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Copyright 2023 © Mari Mendes

Design da Capa: Matheus e Mari Mendes


Diagramação: Matheus e Mari Mendes
Revisão Incial: Regina Toledo
Betas – Marluce,Tânia e Lisa
Revisão Final: Marcia Condor, Matheus e Mari

1ª Edição
Brasil 2023

Reservados todos os direitos. Proibido a reprodução total ou parcial desta obra, sem a
autorização expressa do autor. Lei 9.610, de 19 de fevereiro de 1998, artigo 184. “Violar direitos
autorais, pode acarretar pena de 3 (três) meses a 1 (um) ano ou multa.”
Plágio é crime!
Esta é uma obra de ficção. Nomes, personagens, lugares e acontecimentos descritos são produtos
da imaginação da autora.
Qualquer semelhança com nomes, datas e acontecimentos reais é mera coincidência.
Registrado no AVCTORIS e na Agência Brasileira do ISBN
“Gabriel é um amigo protetor. Milena é uma amiga forte. Amigos? Não,
ABSOLUTAMENTE. Eles se amam desde crianças. Mas mantém esse amor em segredo por
medo de perderem a amizade. Péssima escolha, pois pagarão um alto preço por escolherem a
amizade ao invés do amor.”

Ela é sua melhor amiga.


Ele é seu amigo protetor.
Ela é seu amor secreto.
Ele é o homem dos seus sonhos.
Ela é uma mulher que foi quebrada.
Ele é um homem devasso e libertino.
Eles perdem o verdadeiro amor em nome de uma amizade.
E... eles pagarão caro por essa escolha.
Gabriel, um homem adorado pelas mulheres. Um veterinário de beleza ímpar, rico,
libertino e cafajeste assumido.
Milena, professora, mulher forte, guerreira e brava. Amiga de infância de Gabriel... não
porque quer, na verdade, ela deseja e anseia seu amor.
Rafael, um homem que rouba a esperança dos dois...
Em um mundo onde a amizade é a pedra angular de suas vidas, dois corações batem em
uníssono.
Gabriel é o melhor amigo, o confidente e o protetor obcecado incansável.
Milena, a protegida, a companheira de risadas e a âncora nos momentos difíceis de
Gabe.
Por anos, eles compartilharam uma conexão que transcende a amizade, um amor profundo
que ambos sentem, mas nenhum deles tem coragem de confessar.
O medo de perder a amizade que tanto valorizam os impede de dar voz aos sentimentos
que fervilham em seus corações. E assim, eles se perdem na teia das palavras não ditas, nas
oportunidades não aproveitadas.
A escolha de ambos os levou a um destino terrível e doloroso..., mas nem sempre escolhas
erradas não podem ser revertidas.
Uma segunda chance. Uma chance em mil é para poucos.
Gabriel e Milena irão finalmente se desprenderem dos seus temores e viverem seu grande
amor?
Nota Imperdível: tem também um gato persa, nome do marrento, Tirano. Uma bola de
pelos macios, cheio de manias de grandeza e orgulhoso ao extremo. Ele é a cereja do bolo e vem
para acalmar o clima de truculências e trazer muita leveza e risadas ao romance. Um amorzinho
peludo, branco e muito manhoso!

Trechinho: Um doce Pet... doce? Vai Vendo...


“A mulher aponta para o gatinho que a olha com desdém.
— Desisto dessa porra de gato. Queria muito um dessa raça, mas essa coisa não é um gato, é um
demônio saído do fogo dos infernos!”
Segredos de um Pecador Devasso, é uma Comédia Romântica Hot Clichê. O livro tem cenas hots
descritas com detalhes. Caso você não aprecie esse gênero, NÃO LEIA.
Dito isso, leiam sem moderação! Desejo a vocês de coração uma boa leitura!
Mari Mendes
“A vida é uma peça de teatro que não permite ensaios. Por isso, cante, chore,
dance, ria e viva intensamente, antes que a cortina se feche e a peça termine sem
aplausos.”
Escaneie o QR Code e leia minhas outras obras!
Prólogo
Capítulo 01
Capítulo 02
Capítulo 03
Capítulo 04
Capítulo 05
Capítulo 06
Capítulo 07
Capítulo 08
Capítulo 09
Capítulo 10
Capítulo 11
Capítulo 12
Capítulo 13
Capítulo 14
Capítulo 15
Capítulo 16
Capítulo 17
Capítulo 18
Capítulo 19
Capítulo 20
Capítulo 21
Capítulo 22
Capítulo 23
Capítulo 24
Capítulo 25
Capítulo 26
Capítulo 27
Capítulo 28
Capítulo 29
Capítulo 30
Capítulo 31
Capítulo 32
Capítulo 33
Capítulo 34
Capítulo 35
Capítulo 36
Capítulo 37
Epílogo
Outras Obras
Redes Sociais
Prólogo
Vejo o carro capotar e bater em uma árvore na encosta de um despenhadeiro. Arrepio de
pavor.
Minha alma sai de meu corpo por instantes e fico quieto, vendo o carro onde estava
Milena, finalmente parado e amassado.
Soluço alto. Piso no acelerador, preciso socorrer Milena. Quando chego, desço
correndo, Afonso já está no local, como ele chegou e não vi? Ele fala ao telefone desesperado.
Corro para o carro e vejo Milena caída e sangrando. O desgraçado está em algum lugar por
aqui, menos no veículo.
— Afonso, me ajude! — grito em desespero e tento arrancar a porta que está travada.
Ele corre e me ajuda. Conseguimos abrir e a essa altura já estou chorando alto sem me
importar.
— Porra! — Afonso diz quando a vê. — Deixe-me ajudá-lo, cara, vamos. — Ele me ajuda
a tirá-la do veículo amassado. Afonso sabe como proceder num caso desses, eu também, mas
estou ensandecido de pavor. Milena...
Capítulo 01
Milena Avelar
O sol da tarde ilumina a delicatessen [1] lotada, onde eu me encontrarei com Gabriel. Esse
lugar é o local onde todos os moradores da cidade se reúnem para um bom bate-papo, aqui é
perfeito.
Contarei a ele a notícia que mudará minha vida para sempre. Olho o rio cristalino que
passa em frente ao café e suspiro. Nem isso me anima hoje.
Adoro caminhar ao longo do rio que corta a cidade todas as tardes. Aprecio como o sol ao
entardecer reflete seu brilho nas águas frescas do rio Águas Mansas. A cidade em peso adora
nadar e acampar ao longo das encostas do nosso rio, em lugares mais afastados. Mas hoje meu
coração estava estilhaçado, e essa beleza não me alegrava em nada.
Minha alma estava quebrada e sofrendo. Minhas mãos tremiam enquanto eu segurava a
xícara de café quente. Tive que colocá-la de volta no pires, porque sacudia tanto que acabei
derramando café na toalha alva. Engoli as lágrimas de desespero.
Levantei o rosto e vi Gabriel entrando. Suspiro com o coração apertado. Meu amigo,
lindíssimo, chama atenção por sua beleza e elegância. Gabe se encaminha para onde estou sem
olhar para os lados. Vejo preocupação em seus belos olhos azuis.
Gabe chega e me beija com carinho no rosto. Puxa uma cadeira e senta-se ao meu lado,
olhando-me atentamente e calado. Gabriel está preocupado, ele sabe que nada de bom virá disso,
me conhece muito bem.
Sabe que somente o chamo em horário de trabalho, quando é assunto sério. Engulo seco e
a vontade de chorar é imensa. Somos amigos de infância e nos entendíamos sem ter que dizer
nada. Ele aperta minha mão e respeita meu silêncio.

Nunca mudamos para a cidade grande, sempre vivemos aqui em Pinhais, uma pequena
vila que foi tombada devido ao patrimônio histórico. Casas, igrejas e ruas, tudo do século XVIII
e XIX.
Gabriel sempre foi meu protetor na escola. Em minha infância eu era uma criança muito
pequena e magra, tinha a saúde frágil, pois tinha bronquite. Minha situação piorou depois que
tive que usar aparelho nos dentes. Virei alvo e chacota dos meninos maiores. Mas sempre tive
um anjo da guarda loiro e lindo ao meu lado.
Gabriel era mais velho que eu e assumiu o posto de meu guardião protetor. Tudo isso
quando me encontrou chorando, depois que me chamaram de dentuça, baixinha e tomaram
minhas balinhas jujubas. Me encantei com sua proteção e cuidado. Nesse dia, Gabe bateu em
vários meninos e ameaçou as meninas.
A partir daí virei sua sombra e estou assim até hoje. Somos realmente muito amigos e eu
o ajudo sempre que está metido em alguma enrascada. Seu problema? Um só: mulheres.
Limpo uma lágrima solitária que desliza por meu rosto que sei estar muito pálido e
transfigurado pelo desgosto de ser traída.
— O que está acontecendo, querida? — Finalmente ele pergunta com suavidade. Sua voz
me acalma. Ele segura minhas mãos trêmulas e me olha fixamente. Isso basta para eu cair em um
choro convulsivo.
— Gabriel... — ele me olha atentamente com seus olhos azuis calorosos.
— Sim, querida. Diga, estou aqui por você, sabe que sempre estive, não é? Agora, conte-
me o que aquele pilantra fez e vou dar uma surra nele. — brinca, sem ao menos suspeitar que
Rafael destruiu minha vida. Soluço e ele aperta minha mão com suavidade.
— Rafael... — engulo um soluço — ele me traiu... eu o peguei em nossa cama com uma
mulher estranha. — Solto de uma vez e caio em um choro convulsivo, Gabriel me olha primeiro
abismado, depois seus olhos mudam para coléricos, em seguida empalidece.
— Aquele desgraçado, fez o quê? — Grita e todos olham para nós, me encolho. —
Maldito! Eu vou matar, aquele filho da puta miserável! Quando o encontrar, juro que quebrarei
sua cara de merda! — Tenta se levantar e o seguro pela mão.
— Não, por favor... eu já o mandei embora. Disse-lhe que sairia e quando retornasse não
o queria mais lá. — Soluço com o coração dolorido. Ele se senta novamente e acaricia minha
mão. — Gabe, ia contar a ele que estou grávida.
Gabriel congela e me fita com intensidade por segundos intermináveis, seus olhos azuis
brilham de maneira estranha. Se não o conhecesse bem, diria que estão lacrimejantes.
— Milena… você disse... que está grávida? — Aceno afirmando e ele engole seco. Baixa
a cabeça por instantes e quando me olha novamente, seus olhos estão repletos de carinho.
Gabriel murmura tão baixo, que se eu não estivesse atenta não teria ouvido.
— Jesus... — Apruma na cadeira e diz agora com voz firme. — Nós vamos resolver isso,
querida, prometo a você. — A voz calma de Gabriel me aquieta e serena. Olho com gratidão para
ele.
— Obrigada por estar sempre por perto me ajudando, Gabriel. Você é um amigo
maravilhoso. Eu te amo demais. — Ele me olha estranho novamente por segundos, mas sorri
logo em seguida e beija minha mão.
— Sempre estarei aqui por você, Milena. — Sussurra. Fecho os olhos aliviada por ter um
amigo... tão maravilhoso.
Aproveito e conto tudo a ele. Quando digo que surrei o traidor com um cabo de vassoura,
ele sorri largamente e me parabeniza. Sorrio entre lágrimas.
Gabriel continua me ouvindo atento, enquanto rasgo meu coração para ele. Nunca me
interrompendo, mas sim, incentivando-me a continuar. Ele aparenta calma, mas sua palidez e
lábios apertados diz o contrário.
Continuamos nossa conversa até que aparece uma das amantes de Gabriel. Ela chega e o
abraça por trás. Ele não gosta e fecha a cara. Doçura somente com sua amiga aqui, ainda consigo
pensar envaidecida, apesar de muito machucada, afinal levar um chifre dói.
Meu amigo é um mulherengo assumido, mas quando está comigo, se comporta como um
cavalheiro. Gabe não gosta que as mulheres o toquem em minha frente. Me diz que é desrespeito
à nossa amizade, porque nunca se sabe o que elas dirão. Gabriel é único, amo demais esse
homem. Ele sempre pontua que elas poderão dizer algo que ofenderá meus ouvidos sensíveis.
Mal sabe ele que sei de sua vida podre desde a faculdade...
E agora que é um conceituado veterinário, piorou sua promiscuidade, o homem ficou
ainda mais safado e lindo. Olho para ele e sua beleza é impressionante, parece um gigante
viking, descendente de Thor.
As mulheres fazem filas para levar seus pets para ele cuidar. Gabriel chama atenção por
onde passa, um verdadeiro anjo dourado e inacessível.
Sei que tem um harém de amantes, ele não esconde isso de ninguém. Cada dia fica com
uma diferente ou várias. Se você precisar de um homem cafajeste, Gabriel não serve, ele está
além da devassidão.
Na faculdade, Gabe, pegava todas e passava o rodo geral. Lá, ele era chamado de 3 Gs,
em alusão ao famoso e conhecido libertino Casanova que viveu no século XVIII. Vocês devem
estar se perguntando, o que 3Gs tem com Gabriel? Simples, o nome do libertino era: Giacomo
Girolamo, e junta-se ao Gabriel, temos o famoso 3Gs.
Por outro lado, Rafael era o reservado e tímido nerd da turma, e olha no que deu! Levei
um belo e lustroso par de chifres do santinho, penso com desgosto e uma careta de ranço. Passo a
mão na barriga, o que me deixa mais apavorada é estar grávida e sozinha. Ser mãe solo não é
fácil. Quando penso nisso minha vontade de chorar aumenta.
Gabriel se levanta e pede licença como o cavalheiro que sempre foi comigo, friso sempre
isso porque com os outros, a paciência dele é zero. Até hoje, não entendo como caí nas graças
protetoras de Gabe.
— Já volto, querida, só um momento. Tudo bem? — Diz com calma e aguarda. Aceno e
tento sorrir. Ele se levanta e arrasta a pobre coitada pelo braço. Eu sou a amiga de Gabriel, ela
não, pobre diaba.
Apesar de extremamente protetor e possessivo comigo, ele não renunciava a suas
safadezas. Sempre o pegava comendo meninas nos cantos da escola, na faculdade e mesmo após
formado. Cansei de pegá-lo saindo de algum canto, vermelho e muito suado. Já sabia o que era e
passei a ignorar, realmente ele não tinha jeito mesmo.
Muitas vezes na faculdade, quando precisava, me lembro com um sorriso, ele interrompia
suas trepadas e vinha me socorrer ainda de pau duro. Quando digo que somos loucos, ninguém
acredita. Ele era e é amigo nesse nível. Meu louco e protetor Gabriel.
Confesso que abusava, claro que jamais direi a ele, mas sempre dava um jeito de
atrapalhar suas safadezas. Sentia um aperto ruim no coração quando o via comendo outras
mulheres. Muitas delas, minhas amigas. Meu consolo é que raramente ele ficava com elas, pós-
trepadas.
Combinamos que eu estudaria na mesma universidade que ele. Mesmo Gabriel, sendo
oito anos mais velho que eu, conseguimos estudar na mesma faculdade nos seus dois últimos
anos. Foram intensos e nesses dois anos, conheci com mais detalhes o lado cafajeste de meu
amigo. E também sua proteção obcecada para comigo.
Gabriel havia parado de estudar quando sua mãe morreu em um acidente, o choque foi
grande, era somente os dois. Rebelou-se totalmente quebrando todas as regras que podia. Bebia,
fumava e vadiava. Gabriel era sempre preso por dirigir em alta velocidade e muitas vezes
embriagado. Sem falar na putaria que vivia.
Ficou assim por um bom tempo, até resolver dar uma guinada em sua vida e voltar a
estudar.
O que ele manteve com zelo nos anos de rebeldia, foi nossa amizade e sua proteção para
comigo. Nos tempos de rebelião, Gabriel ia em minha casa todo final de semana e me vigiava de
longe.
Sorrio ao lembrar de muitas vezes vê-lo em sua moto estacionado em algum lugar. Ele
somente piscava e mandava um beijo para mim, indo embora em seguida. Sentia um calor
gostoso quando o via por perto, sabia que se importava comigo. Esse era seu jeito de dizer que eu
era valorosa e especial para ele.
Apeguei-me a Gabe de forma inexplicável. Na verdade, me apaixonei por ele na época
que se rebelou, mas mantive isso para mim.
Vi durante minha vida e convívio com ele, que Gabriel nunca seria um homem fiel e de
uma só mulher. Ele era uma pessoa que adorava quantidades.
Passei ou ao menos tentei enxergá-lo somente como amigo e com o tempo consegui...
acho. Não sem antes fazer uma coisa... um segredo que tenho trancado em meu coração a mil
chaves. Vou morrer e levá-lo para o túmulo comigo.
Capítulo 02
Milena Avelar
Quando digo que somos amigos, é porque somos e sei o que estou falando. É uma
amizade que já foi provada e aprovada. Gabriel é meu anjo protetor e fim.
Volto a olhar para Gabe, um homem muito, muito alto, musculoso, loiro, imensos olhos
azuis, barba dourada, bem aparada e cheia. Hum... ele parece um modelo, de tão perfeito que é.
Gabe é disputado a tapa pelas dondocas da cidade. Parece que ele adora ser cobiçado por
essas taradas de plantão, mães de pets. Torço o nariz, o safado ama ser o centro das atenções,
mas só quando está interessado, depois vira um ogro e bota as mamães de pets para correr. Ele é
um anjo mau com as mulheres e um anjo bom com sua amiga, eu no caso. Meu doce anjo
malvado.
Olho para o canto e vejo a mulher gesticulando sem parar e Gabriel olhando-a com
indiferença. De onde estou posso ver os olhos da mulher brilharem como luzeiros. Coitada, mais
uma iludida. Observo à minha volta e vejo várias mulheres quase babando na beleza
descomunal do loiro alto e imponente, logo a frente. Gabriel causa esse alvoroço por onde passa,
mesmo que nem perceba o rebuliço que deixa para trás.
Agora vejo que a fulana chora. Tenho dó dessas mulheres e me incluo no rolo. Estou aqui
acabada, grávida de um homem que não vale nada. O Gabriel é doce comigo porque não caí em
sua rede de sedução, se fosse assim, estaria igual àquela pobre loira, chorando na frente de várias
pessoas. Não, é?
Limpo minhas lágrimas de desgosto. Rafael é um maldito fodido. Quantas vezes o
desgraçado me traiu? Com certeza foram várias. Ele já se sentia tão à vontade que levou uma
piranha para nosso apartamento. Filho de uma puta, miserável!
Olho novamente para eles, Gabriel continua impassível. E a coitada está vermelha e
limpando as lágrimas. Sinto muito por ela, quem mandou se envolver com 3Gs?
Sorrio, sou pior que Gabriel no quesito possessão. Sou protetora com ele, assim como
sempre foi comigo. Mulher nenhuma serve para ele, todas são muito grudentas. Digo isso para
meu amigo sempre que posso e sinceramente não aprovo suas escolhas. Nunca. Parece que
assim como eu, ele tem um dedo podre para escolher suas mulheres.
Gabriel sorria cafajeste e me dizia que realmente não serviam, mas todas elas tinham uma
coisa em comum que ele adorava. Adivinhem sobre o que ele se referia? Me recuso a comentar
isso. Não disse que ele era um pilantra e patife?
Por fim, a mulher sussurra algo em seu ouvido, Gabriel olha para ela com raiva e vira as
costas, deixando-a plantada no lugar com cara de tacho e vem para nossa mesa. Homem das
cavernas!
Sorrio mesmo acabada de tristeza quando me lembro de suas safadezas na faculdade, ele
continua o mesmo cafa de sempre.
Lembro-me de Rafael, meu agora ex-noivo e meus olhos alagam. Desgraçado dos
infernos!
Rafael era o nerd da turma, muito centrado e não era safado ou mulherengo. Ao menos eu
pensava assim..., na verdade, o desgraçado somente escondia sua podridão e não era como
Gabriel, um livro aberto. Gabe sempre foi genuíno em sua devassidão e Rafael um mentiroso.
Agora vejo isso... tarde demais. Quatro meses morando juntos e dividindo tudo. Maldito
mentiroso!
Rafael foi ainda mais generoso, dividia até seu maldito pau rodado com outras mulheres
além de mim. Fungo. Estávamos com nosso casamento marcado, porra! E o maldito fodido, me
trai?
Graças a Deus que meu apartamento foi herança, senão seria outra briga na divisão de
bens. O maldito traidor não ajudou em nada, somente veio com a roupa do corpo para meu
apartamento já mobiliado. Tinha que ser somente fiel e manter a porra do pau dentro das calças.
Nojento!
Lembro-me do dia em que comecei a namorar Rafael e contei ao meu amigo, Gabriel.
Ele ficou calado por um longo tempo, olhando para o nada e de repente, sorriu e me parabenizou,
abraçando-me forte.
Quando contei a ele que iria morar com Rafael, há um tempo, meu amigo sumiu por
semanas... isso doeu, pois éramos muito chegados.
Uma eternidade depois, Gabriel reapareceu com um sorriso imenso no rosto e explicou-
me que teve que viajar às pressas e que não deu tempo de me avisar.
Claro que foi conversa fiada de meu amigo, mas não quis insistir.
Sua clínica ficou fechada e eu maluca sem saber seu paradeiro. Seus amigos não me
disseram nada, por mais que eu insistisse com eles. Por fim, desisti e aguardei Gabe voltar.
Confesso que sofri demais por sua ausência, amo demais meu amigo.
Quando finalmente voltou, disse a ele que poderia ter me ligado, e Gabe disse que teve
uns problemas complicados que tomou muito de seu tempo. Então ficamos bem novamente. Não
insisti porque não queria jamais perder sua amizade.

Lembro-me novamente o porquê estou aqui e meus olhos ardem. Pego um guardanapo e
os enxugo. Bebo um gole de café e faço uma careta, está frio.
Soluço baixinho e encosto na cadeira enquanto aguardo meu amigo popular, que parou
mais uma vez quando foi puxado pelo braço por uma mulher peituda. Seus peitos estão pulando
fora do decote e saltando alegres e sedutores para Gabe, que não dá atenção.

Fecho meus olhos relembrando a cena que vi hoje, um horror.


