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Wicca

Um Guia Místico de Criaturas


Encantadas
Eddie Van Feu
Wicca: Um Guia Místico de Criaturas Encantadas

Copyright © 2003 Eddie Van Feu

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Sumário

Introdução

O primeiro fantasma a gente nunca esquece

Fadas

Chamando sua fada

Elemantais da terra

Duendes travessos

Os elementais de Helena P. Blavastky

Atraindo elementais

Espíritos

Espíritos humanos

Espíritos guias

Espíritos de animais

Obsessão

Possessão

A Tábua Oui-Ja

Quem responde no Tabuleiro Oui-ja?

Dicas para jogar o Oui-ja

Poltergeist

Uma pessoa

Um ou vários espíritos

Elementais

Pode acontecer com você

A Banshee
Fantasmas e assombrações

Aparições

Fantasmas dos vivos

Doppelgänger

O Papa que não era pop

A professora de francês e seu próprio fantasma

Vendo seu próprio duplo

O Necromante: a ovelha negra da família

Necromancia branca

Necromancia negra

Vampiros

Vampiros de energia

Bruxos perigosos

Vampiros de verdade

A Vida Eterna em antítese

O que faz uma pessoa tornar-se um vampiro?

Filhos de vampiros

Demônios

Anjos

Magias relacionadas

Chamando sua Fada

Perfumes para atrair os elementais

Para afastar os elementais

Perfume mágico para evocar forças superiores

Perfume contra o Mal

Feitiço das Ondinas Para União (da tradição cigana)

Torta de Maçã dos Duendes

Círculo de Proteção de Rafael


Ritual para Prosperidade do Arcanjo São Miguel

Tabelas de horas e dias

Conclusão

O Caldeirão

Fósforo ou isqueiro?

Aparição misteriosa

Filmografia recomendada

Bibliografia consultada
“Pois nada que valha a pena provar pode ser provado
Nem tampouco refutado;
portanto, sê sábio
Adere sempre ao lado mais ensolarado da Dúvida.”

Lord Tenysson
Introdução
Você já viu um fantasma? E um espírito? Ah, você nem sabia que tinha
diferença? Tudo bem, eu também não até bem pouco tempo! Você já viu uma
fada? E um elemental? Você acredita em vampiros? E em lobisomens? Ou
acha que é tudo coisa de filme de terror pra acionar a adrenalina no cinema?

Você agora é um ser encantado. Quer dizer, estou supondo que você
está trilhando o caminho mágico, através do conhecimento, leitura e
experiência, o que o torna um mago, uma maga, um bruxo ou bruxa. Isso faz
com que você seja parte do invisível. Não, não quer dizer que ninguém veja
você, gênio! Quer dizer que você tem novos amiguinhos que não pertencem a
este plano. Eles existem em um plano mais sutil, escondem-se sob o véu da
descrença e permanecem ocultos enquanto lhes convém. Nem todos esses
seres serão seus amigos. Alguns não gostarão de você (eu sei como é
frustrante a hipótese de alguém não gostar de você, mas acontece de vez em
quando). Como um mago ou um bruxo, você agora tem acesso a estes planos
e ignorância não é mais desculpa. Você deve conhecer estes seres, pois eles
exercem influência direta sobre sua vida e a das pessoas em geral e cabe a
você saber identificá-los e lidar com eles (e os problemas que eles causam).

Agora, vamos ser sinceros. É bem possível que você não acredite em
todos os seres citados neste livro. Eu mesma não acreditava em vampiros até
a alguns anos, quando informações importantes chegaram às minhas mãos e
mudaram minha forma de ver o mundo. Hoje em dia posso dizer que acredito
em tudo e adoro ouvir e pesquisar histórias de sobrenatural. O que acho mais
interessante nisso tudo é que me deparei com eventos similares que recebiam
nomes e interpretações variadas de acordo com o local ou a crença das
pessoas que relatavam. Se você não acredita em alguma coisa, pense duas
vezes. É seu dever e direito questionar, mas jamais feche os olhos a algo que
esteja na sua frente só por causa de uma política de crenças pessoais.

E já que estamos falando abertamente de assuntos, até pouco tempo


atrás, proibidos, vamos ser sinceros de novo: você tem medo de algum ser
mágico. O quê?! Você tem medo?! Que tipo de bruxo é você?!! Um tipo
medroso (ou cauteloso, pra ser mais polida), igualzinho a mim. Eu MORRIA
de medo de fantasmas. Eu ainda tenho medo, mas minha curiosidade tem
sido mais forte e conforme meu conhecimento sobre eles aumentou,
aumentou também minha confiança em como lidar com situações esquisitas.

Quando assumimos que vivemos num mundo de energia em que a


matéria é apenas sua forma mais grosseira, muita coisa se torna mais clara.
Problemas enfrentados, obstáculos, amores, paixões, doenças e estados de
espírito, tudo ganha uma explicação mais clara, como se víssemos as teias
que sustentam a aranha, e não só a aranha flutuando no canto da parede.
Conhecer estes seres mágicos vai ajudar você a compreender certos
fenômenos que muito provavelmente acontecerão (ou já acontecem) ao seu
redor, pois os seres místicos sempre rodeiam os que trazem a magia dentro de
si, saiba a pessoa disso ou não. Magos e bruxas não despertos estarão às
voltas com fenômenos inexplicados até que reencontrem sua vocação e
voltem ao caminho mágico. Os iniciados que aprenderem a lidar com os
habitantes dos outros planos torna-se-ão grandes magistas, como Helena P.
Blavastky, Papus, Guaita, Piobb e muitos outros. Mas falaremos mais desses
grandes magos em outra ocasião, pois suas vidas além de muito interessantes,
têm muito a ensinar a todos nós, bruxos celtas ou não.

Ah, sim! Por falar nisso, é o seguinte! Os seres mencionados aqui não
são de todo tirados do folclore celta. Mas são seres que povoam o mundo
desde que o mundo é mundo. Nunca ouvi falar de alguém que viu o Deus
cornífero andando por aí, então me detive nas aparições mais comuns (até
porque, foram os relatos que pude achar). Se você tiver uma história pra
contar, por favor, não se detenha! Conte! Estou colecionando fatos assim e
sua história pode fazer parte de um estudo que, quem sabe, pode ajudar a
esclarecer alguma coisa algum dia. Quanto às aparições aqui descritas,
procurei utilizar denominações e situações próximas do que vivemos,
justamente para aprendermos melhor. No final do livro, há uma bibliografia
com livros consultados, incluindo um de um bruxo brasileiro sobre vampiros
e uma bruxa wiccana que parece nutrir um certo ressentimento da Igreja
católica. Quem quiser se aprofundar, pode procurá-los em livrarias. Indico
também uma filmografia com filmes interessantes sobre o assunto. A maioria
são filmes fáceis de achar em qualquer locadora furreca e podem lhe dar uma
idéia de como os seres invisíveis agem.

E nada de ficar com medo, hein!!! Você é um bruxo! Os outros é que


tinham que ter medo de você!

Eddie Van Feu


O primeiro fantasma a gente nunca esquece
O primeiro fantasma que vi quase me matou de susto. Eu tinha uns 11
anos. Antes disso, eu ouvia vozes e nem todas era boas. Eram várias!
Algumas me incitavam a fazer coisas ruins (como pular da janela) ou
estúpidas (como pular da janela) jurando que se minha fé fosse grande o
bastante, que eu voaria. Outras vozes me impediam e sempre contradiziam as
primeiras. Bem cedo aprendi a diferenciar uma da outra e era como um jogo
de choque. Eu invariavelmente me dava mal quando seguia as vozes ruins, o
que me fez nunca mais segui-las. Assim, elas foram ficando cada vez mais
baixas, até sumirem! Eu cheguei a expulsá-las quando me irritavam com sua
insistência. Fiquei com as vozes boas, as que dificilmente perdiam a calma.
Bem, hoje estou aqui falando com vocês e apesar de não acreditar que iria
direto pro céu se o Osama me jogasse uma bomba nesse minuto, também não
acho que o diabo ficaria muito feliz em me ver. Se tivesse feito a escolha das
vozes erradas quando era bem pequena, talvez hoje eu fosse uma peste. Ou já
estaria morta, assombrando as pessoas por aí.

Bem, como eu estava dizendo, aos 11 anos já tinha resolvido meus


problemas com as vozes. Nós nos mudamos para uma casa no fim da rua que
era maior (eu finalmente teria um quarto só pra mim!!!). Ainda não tínhamos
cachorro nessa época e estávamos nos adaptando na nova casa, que era bem
simpática. Só que eu comecei a ver coisas. Eu via uma mulher de branco,
baixinha, quase mais baixa que minha mãe, sempre me observando da porta
quando eu estava num aposento. Por várias vezes, eu falei com ela achando
que era minha mãe e como não recebesse resposta, olhava. Ela então saía
rapidamente. Ela não virava fumaça, não sumia, nem virava purpurina. Ela
apenas saía andando, baixando a cabeça como se fosse tímida ou estivesse
com vergonha de ser vista.

Eu comecei a me assustar e contei a minha mãe. Ela era cética, apesar


de ter um histórico de fenômenos e uma herança de bruxaria. Disse pra mim
que era Nossa Senhora. Então, eu rezei a Nossa Senhora pedindo que, se ela
quisesse me ver, que mandasse uma carta e marcasse um encontro, mas que
não aparecesse mais daquele jeito não que eu ficava muito assustada. Lembro
de ter visto um padre benzendo a casa, mas não sei se isso aconteceu mesmo
ou se foi minha imaginação.

Só sei que a mulher de branco parou de aparecer. Mais tarde, eu soube


que a antiga dona da casa, uma mulher baixinha e tímida que quase não saía,
morrera ali, nas escadas que levavam ao porão. Nunca soube se foi ela ou um
outro fantasma. Mas com certeza não era Nossa Senhora. O orçamento d’Ela
permitiria coisas bem mais extravagantes que uma simples aparição
fantasmagórica.

A partir daí, vi e ouvi muitas coisas, como você verá e ouvirá. Mas
nunca perdi meu senso crítico e é isso que quero lhe falar.

Eu tinha um altar no meu antigo quarto (nessa mesma casa onde eu via
o fantasma) e eu sempre acendia uma velinha e um incenso na hora de falar
com os anjos. Meus hábitos sempre foram comuns para a vizinhança que
provavelmente me via como uma bruxinha simpática. Felizmente, nunca me
deparei com intolerância ou antipatia por causa de minhas crenças. Assim, se
alguém dissesse que um dragão pousou no meu quintal, todos encarariam
como uma coisa natural, já que era o MEU quintal e lá qualquer coisa podia
acontecer. Pois bem, um dia eu estava comentando que ia falar com meu anjo
e meu pai falou naturalmente que sabia, pois os vizinhos falaram pra ele que
viam um anjo no meu quarto todos os dias.

De olhos arregalados, eu pedi que me explicasse a história. Ele disse


que os vizinhos viam uma figura de homem muito bonita, com cabelos
esvoaçantes e cercada de um céu azul, todas as vezes em que a vela do altar
estava acesa. Meu pai, um ex-cético que viu coisa demais pra insistir na
profissão de cético, contou com toda naturalidade do mundo o que os
vizinhos estavam comentando com toda naturalidade do mundo.

Eu não estava tão certa! Eu nunca vi meu anjo! Como é que esse
cretino aparece pra todo mundo e não aparece pra mim? Bem, foi o que
pensei primeiro e prometi que exigiria explicações se confirmasse o evento.
Fui lá fora, vi minha janela do ponto de vista dos vizinhos. A vela estava
apagada, não tinha anjo nenhum lá, a não ser meus bibelôs no altar que ficava
pregado no alto da parede. Inconformada, voltei. Comecei a refazer os passos
do ritual. Pegar copo, acender o incenso, a vela e...

...Fechar a porta. Assim que fechei a porta dei de cara com uma
imagem linda de um homem olhando para o alto, cabelos esvoaçantes e
cercado por um intenso céu azul!... Meu anjo era o Mel Gibson! Eu tinha um
pôster do Coração Valente na porta que só aparecia quando esta era fechada,
mas apenas a imagem do Mel Gibson aparecia na janela, dando a impressão
de ser uma aparição. Desfiz o mal entendido, mas nunca soube se todos os
vizinhos acreditaram em mim. Às vezes, é bom acreditar em uma coisa
bonita.

Quando queremos muito acreditar, acabamos fazendo com que nossa


imaginação dê um empurrãozinho. Como bruxo, você é um estudioso. Não
pode mais permitir forçar provas para acreditar do que deseja acreditar.
Também não se permita ser um cético analista chato pra quem tudo tem uma
explicação racional. Esse tipo de pessoa é tão estúpida quanto o crédulo cego.
Você terá que manter o equilíbrio pra ficar no meio. Antes de acreditar,
pesquise. Antes de não acreditar, pesquise. Como um bom investigador
policial, não presuma quem são os culpados. Investigue e tire suas
conclusões. E esteja preparado para estar equivocado. Aceite quando cometer
um erro de julgamento, não é vergonha nenhuma.

É engraçado que tenho vivido num mundo em que pessoas céticas


mudaram de opinião após vivenciar ou conhecer melhor os fatos chamados
inexplicados. Por isso, fico muito surpresa quando encontro pessoas que não
acreditam. Eu as vejo afirmarem com ar superior que magia não existe e que
essas coisas ocultas são histórias para crianças. Eu não consigo ficar brava
com elas, mesmo quando atacam frontalmente minhas crenças mais queridas.
Eu apenas rio. É involuntário! É como ouvir alguém que diz que a Terra é
chata e que essa história dela ser redonda é só um boato de algum ignorante.
Não dá pra não rir. Geralmente, não tento convencê-las (a menos que elas e
eu queiramos entrar num divertido duelo de argumentos pra passar o tempo).
Dou o mesmo conselho pra você. Não tente convencer um cético declarado.
O importante é que você sabe da verdade. Uma das coisas mais bonitas na
filosofia wiccana é não impor seu modo de vida ou suas crenças a outras
pessoas. Por isso, tantas pessoas de religiões diferentes encontraram um
abrigo sob as asas da Deusa. Lembrem-se: não precisamos convencer
ninguém de nada! Quem quiser que pesquise e escolha seu caminho. Não
perca seu tempo! Ele é precioso. Termino com um velho ditado americano do
qual nunca me esqueci e que sempre me fez pensar duas vezes antes de abrir
a boca em certas ocasiões.

“Não tente ensinar um porco a cantar. Você vai perder o seu tempo e
encher o porco.”
Fadas
Os elementais do ar são as fadas e silfos e são os principais
responsáveis pela “inspiração”. Eles gostam de trazer histórias novas à
imaginação dos humanos e gostam de imitar as pessoas em roupas e cabelos.
Por isso, não é estranho que nos relatos de encontros com fadas, estas se
pareçam tanto com humanas, utilizando inclusive figurinos semelhantes ao da
época em que ela é vista.

Seu líder é Paralda e seus membros mais populares são as fadas, que
são criaturas encantadoras. Por isso mesmo, são também perigosas. Apesar de
vários relatos mostrarem encontros amistosos e agradáveis, outros revelam
uma faceta sombria destes seres mágicos. Se sentirem que vão lhe fazer mal
ou que caçoam delas, tornam-se vingativas e lançam feitiços, que vão desde a
perda do sentido de orientação até o seqüestro para seu mundo encantado, de
onde a pessoa pode jamais retornar.

Fadas apreciam flores, perfumes e música. São famosos os círculos das


fadas, pequenos círculos que surgem em pedras ou vegetação de bosques. São
lugares mágicos onde as fadas vêm dançando por toda a noite por várias
décadas. Esse círculo foi visto inclusive no polêmico caso das fadas de
Cottingley, onde duas meninas não só viam fadas, como tiravam fotos com
elas. O caso chamou a atenção de muita gente, inclusive o famoso criador de
Sherlock Holmes, Sir Arthut Conan Doyle, que acreditava na palavra das
meninas. Muita gente, no entanto, se esforçou bravamente para provar que
era uma armação, embora as fotos já tivessem sido analisadas e não tivessem
sido encontrados indícios de fraude. Com o passar do tempo, as meninas
cresceram e se encheram do assédio da Imprensa, e disseram ser fraude, para
pouco depois desmentirem. Na verdade, não precisamos do depoimento das
meninas para chegar a uma conclusão. Quem acredita em fadas, não se
importa com as teorias dos céticos. E os céticos não se importam com a
palavra das meninas ou as fotos das fadas. Cada qual terá sua própria verdade
e continuaremos todos vivendo no mesmo planeta, como sempre.
Dentre as flores favoritas das fadas, temos a dedaleira, as prímulas, as
campainhas de flores azuis, a tasneira, a azevém, o tomilho silvestre, o amor-
perfeito e a erva de São João. Nenhuma dessas flores deve ser levada para
dentro de casa. Para conseguir atrair as musas da inspiração, ter boas idéias
ou simplesmente atrair fadas, prefira incensos e cristais.
Chamando sua fada

Fadas podem ser de grande valia, agindo junto aos humanos para ajudá-
los a conquistar boa sorte e riquezas. Muitos magos acreditam que há fadas
boas e fadas más, que são atraídas conforme a índole do indivíduo. Uma
pessoa que vive para os outros, que cultiva bons sentimentos, atrairá uma boa
fada que o ajudará a conquistar seus desejos. Já uma pessoa que é egoísta e
mesquinha atrairá uma fada má que o cercará de ilusão e fará tudo para que
ele se perca em seu caminho.

Há vários rituais para contatar sua fada e atraí-la e em alguns casos ela
pode se manifestar para o bruxo. Nesses casos, o bruxo não precisa temer,
pois sua imagem jamais será assustadora.

Nesta edição há alguns rituais simples para chamar sua fada para ajudá-
lo em seus objetivos. São bastante simples e você pode praticá-los sem medo
de ser feliz.
Elemantais da terra
Nós já falamos aqui dos elementais da terra e você já deve ter ao menos
uma idéia do que eles são. Como wiccanos, nossos rituais e feitiços lidam
muito com a energia do planeta, da natureza, e por isso os elementais são tão
importantes para nós.

