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DANI MEDINA

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autora.
A violação de direitos autorais é crime estabelecido pela lei
nº 9.610/98 e punido pelo artigo 184 do Código Penal.
Esta é uma obra de ficção, qualquer semelhança com
nomes, datas e acontecimentos reais é mera coincidência.
Capa: Vic Disigner
Revisão: Carina Barreira
Revisora auxiliar: Nathalya Costa
Diagramação: Carina Barreira
Leitura Sensível e Crítica: Karina Alfredo

Conteúdo adulto.
Proibido para menores de dezoito anos.
Sumário
DEDICATÓRIA

MENSAGEM DA AUTORA

AVISO

SINOPSE

PRÓLOGO

CAPÍTULO 1

CAPÍTULO 2

CAPÍTULO 3

CAPÍTULO 4

CAPÍTULO 5

CAPÍTULO 6

CAPÍTULO 7

CAPÍTULO 8

CAPÍTULO 9

CAPÍTULO 10

CAPÍTULO 11

CAPÍTULO 12

CAPÍTULO 13

CAPÍTULO 14

CAPÍTULO 15

CAPÍTULO 16
CAPÍTULO 17

CAPÍTULO 18

CAPÍTULO 19

CAPÍTULO 20

CAPÍTULO 21

CAPÍTULO 22

CAPÍTULO 23

CAPÍTULO 24

CAPÍTULO 25

CAPÍTULO 26

CAPÍTULO 27

CAPÍTULO 28

CAPÍTULO 29

CAPÍTULO 30

CAPÍTULO 31

CAPÍTULO 32

CAPÍTULO 33

CAPÍTULO 34

CAPÍTULO 35

CAPÍTULO 36

CAPÍTULO 37

CAPÍTULO 38
CAPÍTULO 39

CAPÍTULO 40

CAPÍTULO 41

CAPÍTULO 42

CAPÍTULO 43

CAPÍTULO 44

CAPÍTULO 45

CAPÍTULO 46

CAPÍTULO 47

CAPÍTULO 48

CAPÍTULO 49

CAPÍTULO 50

EPÍLOGO

BÔNUS I

Bônus II

SOBRE A AUTORA

OUTRAS OBRAS
DEDICATÓRIA
Dedico esse livro a você, que decidiu que deveria doer como
nunca, para que não doesse nunca mais.
MENSAGEM DA AUTORA
Nenhuma amarra é mais poderosa que o medo, lutar é um
ato de resistência, então resista.
AVISO
Chegamos ao terceiro livro da série dos Anjos da Escuridão,
DIMITRI não é o tipo de leitura que nos relaxa, ao contrário, ela
incomoda, pinica, nos deixa desconfortáveis e por muitas vezes com
vontade de parar. Mas nosso Anjo das Sombras não permitiria
novamente que as coisas que o incomodam permanecessem como
estavam, pelo contrário, chegou o momento dele lutar e se libertar
da coleira invisível que o prende. Apesar de ele não fazer isso da
maneira correta e sim de forma cruel e distorcida, ao final de tudo, o
que ele mais deseja é ser livre.
Em uma história repleta de reviravoltas e dor iremos
descobrir que a forma de sentir deste Anjo é diferente, ele me fez
caminhar por lugares desconhecidos e por muitas vezes tortuosos,
mas é assim que ele é, sombrio, escuro e sádico, e é neste ponto
que meus avisos começam.
SE TEMAS COMO:
Doma de pessoas;
Estupro de vulnerável;
Terror psicológico ;
Hipnose e manipulação da mente, utilizadas de formas
sombrias. (lembrando que a forma como a hipnose é retratada
neste livro, não condiz com o trabalho de profissionais que auxiliam
na saúde e bem-estar das pessoas na realidade, aqui se trata de
uma história fictícia e sombria, onde as coisas são potencializadas
para demonstrar a crueldade sofrida pelo personagem principal;
Assassinato;
Tortura;
Sadismo;
Sexo e relacionamento abusivo de consentimento
duvidoso e sentimentos distorcidos.
Incomodam ou te causam algum gatilho, NÃO LEIA ESTE
LIVRO. De todos os meus Anjos, até o momento DIMITRI é o mais
perverso, não se importando com os caminhos que percorra para
que alcance seus objetivos.
Mas se um Anjo Sombrio e malvado lhe causa excitação e
desejos de conhecer as profundezas perturbadas de uma mente
afetada pelo medo e pela dor, eu te desejo uma boa viagem, e que
as asas da escuridão te envolvam, apresentando-lhe o amor em sua
forma mais bruta, enquanto é lapidado arrancando lascas de dor até
que tudo que sobre sejam os sentimentos desconhecidos que irão
se revelar apenas aqueles que suportam a transformação.
SINOPSE

Dimitri Dothraki foi separado pelo seu progenitor desde que


nasceu, ele sabia que todo seu treinamento e violência sofrida
destruiria não só seu corpo, mas aniquilaria sua alma, e no
momento em que entendeu isso sua fúria explodiu. Ele foi
manipulado, domado, moldado, trancafiado em sua mente como um
animal enjaulado louco para se libertar, até que a famigerada
liberdade chegou, mas Dimitri havia se tornado um monstro, um
muito mais cruel e sanguinário que aquele que o criou.
Ele era um domador de pessoas, um assassino em série,
daqueles que tem um cemitério com os corpos de suas vítimas atrás
da sua casa. Gostava de ser quem era, do que havia se tornado, do
medo, do pavor e de como dominava suas vítimas até a morte. Ele
era lindo como um anjo e sombrio como a escuridão.
O Anjo das Sombras, assim era conhecido por todos, temido
e odiado, porém respeitado, letal, indomado e incontido. Quando
seus olhos a veem nada mais passa a importar, ela é sua presa e
ele a caçaria por onde quer que ela fosse, não havia para onde fugir.
Monike Astoriã foi resgatada pelo Anjo da Morte quando seria
negociada como joia para os piores homens, vendida por seu pai,
aquele que ansiou tocá-la por anos, até que seu caminho se cruzou
com aqueles olhos pretos e mortos, fazendo com que um frio
incapacitante percorresse sua espinha, ele era diferente dos outros,
tinha algo em sua aura negra que a fazia desejar ter seu toque.
Em meio à loucura de desejar pertencer ao demônio, ela
jamais imaginou que ele a desejava com a mesma intensidade.
PRÓLOGO

Aos cinco anos...


Meu corpo inteiro treme, meu coração bate descompassado
no peito, sempre vi seu olhar em minha direção, mas jamais
acreditei que chegaríamos a esse ponto, nem mesmo meus irmãos
conseguem me proteger, não dessa vez.
Encaro a mulher à minha frente, ela é linda, mas existe algo
em sua voz, algo que me faz ter pavor.
— Dimitri. — A voz de Bratslav me deixa em estado de alerta.
— Venha até aqui.
Obedeço quando ele ordena, seria muito pior se não o
fizesse.
— Essa é Madame Loren, ela vai te contar algo, espero que
ouça com atenção. — A mão dele segura meu pulso.
— Ah, querido, você é muito mais lindo que seu pai havia me
falado, nenhuma de suas palavras são capazes de descrever com
exatidão sua beleza. — Seus dedos finos e com grandes unhas
pintadas deslizam pelo meu rosto.
Ela caminha ao meu redor e sinto a mão de Bratslav me
soltar, a mulher para trás de mim e começa a falar.
— Existe algo muito profundo nas palavras, poder, submissão
e prazer. — Sua voz é melosa como se ela houvesse baixado
alguns tons. Ouço três estalar de dedos rápidos e que me fazem
piscar.
Meu coração está prestes a parar, sinto que posso sufocar a
qualquer momento.
— Ouça minha voz e minhas ordens, apenas eu e Bratslav
temos poder sobre você e sua mente.
Um estalar de dedos acontece e reverbera pelo meu corpo.
— Quando nos ouvir comandar irá obedecer, seu corpo e
suas ações pertencem apenas a nós, sua mente não comanda
você, nós dois sim.
O segundo estalar de dedos.
— Tudo que lhe for ordenado por nós será feito por você, seu
corpo irá reagir e buscar realizar desesperadamente tudo que nós
dois ordenarmos.
O terceiro estalar de dedos.
Estou paralisado, meu corpo não me obedece e uma lágrima
escorre pelo meu rosto, eu sinto que fui aprisionado em um lugar
escuro, meus olhos veem tudo, meu corpo não reage a nada, eu
grito e me debato, me arranho, minha garganta dói, queima, mas a
imagem no grande espelho à minha frente mostra que meu corpo
não se move. Estou em um lugar escuro como se flutuasse no breu
total, meus olhos me mostram o lado de fora, mas nada condiz com
o lado de dentro, medo, espanto, pavor, desespero, tudo
convergindo e afunilando.
Minha roupa começa a ser tirada, tenho cinco anos, corpo
magro e sem pelos, meus cabelos são negros como meus olhos,
vejo pelo reflexo que Bratslav passa a língua nos lábios enquanto
me observa.
— Seu corpo irá reagir à nossa voz. — Ouço e vejo quando
meu pênis endurece e eu fico ainda mais desesperado me
debatendo dentro da minha mente, mas sem reagir de fato do lado
de fora. — Quando nós lhe dermos comandos usando a palavra
daemonium[1] fará toda e qualquer coisa que desejarmos, e será
liberto apenas quando ouvir a palavra liberatus[2].
Sinto o solavanco do meu corpo quando próxima demais de
mim, ela estala seus dedos iniciando todo meu pesadelo. Eu já
havia ouvido falar sobre o inferno e seus demônios, só não sabia
que quando entrasse nele ninguém jamais conseguiria me libertar.
A minha imagem refletida no espelho me mostra o quanto
estou vulnerável, sinto as mãos me tocarem e vejo como acontece,
não quero ver, mas meus comandos não são obedecidos e não
consigo fazer nada além de piscar. Quero desaparecer, estou ciente
de tudo, mas gostaria apenas de me desligar, cada toque leva de
mim um pedaço precioso, arrancando memórias de quem sou, do
que ouvi, vai me transformando em algo que não sei nominar. A
ânsia de vômito vem na garganta, sinto seu gosto amargo e nojento,
mas não tenho como pôr para fora, então sentindo que vou
perdendo tudo, me desconstruo e apenas permito ser modificado.
Enquanto ouço os gemidos e sussurros, gritar já não adianta mais,
minha garganta dói, meu reflexo mostra que tudo que faço é apenas
na minha cabeça.
Tenho apenas cinco anos e acabei de ser transformado em
uma marionete nas mãos de uma mulher de voz sedutora e do
demônio que mais odeio na vida, Bratslav Dotrhaki. Meu corpo não
me pertence mais e tudo que tenho que fazer segundo suas ordens
vai arrancar para sempre qualquer resquício de humanidade
existente em mim.
Dimitri morreu, foi assassinado pelas palavras e ações de
pessoas que ele jurou castigar.
CAPÍTULO 1

Olho para a mulher à minha frente, ela está ensanguentada e


arredia, estou há duas semanas com ela, meus demônios anseiam
por mais sangue, meu pau baba pela imagem de foder seu rabo
virgem enquanto ela se contorce em dor, quando seus olhos quase
fechados pelos socos que lhe dei entendem que estou aqui e não
sou uma miragem, ela começa a chorar, suas lágrimas me deixam
ainda mais excitado. Começo a tirar minha roupa, estou no meu
quarto do medo, o local onde sou um Deus, aqui sou eu que tenho o
poder de decidir quem vive e quem morre.
— Por favor! — Sorrio ao ouvi-la implorar.
— Continue clamando por misericórdia, cada vez que você
implora desejo destruí-la. — Nu, me aproximo dela segurando seu
rosto com firmeza para que continue entendendo quem comanda.
— Eu já fiz tudo que me pediu, eu mio e ronrono, por que
continua me machucando de forma gratuita? — Ela tenta se fundir
na parede atrás de si.
— Porque não existe nada melhor que ver o quão cruel posso
ser, gosto de ouvir seus ossos se partirem a cada chute que lhe dou,
e seus gritos de dor e agonia sempre que bate contra qualquer
objeto que atrapalhe sua passagem.
— Miau, miau. — Começa a miar lambendo sua mão, ela
anseia que eu entenda que já está domada, mas isso não importa,
sua doma foi rápida demais, com uma semana já havia entendido o
que deveria ser feito e isso me deixou de pau mole.
— Não adianta ser submissa, tem uma semana comigo
ainda, vou te castigar apenas por respirar. — Chuto seu rosto
fazendo o sangue espirrar.
— Miaaau! — Seu grito é longo e dolorido e eu gargalho.
— Fique de quatro! — ordeno massageando meu pau com
vontade.
Fazendo o que mandei, ela chora e mia implorando para que
eu entenda que ela já me obedece, meus demônios anseiam por
sangue, devastação e muitos orgasmos. Caminho até ela e puxo de
uma só vez o plug rabo de gato que a faço usar e que sei que a
incomoda pelo tamanho.
Ajoelho-me à sua frente cuspindo em seu cu vermelho, sem
nenhuma preparação me enterro ouvindo seu grito que quase fere
meus tímpanos. Enrolo seus longos cabelos pretos em minha mão
começando a estocar com violência, seus gritos ficam cada vez
mais altos e agora se misturam aos meus que, diferentes dos dela
são de prazer, estou quase tendo orgasmos múltiplos. Quanto mais
a pessoa sofre, mais eu me excito, quanto mais sangue derrama,
mais duro meu pau fica. Estava trancafiado nas profundezas do
inferno, mas decidiram me libertar, então vou devastar tudo à minha
frente e coletar quantas almas eu conseguir destruir e tragar.
A força com que a fodo é tão forte que as batidas de nossos
corpos queimam, ela tenta lutar quando seguro seu braço torcendo-
o atrás das costas
— Pare, eu imploro, está doendo! Pare!
— Hahahaha!
Gargalhar é a única coisa que consigo quando sinto que
acabo de quebrar seu pulso tamanha força com que torço seu
braço.
— Haaaaaaaaaaa! — Com certeza seu grito é pela dor aguda
de mais um osso partido.
— Grita, sua puta dos infernos, enquanto eu te arrombo como
a vadia imunda que é.
— Pare! Pare!
Quanto mais pede que pare, mas a fodo apertando sobre o
pulso quebrado e puxando seus cabelos como rédeas. Meu corpo
entra em frenesi, sinto toda a loucura deles querendo se libertar
primeiro, sinto as unhas rasparem minha pele e sinto minhas bolas
pesarem. A dor me toma e ela é intensa, tal qual o prazer, minhas
lembranças oscilam a cada estocada que dou na vagabunda até
que urro gozando e gritando.
Não sou eu apenas que goza, toda a minha legião de
demônios goza junto comigo.
— Dimi! — Ouço sua súplica ao ouvi-la me chamar dessa
forma, paro instantaneamente o que estou fazendo.
Arrasto sua cabeça para trás quebrando seu pescoço,
maldita cadela imunda só pode ter ouvido meu nome quando a
estava transportando.
Seu corpo inerte cai à minha frente, vejo meu pau
ensanguentado escorregar do seu cu, sorrio pela imagem, com ele
ainda pulsando, levando pelo meu corpo o prazer de conquistar
mais uma alma imunda. Levanto-me olhando ao meu redor, tudo
que tenho e sou foi moldado de forma sombria, eu amo o que me
tornei e o medo que sentem de mim.
A mulher morta à minha frente, ela me desejou, rodou a noite
inteira até se sentar no meu colo, quando lhe pedi sua alma em
troca de prazer ela sorriu dizendo que adoraria pertencer ao
demônio, lhe mostrei como se doma vadias e lhe domei como gata
doméstica.
Visto meu roupão assim que me levanto constatando que
nossa troca foi justa, ela teve todos os orgasmos que poderia ter e
eu reivindiquei por algumas semanas sua vida e agora acabei de
tomar para mim sua alma.
Eu sou Dimitri Dothraki, o Anjo das Sombras, ninguém entra
no meu inferno e sobrevive para contar história.

Estou saindo do banho quando atravesso o quarto


subterrâneo rumando para minha casa, antes observo o corpo inerte
da vadia e cuspo sobre ele, me sinto relaxado, preciso comer algo e
me jogar na cama, quem sabe consiga uma ou duas horas de sono
tranquilo até que eles retornem para atormentar minha vida.
Caminho atravessando a sala quando ouço batidas furiosas
na porta que fazem meu corpo travar, se alguém me dedurou pode
ser que estou muito fodido agora. Finjo que não ouvi quando
novamente as batidas acontecem e logo são seguidas pela voz de
Dusham.
— Dimitri, abra a porta! Vamos! — grita enquanto bate cada
vez mais forte e parecendo mais desesperado.
— Pronto. — Abro a porta e um corpo pequeno atravessa aos
empurrões, seguido por ele.
— Preciso de proteção. — Arqueio minha sobrancelha
tentando entender o que diabos ele está falando.
— Dusham, temos milhões de soldados, que porra você fez
que precisa de proteção? Logo você, o homem mais assassino que
conheço.
— Não para mim, para ela. — Aponta para a garota que está
ao seu lado. — Preciso que leve Monike e a esconda, quando for o
momento eu vou buscá-la. — Então olho para ela, longos cabelos
negros, pele branca e olhos azuis, a cor dos olhos dele.
Meus demônios se tornam ensandecidos, parece que a
cadela que está morta em meu quarto de horrores não me fez gozar
minutos atrás, imaginá-la no lugar dela me faz sorrir demoníaco,
mas a ficha cai.
— Monike? Aquela Monike? — Meu irmão salvou um bebê
com esse nome anos atrás.
— Sim, porra! Qual a parte de tudo que acabei de falar você
não entendeu?
Caralho, não ouvi nada do que disse.
— Por que a salvou? Seria uma linda joia. — Umedeço meus
lábios com a língua quando tenho meu corpo lançado contra o piso
e bato contra a parede.
Antes que consiga reagir sua bota bate contra meu peito
pisando em mim, me mantendo contra o piso frio.
— Presumo que se lembre do pacto de lealdade que fizemos,
não a toque, não a olhe, não a deseje.
— Por quê? É só mais uma boceta que pode ser domada
com tudo que tenho.
— Não vá por esse caminho — rosna pressionando ainda
mais meu peito.
— Não sou seu empregado, muito menos seu soldado, vá
para o inferno, Dusham!
— Conte-me, Dimi, como é viver em sua mente?
Desgraçado! Rosno furioso livrando-me do seu aperto,
desejando cortar sua garganta. Aquela cadela que nos pariu como
cães me chamava assim, o nojo que tenho desse apelido me faz
querer assassinar o mundo.
Chuto seu joelho ainda no chão fazendo-o se desequilibrar,
tudo que vejo é vermelho, sim, vermelho como as chamas do
inferno que queimam em meu peito. Começamos uma luta onde
socos e chutes são travados, o maldito é maior que eu, mas somos
demônios e nem mesmo seu tamanho me para. Sinto o gosto
ferroso do sangue em minha boca, mas sei que ele também sente,
se continuarmos assim vamos nos matar, todavia, neste momento a
morte seria bem-vinda, ela sempre é.
— Parem! — A porta explode abrindo e batendo com força
contra a parede, quando dois tiros acertam o chão próximo a nós. —
Parecem cães de briga. Dusham, achei que iria levá-la para longe, o
que está fazendo aqui? — Damian não parece muito diferente de
nós.
— Como soube que estava aqui?
— Primeiro, eu vi quando resgatou a cadela, sim eu estava
lá, motivos? Temos, parece que existe um apreço seu por ela. —
Olho para o canto da sala e a vejo encolhida, chorando, a visão é
prazerosa, mas não posso admirar isso agora. — Segundo, estou
limpando sua bagunça desde lá, que porra tinha na cabeça? —
Damian parece ter crescido muitos centímetros agora.
— Não sei! Mas eles não tocariam nela, não na minha frente,
quer um motivo para isso? — Damian concorda. — Fique com este,
eu apenas quis, ela é minha protegida e pelo pacto de lealdade é de
vocês também.
— Eu concordo. — A voz cínica de Darko invade a sala.
— Que inferno! O que está fazendo aqui? — Damian rosna e
eu quase voo sobre os dois.
— Acha mesmo que aquilo que fez é uma limpeza? Eu sabia
que Dusham agiria, eu só quis ver até onde ia, e vejam só, acabei
limpando seu desleixo.
— Desgraçado! — Damian tenta voar sobre ele e é
interceptado por Dusham.
— JÁ CHEGA! — Dusham brada furioso mantendo os dois
cães mostrando os dentes.
Darko sorri, o maldito apenas sorri.
— Por que não pede a ele que cuide dela? Eu não sou babá,
se ficar com ela vou foder todos os seus buracos, domá-la e quebrar
seu pescoço branco e fino depois.
— Darko está em meio a uma doma, e isso me faz
questionar: Como você soube? — Dusham fala e logo se vira para
ele em questionamento.
— Fácil, Monike, bebê resgatada pelo demônio, história
contada pelas vielas daquele lugar imundo, estava com Bratslav
quando a buscamos para ser domada. — Escorado na parede ele
se mantém relaxado como se estivesse tranquilo. — Sabia que o
maldito velho estava te testando, por isso a doma com plateia, ele
estava te testando e você caiu feito uma gazela.
— Darko. — Dusham quase parte para cima dele, mas trava
quando um sussurro parece ecoar pelo lugar.
— Por favor, me deixem ir, eu desapareço, eu juro.
— Não! — Dusham grita furioso. — A partir de hoje você é
minha protegida, quem ousar tocá-la morre. — Seu olhar assassino
repassa cada um de nós deixando claro que ele não mente. —
Dimitri, você cuida dela até as coisas esfriarem, eu vou assumir as
consequências dessa merda.
— Dusham... — Sou interrompido.
— Me deve isso, todos me devem isso, é o pacto e ninguém
pode quebrá-lo.
Bufo furioso pelo maldito pacto, mas não posso me esquecer,
hoje sou eu quem é obrigado a cumpri-lo, mas um dia pode ser eu a
obrigá-los.
— Certo — concordo derrotado.
— Certo? Só isso? Onde estão as facas e as ameaças? —
Darko fala me deixando furioso.
— Chegará a hora, na verdade o de todos vocês de serem
obrigados a cumprir o maldito pacto ou de precisar usá-lo, então
guardem minhas palavras, irão se lembrar deste momento e o
porquê eu não recuei. — Encaro todos e vejo Darko engolir seco e
Damian parece se divertir. — Providenciem tudo, vou me arrumar,
sei bem para onde levá-la. Só mais uma coisa, por invadirem minha
casa não tive tempo de me livrar do corpo da cadela lá embaixo,
levem-na até o quintal e a enterrem de bruços num buraco fundo.
Sem dizer mais nada saio da frente deles querendo muito
que todos eles se fodam.
CAPÍTULO 2

Meu corpo inteiro treme, parece que minhas carnes estão


querendo se soltar dos ossos, estou tentando entender o que
aconteceu. Fui arrancada da cama onde já dormia encolhida, após
novamente fugir daquele desgraçado. Imaginar suas mãos em meu
corpo me faz querer vomitar. Quando acordei novamente estava na
frente de Dusham, nu, com o pau duro e me olhando surpreso
enquanto segurava um pano preto nas mãos e todos nos olhavam.
Um homem nojento e com sorriso que me saudava ânsia
tentou me tocar e me afastei, quando fiz isso um tapa violento
atingiu meu rosto, me lançando longe.
Então tudo explodiu quando Dusham começou a assassinar
um a um que se aproximava de mim, não entendi nada, ainda
estava tentando me localizar, quando apavorada fui pega no colo e
ele corria comigo pelos corredores do lugar ainda sobre tiros e
gritos. Meu corpo foi lançado sobre um banco que com um grito
incontido bati com força, logo os pneus fizeram um barulho
ensurdecedor e saíram em alta velocidade pelas ruas, meu coração
acelerado, as lágrimas teimando em descer. Estou com medo,
medo, não, estou apavorada.
Dusham e seus irmãos eu conheço de vista e de ouvir falar,
mas Dusham, o único que me encarou até hoje tem seus olhos tão
mortos e negros que me fizeram não temer apenas pelo meu corpo,
mas pela minha alma.
O tempo passa, ele não diz nada além de dirigir como um
louco, quando tenho meu corpo lançado contra o seu banco caindo
entre eles, pois o carro para de forma brusca. Vejo-o sair e vestir
uma calça, calçando suas botas que tira não sei de onde. Já do lado
de fora ficando sem camisa nesse frio de Belgrado, tem neve lá fora.
— Desça! Vamos! Não temos a porra de todo tempo do
mundo.
Com dificuldade saio do carro entendendo que estou nua e
descalça, meus pés queimam, mas não ouso reclamar. O que dizer
ao demônio?
Agora me encontro encolhida no canto de uma sala tentando
não ser atingida pelas loucuras deles, quando todos os irmãos estão
à minha frente. Após o que parece ter sido uma batalha de gigantes
ele se aproxima de mim.
— Vista! — Darko se aproxima, me entregando um sobretudo
que tira do próprio corpo.
Estou tremendo e com medo de que me veja, não quero ver
em seu olhar o mesmo desejo doentio que vi nos olhos de Dimitri
quando me olhou há pouco.
— Ande, erga-se! Não é como se não tivesse visto cadelas
nuas antes. — Arqueia sua sobrancelha e tremendo faço o que me
pede, logo cobrindo meu corpo e quase soltando um gemido de
prazer pelo casaco quente.
— Obrigada. — Meu pedido sai tão baixo que talvez tenha
apenas pensado nele.
— Venha comigo — Damian informa.
A todo momento o olhar de Dusham está sobre mim, é como
se ele tentasse entender a merda que fez. Caminho atrás de
Damian sem nada dizer, ele me coloca sentada em uma cadeira e
começa a mexer nas coisas da casa, posso ver que não está
confortável com o que faz, mas não recua, com toda certeza tem
algo a ver com o tal pacto. Não pergunto nada, até minha respiração
tento controlar para que não o incomode.
— Pegue, coma. — Coloca na minha frente o sanduíche de
queijo quente com frango e um copo de suco que ainda não sei qual
é.
Como sem nada dizer, mas apenas neste momento percebo
a fome que estou sentindo. Sou deixada sozinha na cozinha, não
me mexo, continuo controlando cada movimento, me sinto dentro de
um aquário cheio de tubarões, se eu sangrar serei destroçada.
Estou sentada, após acabar, não sei se levanto e lavo a
louça, ou se me mantenho no lugar.
— Monike. — A voz de Dimitri me paralisa e eu não ouso me
virar para encará-lo. — Vamos.
Engolindo seco e sem questionar o sigo tremendo de medo,
seu olhar de todos é o que me causa maior desespero, existe algo
incontido que borbulha em suas íris. Começamos a atravessar a
sala quando a voz de Dusham quebra o silêncio.
— Dimitri, não a toque, não mexa com ela, não lhe dê nada
além de proteção e segurança, nem mesmo caso ela se ofereça a
você. — Suas palavras me paralisam, meu corpo inteiro congela.
Por que eu me ofereceria a ele?
— Dusham. — Sua resposta é como um aviso para que ele
não continue.
— Dimitri, caralho! Apenas a proteja! — Darko explode e
Damian sorri em escárnio, eu apenas me encolho um pouco mais.
De todos eles o que não me apavora é Darko, seu olhar
apesar de assassino parece demonstrar muito mais sentimentos
que todos os outros.
— Que porra você tem com ela? Está fodendo a vagabunda e
não quer que a toque, é isso? Por que não pega a cadela para você
e some, já não basta ter que parar minha vida por um maldito pacto
ainda terei que me privar de foder? Vão tomar no cu!
Vejo Dusham voar sobre ele, mas ser contido por Damian e
Darko antes de realmente o atingir.
— Vai logo, Dimitri, não vê que ele está prestes a explodir,
porra! — Damian ordena e então tenho meu pulso seguro com força
e o solavanco do puxão quase arranca meu braço.
— Vamos.
Caminho o mais rápido que consigo, eu não tenho nem 1,60
de altura, ele parece uma muralha furiosa e neste momento a um
triz de quebrar meu pescoço, paramos em frente a um carro enorme
que está ao lado de mais quatro, incluindo o que chegamos aqui.
Ele abre a porta do passageiro ao lado do motorista e meu corpo
trava.
— Entra. — Eu o olho, paralisada. — Não acha que vou
servir de motorista de uma cadela? Anda, entra e não termina de
foder com meu autocontrole.
Faço o que ordena, me sentando, mesmo com medo do
homem à minha frente. Estou com os pés congelando no chão frio,
assim que se senta do meu lado liga o aquecedor e o vento quente
me faz gemer de forma incontida, afinal os jatos de ar quente nos
meus pés congelados é como entrar pelas portas do paraíso, mas
logo a sensação boa passa quando ouço um grunhido furioso. Com
os olhos arregalados o encaro e seu olhar para mim é quase mortal.
— Desculpe — sussurro.
Sem que se importe ele sai acelerando o carro pelas ruas de
Belgrado, continuo evitando emitir sons e me pergunto quais foram
os motivos de Dusham me salvar, tanto ele quanto seus irmãos são
demônios conhecidos por violentarem mulheres à sua vontade, as
histórias sobre eles percorrem de forma silenciosa o lado mais
sombrio da cidade, todos sabem quem são e o que fazem. Então,
por que não comigo?
Não vou questionar, preciso apenas manter minha boca
fechada e agradecer por ter sido salva e estar sendo protegida, as
horas se passam e entramos em uma estrada escondida no meio do
nada, talvez tenha cochilado por não fazer a menor ideia de onde
esteja.
— Estamos chegando. — Quando ouço suas palavras meu
corpo tenciona, sua voz é fria e cortante.
Mais alguns minutos e paramos em frente a uma casa que
mais parece abandonada.
— Desça — ordena sem me dar tempo de questionar.
Caminho atrás dele, até que abre a porta após digitar uma
senha em um painel digital escondido atrás de uma madeira solta.
Atravessamos a porta e acabo me assustando, é tudo
completamente organizado e luxuoso por dentro, destoando
completamente da parte de fora. Posso ver tudo no momento em
que atravessamos a soleira da porta e todas as luzes se acendem
por comando de voz.
— Tem dois quartos, um à sua direita, e é este que você irá
usar, o outro é meu lugar, não se aproxime, mantenha-se longe das
minhas vistas, posso estar sob o domínio de Dusham, mas minha
coleira tem uma corrente um tanto quanto longa, pode se machucar
caso esteja muito perto — diz tudo olhando em meus olhos.
Mantenho minhas mãos unidas, minha vontade agora é de correr e
desaparecer, mas não tenho condições de me mover.
Dou dois passos para trás sem me virar, continuo o
encarando e posso ver que ele irá cumprir sua parte da promessa
apenas se eu me mantiver longe.
— Permaneça no quarto, eu forneço as refeições, tem roupas
de algumas cadelas por lá, use o que te servir.
Observo quando ele se vira e segue para o outro lado da
casa e eu quase corro em direção ao local que me indicou.
Assim que entro, com o coração acelerado, paraliso, o lugar é
todo branco, com móveis pretos, tem uma grande cama no meio,
duas mesinhas de cabeceiras com abajur e uma poltrona em frente
a uma grande TV. Caminho até a porta e vejo um banheiro pequeno,
porém, completo, abro o box e contemplo um chuveiro que ao abrir
cai água quente, me desfaço do casaco e me enfio debaixo,
sentindo a água tocar minha pele, conforme lava a sujeira ela traz
consigo a minha dor. Chorando compulsivamente, me prostro, logo
caindo no chão e me deitando enquanto agarro meus joelhos. O
contraste do chão frio e da água quente não me importa, pareço
apenas absorver a situação em que me encontro.
Quando já não suporto mais a dor de cabeça devido ao
choro, decido reagir, preciso ser forte, enfrentar tudo sem
esmorecer. Eu me lavo por completo pensando que sempre precisei
fugir daquele verme imundo, Andrija, o homem que se casou com a
minha mãe, após Dubraim, meu progenitor, ter sido assassinado por
Dusham quando me salvou pela primeira vez. Minha mãe morreu de
parto quando tentava dar à luz ao meu irmão. A mulher que meu
padrasto colocou em casa depois que minha mãe e meu irmão se
foram, sempre sorria quando ouvia ele dizer que me foderia como
as cadelas da rua, ainda dizia que gostaria de me ouvir gritar.

Andrija foi designado a ficar comigo até que a Triglav viesse


me buscar, mas sempre tentou me violentar, o terror e o medo de
que conseguisse faziam com que eu quase fosse levada à loucura.

Respiro fundo tentando enterrar as malditas memórias, me


limpo completamente e só quando estou saindo que percebo que
não peguei toalha. Atravesso o banheiro e vou até o armário
encontrando-as, pretas, nem mesmo isso me surpreende.

Seco-me enrolando uma toalha nos meus longos cabelos


pretos, depois seco todo o chão do banheiro e volto para o quarto,
assim que abro o guarda-roupa encontro seis grandes portas com
roupas femininas ainda com etiquetas, imaginar o que diabos isso
faz aqui arrepia minha pele de forma negativa.
— Ele é um demônio, Monike, demônios matam, demônios
destroem, demônios dominam.
Pego um conjunto de moletom, calço meias e fico sem
calcinha, mesmo que exista uma gaveta cheia delas , me recuso a
tocar. A roupa fica maior do que imaginei, preciso dobrar as mangas
e a barra, mas pouco me importa.
Pela hora acredito que ele não vá me chamar, então me deito
ligando a TV, e para minha surpresa funciona, deixo em um
programa onde passa casos extremos da medicina de doenças
extremamente raras e então meu sonho parece mais uma vez
aflorar. Tento não me lembrar quem sou, onde estou e o que será da
minha vida daqui para frente, neste momento sou apenas uma
jovem que pensa em fazer faculdade de medicina e se imagina
trabalhando nisso, mesmo que eu não tenha onde cair morta e
muito menos condições de me manter se não for pelas mãos de
homens como o que está do outro lado da casa.
Assusto-me quando ouço batidas na porta, pulo da cama
caminhando até ela e abrindo.
— Pegue. — Entrega-me uma bandeja, mas não sem antes
analisar as roupas que estou vestindo.
— Quando acabar coloque a bandeja do lado de fora da
porta, farei isso com as outras refeições, informarei com batidas na
porta que estão disponíveis e você coloca no mesmo lugar que
achou quando finalizar.
— Obrigada — digo pegando a bandeja de suas mãos.
— Não seja educada, não faço isso por você, faço porque
estou sendo obrigado, então... — A frase morre em sua boca
quando fecha a porta com força desaparecendo da minha frente.
CAPÍTULO 3

Estou há quinze dias preso na casa que uso para foder


cadelas fora da Triglav, o desejo de abrir mais uma cova junto à
tantas outras que existem no meu quintal é enorme, Monike é uma
cadela linda de longos cabelos pretos, pele branca e olhos azuis,
seu corpo é escultural, e apesar de pequena tenho salivado por
ajudá-la a pular em meu pau. Ela parece uma felina, uma tigresa,
sinto o poder que emana dela, ela tem espírito forte e olhar que
mesmo com medo desafia, se pudesse domá-la gostaria que tivesse
movimentos longos e certeiros, com uma longa calda oriunda de um
plug anal tão grande que quando fosse introduzi-lo a ouvisse chorar,
lamberia suas lágrimas e morderia seu rosto, marcaria sua pele
imaculada, ela seria uma ótima joia.
Imaginá-la como minha quase me faz arrombar a porra da
sua porta, arrastá-la pelos cabelos e fodê-la contra o piso frio,
enquanto se debate esperneando pedindo que eu pare. Apenas
esse pensamento faz meu pau pulsar e preciso apertá-lo com força
para que me mantenha são. Sentir meus demônios sussurrarem
sorrateiros em meu ouvido pedindo que vá realizar meus desejos e
sucumbir as minhas vontades quase me levam à loucura.
Estou respirando profundamente quando a vejo atravessar a
cozinha na ponta dos pés, como se desejasse não fazer barulho, ela
não me vê, pega a garrafa de água, coloca sobre a mesa, analisa
algo que não sei o que é na geladeira e volta para a garrafa.
— Saindo do quarto, tigresa — falo contido, mas o susto que
ela leva me faz sorrir de canto.
— Desculpe, eu não devia, é... desculpe. — Se perde nas
palavras.
— Sede? — Pressiono a pedra sobre minhas mãos para não
ir até ela e realizar meus desejos.
— Sim, sei que não deveria andar pela casa, mas ...
— Não precisa temer, o máximo que posso fazer com você é
olhar, nem mesmo essa roupa folgada me impede de imaginar tudo
que quero fazer com você. — Seus olhos estão assustados e isso
me deixa louco.
Vejo seu corpo paralisar apenas com minhas palavras, meu
pau pulsa desesperado na calça.
Maldito pacto dos infernos!
— Vá para o seu quarto, ou me esquecerei quem é e o que
me mantém longe de você, e irei te mostrar como posso ser o pior
dos demônios.
Monike não questiona, apenas desaparece da minha frente
fugindo de mim como o diabo foge da cruz.
Frustrado, volto para o meu quarto quase urrando de ódio.
Quando na porra da minha vida precisei ser tão contido?

Um maldito mês sem sexo, juro que vou enlouquecer se não


enfiar meu pau em qualquer buraco apertado, úmido e macio, estou
feito um leão enjaulado com carne ao alcance das minhas mãos e
tendo que ser um demônio vegetariano.
Tenho esbarrado com ela pela casa, apesar de ser de forma
esporádica, a cada vez que estou pela casa anseio por contemplar
aqueles olhos azuis que me lembram do demônio e me fazem
querer ouvi-la chorar implorando para que eu não a machuque mais.
Entro pela terceira vez hoje debaixo do chuveiro frio, não
basta estar nevando lá fora, preciso resfriar meu sangue ou vou
cometer um assassinato. Meu corpo começa a sentir os efeitos da
água fria, estou tremendo, meus músculos sofrem espasmos
intensos, fecho meus olhos e ela está lá, completamente nua, se
oferecendo para mim, sua boceta vermelha excitada e pulsante,
exposta, que me faz salivar.
Filho da puta!! Soco a parede com força, vou matar Dusham
com requintes de crueldade, ninguém me põe numa coleira, apenas
eu posso escolher os passos que dou.
Meu corpo começa a perder temperatura cada vez mais
rápido, não me importo, se sair daqui agora vou transformá-la em
minha joia, uma tigresa. Sempre quis domar uma joia assim, mas
nunca me foi permitido.
Viro minha cabeça no momento em que ouço meu telefone
tocar, só pode ser o guardião zeloso, pensar nisso faz meu ódio
voltar. Pego minha toalha e saio do box sem me preocupar em me
secar.
— Fala. — Atendo furioso.
— Dimitri, em três dias leve-a até mim.
Sabia que seria ele.
— Pode ser que ela não esteja em condições de viajar —
sondo o terreno.
— Se um fio de sua cabeça estiver fora do lugar arranco seu
pau e te jogo aos cães.
— A quer virgem e intocada, mas a entregou a mim, alguém
nada controlado e que está louco para continuar usando aquele
corpo cheio de curvas.
— Filho da puta!!!! Leve-a até mim intacta, da mesma forma
que a entreguei, não me teste, Dimi, posso ser bem cruel quando
desejo. — O demônio acaba de tocar numa ferida ao me chamar
pelo apelido que aquela imunda me deu, o ódio que sinto faz com
que pare de respirar. — O gato comeu sua língua afiada? Por que
não me desafia?
— Dusham... — alerto para que não vá por esse caminho,
enquanto sinto que meu corpo está sendo preso por cordas.
— Três dias, Dimitri. Leve-a até mim.
— E para onde vai levá-la? — Por que isso me importa? —
Sabe que ele vai caçá-la.
— Não é da sua maldita conta.
— É! Quando sou eu que estou aqui com ela passa a ser da
minha conta, sei que estava afastado por se recuperar, acha que
não fui informado que passou dias no quarto branco e que aquele
demônio te pendurou nos ganchos?
— Hahahahaha! — Uma gargalhada assombrosa ecoa pela
linha. — Acredita mesmo que ele me mataria? Eu sou o Anjo da
Morte, ninguém é melhor que eu, nem mesmo vocês três juntos,
então pare de querer o que não te pertence, e para te deixar
curioso, Monike vai para um internato, hoje ela faz 16 anos, vai
estudar e fazer tudo que ela desejar porque eu quero assim, essa é
a minha vontade.
— Tentando se redimir por ser um estuprador que já
arrombou bocetas virgens mais novas que a dela? Me deixa
intrigado esse seu desejo, é como se o demônio buscasse
redenção, mas veja bem, teria que nascer por mil gerações e ser a
porra de um santo em todas elas, e quem sabe assim seu caso
pudesse ser analisado.
— Eu sou o que sou, como você é o Anjo das Sombras e
pensa que se manter a margem de tudo tira os olhos dele de você,
mas saiba, Dimizinho, não tira. Acredita mesmo que não sabemos
que tem um cemitério com mais de cinquenta corpos no fundo
dessa cabana? — Meu corpo ferve, o maldito banho deixou de fazer
efeito.
— Vai se foder!
— Já estou fodendo, ao contrário de você que está
punhetando como um adolescente normal e espinhento que não
consegue pegar mulher sem precisar obrigá-la para isso.
— Dusham, ainda verei sua queda.
— Não sem antes eu ver a sua. Três dias, Dimitri, e ela
deixará de ser um fardo, terá todas as bocetas que quiser, mas
jamais terá a dela.
Encerro a ligação jogando o aparelho sobre a cama, com a
raiva borbulhando em minhas veias, algo que faz meu pau mais
duro que uma rocha. Mando meu senso para o inferno e pego uma
boceta artificial, essa é a única forma de não me enterrar na cadela
do quarto ao lado.
Ligo o aparelho enchendo-o com lubrificante, enterrando meu
pau nele, furioso meto e tiro cada vez mais rápido quando o primeiro
orgasmo chega, seguido dos próximos e em todos eles ouço seus
gritos de dor e mantenho meus olhos fixos naqueles malditos olhos
azuis.
— Monike!!!!! — grito clamando seu nome, porque a última
imagem que tenho é do seu corpo inerte ensanguentado e marcado
por mim.
É madrugada quando decido ir atrás de algo para comer,
estou completando dezesseis anos e tudo que eu mais queria era
alguém que me desse um abraço. Penso em Dimitri, em como com
o passar dos dias observá-lo tem me intrigado, cada vez que ele fala
que vai me foder um calor escaldante percorre meu corpo, seu olhar
é perverso, mas minha curiosidade é maior que o medo que sinto.
Quando estou atravessando a sala ouço gemidos furiosos
vindo do seu quarto que está com a porta entreaberta, minha mente
grita para que faça apenas aquilo que eu realmente preciso, meu
corpo queima ansiando descobrir o que está acontecendo.
Será que ele está com alguém?
Tomada pela curiosidade, sigo enquanto os sons aumentam,
assim que me aproximo a cena que vejo me faz tampar a boca para
conter um arfar. Dimitri está enfiando seu membro em um aparelho
que pinga o que parece ser esperma, então ele goza gritando, algo
como um rosnado, mas nem isso o faz parar, ele continua entrando
e saindo. Seus músculos tatuados parecem crescer, seu rosto tem
uma feição de raiva e dor, soltando palavrões e praguejando, a cena
faz minha boceta pulsar, queria ser eu ali, gostaria de ganhar isso
de presente de aniversário, fazer por vontade própria, não por ser
arrastada como uma cadela e lançada para homens imundos.
— Monike!!! — Meu nome saindo de forma furiosa envolto ao
prazer que ele parece sentir faz com que grite surpresa, então ele
me encara como um predador.
Seu sorriso é um aviso de que estou ferrada, mas o desejo
ainda consome meu corpo enquanto o vejo se aproximar de mim.
— Curiosa, tigresa? — Ainda ofegante ele caminha em minha
direção, não sem antes colocar o aparelho sobre a cama, seu pênis
é enorme, está vermelho vivo, molhado pelo seu esperma e isso me
faz unir as pernas.
— Eu, eu... — Droga! Sempre gaguejo perto dele.
— Você o quê? — Segura meu rosto com força para que
volte a encará-lo. — Queria ser fodida por mim como fodi aquele
aparelho? — sussurra em meu ouvido como um demônio que pede
sua alma.
— Sim — respondo sem vacilar, apenas o seu toque em meu
rosto queima.
— O que uma garotinha indefesa com apenas quinze anos
pensa que irá encontrar se deitando na cama do demônio? — Sua
voz é crua e perversa.
— Prazer.
— Já se deu prazer?
— Já. — Estou ofegante.
— Como? — Seu pau agora pressiona minha barriga.
— Com os dedos.
— Você os introduziu ou ficou apenas massageando seu
pontinho de prazer?
— Massageando. — Não consigo falar sem ofegar.
— Quinze aninhos e já sendo safada.
— Dezesseis — rebato.
— Não é que não queira me enterrar nessa sua boceta
virgem, quente e apertada, fodê-la com tanta força que a deixaria de
cama por dias, mas entenda só, não faço isso por gostar do meu
pau, quero garantir que ele continue grudado ao meu corpo e para
isso ele permanecerá fora da sua bocetinha intocada — O ar quente
de suas palavras tocando meu pescoço me faz engolir seco —
Monike, volte aos dezoito, se ofereça a mim novamente e te foderei
como presente de aniversário. — Passa sua língua em meu
pescoço. — Só tenha ciência de que quando vir até mim eu a
domarei, será uma tigresa, foderei todos os seus buracos, fará tudo
que eu ordenar, marcarei sua pele alva e imaculada, possuirei sua
mente, uma ordem minha e fará tudo que eu ansiar. Não terá
controle sobre seu corpo, nem sobre sua alma e seu espírito... —
Sorri neste momento. —Ele até pode ser valente, mas eu sou um
demônio poderoso, e depois que eu te domar, tigresa, nunca mais
voltará ao normal. — Engulo seco. — Esteja ciente que quando
voltar estará disposta a vender sua alma ao diabo.
— Eu... – Tendo falar, mas falho miseravelmente, pois gozo
enquanto seu timbre grosso e rouco me atinge em cheio, ele sabe o
que aconteceu e sorri vitorioso.
— Não precisa dizer nada, apenas volte para o seu quarto e
seja uma cadela obediente, não vou ordenar isso uma segunda vez.
Saio de lá correndo, com a boceta pulsando, gozei apenas
com suas palavras e ele sabe disso, já que quando meu corpo
pulsou ele sorriu em vitória.
CAPÍTULO 4

Dois anos depois...

Depois que corri como o diabo corre da cruz da frente de


Dimitri, fui levada por ele até Dusham, que me trouxe para o
internato educacional de Belgrado, é uma das instituições mais
antigas da Sérvia. Segundo ele eu posso ser tudo que eu desejar,
posso sair nas férias do meio do ano e do final, mas nunca desejei
sair dos muros deste lugar, até hoje.
É quase meia-noite e após cinco horas de carro paro em
frente a casa dele, ninguém me questionou quando eu disse que
precisava ir para casa, a diretora Himena me informou que tenho
uma conta corrente sendo abastecida todos os meses, me entregou
o cartão dela e providenciou o carro para que eu viesse, segundo
ela tudo me seria entregue no dia do meu aniversário, mas como eu
ansiava passar com minha família, ela estava antecipando.
Lógico que ninguém sabe da minha história, todos acreditam
que Dusham é meu irmão mais velho e que somos órfãos, fim da
história.
Estou tremendo, parada em frente a sua porta, não acreditei
que a senha que digitei realmente era válida, Dimitri me deu
informando que seria necessário para que eu chegasse até ele,
junto com seu endereço.
Respiro fundo e aperto a campainha, o barulho estremece
meu corpo, mas não tenho como voltar atrás, ansiei por ele por
longos anos, meu corpo queimou a cada segundo que minha mente
voltava àquele dia. Nunca me toquei por acreditar que ele saberia,
pode parecer loucura, mas por tempo demais desejaram tomar de
mim o poder sobre meu corpo, lutei bravamente e com um pouco de
sorte consegui sair ilesa do inferno, agora estou aqui, disposta a
entregar tudo que lutei para obter ao diabo.
— Monike — Dimitri parece surpreso ao me ver, mas logo
esse sentimento passa para pervertido e um sorriso demoníaco
aparece em seus lábios. — O que faz aqui?
— Disse para voltar, estou aqui. — Olho para o relógio do
meu celular e vejo a hora, 00:01 hs.
— Veio se oferecer para mim? — Suas palavras fazem os
pelos do meu corpo se eriçar.
— Sim — respondo movida pela coragem, a mesma que me
fez chegar até aqui.
— Antes de permitir que entre, preciso apenas saber de uma
coisa. — Cruza seus braços contra o peito. — Alguém te tocou?
— Não.
— Tem certeza de que quer atravessar essa porta?
— Sim.
— Está ciente de que só sairá daqui se eu permitir?
— Sim
— Sabe que, aconteça o que acontecer jamais poderá contar
aos meus irmãos? Sabe do pacto e mesmo assim veio aqui me
tentar, então não importa o que acontecer levará esse segredo ao
túmulo — avisa, na verdade me alerta e posso ver em seus olhos
que é muito mais que isso, é quase uma ameaça. — Isso vai te
garantir que sairá daqui viva, mas não posso garantir que será a
mesma de quando entrou.
— Sim, estou aqui e estou disposta.
— Monike... — Antes que ele continue o corto.
— Por que tantos questionamentos? Você é um domador e
eu sou a doma, apenas pegue o que te ofereço e faça, não é como
se estivéssemos selando um contrato de casamento ou de união
eterna.
Sem dizer nada a porta é aberta, me dando espaço para
entrar, no momento em que passo por ele sei que não tem mais
volta. A porta se fecha atrás de mim e meu coração bate furioso no
peito. Idealizei essa loucura por dois anos, não recuaria, a garantia
de que sairia viva daqui é muito mais do que posso pedir, com o
tempo você aprende sobre os Anjos e eles não são homens bons.
Vejo-o passar por mim, me guiando por onde quer que ele
deseja que eu vá.
— Eu vou sentir prazer? — meu questionamento sai e Dimitri
não se dá nem ao trabalho de virar para me responder.
— Deveria ter pensado nisso antes de atravessar aquela
porta e me responder com nariz empinado e língua afiada, se você
sentirá prazer eu não sei, mas para mim será algo muito prazeroso.
Subimos as escadas, me recordando da outra vez em que
estive aqui, existem várias portas neste andar que não conhecia,
então ele abre a última do corredor e um quarto enorme que mais se
parece um apartamento pode ser visto.
— Ficará aqui. — Encara-me e caminho arrastando minha
bolsa para dentro. — Quantos dias teremos? — questiona
arqueando a sobrancelha com um sorriso de canto.
— Estou de férias, tenho três meses a partir de amanhã.
— Será o necessário para que possamos nos divertir muito.
— Vejo-o sair, assim que me coloco no centro do quarto.
— Aonde vai?
— Bem, você meio que atrapalhou meu trabalho, estou no
meio de uma doma, assim que a finalizar, venho até você, não tenha
pressa, pode ser que depois que voltar o tempo para você passe
lenta e dolorosamente.
Sinto a tensão se espalhar pelo meu corpo quando a porta
bate com força.
— Então é isso, estou aqui e agora não tenho mais como
fugir.

No momento em que meu celular disparou pude ver que ela


tinha cumprido sua palavra, criei aquela senha exclusivamente para
ela, para quando fosse chegada a hora não fosse pego
desprevenido. Por dois longos anos toda maldita joia que domei
tinha seu rosto, digamos que algumas morreram e precisei repor.
Mantive-me como sempre, escondido dos olhos daquele
desgraçado, mas quando tudo parecia tranquilo sentia a maldita
coleira me apertar o pescoço e entendia que não tinha para onde
fugir.
Neste momento não estou com doma alguma, mas precisei
me controlar, não posso matá-la e o fato de ela estar agora no meu
quarto me deixa intrigado, jamais levei boceta alguma para lá. Outra
coisa que preciso pensar é em manter meus irmãos longe daqui,
temos três meses, três maravilhosos meses para testar tudo o que
aprendi com aquela velha maldita, mas será prazeroso, eu sei que
será.
Caminho pelo escritório como um leão enjaulado, quando
decido acessar as câmeras da casa, a primeira coisa que faço é
observar meu quarto, ela está sentada na cama, olhando tudo em
volta, sei que está apreensiva, imaginei esse momento por tantas
vezes. Sinto minhas mãos suarem, não é como se eu já tivesse tido
alguém que, sabendo quem sou desejasse me ter mesmo assim.
Todas as cadelas que se ofereceram para mim, jamais imaginaram
quem eu era e o que faria, elas morreram por serem vagabundas
oferecidas em busca de homens cheios de dinheiro. Sim, eu andava
nesses lugares apenas para encontrá-las, até então era o mais
perto de ter alguém que se oferece para mim de bom grado, mas
essa mulher que vejo na tela não, ela me conhece, sabe quem sou
e o que faço, e mesmo assim está aqui e agora não sei o que devo
fazer.
Não posso simplesmente espancá-la, quebrar-lhe os ossos,
fodê-la e reiniciar tudo, primeiro, ela precisa sair daqui viva e inteira.
Segundo, tem o maldito pacto. Terceiro, nunca domei uma joia da
forma que anseio fazer com ela, não sei se vou conseguir os efeitos
necessários.
Mas uma coisa eu tenho certeza de que sei fazer, foder, e
para matar a vontade de me enterrar em sua boceta não preciso
domá-la, só de pensar sorrio com o pau duro, me levanto seguindo
até meu quarto que será nosso pelos próximos três meses.
Abro a porta, fechando-a atrás de mim, quando seus olhos
azuis me veem parecem maiores e surpresos.
Caminho até a poltrona na frente da cama ficando nu antes
de me sentar.
— Levante-se — ordeno com meus olhos cravados nos seus,
quando vejo que me obedece dou a segunda ordem. — Fique nua.
— Dimitri...
— Sem questionamentos, tigresa, se não for me obedecer
vista suas roupas e saia. — Não sei por que digo, já que se ela o
fizer não irei permitir que se vá.
Observo-a aflita, porém obediente. Vejo-a ficar nua, sua pele
branca, intocada e sem máculas, sua boceta tem pelos aparados e
posso ver daqui que se preparou para estar comigo.
— Caminhe pelo quarto como se estivesse me mostrando o
motivo de estar aqui, como se precisasse de minha aprovação para
seguirmos ao próximo nível.
Seu caminhar é lento, sexy e sedutor, seus olhos sempre
procuram os meus, enquanto seguro meu pau massageando-o de
forma torturante.
Estou muito excitado, mas uma voz perversa grita para fazer
algo que nunca fiz, mas que anseio fazer desde que meus olhos a
viram.
— Pare.
Ela engole seco, está tremendo, sei porque segura uma mão
na outra para se controlar.
— Ah, tigresa, você não sabe o que tenho preparado para
você. — Aproximo-me dela, passando minhas mãos em sua pele
fazendo seus pelos se eriçarem. — Sempre será minha, precisa ter
ciência disso, vou domá-la, todas as suas férias serão minhas,
passaremos dias e dias fodendo e gritando, mas antes precisa me
dizer, você concorda em me entregar sua alma, Monike? — Minha
voz está grossa e baixa.
— Sim. — Ouço o leve tremor em sua voz.
— Quer seguir para o próximo passo, onde eu te mostro o
que faço com o que me pertence?
— Sim.
Minhas mãos chegam à sua boceta. — Abra suas pernas
para mim.
Fazendo como peço, deslizo meus dedos grossos e
calejados em suas dobras e meu pau pulsa contra minha barriga.
— Molhada, viscosa e cheirosa, vamos ver se é gostosa. —
Levo meus dedos até a boca, chupando-os e constatando que ela é
doce como seu cheiro. — Doce, tem o sabor perfeito. Agora se
ajoelhe, ficando de frente para cama, encoste sua testa no colchão
e fique assim, pode gritar quando tudo acontecer.
Afasto-me dela indo até a lareira que está acesa, tiro um ferro
com meu nome na ponta, nunca imaginei usá-lo e achei um
presente idiota de Damian, mas segundo ele um dia poderia ser
interessante torturar nossos inimigos com ele, porém tenho em
mente que a pele imaculada de Monike ficará muito mais perfeita
adornada com meu nome.
Aqueço o ferro até que fique vermelho como as brasas, seu
gosto em minha boca, meu pau duro apenas com a visão do seu
corpo é quase meu limite. Imaginar seu grito de dor com o que vou
fazer traz o gozo na ponta, preciso segurar meu pau apertando com
força para me controlar. Respirando fundo volto até ela que continua
na mesma posição que a coloquei.
— Ainda tem este momento para recuar — falo sem entender
os motivos disso. — Quer me pertencer entregando-me seu corpo e
sua alma? — Ajoelho-me atrás dela.
— Sim. — Ela não recua novamente, está firme em seu
propósito.
— Então seja bem-vinda ao inferno.
Colo o ferro quente um pouco abaixo do seu ombro direito e o
grito agudo cheio de dor ecoa pelo quarto, misturando-se com o
cheiro de carne queimada e apenas isso é o estopim para meu gozo
explodir, meu pau lança jatos fortes e espessos em suas costas
enquanto retiro o ferro lançando-o longe, urrando pelo prazer que
tudo isso me causa. Meu nome em carne viva marcado em suas
costas me traz um sentimento de posse, ela é a primeira alma que
tomo para mim e que manterei ao alcance das minhas mãos por
toda eternidade. Segurando-a pela cintura e perdido na loucura do
ato, passo minha língua sobre meu nome, sentindo o gosto do seu
sangue que tem notas de medo, pavor e um leve toque picante de
desespero.
CAPÍTULO 5

A dor lancinante atravessa meu corpo, a minha garganta arde


pelo grito que dei, ainda estou tentando respirar quando sinto que
meu xixi escorreu pelas pernas molhando o chão sob mim. Minhas
lágrimas são incontidas, quando senti minha pele queimar cravei
minhas unhas nas palmas das mãos e só agora entendo que cortei
minha própria carne com elas.
— Levante-se! — novamente ordena e faço.
Desejei estar aqui, eu imaginei que primeiro viveria o inferno
e depois quem sabe ele fosse benevolente e me desse um pouco de
prazer.
Ficamos nos olhando, por uma fração de segundos ele
parece vacilar, mas é algo quase imperceptível. O local onde ele
queimou pulsa em dor e eu não consigo controlar as lágrimas que
descem pelo meu rosto.
— Neste momento começamos a pôr em prática nossa
brincadeira macabra que irá durar por toda sua vida, meu nome
marcado a ferro nas suas costas me diz que você é minha e nada
vai mudar isso. Agora, quando eu estalar meus dedos pela terceira
vez você não comanda mais seus pensamentos, muito menos suas
vontades, mas estará ai dentro e vai sentir tudo que eu fizer. Sou
seu senhor e fará tudo que eu mandar. — Sinto o peso de suas
palavras.
O primeiro estalo acontece e sinto meu corpo vibrar, sua voz
parece se infiltrar pelas minhas veias e começo a ofegar
— Não dominará suas ações, mesmo que deseje fazer
diferente, apenas minha ordem te basta.
Então o segundo estalo acontece, neste sinto meu corpo
mergulhar em algo profundo, uma energia ondula através de mim.
— Sentirá prazer em tudo que eu fizer, ainda que doa como
queimar no inferno, irá implorar por mais, desejará tudo com ainda
mais intensidade do que eu lhe entregar, a cada vez que gozar será
como resetar sua mente, então ansiará por tudo novamente, e
novamente, e novamente e novamente. — Sua voz vai sumindo e
suas palavras se infiltrando cada vez mais.
O terceiro estalo acontece, e tudo que ele me disse passa a
ser uma verdade absoluta e anseio apenas que ele comece a ser
meu senhor e meu dono.
— Quando eu te der o comando irá entrar em estado de
veneração e submissão
Na sequência do terceiro estalo tudo que desejo fazer é
apenas o que a sua voz ordenar.
Dimitri está atrás de mim, cada sussurrar é como se ele
configurasse meu cérebro segundo as suas vontades, meu coração
bate acelerado no peito, mas ainda falta algo, eu sinto e não sei
como sinto, mas apenas sei.
— Nossa brincadeira sempre irá começar quando eu ordenar,
o início será quando eu te disser tigris[3] e tudo acabará quando eu
disser finis[4]. — Meu corpo reverbera em aceitação.
— Dimitri... — Minha voz é um fio quase inaudível, meu corpo
parece desgovernado, todas as sensações são intensas demais, me
causam medo, pavor, pânico, mas não me mexo.
Ouço seu sorriso, ele parece entender que tudo que faz está
realmente me afetando.
— Um: sou seu senhor. — Seu dedo estala. — Dois: o prazer
irá inundar sua mente e seu corpo. — Segundo estalo. — Três:
entrará em estado de veneração e submissão quando eu destrancar
sua mente. — O terceiro estalo. — Tigris. — Meu corpo cede
batendo meus joelhos no chão no exato momento em que a palavra
é dita.
Euforia percorre meu sistema, anseio desesperadamente que
ele me tome para si, que faça comigo tudo aquilo que deseja. Estou
em estado de veneração e total entrega, ainda sinto tudo, sei de
tudo, mas minhas vontades não importam agora, a dor que sinto em
meu ombro não importa, tudo que anseio é que suas mãos estejam
em meu corpo, que seu calor me aqueça e que sua loucura me
alcance.

No momento em que dou a ordem e seus joelhos batem no


chão, entendo que tudo que fiz deu certo, o olhar de Monike é
desesperado, eu sei o que ela quer, entendo exatamente o que ela
anseia, sua mente grita por mim, pelas minhas vontades, ela
enxerga tudo de fora como expectadora, mas sente como uma
participante real.
Eu a seguro pelo braço, trazendo seu corpo até mim, colo
nossos corpos puxando-a para um beijo, o primeiro que desejo dar
por vontade própria, todos os outros foram arrancados de mim por
Madame Loren quando eu tinha cinco anos e ela vinte.
Tento não me lembrar, porque neste momento estou sendo
eu a roubar os beijos que quero sentir. O corpo de Monike grudado
ao meu, o calor que emana dela endurece meu pau como nunca
antes, ela me busca com necessidade, então a suspendo, fazendo-a
envolver minha cintura com suas pernas, enquanto ajeito meu pau
em sua entrada socando o mais fundo que consigo.
— Ahhhhh!!! — O grito de dor que ela dá ativa em mim meus
demônios, acabo de romper seu hímen, isso pouco me importa,
preciso apenas fodê-la.
Começo a socar sem me importar se dói ou deixa de doer,
preciso libertar meu gozo preso nas bolas que pesam como um
castigo, ela ainda se mantém presa a mim, me segurando com
força, enquanto minhas mãos seguram sua cintura fazendo-a subir e
descer com força em meu pau. Mordo seu pescoço, suas unhas me
arranham em busca de mais, eu mal acabei de gozar e já estou
desesperado por mais.
Caminho com ela até a cama, lançando seu corpo pequeno
sobre o colchão e ela grita novamente, mas dessa vez, surpresa.
Olho para o meu pau e vejo o sangue carmim de sua boceta
intocada e rosno em possessão, eu nunca tive nada, mas agora,
agora eu a tenho para sempre.
Pairo meu corpo sobre o seu, seus olhos contêm lágrimas,
mas ela sorri, volto a me enterrar nela, segurando suas mãos sobre
a cabeça. Com a mão livre puxo sua perna e ela entende, voltando
a envolver minha cintura com elas, meto com vontade, com força,
descarregando minha frustração de passar dois anos esperando
que ela aparecesse.
— Assim, continua gemendo e gritando — ordeno, enquanto
me delicio com seu desespero.
— Dimitri, Dimitri, eu preciso... — implora clamando pelo meu
nome, buscando mais, ela só vai parar de desejar quando eu libertar
sua mente, antes disso iremos levar nossos corpos à exaustão.
— Continua clamando por mim e pelo meu pau.
Logo o primeiro orgasmo acontece e ela arqueia seu corpo, o
tirando do colchão devido a intensidade do que sente. Seguimos
assim quando a viro de bruços empinando sua bunda, ansiando
como um animal no cio por me enterrar em seu rabo virgem.
Começo a invadi-lo, sem preparação alguma, Monike precisa
aprender que não sou cuidadoso, cauteloso ou ao menos me
preocupo com algo além do meu prazer.
— Haaa!!!! — Outro grito ecoa pelo quarto quando meu pau
inicia a invasão quase seca.
— Quanto mais potente seu grito, mais excitado eu fico.
Segurando seus quadris entro e saio de seu cu, ganhando
passagem à força, a cada nova estocada a força aumenta e eu urro,
tento por dez longas tentativas até que estou completamente dentro
dela, minha tigresa chora, sim, chora um choro sentido, mas ao
contrário de suas lágrimas, ela pede mais.
— Mais forte, Dimitri, quero sentir mais fundo. — Sorrio
porque ela está pedindo justamente o contrário do que sente.
— Está doendo? — pergunto para testar.
— Não, está sendo prazeroso.
— Hahahaha!!! — gargalho voltando a socar com fúria.
Meu pau sendo esmagado, minha pele formigando e meus
demônios urrando pelo domínio que temos sobre ela.
— Goza! Goza me mordendo com seu cu.
E como uma boa submissa ela o faz, cada ordem que dou é
um start para que ela cumpra o que ordeno, então seu corpo reseta
e ela anseia por novos orgasmos.
Sentindo meu pau ser massacrado pelo seu cu, volto a fodê-
la, até que lanço minha cabeça para trás gozando. Ainda sentindo
meu corpo vibrar, me afasto dela virando seu corpo, fazendo com
que me enxergue.
Monike chora, mas suas palavras são as mais depravadas
que poderia ouvir.
— Me fode de novo, faz meu corpo parar de queimar, Dimitri.
— Elas saem prazerosas como se ela realmente estivesse sentindo
o que diz, mas eu sei que sua mente implora para que pare, suas
lágrimas são a única forma de seu corpo informar que suas palavras
não são reais.
— Tem certeza? — Sua boceta virgem e seu cu machucados
não concordam.
— Tenho certeza, minha boceta aguenta muito mais do que
isso, me fode com mais força. — Sua mão vai até sua boceta, e um
gemido escapa vindo com mais uma enxurrada de lágrimas. — Por
favor, me fode! Vamos, meu senhor, vamos, estou excitada. — Seu
corpo serpenteia no colchão, suas mãos passeiam por ele me
seduzindo.
A visão de vê-la massagear sua boceta me paralisa, flashes
de memória me tomam e a dor parece me consumir.
— Finis. — Dou a ordem, então seu choro explode.

Quando ouço o seu comando o choro explode em minha


garganta, meu corpo queima e dói em todos os lugares, eu senti
prazer em todos os orgasmos, mas minha mente implorava para
que ele fosse mais gentil, que não me machucasse tanto. Eu gritava
dentro da minha cabeça, enquanto minha boca gemia de prazer e
pedia por mais, era como estar sendo puxada pelos braços e quase
ser partida ao meio.
Encolho-me sobre o colchão, sentindo toda a dor que me
toma, é impossível não chorar, eu vi seu pau marcado com meu
sangue e o olhar de satisfação estava lá, mas por um milésimo de
segundos eu pude ver dor em seus olhos, mesmo que ele estivesse
sorrindo.
— Tem dois banheiros neste quarto, levante-se e vá tomar
banho. — Sua ordem me revolta.
Então me recordo de que fui eu quem quis estar aqui, que
Dimitri me deu todas as oportunidades de recuar e que sim, tanto
minha vida quanto a dele correm perigo.
A minha em suas mãos, e a dele caso seus irmãos
descubram que juntos quebramos o tal pacto.
CAPÍTULO 6

Sete anos depois...


(...)

