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COMBO
TRILOGIA JOGANDO
LIVROS I, II E III

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JOGANDO COM A SEDUÇÃO


TRILOGIA JOGANDO -
LIVRO I LARINHA VILHALBA

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Capa: Carol Cappia


Revisão: Carol Cappia
Diagramação digital: Carol Cappia
Esta é uma obra de ficção. Seu intuito é entreter as pessoas. Nomes,
personagens, lugares e acontecimentos descritos é produto da imaginação da
autora. Qualquer semelhança com nomes, datas e acontecimentos reais é
mera coincidência.

Esta obra segue as regras da Nova Ortografia da Língua Portuguesa.

Todos os direitos reservados. São proibidos o armazenamento/e ou a


reprodução de qualquer parte dessa obra, através de quaisquer meios –
tangível ou intangível – sem o consentimento escrito da autora.

Criado no Brasil

A violação dos direitos autorais é crime estabelecido na lei nº


9.610/98 e punido pelo artigo 184 do Código Penal.

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Sinopse

Ela, estudante aplicada de Geografia.


Ele, estudante aplicado de Direito.
Ambos da mesma Universidade, apenas prédios distintos.
Ela não quer relacionamento sério; Ele namora há três anos... Mas as
aparências enganam.
Ela é desafiada pelos amigos; Ele é o alvo.
Assim começa o jogo de sedução. Até quando Marcelo irá resistir ao
JOGO DE SEDUÇÃO de Clara?

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AGRADECIMENTOS

Primeiramente tenho que agradecer a Deus, pois sabe aquela história


que ele escreve certo por linhas tortas, pois é, isso é verdade. Acabei
chegando no mundo fascinante da escrita pelo modo mais improvável, e se
não fosse ele nada disso teria acontecido.
Agradecer meu marido Mário e mamãe Maria, por terem me apoiado
desde o início sempre dizendo que eu era capaz de escrever. A minha
sobrinha Larine por sempre estar do meu lado e as minhas irmãs Fia e Aline.
Obrigada especialmente a Carol Cappia minha Super Gênia Ruiva que
arrasa sempre, por me apoiar e incentivar a continuar, por suas palavras e
dedicação. Carol serei eternamente grata. Não posso esquecer da minha
florzinha de mamão macho Eva Maria, por sempre estar do meu lado, por
horas acordadas de madrugadas trocando e compartilhando ideias para o
livro.
Agradeço de coração a cada menina do grupo do WhatsApp, que me
apoiaram muito. Em especial a Adriana Dutra, Munique, Dany Souza,
Larissa Lorrane, Mariana Araújo, Lilian Rodrigues, Fabiane Nascimento,
Cleide Marcia, Elizabete Mesquita, Mikaele Silva, Debora Marques, Iara
Medo Lago, Juliana Ballaris...
PRINCIPALMENTE AO MEU FILHO!!!
Claro que não posso esquecer-me de agradecer a você leitor, muito
obrigada.

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PRÓLOGO
Alguns anos Antes...

Despeço-me da minha mãe que chora. Afinal nunca é fácil uma


despedida, ainda mais depois de tudo que passamos. Mamãe sabe a dor que
estou sentindo e o motivo da minha partida.
— Não vá minha filha, você pode fazer outra faculdade aqui pertinho,
não precisa ir para longe. Eles não vão mais pisar o pé em casa — minha mãe
fala.
Sei que posso fazer faculdade na região, mas não quero, não posso,
preciso ir. Aqui não é mais o meu lugar.
— Mãe, eu já disse, está na hora da senhora me deixar crescer.
Preciso seguir meu caminho — digo.
— Filha, eu não tenho culpa. Juro que se eu soubesse teria te contado.
Jamais iria apoiar uma coisa dessas.
— Eu sei mãe. — Uma lágrima teima em sair de meus olhos.
É difícil, mas a dor que estou sentindo vai passar.
— Jura que vai ligar? Promete que vai vir me ver sempre? — mãe
pergunta chorosa.
— Eu juro e prometo! — A abraço mais uma vez. — Te amo mãe.
Obrigada, mas agora tenho que ir.
Pego minha bolsa, entro no ônibus, procuro minha poltrona e sento.
Coloco os óculos escuros, fones no ouvido. Olho pela janela e vejo minha
vida passar como um filme. Como pude acreditar em tudo? Como pude ser
tão cega e não enxergar o que acontecia bem na minha frente? Debaixo do
meu nariz. Limpo mais uma lágrima.
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— A partir de hoje escrevo a minha própria história, hoje irei chorar


tudo que tenho para chorar. Mas será a última vez, nunca mais irei derramar
uma lágrima ou deixar alguém me fazer de idiota — digo baixinho para mim
mesma. — Isso é mais que uma promessa.
Uma nova Clara surge a partir de agora.
Contos de fadas não existem...

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CAPÍTULO 1 — CLARA

— Clara, está pronta? — Eva pergunta entrando no banheiro.


— Falta o principal — respondo mostrando o batom cor vinho em
minhas mãos.
— Nossa Clara, cadê aquela menina que chegou hoje mais cedo aqui
na facul de chinelo havaiana e vestidinho de gente inocente? — Eva fala
levantando uma das sobrancelhas.
— A Clarinha? — Dou um sorriso questionando-a.
— Sim, a minha Clarinha meiga, doce, minha amiga — fala cruzando
os braços.
— Sua amiga está aqui, mas a Clarinha doce e meiga foi embora para
casa depois da aula, agora é a Clara, se conforme Eva. É o que tem para hoje!
— Mando um beijo para ela.
— Você me assusta sabia!? — Enquanto ela fala, olho no espelho,
passo o batom e deixo minha boca bem desenhada.
— Para de frescura na bunda Eva, você queria que eu fosse para a
festa com a roupa que vim para faculdade? Quando digo que você é doida
acha ruim.
— MENINAS! Vamos logo, Montanha está nos esperando! — O
furação de cabelos ruivos entra no banheiro gritando.
— Carol, menos fia, não precisa gritar. Não tem ninguém surda aqui
não — Eva fala.
— Ok. Ai gente desculpa, é que tem um monte de vaca no cio
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rodeando o Montanha. Não aguentam ver um homem gostoso. — Carol nos


olha e conclui: — Mas vocês estão lindas hein, Eva amei sua roupa, perfeita
como sempre.
Eva tem cabelos encaracolados castanho-escuro, pele morena, com
seus um e cinquenta e cinco de altura, está vestindo uma saia evase preta
acima do joelho, com uma cropped rosa com mangas curtas, saltos peep toe
rosa, cabelos soltos maquiagem leve e boca bem marcada.
— Carol, você também está linda — Eva retribui.
Carol é uma linda ruiva de cabelos lisos abaixo do ombro, com 1,69
de altura. Qualquer coisa que veste sempre cai bem, hoje está usando um
vestido tubinho azul bic, acima do joelho, com mangas curtas, sandálias de
salto pretas, cabelo feito um rabo de cavalo e maquiagem leve, max brincos
da cor preta. A garota está um arraso!
— Sempre lindas e maravilhosas. Mas vamos logo. — Pego minha
mochila e indico a saída do banheiro. — Tenho que deixar essa mochila lá no
núcleo de Ensino.
— Clarinha, minha linda, o núcleo está fechado a essa hora — Eva
fala.
— Tenho a chave — digo mostrando o chaveiro.
— Como assim você tem a chave do núcleo? — pergunta Carol.
— Claro que tenho, Mario me deu a chave, ele é meu orientador,
preciso ter acesso livre ao núcleo para as minhas pesquisas, senão como vou
escrever? — Pisco para elas. — Tenho até um armário lá.
Mario Geraldinn, realmente é meu orientador, sempre esteve ao meu
lado, tenho um carinho muito especial. Quando o vejo vindo em sua cadeira
de rodas no corredor da faculdade, parece que todos meus problemas acabam.
Sempre me orientando em minhas pesquisas, mostrando o caminho correto a
seguir. Na verdade sempre me tratou como filha. Ter a chave e livre acesso

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ao núcleo sempre foi proibido para os alunos, mas Mario conseguiu uma
permissão. Só consigo trabalhar e escrever minha pesquisa durante a noite.
Os guardas também já tinham se acostumado com minha presença durante as
madrugadas.
— Nenhum aluno tem a chave do núcleo e muito menos um armário
lá. — Eva olha com aquela cara tipo Clara você não existe.
— Não sou qualquer aluno meninas — digo. — Podem ir na frente eu
encontro vocês no corredor em cinco minutos.
Passo pelo núcleo para deixar minha mochila e todo o material no
armário, pois não estudo em fins de semana. Pego minha bolsa de mão e vou
ao encontro da galera que está toda reunida à minha espera no final do
corredor.
Hoje resolvemos em ir em uma boate badalada daqui de Dourados,
afinal essa semana foi estressante e precisamos relaxar.
— Eita morena hoje você mata um — Edson sorri e dou uma voltinha
para ele avaliar melhor.
Estou com um vestido preto de renda que marca bem meu busto e
cintura, levemente solto no quadril, acima do joelho, saltos peep toe
vermelho, maquiagem que marca bem os olhos e é claro meu batom vinho.
Esqueci-me de dizer que sou morena, cabelos encaracolados até a cintura,
com 1,58 de altura. Não sou linda, mas também não sou de jogar fora.
Camila me olha feio e dá um puxão no Alessandro, por ele estar
apreciando a vista com cara de bobo.
— Relaxa Camila o Ale pra mim é como fosse meu irmão, não
precisa ter ciúmes — falo me aproximando de Montanha, Carol e Eva.
Se Camila soubesse que o ciúme dela teria que ser por outra certa
amiga nossa. Camila não me engana, sei que esse ciúme é apenas teatro, mas
deixa a vaca que o que é dela está guardado.

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— Então vamos? — Alessandro pergunta. — Como vamos dividir as


pessoas no carro?
Assim começa a divisão, como sempre vou no carro com o Montanha,
junto com Carol, Eva e Edson. Alessandro e Camila acabam indo sozinhos no
carro deles. Despedimo-nos e combinamos de nos encontrar na portaria da
boate.
Percebo que Carol e Eva estão olhando para um casal que vem pelo
corredor e começam a cochichar. Olho para elas com sobrancelhas erguidas.
— O que foi? Podem colocar logo na roda vai — exijo.
— Olha lá! — Carol aponta para o casal que passa por nós. Olho para
ela com a cara tipo e daí.
— Aquele é o casal top de linha do bloco de direito. Dizem que ele
nunca a traiu — Eva explica.
Penso, e daí eu sou a top do bloco de Ciências Humanas. Está bem!
Ok é mentira não sou a top do bloco de Ciências Humanas.
— Gente, é um desperdício aquele homem todo já amarrado, tudo
bem que ela é linda — Eva fala.
— Eles namoram há três anos — Carol completa.
Realmente ele é bem gostoso, moreno alto, com uma barba bem rala e
bem feita, mãos grossas cheias de veias. Será que outra coisa é grossa
também?
O casal passa por nós, olho para trás e reparo na sua bunda. Que
bunda senhor! Com certeza esse cara faz academia, pois a sua calça abraça
muito bem suas curvas, eu pegaria e abusaria do seu corpo tranquilamente.
— Ih conheço esse olhar moreninha — Montanha fala me tirando da
minha análise crítica em relação ao corpo daquele gostoso.
Olho para Montanha, dou um sorriso e mordo os lábios. Mil ideias
passam em minha mente. Todas elas têm um certo moreno presente.

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— Clara, não! — Carol e Eva falam juntas.


— Para gente, não fiz nada. — Olho-as com a minha melhor cara de
santa. — Ainda! — completo.
Montanha, Carol e Eva começam a rir. Eles sabem a amiga que tem.
Mas hoje quero apenas curtir à noite, beber e dançar. Depois chegar em meu
apartamento tomar um banho e dormir.
Seguimos para o estacionamento, planejando a nossa noite e
brincando, apenas Edson fica em silêncio.
Chegando ao estacionamento Edson abre a porta do carro para eu
entrar e fala: — Clara? O que você está pensando? Com aquele cara você não
tem vez.
— Edson está desafiando a Clara? — Carol pergunta. Ele apenas
concorda balançando a cabeça de forma positiva Passo por Edson antes de
entrar no carro e sussurro em seu ouvido: — Veremos. — Olho para os
outros e digo: — Está aberta a temporada de caça. Já disse para vocês que
nunca peguei nenhum carinha do bloco de direito?
Todos me olham e balançam a cabeça de forma negativa.
— Montanha, coloca meu hino para tocar, pois hoje à noite vai ser
pequena — digo rindo.
— Você que manda moreninha — Montanha fala ligando o som do
carro.

"Ela é maluca, é linda e sabe que é gostosa Que me olha, me encara


É super poderosa Ela sabe que leva qualquer homem pra cama E só diz
que ama para tirar onda de bacana Solteira, sozinha Na pista para negocio
Ta de boa, soltinha Não ta querendo sócio Ela é tipo de mulher
independente Que não pede carona e nunca vai dormir carente Mas
quando ela arma uma saída Pega o telefone e liga para umas 5 amigas É
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tudo combinado lá no esquenta Tudo preparado, isso ai vai dar problema


Se ela sozinha já é um perigo imagine com as amigas Separa que é briga Se
ela solteira é um perigo Imagine com as amigas Separa que é briga
(Imagina com as Amigas— Bruninho e Davi)

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CAPÍTULO 2 — CLARA

Chegando ao estacionamento da boate, Alê e Camila já estão nos


esperando, seguimos para a entrada. Unik é uma boate muito badalada aqui
em Dourados, para a nossa sorte, a fila está pequena então não demoramos a
entrar. Paro na porta vejo o que já imaginava, a casa está lotada e o meu
sorriso alarga.
— Hoje fico até que a lua vire sol galera — falo rindo. Tudo que eu
quero essa noite é me divertir.
— Essa não tem jeito mesmo. Pode deixar que cuido de você. Pode se
divertir sem se preocupar — Edson fala chegando mais perto tentando pôr a
mão em minha cintura.
Desvio de sua mão e me aproximo de Montanha.
— Cai fora Edson, quem vai cuidar de mim é o Montanha, ele me
leva embora. — Olho para o Montanha que sorri e me abraça.
— Sempre moreninha, sempre estarei aqui — fala.
Na verdade o nome do Montanha é Adriano. Ele é loiro, alto e forte,
com cabelo até um pouco abaixo dos ombros. Montanha além de lindo e
gostoso parece um guarda roupa de músculos, mas sem exageros. Por isso o
apelido caiu como uma luva. Ele trabalha como segurança em uma empresa.
A amizade entre eu Montanha, Carol e Eva surgiu desde o primeiro
dia de aula. Foi amor à primeira vista entre nós, mas ao invés de namorados
foi uma amizade forte e sincera, que durante esses três anos ficou cada vez
mais intensa.
Alguns de nossos amigos brincam dizendo que somos o quarteto
fantástico, pois se mexer com um, mexeu com os quatro. O mais ajuizado de
nós é o Montanha, que cuida de nós três como se fossemos suas irmãs, nos
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salvando sempre das nossas cagadas. Falando em cagadas, uma das minhas
maiores foi ficar com o Edson, no início era legal e tudo, pois só queria sexo
sem compromisso. Ria brincava, me aliviava, era um perfeito “pau amigo”.
Tudo bem eu confesso, ele não era tão perfeito assim, ele tem o pau
fino, ninguém merece homem de pau fino. Tem que rebolar muito para gozar,
mas era melhor que nada. Acabei ficando com ele umas três vezes. O infeliz
começou a confundir as coisas, queria me controlar, sentia ciúmes dos outros
caras que eu conversava na facul. Sempre deixei claro que não me amarro em
ninguém e que a vida foi feita para ser vivida.
Resumindo, acabei perdendo meu “pau amigo fino”, mas continuo
com sua amizade. Porém sempre tenho que corta-lo, pois não perde a
oportunidade de querer ficar comigo novamente. Como agora, principalmente
quando estou bêbada, coisa que ainda vou ficar essa noite.
A boate Unik é ampla, com três ambientes. A pista de dança fica bem
no centro com tudo que é direito, com fumaças e luzes. A cabine do DJ fica
no alto da pista de dança, no canto esquerdo ficam algumas mesas com
cadeiras, na lateral direita das mesas. Tem a parte aberta que sempre toca
uma música diferenciada da pista, que também tem o bar, com mesas e
cadeiras.
Os rapazes vão direto para o bar buscar as bebidas e as meninas para a
pista de dança. Logo eles chegam, entregam a nossa bebida e começamos a
dançar juntos. Depois de três músicas Alessandro e Camila vão se sentar.
Carol, Eva, Montanha, Edson e eu continuamos dançando a todo
vapor. Depois de um bom tempo dançando Carol me dá um cutucão e olha
para frente, o recado foi dado.
Acompanho seu olhar e abro um sorriso enorme.
Hoje realmente é o meu dia de sorte, é o destino, não tem outra forma
para explicar. Alessandro e Camila estão sentados na mesma mesa da minha

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próxima vítima. Olho para Carol e Eva, ambas já desconfiam do meu plano,
acho que nós possuímos uma telepatia, é a única explicação. Como, com um
olhar elas já sabem o que fazer? Montanha também já pegou o recado.
— Nossa cansei — Eva fala da forma mais natural do mundo. —
Vamos sentar um pouco.
Todos concordam e vamos saindo da pista de dança a procura de
algum lugar para sentar.
— Está muito cheio Eva, acho que não vamos achar mesa para sentar
— Carol fala dando uma olhada como se procurasse um lugar para sentar.
Faz cara de surpresa e completa. — Gente, olha o Alê está sentado ali com a
Camila. Vamos lá!
Carol e Eva, essas duas ao invés de professoras tinham que ser atriz
de novela, como podem ser tão caras de pau.
Montanha me olha e ri. Nem ele está acreditando na encenação dessas
duas.
— Você está de prova não fiz nada — falo baixo olhando para
Montanha.
— Ainda né, morena. Vou buscar uma bebida e encontro vocês —
fala alto para todos ouvirem e depois sussurra no meu ouvido: — Você tem
dez minutos. — Meninas, não deixem a Clara sair da mesa sem mim —
completa.
Já disse que tenho os melhores amigos do mundo? Não? Então vou
dizer. EU TENHO OS MELHORES AMIGOS DO MUNDO!
— Rápido meninas, a gente tem dez minutos — digo baixo para o
Edson não ouvir. Elas já estão com aquele sorriso que sabem o que vai
acontecer.
Chegamos à mesa do Alê como se nada tivesse acontecendo. O sem
educação nem nos apresenta os amigos, mas isso não vai atrapalhar o meu

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plano. Carol e Eva já sabem o que tem que fazer, preciso ficar sozinha com
"ele" na mesa. Elas não podem dar muito na cara, porque Camila é um poço
de ciúmes fingido. Se descobrir que vou dar em cima de um cara com
namorada vai pôr tudo a perder, ainda mais que essa fingida parece ser amiga
de infância da "princesa", e tem o Edson, minha sombra, mais ai tá fácil.
— Vamos ao banheiro, Eva? — Carol fala.
— Lógico. Camila, você nos acompanha? Afinal mulher, sempre tem
que ir juntas — Eva responde rindo e já jogando a isca para tirar a Camila da
mesa.
Acaba dando certo, de quebra Camila convida a “namorada” e futura
chifruda para ir junto e a tonta aceita. Que maravilha está dando certo.
— Clara, você não vem? — A vaca da Camila tinha que perguntar.
— Estou esperando o Montanha, se eu sumir ele vai brigar comigo —
minto.
— Nossa, esse cara pega no seu pé hein Clara, não pode deixar ele
controlar a sua vida desse jeito. Nem pode nem ir ao banheiro — Camila fala.
Que puta vaca dos infernos pensa que está falando. Respiro fundo, me
controlo para não dar a resposta que ela merece.
— Prometi a ele que iria espera-lo aqui — tento ser simpática.
— Vamos logo, estou apertada — Eva fala.
Enfim elas vão para o banheiro. Que perigo tem elas irem ao banheiro
e me deixar com três homens na mesa? Nenhum, concorda?
Preciso ser rápida, não tenho tempo a perder, preciso ficar apenas com
um homem nessa mesa. Mal elas viram as costas, pego a bebida do Alê e
viro, pego a bebida da Camila e viro também, Alê pau mandado como é vai
surtar tenho certeza.
— Puta merda, Clara! Diz que você não virou? Diz que você não fez
isso! – Alê fala desesperado.

