz elas
quebrarem, pois não queria machucar a garotinha tentando quebrar
as correntes com minhas garras. Ela estava muito suja e suas roupas
estavam rasgadas, então usei meus poderes para consertar a roupa
dela e fazer ela ficar limpa. Após isso ela disse com um sorriso no
rosto:
- Katherine: Muito obrigada Sr. Monstro.
- Eldrich: Sem problemas, infelizmente tenho que ir embora
agora pequenina.
- Katherine: Não vai embora por favor! Me leva com você, eu
não tenho mais ninguém, eu não quero ficar sozinha.
- Eldrich: Desculpe, eu não posso levar você comigo pequena
humana.
Os olhos da Garotinha se encheram de lagrimas e ela começou a
chorar. Realmente era maldade deixá-la sozinha nessas condições,
ainda numa época de Guerra e de Alemanha Nazista... Eu já havia
feito tanta merda em um dia só que já não estava ligando pra nada,
então tomei uma decisão que iria mudar minha vida para sempre, eu
decidi ajudar.
- Eldrich: Tudo bem, por favor não chore, vou levar você comigo.
Ela abriu um sorriso no rosto e agradeceu.
- Katherine: Muito obrigada.
- Eldrich: Bem, vamos sair daqui, venha comigo.
- Katherine: É... só tem um probleminha, minha perna tá muito
machucada, eu não consigo andar...
- Eldrich: Ah sim eu havia me esquecido...
Aquele desgraçado havia atingido a perna dela com uma barra de
metal...
Naquele momento contrai minhas enormes garras e fiz elas entrarem
em meus dedos e então cuidadosamente a peguei em meu colo e
caminhei até a porta do porão.
- Katherine: Desculpa fazer você me carregar, é que tá doendo
muito (Disse ela com uma expressão triste).
- Eldrich: Está tudo bem, não se preocupe. Ah vou ter que pedir
para você fechar os olhos, uma criança não deve ver o que está
após essa porta.
- Katherine: Tudo bem (Disse ela enquanto fechava os olhos).
Caminhei até a porta da sala, passando pelo corpo de Albert me dei
conta da merda que havia feito, eu iria ter que voltar aqui para
encobrir a merda que fiz antes que alguém apareça aqui. Antes de
sair usei meus poderes para me tornar invisível, junto da pequena
humana. Ao sair para fora da casa, a garotinha abriu os olhos e viu a
neve caindo.
- Katherine: Nossa aqui fora tá muito frio (Disse ela enquanto
começou a tremer).
Nesse momento lembrei que humanos diferente de nós monstros são
bem sensíveis a temperatura, e então materializei um cobertor bem
quente em volta dela, que estava em meus braços.
- Katherine: Muito obrigada pela coberta Sr. Monstro.
Depois disso, desenrolei minhas asas feitas de ossos de meu corpo, e
lentamente voei até os céus, para a minha surpresa, a pequena
humana caiu no sono enquanto estava em meus braços, enrolada por
um cobertor, enquanto voávamos pelo céu noturno.

Você também pode gostar