Estou deitada no chão usando um plug anal que tem um rabo


de tigresa que fica em pé enquanto caminho, depois da primeira vez
que ficamos, tudo se tornou uma grande loucura.
Apesar da dor que me causava eu ansiava por mais, os
orgasmos eram tão fortes que quase me levavam a desmaiar, então
os comandos da hipnose ficaram espaçados. Dimitri começou a agir
de uma forma mais cautelosa e posso até dizer cuidadosa comigo.
Após longas sessões de doma, onde eu era dominada
completamente por ele, meu corpo era carregado com cuidado e
lavado com delicadeza, sempre ganhando um beijo na testa quando
ia dormir.
Um mês depois que cheguei, ele passou a dormir abraçado
comigo, estávamos vivendo algo que não sabia explicar.
Sinto meu peito vibrar com a nossa última vez juntos, onde
ele parecia alguém diferente do demônio que atendeu aquela porta
à meia-noite do meu aniversário. Sinto que ele está diferente, sinto
que quer me dizer mais do que diz, que pode ser que tenha
alcançado seu coração sombrio, ou talvez, tudo isso seja apenas
minha mente implorando por mais que ser seu objeto de prazer.
Estou há dois dias sob o comando de suas palavras, ele me
acordou de madrugada decidido que foderia comigo, sua tigresa, e
desde então meu corpo se consome em prazer, mas tudo fica fora
do controle apenas quando ele está por perto. Neste momento estou
descansando, meu corpo dorme enquanto minha mente assiste,
ainda acredito que esses olhos negros vão ansiar por muito mais do
que esses quase três meses nos trouxe.
— Acorde! — Ouço sua voz grossa, parecendo irritada.
Abro meus olhos quando o vejo à minha frente com cara de
poucos amigos e parecendo bufar de raiva.
— Finis. — A raiva com que diz a palavra que liberta minha
mente me causa calafrios. — Levante-se, arrume suas coisas e vá
embora.
— Como?
— Isso que ouviu, ou por acaso além de cadela é surda?
— Dimitri, ainda temos uma semana.
— Não temos mais, o carro te aguarda.
Nem mesmo no começo a frieza em sua voz se pareceu com
agora. Sem dizer nada, me viro de costas para ele, que tira o plug
anal sem nenhum cuidado, como costumava fazer, sempre vinha
com um alisar de costas, desta vez nada.
— Vamos, Monike, não tenho o dia todo.
Sem mais nada a dizer, ele me deixa sozinha e decido fazer o
que ele mandou, arrumo tudo que tenho aqui, colocando na bolsa.
Já pronta, desço as escadas e pelas grandes janelas posso
contemplar o carro que me trouxe.
— Volto em seis meses — aviso na expectativa de que ele
esboce alguma reação positiva.
— Não. — Sinto a primeira punhalada nas costas. — Isso
que temos acaba aqui, não existe mais nada que nos una.
— Do que está falando? Disse que... — Sou interrompida
quando sua mão segura forte meu rosto.
— Foi apenas uma cadela que fodi por meses, nada além
disso. Eu te dei o que queria, queria dar para mim e eu queria comer
você, estive em todos os seus buracos e isso acaba aqui.
— Achei que seria sua para sempre.
— Monike Astoriã, guarde minhas palavras, você não é
alguém que serve para viver no meu inferno, não significou nada
além de posse e doma, nunca mais usarei os comandos com você,
não sonhe com meu pau enterrado em sua boceta, nada disso irá
acontecer novamente. Você entendeu?
— Sim — respondo engolindo seco sem conseguir segurar as
lágrimas que correm pelo meu rosto
— Antes de ir tire a blusa.
— O quê?
— Tire a porra da blusa! — grita, me assustando quando o
vejo caminhar até a lareira, tirando de lá uma bola incandescente.
— Não, por favor! — imploro.
Seu olhar vazio se completa com sua feição fria quando sou
virada com força e sinto a bola colar em minha carne, arrancando-
me um grito de dor.
— Pronto, agora é apenas uma cadela que não serve nem
para me pertencer — diz, jogando longe o ferro. — Vá! Vá embora
da minha casa, da minha vida, só não esqueça, nada do que
aconteceu aqui pode ser dito, ou eu mesmo a faço cavar sua cova e
se deitar nela antes de eu sufocá-la com terra.
(...)
Acordo assustada com os malditos sonhos, eles sempre me
perseguem, desde o momento em que tive que voltar para Belgrado,
depois daquela noite nunca mais voltei aqui, me fiz cativa dos muros
do internato. Dusham me ligou algumas vezes querendo saber
como estava, eu apenas dizia que estava bem e nada mais.
Então, quando concluí minha graduação, Dusham foi o único
que apareceu para minha formatura, eu não o informei, mas com
certeza ele saberia, já que pagava por tudo. Ele me deu uma
escolha, ir com ele para o Brasil, ou permanecer em Belgrado para
dar suporte à Triglav, aqui ou lá, e eu decidi ficar, algo me impelia a
saber sobre Dimitri, estar no mesmo país que ele, parecia certo.
Quando cheguei, por um ano fui treinada para me manter
viva, sei atirar, lutar e assassinar, Dusham disse que ou aprendia ou
não teria a escolha de ficar, mesmo ele nunca me contando o motivo
de ter me salvado e protegido, um dia quem sabe descubra isso.
Mesmo assim o tenho como a um irmão, minha lealdade sempre
será dele e consequentemente aos outros Anjos.
Por um motivo que eu sabia qual era, decidi ficar na Sérvia,
mesmo que por todos esses anos eu não houvesse tido notícias de
Dimitri, queria estar ao menos no mesmo lugar que ele. Dusham
entendeu que gostaria de estar em meu país natal, jamais poderia
descobrir o real motivo da minha decisão, me instalou em uma casa
mais isolada, com alguns de seus homens de confiança, ainda que
lhe dissesse que era demais, nada o faria retroceder.
Trabalho no hospital da capital e estou me especializando em
atendimentos de urgência e emergência, a adrenalina que me causa
mantém minha mente sã, trabalhando da forma que deve ser.
Dimitri, assim que soube que estava de volta movimentou
algumas peças no seu tabuleiro doentio e me fez médica do seu
setor, sim, cada um dos Anjos cuida de um setor específico de
Belgrado, e me lembrar do dia em que o vi novamente traz a
sensação mais sufocante da minha vida. Estou entrando no
banheiro quando a água quente se mistura com as lembranças
daquele dia.
(...)
Estou sentada no refeitório do hospital, é madrugada e acabo
de perder um paciente que chegou acidentado, ele só tinha cinco
anos. Perder crianças mesmo tendo feito de tudo me causa uma dor
terrível. Tento mudar o foco dos meus pensamentos, quando
novamente, como um martírio, me lembro da marca em minhas
costas. Quando Dimitri a retirou de mim, a princípio acreditei que
tinha sido por completo, mas o D do seu nome está intacto. Fecho
meus olhos ainda segurando o copo de café quando sinto seu
cheiro, minha mente cretina e torturadora sempre me esfregando na
cara o quanto sou dependente dele.
— Acreditou que me deixaria no escuro por muito tempo? —
A voz rouca do homem que tem minha alma aprisionada me tira do
meu estado de torpor.
— Dimitri. — Surpresa, sinto toda exaustão sair do meu
corpo, me deixando em estado de alerta.
— Quando chegou? — Seu olhar é sombrio e posso dizer,
furioso, existe uma tempestade acontecendo naqueles olhos.
— Por que isso importa? — rebato sem nenhum cuidado.
Quem ele pensa que é?
— Monike, não me faça questionar novamente. — O frio
percorre meu corpo.
— Um ano. — Seu arquear de sobrancelha mostra sua
incredulidade.
— Dusham — constata o motivo de não ter descoberto sobre
mim antes. — Nem preciso que responda, porque sei que é
exatamente essa a resposta.
— O que quer, Dimitri? A última vez que nos falamos foi bem
claro em relação a tudo, então, estou aqui mantendo minha parte do
acordo, não precisa se preocupar.
— Não confio em você.
— Isso é um problema real, só que ele é apenas seu.
— Não me desafie, conhece bem o homem que sou, sabe
como posso ser cruel e como as coisas funcionam comigo.
— Primeiro: você não manda em mim. Segundo: se tentar
insistir nisso conto a Dusham tudo aquilo que nos aconteceu anos
atrás. Terceiro: eu quero que vá se foder. — Ergo-me encarando
seu rosto furioso.
— Não me desafie.
— Ou vai fazer o quê? — desafio, mesmo tremendo de medo
de que ele apenas dê a ordem e todo meu corpo se entregue a ele.
— No meio do hospital? Mostrar a todos quem é? Não acredito que
o Anjo das Sombras seria capaz de fazer algo tão às claras.
— Moni. — A voz de Matheo, um médico italiano, alcança
nossos ouvidos. — Imaginei que estivesse aqui, sinto muito pela sua
perda, mas sabe que não pode absorver isso. — Seus braços me
envolvem e Dimitri parece não gostar nada disso, com certeza pelo
fato de Matheo o ignorar completamente.
Ouvimos um limpar de garganta, quando então Matheo o
nota e decide cumprimentá-lo.
— Ah, me desculpe, vim tão preocupado com você que não
notei que estava conversando — avisa carinhoso. — Matheo. —
Estende a mão para Dimitri que não a pega, apenas seu olhar
assassino encara meu amigo.
Matheo disfarça puxando a mão novamente para perto do
corpo.
— Math, estou bem, preciso apenas terminar minha conversa
e já volto ao plantão.
Ele se despede e sai, enquanto o olhar de Dimitri continua
em mim.
— Será a nova médica do meu setor.
— O quê?
— Exatamente isso.
— Não serei não.
— Sim, será! Acredita que estou blefando? Ligue para
Dusham, ele poderá informar melhor que eu.
Sem dizer mais nada ele sai da minha frente, desaparecendo
pelas portas do hospital, pego meu telefone e ligo para Dusham, ele
não pode ter feito isso, não, não, não.
— Monike.
— Dusham, fui informada que serei a médica do setor onde
Dimitri toma conta. — Imploro que não seja verdade.
— Sim, é verdade, iria te informar amanhã, ele soube que
estava de volta e precisa de um médico, então não vi problema
algum.
— Dusham... — Tento falar algo, mas sou interrompida.
— Sei que sua carga é pesada, Monike, mas ele recorreu à
dívida do pacto, disse que te protegeu anos atrás e que eu lhe devia
o favor. — Suspiro, derrotada.
— Tudo bem, como faremos?
— Não se preocupe, ele irá te contatar, tem seu telefone.
Agora preciso ir, Stefan precisa de mim.
Desligo o telefone com o coração na mão, saber que estou
na mesma cidade que ele é uma coisa muito diferente de trabalhar
tão perto dele.
(...)

Desligo a água, saindo do banho ficando pronta, tomo meu


café e saio para mais um plantão de doze horas. Recordo-me que
dois dias depois, Matheo foi assaltado e morto no beco dos fundos
do hospital, a polícia encerrou o caso assim que prendeu o
assassino, foi uma tragédia que acabou me entristecendo um pouco
mais, ele era meu único amigo no hospital.
CAPÍTULO 7

Dois dias depois do reencontro com Monike...


Estou parado nos fundos do hospital, escondido nas
sombras, ou não. Acendo um cigarro aguardando ansiosamente
pelo doutor Matheo Machiatto, vinte e dois anos, solteiro, rico e
agora sentenciado à morte, sim, à morte.
Estou convicto que aquele filho da puta sairá em alguns
segundos para fumar. Olho as horas no meu relógio constatando
que o momento se aproxima, jogo o cigarro no chão, pisando com a
sola dos meus sapatos, então ele aparece, acende o seu cigarro, dá
duas ou três tragadas, quando me revelo.
— Doutor — falo me aproximando com as mãos no bolso da
calça. O pulo que o homem dá me faz sorrir demoníaco de lado.
— Eu te conheço? — Ele me olha de cima a baixo com um
olhar de superioridade.
É essa merda de pessoa que ela decidiu se relacionar agora?
— Ainda não, mas vai passar a conhecer, me chamo Anjo
das Sombras, imagina por que tenho um nome assim? — Ele tenta
voltar pela porta que saiu, mas é impedido por um dos meus
homens. — Sabe, doutor, você ousou tocar no que me pertence e
eu não costumo ser benevolente, não quando o assunto é ela.
— Não toquei em ninguém, não sei do que está falando.
— Sabe, se existe algo que você sabe é quem ela é. Monike
Astoriã é minha, e ninguém além de mim tem o direito de tocar nela.
— Não, Moni e eu somos apenas amigos.
— Não é assim que se chama a mulher de um demônio,
doutor, apelidos também não são aceitos.
— Certo, tudo bem, desculpe, eu prometo que não vai
acontecer novamente.
— Confio em você, porque sou eu quem vai garantir isso. —
Pego meu punhal na perna e estoco cinco vezes seu coração.
Matheo a princípio se debate, mas está sendo contido pelo
meu soldado, quando o doutorzinho morre deixamos seu corpo no
chão.
— Fez tudo que pedi? — pergunto ao meu soldado.
— Sim, senhor.
— Ótimo!
Pego um cigarro acendo e desapareço na escuridão, se
Monike não pode me pertencer, ela não pode ser de mais ninguém.

Acordo após mais alguns minutos de sono, e meu primeiro


pensamento é a mulher da minha obsessão, por todos esses anos
eu cuidei dela de longe, ninguém poderia se aproximar, não me
importei, já que dentro dos muros de onde ela morava não entrava
homens, mas soube no momento em que ela saiu, desde então um
soldado meu está em sua cola, infiltrado junto aos homens de
Dusham. Quando a questionei há quanto tempo tinha voltado e ela
disse a verdade, sabia que ela jamais mentiria para mim.
Sorrio ao me lembrar do seu olhar assustado quando soube
que era minha médica de setor, nos vemos algumas vezes por
semana e é um maldito tormento não lhe dizer as palavras que a
colocaria de joelhos na mesma hora.
Termino de me arrumar, ainda com seus grandes olhos azuis
pidões tão vivos em minha mente, ela parece querer que eu a tome,
mas não é isso que acontece. Todas as vezes que ela precisa cuidar
de uma joia para mim, vejo algo que nunca encontro em qualquer
outro olhar, e não sei nem ao menos dominar. Monike é fácil de ler,
mas alguns sentimentos são complicados demais para que eu saiba
reconhecê-los.
Minhas mãos coçaram por muitas vezes para arrancar sua
roupa, principalmente quando seu cheiro invade meu espaço.
Respiro fundo quando percebo onde estou, eu saí de casa, dirigi até
aqui, tudo no automático. Monike é mais perigosa que uma cobra
venenosa, ela tem o poder de me matar caso eu não tome cuidado
com ela.
Caminho em direção à reunião com o demônio, o homem que
ainda terei o prazer de torturar, quando abro a porta, Darko e
Damian já estão aqui. Bratslav tem algumas marcas no rosto que
Damian lhe causou, sorrio internamente, porque essa pose que ele
mantém chega a ser hilária. Konstantin e ele fingem muito bem, o
último ano foi um inferno, mas estamos mantendo as aparências.
Dusham e o futuro chefe nem sonham que o inferno subiu a terra
nesse período, sei bem como deve ser difícil para Damian estar na
mesma sala que ele, já que o desgraçado pulverizou a família de
Ícaro, mas mantemos as aparências.
O que foi dizimado por aí é que a Triglav sofreu um ataque,
Bratslav foi capturado, mas aguentou firme, sendo o Anjo da
Transfiguração não se esperava menos do segundo no comando.
— Bom, antes que Dusham e Stefan cheguem, preciso
repassar algumas informações. — Konstantin começa, Bratslav
parece um demônio contido, sua postura altiva é mantida, mas em
seus olhos podemos enxergar o quanto deseja nos pulverizar. —
Damian está fora das domas, vocês têm direito a ter uma joia caso
assim desejem.
— Por que esta informação não está sendo repassada ao
Dusham e ao Stefan? — Darko questiona nada amigável.
— Em breve estaremos em transição de poder, caso essa
informação vaze o acordo feito está suspenso — Konstantin fala
olhando nos olhos de Damian.
— Pouco me importa, não é como se Dusham quisesse uma
joia. — Damian cospe as palavras. — Sabemos bem que todos aqui
temos muito a perder. — Seu olhar para Bratslav não passa
despercebido.
— Quando Stefan assumir irá receber as informações, essa é
minha palavra. — Konstantin não quer prolongar.
Olho para Bratslav, seu olhar deixa claro que isso não se
estende à Monike, que não posso desejá-la para mim, o encaro e
ele me olha arqueando a sobrancelha, deixando bem claro que a
minha coleira está com a corrente curta o suficiente para que ele
possa fazer o que quiser comigo. Meus dentes estão tão travados
que quase posso parti-los, imaginá-la faz meus demônios
agonizarem por tê-la, precisamos dela, sete anos sem sentir sua
pele, seu cheiro e ainda tendo que lidar com todo maldito homem
que dá em cima dela e que flerta recebendo o que deveria ser
destinado apenas a mim.
Dusham e Stefan chegam, mas logo somos despachados,
saio de lá caminhando com Damian e Darko ao meu lado, hoje,
depois de tudo que passamos estamos mais próximos, ainda não é
como se fossemos melhores amigos, mas é muito mais poderoso
que antes, onde só nos odiávamos e não desejávamos fazer nada
para mudar isso.
— Preciso informar a vocês que finalizei o túmulo dela —
aviso assim que paramos próximos aos nossos carros. — Se
desejarem ir até lá, podemos ir juntos, eu também ainda não fui. —
Os olhos de Darko parecem perdidos ainda que contenham uma dor
que não podemos explicar.
— Eu gostaria de ir — Damian fala.
— Eu também — Darko confirma.
— Me sigam. — Entramos nos nossos carros e saímos em
direção ao lado mais isolado de Belgrado, onde tenho uma
propriedade de inverno, que eu construí exclusivamente para
Monike, para o dia que possamos ficar juntos. Imaginar que isso em
algum momento possa acontecer me deixa completamente insano.
Imagine ter uma joia como ela, uma mulher que faz tudo segundo os
meus comandos, sem se importar com a dor, com o sofrimento e o
inferno em que eu a levaria para viver, que clamaria por mais dos
meus demônios e amaria andar nua nas chamas do meu inferno?
Ouço o telefone tocar e atendo na multimídia do carro.
— Vai me contar que já resolveu sobre Monike, ou ainda vai
continuar dizimando todo cara que se aproxima dela? — Damian
como sempre se enfiando onde não deve.
— Estou preparando tudo para tê-la — informo. — No
momento certo ela irá me pertencer.
— Ela é sua pessoa, eu sei disso, Dusham vai te matar, mas
não se preocupe, se ela pedir pela sua vida ele para.
Ela não é minha pessoa, essa porra não existe, Damian vive
isso, mas não eu, nunca quis família como ele quer agora, nem
mesmo filhos eu quero, jamais passaria meu gene ruim por aí.
Imaginar que colocaria alguém nesse inferno de vida para não ter
escolhas como eu está fora de cogitação.
— Ela é minha, não amo, Damian, nunca amei, você conhece
esse sentimento eu apenas a dor e o prazer, a quero para mim para
que fique à minha disposição, sexo e nada mais. Quero tudo com
ela, sem ter que entregá-la a um dono ao final de uma temporada
comigo, logo irei reivindicar sua alma e nada mais irá me afastar
dela.
— Não vai me contar que porra é que te impede?
— Não.
— Dimitri, assumir já é um grande passo, você vai aprender
sobre amor, sei que se permitir que Monike te mostre vai ser como
eu, um demônio domado e que explodiria tudo pela sua pessoa.
— Esqueça isso, família é para pessoas como você e o Ícaro,
talvez Darko, para mim é apenas solidão e sombras.
— Se você diz, saiba que nosso acordo ainda está de pé,
sempre cuidaremos das nossas pessoas.
Decido não responder e encerrar a ligação, estamos entrando
na casa onde construí um local de descanso para a mulher que
acreditamos por anos pactuar com tudo que Bratslav nos fez, ainda
não consigo chamá-la de mãe, mas isso não importa, não acredito
que tenha esse interesse em algum momento da minha vida.
Descemos do carro e seguimos em silêncio, um ao lado do
outro, Darko parece mais abalado com tudo isso, quando nos
aproximamos ficamos ali por algum tempo, sou o primeiro a sair,
não faço a menor ideia do que dizer ou do porque dizer. Damian
queria que ela tivesse um lugar, eu fiz por ele apenas, fora isso, são
apenas restos mortais de alguém que sempre usou aquele apelido
maldito para me lembrar do que eu passava no inferno, ainda bem
que está morta.
CAPÍTULO 8

Acordo com o toque insistente do meu telefone, meio perdida,


tateio ao lado da cama até que o encontro, a claridade me
incomoda. Ao olhar, são duas da manhã, não tem nem duas horas
que me deitei.
— Preciso de você. — A voz de Dimitri arrepia todo meu
corpo, ainda que ele seja extremamente hostil.
— Envie as coordenadas — aviso me colocando de pé.
— Não, passo em sua casa em trinta minutos, esteja pronta.
— Antes que consiga dizer algo ele desliga na minha cara.
— Idiota!
Pulando da cama me arrumo, ficando pronta e seguindo para
a entrada, terminao de fechar meu casaco, o frio do inverno está
cortante e a neve está alta.
— Senhora, aconteceu algo que precisamos saber? — Um
dos soldados se aproxima de mim, mas não o suficiente para me
alcançar com um esticar de braço, ordens de Dusham.
— Vou precisar sair, o Anjo das Sombras está vindo — aviso
chamando pela sua alcunha, é assim que todos eles os chamam
sempre.
— Sim, senhora.
Não demora seu carro estaciona em frente à minha casa,
como sempre não desce para me receber, desço as escadas
abrindo a porta e me sentando ao seu lado, sem nada dizer o carro
arranca saindo em direção às ruas.
— O que vamos encontrar? — Decido ser eu a profissional
aqui, Dimitri consegue ser um grandessíssimo pau no cu quando
quer.
— Logo verá, não precisa ficar perguntando, com certeza
deve ser alguém para costurar ou operar. — Sua voz é baixa, e
como sempre hostil.
Respiro fundo para não discutir com ele, a última vez que
isso aconteceu quase o matei com sua arma.
— A equipe já está à espera?
— Qual a parte de logo verá não entendeu?
Quando ouço suas palavras explodo de uma vez, estou
cansada, com sono e com certeza minha mente não está
trabalhando para o bem comum, não hoje.
— Qual a porra do seu problema? Me acorda às duas da
manhã, não me informa o trabalho e parece mesmo acreditar que
me importo com a porra da sua opinião. — Aumento o tom da minha
voz.
— Cale a maldita boca! — rosna apertando o volante com
força.
— Quero mais é que se foda! Você e a droga da Triglav,
estou cansada disso, desde que voltei você foi atrás de mim, não
me deixou longe dessa merda toda, que com certeza Dusham iria
me deixar.
— Você deve sua vida a essa maldita máfia e irá trabalhar
para ela quantas vezes for necessário.
Minha raiva é tamanha que saco meu celular ligando para
Dusham.
— O que está fazendo? — Não respondo. — O que diabos
está fazendo? — fala freando o carro nas ruas desertas e sinto o
deslizar dele sobre o gelo fino, parando apenas no acostamento
cascalhado.
Suas mãos arrancam de mim o telefone encerrando a
ligação.
— Estou fora! É isso que está acontecendo. — Abro a porta
do carro e começo a caminhar de volta para minha casa.
— Monike, volte aqui! — Seu grito ecoa pela noite, quando
levanto meu dedo do meio sem nem ao menos olhar para trás.
Quando sinto uma mão segurá-lo e torcer meu dedo para trás
das minhas costas fazendo uma dor lancinante atravessar meu
corpo.
— Nunca mais me dê as costas, nunca mais ouse ser
desobediente, esqueceu a quem pertence?
— Pertenço apenas a mim, me recordo bem das suas últimas
palavras, então me solte, ou juro contar tudo para Dusham e seus
irmãos, e mesmo que eu morra você irá junto comigo.
— Acha mesmo que me matariam por uma cadela como
você?
— Quer tentar? — desafio ainda sentindo meu braço doer. —
Continue, assine sua sentença de morte, mas antes disso me liberto
do inferno que é ter você na minha vida. — Assim que minhas
palavras saem me arrependo amargamente, gostaria que ele fosse
comigo como Damian é com Ícaro, que tivesse a mim direcionado
aquele olhar devoto que o Anjo do Caos entrega à sua pessoa.
— Garota, você não conhece o inferno, aqueles meses
comigo não se aproximaram do que posso te proporcionar, sabe que
com apenas uma palavra levo seu corpo ao limite enquanto sua
mente implora que pare, esqueceu da dor? Esqueceu do quão cruel
posso ser? — O calor que sai das suas palavras toca meu pescoço
levando o arrepio que amolece minhas pernas, eu sou doente por
ele, isso jamais poderia ser normal.
— Solte meu braço — peço e ele aperta um pouco mais.
— Haa!
— Peça com jeitinho, não sou aqueles merdinhas que
trabalham com você que obedecem às suas ordens. Peça como te
ensinei anos atrás.
— Não — rebato furiosa, agora é meu dedo que se torce de
uma forma que pela dor que sinto pode romper os ligamentos. —
Haaaaaaaa! Seu desgraçado! — Meu grito ecoa pela escuridão.
— Me obedeça! Se submeta! — Sua voz é um rosnado
furioso e sim, eu aticei a porra da fera com vara curta.
— Senhor, por favor, eu imploro, seja benevolente. — Com a
voz alguns tons mais baixo e cheia de submissão eu peço, então
seu agarre desaparece, mas a dor do meu dedo que com certeza foi
machucado está lá.
— Agora como uma boa cadela entre no carro e cale a boca,
juro que da próxima vez que ousar me desafiar a farei se arrepender
amargamente.
Meu olhar para o dele é de completa fúria, a escuridão em
seus olhos me arrepia, mas também me causa sensações que eu
desejaria esquecer.
— No dia que acreditar que eu não posso te dominar e que
não me pertence, irei te mostrar quem sou. — Suas palavras me
alcançam e enquanto nos encaramos, vejo que ele espera que seja
mais uma vez alguém que o desfia.
Sem dizer mais nada, ele se vira caminhando em direção ao
carro, segurando a porta enquanto espera que eu entre novamente,
faço o que quer e assim que ele assume o lugar do motorista o carro
volta a se movimentar.
Respiro fundo enquanto retiro a luva da minha mão, eu sei o
que vou encontrar, tenho ciência disso, engolindo a dor e com a
mão tremendo vejo a luxação, meu dedo do meio está fora do lugar
então contendo o grito que está prestes a sair seguro com força e o
coloco no lugar.
— Gruhhnnnn!! — Um grunhido de dor escapa e o vejo sorrir
de canto.
— Isso não é nem o começo do que posso fazer com você.
— Não vou conseguir fazer nada com a mão assim — rebato
pegando minha maleta que está próxima aos meus pés.
— Fará e muito bem-feito, quero o soldado vivo.
— Olhe como está minha mão, luxou meu dedo o tirando do
lugar, pode ter rompido algum ligamento.
— Isso é um ótimo lembrete.
— Preciso ir ao hospital — rebato furiosa, porém com a voz
mais cautelosa dessa vez.
— Não, opere e vá, aproveite a dor e reveja a forma como se
porta comigo, hoje foi o dedo, amanhã pode ser seu pescoço.
Sua voz é fria e chega até meus ossos, pensando friamente
eu preciso apenas fazer o que ainda não sei e bem-feito.
O carro para, então descemos, com a mão boa pego minha
maleta, mesmo que aqui tenha tudo sempre costumo andar com ela.
Paramos na casa de Dimitri e apenas estar neste lugar me faz
recordar de coisas que deveria esquecer.
Enquanto subo as escadas meu telefone começa a vibrar no
bolso e sim, só pode ser Dusham.
— Oi. — Atendo com a mão machucada.
— Aconteceu alguma coisa? — A voz assassina e
preocupada do outro lado da linha arrepia meus pelos e não é de
um jeito bom.
Dimitri neste momento pega o telefone da minha mão
colocando no viva-voz, enquanto me encara com toda a fúria do
mundo, como quem me desafia a ir contra ele.
— Preciso mudar de setor — falo olhando nos olhos de
Dimitri que estão assassinos.
— Não posso mexer nisso agora, Monike.
— Não consigo conciliar, Dusham. — O ódio e a raiva são
tamanhos que fazem meus olhos se enxerem de água. A quem eu
quero enganar, é a mágoa de tê-lo me olhando direcionando a mim
tanto desprezo.
— Aconteceu algo que queira me contar?
— Só, por favor, faça.
— Dimitri fez algo?
— Não, é apenas Dimitri sendo Dimitri. — A lágrima quente
escorre pelo meu rosto, e nossos olhos não se desconectam.
— Estarei em Belgrado em alguns meses, conversarei com
Darko e a trocarei de setor, mas por hora, preciso que se mantenha
onde está e se algo acontecer me conte.
— Tudo bem, acho que consigo suportar mais alguns meses.
— O arquear de sobrancelha me diz que estou muito ferrada.
— Ok, me ligue caso ocorra algo fora dos padrões. —
Suspiro fundo porque vejo no homem à minha frente que meu
castigo chegará em breve. — Monike, não se esqueça que te dei
uma opção anos atrás e você desejou Belgrado, mantenha sua
escolha, não costumo dar uma segunda a ninguém.
— Tudo bem. — Engulo seco encerrando a ligação.
Vejo o balançar negativo de cabeça que Dimitri dá, como se
desaprovasse tudo que acabei de fazer, nestes momentos queria
apenas odiá-lo, seria muito mais fácil do que amar o homem que
costuma ser cruel e frio comigo.
— Arrume o joelho do meu soldado e siga para o seu antigo
quarto, preciso te relembrar quem está no controle aqui.
Meu corpo inteiro tenciona, excitação e medo percorrem
pelas minhas veias enquanto meu coração dispara como um louco.
Antes de qualquer coisa imobilizo meu dedo do meio ao anelar com
ligas elásticas, é tudo que tenho agora, vou precisar operar com a
mão esquerda e com dois dedos da direita, ainda bem que sou
canhota.
Por algumas horas conserto o joelho do soldado da forma
que dá, minha sorte é que a equipe faz o trabalho pesado, depois de
ligar tudo da melhor forma, deixo o homem lá para que seja
suturado, enquanto saio, ficando pronta para seguir até onde com
toda certeza ele já me espera.
CAPÍTULO 9

Sou um dos demônios mais controlados entre os Anjos, mas


Monike é a única que consegue me tirar do sério, estou sentado em
meu quarto, ofegante, bufando de raiva por tê-la me desafiando.
Minhas mãos coçam enquanto vejo na tela do computador a
cirurgia, não posso dizer que a excitação de saber que ela estará
em minha cama não me deixa ansioso, saber que poderei mostrar a
ela com quem ela está acelera um pouco mais minha inquietação.
Estou nu, porque parece que me encontro numa fornalha, meu pau
está babando e duro faz alguns minutos e nem a porra da minha
mão está surtindo efeito para o amolecer. Ele está como um
demônio enjaulado necessitando apenas dela, tanto ele quanto eu
sabemos que não existe boceta mais perfeita para nós do que a
dela.
Quando a vi furiosa ansiei por domá-la novamente, por
mostrar a ela que é uma tigresa e que tem um dono, sei que sou
observado por Batslav e aquele velho desgraçado me tem preso
nessa maldita corrente, mas nesses momentos em que meus
soldados se machucam existe a oportunidade de tê-la comigo,
mesmo que o tiro que ele tenha levado no joelho tenha vindo da
minha arma.
Meus meios de estar com ela estão cada vez mais
desesperados, sinto uma intensa necessidade de estar perto, de
acompanhá-la mesmo que de longe. Minhas mãos suam ansiosas
por apenas tocá-la, com certeza tudo isso só pode ser sede de
domínio. Sinto falta de ouvi-la implorar e gritar, minha fúria por não
poder reivindicá-la como minha joia cresce a todo momento, então
não meço esforços para que ela esteja ao meu lado, nem que para
isso precise atirar em todos os meus soldados, por todos os dias,
até que consiga arrancar as correntes invisíveis que me prendem,
então ela será minha, única e exclusivamente minha tigresa.
Ouço as batidas na porta e elas aceleram meu coração, com
certeza a adrenalina que estar perto dela me causa entende quem
acaba de chegar.
— Entre. — A porta se abre de forma cautelosa.
Observo-a fechando, na verdade trancando-a, como anos
atrás, caminhando em minha direção, e assim que se coloca à
minha frente abaixa as vistas.
— Tire sua roupa. — Minha ordem sai quase letal, como se
ela precisasse saber que posso matá-la a qualquer momento, o que
não é uma verdade, já que a quero sendo minha até que sua vida
seja consumida e sufocada pela minha escuridão, então ela morra
sem nunca ter pertencido a outro além de mim.
Ela não me questiona, me obedecendo, ficando nua,
mostrando esse corpo perfeito para mim. Seus seios são como me
recordava, pesados e empinados, cabendo exatamente em minhas
mãos. Meu olhar desce pelo seu corpo, vendo sua cintura fina
antecedendo seus quadris proporcionais para o seu tamanho,
menos de 1,60 de altura, sua boceta com pelos negros aparados
como em sua cabeça, suas bochechas estão vermelhas como seus
lábios são, suculentos e desejáveis.
— Sabe, tigresa, meu desejo era usar aquela palavrinha que
a deixaria de joelhos para mim, fazer seu corpo ansiar
desesperadamente pelo meu toque, enquanto sua boceta pulsa
molhada. — Vejo-a engolir seco. — Mas diferente de antes, hoje eu
quero ouvir seus gritos, eles não podem ser exclusivos em sua
mente, quero ouvir você gritar enquanto te causo dor, enquanto seu
corpo é levado ao limite, então quando não conseguir mais se
manter acordada, irei te foder ainda desmaiada, porque irá acordar
com a dor que te causarei e os gritos furiosos que irei libertar
enquanto gozo de forma exaustiva.
— Por favor. — Sua voz quase inaudível numa súplica
arrepia meus pelos, os meus não, eriça meus demônios.
— Ajoelha — ordeno sendo prontamente obedecido.
Estou na poltrona bem à sua frente, com uma perna no braço
dela deixando-me à mostra, meu pau pulsa contra meu abdômen.
— Vou dizer o que vai fazer: vai engatinhar até mim,
abocanhar meu pau, me levando até o fundo de sua garganta. — A
confirmação vem com um acenar, Monike sempre sabe como desejo
que se porte. — Comece.
Ela vem até mim, e quando suas mãos me tocam é como se
nada mais importasse, me assusto com o solavanco que meu
coração dá fazendo com que eu quase goze, sinto o engasgar de
falta de ar, pisco algumas vezes tentando entender o que acontece,
mas logo entendo, é a obsessão que tenho por essa mulher. Suas
unhas cravam em minhas coxas, como sabe que gosto, então me
engole de uma só vez, sua boca quente, úmida e macia, é como me
lembrava, e fica impossível não gritar de prazer.
— Caralhoooo!!!! É exatamente como me lembrava.
Como se meu corpo estivesse ligado em uma voltagem
jamais conhecida por mim, enfio minhas mãos em seus cabelos e a
fodo, fodo sua boca com tanta intensidade que o engasgar e a ânsia
que ela sente me excita ainda mais, não me importa se consegue
respirar, meu pau sentiu tanta falta disso que só quer se libertar. Vou
metendo, metendo e tirando, ela chora, sinto a dor que suas unhas
causam quando rompem a pele das minhas coxas, seus gritos
abafados com certeza fazem vibrar meu pau, elevando ainda mais
meu nível de prazer. Estou formigando, meu corpo inteiro sente o
prazer despertado que é reencontrar com a nossa joia, enquanto
gozo.
— Monikee!!! — Gritando seu nome perfeito que nasceu para
ser ecoado durante um orgasmo intenso.
Solto sua cabeça lançando seu corpo para trás, ela busca
pelo ar puxando com força para encher seus pulmões, e meu corpo
grita pelo calor do seu novamente, as lágrimas em seu rosto me
excitam em busca de mais dela. Caminho até a base da cama,
puxando a corrente com algemas que tenho ali, coloquei
exclusivamente para ela, depois que ela se foi montei o quarto
inteiro com coisas que poderia usar para tê-la à minha disposição.
— Levante-se e caminhe até mim. — Meu corpo ainda não
parece acreditar, meus demônios estão eufóricos por novamente
colocarmos nossas mãos nela.
Seu olhar me deixa ainda mais alucinado, colo bem meu
corpo no seu quando prendo suas mãos nas algemas precisando
sentir seu calor, existe uma necessidade desconhecida em mim por
isso. Estico as correntes até que seus pés toquem o chão apenas
com as pontas deles.
— Dimitri...
— Está doendo?
— Um pouco.
— Se choramingar mais posso aumentar o nível da sua dor,
você gostaria disso, não é?
— Não, por favor, minha mão já pulsa de dor.
— Então não questione, se estou fazendo assim é porque sei
que se fizer como anseio pode sair daqui sem as mãos.
Seu corpo inteiro se arrepia.
— Por que está sendo cruel?
— Tigresa, eu sempre fui cruel, apenas seu cérebro não
estava aqui quando aconteceu, mas desta vez quero que sinta, não
apenas em sua mente, mas em seu corpo. — Passo meu nariz pelo
seu pescoço, sentindo seu cheiro e me alimentando com ele. — Vou
deixar sua bunda vermelha, não irá se sentar por dias, lembra como
é a sensação? — Apenas um arfar de expectativa sai de sua boca.
— Responda, tigresa.
— Sim, eu me lembro.
— Então me conte como é.
— Queima, arde e dói, é como se sentar em brasas depois.
— Sua voz choraminga e seu corpo se arrepia como se tentasse se
controlar.
Ela está excitada?
— O que mais, tigresa, o que mais cada pancada com
palmatória que recebeu nessa bunda redonda te causou?
— Orgasmos, orgasmos múltiplos.
— Então é isso que irá acontecer, vai gozar comigo te
surrando, deixando sua bunda em vermelho sangue vivo, e depois
irei te segurar com força, machucando-a ainda mais e socarei em
sua boceta. Não vou parar, não vou descansar e irei cumprir minha
promessa de fazê-la desmaiar e acordar comigo ainda socando em
seu rabo. — Sua bunda se esfrega em meu pau, ela deseja que
faça e que não faça o que lhe prometi na mesma proporção.
Beijo seu ombro exatamente onde contemplo a única marca
que existe nele, a inicial do meu nome, com todo o resto sendo
apenas uma cicatriz ondulada e lisa. Caminho até o outro lado do
quarto, pegando a palmatória em minhas mãos, sentindo tudo em
mim mudando por estar em sua presença. Caminho como um
predador até ela, desferindo a primeira pancada.
— Haaaaaaaa! — Seu grito ecoa enquanto ela tenciona seu
corpo.
— Começa a contar, Tigresa.
— Um, dois, três...
Cada vez que a palmatória atinge sua pele com força, com
toda certeza micro vasos sanguíneos se rompem trazendo uma cor
vinho maravilhosa à sua pele branca. Ela continua contando, sua
voz se misturando com suas lágrimas, meu pau pulsando com a
visão cada vez mais perfeita que poderia existir.
— Pare! Por favor, pare! — ela clama e eu sorrio
— Goza, eu sei que é o que quer. — Dessa vez eu desfiro a
pancada mais forte que as outras, então vejo o esguicho de seu
orgasmo descer pelas suas pernas, seu gemido é tão poderoso que
vejo suas mãos em punhos enquanto grita.
— Meu corpo pega fogo. — Continua chorando e ofegando,
Monike me dá o melhor dos dois mundos, ela me causa coisas
jamais sentidas, é uma joia perfeita para um demônio como eu.
Solto a palmatória e seguro sua bunda machucada puxando
com o pé um suporte para que coloque seus pés e empine sua
bunda.
— Suba empinando a bunda para mim.
Assim que se posiciona à minha frente, soco meu pau em
sua boceta e começo a fodê-la, sempre preocupado em apertar
suas carnes já machucadas para lhe causar ainda mais dor. Seus
gritos misturados aos meus, o barulho que as correntes fazem a
cada arremetida que lhe dou, é forte e sem cuidado, ela grita e eu
urro de prazer.
É assim que sua mente fica quando a prendo lá?
É dessa forma desesperada que ela geme excitada e chora
pela dor?
O que eu causo nela é o mesmo que causa em mim?
Cada arremetida que dou me perco de mim, como se
caminhasse para longe do demônio que sou, chacoalho minha
cabeça voltando minha mente para aqui e agora, para esse
momento em que meu pau é massacrado pela sua boceta quente e
apertada, então gozo, sentindo minhas pernas vacilarem e
entendendo que ela goza novamente. Seu corpo desfalece e
quando saio dela meu esperma escorre junto com seu prazer, seu
corpo agora está suspenso apenas pelos pulsos, sinto um explodir
frenético dos gritos das almas agonizantes do meu inferno junto com
os açoites dos meus demônios em seus lombos.
Tanto eles quanto eu estamos felizes por cumprir nossa
promessa, então pego um vibrador socando em sua boceta
esticando-a ao limite, pronto para seguir com meu plano de fazê-la
acordar gritando enquanto soco em seu rabo com força.
CAPÍTULO 10

Meu corpo inteiro parece se partir, minhas mãos estão


dormentes e agradeço por isso, a dor pulsante está quase me
matando. Enquanto tudo acontecia o prazer desesperado e ansioso
se misturava a dor, a dor que apenas ele me faz sentir, ela só não é
maior que a dor em meu coração por ver que jamais terei dele o que
esse maldito órgão deseja.
Quando sinto o orgasmo me tomar não suporto sua
intensidade e acabo perdendo os sentidos, entregando-me à
exaustão e ao cansaço.
— Haaa!!! — Desperto com uma investida em meu cu, então
percebo que existe algo mais, é como se estivesse sendo esticada
por todos os lados.
— Vamos lá, tigresa, estou cumprindo minha parte aqui,
agora que despertou, grita, porra! — Um tapa acerta minha bunda já
massacrada por ele, então faço o que me pede, mas o que também
desejo e grito de prazer e dor.
Tenho um vibrador em minha boceta que está numa
intensidade quase insuportável, tem as estocadas que me dá os
urros desesperados que ecoam altos e agora se misturam aos meus
gritos, meu corpo não consegue entender tantos estímulos e me
perco em dor e ainda mais prazer, suas mãos são fortes e firmes
quando gozo.
— Dimitriii!!! — gemo gritando desesperada e sem mais
nenhuma condição de continuar como estou.
Meu corpo ainda se mexe com as suas arremetidas, mas
logo ele goza forte grunhindo como se houvesse acabado com
todas as suas forças também, seus braços se envolvem em minha
cintura, me sustentando ou se sustentando, não sei, mas esse
movimento parece fazer com que o sangue volte a circular em
minhas mãos.
Devagar, ele sai de mim retirando o vibrador ainda
funcionando o que me causa alívio, mas também a sensação de
vazio, sinto sua porra escorrer de mim, quando ele se coloca à
minha frente, libertando-me das algemas. Sou pega no colo e
levada até o banheiro, onde ele me coloca sob a base gigante da
pia fria que arrepia meu corpo, abro meus olhos e vejo os seus
observarem minhas mãos que agora estão arroxeadas e não mais
quase pretas por privação do sangue.
Ainda com os olhos meio embaçados o vejo encher a
banheira, se movimentando por todo o lugar, como sei que faz com
suas joias, essa constatação me atinge como um tijolo.
No máximo isso, Monike, no máximo uma joia e nada mais,
ele cuida de você agora como cuidaria de qualquer uma delas.
Apesar de ter a certeza disso faz uma lágrima escorrer dos
meus olhos, solitária e silenciosa, eu me resumo a isso, me resumo
a nada.
Algo se revirar em mim quando vejo a lágrima solitária correr
silenciosa de seus olhos, não faço ideia de o porquê isso acontece
comigo, nada do que vivi ou aprendi me ensinou a decifrar esse tipo
de reação, nunca o choro de uma joia me atingiu dessa forma, eu
jamais me importei. Tento afastar essas sensações, talvez seja por
ela ser minha e não dos homens que as compram.
A falta de ar volta e me controlo para que minha respiração
volte ao normal, suas mãos estão voltando à cor natural, mas seu
dedo do meio preso ao anelar com uma liga elástica está roxo e
inchado.
Com a banheira cheia e preparada, pego-a no colo e entro
com ela, acomodando-a em meus braços, porque essa vontade
insana de estar colado nela não passa. Recordo-me de como
estávamos indo anos atrás, dormir com ela em meus braços
acalmava minha mente e não permitia que os pesadelos voltassem.
Estava prestes a pedir que ficasse comigo exclusivamente, que
conversaria com Dusham, lhe daria uma vida, enfrentaria tudo por
ela, tudo que ela precisava era ser minha joia, obediente e
submissa, até que ele apareceu e destruiu tudo.
Seu corpo se acomoda mais ao meu e um gemido de dor
escapa quase inaudível por movimentá-la para aconchegá-la mais a
mim, fecho meus olhos buscando entender o porquê ela me causa
tanto, quando as memórias vêm como uma avalanche devastando
tudo.

(...)
Acordo de madrugada, assustado, quando puxo o corpo
pequeno e macio que agarro como se fosse meu bote salva-vidas,
aquele amuleto que se usa para espantar os maus espíritos. Cheiro
seus cabelos negros e longos, descendo pelo seu pescoço
enquanto sinto seu perfume, colo meus lábios sobre a marca do
meu nome em seu ombro.
Mas um arrepio ruim percorre meu corpo e sem entender o
que ando sentindo, por ter ela em meus braços, em minha vida,
fazendo com que um desejo insano de fundi-la a mim vinte e quatro
horas por dia, perdido e confuso. Devagar, saio da cama e decido
caminhar pela casa apenas de cueca.
Estou chegando à cozinha quando ouço algo que joga minha
mente no abismo e trava meu corpo.
— Daemonium[5] — Meu corpo paralisa e sinto uma lágrima
escorrer pelo meu rosto, o desespero me toma e tudo parece voltar
àquela época. — Estou vendo meu Anjo caindo, Dimi? — O grito
que minha mente dá é tão alto que poderia estourar minhas cordas
vocais.
Bratslav sorri, escarnecendo da minha situação, ele sabe que
só posso me mover com sua ordem, o desgraçado aprendeu direito
com a Madame Loren a ter domínio sobre mim.
— Estou vendo que quer dizer algo, o que seria? — Suas
mãos percorrem meu corpo e a ânsia de vômito chega até minha
garganta, quero mandá-lo ao inferno, mas minha boca profere as
palavras que mais odeio no mundo.
— Quero te chupar, senhor. — Eu me debato internamente,
não quero agora, como não queria com cinco anos, como não quis
por todos os anos em que ele fez o que fez comigo, junto aquela
mulher maldita.
Vejo-o abrir as calças, abaixando, colocando seu pau mole
para fora, meus olhos queimam, minha garganta dói, por mais alto
que grite não consigo, por mais que eu me debata estou paralisado.
— Ajoelha, Dimi, chupa seu pirulito favorito, sabe que sempre
foi meu preferido, sabe que o papai sempre amou mais você que
todos os outros.
“Não, não, não, não!” Minha mente implora gritando
desesperada, sentindo a ânsia por depois de tantos anos sentir o
gosto e o cheiro desse desgraçado à minha frente, mas não posso
não obedecer, meu corpo está sob seu controle e me ajoelho, indo
em sua direção, até que minhas mãos o seguram levando-o até a
boca, começando a chupar como se fosse minha coisa favorita no
mundo e vendo que ele se excita começando a ficar duro.
— Sua boca sempre quente me acomoda tão bem,
Dimizinho. Continua chupando o papai.
Arranho com minhas unhas de dentro para fora para que
acorde, para que saia desse lugar onde me encontro e o assassine,
mas estou à sua mercê, estou à sua disposição, sempre estou,
sempre.
Suas mãos vão até meus cabelos e não estou mais aqui,
estou lá, com ela gargalhando. Minha boca não o acomodava,
nunca conseguiu, mas ele forçava, machucava até que se enterrava
em mim.
Sinto seus dedos em minha cabeça, em meus cabelos e sei
que ele sente a cicatriz, volto à realidade, ao momento em que
estamos agora, com seu pau indo até minha garganta, enquanto ele
me sufoca e fode minha boca. Seu cheiro nojento e seu suor se
misturam a tudo, deixando ainda pior o que me faz, não adianta me
debater, gritar, me machucar dentro da minha mente, meu corpo
jamais irá reagir.
Ele goza urrando, pressionando meu rosto contra sua pelve,
fazendo-me engolir tudo, quando seu pau para de pulsar ele se
retira da minha boca vestindo sua calça e sorrindo satisfeito.
— Gostou do seu leitinho, meu filho? — Sua mão imunda
toca meu rosto.
— Sim, papai. — Sorrio para ele.
— Agora preciso de que se lembre quem é, e o que nasceu
para fazer, já foi desobediente o suficiente quando levou madame
Loren embora, como ela não tem mais serventia para mim, a deixei
sob sua tutela, mas preciso que se lembre de que em sua cabeça
existe um chip bomba e não pode me desobedecer. Pegue a cadela
que Dusham salvou e que só está viva porque tenho planos para
ela, e chute sua bunda para longe, está muito próximo a ela,
criança, e o papai não gosta de dividir seu prazer com ninguém
além das joias que pode domar. Você entende, não é?
Desgraçado maldito, quero beber seu sangue, é isso que
minha mente grita.
— Sim, papai. — Porém é isso que minha boca diz.
— Gosto de me fazer entender, posso ser bem mais cruel da
próxima vez, sabe que não tem autorização para ter joias e você é
uma criança muito teimosa, Dimizinho. — Vejo-o arrumar a postura.
— Sabe que se ousar me tocar de alguma forma sua cabeça se
espalha em milhões de pedacinhos por aí, então agora, criança, vou
libertá-lo do meu poder. Liberatus[6]
Quando sinto que me pertenço novamente dou um passo em
sua direção, mas ele me lembra os motivos de me submeter.
— Esse é o garotinho do papai, agora seja o Anjo das
Sombras e leve aquela imunda para longe, ou eu mesmo darei um
fim nela.
Vejo-o sair sorrindo, arrumando seu pau na calça,
desaparecendo das minhas vistas da mesma forma sorrateira com
que apareceu.
(...)

Volto a mim quando seu corpo se movimenta sobre mim, não


posso ficar com ela aqui mais do que já fiquei, Bratslav está fora de
Belgrado, talvez seja por isso que me aproximei, vez ou outra ele se
esquece dela e de mim, e nesses lapsos eu me aproveito para estar
próximo, mas apenas hoje tive coragem de querer ter a minha joia
comigo.
Respiro fundo tentando manter meu foco, existe uma equipe
tentando decodificar esse maldito chip bomba em minha cabeça, a
última tentativa que nos aproximamos de arrancá-lo de mim, a
temperatura dele subiu e quase explodiu. Além disso, existe o poder
que ele aplica sobre mim com os comandos que aquela perversa o
ensinou, estar do lado oprimido não é maravilhoso, mas a sensação
de ter Monike exatamente nele me deixa excitado ao extremo, ainda
mais por saber que ela gosta.
— Preciso sair, estou com frio. — Ouço sua voz que me tira
dos meus pensamentos.
— Diga-me uma coisa.
— O quê?
— Se pudesse escolher voltaria a minha porta como fez anos
atrás?
Que porra de temor é esse em minhas palavras?
— Eu sempre te escolheria, Dimitri, mesmo que não mereça
que o faça.
— Sempre com respostas afiadas.
— É apenas a verdade, amar alguém como você é como se
lançar em um barril de ácido, estamos lá por vontade própria, mas
machuca e nos destrói.
Sem mais nada a dizer, ajudo-a a sair da banheira, levando-a
para sua casa, ainda que minha vontade seja dormir com ela em
meus braços para que os malditos pesadelos desapareçam.
CAPÍTULO 11

Um mês se passou desde a última vez que precisei trabalhar


para Dimitri, me recordo do seu corpo próximo ao meu e de como
faço qualquer coisa que ele anseie, porque apenas sua vontade me
faz sentir vontade também, sentir seu cuidado e por um momento
acreditei que aquele Dimitri que se revelou aos poucos a mim
estava voltando, mas foi apenas um achismo meu, aquele homem
foi eu que criei e preciso entender que ele não existe.
Mas sempre que chego em casa e me sinto sozinha preciso
imaginar que gostaria de alguém que estivesse comigo, alguém que
me aguardasse, uma pessoa que fizesse por mim o mesmo que eu
por ela. Tenho pensado muito na proposta de Antony, um médico
cardiologista que malditamente me lembra muito Dimitri, não nas
atitudes, apenas na aparência, ele é forte, tatuado e tem um sorriso
sexy.
Suspirando enquanto abro a porta indo em direção ao meu
carro, enquanto saio com ele pelas ruas de Belgrado penso em seu
convite, um jantar, algo que nunca tive. Ninguém jamais me
convidou para isso, aliás, acho que nunca dei espaço para isso, pela
primeira vez decido enfiar Dimitri numa caixa em um canto escuro e
decido pensar em mim.
Chego na sala dos médicos e ele está lá.
— Bom dia, princesa. — Antony é galanteador e me entrega
uma rosa vermelha após beijá-la.
— Nossa, amanheceu feliz.
— Ansioso seria a resposta, já estou no meu terceiro copo de
café apenas me mantendo calmo.
— Café não acalma, Antony.
— Princesa, somos médicos, café nos deixa alerta, mas
acima de tudo nos deixa calmos. — Sorrio de suas palavras. —
Então o convite para o jantar está de pé, e é hoje, vai me dar essa
chance?
— Sim. — Olho para ele, Antony pode ser a pessoa que me
traga um pouco de paz, mesmo que meu coração masoquista
deseje o demônio, pode ser que conviver com um homem como
Antony seja nossa melhor escolha.
— Te pego em sua casa às 20:00hs, amanhã estamos de
folga, então podemos esticar a noite.
— Vou amar passar esse tempo com você — digo, porque é
verdade, Antony é uma ótima companhia e não é como alguns
médicos que acreditam serem deuses que andam por aqui.
Ele vem até mim e beija minha testa.
— Vou amar ter um tempo a sós com você, princesa —
sussurra em meu ouvido, sai da sala me deixando sozinha e com
um sorriso bobo no rosto.
Seguimos para nossos plantões e tudo corre calmo até
demais, nos vimos entre um café e outro. Estávamos juntos com
outros médicos na hora do almoço e seu sorriso parecia verdadeiro
a todo momento. Ao final do plantão saímos em direções opostas,
mesmo não sendo quem eu desejo, pensar que posso ter algo
normal com alguém me deixa em expectativa.
Já pronta olho as horas e são exatamente 20:00Hs quando
meu telefone toca.
— Acabei de chegar, princesa — Antony fala assim que
atendo.
— Já estou saindo. — Já havia autorizado sua entrada.
Saio de casa e assim que abro a porta ele já me aguarda.
— Doutora Monike, dessa forma irei precisar de um
cardiologista. — Sorri beijando minha mão.
— Olhe pelo lado positivo, você é um. — Pisco para ele.
— Vamos.
Sorrimos descendo as escadas quando ele abre a porta para
que eu entre no carro, o vejo dar a volta e se sentar no lado do
motorista, saímos pelas ruas de Belgrado.
A música lenta toca no som do carro, sua mão segura a
minha por todo o percurso, sorrio, é meu primeiro encontro e tenho
25 anos.
— Preciso confessar, não imaginei que poderia ficar mais
linda do que já é, mas hoje, princesa, você está deslumbrante — diz
beijando minha mão, algo que parece gostar e que me faz sorrir.
— Nunca tenho tempo de me arrumar ou ir a lugares em que
possa me vestir de forma mais incrementada.
— Prometo levá-la a lugares onde possa desfilar com toda
sua beleza, mostrando a todos a mulher mais linda do mundo ao
meu lado. — O carinho de suas palavras aquece meu peito.
Logo descemos em frente ao Salon 1905[7], somos
acompanhados até a mesa reservada a nós, a mão de Antony está
na base da minha coluna após termos nossos casacos retirados.
— Uau! Nunca tinha vindo aqui — digo enquanto ele puxa a
cadeira para que me sente.
— Esse é o primeiro de muitos, Monike, quero te apresentar
tudo, já que me disse que não conhece muito. — Sorrio. — É daqui
de Belgrado mesmo?
— Sim, nasci no subúrbio, consegui estudar e me formar
graças a um benfeitor.
— Interessante. Minha família é toda da Itália, mas quando
surgiu a oportunidade de viajar pelo mundo por conta da minha
profissão não hesitei.
— Deve ter deixado um rastro de corações partidos por todos
os lugares que passou — digo, enquanto ele pega a carta de vinhos.
— Não vou negar que conheci pessoas interessantes, mas
nenhuma delas me fez desejar ficar. — Observo-o escolhendo os
pratos e o vinho, vejo seu porte e sua familiaridade com tudo isso.
Ficamos conversando, algo muito leve, aquele sorriso de
canto sempre me deixa boba, mas por vezes me pego imaginando
Dimitri aqui, com seu terno preto de três peças tão familiar. Ele iria
sorrir? Seria tão gentil quanto Antony está sendo? O gosto amargo
em minha boca me faz rir sem graça, Dimitri não é alguém assim,
novamente minha mente me prega peças, novamente sou levada a
uma história que não existe e nunca irá existir, demônios não se
portam assim, não demônios como ele.
Sorrimos das histórias que ele conta de tudo que conheceu
pelo mundo, fico imaginando como seria ter uma vida assim, mas
logo percebo que não tenho como agregar nos seus assuntos e
começamos a falar de medicina e de nossas especializações.
Sorrimos de coisas que fizemos quando estávamos aprendendo e
em um momento já ao final da noite seus dedos vão aos meus
cabelos colocando os fios soltos atrás da orelha.
— Sei una donna molto bella, Monike.[8]
— Come sempre un civettuolo, dottor Antony[9] — respondo,
porque aprendi alguns idiomas enquanto estudava, precisava me
afundar em conhecimento para não enlouquecer naquele lugar,
sozinha, sem ninguém, sem amigas, sem ter com quem conversar.
— Seu sotaque falando italiano é sexy. — Beija meus dedos.
Mesmo que nada do que Antony faça faz meu corpo queimar,
a sensação de ser tratada por alguém dessa forma é sem nenhuma
explicação.
— Nunca namorou?
— Não.
— Não existe alguém que possa ser dono desse coração e
possa vir a atrapalhar minhas intenções com você? — diz alisando
meu rosto.
— Ninguém — respondo mesmo pensando em Dimitri, não
sou nada dele, isso ficou bem claro como sempre fica.
Olhamos as horas e são quase 23:00hs, próximo do
restaurante fechar, decidimos encerrar a noite, a companhia
agradável de Antony me fez sentir alguém desejada pela primeira
vez em minha vida, alguém por quem alguém desejaria estar ao
lado.
Chegamos em frente à minha casa, tento ser mais ousada.
— Não quer entrar? — indago vendo seu sorriso lindo se
abrir.
— Princesa, gostaria de ser com você diferente de tudo que
já fui, quero algo sério, então podemos ir devagar, o que acha de
irmos nos conhecendo e nos permitindo aos poucos?
— Acho ótimo.
Quando ele me puxa para um beijo meu telefone começa a
tocar desesperadamente e meu corpo inteiro tenciona, é o toque de
Damian.
— Desculpe, preciso mesmo atender.
— Tudo bem, princesa, nos vemos amanhã?
— Sim.
— Boa noite.
Enquanto desço do carro com meu telefone tocando
desesperadamente, fecho a porta, então atendo a ligação, que
desliga quando atendo, suspiro pesadamente, porque terei que ligar
para ele, espero até que entre em casa para então retornar.
Disco seu número e demora atender, quando finalmente
acontece sua voz parece sonolenta.
— Monike, aconteceu alguma coisa?
— Não, Damian, pelo contrário, eu quem gostaria de saber
acabei de receber sua ligação.
— Monike, eu não te liguei.
— Não?
— Não.
— Me desculpe, só posso ter me enganado.
— Está mesmo tudo bem?
— Sim. Boa noite, Damian, mande um beijo para Ícaro.
— Boa noite.
Volto e confirmo que foi seu número que me ligou, sinto um
arrepio estranho em meu corpo, mas decido deixar isso para lá, tive
uma noite tão maravilhosa que posso me dar ao privilégio de ao
menos uma vez na vida dormir sonhando com algo tão simples que
é um jantar a dois.
CAPÍTULO 12

Longas horas a observando de longe, escutando a conversa


mole daquele filho da puta dos infernos, ela parecia feliz, sorrindo
para ele como nunca fez para mim. Monike precisa entender que ela
me pertence, nada irá afastá-la de mim, nem mesmo Antony
Bellatuni, playboy que se acha salvador da pátria sendo
cardiologista em lugares remotos, de família renomada Italiana e
muito rica. Ele até pode ser alguma coisa muito importante, mas
aqui em Belgrado ele acaba de se tornar um homem morto.
Espero pacientemente que se deite em sua cama, mande
mensagens para a minha joia e feche seus olhos sorrindo, quando
finalmente saio das sombras para lhe mostrar que não se pode tocar
no que me pertence, quanto mais desejá-la.
Sento-me na poltrona que fica em seu quarto engatilhando
minha arma de uma forma que faça barulho, quando ele pula
assustado.
— Quem é você?
— Sou o demônio que veio te visitar.
— Cara, eu tenho dinheiro, pode levar tudo que desejar. —
Sorrio cínico de sua forma de falar, todo o dinheiro que tenho daria
para comprar tudo que ele tem mais de mil vezes.
— Não quero nada que tenha, mas você cometeu um erro,
Antony.
— O que... Do que está falando?
— Você ousou olhar para o que me pertence, jantou com ela,
tocou em seus cabelos, você não poderia ter feito isso.
— Cara, a Monike me disse ser solteira.
— Esse foi seu primeiro erro.
— O quê?
— Levanta! — ordeno apontando a arma na sua direção.
Tremendo, faz o que ordeno, caminhando para fora do quarto
e indo até a sua cozinha onde eu já preparei algumas carreiras de
cocaína para que cheire.
— O que é isso? Cara, por favor, eu não sabia, nunca mais
olho ou falo com ela.
— A brincadeira é a seguinte, vamos ver quantos tiros
consegue até que morra, essa belezinha aqui é tão pura que o
último que a provou não demorou muito, mas você, você é o Antony,
o homem corajoso que saiu e passou a noite com a minha joia,
precisa ter culhões para tanto.
— Por favor!
— Vamos, Antony. — Dou um tapa forte em seu ombro. —
Primeiro tiro.
— Cara, eu não uso.
— Não é a resposta certa, Antony, você não usava, agora
usa.
Seguro sua cabeça com força, prensando-a sobre a mesa, o
barulho da pancada quando sua cabeça acerta o vidro o faz gemer.
— Cheire a maldita carreira, Antony, ou juro que pode ser
bem pior, posso enfiar goela abaixo e você então vai curtir o barato
de qualquer forma.
Vejo o sangue escorrer do corte em sua testa, Antony chora
implorando para que não o force quando pressiono a arma em sua
cabeça.
— Você pode sobreviver se cheirar, mas se eu enfiar uma
bala em sua cabeça não. Cheira a porra do pó! — grito quase
perdendo a paciência.
Então ele dá o primeiro tiro, um após o outro ele vai
obedecendo minhas ordens, após o quarto ele começa a
convulsionar, o médico renomado e de boa família se debate bem à
minha frente, espumando pela boca em uma overdose linda de se
ver.
Após constatar sua morte, saio de sua casa sorrindo,
ninguém jamais irá tocá-la além de mim, eu com certeza manterei a
minha palavra.

Estou sentada no chão do quarto relendo pela milésima vez a


mensagem de Antony.
Então volto ao grupo de médicos onde há a informação de
que ele morreu de overdose e foi encontrado morto hoje pela manhã
pela sua funcionária.
Uma lágrima escorre pelo meu rosto, sentindo a dor de
perder alguém, um colega de trabalho, alguém que nos fazia rir e
mantinha o ambiente sempre acolhedor e menos sufocante, sinto
um buraco em meu peito, uma angústia que há muito não sentia.
Enxugo o rosto com o dorso da mão, respiro fundo e tento me
levantar arrastando meu corpo até a cozinha para que eu consiga
comer algo, gostaria muito de ir ao seu enterro, mas sua família pelo
que pude saber vai levá-lo para ser enterrado na Itália.
Assusto-me quando a porta se abre e Dimitri passa por ela,
com seu terno preto de três peças e um olhar nada animador no
rosto.
— Precisamos viajar.
— O quê?
— Exatamente isso que ouviu.
— Estou fora.
— Repete.
— Estou fora, não quero mais. — Ele sorri demoníaco me
alcançando em dois passos largos segurando meu rosto com sua
mão forte.
— Estava chorando pelo doutor? — Sua frase me paralisa. —
Entenda uma coisa, quando eu te der uma ordem você apenas
aceita, você diz sim e me obedece.
— O que sabe sobre Antony? — pergunto com meu coração
acelerado.
— Que é um péssimo usuário e morreu na quarta carreira. —
Sorrio em escárnio.
— Foi você? Você fez aquilo com ele?
— Com ele, com aquele enfermeiro cheio de dentes, com o
médico que costumava fumar no beco, com o técnico de
enfermagem que deu em cima de você achando que podia tocar em
seu braço, com aquela pediatra que tentou te beijar. — As
informações caem como bombas em minha cabeça que começa a
ligar os pontos onde todas essas pessoas que se aproximaram, no
outro dia morreram ou foam transferidas.
— Você, não... Você não podia!
— Sim, eu podia. — Sua mão aperta meu rosto. — Entenda
uma coisa, tudo que tem deve a mim e à minha família, quando eu
digo que você me pertence é disso que estou falando, só sairá
quando eu assim desejar, só será livre quando morrer. E digo uma
coisa a você, tigresa, foi prazeroso demais vê-los implorando pela
vida quando descobriam que haviam tocado em você.
— Você é um demônio, maldito demônio dos infernos!
— Sou e você sabe bem disso, sabe o quanto posso ser
cruel, sabe o quanto sou sombrio e doentio. — Morde minha boca
com força fazendo-me gritar de dor. — Eu te dei a maldita escolha
de não atravessar a minha porta e você foi determinada o bastante
para seguir em frente, a escolha foi sua, sua alma será minha para
sempre.
Tenho meu corpo virado, a calcinha que visto é arrancada,
ouço sua calça sendo aberta quando um tapa forte atinge minha
bunda, fazendo-me gritar.
Luto e me debato, não o quero, não dessa forma, mas ele é
mais forte que eu.
— Pare, não me toque.
— Não? Quem pensa que é para acreditar que decide algo?
As coisas jamais funcionarão assim, tigresa. — Sua voz poderosa
está furiosa.
Minha bunda é empinada em sua direção e travada pelo seu
braço e suas pernas estão afastando as minhas. De forma doentia
tudo isso me excita, parece que quanto mais ele me força, mas eu
anseio que faça.
— Gostou do jantar? — pergunta se enterrando em mim em
uma arremetida.
— Dimitri! — grito pela força com que aperta meu corpo.
— Como foi sair com aquela roupa? Tomar os melhores
vinhos, flertar com aquele desgraçado? — Cada pergunta vem com
uma socada forte.
Dimitri está furioso.
— Por favor...
— Fale, porra! Responda a minha pergunta.
— Eu gostei, mas desejei que fosse com você. — Essa última
parte respondo em um sussurro, em um lamento, quando um
lágrima de tristeza por sentir que tudo poderia ser com ele escorre
pelo meu rosto. Eu sei que ele ouviu, mas não muda sua postura.
Seus rosnados acontecem de forma violenta e se misturam
com o barulho dos nossos corpos, suas mãos me apertam como se
desejassem me punir, tudo é tão carnal e visceral que meu corpo
inteiro vibra sentindo prazer. É tudo doentio, mas não consigo me
controlar quando ele acerta o ponto exato em mim. Sua voz grossa,
furiosa, seu pau grosso e duro, tudo isso faz meu corpo entrar em
ebulição gozando junto com ele que me morde na nuca prendendo-
me com seus dentes.
— Muito receptiva, acho que brigar te excita — fala saindo de
mim. — Arrume suas coisas ou vá nua, sairemos logo, fique em seu
quarto até que vá te buscar.
As lágrimas correm pelo meu rosto enquanto caminho de
volta até meu quarto sentindo seu esperma escorrer pelas minhas
pernas. Sinto a dor de ter tantas mortes atreladas a mim, meu corpo
treme imaginando que tudo seria diferente se ele ao menos
entendesse o que sinto por ele, mas demônios talvez nunca
descubram sobre sentir.
Tomo um banho, arrumo minhas coisas, deixo tudo pronto,
quando estou prestes a descer, a porta se abre e um Dimitri com
cara de pouquíssimos amigos aparece pegando minhas malas e
ordenando que o acompanhe. Não sei quais são seus planos, mas
pela forma com que me olha ainda tem muito ódio destinado a mim.
CAPÍTULO 13

Chega de permitir que pessoas se aproximem dela, que


alguém ouse lhe tocar como vem acontecendo, Monike precisa estar
comigo para que eu lhe mostre como alguém que pertence a outra
deve se portar. A imagem dela naquele maldito vestido preto,
colado, com saltos altos finos e vermelhos quase me fez assassinar
aquele projeto de médico na frente de todos.
Caminho de um lado para o outro enquanto a vejo subir as
escadas nua e marcada por mim, seu cheiro invade meu sistema e
quase me faz ansiar por pegá-la novamente até que nós dois
desmaiemos. Essa necessidade está me enlouquecendo, me
deixando completamente perdido. Sinto uma falta de ar apertar meu
peito e preciso falar com alguém ou posso enlouquecer, mas agora
preciso levá-la daqui.
Enquanto controlo meus demônios e entendo que nem se
enviar todas as almas do mundo para o inferno me fará tirar esses
sentimentos estranhos que tem esmagado meu peito.
Subo as escadas indo até seu quarto, pego suas malas e
desço, Monike não questiona nada, seu olhar está longe quando se
senta ao meu lado no carro, colocando o cinto e repousando sua
cabeça no vidro da janela. Dirijo até minha casa, são longos minutos
de um silêncio que quase me deixa sem ar, aperto com força o
volante, não digo nada, é arriscado surrá-la de uma forma que a
deixe de cama por dias, mas é esse meu desejo no momento.
Meus demônios gritam para que faça e uma parte que não
sei qual é pede que me aproxime com cuidado. Cuidado? Ela me
pertence precisa se submeter a mim, precisa entender quem manda
em sua vida.
Estou furioso quando estaciono em frente à minha casa.
— Suba direto para o meu quarto, não saia de lá sem que te
ordene.
— Dimitri...
— Sem falar nada, Monike, ficou em silêncio até agora, então
mantenha sua boca fechada e obedeça.
Abrindo a porta do carro saio sem olhar para trás, seguindo
direto para o escritório, pego uma garrafa de whisky e nem me dou
ao trabalho de colocar a bebida no copo, começo a beber, minha
mente está confusa, meu corpo inteiro anseia por algo que não sei o
que é. Caminhando como um demônio incontido, rodo o escritório
olhando tudo ao meu redor, parece que as paredes começaram a se
mexer como se ansiassem me esmagar. Abro outra garrafa
começando a beber novamente, desejando que a sensação ruim
passe, chuto a poltrona para ter mais espaço, depois a mesa, ouço
gritos que não sei de onde vem, logo o sorriso dela para aquele
médico maldito aparece e eu quero voltar lá e assassiná-lo
novamente. Meu corpo começa a sentir os efeitos da bebida, quero
descontar minha raiva em algo ou em alguém, então caminho até a
porta, mas quanto mais caminho, mais longe fica, minha cabeça
escurece, tudo fica pesado, logo ouço as gargalhadas dela.

(...)
— Madame Loren — digo aflito e desesperado.
— Dimizinho, estava com saudades de você, criança.
— Me deixe! Por favor, não me toque! — imploro encolhido
no canto do quarto vinho em que acabei de acordar, tenho quinze
anos, e a última coisa que me lembro é das palavras daquele
demônio que meu presente estaria me aguardando.
— Ah, querido, nossa noite será tão longa e proveitosa.
— Não, não, não! — Cubro minha cabeça com os braços
encolhido no canto.
— Daemonium. — Quando a ouço meu corpo inteiro já não
pertence mais a mim, eu sou o brinquedo dela.
Seus comandos se iniciam e começo a obedecê-la mesmo
que minha mente grite implorando que pare, ela me ordena que
fique de quatro sobre a cama e faço o que me pede, quando sinto a
pressão de algo ser introduzido em mim, meu grito é desesperado,
minha boca geme clamando por mais, mas eu sei que não sou eu.
Minha garganta queima pelo grito mental, meu corpo reage
aquecendo e endurecendo meu pau, quando começo a sentir o
vibrar poderoso em meu cu.
Madame Loren se deita sob mim, deixando sua boceta na
minha cara.
— Chupe, querido, chupe até que eu goze, com força, como
sabe que gosto. — Ela deve ter uns trinta anos, mas não parece a
idade que tem.
Quero socar a sua cabeça contra a parede com tanta força
até que seu cérebro esteja nas minhas mãos, mas não é isso que
faço, apenas obedeço as suas ordens, sentindo o quanto ela rebola
em minha boca.
Meu orgasmo chega, e como um ciclo onde suas ordens
destinadas a mim quando tinha apenas cinco anos, tudo reinicia.
Meu corpo é usado, explorado, humilhado, as horas passam com
ela fazendo de mim seu instrumento de prazer e tortura, sinto dor,
sinto ódio, sinto nojo de mim, sinto tudo com uma intensidade tão
grande que meu desejo é que o ar pare de entrar em meus pulmões
e eu morra.
Estou suado, cansado, esgotado, quando ouço sua
libertação.
— Liberatus. — Quando a ordem acontece ela retira o
vibrador de mim.
Encolho-me em posição fetal começando a chorar, um choro
de dor que anseia que alguém me tire daqui, que me salve, me
liberte.
Lembro-me de quando meus irmãos me protegiam, quando
aquela mulher fazia me lembrar das coisas que acontecem comigo
desde sempre, eles apanhavam por mim, como nós apanhávamos
por Darko, mas por que ninguém vem ao nosso socorro, por quê?
(...)