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Eu disse que ele ia surtar, tive que fazer força para não rir da cara de
besta dele.
— Desculpa Alê, estou com sede e o Montanha está demorando com
minha bebida. — Dou a ele o meu sorrisinho de desculpa.
— A Camila vai me matar achando que bebi tudo isso de uma vez.
Você é louca, não é possível, você sabe como ela é. — Realmente ele está
surtado.
— Já pedi desculpa, eu vou lá buscar outra para você — digo e olho
com cara de santa.
Enquanto isso olho de rabo de olho para a minha vitima que está com
cara de paisagem.
— Tá bom Clara, não precisa ir, eu vou lá buscar outra bebida e já
volto. Fique e espere, não quero levar bronca do Montanha por você ter saído
daqui. — Alê fala e sai em direção ao bar, ainda bem que a fila está grande.
Agora só falta um.
— Edson o Montanha está te chamando. — Faço sinal em direção ao
bar, ele olha e Montanha faz o gesto chamando-o.
— Já volto! — Edson me olha desconfiado, mas sai.
Enfim sós. Somente eu e ele, até que não foi difícil. Olho para ele
sentado olhando não sei para onde, é hora te atacar.
— Enfim sós — Ele me olha desconfiado.
— Como? — pergunta confuso.
— Só sobramos nós dois na mesa, é isso. — Estendo a minha mão
para me apresentar. — Eu sou a Clara e você? O sem educação do Alê nem
nos apresentou.
— Prazer em te conhecer Clara, me chamo Marcelo. Alessandro não
gostou muito que você bebeu a bebida dele e da Camila. — Estende sua mão
e aperta a minha, olha bem em meus olhos.

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Ele tem o poder de me prender com o olhar. Se eu acreditasse em


amor diria que me apaixonei. Mas como não acredito é atração mesmo. Antes
iria pegar esse delícia só para mostrar que eu fico com quem eu quiser, mas
agora fiquei com vontade. Agora que pego mesmo. Quem ele pensa que é
para falar do que Alê gostou ou não.
— M.A.R.CE.LO — pronuncio seu nome quase em um sussurro, de
forma lenta. Percebo que ele olha diretamente para minha boca. Acho que vai
ser mais fácil do que pensei. — Lindo nome. — Ele quebra o contato com
minhas mãos. Mas ainda me olha e eu não desvio o olhar.
— Clara, também é um lindo nome, minha namorada chama Dayana.
— Não acredito que o idiota disse isso, é uma merda mesmo.
Diz para mim quem perguntou o nome da vaca? Ninguém! Não quero
saber o nome dela, e o pior que o nome é de princesa mesmo, que ironia. Mas
me aguarde nunca fico por baixo.
— Legal, nome de princesa, mas não acredito em contos de fadas. —
Dou um sorriso, passo o dedo na borda do copo vazio e volto a olhar em seus
olhos. Sim foi uma indireta para você mané gostoso.
— Deveria acreditar — diz de forma calma. — Não é isso que toda
menina sonha? Em quando crescer encontrar um príncipe casar e ser feliz
para sempre.
Marcelo sorri, o sorriso mais lindo que eu já vi. Há tempos não ficava
tão encantada com um simples sorriso. Sua boca é carnuda e bem desenhada,
já me imagino dando leves mordidas nela. O que será que essa língua é capaz
de fazer? Para tentar disfarçar meu desejo sexual, desvio de seu olhar e olho
para o copo. Respiro fundo mandando embora meu desejo e volto a olhar em
seus olhos.
Talvez muitas sonham em casar, ter filhos e ser feliz, mas eu não. Um
dia já quis toda essa baboseira de contos de fadas, mas hoje quero apenas ser

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feliz com meus dois pés bem no chão. Sonhar demais faz mal para o coração.
— Não sou uma menina, muito menos igual às outras mulheres —
enfim respondo.
Percebo o olhar novamente na minha boca, para facilitar toco
levemente nos meus lábios com o dedo indicador. Lembra do batom vinho?
Essas horas ele faz toda a diferença.
— Se você não é como as outras, diga como você é? Diga o que a
Clara tem de diferente das outras. — Ele olha meus olhos profundamente
como quisesse realmente saber quem sou.
Quem sou eu? É uma boa pergunta. Mas sou uma incógnita que ele
vai ter que descobrir.
Pelo olhar de Marcelo percebo que não está imune a mim. Por mais
durão que seja ele tem algum interesse ou apenas curiosidade.
Sei que agora é a hora de sair. Mas tem que ser uma saída triunfal.
Abro meu sorriso, levanto-me, inclino perto de seu ouvido e sussurro: — Isso
você terá que descobrir sozinho. — Encosto minha boca em sua orelha e dou
uma leve mordidinha. Olho em seus olhos, dou o melhor sorriso e saio sem
olhar para trás. Meu recado foi dado.
Meu Deus que homem cheiroso, que olhar, que boca, que tudo. Tive
que me segurar para não agarra-lo ali mesmo. Não podia agarra-lo agora no
meio de todo mundo, se a princesa piriputa desconfia iria fazer um belo
barraco no meio da boate. Tudo que eu menos quero é um barraco com meu
nome. Está legal, não me recrimine, eu sei que estou dando em cima de um
cara com namorada, mas isso é um pequeno detalhe. A chifruda e ninguém
precisa saber, apenas eu, ele e claro os meus fieis amigos. Fico com vários
caras, mas nunca na frente das pessoas, pois minha vida não é novela para
ficar sendo acompanhada e falada por todo mundo.
Falando em amigos, olho para o bar e vejo Montanha enrolando o

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Edson, Alê ainda está na fila para pegar as bebidas. Falta as duas, vou direto
para o banheiro para saber o que elas estão aprontando, pois fiquei sozinha
durante muito tempo. Abro a porta e vejo a cena digna de filme de
Hollywood.
— O que está acontecendo aqui? — pergunto vendo o circo armado.
— Breno, Clara — Eva responde indignada.
— Ee.. ele não podia fazer isso comi... Migo, me... Me amava. Aquela
va... Vaca ficou se... Se esfregando nele — Carol diz em um choro
desesperado e soluçando.
— Ai meu Deus não fica assim, ele não merece você, se te amasse
não teria te traído — fala a princesa Dayana, mas é uma vaca mesmo.
Carol continua chorando, chora desesperadamente, falando coisas sem
nexo, como: Não posso viver sem ele, ele me traiu, vou acabar com aquela
vaca, vou quebrar o celular dela. Ela está sendo amparada por Eva, Camila e
a princesa Dayana segura sua mão.
— Você vai superar amiga, estaremos sempre com você — agora é a
santa Camila que fala.
Desde quando a santa do pau arrombado da Camila é amiga da Carol?
Até onde eu sei, ela morre de ciúmes fingido de nós com o Alê. Só nos
suporta porque o Alê deixou claro que nunca irá se afastar da gente.
— Vou me matar — Carol grita no banheiro.
Ai meu Deus! Está na hora de acabar com isso.
— Meninas podem ir, deixa que eu cuido da Carol. — Aproximo-me
e abraço minha amiga, eu sim sou amiga dela e não qualquer vaca.
— Não Clara, a gente fica com ela — diz Camila olhando para
Dayana.
Olho para Carol e ela já sabe. O teatro acabou.
— Meninas podem ir, vou ficar bem com a Eva e a Clara. Muito

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obrigado por terem ficado comigo — Carol fala entre soluços.


Ambas se olham e saem do banheiro dizendo que qualquer coisa pode
chama-las, que as mesmas vêm dar apoio. Mal elas fecham a porta, eu Eva e
Carol começamos a ter uma crise de riso. Choramos de tanto rir.
— E ai deu certo? — Eva pergunta no meio da crise de riso.
— O recado foi dado — respondo ainda rindo.
— Qual o próximo passo? — pergunta Carol, ainda rindo.
— Acho que é parar de rir, voltar para a mesa, fingir que nada
aconteceu e nos acabar naquela pista de dança. Amanhã a gente resolve. —
Elas me olham e concordam com a cabeça.
Carol levanta e lava o rosto. Pego minha bolsa de mão para retocar a
sua maquiagem, nem parece que em menos de 05 minutos estava chorando
daquele jeito. Já disse que minhas amigas poderiam ser atrizes ao invés de
professoras? Hoje a Carol ganhava o Oscar de melhor atriz sem nenhum
problema.
— O nome dele é Marcelo — falo retocando o batom.
— Vai ser difícil? — Eva pergunta.
— Não sei, mas já estou gostando desse jogo de sedução. — Dou uma
risada. — Esse jeito de santa da princesa Dayana não me engana essa é mais
rodada que tudo.
— Então você tem um plano? — Carol pergunta.
— Tenho sim. — Olho para as duas e abro um sorriso. — Vou
precisar da ajuda de vocês.
— Eu estou dentro — Eva concorda.
— Não perco isso por nada nesse mundo! — Carol fala toda
empolgada.
Esse trio junto não tem para ninguém. Estou começando a ficar com
pena do Marcelo, já imagino eu me deliciando com aquele corpo. Mentira,

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estou com pena não, pois não sou galinha para ter pena só quero acabar com
ele na minha cama.
Saímos do banheiro e vamos todas lindas e maravilhosas, desfilando
pela boate até a mesa dos nossos amigos, como se nada tivesse acontecido.
Camila olha para Dayana, ambas olham para nós e perguntam.
— Como você está? Parece que nem estava chorando — pergunta
Camila.
— Não somos mulheres de ficar chorando por homem — respondo.
— Tem tanto homem na noite que esse foi apenas mais um. — Olho para
Marcelo.
— O que aconteceu moreninha? O que fizeram com você? —
Montanha pergunta ao meu lado com cara de culpado por algo que nem
aconteceu.
— Não foi com a Clara, foi com a Carol — Dayana responde. —
Breno terminou com a Carol para ficar com outra.
— Breno? Que Breno — Montanha questiona e leva um chute
debaixo da mesa — Aiii ... Ah é o Breno, fica assim não Carol, você só ficou
com ele uma semana.
— Mas Carol, essa semana você não estava com o Vitor? Eu te vi no
maior amasso ontem com ele no estacionamento da faculdade. — Tinha que
ser o pinto fino do Edson.
— Edson, você acha que Carol é massa e o Vitor é padeiro para ficar
amassando minha amiga no estacionamento da faculdade? — pergunto.
— Pensei que fosse meu amigo Edson você acha que eu seria capaz
de ficar com dois homens ao mesmo tempo? — Carol se defende.
— Se enxerga Edson, você está ofendendo a Carol — agora é a Eva,
Edson nos olha como ar de incrédulo, sem acreditar no que está acontecendo.
— Edson, não sabe o que fala fica quieto. — Tinha que ser o

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Montanha. — Deixe as meninas quietas.


— Você mexeu com o quarteto errado — Ale fala para Edson.
— Eu sei! — Edson responde desanimado.
Olho para Marcelo, ele só nos observa. O que será que passa na
cabeça desse cara? Meus sentidos gritam que essa pose de bom moço é só
fachada. Vou explorar bem essa fachada, pode ter certeza disso.
— Meninas, vamos embora acho que hoje já deu — Montanha fala já
levantando.
Isso significa que nem adianta a gente reclamar, a festa acabou. Tudo
culpa do Edson “pinto fino”.
Acabamos nos despedimos de todos. A princesa é toda solidária, junto
com Camila. Acho que essas duas são amigas de infância só pode. Ainda não
engoli esse namoro do Alê, tem alguma coisa de errado e eu vou descobrir.
Mas por enquanto vou deixar rolar.
Marcelo só dá um aceno e nem rela na minha mão. Não se preocupe,
idiota gostoso, a sua hora está chegando. Vou te usar e jogar fora. Edson
resolve ficar e pega carona com o Alê. Quando todos estamos no carro a
caminho de nossas casas Montanha fala: — Vão me dizer o que as minhas
três meninas super poderosas aprontaram?
— Montanha a gente está mais para as panteras! — responde Eva
fazendo todos rirem.
— Vocês sempre serão as minhas meninas, e você moreninha sempre
será a minha irmãzinha... A minha irmã que perdi — Montanha fala e o
climão toma conta do carro.
Montanha perdeu sua irmã em um acidente de carro, ele que estava
dirigindo e não se conforma. O acidente aconteceu pouco tempo antes de
começarmos a facul. A cerca de três anos, a nossa amizade foi imediata. A
nossa ligação foi muito grande, então ele começou a me ver não como amiga,

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mas como a irmã que perdeu.


Para aliviar o clima, começo a narrar a aventura da noite. Contei tudo
o que conversei com Marcelo. As meninas contam como surgiu a história do
Breno. Camila e princesa Dayana mal chegaram no banheiro e queriam voltar
logo para a mesa. Carol fingiu que seu celular tocava e atendeu, começou a
chorar e gritar, isso fez com que as duas voltassem para ajudar, foi o tempo
necessário para eu agir com Marcelo.
— E agora Clara o que pretende? — pergunta Montanha.
— Eu o quero, vou precisar de você e das meninas. — Ele apenas
acena com a cabeça de forma afirmativa.
— Marcelo é um bom rapaz Clara, não o faça sofrer — Montanha fala
olhando para mim pelo retrovisor do carro.
— Montanha, posso fazer uma pergunta? — pergunto enquanto as
meninas observam.
— Pode moreninha.
— Por que você me ajudou a ficar sozinha com o Marcelo? E vai me
ajudar a ficar com ele? — questiono.
— Você disse uma pergunta — Montanha fala com um sorriso que
não chega aos seus olhos. — Você é uma boa pessoa e o Marcelo também —
conclui.
— Por que sinto que você está me escondendo algo? Que tem algo a
mais?
Montanha demora um pouco, mas enfim responde: — Dayana é a
minha ex-noiva.

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CAPÍTULO 3 — CLARA

Começo a sentir um calor infernal. Levanto a cabeça do travesseiro,


olho no criado mudo e vejo no relógio que é quase 13h00. Custei a dormir,
fiquei pensando na revelação de Montanha, isso só me fez ter mais ódio da
princesa de bordel.
Apesar de que chamar Dayana de princesa do bordel estarei
ofendendo as putas, pois tenho certeza que elas têm mais caráter que essa
princesa dos infernos. Preciso arrumar outro apelido "carinhoso" para ela.
Piriputa combina mais com a Dayana. Então esse será o seu apelido
carinhoso. Ela vai pagar pelo que fez com Montanha.
Oh preguiça boa para ficar na cama, mas não posso, o negócio vai ser
me rebocar dessa cama. Daqui a pouco as meninas chegam pra gente
conversar sobre os últimos acontecimentos.
Sei que pensaram que o quarteto fantástico morasse juntos, mas não
moramos. Eu moro sozinha, diferente da Carol e Eva que são de Dourados e
moram com os pais. Eu sou de uma cidadezinha chamada Rubinéia no
interior do estado de São Paulo a mais de 900 km de distância de Dourados.
Sempre quis ser professora, mas para satisfazer uma certa pessoa
cursei dois anos de Administração na FUNEC, na cidade de Santa Fé do Sul,
apenas 15km de distância da minha cidade natal. Você deve estar pensando
que isso é perfeito, ficar perto da nossa cidade e família. Só que não. Quando
o destino começa a pregar peças, não é tão perfeito assim, minha vida virou
de ponta cabeça. Tive que tomar as rédeas da minha vida e escrever o meu
próprio destino. Foi difícil, mas consegui, larguei a faculdade de
Administração, prestei vestibular de Geografia na UFGD, passei, peguei
minhas coisas e mudei para Dourados. Foi a coisa mais certa que já fiz em
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minha vida.
Levanto da cama, a arrumo, depois vou para o banheiro tomar um
belo banho. Escovo os dentes, penteio meu cabelo e coloco um vestido
soltinho. Vou para a cozinha pego um iogurte e bolacha e volto para a sala,
ligo o som e começa a tocar uma música que me faz lembrar de uma época
que quero esquecer.