Saí do trabalho mais cedo para pegar os exames que fiz. Confirmei que estava grávida
assim que olhei o resultado. Eu estava com minha menstruação atrasada e sentindo muito enjoo
durantes as duas últimas semanas. Na verdade, no fundo, eu já sabia que estava grávida. Fiz os
exames somente para confirmar mesmo. Positivo. Fiquei feliz demais, mas ao mesmo tempo,
com muito medo e ansiedade, esse sentimento bateu forte em meu coração, afinal estava gerando
uma vida.
Tentei ligar para Rafael, mas só caía na caixa postal. Ele era um advogado e trabalhava
muito, o entendia. Então faria melhor ao dar a grande notícia.
Passei em uma loja de presentes e comprei uma linda caixa azul, com estampa de
ursinhos. Coloquei o resultado dentro, iria presentear Rafael com a notícia. Sei que ele ficaria
feliz, pois nos casaríamos em pouco tempo. Rafael sempre disse que queria ter muitos filhos. Por
esse motivo, quis ter certeza antes de contar a novidade para meu noivo. Não queria dar a ele
falsas esperanças.
Mas confesso de coração, não estava preparada para a reviravolta colossal que minha
vida teria…
Capítulo 03
Algumas horas atrás…
Milena Avelar
Chego de Uber, não gosto de dirigir. Gabriel fica aborrecido comigo por não comprar um
carro, diz que tenho que ser independente em relação a isso.
Rafael, por outro lado, adora que eu peça a ele que me busque em meu trabalho. Ele
repete sempre que adora me mimar.
Como não gosto de dirigir, sempre achei que Rafael tinha razão e Gabriel era o playboy
que não gostava de mimar suas mulheres, as buscando no trabalho ocasionalmente, claro.
Entenderia mais tarde essa “gentileza”.
Chego e quando o porteiro me vê fica pálido.
— Jesus, Maria e José… Ave, Maria, cheia de graça…— murmura e me olha
transpirando.
— Está tudo bem, seu Onofre?
Ele me olha com seus olhos bonachões apavorados.
— Sim… menina, bem... — Ele se levanta e contorna o balcão. — Milena, eu gostaria
tanto de te dizer uma coisa… filha… — ele está tremendo.
— Seu Onofre? — ele baixa a cabeça e quando a levanta está com os olhos lacrimejantes.
— Eu tentei ligar para você, minha filha, várias vezes. — Pego meu celular e olho.
Realmente ele tentou tantas vezes que só tem ligações dele. Conto.
— Dez chamadas, seu Onofre? — pergunto olhando-o atenta.
— Sim… hoje foi a primeira vez que ele fez isso, ao menos aqui e não achei justo, por
isso liguei para te… — O elevador chega e alguém grita. Corro e entro, do elevador lanço um
beijo para ele que me olha agoniado.
— Depois a gente conversa seu Onofre, agora preciso tomar uma água e ligar para meu
noivo, tenho uma novidade para contar a ele. — Digo alto quando a porta se fecha, aperto o
botão. Último andar. Moro na cobertura.
Tentarei ligar mais uma vez somente para contar a Rafael que tenho uma notícia
maravilhosa. Tento novamente e cai na caixa postal… outra vez.
De qualquer forma darei a notícia a ele quando chegar. Sei o quanto está trabalhando
ultimamente em um caso complicado e quando é assim costuma chegar tarde.
Estou ansiosa para que ele chegue rápido. Sorrio e acaricio minha barriga ainda plana.
— Papai vai ficar feliz, assim como a mamãe ficou, não é bebê? — sussurro e acaricio
minha barriga. Fecho os olhos, as vezes sou acometida por dúvidas em relação a Rafael... será
que estou fazendo o certo ao me casar com ele? Meus olhos lacrimejam... sinto meu coração
apertar. Foda-se! Levanto a cabeça e balanço com força... agora não tem jeito. Estou grávida de
Rafael.
Estou tão entretida em meus pensamentos angustiantes que não vejo que o elevador já
chegou em meu andar. Saio como se o mundo estivesse sob minhas costas.
Abro minha bolsa e demoro a achar minha chave. Minha mala, como diz Gabriel, tem
tudo dentro, desde remédios até jujubas e chicletes. Adoro ter conforto por onde for.
Rafael me chama atenção por carregar tanta coisa e deixar a bolsa pesada. Gabriel apenas
sorri e carrega minha mala para todo lado.
Franzo o cenho: sempre comparo os dois. Por que sempre faço isso? Jurei que pararia...
me sinto um ser humano quebrado e fodido ao mesmo tempo. Às vezes, o peso de minhas
escolhas covardes me faz tanto mal que me sinto morta em vida.
Balanço a cabeça e enterro esse pensamento fundo em meu coração. Um dia paro e penso
sobre isso. Hoje tenho coisa mais importantes para resolver.
Dou uma risadinha triste quando localizo a chave no poço profundo que é minha bolsa.
Pego-a e enfio na porta, abrindo-a.
Congelo ao ouvir sussurros e gemidos. Franzo o cenho. Caminho com cautela até meu
quarto, meus olhos já estão cheios de lágrimas, mas seco com raiva. Não vou chorar, ao menos
aqui… terei tempo depois para isso. Desgraçado dos infernos!
Ouço a voz rouca de Rafael e meu mundo quebra-se de uma vez.
— Porra! — a mulher geme. A cena que vejo é nojenta. Rafael completamente nu,
comendo uma mulher ruiva em nossa cama. Cruzo meus braços e fico olhando sem reação.
— Mais forte, Rafael! — ela diz e cruza as pernas em sua cintura. — Ele mete com força
e a cabeceira bate na parede.
— Assim, safada? — ele geme, mordendo seu pescoço.
O ódio começa a aquecer meu coração. Desgraçados!
Me esqueci de dizer que quando estou nervosa, falo muito palavrões e fico agressiva?
Caralho dos infernos, vou arrancar o rabo desses fodidos!
Me viro com calma, vou até a cozinha, pego uma vassoura e volto para o quarto.
Eles estão tão envolvidos na traição que não percebem quando desço o cabo neles, com
força. Acerto mais o maldito e sua bunda branca fodida.
— Desgraçados! — Rafael se volta para mim e sai com rapidez da vagabunda.
— Milena, meu amor! Chegou mais cedo hoje? — Paro e olho bem em seus olhos verdes
traidores.
— Não, continuo trabalhando, seu filho da puta! — Ele se encolhe e puxa um lençol,
enrolando-o em volta de sua cintura com rapidez. Seu pau podre continua duro. Ranjo os dentes
de ódio. Ele olha para a mulher com raiva como se ela fosse a culpada e grita.
— Fora daqui! — Agarro a vassoura e meto nele sem dó. Judas falso do caralho!
— Vagabundo traidor! Miserável! — Ele grita e tenta pegar a vassoura de minha mão.
Mas a ira é tanta que estou com a força de Sansão. Continuo batendo sem dó no miserável, ele
escapa e corro atrás, o acertando sem parar. Ele tenta proteger o pau, que a essa hora encolheu
tanto que virou uma boceta. Olho para a mulher que tenta sair do quarto sorrateiramente e grito.
— Você fica, vagabunda! — ela arregala os olhos.
Rafael tenta me pegar. Me afasto em um pulo.
— Não se atreva a encostar um dedo em mim, seu traíra farsante! Tenho nojo de você,
mentiroso do caralho! — Olho novamente para a puta que nos olha com medo, na verdade,
aterrorizada.
— Vocês já treparam aqui? — Pergunto com ódio. Ela me olha somente balbuciando.
— Não, amor. Hoje foi a primeira vez aqui, juro! — Rafael diz com voz chorosa.
— Aqui? E em outros lugares, seu hipócrita fodido? — Olho para a mulher que baixa a
cabeça rapidamente, me dando a resposta que quero, sem ao menos abrir a boca.
Fecho os olhos derrotada e quando os abro, fito Rafael que chora sem parar.
Amaldiçoado. Preciso de meu amigo, Gabriel, penso angustiada.
— Eu te amo, Milena. Me perdoe... — Ele se ajoelha e baixa a cabeça.
Olho para a cena patética e tenho vontade de rir de tão ridículo que é esse quadro. Dois
vagabundos rançosos pelados em minha casa. Ergo a vassoura para dar mais uma sova nesse
vadio. Mas penso bem, esse infeliz não merece a força que faço para levantar a vassoura, ele não
merece nada de minha parte. Olho tudo ao meu redor, é bizarro.
Um homem pelado ajoelhado diante de mim, uma mulher nua que me olha com terror.
Devo estar parecendo uma maluca, descabelada e com uma vassoura na mão.
A mulher fodida pelo pai de meu bebê me olha lamuriando baixinho. Vagabunda
ordinária. Aliás, vagabundos ordinários!
Olho para o monte de merda ajoelhado em minha frente e meu estômago revira, que nojo
desse homem. Essa porra fede a sexo sujo. Endureço o coração e olho para ele com ranço.
— Rafael — digo com voz firme. Ele me olha consternado.
— Milena, por favor, me perdoe. Eu te amo, eu juro — vejo com satisfação que o
machuquei muito, está com sangue escorrendo pelo seu rosto e com certeza ficarão vergões
roxos por todo o seu corpo.
— Por favor, cara. Pare de dizer mentiras. — Sou curta e grossa. — Quem ama não trai,
seu miserável! — ele se encolhe e começa a chorar, de novo. Filho de uma puta, falso!
A mulher se levanta e tenta sair de fininho... de novo. Mas que caralho é esse? Além de
vermes traidores, são covardes?
Estico o cabo de vassoura impedindo sua passagem.
— Você fica, puta ordinária! — Olho para ela com muita raiva. A infeliz miserável, está
tão pálida que está pertinho de desmaiar, foda-se.
— Milena… — Rafael sussurra ainda em sua pose ridícula, ajoelhado.
— Cale a boca, Judas, e me ouça. — Ele arregaça os olhos, o verme rançoso sabe que
quando estou irada, sou um pequeno demônio. — Rafael, cheguei mais cedo para te contar algo.
Mas diante do que vi, você não merece. — Olho com nojo para ele. Vejo seu rosto lívido e olhos
vermelhos.
— Milena… — murmura meu nome como uma prece.
— Pare de murmurar e vire homem, porra! Você jogou no lixo quase dois anos de
relacionamento, seu maldito, por trepadas aleatórias? Quantas vezes já me traiu, seu ordinário?
Valeu a pena? — Ele sacode a cabeça sem parar. — Presta bem atenção, vou sair e quando voltar
não quero vocês aqui. Entenderam? — Olho para a mulher que nos olha aterrorizada e
petrificada, volto para o hipócrita ajoelhado. — Judas traidor, quero que saia de meu
apartamento e leve sua rameira com você. — Levanto meu pulso e olho meu relógio, bato nele
com o dedo e sentencio. — Você tem exatas três horas para sumir de meu apartamento e vida.
— Arranco a aliança e jogo em sua cara de merda. — Não quero vê-lo aqui quando voltar. —
Viro-me e caminho com a cabeça erguida até a porta e paro. Olho para a mulher nua com nojo.
— Faça bom proveito desse verme, agora ele é todo seu, puta fodida! Meus pêsames. — Saio
com o que ainda resta de dignidade em minha vida miserável.
Rafael se levanta e corre atrás de mim.
— Milena… — repete meu nome igual um fodido robô.
Olho para ele com pena. Minha reação ao ver o verme me traindo, me surpreendeu. Dói
menos do que eu esperava... na verdade, não sinto por Rafael, mas por meu filho, que não terá o
pai presente. Estranho. Agora a certeza bate com força, acredito de todo meu coração, que iria
cometer um erro me casando com esse imundo. O sentimento que me toma nesse momento é a
sensação de livramento e liberdade. Sinto e creio que escapei de algo que iria me martirizar
futuramente. O tempo confirmaria que eu estava certa.
— Pare de repetir meu nome, caralho, você parece um maldito robô! — Digo ao verme o
que penso. Ele me olha com tristeza e amargura.
— Me perdoe, Milena. Eu juro que se você me der outra chance, jamais a trairei
novamente e… — gargalho em sua cara de merda arrependida.
— Jamais. Arrume suas coisas e desapareça de minha vida! Pense no lado bom disso
tudo, agora não precisará trepar escondido mais, está livre. Olha que maravilha! — Sou irônica.
Pego minha bolsa e vou em direção à porta. — Um conselho? Tome um banho antes de sair,
você fede a foda, putaria e falta de caráter. — Ele soluça alto, foda-se se me importo. Lixo
traidor. Vou atrás de meu amigo, Gabriel.
Quando saio e entro no elevador, desmonto. Tudo que segurei quando o vi com outra
mulher em nossa cama vem com força total e me quebra de uma vez. Me agacho e choro com
soluços altos. Choro tanto que quando desço, não vejo nada e nem dou ouvidos aos gritos de seu
Onofre. Em pouco tempo, ouço os gritos desesperados de Rafael, saindo do elevador. Por que,
meu Deus? Por quê, seu desgraçado fodido? Os ignoro e vou atrás de Gabriel, meu anjo amigo.
Capítulo 04
Gabriel Lêcor
Volto para a mesa onde Milena está, fervendo de raiva da mulher que ousou me
confrontar. Porra, quando trepo, aviso logo que não precisa de fidelidade por parte delas. Porque
de meu lado, elas jamais terão. Não sou exclusivo. Ponto.
Não dou e não exijo exclusividade. Não sou daqueles que trepam uma única vez com a
mulher e dispensa. Eu me garanto. Se a trepada foi boa, por que não repetir? Mas com esse show
de hoje dado pela loira que sequer sei o nome, começo a entender o negócio de uma única
trepada. Vou repensar esse negócio de repetir a dose.
A porra veio dizer que me viu com outra mulher e que pensava que estávamos em um
relacionamento.
Sequer sei o nome da fulana. Passo a mão entre meus cabelos e ouço alguns suspiros
quando estou chegando à mesa que Milena está.
Sorrio de lado e pisco para uma morena que falta me engolir com os olhos. Sei que sou
bonito, mas isso não me envaidece. Mas confesso que me aproveito muito desse carinho que a
vida me fez. Tenho um rosto angelical como elas dizem, mas sabemos que de anjo eu não tenho
nada, não é? Talvez ser loiro de olhos azuis? O caso é que abuso dessa carinha de anjo que
tenho e fodo até perder os sentidos. Meu lema: Caiu na rede é peixe.
Me sento e quando vejo Milena com os olhos inchados e vermelhos, minha ira com o
maldito Rafael volta.
Desgraçado! Conversei tanto com aquele maldito. Milena sempre pensou que Rafael, por
ser mais reservado, era um homem que não tinha suas tretas. Sabia disso, pois ele sempre estava
em nossas festas na faculdade, mas meio que escondido. Rafael sempre quis passar a imagem de
nerd e confesso, ele conseguiu. Quando me disse que estava interessado em Milena, surtei e dei
uma surra no vagabundo, eu sabia de sua fama oculta. Pensei que a coça, o faria se afastar. Mero
engano, o cara de tímido, passou a perseguir Milena. Quando ela aceitou namorar ele, me matou,
admito, mas a aconselhei muito... e dei mais uma surra no Rafael, que me jurou que iria parar de
ser um libertino quando estivesse com ela.
Acreditei e ajudei Milena no que podia. Engoli minha obsessão e proteção por ela...
prometi a ela que sempre estaria por perto quando precisasse.
Claro que não vou contar certas coisas para vocês, ainda…, mas ao longo de nossa saga
irei revelando os detalhes aos poucos...
Uma coisa eu garanto, vou matar Rafael quando encontrá-lo.
Saber que Milena está grávida e foi traída pelo desgraçado, me deixa irado. Filho de uma
rameira, desgraçado!
Olho para a mulher à minha frente e sempre fico enternecido em ver o quanto ela é linda.
Pequena, clara, olhos castanhos, e o rosto delicado salpicado de sardas em tons dourados. Minha
amiga parece uma pintura feita usando somente tinta e pó de ouro. A beleza singela de Milena a
torna única e perfeita.
Sua delicadeza, engana direitinho os desavisados, essa bichinha quando fica com raiva…
Jesus!
Corre, porque ela fica impossível. Sorrio, me lembrando de quando a vi brava e nervosa,
foram pouquíssimas vezes, mas confesso, deu medo.
O pingo de gente, vira uma fera de boca-suja. Ela consegue a façanha de me fazer corar e
ficar sem graça quando começa a xingar. Sorrio divertido. Até marinheiros e piratas seriam
envergonhados pela Milena desbocada e brava que surge ocasionalmente.
Apesar de ter agido com bravura quando pegou o ex-noivo, tenho certeza de que ele se
fodeu, Milena o cortou de sua vida. Ela é doce, fofa e tudo o mais, mas quando resolve te
arrancar do coração, pode desistir. Minha amiga é cheia de garra e marra.
Milena vai sofrer, porque o verme tinha sua fidelidade. Mas ele sofrerá mais, porque sei
que apesar de ser um fodido traidor, ele realmente acha que a ama. Digo acha, porque quem ama
de fato e está em um relacionamento, respeita seu parceiro e não trai.
— Milena… — ela me olha e seus lindos olhos castanhos cintilam, mais lágrimas. —
Desculpe-me pela demora. Mas a pilantra estava me pressionando e você sabe que odeio isso. —
Resolvo tentar quebrar a tristeza que vejo em seu rosto, fazendo piada. Rafael, seu miserável, eu
vou te matar, desgraçado! Xingo o maldito em pensamento. — Acredita que ela me viu com
outra mulher e veio tirar satisfação? Veja bem, Jujuba, deixo sempre claro que sou um
passarinho que adora voar. — Pisco e ela esboça um sorriso. Congratulo-me internamente.
— Você é um safado sem cura, Gabriel. — Ela aperta minha mão e sorrio.
— Sim. Um safado assumido, Jujuba. Mas sempre leve em conta, por favor, que
exatamente por isso nunca assumi nenhum relacionamento. — A chamei assim no dia que tive
que dar uma surra nos meninos na escola, porque estavam humilhando a menininha mais linda e
frágil que já vi. Milena era um encanto de menina e muito frágil devido a problemas de saúde.
Tive o impulso de cuidar dela naquele momento e me esforço até hoje para ser o seu
melhor amigo. Vou confessar, essa pequena e delicada mulher, já me colocou em situações que
arrepio só de pensar.
E deixando claro, faria tudo novamente e mais. Ela merece. Milena me olha e balança a
cabeça, seus cabelos castanhos soltam do coque e espalham por seus ombros estreitos. Vou matar
Rafael, penso mais uma vez com sanha assassina. Como ele pode traí-la?
— Melhor mesmo, para não fazer nenhuma mulher sofrer. — diz e baixa a cabeça.
— Jujuba… olhe para mim. — Levanto seu queixo e meu coração parte em vê-la sofrer
assim… porra! Pensei que ela seria feliz com sua escolha… caralho! Rafael merece o inferno e
fogo no rabo eternamente. — Vou dar uma surra nele e se você quiser arranco seu pau. Quer? —
ela sorri e vejo as covinhas tão lindas que somente Milena possui.
— Deus me livre daquele pau rodado! — Fala fazendo uma careta. Sorrio, assim que
gosto de vê-la. — Gabriel… — chega seu rosto mais perto do meu e inspiro seu perfume de
rosas. — Obrigada por sempre estar comigo e do meu lado. — Balbucia e beija meu rosto
barbado.
— Sempre que precisar, querida, temos um trato, lembra-se? — acaricio seu rosto macio.
Ela acena.
— Não importa o problema, sempre cuidaremos um do outro. — Falamos juntos.
Me levanto, puxando-a pela mão.
— Agora vamos resolver esse problema, vou te levar em casa e se o desgraçado ainda
estiver lá, melhor, pois assim será mais fácil arrebentá-lo. Se não estiver, o que duvido,
conhecendo o pau rodado que é, sei que ele percebeu a merda que fez. Mas no caso de ter ido
embora, deixando claro que duvido, irei atrás do pedaço de merda e darei uma lição nele que
nunca esquecerá. — Ela sorri e chega para perto de mim, abraço-a pelo ombro. — Vamos,
potinho de doçura, vamos dar um jeito nesse safado infiel. Vamos vingar sua honra, minha bela
dama. — Brinco com ela, como sempre fizemos.
Milena descansa a cabeça em meu ombro e vamos para sua cobertura que fica perto desse
café. Vamos lá, Rafael, não me faça te procurar. Estou com o sangue fervendo para te encontrar,
seu traste mentiroso. Ah, se estou!
Capítulo 05
Gabriel Lêcor
Seguro a mão de Milena quando o elevador para, sinto-a trêmula. Rafael não perde por
esperar. Sorrio maligno.
— Fique tranquila, querida. Vamos resolver tudo, combinado? — ela acena e pego sua
bolsa gigante. Aqui nessa mala tem até edredom se facilitar. E claro, seus pacotinhos de Jujubas,
ou melhor, nossas jujubas. Um rosa que ela adora e um verde que amo. Fecho os olhos por um
momento.
Por fim, abro a mala e começo a saga de procurar as chaves, é uma luta confesso. Olho
para ela e sorrio. — Está mais difícil hoje, por que será? — brinco e arranco o sorriso que
esperava.
— Sim… a chave está em meu bolso. — Enfia a mão e puxa me entregando.
— Mas que matreira! Dê-me essa chave, mulher má, tenho que arrancar o couro de um
pilantra e você está me impedindo, retendo a chave. — Milena sorri e me observa abrir a porta.
Quando entramos, vejo o filho da puta lá, como havia suspeitado e dito. Ele sabe a merda
que fez e o que perdeu.
Se levanta em um salto e vem até Milena, me olhando receoso, claro, se lembrando das
conversas que já tivemos. O alertei tantas vezes. Ele sabe que Jujuba é minha protegida.
— Milena… — ela se esconde atrás de mim.
— O que ainda faz aqui, Rafael? — pergunto com uma falsa paciência. — Milena não
deixou claro que era para você ir embora, depois que o pegou trepando com uma puta na cama
de vocês? — Ele fica pálido.
— Eu jurei a ela que jamais faria novamente e estou aqui para implorar seu perdão.
Milena? — Murmura o traíra.
Sinto-a agarrar minha camisa por trás, ela está nervosa. Viro-me e olho com carinho para
a mulher trêmula que me olha com tristeza.
— Jujuba? Deixe-me resolver isso, querida. Você não pode ficar se estressando. — Levo-
a até o sofá com calma e aguardo ela se sentar. Quando me volto, Rafael me olha com raiva.
— Vai embora, Gabriel. Eu e Milena resolveremos isso, prometo a você. — diz olhando
para ela. Jujuba fica vermelha e sinto que está se enfurecendo aos poucos. A porra do Rafael
sabe como ela é quando fica brava.
— Calma, querida. — Tranquilizo-a e olho irado para o filho da puta. — Rafael, você
tem 3 minutos para pegar suas merdas e dar o fora daqui. — Ele me olha desafiador.
— Senão? — O sangue ferve e avanço com tudo. A gana de matar esse desgraçado me
assola, estava dando tudo de mim para me controlar, mas ele não me dá outra opção.
Pego-o pelo pescoço e caminho com rapidez arrastando-o até a parede. Bato sua cabeça
com força. Ele estremece.
Tenta falar, mas aperto ainda mais sua garganta.
— Nenhuma palavra, desgraçado. Eu te avisei. — Ele empalidece e eu não aguentando
mais, me descontrolo. Desço o pau no filho de uma puta, que não mantém guardado a porra que
carrega entre as pernas.
Dou murros em seu estômago sem parar, ele tenta fugir como o merda que é. Consegue
chegar perto da porta de saída, mas vejo Milena o esperando com um sorriso maldoso no rosto.
— Aqui você não passa, verme imundo! — ele para e me olha, sorrio de lado e avanço.
Pego-o pela camisa, quando tenta ir para o outro lado.
Milena corre e desce o abajur em suas costas com força. Sorrio de prazer.
— Vocês estão loucos? — Rafael grita tentando se proteger. Ele está mais que avisado,
se encostar um dedo em Milena o matarei. Talvez por isso, nunca a tenha agredido, miserável.
— Sim, desgraçado, louco para ter seu sangue em minhas mãos! — Milena já está em
modo marinheiro. — Eu te dei um prazo, filho de uma puta traidor, você não ouviu! — Pega o
abajur e joga com tudo nele. Rafael tenta se desviar, mas o infeliz calcula errado e acerta em sua
testa em cheio.
— Desgraçada! — avança para ela e o pego no meio do caminho, pelos cabelos, ele cai e
monto em cima, imobilizando.
— Se en-cos-tar um de-do ne-la, te ma-to, desgraçado! — digo baixinho com fúria,
separando cada sílaba para ele entender bem. Rafael fica verde. — Já conversamos sobre isso,
miserável! — Começo a esmurrar o filho da puta traidor e agora covarde. — Ela não mandou
você embora? O que faz aqui? — ele tenta falar, mas a ira me consome.
— Eu… pedi uma chance… para Milena. — Murmura.
— Só quando o inferno congelar, desgraçado imundo! — Ela grita muito brava, sorrio.
— Ouviu? — digo sacudindo o homem sangrando sem piedade. — Você teve tudo e não
soube dar valor. Agora sua vez passou… — digo socando seu rosto.
— Porco! — Milena diz do seu quarto e ouço passos apressados vindos de lá. Essa
menina não tem jeito, está aprontando alguma coisa e sabe que tem meu inteiro apoio.
— Sim, querida, porco. — Confirmo. — Agora você vai se levantar, ir embora e nunca
mais a incomodará, ou arrancarei seu pau e te darei uma surra com ele. Entendeu? — Digo com
calma, mas por dentro fervendo de ira. Rafael tenta se afastar.
— Milena está grávida do meu filho. — Lamuria começando a chorar. Ele aponta
tremendo para uma caixa com estampa de ursinhos. — O exame está ali, Gabriel.
Fecho os olhos por uns instantes.
— Sim, está. — Digo sem emoção na voz. — Mas você renunciou ao seu filho e Milena,
quando a traiu. — Ele me olha angustiado.
— Gabriel, me ajude, você sabe o quanto amo essa mulher. Milena é tudo para mim. —
O desgraçado tem a ousadia de dizer isso na minha cara.
— Ama? Ela é tudo para você? — murmuro tão baixo que ele estremece se aquietando.
— Então, me diga. Por que a traiu? E ainda pior, na cama de vocês? Milena merecia essa facada
vinda de você, Rafael? Me responde, caralho! — Ele baixa os olhos e quando me fita, sinto até
pena. O seu desespero é real.
— Me ajuda, Gabriel. — Murmura chorando. Realmente sinto compaixão por ele, mas
não ao ponto de ajudá-lo. Rafael foi um filho da puta, e em meu entendimento, traição não tem
perdão.
— Não. — Digo simplesmente e ele chora ainda mais. Foda-se! Ele teve sua chance com
Milena e a desperdiçou.
Me levanto e afasto. Vejo um homem derrotado no chão, que por não saber segurar seu
pau, perdeu a mulher mais honesta e maravilhosa do mundo. Pobre diabo.
Vejo Milena sair do quarto arrastando uma sacola imensa. Caminho até ela e ajudo-a.
— Gabe, joga essas tralhas lá fora, por favor? — Rafael olha a sacola gigante com suas
merdas e geme de desgosto.
— Milena, por favor… — se arrasta até a pequena marinheira.
— Vai se foder, cuzão! — se afasta e abre a porta. — Gabe, por favor, jogue essas
imundices todas lá fora. — Vira para um Rafael destruído. — Vai terminar a foda que
interrompeu, pau pequeno do inferno! — encolho. Puta merda, Milena com raiva destrói a
autoestima de qualquer homem. — Ah, sim, deve ter fodido até o final quando saí, não é seu
desgraçado mentiroso? — Rafael é a derrota em forma de homem.
— Você está grávida… — Jujuba olha para ele com ira.
— Sim. Mas não é seu. — Rafael arregala os olhos e fica azulado. Me encolho. Sei que
Milena está blefando, a conheço. Puta merda, deu até uma ligeira pena do traidor… mentira, ele
merece tudo que está passando. — Na verdade, não sei quem é o pai… foram tantos. — Jesus,
ela está chutando sem dó o cachorro morto há dias. Rafael se levanta com dificuldade, os olhos
maiores que Saturno. Sorrio de lado, eita traição que saiu e sairá cara para esse bastardo.
— Mentira! Eu te conheço Milena, por isso estou implorando seu perdão. Juro que vou
cuidar de você e de nosso filho com toda minha devoção e amor. — Ela vem para meu lado e
Rafael engole seco. — Diz a ela, Gabriel. Me ajude, eu te suplico!
— Não. — Digo simplesmente e levo sua sacola e jogo-a lá fora. — Você teve tudo na
mão e não valorizou… — pego-o pelo colarinho, o arrasto para fora, jogo-o com força no chão e
fecho a porta em sua cara de merda.
Judas traidor bate na porta até eu abrir irado e sair para dar-lhe mais um sacode.
Desta vez o arrasto até o elevador e coloco-o lá dentro, avisando que se continuar
importunando chamarei a polícia.
Ele fica dentro do elevador a contragosto e com cara de cachorro que caiu da mudança.
Mas grita com toda sua força antes que a porta se feche.
— Milena, eu vou te reconquistar! — A pimentinha bufa e me olha com desgosto.
— Homens, quero distância dessa raça! — Vira-se e entra resmungando, sigo-a sorrindo.
Capítulo 06
Gabriel Lêcor
Quando fecho a porta e me viro olhando para Milena, ela está chorando. Meu coração
parte, vê-la assim, faz isso comigo. Estendo os braços e chamo-a.
— Vem cá, querida. — Ela vem fugando e me abraça. Deixo o queixo descansar no topo
de sua cabeça. Acaricio seus braços. — Estou aqui, chicletinho. — Outro apelido que dei a ela.
Depois que a resgatei dos meninos maus na escola, Milena, passou a ser minha sombra, um
grude. Um dia me cansei disso e mandei ela vazar, pois estava pegajosa demais.
Ela chorou e disse que não era chicletinho, somente minha amiguinha, desmontei na
época e isso acontece até hoje. Milena sabe que é meu calcanhar de Aquiles e confesso ela sabe
usar os pontos certinhos para me fazer derreter todo. Porra, cara, Milena dá nó em mim sem
quebrar meus ossos, mulher ardilosa essa.
— Não sou chicletinho, Anjo, sou sua amiguinha… — murmura e soluça. — Gabriel, o
que farei grávida e sozinha? — Beijo o topo de sua cabeça e ergo seu queixo.
— Estou aqui para te ajudar, lembra-se? — seus olhos castanhos claros, inundam de
lágrimas e me parte o coração vê-la tão insegura. — Amigos são para esses momentos, Milena.
Ela acena e me beija no rosto.
— Obrigada, Gabe, não sei o que seria de mim sem você. — Sua doçura é linda de se ver,
mas prefiro-a brava, porque sei que está lidando bem com a situação. Assim, triste e dócil, vejo-a
perdida e sofrendo.
— Vai tomar um banho caprichado, querida. — Levo-a para o banheiro. — Enquanto
isso, vou preparar uma sopa para vocês, afinal não é todo dia que sabemos que seremos tios.
Porra! — digo e saio deixando-a pensativa.
Preparo a sopa e quando ela entra, com os cabelos ainda molhados e um vestido curto,
vejo que está melhor. Milena é uma mulher resistente e sairá dessa situação mais forte que
nunca.
— Finalmente. — Digo e preparo um prato para ela. Não vou comer, tenho um
compromisso hoje com meus amigos e várias mulheres. Levadas por eles, é claro. Estávamos
pensando em um suruba das boas esse final de semana. Mas parece que terei que adiar, Milena
precisa de mim.
Irei somente para dizer a eles que preciso cuidar dela e voltarei para pernoitar com
Jujuba. Meus amigos entenderão... Milena em primeiro lugar, sempre.
Ela se senta e agradece, me dando o sorriso que permeia minha vida desde sempre.
— Obrigada, anjo dourado. — Sorrio largamente. Sempre gostei muito dos apelidos
carinhosos que Milena usava e usa para se dirigir a mim. Claro, que ela usava com menos
frequência quando começou a namorar Rafael. Mas confesso que sentia muita falta dessa
interação. Hoje vejo isso com mais clareza. Sentia falta da Milena que sempre foi alegre e
espontânea. Minha amiga ficou muito quieta e silenciosa, depois que ficou noiva do traste. Hoje
vejo que essa mulher alegre que eu conhecia estava escondida em algum lugar, por algum
motivo. Franzo o cenho, significa que esse relacionamento não estava fazendo bem a ela.
Quando você tem que mudar sua personalidade para se adaptar a uma pessoa, tem algo errado aí.
Como nunca percebi isso? Caralho!
— Sim, querida, seu anjo loiro fez sopa para você e precisa sair. — Milena levanta sua
cabeça e me olha. — Eu e meus amigos, havíamos marcado de sair esse final de semana… — ela
dá um ligeiro sorriso. Mulher esperta.
— Sei, libertino safado! — leva uma colherada a boca. — Hum… que delícia, Gabriel! Já
pode se casar, quer dizer, se não morrer antes de tanto trepar, seu devasso! — sorrio e pisco para
ela.
— Primeiro: sim, sou um descarado imoral, e não nego. — Milena sorri e continua a
comer. — Segundo: Deus me livre de me casar! — bato na mesa três vezes, com força. — Não
se atreva a lançar essa maldição de casamento sobre minha vida! — Jujuba sorri e me sinto
melhor por ela. — Terceiro: se morrer trepando, morrerei feliz, querida. — Pisco e Milena joga
um guardanapo em mim.
— Agora é sério, Gabe, pode tomar banho aqui para ir à sua orgia. Pecador devasso! —
Diz e seus olhos brilham estranhamente. — Aproveite seu final de semana, querido, estarei bem.
— Vejo que deixa a colher no prato.
— Irei, mas voltarei, querida. Não vou deixá-la sozinha aqui. — Milena começa a chorar
e vou até ela, abraçando-a.
— Por favor, não chore, Milena. — Digo acariciando seus cabelos macios e cheirosos.
— O que vou fazer, grávida e sozinha, Gabriel? — sussurra com dor. Jujuba está com
medo de ficar desamparada. Na verdade, apavorada.
— O que sempre fez de melhor, querida, dando a volta por cima com alegria e muita
bravura. Vamos botar aquela merda traidora para correr toda vez que tentar se aproximar. — Ela
suspira. — Milena, ele que tomou no rabo, querida, te perdendo. E com o bônus de perder ainda
mais: seu filho. O bem mais precioso que um homem pode ter. — Acaricio seus cabelos e ela se
acalma.
— Gabriel, você é perfeito… — murmura e meu coração dispara. Caralho!
— Perfeita é você, Jujuba. — Meu telefone toca e atendo. Um de meus amigos.
— Cara, já estamos te aguardando. Tem cinco mulheres, todas filezinho de primeira.
Vamos afundar em um belo bacanal esse final de semana. — Ouço a voz de Afonso. Foda-se!
Não estou nem um pouco interessado. Caralho, quero cuidar de minha amiga.
Olho para Milena, que acena e mexe com os lábios me dizendo para ir.
— Ok, daqui meia hora estarei aí. — Digo a contragosto. Desligo e olho para Milena que
volta a comer.
— Estarei bem, anjo. Pode ir tranquilo. — Me olha com carinho. — Só usa camisinha
para não engravidar ninguém. — Engole seco.
Caminho até ela e tento fazer piada, é visível que Milena está sofrendo.
— Pode deixar, mamãe, encaparei meu pau, prometo. — Ela sorri e suas covinhas se
acentuam. Nunca vi um sorriso tão lindo como o de Milena. Beijo seu rosto e vou até um potinho
de louça. Sei que aqui tem as cópias das chaves de sua cobertura. Abro o pote e as pego.
— Milena, onde estão as cópias de chaves que te dei de minha casa?
Ela me olha atentamente com seus olhos chocolate, porra, tudo nessa mulher me lembra
doçura. Caralho!
Capítulo 07
Gabriel Lêcor
Milena sorri e as duas covinhas que me encantam surgem lindas e profundas. Ela aponta
para um pote menor na mesinha ao lado da porta. Pisco para Milena, abro e olho. Certo, as
chaves estão aqui. Sorrio largamente.
— Sabe que minha casa é sua, não é doçura? — Jujuba sorri e balança a cabeça
afirmativamente.
— A piscina também? — aceno e ela bate palmas.
— Acho que vou para lá, esse final de semana. Você estará ocupado trepando, aí terei a
casa todinha para mim. E Tirano também. — Gargalho e Milena sorri largamente. Tirano é meu
gato, um verdadeiro horror, tenho que admitir. Ele é um gatinho doce... só que não! O danado
arranha qualquer um que ousar chegar perto de mim. Tirano, é um gato persa. Sua pelagem é
longa e muito volumosa, isso dá um charme único e especial à sua raça e ao pilantra mequetrefe.
Além disso, Tirano, tem uma personalidade encantadora… mais ou menos. Sorrio, ele é doce
comigo e agora com Milena. Minha amiga caiu nas graças do tirânico Tirano. Não foi assim no
início.
Meu gato implicante e safado, tentou atacar Jujuba quando a viu pela primeira vez. Tive
que ter uma conversa séria com o atrevido. Expliquei a ele que Milena era diferente e que não era
para ousar encostar nela, ou eu arrancaria sua linda pelugem fofa. Parece que o imperioso
ditador entendeu bem, pois passou a tratar Milena com a mesma consideração que tinha para
comigo. Bom.
Não procurei Tirano, ele veio até mim de forma inusitada.
Os persas são gatos muito procurados por pessoas que vivem em espaços pequenos, como
apartamentos, pois seus miados são baixos e pouco comuns, além do fato desses animais
apresentarem um forte apego ao seu dono. Os gatos persas são meigos e carinhosos. O que não é
o caso de Tirano. Ele é nervoso e estressado com todos que chegam perto de mim ou tentam
pegá-lo contra sua vontade. O rei Tirano, escolhe quem terá a honra de carregá-lo e acariciá-lo.
Sorrio. Bola de pelos, presunçosa e atrevida. Uso sua tirania para manter as mães de pets bem
afastadas. Sorrio malignamente.
Tirano é um dos gatos mais belos que já vi, talvez porque o descarado me conquistou de
primeira, eu acho-o lindo, além de amar meu gatinho cruel. Sua pelagem comprida e sedosa é
branca como neve. Ele tem uma cabeça grande e redonda, orelhas pequenas e arredondadas com
tufos de pelos no interior, olhos grandes e azuis vívidos. Tirano tem uma cara de bad, comum em
sua raça, ele tem um nariz achatado e curto, dando-lhe uma expressão malvada e desdenhosa.
— Sim, provavelmente estarei trepando. Mas pode ficar tranquila que Tirano a protegerá
enquanto não chego. — Ela se levanta e vem até onde estou.
— Tarado! — fica na pontinha dos pés e abaixo a cabeça para receber seu beijo no rosto.
— Vai, se não seus amigos farão a festa sem você, viking. — Ergo-a pela cintura e beijo seu
rosto.
— Sim, irei. — Me viro e saio de sua cobertura com a sensação de que estou
abandonando-a, deixando-a em um momento que ela precisa muito de mim. Sentimento ruim
esse, caralho!
Chego em minha casa rápido, pois moro perto da cobertura de Milena. Subo as escadas
rapidamente e procuro meu gatinho. Vejo-o em seu lugar preferido. Uma poltrona em meu
quarto. Sorrio.
— Ei amigo, cheguei! Cadê a festa com seu dono e mestre? Eu cheguei, caralho! — digo
aborrecido com sua falta de entusiasmo.
Tirano sequer se move, mas me olha com cara de tédio e malvada ao mesmo tempo.
Sorrio. Gato preguiçoso e arrogante esse. — Você é um gato esnobe, Tirano! — ele me olha com
desprezo, se levanta e vem até mim caminhando como um rei.
Se estica todo e começa a roçar minhas pernas. Sorrio. Me agacho e pego o danadinho,
acaricio sua cabeça macia. Ele mia.
— Vou sair, amiguinho e dar umas boas trepadas. Me deseje sorte. — O arrogante me
fita com seus imensos olhos azuis, com cara de tédio e desprezo. — Você se acha mesmo, não é,
Tirano?
Agora ele me ignora completamente e lambe a patinha rosada, o coloco no chão. Entendi
o recado do soberbo Tirano. Vejo-o voltar para o sofá onde estava e se ajeitar com preguiça.
Pilantra folgado.
Tomo um banho rápido. Visto-me, pego a carteira, celular e chaves. Meu telefone é
imprescindível. Quem sabe Milena pode precisar de mim?
Pego minha moto Harley-Davidson com prazer, (Rodapé: Harley-Davidson Motor
Cycles ou Harley é uma empresa fundada em Milwaukee, nos Estados Unidos, no ano de 1903.
É reconhecida mundialmente como uma marca emblemática de motociclos e dedica-se à
fabricação de motos de grande porte e cilindrada.) sempre adorei motos, desde quando era um
bosta pé-rapado e não tinha onde cair morto.
Lembranças invadem minha memória por alguns momentos. Eu passei por uma fase
muito triste e sem direção em minha vida, quando perdi minha mãe. O que não me impediu de
surtar de vez, foi Jujuba. Eu tinha que cuidar e proteger minha amiga.
Herdei a casa de mamãe, uma construção antiga e velha. Joguei tudo no chão e mandei
construir a melhor casa da Vila em Pinhais. Era um dos meus sonhos, morar bem.
E o lote de minha mãe era na avenida principal da cidade.
Hoje minha casa vale um bom dinheiro. Não sou milionário, mas um homem bem-
sucedido aos 33 anos. Minha clínica fica na frente de minha casa. Separei meu local de trabalho
de minha casa com um imenso muro de vidro fumê jateado. Ele me dá a privacidade que preciso.
Minha clínica é uma das maiores em Pinhais e já saí em várias revistas de homens de
negócios bem-sucedido que mora no interior. Isso me rendeu um bom dinheiro. Então, não tenho
do que reclamar.
Já ouviu aquele ditado: Sorte nos negócios e infelicidade no amor? Pois, bem… balanço a
cabeça e saio devagar da garagem. Minha vontade é de voltar e cuidar de Milena. Mas já havia
marcado com eles há vários dias. Porra!
Mas a vida é mestre em nos surpreender, não é mesmo?
Capítulo 08
Gabriel Lêcor
Chego em frente à casa noturna, vinte minutos depois. Estaciono e entro. Vejo eles
sentados, conversando e rindo como lobos.
Caminho até onde estão e quando me avistam assobiam e gritam feitos os loucos que são
à noite. Deixando claro, que durante o dia são homens irreconhecíveis, de tão sérios que são.
Sorrio, pilantras.
— Até que enfim, seu pau no rabo! — Afonso grita. Todos assobiam e batem os copos na
mesa.
— Fodido! Estava lustrando o pau? Porque tanta demora só tem essa explicação! —
Joaquim diz, olhando com luxúria para as mulheres. O canalha conversa comigo de olho na
comida.
— Estamos de pau duro desde que chegamos, filho da puta! — Noah, diz apertando os
peitões de uma mulher em seu colo. Todas estão rindo como hienas. Olho para elas, cinco ao
todo. Caralho, meus amigos e mulheres estavam muito animados.
— Estou aqui, não estou? — puxo uma cadeira e me sento. Uma mulher mais ousada,
levanta-se e senta-se em meu colo. Sobraram duas, a ideia era que revezaríamos, como sempre
fazemos. Mas hoje, não estou no clima. Milena está sofrendo e sozinha. Que porra de amigo eu
sou, não cuidando dela?
Olho para a mulher em meu colo, ela se esfrega sem vergonha alguma em mim, meu pau
sacana reage. Sorrio educado para a mulher me olhando com devassidão. Tento tirá-la do colo.
Mas a fulana não quer sair de jeito nenhum e quando tento colocá-la de volta na cadeira com
mais força, ela agarra meu pau como um polvo maldito.
— Eiii! Calma aí! — digo segurando sua mão com força, senão o fizer com certeza ela o
arrancará. Que caralho é esse? A mulher está louca? — Vamos com calma! — ela sorri cheia de
luxúria e vira o copo de alguma bebida todo de uma vez. Parece que a fulana descobriu a cura
para alguma doença. Todos gritam e batem palmas.
Olho desgostoso para eles que já agarram as mulheres e beijam, apalpando-as de todas as
maneiras possíveis.
Nossa mesa vira uma bagunça total e se não estivesse tão preocupado com Milena, estaria
no meio desse bacanal bagunçado, penso desgostoso.
Afonso se levanta e sacode freneticamente o cartão que dá acesso ao quarto. Todos se
levantam e somente eu fico sentado.
Uma das mulheres me puxa pela mão.
— Vamos doutor, sou uma cadela que precisa de seus cuidados. — Sorri como uma
tarada e encolho. Ela me olha como seu eu fosse um suculento bife, falta somente arreganhar a
boca grande para os dentes pontiagudos de loba aparecerem.
Pego sua mão com má vontade e os sigo.
Quando entramos no quarto gigante, com sofás e uma imensa cama, olho para meus
amigos que já estão em uma orgia sem limites.
Arrancaram as roupas de algumas mulheres, no meio do caminho e Afonso e Joaquim já
estão metendo com força em uma loira e morena. Eles se revezam sem pudor. Ratos
desavergonhados! Ninguém diz que são esses putos quando estão trabalhando, devassos
trapaceiros. Sorrio de lado, todos nós temos um lado sombrio oculto.
Olho para um canto do quarto e vejo Noah tendo um boquete tão quente que seus olhos
estão rolando para trás.
Sobraram duas que me olham babando e cobertas de luxúria. Puta merda, hoje não estou
com vontade nenhuma.
Elas vêm sem aviso e pulam em mim como loucas. Tento me afastar, mas estão tão
desesperadas que me jogam em um sofá e montam em mim. Tentam arrancar minha roupa e isso
me tira o resto de paciência em segundos.
— Chega! — digo com raiva. — Parem suas malucas!
Elas sorriem, acham que estou fazendo charme, caralho.
— Me larguem, seus demônios! — consigo me levantar, não sem antes ver que me
arranharam e rasgaram minha camisa. Puta que pariu! Tem quanto tempo que esses demônios
libidinosos não trepam? Tento ajeitar minha camisa rasgada e vejo que além de rasgada ainda
tem manchas de batom. Fodidas!
Essas coisas alucinadas me olham com pura luxúria e volúpia. Será que sempre foram
assim? Fujo para a porta e elas tentam me pegar novamente.
— Fiquem longe, maníacas! Estou indo embora! — Grito para os caras, que nesse
momento são monstros devoradores e completamente surdos. Macabro. Abro a porta e saio
quase correndo de lá. Deus me livre dessas taradas incontroláveis.
Pego minha moto e vou direto para a casa de Milena. Preciso de um banho urgente e
descansar minhas duas cabeças, a de cima e a de baixo, atacadas com violência hoje. Sorrio de
desgosto. Milena me enchendo de preocupação e as taradas de repulsa.
Capítulo 09
Gabriel Lêcor
Quando estaciono na garagem do prédio de Milena, corro para dentro e aperto o elevador
sem parar. Preciso de um banho urgente e ver como ela está.
Pego as chaves de sua cobertura e entro. Está tudo silencioso, deve estar dormindo.
Respiro aliviado, achei que poderia estar chorando.
A luz do abajur em seu quarto está acesa e encontro Milena, ressonando suavemente.
Sorrio estava preocupado sem razão. Estou saindo para tomar um banho quando a ouço soluçar.
Volto até a cama preocupado, ela está de olhos fechados, mas deve ter chorado muito antes, pois
soluça involuntariamente. Seu rosto está vermelho e suas sardas em destaque. Porra, doçura, quer
me matar? De repente, me deu uma vontade insana de matar o desgraçado do ex de Milena. Filho
da puta, amaldiçoado!
Acaricio seu rosto com suavidade e ela murmura.
— Ele me traiu…, mas não sinto a dor que deveria… — Congelo. O que ela disse? —
Por que Gabriel? — ela abre os olhos e me fita com tristeza.
A puxo para meus braços sem pensar em nada, a abraço com força.
Milena me abraça e acaricio suas costas macias.
— Você está ressentida, meu amor. O que o saco de merda fez foi grave, te abalou muito,
doçura. Verá que quando isso tudo passar, terá uma ideia mais clara da situação. — Consolo-a
com o coração disparado.
— Sim, você tem razão, como sempre. — Ela se afasta e inspira, baixa a cabeça e cheira
minha camisa. Pega o farrapo que restou dela e me olha com desgosto. — A festa estava boa,
hein?
Olho para baixo e vejo que estou pior que imaginei. Camisa rasgada, arranhado no peito e
pescoço, marcas de batom espalhadas por meu abdome. Porra, se não tivesse corrido das loucas,
agora seria um esqueleto. As mulheres lobas me comeriam e cuspiriam somente os ossos. O
estado delas era decadente, e me deixaram ainda pior.
Sorrio sem graça.
— Porra, Milena. — Ela me olha fixamente e aguarda. — Você acreditaria que, pela
primeira vez na vida, corri de duas mulheres gostosas e dispostas a tudo? — Ela arregala os
olhos e o sorriso de covinhas chega com força total e com ele minha convicção de que nunca vi
nada mais lindo no mundo.
— Mentira! Sério? — aceno sorrindo largamente.
— Sério. Isso que está vendo é um homem desesperado para fugir de lobas sanguinárias
que não queriam me deixar partir, querida. Agora você terá que cuidar de mim… — ela arregala
os olhos, me toco que estou sendo evasivo. — Desculpe-me, Milena. Quero dizer que terá que
me deixar dormir aqui. Porque é tudo culpa sua. — Ela sorri e já valeu minha fuga das taradas.
— Sim, você é a culpada. Fiquei preocupado e meu pau foi atingido pela culpa de deixá-la
sozinha aqui, depois de tudo que passou. — Milena cora e suas sardas ficam ainda mais em
evidência. Lindas!
— Vai tomar banho, esse cheiro de perfume barato está horrível. — Faço uma careta de
desgosto. — Ah, e Gabriel? Pode dormir aqui, mas não se acostume, viking safado! — diz
deitando-se e me olhando com carinho.
— Obrigado pela gentileza. Ah, e Grudinho? — ela me olha com um sorriso nos olhos.
— Você não consegue mesmo ficar longe de mim, hein? — Milena gargalha e me joga um
travesseiro, que desvio com maestria.
Vou para o banheiro, tiro a roupa fedorenta e entro para o box. Tomo um banho
demorado e bem caprichado. Saio renovado e com um problema.
— Milena! — grito. — Vou ter que dormir peladão. Não tem roupas para mim, certo?
— Tem sim, lembra-se do nosso acampamento no ano passado? Você deixou uma
camiseta branca e bermuda para trás quando foi embora com a baranga que arrumou por lá. —
Forço a memória e não lembro da baranga, mas sim de como Milena estava linda naquele final
de semana. Acampamos, eu, meus amigos, Jujuba e suas amigas. Rafael disse na última hora que
precisaria viajar, mas insistiu para que ela fosse. Agora desconfio que era por outro motivo.
Vagabundo. — Fica aí que já levo para você! — grita Milena.
— Não sei o porquê, você já cansou de me ver trepar. Claro que viu meu pau, não
reparou como é grande e grosso? — grito de volta.
— Vi sim, você trepando inúmeras vezes, parecia um cachorro que sentia o cheiro das
cadelas no cio! Pilantra! — Sorrio largamente. — Não tinha lugar para suas indecências,
qualquer um servia e serve. Como posso ser amiga de um homem tão safado e de pau tão
pequeno? — Retruca suavemente.
— Calma aí! Que porra é essa de pau pequeno? — grito indignado. — Você me
confundiu com outro! — ela gargalha e adoro que esteja voltando à nossa maneira descontraída e
gostosa de conversar. Senti tanta falta disso. Quando Milena ficou noiva, meio que deixamos
essa parceria de lado.
— Aqui está sua roupa, anjo. Cubra seu pau de merda e venha dormir comigo. — Diz
espiando dentro do banheiro.
— Eiiiiiii, quer ver o que aqui? Sai, fora! — ela gargalha e volta para o quarto.
Me troco rapidamente e corro, pulando na cama ao seu lado.
— Pronto, agora massageie meus pés. — Digo com inocência. — Somente eles estão
disponíveis no momento! — provoco.
— Obrigada, estou dispensando pés e paus em minha vida. Homens merecem ter seus
minis paus arrancados e enfiados em suas bocas de merda. Boa noite, querido. — diz com voz
aveludada e se cobre. — Apague a luz. — Sorrio. Desligo o abajur e em pouco tempo adormeço,
embalado pelo ressonar suave de Milena.
Capítulo 10
Milena Avelar
Estou feliz demais por ter um amigo como Gabriel, ele tem sido meu porto seguro desde
que descobri o desgraçado de meu ex, traindo-me.
Todos os dias Gabriel passa em meu apartamento de manhã e à noite. Caminhamos na
beirada do rio e estou me sentindo cada dia melhor.
Veja bem, estou contemplando com certeza a cada dia que passa, que iria cometer um
grave erro ao me casar com Rafael. Sempre soube que não o amava, mas fui me acostumando
com sua presença e acabei aceitando seu pedido de casamento, consequentemente que
morássemos juntos. Mas sinto, com tudo que aconteceu e isso fica mais claro a cada dia que
passa, que tive na verdade, um grande e estrondoso livramento. Quando me imagino casada com
o traidor do ex, estremeço e não no bom sentido.
Gabriel está mais presente que nunca em minha vida e estou vendo também que renunciei
a uma grande amizade por conta de um relacionamento. Rafael não gostava muito de Gabe e fui
deixando de conversar com meu amigo, para evitar explosões de ciúmes por parte do verme
traidor. Se arrependimento matasse, caralho! É foda. Ainda bem que voltamos a ser como
éramos antes, sempre brincando e dizendo merdas um para o outro.
Eu fiz letras e escolhi dar aulas particulares, assim faço meu horário. Tenho três alunos
diários. Nunca mais que isso, e somente dou aulas individuais, por mais que alguns pais insistam
em colocar seus filhos no mesmo horário. Sempre explico para eles que cada um tem suas
próprias dificuldades. Com o tempo consegui me estabelecer e ganho bem trabalhando dessa
maneira.