Abro meus olhos e tudo está escuro, com certeza é noite,


ainda sinto os espasmos do meu choro, meu corpo parece ter
ganhado nós nos músculos que eu não me recordava que existia,
minha cabeça pulsa e ainda me sinto levemente bêbado.
Coloco-me em pé, olho a bagunça que fiz, tudo ao meu redor
está quebrado, como meu interior. Pensar nela me faz sorrir, porque
imaginar que aquela desgraçada está em minhas mãos é o que me
mantém são.
Sigo sentindo a dor de cabeça pulsar enquanto subo as
escadas em direção ao quarto, quando estou pronto para tocar a
maçaneta, paraliso, por algum motivo não quero que Monike me
veja assim. Recordo-me do seu sorriso, aquele que ela deu
exclusivamente para o maldito médico, imaginar que seu olhar vai
estar negro e sentindo algo por mim além de prazer, me faz dar dois
passos para trás e entrar no quarto de hóspedes.

Acordo com o som do meu telefone tocando, bato minha mão


pelo corpo percebendo que ele vibra no meu bolso.
— Senhor, alvo localizado. — Meu corpo inteiro vibra com
essa informação.
— Consegue trazer sem problemas? — A euforia toma conta
de mim, parece que as coisas começaram a mudar.
— Sim, senhor.
— Faça, mantenha no mesmo lugar que Madame Loren.
— Será feito.
Como mágica a ressaca desaparece, fazendo-me levantar,
ansiando por um banho.
Nu, me enfio debaixo da água com um sorriso que não me
recordo a última vez que dei na vida, anos de espera, anos de
buscas para enfim conseguir acertar meu alvo. Passo a mão na
cicatriz, a maldita marca que sorri de mim e me mostra o quanto
minha vida está nas mãos daquele desgraçado, mas não por muito
tempo.
Saio do banheiro direto para o closet, vestindo minhas roupas
após secar meus cabelos, quando novamente meu celular toca, é
Dusham.
— Irmão, o que faz o Anjo da Morte me ligar numa manhã tão
fria de inverno? — desdenho.
Dusham odeia ser irritado e exclusivamente hoje desejo fazê-
lo.
— Acabo de receber a informação que as domas foram
suspensas na Europa, Konstantin está reformulando rotas, buscas e
entregas, então seu setor fica responsável pelas boates, Darko
pelas armas e Damian pelas drogas.
— E o poderoso Dusham continuará fodendo bocetas
apertadas e virgens.
— Alguém precisa se divertir.
— Acho que posso voltar ao meu projeto de criar mais covas.
— Dimitri, quer foder cadelas e enterrá-las em seu quintal,
faça de forma discreta.
— Sempre fiz e assim será, não se preocupe, posso
aumentar meu percentual enquanto cuido de todas as boates da
Triglav.
— Apenas apague seus rastros — fala encerrando a ligação.
Antes que consiga sair do quarto a porta se abre e vejo
grandes olhos azuis me encararem.
— O que faz aqui, tigresa?
— Vim informar que estou indo. — Olho o relógio e é quase a
hora de ela sair para o trabalho.
— Com a ordem de quem?
— Dimitri, preciso trabalhar.
— Não, não precisa, e os milhões em sua conta garantem
isso.
— Mas...
— Shishishi! — Aproximo-me dela tocando meu polegar em
seus lábios vermelhos e carnudos. — A partir de hoje você volta
para mim.
— Dimitri, não quero pertencer a alguém que não sabe nada
sobre sentir, que irá a qualquer momento me chutar porta a fora
como da última vez e desaparecerá por anos, eu tenho uma vida e
quero vivê-la.
— Tigresa, sua vida me pertence e de hoje em diante apenas
eu tenho poder sobre ela.
— Não me faça te odiar, Dimitri, não mate sufocado o que
sinto por você. — Uma lágrima solitária escorre do seu rosto,
apenas isso faz com que minhas entranhas se contorçam, com a
mesma força que aconteceu quando a vi sorrir naquela noite.
— Nunca vai entender, Monike, essa obsessão me consome,
não sou alguém que abre mão daquilo que deseja, ainda que eu
mate qualquer coisa boa em você, é ao meu lado que irá ficar até
que morra, definhando em minhas mãos. — Colo nossas testas. —
Nunca pude ter nada, estou colocando minha vida em risco apenas
para garantir que por alguns momentos eu fui realmente dono dela,
ainda que me odeie. — Sorrio sem graça. — A verdade é, quem não
odeia? Eu só não consigo fingir que meus demônios não querem
sugar tudo de você.
— Eu te amo, amo desde quando te vi com olhar assassino e
devorador para mim. — Sinto sua mão em meu rosto.
— Não sei do que está falando, mas te garanto que não
existe saída para você, tigresa, nem mesmo salvação para mim,
agora volte para o quarto.
— Por favor... — Sua voz sussurrada e agora chorosa invade
meus ouvidos.
— Obedeça, não quero castigá-la por insubordinação —
sussurro de volta.
Suas mãos saem do meu rosto e por um impulso não a
coloco de volta, mas cravo minhas unhas nas palmas das mãos e
permito que ela se vá.
CAPÍTULO 14

Alguns dias depois....


Estar com Dimitri dessa forma é como ser uma prisioneira em
uma gaiola de ouro, talvez seja isso que Ícaro tenha dito sobre eles
não saberem dizer o que sentem, então aprisionam. Dormimos
juntos na mesma cama, durante a noite ele me agarra como se
fosse algo que ele necessita por perto, mas isso é só, antes que o
sol nasça ele desaparece sem dizer nada, esse ciclo se repete há
dias e estou exausta.
Fico olhando para o meu telefone, o grupo do hospital
continua em polvorosa com todos questionando sobre mim, então
me recordo que pode ser melhor assim, já que todos que se
aproximaram foram assassinados por ele ou levados para longe.
Suspiro, derrotada.
Como pude me apaixonar pelo demônio? Como?
Acesso meus contatos e com o desespero de quem não sabe
mais o que fazer e anseia por qualquer que seja a palavra de afeto,
ligo para Ícaro.
— Oi, meu amor. — Atende com sua voz doce.
— Oi, como estão as coisas por aí?
— Monike, o que aconteceu? — Sua voz é preocupada, Ícaro
é o ser mais puro que conheço, nem mesmo eu sou tão sensível
quanto ele.
— Nada, apenas saudade. Como estão as crianças?
— Estão bem, mas não mude de assunto, onde está? O que
está acontecendo?
— Acho que é TPM, Ícaro, fico chorosa, como chocolate e
assisto filme idiota na tv.
— Ah, meu amor, eu queria poder te ajudar.
— Só de falar comigo já ajuda muito.
— Quando virá aqui nos ver?
— Em breve, logo estaremos juntos, estou com algumas
pendências no trabalho, mas assim que tudo se organizar eu
apareço por aí.
— Ícaro! — Ouço a voz de Damian ao fundo. — Estou aqui,
Dam.
— Vai lá, a gente se fala depois.
— Monike, está tudo bem mesmo?
— Sim.
— Depois nos falamos, querida. — Encerro a ligação antes
que minhas lágrimas caiam e tudo exploda como uma represa
estourando.
Suspiro olhando tudo à minha volta, sempre tiraram minha
vida de mim, nunca tive oportunidade de ser o que realmente
desejava, quando finalmente acreditei que tudo mudaria, meu
coração doente sentiu as sombras do demônio fincar suas garras
tão fundo nele que não teve como fugir, nos apaixonamos pelo
próprio mal.
(...)
Abro meus olhos com uma mão segurando minha boca, o
pavor me toma, o medo me consome quando vejo seus olhos azuis
como os meus, me encarando de volta.
— Oi, princesa do papai, como está? — Seu sorriso de
dentes brancos e perfilados me causa nojo, a bile sobe com
tamanha força que sinto o amargor na minha língua.
Meu corpo inteiro treme, minha vida parece um inferno
constante, onde fujo dele a todo momento, com certeza só posso ter
esquecido de trancar a porta.
— Achou mesmo que uma tranca poderia me parar, você é
minha cadela imunda, ninguém vai fodê-la antes de mim, se parece
tanto com sua mãe, é como revê-la. — Sua mão percorre meu
corpo. — A pele é macia da mesma forma e branca como leite feito
a dela. Ah, querida, não sabe a falta que senti. — O medo parece
me paralisar.
Os sons dos seus gemidos me fazem chorar, não consigo me
soltar daqui, meu padrasto, esse monstro sobre mim tenta de todas
as formas arrancar minha virgindade, segundo ele, já que serei dos
Anjos, eles não precisam dela.
— Quero ouvir seus gemidos, querida, tenho sentido tanta
falta deles por todos esses anos.
— Não, me solte! Não me toque! — imploro ainda paralisada
quando ele adentra sua língua em minha boca, descendo sua mão
até minha boceta. — Pare, pare! — O choro começa e antes que
consiga dizer algo sua calça começa a ser aberta, minha calcinha
desaparece num puxão.
— Vou me enterrar tão fundo, querida, me faça lembrar, me
faça querer.
Batidas na porta o paralisam.
— Andrija! Eles estão aqui. — A voz da minha madrasta que
sabe bem o que ele tenta fazer faz sua feição mudar para ódio
líquido.
— Levante-se, sua imunda, nunca me serviu para nada,
agora será enviada para quem me der mais.
Sou arrastada da cama com as roupas rasgadas por ele,
quando me deparo com Bratslav, ele já veio algumas vezes aqui me
avaliar, segundo ele voltaria com o tempo, e bem, acredito que o
tempo chegou. Ele é um homem lindo, alto, com olhos azuis tão
intensos e assassinos, seu olhar é distante e posso ver o nojo
quando me encara. Sou arrastada de casa sob o olhar atento do
monstro e sua esposa, meus pés vão pisando no chão quando sou
jogada em um carro, bato meus olhos em um homem que já vi,
Darko, conhecido como o Anjo da Atrocidade, ele tem os mesmos
olhos de Bratslav.
O carro entra em movimento, por algum tempo mal respiro, o
silêncio sepulcral está no ambiente, quando paramos e Bratslav me
arranca de lá, agora sendo puxada pelos cabelos, todos me veem,
mas não ousam dizer nada. Sinto o desespero me tomar, quando
tudo paralisa, vejo Dusham, o Anjo da Morte, lutando nu, com o pau
duro, ele é um demônio, neste momento está banhado em sangue.
Tenho um capuz colocado em minha cabeça, logo meu corpo é
lançado na gaiola e quando minha cabeça é descoberta o olhar
mortal me encara, surpreso, ele vai me matar.
(...)

Pulo da cama assustada, meu coração parece que vai sair


pela boca, esfrego meu peito tentando me acalmar, não estou mais
lá, não tenho mais quinze anos, olho em volta e percebo que é
noite, e pela hora logo Dimitri irá chegar.
Corro até a cozinha para comer algo, os funcionários já
desapareceram, Dimitri não os deixa aqui dentro desde que eu vim
morar aqui. Como e logo retorno ao quarto, tomo um banho quente
e volto para a cama, como se fosse cronometrado ele aparece, o
cheiro de sangue pode ser sentido, não ouso me mexer, minutos
depois sinto seu corpo se colando ao meu.
Fico imóvel fingindo que já estou dormindo, mas logo ele
começa a falar.
— Não sabe como luto todo o tempo por você, não imagina o
quanto me arrisco em tê-la comigo, mas meus demônios são
sedentos demais, anseiam em desespero por você. Queria matá-la,
acabar com essa guerra em mim, seria tão mais fácil apenas me
esquecer de você, mas não consigo, eles não deixam, sinto coisas
que não compreendo, quero mantê-la longe, mas sou um ser tão
sombrio que sabe apenas machucá-la e se excitar com isso. Nunca
poderei ser a pessoa de alguém, mas anseio apenas ficar ao seu
lado enquanto conseguir me controlar, depois vejo o que faço. Ele
não me deixará tê-la, nunca, eu só queria poder mudar tudo e fazer
diferente do que é, mas, tigresa, eu apenas não tenho forças para
isso, nem para mudar minha situação, nem mesmo para me afastar
de você, estamos fadados a agonizarmos juntos, você querendo ir e
eu te obrigando a ficar. — Cheira meus cabelos, me apertando
contra seu corpo.
Dimitri parece vulnerável, sua voz em alguns momentos
vacila, só pode ser meus sentimentos por ele tentando mostrar que
existe algo de bom nele.
Não me mexo, não entendo suas palavras, mas percebo o
quanto ele trava uma batalha intensa dentro de si. Talvez sim, eu
jamais seja a sua pessoa, mas eu como uma masoquista continuo
implorando aos céus que ele se transforme e se torne aquilo que
minha mente doente anseia, que ele seja meu assim como eu sou
sua.
Novamente acordo sozinha na cama, desta vez decido
caminhar pela casa, minha força vital parece ser sugada a cada
novo dia, meu corpo anseia por ele, minhas células gritam pelo que
me causa, até mesmo a dor que me faz sentir é melhor do que
nada. Dimitri não tem me dado coisa alguma e a agonia que sinto
me consome com o poder de algo que não consigo conter, queimo
de uma forma que dói, estou tentando, tentando me debater, mas
continuo afundando, sufocando, me perdendo de mim.
CAPÍTULO 15

Estou como um demônio incontido, enlouquecendo, Monike


me causa tantas coisas que não sei nominar, mas a principal delas é
me deixar duro como uma rocha. Sua voz, seu cheiro, seus gestos,
tudo nela é pornográfico para mim, de uma forma tão poderosa que
tenho vontade de me manter enterrado em sua boceta e não sair de
lá nunca mais, dormir e acordar fodendo com ela até que nossos
corações explodam no peito de tanto esforço. É animal e visceral,
algo que eu jamais desejei para mim, sinto desejo de causar dor,
machucá-la, ouvi-la gritar tão alto que suas cordas vocais rasguem.
Monike é como uma droga tão poderosa que não existe condições
de me manter longe, eu quero ter uma overdose dela a ponto de
queimar todos os meus neurônios e quem sabe assim essa porra de
agonia irá desaparecer do meu peito.
Saio do meu quarto, ela não está na cama, não como ordenei
que estivesse, o desejo de castigá-la me toma, eu ainda vou matá-la
dessa forma, então meu brinquedo nunca mais existirá e imaginar
isso me faz querer decepar minha própria cabeça.
Vou à sala de jogos, lugar que nem sei por que existe,
quando comprei a casa ela veio junto e na reforma não quis tirar,
tudo está escuro como um bar de beira de estrada, ligo apenas a luz
que fica em cima da mesa de sinuca, as bolas estão ajustadas da
forma correta para se iniciar um jogo. Andando pelo lugar escuro ou
digamos à meia luz, sigo aos tacos de sinuca, pego o que mais me
agrada, após passar o giz na ponta dou a tacada espalhando todas
as bolas com a força da raiva que me moveu na jogada, mas o
barulho desse movimento me faz ouvir o arfar assustado, Monike.
Assim que me viro, a vejo sentada em uma das poltronas,
com certeza estava dormindo com um livro nas mãos, ao acender a
luz observo que é algo sobre ortopedia.
— Perdida por aqui, tigresa? — Escoro-me na mesa.
— Estava estudando, não quis atrapalhar seu sono. — Sua
voz é aveludada e comedida, é como se soprasse um vento quente
direto no meu pau.
Esses desejos carnais ainda vão me matar.
— Venha até aqui, tigresa. — Observo seu corpo se
movimentar e meu pau já está duro como uma rocha.
Inferno!
— Por que me desobedece? — Aliso meus dedos pelo seu
rosto perfeito vendo aqueles olhos azuis que odiava e que agora
não vivo sem.
— Não desobedeci, apenas não quis incomodá-lo.
— Tem alguns dias que não a toco, sabe o motivo disso?
— Não.
— A cada dia penso em fazer mais atrocidades com seu
corpo, penso em prendê-la em sua mente, mas quero seus gritos, é
tudo tão conflitante. — Encosto minha testa na sua e a surpresa do
meu movimento a faz abrir os olhos.
— Por que não consegue me amar? — Sua pergunta me
atinge de forma tão devastadora que não tenho como me manter no
lugar, ganho um solavanco do meu coração que me assusto, e só
não dou um passo para trás, porque estou escorado na mesa.
— Não fui criado para sentimentos assim, não sou como
Damian, que encontrou a sua pessoa. — Ela ousa ainda mais e toca
meu rosto, e isso me devasta como um tornado que passa
destruindo tudo.
— Gostaria de ser a sua pessoa, Dimitri.
Não estou gostando do que sinto quando ouço suas palavras.
Mudo o foco disso.
— Posso não te amar por não ser alguém dado a essas
besteiras, mas posso chupar sua boceta e lhe fazer gozar até que
precise voltar para o quarto desmaiada, sendo carregada por mim.
— Tiro seus longos cabelos pretos do ombro e vejo sua pele se
eriçar. — Você quer que eu te faça gritar de prazer? — sondo,
Monike é a única que consegue me manter hipnotizado e constatar
isso me causa medo na mesma proporção que me causa fúria.
— Sim. — Seu olhar é lascivo, Monike se excita com minha
voz, eu me excito com ela apenas por saber que ela existe.
Sem mais nada a dizer começo a tirar sua roupa, logo está
nua na minha frente, eu uso apenas uma cueca boxer preta.
Segurando-a pela cintura, a coloco sentada na beirada da mesa de
sinuca.
— Abra suas pernas para mim, tigresa.
Minha boca saliva e meu pau pulsa quando faz o que peço.
Peço? Sorrio, porque nada do que faço é um pedido, é muito mais
que isso, é uma ordem que ela insiste em obedecer de forma
primorosa. Observo a forma com que entendo como as coisas estão
acontecendo e chacoalho minha cabeça. Monike inclina seu corpo
para trás, apoiando as mãos na mesa e ficando bem exposta para
mim, coloco sua bunda bem na beirada, deixando-a bem aberta,
então mergulho minha boca em sua boceta vermelha e molhada,
seu gosto é incomparável, não existe ninguém que eu já tenha
chupado que seja ao menos parecido com isso e tudo que me
causa. Seus gemidos começam a parecer com gritos quando meus
dedos se enterram em sua boceta, pareço esfomeado enquanto a
chupo, mordo e esfrego meu rosto em suas dobras. Suas mãos
fincam em garras em meu couro cabeludo como se estivesse me
castigando, mas essa dor é bem-vinda, ela não sabe que pode fazer
comigo tudo que quiser, na verdade, até eu acabo de saber disso.
— Dimitri!
— Vamos! Grita enquanto te fodo com meus dedos.
Meus movimentos começam a ficar mais rápidos, volto minha
boca para o seu clitóris, minha língua trabalha frenética na busca do
seu orgasmo, estou ofegante e com meu pau tão duro que posso
arrombar uma porta com ele, quando ela goza forte.
— Ahhhhhh!!!!! — seu grito é alto e a puxada dos meus
cabelos pode arrancar todos os fios.
Não paro de mamar seu ponto pulsante até que ela comece a
afrouxar o aperto de suas pernas em volta da minha cabeça.
— Vem! — puxo seu corpo para o chão deixando-a de frente
para mim. — Agora me chupa, quero foder essa boca desaforada e
depois me enterrar em seu rabo quente. Diga que deseja o mesmo.
— Sim!
— Gosta quando não sou tão cruel?
Por que diabos pergunto isso?
— Muito.
— Aproveite a oportunidade, Monike.
Ela se ajoelha na minha frente, abaixando minha cueca
fazendo meu pau bater em seu rosto, a safada sorri e me olha.
Apoio minhas mãos na mesa de sinuca quando sou engolido de
uma vez até seu rosto se pressionar contra minha pelve.
— Porraa!!! — É tudo que consigo dizer, ela é perfeita, sabe
todos os meus gostos, me deixa fora de mim.
Não a toco, não me movimento, permito que ela faça como
deseja, suas unhas rasgam minhas coxas, meu pau bate fundo em
sua garganta sem que eu force, ela se engasga e lacrimeja, tudo
que faz é sem tirar os olhos dos meus, com certeza meus gemidos e
urros mostram que ela está fazendo da forma correta. Ergo minha
cabeça e vejo as bolas de bilhar, a seis e a nove ao alcance das
minhas mãos, e porra, a ideia que tenho quase me faz gozar.
— Pare! — ordeno assustando-a. — Fique de pé. — A puxo
pelos cabelos.
— Dimitri? — Tenta entender o que está acontecendo.
— Ahhh, tigresa, vamos brincar. — Beijo sua testa, um gesto
que nunca faço, e novamente a deixa surpresa.
Todos os meus atos estão uma bagunça.
Pego as bolas de bilhar nas mãos, movimentando-as e sorrio
demoníaco, Monike percebe já que sua feição cheia de desejo muda
para um questionamento. Coloco-a na beirada da mesa e sua
boceta melada aparece novamente, e caralho, eu quero muito foder
esse rabo.
— Já disse que vou comer esse cuzinho gostoso, mas vamos
elevar o nível do nosso prazer — aviso começando a deslizar a bola
seis na sua boceta. Lubrificando-a com seus sucos.
Esfrego seu clitóris e ela geme, mesmo confusa sem
entender ou tendo uma mera noção ela rebola, quando a bola está
completamente lubrificada começo a introduzir em seu canal.
— Dimitri!!! — seu grito surpresa me deixa rugir.
— Geme porra! Geme porque sei que gosta de ser safada —
ordeno massageando seu clitóris com a outra bola e ela geme muito
por sinal.
— Céus! — clama lançando sua cabeça para trás.
— Pegue a bola nove, tigresa, começa a lubrificá-la com sua
saliva. — Seus olhos azuis estão assustados, mas pega a bola.
— Não sei se cabe — fala ofegante quando volto com meu
polegar massageando seu grelo duro, ela está excitada.
— Aguenta, se não aguentar coloco três no seu cuzinho. —
Sorrio e ela cresce o olhar para mim. — Agora chupa a porra da
bola e a deixe pronta para sua boceta gulosa.
Com um dedo segurando a bola em seu canal, volto a chupar
seu clitóris e ela grita surpresa, não paro de mamar gostoso, quero
deixá-la quase à beira do segundo orgasmo, quando paro, ela me
entrega a bola nove começando a introduzi-la, quando ouço seu
grito sei que acabou de gozar novamente.
— Tigresa, é tão perfeita. — Aliso seu corpo que agora está
coberto por uma pequena névoa de suor, e o cheiro disso me deixa
alucinado. — Vou descê-la da mesa, cruze suas pernas, não
permita que as bolas caiam, empine sua bunda para mim, vamos
ver como é ser fodida com a boceta com duas bolas de bilhar.
— Não vou dar conta, por favor.
Desço-a da mesa e ela me obedece, suas pernas estão
cruzadas, Monike fica na ponta dos pés apoiando seu corpo na base
da mesa de bilhar empinando a bunda para mim. Ajoelho-me atrás
dela abrindo suas bandas para ter acesso ao seu cuzinho, enquanto
mergulho minha língua nele, seus gritos aumentam, minhas mãos
estão fincadas em sua bunda branca e redonda. Chupo meus dedos
deixando-os bem molhados, começando a introduzir o primeiro, meu
pau baba pré-gozo, o sinto pingar. Quando introduzo o segundo
dedo, Monike é apertada para caralho, mas com as duas bolas
dentro dela é quase impossível pedir passagem e imaginar que seu
corpo irá clamar enquanto me acomodo nele quase me faz gritar.
Vou massageando, acomodando meus dedos até que o
terceiro se junta aos outros, sinto as ondulações das bolas de bilhar
a cada movimento quando ouço outro grito vindo dela.
— Dimitri! Ahhhhh!!!! — ela gozou tão forte que o líquido
escorre pelas suas pernas.
Ergo-me atrás dela, passando meu pau em sua lubrificação
natural, deixando-o bem melado, quando me posiciono começando
a invadi-la, é malditamente apertado, a dificuldade aumentou em
grande escala, mas isso não vai me parar. Continuo sentindo meu
pau ser esmagado enquanto luta por espaço, meus grunhidos
ecoam muito alto, nunca senti tanto prazer. Aperto sua cintura com
força precisando de apoio para continuar indo mais fundo até que
me enterro completamente nela.
— Agora, tigresa, tudo que anseio ouvir são seus gritos,
quero todos eles, o mais alto que conseguir, arrepie minha pele
enquanto a fodo com força — sussurro em seu ouvido.
Começo a meter, saindo completamente e entrando de uma
vez, como ordenado ela grita fazendo meus demônios se rasgarem
de prazer, sinto cada um deles gozando como uma onda
escalonada vindo em minha direção com tamanha força, que
quando me atingir, com certeza vou ser levado ao chão. Na busca
incessante de ser atingido meto sem dó, cada vez mais forte e mais
rápido, ela grita, seu corpo treme, está perdida entre as sensações
que meu corpo lhe causa junto com as bolas, e tentar segurá-las
dentro dela.
— Dimitri! Não aguento mais, me ajuda.
Travo meu pé entre os seus para que a mantenha na
posição, sem parar de fode-la, meu corpo pega fogo, estou sendo
levado ao inferno, queimando e desejando ser consumido. Minhas
bolas pesam, meus gritos se misturam aos seus quando sou
atingido com violência por um orgasmo que me faz perder os
sentidos. Tudo fica em silêncio, os seus gritos ficam longe, sou
consumido pelo prazer descomunal, quando meu corpo cede e bato
meus joelhos no chão, ofegante, sem condições de puxar meu ar,
ainda consigo escutar o barulho das bolas batendo no chão e
rolarem para longe de nós.
Reúno minhas forças, me erguendo, Monike mal se mantém
em pé. Munido de um sentimento de proteção tão visceral, e sem
condições de tentar entendê-lo agora, a pego nos braços e a levo
para nosso quarto.
CAPÍTULO 16

Estou agarrado a ela, isso tem sido recorrente, o que me


confunde e me deixa inquieto na mesma proporção, não sei decifrar
nada do que sinto. Damian tem sido um filho da puta dos infernos
que me atiça como se atiça uma cobra peçonhenta, ele quer que eu
revide, que eu lute por ela, mas tenho um maldito chip na cabeça,
ninguém sabe disso, ele não sabe disso, mas eu gostaria que ao
menos uma vez pudéssemos partilhar algo, como fizemos quando
estávamos em busca de Ícaro ano passado.
Meu corpo teme, eu sinto medo, porra! Eu só sentia isso
quando aquele maldito me trancafiava na minha mente e me fazia
chupá-lo. Lembro-me da Madame Loren, aquela cadela imunda que
me forçava a fazer tudo que eu não queria fazer desde meus cinco
anos. Gargalho ao me lembrar do dia que a peguei, sua surpresa foi
tão prazerosa. Com meu corpo preso ao de Monike, sabendo que
ainda não amanheceu e que posso vagar um pouco por minha
mente sem me perder, começo a sorrir por me lembrar.

(...)
Ela sempre me convida a vir pelo telefone, quando quer me
ter longe de Bratslav, eu vou porque sei que quando ele está com
ela é muito pior. Minha mente já está alerta mandando-me voltar
atrás da minha decisão de ser um cachorrinho em suas mãos, mas
prefiro mil vezes ser usado por ela do que por ele.
— Dimizinho.
Quando ouço esse apelido maldito sinto o desejo de quebrar-
lhe o pescoço.
— Madame. — Olho para ela logo curvando minha cabeça.
— Ah, querido, como sempre um garoto obediente. — Ela
roda pelo meu corpo arrancando meu casaco.
Madame Loren é uma mulher linda, alta, loira, e que se veste
como as mulheres da idade média, longos vestidos com corpetes
encadarçados, que me faz soltar todas as vezes que quer me usar.
— Vai fazer tudo que eu desejar, Dimi? — Seu leque é
colocado debaixo do meu queixo erguendo meu olhar para que a
encontre.
— Sim — respondo imediatamente como costuma gostar.
— Hoje anseio por algo diferente, Dimi, desejo seus gemidos
verdadeiros. Você gosta de gemer para mim, Dimizinho?
— Sim, Madame.
— Posso confiar em você? — O que diabos ela está
querendo dizer?
— Sempre, madame.
— Hoje não vou trancafiá-lo em sua mente. — Como? Não
posso estar ouvindo isso. — Sabe, Dimi, eu acho que me apaixonei
por você, é meu protegido, querido, se desejar ficar posso tirá-lo de
Bratslav, tenho esse poder sobre ele, acredite em mim, querido, ele
se ajoelharia aos meus pés.
Minha mente grita que é minha chance de acabar com essa
cadela dos infernos. Ah, Madame, não seja tão idiota a ponto de
acreditar que um demônio como eu pode ser contido por alguém tão
tola como você, sem que seja a base de me trancafiar.
— Seria para mim o que anseio, Dimi? — Travo meus dentes
esperando o momento certo de dar o bote.
— Sim, Madame.
— Você me deseja, Dimi?
— Muito, Madame, meu corpo reage ao seu de uma forma
tão devastadora que anseio te foder de todas as formas sempre. —
Vou mentindo, controlando meu ódio com a força descomunal que
não sei de onde tiro, pego meu canivete do bolso da calça enquanto
falo tudo que ela deseja ouvir, vejo que a imunda está excitada por
me ter sem precisar forçar.
— O que deseja fazer comigo, Dimizinho?
— Chupar sua língua, madame, sentir seu gosto. — A cadela
sorri em um maldito movimento nojento que odeio com tudo de mim
e sei que agora ela fará.
Minhas palavras a fazem sorrir, um riso ridículo que me causa
ânsia.
— Faça querido, faça! Chupe minha língua como sabe que
gosto. — Quando sua língua nojenta é colocada para fora seguro-a
com uma mão e num piscar de olhos deslizo a lâmina afiada
arrancando um pedaço dela que cai no chão.
O grito que ela dá me faz gargalhar tão alto que estremeço as
paredes.
— Agora, sua puta, vou te mostrar tudo que anseio fazer com
você por todos esses anos. — Seguro seus cabelos com tanto ódio
para que me olhe, que posso arrancar seu escalpo se continuar
puxando.
Soco seu rosto com força, lançando-a longe, fazendo seu
corpo bater com força contra a parede, ela tenta fugir de mim,
escapar, mas sou o Anjo das Sombras, ela não tem chance alguma
contra mim.
A surra que dou na cadela faz seu corpo parecer uma boneca
de pano sendo jogada de um lado para o outro, eu rasguei suas
roupas com meu canivete, ela está nua e sangrando por todos os
lados.
— Nem mesmo vontade de enfiar meu pau em sua boceta eu
tenho, mas não vou negar que já gozei apenas com a surra que te
dei, agora vou trancafiá-la.
Seu olhar de espanto no único olho aberto me faz sorrir.
— Vamos ver se aprendi direito esse lance de hipnose. —
Sorrio demoníaco. — Será minha escrava eterna.
O primeiro estalo acontece fazendo uma lágrima escorrer
pelo seu olho bom.
— Queimará como uma cadela arrastando sua boceta no
chão todas as vezes que me ver.
O segundo estalo a faz soltar um grito abafado pela sua
própria mão.
— No momento em que seus olhos me verem, irá sentir todas
as angústias de uma alma aflita, desesperada e que agoniza,
apenas meu toque acalmará seu inferno.
O terceiro estalo a faz serpentear pelo chão como se
estivesse possuída.
— Quando eu disser, imunda, tudo irá iniciar, e só acabará
quando disser eu te amo, essas três palavrinhas a libertará,
madame.
Ela tenta balbuciar algo, mas sem sua preciosa língua nada
consegue.
— Um pertence a mim, — estalo meu dedo. — Dois é uma
cadela nojenta. — Novamente o estalar de dedos. — Três fará
exatamente tudo que eu ordenar. Imunda.
Neste momento tenho o início da minha vingança, Madame
Loren ficará presa no subsolo da minha casa em um lugar feito
especialmente para seres tão nojentos quanto ela.
(...)

Volto da minha memória sorrindo quando meu telefone


começa a tocar, solto o corpo de Monike atendendo Darko.
— Te espero no esconderijo.
— O que está acontecendo, Darko?
— Alguns ratos precisando descobrir que não se pode mexer
com demônios como nós. Damian estará lá. — A ligação se encerra.
Ansiando não me afastar dela, saio mesmo relutante, indo em
direção ao esconderijo, ou pode também ser chamado de , o inferno
dos Anjos.

Chego ao local e os carros de Damian e de Darko já estão


aqui, os soldados me veem e abaixam as vistas. O dia está
amanhecendo, mas estamos indo para a escuridão. O esconderijo é
um bunker subterrâneo a vinte metros de profundidade, em cima
temos um galpão de onde funciona um ferro velho.
— Dimitri. — Damian e Darko me cumprimentam assim que
me veem.
— O que temos aqui? — pergunto olhando para dois homens
à minha frente que parecem alucinados apenas com a nossa
presença.
— Igor e Volk, soldados da Triglav que foram pegos no flagra
eliminando duas vadias de nossas boates, a mercadoria foi
assassinada e segundo eles tem ordens de Bratslav para se portar
desse jeito.
— Como? — sondo curioso.
— Para que se importa, Anjo das Sombras, quando Bratslav
souber serão homens mortos. — A petulância de Volk me deixa
curioso.
— Entendo, algo acontece aqui e sabe o que é melhor? Nós
iremos descobrir o que é, e então logo depois os Obscuros farão
todo o trabalho sujo — digo vendo o arquear de sobrancelha de
Damian.
— O quê? Como assim não poderei colocar minhas mãos
neles? — Darko rosna, furioso, meu irmão gosta de foder alguns
rabos como Damian e eu gostávamos também.
Que pensamentos são esses, eu não gostava, eu gosto de
causar dor, mas imaginar minhas mãos tocando corpos diferentes
do dela me causa ânsia.
— Não estou num bom dia para foder. — Sorrio, me
recordando do que fizemos. — Fiz isso à exaustão, esfolei meu pau
de tanto gozar.
Pareço fazer com que acreditem em mim.
— Então, quem vai começar a brincadeira de descobrir o que
esses dois imundos sabem? — indago e vejo Darko caminhar na
direção deles.
Os homens estão pendurados pelas mãos, como pêndulos,
quando Darko pega um pé de cabra e acerta a costela de Igor
fazendo-nos ouvir o som de seus ossos se partindo, o grito de dor
ecoa pelo lugar.
Abro meu terno, me sentando para apreciar a vista.
— Não quer sujar as mãos? — Damian questiona fazendo o
mesmo que eu.
— No momento não, faz algum tempo que não vemos o Anjo
da Atrocidade mostrar os motivos de o porquê ganhou essa
alcunha. — O sorriso que vejo Damian dar me diz que ele também
quer apreciar a obra de arte.
Darko começa a quebrar os ossos dos homens à nossa
frente, a música dos seus gritos de dor e agonia acalmam meus
demônios. Ao lado vejo cinco Obscuros, nus, mascarados e se
masturbando com a cena que se desenrola à nossa frente, meu pau
fica duro com a cena, sangue, homens se masturbando e gritos de
dor é o paraíso na terra.
Darko arranca sua camisa, ele sempre odiou terno, seu estilo
é mais sombrio, algo com couro e jaquetas.
— Pare! Pelo amor de Deus, pare! — Igor grita quando Darko
desliza sua língua pelo seu abdômen lambendo seu sangue pelo
caminho.
— Deus não tem ouvidos aqui, eu sou o único deus que terá
a chance de conhecer. — O sorriso macabro que Darko dá mete
medo até nos demônios.
— Vai abrir o bico? Estamos chegando no momento mais
especial, quando o Anjo da Atrocidade bebe o sangue de vocês
depois de gozar como um animal, não sejam tão bonzinhos.
— Eu digo, digo tudo, só o afaste de nós — Volk implora.
Darko está alucinado, nem mesmo nós o seguraremos, vejo
quando se aproxima dos Obscuros e injeta estimulante nas veias,
ele vai foder alguém, alguma coisa, e não vai se importar nem um
pouco qual buraco seja.
— Traga! — a ordem de Darko me deixa assustado.
— Quem ele pede para trazer? — questiono para Damian
que sorri.
— Nosso terceiro rato. — Arqueio minha sobrancelha sem
entender.
Quando uma mulher negra alta e nua atravessa a porta.
— Briana, chefe das prostitutas, era ela quem dava nossas
mercadorias a esses dois.
Darko soca a mulher que ajoelha na mesma hora, os
Obscuros ficam em polvorosos, quando Darko chama dois deles
para a brincadeira onde começam a foder, sob os gritos da mulher
que se debate os fazendo sorrir, todos os buracos existentes nela.
Ergo-me de onde estou seguindo até os homens à nossa
frente.
— Veem o que eles fazem? — Ambos voltam suas cabeças
para o lado. — Comecem a falar ou serão os próximos.
Logo os passarinhos começam a cantar e a informação que
temos muda toda perspectiva da minha vida.
— Isso não pode ser verdade — Darko informa.
— Verdade ou não vamos descobrir, todas as informações
serão verificadas — Damian informa.
— Isso pode... — falo olhando para os meus irmãos, que
agora sabem sobre o chip bomba em minha cabeça.
— Se isso for real, sua liberdade vai chegar — Damian avisa.
Bratslav cairia e eu finalmente serei livre.
CAPÍTULO 17

Acordo sozinha na cama, meu corpo inteiro reclama, meus


músculos estão doloridos, mas um tipo de sorriso besta ousa rasgar
meu rosto. Dimitri está diferente, algo que pude sentir não
combinava com o demônio que ele realmente é.
Saio da cama sabendo que não posso sair de casa, mas
posso usar as dependências, então decido usar a piscina. Troco de
roupa e sigo pela casa vazia, apenas uma ou duas funcionárias
aparecem em meu campo de visão.
— Senhora, não deseja tomar seu café da manhã? — ela me
pergunta com o olhar que nunca alcança meu rosto.
— Vou nadar um pouco, obrigada.
— Posso lhe servir na área da piscina mesmo.
— Qual seu nome? — pergunto e ela se surpreende com
meu questionamento.
— Raika — fala baixo e de forma um pouco medrosa.
— Eu agradeceria se me servisse na área da piscina, Raika.
Vejo seu sorriso crescer quando concorda com um acenar de
cabeça e sai, retiro o roupão mergulhando na água de uma só vez,
sentindo meu corpo todo ser envolvido pela água quente, sem
pensar em nada.
Sigo dando braçadas sem parar, indo e voltando, levando
meu corpo à exaustão, permito então que minha mente vague por
vários caminhos, em como minha vida sempre foi cheia de
reviravoltas desde que nasci e minha mãe morreu, desde que
entendi que o homem que deveria me proteger queria me machucar,
e tudo isso sob a concordância de sua mulher. Quando Dusham me
salvou eu soube que teria alguém para me livrar de tudo e não
estava errada, aquele demônio com olhar morto e ar assassino
jamais permitiu que alguém me machucasse. Sinto que o traí, traí
sua confiança em mim e continuo traindo, se algum dia ele souber,
se algum dia não, quando ele souber, pode ser que eu jamais tenha
seu perdão, e imaginar isso me deixa inquieta.
Dusham não sonha, mas o tenho como a um irmão, tanto ele
quanto Damian e Darko, meus sentimentos mudam apenas no que
diz respeito a Dimitri, com ele é algo tão cru e animal que não
consigo me conter, foi assim desde que o vi naquele maldito quarto
se masturbando com aquele maldito aparelho que ansiei que fosse
trocado por mim.
Sim, eu tive outra oportunidade de mudar, de desaparecer,
mas o que eu fiz? Decidi ficar em Belgrado, perto dele, de forma
inconsciente ou não eu ansiava pelo seu domínio, esse mesmo que
ele tem sobre mim e que luto para quebrar. Não quero ser seu
objeto ou sua joia, quero ser sua mulher, aquela que ele protege e
ama, assim como Damian faz com Ícaro, quero ser alguém por
quem ele explodiria o mundo, por quem ele levaria um tiro. É
doentio e estranho, mas vivemos de uma forma nada ortodoxa,
então por que não ansiar que aquele demônio maldito me ame
assim como eu o amo?
Ofegante, paro à beira da piscina tentando respirar com
calma, tirando alguns fios do meu cabelo que estão em meu rosto,
mesmo com ele preso vejo que a mesa do café está posta. Saio da
piscina e quando pego meu celular vejo que passei uma hora
perdida em meus pensamentos.
Solto meu cabelo ajeitando-o, pego o roupão me enxugando
e tirando o excesso de água dos cabelos, olho e encontro outro
roupão na cadeira e com certeza foi Raika quem o colocou ali, visto,
sentando-me à mesa e começando a tomar meu café.
— Já de pé? — A voz dele reverbera por todo meu corpo
enquanto o observo se sentar à minha frente e só então percebo
que a mesa foi posta para duas pessoas.
— Sim, acordei com a cabeça cheia e precisava descarregar,
aproveitei para usar sua piscina — informo vendo-o parar sua xícara
de café no meio do caminho.
— Fique à vontade. — É tudo que diz me olhando nos olhos,
travando nossos movimentos.
De relance vejo um sorriso, ou diria o esboço de um sorriso e
logo ele volta a comer.
Ficamos em silêncio sem nada dizer para o outro, mas minha
mente trabalha loucamente, de uma forma que me deixa exausta,
como posso querer uma pessoa como Dimitri, que não sente nada e
que jamais sentirá algo?
— Está diferente. — Ouso dizer.
— De que forma? — Ele coloca o garfo na mesa e se
acomoda melhor na cadeira, de um jeito bem relaxado.
— Não sei, como se estivesse prestes a começar algo.
— Gosto da forma que observa as coisas. Sim, estou
começando algo, em breve as coisas ficarão muito perigosas.
— Dimitri, por favor, me deixe trabalhar. — Seu olhar para
mim é tão intenso que tenciona meu corpo.
— Me dê apenas um motivo, todo esse tempo que ficou lá,
foram várias pessoas tentando tocá-la, tentando pegar o que me
pertence.
— Eu só quero trabalhar.
— Sabe que se eu permitir e alguém se aproximar de uma
forma que eu ache que foi além do que permito, seja homem ou
mulher, eu irei matar, o sangue estará em suas mãos, a vida dessas
pessoas depende da sua obediência, e não me importa se você não
quis ou se foi involuntário, eu preciso apenas acreditar que foi algo
além e essa pessoa morre.
— Dimitri... — Tento argumentar.
— Depende apenas de você, tigresa. Quer mesmo voltar a
trabalhar?
— Sim.
— Entende tudo que disse?
— Sim.
— E mesmo assim quer arriscar?
— Sim.
— Pode voltar, meus homens vão e voltam com você, e isso
não é questionável.
— Eu gosto de dirigir.
— É pegar ou largar, para mim é muito melhor que fique, mas
por alguma força desconhecida estou pendendo para o seu lado,
desejando fazer sua vontade. Sabe que sou seu dono, que me
pertence e tudo que posso fazer com você ou com qualquer pessoa
que eu acredite estar desobedecendo as regras que pré-estabeleci
— avisa olhando seu telefone.
— Eu aceito seus termos.
— Boa garota, pode retornar amanhã, mas lembre-se,
Monike, é apenas uma única chance, não deseje que a castigue.
— Vou poder conversar com as pessoas? — sondo.
— A uma distância segura sim, sem toques, enquanto não
estiver exercendo sua função.
— Tudo bem.
Voltamos a comer em silêncio, mas seu olhar está em mim,
por muitas vezes acredito que ele enxerga minha alma, meu desejo
de tocá-lo é imenso, mas me contenho, Dimitri tem um poder sobre
mim, é incontrolável e visceral.
— Se continuar me olhando assim vou entender que quer
meu pau em sua garganta.
— O quê? — questiono.
Maldição, ele não tem o poder de ler mentes.
— Seu olhar, tigresa, desejando, sua língua umedecendo
seus lábios, está enviando sinais que fazem meu corpo reagir.
— Eu não...
— Não minta para mim, uma palavra e tudo que fará é
montar em meu pau e gritar pedindo mais.
— Não me use dessa forma, não me prenda sabendo que
pode ter tudo de mim sem que precise me manter cativa.
— Fale a verdade para mim, diga, vamos, diga.
— Meu corpo deseja o seu, não consigo controlar o quanto
sua presença me excita.
— De pé! — ordena rouco.
Faço o que me pede.
— Tire sua roupa. — Uma nova ordem sendo obedecida
prontamente enquanto o vejo se despir também.
Sem se importar com ninguém à nossa volta ficamos nus,
seu pau está duro, e Dimitri saliva enquanto caminho em sua
direção pronta para me ajoelhar.
— Não ajoelhe! — Sua voz é dura e me paralisa. — Não
quero sua boca em meu pau, quero seu cu.
Sua mão desliza entre minhas pernas, seus dedos deslizam
em minhas dobras molhadas, Dimitri tem o poder de me excitar
apenas com a sua voz. Retirando seus dedos da minha boceta ele
os leva até a boca, chupando-os sem tirar os olhos dos meus,
devagar, me ajeito em seu colo, sentando-me em seus joelhos,
esperando que ele faça o que deseja, quando se ergue um pouco e
vai até a mesa puxando um pote de mel, seu olhar lascivo
demonstra que acaba de ter uma ideia. Minha boca saliva pelo seu
pau, Dimitri pega o dosador de mel e deposita em seu membro,
observo o líquido viscoso escorrer enquanto um grunhido escapa de
sua garganta e imagino o sabor de seu pau com ele e apenas a
imagem faz minha boceta pulsar.
— Não vou prepará-la, espero que esteja bem relaxada,
agora monte em meu pau, sentando-se nele. — Sua voz está
grossa, ele despeja um pouco mais de mel em sua glande. —
Sente.
Posiciono-me quando ele com sua mão esfrega seu membro
em minha entrada, apenas o contato me faz gemer em expectativa,
relaxada, começo a deslizar sentindo a queimação inicial e a dor
que por estar com ele é sempre bem-vinda, meu corpo deseja tudo
que Dimitri esteja disposto a me dar.
— Caralho! — grita lançando sua cabeça para trás e posso
ouvir um sorriso de prazer.
Arfo a cada centímetro que me invade, quando suas mãos
seguram meus seios com força, minhas mãos estão apoiadas em
seu abdômen quando em uma estocada ele termina de me empalar.
— Ahhhh! — grito surpresa.
— Não consigo mais esperar, tigresa. — Ele traz seus dedos
cheios de mel até meu clitóris e sem se movimentar apenas começa
a massageá-lo, a dor vai dando espaço ao prazer, Dimitri pela
primeira vez decidiu me esperar, esperar meu corpo reagir, se
movimentar e não correr para alcançá-lo na minha busca pela
prazer.
Tomada pelas sensações em busca de mais dos seus dedos
começo a rebolar, quando ele urra pelo movimento.
— Mantenha a posição, rebole em meu pau e esfregue seu
clitóris em minha pelve, não vou tocá-la mais, Monike, me use, nos
dê prazer, nos faça gozar.
Conforme sua vontade e meu desejo, começo a rebolar
lentamente, mas as coisas em meu corpo se agitam quando ele
começa a rosnar, um prazer desmedido me toma e eu aumento o
ritmo de minhas reboladas, que logo começo a subir devagar e
descer de uma vez, meu corpo inteiro queima e se acende, suas
mãos agora estão em minhas coxas apertando com força, nossos
olhos não se desconectam, não quero fechá-los, não quero perder
nenhuma de suas caras de prazer, prazer que eu lhe dou. Ele morde
os lábios, sorri e rosna, tudo de uma vez e junto comigo, a cadeira
parece que irá se partir devido a intensidade dos meus movimentos,
quando ele desiste de me observar e entra na nossa brincadeira,
Dimitri estoca com força. Meu corpo e o seu estão quentes, sinto
que estou sendo consumida pelo seu calor, suas mãos seguem para
minha cintura ditando a força e a velocidade com que eu subo e
desço, tenho meu mamilo mordido e um grito forte ecoa pelo local.
Não contente, ele faz o mesmo com o outro, e eu desejo apenas
mais.
— Mais forte! — imploro
— Tigresa. — Meu apelido sai como um alerta.
— Mais, por favor, mais eu imploro.
Dimitri me tira do seu corpo e me curva sobre a mesa após
jogar tudo no chão, sinto seu pau me invadir novamente e as
estocadas furiosas começam.
— Assim? Assim que gosta de se fodida? Com raiva, com
força?
— Sim, mais! Por favor, mais!
— Eu quis ser controlado, mas você é todo meu descontrole.
— Ahh! — grito quando uma mordida que queima atinge
minhas costas.
Suas mãos machucam minha cintura e a mesa sob mim faz
um barulho a cada estocada dele em meu rabo. Minhas mãos
seguram com força as bordas da mesa, tenho meus cabelos
puxados como rédeas, mas não colo meu corpo no seu, mantenho-
me presa à mesa, e ele rosna ainda mais furioso.
— Goza, sua puta! Se eu gozar e não fizer junto comigo, vou
surrá-la de uma forma que a deixará de cama por dias.
— Dimitri.
— Goza, porra!
Sua ordem é tão poderosa que minha boceta pulsa furiosa,
sem nem ao menos ser estimulada.
— Isso!!!! — Essa é confirmação de que ele chegou ao seu
ápice.
Sinto o pulsar de seu pau quando seus jatos quentes são
lançados dentro de mim.
Desabo meu corpo na mesa, sendo esmagada pelo seu
peso, sua respiração ofegante em meu pescoço me mostra que
ambos estamos saciados.
— Não me dê motivos para assassinar todo aquele maldito
hospital, porque acredite em mim, tigresa, não sobrará nem mesmo
a lembrança de que um dia ele esteve de pé. — Sinto um beijo em
minha bochecha quando ele escorrega para fora de mim.
CAPÍTULO 18

Carrego seu corpo até nosso quarto, levo-a direto para o


banheiro, após nos livrar de todo o mel que usei em nosso sexo, a
carrego direto para a cama, antes de erguer-me sua mão toca meu
rosto e fecho meus olhos apenas sentindo.
— Gostaria que fosse fácil para você entender sobre
sentimentos. — Abro meus olhos me perdendo um pouco nas suas
piscinas azuis.
— Não fui criado como alguém que sente, tigresa —
respondo sentindo uma agonia estranha no peito, isso não pode ser
a porra do meu corpo me fazendo entender que já sinto e só não
entendo.
— Um dia pode ser que entenda, basta prestar atenção nos
sinais. — Sua voz é doce, em nada se parece com a mulher que
não tem medo de me desafiar sempre que pode.
— Preciso que preste atenção no que vou te dizer, sinta o
que desejar sentir por mim, só não espere nada além de domínio e
dor, é tudo que posso te oferecer, é tudo que consigo. — Ela engole
seco ao ouvir minhas palavras, mas não posso oferecer mais que
isso, a qualquer momento minha cabeça pode explodir, estar com
ela aqui é como virar uma ampulheta, meu tempo está acabando,
não posso nem mesmo ter algo como esperança, eu perdi esse
sentimento muito cedo.
— Eu tenho uma escolha? — indaga com um fio de voz.
— Teve uma escolha anos atrás, mas decidiu que me
pertenceria, então apenas eu posso decidir por você. — Uma
lágrima escorre dos seus olhos e limpo com meu polegar. — Viva o
que puder viver, isso é tudo que consigo te entregar. Agora durma,
precisa descansar. — Cubro seu corpo fechando todo o quarto e
saindo de lá.
Caminhando em direção à pessoa que precisa aprender que
não se magoa, machuca ou deseja a minha joia.

— Não havia entendido quando me pediu para trazer quatro


dos meus piores Obscuros, mas agora acredito que posso me
divertir muito — Damian fala com um sorriso demoníaco nos lábios.
— Onde o encontrou?
— Andrija estava escondido, estou há anos procurando esse
verme, mas agora teremos uma longa rodada de diversão — falo
ouvindo um grito abafado.
— A madame ainda está viva? Hahahaha! — Damian
gargalha, ele sabe sobre ela, sabe o que fazia comigo, só não sabe
o que Bratslav fazia.
— Sim, e por estar ouvindo minha voz essa vagabunda deve
estar enlouquecendo — digo com a voz mais alta para que ela
agonize um pouco mais.
— Será que ele vai demorar para acordar? — sonda em
expectativas.
— Acho que não.
Seu olhar para no meu e fica me observando.
— Quando vai reivindicá-la? Quando vai entender que achou
sua pessoa e que está perdendo tempo precioso, ela vai encontrar
alguém.
— Ninguém irá se aproximar, não vai existir outra pessoa em
sua vida.
— O que anda aprontando, Dimitri? Acredita mesmo que não
sei que Monike está sendo mantida aqui por você? — O encaro com
raiva.
— Não se meta em minha vida — rosno furioso.
— Ícaro tem um apreço muito grande por Monike, e preciso te
dizer que eu também tenho, aquela desaforada é minha para
proteger, mas por saber que você é um demônio cheio de
questionamentos sobre sentimentos que você não entende ainda,
vou permitir que continue aqui, mas saiba que quando Dusham
souber disso, levará uma surra por ter violado o pacto.
— Éramos crianças, esse maldito pacto nem deveria existir
mais.
— Ele existe, foi feito quando acreditávamos que o
perderíamos, então não o quebre, para Dusham isso foi o que
trouxe Darko à vida, sabe que ele acredita piamente que se o
quebrarmos Darko corre riscos.
— Isso não é um pacto demoníaco, estamos apenas
desesperados, clamando a qualquer coisa que fosse para que ele
não morresse.
— Hahahahah!
— Do que está rindo? — questiono.
— Somos demônios, Dimitri, selamos esse pacto com
sangue, mãos cortadas, lembra? Até mesmo cortamos as mãos de
Darko, então sim, foi um pacto feito por demônios, eu não acredito e
não me importo, mantenho o pacto por lealdade, você deveria
entender sobre seus sentimentos antes que ele descubra que vem
tratando Monike como uma joia e que a hipnotiza.
— Ninguém sabe sobre isso, Damian, mantenha sua língua
na boca, ou pode ser que eu a arranque como fiz com a madame.
— Ele me olha assassino e encosta bem seu rosto no meu.
— Não tenho medo de você, Anjo das Sombras, não se
demore em entender que sente algo por ela, por que juro que eu
mesmo posso te surrar por ser um idiota, um cretino que está
perdendo tempo precioso apenas castigando alguém que lhe
entrega o que não merece. Confie em mim, a culpa amarga como fel
e dói como uma maldita tortura, tenho experiência nisso, e nada do
que eu faça por Ícaro ou pelos meus filhos é o suficiente para
apagar o quão filho da puta demoníaco fui com a única pessoa que
ousou sentir por mim mais do que eu mesmo ousei sentir. — Com o
ódio fluindo entre nós, ficamos nos encarando, mas tento não
demonstrar que suas palavras me afetaram de uma forma que não
gostei nada.
Suspiro cansado esfregando minhas mãos no rosto.
— Não sei como ser diferente do que sou, não sinto que
posso ser a pessoa que ela anseia, não busco entender o que estou
sentindo, apenas a mantenho aqui, isso acalma meus demônios.
— E assassinar todos que se aproximam também. — Sua
zombaria me faz sorrir.
— Isso irrita meus demônios, matá-los os acalma.
— Você não vê o que está a um palmo do seu nariz, se
apresse em entender, mesmo que não deseje, porque ela pode
desejar ir embora.
— Jamais a deixarei partir.
— Não se esqueça do que Ícaro fez para se ver longe de
mim. — Engulo suas palavras como cacos de vidro.
— Ela não seria capaz.
— Não? — Arqueia sua sobrancelha.
Antes que consiga responder ouvimos os murmúrios de
Andrija, o desgraçado acaba de salvar minha pele e nem sabe
disso.
Com um sinal de Damian os Obscuros começam a se despir
injetando estimulantes em suas veias, posso ver seus paus duros
antes mesmo de o estimulante ser aplicado. Mascarados eles se
posicionam na sala onde estamos exatamente atrás do padrasto de
Monike.
— Ora, ora, ora! Se não é Andrija, o rato fugitivo que me fez
procurá-lo por malditos longos anos — falo me fazendo presente.
— Você, seu desgraçado! — esbraveja.
— Não sabe como foi prazeroso violar, espancar, torturar a
cadela imunda que chamava de esposa, ela agonizou, lutou o
quanto pôde, eu gozei sobre seu cadáver antes de jogar terra em
sua cova, ela era muito gostosa, nunca senti tanto prazer em foder
uma cadela — digo.
Valkiria foi localizada por mim há alguns anos, mas nem
assim a vagabunda abriu o bico, o homem à minha frente preferiu
entregar a mulher a ser capturado por mim.
— Demônio! — grita cuspindo saliva.
— Eu não, jamais entregaria a mulher que divide a cama
comigo para me safar.
— Eu não a entreguei! — grita ainda mais alto.
— Não? Então que nome se daria a alguém que foge
deixando-a para trás? — Ele se chacoalha e ouço um grunhido
vindo dos Obscuros, que já tocam seus paus com ânsia.
Caminho pela sala, indo à mesa de tortura, sempre tão
completa e perfeita, pego duas soqueiras, elas são espessas e com
certeza farão um grande estrago, não quero tocar em seu sangue,
não quero vê-lo escorrer, quero que esse filho da puta tenha uma
hemorragia interna.
— Vamos ver o quão bom é quando não pode fugir, ou
acredita mesmo que não sei que tentou violentar o que me pertence
por anos e ela foi corajosa e esperta demais para se safar disso?
— Aquela cadela imunda! — Ele cospe em minha direção,
mas me esquivo e o cuspe cai no chão.
Acerto com força suas costelas e o som de ossos quebrando
me atiçam a prosseguir, soco do outro lado e novamente ele tem as
costelas partidas.
— Haaaaaaaa! — A dor de seus gritos me anima, eu sorrio e
Damian gargalha.
Uso Andrija de saco de pancadas, a cada soco que dou, ele
sente muita dor, vejo o sangue escorrer de seus pulsos que estão
presos por correntes de ferro.
— Está gostando da recepção calorosa em Belgrado?
— Conte-me, Dimizinho, como era ter sua boca sufocada
com o pau de Bratslav? — Sua fala me deixa sem ar, e olho para
Damian que me encara com o olhar surpreso, buscando em meus
olhos se o que ele disse é verdade.
— Tão prazeroso para mim quanto será para você quando os
Obscuros começarem e enfiar seus paus em todos os seus buracos.
Vou até a mesa, pego um maçarico ligando-o, pego uma faca
aquecendo-a até que fique vermelha incandescente, caminho até
ele segurando seu pau mole e imundo com a mão e o corto
cauterizando para que esse verme não se esvaia em sangue.
— Comecem! — ordeno e vejo os Obscuros se
movimentarem, descendo-o das correntes e posicionando-o sobre
uma pequena mesa.
Sentado, vejo um dos homens mascarados arrancar todos os
dentes de Andrija, eu sei bem o motivo disso, quando finalmente
não existe mais nenhuma em sua boca que sangra e logo é lavada
com álcool, o inferno sobre a terra. Eu já havia visto esses demônios
em ação, mas hoje foi além do que um ser das profundezas como
eu ousou imaginar, um fode seu rabo, outro sua boca, quando vejo
um deles esfaquear a lateral do corpo de Andrija e enfiar seu pau no
buraco feito, fodendo ali com a mesma ânsia que os outros.
Seguindo o exemplo, outro deles faz o mesmo buraco do outro lado
começando a enfiar seu pau lá também, os gritos abafados e os
rosnados que os homens liberam deixa a cena muito erótica para
mim, que preciso segurar meu pau para não gozar.
Os quatro homens não param, eles jamais irão parar caso
não recebam a ordem de Damian. Depois de ver que o corpo de
Andrija não tem mais espasmos e constato sua morte, apenas olho
para Damian que ordena que os homens parem, ensanguentados e
sujos após rodarem por todos os buracos no corpo de Andrija eles
desaparecem de nossas vistas.
— Dimitri.
— Não vou negar nada, Damian, aconteceu, ninguém sabia,
agora você sabe, vamos seguir com o plano, Bratslav pagará por
tudo — digo me encaminhando até a saída.
— Estarei ao seu lado.
É tudo que escuto antes de desaparecer daquele lugar, subir
as escadas e voltar para minha casa.
CAPÍTULO 19

Acordo de manhã com braços envolvidos em meu corpo, não


vi o momento em que ele chegou aqui, me mexo para sair e ir
trabalhar, preciso manter todos longe de mim, mas a medicina é
algo que não consigo largar.
— Onde pensa que vai? — Sua voz rouca invade meus
ouvidos.
— Trabalhar — respondo temendo que ele volte atrás.
— Não se esqueça das consequências disso.
— Não irei me esquecer. — Meu corpo é puxado novamente
colando-se ao seu.
Sinto seu rosto na curva do meu pescoço como se buscasse
pelo meu cheiro, e logo ele me solta, Dimitri se levanta seguindo
para o banheiro sem nada mais dizer, como se meu corpo o
queimasse.
— O que aconteceu aqui? — sussurro para mim mesmo, por
segundos um resquício do Dimitri de anos atrás em sua casa
pareceu vir à tona.
Algum tempo depois o vejo sair do closet pronto.
— Se arrume, vou deixar os seguranças a postos, não se
atrase, te espero para o café. — Sem dizer mais nada ele bate a
porta e me deixa sem reação.
Talvez, só talvez exista a possibilidade de Dimitri ser alguém
que aprenda a amar.
Pronta, desço caminhando até a sala de jantar onde a mesa
do café não está posta, vejo Raika e ela me direciona até a área da
piscina onde Dimitri decidiu que a partir deste dia o café seria
servido.
— Gosto que o café seja aqui — digo ao me sentar sob seu
olhar atento.
— Algo diferente, gostei de como foi ontem. — Sua
expressão é fria e suas palavras condizem com elas. — Os
soldados irão te deixar na porta, informe quando estiver saindo, me
dê seu telefone. — Estende sua mão para que lhe entregue meu
aparelho.
Observo enquanto ele digita algo e depois seu telefone vibra.
— Eu já tenho seu contato.
— Eu sei, mas deixei as mensagens simultâneas, tudo que
chegar ou sair do seu telefone eu irei receber.
— Isso é demais até para você.
— É assim ou sem acordo. — Ele não parece nada feliz com
essa minha escolha e o que encaro em seus olhos é alguém louco
para que eu bata de frente com ele.
— Tudo bem. — É instantâneo o arquear de sua sobrancelha
em questionamento e surpresa.
— Tudo bem? Onde está a Monike que me mandaria se foder
e para não me meter em sua vida?
— A medicina é muito mais importante para mim que entrar
em uma batalha que sei que sairei perdendo. — Volto a tomar meu
café e fica impossível não sorrir internamente ao ver o pote de mel à
nossa frente.
Ao finalizarmos, ele espera que eu acabe e essa cortesia
vinda dele me deixa em alerta, como se ele estivesse planejando
algo, como se soubesse que algo iria acontecer e eu voltaria a ser
alguém sem a regalia de sair e ir trabalhar.
Caminhamos até o estacionamento onde uma SUV branca
me aguarda ao lado de dois homens que mais se parecem
muralhas.
— Esses são os soldados que irão te acompanhar, não se
reporte a eles, não puxe assunto, não espere nada além de lhe
proteger, eles são como Runnir, não tem suas línguas, infelizmente
não fui eu quem as arranquei. A devoção deles me pertence por ter
sido eu a pessoa que os salvou e os treinou, eles não têm nomes,
não para você. — A forma fria com que fala dos homens mostra
mais uma vez com quem estou lidando.
Dimitri abre a porta para que eu entre e assim que me
acomodo, antes de fechá-la me dá um último aviso.
— Ainda tem tempo de desistir.
— Não vou — respondo sabendo o risco que qualquer
pessoa que se aproximar de mim corre.
Com apenas um acenar de cabeça ele fecha a porta,
conversa por alguns segundos com seus soldados então o carro sai,
seguimos pela rua de Belgrado até chegarmos ao hospital, assim
que entro nas dependências sigo direto para a diretoria.
— Bom dia, Sara, posso falar com a diretora Foller?
— Sim, doutora, ela acabou de sair de uma reunião e tem
alguns minutinhos disponíveis.
Logo tenho acesso liberado e a diretora me atende.
— Monike, minha querida. — Ela se encaminha até mim, mas
recuo um passo. — Algo aconteceu?
— Na verdade, não, senhora, mas não quero contatos tão
próximos.
— Ah, sim, fui informada sobre seu tratamento psicológico
após a morte de Antony. — Sinto o pesar em sua voz e meu peito
afunda. — O que a traz aqui?
— Quero me reapresentar, mas gostaria de ficar na clínica
médica.
— Querida, é um desperdício alguém como você fora da área
cirúrgica, mas entendo seu pedido, só tenho vaga por hora na área
de obstetrícia e pré-natal.
— Vou gostar de passar um tempo por lá.
— Caso a equipe necessite posso te encaminhar para a
urgência.
— Por hora acho que a obstetrícia é o melhor lugar.
Vejo ela ir até seu computador digitar algumas coisas e logo
me encarar.
— Prontinho, seu acesso está liberado e já foi informado que
irá começar agora mesmo.
— Obrigada, senhora Foller.
Saio de sua sala seguindo direto para a clínica de obstetrícia,
o importante neste momento é continuar espairecendo minha
cabeça, e mesmo sabendo que nunca serei mãe, pode ser que
cuidar de algumas crianças alegre meu dia.
Sou recebida por uma enfermeira e direcionada à minha sala
onde começo os acompanhamentos, tenho 20 consultas até o final
do meu expediente. Começo atendendo todas as gestantes, assim
que as dez primeiras consultas do dia se encerram, caminho para a
UTI neonatal para acompanhar os recém-nascidos que precisam de
avaliação, encontro com a pediatra do setor e analisamos os casos,
o que temos aqui é algo simples, apenas bebês precisando ganhar
peso.
Sigo para o restaurante e encontro alguns colegas, que de
alguma forma mantém distância ao se sentarem para almoçar
comigo, falamos sobre algumas coisas triviais, logo o horário de
almoço se encerra e volto para os meus atendimentos.
Meu dia passa de forma tranquila, quando sinto algo estranho
no momento em que minha última gestante entra na sala.
— Boa tarde, Eliza Druída, certo?
— Sim, doutora. — Observo a mulher à minha frente, seu
olhar parece amedrontado e temeroso.
— Está tudo bem com você? — Tento entender o motivo de
todos os sinais de que ela parece estar me dando.
— Sim, estou com seis meses, aqui estão meus exames.
Eliza é uma mulher preta, alta e muito bonita, apesar de
parecer abatida, quando sorri fica ainda mais encantadora. Esqueço
meu primeiro pressentimento e foco em sua consulta analisando
seus exames.
Deito-a na maca para fazer a ultrassom e ver como está seu
bebê.
— Pode ser gelado quando encostar o aparelho em sua
barriga — digo e ela sorri. — Vamos ver o coração desse garotão.
O sorriso de Eliza novamente aparece, e no momento em
que ouço as batidas potentes desse coração sinto o meu sofrer um
solavanco tão poderoso que a lágrima que escorre do meu olho me
surpreende.
— Você tem filhos, doutora? — Seu questionamento me
assusta.
— Não.
— Deveria, é uma mulher muito bonita, sempre acreditei que
essa profissão seria tudo na minha vida, mas percorri caminhos
opostos, e mal acabei o ensino médio. — O pesar em sua voz pode
ser sentido. — O pai dele não me quis, estou trabalhando sozinha
para nos sustentar.
Sua conversa não condiz com essa consulta, estamos num
hospital onde tudo é particular.
— Ele pagou apenas dois anos de plano de saúde e
desapareceu. — Essa informação desfaz qualquer pensamento que
possa ter, hoje estou cheia de pré-julgamentos.
— Vocês vão conseguir. — É tudo que consigo dizer
enquanto analiso as imagens desse bebê, que ainda faz meu
coração vibrar de uma forma que desconheço.
Finalizo o exame e ajudo que se levante e se recomponha,
marco seu retorno e me preparo para encerrar meu dia, enquanto
Eliza sai, envio uma mensagem aos seguranças de Dimitri que me
informam estar no estacionamento.
Sento-me na cadeira do consultório e me pergunto o que
fazer da minha vida, lembro de todas as gestantes que passaram
por aqui hoje, e uma coisa sobre mim é certa, eu não nasci para
gerar, não anseio ter filhos, ainda mais nesse mundo onde estou
inserida. Toco em meu braço e sinto o implante hormonal,
respirando fundo, decido deixar no trabalho todos os
questionamentos que rondam minha cabeça e sigo direto para casa.
CAPÍTULO 20

Assim que Monike saiu, segui para as boates, com certeza


ninguém estava preparado para me ver, já que a maioria dos
gerentes quase enfartaram enquanto adentrava os locais.
— Senhor. — Yllian, o gerente da última boate que visito hoje
parece pálido quando me vê.
Com certeza ele já deve ter ouvido falar que assassinei dois
gerentes pela manhã, essas notícias correm rápidas e as
substituições já ocorreram de forma simultânea.
Apenas o observo de cima a baixo, analisei todas as
movimentações, e o desgraçado vem nos roubando na cara de pau,
sei que ele e seus homens de confiança montaram um esquema de
caixa dois, a cada três mulheres traficadas eles pegam uma, soube
de seu prostíbulo disfarçado de boate que fica fora dos domínios da
cidade, o que ele não sabe, é que eu sei que vem usando toda a
estrutura da Triglav para se bancar e isso acaba hoje.
Caminho em direção ao escritório sem nada dizer, ele apenas
me segue, tagarelando o quanto nossa boate tem triplicado os
ganhos e em como temos recrutado clientes poderosos e famosos,
homens do mundo todo que vem até aqui atrás de virgens menores
de idade escolhidas a dedo apenas para que eles as usem.
— Quero toda a movimentação da boate — digo, me
sentando na grande e confortável poltrona de couro preto que tem
aqui, girando em meus dedos um lápis amarelo que agora me
parece bem interessante.
Fico por meia hora em silêncio, eu já tenho todas essas
informações, mas estou gostando de ver como ele transpira
incomodado com minha presença, vejo que deixou a porta aberta e
que tem quatro dos seus homens de confiança lá fora.
— Agora, Yllian, eu quero a movimentação da Boate
Dinamus — peço, encostando-me na cadeira de forma relaxada
apenas o desafiando com o olhar.
— Que boate é essa, senhor? — No final de seu
questionamento ele vacila um pouco.
Levanto-me e quando o faço ele dá um passo para trás e
todos os seus homens entram fechando a porta, são quatro deles,
fazendo com que ele estufe um pouco o peito e eu apenas sorrio de
canto.
— A sua, aquela que vem montando com todos os desvios
que vem fazendo. Acreditou mesmo que não saberíamos que está
vendendo nossa mercadoria e fazendo dinheiro nas nossas costas?
Acreditou mesmo que não estamos lhe dando corda? Dois anos,
Yllian, construiu um lindo império em dois anos, enquanto estamos
resolvendo problemas internos você estava expandindo seus
negócios, preciso confessar, você tem culhões.
— Sabe o que é interessante, Dimitri? — O desgraçado me
chama pelo nome como se eu não fosse assassiná-los aqui mesmo
e espalhar seus restos mortais por Belgrado para que todos saibam
o que acontece com aqueles que ousam nos roubar. — Não sairá
vivo daqui para contar essa história.
— Não? — indago em tom sarcástico.
— Não, eu irei te enterrar e acabarei com a sua grande pose
de Anjo das Sombras que não assusta nem mesmo as criancinhas
da Máfia — ele diz olhando em meus olhos, muito corajoso de sua
parte. — Matem-o!
Assim que dá sua ordem seus homens avançam sobre mim,
as investidas começam e o erro deles é não terem atirado em mim.
Começo socando, ouvindo o som de ossos quebrarem quando
acerto o nariz do primeiro, os quatro investem em mim enquanto
chuto e soco, seguro um deles pela cabeça girando seu pescoço
fazendo seu corpo inerte cair aos meus pés. Meus olhos estão em
Yllian, enquanto continuo lutando, seguro a cabeça do segundo
girando seu corpo para trás de mim, chutando o peito dos dois
homens à minha frente que se afastam, então com minhas mãos
puxo com força a cabeça do homem que seguro deslocando seu
pescoço fazendo com que caia abatido no chão. Dois já foram,
faltam dois.
Ajeito meu terno e volto a atacar, um chute certeiro em um
pomo de adão faz o soldado bater os joelhos no chão, apenas me
posiciono e giro seu pescoço quebrando-o, estou perto da porta
quando giro a chave nos trancando aqui dentro, Yllian não terá rota
de fuga, com a investida do último soldado eu sorrio quando vejo a
lâmina brilhante de sua faca.
— Vou quebrar seu pescoço como fiz com seus colegas, e
depois, Yllian, vou enfiar meu lápis em seu crânio.
Vejo-o puxar a arma no mesmo instante que seu soldado
investe sobre mim, ele descarrega sua arma em minha direção e
uso o corpo do seu soldado para parar as balas enquanto caminho
em seu curso, sinto o ardor de um tiro em meu ombro.
— Filho da puta! Acaba de estragar meu terno, e eu gostava
deste — rosno quando as balas de sua arma acabam. — Um 38,
Yllian? Você é uma vergonha para a Máfia.
Lanço o corpo de seu soldado de lado, indo em sua direção,
começando a socar sua cara, ele se defende e tenta me acertar
quando com um movimento o jogo no chão, caindo sobre ele com
meu joelho em seu estômago.
— Haaa!!! — O grito de dor da pancada me deixa eufórico.
— Não deveria ter nos roubado, e muito menos ter me
desafiado.
Retiro o lápis do meu bolso e cravo em seu olho enviando
sua maldita alma ao inferno.
Ergo-me do chão, pegando meu telefone do bolso interno do
meu blazer e vejo que ele está perdido, uma bala cravada em sua
tela me mostra que eu deveria estar morto a esta hora.
— Filho da puta! — digo seguindo em direção à porta,
destrancando-a.
Caminho até a mesa pegando o aparelho.
— Sim.
— Traga o pessoal da limpeza para a boate do arvoredo,
arranque as mãos dos desgraçados e espalhem por Belgrado,
mostrem aos nossos homens como são tratados todos aqueles que
nos roubam.
— Será feito.
Encerro a ligação discando o ramal onde o chefe de
segurança da boate atende.
— Senhor.
— Venha até o escritório.
Sento-me novamente na poltrona e passo a mão em meu
ombro, o maldito tiro ainda queima, mas foi de raspão.
Grian atravessa a porta e não se incomoda ao ver todos os
corpos espalhados no chão.
— Senhor.
— É o novo gerente, em algumas horas vai receber todo o
treinamento necessário para gerir a boate, não me decepcione.
— Jamais, senhor.
— É o que espero.
Levanto-me, saindo dali, precisando desesperadamente das
mãos de Monike sobre mim.
Assim que entro no carro ativo o aparelho novo que tenho de
reserva e saio em direção à minha casa, esse pensamento retorna,
chacoalho minha cabeça, com certeza essa vontade de tê-la e
vontade de foder nunca é o suficiente com ela, nunca é o bastante.
Passei o dia recebendo todas as informações sobre ela, e sei que
neste momento já se encontra em casa.
Minutos depois estaciono meu carro em frente à casa,
quando meu telefone toca e recebo uma mensagem.