Os elementais da Terra são todos os seres que habitam florestas,


bosques, grutas e até desertos. São representados pelo seu líder Chobb, um
grande ser de aparência idosa que geralmente aparece junto de Uriel, seu
general na magia angélica. A Uriel respondem todos os elementais da Terra e,
por isso, quando fazemos algum pedido em relação à Terra (prosperidade,
fortuna, fartura, bons negócios, desenvolvimento e progresso), devemos antes
nos reportar a Uriel.

Existem várias categorias de elementais, mas o mais conhecido com


certeza é o gnomo. Gnomos são seres de estrutura humana que medem cerca
de 15 centímetros. Vivem em geral em comunidades de estrutura muito
parecida com a vida dos homens de algum tempo atrás. Fabricam seus
próprios utensílios, costuram suas próprias roupas, e são muito auto-
suficientes. Possuem linguagem própria, embora entendam a língua dos
humanos muito bem. Sua maneira de desejar boa noite é dizer “Sliweitz”.
Tem poderes mágicos, como todos os elementais. Podem trazer fortuna e
alegria para uma casa, mas também podem trazer confusão e má sorte quando
provocados ou aborrecidos. Alguns gnomos vivem vidas solitárias e outros
são ainda brincalhões, causando muita confusão e susto com suas
traquinagens.

Efeitos de brincadeiras de gnomos são muitas vezes confundidos com


poltergeist ou assombrações. Eles puxam cobertas, beliscam, dão pancadas
nas paredes da casa. Na verdade, apenas um clarividente ou alguém com
muita experiência com o sobrenatural, saberia dizer a diferença.

Mas não se preocupe, pois, em geral, elementais da terra podem ser


grandes amigos da sua casa. Acredita-se que algumas coisas atraem os
gnomos: música, risadas, alegria, plantas, doces, bolos e crianças, por
exemplo. Algumas gentilezas dos humanos são vistas com muito bons olhos,
como, por exemplo, deixar uma fatia de bolo num cantinho, um saquinho de
farinha ou grãos ou uma jarrinha de leite deixam os gnomos felizes e eles
podem um dia até aparecer pra você.

Crianças têm muito mais facilidade de ver essas criaturinhas do que


adultos. É preciso algum tempo para conquistar a confiança de gnomos;
portanto, se espera um dia ver um, insista e não desista.

Conhecidos também como devas, os elementais são seres da natureza.


Apesar de, nos últimos anos, terem adquirido a fama de criaturas boazinhas e
protetoras dos animais e da natureza, nem todos são assim. A maioria, na
verdade, é bastante neutra e só ajuda um humano se simpatizar com suas
ações. Se, pelo contrário, tiverem naturalmente má índole ou não gostarem
das atitudes de um humano, são capazes de atrocidades. Há diversos tipos de
elementais. Além dos mais populares, existem tipos muito interessantes que
você conhecerá no decorrer deste livro.

Quando falamos de elementais, lembramos imediatamente dos contos


de fadas, das nossas sereias e da Mãe D’Água de nossa cultura popular. Mas
nossas histórias de contos de fadas e folclore geralmente arrastam atrás de si
um irremediável final feliz, mostrando como o bem sempre vence o mal.
Como já disse, elementais não são exatamente bonzinhos. Em sua
neutralidade, chegam muitas vezes a extremos de crueldade e, como possuem
uma ética totalmente diferente da nossa, fica muito difícil lidar com eles. Às
vezes, mesmo tentando agradá-los, provocamos uma ofensa e perdemos um
amigo prestativo sem que saibamos exatamente o porquê. Em algumas
histórias narradas em livros sobre encontros de homens com elementais,
elementais da terra se ofenderam ao receber um tecido de pano fino ou um
traje bonito e nunca mais prestaram ajuda naquele local.

Elementais em geral são atraídos pela arte, por toda forma de arte.
Gostam de ver homens pintar, esculpir, escrever e, principalmente, lidar com
a música, sua forma de arte favorita (nos relatos de encontros com elementais
vemos que boa parte desses encontros se deram quando eles dançavam,
cantavam ou tocavam algum instrumento). Nesse ponto, os artistas levam
uma grande vantagem sobre as pessoas comuns. Eles podem sentir aquela
força invisível, sensível e poderosa capaz de fazê-los criar grandes
maravilhas. Sem essa força, a obra fica sem graça, sem vida, sem viço, uma
arte morta. Chamamos essa força de inspiração e muitos a devem à uma
Musa. Quem a sente sabe que ela é irresistível e caprichosa, capaz de
abandonar até o maior dos artistas bem no meio de seu melhor momento e
presentear outro artista com uma única pérola. Quantos cantores você
conhece que só fizeram uma música memorável? E quantos autores só
conseguiram escrever um único livro?

Os elementais vivem no que chamamos de Reino Encantado, Mundo


Encantado ou Mundo Invisível. Podem aparecer num momento e desaparecer
no momento seguinte, deixando a cruel dúvida se realmente os vimos ou se
foi um golpe de vista. O Reino Encantado é muito parecido com o nosso,
possuindo uma hierarquia semelhante à monarquia. Cada categoria possui um
rei e uma rainha, a quem são reportadas as questões do reino. Na literatura
pesquisada, não encontrei nada referente a ministros, ou funções
intermediárias, embora possamos imaginar facilmente que existam nobres e
plebeus. A vida é bastante justa no reino, não existindo pobreza, pois os seres
encantados tiram da natureza tudo de que precisam.

Por viverem em total harmonia com a natureza, os elementais agem


como seus guardiões, hostilizando qualquer um que tente destruí-la.
Infelizmente, parece que ninguém consegue se equiparar ao homem em poder
destrutivo. Com a destruição do meio ambiente, perdemos milhares de
animais, plantas, árvores e, é claro, elementais.

Apesar de imaginarmos que os elementais se afastariam cada vez mais


dos homens, em virtude da destruição causada irremediavelmente por ele, o
contrário vem acontecendo. Os contatos entre seres encantados e seres
humanos vêm aumentando, e embora algumas pessoas pensem que isto
aconteça devido ao estreitamento do nosso habitat, devemos esse contato ao
momento em que vivemos. Com a proximidade do novo milênio, a Nova Era,
como chamam, tornou-se fundamental entrarmos em equilíbrio com as forças
Superiores. Por incrível que pareça, os elementais estão ligados aos anjos e a
toda forma de magia, desde as mais tradicionais até as mais populares.

Há uma série de outros elementais da terra, dos quais falamos na Wicca


#12. Falaremos mais deles, não se preocupe, mas gostaria de relembrar dois
casos interessantes já mencionados que mostram claramente o poder e a
realidade dos elementais da terra.
Duendes travessos

Michel Coquet, autor do livro O Mundo dos Anjos e Devas, pesquisado


para esta edição, conta uma experiência pessoal em que foi ajudado por
forças invisíveis a concluir um trabalho como soldador de aquecedores
centrais, quando contava 22 anos. Como quisesse viajar para o Japão,
buscava ganhar mais dinheiro com horas-extras no sábado, e foi quando
aconteceu o fenômeno.

“Meu trabalho consistia em soldar entre si longos tubos de ferro.


Depois de soldar dois tubos, recomeçava um terceiro. Era difícil, pois, com
uma grande chave de fenda, eu tinha que fazer muito esforço para girar todo
o conjunto à medida que ia soldando. Eu estava sozinho naquele sábado.
Encontrava-me no nível dos grandes subsolos desses blocos residenciais em
construção, à vista apenas a carcaça de concreto. Num determinado
momento, quando começara a trabalhar, o fio de solda na mão esquerda, o
maçarico na direita e os óculos protetores sobre os olhos, o tubo se pôs a
girar lentamente à medida que eu ia soldando. Quando eu diminuía o ritmo,
os tubos paravam de girar. Eu teria facilmente acreditado que o homem que
estava me ajudando naquele momento encontrava-se muito perto de mim,
para que estivesse seguindo meus movimentos com tanta suavidade e
precisão. Terminado o trabalho, tirei os óculos para agradecer-lhe e qual
não foi minha surpresa quando constatei que não havia ninguém. Procurei
pelas imediações, pelos andares, e nada. Retomei meu trabalho e o fenômeno
se repetiu; com a rapidez de um relâmpago, tirei novamente os óculos, mas
era inútil, eu estava realmente sozinho. Naquele sábado, do qual nunca me
esquecerei, fiz todas as minhas soldaduras daquela maneira. Não houve,
entretanto, uma segunda vez.”

Mas o cuidado ao lidar com tais forças deve ser imenso. Se você não
possui domínio sobre seu próprio poder, esqueça. Michel Coquet conta sobre
experiências que sofreu, no mínimo assustadoras, quando tentou entrar em
contato com elementais. Tinha ouvido falar na época de um mineiro que
havia sido despedido por estar ocioso em serviço, mesmo que ao final do
trabalho, suas tarefas estivessem mais adiantadas que as dos seus colegas.
Trabalhava sempre sozinho e seus colegas o ouviam, mas estranhavam sua
boa disposição depois de um dia de trabalho, até que um dia o flagaram
estendido preguiçosamente enquanto pás e picaretas trabalhavam sozinhos,
movidas por uma força invisível e misteriosa. Michel e um amigo foram até a
casa deste homem, um gueto de lixo, típica habitação de pobres mineiros do
local, para falar diretamente com o sujeito. O pobre homem, em estado
lamentável, afundado até o pescoço na bebida, não quis falar sobre o assunto.
A única coisa que Michel e o amigo aprenderam ali foi como é fácil tornar-se
escravo das mesmas forças que se dominou outrora.

Michel tinha então 16 anos e entrou numa obsessão pelo Oculto,


querendo ver pelos seus próprios olhos provas deste reino invisível.
Iniciando-se nas obras do Dr. Phillipe Encausse, presidente da Ordem
Martinista e filho do famoso Gérard Encausse, que você já deve ter ouvido
falar com o nome de Papus, estabeleceu para si mesmo uma rígida disciplina
com muita meditação, rituais e incensos. Tudo era feito em uma pequena sala
utilizada por ele como oratório. Em menos de um ano, começou-se a ouvir
música vinda desta salinha. Seu pai, um cético que abominava qualquer
assunto referente à religião, reclamou com ele por deixar o radinho ligado de
noite. Michel lhe explicou que não possuía nenhum radinho. A música foi
logo substituída por batidas e sons de conversas. Seu pai subiu uma vez para
ver o que ele estava fazendo àquela hora da noite e encontrou a porta semi-
aberta. Quando tentou abri-la totalmente porém, ela foi batida e ele ouviu a
lingüeta do trinco sendo girada. Bateu na porta ordenando que o filho a
abrisse e, como não obtivesse resposta, pegou uma ferramenta e arrombou a
porta. Atônito, viu que a saleta estava completamente vazia e, como não
tivesse janelas, não era possível que alguém tivesse fugido.

Sem querer mencionar as aparições e outras situações ligeiramente


sinistras que sua família viveu, Michel nos conta apenas de uma bofetada que
levou com toda a força em plena face enquanto dormia. Foi tão forte e tão
rápida que demorou para conseguir tirar as mãos de baixo do lençol. Ao se
ver no espelho, havia uma marca vermelha com o formato de uma mão em
seu rosto.

Coisa pior não aconteceu porque Michel Coquet tinha apenas o desejo
movido pela curiosidade, e não por nenhum princípio malévolo ou vontade
de fazer o mal. Quando se equilibrou e passou a ter uma visão mais pura e
espiritual de sua missão, os eventos foram diminuindo de freqüência até
cessarem.

Mas, naturalmente, a moeda tem dois lados. Como já disse, pessoas


com o coração puro e desejos verdadeiros e honestos têm toda a facilidade
para atrair a atenção das forças boas da magia, a simpatia dos anjos e dos
elementais.
Os elementais de Helena P. Blavastky

Uma famosa ocultista, Helena P. Blavastky, exercia um grande poder


sobre os elementais, que lhe prestavam inúmeros serviços. Fiquei bastante
encantada e surpresa com este depoimento do coronel Olcott, que
encontramos em seu livro A la découverte de l’Occulte.

“Um dia, achando que os guardanapos brilhavam em sua casa


sobretudo pela ausência, comprei alguns e levei-os em um embrulho até sua
casa. Nós os cortamos, e ela já queria pô-los em uso sem debruá-los, mas,
diante dos meus protestos, pegou alegremente uma agulha. Mal havia
começado, bateu irritadamente com o pé sob a mesinha de costura, dizendo:
‘Saia daí, seu palerma!’ ‘O que está havendo?’, perguntei, ‘Oh, nada, é
apenas um bichinho elemental que está me puxando pelo vestido, a fim de
que eu lhe dê algo para fazer.’ ‘Mas que sorte’, disse-lhe, ‘então estamos
bem-arranjados; peça-lhe que faça a bainha dos guardanapos. Por que se
amolar se você não tem mesmo jeito para isso?’ Ela riu e me censurou para
me punir por minha desonestidade, mas não quis logo dar esse prazer ao
pobre e pequenino escravo sob a mesa, que só queria mostrar sua boa
vontade. Mas acabei convencendo-a. Ela me disse que recolhesse os
guardanapos, as agulhas e a linha a um armário envidraçado que tinha
cortinas verdes e se achava do outro lado do quarto. Voltei a sentar-me perto
dela, e a conversa retomou o tema único e inesgotável que enchia nossos
pensamentos – a ciência oculta. Quinze ou vinte minutos depois ouvi um
ruído parecido com gritinhos de camundongos debaixo da mesa. E H.P.B. me
disse que ‘essa coisinha horrorosa’ terminara o seu serviço. Abri a porta do
armário e encontrei a dúzia de guardanapos debruada, e tão mal, que uma
simples aprendiz de costureira não teria feito pior. Mas as bainhas estavam
realmente feitas, e isso se passara no interior de um armário fechado à
chave, do qual H.P.B. não se aproximara um só instante. Eram quatro horas
da tarde e o dia ainda estava claro. Estávamos sozinhos no quarto, e
ninguém entrou ali enquanto tudo aquilo se passava”.

Há muitas formas de se trabalhar com elementais. Algumas linhas de


magia tradicional os usa como escravos. É o caso das histórias que ouvimos
de gênios presos em garrafas ou em outros objetos mágicos que são
obrigados a conceder desejos ou a servir seu mestre. Na magia natural, o
mago age de forma diferente. Há respeito, carinho e atenção com os
elementais, e palavras duras só são usadas quando realmente necessário. Isso
porque elementais são como crianças, mas podem ser bem perigosos.

No livro O Mundo dos Anjos e os Devas, de Michel Coquet, o autor faz


um longo e profundo estudo sobre os anjos, a evolução da alma e sobre os
elementais. No capítulo final, exclusivamente sobre estes seres, o autor diz
que o homem que utiliza os serviços diretos dos elementais corre sérios riscos
e perigos reais, devido ao fator vampírico que os elementais exercem sobre
um dos três corpos humanos. Se o humano que os invocar tiver uma baixa
vitalidade (originada ou fortalecida pela presença dos elementais), ele pode
sofrer a morte pelo elemento terra (doença, obsessão, bulimia, infecção no
sangue etc.), pelo elemento fogo (debilidade mental, loucura, obsessão,
morte) ou pelo elemento água (multiplicação dos desejos, hiperemotividade,
histeria).

A invocação dos elementais para conseguir favores, por assim dizer, é


mais perigosa, como já vimos, mas é também a mais procurada. Isso porque,
para entrar em contato com os anjos, é fundamental ter pureza de coração e
um amor muito grande na alma. Venhamos e convenhamos, pouca gente
pode dizer que possui isso, ou acredita que possua tais virtudes. Para invocar
elementais, força de vontade já é o suficiente, o que torna fácil seu acesso
àqueles que querem utilizar a magia para fins egoístas. Uma forma de tornar
este contato seguro é utilizar os anjos ao invocá-los.

Devemos lembrar aqui que a magia é um dom do Alto, como todos os


dons que os homens recebem, e como todos os nossos dons, pode ser usado
para o bem ou para o mal. A magia realizada para o bem deve ter como
objetivo a felicidade e bem-estar do todo e não das partes. Quando for
realizar algum ritual, pergunte a si mesmo em primeiro lugar quantas pessoas
vão se beneficiar com o resultado que você deseja, e quantas sofrerão. É
simples conta de matemática.

Elementais não são culpados de nada, pois seguem as instruções de um


ser superior. No caso do homem, que é superior em evolução aos elementais,
ele tem uma grande responsabilidade, pois ao usar os elementais está usando
seres inocentes e curiosos, como crianças. O magista que se utilizar deles
para praticar o mal sofrerá o karma de tudo o que ele os obrigou a fazer.
Atraindo elementais

Elementais não obedecerão alguém que sente medo de seu elemento.


Alguém com medo de altura nada poderá ordenar aos silfos e gnomos, por
exemplo. Eliphas Levi, em seu livro Dogme et Rituel de la Haute Magie
(Dogma e Ritual da Alta Magia, sem tradução no Brasil), aconselha àqueles
que quiserem dominar os elementais a submeter-se a provas que substituam
as antigas provas de magia e coragem. Atravessar um tronco à grande altura
conquista o respeito dos silfos, nadar contra uma correnteza conquista o das
ondinas, expor-se a um incêncio conquista as salamandras e escalar uma
montanha escarpada conquista os gnomos.

Se no entanto, você não deseja dominar o mundo e necessita apenas de


uma ajudinha extra em seus assuntos do coração, estudo, família ou trabalho,
não é necessário realizar tais provas. Basta conquistar a simpatia dos
elementais. Como conquistar a simpatia dos elementais? Isso é simples.
Apesar de possuírem valores tão diferentes dos nossos, uma coisa eles
entendem perfeitamente. Se você é amigo ou inimigo. E isso você mostra
com atitudes. Cuidar da natureza e fazer exclusivamente o bem são
fundamentais (até porque, sem isso, você não consegue nem chamar o Anjo
Encarregado, no caso da magia angélica).