Um mês depois...
Rafael não me dá sossego, a porra do homem liga sem parar, manda mensagens e fica
rondando meu apartamento. Isso já está me irritando. Eu não disse nada a Gabe, porque não
quero deixá-lo preocupado. Sei como ele irá reagir. Não vou comprometer ainda mais meu
amigo em um relacionamento fodido e de merda que estava envolvida.
Um conselho: nunca olhe para as aparências, elas enganam. Pensei que Rafael era o
certinho dos amigos e olha a furada que entrei. Os amigos de Gabe, são todos cafajestes
assumidos, assim como meu amigo. Então se você entrar em um relacionamento com eles, já
sabe da safadeza de cada um deles.
Rafael não, esse filho da puta me enganou direitinho, por ser aparentemente o mais quieto
deles. Vagabundo fodido e traidor!

Estou saindo da casa de uma aluna e vejo o miserável de pé perto do carro. Está magro e
abatido. Quando me vê corre para meu lado.
— Milena! — olho para ele e penso, como pude ficar tanto tempo com essa merda? Não
que Rafael seja feio, não! Alto, moreno, olhos verdes. Aparentemente lindo, mas podre por
dentro. Esse homem não tem caráter nenhum.
— Já te falei para parar de me seguir! — o traidor me olha angustiado.
— Me perdoe, Milena. Eu sei que errei, mas estou disposto a fazer qualquer coisa para
me perdoar. — Une as mãos em desespero. — Me dê mais uma chance, Milena. Por nosso filho.
— Seus olhos estão vermelhos. Foda-se, se me importo. Na hora de comer outra mulher em
nossa cama, não pensou em mim, somente na boceta da puta.
Olho para ele com desgosto, esse homem vai dar trabalho.
— Rafael, vou dizer pela última vez, me deixe em paz! Pare de me ligar, de mandar
mensagens e de me seguir. — Começo dizendo baixo, estou começando a ficar nervosa com esse
puto. — Se você insistir, vou procurar a polícia. — Já estou falando alto com esse filho da puta.
Ele fica pálido. — Me deixe em paz, caralho! A- CA- BOU! — Ele dá um passo para trás. — Me
esquece, maldito traidor, volta para suas putas e me deixe viver minha vida em paz! Você não faz
parte dela mais! Entendeu? — finalizo trêmula de raiva desse homem.
— Milena, por favor… — o infeliz parece que perdeu toda a vergonha na cara.
— Deixa de mendigar, cara! Está ficando feio. Vaza e me deixe em paz! — ele continua
me olhando e vejo uma lágrima deslizar por sua face, foda-se. Plantou suas pimentas, come sem
reclamar agora.
Meu Uber chega e entro, a outra criança mora mais longe. Vejo o Judas traidor me olhar
desolado quando o carro que estou vira a esquina.
Meu celular toca. Não acredito que aquela porra ainda vai continuar a me assediar.
Sorrio quando vejo que é Gabriel. Leio sua mensagem.
“Onde está, Jujuba? Passei na casa da Larinha, e você já tinha saído”.
Gabe conhece quase todos os meus alunos, afinal seus pais levam seus pets para ele
cuidar. Meu veterinário favorito. Aliás de todos aqui em Pinhais ele é um dos mais requisitados.
Por que será, hein? Claro que ele é um profissional ímpar e maravilhoso, mas adiciona a beleza
estonteante do loiro viking ao profissionalismo sério e saberá o porquê ele é tão procurado.
Sorrio e respondo rapidamente.
“Já estou a caminho da casa de outro aluno, esse fica na saída da cidade, anjo. Mas
pode ficar tranquilo, eu sei me cuidar, homem obcecado!”
Imediatamente vejo os três pontinhos começarem a se mexer, ele está digitando. Aguardo
ansiosa… porra! Podia ter ouvido meu coração há muito tempo…, mas agora é tarde. Meus
olhos se enchem de lágrimas. Olho para minha barriga ainda plana, carrego o filho de um homem
que não merece um minuto sequer de minhas lágrimas e pensamentos.
“Ainda bem que você saiu rápido, o desgraçado puto de seu ex estava lá com cara de
merda”.
Respondo com a verdade, chega de omitir coisas de Gabriel.
“Conversei com ele, Gabe”. Digo e aguardo.
Mas ele não digita mais e meu celular toca. Vejo na tela: seu anjo dourado. Sorrio
quando me lembro que foi Gabriel que colocou em meu telefone esse nome. Vaidoso e amoroso.
— Que porra é essa que está me dizendo, Jujuba? — Está nervoso, por isso evito contar
certas coisas para ele, mas Gabe merece sempre a verdade.
— Oi para você também, grande Viking! — ele resmunga. — Gabe, o titica não dá
sossego, me persegue sem parar. — Ouço seu suspiro irado do outro lado.
— Caralho, Milena, podia ter me dito, já teria resolvido essa merda! — diz nervoso,
imagino que está muito vermelho agora, sorrio.
— Gabriel Lêcor, sou capaz de resolver meus problemas, querido. Ainda mais se tratando
do estrume de meu ex. — ele suspira aliviado.
— Eu sei, doçura, mas para quê fazer tudo sozinha, se você tem a mim? — Diz baixinho
e noto que está triste e um pouco preocupado. — Temos que ir à polícia, querida. Ex assediador
é perigoso. Ou então, me deixe dar uma lição no desgraçado! — Começa calmo e termina
descontrolado. Suspiro. Gabriel é, e sempre foi protetor comigo.
— Vou à polícia se ele voltar a me importunar, prometo a você, querido. — Ele pragueja
e sorrio. Amo Gabriel.
— Promete? — concorda por fim.
— Sim, prometo. — Ele desliga, após me dizer para ligar assim que chegar à casa de meu
outro aluno.
Meu Deus, como senti falta de meu amigo sendo sempre um tenaz protetor.
Capítulo 11
Milena Avelar
Dias depois...
Rafael sumiu, graças a Deus. Verme asqueroso, aquele filho da puta que não consegue
manter a porra do pau entre as pernas. Sorrio de lado. Acredito que tem dedo de Gabriel nisso, só
desconfio, mas com quase 100% de certeza que tem... ele deve ter dado um pau no verme
asqueroso. Gabe está mais sorridente que o normal. Ele tem um sorriso diabólico em seu rosto
tão lindo e angelical.
A barba dourada bem aparada dá a impressão de que tenho um anjo celestial deitado em
meu sofá. Seus cabelos loiros dourados estão com fios indo em todas as direções. Tirano está
deitado em sua barriga, sendo acariciado como um rei. Gato pilantra!
Hoje Gabe veio à minha cobertura com seu pet a tira colo. Os dois gatos são lindos,
penso olhando para eles com ternura.
— Perdeu alguma coisa aqui, doçura? — Pausa o filme que assiste e pisca. Sorrio
largamente, sei que ele adora minhas covinhas.
— Não, só estou contemplando dois gatos lindos e soberbos em meu sofá. — Ele sorri e
faz charme.
— Sim, que privilégio esse seu, hein, senhorita? Ter um anjo como eu, e o rei Tirano em
sua casa! — Sorri largamente, seus dentes são alinhados e claros. — As senhoras almejam isso,
ter dois gatos formosos à sua disposição, e você Jujuba, tem-nos a hora que quiser. Volto a frisar,
dois lindos gatos às suas ordens, minha senhora. Puta merda, que mulher sortuda da porra é
você! — Se levanta em toda sua estatura e entrega Tirano para mim, o pego, e o gato ronrona
manhoso.
Me lembro do dia que essa coisinha fofinha e macia me viu pela primeira vez e toquei em
Gabriel... Meu Deus! O gato das trevas veio para cima de mim, igual um demônio, quando não
elege você como um súdito. Gabe ficou pálido, pegou o bichano e conversou com ele, estava
muito bravo.
Disse ao pequeno ditador que eu era especial e que se me machucasse mais uma vez,
arrancaria seu lindo couro macio e faria um mini tapete dele. Tirano entendeu bem, porque assim
que Gabe o soltou e veio cuidar de mim e meus arranhões, o gato maluco, avançou em meu
amigo. Gabriel teve outra conversa sério com o gato ditatorial. Explicou mais uma vez que aqui
somos todos amigos. Ele, Gabe e eu.
O mais incrível? Tirano entendeu perfeitamente, e hoje quem chegar perto de mim ou de
Gabe, ele arranha até a alma do pobre infeliz.
Gabe ficou encantado quando o gato mais lindo do mundo e com cara de malvado, veio e
se enroscou em mim.
— Bom garoto. Esse é meu gato! — Elogiou e passou a mão em sua cabeça macia e
alva como a neve. Tirano o olhou com desprezo e se ajeitou em meu colo, me olhando com seus
magníficos olhos azuis e… miou.
— Ele está dizendo que aceita sua reles amizade, querida. De alguma maneira você
passou no teste desse déspota. Considere-se sortuda, poderá agradá-lo e mimá-lo sempre que ele
quiser e estiver disposto. — Pisca para mim. Sorrio e acaricio o pequeno e macio tirano, que
ronrona baixinho, coberto de manha e dengo. E foi assim que nos tornamos amigos inseparáveis.
Eu e Tirano Lêcor.
Confesso que adoro quando as mulheres, no consultório de Gabriel, tentam passar a mão
no deus nórdico que é meu amigo e Tirano avança sobre elas com ira. Metidas a besta tem que se
foder mesmo. Agora as dondocas atrevidas ficaram espertas. Após várias saírem de lá chorando e
o gato tirano furioso ficar para trás, lambendo suas patinhas em um sinal de desprezo total pelas
barangas oferecidas.

Nesse momento estou segurando um gato macio, branco, peludo e pesado, que me olha
com cara feia. Seus lindos olhos azuis me fitam com indiferença. Como pode ser tão orgulhoso?
Acaricio suas orelhas e ele ronrona, safado.
— E eu, não recebo nada? Somente esse déspota? — Gabriel provoca e caminho para
seu lado novamente com Tirano arrepiando. Ele não gosta de perder seu posto de rei e ser
mimado. Entrego-o para Gabriel e me sento no sofá gigante. Empurro meu amigo e me deito ao
seu lado.
— Não por isso, querido. — Acaricio seus cabelos macios e Gabe ronrona imitando
Tirano.
— Continua, mulher. Seus imperadores ordenam! — Gabe provoca e faço cócegas nele.
Tirano nos olha entediado e pula para o chão, indo em direção ao outro sofá. Caímos na
gargalhada em uma perfeita sintonia.
Me lembro que Rafael sumiu e resolvo tirar minha dúvida.
— Gabe, o sórdido do ex sumiu… a pergunta de um milhão de dólares… — ele me olha
com um sorriso satisfeito. Já me respondeu, mas quero ouvir. Sorrio de volta. — Você deu uma
lição no canalha? A verdade! — ele pisca e sorri largamente, seus dentes brancos são
perfeitamente alinhados.
— Claro, doçura… sempre a verdade. — Suspira e acaricia minha mão com delicadeza.
— Sim, Jujuba, eu dei uma surra caprichada no malandro e o alertei que da próxima vez, seria
meu amigo policial que iria, o Afonso e não eu. — Me olha com seus imensos olhos azuis
cintilando de rebeldia e satisfação. — Ele mereceu a coça, querida.
— Sim, com certeza, ele mereceu cada murro que recebeu de meu Anjo. — Digo
apertando sua mão grande e beijando-a. — Aquele ordinário imundo, merecia ter seu pau
fedorento arrancado! — meu lado marinheiro vem à tona. Gabriel gargalha.
— Essa é minha menina. — Me puxa para seu peito e assistimos a vários filmes juntos
entre brincadeiras e pipocas. Sempre observados com altivez, por gato Tirano estirado no sofá.

Gabe estava dormindo quase toda noite em minha cobertura. E eu? Adorava cada minuto
por voltarmos a viver aquela cumplicidade que sempre tivemos. Mas que infelizmente, por
ciúmes por parte de Rafael, acabamos nos distanciando. Confesso que teve noites que chorei
muito, sentindo falta de Gabriel, meu anjo protetor. Claro, nunca comentei nada, afinal estava em
um relacionamento.
Segunda-feira, teria a primeira consulta com minha médica obstetra. Ela foi indicada por
uma mãe de um aluno meu.
Gabriel iria comigo.
Capítulo 12
Gabriel Lêcor
Sabe aquele dia que parece que o universo conspira contra você? Pois bem, hoje é um
desses dias. Justamente hoje que prometi a Milena que iria com ela em sua primeira consulta
médica. Jujuba está muito assustada com tudo que está acontecendo nesse novo ciclo de sua
existência. Desde a mudança de vida em relação ao seu relacionamento com o maldito traíra, até
a gravidez inesperada. Tento ajudá-la o máximo que posso. Já a vi chorando em vários
momentos, e às vezes ficar calada e pensativa por um longo tempo.
Eu fiquei abalado com sua gravidez… imagine ela que mesmo que eu ajude, sabe que
terá que estar sempre à frente de tudo.
Voltando as sacanagens que o universo está fazendo comigo hoje... Tirano arranhou e
rasgou várias almofadas na sala, e olha que nunca fez isso. Ele tem tudo que um gato sortudo
pode desejar na vida, podemos dizer que esse velhaco soberbo em seu reino animal é um
bilionário, penso divertido. O magnata Tirano, tem tantos arranhadores [2] que perdi a conta.
Mas não! Sua alteza absoluta tem que sair arranhando e rasgando minhas modestas
coisas. Deixei a bagunça que ele fez como estava, a noite arrumo. E amanhã a empresa de
limpeza virá para limpar a casa, jardim e piscina.
Tomo um banho apressado, hoje meu dia está corrido. Todos os horários estão cheios. Os
pets resolveram todos vir hoje ao veterinário, ou melhor, meus clientes. Penso divertido.
Visto uma calça clara e camisa branca. Geralmente trabalho com roupas claras, quando só
tenho consultas simples. É o caso de hoje. Quando agendo cirurgias para os pets, me visto de
preto.
Penteio os cabelos e a barba. Pisco para o colossal homem loiro que me encara de volta.
— Cara… agora entendo o porquê as mulheres fazem fila para dar para você! — sorrio e
pisco.
Sinto uma leve pressão em minhas pernas e olho para baixo, advinha quem? Tirano, isso
mesmo. Ele se esfrega em mim, dando voltas em minhas pernas com sua inseparável e pura
manha. Esse gato é um grande malandro.
— O que você quer aqui, pequeno tirano? Sabe que fez merda e agora quer pedir perdão?
— ele me olha com sua cara de bravo e imensos e cintilantes olhos azuis. Mia baixinho, e é meu
fim. Porra. Sorrio, me agacho e pego minha imensa bola de pelos brancos. — Devia te ignorar,
seu trapaceiro. Mas vou relevar, preciso de sua proteção hoje mais que nunca. Tenho mulheres
trazendo seus pets hoje o dia todo. Sei que muitos deles não têm absolutamente nada, mas elas
pipocam aqui assim mesmo. — Acaricio seu cabeça macia. — Vamos enfrentar as feras, conto
com você, amigão.
Já contei a vocês que Tirano, é um tirano com quem encosta em mim? Não? Pois é, ele
vira o cão quando alguma senhora atrevida e abusada, me toca “sem querer”.
Antes de Tirano, somente eu ficava indignado. Me entendam bem, gosto de toques, mas
quando eu quero e fora do meu ambiente de trabalho. Aqui sou somente o doutor Gabriel Lêcor,
o veterinário. Quando encerro o expediente, aí sim, é outra conversa.
Pois bem, ele não permite que as desavisadas e avisadas me toquem, avança sobre elas
igual um raio. Por isso, já aviso logo que chego com ele em meu consultório para se manterem a
distância. Tirano é meu guarda-costas, e um bem nervoso e atrevido.
Me lembro do dia em que o gatinho com aparência dócil e inocente, chegou em minha
vida. Sorrio, ele me enganou direitinho, achei que era um monte de doçura. Sua aparência o faz
parecer fofo, mas não se enganem, esse gato é um demônio.
Foi em um dia tranquilo. Estava atendendo uma cliente como de costume. Sua cadelinha
era um filhote e estava com uma leve diarreia. Até aqui tudo bem, de repente ouvi gritos fora da
minha sala e me levantei para ver do que se tratava.
Vi uma mulher chorando e várias pessoas tentando pegar um gato que parecia um
demônio. Algumas estavam descabeladas, outras tentavam cercar o gato com suas bolsas, pois o
felino parecia estar louco.
— O que está acontecendo aqui? — perguntei e todas me olharam de uma vez. Causo
esse efeito.
— Gabriel… — ouço alguns suspiros.
— O gato… — alguém diz.
A mulher que estava chorando se aproxima e diz com desgosto.
— Desisto dessa porra de gato. Queria muito um dessa raça, mas essa coisa não é um
gato, é um demônio saído do fogo dos infernos! — aponta para ele que está em um canto,
arrepiado e as unhas afiadas em prontidão para fazer a limpa. — Gabriel, fica com esse ser das
trevas, sacrifica, doe, pendure em um pau… foda-se o que fará com esse maldito, não quero
saber! Só quero ficar livre desse ser das trevas! — Aponta para seu rosto e braços. — Olhe o
que esse rabudo fez em mim? E não é a primeira vez, me disseram para ter paciência que ele
mudaria. Tive e ele me machucou muitas outras vezes. Mas agora chega! É todo seu, esse
dragão infernal. — diz e se vira, indo embora com rapidez e deixando o tinhoso, agora
lambendo uma pata, como se o mundo existisse por sua causa. Noto que é um gato soberbo e
arrogante. Sorrio. Agora tenho um problema.
Atravesso o corredor e entro no jardim de inverno. A pequena besta fera fofa, está entre
as folhagens, e agora me olha com atenção.
— Você colocou a moça para correr, seu tirano? — ele mia alto e caminha para meu
lado. Me agacho e ele se achega com altivez até onde estou. Para, me olha com desdém e se
arrepia todo, a porra vai me atacar. Mas permaneço sério, olhando-o nos olhos.
O pequeno tirano, dá voltas me contornando e parece pensar e analisar. Permaneço
quieto e deixo ele fazer o reconhecimento do território. Quando completa umas duas voltas,
levanta os olhos e estica seu rabo, miando alto. Se achega mais perto e começa a esfregar a
cabeça em minha perna.
O acaricio sorrindo, acabei de ser eleito seu novo dono. Sua aceitação é notória.
Estendo as mãos e pego a bola de pelos macios, que vem dócil para meus braços. Sorrio e me
levanto, indo para minha sala.
Capítulo 13
Gabriel Lêcor
Acaricio sua cabeça branca e peluda, ele aceita ronronando sem parar.
— Certo. Então, você é meu amigo? — ele ronrona e caminho com ele em meus braços
para a sala onde ficam as mulheres. Elas me olham embevecidas e suspiram alto. Ouço alguns
comentários baixos e sorrio.
— Ele é gostoso demais…
— Puta merda, dois gatos.
— Queria ser esse gato sortudo.
Passo por elas com o pequeno terror, e ele se arrepia todo e as unhas saem, olhando-as
com altivez. Implicante esse serzinho.
Uma coitada desavisada chega até mim rebolando e coloca a mão em meu braço. O gato
voa nela e se eu não tivesse agido rápido, o danado teria machucado muito a infeliz. Ela gritou
tanto que fiquei surdo por vários dias.
— Demo maldito! Esse gato é um ser maligno, uma serpente venenosa e traiçoeira! —
Grita chorando e a levo para a sala e cuido dela. A mulher toda arranhada me canta na lata.
— Gabriel, sonho com você toda noite. Gostaria tanto de ter uma chance… — olho para
ela com desgosto.
— Infelizmente, não posso, querida. Estou prestes a me casar. — Minto na maior cara de
pau.
— Não precisa que ela saiba de nada… — sussurra maliciosa.
Olho para essa classe de pessoa e sinto asco.
— Mas eu sei. Agora pode se retirar, você já está medicada, qualquer coisa que precisar,
entre em contado. — Caminho com ela até a porta, sério. Esse tipo de pessoas me causa ranço.
— Você e esse gato se merecem, ambos arrogantes e grossos! Tiranos! — Caminha
marchando com ira para fora, vejo algumas mulheres rindo da criatura que sai colérica e
amaldiçoando sem parar. Foda-se!
— Senhoras, em breve as atenderei e a seus pets. — Faço um gesto galante para elas que
suspiram alto. Sorrio. Mulheres.
Entro e fecho a porta. Procuro o gato louco. Um nome me vem à cabeça, sorrio, acho
que o chamarei assim, encaixa perfeitamente bem. Vamos testar se ele aprova?
— Gato! — chamo e aguardo, nem sinal do pilantra. Mas vejo seu rabo grosso e peludo
aparente, ele está debaixo de uma poltrona.
— Tirano! — Tento outra abordagem e funciona. Sorrio, o matreiro sai de seu
esconderijo me olhando com desdém. Ele vem para meu lado andando como se o mundo girasse
ao seu redor. Parece que o pequeno ditador aprovou o nome. Bom.
— Então, você gostou do nome, hein? Tirano. — Ele ronrona e quando o pego ele
derrete em meus braços. Bichinho manhoso, esse pequeno terror. Me lembro de Milena, ela vai
adorar saber que finalmente arrumei um bichinho. Sorrio. Sim, ficarei com ele.
Minha amiga vive dizendo que preciso de algum ser vivente morando comigo, pois sou
muito sozinho. Tadinha, não sabe a quantidade de mulheres que tenho. Mas no fundo, ela tem
razão, em casa fico muito solitário. Minha residência é território sagrado para mim, nada de
mulheres aqui. A única que vem e muito raramente é Milena.
Vinha muito, antes de começar a namorar Rafael, mas quando ficou noiva, nos
afastamos um pouco.
Doeu, mas tive que me acostumar, respeitando sua nova fase de vida.
Liguei para Milena e contei sobre o novo membro da família, Titano. Ela adorou e ficou
feliz demais ao saber que eu seria pai de um gato cheio de vontades.
Milena veio vê-lo no dia seguinte e conhecê-lo. Claro, ele aprontou. Tive que conversar
seriamente com encrenqueiro e por fim nos entendemos. Tirano aceitou que Milena era especial
para mim e passou a adorá-la. Tudo certo até hoje.