Em seguida as fotos começam a chegar, o ódio sobe com


tanta força que sinto o amargor da bile em minha boca. Aperto o
aparelho em minha mão, ver essas imagens me causa asco, fúria, e
um sentimento assassino tão descomunal que isso não ficará assim.
Irei mostrar a ele o que irá acontecer quando me libertar de sua
coleira invisível que me aperta, quase me asfixiando. Levo a mão à
minha cicatriz, respiro fundo algumas vezes e tento me controlar,
posso criar um rio de sangue apenas por ver essas imagens,
apenas por saber que ele e Konstantin tomaram essa decisão.
Desço do carro batendo a porta com tanta força que o olhar
dos soldados foca em qualquer lugar, menos em mim, meu corpo
treme pela fúria. Subo as escadas e a cada passo que dou sinto
minha mandíbula travada a ponto de estourar meus dentes, a
impaciência me toma, Damian não me informa nada, ele sabe que
precisamos dele para resolver isso.
— Desgraçado! — Bato a porta assim que passo por ela.
Começo a tirar minha roupa, enquanto caminho para o
banheiro largando tudo pelo caminho, nu, ligo o chuveiro e permito
que a água quente caia sobre o meu corpo, então me recordo da
dor, meu ombro parece voltar a doer, ou sou eu quem volto a prestar
atenção nele.
— Haaaaaaaaaa!!!!!
Grito tão furioso que minha garganta dói, soco a parede
várias vezes com tanta força que começo a ver o sangue escorrer
por ela, mas nem mesmo isso me faz parar. Estou borbulhando em
fúria, emanando um ódio tão descomunal que poderia assassinar
qualquer um apenas com meu olhar. As imagens repassam em
minha cabeça, sei que meus irmãos também as receberam, não me
conformo, não aceito, não, não e não.
— Dimitri. — Sua voz atravessa meu peito como uma lâmina
afiada e a dor que era lancinante se torna insuportável.
Viro-me em sua direção, Monike tem algo no olhar, algo que
só existe no olhar dela, um sentimento que jamais conheci, não sei
discernir ou decifrar. Ainda sinto minha feição de fúria, não consigo
engolir o nó em minha garganta, a fúria ainda está na superfície
quando minhas mãos a tocam.
CAPÍTULO 21

Estou paralisada com seu olhar, ele parece possuído pelos


seus demônios, quando se vira para mim, meu coração bate tão
acelerado e quase me arrependo de ter vindo aqui assim que ouvi
seus gritos, ele me puxa para seus braços me enfiando de roupa e
tudo debaixo da água, retribuo seu abraço quando ouço algo que
não cogitei jamais vir dele.
Dimitri chora.
Como se estivéssemos em câmera lenta, vamos descendo
até estarmos sentados no chão comigo em seu colo, enquanto seu
choro explodindo em meus ouvidos parte meu coração, sua dor
pode ser sentida e eu não sei nem ao menos o que está
acontecendo. Fico aqui com ele, sendo seu ponto de apoio, o lugar
onde ele se agarra com tanta força que machuca, mas que não
permite que ele sucumba à dor e à escuridão.
Seus soluços se misturam aos gritos e palavras que estão
abafadas pelo meu pescoço e pela água quente que cai sobre nós,
escuto maldições e o quanto ele odeia ser filho de quem é, o quanto
não teve a oportunidade de ser diferente e o quão malditamente
preso ele está.
Permito que fique assim o tempo que desejar, quando
afrouxo o aperto ele me aperta mais, murmurando que não o solte,
que não o deixe. Esse Dimitri é alguém desconhecido por mim.
Seu choro vai cessando, seu corpo já não sofre com os
espasmos, seu aperto vai se aliviando, eu apenas continuo aqui,
para ser o que ele desejar.
— Está machucado — aviso quando o toco e ele se encolhe.
— Levei um tiro, mas foi de raspão — responde baixo.
— Preciso cuidar de você.
— Não, deixe que a dor doa, com isso eu sei lidar.
— O que está acontecendo? — Tento pela primeira vez
adentrar o território desconhecido.
— O de sempre, sou filho do demônio, cativo, obrigado a
viver de acordo com suas vontades, enquanto tudo que anseio é
assassiná-lo, mas não sem antes lhe causar dor, uma dor tão
dolorosa que ele anseie pela morte de uma forma tão desesperada
que morra mesmo ainda estando vivo. — Seu olhar neste momento
está fixo ao meu e posso contemplar em seus olhos a promessa em
suas palavras.
— Vamos sair daqui, preciso cuidar de você. — Um pouco de
vulnerabilidade é demonstrada quando ele apenas acena,
concordando.
De pé, tiro minha roupa enquanto ele começa a tomar banho,
sem nada dizer e já nua, pego o sabão e a bucha de sua mão
lavando seu corpo, não dizemos nada, apenas cuido dele enquanto
me permite, lavo seus cabelos e por fim lhe entrego a toalha para
que se seque e saia.
Inicio meu banho que é rápido, pois desejo cuidar dos seus
ferimentos, assim que finalizo e pego a toalha o vejo no mesmo
lugar me olhando, seu rosto está vermelho pelo choro e seu olhar
um pouco perdido.
— Vamos. — Seguro sua mão sem que ele diga nada e o
levo para a cama, ele para no closet e pega uma cueca boxer preta,
vestindo.
Também me visto e mantenho uma toalha nos meus cabelos,
pegando o kit de primeiros socorros.
Assim que chego no quarto, Dimitri está sentado na cama
com a cabeça baixa, olhando para as mãos que estão em carne
viva.
— Vou cuidar primeiro do seu ombro, depois das suas mãos
— aviso e apenas recebo um leve concordar com a cabeça.
Seus olhos não me encaram, ele é um rascunho de homem,
alguém que jamais vi em todos esses anos. Limpo seu ferimento no
ombro, faço o curativo e então vou para as mãos, por todo tempo o
silêncio se faz presente, ele não geme ou esboça reação quando
começo a limpar, os cortes estão feios, mas não precisam de
pontos, apenas cuidado.
Limpo tudo, fazendo um curativo em suas mãos, o toque
áspero de seus dedos contra os meus faz meu coração bater mais
forte, Dimitri tem total ciência do que me causa, ainda que neste
momento ele apenas pareça um boneco sem pilhas.
— Terminei, deite-se um pouco — peço e ele me obedece.
Pego um comprimido para dor e água.
— Beba, vai ajudar com a dor de cabeça. — Assim que digo,
ele me olha com esses olhos pretos mortos.
— Como sabe que estou com a cabeça doendo? — indaga
depois sorrir sem graça alguma. — Às vezes me esqueço que é
médica.
Pega o copo da minha mão engolindo os comprimidos sem
questionar mais.
— Vou providenciar algo para jantar e já volto.
Não espero que ele diga algo, apenas saio e sigo em direção
à cozinha, as funcionárias estão trabalhando e quando Raika me vê,
seu olhar me dá a certeza de que ela ouviu os gritos daqui.
— O jantar está pronto, senhora.
— Prepare uma bandeja para mim, vou levar até ele. —
Concordando comigo começa a providenciar o que pedi.
— Pronto — avisa colocando a bandeja na minha frente. —
Fiz o seu também. — Sorrio para ela.
Antes de sair da cozinha vejo que todos os funcionários
começam a se movimentar fechando a casa, Dimitri costuma se
trancar sozinho sem que exista alguém para atravessar seu
caminho durante a noite.
Retorno para o quarto e ele está da mesma forma que o
deixei, vou até a mesa no canto, coloco a bandeja, retiro meu prato
e a levo até ele.
— Levante, precisa se alimentar — informo e ele se posiciona
sentado na cama.
Entrego-lhe a comida e volto até a mesa, começamos a
comer, não existe coisa pior do que enxergar alguém como o vejo
agora, eu sei lidar com o homem cruel, assassino, com o monstro,
mas com essa versão destruída dele não, é como andar sobre
cacos de vidro, uma linha tênue entre a agonia e a morte.
Vez ou outra, seu olhar sai do seu prato e vem até mim, não
há uma expressão que eu possa decifrar, é apenas o vazio.
Quando finaliza retiro a bandeja do seu colo colocando o meu
prato e levando-o até a porta, deixando do lado de fora.
— Venha deitar — pede baixo e de uma forma vulnerável.
Não digo nada, apenas faço o que me pede, seus braços me
puxam com força colando nossos corpos, seu rosto se enfia na
curva do meu pescoço, sinto que treme um pouco, logo ele me vira
de frente para ele, enfiando sua perna entre as minhas como se
buscasse um tipo de refúgio ou algo a que se agarre. Não me
contenho e começo a alisar seus cabelos pretos que tanto amo, ele
nada diz, apenas permite que continue, sinto o cansaço do dia me
cobrar seu preço, momentos depois percebo que Dimitri dormiu,
então acabo me entregando ao sono também.
Abro meus olhos e encaro o rosto tranquilo e sereno de
Monike, ela dorme serena e meu peito esmurra furioso apenas com
a visão, seus longos cabelos pretos e seus cílios longos fazem um
contraste perfeito com sua pele branca. Por segundos me perco em
tê-la em meus braços, até que as lembranças de ontem me tomam
e sinto o fumegar da fúria borbulhar novamente.
Todas as minhas camadas duras e frias começam a se
reerguer, lembro que não posso tê-la tão perto, recordo-me dos
motivos disso. Pisco algumas vezes ainda tentando
desesperadamente entender o porquê de tantos sentimentos
conflitantes, e me recordo das palavras de Damian, onde ele diz que
ela é a minha pessoa.
Não, ela não pode ser, correção, eu não posso ser a sua
pessoa, não alguém como eu, só não consigo a deixar ir, mas não
sou alguém que sente a ponto de permitir que ela seja todo o meu
mundo como Ícaro é tudo para Damian.
Se eu morrer e ela estiver junto, a levo comigo, e isso me
deixa com um gosto amargo na boca. Não a quero com ninguém,
mas não a quero morta, não sei se mantê-la nessa prisão é o
suficiente para ela. A única certeza que tenho é que Bratslav vai
retornar e eu vou ter que afastá-la mais uma vez.
Bratslav..., lembrar daquele demônio me faz querer
assassinar a todos, mas ele não perde por esperar, aquelas fotos
me causaram tanto ódio, meu plano deve seguir, preciso manter
meus olhos em Monike, mas preciso continuar com os detalhes de
como o farei agonizar, não só ele, mas aquele velho maldito do
Konstantin também, ambos irão desejar jamais ter nascido, criaram
monstros tão perversos que entenderão que deveriam ter nos
matado assim que colocar minhas mãos neles.
Saio da cama, seguindo para o closet, visto meu terno preto
de três peças, pronto, saio e vejo que ela está acordada.
— Está melhor? — questiona com um sorriso preocupado.
— Sim, não será Bratslav que irá me destruir, não antes de
arrancar seu coração do peito — digo sem lhe olhar e de forma fria.
— Dimitri...
— Monike — a interrompo porque sei que caminhos essa
conversa terá. — Ontem me viu vulnerável, cuidou de mim e apenas
isso, não espere nada além do que estou disposto a te entregar, não
espere afeto e todos esses sentimentos dos quais Damian acabou
sucumbindo, eu não sou assim e jamais serei. Nossa relação irá se
manter da mesma forma, comigo fodendo você com força e você me
obedecendo sem reclamar. — Ela abre e fecha a boca sem
conseguir falar. — Agora se levante, já deveria estar pronta.
Saio do quarto sem olhar para trás, preciso manter meu foco
e seguir com meu plano.
CAPÍTULO 22

Entro no carro e faço a chamada para Darko.


— Nunca me ligavam, agora parecem sarnas que não me
deixam em paz. — Sua voz rouca me diz que estava dormindo.
— Estou indo para sua casa, recebeu as fotos de ontem?
— Sim, e achei muito convidativo.
— Do que está falando?
— Sangue, Dimitri, desejei tanto sentir o sangue quente
escorrer pelas minhas mãos, tocando minha língua, endurecendo
meu pau, depois foder como se não houvesse amanhã, e então a
morte.
— Controle-se, sabe que em momento oportuno tudo irá se
voltar contra você, no momento o alvo dele sou eu.
— Não estarei aqui para que me encontre, assim que dermos
um fim nisso vou desaparecer como fumaça.
— Do que está falando?
— Que me darei a minha liberdade e que a Triglav se
exploda, só irei retornar quando Stefan assumir.
— Sabe que isso pode gerar uma grande caçada a você, sua
cabeça valerá milhões.
— Eu sou alguém a quem vale a pena caçar. — Sua
gargalhada explode e sei que Darko hoje está em seus melhores
dias.
— Temos que proteger Damian e sua família, sabe que o
ataque à família de Ícaro foi apenas o começo.
— Ninguém toca nas crianças. — Seu rosnado furioso arrepia
meus pelos, o Anjo da Atrocidade acaba de assumir o controle.
— Antonella te tem nos dedos.
— Ela e Romeu são meus para proteger, nunca senti por
ninguém o que sinto por eles, ainda que precise assassinar qualquer
um, ninguém os toca.
— Como sabe? — questiono dirigindo e tentando prestar
atenção nas ruas.
— Do que está falando?
— Como sabe sobre sentimentos?
— Dimitri, eu sempre soube, eu me recordo de tudo, das
surras, das vezes que vocês apanhavam por mim, diferente de
vocês eu tenho memória fotográfica, eu me recordo até mesmo
quando a vi pela primeira vez, me recordo de quando abri meus
olhos no dia que nasci.
— Isso é impossível!
— Não importa. Sobre sentimentos, se continuar lutando
contra eles a única coisa que fará é Monike sofrer.
— Não estou falando dela — brado furioso batendo no
volante enquanto atravesso os portões de sua casa.
— Não? Então por que o desejo desenfreado de arrancar
esse chip da cabeça? Qual o motivo de estar com ela sendo
prisioneira em sua casa e assassinando todos que se aproximam
dela?
— O quê? — Desço do carro no momento em que ele abre a
porta desligando o telefone.
Seus olhos azuis que tanto me lembram aquele desgraçado
estão lá, me encarando como falcões.
— Para você que foi abençoado com uma mente que
bloqueia a dor, eu não, é como se todos esses anos nenhuma
página se quer tenha sido arrancada da minha memória.
— Isso é um inferno.
— E eu sou um demônio. — Outra gargalhada, mas dessa
vez não me convence tanto.
Entramos em sua casa que não se parece nada com a casa
de um assassino, é colorida e estranhamente alegre, dos móveis às
paredes, é como se Darko quisesse trazer cor à escuridão que nos
domina.
— Alguém já te disse que sua casa é muito colorida?
— Sim, Antonella, ela ama tudo isso.
Atravessamos as salas, não sei para que tantas, são três,
mas ao passar pelo segundo ambiente eu paro.
— O que é isso? — Olho para um quadro com o que parece
ser uma pessoa que está completamente borrada e parece estar de
costas, a única coisa nítida na imagem que toma quase toda a
parede são os longos cabelos ruivos.
— Uma obra de arte de um artista romeno, algo me paralisou,
acho que o realismo dos fios longos e ruivos — fala como se não
fosse algo macabro de ver.
— Você é louco!
— Uma constatação previsível.
Continuamos caminhando quando chegamos à cozinha e a
mesa do café está posta.
— Esperando visitas?
— Sim, Damian está vindo com todos.
— Explica a mesa cheia de comida.
— Sente-se, Dimitri, coma, aposto que saiu de casa sem nem
ao menos beber água.
Começo a me servir quando ouvimos a chegada de Damian e
sua família, assim que se aproximam de nós, Ícaro está tirando os
coletes à prova de balas que Damian faz todos eles usarem.
— Sempre me esqueço disso — fala retirando a peça de
Antonella que está inquieta com a presença de Darko, mas é
Romeu quem tem uma atitude que me surpreende.
— Tiooooo. — Ele me vê e se joga em meus braços.
Esses longos cabelos loiros e olhos verdes parecem enxergar
alguém mais que especial, e é impossível não retribuir seu abraço
enquanto vejo Antonella beijar todo o rosto de Darko, salpicando
beijos incontáveis enquanto um dos demônios mais perigosos que
conheço gargalha.
— Fica muito tempo sem vê-los, mas isso não quer dizer que
eles o esqueçam — Ícaro fala sentando-se ao meu lado.
— As coisas andam corridas. — Romeu desce do meu colo
correndo para Darko com a mesma alegria.
— Ainda queimando os neurônios quanto à Monike? —
Damian decide começar.
— Não estamos aqui por isso — rebato.
— Continue se enganando. — Ele pisca e minha vontade é
de enfiar a faca que seguro em sua garganta.
— Por favor, deixem que eu e as crianças saiamos para que
comecem a rosnar e medir quem tem o pau maior — Ícaro diz com
sua voz grossa e faz Damian mudar a postura no mesmo instante.
Comemos em meio à conversa de Darko com as crianças,
fico observando esse homem com dois metros de altura parecendo
alguém normal, nem parece um assassino letal e psicopata que
destrói vidas apenas por medo. Como nunca o reparei? Como
jamais notei debaixo de todas essas camadas? Como a vida de
Damian e Darko nunca foram para mim nada além de apenas
assassinos frios e sem sentimentos? Damian ainda posso dizer que
encontrou alguém que o mostrou sobre como e porque vale a pena
sentir, mas e Darko? Ele demonstra sentimentos quando ninguém
parece observá-lo, é muito mais do que deixa transparecer. Ele não
se importa o que qualquer um de nós aqui pense sobre ele, esse
pensamento faz com que me recorde de que quando vimos Monike
pela primeira vez, foi ele que a cobriu, na hora achei que fosse para
que meus demônios se aquietassem, mas agora acredito que ele
realmente se importou de alguma forma.
— É isso! — Ícaro me tira dos meus devaneios. — Dia de
cinema.
Pisco algumas vezes para tentar entender e vejo a euforia
deles ao saber que Darko tem novos episódios de seus filmes e
desenhos favoritos, os vejo sair enquanto Darko e Damian se
levantam para que sigamos até a sala de monitoramento.
Descemos as escadas, e diferente da minha casa onde o
subterrâneo mais se parece com uma prisão medieval, na casa de
Darko temos um centro de comando onde ele consegue saber de
tudo, onde faz suas falsificações e consegue uma nova vida para
quem quer que seja em horas.
— Bem, nosso alvo é alguém extremamente protegido,
digamos que é mais fácil entrar no pentágono, hackear tudo e sair
sem ser pego, do que colocar nossas mãos nele.
— Não é como se nós não fossemos bons no que fazemos —
Damian rebate com certa soberba.
— Eu não disse que não era possível, disse que era difícil.
Temos pontos de falha em seu plano de segurança e isso quer dizer
que por dois minutos a troca de pessoal o deixa vulnerável — Darko
informa. — Mas apenas na troca da manhã, que acontece
exatamente às 7:45hs.
Ficamos observando tudo que se passa nas várias telas,
vemos Bratslav e Konstantin caminhando por Berna como se
fossem turistas felizes e apaixonados, o ódio me toma, o mesmo
que senti ao ver as fotos pela primeira vez.
— Soube que fez uma limpa em uma das boates. — Damian
quebra o silêncio. — Matou Yllian com um lápis cravado no olho, os
soldados andam espalhando que precisou apenas de um lápis para
eliminar cinco homens, meio hollywoodiano, não?
Ambos gargalham, mas não me importo.
— Digamos que foi prazeroso quebrar alguns pescoços. —
Sorrio de canto.
— O famoso Anjo das Sombras espalhando um pouco de
caos por aí — Darko fala sem tirar os olhos da tela.
Damian e ele digitam freneticamente em seus teclados,
enquanto meu telefone vibra no bolso.

Ouço a gargalhada dos meus irmãos quando a mensagem do


meu telefone pisca na tela principal.
— Está me vigiando? — rosno furioso, quando Darko ergue
as mãos.
— Não sou eu.
— Damian, pare de ser um enxerido e me tire da sua lista de
controle.
— Impossível, eu acompanho tudo o tempo todo, mas não
leio as conversas pessoais, apenas as profissionais, mas Dimitri,
isso não é nada profissional. — Ambos voltam a sorrir, me deixando
bem puto.
— Vai se foder!
— Pelo visto não sou eu quem precisa foder, está sem domas
e parece que a Monike dormiu de calças. — Damian não cala a
porra da boca.
— Punheta às vezes alivia, ou pode ir até o aquário, Klinger
sente sua falta — Darko avisa.
— Terminem o plano, não vou ficar aqui esperando que vocês
decidam onde e quando devo foder alguém.
— Acha que não percebemos que não quis entrar na
brincadeira com os traidores? — As palavras de Darko me travam.
— Damian, eu entendo, ele achou a pessoa dele e bem, nem
mesmo eu foderia alguém depois disso, mas você, a única coisa
que precisa é confessar que a ama, que ela é sua pessoa.
— Sim, devo fazer exatamente isso, e fazer com que minha
cabeça exploda levando a dela junto, ou se esqueceram que existe
uma bomba dentro de mim e que posso morrer a qualquer
momento? Isso me faz lembrar que ambos disseram que achariam o
maldito médico que enfiou isso aqui e até agora nada. — Estou
furioso, não pelo explosivo que pode me tirar a vida a qualquer
momento, mas por não poder reivindicá-la como Damian fez, e isso
me assusta.
— Confesse que é ela. — Damian se coloca de pé.
— De que importa isso? Quer que eu confesse para quê? O
que vai mudar da minha situação? Ele me fodia, fodia minha boca,
fode minha mente, e vai continuar fodendo enquanto eu existir se
não conseguir arrancar essa merda de mim. — Darko tem os olhos
quase saindo de órbita agora, ele não sabia, apenas Damian.
— Dimitri... — Darko tenta falar.
— É isso, ele disse me querer apenas para ele, disse que
Monike jamais seria minha, me fez escorraçá-la quando acreditei
que a teria para sempre. É isso que querem ouvir? Que fui
violentado pelo demônio e pela sua maldita madame? Que isso
começou quando eu ainda era criança e só parou quando chutei a
única mulher que desejei manter ao meu lado? Esse foi o maldito
acordo, é como uma maldição, ela está lá, mas nunca poderá ser
minha, não quando isso está aqui. — Aponto para minha cabeça. —
Se ela é minha pessoa? É! Pelo inferno! É ela, mas de que adianta
se não posso tê-la? — Seus olhares agora parecem sentir que estou
muito fodido. — Ou me ajudam arrancando isso de mim, ou apenas
parem de me fazer enxergar tudo que tem ao meu alcance e não
posso nem mesmo ter.
Saio pisando duro, ainda mais furioso, louco para matar
alguém, ou para foder com força aquela boceta que é exatamente
perfeita para o meu pau, a única que ele deseja, a única que faz
com que fique tão duro a ponto de doer, eu preciso dela.
CAPÍTULO 23

Estou sentada na minha sala, pronta para sair quando meu


bip começa a apitar e meu nome ser chamado pelo sistema de alto-
falantes.
“Doutora Monike Astoriã, se dirija ao PS. Doutora Monike
Astoriã, se dirija ao PS. Doutora Monike Astoriã, se dirija ao PS.”
Sem entender o que está acontecendo, saio em disparada da
minha sala, seguindo pelos corredores até que entro no elevador e
desço, assim que ele abre no PS vejo a movimentação e uma
enfermeira começa a me passar o caso.
— Paciente chegou muito machucada, não para de chamar
seu nome, disse que apenas você pode tocá-la, ela está em estado
de choque. — No momento em que atravesso a porta vejo de quem
se trata, ela não para de me chamar e a cena acaba comigo.
— Eliza, o que aconteceu? — pergunto me aproximando.
— Preciso que cuide dele, eu sinto que vou morrer, eu tenho
certeza, eu sei que ele é seu, eu soube desde que vi seu rosto
quando ouviu seu coração bater. Por favor, cuide dele.
— Calma, vamos primeiro cuidar de você e depois vamos
resolver isso — digo, mas tenho meu braço preso com força.
— Não! — Eliza grita com força sentindo dor. — Ele é seu,
cuide dele, não permita que nada de mal lhe aconteça, eu preciso
passar ele para você.
— Eliza...
— Faça o que peço! — Ela agoniza, quando a enfermeira sai
correndo.
Começo a cuidar dela que não para de dizer que o filho é
meu, eu não quero filhos, não posso ter essa responsabilidade, nem
mesmo sentindo por ele algo diferente. Eliza está inquieta, os
enfermeiros me ajudam a lhe dar medicação, mas ela não para de
repetir que precisa me passar ele.
Verifico seu braço que está quebrado e sua barriga tem
alguns machucados, está dura, os enfermeiros me olham e eu sei
bem que isso pode ser um parto prematuro, tento focar aqui.
— Não me deixe dormir, doutora, não me dê nada, eu preciso
que ele seja seu. — Ela luta contra a dor e tudo que sente.
— Fique calma.
Logo vejo a enfermeira chegar com a diretora Foller.
— Continuem cuidando dela — digo me aproximando da
diretora.
— Você quer isso? — questiona.
— O quê? Meu Deus, eu nem sei o que pensar.
— Monike, ela não tem muito tempo, olhe para ela, é isso que
quer, ser a tutora dessa criança? — Ela me olha, eu sei bem que a
diretora tem o poder de mexer todas as documentações e vejo que
ela tem uma prancheta em suas mãos.
— Sim — respondo sentindo que é isso que preciso fazer.
Ela passa por mim conversando com Eliza que assina e logo
me olha sorrindo, então os aparelhos começam a apitar.
— Paciente parou! — a enfermeira grita e corro até ela.
Começamos a fazer massagem cardíaca.
— Desfibrilador em 120 joules! — grito.
Recebo o aparelho com meu coração na garganta.
— Afastar! — Vejo seu corpo subir e descer de uma só vez
na maca.
Quando voltamos com as compressões, o enfermeiro para a
massagem e eu decido continuar, ela não pode morrer, a quem eu
quero enganar, minha vida não tem condições alguma de receber
uma criança, eu mesmo sou prisioneira.
— Não, não, não!
— Doutora, ela se foi. — A voz do enfermeiro tenta me
alcançar, mas é sua mão em meu braço que me paralisa.
— Precisamos levá-la para a sala de parto, temos pouco
tempo para tirar o bebê — aviso e quando seguro a maca Foller a
trava.
— Seu trabalho se encerra aqui, Victtor assume.
— Mas... — Tento argumentar.
— Sem mais, doutora.
Vicctor chega correndo e os acompanho, posso não fazer
este parto, mas preciso acompanhar, não existe a possibilidade de
Isaac vir ao mundo sem que eu esteja presente.
Essa constatação me paralisa, eu acabo de escolher seu
nome e de assumir que ele é meu.
Corremos contra o tempo, começamos a nos preparar, serei
eu a pegá-lo no colo e iniciar todos os procedimentos. A cesárea
inicia, meu coração bate de forma tão violenta que não sei como
consigo manter a calma. Tudo transcorre de forma tranquila, ainda
melhor do que esperava dentro do contexto que estamos
vivenciando, enquanto sua mãe é levada pela morte meu filho
abraçava a vida, logo Isaac é retirado e os procedimentos
começam, seguro sua pequena mãozinha que neste momento
segura meu dedo, nunca em minha vida desejei algo assim, mas
agora sinto que não existe outra coisa que mais queira no mundo
que ele.
As enfermeiras e a pediatra seguem com ele para a UTI
neonatal onde ele irá precisar de cuidados e ganhar peso para
então sair comigo.
— Monike, precisa ir para casa descansar — Foller me
chama e então a encaro.
— Isso é real? — questiono com os olhos cheios de lágrimas.
— Sim, mas ainda pode desistir, todos os procedimentos vão
ocorrer para que você seja a responsável legal.
— Não vou desistir, só preciso de um tempo para assimilar.
— Vá descansar, amanhã seu dia vai ser longo.
— Diretora Foller, gostaria de ser escalada para os plantões
de final de semana.
— Precisa descansar.
— Não vou conseguir.
— Tudo bem, Monike, irei providenciar, mas só enquanto ele
estiver no hospital.
Concordo com a cabeça saindo de lá, volto para minha sala e
pego minha bolsa.
São quase dez horas da noite e Monike não chega, fui
informado que teve uma cirurgia de urgência, mas isso me irrita,
estou feito um demônio inquieto depois de tudo aquilo que meus
irmãos falaram. Isso que sinto não pode ser a descoberta de que ela
é a minha pessoa.
A quem eu quero enganar? Eu sempre soube, sempre foi ela,
mas não posso fazer como fiz da primeira vez, onde baixei a guarda
e quase a pedi para ficar. Eu via em seus olhos que era isso que ela
queria, mas Bratslav foi certeiro em seu tiro de misericórdia, eu
jamais pertenceria a outra pessoa que não fosse ele.
Estou andando inquieto no escritório, bebo mais uma dose de
whisky para tentar fazer descer a bola incômoda que sinto desde
ontem aqui, quando a vejo atravessar a porta, vestindo uma
camiseta minha que vai até suas coxas e um olhar preocupado.
— Dimitri. — Ela corre até mim envolvendo meu corpo com
seus braços.
— O que houve? — questiono surpreso e paralisado, nunca a
vi assim, Monique é uma rocha forte que aguenta qualquer coisa,
até as minhas merdas.
— Me fode, me faz esquecer o dia terrível que tive hoje, tira
minha mente de mim. — O desespero em seu olhar me deixa
alucinado, mas não de uma forma pervertida, e sim de fúria, quem a
deixou assim? O que aconteceu para que a fizesse chorar?
— Quem te fez chorar? — sondo por que o único demônio
que tem esse poder sou eu, é o único que permito que a faça sofrer.
— Perdi uma paciente, eu só quero esquecer.
Puxo-a para um beijo, um daqueles que coloca todo o inferno
em mim prostrado em adoração, sua língua é macia e doce, seu
corpo é pequeno e se encaixa perfeitamente no meu. Suspendo-a
fazendo com que envolva meu corpo com suas pernas, sua boceta
repousa em cima do meu pau que está duro apenas pelo toque
quente de nossas línguas.
Sento-me no sofá com ela em meus braços, retirando minha
camiseta e deixando-a nua.
— Veio até mim sem calcinha? — rosno ciumento, mesmo
sabendo que ela não encontraria ninguém no caminho.
— Não consegui esperar.
— O que eu faço com você, pequena provocadora?
— Me faça esquecer — pede ofegante e volto a beijar sua
boca carnuda e vermelha.
Enquanto nos beijamos começo a tirar minha calça de
moletom, estou sem cueca, gemo de forma involuntária quando
sinto sua boceta molhada sobre meu pau. O desejo de me enterrar
nela é desesperador, mas pela primeira vez na minha vida anseio
que faça comigo o que bem desejar, e se o seu desejo é me usar
para esquecer, que seja, sou todo dela, completamente dela, sem
nenhuma condição de que isso mude algum dia, e quando
conseguir me livrar de Bratslav, irei mostrar tudo que sinto.
Suas mãos percorrem pelo meu peito arrepiando minha pele,
quando seus lábios deixam os meus e descem pelo meu pescoço,
sinto que desliza para fora do meu colo, colocando-se de joelhos à
minha frente, não tenho tempo de pensar quando sou abocanhado
com força e lanço minha cabeça para trás.
— Puta que pariu! — É tudo que consigo dizer.
Monike aprendeu comigo a me engolir inteiro sem se
engasgar, quando não é forçada ela chupa meu pau com maestria.
Sigo apreciando quando tenho minhas bolas esmagadas por ela
como gosto, chego a levantar minha perna tamanho tesão que sinto.
— Chega! — Seguro em seus cabelos, arrancando sua boca
de meu membro. — Vem me usar, vem montar em mim e cavalgar
no meu pau como uma amazona sedenta por vingança, me fode
com força como sabe que gosto, me marca com seus dentes e com
suas unhas, me castiga — peço ofegante.
Ela me olha como se desejasse me contar algo, mas faz o
que peço, se sentando em meu colo, com os braços abertos no
encosto baixo do sofá, apenas umedeço os lábios com a cara
depravada que ela faz, a mesma que me enlouqueceu anos atrás e
me deixa louco todas as vezes que a encaro. Posicionando meu pau
na entrada de sua boceta ela desce de uma só vez.
— Ahhh! — geme lançando a cabeça para trás, fazendo seus
cabelos roçarem minhas pernas e isso me deixa sensível demais.
— Agora rebola. — Acerto um tapa forte em sua bunda
quando ela crava suas unhas em meu abdômen fazendo com que
gema alto pelas fisgadas de suas unhas.
Monike não começa devagar, ela começa furiosa, descendo e
subindo com força, me arranhando do peito ao abdômen sem pena,
sem misericórdia. Ganho mordidas no ombro, enquanto ela quica
poderosa em meu pau, nossos gemidos ecoam pelo escritório,
Monike me castiga, me marca e me fode com uma violência tão
intensa que faz meu gozo vir na ponta do pau, uso todo meu
autocontrole para me manter como objeto de seu prazer.
— Dimitri, minhas pernas vão falhar — fala entre dentes e
vejo que ela treme.
Com minhas mãos seguro sua cintura e começo a
movimentá-la, socando de baixo para cima com vontade, com um
desejo desconhecido, seu pedido de ajuda parece ativar em mim um
ser tão possessivo que me causa medo, porque posso sufocá-la até
a morte se não me controlar.
Sinto a ondulação do seu corpo, ela vai gozar forte e não
estou diferente dela, sinto meu pau ser ordenhado e mordo seu
mamilo com os dentes prendendo com força, enquanto jatos do meu
gozo invadem seu interior quente.
— Haaa! — Seu grito de dor e prazer atinge meus ouvidos,
fazendo-me soltá-la e puxando-a para os meus braços.
Movimentando-me enquanto diminuo o ritmo, seu corpo
vermelho e o meu marcado por ela vão se acalmando, sua cabeça
repousa em meu peito, e tudo que eu mais desejo é não ter esse
chip cravado em meu crânio.
CAPÍTULO 24

Meu corpo inteiro treme de forma incontrolável, estou


relaxada, porém exausta, pensei em falar com ele sobre o que
houve hoje, mas preciso pensar primeiro em fazer com que Isaac
saia da UTI, depois penso em Dimitri.
— Você parecia diferente — digo enquanto sinto seu coração
bater.
— Vi que precisava disso, que desejava descarregar. — Suas
palavras de certa forma me culpam, porque era exatamente isso.
— É tão fácil assim me ler?
— Muito.
— Gostaria que fossemos mais do que somos, tenho tantos
sentimentos por você, me desculpe falar isso agora, neste
momento, é que são poucas as vezes que abaixa suas defesas. —
Ergo-me para olhar seus olhos, que como imaginei estão diferentes
do que de costume.
— Eu não vou mudar, Monike, sou um assassino, sabe bem o
que tem no fundo da cabana, pode ser que um dia o desejo volte, e
eu continue aumentando aqueles buracos enchendo-os com mais
corpos.
— Esse Dimitri que vejo na minha frente não é o mesmo de
antes.
— Gostaria de ser o que você enxerga ao menos uma vez.
— Você ia me pedir para ficar não ia? Antes de me expulsar e
dizer que não signifiquei nada, me diz que não estava louca, que
não foi uma ilusão. — Seguro seu rosto com as duas mãos
encarando-o, buscando aquele homem de anos atrás, aquele que
um dia sorriu verdadeiro para mim, após uma noite de amor. —
Fizemos amor, Dimitri, eu me recordo do seu toque suave, jamais o
esqueci, me lembro das suas palavras, da forma com que me
beijava e venerava meu corpo, foi real.
Vejo-o engolir seco, seu olhar percorre meu rosto, como se
buscasse algo para falar diferente da verdade contida neles.
— Sim — ele diz fechando seus olhos como se fosse demais
para ele confessar isso. — Pela primeira vez ansiei ter você, alguém
que ficasse por desejo próprio, a única pessoa que mesmo
conhecendo o monstro que era não temia e me olhava com o olhar
mais doce que já vi na vida, eu abriria mão de tudo por você. — Ele
cola nossas testas, algo que costuma fazer quando está vulnerável.
— Mas não pude e ainda não posso.
— Por que, o que eu fiz para não merecer esse Dimitri?
— Nada, você é perfeita demais para mim, eu só não posso e
não sei sentir, não sou digno de sentimentos bons, do amor que diz
ter por mim, porque eu não sei amar, Monike, eu só sei devastar,
destruir e eliminar. — A dor de sua voz dói em mim, como uma dor
real.
— Eu gostaria de tomar sua dor, Dimitri, de ser em mim todo
seu sofrimento, gostaria de ter o poder de mudar sua vida como
Dusham mudou a minha, de te dar uma nova chance, uma que não
precise ser alguém que estupra mulheres e as transformam em
bichos. Uma nova vida onde não seja alguém que toca outras
pessoas apenas por ter a mim. — É impossível segurar as lágrimas
que rolam dos meus olhos, vejo sua dor, existe algo que
desconheço e não sei o que é.
— Isso que sente, isso que diz sentir por mim, ainda
conseguiria suportar por mais algum tempo? — Sua mão segura
meu rosto, agora é ele quem procura por algo.
— Vai durar por toda minha existência, e talvez além dela, eu
o buscaria pelos vales do inferno, Dimitri, apenas para estar ao seu
lado. — Ganho um beijo na testa, como se ele selasse um acordo
mudo de que algo irá mudar.
— Não posso te prometer que jamais irei te magoar, não sei
lidar com o demônio em mim quando o assunto é você, nada mudou
entre nós, ainda me pertence, mas pela primeira vez eu imploro por
algo, e imploro que suporte mais um pouco, pode ser que no tempo
oportuno isso mude e quem sabe possa ser a sombra do que deseja
de mim. —Sou puxada para os seus braços novamente, e uma
faísca de esperança surge em meu peito, talvez Dimitri esteja
encontrando os caminhos que o trazem inteiro para mim.
Sou pega nos braços e levada até nosso quarto, ele nos deita
na cama, fecha tudo por comando de voz, me puxa para os seus
braços e me faz adormecer com o peito batendo feliz, pela primeira
vez em anos.

Acordo sozinha na cama, hoje seria minha folga, mas ontem


mesmo recebi minha nova escala e preciso ir até o hospital. Ouço
batidas na porta e autorizo a entrada.
— Bom dia, senhora! — É Raika. — O Senhor pediu para lhe
trazer o café.
— Bom dia — respondo sorrindo de seus cuidados comigo.
— Ele ainda está na casa?
— Não, senhora, ele nem comeu, apenas saiu depois de me
dar a ordem de vir até aqui.
— Obrigada. Peça, por favor, para os seguranças ficarem
prontos, minha nova planilha de plantão saiu e preciso estar no
hospital.
— Sim, senhora.
Tomo meu café e logo sigo para me arrumar, meu coração
bate descontrolado no peito, existe uma necessidade de estar perto
dele que não sei definir, nunca quis ser mãe, jamais tive esse sonho,
mas Isaac mudou tudo dentro de mim.
Pronta, sigo para fora onde o carro já está à minha espera,
pego meu celular e envio uma mensagem para Dimitri.

Sua resposta é como um balde de água fria, preciso forçar


minha mente a lembrar com quem estamos lidando, mas meu
coração entrou nessa equação desde que o vimos e tudo foi por
água abaixo.
Chego no hospital seguindo direto para a UTI Neonatal, onde
o vejo, então tudo parece desaparecer, apenas ele tem toda minha
atenção. Trabalho com outras duas crianças, junto com a pediatra
de plantão, volta e meia paro para observá-lo.
— Ele está bem, precisa apenas ganhar peso — a pediatra
me informa e apenas isso deixa meu coração mais leve.
— Nunca senti o que sinto por ele — confesso.
— Algumas coisas não têm explicação, Isaac será um
homem forte e valente, ele prova isso a cada momento aqui.
Vou até o telefone que usamos na UTI, eu preciso dele aqui,
preciso que saiba o que está acontecendo, enquanto ligo vejo o
olhar carinhoso da pediatra sobre mim.
Não digo nada, sorrio, apenas me permito sentir o que esse
pequeno serzinho faz comigo.
Meu dia passou e um sentimento de angústia toma meu
peito, agora estou na sala dos médicos o esperando chegar após tê-
lo chamado, preciso conversar sobre tudo isso, e sei que apenas ele
pode me salvar de não enlouquecer.
— Monike. — Quando ouço sua voz ao abrir a porta algum
tempo depois de o ter chamado, me jogo em seus braços,
começando a chorar de uma forma incontida. — Ei, meu amor, o
que houve?
Ícaro, mesmo parecendo uma muralha é a pessoa mais doce
que conheço. Fico por algum tempo em seus braços, mesmo
sentindo a dureza do seu colete à prova de balas que Damian não
permite que saia de casa sem.
— Ainda com coletes? — digo tentando quebrar o clima
pesado que se estabeleceu.
— É isso ou nada de sair.
— Veio de quê?
— Helicóptero, sabe bem que Dam não costuma brincar com
nossa segurança.
— Ele está coberto de razão.
— Agora sem rodeios, Monike, o que está acontecendo? —
Seus dedos limpam as lágrimas dos meus olhos.
— Preciso que veja, é mais fácil mostrar do que falar.
Seguro sua mão e o levo até a UTI Neonatal, e do lado de
fora aponto para Isaac.
— De quem é esse príncipe?
— Meu.
— O quê?
Então olhando para o meu filho, conto a Ícaro tudo que
aconteceu nos últimos dias, e na loucura que está minha cabeça
com tudo isso.
— É isso, foi assim que Isaac se tornou meu.
— Eu não sei o que dizer, ele é lindo. Meu Deus! Você que
nunca quis filhos se tornou mãe, e como Dimitri reagiu a isso tudo?
— Ele não sabe de nada disso, Ícaro, Dimitri não vai sorrir
para mim e decretar que somos uma família, e isso está me
matando, porque você sabe tão bem quanto eu como eles são. —
Suspiro, cansada.
— Monike, eu sei de tudo sobre vocês desde que nos
tornamos amigos, olhe para o Dam, ele mudou, Dimitri também
pode.
— Ele é sombrio demais, Ícaro, eu tento arrancar as milhares
de camadas que existem, mas não sei se conseguirei alcançar o
verdadeiro Dimitri.
— Posso pedir para o Damian conversar com ele.
— Não, eu vou contar a ele, preciso que seja eu, preciso que
ele enxergue o que sinto e que já não sei viver sem meu filho. —
Sua mão segue para o meu rosto.
— É lindo ver esse amor, é tão visceral que nos faria abrir
mão de tudo que mais amamos, eu entendo você e seus medos,
mas olhe como Damian era e como se tornou depois que Romeu
chegou, foi difícil no começo, mas hoje ele tem Antonella e Romeu
como todo o seu mundo.
— Queria ter a sua força, Ícaro, queria conseguir arrancar a
dor de Dimitri com as minhas mãos como fez com Damian.
— Quem te ouve falar acredita que tudo aconteceu como um
passe de mágica, se eu consegui você também consegue, esses
homens são quebrados demais, precisamos apenas saber colar os
pedaços.
— Eu não tenho escolha, meu amigo, Dimitri já deixou claro
que o pertenço, se ele não aceitar Isaac ele pode simplesmente
desaparecer com ele.
— Então desapareça você. — O encaro surpresa. — Sim,
não me olhe assim, desapareça você caso ele deseje fazer algo de
ruim ao seu filho, estarei sempre ao seu lado e posso muito bem te
ajudar.
— Iria contra seu cunhado por mim?
— Iria contra qualquer um por ele. — Ícaro aponta para Isaac.
O abraço apertado mais uma vez e ficamos assim por algum
tempo, até que ele realmente precisa ir, meu plantão chegou ao fim
e preciso ir embora, antes a diretora Foller me chama até sua sala.
— Entre. — Ouço a ordem assim que bato.
— Monike, preciso te entregar. — Ela estende até mim um
documento.
Leio e é impossível não conter as lágrimas, é a certidão de
nascimento de Isaac, com meu nome contido nela.
— Como? Achei que seria apenas a sua tutora legal — falo
surpresa.
— Nossos advogados fizeram tudo de forma legal, não existe
nenhum entrave, Isaac é seu filho e isso é o que importa, nós já o
incluímos no seu plano de saúde, não se preocupe com nada além
de cuidar dele até que seja possível levá-lo para casa.
Corro até ela abraçando-a novamente, chorando, sem
condições nenhuma de parar, me recomponho minutos depois e a
vejo sorrir para mim.
— Vá descansar.
Saio sentindo meu corpo exausto, mas meu coração
completamente leve.
CAPÍTULO 25

Tive que sair cedo para finalizar um acordo de drogas e


armas, pois o sultão desejava conhecer todos os Anjos para enfim
fechar o negócio. Caminhei em estado de alerta todo o tempo, já
que Bratslav estaria no mesmo ambiente que eu.
Estaciono meu carro e todos eles já estão aqui, soube ainda
de madrugada que ele havia chegado de Berna, apenas ele,
Konstantin continua por lá, já que o Anjo da Transfiguração volta
ainda hoje para lá. Respiro fundo tentando segurar meu desejo
quase alucinado de cortar sua garganta e me banhar em seu
sangue.
Desço do carro seguindo em direção ao hotel de luxo que nos
aguarda, entro no elevador e digito o código informado para a
cobertura, abro meu telefone enquanto aguardo subir e vejo fotos de
Monike trabalhando, todos os seus passos são monitorados por mim
e pelos funcionários que espalhei pelo hospital desde que ela
começou a trabalhar lá.
A porta se abre e encaro todos à minha volta, o lugar é amplo
e muito bem protegido, já que tem mais de dez homens ao redor do
sultão, o olhar de Bratslav recai sobre mim quando sua voz nojenta
alcança meus ouvidos.
— Este é o último Anjo, Dimitri, o Anjo das Sombras. —
Analiso tudo ao meu redor e vejo Dusham travar o maxilar, meus
outros irmãos não estão diferentes disso.
Dusham tem ao seu lado uma mulher presa na coleira, com
certeza uma demonstração do que podemos fazer, já que por aqui
as domas estão suspensas.
Aproximo-me de todos, me sentando na poltrona vaga, o
sultão para de me encarar e volta sua atenção a joia que lambe sua
mão, despreocupada.
— Vamos à demonstração. — A euforia em sua voz me
causa asco, velho imundo.
Não sei por que esse pensamento me toma, mas a cara de
satisfação de Dusham em mostrar seu trabalho é nítida, Damian e
Darko trocam olhares comigo, não estão entendendo minha postura,
mas quero que se fodam.
— Você. — O sultão olha para Darko, apontando para ele. —
Quero os dois fodendo a minha joia, quero que ela mie e peça mais
com dois paus enfiados em seus buracos.
Darko sorri perverso olhando para Dusham que começa a
tirar sua roupa, pelo tamanho dos dois eles podem parti-la ao meio,
olho para Bratslav que me olha com um olhar sombrio e de poucos
amigos.
— Dimitri também vai participar. — Sua voz eriça meus pelos
em fúria.
Meu olhar para ele é de ódio mortal, quando viro minha
cabeça em sua direção querendo matá-lo.
— Isso! — O Sultão bate palmas, gargalhando, retirando sua
roupa. — Vou me masturbar com a foda fenomenal que os três
trarão. Por que o Anjo do caos não se junta a eles? — questiona e
logo Bratslav se prontifica a explicar.
— Damian está se recuperando, mas suas domas são
intensas como essas, ele doma homens, caso se interesse, assim
que nossas domas estejam restabelecidas podemos providenciar
alguns para você.
— Não, não, não, homens não, pecado de morte — informa,
como se o que estamos fazendo não nos levasse ao inferno.
Começamos a tirar nossas roupas, Dusham já está excitado
e Darko começando a sorrir com a cara mais demoníaca que já vi,
quando Damian se ergue em minha direção retirando do bolso uma
seringa de estimulante.
— Faça e não questione. — Ele aplica no meu braço uma
dose pequena.
— Sabia disso? — sussurro.
— Soube antes de sair, tem mais de trezentos homens neste
prédio, não podia arriscar ser convocado para uma demonstração e
não ficar de pau duro.
— Quero matá-lo — digo sentindo meu corpo reagir rápido à
droga.
— Foda a vadia, e vá embora. — Fecho meus olhos. — Já
fizemos isso milhares de vezes, sabe como agir. — Respiro fundo.
— Pense nela, pense que é com ela, sei o que se passa agora em
sua cabeça, se não obedecer, todos iremos morrer, pense em
Monike, seria isso que usaria para não iniciar uma chacina e
terminar morto, eu pensaria em Ícaro.
Apenas concordo quando ouvimos uma voz chamar nossa
atenção.
— Por que a demora? — o Sultão questiona.
— Estava apenas retirando minhas joias — minto e sei que
foi ridículo, mas entrego a Damian meu relógio e minha corrente.
Dusham começa a erguer a joia, alisando seu corpo
enquanto ela mia com seus pelos eriçados, Darko a puxa pelos
cabelos colando suas bocas em um beijo e Dusham a abraça por
trás mordendo seus ombros. Ajoelho-me no chão abocanhando sua
boceta, a primeira coisa que faço é morder e seu grito de dor ecoa
pelo lugar, controlo minha fúria ouvindo a gargalhada de Bratslav e
do maldito Sultão.
A cadela está molhada, enquanto sugo sua boceta com
vontade e muita força, penso em Monike, penso em seu corpo,
penso em seus gemidos, então enterro dois dedos em seu canal
fazendo com que ela gema de prazer e dor. Darko a solta deitando-
se no sofá, enquanto continuo meu trabalho fazendo-a gozar em
minha boca com seu corpo quase desmoronando. Dusham a retira
de minha boca e a leva até o sofá, fazendo com que ela monte em
Darko, que segura seus seios pequenos e redondos com as mãos,
quando o primeiro tapa atinge seu rosto, Darko costuma espancar
suas mulheres.
O grito da joia faz Dusham puxá-la para colar-se em seu
corpo que já está posicionado atrás dela, começando a invadir seu
rabo, somos enormes e ela grita num miado de dor, com certeza
não foi treinada para receber dois homens tão grandes. Quando
Dusham empurra seu corpo para frente e me posiciono fazendo com
que meu pau invada sua boca, logo nós três começamos a fodê-la,
seu corpo pequeno chacoalha, sinto o fundo de sua garganta
quando ela engasga, mas meu olhar neste momento está em
Bratslav quando meto com força. Suas unhas me aranham e isso
pouco me importa, tudo que passa em minha mente neste momento
é imaginar a boca quente de Monike e minha vingança contra
Bratslav que não estará sorrindo como agora, quando o que tenho
em mente acontecer. Decido não pensar que é Monike aqui, porque
imaginar que outro alguém a toca além de mim me causa fúria,
deixo apenas o estimulante seguir com seu propósito.
Volto a observar o que estamos fazendo, Darko e Dusham a
fodem em sincronia quando observo o Sultão babando sobre a cena
e massageando seu pau com fúria, ele quase pula da poltrona
fodendo a própria mão. Dusham e Darko distribuem mordidas na
joia, ao encará-la vejo suas lágrimas escorrerem, ela chora de dor e
com certeza por estar quase sufocando, já que não lhe dou espaço
para colocar o ar para dentro. Seguro seus cabelos com força,
quero gozar, e maldição, meu pau parece que irá se partir e nada de
me libertar.
— Troquem! — A ordem vem de Bratslav e quero apenas que
esse inferno acabe.
Dusham fica no lugar de Darko e eu vou para seu lugar,
voltamos a meter de forma furiosa, quando meu primeiro orgasmo
me atinge, segurando sua cintura com meus dedos cravados nela
desejando quebrar-lhe o pescoço para acabar com essa merda,
Dusham e Darko logo estão gozando, como animais continuamos
fazendo o que nos foi ensinado ainda que meu corpo queime em
fúria, quando meu segundo orgasmo acontece.
— Soltem-na! — o sultão ordena. — Quero ela montada em
meu pau, estou pronto para isso.
Saímos da joia, e agradeço a Damian pela pequena
quantidade de estimulante, porque após o segundo orgasmo meu
pau abaixa.
Dusham leva a joia até o sultão e ele começa a fodê-la ainda
mais forte, a joia grita e se debate, ele soca seu rosto algumas
vezes e eu pouco me importo, começo a vestir minhas roupas sendo
seguido pelos meus irmãos. Posso ver que os homens que estão
aqui para fazer a proteção do sultão começam a se masturbar
também. Os gritos do homem são tão altos que acredito possam ser
ouvidos a quilômetros daqui, quando ele goza e meio que de forma
simultânea seus homens fazem o mesmo.
Estou terminando o nó da minha gravata quando o corpo
exausto da joia é jogado no chão, e Bratslav começa a bater palmas
gargalhando, o Sultão está ofegante e sorrindo, quando se levanta
ainda nu e fecha negócio com ele.
— Preciso de mais duas dessas, quero que ela aguente o
máximo de homens que puder, seremos grandes parceiros — ele
fala. — Terei muitos acordos para fechar e com joias assim
conseguirei todos sem muitas dificuldades.
A joia é levada desmaiada pelos seus homens, estamos
enfileirados atrás de Bratslav que se gaba de ter nos criado como
demônios.
— Se controle, se continuar rosnando dessa forma vai sobrar
para todos — Damian avisa segurando meu pulso.
— Foi um prazer fazer negócios com você, Bratslav, mande
lembranças minhas a Konstantin — o sultão fala lhe entregando
uma caixa. — Leve este presente, sei que ele irá gostar.
— Vamos — Bratslav informa e vejo o olhar de todos sobre
ele, se pudéssemos ele já estaria morto, mas se existe algo que
precisamos é ter cautela.
Precisamos de aliados, e é isso que Stefan vem fazendo,
buscando as máfias mais poderosas para se juntar a nós e então
implodirmos esses dois desgraçados do poder.
— Vocês foram excepcionais — Bratslav avisa assim que
entramos no elevador. — Exatamente como os criei para ser.
Ele sabe que nós desejamos sua cabeça empalhada e
pendurada sobre uma lareira, mas por mais que isso esteja cada
vez mais próximo, ele não demonstra nenhum medo.
Ficamos em silêncio, quando chegamos ao estacionamento,
ele sai e podemos ver seus homens por todos os lados, não
dizemos nada, apenas seguimos para nossos carros.
— Dimitri. — Sua voz me paralisa e meus irmãos param nos
olhando, enquanto o vemos entregar a caixa para seu chefe de
segurança. — Podem ir, preciso apenas conversar um pouco com o
Anjo das Sombras.
Meus irmãos entram em seus carros, desaparecendo dali.
— Sabe, Dimizinho, acho que ando muito relaxado com você.
— Sua mão toca meu rosto e a outra segue direto para o seu pau.
— Acha que não sei o que faz? Acredita que estou avesso às suas
travessuras? Quem te ordenou colocá-la em sua casa, sobre sua
cama? Você me pertence.
Engulo seco suas palavras, apenas um comando e ele traz
meu inferno à tona bem aqui, na frente de todos.
— Sinto saudades de sua língua quente. — Seu dedo invade
minha boca e meu coração esmurra meu peito furioso. — Meu pau
baba por ela. — Seus dedos entram em saem de mim. —
Chupando, Dimizinho — ordena e faço o que manda. — Assim,
muito bem.
— Quero que a surre, que a viole enquanto ela grita
implorando para que pare, quero que goze com ela pensando em
mim, quero seu corpo marcado com tamanha fúria que a deixe por
dias sobre a cama — ordena retirando seus dedos de minha boca
para que lhe responda.
— Não — rosno furioso.
— Não? — Sua mão segura meu rosto com força. —
Esqueceu que posso te colocar de joelhos aqui e agora e fazer com
que todos os meus homens fodam essa boquinha que pertence
apenas a mim? — Sua outra mão vai até meu pau, apertando com
força, e sinto a dor atravessar meu corpo. — Se não fizer, arranco
seu pau e te transformo em um maldito eunuco, e ela uma
vagabunda que terá o rabo fodido por todos os meus soldados.
— Eu odeio você. — Cuspo as palavras.
— Ainda vou ter seu pau duro por mim socado tão fundo em
meu rabo enquanto diz o quão gostoso sou.
— Por que não me dopa e me faz fodê-lo?
— Porque assim não tem graça, Dimi, gostoso será no
momento em que fizer isso beijando meu corpo e dizendo o quanto
me ama.
— Nunca. — Cuspo as palavras e ele aperta mais meu pau.
— Esse dia vai chegar, criança, e vou gozar sem nem ao
menos me tocar. Agora, assim que chegar faça o que ordenei, ando
com meu dedo coçando para explodir seus miolos.
Ele gira seu relógio e uma dor de cabeça lancinante me toma,
fazendo-me cair no chão e rolar sobre ele segurando minha cabeça,
sem condições de suportar. Três segundos parecem uma
eternidade, meus gritos de dor ecoam pelo estacionamento, quando
ele finalmente faz a dor passar, abaixando-se próximo a mim.
— Não me desobedeça, posso eu mesmo cuidar dela, da
próxima vez que nos vermos gostarei de conversar com você sobre
como foi acabar com a raça da vagabunda. Não me faça de idiota,
Dimitri, pois é exatamente isso que não sou, tenho tolerado demais,
prometo que não continuarei sendo benevolente.
Vejo-o sair, ainda estou deitado no chão, ofegante e tentando
me recuperar da dor que aquele desgraçado acabou de me causar.
CAPÍTULO 26

Sigo direto para casa com a fúria emanando do meu corpo,


preciso descarregá-la, porque se eu fizer o que ele mandou, dessa
forma posso matá-la. Estaciono meu carro seguindo direto para o
subterrâneo, a culpa me consome de alguma forma, deveria ter
pensado melhor antes de arrancar a língua da única pessoa que
poderia me libertar dos domínios de Bratslav, agora ele precisa
desfazer os comandos, e meu plano precisa dar certo, caso
contrário, jamais serei realmente livre desse inferno.
Atravesso os corredores e a cada passo que dou, minha fúria
aumenta e ela vai receber a primeira onda.
— Madame — chamo e a vejo despertar quando ouve minha
voz.
Seus gritos começam e seu corpo serpenteia no chão, pego
um chicote que deixo aqui para descarregar nela toda minha raiva,
assim que ela me vê, apesar de estar louca pelos comandos que lhe
dei, balança a cabeça chorando para que não lhe surre.
— Não? Algum dia me ouviu enquanto implorava para parar?
Enquanto minhas lágrimas escorriam dos meus olhos, enquanto eu
era ainda uma criança e precisava te servir, te dar prazer? —
Desenrolo o chicote de couro que tem tamanho médio, testando seu
peso quando a primeira chicotada atinge suas costas.
Madame está nua e os açoites vão lhe acertando, seus
grunhidos de dor me fazem sorrir, a desgraçada passou anos
abusando de mim, chupando meu pau quando ainda nem pelos
existia nele. Novamente o chicote corta o ar lacerando sua pele que
começa a exibir talhos onde quer que o chicote acerte, vejo que
chora, mas suas lágrimas não me param, as minhas jamais a
pararam.
— Eu odeio você! — Lanço novamente o chicote que dessa
vez acerta seu rosto e o rasgo é grande.
Ela continua tentando se proteger, mas suas tentativas são
vãs, Madame passará a vida nesse buraco e eu a açoitarei até a
morte.
Por incontáveis vezes marco seu corpo, agora banhado em
sangue, não sei quanto tempo passo aqui, estou suado, já afrouxei
minha gravata e tirei meu blazer, mas o ódio ainda me consome,
então me recordo das palavras de Bratslav e de sua nova ordem. O
desgraçado não me dá um segundo de paz. Pensar nisso me faz
começar a chutar a vagabunda nojenta, não me importa se ela
morrer agora, já faz quatorze anos que está aqui comigo, mas uma
voz me tira do transe raivoso que me encontro.
— Senhor, os soldados enviaram algo para o seu telefone. —
Olho para o homem à minha frente e não entendo. — Acabei de ser
informado. — Abaixa suas vistas e não me encara.
Vou até meu blazer pegando meu aparelho e abro a
mensagem, e quando vejo Monike abraçada com um homem de
boné meu ódio multiplica, jogo o chicote longe e saio, pela hora ela
deve estar chegando em casa, e juro por meus demônios que vou
mantê-la prisioneira para o resto de sua vida.
— Chame o médico para cuidar da mulher, a quero viva e
bem para o nosso próximo encontro — ordeno ao soldado seguindo
a passos largos até nosso quarto.
Estou sentado na poltrona usando apenas uma calça de
moletom cinza, rodando nos dedos o aparelho com a maldita
imagem de Monike e um homem que só pode ser um dos seus
amiguinhos do hospital, o braço do futuro defunto em sua cintura
causa choques violentos em meu corpo, ele a tocou, ela permitiu, eu
quero castigá-la para que aprenda a me obedecer.
Assim que a porta se abre seu olhar vem até mim e eu a
encaro com uma vontade insana de gritar, mas após uma rodada de
tortura com a Madame, todo o meu ódio parece contido.
— Boa noite — fala com voz suave e aveludada.
— Foi boa para você? — questiono, me ajeitando na
poltrona.
— Não entendi.
— Por que não vai para o banho e conversamos depois?
— Aconteceu alguma coisa para isso que parece ser o início
de uma inquisição? — Deixa sua bolsa no canto enquanto me
pergunta.
— Até o momento nada — respondo amargo, controlando
meus demônios que desejam puni-la.
Ela passa por mim seguindo direto para o banho e eu fico
esperando que volte, pensando nas muitas formas de castigá-la, e
em nenhuma delas Monike termina sorrindo.
Soube que havia algo de errado no momento em que bati
meus olhos nele, Dimitri não consegue esconder seus sentimentos
quando está furioso com algo, e mesmo que seu tom de voz seja
calmo, existe uma fúria incontida em seu olhar negro.
Saio do banho apenas com o roupão e vou para o quarto, ele
se encontra no mesmo lugar, rodando aquele maldito aparelho, o
medo de que tenha descoberto sobre Isaac sem que eu tenha lhe
dito percorre meu corpo.
— Sabe, Monike, quando eu disse que não era permitido que
alguém te tocasse acreditei que houvesse entendido. — Seu olhar
cravado no meu estremece meu corpo.
— Dimitri... — Sou interrompida por um erguer de mão.
— Não te permiti falar, não me interrompa. — Sua voz agora
parece levemente uma ameaça. — Sabe que acabou de decretar a
morte de alguém, o sangue está em suas mãos. — Penso no abraço
que dei em Foller, e isso faz com que o medo congele minha
espinha. — Acabou a historinha de ir trabalhar, estou puxando a
corrente que te mantinha solta por aí.
Meu coração bate disparado.
— Por favor.
— Pelo que implora? Para que a morte seja rápida ou que
não o faça?
— Não pode matar as pessoas apenas por me tocarem. —
Sinto minhas mãos gelarem e ao ouvir minhas palavras ele se
ergue.
Dimitri é muito maior que eu, que tenho apenas 1,58m, ergo
minha cabeça para encarar seus olhos assassinos que estão
cravados nos meus, no alto de seus dois metros.
— Esse mar azul que agora parece implorar não vai conter a
mão da morte, tigresa.
— Por favor, foi apenas um momento, estava agradecendo o
apoio, juro que a culpa foi minha, não houve a intenção de sua
parte.
— Assume que por sua causa, por sua vontade foi tocada e a
pessoa irá morrer? — Seu polegar desliza pelos meus lábios.
— Eu imploro, por favor! — A lágrima quente escorre em meu
rosto logo sendo resgatada pelos seus dedos.
Dimitri leva a lágrima captada até a boca e chupa seus dedos
molhados.
— É doce o sabor do medo. — Vejo-o umedecer os lábios. —
Ninguém pode tocá-la, sabe o porquê não está sendo surrada pela
sua insubordinação? Porque acabei de sair de uma sessão de
tortura onde eu abri a pele da minha vítima a chicotadas, meu pau
estava tão duro, imaginando que depois de lá eu chegaria aqui e a
foderia com tanta força que poderia parti-la ao meio, que meu pau
estaria em todos os seus buracos, e que ouviria seus gemidos de
prazer e seus gritos de dor apenas por tudo que eu lhe causaria.
Mas, Monike, eu agora quero fazê-la sofrer, quero apagar a
sensação do toque em sua pele, o toque que não foi o meu. Vou
prendê-la em sua mente para castigá-la, para te mostrar quem
manda, e juro que trarei a cabeça ensanguentada de presente para
você.
— Não me prenda em minha mente, não faça — imploro. —
Não suporto ficar lá, odeio você com tanta força quando faz, não
crie em mim algo que tem desaparecido com o tempo. — Imaginar a
cabeça de Foller na minha frente me causa ânsia de vômito.
— Não? E por que te obedeceria, se você me desobedece?
— Juro que vai me perder se o fizer. — Estou ofegante com a
mera possibilidade de me sentir sufocando, presa e sem condições
de me libertar.
O olhar dele vacila com o que digo, parece que algo muda
quando digo que vai me perder, mas sua mão segue direto para o
meu pescoço.
— Então me diga, tigresa, e sua resposta será o que irá te
libertar ou não, quem era esse homem na foto abraçado com você?
— Ele me mostra a foto no telefone e me vejo de costas, abraçada
com Ícaro em frente à UTI Neonatal.
— Ícaro — respondo imaginando que teria que lhe contar
sobre Isaac, justo quando não gostaria de saber.
Sua sobrancelha se arqueia tentando achar em mim algum
resquício de mentira.
— Ícaro? E o que ele estava fazendo lá?
— Eu o chamei, precisava desabafar sobre as crianças que
estavam na UTI — digo meia verdade.
— Se eu ligar para o Ícaro ele vai me confirmar o que diz? —
Sua mão ainda se mantém em meu pescoço.
— Sim. — Sei que Dimitri não é idiota e no momento em que
falar com Ícaro vai fazer parecer que lhe contei tudo e meu amigo
abrirá a boca de forma inocente.
Observo enquanto seleciona o contato em seu aparelho
pensando sobre como será daqui para frente, Dimitri não irá aceitar
Isaac e eu não viverei sem ele.
Coloco o telefone no viva-voz, enquanto meus olhos não se
desgrudam do dela, eu sei que existe algo mais nessa história,
Monike parece me esconder algo.
— Dimitri, a que devo a honra de sua ligação? — Ícaro
atende. — Isso é algo que eu também gostaria de saber. — A voz
de Damian aparece na ligação.
— Estava conversando com Monike, ela me contou sobre sua
visita ao hospital hoje, acredita que fiquei surpreso ao saber o
motivo. — Jogo com ele, Ícaro pode ser alguém esperto, mas não
sabe mentir.
— Meu Deus, Dimitri, estou completamente apaixonado por
ele, como está se sentindo com o que ela te contou? — Sua euforia
me faz encará-la demonstrando que me escondeu algo.
— Ainda tentando entender — respondo.
— Eu o amei à primeira vista, assim como foi com ela, Isaac
é a coisa mais preciosa do mundo, tão pequeno e indefeso, estava
falando com Dam sobre isso agora mesmo, a vida de Monike mudou
completamente, pude ver em seus olhos o amor que tem com o
filho. — Quando ouço, sinto um nó sufocar minha garganta e fico
mudo, a expressão de Monike me assusta, com certeza a minha
deve ser algo sem explicação.
— Dimitri, eu sei o que deve estar passando em sua cabeça
— é a voz de Damian —, mas não tenha medo, estamos perto
demais de resolver tudo, sua família está sendo formada, olhe o que
eu era e o que sou, nada será maior do que o sentimento de
proteção e cuidado.
— Eu te entendo, vamos ver como será daqui para frente,
agora eu preciso ir.
— Qualquer coisa que precisarem estaremos sempre aqui —
Ícaro fala e encerro a ligação sem nem ao menos me dar ao
trabalho de me despedir.
Com o olhar buscando algo em Monike que desminta essa
porra de conversa que não esperava, vejo que ela apenas concorda
com a cabeça e tudo desaparece das minhas vistas, o tesão que
estava sentindo evapora e meu pau murcha instantaneamente com
sua confirmação.
— Filho? — É minha única pergunta.
CAPÍTULO 27