O cuidado com a natureza é importantíssimo. Você deve viver em


equilíbrio com ela pra seguir a wicca. Se ainda não criou uma consciência de
que tudo o que nos cerca é VIVO e merece todo o nosso respeito e carinho, já
é hora de começar. Quem ofende a natureza não sai impune de um ritual com
elementais.
Espíritos
São almas desencarnadas que podem ser vistas ou sentidas pelos vivos.
Habitantes do que se convencionou chamar “o outro lado”, os espíritos se
diferenciam dos fantasmas por sua atitude. Eles não estão presos a um lugar
ou data específica, como as assombrações e fantasmas, e parecem ter
consciência de nós, tentando inclusive eventuais contatos.

A Igreja Católica mais tradicionalista diz que todo espírito é um


demônio e condena toda forma de contato com eles. A doutrina espiritualista
possui várias correntes e acredita que espíritos podem agir como guias,
mestres e amigos, assim como inimigos ferrenhos que podem passar gerações
presos a sentimentos do passado, procurando eternamente seus desafetos.
Agora, vamos falar um pouco de política. Por que a Igreja Católica condena o
contato com os espíritos e a reencarnação? Porque isso mina a idéia de Céu e
Inferno. Não quer dizer que eles não existam, mas a idéia de que temos mais
de uma chance poderia afetar o equilíbrio de poder mantido pela Igreja. Há
bem pouco tempo, as pessoas costumavam morrer e deixar tudo para a Igreja
na esperança de que isso lhes daria redenção. Se as pessoas soubessem que
poderiam voltar e corrigir alguns erros, a coisa mudaria de figura. Muitas
pessoas acreditam na reencarnação e na sobrevivência da alma e os dados
recolhidos são muitos para serem ignorados. Em breve, presenciaremos uma
mudança na Igreja ortodoxa. Até lá, já vemos correntes rebeldes que
trabalham esse lado espiritual, como a Igreja Carismática.

Bruxas, na Idade Média, eram conhecidas por diversos poderes,


inclusive a capacidade de dominar espíritos. É claro que muito disso era
exagero de mentes influenciáveis. Muita gente que virou churrasco nas
fogueiras da Inquisição não eram bruxos, mas pessoas comuns vítimas de
intrigas, gente antipática que os vizinhos queriam que sumisse, vítimas de
epilepsia e outros inocentes. Mas é fato que o contato com os espíritos era
uma constante na vida das bruxas.

Os celtas acreditavam, assim como diversos povos antigos, em


reencarnação e também trabalhavam com o contato com os espíritos. Nem
todos os espíritos são humanos. Há espíritos na natureza (elementais, dos
quais falaremos depois), espíritos de animais e espíritos demoníacos. Muitos
seguidores da Religião da Deusa não acreditam em demônio por acreditar que
ele é uma invenção da Igreja Católica. Parece-me mais que estão querendo
dar o troco depois de terem suas divindades proibidas pela Igreja, de
desacreditar as palavras da mesma. Espíritos aziagos, perturbadores, cruéis e
poderosos já são conhecidos da Humanidade muito antes do Cristianismo.
Ignorar a existência deles por política e birra é burrice. Demônios existem
sim, mesmo que você queira lhes dar outro nome.

Mas não se preocupe! São bem mais raros do que alguns cultos querem
nos fazer acreditar. Sugiro que não se preocupe com eles no momento, eles
não são ameaça pra você. Agora, conheça os tipos de espíritos e contatos
mais freqüentes.
Espíritos humanos

Bem, de vez em quando nós morremos. Imagino que você já deve estar
ciente disso. Faz parte do ciclo de aprendizado nascer, viver e morrer. Mas
algumas pessoas não conseguem encarar muito bem a idéia de morrer. Os
motivos são os mais diversos: podem ser pessoas que ficaram apegadas a um
amor, a uma pessoa, a um local ou a coisas materiais. Essas pessoas podem
estar presas também por medo de seguir adiante. Podem acreditar que não
foram boas o bastante e não irão para o Céu, e permanecem aqui. Outras
ainda não sabem que morreram, pois suas mortes foram muito súbitas e
geralmente violentas. Diz-se que vítimas de assassinato e suicidas são
candidatos a vagarem na terra enquanto espíritos. Outras pessoas
simplesmente não aceitam que morreram, são como aqueles jogadores que
não aceitam perder e querem continuar no jogo de qualquer jeito.

Independente do motivo, um espírito pode permanecer na terra após a


morte do corpo físico. Suas intenções nem sempre são ruins, mas eles podem
atrapalhar. Alguns espíritos são vampíricos, sugam energia e deixam a pessoa
viva fraca e sem ânimo. Muitos espíritos permanecem tão vagabundos quanto
eram em vida, buscando locais que lhes davam prazeres. Assim, eles se
grudam em pessoas que fumam, bebem e comem demais para sentir um
pouco do gostinho de seus antigos gostos por tabela. Assim, uma pessoa que
se excede num vício, tende a atrair um espírito que sente falta daquilo.
Médiuns e videntes podem ver variados espíritos ociosos conversando e
jogando conversa fora. Eles gostam da preguiça, preferem ficar assim. Nas
religiões afro-brasileiras são chamados eguns e podem prestar favores em
troca de bebida e cigarros.

Outros espíritos são puxados de volta, graças à densidade das emoções


dos familiares e amigos. Chorar demais e lamentar-se sempre pela morte de
alguém atrapalha essa pessoa a seguir em frente. O espírito acaba se sentindo
culpado por ter partido e sente-se puxado de volta. Por isso, quando
perdemos alguém, é melhor chorar bastante logo e depois seguir adiante,
dedicando ao espíritos orações e velas para ajudá-lo em seu caminho.
Eventualmente, todos vamos nos encontrar de novo, mas para isso temos que
seguir adiante.
Espíritos guias

Mas nem todos os espíritos são problemáticos. Na verdade, é a


ignorância que torna esses espíritos prejudiciais aos vivos, pois sua energia é
diretamente inversa a nossa. Às vezes eles acham que estão ajudando, quando
estão realmente atrapalhando. Agora, quando o espírito segue seu caminho,
ele vai a lugares onde é ensinado a ajudar e a ser útil em sua nova condição.
Pois é, tudo indica que as coisas continuam do outro lado, então pode
esquecer aquelas férias que você queria.

Esses espíritos, depois de seu aprendizado, retornam para ajudar os que


ficaram. Geralmente eles voltam para ajudar almas irmãs (almas do mesmo
grupo, lembra?) ou almas gêmeas. Inclusive, esses espíritos podem ter sido
seus entes queridos em uma outra encarnação e preferiram ficar atrás das
cortinas nessa vida para ajudar você como irmãos espirituais.

Uma pessoa pode ter vários guias. Alguns são ligados à pessoa por
laços de amizade ou afinidade de vidas passadas, enquanto outros são
indicados de acordo com a profissão escolhida pela pessoa. Um bom médico
tem, com certeza, um bom guia espiritual que também foi médico. Assim
como uma pessoa que decide ser escritora recebe um guia espiritual para
guiá-la nessa profissão. Quando uma pessoa tem mais de uma profissão na
vida, ela tem mais de um guia vocacional. Às vezes são simultâneos, às vezes
um dá a vez ao outro, quando a pessoa muda de profissão no meio da vida.

Espíritos guias são conselheiros e mestres e nos inspiram e dão força


quando as coisas parecem dar errado. Estar aberto a esses guias é uma grande
ajuda para a realização de uma pessoa.
Espíritos de animais

Pra surpresa de muitos, animais podem voltar do outro lado também.


Ao contrário do que muitas religiões pregam, animais têm alma e sentem
afeição, medo e ódio como qualquer um de nós, motivos suficientes para
mantê-los presos à terra. Há casos documentados de famílias que tem um
espírito de animal que as acompanha depois que parte e os mais comuns são
cães, gatos e aves. Quando um bichinho de estimação nosso morre, não
devemos mudar as coisas da casa de lugar, nem tirar suas caminhas e
brinquedos de circulação. Por pelo menos sete dias, o espírito do animal
ainda pode estar por perto e vai se sentir magoado e esquecido, achando que
fez algo de errado até, se não encontrar suas coisas. Certa vez eu perdi uma
cachorrinha que tinha pegado na SUIPA. Ela já estava doente e infelizmente,
depois de algumas semanas, ela morreu no meu colo quando íamos para o
veterinário. O nome dela era Lupa e eu fiquei inconsolável. Quando eu estava
sozinha na cama, de noite, ouvia patinhas andando e sentia ela puxando a
coberta aos meus pés. Eu não tinha medo e não sabia da permanência dos
espíritos dos animais na casa, então achei que era apenas meu coração
entristecido me pregando uma peça. Há pouco tempo, perdi outra
cachorrinha, essa já velhinha, pertencente a minha mãe e pela qual eu tinha
grande apego. Já sabendo como agir, pedi ajuda a meus amigos invisíveis que
acolhessem minha amiga canina do outro lado e dei instruções sobre seus
gostos. Levei alguns de seus brinquedinhos e sua manta e ela foi enterrada
com eles. Fiz um ritual breve de despedida para que ela seguisse seu
caminho, pois esse era o único jeito de nos encontrarmos de novo. Mesmo
assim, não conseguia parar de sofrer pela perda dela, até que fui atingida por
um ataque de sono.

Ataques de sono são a maneira do mundo oculto me contatar. Eu não


durmo, eu praticamente desmaio, pois é só encostar a cabeça no travesseiro
pra ouvir muitas vozes e simplesmente ir para outro lugar. Nesse ataque de
sono no meio da tarde do dia seguinte ao enterro dela, eu fui levada por
alguém a um lugar que nunca tinha visto. Eu lembro de passar por uma porta,
onde havia uma sala que lembrava muito uma sala de veterinária. Três
pessoas muito altas, vestidas de um branco reluzente, usando máscaras e
toucas, como cirurgiões estavam em volta de uma mesa de pedra, onde havia
uma toalha azul escura e, sobre ela, Juliet, minha cachorrinha. Ela estava bem
mais jovem, mais magra, sem os pêlos brancos que lhe eram peculiares nos
últimos anos e com olhos castanhos muito brilhantes. Juliet morreu cega, com
os olhos opacos e cinzentos depois de uma catarata e uma cirurgia mal
sucedida. Eu nem lembrava mais como era a Juliet quando jovem. Então
alguém disse com voz amiga.

- Já fizemos a cirurgia. Ela já pode ver agora!

Juliet parecia meio tonta, como se tivesse acabado de acordar, olhando


tudo em volta, mas parecia não se dar conta da minha presença. Algo dentro
de mim sabia que ela não podia me ver porque, se me visse, ela ia querer
voltar comigo, e seria doloroso pra nós duas. Tudo estava tão claro e tão real
e eu estava tão feliz em vê-la bem de novo! Acordei pouco depois e meu
coração estava leve. A tristeza tinha se ido como num passe de mágica. De
vez em quando, lembro dela com saudade, como lembro de todos que
partiram, humanos e caninos, porque são todos meus irmãos, mas lembro que
ela está bem e está bem cuidada. Então, a tristeza passa e a saudade vira a
certeza de que um dia todos nós nos reencontraremos.
Obsessão

Você já deve ter ouvido falar de espíritos obsessores. São uma espécie
de parasita que vive da energia de uma pessoa viva, tentando fazer coisas
através dela. Espíritos obsessores causam freqüentemente vícios e
comportamentos agressivos ou irracionais, comportamentos que geralmente
não condizem com a pessoa em questão, que está sob influência de um
espírito.

A esse espírito de porco chamamos de encosto e são muitas vezes


enviados através de um feitiço necromante ou são inimigos de vidas passadas
que querem destruir a vida da pessoa. Às vezes é alguém que nos quer bem,
mas quer fazer valer sua vontade e acaba influenciando nossas decisões para
fazermos o que é melhor pra ele, não pra nós. Exemplo: uma mãe que não
aprova o marido da filha e se recusa a ver que o casal é feliz. Depois de
falecida, passa a obsediar a filha, colocando dúvidas sobre o caráter do
marido, causando ciúmes e insegurança, brigas e desatinos. É mais comum
do que se pensa.

Todo mundo está sujeito a ser vítima de um espírito obsessor, então é


bom ficar atento para alguns sintomas típicos:

·Irritabilidade
·Vícios
·Sentimentos exacerbados
·Gostos estranhos ao gosto da pessoa (tipo, alguém que sempre foi
recatado, de repente começar a usar decotes e a dar em cima de todo mundo,
ou vice-versa)
·Desânimo
·Cansaço
·Falta de energia
·Sono excessivo
·Azares constantes
·Plantas que murcham na casa da pessoa
·Animais que se comportam de maneira estranha perto da pessoa
·Eventualmente, efeitos poltergeist se manifestam próximos à pessoa

Se alguém está sofrendo com esses sintomas, é bom avaliar se tem um


chato andando com ela pra cima e pra baixo. O pêndulo é sempre
interessante, mas um tabuleiro oui-ja ou uma sessão espírita podem tirar as
dúvidas rapidamente. Para se livrar de um encosto é preciso que um ser
encantado (um mago ou bruxa de qualquer linha) encaminhe o espírito para
seu lugar. Alguns bruxos utilizam magias e feitiços mais radicais, afastando o
espírito na marra. É o caso de algumas linhas afro-brasileiras, como
candomblé. Outras, como os kardecistas, encaminham o espírito com energia
de grupo e palavras amorosas para que ele siga o caminho da luz. Nesta
edição, há rituais simples para se livrar de um encosto, mas é sempre bom
lembrar. Espíritos são pessoas vibrando num outro plano. Não é polido tratá-
los mal. Devemos ser educados o quanto possível e só partir para a violência
quando não tiver mais jeito. Que nem fazemos com os vivos.
Possessão

É um estágio avançado da obsessão em que o espírito passa a habitar o


corpo da pessoa viva, tomando todas as suas vontades e desejos. A pessoa
não fala mais como ela e assume todas as características do morto, mudando
inclusive sua aparência. Esse estágio geralmente leva à morte quando não é
tratado, mas é muito raro que aconteça. Uma possessão em geral só acontece
com a permissão da pessoa.
A Tábua Oui-Ja
Chamado também de o Jogo dos Espíritos ou Telégrafo dos Mortos, o
Tabuleiro Oui-ja é um sistema abocomântico – mancia manipulada com
tabuleiros ou oráculos. Seu nome quer dizer “sim”, em francês e alemão
respectivamente, e refere-se à primeira resposta que se ouve quando se faz a
primeira pergunta: “Há algum espírito presente?” O Telégrafo dos Mortos
tem uma história bem peculiar. No dia 2 de dezembro de 1847, duas meninas
dariam o pontapé inicial no espiritismo moderno. Em sua casa, um barracão
pertencente ao pastor metodista John D. Fox em Hydesville, uma pequena
localidade no condado de Wayne, em Nova Iorque, uma série de estranhos
ruídos teve início. Foi somente em 31 de março de 1848 que os golpes
estavam tão fortes e insistentes - ora parecia que alguém batia com o nódulo
dos dedos, ora parecia “a descarga de uma carroça carregada de pedras sobre
uma plataforma de madeira”, segundo as irmãs Fox escreveriam mais tarde
em seu grafismo rural - que uma das meninas gritou:

- Mesmo que sejas o próprio Diabo, repita o que eu faço!

Os ruídos haviam se prolongado por toda a madrugada, e a menina


estava com medo (claro!), mas sua voz, apesar de trêmula, foi bastante firme.
Para seu espanto, o que ela considerava o “Diabo” respondeu imediatamente
ao seu pedido, repetindo as batidas que a menina fazia. Estava criado a
primeira comunicação codificada com o mundo dos espíritos.

As irmãs Fox provavelmente não faziam a menor idéia da descoberta


que faziam. Em pleno progresso industrial, o mundo recebeu a notícia como
uma bomba. Primeiro nos Estados Unidos, depois por toda a Europa, as irmãs
ficaram famosas e sua velha casa é, até hoje, alvo de peregrinações
espiritualistas. Raras pessoas passam a noite sozinhas lá. Nascia assim o
tabuleiro Oui-ja. Percebendo a deficiência da comunicação com um simples
sim ou não, as meninas criaram um tabuleiro com letras e números, e assim
conseguiram revelações impressionantes comprovadas posteriormente, além
de descobrirem a identidade de seu interlocutor, um certo senhor Charles B.
Rosma. A senhora Fox perguntou-lhe quantos filhos tivera e ele respondeu
com 7 batidas. Equivocara-se, pensou a família, pois ela tivera apenas 6
filhos. Mais tarde, o marido lembrou de um aborto sofrido logo após o
casamento.

Com isso ficou bem claro que a entidade que conversava com a família
Fox tinha padrões de moral e comportamento diferentes das pessoas da casa.
Era um indivíduo, possuidor de uma personalidade única. O Tabuleiro Oui-ja
espalhou-se rapidamente pelo mundo e hoje seus adeptos chegam a 5 milhões
só na Europa. O Oui-ja que conhecemos hoje de filmes de fantasia e terror foi
inventado em 1890 por Elija J. Bond e Willam Fund em Baltimore,
Maryland. Apresentado ao público como um jogo de salão, era vendido em
lojas de novidade. Em 1966, a Parker Brother comprou os direitos e é até
hoje é um campeão de vendas, só perdendo para o Banco Imobiliário. Aqui
no Brasil, há poucos anos, a Estrela lançou um jogo parecido vendendo a
imagem de uma escritora de anjos que dizia ser o jogo uma forma de falar
com os anjos. Fiquei de cabelos em pé quando vi, pois foi bastante
irresponsável da parte dos dois. As entidades que se apresentam no tabuleiro
Oui-ja são conhecidamente brincalhonas e muitas delas adoram se fazer
passar por grandes mestres e avatares. Eu mesma já recebi entidades no
tabuleiro que afirmavam ser Einstein, Jesus Cristo e o Papa! E aproveitavam
pra fazer piadas sobre isso, o que garantiu umas boas risadas.
Quem responde no Tabuleiro Oui-ja?