Então, essa é a história emocionante de como Tirano chegou em minha vida. Desço as
escadas em espiral de minha casa e atravesso a piscina, passando por um corredor arborizado e
por fim chego à clínica. É um privilégio trabalhar em casa, digo em casa, porque a clínica é
quase dentro de minha casa.
Entro com o gato diabólico nos braços e os suspiros costumeiros chegam até mim. Tirano
olha para elas com indiferença e sorrio sem mostrar os dentes.
— Bom dia, senhoras. — Mais suspiros e risadinhas.
Abro a porta pronto para começar o dia. Coloco Tirano no chão, ele segue para sua
poltrona favorita, se ajeita e observa a primeira cliente entrar.
Assim passamos a manhã. Olho o relógio, já é quase hora do almoço. Já atendi todas que
estavam agendados para a parte da manhã. Recomeçarei às 14 horas. Agora tenho que correr,
pois Milena tem consulta às 13 horas.
Com a agenda da manhã fechada, sorrio aliviado. Milena precisa de mim. Pego a carteira
e chave do carro, quando estou saindo vejo uma mulher entrar correndo e chorando.
— Gabriel, minha menina está dando à luz… — olho para a cachorrinha que se contrai
nos braços da dona e fecho os olhos. Estou fodido. — Por favor, me ajude, ela está sofrendo.
Adiantou o parto… — foi assim mesmo, era para ser somente a semana que vem. Sou o
veterinário dela.
— Vamos ver essa menina, agora. — Falo já me dirigindo para a sala onde faço as
cirurgias nos pets. — Se acalme, querida, acaricio a cabecinha da cadela que sofre. — Olho para
sua dona, tranquilizando-a. — Vai dar tudo certo, fique tranquila.
E assim fico mais tempo do que pensei. Olho para o relógio e faço uma careta de
desgosto.
Liguei para Milena e disse que me atrasaria um pouco. Contei a ela o porquê, ela
entendeu, mas senti pelo seu tom de voz que ficou triste. Meu coração aperta.
Quando termino, me despeço da mulher e levo Tirano para casa. Tomo um banho
apressado e visto uma calça jeans e uma T-shirt de malha branca.
Vou para a garagem, pego um de meus carros saindo rapidamente e indo direto para a
clínica, talvez dê tempo de chegar antes que Milena termine a consulta. Tento me consolar, mas
sei que não dará tempo. Porra! Acelero.
Capítulo 14
Milena Avelar
Estou muito animada hoje, terei minha primeira consulta com a médica que cuidará de
mim durante a gravidez.
Me levantei bem cedo, pois tenho que dar duas aulas antes da consulta. Vou aproveitar e
almoçar perto da clínica. Estou agitada porque sei que terei que assumir meu bebê, sozinha. Isso
tem me tirado o sono, sei o quanto é difícil, tenho colegas que são mães solo e elas sofrem tantas
pressões que confesso que isso me assusta demais. O traste renunciou ao bebê, quando o peguei
trepando em nossa cama.
Suspiro de desgosto e ranço do filho de uma égua manca. Graças a Deus que tenho
Gabriel, confesso que se não fosse o apoio que ele me dá, eu, com certeza estaria deprimida e
sem direção.
Ele tem sido uma coluna firme para mim nesses dias tão difíceis. É muito pesado ter que
lidar com uma traição e gravidez de um traste maligno e mentiroso.
Me arrumo, tomo meu café com bastante frutas e sucos. Já pesquisei sobre alimentos
saudáveis para uma grávida. Enchi a geladeira de todas as variedades de frutas, verduras e
legumes. Gabriel conferiu a lista e aprovou, mas claro, acrescentou vários outros itens. Sorrio me
sentindo cuidada por meu anjo loiro.
Os dois alunos moram pertinho de minha cobertura. Caminho sentindo o vento suave e o
rio que cerca a cidade de Pinhais.
Meu telefone toca e quando vejo quem é, fico irada. Essa porra, não vai me deixar em paz
nunca?
Não atendo e o filho da puta continua insistindo. Quando percebe que não vou atender,
começa a mandar mensagens.
Vejo a primeira e ira me enche o coração.
“Milena, me perdoa”, minha vontade é mandar o verme se foder e tomar no rabo um
milhão de vezes. Cara chato da porra!
“Me atende!”, notei que o miserável começou a ficar mais agressivo em suas mensagens.
Depois que Gabriel deu uma surra no infeliz, ele sumiu por um tempo. Mas voltou com força
total, claro que ignorei, como fiz agora. Suas mensagens começaram a ficar mais ofensivas,
confesso que esse lado agressivo desse homem me assustou um pouco.
“Você já está dando para o Gabriel?”, estremeço com seu veneno.
“Responde, porra”, arrepio e olho para os lados. Vou à delegacia sem falta hoje, depois
que terminar minha consulta. Chega! Não posso deixar um merda desses ficar me constrangendo
e ameaçando.
Desligo o telefone assim que chego à casa do meu aluno. Não percebo a manhã passar
quando encerro a segunda aula.
Vejo que tem mensagens de Gabriel, assim que começo a lê-las, o celular treme em
minha mão. Sorrio e atendo. Gabriel. Ele me diz que se atrasará um pouco porque surgiu um
imprevisto. Uma cadelinha estava em trabalho de parto. Digo a ele que fique tranquilo, claro,
omito o quanto estou nervosa, pela consulta e pelas mensagens afrontosas que o ex maldito
mandou. Não quero deixar Gabriel preocupado e não digo nada por hora, quando terminar de
fazer meu BO[3], direi tudo ao meu amigo.
Saio e almoço perto do consultório. Olho meu relógio, nada de Gabriel. Deve estar tendo
dificuldades com a cadelinha. Sorrio, mesmo estando com uma sensação ruim apertando meu
peito. Passo a mão na barriga com carinho.
— Mamãe está aqui, bebezinho, prometo cuidar de você com todo carinho do mundo. —
Limpo uma lágrima que desliza por meu rosto. Estou muito mais emotiva depois da gravidez.
Sou sozinha neste mundo, meus pais morreram cedo e sempre tive que me virar. Até receber por
herança essa cobertura de uma tia distante e sem filhos. Isso mudou minha vida de uma maneira
radical. Antes morava em lugares pequenos e baratos. Agradeço a Deus todos os dias por esse
presente.
A sensação desagradável permanece. Olho para os lados, sentindo algo ruim e pesado no
ar.
Me levanto e saio da lanchonete olhando para os lados, receosa. Entro rapidamente na
clínica, prefiro ficar aqui, me sinto mais segura. Preciso ir urgente à polícia, estou ficando
assustada e paranoica.
Aguardo e quando a médica chega, olho para a porta em busca de Gabriel, meus olhos se
enchem de lágrimas. Ele não virá a tempo. Me sinto sozinha e uma angústia como nunca senti
antes me enche o peito. Gabe não chegou, mas sei que não é por má vontade, meu anjo nunca
quebra sua palavra comigo. Pego o telefone para ligar, mas me repreendo.
— Gabriel está trabalhando, Milena! Quer que ele largue seu serviço e venha te
acompanhar para cuidar do filho de outro homem? — Falo baixinho me sentindo perdida. Baixo
a cabeça e choro.
Quando estou me sentindo a pessoa mais solitária do mundo, a médica me chama.
Me levanto e vou arrastada para sua sala.
A consulta não demora muito, está tudo bem, mas saio de lá com uma lista imensa de
exames para fazer.
Olho ansiosa para as poltronas e nem sinal do meu anjo. Choro novamente. Que porra,
virei uma cachoeira humana.
Saio como se estivesse carregando o mundo nas costas. Levanto os olhos e congelo
quando o vejo.
O maldito ex verme desgraçado traidor. Esse homem perdeu a vergonha e dignidade, se é
que já teve isso um dia. Porco! O ignoro com meu coração disparado no peito.
Capítulo 15
Milena Avelar
— Milena! — ele grita e corre para onde estou. Esse demônio me persegue.
— Vai se foder, miserável, me deixa em paz! Pare de me seguir! — digo com raiva. Ele
para e me olha muito pálido.
— Porra, Milena! Custa me perdoar? Não consigo viver sem você, me dá uma nova
oportunidade, caralho! — diz alterando a voz.
— Uma porra que darei! Some de minha vida, tenho nojo de você, seu maldito! — ele
passa as mãos nos cabelos. Está mais magro e com olheiras profundas. Foda-se, quero que se
dane.
Rafael balança a cabeça e me olha profundamente.
— Você não me deixa nenhuma alternativa, Milena. Vou mostrar que amo você, nem que
para isso a mantenha presa o resto da vida. — Esfrio e me viro para correr. Desgraçado. Corro
para onde fica a delegacia, mas o execrável me alcança, agarrando-me pelos cabelos. Puta que
pariu, não conheço esse lado violento desse amaldiçoado.
Tento gritar e ele tapa minha boca, olho para os lados, desesperada. Caralho! Ninguém na
rua, estou fodida.
Mordo sua mão e o maldito solta uma blasfêmia.
— Não vou te machucar, querida. Somente quero te mostrar que vale a pena me perdoar.
— O desgraçado me arrasta para seu carro. Chuto o ar, tentando escapar. Ele segura minhas
mãos e fico sem movimento. Choro de raiva e impotência.
Rafael abre o carro e tenta me empurrar para dentro, finco meus pés na porta do carro.
Ele fica irado com minha resistência.
— Maldita! Por que tem que tornar tudo tão difícil? — tenta me empurrar com força e
acaba me machucando. — Está vendo? Sua falta de colaboração está te machucando. Fique
quieta, e entra nessa porra de carro! — Ele grita com muita raiva, mas me recuso a entrar e sofrer
nas mãos desse desgraçado mais tarde. Esse homem não é o que conheci, é um estranho,
totalmente perturbado e psicopata.
Ele aperta meu pescoço, sinto o ar faltar e minha cabeça começa a rodar, o maldito se
aproveita e me joga dentro do carro com força, travando a porta.
Ouço um grito e meu coração se enche de esperança. Gabriel, meu anjo chegou.
O porco está me sequestrando, estou apavorada. Ele dá a volta correndo e entra no carro
rapidamente. A chave já está na ignição, ele liga apressadamente e sai cantando pneus. Tento
abrir a porta desesperada, mas Rafael me agarra pelos cabelos.
— Onde pensa que vai, maldita? — grita descontrolado. — É um desgraçado, esse filho
da puta do Gabriel, sempre me atrapalhando! — Me olha com ódio. — O miserável sempre quis
te traçar e agora ficou completamente ensandecido, pensando que está livre! Uma porra que isso
vai acontecer. — O infeliz está gritando descontrolado. — Se esse desgraçado acha que vai te
comer, ele está muito enganado, porra! Ninguém põe a mão em você! — Olha pelo retrovisor e
sorri possuído. — Se eu não puder tê-la, ninguém mais o fará, fim de linha! — Gargalha e me
encolho. Tento abrir as portas novamente, mas o demônio que está ao meu lado, travou todas
elas.
— Maldito! Eu odeio você! — grito com ira, foda-se tudo.
— Odeia, não é? Mas ama o seu amiguinho. — Debocha com escárnio. — Sinto muito
ser eu o porta-voz que te dirá: você nunca o terá. — Sussurra com cólera. — Você é minha e
homem nenhum a possuirá! — Diz a última frase aos gritos. Me fita com os olhos injetados,
suas palavras estão repletas de fúria — Eu comia várias mulheres mesmo, satisfeita? Tudo culpa
sua, ordinária! Vivia dando mole para aquele metidinho, que se considera o homem mais lindo
do mundo! Queria o quê? — Olho para ele, incrédula.
— Você é doente, como nunca percebi isso? — murmuro descrente, e com ódio de mim
mesma por ser tão burra.
— Doente é você, puta, e aquele maldito! — grita me olhando com cólera. — Doce
Milena, doida para dar para Gabriel, e o merda doido para te comer! — Ele dá uma guinado no
carro e minha cabeça bate no vidro. — Uma porra que isso irá acontecer! Te mato antes, piranha.
Olho para ele e vejo um homem doente, suas mãos tremem e um pensamento vem a
minha cabeça.
— Você… você está usando drogas? — O verme me encara com frieza.
— Qual a novidade nisso? Vai me dizer que nunca percebeu? — dá outra guinada com
raiva. Esse maldito nos matará com certeza. Olho para trás e vejo Gabriel e um carro policial nos
seguindo. Suspiro aliviada, não estou sozinha: meu anjo está vindo por mim. Sinto meus olhos
queimarem e lágrimas descerem.
— Não, eu nunca percebi. — Murmuro chocada. Realmente nunca notei, agora vejo que
não vi muitas coisas. Suspiro de puro desespero.
— Maldito! — O cão sarnento grita e gargalha, vejo que enlouqueceu de vez. — Olha lá,
doce Milena, o miserável chegando para te resgatar do maldito traidor, não é lindo? — Tira as
mãos do volante e bate palmas. Congelo sem poder fazer nada. Olho para trás e vejo Gabriel nos
seguindo. Observo o maldito Judas por segundos e resolvo que assim que esse desgraçado se
distrair vou puxar a porra do volante. Preciso fazer algo, antes que ele machuque Gabriel e meu
bebê. Devo isso a eles.
Resolvo não responder às provocações desse psicopata.
O carro policial, quase emparelha com o nosso. Grito de pavor, quando o maluco do ex,
joga o carro para cima da polícia. Olho e vejo que é o amigo policial de Gabe, Afonso. Ele é um
homem grande e amedrontador.
Fito Gabriel do outro lado e vejo seu olhar de angústia para mim. O desespero em seus
lindos olhos azuis, me assombrará enquanto viver… se viver. Olho para frente e a estrada está
deserta. O maldito entrou em uma rodovia que leva para outra cidade, durante a semana fica
completamente vazia, só enchendo em finais de semana e feriados.
Rafael acelera com fúria, vejo os gestos desesperados de Gabriel e Afonso. Tudo fica
confuso a minha volta, as árvores viram borrões. Sinto uma pancada seca sacudir meu corpo e
minha cabeça doer tanto que parece que foi arrancada. Sou envolvida por uma escuridão
abençoada e transportada para um mundo sem dor.
Capítulo 16
Gabriel Lêcor
Olho a hora com desgosto. Realmente não cheguei a tempo. Porra! Estou tentando achar
uma vaga para estacionar quando vejo Milena…
Meu coração dá uma guinada e o sangue some de meu rosto. Sinto uma ligeira tontura,
que é rapidamente substituída por puro ódio. O desgraçado está forçando-a a entrar no carro.
Desligo o carro e saio correndo, vou matar esse desgraçado, filho da puta. Chamo por ela,
desesperado.
— Milena! — a aflição me faz gritar e correr angustiado com medo de que o
amaldiçoado possa machucá-la ainda mais. — Eu vou te matar desgraçado!
Tento chegar e impedir o imundo de levar Milena, mas o verme asqueroso entra
rapidamente no veículo e sai cantando pneus.
Coloco as mãos na cabeça em desespero e volto correndo para meu carro, ligo e saio em
disparada atrás do agora sequestrador, eu vou matá-lo na porrada. Amaldiçoado! Meu coração
está disparado e minha boca seca de pavor.
Pego o celular com mãos trêmulas de olho neles, não posso perdê-los de vista. Temo pela
vida de Milena e o que aquele desgraçado pode fazer com ela.
Ligo para Afonso e peço socorro. Ele me pede as coordenadas de onde estamos, digo a
ele e desligo. Sei que em breve meu amigo estará aqui.
Sigo o carro que parece estar sem motorista, ele dança na pista e meu coração, a uma
hora dessas, já está quase saindo pela boca.
Estou tremendo e suando frio, engulo seco. Meu Deus! Eu vou matá-lo e estripá-lo, juro
a mim mesmo.
Tenho certeza de que Milena está desesperada, pobre menina. Seguro com força o
volante e os sigo como se minha vida dependesse disso.
Me concentro em Milena e tento passar uma mensagem para ela de pensamentos
positivos. Vamos conseguir, Jujuba, fica firme meu chicletinho.
Meus olhos ardem. Porra, por que não a protegi melhor? Meu celular apita, vejo a
mensagem de Afonso.
“Estou logo atrás de você, Gabriel, se controle cara, não faça nada que coloque a vida
de Milena em risco.”
Engulo o caroço que está travando minha voz.
Ele se emparelha comigo agora e grita que tudo ficará bem. Meu amigo sabe… me
conhece. Afonso acelera e alcança o desgraçado.
O execrável de Rafael vira o volante de uma vez, jogando o carro para cima de Afonso.
Soco o volante com força, gritando com um misto de desespero e angústia.
— Filho da puta, desgraçado! — acelero e emparelho do outro lado do carro de Rafael.
Vejo com angústia Milena apavorada e eu não posso fazer nada. Porra!
Tento dizer a ela que está tudo bem, mas o filho de uma rapariga, acelera e os vejo
tomando distância.
Ele perde o controle da direção em uma curva, vejo-o capotar e bater em uma árvore na
encosta de um despenhadeiro. Arrepio de pavor.
Minha alma sai de meu corpo por instantes e fico quieto, vendo o carro onde estava
Milena, finalmente parado e amassado.
Soluço alto. Piso no acelerador, preciso socorrer Milena. Quando chego, desço correndo,
Afonso já está no local. Como chegou tão rápido e não vi? Ele fala ao telefone desesperado.
Corro para o carro e vejo Milena caída e sangrando. O desgraçado está em algum lugar por aqui,
menos no carro. Parece que fugiu. Mas eu vou achá-lo e estripá-lo, eu juro.
— Afonso, me ajude! — grito em desespero e tento arrancar a porta que está travada.
Ele corre e me ajuda. Conseguimos abrir e a essa altura já estou chorando alto sem me
importar.
— Porra! — Afonso diz quando a vê. — Deixe-me ajudá-lo, cara, vamos. — Ele me
ajuda a tirá-la do veículo amassado. Afonso sabe como proceder num caso desses, eu também,
mas estou ensandecido de pavor.
Milena está viva. Graças a Deus. Caio de joelhos e averíguo todos os seus batimentos,
passo a mão em cada parte de seu corpo e solto um suspiro de alívio ao constatar que ela está
bem. Seguro sua mão com algumas escoriações e beijo-a tremendo. Suspiro emocionado em
constatar que está viva e não tem nenhum osso quebrado. Agora precisamos ver como estão os
órgãos internos. Enrijeço de pavor.
— Milena… me perdoe, querida, por não chegar a tempo de salvá-la desse miserável
insano. — Levanto os olhos marejados e vejo uma ambulância chegando. Afonso cuidou de
tudo. Devo mais uma a ele. Os paramédicos correm e socorrem minha amiga... amiga? A quem,
porra, quero enganar? Jogo o que já sei em algum lugar em meu coração, ela precisa de mim
agora, depois pensarei nisso com mais cuidado.
— Gabriel! — Afonso grita perto de um despenhadeiro. — O desgraçado tentou fugir e
se fodeu… olhe lá para baixo. — Olho os paramédicos colocando minha menina em uma maca,
continuo segurando sua mão, acompanho-os para a ambulância.
— Vou junto. — Digo ignorando completamente Afonso, Milena em primeiro lugar.
Viro-me para discutir com um deles. Enquanto perco meu tempo com o imbecil, a
ambulância sai em disparada, me deixando para trás.
— Porra! Eles a levaram, caralho. — Tento correr para pegar meu carro, mas Afonso me
segura.
— Calma, cara. Ela está bem cuidada, conhecemos os caras que a socorreram. Em breve
iremos para o hospital. Em seu desespero não reparou que o homem que discutia não era
paramédico e sim policial. Acalme-se. Milena está viva e foi socorrida com tempo. — Olho para
ele incrédulo, porra, fui enganado.
Tento ir para meu carro, quero ir para o hospital que levaram Milena, caralho, quero estar
lá para ela quando acordar.
Os paramédicos garantiram que os sinais vitais de Milena estavam bons. Mas quero ver
com meus próprios olhos, quero ficar com ela e garantir que tudo ficará bem.
Vejo mais policiais chegando e em pouco tempo têm tantos, que o lugar fica tomado por
pessoas fardados.
Afonso me arrasta para o topo do morro.
— Vem aqui, cara. — Sem saída o sigo. Caralho de homem insistente, penso com raiva.
Chego na beirada do despenhadeiro onde está a maioria dos policiais, olho para baixo e
vejo o maldito estatelado em uma pedra com braços e pernas em posições estranhas.
— Esse aí, já era. — Comenta um deles. Suspiro aliviado sem peso nenhum na
consciência. Foi tarde, esse imprestável.
Volto-me e finalmente vou para meu carro. Esse desgraçado teve o que merecia. Uma
morte bem dolorida.
Entro e rodo a chave na ignição. Passo devagar perto dos policiais e quando vejo Afonso,
buzino agradecendo-o. Ele balança a cabeça e volta a conversar com os policiais que se preparam
para recolher os pedaços daquele miserável inútil. Podia deixá-lo para os urubus fazerem a festa.
Acelero e vou para o hospital onde Milena está. Ela precisa de mim. O desespero para vê-
la me faz quebrar todos os limites de velocidade.
Capítulo 17
Gabriel Lêcor
Chego ao hospital em tempo recorde. Deixo o carro estacionado de qualquer jeito e corro
para a portaria.
Me dirijo a recepção e uma moça me atende com presteza, ela me conhece e sabe que sou
amigo da equipe médica aqui.
— Onde ela está? — Pergunto quase sem fôlego. Meu coração arde.
— No 502. O doutor Joaquim está no quarto nesse momento. Ele te aguarda. — Meu
coração dispara e sinto o sangue fugir de meu rosto.
— Milena… ela… — não consigo terminar, já pegando meu celular e correndo para o
elevador.
Joaquim me atende no primeiro toque e sabe do meu pavor com a simples possibilidade
de perder Milena.
— Calma, cara, ela está bem. — Me encosto na parede de metal do elevador e me
agacho.
— Jesus! — Suspiro como se o mundo fosse tirado de minhas costas. — Cara... já estou
chegando. — Desligo ansioso para vê-la. Graças a Deus. Caminho trêmulo para o quarto onde
está minha Jujuba.
Entro quase correndo e vejo meu amigo, me esperando com expressão serena. Isso me
acalma um pouco e quando a vejo deitada e medicada, suspiro de alívio. Corro até Milena e puxo
o lençol para ver se está tudo bem. Nada engessado. Fecho os olhos por alguns segundos e
inspiro fundo.
— Não quebrou nada, graças a Deus. — Vejo um galo enorme em sua cabeça. —
Caralho! — Olho para Joaquim que me olha de braços cruzados. — O que aconteceu aqui? —
Aponto para sua cabeça.
Joaquim me olha ironicamente.
— Bateu a cabeça, jumento! — Olho para ele com raiva.
— Para dar esse tipo de resposta que gastou parte de sua vida estudando medicina,
animal? — Ele sorri e caminha para onde estou, ainda verificando Milena, freneticamente. Mas
respiro mais uma vez aliviado em ver que ela está bem, diante de tudo que aconteceu… foi um
acidente grave, caralho! O carro ficou bem amassado.
— Vou relevar sua ignorância porque sei o quanto ela é importante para você, seu cavalo!
— Olho com raiva para ele, não consigo raciocinar direito depois de tudo que aconteceu hoje.
Me sinto culpado, porra! Podia ter cuidado melhor de Milena. Engulo seco, imaginando minha
vida sem essa mulher.
— Alô, terra chamando um energúmeno! — Joaquim estala o dedo, divertido. Olho para
ele sem realmente o enxergar, estou perdido e assustado com Milena machucada. — Gabriel…
Milena está bem, cara, dentro do possível… — congelo, já ouvi essa voz antes e sempre a uso
quando algo sério acontece com meus pets. Quando quero dar uma notícia que sei que vai
machucar de alguma forma. Coisa boa não é. Esfrio e começo a suar. Me aprumo em agonia.
— Porra, Joaquim, me mata de uma vez, caralho! — Digo alto e em agonia. — Você
disse que ela estava bem! — Vou até ele e o agarro pelo colarinho branco. — O que aconteceu?
Ela quebrou algum osso que não vi? Algum ferimento interno? Diga logo, filho da puta! —
Balanço ele com força tomado pelo desespero.
Joaquim tira minhas mãos de seu colarinho e olha-me consternado.
— Ela não quebrou osso algum, cara, mas infelizmente perdeu o bebê. — Engulo seco e
meus ouvidos zumbem.
— Perdeu… Milena... ela perdeu o bebê? — Pergunto baixinho, Jesus! Respiro fundo
devastado por Milena. — Que caralho está me dizendo, Joaquim?
Meu amigo me olha com tristeza.
— Infelizmente sim, cara. Era uma gravidez muito recente… eu sinto muito, Gabriel. —
Joaquim me olha consternado.
Estou sem reação. Meu Deus. Como Milena irá reagir a essa situação?
— Ela já sabe? — Pergunto num fio de voz, quando ouço a voz de Milena, fraca.
Congelo. Caralho!
Capítulo 18
Milena Avelar
Estou em um limbo e ouço vozes que parecem discutir. Tento sair desse lugar que me
encontro presa, mas não vejo saída. Entro em pânico e chamo por Gabriel.
Quando faço isso, ouço sua voz que me acalma e acalenta o coração. Está tudo bem, ele
está aqui.
Sereno, mas de repente sou invadida por uma sensação ruim, preciso conversar com ele.
Tento chamá-lo, mas a voz não sai. Estou agora entre o limbo e uma névoa de realidade.
Consigo ver dois homens grandes, conversando. Apuro os ouvidos.
Gabriel e Joaquim, tento chamá-los, mas não consigo me mexer, meu corpo todo dói, mas
minha cabeça está pior.
Presto atenção na conversa e congelo quando ouço a voz triste de Joaquim e o suspiro
desesperado de Gabe.
— Ela não quebrou osso algum, cara, mas infelizmente, perdeu o bebê. — Fecho os olhos
em agonia. Tento levar a mão até minha barriga, mas não consigo. Sinto-me fraca e os cateteres
em minhas mãos impossibilitam qualquer movimento. Será por isso que me sinto tão vazia?
Meus olhos alagam e lágrimas descem quentes e molham o travesseiro. Choro em silêncio.
— Perdeu… Milena... ela perdeu o bebê? — Ouço a voz de Gabriel agoniada. Respiro
fundo, e sinto mais lágrimas descendo. Gabe foi mais pai que o maldito Rafael. Nunca
imaginaria que ele agiria com tanta violência. Depois de uma pausa angustiante ouço a voz
carregada de dor e descontentamento de Gabriel. — Que caralho está me dizendo, Joaquim?
A voz do médico sai baixa e triste, mas não chega perto da dor que sinto na de Gabriel.
— Infelizmente, sim, cara. Era uma gravidez muito recente… eu sinto muito Gabriel. —
Perdi meu bebê. Fecho os olhos e deixo a dor me tomar com força. Sinto dores físicas, sim, mas
a pior vem do coração. Meu doce bebê, viveu tão pouco e foi vítima da loucura do próprio pai.
Estou afundada em dor e impotência quando a única voz que me acalma soa.
— Ela já sabe? — Sinto dor e medo em sua voz. Meu doce anjo, sempre me protegendo.
Arrumo forças não sei de onde, preciso saber mais.
— Perdi... meu bebê? — sussurro com dificuldade. Minha voz sai baixa e rouca. Os dois
dão um pulo quando falo e ambos ficam tão pálidos que sinto pena deles. Estão apavorados em
me dar a notícia. Minha vontade é de chorar sem parar. Me sinto oca e vazia.
Gabriel olha para Joaquim com cara fechada e ambos correm para a beirada da cama.
Gabe segura minha mão imóvel e me olha apreensivo. Joaquim me olha sem expressão alguma, é
um médico de fato.
— Jujuba, querida, graças a Deus que está bem… — Gabe murmura olhando para
Joaquim, receoso.
— Milena, menina linda, que bom que acordou. Quero te pedir desculpas por não
agirmos como profissionais. — Olha para Gabriel com cara fechada. — Mas esse ser aqui do
lado me olhando com ira, quando se trata de você, querida, inferniza a vida de qualquer um que
atravessa seu caminho. Gabriel consegue ser pior que seu gato Tirano. — Apesar de estar
devastada, consigo esboçar um fraco sorriso. Mas quando lembro que perdi meu bebê, as
lágrimas retornam com força total. Gabriel entra em pânico e Joaquim age com profissionalismo.
Gabe limpa minhas lágrimas e seus lindos olhos azuis estão avermelhados.
— Eu vou cuidar de você, Jujuba, prometo. — Acaricia suavemente meu rosto com a
ponta do dedo.
— Meu bebê… ele se foi? Gabe? — gaguejo com o coração apertado.
Joaquim assume o papel de médico e me informa com voz calma.
— Querida, eu sinto muito. — Ele deixa um pouco de seu profissionalismo de lado e
segura minha mão com suavidade. — Após o acidente, Milena, realizamos exames médicos
detalhados para avaliar sua condição. Nenhuma fratura e hemorragia interna… exceto… —
Suspira. — Milena, infelizmente esses exames revelaram que houve uma interrupção em sua
gravidez. — Diz de uma vez e aperta suavemente minha mão. Sinto Gabe apertar com mais
força. — Isso significa que o embrião não conseguiu sobreviver ao impacto da batida, levando a
interrupção de sua gravidez. Eu sinto muito. — Olha para Gabriel, que me fita intensamente,
preocupado. — Essa notícia é extremamente difícil, e sinto muito por ser o portador. Estamos
aqui para apoiá-la integralmente, Gabriel e eu. — Engulo seco e o deixo terminar, não consigo
pronunciar uma única palavra, me sinto anestesiada. — É importante entender que essas
situações podem ocorrer após traumas físicos, como o acidente que você enfrentou. Mais uma
vez, querida, saiba que não está sozinha nessa jornada. — Solta minha mão com suavidade. —
Quando estiver melhor, podemos discutir com mais detalhes a sua situação e quaisquer
preocupações específicas que você possa ter. Combinado?
Aceno e engulo seco.
— Jujuba? — Gabriel me chama e olho para ele. Estou tão cansada. — Diz alguma coisa,
Milena, seu silêncio está gritando. — Aperto sua mão com a força que ainda me resta.
— Quero dormir. — Digo simplesmente e vejo Joaquim, sair. Pouco tempo depois um
enfermeiro chega e aplica algo em mim.
— Ordens do doutor Joaquim, querida, vai descansar em breve. — Olho para ele com
gratidão. Quando sai, Gabriel puxa uma poltrona e se senta pertinho de mim.
Segura minha mão e sorri com tristeza.
— Eu vou cuidar de você, Jujuba, prometo. Quando acordar estarei aqui e te ajudarei a
passar por tudo isso, eu te prometo. — Seus olhos brilham e tento sorrir, mas não consigo.
— Obrigada, anjo… — digo baixinho e entro novamente no limbo, onde não tem dores e
sofrimento.
Capítulo 19
Gabriel Lêcor
Uma semana depois…
Naquele dia, há exatamente uma semana, quando Milena foi sedada e dormiu, fui
conversar com Joaquim, não o médico, mas meu amigo.
Quando cheguei em sua sala, eu já estava mais tranquilo. Deixei-a sabendo que não
acordaria tão cedo e conversei muito com meu amigo.
Ele me contou como tudo aconteceu e tive ainda mais ódio do desgraçado. A pancada
deslocou a placenta de Milena e ela teve uma hemorragia, perdendo assim seu bebê. Joaquim me
aconselhou a não mencionar a perda para ela, deixá-la livre para falar quando quisesse e se
sentisse preparada. E que se eu pudesse levá-la para casa ou ficar na dela, seria bom para Milena.
Contei a ele o final trágico do finado traidor e seu rosto continuou impassível, mas seus
olhos brilharam. Claro que por ética profissional Joaquim não expressou alegria. Quando nos
encontrássemos fora daqui, com certeza meu amigo daria seu verdadeiro parecer.
Joaquim disse que isso seria ótimo para Milena, que ela estaria livre de perseguições e
ameaças do finado infernal.
Concordei prontamente, sem mencionar também que estava extremamente aliviado e, por
que não dizer, contente? Foda-se! Estava satisfeito, minha Jujuba teria finalmente a paz que
merecia.

Milena ficou uma semana no hospital e eu vinha visitá-la todos os dias no horário do
almoço. E a noite vinha para dormir e acordar com ela. Minha Jujuba me mandava embora, mas
via em seus olhos que gostava que eu viesse. Ela insistia dizendo que estava preocupada comigo
e Tirano, claro que eu não arredava o pé. Milena precisava de mim. Ponto.
Até Joaquim dar alta para ela, viria todos os dias.
Milena estava calada e muito pálida. Seu pequeno corpo estava com vários hematomas.
Isso me cortava o coração.
Pensei muito e resolvi que ficaria mais fácil cuidar dela em minha casa. Além de poder
sempre dar um pulinho lá, porque era mais perto, Milena teria a companhia de Tirano.
No dia que a peguei no hospital, e a levei para minha casa, foi o único dia que reagiu.
— Quero ficar em minha casa, Gabe, por favor. — diz com voz sumida.
— Não. Vou cuidar melhor de você em minha casa, querida e o Tirano pode te fazer
companhia, enquanto trabalho. — Digo olhando-a e vendo o quanto está abatida. — Eu e Tirano
tomaremos conta de você, doçura. — Ela me olha com tristeza e acena concordando, sem
discutir. Sinto sua tristeza e isso amplia a minha.
Tento fazer piada, provocá-la.
— Sério isso? Não vai fazer birra e me mandar tomar no rabo? — Um esboço de um
sorriso surge, mas vai embora rapidamente.
— Não. — Murmura.
Pego sua mão pálida e fria.
— Milena, você tem que reagir, querida. Eu sei que a perda do bebê é traumática, mas
você é nova e poderá ter muitos outros… se quiser, eu me candidato. — Ela arregala os olhos e
fica vermelha. Ótimo! Consegui ter alguma reação por parte dela. — Sabe que eu faço tudo para
vê-la feliz. Não é, Jujuba?
Ela passa mão em meu braço e acaricia.
— Você não tem jeito não é, grão de milho[4]? — gargalho, sei que não é o momento
oportuno, mas porra, grão de milho?
— Onde aprendeu isso, querida? — ela me olha com um sinal daquele brilho que amo
tanto em seus olhos chocolate.
— Na internet, procurei adjetivos para classificar sua safadeza, Gabe, e encontrei vários
como esse. — Diz com voz fraca, mas consigo ver uma pitada da mulher por quem me
apaixonei, desde aquela surra que dei naqueles meninos. Quando eles tentaram roubar suas
jujubas e ainda riram da menininha magra com aparelho nos dentes fragilizada.
Agora nada mais me impedirá de aproveitar a segunda chance que a vida tão
generosamente está me dando. Acredito piamente que essa segunda chance, é uma em mil.
Após o acidente, fiquei várias noites acordado pensando e matutando sobre mim e
Milena. Depois de tantas noites insones, resolvi mandar a covardia para a casa do caralho e
finalmente assumir esse amor, deixando de ser o cuzão cavalheiro de merda que sempre fui.
Milena sempre foi meu amor verdadeiro. Mas eu em minha burrice infinita a afastei com
tanta galinhagem e covardia. Ela tem razão, sou um grão de milho fodido, um raposão, zé galo e
outros adjetivos para homens galinhas como eu.
Não adianta dizer que era tudo fachada para ficar longe de Milena, e não sofrer, não é?
Bem, eu aceito que fui um medroso frouxo e covarde. Agora cuidarei de arrumar esse
erro que me custou tantas noites insones e uma vida angustiante, vendo-a se afastar cada dia mais
e mais.
Quando Milena me disse que ficaria noiva, meu mundo quebrou e fugi... como o grande
frouxo que sempre fui em relação a assumir meus sentimentos por ela. Esse receio de perder
nossa amizade, me fez perder a mulher de minha vida, meu único amor.
Fiquei bastante tempo sumido, perdido e afogada na devassidão. Quando voltei, tentei
continuar sendo seu amigo. Doeu, mas fui aceitando e morrendo um pouco a cada dia que
passava.
Porra, sofri igual um maldito condenado.
Por isso, agora lutarei pelo amor de minha amiga de infância e parceira em todos os
momentos. Milena já me ajudou demais nas merdas que fazia com tantas mulheres ao mesmo
tempo. Nunca me recriminou por tanta devassidão. Confesso que em alguns momentos, me bate
uma vergonha fodida ao imaginar a quantidade de vezes que Milena me pegou trepando. Porra,
eu era um verme fodidamente devasso. Posso até entender ela correr de mim. Quem quer um
homem que come qualquer mulher que dá mole?
Porra! Precisou eu quase perdê-la para virar homem e assumir esse amor que já tem
bodas de diamantes. Caralho! Só me aguardem, vou investir pesado em conquistar Milena. Ela é
minha, meu amor e ponto final. Aliviado com a decisão que havia tomado, agora me resta
trabalhar e arrastar a bunda até Milena me dar uma chance.
— Eu vou cuidar de você, doçura, eu juro. — Ela segura minha mão com um sorriso
triste e fica o restante do caminho calada. Me calo também, respeitando sua dor.
Milena sairá dessa tristeza aos poucos com minha ajuda, tenho certeza, minha Jujuba é
uma guerreira e estarei sempre por perto para ajudá-la.
E foi assim que Jujuba veio morar em minha casa. Apesar de estar triste com tudo que
aconteceu, aos poucos e com terapia ela está votando a ser a Milena que amo e conheço. Contei à
minha pequena em uma sessão de terapia, que Rafael havia morrido, quando ele tentou escapar
no dia do acidente.
Milena chorou bastante quando contei sobre a morte do seu ex-noivo com mais detalhes.
Ela já sabia que Rafael havia falecido no dia do acidente, mas não havia me aprofundado
nos detalhes de como tudo aconteceu.
Fui aconselhado por meu amigo, Noah, que é psicólogo, a contar a ela em uma sessão,
juntos.
Milena continuou com sua terapeuta antiga e a cada sessão ela enfrenta melhor seus
medos, temores e perdas. Jujuba está melhorando muito a cada dia que passa, e isso me alegra
demais.
A cada nova sessão que Milena vai, ela melhora bastante, é como um bálsamo em suas
feridas e dor.
Agora, depois de muitas terapias, podemos falar do ex e da perda do bebê mais
abertamente. Milena está sendo uma verdadeira guerreira. Estou orgulhoso de minha menina.
Já me acostumei com Jujuba morando em minha casa, parece ter sido feita para ela. O
buraco que havia, Milena preencheu com sua doçura e boca-suja. Agora posso dizer que é um
lar.
Tirano está ainda mais carrasco no quesito proteção à Milena.
A vida parece que está entrando nos eixos finalmente, Jujuba está onde deveria ter estado
sempre, ao meu lado e em minha casa.
Capítulo 20
Milena Avelar

Gabriel foi para mim, nada mais que perfeito, quando meu mundo virou de cabeça para
baixo. No momento que peguei Rafael me traindo, Gabe tornou-se ainda mais protetor para
comigo.
Meu mundo se estilhaçou de vez quando fui sequestrada pelo meu ex e perdi meu bebê.
Gabriel foi minha salvação, e se eu o amava antes, agora vivo por ele.
Gabe praticamente me intimou a morar em sua casa, hesitei a princípio, mas com o passar
dos dias me acostumei e estou adorando. Já tem várias semanas que estou aqui, perdi a conta dos
dias vivendo tantas perdas e angústias. Meu anjo dourado foi e está sendo minha sustentação.
Gabriel foi buscando meus pertences aos poucos, não percebi no início, mas agora
minhas coisas estão praticamente todas aqui. Minhas roupas em seu armário, xampus e meus
produtos de beleza todos arrumados com precisão no banheiro. Confesso sem vergonha alguma
que estou adorando e me sentindo em casa.
Fui à minha cobertura, claro sem ele saber, senão Gabe surtaria. Para meu
constrangimento, me senti como uma estranha em minha própria casa. Estava triste, vazia e sem
o calor de meus dois gatos. Gabriel e Tirano. Me senti completamente desamparada sem a
presença dos dois.
Sorrio ao lembrar de como o saco de pelos, tinhoso, se tornou meu protetor, assim como
Gabriel. Dizem que os animais refletem muito o dono e Tirano está fazendo melhor que seu pai.
Ninguém pode chegar perto de mim, às vezes seus pelos macios, eriçam quando Gabe me toca.
Motivo de meu anjo dourado, sempre levar Tirano turrão para ter uma longa e séria conversa
com ele.
Passo a mão na barriga, meus olhos ardem. É uma sensação de perda tão grande que
machuca, sinto um vazio imenso em meu coração ao lembrar de meu doce bebê. Limpo as
lágrimas e respiro fundo, já consigo lidar melhor com a perda de meu filho.
Claro que com a ajuda de Gabriel, e da psicóloga, consigo parar de me culpar. Pensei
milhares de vezes que podia ter tomado alguma atitude quando Rafael começou a me assediar
com mais ferocidade. Contei a terapeuta e ela me diz que não sou responsável por atitudes
externas, ou seja, vindas de outras pessoas. Cada um responde por si. Estou tentando entranhar
essas palavras em meu coração, junto com as conversas que tenho com Gabriel.
Ele faz questão de reforçar tudo que a terapeuta me diz, conto cada sessão a Gabe, pois
sei que ele se preocupa verdadeiramente comigo. Então, posso dizer que dói menos a cada dia
que passa. Claro que a perda de meu bebê sempre será uma ferida delicada e dolorida, mas estou
melhorando e conseguindo caminhar, seguir em frente e em paz.