Estou ainda tentando entender o que acabei de ouvir, Monike


abaixa seu olhar que vai direto para os seus pés, como se isso
fosse lhe ajudar a fugir da explicação.
— Vou ficar por mais quanto tempo aqui até que crie coragem
de me explicar onde no inferno teve autorização para ter filhos? —
falo sentindo a fúria em minhas palavras.
— Não foi planejado, eu apenas o recebi.
— Pois devolva! — Cuspo furioso.
— Não! As coisas não acontecem como você acredita que
precisam ser — rebate, furiosa.
Minha mão vai ao seu pescoço e a lanço contra a cama, vejo
seu corpo pequeno voar e cair de qualquer forma no colchão vazio.
— Sabe quando eu decidi que jamais colocaria um filho no
mundo? — grito com ela que tenta descer da cama. — Não desça
daí, porra! Não me faça surrá-la como ele deseja — esbravejo e ela
paralisa.
Minha mente roda, tudo que passei por anos começa a
fervilhar em minha cabeça, em como fui tratado, em como jamais
colocaria meus genes em qualquer que seja a pessoa, em como fiz
vasectomia para que a maldição Dothraki jamais encontrasse com
qualquer outra pessoa além de mim.
— Dimitri. — Sua voz me tira dos meus pensamentos
frenéticos.
— Cale a boca! Você é uma maldita cadela! Devolva essa
criança, Monike, ou eu mesmo posso arrancar sua cabeça com as
próprias mãos, e bem na sua frente. — Com toda certeza estou
transfigurado na encarnação do mal, porque posso sentir o corpo da
criança em minhas mãos.
— Ele é meu filho! Não tem nada a ver com você! Jamais irá
se aproximar dele!
— Hahahaha! — Minha gargalhada sem nenhuma graça
ecoa sombria pelo quarto. — Se esqueceu que me pertence? Que
eu sou seu dono? Não vou te dividir com um bastardo que sabe-se
lá de onde veio.
— Se eu engravidasse de você, o que faria? Eu nunca quis
filhos, jamais passou pela minha cabeça, mas não posso controlar o
que sinto pelo Isaac, ele é meu desde o momento em que ouvi seu
coração bater.
— Eu arrancaria o pequeno demônio da sua barriga com as
próprias mãos, porque com certeza se não tivesse feito vasectomia
os genes desse feto seriam tão demoníacos quanto os meus. —
Jamais irei esquecer esse seu olhar de pavor, nem mesmo depois
de tudo que fiz com ela recebi algo tão assombrado quanto isso.
— Jamais o tocará. — Continua me enfrentando.
— Isaac, esse é o maldito demônio que irei esquartejar.
— Não! — O desespero em sua voz e suas lágrimas mostram
que Monike me enfrentaria por ele, já que ela desce da cama e me
desafia frente a frente.
Pego seu braço girando-o em suas costas, fazendo-a gritar
de dor.
— Sabe, tigresa, acho que não a domei direito, acho que
precisa de um pouco mais do meu pior lado para entender quem
manda na sua vida, você não tem escolhas desde que me escolheu,
não existe o que deseja, existe apenas o que eu quero que faça.
— Está me machucando — ela choraminga, porque meu
agarre em seu braço é forte devido ao tamanho do meu ódio.
— Eu ainda nem comecei, vou aprisioná-la e mostrar os
motivos de eu ter domínio sobre você.
— Não faça, não seja essa pessoa, Dimitri, eu juro que irá se
arrepender, jamais irei te perdoar.
— Depois de castigá-la, vou até aquele hospital arrancar a
cabeça do seu querido Isaac, a trarei para você, irá entender que
nunca existiu a opção de me desafiar por qualquer que fosse o
motivo. — Ela se debate e geme pela dor.
— Dimitri...
— Tigris.
No exato momento em que as palavras saem da minha boca,
Monike para de se debater, eu a farei entender quem é mais
poderoso aqui e com certeza não é ela.
A decepção me toma quando ouço o comando que me
trancafia em minha mente, existe neste momento duas Monikes,
aquela que quer odiar Dimitri com todas as minhas forças e aquela
doente, que está molhada com o poder que ele exerce sobre ela.
O conflito em mim é doloroso, porque amo alguém que
jamais irá mudar, suas palavras me magoaram, e mesmo que esteja
aqui dentro sem poder expressar minha revolta, eu desejo o toque
que começa a acontecer em meu corpo, é bruto e furioso, e meu
corpo reage de uma forma tão instantânea que ouso acreditar que
não tem nada a ver com a maldita hipnose, se Dimitri me pegasse à
força eu gemeria de prazer porque é assim que gosto.
— Ah, tigresa, eu gostaria de foder você se debatendo, mas
sua teimosia me irrita a níveis tão altos que é muito melhor que seja
dessa forma.
— Me fode, Dimitri. — Minha boca profere as palavras que
foram condicionadas a mim.
Meu corpo é lançado sobre a cama sem nenhum cuidado e
tenho minhas pernas abertas quando sua boca mergulha em minha
boceta, fazendo com que arqueie meu corpo perdida de prazer,
enquanto sua barba se esfrega fortemente em minhas dobras
molhadas, me fazendo gritar de prazer.
Com o tempo parei de lutar em minha mente e passei a
sentir, as sensações que tenho quando minha mente está
aprisionada e entregue aos prazeres que ele me proporciona são
tão intensas que gozo de uma forma que não tenho como explicar,
tudo é potencializado em níveis tão altos que me levam á exaustão
mais gostosa da minha vida. Decido parar de pensar que estou
presa em minha cabeça e permito que tudo aconteça, isso será uma
despedida, mesmo que ele acredite que me terá para sempre, esse
Dimitri nunca mais me terá.
Seus dedos me invadem e começo a rebolar gostoso em sua
mão e sua boca, Dimitri me chupa e me morde, quando o primeiro
orgasmo vem.
— Isso! Ahhhhh! — Puxo seus cabelos para que não se
afaste e meu prazer se mantenha por mais algum tempo.
Com um sorriso malicioso ele se levanta, caminhando até o
closet, voltando já nu, a visão me deixa ofegante, ele para à minha
frente, começando a vestir uma capa peniana cheia de ondulações
que irão atingir cada ponto sensível dentro de mim, isso deixa seu
pau mais grosso e me levará ao limite.
— Não feche as pernas — ordena. — Gostaria de te manter
cativa em sua mente, mas quero seus gritos reais, seus gemidos
reais. — Seu olhar me diz que serei liberta. —Finis. — Quando a
ordem vem minha excitação parece sair da mente e potencializar
em meu corpo, me fazendo arfar.
— Dimitri, por favor, pare de me torturar — imploro passando
minhas mãos pelo meu corpo que queima como se houvesse sido
lançado em uma fogueira.
— Sabe, tigresa, a última vez que fodemos com as bolas de
bilhar em sua boceta eu as imaginei em seu cuzinho apertado, mas
como não poderia perdê-las dentro de você, pedi para uni-las como
um objeto de pompoarismo, olha como ficou. — Ele solta a
correntinha onde tem duas esferas do tamanho de bolas de gude e
logo duas esferas do tamanho de bolas de bilhar que posso ver
gravado em uma o número 6 e na outra o número 9. — Fique de
quatro — ordena abrindo o lubrificante, começando a lambuzar as
esferas.
Faço o que manda, quando sinto o gelado das esferas me
invadirem, sinto seus dedos em meu clitóris massageando enquanto
a outra mão introduz seu brinquedinho.
— Dimitri. — Rebolo perdida nas sensações, meu corpo
traidor não consegue resistir, sei que não quero resistir, mas uma
lágrima escorre, porque não existirá mais nós dois, não colocarei a
vida de Isaac em risco por alguém que amo e que o mataria.
— Não chore, tigresa, logo a dor dará lugar ao prazer, e disso
eu sei que você gosta — fala terminando de passar a segunda
esfera maior.
Tento me acostumar com elas quando sou virada, minha
boceta está pulsando, molhada e desejando mais dele. Dimitri se
acomoda entre minhas pernas deslizando seu pau coberto com a
capa peniana de silicone em minhas dobras, a expectativa do que
está por vir me toma, eriçando todos os meus pelos.
Sinto o deslizar, e a cada centímetro meu corpo é tomado por
sensações que apenas Dimitri me causa e que estão sendo
potencializadas com tudo que ele está usando, quando finalmente
está completamente enterrado em mim, tudo é caoticamente
perfeito.

Neste momento me esqueço da destruição que quero causar


assim que acabar aqui e me perco em seu corpo, meu pau sendo
esmagado pela sua boceta gulosa, pela capa em meu pau e pelas
bolas que estão socadas em seu rabo. Começo a me movimentar
entrando e saindo, lutando por espaço, garantindo nosso prazer.
Seu corpo responde aos meus estímulos, eu sei que seu linear de
dor é baixo, então ela está sentindo tudo que anseio que sinta.
Começo a meter com força, seu corpo que lute para
acomodar meu pau e as esferas, estoco cada vez mais fundo e
forte, suas unhas cravam em meu peito, o que me faz gemer de dor
e prazer, lançando minha cabeça para trás.
Ergo sua perna para meter com mais precisão e a vejo
morder os lábios, Monike continua chorando, vejo as lágrimas
escorrerem, perdidas em meio ao nosso prazer, sei que ela gosta de
tudo isso e sorrio vitorioso, estou lhe mostrando que ninguém irá
ficar entre nós, que não existirá nada que nos afaste, nem mesmo
suas vontades.
— Grita, continua gritando, mostra aos meus demônios que
sabemos foder nossa mulher.
— Ahh! Isso, mais forte — implora, cravando suas unhas com
mais força em mim.
Meus rosnados se misturam ao barulho que nossos corpos
fazem ao se encontrarem, meu pau está sendo massacrado e
minhas bolas pesam desesperadas por libertação. O suor faz meu
peito marcado por ela arder, então cubro seu corpo com o meu
marcando-a com meus dentes.
— Haaaaa! — Seu grito de dor me excita um pouco mais.
— Goza comigo — ordeno aumentando as arremetidas.
Monike parece estar em transe, ela se movimenta junto
comigo, é intenso e nunca irei permitir que isso desapareça. Meu
corpo explode em um orgasmo junto ao seu ganhando uma mordida
forte no peito, ela me marca de forma violenta enquanto grito furioso
pela dor que me causa, com certeza rompe a pele, mas isso não me
importa.
Ofegantes, paramos, e quando seus dentes descolam do
meu peito observo a marca que agora tem um rastro fino de sangue.
— Gosto quando se liberta — digo saindo dela, retirando a
capa peniana, jogando longe e puxando as esferas do seu cu.
Seus gemidos enquanto puxo, me fazem grunhir de
excitação, faço o mesmo com as esferas, deito meu corpo ao lado
do seu, não dizemos nada por algum tempo quando meu telefone
começa a tocar.
— Por quanto tempo ficarei na sua porta até que seja
atendido? — Darko rosna do outro lado.
— Não te convidei para minha casa — rebato furioso.
— Temos Viktor.
Apenas essas palavras me fazem pular da cama sem nem ao
menos cogitar deixá-lo esperar um pouco mais.
Desligo o telefone vestindo a calça de moletom que estava
jogada no canto e desço as escadas correndo.
— Achei que seria um ótimo incentivo — Darko informa assim
que abro a porta.
— Onde ele está?
— Chegará em duas horas no esconderijo — avisa.
— Damian? — sondo.
— Está cuidando do translado, não foi fácil pegá-lo. —
Caminho com ele para dentro e vejo que segue para a cozinha. —
Estou com fome — avisa abrindo os armários e a geladeira assim
que chegamos.
— Quando não está? — bufo, me sentando.
— Foda-se! — rebate. — Onde está a sua pessoa? — fala de
forma despreocupada.
— No quarto — respondo e vejo que olha seu telefone
arqueando a sobrancelha com ar surpreso.
— Quando irá entender o que sente? — fala colocando o
telefone novamente no bolso após digitar algo.
— Não sinto nada — respondo quase permitindo que a fúria
retorne.
— Não se arrependa por ser um idiota, pode ser que a perca
de uma vez por todas. — Continua falando sem me olhar, montando
um sanduíche monstruoso meio proporcional ao seu tamanho.
Assim que termina corta o pão ao meio me entregando
metade dele.
— Coma, pelas marcas que vejo e o cheiro de sexo que vem
de você deve ter se esforçado como um animal.
Não digo mais nada, apenas começo a comer bebendo a
cerveja que ele me entrega, eufórico pelo que irá acontecer nas
próximas horas.
CAPÍTULO 28

Terminamos de comer e fico inquieto, não só por ter Viktor


em nosso poder, mas por desejar eliminar essa nova ameaça, Isaac.
— O que tanto confabula? — Darko está sentado à minha
frente, me encarando e questiona, eu sei que ele sente minha
inquietação.
— Soube hoje que Monike tem um filho. — As palavras saem
de forma quase cuspida.
— Como?
— É surdo? Filho, ela tem um filho recém-nascido. — O olhar
de incredulidade de que não acredita nas minhas palavras está
estampado em sua face. — Ela não engravidou e teve um filho, ela
ganhou um filho, me disse que o amou desde o momento que ouviu
o seu coração bater.
— Uau! Isso que é notícia, parece que você está seguindo os
passos de Damian.
— Jamais, eu lhe disse que eliminaria o bastardo assim que
colocasse minhas mãos nele.
— O Anjo das Sombras parece decidido a demonstrar seu
poder, o que tanto teme?
— Não temo nada.
— Não? O que é isso que vejo em seus olhos e ouço em
suas palavras?
— Não quero filhos, jamais colocaria no mundo pessoa
alguma que carregue esses genes malditos, não quero ser como
Damian que transforma cada saída de sua família em uma operação
de guerra, por que ansiaria por algo assim? Por que desejaria sentir
por alguém algo tão poderoso que se o perdesse isso me
aniquilaria? — Minha fala o paralisa. — Porque dividiria o que a
Monike sente por mim com qualquer outro alguém? Minha única
vontade é assassinar toda e qualquer pessoa que se aproxima dela.
— Estamos falando de filhos, Dimitri. — Darko tenta
argumentar.
— Não! Não quero ninguém perto dela, ninguém que
dependa dela, que tire sua atenção de mim, se ela engravidasse, eu
a faria tirar. Não, eu mesmo arrancaria dela o maldito feto, isso só
não acontece porque sabe o que fiz e sabe que não posso ter filhos,
mas parece que os demônios decidiram brincar comigo e agora ela
me enfrenta por um bastado imundo — rosno sentindo o ódio em
mim. — Não teria alguém que pudesse me destruir dessa forma,
alguém que meus inimigos usassem contra mim. Olha o que
estamos prestes a fazer, como acha que ficarão quando tudo isso
acabar?
— Bem, como eles ficarão eu sei, mas como Monike ficará é
o grande x da questão. Você diz que ela não é a sua pessoa, mas
age como se ela fosse, todas as suas atitudes são egoístas e
diabólicas, acha mesmo que ela vai sentir algo por você caso mate
essa criança que não deu nem a oportunidade de conhecer?
— Eu já tenho raiva do bastardo, você não sabe o que eu
passei nas mãos daquele desgraçado.
— Não sei, isso é verdade, mas por que não me conta? —
Darko cruza seus braços esperando que eu exponha em palavras o
que eu jamais ousei proferir.
— Não irá arrancar isso de mim, ninguém jamais saberá,
quando arrancar essa maldita bomba da minha cabeça e me libertar
completamente de Bratslav, juro por tudo que é mais sagrado que
irei desaparecer da Triglav por alguns anos, e você mais do que
ninguém sabe bem quem é o próximo alvo dele.
— Não acredita que sou idiota o suficiente para permanecer
parado esperando sua fúria, não é mesmo?
— Darko... — Sou interrompido pelas suas palavras.
— Dimitri, acho melhor manter Viktor longe de você até que o
plano esteja terminado, com a raiva que vejo emanar de você e
incontrolável da forma que está, vai colocar tudo a perder — fala
sacando o celular e digitando algo de forma frenética.
— Não. — Soco a mesa de pedra. — Quero fazê-lo agonizar
por algum tempo, ele merece ter minhas mãos sobre ele.
— Sim, terá essa oportunidade, mas não agora.
— O que está falando, Darko?
— Estou falando que neste momento não irá encontrá-lo,
Damian está o levando para outro lugar, estou protegendo você de
você mesmo, e não adianta tentar caçá-lo, não o encontrará.
— Posso matá-lo, Anjo da Atrocidade. — Voo sobre ele
pegando na mesa uma faca e colando-a em seu pescoço.
— Vamos, faça! — Seu olhar está cravado no meu, posso ver
que será para ele um alívio se eu o enviar ao inferno. — Não tem
coragem, sabe por quê? Porque não sou eu seu maior inimigo,
Dimitri, comece a entender quais batalhas precisa realmente lutar, o
filho de Monike não é seu inimigo, eu não sou seu inimigo, foque
sua fúria onde realmente vai aliviar sua dor, esse ódio que sente
jamais irá desaparecer, mas poderá ser amenizado.
— O que sabe sobre sentir? Um demônio como você não
sente nada, assim como eu.
— Tem razão, não sinto, mas não sou idiota como você que
tem escamas nos olhos que o impede de enxergar as coisas ao seu
redor. — Suas palavras me fazem tirar a faca de seu pescoço.
— Vou eliminar qualquer coisa que atravesse meu caminho,
nada ficará entre mim e Monike, da mesma forma que nada ficará
entre mim e Bratslav.
— Se você se aproximar do hospital onde o filho dela está, eu
mesmo dou cabo de sua vida.
— Está me ameaçando por conta dele? Temos um pacto!
— E neste momento ele acaba de se tornar um intocado,
ouse atravessar a linha e sabe bem qual será seu destino, eu jamais
ansiei por algo, Dimitri, mas assim como Antonella e Romeu, o filho
de Monike tem toda a minha proteção.
— Não tem olhos em todos os lugares, demônio.
— Experimente me desafiar. — Ele se arruma, erguendo-se
da cadeira.
Darko é maior que eu, ele tem dois metros e cinco, seu olhar
agora é tão frio e sem vida que faria qualquer demônio recuar. Eu
não demonstro nada, mas preciso confessar que algo nele muda
quando o assunto são os filhos de Damian, e agora o maldito
bastardo de Monike.
— Não vou ficar parado vendo as coisas acontecerem ao
meu redor e não fazer nada — ameaço.
— Dimitri, qual o nome dessa criança? — Seu olhar ainda
está lá.
— Isaac — rosno o nome.
— Isaac está fora da sua jurisdição, Viktor está fora do seu
alcance até segunda ordem, não atravesse meu caminho, não tente
ser esperto, não vou ter misericórdia, obedeça ao chamado do pacto
ou arque com as consequências.
Vejo-o sair sem olhar para trás, quando sou tomado pelas
lembranças do dia em que nossa lealdade foi estipulada através de
um pacto de sangue.

(...)
Estou há duas horas ouvindo os gemidos de Dusham que
acabou de chegar de mais uma das muitas sessões de tortura que
Bratslav insiste em levá-lo, pelo pouco que entendi sobre a nossa
vida, seremos transformados em monstros e não podemos sentir
nada. Bem, eu já não sinto desde o dia em que fui apresentado
àquela mulher, mas o medo ainda ronda nossas camas e faz nossos
corpos tremerem.
— Dimitri. — A voz de Damian me tira do meu momento
temeroso. — Dimitri, acorde, precisamos conversar.
Saio debaixo das cobertas e vejo um Dusham todo
desfigurado, ensanguentado e furioso à minha frente.
— Por que ainda o enfrenta, Dusham? — Damian questiona,
Dusham tem doze anos, e sei porque faz, Darko é pequeno demais
e é o mais submisso de todos, sua voz é sempre um sussurro e não
sabemos se ainda continuará vivo depois de hoje, por horas ele
oscila entre acordar e desmaiar.
— Porque não serei domado, eu sou aquele que doma,
jamais abaixem suas cabeças, enfrentem o demônio olhando em
seus olhos. — Suas palavras são muito bonitas de se ouvir, mas no
meu caso não existe como me defender.
— E por que nos quer acordados? — Decido questionar e
voltar para a cama.
— Porque em breve sabe bem que Bratslav vai começar a
nos separar, essa foi a sua promessa, antes que isso aconteça e
cada um de nós seja levado para um lado, precisamos selar um
pacto de sangue. — Damian nos encara concordando com suas
palavras.
Dusham caminha nu até o canto de sua cama, arrastando-a e
retirando de lá uma gilete, podemos ver o quanto ele se esforça
para caminhar, mas existe algo em seu olhar que nos motiva.
— Somos família, mas isso não nos liga, sempre soubemos
que é cada um por si, mas precisamos honrar algo em nossas vidas.
Lealdade é algo que precisa ser mantido entre nós, e para isso
serve o pacto que faremos, cortaremos nossas mãos e
derramaremos nosso sangue neste lugar que para nós por muitos
anos vem sendo o inferno, selando assim nossa lealdade um com o
outro. O pacto existe para ser cumprido e só fica livre dele aquele
que morrer, seja qual for o pedido que façamos um para o outro ou
qualquer que seja a ordem dada, jamais quebraremos o pacto.
— Quer dizer que se eu desejar que mate alguém por mim,
farão? Ou se desejar que protejam alguém isso vai ocorrer? —
Damian pergunta e imagino que esse seja o mesmo questionamento
que passa na minha cabeça e na de Darko, caso ele estivesse
acordado no momento.
— Exatamente. — Sua resposta me anima, mas fico
frustrado, não se pode matar o segundo no comando da Triglav sem
condenar todos os outros, aprendemos isso desde sempre. — Seja
qual for o pedido jamais quebraremos o pacto, cumpriremos nosso
dever para com os outros, mesmo que nos odiemos como muitas
vezes fazemos, o pacto é nossa lei mais sagrada e nada é forte o
suficiente para quebrá-lo — Dusham informa. — Não sei se
conseguiremos sair todos vivos daqui — ele olha para Darko que
está desfigurado e remendado, e com certeza não irá amanhecer
vivo —, sei que no inferno existe demônios poderosos e o pacto
também será selado para que ele não morra. — Aponta para Darko.
Dusham parece desesperado e só apanhou como um animal por
defender Darko de mais uma surra que quase o levou.
— E se algum de nós quebrarmos o pacto? — sondo,
curioso.
— Aquele que teve seu pedido quebrado decide sobre a
forma que irá se vingar daquele que rompeu o pacto, pode ser tanto
uma surra quanto a morte, isso ficará a critério daquele que foi
desafiado, quebrar o pacto é desafiar aquele que o fez prometer.
— Eu aceito. — Damian estende sua mão e ela é a primeira a
ser cortada.
— Clamo para o demônio mais poderoso deste inferno que
se apresente — Dusham clama alto e com voz assombrosa. — Cure
Darko e nos permita viver para que em momento oportuno
possamos extirpar da terra Bratslav, enviando sua alma imunda ao
inferno para que seja torturado por toda a eternidade.
Um vento forte atravessa o lugar batendo com força a janela,
entendemos assim que nosso pacto foi aceito.
Em seguida, Dusham estende sua mão, Damian e ele me
olham, e mesmo que meu único desejo jamais possa ser atendido,
também estendo a minha. Dusham pega a mão de Darko que está
desmaiado, cortando-a, e vemos nosso sangue pingar no chão se
misturando aos outros, e ainda que não exista nenhuma certeza em
nossas vidas, esse seria nosso código eterno.
(...)

Retorno de minhas lembranças respirando fundo, me


recordando que no outro dia Darko amanheceu milagrosamente
melhor, enquanto nos olhávamos tínhamos a certeza de que nosso
pacto não havia sido feito apenas por nós, e que algo muito
poderoso estava conosco naquele momento.
Respiro fundo passando as mãos pelos meus cabelos, me
lembro que contamos a Darko e ele disse entender tudo
agradecendo por pactuarmos por ele e com ele cortando sua mão
selando assim nosso acordo.
Sigo para o quarto, onde encontro Monike dormindo, tomo
banho e sinto o ardor das marcas que ela causou em mim, eu já
quebrei o pacto quando toquei nela, não será problema algum dar
cabo do bastardo e desaparecer com ela pelo mundo, após
finalmente me livrar da coleira invisível que aperta cada vez mais
forte meu pescoço.
CAPÍTULO 29

Dois meses depois...


Não sei o que houve com Dimitri depois que descobriu sobre
Isaac, ele parecia um demônio contido por algo maior e mais
poderoso que ele, eu via que algo estava errado, não fui impedida
de continuar trabalhando e muito menos de cuidar de Isaac, mas
sabia que algo estava vindo em minha direção na velocidade de
uma explosão atômica e não ficaria parada aguardando.
Hoje é a alta de Isaac e o dia em que iremos desaparecer do
mapa. Estou com tudo pronto quando começo a caminhar em
direção ao estacionamento com ele, pedindo aos céus que ele
esteja lá, me esperando, porque chegar com Isaac em casa
juntamente com os soldados é assinar sua sentença de morte.
O elevador abre as portas e vejo os seguranças apostos me
aguardando, quando um carro preto entra no local disparando
contra eles, lançando seus corpos ao chão, vendo Darko sorrir
diabólico para mim.
— Vamos, temos apenas meia hora até que eu precise te
entregar minha parte do plano de vingança e as informações sobre
vocês chegarem — fala descendo do carro e nos colocando para
dentro, acomodando com cuidado Isaac no bebê conforto.
Logo saímos em disparada, cantando pneus da mesma forma
como ele entrou, a adrenalina dispara em níveis altíssimos no meu
sistema, meu coração está acelerado, me seguro no cinto de
segurança enquanto ele avança como um louco pelas ruas. Olho
Isaac ao meu lado e ele parece não se importar com os sacolejos
que levamos, Darko o acomodou muito bem. Enquanto vamos nos
afastando, mesmo que ainda estejamos em uma velocidade acima
da média meu corpo vai se acalmando.
— Darko, ele vai te matar — constato o óbvio, eu acredito
que isso pode causar uma guerra entre eles.
— Não vai, eu recorri ao pacto para salvar Isaac, o máximo
que pode acontecer é ganhar uma surra, mas isso não é nada,
estou salvando Dimitri de cometer o maior erro de sua vida, ele está
perdido em sua vingança, Monike, não enxerga um palmo diante do
seu nariz e depois que tivesse feito a maior burrada de sua vida
matando Isaac, se arrependeria amargamente. — Suas palavras de
certa forma me aliviam e me entristecem.
— Nunca desejei amar alguém como ele, Darko, mas foi mais
forte que eu, o amo desde que ficamos sozinhos naquela cabana,
onde sei que ele matou muitas mulheres, mas não soube controlar o
que sentia, e me culpo por colocar você contra ele. — Olho para o
meu filho que continua quieto e dormindo tranquilo, mal sabe ele a
loucura de vida em que a mãe dele vive.
— Dimitri quebrou o pacto quando tocou você, mas isso é
com ele e Dusham, ninguém pode se meter, quanto a mim, da
mesma forma que protejo Antonella e Romeu, protejo Isaac, mas sei
que o Dimitri de agora não irá se manter longe.
— Deixe-o o maior tempo longe de nós, sei que chegará o
momento em que vamos precisar conversar e quando perceber que
ele não machucará meu filho pode dizer onde estou, eu suporto
qualquer coisa vinda dele, mas não posso imaginar que ele possa
tocar em alguém tão importante para mim. Acredito que irei amar
Dimitri até depois da minha morte, porque é tão intenso e doentio o
que sinto, que sei que sou e sempre serei escrava desse sentimento
— confesso com os olhos cheios de lágrimas.
— Pode ser que ele jamais mude, Monike, as identidades
novas que fiz garantem uma nova vida para ambos, se ele nunca te
procurar siga sua vida e faça valer a pena cada momento ao lado do
seu filho.
— Obrigada por me ajudar, Darko.
— Mantenha o telefone descartável com você, foi esperto de
sua parte comprá-lo, o outro é rastreado por ele, se precisar de algo
apenas informe com o código que te dei que irei até vocês, tenho
certeza de que serei eu o primeiro que ele vai rastrear, e quando ele
vir a mensagem vai acreditar que se trata das coisas da Triglav, é
assim que sou chamado para os negócios com os homens que
negocio.
Respiro fundo lembrando-me do código que ele me passou,
Assassim666.
Não conversamos mais nada quando chegamos ao
aeroporto, Darko guia direto até o hangar, onde um jatinho nos
aguarda, assim que estacionamos ele desce e já tem dois
seguranças quase do seu tamanho nos aguardando.
— Quem são eles, Darko? — questiono enquanto caminho
com meu filho e apenas uma bolsa com nossos documentos.
— Homens de minha total confiança, irão proteger vocês
enquanto não estiver por perto, espero que meu irmão deixe de ser
um grande idiota e vá até vocês logo.
— Darko, cuide dele para mim, Dimitri tem demônios demais
e diferente de você, ele não tem conseguido domá-los.
— Não se preocupe com ele, cuide apenas da sua vida e da
sua família, seja e tenha aquilo que nós não pudemos ter, e que
Damian conhece tão bem. Dimitri pode nunca se recuperar, Monike,
e você precisa ter isso em mente.
Desejando abraçá-lo, faço, mesmo que de uma forma
desengonçada e incômoda ele retribui, logo somos direcionados por
ele até a aeronave que nos levará até nossa nova vida, longe de
todos os perigos que nos cercam.

É incontrolável o desejo de vingança, testei por mais de uma


vez todos os comandos que tenho que fazer para então me libertar
do maldito chip e ter a maldita coleira que Bratslav mantém me
aprisionando.
Por dois meses tentei de todas as formas castigar Monike
como ele me mandou, mas falhei miseravelmente todas as vezes,
fodemos como animais, eu quase a parti ao meio várias vezes, mas
machucá-la fora desse contexto foi impossível para mim. Nosso
plano o manteve longe e isso me deu tempo para não a machucar e
fazer com que esse dia jamais chegasse da forma que ele queria,
com certeza se ele a tocasse eu mandaria todas as regras ao
inferno e o mataria causando assim um efeito cascata de caos,
porque isso colocaria toda a Triglav contra mim e meus irmãos.
Enquanto tramava uma forma de eliminar Isaac de sua vida,
estávamos trabalhando para este momento que agora se apresenta
à nossa frente, vou me libertar primeiro e depois seguirei com meu
plano de livrar Monike daquele bastardo, ela é minha e ninguém irá
se enfiar entre nós.
— Sabe que quando ele chegar aqui vai querer te matar —
Damian me alerta.
— Onde está Darko? — questiono.
— Sabe que ele não irá participar.
— Seremos apenas nós.
— Exatamente, estamos apenas esperando sua mensagem
informando que podemos iniciar todo o plano fazendo com que
Bratslav entregue o maldito relógio a você. — Damian nem sonha
sobre a hipnose.
— Mantenha o plano, não se aproxime e deixe que apenas
eu faça todos os movimentos, se algo sair errado ou eu te der o
sinal você entra em ação. — Confirma com a cabeça minhas
palavras. — Os Obscuros estão apostos?
— Sim, trouxe apenas dois deles.
— Acho que é mais do que suficiente, não tocaremos em
Konstantin, ao contrário de Viktor que pagará a cada segundo em
que respirar próximo de mim.
Neste momento meu telefone toca e pela hora acredito que
sejam os soldados informando sobre Monike, assim que olho, é
Darko informando que tenho cinquenta minutos. Olho para Damian
que se encaminha até a porta do galpão onde nosso show vai
começar.
Caminho permitindo que os meus demônios me dominem,
sinto que eles assumem meus pensamentos que são os piores
possíveis, tudo que eu desejo é vingança.
— Ora, ora, ora, se não é Viktor živadinović Dothraki. —
Cuspo as palavras me revelando ao meu meio irmão, filho querido,
adotado por Konstantin e Bratslav, enquanto retiro sua mordaça.
— Quem é você? Por que estou aqui? Meus pais têm
dinheiro, por favor, eles podem pagar qualquer coisa que desejar. —
Começa a implorar quando lhe acerto o primeiro soco que o faz
gritar.
— Haaaa!!! Por favor, não fiz nada!
Seu choro começa e vejo Damian sentado na mesa ao lado
de seus Obscuros mascarados e nus.
— Veja só, Anjo do Caos, ele chora, o que acontecia conosco
se chorássemos? — Encarando Damian o vejo sorrir segurando
uma faca nas mãos, deslizando seus dedos pela lâmina.
— Treliça de ganchos? Quarto branco? Estupro? Uma surra
que nos deixaria jogados na cama por dias enquanto arrancaria
nossas cobertas à força levando consigo as cascas de nossas
feridas que secaram com ela por cima? —Damian corta o dedo e
lambe o próprio sangue.
— Do que estão falando? — Viktor chora como uma
mulherzinha.
— Estamos falando do seu pai, Bratslav Dothraki, mais
conhecido como Anjo da Transfiguração, segundo no comando da
Máfia Sérvia Triglav, pelo que consta em seus documentos e nos
nossos, o homem que você chama de pai e que nós chamamos de
genitor, demônio, carrasco, e etc...
— Não, meus pais trabalham no mercado de ações.
— Foi isso que te disseram?
— Konstantin živadinović, chefe da Máfia Sérvia Triglav,
traficante de armas, drogas e pessoas, nunca soube sobre suas
domas? Ah, que burrice a minha. — Bato em minha testa.
O olhar apavorado do pequeno verme à nossa frente me
excita.
Então começo a lhe contar sobre tudo que seus pais fazem,
em como são cruéis, homofóbicos e vis, em como somos quatro
irmãos que vivemos e conhecemos o inferno desde que nascemos,
como fomos violados de todas as formas e destruídos como
homens, em como fomos transformados em demônios doentes
sedentos por sangue.
Por dois meses mantemos nosso meio irmão preso conosco,
eu não sabia onde estava até poucas horas atrás, para seus papais
zelosos ele estava em uma viagem com seus amigos pelo mundo,
sem acesso à tecnologia, recebendo apenas mensagens de textos
esporádicas, pelo visto Viktor tem alma humanitária e saber disso
facilitou muito nossas vidas. Temos mantido todas as informações
fazendo com que eles acreditem piamente que tudo corre muito
bem, ontem foram informados que seu bem mais precioso foi pego
por inimigos que agora sabem bem quem são.
— Não, meus pais jamais fariam isso, eles são amorosos e
se amam como nunca vi, vocês só podem ter pegado a pessoa
errada. — Sua crença neles me causa ainda mais ódio.
— Ouviu isso, Damian, eles se amam.
— Hahahaha! — Damian lança um punhal da mesa que se
crava exatamente na perna de Viktor. — Aqueles demônios não
sabem amar. — Damian cospe no chão sob os gritos de dor de
nosso irmãozinho.
— Haaaaaaaaaaaa! Por favor, parem, não sou eu, não sãos
meus pais, não são!
Caminho até a mesa pegando um exemplar de chicote do
mesmo que Bratslav usou em Damian algumas vezes.
— É o mesmo ou a réplica? — questiono sentindo o peso em
minhas mãos.
— O mesmo, ainda tem o sangue daquele desgraçado aqui.
— Damian, não te contei antes, não contei a ninguém, mas
com apenas uma palavra Bratslav pode me hipnotizar.
— O quê? — Seus questionamentos são cheios de surpresa.
— Isso que ouviu, há alguns dias, quando Konstantin ficou
sozinho eu fiz o mesmo com ele, ele não sabe, mas posso paralisá-
lo da mesma forma, eu o fiz esquecer do nosso encontro, mas caso
ele me paralise, use Viktor para me destravar, não posso explicar,
apenas faça ele dizer as palavras.
— Quais palavras, Dimitri? E por que no inferno me diz
apenas agora?
— Daemonium, usando essa palavra ele me trancafia em
minha mente, e só me liberta de lá falando liberatus. —Respiro
fundo. — É assim que ele me faz chupá-lo até que goze. — O terror
na face de Damian me faz entender que ele acabou de descobrir
meu maior segredo.
— Eu vou matá-lo.
— Não, isso não é conosco, apenas Dusham pode fazer,
vamos seguir o plano, matamos Viktor, e Konstantin irá descobrir
sobre Adrijana, isso romperá o elo entre eles, sabemos que com a
morte de Viktor e a revelação de que o amor da sua vida está viva,
Konstantin não vai continuar com Bratslav, sabemos que isso fará
com que o alvo seja Darko, mas segundo ele, seu plano de
desaparecer se inicia no momento em que finalizarmos esse.
Damian não parece concordar em manter o plano, mas não
podemos recuar agora, não no momento em que estamos perto de
me libertar desse maldito demônio.
— Sabe, Viktor, sou um demônio que arrasta quantas almas
consegue para o inferno, mas não costumo matar com requintes de
crueldade pessoas inocentes, aliás, vou reformular minha fala,
porque eu costumo sim matar inocentes, eu não vou deixar que
você morra sem saber o porquê está morrendo. Acho que fica
melhor, não é?
— Por favor, cara! Por favor, eu imploro, não me mate!
— Seu papai Bratslav precisa tirar da minha cabeça um chip
bomba que me impede de ficar com a mulher que me pertence, ele
também me hipnotiza para que eu chupe seu pau até que goze na
minha boca e na minha cara desde meus cinco anos, então, estou
pouco me fodendo se os meus amigos ali, os mascarados, vão foder
seu rabo com tamanha força ou se eu vou chicoteá-lo até a morte.
Eu quero minha liberdade e irei arrancar das mãos dele através de
você.
O primeiro açoite atinge seu peito e quando puxo pedaços de
sua carne voam sobre mim.
— Haaaaaaaaaaaaaaaaa! — O grito alto é tão poderoso que
faz com que meus ouvidos doam.
Dou mais duas chicotadas furiosas, agora em suas costas e
meu maninho desmaia.
— Damian, traz a adrenalina, não se faz homens como
antigamente — digo pegando a agulha de sua mão e aplicando na
veia do verme à minha frente que acorda alucinado a tempo de me
ver ordenar aos Obscuros para destruí-lo. — Façam!
— Quinze minutos — Damian avisa, então pego meu telefone
e nada dos meus homens, vou até o gps do celular de Monike que
se encontra ainda no hospital.
O choro de desespero de Viktor se mistura aos seus gritos,
enquanto os Obscuros rasgam seu rabo virgem com seus paus.
CAPÍTULO 30

Após a segunda rodada de sexo violento onde os Obscuros


não tiveram misericórdia do meu irmãozinho, Damian os afasta.
— Eles vão entrar — Damian informa.
Vemos Viktor agonizar e no momento em que os olhos de
seus pais amorosos o veem, o grito de dor que Konstantin liberta é
agonizante.
— Seu verme imundo! — Bratslav me olha. — Daemo...
— Não dessa vez. — O tiro que Damian dá em sua coxa o
faz se ajoelhar, gritando.
Vemos Konstantin se aproximar quando eu o paraliso.
— Immundus[10]
— O quê? — Bratslav fica perplexo.
— Acha mesmo que viria aqui sem me precaver, acreditou
mesmo que teria uma vida feliz com um filho prodígio e que jamais
descobriríamos? Acredita mesmo que me manteria na maldita
coleira até o fim dos meus dias? Que continuaria usando de hipnose
comigo para que te chupe como vem fazendo desde os meus cinco
anos? —Começo a falar e sei que Konstantin não sabe de nada
disso e eu vou quebrar essa corrente que os mantêm unidos, nem
que para isso eu mesmo tenha de arrancá-la com as próprias mãos.
— Amor? — Konstantin questiona, porque ao contrário do
que se possa imaginar, eu passei anos treinando e estudando essa
hipnose maldita da qual fui preso e trancafiado como um animal que
pode ser usado quando e onde bem se entende, os caçadores
precisam matar sua caça quando tem a oportunidade, e o maior erro
de Madame Loren e de Bratslav foi acreditar que tinham domínio
sobre mim e que eu não faria nada para mudar isso.
— Sente-se, Konstantin, temos uma longa história para ser
revelada, mas antes. Damian — falo e meu irmão vai até Bratslav
arrancando dele o maldito relógio, que é a chave que me dá
liberdade, apenas com ele em mãos posso ter minha cabeça aberta
e o maldito chip retirado, na primeira tentativa de remoção uma
solicitação é enviada ao aparelho e precisamos autorizar, com ele
em minhas mãos tenho metade da minha liberdade.
Começo contando tudo, sobre Bratslav desejar que eu o
deseje como homem, vejo Konstantin chorar, esse homem não foi
feito para ser chefe da máfia, e tudo que descobrimos deixa isso
muito claro.
— Sabe, Adrijana está viva e podemos te informar onde,
porém eu vou lhe libertar se concordar comigo, mas não sem antes
Bratslav arrancar de mim as travas da mente, onde ele consegue
me manipular. Quer permanecer assim ou temos um acordo? —
questiono autorizando Konstantin a falar.
— Temos um acordo.
— Liber.[11]
— Tim, não pode acreditar nele, é tudo mentira, Adrijana está
morta, ela não existe mais.
— Cale a boca, Bratslav! — A voz poderosa de Konstantin o
paralisa. — Olhe o estado do nosso filho, olhe como tudo que você
toca apodrece e morre, não aprende nunca com seus erros, se acha
o mais esperto sempre, estou farto, não era nem para estarmos
nessa situação, mas desde o momento em que decidiu criar esses
Anjos e fui conivente com isso, estávamos assinando nossa
sentença de morte.
— Nós nos tornamos poderosos! — ele grita.
— A que preço? Liberte Dimitri desse jogo doentio em que
você se enfiou.
— Nunca! Tim, ele é um maldito mentiroso.
— Faça, Bratslav, ou eu mesmo dou cabo de sua vida.
Enquanto eles discutem podemos ouvir o último suspiro de
Viktor e vejo Konstantin se quebrar bem na minha frente.
Bratslav se ergue ainda com a mão na perna, olhando furioso
tanto para mim, quanto para Damian, nenhum soldado tem o poder
de interceder por nós ou por eles, existe uma lei sobre os Anjos,
apenas Konstantin e Bratslav podem nos causar algo.
— Com um estalar sua mente destrava.
Ouço o primeiro estalar de dedos.
— Com um segundo comando retoma suas forças.
Ouço o segundo estalo.
— Com a minha ordem, libero sua mente, não existe mais
poder, opressão ou comandos de minha voz que o aprisionem.
Ouço o terceiro estalo.
— É livre, liberto e sem amarras.
— Fale! — grito ordenando que dê a maldita ordem.
— Daemonium. — Quando ouço a palavra que atormenta
meus sonhos e me causa pesadelos ser dita sem que nada
aconteça, voo sobre ele socando sua cara com tamanha força que o
faço cair no chão.
Continuo socando seu rosto até que tenho meu corpo retirado
de cima dele por Damian.
— Acabou, acabou, já chega! — As palavras de Damian me
fazem parar.
Sinto o barulho das correntes que me prendem cair no chão e
baterem sobre ele com tamanha força que meu coração erra a
batida.
Claro que nós informamos sobre Adrijana, mas não demos
todas as informações, o que descobrimos não muda apenas nossas
vidas, muda a vida de Stefan, e é muito melhor que ele e seu irmão
se mantenham no escuro até o momento em que tudo precise ser
revelado.
Konstantim sabe que jamais o libertarei, isso é a minha
garantia de que eles jamais viriam em minha direção novamente,
acredito que ter que carregar seu filho morto tenha sido fator
fundamental de não se importar de estar preso a mim de alguma
forma.

Eu sempre fechei meus olhos para as loucuras de Bratslav,


ele chegou em minha vida no pior momento, eu, um homem cheio
de sonhos e desejos havia sido quebrado com a perda da única
mulher que amei e dos seus dois filhos recém-nascidos. Vendo meu
estado ele se aproximou de mim, e me descobri bissexual, eu o
amei incondicionalmente por todos esses anos e seria mentira se
dissesse que não o amo agora, mas a cada nova descoberta de
suas atrocidades uma lasca de sentimentos é arrancada de mim.
Carregar o corpo do meu filho ensanguentado em meus
braços após descobrir que mais uma vez a sede de vingança de
Bratslav foi maior que o desejo de viver em paz, pulveriza o resto de
sentimentos existentes em meu peito.
— Tim.
— Não fale comigo, Bratslav, juro por tudo que é mais
sagrado que após enterrar nosso filho não o quero ver nem pintado
de ouro. — Olho-o nos olhos e não existe nenhum sentimento ali,
nem mesmo a imagem de Viktor morto lhe causa algo.
— Sou seu segundo no comando! — ele esbraveja.
— Nem mesmo isso te livraria da minha fúria, eu sou o chefe
dessa máfia, é meu subordinado, apenas pelo sentimento que nutri
por você durante todos esses anos e que nunca foi recíproco eu não
o mato aqui e agora. — Dou-lhe as costas.
Caminho até o carro e coloco o corpo imóvel do meu filho,
sentindo uma dor tão dilacerante que me causa falta de ar.
Saio sem o encarar uma segunda vez, eu não amo mais
Adrijana, só gostaria de lhe encarar e questionar o porquê? Qual o
motivo de me privar do seu amor e de ter meus filhos?
Caminho pensando no demônio que sou, em tudo que fiz, e o
que ainda farei para ter à minha frente a única mulher que desejo
enfrentar antes de morrer.
Todos se foram, estou apenas eu nos braços de Damian, e
quando percebo que estamos a sós, eu desmorono, choro, choro a
dor da liberdade, sentindo o peso da opressão me deixar, é
sufocante e libertador na mesma proporção.
— Calma, acabou, Dimitri, ele não tem mais poder sobre
você.
— HAAAAAAAAAAAAAAAAA!!!! — Meu grito segue
rasgando minha garganta, é algo tão atormentado que até mesmo
meus demônios se encolhem, eu sinto que meu corpo inteiro entra
em colapso, sinto que posso sucumbir a qualquer momento, e sei
que se os braços de Damian não me segurassem, neste momento
eu estaria me afogando no seco.
— Vamos embora daqui. — Damian me ajuda a levantar.
Recomponho-me tentando sentir a leveza de ser alguém que
pode decidir sobre o próprio destino pela primeira vez em sua vida.
— Quer ir para minha casa? Ícaro adoraria recebê-lo e as
crianças gostariam de ter um pouco do tio gigante.
— Não, só preciso ficar sozinho.
— Dimitri, sei de tudo que acabou de passar, mas não
deveria se aproximar de Monike da forma que está.
— Damian, eu não virei um Anjo depois do que fiz, sentir o
peso dos grilhões que me prendiam sair de mim é perfeito, mas
Monike jamais será livre, ela quem me escolheu, foi ela quem me
quis, eu não fui atrás dela, pelo contrário, ela quem me procurou.
— E o que vai fazer sobre Isaac?
— Não vou dividi-la com ninguém. — Travo meus dentes e
vejo Damian negar com a cabeça.
— Você não aprendeu nada com o que acabou de acontecer.
— Não lhe respondo, apenas fico em silêncio enquanto ele dirige
em direção à minha casa.
Alguns minutos depois paramos na entrada e vejo uma
movimentação estranha, algo que não aconteceria em um dia
normal.
— Aconteceu algo? — Damian pergunta já descendo comigo.
— Posso saber o que está acontecendo? — falo furioso
vendo meus homens se encolherem um pouco com o tom da minha
voz.
— Senhor, o carro da escolta foi atacado ainda no
estacionamento do hospital.
— Como? — Pego minha arma tirando-a do coldre.
— Acabamos de saber, senhor, estávamos entrando em
contato quando o senhor atravessou os portões.
— Vamos até o hospital — digo.
Entrando novamente no carro de Damian, saímos em busca
de informações, meu coração bate na garganta.
Que porra está acontecendo?
— O que será que aconteceu? — Damian questiona e minha
cabeça trabalha com várias hipóteses.
— Não sei, mas se algum inimigo decidiu atravessar meu
caminho eu juro que aniquilo toda a sua geração.
Estacionamos no hospital e a polícia está com o local
completamente cercado, como todos estão em nossa folha de
pagamento, assim que me vê o comandante em exercício muda sua
postura.
— O que houve aqui? — questiono.
— Estamos trabalhando com sequestro da doutora Monike
Astoriã e seu filho Isaac, desapareceram após a segurança ser
alvejada com tiros certeiros em suas cabeças.
— As câmeras de segurança? — Damian pergunta.
— Todas desligadas.
— Saia do caso, isso está ligado diretamente a Triglav e
somos nós quem iremos resolver. — O comandante apenas
concorda evacuando o local, levando consigo os corpos dos meus
soldados.
Olho em volta sentindo uma pressão insana no peito, isso só
pode ser uma maldita brincadeira.
CAPÍTULO 31

Em pouco mais de uma hora pousamos em Roma[12], assim


que descemos somos recebidos por um casal, ela é uma mulher
linda, loira, e um homem tão alto quanto, com cabelos bagunçados
e barba por fazer.
— Seja bem-vindos à Roma. — A mulher me cumprimenta.
— Sou Anikka Espossitto, e este é meu marido, Salvatore
Espossito, Ettore nos enviou a pedido de Darko.
— Obrigada — digo baixo apertando Isaac em meus braços.
— Vamos, os carros nos esperam — Salvatore fala em um
sérvio bem cheio de sotaque e agradeço a educação, mas digo que
podem falar italiano, já que aprendi alguns idiomas.
— Querida, minhas cunhadas vão amar conhecê-la, Ettore
não pôde vir, pois precisou resolver algo em cima da hora, neste
momento levaremos você até nossa casa, lá é o lugar mais seguro,
depois enviaremos você ao apartamento próximo ao hospital que irá
trabalhar, fomos informadas que é médica.
— Sim, nem sei como agradecer.
— Não precisa agradecer, fazemos tudo pela família, e se
Ettore diz que precisam de proteção, nós a daremos —fala e o
homem esboça algo que se parece com um sorriso, seu olhar
contemplativo para ela me mostra que sente muito mais do que
demonstra.
Seguimos dali por algum tempo até um condomínio
gigantesco, e logo que entramos vejo duas mulheres nos
aguardando.
— Stella[13], estarei no escritório com Henrico — Salvatore
fala beijando seus longos cabelos loiros.
— Obrigada, demônio. — Ela sorri feliz e saltitante.
— Monike. — Assim que fala meu nome me assusto. —
Querida, não se preocupe, sabemos tudo, amanhã será tratada
como Felippa, por hoje seja apenas você. — Pisca para mim. —
Essas são Ayla, esposa de Henrico, o Don da máfia italiana que a
protege, e Vanessa, esposa de Ettore.
— Bella, como ela é linda — Ayla diz a outra mulher que sorri
alisando sua barriga de grávida.
— Sim, muito linda.
Nós nos cumprimentamos e seguimos para dentro onde eu e
Isaac somos acomodados e muito bem recebidos.
— Posso pegá-lo? — Vanessa pergunta.
— Sim.
— Ele é muito quietinho. — Ela o pega nos braços e vejo
meu filho se aconchegar sem reclamar. — Pode ir tomar banho, vou
com ele até as crianças, relaxe um pouco, estão seguros aqui.
Decido acreditar, se Darko confia neles, eu também posso
confiar.
Estou na casa de Damian, após um banho e vestir roupas
suas que servem em mim, sinto como se meu coração houvesse
sido arrancado, se minha vida não fazia sentido, neste exato
momento não parece haver mais nenhum propósito.
Sentado, inquieto, enquanto aguardamos Darko chegar, o
olhar de Damian não sai de mim.
— Fale, diga o que tanto você mastiga e engole. — O encaro
furioso, eu conheço Damian, sei bem o quanto pode enfiar o dedo
em nossas feridas e apertar até que doa de forma insuportável.
— Acho que seu desejo foi atendido, não queria Isaac em
sua vida e ele acabou levando Monike junto. — Sinto raiva de suas
palavras.
— O que quer dizer? Estou sentindo que anda calmo demais,
eu quero explodir o mundo porque foi isso que você fez quando
levaram Ícaro de você, e neste momento se encontra como se
Monike estivesse ido por vontade própria.
— Seria o que eu faria caso estivesse sendo ameaçada pelo
homem que eu amo.
— Eu não a ameacei! — Cuspo furioso.
— Não diretamente, mas ameaçou seu filho, o que é a
mesma coisa.
— Não, ela não me deixaria, não seria tão atrevida assim.
— Se você diz, vamos esperar Darko chegar e começamos
as buscas.
— O que encontrou sobre a mãe biológica da criança?
— Por que não aceita que essa criança é filho de Monike e
que poderia ser seu também, que poderia ter uma família se
assumisse que ela é a sua pessoa?
— Damian, pare de forçar, eu estou no meu limite, volte sua
cabeça ao maldito computador e faça seu trabalho, ou eu juro que
soco sua cara.
— Pode tentar.
— Não conseguem ficar um minuto que seja juntos que já
rosnam um para o outro. — Darko chega com cara de poucos
amigos e muito preocupado, com certeza seu protegido pelo pacto
lhe causa isso, já que está desaparecido junto com Monike.
— Foda-se! Eu quero minha mulher aqui e preciso que ela
seja achada agora, quem quer que a tenha levado, ou se ela decidiu
desaparecer sem deixar rastros eu preciso saber.
Darko parecendo ainda mais furioso começa a digitar ao lado
de Damian como dois loucos, a cada segundo que passa tento
entender onde é que ela está e quem pode tê-la levado.
Por horas vejo Damian socar com força a mesa, ele está
tentando rastrear a mãe biológica de Isaac, eu creio que esse é o
ponto de ignição, não, Monike não me deixaria, não sem antes me
mandar à merda com seu dedo apontado para mim e seu nariz
empinado, mesmo sabendo que posso castigá-la por isso.
As horas se passam e minha fúria segue crescendo, mas
agora o problema é comigo, eu não lhe dei a oportunidade de falar,
fiz com ela tudo que foi feito comigo, lhe forcei ao limite.
E se ela realmente tiver decidido desaparecer?
Desisto de pensar nisso, porque é mais fácil aceitar que ela
foi levada por algum inimigo desconhecido do que por vontade
própria.
— Chega! — Damian explode furioso socando a tela do
computador. — Você tem razão, Dimitri, algo existe em relação a
mãe biológica do Isaac.
— Por que você diz isso? — questiono sem entender
enquanto um Darko com cara de poucos amigos também encara
Damian.
— Ninguém tem um sistema de proteção de dados tão
poderoso quanto esse, nada do que consiga fazer quebra as
criptografias do único nome que temos dessa tal Eliza, isso aqui é
trabalho de hackers muito bem treinados, e só a máfia tem algo
assim.
— Está querendo dizer que essa tal Eliza pode ser protegida
pela máfia? — Darko questiona retirando o olhar do seu computador
novamente.
— Ou ela é funcionária da CIA, e não estou dizendo qualquer
funcionária, estou falando do alto escalão.
— Mais que porra! — Agora sou eu quem soca algo.
É tão forte o soco que dou na porta que sinto que posso
quebrar meus dedos se continuar.
— Isso é um maldito inferno, sabe quantas máfias são
nossas inimigas? — praguejo pensando em todas as milhares de
possibilidades.
— Precisamos informar ao Dusham — Damian fala.
— Não, continuem trabalhando, nós vamos enfrentar o
Dusham no momento certo — falo, porque não só eu como Damian,
temos muito que revelar ao nosso irmão.
As horas continuam passando, Damian larga as buscas por
Eliza e passa a conversar com o Dr. Miroslav, médico que cuidava
do meu setor antes de Monike reaparecer em minha vida e virar
tudo de cabeça para baixo.
— Ele disse que podemos retirar amanhã seu chip.
— Não farei isso enquanto não localizar Monike.
— Dimitri, isso pode levar algum tempo, você passou anos
desejando isso, enquanto retira o chip eu cuido das buscas — Darko
fala com uma certeza que me faz ter certeza também.
— Tudo bem, ficar rodando como um rato caminhando de um
lado para o outro enquanto vocês fazem as buscas não vai me
ajudar em nada.
— Pelo que ele disse é algo rápido, e amanhã mesmo você
está liberado.
— Gosto de imaginar que é tão fácil quanto diz.
— Um passo de cada vez, Dimitri, o mais difícil já conquistou,
agora precisa encarar a sua nova vida.
Respiro fundo sem nenhuma pretensão de discutir com eles
sobre isso.

Acordo numa cama diferente, então me recordo, vim retirar o


maldito chip.
— Acordou, princesa sombria? — Damian sempre sendo um
idiota.
— Vai se foder! — respondo sentindo minha cabeça pesada.
— Já está ótimo, a língua afiada garante isso, já pode ir para
casa — Darko fala e apenas levanto o dedo do meio para ele, e isso
faz me lembrar de Monike.
— Acabou? — questiono levando a mão à cabeça.
— Sim, tudo saiu conforme o esperado — Damian confirma
sentado na poltrona ao lado de Darko.
— Quando poderei ir?
— Então, esse é outro ponto, ficará por aqui mais alguns dias
— Darko informa.
— Mais alguns dias? A cirurgia duraria horas, Darko, há
quantos dias estou aqui?
— Uma semana.
— O quê??? — Tento me erguer e sou parado por uma mão
grande em meu peito.
— Vai com calma aí, Anjo das Sombras. — Damian me
impede de me levantar. — Tivemos que mentir, caso contrário ainda
estaria com essa porra de chip na cabeça.
— Vou surrar os dois assim que sair daqui, seus
desgraçados!
— Continue xingando, isso prova que tudo correu bem. —
Darko pisca e eu quero arrancar sua cabeça.
— Monike? Alguma notícia dela?
Apenas negam com a cabeça e sinto meu peito ser
pressionado de tamanha forma que me falta ar.
CAPÍTULO 32

Saí alguns dias depois do hospital, eu não poderia ficar


parado enquanto não tinha notícias nenhuma da minha mulher,
existia algumas coisas que eu precisava finalizar, e madame Loren
era uma delas.
Pego minha arma e caminho para o subterrâneo, após
quatorze anos e livre do meu inferno pessoal, eu precisava dar
outros rumos à minha vida. Passo pelos portões que me levam até
ela e quando a porta se abre o rascunho de mulher à minha frente
me causa ânsia de vômito, seu olhar de pavor, sua boca sem mais
nenhum dente, já que eu arranquei todos eles.
— Oi, Madame. — Sento-me à sua frente com a arma na
minha mão. — Não sabe como desejo que neste momento tivesse
língua, vim mesmo para te informar que sua vida acabou, eu fui
liberto por Bratslav que perdeu alguém muito importante. — Sorrio
por imaginar que aquele verme deve estar muito furioso. — E eu me
cansei de saber que ainda respira na terra. — Ela chora e se
encolhe, com toda certeza desejando se fundir à parede de pedra
atrás dela. — Nem mesmo meu tempo desejo perder com você, nos
vemos no inferno.
Levanto-me acertando sua cabeça com dois tiros, eliminando
da minha vida algo que me recorda do passado.
Saio de lá seguindo em direção ao escritório, quando meu
telefone vibra no bolso, ao verificar é um número desconhecido que
acabou de me enviar um vídeo, sinto uma batida errada do meu
coração que quase me faz engasgar, porque o medo de ser alguém
que esteja fazendo mal à Monike me faz tremer.
Abro o vídeo e paraliso no mesmo momento, Monike está em
um quarto brincando com Isaac.
— Quem é o amor da mamãe? — ela pergunta secando seu
pequeno corpo que parece ter acabado de sair do banho, os olhos
dele a acompanham. — Um príncipe lindo. Sabia que vamos
passear hoje? Que conheceremos um pouco mais das belezas de
onde estamos?
Ela começa a cuidar dele com tanto cuidado que sinto ódio
borbulhar pelas minhas veias, por não ter lhe dado a oportunidade
de o conhecer, de fazer com que tivesse medo de se aproximar de
mim, de não ser para ela o que tanto desejou.
— Isaac, nós vamos conquistar o mundo, serei sua protetora,
irei te ensinar a caminhar, eu nunca quis filhos, mas você me
escolheu e sei que sua mãe de onde quer que esteja lhe protege. —
Observo seus cabelos bagunçados num coque alto e o contraste de
sua pele branca contra a pele preta de Isaac.
Logo o vídeo se encerra, meu coração bate na garganta e
subo correndo até meu escritório enquanto ligo para Darko.
— Oi.
— Acabei de receber um vídeo da Monike, preciso que
acesse meu telefone e descubra de onde veio — falo sentindo
minhas mãos geladas.
— Certo, quando foi isso?
— Agora, Darko!
— Ei, vai com calma.
— Porra! Ela não está em perigo, ela pelo visto decidiu me
abandonar, mas no momento em que colocar minhas mãos nela eu
vou surrá-la.
— Você é mesmo um idiota! Não vou mais ajudá-lo, você não
aprende nada com isso, Dimitri, como pode ser tão burro? — Darko
desliga o telefone e na minha cara.
Tento ligar para ele e cai direto na caixa postal.
— Fala, Dimitri. — Damian atende no segundo toque.
Conto-lhe o que acabou de acontecer.
— Acho que precisa deixá-la.
— O quê? — indago furioso.
— Se ela se foi e não consegue imaginar outra coisa além de
desejar surrá-la eu concordo com Darko.
— Nunca! Ela me pertence, eu vou até no inferno buscá-la e
a trazer de volta.
— Precisa primeiro entender o que quer com ela, neste
momento eu recorro ao pacto.
— Não! Não se atreva!
— Sim.
— Se não vão me ajudar eu faço isso sozinho, vou até onde
ela está e trazê-la de volta, ela me pertence.
— Para de ser burro, seu idiota doente, ela se afastou por um
motivo, você a tem desde os 18 anos, não aconteceu nada em
momento algum que o fizesse pensar? Não existe a mera
possibilidade de ela ter te ensinado algo? Porra, Dimitri, isso não
pode ser só uma obsessão, precisa entender o que sente, o que
sentiu quando viu o vídeo, que tipo de homem quer ser? Um
demônio sedento por sangue até mesmo com a mulher que disse
que te amaria até após a morte? — Minha respiração falha.
— Não vou ficar parado, Damian, não sou você.
— Não, você não é, sabe por quê? Porque no momento em
que acreditei ter perdido Ícaro eu quase morri junto, você perdeu
Monike e quer castigá-la. Darko tem razão, talvez seja melhor que
ela continue desaparecida. — Novamente tenho a ligação
encerrada.
— Haaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaa! — grito furioso
derrubando tudo da mesa.

