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O CAFAJESTE E A FILHA ABANDONADA ©Copyright 2023 —

JÉSSICA DRIELY

Todos os direitos reservados.

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sob quaisquer meios existentes sem autorizações por escrito da autora.

Está é uma obra de ficção qualquer semelhança, com nome,

pessoas, locais ou fatos será mera coincidência.


PLÁGIO É CRIME!

Revisão: SONIA CARVALHO

Capa: L.A. Designer Editorial

Diagramação: Jéssica Driely

Imagens: Depositphotos e Canva


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CAPÍTULO 01
CAPÍTULO 02
CAPÍTULO 03
CAPÍTULO 04
CAPÍTULO 05
CAPÍTULO 06
CAPÍTULO 07
CAPÍTULO 08
CAPÍTULO 09
CAPÍTULO 10
CAPÍTULO 11
CAPÍTULO 12
CAPÍTULO 13
CAPÍTULO 14
CAPÍTULO 15
CAPÍTULO 16
CAPÍTULO 17
CAPÍTULO 18
CAPÍTULO 19
CAPÍTULO 20
CAPÍTULO 21
CAPÍTULO 22
CAPÍTULO 23
CAPÍTULO 24
CAPÍTULO 25
CAPÍTULO 26
CAPÍTULO 27
CAPÍTULO 28
CAPÍTULO 29
CAPÍTULO 30
CAPÍTULO 31
CAPÍTULO 32
CAPÍTULO 33
CAPÍTULO 34
CAPÍTULO 35
CAPÍTULO 36
CAPÍTULO 37
CAPÍTULO 38
CAPÍTULO 39
EPÍLOGO
Conheça também
Um jogador de futebol americano, uma estudante inocente, um New
Adult envolvente.
Jason Lennox é o famoso cafajeste que toda noite está com uma mulher
diferente em sua cama, é o Quarterback da temporada universitária e a
promessa do futebol americano. No final da faculdade, ele se vê com
diversas propostas para entrar nos times mais famosos dos Estados Unidos.

E mesmo sendo um cafajeste digno de vários tapas na cara, descobre-se


preso à garota mais linda que ele podia ter encontrado em seu caminho.

O problema, era que um segredo do seu passado, podia colocar seu futuro
em jogo, afinal ele sabia que não podia passar mais de uma noite com uma
mulher… se não tudo poderia acabar da pior forma.

Kristen Lewis é uma jovem sonhadora, que leva a faculdade a sério. Ela
odeia perder seu foco, mas quando a sua atividade extracurricular de
serviço comunitário a joga na vida de um jogador metido, Kristen se vê
presa a algo mais forte do que podia imaginar.

Um desejo arrebatador toma seus sentidos, fazendo com que Jason Lennox
se torne o seu pensamento diário.

E como uma garota inocente, ela entrega seu coração e sua virgindade
para o cafajeste, que um tempo depois a abandona, quando descobre que
está grávida.

Kristen só não imaginava que alguns anos depois, ela descobriria o motivo
de ter sido deixada para trás e que agora, ela precisaria pedir refúgio, com
sua filha nos braços, ao homem que ela jurou odiar.

+18
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Para todas as mulheres fortes que já conheci.
CAPÍTULO 01

Tinha acabado de sair do treino, estava suado e fedido. Entrei no


vestiário e alguns caras já estavam tirando seus uniformes e indo direto para
o chuveiro.

A única parte de dividir um lugar com um monte de machos, era que


você precisava aguentar eles andarem pelados para cima e para baixo.

Sinceramente, o meu pau era bonito demais, para um bando de


marmanjos ficarem olhando.

Tirei o uniforme e caminhei para um dos chuveiros desocupados,


deixei que a água caísse pelo meu corpo, passando pelas tatuagens
espalhadas por todos os lados.
Após sair, me enxuguei rápido e vesti uma calça jeans preta e uma
camisa branca, aproveitando para pegar meu boné no armário e colocar em
meu cabelo, que estava uma grande confusão de fios embaraçados e eu não
estava com vontade alguma de dar um pouco de atenção para ele.

— Antes que vocês saiam, preciso lembrá-los que nesse final de


semana o Florida Gators[1], ficou responsável em ajudar o pessoal do
serviço comunitário da Universidade.

Fechei meus olhos para aquela informação, além de darmos duro nos
estudos e no futebol americano, a faculdade ainda nos obrigava a pegar
nosso dia de folga, para ajudar em algo que nem tínhamos interesse.

Foi possível escutar alguns resmungos, pelo vestiário, o que fez com
que o treinador Aaron, perdesse a paciência e dissesse o pior.

— Quem não comparecer, estará fora do jogo da semana que vem.


Estamos entendidos?

Olhei por cima do meu ombro para o treinador Peter e assenti, sem
nem resmungar, antes que ele me marcasse na sua lista negra e me tirasse
do time titular.

Eu era o quarterback daquela porra, devia ser mais valorizado, mas


aquele infeliz adorava provar que mesmo sendo um dos jogadores mais
importantes, eu não era nada, se ele não permitisse que eu jogasse.

Assim que o treinador saiu, Alex, que era o running back, e um dos
meus melhores amigos, parou ao meu lado e resmungou:

— Acho que ele faz de propósito umas merdas dessas, só para nos
obrigar a ficar servindo comida para a comunidade.

— Você ainda acha?! — Não queria resposta, porque eu já sabia.


— Sabe o que é pior? — Jacob, o fullback do Gators e também um
dos amigos que sempre andava com a minha roda íntima de amigos,
perguntou, mas sem esperar resposta, voltou a dizer: — Temos festa para ir
e nem podemos encher nossa cara, se não ficaremos com uma ressaca da
desgraça amanhã.

— Não brinca com uma merda dessa — resmunguei, mesmo que não
bebesse… não mais.

Fechei a porta do armário e me voltei para os meus amigos.

— Tão prontos, ou vão só ficar reclamando? Se não, vão ficar sem


carona pra casa.

Alex pegou sua mochila, o que fez Jacob sair do seu estado pensativo
e fazer o mesmo. Assim que comecei a caminhar para fora do vestiário,
aproveitei para me despedir de todos que ficariam para trás e saí para os
corredores do centro de treinamento.

Tinha deixado meu SUV no estacionamento, o que facilitaria a nossa


volta para casa. Eu era o único do nosso grupo de amigos que tinha ganhado
um carro do pai, o que facilitou para eles pegarem bastante em meu pé.

Alex, Jacob e eu dividíamos uma casa fora do campus da faculdade, o


que era bem melhor, do que ter que conviver naqueles quartos minúsculos
que eram disponibilizados para os estudantes.

— Cara, já tô quase desistindo de ir à festa hoje — Alex, murmurou,


enquanto sentava no banco do carona. Aproveitando que Jacob foi para o
banco de trás.

Dei partida no carro e respondi:


— Não tô nem aí, eu vou, não vou deixar de viver, só porque a
universidade quer foder com a gente. E também, quero foder essa noite, já
tem uma semana que não transo, não sei nem se meu pau tá vivo.

— Realmente, cara. Você se superou essa semana, não levou ninguém


pra casa — Jacob sussurrou, voltando a atenção para a janela e comentando:
— Eu amo essas alunas, olha o tamanho daquelas saias. Ah, que delícia!
Sorri de lado e tive que concordar.

— O melhor de Gainesville[2], é esse clima maravilhoso, que deixa


essas meninas com as pernas de fora.
— Tá bom, seus putos. Me convenceram, eu vou na porra da festa.

Concordei e continuei dirigindo, pelo campus, louco para sair logo


dali e pegar a rua sem movimento, já que naquele momento, tinha muitos
alunos andando por ali.
No entanto, para ferrar com toda a porra do meu dia, uma garota
completamente maluca, se enfiou no meio da rua, sem ao menos olhar para
os lados e mesmo que eu tenha pisado no freio com tudo, fazendo meus
amigos levarem um safanão pelo movimento abrupto, o carro ainda se
encostou na garota e como ela levava alguns livros nos braços, acabou por
derrubá-los e irem parar no chão.

— Puta que pariu! — esbravejei.

Por um momento, fiquei paralisado, com medo de ter cometido outra


tragédia… Acidentes de trânsito… parecia que eu sempre estava me
envolvendo com aquele tipo de catástrofe.

Respirei fundo algumas vezes e em seguida tirei o cinto e saí do


carro, Alex e Jacob fazendo o mesmo. Fui rapidamente até onde a menina
estava no chão, o que fez com que todos que andavam por ali, parassem
para olhar o que estava acontecendo.

A garota usava uma calça jeans, colada no corpo, uma regata branca e
tênis da mesma cor. Sua mochila havia parado um pouco longe e os livros
estavam todos abertos no asfalto. O cabelo claro estava amarrado em um
rabo de cavalo e quando abaixei para ver se havia se machucado, seus olhos
azuis se encontraram com os meus.
Sua expressão não era uma das melhores.

— Se machucou? — perguntei, um pouco amedrontado, mas ela


estava viva, aquilo já era maravilhoso.

Alex e Jacob começaram a recolher os pertences da garota.

— Acho que não — respondeu, fazendo uma careta para se levantar.


Estendi minha mão, mas ela recusou instantaneamente.

— Você se enfiou na frente do carro, tem que olhar para os lados.

Tentei me defender, antes que a menina falasse alguma merda, ou


quisesse me acusar de tentar matá-la.

— Talvez, a bola de futebol americano tenha batido com força demais


na sua cabeça, e não fez com que você percebesse o quanto estava em alta
velocidade.
Soltei uma gargalhada, perdendo qualquer indício de preocupação que
eu podia ter com aquela garota.

— Pelo jeito você sabe muito bem quem eu sou, mas posso afirmar
que não estava correndo.

— Claro que não!


Ela puxou a mochila da mão de Alex e pegou os livros com Jacob.

— Gata, realmente você que se meteu na frente do carro. — Alex


tentou me defender.

— Enfim, não foi nada, ainda bem — resmungou e tentou passar por
mim, mas me coloquei na sua frente.

— Tem certeza de que não quer ir ao hospital para ver se tá tudo ok?
— Obrigada, Jason Lennox, mas não estou com a mínima vontade de
perder meu tempo no hospital, sendo que estou bem.

Elevei minha sobrancelha e murmurei:


— Talvez eu esteja meio esquecido, mas você me conhece?

— Quem não te conhece, garoto? Quer dizer, todo mundo sabe quem
vocês são. — Ela apontou o indicador na nossa direção.
— Nossa fama é boa mesmo. — Gabei-me, o que fez a garota revirar
os olhos.

— Com licença — pediu, já que eu ainda não havia saído da sua


frente.
— Tem certeza? — Mordi, meu lábio e dei um sorrisinho bem do
safado para ela.

Ela era bonita para um caralho, então, talvez se deixasse a sua marra
de lado, eu poderia levá-la para minha casa e verificar se estava realmente
bem.

— Deus, eu mereço! — Ela olhou para o céu e quando voltou seus


olhos na minha direção abriu um sorriso forçado e disse: — Saia da minha
frente, ô tatuado, antes que eu chute suas bolas e eu não estou falando da de
futebol americano.

Levantei minhas mãos, antes que ficasse sem as minhas preciosas e


abri caminho para que a garota passasse.
Ela andou, atravessando a rua e os curiosos começaram a se dispersar.
Fiquei observando enquanto seguia seu caminho e não pude deixar de notar
a bundinha redondinha que se mostrava pela calça jeans.

— Acho que ficar uma semana sem foder, fez com que perdesse o
jeito com as mulheres, Jason! — Alex deu dois tapinhas no meu ombro e
voltou para dentro do carro.

Verifiquei para ver se não havia amassado a lataria do automóvel e


quando percebi que estava tudo bem com o meu bebê, voltei para o banco
do motorista.

— Não perdi o jeito, aquela ali, que é muito difícil.

— E deixa eu adivinhar, você vai atrás dela, até levá-la para a cama?
— Foi a vez de Jacob perguntar.

— Não, eu tô bem de boa. Na festa de hoje, eu tiro meu atraso, com


uma ou duas ao mesmo tempo.
Meus amigos gargalharam e eu segui nosso rumo, afinal, depois do
susto, eu só precisava relaxar e de uma boceta para me acalmar.

Só disso e mais nada…


CAPÍTULO 02

Tirei minha calça e olhei para o lugar que doía. Minha pele clara, já
mostrava que ficaria um roxo enorme no lugar que o carro encostou em
mim.

A batida não foi forte, mas mesmo assim, com o toque abrupto acabei
indo parar no chão. Agora, estava no meu quarto, no dormitório do campus,
vendo o estrago que foi causado.

Mas tirando um hematoma, nada mais estava fora do lugar. A porta


foi aberta e Alice, minha colega de quarto e amiga, entrou no lugar.
— Me avisaram que você tinha sido atropelada pelo quarterback, isso
é verdade?
Alice tinha o cabelo castanho, com as pontas pintadas de rosa, o que
eu achava uma gracinha.

— Sim! — Virei-me na sua direção e mostrei a marca.


— Filho da puta, vamos acabar com a raça dele.

Ela tinha instintos defensores e sempre queria acabar com a raça de


alguém.

— Não precisa, acho que eu que estava errada, por andar sem prestar
atenção.

Alice soltou um suspiro e caminhou até o meu lado. Segurou minhas


mãos e sorriu.

— O imbecil, ao menos te ajudou?

— Sim, ele até queria me levar para a casa dele, quando recusei ir ao
hospital.

— Típico de Jason Lennox.

— Estavam ele e sua trupe, então imagina, o que tive que passar.

— Eles só querem saber de foder e jogar, se esquecem de serem


legais.

Assenti, indo até o meu armário e pegando uma bermuda, pois não
queria mais ficar de calça. As aulas estavam encerradas naquele dia e
amanhã ainda tinha o encontro com o serviço comunitário do campus.

Ao me lembrar daquilo, bati a mão na minha testa.

— Amiga, esqueci completamente que amanhã os Gators vão nos


ajudar na distribuição das refeições.
Alice entendendo o que eu quis dizer, se jogou na sua cama e
balançou a cabeça. Ela não fazia parte do grupo de trabalho comunitário,
mas eu fazia, então teria que sofrer as consequências.

— Será que agora o destino vai te enfiar na vida dos jogadores?


Soltei uma risadinha, por sua voz estar parecendo derrotada e
resmunguei:

— Espero que não, pois eu não tenho nada contra os jogadores, no


entanto, também não quero parecer que estou correndo atrás de ninguém. O
ego daqueles caras é elevado demais, para que eu possa suportá-los.

— Nisso eu tenho que concordar demais com você.

Alice ficou sorrindo, enquanto eu continuei pensando o que fazer


naquela noite.

— Vai sair hoje? — indaguei.

— Sim, Taylor me chamou para uma festa em uma dessas


fraternidades. Eu vou porque quero transar, então…

Assenti e peguei meu celular, entrando no meu instagram para me


atualizar de alguma fofoca que aparecesse pela rede social.

— Quer ir? Talvez hoje você perdesse essa virgindade.

Encarei minha amiga de soslaio e neguei.

— Amanhã tenho que trabalhar, então, passo esse convite.

Minha amiga se levantou da sua cama e sentou-se na beirada da


minha.

— Você tem vinte e dois anos, está passando da hora de perder essa
virgindade.
— Você sabe que não tô com a mínima vontade de sair procurando
alguém para tirá-la. Não dou muita bola para isso, quando acontecer,
aconteceu.

Alice me fuzilou com seus olhos castanhos e sorriu, cheia de


sarcasmo na minha direção.

— Do jeito que você é sociável, é capaz de com oitenta anos ainda


estar virgem.

— E assim virarei uma santa — brinquei, jogando uma almofada rosa


em sua direção.
— Vou até fazer uma oração para essa santa canonizada.

Soltei uma gargalhada, que morreu no mesmo momento, quando vi a


foto que o instagram da universidade havia postado. Era o time de futebol
americano, treinando, e claro que o primeiro que meus olhos detectaram, foi
ele…
O causador do acidente que me deixaria com um hematoma. Jason
Lennox, era o cara mais tatuado que eu já havia visto em toda a minha vida.

Acho que não tinha uma parte do seu corpo, que não possuía algum
risco. Seu cabelo era cortado em um estilo, onde um dos lados era raspado,
restando somente um pouco de cabelo e a outra parte, um pouco maior, era
jogada para trás.

Até na sua cabeça, onde o cabelo era mais baixo, era possível ver
tatuagens.

— O que foi? — Alice perguntou.


— A razão do meu atropelamento.
Estendi o celular para minha amiga que o pegou e ficou observando a
foto.

— Ao menos ele tem uma bunda maravilhosa e essa coxa é a perdição


de toda a minha vida.

— Daqui a pouco você começa a falar do pau dele.

— Bem que eu queria, dizem por aí, que é um pau e tanto.


Bati mais uma vez minha mão em minha testa e pensei sinceramente
que a única coisa que saía da boca daquela garota era aquele tipo de coisa.

— Que tal você ir se arrumar para sua festa?

— Garota, tá cedo! Dá até para fazer minha unha.

Alice devolveu meu celular e foi fazer o que havia dito. E eu acabei
nem percebendo quando ela saiu para a festa, pois peguei no sono e acordei
mais de onze da noite.
Aproveitei para tomar banho, antes que dormisse fedida e assim que
saí da água quentinha, vesti meu pijama e voltei para a cama. Queria só
descansar, pois no outro dia, precisava acordar muito cedo.

E quando fui despertada pelo toque do meu celular, eu sabia que


estava na hora de levantar. O sol ainda nem havia surgido no céu, mas como
uma das principais organizadoras pela distribuição de alimentos, eu
precisava estar no ginásio da universidade, antes de todos.
Levantei-me, meio grogue de sono, e caminhei até o banheiro para
escovar os dentes e jogar uma água no rosto. Assim que finalizei aquela
parte, voltei para o quarto e olhei na direção da cama da minha amiga, que
estava roncando levemente, provavelmente por ter bebido todas na noite
passada.
Sorri de lado e fui até meu armário. Peguei uma calça jeans, uma
regata preta e um moletom. Porque Gainesville, podia até ter um clima
aceitável, mas na parte da manhã sempre era frio.

Assim que tirei meu pijama, percebi que o local perto da minha
cintura que o carro do jogador havia batido, realmente deixou minha pele
roxa. Balancei minha cabeça, ao menos era algo menos grave do que uma
fratura.
Depois de vestir minha roupa, calcei um do meu tênis preferido, que
era confortável e dava para ficar em pé o dia todo sem problemas. Peguei
minha planilha de refeições, meu celular e caminhei para fora do quarto,
lembrando-me de trancar a porta, antes que algum maluco entrasse no
quarto e pegasse Alice dormindo.

Tudo estava silencioso e às vezes me dava até certo medo de ir


sozinha até o ginásio, mas como eu sabia que o campus era seguro aquele
medo sempre passava rápido.
O problema era que eu era mulher e mulheres, mesmo sabendo que
estavam seguras, ainda se sentiam em perigo. Já que não tínhamos um dia
de paz na porra dessa vida.

Caminhei por quinze minutos, já que meu dormitório ficava um


pouco mais longe do ginásio e assim que cheguei, me senti mais
confortável, por saber que a senhorita Georgia, a diretora do grupo de apoio
de serviço comunitário já me esperava.

Havia acabado de dar seis e meia da manhã, mas aquela mulher era
sempre pontual. Sendo que marcamos as seis quarenta na entrada do
ginásio.

— Como sempre, sendo uma excelente aluna, Kristen.


— Ah, eu só faço o que posso, senhorita Georgia.

Cumprimentei a mulher com um beijinho no rosto e ela abriu a porta


do ginásio para mim. Em um primeiro momento iríamos disponibilizar café
da manhã e mais tarde duas quentinhas, para servirem de almoço e jantar,
para cada uma das trezentas pessoas que haviam confirmado o nome na
lista.
O serviço comunitário, tinha como objetivo, ajudar os moradores em
situação de rua. Já que nossa comunidade queria ajudá-los de alguma
forma. Por isso, quando tive que escolher uma das atividades
extracurriculares, me inscrevi para ela, pois eu me identificava com aquilo.

Nunca fui boa em dança, muito menos teatro e se eu me colocasse em


alguma coisa, que se resumisse que eu tivesse que tocar em uma bola, sabia
que quebraria um osso, então aquela era minha melhor opção.
Ainda mais que eu queria salvar o mundo, nem que fosse por uma
pequena porcentagem. Eu tinha um pensamento de que, se uma pessoa já
fosse ajudada com aquela nossa iniciativa, poderíamos começar a viver em
um lugar com menos desigualdade.

Depois de colocar todas as mesas e cadeiras nos lugares, onde seriam


divididas as duplas que entregariam a comida, percebi que já iria dar sete da
manhã.
Era o horário para os ajudantes chegarem ao ginásio e não demorou
muito para que os alunos que faziam parte da atividade chegassem. No
entanto, como éramos poucos e naquele final de semana, iríamos receber
uma quantidade de pessoas a mais, tivemos que pedir ajuda a outros alunos
e claro que não podia ser um grupo melhor, tinha que ser os jogadores de
futebol americano.
Com dez minutos de atraso, eles começaram a chegar e as expressões
deles não estavam nada alegres. Daquele jeito iriam espantar as pessoas.

A senhorita Georgia, caminhou até a entrada, onde os jogadores


estavam meio deslocados e começou a dizer:

— Bom dia, queridos! Desculpem por isso, mas hoje será um dia
muito especial. Espero que estejam felizes por auxiliarem o grupo de apoio,
vocês vão amar ajudar o próximo.

Ao longe eu observava em silêncio, porque sabia que em algum


momento, a coordenadora me chamaria para fazer o sorteio, para que
pudéssemos escolher nossas duplas.
Ela conversou por mais alguns minutos com os jogadores e até o
treinador estava presente. Depois de explicar como funcionava o projeto,
meu nome foi solicitado e antes de me aproximar, peguei o pequeno pote de
plástico em que eu havia colocado os nomes.

Quando parei em frente aos garotos, escutei uma risada cheia de


ironia, meus olhos buscaram quem estava sorrindo e logo encontrei ele…
Jason!
— Bom dia, eu sou a Kristen. Fico responsável pela organização do
projeto. — Limpei minha garganta e continuei: — Fiz alguns papéis, para
formarmos duplas. Então, por favor, tirem um nome e eu falarei onde cada
um de vocês ficará.

Fui passando com o pote pelos garotos, que hora ou outra soltavam
uma piadinha sem graça, e quando parei perto dos três idiotas do dia
anterior, senti minhas bochechas esquentarem.

— Então, a senhorita se chama Kristen.


Fiz uma careta, mas não respondi. Jacob e Alex, que ainda estavam
sorrindo, por Jason ter começado a me irritar, pegaram seus papéis e restou
somente um, pois fiz questão de deixar Jason por último.

Ali ele não era prioridade, então, não adiantava se achar demais por
ser um quarterback safado.

Com um sorrisinho de lado, naquela boca carnuda, ele pegou o papel


e o desenrolou na minha frente.

Virei as costas para ele, mas antes que eu desse um passo na direção
do lugar que estava, Jason murmurou:
— Estamos juntos, Kristen.

Estaquei no mesmo lugar e olhei por cima do meu ombro, na direção


do jogador. Um sorriso pior do que o do dia anterior surgiu em seus lábios.

Ah, mas se ele achava que iria me levar para a cama, estava muito,
mas muito enganado.
CAPÍTULO 03

A garota ao meu lado, era toda sorrisos, para as pessoas que


passavam por nossa mesa, onde havia três recipientes com saquinhos, que
continham pães, roscas, bolachas e também tinham copo de café com leite.

Para eles, que viviam em situação de rua era como se tivessem


ganhado o melhor presente do mundo e senti um peso recair sobre o meu
peito, ao perceber o quanto de necessidade aquele pessoal passava.

— Bom dia, senhorita Lewis.

Um senhor, vestido com uma roupa suja, a barba enorme e alguns


dentes faltando, cumprimentou a garota ao meu lado, que não trocava uma
palavra comigo.

— Bom dia, senhor Jack. Como está passando?


— Ah, consegui um lugarzinho em um abrigo, agora estou podendo
dormir lá.

Kristen deu um saltinho ao meu lado, chamando minha atenção e


comemorou.

— Que notícia maravilhosa, fico tão feliz pelo senhor.

— Ah, querida! Eu sei muito bem que você ligou no abrigo para ver
se tinha um cantinho para esse velho aqui.

Aquela informação me pegou completamente de surpresa, pelo jeito a


garota levava a ação comunitária a sério.

— Eu não fiz nada, só dei um empurrãozinho.

— Obrigado, você me ajudou. — O senhor me encarou e murmurou:


— Essa menina é um anjo.

Assenti e tentei sorrir, mesmo que eu soubesse que sempre tive


expressão de poucos amigos.

Pedi que assinasse o papel e logo o senhor se afastou e mais pessoas


se aproximavam. O serviço era gratificante, mas eu já estava ficando de
saco cheio. Parecia que estávamos ali há cinco dias, mas não haviam
passado nem duas horas.

— Você faz isso todo final de semana? — perguntei, mesmo que ela
não conversasse comigo.

Mas indo contra o que achei que faria, Kristen me encarou


rapidamente e respondeu:

— Não temos condições de fazermos todos os finais de semana,


somente duas vezes ao mês. No entanto, eu acho que pelo menos, estamos
dando alguma esperança a eles.

Enquanto falava, não consegui afastar meus olhos do seu rosto. Puta
que pariu! Era linda demais, os lábios eram um pouco mais grossos, o
cabelo na cor mel, fazia com que eu tivesse um pensamento muito
inadequado.

Os olhos claros eram uma perdição.

Linda… Linda demais.

Mas como eu sabia que ali não era o momento de desejar a colega de
trabalho, acabei focando no que estava fazendo. Colhendo assinaturas de
quem passava na mesa e entregando os copos de bebidas.

Quando a parte do café da manhã acabou, tivemos uma pausa de


meia-hora para depois começarmos a organizar as refeições que seriam
almoço e jantar.

O ginásio foi fechado, a coordenadora e o técnico pararam no meio


do lugar e meu professor disse:

— Alunos, teremos uma pausa de meia-hora, se quiserem descansar,


podem sair para espairecer, mas principalmente meus alunos, não se
atrasem para o retorno.
— Sim, treinador! — respondemos todos juntos, formando quase um
coral, o que fez a garota ao meu lado dar um pulo de susto.

Levei meus olhos até os seus e indaguei:


— Tudo bem?

— Caralho! Precisavam parecer que estavam em um campo?


Sorri com seu questionamento.
— É uma forma de demonstrar respeito.

Ela revirou os olhos e colocou as mãos dentro do bolso do moletom


que usava.
— Bom, eu vou tomar café, pois não comi nada. Até daqui a pouco.

Parecia gentil demais.


— Também não comi nada, posso te acompanhar?

Ela parou no lugar e se voltou para mim.

— Eu acho que deixei bem claro ontem, que não quero nada com
você, certo?

Cocei minha testa e percebi pela minha visão periférica, que Jacob e
Alex se aproximavam.
— Só estou te chamando para ir comigo, podemos ir na lanchonete
fora do campus, mas em meia-hora, a pé não daria. Tenho carro e tudo
mais…

— E aí, cara? — Alex bateu na minha mão e se voltou para a garota


que nos encarava. — E aí, garota? Não se machucou mesmo, né?
Ela o olhou sem entender, mas quando entendeu que Alex se referia a
batida do dia anterior a compreensão reverberou pelos seus olhos.

— Estou bem, somente com um hematoma, nada demais.


Aquela informação me pegou de surpresa.

— Sério? — Ela assentiu. — Droga! Então deveríamos mesmo ter


ido ao hospital, deve ser algo grave.
Pelo seu suspiro, percebi que ela estava achando aquilo tudo
entediante.

— Roxos, não significam que são coisas graves. Agora realmente


preciso ir comer, porque se não, vou ficar com fome.

— Vem com a gente? — Chamei mais uma vez.

Ela pegou seu celular no bolso do moletom e provavelmente olhou as


horas.
— Ok! Mas se vocês fizerem algum tipo de gracinha, eu juro que
arrebento vocês.

Nós três levantamos as mãos, nos rendendo e sorrindo para a garota


que revirou os olhos.
Caminhamos para fora do ginásio e logo chegamos ao meu carro.
Alex fez menção de sentar-se no banco da frente e eu só o encarei com a
minha cara de poucos amigos, ele abriu passagem para Kristen que subiu
pelo degrau da SUV e acomodou-se no banco, colocando o cinto
imediatamente.

Meus amigos foram para o banco de trás e eu contornei o automóvel


colocando-me no banco do motorista. Dei partida e saí do campus, seguindo
o caminho até a lanchonete.

— Você gosta de trabalhar nisso, Kristen? — Jacob, perguntou.

— Eu gosto. Devo sentir a mesma emoção que vocês sentem, quando


estão em campo.
— Ah, com certeza não. Isso não tem emoção — Alex comentou e eu
sabia que viria uma resposta cabeluda, quando Kristen olhou para trás com
uma expressão que me deu medo da garota.
Ela era baixinha, mas parecia saber meter medo nas pessoas.

— Não é porque não estou correndo atrás de diversos machos, com


uma bola na mão, que não sinta emoção no que faço, seu imbecil.

Tentei segurar a risada, mas não consegui e ela me fuzilou.

— Vocês não se importam com o próximo. Acham que por serem do


time de futebol americano, são invencíveis e os únicos com projetos
importantes da universidade. Me poupe, cada um gosta do que quer e
ninguém precisa ficar menosprezando isso.

Parei o carro na porta da lanchonete e Kristen saiu do carro, sem nem


mesmo nos esperar. Olhei para o banco de trás, para os dois imbecis e
indaguei:

— Sério, desde ontem, percebemos que ela é osso duro de roer e


vocês ainda implicam com a garota?
— Ah, cara! Ela não sabe levar na brincadeira.

— Você sabe que não estava sendo na brincadeira, Alex.

Balancei minha cabeça e saí do carro, depois que meus amigos


fizeram o mesmo, travei as portas. Kristen já estava finalizando seu pedido
quando cheguei perto do balcão.

— E aí, Lennox? — Matt, um dos atendentes me cumprimentou. Eu


sempre ia ali, então, já era conhecido.
— E aí? — Olhei para Kristen, que nem me encarava e disse: —
Matt, pode colocar o dela na minha conta.

Só naquele momento, que a pequena garota, me encarou.


— Não quero depender de ninguém, eu tenho dinheiro para pagar o
meu café da manhã.

— Eu imagino que sim, mas não vai pagar, porque eu irei pagar, por
ter te atropelado.
Ela fez um biquinho lindo, com aqueles lábios infernalmente
deliciosos e parou de reclamar. Quando Matt lhe entregou seu cappuccino e
um misto quente, fiz meu pedido e disse que era para a viagem.

Destravei a porta do carro e sussurrei para Kristen:

— Abri a porta do carro, se quiser comer lá dentro, senão


chegaremos atrasados.

Ela caminhou para fora, sem me dizer nada, mas percebi pela vidraça
que entrou no carro.

— Já tá com mais uma? Você passou aqui ontem, com outra. — Matt,
pegou no meu pé.

— Essa ainda não caiu na lábia dele, Matt — Alex tirou sarro.

— Fala você também, Jacob, pra eu aproveitar e deixar vocês aqui


para tomarem um esporro do treinador.

Eu sabia que não podia dar munição a ele, porque aí sim, que
pegavam no meu pé e foi o prazo de eu fechar a boca para as zoações
começarem.

Quando peguei meu lanche, fui para o carro e entrei do lado do


motorista. Kristen já havia acabado o misto e estava saboreando o
cappuccino, mas nem olhava na minha direção.
— Você é caloura? — perguntei, enquanto dava uma mordida
generosa, no sanduíche.

— Não — respondeu meio sem querer. — Estou terminando o curso


de Medicina Veterinária. No último período, para ser mais exata.

— Que legal, eu também estou no final do meu de Administração,


mas vou mesmo é seguir a carreira de jogador. Já recebi algumas propostas.

Kristen voltou seus olhos expressivos em minha direção e me


pegando completamente de surpresa, sorriu na minha direção.
— Espero que vá para uma liga boa.

— Meu foco é a NFL, então, acho que pode dar certo.

Sorri de lado para a garota que ainda me olhava, mas que acabou
tirando sua atenção de mim, quando meus amigos voltaram para o carro.
Dei partida, para voltarmos ao campus e logo estacionava na vaga que
estava anteriormente.

Kristen saiu do automóvel e eu saí em seguida, esperando Jacob e


Alex fazerem o mesmo para travar o carro. Segui a gatíssima até o ginásio e
quando ela parou na mesa que estávamos, parei ao seu lado.
Ainda comia meu lanche e talvez estivesse tão afoito, que percebi o
momento em que Kristen trouxe um de seus dedos até o canto da minha
boca e murmurou:

— Parece uma criança, que fica se sujando, como irá para a NFL
assim?
Ela mordeu o lábio inferior, tentando conter um sorriso e eu fiquei
encarando aquela boca, até a coordenadora dar início aos trabalhos.
Gostei dela… e eu sabia que não podia ter interesse por ninguém,
sabia que as mulheres só deviam passar pela minha cama uma única vez.

Então, se aquela garota quisesse, ela podia ser minha por uma noite,
somente isso e nada mais.
CAPÍTULO 04

Estava terminando de organizar as mesas e as cadeiras, por sorte a


equipe havia ajudado e os jogadores limparam todo o ginásio antes de ir
embora.

Terminei de guardar a última mesa e olhei em volta do ginásio. Nada


estava fora do lugar, já podia ir para meu dormitório descansar.

Peguei os meus relatórios, me despedi de Georgia e assim que pisei


fora do ginásio, não esperava ter a visão que tive. Por qual motivo, Jason
ainda estava ali na porta.
Ele estava encostado no seu carro, com os braços cruzados, uma
camisa que deixava os seus músculos, cheios de tatuagens, em evidência, a
calça jeans era larga, mas era perceptível o quanto suas coxas eram grossas.
Naquele momento que o sol já estava a pino, uns óculos escuros
estavam sobre seus olhos e eu não podia mentir, aquele homem realmente
era um gato do caralho.

Como não sabia o que ele estava fazendo ali, continuei caminhando,
passando por ele sem lhe dar atenção.

— Vai embora sem nem conversar comigo? — perguntou, virando-se


na minha direção e desencostando do carro.

Parei e o encarei.

— Não sabia que tinha que conversar com você — respondi, lhe
fazendo uma careta.

Jason sorriu e se aproximou um pouco mais de mim.


— Então, senhorita Kristen, posso te convidar para sair? — O sorriso
ainda brincava em sua boca.

Revirei meus olhos e voltei a dizer:

— Bom, eu não quero sair, então, não precisa me convidar.

Jason, levantou os óculos e colocou-os sobre os cabelos.

— Por que tão malvada?

— Não sou malvada, só sou uma pessoa que tem outro objetivo ao
invés de ser mais uma da sua lista de conquistas.

Jason passou a língua pelos seus lábios, chamando minha atenção


para o lugar, mas tratei de desviar minha atenção rapidamente.

— Eu tenho uma lista? — Fez-se de desentendido.


— Nós dois, somos inteligentes e sabemos muito bem que você tem,
certo?

O jogador fez um biquinho engraçado e voltou a dizer:

— Nem uma chance para esse pobre coitado?

— Ah, agora não! Chama outra.

Bem que eu queria dizer sim, mas para ser sincera, não queria
desviar-me do meu foco. Então, nunca aceitaria um convite daquele garoto.
Não quando ele era bem conhecido, por partir corações de garotas que não
entendiam que ele as queria somente por uma noite.

Jason nunca repetiu uma mulher, sempre havia uma rotatividade


grande na sua cama, então aquela realidade já me deixava claro que eu não
merecia um cafajeste.

— Tudo bem, senhorita! — Fez um gesto exagerado, como se fosse


uma mesura e eu sorri.

— Passar bem.

Acenei e me afastei, voltando a seguir meu caminho. Era sempre


bom, me manter afastada de encrenca e Jason Lennox era a prova viva de
que problemas o seguiam para todos os lados.
Alice entrou abruptamente dentro do quarto, o que me fez saltar da
cama com o susto que tomei.

— O que aconteceu? — perguntei.


— Aquele desgraçado do Taylor, estava com outra, você acredita?
Depois de dois meses saindo comigo, transando comigo, ele levou outra pra
sua cama, quando tínhamos marcado de nos ver hoje à tarde. Imagina a
minha surpresa de encontrar meu “namorado” com outra.

Alice não chorava, estava vermelha, fervilhando de raiva. Ela nunca


se rebaixava por causa de homem, mas sabia que no fundo ela estava
extremamente triste.
— Amiga… — Levantei-me da cama e a abracei.

— Eu vou sair e encher minha cara, é isso que vou fazer.


Afastei-me do seu corpo e comecei a tentar acalmar a situação.

— Você sabe que isso é errado, certo?

— Errado, foi eu pensar que podia ter um relacionamento com algum


garoto desta universidade.
Tentei pensar em algo para dizer a ela, não queria que ficasse daquele
jeito e fizesse algo impensado. Só que fui tirada dos meus pensamentos,
assim que ela disse:

— Você vai sair comigo, Kris!

— Eu, o quê?

— Isso mesmo que ouviu, você se tornou a minha melhor amiga,


nesses anos que vivemos juntas. Então, por favor, saia ao menos uma vez
comigo pra uma festa.
Seu pedido parecia estar repleto de mágoa. Eu sabia que nunca a
acompanhava nas festas, até porque não gostava daquilo, minha mente
sempre esteve voltada para a universidade, queria boas notas, queria ser
uma aluna referência, por isso, nunca havia pisado em uma festa.

Ainda mais que eu me sentia uma senhorinha, no corpo de uma


jovem, afinal, eu odiava ficar em pé, se fosse para um lugar completamente
cheio, eu preferia que tivesse ao menos um banco para me sentar.
— Tá bom, eu vou! — Arrependi-me no mesmo momento que
concordei com aquilo. — Mas, por favor, não fique bêbada.

— Eu bebo um pouquinho só. — Alice fez um gesto com o dedo


indicador e o dedão mostrando a quantidade que iria beber. No fundo eu
sabia que era mentira, ela beberia muito mais que aquilo.
Respirei fundo e sorri para minha amiga, que parecia estar motivada
naquele momento.

— Então vamos nos arrumar — murmurou.


Dando um pulinho no lugar. Parecia até mesmo que havia se
esquecido de Taylor naquele momento.
— Mas para onde vamos? — perguntei, porque não tinha ideia, para
qual lugar Alice queria ir.

— Terá uma festa acontecendo hoje, na Delta Sigma, então é para lá


que vamos.
Franzi meu cenho. Não podia ser algo menos escandaloso, do que
uma festa de fraternidade? Tinha certeza de que Alice queria me matar.

— É aberta para todos? — indaguei, desejando que não fosse.


— Não, só um grupo muito seleto estará lá, mas eu conheço a Katy e
ela me convidou e disse que eu poderia levar um acompanhante, seria o
Taylor, mas agora será você.

Deus, o que eu não fazia por uma amiga.


— Ok!

Alice foi para seu armário escolher sua roupa e eu fui fazer o mesmo
no meu. Nunca tinha ido a uma festa, mas provavelmente eu possuía roupas
para aquelas ocasiões.

Peguei um vestido preto, aveludado, com a manga mais larga que


batia até meu cotovelo. Ele tinha um cinto que prendia na cintura e batia no
meio das minhas coxas. Aproveitei para pegar um coturno da mesa cor do
vestido, porque se ia a uma festa, não calçaria um salto, para depois acabar
com meus pés.

Coloquei a roupa em cima da minha cama e fui para o banheiro


tomar banho. Lavei o cabelo e fiquei ao menos uns dez minutos embaixo da
água quente, tentando me manter controlada.

Com toda certeza Alice iria aprontar nessa festa, mas eu a


acompanharia. Era minha amiga e estava precisando de mim naquele
momento.

Assim que saí para o quarto, com uma toalha enrolada no corpo e
outra no cabelo, Alice entrou no banheiro para fazer o mesmo que eu. Tirei
a toalha do cabelo e o sequei com o secador.
Aproveitei para pegar o babyliss de Alice e ligá-lo para fazer
pequenas ondas em meu cabelo, que na maioria dos dias estava sempre
“lambido”.

Quando minha amiga saiu do banheiro sorriu para mim.

— Todas as mulheres da festa vão se sentir humilhadas depois de te


ver. Porra! Você é gata de cabelo liso, mas com essas ondas, puta que pariu!

Sorri para minha amiga, mas só terminei de arrumar o cabelo, sem


dizer nada, pois ela tinha aquela mania de querer elevar minha moral.

Depois peguei um lápis e escureci um pouco os meus olhos, para


realçar o azul neles. Depois passei blush nas bochechas e um batom marrom
para deixar meus lábios mais escuros.

Tirei a toalha, vesti uma calcinha de renda e peguei um sutiã. Ele


nem fazia par com a calcinha, mas eu não me importava, não iria ficar nua
na frente de ninguém mesmo.
— Está querendo seduzir alguém? — Alice perguntou, de onde
estava.

— Não! — respondi assustada pela sua pergunta.


— Ainda bem, porque a calcinha tá ótima, mas o sutiã com estampa
de florzinha acabou com todo o look.

— Ninguém vai olhar minha lingerie.


— Claro, você será a santa canonizada e tal.

Mostrei meu dedo do meio para minha amiga que caiu na gargalhada.

— Sua idiota! — brinquei.

— Você me ama.
— Sua sorte que amo mesmo.

Coloquei o vestido que tinha um caimento maravilhoso no meu


corpo, o coturno e por fim um brinquinho pequeno, nunca gostei muito de
usar brincos grandes.

Peguei minha bolsa pequena, em que caberiam somente meu celular,


cartão de crédito e algumas notas de dinheiro que estava levando. Afinal,
sempre fui muito precavida, já que não gostava de andar sem nenhum tostão
na carteira, nunca se sabia quando precisaria de algo.

Lembrei-me de passar o perfume, antes de murmurar:


— Estou pronta!

— Estou quase terminando, gata.

Alice usava um vestido de cetim vermelho, muito mais curto que o


meu. Se ela se abaixasse mostraria sua bunda. O salto fino era seu
companheiro naquela noite, o cabelo estava preso em um rabo de cavalo e o
batom vermelho estampava sua face.

Assim que sorriu para mim, acenou para a porta e eu segui para fora
do dormitório. Seguimos pelo corredor que levaria até o lado de fora,
descemos as escadas e só aí nos lembramos de chamar um Uber.
Ainda bem que não demorou muito para encontrarmos e depois de
três minutos estávamos dentro do carro do motorista de aplicativo.
Seguimos para a fraternidade e por sorte, não era muito longe, então, depois
de quinze minutos chegamos à casa.

Saímos do carro e do lado de fora era possível ouvir a música alta.


Percebi automaticamente que tocava Run BTS do BTS. Os coreanos haviam
ganhado o coração das pessoas e por onde você andava, passava por alguma
música deles.