Essa é uma pergunta difícil de responder, porque depende do que você


quer ouvir. Podem ser espíritos desencarnados, já que muitas experiências
provaram coisas que só a pessoa evocada (falecida, naturalmente), poderia
saber, como a localização de algum objeto, por exemplo. Por outro lado, são
freqüentes os casos em que comparece à mesa o espírito de uma pessoa que
não morreu, mas se encontra em estado de sono profundo em algum outro
lugar. Algumas pessoas acreditam que pode ser uma consciência universal,
comandada pelo grupo de pessoas que se envolve na experiência. O ideal é
que você faça perguntas que ninguém saiba responder, mas que você possa
comprovar a resposta depois.

O tabuleiro Oui-ja é uma porta para um reino desconhecido e prova que


há muito mais do que pensamos por trás do véu de Isis. Muitos autores e
estudiosos do ocultismo atestam ser o tabuleiro uma atividade perigosa, capaz
de desencadear fenômenos assustadores e interferir na vida e mente dos
envolvidos. Sou obrigada a discordar. De todas as minhas experiências com o
Oui-ja, nunca algum fato negativo ocorreu nas sessões ou depois delas. Pelo
contrário, as pessoas sentiam-se felizes e tranqüilas depois de uma sessão,
que geralmente era animada e bem humorada. Mas já vi casos de outras
pessoas tentarem e perderem o controle sobre as entidades, que se põem a
falar bobagens em brincadeiras típicas de “espíritos brincalhões”. Isso me
leva a crer que, se existe algum perigo, este não reside no Oui-ja, e sim nas
mãos que pousam sobre ele. Se as pessoas envolvidas estão imbuídas de
propósitos elevados e intenções verdadeiramente boas, não têm o que temer.
Se, por outro lado, são pessoas embaralhadas, confusas, e suas ambições não
possuem mérito, atrairão entidades exatamente como elas.

Para quem tem conhecimento de magia, um meio eficaz de fazer boas


sessões com o Oui-ja é criar um círculo mágico em volta das pessoas,
limitando a entrada de espíritos desocupados que estão apenas a fim de
atrapalhar. É importante que você não acredite de imediato em nada do que o
espírito falar, pois é sabido que as entidades que se apresentam no tabuleiro
Oui-ja nem sempre têm compromisso com a verdade. O ideal é participar de
uma sessão com pessoas experientes, pois não existe toda aquela tensão e
ansiedade, mas se você não conhecer ninguém que pratique o jogo, pode
seguir os seguintes passos mais importantes para realizar uma sessão de
tabuleiro Oui-ja, lembrando sempre que, apesar de uma necessária dose de fé,
é fundamental se manter o bom senso e seguir a razão.
Dicas para jogar o Oui-ja

1. O número ideal de participantes é de três a seis. Mais do que isso


provoca dispersão, e menos do que três, pode-se não conseguir a força
necessária para que o copo se mova. Uma pessoa com poder pode fazer a
sessão sozinha, mas é sempre bom ter pelo menos mais uma pessoa para
tocar no copo e uma terceira para fazer a ata da reunião.

2. Ninguém deve empurrar o copo, ou fixar-se numa resposta que


queira ouvir. Quando a pergunta for feita, é melhor que mantenha a mente
vazia, para que não haja interferência de desejos particulares.

3. Escolha bem as pessoas que vão participar. Use sua intuição para
ver se a pessoa está energizada. Lembre-se que as entidades serão atraídas
por semelhantes.

4. É fundamental que os participantes estejam relaxados. Por isso,


convém uma meditação com música suave por uma meia hora antes do início
da sessão.

5. Você está recebendo uma visita. Os espíritos geralmente são


cordiais, gentis e bem humorados, e você deve preparar o lugar com o
carinho que arruma a casa para uma festa. O local deve estar limpo e
arrumado, com ar circulante e boa claridade no ambiente, mas sem luz direta
e incômoda sobre a mesa (você gostaria de conversar com uma lanterna no
seu rosto?). Coloque músicas medievais, clássicas, celtas ou cantos
gregorianos, e acenda um incenso perfumado. Coloque num canto também
um copo com água, que deve ser jogado fora algumas horas depois, pois ele
vai concentrar a energia do lugar e das pessoas. Se puder, coloque flores
frescas em algum canto.

6. Coloque talco no tabuleiro, para que o copo deslize melhor.

7. Se houver uma criança por perto da mesa, o êxito é garantido.


8. Atente para as fases da lua. A lua cheia funciona como uma antena
nesses casos, e aumenta muito o poder de qualquer atividade mágica.

9. Cidades costumam ser muito turbulentas. O melhor local para


exercitar o Oui-ja são os campos, montanhas e praias desertas, onde se pode
sentir a tranqüilidade da natureza.

10. Não utilize qualquer tipo de droga antes da sessão, incluindo o


álcool.

11. Não desanime se as primeiras tentativas não ocorrem como você


imaginava. O copo e o tabuleiro vão se soltando aos poucos, e você mesmo
adquirirá experiência com o tempo. Você se surpreenderá com a desenvoltura
do copo depois de algumas sessões bem sucedidas.

12. Tenha fé, não de que os espíritos existem, mas de que a experiência
dará certo e será bastante proveitosa para você e seus amigos.

13. Mantenha a mesa limpa de qualquer objeto estranho, a menos que


se trate de uma evocação de alguém especialmente. Nesse caso, o objeto a ela
relacionado deve ficar fora do trânsito do copo.

14. Para começar a sessão, as pessoas devem formar um círculo em


volta da mesa e darem-se as mãos. Devem cantar um mantra, ou recitar uma
oração. Depois de alguns minutos, todos devem colocar seus indicadores
direitos sobre o copo emborcado, que está no centro do tabuleiro, e o líder da
mesa deve fazer a pergunta: “Há algum espírito presente?” Espera-se alguns
segundos. O copo pode se mover timidamente no começo, mas em hipótese
alguma deve ser empurrado. Se nada aconteceu, tente de novo, e dessa vez,
devem se concentrar mais.

15. A primeira pergunta que se deve fazer é se esta entidade que se


apresenta é de índole boa ou má. Pergunte em nome da divindade de sua
crença e ele será obrigado a dizer a verdade. Não costuma acontecer, mas se a
resposta for a segunda opção, o melhor a fazer é encerra a sessão com outra
oração e tentar outro dia.
16. É raro, mas se isso continuar acontecendo nas sessões posteriores,
é porque alguma pessoa do grupo não é recomendável para tal atividade.
Verifique a peça que não se encaixa.

17. É bastante proveitoso que alguém que não participe diretamente da


reunião fique de fora anotando tudo que se passa. As entidades costumam se
repetir, e não convém fazer sempre as mesmas perguntas. Além do mais, é
um documento que poderá ser consultado sempre que alguma das respostas
se confirmar ou não.

18. É fundamental que você trate a entidade com certo respeito. Eu


disse respeito, e não temor, afinal, o dono da casa ainda é você. Nas diversas
experiências realizadas e documentas de tabuleiro Oui-ja, os espíritos
geralmente se mostram gentis, cordiais e sensíveis aos problemas humanos. É
natural que você dedique ao seu interlocutor o mesmo tratamento.

19. Não gaste seu tempo - nem o da entidade que se apresenta -


perguntando coisas metafísicas e complicadas sobre o derradeiro lugar do
homem no universo. As respostas serão fúteis e risíveis. Este método é
apropriado para os problemas pessoais, e portanto, você deve se ater a isso.
Pode perguntar quem você foi na outra encarnação, ou onde está determinado
objeto perdido, ou o porque de seus problemas no trabalho. As respostas
podem ser surpreendentes.

20. Antes de começar a sessão, retire telefones do gancho, rádios,


televisores e qualquer chance de ser interrompido ou de dispersar a atenção.

21. Algumas transcrições não farão sentido de início. Confira direito,


pois alguns espíritos se comunicam em anagramas (de trás pra frente ou com
sílabas trocadas), em latim, grego, árabe ou francês.

22. Por fim, o tabuleiro Oui-ja é conhecido como um jogo, e é isso


que você deve ter em mente. Se em algum momento, ele passa a aborrecê-lo,
faça o que faria com qualquer outro jogo. Pare de jogar.
23. Ao encerrar a sessão, despeça todos os espíritos e não abra o círculo
mágico até ter certeza de que os espíritos já foram todos embora. Se algum
espírito se recusar a ir, insista. Se ele insistir mais do que você, invoque a
Deusa ou o Deus da sua crença e despeça-o.
Poltergeist
A palavra tem origem alemã e muita gente só a ficou conhecendo
graças ao filme de terror produzido por Spielberg. Traduzida do alemão para
“espírito brincalhão” é um fenômeno de efeito físico em que coisas se
movem ou se materializam sem razão aparente. Inicialmente assustador, um
poltergeist não é tão terrível e pode ter várias causas.
Uma pessoa

Um poltergeist pode ser provocado por uma pessoa que tenha um poder
mental muito grande e esteja perturbada no momento. Costuma acontecer em
casas com adolescentes ou pré-adolescentes.
Um ou vários espíritos

Alguns espíritos podem materializar ou mover objetos. Alguns são


hostis e materializam coisas com o propósito de machucar ou assustar. São
coisas mórbidas como pretos de caixão e mortalhas. Eles também atiram
coisas. Em geral, são espíritos perturbados e razoavelmente fortes, que
procuram espantar quem eles consideram intrusos em seu território. Por isso
são típicos em casas assombradas. Em alguns casos, o poltergeist segue a
pessoa ou pessoas para outros lugares, o que já caracteriza um desejo de
vingança. É, é pessoal...

Já outros espíritos são apenas brincalhões e pregam peças sem maiores


conseqüências. Seus atos limitam-se a flutuações de objetos, coisas que
dançam e coisas assim.
Elementais

Elementais da terra podem provocar efeitos físicos praticamente


idênticos aos provocados pelos espíritos. A única forma de saber se são
elementais ou espíritos os responsáveis é com ajuda de um clarividente ou de
uma bruxa que pode realizar rituais para saber quem está provocando essa
bagunça. Um meio é colocar uma vela acesa e observar sua chama. Se ela
ficar azul, é porque há a presença de espíritos no local. Locais com espíritos
também são mais frios, o que não acontece com elementais que não
interferem na temperatura ambiente.
Pode acontecer com você

Sempre ficamos impressionados com certos relatos e os achamos


extraordinários, até acontecerem conosco. Quando participei com a Editora
Escala e a Equipe Frente! do primeiro (e único) BBTeen, um evento de RPG
e música medieval promovido pelo Banco do Brasil no Rio de Janeiro,
conversamos muito com os funcionários do Museu da República, local do
evento. E lá ouvimos muitas coisas interessantíssimas.

Um dos funcionários nos contou que já viu uma reunião de


personalidades do século passado na sala das armas. Eram coronéis, generais
e até imperadores. Logo depois, tudo desaparecia e ficava a sensação de
insanidade temporária. Outra moça contou que sempre via coisas ali, mas
acabou acostumando. Certa feita, uma novata estava limpando a sala onde
ficavam os bonecos. Eram marionetes de época, protegidas em redomas de
vidro. Um dos bonecos virou pra ela e disse:

- Oi, tudo bem?

Espantada, mas sem medo, ela respondeu:

- Tudo bem!

E terminou sua limpeza. No dia seguinte, ela falou com a colega mais
antiga que alguém esquecera um dos bonecos ligados na noite anterior. A
colega, intrigada, explicou que aqueles bonecos não “ligam”. São marionetes,
não podem se mover ou falar. A moça ficou inconformada e acabaram todos
indo lá e abrindo a redoma pra ela ver que não havia como alguém manejar o
boneco sem que ela visse. Horrorizada, ela pediu demissão no mesmo dia e
nunca mais voltou.

Eu nunca presenciei fatos relevantes de poltergeist. Agora tem um


morando na minha casa. Quer dizer, ele não entra, mas fica dando suas voltas
no terreno que faz parte da casa. Num fim de semana, meu pai ligou contando
que um ladrão tentara invadir a propriedade, pois alguém batera forte o
portão lateral de grades às três e meia da manhã, acordando todo mundo
(menos Billie Jean, nosso suposto e incompetente cão de guarda). Ele deu
uma volta na casa e não viu nem sombra de movimento. No dia seguinte, ele
percebeu que teria sido não só estúpido, mas impossível para alguém ter
batido aquele portão, porque os muros que o cercavam eram muito altos para
que ele escapasse depois e a presença de Billie, apesar de inútil, é inibitória a
esse tipo de coisa. Ficamos bolados e suspeitamos de um poltergeist.

Exatamente uma semana depois, eu estava lá passando o final de


semana e acordei no domingo com meu pai intrigadíssimo de novo. Ele
estava cuidando da casa e como tinha que lavar a área de serviço, esticou a
mangueira ao máximo. Quando passou pela ponta da mangueira, alguém deu
um fortíssimo puxão do outro lado que a enrolou imediatamente. Meu pai
correu alguns passos para ver quem era, pois a outra ponta estava na lateral
da casa. Pra sua surpresa, a mangueira estava toda enrolada e não havia
ninguém. Quando eu acordei ele me chamou e nós fomos investigar.
Percebemos que um dos cachorros não teria tido força pra fazer aquilo. Meu
pai tentou repetir o movimento e nem com toda a sua força ele conseguiu o
mesmo efeito. A marca da mangueira quando esticada continuava à vista no
chão, por causa da umidade. Alguém definitivamente puxara a mangueira e
desaparecera no ar, como no caso do portão batido. Concluímos: há um
poltergeist na casa.

Apesar do meu marido querer que eu faça um feitiço de expulsão do


poltergeist, não vejo motivo por enquanto. Como disse, alguns poltergeist são
inofensivos e acabam se tornando umas pestes quando são expulsos.
Eventualmente, são espíritos protetores da casa, elementais protetores que
guardam a propriedade e não raro é comum esses efeitos físicos em casas de
bruxas (além de mim, minha mãe é uma bruxa). Só devemos tomar atitude
contra um Poltergeist se ele se tornar violento ou desagradável.
A Banshee

Apesar de ser uma aparição tipicamente irlandesa, achei interessante


mencionar a banshee. Chamada de bansidhe pelos celtas, é mencionada como
uma fada, embora muitos acreditem que seja mesmo um espírito.

Acredita-se que alguém possa se tornar uma banshee, mas este é um


tipo de espírito que parece ficar ligado a uma família em especial. O que leva
alguém a se tornar uma banshee ainda é um mistério, mas alguns casos
mostraram mulheres que foram assassinadas.

A função básica da banshee é anunciar a morte de um membro da


família. Ela surge na janela, suspira e lamenta-se e então desaparece. O início
de O Morro dos Ventos Uivantes (o livro) mostra uma figura cumprindo
exatamente essa função logo no primeiro capítulo. A versão horrorosa do
filme da década de 90 com Ralph Fiennes e Juliet Binoche mostra essa cena.
É a única coisa que presta nesse filme. Apesar da palavra banshee não
aparecer nem uma vez no livro, a mulher que aparece a gemer e lamentar-se
na janela é o fantasma de Catherine e anuncia a morte do dono da casa.

Apesar de não conhecer um caso específico de uma banshee no Brasil,


já vi casos de famílias marcadas por determinadas aparições na ocasião da
morte de alguém próximo. Sandman, o quadrinho de Neil Gaiman, dizia que
quando se ouvia um bater de asas, era porque alguém próximo estava a
morrer. Quando minha avó materna morreu, ouviu-se um facho de lenha cair
na casa de sua prima, a léguas de distância. Animais também são vistos para
anunciar a morte de alguém. Há casos de gatos, cães e pombos que cumprem
essa função em determinadas casas e famílias.

Apesar da banshee ter ficado mais conhecida por seu lamento lúgubre,
há casos em que uma banshee faz seu anúncio com gritos e risadas
estridentes. É uma das principais figuras do folclore celta e irlandês, tendo
figurado em várias lendas ao longo dos séculos.
Fantasmas e assombrações
Parecidos e freqüentemente confundidos com espíritos, os fantasmas se
diferenciam por estarem presos a determinado local ou a uma data e não
parecer se dar conta da presença dos vivos, vivendo (quer dizer, existindo, sei
lá) praticamente num mundo à parte, indiferentes.

É comum que várias pessoas vejam fantasmas repetindo as mesmas


ações, durante anos a fio, como se fosse uma fita de vídeo. Eles não parecem
tentar travar contato, como fazem os espíritos, e parecem estar presos em um
antigo momento, geralmente de angústia ou dor. Há teorias que acreditam
que as assombrações são resquícios das memórias locais. Um exemplo é a
batalha de Edgehill que aconteceu acima do horizonte, nos céus, diante de
olhos de surpresos espectadores em 1642.

Uma batalha ocorreu nos campos de uma pequena colina chamada


Edgehill, a uns 50 km de Oxord, no dia 23 de outubro de 1642. Foi a primeira
batalha campal da guerra civil inglesa entre as forças do rei Carlos I e as
forças parlamentaristas, sob o comando de Robert Devereaux, terceiro conde
de Essex. O combate foi vigoroso e persistente e durou o dia inteiro. Na
manhã seguinte, o que restou dos dois exércitos recuou, após exaustivo
embate.

Uns dois meses depois, a cena se repetiu, com troar de tambores, sons
de pistolas e espadas que se batiam, canhões estrondosos e gritos dos
soldados. Os viajantes que foram primeiramente atraídos pelos sons, viam
boquiabertos, a batalha acontecer no céu. Os viajantes chamaram as
autoridades locais que foram ao local na noite seguinte, onde a cena se
repetiu. O rei mandou oficiais para averiguar a história e acabar com os
boatos, mas os oficiais viram a cena novamente, reconhecendo vários de seus
amigos mortos naquela batalha. Um folhetim publicou a história em 1643,
afirmando que a batalha persistiu até umas três da manhã.

A diferença entre fantasmas e espíritos é mesmo sutil e você não deve


se preocupar muito com isso. Em geral, fantasmas que repetem a mesma ação
tendem a desaparecer com o tempo, mas isso pode significar anos e até
séculos. Muitas pessoas acostumaram-se a viver com fantasmas, uma vez que
alguns não incomodam. Outros fantasmas repetem ações assustadoras, como
um cortejo fúnebre ou coisa assim, e as pessoas preferem se mudar. Nesta
edição há dicas de como se livrar de assombrações antes de pôr sua casa à
venda.