Estou querendo recomeçar a dar aulas novamente e Gabe fica desorientado quando digo a
ele meus planos. Tento conter o riso, quando o vejo tão agitado.
— Nem fodendo! — diz e aponta para Tirano. — Faça alguma coisa seu inútil, ela quer
fazer merda! — O birrento mais teimoso e lindo do mundo olha para Gabe com desprezo.
— Gabriel, meu querido, preciso retomar minha vida e… — digo com calma, ele está
realmente transtornado.
— Retomar sua vida? Você está se recuperando ainda, Jujuba! Pelo amor de Deus! —
Caminha como uma fera de um lado para o outro. Como pode ser tão lindo e perfeito?
— Gabe… — começo. Ele explode.
— Gabe um caralho! — caminha até onde estou e me ergue pela cintura. Sinto meu
coração disparar e inspiro seu perfume amadeirado. Quase caio dura. Ele cheira a delícias vindas
do paraíso. Puta merda, o homem tem o cheiro mais gostoso do mundo. Uma hora dessas vou
cometer uma insanidade, por querer tanto me aproveitar de sua bondade e beleza.
Às vezes, somente às vezes tenho a doce ilusão de que ele sente o mesmo por mim. Mas
me lembro de sua vida devassa e do que aconteceu há tempos atrás e recuo. Sei que agi errado
por ser uma covarde… talvez seja por isso que paguei com tanto sofrimento: traição, sequestro e
a perda de meu bebê. Um dia crio coragem e conto a vocês, meus vacilos e covardia. — Você
vai ficar em repouso, e aqui em casa. Entendeu, doçura? — Me olha emburrado. — Diga que me
entendeu, Jujuba. — Me ergue e me perco em seus imensos e celestes olhos azuis. Puta que
pariu, o homem é comestível, por isso as mulheres ficam loucas atrás dessa obra-prima angelical.
Esse pedaço de mau caminho tem a aparência de um ser de luz, mas todas sabemos que é um
depravado assumido. Delicioso, mas safado além do mensurável.
Sorrio derretida.
— Entendi, sim, Gabe. — Ele sorri largamente e seus dentes perfeitos faz o sorriso ainda
mais belo. Não resisto e levanto a mão, acariciando sua barba dourada bem-feita. — Mas não
ficarei sem trabalhar. — Seu sorriso some e seu semblante fecha.
— Por cima de meu cadáver! Eu sou a porra de um médico… bem, mais ou menos! —
Beija meu rosto e minhas mãos coçam para agarrar esse homem. Me controlo. — Mas você não
vai, ficará de repouso até segunda ordem de seu anjo Gabriel, seu médico particular. —
Sentencia, tadinho. Começo a trabalhar amanhã, já marquei três aulas. — Agora vem, vou fazer
uma panqueca que sei que adora, mulher sem sentimentos! — Me carrega até a cozinha e me
coloca sentada no balcão de granito em sua cozinha americana. — Qual recheio você quer,
Jujuba? — olha-me com ternura. Caralho, de repente me sinto culpada. Estou omitindo dele que
começarei amanhã. Porra, tadinho. Gabe está sendo somente cuidadoso. Caralho! Mas preciso
fazer alguma coisa, senão vou surtar o dia todo nessa casa linda, com piscina, biblioteca gigante,
sala de cinema… olha como sofro! Ingrata é o que sou. Mas sempre tive que trabalhar, assim me
sinto explorando Gabe, por sua boa vontade e carinho para comigo. Eu não sou assim.
— Pode ser com geleia de tangerina e pimenta, amor. — Digo olhando para ele com
carinho e seus olhos brilham.
— Milena… — chega até mim e me pega pela cintura novamente. Coloco a mão para
trás e grito quando bato em um copo e ele rola se espatifando no chão. Tirano ouve e vem como
um raio, seus pelos estão todos arrepiados. Ele mia alto e pula em Gabe.
Parece um demônio agarrado em Gabriel, tento arrancá-lo e Gabriel grita. A confusão na
cozinha é total. Se não fosse trágico seria engraçado. Consigo tirar Tirano de cima de Gabriel e
olho feio para o gato fodido.
— Tirano! Você ficou maluco, caralho? É o Gabriel, seu dono, gato filho de uma puta!
Se o machucar, farei churrasquinho de você, seu infeliz! — O gato perigoso e malvado me olha
com indiferença e minha vontade é sacudi-lo. Olho para Gabe, que me olha incrédulo e de
repente, solta uma gargalhada alta. Tirano, olha para ele e se volta para mim com desdém, se
retorce em minhas mãos, o solto. Ele corre direto para Gabe, se esfregando em sua perna e
ronronando sem parar.
— Porra, Gabriel, esse gato é bipolar. Temos que manter distância desse pequeno
desastre maligno! — Gabe se abaixa, pegando o gato perigoso e maluco.
— Você tem que ver a cara que fez, Milena. O Tirano não estava com raiva, ele sempre
faz isso, quando se assusta. Pula em mim quando ouve algum barulho. O som do copo quebrando
foi o motivo dele saltar em mim, amor, ele tem pavor de barulhos. — diz com sua expressão
divertida e acariciando seu gato bipolar. Sorrio sem graça.
— Porra, Gabe! Então, ele não estava te atacando? — consigo dizer desconcertada.
— Não, querida. Mas fico feliz em saber que tenho uma defensora que me protege com
tanta garra. — Tirano ronrona nos braços de Gabriel. Realmente é uma família de malucos.
— Vocês dois são loucos, deve ser por isso que se dão tão bem. — Murmuro, mas Gabe
ouve.
— Sim! Porque você é muito diferente de nós, não é, sua maluquinha? — sorrio. Ele tem
razão, sou uma pessoa não muito certa.
— Bem… pensando por esse lado, você tem razão mais uma vez, Viking. — Gabriel, põe
Tirano no chão, que mia alto, ele não gostou de ser deixado de lado. Além de soberbo, o gato
maluco ainda é possessivo. Porra! Gabe vem até mim.
— Sempre tenho razão, Jujuba. — Acaricia meu nariz. — Agora, vá pegar o leite e ovos
na geladeira, sua folgada! Por acaso está pensando que sou seu vassalo? — gargalha e se vira
para pegar o liquidificador. Babo em sua altura e ombros largos. Seus braços e pernas são tão
musculosos que consigo ver através das roupas seus músculos inchados, saudáveis, grossos…
Jesus, socorro! O homem é um pedaço de ambrosia dos deuses do alto escalão do Monte
Olimpo[5]!
Gabe olha para trás e seus olhos brilham.
— Pare de me comer com os olhos, mulher! Cadê os ovos, e o leite que te pedi? — Coro,
acho que pela primeira vez na vida. Baixo os olhos, envergonhada e a gargalhada de Gabriel é
um bálsamo para meus ouvidos. Ouço Gabe murmurar várias coisas, mas não entendo nada.
Capítulo 21
Milena Avelar
Levantei-me mais cedo hoje, quero fazer um café caprichado para Gabe, pois ele merece,
o zelo que tem comigo é uma coisa linda e extraordinária. Gabriel cuidou de mim esse tempo
todo sem nunca reclamar, e o mínimo que posso fazer é mimá-lo um pouquinho. Sorrio, um
pouquinho nada, muito mesmo!
Estou terminando de colocar a mesa, quando sinto o cheiro amadeirado e delicioso de
meu anjo invadir minhas narinas. Inspiro de puro prazer. Ele chegou.
Levanto meus olhos e o vejo parado perto da porta me observando, todo de branco e com
Tirano no colo. Suspiro petrificada diante de tanta beleza. Dois gatos. Eles me olham fixamente
com seus imensos olhos azuis. Me derreto toda e penso que morri e estou no paraíso sendo
observada por um ser angelical com seu gato belíssimo. Meu Deus, que quadro lindo.
— Bom dia para os dois gatos mais lindos do mundo. — Tento soar natural, mas está
ficando mais difícil a cada dia que passa. Minha voz sai rouca. Porra! Eu sou humana e Gabriel é
um deus nórdico, como não babar toneladas por esse exemplar tão lindo, único e raro?
Ele sorri e caminha até onde estou. Tirano me olha com desdém, gato arrogante esse,
penso divertida e babando pelo seu dono.
Gabriel coloca tirano no chão com cuidado, o manhoso macio e fofo vai direto para seu
prato de ração. Gabe chega até mim, abaixa-se até a altura de meus olhos e fita-me fixamente.
— Bom dia, potinho de doçura. Dormiu bem? — Beija a ponta de meu nariz e vai lavar
as mãos. — Hoje tenho uma visita agendada, Milena, e não virei almoçar com você, querida.
Sinto muito, tentei reagendar, mas infelizmente não deu, a senhorinha vai viajar e quer levar seu
pet. Lembra-se daquele que operei semana passada? — Sinto minha consciência pesar. Engulo
seco, porra, ele tem sido tão príncipe comigo e eu omitindo dele as coisas. Sinto que estou
traindo-o, saindo meio que escondida para trabalhar.
Engulo seco.
— Sim, eu me lembro e está tudo bem, querido. — Termino de arrumar a mesa. Minha
consciência está me matando. Vou dizer a ele. Foda-se! — Gabriel… — seu telefone toca
exatamente nesse momento. Suspiro. Gabe me olha e pede desculpas baixinho.
— Sim… se ela ainda poderá viajar? — Ele ouve atentamente sua cliente. — Temos que
examiná-la para ter um diagnóstico certo. Ok. Sim… eu vou. Ok. — Desliga e me olha
consternado. — Amor, me perdoe. A gatinha da senhora Lourdes, fugiu e voltou com a cirurgia
sangrando… porra! Eu avisei para sua dona ficar atenta à gata! — Gabe pega seu celular, carteira
e vem até mim. — Me perdoe, Jujuba, fez um café tão gostoso e pôs uma mesa tão linda e eu não
vou poder desfrutar. — Beija a ponta de meu nariz. Ovulei. Gabe me olha atentamente, passa as
mãos nos cabelos e diz.
— Quer saber? Foda-se! Ela que espere meia hora. Vou tomar o café da manhã feito por
meu chicletinho com tanto carinho. — Engulo o caroço na garganta, estou me sentindo a mulher
mais fodidamente ingrata do mundo. Gabriel com suas atitudes cavalheirescas está me deixando
completamente arrasada. Me sinto culpada. Jesus! — Venha querida, vamos tomar nosso café
juntos.
Puxa a cadeira como o cavalheiro que é, e me sento. Meu estômago dá um nó de
desgosto. Comemos e não sinto gosto de nada. A minha consciência está pesando muito por
omitir de Gabe que irei trabalhar. Isso está me matando.
Quando terminamos, ele se levanta e vem até mim.
— Obrigada, querida. Seu café estava delicioso. — Beija meu rosto e me olha fixamente
por segundos. — Te ligo mais tarde.
Diz e sai apressado. Eu fico destruída para trás. Podia ter dito a ele, não podia? Gabriel
não merece nada além de minha gratidão e verdade.
Foda-se, Milena, você foi uma filha da puta do caralho! Penso em modo marinheiro.
Capítulo 22
Milena Avelar
Subo arrastando minha bunda mentirosa para meu quarto ao lado do quarto de Gabe e me
arrumo. Chamo um Uber e vou dar as aulas marcadas.
Quando termino a primeira aula, vejo uma mensagem de Gabe.
“Querida, me perdoe por não entrar em contato antes, a gatinha estava muito ferida. E
tive que dar uma atenção maior a senhora Lourdes também. Ela está inconsolável, inclusive teve
que adiar a viagem. Disse-lhe que sua gata fujona não teria a mínima condição de viajar tão
cedo.” — sorrio quando vejo a outra mensagem. — Em tempo, dona Lourdes tem 82 anos, não
precisa ficar com ciúmes, combinado? — Sorrio e meus olhos enchem de lágrimas. Esse homem
é nada mais que perfeito.
Digito de volta, penso em contar que estou trabalhando, mas tenho receio dele surtar.
Gabe é assim, cuidadoso ao extremo. Sempre foi. E seus sentimentos são sempre exagerados.
Mas resolvo ser verdadeira com ele, fodam-se as consequências, não quero magoá-lo ou
deixá-lo triste. Não mais.
— “Gabe… eu estou… bem, estou trabalhando e volto às 14 horas.” — Envio, e aguardo
ansiosa. Sei que ele ficará triste, em sua cabeça ainda não me recuperei o suficiente para sair de
casa, mas já estou ótima e liberada para trabalhar pela psicóloga.
Vejo os três pontinhos dançarem… ele está digitando. Aguardo ansiosa. De repente,
param... recomeçam e espero. Param e mais nada. Aguardo mais uns minutos e nada. Entro em
pânico.
Ligo para ele que não atende, porra. Será que o magoei tanto assim?
Tento novamente e nada. Me fodi. Meus olhos ardem.
Envio uma mensagem para ele trêmula.
“Gabe… está tudo bem?” — engulo seco.
Os pontinhos recomeçam a mexer e meu coração se enche de esperança.
“Não.” — Curto e grosso. Ele está puto. Passo a mão no coração. Puta merda, sei que o
magoei muito. Caralho!
Ligo novamente, mas ele não atende. Deixo recados e nada. Puta merda, o negócio foi
pior do que eu imaginava. Gabe é superprotetor e tudo nele é extremo. Me fodi e me sinto mal
por isso.
Encerro as aulas, olhando a todo momento meu celular e nada. Mortinho da Silva. Engulo
seco e meus olhos marejam. Começo a ficar brava com ele. Mas que merda é essa? Ficar com
raiva por que retornei ao meu trabalho? Crianção, é isso que ele é. Resolvo, tentar, eu disse
tentar, ignorar a dor no peito. Finalmente volto para casa, muito ansiosa e o mais rápido que
posso. Hoje é sábado e a clínica está fechada.
Gabriel e eu iríamos ficar na piscina e mais tarde assistiríamos a um filme. Ele comprou
pipocas e jujubas que adoramos.
Começo a chorar quando chego, preciso falar com Gabriel e conversar com ele com
urgência. Eu sei que entenderá e verá que já estou bem para recomeçar minha rotina. Direi a
Gabe que estou arrependida por omitir dele que sairia. Gabriel sempre me apoiou, não é?
Entro rapidamente em sua casa e vejo Tirano deitado no sofá, ele levanta a cabeça e me
olha com sua costumeira indiferença. Fungo triste, esse gato tirano e soberbo me lembra Gabriel.
Gabe o adora. Limpo uma lágrima fodida e pego meu celular. Olho e nadinha de Gabriel para
mim. Tento ligar mais uma vez para ele e cai na caixa postal. Entro em pânico e ligo para
Afonso.
Cai na caixa postal também. Merda. Minha garganta arde e sinto em meu coração que
minha pequena omissão machucou muito Gabriel. Esfrego os olhos e vou tomar um banho, mais
tarde faço uma lasanha que ele adora.
Tento ligar mais uma vez e nada. Assim a noite chega e já chorei tanto que meus olhos
estão inchados e ardendo.
Olho o relógio, quase 22 horas. Já liguei para os amigos de Gabriel e nenhum deles
responde, final de semana devem estar aprontando, os conheço bem.
Mas já deu, estou muito preocupada com Gabe, vou atrás dele. Ele é sempre muito
responsável. Fungo, a culpa é minha, se tivesse sido verdadeira, nada disso estaria acontecendo.
Porra, não custava nada ter falado a verdade para Gabriel. Caralho!
Já estou me arrumando para ir atrás dele, pedir desculpas, quando ouço o barulho na
garagem. Suspiro aliviada e desço correndo, preciso vê-lo e dizer que sinto muito. Eu devia ter
dito cedo e não omitido, engulo seco de puro remorso. Gabe sempre foi tão honesto comigo.
Abro a porta com rapidez e trombo nele.
— O que está fazendo aqui? — murmura seu hálito com cheiro de álcool. — Pensei que
estaria em sua cobertura. Pelo que percebi hoje, eu estou te sufocando muito, não é? Tirando sua
preciosa liberdade. Não é isso? Teve que mentir para mim, então presumo que estou fazendo as
coisas de maneira errada. — Passa por mim e sinto o cheiro de perfume feminino. Meu coração
aperta… será que ele estava com outra mulher? Meus olhos ardem, esfrego com força. Gabe,
nunca chegou assim depois que vim para cá. Eu realmente o magoei muito.
— Gabe, me perdoe… eu sabia que ficaria aborrecido e não quis… — ele me corta.
— Preferiu mentir? Ou melhor, adiou meu desgosto? Eu queria somente cuidar de você,
Milena. — Caminha derrotado.
Vou atrás.
— Eu sei Gabe, mas estou bem. — Falo com suavidade, vou relevar o que disse quando
chegou. Ele está agitado e se senta no sofá. — Não queria te aborrecer, querido. Anjo, eu gosto
de trabalhar, além de precisar também. — Falo e me sento ao seu lado, ele se levanta em seguida.
Engulo seco. — Me perdoe. Não omitirei mais nada de você, prometo. Ainda que possamos
discordar. — Ele me olha e balança a cabeça, sobe as escadas rapidamente, sigo logo atrás.
Vejo Gabe tirar a roupa e fico chocada com seu despudor. Ele nunca fez isso, sempre foi
discreto, ao menos aqui em sua casa. Hoje Gabriel está realmente triste comigo.
Se vira para mim e olho seu pau. Meus deuses! Grande, grosso e rosado. Exatamente
como me lembro...
Engulo seco, diante de tanto glamour. Meu rosto esquenta.
— Me dê licença, Milena, preciso de um banho e cama. — Fala com voz cansada e se
vira, indo para o chuveiro. Sua bunda durinha é de virar os olhos. E as pernas musculosas
cobertas de pelos dourados? Sinto que despejo toneladas de óvulos, prontinha para dar para ele e
ser mãe de toda sua prole.
— Gabriel, por favor? — sussurro e ele se volta para mim, seus olhos brilham e com um
raio ele vem até mim, me ergue ficando cara a cara comigo.
— Por que, Milena? — seus olhos estão vermelhos. Vejo uma marca de batom em seu
pescoço. Puta que pariu, ele estava com uma mulher.
Meu coração quebra, sei que não tenho nenhum direito, mas dói assim mesmo. Engulo o
choro.
— Você estava com alguma mulher? — ele me olha estranho.
— Não. — Me coloca no chão e vai para o banheiro, ouço o chuveiro sendo ligado. Fico
grudada no chão e com vontade de correr, ir embora, desaparecer. Me doí imaginá-lo com outra
mulher. Doía antes…, mas agora... é pior. Aprendi a ignorar sua devassidão e aceitá-lo como
amigo, não foi fácil, mas consegui. Agora que vim morar com ele tudo voltou novamente…
esfrego os olhos e coração. Tudo arde.
Fico parada olhando a porta do banheiro e por fim, caminho derrotada, indo para meu
quarto.
Amanhã vou embora. Gabe já fez muito por mim e não estou conseguindo mais separar
amizade de amor. Tenho que ir embora, até conseguir novamente. Limpo as lágrimas, mas como
fazer isso se amo esse homem mais que a mim mesmo e sempre amei?
Quando chego em meu quarto, vou até janela de vidro e vejo a lua refletir seu brilho nas
águas calmas da piscina.
Encosto a cabeça no vidro e choro soluçando baixinho, dói tudo. Choro por sufocar esse
amor desde pequena por Gabriel. Choro por ficar noiva de um homem que nunca amei. Choro
por não dizer a Gabriel que o amava, quando tive a oportunidade… choro por minha covardia,
que me custou tão caro.
Por fim, vou ao banheiro, ainda soluçando e me vejo refletida no espelho.
— Por que você sempre age de maneira tão covarde, Milena? — Me indago desgostosa
e triste por ser sempre tão fraca e assustada... tomo outro banho rápido e volto para meu quarto.
Visto minha camisola e me ajeito para dormir.
Me deito e apuro os ouvidos, silêncio. Gabe já deve estar dormido. Darei a ele uma
semana e depois vou lutar para ter seu amor. Sempre foi Gabriel, meu único e grande amor.
De repente, ouço passos apressados e um Viking gigante e loiro entrar furioso em meu
quarto. Me assusto e sento-me rapidamente na cama.
— Milena… chega! — A voz de Gabe está decidida e firme. Ele avança para minha
cama, completamente nu. Isso me alarma e fascina ao mesmo tempo.
— Gabriel?
Capítulo 23
Gabriel Lêcor
Quando Milena me contou que foi trabalhar, meu coração esfacelou. Porra! Me senti
traído. Será que ela não percebia o quão frágil ainda estava, por toda a merda que passou? A
maneira que eu estava tratando-a, não estava boa? Caralho, estava dando meu melhor, Jujuba,
precisava de muito amor, carinho e proteção. Merda! E eu dava. Mas parece que não foi
suficiente.
Trabalho pensando nela, deixo tudo adiantado para ela não precisar mexer com cozinha,
marquei psicólogo, a acompanho em tudo. Porra! Para fazer tudo isso e estar sempre presente
precisei arrumar uma assistente e desmarcar várias consultas. Trabalhava igual um maníaco antes
de Milena vir morar comigo, tudo isso para não ficar pensando bobagens acerca dela.
Por fim, resolvi em meu coração não desperdiçar a segunda chance que a vida estava me
dando. Mas... se Milena não quiser, nada que eu fizer funcionará... não é?
Minha mente me corrige, chamando-me a atenção. Gabriel, quando fazemos algo para
alguém não devemos cobrar ou esperar nada em troca. Você está querendo controlá-la? Minha
porra de consciência me acusa sem piedade, mas agora estou irado, e controlo-a. Não quero saber
de nada nesse momento, somente dói, porra!
Caralho, íamos passar o sábado juntos, assistir filme comendo pipoca, jujubas e nadar na
piscina. Tinha somente a dona Lourdes para atender, avisei Milena. Passo a mão nos cabelos,
irado. Mas ela não me disse nada, que relacionamento pode dar certo com somente uma das
partes sendo sincero?
Olho para o visor de meu celular e desgosto enche minha alma. Começo a digitar dizendo
a ela que me decepcionou, poderia ter me dito hoje enquanto tomávamos café. Mas paro. Não
posso dizer a ela o que fazer, mas posso dizer a mim como proceder. Quando ela me pergunta se
está tudo bem, paro de digitar e deleto. Respondo simplesmente que não. Vou evitar dizer
qualquer coisa agora, pois posso falar algo e me arrepender mais tarde. Pois, sempre fui muito
cuidadoso com palavras, uma vez ditas, não tem como retroceder ou recolhê-las.
Decido dar um tempo e refrescar minha mente. Resolvo tirar o dia para espairecer e
pensar na vida. Têm sido dias e meses conturbados desde que aconteceu toda essa tragédia com
Milena. Eu sei, ela mesma disse, que tenho sido seu suporte e confesso, não tem sido fácil.
Minha vontade é de agarrá-la a cada minuto que fico em sua presença, só me controlo por
tudo que ela já passou. Mas tenho esperança de que Milena perceba o quanto a amo. É claro que
direi a ela quando sentir que superou tudo que passou. E para minha alegria, Milena, melhora a
cada dia que passa. Porra, melhorou tanto que está fazendo as coisas sem me incluir. Estou me
sentindo rejeitado. Sorrio de desgosto.
Olho a hora no visor do celular, quase meia dia. Merda, hoje o dia será longo.
Resolvo me dar esse dia e vou para um clube que gosto de frequentar com meus amigos.
Ligo para eles e sorrio, todos estão lá. Sigo para onde eles estão, preciso me desligar um
pouco de tanta tensão.
Quando chego, vejo que estão rodeados de mulheres, os grandes pilantras. Mas porra,
qual novidade nisso, não é? Já vivi e participei disso tudo na íntegra. Mas hoje não me atrai mais.
Quando eles me avistam, acenam e fazem arruaça, nem parece o policial, médico e
psicólogo de respeito que são. Fora de suas áreas de trabalhos são uns malditos bagunceiros
infantis, pilantras e devassos. Assim como eu fui, até Jujuba ir para minha casa. Corpos de mais
de trinta, mas mente de uma criança de três anos.
— Até que enfim resolveu sair da toca! — Afonso debocha. — A patroa liberou hoje? —
todos gargalham e sorrio divertido, mostrando a ele meu dedo do meio.
— Foda-se, você Afonso. — Viro-me para Noah e Joaquim cumprimentando-os. Sorriem
e voltam a conversar e apertar as mulheres que estão sentadas em seus colos.
— Precisava dar uma espairecida hoje, cara. — Converso com Afonso que está
bebericando um drink azulado. A mulher que estava com ele foi ao banheiro.
— Como está nossa menina? — pergunta e pisca.
— Nossa? O caralho, seu filho da puta! — digo irado, eles gargalham e fico
envergonhado, me descontrolo fácil demais em tudo que Milena está envolvida. Foda-se!
— Brincadeira, cara. Acalme-se. — Bebe um gole e estala a língua. — Hoje vamos ter
aquele bacanalzinho básico de todo fim de semana, você está convidado. — Me olha fixamente.
Balanço a cabeça.
— Estou fora dessa merda, seu puto! — ele gargalha e acena positivamente.
— Virou uma boceta mesmo. — Mostro o dedo do meio novamente para ele, que me
olha divertido. — Te entendo, Milena é linda. — Meu sangue ferve novamente.
— Tem momentos como esse, Afonso, que me pergunto, por que sou amigo de um bosta
como você? — Ele gargalha.
— Porque salvo sua bunda toda vez que precisa, simples assim. — a mulher volta da
toalete e se senta no colo de Afonso. Hoje ele está com uma diferente, penso divertido, como se
isso fosse novidade. O homem troca de mulher mais do que de roupas. Caralho, como se eu
tivesse sido diferente em um passado bem recente.
— Vai colocar uma sunga, cara. O clube é nosso, temos tudo aqui, você está careca de
saber, não é seu puto? Vamos aproveitar esse sabadão, usando sem parar nosso pauzão. Gostou
da rima, 3Gs? — Pisca com cara de sedução e gargalha de sua piada infeliz. Foda-se! Aceno me
levantando com certo desânimo, atravesso o corredor indo até meu armário e pego uma sunga
qualquer. Visto e me pergunto o que ainda faço nesse lugar. Aqui é um local que se prepara e
antecede as fodas em algum momento do dia.
Se Milena souber que vim para essa porra de lugar, com certeza ficará triste…, mas
cacete, ela mentiu para mim. Era para estarmos juntos nesse momento.
Ignoro a pontada em meu coração e saio para o dia ensolarado lá fora.
Olho em volta e já tem alguns casais se atracando. Porra! Fecho os olhos e me pergunto
mais uma vez, o que estou fazendo aqui?
Capítulo 24
Gabriel Lêcor
Vejo meus amigos trepando como se não houvesse amanhã e minha mente continua em
Milena. O que ela está fazendo nesse momento?
Já anoiteceu e com certeza ela está muito preocupada comigo. A quantidade de ligações e
mensagens que recebi dela indicam isso. Mas não respondi nenhuma. Sei que estou sendo
infantil, mas às vezes temos que deixar de ser tão adultos e certinhos por ao menos um dia. Às
vezes, me sinto tão cansado por esconder o amor que sinto por ela. E certamente hoje é um
desses momentos. Uma trégua, é o que estou me dando nesse dia, mas porque isso me incomoda
tanto? Não estou fazendo nada de errado, caralho!

Já bebi bastante, está na hora de parar, bebida não arrancará a dor que tenho em meu
peito. De repente, tudo que já passei com Milena, vem com força total e minha vontade é de sair
quebrando tudo, porra! Amo essa mulher desde quando a salvei de perder suas jujubas e de
meninos maus debochando de seu aparelho e óculos. Sorrio nostálgico ao lembrar. Suas jujubas
rosas caíram espalhadas por todos os lados. Quando a vi chorando, agarrei o menino e o fiz
comprar três jujubas, dois pacotes rosa e um verde. Obriguei-o a entregar os dois rosas para
Milena e fiquei com o verde.
Ela os pegou trêmula e chorando, nesse momento senti que viveria para protegê-la. Pode
parecer loucura, mas amei-a ali naquele momento quando me olhou com seus olhos castanhos,
lindos e agradecidos. Parecia que ela estava diante de um deus todo poderoso, realmente me senti
querido naquele momento.
Meu amor por Milena foi aumentando, conforme ela me seguia como uma sombra. Meu
chicletinho, penso saudoso. Porra, como amo essa mulher. Perdi uma chance de ouro em dizer
isso a ela…, mas isso é conversa para outro momento. Por isso, agora, não a deixarei escapar.
Aqui, nesse momento e com a cabeça mais fresca, depois desse tempo sozinho, estou vendo que
fui protetor demais com Milena. Ela com certeza se sentiu sufocada, sempre foi uma mulher
independente e eu sempre a encorajava. Hoje saí do padrão, caralho!
Passo a mão nos cabelos e olho em volta. Peço uma água com gelo e limão.
Estou tomando distraído quando sinto os braços de uma mulher me abraçar por trás e
beijar meu pescoço. Mas que porra, é essa?
Me viro com raiva e vejo uma das minhas ex-amantes, sorrindo largamente. Nunca gostei
dessa mulher, apesar de ela ser linda e ter um corpo escultural. Mas sinceramente, nunca não
senti absolutamente nada por ela, nem antes e muito menos agora. Somente luxúria no momento
de trepar e isso era comum com todas.
Nunca dispensava uma foda. Eu trepava é claro, afinal eu era um quero-quero do caralho.
Zé galo fodido, pegava qualquer uma que me desse mole.
Ela tenta me abraçar e me beijar, seguro suas mãos.
— Não. — Digo simplesmente a afastando. Ela me olha incrédula, a entendo. Não
rejeitava nada, era um devasso miserável.
— Não? — Ouço alguém gritar seu nome. Sandra, não me lembraria nem se minha vida
dependesse disso. Esse é o nível de importância que ela e as outras tiveram em minha vida.
Sempre foi Milena.
— Gabriel, não acredito que você veio aqui no clube e vai rejeitar uma boa trepada. —
Tenta me abraçar e beijar novamente. Mulher insistente e fodida do caralho. Olho para ela com
ira, minha vontade é de arrastar essa puta e jogá-la na piscina para apagar seu fogo.
— Hoje não estou a fim, dê o fora! — sou geralmente educado, mas essa mulher está me
tirando do sério. Ela sorri despudoradamente, seus olhos brilham de luxúria.
— Então, o que faz no clube de trepadas mais famoso da cidade? — Me levanto em toda
minha estatura e vejo que as pessoas começam a olhar.
— Garanto que não é para trepar com uma puta como você! Prefiro bater punheta o resto
da vida a colocar meu pau em sua boceta novamente, caralho! Me esquece, porra! Dê o fora! —
As pessoas gargalham e assobiam, ela fica vermelha de constrangimento e raiva. Foda-se se me
importo.
— Agora que já se fartou de tanto me comer? — tenta atacar.
— Eu e mais o clube inteiro, não é? — digo com calma e as pessoas gritam alucinadas.
Fodidos! O ser humano adora uma merda.
Ela olha em volta e me fita irada. Fito-a de volta, essa maldita nunca me intimidará.
— Guarde minhas palavras, Gabriel… eu vou te fo-der, quando menos esperar, não
trepando, mas destruindo você. — Soletra foder e sorri de puro ódio. — Vou desgraçar sua vida,
seu arrogante maldito! Preste atenção em seu melhor momento... chegarei nele com fúria! Me
aguarde. — Chega até onde estou e beija minha camisa branca, deixando sua marca. Sorri com
ódio desfigurando seu rosto. Me levanto e foda-se, já estou pronto para ir embora dessa porra.
— Estarei esperando, sua cadela. — Ela fica pálida. — Venha com seu melhor, puta, eu a
destroçarei e sairá de minha vida rastejando como a cobra que é! — digo tudo devagar e sorrindo
com calma, sou o pai do controle quando quero. — Não repetiria uma foda com você, vadia, nem
se minha vida dependesse disso, você trepa mal para caralho! Talvez, por que é muito rodada?
Eu também sou, mas não saio por aí oferecendo meu pau como mercadoria barata, me entende?
— Todos gargalham e gritam, ela me olha com ódio. Tudo bem, sei que extrapolei, mas eu
estava quieto em meu canto, lambendo minhas feridas, quem mandou vir me incomodar?
Ela levanta a mão para bater em meu rosto, mas sou rápido, segurando-a.
— Opa! Aqui, não querida. Esse rosto foi feito somente para receber carinho. — Ela grita
de raiva e puxa sua mão.
— Você vai se arrepender, desgraçado, por essa humilhação que me fez passar em
público. Eu juro!
Vejo Afonso se aproximar preocupado.
— Está tudo bem, Gabe? — me pergunta, mas olha feio para a tal Sandra.
— Sim, fui somente molestado por uma lacraia. — Ela treme de raiva.
Afonso olha para ela.
— Vaza daqui, Sandra. Vai perturbar outro, não vê que meu amigo não quer nada com
você? — ela tremula de cólera. Ele sorri. — Aliás, nem eu. Vaza!
Ela me olha fixamente e sorri.
— Me aguarde, Gabriel. — Vira-se com rapidez e some entre multidão.
Afonso me olha preocupado.
— Cuidado com essa mulher, Gabe. Ela tem fama de destruir relacionamentos, como a
grande vadia que é. — Dou de ombros.
— Como? Não tenho nada com essa maldita. — Ele sorri e concorda.
— Verdade. Mas de toda maneira tenha cuidado e se precisar me chame, ok? Vamos
conversar até passar o efeito do álcool que tomou. Senão terei que multá-lo e apreender seu
carro, mesmo sendo seu amigo. — Sorrio, acenando e vou para a mesa que ele estava. Puxo a
cadeira e sento-me. Agora que ele trepou a tarde toda, está mais tranquilo e conversamos sobre
seu trabalho e o meu. Quando olho a hora, vejo que já é bem tarde. Me levanto, me despeço e
vou para casa.
Capítulo 25
Gabriel Lêcor
Dirijo para casa me sentindo incomodado com as palavras daquela mulher. Peguei pesado
com ela, reconheço, mas parece que a criatura só conhecia essa linguagem. Tentei pará-la
educadamente, mas ela não entendeu e tive que ser mais duro. Foda-se, não vou perder meu
tempo pensando em suas ameaças.
Me lembro de Milena novamente e meu coração dispara, porra, continuo magoado com
ela. Bem, na verdade... não muito mais. Minha raiva nunca dura com essa mulher, ela me tem
envolta em seu dedo mindinho. Mas minha doce Jujuba, podia ter me dito a verdade, não é?
Vejo minha casa e um temor insano me varre o peito. E se ela tiver ido embora?
Estaciono de qualquer jeito e corro para a entrada, quero ver se ainda está aqui, senão vou
buscá-la.
Quando levo a mão à maçaneta na porta para abri-la, parece que ela se abre magicamente.
Milena. Ela está aqui, graças a Deus. Fecho os olhos e suspiro de alívio. Jujuba bate em meu
corpo, está arfando, deve ter corrido muito. Sinto seu cheiro inconfundível, flores, amor e lar.
Inspiro, finalmente me sinto em casa. Olho-a de cima a baixo e meu pau acorda para a vida. Eu
vi um festival de pornografia ao vivo hoje e ele sequer se mexeu. E aqui, vendo essa mulher
parada à minha frente sem fazer nada, somente existente, ele acorda. Caralho!
Mas a porra do orgulho ferido fala mais alto, quando vejo já estou dizendo merda.
— O que está fazendo aqui? — digo com rancor, quando me lembro que mentiu para
mim. — Pensei que estava em sua cobertura, pelo que percebi hoje, estou te sufocando, tirando
sua liberdade? Não é? Teve que mentir para mim, então presumo que estou fazendo as coisas de
maneira errada. — Passo por ela com altivez, talvez aquela coisa de que o pet tenha muito de seu
dono, seja verdade. Me sinto um tirano nesse momento, arrogante, soberbo e orgulhoso. Caralho,
estou muito ferido.
Milena vem atrás de mim com sua rara timidez. Disfarço o sorriso. Confesso que é bom
vê-la hesitante, mas prefiro a boca de marinheiro de minha menina.
— Gabe, me perdoe… eu sabia que ficaria aborrecido e não quis… — Corto-a, preciso
desabafar, para limpar meu coração. Fiquei muito aborrecido com sua atitude, quero que ela
confie em mim, sempre.
— Preferiu mentir? Ou melhor, adiou meu desgosto? Eu queria somente cuidar de você,
Milena. — Me arrasto para o banheiro, minha vontade é de agarrá-la e comê-la sem parar por
dias e ainda assim, sei que nunca será suficiente.
Ela vem atrás de mim, ainda hesitante.
— Eu sei, Gabe, mas estou bem. — Diz com mansidão, safadinha. — Não queria te
aborrecer, querido. Gabriel, eu gosto de trabalhar e preciso também. — Me sento no sofá e ela se
senta ao meu lado, fecho as mãos para não agarrá-la aqui e agora. Me levanto antes de fazer
bobagem, na verdade, preciso de um banho, urgente. Sua voz triste me deixa taciturno. — Me
perdoe... por favor? Não omitirei mais nada de você, prometo. Ainda que possamos discordar. —
Sussurra.
Olho para ela, Milena é a coisa mais preciosa e linda do mundo para mim. Quando penso
que quase a perdi, começo a entrar em pânico, fecho os olhos e me controlo. Balanço a cabeça
para espantar o desespero e subo as escadas, seguido por minha menina.
Tiro as roupas, me sinto sujo e o perfume daquela mulher odiosa me causa asco. Quero
que Milena, me veja como sou, sem nada. Nunca fiz isso, mas agora quero e me viro para ela.
Vejo-a corar e engolir em seco, seus olhos param em meu pau, ele sacode, claro. Mas
cerro os punhos e me forço a pensar em coisas nada agradáveis para ele não mostrar a ela o
quanto a aprecia. Consigo. Seu rostinho esquenta, tornando-a ainda mais bela.
Digo e saio rapidamente antes agarrá-la feito um lunático.
— Me dê licença, Milena, preciso de um banho e cama. — Sorrio sem que veja, sei que
está olhando meu corpo. Modéstia as favas, sei que chamo atenção.
— Gabriel, por favor? — Sua voz sai tão doce que quando percebo já estou segurando-a
pela minúscula cintura e erguendo-a à altura de meus olhos.
— Por que, Milena? — pergunto com meus olhos ardendo. Quero saber o porquê nossa
jornada sempre foi tão complicada. Claro que ela não entende.
Ela me olha no rosto e enrijece de repente.
— Você estava com alguma mulher? — Deve ser o perfume da miserável.
— Não. — Respondo com raiva da mulher. Sonia, Sandra, sei lá o nome da pilantra.
Coloco-a no chão e vou para o banheiro. Ligo o chuveiro e entro, pego o sabão e me lavo
rapidamente para tirar o cheiro do perfume daquela cobra, ele ficou impregnado em mim.
O cheiro de perfume de outra mulher em mim me incomoda, sinto que deixa Milena
triste.
Ouço os passos de Jujuba se afastarem, confesso que desejei e pensei que ela viria para o
banheiro comigo. Faço uma careta de desgosto. Mas foi bom, assim posso me controlar, olho
para baixo e meu pau está tão duro que arde.
Me ensaboo agora com mais cuidado, quero tirar todo ranço da vadia que está
impregnado em mim. Quero ficar limpo.
Saio do banheiro com uma decisão tomada. Me enxugo rapidamente e marcho com
passadas firmes para o quarto da mulher de minha vida.
Entro e vejo-a deitada na cama como uma deusa. Meu pau sacode duro, ardendo e
exigindo somente essa mulher. Foda-se, basta!
— Milena… chega! — Minha voz grossa a assusta, mas dane-se, quero esse quindim
todinho para mim. Meu potinho de delícias e doçuras.
Seus olhos se arregalam quando me vê nu e de pau duro. Se senta na cama e sua voz
doce, faz meu pau inchar ainda mais.
— Gabriel?
— Sim eu mesmo e vim com uma missão, Milena, te comer até a exaustão, caralho! —
Ela arregala os olhos, mas os vejo brilharem. Sorrio, sim é isso mesmo, doçura, quero esses
lindos olhos castanhos cintilando para mim quando estiver atolado até a raiz em sua doce boceta.
Pulo na cama com uma sede de anos, acumulada por essa delicinha que me olha com
desejo e muito corada. Sorrio de lado.
— Prepare-se, meu amor, hoje a cobra vai fumar e se atolar até arder, ou isso, ou será
caixão para um homem que espera há tanto tempo... — Não acho que ela me ouviu, pois está
muito corada e trêmula. Meu doce quindim. Pisco e a puxo com força, abraçando-a e sentindo
todo seu corpo macio colado ao meu. Gemo elevado e ouço seu gemido suave, quase em agonia.
Bom.
Capítulo 26
Gabriel Lêcor
Fecho os olhos sentindo a maciez e calor da mulher que sempre amei. Me sinto no céu
tendo-a envolta em meus braços. Falto ronronar como Tirano faz quando está nos braços de
Milena. Minha Jujuba é uma coisinha cheirosa, delicada e linda demais. Estou tremendo e faço
uma força descomunal para não entrar nela como um desesperado. Preciso ser cuidadoso com
ela, Jujuba é miudinha e muito delicada. Meu coração está disparado, Milena me olha encantada,
porra!
Ajeito-a com carinho embaixo de mim e tomo cuidado para não a machucar. Olho-a
embevecido.
— Eu te amo, Milena. — Confesso com toda minha alma e soltando coraçõezinhos até
pelo rabo. Foda-se! Ela suspira e me olha fixamente. Seus olhos castanhos chocolates cintilam e
alagam. — Eu te amo, desde aquele dia que salvei uma menininha que sofria por ser atacada por
usar óculos e aparelho nos dentes. — Beijo seu rosto sem parar. Ela me agarra e cruza suas
pernas em minha cintura. Abre a boca para falar, mas coloco um dedo. — Deixe-me falar, meu
amor. Deixe-me abrir meu coração. Doçura, eu já te amei quando dei uma surra naqueles
meninos que jogaram suas jujubas no chão e riram, enquanto você chorava. Te amei quando os
obriguei a comprar três pacotinhos de balinhas jujubas, dois rosas para você e um verde para
mim. Lembra-se? — Sinto minha alma leve. — Eu te amo Milena, e não vou desperdiçar a
segunda chance que tive na vida. Uma chance em mil, meu amor. — Beijo seus olhos que vertem
correntes de lágrimas. — Quero fazer amor com você, quero beijá-la, quero ser o pai de seus
filhos, quero que seja a mãe de meus bebês. Eu te amo, Milena, mais que tudo no mundo. — Ela
soluça e me agarra, chorando forte. — Não chore, meu amor, vamos comemorar nossa segunda
chance, porque eu sei que você me ama. — Ela tenta falar, mas não consegue, seu pequeno corpo
é sacudido pelos soluços com força. Estou louco para beijá-la e fazer amor com ela, mas tenho
que respeitar seu momento. Nosso momento. — Meu amor, depois que amá-la até a exaustão,
quero te contar uma coisa… — Ela acaricia meu rosto com mãos trêmulas.
— Eu te amo Gabriel. — Sussurra engasgada. — Deus, como eu te amo. — Me abraça
chorando e com força. Escondo a cabeça em seu pescoço suave, sentindo seu cheiro e maciez me
entorpecer ainda mais. — Fui covarde uma vez…, mas me arrependo demais por isso. Agora
entendo o porquê tive um sentimento tão forte de libertação, quando vi Rafael com outra mulher.
Eu te amo, Gabe, desde o dia que me salvou daqueles meninos malvados e me devolveu minhas
jujubas. — Murmura me apertando e beijando em parar. — Eu queria tanto te dizer isso, mas o
via com tantas mulheres que acabei perdendo a coragem. Eu não me sentia a altura delas. Eram
belíssimas. — Enrijeço e tento falar, ela me dá um selinho e meu pau fica ainda mais duro, ele
está ardendo, grosso e inchado. — Fui te dizer várias vezes, mas parece que o destino não
ajudava, pois sempre o via trepando com alguém… e Gabe? Doía demais. — Sinto meus olhos
arderem, o universo estava de sacanagem conosco, só pode. — Mas teve um dia que foi
decisivo… te conto depois quando fizer amor comigo até me deixar desmaiada.
Sorrio sentindo meu corpo aquecer.
— Repete que me ama, querida. — Imploro, beijando seu rosto sem parar, desesperado.
— Eu te amo, Gabriel, amo com loucura. Amo demais! Amo, amo e amo — sorrio e paro
olhando-a nos olhos. — Tem certeza de que está pronta, meu amor? Depois de tudo que
passou… — ela não me deixa terminar e puxa minha boca em direção a sua.
Não me faço de rogado. Chupo e mordo seu lábio inferior com luxúria. Ela geme e entro
em desespero, como desejo essa mulher. Céus! Mergulho em sua boca doce e macia, enfiando a
língua com gana. Meu pau retorce com fúria quando Milena a chupa com força. Gememos em
agonia. Beijo-a como se minha vida dependesse disso, devoro sua boca por tanto tempo que
quando me afasto, seus lábios estão inchados e vermelhos. Me sento e puxo-a para mim,
arrancando sua camisola e calcinha em tempo recorde.