Eu mesmo amava aqueles garotos, sem contar os doramas que


assistia, pois era uma viciada naquilo, os sul-coreanos tinham um espaço
grande no meu coração.

Passamos por um grupo de pessoas que estavam fora da casa e


quando entramos, senti o cheiro de fumaça, cerveja e suor espalhado pelo
ambiente.

A festa estava em polvorosa, pessoas dançavam, algumas se pegavam


parecendo que fariam sexo ali mesmo, na frente das pessoas. As luzes que
uma hora aumentava a tonalidade e em outra diminuía me deixaram um
pouco tonta.

Alice jogou os braços para cima e começou a dançar, enquanto


andava em meio às pessoas. Ela caminhou até Katy, a garota que ela
conhecia e me apresentou.

Percebi que aquele não seria um lugar que eu iria, as pessoas ali não
faziam o tipo de gente com quem eu convivia. Ainda mais por parecerem
esnobes demais.

Enquanto Katy pegava um copo vermelho, cheio de bebida, ouvi uma


onda de risadas vindas de um canto mais ao fundo da casa. Voltei meus
olhos naquela direção e percebi do que se tratava: era uma rodinha de
garotos, com algumas meninas penduradas em seus pescoços e depois de
observar bem, percebi que era o time de futebol americano que se
encontrava ali.

No entanto, minha atenção parou no homem tatuado, que estava com


uma de suas mãos espalmadas na bunda de uma garota, enquanto ele
enfiava sua língua até o fundo de sua boca.

Jason usava uma camisa de manga longa cinza, que deixava um


pouco de suas tatuagens escondidas, e uma calça jeans mais colada às coxas
grossas.

A garota parecia estar refém do seu beijo, pois esfregava seu corpo
no dele, como se quisesse que ele a fodesse ali mesmo. Talvez sentindo que
alguém o observava, Jason parou o beijo, deu um leve sorriso para a garota
e olhou para o lado, encontrando os meus olhos no mesmo momento.

Quando me viu, sorriu para mim e eu engoli em seco. Retribuí o


sorriso, mas voltei minha atenção para Alice e Katy que riam de algo que eu
não havia prestado atenção.

Naquele instante eu só tinha uma certeza. Não deveria ter vindo


àquela festa, porque depois de ver como Jason beijava aquela garota, senti
vontade de ser beijada daquele jeito.

Droga!

Era só o que me faltava, ficar com vontade de beijar um jogador.

Aquilo estava fora de cogitação e não iria acontecer.

Não iria mesmo.


CAPÍTULO 05

A música tocava no último volume, a galera se agitava e eu sabia que


a maioria terminaria transando em algum canto daquela casa. Assim como
eu iria fazer com Ava, a morena que rebolava sua bunda, no ritmo da
música que tocava e fazia questão de tocar no meu pau, fazendo com que
meu amigo endurecesse.

No entanto, desde que vi Kristen na festa, minha atenção estava


dividida com a mulher que estava louca para que eu a fodesse e a garota do
serviço comunitário.

— Vamos para o meu quarto, Jason? — Ava indagou.


Sorri de lado e ela levou sua mão para o meu pau, o que me deixou
ainda mais ligado.

— Vamos!
Ava pegou minha mão e começou a me puxar em direção às escadas,
no entanto assim que estava prestes a subir o primeiro degrau, meus olhos
acharam a loira novamente e percebi que ela estava encostada em um canto
e parecia que estava sozinha.

Quando a vi pela primeira vez, ela estava acompanhada de duas


garotas, uma eu sabia que era da fraternidade, agora a outra devia ser sua
amiga, então onde elas haviam se metido e deixado Kristen sozinha?

Estaquei no lugar e Ava olhou para trás, querendo entender o que eu


estava fazendo. Ela também era da fraternidade, por isso, eu sabia que não
podia fazer uma desfeita de fodê-la, mas ela podia esperar, certo?

— O que foi? — Levantou sua sobrancelha, enquanto me perguntava.

— Vai na frente, eu sei onde é seu quarto, agorinha subo.

— Não demora — comentou, enquanto passava a língua pelos lábios.

— Não vou.

E eu não iria mesmo, estava louco para foder, então não podia fazer
aquela maldade com meu pau.

Assim que ela subiu as escadas, desci o degrau que havia subido e fui
na direção em que Kristen estava.

Ela parecia alheia à minha aproximação, o que facilitou que eu a


olhasse sem que percebesse. Aquela garota era uma gostosa do caralho.
Tinha uma bunda generosa, que fazia uma curva grande sobre o tecido do
vestido que usava.

O vestido estava uma perdição, mostrando suas coxas deliciosas.


Parei ao seu lado e ela levantou os olhos da tela do celular.
— Para quem recusou meu convite para sair, você está bem festeira.
— Brinquei, abrindo um sorriso para ela.

— Eu também não sei o que vim fazer aqui — respondeu, meio


chateada.

— Está sozinha? — indaguei.

— Bom, eu vim com a minha amiga, mas ela foi dançar com um
cara, agora sumiu. Provavelmente fazendo o que você sabe que todos fazem
aqui.

Assenti, sem dizer nada. Enquanto, a gatíssima suspirava e parecendo


se lembrar de algo, voltou-se na minha direção e me questionou:

— Cadê a garota que estava com você?

E como eu não tinha nada a esconder, respondi, sem pudor.

— Provavelmente me esperando no quarto dela, sem roupa, porque


está louca para que eu a foda.

Kristen revirou os olhos e murmurou:

— Que nojo.

Sorri para ela e me aproximei mais, fazendo que ficasse encurralada


entre a parede e eu. Kristen teve que levantar seu rosto, já que eu era bem
mais alto que ela.

— Se quiser, posso te fazer companhia.


— Ô tatuado, não precisa, pode ir lá na garota que deve estar te
esperando.

Encarei seus olhos e levei a mão à sua cintura, invadindo um pouco


do seu espaço.

— Tem certeza? Você pode ser a garota que eu queira levar para o
meu quarto essa noite.

Kristen revirou os olhos.


— Sim, eu tenho certeza. Não quero nada com você.

Suas palavras serviam como socos, porque só foi falar, que eu me


afastei já que não iria obrigar ninguém a ficar comigo.

— Tudo bem! Então fique aí, mas se quiser posso te levar em casa,
sem segundas intenções.

Daquela vez ela me olhou interessada. Mas depois de pensar um


pouco mais, colocou uma de suas mãos sobre o meu peito e se aproximando
do meu ouvido disse:

— Obrigada, mas pode ir. Existe Uber para isso mesmo.

— Garota difícil.
— Eu sou!

Afastei-me de Kristen, dei uma piscadinha e lhe dei as costas. Já que


não queria nada comigo, iria me afundar em Ava, porque assim eu não
ficava sem sexo aquela noite.

Assim que subi as escadas, procurei pelo quarto da garota e quando


encontrei, abri a porta e ela estava sem roupa, com as pernas abertas, sobre
a cama.
Sorri de lado e estava pronto para me fartar com ela.

Ava ainda estava ofegante, quando retirei o preservativo e o joguei no


lixo. Olhei para a garota, que estava com partes do corpo vermelha, devido
as minhas mordidas, chupões e alguns tapas e sorri para ela.

— Foi ótimo, gata.

Vesti minha boxer, depois o resto da roupa, enquanto ela ainda estava
deitava me observando.

— Se quiser pode dormir aqui, Jason.


— Você sabe, não durmo com ninguém e essa foi nossa única vez.

Dei-lhe uma piscadinha, vesti minha roupa e depois de pegar meu


celular e a chave do carro, saí do quarto, deixando a garota ainda pelada na
sua cama. Bem que eu tinha vontade de alguma vez dormir com alguém,
mas sabia que nunca poderia fazer aquilo.
Não estava pronto para ter o sangue de outra pessoa nas minhas
mãos. Desci as escadas, a música ainda bombava. Olhei para o lugar que
havia conversado com Kristen, mas ela não estava mais ali.

Já passavam das três da madrugada e Jacob e Alex já estavam mais


bêbados que o normal.

— Vamô embora — anunciei, afinal eu era a carona deles.

— Pode ir cara, vamos passar a noite aqui, com as garotas.


Eles sempre dormiam com as meninas que transavam. Assenti e me
despedi de todos, saí da casa, já que não precisava ficar mais ali. Já havia
transado, nada mais me importava naquele lugar.

Quando cheguei na calçada e comecei a caminhar em direção ao meu


carro, observei que a garota que me recusava ainda estava ali.
Kristen batia o pé insistentemente na calçada e olhava para a tela do
celular. Parecia um pouco irritada.

— Preferiu ficar na festa? — perguntei, me aproximando dela.

Ela me olhou e fez uma careta.

— Não é como se eu tivesse escolha, não consigo achar ninguém


nessa merda de aplicativo e Alice foi para a casa do cara que ela… Enfim,
não vou caminhar até o dormitório, tenho amor à minha vida.
Ela parecia um pouco frustrada.

— Viu, se tivesse ido para minha casa, estaria segura.

Kristen sorriu de lado e indagou:

— Você só pensa em sexo?


— E quem não pensa? — retruquei.

— Eu?!
Soltei uma gargalhada e respondi:

— Só se nunca tiver provado para ser tão tranquila em relação a isso.

Impliquei e esperei que falasse algo, mas ficou em silêncio e voltou a


encarar a tela do celular.

Ah, não! A bochecha dela estava corando, não podia ser.


— Não vai me dizer que você nunca fez…

— Isso não é tudo na vida, Jason.


Continuou encarando a tela do telefone, enquanto não achava
nenhum motorista.

Aproximei-me dela, levei meus dedos ao seu queixo e levantei seu


rosto.

— Sério que você é virgem?

Kristen engoliu em seco e assentiu, tirei minha mão do seu queixo,


em choque, enquanto ela falou:

— Não é para espalhar para a universidade inteira.

— Nunca faria isso — falei, ainda sem acreditar que aquela garota
era virgem. Puta que pariu!
Meu pau ficou duro novamente e ele tinha acabado de se saciar com
Ava. Fechei meus olhos e respirei fundo para me acalmar.

— Quer uma carona? Você me fala onde é seu dormitório e eu te


levo, já que sua amiga te abandonou.

— Eu não vou transar com você — murmurou curta e grossa.

— Tudo bem! Não precisa. Não sou esse monstro que você prega.
Ela cerrou o cenho e me encarou.

— Você não está muito bêbado, né? Porque não ando com quem bebe
e dirige.

Engoli em seco e fechei minhas mãos em punho.

— Eu não bebo.

Aquela informação pareceu pegá-la completamente de surpresa.

— Sério?

— Sim! — Dei de ombros. — Viu, revelações de cada uma das


partes.

Kristen abriu um sorriso lindo, que a deixava com a expressão


angelical e assentiu.
— Eu aceito a carona.

Sorri e indiquei que me seguisse. Logo estávamos dentro do meu


carro. Kristen já tinha me dito onde era seu dormitório e eu comecei a
seguir na direção do lugar.

Enquanto dirigia, ela mexeu no som do carro, colocando em uma


rádio que tocava umas músicas que eu não tinha ideia de quem cantava,
mas sabia que nas festas sempre tocava aquele estilo de música.

— Amo essa música — comentou.

— Essa é uma daquelas bandas coreanas?

— Sim, e se fala K-Pop, são as meninas do BlackPink e essa música


é How You Like That.

— Já percebi que você é uma dessas viciadas — impliquei.


— Não diria que é um vício, mas uma paixão. — Defendeu-se, o que
me fez gargalhar.

— Entendi!

Assim que parei o carro em frente ao dormitório, Kristen me encarou


e sorriu.

— Obrigada pela carona!

— Por nada, se precisar, saiba que é só me chamar.

— Eu não vou precisar, porque não vou inventar de ir a outra festa.

Assenti e me surpreendendo, Kristen beijou meu rosto e se afastou.

— Nos vemos por aí, tatuado.


Fiquei observando enquanto saía do carro e ia em direção à entrada
do dormitório. Ela acenou, antes de sumir da minha visão.

Que garota… difícil!

E eu a queria na minha cama… virgem… a delícia era virgem… que


perdição.

Merda!
CAPÍTULO 06

Nunca mais inventaria de ir a uma festa, sério, aquilo não era para
mim. Não que Alice estivesse errada, ela tinha que aproveitar, mas aquilo
não era para mim.

Não fiquei chateada com minha amiga de ter ido para a casa de um
cara qualquer, estava com raiva de não ter achado um meio de transporte
para ir embora e acabei aceitando uma carona do cara mais improvável da
história.

Jason Lennox!
Abri meus olhos ao me lembrar da forma que ele me olhava na noite
passada. Já passavam das dez, em um domingo que prometia ser um dia
agradável, já que o sol irradiava do lado de fora.
Levantei-me da cama com um pouco de esforço, já que estava
cansada da noite anterior. Como não estava acostumada a sair para festas,
me sentia exausta.

Arrastei-me até o banheiro, tomei uma chuveirada, me lembrando de


que havia deixado a toalha no quarto. Voltei toda molhada, deixando
pegadas pelo chão. Depois de me enxugar e colocar um macaquinho branco
e pegar um casaco fininho, só para combater o vento que poderia estar
fazendo, enxuguei o chão e calcei um tênis.

Precisava comer. Por isso, iria em alguma lanchonete ali perto. Saí do
quarto e caminhei até o lado de fora. Aproveitando para mandar uma
mensagem para Alice, avisando que havia saído.

Ela com toda certeza não voltaria tão cedo.

Fiquei olhando a tela do telefone, enquanto passava o dedo


lentamente pelo aparelho, estava verificando meu instagram. Algumas
notificações de novos seguidores e assim que vi quem havia começado a me
seguir, sem querer sorri.

O tatuado havia começado a me seguir há três minutos. Sem resistir,


entrei no seu perfil. Tinha várias fotos com o uniforme do Florida Gators,
mas também diversas sem camisa, mostrando todo o corpo tatuado.

Mordi meu lábio inferior, reparando no físico do jogador. A barriga


era tão sarada que quase me fazia salivar, os braços fortes demais. Nunca
fui uma pessoa que achava aquele estilo de homem sexy, cheio de tatuagens
e músculos em excesso, só que não sabia o que estava acontecendo com
meus gostos, porque eu não podia ir contra o que estava vendo.

Jason era um gato do caralho e talvez ele fizesse qualquer pessoa ter
pensamentos pervertidos com ele. Subi as fotos e cliquei no botão de seguir,
iria retribuir o gesto, já que ele tinha sido legal na noite passada.

Saí do aplicativo, travei a tela do celular e comecei a caminhar mais


rápido, porque a fome estava mais feroz. Depois de caminhar uns quinze
minutos, cheguei à lanchonete que estava lotada em um domingo de manhã.
Pelas roupas das pessoas, aquilo significava que saíram direto da
festa para tomarem café. Uma onda de risadas chamou minha atenção e
claro que meu destino só podia estar me zoando. Já que novamente
encontrei Jason, no meio de tantas pessoas.

Por sorte ele não me viu. Entrei na fila de pedidos e quando chegou
minha vez, pedi bacon com ovos para a viagem e um cappuccino.

Depois de pagar, fiquei aguardando em um lugar, que não ficava


muito às vistas. Não queria chamar atenção do jogador.

Eu só podia estar me achando. Claro, que depois de tantos foras ele


pararia de correr atrás de mim, então não precisava ficar “escondida”.

— Kristen. — O atendente chamou meu nome, avisando que o


pedido estava pronto.

E eu vi o momento exato que assim que meu nome foi pronunciado,


o tatuado olhou na direção do balcão de retirada e me encontrou. Desviei os
olhos rapidamente, caminhando até o balcão e pegando o saco de papel com
meu lanche.

— Obrigada! — Agradeci à moça que entregou meu pedido e


comecei a andar para fora da lanchonete.

Ele tinha me visto, então como não sabia qual seria sua reação, era
melhor sair dali o quanto antes.
Assim que pisei na calçada e dei dois passos, ouvi aquela voz grossa
atrás de mim.

— Obrigado por me seguir!


Girei meu corpo, mas permaneci no mesmo lugar.

— Você seguiu primeiro — respondi, tentando sorrir.


Será que ele não cansava de levar foras?

Jason sorriu de lado, fazendo com que minhas pernas dessem uma
leve fraquejada por um simples sorriso.

Naquele dia, ele estava com uma bermuda preta, tênis e uma camisa
branca de manga curta.

— Bom, vou indo! Estou com fome.


— Quer carona? — perguntou, dando um passo na minha direção.

Neguei, mas achei por bem responder:

— Você está com seus amigos, não é legal deixá-los, só para me dar
uma carona.

Jason deu de ombros e murmurou:


— Foda-se, você vem primeiro.

Seus olhos claros, que eu ainda não tinha decidido se eram verdes ou
castanho-claros, me encararam com uma intensidade tremenda.

— Jason, eu já disse que não vou ficar com você — murmurei,


mordendo meu lábio, o que chamou sua atenção para ele.

— Kristen, eu posso te dar uma carona sem intenção de te pegar. Não


posso?
Respirei fundo e assenti.

— Pode, desculpa é que sua fama…

— Eu sei, sou um cafajeste, não nego e mesmo que eu queira muito a


sua boca na minha, mesmo que eu esteja louco para morder o seu lábio,
como você está fazendo nesse momento, sei respeitar a decisão de uma
mulher. Então, aceita a carona, só como… — Ele pensou na palavra. —
amiga?

Ah, Deus! Por qual motivo meu corpo esquentou com as suas
palavras? Que inferno! Será que ele poderia ser menos gostoso?

— Amiga… ok, aceito! As duas coisas, carona e amiga — respondi,


dando uma leve gaguejada.

O que fez o sorriso de Jason aumentar, ele acenou na direção do seu


carro que estava do outro lado da rua. Fiz menção de atravessar, mas no
instante que pisei no asfalto, senti meu braço ser puxado de uma vez.
Jason me encostou em seu corpo, no momento que uma caminhonete
passou em alta velocidade. Como não percebi que um carro estava vindo
em minha direção?

— Só quem pode te atropelar sou eu — brincou. Ainda segurando


meu braço.

Olhei por cima do ombro, meio assustada e Jason indagou:

— Tudo bem?
— Tudo, eu nem percebi que o carro estava vindo.

— Tenho o poder de fazer as pessoas não prestarem atenção em mais


nada a não ser em mim.
— Credo, seu ego é tão grande!

— Eu sou todo grande, gata. — Me deu uma piscadinha que me fez


revirar os olhos.

Jason soltou uma gargalhada com minha reação e me conduziu até


seu carro.

Abriu a porta, sentei-me no banco do carona e logo ele já estava atrás


do volante, dando partida no carro e seguindo em direção ao meu
dormitório.

— Pode colocar aquelas músicas ruins que você gosta de ouvir —


murmurou.

Dei um gole no meu cappuccino e o encarei de soslaio.


— Eu gosto de música boa, seu gosto que deve ser meio duvidoso. —
Empinei meu nariz ao responder.

— Eu gosto de música de verdade, não essa coisinha de boy band.

— Machista! — acusei.

Jason abriu a boca, como se estivesse se sentindo ofendido.


— Agora você acabou comigo, nunca fui machista.

Soltei uma gargalhada, porque ele parecia realmente ofendido.

— Estou pegando no seu pé, Jason.

— Que bom, gata!


Acabou que minha barriga roncou, fazendo meu rosto esquentar no
mesmo momento. Jason soltou uma gargalhada e disse em meio ao riso.

— Come sua comida, antes que você desmaie aí.


Tirei o pote de isopor de dentro do saco de papel, peguei a colher
descartável e comecei a devorar meu ovo com bacon.

— Quer? — indaguei.
Jason negou e indagou:

— O que você faz em um domingo?


Franzi meu cenho com sua pergunta e pensei no que fazia.

— Bom… costumo ficar no meu quarto, assistindo alguma série ou


filme. Não tenho muito o que fazer.

Jason estalou a língua e murmurou:

— Se eu te chamar para passar o domingo comigo, vai pensar que


estou pensando em perversão?

Sorri e tomei mais um gole do meu cappuccino e no mesmo


momento, Jason parou em frente ao meu dormitório.

Olhei para ele com a cabeça ainda encostada no encosto do sofá.

— Você não tem jeito, né?

Jason deu de ombros e me encarou do mesmo jeito, sem desligar o


carro.
— O que você tem em mente? — perguntei, encarando os olhos dele,
que tive certeza de que eram verdes.

— Bom, marquei de ir com meus amigos, para Ginnie Springs, se


quiser, você pode ir com a gente.

Ginnie Springs era um conjunto com sete nascentes de águas


cristalinas, que fazia parte de um complexo privado, muito disputado na
Flórida.

— Vocês conseguiram vaga?

— O pai do Jacob é sócio, então, é mais fácil para entrarmos.

Fiquei encarando Jason, enquanto ele também fazia o mesmo


comigo. Eu tinha completa noção de que se aceitasse aquele convite, talvez
não ficássemos somente na amizade.
Passei minha língua pelos meus lábios e querendo fugir um pouco da
minha monotonia, respondi:

— Tudo bem! Tenho que colocar uma roupa de banho?

— Se você quiser entrar na água, é melhor, senão pode ficar com


vontade e ter que molhar sua roupinha.

Sorri para Jason e ele retribuiu o sorriso.

— Você vai esperar eu me trocar?

— Claro! — sussurrou e só naquele momento, que ele desligou o


carro, sem desviar seus olhos dos meus.

— Já volto! — Fiz menção de sair, mas parei e me virei para Jason,


sussurrando em seguida: — Sou amiga, tá bom?

— Amiga!
Ele fez um joinha para mim e eu saí do carro. Levando o restante do
meu café da manhã comigo.

Eu não tinha ideia do que estava fazendo, mas pela primeira vez, em
todo o meu tempo de faculdade resolvi agir de forma diferente.
Iria viver sem me preocupar ao menos uma vez… e depois lidaria
com as consequências.

Só esperava que elas não fossem catastróficas.


CAPÍTULO 07

Quando Kristen voltou, com a mesma roupa, pensei que tinha


mudado de ideia, mas assim que reparei bem, percebi a alça de um biquíni
surgindo por baixo da roupa.

A garota abriu a porta do SUV e sentou-se ao meu lado, reparei


também que uma bolsa a tiracolo surgiu, já que ela não estava usando antes.
Colocou o cinto e olhou para mim.

— Estou pronta.

— A primeira mulher que vi se arrumar tão rápido — brinquei.

— Não sou esse tipo de pessoa que demora séculos pra se arrumar.

E naquele momento resolvi ousar. Era certo que não tentaria nada
com ela, mas se Kristen quisesse eu a levaria para minha cama, sem sombra
de dúvidas.

— Até porque você não precisa, já que é linda.

Senti os olhos dela sobre mim, mas continuei olhando para a frente,
pois ainda não havia encontrado nenhum sinal fechado para poder parar e
encará-la.

— Se você acha que com elogios vai me levar para cama, está
enganado.

Soltei uma gargalhada.

— Droga, pensei que com o meu papinho você cairia — brinquei,


mas eu sabia que tinha um fundo de verdade.

— Vai sonhando, tatuado.

Gostava de ser chamado daquele jeito, ninguém nunca tinha me


chamado por um apelido tão óbvio, então ser chamado assim por ela era
legal.

Parei em frente à lanchonete que meus amigos estavam me esperando


e assim que Alex e Jacob viram a menina ao meu lado abriram seus sorrisos
zombeteiros.

— Vai começar — comentei.

— Se eu soubesse que podíamos trazer garotas para o nosso encontro


de brothers, eu também tinha vindo com uma acompanhante. — Alex,
sentou no banco atrás do meu e deu um chute na direção das minhas costas.

Kristen olhou trás, enquanto Jacob e Alex colocavam seu cinto.

— Acho que estou atrapalhando algo — comentou, meio sem graça,


depois do comentário do meu amigo.
— Ele tá enchendo o saco, Kristen — avisei. Olhei para os dois
idiotas e disse: — A Kristen também é uma brother.

Alex e Jacob gargalharam e Jacob respondeu:

— Meu amigo, ela tem peitos e uma bunda maravilhosa, com toda
certeza ela não é uma brother.

Kristen se afundou no banco, completamente envergonhada.


— Não liga pra esses idiotas — comentei, olhando feio para meus
amigos.

Alex me mostrou seu dedo do meio e eu me voltei para a frente,


dando partida no carro e seguindo para Ginnie Springs. Demorava mais ou
menos quarenta minutos para lá e fomos conversando amenidades.

— E você Kristen, gosta de que tipo de garota?

Novamente os idiotas estavam pegando no pé dela.

— Jacob, eu não tenho nada contra gostar de garotas, mas eu não


gosto delas — respondeu sem dar muita importância.

— Ah, pensei que gostasse de boceta, pra estar com a gente em um


encontro de brothers. — Foi a vez de Alex abrir a boca.

— Talvez eu desça os dois do meu carro, para pararem de torrar o


saco da Kristen.

Olhei rapidamente na direção dela, que estava olhando a paisagem


enquanto eu dirigia.

— Se eu soubesse que seria assim, tinha ficado no dormitório.

Mesmo que tivesse falado baixinho, eu consegui escutar e tinha


certeza de que os babacas também, pois ficaram um pouco sem graça e vi
pelo retrovisor eles se encararem.

— Gata, estamos brincando, não tem problema ir com a gente. —


Jacob tentou quebrar o clima, mas já haviam irritado a menina, eu
conseguia perceber quando ela não respondeu nada.

Pegou o celular e ficou mexendo no aparelho sem dizer mais nada.

O resto do caminho foi um saco, um silêncio mortal dentro do carro.


Quando chegamos, estacionei no lugar de costume e saímos do carro, mas
Kristen continuou do lado de dentro.
— Vocês magoaram a garota — rosnei, contornando o carro.

Abri a porta e Kristen me olhou.

— Tô chamando um Uber, eu posso esperar aqui?

Senti o choque passar por todo o meu corpo. Se eu não a tivesse


chamado, não importaria que fosse embora, mas eu a convidei e sabia muito
bem que aqueles idiotas a haviam chateado.
— Olha, não liga pra eles, de verdade. Vem, vamos curtir, você
colocou até um biquíni. — Ela só ficou me encarando e eu não vi outra
escolha a não ser fazer um biquinho: — Por favor?

E pela primeira vez, depois que havia se chateado ela abriu um


sorriso.
— Eu nunca imaginaria em toda a minha existência que um cara de
provavelmente 1,90 de altura, cheio de músculos e tatuagem, faria um
biquinho tão manhoso.

Estendi minha mão para ela, desfazendo o bico e sorrindo de lado.


— Tenho 1,92. Vem, prometo que eles são legais. E não vão fazer
mais merdas.

Tirei meus olhos de Kristen rapidamente para ver onde os idiotas


estavam e eles aguardavam ansiosos para entrar.

— Prometam pra ela, que não vão ser idiotas — gritei.

— Nós prometemos, Kristen! — Gritaram como se estivessem


fazendo uma oração.
Kristen cancelou o Uber, aceitou minha mão e saiu do carro.

— Eles realmente me fizeram ficar sem graça.

Não soltei a mão de Kristen, que aproveitou para entrelaçar seus


dedos nos meus.

— Não vão cometer essa mesma idiotice de novo.


Ela sorriu e continuamos caminhando, depois passamos pela entrada
do local sem sermos barrados e caminhamos até o lugar de costume que
costumávamos ficar.

Quando chegamos ao pequeno chalé que sempre ficávamos, com a


vista para os lagos completamente azuis cristalinos, Kristen parou para
observar ao redor.
— Aqui sempre me impressiona.

Os meninos entraram no chalé antes da gente, já que Kristen


continuou segurando minha mão e eu não iria fazê-la soltar de jeito
nenhum.

— Já podemos entrar? — indagou, me encarando com seus olhos tão


azuis quanto as águas que estávamos vendo.
— Só precisamos tirar a roupa. — Sorri para ela e passei meus olhos
por seu corpo.

— Você é um tarado, Jason.

— Não disse nada demais, sua pervertida.

Puxei Kristen para dentro do chalé e já encontramos os idiotas,


somente de sunga.
— Kristen, desculpa por ser imbecil — Jacob murmurou. — Temos
toalhas no último quarto, pode se trocar lá e daqui a pouco vamos ter
aperitivos, já que algum funcionário traz pra gente.

— Tudo bem! — Kristen respondeu e só naquele momento que


largou minha mão. — É por ali? — Indicou o quarto e nós três assentimos.
Ela caminhou para lá, com aquela bundinha empinada, no pequeno
macacão que usava. Quando entrou no lugar, fechou a porta e tirou minha
visão dela.

— Vocês são uns imbecis — sussurrei.

— Ah, estávamos brincando, cara — Alex murmurou.

— Jacob e eu vamos andar de caiaque, vai querer?


Neguei, porque eu não sairia do lado daquela menina para nada.

— Já imaginávamos.

Eles fizeram uma careta e saíram do chalé me deixando para trás.


Aproveitei que estava sozinho, para tirar minha camisa e a bermuda,
ficando somente de sunga.

Quando a porta do quarto foi aberta, olhei por cima do ombro e puta
que pariu, com toda certeza eu não sabia mais como respirar. Passei meus
olhos por todo o corpo de Kristen e pedi aos céus, para que eu tivesse forças
para resistir àquela garota.

— Uau! — Ouvi sua voz e só assim percebi que tinha fechado meus
olhos.
— O quê? — perguntei, virando-me de frente para ela.

— Acho que você precisa colocar uma bermuda.


A informação me pegou de surpresa.

— Estou tão irresistível assim, amiga?

Pensei que ela reviraria os olhos como estava acostumada, mas me


pegando ainda mais de surpresa, respondeu:

— Está!

Passei meus olhos novamente pelo seu corpo, encarando o biquíni


preto que ela usava, que fazia um contraste infernal com sua pele. Não me
passou despercebida uma mancha arroxeada na sua cintura, mas no
momento eu não conseguia pensar em mais nada, que não fosse naquela
garota deitada em uma cama, enquanto a fodia.

— Acho melhor eu ir pra água.

Dei as costas para Kristen e caminhei em direção à água cristalina.


Precisava me manter afastado dela, se não, eu poderia nem responder pelos
meus atos.

Pulei dentro do lago e quando submergi, vi que Kristen descia os


degraus da pequena ponte que levava para o lago.

Assim que colocou o pé na água fez uma careta, provavelmente por


sentir que a água estava um pouco fria. Fiquei observando um pouco
afastado enquanto ela entrava no lago.

Quando estava tapada com água até os seios consegui me aproximar


novamente.

— Então estou irresistível — impliquei, percebendo que minha voz


havia voltado ao normal.

— Sabia que iria ficar convencido.


— Meu ego é grande, você sempre me lembra disso.

— Ainda bem que você está ciente — respondeu se aproximando um


pouco mais de mim, não tanto, mas o suficiente para que eu pudesse notar a
mancha roxa novamente em seu corpo, mesmo que estivesse submergida.

— O que é isso? — apontei para o local.

Os olhos de Kristen encararam a mancha e ela fez uma careta.

— Talvez seja culpa de quem me atropelou.

— Porra! Você tá falando sério? Não acredito que te machuquei, que


inferno!

Ela soltou uma risadinha, trouxe uma de suas mãos até meu rosto e
afagou minha bochecha.

— Fica tranquilo, nem dói mais.


— Não vou me perdoar por ter te ferido.

Kristen mordeu o lábio inferior, se aproximou novamente de mim e


daquela vez, fui obrigado a engolir em seco, já que ela estava muito perto…
perto demais!
Será que ela não entendia, se ficasse assim, seria difícil para eu
resistir.

— Se perdoa, eu já te perdoei — sussurrou. — E estou prestes a fazer


algo que nunca pensei que faria, na verdade, acho que a culpa é sua, por ser
tão gostoso. Eu provavelmente vou me arrepender, mas é isso…

Kristen se aproximou mais de mim, levou sua mão que estava em


minha bochecha para minha nuca e puxou minha cabeça na direção da sua.
Quando menos esperei sua boca grudou na minha.

Puta que pariu!


Se ela queria brincar… eu brincaria e dançaria conforme ela
conduzisse aquela dança que estávamos iniciando.
CAPÍTULO 08

Sua boca engolia a minha com vontade, suas mãos pararam em


minhas costas e me prenderam em seu corpo. Levei as minhas para a sua
nuca e entrelacei meus dedos em seu cabelo.

Sua língua brincava com a minha, e eu me senti desejada por Jason.

Sinceramente, eu não sabia o que tinha dado em mim, sei que


enquanto tirava minha roupa, senti uma vontade tão grande de beijá-lo e
quando o vi somente de sunga não resisti.

Eu não era nenhuma puritana, podia ser virgem, mas puritana não. Já
tinha sentido desejos por homens, vários na verdade, e ver Jason daquele
jeito sexy, com sunga preta, tapando o único lugar que não havia tatuagem,
me deixou meio inebriada.
Jason desceu sua boca pelo meu queixo e foi descendo ainda mais
sua língua pelo meu pescoço. Por sorte, no lugar que estávamos não tinha
ninguém, pois quando chegamos vi bastante gente em outras partes do lago.

Jason baixou suas mãos para minha bunda e impulsionou meu corpo
para cima. Entrelacei minhas pernas na sua cintura, voltando a beijar sua
boca deliciosa.

Senti o membro de Jason ficar duro, mesmo naquela água gelada,


pude perceber que ele era bem-dotado. Seu membro se encostou na minha
bunda e eu soltei um gemido.

O que fez Jason se afastar de mim, me colocar no chão de areia do


lago e ir para mais longe de mim. Fiquei encarando-o sem entender o
motivo do afastamento abrupto.

— O que foi? — questionei. — Você queria tanto me beijar e agora


está correndo? — impliquei.

Pude ver seu sorriso sacana, mesmo que ele olhasse para cima,
encarando o céu.

— E eu não sabia que iria reagir como um garoto de quinze anos


virgem. Você me deixou numa situação aqui, então preferi me afastar, já
que não quero que você pense que estou fazendo nada disso para te seduzir
e te levar pra cama.

Retribuí seu sorriso, quando ele por fim, me encarou.

— Sei que não está tentando nada disso, até porque você nem tentou
me forçar a nada, sou eu que estou louca para te beijar.

— Puta que pariu! Não fala assim, que eu vou aí e te agarro, garota
gostosa.
— Então vem, estou esperando.

Vi a expressão de Jason mudar e eu podia dizer que estava


enxergando um lobo caçando sua presa e naquele momento, o que ele
queria era somente meu corpo, minha boca, eu completamente.
Quando sua mão puxou minha cintura, fazendo meu corpo se chocar
com o seu, sua boca já estava tomando a minha.

Jason apertou minha cintura com força, fazendo com que eu soltasse
outro gemido. Desceu as mãos pela minha bunda e novamente me puxou
para cima. Entrelacei minhas pernas em seu corpo, enquanto sentia que ele
caminhava comigo pelo lago, até que senti o encosto da escada que descia
para a água, batendo em minhas costas.

Jason não parou de me beijar em nenhum momento e não pude negar


que estava ficando excitada com aquele beijo. Soltei um gemido, quando
ele me apertou mais forte contra o seu corpo.

Afastou sua boca da minha, para passar sua língua pelos meus lábios
até descê-la pelo meu pescoço. Jason deu um leve chupão na minha pele,
que me fez arrepiar.

— Você é uma gostosa do caralho — murmurou.

Voltando a boca para minha. Soltou minha bunda e subiu suas mãos
para se entrelaçarem em meus cabelos e grudar meu rosto mais no seu.
Jason me beijou com vontade, eu sentia o desejo em cada uma de suas
investidas em minha boca. Ele parecia me devorar, me tomar inteira para
ele com apenas um beijo.

Retribuí da mesma maneira, porque beijá-lo se provava a cada


segundo ser muito gostoso. Seu beijo era quase um oásis no meio do
deserto.
Afastei-me dos seus lábios e sussurrei:

— Talvez o que dizem de você, seja verdade…

Abracei seu pescoço e depositei um beijo na curva do seu ombro,


percebendo sua pele arrepiar. Mesmo com as tatuagens era possível
enxergar cada pelinho do seu corpo eriçado.

— O que é verdade?
— Que você enfeitiça as mulheres, por isso, é tão difícil resistir a
você.

Mordi o lóbulo de sua orelha, enquanto ouvia um rosnado escapar da


boca de Jason.

— Te enfeiticei?

— Só pode ter sido, para que eu sentisse essa vontade louca de te


atacar. — Mordi meu lábio inferior, ao escutar as palavras que saíam da
minha boca.
Jason se afastou e me encarou, com seus olhos tão profundos, que
quase me derreti ali mesmo, só pela forma quente que me olhava.

— Então talvez eu esteja viciado nessa boca deliciosa, porque já


quero pegá-la para mim novamente.
Aproximei-me dele e quando encostei meus lábios nos seus, ouvimos
algumas conversas um pouco mais atrás de nós.

Afastei Jason e olhei por cima do ombro. Era Alex e Jacob voltando
com o caiaque, que eu nem sabia que eles haviam pegado. Sentindo um
pouco de vergonha, desci minhas pernas da cintura de Jason e ele percebeu
que eu não ficaria à vontade com seus amigos ali.
— Tudo bem, depois continuamos essa nossa conversa — murmurou.

Afundou-se no lago e nadou para longe de mim.

Senti minhas bochechas esquentarem, por pensar no que tinha feito.


Depois levei meus dedos aos meus lábios e dei um pequeno sorriso.

Não menti quando disse sobre o feitiço de Jason, porque era daquela
maneira que eu me sentia. Mesmo sabendo que não podia ficar assim, pelo
quarterback dos Gators, já que sua fama era bem clara.
Mulheres para Jason Lennox, eram como objetos… Sempre usava
uma diferente em cada dia. Assim que ele submergiu ao lado do caiaque dos
amigos, eu os ouvi soltando algumas piadinhas infames.

— Deixou a gata de lado e veio nos atrapalhar? — Ouvi Jacob,


brincar.
— Ela está bem ali. — Não vi se ele fez algum gesto, mas preferi sair
de trás das escadas, para que os garotos pudessem me ver.

Acenei, meio envergonhada, na direção deles. Que ficaram com


sorrisinhos zombeteiros para mim.

Fui obrigada a revirar os olhos e eles caíram na gargalhada. Jason


virou o caiaque, fazendo com que os dois caíssem na água e foi minha vez
de gargalhar.

— Viu, seus idiotas — murmurei.


Subindo os degraus da escada e saindo do lago, porque mesmo que o
sol estivesse a pino, a água estava gelada e eu já não queria ficar ali, sem
Jason por perto.
— Nossa, até eu traria uma gata dessas para o passeio de brothers —
Alex gritou e eu mostrei o dedo do meio para ele.

O que fez os três imbecis ficarem sorrindo à minha custa. Entrei no


chalé, peguei uma toalha e me enxuguei. Enrolando-me no tecido, para não
ficar tão exposta com meu corpo, perto daqueles três safados.
Assim que me sentei em um dos bancos que ficavam do lado de fora
do chalé, uma funcionária do lugar, surgiu com uma bandeja recheada de
churrasco, com alguns outros petiscos.

— Olá! — Cumprimentou-me, assim que deixou a comida em cima


de uma mesa, perto de onde eu estava.

— Oi! — Acenei para ela, que não demorou muito para se afastar e
me deixar novamente curtindo aquele momento tranquilo.

— A comida chegou — gritei, para os três que pareciam não ter


percebido.
— Obá! — Gritaram de volta e começaram a sair do lago.

Jacob me jogou um pouco de água que estava escorrendo da sua mão


e eu o olhei feio. O garoto foi para dentro do chalé e logo voltou com três
cervejas e uma lata de refrigerante.

Ofereceu-me a cerveja e eu neguei.

— Também não bebe?


— Não gosto. Acho uma bebida muito intragável para ser ingerida.

Jason abriu a latinha de refrigerante e me estendeu.

— Vou pegar uma pra mim.


— Então, é verdade que você não bebe álcool — comentei,
levantando-me do banco e o seguindo para dentro do chalé.

— Você achou mesmo que eu menti ontem?


— Sei lá! Garotos como vocês amam uma cerveja e outros
destilados.

— Só que eu não sou como os outros.


Fechou o frigobar, voltou-se na minha direção e me deu uma
piscadinha. Puxou minha cintura, fazendo com que eu me aproximasse dele
e depositou um beijo rápido na minha boca.

— Eu acho que quem foi enfeitiçado fui eu — comentou, ao se


afastar.

— Não pode mentir — respondi lhe dando outro selinho.

— Garota, você tem que ter ciência, que eu não minto.

A intensidade que me olhava, deixou meu corpo formigar. Talvez eu


pudesse cometer alguns erros na minha vida, mas naquele momento, eu só
pensava em como seria bom devorar Jason Lennox.

Como eu pude cair naquela armadilha?

Não tinha resposta para aquilo, só sabia dizer que da noite para o dia,
eu comecei a desejar o quarterback do Florida Gators.
CAPÍTULO 09

Tinha acabado de deixar meus amigos em casa e estava levando


Kristen para o dormitório.

Olhei de esguelha para ela, percebendo que balançava a cabeça e os


ombros conforme a música Flowers de Miley Cyrus tocava no rádio.

— O dia foi bom — comentei.

Kristen parou de se movimentar e murmurou:

— Foi mesmo, nunca pensei que passando um domingo improvável,


com pessoas mais improváveis ainda, pudesse me divertir tanto.

— Viu? Eu tenho o poder da felicidade.

Dei uma leve piscadinha para ela e sorri no mesmo momento que
parava em um sinal.
— E seu ego te faz ser um idiota — brincou, me dando um tapa leve
no braço.

No entanto, Kristen não tirou sua mão do meu braço. Surpreendendo-


me, ela começou a passar seus dedos pelas curvas do meu bíceps.

— Você é realmente forte.

— Acho que você viu bem o meu corpo no lago, para saber que não é
só meu braço que é forte.

Kristen revirou os olhos e um carro que estava parado atrás do nosso,


buzinou, nos tirando dos devaneios e fazendo com que eu me
movimentasse, já que o sinal tinha aberto.

Sua mão se afastou do meu braço e respirando fundo, indaguei:


— Quer sair comigo mais vezes?

— Você tá me chamando pra sair, só porque não fui para a cama com
você? — retrucou.

Devido a minha fama, entendia a sua pergunta.

— Na verdade, gostei da sua presença hoje, então, só estou te


convidando para sair comigo e não para ir pra minha cama, gata.

Parei o carro em frente ao seu dormitório e o desliguei. Ajeitei-me no


banco do carro e voltei meus olhos para a garota ao meu lado.

— Sair pra onde?

— Sei lá, podemos ir comer algo, ou curtir um filme… Eu deixo por


sua conta.

Dei de ombros e ela sorriu.


— Você fica parecendo até um fofo, agindo assim, sabia?

— Eu sou fofinho. — Coloquei minhas mãos debaixo do queixo e fiz


um biquinho.