As coisas começaram a caminhar de forma tranquila, tenho


uma funcionária que cuida de Isaac para mim enquanto trabalho,
claro que ainda faço apenas o período da manhã, e poderia muito
bem não trabalhar, já que isso não é necessário financeiramente
falando, mas trabalhar é algo que me deixa com a saúde mental em
dia e não me faz enlouquecer.
Estamos em Roma há algum tempo e sempre que caminho
por aqui posso ver os homens de Darko me acompanhando à
distância, não nos falamos desde então, acredito que Darko não
queira me atualizar sobre Dimitri e sabe que se nos falarmos irei
perguntar.
Neste momento estou saindo do hospital e quando entro no
carro me assusto com um homem dentro dele.
— Acho que não fomos apresentados. — Seus olhos verdes
e seu ar assassino arrepiam meus pelos. — Sou Ettore Espossitto
— fala com um sorriso de lado que mesmo parecendo muito sexy é
assustador.
— Desculpe. — Respiro assustada e ainda tremendo pelo
susto.
— Não tem do que se desculpar, estava fora de Roma e não
pudemos ser apresentados, minha lucciola[14] me contou tudo sobre
você e seu filho, vim apenas garantir que estão seguros em nosso
território.
— Obrigada! Sei que faz tudo isso por Darko e por um pedido
seu, não gostaria que minha vida seguisse por esses caminhos,
mas infelizmente Dimitri não sabe reconhecer sentimentos. —
Novamente um esboço de sorriso aparece.
— Tem razão, no começo fiz tudo isso por Darko e mesmo
que nossas máfias não sejam aliadas temos uma amizade
desconhecida por todos e manteremos nossas palavras de que essa
lealdade está acima de nossas rivalidades.
— Isso não é contra as regras? — questiono, porque nunca vi
nada parecido.
— Digamos que ser conselheiro da Máfia Italiana e irmão do
Don me dá algumas regalias — informa. — Mas neste momento
meu acordo com Darko não existe mais. — Suas palavras me
causam pânico, imaginar que posso ser assassinada por ele me
deixa em estado de alerta. — Calma, não se preocupe, não existe a
possibilidade de que a machuquemos, agora minha proteção a você
e ao seu filho se dá por um pedido da minha mulher, e por ela eu
faço qualquer coisa.
— Quando Dimitri me descobrir aqui ele virá com tudo e não
olhará onde estou, nada ficará em seu caminho. — Estou
preocupada porque sei que ele pode devastar tudo e não quero que
eles se machuquem por minha causa.
— Ele encontrará uma linha de frente pronta para derrubá-lo,
caso deseje fazer algo contra a sua vontade. Sobre sentimentos,
talvez esse tempo longe esteja lhe ensinando que não se deve
sufocar o que sente. — Suas palavras me surpreendem, nunca um
mafioso se abriria dessa forma. — Por conta de Darko e Vanessa
vocês agora são famíglia[15], os entraves de o porquê não somos
aliados ficam fora dessa equação, meu irmão e Konstantin não se
dão bem e nossos aliados não estão dispostos a compactuar com o
que fazem, apesar de termos a certeza de que isso em breve irá
mudar.
— Por que diz isso? — questiono.
— Porque os anjos estão caindo um a um, e pode não
parecer, mas eles quatro são muito mais fortes do que toda a Triglav
junto, e o chefe atual sabe muito bem isso, por isso temos a certeza
de que em um momento oportuno o quadro atual irá mudar.
— Não sei como agradecer por tudo que estão fazendo por
mim e pelo meu filho, até mesmo trabalho no hospital de vocês eu
ganhei.
— Sua competência te deu a vaga, então fique tranquila —
fala segurando a porta e vejo que do lado de fora existem mais
homens fazendo a sua segurança. —Agora vá para casa, minha
Lucciola não me perdoaria se mantivesse você tempo demais longe
do seu filho.
Da mesma forma que ele apareceu ele desaparece, e de
alguma forma temo por Dimitri, porque conheço os Anjos e sei do
que são capazes, mas olhar nos olhos desse homem me fez ver que
não é o tipo de pessoas com que se possa brincar.
Saio do estacionamento seguindo para casa, apesar e morar
perto, Darko acha melhor que eu me locomova a pouca distância de
carro, as raras mensagens que recebo dele sempre são de
informações sobre cuidados e segurança.
Chego em casa abrindo a porta e vendo Luiza arrumando
algumas coisas de Isaac.
— Senhora. — Sorri para mim, assim que me vê.
— Como está tudo por aqui, Luiza? — questiono colocando
minha bolsa e minhas chaves sobre o aparador.
— Tranquilo, Isaac almoçou e agora está dormindo.
— Pode ir, já deu sua hora.
Assim que ouve minhas palavras ela começa a recolher suas
coisas, saindo.
— Deixei seu almoço pronto, está no forno.
— Obrigada.
No momento em que ouço a porta se fechar, relaxo
prendendo meus cabelos em um coque alto no topo da cabeça,
retiro meus sapatos e sigo direto para o banho, antes passo no
quarto de Isaac e o vejo dormir como o anjo que é. Sigo para o
banho e saio de lá enrolada em um roupão, seguindo para a
cozinha, logo que me sirvo sinto falta de Ícaro e das crianças,
passando minha mão sobre o peito para acalmar minha saudade,
decido primeiro comer e depois entrar em contato com eles.
CAPÍTULO 33

Caminho por entre os hackers que contratei para buscar


informações de Monike, Darko e Damian estão segundo eles
trabalhando como loucos para localizá-la, mas preciso fazer algo,
estou sendo consumido pelo ódio. Venho acompanhando de longe
toda a movimentação de Bratslav que agora se encontra aqui em
Belgrado, diferente de Konstantin que está em Berna desde que
enterrou seu bastardo por lá.
— Senhor, temos uma localização. — Um dos homens me
fala e aponta para um ponto vermelho no mapa.
— Como chegou a esse endereço?
— Estamos procurando por todas as câmeras de segurança
da Europa, traços que façam reconhecimento facial dela, e agora
recebemos a confirmação que está nos subúrbios de Belgrado. —
Essa informação eriça meus pelos.
— Mostre o vídeo — ordeno.
Uma tela se abre e vemos uma mulher caminhar pelas ruas,
não conseguimos ver o rosto, agora neste exato momento ela está
de costas, consigo ver apenas seus longos cabelos pretos.
— Pare a imagem — falo.
— É em tempo real, senhor. — Sou informado e bato com
força na mesa à minha frente.
— Inferno!
— Mande a localização para o meu telefone agora!!! Não tire
os olhos dela, quero saber tudo até que eu consiga me aproximar.
Saio feito louco, cada dia longe de Monike eu fico mais
alucinado, tenho tido pesadelos onde Bratslav desfaz tudo que
conquistei e enfia novamente um chip em minha cabeça,
lembranças de Madame Loren e tudo que aqueles dois doentes
faziam comigo.
Entro no carro e saio cantando pneus enquanto conecto meu
aparelho na multimídia do carro.
— Estou aqui, me mantenha informado — aviso.
— Ela continua caminhando, indo em direção a uma praça,
podemos ver que se encontra com um homem. — Soco o volante
com força.
Dirigindo feito um louco pelas ruas de Belgrado continuo
recebendo as informações, Monike está sentada de costas para as
câmeras que estamos usando, sou informado que o homem alisa
seu rosto e ela segura sua mão.
Cada segundo que passo sendo informado da proximidade
deles me causa ainda mais raiva, eu não posso imaginar que ela
esteja sendo tocada por outro, ela me pertence, como assim ela
deixa que outra pessoa além de mim a toque? Não vou dividir
Monike com ninguém, nem mesmo com aquele bastardo, vou
destruir tudo e todos que se interpuserem em meu caminho.
Acelerando o carro a cada novo quarteirão, posso avistar o
casal sentado na praça e a cena que se desenrola à minha frente
me faz enxergar tudo vermelho, ela está em pé entre as pernas do
homem que envolve seu corpo pela cintura. Freio o carro
bruscamente descendo sem me preocupar com nada, tirando minha
arma do coldre.
— Tire suas mãos dela! — grito furioso quando ele a solta
recebendo um tiro bem no meio da testa.
O grito de horror e espanto me causa uma certa alegria, mas
tudo se esvai como areia na ampulheta quando olho em seu rosto,
não é Monike.
Os gritos da mulher desconhecida são agudos começando a
chamar atenção de todos, perdido em um sentimento desconhecido
que aperta meu peito, volto para o carro enquanto as pessoas
correm para ajudar.
— Não era ela! Não era ela! — grito para os homens que me
escutam.
— Como não, senhor? Tivemos confirmação facial, o
computador jamais erra.
Encerro a comunicação sentindo meu corpo inteiro tremer,
nunca senti uma descarga de adrenalina dessa, enquanto dirijo sem
rumo e sem destino abro minhas mãos e elas tremem tão
fortemente que me desconheço por alguns segundos, meu pé pesa
de forma intensa no acelerador, quando sinto algo quente percorrer
meu rosto, passo a mão e sinto uma lágrima quente escorrer por ele
e sorrio, sorrio desacreditado, eu nunca choro, não assim. Tento
com todas as minhas forças fazer o ódio percorrer novamente meu
corpo, porque este sentimento eu conheço e sei como controlar, isso
que sinto agora é desconhecido e me apavora.
Sensações desconhecidas me tomam, sinto que meu corpo
sua frio, levando-me a ter espasmos, meu coração parece que vai
explodir, estou ofegante e respirando com dificuldades, quando freio
bruscamente porque já não enxergo nada à minha frente, a
sensação de que vou morrer me toma, estou sufocando e nada do
que eu faça faz com que consiga controlar o colapso que parece
que fará meu corpo se desligar a qualquer momento, afrouxo a
gravata para facilitar a passagem do ar, passo as mãos pelo meu
rosto, minha barba está enorme e por fazer, cada segundo que meu
coração dispara sinto a dificuldade de respirar.
Eu vou morrer, vou morrer aqui e agora, morrer sem vê-la,
sem lhe dizer que talvez possa amá-la como ela disse que fazia
comigo, preciso lhe dizer que tudo bem se ela amar outro, porque
talvez eu não seja alguém que ela ame.
Por que estou pensando isso?
Recordo-me de tudo que passamos e vivemos até aqui, em
meio a tortura que sinto com a certeza da morte eminente, porque
sei que a qualquer minuto meu coração vai parar, eu sinto isso,
acredito que deixar Monike livre a faria feliz. Isso é amar, não é? É
esse sentimento que nos invade quando a morte está se
aproximando de nós, sorrio, sorrio porque mesmo não sendo
merecedor de sentir o que estou sentindo agora Monike me fez ver,
lembrar dela me fez entender.
Meu corpo ainda parece prestes a se desligar, a sufocante
espera do toque da morte não apaga os desejos que me invadem
como uma grande e poderosa inundação, a vida se passa como um
filme na minha frente, é a famigerada visão de que pessoas normais
dizem ver, mas diferente do que dizem não é minha vida que passa
diante de mim, é o que seria dela se fosse alguém digno de ter uma
família.
Vejo-me caminhando com Isaac nos braços ao lado de
Monike e nós sorrimos, os sentimentos jamais vividos por mim são
tão intensos e poderosos que me fariam mudar, mudar tudo que sou
apenas por eles. Isaac tem o tamanho de Romeu, e sua mãozinha
toca minha barba fazendo-me sentir algo tão visceral que me faz
entender Damian. Eu gostaria de viver isso. Choro, sim, um choro
de alegria, porque sei que mesmo rumando em direção à morte eu
pude viver isso. Estou sentindo uma paz, algo descomunal por
saber que eles merecem ser felizes e com a minha morte eles
serão, Monike irá voltar à sua vida quando souber que eu já não
existo mais, eles terão uma segunda chance.
Visualizar isso vai fazendo a angústia da morte passar,
continuo contemplando a visão que tenho, meus demônios não
existem neste lugar, com certeza os encontrarei em breve, mas não
agora, agora é apenas o sol tocando minha pele de forma quente e
acolhedora, algo que jamais senti, o sorriso lindo de Monike que me
é ofertado quando Isaac sorri com poucos dentes na boca, eu só
desejo que tudo isso se realize.
A escuridão me toma, meus demônios vieram me buscar e eu
os recebo de bom grado.

(...)
Caminho lentamente por não saber onde meus pés se
apoiam, é escuro e frio, muito frio, ouço apenas o ecoar dos meus
passos, onde estou com certeza é um lugar de silêncio absoluto,
minhas mãos vão á frente do meu corpo quando toco em algum
tecido macio e pesado, começo a vasculhar passagem quando um
clarão faz minhas vistas doerem.
Pisco algumas vezes quando encaro a cena à minha frente,
estou na minha antiga casa, é como me recordava, pequena, sem
nada, meus irmãos dormem nus e machucados na cama, é uma
visão, mas por que estou vendo isso?
A porta se abre e ela aparece, se encaminhando diretamente
a nós, a vejo rodar a cama dos meus irmãos e se direcionando à
minha.
— Dimi. — Ouvir seu sussurro arrepia meus pelos, mas de
uma forma boa, eu não a odeio por me chamar assim, ao contrário,
eu gosto de sua voz unido ao toque leve nos meus cabelos. — Dimi,
meu amor, a mamãe está aqui. — Vejo que abro meus olhos, eu
não me recordo desses momentos, eles nunca aconteceram, por
que estou vendo eles depois de morto? — Nunca permita que ele
machuque o Darko, seu irmão é o mais frágil de vocês, ele é o que
mais sente. Por favor, querido, não se torne aquilo que ele deseja,
seja forte, Dimi, tento com todas as minhas forças impedir que isso
aconteça a cada dia com vocês, mas sou fraca e não consigo conter
a fúria dele. — Sinto suas mãos alisarem meu rosto, eu vejo o que
ela faz, mas sinto aqui em mim.
Levo minha mão ao meu rosto apreciando o toque que o
pequeno Dimitri recebe à minha frente.
— Por que somos assim? Por que precisamos fazer o que ele
nos pede? Estou cansado, não quero passar pelo que aconteceu
hoje novamente. — Vejo que eu converso com ela.
— Perdoe-me, Dimi. — Suas mãos alisam meus cabelos. —
Quando fui tirada de casa jamais imaginei que seria para isso, eu
queria tantas coisas, mas nada do que um dia desejei eu consegui.
— Ele, ele... — o pequeno Dimitri à minha frente chora, me
fazendo recordar deste dia, o dia que ele esfregou seu corpo no
meu, o dia que suas palavras me apavoraram enquanto ele
segurava meu pênis com sua mão grande e grossa dizendo que eu
o foderia, eu não queria, eu nunca quis, ele me causa nojo, mas
minha mente estava sempre trancafiada.
— Não pense nisso, Dimi, vamos fazer uma brincadeira? —
Ele concorda com a cabeça. — Sempre que isso acontecer, pense
em flores, um campo cheio delas. — Ouvi-la falar isso parece
desbloquear uma lembrança, o dia que tatuei um minúsculo campo
de flores entre minhas tatuagens, me recordo que Damian riu de
mim, eu apenas queria a tatuagem e não me importei. — Eu amo
todos vocês, Dimitri, e desejo que sempre fiquem juntos, não
importa o que ele lhes faça, não permita que o que existe de bom
em vocês desapareça em meio à escuridão.
— Nós não temos poder contra ele. — O sussurro do
pequeno eu arrepia minha pele, ele constata o óbvio.
— Vocês não têm poder sobre ele ainda, querido, chegará a
hora em que tudo isso irá desaparecer, não existirá mais nada além
das suas próprias vontades e desejos, eu não estarei aqui, Dimi,
não irei segurar a mão de vocês por muito tempo, sei que meu
momento de partir chegará, mais resistirei o quanto puder apenas
para ter esses pequenos momentos com vocês.
— Ele nos quer para o mal, disse que somos ruins,
demônios, mesmo nos chamando de anjos. — Ouvimos um barulho
forte como se algo tivesse caído e sinto a reação do corpo do
pequeno eu se tencionando, o medo me toma como com certeza
toma a eles.
— Nada do que eu te diga na frente dele importa, Dimi, eu
sempre vou amar vocês, sempre vou amar cada pequeno momento
desses que temos escondido. — Então percebo seu rosto
machucado, suas roupas rasgadas, ela sorri e alguns dentes estão
quebrados, um nó na garganta se forma.
Ouço um grande estrondo e a porta se abre com força,
fazendo com que ela pule para longe de mim como um gato
assustado, o que sinto quando ela se afasta rasga meu peito, o
pequeno Dimitri se encolhe, vê-lo assim me faz temer e me encolher
junto.
Quando meus olhos encaram o azul assassino e demoníaco
dos dele, meu olhar vai para ela e vejo quando ele a segura pelos
cabelos arrastando-a dali, fecho meus olhos e me lembro do campo
de flores, elas são coloridas, de várias formas, e mesmo que jamais
os tenha visto eu sei que é lindo esse lugar, lindo como o sentimento
que me atinge, então abro meus olhos.
(...)
CAPÍTULO 34

Assustado, abro meus olhos, arfando, com minha cabeça


rodando em um looping sem fim, onde eu caminhava por todos os
lugares de um campo florido, onde nada do que eu vivi acontecia,
onde nada do que ele me causou apagava as memórias que tenho
com ela, são tantas, tantas e tantas conversas que me fazem
chorar.
Observo tudo ao meu redor e estou em frente a casa de
inverno que construí para Monike, é como se ela houvesse me
chamado aqui, já que seu túmulo fica nesta propriedade. Não sei
por que quanto tempo fiquei pedido em meus sonhos ou
lembranças, mas percebo que é final de tarde e que a luz do sol
laranja banha toda a propriedade.
A imagem é como uma chave que destrava várias e várias
memórias, várias e várias lembranças. Desço do carro caminhando
lentamente sem saber se é real ou se é mais um dos sonhos que
temos depois que morremos, caminho lentamente dando a volta na
propriedade, é como se o Dimitri que amanheceu esta manhã
houvesse sido modificado. Caminho a passos firmes, mas
temerosos, me recordo da última vez que estive aqui, de como
meus irmãos pararam em frente ao seu túmulo e conversaram, eu
não sentia nada, não sabia de nada do que sei agora.
— Senhor. — Um funcionário se aproxima e vejo que é o
caseiro.
— Sim.
— Precisa de algo? — questiona com algumas coisas nas
mãos.
— Não, o que estava fazendo? — indago, curioso.
— Cuidando da estufa. — Olho em volta e só tem neve por
aqui.
— Estufa?
— Sim, estou revitalizando, com várias e várias flores
coloridas, trazer um pouco de verão para os dias frios.
— Começou agora? — sondo, curioso.
— Não, a verdade é que estamos finalizando, estamos
limpando tudo, acredito que vá gostar.
Eles não sonham que tipo de pessoa sou, apenas acreditam
que esta casa seja de um conde romeno, e não de um assassino
mafioso, estuprador e demoníaco.
— Vou até o túmulo de minha mãe. — Falar isso não me
causa a estranhesa que acreditei que sentiria.
— Ah, sim, limpamos tudo hoje, a cúpula de vidro foi
colocada há alguns dias, está confortável para os visitantes agora.
— Obrigado.
Pela primeira vez em toda minha vida agradeço a um
funcionário, eu só posso estar em um universo paralelo.
Sigo em direção ao túmulo, vejo daqui a tal cúpula de vidro,
tem uma lareira fumegante no meio e dois bancos acolchoados que
comportam três pessoas em cada, que ficam em volta do grande
anjo de mármore que foi instalado, uma placa ao lado como um
marco e sua imagem, uma foto linda. Seus olhos são intensos e seu
sorriso perfeito, claro que essa imagem foi feita por inteligência
artificial, nós nunca a vimos assim, ela não tinha fotos ou sequer um
sorriso como este, creio piamente que isso é coisa de Darko.
Fico por algum tempo aqui, tenho a ciência de que não irei
mudar quem sou, mas essas novas memórias desbloqueadas me
trazem uma nova chance, quem sabe o que Monike disse sentir por
mim tenha resistido como ela falou e nós possamos recomeçar.
— Oi, mãe — falo baixo como se testasse o que digo. — Eu
me recordo, eu me recordo de suas palavras, de nossas conversas
ainda que sussurradas envolvidas em medo de sermos descobertos,
gostaria de ter tido forças para nos livrar do inferno em que fomos
criados. — Sorrio sem graça. — Ele nos quebrou de tantas formas e
em tantos pedaços que chegou um momento que me esqueci de
suas palavras e do campo de flores, tudo que havia de luz em mim,
o pequeno fragmento que foi me entregue por você ficou soterrado
em um lugar tão profundo que eu não consegui enxergar mais nada
além da escuridão.
Esfrego meu rosto com as mãos.
— Conheci alguém, alguém que estava disposta a me dar
amor, a me ensinar a sentir como você fez escondido por anos a fio
até que ele a arrancou de nós, mas eu estraguei tudo, fui apenas o
que ele me transformou, e eu a perdi, ela se foi. — Respiro fundo
encarando o céu que vai escurecendo, trazendo com ele as luzes
dos postes que seguem por toda a propriedade, posso ver que
neva, pequenos e finos flocos de neve começam a cair. — Ela tem
um filho, ele se chama Isaac, se conseguir encontrá-la, pode ser
que eu tenha uma família, como Damian tem. — Sinto um aperto em
meu coração. — Acho que já sabe disso, ele com certeza te contou,
é o seu maior orgulho.
Levanto-me caminhando pelo lugar.
— Meu maior medo é ser como ele, por isso fiz vasectomia,
mas por algum motivo que eu sei que não foi merecimento meu, eu
tive a chance de construir algo que eu jamais desejei, fico pensando
se ela me aceitaria, se Isaac se orgulharia de mim como agora eu
sei que me orgulho de você, mãe, mesmo sendo tratada como foi
jamais perdeu a doçura, teve uma parte fundamental em nossas
vidas. Agora que minhas lembranças voltaram, eu sei que posso
tentar, você me ajudou, e ainda que sinta um medo descomunal de
que ela me odeie pelas palavras que lhe disse, pode ser que ela me
perdoe, acredite em mim eu fui cruel, eu lhe disse coisas e ameacei
a integridade de Isaac. — Sorrio amargo. — Ela é médica, salva
vidas, ela me salvou e eu nem mesmo entendia o que fazia, todas
as vezes que a tive em meus braços os pesadelos não me
alcançavam, por isso a apertava com tanta força, ela me mantinha
são.
Continuo caminhando enquanto falo, penso em Monike e
Isaac, onde eles possam estar, como estão se escondendo de uma
forma que nem mesmo os melhores hackers conseguem localizá-
los, paro e um estalo acontece.
— Darko.
Filho da mãe, é ele, ele os esconde de mim, desgraçado, eu
vou matá-lo! Viro-me para o túmulo dela enquanto sinto meu
coração bater desesperado no meu peito.
— Eu preciso ir, preciso ir, porque seu filho mais novo sabe
bem onde minha família está, eu prometo vir apresentá-los assim
que conseguir resolver tudo. Eu te amo, mãe. — Falar isso em voz
alta acaba de limpar toda a sujeira que aquele demônio entulhou em
mim, estou completamente livre e agora eu preciso buscar minha
mulher e meu filho.

Estaciono meu carro em seu pátio de qualquer jeito, correndo


enquanto subo as escadas.
— Darko! Darko, onde você está? — grito enquanto caminho,
ele com certeza está no subsolo.
Corro até lá atravessando todo o caminho, assim que abro a
porta ainda consigo ver Monike segurando Isaac na grande tela
antes que ela seja desligada.
— O que faz aqui, Dimitri? — Dako se ergue da poltrona.
— Você os levou de mim, os escondeu, seu traidor maldito,
levou minha família para longe — rosno furioso.
— Eu? Você os espantou, foi ela quem decidiu ir e não eu
que a arrastei.
— Eu tenho buscado por ela há meses, e você sempre soube
onde ela está.
— Eu disse que Isaac era meu para proteger, se você não foi
homem para assumi-lo juntamente com a sua pessoa, por que eu
permitiria que fosse uma ameaça a eles?
— Onde eles estão, Darko?
— Longe e protegidos de você. — Assim que ouço sua fala
voo sobre ele.
Começamos a trocar socos, o acerto várias vezes, o
desgraçado está me deixando bater nele.
— Por que está apanhando? — Paro, furioso.
— Porque está demonstrando alguma coisa aqui, e isso é
melhor que a geleira fria e sombria que sempre ostenta.
— Diga-me, onde eles estão, Darko? Ou juro que serei pior
que Damian e explodirei a porra do mundo inteiro e não só
Belgrado.
— Dimitri, não vá lá, não seja o homem que irá magoá-la
mais, Monike está se reerguendo, ela agora tem um filho que pelo
que me lembre não é o que você deseja, não quer dividi-la com ele,
acho melhor que fique onde está.
— Não! Ela é a minha pessoa e ele o meu filho! — grito e seu
olhar surpreso aparece.
— Como é que é?
— Isso que você ouviu, seu grande idiota, eu me lembrei,
Darko, me lembrei das conversas com nossa mãe, me recordo de
tudo, eu só preciso da minha mulher e do meu filho. — Ajoelho-me à
sua frente e Darko continua atônito. — Nunca ajoelhei na frente de
ninguém, nunca implorei a um homem por algo, morreria com a pior
das torturas sorrindo, mas não suporto mais a distância deles.
Darko, aqui, me humilhando na sua frente eu imploro, me fale onde
minha mulher e meu filho estão, eu não suporto mais, não suporto
mais a dor que me consome por estar longe, eu preciso contar a ela
que sinto e que ela é a minha pessoa. Preciso olhar em seus olhos
azuis que são piscinas calmas que eu a quero, quero ela e quero
nosso filho, eu os vi ao meu lado, Darko, os vi como família, foi tão
real e poderoso que não me importo de parecer fraco e vulnerável,
eu só os quero ao meu lado, por tudo que você presa, pelo pacto eu
imploro, me devolva a minha família. — As lágrimas escorrem pelo
meu rosto junto com minhas palavras. Eu faria qualquer coisa por
eles e me humilhar para ele não é nem o começo.
— Levante-se! Saia desse chão, você é o Anjo das Sombras,
um dos homens mais poderosos que já conheci.
— Não, eu sou apenas Dimitri, o cara burro e idiota o
bastante para deixar que minha mulher e meu filho fossem levados
de mim, por ser idiota o suficiente para não enxergar o presente que
estava ganhando. Eu não me achava merecedor, Darko, mas agora
prometo aqui, ajoelhado na sua frente, eu serei merecedor do amor
que Monike sente por mim, eu farei Isaac se orgulhar de mim, eu
farei tudo para que eles estejam sempre felizes e sorrindo. Eu não
sou nada, Darko, sou o rascunho de um homem sem a mulher que
amo, eu descobri o amor. Meu irmão, sangue do meu sangue, eu
imploro por nosso pacto e pela sua lealdade, devolva a minha
família, porque eu não suporto mais ser quem sou longe deles. —
Meu corpo sofre com a dor que me consome, a dor que me devasta,
algo que eu jamais os farei sentir ou que irei permitir que sintam,
porque eles são os donos da minha vida, a razão pela qual eu
anseio ser melhor, apenas por eles. Sinto os espasmos da dor que
o choro causa, a garganta que queima, ajoelhado, caio com as
mãos à frente do meu corpo implorando a Darko em meio as
lágrimas que me devolva minha família.
Sinto suas mãos envoltas dos meus ombros, sou erguido e
colocado de pé.
— Dimitri. — Encaro em seus olhos quando ouço meu nome
ser proferido por ele de uma forma que jamais ouvi.
Sou puxado para um abraço, um que jamais ganhei, uma que
jamais sonhei receber, meu corpo inteiro treme, porque algo se cola
em mim, algo que eu não sabia necessitar. Darko não merece nada
do que fomos para ele até hoje, é realmente como ela nos disse,
Darko é o que mais sente de todos nós.
— Estão na Itália sobre a proteção dos Espossittos. — Assim
que ouço suas palavras meu corpo trava e minha mandíbula
tenciona.
— Eles são nossos inimigos.
— Não, correção, eles não são nossos aliados, Ettore e eu
somos amigos há muitos anos, e não vou entrar no mérito disso e
em como nos conhecemos, a prova disso foi que ele nos ajudou no
resgate de Antonella e agora está com toda sua máfia protegendo
sua família. Mas assim como eu, Ettore é territorialista e ele está
protegendo Monike e Isaac não mais por mim, mas a pedido de sua
esposa, minhas palavras não serão nada agora, você precisa ir lá e
mostrar a ele que merece sair de lá com sua mulher e seu filho.
— Ele não vai me afastar dela, não vou me mostrar
vulnerável a eles, explodo toda a Itália se preciso for.
— Dimitri, não precisa fazer com ele como fez aqui, mas
precisa mostrar sua verdadeira intenção, Ettore é completamente
louco e assassina quem quer que seja sorrindo, por sua esposa ele
consegue ser pior que qualquer um de nós, se é um pedido dela,
nem mesmo um pedido de Monike o impediria de assassiná-lo se
ele entender que você é uma ameaça.
Respiro fundo com as palavras de Darko.
— Eu vou buscar minha mulher e meu filho, e não será um
maldito italiano psicopata que irá me impedir.
Saio com a certeza de que nada e nem ninguém irá me
impedir de voltar com minha família para casa.
CAPÍTULO 35

Estou sentado no jatinho que me leva até Roma, passei em


casa e fiz minha barba, tomei um banho e me recompus, eu já
estudei os Espossitto. pois na busca por aliados buscamos ajuda de
todos os lados, porém a prática de doma e tráfico de pessoas não é
bem-vista pela New Imperium[16], a organização mais poderosa da
qual as três máfias mais poderosas do mundo fazem parte.
Recebo informações sobre Bratslav, o desgraçado tem
andado por Belgrado assumindo seu papel de segundo no
comando, Konstantin ainda se mantém em Berna, passa horas no
túmulo do seu filho e isso não me causa nada, desejo que ele sofra
como o desgraçado que é.
Sorrio, sou um homem que horas atrás estava implorando de
joelhos pela sua família, chorando como alguém sem nenhum
controle, mas é apenas isso, não me arrependo de ter enviado
aquele bastado ao inferno, não vou mudar quem sou, apenas minha
mulher e filho terão essa versão desbloqueada e que se humilha
apenas por eles. Passarei o resto dos meus dias fazendo tudo para
que Monike entenda que o que sinto por ela e pelo nosso filho é
tudo que me importa.
Quanto a todo resto, continuo ansiando por sangue e dor,
continuo sendo um demônio que vive no inferno particular vivendo
ao lado de uma legião de outros demônios que anseiam pelo
mesmo que eu.
— Senhor, vamos pousar em instantes — o comissário me
informa e eu me preparo.
Minutos depois estamos taxiando na pista, pego meu telefone
e vejo que tenho uma mensagem recente de Darko.
Espero que ele diga mais alguma coisa, mas ele não fala,
então as portas se abrem e posso ver três SUV’s à minha espera.
— Por aqui, senhor. — Abotoo meu terno entrando no carro.
Seguimos por Roma nos afastando do aeroporto, sinto uma
eletricidade percorrer meus dedos, toco minhas armas, tenho três
delas, duas no coldre axilar e uma menor no tornozelo, não que
precise de alguma delas para assassinar qualquer um que seja, já
que posso usar apenas minhas mãos.
Meu coração bate furioso no peito, uma ansiedade deixa
minha boca seca a cada momento desde que cheguei, estou
próximo da minha tigresa, próximo da mulher que mudou tudo em
mim, desde o momento em que meus olhos encararam aquela
perfeição nua e assustada encolhida, sendo empurrada para dentro
da minha casa.
— Senhor, chegamos.
Sou informado pelo motorista e só então vejo que estou em
um tipo de lugar subterrâneo, já que começamos a descer e a
iluminação muda. O carro para em um tipo de estacionamento e
aporta se abre.
— Por aqui, senhor. — Outro homem me direciona.
Entramos em um elevador e preciso confessar, isso aqui é
altamente protegido, tem câmeras e soldados espalhados por todos
os lugares, as portas do elevador se abrem e saio em um grande
salão onde vejo a tríade poderosa que domina Roma com mãos de
ferro, Henrico Espositto, Don da máfia, Salvatore, seu executor e
irmão, e Ettore, seu conselheiro e irmão mais novo, com sorrisos
demoníaco e caras de poucos amigos.
— Não acreditei que seria uma recepção tão formal, logo eu,
um mero membro da Triglav sendo recebido pela alta cúpula da
máfia Italiana — digo assim que me aproximo deles.
— Fez boa viagem, Anjo das Sombras? — Henrico me olha
com seu famoso olhar frio e gélido apontando para a poltrona à sua
frente.
— Muito boa viagem. — Desabotoo meu terno sentando-me
à sua frente, cruzando minhas pernas de forma relaxada.
— Está relaxado de mais para quem está à frente dos três
homens que podem arrancar as carnes de seus ossos — Salvatore
fala arqueando sua sobrancelha.
— Veja bem — olho para todos —, se essa fosse realmente a
intenção de vocês eu já estaria pendurado em correntes, enquanto o
Mietitrice[17] arrastava sua foice no chão e Hades[18] e
Ares[19]arrancariam meu couro, mas essa não é a intenção de vocês.
— Descreveu muito bem o que acontece aqui na cova. —
Ettore decide falar enquanto desliza seus dedos pela sua navalha, a
única arma que costuma usar em suas sessões de tortura. — Mas,
Anjo das Sombras, não está aqui para isso ainda, minha mulher
pediu proteção à Monike e por ela eu faço qualquer coisa, até
mesmo salgar seu couro enquanto envio sua alma agonizando ao
inferno.
— Não vim aqui para brigar, vim buscar minha mulher e meu
filho — digo, mas sou interrompido de continuar por um arquear de
mãos de Henrico.
— Engraçado, quando demos refúgio á Monike e o filho dela
a informação que tivemos era de que você queria matá-lo. — A
geleira fria parece furiosa agora.
— Quem te informou não errou, esse era meu pensamento,
mas neste exato momento nem mesmo vocês irão atravessar o meu
caminho para obter o que anseio, e esse é o motivo de estar aqui,
eu pertenço à Monike e a Isaac, eles são tudo que eu tenho e por
eles eu enfrentaria todos vocês. Como demônios que são,
entendem que somos um pouco lentos para entendermos o que
sentimos, eu demorei demasiado tempo e pelo que conheço de
cada um de vocês demoraram também. Ficar rosnando aqui um
para o outro não irá mudar a minha vontade de ir até minha mulher
e meu filho e lhes pedir perdão pelo demônio que fui e sou. Mas
quem de nós não errou que me atire a primeira pedra. — Encaro
Ettore, eu sei que é por ele que vou conseguir autorização de
chegar até Monike.
— Interessante, suas palavras se parecem muito com as
nossas ações — Ettore informa.
— Entendam, eu não nasci para sentir, conhecem bem como
fomos forjados e eu conheço bem tudo que passaram para chegar
aonde chegaram, Monike lutou por mim e por Isaac, agora estou
disposto a lutar por ela, ninguém irá me impedir de chegar até minha
mulher e levá-la de volta para nossa casa, como eu já disse, nem
mesmo vocês.
Os três homens à minha frente parecem analisar minhas
palavras, conjecturo me ajoelhar, pouco me importa se vou parecer
fraco, por Monike faço qualquer coisa. Eles três juntos não me
causam medo algum, diferente do que eu sinto por imaginar quando
estiver à sua frente, porque ela pode simplesmente me destruir com
apenas uma palavra, se me disser não, ainda que meus demônios
gritem me obrigando a subjugá-la eu não farei, não é isso que quero
ser para eles, não mais, quero que Monike esteja comigo por desejo
e não por imposição.
— Dimitri. — Pela primeira vez meu nome é dito além da
minha alcunha. — Como disse, somos demônios, mas posso ver em
suas palavras que a verdade está impregnada em cada uma delas
— Ettore fala. — Aqui está o endereço onde Monike está. — Ele me
entrega um cartão magnético. — Vá até sua mulher e lhe diga o que
realmente sente. —Ergo-me ficando à sua frente, mas antes de
pegar o cartão ele o puxa. — Não pense que minha proteção a ela e
a Isaac se encerra, como disse, minha mulher a quer protegida e
bem, se eu for informado que suas palavras ficaram apenas nas
promessas aqui na cova, a última coisa que irá desejar será ver
minha cara outra vez, eu posso ser um pouco mais cruel do que
dizem por aí.
Encaro seus olhos verdes, Ettore é menor que eu alguns
sentimentos, mas neste momento suas palavras são tão poderosas
que o fazem parecer muito maior.
— Nós não nos encontraremos em outra situação que não
seja uma aliança entre nossas máfias — digo pegando o cartão.
— A Triglav precisa mudar muita coisa para que isso
aconteça.
— Não se preocupe, estamos caminhando para isso —
informo, me virando e saindo dali.
Entro no carro e assim que me sento no banco percebo que
estou tremendo, não pelo que aconteceu aqui, mas por encarar a
única mulher que pode me destruir com apenas uma negativa sua,
eu não irei forçá-la a nada novamente, e mesmo que eu não seja
aceito por ela, eu continuaria a protegendo por toda minha vida.

Estaciono o carro e desço dele, o cartão chave queima em


meu bolso como brasa, nunca tive medo, quer dizer, nunca me senti
como agora. Medo eu senti por muitos anos, mas esse sentimento
que seca minha boca e faz meu coração bater de forma tão furiosa
ainda é completamente desconhecido por mim.
Entro no elevador e aperto o botão para o vigésimo andar, o
tempo nunca passou de forma tão lenta, nem mesmo nas longas
horas de tortura das quais éramos submetidos desde que me
entendo por gente. Minha mão transpira e perde o calor, a seco nas
minhas calças, sorrio, incrédulo.
— Que tipo de homem você acabou de se tornar, Dimitri? —
questiono baixo para meu reflexo no espelho. — Nem se parece
com o assassino cruel que foi treinado para ser. Patético.
As portas se abrem e saio no corredor exatamente em frente
ao apartamento 2015, encosto minha testa na porta, respirando
fundo por mais de uma vez, não posso permitir que aconteça
comigo a mesma coisa que aconteceu no carro. Tento me controlar,
e quando me sinto pronto para enfrentar um olhar acusador e
escutar vários desaforos destravo a porta.
Caminho pelo apartamento, é tudo muito claro e organizado,
ando pelo local e não encontro ninguém, entro através das portas,
onde me deparo com um escritório, um quarto de hospedes e na
próxima porta encontro o quarto de Isaac.
Ele se mexe em seu berço fazendo barulhos que nunca ouvi,
com certeza Monike deve estar por perto, já que não o deixaria
sozinho, me aproximo e seus grandes olhos pretos me encaram
enquanto ele segura sua mão na boca.
— Oi — digo baixo.
Com cautela levo meu dedo até sua pequena mão, ele
parece vidrado em mim, assim como estou vidrado nele, sou
tomado por um sentimento de proteção e cuidado tão grande que
arrancaria a cabeça de qualquer pessoa que fosse caso lhe
oferecesse perigo, estou levando minhas mãos até ele quando ouço
o barulho de uma arma sendo engatilhada.
— Eu não tocaria nele se fosse você. — A voz ameaçadora
de uma Monike com cara de poucos amigos em nada lembra a
mulher que por tantos anos mantive cativa, disponível às minhas
vontades.
Viro-me para encará-la, ela parece ser outra mulher, ou sou
apenas eu a enxergando sob uma nova perspectiva.
CAPÍTULO 36

Estava entrando em meu quarto quando ouvi alguém falar


através da babá eletrônica de Isaac, meu coração disparou de uma
forma tão insana que corri até a cômoda e peguei a arma que Ettore
me entregou, assim que soube que eu sabia atirar.
— Eu não tocaria nele se fosse você — informo assim que o
vejo de costas quase tocando em meu filho.
Quando ele se vira, Dimitri com seus dois metros de altura
causam um tremor em meu corpo, eu sei que com apenas uma
palavra ele me trancafia em minha mente, mas não posso recuar e
continuo mirando a arma contra sua cabeça.
— Vai atirar em mim, tigresa? — Sua voz é baixa e contém
cautela.
— O que faz aqui? — pergunto tentando controlar as reações
de meu corpo que apenas estar em sua presença me causa.
— Acreditou que se manteria longe de mim por tanto tempo
sem que eu a encontrasse?
— Se está aqui foi porque Darko assim quis.
— Já que diz, por que não abaixa a arma e conversamos? —
questiona com as mãos erguidas em rendição.
Essa posição me deixa confusa, Dimitri jamais seria parado
por uma arma, muito menos por alguém do meu tamanho.
— Não confio em você — respondo sem parar de encará-lo.
— Pensei que todos esses anos juntos valeriam de alguma
coisa, confiança é algo que se conquista com o tempo. — Seu
sorriso de canto, meio sarcástico e meio desacreditado me
confundem muito.
— Nunca passamos de uma troca justa, eu quis lhe dar e
você quis me comer, depois disso fui apenas um objeto nas suas
mãos, alguém que nunca teve a opção de escolher uma segunda
vez.
— O que escolheria se pudesse? — ele sonda.
— Nunca ter te conhecido, jamais ter ido na sua casa e me
entregado de bom grado.
— Veja bem, eu desejaria o mesmo. — Suas palavras me
ferem de uma forma que pensei já não mais ferir.
— Por que veio? O que te traz aqui, Dimitri? É fato que nós
não somos nada além de algo que faz mal ao outro.
— Eu desejaria ter te conhecido de uma outra forma. — Não
entendo o que diz. — Aquele Dimitri de anos atrás não tinha metade
do conhecimento que tem hoje.
— O que importa? Jamais conseguiria sentir, Dimitri, essa
sempre foi a nossa certeza.
— Por que não abaixa a arma? Como disse, para estar aqui
Darko quem permitiu, ele sabe que não os machucaria, eu preciso
apenas que você descubra isso. — Mesmo desconfiada abaixo a
arma.
Apenas uma palavra e ele teria o controle de tudo.
— O que deseja, Dimitri?
— Por que foi embora?
— Porque ameaçou matar o meu filho. — Quando respondo
o vejo fechar os olhos com uma mistura de dor e arrependimento no
olhar, que logo se fecha.
— Não sabe como me envergonho disso agora.
— Por que Dimitri? O que te aconteceu para que o mudasse
tanto como diz? O homem que conheço não pode me dar nada além
de sexo.
— Você disse que me amaria até depois da morte.
— E não volto atrás nas minhas palavras, mas eu amo Isaac
muito mais e por ele renuncio a qualquer que seja meus
sentimentos, até mesmo de você.
— Podemos conversar?
— Nós já estamos fazendo isso.
Ele se aproxima de mim, meu corpo traidor deseja que se
aproxime, deseja que se cole ao meu, fecho meus olhos quando
sinto o toque de seus dedos em meu rosto e logo sua testa se cola á
minha.
— Como eu senti falta disso. — Sua voz rouca faz tremer
tudo em mim. — Seu cheiro, a maciez de sua pele, sua voz me
desafiando, tudo, Monike, tudo. Eu pertenço a você e ao nosso filho.
— Abro meus olhos, atônita. — Sim, nosso, me perdoe por ser um
demônio sem controle que não soube como lidar com tudo.
— E agora você sabe?
— Ainda não, mas não existe mais a coleira invisível que me
mantém preso as vontades daquele homem.
— Do que você está falando?
Ele não me responde, apenas me puxa para um beijo, que
como uma viciada em sua droga preferida não resisto, apenas
recebo de bom grado o pouco que me é oferecido, me deliciando
com seu gosto e com todas as sensações que me causa.
Seu gosto, seu toque, seu sabor, Monike me causa uma
mistura insana de sensações, loucuras e um sentimento de posse
tão grande que me rasga ao meio imaginar que outra pessoa possa
apenas olhá-la.
— Nunca mais a deixarei ir, nunca mais irei permitir que se
afaste de mim. — Colo nossas testas, estamos ofegantes e
enquanto tento recuperar o ar, pego a arma de sua mão devagar,
colocando-a em cima da cômoda ao nosso lado.
— Não quero ser sua prisioneira, Dimitri, nunca mais.
— Não será, é minha mulher, Monike, existe muito sobre mim
que você não sabe, e acho que chegou o momento de saber.
— Não confio no que diz, juro que tento, mas estamos há
tempo demais nesse jogo doentio onde você é o predador e eu a
presa.
Encaro seus olhos azuis que dizem tanto, sempre disseram,
eu que fui tolo e jamais entendi.
— Vou te mostrar que nada do que digo é mentira, que a
partir de hoje seremos diferentes, faremos diferente. Eu sinto, amor.
— A surpresa em sua face a deixa ainda mais linda do que já é. —
Eu te amo, espero não ser tarde demais para confessar, ou que
tenha descoberto esse sentimento em um momento em que não me
queira mais em sua vida, vou entender seja qual for sua decisão
depois de tudo, mas preciso primeiro fazer algo que jamais deveria
ter condicionado a você. — Sei que não entende o que digo, mas
mostrar é muito mais fácil.
— Com um estalar sua mente destrava — falo e ela paralisa,
sinto que sua respiração é suspensa.
Estalo meus dedos
— Com um segundo comando retoma suas forças. — Vejo
uma lágrima escorrer de seus olhos e a limpo com o polegar.
Estalo meus dedos pela segunda vez, cada vez que ouve o
barulho dos meus dedos seu corpo sofre um espasmo.
— Com a minha ordem, libero sua mente, não existe mais
poder, opressão ou comandos de minha voz que a aprisionem.
Estalo pela terceira vez meus dedos.
— É livre, liberta e sem amarras. — Respiro fundo e
complemento. — Eu agora entendo que sempre foi amor, eu te amo,
te entendo e te respeito, nunca mais irei te subjugar, nunca mais irei
te forçar, nunca mais a prenderei em minhas correntes. Me perdoe
por ter feito com você o mesmo que fizeram comigo por todos esses
anos. — Beijo sua testa.
— Dimitri... — Sua voz é um fio, quase inaudível.
— Tigris — digo e nada acontece. — Está livre.
— Eu não sei o que dizer. — Ela dá um passo para trás.
Vejo quando dá a volta e segue até o berço de Isaac, de onde
estou observo que ele dorme, Monike o cobre, ajusta a babá
eletrônica e sai de lá sem nada dizer, a sigo em silêncio, creio que
está absorvendo tudo que acabo de fazer e dizer, paro quando ela
segue para a cozinha abrindo a geladeira e bebendo água, logo ela
caminha passando por mim, indo a ultima porta do corredor
deixando-a aberta, acompanho seus movimentos e a vejo sentar na
cama e me olhar. Fecho a porta atrás de mim e sigo para a poltrona
próxima à janela.
— Sente-se aqui. — Indica um lugar ao seu lado na cama.
Obedeço, voltando a sentir uma sensação do desconhecido
me tomar, mesmo ansiando por ela, desejando que depois de tudo
que eu lhe contar ela decida ficar comigo, imagino que ela possa
não querer, e ainda que meus demônios gritem para não permitir
que ela tenha escolhas como sempre foi, eu a deixarei.
— Quando tinha cinco anos meu treinamento se iniciou,
como sabe, Bratslav nunca foi alguém que soube nos tratar como
seres humanos, éramos demônios e entenderíamos isso com o
passar dos anos, mas para mim em especial ele tinha algo
preparado, ele me desejava como homem. — O olhar de Monike é
de total espanto. — Eu tinha apenas cinco anos e acabava de
descobrir meu destino.
— Dimitri, eu nunca imaginei... — Sorrio sem graça.
— Ninguém poderia fazer nada por mim, Monike.
— Mas...
— Por favor, me deixe continuar. — Ela concorda com a
cabeça acenando.
Então pelas próximas horas lhe conto tudo, é como se eu
fosse um mero expectador da minha história, eu não sinto
absolutamente nada, cada palavra dita, cada segredo revelado faz
com que o choro de Monike seja ainda mais forte e doloroso. Não a
encaro, não teria coragem de continuar se o fizesse. Revelo tudo, as
sensações, os medos, o pavor, o pânico, a forma com que lutei
desesperadamente enquanto pude até que definitivamente me
entreguei e permiti que apenas acontecesse, de como fui violentado
por Madame Loren que usava meu corpo como bem entendia. Ela
se sentou em mim a primeira vez e eu era tão pequeno que quase
quebrou meu pênis. Relato cada detalhe de conviver por anos com
um chip bomba na cabeça e o motivo de escorraçá-la da minha vida
como fiz a primeira vez, mesmo que meu desejo fosse reivindicá-la
como minha joia, afinal apenas ela levava meus pesadelos embora.
Em como assassinei dezenas de mulheres e enterrei no
quintal da cabana, em como desejei que elas ansiassem pelo
demônio que lhes ofertava, e como cada uma delas morreu. O que
ninguém jamais sonhou foi que todas elas se pareciam com a
mulher que acreditava odiar, elas se pareciam com a minha mãe,
grandes olhos negros, cabelos longos e pele clara, eu as queria
mortas, como eu queria matá-la.
Conto com riqueza de detalhes como foi assassinar meu
meio irmão e como tanto eu quanto Damian e Darko desejávamos
que ele sofresse, que ele tivesse mesmo que por horas um
resquício do que tivemos por anos. Em como fiz vasectomia para
jamais passar meu gene ruim por aí, em como entrei em pânico com
medo de perdê-la quando soube de Isaac, medo de dividir o
sentimento desconhecido que ela dizia ter por mim com alguém que
eu não conhecia e que já odiava apenas por me sentir inseguro.
Informo como foi me lembrar de todos os detalhes das
minhas conversas escondidas com a minha mãe e que me lembrei
dela, de tudo que havíamos passado juntos e em como ela me
falava de amor, mesmo sem eu saber de fato o que era. Minha
mente bloqueou os míseros momentos em que eu tinha esperança
ao seu lado e tudo que sobrou foi apenas o monstro, o demônio que
fui criado para ser.
Conto como foi assassinar sua madrasta conivente e seu
padrasto doente, como foi prazeroso para mim, vê-los agonizar bem
na minha frente, em como não me arrependo de nada e que faria
tudo novamente
Revelo que hoje eu entendo, entendo que seus olhos azuis
que eu tanto amo foram o motivo de ainda me manter vivo, e apesar
de tudo que lhe fiz, mesmo sem saber Monike me salvou.
— Eu não mereço seu perdão, tudo que eu fiz foi destruir sua
vida e assassinar todas as pessoas à sua volta, entenderei se
decidir que o que sente por mim não é o suficiente para que me
permita ficar e lhe mostrar que mesmo sendo quem sou, por você e
pelo nosso filho eu moveria o mundo, os protegeria e aprenderia a
cada dia uma forma nova de amá-los e lhes mostrar que nunca mais
seriam sozinhos na vida, pois teríamos um ao outro. —Respiro
fundo tentando não desmoronar aqui. — Mas vou entender se me
pedir que vá embora, eu sempre irei protegê-los a todo momento.
— Faz amor comigo.
Seus grandes olhos azuis, vermelhos pelo choro estão
diferentes de tudo que eu já vi, Monike parece me envolver com sua
alma, algo tão inexplicável, que tudo que consigo fazer é puxá-la
para um beijo a fim de atender seu pedido.
CAPÍTULO 37

Ouvir pelas últimas horas o relato de como foi sua vida


dilacerou meu peito e fez meu coração sangrar, eu decidi que queria
esse novo Dimitri em minha vida quando ele se desnudou à minha
frente, quando ele me deu o primeiro beijo hoje. Não existe
explicação para o que sentimos, eu só permito me entregar, aceitar
como verdade tudo que suas palavras dizem e que seus olhos
confirmam.
— Faz amor comigo — peço numa súplica sussurrante.
Sou puxada para um beijo, um que jamais recebi, um que
demonstra que atingi a camada mais profunda de sua essência, eu
acabo de conhecer o verdadeiro Dimitri, aquele que estava
escondido debaixo de todos os escombros que o soterravam.
Lentamente começamos a nos despir, nossos olhos não se
desgrudam, Dimitri fala tanto com os olhos que não precisamos de
palavras. Meu corpo é venerado, tocado com delicadeza que me faz
acreditar que ele pensa que vou quebrar. Nossas respirações estão
pesadas, tomadas pelo desejo, seu corpo se posiciona entre minhas
pernas quando sinto seu pau deslizar dentro de mim, a sensação
que tenho é tão intensa que arqueio minhas costas retirando-a
completamente do colchão.
Sua boca quente e úmida percorre pelo meu pescoço
descendo até meus seios que são sugados de uma forma que me
arrepia, suas investidas são fortes e poderosas, mas ritmadas.
Minhas unhas se cravam em suas costas buscando por um apoio,
Dimitri cola nossas testas demonstrando sua vulnerabilidade, seu
olhar é intenso e ele sorri, o sorriso mais lindo do mundo, um sem
nenhuma camada que o esconde.
— Eu te amo. — Sua voz rouca revela seus sentimentos e
arrepiam minha pele.
— Eu também te amo — respondo perdida nas sensações
que só ele me causa.
Nossos gemidos se misturam, nossos corpos se conectam de
uma forma que parecem estar se reconhecendo, a leveza do
momento, a intensidade do que fazemos, as mãos grandes e
calejadas que estão em todos os lugares ao mesmo tempo, é muita
informação para mim.
— Vou gozar — aviso desejando que estejamos no mesmo
momento.
— Vem junto comigo, continua rebolando em meu pau e me
leva com você.
Seu pedido é seguindo por um beijo e logo tudo fica em
suspenso, gozamos forte, buscando nos fundir no outro, sinto o
pulsar de seu membro e os jatos quentes me invadirem, enquanto
minha boceta pulsa em volta do seu pau.
Nos abraçamos com força e sou virada sem nos desconectar,
meu corpo agora repousa sobre o dele e posso sentir as batidas
poderosas do seu coração contra meu peito. Repouso meu rosto na
curva do seu pescoço e ficamos assim enquanto recuperamos o
fôlego e acalmamos nossos corpos.
Sua mão desliza pelas minhas costas indo até a altura da
minha bunda e voltando ao meu pescoço, Dimitri ajeita meus
cabelos todo de um lado e ficamos assim, sem dizer nada, mas
sentindo tudo.
— Não imaginei que terminaríamos assim, mesmo que
desejasse, depois de tudo que aconteceu, acreditei que me
mandaria embora.
— E você iria? — questiono.
— Sim, não seria para você novamente o que fui por todos os
anos, Monike, apenas para você e Isaac eu não serei mais o
monstro que fui criado para ser.
— Eu confio em você.
— Jamais irei quebrar essa confiança, vou te mostrar por
todos os dias da minha vida que tomou a decisão certa ao me
aceitar em suas vidas.
— Está mesmo tranquilo em relação a ser pai, ele crescerá e
o chamará assim?
— E eu serei o filho da puta mais sortudo do mundo quando
isso acontecer. — Sua voz é firme. — Quando o vi naquele berço e
senti sua mãozinha minúscula tocar meu dedo, eu entendi o que
Damian teimou em tentar me mostrar, é tão visceral, Monike, que se
eu souber que ele sofre, eu quero assassinar qualquer pessoa, e se
for eu o causador disso acredito que morreria.
— Será um pai perfeito, Dimitri.
— Como sabe? Eu tenho tanto medo de decepcioná-los.
— Eu apenas tenho fé em você.
— Me ensine a ter fé em mim, amor, eu preciso saber que a
cada momento me torno alguém melhor apenas por vocês.
— Juntos vamos conseguir. — Beijo seu peito e ele me
aperta mais contra seu corpo. — Agora vamos tomar banho, logo
Isaac acorda e vai precisar dos pais.
Estamos trocando de roupa quando ouvimos o choro de
Isaac.
— Deixa que eu vou — digo e Monike me olha sorrindo.
Caminho sendo seguido por ela, que acompanha cada um
dos meus movimentos, assim que me aproximo ele está chorando.
— Ei, garotão, estou aqui. — Logo que ouve minha voz ele
para de chorar e me encara como se tentasse entender o que estou
fazendo aqui.
Pego-o nos braços e a sensação de proteção fica realmente
latente, Isaac está curioso e seus grandes olhos negros me
encaram.
— Eu sei que não fomos apresentados, mas preciso te
confessar que estou com medo, nunca senti nada parecido, mas
sua mãe e eu estamos juntos e vocês são meus para proteger.
Viro-me olhando para Monike que sorri encostada na porta,
caminho até ela.
— Está se saindo muito bem. — Beijo sua testa enquanto a
sigo com Isaac ainda me encarando.
Caminho com ele enquanto lhe conto sobre ele ter primos
que com certeza vão ficar loucos quando o conhecerem. Logo
Monike o pega dos meus braços e começa a lhe alimentar.
— Quero ir para casa, precisamos voltar, existem algumas
coisas que preciso resolver e uma delas é a nova casa onde vamos
morar — informo e ela me encara. — O que foi? — sondo, curioso.
A sensação de que a qualquer momento posso acordar e nada
disso ser real me aflige.
— Sonhei com isso por tanto tempo que agora não parece
verdade. — Seus grandes olhos azuis me dizem que ela teme na
mesma proporção que eu.
— Monike, posso errar em alguns momentos, e não saber
como agir em outros, mas minha única certeza é que não vou a
lugar nenhum enquanto me quiser ao seu lado.
— Quando Dusham descobrir irá se sentir traído, sinto que
preciso lhe revelar tudo, se respiro hoje e posso carregar nosso filho
nos braços foi porque ele decidiu que me queria viva.
— Sei que terei que lidar com isso em algum momento e
arcarei com as consequências disso, mas entenda uma coisa,
tigresa, mesmo que ele me mate eu não voltaria atrás na minha
escolha.
— Ele não pode te matar, Dimitri.
— Na verdade, ele pode, mas não quero pensar nisso, não
agora, não neste momento, preciso que Stefan assuma a Triglav
para então termos a certeza de que Bratslav e Konstantin não irão
nos retaliar — aviso. — Conheço bem meus inimigos, Monike, e sei
quão cruéis eles podem ser, Bratslav é um psicopata sem
sentimentos, mas Konstantin não é quem é por ser benevolente.
— Vocês têm um acordo, Dimitri.
— Que se fosse eu não cumpriria, se fosse eu no lugar dele
devastaria tudo, e no momento em que ele descobrir que tenho
vocês, pode muito bem atacar.
— Não vou Voltar para Belgrado. — Suas palavras me
acertam em cheio como um soco que me deixa sem ar.
— Monike, precisa confiar em mim, ele não vai tocar em
vocês.
— Não vou arriscar a vida do nosso filho, Dimitri, sei bem o
que aqueles dois desgraçados fizeram com a família de Ícaro.
— Não posso continuar em Roma, tenho que continuar
trabalhando, não posso levantar suspeitas, sabe que temos muitos
inimigos e preciso estar atento a tudo, aqui estamos vulneráveis,
mesmo com os Espossittos garantindo que nada vai nos acontecer.
O medo em seu olhar me deixa furioso, é minha vida quem
os coloca em perigo, o fato de estarem comigo os deixam expostos,
mas não posso me afastar, não agora que conheço o sentimento de
pertencer.
Isaac termina com sua mamadeira e a vejo ser colocada
sobre a mesa, puxo os dois para os meus braços, envolvendo-os
em minha proteção, seja qual for o perigo que ouse se aproximar
deles teria que passar por mim primeiro.
Ficamos assim por algum tempo, envoltos em um mundo que
estamos construindo apenas para nós.
— Eu vou, confio em você, sei que precisamos dar este
passo. — Solto-a para poder encarar seus olhos, e vejo Isaac
brincar com seus cabelos que agora estão enrolados em suas
pequenas mãozinhas.
— Não precisa arrumar nada, tudo que tem aqui peço para
que peguem depois.
— Eu gosto desse apartamento.
— Então podemos ficar com ele, quem sabe vir visitar em
algum momento — falo e ela sorri. — Vamos arrumar tudo, vou
informar aos Espossittos que deixaremos Roma em 24hs.
Vejo-a concordar com um sorriso e sinto vontade de retribuir,
sorrio de volta contemplando a imagem da única mulher que
conseguiu alcançar o verdadeiro Dimitri, aquele que eu acreditei ter
morrido ainda criança.
Passamos o resto do dia juntos, não sentimos a necessidade
de estar em outro lugar, mergulhei nessa nova forma de vida onde
Monike e Isaac são o centro de tudo. Informei aos Espossittos que
estaremos deixando Roma ao final da manhã e providenciei escolta
para quando chegarmos em Belgrado, agora preciso informar a
Damian e a Darko meus próximos passos para que todo o esquema
de segurança da minha família seja montado.
CAPÍTULO 38

Acordo com o corpo dela enroscado ao meu, suas pernas


emboladas nas minhas, Monike é pequena e se encaixa
perfeitamente em meu corpo. Cheiro seus cabelos, ontem dormimos
depois de incontáveis orgasmos, minha necessidade em tê-la quase
a fez desmaiar, me alimento dos seus gemidos que me fazem
acreditar o quão foda sou quando estou com ela.
Tenho dúvidas de se algum dia ela irá entender o tamanho do
que sinto por ela, passarei minha vida lhe provando isso.
Minhas mãos percorrem seu corpo endurecendo meu pau,
mas não tem nenhuma condição de possuí-la agora, ela precisa
descansar e eu preciso me controlar.
Devagar, saio da cama, seguindo direto para o chuveiro frio,
o calor escaldante que estar com ela em meus braços causa em
mim é assim desde a primeira vez que a toquei. Permito que a água
fria abaixe minha ereção, assim que consigo me acalmar saio do
banho vestindo apenas uma cueca. Ontem Monike comprou
algumas delas junto com duas mudas de roupa para ficar em casa
até que fossemos embora. Saio do quarto vendo meu terno lavado e
passado por ela, apenas aguardando o momento da nossa volta.
Vou até o quarto do meu filho, sorrio ao pensar dessa forma.
Isaac dorme tranquilo, diferente de mim que tive pesadelos onde
eles eram arrancados de mim, verifico que está tudo bem, vistorio a
babá eletrônica e saio indo em direção a cozinha disposto a
preparar o café, ainda está cedo e nem amanheceu pego meu
telefone e ligo para Darko.
— Me deixa dormir, porra! — Ele atende cortês como sempre.
— Bom dia, Bela Adormecida.
— Vai se foder, Dimitri.
— Como se não houvesse fodido a noite inteira.
— O que você quer?
— Estamos voltando hoje e de alguma forma estou
angustiado — confesso.
— Expondo seus medos, acho interessante essa sua nova
versão — desdenha. — E sim, eu já sei que voltam hoje, o que
diabos acha que posso fazer para que seus medos e receios
desapareçam, princesa?
— Promete que não deixará nada acontecer com eles, Darko,
caso eu não esteja mais aqui?
— Do que diabos está falando, Dimitri?
— Só prometa, não estou com um bom pressentimento, mas
morrerei por eles, só preciso ter a certeza de que eles ficarão sobre
a sua proteção quando me for.
— Primeiro que você não vai morrer.
— Prometa, Anjo da Atrocidade!
— Eu os protegerei com a minha vida enquanto eu viver. —
Seu tom de voz muda, sei que ele entende, de alguma forma ele
entende meus medos. — Mas você não vai morrer, não sem antes
levar uma surra de Dusham por ter tocado nela.
— Ele pode me matar — pontuo.
— Mas não vai, aquele demônio fez um pacto com um
demônio maior para que vivesse, ele pode ser quem é, mas nós
somos família, fizemos um pacto de sangue, não mataríamos uns
aos outros assim, quando ele a vir feliz se contentará apenas com
uma surra.
— Você confia demais em Dusham.
— Eu conheço todos vocês, Dimitri, em algum lugar meus
irmãos se mantêm escondidos, mesmo debaixo dos escombros que
nos soterram e sufocam.
—Você o teme, Darko?
— Quem, o Dusham?
— Não, Bratslav.
— Não, eu sei bem quem aquele demônio é, mas veja só, eu
sou mais perverso que ele, ansiei ver a sua cara quando Victkor
morreu.
— Sabe que ele não sentiu nada.
— Mas Konstantin sentiu, e aquele velho desgraçado é o
único ponto fraco do nosso pai.
— Não o chame assim! — rosno furioso.
— Não muda o fato de quem ele é.
— Não sei como consegue.
— Quando você convive com a mente que eu tenho, ou você
apenas não liga, ou você enlouquece, entenda uma coisa, eu já sou
louco, Dimitri. — Sua gargalhada explode na linha.
— Vou levar Monike e nosso filho até a casa que construí,
quero pedi-la em casamento.
— Posso cuidar de Isaac para a noite de vocês.
— Meu filho não ficará longe de mim.
— Mulheres gostam de coisas românticas, e não podem
foder como coelhos com Isaac no quarto ao lado. —Suas palavras
fazem me lembrar do dia que a vi vestida como uma deusa para o
jantar com aquele médico de meia tigela, que com certeza agora
deve estar doidão no inferno.
— Quando chegar a Belgrado penso nisso. Darko, outra
coisa, vou precisar de você, quero reparar algo que fiz.
— Do que está falando?
— Saberá quando chegar, mandarei uma mensagem com as
informações do que preciso que esteja pronto quando chegar aí.
— Certo, mas saiba que não sou seu funcionário, se for algo
que não concorde não farei.
— Isso com certeza você irá amar participar — Encerro a
ligação enviando a ele a mensagem dos materiais que preciso para
algo que necessito fazer.
Ligo a máquina de café e começo a arrumar as coisas que
temos aqui, preparando a mesa para quando ela acordar, imagino o
Dimitri de tempos atrás sabendo que estaria aqui e agora fazendo
exatamente isso e sorrio incrédulo.
— Deveria sorrir mais, amor. — Sua voz arrepia meu corpo e
o fato de ter sido chamado de amor faz meu coração errar a batida.
— Posso gostar de ser acordada com o cheiro de café invadindo
nosso quarto.
— Me chama de amor de novo, tigresa — peço sendo muito
idiota e puxando-a para meus braços, colando seu corpo ao meu.
— Bom dia, amor. — Beijo sua boca que tem o encaixe
perfeito com a minha.
Puxo-a para cima e tenho suas pernas envoltas na minha
cintura para que possamos estar mais próximos, suas mãos alisam
minha pele causando um rastro de fogo a cada centímetro tocado.
— Isso sim é um bom dia, e confie em mim, amor, eu nunca
tenho um — digo colando nossas testas, é algo que sei que Monike
sabe que apenas faço para que ela entenda como sou rendido a ela,
sem amarras ou barreiras, apenas eu, mesmo quando não podia ser
tudo que posso ser agora.
— Acredito que isso irá mudar Dimitri, temos um ao outro,
temos nosso filho, cada novo dia será bom e ainda que no seu
decorrer tudo pareça desmoronar, sempre teremos o outro para
onde possamos correr e nos agarrar até que o momento ruim passe.
— Eu não te mereço. — Essa constatação aperta meu peito.
— Merece, todo meu amor te pertence e se eu o entrego, é
por ser muito merecedor.
— Eu só errei com você.
— Eu já perdoei, por que não se perdoa?
— Porque mesmo que viva toda a minha vida ao seu lado,
nada do que eu faça será o suficiente para acreditar que mereço
seu perdão.
— Não se cobre tanto, seja apenas esse Dimitri que está bem
aqui na minha frente e teremos a melhor vida juntos.
— E se eu errar de novo, com você ou com Isaac?
— Dimitri, sabe que não tive uma família, tudo que sei sobre
isso é o pouco que recebi de Dusham e o que vejo por aí, mas sei
que companheiros e pais erram, mas buscam consertar juntos. Não
seremos os melhores o tempo todo, você não vai mudar quem é e
eu não vou mudar quem sou, mas juntos podemos decidir sermos
melhores.
— Demônios como eu não merecem anjos como você.
— Não penso que irá se transformar, Dimitri, sei quem é, sei
o que faz, sei como procede quando está com raiva e como se
banha em sangue quando anseia alimentar seus demônios, eu serei
aquela que estará sempre lá para acalmá-los.
— Não domo mais, mesmo sem entender não conseguia
mais, faz algum tempo isso, quando te levei para casa disse que
estava domando, era mentira, eu simplesmente não conseguia —
revelo colocando-a sentada no balcão da ilha. — Isso é a única
coisa que mudei, sou todo o resto, Monike, sempre existirá sangue
em minhas mãos e ódio em minhas veias, mas eles jamais serão
destinados ou virão de vocês, jamais precisará se preocupar com
qualquer que seja seus medos, eu os afastarei de vocês, apenas
preciso que confie em mim.
— Sei que Isaac pode querer seguir na máfia, mas se ele
desejar ser uma pessoa normal eu gostaria de tentar. —Suas
palavras me surpreendem porque não havia pensado nisso.
— Não quero que ele se machuque, eu o treinarei para ser o
melhor em se proteger, e se ele desejar ser o que quer que seja,
terá nosso apoio, eu só quero que sejam felizes ao meu lado, como
eu jamais fui. — Beijo sua testa.
— Que tal tomarmos café? — questiona com seu sorriso, um
com o qual não consigo mais viver sem, e que me faz desejar sorrir
também. — Esse cheiro está delicioso, acredito que teremos alguns
anos até que ele decida sobre seu futuro.
— Acho ótimo.
Sentamo-nos à mesa e começamos a comer, não trocamos
nenhuma palavra, apenas alguns olhares cúmplices e sorrisos, um
tempo depois Monike sai para organizar suas coisas e pegar Isaac
que acabou de acordar, quando meu telefone toca, é Damian.
— Diga, Anjo do Caos, a que devo a honra de sua ligação?
— Vai se foder, Dimitri. — Sorrio de suas palavras. — Está
sorrindo? — sonda e eu gargalho. — Quem é você e o que fez com
o Anjo das Sombras?
— Apenas estou feliz.
— Puta que pariu! Isso só pode ser um universo paralelo.
— Vamos, Damian, estamos nos arrumando para sair, não
temos tanto tempo.
— Primeiro, você pediu mesmo aquilo ao Darko e não a
mim?
— Porra, vocês parecem velhas alcoviteiras, fofocando de
tudo o tempo todo.
— Acha mesma que ele não iria se vangloriar comigo, porra,
Dimitri, isso é alta traição.
— Esteja lá, e faça parte disso.
— Assim posso me alegrar, mas não foi por isso que liguei.
— Então deixe de enrolar e fale logo.
— Tinha razão, Eliza era o ponto de partida para toda a
merda que vai explodir em nossas caras em breve.
— Do que está falando, Damian?
— Eliza Druída é o nome de solteira e Eliza Mwangi, esposa
desaparecida de Sekani Mwangi, que assassinou seu pai e antigo
chefe e assumiu o comando da máfia africana Marks of Terror[20],
eles não são nossos aliados, mas são aliados da Anarch 666, que
tem como chefe da máfia Irlandesa Macswell Bulger, marido de
Aretta Espossitto, princesinha da máfia italiana, Don Henrico vai
recebê-los em seu território em algumas horas, o pedido foi feito há
cinco dias.
— O que está querendo me dizer, Damian? — Neste
momento minha cabeça pensa nas milhares de formas de como agir
para desaparecer de Roma em instantes.
— Que Isaac é o herdeiro direto de Sekani Mwangi, atual
chefe da máfia Africana Marks of Terror.
Ouvir suas palavras eriçam todos os meus demônios, tudo
que eu preciso é tirar minha família daqui antes que eles consigam
se aproximar de nós.
CAPÍTULO 39