Paro por instantes observando-a nua e ajoelhada em minha frente. Minha boca saliva,
como desejei essa mulher. Porra!
Claro, já a tinha visto de biquíni. Milena era linda e maravilhosa. Mas nua? Ela beira a
perfeição. Seu corpo é pequeno, macio, cheiroso, uma cintura minúscula, pernas torneadas…,
mas os seios e bocetinha? Puta que pariu! Os seios são cheios e de mamilos rosados, sua boceta
rosada e depilada, parece a porra de uma pétala de rosa. Engulo seco.
— Perfeita! Porra, Milena, como pode ser tão linda assim? — ela baixa a cabeça
envergonhada e avanço como um touro bravo.
Deito-a na cama com suavidade, me controlando com muito esforço. Mergulho de cabeça
nas delícias que é essa mulher. Beijo-a novamente até ficarmos sem fôlego. Desço chupando seu
pescoço delgado e suave, até deixá-lo cheio de marcas. Foda-se!
Chego ansioso em seus seios… porra, me matem! Eles são magníficos. Aperto-os
sentindo a maciez e calor, desço a cabeça e esfrego-me neles, ela geme e eu rosno de prazer puro.
Sentir a maciez deles contra minha barba áspera é o céu. Abocanho um com luxúria e
chupo com tanta força que meu pau dá uma fisgada. Caralho eu vou gozar somente chupando os
seios de Milena. Porra! Continuo mamando feito um bezerro morto de fome. Sinto seu pequeno
corpo sacudir e olho para cima, ainda sugando com força, não tenho forças para parar.
Vejo Milena revirando os olhos, ela está gozando, caralho! Isso acaba com minha força de
vontade e acabo gozando em seguida, sem largar seu seio delicioso.
Merda! Um homem vivido, com dezenas de trepadas no currículo, gozando somente
chupando os seios de sua mulher? Se me dissessem isso há minutos atrás, riria da cara da pessoa.
Mas fodam-se, essa é Milena, porra, a mulher que me tem nas mãos, que amo mais que a
mim mesmo.
Para minha vergonha ser menor, digo para uma Milena que me olha encantada. Cacete de
mulher linda!
— Isso foi somente a introdução, querida. Prepare-se, porque agora o Gabriel 3 Gs, está
chegando para te levar ao paraíso. — Ela sorri lânguida e muito vermelha.
— Sim, por favor, meu amor. Quero provar desse Gabriel, querido, até estar acabada e
desfalecida de tanto prazer. Com esse pau tão lindo, que meu amor tem, quero mais é ser fodida
com força! — Minha preciosa e doce marinheira aparecendo por aqui, sorrio, duro como aço...
de novo. Essa boquinha suja gostosa do caralho, me deixa ainda mais ensandecido, quando diz
obscenidades.
— Pode ficar tranquila, meu amor. Meu pau tão lindo, como disse, é todo seu para fazer
o que quiser. Pode usar e abusar. — Levanto-me, pegando-a no colo e indo para o banheiro.
Sempre sonhei em tomarmos banho juntos. Sorrio emocionado e cego de desejo.
Tomamos um banho rápido entre beijos, mordidas e abraços. Levo-a para cama de pau
duro, ardendo e inchado.
— Está preparada para receber o pau mais gostoso e grosso de todos os tempos, querida?
— Sussurro baixinho em seu ouvido, minha voz está tão rouca que pareço a porra do pato
Donald. Sorrio de desgosto e ajeito meu pau que arde. Milena estende a mão e aperta-o com
delicadeza, o maldito incha ainda mais. Gemo alto.
— Preparada como nunca estive em toda minha vida. Nasci para ser sua, Gabriel, te amar
e de bônus receber seu pau em mim. — Cora e me beija com força. Estremeço de puro deleite,
estou onde sempre quis estar, ao lado de Milena, amando-a e sendo amado por ela.
Capítulo 27
Gabriel Lêcor
Beijo-a totalmente descontrolado, mandei o controle para a casa do caralho. Mergulho de
vez na vontade de ter essa mulher. Sinto-a se amoldar em meu corpo e esfrego meu pau
intumescido em sua bocetinha molhada e tão macia que arrepio. Gememos. Estou devorando sua
boca, já tão sensível e apertando um de seus seios, enquanto desço uma mão para massagear sua
feminilidade. Milena está alagada e seu clitóris está inchado, estremeço ao senti-lo durinho na
ponta de meus dedos. O massageio com carinho e cuidado, ela geme. Desço beijando seu
pescoço e mordo seu colo perfeito.
Paro nos seios e faço a festa novamente. Estão avermelhados e minha vontade é continuar
chupando-os até gozarmos novamente. Mas terei tempo para isso, preciso sentir seu gosto ou vou
morrer de desespero.
Beijo sua barriguinha plana, chego em sua macia e rosada boceta. Olho com prazer o mel
que escorre dela e sinto meu pau sacudir com força.
— Caralho! — digo já descendo para chupá-la com ganância. Cubro sua boceta com
minha boca e chupo com prazer, lambo, mordo e sugo como faço com um sorvete de casquinha.
Gemo e fecho os olhos, estou no paraíso. Chupo, devoro e só paro quando ela goza em minha
boca. Ouvir os sons de seus gemidos e gritos de prazer, me deixam ainda mais louco por ela.
Me levanto rápido e com desespero, puxo-a tremendo para ajeitá-la embaixo de mim e
entro com tudo. Porra!
— Ahh, Milena… — sinto sua maciez se fechar em volta de meu pau inchado e dolorido.
— Eu te… amo... porra, Milena. — Ela me abraça e cruza as pernas em minha cintura, sinto-me
indo ainda mais fundo e gemo de agonia. É bom demais. Céus! Beijo-a com lascívia, sugando
sua língua macia com força.
Começo a me movimentar, dando tempo a ela de se acostumar ao meu tamanho. Não sou
um homem pequeno. Trinco os dentes quando sua umidade envolve meu pau.
— Porra, Milena! — Começo a meter com força e desespero e com três arremetidas me
descontrolo e começo a entrar e sair com uma velocidade que me deixa ainda mais duro e
descontrolado. Sinto-a me apertar e seu corpinho sacudir embaixo do meu. Gozou.
— Caralhooooooooooooooo! — fecho os olhos e me perco em um mundo de puro prazer.
Gozo como nunca gozei em toda minha vida. Meu corpo sacode com força e minha semente sai
em jorros grossos, contínuos. Jatos e mais jatos alagam a mulher que possui meu coração. Minha
mulher.
Gemo alto e continuo a meter, não quero parar e perder esse prazer sublime que senti e
ainda sinto.
— Eu te amo, Gabriel, meu amor. — Ela diz baixinho, por fim me acalmo e me deito,
puxando-a para cima de meu corpo sem querer sair de dentro dela.
— Milena… — digo sem forças.
— Sim, meu amor. — Acaricia meu rosto e beija meu queixo barbudo. — Você é minha
vida e meu coração, Gabriel. — Acaricio seus cabelos com suavidade até senti-la relaxar e
ressonar.
— E você é a minha vida toda, Milena. — Digo baixinho e fecho os olhos, adormecendo
em seguida.
Capítulo 28
Milena Avelar
Jamais pensei que depois do vacilo que dei, omitindo de meu protetor, Gabe, que
retomaria minha rotina, fosse terminar assim, da maneira que sempre sonhei. Sempre quis isso,
mas nunca ousei dizer em palavras. Pelo contrário, escondi e tranquei no fundo de meu coração,
esse amor e desejo por ele. Sorrio ao olhar para o lado e ver o gigante loiro, Gabriel, meu amor,
dormindo placidamente. Vejo um imenso chupão em seu pescoço e coro. Quando fiz isso? Porra,
o homem é gostoso demais, me fez gozar várias vezes somente me chupando.
Minha boca arde, resultado dos beijos frenéticos de Gabriel. Olho seu pau e suspiro.
Imenso, lindo e rosado, sua masculinidade linda está tombada para o lado e repousa o sono do
guerreiro depois de várias batalhas.
Arrepio de prazer ao lembrar da quantidade de vezes que fizemos amor durante a noite.
Perdi a conta, só sei que minha boceta arde feito pimenta. Uma dorzinha deliciosa. Sorrio.
Estico a mão e acaricio com suavidade sua barba dourada. É macia e áspera ao mesmo
tempo. Sinto minha boceta se contrair. O que esse homem ainda dormindo tão angelicalmente,
não faz comigo?
Antes, não me permitia pensar nele assim… bem… mais ou menos, somente era discreta.
Hoje não preciso mais esconder, suspiro de alegria e fecho os olhos em gratidão pela nossa
segunda chance. Desço o dedo pelo seu pescoço e peito largo. Passo a mão em sua barriga
trincada e chego ao seu pau que por encantamento, penso com desejo, está duro… hum, acho que
o matreiro de Gabe não está dormindo como pensei a princípio. Bemmm…, vamos aproveitar?
Fecho a mão em seu pau, na verdade fechar é maneira de dizer, minha pobre mãozinha
não abarca a circunferência do pau de Gabriel. E ele está duro como aço. Massageio e ouço um
suspiro alto. Sorrio. Safado.
Me aconchego e chupo a cabeça rosada com força.
— Caralho, Milena. — Gabe agarra meus cabelos e força minha cabeça para baixo.
Sorrio.
— Me perdoe, Gabriel, pensei que estivesse dormindo, amor, não queria acordá-lo. Pode
voltar a dormir e… — Ele me arrasta em seu corpo e me fita nos olhos, bravo.
— Uma porra que vou voltar a dormir. Depois de sentir sua boca macia em meu pau?
Nunca! — Dá um tapa em minha bunda e diz com ferocidade. — Volta a chupar meu pau
agora, mulher má! — Sorrio quando ele levanta o quadril e me empurra para baixo. Tomo seu
pau em minha boca. Chupo como se fosse o pirulito mais saboroso da terra, e é, penso maldosa.
Acaricio suas bolas macias e Gabriel estremece.
— Tão bom, querida. — Murmura e meu coração enternece de amor por esse homem.
Chupo com ganância e ele geme alto. Sinto-o engrossar em minha boca. Gabriel murmura algo e
me puxa.
— Depois gozo em sua boca, querida, agora quero sua boceta abraçando e umedecendo
meu pau. Porraaaaa! — Ele me ajeita na cama com rapidez e entra em uma única estocada. —
Milena... como consegue ser tão gostosa assim, meu amor?
Gabriel levanta minhas mãos e chupa meus seios, sinto-o entrando e saindo com força e
estremeço.
— É o amor que torna tudo tão especial, anjo… — Ele para por um momento, e me olha
fixamente, vejo ternura cintilar em seus belíssimos olhos azuis.
— Sim, querida, você tem toda razão. É o amor que torna tudo tão sublime. — Me beija
com avidez e continua a meter até gozarmos juntos em uma sinfonia de gritos de prazer.
Alguns minutos depois, Gabriel beija meu nariz e me puxa para seus braços.
Dormimos novamente, exaustos, mas felizes.

Acordo e olho para o lado que Gabriel adormeceu, está vazio. Espio em volta e nada. Me
levanto e vou ao banheiro, Gabe deve estar na cozinha, pois sinto o cheiro delicioso de café
fresco. Sorrio completamente feliz. Tomo um banho rápido e visto um vestido leve de verão.
Preciso ver meu viking maravilhoso e gostoso.
Desço sentindo saudades de Gabriel. Vou direto para a cozinha, ele adora cozinhar.
Quando chego perto da porta o vejo fazendo panquecas. Suspiro de felicidade. Ele parece
um ser mitológico, gigante, loiro e lindo. E todinho meu. Puta merda, sou a porra de mulher mais
sortuda do mundo, por ter um homem assim ao meu lado, sempre parceiro. Mesmo depois de
tudo que passei.
Estou lidando muito bem com tudo que me aconteceu, graças a Gabe e a minha terapeuta.
Não posso ser ingrata, os amigos devassos de Gabe sempre me ajudam de alguma maneira. Na
verdade, tenho uma imensa família.
— Bom dia, Jujuba! — Sua voz rouca e grossa me faz estremecer de prazer e minha
boceta alagar. — Pare de ficar me secando, mulher! Já me teve de todas as maneiras possíveis e
ainda fica assim? — Continua a fritar as panquecas. Não resisto e vou até ele e o abraço por trás.
— Gabe... eu te amo tanto, tanto, meu querido. — Ele levanta minha mão e a beija, se
virando para mim. Me fita com seus imensos e brilhantes olhos azuis. Vejo amor na forma mais
pura no rosto e olhos de Gabriel.
— Doçura... céus, Milena! Será normal amar tanto uma pessoa? Às vezes, penso que esse
excesso de amor, me atrapalhou… — Fico rígida. — Pois, por amá-la tanto querida, a deixei
ir… e me fodi tanto… — Diz pesaroso com lágrimas nos olhos azuis.
Acaricio seu rosto perfeito.
— O importante, Gabriel, minha vida, é que o universo nos deu uma chance em mil…
uma segunda oportunidade, meu amor. E jamais a deixaremos ir dessa vez. Não, é? — Beijo
Gabriel com amor e carinho. Ele geme.
— Sim… nunca perderemos essa oportunidade que nos foi dada, Jujuba. Nossa segunda
chance. Você é minha e eu sou seu. Ponto final. Agora, ajoelha e me chupa meu pau! — Olho
para baixo e seu pau duro e inchado me cutuca. Sorrio, obedecendo prontamente.
Depois que chupei Gabriel até ele gozar aos gritos, foi a vez dele me retribuir o favor…
puta merda, o homem sabe chupar gostoso.
Passamos o final de semana conversando e fazendo amor, até ficarmos exaustos e prontos
para começar a semana.
Capítulo 29
Gabriel Lêcor
Os dias seguintes estão sendo de longe os mais felizes de minha vida.
Conversamos eu e Milena, acerca de seu trabalho e chegamos a um acordo. Ela iria
somente na parte da tarde, até a terapeuta liberar de vez. Fiquei satisfeito por Milena não ser tão
turrona e aceitar o que sugeri, voltar a trabalhar em tempo integral quando estivesse mais
fortalecida. Sei bem que já se passaram meses, mas tudo o que minha Jujuba passou foi muito
pesado.
Hoje é final de semana e combinamos de ir ao seu apartamento para buscar o restante de
suas coisas. Pedi a Milena para morarmos juntos. E estamos a caminho para trazer suas coisas,
sorrio matreiro, claro, o que ainda resta. Todos os dias eu dava um pulinho lá e trazia várias
coisas dela. Com isso, faltava pouco para ter tudo de Jujuba em casa. Nosso lar, penso com
satisfação. Milena nem percebeu, minha malandragem. Estufo o peito orgulhoso. Fui muito
esperto, palmas para mim. Agora resta pouca coisa em seu apartamento para trazer.
Olho para o lado e vejo-a acariciando o gato mais pilantra e folgado do mundo, Tirano.
Ele está ronronando de prazer e Milena o deixa ainda mais perdido.
— Jujuba, acho que você mima demais esse gato trapaceiro com carinha de anjo. Não se
iluda, amor, ele está te engando direitinho. — Digo com um pouco, mas somente um pouquinho
de ciúmes do sortudo sendo acariciado por Milena. Ela sorri largamente e as benditas covinhas se
evidenciam, me deixando de quatro, só me falta babar nesse momento.
— Você quer dizer que mimo demais os dois gatos de minha vida? — Beija minha mão
e Tirano se arrepia todo, filho da puta egoísta. — O filho parece o pai… você, meu gato Gabriel,
é o mais trapaceiro dos dois… seu filho Tirano, somente segue o exemplo do pai patife. —
Sorrio com sua lógica ilógica.
— Mesmo assim! Caralho, amor, olha como ficou arrepiado me ameaçando quando a
toquei. Quem ele pensa que é, seu dono? — Falo picado de ciúmes.
— Talvez ele pense que é nosso dono, querido. Tirano é muito mandão e territorialista.
Ele pensa que é um rei, não é? — Gargalho de sua colocação, acho que ela tem razão. Gato
fodido esse.