Kristen caiu na gargalhada.

— Por favor, não combinam nada com você esses trejeitos.

Mostrei minha língua para ela que continuou gargalhando à minha


custa. E não podia negar que era agradável ficar ouvindo sua risada.

— Só porque sou esse cara grandão e tatuado? Tenho sentimentos e


sou um amorzinho.
Kristen soltou seu cinto, novamente me surpreendendo — algo que
ela estava fazendo muito naquele dia —, sentou-se em meu colo, deixando
suas pernas uma de cada lado do meu corpo.

Olhei seu rosto, que estava com alguns fios de cabelos soltos, caindo
sobre ele. Já que depois de molhar o cabelo, os pequenos cachos que havia
feito na noite anterior, caíram e ela o prendeu com uma liga que estava em
seu braço.

— Me prova que você é um amorzinho e quem sabe… — Kristen


aproximou seus lábios do meu ouvido e sussurrou. — Eu não tenha minha
primeira vez com você. Já que sinto minhas pernas até bambearem de
prazer, ao me lembrar de te ver de sunga.

Ela se afastou e a forma como estava, depois de sussurrar em meu


ouvido, fez meu pau acordar e sei que ela sentiu, porque abriu um sorriso
travesso.

Beijou minha boca rapidamente, saiu do meu colo e murmurou:


— Até mais, tatuado!

Fiquei só com o gosto de quero mais, porque a safada saiu do carro e


nem olhou para trás, quando começou a caminhar em direção ao seu
dormitório.

— Aonde que fui me meter?!

Nunca tinha tido vontade de provar que podia ser um cara legal,
ainda mais, que sempre almejei nunca me envolver com ninguém, porque
eu sabia que aquilo poderia me trazer as piores consequências.
Respirei fundo ao pensar naquilo e dei partida no carro. Precisava
conversar com Alex, que era a única pessoa que sabia o que havia
acontecido há quatro anos.

Nem percebi que estava dirigindo rápido demais, pois comecei a agir
no automático. Quando vi, já estava estacionando o carro em frente de casa
e só assim, percebi o quanto estava meio desnorteado.
Por sorte, quando entrei, não vi Jacob em lugar nenhum.

— Voltou rápido — Alex, comentou, enquanto engolia uma pipoca.

— Cadê o Jacob?

— Deve ter ido foder alguém, porque recebeu uma ligação e disse
que não precisava esperar ele para ver o jogo.
Revirei os olhos e me sentei em uma das poltronas da sala.

— Alex, você acha…

Não consegui terminar de dizer o que estava pensando, já que parecia


tão ridículo da minha parte, estar cogitando sair com uma garota mais de
uma vez.
— O que eu acho? — Meu amigo, indagou, tirando a atenção da TV
e voltando-se para mim.

— Você acha que aquela ameaça é verdadeira?

Encarei Alex, que estava com seus cabelos pretos completamente


bagunçados. Ele tinha uma expressão juvenil, que lhe fazia parecer muito
mais jovem do que era.

No entanto, era um dos caras mais sensatos que já conheci. E eu nem


precisava explicar do que eu falava, para que ele soubesse do que se tratava.
— Cara, eu acho que se fosse verdade, ele já tinha aparecido. São
quatro anos, porra! Ele nem deve se lembrar de você. — Alex se ajeitou no
sofá e me encarou, deixando um sorriso sacana surgir em sua boca. — Tá
querendo sair com a Kristen de novo?

Revirei meus olhos e me joguei para trás na poltrona.


— Não sei o motivo, mas me senti bem, com a presença dela. Queria
só ver se seria assim todas as vezes que saíssemos.

Meu amigo deu um chute na minha perna, o que fez meus olhos se
voltarem para ele.

— Não deixe que o medo do seu passado te foda no presente. — Ele


fez uma careta. — Essa frase ficou estranha, mas você entendeu.

— Entendi, seu idiota!


Ele se encostou no sofá e murmurou:

— Acho que perdi meu companheiro de batalha.

Mostrei meu dedo do meio para ele.

— Vá se foder, Alex.
— Se não fosse verdade, você não estaria aqui, sentado, me
perguntando se deve ou não acreditar em uma ameaça de anos atrás.
Amarrou as bolas na garota com uma transa?

Cocei minha cabeça e dei uma leve bagunçada em meus cabelos.


— Na verdade, nem transamos.

— Puta que pariu! É pior do que eu imaginava. Ele só tocou sua


boca. Você se transformou em um virgem. — Alex se levantou do sofá e foi
para trás do encosto, fazendo um sinal da cruz. — Deus! Eu não costumo
falar muito com o Senhor, mas por favor, não deixe que eu perca o meu pau
dessa maneira.

Soltei uma gargalhada e tive que murmurar em meio à risada:

— A palavra Deus e pau na mesma frase, por si só, já faz com que
Ele queira te rogar uma praga.
Alex me olhou assustado, o que me fez sorrir ainda mais.

— Agora tô com medo — brincou.

Levantei-me da poltrona e caminhei até meu amigo, batendo a mão


no seu ombro.

— Obrigado! Por sempre estar do meu lado.


— Cara, somos amigos desde criança, tô aqui pra isso. — Ele
empurrou minha mão do seu ombro. — Mas para com esses papinhos
melosos, que eu tenho urticária disso.

Afastei-me e comecei a subir os degraus, enquanto Alex dizia.

— Se vai assumir a Kristen, vai ser meloso com ela.

Arrancando-me mais uma gargalhada.


Eu não tinha ideia do que iria fazer com Kristen Lewis, mas eu sabia
que queria sair com ela novamente.

Queria senti-la novamente em meus braços, parecendo tão pequena e


frágil, pronta para ser minha.
— Ah, droga! — resmunguei, enquanto entrava no meu quarto. —
Estou realmente parecendo um bobão apaixonado.

Fechei a porta e assim que tirei o celular do bolso da minha bermuda,


me arrependi, por não ter pegado seu telefone. Podíamos trocar mensagens.

Talvez aquele fosse um ótimo pretexto para voltar ao dormitório da


delícia que eu queria muito.

E foi pensando naquilo, que voltei a abrir a porta do meu quarto e saí
para o corredor.

Eu iria atrás da garota…

Quebrando todas as regras que impus um dia.


CAPÍTULO 10

Estava sentada na minha cama, encarando minha amiga, que tinha


um sorrisinho bem sacana em seu rosto.

— O que foi? — questionei.

— Imagina a minha reação ao ler a mensagem que você deixou no


meu celular?

Retribuí o seu sorriso, mas não resisti a morder meu lábio inferior.

— Nem eu sei o que deu em mim, mas sei lá, senti que deveria viver
ao menos um pouquinho.

Alice se levantou da cama, estava vestindo um baby doll curtinho,


que não escondia muito das suas curvas e sentou-se ao meu lado.

— Rolou algo? — perguntou.


— Eu o beijei.

Ela levantou no mesmo momento, pulando no lugar e batendo


palmas.
— Mas você que tomou a atitude? — Voltou a perguntar.

— Sim, porque ele tinha prometido que não iria tentar nada comigo,
já que não queria. Mas amiga, quando vi aquele corpo todo tatuado, sarado,
com músculos perfeitos, dentro de uma sunga que tapava muito pouco, não
resisti. Porra! Ele é delicioso!

— Não acredito que você caiu no joguinho de Jason Lennox. — Ela


pulou em cima de mim e eu revirei os olhos.

— Eu não sei se caí no joguinho dele, mas tenho certeza de que foi a
melhor loucura que já tomei na vida.
Alice estava radiante, já que minha amiga sempre desejou que eu me
soltasse mais no nosso período de faculdade, mas eu nunca fui muito de me
jogar de cabeça em nada que não fossem os estudos.

— Conseguiu sentir o material?

Revirei os olhos e assenti. Joguei-me para trás na cama e fiquei


encarando o teto do quarto.

— É grande como dizem? — Quis saber, ainda muito eufórica com a


minha pequena maluquice.

— Parece ser…

— Acho que ele é um ótimo candidato para tirar o seu rótulo de


menina virgem.
Voltei a me sentar na cama, assim que ouvi uma batida na porta e
estranhei, pois não estávamos esperando por ninguém.

— Esqueça esse assunto.

Levantei-me da cama, já que era a única vestida adequadamente para


abrir a porta. Minha amiga estava quase pelada.

Destranquei e assim que abri uma fresta, a pessoa que vi do outro


lado, me pegou completamente de surpresa.

— Jason? — sussurrei.

Ele abriu um sorriso fofo, fazendo até mesmo uma covinha surgir na
sua bochecha direita.

— Cheguei na minha casa e percebi que dei uma pequena bobeira.

Ainda estava abismada por ele estar ali, depois de ter me deixado há
alguns minutos no dormitório.

— O quê? — indaguei.

— Preciso do seu número.

Estendeu seu celular na minha direção e claro que Alice era muito
bocuda, acabou gritando do lado de dentro do quarto.

— Suma daqui de dentro, antes que ele me veja pelada.

Olhei por cima do meu ombro e ela sorria me dando um tchauzinho.


Revirei meus olhos e saí do quarto, aproveitando para fechar a porta atrás
de mim.

— Ela é meio doidinha, né? — Jason perguntou.


Percebi que algumas meninas que estavam no corredor do
dormitório, olhavam para Jason sem acreditar que ele estava ali. Peguei o
telefone, que ainda estava estendido para mim e anotei meu número.

— Vem! — Peguei sua mão e comecei a caminhar para fora dali,


antes que aquelas meninas o secassem até que ele perdesse toda a água do
corpo.
Assim que chegamos do lado de fora, senti Jason abraçar minha
cintura e em seguida beijou meu pescoço, sentindo um arrepio gostoso
tomar meu corpo.

Virei-me de frente para ele, assim que paramos perto do seu carro.
Abracei seu pescoço e fiquei na pontinha dos pés para conseguir chegar
perto da sua boca.

Depositei um beijo leve em seus lábios, mas Jason foi mais esperto,
aprofundando o contato, enfiando sua língua dentro da minha boca e
embolando-a com a minha, em um misto desesperado, para me devorar de
forma tentadora.

Suas mãos apertaram minha cintura e eu soltei um suspiro mais alto,


que se pareceu mais com um gemido, senti seu membro começar a ficar
rijo.
Afastei minha boca da sua com um pequeno sorriso tomando minha
boca.

— Você voltou só para pedir meu número?


Jason afastou meu rosto, enquanto a outra mão livre tirava alguns
fios de cabelo que voavam na direção do meu rosto.
— Sim, mas talvez eu quisesse passar mais um pouco de tempo com
você. — Ele soou de forma fofa o que me fez ficar bobinha por aquela
atitude.

— Quebrando todas as regras, Jason?

— Também estou estranhando isso, mas parece que com uma garota
como você, vale a pena quebrar tudo o que for preciso.

Passei minha língua pelo seu queixo e sussurrei:


— Assim fica muito difícil ser imune a você.

— Talvez eu queira que você não seja imune a mim.

Ele me deu um selinho e aproveitou para chupar meu lábio inferior.

— Quer sair comigo amanhã? — perguntou, apertando mais os seus


braços na minha cintura.
— Para onde quer ir?

Ele deu de ombros e murmurou:

— Talvez só sair pra comer algo, ou tomar algum refrigerante, já que


não bebemos.

— Tá, pode ser. — Logo me veio uma ideia na mente. — Tá


passando um filme legal no cinema que estou louca pra ver, se você não se
importar.

— Me fala o nome pra eu comprar os ingressos.

Sorri para ele e deixei um selinho sobre os seus lábios.


— Aquele terror, que a boneca dança… Megan.

Jason franziu o cenho e comentou:


— Não achei que você fosse uma pessoa que gostasse de terror.

— Eu não gosto, mas você vai estar ao meu lado e eu posso te


abraçar quando sentir medo. Quero muito ver esse filme, porque achei
engraçado a boneca dançar.
Jason soltou uma gargalhada.

— Tudo bem! Vamos assistir o que você quiser, eu te abraço, te beijo


e posso fazer até outras coisas para que não sinta medo.
Revirei meus olhos.

— Tudo que sai da sua boca eu penso em perversão, acho que sua
mente deve estar perdida.
Ele elevou as sobrancelhas, fingindo estar muito chocado.

— Eu sou tão bonzinho, você que fica imaginando coisa e joga pra
cima de mim.

Ele me beijou de novo, daquela vez me empurrando, até que meu


corpo se encostasse no seu carro e Jason pudesse pressionar seu quadril na
minha barriga, para mostrar o quanto estava duro.

— Mas confesso que você tá me deixando meio louco.


Apoiei minhas mãos em seu tórax e pedi:

— Vamos com calma, tá?

— Claro!

Beijou minha testa e se afastou.


— Preciso te deixar descansar, mas amanhã vamos sair, ok?

— Sim, vamos! Minha aula termina às cinco da tarde.


— Sem problemas, eu tenho treino, então vou sair um pouco depois
desse horário.

— Tá bom! — Beijei sua boca e me afastei, observando Jason entrar


no carro e me dar uma piscadinha.
Ele partiu com seu SUV branco e eu fiquei um tempo parada no
lugar, ainda olhando para onde ele havia sumido. Um medo me tomou e eu
quase chorei ali mesmo, por isso, achei por bem voltar ao meu quarto.

Quando entrei, Alice estava com um sorriso radiante.

— Eu vi tudo pela janela, você tá toda bobinha pelo quarterback.

Ao perceber minha expressão assustada, ela se aproximou de mim e


questionou:

— O que foi, ele falou alguma merda? Se tiver falando, eu vou


quebrar aquela cara bonitinha dele.

— Ele foi fofo demais e isso me deixa apreensiva, pois sabemos a


fama que o Jason tem pelo campus e se ele só tiver me fazendo de idiota?

Alice se aproximou de mim e segurou minha mão, me puxou para a


cama e sentamos uma ao lado da outra.

— Amiga, nunca vi nenhuma garota sair dizendo que o Jason as tinha


ido visitá-las em seus dormitórios, ou que ele as tinha beijado mais de uma
vez. Na verdade, acho que o que ele acabou de fazer foi inédito.

Abaixei minha cabeça e assenti.

— Mas e se ele estiver fazendo isso, só para transar comigo e depois


me fizer de idiota?
— Ele pode realmente fazer isso. Até porque ele é o quarterback
mais cafajeste que passou pela Universidade da Flórida, mas e se você
deixar essa oportunidade passar e perceber que errou no seu julgamento?

Tudo o que Alice dizia fazia sentido.

— E se eu sofrer? — Estava morrendo de medo.

— Eu estarei aqui para colar os seus caquinhos e quebrar a cara


daquele filho da puta. Mas no momento, eu acho que você devia tentar e
curtir o que é que está acontecendo. Só temos o agora para errar, Kris.
Depois que envelhecemos, precisamos acertar mais do que errar e para falar
a verdade, você nunca erra. Então, faça um teste.
Sorri para minha amiga, tomando a dose de coragem que me faltava.

Eu iria mesmo fazer o teste e se gostasse… prenderia aquele


quarterback ao meu lado.

Porque eu não estava com vontade de dividir Jason Lennox.

E se fosse para tentar, eu iria fazê-lo com todas as minhas armas.


CAPÍTULO 11

Tínhamos acabado de sair da sala de cinema e Kristen ainda estava


com uma expressão horrorizada.

O que achei graça e rodeei meu braço na sua cintura, para ver se ela
se acalmava.

— Que graça tem, assistir ao filme e tapar os olhos na maioria das


cenas de sangue?

Kristen me olhou e parecia que estava prestes a chorar.

— Estou aterrorizada. Nunca mais me deixe ter ideias absurdas como


essa. Eu tenho certeza de que não conseguirei dormir à noite.

Soltei uma gargalhada do seu drama e ela me encarou como se fosse


arrancar minhas bolas.
— Desculpa, linda! Mas é muito drama pra um filminho bobo.

— Nunca pensei que aquela boneca pudesse ser tão maquiavélica.

— Ah, era um robô, nem era uma boneca.

Kristen bateu o pé, como se estivesse fazendo birra e rosnou:

— Para de me corrigir, quando estou com medo. Tô falando sério!

Só quando vi seus olhos lacrimejarem, percebi que realmente estava


com medo.

Parei no canto do corredor do shopping, que o cinema ficava e


segurei seu rosto nas minhas mãos.

— Ei, não é real. Não precisa ficar assim, mas se preferir pode
dormir na minha cama, te abraço a noite toda e você não sentirá medo.

Kristen sorriu, com aquela boca deliciosa para mim, aqueles dentes
alinhados e brancos, perfeitos e eu não resisti ao depositar um beijo nos
seus lábios.

Ela disse que eu tinha o poder de enfeitiçar no dia anterior, mas tinha
certeza de que ela havia me enfeitiçado.

— Você não tem jeito, não é? — Indagou, quando afastou sua boca
da minha.

— Tenho que jogar com todas as minhas armas.

— Para onde quer ir? — Ela perguntou e eu olhei as horas no meu


celular, eram nove da noite, dava para curtir no bar onde meus amigos
estavam.

— O pessoal tá lá no Gators Ball’s se quiser podemos ir pra lá.


— Tá, pode ser. Não quero ir embora agora e me lembrar daquela
boneca. Ainda mais que Alice não vai dormir no quarto hoje.

Gargalhei levando um tapa no meio do peito. Beijei o rosto de


Kristen e sussurrando em seguida:
— O convite de dormir na minha cama tá de pé.

Ela revirou os olhos e eu adorava aquela sua reação.


— Amanhã eu tenho aula e mesmo se não tivesse, não iria dormir
com você. Eu já disse que não vou transar… — Ela olhou para os lados, já
que tinha falado alto demais. — Esquece.

Segurei sua mão e comecei a caminhar para o estacionamento do


shopping.

— Na verdade, você disse algo como, abre aspas… — Fiz o gesto


com os dedos, dando ênfase nas minhas palavras. — Se eu for um
amorzinho, você vai deixar que eu seja o primeiro, porque suas pernas
ficam bambas e…

— Cala a porra da boca, Jason. — Vi suas bochechas ficarem


vermelhas, como um pimentão maduro.

— Você fica linda, quando está com vergonha.

— Esquece o que eu disse — reclamou, assim que abri a porta do


carro para ela.

— Não vou esquecer não — brinquei, mas antes de fechar a porta,


ela me encarou e parecia querer dizer algo. — Que foi?

Acariciei sua bochecha e ela soltou as palavras que a incomodavam.


— Você tá fazendo isso, só pra eu ir para cama com você? — Ela
parecia mesmo acreditar no que tinha dito.

— Claro que não, eu não costumo correr atrás de ninguém, Kristen.


Eu tô fazendo tudo diferente, porque realmente gostei da sua companhia e
me arrependo imensamente de ter te conhecido só agora. Porque tô te
achando fantástica, pra caralho!
Um leve sorriso se formou em seus lábios e depois de depositar um
beijo na sua testa, fechei a porta e contornei o carro.

Senti uma sensação ruim, como se estivesse sendo observado e olhei


para trás, só para confirmar se não tinha ninguém me encarando, mas ao ver
que não havia nenhuma alma viva no estacionamento do shopping, voltei
para o que fazia e entrei no automóvel, partindo para o bar.

Talvez o filme da boneca robô, tivesse me deixado impressionado,


mas não admitiria aquilo para Kristen, porque a garota já estava morrendo
de medo, se eu parecesse outro medroso, aí sim, que ela entraria em
pânico.

Estava dirigindo para o bar, que ficava a uns vinte minutos de


distância de onde estávamos, até que senti a mão de Kristen ser depositada
em minha coxa.
— Que foi, gata?

— Obrigada!
Franzi o cenho e olhei para ela rapidamente, mas voltei a concentrar
minha atenção no trânsito. Eu nunca mais fui imprudente no trânsito…
nunca mais, não depois daquela vez.

— Pelo quê?
— Por me tirar da minha monotonia.

— Assim, eu vou ter certeza de que tô te levando para o mau


caminho.

Ela sorriu e tirou a mão da minha perna.

— Você é um idiota, Jason.


— Eu sei — respondi lhe dando uma piscadinha e voltei a me
concentrar no asfalto, mas não demorou muito mais para chegarmos ao bar.

Era um dos mais badalados, além de ficar perto da universidade,


ainda levava o nome do time. O que fazia se tornar um point de quem era
viciado no Gators.
Saí do SUV depois de estacionar e contornei, abri a porta para
Kristen que sorriu e pegou minha mão que estava estendida para ela.
Entrelacei meus dedos nos seus e caminhamos para dentro do lugar.

Algumas garotas que estavam na porta me encararam com expressões


feias, mas não demoraram muito a analisar quem estava ao meu lado.

Provavelmente pensando que naquela noite já havia perdido o lugar


na minha cama. Apesar de que Kristen não dormiria nela, no entanto, não
estava com a mínima vontade de ficar com outra pessoa naquele dia, que
não fosse ela.

Caminhei até a mesa em que meus amigos se encontravam, Jacob e


Alex estavam travando uma batalha para ver quem terminava a garrafa de
cerveja primeiro. Henry, o center do time, estava batendo na mesa
incentivando a idiotice, Tom que ficava como wide receiver, filmava tudo.
Provavelmente postando em seus stories.
— Vão ficar bêbados pra caralho e depois vão querer vomitar no meu
carro — comentei, enquanto eles me encaravam.

Henry e Tom que ainda não tinham visto que eu estava com Kristen
sorriram para ela.
— A gata da noite.

Olhei feio para Henry, pelo que tinha dito e ele ficou sem entender o
motivo de ter me irritado.
— Cara, a Kristen é tipo oficial — Alex brincou, jogando um
beijinho para a garota ao meu lado que senti, quando apertou meus dedos.

Olhei de esguelha para ela, que me encarava com os olhos azuis


arregalados.
— Mentira, que o cafajeste do Gators, amarrou as bolas — Tom
gritou, chamando mais atenção do que eu gostaria.

Sabia que Kristen era tímida, por isso, fiquei apreensivo com sua
reação. Soltei sua mão e abracei sua cintura, aproximando seu corpo do
meu, percebendo que estava retesado.

Coloquei minha boca perto da sua orelha e sussurrei:

— Eles são idiotas, mas são legais quando param de pegar no pé.
Ela virou um pouco a cabeça para me encarar e assentiu, mas sua
expressão estava meio congelada em um sorriso sem graça.

Jacob se levantou, bateu na minha bunda e foi até o bar, pegando


duas latas de refrigerante para nós. Entregou uma para Kristen e aproveitou
para pegar um canudinho para ela.
— Toma, gata. Já que esse seu homem babão tá todo protetor e nem
descola de você.

Ela deu uma risadinha e assentiu.


Abrimos nossa latinha e ficamos bebendo em pé, enquanto os idiotas
ainda disputavam quem virava mais uma garrafa de cerveja. Meu celular
apitou com uma mensagem, e vi que era uma das garotas que estava na
porta do bar.

Clarie: Eu ouvi bem, você está namorando?

Jason: Cuida da sua vida!

Aproveitei para pegar o celular e abrir meu instagram, antes de fazer


uma besteira, perguntei para Kristen:

— Você está pronta para ser minha oficial?

Ela girou o corpo e me encarou.

— Saímos dois dias e você já quer me assumir?

Lembrei-me do que tinha me perguntado no estacionamento do


shopping.

— Eu não vou transar com você, não agora, só quando você quiser.
Só que se eu for continuar com você, tenho que gritar para o mundo, não
acha? Porque elas… — Fiz um giro com meu indicador pelo lugar. — Não
vão parar de vir atrás de mim, entendeu?

— Não quero começar um namoro agora — murmurou.


— Não precisamos começar, só quero tirar uma foto com você. Algo
que nunca faço com ninguém, assim eu vou ficar meio fora do mercado.

— Pode tirar a foto. — Sorriu, mais tranquila. — Só não quero


oficializar nada, por agora. Eu não nasci pra ter fast burn.

— Mas já me beijou.

— Mas não tô declarando amor.


Sorri para ela, peguei meu celular e beijei sua testa, enquanto Kristen
encarou a câmera eu bati a foto. Claro que tinha ficado perfeita.

Postei com um emoji de algodão-doce, não sabia o motivo, mas achei


fofinho e que parecia muito a cara de Kristen e em seguida guardei o
aparelho.

— Pronto, agora posso ficar em paz — murmurou.

— Você está ciente de que a culpa é toda sua, né?


— Sim!

Ela me abraçou e eu fiquei observando meus amigos fazerem suas


besteiras.

Eu caí em tentação e agora não sabia se conseguiria me desvencilhar


de Kristen.

Dois dias… ela achou rápido, mas para mim, foi como se o Mar
Vermelho tivesse se aberto naquele momento. Aquela garota não precisou
de muito para fazer com que eu quisesse mais.
CAPÍTULO 12

Estava terminando de redigir o trabalho que tinha que entregar no dia


seguinte. Eu amava medicina veterinária e estava muito perto de me tornar
uma salvadora de animais.

E mesmo que eu tenha entrado de cabeça no meu relacionamento


com Jason, que ainda não havia assumido nada comigo, porque eu não
permitia, não deixei de focar nos meus estudos.
Estava há três semanas com Jason e ele realmente mostrava ser um
cara bacana e respeitador. Já tinha até visitado o seu quarto e ele não tentou
forçar nada.

Claro que demos uns amassos no carro, mas quando percebia que o
clima estava esquentando demais, preferi parar e pedir para ir embora.
Jason nessas três semanas se contentava com seus beijos e para mim aquilo
bastava.

Não tinha saído nenhum boato pelo campus, que ele estivesse com
outra garota. Até porque ele fazia questão de postar fotos nossas em suas
redes sociais.

Eu recebia diversas ofensas, com garotas dizendo que eu não merecia


o homem que estava ao meu lado, por ser feia demais. Quando lia
comentários como aqueles, só revirava os olhos, já que só por essas
afirmações eu sabia que era pura inveja.

Sabia muito bem o quanto era linda e nem era por me achar demais,
mas sim, um fato comprovado. Nunca tive problemas de vista, então sabia
enxergar a maravilha que eu era. E se o ego de Jason era grande, o meu era
enorme. Era uma gata do caralho.
Finalizei o trabalho e mandei direto para a impressora. Assim que
terminaram de sair as folhas, as coloquei em ordem e peguei a máquina de
encadernação, já que os professores do curso exigiam os trabalhos daquela
forma.

Ouvi a porta sendo aberta e jurei que fosse Alice, que tinha ido à
lanchonete do campus e prometeu me trazer meu almoço. Já que não iria ter
tempo para aquilo, pois às três da tarde, Jason tinha um jogo e era no
estádio da universidade, então iria assistir.

Senti mãos firmes me abraçarem por trás e um beijo ser depositado


no meu ombro.

— Senti saudades da minha gata.

Olhei por cima do ombro e encontrei Jason, que não deveria estar
ali.
— O que você tá fazendo aqui?

— Eu já devia ter chegado para o aquecimento, mas resolvi vir pedir


um beijo de boa sorte. Hoje alguns olheiros estarão presentes, então…

Deu de ombros parecendo meio nervoso.

Levei minhas mãos para sua nuca e fiquei acariciando seus cabelos.

— Você vai jogar incrivelmente hoje e vai conseguir uma casa boa
para entrar na NFL.

— Obrigado!
Jason aproximou a boca da minha e assim que senti seus lábios sobre
os meus, apertei mais minhas mãos em sua nuca e ele fez o mesmo com as
suas, mas no caso apertou minha cintura.

Jason me levantou do chão e eu entrelacei minhas pernas na sua


cintura, sentindo minha bunda encostar um pouco sobre a impressora. Jason
enfiava sua língua dentro da minha boca de forma desesperada.

Ele queria arrancar minha alma, era a única explicação plausível que
eu conseguia imaginar.

Assim que se afastou, sorriu para mim e depositou mais um selinho,


antes de me colocar no chão.

— Preciso mesmo ir. — Afastou-se e me deu uma piscadinha. — Te


vejo no estádio.

— Serei a que mais torcerei por você.

Ele abriu um sorriso enorme e me jogou um beijo. Saiu do quarto e


eu ainda fiquei com um sorrisinho bobo. Como um cara que parecia ser tão
sério, podia ser tão fofo?
— Vi o seu gato saindo daqui. — Alice, entrou no quarto um pouco
depois.

Entregou-me meu sanduíche e eu sorri para ela.


— Veio me pedir um beijo de boa sorte.

— Ah, cara! Por que tão fofinho?


— Tô me fazendo essa mesma pergunta, desde que comecei a sair
com ele.

Ela me entregou o sanduíche.

— Come logo, daqui a uma hora temos que ir para o estádio, torcer
para o melosinho.

— Não chama ele assim — repreendi minha amiga, mas ela sabia
que eu estava brincando.
— Jason Lennox arrumou uma defensora, e olha que ela nunca nem
gostou de jogadores.

Joguei-me na minha cama, parecendo uma bobinha. Eu estava meio


assim, desde que Jason entrou no meu caminho. Se ele não tivesse me
atropelado, eu o teria conhecido de verdade, somente no dia que ele
precisou me ajudar no serviço comunitário.
Talvez o pequeno acidente tenha feito com que nos aproximássemos
um pouco, mas a insistência do jogador também fez aquilo acontecer.

A hora passou e saímos, eu usava uma bermuda jeans claro, desfiada


na barra, com um top branco e uma camisa de manga longa, dobrada até o
cotovelo, aproveitei para amarrar a barra em um nó na frente. Coloquei um
dos tênis que amava e parti com minha amiga.
O clima estava uma delícia em Gainesville e podia curtir o jogo
tranquilamente. Alice e eu escolhemos um lugar legal na arquibancada e
quando o Florida Gators entrou, vi o momento que Jason olhou para o
lugar onde eu estava. Eu o havia avisado, quando cheguei, então ele estava
ciente de que eu estava ali.

Só que fui pega completamente de surpresa quando ele me jogou um


beijo.
Deus! O tanto de cabeças que se voltaram na minha direção, fez com
que minhas bochechas esquentassem. Eu podia ter passado despercebida em
meio à plateia, no entanto, com a atenção do jogador em cima de mim, as
pessoas iriam me reconhecer muito bem nas fotos que Jason postava no seu
instagram.

— Você é a namorada dele? — Uma garota, da minha idade, com


cabelos encaracolados e uma pele maravilhosa, que parecia como seda, me
perguntou.
— É… — Não sabia o que responder, porque Jason meio que
deixava claro em suas fotos que tínhamos algo, mas eu disse que não
éramos namorados.

Não tinha ideia do que falar para a garota.

— Ela é, por quê? — Alice respondeu por mim e a menina me


fuzilou.

— Pensei que fosse somente mais uma vadia que estava rondando a
cama dele. Espero que ele te coloque um belo de um chifre, já que ele não
quis me namorar, não tem que namorar ninguém.
O choque foi tanto que fiquei encarando a garota sem acreditar. Sério
que ela estava me dizendo uma coisa daquelas?
— Tá maluca? — Alice tomou partido. — Vaza daqui, antes que eu
pegue esse seu rostinho bonitinho e faça ele se transformar em horroroso.

A garota acabou nos dando as costas, sem mais nenhum alarde e por
sorte o jogo começou, fazendo a atenção dos curiosos saírem de cima de
mim.
Se eu quisesse ficar com Jason, teria que me acostumar com aquelas
idiotices.

Era só o que eu tinha certeza…

Porque o tatuado, tinha fãs demais, e garotas demais que queriam


estar no meu lugar.

Senti até mesmo minha pele se arrepiar, ao pensar naquilo. Será que
poderia ter alguma garota que estivesse se sentindo muito desprezada e
pudesse cometer alguma loucura comigo?
Eu esperava que não, mas vivia na realidade da vida e quantas vezes
já não vi nos noticiários a morte de alguém só por puro ciúmes de outra
pessoa.

Fechei meus olhos, bem a tempo de ver o Gators, começar a


perder…

Pelo jeito a tarde seria uma merda.


CAPÍTULO 13

Quando o árbitro apitou o final do jogo, abaixei minha cabeça e


amaldiçoei aquele dia. Estávamos passando uma temporada ótima, por qual
motivo tivemos que perder quando alguns avaliadores estavam ali?

Tirei o helmet fervilhando de ódio. Começamos a sair para o vestiário


e eu nem tive coragem de olhar na direção que Kristen estava, para que não
me visse no meio do meu fracasso.
Entrei no vestiário e todo mundo estava em silêncio, porque todas as
vezes que perdíamos era daquela maneira. Precisávamos, ficar ao menos
assim, sofrendo com nossa derrota.

Fechei meus olhos antes de começar a tirar meu uniforme, para tomar
um banho rápido, talvez a água quente me deixasse com menos raiva.
— Derrotas acontecem, mas vocês deram o seu sangue dentro
daquele campo, não quero ver ninguém de cara fechada. Podemos não ter
vencido, mas jogamos bem e não foi nenhum fracasso, perdemos pela
diferença de dois pontos.

O treinador continuou falando, enquanto eu caminhava em direção a


um chuveiro, segurando a toalha na mão.

— Jason, você é o quarterback oficial do time e se matou em campo,


não precisa se sentir fracassado. — Peter Brady, tentou me incentivar e eu
só assenti, entrando embaixo da água e deixando que caísse sobre minha
cabeça.

Estava irritado e não queria nenhum papinho motivacional. Se eu


tivesse sido bom, não teríamos perdido. Quando saí do banho, me sequei e
vesti minha roupa. Peguei minha mochila e saí do vestiário.
— Jason, vai pra casa? — Alex, perguntou.

Olhei por cima do ombro e assenti para meu amigo.


— Vamos beber, porque mesmo na derrota é melhor encher a cara.

— Querem carona para o bar?

— Que nada, vamos com o pessoal do time.

— Vou ficar na minha hoje.

Alex assentiu e eu voltei a caminhar, encontrando Alice e Kristen na


saída. Minha garota estava linda, parei por um momento pensando na
palavra que havia escapado em meus pensamentos.

Não podia negar, ela era minha... toda minha!

Com pouca pele tapada o que me deixava um pouco menos colérico.


— Bom, agora que ele chegou vou embora. — Alice se aproximou,
me deu um beijo no rosto e sorriu compreensiva com minha expressão
derrotada.

Por outro lado, Kristen estava toda tristinha, enquanto esperava eu


me aproximar. Parei na sua frente, sem lhe dar nenhum sorriso, porque
ainda estava puto.

Ela desceu do meio-fio e me abraçou, aproveitei para entrelaçar meus


braços na sua cintura e depositar meu queixo em cima de sua cabeça.

— Sinto muito! — sussurrou.

— Hoje foi um dia que eu não queria ter perdido. Não me importo de
perder, mas hoje era importante.

— Eu sei!

Ela levantou sua cabeça do meu peito e aproveitou para me encarar.

— Estou um saco hoje, talvez não seja sua melhor companhia. Posso
passar no seu dormitório e te deixar lá.

Kristen sorriu e negou.

— Você quer ir pra onde? — indagou.

— Eu vou pra casa — respondi, sem muito entusiasmo.

— Então, acho que hoje será um bom dia pra conhecer sua casa, não
é?

— Você quer ir para minha casa? — perguntei, sem acreditar.

Kristen em todas aquelas semanas que estávamos juntos, nunca quis


ir lá, aquela seria a primeira vez.
— Quero!

Sorriu, ficando na ponta dos pés para me beijar. Assim que se


afastou, percebi que não estava brincando.
— Está com tanto dó de mim, que resolveu ir para minha cama? —
questionei, abrindo o primeiro sorriso depois da derrota.

— Eu disse casa, não cama. — Kristen sorriu e beijei a ponta do seu


nariz.
— Então vamos, meu pequeno algodão-doce.

— Viu que mistura linda, um tatuado e um algodão-doce. O que


poderia dar errado?

Sorriu e segurando minha mão, caminhamos para o meu carro. Logo


estávamos dentro do automóvel e Kristen aproveitou para fuxicar o meu
som e colocar suas músicas favoritas.

Quando Snap de Rosa Linn começou a tocar, minha garota — gostei


de pensar nela daquela forma — começou a cantar a música, de forma bem
desafinada, no entanto, aquilo mostrava o quanto estávamos íntimos um do
outro.

Como minha casa não ficava muito afastada do campus, depois de


vinte minutos, estávamos chegando à porta do lugar, estacionei em frente à
garagem que usávamos mais para guardar cacareco, do que o carro que era
mais importante. O sol já havia se posto, mas ao menos a rua ainda estava
iluminada.

Saí do SUV, contornei o carro e abri a porta para Kristen. Peguei sua
mão e caminhamos pela calçada acimentada, passando pelo pequeno
gramado que ficava de frente para a casa. Chegamos na pequena varanda,
que possuía uma mesa e um conjunto de quatro cadeiras acolchoadas, que
na maioria das vezes, os meninos e eu usávamos para ficar jogando nossos
jogos de tabuleiro.

Destranquei a porta e entrei no lugar, pedindo para a assistente digital


ligar as luzes.
— Uau! — Kristen, soltou minha mão e foi andar pela sala e
observar o lugar.

Tinha uma parede entre a sala e a cozinha que era a única coisa que
fazia a divisa entre elas. A casa em Gainesville, era dos meus pais, já que
tinham comprado anos atrás e quando eu consegui uma vaga na
Universidade da Flórida, não pensamos duas vezes antes de eu me mudar
para lá, já que éramos de Miami.

Alex foi aprovado junto comigo e decidimos que iríamos morar


juntos e dividiríamos as despesas. Jacob surgiu alguns meses depois,
quando Alex e eu nos tornamos amigos dele.

E era essa a minha pequena história, que eu já havia contado a


Kristen há alguns dias.
Tinha algumas fotos minhas e dos meus pais espalhadas pela sala e
foi lá que Kristen parou para encarar as imagens.

— Você se parece muito com sua mãe — murmurou.


Deixei minha mochila em cima do sofá e me aproximei dela, abracei
sua cintura e encarei a fotografia que foi tirada alguns dias antes da pior
tragédia da minha vida.

Tirei aquilo da minha mente e suspirei.

— Vem, você precisa ver o jardim.


Puxei sua mão, indo para os fundos da casa que tinha um jardim
incrível. Kristen amou ao ver as flores.

— Vocês cuidam delas?

— Bom, meus pais pagam um jardineiro e uma diarista para virem


aqui uma vez na semana, eles que cuidam.

Dei de ombros e Kristen assentiu.


— Muito riquinho o tatuado. — Implicou comigo, sentando-se na
rede que ficava no jardim.

— Meus pais, são donos de uma franquia de cafeteria, então


ganharam muito dinheiro.
Kristen ficou interessada. Eu nunca havia comentado aquilo com
nenhuma garota, mas com ela eu me sentia tranquilo para dizer qualquer
coisa.

— Eu conheço a cafeteria?

— Provavelmente… — Murmurei o nome e Kristen revirou os


olhos.

— Claro que conheço. E não mudo minha opinião de você ser


riquinho.
— Pelo menos sou um riquinho gostoso.

Mordi o lábio inferior e Kristen se levantou da rede, caminhou até


parar na minha frente, abraçou meu pescoço.

— Me beija! — sussurrou.

Coloquei minhas mãos por baixo da sua bunda e a subi até ficar da
minha altura, ela aproveitou para entrelaçar as pernas na minha cintura e
grudou sua boca na minha.

Assim que senti sua língua se encostar na minha, apertei mais sua
bunda, com minhas mãos que amavam aquele contato que ela me permitia.
Beijei seus lábios com devoção, porque beijá-la era incrível, seu
gosto era saboroso demais e eu me sentia viciada.

Kristen afastou um pouco seus lábios e mordeu o meu inferior,


enquanto sorria para mim de um jeito sexy.

— E o seu quarto? — perguntou baixinho.

Elevei minha sobrancelha e em meio à risada que soltei, murmurei:

— Você disse que não iria para lá.

— Só vou conhecer, seu bobo… — Deu um gemidinho quando


apertei sua bunda e comecei a levá-la para dentro da casa.
A casa não tinha dois andares, era espaçosa e grande, mas não
precisávamos ficar subindo escadas à toa.

Caminhei pelo corredor, com ela ainda nos meus braços e quando
chegamos à porta do meu quarto, fiquei segurando seu corpo com uma das
mãos, enquanto abria a porta com a outra.

Entramos e fechei a porta, caminhei com ela para minha cama,


sentei-me no colchão e deixei que Kristen sentasse sobre meu colo.

— Satisfeita?

— Pensei que seria mais pervertido.

— Não, sua safada!


Dei um tapa em sua bunda o que a pegou de surpresa, senti quando
tentou fechar suas pernas, mas eu não permiti, chegando-a mais para perto
de mim.

Percebendo que não fugiria dos meus braços, Kristen trouxe sua boca
para a minha e começou de novo a me beijar. Subi minhas mãos pela sua
cintura e apertei aquele lugar tão pequeno.

Levei minhas mãos ao nó da camisa que usava e o desatei. Depois,


ainda beijando a sua boca, abaixei a camisa e deixei que caísse no chão.

Kristen ficou somente com o top que usava. Afastei minha boca da
sua, ele era curtinho e deixava sua barriga toda exposta. Vi que seus
mamilos estavam intumescidos. E fui obrigado a sorrir ao reparar aquela
cena.
Levei meus olhos para o de Kristen e perguntei:

— Tá excitada?

— Tô!

Senti meu pau endurecer quando respondeu baixinho, parecendo


estar envergonhada.
— Tá molhada?

Assentiu daquela vez, escondendo o rosto na curva do meu pescoço.

— Eu vim aqui com segundas intenções. Porque quero fazer uma


coisa que me deu vontade.

Passou sua língua pelo lóbulo da minha orelha e fez meu pau ficar
mais duro.

— O quê? — rosnei em forma de pergunta.


— Quero te chupar.

Fechei meus olhos ao escutar o que saía da sua boca e apertei com
mais força a sua cintura, avançando meu quadril na direção do centro das
pernas de Kristen, que deu uma leve reboladinha.

— Só se eu puder te chupar em troca — murmurei, ainda sem olhar


em seus olhos.

— Vai ser bom?


Daquela vez afastou sua cabeça do meu pescoço, percebi que suas
bochechas estavam coradas e eu não sabia se era de tesão ou por estar
completamente envergonhada.

— Será delicioso, prometo.

Kristen assentiu mais uma vez, fazendo com que eu tirasse minhas
mãos de sua cintura e as levasse aos seus seios.

Apertei os dois com força, fazendo a garota gostosa soltar um


gemido. Levantei seu top, libertando suas duas maravilhas e assim que vi os
mamilos rosados não resisti. Levei minha boca a um deles e suguei-o com
força, mamei gostoso aquele peito maravilhoso.

— Ah, Jason! — gemeu e rebolou no meu colo, enquanto continuava


a sugar seu mamilo.

Apertei o outro com meus dedos e ela soltou mais um gemido.


Afastei minha boca do seu peito, tirei o top por sua cabeça e o joguei para
longe.

Fui me arrastando até a cabeceira da cama e quando me encostei ali,


levei meus dedos ao botão da bermuda de Kristen.
— Vou te fazer gozar na minha mão e depois na minha boca,
enquanto você chupa meu pau, gostosa.