Corro até o quarto enquanto ligo novamente para Darko,


deixando no viva-voz.
— Já estou sabendo de tudo — fala assim que me atende.
— Preciso tirá-los de Roma — informo, começando a trocar
de roupa.
— Ettore vai entrar na ligação, ele já está a par de tudo.
— Certo. — O olhar de Monike me diz que não está
entendendo nada.
— Dimitri, acabei de ser informado por Darko sobre tudo,
estamos indo até vocês. — Ettore começa a falar enquanto ouço
barulhos de carros saindo em disparada. — Não saiam do
apartamento, o jatinho de Sekani pousou há dois minutos, estamos
levando tudo de forma normal, Mackswell foi recebê-lo, mas não
sabemos se existe homens dele em nosso território.
— Dimitri. — Darko entra na ligação. — Realoquei sua
aeronave para a pista de pouso dos Espossittos, trabalharemos
juntos para tirá-los daí em segurança, assim que estiverem no ar,
passaremos a ter o controle de tudo. Siga as ordens de Ettore, não
tente ser a porra de um herói, morto não vai servir para nada.
— Não posso ficar de braços cruzados enquanto não sei o
que diabos está acontecendo aqui, Darko! — esbravejo e Monike
pega Isaac nos braços que começa a chorar por minha explosão.
— Acredite em mim, eu entendo como se sente. — Ettore
volta a falar. — Mas neste momento precisa confiar em mim. Você
tem armas aí?
— Sim, tenho as minhas, pessoais.
— As mantenha com você, estamos chegando.
— Vou encerrar a ligação e enviar para o seu telefone a
localização em tempo real dos carros onde Ettore está, eles não
estão aí, Dimitri, não estão perto de vocês, tudo que estamos
fazendo é apenas precaução.
— Ok! — A ligação se encerra e um bip acontece quando
recebo as informações que Darko me enviou.
— O que está acontecendo? — A voz amedrontada de
Monike me causa uma fúria descomunal.
Respiro fundo a ajudando a colocar nosso filho em uma
espécie de suporte, que ela chama de canguru, deixando-o bem
preso ao seu corpo que o protege em seus braços.
— Vou resumir, não entre em pânico. Isaac é herdeiro da
maior e mais perigosa máfia africana, seu progenitor pode ter
descoberto onde ele está e talvez esteja vindo buscá-lo.
— Não! Ele é meu filho!
— Eu sei, meu amor, ele é nosso filho e assim que
estivermos em Belgrado irei colocar meu nome em seu registro, mas
a priori precisamos apenas sair daqui.
— Dimitri, eu te imploro, não deixe que levem nosso filho, eu
morro, se isso acontecer eu morro, Dimitri. — Puxo-a para os meus
braços e os envolvo no meu abraço protetor.
— Ninguém vai levá-lo, isso é uma promessa, nem que para
isso eu precise explodir todo esse maldito planeta, nosso filho não
sai de perto de nós.
Minhas palavras lhe passam uma certeza que eu mesmo não
tenho, irei protegê-los mesmo que morra no processo. A sensação
de impotência que me toma, me deixa ainda mais furioso, odeio não
ter o controle das coisas, ainda mais quando as pessoas mais
importantes do mundo precisam de mim.
Coloco Monike sentada com Isaac na poltrona longe da
janela, enquanto analiso minhas armas, verificando uma a uma,
pego a arma que Monike usou para me ameaçar conferindo-a
também. Meu telefone toca.
— Dimitri, estamos aqui, saia pelos fundos, estamos no
estacionamento sul — Ettore informa.
Antes de começar a me movimentar vejo a real localização
dos carros e confirmo o que acaba de me dizer.
— Vamos. — Estendo a mão para Monike que a segura.
Caminho com a arma em punho abrindo a porta lentamente e
acionando os elevadores, assim que as portas se abrem entro com
ela descendo até o estacionamento onde já somos aguardados.
— Estou com medo.
Constatar que a mulher mais forte que conheço parece
vulnerável agora quase me tira do sério.
— Olhe para mim, nos meus olhos — peço. — Vamos sair
daqui, quando chegarmos em casa iremos resolver tudo isso,
prometo que tenho grandes surpresas para você, mas primeiro
preciso que se mantenha firme e confie em mim, eu não vou permitir
que se machuquem.—Ela confirma com um acenar de cabeça e a
puxo para um beijo leve, logo depois beijando a cabeça do nosso
filho quando as portas se abrem.
— Venham, por aqui. — Salvatore Espossitto nos direciona
com cara de poucos amigos.
Percorremos o estacionamento entrando em uma SUV que
nos aguarda onde Ettore está à nossa espera. Entramos no carro e
saímos em disparada pelas ruas de Roma em um comboio.
— Henrico e Mackswell foram recepcionar Sekani, acabei de
ser informado que a aeronave de vocês pousou e está a postos
apenas a espera. — Ettore começa a informar.
— Quinze minutos até o destino senhor — o homem sentado
ao lado do carona informa.
— Sabe que quando estiverem em Belgrado não será o
suficiente para pará-los — Salvatore pontua.
— Lá eles precisarão de mais que coragem para entrar, estou
mesmo sentindo os sintomas de abstinência que uma boa rodada
de tortura me causa. Sekani vai aprender que não se deve
atravessar meu caminho, muito menos para tentar colocar as mãos
em minha família.
— Interessante ver como os Anjos começaram a cair,
acredito que uma aliança desponte no horizonte em um futuro breve
— Ettore informa.
— Creio que sim, no momento em que Konstantin cair e ele
vai, estaremos do mesmo lado vendo tudo acontecer.
— Para isso algumas coisas ainda precisam mudar —
Salvatore pondera.
— Vejam só, acreditou em algum momento que dois dos
Anjos da Triglav estariam protegendo com suas vidas as suas
famílias? — Arqueio minha sobrancelha em questionamento.
— Você tem um ponto, Anjo. — Ettore esboça um sorriso.
— Cinco minutos, senhor. — O Soldado nos atualiza.
Ficamos em silêncio enquanto vejo Ettore e Salvatore
digitarem freneticamente em seus telefones, puxo Monike e Isaac
para perto os envolvendo em meus braços.
— Fique tranquila, tigresa, logo estaremos em casa.
— Eles não vão desistir tão fácil Dimitri.
— Não sobrará muito deles para contar história ao final de
tudo isso. — Beijo sua cabeça e sinto seu corpo relaxar um pouco.
— Chegamos senhor — o soldado informa quando sinto o
carro parar.
— Desgraçado! — Ettore esbraveja e vejo Salvatore pegar
sua arma. — Fiquem atentos, Sekani não estava no jatinho,
acabamos de ser informados que uma segunda aeronave pousou
aqui no mesmo momento em que pousaram no aeroporto
internacional. — As palavras de Ettore fazem um gelo percorrer
minha espinha.
— Desçam todos do carro! — Salvatore ordena para seus
soldados que logo estão do lado de fora. — Vou dar a ordem para
que um dos carros se aproximem da aeronave de vocês, vamos
descobrir o que está acontecendo aqui, e se Sekani Acredita que
pode vir em nosso território fazer o que bem entende, hoje ele vai
descobrir que não se deve brincar conosco. — Sua fúria é contida
pelas suas palavras que emanam fúria.
De onde estamos vemos um dos carros se aproximar do
jatinho que nos aguarda, quando o vemos explodir e voar pelos
ares.
— Filhos da puta! — Ettore berra assustando Isaac. — Não
podemos ficar aqui.
Neste momento meu telefone toca e o coloco no viva-voz.
— Olha senão é o Anjo das Sombras — Sekanise revela do
outro lado da linha. — Acha mesmo que meu filho será criado por
alguém como você? Tem exatos cinco minutos para descer do carro
e entregá-lo ao meu homem que descerá da aeronave, um passo
em falso e mando tudo pelos ares.
— Acredita mesmo que lhe entregarei o MEU filho em suas
mãos? Tem dois minutos para recuar ou juro pelo MEU filho que não
sobrará nem mesmo os cães da sua máfia para contar história,
estupraremos as mulheres e crianças, esquartejarei os homens
após assistirem tudo, moerei seus animais e usarei os restos de
adubo, terei o prazer de deixar você por último, sua morte será lenta
e dolorosa e preciso confessar temos gostos peculiares na Triglav,
gostamos de foder rabos de homens altivos como você.
Meu ódio está nas alturas e desejando desesperadamente
cumprir com minhas palavras.
— Não está em posição de fazer ameaças e dar ordens,
Dimitri. — Olho para Ettore que me manda continuar a ligação como
se estivesse esperando alguma coisa acontecer.
Vejo Salvatore abrir a porta e devagar puxar Monike e Isaac
para fora, quando seguro seu braço sinaliza que tem um plano, meu
alerta está ligado, não posso permitir que os machuquem, eu
preciso confiar neles, pela primeira vez entrego nas mãos de outras
pessoas a segurança das pessoas mais importantes para mim.
— Pelo visto quem não está em posição de dar ordens aqui é
você. — Ettore me mostra uma mensagem que diz que Henrico e
Mackswell acabaram de chegar e se posicionar em pontos
estratégicos com os homens da Anarch 666 e que Sekani não está
na Itália. — Veja como tratamos vermes como vocês. — No
momento em que falo isso vários tiros começam a ser disparados e
o inferno parece subir na terra.
Desligo o telefone e começamos a eliminar todos que
aparecem à nossa frente, vemos que aqui tem mais de vinte
homens da Marks of Terror. Descemos do carro atirando em tudo
que passa na minha frente, por quase meia hora a troca de tiros é
intensa, os corpos vão se acumulando. Caminho em direção a
aeronave deles, e entro.
— Dimitri, está louco? — Ettore grita.
— Preciso confirmar se ele está aqui ou não — digo entrando
na aeronave vasculhando tudo até que meus olhos o veem.
— Não vai conseguir fazer com que ele pare. — Sua voz tem
uma ameaça velada. — Ele buscou por Eliza por meses.
— Foi ele que a surrou?? — questiono com minha arma
apontada para sua testa, mas não me passa despercebido que a
dele está apontada para a altura da minha cintura.
— Surrou? Sekani jamais a espancaria, do que está falando?
Encaro o homem à minha frente analisando todas as
probabilidades.
— Nós vamos conversar.
CAPÍTULO 40

Após duas horas de conversa com Matula o braço direito de


Sekani, muito nos foi revelado, Henrico soube levar muito bem a
conversa e o desgraçado só não morreu porque preciso mover as
peças certas do jogo que iniciamos hoje.
— Acabou — Henrico informa ao meu lado assim que vemos
o jatinho de Matula alçar voo. — Acredito que Sekani não deixará
isso barato.
— Sei que o foco será Belgrado, mas estarei preparado
quando ele decidir atacar, essa é a minha única certeza. — Olho em
volta, estamos esperando Salvatore chegar com Monike e meu filho,
sinto a aflição tomar conta de mim, enquanto meus olhos não
estiverem sobre eles sei que não vai passar.
— Fique calmo, Anjo das Sombras, eles estão chegando. —
É Mackswell quem fala, o homem é um assassino dos piores que já
vi, seus grandes olhos azuis e um sorriso nos lábios demonstram
bem que ele não brinca, o famoso rei de Dublin não precisa de
muito para por medo em seus inimigos.
Vejo o carro se aproximar de nós, parando logo ao nosso
lado, Salvatore desce abrindo a porta para que Monike saia de lá
com nosso filho, ela caminha em minha direção, posso ver em seus
olhos que vasculha em mim se estou machucado.
— Está tudo bem — falo ao tê-la perto de mim.
— Bem, como prometido estou devolvendo vocês a Darko,
espero não os ver tão cedo, Dimitri, nossa trégua se encerra quando
deixarem solo italiano — Ettore informa de uma maneira velada que
não somos aliados.
Olho para os homens à minha frente, cada um deles tão letal
quanto eu, e apenas aceno com a cabeça, não há muito a se dizer
quando uma guerra se desenha em um futuro próximo. Caminho
com minha família até a aeronave que já nos aguarda, enquanto
vejo o pessoal da limpeza organizando toda a bagunça que os
homens de Sekani causaram. Existem alguns pontos que meus
irmãos precisam saber e sei que ambos adorarão tudo que tenho
preparado para receber com toda pompa e circunstância o
progenitor do meu filho.
Alçamos voo, Monike está sentada ao meu lado e nosso filho
dorme em um moisés na poltrona à nossa frente.
— Com certeza isso é coisa de Anikka — fala e então
entendo que ela informa sobre o local onde nosso filho dorme. —
Estou com medo Dimitri.
— Não precisa temer, estaremos prontos quando e se Sekani
decidir aparecer, no momento tudo que anseio é chegarmos em
casa.
Puxo-a para os meus braços onde ela se aconchega
repousando sua cabeça em meu peito, no meio do caos precisei
confiar sua segurança a outra pessoa, isso não irá acontecer
novamente.
Pousamos em Belgrado e Damian e Darko estão nos
aguardando com cara de pouquíssimos amigos.
— Eles estão bem? — sondo ao olhar para as duas
montanhas tatuadas com cara de demônios sedentos por sangue.
— Ficarão. — Essa é toda a minha resposta.
Descemos as escadas e nos aproximamos.
— Sejam bem-vindos de volta — Darko é quem fala já
pegando Isaac dos meus braços. — Como foi todo esse tempo
longe? — pergunta sério.
— Tranquilo. Obrigada!
— Minha vontade é de matá-lo, ainda não me esqueci que foi
você que os levou para longe — Dimitri rosna enquanto nos
encaminhamos ao carro.
— Ei, a culpa foi toda sua, eu teria feito o mesmo caso ela me
pedisse — Damian informa.
— Por que estão com essas caras? — indago ficando ainda
mais curiosa.
— Porque temos algumas informações sobre Sekani e não
gostamos nada do que descobrimos.
— Damian, nos deixe chegar em casa, mantenha os nossos
olhos sobre eles, não vou parar nossa vida por conta de um
desgraçado que não soube manter sua família unida. — Dimitri tenta
conter a fúria, e se eu já imaginava o pior, com toda certeza é ainda
mais terrível do que ousei imaginar.
Observo Darko quieto, apenas segurando Isaac que alisa seu
rosto com a mãozinha, por vezes o vejo fechar os olhos a cada
toque, como se gravasse as sensações que isso lhe causa.
— Providenciamos tudo por esses dias, Ícaro juntamente com
seus funcionários organizou tudo para recebê-los — Damian
informa.
Não digo nada, apenas sinto o abraço de Dimitri me envolver
e permito relaxar um pouco, qualquer um seria considerado insano
caso ousasse atacar esses três homens com a fúria que emana
deles neste momento.
— Preciso falar com Dusham — informo baixo.
— Amor, falaremos com ele quando tudo isso se resolver,
preciso passar por seu julgamento, e seja o que for que ele decidir,
irei aceitar de bom grado.
— Ele não pode matá-lo — rebato enfática.
— Isso não depende do que desejamos, Monike, e sim do
que Dusham acreditar ser o certo — Darko informa. —Mas sinto que
não passará de uma surra bem dada, alguns dias na cama acalmará
os demônios do Anjo da Morte.
— Não é justo. Não acho que surrar Dimitri é algo que
precise acontecer, eu quis tudo isso.
— A vida não é justa, Monike, mas temos leis e elas precisam
ser cumpridas. — Dimitri está aceitando qualquer que seja sua
sentença.
Percebo que não estamos indo parta a casa de Dimitri e
muito menos para a minha quando passamos por portões pretos
muito altos, o lugar parece uma fortaleza e vejo homens armados
caminhando sobre os muros.
— Onde estamos? — questiono assim que o carro para.
Darko e Damian descem do carro e caminham à nossa
frente, vejo que Ícaro já está aqui com as crianças que estão
eufóricas conhecendo Isaac.
— Construí essa casa há alguns anos para morarmos nela.
— A voz de Dimitri me tira da contemplação da cena que se
desenrola à nossa frente.
— Como?
— Não sabia os motivos disso na época, mas veja só, hoje
eu sei, eu sempre quis isso, Monike, eu só não entendia e acima de
tudo não podia, jamais me imaginei livre como sou hoje. — Sou
abraçada por trás e seu queixo repousa em minha cabeça. —
Chamo de propriedade de inverno, tem mais de dez mil hectares
todos monitorados e sem nenhum ponto cego, é o lugar mais seguro
de Belgrado depois das casas dos meus irmãos.
— Eu não sei o que dizer.
— Não precisa dizer nada agora, que tal irmos comer alguma
coisa e depois te levo para conhecer tudo?
— Acho ótimo!
Seguimos em direção a casa e logo encontramos todos eles
na sala, em volta das crianças que conversam com nosso filho como
se ele entendesse tudo que estão falando.
— Senhor, o almoço está pronto. — Raika se aproxima de
nós e seu sorriso contido para mim, me faz sorrir para ela.
— Já estamos indo.
Como se fosse planejado, todos saem deixando apenas Ícaro
e eu na sala.
— Como está, meu amor? — Seus braços me envolvem e
sinto que tudo vai ficar bem, ele tem esse poder.
— Parece que agora vivendo um sonho, meu amigo, imaginei
por tantas vezes ser amada por ele, que agora está acontecendo de
verdade, tenho medo de que tudo isso desmorone como um castelo
de cartas — confesso.
— Monike, aquele homem está diferente, nunca vi nada
parecido como o brilho daqueles olhos quando estamos falando de
você e de Isaac, ou quando o vemos venerando vocês.
— Nem acredito que isso esteja realmente acontecendo, eu
sempre amei Dimitri com tudo que ele estava disposto a me dar,
mas agora, esse Dimitri é alguém que desejo estar perto recebendo
cada segundo dos seus carinhos e ouvindo-o me chamando de
amor.
— Finalmente ele entendeu, isso que importa, se existe algo
que aprendi sobre esses homens é que agora que sabem o que
sentem, nada jamais irá atravessar seu caminho, espero que ele
não seja como Damian, que não nos deixa dar um passo sem que
monte um esquema de segurança presidencial. — Sorrimos de suas
palavras, porque se existe alguém mais neurótico com a segurança
da família que Damian eu desconheço.
— Vamos almoçar.
De braços dados seguimos para onde eles estão, tudo que
precisamos neste momento é de um pouco de normalidade.
Almoçamos juntos, Darko em momento algum soltou Isaac
fazendo com que Dimitri ficasse com ciúmes, e ouvisse Damian falar
que ele parecia um papai urso rosnando para todos a todo tempo,
recebendo o dedo do meio como resposta.
Vê-los sorrir é estranho, estou acostumada com esses
homens rosnando um para o outro e se ameaçando de morte a cada
momento, essa nova versão dos três irmãos me faz desejar que
Dusham estivesse aqui conosco e que pudéssemos contar logo
para ele tudo que estava acontecendo.
— Precisamos ir — Darko diz.
Começamos a nos levantar e Darko vem em minha direção
entregando-me Isaac que resmunga um pouco. O questionamento
em meu olhar não passa despercebido por Dimitri, ele me conhece
como ninguém mais.
— Temos pendências a resolver, coisas da Triglav e sobre o
novo esquema de segurança de vocês, não se preocupe, logo volto
para ficarmos juntos — Dimitri informa beijando minha cabeça.
Os vemos sair e decidimos que assistiríamos um filme na TV,
algo que com certeza faria com que Romeu e Antonella dormissem
e acompanhassem Isaac que já tinha fechados seus olhinhos.

Acordo sentindo mãos percorrerem meu corpo que se


arrepia, estou nua e o cheiro que vem dele me avisa que acabou de
sair do banho.
— Que horas são? — sondo passando as mãos em seus
cabelos.
— Já é madrugada, acabei de passar no quarto do nosso
filho.
— Conseguiram resolver tudo? — pergunto olhando em seus
olhos negros que tanto amo.
— Sim, mas não quero que se preocupe com isso, tudo que
quero agora é sentir seu corpo queimando junto com o meu. —
Apenas sua intenção acende meu corpo como se me jogasse nas
chamas.
Sua boca desce pelo meu pescoço, queimando minha pele,
meus seios recebem uma atenção especial e meus mamilos são
sugados com intensidade que doem e faz minha boceta latejar.
Meus gemidos não podem ser contidos e se misturam aos seus
grunhidos a cada vez que os ouve.
— Isso, continua gemendo assim, minha boca está salivando
pelo seu gosto único.
Sua linha desce percorrendo minha barriga até chegar à
minha boceta que pulsa, envolvo minhas pernas em sua cabeça no
exato momento em que o sinto chupar meu clitóris.
— Dimitri... — Arqueio meu corpo puxando seus cabelos, e
sinto o vibrar de seu sorriso com meu desespero prazeroso.
A intensidade da sucção não me permite pensar, muito
menos tentar controlar meu corpo que colapsa em um orgasmo que
enchem meus olhos d’água, pressionando ainda mais minhas
pernas, buscando mais dele, sinto que não diminui a intensidade
dos seus movimentos, até que meu corpo comece a relaxar.
— Tenho planos para nós, e todos eles terminam contigo
gritando de dor e prazer — fala ao pairar seu corpo sobre o meu e
esfregar seu pau em minha boceta. — Diga que deseja que a foda
com força, que te mostre o quão desesperado estou por você, que
anseia ao menos um pouco daquele Dimitri cruel que não tinha
misericórdia de você.
— Sim. — O sofrimento em minha resposta é um misto de
desespero e vontade de que realize toda a perversidade erótica que
expressa em suas palavras.
— Ahh, tigresa, você será meu fim.
Sou puxada para um beijo e sinto de forma simultânea uma
estocada forte e uma mordida que me tira sangue, seus movimentos
são poderosos e a forma com que chupa meus lábios que sangram
é quase animal, meu corpo entende e reconhece tudo que ele faz,
mas somos impedidos de continuar quando o choro de Isaac invade
o quarto pela babá eletrônica.
— Não para, Dimitri, goza antes, sei que está perto. — Um
grunhido escapa de sua garganta e a loucura toma conta dele.
Cada estocada forte e furiosa o leva à beira, conheço seu
corpo e a forma desesperada com que me fode, agora me diz que
logo um rosnado libertador vai acontecer, Dimitri me come com tanta
vontade que a cabeceira da cama bate com força contra a parede,
as palavras safadas e pervertias começam a ser ditas e minha
boceta é levada ao limite. Suas mãos me pressionam quase a ponto
de machucar, a posição com que mete com vontade esfrega meu
clitóris com sua pelve, então o urro libertador acontece, sinto o
pulsar de seu membro e o esfregar de seu corpo que me leva ao
segundo orgasmo.
— Não acabamos aqui — fala saindo de mim, vestindo uma
calça e indo até o quarto do nosso filho.
Sorrio ao ver o homem que nunca pensou em mais ninguém
além dele nos ter como prioridade em sua vida.
CAPÍTULO 41

Os dias foram passando e não vimos nenhuma


movimentação de Sekani, não iria parar minha vida e muito menos a
vida de Monike por isso, mas ainda não estou deixando-a trabalhar,
não por esses motivos, porque queria tê-los por perto a todo
momento e permitia que ela se aproveitasse do meu corpo e de todo
meu tesão sempre que estamos sozinhos.
Abro meus olhos e sinto seu cheiro e o calor de seu corpo
próximo ao meu, a puxo para ainda mais perto e começo a beijar
seu pescoço.
— Tigresa, sei que já está acordada, vou precisar sair.
— Não vai — pede manhosa com sua mão safada em meu
pau.
— Não faz assim, vou resolver algo, e volto à noite, tenho
planos para nós, esteja pronta às 20:00hs nós vamos sair.
— Para onde vamos?
— É uma surpresa, mas vista um vestido de festa, algo sexy
e longo.
— E Isaac, Dimitri?
— Apesar de termos Raika e todo mundo que com certeza
cuidaria muito bem dele, Darko vem buscá-lo, não me pergunte por
que ele e não Ícaro, impossível convencê-lo do contrário. Nosso
filho ficará bem, confie em mim, algo sobre noite do cinema com o
tio gigante. — Beijo sua testa me levantando da cama.
Darko vai cuidar não só de Isaac essa noite, mas também de
Romeu e Antonella.
Já pronto, pego meu telefone e as chaves do meu carro, indo
em direção a casa de Darko, onde Damian já me aguarda, chegou o
momento de dar início aos planos que tenho para essa noite.
Dirigindo pelas ruas de Belgrado, sou informado que
Konstantin acabou de chegar, sei que não ousará se aproximar de
mim, muito menos da minha família, mas não confio cem por cento
em ninguém, Bratslav pode tentar algo, também estou de olho nele,
aquele velho desgraçado só nos deixará em paz quando estiver
morto e eu só irei descansar quanto tiver sua cabeça empalhada
sobre uma lareira.
Estaciono em frente a casa de Darko, após passar pela
segurança, onde tive minha placa escaneada e meus olhos
analisados. Darko é doente por segurança, tanto ele quanto Damian
são alucinados por ela, afinal não descansaram até transformar a
casa de inverno que construí para Monike em uma fortaleza
impossível de adentrar.
Desço do carro subindo as escadas digitando a minha senha
de acesso e seguindo em direção a cozinha, onde encontro os dois
que se odiavam até pouco tempo atrás compartilhando uma mesa
de café da manhã.
— Se me dissessem que esse momento chegaria, eu riria na
cara do desgraçado depois de passar uma faca em sua garganta —
anúncio minha chegada sentando-me à mesa no lugar reservado
para mim.
— Eu o ajudaria a esquartejar o maldito — Damian fala nos
fazendo gargalhar.
— Finalmente Bratslav não tem mais poder sobre nenhum de
nós. — Darko morde um pedaço generoso de um sanduíche de
forma relaxada.
— Vamos deixar aquele demônio fora de nossas vidas ao
menos por enquanto, iremos manter o plano que consistirá com ele
tendo sua cabeça arranca por Dusham e nossas vidas seguirão
longe deste desgraçado — informo.
— Imagino como será quando toda a verdade vier à tona —
Damian pontua.
— Isso é Stefan quem deverá resolver, ele é o futuro da
nossa máfia, seremos sempre leais a Triglav e a ele — Darko fala e
nós concordamos.
— Mas parem de enrolar, comam logo, estou desesperado
para fazer o Anjo das Sombras sofrer um pouco. — Damian sorri
maléfico.
— Como se não fizesse todas as tatuagens que tenho desde
que aprendeu a tatuar.
— Mas convenhamos que você acabou de elevar o nível de
dor.
— Foi você quem tatuou o pau e não eu, aliás, ambos têm
argolas penduradas neles. — Decido irritá-los.
— Ninguém vence Darko no quesito furar o pau, ele tem até o
períneo com piercings. — Damian tenta jogar a zoação para cima de
Darko.
— E se me irritarem eu coloco um no meu cu. —Levanta-se
sem nenhuma paciência. — Agora vamos, estou louco para arrancar
seu couro.
Ganho um tapa forte nas costas e Damian gargalha como um
idiota, finjo que não é comigo, começando a comer pacientemente
sobre o olhar hilário de Damian.
— Tem certeza de que é isso que fará com que Monike
acredite no que sente por ela? — Seu questionamento tem
fundamento.
— Não, ela sabe bem o homem que estou sendo e o quanto
irei passar meus dias demonstrando o que sinto até que os
demônios em mim me levem ao inferno para que possa pagar pelos
meus pecados, isto é apenas uma forma de demonstrar que nada
em momento algum os afastará de mim.
— Então termine de comer, neste momento Darko deve estar
se deliciando com o que está por vir.
Não digo nada e também não como muito, sei o que passarei
nos próximos minutos. Finalizo meu café um pouco demorado,
apena para irritar Darko que é impaciente como demônios sedentos
por sangue e saio da mesa seguindo para o estúdio de tatuagem
que tem aqui.
Assim que atravesso a porta vejo os dois conversando perto
da lareira, começo a tirar minha roupa, ficando apenas de calça.
— As comadres podem continuar conversando, não precisa
se preocupar comigo. — Irrito-os um pouco mais.
— Vou fazer as marcações enquanto Darko termina de
aquecer o ferro.
Damiam faz as medições no meio do meu peito, para deixar o
mais centralizado possível, temos apenas uma chance de fazer isso
dar certo, vou marcar a ferro o nome de Monike em toda extensão
do meu peito e o nome de Isaac menor ficará dois dedos acima do
meu mamilo esquerdo. A demora em fazer isso foi apenas porque o
ferreiro precisava fabricar a peça da forma e tamanho que
precisávamos.
Enquanto tenho Damian fazendo as marcações em meu
peito, Darko informa que o ferro está no ponto exato para ser
utilizado.
— Prontos para sentirem o cheiro que impregna o inferno? —
Darko se aproxima de mim.
— Pegue, coloque isso entre os dentes. — Damian me
entrega uma toalha que coloco na boca pressionando com força,
enquanto os vejo ajustar a posição do ferro incandescente, fazendo
com que sinto o calor apenas da aproximação queimar.
— É isso — Damian diz e Darko concorda.
— Um, dois, três. — A contagem de Darko se inicia e ao final
dela o ferro incandescente se cola em meu peito por tempo
suficiente para que eu quase desmaie.
O cheio de carne queimada e a dor lancinante me tomam, o
som do ferro chiando em minha pele me faz segurar com força as
bases da maca, quando o molde é retirado parece levar consigo
parte de mim. Meu coração está acelerado e meu grito abafado pela
toalha queima minha garganta, enquanto os dois sorriem vitoriosos
pelo bom trabalho executado, já que ouço isso de suas bocas.
— A perfeição disso é animal — Darko diz batendo os pulsos
com Damian que sorri demoníaco.
— Acredito que deseje fazer algo parecido em breve —
informa fazendo o sorriso do Anjo da Atrocidade surgir.
— Estarei disponível sempre que desejar. — Pisca feliz
demais para o meu gosto. — Venha, vamos cuidar disso. — Ele me
puxa para que levante.
Com o foco completo na dor que sinto, não me importo com o
que Darko começa a fazer, ao final da limpeza que não faço a
menor ideia do que ele usou, apenas senti a dor aumentar em
alguns momentos. Ele coloca um tipo de adesivo transparente,
cheio de furinhos para um tipo de proteção.
— O que diabos é isso? — questiono ao ver meu peito como
se estivesse plastificado.
— Não interessa, apenas utilize e mantenha limpo, pegue. —
Ele me entrega uma caixa com mais deles. — Ainda bem que
Monike é médica, ela saberá cuidar de você.
— Acho que o sexo não vai rolar por algum tempo —Damian
desdenha.
— Nem se o inferno congelar, tenho planos de foder com ela
por todos os lugares daquela casa — informo vestindo a parte de
cima da roupa e sim o fato de ter esse negócio no meu peito como
curativo ajuda a não grudar na minha roupa. — Não se atrase para
buscar Isaac, e se um fio de cabelo dele estiver faltando quando
voltar para casa eu mesmo te mato.
Ouço a gargalhada dos dois enquanto saio sem olhar para
trás.
Saio de lá porque ainda preciso cuidar do meu setor antes de
buscar minha mulher para nossa noite.

Passei o dia em um spa, sim, um que foi montado do Ícaro


aqui em casa mesmo, passamos o dia juntos, quase perto do
horário de almoço, Darko chegou de helicóptero para buscar as
crianças ao lado de Damian, meu coração se apertou um pouco por
ver meu filho passar a primeira noite longe de mim, mas Ícaro me
garantiu que estaria na casa de Darko, ele daria seu jeito.
Ao final do dia eu já tinha planejado a roupa que iria, mas
Raika chegou me informando que havia acabado de receber uma
encomenda e que estava no quarto de hóspedes ao lado. Caminhei
ate lá e me deparei com uma enorme caixa preta com um laço
vermelho e um envelope em cima.
Abro a caixa encontrando um vestido de renda preto com
nude, e sandálias altas com pedrarias, visto o conjunto de lingerie
preta com meias três quartos e sinta liga, coloco o vestido que veste
cada curva do meu corpo como se houvesse sido produzido nele, é
sexy e sedutor, meus longos cabelos pretos estão soltos e a
maquiagem que uso é pesada nos olhos com nude nos lábios.
Vestida e me sentindo suar frio sem saber o que ele tem
planejado para essa noite, sento-me na cama, quando Raika bate
novamente na porta.
— Senhora, o senhor Dimitri a aguarda na sala.
Olho as horas e vejo que é exatamente o horário marcado
por ele, pego minha bolsa e desço enquanto sou encarada pelo
homem mais lindo do mundo, Dimitri é misterioso e sempre que o
vejo usando um terno preto de três peças ele se parece realmente
com o mafioso malvado que é.
CAPÍTULO 42

Estou hipnotizado, nem mesmo quando as palavras de


comando me eram ditas meu corpo reagia desta forma, quieto,
como se o tempo acabasse de parar, a dor que sinto no peito nem
se compara com o rugir dos meus demônios que gritam para que a
esconda do mundo, dos olhos de todos aqueles que podem tirá-la
de nós.
Seus olhos azuis parecem ainda mais sexys enquanto desce
as escadas me encarando, seu sorriso parece meio desconcertado,
como se esperasse que lhe dissesse o que estou achando da visão,
tudo que consigo pensar enquanto ela se aproxima é que posso
assassinar qualquer que seja o filho da mãe que ousar olhá-la.
— Quando vi este vestido imaginei que ficaria perfeito, que
idiotice a minha, apenas agora, ao usá-lo, entendo sobre perfeição
— digo assim que se aproxima e seguro sua mão.
— Assim fico completamente sem graça.
— Tigresa, confie em mim, vou dar tudo que tenho para não
derramar o sangue de todos aqueles homens que a olharem essa
noite.
— Por favor, Dimitri, sem mortes.
— Apenas por um pedido seu. — Beijo sua testa. — Vamos.
— Estendo-lhe o braço saindo com ela.
Abro a porta do carro apara que se sente, travando seu cinto,
dou a volta para me sentar no banco do motorista.
— Para onde vamos? — sonda, curiosa.
— Primeiro vamos jantar. — Pisco para ela que sorri.
Saímos com uma escolta de quatro carros batedores, dois na
frente e dois atrás de nós, dirijo em um silêncio confortável, posso
ver pela minha visão periférica o sorrio que ela carrega e o olhar de
espanto quando paro em frente ao Prezident Palace Belgrade, um
luxuoso hotel cinco estrelas que tem um dos melhores restaurantes
do país em seu terraço, neste momento meu nome e título abrem
portas por onde quer que eu vá, já que esses restaurantes têm uma
fila de espera de quase um ano.
Desço do carro dando a volta para ajudá-la a descer,
estendendo-lhe meu braço, somos recepcionados por um dos
funcionários.
— Conde Dothraki, Condessa. — O homem nos cumprimenta
e nos encaminha até o elevador exclusivo do restaurante.
Com uma senha especial digitada no painel digital, seguimos
até lá, quando as portas se abrem somos envolvidos por um
universo do qual eu detesto, mas os olhares que recebemos é de
surpresa já que não sou o tipo de homem que sai na noite para
compartilhar do meu precioso tempo com a tal alta sociedade.
Somos direcionados à nossa mesa, puxo a cadeira para que
ela se sente, sentando-me à sua frente, peço uma garrafa de
champagne e nosso jantar hoje fica a escolha do chef.
— A minha ficha ainda não caiu. — Suas palavras me fazem
sorrir.
— Esqueça de todo o resto, pense apenas em nós — peço, e
a vejo concordar com um acenar de cabeça.
Pela primeira vez conversamos sobre tudo e nada, sobre
sonhos e planos, eu sou apenas Dimitri Dothraki e ela Monike
Astoriã, pessoas normais que estão se conhecendo.
O jantar é servido, e logo a sobremesa nos é enviada pelo
chef, a noite parece leve e tranquila, por todo o tempo ignoro a dor
do meu peito que lateja e por muitas vezes quase me faz ver
estrelas, mas sou treinado a fingir bem, Monike não imagina o que
se passa, apenas sorri comigo e conversa sobre como foi escolher
ser médica e em como o som do coração de Isaac batendo a
modificou para sempre.
Após uma noite agradável saímos para a segunda fase do
meu plano, voltamos para casa e assim que estaciono o carro, ela
me olha em expectativas.
— Precisa neste momento que confie em mim e me siga —
informo.
Descemos do carro e começamos a caminhar para a piscina
externa, está nevando, retiro meu sobretudo colocando sobre seus
ombros enquanto caminhamos, todas as luzes estão apagadas e
apenas na piscina temos uma frase feita com velas flutuando sobre
a água.
“CASA COMIGO?”
— Meu Deus, Dimitri. — Surpresa, ela cobre a boca com as
mãos e quando se vira para mim encontro-me ajoelhado com uma
caixinha de joias abertas, mostrando-lhe uma aliança.
— Aceita? Aceita ser minha mulher, aquela que receberá de
mim por todos os dias a prova do amor que aprendi e descobri ser
capaz de sentir, que me deu uma família enfrentando a mim mesmo,
quando eu ansiava ser apenas o demônio que era e não o homem
que você acredita que eu sou. Monike Astoriã, quer se casar
comigo?
— Sim! Mil vezes sim. — Ela se joga em meus braços
fazendo o medo da rejeição cair dos meus ombros. — Dimitri, o que
está sentindo? Está quente.
— Nada. — Coloco o solitário em sua mão e ela faz o mesmo
com a aliança grossa que faz par com a sua em meu dedo.
Puxo-a para os meus braços apertando-a contra meu corpo,
quando minhas vistas ficam pretas e meu corpo tomba no chão.

Dimitri foi perfeito desde o momento em que acordou, sem


nem mesmo imaginar, realizou meu sonho de jantar com ele, me
pediu em casamento de uma forma tão romântica que jamais
imaginei que ele poderia ser, mas agora o desespero de vê-lo ser
carregado pelos seguranças e deitado na nossa cama quase me
paralisa, ele queima em febre e não sei de onde vem.
Os soldados me ajudam a deixá-lo apenas de cueca e o
colocam dentro da banheira com água fria, assim que o fazem todos
saem, nos deixando sozinhos.
Ele abre os olhos assim que jogo água fria sobre seus
cabelos e o grande curativo em seu peito me assusta.
— Você me deu um susto! O que está sentindo, Dimitri? —
pergunto e ele apenas sorri. — Não estou brincando, o que ouve
com você, por que está usando um grande curativo de queimadura,
onde se machucou?
— Bem, essa era a outra surpresa da noite, mas parece que
meu corpo decidiu que não suportaria até o momento de te revelar,
acredito que precise trocar o meu curativo, doutora. — Pisca para
mim.
Após algum tempo o mantendo dentro da água para baixar
sua temperatura, ele me ajuda a sair, parecendo melhor. Já seco,
caminho com ele até a cama e o sento lá enquanto pego meu kit de
primeiros socorros, mas não sem antes trocar de roupa, vestindo
uma camisa sua que como sempre serve como um vestido.
— Acho sexy quando usa minhas camisas, doutora.
— Cale a boca! Já me assustou o suficiente por hoje, não
pense que fazer brincadeira vai amenizar isso.
— Por que não abre seu presente e depois me conta se vou
ou não amolecer seu coração de pedra.
Sento-me ao seu lado começando a tirar o curativo com
cuidado e seu peito tatuado parece ter sido esculpido por fogo, e
assim que entendo o que aconteceu eu quero matá-lo.
— Filho da puta, maldito! Você não tem juízo?!
— Não gostou do presente?
— Eu amei, seu grande idiota, mas quero matá-lo por se
machucar dessa forma.
— Sempre irei carregar vocês comigo, tigresa, não importa
onde esteja, nada vai nos separar.
É impossível não chorar ao ver meu nome que toma todo seu
peito e sobre seu coração o nome do nosso filho. Dimitri não tem
juízo, mas não posso negar que seu jeito ainda que insano tenha
tocado meu coração.
Cuido de tudo e limpo o ferimento com cuidado, mesmo
assim ele resmunga de dor, aplico alguns antibióticos direto na veia,
depois de cobrir novamente com o curativo específico para grandes
queimaduras.
— Parece que nossa noite regada a sexo e muitos orgasmos
não vai rolar.
— Não, está de castigo por me deixar tão nervosa, só vai
usar seu pau agora quando puder se mover sem se machucar.
— Isso é tortura, doutora.
— Deveria ter pensado nisso antes de ter se machucado.
— Foi para te presentear, você deveria gostar e não me
castigar.
— Eu amei, mas como médica, suspendo o sexo e o esforço
físico até segunda ordem.
— Quero uma segunda opinião, doutora.
— Neste momento eu sou a lei.
Ele sorri me puxando para os seus braços.
— Eu te amo, tigresa.
— Eu também te amo, Dimitri.
Logo ele dorme pelo efeito da medicação que lhe dei, choro
pela primeira vez de alegria, Dimitri não tem juízo nenhum e essa
tatuagem só mostra o quão louco por nós ele é.
Pego meu telefone enviando uma mensagem para Darko
para saber como está Isaac, e logo recebo a resposta, uma foto dele
dormindo nos colchões no chão do cinema ao lado dos primos que
assistem filme junto com Darko, Ícaro e Damian. Vê-los assim
aquece meu coração, levanto-me da cama indo tirar minha
maquiagem, voltando em seguida para os braços do homem que um
dia teimei em amar, tendo a ciência hoje de que essa foi a minha
melhor escolha, ainda que a mais perigosa.
CAPÍTULO 43

Dois meses depois...


Os dias foram se passando e Monike foi linha dura comigo, o
máximo que eu conseguia eram alguns orais e sob a condição de
que não me moveria, o que era uma tortura, uma daquelas que eu
amava.
Puxo-a para os meus braços e isso é algo que amo fazer,
fazer meu corpo entender que minha mente não está nos pregando
uma peça e que sim, nós a temos como temos Isaac. No outro dia,
após acordarmos, digamos que eu ainda estava mio mal, lhe
mostrei a nova certidão de nascimento de Isaac, que agora me tinha
como seu pai, o sorriso mais lindo do mundo se abriu para mim e
mesmo que estivesse todo lascado eu precisava dela e ela me
presenteou montando em meu rosto para que eu pudesse lhe
chupar e eu gozei apenas sentindo seu gosto, sem me tocar,
apenas com seus gemidos.
— Diz que não precisamos sair dessa cama. — Sua voz
rouca e abafada pelas cobertas sonda minhas intenções.
— Eu gostaria de te dizer que não precisamos, mas tenho
uma vistoria para fazer nas boates. — Retiro a coberta de sua
cabeça e cheiro seus cabelos.
— Eu preciso realmente estar no hospital, Isaac tem consulta
com a pediatra e vai tomar as vacinas.
— Por que não me espera? Posso ir com vocês na parte da
tarde.
— É coisa rápida, não vamos demorar.
— Tudo bem.
Ela se enrosca em mim, suas pernas se embolam com a
minha e eu em toda minha vida que sempre fui acostumado a
dominar, por motivos óbvios, hoje sinto todo o prazer do mundo
quando ela está no controle.
— Assim você não facilita minha vida, tigresa.
— Acredito que está de alta, que tal mais tarde cumprir
aquela sua promessa de dor e prazer?
— Sai daqui agora, Monike, ou juro que mando tudo para
puta que pariu e te fodo com tanta força que precisará de
atendimento médico. — Gargalhando ela pula da cama, correndo
em direção ao banheiro.
Já prontos e arrumados, verifico a sua escolta ameaçando
cada um dos soldados que farão parte dela, ajudo a colocar Isaac
na cadeirinha e os acompanho até certa altura, quando nos
separamos, cada um seguindo seu caminho.

O dia passou com todas as informações necessárias sobre


eles, cada passo foi milimetricamente acompanhado, é final de tarde
e o que pensei fazer em apenas uma manhã durou por quase todo o
dia. Saco meu telefone ligando para ela.
— Oi, amor. — Sua voz acalma minha alma sombria que vive
de agonia em agonia.
— Damian vai até você, Ícaro ficará com Isaac enquanto você
vai se encontrar comigo.
— Algo especial que precise de produção?
— Não, nada de produção, porém é algo que preciso fazer e
desejo que esteja comigo.
— Tudo bem, eles acabaram de chegar, já estou a caminho.
Encostado no meu carro, fico observando tudo ao meu redor,
pela manhã informei aos meus irmãos o que tinha em mente, creio
que essa página precisa ser arrancada da minha vida e queimada
para que não sobre nem mesmo as cinzas. Como tenho algum
tempo até que Monike chegue, pego meu telefone e começo a
seguir os passos de Sekani e Bratslav, ambos andam bem quietos
ultimamente, não creio que meu progenitor vá mexer qualquer que
seja as peças do jogo na minha direção, agora quem segura a
corrente da coleira que Konstantin usa sou eu, mas jamais dormiria
com os dois olhos fechados, não confio nessa calmaria que se
instalou.
Sekani está no Afeganistão[21], as informações que tenho é
que está negociando ópio[22] com os produtores de lá, ansiando por
expandir seus negócios. Respiro fundo passando a mão sobre meu
peito, sentindo as ondulações dos nomes de Monike e Isaac, estou
usando apenas a camisa do meu terno, sem gravata. Olho no meu
dedo e vejo a minha aliança, tantas coisas aconteceram, hoje posso
dizer que tenho algo pelo que lutar e eu daria minha vida por eles,
tudo está acontecendo exatamente como o esperado.
Olho à minha frente o lugar que foi por anos meu refúgio mais
demoníaco, aquele pelo qual eu demonstrava poder e fingia
liberdade, uma que sempre foi contida por uma coleira invisível de
longas e pesadas correntes. Passo a mão em meu pescoço, porque
mesmo que não existisse ferro algum o peso dele era muito real
para mim.
— Meu maior questionamento agora é, por que estamos
aqui? — A voz da minha mulher me faz sorrir. Já havia os visto
chegar, e agora vejo Damian desaparecer pela estrada e sumir entre
as árvores.
— Esse lugar sempre foi meu inferno. — Puxo-a com a
mesma necessidade existente em mim, de ter seu corpo colado ao
meu. — Era aqui que eu expurgava o ódio que sempre tive e
mostrava a um total de zero pessoa como o Anjo das Sombras era
cruel, foi aqui que te conheci e desejei desesperadamente fazer
contigo tudo de mais perverso que podia imaginar. — Respiro fundo
e mentalmente agradeço a Dusham por suas imposições. — Nunca
mais enterrei ninguém aqui, não depois que te conheci aquele dia.
Nunca mais houve a necessidade de ser o homem que habitava
dentro dessas paredes, e como você me livrou disso, mesmo sem
eu notar, é com você ao meu lado que darei um fim a esse lugar.
— Dimitri, não precisamos disso.
— Eu preciso, Monike, todos os corpos enterrados aqui foram
devolvidos as suas famílias, uma denúncia anônima os indicou a
milhares de quilômetros daqui, tudo que sobrou foi essa casa dos
horrores que irá queimar.
— Estou aqui com você, sempre estarei ao seu lado.
— Isso é tudo tão macabro, em nada se parece com o tipo
normal de relacionamento que uma pessoa como você merece.
— Eu me apaixonei primeiro pela sua escuridão, Dimitri, e
hoje eu conheço a sua luz, sempre soube o que fazia e nunca me fui
enganada, eu queria o que estava disposto a me dar, é doentio,
tóxico, muitas vezes de consentimento duvidoso. — Quando ouço
suas palavras fecho meus olhos e sinto o quanto a machuquei. —
Mas foi isso que eu desejei, tenho tudo que quero, e por mais louco
que pareça eu faria tudo de novo para ter você e o nosso filho. —
Beijo sua testa. — Então vamos acabar logo com isso e vamos para
casa.
Concordo com um acenar de cabeça, a sento no capô do
carro e caminho até a casa que já está banhada em gasolina, pego
do bolso um isqueiro acendendo-o e a uma distância segura o jogo
no rastro do combustível que rapidamente é lambido pelo fogo, volto
até onde está e vejo tudo começar a ser consumido.
— Poderia fechar tudo isso com árvores, reflorestar essa
grande parte seria algo legal. — Monike me faz sorrir, só mesmo ela
para pensar em coisas aleatórias enquanto o fogo cresce a níveis
altíssimos.
— O que acha de escolher o tipo de plantas que vamos
colocar aqui?
— Eu acho ótimo.
Seu olhar se prende ao meu e o calor do fogo nos aquece, a
noite começa a dominar tudo e apenas as chamas altas da cabana
queimando clareia tudo.
— O que tanto me olha? — pergunto me colocando entre
suas penas.
— O reflexo do fogo em seus olhos revela todos os seus
demônios.
— Isso não te assusta?
— Não, isso me excita.
— Monike. — Alerto-a pra que não vá ir por esse caminho.
— Está tão quente aqui. — Ela tira sua blusa, ficando apenas
de sutiã.
Logo seus tênis saem dos pés, e entendo o que a safada
está fazendo.
— Por que não me fode com força enquanto estamos aqui, é
o mais próximo do calor do inferno que chegaremos por hora, liberte
um pouco seus demônios, permita que eles façam comigo o que
desejam.
— Está sendo alguém que os mima demais.
— Eu quero tudo, Dimitri, tudo que me prometeu meses
atrás.
— E que você mesma me impediu de fazer.
— E que agora estou louca para que faça.
— Ah, tigresa, eu vou marcar cada pedaço do seu corpo
enquanto grita para a escuridão da noite o quanto você nos
pertence.
Começo a tirar sua roupa, deixando-a nua, deitada sobre o
carro. Tiro minha roupa e meu pau já baba desesperado por ela,
pelos cabelos a puxo, deixando seus pés no para-brisa e sua
cabeça pendurada sobre a grade dianteira, ajusto sua altura e ouço
gritinhos surpresos com toda a movimentação que faço.
— Exatamente na altura perfeita, agora me chupa, sua vadia
safada. — Bato com meu pau duro em seu rosto e ela sorri.
Sorrindo sua boa se abre quando me enterro até sua
garganta, Monike me recebe sem resmungar, seus braços estão
abertos e suas pernas estão em uma posição sexy e quente como o
inferno. Apesar de toda neve em volta de nós, a grande fogueira que
queima e estala nos aquece e se nos aproximarmos mais, podemos
sentir os efeitos das chamas queimando realmente a nossa pele.
Vou socando com força em sua boca, sentindo o prazer
percorrer meu corpo. Seus gemidos são altos e engasgados, eu
sorrio com a imagem de vê-la sufocar com meu pau, quando o retiro
ela busca o ar com força e me faz sorrir. Seguro seu pescoço com
força fazendo com que ela desça do carro.
— Como é estar sentindo o gelo sob seus pés? Te recorda
como nos conhecemos? — pergunto, ainda apertando seu pescoço
pequeno, se forçar um pouco mais o quebro.
— Sim.
— Sim, o que, pequena?
— Sim, senhor.
— Sabe o que desejei fazer com você no momento em que te
vi nua? — Desço minha mão pelo seu corpo perfeito e alcanço sua
boceta molhada massageando seu clitóris.
— Não.
— Quis socar meus dedos em sua bocetinha virgem — falo
metendo dois dedos de uma vez.
— Ahhh! — geme tentando lançar sua cabeça para trás, mas
não consegue por estar sendo contida por mim.
— Quis alargá-la ao máximo, quis enfiar minha mão inteira
dentro dela, quis tirar sua virgindade com meu punho, quer mesmo
que meus demônios entrem dessa forma na nossa brincadeira?
— Sim, por favor. — Vejo a luxúria em seu olhar e as chamas
do fogo contidas nele quase me enlouquece.
— Tão perfeita e receptiva. — Lanço seu corpo contra o
carro.
Solto seu pescoço e ergo sua perna sustentando-a com
minha mão.
— Quero que goze gritando enquanto rebola em meu punho,
estamos apenas começando, tigresa.
Beijo sua testa e permito que meus demônios assumam o
controle.
CAPÍTULO 44

Eu sabia no momento em que o olhei, que Dimitri


enlouqueceria com minha fala, mas nada se compara ao que vejo,
ele está completamente imerso em seu inferno e eu sou seu
brinquedo favorito.
Estou tão molhada que posso lubrificar toda sua mão, mas
ele deseja mais, ele deseja me levar à exaustão, com os quatro
dedos enfiados em mim e tendo meu corpo pressionado contra o
carro. Seus movimentos são intensos e ritmados, todas as células
existentes em mim parecem sentir os disparos que seu toque
perverso e intenso nos causam. Não consigo pensar e suas mordias
que queimam como o fogo que nos aquece me fazem explodir em
um orgasmo tão forte no exato momento em que ele enfia toda a
sua mão fechada em punho em minha boceta.
— Dimitri!!!!! — grito com tamanho prazer que jogo minha
cabeça para trás, que bate com força na lataria do veículo. — Aii! —
grito pela dor que eu mesma me causei.
Tenho meu corpo erguido pelo seu braço sem que sua mão
saia de mim.
— Começa a rebolar, não sabe o quanto é quente e apertado
aqui, meu pau deseja tanto entrar na brincadeira, mas me contenho
em apenas contemplar seu prazer.
— Não vou suportar mais, por favor, por favor.
— O que deseja de nós, tigresa?
— Orgasmos.
— Então rebola, safada, rebola gritando.
É impossível não obedecer, meu corpo tem vida própria,
continuo sendo marcada pelos seus dentes, rebolando em sua mão
e esfregando meu clitóris em seu pau que está exatamente no lugar
exato. Meu corpo queima, talvez a temperaturas maiores do que a
casa que pega fogo próximo e nós, um beijo furioso se inicia, estou
entrando em curto-circuito, os movimentos que ele faz são tão
certeiros que meu coração parece que vai explodir, com certeza ele
se comportaria assim se estivesse correndo uma maratona.
— Esta tão perfeitamente sexy, tigresa, gostamos da forma
com que se entrega, mas precisamos que goze, ou vamos empurrar
com mais força e pode machucar.
— Dimitri, estou quase lá novamente, não para, não agora.
Um grunhido alto quase feral escapa de sua garganta,
ecoando pela noite ao se misturar com os estalos da madeira que o
fogo consome, quando o sinto girar o punho dentro de mim, apenas
esse movimento me faz gritar ao explodir em um orgasmo ainda
mais violento que o primeiro, meu corpo inteiro goza e o jatos do
meu gozo escorrem de mim no momento em que ele começa a
retirar sua mão.
— Eu não consigo respirar — falo em busca de ar.
— Tigresa, estamos apenas no começo — sussurra em meu
ouvido descendo meu corpo e sinto meus pés tocarem novamente
no chão gelado.
E como ele disse, estávamos mesmo apenas começando, a
última coisa de que me lembro antes de ser vencida pelo cansaço
extremo, pois meu copo foi levado ao limite, é do grito orgástico que
ele liberou no mesmo momento em que toda a estrutura da casa
veio ao chão.

Monike desmaiou em meus braços quando gozei feito um


animal enchendo seu rabo quente e apertado com meu gozo. O céu
estava iluminado como um enorme tapete de estrelas, quando a
peguei nos braços colocando-a no carro e prendendo seu cinto após
vesti-la com meu blazer.
Finalizando mais uma etapa de minha vida, visto minha
roupa, me sento no banco do motorista, enviando uma mensagem
para os meus funcionários para virem aqui limpar tudo e
reflorestarem de mata nativa, esse lugar será enterrado juntamente
com Madame Loren e todas as suas malditas lembranças.
Saio de lá seguindo em direção à nossa casa, já havia
colocado a venda, a outra que usei por muitos anos, não quero nada
que me lembre do tempo em que era controlado, em que o peso das
correntes me mantinha preso e cheio de limitações.
Tenho uma sensação ruim e faço uma ligação para Darko, a
primeira pessoa de quem me lembro é Isaac e se ele estiver bem
fico mais calmo.
— Vocês precisam aprender a deixar que cuidemos de tudo,
acredita mesmo que Damian, doente por segurança como é deixaria
algo acontecer com ele?
— Como sabe que liguei por isso?
— Apenas sei — informa Darko.
— Estão ótimos, Ícaro acabou de colocá-los para dormir.
— Estou com uma sensação de ser vigiado.
— Vá para casa, está longe? — sonda e sua voz muda
completamente.
— A quarenta minutos de lá, siga nossa localização em
tempo real — peço e logo começo a ouvir sua digitação frenética.
— Estão na tela, próximos à bifurcação que os coloca na
rodovia principal que os levará direto para casa.
— Vasculhe ao redor — solicito, a maldita sensação parece
me consumir como as chamas do fogo que incendeiam o inferno.
— Tudo correndo como esperando. — Suas palavras não
amenizam em nada essa maldita sensação. — Espere!
— O que foi, Darko? — Soco o volante acordando Monike
que me olha assustada.
— Tem três SUV’s seguindo vocês em uma estrada paralela,
vão se encontrar na bifurcação.
— Como sabe que estão nos seguindo, porra?
— Todos os faróis estão desligados, eles estão indo
diretamente até vocês.
— Darko, envie reforços, não nos perca de vista.
— Puta merda! — Ouço-o dizer quando entro com o carro
pelo meio da mata em uma estrada de caça.
— Dimitri, o que está acontecendo? — Monike acorda
assustada, tento pensar, a olho e a vejo nua, apenas com meu
blazer.
— Estamos sendo seguidos, tente vestir sua roupa.
— Eu não...
Ela não termina de dizer o que diria quando batemos em algo
fazendo nosso carro capotar por várias vezes, os airbags se abrem
e a seguro com minha mão tentando amenizar o sacolejo que
damos a cada giro que o carro dá no que parece ser uma descida,
todos os vidros explodem quando batemos em algo e seu grito
desesperado é a última coisa que ouço antes de apagar.

Tento abrir meu olho, o cheiro forte de gasolina irrita meu


nariz, lembro que estávamos fugindo e batemos em algo, depois foi
como entrar em uma máquina de lavar e ser chacoalhado para
todos os lados.
— Dimitri, amor corda. — Fazendo força, solto meu sinto. —
Ahhhhhh! — grito quando caio e então percebo que tem um pedaço
de árvore cravado na minha perna direita.
Analiso tudo à minha volta, verificando se ele está preso a
algo mais além do cinto, tem um corte fundo em sua cabeça, mas
ele está apenas desmaiado, sinto a sua pulsação, logo começo a
bater em seu rosto para que ele acorde, mas não surte efeito. Forço
seu cinto até que Dimitri cai ainda desacordado, isso começa a me
preocupar.
Não consigo me mexer sem que a dor lancinante me tome,
forço a porta e com o resto das minhas forças consigo abri-la,
exatamente num momento em que uma luz forte queima meus
olhos.
— Olha se a cadela não está viva, você fode como uma puta
profissional.
— Vai se foder! — falo e ganho um soco forte no rosto que
não me apaga, ao contrário, me deixa zonza e ainda mais furiosa.
— Filho da puta!
— Uma vadia valente. — O sorriso de escárnio do homem à
minha frente deixa claro que estamos muito ferrados.
Vejo a movimentação e o barulho da porta ao lado de Dimitri
se abrir.
— Não toquem nele! — grito.
— Ah, pequena tigresa, você ainda não viu nada do que
vamos fazer com ele.
Recebo uma pancada na cabeça e caio na mais profunda
escuridão.
CAPÍTULO 45

Acordo sentindo água gelada ser jogada em mim, a sensação


de afogamento me deixa alerta, mas não me desespero, isso era
apenas o início do treinamento que todos nós passamos.
Olho em volta e percebo que estou em um galpão, quando
param de jogar água em mim com uma mangueira anti-incêndio,
percebo meu corpo balançar como um pêndulo, estou preso pelos
pulsos. Minha preocupação agora é saber onde está Monike, tento
me mexer, mas não a vejo em lugar nenhum, mantenho minha falsa
calma para lidar com esse desgraçado e lhe mostrar quem eu
realmente sou.
— Vejam só, o famoso Anjo das Sombras acaba de acordar.
— Sekani sorri caminhando em minha direção.
— Acreditei que nos veríamos em breve, mas demorou muito,
por onde andou? — pergunto o olhando nos olhos.
— Pelo Afeganistão — responde, sorrindo sarcástico.
— Ópio, ousado de sua parte. — Não demonstro surpresa
com sua presença e posso ver que ele está intrigado com isso, mas
não quer demonstrar.
— Veja só, um homem como você deveria ter se cuidado
melhor, não imaginou que foder como um animal no meio do nada
seria perigoso? — Um acenar e ouço o grito de Monike, e minha
raiva antes contida deseja explodir. — Vejam só, Anjo, sua mulher
está nua e machucada, meus homens estão loucos para provar um
pouco dela.
— Ouse tocá-la e o farei comer o próprio pau — rosno entre
dentes quando ganho um chute no estômago que me faz o ar
desaparecer dos pulmões.
— Não está em posição de fazer ameaças aqui. — Segura
meu rosto com força, girando-me para que veja minha mulher em
pé, nua, sendo segura por um homem quase do meu tamanho.
Analiso seu estado, as marcas das minhas mordias estão lá, ela
está pálida, então desço meu olhar e vejo um pedaço de algo
cravado em sua coxa. Volto meu olhar para Sekani e logo encaro
Matula que não esboça nenhuma reação, apenas direciona seu
olhar para o homem ao seu lado.
Kinot, irmão mais novo de Sekani, e com cara de quem está
prestes a aprontar, sei que a este momento Darko e Damian estão
para explodir isso aqui em instantes, então preciso ganhar tempo.
— A mesma posição que Eliza estava quando foi espancada
até quase a morte por você — rebato e ganho um soco no rosto.
— Jamais tocaria em minha mulher, muito menos grávida de
um filho meu.
— Sekani, escute bem o que vai acontecer. — Cuspo sangue
no chão. — Eu sairei daqui, matarei todos vocês, depois irei iniciar
meu processo de mumificação com você — falo olhando para Kinot.
— Irei te amarrar, colocar dentro de um caixão, e o fecharei dentro
de uma parede, alimentando seu oxigênio até que morra de
inanição.
— Hahahaha! Precisa aprender a perder, Anjo das Sombras.
— Depois não diga que não lhe avisei.
Em um time perfeito a explosão começa e a parede lateral
explode lançando todos para longe, sinto os escombros voarem
sobre meu corpo, Damian entra ao lado de Darko devastando todos
à sua frente, o grito agonizante de Monike seguido de tiros me faz
tentar arrancar as correntes à força, ao olhar a vejo com uma arma
na mão e o corpo do homem que a prendia ao seu lado, ela o matou
antes de cair, com certeza pegou sua arma.
— Calma, porra! — Damian se aproxima enquanto vejo
Matula e seus homens se virarem contra Sekani e Kinot.
— Monike, ela precisa de mim, vamos! — imploro
desesperado.
Quando me solto corro até ela e então percebo que o homem
que a prendia arrancou o pedaço de madeira que estava preso à
sua perna, rasgando tudo do joelho para baixo e o sangue jorra
como um rio, faço pressão sobre o local começando a gritar por
Damian ou Darko que lutam para conter as tentativas de escape dos
irmãos Mwangi.
— Damian, eu preciso de algo para fazer pressão! — grito
novamente. — Monike, me escuta, vou tirar você daqui, vai acabar
tudo bem, vamos voltar para nossa casa — falo e ela oscila entre
abrir os olhos e fechá-los. — Não me deixa, amor, não me deixa,
não agora que entendi o que sinto, que eu tenho todo o mundo para
te dar de presente. — Desesperado, aliso seu rosto manchando-o
de sangue.
— Dimitri, estou com frio, muito frio.
— Eu vou esquentar você. amor, espera — aviso. —Damian!
— Meu grito ecoa e parece materializá-lo ao meu lado.
— Aqui. — Ele me entrega um cinto que aperto em sua coxa,
fazendo um torniquete.
— Preciso levá-la daqui — falo erguendo-me com ela
desmaiada em meus braços.
— Vamos, o helicóptero está pousando — Damian avisa e
vejo Darko cortando a garganta de alguém.
Ele se parece mesmo com o Anjo da Atrocidade neste
momento.
— Tudo isso foi muito arriscado, eu sabia que essa porra de
plano daria errado — Damian esbraveja comigo. —Mas não vamos
pensar nisso agora, eles só chegaram com um dia de antecedência.
— Algo que Matula pagará por não nos informar — aviso,
farei com eles o dobro de tudo que Monike sentiu, não se pode
acreditar que causar danos e machucados à minha mulher ficará
impune.
Alçamos voo e deixo Damian com Darko terminando de
limpar toda a bagunça que Sekani causou, neste momento Monike é
minha prioridade.

No momento em que pousamos no terraço do hospital, uma


equipe de socorristas já nos aguarda, coloco Monike desmaiada
sobre a maca e os procedimentos começam a acontecer, só então
entendo que estou nu.
— Senhor, vista. — Uma enfermeira me entrega um tipo de
calça e camisa verde que eles estão usando, no saguão de entrada
sob o olhar de poucos funcionários, visto-me caminhando até o que
parece ser uma recepção.
— Preciso usar seu telefone — peço.
Assim que o aparelho me é entregue, ligo para Ícaro.
— Dimitri, aconteceu alguma coisa? Achei que já estivessem
chegando, mas é madrugada.
— Estou no hospital com Monike, ela foi leva para a sala de
cirurgia, depois explico tudo, peça aos meus homens que me
tragam roupas limpas, no meu quarto tem uma gaveta com um
telefone reserva nela, ao lado da minha cama, avise que preciso de
armas também.
— Certo, me mantenha informado, e Damian e Darko, onde
estão? — Sua preocupação é real.
— Eles estão bem e sem machucados, logo chegarão.
— Não está mentindo para mim, está?
— Não, te dou minha palavra.
Encerro a ligação devolvendo o aparelho à recepção.
— Senhor, precisamos cuidar do seu machucado — um
homem aponta para minha cabeça.
Levo meus dedos e sinto o pulsar da dor que até então não
estava sentindo.
— Tudo bem. — Concordo, seguindo-o até uma sala onde
sou anestesiado de forma local e costurado por não sei quanto
tempo.
— Pronto. — É tudo que me diz.
Antes de sair somos informados que tem alguém me
procurando, com certeza é meu soldado, o recebo e sou
encaminhado à sala médica pela diretora do hospital, a Foller.
— Aqui, fique à vontade para tomar banho e se trocar, assim
que tiver informações sobre o estado de Monike eu trago a você. —
Agradeço com um acenar.
Tomo um banho sentindo o ardido das escoriações do meu
corpo, mas saio de lá vestindo minha roupa, pego minha arma e me
sento para configurar meu telefone.
— Informe que quero segurança redobrada tanto aqui no
hospital, quanto em minha casa, ninguém entra ou sai sem meu
consentimento — ordeno.
— Sim, senhor.
Caminhando de um lado para o outro, enquanto vou
recebendo as atualizações de Sekani, Kinot e Matula acesso as
câmeras de segurança da minha casa e vejo que Isaac está com
Ícaro e os filhos na brinquedoteca que criaram quando voltamos de
Roma.
Quase uma hora depois, Damian e Darko chegam no hospital
e apenas pelo olhar entendo que estão fervendo de raiva, assim
como eu.
— Como ela está? — Darko questiona sentando-se ao meu
lado.
— Em cirurgia, é tudo que sei.
— É a segunda vez que estamos aqui pela pessoa de um de
nós — constata como se fosse algo banal.
— Causamos essa destruição nas pessoas ao nosso redor,
somos como ervas daninhas, apenas sufocamos e destruímos —
Damian pondera.
— Infelizmente não temos o poder de os deixar ir — falo
esfregando meu rosto e sinto uma fisgada no local dos pontos,
decido mudar de assunto, pensar que Monike está em cirurgia e que
nada agora depende de mim me causa um desejo insano de beber
o sangue daqueles desgraçados. — Acreditam mesmo que nossa
próxima jogada dará certo?
— Se não ocorrer imprevistos, sim, Kinot quer o comando da
Máfia africana, Sikane nem imagina que isso aconteça, precisamos
que eles apenas se destruam para que tudo siga seu curso — Darko
pontua.
— Vou surrar Matula por não nos informar.
— Sekani cortou a comunicação de todos os seus homens,
estava desconfiado de ratos entre eles — Damian é quem informa.
— Que fizesse a porra de um sinal de fumaça! — esbravejo.
— O homem que estava com Monike era o seu homem de
confiança, por isso ela não foi tocada.
— Ainda bem que ela o matou, ou eu mesmo o faria, mas
tentar amenizar o lado dele não vai aliviar, Damian, eu posso perdê-
la, e se isso acontecer mando todos eles para o inferno. —
Constatar isso me causa uma fúria e um aperto descomunal no
peito.
— Ei, ela é forte, é da Monike que estamos falando, precisa
relaxar. — Darko tenta me acalmar, mas só piora a situação.
— É bom que ela continue com todos os pedaços no lugar,
porque se essa terra não viu o inferno de perto verá caso eu a perca
ou a receba de volta com algum fio de cabelo faltando em sua
cabeça. — Ergo-me, e assim que acabo de falar o médico adentra a
sala.
— A cirurgia foi um sucesso, ela não corre risco de vida, mas
ainda temos o risco de amputação de sua perna, fizemos tudo que
podíamos para não seguir por esse caminho, os próximos dias dirão
muito sobre sua recuperação e sobre quais caminhos seguiremos.
Apesar da laceração em sua perna e da cicatriz que vai ficar, estou
confiante de que a amputação será algo cada dia mais distante.
Muita fisioterapia irá ajudá-la após esse período, agora vamos focar
em sua recuperação e em manter a perna no lugar — fala e suas
palavras parecem distantes.
— Posso vê-la?
— Ela está na UTI, ficará por mais alguns dias e depois irá
para a semi-intensiva e conforme for progredindo irá para o quarto,
temos um longo período pela frente, mas vou pedir que o levem até
lá para vê-la — avisa. — Estarei à disposição.
O médico sai e imagino o quão difícil será para ela os
próximos dias.
CAPÍTULO 46

Uma semana depois...


Observo o dia nascer da janela do meu quarto, fui obrigado a
vir para casa, Ícaro me informou que Isaac sentia falta dos pais e eu
não o queria no hospital por ser muito novinho e por medo de
represálias de alguma forma, aqui ele está mais seguro.
Sobre meu peito, meu filho dorme tranquilo, exatamente onde
passou toda a noite sem acordar ou se mexer, minha real
preocupação é com minha mulher que luta pela vida naquele
hospital, a forma como sua perna ficou pode ser que não tenham
condições de mantê-la. Respiro fundo, arrancaria a minha própria
perna se ela pedisse, e a cada segundo sem saber o que pode
acontecer com ela me deixa com mais sede de sangue.
Ouço meu telefone tocar e assim que atendo ouço a voz de
Damian.
— Precisa vir ao hospital.
— Diga que ela está viva.
— Está.
Desligo o telefone e no mesmo momento ouço batias na
porta.
— Entre. — Autorizo a entrada de Ícaro.
— O Dam me mandou. — Seu olhar é triste e meu peito se
comprime.
— Não minta para mim.
— A perna dela, a piora foi significativa — ele fala pegando
Isaac do meu peito, vejo meu filho se espreguiçar, resmungando um
pouco, mas não acorda.
Sem dizer nada, me levanto da cama pegando meu telefone
e as chaves do meu carro saindo sem olhar para trás. Dirigindo
como um louco pelas ruas de Belgrado, imagino tudo que pode
acontecer se a perder, como viveria sem tê-la, como suportaria
minha vida sem aqueles olhos azuis mandões? Sinto-me preso, e a
sensação é pior do que ser hipnotizado por aqueles desgraçados e
usado como um cão imundo, nada se compara ao medo que sinto
de não a ter mais.
Estacionando no hospital, desço quase correndo sem me
preocupar com nada além dela. O elevador parece rir de mim com
essa música ambiente irritante e a velocidade de uma tartaruga ao
se movimentar, quando as portas se abrem, dou de cara com
Damian e sua feição não está das melhores, olho para o lado e vejo
Darko com o mesmo olhar.
— Parem de me olhar e falem, porra!
Ela não pode ter morrido! Não, ela não me deixaria, não
novamente.
Não me dizem nada quando o médico chega com a cara
aflita.
— Senhor Dimitri, um tipo de infecção começou a se estender
pela perna da paciente, fizemos todos os exames o risco de
sepse[23] é alarmante.
— Fale de uma forma clara, sem rodeios.
— Moniketinha, uma bactéria carnívora destruindo sua perna,
tivemos que reanimá-la por duas vezes, uma infecção generalizada
podia acontecer já que ela não respondia as medicações, tivemos
que amputar sua perna logo acima do joelho, ela está lutando
bravamente pela vida. — Seu olhar me destrói, a forma com que
fala parece uma linguagem que não entendo.
Sinto uma dor profunda perfurar meu peito, ela não pode
morrer, não pode me deixar, não pode ser dessa forma, não depois
de tudo que passamos.
— Eu preciso vê-la — informo e ale apenas concorda com
um acenar de cabeça.
— Ela está na UTI, mas vou providenciar sua entrada, faz
uma hora e meia que a levamos para lá.
Não consigo pensar em nada além de tocar seu rosto, olhar
para ela e ouvir seu coração bater, preciso sentir seu corpo quente
sobre meus dedos. Chego ao local que parece uma ante sala e sou
orientado por uma enfermeira, faço tudo no automático, ouvindo a
voz da mulher muito longe daqui, imagino que Sekani e toda aquela
máfia maldita vai sucumbir em minhas mãos, enquanto me banho
em seu sangue, os farei pagar pelo sofrimento da minha mulher, e
isso não será negociável.
— Pronto, senhor, por aqui.
Sou conduzido até a UTI e vê-la cheia de fios me paralisa,
sento-me ao seu lado em uma cadeira que a mulher acaba de
colocar.
— Oi, amor. — Começo a falar quando ouço a porta se fechar
atrás de mim. — Me perdoe, não deveria tê-la levado lá, deveria ter
feito tudo sozinho e voltado à nossa casa e te amado como louco na
nossa cama. — Sinto meus olhos queimarem e arderem, meu
coração parece acelerado e é impossível não chorar. — Seja forte
por nós, amor, pelo Isaac, não vou conseguir sem você, prometo
que cuidarei de tudo, faremos o que for preciso para ter uma vida
normal, mesmo que eu precise carregá-la em meus braços para
sempre.
Seguro sua mão repousando minha cabeça sobre ela,
perdido em meus pensamentos e envolto no medo de perder a
única mulher que um dia ousei amar, sou tomado pelo desejo de
vingança que começa a pinicar sob minha pele e borbulha até a
superfície. Não serei benevolente, muito menos terei misericórdia de
cada um deles.
— Senhor, precisa sair. — A enfermeira volta e faz com que
me afaste.
— Eu volto para te ver — sussurro em seu ouvido, retirando-
me da UTI.
Após arrancar as vestimentas sigo até meus irmãos.
— Ela é forte, vai sair dessa — Darko diz segurando meu
ombro.
— Diferente de Sekani e seu irmão, eles não terão
escapatória, vou destruí-los — informo e eles entendem que chegou
a hora de me vingar.
— Está tudo pronto, em dez minutos eles serão soltos como
se um erro estivesse acontecendo, todos os caminhos os levarão
até onde estaremos o esperando, e lá você é o demônio que
comanda tudo — Damian avisa.
Seguimos em nossos carros, chegou o momento de alimentar
meus demônios com o sangue dos nossos inimigos.