Mudaram as estações, nada mudou Mas eu sei que alguma coisa


aconteceu Tá tudo assim, tão diferente Se lembra quando a gente Chegou
um dia a acreditar Que tudo era pra sempre Sem saber que o pra sempre,
sempre acaba Mas nada vai conseguir mudar o que ficou Quando penso
em alguém, só penso em você E aí, então, estamos bem Mesmo com tantos
motivos Pra deixar tudo como está Nem desistir, nem tentar Agora tanto faz
Estamos indo de volta pra casa, Mesmo com tantos motivos Pra deixar tudo
como está Nem desistir, nem tentar Agora tanto faz Estamos indo de volta
pra casa (Por Enquanto, Cassia Ellen)
Uma lágrima cai dos meus olhos, a limpo e me recuso a chorar. Como
fui boba em acreditar que seria para sempre. Como diz a música o para
sempre, sempre acaba e acabou. Não me adiantava querer tentar uma história
que já tinha sido quebrada e marcada. Nem para a minha casa posso voltar,
sou obrigada a ficar longe da pessoa que eu mais amo: minha mãe.
O que o Montanha disse sobre Dayana ser sua ex-noiva foi um baque,
talvez seja isso que me fez lembrar daquele ameba. Sei como o Montanha
sofreu com a separação, pois já senti isso na pele. Estava na cara que essa
rapariga não era flor que se cheire.
Assim como eu, Montanha não é de Dourados, ele é de Paranaíba,
mais no interior do estado. Resolveu fazer faculdade aqui por causa da noiva,
a sua irmã tinha morrido então mudar de cidade talvez aliviasse um pouco a
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dor da perda. Sua noiva era daqui de Dourados, eles se conheceram em


Paranaíba onde ela sempre ia para a casa do pai. Quando Montanha chegou
em Dourados com suas malas avisando para a noiva que iria fazer faculdade e
morar aqui, ela o largou, simplesmente disse que tinha um namorado na
cidade.
Eu e as meninas sabíamos sobre a ex noiva do Montanha, mas não
sabíamos que a cobra de duas pernas estava tão perto. Nunca soubemos seu
nome ou suas características físicas. Depois que Montanha se abriu e contou
toda a sua história falar da ex virou assunto proibido no quarteto.
— Ah... Dayana sua hora vai chegar. Não pense que deixarei barato o
que você fez com meu amigo, ninguém mexe com meus amigos e sai impune.
Vou acabar com você — digo em voz alta para mim mesma.
A campainha toca, me despertando do meu plano de vingança. Nem
preciso dizer quem é. Levanto, vou até a porta, abro e as duas entram cheias
de sacolas na mão, Carol levanta uma sacola e fala: — Almoço! Minha mãe
que mandou pra você.
— Santa Tia Nice que sempre mata minha fome — digo.
Vamos para a cozinha. Almoçamos, falamos durante o almoço sobre a
revelação de Montanha e nos jogamos no sofá. Ambas me olham e Eva
pergunta: — E agora Clara, vai pegar mesmo o Marcelo?
— Alguma dúvida? — desafio.
Eva e Carol se entreolham.
— Nãooooo!!!— falam juntas.
— Agora é uma questão de honra, essa Dayana mexeu com a pessoa
errada, ninguém vai ferir o coração do Montanha e sair ilesa. Ela vai pagar
por tudo que fez ele sofrer. Irei seduzir o Marcelo — falo.
— Clara, ela tem que pagar por ter enganado o Montanha — concorda
Eva.

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— Acho é pouco você só transar com o namorado dela. Você tinha


que dar uns tapas bem dados na cara daquela vagabunda. Me chama que eu te
ajudo — Carol fala com ódio.
— Está louca Carol?! — diz Eva. — Clarinha quer roubar o
namorado dela, você ainda quer que ela bata na vaca?
— Nada mais justo. Clarinha tem que deixar o rosto dela deformado.
— Podem parar vocês duas — digo. — Primeiro: não quero roubar
namorado de ninguém, quero apenas fazer uso daquele corpo lindo,
maravilhoso e delicioso. Segundo: se a chifruda descobrir e vir tirar
satisfação com a minha pessoa vou ter o prazer de deixar a minha digital na
cara daquela piriputa.
— Essa é a minha amiga. — Carol fala. — Se precisar de ajuda pode
me chamar.
— Pode deixar! — aviso.
— O que você pretende fazer agora? — Carol pergunta.
— Trocar de academia — respondo séria.
— O que a academia tem a ver com você pegar o Marcelo? —
questiona Eva.
— Espere, me deixa ligar para o Montanha. — Pego meu celular, ligo
e ele atende no terceiro toque.
— Fala moreninha, aconteceu alguma coisa? Está tudo bem?
— Fora que você me abandonou hoje, está tudo ótimo — falo
manhosa.
— Você sabe que dia de sábado é faxina aqui no barraco, que não tem
como sair. Mais tarde passo ai pra gente tomar um vinho, pode ser? —
Montanha mora em uma república com mais três caras.
— Fazer o que né Montanha, eu aceito. Mas sabe Montanha tem outra
coisa que eu preciso de você. Pode me ajudar? — sondo.

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— Sabia que não era saudade — brinca. — Sempre que possível


moreninha, tô aqui para te ajudar. O que você precisa?
— Quero saber qual academia que o Marcelo treina. — Olho para as
meninas que riem e balançam a cabeça sem acreditar.
— Vou ver com o Alê, e bater um papo aqui no barraco para ver se eu
descubro. À noite passo ai para tomar um vinho e conto o que eu descobri,
está bom assim? — — Perfeito! Por isso eu te amo — digo sorrindo.
— Que menina do mal, só me ama por isso? — brinca.
— Para de ser besta Montanha. Beijo, até mais tarde.
— Beijo, mande beijo para essas meninas, e juízo. Até mais —
Montanha fala e desliga.
— Então esse é o plano? — Carol pergunta. — Frequentar a mesma
academia que ele?
— Não, o plano é estar presente em todos os lugares possíveis que ele
esteja — concluo.
— Clara, você vai perseguir ou jogar com ele? — Eva questiona.
— Os dois, será um jogo de sedução e uma deliciosa perseguição. —
Sorrio para elas. — Vocês sabem que só entro em um jogo para ganhar.
— Vai explicar como você vai fazer ou vai nos deixar no escuro? —
Carol pergunta.
— Meu primeiro passo é aparecer na academia no mesmo horário que
ele treina. Carol, tente descobrir com a vacamila os lugares que Dayana
costuma frequentar, pois será mais fácil se aproximar por você, a princesa
ficou toda sentida por você ter sido traída, use isso ao seu favor.
— Ok. Eu posso fazer isso, vou até mandar uma mensagem para a
vacamila agradecendo por ontem. Mas já vou avisando que não vou fingir ser
amiga dessa tal de Dayana — Carol fala pegando o celular do bolso.
— Nossa Carol, que ódio dessa Dayana. O que aconteceu além dela

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ser a ex do Montanha? — Eva pergunta.


— Não tenho estômago para falar com ela. Vai Clara, explica logo o
resto do plano.
— Então como eu ia dizendo, preciso estar presente em todos os
lugares que Marcelo estiver, serei a sombra dele. Eva, você precisa descobrir
em quais grupos de estudos Marcelo participa na faculdade. Converse com o
Alê que ele vai acabar soltando alguma coisa.
— Pode deixar comigo, Clara, vou ver o que posso fazer. — Eva
carrega 10 caminhões de merda pelo Alê, compreendo minha amiga, quem
resiste a um moreno claro de 1,80 de pura gostosura, cabelos negros sempre
bagunçados, com aquela boca na medida certa, que quando abre em um
sorriso ensopa a calcinha.
Até eu no início da facul queria dar uns pegas nele, mas quando
percebi o interesse de Eva, preferi ficar apenas com sua amizade. Eva até deu
umas enfincadas (quando fica e transa) com ele algumas vezes, esse chove
não molha durou cerca de um ano, mas os dois nunca assumiram nada sério.
Porém infelizmente um dia, do nada, surge uma vaca loira chamada
Camila, que jogou mel na boceta e mandou Alê chupar, porque a infeliz o
amarrou. Isso já faz quase 02 anos. Ainda não acabei com esse namoro
porque Eva pediu para não fazer nada, porque essa cara de santa dessa vaca
não me engana. Ai tem, e eu vou descobrir.
Depois de nossas tarefas distribuídas, conversamos mais algumas
bobagens, e elas foram embora. Ambas ainda não fizeram o trabalho para
entregar na segunda, essas duas sempre deixam para fazer os malditos
trabalhos em cima da hora. Diferente de mim, que me mato durante a semana
para relaxar nos fins de semana.
Azar o delas que vão perder uma garrafa de vinho, e uma deliciosa
massa. Eu e Montanha vamos nos acabar de beber e comer sozinhos. Ainda

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vou tirar foto e mandar pelo nosso grupo no whats, para aprenderem a fazer
as coisas da facul durante a semana.
Aproveito meu tempo livre para ler um livro, Para onde ela foi,
continuação de Se Eu Ficar de Gagle Forman. Depois de um tempo lendo
acho que está na hora de tomar um banho de sal grosso porque só pode ser
olho gordo para dar depressiva até na leitura.
Coloco para toca Summer Eletrohits 2015, tomo meu banho com sal
grosso, visto um short jeans rasgado e blusa tomara que caia verde, penteio o
cabelo e o deixo solto. Um pó no rosto, batom claro, lápis nos olhos e estou
pronta.
Vou para a cozinha preparo a massa para mimar meu amigo. Pois só
assim para mimar o Montanha, sempre é o contrário ele que sempre me
mima. Sempre viu em mim a sua irmã Mary que faleceu. Amo Montanha
como se fosse do meu próprio sangue.
A campainha toca.
Eu juro, que se o Montanha não fosse o meu amigo irmão eu o
pegava, o cara hoje está no pecado em forma de gente, com uma camisa gola
v preta, calça jeans escura, sapa tênis marrom, cabelos soltos com uma
garrafa de vinho na mão e um enorme sorriso no rosto.
— Gostou? — O safado pergunta.
— Está bem comestível. — Ele me abraça e ri.
— Cadê as meninas?
— Fazendo trabalho de segunda — Olho para ele. — Está cheiroso e
gostoso demais também, tudo isso é para mim mesmo?
— Sempre minha morena.
— Tem certeza? — pergunto desconfiada.
— Para quem mais seria? — Montanha fala rindo. Acho que ele está
tirando sarro da minha cara.

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Jantamos juntos, tomamos vinho, Montanha foi passando todas as


informações que conseguiu da academia que Marcelo treina, o horário que
costuma frequentar, conseguiu descobrir até a vaga do estacionamento. Tudo
que eu preciso. Perfeito.
Montanha pega o celular e percebo que sorri.
— Eu sabia que tudo isso não era só para a minha humilde pessoa —
digo.
— Olha o ciúme morena — O safado sorri.
— Não vai dizer quem é?
— Um dia eu falo. — Se levanta, me dá um beijo e vai embora.

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CAPÍTULO 4 — MARCELO

Todos dizem que sou um cara de sorte. Não posso discordar, a vida
sempre tem sido generosa comigo. Estou no 4º ano de direito, na UFGD, um
curso que gosto e sempre quis fazer. Faço estágio no escritório do meu pai
que é um advogado com renome aqui da cidade. Boa faculdade, bom
emprego e para completar uma namorada linda. Dayana, é o nome dela, loira
com 1.70 de altura, estamos juntos há pouco mais de 03 anos. O início do
nosso namoro foi conturbado, ela tinha um ex namorado que estava a
perseguindo. Além do susto de uma gravidez, mas isso foi descartado, pois
era apenas alarme falso. Muitos dizem para que eu tenha cuidado com ela,
mas Dayana nunca fez nada para me causar desconfiança. Sempre amável,
companheira e principalmente gostosa.
Mesmo tendo uma namorada linda e perfeita isso não me impede de
olhar para as outras mulheres. O meu olhar sempre fica preso em uma mulher
especifica, ela me fascina, nunca troquei uma palavra com ela, mas sei
quando está triste ou alegre.
Sempre a vejo no corredor da faculdade, mas não sei nem seu nome.
Ela é uma morena de cabelos encaracolados, dona do mais belo sorriso que já
vi. Sempre fico a observando de longe, percebi que sempre anda com um cara
alto loiro de cabelos compridos que parece um guarda roupa, mas com o
tempo percebi que era só amigo dela, e tem as amigas que sempre estão
juntas uma ruiva e outra morena. Teve um tempo que achei que estava
namorando com um cara alto branco, mas parece que era só amizade mesmo.
Ela é um mistério, algumas vezes parecia uma menina delicada e
meiga, outras vezes parecia um mulherão, com um olhar forte e penetrante.
Duas mulheres em uma só.
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Durante três anos foi assim, sempre a observava de longe e ela nunca
notou a minha existência. Talvez tenha me visto e ignorado. Mas na noite de
sexta-feira, ela enfim resolveu notar a minha presença.
De tanto Dayana insistir decidi vir a uma boate chamada Unik,
mesmo não gostando. Confesso que não gosto desses lugares, cheios de
gente, prefiro ir em um barzinho e ficar de boa curtinho uma boa conversa.
Assim que entramos na boate, procuro um lugar para sentar. Olho
para a pista de dança e vejo a minha morena, linda, rindo e dançando. Seu
corpo mexe conforme a música, seu sorriso me prende. Fico fascinado a
observando, ela parece dançar para mim. Um show que estou vendo de
camarote.
— Marcelo! — Alguém balança meu braço, sou despertado e volto
para a realidade.
— Que foi? Para de ficar puxando meu braço, Dayana — falo.
— Nossa, parece que você está no mundo da lua, estou te chamando e
você ai olhando para o nada.
— Desculpa! — Realmente esqueci que Dayana estava comigo.
— Alessandro e Camila estão aqui — Dayana fala mostrando que os
dois já estavam sentados em nossa mesa.
— Desculpa ai Alessandro e Camila, estava pensando em uns
processos do escritório acabei me distraindo — invento uma desculpa.
Começo a conversar com Alessandro, ele é namorado da Camila que
é amiga da Dayana. Não demora quando olho para frente e vejo minha
morena acompanhada com suas duas amigas e um cara branco vindo em
direção da mesa.
Vejo tudo em câmera lenta, ela chega, pede para sentar, começa a
conversar e do nada todos resolvem sair da mesa, acabo ficando sozinho com
ela. Só nos dois, não sei o que falar, não sei como agir. Pergunta meu nome, e

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me fala o dela.
Clara, simples e doce.
Ela repete meu nome em um sussurro, nunca imaginei que ela falando
meu nome seria tão sexy. Puta que pariu, estou ficando doido, ela não pode
estar dando em cima de mim. Clara sai de perto de mim como se não tivesse
nenhuma tensão sexual entre nós, pois só isso que posso dizer, aquela mulher
cheira a sexo quente.
Toda a cena passa e repassa em minha cabeça repetidas vezes, o jeito
que me olhava, o toque em sua boca, o batom cor de vinho, ela sussurrando
em meu ouvido que eu teria que descobrir o jeito de mulher e para acabar
com a minha sanidade ela mordendo de leve minha orelha.
Quando todos voltam para mesa tenho a confirmação que o tal do
Montanha a vê como uma amiga, fico feliz com mais essa informação, já não
posso dizer o mesmo em relação ao tal do Edson. Ele a olha com fome, o cara
a quer, tem a palavra PROBLEMA estampado na testa.
Passei o fim de semana todo vendo a imagem daquele anjo com o
corpo de diabo na minha frente. Tive que bater umas três punhetas para ver se
o meu companheiro se acalmava, mesmo fodendo Dayana de todas as formas
possíveis ainda não estava aliviado. Não queria foder Dayana, queria foder
outra. Desejo outra.
Desejo Clara.
Desejo ela nua em minha cama.
Minha cabeça de cima imaginou várias formas de foder Clara e em
todas, ela gozava chamando meu nome. Só vejo ela na minha frente, meu
amigo se anima só em pensar nela.
Depois te tanto pensar, chego à conclusão que na segunda-feira, ou
seja, hoje tudo vai voltar ao normal. Só foi aquela noite e ela não estava
dando em cima de mim, mesmo estudando na mesma universidade nosso

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ciclo de amizade é diferente, não vou conviver com a sua presença, só vou
olhar de longe como sempre fiz.
Tenho uma namorada linda que não posso trocar por uma aventura,
mesmo que essa deliciosa aventura atenda pelo nome de Clara.
Dayana percebeu que passei tenso esse fim de semana, mas não
imagina que quem está me tirando o sono é uma certa diaba de pele morena.
Mas hoje as coisas vão se resolver. Acordo cedo, tomo meu banho e vou para
o escritório do meu pai. Dayana também faz estágio aqui, conversei com meu
pai e ele conseguiu uma vaga para ela.
A manhã no escritório passou tranquila, levo Dayana para almoçar em
um restaurante próximo ao escritório.
— Mor, não vai dizer o que está acontecendo? — Dayana pergunta
durante nosso almoço.
— Já disse que não está acontecendo nada — respondo.
— Acho que é impressão minha, mas desde sexta-feira depois da
Unik está estranho. — Pega minha mão. — Marcelo, não gosto de cobrar
nada, mas você está distante.
Quando ela confessa isso, percebo que estou errado, desejando outra
enquanto tenho uma namorada maravilhosa por perto.
— Desculpa! — Olho em seus olhos, mas não tenho coragem de
encara-la durante muito tempo. — Estou preocupado com umas coisas da
faculdade e do escritório, prometo te recompensar. Dorme comigo hoje? —
Vejo que o brilho de seus olhos volta.
— Claro que durmo, você passa na minha casa antes para pegar as
minhas coisas para trabalhar amanhã? — fala animada.
— Então, está fechado, depois da aula te levo em casa você pega suas
coisas e vamos para o meu apartamento.
O restante do almoço foi tranquilo, voltamos para o escritório,

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Dayana mais feliz e eu tentando parecer calmo.


Durante a tarde no escritório nada de anormal acontece, algumas
vezes me pego pensando em Clara, mas isso não pode acontecer. Olho no
relógio e vejo que são quase 17h00, pego minhas coisas passo na sala de
Dayana para dar um beijo e sigo para a academia. Hoje vou pegar pesado, só
assim para aliviar a tensão que está em meus ombros.
Chegando na academia cumprimento alguns conhecidos, e vou para o
vestiário masculino. Quando estou trocando de roupa, escuto alguns caras
falando sobre uma aluna nova que começou hoje. Acabo de me trocar, tranco
o armário, pego meu suplemento e saio do vestiário.
A primeira coisa que vejo é a diaba que está tirando o meu sono
nesses últimos dias. Não sei dizer o que a infeliz esta vestida, mas esta
gostosa pra caralho.
— Oi Marcelo, você por aqui? — a diaba fala.