Kristen estava inebriada pelo que disse. Assentiu sem conseguir dizer
nada e eu a girei na cama, para ficar deitada sobre o colchão, enquanto
tirava sua bermuda e via a calcinha que usava.

Era branca e de renda, deixando tão pouco para minha imaginação.


Peguei a peça frágil e rasguei em um puxão.

— Acho que você não precisa disso agora. — Sorri para ela e abri
suas pernas.

Caralho! A boceta dela estava completamente depilada, e era tão


rosinha quanto seus mamilos.

Kristen tinha uma manchinha marrom ao lado dos grandes lábios que
parecia formar um coração.
— Temos uma marquinha de nascença aqui? — perguntei, voltando
meus olhos para os seus.

— Sim, uma marca bem da sem vergonha. — Sorriu ao responder.

Retribuí o seu sorriso e pela primeira vez, desde que perdi minha
virgindade anos atrás, eu me senti ansioso para provar aquela garota.

Droga!

Estava sentindo minhas mãos suarem e meu coração disparado.

— Não vou conseguir esperar você me chupar, preciso provar seu


gosto, meu algodão-doce.

Kristen mordeu o lábio inferior, eu tirei minha camisa, antes de fazer


qualquer coisa e fiz o mesmo com a minha calça, ficando somente com a
boxer.

Não deixei de notar que minha garota estava encarando meu pau e fiz
questão de passar minha mão por cima da boxer, só para deixá-la ainda
mais louca.

Ajoelhei-me entre suas pernas e sem deixar meus olhos desviarem


dos seus, levei minha língua à sua boceta que estava realmente um pouco
molhada.

A primeira passada de língua, fez Kristen gemer, um gemido gostoso


demais.
E eu soube que aquela noite seria a melhor da minha vida.
CAPÍTULO 14

Ao sentir sua língua passar por toda minha vagina, fui obrigada a
apertar os lençóis em minhas mãos. Eu sentia Jason passar por meu clitóris
e ousava até colocar sua pontinha na minha entrada.

Gritei, assim que senti meu corpo toda convulsionar e estava


completamente fora de controle. Foi quando levei minhas mãos até os
cabelos de Jason e forcei sua boca mais na minha vagina.
Rebolei nos seus lábios, enquanto sentia meu corpo todo explodir em
um orgasmo e eu já havia brincado comigo, mas nunca tinha tido um
orgasmo daquela forma.

Meu corpo suava, eu sentia minhas pernas bambas e um prazer


enorme começar na minha boceta e subir por todo o resto do meu corpo.
Assim que soltei sua cabeça, Jason a levantou e eu vi o sorriso safado
em seu rosto. A boca estava toda molhada, provavelmente dos meus fluidos
e eu senti minhas bochechas esquentarem.

— Gostou? — Jason passou a língua por seus lábios e veio para cima
de mim, me beijando com vontade.

Senti o meu gosto na sua boca, mas nem me importei, só queria


provar mais do que ele queria me dar. Passei uma de minhas mãos por seu
abdômen e fui descendo em direção ao seu membro, até que consegui tocá-
lo e pude perceber que era enorme.

Caralho!

Girei meu corpo, fazendo Jason cair sobre o colchão e eu fiquei por
cima dele.

— Acho que chegou a minha vez, certo? — perguntei, sem esperar


sua resposta.

Desci minha boca em direção à sua, mas não o beijei e continuei


descendo, passando pelo seu queixo, depois pelo seu peito, barriga cheia de
gominhos e chegando no elástico da boxer.

Abaixei a cueca e o pau grande, saltou cheio de veias e com a glande


molhada com seu líquido pré-ejaculatório. Tirei sua boxer e deixei Jason
completamente nu. Sem deixar de perceber como me encarava.
Ele parecia estar a ponto de explodir.

Passei minhas mãos por suas coxas, parando na parte onde elas
acabavam, que era muito perto da virilha.

— Eu nunca pensei que estaria completamente enfeitiçada por um


tatuado gostoso — confessei.
— Talvez tenham sido as tatuagens que te enfeitiçaram.

Sua voz estava mais grossa que o normal e eu sabia que aquilo era
pelo tesão.

— Um dia vai me contar o motivo de ter tantas?

Encarei seu rosto e ele parecia em dúvida se me dizia algo.

— Um dia…

Assenti, aceitando o que ele poderia me dar naquele momento.


Segurei seu membro em minha mão, sentindo as veias grossas e comecei a
masturbá-lo lentamente.
Jason fechou os olhos e gemeu, parecia tomado pela excitação.
Continuei subindo e descendo lentamente, mas pelo jeito ele não estava
gostando, porque segurou minha mão e começou a fazer com que eu o
movimentasse com mais rapidez.

— Se você fizer muito devagar, me mata lentamente.

Sorri com sua confissão e vi Jason fazer uma expressão deliciosa.


Sua boca estava aberta, mostrando a pontinha dos dentes, o cenho franzido
e era possível ver algumas gotículas de suor escorrerem por sua testa.

Aproveitando que ele tinha fechado os olhos, me abaixei e passei


minha língua pela glande melada.

— Caralho! Puta que pariu! Que língua gostosa!

Sorri com suas palavras e passei novamente minha língua por aquele
lugar, o que fez Jason abrir os olhos e morder o lábio com força. Ele rosnou
e eu sorri.
— Você gosta de me ver sofrer, não é mesmo, gata?
— É bom! — sussurrei.

E sem esperar mais o enfiei na minha boca, tomando cuidado com


meus dentes para não rasparem no seu comprimento. E comecei a sugá-lo.
— Eu vou morrer! Na verdade, já morri. Tô no paraíso, caralho!

Chupei com mais vontade seu pau, que tinha um gosto salgado,
misturado com ácido e eu não sabia explicar, mas gostava daquele sabor e
sentia a cada vez que o engolia com minha boca, minha boceta se molhar
ainda mais.
Delicioso!

Desejoso!

Perfeito!

Aquele homem me deixaria maluca. Afastei minha boca do seu


membro, para passar minha língua por toda a sua circunferência, lambi a
glande e voltei a chupar e não parei.
Uma das mãos de Jason parou em meus cabelos, enquanto eu o
sugava com mais vontade a cada segundo.

— Caralho, Kristen! — Ele gemeu. — Eu vou gozar se continuar


assim, se afaste se não quiser minha porra na sua boca.
Mas ignorando seus avisos continuei engolindo seu pau, chupando
com vontade, sentindo seu gosto delicioso.

E quando Jason aumentou as estocadas em minha boca, eu soube que


gozaria e não demorou muito para jatos quentes serem jorrados até a minha
garganta.
Nunca tinha chupado nenhum cara, então foi uma experiência
completamente diferente da que estava acostumada e não podia negar que
adorei provar cada gota de Jason.

Engoli todo o seu orgasmo e afastei minha boca do seu membro.


Passei minha língua pelos meus lábios e encarei Jason. Ele estava com uma
expressão satisfatória e completamente perdido no prazer.
— Que boca maravilhosa! — murmurou, me puxando para me deitar
sobre o seu corpo.

Seu membro, mesmo depois de gozar tanto, ainda estava duro e eu


podia senti-lo se encostando na minha barriga.

Jason abraçou meu corpo e ficou encarando meus olhos, enquanto eu


depositava meu queixo sobre o seu peito.

— O que te fez fazer isso? — perguntou.


— Eu estava com isso em mente há alguns dias, queria te provar,
mesmo que ainda ache que não estou pronta para perder minha virgindade.
— Fechei meus olhos, com aquela confissão. — E talvez para te deixar
feliz, já que estava tão tristinho por ter perdido o jogo.

Jason sorriu de lado e fez questão de morder o lábio inferior.

— Você sabe que é linda, não é? — Sua pergunta me pegou de


surpresa.

— Sei que não sou feia — respondi, mordendo meu lábio.


— A mais linda que já vi. Você me encantou na primeira batida.

Gargalhei ao ouvir o que ele disse, se referindo ao nosso primeiro


encontro.
— Talvez você tenha me encantado só depois, naquele passeio no
domingo, mas desde então se mostra ser uma pessoa incrível.

Jason levou uma de suas mãos ao meu rosto e acariciou minha


bochecha. Fechei meus olhos, aproveitando aquele toque.
— Acho que não consigo mais ficar longe de você.

Voltei a abri-los, quando escutei sua voz, parecia ter tanta verdade em
suas palavras, que me senti emocionada, onde percebi que meu coração
estava disparado com aquela declaração.

— Então não fique — murmurei.

— Vai me aceitar como seu namorado?


Ele realmente queria aquilo.

— Vou, Jason! Serei sua namorada e espero ser a única.


Ele fechou a sua expressão e murmurou:

— Acha mesmo que eu chamaria alguém para namorar, só para


depois trocá-la?
— Nunca namorou? — perguntei, mas já sabia a resposta.

— Não!

— Serei a primeira.

Depositei um beijo leve em seus lábios.


— Será sim! — respondeu, ao se afastar.

Abri minhas pernas e me sentei no colo de Jason, aproveitando para


rebolar em seu colo. Depois, tentando fazer uma expressão sexy, sussurrei:

— Me dá mais um orgasmo com a sua boca?


— Com o que você quiser.

Jason me girou na cama e eu sabia que não iria embora tão cedo da
sua casa naquele dia.
Porque queria aproveitar o que ele poderia me dar.

O meu quarterback, tatuado e agora namorado.


Nunca imaginei que teria um relacionamento como aquele, e só pude
perceber o quanto estava amando aquilo tudo.

Talvez… me apaixonando pelo jogador, que provavelmente


conquistou meu coração.
CAPÍTULO 15

Abri meus olhos lentamente, e pela persiana fechada era possível ver
que havia amanhecido. Assim que senti um braço sobre meu corpo, com
uma mão macia repousando sobre meu tórax, eu me lembrei de que Kristen
tinha passado a noite na minha cama.

Dei mais dois orgasmos para ela na noite passada, somente com meus
lábios, sem nem mesmo penetrar um dedo nela, para não fazê-la sentir dor,
por ainda estar intacta e completamente virgem.

Mas os orgasmos a fizeram se cansar e ela acabou apagando na


minha cama e como eu estava exausto do jogo, acabei dormindo também.

Fiquei observando a garota que dormia tranquilamente, como se


estivesse em paz consigo mesma. Os cabelos claros estavam desgrenhados
levemente, a boca um pouco aberta e respirava lentamente.
O corpo, por baixo do cobertor, estava completamente nu e aquilo me
fez ter vontade de acordá-la de um jeito que eu sabia que ela nunca havia
sido despertada.

Tirei sua mão lentamente de cima de mim e desvencilhei meu corpo


do seu. Entrei por baixo do cobertor e abri suas pernas lentamente.
Depositei um beijo na sua virilha e fui descendo até chegar aos grandes
lábios, os abri com meus dedos e passei minha língua por toda sua
extensão.

Ouvi o gemido de Kristen ressoar baixinho e logo senti o cobertor


saindo de cima do meu corpo. Não parei de chupá-la, o que a fez continuar
gemendo e não demorou muito para segurar meus cabelos.

— Jason… Ah! Mais rápido!

Pediu, choramingando e eu suguei seu clitóris com força, senti suas


reboladas aumentarem e Kristen apertou meus cabelos em suas mãos.

Gozou, deixando que seu orgasmo escorresse por toda a sua fenda.
Depois de limpá-la completamente com minha língua, levantei minha
cabeça e sorri para ela.

— Bom dia, amor! — Murmurei, enquanto subia beijos por sua


barriga exposta.

Parei nos seus seios, depositei beijos nos dois e suguei um de seus
mamilos, fazendo com que ela desse mais um gemido gostoso.

— Acho que foi um delicioso bom dia.


Falou como uma gatinha maravilhosa e eu depositei um beijo na sua
boca deliciosa.
— Eu fui chamada de amor? — perguntou, assim que se afastou de
mim.

— Sim, porque você é o meu amor. Minha pequena pedra preciosa,


meu algodão-doce fofinho.
Kristen sorriu, mas eu pude sentir como seus olhos transbordavam
carinho na minha direção.

— Obrigada, por cada nova experiência.

— Não precisa agradecer.

Beijei seu queixo e passei minha língua por seu pescoço macio e
cheiroso.

— Quer tomar banho?

Ela assentiu e eu me levantei da cama, pegando-a no meu colo e


caminhando com aquela pequena em meus braços. Deixei que a água do
chuveiro caísse sobre a gente, enquanto nos beijávamos e eu dava mais um
orgasmo a Kristen, mas daquela vez com meus dedos.

Eu estava louco para me enterrar dentro dela, mas esperaria o tempo


que fosse necessário, e que ela quisesse me entregar sua virgindade.

Quando saímos do meu quarto, já passavam das dez da manhã.


Assim que aparecemos na sala, de mãos dadas, Alex e Jacob estavam
sentados no sofá, jogando e só falaram um “bom dia” rápido, para não
tirarem a atenção da TV.
Kristen deu um leve sorriso, enquanto eu caminhava com ela para a
cozinha.
— O que quer comer? — perguntei, abrindo a geladeira e percebendo
que não tinha muita opção ali.

— Pela sua cara, parece que não tem nada que eu vá querer aí.
Fechei a porta e sorri para ela.

— Vamos para a cafeteria mais próxima.


Kristen sorriu e se levantou da banqueta em que havia sentado,
peguei sua mão e caminhamos até a saída. Antes que pudesse sumir das
vistas dos meus amigos, eles murmuraram:

— Queremos sanduíches.

Assenti, pegando a chave do carro e minha carteira que ficava em


uma mesinha ao lado da porta.

Saí de casa e caminhei segurando a mão de Kristen até o SUV e


quando fui entrar no carro, novamente senti aquela sensação de estar sendo
observado.
Olhei por cima do ombro cuidadosamente, mas novamente não havia
ninguém ali. Eu só podia estar ficando maluco.

Entrei no carro e Kristen se virou no banco para me encarar.


— O quê? — indaguei.

Dei partida no carro e saímos em direção à primeira cafeteria ou


lanchonete aberta.

— Adorei a noite que passamos juntos.

Sorri de lado, mas voltei minha atenção para as ruas, não queria que
acontecesse nada, por dirigir incorretamente.
— Quando quiser pode passar aqui comigo.

— Tá bom. — Com aquilo, Kristen se voltou para a frente e não


demorou muito para encontrarmos uma lanchonete pelo nosso caminho.

Saímos do carro, caminhamos para dentro do local e fizemos nossos


pedidos nada saudáveis daquela manhã.

E naquele momento, tão incomum para mim, uma realidade me


atingiu. Quando encarava Kristen degustar seu sanduíche, percebi que
aquela garota tinha se tornado fundamental na minha vida.
Nunca tinha passado tanto tempo com a mesma pessoa e perceber
aquilo, trazia à tona o medo que ainda perturbava minha mente.

No entanto, resolvi viver, como Alex havia dito. Eu não era


incomodado há quatro anos, deveria esquecer uma ameaça idiota que nunca
seria concretizada.
Ainda mais quando eu estava chegando a uma maldita conclusão.
Que talvez não fosse tão maldita assim.

Eu estava me apaixonando por aquela garota encantadora que


conheci em um dia qualquer, mas que acabou transformando toda a minha
vida em algo novo e bom.

Eu estava me apaixonando e logo revelaria aquele fato à garota que


havia se tornado meus pensamentos constantes.

A garota mais linda e encantadora que eu já havia encontrado.


Kristen estava mudando minha vida e eu só conseguia pensar que
estava adorando aquela mudança.

Adorando tudo que vinha com ela.


CAPÍTULO 16

Estava terminando de servir as refeições naquele dia de ação do


serviço comunitário, quando vi meu jogador entrar no ginásio e caminhar
na minha direção.

Jason era sexy demais, só conseguia chegar àquela constatação,


quando o via vestido em calça jeans escura e em uma camiseta preta, que
ficava completamente colada aos seus músculos.
Os óculos escuros eram um charme a mais e os cabelos totalmente
penteados naquele seu corte, que um lado era mais baixo, quase raspado no
zero e uma parte jogada para trás, o deixava ainda mais delicioso.

As tatuagens eu nem precisava comentar, já que elas tinham se


tornado minhas favoritas de toda a vida, mesmo que algumas fossem
assustadoras, como a caveira enorme que Jason possuía nas costas, ou o
rosto enorme com uma língua de dar medo na barriga, cheia de gominhos...
Mesmo com aquelas, eu ainda o achava uma delícia para passar minha
língua.

— Oi, namorada! — murmurou, assim que se aproximou de mim,


beijou minha bochecha e ficou parado ao meu lado, enquanto entregava as
quentinhas aos moradores de rua.

— Oi, tatuado! — sussurrei, abrindo um sorriso na sua direção.

— Ainda vai demorar muito? — Voltou a perguntar, enquanto sorria


para algumas pessoas que passavam por ali.
Naquele dia em especial foi a equipe de ginástica artística que nos
ajudou a distribuir a comida. No entanto, eu preferia que fosse o time de
futebol americano, para poder passar mais tempo ao lado do meu
namorado.

— Está acabando, provavelmente mais uns dez minutos e estou


livre.
— Que bom! Se quiser posso ajudar, para ser mais rápido.

Revirei os olhos, mas neguei logo em seguida, porque não tiraria


Sandra do meu lado, uma das ginastas, seria uma falta de educação fazer
aquilo.

— Espera no carro, se não vai me desconcentrar.

Jason abriu seu sorriso destruidor de calcinha e assentiu levemente.


Beijou minha testa antes de voltar pelo caminho que havia chegado.
— Que sorte! — Sandra murmurou ao meu lado.

Encarei-a e a menina se apressou em dizer.


— Eu digo, porque ele parece estar totalmente caidinho por você. E
todos na universidade sabem que o quarterback nunca ficou mais de uma
noite com ninguém.

Sorri para ela, pois não estava chateada com sua intromissão.
— Pois é! Para tudo tem sua primeira vez.

A menina sorriu e continuamos fazendo nosso serviço. Quando


acabei, Georgia falou que eu podia ir, já que sempre era a última a sair. Ela
ficou responsável por organizar o lugar.

Agradeci e saí do ginásio, encontrando meu jogador encostado em


seu SUV e mexendo no celular. Jason parecia estar completamente alheio à
minha aproximação.

Tínhamos combinado de passar o final de semana em Ginnie Springs,


e não me esqueci da minha conversa com Alice na noite anterior…

— Um final de semana romântico?

— Pelo menos foi o que Jason fez parecer, já que não terá jogo no
final de semana todo.

— Ah, meu Deus! Você precisa levar muitas camisinhas.

Revirei meus olhos e encostei-me na cabeceira da minha cama.

— Você acha que está na hora? — indaguei, completamente em


dúvida.

— Amiga, eu falo assim, mas você sabe que é brincadeira. Eu não


vou poder dizer quando é a hora certa para que você perca sua virgindade.
Afinal, essa decisão tem que partir de você.
Sorri para minha amiga.

— Eu me sinto completa com o Jason e cheia de amor, mas ao


mesmo tempo, tenho tanto medo de estar errada em meu julgamento.
— Acho que o quarterback está muito na sua. Eu vejo ele postando
fotos de vocês, o que Jason nunca fez. Percebo ele saindo com você, não
conseguindo ficar um segundo sem te tocar, quando estão perto. Tenho
certeza de que ele não está te enganando.

Concordei com ela, tomando uma decisão.


Naquele final de semana eu seria completamente de Jason. Sabia que
ele não me magoaria. Eu sentia que ele estava sendo verdadeiro, mesmo
que nunca tivesse dito que me amava, mas com seus gestos ele provava
aquilo.

Voltei à realidade e parei ao lado do meu namorado. Ele tirou os


olhos da tela do celular e me encarou com aqueles olhos castanho-
esverdeados.
— Estava quase arrebentando aquele ginásio, só para você vir logo.

— Não demorei tanto assim.

Levei minha mão à sua nuca, aproximei a cabeça de Jason da minha e


beijei seus lábios vagarosamente. Meu namorado, colocou uma das mãos
em minha cintura e me puxou de encontro ao seu corpo.

Sua língua se encontrou com a minha, de forma carinhosa, nada


parecida com os beijos insanos que trocamos toda vez que ficávamos mais
de dois dias sem nos ver, como era o caso daquele dia.
— Estava com saudades. — Jason, murmurou, quando se afastou do
meu beijo.

— Eu estava morrendo de saudades.

— Vamos? — indagou e eu assenti.

Entrei no carro e Jason foi para o lado do motorista, logo colocando o


carro em movimento.
Liguei o som e coloquei Olivia Rodrigo para tocar, iniciando por
Déjà Vu. Comecei a me movimentar no banco, enquanto cantava a música
calminha que sempre falava de algum casal que nunca dava certo e eu pedi
nos meus pensamentos que aquele não fosse meu caso e de Jason.

— Espero que essa música não seja uma indireta para mim.
Soltei uma gargalhada com a careta que Jason fez e eu troquei a
música.

— Não era nada para você, é só que amo a cantora, mas as músicas
dela são bem deste estilo.

Troquei para Ariana Grande e One Last Time, começou a embalar


nós dois. Enquanto seguíamos caminho para o nosso final de semana
romântico.

Quando chegamos a Ginnie Springs, Jason parou na vaga de costume


e saímos do carro. Peguei minha mochila, que estava no banco de trás.
Havia deixado com Alice, e Jason passou em nosso dormitório no caminho
do ginásio, para pegar minhas roupas e meus itens de higiene.
Jason pegou sua mochila e logo estava segurando minha mão na sua,
enquanto travava e caminhávamos para dentro do lugar que sempre amava
ir.
Naquele final de semana, não teríamos os meninos para nos
atrapalhar, então era legal pensar que curtiríamos o lugar paradisíaco
sozinhos.

Chegamos ao chalé que Jacob sempre usava e Jason abriu a porta.


Quando pisei dentro do lugar, meus olhos se arregalaram e minha boca
ficou escancarada.
Todo o chão do chalé estava repleto de pétalas de rosas vermelhas.
Em cima da mesa tinha um porta-retratos, com uma foto minha e de Jason.

Champanhe e chocolates estavam próximos da foto e eu sorri para


aquilo. Aproximei-me do lugar e passei a mão pela foto. Depois olhei por
cima do meu ombro, para onde Jason ainda estava parado, encostado no
batente da porta.

— Pensou em tudo, tatuado?

— Se é para ser incrível, preciso ser o melhor em tudo. Não acha?


Soltei minha mochila no chão e caminhei até ele.

Parei na frente de Jason e mordi meu lábio inferior.

— Este final de semana será o melhor, eu sinto. — Aproximei-me


ainda mais dele, tirei a mochila de suas mãos e o puxei para dentro do
chalé.

Fechei a porta e passei a chave. Jason me encarava como se estivesse


me devorando.
— Eu quero ser toda sua, Jason.

— Não te trouxe aqui para fazer isso, só quero mostrar a você que
não sou um idiota que não sabe fazer coisas românticas.
Sorri de lado, peguei sua mão e coloquei sobre o meu seio.

— Seja romântico, enquanto tira minha virgindade.

— Kris…

— Eu quero ser toda sua, Jason.


Sem relutar mais, ele me puxou para perto, com sua outra mão, que
espalmou em minhas costas e agarrou minha boca.

Eu sabia que aquele final de semana seria o melhor de toda a minha


vida.

Porque estava com ele… com o homem por quem eu estava me


apaixonando a cada segundo.

O homem que me faria uma mulher completa.


CAPÍTULO 17

Meu coração estava disparado…

Não um disparado normal, como quando eu corria e lançava a bola


em campo, era um disparado diferente.

Eu sentia como se o que estava em meu peito estivesse me


consumindo lentamente. Mas era um sentimento bom, algo que nunca tinha
sentido em toda a minha vida.

Peguei Kristen em meus braços e caminhei lentamente com ela até o


quarto. Não havia passado pela minha cabeça, que ela talvez quisesse
perder sua virgindade aquele dia.

Afinal, eu a tocava, fazia-a gozar em minha mão, boca, no entanto,


ela sempre deixou claro que ainda não estava pronta. Já estávamos há mais
de um mês juntos e eu respeitaria o tempo dela. Nunca fui um idiota
abusador, até quando tive minha pior versão, e não seria agora.

Mas ao ouvir o pedido dela…


— Eu quero ser toda sua, Jason.

Aquilo tinha acabado comigo, tinha me levado ao limite do controle


e naquele momento, eu também queria que ela fosse toda minha, que eu
fosse todo dela.

Queria nosso corpo unido, queria lhe fazer mulher… a mulher mais
deliciosa que eu já poderia ter provado.

Eu a desci dos meus braços assim que chegamos ao quarto do chalé.


Kristen me encarou com expectativa.
E eu sorri para ela.

Mesmo que já tivesse visto o corpo nu de Kristen, naquele dia tudo


parecia diferente, eu me sentia como se nunca tivesse colocado meus olhos
no seu corpo.

Puxei a barra da sua regata de cetim e puxei-a para cima, revelando


os seios que estavam sem sutiãs. Os mamilos já estavam eriçados, pela
expectativa do que aconteceria.

Joguei a regata em algum lugar do quarto, não dei bola, o que


importava era aquela garota.

Levei minhas mãos aos seios que cabiam tão bem dentro dos meus
dedos grossos.

Massageei por um momento aquele lugar e aproveitei para girar os


mamilos em meus dedos, fazendo Kristen soltar um gemido completamente
cheio de tesão.

Desci minhas mãos por sua barriga, lentamente, até parar no cós da
calça. Abri o botão e desci o zíper. Fui descendo meu corpo até estar de
joelhos, abaixei sua calça e ajudei Kristen a se desvencilhar daquela roupa.
Sua calcinha de renda era rosa e minha boca salivou para senti-la em
minha língua. Afinal o gosto de Kristen era magnífico.

Abaixei a calcinha com cuidado, para não destruí-la, já que o tecido


era tão frágil, comparado com meus dedos grandes, grossos, cheios de
calos, devido ao esporte que eu fazia.

Ajoelhado e rendido por Kristen, era assim que me encontrava. Beijei


o meio de suas pernas e Kristen as abriu um pouco, me dando uma visão
linda da boceta depilada, que começava a ficar molhada, só por eu ter
apertado seus seios.

Passei minha língua pelo lugar que estava espalhando seu sabor e
levei minhas mãos para a bunda de Kristen, apertando a carne durinha.

Minha namorada gemeu e segurou meus cabelos com força, quando


sentiu minha língua passando pelos grandes lábios e invadindo seu núcleo
quente, molhado e delicioso.

Kristen abriu mais as pernas e eu tirei uma de minhas mãos de sua


bunda para levar até o meio de suas pernas e começar a massagear seu
clitóris, que estava inchado e pedindo por atenção.

Minha menina começou a rebolar em minha boca e eu comecei a


chupá-la com mais força, a mão em sua bunda estalou um tapa, fazendo
Kristen soluçar de prazer.
Tirei meu dedo de entre suas pernas e subi minha mão molhada para
apertar seu seio, enquanto Kristen gemia e gozava em minha boca. O
líquido quente escorreu pela minha língua e eu o suguei, porque amava o
gosto da minha namorada.

Enquanto Kristen convulsionava de prazer a peguei em meu colo e


caminhei com ela para a cama. Deitei-a lentamente sobre os lençóis e abri
suas pernas voltando a chupá-la com vontade.
Chupei sua boceta com prazer, desejo, desespero e só quando Kristen
gozou novamente na minha boca, que tirei minha roupa, ficando
completamente nu na sua frente.

Meu pau estava quase implorando para me enterrar nela, mas eu iria
com muita calma, não queria machucá-la.

Kristen me encarava com os olhos tomados por puro desejo. Peguei


meu preservativo, que estava no meu bolso e assim que abri, comecei a
desenrolar na circunferência do meu pau.

— Prometo ir com cuidado, mas me avise se eu te machucar, ok?


Indaguei, enquanto subia na cama e pairava sobre minha menina.

— Só anda logo, estou sedenta, Jason.

Sorri de lado, segurei meu pau e coloquei-o na entrada apertada de


Kristen.

Brinquei com a cabeça do meu pau naquela entrada, levando a glande


até seu clitóris, massageando a região daquela forma e voltando para sua
entrada.
— Jason… — Kristen reclamou, porque ainda não havia entrado
nela.
— Não quero te machucar — respondi, até rouco de desejo.

Mas Kristen estava tão desesperada, que enlaçou meu quadril com
suas pernas e me empurrou fazendo que eu me enfiasse dentro dela. Kristen
gemeu e fechou os olhos com força.

— Maluca, assim eu te machuco.

Senti o aperto das paredes de sua boceta, elas faziam maravilhas com
meu pau. Fui entrando devagar em Kristen e quando senti a cabeça do meu
pau, parar na parede do seu útero, fiquei quieto até ela se acostumar
comigo.

Kristen abriu os olhos lentamente e eu comecei a me mover


lentamente, ela ainda sentia dor, mas eu sabia que não era tanta, porque
logo começou a se movimentar comigo.

— Caralho! Como você é apertada.


— Eu sinto você me rasgando e ao invés de pedir para parar, eu te
quero mais fundo, Jason.

— Não posso ir mais rápido, senão eu vou te machucar.

Kristen espalmou suas mãos em minhas costas e começou a me


arranhar ali, como se aquilo conseguisse fazer com que seu tesão se
aplacasse.

Ela levantou a cabeça e mordeu meu ombro, depois subiu a ponta da


minha língua para sua orelha e gemeu, enquanto me pediu:
— Me fode com força, eu sei que aguento. — Ela gritou a última
parte: — Eu. Quero. Com. Força.
E eu não resisti ao seu pedido, meti com vontade dentro de Kristen,
enquanto me enterrava dentro dela, seus gemidos aumentavam e eu via seus
seios balançarem na medida que eu me afundava nela.

Ela era tão apertada que eu seria capaz de explodir a qualquer


momento. Por isso levei meus dedos ao seu clitóris e comecei a masturbá-
la.
Kristen não demorou muito para explodir em um orgasmo e enquanto
sentia sua boceta me apertar com seu orgasmo, o meu foi liberado,
enchendo a camisinha, me fazendo rosnar de prazer.

Quando meus jatos pararam de jorrar, deixei meu corpo cair com
cuidado sobre a mulher ofegante que estava embaixo de mim.

Nossos corpos estavam pregando suor e nossas respirações eram uma


tragédia.

Não saí de dentro dela, enquanto observava seu rosto corado.


— Caralho! Eu só quero foder com você a partir de hoje — declarei.

— E eu quero mais de você.

Kristen sorriu e eu a beijei.

Aquela menina era um tesão…


Minha menina…

Minha, somente minha.


CAPÍTULO 18

Estava deitada ao lado de Jason, enquanto ele passava os nós dos


seus dedos pelas minhas costas. O ar estava ligado, pois dentro do chalé
estava pegando fogo e eu não sabia dizer se era somente devido ao sol
radiante do lado de fora, ou se era porque estávamos fervendo de prazer.

Quando Jason se retirou há algum tempo, vi a camisinha suja de


sangue e aquilo mostrava o quanto minha primeira vez tinha sido real.
Minhas pernas ainda estavam bambas e eu estava sentindo uma leve
dormência entre minhas pernas.

Tinha sido incrível.

Estava encarando o maxilar de Jason, enquanto ele olhava para o teto


de madeira. Ao perceber que estava sendo olhado, voltou sua atenção para
mim.
— O que foi?

— Eu nunca pensei que seria tão bom.

Mordi meu lábio inferior e Jason me encarou com o olhar


preguiçoso.

— Mas eu agradeço por ter sido o primeiro, alguns não fariam ser tão
bom.

Sorri de lado e desci meus olhos pelo corpo tatuado. Parando no seu
membro, que não havia ficado mole, ele estava mais duro do que quando
parecia estar dentro de mim.

— Sempre dizem que vocês amolecem depois de fazer… — Senti


minhas bochechas corarem e Jason sorriu.
Ele segurou meu queixo e fez com que eu voltasse meus olhos para
os seus.

— É uma verdade, só que ainda tô cheio de tesão, então enquanto


não gozar mais vezes, não conseguirei ficar tranquilo.

Sorri para ele de forma maliciosa. Era um safado mesmo.

— Isso foi uma indireta?

Jason soltou uma gargalhada e negou:

— De jeito nenhum, só estou sendo sincero, mas sei que deve estar
dolorida, então…

Não deixei que terminasse de falar ao levar minha mão ao seu


membro e começar a masturbá-lo.

— Eu quero mais, Jason.


— Caralho! — Ele fechou os olhos ao pronunciar e eu continuei
subindo e descendo minha mão.

— Onde está a camisinha?

Jason abriu os olhos e gesticulou na direção da calça, fui até lá,


rapidamente, sentindo minhas pernas um pouco bambas e peguei a carteira,
pois era o único lugar que poderia estar.

Assim que achei o pacotinho, voltei para a cama, sem vergonha


alguma.

Ajoelhei-me ao lado de Jason e abri o pacotinho. Desenrolei o


preservativo em seu membro e meu namorado ficou me observando
enquanto eu fazia aquilo. Passei minha perna para cada lado de Jason e sorri
para ele.

— Sempre quis saber qual a sensação de cavalgar alguém.

Mordi meu lábio inferior com aquela confissão e sorri para Jason,
que me encarava completamente fascinado.

— Eu sou todo seu para você fazer o que quiser.

Segurei seu membro e direcionei-o para minha entrada. Desci


vagarosamente por toda sua circunferência e senti-o me abrindo, ainda doía
um pouco, mas nada comparado com a primeira vez que Jason se enterrou
em mim.

Comecei a me movimentar vagarosamente e meu quarterback fechou


os olhos e soltou um gemido. Quanto mais eu subia e descia, mais molhada
eu ficava e mais fácil era descer sobre Jason.

Soltei um grito de prazer quando ele pegou meus seios em suas mãos
e os apertou. Comecei a me movimentar mais rápido, sedenta por mais,
louca por ele.

Jason perdeu o controle, soltou meus seios e girou nosso corpo na


cama, ficando novamente por cima de mim. Ele começou a entrar com
força dentro do meu corpo. Seus rosnados e meus gemidos tomavam o
silêncio do quarto.

Meu jogador, sugou um dos meus mamilos e eu gritei de prazer mais


uma vez. Era bom demais, muito bom, enlouquecedor.

Quando gozei, meus olhos se encheram de lágrimas e vi que Jason


ficou apreensivo, provavelmente por medo de me machucar. Por isso, falei
rápido.

— Está tudo bem! Continua, me fode com vontade, Jason.

E ele continuou se enterrando em mim. Abaixou sua cabeça e


depositou beijos sobre meus ombros, chupou meu pescoço, passou a língua
pelo meu queixo e quando seus olhos se encontraram com os meus, mais
uma vez me tornando sua, sussurrei:
— Eu tô apaixonada por você.

Jason me encarou, como se estivesse em outra órbita e eu não sabia


se havia falado cedo demais o que estava sentindo por ele, mas ao menos
ele não tinha ficado com nenhuma expressão estranha.

— Você é incrível — sussurrou e levou seus dedos até o meu


clitóris.

Comecei a rebolar mais, ao sentir seu membro me penetrando,


enquanto ele me tocava no meu ponto de maior prazer.
E quando me libertei mais uma vez, Jason também encontrou seu
prazer, fazendo a expressão que eu amava ver, quando liberava seu
orgasmo.

Caí sobre seu corpo, deixando ele dentro de mim, sentindo toda sua
circunferência, continuar me deixando aberta. Eu parecia me encaixar tão
bem em seu corpo.

Sorri de lado e senti a exaustão deliciosa me tomar, uma exaustão


pelos esforços mais gostosos que já tinha feito.

Meus olhos pesaram e eu acabei dormindo, daquele jeito, com Jason


ainda dentro de mim, sem me importar, eu só queria ficar sentindo daquela
forma.

E com isso dormi, com um sorrisinho na boca.

Eu provavelmente estava no paraíso e ele tinha nome e sobrenome:


Jason Lennox…

Ele tinha se tornado meu paraíso.


Meu mundo.

Meu tudo.

CAPÍTULO 19
O sol estava se pondo, no momento que segurei a mão de Kristen e
saímos do chalé. Eu havia me preparado para aquele final de semana, queria
revelar meus sentimentos à garota que segurava minha mão de forma
ansiosa. Mesmo que ela tivesse se adiantado e declarado seu amor por mim,
quando estávamos fazendo amor…

Kristen estava linda. Com um vestido azul-royal, de veludo, com um


tênis branco que a fazia parecer rebelde e eu amava aquilo nela… Sim,
amava toda aquela menina.

Seus cabelos que sempre estavam lisos, agora se encontravam com


ondas, já que ela tinha feito aquilo com o tal babylis. Ela ficava linda de
qualquer jeito.

Eu, por outro lado, vestia uma calça jeans e uma regata escura. Não
chegava aos seus pés, mas ao menos tentaria fazer com que aquele final de
semana fosse um dos melhores de nossa vida.

Caminhei com ela pelo caminho cascalhado, até uma clareira, que
possuía asteráceas, por todos os lugares. Ali estava uma mesa de jantar, que
pedi para os funcionários de Ginnie Springs prepararem.

Velas artificiais estavam sobre o lugar, já que se fossem verdadeiras


teriam se apagado, pela brisa leve que rodava por ali.
— Ele realmente decidiu ser romântico. — O comentário de Kristen,
me deixou sem graça.

Continuei caminhando com ela, até chegarmos próximos à mesa,


beijei sua testa e murmurei:

— Quero que seja inesquecível.

— Já está sendo, Jason.


Sorri de lado e girei Kristen para que observasse o sol se pondo. A
visão era incrível, o crepúsculo, deixando as nuvens alaranjadas e poucas
estrelas já despontavam no céu.

Abracei a cintura de Kristen, uma de suas mãos entrelaçou seus


dedos sobre os meus, enquanto a outra subiu até passar por minha
bochecha.

Beijei seu ombro e antes de me afastar, sussurrei o que estava preso


em minha garganta:

— Eu te amo, garota!
Senti o corpo da minha menina tremer em meus braços e ela acabou
novamente girando e encarando meus olhos.

— Você… você tá falando sério? — perguntou.

Pude ver algumas lágrimas deixarem seus olhos, de um azul


profundo, lacrimejantes.

— Nunca falei tão sério em toda a minha vida. — Sorri de lado, e


enxuguei uma lágrima atrevida, que resolveu escorrer pela sua bochecha. —
Eu sempre me achei imune a sentimentos como esses, afinal, vinte e três
anos não é nada, mas ainda é algo. Nunca senti isso por ninguém, meu
coração nunca, nunca mesmo, disparou só por eu ver alguém à minha
frente. Você se tornou o meu mundo, Kristen Lewis.

Kristen sorriu e puxou meu rosto, fazendo sua boca tocar com a
minha e me beijou suavemente, tão delicada que parecia que estávamos nos
conhecendo naquele momento.

Minha língua encontrou a sua, e brincamos de forma lenta e


amorosa.
Tirei minha mão de sua cintura e subi para o seu rosto, para segurar
suas bochechas, enquanto aprofundava um pouco do beijo que estávamos
nos permitindo ter.

Era um beijo, que parecia desvendar nossa alma, liberar todos os


nossos sentimentos.

Assim que nos afastamos, aquele sorriso que deixava Kristen ainda
mais linda, apareceu em seus lábios. Como podia ser tão perfeita?

— Você tem meu coração, Jason.


— E você tem o meu, garota linda.

— Até as tatuagens? — brincou, enquanto me mostrava a língua.

— Tudo meu... — Sorri de forma maliciosa e Kristen revirou os


olhos ao mesmo tempo que gargalhava.

Perfeita!
Era isso que aquela garota era... minha perfeição!

Decidimos jantar e curtir aquela noite que estava iniciando.

Eu era um cara feliz, mas depois de me envolver com minha


namorada — ainda era estranho falar aquilo, porém, era a verdade —, eu
me tornei o cara mais realizado.

Era novo, mas estava ciente de que um dia teria que aquietar e ser um
homem digno. E como eu tinha me metido de cabeça em um
relacionamento, a única verdade era que eu queria Kristen para mim e se o
que eu sentisse por ela só aumentasse... eu iria querê-la por toda a minha
vida.
E com aquilo... os nossos dias foram passando e fomos ficando mais
conectados.

Kristen dormia na minha casa na maioria dos dias, transávamos de


forma insana e eu já nem chamava aquilo de sexo, era amor... amor demais
que eu sentia.

Meus amigos, sempre pegavam no meu pé, já que sempre fui um


canalha e agora estava com as bolas presas a uma só mulher.

E eu nem me importava, porque o que realmente valia era o que


sentia e o que estava sendo retribuído a mim.
Kristen e eu já tínhamos até planos para depois da faculdade. Como
ela se formaria na mesma época que eu, dependendo de onde eu recebesse
alguma oferta para qualquer time, ela iria comigo, dividiríamos uma casa e
ela montaria sua clínica veterinária.

Seríamos felizes.
Muito felizes.

E mesmo que só estivéssemos há quatro meses juntos, para mim, era


como se cada dia fosse um ano e eu só conseguia amar ainda mais aquela
garota.

Até que tudo desabou...


Abri meus olhos no último dia de aula, mas ainda não era hora de
levantar.

No entanto, a batida forte na porta do meu quarto, fez com que eu


sobressaltasse.

— Seu puto, acorda! — Alex gritou do outro lado da porta.

Levantei rapidamente, com medo de ter acontecido alguma coisa


séria. Naquele dia, Kristen não havia dormido em casa, já que precisava
terminar um último trabalho que seus professores haviam lhe passado.

Uns filhos da puta, quem passava trabalho para o último dia de aula,
sendo que nós já estávamos aprovados?

Revirei meus olhos com o pensamento. Abri a porta e Alex tinha um


sorriso enorme na cara, que me deixou assustado.

— A carta que esperávamos chegou.


Senti até minhas pernas perderem um pouco da força, mas me
mantive firme para não desabar.
Eu sabia muito bem de que carta que Alex falava. Era o time que nós
queríamos desde criança.

Nem me importei de só estar de cueca e caminhei para a sala, onde


Jacob encarava as três cartas, cada uma direcionada para um de nós.

— Vocês ainda não abriram? — perguntei, ao parar em frente à mesa,


que os três envelopes estavam, um do lado do outro.

— Preferimos te chamar primeiro para depois abrirmos juntos.


Queria que Kristen estivesse ali para dividirmos aquele nervosismo,
mas dependendo do resultado eu dividiria com ela depois. Não iria
conseguir esperar chegar em minha casa, a ansiedade estava a ponto de me
estourar.

Peguei meu envelope e os garotos fizeram o mesmo.


— Vamos contar até três e abrimos de uma vez — Alex disse,
concordei e Jacob também.

O logo do Los Angeles Rams, estampava o envelope e meu coração


talvez tivesse perdido diversas batidas. Percebi que estava muito
sentimental, desde que decidi me apaixonar, mas não me importava com
aquilo, eu estava feliz e era só o que valia.
Quando falamos o número três em voz alta e ansiosa, abrimos o
envelope e de lá tiramos a carta que poderia mudar nossa vida.