Animais também podem assombrar. Muitas pessoas já foram


assombradas por visões de ursos fantasmas e outros animais assustadores.
Assombrações estão ligadas à história do local, então é sempre bom buscar
referências do que aconteceu neste lugar. Um sentinela de guarda na entrada
da Torre Martin, parte do complexo de torres que forma a famigerada Torre
de Londres, no inverno de 1815 viu um urso fantasma ao soar da meia-noite.
O sentinela, aterrorizado com o imenso animal de pé nas pernas traseiras,
atacou-o com a baioneta, mas atravessou o nada. Desmaiou e contou a
história no dia seguinte, antes de morrer (de medo, disseram). A Torre de
Londres, conhecida por diversas aparições, não parecia o tipo do lugar em
que apareceria um urso, mas pouca gente sabia que Henrique I manteve ali
por alguns anos um zoológico com todo tipo de fera, incluindo ursos. O
zoológico foi desativado em 1835 depois que um leão jantou um soldado.
Aparições

O fantasma de Abraham Lincoln tem sido visto freqüentemente no


quarto que ocupava na Casa Branca. O fantasma do trem fúnebre que levou o
corpo do presidente de Washington a Springfield, Illinois, refaz o mesmo
itinerário todos os anos, na data de aniversário de sua passagem, segundo
diversas testemunhas. Esse é um caso clássico de uma aparição que traz
consigo uma parafernália material, no caso, um trem. Apesar de trens
fantasmas serem freqüentemente vistos ou ouvidos, os casos mais conhecidos
são de navios fantasmas que continuam seu estranho trajeto sob as águas
misteriosas do mar, séculos depois de seu desaparecimento.

Alguns fantasmas se tornaram astros, como o Cavaleiro sem Cabeça.


Ewen era filho e herdeiro do clã Maclaine, mas sua inveja das posses do pai o
levou a lutar com ele em uma batalha, na qual acabou perdendo a cabeça. Isso
foi em 1538. Na Escócia, até hoje testemunhas afirmam horrorizadas ter visto
um cavaleiro sem cabeça cavalgando para ceifar as almas dos membros do
clã Maclane de Lochbui.

Na Irlanda, as ruínas do Castelo de Wilton mantêm seus fantasmas e


assombrações através dos séculos. O castelo abrigou várias gerações da
família Alcock desde o século XVII, até ser totalmente destruído por um
incêndio por volta de 1920. Depois disso, via-se luzes em uma das torres,
onde uma velha atriz teria morrido num incêndio. Outra aparição é a de Harry
Alcock, morto em 1840, que aparece no aniversário de sua morte deixando o
castelo lentamente numa carruagem fantasmagórica. Outro fantasma é o de
Archibald Jacob, um magistrado e capitão de uma milícia local em 1798
(época da rebelião contra a Grã-Bretanha). Ele era um homem cruel e não
valia nada, açoitou e torturou muita gente da paróquia. Em 1836, voltando de
um baile do castelo, esse infeliz fez um bem para a humanidade e morreu
numa queda de cavalo. Durante vários anos, os moradores e viajantes
contavam ver o fantasma de Jacob a assombrar tanto o local de sua morte
quanto o castelo. Um padre católico foi chamado para exorcizar o castelo e
quando fez o sinal da Cruz, o fantasma de Jacob surgiu na lareira e
desapareceu em seguida numa nuvem de fumaça.
Fantasmas dos vivos
Muita gente já viu o fantasma de uma pessoa que estava viva. Chamada
aparição de crise, acontece quando uma pessoa passa por um momento
crucial na vida e sua imagem aparece para outra. Nem sempre esse tipo de
aparição está ligada a um momento de crise, podendo ser visto quando a
pessoa está pensando na outra, ou mesmo para anunciar uma visita.
Uma das explicações para este tipo de aparição é a viagem astral,
através da qual você pode visitar lugares e pessoas, no presente e no passado
(até no futuro, se quiser). Eu a experimento freqüentemente, embora ainda
não a controle como deveria (sou displicente nos treinamentos, admito...).
Uma boa técnica é combinar com um amigo de visitá-lo e, se for um ser
encantado, melhor ainda.

Eu trabalhei algum tempo no Clube Mediterranée do Rio das Pedras


como gentil organizadora. Eu trabalhava com crianças e adolescentes e era
bem legal. O local é muito forte em energia mágica e vi muitos fantasmas e
espíritos ali. Eu tinha uma amiga que fazia parte do pessoal de limpeza (uma
galera muito legal) chamada Cristina e nós conversávamos muito todas as
noites. Ela via e ouvia muitas coisas, era inteligente, divertida e MUITO
corajosa. Meu coração saía pela boca enquanto éramos cercadas de barulhos e
sombras misteriosas enquanto ela simplesmente continuava conversando,
sem se importar com nossos amigos curiosos.

Pois bem, depois do primeiro período trabalhando no Clube, eu quis


voltar pra casa. Eu me dava muito bem com a garotada e o Clube continuou
me chamando para férias, feriados e períodos de convenções. Antes deles
ligarem, eu já sabia e arrumava minhas coisas. Isso porque eu sonhava com o
Clube dias antes deles me chamarem. Esse sonho era diferente dos demais.
Eu não me via, via apenas o lugar, via pessoas de branco conversando e era
sempre de noite. Meus pés não tocavam o chão e eu podia ver tudo, às vezes
de cima. Eu podia sentir o cheiro, o clima e todas as sensações de estar lá.
Assim, já arrumava minhas coisas, pois sabia que eles ligariam (e eles sempre
ligavam pra ir em cima da hora).
Um dia eu cheguei depois de um longo período sem aparecer e dei de
cara com minha amiga que via fantasmas. Ela começou a chorar quando me
viu e eu não entendi nada. Então ela me explicou. Ela tinha me visto alguns
dias antes e eu era muito real. Segundo ela, eu estava com uma longa saia
branca e uma mini blusa ciganinha de manguinhas também branca. Eu nunca
usei essa roupa no Clube, mas foi uma roupa muito usada por mim por
muitos anos. Eu estava de cabelos soltos e entrei às duas ou três da manhã na
sala das crianças, onde ela fazia a limpeza. Eu sorri e ela ficou feliz. Ela disse
que não sentiu nada de diferente, apenas me achou mais bonita que o normal
e disse:

- Eddie! Que bom que você voltou!!! Eu estava com saudades!!!

Ela virou-se um segundo para deixar a vassoura num canto e eu


desapareci. O motivo do choro dela é que, até o momento, ela tinha tido
experiências idênticas com pessoas mortas. Logo, ela achou que eu tinha
morrido. Chegou a perguntar por mim no dia seguinte e, como ninguém
tivesse me visto, ela realmente achou que eu tinha passado desta pra melhor.

Um caso similar aconteceu em Londres, em 1955, com um dos


membros da Sociedade de Pesquisa Psíquica, Lucien Landau. Como estivesse
muito doente, sua noiva Eileen mudou-se para o quarto vizinho ao dele. Certa
manhã, Eileen dissera a Lucien que fora ao quarto dele para tomar-lhe a
temperatura, mas em espírito. Lucien pediu-lhe que repetisse a experiência e
lhe entregou seu diário, pedindo que o devolvesse na experiência. De
madrugada, Lucien acordou de repente e viu Eileen na porta. Opaca e pálida,
a figura estava de camisola e era quase toda branca. Deslizou para fora
através do corredor. Lucien seguiu a aparição e a viu entrar no quarto de
Eileen que estava com a porta aberta. Pelo vão, ele viu Eileen se mexer
ritmicamente com a respiração sob os cobertores enquanto a aparição
aproximou-se do leito e desapareceu.

Quando voltou ao seu quarto, Lucien viu um cachorrinho de borracha


perto de sua cama. Ele reconheceu como o brinquedinho que sempre ficava
na cômoda de Eileen. No dia seguinte, a moça contou ao noivo que tentara
apanhar o diário na escrivaninha, mas por algum motivo, não conseguia pegá-
lo. Então pegou o cachorrinho. Lembrou nitidamente de tê-lo levado ao
quarto de Lucien, onde o vira dormindo. Como se sentisse muito cansada,
queria voltar pra cama, mas não se lembrava como fizera isso.

Apesar dessas características lembrarem a viagem astral, há


controvérsias se são a mesma coisa. Na viagem astral, nós nos projetamos
para fora do nosso corpo físico e ficamos momentaneamente livres. As
roupas que usamos são projetadas também e nosso corpo astral reflete como
nos sentimos quanto ao nosso corpo físico. Se uma pessoa sofreu uma doença
de pele e se imagina o tempo todo assim, é assim que ela vai aparecer para
outras pessoas. A questão das roupas também é interessante. Mesmo que uma
roupa sua não exista mais, se você se identificou muito com ela, é com ela
que você vai se projetar.

Há um fio de prata que nos liga de volta ao nosso corpo. Este fio sai na
nuca e se ele for cortado, nosso corpo astral não encontra o caminho de volta.
Algumas mortes que ocorrem durante o sono são causadas por isso.

Por outro lado, o corpo astral não costuma ser visto pelos vivos e a
consciência permanece no corpo físico. No caso das aparições, a consciência
parece estar na aparição. Os casos relatados sobre o assunto são inúmeros e
ainda não se chegou a uma conclusão a respeito. Muita água ainda está pra
rolar debaixo dessa ponte, mas pelo menos você pode ficar tranqüilo se
alguém disser ter visto seu fantasma. Há uma grande chance disso não
significar que você tenha batido a caçoleta.
Doppelgänger
Em Dungeon & Dragons, temos um ser que pode assumir a forma
física de quem quiser. Chamado doppelgänger, nós o apelidamos de “cara de
ovo”, pois quando nós o matávamos, ele perdia a cara (ele ficava com a cara
no chão!). Muita coisa no RPG foi levemente ou inteiramente inspirada em
fatos, relatos e pesquisas pré-existentes. O sistema da TSR é muito mais fiel
às pesquisas, enquanto a White Wolf é bem mais fantasiosa, e as
similaridades com a realidade são tão raras que parecem meras coincidências.

Muito tempo depois eu fui descobrir que boa parte dos bichos sem
passado, sem futuro, sem personalidade e sem perspectivas que infestavam
nossas aventuras medievais existiam mesmo em alguma cultura. Um deles é
o doppelgänger, que não parece ter nada a ver com o cara de ovo em que
aventureiros de primeiro nível batiam alegremente.

Conhecido na Suécia como vardoger, doppelgänger vem do alemão e


quer dizer “caminhante duplo”. Parecido com os fantasmas dos vivos, o
doppelgänger surpreende por aparecer muitas vezes próximo à pessoa ou até
mesmo para ela. O duplo, como é comumente chamado, parece agir
independentemente de seu dono e é idêntico à uma pessoa viva.

Durante a perseguição às bruxas, muitos relatos de duplos eram


ouvidos. Acreditava-se que as bruxas enviavam seus duplos para “cavalgar”
as pessoas na cama, tirando-lhes o ar e a fala (provavelmente era uma forma
menos constrangedora de explicar suas diversões noturnas solitárias).
Acreditava-se que o duplo podia ser enviado quando a pessoa dormia, ou que
o duplo saía por aí por conta própria para cuidar de seus assuntos.

Casos de doppelgänger são muito comuns em todo o mundo. Em 1905,


Sir Gilbert Parker, membro da Câmara dos Comuns, jurou ter visto seu
colega Carne Rasch, sentado em seu lugar de hábito. Sabendo que ele estava
adoentado, ficou surpreso de vê-lo ali e disse:
- Espero que esteja se sentindo melhor.

Mas Rasch não retribuiu o cumprimento, permanecendo indiferente em


seu lugar. Momentos depois, a figura desapareceu. Outro colega comum
também viu Rasch sentado no mesmo lugar, Sir Arthur Hayter. Quando
informado de que seu duplo fora visto, Rasch não teve dúvidas de que seu
espírito comparecera ao debate que ele tanto queria ir. A família ficou
preocupada, pois ver o duplo de uma pessoa costuma ser anúncio de morte,
mas Rasch seguiu sua vida muito bem. A única coisa que começou a irritá-lo
era o fato de seus amigos estarem sempre cutucando-o para ter certeza de que
ele estava mesmo presente.
O Papa que não era pop

Na Itália re-nascentista, o papa Alexandre VI (Rodri-go Borgia) era


qualquer coisa, menos santo. Seu currículo traz assassinato, incesto, cobiça e
traição. Ele morreu em 1503 aos 73 anos de malária, embora diga-se que o
que realmente o matou foi uma tramóia que ele mesmo armou. Segundo
consta na lenda, um édito do papa reivindicava as terras e propriedades de
todos os cardeais mortos para a Santa Sé, e resolveu matar mais um pra
aumentar os bens. Assim, convidou-se e a seu filho (de reputação feroz)
Cesare para jantar na casa do rico cardeal. Ele e o filho levariam o vinho
(que, é claro, estaria envenenado).

No caminho, Alexandre lembrou de seu amuleto que o protegia contra


venenos e mandou o cardeal Caraffa buscá-lo em seu quarto. Quando Caraffa
entrou no quarto, deu de cara com um esquife, todo drapeado de negro, onde
jazia o próprio Alexandre. Enquanto isso, no banquete, uma confusão com os
vinhos trocou os copos e o papa bebeu de seu próprio veneno, vindo a morrer
dias depois.
A professora de francês e seu próprio fantasma

Um caso que sempre me surpreendeu foi o de Emillie Sagée, professora


de francês na escola Nerwelcke na Livônia (atual Letônia). As alunas viam
freqüentemente o duplo da professora o que criou um frisson na época entre a
comunidade. Mais de 42 alunas presenciaram o fenômeno em ocasiões
diversas, incluindo Antonie von Wrangel, que viu no espelho não só a
professora abotoando seu vestido, mas também seu concentrado duplo. A
moça desmaiou na hora. Note-se que não estamos falando de uma imagem
espelhada ou repetida. As duas “Emillies” realizavam ações independentes,
como duas pessoas que não se dão conta uma da outra.

Pouco antes de Antonie ver Emillie e seu duplo no espelho, meninas e


serventes viram o duplo da professora atrás dela no jantar. O duplo foi visto
também repetindo os movimentos da professora diante de 13 meninas
enquanto escrevia a matéria na lousa. Num dia quente de verão de 1846, 42
alunas se espantaram em ver o duplo de Emillie surgir na cadeira da
professora na ausência da supervisora, enquanto todas podiam ver ao mesmo
tempo Emillie colher flores no jardim. As meninas resolveram tocar na
imagem, perfeitamente normal, e uma das meninas chegou a atravessar a
aparição. Quando o duplo apareceu na sala, Emillie, colhendo flores no
jardim ao lado pareceu ficar mais lenta. Ao ser tocado, o duplo permaneceu
impassível por alguns segundos até desaparecer lentamente. O caso de
Emillie Sagée é clássico, mas não é o único. A professora acabou tendo que
sair da escola, já que pais assustados começaram a retirar as alunas e, ao final
de um ano e meio, a escola possuía apenas 12 alunas. Ao receber a notícia da
diretora, Emillie lamentou-se. Em 16 anos de magistério era a décima nona
colocação que perdia por causa de seu próprio fantasma.
Vendo seu próprio duplo

Emillie Sagée nunca viu seu próprio duplo, assim como Rasch e muitos
outros casos relatados. Mas há muitos casos em que uma pessoa se deparou
com seu próprio duplo. Em muitos locais, isso é considerado sinal de morte
iminente, mas em várias ocasiões, ver o próprio duplo não só não significou a
morte, mas também ajudou em algum assunto.

Elizabeth I, rainha da Inglaterra, era uma mulher bastante racional. Isso


não a impediu de ver o próprio duplo, encarquilhado e branco em sua cama.
Ela morreu logo depois. Caso semelhante foi o do poeta Percy Bysshe
Shelley que teria visto seu próprio fantasma ao subir num pequeno barco. O
barco afundou e assim morreu Shelley.

Esses encontros em que se vê o próprio duplo é chamado de autofenia.


É diferente da autoscopia, onde a pessoa pode ver o próprio corpo de um
outro ponto de vista, como nas viagens astrais. Associada à doenças e
exaustão, a autofenia acabou sendo presságio de morte iminente. Mas nem
sempre.

O editor da publicação World Petroleum, Gordon Barrows, falou de


um duplo extremamente útil que provavelmente salvou sua vida. Depois de
deixar o exército americano em 1946, Barrows voltou ao Wyoming para
visitar os pais e logo depois entrou para a Universidade em Laramie. Numa
viagem de jipe da faculdade para a casa dos pais, Barrows foi pego em uma
nevasca depois de dirigir um dia inteiro. Apesar de ver muitos carros pararem
no caminho, Barrows continuava em seu jipe.

Ele chegou ao topo de um morro e já ia começar a descer um


desfiladeiro quando avistou um homem andando pelo acostamento. Ia lhe
oferecer uma carona, mas assim que os faróis iluminaram o vulto, Barrows
percebeu que era um homem igualzinho a ele, com as mesmas feições e a
mesma jaqueta da unidade blindada em que servira. Apesar disso, na hora,
isso não lhe pareceu uma coisa incrível. O duplo se aproximou dele e disse:
- Acho que você está com sono. Quer que eu dirija?

Dirigindo há 18 horas naquele frio de rachar, Barrows estava exausto.


Deu a direção ao outro homem e adormeceu. Acordou depois com o silêncio.
O motor estava desligado e o homem continuava no banco do motorista.
Tinham atravessado o desfiladeiro durante a nevasca e estavam a 60 km de
Laramie. Sem aceitar uma carona até a cidade, o passageiro desceu do carro e
respondeu com um “Não tem de quê”, quando Barrows agradeceu. Apenas
depois é que a realidade atingiu Barrows. Não tinha como alguém estar
andando naquele desfiladeiro sob a nevasca, pois teria congelado em uma ou
duas horas. Era também provável que ele tivesse sofrido um acidente se não
tivesse tido essa inesperada ajuda de si mesmo.
O Necromante: a ovelha negra da família
Quando falamos de magos, bruxas e feiticeiros, um nome parece ser
constantemente evitado. O necromante é como aquele tio que ficou preso,
usou drogas e anda em péssimas companhias e do qual preferimos não falar.
Se ele aparece numa festa, aí é que o clima fica tenso. Todos tentam agir
como se ele não existisse. Afinal, é constrangedor admitir que alguém tão
errado faz parte de nossa família.