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CAPÍTULO 5 — CLARA
O restante do fim de semana passou tranquilo, liguei para minha mãe
para saber como andam as coisas. Como sempre me cobrou uma visita, visto
que faz quase seis meses que não a vejo, dei a desculpa de sempre, que a
facul está puxada, ela sempre entende, mas, nunca se conforma.
Amo muito minha mãe, e sei que ela sofre tanto quanto eu com essa
distância, mas isso foi preciso, foi melhor para todos e principalmente para
mim.
Troco algumas mensagens pelo WhatsApp com as meninas, hoje elas
não vão aparecer, estão desesperadas por causa do bendito trabalho de
Geografia Urbana que tem que ser entregue amanhã. Como sempre digo,
estou nem vendo, cansei de falar para não deixar para última hora, mas não
tem jeito, são duas teimosas. São as minhas teimosas que amo. Montanha
também não vai aparecer, ligou dizendo que tinha umas coisas para resolver,
o safado deve estar comendo alguém. Mas quem será a sortuda?

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Muitas vezes, entram pessoas em nossas vidas sem nenhuma


explicação. Agradeço a Deus por ter colocado em meu caminho pessoas tão
especiais como Montanha, Carol e Eva, mesmo estando hoje sozinha sei que
posso sempre contar com eles. Meus amores.
Meu domingo foi preguiçoso com a seguinte rotina: comer, fazer
unha, dormir e ler, simplesmente tudo o que mais gosto. Afinal preciso
descansar esse corpinho, pois amanhã começa a perseguição, ou melhor, o
meu jogo de sedução. Esse é o jogo que mais gosto.
O despertador toca marcando 9h00. Levanto, tomo meu banho, limpo
meu apartamento, e vou revisar minha pesquisa. O dia passa rápido e começo
a arrumar as minhas coisas, hoje começo na academia nova.
Normalmente gosto de treinar de manhã para ficar com o restante do
dia livre, mas agora tenho um motivo especial para começar a treinar as
exatas 17h15m.
Hoje como é meu primeiro dia nessa academia capricho no visual,
legging rosa pink, com top de estampa de onça preto com rosa e regata
branca, olhos bem delineados, batom cor de boca e cabelo com rabo de
cavalo. Não é porque vou para academia suar que tenho que parecer uma
baranga.
Olho no espelho, confiro se está tudo certo com o meu visual, pego
minha mochila, chave e capacete e vou para a academia.
Estaciono minha Penélope bem ao lado de um Honda Civic preto.
Com a maior dor no coração olho para os lados para ver se tem alguém
olhando. Abaixo e disfarçadamente murcho o pneu da frente da Penélope.
Penélope é minha moto, uma Honda CB300, na cor preta com os
jogos de rodas rosa, toda personalizada. Simplesmente linda, perfeita, a
minha bebê.
Sei que muitos acham que Penélope é muito para mim, que é

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perigoso, mas o que posso fazer? Amo andar de moto, me dá uma sensação
gotosa de liberdade, dói o coração de ter murchado seu pneu, mas hoje
preciso pegar carona para a facul com um certo estudante de direito.
— Desculpa Penélope, sei que você me entende bebê — digo
baixinho para Penélope não ficar sentida.
Entro na academia, me apresento como a aluna nova. Preencho a
minha ficha, pego a chave do armário do vestiário feminino, guardo a
mochila e o capacete, coloco os fones e saio em direção a barra extensora.
Alguns olhares me acompanham isso é um bom sinal, escolhi bem
minha roupa. Mas, só um olhar me importa.
No meio do caminho para a barra extensora encontro quem eu queria.
Marcelo está com shorts taquitel azul e camisa regata branca que deixa seus
lindos braços a mostra. O senhor! Já pensou esse homem me pegando com
esses braços, nem quero imaginar o regaço. Mentira, eu imagino e desejo o
regaço sim, ele ia me abrir toda de uma forma deliciosa. Ai meu Deus será
que além de lindo, gostoso, por favor, que ele tenha o pau grande e grosso? Já
imagino suas veias pulsantes.
Quando Marcelo percebe que sou eu, fica parado parecendo uma
estátua com cara de bobo. Seu olhar percorre todo meu corpo repetidas vezes.
Caminho em sua direção com um enorme sorriso, ele não reage, então chego
bem perto.
— Oi Marcelo, você por aqui? — Abro um sorriso e ele continua sem
reação.
— O que você está fazendo aqui? — Finalmente resolve reagir.
— Não percebe? — Dou uma volta. — Treinando. — Faço cara de
desentendida.
— Você não frequenta essa academia, nunca vi você aqui — fala de
forma indignada.

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— Ok Marcelo, eu confesso. — Levanto a mão em sinal de rendição.


— Eu estou aqui porque você é mega gostoso e quero levar você para minha
cama. Satisfeito? — Acho que ele teve um mini infarto com a minha
resposta.
— O que você disse? — Ele ainda está confuso, adoro isso, coitado.
Dou uma risada.
— Marcelo, não estou aqui por sua causa, se é isso que está pensando,
nem sabia que você treinava aqui — minto. — Frequentava outra academia, a
mesma que o Edson. — Isso é verdade. — Ele estava pegando no meu pé e
procurando confusão com os outros alunos. — Ele já começa a me olhar de
outra forma. — Não dava mais para ficar lá, resolvi trocar de academia e me
indicaram essa. Disseram que é muito boa, ampla, que os aparelhos são
sempre revisados, entre outras coisas.
— Edson é o cara branco da Unik que estava com vocês? — pergunta.
— Esse mesmo. — Será que ele só prestou atenção no nome Edson?
— Ele é seu namorado? — questiona sério.
— Não, apenas um amigo. — Cruzo os braços.
— Não parecia só um amigo na boate — diz ironicamente.
— Como assim?
— Esse Edson quase te comia com os olhos. — Ele está com ciúmes?
— Ele pode fazer o que quiser com os olhos dele. Não tenho
satisfações da minha vida para dar para você, mas te digo — falo bem
devagar. —EU.NÃO.TENHO.NADA.COM.EDSON.ELE.É.MEU.AMIGO.
Você entendeu ou quer que eu desenhe?
— Se é seu amigo por que trocou de academia? — Ai meu saco ele tá
me interrogando mesmo.
— Ele é um amigo, mas já fiquei com ele. Mas acabou não tenho
mais nada com ele — pronto falei.

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— Não tem mais nada com ele?


— Não!!
— Que bom. — Olho para ele e ele está sorrindo.
— Como? — Agora eu boiei, estava uma fera, agora tá feliz?
— Pensei que ele era seu namorado. Que bom que você trocou de
academia e veio para essa, você vai gostar. — Abre um sorriso. — Que quer
eu te ajude com os pesos? — Marcelo pergunta. Acho que tive um salto
qualitativo muito grande.
— Se não for te incomodar — respondo dando de ombros.
— Vamos, não vai me atrapalhar. — Me conduz até o Leg press 45º.
— Que bom que achei alguém conhecido aqui, estava morrendo de
vergonha — digo.
— Senta — diz apontando o aparelho. — Não precisa ter vergonha, as
pessoas aqui são de boa. Quantos quilos? — pergunta.
— Cento e cinquenta — respondo. Marcelo coloca os pesos e começo
a minha série.
Marcelo me auxiliou em todas as minhas séries, acabou intercalando
os meus exercícios com o dele, já estava sentido que ele era meu Personal
Trainer. Alguns alunos da academia até começaram nos olhar. Resumindo
estava adorando essa aproximação.
Após o meu treino vou para o vestiário feminino, tomo um banho,
coloco um macaquinho lilás pouco acima do joelho, sapatilha de veludo
preta, BB Cream, olhos bem marcados com lápis, delineador, boca marrom e
perfume. Pego minha mochila, capacete e chaves. Estou pronta para o show.
Quando saio de vestiário, não o vejo em nenhum lugar, não é possível
que eu o perdi. Até encerrei meu treino antes dele para dar tempo de me
arrumar. Despeço-me das pessoas, vou em direção ao estacionamento e vejo
o Honda Civic preto no mesmo lugar.

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— Graças a Deus ainda ele está aqui — digo para mim mesma.
Chego perto da Penélope, olho mais uma vez seu pneu "furado", sento
nela aliso seu tanque pego meu celular e começo a conversar com as meninas
pelo nosso grupo no WhatsApp para dar tempo de Marcelo chegar.
Depois de algumas trocas de mensagens, as meninas doidas para saber
o que aconteceu. Levanto a cabeça e percebo que ele está vindo.
É a hora do show.
Levanto da Penélope, e abaixo próximo ao pneu "furado" e finjo olha-
lo.
— Clara! — Marcelo chama.
— Oi — Levanto a cabeça com cara de coitada.
— Aconteceu alguma coisa?
— Acho que o pneu de Penélope furou — minto e ele começa a rir.
— Penélope? Sua moto? — pergunta.
— Isso, Penélope minha moto — digo soltando o ar que segurava nos
pulmões.
Marcelo continua rindo, será que estou com cara de palhaça? Dou
uma olhada no retrovisor para ver se meu rosto esta manchado.
— Por que você está rindo?
— Clara sua moto é uma 300, olha o seu tamanho — fala e aponta
para Penélope.
— E o que é que tem? Adoro coisas grandes — Faço cara de safada e
seu sorriso se fecha.
— Precisa de ajuda? — pergunta mais agora sério — Tenho que ir
para facul entregar um trabalho, e a professora só vai aceitar hoje. Deixei esse
trabalho no meu armário no Núcleo de Ensino. As meninas já estão na
faculdade e o Montanha ainda não saiu do serviço. — Abaixo meu olhar e
faço cara de morta de vergonha. Marcelo me analisa e fala.

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— Deixa sua moto aqui ninguém vai mexer, eu te dou uma corona até
a faculdade.
— Não quero te incomodar Marcelo — falo como uma verdadeira
santa.
— Não é incomodo! — diz abrindo a porta do carro para eu entrar. —
Entra, eu vou para o mesmo lugar que você — diz abrindo um sorriso, já vi
muitos sorrisos, mas o olhar dele e o sorriso são diferentes dos outros.
— Obrigada — digo entrando no carro. Marcelo fecha a porta, dá a
volta senta no lugar do motorista e liga o carro.
— É seguro deixar Penélope aqui? — pergunto para Marcelo que ri
novamente da minha cara.
— É seguro sim, deixar a Penélope aqui. — Seu riso sai mais alto.
Marcelo liga o carro e sai do estacionamento da academia rumo a
faculdade.
— Você está rindo da minha cara? — pergunto, pois já estou me
enfezando com essa risada solta.
— Clara, você fala da sua moto como se fosse um bebê!
— Mas ela é o meu bebê, eu amo minha moto! Será que não entende?
— Falar isso só serve para ele rir ainda mais da minha cara.
Homens tem fascinação por carros, coloca nome, cuida, zela, mas
uma mulher colocar nome na moto já é motivo de piada.
— Marcelo, para o carro que vou descer! — digo brava.
— Calma moça!
— Calma uma ova, não sou palhaça para ficar rindo da minha cara
não, seu moço.
— Ok Clara, desculpa, não vou rir mais.
— Queria ver se fosse seu carro, se você iria ficar rindo feito besta —
digo e viro para a janela. Me recuso a conversar com ele, palhaço idiota.

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Marcelo percebe que fiquei nervosa e dirige em silêncio, depois de


alguns minutos olho para ele e percebo que estava me olhando.
— O que foi agora? — pergunto.
— Nada! — responde.
— Fala logo ou eu desço desse carro, porque a minha paciência com
você já acabou.
— Você fica tão linda bravinha. — Abre um sorriso, agora não sei o
que fazer. Marcelo conseguiu me deixar com vergonha. Como não tenho para
onde olhar resolvo olhar para o meu pé. Falando em pé, nossa essa minha
sapatilha é show.
— Ei! — Marcelo coloca a mão em meu queixo. — Era só um elogio
não precisa ficar com vergonha. — Ele sabe ser fofo.
— Então tenho que dizer obrigado. — Dou a ele um sorriso sem jeito,
pois ele conseguiu me deixar com vergonha duas vezes no mesmo dia.
— De nada Clara. Você não costuma ganhar elogios? — pergunta.
— Sinceramente? — Olho para ele.
— Somente a verdade.
— Não! — Olho para frente.
Realmente fora da facul não costumo receber elogios, pois sempre me
olham com desejo. Fora o Montanha acho que Marcelo foi o único a me olhar
sem ser um pedaço de carne suculento.
— Linda como é, você deveria receber elogios diariamente.
Suspiro fundo, pensei que esse jogo seria mais fácil de se jogar, mas
ele está me desarmando a cada minuto.
— Diz para mim de onde você é? Não te conheço, é um bom
momento para começarmos a nos conhecer — diz.
— Também acho, mas se eu vou ter que responder suas perguntas
você vai ter que responder as minhas.

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— Justo, mas você responde primeiro.


— Lá vai, eu sou de Rubinéia, uma cidadezinha com pouco mais de 8
mil habitantes no interior do estado de São Paulo. E você?
— Sou daqui mesmo, passei toda a minha vida aqui.
— Legal para você.
— É normal. Que curso você cursa, Clara?
— Geografia, estou no 3º ano, e você? — Sei que sei o curso dele,
mas preciso me fazer de desentendida ou não vai ter graça.
— Direito, estou no 4º ano, e antes que me pergunte, trabalho no
escritório do meu pai, e você trabalha, ou papai e mamãe bancam você aqui?
— Sou bolsista, não trabalho com papai, e eles não me sustentam —
falo de forma irônica, acho que Marcelo dormiu com o Bozo, só pode, está
muito engraçadinho para o meu gosto.
— Calma, não quis deixar você bravinha. — Rio. — Dessa vez não.
— Marcelo você dormiu com o Bozo?
— Quem é Bozo?
— O palhaço, e ele não tinha graça nenhuma. — Cruzo os braços e
olho para fora. Marcelo começa a rir mais alto.
— Clarinha, meu amor — fala de forma irônica e coloca a mão no
meu braço. — Desculpa não vou rir mais.
— Marcelo, acabo de descobrir que você tem o dom de me fazer
perder a cabeça.
— E você tem o dom de me fazer perder o juízo. — Será que eu ouvi
direito? Vamos atacar, ele está engraçadinho demais.
— Acho que não Marcelo, queria que perdesse outra coisa.
— Clara, Clara, estou percebendo seu jogo.
— Meu jogo?
— Não se faça de desentendida.

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— Mas não fiz nada. — O clima do carro começa a mudar.


— Então diz o que foi aquilo na Unik sexta-feira?
— Só queria brincar um pouquinho, você estava tão sério. — Agora é
minha vez de rir.
— Você está brincando com fogo — fala entrando no estacionamento
da faculdade.
— Adoro brincar com fogo — Olho para ele.
Marcelo estaciona o carro, tira o sinto e chega mais perto.
— Você pode se queimar.
— É o que eu mais quero.
— Você precisa ter cuidado com o que, quer — fala se aproximando.
Olho sua boca, sinto seu cheiro, olho em seus olhos, sua boca se aproxima da
minha.
— Marcelo! — Uma voz chama batendo no vidro do carro.

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CAPÍTULO 6 — MARCELO
A boca da Clara está tão perto, consigo ver seus olhos brilhando. Vou
me aproximando sentindo a sua respiração, seu cheiro. Quando fecho os
olhos e me aproximo mais, prestes a sentir o seu gosto...
— MARCELO! — Uma voz me chama.
Abro meus olhos, vejo confusão nos olhos de Clara, não sei se fico
feliz ou triste por ser interrompido. A pessoa continua batendo no vidro e me
chamando.
— Marcelo, abre essa porta agora! — Reconheço essa voz.
— Abre a porta Marcelo a sua princesinha está histérica — Clara fala.
— Desculpa! — digo.
— Desculpa por não ter me beijado? Não se preocupe oportunidade
não irá falta. — Clara fala para foder com o resto de juízo.
Abro a porta, Dayana me olha com cara de desconfiada, ela olha para
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Clara que está descendo do carro e fala: — O que está acontecendo aqui?
— Dei uma carona para a Clara, a moto dela furou o pneu e ela tinha
que entregar um trabalho hoje — explico.
— Não estou perguntando para você, Marcelo, quero ouvir da boca
dela — Dayana fala apontando o dedo para Clara.
— Primeiro não sou "ela"— Clara faz aspas com os dedos. — Eu
tenho nome, que é Clara. Segundo, seu namorado já disse. — Clara sorri. —
Não sou gravador para ficar repetindo.
Isso não vai prestar, prevejo essas duas saindo nos tapas.
— Só foi isso amor, só uma carona — digo fechando a porta do carro.
— Obrigada Marcelo, mas eu preciso ir — Clara fala.
— Não sabia que você era amigo dessa aí — Dayana fala e vejo Clara
me fuzilando com o olhar.
— Olha Dayana, acho bom você começar a me chamar pelo nome ou
vou ter que te ensinar de um jeito não tão carinhoso — Clara ameaça.
— Clara calma, por favor — falo olhando para ela, me viro e olho
para Day. — Amor, Clara treina na mesma academia que eu, o pneu da sua
moto furou eu dei uma carona, só foi isso.
— É Day, amor — Clara fala com ironia. — Só foi uma corona que
mal tem?
— Se fosse qualquer outra não teria mal nenhum, mas você? — Day
fala com desdém. — Por que não ligou para o seu namorado?
— Eu não tenho namorado, querida — Clara fala. — E Marcelo era o
que tinha na hora.
— O Edson não disse isso para mim, ele não vai gostar de saber que a
namoradinha dele anda pegando carona com o meu namorado — Day fala.
— Dayana para o seu governo Edson não é meu namorado — Clara
responde.