Já tínhamos recebido diversas propostas, mas estávamos esperando


por aquela, e era exatamente por isso que não tínhamos respondido a
ninguém ainda.
E quando a palavra aprovado apareceu na minha cara, gritei, como se
tivesse acabado de ganhar um óscar.
— Fui aceito, caralho!

Alex abriu um sorriso ainda mais gigante do que o da parte da manhã


e gritou.
— Eu também!

E por fim olhamos para Jacob, que estava com uma expressão séria e
um pesar recaiu sobre mim. Não era possível!
— Gente... — Ele fez uma careta, mas logo sorriu. — Idiotas, eu
também fui aceito!

E gritamos e pulamos...

Era a vida sendo perfeita...

Corri até meu quarto, para pegar meu celular e enviar uma mensagem
para Kristen, eu precisava falar com minha menina.
Só que uma mensagem de um número desconhecido chamou minha
atenção.

Franzi meu cenho e a abri, só para deixar a carta que ainda segurava
cair no chão...

Desconhecido: Pensou que eu não cumpriria com minha promessa?

E ali estava estampada uma foto da minha menina, andando perto do


campus. E outras foram surgindo, quando a pessoa do outro lado percebeu
que eu havia lido a mensagem.
Eram fotos do dia a dia de Kristen. Dela comigo, no ginásio fazendo
o serviço comunitário, até mesmo no laboratório do seu curso.
Engoli em seco e toda minha felicidade sumiu.

E meu coração... ah, ele partiu!

Desconhecido: Te dou até o dia de hoje para terminar essa relação,


se não as coisas ficarão interessantes.
CAPÍTULO 20

Estava sentada sobre a minha cama, ainda encarando aquele palitinho


safado.

Não sabia se ficava feliz ou desesperada. Bom, para uma garota com
vinte e dois anos, quase vinte e três, já que faltava um mês para meu
aniversário. Era desesperador… Desesperador!
Ainda mais para alguém que nunca transou sem camisinha.

Será que alguma tinha furado?

— E aí?

Alice estava ansiosa, sentada em sua cama e me encarando. Ela tinha


mais cinco testes de gravidez com ela, um de cada marca. Comprou todos
para mim, quando disse que minha menstruação não descia há dois meses.
— Bom… po… po… positivo! — Quase que a palavra não escapou
da minha boca.

— Então vamos fazer os outros, porque nunca é cem por cento


confiável.

Ela me jogou os outros testes e eu fui me obrigar a fazer mais xixi


naqueles palitos idiotas, outros eram umas canetas sofisticadas.

E depois de uns quarenta minutos, todos deram positivo. Será que eu


podia começar a chorar?

Que desespero!

Eu havia mentido para Jason, que tinha um trabalho a fazer, só para


não ter que dormir na sua casa naquela noite e poder fazer os testes no dia
seguinte, assim que uma farmácia estivesse aberta.
— Então, eu acho que ou todos os testes piraram, ou eu realmente tô
com um neném aqui dentro.

Apontei para minha barriga, que nem demonstrava ter nada dentro
dela. Já que ainda continuava lisinha e sem nenhuma protuberância.

— Eu vou ser madrinha de um neném lindo ou linda.

Queria sorrir, mas não consegui, estava com medo da reação de


Jason.

— E se ele não gostar da ideia? — indaguei.

Alice se levantou da sua cama, caminhou até onde eu estava e me


abraçou.

— Depois de todos esses meses, com ele demonstrando o quanto te


ama, você acha mesmo que ele não vai aceitar?
Afastei-me de Alice e murmurei:

— Sei lá, acho que a gente não queria um filho agora.

— Amiga, eu sei que não queriam, mas agora vão ter. Vocês já
estavam combinando de morarem juntos, então… esse será só mais um fato
que vocês terão que conviver.

Sorri de lado para ela, já que estava certa.


Jason e eu, já queríamos estar morando juntos, mas ainda tínhamos
que esperar a resposta de qual time ele iria escolher, já que havia recebido
diversas propostas, mas a que ele mais desejava ainda não tinha chegado.

Los Angeles Rams, era o seu sonho.

E mesmo que meus pais não tivessem gostado da ideia de me verem


morando com um namorado, também não me impediram, pois perceberam
que eu estava feliz.

— Acho que tenho que ir até o Jason — comentei.

— Sim e contar para o quarterback, que agora ele terá um mini ele,
ou mini você.

Sorri daquela vez, tentando deixar o desespero escapar do meu


corpo.

— Vou lá, então. — Antes de sair, perguntei: — Levo os testes?

— Sim!

Alice os pegou testes e colocou todos dentro da minha bolsa a


tiracolo.

Antes que eu pudesse sair do nosso quarto, ela sussurrou:


— Se ele for idiota, eu estou aqui e lembre que você não precisa de
macho algum. Ok?

Sorri para minha amiga e assenti.


Mas eu sabia que Jason seria incrível comigo. Mesmo que ainda
estivesse morrendo de medo.

Chamei um carro por aplicativo e esperei alguns minutos, até que o


motorista surgiu e eu o cumprimentei assim que entrei no automóvel.
Ainda bem que a casa de Jason não ficava muito distante do campus,
senão seria capaz de eu ter uma síncope dentro do carro.

Quando o motorista estacionou em frente ao meu destino, me despedi


e saí do carro, caminhando até a entrada da casa de Jason. Toquei a
campainha e Jacob abriu.
— E aí, coisinha linda?

Sorri para ele e beijei seu rosto.


— Tudo bem? — perguntei, enquanto olhava ao redor e via Alex
sentado no sofá, dedicando sua atenção ao videogame.

— Tudo ótimo! Aposto que o outro já te chamou aqui para contar


nossa novidade.
Franzi meu cenho, porque Alex e Jacob estavam com sorrisos
enormes, mas Jason não tinha me contado nada, como seu amigo havia
sugerido.

— Ele está onde? — indaguei, e mesmo sem querer, engoli em seco.

— No quarto.
Assenti e depois de bagunçar os cabelos de Alex, segui para os
corredores que levariam até o quarto de Jason. Assim que parei em frente à
sua porta, bati levemente.

— Pode entrar! — Sua voz estava rouca e eu senti um arrepio passar


pelo meu corpo.
Abri a porta e surgi dentro do quarto. Meu namorado, estava sentado
sobre a cama, usando uma bermuda jeans, mas sem camisa. Deixando suas
tatuagens expostas, as tatuagens que aprendi a amar.

— Oi, lindo! — cumprimentei e Jason parecia tão absorto que se


sobressaltou ao ouvir minha voz.

Sorri para ele, mesmo que estivesse morrendo de nervosismo pelo


que tinha descoberto. Mas diferente de todas as vezes que Jason me recebia,
ele não retribuiu o meu sorriso, algo tinha acontecido.

Foi aquela única conclusão que consegui chegar.


— Está tudo bem? — indaguei.

Meu quarterback me olhava, como se eu fosse uma miragem


aterrorizante e senti um frio passar por toda minha pele, mesmo com o calor
infernal que fazia em Gainesville.

— Terminou o seu trabalho? — indagou com a voz grossa, mas


parecendo me odiar, ao menos era aquilo que refletia nos olhos de Jason.

Respirei fundo e antes que eu pudesse falar alguma coisa, vi o


envelope branco com o símbolo do Los Angeles Rams, mesmo que
estivesse me sentindo estranha, com a forma que Jason me encarava, abri
um sorriso radiante.
Eu sabia que era radiante, pois era um daqueles que mostrava até o
último dente, que fazia a bochecha doer de felicidade.

— Foi aceito? — perguntei, cheia de expectativa.

Jason desviou os olhos rapidamente de mim, quando acenei com meu


queixo na direção do envelope.

— Sim! — Não tinha felicidade em sua voz.


E meu sorriso foi morrendo aos poucos.

— Quer dizer que vamos morar em Los Angeles? — Tentei mais


uma vez demonstrar que estava completamente feliz com aquela notícia.
— Eu vou morar lá — respondeu, sem nem me dar atenção.

Como assim?
— Vamos morar lá, como combinamos e eu preciso te falar uma
coisa. — Jason voltou seus olhos castanho-esverdeados na minha direção e
ficou me encarando como se fosse a última vez que fosse me ver. — Eu
menti sobre o trabalho.

Aquilo pareceu tirá-lo do limbo em que se encontrava. Ele levantou


suas sobrancelhas enquanto me encarava, provavelmente esperando que eu
explicasse o que estava querendo dizer.
Engoli em seco, mas nunca fui uma mulher covarde, não era agora
que começaria a ser.

Abri minha bolsa, tirei todos os testes de gravidez e estendi a Jason.


Foi perceptível ver o choque passar pela sua face, seu corpo congelou e eu
tinha sentido sua respiração se prender, quando encarou aqueles testes na
minha mão.
— Não sei como aconteceu, já que sempre usamos camisinha, mas…
— Fiz uma pausa, para respirar fundo, não estava gostando da forma como
meu namorado olhava para os testes. — Eu tô grávida, Jason. Vamos ter um
bebê.

Um nó se formou em minha garganta, principalmente, porque ele não


falava nada, só encarava aqueles testes como se fosse sua ruína.
Nunca, desde que começamos a nos envolver, pensei que me sentiria
decepcionada com meu jogador, como me senti naquele momento, assim
que as palavras que escaparam de seus lábios, partiram meu coração,
fizeram que vários cortes se abrissem nele e que começassem a sangrar.

— Não quero filho… Isso vai me atrapalhar na minha nova jornada


como jogador.

Abri minha boca para tentar dizer algo, mas não consegui pensar no
que falar. Não quando ele parecia tão verdadeiro ao pronunciar aquelas
palavras.

— Na verdade, só agora parei para raciocinar. Eu só podia estar


maluco, por querer me envolver tão sério com uma garota. Não quero morar
com você, eu já tive o que queria.
Os testes caíram da minha mão e eu até dei um passo para trás,
quando ele se levantou da cama, com a expressão fechada me encarando.

Só que para terminar de acabar comigo, arrasar meus sentimentos, ele


sorriu… Jason abriu um sorriso zombeteiro e cravou uma faca no meu
peito… não tinha faca, mas suas palavras pareciam como lâminas afiadas.

— Você já me deu o que eu queria, não quero filho, não quero


mulher, não quero nada. Vou ter uma vida esportiva muito melhor, se for
um solteiro cobiçado e não tiver que me preocupar com nada. Eu, na
verdade, quero que suma da minha vida, Kristen. Eu só queria sua
virgindade. Usei camisinha, então a culpa não é minha por estar grávida.
Talvez você tenha transado com outro sem preservativo, para sei lá, mostrar
que realmente me colocou um cabresto.

Senti as lágrimas descendo pelo meu rosto, quando suas palavras me


feriram.

— Por que tá fazendo isso? — Levei minha mão ao meu peito,


porque não sabia se meu coração aguentaria. — Você disse que me amava,
que ficaríamos juntos…

Solucei, deixando mais lágrimas caírem dos meus olhos.


— Não tenho culpa de você ser ingênua e cair no papo do cafajeste
da universidade.

Dei um passo na sua direção, pisando sobre os testes, sem me


importar com mais nada. Sem pensar em mais nada, desferi um tapa em seu
rosto.
A cabeça de Jason se virou na direção contrária ao tapa e ele não
voltou seus olhos para os meus.

— Suma daqui, garota…

Por que parecia que ele não queria falar aquilo?

Já que vi seu pomo-de-Adão, subir e descer, ao pronunciar as


palavras que pareciam difíceis de serem ditas.

— Se eu for, você nunca mais vai me ver e não saberá nada do bebê
que estou gerando.

— Já disse que não quero mais nada com você.


E aquelas foram as últimas palavras que ouvi, antes de assentir,
mesmo que ele não me olhasse mais.

Saí do seu quarto, rapidamente, sem conseguir controlar as lágrimas.


Passei pela sala e esbarrei em Alex, que estava caminhando na direção dos
quartos.

— Ei, gata! O que foi?

Encarei o amigo do meu… do meu ex-namorado e só deixei que mais


lágrimas caíssem.

— Adeus! — Foi o que disse, quando saí da casa de Jason sem olhar
para trás.

Eu nunca mais olharia na sua direção.

Nunca mais…

Jason seria o meu ódio eterno, que carregaria dentro de mim, para
que eu me lembrasse de toda a tristeza que eu estava sentindo.
Coloquei minhas mãos sobre minha barriga, enquanto caminhava de
volta ao campus… eu ficaria com meu bebê e seria a melhor mãe que ele ou
ela poderia ter.

E Jason Lennox, se tornaria somente um passado traumatizante que


eu nunca mais… nunca mais queria saber que existia.
CAPÍTULO 21

3 anos depois

Era a comemoração do Los Angeles Rams, por termos vencido o


Super Bowl daquele ano. Algumas garotas, que eu nem sabiam de onde
tinham saído, estavam dançando ao nosso redor.

Levei o cigarro que fumava à boca e senti a nicotina entrar no meu


corpo, me deixando mais agitado. Eu não bebia uma gota de álcool, mas
desde que entrei para a liga da NFL, adquiri um vício nas minhas vitórias.

Um cigarro nunca fazia mal a ninguém. Ou melhor, fazia, mas quem


se importava com a minha vida?
Uma das mulheres que dançavam sentou no meu colo e rebolou sobre
o meu pau. Senti meu amigo endurecer no mesmo momento e segurei a
cintura da garota com força, fazendo-a esfregar sua bunda nele.

Já tinha gente trepando ao meu lado, meus amigos estavam todos


bêbados. Alguns foram comemorar com suas famílias, mas os solteiros,
estavam em um lugar que reservamos e estávamos prontos para fuder e
extravasar a nossa felicidade.
Alex estava em um canto do lugar, fodendo uma mulher na parede.
Jacob eu nem tinha ideia de onde estava metido.

Levei minha mão livre, que não estava segurando o cigarro, ao meio
das pernas da garota que rebolava em meu pau e passei por sua boceta. Tão
molhada e sem calcinha, só estava de saia, com as pernas abertas, deixando
quem quisesse olhar para sua bocetinha molhada.
Penetrei um dedo dentro dela e a mulher gemeu, jogando o corpo
para trás.

— Me chupa, minha putinha! — sussurrei no seu ouvido e ela fez o


que pedi.
Ficou de joelhos, tirou meu pau da calça que eu usava e começou a
me sugar…

Aquilo não era o paraíso, era meu inferno pessoal, mas que aprendi a
conviver, para nunca mais me lembrar dela…

Da mulher que abandonei, carregando minha filha…


Abri meus olhos e percebi que estava na minha casa. Lembro que
fodi aquela mulher no sofá do lugar em que estávamos, na frente de todo
mundo, mas os outros não eram diferentes de mim, então, eu pouco me
importava para a opinião deles.

Peguei meu celular na mesa de cabeceira e olhei as horas. Eu tinha


dormido uma boa parte do dia, já que passavam das quatro da tarde. Sentei-
me sobre a cama e só assim abri a mensagem que os seguranças…
seguranças dela me enviaram.

Quando vi as fotos, um sorriso despontou em meus lábios, eram tão


lindas.
Tão perfeitas… Minhas mãos coçavam de vontade de tocá-las e pedir
para que Kristen me perdoasse.

Mas eu sabia que não podia, não quando os riscos eram grandes
demais. Ao menos eu podia vê-las assim, quando os seguranças que
contratei cuidavam delas. Mesmo que a mulher que eu sempre amaria,
nunca soubesse daquilo.
Eu transava com diversas mulheres, para tentar esquecer Kristen,
mesmo em três anos nunca tivesse conseguido. Treinava como um
condenado, jogava como um louco e tudo que passava pela minha mente
era ela… a mulher que abandonei grávida, por causa daquele filho da puta!

Nunca me esqueceria daquele dia…

Alex abriu a porta do quarto e eu estava caído no chão, desabando


no meio do caos que tudo tinha se transformado.

— Que porra aconteceu aqui? — Meu amigo indagou.


Aproximou-se de mim e quando viu os testes de gravidez no chão,
ficou perplexo.

— Jason, o que aconteceu?

— Ele voltou, Alex. Ele voltou e eu tive que abandoná-la quando ela
veio me dizer que estava grávida.

Gritei segurando meus cabelos entre meus dedos.


Meu amigo estava em choque.

— Vamos denunciá-lo novamente para a polícia — esbravejou.


E eu neguei, porque na mensagem dizia, que se eu fizesse aquilo
novamente, ela morreria…

Deixei de me lembrar daquele dia. Levantando-me da minha cama e


partindo para o banheiro, eu precisava de um banho, urgentemente, só para
colocar a mente no lugar.
Travei a tela do meu celular, tentando evitar olhar demais para
aquelas fotos, que sempre eram como pregos em meu coração.

Naquele dia mesmo, eu contratei seguranças para protegerem


Kristen. Ela não compareceu na formatura, mas seu nome estava entre os
homenageados do dia, já que era uma aluna exemplar.
Eu sabia que ela estava em Miami e desejei ir até ela, mas não
arriscaria. Alice até estava presente na formatura, mas sequer olhou em
minha direção.

E eu fiz o meu papel mais filho da puta que pude, em beijar uma
garota em sua frente, para que ela contasse a Kristen o quanto eu era um
imbecil.

Sabia que minha garota iria sofrer, mas ao menos me esqueceria e


viveria a sua vida feliz. Cada beijo, cada corpo que tocava, que não era o de
Kristen, eu sentia asco, mas a minha vida tinha se tornado aquela.

Rico, em pouco tempo, era um dos jogadores mais ricos. Desejado


por diversos times, mas eu estava em um dos principais da NFL, o que mais
desejei.
Jacob e Alex jogavam comigo e eu nunca pensei que meus amigos,
poderiam fazer parte do meu time oficial.

Hoje eu morava em Los Angeles, em uma mansão. Kristen continuou


em Miami e Wendy nasceu lá. Eu sabia tudo sobre ela, já que ficou sendo
perseguida pelos meus seguranças, não conseguia abrir mão daquilo.
Meu pai sempre quis saber o motivo de contratar aqueles seguranças,
mas nunca lhe disse. Ele poderia colocar a vida da mulher que eu amava e a
da minha filha também, que só tinha dois anos.
Harvey tinha feito muito por mim quando eu ainda tinha dezenove
anos. Ele mostrou para o que pais serviam, mas desde aquele dia, eu quis
cuidar de todas as merdas que cometi no passado sozinho.

E sofrer sozinho…
Sozinho…

Sem poder nem mesmo me aproximar da minha bebê, ou de


Kristen…
Encostei-me na parede de azulejos e deixei que a água quente caísse
pelo meu corpo.

Eu era só um caco de homem, tentando usar minha máscara de


cafajeste até que um dia a morte viesse me levar.
E se eu precisasse sofrer tudo o que sofria, eu faria, para que Kristen
e Wendy ficassem bem.

Só elas importavam e nunca pagariam pelo que aconteceu quando eu


ainda era muito inconsequente.

Nunca!
CAPÍTULO 22

Estava com um Shih-tzu sobre minha mesa, enquanto verificava se


estava tudo bem com sua barriguinha. Tinha montado minha clínica
veterinária em Miami, logo depois de me formar e naqueles três anos estava
tudo indo muito bem.

Trabalhei até o dia que minha bolsa estourou e nunca vou me


esquecer daquele pequeno desespero. Tive que gritar socorro para Alice,
que não trabalhava muito longe de mim, em um escritório de advocacia há
algumas quadras. A Morris & Carter Associados era uma empresa de
renome e minha amiga conseguiu iniciar sua carreira como advogada lá.

Os donos do lugar, Hazel e Dominic, a tratavam extremamente bem e


ela sempre os elogiava por onde passava.
E minha amiga, havia se tornado uma advogada criminalista de
respeito e era o meu maior orgulho.

Sorri ao me lembrar do desespero dela ao chegar na clínica e ver a


minha bolsa estourada e minha roupa toda molhada…

— Pelo amor de Deus! Eu não sei fazer um parto — gritou, enquanto


eu fazia uma careta para mais uma contração.

Ela me ajudou a caminhar até seu carro, sem se importar com o


banco de couro, que ficaria todo molhado com o líquido.

— Se você parir minha afilhada dentro do meu carro, eu juro que


vou fazer ela voltar por onde entrou. Eu não estou preparada para esse
trauma.

E assim, Alice foi gritando pelo caminho, como se eu tivesse com


humor para aquilo.

Ao menos eu consegui ter Wendy na sala de parto da maternidade


que eu tanto queria e minha amiga não precisou voltar minha filha para
nenhum lugar.

Agora minha garotinha tinha dois anos e três meses, era saudável,
linda, com cabelos claros como os meus e os olhos dele…

Terminei de atender a cachorrinha, que era extremamente mimada


pela dona, se chamava Kushirra e a sua “mamãe”, como a dona preferia ser
chamada, ficou toda contente ao saber que a cadela estava bem.

Depois de sair, como era meu último atendimento naquele dia, decidi
ir embora para conseguir chegar em casa antes de Wendy dormir.
Ela ficava quase o dia todo com a babá, mas eu não podia deixar de
trabalhar, ainda mais que meus pais, nem sabiam de sua existência.
Consegui esconder minha gravidez e até seu nascimento dos meus velhos.

Não quis assumir para eles, que o namorado com quem tanto se
preocupavam, havia me abandonado grávida. Sem contar, que eles
poderiam parar de me ajudar financeiramente, antes que minha clínica
começasse a dar bons frutos e por isso, foi pensando na minha pequena, que
nunca revelei sobre a sua chegada no mundo.

Havia três anos que eu não os via, pois quando fui abandonada pelo
homem que jurei amar, os visitei para matar as saudades e depois segui meu
rumo para Miami.

Nunca mais fui à casa deles, mas sempre fazia ligações de vídeo
quando estava na clínica ou quando Wendy estava dormindo. Aquele era
meu único arrependimento na vida, já que meus pais me amavam e me
tratavam como uma princesa e eu também os amava muito, mas não
colocaria o bem-estar da minha menina em risco.

Tranquei a clínica e caminhei até meu carro. Destravei o alarme e


quando fui contornar o automóvel, alguém esbarrou em mim, fazendo até
mesmo que minha bolsa caísse no chão.

— Nossa, me desculpe!

Era um homem mais velho do que eu, provavelmente deveria ter uns
trinta e poucos anos, mas era bem bonito, não podia negar.

Ele abaixou, pegou minha bolsa e me direcionou um sorriso


educado.

— Tudo bem! Obrigada! — Agradeci ao pegá-la.


O homem ainda ficou me encarando de uma forma estranha e eu só
não fiquei com um medo aterrorizador, porque a rua onde estávamos era
bem movimentada e ainda havia muitos pontos de comércio abertos.

— Sou Jasper! — Estendeu-me sua mão e eu retribuí o gesto


rapidinho.

Fazendo com que aquele contato acabasse o mais rápido possível. O


homem possuía uma barba cerrada, sobrancelhas grossas e olhos muito
pretos. Usava um boné, mas era possível ver que o cabelo era um pouco
grande, já que despontava para fora.

No entanto, era forte e bonito para um caralho!

— Prazer!

Não falei meu nome, já que não era obrigada a revelar a ninguém.
Ainda mais a um desconhecido.
— Vou abrir uma loja de utensílios para casa aqui neste quarteirão.
Você trabalha aqui?

Por que ele queria saber da minha vida?

Sorri para ele e murmurei:

— Eu preciso ir, Jasper.


Ele fez uma expressão tranquila, ao menos não era um maluco e
assentiu.

— Desculpe, sou muito desesperado e acabo falando demais.

— Sem problemas!

Esperei que se afastasse do meu carro e só aí, abri a porta e entrei,


sentando-me no banco do motorista. Aproveitei para travar as portas e
fiquei olhando pelo retrovisor, enquanto o homem se afastava.

Aquilo era tão estranho…

Mas era só minha mente feminina falando mais alto, já que eu sabia
muito bem que mulheres sozinhas, sempre se tornavam alvos fáceis para
qualquer tipo de abusador.

O homem devia somente estar querendo fazer amizade e ali estava


eu, desconfiando no primeiro momento, já que a vida me ensinou a ser
daquela forma.
Não confiar em ninguém mais… Não depois do meu passado com
Jason Lennox, o quarterback mais famoso da atualidade.

Sacudi minha cabeça e dei partida no meu Nissan. Era um carro


simples, sedan, que não me daria dor de cabeça para entender de cavalos e
não sei mais o quê, mas a sua cor, vermelho-sangue foi o que mais me
conquistou quando o vi.
Cheguei ao meu prédio um tempo depois. Já que o trânsito em
horário de pico era um saco. Estacionei meu carro na minha vaga e subi
pelo elevador até o quarto andar do prédio.

Caminhei tranquilamente pelo corredor que tinha luzes automáticas,


que assim que andávamos elas se acendiam. Coloquei a senha na porta do
apartamento 406 e entrei em casa.
— Bola! — Wendy gritou, quando jogou sua bolinha que brilhava
para cima.

Abri um sorriso assim que vi minha menina brincando com sua bola,
que ela amava tanto e que tínhamos comprado em uma pequena feira
indiana que havia acontecido há algumas semanas em uma praça perto da
nossa casa.

— Helena, o que essa garotinha está fazendo? — perguntei, sorrindo


para a babá da minha pequena.
— Senhora, ela aprendeu a jogar a bola na parede.

A garota de vinte anos que olhava minha filha, comentou, e fez uma
carinha culpada.
— Não se preocupe.

Ela se levantou e eu peguei o envelope com o seu pagamento.


Estendi para ela, que abriu um sorriso gigante para mim. Helena morava no
andar debaixo e resolveu não fazer faculdade, para cuidar da sua mãe que
tinha Alzheimer, por isso, quando a encontrei uma vez no estacionamento,
chorando, e ela me explicou toda sua situação, resolvi contratá-la.
Helena sempre levava Wendy até seu apartamento de hora em hora
para ver a mãe e minha filha parecia até fazer bem para Janny, uma senhora
de não mais de quarenta anos e que já possuía uma doença tão agressiva.

— Ainda preferia fazer uma transferência para você, a ficar te


trazendo dinheiro em espécie — murmurei.

— Fica mais fácil para mim, senhora.

— Como preferir e você cuida da minha filha há mais de um ano e


continua me chamando de senhora. Eu sou nova e você está fazendo com
que eu me sinta uma velha.
Helena me olhou assustada e eu sorri.

— Estou brincando.
— Ainda bem, senhora. É porque não consigo não chamá-la assim.

Revirei meus olhos e abracei a babá de Wendy.

— Fica tranquila! Vá descansar, vou ficar com minha menina.

— Tudo bem! — Ela foi até Wendy, que me olhava com seus
olhinhos brilhando e beijou a testa da minha menina. — Até amanhã,
querida.
Depois de me despedir de Helena me aproximei da minha pequena
pestinha, que estava sentada no sofá, segurando seu sorriso.

— Cadê a minha pequenininha?

Fui me aproximando, enquanto fazia um gesto com meus dedos que


indicavam que eu iria lhe fazer muitas cócegas.

— Sumi…
Wendy tapou o rosto com as mãozinhas gordinhas e eu peguei sua
barriga e enchi de cócegas e beijos.

— Mamã, eu vou desmaiá! — Wendy gritou, enquanto gargalhava


com minhas cócegas.

— Eu tava morrendo de saudade da minha bebê.

Enchi suas bochechas de beijos e Wendy abraçou meu pescoço e se


grudou em mim.
— Eu tamém quelia ficá mais cá mamã.

Wendy havia aprendido a falar muito rápido, mas ainda falava as


palavras cheias de erros e eu a achava mais linda.
Sua bochecha rosada estava mais gordinha e os olhinhos esverdeados
ficaram cheios de lágrimas.

Infelizmente, eu passava muitas horas longe da minha menina, mas


sempre tentava recompensar aquilo com muito carinho e um final de
semana regado a muito amor e atenção que eu lhe oferecia.

— Eu te amo, minha pequena e prometo que vou tentar sair ainda


mais cedo do trabalho. Tudo bem?

Wendy assentiu e deixou algumas lágrimas caírem sobre as


bochechas minúsculas. Sequei-as e beijei sua testa, eu sempre faria de tudo
para que minha filha não sentisse falta do traste que deveria ser seu pai.
— Wendy ama tamém.

Minha princesa beijou minha bochecha e eu só precisava daquilo e de


mais nada.

Minha filha, minha casa, meu trabalho…

Eu já era feliz o suficiente com aquilo…


E daquela forma, eu ia me enganando…
CAPÍTULO 23

Corria na esteira, já havia mais de uma hora, o suor escorria pelo meu
rosto e caía pelo queixo. A música tocava alto no meu headphone e eu fazia
aquilo para me machucar mais um pouco. Já que eu sempre colocava uma
música ou outra que ela gostava de ouvir.

Não sabia se os gostos musicais de Kristen haviam mudado, mas eu


sempre ouvia alguma coisa que ainda imaginava que eram suas preferidas.
Só para me lembrar do seu sorriso, ou quando começava a dançar e cantar
dentro do carro toda empolgada, com sua voz extremamente desafinada.

Que saudade eu sentia daquela menina…

A mulher que mudou toda a minha vida, que me fez perceber como
tudo podia ser melhor se dividido com alguém que te amava, que sabia o
que você sentia, que escutava suas reclamações ou elogios. Uma mulher
que não era somente o amor da minha vida, era minha amiga e que fui
obrigado a deixá-la. Ela e nossa filha.

Soltei um suspiro e assim que parei de correr na esteira, que ficava na


academia particular do time, dentro do campo de treinamento, Alex me deu
um empurrão.

— E aí, seu puto!

Dei um soco no punho estendido do meu amigo e desci da esteira.

— E aí! — Abaixei o headphone e deixei-o pendurado no pescoço.

Assim que meu amigo viu minha expressão, perguntou:

— Recebeu notícias dela, né?

Assenti, nunca escondi de Alex, nada que acontecia. Ele conhecia


Wendy por fotos e sempre falava da nossa semelhança . Os cabelos claros
de Kristen, mas os olhos as bochechas, faziam que logo ela fosse parecida
comigo.

Sempre me perguntava se Kristen percebia aquela semelhança.

— Elas estão bem?

Assenti novamente sem conseguir dizer nada em voz alta. Minha


garganta se fechava só de imaginar as fotos que recebi das duas sorrindo,
brincando no parquinho, que ficava em uma praça perto do apartamento de
Kristen.

Ou até mesmo nas fotos das duas na praia, com a mulher que eu
amava usando um biquíni rosa com bolinhas brancas e Wendy, minha
garotinha perfeita, usando outro com a mesma cor, mas com babadinhos, a
deixando mais fofa.
— Cara, eu não sou de partir para violência, mas eu queria tanto
arrebentar a cara daquele desgraçado, matar ele, na verdade.

Soltei um suspiro mais alto e assenti novamente, porque era a mesma


coisa que eu sentia. Eu tinha vontade de pegar Hector e arrancar a cabeça
dele. Eu sabia da minha culpa, mas além de ter que conviver com toda a
tragédia que aconteceu na minha vida, ainda tinha que aguentar aquelas
ameaças infelizes.

— Sinceramente, eu só queria poder ver minha filha — sussurrei.

Nesse momento o treinador Rupert Rann, parou ao meu lado e me


amaldiçoei, por não ter percebido sua aproximação.

— Filha? — indagou.

— Treinador… — Engoli em seco novamente e Alex, que não sabia


reagir normalmente quando era pego no flagra arregalou os olhos. — Não,
eu não disse filha. Quer dizer… — gaguejei, péssimo mentiroso. — Eu
quero ter uma filha, futuramente, quando me casar.

O treinador sorriu, como se entendesse do que eu falava.

— Ah, quando você realizar essa vontade, verá o quanto é incrível


Lennox. Sério, eu tenho duas meninas lindas, são meus maiores tesouros.
Tentei sorrir com sua felicidade.

Se ele soubesse as merdas que eu já havia passado, não estaria me


falando tão alegre da sua felicidade.
Afastei-me e fui puxar algum peso para tentar extravasar a minha
raiva. Eu ainda precisava viver com a máscara de cafajeste e jogador
excelente, para que aquele filho da puta… não machucasse as minhas
meninas.
Peguei meu celular, entrando no meu instagram em seguida e fazendo
um story, que logo começou a ter diversas visualizações. Em sua maioria de
mulheres, que sonhavam em algum dia estar sobre a minha cama.

Se elas soubessem que só ficava com outras mulheres, para poder


escapar da realidade da minha vida. Claro que eu ainda sentia desejo,
quando via um corpo nu à minha frente, mas nada era como estar com a
mulher que viveu ao meu lado por poucos meses, no entanto, pareceu que
conviveu comigo por uma vida toda.
E como eu queria que ainda estivéssemos juntos.

Novamente tentei tirar aquilo da minha mente e comecei a puxar um


halter de cada lado dos meus braços, eles pesavam cinquenta quilos e
mesmo assim, ainda os estava achando leves para a quantidade de fúria que
queria dispersar.

No entanto, fui tirado da minha concentração, quando o celular


vibrou no bolso da bermuda flanelada que usava para malhar. Deixei os
pesos no chão e peguei o aparelho.

Lendo o nome de um dos meus seguranças no visor. Não gostava


quando eles me ligavam, pois sempre era para atualizar de algo ruim, como
quando me avisaram sobre o nascimento de Wendy, ou quando a minha
filha ficou doente com uma virose e teve que ficar internada.

Ainda lembro que naquele dia não consegui me controlar e peguei


meu jatinho para Miami o mais rápido que pude…

Entrei no hospital e olhei para a atendente. Eu usava um boné e


ainda havia colocado um casaco com capuz por cima dele, para tentar não
ser percebido por ninguém.
Cheguei próximo à recepcionista e ela me encarou de forma curiosa,
já que eu parecia um bandido me escondendo daquela forma.

— Boa noite! — Cumprimentou-me.

— Boa noite! Queria uma informação sobre uma paciente.

A moça franziu o cenho, mas tentou sorrir.


— Qual paciente?

— Wendy Lewis — sussurrei, para evitar que pessoas ao redor


escutassem.

— E o senhor é algum parente da… — Ela parou, para encarar algo


na tela do computador e murmurou: — É uma criança?

— Sim, ela… veio para cá mais cedo. Sou tio dela. — Como eu
mentia mal, como Kristen acreditou em mim tão facilmente naquele fatídico
dia?
— Vou informar a mãe da paciente que o senhor está aqui.

Droga!
E foi por isso, que saí correndo de dentro do hospital. O que eu havia
pensado, que chegaria ali, como um completo maluco e conseguiria ver
minha filha?

Entrei no carro que havia alugado e dirigi por Miami, parando em


frente ao apartamento de Kristen. Fiquei ali a noite toda, como um
completo stalker, ou até mesmo um psicopata… No entanto, no dia
seguinte, lá estava ela.

Chegando com seu carro vermelho.


Não consegui ver muito da mulher que amava e muito menos minha
filha, por causa dos vidros escuros, mas ao menos consegui ter um
vislumbre delas.

Se estavam de volta, Wendy devia ter melhorado.


E com aquilo, somente uma pequena imagem das mulheres da minha
vida, eu fui embora.

Não podia ficar ali e fazer com que Kristen corresse perigo…

— Alô! — Falei, ao sair dos meus devaneios e atender a ligação.

— Senhor, não temos boas notícias.


E foi ao ouvir aquilo que eu soube que mais coisas infernais
voltariam a acontecer na minha vida.

— O que aconteceu? — Minha voz não passava de um sussurro.


— Hector está de volta.

E foi ali que meu mundo ruiu.


CAPÍTULO 24

Anotei o remédio na receita que estava prescrevendo, para um


gatinho, chamado Aroldo. Ele estava com problemas na pelagem e sua dona
o levou para verificar o resultado dos exames que havia lhe passado.

Assim que entreguei a receita à mãe do pet, ela saiu do meu


consultório e eu a acompanhei até a porta de vidro. Logo que fechei a porta,
ouvi Wendy — que eu havia trazido para a clínica naquele dia —, me
chamar.

— Mamã?

Eu a tinha deixado dentro da sala de brinquedos, que ficava mais no


fundo da clínica, que havia feito especialmente para ela, quando eu queria
lhe trazer até o meu trabalho.
Aproximei-me da sala, que estava com a porta aberta e assim que vi o
que minha pestinha estava fazendo eu já imaginei o motivo de me chamar.

Wendy era uma garotinha muito boa, não chorava nunca, ela só sabia
gargalhar e abrir aqueles sorrisinhos, com pequenos dentinhos de leite.

E naquele momento, que ela estava presa dentro da caixa de


brinquedo, que eu não tinha ideia de como ela havia conseguido abrir sem a
minha ajuda, eu havia entendido o motivo de ter me chamado.

Assim que levantei a tampa da caixa, minha bebê me encarou com os


olhos arregalados, mas em sua boca um sorriso despontava.
— O que a senhorita está fazendo aqui?

— Fiquei pesa…
— Vem aqui, então… — Peguei-a em meu colo e fiz cócegas em sua
barriga, fazendo aquela gargalhada gostosa ser ouvida por toda a clínica.

No momento que beijei o rostinho da minha menina, ouvi a


campainha tocar. Provavelmente algum paciente de última hora, já que eu
não tinha mais nada agendado para aquela hora.

Com minha menina nos braços, caminhei até a entrada da clínica e


assim que vi a pessoa que estava parada do lado de fora, senti meu sangue
gelar.

Eu não entendia o motivo de não gostar daquele homem, mas desde


que abriu a sua loja a duas lojas da minha clínica, ele começou a aparecer
ali com frequência, tentando impor uma amizade que eu não queria.
Jasper me deu um leve aceno, através da porta de vidro e eu me
amaldiçoei por ter colocado uma porta de vidro na minha própria clínica, só
porque um maluco estava me perseguindo.
Caminhei até a porta, mas não a abri.

— Oi! — murmurei e Wendy ficou encarando o homem do lado de


fora.

Ela segurava um cachorrinho de pelúcia e apertava o bichinho como


se quisesse arrancar as suas espumas do lado de dentro.

— Oi, Kristen, certo?


Ele havia descoberto meu nome, devido ao adesivo colado na maldita
porta de vidro. Informando que ali se encontrava a médica veterinária
Kristen Lewis.

— Sim, Jasper! — Cortei-o.

— Que criança linda.

— Sim, ela é!

O homem semicerrou os olhos na direção de Wendy e eu quis socá-


lo.

— Pensei em vir te convidar para tomar um café. Acho que seu


expediente deve estar para terminar.

Tentei sorrir para ele e não demonstrar que estava com medo daquela
vibe psicopata dele. Talvez eu estivesse sendo meio neurótica, mas gostava
de assistir alguns filmes e séries meio complexos, relacionados a pessoas
perseguidoras e não sabia o motivo de aquele homem — muito bonito —,
despertar aquele sentimento aterrorizador dentro de mim.

— Estou com minha filha. — Voltei a me amaldiçoar, assim que falei


o que Wendy era, já que Jasper a encarou com os olhos arregalados e depois
abriu um sorriso. — Por isso, vou passar o seu convite dessa vez.
O homem estava com um sorriso assustador nos lábios, e eu me
permiti engolir em seco, por estar com medo de verdade daquele idiota.

— Acho que você não gosta de mim, Kristen — sussurrou, mas alto
o suficiente para eu ouvir através da porta de vidro.

— Não tenho nada contra você, Jasper.

Wendy deixou o cachorrinho cair e eu a desci do meu colo, para que


ela o pegasse.
— Filha, vai para o seu quartinho — murmurei.

Wendy balançou a cabeça e eu não tirei meus olhos de Jasper,


enquanto ele observava minha filha andar para o fundo da clínica.

— Sua filha é linda, Kristen.

— Eu também acho! — respondi de forma grossa.


Jasper fechou o sorriso e se aproximou mais do vidro da clínica.

— Tem que tomar cuidado, para o alerta AMBER não ser anunciado.
Já que sabemos que moramos em um país, com muitos sequestros.

Engoli em seco no momento que ouvi aquilo. Comecei a ver


vermelho na minha frente e estava pronta para voar na cara daquele
desgraçado.

— Eu vou te falar uma única vez. — Aproximei-me mais do vidro e


rosnei: — Não tenho ideia de quem você seja, mas se retornar à porta da
minha clínica, vou acionar a polícia e se um dia, voltar a parecer que está
me ameaçando em relação à minha menina, eu corto o seu pau, idiota.

Puxei a cortina que eu usava para proteger do reflexo do sol da


manhã e evitei olhar para o lado de fora, enquanto via a sombra daquele
idiota.

Era a quarta vez que ele aparecia somente naquela semana ali na
porta. Todas as vezes eu o encontrei do lado de fora e agradeci
mentalmente, por naquele dia em específico, que Wendy estava comigo, eu
ainda estar dentro da clínica quando ele apareceu.
Não tinha gostado de Jasper, desde o dia que esbarrou em mim e
depois de tentar me assustar com o Alerta AMBER, eu sinceramente não o
queria mais me rondando.

Decidi fechar a clínica e ir para meu apartamento, pois daquela


maneira eu voltaria a me sentir segura.

Era só o que me faltava…

Ficar amedrontada com um desconhecido.


Fui até o quartinho de brinquedos e Wendy estava deitada sobre o
tapete colorido.

Ela havia pegado no sono, tão inocente às maldades do mundo.


Peguei-a em meu colo lentamente, lembrando-me de levar seu cachorrinho,
desliguei a luz do quarto e fui até meu consultório para pegar minha bolsa.

Com uma das mãos, fiz malabarismo, enquanto segurava Wendy com
meu outro braço. Assim que desliguei tudo, caminhei para fora da clínica e
observei bem, antes de sair para ver se aquele imbecil não estava do lado de
fora.

Quando olhei na direção da sua loja, percebi que ele estava na porta,
olhando na minha direção. Destravei o carro e coloquei Wendy na
cadeirinha.
Depois o mais rápido que pude, entrei no meu sedan e saí dali. Sem
nem mesmo olhar na direção daquele homem. Eu teria que pedir alguns
conselhos a Alice, para saber como lidar com aquele estranho.

Liguei o som do carro baixinho e coloquei em uma música calma,


para não acordar Wendy. My Immortal começou a tocar, mas não na voz de
Amy Lee, e sim, na de Corvyx, um cover maravilhoso que eu amava daquela
música.
E depois dessa outro clássico, do mesmo cantor, começou a embalar
o carro. My Heart Will Go On, tomou meus ouvidos e eu senti meus olhos
começarem a lacrimejar. A voz de Corvyx era uma maldade de linda e
sempre me lembrava daquele idiota… imbecil…

Como eu odiava Jason Lennox…

Estacionei o carro em minha vaga, peguei a bolsa em seguida para ir


logo caminhar até o banco de trás e pegar a minha dorminhoca, que ainda
abraçava o cachorrinho de pelúcia.