Bem, pelo menos é o que eu vejo. A comunidade mística em geral


sempre pareceu evitar falar da necromancia. Afinal, temos lutado para
melhorar nossa imagem já há alguns séculos e falar que alguns de nós fazem
feitiços com cadáveres seria uma péssima publicidade. Eu mesma nunca me
interessei pelo assunto e me deparei com ele por mero acaso. E descobri
umas coisas muito interessantes! Descobri que eu também sou uma
necromante!!! E lamento informar, mas é bem provável que você também!

Seguinte! A necromancia é a arte e a prática da adivinhação por meio


da conjuração e da comunicação com os espíritos dos mortos. Praticada pelos
antigos druidas, babilônicos, sacerdotes de Osíris e cultos africanos, a
necromancia pode ser considerada uma das formas de magia mais populares
do mundo. Isso acontece porque nem toda necromancia gira em torno de
levantar os mortos e transformá-los em zumbis, mas em adquirir sabedoria
através do contato com os espíritos. Isso inclui a mediunidade, o espiritismo,
os pastores que gritam com espíritos que deixem o corpo do fiel, os cultos
afro-brasileiros e até as inocentes seções de tabuleiro Oui-ja.

Assim, qualquer um de nós que já perguntou alguma coisa aos espíritos


pode ser considerado um necromante. A palavra virou sinônimo de “magia
negra” em alguns dicionários por causa de uma corruptela ortográfica. A raiz
grega da palavra “nekros” foi corrompida pela raiz “niger”, que quer dizer
negro. Há dois tipos de necromancia: a necromancia branca e a necromancia
negra.
Necromancia branca

São todas as formas de comunicação com os espíritos, seja numa


sessão, num tabuleiro Oui-ja ou num centro de mesa (como são chamados os
centros kardecistas).
Necromancia negra

Envolve a reanimação de um cadáver, seja para que ele responda


algumas perguntas, seja para que ele faça alguns serviços (os mortos não
exigem carteira de trabalho assinada).

Ao contrário do que se pensa, há muitos necromantes por aí. Como


sempre foram muito perseguidos, preferem manter suas atividades em
segredo, mas geralmente procuram empregos que os deixem próximos de seu
material de trabalho, como agentes funerários, coveiros, legistas e até
médicos. Do contrário, fica difícil praticar a Arte Negra, como ficou
conhecida, já que invadir cemitérios e desenterrar corpos pode causar alguns
probleminhas com a Lei.

O necromante sempre trabalha com um assistente e é sempre um mago.


A necromancia é uma espécie de “especialização”. É impossível chegar nela
(e sair vivo) sem o conhecimento da Arte. Um mago que queira se
especializar pode chegar a ser um praticante da Alta Necromancia, um dos
mais sagrados ritos desta corrente e que se baseia na invocação de Azrael, o
Anjo da Morte, que permite que o mago alinhe sua energia com a energia da
morte, a corrente de transição. Esse rito permite que o mago compartilhe
intimamente sua consciência com a de Azrael e aprenda com isso.

Os antigos celtas praticavam adivinhação através dos espíritos,


saudavam os mortos na Noite dos Antepassados e buscavam aprender com
este contato. Não há nada que se temer quando falamos da necromancia
branca, apesar do nome já estar arraigado em nossas mentes como algo ruim.
Em compensação, a necromancia negra é extremamente perigosa e deve ser
evitada. Por lidar intimamente com a natureza e as energias que ela possui,
um wiccano está muito mais sintonizado com a energia da Vida do que da
Morte.
Vampiros
Os vampiros fazem parte do imaginário popular e praticamente todas as
culturas possuem uma designação para este estranho ser livre da vida e preso
na morte, eternamente entre dois mundos que vive da morte alheia. Eles são
mais comuns do que se pensa e não atacam apenas nas telas do cinema. Os
vampiros fazem parte do imaginário popular e praticamente todas as culturas
possuem uma designação para este estranho ser livre da vida e preso na
morte, eternamente entre dois mundos que vive da morte alheia. Eles são
mais comuns do que se pensa e não atacam apenas nas telas do cinema.

A origem do nome vampiro se perde no tempo, mas uma das


possibilidades é que tenha vindo do eslavo arcaico obyri e da palavra vampir,
da Bulgária (lampir, na Bósnia). São considerados vampiros seres de outros
planos que se alimentam da energia vital de outros seres. São uma espécie de
parasita e são muito perigosos. Mas, ao contrário do que se pensa, existem
vários tipos de vampiros. Alguns monstruosos, outros belíssimos, alguns com
gosto por sangue de humanos, outros que atacam animais. O tipo mais
comum, no entanto, é o que pode caminhar à luz do dia.
Vampiros de energia

Você com certeza já viveu uma situação como essa: encontrou uma
pessoa, ela conversou com você alguns minutos e, de repente, você se sente
cansado e sem energia. Parabéns! Você deu de cara com um vampiro de
energia.

Nós possuímos canais de energia chamados chakras. Alguns desses


chakras podem estar mais abertos do que o necessário, deixando sair mais
energia do que deveria. Às vezes, eles estão entupidos, retendo a energia, que
não pode reciclar. O vampiro se utiliza desses canais abertos para sugar a
energia que está fluindo. Ele se alimenta disso. É o que o povo chama
comumente de olho gordo.

Mas nem todos os vampiros de energia estão cientes do que estão


fazendo. Muitos não sabem, praticam o vampirismo inconscientemente. Os
mais perigosos, no entanto, são os que sabem e se utilizam disso para
continuar se alimentando da energia alheia. Geralmente são bruxos e não é à
toa que a história dos vampiros está, na maioria das culturas, ligada à magia e
à bruxaria.
Bruxos perigosos

Na antiga Roma, as pessoas acreditavam que os vampiros eram bruxas


que se transformavam em corujas à noite. Essas bruxas eram chamadas strix e
originou a strega, nome italiano para bruxa. Carlos Magno teve que
promulgar uma lei proibindo queimar ou canibalizar stregas. Um meio eficaz
de se exterminar um vampiro era através do fogo e comer sua carne curava as
pessoas que tinham sido mordidas por ele.

Em muitas culturas, acreditava-se também que bruxos transformavam-


se em vampiros quando morriam. A crença era a mesma para lobisomens,
mas tudo era envolto em supertições e boatos. O fato é que ninguém nunca
conseguiu explicar o porque de certas pessoas voltarem da morte com o
estigma do vampiro. Segundo Montague Summers, o praticante de magia
negra é o mais propenso a se tornar um vampiro, dada sua força de vontade
extrema e a densidade das forças com que trabalha em sua magia.
Vampiros de verdade

Os vampiros de energia são comuns, mas há muitos relatos de vampiros


físicos que promulgam verdadeiras epidemias em sua passagem. Em alguns
países, acredita-se que o vampiro é um ser etéreo capaz de possuir um
cadáver e, assim, continuar “vivendo”, entre os vivos (algo como em
Cemitério Maldito, imagino). Beber sangue de suas vítimas seria parte do que
o manteria funcionando naquele corpo.

Outros tipos de vampiros, no entanto, vivem de carne dos mortos e até


dejetos, como o ghoul, vampiro da tradição mulçumana que durante o dia
assume uma bela forma feminina, mas durante a noite percorre cemitérios em
sua forma original e monstruosa atrás de carcaças humanas.
A Vida Eterna em antítese

O vampiro, em todas as suas formas, tem a fama de criar outros


vampiros. Mas, para isso, é preciso morrer. É uma forma de continuar,
eternamente, mas às custas do sangue de outros. O cinema o romantizou e é
muito difícil não se encantar com eles, mas é preciso lembrar de uma coisa
muito importante: é preciso que alguém morra, para que ele viva. Os
humanos, em geral, trazem em si este estigma também. Para vivermos,
precisamos nos alimentar, e para nos alimentar, um ser precisa morrer. Talvez
por isso os humanos simpatizem tanto com os vampiros.
O que faz uma pessoa tornar-se um vampiro?

Há alguns pontos em comum nas tradições e casos pesqui-sados. A


morte violenta, o suicídio e o contágio por outro vampiro. Mortes violentas e,
mais especificamente, o suicídio fazem com que o espírito da pessoa fique
preso a este plano, parte da explicação para o fenômeno do vampiro.

O contágio também figura nos relatos e é capaz de causar verdadeiras


epidemias. Para tornar-se um vampiro é até mais simples do que ser atacado
por um. Pessoas foram contaminadas ao consumirem animais mortos por
vampiros. As pessoas ficavam doentes, morriam e novos ataques surgiam, até
que autoridades e pessoas do local fizessem a exumação dos corpos e
destruíssem os corpos dos suspeitos, com estaca no peito e fogo.
Filhos de vampiros

Chamado dhampir, o filho de um vampiro, que muitas culturas


acreditam que possa continuar vivendo normalmente depois de sua morte,
gerando inclusive filhos, possui dons especiais que ajudam a detectar e matar
vampiros. Por isso, dhampir é também o nome de caçadores de vampiros. Os
ciganos possuem muitos vampiros em suas lendas, assim como os caçadores
de vampiros. Quanto mais mágico for o povo, mais fácil será para detectar
um vampiro na região.
Demônios
O conceito de demônios é variável. Alguns elementais ou espíritos
podem passar por demônios por causa dos efeitos que provocam. Certos
governantes merecem com certeza esta alcunha. Mas o que seria exatamente
um demônio?

Um demônio é uma criatura essencialmente má. Ela é má por opção,


não por ignorância ou falta de senso, como acontece com alguns seres. Para a
antiga Igreja romana, tudo era obra do demônio e ele assumiu o posto de
antagonista de Cristo.

Muitos wiccanos pulam nas tamancas quando ouvem a palavra


demônio falando que wiccanos não podem acreditar neles, pois demônios são
uma criação da Igreja Católica. É uma afirmação ingênua, pra dizer o
mínimo. Demônios sempre existiram e não acreditar neles só porque
lembram a Igreja Católica que colocou todo mundo no mesmo saco de gatos
é bobagem. Existem sim criaturas que desceram tanto, mas tanto que se
tornaram outra coisa. Eles fizeram a opção do que são hoje.

Demônios são mais poderosos que um espírito e podem surgir na forma


de animais negros (embora nem todas as aparições de animais negros sejam
demônios). Também surgem como seres tortos, deformados e denunciam sua
presença por um horrível odor de enxofre, amoníaco ou carne podre. Sim,
demônios podem ser muito desagradáveis.

Assim como espíritos, eles podem obsediar e possuir uma pessoa, mas
ao contrário dos espíritos, os demônios só podem fazer alguma coisa com a
permissão das pessoas, pois eles não podem passar por cima do livre arbítrio
humano. Infelizmente, muita gente acaba dando a permissão da qual eles
necessitam e é preciso um ritual de exorcismo para retirá-lo.

A Igreja Católica possui excelentes rituais de exorcismo, mas têm feito


cada vez menos e necessita de várias provas para enviar um padre, que vai
acompanhado de um assistente e precisa da autorização do Bispo. Um
exorcismo será acompanhado pelo padre, um outro padre reserva, caso o
primeiro padre fique exaurido ou venha a falecer durante o exorcismo, e um
médico. Pede-se também alguém ligado à pessoa possuída.

A Igreja tem autorizado cada vez menos exorcismos. Muitos casos são
problemas espirituais e casos do passado eram apenas ataques epiléticos. Os
casos com demônios são bastante raros e podemos compreender porque a
Igreja pisa em ovos quando se fala disso. Alguns sintomas são fáceis de
detectar e clássicos: falar outras línguas (sem que a pessoa as conheça),
levitação, vômitos e outras coisas nojentas são alguns deles.

Na magia wiccana não lidamos com demônios, mas é sempre bom estar
preparado para saber detectar um se ele aparecer. Basta lembrar que
demônios não têm poder nenhum sobre um humano, a menos que este lhe dê
permissão. A vontade de um humano, ou seja, a sua vontade, é maior do que
a dele e isso nunca pode ser esquecido por você.
Anjos
Não acreditar numa coisa não a faz deixar de existir. Os seres
encantados, todos eles, existem independente da crença das pessoas neles.
Isso inclui os anjos.

Muitos wiccanos ficam muito nervosos quando se fala de anjos e


paganismo. Os ortodoxos afirmam de pé junto que os anjos, assim como os
demônios, foram uma invenção da Igreja Católica e por isso não podem ser
reconhecidos pelos pagãos.

Essa é a coisa mais estúpida que já ouvi. Bem, tirando aquela vez em
que o Renato me acordou às três horas da manhã pra perguntar se cachorros
podiam doar sangue, porque ele estava preocupado se uma de nossas
cachorrinhas sofresse um acidente e precisasse de sangue, como é que a
veterinária faria e tudo mais...

Os ortodoxos que porventura estejam me lendo (talvez unzinho,


escondido, lá no fundo da sala, morrendo de medo de apanhar) não se sintam
ofendidos. Eu também falo coisas estúpidas de vez em quando, mas conto
com minha capacidade de aprendizado e de admitir que estava errada se
alguém assim o provar. O que tenho visto entre wiccanos ortodoxos é uma
tremenda vontade de lutar contra a Igreja que os oprimiu por séculos e tentar
apagar seus dogmas da mesma forma que ela apagou as crenças pagãs. Basta
ler livros wiccanos e vamos ver muito ódio contra a religião cristã. E há
muita gente bradando que tudo o que a Igreja disse até hoje era mentira e o
que era verdade foi copiado das crenças pagãs.

A Igreja disse muitas mentiras, de fato. Muitas pessoas no poder se


utilizaram da fé para se manter lá. Faz parte da raça humana essa ambição
toda. Isso acontecerá onde houver humanos, seja na Igreja Católica, seja num
coven, seja num culto evangélico. Nem por isso os dogmas e filosofias estão
todos errados. Podemos ver a verdade nas filosofias que pregam o amor, os
bons sentimentos e a vida. Qualquer um que não consiga ver essas
características nas palavras de Jesus é mais burro que o meu cachorro.

Acredito que Jesus Cristo foi o maior de todos os avatares e acredito


em anjos. A magia angélica tem sido amplamente utilizada por magos de toda
parte e a magia que se utiliza dos símbolos cristãos se chama Magia Teúrgica.
Há relatos e pistas da existência dos anjos antes mesmo do Cristianismo e
mesmo a Igreja demorou para aceitá-los e pareceu meio confusa quanto a isso
no decorrer de sua história. Os camponeses, por uma questão cultural,
prestavam culto aos anjos, o que gerou uma “concorrência” com Jesus Cristo.
Uma hierarquia foi feita, colocando o Filho de Deus no alto da escala. Isso
foi feito por São Paulo, que atacava o culto aos anjos. O primeiro Concílio
Ecumênico de Nicéia, em 325 declarou que o culto aos anjos fazia parte dos
dogmas da Igreja Cristã. Menos de 20 anos depois, porém, em 343, outro
Concílio decidiu que o culto aos anjos era idolatria. Boa parte das descrições
de anjos foi banida da Bíblia com o passar do tempo, juntamente com os
textos conhecidos como Apócrifos, textos proscritos do Livro dos Livros, que
foram considerados heréticos e queimados. Salvaram-se apenas as traduções
em grego, onde podemos ler sobre os anjos de Deus, a criação do mundo e a
queda de Satã nos Livros dos Segredos de Enoch.

No ano de 787, o Sétimo Sínodo Ecumênico limitou o culto aos anjos,


reconhecendo apenas quatro deles: Uriel, Mikhael, Rafael e Gabriel.

No Livro de Jó eles são chamados de “estrelas matutinas” e nos


Salmos, de “carros de Deus”. Mas, apesar de nossa reação inicial de ligar os
anjos à Bíblia, encontramos essas figuras divinas em muitas outras culturas,
em muitas outras épocas.

Para alguns, os anjos foram criados por Deus antes dele criar o mundo.
Para outros, os anjos foram criados no momento da criação. Alguns
estudiosos acreditam que eles não possuem livre arbítrio, sendo uma espécie
de criatura autônoma que obedece sem raciocinar as ordens de Deus. Muitos
discordam dessa teoria, que já possui em si mesma uma antítese. Se os anjos
se utilizam de meios criativos e coincidências para se comunicar conosco,
seria absurdo julgá-los vazios de raciocínio.
De Zaratustra veio muito do que sabemos sobre anjos, uma vez que
durante o período de exílio dos judeus na Babilônia, o Zoroastrismo já era
religião predominante na região. O conceito original dos anjos se difundiu
por todo o mundo, e eles apareciam das mais variadas formas, de acordo com
a cultura da pessoa que vê, embora isso não seja uma regra. Há casos de
hindus que viram Cristo, e católicos que viram deuses hindus. Ezequiel foi
alimentado por corvos no deserto. Os pássaros voavam de dia e de noite,
levando-lhe alimento do Senhor. Poderíamos dizer que eram anjos, por que
de certa forma, eram.

A Hierarquia Angelical que divide os anjos em ordens com


características diferentes é até hoje divulgada na literatura angélica. Foi
Dionísio, o Pseudo-Aeropagita, quem os ordenou em hierarquias no século
VI. Muitos fizeram o mesmo depois dele, mas sua hierarquia predominou, até
o século XVIII, quando a Idade da Razão varreu da face da terra a
preocupação com o invisível.

Os anjos são citados no Torá com freqüência. Junto ao trono de Deus,


estão Uriel, Rafael, Gabriel e Mikhael (Miguel). Uriel traz o conhecimento de
Deus aos homens, é o Anjo da lei do Retorno, e também conhecido como
anjo da inspiração. Seu nome significa Luz de Deus. Diz-se que seus cabelos
são negros como as asas do corvo e seus olhos são de cor violeta. É visto
trajando vermelho, junto ao Rei dos Elementais da Terra, Chobb.