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— Nossa! Coitada de você Clara, nem ele que é um santo conseguiu


suportar você — Day fala.
— Dayana você bateu a cabeça? — Clara pergunta como ironia.
— Eu bati a cabeça? Não por quê? — Day não entendeu a ironia na
pergunta.
— Realmente, você bateu a cabeça essa é a explicação. Vou avisar
mais uma vez — Clara começa a falar bem devagar. — Eu não tenho
namorado, e se eu tivesse com certeza não seria o Edson.
— Olha Clara, a única coisa que sei é que você estava no carro com
meu namorado, eu quero você longe dele, entendeu?
— Por que o ciúme Dayana? Você não se garante com seu
namoradinho — Clara retruca. — Só foi uma caroninha sem maldade
alguma. — Sorri.
— Claro que me garanto, ele não me trocaria por qualquer uma!
— Para Dayana, já disse foi só uma corona nada de mais — tento
acabar com a discussão das duas.
— Verdade Marcelo, que você não trocaria a princesa Dayana por
qualquer uma? — Clara fala olhando para mim.
— Claro que ele não me trocaria por qualquer uma. — Day me
abraça. — Não é verdade meu amor. — Não respondo enquanto Clara
continua a olhar para mim.
— Sorte sua Dayana que eu não quero nada com ele — Clara fala e
olha para mim. — Não sou qualquer uma. Marcelo sabe muito bem disso.
Mas enfim. Obrigada pela carona, foi um prazer a sua companhia, mas não
tenho tempo a perder com sua princesa, beijão e até amanhã. — Se vira e vai
em direção da faculdade sem esperar a resposta.
Dayana me larga, me fuzila com os olhos e diz: — Quero você longe
daquela oferecida — fala apontando para a Clara que já está longe.

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— Day, já disse foi só uma carona.


— Quando eu cheguei vocês estavam quase se beijando Marcelo, eu
não sou boba.
— Foi impressão sua, eu não ficaria com a Clara eu amo loiras e você
sabe disso. — Day abre um sorriso, pelo visto estou perdoado.
— Tá bom mor, mas promete que vai ficar longe dela — Day fala
fazendo biquinho.
— Day, vai ser difícil, Clara treina na mesma academia que eu.
— Não interessa, não quero você perto dela.
— Está bem, não vou ficar perto dela. — Melhor concordar e não
discutir com Day. Ela está certa, não posso ficar próximo a Clara, ela fode o
meu juízo.
A abraço e seguimos para o bloco de Direito, no trajeto ela conta
como foi o restante de sua tarde sem mim, paro em frente da sala de Day.
— Mor, estou doida para passar a noite com você? — fala dengosa.
— Passar a noite comigo? — pergunto.
— Claro Marcelo, você pediu hoje na hora do almoço, lembra?
— Lembro sim, amor. — Puta merda tinha me esquecido.
— Hoje. — Day coloca as mãos em volta do meu pescoço. — Vou
matar a minha saudade. — Me dá um beijo.
— Está bem, depois da aula passo aqui. — Dou um beijo nela e vou
para a aula.
Não consigo prestar atenção na aula, minha cabeça só sabe pensar em
uma pessoa que atende pelo o nome de Clara. Essa menina me intriga, me
fascina, me seduz, fode meu juízo.
Hoje tive a prova que Clara não é uma mulher como as outras. Ela é
diferente, é duas mulheres em uma só. Primeiro conheci a mulher gostosa e
fatal da boate. Hoje na academia, essa mesma mulher fatal estava presente.

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Quando a vi fiquei sem reação, mas o fato dela me afirmar que não tem nada
com o tal do Edson e por causa dele trocou de academia me deixou feliz.
Percebi que em nossa volta, todos os homens a olhavam. Isso me deu
certo desconforto, por isso a ajudei em todo seu treino para que nenhum
engraçadinho quisesse tirar proveito por ela ser nova. Ela não é minha, mas
também não é qualquer um que vou deixar chega perto dela.
Na hora de ir embora, a esperei sair do vestiário feminino para me
despedir, mas alguns dos caras me avisaram que a gostosa que eu estava
ajudando no treino já tinha ido embora.
Fui rumo ao estacionamento, do lado do meu carro vi Clara sentada
em cima de uma moto com as pernas cruzadas mexendo no celular. Fiquei
alguns segundos a admirando, ela ria e balançava a cabeça. Pegou o celular e
guardou na bolsa, desceu da moto e agachou para olhar o pneu da moto.
Aproximei-me e conversei com ela.
Percebi que seu pneu estava furado. Ela estava toda sem jeito, me
explicou que seus amigos não poderiam ajuda-la e precisava entregar um
trabalho na faculdade. Acabei oferecendo uma carona e ela aceitou toda sem
graça.
Como pode o mulherão de poucos minutos atrás se tornar uma menina
tão doce e frágil? Não consigo imaginar Clara pilotando uma R300 com
aquele tamanho, isso me deixou feito um trouxa. O mais engraçado é que
Clara ficou brava e o impossível aconteceu, ela conseguiu ficar ainda mais
linda. Fiquei observando que além de linda é tímida, pois com um único
elogio ela ficou totalmente envergonhada.
Precisava saber mais dela, por isso a questionei: sobre seu curso, de
onde é. Percebi que além de linda é inteligente, independente, guerreira e
principalmente responsável, Clara possui várias qualidades. Quando o rumo
da conversa começou a mudar estávamos no estacionamento e quando

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percebi estava quase a beijando.


Por que justo nesse momento Dayana tinha que aparecer? Junto com
ela apareceu novamente a Clara mulher que não abaixa a cabeça por nada.
No final da aula passei na sala da Dayana e fomos para a minha casa,
nos beijamos, transamos, mas ainda não consigo tirar uma certa morena da
minha cabeça. Ela me intriga.
Me levanto da cama, deixo Dayana dormindo. Vou até a janela da
sala, sento e fico perdido em meus pensamentos. Pensamentos que são
ocupados somente por uma pessoa.
— Quem é Clara? Uma mulher ousada, ou uma menina doce.

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CAPÍTULO 7 — MARCELO
Um mês depois...

Já se passou um mês do episódio do beijo não dado. Continuo vendo


Clara todos os dias na academia, ainda a ajudo com o seu treino. Não é que
eu tenha interesse por ela. Amo Dayana, mas não posso deixar Clara sozinha
no meio daqueles gaviões. Estou apenas fazendo um favor.
Eu não tenho muita amizade com o Montanha, só o conhecia de vista,
mas um dia depois da Clara começar a treinar na mesma academia, ele me
pediu para dar uma olhada nela, para que nenhum marmanjo aproveitasse.
Então minha aproximação dela nada é mais do que um favor para ele. Não
consigo entender esse zelo todo desse cara com a Clara. Mas não custa nada
ajuda-lo, é só um favor não tem nada de mais nisso.
Clara é sempre uma incógnita, ela brinca, ri, me cativava mais a cada

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dia. Mas nem sempre é assim, é maliciosa sempre. A cada dez palavras
faladas por ela, três tem duplo sentido, que aprendi a ser imune, ou pelo
menos disfarçar.
Hoje, terça-feira começa a nova disciplina optativa sobre Legislação
da Educação, optei por essa disciplina para conhecer mais em relação às leis
referente a Educação no Brasil. Quando entro na sala, vejo Clara sentada em
uma carteira no fundo. Caminho até ela, sento-me do seu lado e pergunto: —
O que você está fazendo aqui, Clara?
— Marcelo, toda vez que me ver em um mesmo lugar que você, vai
fazer essa mesma pergunta? Já está ficando chato.
— Sério Clara, aqui é o curso de direito e não de geografia.
— Eu estava morrendo de saudades de você, então vim aqui te dar um
delicioso beijo boca e um abraço bem apertado.
— Sério Clara, só veio por isso?
— Também vim te chamar para ir dormir comigo. E ai topa?
— Já disse que eu tenho uma namorada?
— Sabe nem brincar né. — Pronto ficou bravinha, não sei como o
simples pronunciamento do nome da Dayana deixa Clara brava.
— Está bem Clarinha, além de querer me levar para sua cama, qual o
motivo de você estar aqui hoje?
— Me matriculei nessa optativa, ela é de bastante valia para minha
pesquisa.
— Sério Clarinha?
— Claro que é sério Marcelo. Você é gostoso, mas não é para tanto,
ou você acha que eu iria me matricular em uma disciplina só por sua causa?
— Clara diz e levanta a sobrancelha.
— Eu não teria essa sorte?
— Infelizmente não. Como você diz, você tem uma namorada, ou

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melhor uma princesa e não a trocaria por qualquer uma.


— Clara, você sabe que não é qualquer uma.
— Então tenho uma chance?
— Se eu não tivesse a Dayana você teria todas as chances possíveis.
— Ainda bem que você tem ela então Marcelo, pois não quero nada
com você além de brincar.
— Clara, essa sua brincadeira parece mais um jogo.
— Amo jogar. — Abre um sorriso.
Sou impedido de dar uma resposta, pois o professor acaba de entrar na
sala e começa a aula.
Treinar com Clara na academia estava sendo "fácil", agora começar a
ter aula duas vezes na semana com ela que vai ser difícil.
Clara está sendo cada vez mais presente em minha vida. Onde eu vou
lá está ela, linda e sexy com um sorriso no rosto. Seja, nos barzinhos,
lanchonete, academia, ela aparece em todos os lugares que eu frequento.
Assim acabamos ficando cada vez mais próximos. Fato que não está sendo
bem visto por Dayana.
Dayana e Camila vivem reclamando e falando mal da Clara, mas não
consigo entender o motivo. Elas falam que Clara está saindo com o Edson,
mas nunca vejo os dois juntos, quando ele está por perto, ela sempre está com
as amigas ou com o Montanha. Clara continua me intrigando, mas eu sei que
o que sinto por ela é só curiosidade, pois amo minha namorada.
O professor de Legislação da Educação passou um trabalho em dupla,
como eu e Clara sempre sentamos perto resolvemos fazer juntos. Agora aqui
estou eu na biblioteca em pleno sábado esperando Clara para fazer esse
trabalho.
Olho para porta e a vejo desfilando, vindo em minha direção, está
toda sorridente com seus cabelos soltos, com um vestido que a deixa com

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uma cara de menina, mas ela continua ainda mais linda. Chega até mim, me
dá um beijo doce no rosto e fala: — Oi Marcelo, demorei muito?
— Não Clarinha, acabei de chegar. — Retribuo o beijo. Como ela está
cheirosa. Sua pele é macia.
— Nossa, sai de casa correndo, acordei atrasada, ontem as meninas
foram no meu apartamento e ficamos até tarde conversando — explica
sentando do meu lado.
— Sobre o que ficaram conversando? — pergunto e ela abre um
sorriso.
— Sobre você! — Começa a dar risada.
— Sobre mim? O que vocês ficaram falando de mim, Clara?
— Nada de mais Marcelo, só de como seria perfeito você na minha
cama. — Ela continua rindo.
—Clara, é sério você sabe que tenho a Day — digo sério.
— Nem sabe brincar, né. Estávamos conversando de como você
conseguiu fazer eu vir na faculdade em pleno sábado à tarde para fazer
trabalho.
— Como assim?
— Eu não estudo em fins de semana, isso é uma regra minha. Meus
fins de semana foram feitos para relaxar.
— Então fico honrado como a sua presença.
— Falando sério, eu preferia que você ficasse excitado com a minha
presença. — Clara mulher já baixa com força total.
— Vamos começar então Clara, não quero fazer você perder o seu
sábado todo.
— Vamos, mas fique sabendo Marcelo que eu adoraria perder meu
sábado todo com você na minha cama. — Clara ri e eu começo a rir também.
— Clarinha, você não tem jeito — digo pegando os livros que separei

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e os colocando em cima da mesa.


— Não fiz nada Marcelo. — Faz cara de inocente.
— Clara, sabia que você fode o juízo de qualquer um?
— Qualquer um não Marcelo, menos o seu juízo. — Aponta o dedo
para mim.
— Acredite Clarinha, você fode sim o juízo de qualquer um.
— Inclusive o seu? — pergunta abrindo um sorriso, abaixo a cabeça e
respondo.
— Inclusive o meu.
— Não parece Marcelo, pois você não me deu nem um beijo ainda. —
Começa a rir — Vontade que não me falta. Mas tenho namorada. Então só
amizade entre nós dois, tudo bem?
— Tudo ótimo Marcelo, você sabe que gosto de brincar com você.
— Já percebi isso, sou seu brinquedinho favorito.
— Adoro você como meu brinquedinho, mas agora vamos começar a
fazer esse trabalho, senão a sua princesa Dayana vai te matar quando
descobrir que você passou a tarde inteira comigo.
— Nem me fale Clarinha, ela vai encher a minha paciência – digo.
— Ela sabe que você está aqui comigo?
— Não. Disse que era um cara.
— Jura?! — Clara fala rindo.
— Juro. — Acompanho sua risada.
Começamos a discutir sobre o trabalho, ela sempre me surpreendendo
com o seu ponto de vista em relação a educação, sobre o que funciona ou
não. Clara é cativante, não consigo entender como ela consegue agir assim e
ainda estar solteira.
Depois de quase duas horas de trabalho árduo, resolvemos fazer uma
pausa. Clara começa a olhar para frente, olho na direção que ela olha e tem

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um cara a encarando.
— Por que ele está encarando você Clara? — pergunto com um ódio
mortal que começa a surgir.
— Não sei, talvez ele quer me conhecer — diz dando os ombros.
— Clara, ele não quer te conhecer ele vai querer outra coisa de você
— falo em tom ríspido.
— E daí Marcelo? Talvez eu também queira a mesma coisa.
O cara se aproxima da nossa mesa e reconheço o desgraçado. Ele está
no 2° ano de direto.
— Oi Marcelo, apresenta sua amiga? — o desgraçado fala.
— Não vou apresentar ninguém e se você não quer perder seus dentes
dá a volta e some da minha frente.
Clara começa a rir e estende a mão para ele.
— Oi, eu sou Clara. Não liga não , Marcelo acha que manda em mim
— fala com um enorme sorriso no rosto.
— Prazer Clara, me chamo Fabio. — Ele olha para mim. — Mas
preciso ir, depois podemos nos encontrar?
— Lógico, até mais Fabio.
O desgraçado ri e vai embora.
— O que pensa que está fazendo, Clara? — pergunto irritado.
— Eu não estou fazendo nada demais. Só arrumando esses livros para
guardar. — Começa a arrumar os livros que estão em cima da mesa.
— Como nada demais, não estou falando dos livros. Clara, você nem
conhece o cara e já quer sair com ele — falo.
— Mais um motivo para sair com ele, para conhecê-lo melhor. — Ela
ri.
— Você não vai sair com ele!
— Ah eu vou sim.

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— Não vai não! — digo.


— Quem vai me impedir? Você? — Levanta e pega os livros.
— Vou falar com o Montanha.
— Pode falar com o Montanha e até com o papa, mas não vai me
impedir de ficar com aquele cara se assim eu desejar. — Sai em direção as
prateleiras para guardar os livros.
— Ah Clara, você não vai mesmo — digo para mim e vou atrás dela.
Chego no corredor entre as prateleiras onde ela está colocando os
livros no lugar, a puxo pelo braço, ela deixa cair os livros no chão e me olha
com cara de assustada.
— Você não vai ficar com ele.
Sem esperar sua resposta a prenso entre a prateleira e a beijo, um
beijo rápido e urgente. Ela corresponde com a mesma urgência, a mesma
fome, minhas mãos a erguem e Clara passa suas pernas pela minha cintura.
Continuo a beija-la, chupo sua língua. Quanto mais a beijo mais a desejo,
esfrego meu amigo nela e ela rebola aumentando mais o contato, me fazendo
gemer. Beijo seu pescoço, ela arqueia a cabeça para facilitar o acesso, desço
uma das mãos e encontro um dos seus seios, começo a massagea-lo, ela
geme. Volto a beija-la, com uma mão em seu seio e a outra a segurando pela
cintura.
Isso é insano, é errado. Quebro o nosso contato e a coloco no chão,
dou um beijo, o último beijo em sua boca, seguro seu rosto com minhas duas
mãos. Olho em seus olhos e falo: — Não sou seu brinquedinho, acho melhor
você ter cuidado comigo. Envio o restante do trabalho para seu e-mail.
Saio do corredor das prateleiras, vou até a mesa, pego as minhas
coisas e saio da biblioteca da faculdade, rumo ao estacionamento, deixando
uma Clara confusa e sem reação.
— Meu Deus o que eu fiz? — digo socando o volante já dentro do

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meu carro.

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CAPÍTULO 8 — DAYANA

Hoje aproveitei que Marcelo tem que fazer trabalho na faculdade com
um amigo e marquei com Camila para conversar. Enfim um tempo longe
daquele chato. Cara insuportável.
Não vejo a hora de ver a Camila, nossos encontros estão cada vez
mais difíceis. Estou com tanta saudade dela, faz tempo que não ficamos
juntas e sozinhas.
Hoje precisamos conversar e resolver um problema que não estava em
meus planos. Problema chamado Clara, que surgiu do nada só para atrapalhar
a minha vida.
Levanto a cabeça e vejo Camila chegando.
— Você demorou — falo a abraçando. Se pudesse a abraçaria todos
os dias.
— Desculpa, tive que dar uma desculpa para o Alessandro, dia de
sábado ele parece um chiclete grudento. Não sei como consegue ser besta
daquele jeito — Camila fala com desdém.
— Eu sei que tá difícil, mas tá acabando.
— Acabando de que jeito Dayana? Marcelo nem fala em casamento, e
o Alessandro, você sabe que é só para não levantar suspeita.
— Camila, a gente esperou até agora e não vamos desistir. Tenha
calma.
— Day, faz mais de três anos que estou tendo calma.
— Eu sei, tenha paciência, só mais um pouco.
— Por que você não termina logo Dayana? Vamos nos livrar deles

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logo de uma vez — Camila pede.