Eu queria muito ter um bichinho de estimação, já que os amava com


paixão, mas acabou que Wendy teve um problema com alergia a pelos de
animais e eu tive que desistir daquele sonho por enquanto.

Quando minha menina estivesse maior e mais resistente aos


bichinhos, eu teria um cachorrinho ou gatinho para alegrar ainda mais a
nossa casa.

Subi pelo elevador, com Wendy babando em meu ombro, enquanto


ficou com a cabeça repousada no bendito. Saí do elevador e a luz do
corredor já estava acesa.
Provavelmente algum vizinho meu, teria passado por ali
recentemente.
Fui caminhando em direção ao quatrocentos e seis e quando levantei
meu rosto para olhar na direção da porta do meu apartamento… estaquei no
mesmo momento, minha respiração se alterou e eu senti minhas pernas
fraquejarem.

Encostado ao lado do batente da minha porta, com um pé repousando


na parede, com aqueles braços fortes e cheios de tatuagens… lá estava o
motivo do meu ódio e desconfiança com todos.
Ao lado da entrada do meu refúgio, me encarando com aqueles olhos
tão parecidos com os de Wendy, estava Jason.

O homem que evitei ver todas as notícias relacionadas a ele nos


últimos anos estava me esperando e para deixar o momento mais difícil,
Wendy deu uma leve gemidinha em meus braços e levantou os olhos
sonolentos do meu ombro e me encarou.
— Chegamo? — perguntou, com a vozinha repleta de sonolência.

E quando viu que eu não respondi nada, só encarava a minha frente,


minha menina olhou na direção do homem que deveria ter sido seu pai.
— Tem é ele, mamã?

E ali, naquele momento eu vi uma lágrima escorrer dos olhos de


Jason…

O que aquele desgraçado queria ali?


CAPÍTULO 25

Algumas horas antes

Quando ouvi o nome de Hector surgir do outro lado da ligação, eu


senti como se estivesse me afogando, como se correntes me segurassem no
fundo do mar e me impedissem de submergir.

— Senhor, estamos o observando há alguns dias. Ele está com uma


loja de fachada perto da clínica da senhorita Lewis, e já tem alguns dias que
fica forçando alguns encontros com ela.

Engoli em seco e rosnei:

— Ele sabe da Wendy?

— Ainda não confirmamos, senhor.


— Cuidem da segurança delas, estarei o mais rápido possível em
Miami.

Desliguei o celular sem nem mesmo me despedir do segurança e


caminhei até Alex e o técnico.

— Senhor, eu precisarei me ausentar por alguns dias dos treinos.

Tínhamos vencido o Super Bowl há alguns dias, mas os treinos não


paravam e eu sabia que podia ser um desfalque para o time, no entanto, o
futebol americano nunca foi mais importante do que as duas mulheres da
minha vida.
Mesmo que eu tenha feito Kristen acreditar naquilo.

Rann me encarou sem entender o motivo.


— Você sabe que temos que manter a forma, Lennox — murmurou.

— Eu sei, treinador. Desculpe, mas aconteceu um problema pessoal,


preciso ir a Miami resolver.

Rupert Rann franziu o cenho e passou os olhos pela minha expressão,


que eu tinha quase certeza, que não estava das melhores.

— Desde que não perca o ritmo. Quantos dias ficará fora?

— Só o prazo de resolver esse problema.

— Ok! — respondeu, de forma revoltada.

Afastou-se e deixou Alex e eu sozinhos.

— O que aconteceu com elas?

Olhei de esguelha para meu amigo e respondi:

— Ele está perseguindo a Kristen.


— Como assim?

Expliquei a história para Alex e ele cerrou as mãos em punhos.

— Quer que vá com você? — indagou.

— Não, o treinador ficaria mais puto do que ficou. Preciso resolver


isso sozinho.

Alex assentiu e colocou uma das mãos sobre meu ombro.

— Mas o que pretende fazer? Você não pode ficar próximo a ela.

Respirei profundamente, fechei meus olhos e tentei não pirar, por


ainda não estar dentro do jato e indo em direção à mulher que mudou a
minha vida e que eu nunca consegui esquecer.

— Cansei, Alex! Vou atrás dela e vou revelar toda a verdade,


prometerei protegê-la, ela e a nossa menina.

Meu amigo sorriu de lado e bateu a mão em meu ombro.

— É assim que se fala.

Depois daquilo, minhas horas passaram como um borrão. Arrumei


poucas coisas na minha casa, somente uma mochila com algumas roupas e
parti para o aeroporto, queria chegar a Miami o quanto antes.

Quando o jatinho pousou, já estava anoitecendo e eu sabia que não


adiantaria ir até a clínica de Kristen, por isso, segui diretamente com um
dos meus seguranças, que ficou à minha disposição na cidade.

Assim que parou na entrada do prédio, eu subi até o quarto andar sem
muito esforço. Era um prédio ótimo, mas com segurança zero. O que me
deixava ainda mais apreensivo em relação a Kristen e Wendy.
Quando recebi a mensagem de Tyler, o segurança que me
acompanhou até ali, informando que Kristen tinha chegado, senti meu
coração começar a correr uma maratona.

Minhas mãos começaram a suar, meu corpo começou a se arrepiar.

Ela provavelmente odiaria me ver ali, mas eu estava fazendo aquilo


para sua proteção. Quebrei todas as regras com aquela aparição, para não
deixar que nada de ruim acontecesse.

Só de imaginá-la conversando com Hector, eu me sentia tão


impotente por deixar aquele cara se aproximar da minha mulher.
Quando as portas do elevador abriram, eu me recostei na parede, pois
não tinha certeza de que meu corpo pudesse aguentar a pressão que estava
sentindo.

Olhei de soslaio para o lugar que a mulher que eu tanto amava,


começou a surgir. Usava tênis branco, que sempre foram os seus preferidos,
seus cabelos estavam presos em um rabo de cavalo. A calça jeans colada e a
regata branca eram sua marca registrada.
Mas a bebê em seus braços foi a minha ruína.

Wendy dormia no ombro da mãe e eu jurei que iria morrer ali


mesmo, teria um infarto mesmo sabendo que não tinha problema de
coração, mas a dor e o choque que estava sentindo no meu peito não eram
normais.
Quando os olhos de Kristen me encararam, ela estacou no mesmo
lugar. Eu tenho certeza de que se vivêssemos em uma ficção, aquele
momento seria a hora de tudo entrar em câmera lenta e passar uma música
triste de fundo.
As bochechas de Kristen coraram e eu tinha garantia que não era por
estar envergonhada, e sim, por estar sentindo o mais puro e cruel ódio ao
me ver. Seus olhos de um azul tão intenso me fuzilaram, mas no momento
que Wendy fez um som fofo e levantou-se do ombro da mãe, eu jurei que
iria cair ali mesmo.

Era minha filha… a menininha que nunca consegui ver de perto.


Minha garganta travou e eu tive que conter as lágrimas, no entanto, quando
a ouvi perguntar quem era, não aguentei e deixei a água salgada escorrer
pelas minhas bochechas.
Kristen ficou em silêncio e Wendy me encarou. Seu cabelo loiro
estava amarrado em duas Maria-chiquinhas, com dois pregadores em
formato de borboleta na cor rosa.

— O que… o que você tá fazendo aqui? — A pergunta, escorrendo


raiva pelo timbre da voz, me fez sair do meu estado letárgico e encarar
Kristen novamente.
Engoli em seco ao menos umas duas vezes, antes de murmurar:

— Preciso conversar com você.


Minha voz não passava de um fio, quase inaudível, era muita saudade
daquela mulher, muita vontade de tocar na garotinha em seus braços.

— Vai embora daqui, Jason. Eu não tenho nada para falar com você.
Limpei minha garganta e me afastei da parede. A menininha me
encarava de forma curiosa, hora ou outra olhava para as tatuagens em meus
braços.

— Ele tem um monte de desenho. — Sua voz fininha tomou o


corredor.
Kristen desviou sua atenção de mim e olhou a filha de forma
preocupada.

Wendy colocou a mão no rosto da mãe e a beijou. Muito carinhosa!

Minha filhinha era carinhosa e eu queria receber aquela atenção.

— Kristen, eu preciso mesmo conversar com você. — Ela fez


menção de falar mais alguma negativa e eu resolvi abrir o jogo. — Você
está correndo risco, você e a Wendy.
Vi os olhos da mulher à minha frente se arregalarem. Ela devia ter
percebido que eu falei o nome de nossa menina. Porque seus lábios
tremeram e eu percebi quando seus olhos lacrimejaram.

— Do que está falando? — rosnou.


— Por favor, deixa eu te explicar? — pedi, torcendo para que ela me
escutasse. — É sério, eu não estaria aqui se não fosse. Eu não colocaria sua
vida em risco, se você não tivesse correndo o pior deles.

Kristen só pensou a respeito e eu vi a dúvida bater em seus olhos. Eu


também não confiaria em uma pessoa que me machucou tanto no passado.

E depois de olhar mais uma vez para Wendy, Kristen se aproximou


do painel digital e colocou a senha de entrada. Ela olhou uma vez na minha
direção, antes de murmurar contrariada.

— Te dou dez minutos, depois não quero te ver nunca mais, Jason.
Respirei fundo.

Dez minutos eram melhor do que nada…

E com meu coração nas mãos entrei no apartamento, onde vivia todo
o meu mundo.
CAPÍTULO 26

Deixei minha bolsa no armário que ficava ao lado da entrada.


Coloquei Wendy no chão, que ficou parada próxima à porta, encarando o
homem enorme que entrava por ali.

Minhas pernas estavam parecendo gelatinas, completamente trêmulas


e o suor escorria pela curva das minhas costas. Dei as costas para Jason,
caminhando em direção à sala, aproveitei para segurar a mãozinha de
Wendy e levá-la junto comigo.

Sentei minha menina no sofá e ela ficou balançando as perninhas,


enquanto ainda encarava de forma curiosa o homem que deveria ter sido o
seu pai, mas era somente um idiota que havia me deixado amedrontada ao
falar que eu e Wendy corríamos perigo.
Fiquei com os braços cruzados, encarando o homem tatuado, com os
músculos maiores do que da última vez que eu o havia visto. Seu cabelo
estava um pouco mais curto, mas ainda possuía o mesmo corte. Jason,
parecia completamente deslocado ali dentro. Estava com as mãos unidas na
frente do corpo, os olhos abaixados, mas hora ou outra ele trazia aqueles
olhos iguais aos de Wendy na minha direção, ou na direção da minha
menina.

— Os seus minutos estão passando — rosnei e soltei um suspiro


audível.

Estava impaciente com sua presença ali.

Jason levantou seu rosto e me encarou, quando foi dizer algo, minha
filha se intrometeu.

— Mamã, tô cu fome.

Tirei minha atenção do homem… extremamente gostoso que estava à


minha frente e encarei minha filha. Já era tarde, para quem estava
acostumada a jantar mais cedo.

— Desculpa, meu amor. A mamãe vai preparar a sua comidinha, ok?

Ela assentiu e se encostou no sofá, mas ainda estava curiosa para


saber quem era aquele intrometido. Nunca havia levado um homem para
casa, então, aquilo deveria ser uma novidade para Wendy.
— Jason, eu preciso preparar o jantar dela.

Ele assentiu e murmurou:


— Posso? — Apontou na direção de Wendy e eu senti um leve
tremor passar pelo meu corpo.
Ele não quis aceitar a gravidez, ele havia me abandonado. No
entanto, eu nunca iria impedi-lo de conhecer Wendy, se um dia mudasse de
ideia. Só nunca o procurei, pois quando fui falar da gravidez ele falou que
nunca mais queria me ver.

E ao perceber que Jason Lennox, estava parado na sala da minha


casa, cheguei à conclusão de que nunca havia deixado de amá-lo e mesmo
assim eu deveria conservar meu orgulho intacto e não demonstrar aquilo
para ele.

— Se você não fizer nenhuma idiotice — respondi.

— Nunca faria isso!

Assenti e andei para a cozinha. Eu já havia deixado alguns legumes


prontos para quando chegasse esquentá-los e dar para Wendy.

Peguei cenoura, couve-flor e batata na geladeira, os piquei e coloquei


no microondas para esquentar. Enquanto passava um filé de frango para
ela. De onde estava no fogão, olhei de esguelha na direção dos dois que
estavam na sala e vi Jason se aproximando dela.
Ele se agachou em frente ao sofá e falou:

— Oi!
— Oi! — Minha filha respondeu e se aproximou mais de Jason. —
Tomo é seu nome?

— Eu sou o Jason e você?


— Wendy!

Desliguei o fogão e girei meu corpo na direção da sala, mas não me


intrometi no contato que os dois estavam tendo.
— Seu nome é lindo, sabia?

— A mamã diz que é. O seu tamém é monito. — Ela olhou para os


braços de Jason e apontou na direção deles. — Puquê tem tanto desenho no
seu baço?

— Ah, isso aqui eu fiz quando era mais novo! Chama tatuagem.

A voz de Jason estava embargada e eu me amaldiçoei por estar


sentindo uma vontade desgraçada de chorar. Não queria deixar minha
máscara de indiferença cair, mas naqueles três anos eu sempre quis saber
como seria um encontro de Jason com Wendy e agora que estava vendo,
ainda parecia muito irreal.

Tentei dispersar minha atenção e voltei a preparar o jantar da minha


filha, sem conseguir parar de ouvir a conversa que ela estava tendo com
Jason.

— Mamã tem uma tamém — murmurou.


Estaquei no mesmo momento, porque eu realmente tinha feito uma
depois que Wendy nasceu.

— Ah, é?

Senti os olhos de Jason recairem sobre mim no mesmo momento. Já


que ele devia lembrar-se do meu corpo, se eu ao menos signifiquei algo
para ele, nos meses que passamos juntos.

E a frase que eu havia tatuado na minha costela, era exatamente a


frase de Peter Pan, que foi quando me fez escolher o nome de Wendy.
“Ela lhe contou histórias, ele a ensinou a voar... Amavam-se, mas ele
não queria crescer…”
Quando vi aquela frase que remetia a tantas lembranças boas da
minha infância e que servia tanto para o que eu passava na época, foi
exatamente por isso, que resolvi colocá-la na minha pele.

Terminei de preparar o jantar de Wendy, organizei-o em seu pratinho


que era cheio de divisórias, arrumei sua cadeirinha de alimentação e voltei
para sala. Encontrei Wendy, segurando a mão de Jason e olhando para as
tatuagens em seus dedos.
— Meu amor, seu jantar está pronto.

Ela me olhou e bateu palmas, abrindo um sorriso de felicidade.

— Ebá! Vô comê!

Wendy voltou sua atenção para Jason e sorriu para ele.


— Você té comê comigo?

Jason sorriu para ela e respondeu:


— Pode comer, eu não estou com fome.

— Tá bom!
Aproximei-me do sofá, fazendo Jason se levantar da posição que
estava e peguei Wendy a levando para sua cadeirinha. Coloquei-a no lugar,
fechei o cinto de segurança e arrumei o prato em cima da bandeija.

— Prontinho!

Entreguei-lhe o prato e ela começou a comer o seu jantar. Às vezes


pegava a comida com as mãos, outra com o talher e eu fiquei a observando,
porque amava demais minha menina.

Em alguns momentos eu nem acreditava que podia ter uma criança


tão maravilhosa quanto Wendy. Perdia-me na sua beleza, na sua paz, no seu
amor.

Aquela menina era meu tudo.

Fiquei tão absorta, ao observar Wendy que me esqueci por um


momento do assunto que Jason tinha vindo até Miami tratar comigo. Olhei
de esguelha para ele, que caminhou para perto de Wendy e ficou parado ao
seu lado a observando, como se ela fosse muito importante para ele.

Revirei meus olhos e cruzei meus braços.


Falso! Era isso que aquele idiota era.

— Continua comendo, que a mamãe vai ver o que o… — Não sabia


como chamá-lo na frente da minha filha. — Ele quer.
Wendy sorriu e eu me voltei para Jason. Apontei para a sacada e ele
ficou observando o lugar, antes de murmurar:

— Acho que preciso conversar com você aqui dentro.

Sorri com puro escárnio.

— Você não tem que escolher onde conversar comigo, Jason. Eu que
escolho, só quero que diga o que veio fazer aqui, que merda de perigo é
esse que estou correndo e depois é para ir embora e nunca mais voltar.
Wendy que comia, parou de mastigar ao me ouvir falar.

— Puquê num gosta dele, mamã?

Droga!

Fechei meus olhos, pensei no que dizer à minha filha e quando os


abri novamente, havia decidido o que falar.
— A mamãe só está cansada.
Ela assentiu e voltou a comer.

— Eu posso esperá-la dormir — sussurrou, apontando na direção de


Wendy.
Já estava na merda, o que mudaria se eu ficasse mais uma hora ou
duas?

Assenti e bufei.
Quando me tornei uma pessoa tão boazinha que aceitava tudo que era
imposto, por um ser… desprezível, como Jason Lennox?!

O homem que me conquistou, a quem entreguei meu coração, o


homem que me abandonou sem olhar para trás, mesmo que eu tivesse lhe
dito sobre a gravidez.

Eu não sabia como ficaria assim que ele voltasse a sumir, mas já
imaginava que ficaria na pior.
CAPÍTULO 27

Eu estava na sala do apartamento de Kristen, ela tinha ido dar banho


e colocar Wendy para dormir. Perguntei se podia acompanhá-la, mas
Kristen negou prontamente.

Não queria avançar mais do que o permitido por ela, então aceitei
esperar. Afinal, eu tinha que aceitar o que viesse dela depois do que a fiz
passar e mesmo que não soubesse ainda estava correndo grande perigo.
Olhei alguns porta-retratos com foto das duas. Kristen sorria em
todas, mas para quem a conhecia há tanto tempo, eu sabia que faltava algo
no brilho que a cercava.

Quando conheci Kristen, quando ela sorria, parecia irradiar todos os


brilhos de estrelas. Era perceptível que com Wendy ela era feliz, mas sinto
que naquele dia, eu destruí um pouco do brilho que cercava Kristen.
Olhei uma foto da minha filha, em seu aniversário de um ano. Era tão
linda… o que me fez voltar há algumas horas, quando consegui, pela
primeira vez, conversar com minha menina.

Ela ficou extremamente interessada nas tatuagens e quando comentou


da tatuagem de Kristen, fingi que não sabia, mas a verdade era que eu sabia
de tudo que ela fazia.

Quando ela fez aquela tatuagem, foi alguns meses depois de Wendy
nascer, era uma frase relacionada a Peter Pan e como o nome da minha filha
era o mesmo de uma das protagonistas da história, imaginei que foi dali que
ela surgiu para ser tatuada.

Respirei fundo, ao pensar naquilo. Eu havia perdido tanto de Kristen


e tanto de Wendy, mesmo que soubesse de tudo que acontecia com elas, não
era a mesma coisa do que conviver com elas.
Fui um bundão, que não soube lutar no passado pelo amor, mas
agora, eu lutaria… com todas as minhas forças.

Saí dos meus devaneios, quando escutei passos pelo corredor que
imaginei ser o que levava aos quartos. Kristen surgiu novamente na sala e
estava com a mesma roupa, a única diferença era que havia soltado os
cabelos, que continuavam lindos e brilhosos como sempre foram.

Caralho! As fotos que os seguranças me mandavam não faziam jus à


beleza daquela mulher. Kristen ainda tinha a mesma fisionomia juvenil,
nem marcas de expressão possuía e aquilo me fazia recordar de cada minuto
que passei ao seu lado.

Eu a amava tanto…

— Jason, eu já estou perdendo o pouco de paciência que tenho.


Desembucha o que você quer e some do meu apartamento.
Sua voz continuava raivosa e eu decidi não testar mais a sorte.

— Bom, eu acho melhor você sentar — informei.

Ela revirou os olhos, algo que não havia perdido desde a época em
que a conheci.

— Fala logo, Jason!

Kristen cruzou os braços à frente do corpo, realçando um pouco dos


seios e eu decidi que aquele não era o momento de pensar no corpo
fodidamente lindo dela.

— Kristen, você e a Wendy estão correndo perigo.


— Eu já ouvi isso, quero saber de onde você tirou essa ideia?

Ela caminhou até a bancada que dividia a sala da cozinha e se


encostou nela. Continuou com os braços cruzados, mas não disse mais
nada, provavelmente esperando que eu contasse o que fui fazer ali.

Deixei que toda a dor que caminhava comigo, dia após dia,
reverberasse pelo meu corpo e as lágrimas começaram a se formar em meus
olhos.

— Eu quis te manter distante das desgraças que aconteceram em


minha vida, mas parece que quanto mais eu tento te evitar mais desastres
parecem acontecer.

— O que você tá querendo dizer?

— Kristen, eu preciso te contar o que aconteceu comigo, quando eu


tinha dezenove anos. Foi por isso que eu te deixei naquele dia.

Revelei pegando-a completamente de surpresa. Seus olhos se


arregalaram, porém, tentou dispersar o seu olhar assustado.
— Kristen, eu era inconsequente…

Anos antes

Khloe era a garota mais gostosa que eu conhecia, linda, de cabelos


pretos e olhos castanho-escuros, sua boca carnuda era uma perdição. Ela
era minha vizinha e eu não a assumia, mas provavelmente era seu
namorado.
Vivíamos juntos para cima e para baixo, estudamos no mesmo
colégio e entramos para a mesma faculdade, sendo que eu não tinha ideia
do motivo de Khloe querer ir para a Universidade da Flórida. Já que nada
que ela queria cursar, tinha na faculdade, mas ela preferiu abrir mão do
seu gosto, para ficar comigo.

Iríamos viajar no próximo semestre para o outro lado do país, mas


seria muito bom, seria uma nova fase, uma fase que eu queria muito viver.
Parei com meu BMW na porta da sua casa e dei uma buzinada leve.
Há quatro anos os pais de Khloe haviam falecido e seu irmão ficou sendo
seu guardião.

Hector Jasper Packer, era extremamente ranzinza, e me odiava. Ele


já tinha deixado aquilo bem claro, mas Khloe lhe falou que não era para se
intrometer em sua vida, porque ele não era seu pai e só era cuidador por
ela ainda ser menor de idade.
No dia em que minha vida mudou e a de Khloe chegou ao fim,
estávamos em um bar, para comemorarmos o final dos nossos dias ali
naquela cidade. Alex, que era meu amigo desde a infância, estava com uma
garota e nem se importou de se enturmar com a gente.

Khloe e eu estávamos virando a vodka na boca, direto do bico da


garrafa. Nós nos beijávamos a todo o momento e lembro exatamente o que
me fez ter vontade de sair daquele lugar. Foi o que ela me disse:
— Que tal, eu ir para a sua casa e nós treparmos a noite toda?

Sorri para ela e mordi seu lábio inferior.


— Acho que você sempre tem as melhores ideias.

Não estávamos muito longe de casa, então ir dirigindo, bêbado, não


seria um problema. O que era algo que meu pai odiava, já que ele sempre
deixou claro que se me pegasse dirigindo com a cara cheia de álcool,
tomaria meu carro.
Mas o que os olhos não veem o coração não sente.

Saí do bar com Khloe quase pendurada no meu pescoço e fomos


caminhando até a BMW. Abri a porta para ela que entrou e sorriu para
mim.

— Um cavalheiro — comentou, com a voz grogue.

Contornei o automóvel e depois de sentar-me no banco do motorista,


lembrei-me de ao menos colocar o cinto de segurança.
Dei partida no carro e acelerei. Khloe estava desatando o nó da sua
blusa, quando me virei para olhá-la.

— Acho que vou querer ser fodida aqui mesmo.

Soltei uma gargalhada e fechei meus olhos, não percebendo o


tamanho do risco que corríamos com aquilo. Acabei avançando o sinal e
um caminhão bateu no carro em cheio, bem do lado de Khloe que estava
sem cinto. À medida que o carro era empurrado pelo caminhão, eu perdi o
controle do volante e capotamos.

Lembrava-me dos gritos de Khloe, dos meus próprios gritos, mas


depois tudo se calou…
E antes que eu desmaiasse por ter batido a cabeça no vidro do carro,
percebi que a garota não estava mais ao meu lado, o seu corpo havia sido
arremessado para fora.

Dias atuais

Kristen colocou uma de suas mãos sobre a boca e me encarou com os


olhos cheios de lágrimas.
Lembrar-me daquela noite, me deixava muito triste, porque se eu não
tivesse cometido a imprudência de dirigir da forma como estava, aquilo não
tinha acontecido.

— Por isso, você não bebia na faculdade? — perguntou, a voz estava


um pouco rouca.
Assenti, mas decidi continuar a história.

— Eu ainda não bebo — minha voz, por outro lado, estava


embargada. — Meu pai, com seus contatos muito importantes, fez de tudo
para abafar o caso na mídia. Eu não fui condenado nem nada, não sei como,
mas tenho certeza de que isso também foi coisa do meu pai. Quando Hector
soube o que aconteceu, ficou transtornado. Era a única família que lhe
restava e eu a tirei dele. Eu fiquei na UTI por um mês, tive um traumatismo
craniano, mas por pura sorte sobrevivi, porque estava de cinto de segurança.
Ao menos foi aquilo que os médicos disseram. Quando eu recebi alta,
algum tempo depois, Hector retornou para sua casa, que era ao lado da
minha. Quando viu que eu estava bem, ele não pensou em outra coisa a não
ser jurar que eu nunca mais seria feliz com mulher alguma.

Kristen se levantou do sofá, pois chegou em uma parte da história


que acabamos nos sentando um ao lado do outro.
— Isso é horrível, Jason! — Ao escutar suas palavras, não resisti e
comecei a chorar, o que acabou espantando Kristen.

— Eu pensava que essa fosse a pior coisa que podia ter acontecido
comigo, Kristen. Mas quando eu vi que a ameaça de Hector era real, eu tive
que me precaver. Ele me ameaçou de morte diversas vezes, meu pai,
percebendo que aquilo estava ficando assustador o denunciou para a polícia
e ele sumiu. Eu pensei que tudo tinha ficado bem, mas nunca quis provar se
a sua ameaça era verdadeira, porque decidi não ficar com ninguém por mais
de uma noite. Quando ele retornou, eu pensei em avisar a polícia, mas ele
disse que poderia ser muito pior se eu fizesse aquilo.

Fiz uma pausa para respirar e daquela vez, ainda enxugando minhas
lágrimas, Kristen indagou:

— Quer tomar uma água? — Tinha menos ódio em sua voz naquele
momento.

— Obrigado, mas não! — Fiz uma pausa e a olhei, enquanto seus


olhos me encaravam de forma triste. — Uma vez você me perguntou se as
tatuagens tinham algum significado. E sim, eu as fiz, um ano depois da
morte de Khloe, porque tinha vergonha de olhar o meu corpo e ver que tudo
estava perfeito e que ela estava morta, por minha culpa. As tatuagens foram
uma forma de escapar do que eu era antes. Kristen… — Fiz uma pausa e
solucei com as lágrimas que caíam pelo meu rosto de forma desenfreada. —
Ainda escuto os gritos dela às vezes.

Tomando uma atitude que nunca pensei que veria de novo, Kristen se
aproximou de mim e segurou minha mão.

— Jason, por mais que eu te odeie, eu sei reconhecer quando a culpa


não foi intencional. Você dirigiu bêbado, era jovem e inconsequente, todos
erramos. Não se culpe pelo acidente, pois o nome mesmo já diz… é um
acidente.

— O problema é que esse acidente, fez com que eu perdesse a mulher


que eu amo e tudo foi consequência minha.

Kristen soltou minha mão e se afastou.

— Você a amava? — perguntou baixinho.

Franzi meu cenho, sem entender sua pergunta.

— Não, eu só amei e amo uma mulher e não era Khloe, nós só


éramos algo, que não iria durar.

— Então por que diz que perdeu a mulher que ama? — Sua pergunta
não passava de um sussurro e ela estava de costas para mim, mas assim que
respondi, ela se virou para me encarar:

— Porque eu perdi você e perdi a minha filha.


— Jason, não começa, eu tô achando sua história triste e pesada, mas
isso não significa que eu tenha que passar por mais humilhações. Acho
melhor você ir embora.

Kristen apontou para a porta e eu chorei mais.


— Eu só te deixei, porque o Hector cumpriu com a promessa,
Kristen.

E foi quando eu vi a expressão no rosto de Kristen, que percebi que


ela ainda não tinha entendido o motivo de eu tê-la abandonado há três anos.

— Eu só te deixei, porque ele voltou de onde é que estivesse. Voltou


no dia que era para ser o mais feliz, eu tinha entrado para o Rams e você foi
dizer que esperava um bebê. E eu tive que desistir de você, porque ele falou
que ia te matar.

— O quê?
E daquela vez Kristen deixou as lágrimas caírem pelo seu rosto.
Aquele dia ainda estava só começando, com o tanto de tragédias que eu iria
revelar à minha pequena…

A minha Kristen.
CAPÍTULO 28

Meu corpo ainda estava trêmulo, pelo que tinha escutado, por tudo
que Jason tinha me falado. Meu Deus!

Como só fui saber daquela tragédia agora?

E agora… Jason tinha me deixado por causa do tal Hector? O que


estava acontecendo?

Eu tinha entrado em um drama grande demais para suportar.

— Eu nunca tive a intenção de ser um filho da puta, Kristen. Eu te


amo até hoje, nunca te esqueci e nem conseguiria te esquecer. Agi como um
idiota para te proteger, não, idiotas têm as chances de reverter sua situação.
Eu sei que não tenho, mas foi por te amar demais, amar você e a Wendy.
Deixei que mais lágrimas silenciosas caíssem. Era muita coisa para
assimilar. Eu jurei que nunca mais veria Jason e ali estava ele, sentado no
sofá da minha sala, me contando uma história que seria impossível de
acreditar, se não estivesse parecendo tão real.

— Como… Como você parece saber tanto da Wendy?

Jason me olhou de forma culpada.

— Peço desculpa, mesmo antes de falar, porque vai parecer bem


estranho. Mas desde o dia que eu te tirei da minha vida… eu coloquei
seguranças para te proteger, de forma discreta, claro.
Dei um passo para trás com aquela revelação.

— Você o quê?
— Eu sei que parece doentio, mas eu não podia perder você, ou
melhor, eu te perdi, só que você tinha que se manter viva, minha filha tinha
que nascer, tinha que ser feliz. Só que aquele desgraçado, resolveu te cercar
e meus seguranças acham que ele não sabe da Wendy e eu não quero dar
sorte para o azar, porque eu já te tirei da minha vida, então por que ele está
vindo atrás de você?!

Jason entrelaçou seus dedos entre os cabelos e voltou a chorar de


forma desesperada.

Eu estava sendo perseguida?

Ele tinha seguranças disfarçados me seguindo?

Meu Deus!

Que inferno era aquele?!


No mesmo momento, o que estava me deixando amedrontada, veio à
tona e eu juntei todos os pontos.

— Como ele se chama mesmo? — perguntei.

— Hector.

Ao ouvir aquelas palavras fiquei mais calma.

— Não tem nenhum Hector me perseguindo, seus informantes devem


estar te enganando.

— Não tão!
Jason pegou seu telefone e depois de mexer um pouco no aparelho,
ele estendeu para mim e me mostrou uma foto. Quando vi se tratar de
Jasper, eu novamente fiquei em choque.

— Mas ele me falou que se cham… chamava, Jasper.

— Hector Jasper Packer. — Revelou o nome e eu terminei de me


encostar na parede, para ver se assim conseguia manter meu corpo em pé.

— Então, você tá dizendo que me deixou, porque ele te ameaçou


falando que me mataria e isso aconteceu no dia que fui revelar a gravidez?

— Sim — sussurrou.

Não, aquilo não podia ser verdade.

— Você não pensou em me contar? Só me tirou da sua vida e pronto?

Jason se levantou do sofá e respondeu:

— Era o melhor para você. Kristen, você acha que eu preferia viver
feliz ao seu lado, mas sabendo que você corria risco? Eu não sei do que esse
psicopata é capaz.
— E mesmo agora, três anos depois, Jason. Ele aparece na porta da
minha clínica e sempre conversa comigo de forma estranha. — Minha voz
estava extremamente embargada. — Que merda adiantou você me
abandonar?

Desabei em um choro que doía minha alma e senti minhas pernas


perderem as forças. Só que antes que eu batesse no chão, aqueles braços
fortes dos quais eu sentia tanta falta e odiava com a mesma intensidade me
seguraram e me abraçaram.
Seu perfume tomou meu nariz e eu senti tanta saudade dele, mas não
retribuí aquele abraço, porque ele me machucaria mais do que me ajudaria.

E eu chorei, porque eu não estava dando conta de assimilar toda


aquela história que parecia uma mentira.

— Por favor, não chore mais por mim. Eu não mereço.

Afastei-me dos seus braços, com as lágrimas ainda escorrendo pelo


meu rosto.
— Eu não tô chorando por você. Eu tô chorando por mim, porque eu
sofri tanto e você mentiu pra mim. Você colocou homens pra ficarem me
vigiando, como se eu fosse uma criminosa.

Jason passou as mãos pelo rosto e respondeu:

— Eu nunca quis que você pensasse que era uma criminosa ou algo
do tipo. Eu fiz isso para te proteger.

— Por que não me disse antes? — gritei, o que resultou em Wendy


começar a chorar no seu quarto.
Enxuguei meus olhos e saí correndo até minha filha. Cheguei ao seu
quarto e ela havia se sentado no braço e fazia um biquinho fofo, enquanto
as lágrimas escorriam pelo rosto.

— Meu amor, desculpa, a mamãe te acordou.

Peguei-a em meus braços e continuei acalentando-a:

— A mamãe tá aqui, não precisa ficar com medo.


Senti a presença dele, mesmo antes de encará-lo. Deitei Wendy em
meus braços e ela meio grogue de sono disse:

— Vem ati… — Chamou Jason, fazendo um gesto com sua mão


gordinha.

E antes que eu pudesse impedir aquele filho de uma puta, de se


aproximar da minha filha, ele chegou perto dela e segurou a mãozinha
estendida para ele.

Estava furiosa. Porque ele deveria ter me contado na época, ele


deveria ao menos me alertar de que havia um maluco atrás dele, talvez eu
nunca tivesse lhe dado uma chance. O que teria sido ótimo, não teria
passado por tanta provação como passei.

Mas também não teria Wendy e pela minha filha eu cometeria todos
os meus erros e acertos de novo.

Jason ficou segurando a mão de Wendy, enquanto eu a embalava em


meus braços. Logo voltou a dormir e eu fiz um gesto para Jason soltar sua
mão.
Ele o fez, mas percebi que estava todo apaixonado pela minha
menina.

Coloquei Wendy no berço e peguei o cachorrinho de pelúcia para ela


abraçar. Depois me afastei e vi que Jason tinha um leve sorriso nos lábios e
os olhos estavam com um brilho que eu nunca havia visto.

— Quer chegar mais perto? — perguntei, baixinho, para que Wendy


não acordasse de novo.

— Posso?

Assenti e ele deu um passo à frente e encostou-se na grade do berço.


— Ela é tão pequena. Pelas fotos imaginava ela muito maior.

Jason levou a mão até a bochecha gordinha e passou o nó dos seus


dedos levemente por ela.

— Tão linda! — cochichou.

Depois ele se afastou e saiu do quarto meio abalado. Eu não sabia o


que pensar sobre aquilo.
Respirei fundo e voltei para a sala, estava sentindo meu corpo
exausto. E parecia que ainda tinha muita coisa para resolver.

Jason estava encarando uma foto de Wendy e quando me viu voltou


seus olhos para mim.
— Eu quero que você e Wendy venham para minha casa, eu tenho
certeza de que aquele filho da puta, não fará mal a vocês lá.

O choque foi tanto que acabei soltando uma risada, não era possível
que eu estava mesmo escutando aquilo.

— Você disse o quê? — perguntei em meio ao riso.

— Kristen, eu tô falando sério. Preciso te proteger e aqui, mesmo


com os seguranças, aquele desgraçado conseguiu se aproximar de vocês. Eu
não sei o que ele quer. Eu preciso proteger você e a minha filha.
Revirei meus olhos e murmurei:

— Eu não vou a lugar algum. Eu tenho uma vida aqui, caso você não
saiba. Sou uma médica veterinária, com uma clínica em andamento, que
atende diversos animais e eles precisam de mim, minha amiga mora aqui,
não vou deixar minha vida para trás, por causa de um imbecil, que pensa
que pode me machucar, só porque a irmã dele morreu.
Jason abriu a boca para ir contra o que eu disse, mas o cortei.

— Não precisa falar mais nada. Eu já sei que tem um maluco atrás de
mim, vou tomar mais cuidado. Aceito os seus seguranças, já que eles estão
me seguindo desde que terminamos, certo? — Jason assentiu. — Então,
você já me deu seu aviso. Pode ir embora agora.
Apontei para a porta e Jason não acreditou no que eu falei, sua
expressão dizia aquilo.

— Kristen, eu não vou sair daqui sem você. Vim te buscar, você e
nossa filha.

Fechei meus olhos, levei dois dedos até as pálpebras que estavam
pesadas e rosnei:

— Vá embora, Jason! Eu já estou avisada.


— Tá falando sério? Depois de tudo que te contei?

— Eu sei me virar, então se não posso ficar perto de você, o melhor a


fazer é continuar afastada. Mesmo agora entendo um pouco dos seus
motivos, no entanto, você preferiu me deixar no passado e agora continuará
assim.
Apontei a porta e a decepção passou pelo olhar de Jason. Ele
balançou a cabeça, mas começou a se mover, só que antes de sair, parou e
voltou na minha direção.

Tirou a carteira do bolso e me estendeu um cartão.

— Me ligue, caso mude de ideia.

— Eu não vou mudar.


— Qualquer coisa que aquele desgraçado tentar, você me fala.

— Sei me virar.
Jason soltou um suspiro e assentiu. Daquela vez, atendeu meu pedido
e saiu de dentro do meu apartamento. No momento que vi a porta fechar e a
fechadura automática travar, caí no chão de joelhos e chorei.

Chorei muito mais do que quando Jason estava aqui.

Jason só trouxe problemas para minha vida e agora eu estava com


medo de as piores consequências recaírem sobre minha menina.

E o pior era saber que ainda amava aquele idiota.


CAPÍTULO 29

Tomei um gole do meu suco, enquanto minha amiga me encarava


com os olhos quase saltando do seu rosto.

Havia amanhecido e eu não tinha conseguido pregar os olhos, por


isso, achei necessário não abrir a clínica naquele dia, ainda mais se
ocorresse de encontrar o filho da puta do Jasper, ou Hector, ainda não havia
decidido como o chamaria.
Talvez desgraçado, fosse melhor do que qualquer coisa.

— Você está me dizendo, que o Jason te largou por causa de uma


ameaça? — Alice tomou um gole do seu suco, enquanto olhávamos para as
ondas do mar.
Minha amiga estava de folga naquele dia e quando falei para ela que
precisava conversar urgentemente, ela decidiu que deveríamos nos
encontrar em um quiosque da praia, para bater um papo.

Chamei Helena para cuidar de Wendy e fui encontrar minha amiga.


Quando saí do prédio, até tentei ver se conseguia identificar alguns dos
seguranças que Jason disse ter colocado na minha cola.

Ou ele estava mentindo, ou os seguranças sabiam realmente se


esconder.

— Foi o que ele me disse. E pareceu ser real, na verdade, eu até já sei
quem é o idiota que fez a ameaça. Ele está me perseguindo.

Admiti, mesmo que aquilo fizesse meu sangue gelar.

— Então vamos prendê-lo, você disse que o Jason falou que ele é
como um foragido.

Mordi meu lábio e suspirei.

— Ele também disse que a ameaça de três anos atrás, incluía essa
parte. Se envolvesse a polícia, tudo poderia ser ainda pior.

— Ah, não acredito! Estamos vivendo em um filme de suspense?


Temos que ir à polícia agora. O idiota falou sobre alerta AMBER, amiga.
Temos que denunciá-lo, ele pode ser um psicopata.

Alice fez que se levantaria da cadeira e eu segurei sua mão.

— E que provas vamos ter, senhora advogada?

Minha amiga percebendo que eu estava certa assentiu e voltou a se


sentar.
— Temos que pensar em um jeito, não podemos deixar que esse cara
fique ameaçando vocês.

Assenti, tomando mais um gole do meu suco e voltando meus olhos


para o mar, que naquele dia estava com suas ondas meio revoltas.
— Jason queria que eu fosse morar com ele, para nos proteger.

Alice daquela vez engasgou.


— Puta que pariu! Aquele tatuado idiota sabe jogar sujo.

— Ele continua lindo, mais forte do que há três anos. E parece


cansado.
Minha amiga deu uma risadinha e eu voltei meus olhos para ela.

— Para quem jura fielmente que o odeia, você prestou bastante


atenção no quarterback.

Revirei meus olhos e deixei que a música que tocava no quiosque


entrasse nos meus ouvidos, para tentar esquecer um pouco de toda a merda
do dia anterior.

Sofia Carson dava o seu melhor em Come Back Home e eu só revirei


meus olhos novamente, ao perceber o quanto aquela música era ridícula e
tão feita para aquele momento. Talvez fosse novamente o destino brincando
com a minha cara.

— Você vai embora para L.A.?

— Claro que não! Se Jason quis se afastar de mim no passado, agora


continuaremos assim, mesmo que esteja ciente da verdade.

Alice pegou minha mão e indagou:

— Confessa, você ainda o ama, certo?


Eu nunca mais tinha falado dos meus sentimentos para minha amiga,
mas não vi escolha a não ser concordar com aquilo.

— Infelizmente, sim!
— Amiga, eu te amo! Mas se um dia, você quiser perdoar o Jason, eu
continuarei te amando, no entanto, vou ficar bem com o pé atrás, sobre esse
relacionamento.

Apertei seus dedos e sussurrei:


— Não tem volta, Alice. Eu vou me cuidar para que esse maluco que
fica ameaçando o Jason não faça nada comigo, nem com a Wendy e
continuarei seguindo minha vida.

— E se precisar que eu pegue meu bastão de baseball, eu posso pegar


e tacar na cara desse filho da puta.
Soltei uma gargalhada, com Alice sendo uma idiota, não daria para
ficar sem sorrir, mesmo que o momento não tivesse graça nenhuma.

Passei a manhã quase toda com minha amiga, depois decidi voltar
para casa e ficar com a minha menina. Assim que cheguei, percebi que o
apartamento ao lado que estava vazio, teria um novo morador ou moradora.

Várias caixas estavam espalhadas pelo corredor, enquanto a equipe


de mudança colocava uma por uma para dentro do apartamento.

Passei pelas caixas, sem dar muita importância para aquilo. Tinha
coisas melhores para me preocupar do que com a chegada de um novo
morador.
Abri minha porta e Helena estava sentada no chão, enquanto Wendy
pegava seus pincéis de maquiagem de brinquedo e pintava o rosto da babá.
— Meu amor, você gosta de fazer a tia Helena sofrer, né?