Chegamos e colocamos o restinho que falta de suas coisas em caixas. Milena resolveu
alugar sua cobertura, assim não precisa se matar de trabalhar. Minha doce menina. Meu potinho
de doçura.
Carrego as caixas para o carro, enquanto Milena limpa o apartamento. Ela resolveu
também alugar a cobertura com todos os móveis.
Quando subo, ela já está me esperando com Tirano no colo. Não disse? Gato folgado esse,
preciso ter uma conversa séria com esse enganador, ficar abusando da boa vontade de Milena
não é certo.
Ele me olha com desprezo e completa indiferença. Soberbo de uma porra.
— Querida, vamos? — Ela vem e coloco a mão em meu ombro. Tirano protesta se
arrepiando todo, seu rabo balança com mais rapidez quando está marcando território. —
Milena? — Ela me olha e me perco em seus olhos chocolates, tudo nessa mulher me lembra
coisas doces. Porra!
— Diga, meu amor. — Responde com doçura e meu pobre pau reage com rapidez.
— Vou doar Tirano, não quero ele mais. — Ela arregala os olhos preocupada e me olha
fixamente.
— Sério? Gabriel, você está louco, meu amor? — Tirano parece perceber o teor da
conversa e esfrega a cabeça fodida nos seios de Milena. Agora quem arrepia sou eu. Que porra é
essa?
— Ele monopoliza você, se esfrega sem pudor e respeito algum em seu corpo, não posso
tocá-la que ele fica arrepiado… porra, Milena, você é minha! Gato fodido esse! — Ela gargalha
e fico hipnotizado, vendo-a rindo. Linda demais. Tirano também parece encantado. Vagabundo!
— Gabriel, amor de minha vida. — Acaricia meu rosto, o embusteiro rosna alto, não
gostou. Velhaco ardiloso. — Amo você mais que tudo no mundo, mas amo também esse gato
safado. Ele me lembra você… — Pisca. — Pilantra, folgado, territorial, lindo, macio, olhos
azuis belíssimos… puta merda. Gabe, você não poderia ter outro bichinho que refletisse tanto
você, querido. Vocês dois, são perfeitos juntos. — Sorrio, se ela pensa assim, vou suportar o
impostor por mais um tempo. Tirano percebe que estou bravo, e estica a pata, parece querer
carinho e aprovação. Sorrio de lado.
— Vem aqui, seu enganador. — Ele pula em meus braços e ronrona satisfeito. Gato
esperto. Se esfrega em mim.
— Viu como ele te ama também, Gabe? — Sorrio, conduzindo-nos para o elevador.
— Sim, mas se continuar a querer manipular você, vou fazer espetinho de Tirano e um
mini tapete felpudo com seu couro. — Ela me olha horrorizada.
— Não diga isso na frente dele, Gabriel. Gatos sentem, são muito sensíveis. — Sorrio e
beijo seu narizinho.
— São tão sensíveis que querem pegar a namorada de seus donos. Canalhas, isso sim.
— Sorrimos cúmplices e vamos para nossa casa.
Capítulo 30
Gabriel Lêcor
Meses depois…
Minha vida com Milena tem sido simplesmente perfeita. Nos adaptamos tão bem que
parece que vivemos uma vida anterior a essa, juntos. Posso afirmar com certeza que ela é minha
outra metade e alma gêmea. E posso garantir que seu amor por mim é genuíno, sinto isso em
cada sorriso e gesto de minha Jujuba.
Milena prepara nosso almoço e eu nosso jantar. Combinamos de sempre tirarmos tempo
para esse detalhe, comida fresca feita com carinho e o bônus de sempre comermos juntos e
compartilhar nosso dia. Esse tem sido um dos momentos mais maravilhosos de meu dia.
Jujuba continua firme em nosso combinado, ela dá aulas somente à tarde, para minha
alegria. Ela disse-me que poderia cuidar de nossa casa, e que a diferença de seu salário seria
complementada pela cobertura, agora alugada. Vibrei internamente quando disse isso, mas claro,
fiquei pianinho. Ela circulando e cuidando de nosso lar com tanto carinho e amor, é
simplesmente meu sonho de uma vida. Amo essa mulher mais que tudo no mundo. Milena é meu
mundo inteiro.
E o que dizer de Tirano? Ahhh, esse felino arrogante, filho da puta chantageador. Ele é
um gato folgado e inescrupuloso. Nos manipula sem escrúpulos e comemos em sua mão, quer
dizer em suas patinhas sem nem perceber. Isso é o que aquela bola de pelos brancos é,
ludibriador ardiloso. Sorrio ao me lembrar de sua possessividade com minha Jujuba.
Quando ele está perto de Milena, consegue se superar e ser ainda mais tirano e carrasco. O
orgulho e altivez desse gato me deixa muitas vezes incrédulo. Esse malandro tomou o posto de
guardião supremo de Milena e ninguém pode chegar perto dela. Sorrio satisfeito com o cuidado
que o ladino tem para com Milena. Mas arrepiar e miar alto toda vez que eu chego? Caralho, aí é
demais. Esse ardiloso merece ter o couro macio arrancado e usado como uma moldura de parede.
Sorrio, terminando de atender minha última cliente. Ela sorri sedutora e a ignoro.
O covarde de Tirano não vem mais comigo para avançar e colocar essas ousadas
desavergonhadas no lugar. Com isso, elas sempre tentam tirar uma casquinha, tenho que ser
duro, para mantê-las no lugar. Mulheres fodidas da porra!
O gato trevoso não vem mais. Às vezes que o trouxe, ele miou tão alto que doeu meus
tímpanos. Além de destruir meu sofá com suas unhas afiadas. Tudo isso demonstrando sua
insatisfação de ser afastado de Milena. Bicho tinhoso e malandro. Não me restou outra
alternativa e tive que levá-lo para Jujuba. Parecia que estava sendo esfolado vivo, o grande
patife, ele não miava mais, o ardiloso berrava, parecia possuído por algo ruim. Mas quando viu
Milena, parou de uma vez e ronronou como se fosse outro gato. Trapaceiro maroto.
Agora desisti de tentar trazê-lo, tenho que lidar com as engraçadinhas por conta própria.
Gato traíra e enganador.
Estamos no final de ano e Milena, já encerrou seu currículo escolar. Está em casa em
tempo integral e isso me deixa louco para subir e comer minha mulher o dia todo. Porra, imagina
você com sede no deserto e saber que tem uma fonte de água logo à frente? É exatamente assim
que me sinto.
Às vezes trabalho sentado, meu pau duro feito aço, efeito Milena. Arrepio com o
pensamento de alguma engraçadinha notar e pensar e querer coisas desse anjo loiro aqui, que só
tem olhos e pau para sua futura esposa. Aquela que está tão perto e, ao mesmo tempo, tão longe.
Porra.
Peço a minha atendente para acompanhar a cliente até a porta que me olha sem parar.
Vejo com o canto dos olhos sua falta de pudor. Vou te dizer uma coisa sem orgulho e soberba,
apesar de ser pai do ser mais presunçoso e altivo que já existiu na Terra: Tirano, o meu gato
maligno. Ser um homem que chama atenção por sua beleza e tamanho, às vezes atrapalha. Estou
sendo sincero, essas mulheres me cansam às vezes. Caralho!
— Lena, por favor fecha tudo aqui e um bom final de semana para você. — Digo e nem
olho para a senhora que é uma joia e trabalha para mim há poucos meses.
— Claro, querido, deixa comigo e bom final de semana, dê um beijo em Milena por mim.
— Aceno ansioso para ver minha menina. Hoje ela não desceu, está montando nossa árvore de
Natal.
Saio pela porta que tem em meu consultório e entro no corredor arborizado que me leva
até Milena, em nossa casa.
Sorrio ansioso com o que estou planejando para o presente de Natal de Milena, espero que
ela goste. Mas antes quero contar a ela um segredo que tenho guardado comigo há muitos anos.
Minha Jujuba, cuida de nossa casa com tanto carinho que me emociono todos os dias que
chego e sinto o cheiro de pães assados. Sua voz suave cantando e seu perfume de flores
enchendo cada espacinho de nossa casa. É o paraíso. Passo as mãos nos olhos ardendo. Porra, é
muita felicidade.
Tirano, está deitado no sofá e quando me vê me olha com desdém. Gato fodido. Vou até
minha menina, abraço por trás e beijo seu pescoço suave. Fecho os olhos, minha casa é onde
Milena está. Ouço um miado alto, vai se foder gato pedante. Mostro meu dedo do meio para ele.
Que está todo arrepiado. Dane-se.
Sorrio e olho para ele com o mesmo desprezo que me fita.
— Cheguei meu potinho de doçura. — Milena se vira e sorri largamente, suas covinhas
profundas fazem meu pau ficar ainda mais duro. — Foda-se! Milena, pare de ser tão linda assim!
— Ela pula em meu colo.
— Adoro quando você está todo de branco, meu doutor lindo. — Sorrio largamente. —
Como pode um médico de bichinhos, ser tão lindo e gostoso assim?
— Obrigado pelo lindo e gostoso, querida, sabe que adoro ouvir isso de você, e olha o que
esses elogios fazem comigo. — Agarro sua mão macia e coloco em cima de meu pau duro,
esfregando e gemendo. Ela arregala os olhos e cora. Adoro isso nela.
— Doutor, poderia por gentileza, examinar sua gatinha, cadelinha, periquita… o que
achar melhor, contanto que me vire do avesso… — Gargalho com sua safadeza e arrasto para a
piscina. Estou doido para dar um mergulho na piscina e depois mergulhar nela. Caralho de vida
boa.
Quando chegamos à piscina, viro-a para mim e a beijo com paixão e amor. Quando
estamos sem fôlego, tiro sua roupa e a minha em segundos, a agarro e pulo na piscina.
Ela grita e gargalho de prazer.
— Eu te amo, minha vida. — Ela me olha com tanto amor que meu coração para alguns
segundos. Morri por alguns, nano segundos, voltando à vida ao ouvir sua voz doce e suave.
Aleluia!
— Gabe, meu grande e único amor. Eu te amo, meu doce Viking. — Acaricia meu rosto e
enrola a perna em minha cintura, me pau retorce em desespero. — Faz amor comigo, meu anjo
dourado?
Não consigo dizer nada, a beijo com desespero e alegria ao mesmo tempo. Desespero para
entrar nela e alegria pela segunda chance que a vida me deu. Nos deu. Como sempre digo, uma
chance em mil. Meus olhos ardem.
— Sim, querida, farei amor com você, minha doce Jujuba, minha vida. — Beijo-a com
adoração e o mundo se reduz simplesmente a nós dois.
Capítulo 31
Gabriel Lêcor
O sol do finzinho de tarde, deixa o clima ameno e delicioso com tons amarelados
característicos de noites de outono com cheiro de família.
Enlaço Milena pela cintura e levo-a para a parte rasa da piscina, tudo sem parar de beijá-
la. Meu pau está a ponto de explodir de desejo por essa mulher maravilhosa e só minha. Jujuba,
meu amor para toda eternidade.
— Ah Milena, como eu te amo, minha pequena. — Beijo seu pescoço e sinto-a acariciar
meu pobre pau faminto, que retorce ao sentir o seu afago.
— Eu te amo, meu gigante loiro, com toda força que há em mim. — Sorrio e beijo seu
pescoço úmido.
Levanto-a e chupo seus seios macios com ganância, quero engoli-la inteira. Jujuba é a
perfeição encarnada em minha vida. Nunca me canso ou cansarei dessa mulher gostosa e
cheirosa.
Levanto meu rosto e olho para ela em agonia.
— Milena… — ela pega meu pau e o guia para sua entrada úmida, quente e macia.
Empurro devagar, sinto-a me envolver em sua maciez e calor. Gemo alto e ouço-a gemer sem
parar, isso é música para meus ouvidos.
Fecho os olhos e empurro com força, até estar todo dentro dela, aconchegado em sua
doçura e maciez. Abro-os e fito-a de cabeça tombada para trás e olhos fechados. Milena é a
mulher mais linda do mundo aos meus olhos. Ela lança um meio sorriso e aperta sua bocetinha,
me levando à loucura. Sinto uma fisgada deliciosa e prazerosa percorrer meu pau e gemo alto
sem vergonha alguma. Ela aperta novamente e entro em estado de ebulição total.
— Caralho! — agarro-a, meto com força e desespero. Preciso ter mais dela, entrar mais,
quero seu gosto e sabor impregnado em mim até o fim de meus dias.
Milena, agarra meu pescoço com as mãos e curva de uma maneira que expõe seus seios
perfeitos para mim. Sinto o prazer me aquecer as bolas e baixo a cabeça, pegando um e sugando-
o com força. Milena grita e estremece em meus braços, me apertando com força enquanto goza.
Meus olhos nublam de prazer e entro em um mundo só meu, onde o prazer é senhor absoluto.
Meu corpo treme e estremeço quando gozo, lançando minha carga dentro de Milena, com
força, jatos e mais jatos de minha semente inundam seu interior.
Continuo dentro de Milena lânguido, enquanto volto à vida aos poucos. Abraço-a e beijo
seu rosto.
— Amo você, meu docinho. — Ela acaricia minha barba úmida.
— Sim, meu amor, você sempre demonstra o quão me acha especial. E Gabe? — Olho
para ela com interesse. — Eu te amo demais, meu anjo, melhor ainda, te amo mil vezes mais! —
Diz beijando meu rosto todo. Arrepio de prazer e carinho por essa mulher maravilhosa. — Você
é meu mundo todinho, Gabriel, meu grãozinho de milho, safado! — Me sinto afrontado e dou
um sorriso sentido.
— Grão de milho? — Digo ferido. — Não, não mesmo! Já fui, hoje sou só seu, meu
amor. Sabe disso, não é? Diz que sim, mulher má! — Aperto-a e saio da piscina com ela em
meus braços, doce e bem fodida.
Seco e levo-a para um balanço de casal que temos na piscina.
Quando percebi que Milena adorava ficar nesse sofá imenso e flutuante, mandei colocar
um colchão macio e agora, sempre que podemos, ficamos aqui conversando e fazendo amor.
Principalmente à noite, como nesse exato momento. Me deito e puxo-a para meus braços, aqui é
seu lugar.
Acaricio seus cabelos macios e observo a noite tomar o restinho de dia e as estrelas
começarem a aparecer no céu escuro.
Ficamos quietos por algum tempo, desfrutando da serenidade e frescor da noite.
Resolvo contar a ela, o segredo que guardo há muito tempo no coração, trancado a sete
chaves. Segredos, não quero mais nenhum entre nós, nunca, ainda mais agora que a tenho em
minha vida. Absolutamente nada que possa me fazer perder sua confiança eu quero em minha
vida.
Engulo seco e começo.
— Amor, lembra-se de minha última festa na faculdade? — Aquele ano eu sairia e Milena
ainda teria dois ou três anos pela frente. Ela me olha e franze o cenho.
— Sim, me lembro bem… — diz com voz estranha.
— Então meu amor, você se lembra que a festa foi de máscaras? — Milena enrijece.
Olho-a atentamente.
— Sim… — Engulo seco e me forço a continuar. Milena me perdoará, ou irá mandar eu
me foder?
— Milena… eu queria ter dito a você há muito tempo, mas não tive coragem... tive medo
de você não me perdoar e perder sua amizade… — Ela me olha atenta, com os olhos muito
abertos. Porra, estou fodido. Minhas mãos tremem e sinto uma gota de suar pingar de minha
testa. Caralho, sinto que estou lascado. — Resolvi contar a você agora, meu amor, porque não
quero que haja segredo entre nós. Não mais. — Engulo o caroço que se formou em minha
garganta. — Mas prometa-me que não me deixará. — Digo com medo na voz. Milena apruma-
se, sentando-se muito ereta e atenta. Está pálida e vejo suor em sua testa. Olho-a atento e
sinceramente não estou compreendendo sua angústia, porque claramente ela está, e ainda mais
que eu. Estranho.
Milena pega minha mão e a beija, puxo minha Jujuba abraçando-a com desespero.
— Diga, meu amor… depois quero dizer algo também… — Murmura e meu coração
dispara, abro a boca para perguntar o que é, mas Milena coloca o dedo em meus lábios e diz
baixinho. — Conte-me, meu amor, não vou a lugar nenhum, eu prometo.
Suspiro aliviado e me deito, ainda com ela em meus braços. Fecho os olhos e volto no
tempo enquanto conto tudo a ela, abrindo meu coração de vez.
Capítulo 32
Gabriel Lêcor
Passado…
Hoje tem festa de máscaras de final de ano na faculdade, uma das mais bizarras que rola
por aqui, e odeio essas merdas. Gostava muito no início, mas com o tempo você começa a enjoar
de tanta promiscuidade, bebidas e às vezes drogas. Acho que um dia a responsabilidade chega,
não é?
Já havia dito aos meus amigos que não iria. Afonso, Joaquim e Noah. Eles estão
eufóricos, sei bem que essas festas são da pesada. Já participei de tantas que sinceramente não
tenho vontade nenhuma de ir novamente.
Ouço um grito e olho para trás, Afonso correndo e gesticulando feito louco. Para e
aguardo o insano.
— Porra, cara, quer me matar? — um Afonso esbaforido chega e coloca as mãos nos
joelhos, cansado. — Estou te chamando tem dois mil anos!
— Deixa de exagero, cara. Nunca vai perder essa mania de exagerar tanto em tudo? —
digo sorrindo, desconheço um homem que exagera tanto, porra, nem parece homem adulto com
quase dois metros.
— Foda-se, se soubesse o porquê estou atrás de você com tanto desespero, entenderia, seu
bosta! — paro interessado.
— Diga logo o que é, então. — Peço, agora sorrindo e curioso.
— Bem… antes, quero saber se rola um almoço pago hoje. — diz descaradamente. —
Sabe como é, né? Grandes informações têm que valer alguma coisa, né?
Viro as costas e caminho para o restaurante da faculdade. Vejo-o sorrindo largamente, me
seguindo feito um cachorro adestrado. Puto interesseiro!
— Vem seu pilantra, já sei que deixou para me contar a tal bomba justamente na hora do
almoço. — Digo, conhecendo o safado de meu amigo. — É triste demais ter amigos tão
interesseiros.
Ele se emparelha comigo sorrindo largamente.
— Essa informação vale o almoço e ainda me emprestar sua jaqueta de couro hoje à noite
para a festa de máscaras. Quero impressionar as meninas. — Pisca com cara de tarado. Sorrio.
Esse cara não existe. Afonso tem dinheiro para comprar cem jaquetas iguais a minha, se quiser.
Ele é um homem muito rico, mas nunca menciona isso.
— Sai para lá cara, esse fetiche que tem com minhas roupas já está começando a me
preocupar. — Ele gargalha e entramos no restaurante.
Caminhamos entre as mesas e as meninas só faltam nos devorar com seus olhos famintos.
Sorrimos cúmplices, já passamos o rodo geral.
Nos sentamos, pedimos nosso almoço e enquanto comemos conversamos. Vejo que
Afonso sente prazer em me enrolar. Cara pilantra.
— Não vai me perguntar qual é a novidade que vale milhões? — atiça minha curiosidade,
mas me controlo.
— Não. — Digo simplesmente. — Quando quiser você fala. Deve ser alguma merda. —
Digo com desprezo, seus olhos brilham divertidos.
— Bem, essa será uma informação que te fará tremer nas bases, seu filho da puta, ingrato.
— Olho para ele agora realmente interessado.
— Fala logo, seu puto! — Afonso se ajeita na cadeira e faz uma cara de sério.
— Bem… e a jaqueta? — me provoca.
— Pode pegar todas as minhas roupas, seu chantagista, mas diga logo o que é, caralho! —
perco a paciência.
— Combinado. — Meu amigo tosse, e me olha com seus olhos verdes brilhando muito.
— Prepare-se 3Gs, essa informação é das grandes. — Olho para ele, sério. — Milena vai à festa
de máscaras. — Solta de uma vez. Paro de tomar a água no mesmo instante, pois me engasgo e
começo a tossir sem parar.
O grande tinhoso aguarda com um sorriso de satisfação, eu terminar de tossir. Quando
paro, ele está lustrando as unhas e assobiando, consigo dizer sem ainda acreditar.
— O quê? Que porra está me dizendo, seu maldito? Quem a convidou? Sabe muito bem
que nessa festa só entrará os formandos e putos, caralho! — Estremeço com a mera possibilidade
de Jujuba estar presente nesse antro de perdição. Isso não é uma festa normal, porra. Todas as
despedidas de final de ano são regadas a orgias, mas essa será pior, pois minha turma e várias
outras estarão se formando e despedindo-se da faculdade. Prontos para encarar o mundo real.
Imagina o que eles farão nessa merda de festa? Caralho! Jujuba não pode ir nesse inferno, nem
em sonhos. Sempre a protegi, em festas mais tranquilas aqui na faculdade, mas essa? Isso nunca
será uma festa, mas pura depravação. — O que ela fará nessa merda? Me disse que não iria,
porra! — Digo bravo, estou muito agitado, preciso falar com Milena e explicar que lá não é lugar
para uma pessoa indefesa como ela. Cacete, estou suando frio. — Preciso falar com Milena. —
Tento me levantar, mas Afonso me segura.
— Calma, cara, não irá fazer nada de cabeça quente. E quem a convidou não interessa... o
que conta é que descobri… e estou te dizendo. — Olho para o salão com desgosto, Milena está
em horário de aulas. — Ela pode ir aonde quiser, cara, Milena é uma mulher livre e estamos no
século XXI, lembra-se? — diz me olhando feio.
Olho com raiva para ele.
— Foda-se, o século! Para amar não tem marco temporal, seu filho da puta! — Ele sabe
muito bem o quanto amo Milena. — Sabe que ela é a mulher de minha vida, porra! — Digo
sentindo-me doente de desgosto.
— Sim, eu sei cara. — diz devagar. — Mas o que tem feito para conquistar a mulher que
jura amar tanto? — pergunta e isso é como um tapa em minha cara.
Suspiro fundo de pura angústia. Ele tem razão, o que tenho feito e o que fiz para dizer a
ela o quanto a amo? Fito seus olhos verdes e digo com tristeza varrendo minha alma.
— Tenho medo de ser rejeitado, caralho! — confesso com desespero. — Já tentei falar
inúmeras vezes, mas travo, e se ela mandar eu me foder? Se eu perder até sua amizade? —
murmuro. Ele me olha consternado.
— Você tem que falar, cara, ser sincero com ela. Mas o que você faz? Trepa até com
vassouras de saias. — Diz agora muito bravo. — O que conseguirá com isso, é ela se
distanciando cada vez mais de você, e estará abrindo caminho para outros homens. — Meu
sangue ferve. — Gabriel, vou ser sincero com você, cara. Na verdade, me admira e muito que
Milena nunca tenha namorado ou arrumado um caso. Ela é linda e muitos homens aqui arrastam
a bunda por ela. Acorda, seu covardão!
Estremeço com a possibilidade e minha vontade é sair quebrando tudo que vejo pela
frente. Baixo a cabeça consternado com minha covardia. Afonso tem razão, aliás sempre teve,
ao me aconselhar a dizer para Milena que amo. Mas o medo de perdê-la me paralisou… caralho!
— Na verdade, Afonso, não me sinto digno dela. Milena é a doçura em pessoa, e eu? Um
puto devasso que já fiquei com tantas mulheres que perdi a conta. — Murmuro acabado,
sentindo o peso de minha devassidão chegando finalmente para foder com minha vida.
— Verdade, se eu fosse mulher, nunca iria querer um pau tão rodado como o seu, cara.
Sobrou só o pó da rabiola— diz o desgraçado me olhando com piedade e consternação.
— Vai se foder, exemplo de santidade. — O maldito me olha com compaixão.
— Sim, mas não sou eu que estou apaixonado por minha amiguinha de infância, jumento!
— nisso ele tem razão.
— O que eu faço, porra? — Pergunto perdido.
— Vira homem e assume esse amor que diz ter por ela, de uma vez por todas, caralho
covarde! — Diz agora com raiva. — E ande rápido, seu bundão, antes que seja tarde demais.
Segundas chances são quase improváveis, meu amigo. — diz com um olhar distante. Estranho
essa seriedade repentina. Afonso é o mais alegre de nosso grupo, é o que fala besteiras sem parar
e faz todos nós rirmos de suas palhaçadas. Estranho essa sisudez repentina.
Paro e fico pensativo por algum tempo, Afonso respeita meu silêncio. Tomo uma decisão.
Sorrio largamente.
— Vou a essa festa, Afonso. — Digo e ele sorri largamente.
— Finalmente, seu cuzão! — Seus olhos brilham e um sorriso estranho e muito incomum
toma seu rosto barbudo.
Capítulo 33
Gabriel Lêcor
Finalmente a noite chega e estou tão ansioso que já tomei dois banhos. Foda-se!
Me arrumo, vestindo-me todo de preto e uma máscara também preta. Hoje direi a Milena
o quanto a amo e a pedirei em namoro. Sorrio largamente, feliz com minha coragem. Não vou
deixá-la me deixar. Contarei a ela que sempre a amei, e que não disse nada nesses anos todos por
pura covardia. O medo de perdê-la me deixava louco, assim fui protelando e no processo, agora
vejo claramente, ia fazendo merdas absurdas. Como Milena ainda não chutou minha bunda?
Balanço a cabeça e marcho a passos largos para a área onde teremos nossa festa de
despedida. A máscara é justamente para treparmos e não vermos quem é. Afinal, sairemos para o
mundo e quem sabe o que encontraremos em nossas vidas sérias de pessoas adultas e
supostamente corretas? Talvez tenhamos que encarar nosso passado libertino em algum
momento importante de nossas carreiras e como ficaremos nessa situação? Apresento-vos a
hipocrisia. Estou encafifado em como Milena conseguiu entrar nessa festa, ela é exclusivamente
para os formandos. Foda-se, não interessa quem a convidou, estarei lá para arrancar qualquer pau
que se aproximar de Jujuba.
Chego e as mulheres começam a passar as mãos em mim, elas vieram preparadas, puta
merda.
A grande maioria está quase nua. Meus olhos procuram avidamente por Milena, a
reconhecerei até vestida em um saco de linhagem.
Consigo avistar Afonso em um canto, usando minha jaqueta, é claro. Malandro. Sorrio e
caminho até ele onde está, vou pedir para me ajudar a procurar Milena nessa bagunça. Olho as
pessoas bebendo e se pegando com fúria, Milena, minha Jujuba, não pode ficar aqui sozinha
aqui. Jamais.
— Cara. — Cumprimento-o alto. Afonso me olha e aponta para um canto. Olho e vejo-a
parada usando um vestido agarrado ao seu corpo perfeito, mostrando suas curvas magníficas. Ela
usa uma máscara dourada e seus cabelos castanhos estão presos em um coque alto. Fecho meus
olhos, Milena é estonteante. — Ela é linda. — Murmuro elevado.
— Concordo plenamente com você, mas vai ficar aqui babando ou vai lá, arrancá-la de
perto daquele lobo voraz e carniceiro do Paolo? — Balanço a cabeça rapidamente, já marchando
para pegar minha Milena.
— É isso aí, cara. — Ouço Afonso comentar baixinho.
Chego onde ela está e sinto seu perfume floral. Inalo profundamente. Milena está rindo
muito, caralho, minha menina bebeu? Não digo nada, puxo-a para meus braços, e ela vem com
docilidade.
Sussurro em seu ouvido.
— Você bebeu, querida? — ela acena e diz que foi somente um coquetel que Paolo
ofereceu.
— Bebi sim, um coquetel que aquele moço ali, me ofereceu. — Aponta para o prostituto
do Paolo que me olha sorrindo de lado. Desgraçado, vou arrancar o pau desse filho da puta. Fico
irado. Como Milena bebe essas porras que alguém desconhecido oferece para ela?
Jujuba está estranha, alegre e desinibida, e por isso mantenho-a perto de mim. Ela sempre
foi tímida em lugares que não conhece as pessoas e aqui está muito alegrinha para meu gosto.
Levo-a pelo imenso salão, Milena vem cantarolando, sorrio. Acho que ela já está
ligeiramente embriagada. Milena sempre foi fraquinha para bebidas alcoólicas. Ela fica bêbada
somente com o cheiro. Meu chicletinho, penso com ternura.
Paro e começo a conversar com meu amigo. Ele está de olho em várias meninas na festa.
Safado. Enquanto converso com Afonso, Jujuba escapa e some no meio de tanta gente bêbada e
pelada. Entro em pânico. Afonso me acalma e ajuda a procurá-la.
Vasculhamos a festa até achar a fujona, Milena está bebendo e dançando em cima de uma
mesa. Os caras gritando e alvoraçados. Ela é um espetáculo de se ver. Fúria me enche o peito e
avanço com ira, descontrolado, para onde Milena está. Vou arrancar o pau desses miseráveis
tarados.
— Puta que pariu, vou matar esses desgraçados, arrancando seus paus pela boca! — Grito
colérico. Corro até a mesa, distribuindo murros furiosos em todos que tentam me acertar,
miseráveis. Vejo meus amigos chegando para me ajudar. Em pouco tempo, a festa vira uma zorra
do caralho. Pego Milena nos braços e a tiro de lá. Meus amigos me dão cobertura até conseguir
sair dessa bagunça com Milena. Eles voltam e recomeçam a brigar.

Levo Milena para seu quarto, pego a chave em sua bolsa e abro a porta. Vou direto para
sua cama, sei exatamente onde fica. Afinal ficamos aqui conversando e muitas vezes fazendo
algum trabalho ou mesmo assistindo a um filme.
Deito-a na cama com cuidado e tento sair. Ela me puxa de volta.
— Gabriel, fica comigo, por favor? — Congelo, não posso me aproveitar de Milena, ela
bebeu muito. Minha menina está bêbeda, porra! Jujuba me puxa forte e caio em cima dela. Céus.
— Querida, por favor… Milena? — ela me ignora, beijando-me com força. Tento resistir,
mas amo demais essa mulher para ter sucesso nisso. Foda-se, vou me sentir um merda
amanhã…, mas caralho, sempre adiei esse momento e sonho com ele desde sempre. — Você está
bêbada… Jujuba... — tento mais uma vez.
— Mas te desejo, faça amor comigo. — Perco a batalha quando Milena aperta meu pau
duro como aço. Gemo e a beijo com força. Devoro seus lábios com sede, mordo seu pescoço.
Arranco nossa roupa em segundos. Beijo seus seios com todo desejo que reprimi por tantos anos,
mordo seu corpo e seus gemidos me deixam ensandecido. Me posiciono e a penetro lentamente e
quando sinto a barreira de sua virgindade, fecho os olhos.
— Eu te amo… — sussurro e entro de uma vez. Ela geme e beijo-a com força, me
mantenho quieto até Milena me acomodar em seu interior. Gemo de puro deleite, ela está onde
deveria, sendo amada por mim, meu grande e único amor.
Arremeto devagar deixando-a se acostumar ao meu tamanho, sinto-a estremecer de prazer
quando acaricio seu clítoris com suavidade. Milena goza, isso me faz perder o controle, grito e
estremeço quando a encho com minha semente.
Tombo para o lado e puxo para mim.
— Milena, eu te amo. Sempre te amei, desde o primeiro dia que a vi, tão frágil e indefesa,
minha doce Jujuba. — Acaricio seus cabelos. — Namore comigo, minha vida? — Olho para
baixo, ansioso, vejo Milena dormindo e ressonando levemente. Caralho? O que eu fiz? Me
aproveitei da única mulher que amei e amo, foi isso mesmo?
Me levanto com nojo de mim mesmo e vou ao banheiro. Olho no espelho e vejo um
homem arrependido me olhando de volta.
— O que fiz, meu Deus? — Passo a mão no rosto, sinto as lágrimas de vergonha
descendo. Porra, Milena estava bêbada e sempre confiou em mim e o que fiz? Fui um merda!
Pego uma toalha e volto para o quarto. Limpo-a com carinho. Seu sangue na toalhinha alva me
acusando e mostrando o grande canalha fodido de merda que fui.
— Me perdoe, meu amor. — Me levanto e saio para espairecer. Preciso pensar em uma
maneira de me redimir com ela. Carregarei essa vergonha para o resto de minha vida. Me
aproveitei dela, minha Jujuba, quando estava tão indefesa.
Saio como se o inferno me perseguisse. Vou para meu apartamento, preciso de um banho
urgente e pensar em uma maneira de dizer a Milena o grande verme que fui. Engulo seco.
Vou rastejar, pedir perdão, dizer que a amo e pedir para namorarmos, mas Milena tem que
estar sóbria. Já disse tudo isso a ela, mas Jujuba estava dormindo. Sorrio de desgosto, adiei tanto
para ter coragem de dizer-lhe o quanto amo e quando digo, minha Jujuba está dormindo.
Caralho! Sou um fodido mesmo.
Tomo um banho e me deito para bolar melhor a ideia de como posso fazer e dizer a ela o
quanto é especial para mim. Quem sabe comprar um imenso buquê? Uma viagem? Um jantar?
Só não contava que dormiria e acordaria para o pior pesadelo de minha vida. Perderia
Milena. Minha segunda chance, demoraria alguns anos para chegar.

Me levanto e vou para a cozinha tomar água, depois vou falar com minha menina. Direi o
quanto a amo e é importante para mim. A convidarei para um jantar e claro, lá darei a ela um
buquê imenso de flores e a pedirei em namoro. Depois podemos fazer uma longa viagem. Sorrio
feliz demais com tudo que decidi.
Quando estou terminando de beber minha água, vejo uma mulher nua entrar na cozinha.
Porra, é um das minhas ex ficantes, o que essa víbora está fazendo aqui? Moro com meus
amigos, dividimos o apartamento, mas nunca trazemos nossas tretas aqui. Combinamos isso,
antes de resolvermos alugar esse apartamento.
— Gabriel! — Diz com luxúria e voz anasalada. Arrepio. Porra, eu já comi essa mulher?
Onde estava com a cabeça mesmo?
— O que está fazendo aqui em minha casa e nua, caralho? — digo furioso e vejo-a sorrir
largamente, com lascívia nos olhos.
— Seus amigos resolveram fazer um ménage e cá estou eu. — Ronrona. — Mas não
estou cansada e se você quiser… — sinto nojo dessa criatura e dou um passo para trás.
— Arruma suas coisas e dê o fora daqui! — Ela arregala os olhos, nunca me viu ser rude
com ninguém e parece que assustei a devassa. Sorrio de lado, meu rosto angelical, as vezes
engana.
Ela corre para o quarto de um dos meus amigos. Ouço vozes e barulho. Em segundos a
criatura passa como um raio por mim e sai correndo pela porta ainda abotoando sua blusa.
— Mulher fodida! — Murmuro com raiva.
Penso em ir ao quarto que meus amigos libertinos estão e dar uma lição nos vagabundos.
Vou murmurando e xingando-os pelo corredor. — Seus desgraçados, o que combinamos? —
quando olho pela porta entreaberta, vejo os três marmanjos safados, roncando e pelados. —
Porcos fodidos! Depois conversaremos. Preciso resolver minha vida antes.
Não entro no quarto, deve estar um festival de camisinhas usadas e espalhadas pelo chão.
Foda-se, se encosto um dedo nessas merdas! Nunca, jamais. Dou meia volta e rumo para a sala
que está uma zona de guerra.
Gasto um bom tempo arrumando a bagunça que fizeram aqui. Dissolutos libertinos!
Recolho as garrafas e copos vazios espalhados por todo lado. Esses desgraçados, bando de
tarados infelizes. Quando finalizo, saio e atravesso o campus apressadamente, indo para o quarto
onde deixei minha amada.
Quando chego, ouço vozes e paro. Sinto que algo de ruim vai acontecer. Meus olhos
ardem e lacrimejam. Engulo seco e apuro os ouvidos.
— Milena, sempre te amei e a coisa que mais anseio no mundo é seu amor, me dê a honra
de namorar comigo, por favor? — Cambaleio e me firmo na parede. Ouço soluços, ela está
chorando? — Ele não te merece, querida, sempre te disse isso. — Arrepio trêmulo. Ele está
falando de quem?
— Eu o amo demais, Rafael. Nunca pensei que ele faria o que fez… ele me traiu… depois
de tudo… — Milena estava namorando e não me disse nada? Sinto meu mundo desabar.
— Me deixe te ajudar a esquecer esse maldito, prometo a você que conseguirá. Eu te amo,
Milena. — O maldito diz a ela o que somente eu tenho direito de dizer.
Ouço mais soluços e já estou com a mão na maçaneta para entrar quando ouço sua voz
chorosa e triste. O que escuto me quebra e machuca de uma maneira inexplicável. Meu mundo
desmorona e estilhaça de uma só vez.
— Tudo bem, eu… — Milena suspira alto dando uma longa pausa e quando fala, arranca
meu coração de vez. — Eu aceito. — Sou despedaçado nesse momento, minha alma e coração
viram pó em segundos. Sinto meus olhos arderem e em pouco tempo lágrimas descem em
abundância. — Mas saiba, Rafael, eu o amo mais que tudo na vida. É ele e sempre será, nunca se
esqueça disso.
— Tudo bem, a farei me amar, Milena, eu juro.
Assim perdi a mulher que amo, por pura covardia. Teria que respeitar sua escolha, pois
tive tempo de sobra para tê-la para mim, só não soube aproveitar. Mas jamais perderia sua
amizade, estaria sempre por perto para proteger Milena quando ela precisasse de mim. Com esse
juramento eu me afastei da mulher de minha vida.
E foi o que fiz nos anos seguintes, apesar de sentir que perdia o coração toda vez que a via
e não podia dizer a ela o quanto a amava e a queria em minha vida. Nunca mencionei nossa noite
para ela, pois me envergonhava de ter aproveitado de sua fragilidade e embriaguez. Milena com
certeza não se lembrava de nada, pois nunca mencionou essa noite. Esse seria meu segredo para
além-túmulo.
Capítulo 34
Milena Avelar
Presente…
Quando Gabriel termina de contar o que aconteceu no passado, estou chorando e
tremendo muito. Olho para ele que tem os olhos vermelhos e me olha com tanta tristeza que sinto
meu coração doer. Pobre Gabriel e pobre de mim. Quantos enganos meu Deus!
Passamos tanto tempo longe um do outro emocionalmente por falta de conversar, falta de
entendimento, falta de coragem, tanto de minha parte quando da dele.
Olho para ele consternada e mesmo assustado, Gabriel me consola. Sei que estou dando
um escândalo aqui, mas quando me lembro de como sofremos por falta de diálogos, me
desespero ainda mais.
Me achego até ele e o abraço apertado, meu anjo dourado está tremendo muito.
— Milena? — Me abraça ainda mais apertado, como se tivesse medo de me perder. —
Você não está brava comigo, por que me aproveitei de você? — Vejo-o engolir seco. Gabe é tão
doce que parece irreal. — Me perdoa, querida? Carregarei essa vergonha para sempre, você tinha
bebido. Porra! Minha obrigação era ter cuidado de você e não… — Coloco o dedo em sua boca e
beijo seu rosto.
— Não diga isso, meu amor. — Ele me olha intensamente e fico presa na beleza de seus
olhos azuis magníficos. — Tenho que te contar umas coisinhas também, meu príncipe.
Gabriel enrijece e me olha com angústia.
— Milena? — Beijo seu rosto sem parar, como amo esse homem.
Me sento em seu colo e ele me abraça sem perceber. Ele é assim, meu amor, protetor em
todo tempo.
— Gabriel, eu também errei muito com você, meu anjo dourado, e já te peço perdão
adiantado. — Ele me olha seriamente com os olhos azuis mais angelicais do mundo. — Gabe,
um dia antes da festa de despedida na faculdade, Afonso me chamou e disse que teria uma festa
de máscaras. — Gabriel enrijece e meu coração dispara. — Perguntou-me se gostaria de
participar e disse que você estaria lá. — Gabe arregala os olhos. Continuo a me lembrar da
alegria que senti naquele dia. — Disse que se não desse um empurrãozinho no seu traseiro
covarde, você nunca sairia da moita... são suas palavras e não minhas. — Um meio sorriso se
forma na boca rosada de Gabriel. — Afonso me disse que você gostava de mim, só que era muito
bundão para admitir e que ele resolveu dar uma ajudinha. — Sorrio ao lembrar em como fiquei
feliz, meu sonho era namorar Gabe, sempre o amei em segredo. — Gabriel, fiquei tão feliz
naquele dia, que não pensei ou fiz mais nada, somente esperando a noite chegar. Eu diria a você
que o amava mais que tudo no mundo. — Gabe engole seco e me aperta, meu anjo está tremendo
muito.
— Então, foi ele? Você me amava? — pergunta pálido.
— Sim para as duas perguntas, querido. Eu te amava e amo, meu anjo dourado. — Digo
acariciando seu belo rosto.
— Então… por que aceitou namorar Rafael? — pergunta incrédulo.
— Vou te contar o porquê, embora saiba hoje que tudo que aconteceu conosco, meu
amor, foi somente por falta de diálogo e confiança. Em um relacionamento isso é primordial. —
Beijo sua mão grande que está tão trêmula quanto a minha. — Mas vou deixar bem claro,
Gabriel, ainda dói muito, lembrar-me que pouco tempo depois que fizemos amor, eu tive que ver
aquilo… machuca demais. — Gabe me olha confuso. — E confesso a você, grão de milho,
quando lembro de tudo, ainda fico com muita raiva. — Ele fica ainda mais pálido.
— Milena… amor? Estou tão confuso com tudo isso, que minha cabeça dói. — diz com
voz fraca e cansada.
— Gabe, eu me lembro de tudo que fizemos aquela noite. Estava um tantinho bêbada, mas
sei que era você. Sinto seu cheiro e conheço sua voz de longe, amor. — Sorrio e acaricio seus
cabelos-loiros macios. — Queria que você fosse meu primeiro, Gabe. Mas não tinha coragem de
dizer e você me tratava como sua amiga, um bibelô frágil. Sabia que teria a oportunidade, esperei
com calma. Pois, tinha que ser você, meu grande e único amor. — Ele me fita com os olhos
vermelhos.
— Porra, Jujuba, eu não te mereço... tantos segredos. Caralho de vida fodida! — Funga e
me abraça apertado. Me afasto para continuar.
— Sim, meu amor, tantas omissões, silêncio e segredos de um pecador devasso e uma
mulher medrosa. Sofremos muito por isso e pagamos um alto preço, mas passou, não é? Graças a
Deus, tivemos uma segunda chance. — Ele acena com vigor e me fita com remorso e adoração
ao mesmo tempo. — Gabe, fizemos amor naquele dia e foi lindo. Só lamento ter dormido assim
que terminamos, anjo, queria dizer o quanto eu te amava. Mas quando acordei, você já tinha ido.
Te procurei por todo lado, até no banheiro. Resolvi sair, caminhei pelo campus todo atrás de
você e nada. — Gabriel parece hipnotizado com minha voz e nossa história. — Tomei um banho
e fui para sua casa, estava ansiosa para dizer o quanto o amava.
Gabe fecha os olhos e tomba a cabeça em derrota. Arrepios de desgosto sacodem seu
corpo. Parece que ele se recorda. Só de lembrar desse maldito dia ainda dói, mas resolvi que o
passado ficaria no passado.
— Meu Deus, Jujuba. — Gabriel me abraça tão apertado que dói um pouco, mas deixo,
Gabriel está agoniado.
— Sim, querido. Estava indo para dizer o quanto te amava, após fazermos amor, mas vi
uma mulher saindo de seu apartamento, ainda abotoando a blusa e os seios de fora. — Engasgo e
limpo a merda de uma lágrima. — Quis morrer, Gabe. Você tinha feito amor comigo na noite
anterior… e levou outra mulher para sua cama na manhã seguinte? — Gabe se afasta e me fita
nos olhos com seriedade, posso ver que os dele estão muito vermelhos.
— Porra, Milena! — me abraça novamente e sussurra em meu ouvido. — Então foi isso!
Tantos mal-entendidos, tanto tempo perdido. Caralho dos infernos! Vida fodida da porra! —
Tento me afastar para olhar em seus olhos e entender o que está dizendo, mas ele não me deixa.
Gabe está murmurando tantas coisas em voz baixa que me sinto perdida.
— Gabe… — tento novamente. Por fim ele se afasta e me fita nos olhos novamente. —
Amor de minha vida, aquela mulher não estava comigo, estava com os vagabundos de meus
amigos. — Digo de uma vez.
— Seus amigos estavam na festa, Gabriel. Eles nunca, aliás vocês nunca, chegavam cedo
de uma festa de orgias. Outra coisa, Gabe, antes que me esqueça, você era um devasso
mulherengo. — Ele fecha os olhos e engole seco. Sempre negando com a cabeça e limpando seu
rosto molhado de lágrimas. — Estranhei muito, pois, vocês não levavam mulheres para lá e... —
Ele me interrompe ansioso par explicar.
— Sim, por isso fiquei estarrecido e a expulsei de lá. Exatamente por isso você a viu sair
correndo, os pilantras ouviram muito naquele dia, apesar de cuidarem de mim por dias, após as
bebedeiras e choradeiras. Milena, eles foram minha fortaleza quando a perdi. E eu juro a você,
Jujuba, eu jamais te trairia, meu amor.
Meu Deus, quanto sofrimento em vão. Limpo as lágrimas que descem em cascatas por
meu rosto. Consigo murmurar soluçando alto.
— Voltei... para casa arrasada... Gabe e assim que cheguei, Rafael me esperava na porta.
— Desgraçado dos infernos! Agora, aquele maldito está no lugar certo e que merece! —
Gabe diz com ira. Estremeço.
— Você tem razão, amor. Mas Gabe, deixe os mortos em paz. Ele pagou com a vida, tudo
que fez de ruim. — Gabriel me olha e balança os ombros.
— Foda-se, esse imbecil! Foi pouco. Esse Judas tinha que ter sofrido mais. O miserável
aproveitou de sua fragilidade e minha imbecilidade. Caralho! — abraço-o pelo pescoço e o beijo
com desespero.
— Querido? — ele me olha atento, os lábios vermelhos de nossos beijos. — Vamos
combinar uma coisa? — Gabe assente. — Vamos deixar o passado no passado e vivermos nosso
amor de agora em diante, confiando e sendo verdadeiros um com o outro. Sem segredos, sem
omissões? — ele sorri e sua beleza me deixa atordoada. — A vida nos deu uma segunda chance,
amor, isso é um privilégio, não é?
Uma lágrima desliza por seu belo rosto e se perde entre sua barba loira bem aparada e
cheirosa.
— Sim, Jujuba, você tem razão. Tantos mal-entendidos por falta de diálogos. Jesus! Isso
não pode existir em um relacionamento sério, certo? — Me beija com vontade. — Obrigado por
não guardar mágoas de mim por tudo que aconteceu, Jujuba.
Sorrio o amando ainda mais.
— Claro, meu anjo e você me perdoe por tudo também. Poderia ter feito diferente, agido
diferente. Afinal, você sempre foi meu anjo bom e protetor. — Ele limpa uma lágrima que desce
por meu rosto.
— Fui não amor, eu sou. Sempre serei seu anjo bom e protetor até o final de meus dias,
nasci para isso, cuidar de você. Essa é minha missão na terra, doçura. Eu te amo, Milena.
Engulo o caroço que se formou em minha garganta.
— Mais que eu? Duvido meu lindo grão de milho. Eu te amo um milhão de vezes mais.
— Ele gargalha e Tirano fica irritado com nossa conversa emocionada, e mia alto de seu posto de
guardião na poltrona bege, ao lado da cama.
— Gato fodido e folgado esse. — Gabe murmura, mas olhando para ele com amor.
— Não fale assim de Tirano, Gabriel! — Ele sorri largamente.
— Esse pedaço de tapete felpudo te pegou pelo coração, não é meu amor? Assim como
ele fez comigo, por isso te entendo, Milena. — Acaricio seus cabelos loiros sedosos. — Mas
amanhã sem falta farei picadinho de gato manhoso para o café da manhã.
— Gabe! — olho para ele com cara feia, Gabriel me deita na cama e me beija até me
deixar sem ar. De repente começa a fazer cócegas em mim e grito muito, rindo sem parar.
Tirano mia mais uma vez desgostoso e contrariado com o barulho, pula no balanço onde
estamos, todo arrepiado. Olha para Gabe com desdém e vem para o meu lado.
— Gato traidor! — Diz e pega Tirano que ronrona e esfrega a cabeça no peito de Gabriel.
— Realmente é um traidor, esse gato. — Digo sorrindo. — Amanhã teremos um gato
empalhado na lareira. — Falo acariciando nosso amado Tirano, cheio de manias, mas um gato
protetor e zeloso, tanto comigo quanto com Gabriel. Perfeito nosso pequeno Tirano
encrenqueiro.
Nos deitamos e conversamos bastante sobre nosso passado, temores e anseios. Dormimos
tarde e quando acordo, Gabriel não está mais ao meu lado e nem Tirano. Sorrio ao me lembrar
desses dois gatos lindos, meus amores.
Capítulo 35
Gabriel Lêcor
Como está chegando o final de ano e o Natal, resolvi fazer meu pedido de casamento de
maneira diferente. Me vesti de Papai Noel e coloquei uma touca vermelha em Tirano. Ele me
olhou com sua indiferença costumeira, acho que em solidariedade ao meu desespero para me
casar com Milena, suportou o fodido gorro vermelho com bravura.
— É isso aí campeão, ficarei te devendo essa, quando sua gata aparecer. — Ele me fita
com desdém e desprezo.
— Porra, Tirano, você está pesando uma tonelada, o que anda comendo, criatura? — ele
ronrona e suas orelhas peludas se mexem. Milena chegou. Sorrio de lado, até esse fodido fica
agitado com minha menina. Gato safo!
Tirano tenta descer quando sente sua presença, se contorcendo feito um contorcionista
veterano. Gato traidor, essa bola de pelos.
— Caralho, Tirano! Fica quieto e cumpre seu papel! — Milena entra na cozinha, linda e
cheirosa como sempre. Fico por segundos feito um pateta olhando-a embevecido e Tirano se
arrepia todo, muito nervoso em meu colo, ele quer Milena. Novidade, quem não quer essa Jujuba
deliciosa?
— Gato infiel dos infernos. — Rosno e ele mia alto arrepiando-se mais ainda, o solto e ele
vai rapidamente para Milena, que agacha e o pega com carinho. Tirano ronrona como o bom
pilantra que é.
Milena nos fita com seus olhos castanhos chocolate, brilhando.
— Papai Noel veio adiantado esse ano… tenho dois lindos somente para mim. —
Caminha até onde estou. De repente, me sinto um idiota com essa roupa do bom velhinho, e
Tirano arranca sua touca jogando-a no chão. Ele também deve estar com esse sentimento
vergonhoso de pagar mico aqui, estamos em uma verdadeira simbiose. Dois emocionados
envergonhados. Sinto o rosto arder, acho que corei, porra!
— Caralho, Milena, queria fazer algo diferente e agora me sinto ridículo com essa roupa.
— Ela gargalha, pega a touca que está no chão e põe em Tirano novamente. Ele arrepia, mas
aceita.
— Você está lindo, Gabe, tudo que veste o deixa charmoso, querido. Será a sua bela
genética, Viking? Garanto a você que toda mulher quer um Papai Noel como você de presente de
Natal. — Sorrio largamente.
— Bem, nesse caso, tenho um presente para você em meu saco… — Milena gargalha alto
e vem para meu lado.
A danada pega meu pau e massageia minhas bolas.
— Agora, meu amor? — sussurra cheia de malícia.
— Milena! Comporte-se, mulher. Não quis dizer esse saco, mas esse aqui, pego um
saquinho vermelho do bolso e desamarro. Pego duas alianças de dentro, seguro sua mão delicada
e enfio a menor em seu dedo apressadamente, antes que ela possa protestar. Em seguida, coloco
rapidamente a maior em meu dedo. Sorrio largamente.
— Pronto, agora somos noivos e Tirano é testemunha fiel de que fiz o meu melhor.
Paguei o mico de vestir-me de Papai Noel para fazer algo memorável. Você gostou, querida?
Minha atitude corajosa e heroica merece ser guardada na memória como um dia magnífico em
sua vida? Um dia proporcionado pelos seus gatos, Gabriel e Tirano? — Milena chora e ri ao
mesmo tempo. Coço a cabeça sem graça, acho que ela gostou. Milena, coloca Tirano no chão
que resmunga bravo, ele não gosta muito de ser deixado de lado. O entendo. Gato folgado da
porra.
Minha futura esposa corre para meus braços, que sempre estão abertos para ela.
— Gabriel, meu grande amor. Porra, querido, adorei tudo. — Murmura beijando meu
rosto todo, sinto-me um rei nesse momento e estufo o peito envaidecido. — Eu te amo tanto,
tanto.! — Me beija sem parar, adoro esse lado efusivo de minha menina. — E sim, mil vezes!
Claro que aceito me casar com você. Porra, Gabe, esse é meu maior sonho, ser sua esposa e você
meu marido gostoso. — Sorrio largamente, amo também sua boca-suja.
— Muito bem, Milena, estou orgulhoso de você, tomou a decisão certa. Olha o partidão
que sou. Loiro, gostoso em excesso, um verdadeiro anjo dourado. — O quê? Aprendi com o
soberbo do Tirano. Pisco inocente.
Tento segurar, mas não resisto e gargalho quando Jujuba revira os olhos. Continuo
dizendo maravilhado com essa mulher. — Ainda mais depois de todo meu trabalho para
impressioná-la e ainda manter esse gato medonho aqui, esperando por você. Ele queria me
arranhar e comer vivo, para subir e ficar perto de você, amor. Esse gato traidor é um ingrato. —
Ela gargalha tanto que o ambiente fica leve. — Eu te amo, Milena, para sempre, meu amor.
Nunca, jamais duvide disso, combinado?
Jujuba assente com os olhos lacrimejando, me beijando com amor e desejo. Fazemos
amor a manhã toda, depois que tomamos nosso café matinal.
Capítulo 36
Gabriel Lêcor
Um mês depois…
Hoje temos uma festa para ir. É o aniversário do Afonso, ele fez questão que fôssemos e
claro que não deixaríamos de ir. Apesar de ser um pé no saco, Afonso é meu bro e parceiro.
Acredito que o marmanjão de meu amigo, tem um sentimento de proteção muito forte em
relação a minha Jujuba. Mas já avisei a ele que se perceber algum gesto suspeito vindo de sua
parte canalha, o enforcarei com seu pau rodado. Deixei bem claro que se notar uma olhada mais
demorada ou qualquer outro gesto estranho relacionado a Milena, ele é um homem morto. Ponto.
Eu cumpro meu papel de gentleman e príncipe direitinho com Milena, então ele que se
foda com sua patifaria em relação a minha menina. Dito isso, estou tranquilo, precisava somente
dar uma dura nele, para ver que estou prestando atenção em tudo que envolve minha menina.
Mas confio em Afonso de olhos fechados..., claro sempre com um olho bem aberto.
Saio do closet arrumando minha camisa social branca e olhando com avidez para Milena
que está somente de calcinha e de costas para mim. Meu pau fica duro na hora. Viu? Como sofro
com essa mulher sem consideração? Após tomar um banho, vestir-me, faltando somente o cinto,
Milena me apronta uma dessas? Sorrio de lado, cheio de luxúria e malícia. Chego por trás e
abraço-a gemendo baixinho, ela me desestrutura.
— Milena, meu amor, por que me trata assim? — mordo seu pescoço suave e cheiroso,
ela geme baixinho.
— Assim como, querido? — ouço sua risadinha malvada. Viu como ela está aprontando?
Se esfrega em meu pau que já está tão duro que arde.
— Estou arrumado, amor, vou ter que perder toda minha megaprodução: vestir uma calça
e camisa... novamente? — Digo malicioso e sorrio largamente. — Aperto seus seios deliciosos e
a viro de frente para mim, beijando com fome.
Ela geme e enlaça minha cintura e rebola em cima de meu pau. Foda-se!
Abro o zíper com pressa e afasto sua calcinha, entrando com uma única estocada.
Gememos juntos.
— Porra, Milena! Molhada e pronta para mim... sempre. Não é, meu amor? — Gemo
entre beijos e mordidas em sua boca e pescoço macio. Massageio seus seios e sinto sua boceta
me apertar com força. Fecho os olhos e me concentro nesse momento que sempre é maravilhoso
e único. Eu e minha Milena.
Começo a estocar com força e em pouco tempo gozamos, entre gemidos, beijos e
suspiros.
Levo-a ainda agarrada a mim para o chuveiro e tomamos um banho gostoso. Afonso que
espere.