— Mila, você sabe que não é tão simples assim. A gente precisa deles
e para acabar de completar tem essa Clara, Marcelo está todo encantado por
ela.
— Dayana — Camila fala e segura a minha mão. — Vamos acabar
com isso, vamos enfrentar todos.
— Não, vamos continuar do jeito que está, vou afastar essa Clara do
Marcelo.
— Já pensou que ele pode estar gostando dela?
— Não está, preciso acabar com aquela sonsa.
— Está fácil, você ainda é a namorada dele, e sabe o que tem que
fazer com um homem na cama para conseguir o que quer.
— Marcelo não parece mais tão encantado na cama comigo, só sabe
falar e elogiar a Clara. Acabo fazendo uma cena de ciúmes, mas tá difícil de
deixar ele preso em meus encantos.
— Até hoje não consigo entender por que você não escolheu o
Adriano, vocês já estavam noivos, se tivesse escolhido ele não estaria
preocupada hoje — Camila fala.
— Por que aquele chato conseguiu ficar ainda mais chato depois da
morte da irmã, não estava a fim de ficar fazendo de boa moça e enxugando
suas lágrimas.
— Estava quase certo. Ele veio atrás de você. Já tinha proposto o
casamento.
— Confesso que tive medo dele descobrir.
— Eu não consigo entender você. Vamos embora e começar de novo,
sem ninguém para nos recriminar — Camila pede novamente.
— Vamos recomeçar com o que Camila? Precisamos de dinheiro para
recomeçar. Impossível recomeçar com uma mão na frente e outra atrás.

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— Você já era noiva do Adriano, teria sido mais fácil, ter casado com
ele e pegado a pensão do divórcio. Ainda mais a bolada que ele recebeu do
seguro de vida da irmã.
— Camila você sabe que eu não queria isso. Ela era apenas uma
menina.
— Não queria, mas fez, por isso largou ele.
Sei que o que fiz foi errado. Me arrepender não me arrependo, mas se
pudesse teria feito diferente. Camila está certa, porém se eu largar Marcelo
agora sairei perdendo e eu não gosto de perder.
— Para que eu iria pegar o dinheiro do Adriano, se Marcelo tem mais
dinheiro que ele? — pergunto.
— Marcelo tem mais dinheiro, mas o que adianta se ele não quer
casar com você? O que você conseguiu namorando o Marcelo? Conseguiu
apenas esse carro, aquele estágio e o apartamento.
— Eu não podia continuar com o Adriano e se ele descobrisse?
— Marcelo não vai casar com você Dayana.
— Mas ele vai ter que casar de um jeito ou te outro. Estou pensando
em engravidar, ai ele vai ter que casar.
— Um filho, você tá louca? Quer se amarrar de vez nele?
— Claro que não, depois de uns três ou quatro meses eu jogo fora. Só
preciso do feto o tempo suficiente para me casar com Marcelo e pedir o
divórcio. O aborto vai ser um ótimo motivo para a separação. Pois ficarei
depressiva.
— Dayana, depois disso a gente vai embora, larga tudo e todos e
vamos viver a nossa vida.
— Isso Camila, com o dinheiro do divórcio e com que eu conseguir
pegar da conta dele, vamos embora dessa cidade e ninguém mais vai nos
impedir.

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— Dayana, vamos pedir a ajuda do Edson, ele é louco pela Clara,


podemos usa-lo também.
— Então primeiro usamos o Edson, se não conseguirmos afastar Clara
do Marcelo, eu engravido.

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CAPÍTULO 9 — CLARA
— Ai meu Deus que beijo foi esse? — sussurro colocando a mão na
boca.
Ainda estou parada feito uma pedra sem reação vendo Marcelo de
costas indo embora pelo corredor. Não consigo acreditar no que ele fez, como
pode me beijar dessa forma? Que ódio, quem ele pensa que é? Me beijar
assim, me ameaçar e ir embora me deixando com cara de tacho, isso não vai
ficar assim. Vai ter troco, pode ter certeza disso Marcelo.
Respiro fundo, me situo e começo a pegar os livros do chão e guarda-
los na prateleira, vou até a mesa que minutos antes estávamos juntos e
percebo que ele realmente foi embora, ou está fugindo de mim.
Arrumo minhas coisas e saio da biblioteca em direção ao Núcleo de
Ensino, coloco meu caderno e um livro no armário, pego a chave e o capacete
e vou em direção ao estacionamento. Mando mensagem de texto para as três
pessoas que mais preciso nesse momento.

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"No meu apartamento daqui uma hora Montanha, traga 2 garrafas


de vinho.
Meninas tragam o chocolate"

Chegando no estacionamento, subo na Penélope, quando um palhaço


fala: — Gostosa queria ser essa moto para ficar no meio de suas pernas. — O
coitado mexeu com a pessoa errada hoje.
— O que adianta ficar no meio das minhas pernas se você não saberia
usar o que tem no meio das suas — rebato e saio, sem esperar resposta, em
direção ao meu apartamento.
Não sou obrigada a ouvir cantada barata. Hoje não estou com
paciência para babaca.
Chegando no meu apartamento ligo o rádio que começa a tocar a
música da Thaeme e Thiago " Anjo Bom e Anjo Mau"
— Marcelo se prepara porque você vai conhecer o meu anjo mau.
Vou para o banheiro, tomo um demorado banho, pois somente um
banho, duas garrafas de vinho e chocolate serão capazes de controlar o ódio
que estou sentindo. Enquanto a água cai em minhas costas lembro-me de
como foi o beijo dO Marcelo, seu gosto, seu cheiro. Eu não poderia estar
sentindo isso.
— Só quero seu corpo nada mais — falo baixinho.
Não existe nenhum sentimento além do desejo.
Acabo o banho, coloco um vestido leve, penteio o cabelo e escuto a
campainha tocar. Vou até a porta a abro, é Montanha que está com as duas
garrafas de vinho na mão.
— Está tudo bem? — pergunta abraçando-me.

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— Não! Entra — falo, Montanha me entrega as garrafas e senta-se no


sofá. — Vai beber agora ou esperar as meninas?
— Esperar as meninas — fala.
Vou até a cozinha, coloco as garrafas na geladeira, volto para a sala e
me jogo no sofá do lado de Montanha.
— Vai dizer o que aconteceu para estar com essa cara? — pergunta.
— Marcelo — digo e encosto minha cabeça em seu ombro.
— O que Marcelo fez?
— Me beijou hoje — falo sem graça.
— Isso não é bom?
— Não.
— Mas, não era isso que você queria?
— É... Mas... Ele me agarrou! — digo indignada.
— Você queria que ele não tivesse te beijado?
— Não... Quer dizer...
— Não é bom, porque não foi você que tomou a iniciativa? —
Montanha pergunta.
— É — respondo e passamos alguns minutos em silêncio.
— Você gostou do beijo? — Montanha fala quebrando o silêncio.
— Gostei... Não gostei... Não sei Montanha — falo confusa
escondendo o meu rosto com minhas mãos.
— O que você sentiu com o beijo?
— Não sei, foi diferente.
— Moreninha, você não acha que esse jogo está ficando sério? —
Passa os braços em volta de mim e me abraça. — Quando começa a surgir
sentimentos deixa de ser um simples jogo.
— Não! — Levanto do seu lado. — É apenas um jogo, não existe
nenhum tipo de sentimentos, só quero transar com ele e nada mais.

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— Tem certeza disso?


— Claro que tenho Montanha. Você me conhece muito bem, não
existe sentimento é só prazer.
— Vem cá. — Montanha pega a minha mão e me faz sentar no seu
colo.
— Não existe sentimento, Montanha — afirmo novamente.
— Ei. — Coloca a mão no meu queixo me fazendo olhar em seus
olhos. — Não estou te recriminando, ou te julgando, como disse eu te
conheço. Conheço você menina, até melhor que sua mãe, só não quero que
você se machuque.
— Não existe essa possibilidade.
Montanha me abraça e passa a mão em meu cabelo.
— Clara, não sei no que essa história vai dar. Mas cuidado minha
menina, não se engane ou minta para si mesma, esse jogo pode virar e você
se machucar. Quero que saiba que não importa o que aconteça, eu sempre
estarei aqui do seu lado. Entendeu?
— Montanha eu... — ele não me deixa acabar de falar.
— Shi... — Coloca o dedo em meus lábios. — Só quero saber se você
entendeu?
Não o respondo, apenas balanço a cabeça em um sim. Eu entendi, mas
não posso estar gostando do Marcelo, não posso gostar dele e nem de
ninguém.
Ficamos abraçados e em silêncio durante alguns minutos até que a
campainha toca, levanto do colo de Montanha para abrir a porta. Ele me
chama de novo.
— Moreninha, você entendeu?
Novamente balanço a cabeça de forma afirmativa.
Vou até a porta, e são as duas pessoas que estavam faltando. Mal abro

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a porta e Carol fala: — Espero que você tenha algo sério para contar, porque
hoje eu tinha um encontro.
— Que encontro Carol? — Eva questiona, enquanto as duas
caminham até o sofá com as barras de chocolate na mão.
— Com um cara ai — Carol fala sem citar nomes.
— Que carinha Carol? — pergunto.
— Já disse, um carinha ai — diz dando de ombros.
— Carol, se você não quer falar quem é o carinha, não fala, mas eu
vou descobrir e você sabe disso — aviso.
Vou para a cozinha pegar as taças e o vinho. Entrego o vinho para o
Montanha abrir, sento-me no tapete de pernas cruzadas do lado das meninas e
Montanha que esta no sofá. Ele abre o vinho e o serve em nossas taças.
— Então, Clara, o que aconteceu hoje para você decidir beber e
comer chocolate? — Eva questiona.
— Marcelo — bufo.
— O que aconteceu? — Eva pergunta.
— Ele me beijou hoje — digo.
— Ai meu Deus! Você deu para ele? — Carol grita. — Sua safada!
— Não Carol! Foi na biblioteca.
— O que é que tem? — Carol desdenha.
— Carol, sua safada você já deu na biblioteca? — Eva pergunta.
— Eu não. — Ri.
— Já deu sim Carol, essa sua cara de safada te condena — falo.
— Foi só uns amassos na biblioteca, eu não dei porque ele não quis,
se ele quisesse eu teria dado ali mesmo para ele. Meninas, pensa no Deus
Grego, lindo e maravilhoso.
— O pau dele era grande? — Eva pergunta.
— Era sim Eva, eu apalpei bem — Carol fala entre risos.

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— Meninas, se controlem tem um homem aqui — Montanha fala e


todas riem já no efeito do vinho.
— Para, Montanha, você já ouviu coisas piores — Eva fala.
— Verdade Montanha, até banho você já deu em nós, e dormiu de
conchinha — digo.
— Verdade Montanha. — Eva concorda. — Você já viu e ouviu da
gente coisas que até Deus dúvida.
— Sempre vou cuidar de vocês três e darei quantos banhos for
necessário — Montanha fala e abaixa a cabeça. — Mas pretendo não deixar
as três beberem tanto para não chegar a esse ponto.
— Você pode cuidar e dar banho em mim à hora que você quiser,
Montanha — Carol fala de forma irônica. — Eu deixo.
— Carol, para de pegar no pé do Montanha. — Eva reclama. —
Montanha, a gente sabe que você não nos olha com malícia. Não leve Carol a
sério, ela precisa de um pau.
— Vou comprar um vibrador para você Carol — brinco.
— Se você vai dar um vibrador para a Carol eu também quero, um
bem grande — Eva fala entre risos.
— Falando em pau. Clara será que o pau do Marcelo é grande? —
Carol pergunta.
— Meninas, a Clara só deu um beijo — Montanha esclarece.
— Na verdade ele que me beijou — confesso.
— Nossa, deve ter sido sem graça esse beijo, ele não roçou nem um
pouquinho o pau em você? — Carol pergunta.
— Roçou sim, ele me prensou na parede, meu vestido subiu, eu cruzei
minhas pernas em sua cintura e dei uma rebolada para sentir se ele estava
duro — falo rindo.
— E estava duro? — Eva pergunta.

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— Estava sim — Rio.


— Nossa, então deu pra conferir, e aí? — diz Carol.
— Pelo que eu senti deve ser grande sim — conto.
— Já pensou Clara, se o pau dele for fino igual do Edson — Carol
fala e todos riem novamente.
— Deus me livre! — Bato na mesa de centro três vezes. — Ninguém
merece pau fino. — Rio.
— Meninas, acho que vocês estão tomando muito vinho — Montanha
fala caindo na risada.
— E você Montanha, que tamanho é o seu pau? — Carol pergunta.
— Corta o vinho da Carol — Eva fala rindo.
— O meu pau é grande e grosso o suficiente para satisfazer qualquer
mulher — Montanha responde e nós arregalamos os olhos com sua resposta.
— Nossa Montanha, me deixa ver você tomando banho para conferir,
se você é tudo isso mesmo — Carol fala rindo com cara de safada.
— Carol, chega! Você já está passando dos limites — repreendo.
— Verdade Carol, estamos aqui para falar do Marcelo e do pau dele
— Eva lembra.
— Falando em Marcelo, o que você pretende fazer agora, morena? —
Montanha pergunta.
— Vou virar esse jogo e dar a cartada final — digo.
— Como assim, Clara? — Carol questiona.
— Segunda vocês irão saber. Marcelo não sairá ileso, quem ele pensa
que ele é para me beijar e sair — falo.
— Isso mesmo Clarinha, não deixa ele pensar que está por cima —
Eva fala.
— Estou com dó do Marcelo — Carol fala rindo.
Depois de duas garrafas de vinho, três barras de chocolate, muitas

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risadas, fotos tiradas e postadas em nossas contas do instagran e facebook, as


meninas e Montanha resolvem ir embora. Isso já é quase 6h00 da manhã. É
sempre assim, quando nos reunimos para beber se resume em muitas risadas
e fotos para nos lembrar depois.
O domingo passa tranquilo e sem novidades, ligo para minha mãe, e
depois para as meninas, leio um livro e durmo.
Na segunda-feira acordo cedo a primeira coisa que faço é uma ligação
para Kelly.
— Clarinha, amor tudo bem? — Kelly fala ao atender o telefone.
— Tudo bem sim Kelly, e você? — pergunto.
— Estou bem, só na correria — Kelly fala.
— Kelly, sei que está em cima da hora, mas tem como conseguir uma
horinha para mim hoje? — pergunto.
— Claro que sim, deixa eu olhar a agenda. — Passam-se alguns
minutos. — Clarinha, eu tenho as 11h30, tudo bem?
Olho no relógio e vejo que são quase as 10h00.
— Tudo ótimo Kelly, até daqui a pouco. — Desligo o celular.
Vou para o banheiro, tomo um banho preguiçoso e já imagino como
vai ser o meu banho com Marcelo mais tarde. Saio do banho faço minha
higiene, visto um short e uma camiseta básica, sapatilhas e maquiagem leve.
Pego minha bolsa, chave e capacete e saio em direção ao salão da Kelly.
Quando chego lá ela já me espera.
— O que você deseja hoje, Clarinha? — pergunta.
— Apenas depilação — falo, e ela me pede para acompanha-la até a
sala de depilação.
— Como você vai querer?
— Lisinha igual de bebê — aviso.
— O cara merece?

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— Claro que sim, merece e muito — digo rindo.


Kelly começa o seu trabalho.
Homens adoram a nossa amiga bem depilada, alguns podem dizer que
não, mas eles não resistem. Hoje Marcelo vai chupar a minha todinha, quero
saber como vai ser sua língua, vai ser um jeito que ele jamais irá esquecer.
Hoje vou me acabar no corpo dele.
Chego em casa por volta de 13h00, como algo levo e deito para
descansar um pouco, preciso do meu corpo bem relaxado. Acordo quase
16h00, vou para o banheiro, tomo um banho, saio do banheiro penteio meu
cabelo e faço uma trança de lado. Escolho um macacão preto a vácuo, que
abraça bem minhas curvas, com um decote profundo nas costas, faço uma
maquiagem com os olhos bem marcados e batom vermelho, escolho um tênis
rosa com meias brancas.
Olho no espelho, confiro meu visual, e realmente estou bem sexy.
Marcelo vai ser uma presa fácil. Pego a mochila, chaves, capacete e saio
rumo à academia.
Estaciono Penélope ao lado do carro de Marcelo, entro na academia,
cumprimento as pessoas no caminho e vou direto ao vestiário feminino,
guardo minhas coisas no armário e vou à procura de Marcelo. Rapidamente o
encontro e vou na sua direção. Quando me vê percebo que está sem graça.
— Clara!
— Marcelo! — Abro o sorriso.
— Preciso pedir desculpas.
— Desculpas?
— Não agi de forma correta com você sábado.
— Mas eu adorei a forma como você agiu.
— Clara, é sério, preciso que me desculpe. Fui um cretino com você.
— Marcelo, tudo bem, adoro um cretino.

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— É sério, Clara.
— Eu só te desculpo com uma condição? — digo cruzando meus
braços.
— Qual?
— Se você me ajudar hoje no exercício de agachamento com barra.
— Clara, você não precisa da minha ajuda, é só fazer na barra
extensora.
— Mas Marcelo, ai que está o problema eu quero fazer na barra livre,
e você iria me ajudar para não me machucar. Você me deve um pedido de
desculpas. — Forço um pouco ou ele não vai aceitar.
— Está bem Clara, eu te ajudo, mas não posso demorar, pois hoje só
vim falar com você.
— Sou tão importante assim Marcelo, para você vir hoje só por minha
causa — falo fazendo bico.
— Clarinha, é sério. Me senti mal pelo que fiz, desculpa — Marcelo
fala.
— Está bem Marcelo.
— Clara, isso nunca mais vai acontecer.
— Marcelo, faz assim eu finjo que não aconteceu nada e você finge
que acredita. Você vai me ajudar no meu treino hoje?
— Tudo bem Clara — Marcelo fala e me conduz até as barras. —
Qual o peso?
— 10 quilos de cada lado
— Não é muito pesado?
— Por isso sua ajuda — falo.
Marcelo coloca os pesos na barra, e eu fico em sua frente. Olho pelo
espelho e vejo Marcelo em minhas costas. Ele coloca a barra em meus
ombros.