Ela abriu um sorrisinho e eu tive que rir, quando Helena me encarou


e estava com um olho pintado de roxo e o outro de azul. A boca estava com
um batom verde e era bom constar que nada estava bem passado, então o
batom chegava até o nariz e as sombras até a bochecha.
— Se a faz feliz, não deixo de brincar — Helena murmurou, fazendo
cócegas em Wendy.

Minha filha adorava a sua babá e eu ficava feliz por aquilo, pois
Helena era essencial na minha vida, principalmente pelo meu tempo
escasso. Guardei minha bolsa e fui tomar banho, enquanto Helena ainda
deixava Wendy pintá-la.

Antes de seguir diretamente para o meu quarto, fui até minha


pequena e beijei sua testa.

Tirei a bermuda e a regata que usava, o sutiã e a calcinha tiveram o


mesmo fim. Depois de jogar todas as peças no cesto de roupa suja, fui até o
banheiro e tomei um banho rápido no chuveiro mesmo, pois não estava com
nenhuma vontade de demorar muito na banheira.
Enrolei-me no roupão assim que saí do banheiro e no mesmo
momento a campainha tocou.

Enrolei uma toalha no cabelo, sabendo que Helena atenderia à porta,


mas estranhei, pois não estava esperando nenhuma entrega para aquele dia.
Caminhei para a sala a fim de ver do que se tratava e quando cheguei
na parte exata que dava para eu olhar para a entrada, meu coração parou. Eu
tinha absoluta certeza de que ele não batia mais e que um peso de concreto
afundou no fundo do meu estômago.
Helena conversava com o homem na porta e eu não pude acreditar
que se tratava dele. Quando percebeu que estava sendo observado, ele
levantou o rosto e teve a capacidade de parecer surpreso.

— Kristen, você mora aqui?


Helena me encarou com um sorriso cheio de segundas intenções.
Provavelmente ela deve ter pensado que eu tinha algum caso com o
homem.

— Ele é o novo vizinho, Kristen!

E aquela informação me deixou ainda mais assustada.

— Não acredito que somos vizinhos — Hector ou Jasper murmurou,


com um sorriso nos lábios.
Engoli em seco e voltei meus olhos para Wendy, que brincava
inocentemente com suas maquiagens e bonecas.

Caminhei rapidamente até a porta e afastei Helena, antes de bater a


porta na cara daquele idiota e a travar. A babá ficou chocada com o que eu
havia feito e eu não perdi tempo para explicar nada a ela.

Peguei uma cadeira, que estava perto da bancada e encostei-a na


porta. Sentindo minha respiração alterada.

Eu não estava mais segura…


Não estava…

Ele queria acabar comigo, como Jason havia me avisado.

Entrei em desespero…

Eu precisava pensar no que fazer.


Eu precisava de Jason.
CAPÍTULO 30

Os seguranças haviam me informado que Kristen estava na praia.


Provavelmente Wendy deveria ter ficado com a babá que olhava minha
pequena.

Eu ainda estava em Miami, já que tinha pedido alguns dias para o


técnico, poderia ficar ali mais algum tempo, antes de voltar para os treinos.
E talvez eu tivesse um pouco de esperança. Kristen podia muito bem
mudar de ideia, me ligar e querer voltar para Los Angeles comigo.

No entanto, quando meu celular tocou era Alex e eu me senti um


pouco decepcionado. Sentei-me na cama e atendi a chamada de vídeo do
meu amigo.

— E aí, seu puto!


— Fala, idiota!

Alex me mostrou o dedo do meio e voltou a falar.

— Está tudo bem?

— Poderia estar pior, mas sim, está bem.

Respondi bem desanimado, já que eu ainda não havia conseguido o


que eu queria.

— Conversou com a Kristen? — Quis saber.

Assenti e reclamei:

— Ela me odeia, sério, ela me odeia tanto, Alex. — E mesmo


chateado, abri um sorriso. — Mas continua tão linda, tão perfeita, tão…
Kristen, sabe? E a Wendy, eu peguei na mãozinha da minha filha, ela quis
saber das minhas tatuagens.

Soltei uma gargalhada em meio às lágrimas. Não me importava de


chorar na frente do meu amigo, já que ele sabia por tudo que passei, então,
se quisesse falar merda eu não me importaria.

— Temos um pai babão aqui — Alex curtiu comigo.

— Sou mesmo! — Assumi, sem me preocupar. — Você tinha que vê-


la, Alex! Tão lindinha!

Meu amigo gargalhou e eu gargalhei junto, esquecendo-me das


lágrimas. Ver Wendy, tocar nela, foi a coisa mais emocionante que eu tinha
feito nos últimos tempos.

Nem o Super Bowl valia nada, quando eu senti a palma pequenina de


Wendy passando pelas minhas tatuagens, ou quando me chamou para
segurar sua mão.
— Um dia, quem sabe as coisas não se resolvem e você pode me
apresentá-la.

Assenti.

— Eu só queria que elas ficassem seguras, mas Kristen não quis ir


para L.A.

— Ah, cara! Dê tempo a ela, você contou a verdade agora. Como ela
pode aceitar de cara?

Passei uma das minhas mãos pelo meu cabelo, o deixando ainda mais
bagunçado.

— Sim, eu sei que está certo, mas eu queria que as coisas fossem
menos complicadas, Alex.

— A vida nunca é como queremos, Jason. Mas não fica com essa
carinha de cachorro abandonado, você um dia ainda será feliz com a loira.

Era bom ter um amigo como Alex, já que ele sempre tentava me
colocar para cima. No entanto, eu estava bem ciente, de que seria
impossível ficar com Kristen.

Ela nunca me perdoaria, se fosse eu no seu lugar, também não a


perdoaria. Nunca!

Encerrei a ligação com Alex, quando ele disse que precisava ir para o
treino. Informei que daqui a alguns dias estaria de volta e ele concordou.

Fui até o frigobar do quarto de hotel e peguei uma água com gás.
Estava tão para baixo, que nem queria comer nada, mas pelo menos uma
água eu tinha que tomar.
Antes que eu pudesse girar a tampa da garrafa, meu celular tocou e
eu já imaginei que seria Alex querendo me falar algo que havia esquecido.

Peguei o telefone, pois era um número desconhecido.


— Alô! — Atendi, pensando que talvez pudesse ser Kristen.

— Então o quarterback mais famoso do Los Angeles Rams, tem uma


filhinha.
Aquela voz… eu sabia muito bem quem era.

— Se prepare, Jason. Eu vou tirar tudo de você, assim como você


tirou de mim.

A ligação encerrou e eu sabia que o inferno que pensei que estava


vivendo, não poderia piorar…

Ele tinha ameaçado a minha filha…


Eu ia matar aquele desgraçado.
Eu estava sentada no sofá, enquanto Helena preparava uma água com
açúcar para mim. Peguei o copo assim que ela o trouxe para mim e tomei
um gole.

Sentia-me culpada por Wendy estar presenciando aquela cena. Os


olhinhos assustados da minha filha, fizeram com que eu chorasse mais, sem
conseguir me controlar.

Nunca me desesperei daquela forma na sua frente, mas como eu


poderia aguentar, depois de ver que o homem que ameaçou Jason anos
atrás, agora decidiu ficar me perseguindo e ainda por cima estava no
apartamento ao lado?

— A senhorita quer que eu chame alguém? — Helena estava


desesperada com a minha reação.

Olhei para a babá da minha filha e sussurrei, com medo de Jasper


poder me ouvir do outro lado.

— Nunca mais deixe esse homem aparecer aqui, ok?


— Sim, se quiser eu posso chamar a polícia se ele for algum…

— Não! — Quase gritei. — Pega meu celular, Helena. Eu o deixei


dentro da minha bolsa.

Rapidamente ela foi até o armário que ficava ao lado da porta de


entrada e pegou o aparelho. Quando estava com ele em mãos, disquei para
Alice.

— Nossa, você me ama tanto que já está me ligando? — Eu não


queria estragar a folga dela, mas com quem mais eu poderia contar?

— Alice, vem pra cá!

Meu estado deve tê-la alertado, pois logo, esbravejou:


— O que o filho da puta do Jason fez?

Fechei meus olhos e neguei com um aceno, lembrando no mesmo


momento que minha amiga não estava me vendo.

— Ele não fez nada, vem pra cá que eu te explico.

— Estou indo!
Desliguei o telefone, deixei o copo de água com açúcar, na mesinha
de centro e puxei Wendy para os meus braços.

— Desculpa, meu amor. Não quero te assustar, é só que a mamãe tá


com dor de barriga — menti.

— Tadinha! — Wendy murmurou e me abraçou com seus braços


pequenos e gordinhos.

— Eu te amo, meu amor!


— Tamém amo!
Fiquei abraçada a Wendy, até que a campainha tocou e Alice gritou
do lado de fora.

— Sou eu!
Helena abriu a porta para minha amiga, que veio correndo na minha
direção.

— O que aconteceu?
Olhei para Helena e ela entendeu que eu queria que Wendy não
ouvisse. A babá pegou minha filha, depois de Alice beijar sua bochecha e
foi para o quarto com ela.

— Desembucha, Kris! Você quase me matou do coração.

— O perseguidor se mudou para o lado hoje.

— O… — Ela apontou o dedo na direção. — Aqui?


Assenti.

— Eu não posso ficar mais aqui, Alice.

Minha amiga fechou sua expressão e rosnou em seguida:

— Me dá o telefone do Jason, ele tem que resolver essa merda, mas


no momento você vai para Los Angeles.
— Alice…

— Amiga, esqueça tudo o que eu disse. Você precisa sair de Miami,


ou esse homem pode fazer o pior com você ou com a Wendy.

E foi com aquela constatação que levantei e fui até o cartão que Jason
havia me dado. Eu o tinha deixado em cima do aparador da TV, no dia
anterior.
Estendi para minha amiga e ela foi quem discou o número dele, mas
quando ele atendeu me passou o telefone.

Tomando toda coragem que eu nem sabia que tinha, disse:

— Jason?

E naquele momento eu soube que minha vida mudaria de novo…


CAPÍTULO 31

— Jason?

Eu havia acabado de desligar o telefone, com a ligação daquele


desgraçado, quando voltou a tocar. Por um momento pensei em começar a
xingar, porque provavelmente poderia ser Hector, querendo foder a minha
mente de novo.
No entanto, assim que ouvi a voz da mulher que eu amava, eu soube
que as coisas poderiam estar piores do que eu imaginava.

— Kristen, aconteceu alguma coisa?


— Jason… — Ela estava chorando. Apertei o celular entre os meus
dedos, que consegui escutar até mesmo um estalo no aparelho. — Ele… ele
mudou aqui para o lado.
Por um momento fiquei sem reação com sua fala. Não era possível!
Como os seguranças deixaram isso passar despercebido?

— Estou indo para aí — murmurei.


— Não, espera. Eu… — Kristen gaguejava e chorava tudo junto,
estava sendo difícil entender o que ela queria dizer. — Eu vou para Los
Angeles, não quero dar chance de ele tentar fazer algo com a Wendy.

Meu coração parecia que iria sair do meu corpo com aquela
declaração. Eu já não estava no meu estado normal, devido à ligação
anterior, mas ouvir o que Kristen tinha acabado de falar, me tirou de um
limbo de preocupação e eu fiquei feliz mesmo estando cheio de medo.

— Tudo bem! Arrume o que for necessário, vou pedir para um dos
seguranças subir até seu apartamento, pode ser?

— Tá bom!

— Te vejo daqui a pouco.

— Ok!

A ligação se encerrou e eu respirei fundo umas duas vezes, antes de


ligar para um dos seguranças e informar o que estava acontecendo. Logo
um deles se encaminhou para o apartamento de Kristen.

Por outro lado, peguei a mochila que havia levado e joguei todos os
meus pertences dentro dela, de qualquer jeito, pois não estava com tempo
para organizar nada.

Vesti a mesma roupa do dia anterior e saí do quarto de hotel,


descendo o mais rápido que pude para a recepção e fiz o checkout. Chamei
um carro por aplicativo e esperei que chegasse. Não demorou muito para
nos encaminharmos na direção do apartamento de Kristen.
Eu estava a meia-hora de distância da sua casa. Aproveitei para
mandar mensagem para Tyler, que era o responsável pela equipe que
protegia Kristen e Wendy.

Ele me informou que ela já estava organizando as malas e que logo


estaria pronta.

— Senhor, espere em um dos nossos carros. Não suba, para não


chamar qualquer tipo de atenção, principalmente a de Hector.

— Tudo bem! — concordei, mesmo achando aquilo um absurdo.

Queria protegê-la e mesmo assim não podia me aproximar de


nenhuma das duas, para não correr o risco de o imbecil, nos ver.

Quando chegamos em frente ao prédio que Kristen morava. Agradeci


o motorista e saí do carro, me dirigindo para onde Ashton, outro dos
seguranças me esperava.

— Bom dia, senhor!

— Bom dia!

Ele me levou até um dos carros blindados que ficavam em frente ao


prédio e eu aguardei do lado de dentro. Ficava olhando a todo instante para
a saída do lugar e foi quando vi Tyler e as mulheres da minha vida,
acompanhadas de Alice se aproximarem.

Tyler carregava duas malas grandes, enquanto Alice levava mais


duas. Kristen estava com uma mochila nas costas e uma bolsa, com
desenhos de corações bordados de lado. Sabia que aquela ali, devia ser a
bolsa de passeio que ela levava para Wendy.

Pensei em sair do carro, mas Ashton murmurou:


— Acho melhor o senhor aguardar aqui.

Fechei minha mão com força. Odiava ser privado de viver da forma
que quisesse, por causa de um homem que me culpava por tudo.
Abaixei o vidro do carro e Alice estava parada ao lado da porta com
Kristen e Wendy, a última olhou para dentro do automóvel e abriu um
sorrisinho.

— Oi! — Cumprimentou-me.
E eu senti toda a minha raiva derreter quando sua voz me atingiu.

— Oi, Wendy!

— Amiga, me mantenha informada de tudo. Eu vou fazer uma


investigação sobre esse idiota e vou acabar com ele, pode ter certeza.

Alice abraçou Kristen e beijou o rostinho de Wendy.


— A madrinha te ama, muito. Não se esqueça disso, tá bom?

— A neném da madinha, tamém ama muito.

Kristen enxugou as lágrimas que escorriam pelo seu rosto e abraçou


novamente a amiga.

— Vou sentir sua falta.


— Eu também, mas para que você fique em segurança, eu faço de
tudo, até me afastar.

— Obrigada, Alice!

— Não precisa agradecer.

Alice voltou a beijar Kristen e Wendy e com os olhos marejados se


voltou na minha direção.
— Você é um imbecil, que as levou para essa confusão. Se não a
protegê-la, eu vou fazer de tudo para acabar com sua vida, Jason.

Assenti e entendi a revolta de Alice. Eu realmente tinha jogado


Kristen e Wendy no meio de todos os meus problemas e me arrependia por
isso.
Se nunca tivesse me envolvido com Kristen, nada daquilo estaria
acontecendo.

— Eu cuidarei delas, Alice. Te prometo!


Ela desviou sua atenção para a amiga e se despediu mais uma vez.
Depois Kristen entrou no carro e não me falou nada, enquanto Alice se
afastava.

Wendy, alheia a tudo, saiu do colo da mãe e se arrastou até onde eu


estava.
— Puquê a gente vai passeá com ocê?

— Porque é legal! — murmurei.

— Vô podê fazê um desenho? — Ela apontou para minhas tatuagens.

Levei minha mão a sua bochecha e acariciei o lugar.


— Só quando você for bem grande que poderá fazer um desenho.

Kristen nos encarou e murmurou:

— Vamos logo, Jason.

Assenti e ordenei a Ashton que nos levasse ao aeroporto.


— Já viajou de avião? — perguntei a Wendy, pois não queria trocar
nenhuma palavra com Kristen no momento.
Era melhor deixá-la em paz por enquanto. Já estava muito abalada
por tudo que estava acontecendo.

— Não, selá que vô tê medo?

— Claro, que não! Eu vou estar lá para te proteger, tudo bem?

— Tá bom!
Wendy se aproximou mais de mim e me abraçou com seus bracinhos
pequenos. E aquilo ali, foi o que eu precisava no momento para prometer
para mim, que eu nunca deixaria nada acontecer com ela, nem com sua
mãe.

Kristen ainda nos encarava e sua expressão estava completamente


abatida, mas ao menos deu um leve sorriso na direção da filha.
Eu estava destruindo todos os sonhos da mulher que eu amava e um
dia quando isso tudo acabasse, tentaria recompensá-la por todas as
desistências que teve que fazer por minha causa.

Agora eu só teria que levá-las para minha casa e fazer com que tudo
ficasse bem.

E eu esperava que um dia, também pudéssemos voltar ao menos a


sermos amigos.

Quando chegamos ao aeroporto, o jatinho já estava nos esperando.


Entramos no lugar e as comissárias nos cumprimentaram.
Wendy, como sempre muito comunicativa, quis conversar com as
funcionárias e eu fiquei como um bobo observando minha menina interagir
com as mulheres.

— Você quer uma fatia de bolo? — Uma das comissárias perguntou.


Wendy olhou para Kristen, que estava sentada ao seu lado, enquanto
eu estava de frente para elas.

— Pode comer, querida! — Kristen, murmurou.


— Então eu télo!

— Vou trazer para você, lindinha.


O jato começou a se mover e Wendy olhou para Kristen com os
olhinhos arregalados.

— Tô cô medo, mamã.

Kristen pegou nossa menina em seus braços, enquanto ela fazia uma
expressão de choro.

— Tá tudo bem, meu amor! Vamos voar nas nuvens, pode ficar
calma, tá bom?
Wendy assentiu, mas se encostou na mãe, como se ela fosse a única
que conseguia lhe proteger naquele momento.

A comissária chegou com o pedaço de bolo e ao menos aquilo tirou


um pouco da apreensão de Wendy.

— A senhora aceita algo? — indagou a Kristen.

— Se tiver um chá, eu agradeço.

— Trarei para a senhora.

Kristen deu um leve sorriso para a mulher e quando ela se afastou, os


olhos, que senti tanta falta de observar de perto, se voltaram para mim.

Minha garota não disse nada, só ficou me encarando de forma intensa


e eu não sabia o que aquilo significava. No entanto, rápido demais ela
desviou sua atenção para Wendy e eu fiquei as observando.

A viagem seria estranha, mas ao menos eu as estava levando para


longe daquele ser monstruoso.

E faria de tudo, para deixá-las sãs e salvas.

Nem que para isso, eu tivesse que cometer algum tipo de atrocidade
contra Hector.
E eu cometeria, se ele não nos deixasse em paz.
CAPÍTULO 32

Desde que Jason terminou nosso relacionamento, eu sempre evitei


olhar qualquer tipo de notícia que pudesse estar relacionada a ele. Por isso,
não tinha ideia de como era sua casa.

Não, casa não, aquilo era uma mansão, típica da que víamos somente
em filmes. O lugar era gigantesco, com acabamentos extremamente
sofisticados, era bem-iluminada, todas as salas tinham saída para uma
piscina e era possível perceber que possuía um spa, e até mesmo mesas com
fogueira e churrasqueira — que não estavam acesas no momento. No
jardim possuía uma cascata.

Aquilo não era uma casa… não, era uma mansão gigantesca.

— Gostou? — Jason indagou, assim que abriu uma porta revelando o


quarto que eu ficaria.
Tinha uma sacada enorme e uma cama maior ainda.

— É tudo muito lindo.

Wendy andava pelo quarto, alheia ao meu estado abismado.

— Obrigado! Eu gosto daqui, é bem protegido e tem um amplo


espaço para se divertir.
— Você realmente conseguiu conquistar bastante coisa — murmurei.

Estava evitando olhar para Jason, porque era difícil demais, saber que
viveríamos juntos, em um lugar que provavelmente eu poderia estar
vivendo com ele desde muito antes, se não fosse por causa do seu passado.

— No início foi mais complicado, eu dividia um apartamento


pequeno com Alex e Jacob, mas agora cada um de nós estamos com nossas
casas e livres para fazermos o que bem entendermos.

Ao ouvir o nome dos seus amigos o encarei e indaguei:

— Vocês ainda são próximos?

— Sim, muito na verdade. Acho que até mais do que na época da


faculdade.

Concordei e murmurei:

— Bom, eu vou tomar um banho se você não se importar e dar um


banho em Wendy, que deve estar cansada.

Jason mordeu o lábio inferior e assentiu.

— Se precisar de qualquer coisa, pode me chamar, ou uma das


meninas que cuidam da casa. São Eleonor e Eleonora, gêmeas que
trabalham para mim desde que vim para cá.
Assenti, mas Jason voltou a falar.

— Essa semana, vou pedir para organizarem um quarto só para


Wendy, não quero que ela fique sem o seu próprio lugar.

— Eu acho que tudo será passageiro, então não precisa fazer isso.

Jason coçou sua cabeça e falou calmamente.

— Kristen, você sabe os meus motivos de ter as deixado, só que


agora que já chutei o balde, não quero me afastar dela. Deixa eu conviver
com a nossa…

Olhei-o assustada, porque não queria falar aquilo com Wendy


presente.

— Depois conversamos sobre isso, Jason.

— Claro!

Não me pressionou, o que era ótimo. Não estava nada preparada para
ter que fazer algo que eu nem havia pensado ainda.

Jason assentiu e saiu do quarto, me permiti naquele momento respirar


um pouco mais aliviada. Ao menos ali eu sabia que não encontraria aquele
psicopata mais.

— Mamã?

— Sim, meu amor! — Tentava me manter forte, para não voltar a


desabar na frente da minha menina.

— Vamô molá aqui?

Abaixei-me em frente a Wendy e assenti, ela como sempre muito


curiosa ficou esperando que eu dissesse algo mais.
— Por um tempo, vamos ficar aqui. Tá bom?

— Eu dostei dati.

— É bem bonito, né?

Ela concordou e logo perguntou:


— Posso tomá banho de piscina?

— Hoje não! Que tal descansarmos, tirarmos soneca e amanhã vamos


para a piscina?

— Tá bom!

Depois daquilo, fiz exatamente o que falei a Jason, dei banho na


pequena e tomei um relaxante. Deitamos na cama, já que havíamos
almoçado no jatinho, nenhuma de nós duas estava com fome.
E depois do meu corpo relaxar no colchão macio e perfeito, acabei
caindo no sono, depois de ter certeza de que Wendy já havia dormido.

Não sei que horas eram, quando abri meus olhos, mas o sol já estava
se pondo do lado de fora. Encarei a cama ao meu lado e não encontrei
Wendy.
Meu coração disparou no mesmo momento, quando percebi que
minha menina não estava ali. Será… Não eu não quis pensar em nada
relacionado a Wendy sendo levada por Hector.

Levantei-me rapidamente da cama e saí do quarto, depois de verificar


se ela não tinha entrado no banheiro, ou estava na sacada.

Assim que cheguei às escadas e ouvi seu risinho, meu coração se


acalmou mais um pouco.
Como ela havia descido as escadas, já era uma dúvida que eu teria
que sanar depois.

Desci degrau por degrau e caminhei até a sala de estar, onde


encontrei Jason e Wendy sentados sobre o tapete.

— A mamã vai ri, quando te vê assim.

Minha filha gargalhou, quando passou o pincel de suas maquiagens


no rosto do jogador.
— Eu tenho certeza de que tô lindo. — Jason entrou na brincadeira e
eu fiquei encostada no batente de entrada da sala.

— Tá!
Wendy continuou pintando o rosto de Jason e eu resolvi sair do meu
esconderijo nada secreto e entrei na sala.

— Você já está pintando o dono da casa? — Coloquei minhas mãos


na minha cintura, mas não consegui controlar minha gargalhada quando
olhei para o rosto de Jason.

Tinha tanto rosa no seu rosto, e glitter que eu não consegui controlar
o meu estado.

Levei uma das mãos à barriga, pois gargalhei tanto que chegou a
doer.
— Não deve tá tão mal assim.

— O titio que deixou, mamã. — Wendy me encarou com sua


expressão inocente.

E percebi quando Jason ficou um pouco triste ao ser chamado de


titio. Mordi meu lábio inferior e resolvi deixar minha filha ciente do que
realmente Jason era.

Sentei-me no tapete, ao lado de Jason e segurei a mão da minha


menina.

— Vamos conversar um pouquinho?

— Mas eu posso pintá ele?


Sorri para minha filha e concordei.

— Você pode me maquiar quando quiser, lindinha.

Jason acariciou a bochecha de Wendy, enquanto ela sorriu para ele.

Encarei Jason e assim que ele retribuiu meu olhar eu assenti, tentando
passar a ele o que eu iria dizer. A expressão de Jason congelou e eu percebi
que sua respiração ficou entrecortada.
— Meu amor, você lembra quando me perguntou o motivo de você
não ter papai?

Wendy arregalou os olhos e assentiu. Eu me lembrava até hoje


quando ela me pegou de surpresa um dia, que eu havia acabado de chegar
da clínica.
Perguntando o motivo de não ter papai, igual às crianças tinham nos
desenhos que ela via.

— Ocê falô que nem todo mundo tinha papá.

— Isso mesmo, só que… — Eu travei e senti minha garganta ficar


embargada.

Jason se ajeitou ao lado de Wendy que me encarava, provavelmente


querendo saber onde eu queria chegar.
— Seu papai e eu fomos separados quando eu ainda estava com você
aqui dentro. — Apontei para minha barriga.

— Puquê?
— Porque a vida é meio complicada, Wendy. — Foi Jason que
respondeu.

Minha menina o encarou e sorriu, como se não entendesse nada do


que ele estava falando.

— Mas o seu papai voltou e ele gosta muito de você.

Minha filha voltou sua atenção para mim e naquele momento seus
olhos se arregalaram. Olhos tão iguais aos de Jason…

— Cadê ele?

— Você quer conhecê-lo?


— Sim, aí eu vô podê pintá ele tamém.

Não consegui controlar minhas lágrimas e respondi:

— Você já pintou ele, querida.

Ouvi Jason suspirar e quando voltei minha atenção para ele, não
estava muito diferente de mim, com lágrimas escorrendo pelo rosto e
manchando ainda mais sua pele com a maquiagem que lhe enfeitava.

Wendy olhou o pai, que ela provavelmente ainda não fazia ideia de
quem ele era e sussurrou:

— Num cholá, tá estagnado a pintula.

— Desculpa, meu amor. — Jason pediu e abraçou Wendy.


Ela completamente carinhosa retribuiu o abraço, mas não estava
entendendo nada. Jason a afastou depois de um tempo e revelou.

— Eu sou seu papai e me desculpa por ter ficado tanto tempo longe.

Jason chorava e naquele momento percebi que Wendy ficou o


encarando assustada. Seus olhinhos se arregalaram e ela perguntou com sua
vozinha manhosa, porque eu sabia que ela iria chorar.

— Ocê é meu papá de veldade?

— Sou!

Wendy fez um biquinho e caiu no choro, pulou no colo de Jason e o


abraçou. E começou a soluçar de tanto que seu choro foi profundo. Levei
minhas mãos ao meu rosto e desabei mais uma vez naquele dia.

Assim que nossos ânimos deram uma controlada, Wendy se afastou


de Jason, com o rosto banhado em lágrimas e perguntou:

— Eu vô podê te chamá de papá?

Abri um sorriso, mesmo que lágrimas ainda descessem pelo meu


rosto. Jason fez a mesma coisa e respondeu.

— Você pode fazer o que quiser, meu amor.

Sendo tão inocente, minha menina abriu um sorriso e voltou a


abraçar Jason.

Meu coração se esquentou ao ver aquilo e mesmo que estivesse


vivendo algo completamente diferente do que imaginei, fiquei feliz por
minha menina enfim ter conhecido o seu pai.
Jason me olhou e eu só via gratidão estampada em seu rosto.

— Obrigado! — murmurou a palavra e eu sorri para ele.


Talvez o ódio que eu sentia do quarterback, que mudou minha vida,
estivesse se dissipando e eu não estava nem vinte e quatro horas na sua
casa.

Não sabia o que me esperava naquela nova jornada… Só podia pedir


ao destino que não me fizesse mais sofrer, eu não sabia se conseguiria lidar
com uma nova onda de decepção.

Esperava muito que ao menos pudesse viver em paz com Jason,


como amigos, porque o amor que eu sentia por ele, nunca mais seria
liberado…

Ao menos era naquilo que eu tentava acreditar.


CAPÍTULO 33

Tinha acabado de voltar do treino, quando encontrei minha filha na


piscina, com uma boia a amparando, além de Eleonora estar brincando com
ela na água e Kristen sentada na borda da piscina.

Não usava biquíni, até porque não estava dentro da água. Mas usava
uma daquelas bermudas jeans que poderia me levar tranquilamente à ruína
em um piscar de olhos.
— Cuidado, tá escorrendo uma babinha — Alex encheu meu saco.

O idiota quis ir conhecer Wendy e ver como estava Kristen, depois de


já estar na minha casa há duas semanas. Jacob não quis nos acompanhar, já
que estava emburrado, por eu ter escondido sobre Wendy.

— Cala a boca! — sussurrei.


Wendy foi a primeira a nos ver. Ela gritou de onde estava:

— Papá, tô nadando.

Toda vez que ouvia Wendy me chamar de pai, eu sentia uma


felicidade tremenda me tomar.

— Oi, meu amor! Eu tô vendo.


Kristen olhou por cima do ombro e assim que viu Alex abriu um
sorriso e levantou-se da borda da piscina vindo na nossa direção. Ela nem
mesmo olhou para mim e foi até Alex.

— Meu Deus! Você continua o mesmo.

Ela o empurrou e logo o abraçou.

— E aí, gata. Como está?

Seu sorriso morreu um pouco, mas Kristen respondeu:

— Bem, na medida do possível. Vivendo longe do que amo, mas


bem…
Deu de ombros como se aquilo não fosse importante, no entanto, eu
sabia que era. Ela sempre foi muito disciplinada com o que fazia e não estar
cuidando dos animais que visitavam sua clínica, deveria estar sendo
complicado.

— Tudo vai se ajeitar, Kris! — Alex a confortou e ela sorriu.

Queria que ela me tratasse tranquilamente, como fazia com Alex. No


entanto, desde que nos encontramos, ela não me tratava normalmente. Era
como se todo o gelo do mundo estivesse sendo direcionado a mim.

Mas também não podia culpá-la, quem destruiu seu coração fui eu e
não Alex. Então eu merecia aquilo.
— Estou louco para conhecer aquela coisinha fofa. — Alex apontou
para Wendy e Kristen assentiu.

— Ela vai te adorar, quer dizer, Wendy adora todos, além de ser
encantadora.
Nós nos aproximamos da piscina e eu disse:

— Filha, esse aqui é o amigo do papai, quer conhecer ele?


Wendy abriu um sorriso e me estendeu os braços. Eleonora se
aproximou da borda da piscina e entregou a criança para mim.

— Vou buscar petiscos e suco para vocês. — Minha funcionária


murmurou, saindo da piscina logo em seguida.

Com Wendy em meus braços, ela se voltou para Alex e franzindo o


cenho, sem contar com um biquinho, acabou dizendo:

— Ocê não tem desenho igual o papá.

Alex caiu na gargalhada e respondeu:

— Não, lindinha! Eu não tenho, desculpa te decepcionar.

— Tá bom!

Wendy não se preocupava com nada e eu ficava cada vez mais


apaixonado por minha filha. Sentia que meu coração não me pertencia em
mais parte alguma, tudo se voltava para Kristen e Wendy, eu era todo delas,
mesmo que não soubessem daquilo.

Alex passou o dia na minha casa, almoçamos em uma das mesas que
ficavam do lado de fora, próxima à piscina e pela primeira vez, desde que
Kristen chegou na minha casa, percebi que ela estava à vontade, enquanto
conversava com meu amigo.
— Titio, posso te pintá? — Alex cerrou o cenho, como se não
entendesse nada do que minha filha estava falando.

— Ela quer te maquiar.


Meu amigo ficou em choque e Kristen gargalhou.

— Se quer ser amigo dela, tem que permitir que faça isso.
— Tudo bem, me rendo!

Alex levantou as mãos em derrota.

— Ebá! Vô pegá!

Kristen apoiou a mão no braço da minha filha e murmurou:


— Pode deixar que a mamãe vai, porque eu morro de medo de você
ficar subindo essas escadas.

— Tá bom!

Kristen levantou e se afastou, não deixei de olhar sua bundinha


naquela bermuda.

Droga!
Eu era um tarado.

— Limpa a babinha. — Alex pegou no meu pé e eu fiz uma careta.


Meu amigo se levantou da cadeira e disse: — Vou falar com ela.

E saiu atrás de Kristen.

O que aquele maluco iria falar com ela?


Cheguei ao quarto de Wendy, que Jason havia preparado totalmente
para ela, na mesma semana que viemos para cá. O quarto tinha adesivo de
paredes com ursinhos e princesas para todos os lados.

Móveis planejados, que eu não tinha ideia de como ele conseguiu


organizar em uma semana, um berço que deveria custar um rim e
brinquedos mais caros do que um coração.
Sim, eu pensava nos órgãos, enquanto comparava o valor daquele
desperdício que Jason estava gastando.

— Bu! — Alex falou da porta do quarto e eu olhei para trás.

— Está tão ansioso para ser maquiado que veio buscar com suas
próprias mãos?

Brinquei, pegando a maletinha de maquiagem que Wendy amava.


— Na verdade, eu vim me intrometer nessa história.

O timbre de Alex estava sério e eu percebi que não havia brincadeira


naquilo.
— Que intromissão? — indaguei, curiosa.

— Kristen, acho maravilhoso que você tenha vindo para L.A. — Ele
fez uma pausa, coçou a barba que crescia no seu rosto. — Eu sei de tudo,
desde sempre. Desde as primeiras ameaças, eu sempre fui parceiro do Jason
nisso.

— Eu imaginei, ou ao menos foi o que ele deixou ficar claro.

Alex soltou um suspiro.


— Quando ele terminou com você. Eu jurei que o Jason não se
recuperaria. O que realmente aconteceu. Ele se tornou somente a casca de
um homem. Não estou dizendo isso, por ser amigo dele nem nada do tipo,
mas é porque percebi que você não confia mais nele e com toda razão. —
Fiquei em silêncio, deixando Alex continuar. — Mas se não for pedir muito,
só o trate bem, ele te ama demais. Te ama, como acho que ele nunca amou
ninguém.

Engoli em seco.
— Alex, não sei o que você quer que eu faça, vindo aqui me falar
essas coisas. Se foi o Jason que…

— Não. — Ele me cortou. — O Jason não pediu que eu viesse aqui.


Eu sei o quanto você sofreu, eu sei o quanto ele sofreu, por isso, vim aqui te
dizer isso. Porque eu ainda quero ver vocês felizes de novo e talvez naquele
grude que ficavam há alguns anos. Só pensa nisso, ok?
Assenti, mas por dentro eu não queria pensar em nada. O casal Jason
e Kristen não existia mais e eu só estava ali, por motivos de segurança.

— Agora me deixa ser pintado.


Sorri para ele e lhe estendi a maleta. Depois de ouvi-lo, queria ficar
um pouco sozinha.

— Daqui a pouco eu vou.

Alex me direcionou um joinha e saiu do quarto, levando consigo a


maleta de maquiagem. Caminhei até a poltrona do quarto de Wendy e me
sentei ali.

Era difícil ter que lidar com o passado, quando o que eu mais queria
era esquecer o quanto sofri.

O quanto chorei, o quanto me culpei por acreditar no cara que era


considerado o pior cafajeste da universidade.

Deus, o que eu faria a partir dali?

Estava me sentindo presa a algo que não tinha controle.

E não queria novamente cair no papo de Jason Lennox. Ele era um


passado que eu só permiti voltar para minha vida, para a proteção de
Wendy.
Eu não queria nada com ele, nunca mais…
CAPÍTULO 34

Era meio da noite quando acordei.

Estava inquieta, não conseguia dormir naquela noite. Ainda mais


depois das palavras que Alex me disse.

Levantei-me da cama, e fui na direção do quarto de Wendy. A babá


eletrônica estava ligada e aproveitei para pegar um dos aparelhos extras,
pois tinha esquecido o meu no quarto.

Já que resolvi ir caminhar pelo jardim para ver se daquela forma o


sono vinha. Então, precisava ficar com aquele aparelho, caso Wendy
resolvesse acordar no meio da noite, algo que quase nunca acontecia, só se
ela tivesse algum tipo de pesadelo.
Desci as escadas e percebi que uma das portas de vidro que levava
até a piscina estava aberta. Achei aquilo estranho e por um momento fiquei
com medo de a casa estar sendo invadida.

Caminhei até o lado de fora e respirei fundo quando vi se tratar


somente de Jason que estava sentado em uma das espreguiçadeiras que
ficavam do lado de fora.

Vi a ondulação de fumaça sair da sua boca e ali constatei se tratar de


um cigarro.

Estranhei aquele detalhe, porque não me lembrava de Jason fumar


quando éramos mais novos.

Fui lentamente para próximo dele e perguntei:

— Agora você fuma?


— Puta que pariu! — Jason deu um pulo na espreguiçadeira e levou a
mão ao peito.

Soltei uma risada, pois não tive a intenção de assustá-lo.

— Desculpa! — pedi, ainda sorrindo da cena.

— Caralho! Quer me matar?

Ele me encarou e abriu um sorriso de lado. O sorriso que ainda


conseguia me deixar desestabilizada. Reparei que ele estava sem camisa e
só usava uma bermuda, o que me lembrou dos anos anteriores, quando
vivíamos tranquilamente, sem nos preocuparmos com nada.

— Não quis te assustar. — murmurei.

Jason passou seus olhos pelo meu corpo, mas tentou disfarçar o
interesse. Só naquele momento, me lembrei de que estava somente de
babydoll.

Ao menos ele não era transparente.

Mas era de seda e com renda nas bordas.

— Tudo bem! — Desviou sua atenção de mim e continuou: —


Quando estou meio nervoso, ou ansioso, acabo querendo uma dose de
nicotina e aí acabo fumando um cigarro ou dois.
Assenti com aquela informação.

— Isso faz mal para a vida — comentei.


Jason se levantou da espreguiçadeira, caminhou até um cinzeiro que
ficava perto da churrasqueira e apagou o cigarro, o deixando ali.

— Eu sei, mas a minha vida já é uma merda, seria bom eu ao menos


usar uma coisa que me relaxa.

Abaixei minha cabeça, mas decidi dizer algo que talvez o fizesse
desistir daquele vício.

— Isso faz mal a Wendy.

— Droga! — Jason passou as mãos pelo rosto e assentiu. —


Desculpa, vou evitar fumar a partir de hoje.

Concordei e me virei de costas para Jason, não queria ficar no mesmo


lugar que ele, sozinha e com ele sem camisa, me fazendo recordar de
momentos que não era bons para lembrar.

— Perdeu o sono? — indagou.

Parei na minha volta para dentro da casa e respondi por cima do


ombro.
— Sim, mas vou me deitar para ver se consigo voltar a dormir.

Senti quando Jason se aproximou de mim e sussurrou muito perto do


meu corpo:
— Não precisa sair daqui, eu volto para o meu quarto.

Jason se afastou de mim e começou a caminhar para dentro da casa.


Em um impulso, segurei seu braço antes que ele se distanciasse o suficiente
de mim.
Jason me encarou de forma profunda e eu engoli em seco.

— Pode ficar, a casa é sua. Não é para… — Respirei fundo. — Não


devemos nos tratar também como dois idiotas. Eu consigo sobreviver na
sua presença.
Jason desceu seus olhos para minha mão que ainda segurava seu
braço e eu o soltei.

Ele mordeu seu lábio e eu me concentrei naquela parte do seu corpo.


Será que seu beijo havia mudado naqueles anos? Será que o gosto do
cigarro ficava bom na sua boca?

Jason reparando para onde eu olhava, fez o mesmo e encarou minha


boca.

Tentei desviar minha atenção dele, mas foi impossível quando ele se
aproximou de mim e ficou a poucos metros afastados.
— Você consegue sobreviver na minha presença, mas eu não consigo
sobreviver na sua. Porque eu te amo, pra um caralho e te ver tão perto e não
poder te tocar, tá sendo um inferno. Então eu preciso me afastar, antes de
cometer uma loucura e te agarrar do jeito que desejo fazer desde o dia que
te mandei sair da minha vida.
Suas palavras me pegaram totalmente de surpresa, eu fiquei em
choque ao ouvir aquilo, estática e completamente quente.

Quente em partes que há muito tempo não esquentavam e ao invés de


colocar uma distância mais segura entre nós, eu dei mais um passo para a
frente e murmurei algo completamente fora de lógica.
— Me beija, Jason!

— Caralho!
Foi a única coisa que escutei, antes do jogador avançar na minha
direção, me pegar em seus braços e fazer minhas pernas se entrelaçarem na
sua cintura.

Sua boca se grudou na minha de forma faminta, me devorando com


força, desejo e desespero. Sua língua penetrou a minha boca e brincou com
a minha, em uma dança da qual senti tanta falta.
As mãos de Jason apertaram minha bunda e eu joguei meus braços ao
redor do seu pescoço aprofundando ainda mais aquele beijo.

Minha língua fez carinho na sua e eu soltei um gemido leve, quando


Jason mordeu o meu lábio inferior.

Não era para fazer aquilo, mas ali estava eu completamente rendida
pelo homem que jurei odiar.

Enquanto nosso beijo acontecia, eu percebi que estava ferrada, nunca


tinha tirado aquele homem da minha mente e agora me encontrava ali, com
ele, daquela forma. Eu soube que não conseguiria resistir ao desejo que
ainda existia dentro de mim.
Um desejo carnal que me fazia querer o homem que me machucou
tanto, mas que ainda me conhecia muito bem.
Que me deixava toda cheia de tesão por ele.

Arranhei suas costas e sussurrei em seu ouvido, ao afastar minha


boca da sua.

— Me leva para o seu quarto.

— Eu faço tudo por você.


E quando o jogador começou a me levar de volta para a casa, eu
soube que podia passar os anos que fossem, mas eu seria completamente de
Jason Lennox.
CAPÍTULO 35

Esbarrei na parede do corredor novamente, porque estava louco para


chegar logo no meu quarto, enquanto Kristen estava entrelaçada em minha
cintura.

Ela sorriu e eu também, mas voltei a beijá-la sem acreditar que tinha
aquela mulher em meus braços novamente. Minha mulher, a menina que eu
amava, que me fez ser o homem mais feliz do mundo, quando estava ao
meu lado.

Abri a porta do meu quarto e assim que entrei, bati a porta com o pé,
lembrando-me de passar a chave na fechadura.

Minha mão entrou por baixo da blusa do babydoll que Kristen usava
e logo senti seu seio, que cabia tão perfeitamente entre minha palma. Seu
mamilo entumescido me deixou com mais tesão. Deitei-a em minha cama,
arranquei sua blusa, e passei meus olhos pelos seios maravilhosos.