“Há uma parte de cada um de nós que tem a mesma essência dos devas.
Podemos denominá-la a nível da alma ou do espírito. Assim, cada um de nós
pode ‘ouvir’ e ‘falar’ com o mundo angélico, pois partilhamos o mesmo
mundo dentro de nós. O amor e a gratidão são as pontes entre nós.”
Dorothy Maclean

A tabela cabalística com nomes, dias e horários de regência dos 72


principais anjos se tornou popular no final dos anos noventa, transformando
os anjos em signos do zodíaco. Até hoje me deparo com pessoas que quando
descobrem quem eu sou me perguntam alegremente:

- E qual é o meu anjo?


Eu respiro fundo e respondo a mesma coisa que sempre respondo.
Anjos não são signos do zodíaco. Aqueles 72 anjos da tabela cabalística não
tomam conta pessoalmente de cada indivíduo no planeta. Cada pessoa tem
seu anjo, muitas vezes mais de um, mas eles não estão na lista telefônica.
Cada um descobrirá o nome de seu anjo, se assim desejar. Os que conversam
comigo nunca me disseram seus nomes. Eles dizem que isso não é
importante, pois o importante é a mensagem, não o mensageiro.

Se você se sente atraído pela magia angélica, não se afaste por


preconceito ou por modismo. Como já disse antes, todos os caminhos levam
à Roma. E à Avalon. A forma como você chega lá depende muito do
caminho que você escolheu – e do caminho que escolheu você. Suas
inclinações por esta ou aquela cultura ou religião vem de muito mais longe do
que você possa imaginar. Respeite isso e siga seu coração.
Magias relacionadas
Aqui você vai encontrar feitiços, rituais e encantamentos relacionados
aos seres místicos aqui relatados. Faça tudo com responsabilidade e sem
medo, pois alguns rituais são invocatórios, ou seja, convocam alguma
entidade. O medo pode atrapalhar tudo.
Chamando sua Fada

Tome um banho de ervas e flores e vista-se de branco. Se tiver, pode


usar uma faixa dourada na cintura. Vá a um local tranqüilo ao ar livre e
acenda uma vela e um incenso, vire-se para o Oriente faça orações para a
divindade de sua devoção. Caso siga a magia teúrgica ou angélica, pode ler o
Salmo 51. Depois, respire fundo e diga:

“Oh, Criadora de todas as coisas, Mãe de tudo que há, ouça-me


agora! Oh, Criador de tudo que existe, Pai misericordioso, ouça-me agora!
Peço-te pelo teu poder infinito que me envies uma fada benéfica para que
possa me guiar e ajudar a prosseguir em meus intentos! Assim eu digo e
assim se faz!”

Medite por alguns minutos. Então, apague a vela com as pontas dos
dedos ou um abafador e retire-se. Não precisa ter medo que se a fada se
mostrar, não parecerá asustadora. Não precisa fazer o círculo nem usar a
espada, mas se quiser, pode usar a vara mágica.
Perfumes para atrair os elementais

Esses perfumes devem ser feitos com antecedência e guardados em um


vidro com rolha.

Gnomos

20g de jusquiame
20g de estoraque
20g de eléboro
10g de copal

Salamandras

5g de açafrão
5g de estramônio
5g de galbanum
2,5g de aloés

Ondinas

20g de enxofre
20g de verbena
20g de benjoim de Sião
10g de âmbar amarelo

Silfos

20g de beladona
20g de aloés
20g de sândalo
10g de eufórbio
Para afastar os elementais

No caso de querer afastá-los, seja para enviá-los embora quando


terminar um ritual, seja porque estejam fazendo muita bagunça, pode usar o
perfume contrário. Cada elemental tem seu perfume contrário que é o
perfume da classe de elementais com quem não se dão.

·O perfume das salamandras afasta as ondinas.

·O perfume das ondinas afasta as salamandras.

·O perfume dos silfos afasta os gnomos.

·O perfume dos gnomos afasta os silfos.


Perfume mágico para evocar forças superiores

Este é um perfume indicado para toda prática de reunião, ritual ou


evocação de forças superiores e espíritos. Ele também protege contra o
choque de retorno.

Ingredientes:

125g de incenso puro


100g de mirra
62g de benjoim do Sião
30g de estoraque
15g de cascarilha
25g de açúcar
50g de carvão de lenha
37g de salitre

Misture tudo e reduza à pó. Quando precisar, é só jogar em carvões em


brasa.
Perfume contra o Mal

Ingredientes:

100g de folhas de beladona


100g de Jusquiame (meimendro)
100g estramônio
50g de incenso
50g de gálbano
10g de assa-fétida

Reduza tudo a pó e utilize quando necessário, em doses pequenas e em


ambiente aberto. Se estiver em um local fechado, abra as janelas.

Para realizar rituais ou feitiços relativos a espíritos, atente para as


ervas seguintes e suas funções.

Ervas para conjurar espíritos

·Dente-de-Leão
·Sabugueiro
·Gardênia
·Hortelã
·Erva-doce
·Bálsamo
·Bambu
·Nepeta
·Altéia (malvavisco)
·Salgueiro
·Absinto
·Sândalo
·Tabaco
Ervas para banir espíritos

·Erva-benta
·Agrimônia
·Angélica
·Assa-fétida
·Feijões
·Bétula
·Eupatório
·Espinheiro cerval
·Dente de alho
·Trevos
·Cominho
·Escabiosa
·Sangue-de-dragão
·Sabugueiro
·Samambaia
·Pulicária
·Olíbano
·Fumaria
·Alho
·Heliotrópio
·Milefólio (mil-folhas)
·Junípero
· Cebola
· Marroio-branco
·Rábano silvestre
·Lilás
·Malva
·Hortelã
·Visco
·Verbasco
·Alho-poró
·Arruda
·Salva
·Mirra
·Urtiga
·Pêssego
·Alecrim
·Sândalo
·Ameixeira brava
·Boca-de-dragão
·Tamarga
·Peônia
·Pimenta
·Pinho
·Capim-mimoso
Feitiço das Ondinas Para União (da tradição cigana)

Você vai precisar de:

1 porção de manjar de baunilha


2 claras batidas com açúcar
em ponto de suspiro
1 cacho de uva-verde
50 cm de fita branca
1 incenso de maçã-verde
1 travessa de vidro
1 vela de 7 dias branca
1 papel branco
2 velas brancas comuns

Escreva a lápis no papel o nome da pessoa amada e o seu por cima.


Coloque na travessa. Deite o manjar por cima e cubra com o suspiro. Escreva
novamente os dois nomes na fita e dê um laço com ela no cacho das uvas.
Ponha no meio da travessa. Acenda o incenso e a vela e, quando a vela
terminar, leve tudo para a beira de um rio ou cachoeira e coloque ali. Acenda
as duas velas comuns, dizendo:

“Senhora do amor, pelo branco da paz, faça com que meu pedido seja
atendido.”
Torta de Maçã dos Duendes

A receita a seguir foi retirada do livro de Márcia Frazão, A Cozinha da


Bruxa, da Editora Bertrand Brasil, que traz outras receitas mágicas
deliciosas. Experimente fazer esta receita enquanto ouve música alegre. Se
houver gnomos na sua casa, eles estarão por perto. Quando a melancolia
estiver presente no ambiente, experimente fazer esta deliciosa torta. Ela tem o
poder de espalhar a alegria e filtrar a negatividade. Consagre esta magia à
grande Árvore da Vida.

Ingredientes:

2 xícaras de farinha de trigo


½ xícara de aveia
1 xícara de açúcar mascavo
3 colheres (sopa) de
glicose de milho
1 xícara (chá) de
açúcar branco
½ xícara de suco de laranja
½ xícara de água
½ colher (chá) de canela
½ colher (chá) de noz-moscada
¾ de xícara (chá) de manteiga
¼ de colher (chá) de baunilha
1 maçã descascada e cortada
em fatias bem finas
raspas de casca de uma laranja

Modo de fazer:

Misture a farinha de trigo, a aveia, o açúcar mascavo e a manteiga. Faça


uma massa lisa e homogênea, separando e reservando um pouquinho da
massa. Num outro recipiente, misture o açúcar branco, o sal, a glicose de
milho e o suco de laranja já misturado com a água. Leve ao fogo e acrescente
a baunilha, a noz-moscada, a canela, a maçã e misture muito bem. Deixe
cozinhar e retire do fogo. Unte uma fôrma com manteiga e farinha de trigo e
forre-a com a massa. Coloque por cima a massa feita com as maçãs e tampe
com a massa reservada, cobrindo tudo muito bem. Asse em forno quente por
cerca de 45 minutos.

Uma maneira fácil de saber se sua casa tem gnomos protetores é


colocar uma maçã num cantinho da casa, sobre um pratinho. Se ela
apodrecer, você terá que conquistar um gnomo para que ele se mude pra sua
casa. Se, no entanto, ela murchar e secar, parabéns! Sua casa é uma daquelas
casas habitadas por seres mágicos! Se sua casa anda em desarmonia, os seres
mágicos dela estão em desequilíbrio. Você terá que reverter a situação
cuidando da harmonização das energias de sua família e de sua casa. Acenda
incensos, velas aromáticas e coloque muitas flores e plantas na casa.

Um último conselho. Coloque imagens de gnomos escondidinhos nas


plantas. Eles ficam tão lisonjeados que lhe farão alguma gentileza inesperada.
Círculo de Proteção de Rafael
(magia angélica)

Visualize um círculo de proteção em volta de sua casa impedindo que


as forças negativas se aproximem e provoquem doenças. Mantenha um sino
de metal no seu altar. Acenda, ao menos uma vez por semana, uma vela verde
e invoque Rafael, pedindo-lhe pela proteção da sua família. Antes de acender
a vela, faça o sino soar três vezes. Reze o Salmo 46. Quando a vela terminar,
faça o sino soar de novo. Você deve fazer isso com as velas que acender
todos os dias, e não só as verdes.
Ritual para Prosperidade do Arcanjo São Miguel
(magia angélica)

Chame Miguel numa cerimônia onde você acenderá um quarteto de


velas num prato de louça virgem. As velas deverão formar um quadrado, e
devem ser das seguintes cores: azul, amarela, vermelha e branca. Unte cada
uma delas e coloque a sua carteira de trabalho aberta diante do altar. Se você
não trabalha com ela, coloque algo que simbolize seu trabalho e converse
com o anjo. Acenda um incenso e coloque algumas moedas dentro de um
copo com água. Converse com seus anjos e peça a Miguel que levante sua
espada em seu favor nessa batalha (diga o que está batalhando para
conseguir: um emprego, uma promoção, passar no vestibular, sucesso, etc...)
Tabelas de horas e dias
Todos os seus rituais devem seguir a tabela planetária para uma melhor
eficácia. Veja a seguir os planetas que regem as horas e dias da semana e do
ano.
É comum que se use a tabela cabalística dos anjos de acordo com suas
especialidades. Como sigo a linha angélica, costumo muito usar essa tabela,
aliada à tabela dos planetas. Alguns wiccanos se utilizam das deidades do dia
para realizar seus rituais, mas dentre todas, a tabela dos planetas é a mais
utilizada.
Sua consulta é muito simples. Você precisa saber quais as influências
que cada planeta exerce e consultar as horas e dias de acordo com a intenção
de seu ritual ou encantamento. Saber a influência dos planetas em seu mapa
astral também pode ajudar, mas não é tão necessário.

Sol
Influencia fama, fortuna, brilho pessoal, prosperidade e sucesso.

Lua
Vidência, sensibilidade, sonhos, coisas ocultas, viagens e mudanças (não
definitivas).

Marte
Lutas, batalhas judiciais, conquistas, coragem, força e ousadia.

Mercúrio
Assuntos da mente, intelectualidade, resolução de enigmas, estudos e
projetos. Mercúrio rege as coisas escritas, o mundo editorial e literário.
Júpiter
Assuntos financeiros, novos negócios, novos projetos e empresas.

Vênus
Amor, afeição, uniões, casamentos e arte.

Saturno
Saturno rege tudo o que tiver natureza durável e responsável. Compra de casa
ou terras, construções e coisas de resultado a longo prazo.

Domingo - Sol

Horas do dia

07h – Sol
08h – Vênus
09h – Mercúrio
10h – Lua
11h – Saturno
12h – Júpiter
13h – Marte
14h – Sol
15h – Vênus
16h – Mercúrio
17h – Lua
18h – Saturno
Horas da noite

19h – Júpiter
20h – Marte
21h – Sol
22h – Vênus
23h – Mercúrio
24h – Lua
01h – Saturno
02h – Júpiter
03h – Marte
04h – Sol
05h – Vênus
06h – Mercúrio

Segunda-feira – Lua

Horas do dia

07h – Lua
08h – Saturno
09h – Júpiter
10h – Marte
11h – Sol
12h – Vênus
13h – Mercúrio
14h – Lua
15h – Saturno
16h – Júpiter
17h – Marte
18h – Sol

Horas da noite

19h – Vênus
20h – Mercúrio
21h – Lua
22h – Saturno
23h – Júpiter
24h – Marte
01h – Sol
02h – Vênus
03h – Mercúrio
04h – Lua
05h – Saturno
06h – Júpiter

Terça-feira – Marte

Horas do dia

07h – Marte
08h – Sol
09h – Vênus
10h – Mercúrio
11h – Lua
12h – Saturno
13h – Júpiter
14h – Marte
15h – Sol
16h – Vênus
17h – Mercúrio
18h – Lua

Horas da noite

19h – Saturno
20h – Júpiter
21h – Marte
22h – Sol
23h – Vênus
24h – Mercúrio
01h – Lua
02h – Saturno
03h – Júpiter
04h – Marte
05h – Sol
06h – Vênus

Quarta-feira – Mercúrio

Horas do dia

07h – Mercúrio
08h – Lua
09h – Saturno
10h – Júpiter
11h – Marte
12h – Sol
13h – Vênus
14h – Mercúrio
15h – Lua
16h – Saturno
17h – Júpiter
18h – Marte

Horas da noite

19h – Sol
20h – Vênus
21h – Mercúrio
22h – Lua
23h – Saturno
24h – Júpiter
01h – Marte
02h – Sol
03h – Vênus
04h – Mercúrio
05h – Lua
06h – Saturno

Quinta-feira – Júpiter

Horas do dia

07h – Júpiter
08h – Marte
09h – Sol
10h – Vênus
11h – Mercúrio
12h – Lua
13h – Saturno
14h – Júpiter
15h – Marte
16h – Sol
17h – Vênus
18h – Mercúrio

Horas da noite

19h – Lua
20h – Saturno
21h – Júpiter
22h – Marte
23h – Sol
24h – Vênus
01h – Mercúrio
02h – Lua
03h – Saturno
04h – Júpiter
05h – Marte
06h – Sol

Sexta-feira – Vênus

Horas do dia

07h – Vênus
08h – Mercúrio
09h – Lua
10h – Saturno
11h – Júpiter
12h – Marte
13h – Sol
14h – Vênus
15h – Mercúrio
16h – Lua
17h – Saturno
18h – Júpiter

Horas da noite

19h – Marte
20h – Sol
21h – Vênus
22h – Mercúrio
23h – Lua
24h – Saturno
01h – Júpiter
02h – Marte
03h – Sol
04h – Vênus
05h – Mercúrio
06h – Lua
Sábado – Saturno

Horas do dia

07h – Saturno
08h – Júpiter
09h – Marte
10h – Sol
11h – Vênus
12h – Mercúrio
13h – Lua
14h – Saturno
15h – Júpiter
16h – Marte
17h – Sol
18h – Vênus

Horas da noite

19h – Mercúrio
20h – Lua
21h – Saturno
22h – Júpiter
23h – Marte
24h – Saturno
01h – Vênus
02h – Júpiter
03h – Marte
04h – Sol
05h – Vênus
06h – Mercúrio
Conclusão
“Respeite a liberdade dos outros. Deixe-os serem livres, pare de exigir
que ajam de acordo com as suas idéias, e talvez elas façam o mesmo.”

Estou muito espantada em como alguns wiccanos estão agindo


ultimamente. Não dá pra não ficar pasmada vendo pagãos excluírem pessoas
que parecem diferentes do que eles gostariam que fossem. Na verdade, chega
a ser engraçado. Os pagãos foram excluídos de outras religiões por não se
encaixarem no padrão estabelecido. Então eles se uniram para criar sua
própria religião. Agora, eles se dividem em uma centena de outras correntes,
e cada uma exclui os que pareçam desiguais. A Igreja passou por isso!
Alguém não estava satisfeito em como as coisas estavam e criou a Contra
Reforma. Os pagãos fizeram sua Contra Reforma pra ficarem contra quem
estava a favor. Logo depois, criaram a contra-contra-contra reforma, sempre
arrumando mais alguém pra brigar.

Isso é muito confuso!!! Acho que é por isso que o pessoal do Oriente
Médio não consegue se entender! O mais interessante é que podemos achar
tanto em comum uns com os outros, mas são sempre nas diferenças que nos
concentramos! Esquecemos que todos sentimos e sangramos, que todos
viemos de uma mãe e um pai e que todos ralamos o joelho quando crianças.

Não sou muito dada a entrar em seitas e fazer parte de congregações,


por isso acabo sabendo pouco do que acontece. Mas tenho visto a divisão
entre bruxos e magos de correntes diversas e estou surpresa. Depois de todo o
preconceito que sofremos, depois de toda exclusão e rejeição por que
passamos, é aceitável exercermos a mesma função dos que nos condenaram?

Vamos lá, gente! Já passou o tempo de brincarmos de clubinho em que


a graça era expulsar os outros! Na verdade, nunca achei graça nesse tipo de
brincadeira! Sempre achei grosseira e cruel. Vamos nos esforçar um
pouquinho mais para nos unirmos, porque já somos tão poucos que se
usarmos nossas pequenas diferenças para nos separarmos, vamos acabar
sumindo de vez!

Vamos tentar realizar cada vez mais encontros livres, como este
piquenique – que está sendo carinhosamente chamado de Festa de Bruxas por
aqui – para nos conhecermos melhor! Nossa energia mágica é grande e juntos
podemos emprestá-la um pouco ao planeta que anda precisando muito de
uma forcinha. Todos temos uma missão e de repente pode ficar mais fácil se
a realizarmos juntos. Trabalho em equipe!