Caminhando pelo lugar onde tudo será filmado e enviado aos


membros da Marks of Terror, entramos na sala onde os
aguardamos, as grandes telas nos mostram como lutam
bravamente, assassinando todos os soldados que encontram pelo
caminho. Matula acaba de se separar deles, o vemos ser levado
para a sala ao lado da nossa, enquanto os irmãos Mwangi
continuam acreditando que irão escapar.
— Parecem ratos — Damian gargalha.
Darko está de braços cruzados, está assim desde a notícia
sobre a amputação de Monike, enquanto vemos os desgraçados se
engalfinharem seguindo diretamente até nós, saio da sala onde
estamos entrando exatamente onde eles irão chegar.
No lugar tem uma arma com apenas uma bala sobre uma
mesa, sento-me na outra extremidade com minha arma no colo,
aguardando o momento certo de adentrar pelos portões do inferno.
Então acontece, eles adentram desesperados, o lugar
completamente branco e me encaram assustados.
— Preciso dizer que foi engraçado vê-los correr como loucos
para chegarem até aqui. — Bato palmas porque é impossível não
fazer.
— Seu desgraçado!!! — Sekani tenta caminhar em minha
direção quando os lasers miram uma parede que os limita
exatamente onde estão.
— Ops! Se fosse você não faria isso — desdenho da
situação.
— Dimitri, no momento em que colocar as mãos em você
nada o livrará. — Tenta me ameaçar e vejo que Kinot já viu a arma e
a encara com certeza imaginando que pode usá-la.
— Vamos logo com isso, como é, Kinot, estuprar e espancar
a esposa amada do seu irmão e chefe? — falo vendo o solavanco
que o corpo de Sekani sofre.
— O quê? — Sekani se vira no exato momento em que
revelo o segredinho sujo do seu irmão, pegando a arma da mesa.
— Era um segredo? Ah, me desculpe. — Sou cínico. — Mas
deixa eu te contar, já que ele não o fez ainda. Eliza foi estuprada
todas as vezes que você, o poderoso chefe, saia de casa, seu
homem de confiança não é tão confiável assim, quando ele
descobriu que Eliza estava grávida a levou para longe, porque o
filho poderia ser dele, o que Kinot não contava era que ela seria
mais esperta e fugiria. Mas ele não desistiu, conseguindo localizá-la
espancando-a até a morte, o que ele não contava era que ela seria
encontrada ainda com vida e antes de morrer deu o filho para minha
mulher, o tornando prontamente meu filho.
— Desminta ele, Kinot! — grita furioso enquanto vejo seu
irmão recuar um passo pressionando a arma em sua mão.
— Ele não fará, sabe por quê? Porque é verdade, mas eu
gostaria de te dizer, Kinot, que Isaac é mesmo filho biológico de
Sekani, eu me certifiquei disso.
— Aquela cadela imunda. — Kinot decide abrir a boca. — Se
oferecia para mim, então eu a fodi como a vagabunda que era, não
me arrependo, faria mil vezes mais e muito pior que da última vez.
— Estuprou minha esposa grávida??? — Sekani voa sobre
ele e antes que consiga o alcançar ganha um tiro na testa.
Vejo Kinot virar-se em minha direção e descarregar a arma, a
surpresa fica por não ter mais balas e sua cara é impagável.
— Em que mundo vive que acreditou que te daria essa
oportunidade?
— Seu verme imundo. — Ele caminha em minha direção e
quando toca os lasers seus dedos da mão caem decepados no
mesmo instante, o grito de dor que ele libera me excita e eriça todos
os meus demônios.
— Bem, meu filho é o futuro da minha casa, será um conde
como eu, porém, ele é a linhagem real da Máfia africana Marks of
Terror, ele será treinado por mim, para ser o pior dos assassinos, o
mais cruel e sanguinário que toda a sua máfia já viu, nem mesmo
todo e qualquer espírito antigo existente em suas crenças poderá
revelar tamanha escuridão e crueldade, mas eu, meu filho e futuro
chefe da sua máfia será leal e justo como você não foi.
— Ele jamais será aceito, ninguém irá acreditar em nada
disso! — Kinot esbraveja.
Logo as vozes deles discutindo ecoam pela sala exatamente
na parte que ele confessa o que fez.
— Não?? Tem certeza? Quis tanto o lugar do seu irmão que
se esqueceu de ser prudente, deveria o ter desafiado como é a lei
da sua família, mas caminhou errado, Kinot, e eu o farei pagar.
Assim que digo isso, dois dardos paralisantes o acertam
fazendo com que caia no chão, ele não está apagado, está
paralisado, sentirá tudo que farei com ele, e vai entender que não se
deve jamais atravessar o caminho de um Anjo da Escuridão.
CAPÍTULO 47

Observo Damian e Darko entrarem na sala com uma maca


para colocarmos Kinot, seus olhos se movem desesperados e eu
gargalho por saber que ele irá sofrer, assim que seu corpo inerte é
deixado nu e colocado sobre a maca, caminhamos com ele até sua
morada eterna.
— Gostei dessa ideia de mumificar, apesar de desejar uma
tortura mais medieval — Darko fala. — Gostaria de ouvir seus gritos
de dor.
— Confie em mim, Anjo da Atrocidade, ele vai agonizar, se
quiser colocamos um microfone em sua tumba para que assim que
o efeito da toxina passar possamos ouvi-lo, acredito que será uma
ótima canção de ninar aos seus ouvidos sensíveis e macabros.
— Eu curti muito essa ideia — Damian fala dando tapinhas
nas costas de Darko.
Chegamos à sala onde um caixão de concreto foi criado
especialmente para este momento, toda estrutura já foi montada
para chumbá-lo nas paredes rochosas deste lugar e fazer com que
Kinot descanse em paz, ou não.
Assim que posicionamos a maca no meio da sala meus
irmãos se afastam e eu me aproximo de Nikot para que ele veja
bem meu rosto divertido com tudo que farei com ele.
— Vamos começar. — Aliso sua cabeça raspada e seus
olhos assustados me encaram. — Minha mulher perdeu um membro
por sua causa, nada mais justo que fazer o mesmo com você. —
Sorrio contemplando o medo e entendimento em seus olhos.
Vou até a mesa pegando uma serra elétrica e ligando-a.
— Uma perna por outra, a conta é sempre justa.
Começo a serrar sua perna fazendo sangue voar para todos
os lados, misturados a pedaços de carne e ossos triturados e
minúsculos, olho para Damian que se ergue trazendo até mim uma
corda para fazermos um torniquete, enquanto Darko aquece o ferro
que irá cauterizar nossa amputação.
— Concordo com Darko, os gritos seriam bem-vindos aqui.
— Não se preocupe, o efeito logo irá passar, passe a cinta de
contenção em seu pescoço e pulsos — ordeno sendo obedecido.
Darko caminha até nós e começa a cauterizar o local da
amputação, o cheiro de carne queimada atinge minhas narinas e se
mistura ao cheiro de urina e fezes que o poderoso Kinot solta.
— Sempre agem como cães medrosos — Darko fala
cuspindo sobre o corpo do homem.
Assim que ele finaliza caminho até a mesa e pego um bastão
que foi lixado para que fique áspero o suficiente para machucar.
Darko ergue suas pernas, enquanto Damian joga água para nos
livrar da sujeira que ele fez.
— Agora para alguém que violentou a mulher do irmão, um
bastão enfiado no rabo, passará a eternidade com ele socado até o
fundo. — Vejo-o piscar e tentar balbuciar algo, isso me diz que o
efeito da toxina está passando. — Quer falar? — Aproximo minha
cabeça de sua boca. — Não? Pois bem, vamos continuar.
Posiciono-me e começo a introduzir o bastão, o sangue
começa a escorrer de seu cu que está sendo arrombado, então o
grito de dor ecoa pelo local, com certeza Kinot acaba de estourar
suas cordas vocais, tamanha força do seu desespero.
— Hahahaha! Agora está ficando divertido — Darko gargalha
animado.
O corpo de Kinot sofre espasmos e Darko começa a esculpir
com sua faca vários cortes superficiais, apenas para que ele sinta
arder quando a mumificação começar, se debatendo e gritando o
homem tenta se livrar de nossa sentença.
— Desgraçados! Malditos! Me soltem, me soltem! — Seus
gritos se transformam em choro e isso faz Damian fechar os olhos
apreciando o momento.
Um soco de Darko atinge seu rosto o fazendo desmaiar.
Com seu corpo inerte novamente começamos a passar uma
grandiosa camada de pomada com acidez bem alta, que o fará
queimar e sentir como se seu corpo estivesse sendo derretido em
ácido puro, para isso os cortes foram feitos. Enrolamos todo seu
corpo com panos, assim que o soltamos, logo ele começa a se
debater gritando, sendo seguro por nós três o colocamos no caixão
e o aprisionamos , empurramos a grande caixa fúnebre para o local
na parede onde os canos de oxigênio são encaixados, para que ele
demore bastante tempo para morrer, com tudo pronto, lacramos o
local.
— Que tal uma aposta? Quantos dias acreditam que ele leva
até a morte? — Damian começa.
— Uns quarenta, o desgraçado tem estrutura, acho que ele
irá agonizar por dias — Darko pontua.
— Não se esqueça, irmãozinho, que ele não tem água —
informo.
— Verdade — pondera.
— Da forma que está não passa de três dias — aviso.
— Que se foda! — Damian responde, vamos cuidar do que é
importante.
Seguimos em direção aos vestiários, precisamos nos lavar e
seguir com o plano.
Prontos, vamos até Matula, ele é a linha que manterá a Máfia
africana calma e tranquila até que meu filho possa assumi-la.
Atravessamos a porta e o vemos ficar assustados aos nos
ver.
— Tudo resolvido? — Ergue-se ao questionar.
— Ainda temos apenas uma coisa a resolver antes de
finalizarmos nosso acordo. — Olho para Darko que está terminando
de acender um charuto.
— O que seria? Eu fiz tudo que tínhamos planejado.
— Então a sua falta de informação colocou minha mulher em
uma cama de hospital, seu silêncio lhe causou isso, sua falta de
comunicação a mutilou.
— Não, eu não tinha como, Sekani estava desconfiado e nos
tirou qualquer forma de comunicação externa — fala nervoso,
tentando manter sua posição.
— Fizesse a porra de sinal de fumaça! Qualquer coisa que
me informasse que a estava levando para o olho do furacão —
esbravejo segurando-o com força.
Meus irmãos caminham até ele segurando-o, enquanto ele se
debate tentando argumentar, sua cabeça é travada e vou até ele.
— Um pedaço dela, por um pedaço seu.
Com o charuto na mão abro seu olho esquerdo e colo a brasa
em seu globo ocular, minha vontade é cravar seu crânio contra essa
parede com uma barra de ferro.
— Haaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaa! — Seu grito
desesperado ecoa pelo lugar.
— Soltem! — Assim que ordeno seu corpo cai ao chão
levando suas mãos ao rosto agora machucado.
— Seguirá com o plano. — Seguro seus cabelos para que me
encare com o olho bom. — Irá mostrar as provas e levará meu vídeo
até eles, será o chefe interino enquanto treino Isaac para assumir
seu lugar de direito, toda e qualquer decisão que a Marks of Terror
tomar será aprovada por mim. Não me traia, não pense que esse
novo posto é eterno, não deseje que eu leve todo meu inferno à
África e elimine toda vida pertencente a mim, pois cada membro e
familiar, e até os malditos espermatozóides de suas bolas e óvulos
de suas mulheres pertencem a mim agora, até que meu filho seja
elevado ao cargo mais alto. Você entende o que eu digo?
— Sim, senhor.
— Acho muito bom, tudo que precisa estará em uma maleta à
sua disposição, envie meu vídeo de aviso aos líderes anciãos, quero
um vídeo resposta com todos eles concordando com minha
autoridade, eu não ganhei a fama que tenho por ser misericordioso.
— O solto lançando seu corpo ao chão.
Saio de lá voltando diretamente para a minha mulher, quando
meu telefone toca me informando que ela acabou de acordar.

Abro meus olhos sabendo exatamente onde estou, começo a


sufocar, tem um tubo em minha garganta e não consigo respirar.
— Calma, Monike, vamos tirar isso de você. — Não consigo
saber quem é.
Tento me controlar para não ficar desesperada, logo o
procedimento de retirada do tubo de ventilação começa e finalmente
o ar parece voltar aos meus pulmões.
— Aqui, beba. — Um copo com um canudo é colocado à
minha frente e engulo pequenos goles de água para aliviar a
ardência da minha garganta.
— Dimitri — murmuro sentindo o raspar chato e incômodo.
— Ele já está vindo, acabamos de chamá-lo.
Tento mexer meu corpo, me recordo de ter sofrido o acidente
e de ter algo na minha perna, a sensação estranha me toma quando
não sinto meu pé, olho para o lado e só então vejo a diretora Foller.
— Minha perna... — Tento processar, e como médica entendo
o que aconteceu.
— Precisamos amputar um pouco acima do joelho, achamos
que a perderia, mesmo operando com os melhores médicos teria
sequelas, porém uma bactéria carnívora se instalou, Monike, e
precisamos optar entre sua perna e sua vida, e não tivemos dúvida.
Respiro fundo e mesmo que eu, como profissional fizesse a
mesma escolha, é diferente quando a perna que falta é a sua. Sem
conseguir segurar começo a chorar, por todas as dificuldades que
precisarei enfrentar.
Ouço a porta se abrir e vejo que é Dimitri, o choro parece
explodir vindo com muito mais intensidade.
— Amor. — Ouço a voz dele e sua preocupação. — Não
chora, estou aqui, estamos aqui por você, Isaac está desesperado
de saudade e eu já não aguento mais ficar sem você em nossa
casa.
— Como será agora? Não sei se consigo.
— Consegue, conseguiremos juntos, só não desiste de tudo,
não desiste da nossa família, nós precisamos de você, Monike,
como necessitamos de ar, todo o resto iremos superar juntos.
Ele me puxa para um abraço e afundo meu rosto em seu
pescoço, permitindo que a dor da descoberta me acerte e que me
desmonte, para que com a sua ajuda e seus braços eu possa me
reconstruir, por Isaac, por Dimitri e acima de tudo, por mim.
CAPÍTULO 48

Três anos depois...


Minha recuperação não foi fácil, passei mais de dois meses
no hospital, um bom tempo de muletas até que a prótese veio.
Dimitri moveu o mundo para que a melhor fosse criada com
exclusividade para mim, hoje voltei a ser independente e consigo
andar de uma forma que as pessoas não percebam que uso uma
perna mecânica.
Quando sofri o acidente, Dusham soube em partes, ele
descobriu sobre tudo que passamos até aqui, sobre como foi estar
com ele cuidando de Gaia sem lhe contar que eu e Dimitri tínhamos
algo, o olhar de decepção só não foi maior que descobrir que
tínhamos um filho, ele ganhou três sobrinhos em uma pancada só, e
em meio ao caos que está tentando proteger sua mulher essa conta
só chegaria agora.
Dusham por pouco não perdeu Gaia para um ser abominável
que quase a matou, graças aos céus todos chegaram a tempo e ela
foi salva, mas ele quase morreu tentando salvá-la, pois foi alvejado
por tiros enquanto a protegia.
Amanhã é o dia que irão se reunir para resolver qual será a
punição que ele dará a Dimitri, só de imaginar isso sinto meu corpo
inteiro se arrepiar, por isso estou agora o aguardando, em um café
aqui mesmo, dentro do hospital, onde voltei a trabalhar há
exatamente um ano.
Vejo o homem que mais parece uma montanha todo de preto,
assim como Dimitri, vindo em minha direção, o amor que sinto por
ele é tão grande, que mesmo o medo que tenho de sua instabilidade
se torna ínfimo a tamanha gratidão.
— Um encontro com várias pessoas ao redor, tudo isso é
medo de mim, Monike? — Senta-se como se o mundo lhe devesse
reverenciar e sem nenhuma expressão no rosto.
— Se quiser podemos ir até a minha sala, mas me lembro
que alguém me viciou em café, e só aqui neste café vende o
verdadeiro grão brasileiro — digo tentando amenizar sua carranca.
— O que quer?
— Que não mate Dimitri, somos uma família, temos um filho,
eu sei que ele não irá revidar do seu castigo, e morrerá com honra,
mas eu te imploro, Dusham, não o mate. — Seguro sua mão sobre
a mesa e seu olhar vai de mim para ela.
— Ele quebrou um pacto, Monike.
— Eu quem me ofereci para ele — revelo sem vergonha
alguma. — Dimitri foi violentado, manipulado, devastado como ser
humano, Dusham. — Quando falo seu olhar se arregala, surpreso.
Então conto tudo, tudo desde os seus cinco anos até agora,
em como ele mudou, em como as coisas estão agora.
— Não me olhe como se estivesse mentindo, tudo isso que te
contei foi exatamente como aconteceu, imagine se Gaia tivesse
morrido, se não conseguisse salvá-la?
— Monike... — Ele tenta falar, mas eu o corto.
— Não, por favor, me ouça, eu imploro, sei que ele foi quem
pediu que decidisse isso, e foi ele quem marcou essa maldita
reunião. Eu só peço, Dusham, não mate o homem que amo, não
mate o pai do meu filho.
— Como acha que me sinto? Fiquei no escuro todos esses
anos, mentiram para mim, sobre tudo, Monike, sobre exatamente
tudo. — Sua voz é baixa e letal, e faz um gelo percorrer minha
espinha. — Eu posso ser quem sou, mas jamais os trairia dessa
forma. Como acha que me senti em ser excluído do convívio dos
meus sobrinhos?
— Dusham, diz isso agora que tem Gaia, que entende de
sentimentos, mas e antes? O Dusham de antes quebraria meu
pescoço apenas por afrontá-lo — digo e o vejo engolir. — Não tente
negar, sabe que falo a verdade.
— Eu passei pelo inferno, Monike, aliás, todos nós
passamos, e se existe algo que não irei deixar barato é o fato de um
pacto ser quebrado, existem consequências e os envolvidos arcarão
com isso, levarei em conta tudo que me disse, e sim, o Dusham de
antes iria assassinar todos que ousassem me desafiar como você
faz, mas diferente deles, o que sinto por você hoje consigo explicar,
porque aprendi sobre sentir. Eu a amo como amo meus irmãos, está
aí a sua resposta a todos os anos de questionamentos insuportáveis
a que me submeteu, eu a salvei por achar ser o certo a se fazer
quando era apenas um bebê, e a levei pela segunda vez para longe,
por acreditar que meu primeiro esforço não seria em vão. Antes eu
não tinha um nome a dar ao motivo, mas por todos esses anos,
Monike, eu a protegi por amor, e apenas por ele eu vou levar em
consideração tudo que me disse aqui. — Sorrio com os olhos cheios
de lágrimas, porque consigo enxergar as mudanças que Gaia fez
nesse homem.
— Eu te amo, Dusham, e sempre foi amor, muito mais que
gratidão. Você fez por mim o que todos ao meu redor insistiam em
não fazer, e ainda que não seja cheio de demonstrações de afeto,
desejo que você e Gaia sejam os padrinhos de Isaac. — Vejo-o
respirar fundo e sentir o impacto de minhas palavras.
— O que Dimitri acha disso?
— Que eu fiz a melhor escolha, Gaia ama Isaac e sei que
faria pelo meu filho o que fez por mim, assim como seus irmãos
dariam a vida por ele, você também o faria.
— Então por que não escolhe Darko ou Damian? — Sinto o
receio em seu questionamento, Dusham ainda precisa aprender
sobre sentimentos.
— Porque até mesmo eles acreditam que você é o melhor
padrinho para Isaac — falo. — Sabe bem quem meu filho é, e o que
vai herdar, você e seus irmãos precisarão protegê-lo, Dusham, sei
que meu filho será um homem forte como seu pai e tios, mas isso só
irá acontecer se o ajudarem.
— Eu aceito. — É tudo que ele diz.
Levanto-me caminhando em sua direção e o abraço, Dusham
a princípio resiste, mas logo retribui e eu sorrio.
— Você me salvou, Monike, mesmo que eu não imaginasse
isso, foi o resquício de luz em minha vida, e ele foi usado para
entender quando minha mulher chegou, você já havia aberto o
caminho para que ela caminhasse por ele sem precisar de um
esforço descomunal, e mesmo assim não foi fácil. Obrigado! —
Assim que finaliza suas palavras me solta do abraço. — Nunca mais
desejo ver medo em seus olhos quando me olhar, assim como
agora. Gaia é minha preciosidade, minha vida, mas você é minha
irmã, tanto você quanto ela se demonstrarem medo por mim me
quebra em mil pedaços. — Ele beija minha testa.
— Obrigada, Dusham. — Dou um beijo em seu rosto e o vejo
sair.
Meu coração sabe que mesmo que ele precise cumprir com
as consequências que a quebra de um pacto causou, esse Dusham
jamais mataria o irmão.
Caminho para o quarto de Isaac, meu filho ainda dorme,
diferente de mim que não fechei os olhos a noite inteira, Monike
chega em algumas horas de seu plantão e eu não estarei aqui,
chegou a hora de encarar as consequências de quebrar o pacto que
fizemos ainda que crianças.
Observo meu filho dormir, ele está grande e falante, sou
apaixonado pela sua pele preta e seus olhos intensos. Cheiro seus
cabelos e me permito relaxar um pouco, apenas ele e sua mãe tem
o poder de me acalmar, tocá-los, aproximá-los de mim faz com que
todo o inferno silencie dentro de mim.
Saio do seu quarto seguindo em direção ao galpão, vejo que
os carros dos meus irmãos já se encontram aqui, abro a grande
porta do centro de treinamento, atravessando-a e quando termino
de fechar, virando-me para ir em direção ao centro, ganho um soco
que me faz bater contra a porta.
— Acreditou que me esconderia tudo por anos e nada
aconteceria? — um Dusham muito furioso brada com o rosto colado
no meu. — Responda!
— Eu a queria, e ela me desejava.
— Era apenas uma criança! — Um soco atinge meu
estômago, me curvando quando começo a sorrir.
— Nunca havíamos ligado para idade, Anjo da Morte,
fodemos bocetas muito mais novas que a dela. — Outro soco me
atinge e minha fúria começa a aumentar.
— Eu havia dado uma ordem!
— Nunca mandou em mim. — Devolvo o soco, porque nem
fodendo que vou apanhar de graça.
— Não consegue seguir uma maldita ordem, Dimitri.
— Vai se foder, Dusham!
Começamos a trocar socos, temos quase o mesmo tamanho,
tenho dois metros de altura e ele é cinco centímetros menor que eu,
porém eu não ouso subestimá-lo.
Continuamos a troca de socos, quando o que ele me diz me
paralisa.
— Deveria ter nos contando sobre Bratslav, sobre ser
abusado por ele. — O soco me acerta jogando-me longe. — Eu
quero matá-lo por permitir isso Dimitri.
Os socos continuam, estou sem conseguir reagir.
— Eu me odeio por não o salvar, me odeio por não proteger
você e Damian daquele monstro, eu o odeio. —O último soco
armado com certeza me mataria se ele não desviasse e socasse o
chão com tamanha força que pode ouvir seus ossos se partirem.
— Dusham... — Ele cai ao meu lado chorando com raiva.
Em todos os meus anos eu nunca vi meu irmão chorar, me
machuca muito mais sua dor que todos os socos que ele me deu.
Ergo-me sentindo o sangue quente escorrer do meu rosto,
chamando-o para que saia do chão. Ainda sem conseguir controlar
o choro ele me abraça e então abro meu olho e vejo Damian e
Darko paralisados à nossa frente, e estendo meu braço para que
eles se juntem a nós.
Quatro demônios que deixam a escuridão de lado para
permitir que um pouco de humanidade apareça. Os braços dos
meus irmãos nos envolvem e cedo as lágrimas junto com todos
eles, vamos nos pedindo perdão por todos esses anos em que não
nos protegemos, que nos odiamos e nos afastamos, fomos vítimas
de um doente maldito e neste momento permitimos entender isso.
— Eu jamais o mataria, jamais mataria qualquer um de
vocês. — Dusham parece destruído, e quando nos separamos,
podemos contemplar a face de quatro garotinhos que tiveram que
se tornarem assassinos muito cedo.
— Somos e sempre seremos família, hoje aprendemos isso,
sentimos e descobrimos sobre como é ter amor — falo. — E senti-lo
por nós mesmos sem vergonha alguma de revelar.
— Ainda beberemos Whisky em frente a uma lareira tendo a
cabeça empalhada de Bratslav na cornija. —Damian quebra o clima
de choro nos fazendo sorrir, enquanto todos nós enxugamos nossas
lágrimas.
— Parecemos quatro mulherzinhas, grávidas e choronas com
os hormônios a flor da pele — Darko diz e nós todos rimos.
— E o que sabe sobre mulheres grávidas e seus hormônios,
moleque? — Dusham dá um tapa em sua nuca.
— Pode ser que Kitana esteja grávida, e de gêmeos.
— Puta que pariu!!! — Damian solta, surpreso.
— Agora vamos cuidar desses machucados, parecem dois
cães de briga, pode ser que eu lhe conte como foi tudo que eu
passei até chegarmos neste momento.
As palavras de Darko parece nos animar, de alguma forma
temos a certeza de que não existe mais segredos entre nós, e a
lealdade se mantém firme e ainda mais forte, somos Anjos da
Escuridão e suportaríamos tudo um pelo outro, agora nós temos a
certeza disso.
CAPÍTULO 49

Um mês se passou desde que eles se acertaram, os


machucados de Dimitri não precisaram de pontos, e vê-los entrar
em casa gargalhando momentos depois que cheguei do plantão me
deixou muito aliviada.
Hoje é nosso casamento, e tudo já se encontra arrumado,
não teremos muitos convidados, eu quis algo mais reservado,
apenas Dimitri, seus irmãos, Stefan e os Espossittos. — Fiquei
muito íntima de Vanessa, Ayla e Anikka, seria impossível não
estarem aqui, e Dimitri concordou, se essa era minha vontade ele
faria. — Todos com suas famílias e mais ninguém, como Dimitri é
um conde romeno, precisaremos passar pela cerimônia de título, e
por ser membro da Triglav pela aliança de sangue.
Acabo de sair do banho, sentada na cama, deixando as
muletas que uso enquanto não estou com a prótese.
— Bom dia, meu amor. — A voz de Dimitri invade nosso
quarto.
— Bom dia, não o vi quando acordei, achei que estivesse fora
— falo e o vejo se ajoelhar na minha frente.
— Não, estava nadando com Isaac, ele me pediu ontem e
assim que voltei do treino o levei. — Suas mãos começam a abrir
meu roupão.
— Como sempre fazendo tudo por ele.
— Por vocês. — Seu olhar percorre meu corpo e suas mãos
começam a me deixar nua. — Eu tenho a mulher mais gostosa do
mundo. — Sua cara safada me deixa molhada.
Suas mãos sobem pela minha barriga e param em meus
seios, massageando-os com as palmas da mão.
— Um homem muito insaciável esse meu. — Seguro seus
cabelos que sempre têm o tamanho certo para que os agarre com
os dedos.
— Muito, é impossível não sentir meu pau pulsar apenas por
imaginar minha língua em sua boceta. —Devagar, meu corpo é
deitado sobre o colchão. — Sei que está sensível de ontem,
fodemos como coelhos desesperados, meu pau está sensível, mas
eu preciso de você, Monike, preciso gozar sentindo o pulsar de suas
carnes quentes me apertando. — Sua boca distribui beijos pelo meu
pescoço e sinto sua mão deslisar pela minha perna amputada, uma
mania que ele tem desde que a perdi.
— Fica impossível te dizer não dessa forma.
— Diz que quer da mesma forma que eu quero.
— Muito.
Não dá tempo de ele tirar seu short, coloca apenas seu pau
para fora e se posiciona entre mim e em apenas uma estocada sinto
ir fundo em mim, um rosnado é ouvido e seus movimentos
começam como ele é, intensos e poderosos. Com minha perna boa
me prendo á sua cintura e sinto toda sua vontade por mim, Dimitri
venera meu corpo, beijando por vários lugares onde sua boa
alcança sem nos descolar. Com um movimento brusco ele se ergue
levando-me junto e caminhando comigo até a parede mais próxima,
onde sou fodida com vontade. Minhas unhas arranham suas costas,
fazendo com que me morda de volta como retribuição e meu gemido
alto escapa, somos uma mistura louca de sentidos e vontades.
Rebolo em busca de mais enquanto ele arremete com força.
Seu polegar vai até meu clitóris massageando, e isso ativa
em mim o desejo mais desesperado de gozar.
— Vamos com o primeiro orgasmo rápido, tigresa, e pelo
inferno, eu não vou conseguir parar apenas nele.
— Me fode, Dimitri, apenas me dê quantos orgasmos eu
suportar.
— Seu pedido é sempre uma ordem.
Sua pegada intensa aumenta e o nosso primeiro orgasmo
vem junto, a mordida que dou quase rompe sua pele, mas não é
mais poderosa que a forma que minha sanidade desaparece toda
vez que sua mão está em mim.
Mesmo que estivéssemos cansados da noite anterior,
gozamos mais de uma vez, e segundo Dimitri tudo o que sentimos
foi um ótimo estímulo para começarmos bem o dia.
Eu, bem, eu não discordo dele em momento algum.
— Sabia que não poderíamos nos ver até a noite? — Sorrio
de minhas palavras.
— Agora eu consigo me manter longe até lá.
— Estarei te esperando ao lado dos meus irmãos, no altar,
onde vamos nos casar, você sabe do nosso compromisso, não é?
— Sim, vou estar usando branco. — Pisco e ele parece não
entender. — Só para o caso de não me achar.
— Isso seria impossível, meus olhos a reconheceriam de
qualquer maneira, e se um dia os perder, meus outros sentidos me
fariam encontrá-la em qualquer lugar, mesmo em meio a uma
multidão.
— Eu te amo, Dimitri.
— Não mais que eu amo você, Monike.
Com um beijo na testa ele se vai, me deixando
completamente boba e apaixonada.

Após ficar pronta com a ajuda de Ícaro, Gaia, Kitana e


Malina, o nervosismo começa a aparecer, mesmo sabendo que ele
não fugiria, acho que essa tensão acontece com qualquer um.
— Amiga, respire, eu entendo como se sente — Kitana fala
terminando de arrumar meu cabelo.
— Não se preocupe, você não vai cair, ele não vai fugir, todos
estaremos lá com você — Gaia fala com sua voz doce.
— Eu sei, e agradeço por estarem aqui comigo neste
momento. — Minhas palavras os emocionam.
— Não nos faça borrar a maquiagem — Malina fala e nos faz
rir.
— Vai lá e arrasa, esse dia é todo seu. — Ícaro segura
minhas mãos e beija minha testa.
Ouvimos uma batida na porta e nos olhamos.
— Com certeza é meu Àngelos[24]. — O brilho no olhar que
vemos em Gaia quando ela fala de Dusham é emocionante.
Todos eles saem e Dusham entra onde estou, vamos nos
casar no jardim é verão e eu amei como ficou tudo arrumado e
intimista.
— Chegou a sua hora — Dusham me fala estendendo o
braço para mim.
Testo minha prótese apenas por precaução, antes de pegar
em seu braço e ser levada por ele até onde Dimitri me espera.
Enquanto caminhamos pelo corredor posso ver todos eles me
olhando, minha família, meus amigos, aqueles que dariam a vida
por mim. Dimitri me olha sério e com uma pose altiva, como sempre
usando um terno preto que o deixa lindo e ainda mais encantador.
— Cuide bem dela — Dusham sussurra para que apenas nós
possamos ouvir e Dimitri apenas concorda com um acenar quase
imperceptível.
Colocamos-nos à frente do Ancião e a cerimônia começa.
— Hoje estamos aqui para unir o Conde romeno Dimitri
Dothraki e Monike Astoriã, futura Condessa romena, quando a união
das estrelas ocorre, uma chuva de meteoros acontece. Hoje, com o
nascer do sol nossa estrela maior que surge imponente aquecendo
nossas peles nesta manhã, se dá a união de duas almas
destinadas, Dimitri, escolhido desde o ventre para governar seu
povo, e Monike, sua auxiliadora. Na nossa cultura os soberanos
precisam empregar cuidado e proteção às suas escolhidas, e é
nesse intuito que questiono agora. Conde, esse se torna agora seu
propósito de vida?
— Sim. — Sua resposta é dada com o olhar fixo ao meu.
— Monike Astoriã, seu papel nessa relação se dá em ser
suporte e auxílio, neste intuito questiono agora, como futura
baronesa esse se torna agora seu propósito de vida?
— Sim.
— Na realeza antiga não usamos alianças, e sim a marca, o
testemunho impresso de que seus corpos pertencem ao outro, e
que ninguém poderá tocá-los.
Vejo um ferrão com o brasão da família de Dimitri ser
preparado, sendo aquecido no fogo.
— Estenda. — Dimitri coloca seu braço sobre a mesa, tendo
seu antebraço marcado com o selo do casamento.
— Estenda. — O pedido do ancião se estende a mim, me
aproximo, pois as mulheres são marcadas no ombro, logo o brasão
incandescente se cola em meu ombro queimando minha pele,
selando minha união.
— Estão agora ligados em casamento, serventia e
submissão, seus corpos não são mais seus, eles pertencem ao seu
companheiro. Vida longa e próspera aos Condes romenos.
— Vida longa! — todos respondem e mesmo que seja uma
cerimônia aparentemente fria eu me emociono.

Aliança de sangue
Cerimônia de casamento mais antiga da máfia Sérvia
Triglav...

Sentindo uma mistura louca de sensações das quais não


posso demonstrar por estar à frente de anciãos e precisar parecer
uma geleira fria, meu coração parece um vulcão ativo e com a
expectativa do que estar por vir, me deixa ainda mais empolgado.
Logo o ancião romeno é substituído por um ancião Triglav,
ele irá nos unir em uma aliança de sangue, uma cerimônia muito
antiga.
— Pela lei mais antiga, uma aliança de sangue torna a
mulher e o homem intocados, ninguém pode macular com o toque
um elo, apenas familiares, e apenas com a permissão de ambos os
elos — informa. — Após a cerimônia, Monike receberá os
cumprimentos femininos do lado esquerdo e Dimitri o fará do lado
direito recebendo os cumprimentos masculinos, essa é a lei e
aquele que a descumprir, decreta sua morte.
Assim que suas palavras cessam, dois homens carregando
um punhal de ouro e um cálice de prata atravessam a areia em
nossa direção, podemos ouvir o silêncio ecoando por todo ambiente,
até que se aproximam e nos colocam frente ao outro.
— Ao Anjo das Sombras no comando da Triglav, consagro a
lealdade e fidelidade de sua mulher, tornando-a única aos seus
olhos, ouvidos, corpo e alma, tudo deixa de existir além das suas
vontades e deveres, a Triglav se torna sua nação para proteger e
seu elo a sua razão para lutar.
As palavras dele serão sempre direcionadas a mim, como
mulher perante à máfia, ela não tem direito algum além de ser
obediente e procriar.
Estendo minha mão assim que me é solicitada sem tirar os
olhos da minha mulher, minha mão é cortada e o sangue que
escorre é coletado no cálice, quando o suficiente está no
receptáculo tenho minha mão enrolada por uma faixa branca, então
o punhal é passado a mim, para que faça o mesmo com Monike.
Sem emitir nenhum som, ela continua com o olhar fixo ao meu.
Coleto seu sangue, enrolando sua mão à outra ponta do pano
branco.
Bebo do nosso sangue e entrego para que faça o mesmo,
assim que concluímos o ato estamos ligados perante todos.
Segurando as pontas do pano começamos a ser
cumprimentados por todos, como é o costume.
Monike me olha sorrindo, então colocamos nossas alianças
douradas, a sua é um complemento do seu anel de noivado, fina e
delicada, a minha é larga e grossa para que seja vista de longe.
Ícaro nos entrega uma pomada e com cuidado passo em
Monike, cuidando primeiro dela e depois de mim, se pudesse livrá-la
da dor ou sofrimento eu tomaria seu lugar, mas minha tigresa é
forte, muito mais do que ela imagina.
Ela sorri para mim, então percebo a movimentação.
— Nosso casamento vai começar — avisa e vemos Kitana se
colocar no local onde os anciãos estavam.
Nos posicionamos, então ela começa.
— Me sinto honrada em estar nesta posição, em um
momento tão especial na vida de vocês, não vou ser demorada,
mas preciso apenas falar algumas palavras para então o amor de
vocês transbordar enquanto fazem seus votos.
Todos rimos de sua forma de falar.
— Eu fui ensinada que o amor é um sentimento único e
poderoso, o ser amado é alguém que nos pertence como nós o
pertencemos. Sentir é engraçado, suave e para homens como você,
Dimitri, confuso e até mesmo assustador. — Concordo com um
acenar de cabeça. — Mas é tão poderoso a ponto de levar luz a
uma escuridão que jamais a conheceu. — Neste momento ela olha
para Darko, e mesmo sem ver sei que meu irmão sorri, ele é um
bobo apaixonado pela sua ruiva, assim como eu e nossos irmãos
somos por nossas pessoas. — Ser a pessoa de alguém me foi
ensinado há pouco tempo, mas entendi a intensidade de tudo isso,
somos para sempre e tudo que é precioso como o sentimento que
temos pelo outro é eterno e imutável. Aqui, somos apenas nós, seus
familiares e desejamos sentir através dos votos que fizeram um
pouco do que sentem pelo outro, em como é para vocês, ser a
pessoa desse alguém.
Todos aplaudem suas palavras e ela vem até nós com um
microfone nas mãos, para que todos consigam entender o que
desejamos neste momento revelar.
CAPÍTULO 50

Olhar para Dimitri neste momento faz um filme passar em


minha cabeça, em como passamos por tanto até chegarmos aqui.
Segurando suas mãos, vejo o homem que jamais sorria, sorrir,
fazendo meu coração bater descompassado. O olho para o lado e
vejo Isaac no colo de Dusham, seu padrinho e pessoa favorita no
mundo.
— Bem, não é fácil expor com fidedignidade o que sinto, mas
eu prometo tentar. — Vejo todos sorriem. — Eu me apaixonei pela
escuridão, ansiava por ela e por todos os seus tons sombrios e
ameaçadores, sim, o Anjo das Sombras me causava um misto
alucinante de euforia e curiosidade, eu nunca senti medo. Pensar
que aquela garota assustada de quinze anos estaria se casando
com seu objeto de desejo é inimaginável.
— Eu era um objeto para você? — Sua falsa surpresa faz
com que todos riam.
— Da mesma forma que eu era para você. — Pisco e ele
sorri. — Nosso envolvimento passou longe de normal, e vejam só,
eu não estou reclamando. Amei, amo e amarei tudo que tem para
me oferecer, amo suas facetas, e como se tornou o melhor pai do
mundo, mesmo sem jamais ter sonhado, em como decidiu por nós
todos os dias, em como não sai sem nos desejar um bom dia ou dar
um beijo de boa noite, em como estar ao nosso lado é sua
prioridade e em como faz de tudo para nos manter seguros. Amo
sua lealdade e sua confiança em mim. Gosto quando seus cabelos
estão bagunçados e como gosto deles assim. — Seu sorriso se abre
porque ele sabe bem onde sua cabeça precisa estar neste
momento. — Me sinto segura e protegida ao seu lado, amo estar em
seus braços e o quanto viver meus dias com você é prazeroso, você
me deu bem mais do que podia sonhar, e eu não trocaria essa vida
que temos por nada.
Termino meus votos ganhando um beijo de tirar o fôlego,
Isaac escapa dos braços de Dusham e corre em minha direção
chamando por mim, enquanto todos rimos dele.
— Vem aqui, campeão, vamos dizer nossos votos a mamãe,
e então pode ficar com ela por todo tempo do mundo. — Dimitri o
pega nos braços e pega o microfone me olhando com tamanha
intensidade que acredito que meu coração pode parar a qualquer
momento.
— É engraçado estar aqui neste momento, quando é você
quem precisa falar o que sente na frente de todos, é realmente difícil
e por isso estamos só nós, a família. — Isaac decide descer de seu
colo e logo está nos braços de Gaia. — Eu sou um demônio de
sorte, muitos nos conhecem como Anjos, mas vejam bem, Lúcifer
era um deles. — Todos sorriem. — Eu não quis te amar, pois sabia
que a destruiria, pela primeira vez na vida eu temi por alguém além
de mim mesmo. Estive por tanto tempo mergulhado em escuridão,
raiva e dor que não saberia reconhecer um sentimento bom nem
mesmo se ele estivesse sendo apontado por um letreiro gigante e
iluminado em neon, eu não tinha salvação.
Uma lágrima escorre dos olhos de Monike e sua dor me
machuca, eu a limpo com um lenço que retiro do bolso para então
continuar.
— Eu te amo. — Ela confirma seu sentimento por mim todas
as vezes que respira, mas ouvir isso me torna um filho da puta ainda
mais sortudo.
— Eu também — sussurro de volta. — Continuando, meu
questionamento sempre foi, como uma garota, quase dez anos mais
nova que eu, com menos de 1,60 de altura poderia ser a minha
salvação e redenção? Como um monstro que destruía tudo que
tocava conseguiria segurar algo tão frágil e precioso em suas mãos?
Eu tinha medo. Medo de quebrar algo que nem mesmo eu poderia
ter, mas que desejava desesperadamente obter. Por anos relutei,
forcei minha mente a te esquecer, a deixar para lá, não poderia ter
nada, então por que ansiar pelos seus olhos azuis como um cego
deseja ver? — Um nó se forma em minha garganta por me recordar
de todos os dilemas que tive durante anos. — Só que era mais forte
e poderoso que eu, então eu sucumbi, permiti que a água invadisse
meu navio e se ele fosse a pique, que tudo se danasse, eu me
afogaria abraçado a você.
Olho em volta e todos estão sérios, enquanto suas pessoas
choram agarradas a eles.
— Enxergou além do que eu podia ver, foi paciente
arrancando camadas que me protegiam e me afastavam do homem
que eu poderia ser apenas por você. Eu não merecia, mas seu amor
me alcançou, dormir com seu corpo colado ao meu, acordar
sentindo seu cheiro são coisas que me dizem que não sou
merecedor, mas que fui agraciado mesmo assim. Você me fez
sonhar, acreditar e ter fé, fé em mim, eu poderia ser melhor apenas
por vocês, porque amor, você sabe que sou um demônio sedento
por sangue e que não vou mudar, mas por você e pelo nosso filho
eu me torno o que desejar.
— Você é perfeito! — ela fala quando novamente preciso
enxugar suas lágrimas.
— Quando você se foi eu enlouqueci, quando quase te perdi
eu quase me perdi junto, eu ansiei arrancar minha perna para
corrigir um erro que foi totalmente meu, e sim, já falamos sobre isso,
mas se um desejo me fosse concedido hoje, seria esse, que fosse a
minha perna e não a sua. —Beijo sua testa buscando seu cheiro
que me acalma como sempre. — Temos uma família, quando nos
meus dias de inferno imaginei ter uma? Eu nunca quis, mas vejam
só, novamente fui agraciado. Eu não preciso de nada na minha vida,
Monike, se eu chegar em casa e encontrar seus olhos azuis
apaixonados e seu sorriso me esperando com nosso filho nos
braços, enquanto sinto o cheio que emana de vocês e que me
acalma. Poderia passar minha vida toda falando sobre como me
sinto e não me cansaria nunca de lhe dizer o quanto eu amo a sua
força e a sua determinação. Amo até mesmo sua língua afiada e
seu nariz arrebitado quando me desafia com raiva mostrando quem
realmente manda em quem.
A gargalhada de todos explode e me leva a gargalhar
também.
— Sim, eu, um homem de dois metros de altura fui domado
por uma tigresa desaforada e linda. Temos toda uma vida pela frente
e em todos os dias que eu tiver ao seu lado eu serei o melhor pai
que meu filho poderia ter e cumprirei a minha promessa de te
mostrar por todos eles que eu te amo e sou grato pela chance que
nos deu quando fui atrás de você em Roma. — Puxo-a para os
meus braços dando-lhe um beijo desesperado daqueles que desejei
desde o momento em que coloquei meus olhos nela entrando ao
lado de Dusham, vestida de noiva.
Jantamos com todos os nossos convidados após sermos
cumprimentados por todos e dali partiríamos para nossa lua de mel
em Bali[25], na casa que Damian tem lá, passaríamos um mês inteiro
sem nos preocuparmos com nada além nós mesmos.
EPÍLOGO

Vinte anos depois...


Caminho pelo jardim observando tudo na casa que temos no
condomínio da Triglav, todos moram por aqui, e quando não estão
aqui, estão viajando ou trabalhando por aí. Apenas Damian e Ícaro
ficam mais tempo fora, já que criaram Romeu e Antonella longe de
toda loucura da Máfia, algo que não pude escolher para o meu filho.
Isaac é herdeiro de uma máfia poderosa que Dimitri vem
administrando e comandando ao lado do atual chefe para que
quando ele ascender ao poder encontre tudo que um chef deve
encontrar, obediência, poder e autoridade.
Isaac foi treinado pelo pai e tios conforme os mandamentos e
leis da Máfia africana Marks of Terror, meu filho é um homem
sorridente e alegre quando está ao lado de sua família, é lindo, alto
e forte, mas quando se transforma em um assassino é tão letal
quanto qualquer um da Máfia.
Claro que o medo me toma, os dias de sua ascensão estão
chegando e como mãe preciso me preparar para isso. Segundo as
leis que irá governar e que ele precisará seguir ele irá se casar em
um casamento arranjando, e isso o vem consumindo, eu posso ver.
— O que minha rainha tanto pensa? — Sua voz grossa e
poderosa silencia minha mente que fervilha preocupada com ele.
— Nada, meu filho — digo repousando minha mão em seu
rosto e o vejo fechar os olhos.
— Mãe, eu estou realmente bem, não se preocupe.
— Ficaremos longe, Isaac, não sei se terá frio, sede ou fome.
— Mãe, eu sou um homem de 23 anos.
— Continuará sendo meu filhote.
— Nisso ela tem razão. — Dimitri chega fazendo meu
coração bater disparado, é sempre assim.
— Vocês são protetores e extremamente cautelosos comigo,
sempre foi assim, mas fui criado pelos melhores pais do mundo e
treinado pelos assassinos mais letais, até mesmo os gêmeos,
Ângelo e Atos são mais livres que eu. — Sua fala nos faz sorrir.
— Eles têm a Triglav para cuidar meu filho. — Tento
argumentar, mas erro miseravelmente.
— E eu a Marks of Terror, eu ganhei o respeito de todos aos
15 anos, mãe, sou o líder que eles precisam e seguirei à risca tudo
que aprendi com meu pai — avisa.
— Amor, Isaac é um líder nato, sei que quem está falando
agora é uma mãe zelosa e preocupada, mas confie em mim, eu
cuidarei de tudo ao seu lado, sempre cuidarei dele enquanto viver,
por que não para de pensar nisso e aproveita esse tempo enquanto
ele decidiu que ainda moraria conosco? — Sou puxada para os
seus braços e logo Isaac, que tem quase a mesma altura do pai,
nos abraça.
— Eu sempre estarei aqui, mãe.
— E se não amar a mulher que irá se casar? Ela foi separada
para você desde o nascimento Isaac.
— Eu irei respeitá-la como meu pai a respeitou, tenho o
melhor exemplo dentro de casa, mãe, posso amá-la, decidi assim, e
se o amor não aparecer serei o marido que uma mulher precisa.
Não se preocupe comigo, eu vivi muito bem a minha vida. — Ganho
um beijo na testa, algo que aprendeu com seu pai e que faz sempre
que decide me acalmar.
— Vamos, o almoço está pronto, eu vim apenas chamá-los —
Dimitri fala me pegando nos braços.
— Amor, eu consigo andar — digo sorrindo e vendo Isaac
sorrir junto.
— Enquanto eu tiver força, não precisa gastar a sua energia,
tigresa. — Ganho um beijo no pescoço.
— Por que vocês dois não procuram um quarto? — nosso
filho brinca e a resposta de Dimitri me faz queimar de vergonha.
— Meu filho, acredite em mim, por mim eu não sairia dele,
sua mãe é que não me deixa fazer tudo que desejo.
— Informações demais, pai, informações demais.
Gargalhando, entramos os três em casa, minha vida é
exatamente como eu sonhei e todos os dias tenho a certeza de que
não a trocaria por nada neste mundo.

Cinco anos depois...


Observo a nevasca poderosa que cai lá fora, é a mais forte
dos últimos anos, daquelas que nos deixam isolados em casa por
dias. Os últimos anos foram tranquilos, mas a sensação de que algo
se aproxima nubla meus sentidos e raramente eu erro quando o
assunto são as cismas que tenho. Monike diz que teme às minhas
premonições, já que elas sempre se concretizam.
A Triglav continua sendo a máfia mais poderosa da Sérvia,
nossos aliados são tão poderosos quanto nós, Isaac está há alguns
anos à frente da Mark sof Terror, e seu trabalho impecável não deixa
dúvidas de que ele nasceu para governar seu povo.
Com o passar dos anos eu aprendi sobre sentimentos e
como ser para minha família o que eu jamais seria para meus
inimigos, e o sorriso deles ainda é tudo que me importa.
— O que tanto pensa, meu amor? — Monike se aproxima e
faço com ela o que sempre faço para acalmar qualquer que seja o
fervilhar que existe em mim, sinto seu cheiro levando a calmaria
para o meu corpo, a única que ele aprecia e anseia por todos esses
anos.
— Em como nossas vidas rumaram por caminhos que nos
trouxeram até aqui. — Ela se senta entre minhas pernas e eu a
envolvo com meus braços.
— Somos afortunados.
— Muito, meu amor.
— Eu poderia viver mil vidas, se em todas elas eu as vivesse
seria com você.
— E eu aceitaria em todas elas se assim me fosse possível.
— Beijo seu pescoço.
— O que acha de nos esquentarmos no nosso quarto? —
Sua bunda se esfregando em meu pau tem o mesmo efeito por
todos esses anos.
— Eu já te disse que amo todas as suas ideias?
— Estou com saudades de introduzir alguns brinquedos em
sua boceta gulosa enquanto soco com força nesse rabo redondo.
— Um pervertido incurável.
— Seu corpo é a minha perdição.
Ela se levanta e eu a sigo pegando-a no colo, Monike é a
minha razão de abrir os olhos toda manhã, seu corpo e seus beijos
são o combustível para que eu jamais me canse de proteger e
desejá-la.
Por muitos anos eu vivi nas sombras, me esgueirando pelos
lugares para não ser visto por aqueles que ansiavam me devorar,
mas corri para sua luz no momento em que ela clareou meu lado
mais obscuro, revelando através de mim meus demônios, e ela não
os temeu, ela os desejou, eu sou e sempre serei o Anjo das
Sombras e Monike sempre será a minha eterna redenção.
BÔNUS I

Tempos depois de descobrir sobre seus irmãos.

Caminho pela noite ao redor da minha casa pensando em


minha vida e em tudo que aconteceu com cada um de nós para
chegarmos aqui.
— Àngelos. — A voz da minha pequena me tira dos meus
pensamentos.
— Oi, amor.
— O que faz aqui a essa hora? — Ela se envolve em seu
roupão, está frio, mas estou apenas usando uma calça de moletom.
Suspiro cansado, minha mente não trabalha, ela fervilha com
meus pensamentos.
— Pensando, Gaia. — Sento-me em uma das
espreguiçadeiras em volta da piscina, esticando meus braços pra
que ela venha até mim e sente-se em meu colo, esquentando-se em
meus braços.
Não está nevando, mas estamos chegando perto disso, o
tempo já começou a mudar.
— Pensando, é tudo que tem feito desde que descobriu sobre
tudo, sobre seus irmãos e suas famílias, o que tanto te aflige? —
Sua mão toca meu rosto fazendo com que feche meus olhos. — Por
que não compartilha comigo, Dusham, nós somos um se lembra
disso?
Puxando todo ar que meus pulmões suportam decido tentar
dividir.
— Gaia, a ideia de imaginar tudo que meus irmãos passaram
quase me destruiu, nem mesmo eu sabia o quanto sentia por eles,
mas no momento em que soube de suas famílias e de suas dores
me senti traído, um peso esmagou meu coração e nada parecia ter
forças para tirá-lo de lá. Eu era o irmão mais velho, aquele que
deveria protegê-los, mas estava tão focado em nosso plano de tirar
Konstantin e Bratslav do poder que os negligenciei.
— Você fez o que pôde, meu amor, não foi negligência.
— Não, Gaia, estava tudo acontecendo debaixo do meu
nariz, eles não confiavam em mim o suficiente para pedir ajuda. —
Repouso minha testa em seu ombro.
Ela está sentada de frente para mim com as pernas em cada
lado da minha cintura e sua boceta gostosa exatamente sobre meu
pau.
— Dusham, olhe para mim. — Faço o que me pede. — O
Dusham de anos atrás não entenderia, meu amor, eles se
fortaleceram juntos para te ajudar a entender. O que faria se
soubesse que Dimitri estava com Monike desde os dezoito anos
dela?
— O mataria sem pensar. — Seu sorriso tímido começa a me
fazer entender aonde quer chegar.
— Eles não estavam tentando entender para poder explicar,
como chegar ao você de antes e te contar sobre sentimentos, nem
mesmo você os entendia, Dusham, imagina eles, estavam todos
perdidos, passando por um momento de autoconhecimento, cada
um deles, exceto Darko, também não entendia.
— Eu os apoiaria! — rebato chateado.
— Não apoiaria não, não se cobre e não minta para você
mesmo, posso entender o que sente hoje por ter se sentido excluído
enquanto trabalhava arduamente para libertá-los, mas o Dusham de
hoje, o meu Anjo, apenas esse sofre por ser deixado de lado sendo
o último a saber, o Dusham de antes faria um estrago. — Cola sua
testa na minha.
— Como me conhece assim? Como consegue iluminar minha
mente e me fazer entender? — Sorrio.
— Que tal focar nas coisas boas? Nos sobrinhos que
ganhamos. Temos um afilhado, você acredita nisso? Isaac te acha a
pessoa mais extraordinária do mundo, ele larga qualquer pessoa
quando chega, ele se sente protegido ao seu lado. Seus sobrinhos o
amam tanto, Dusham, mas Isaac te venera. — Penso no que fala e
sorrio, a forma como Isaac fica comigo deixa Dimitri enciumado e
constantemente faz com que todos tirem sarro dele. — Creio que
quando tivermos nossos filhos eles serão os mais amados do
mundo.
— Você acredita mesmo que consiga ser um bom pai?
— Eu tenho tanta certeza disso. — Ela desliza seu nariz pelo
meu rosto fazendo um carinho que apenas ela me ensinou a sentir.
— Ainda parece um sonho, jamais imaginei que chegaríamos
a isso, na minha cabeça morreríamos como vivemos, sozinhos,
distantes e sem ter tido nada para chamar de nosso — pontuo.
— Hoje vocês podem compartilhar histórias, apesar de odiar
aquela maldita cabeça empalhada em nosso escritório, eu amo as
gargalhadas que dão enquanto bebem e fumam charuto, eu as ouço
ecoar pela casa. Seus irmãos deixam suas alcunhas fora daquele
refúgio que é só de vocês e se portam apenas como a família que
deveriam ter sido desde o começo.
— Gostaria que ela pudesse nos ver, que pudesse ver que
ela conseguiu, mesmo vivendo o inferno ela conseguiu manter um
resquício de humanidades em nós. — Penso em tudo que
aconteceu conosco e olho para os olhos da minha pčela.
— Ela vê, Dusham, de onde ela estiver ela sabe que
conseguiu, todos nós somos prova disso. Sua mãe apesar de tudo
foi uma grande mulher que moldou grandes homens.
— Somos demônios.
— Quando precisam ser, e isso faz parte de quem é, mas
esse aqui comigo, é um grande homem, que se preocupa com seus
irmãos, com seus sobrinhos e que daria a vida pela sua família.
— Como sempre me ensinando sobre amor, Gaia.
— É normal sentir que foi excluído, mas veja só, hoje isso
não existe mais.
Puxo-a para um beijo, minha boca se cola a dela e minha
língua busca seu sabor, meu pau está duro como uma rocha e
salivo por imaginar o gosto do seu sangue, quando um grunhido
escapa da minha garganta ao sentir suas unhas se cravarem em
meus ombros rompendo minha pele.
— Você me tenta como sempre, vou me enterrar tão fundo
em você que não saberemos onde eu começo e muito menos onde
você termina. — Começo a beijar seu pescoço louco para chupar
seus mamilos que já sinto entumecidos contra meu peito nu.
— Que tal me levar para nosso quarto? — Seu olhar
pervertido me mostra o quão fodida ela quer ser.
— Eu te amo, Gaia Dothraki.
— Não mais que eu, Dusham Dothraki.
Levanto-me de onde estamos com minha mulher nos meus
braços, ela como sempre tem o dom de me acalmar e de me fazer
enxergar com outros olhos cada momento da minha vida.
No frio do lado de fora a coloco novamente no chão, seus
olhos estão cravados nos meus, Gaia anseia pelo mesmo que eu e
parece não estar disposta a chegar em nosso quarto. Começo a tirar
sua roupa deixando-a nua para mim, seu corpo se arrepia sentindo
os efeitos do vento gelado que nos atinge, tiro minha calça sob seu
olhar atento e a pequena safada lambe os lábios.
— Gosta do que vê? — Passo meu polegar em seus lábios.
Meu pau está tão duro que o tensionar da correntinha faz a
dor pulsar por todo meu corpo, eu a encurtei, fazendo com que a dor
aumente sem que eu precise machucar a minha pequena.
— Muito, estou sempre salivando por você àngelos.
— O que deseja que esse demônio faça por você minha
pčela?
— Faz algum tempo que não me causa dor, que não me faz
gritar agonizando de prazer enquanto a dor lancinante travessa meu
corpo.
— Não quero machucá-la, Gaia. Nunca quero.
— Não é maldade quando sou eu que imploro que me
machuque. — O frio deixa de existir, apenas o calor escaldante nos
inunda neste momento.
Seguro seu pescoço com a minha mão, apertando-o
enquanto ela sorri, Gaia sabe que acaba de conseguir o que anseia.
Beijo sua boca, a única boca que beijaria por toda minha existência,
é forte, bruto e sem cuidado.
Seus gemidos são abafados pelos meus e quando a solto,
vê-la puxar o ar com força me faz sorrir.
— Dusham... — geme baixo e ofegante quando retiro a nossa
correntinha, passando-a para o seu pescoço.
Minha pequena está excitada, suas bochechas estão
vermelhas, a vejo se abaixar procurando por algo em suas roupas
quando a vejo pegar um canivete e abrir na minha frente.
— Estava pensando em usá-lo? — Ergo minha sobrancelha
imaginando vários cenários onde em todos eles seu sangue escorre
para minha língua.
— Sim, quero vê-lo se libertar, sem se amarrar em cuidado,
sem cautela, apenas eu, você e todos os seus demônios.
— Gaia... cuidado com o que pede.
— Você me acostumou a ter tudo Dusham, não prive sua
mulher de orgasmos e muito prazer.
Puxo-a pela correntinha, arrastando-a até as
espreguiçadeiras.
— Ajoelha — ordeno com uma voz tão rouca que agora sou
eu quem eriça os pelos quando sinto uma fisgada poderosa em meu
membro quando pulsa.
Seu corpo de costas para mim, o crucifixo indo até o meio de
suas costas. Imaginar que a enforco com ele enquanto meto furioso
em sua boceta quase me faz gozar.
— Quer mesmo dor?
— Sim. — Ofega.
Com a ponta da lâmina pressionada em seu cóccix começo
subindo com ela pelas suas costas riscando sua pele, vendo o
sangue vivo brotar, ela geme a cada milímetro em que a rasgo ainda
que de forma superficial.
— Está excitada, pequena demônia perversa? — sussurro
em seu ouvido.
— Muito. — Ela lança sua cabeça para trás e eu a seguro
para um beijo possessivo.
Quando a solto, vejo que meu pau se esfregou em suas
costas e agora está manchado com seu sangue, esfrego minha
glande pincelando seu sangue com ela, meus grunhidos não podem
ser contidos com a visão da cabeça do meu pau pintado de
carmesim.
— Porra! — Aperto meu pau com força, porque quase gozo.
— Ángelos pare de me torturar, me dê o que eu preciso.
— Não tem mais domínio aqui, pequena, está à minha
disposição e eu quero brincar muito ainda com você. — Ajoelho-me
atrás dela enfiando minha língua em seu cuzinho empinado e
deslisando pela sua pele que sangra, rasgada pela lâmina que ela
mesmo me deu. Chego ao seu pescoço exatamente onde finalizei o
corte e começo a sugar, quero deixar a marca da minha boca nela.
— Dusham! — Seu corpo pulsa, Gaia acaba de ter seu
primeiro orgasmo.
— Tão sensível a mim. — Mordo o lóbulo de sua orelha antes
de dar a volta e me posicionar em sua frente. — Veja como meu pau
baba por você, veja como seu sangue nele é excitante e perverso,
me lembro quando meus dedos se enterraram tão fundo em você
arrancando sua virgindade, ainda me recordo do sabor de sua
pureza em minha língua.
— Por favor, Dusham.
— Pelo que implora? Diga-me e eu te darei tudo.
— Seu pau em mim, forte, fundo e sem cuidado.
— Está molhada, não está?
— Muito.
— Leve seus dedos até sua boceta, Gaia, esfregue-a para
mim, faça com a intensidade que deseja que eu faça, me mostre —
peço quando ela começa a esfregar com força, friccionando seu
clitóris entre dois dedos, gemendo como uma cadela no cio e me
levando à loucura apenas com a imagem. Sua outra mão massageia
seu mamilo duro, em momento algum ela tira seus olhos de mim.
Coloco minha língua para fora levando o aço cortante até ela,
rasgando-a, o gosto ferroso invade minha boca, minha pequena
pervertida rebola em seus dedos perdida em prazer, a puxo para um
beijo e seu esfregar aumenta. O sabor do meu sangue invade sua
língua e logo ganho uma mordida furiosa nos lábios, Gaia chegou
ao seu segundo orgasmo e eu nem mesmo me enterrei nela.
— Ahhhhh! — Seu grito ecoa pela noite, quando minúsculos
flocos de neve começam a cair sobre nós.
— Vou começar a realizar seu desejo, minha pequena
perversa.
Seguro seu seio com força passando a lâmina no mamilo
com um pic, cortando-o, fazendo o mesmo com o outro em seguida,
ela geme gritando, pedindo por mim, ansiando pelo meu pau.
Volto a me colocar atrás dela, segurando na correntinha,
dando uma, duas, três, quatro voltas em seu pescoço, mas ainda
não está apertado o suficiente, eu a giro torcendo meu pulso e ela
arfa.
— Consegue respirar? — sondo.
— Sim, com muita dificuldade, mas não me sufoca.
— Como eu desejo. Agora abra suas pernas e empine bem
sua bunda, sabe como funciona, quanto mais gemer, mais a
machuco socando com toda a minha força, se me pedir para parar
eu paro, se não me disser nada, saberei que está gostando como
sempre faz. Se me perder e seu ar for cortado, crave suas unhas
em mim rasgando minha pele e me traga de volta, já fez isso mais
de uma vez, no mais, aprecie a minha maldade. — Tudo que digo é
sussurrado e Gaia busca contato de sua bunda comigo, mas estou
afastado.
Posiciono meu pau em sua entrada e soco de uma só vez,
urrando de prazer, tão alto que acredito que todas as casas ao redor
tenham ouvido. Gaia geme comigo gritando e eu sigo socando mais
forte, metendo e me perdendo, nublando minhas vistas e permitindo
que meus demônios assumam o controle. Seguro sua cintura com a
mão em garra para machucá-la, ela grita e eu quase gozo, mesmo
perdido em escuridão e luxúria eu só irei me libertar quando sentir o
pulsar esmagador de sua boceta.
Gemendo e pedindo mais, ela implora que continue, sou
obediente e faço o que me pede, o barulho de nossos corpos se
encontrando, ecoando, se misturado aos nossos gemidos me deixa
insano. Gaia grita gozando e eu urro a seguindo, não paro, não
desejo parar de meter na minha mulher quando suas unhas rasgam
a pele dos meus braços. Pisco voltando a mim ainda socando fundo
nela, então vejo que a minha outra mão está em seu pescoço e a
priva de ar, solto-a de forma instantânea e seu corpo tomba inerte
sendo contido por mim.
— Pčela, acorde, por favor. — Aliso seu rosto enquanto me
ajoelho vendo que ele começa a voltar a cor normal, e seus olhos se
abrem, fazendo então soltar o ar que estava prendendo, ela sorri, a
safada sorri depois de quase ter me matado do coração
Retiro a nossa correntinha, colocando-a em meu pescoço
novamente, tenho meu rosto seguro por ela com a duas mãos.
— Eu senti falta disso.
— Quase a matei — rosno furioso, é sempre assim a culpa
me domina.
— Não, apenas me deu o prazer que eu pedi. Eu te amo,
Dusham, sempre vou amar cada uma de suas camadas.
— Eu também amo você, não quero mais me perder, assim o
medo sempre me domina. — Passo meus dedos na marca vermelha
do seu pescoço, que com certeza ficará roxo.
Sem mais nada dizermos, a pego nos braços levando-a para
dentro, tirando-nos da neve fria que ainda cai agora mais densa,
com ela nos meus braços respirando e sorrindo permito-me relaxar.
Gaia é o farol que me guia pelos caminhos tortuosos da
minha mente e das minhas vontades, é minha razão de viver e meu
desejo de ainda respirar, ela sabe quem sou e quem jamais deixarei
de ser, passarei toda a minha vida sendo seu protetor e seu refúgio,
enquanto eu a protejo ela me liberta e me guia, com essa certeza
em meu peito encaro a vida e o meu destino, como o Anjo da Morte
e como o homem que ela ama.
Bônus II

Caminhando pelos corredores que me levam à sala do trono,


sou saudado por todos como o novo líder da Máfia africana mais
poderosa já existente, a Marks of Terror. Fui treinando desde muito
cedo para assumir meu cargo e ascendi com autoridade sobre
minha nação, existe sangue em minhas mãos e desejos sombrios
em meu coração.
A cada passo que dou ouço o pulsar forte em meu peito, meu
destino foi selado quando nasci, eu conduziria minha vida a partir de
agora e todos os meus homens conheceriam aquele que nasceu
para governá-los com mãos de ferro.
Eu sou Isaac Dothraki, mais conhecido como Anjo da
Escuridão.
SOBRE A AUTORA
Dani Medina descobriu sua paixão pela escrita quando num
momento fora da curva sua vida deu um giro de 360º. Casada, mãe
de pet, hoje sente-se realizada com o caminho que decidiu trilhar.
Os obstáculos existem, mas pela primeira vez em muitos anos, os
desafios são encarados com euforia. Noites de sono perdidas
enquanto seus personagens decidem lhe contar suas histórias,
fazem com que se mantenha firme no propósito de continuar
criando. Sua única expectativa é gerar em você, leitor, a experiência
de vivenciar paixões avassaladoras, amores intensos, e tudo isso de
várias formas diferentes, seja no dark romance, onde os anti-heróis
que amamos descobrem seus pontos fracos ou digamos o amor,
e/ou nos romances clichês que fazem nossos corações se
aquecerem. Ao final, o seu único intuito é fazer com que você se
apaixone e viaje a cada página lida.

@danimedina_autora
OUTRAS OBRAS

SÉRIE ANJOS DA ESCURIDÃO

DUSHAM: O Anjo da Morte


DAMIAN: O Anjo do Caos

DUOLOGIA HERDEIROS TRIGLAV

Aliança de Sangue
Promessa de Sangue

OPERAÇÃO SERPENTE NO SUBMUNDO DA MÁFIA


Operação Serpente

MÁFIA ESPOSSITTO

Nascido da Vingança
Nascido Da Tormenta
Nascido do Ódio
Nascidos da Máfia

DUOLOGIA HOMENS PODEROSOS

Uma Virgem para o CEO Mafioso


MÁFIA ORGANIZATSIYA

Desejo Sombrio

CLICHÊ

Meu Príncipe antes dos 30


Opostos (não) se atraem
Uma Publicitária para a o CEO
U m C lichê Q ualquer
Um Pai de Mentirinha

LGBT
Top Secret: Desejo Oculto

[1]
Demônio em latim

[2]
Liberto em latim.

[3]
Tigresa em latim

[4]
Fim em latim

[5]
Demônio em Latim.

[6]
Liberto em latim.

[7]
Situado no icônico edifício 'Geozavod' no coração da cidade velha de Belgrado,
o Salon 1905 oferece uma experiência gastronômica verdadeiramente único.

[8]
É uma mulher muito linda, Monike. Em italiano.
[9]
Como sempre um galanteador doutor Antony. Em italiano.

[10]
Imundo em latim.

[11]
Livre em latim.

[12]
Capital da Itália.

[13]
Estrela em italiano.

[14]
Vagalume em italiano.

[15]
Família em italiano

[16]
Novo imperium

[17]
Ceifeiro em italiano, alcunha de Henrico.

[18]
Deus do Submundo, Alcunha de Salvatore

[19]
Deus da Guerra, alcunha de Ettore.

[20]
Marcas de terror em inglês.

[21]
E, é claro, o Afeganistão é, de longe, o maior produtor de ópio do mundo - as
estimativas do Unodc são de que o país seja a origem de mais de 80% do ópio e da
heroína globais.

[22]
O ópio é um suco espesso extraído dos frutos imaturos de várias espécies de
papoulas soníferas, utilizado como narcótico. Planta essa que cresce naturalmente na Ásia,
sendo originária do Mediterrâneo e Oriente Médio. O ópio tem um cheiro característico, que
é desagradável, sabor amargo e cor castanha .
[23]
A sepse é um conjunto de manifestações graves em todo o organismo
produzidas por uma infecção. A sepse era conhecida antigamente como septicemia ou
infecção no sangue. Hoje é mais conhecida como infecção generalizada. Na verdade, não
é a infecção que está em todos os locais do organismo .

[24]
Anjo em grego.

[25]
Bali é uma ilha da Indonésia conhecida por suas montanhas vulcânicas repletas
de florestas, seus arrozais, suas praias e seus recifes de coral. A ilha abriga locais
religiosos, como o templo Uluwatu, localizado na beira de um penhasco. Ao sul, a cidade
litorânea de Kuta tem bares animados, enquanto Seminyak, Sanur e Nusa Dua são cidades
turísticas bastante procuradas. A ilha também é conhecida por seus retiros de ioga e
meditação .

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