Depois de uma discussão foda, chegamos à festa de Afonso. Sorrio de orelha a orelha,
mas com ressalvas. Cedemos os dois. Ela veio com a porra de um vestido indecente, mas
colocou um xale que esconde suas joias, ou melhor, minhas joias, seus seios são somente meus.
Me sinto um homem das cavernas no que se refere a Milena, mas fazer o quê?
Sempre foi assim, só que antes eu não dizia... bem, muitas vezes usava nossa amizade
para demovê-la de algumas ideias. Viajar sozinha, ir para bares, roupas decotadas demais,
baladas... enfim. Sorrio largamente. Sim, eu sei. Fui um homem manipulador e malvado, mas
fazer o que se a amava tanto? Porra! Quando me lembro das merdas que fiz para preservar nossa
amizade e deixei nosso amor passar batido… caralho, me sinto um merda fodido.
O preço que pagamos por nossa falta de coragem nos custou bons anos de nossas vidas.
Ainda bem que tivemos nossa segunda chance, coisa que a gente não vê com muita constância,
não é? Na vida costuma ser assim, perdeu? Se fodeu!
Olho para baixo e vejo minha menina, agarrada em mim, suspiro de puro amor e prazer.
Aperto-a para que se achegue mais ainda.
— Amor, fique sempre perto de mim, ou vou furar os olhos de todos que ousarem ficar
olhando-a mais que o necessário e para isso, preciso que fique agarrada em mim, compreendeu?
— digo sério, mas Milena sorri. Foda-se, moral? Não tenho mais nenhuma, perdi toda com essa
mulher tinhosa.
— Digo o mesmo, Raposão! — gargalho com força.
Olho bem fundo em seus olhos castanhos e pergunto divertido.
— Querida, seus apelidos de homens safados, dirigidos a minha pessoa, nunca acabam?
— ela balança a cabeça e seus cabelos castanhos chocolates brilham. Suspiro, linda demais.
Admito, sou obcecado por essa mulher.
— Não. Tenho uma lista enorme, Galinhão! — acaricia minha barba e me abaixo para ela
ter melhor acesso. Sou assim, um descarado no que tange a essa mulher.
Caminhamos e avistamos Afonso cercado por mulheres. Realmente ele é um perdido, não
tem jeito.
— Querida, meu amigo ali — aponto com o queixo para Afonso — ele sim, merece todos
os apelidos que você tenha para classificar um homem galinha e safado. Nunca vi uma criatura
tão indecente e pervertido como Afonso. — Digo com ar inocente. Milena beija minha mão e
sorri.
— Meu príncipe loiro é um safadinho. — Olho para ela magoado. Não sou mais
safadinho, bem, somente com ela. Sorrio devasso. — Sim, ele é um perdido libidinoso, mas é seu
amigo, não é? Não podia esperar menos dele! — Olho para ela incrédulo.
— Porra, Milena, essa doeu! Já fui grão de milho, catava tudo que aparecia em meu
caminho, mas hoje não sou mais assim. — Falo sentido.
Ela me olha e sorri. Derreto todo e encaro-a pateta de amor.
— Eu sei, querido, e confio em você. — Sorrio largamente, agora sim. — Você foi tudo
isso, mas hoje é a alma mais fiel desse planeta, eu confio em você de todo coração e te amo ainda
mais. — Meus olhos ardem, foda-se. Controle, Gabriel, nada de dar vexame e chorar em público
não pega bem para um ex grão de milho.
Afonso nos vê, e deixa a rodinha de mulheres, vem para o nosso lado sorrindo
largamente. Aperto Milena, possessivo.
Ele vem direto para o lado dela, o grande pervertido.
— Afaste-se! — puxo-a para mim e ouço os dois rirem.
— Calma, garanhão. — Afonso olha para Milena e pega sua mão, galante. Viu? Ele não
perde tempo, safado ordinário!
— Que honra ter você aqui, Jujuba. — Ele sabe que está proibido de chamá-la assim, mas
o faz me provocando, infeliz! — Obrigado por vir à minha festa. — Beija sua mão com um
floreio. — Agora o que temos aqui? — olha provocador para mim. — Um ex cafajeste, arrepiado
de ciúmes! — gargalha e não vejo graça nenhuma em sua infantilidade.
— Vá se foder! — digo já puxando Milena novamente para sairmos de perto desse
atrevido.
Afonso gargalha e olho para ele com indiferença, aprendi com Tirano.
— Caralho, Gabriel, o negócio está pior do que pensei. Sua obsessão não tem limites? —
Provoca. — E nossa amizade de anos, seu ingrato? — Milena olha-nos divertida, disse que adora
a maneira que nos tratamos. Eu também gosto, mas ultimamente, o ciúme tem falado mais forte e
não estou achando muita graça no pilantra velhaco de meu ainda amigo.
— Vá se danar, cara. — Repito, novamente, muito bravo. — Vamos, querida, já vimos a
porra do aniversariante. Vamos andar e comer alguma coisa, estou com fome. — Digo puxando
minha menina.
Ela não sai do lugar.
— Não vou a lugar nenhum, Gabriel. Você está louco, meu amor? — Me chama atenção
com suavidade. Foda-se! — É o aniversário de seu amigo, dê os parabéns para ele, anjo. — Olho
para ela com cara feia, sei que estou sendo infantil aqui, porra, mas o cara não dá tréguas.
Olho para Afonso que sorri de orelha a orelha.
— Vai se foder, e parabéns! — resmungo. — Satisfeitos? — olho para os dois que
sorriem largamente e acenam a cabeça.
— Sim, estou satisfeita, meu amor. E você Afonso? — Milena pega minha mão e sorrio,
sou uma besta mesmo.
— Sim, muito satisfeito com a educação de meu amigo. — Afonso, bate em minha cabeça
e sorrimos. Apesar de ser um pé no saco, gosto dele.
Capítulo 37
Milena Avelar
Estamos conversando e rindo muito das palhaçadas de Afonso quando uma mulher chega
por trás e nos olha com raiva. Fico sem entender.
Gabriel olha para Afonso e ambos ficam pálidos. Estranho. Sinto-me incomodada com
essa mulher e me achego ainda mais a Gabriel. Ela é linda, o corpo colossal, não dá para negar.
Afonso, tenta puxá-la, mas a mulher não arreda pé.
— Vamos, Sandra. — Ela me olha fixamente e sorri com malícia.
— Claro, Afonso. — Não sem antes piscar para Gabriel, o que me incomoda um pouco.
Ouço os passos dos dois se afastando e Gabriel me olhar receoso, transpirando muito. Ele me
abraça com força e retribuo, noto que ele está trêmulo. Tem coelho nesse mato.
Ele me beija afoito e com desespero, dizendo o quanto me ama sem parar.
Olho em volta e vejo Afonso logo adiante discutindo com a mulher que gesticula muito.
Fito os olhos de Gabe e vejo somente sinceridade e amor neles. Resolvo deixar para lá, em casa
pergunto o que foi tudo aquilo e quem é a mulher. Sei que tem coisa aí. Os dois ficaram muito
apreensivos e desconfortáveis quando a sirigaita apareceu.

A festa está uma delícia e já dançamos muito. Comemos bastante e bebi muito, Gabriel
não bebeu quase nada, pois está dirigindo.
Peço licença ao meu noivo protetor e vou ao banheiro. Não demoro muito e quando volto,
vejo Gabriel e Afonso conversando. Sorrio, mas fecho a cara quando vejo quem está ao lado
deles, olhando-os com volúpia e luxúria. Arrepio toda. A mesma maldita mulher que vi no
começo da festa. Ela está entrando em um território perigoso, meu noivo é somente meu.
Caminho rapidamente para lá. Quando chego, Gabriel está muito pálido e Afonso
vermelho de raiva.
— O que está acontecendo aqui? — pergunto direto. Olho para eles e aguardo. — Gabe?
— ele vem até onde estou e tenta pegar minha mão. Me afasto e vejo pavor em seus olhos.
— Milena… — murmura e sinto sua ansiedade. Olho para a mulher.
— Quem é você? — ela sorri largamente.
— Pergunte ao seu noivo… — Lambe os lábios. Mas ouço a voz de Afonso.
— Cale a boca, maldita e saia de minha festa, quem a convidou? — ela sorri sem
vergonha alguma. Vejo que é uma biscate das boas.
— Antigamente eu não precisava de convites para participar de suas festas… aliás, nossas
festas. O que mudou de lá para cá? — os dois se entreolham. Decido resolver logo essa merda de
situação, odeio ficar de mimimi.
Caminho até a piranha, conheço uma de longe. Elas cheiram a falta de caráter. Com
Rafael aprendi a identificá-las, mesmo depois dos galhos que levei. Elas são sem vergonha, sem
dignidade e estão pouco se fodendo para a vida dos outros.
Paro à sua frente e encaro-a com raiva. Ela não me conhece, pensa que sou uma florzinha.
Sorrio de lado, vou mostrar a ela quem de fato eu sou. Mulher fodida essa!
— Desembucha, rameira, o que quer com um homem comprometido? — ela sorri e olha
para Gabriel.
— O que sempre tive… seu pau. Simples assim. — o sangue foge de meu rosto e Gabe
geme baixinho de pavor. Afonso chega por trás e a puxa.
— Chega, desgraçada, fora de minha casa! — ela se desvencilha e caminha para Gabriel.
— Conta para ela, gostoso, que trepamos tantas vezes que perdemos a conta. Vamos diga
a ela! — Olho para Gabriel que a essa altura está com uma cor estranha. — E você, Afonso?
Confirma para ela que fazíamos festas de arrombar todos os finais de semana e que vocês faziam
rodízios de mulheres, eu sempre, dentre elas. Euzinha, poderia ganhar uma medalha de primeiro
lugar em tudo, era a que mais participava, não perdia uma! — gargalha e aperta os seios com
malícia. — Confesso que Gabriel era o mais insaciável… porra! Sonho com seu pau entrando em
mim todas as noites, gostoso! — Olho para essa mulher baixa e mesquinha e a marinheira que
habita em mim, vem à tona.
— Milena, amor, por favor... essa mulher está louca. Vamos embora dessa porra,
conversaremos em casa, querida... eu prometo. — Gabriel tenta me puxar
— Me deixa, Gabe, vamos resolver isso aqui e agora. — Digo olhando fixamente para a
puta.
— Corajosa sua mulher, Gabriel. — Ronrona. — Vamos fazer um ménage nós quatro? —
Gabriel urra e avança para a vagabunda. Entro na frente.
— Não, Gabe, não se suje com essa mulher. Deixe-a comigo. — Digo pegando-a pelos
cabelos e fitando seus olhos. Ela tenta me arranhar, mas jogo-a no chão e me sento nela. Meu
vestido sobe.
— Porra! — Gabe tenta me tirar de cima da piranha. — Venha, meu amor, deixe Afonso
lidar com essa maldita. — Mas olho para ele com muita raiva.
— Me solte, Gabriel, agora! — Digo impaciente. Ele olha para Afonso e me fita
novamente, com seriedade.
— Não, querida, vou levá-la. — Tenta me tirar, mas agarro o cabelo da mulher que
esperneia. Afonso vem, segura a desgraçada e me olha.
— Gabriel, Milena tem razão. Essa mulher merece uma lição por ser tão covarde e
maldosa. Mas não podemos fazer nada, somos homens, Milena, por outro lado… — sorri com
malícia e Gabe me solta, não sem antes murmurar em meu ouvido.
— Estou aqui por você, meu amor. Eu te amo e te explicarei tudo assim que der uma lição
nessa puta. Fica à vontade, minha marinheira. — Pisca e me deixa livre. Sorrio feliz.
Vejo eles se levantarem e se afastarem um pouco. A maldita me olha com terror agora.
Sorrio com raiva.
— Cadê a valentia e atrevimento, sua fodida? — pergunto e dou um tapa em cheio em sua
cara de merda. Ela grita e tapo sua boca. — Cale a boca, puta! — Encho sua cara de porradas
sem dó. — Isso é para você pensar duas vezes antes de abrir essa boca chupa paus, e foder com a
vida de alguém. Pense no que vou te dizer antes de sair por aí dizendo merdas: você abre as
pernas porque quer, é rateada por homens porque aceita, é humilhada porque não se dá ao
respeito e vai morrer sozinha se não mudar de vida, piranha! — Vejo um filete de sangue descer
por seu nariz. — Não vai ser fazendo intriga e usando merdas passadas que irá conseguir um
homem decente. Você serve para eles para ser usada e jogada fora. Sabe por quê? Porque você
não se valoriza. — Ela está me olhando horrorizada e chorando baixinho. — Agora levante-se,
tome vergonha na cara e pare de ser puta de homens que não te valorizam! Se valorize primeiro!
— Me levanto e cutuco-a com a ponta de meu sapato de salto. — Levante-se e some daqui, você
não é bem-vinda neste lugar, segundo o dono da casa.
Me viro para Gabriel e Afonso que me olham encantados.
— Pronto, seus putos, tudo resolvido, da próxima vez, farei de vocês picadinho! — eles
continuam rindo feito idiotas.
Olho para a mulher se levantar e sair correndo. Sorrio.
— Caralho! Quem será o próximo? — Mostro meu muque e eles gemem. Afonso me
beija no rosto. E Gabriel me abraça com força.
— Está tudo bem, meu amor? Ela te machucou? — Pergunta me apalpando.
— Ela não me machucou, mas não está tudo bem, não! — Gabriel se encolhe e Afonso ri
nervoso.
— Preciso ir. — Corre e some entre seus convidados. Covarde, penso divertida.
Gabriel continua me olhando assustado.
— Covarde dos infernos. — Gabe murmura e seguro o riso. — Querida? Possa te explicar
tudinho. — Sua voz está cheia de receio. Sorrio internamente, tadinho está tão apavorado.
— Sim, quero saber tudo, seu safado! — Ele pega minha mão e suspira de alívio quando
não a puxo de volta.
— Obrigado, meu amor, dessa vez não tive culpa, eu juro. — Continuo olhando para ele.
— Vamos nos sentar naquele banco ali e te conto tudo.
Ele me pega no colo e sorrio sem que perceba, amo demais esse homem.
Gabriel se senta e me ajeita em seu colo, falto ronronar, mas me controlo. Ele me conta
tudo, sem omitir nada. Desde o momento que soube que eu tinha ido trabalhar, até a hora que foi
para o clube. Conta tudo sobre Sandra, que foram amantes no passado, que participaram de
vários ménages juntos. Me contou que o dia que voltou para casa naquele sábado maldito, as
marcas de batom eram dela, mas que Sandra o beijou por trás quando tomava uma bebida. Mas
que ficou irada quando ele a rejeitou e disse coisas muito pesadas para ela. Gabe me disse que
ela ficou tão irada que jurou vingança. Mas que ele havia se esquecido dela e suas ameaças.
Depois do desabafo, ele me olha ansioso e com receio estampado em seu belo rosto. O
que vejo me deixa satisfeita, e trasbordando de amor por esse homem único e ímpar. Verdade e
amor brilham em seus olhos azuis-celeste, me enchendo o coração de alegria. Meu anjo dourado.
— Jujuba... acredite em mim, meu amor, eu juro a você, que jamais fiquei com outra
mulher depois do seu acidente. Resolvi ali, naquele momento, lutar pelo grande amor de minha
vida: que é você Milena. — Diz com os olhos vermelhos de lágrimas contidas. Meu peito
explode de amor mais uma vez por esse homem.
— Acredito em você, querido, sei que tem caráter. Eu te amo, Gabe, de todo meu coração
e alma. — Ele suspira aliviado e me abraça, sinto suas lágrimas caírem em meu ombro.
— Obrigado, meu amor, por acreditar em mim. Juro que jamais cogito a mínima hipótese
de ao menos pensar em traição, você é minha segunda e perfeita chance de ser feliz, Milena. —
Diz baixinho em meu ouvido e me beija com ardor, sinto nesse beijo todo seu amor.
— Eu te amo, Gabriel, você é minha vida todinha. — Ele me olha com amor e ternura, me
abraça e ficamos trocando beijos e promessas de um amor eterno.
Epílogo
Gabriel Lêcor
Dois anos depois…
Estou sentado no balanço debaixo de um pé de coqueiro em nossa piscina. Olho para
Tirano que está enroscado ao meu lado e dócil como um gatinho recém-nascido. Filho de uma
porca rosada!
— Você é um safado, futuro rosbife grelhado! — digo baixinho para não acordar minha
mini Jujubinha. Olho com carinho e totalmente pateta de amor para minha menininha de 6 meses
de vida que dorme como um anjinho que é. Allegra veio para alegrar ainda mais minha vida com
Milena, que já era simplesmente perfeita. Achei que não tinha condição de ser mais feliz. Mas
me enganei profundamente, soube que poderia ser ainda muito mais, quando Milena me disse
que estava grávida. Claro que estávamos tentando desde que nos casamos. Sorrio nostálgico.
Nosso casamento foi perfeito. Fizemos aqui mesmo em casa, em nossa piscina, com poucas
pessoas convidadas.
Foi lindo e nossa lua de mel na Grécia foi mais que perfeita.
Estou divagando quando ouço um murmuro suave e o anjinho que está ao meu lado se
movimenta e estica as perninhas gordinhas. Vira sua cabecinha coberta de cachos dourados e me
encara com seus imensos olhos azuis. Estremeço de amor por minha filha.
— Acordou, a bebezinha do papai… — sussurro para não a assustar, Allegra continua
sonada. Toco os cabelinhos macios de minha filha e Tirano se arrepia todo. Agora sua proteção e
comprometimento é somente com Allegra. Gato vira folha do inferno. Sorrio e o acaricio
também, ele mostra os dentinhos pontudos e dá uma patada suave em mim. Olho fixamente para
ele e murmuro. — Vai se lascar, gato fodido e ingrato.
Allegra estica os bracinhos e suspiro de felicidade, ela está me pedindo colo.
Pego meu bebê, Tirano se arrepia todo e levanta-se rapidamente. Vou arrancar os pelos
desse infeliz. Ele me olha atento, como se dissesse: fica esperto, estou de olho em você, cara. O
olho com desdém e ele me retribui igualmente, esse infeliz soberbo.
— Bebê gostou do maiô que papai mandou fazer especialmente para sua Jujubinha? —
beijo seu rostinho suave. Allegra fisicamente se parece comigo de uma maneira impressionante,
mas quando sorri, vemos Milena nela. Seu sorriso verdadeiro e cheio de covinhas, é minha
esposa escrita. Nossa filha é uma mistura perfeita de nós dois.
— Papai mandou criar um tecido com estampas exclusivas para fazer esse maiô para bebê
e mamãe. — Ela sorri e leva a mãozinha na boquinha e chupa com força. Está com fome ou sede.
Vejo seu minúsculo traje de banho de gatinhos. Perfeito para minha bebezinha. Sorrio, são
dezenas de minis-tiranos. Gato safado, olha o que me faz fazer. Estampas com sua cara feia! Mas
não tive opção, Tirano é alucinado por nossa bebê.
Agora, quem tem a companhia do gato traidor? Simples, quem está cuidando de Allegra.
O escolhido, não sou eu e nem Milena, mas quem cuida da bebê. Ele se intitulou o auto protetor
de nossa filha. Tirano persegue nossa bebê, ela é seu alvo para ser protegida. Entendeu o gato
infiel agora? Bola de pelos sem sentimentos.
Agora mesmo, o malandro está aqui comigo, quando Milena pega nossa bebê, ele segue a
Milena. Judas safado.
— Você é um gato descarado e volúvel, Tirano. — Digo baixinho para não assustar nossa
bebezinha. Ele me olha com total indiferença. Levanto-me com nossa pequena e ela grita feliz.
Sabe o que vou fazer, todos os dias durante o verão temos esse compromisso. Levá-la para nadar,
quando o dia está findando, assim o sol forte não prejudica sua pele delicada.
— Vamos, bebê, venha nadar com o papai, enquanto mamãe traz seu suco. Você quer? —
Ela agita as perninhas e mãozinhas. Sorrio de felicidade.
Entro na piscina com cuidado e a seguro na água. Ela grita gargalhando. Tirano nos olha
atentamente, e ocasionalmente arrepia. Infeliz.
Estamos brincando, quando vejo a mulher que me tem na palma das mãos entrar... bem,
quero dizer uma delas. A segunda está aqui gargalhando gostosamente, enquanto faço caras e
bocas para ela. Vejo o maiô de Milena, do mesmo tecido que o de nossa bebê. Azul clarinho,
cheio de tiraninhos.
Milena para e acaricia o gato safado que ronrona de prazer. Pilantra.
— Gostou da surpresa, querida? — pergunto mais uma vez, apesar de Milena ter chorado
quando cheguei com os maiôs que mandei fazer para elas, eu havia encomendado há mais de
dois meses.
— Adorei meu amor, ficou lindo. — Dá uma volta e fico cheio de luxúria ao ver seu
corpo torneado e destacado pelo maiô.
Allegra grita quando vê a mãe e estende os bracinhos, fazendo força para alcançá-la.
Sorrio.
— Calma, meu amor, também estou ansioso para chegar até a mamãe. — Ergo Allegra
para o alto e o som de sua gargalhada e de Milena, fazem meus olhos arderem. Porra, amo
demais minhas meninas.
Nada com cuidado para não assustar nossa bebê até chegar à escada e entrego Allegra
para Milena que a pega com cuidado. Nossa bebê, está conversando com a mãe, na língua de
bebês, uma que não entendemos nada, mas amamos.
Saio da piscina molhado, me secando. Enquanto isso, Milena seca nossa bebezinha e tira
seu maiô e coloca um macaquinho azul curto. Milena disse que adora tons azuis para nossa filha.
Minha esposa sempre diz que nossa bebê tem olhos tão lindos e azuis quanto os meus. Estufo o
peito, orgulhoso, toda vez que ela diz isso. Me sinto incrível.
Milena me fita e caminha para nosso balanço que parece uma cama. Ela se aconchega
com nossa menininha no colo.
Troco a sunga molhada por uma bermuda seca e subo no balanço, Tirano se arrepia de
desgosto, olho para ele com puro desdém. Quem esse turrão ardiloso, pensa que é?
— Vai se foder, gato cabeçudo! — tem momentos que fico com muita raiva desse intruso.
— Gabriel! — olho para Milena e Alegra que me olham, atentas. Coro um pouco.
— Desculpe, querida, mas esse gato birrento e cheio de marras, me tira do sério. — A
bebê volta a mamar seu chá e Milena sorri e estende a mão para mim.
— Deixe-o, querido. Tirano se sente parte da família e, na verdade, sabemos que ele não
está errado, não é? — Agarro sua mão e beijo.
— Sim… apesar de ser um gato insuportável e petulante. — Olho feio para o impostor,
mas o pego e ajeito em meu colo, acaricio sua cabeça peluda e macia. O pilantra ronrona.
Allegra termina seu chá, enquanto a olhamos embevecidos.
Quando nossa filha e Tirano dormem, eu e Milena, nos olhamos, sorrindo cúmplices com
a sintonia que enche nossas vidas. Amor puro e verdadeiro. Um em um milhão. Amor para toda
a eternidade. Uma fusão de almas, é assim que nos amamos. Eu e minha doce Jujuba.
— Milena, eu te amo tanto querida, se pudesse mostrar a você o quanto… — digo e me
inclino beijando-a com fome.
— Gabe, meu anjo dourado, você tem mostrado isso desde que me salvou e recuperou
minhas jujubas… há longos e distantes anos — meus olhos brilham e ardem.
— Sim, doçura, eu te amo desde a remota e distante época das jujubas… porra, meu amor,
somos velhos, hein? — Milena gargalha e nossa filha se assusta, porra!
Milena pede desculpas, embalando-a e beijando seu rostinho sem parar, com carinho. Em
segundos, nossa bebê está ressonando suavemente.
Minha esposa sorri para mim.
— Gabe, você me mata, amor. Como consegue ser tão palhaço? — sorrio largamente.
— Fácil, você me faz querer fazê-la rir constantemente, seu sorriso alegra minha vida,
além de ser belíssimo. — Digo galante, sentindo essa verdade sair do fundo de minha alma.
Os olhos de Milena cintilam, ela beija minha mão com tanto amor que percorre minhas
veias e chega em meu coração.
— À noite, meu amor… te mostrarei como te amo. — Meu pau sacode e sorrio já cheio
de luxúria.
— Promete, minha vida? — sussurro.
— Com todo meu amor, meu anjo.
Me achego a elas e suspiro de felicidade.
Olho para a tarde que começa a cair e faço uma oração em agradecimento ao universo.
Segunda chance, uma chance em mil, eu tive esse privilégio.
Fecho os olhos e sinto minha esposa acariciar meus cabelos. Estou quase adormecendo,
quando ouço sua doce voz sussurrar.
— Eu te amo, Gabriel, você é um presente que veio do céu para mim.
Sorrio de lado e adormeço com essas doces palavras em meu coração.
Série Pais Protetores
Livro 01 - O Viúvo, a Babá Virgem e o Bebê Bento
Livro 02 - O Grego Devasso, a Secretária Virgem, o Papagaio Solimões e o Bebê Ian
Livro 03 - CEO Entre Dois Amores: Meu bebê Romeu e a Babá
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Série Malvados
Livro 01 - Maximus: Meu CEO Malvado Favorito Imperfeito
Livro 1.5 - Maximus: Vou Ser Pai Novamente - Conto
Livro 02 - Davi: Meu CEO e Senhor Luxúria
Livro 03 - Angelus: Meu Anjo Quebrado
Livro 04 - Otto e a Vizinha Virgem: Meu Amor Pornô

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Série Homens Devassos
Livro 01 – Kim Barcellos: O Cafajeste - Redenção
Livro 02 – Hugo Barcellos: O Safado - Perdão
Livro 03 – Átila Barcellos: O Canalha – Obsessão

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Romances Únicos Darks Sombrios
A Bela e a Fera
Um CEO Culpado: Iran Reis
A Virgem do Sugar Dark
Carrasco Caim
Perigo: Os 7 Suspeitos da Rua 7
Sinfonia do Relógio Quebrado

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Comédia Romântica Hot Clichê
A Escolhida: Um bebê para CEO Cowboy
Rejeitada pelo Cowboy Indomável
O Juiz Viúvo: Livre para Amar
Meu Vizinho Odeia Rosa
Obsessão e Mentiras do CEO
O Segredo do Ceo: A Virgem e o Ladrão de Cenouras

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Comédia Romântica Sobrenatural
Khefer K’hall

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Romances Cristãos
Livro 01 – Lázaro Cambrini
Livro 02 – Theodoro Valentim
Livro 03 – Frederico Falcão

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Box Athos Medeiros
Contos de um Assassino

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Outras Obras
Amoras e Feijões
Rastros
Poemas Inversos
Príncipe Não Encantando
Lágrimas: Vida Voa
Segredos para uma Vida Plena e Feliz
Orando por um Objetivo Específico - Deus Ouve sua Oração!
O Poder da Oração
Eu e Eu: Uma Reunião Comigo Mesmo
A menininha de Olhos Jabuticaba
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[1]
Uma loja de Delicatessen, é conhecida informalmente como delis, sendo um tipo de loja, normalmente pequena, que
comercializa guloseimas alimentícias, geralmente aquelas de origem francesa, mas sem deixar de agregar os produtos
nacionais. Mas também são lojas requintadas que oferecem alimentos e bebidas de alta qualidade, de paladar exótico e
sofisticado, que serve lanches diferenciados ou ainda local que comercializa petiscos, iguarias ou mercadorias requintadas. O
diferencial dessas lojas é o de oferecer produtos frescos, como pães e salgadinhos finos, frios variados, sanduíches finos e
confeccionados na hora, docinhos especiais e finos, chocolates em diversas formas e finíssimos, diversos tipos de vinhos
italianos, franceses, portugueses, chilenos, australianos, dentre outros de sabores exuberantes, além de oferecer diversos tipos
de queijos e presuntos.
[2]
Os arranhadores para gatos são acessórios variados que ajudam os felinos a manter as unhas
afiadas e saudáveis, além de proporcionar um local seguro para o gato arranhar e brincar.
[3]
Em geral, essa notícia é resumida num boletim de ocorrência policial, que é um documento elementar para transformação da
narração de uma notícia de crime num discurso oficial. Com o conhecido B.O., portanto, o Estado tem a responsabilidade de
investigar um possível crime e apontar o acusado
[4]
Apelido usado para homens galinhas e safados. Homens pegadores que ficam com várias mulheres de uma única vez. Esses
são conhecidos como homens galinhas, ou grão de milho.
[5]
Segundo a mitologia grega, a maioria dos deuses habitou o Monte Olimpo. Nesse local, existiu um palácio onde os deuses
moraram conforme a hierarquia de poder.

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