Depositei um beijo leve sobre sua boca, mas fui descendo beijos pelo
seu pescoço, até chegar ao seu colo e logo estar passando minha língua pelo
mamilo durinho.

Meu coração parecia que iria saltar do meu peito e talvez eu morresse
hoje, mas seria a melhor morte que eu poderia ter. Uma morte ao liberar o
tesão que eu sentia por aquela mulher.

Chupei seu seio e Kristen gemeu, fazendo meu pau doer. Ele estava
duro como uma pedra e melava minha boxer, por eu desejar tanto Kristen
que não sabia controlar meu desejo.

Tirei sua bermuda e a calcinha minúscula que usava. Afastei a boca


do seu seio, fui descendo beijos por toda a sua barriga e quando cheguei no
seu centro, abri suas pernas e depositei um na boceta que tanto amava.

— Como senti falta disso — rosnei.


Passei minha língua por toda a sua extensão e Kristen gemeu.

— Jason, me chupa!

Sorri com seu pedido, tão entregue a mim e não demorei a atender
seu pedido. Assim que suguei seu botão de prazer, ela soltou o ar como um
soluço, levou suas mãos aos meus cabelos e prendeu minha cabeça entre
suas pernas.

Chupei Kristen, levando dois dedos para dentro dela e comecei a


estocar devagar.

Passei minha língua por sua extensão tomando todo o líquido que ela
liberava para mim. Hora ou outra revezava, em tirar os dedos e brincar com
seu clitóris, enquanto enfiava minha língua na sua entrada.

Kristen apertou com mais força meus cabelos e começou a


movimentar seu quadril, enquanto eu a chupava com mais força. Levei
minhas mãos para os seus seios e enquanto eu os apertava entre meus
dedos, Kristen se libertou com um grito de prazer.

E quando gozou na minha boca, não me demorei para pegar um


preservativo. Eu precisava me enterrar dentro dela.

Tirei minha bermuda e Kristen ficou me observando, enquanto


desenrolava a camisinha no meu pau. Voltei a ficar entre suas pernas e antes
de entrar nela, sussurrei:

— Eu senti muita falta de você, Kristen.

Ela não disse nada, até mesmo no momento que falei mais uma vez
que a amava, mas eu aceitava o que ela estivesse disposta a me dar.

Comecei a entrar nela e Kristen fez uma careta.

— Estou te machucando? — indaguei, passando uma de minhas


mãos pelo seu rosto.

— É só que… — Ela mordeu o lábio, levando sua mão até o clitóris


e o massageando. — São alguns anos sem fazer sexo.

Parei de entrar nela e não consegui suportar ouvir aquilo. Afastei-me


do seu corpo e me sentei na cama. Ela não tinha ficado com mais ninguém,
enquanto eu, fiquei com diversas mulheres.
— O que foi? — perguntou, sentando-se e parando ao meu lado.

Enquanto a encarei de soslaio, percebi seus olhos passando pelas


tatuagens do meu corpo.
— Não mereço ficar com você, Kristen. Eu não fiquei sem sexo
nesses anos. Eu meio que me punia ficando com outras mulheres, pensando
que elas nunca seriam você e como eu nunca imaginei que te veria de novo,
não esperava que um dia eu pudesse estar assim novamente com você.

Vi quando abaixou a cabeça e encarou seus dedos.

— Você ainda sente desejo por mim? — sussurrou a pergunta.

Voltei meu corpo na sua direção e respondi:


— Você é a única que desperta desejo em mim, a única que me faz
querer viver. Eu só transava com outras porque não valho nada. Não tinha
pretensão de te ter na minha casa, não mais, não depois de tudo.

Kristen empurrou meu corpo e eu me deitei sobre a cama. Sentou-se


em cima de mim e desceu meu membro pela sua boceta apertada.
— Então cala a boca, Jason. Deixa eu pensar na merda que estou
fazendo depois. Agora me fode.

Adorava quando ela falava palavras baixas, deixavam-na ainda mais


sexy, com aqueles cabelos loiros esvoaçantes.

Porra! Eu amava aquela mulher.

E sim, eu a fodi.
Comecei a estocar dentro dela, observando seus seios balançarem
para cima e para baixo, enquanto eu penetrava sua boceta.

Minhas mãos apertavam sua bunda e Kristen arranhou meu tórax


com suas unhas.

Estoquei com mais força e à medida que seus gemidos se tornaram


gritos eu soube que estava no paraíso. Girei nosso corpo na cama, ficando
por cima, enquanto voltava a me enterrar nela.

Nossos corpos suados se grudavam, o suor escorria pela ponta do


meu nariz e eu continuei amando o seu corpo com o meu, até que Kristen
liberou novamente seu orgasmo e eu não me segurei muito, fazendo o
mesmo.
Caí sobre o seu corpo e beijei seu pescoço, enquanto ela ficou
passando suas mãos pelo meu tórax.

— Senti falta disso — murmurou, e eu me afastei um pouco para


encarar seu rosto.

— Eu senti falta de você, cada segundo da minha vida.

Só que para acabar com qualquer esperança que eu tinha, Kristen


murmurou:
— Foi somente sexo, não pense que muda alguma coisa entre a
gente.

Tentei não parecer desapontado com aquela informação, no entanto,


disse:

— Eu sei que você não me perdoou, mas farei de tudo para te


conquistar, mesmo sabendo que não te mereço. Porque eu te amo, Kristen e
eu, depois que eu deixar, você e minha filha seguras, vou fazer de tudo para
te reconquistar.

Ela ficou me encarando e não disse nada.


— Vem tomar um banho comigo? — Chamei, tentando quebrar um
pouco a tensão que caiu sobre nós.

— Acho melhor eu ir…


— Por favor, só um banho, não estou pedindo que me perdoe, ainda
não.

Depois de pensar por alguns minutos ela concordou.

Saí de dentro de Kristen e estendi a mão para ela, que aceitou de bom
grado e fomos caminhando juntos para o banheiro.

— Banheira ou chuveiro? — perguntei.


— Chuveiro — respondeu e entrou no box antes de mim.

Sorri de lado, tirei a camisinha e a joguei no lixo, antes de entrar atrás


dela.
Eu não queria envolver Kristen nos meus problemas, mas agora que
ela já sabia de tudo e corria risco do mesmo jeito, eu faria qualquer coisa
para que me perdoasse e voltasse a me amar.
CAPÍTULO 36

Era desejo puro e carnal… somente isso. Ao menos era o que eu


tentava acreditar, enquanto sentia a água cair no meu corpo. Jason pegou o
sabonete líquido e começou a passar pela minha pele.

— O que está fazendo? — perguntei.

— Te dando banho.

— Você sabe que sei tomar banho sozinha, certo? — Tentei me


afastar, mas Jason não permitiu.

— Eu sei, mas receber um carinho às vezes não é errado.

Senti as mãos fortes de Jason passando pelo meu corpo e meu olho se
revirou ao sentir o aperto em minhas costas, depois passando para minha
cintura e ele puxando meu corpo assim que grudou suas mãos em minha
barriga.

— Eu te desejo tanto, Kristen. Que já te quero de novo.


Não consegui controlar o desejo, porque ouvir sua voz tão próxima,
fazia minha pele se arrepiar. Rebolei minha bunda e passei sobre o pau de
Jason, que já estava duro.

— Talvez eu também queira mais de você, jogador…

Dei ênfase na última palavra e Jason me apertou com mais força


contra o seu corpo.

— Vou pegar uma camisinha.

Segurei sua mão no lugar e murmurei:

— Eu tomo remédio. As camisinhas não nos protegeram da última


vez, então agora eu me encho de hormônio, eu nunca transei sem nada. Seja
o primeiro em mais alguma coisa.

— Caralho, Kristen! — Jason rosnou e colocou meu corpo nos


azulejos.

Levantou uma de minhas pernas e entrou facilmente pela minha


boceta, já que ainda estava molhada e eu o sentia pele contra pele, percebi
que era muito mais fácil se mover dentro de mim daquela maneira.

Espalmei minhas mãos nos azulejos e deixei que Jason entrasse


dentro de mim. Ele chupou meu pescoço e em seguida passou seus dentes
pelo meu ombro.

Gemi à medida que ele aumentou suas estocadas.


— Caralho! Como eu te amo, como senti sua falta. Kristen, eu te amo
tanto.

Mordi meu lábio inferior ao ouvir suas palavras e controlei as


lágrimas que tentaram cair pelos meus olhos. Não queria ser conquistada
novamente por Jason, mas se ele continuasse falando daquela maneira, seria
muito difícil. Mesmo sabendo que não o esqueci, que o amava
perdidamente, não podia voltar a entregar meu coração a ele, não depois de
tudo.

Eu queria curtir aquele momento de prazer, porque estar perto dele,


fazia com que eu me sentisse louca por ele, como me sentia sempre que o
via.

Seu corpo forte, suas tatuagens, a forma como me beijava e como


fazia sexo, me deixavam louca, desesperada por ele, mas eu não podia mais
cair no seu papo.
Jason suspirou perto do meu ouvido e continuou entrando em mim.
Subiu suas mãos pela minha barriga e as grudou em meus seios, apertando-
os com força e eu gemi, tomada pelo desejo.

— Deliciosa, é isso que você é, sabia? Ah, eu sou louco em você,


louco no seu cheiro, no seu gosto… caralho!

Tirou uma de suas mãos dos meus seios e levou até meu clitóris o
massageando e eu não resisti mais, acabei me entregando ao prazer e
gozando em suas mãos. E no seu pau.

— Puta que pariu, Kristen! — Jason rosnou e mordeu meu ombro,


enquanto eu o sentia gozar dentro de mim.

Mesmo liberando todo o seu orgasmo, Jason continuou estocando


fundo.
— Olha o que você faz comigo, não consigo perder o tesão em você,
garota linda.

Jason enrolou meus cabelos em seu punho e os puxou para trás.


Enquanto ele voltou a estocar com força. Aquele homem continuava
insaciável do jeito que eu me lembrava dele.

E depois de gozarmos novamente, Jason me deu banho, fazendo


questão de me masturbar ali e eu tive tantas doses de prazer que acabei
perdendo as forças nas minhas pernas.

Jason enrolou uma toalha em mim e me levou para sua cama. Ele
enxugou meu corpo e me deitou sobre seus lençóis, meus olhos estavam
pesados, quando senti o colchão abaixar de um lado e Jason se deitar ao
meu lado.

Ele me abraçou e ao sentir seus braços dos quais eu sentia tanta falta,
deixei que a sonolência vencesse e dormi abraçada a ele, indo contra tudo o
que eu queria, já que dormir juntos dava uma impressão completamente
diferente da que eu queria passar.

No entanto, sentir seus braços depois de tanto tempo, foi a melhor


coisa que aconteceu nos últimos tempos.
Talvez eu tenha sorrido enquanto dormia…

Mas não podia afirmar nada.


A sensação de ter Kristen novamente em meus braços, foi como se eu
tivesse encontrado o One Piece, caso eu fosse o Luffy, personagem de um
anime que eu assistia.

Abracei ainda mais a mulher maravilhosa que estava na minha cama


e abri meus olhos, encarando seus cabelos loiros. Beijei seu ombro e
mesmo antes que eu pudesse acordá-la, nossa menina fez alguns sonzinhos
pela babá eletrônica.
Kristen, provavelmente por estar acostumada com aquilo, abriu os
olhos no mesmo momento e se sentou abruptamente. Sentei também e
fiquei observando para ver o que estava fazendo.

— Eu dormi aqui? — perguntou confusa.


— Sim! — respondi.

E no mesmo instante Wendy fez mais um sonzinho.


— Preciso ir ver a Wendy — Kristen, murmurou e tentou levantar,
mas segurei seu braço, como ela fez comigo na noite passada.

— Fica aqui, eu vou pegá-la, pode descansar.


Kristen fechou os olhos e engoliu em seco.

— Jason, você sabe…


— Eu sei, nós não temos nada, foi só pelo desejo. — Cortei-a, antes
que terminasse de cravar a faca em meu peito, como fez na madrugada.

Kristen me observou atentamente e eu me aproximei dela,


depositando um beijo em sua testa. Depois afastei o cobertor que me cobria
e fui até o closet, para vestir uma roupa.
Senti que estava sendo observado, mas tentei não pensar naquilo,
para não ficar muito esperançoso.

Coloquei uma boxer, bermuda e regata.

— Vou cuidar da nossa menina.

Kristen assentiu com um sorrisinho brincando em seus lábios.


Droga!
Dava para ser menos linda? Como eu poderia não ficar esperançoso
com ela sorrindo daquela maneira?

Saí do quarto antes que desistisse de ir pegar minha filha. Caminhei


pelo corredor, passando pela porta que era do quarto de Kristen e logo em
seguida, entrei no de Wendy.
Ela estava sentada no berço e sorriu ao me ver.

— Oi, papá!

— Oi, meu amorzinho!

Peguei-a em meus braços e cheirei seu pescocinho, fazendo Wendy


dar uma gargalhada.

— Tadê a mamã?

— Ela está dormindo, posso te fazer companhia até ela acordar?


— Uhum! — Wendy concordou.

— Vamos escovar os dentinhos?

Wendy assentiu e a levei até o banheiro, sentando-a na borda da pia e


pegando sua escova e a pasta. Havia aprendido como era o amanhecer da
minha filha, desde que ela havia vindo para minha casa.

Kristen me ensinou como lidar com ela, primeiro escovava os dentes,


depois trocava a fralda e vestia uma roupinha para o dia. Sem contar em
pentear os cabelos loirinhos.

Depois de escovar seus dentes e trocar a sua fralda, coloquei um


vestido amarelo com flores rosas nela. Arrumei seus cabelos em um rabo de
cavalo, já que era a única coisa que me achava apto para fazer.
Quando estava pronta, estendi minha mão para Wendy que aceitou
sorridente. Assim que íamos sair do seu quarto, Kristen apareceu na
entrada.

Wendy soltou minha mão e foi correndo até a mãe. A mulher que eu
amava havia trocado de roupa e eu imaginei que enquanto eu arrumava
Wendy ela tivesse saído do meu quarto.

— Oi, mamã!

— Bom dia, meu amor!


Kristen beijou a bochecha da filha e a abraçou. Não deixei de notar
que me encarou por cima do ombro de Wendy.

— Vamô tumê?

— Vamos, sua comilona.

Wendy me olhou e me chamou com sua mãozinha gordinha.


— Vem, papá.

Aproximei-me dela e segurei sua mão livre. Aquilo até parecia uma
cena de um final feliz, de algum filme que eu sempre achava brega, mas
que naquele momento eu queria muito ser o brega do final maravilhoso.

Kristen segurava uma das mãos da nossa menina, enquanto eu


segurava a outra. Descemos as escadas e uma sensação ruim me tomou. No
entanto, tentei dissipar aquela preocupação. Estávamos seguros, mesmo que
eu soubesse da ameaça iminente de Hector.

Eleonora surgiu assim que descemos.


— Bom dia, senhor, senhora e Wendy.

— Oi, ocê é tem a Nôra ou a Nôr?


Wendy perguntou, pois ela não sabia diferenciar as gêmeas.

— Eu sou a Nôra!

Minha filha deu uma risadinha e soltou nossas mãos para correr até a
minha funcionária.

— Senhor, a Eleonor acabou de colocar o café da manhã na mesa do


lado de fora.

— Obrigado!

— Vem, filha, deixa a Eleonora. — Kristen pegou Wendy e


caminhamos para fora da casa.

No entanto, assim que vi a gêmea que colocou o café da manhã sobre


a mesa, caída no chão, eu soube que algo muito ruim estava acontecendo.

E mais à frente com uma arma, equipada com silenciador, apontando


na direção de Kristen e Wendy, estava Hector com um sorriso doentio.

— Você pensou que podia fugir de mim, Jason?

Quando ele fez menção de puxar o gatilho, me joguei na frente das


mulheres da minha vida e senti quando a bala pegou no meu corpo…

Só não sabia dizer onde, mas eu sentia muita dor.

Os gritos de Kristen e de Wendy tomaram meus ouvidos e minha


visão ficou turva, mas ao menos consegui ver Tyler chegar a tempo de
alvejar Hector, bem no meio de sua testa e impedir que ele continuasse a
sua vingança.
Depois disso tudo escureceu.
CAPÍTULO 37

Eu estava no corredor do hospital, em choque com o que havia


acontecido, quando ouvi vozes aumentando na entrada do hospital. A partir
do momento que vazou na mídia que Jason Lennox havia sido atingido por
uma bala, os jornalistas chegaram como abutres na porta do hospital.

Vi Alex e Jacob entrando no lugar e nem foram à recepcionista, no


momento que me viram sentada em uma das cadeiras da sala de espera.
Wendy estava dormindo em meu colo, mas toda hora acordava assustada.

Eleonor havia levado uma coronhada na cabeça e depois, Hector


havia atirado em seu braço. Mas por sorte estava fora de risco, no entanto,
eu não podia dizer o mesmo de Jason.

Ele tinha levado um tiro para proteger Wendy e a mim, mas a bala
atingiu alguns dos seus órgãos, como rim e fígado. Ele estava passando por
uma cirurgia naquele momento.

— Ei, vocês estão bem? — Alex perguntou, no mesmo momento que


Jacob, parou ao meu lado e depositava a mão em meu ombro.
— Ele entrou na frente da bala para nos proteger — sussurrei,
deixando que mais lágrimas caíssem pelo meu rosto.

— Fica calma, Kris. O Jacob é forte, ele vai sair dessa.

Mais comoção pôde ser ouvida do lado de fora e não demorou, para
as portas de correr, se abrirem e Harvey e Jennifer Lennox passarem por
elas.

Nunca havia visto os pais de Jason pessoalmente, mas eu me


lembrava das fotos dos dois e sabia muito bem quem eram, por causa da
famosa franquia de cafeterias que eles possuíam.
— Alex, o que está acontecendo? — O senhor Lennox perguntou
para o amigo de Jason.

Alex se levantou, pois ele estava ajoelhado à minha frente. No


entanto, assim que Jennifer me viu ela disse:

— Eu me lembro de você.

Assenti deixando que mais lágrimas caíssem.

Harvey me encarou e quando viu a garotinha que dormia em meus


braços, vi sua cor se esvair do seu rosto.

— Ela… Garota, eu lembro que você era a namorada de Jason e que


acabaram do nada. — A voz de Harvey estava grave. Ele balançou a cabeça
e logo indagou: — Alguém vai me explicar o que está acontecendo aqui?
Saí de Miami, por causa de uma ligação de que meu filho havia sido
baleado, o que aconteceu? — Novamente olhou para Alex e depois para
Jacob, por último para mim.

Tinha me esquecido de que eles também eram de Miami. Mas por


sorte, Tyler que havia ido pegar um chá para mim apareceu e nos salvou da
explicação.

Depois de me entregar o chá, Tyler explicou tudo sobre o que


aconteceu com Hector. O casal que já sabia sobre o passado de ameaças
ficou chocado, ao serem informados que o filho foi obrigado a se afastar de
mim, para me proteger e consecutivamente proteger Wendy.

— Você está nos dizendo, que temos uma neta que nem tínhamos
ideia? — Jennifer, perguntou deixando que algumas lágrimas escorressem
pelo seu rosto.

Ela se sentou ao meu lado e segurou minha mão e com a outra fez
carinho no rosto de Wendy.

— Eu sinto tanto, querida. Você deve ter passado pelo pior.

Chorei junto com a mãe de Jason.

— Eu me sinto culpada, por ele estar dentro de uma sala de cirurgia.


— Solucei.
— Ei, garota? — Olhei para o pai de Jason e ele estava com a
expressão mais triste do que quando chegou. — A culpa não é sua, meu
filho só fez o que eu também faria. Porque eu tenho certeza de que ele te
ama e deve amar essa bebê, quem ama faz tudo pela pessoa, até entrar na
frente de uma bala.

Assenti e acreditei em suas palavras, porque era a verdade. Só por


amor, alguém escolheria ser tão gravemente ferido.
Após um tempo, Wendy acordou, ainda estava assustada, mas
Jennifer tentou acalmá-la.

— Oi, bonitinha!
— Oi! — respondeu meio triste.

Ela ainda estava encostada em meu peito, enquanto encarava a avó.


— Você sabia que eu sou a mamãe do Jason?

— Do meu papá?

Jennifer deixou uma lágrima escorrer e assentiu para Wendy.

— Então ocê é minha bobó?


— Sou!

Jennifer acariciou novamente o rosto da minha menina e como


Wendy sempre foi muito amorosa com todos, esticou os bracinhos para a
senhora ao meu lado.

Jennifer a pegou e a abraçou, depositando diversos beijos em seu


rosto. Harvey, que era mais fechado, deixou de lado um pouco da tristeza
por aguardar pelas notícias e foi se sentar perto de Jennifer para conhecer
Wendy.

Fechei meus olhos, apoiando minhas mãos sobre eles e toda aquela
tragédia de mais cedo voltou à minha mente.
Quando vi o homem que conheci como Jasper, armado, e apontando
aquela pistola na nossa direção, eu jurei que seria o meu fim. As suas
palavras vingativas foram como facas dentro do meu coração.

Só pensei em proteger Wendy, mas quando Jason se enfiou na minha


frente, com os braços abertos e de costas para mim, tive a pior sensação do
mundo.

A sensação de perder o homem que eu sempre amei. A sensação de


que ele foi arrancado de vez de mim. Eu nunca o veria, eu nunca mais o
teria ao meu lado.

E eu tinha descoberto há tão pouco tempo, que ele havia me deixado


só para me proteger, que ali eu me culpei, por não o ter perdoado de uma
vez.

Depois que Tyler alvejou aquele desgraçado, senti um pouco de paz


tomar meu peito. Por sorte, eu tinha agido rápido e tapado os olhos de
Wendy antes que ela pudesse ver seu pai levando um tiro, ou Hector
morrendo bem na nossa frente.

Segundo Tyler, Hector havia invadido a mansão por um ponto cego


das câmeras de segurança. No entanto, descobrimos que Weber, um novo
segurança contratado para fortalecer o time que protegia a mansão, estava
de parceria com Hector e por isso, foi ainda mais fácil para o homem
invadir ali.

Só que agora, depois que essa parte estava resolvida, eu só queria que
Jason saísse bem daquela sala de cirurgia.
Em algum momento daquela tarde, que já estava virando noite, o
treinador e todo o time do Los Angeles Rams chegaram ao hospital e a sala
de espera ficou pequena para aquele tanto de jogador musculoso.

Só que quando Alice e meus pais apareceram ali, eu soube que ao


menos teria apoio das pessoas que me amavam.
Levantei-me da cadeira e fui até eles, abracei minha amiga
rapidamente, mas desabei nos braços dos meus pais. Eu não os havia
chamado ali, provavelmente foi Alice que os avisou.
— Filha, como escondeu da gente que teve uma filha? — Minha mãe
perguntou.

— Michelle, depois discutimos sobre isso, no momento nossa filha


precisa de apoio. — Meu pai fez uma pausa e me encarando de forma
acolhedora, murmurou: — Mas eu quero conhecer minha neta.
— Obrigada por estarem aqui.

Tentei abraçar os três de uma vez e assim que nos afastamos, o


médico que estava cuidando da cirurgia de Jason apareceu.

Encarei-o com medo, mas quando suas palavras saíram da sua boca,
eu me tranquilizei.

— A cirurgia do senhor Lennox foi um sucesso e agora só podemos


aguardar até que acorde da sedação.
Senti um peso sair do meu corpo e respirei fundo. Ouvi alguns
agradecimentos a Deus, depois de recebermos a notícia e Wendy me
chamou.

— Mamã, o papá vai ficá bem!

— Vai, meu amor. Ele ficará ótimo.

Wendy me estendeu seus braços e eu a peguei do colo de Jennifer.


— Vou te apresentar a seus outros vovôs.

— A sua mamã e papá?

— Isso mesmo.

E a partir dali, Wendy conheceu seus avós e eu só fiquei pedindo que


Jason acordasse logo para que eu pudesse vê-lo novamente bem à minha
frente.
CAPÍTULO 38

Estava observando Jason, que já havia saído do CTI e estava agora


em um quarto mais confortável. Não precisava de ajuda de aparelhos para
respirar, mas ainda não havia despertado completamente.

Ele abria os olhos, mas dormia novamente, tinha três dias que
estávamos naquele vai e vem.
Havia deixado Wendy, naquele dia com meus pais, os pais de Jason e
Alice. No dia anterior quem passou a noite com Jason foi Jennifer, e antes
foi o senhor Harvey.

Respirei profundamente, levantando-me do sofá completamente


desconfortável e fui até Jason. Ele dormia tranquilo, mal sabendo que sua
vida havia virado um caos.
Já que a informação de que Jason Lennox, o quarterback mais
cafajeste do Los Angeles Rams, tinha uma filha, foi um furo para os
tabloides e agora fotos minhas e de Wendy circulavam por diversos
lugares.

E todos estavam falando que ele havia abandonado a sua namorada


grávida. Não tenho ideia de como aquela notícia foi vazar e depois, quando
Jason estivesse recuperado, teríamos que reverter aquela situação, porque
também não queria que ele fosse prejudicado por nada da história que já
havia nos machucado tanto.

Segurei sua mão vagarosamente, tentando não tirar o aparelho que


media sua saturação. E murmurei:

— Você podia acordar, ainda não acredito que você possa estar cem
por cento bem, se não mostrar seus olhos maravilhosos para mim.
Deixei as lágrimas escorrerem pelo meu rosto.

— Eu ainda não consigo dormir, porque toda vez que fecho meus
olhos, lembro-me de você se enfiando na frente de uma bala pela Wendy e
por mim.
Solucei e tentei me afastar, mas assim que pensei em tirar minha mão
da de Jason, ele deu uma leve apertadinha em meus dedos.

— Por que tá chorando? — Sua voz estava rouca e ele deu uma
pequena tossida.

Seus olhos verdes me encararam.

— Você acordou?

— Acordei no paraíso, porque te ver é a mesma coisa do que estar no


céu.
Sorri e briguei com ele.

— Para de falar idiotice. — Percebi que passava a língua pela boca.


— Quer um pouco de água?

Ele assentiu e eu peguei o copo que estava com um canudo, ao lado


da cama hospitalar.

Levei-o até sua boca e ele tomou um pouco. Deixei o copo onde
havia pegado e me voltei para ele, aproveitando para enxugar minhas
lágrimas.

— Eu fiquei com tanto medo de você não sobreviver — sussurrei.

— Mas no fim deu certo, você está bem e a Wendy também, certo?

Percebi ele franzir seu cenho, provavelmente pensando que algo


poderia ter acontecido.

— Sim, ela está bem. Quer dizer, nós estamos. Porque você salvou as
nossas vidas, Jason.

Ele sorriu fracamente e assentiu.

— Eu fiz o mínimo. Levaria quantos tiros fossem necessários para


manter vocês intactas.

— Jason? — Chamei-o, sentindo minha garganta se fechar quando


ele me encarou.

— O que foi?

— Eu, em todas essas semanas, não disse algo a você.

Jason fechou os olhos, que provavelmente estavam pesando pela


sonolência.
— Não precisa me dizer nada, meu amor — sussurrou.

— Eu preciso te agradecer, por ter cuidado de Wendy e de mim, todo


esse tempo.
— Só fiz o certo.

Tentou me encarar, mas ele parecia estar sendo tomado pelo sono.
— O seu certo, salvou nossas vidas.

Aproximei-me dele e depositei um beijo em sua testa. Logo ele já


havia pegado no sono de novo.

Eu ainda tinha outra coisa para falar, mas diria em outro momento,
quando ele estivesse acordado de verdade.

Foram dez dias no hospital, mas agora ele havia voltado para sua
casa, que estava mais cheia do que de costume. Tanto pelos meus pais, os
seus, minha amiga e os seus amigos.

Sem contar que o treinador do Rams havia vindo visitá-lo na parte da


manhã e outros jogadores que não eram tão seus amigos, só conhecidos
para prestar apoio.

Jason estava deitado em um dos sofás enormes da sala de estar,


enquanto conversava com seus pais e os meus. Ele não podia ficar subindo
e descendo escadas por enquanto, por isso, Eleonora havia arrumado um
dos quartos de hóspedes que ficava no andar de baixo para ele.
— Garoto, quando eu via você enfrentando meu time de coração, eu
ficava revoltado, porque Kristen disse que vocês iriam morar juntos e
depois ela apareceu na nossa casa, falando que tudo tinha acabado.

A expressão de Jason ficou meio triste.

— Desculpe, Bruce! Não foi minha intenção, juro. Era para protegê-
la.

— Ah, mas fica tranquilo que agora sei da verdade e já te perdoei.


Jason sorriu e aceitou a mão do meu pai que estava estendida para
ele. Eu tentei fingir que não estava escutando nada, enquanto trançava os
cabelos de Wendy.

No entanto, quando senti meu corpo formigar, encarei o quarterback


e ele me olhava intensamente. Desviei do seu olhar, para não corar, porque
puta que pariu! Eu já estava toda bobinha de novo pelo jogador.

Deixei Wendy ir ser paparicada pelas avós e subi para o meu quarto,
com Alice logo atrás de mim. Desde que ela havia chegado, não tínhamos
parado para fofocar.

Entrei no quarto, que ela estava dividindo comigo e ela murmurou:


— Enfim, sós!

Revirei os olhos e brinquei:


— Vamos transar?

— Ah, bem que eu queria, bobinha, e não era com você, e sim com
Alex ou Jacob. Você percebeu o quanto eles ficaram fortes?

Soltei uma risada, porque Alice não tinha jeito, para ela tudo acabava
em sexo.

— Falando nisso, você transou com o Jason, não transou?


Não tinha contado para ela, que na noite anterior ao fatídico dia, tinha
me deixado levar pelo tesão.

— Não sei do que está falando. — Fiz-me de boba.


— Ah, sua safada! Transou mesmo e ainda está tentando esconder.

Virei-me para ela, com uma das minhas mãos na minha cintura,
enquanto uma das minhas roupas estava na minha outra mão.
— Por que você sempre sabe quando transamos?

— Porque o jogador não tira os olhos de você, ele tá te comendo com


os olhos e pra estar desse jeito, logo depois de sair de um hospital, onde,
diga-se de passagem, ele estava por ter levado um tiro por você e a Wendy,
só pode ter te fodido.
Revirei meus olhos e falei:

— Você não tem jeito mesmo, Alice.

Ela se aproximou de mim, tirou a roupa da minha mão e segurou as


minhas mãos nas suas.

— Eu sei que falei que seria contra você voltar com ele, mas o cara
levou um tiro por você. Está parecendo um cachorrinho atrás do osso dele,
que no caso é você. Talvez agora, sem ameaça, as coisas possam ser
melhores.

Senti meus olhos lacrimejarem.


— Você acha que devo tentar de novo?

— Se for para te fazer feliz, eu acho sim.


Assenti e pensei no que ela me disse… a verdade era que eu teria
revelado a Jason que o amava, no hospital, se ele não tivesse dormido
naquele dia.

Talvez fosse a hora de dar uma chance ao destino, que nos uniu
novamente e saber o que o futuro nos reservava.
CAPÍTULO 39

Todos já haviam deitado e antes de Alex ir embora, ele me ajudou a


deitar na cama do quarto de hóspedes que estava sendo meu quarto no
momento.

Estava mexendo no meu celular, quando vi algumas postagens de


sites de fofocas, onde eles me criticavam por ter abandonado uma mulher
grávida.
A equipe que cuidava das minhas redes sociais, falou para eu esperar
a poeira abaixar, mas para falar a verdade, eu estava pouco me fodendo,
então não esperaria nada.

Abri o story do instagram e comecei a gravar os vídeos.


— Boa noite, pessoal! Estou passando por aqui, ainda de repouso,
para me pronunciar sobre algumas histórias que saíram sobre mim nos
últimos dias. Eu sou o quarterback do Los Angeles Rams e por ser um
canalha vocês começaram a me ofender e ofender até mesmo Kristen
Lewis, pelas notícias saídas na mídia ultimamente.

“Primeiramente, eu tenho algo a contar a vocês. Quando eu tinha


dezenove anos, sofri um acidente de carro, que infelizmente a garota que
estava comigo nesse carro veio a falecer. O irmão dela quis se vingar e me
ameaçou, que eu não podia me envolver com ninguém…”

Continuei contando a história, até no dia do tiro e por fim, depois de


gravar trinta stories, me despedi:

— Espero que possam entender os meus motivos, mas se não


puderem, não vou poder fazer nada e parem de atacar a Kristen nas redes
sociais dela, pois ela é só mais uma vítima dessa história.

Quando terminei de gravar abaixei o celular e só naquele momento,


vi que a porta do meu quarto estava aberta e que a mulher da minha vida
estava ali, me encarando, enquanto eu os gravava.

— Você ouviu tudo? — indaguei.

Ela assentiu, entrou no quarto, fechou a porta e caminhou até a cama.


Surpreendendo-me, ao subir nela e sentar-se ao meu lado, deixando seu
braço encostar no meu.

— Ô tatuado? — Chamou-me da forma que ela falava quando


estávamos na universidade.

— Sim, algodão-doce?

Lembrei-me do apelido que lhe dei uma vez.


Kristen sorriu e virou seu rosto na minha direção. Engoli em seco, ao
perceber que o ressentimento que ela sentia por mim, não estava estampado
no seu olhar naquele dia.

— Mesmo não achando certa a forma que você resolveu se afastar de


mim, eu te perdoo, Jason. Eu sofri muito, quando acreditei que você só
tinha ficado comigo, por causa da minha virgindade.

Kristen pegou minha mão na sua e voltou a falar:

— Passar pela gravidez sozinha, foi horrível, mas ao mesmo tempo


gratificante por sentir um bebê dentro de mim. — Ela apertou minha mão e
me deixou completamente emocionado quando começou a dizer a próxima
parte.

— Eu nunca te esqueci, Jason. Eu prometi te odiar, eu jurei por tudo


que era mais sagrado, que nunca mais queria te ver na minha frente e
mesmo assim, quando tudo desmoronou, você foi o que voltou a me salvar.

Kristen ficou de joelhos na cama, soltou minha mão e levou as suas


ao meu rosto, segurando-o.
— Eu te perdoo, porque eu te amo demais. Eu acho que agora, depois
de tudo que aconteceu, eu te amo ainda mais. Como você sempre diz… —
Ela abriu um sorriso para mim e sussurrou: — Eu te amo pra um caralho.

Senti as lágrimas molharem meu rosto e por um momento esqueci-


me do meu ferimento, pois puxei Kristen para perto e grudei sua boca na
minha.

Minha língua tomou a sua e nosso beijo, foi entre lágrimas, com um
gosto doce e salgado se misturando.
Kristen se entregou ao beijo, mas fui obrigado a me afastar, assim
que senti minha pele arder, onde o curativo estava.

— Desculpe-me! — Ela pediu.


— Vou sobreviver.

— Ah, você vai mesmo! Porque agora terá que me aturar, afinal,
acho que eu posso morar aqui em Los Angeles, sem problemas.
Arregalei meus olhos para ela.

— Você tá falando sério?

— Tatuado, quando foi que não falei sério?

— Ah, gata! Você é meu mundo mesmo.


Kristen me abraçou forte, mas tomou cuidado para não me machucar
e depois acabamos dormindo juntos, sem fazer nada. Já que eu ainda estava
de repouso.

Aquela mulher mudou a minha vida…

E por ela eu moveria o mundo…

Porque Kristen, consertou o cafajeste que existia em mim, desde


muito tempo e eu estava disposto a passar todos os anos da minha vida ao
seu lado.
A cada dia que passava Jason se recuperava mais e depois de quatro
meses de repouso, ele já podia voltar aos treinos. Naquele dia mesmo, eu o
estava vendo entrar em casa, enquanto brincava com Wendy.

Desde que Jason soltou os stories meses atrás, sobre como ocorreu o
nosso afastamento, ele voltou a ganhar o coração da mídia e até mesmo as
fãs malucas que falavam merda para mim nas minhas redes, pararam de
encher o meu saco.
Ainda mais depois que Jason nos assumiu publicamente. E todas as
minhas fotos, que um dia ele havia tirado do seu instagram, voltaram,
porque ele não havia excluído nenhuma, só arquivado.

Agora, além das fotos antigas, as novas estampavam seu feed. Tanto
minhas com ele, Wendy e nós três juntos.
— Papai! — Wendy gritou.

Minha menina havia completado três anos e sua fala estava se


desenvolvendo melhor com o tempo.

— Oi, minha pequena!

Jason a pegou em seu colo e depositou um beijo na sua bochecha.


— A pofessola, nos deu um colação para o dia de São Valentim.

Naquele dia em especial, as crianças da escolinha em que eu havia


colocado Wendy tinham preparado corações para celebrarem o dia de São
Valentim, quando também era comemorado o dia dos namorados no nosso
país.

— Que bom, minha menina!

— Vô pegá!
— Tá bom!

Jason a desceu e Wendy saiu correndo escada acima, ainda morria de


medo daquela escada enorme, mas minha filha dava conta de subir e descer
tranquilamente os degraus.

— Como está minha namorada?

Jason se sentou ao meu lado e segurou meu rosto em uma de suas


mãos.
— Ela estava com saudades.

— Me beija, garota gostosa.

Sorri e o beijei, lentamente, sentindo minha calcinha se encharcar


quando ele apertou meu seio rapidamente. Antes que Wendy voltasse.

— A noite será somente nossa — sussurrou no meu ouvido e se


afastou, assim que Wendy começou a descer as escadas.
Ela voltou com o coração na mão, mas tinha algo mais. Vi minha
menina sorrir para o pai de forma suspeita e olhei para ele tentando
entender o que estavam aprontando.

Jason pegou a caixinha aveludada que Wendy lhe entregou.

— Você guardou com muito carinho?

— Guadei, escondidinho da mamãe.


— O que vocês estão aprontando? — indaguei.

Jason olhou para mim e Wendy se sentou na minha frente, fazendo


questão de me encarar com o sorriso mais gigante do mundo.

— Kristen Lewis, a garota que conheci por acaso, depois de atropelá-


la, você foi e é o grande amor da minha vida. Não existe um dia, depois que
te conheci, que eu não respire você, que eu não pense em você. Mesmo três
anos afastado, eu só conseguia pensar em você. Eu só queria que você
estivesse comigo. Por sorte, hoje, sem nenhum perigo nos cercando, eu sei
que posso fazer algo que eu quis fazer há muito tempo.

Jason ficou de joelhos e meus olhos se encheram de lágrimas.

— Há alguns dias, pedi para Wendy guardar um segredo. Porque ela


me viu chegando com isso na mão. — Ele apontou a caixinha. — Eu fui na
casa onde morei em Gainesville, buscar algo que comprei naquela época,
mas que fui impedido de te dar.

Olhei para a caixinha e percebi que ela realmente estava um pouco


mais desgastada do que o normal.

— Era para ter sido perfeito no passado, Kristen. No entanto, acho


que hoje é ainda mais, porque temos nossa filha com a gente. — Wendy
sorriu e assentiu. Jason lhe jogou um beijo e voltou a falar, enquanto abria a
caixinha. — Kristen, você aceita se casar comigo?

Dentro da caixinha tinha um diamante rosa e eu comecei a chorar,


enquanto assentia desesperadamente para Jason.
— Aceito!

Pulei no seu colo, enquanto Wendy batia palmas de felicidade. Beijei


sua boca e quando me afastei Jason pegou o anel, que era para ter me dado
anos atrás e colocou no meu dedo.

— Eu te amo e agora realmente será para sempre — comentou,


enquanto enxugava minhas lágrimas.

— Realmente será para sempre! Eu te amo, tatuado!


Wendy, toda ciumenta se enfiou no meio de nós dois e nos abraçou.
Sorri para ela e agradeci ao destino, que mesmo de um jeito torto nos uniu
novamente.

E daquela vez, seria para todo o sempre, sem ameaças, sem


abandono. Somente o meu tatuado cafajeste —, que naquele momento, só
era um safado comigo e seria pelo resto da nossa vida —, minha menina e
eu.
E ali o final feliz que eu queria, começou a ser trilhado, e quem diria
que o quarterback mais gato do mundo, seria tão apaixonado por mim?

E eu… ah! Era completamente rendida pelo tatuado.


EPÍLOGO

5 anos depois

Ganhamos o Super Bowl novamente e diferente de todos os anos em


que já estávamos enjoados de sermos vitoriosos, ou melhor, nossos
adversários ficavam chateados, aquele seria o meu último ano jogando pelo
Los Angeles Rams. Eu estava me aposentando.
Meu último Super Bowl, minha última partida e eu sentiria saudade
daquela emoção que estávamos sentindo, mas também queria ficar com
minha esposa e nossos filhos.

Assim que os jogadores me desceram para o chão, já que estavam me


jogando para cima, percebi que Wendy e Peter vinham correndo na minha
direção e eu me afastei dos meus amigos para abraçar minha garotinha e
meu menino de apenas três anos.

— Você venceu, papai! — Wendy comentou.


— Sou muito bom — brinquei.

— O papá é o melhor — Peter gritou, enquanto abraçava meu


pescoço.

— E o mais modesto. — Minha esposa comentou, enquanto parava


na minha frente.

Kristen estava maravilhosa, vestindo uma camisa do Los Angeles


Rams e uma calça jeans colada naquelas pernas deliciosas.

— O que posso fazer, né, meu amor?

Desci as crianças, que correram até Alex e Jacob e puxei Kristen para
os meus braços.

— Agora que a minha carreira chegou ao fim, o que vamos fazer


daqui para a frente? — perguntei.

— Você sabe, minha clínica será fechada por um tempo e vamos


curtir os nossos filhos e viajarmos muito.

Kristen tinha montado uma nova clínica em Los Angeles, mas


naquele momento iríamos abdicar do que amávamos para curtir nossa
família.

— E talvez fazer mais filhos? — brinquei.

— Só se for você a carregá-los por nove meses e depois ainda ter que
dar à luz.

Soltei uma gargalhada e levantei minha garota em meus braços.


— Depois pensamos sobre os filhos.

— Não tem mais filhos — ela sussurrou no meu ouvido. — Só quero


curtir sexo selvagem com você, sem mais bebês.

— Acho que sua ideia é a melhor.

— Eu sempre sou a melhor.

Gargalhei e beijei sua boca.

Beijar Kristen era sempre diferente, toda vez era uma reação nova
que eu sentia com seus lábios nos meus.
Era único, devastador, emocionante e romântico.

Aquela mulher tinha sido feita para mim e eu agradecia aos céus, por
hoje, podermos viver felizes.
— Eu te pra um caralho — sussurrei ao me afastar.

— Eu te amo, tatuado!
E com aquilo, eu nem precisava de mais nada, já tinha tudo que
queria e esse tudo se resumia ao meu para sempre com aquela mulher e
meus filhos.

Fim
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[1]
Florida Gators, nome oficial das equipes esportivas da Universidade da Flórida.
[2]
Cidade do estado da Flórida, onde fica situada a Universidade da Flórida.

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