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— Marcelo, posso confiar em você? — Preciso ter certeza que ele não
irá me deixar sozinha no meio do exercício.
— Pode sim não vou soltar. Qual a série?
— 4 de 20, Marcelo se você soltar eu me machuco.
— Clarinha, pode confiar.
Coitado, ele nem imagina o que um simples exercício pode fazer com
um homem.
— Vou começar — aviso o olhando pelo espelho.
O exercício de agachamento com barra livre é feito em pé com a barra
apoiada nos ombros e os pés afastados em distância igual à largura dos
ombros. Flexiona-se lentamente os joelhos até que as coxas fiquem paralelas
ao chão. Estendendo as pernas para retornar à posição, ou seja, se agacha e
levanta. Marcelo vai me ajudar. Então, ele vai ter que fazer o mesmo
movimento segurando a barra em meus ombros atrás de mim.
Começo a fazer a primeira série de forma natural para Marcelo não se
assustar, e ele acompanha o movimento. Na segunda série na hora de agachar
empino bem a bunda e começo a roçar em seu pau. Na terceira série empino
ainda mais a bunda, e começo a sentir sua ereção, a respiração de Marcelo
fica mais forte. Era isso que eu queria. Na quarta série sinto Marcelo mais
próximo, e em cada agachamento o sinto roçando ainda mais a sua ereção
contra a minha bunda.
Quando a série acaba Marcelo me olha com os olhos arregalados e
diz: — Vou tomar um banho e ir embora. — Sai em direção ao vestiário
masculino, sem me olhar ou esperar resposta.
Vou até o vestiário feminino, pego minhas coisas e saio em direção ao
vestiário masculino. Olho do lado para ver se tem alguém olhando e não tem
ninguém. Entro no vestiário masculino, vejo se tem mais alguém além de
Marcelo, como não encontro ninguém tranco a porta e coloco minhas coisas

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no chão. Marcelo ainda não percebeu a minha presença. Tiro minha roupa
ficando somente de calcinha fio dental preta, pego a camisinha e vou a sua
direção.

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CAPÍTULO 10 — CLARA

Caminho lentamente até Marcelo, que está de costas com uma das
mãos na parede olhando para baixo e a água caindo por suas costas. Coloco a
camisinha no chão e entro no chuveiro o abraçando por trás. Marcelo me olha
assustado, seu olhar percorre meu corpo quase nu e ele fala: — O que você
está fazendo aqui?
— Tomando banho.
— Clara você não pode... — Coloco meu dedo indicador em sua
boca.
— Shi... Apenas sinta Marcelo — sussurro chegando mais perto dele.
— Não Clara! — Marcelo segura minha mão.
Em seu olhar percebo sua luta para resistir ao seu desejo por mim.
Mas hoje não saio desse chuveiro sem pelo menos um orgasmo.
Coloco minhas mãos em seu pescoço e ele abaixa a cabeça, chupo seu
lábio inferior.
— Você vai me deixar doido — fala em um sussurro.
Começo a beija-lo de forma calma e sensual.
— É o que eu mais quero — digo com minha boca colada na sua
boca.
Marcelo responde o beijo com a mesma intensidade, nossas línguas
fazem uma dança sensual, com fome e desejo.
Marcelo aperta minha bunda e encosta-me na parede e geme em
minha boca. Esfrega sua ereção em meu ventre, suas mãos percorrem meu
corpo, e ele enfia a mão dentro da minha calcinha massageando meu clitóris.

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Depois enfia seu dedo na minha boceta me fazendo gemer, enquanto a sua
boca chupa um seio, e a outra massageia o outro.
Beijo o pescoço de Marcelo, e vou me desviando do seu ataque, pois
são quase dois meses sem sexo, não irei aguentar muito. Marcelo cede e
continuo beijando seu pescoço, vou descendo meus beijos por seu abdômen,
apreciando e deliciando os seus seis gomos bem definidos, desço meus beijos
ficando de joelhos até ficar bem à frente do que eu mais desejo.
— Graças a Deus! — falo quase em um sussurro.
O pau de Marcelo é grande, grosso, com veias pulsantes, meus olhos
brilham em saber que tudo que fiz valerá a pena. Não penso muito e começo
a beijar a base do seu pau, e seu saco, depois percorrendo toda a sua
extensão, antes de abocanhar a sua cabeça.
— Mostra para mim Clarinha, o que essa boquinha é capaz de fazer.
Começo a chupa-lo, e minhas mãos massageiam suas bolas, Marcelo
começa a gemer e a foder a minha boca, enfio fundo seu pau em minha
garganta, e volto devagar até a ponta de sua cabeça. Quando chego na ponta
dou, leves mordidinhas e brinco com a minha língua em volta de sua glande.
— Porra Clarinha, que boca essa — Marcelo fala entre gemidos.
Marcelo coloca suas mãos no meu cabelo, fazendo-me intensificar os
movimentos e chupa-lo mais forte e profundo.
— Isso, assim chupa mais, Caralho Clara eu vou gozar... Ah
CLARAAAA!
Marcelo geme alto e goza na minha boca. Chupo cada gota do seu
esperma, deixando seu pau limpinho. Aproveito e deixo uma chupada em sua
virilha para mais tarde ele lembrar quem esteve ali, e quem o fez gozar.
Ainda de joelhos pego a camisinha que deixei ao lado e a rasgo.
Coloco apenas na cabeça do pau de Marcelo, coloco a minha boca
desenrolando a camisinha no seu comprimento, vou levantando lentamente,

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beijando e me deliciando a cada parte do corpo do seu corpo.


— Você vai me deixar louco — Marcelo fala antes de me beijar.
Ele me joga na parede novamente, abaixa a sua mão até a minha
calcinha e a rasga com violência.
— Ah Clarinha, você pediu isso, agora aguenta. — Pega a minha
perna, levanta e entra de uma vez dentro de mim.
— Ah... — grito com sua invasão.
Sinto uma leve dormência. Ele espera um pouco até eu me acostumar
com ele todo dentro de mim.
— Ah! Meu Deus. Você é grande — sussurro em um gemido.
— Vou foder você e sua mente do mesmo jeito que você fodeu
comigo durante todo esse tempo.
Suas estocadas são rápidas e profundas, fazendo com que meu corpo
estremeça. Rebolo em seu pau, fazendo-o gemer. Marcelo começa a chupar
meu seio a cada estocada fazendo-me gemer cada vez mais alto.
Começo a arranhar suas costas descontroladamente.
— Acho que preciso domar essa gatinha. — Marcelo pega minhas
mãos e as prende em cima de minha cabeça. — Ela está muito descontrolada.
— Marcelo não faz isso — falo entre gemidos.
— Você pediu minha pequena, agora aguente. — Marcelo volta a
meter forte e fundo.
Se ele continuar nesse ritmo não irei aguentar muito tempo, para
minha tristeza ou alegria, Marcelo sai de dentro de mim, e me vira deixando-
me de frente para a parede.
— Você sabe como me deixou hoje? Esfregando essa bunda gostosa
em mim — diz e dá um tapa na minha bunda.
— Ai! — falo em um sussurro cheio de tesão. Preciso dele dentro de
mim.

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— O que foi Clarinha? — pergunta no meu ouvido massageando onde


deu o tapa. — Diz o que você quer que eu te dou.
— Você! — Arrebito a minha bunda para trás facilitando a penetração
do seu pau em minha boceta.
Marcelo beija meu pescoço e geme no meu ouvido.
— Caralho Clarinha, como essa bucetinha é apertadinha sugando meu
pau — geme. — Sua gostosa.
Marcelo volta a massagear meu clitóris, fazendo-me gemer cada vez
mais alto. Rebolo em seu pau.
— Não está aguentando, eu consigo sentir, goza para mim safada.
Grito fora de mim, convulsionando em um orgasmo que desfaleceu
todo o meu corpo — Marcelo! — choro manhosa, gozando.
Marcelo dá mais umas estocadas e goza novamente gemendo alto,
chamando meu nome. Ele sai de dentro de mim e me abraça por trás dando
leves beijos em minha nuca. Depois me vira abraçando-me, encosto minha
cabeça em seu peito e ficamos alguns minutos em silêncio ouvindo apenas a
água do chuveiro e as nossas respirações. Quando nossas respirações se
acalmam. Ele olha em meus olhos e diz: — Gostou minha pequena?
— Gostei! — digo e volto a abraça-lo.
— Você ainda vai me deixar louco — fala sorrindo e me beija
novamente, mas agora seu beijo não é de fome, mas delicado e doce.
Melhor eu acabar com isso, carinho após sexo não é bom. Quebro o
beijo e ele me olha assustado. Lavo-me rapidamente, quando percebe que vou
sair fala: — Clarinha o que foi?
— Nada.
— Por que está saindo assim? — pergunta segurando a minha mão.
— Transei, gozei agora vou embora — falo de forma rude.
— Clara, precisamos conversar.

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— Conversar o que Marcelo? — pergunto.


— Sobre o que aconteceu aqui.
— O que aconteceu, foi que tínhamos desejo um pelo o outro,
somente isso Marcelo. Nada além de desejo.
Ele não fala nada, apenas me observa. Puxo a minha mão da sua e vou
até as minhas coisas, pego a tolha e me seco. Visto uma calcinha reserva, e
um macaquinho, não faço maquiagem, apenas dou jeitinho no meu cabelo
molhado, pego a mochila e o capacete.
— Clara, aonde você vai? — Marcelo fala já com uma toalha em
volta da sua cintura.
Vou até ele, coloco a mão livre em seu pescoço, fazendo-o abaixar, e
dou leves mordidas em seus lábios. Depois enfio a minha língua na sua boca
procurando a sua. Ele retribui o meu beijo. Encerro o beijo com alguns
selinhos, Marcelo me segura pela cintura e une as nossas testas.
— Clara, nós precisamos conversar sobre o que aconteceu aqui. —
Começa a acariciar meus cabelos molhados.
— Não temos nada a conversar, foi bom, mas acabou — falo
desviando do seu olhar.
— Clara! — Marcelo fala erguendo meu queixo fazendo-me olhar em
seus olhos.
— Foi apenas sexo, isso não vai voltar a acontecer, não precisa se
preocupar.
Afasto-me dele que apenas me olha. Abro a porta do vestiário
masculino, saio deixando um Marcelo cheio de dúvidas.
Percebo que algumas pessoas estão olhando-me, provavelmente
desconfiam ou tem certeza do que aconteceu no vestiário. Não tenho costume
de me expor dessa forma, nunca ninguém sabe com quem me relaciono. Essa
foi a primeira mancada que dou, mas valeu a pena.

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— Não sabia que o vestiário masculino tinha virado motel — Uma


guria loira fala.
— Não virou motel — respondo olhando para ela. — Porque se
tivesse virado, eu ainda estaria lá dentro gozando bem gostoso, coisa que
você deveria fazer ao invés de perder tempo cuidando da vida dos outros.
Sei o que eu fiz foi errado, mas não deixo ninguém tirar uma com
minha cara. Não mais, aprendi que a melhor forma de defesa é o ataque.
Deixo a guria de boca aberta e vou rumo ao estacionamento, coloco o
capacete e subo na Penélope. Logo um pensamento vem em minha mente.
— Droga, Marcelo não me chupou! Vou ter que tê-lo novamente,
preciso saber como que é sua língua me chupando. — Penso alto.
Hoje decido não ir para a faculdade, não quero encontrar Marcelo,
pelo menos não hoje, então vou para meu apartamento.
Chegando lá tomo um banho, hidrato meu corpo, visto uma camisola
rosa de renda transparente, penteio os meus cabelos deixando-os soltos. Vou
até a cozinha faço um lanche leve, vou para a sala, ligo a TV que passa um
filme qualquer. Aproveito e mando uma mensagem no grupo do WathsApp
para as meninas, avisando que hoje não irei à facul.
Começo a lembrar da sensação de ter Marcelo dentro de mim, e
principalmente do tamanho e a grossura do seu membro. Juro que fiquei com
medo de ser castigada e Marcelo ter um pau fino e pequeno. Mas minhas
preces foram ouvidas e descobri que ele é muito melhor do que eu esperava.
Ele ser melhor que eu esperava me assusta, pois depois do sexo ele foi
carinhoso, isso não é bom. Marcelo ao mesmo tempo em que foi bruto, foi
carinhoso, como isso é possível?
Carinho demonstra sentimentos, e sentimentos é a única coisa que não
quero nesse momento em minha vida, nem hoje nem nunca mais. Acho que
não vou sentir a boca do Marcelo me chupando, o melhor a fazer é me afastar

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dele. Já consegui o que eu queria, transei, gozei e explorei cada canto do seu
corpo. O melhor é ficar longe agora.
Acabo adormecendo no sofá com os pensamentos em Marcelo, só
acordo por causa da campainha tocando. Olho no celular e são 23h30. Quem
será a essa hora?
Levanto, vou até a porta e a abro.
— Você!

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CAPÍTULO 11 — MARCELO

Fiquei louco quando vi Fabio dando em cima da Clara, e ela


correspondendo, nunca senti tanta raiva. Perdi a razão, fui atrás dela e a
beijei... Que beijo!
Clara consegue ser delicada e sexy, uma menina mulher, duas em
uma.
Passei o restante do sábado, pensando nela, fui ver Dayana em sua
casa. No seu quarto Day me beijava, mas não eram seus beijos que eu
desejava, quando sua boca desceu pelo meu corpo, não era aquela boca e
toque que eu queria.
Era Clara que eu queria, era com Clara que eu queria estar junto,
beijando-a, fazendo-a minha.
Sei que meus pensamentos são errados, não é certo com Dayana, por
isso não a toquei, dei uma desculpa e fui embora. Já basta eu tê-la traído, ela
não merece, mas eu não consigo explicar o que sinto por Clara.
No domingo evitei encontrar Day, cada dia que passa a palavra
casamento está presente em nossas conversas. Ela sempre acha um jeito de
tocar no assunto, mas ainda não estou preparado para isso. Piorou agora com
esse sentimento indefinido por Clara. Casamento está fora dos meus planos.
Na segunda-feira, acordo com pensamento em uma pessoa. Está
decidido, preciso conversar com Clara e me desculpar pelo beijo que dei nela
no sábado. Não foi certo o que fiz. Clara é solteira e fica com quem quiser,
diferente de mim. Não sou nada dela e nem posso sentir raiva por ela querer
ficar com outro homem que não seja eu. Eu tenho Dayana. Clara é proibida
para mim enquanto eu estiver com Dayana.
Meu dia passou vagarosamente, evito ver Day de todas as formas, ela
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percebeu a minha distância, mas preciso terminar o que ainda nem aconteceu
com Clara, preciso me desculpar e dizer a ela que isso não vai voltar a se
repetir. Quando o relógio marca 17h00 pego minhas coisas e vou para a
academia. Quando chego no estacionamento vejo que a sua moto não está no
lugar de sempre. Lembrar-me dela naquela moto me faz sorrir, Clara e suas
facetas. Vou para o vestiário e começo um treino leve, hoje só vim para vê-la
e conversar.
Quando vejo minha Clara, vindo em minha direção com um macacão
preto que a deixou ainda mais sexy, tentei pedir desculpa a ela, mas como
sempre Clarinha, menina travessa, levou na brincadeira e pediu ajuda em seu
treino. Aceitei ajudá-la, porém nunca imaginei que um simples exercício de
agachamento seria tão erótico, que me deixaria duro.
Sai de perto dela e fui para o banheiro, precisava de um banho para
me acalmar e colocar meus pensamentos em ordem.
Sinto um abraço, me viro assustado e vejo que é ela. Clara está com
cara de menina travessa, apenas de calcinha. Ela me beija, não resisto ao
desejo que sinto e me deixo levar pelas sensações de seu toque, a cada beijo
que deposita em todas as partes do meu corpo. A sua boca é sinônimo de
pecado, me faz delirar a cada beijo e chupada, até mesmo a forma de colocar
a camisinha ela fez de um simples gesto um espetáculo, sempre soube que
Clara me levaria à loucura e literalmente me levou.
Estar dentro dela é uma sensação maravilhosa, nunca senti nada igual.
Caralho, só de imaginar já estou duro.
Depois do sexo, senti Clara como uma gatinha manhosa, a abracei e a
beijei de forma calma. Olhei em seus olhos que tinham um brilho diferente,
nunca tinha visto esse brilho nos olhos da minha pequena, nunca a vi tão
entregue a um abraço.
Mas como Clara é uma caixinha de surpresa saiu dos meus braços,

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não quis me ouvir ou conversar. Recusou-se a me ouvir, me deu um último


beijo e se foi. Clara simplesmente fugiu.
Quando ela sai, vejo a loucura que nós dois fizemos: transar em um
vestiário de academia é coisa de doido, realmente não consigo pensar quando
Clara está perto de mim, é algo mais forte. Isso não pode ser só desejo, acabei
de tê-la e não foi o suficiente, ainda quero mais. Preciso dela. Preciso senti-la.
Fico sozinho alguns minutos, perdido em meus pensamentos. Pego
minhas coisas. Quando vou vestir minha cueca percebo uma chupada na
minha virilha que me faz sorrir. Essa chupada só mostra Clara, sendo ela
mesma, ela tinha que mostrar que esteve ali, e me fez gozar de um jeito só
dela.
Acabo de me vestir, pego minhas coisas e saio do vestiário. Percebo
alguns olhares e sorrisinhos, abaixo a cabeça e vou embora.
Entro no meu carro, olho para o lado para ver se vejo a minha
pequena. Mas ela não está, provavelmente já foi para a faculdade.
Clara não irá fugir de mim, hoje na faculdade vou procura-la para
conversarmos, é o mínimo que posso fazer.
Chego na faculdade e Day já me espera no estacionamento. Vem me
beijar, mas desvio do seu beijo. Não posso beija-la sendo que acabei de ficar
com Clara.
— O que foi, mor? — pergunta.
— Nada, não escovei os dentes. — Dou um beijo em sua testa.
Dayana me olha com cara desconfiada, mas não diz nada.
Caminhamos um do lado do outro até o bloco de Direito, a deixo na porta da
sua sala e vou para a aula. Mas estou apenas de corpo presente, pois meus
pensamentos estão em Clara.
Na hora do intervalo dou uma desculpa para Dayana e vou para o
bloco de Humanas a procura de Clara, mesmo convivendo com ela esse

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tempo todo não peguei seu número de celular, ou o endereço da sua casa.
A procuro por todos os lados e não a encontro. Vejo suas amigas e
elas são a minha única opção para descobrir onde ela se esconde.
— Oi meninas — falo chegando perto.
— Oi Marcelo — respondem juntas.
— Vocês sabem da Clara? — pergunto e coloco minhas mãos no
bolso.
— Ela não veio hoje, disse que estava cansada — uma delas fala.
— Por que Marcelo, o que você quer com ela? — A outra pergunta.
— Eu preciso falar sobre um trabalho em dupla que precisamos
entregar amanhã — invento e olho para baixo, provavelmente as duas sabem
que estou mentindo.
— Se é importante liga para ela Marcelo — Adriano fala chegando
perto de nós três.
— Não tenho o telefone dela. — Olho para Adriano.
— Eu passo para você — Adriano fala e as meninas ficam com um
sorriso bobo no rosto, acho que eu estou com cara de palhaço.
— Só o telefone Marcelo? — Carol pergunta. — Você não quer o
endereço dela também?
— Queria os dois se possível, preciso falar com a Clarinha. Sei que se
eu ligar ela não vai atender. — Já que estou no fogo vou me queimar, sei que
eles sabem o que aconteceu.
Alessandro e Camila se aproximam de nós e tenho receio que eles
tenham escutado a nossa conversa.
— O que você está fazendo aqui Marcelo? — Camila pergunta e sei
que ela vai contar para Dayana sobre a minha visita nesse bloco.
— Marcelo veio pegar o número de um amigo. Fernando precisa dos
serviços dele e eu fiquei de passar o número — Adriano fala me salvando.