Eu sei também que trabalho em equipe é uma coisa difícil para muitos
magos. Muitas vezes, não cabe mais ninguém no aposento além dele e seu
ego enorme. Muita gente busca a magia por poder. Outros buscam porque se
sentem atraídos sem uma explicação clara, mas o poder acaba vindo no
pacote e quando menos se espera, estão dependentes de sua dose diária de
poder, que deve ser mantido a todo custo. E manter o poder inclui ficar
seguro de gente fazendo perguntas e desafios o tempo todo. Afinal, pode ser
que você se depare com alguém com mais poder, o que é sempre uma
surpresa pra quem está no poder, além de bastante constrangedor!

Recentemente vi um filme com a vida de MC Hammer. O sucesso dele


foi tão meteórico que se você tem menos de 12 corre o risco de não ter a
menor idéia de quem é. O filme é muito pobre, coitado, mas valeu pra
conhecer um pouco desse mega astro do Rap que ganhou tanto dinheiro que
acabou falindo.

Antes que você pergunta e porque essa maluca começou a falar de um


cantor de rap, deixe-me pedir um pouquinho de paciência! Com sorte, eu não
me esqueço do que eu ia falar e chego ao final do assunto, que, garanto, tem a
ver com o que estávamos falando.

Bom, lá estava o Hammer ganhando uns trocados dançando na frente


de um estádio de basebol quando o dono do estádio o levou pra dentro e o
contratou como um carregador de coisas para os jogadores. O pequeno
Hammer viu aquela multidão que lotava o estádio e teve sua primeira
epifania. Deus estava dizendo algo pra ele, dizendo que ele seria alguém!
Para um garoto pobre de periferia, só imaginar ser alguém já pode ser
considerado uma epifania. A maioria das pessoas se contenta com o que tem
e segue uma trilha pré-estabelecida, seja pelos pais, seja pela sociedade.
Hammer acabou virando pastor e mudou as músicas de enterro que estavam
acostumados a ouvir por uma alegre e contagiante música. Ele se realizava
em suas missas e foi numa delas que conheceu sua futura esposa. Daí ele se
apaixonou, casou, teve filho e blá blá blá. O filme é meio estabanado e as
coisas acontecem de repente e foi de repente que a esposa dele perguntou: -
Por que você não vai ser rapper?

Então ele foi! Catou gente na rua, treinou no parque, pegou dinheiro
emprestado do irmão e de quem encontrou pra bancar o próprio disco.
Molhou a mão do DJ para tocar sua música numa boate e se apresentou com
as roupas costuradas pela esposa e o grupo treinado na rua. Foi um sucesso!
Na saída, vendia os discos com o melhor amigo na traseira de um carro.

Daí pra um contrato milionário foi um pulo. Em poucos meses, o cara


estava no topo dos discos mais vendidos, ganhando Gremmys à rodo e
ganhando milhões. A dança contagiante era um pé no estômago dos rappers
sérios da época, porque achavam a música dele muito infantil e boba. E era
mesmo, o que não era demérito nenhum.

E o fracasso chegou. Não deu pra entender muito bem no filme, mas ao
que parece ele faliu! Ganhou tanto dinheiro que aumentou suas despesas até
não conseguir mais pagá-las. Coisas de rico!

E Hammer começou a tentar se encaixar de novo, lutando para ficar no


topo! Perverteu sua arte e sua música, fez o que nunca quis fazer, aliando-se
aos rappers barra pesada e cantando músicas sexualmente transmissíveis com
letras que lembravam o funk que de vez em quando toca quando abrem as
portas do inferno em bailes por aí.

Então ele percebeu que se envergonhava do que estava fazendo. Que


não conseguia mais olhar pra sua família da mesma forma e que nem sabia
mais porque estava lutando tanto. O topo passou a ser uma opção cara
demais, então ele simplesmente voltou para a Igreja, onde reassumiu sua
função de pastor. Hoje, seu ministério presta serviços e ajuda a jovens para
mantê-los longe das drogas.

Bem, o resumo da ópera (ou do rap) é o seguinte: por melhores que


fossem as intenções de Hammer, ele esteve numa posição invejável e sentiu
necessidade de mantê-la. Ele faria de tudo pra manter-se onde estava, mesmo
que nunca tivesse estado lá antes. Assim é com qualquer posição de poder.
Vicia. Quem está lá, mesmo que coberto de boas intenções no começo, corre
o risco de se corromper. O poder corrompe e devemos ficar muito atentos,
pois nenhum de nós está livre disso.

Como magos e bruxas, muitos de nós serão chamados a liderar um


grupo, pequeno ou grande, que busca conhecimento. Sou contra uma
hierarquia rígida em magia porque sei que se o poder corrompe, o poder
absoluto corrompe absolutamente. Portanto, procure ficar longe dos títulos e
seja um mestre ao invés de um líder. Será mais proveitoso para as pessoas
que o cercam e para você. E quanto às pessoas que se prendem ao poder e
não querem largá-lo, terão que aprender a conviver com as mudanças e com
pessoas irritantes como eu, dizendo que elas não têm tanto poder assim.

Viu? Eu falei que a história do rapper tinha um objetivo! Um bater de


asas pra você e até mês que vem!!!
O Caldeirão
Escreva uma carta! Adote um bichinho!
Plante uma árvore!
Fósforo ou isqueiro?

Estimada Eddie,

Aprecio por demais o seu trabalho e sempre que possível ao meu


orçamento, adquiro uma de suas revistas. Tenho 14 anos e estou no meu ano
inicial de wicca, por isso, estudo muito e posso dizer que tenho sido muito
próspero, pois sempre estive relacionado à dimensão “mágica”, sobretudo no
quesito de mitologia. Enfim, uma dúvida (banal, mínima, mas que atua no
plano da interpretação da filosofia wicca), tem me encucado muito desde que
uma amiga, fascinada por wicca, embora não-iniciada, disse a mim que, em
todos os livros sobre bruxaria que leu, dizia-se que se deve utilizar palitos de
fósforo ao invés de isqueiro... Mas sempre usei isqueiro! E agora estou
realmente confuso, afinal, uso isqueiros que se utilizam de faíscas (não
daqueles automáticos), os quais considero iguais ao esfregar de duas pedras -
técnica utilizada antigamente. Outra dúvida: essa mesma amiga quer que eu a
inicie, pois acha que auto-iniciação não é uma boa-idéia (e ela também me
acha um bom bruxo), mas tentei convencê-la de que a auto-iniciação é o
melhor caminho quando não se tem um coven. Mas... você acha que eu posso
inicia-la já, ou tenho de completar meu ano de estudos? E, mesmo depois que
tiver completado, posso fazê-lo???
Agradeço desde já a atenção dispensada e desejo que responda meu e-
mail assim que possível.
Sempre grato,
José Gabriel Navarro
jgnavarro@uol.com.br

Olá, Gabriel! Tudo bem? Em todo ritual se usa fósforo porque a chama
é mais natural, graças à madeira do fósforo. O isqueiro é artificial e não
chama as salamandras. (Atenção! Essa é a Eddie do futuro com uma nova
informação. O isqueiro pode ser usado sim, embora eu ainda prefira o
fósforo. E em caldeirão, cuidado redobrado sempre!). É legal também
lembrar que não é bom soprar o fósforo para apagá-lo, pois os silfos e as
salamandras já não se dão bem e não é bom jogar uns contra os outros.
Sacuda o fósforo ao invés de soprá-lo. Já as velas, apague-as com as pontas
dos dedos ou com um apagador, se você for covarde que nem eu.
Aparição misteriosa

Eddie, eu sou seu fã, tenho alguns livros seus e adorei todos. Eu tenho
uma história curiosa para lhe contar. Esqueci de me apresentar, bem, eu sou o
Bruno Max tenho 15 anos e moro em Manaus-AM. Desde pequeno tenho
paixão pela magia e sempre acreditei em duendes, fadas, sereias, e outros...,
Fui crescendo nesse mundo mágico, que só eu sabia desfrutar. O tempo foi
passando e eu deixando de acreditar nesses seres por pressão da minha
família cética, falavam que isso era coisa para criancinha, que isso é ilusão, e
tudo mais, até que um dia eu descobri que minha madrinha tinha uma grave
doença, leucemia. Para mim, foi um horror ouvir aquilo. Passaram-se dias e a
doença ia se agravando, até que numa noite eu e minha família, fomos visitá-
la. Nossa família estava reunida, conversando com ela, até que eu saí para me
distrair. Quando passei pelo portão da casa dela, no canto de um imenso vaso
eu vejo agachado um garotinho, meio que 4 ou 5 anos. Não deu para eu ver
muito, estava escuro e ele estava meio que escondido agachado, eu tomei um
susto imenso, que não quis mais entrar. Daí tomei coragem e entrei. Quando
eu ia entrando, olhei de novo e lá estava ele agachado, como antes, eu fiquei
pasmo, pensei estar louco. Fui saindo para irmos embora e ele sumiu. No dia
seguinte eu recebi a notícia que minha madrinha foi internada num hospital.
Passaram-se semanas, e num dia, quando tudo corria bem, eu recebi o aviso
pelo telefone que minha madrinha havia falecido. Foi um choque, meu
mundo acabou, daí eu fiquei pensando naquele garotinho que eu tinha visto.
Pensei, será que é um anjo?

Bruno
elfmax@ig.com.br

Oi, Bruno! Tudo em cima? Meus sentimentos pela sua perda e


obrigada por me escrever e repartir sua história conosco. Bem, não acredito
que você tenha visto um anjo, no sentido literal da palavra. Anjos, quando
aparecem, demonstram, seja em atitude, seja em aparência. Pelo que você
falou, era uma criança tímida e escondida. É bem provável que tenha sido
um espírito ligado à sua madrinha que estava por perto para guiá-la em seu
novo caminho. Quando alguém vai partir, amigos são enviados para guiar a
pessoa em sua nova estrada. Acredito que tenha sido este o caso. Mas o fato
de você tê-lo visto demonstra que você tem uma boa vidência! Trabalhe esse
dom, rapaz! Um bater de asas pra você!
Filmografia recomendada
Nem só de livros vive o homem! Ainda tem as revistas, os compêndios
e as enciclopédias! Mas quando a cabeça ferve e os olhos cansam, nada
melhor que ver um filme pra relaxar e continuar aprendendo. Os filmes a
seguir tratam de seres encantados dos mais variados tipos e acrescento
comentários ao lado para que você não tenha surpresas desagradáveis (nada
mais desagradável do que esperar um sorvete de chocolate e sentir o gosto de
uma torta de bacalhau, que seria deliciosa se estivéssemos preparados para
ela!). São filmes fáceis de achar e você terá o prazer de vê-los sob uma outra
ótica. A ótica de quem sabe muito bem do que eles estão falando!

A Casa das Almas Perdidas

Este filme passou há uma penca de tempo no Supercine e, como todo


Supercine, acaba de repente e você acha que ele foi cortado. Com elenco
desconhecido e poucos recursos, ele conta uma interessante história de casa
assombrada baseada em fatos reais. Você vai reconhecer muitas coisas
interessantes do mundo invisível. Apesar da pobreza geral do filme, dá um
medo danado, então prefira não ver sozinho.

Ghost, O Outro Lado da Vida (Ghost, 1990)


de Jerry Zucker

Farofa que nem ele só, é um filme muito legal que trata do assunto
morte do ponto de vista de quem está do outro lado. É um filme muito fiel ao
que já se sabe sobre o outro lado.

Os Outros (The Others, 2001) de Alejandro Amenábar

Outro que é melhor não ver sozinho, se você for impressionável, mas
que é indispensável pra quem estuda o oculto e a imortalidade do espírito.

O Sexto Sentido (The Sixth Sense, 1999)


de M. Night Shyamalan

Esse é a tiete dos espiritualistas. Todos os eventos nele são confirmados


por relatos de vida após a morte.

O Encanto das Fadas (Fairy Tale, A True Story, 1997) de Charles


Sturridge

Se você gosta de fadas e duendes, precisa ver esse filme. Ele relata com
razoável precisão o caso das meninas de Cottinglay que viram e fotografaram
fadas, das quais já falamos na Série Wicca.

A Princesinha (Little Princess, 1995) de Alfonso Cuarón

Uma Sessão da Tarde de luxo, o filme conta a história de Sarah, uma


Poliana com alguma personalidade. O filme lida com lendas hindus, que
sempre nos pareceram um tanto distantes, com muita beleza e nos mostra
uma divindade hindu que “adota” a família britânica, mesmo quando eles
cruzam o mar em direção a América.

Dracula 2000 (Dracula 2000, 2000) de Patrick Lussier

Um filme trash de luxo que é quase bom, Dracula 2000 deixa muito a
desejar. O que é uma pena, porque a premissa é uma das melhores que já vi
num filme de vampiros. A explicação para Drácula ser o que é é mais
convincente e interessante do que qualquer outra que já vi. No entanto, não
sei se foi baseado em alguma lenda, fato ou foi apenas um insight do
roteirista.

Falando com os Mortos (Talking to Heaven, 1999) de Stephen


Gyllenhaal

Com Ted Danson e Queen Latifah, dois ícones do humor americano,


este filme não tem nada de comédia. Também não é terror, apesar de esbarrar
um pouquinho no suspense. Está mais para drama espiritualista onde um
homem tem que lidar com a morte de sua mãe e acaba relembrando um
antigo talento que lhe dava muita dor de cabeça: sua mediunidade. O filme
mostra com simplicidade e fidelidade como é o mundo de quem pode ver
através do véu. Muito interessante. Desse não precisa ter medo que não chega
a assustar em nenhum momento. Mas deixe alguns lenços de reserva.

O Mistério da Libélula (Dragonfly, 2002) de Tom Shadyac

Com Kevin Costner, outro filme sobre perda, crenças e ceticismo. Os


fenômenos são também bastante fiéis ao que já foi relatado em diversas obras
sobre o assunto.

Fluke (Fluke, 1995) de Carlo Carlei

Dos mesmos produtores de Ghost, este filme fez a comunidade espírita


pular nas tamancas. Isso porque eles utilizaram uma teoria que não é aceita
pelos kardecistas e pela maioria dos espiritualitas no Brasil e na América. A
idéia de que um humano possa reencarnar num animal e vice-versa causa
horror em várias correntes ocidentais. Na Índia, porém, acredita-se na
metempsicose, uma doutrina que prega que uma alma pode habitar corpos de
animais, humanos ou vegetais. Há outras correntes que acreditam que alguém
pode reencarnar num animal e que animais estão no caminho para a evolução
e que reencarnarão como humanos. O filme é uma gracinha, independente do
que você acredita. Mas pegue aqueles lenços que sobraram de “Falando com
os Mortos”. Nesse você com certeza vai precisar.

Poltergeist, O Fenômeno (Poltergeist, 1982) de Tobe Hoper

Esse é um clássico do terror! Os fenômenos ficaram exagerados no


final do filme, mas o resto é bem convincente.

A Troca (The Changeling, 1979) de Peter Medak

Um filme mais antigo, A Troca fala de espíritos que não encontram


descanso e em como podem ser irritantes e até perigosos.

Além da Eternidade (Always, 1989) de Steven Spielberg


Com Richard Dreyfuss e Audrey Hepburn, é interessante para saber
como mesmo espíritos de pessoas que nos amam podem se deixar levar por
sentimentos egoístas que acabam por nos magoar.

Morrendo e Aprendendo (Hearts and Souls, 1993) de Ron


Underwood

O filme é muito legal e dá uma idéia divertida de como podemos


interagir com nossos amigos do Outro Lado no sentido de ajudar e aprender a
viver. Ninguém melhor do que quem não está mais vivo para nos ensinar a
viver!

A Maldição dos Mortos Vivos (The Serpent and The Rainbow) de


Wes Craven

O título original é uma alusão a duas divindades populares do vudu e o


filme, apesar de ficar maluco no final, fala de forma muito interessante da
relação do povo do Haiti e a religião. O filme fala das tentativas de se
descobrir como os sacerdotes vudus transformam mortos em zumbis.
Bibliografia consultada
Guia das Bruxas sobre Fantasmas e o Sobrenatural, de Gerina
Dunwich, Madras Editora
www.madras.com.br
Tel.: (0XX11)6959-1127 / 6959-3090

Interessante e traz casos super curiosos! Algumas coisas são


tendenciosas, já que a autora parece detestar a Igreja Católica, mas é uma
boa leitura.

Encontros Espectrais, Coleção Mistérios do Desconhecido, Abril


Livros / Time-Life

Um dos melhores livros sobre o assunto que já li! Bem ilustrado,


trabalho gráfico impecável e bem escrito pra caramba. Se encontrar por aí,
não deixe ele escapar.

Vampiros, de Marcos Torrigo, Madras Editora

O livro é super interessante e mostra casos estudados e relatados sobre


vampiros. Dá pra mudar seus conceitos sobre vampirismo, mas uma coisa
ainda é certa. Não é legal virar um vampiro, a menos que seja num filme,
com um orçamento alto, de preferência.

Violetas na Janela

Um best seller espírita, é uma boa pra quem quer conhecer um pouco
mais o mundo espírita.

Os Segredos do Casarão, de Elizabeth Artman, Editora Pettit

O problema desses romances espíritas é que parecem todos terem sido


escritos pela mesma pessoa e é uma pessoa chata. Apesar da narrativa
pobre, o livro é rapidinho e vai direto ao assunto. É interessante pra quem
quer dar uma olhada em como as coisas acontecem do lado dos espíritos e
como ninguém escapa das besteiras que faz, nem morrendo.

Belas Maldições, de Neil Gaiman e Terry Prachet, Editora


Bertrand Brasil

Esse não é um livro consultado, mas indicado. É divertido, leve e fala


do reino invisível com bom humor e liberdade. Fala sobre nossas decisões e
os plano “inefável” de Deus que nem anjos, demônios ou humanos
conseguem entender muito bem mas que sempre funciona no final.

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