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— Obrigado, cara — digo para Adriano.


— Depois te mando a mensagem com o número — ele responde.
Despeço-me de todos e volto para o bloco de Direito. Não demora
chega uma mensagem do Adriano com o número de celular da Clara e o
endereço. Mas o que me chama a atenção é a última frase.

Cuide bem da minha menina.

A aula passa lentamente, chega a hora de ir embora, despeço-me de


Dayana, que me convida para ir na sua casa, mas recuso dando a desculpa
que tenho que fazer um trabalho para entregar amanhã.
Entro no meu carro e ligo o rádio. Está tocando a música Insana-
Loubet, é impossível não pensar em Clara.

Sua imagem me flerta, me acerta uma flecha Que não consigo


escapar Sua miragem me engana e acende uma chama Dentro do meu
olhar Tento fugir, não consigo, o perigo me assola, Me devolve pra você
Tento buscar um abrigo, Mas duvido que um dia eu possa te esquecer
Pega, rasga a minha blusa, me joga na cama, Me ama e vamos ser feliz
Mesmo que você me iluda, meu corpo te chama, insana, É tudo que eu
sempre quis Em outro vocabulário, não sou páreo Pro seu jeito de me
conquistar Você me hipnotiza quando pisa em meu peito E começa a
dançar Objeto descartável eu me sinto, mas como poder te evitar?
Desejo incontrolável me oprimindo, então o jeito é me entregar
Pega, rasga a minha blusa, Me joga na cama, me ama e vamos ser feliz
Mesmo que você me iluda, Meu corpo te chama, insana, é tudo que eu

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sempre quis (Insana, Loubet)


Essa música realmente é o que eu sinto por Clara, pois a sua imagem
não sai da minha cabeça. Não consigo ficar longe dela, tentei fugir, mas não
consigo. Não vou conseguir esquecê-la tão cedo.
Olho o endereço, não me importo com a hora, hoje quero ama-la nem
que seja apenas por uma noite. Mesmo que Clara me iluda, é tudo que eu
quero, é tudo que eu sempre quis desde a primeira vez que a vi e não vou
lutar contra isso. Nem que seja apenas por essa noite.
Chego ao endereço, subo pelo o elevador e toco a campainha.
— Você! — Clara fala ao abrir a porta.

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CAPÍTULO 12 — DAYANA

— Alô — atendo com voz de sono. Quem será que está ligando a essa
hora? Se for o besta do Marcelo ele me paga, não quis dormir aqui e agora
liga para encher o meu saco. Cara nojento.
— Day, pode falar?
— Posso. — Sento-me na cama assustada. — Aconteceu alguma
coisa Mila? — Camila nunca liga de madrugada.
— Você está com o Marcelo?
— Não por quê?
— Hoje ele estava no bloco de Humanas.
— Fazendo o que lá?
— Não sei, mas estava conversando com as amigas da Clara e com o
Adriano, quando me viu ficou nervoso.
— Será que ele foi atrás dela?
— Não sei, Adriano disse que ele queria o número de um cliente.
— Adriano está mentindo. Marcelo está estranho desde sábado.
— Falando em sábado, sabe com quem ele fez o trabalho?
— Não, ele disse que era com um amigo.
— Ele fez com a Clara. Alessandro me contou, e disse também que os
dois treinam na mesma academia e no mesmo horário.
— Marcelo mentiu, disse que era com um amigo, e disse que Clara
treinava em horário diferente.
— Day, o nosso plano tem que ser posto em prática. Clara hoje não
foi para a faculdade, mas foi para o treino. Alessandro não soube explicar o
motivo, ela nunca falta, pode ir à festa e madrugar, mas ela vai para a
faculdade.
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— Marcelo chegou hoje estranho na faculdade, mal falou comigo e


não quis dormir comigo hoje.
— Estou falando, algo entre os dois está acontecendo precisamos agir,
ou você vai perder o Marcelo.
— Consegue o telefone do Edson para mim.
— Vou pegar o número escondido no celular do Alessandro, ele está
dormindo aqui hoje.
— Quando conseguir me manda mensagem. Vou tentar ligar para o
Marcelo. Beijo.
— Ok, Beijo.
Desligo e ligo para o Marcelo, ele não atende. Ligo mais três vezes e
nada. Ele não pode estar com ela, meu celular apita. Olho e é a mensagem
com o número do Edson. Disco o número e ele me atende no segundo toque.
— Alô.
— Edson?
— Sim, quem é?
— Sou eu Dayana, namorada do Marcelo.

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CAPÍTULO 13 – CLARA

Sonolenta, abro a porta e vejo Marcelo em minha frente, de calça


jeans e camisa preta. Será que eu estou dormindo ainda? Quase me belisquei
para ver se era um sonho mesmo. Pensei tanto nele que se materializou na
minha frente, essa é a única explicação. O que mais poderia ser? Marcelo na
minha porta? O que ele quer aqui?
— Você! — É a única coisa que consigo falar.
— Eu, Clarinha. — Será que é ele mesmo? Ainda não estou
convencida.
— O que você está fazendo aqui, Marcelo? — pergunto ainda na
porta.
Marcelo me olha de cima a baixo, parece avaliar-me. Ainda bem que
estou com uma camisola sexy, e não com uma velha, ou de menina. Isso é
broxante para um homem.
— Acho que você roubou a minha fala. — Sorri. — Não vai me
convidar para entrar, Clarinha? — pergunta, erguendo uma das sobrancelhas.
Suspiro fundo, pois sei que com esse olhar de Marcelo muitas coisas
podem acontecer, e não sei se estou muito bem preparada.
— Entra — digo e ele entra.
Mal fecho a porta e Marcelo me joga na parede. Olha em meus olhos,
sua boca fica próxima à minha.
— Marcelo, acho que você gosta muito de parede. Porque toda vez
que tem uma oportunidade me joga em uma — falo respirando forte.
— Se você estiver presa na parede, gosto muito. — Prensa-me com o
seu corpo ainda mais contra a parede.
— Marcelo, não. — Coloco a mão em seu peito. — Diz o que você
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veio fazer aqui? — Seu cheiro já está me embriagando.


— Você!
— Eu?
— Quero você. — Beija o meu pescoço.
— Não Marcelo, eu já te tive e não quero mais. — Ai meu Deus que
mentira, quero sim já estou doidinha para repetir a dose de hoje mais cedo.
— Tem certeza, Clarinha? — Roça sua barba em meu pescoço.
— Não — respondo com a voz trêmula.
— Só por hoje gatinha manhosa, se entregue a mim pequena. Amanhã
é outro dia — sussurra.
Não resisto, jogo meus braços em seu pescoço e o puxo para mim.
Começo a beija-lo, sinto seu gosto, seu cheiro, mordo seus lábios.
Marcelo coloca a mão em minha nuca e me beija, tirando-me o ar.
Passo minhas mãos em seu peitoral, pelo seu abdômen, vou descendo até
sentir seu membro duro, por dentro da sua calça, doido para ser liberado.
Alucinado Marcelo me ergue e cruzo minhas pernas em sua cintura.
— Parede, chão, sofá ou cama?
— Cama.
— Ensina o caminho — fala entre os beijos.
— Sim! — Chupa minha língua. — No corredor a primeira porta a
direta — consigo falar entre os beijos.
Marcelo continua a me beijar, e segue para o quarto esbarrando na
parede e nos móveis do caminho sem interromper os beijos, até chegar ao
meu quarto. Então me coloca na cama, fica de joelhos entre as minhas pernas,
e olha para mim.
— O que foi?
— Parece um anjo, com essa camisola rosa. — Abre um sorriso.
— Sou um anjinho — falo rindo.

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— Mas sei que de anjo você não tem nada, safada.


Marcelo tira a camisa e se inclina sobre o meu corpo.
— Hoje, Clarinha, vou fazer com você tudo que eu tive vontade
durante todo esse tempo que você ficou infernizando a minha vida — fala
dando mordidas em meu ombro.
— Será? — provoco arranhando suas costas.
— Pode ter certeza.
Suas mãos deslizam sobre o meu corpo, quando sobem levam com
elas a barra da minha camisola, ergo o braço para ajudá-lo a tirar. Marcelo
beija meu pescoço e roça a sua ereção ainda presa na minha entrada. Uma de
suas mãos massageia meu seio.
— Vou beijar cada pedaço do seu corpo.
Desce sua boca dando pequenas chupadas até abocanhar meu seio,
que chupa com vontade até deixar o bico rígido, não demora em um e dá a
mesma atenção ao outro.
— Marcelo! — chamo seu nome entre gemidos, desço a minha mão
ao seu membro para tentar libera-lo.
— Não! — Marcelo segura minhas mãos levando-as até a minha
cabeça. — Hoje você brincou demais, agora é a minha vez.
— Deixa só um pouquinho.
— Se você for uma boa menina te dou leitinho na boca.
— Delícia!
Marcelo volta a beijar meu pescoço e vai mordiscando, indo até meus
seios massageando-os, chupando e mordendo o bico, vai descendo deixando
rastros de beijos por meu corpo.
Chega até a minha calcinha, beija por cima dela, chupa a minha
virilha, fazendo disso uma deliciosa tortura. Levanto meu quadril para forçar
ainda mais a sua boca na minha entrada.

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Marcelo coloca as mãos nas laterais da minha calcinha, e a desliza


sobre minhas pernas tirando-a. Fico completamente nua com Marcelo ainda
de jeans no meio das minhas pernas.
— Estou perdida.
— Muito.
Marcelo volta com a sua deliciosa tortura, começa a beijar as laterais
da minha boceta.
— Tão cheirosa — fala cheirando-me e passando o nariz. — Tão
lisinha. — Começa a dar leves beijos e mordidas.
Fecho meus olhos e começo a sentir a língua de Marcelo em meu
clitóris, circulando e chupando. Começo a me contorcer com a deliciosa
sensação. A língua de Marcelo faz mágica e eu só sei gemer.
— Clarinha, sempre imaginei como seria chupar essa bocetinha.
Marcelo coloca dois dedos dentro de mim e os movimenta no mesmo
ritmo de sua língua. Intensificando ainda mais as sensações, levando-me a
loucura, a me contorcer de prazer.
— Eu não vou aguentar.
— Goza para mim.
Agarro seus cabelos com força e rebolo, sinto meu corpo formigar e
estremecer.
— MARCELO! — Não consigo me segurar, gozo gritando o seu
nome.
Marcelo continua a me chupar, enquanto eu ainda me contorço de
prazer. Levanta a cabeça do meio das minhas pernas.
— Seu gosto é delicioso — diz desabotoando a sua calça, puxando-a
junto com sua cueca, liberando sua ereção.
Fico encarando a sua ereção com um sorriso no rosto.
— Gosta do que vê?

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— Muito. Do jeito que eu gosto.


— Daqui a pouco isso aqui. — Segura sua ereção e a alisa. — Vai
estar todo socado dentro dessa bocetinha gulosa.
— Vem logo, eu quero.
— Calma pequena. Vai ser todo seu.
— Camisinha? — pergunto.
— Tenho aqui — diz pegando sua carteira no bolso da calça.
Marcelo coloca a camisinha em seu comprimento, se ajusta entre as
minhas pernas, a cabeça do seu pau na minha entrada e em uma estocada dura
e rápida seu membro esta dentro de mim.
— Marcelo... — gemo seu nome em um misto de dor e prazer.
Mesmo estando extremamente excitada, Marcelo consegue me rasgar
a cada estocada, pois graças ao bom Deus ele é bem dotado.
— Como você é grande... Grosso — digo.
— Gosta assim gostosa? — Rebola seu quadril fazendo-me senti-lo
mais fundo.
— Muito! — Levanto o meu quadril de encontro ao seu.
Respiro fundo para adaptar o pau de Marcelo dentro de mim, ele se
movimenta de forma constante e profunda. Respira fundo em meu ouvido,
beija e morde meu pescoço.
— Clarinha — geme falando o meu nome.
Sinto ondas e mais ondas de prazer. Aperto sua bunda, forçando ainda
mais o nosso atrito. Marcelo geme perdendo o controle.
— Marcelooo... Vou gozar...
Gozo fortemente chamando seu nome. Marcelo ainda se move na
dança erótica dos seus quadris nos meus, com mais alguns movimentos ele
goza chamando meu nome e caindo sobre mim.
Alguns minutos se passam para que nossas respirações se acalmem,

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Marcelo deita do meu lado, tira a camisinha amarrando a ponta e colocando


do lado da cama.
— Vem — diz me puxando para seus braços.
— Não — Afasto-me de seus braços, quando vou levantar da cama
ele pega minha mão.
— Não pense, vem, só por hoje.
Marcelo puxa-me sobre o seu peitoral. Ele não diz nada, apenas o
sinto alisar meus cabelos, não demora muito e acabo caindo no sono.
Escuto ao longe um barulho que me faz despertar, meu corpo está
dolorido. Abro meus olhos e vejo Marcelo usando minha barriga como
travesseiro, ele está todo amarrado em mim com pernas e braços.
Percebo que o barulho que me fez acordar é a campainha tocando,
olho para o relógio e vejo que são 7h00 da manhã.
— Quem será o filho de uma boa mãe que resolveu me acordar a essa
hora?!
A campainha continua tocando, tento em vão sair das amarras de
Marcelo, até que ele abre os olhos.
— Oi — falo.
— Oi. Dormiu bem? — pergunta.
Queria dizer que sim, que na verdade eu não dormi e sim desmaiei. Se
não fosse o filho de uma boa mãe apertando a campainha ainda estaria
dormindo. Mas é melhor não responder.
— Preciso atender a porta — mudo de assunto.
— Quem será a essa hora? — pergunta e me dá um beijo.
— Não sei.
Levanto, pego um roupão, o visto e caminho até a porta. Marcelo
cruza os braços sobre a cabeça e me observa.
— O que foi?

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— Linda quando acorda. — Ele poderia dizer outra coisa, mas


Marcelo tem o dom de me deixar sem jeito.
— Vou ver quem é, porque acho que essa pessoa não vai embora
enquanto eu não abrir essa porcaria de porta.
— Vou te esperar aqui, Clarinha — diz com um sorriso enorme.
— Você vai se arrumar, pois quando eu voltar quero você fora do
meu apartamento.
— Clara?
— Marcelo, você disse só por aquela noite e já está de dia. Acabou.
Se arrume e fique ai e não saia enquanto eu não voltar.
Saio e fecho a porta, ninguém precisa saber que eu dormi muito bem
acompanhada e que tive dois orgasmos que me fizeram dormir à noite inteira.
Afinal a minha vida íntima não interessa a ninguém.
Caminho até a porta para saber quem é o prego que faz mais de 15
minutos que está tocando essa campainha. Abro a porta.
— Edson? — O que esse cara está fazendo aqui a essa hora?
— Clarinha — diz dando um beijo em minha bochecha.
— O que você faz aqui?
— Vim te ver.
— A essa hora?
— Estava com saudades.
— Você me vê todos os dias na faculdade.
— Justamente, ontem você não foi. Então resolvi te fazer uma visita.
Não vai me convidar para entrar?
— Não.
— Que coisa feia, cadê a boa educação? Me convida para entrar.
— Não tenho educação. Vai embora.
— Não Clarinha, o que foi? Não sente falta de nós dois juntos? Seja

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uma boa menina e me convide para entrar.


— Não vou convidar você para entrar, e muito menos sinto sua falta.
Antes que eu me esqueça não sou uma boa menina.
— Nossa magoei. — Edson coloca a mão no coração teatralmente. —
Menina má.
— Edson vai embora. Para de gracinha.
— Deixa eu entrar, é melhor que conversar na porta.
— Já disse que não.
— Estou com saudade dessa sua carne macia — fala tentando pôr a
mão em meu rosto.
— Vai no açougue Edson, lá tem bastante carne, você escolhe qual
você quer. Tenho certeza que vai encontrar carne bem macia lá.
— Eu quero você.
— Mas eu não quero você, já te disse isso.
— Você gostava quando estava dentro de você.
— Eu gosto mais ainda quando você está bem longe de mim. Adoro a
sua distância. Você não imagina o quanto.
— Deixa eu entrar.
— Já disse que não.
— Tem alguém com você?
— Não interessa.
— Então tem?
— Não tenho satisfações da minha vida para dar para você.
— Marcelo?
— Não, e se fosse?
— Ele não ia gostar de saber que ele foi alvo de uma aposta.
— Assim como você não vai gostar da sua cara arrebentada pelos
socos do Montanha.

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— Dayana também não irá gostar nada de saber que o namoradinho


dormiu aqui.
— Assim como você não vai gostar de sentir as suas bolas trituradas.
— Você está tão carinhosa hoje.
— Chega Edson, se manca cara, não quero nada com você. Que
chato. Vai embora, não é ele.
— Deixa eu entrar.
— Só vou avisar mais uma vez, vai embora.
— Não.
— Vou chamar o porteiro, e depois vou na delegacia fazer um boletim
de ocorrência falando que você está me assediando.
— Menos, Clarinha.
— Vai embora.
— Eu vou, não pela sua ameaça. Vou porque eu quero, fique sabendo
que estou de olho em você.
— Não precisa ficar de olho em mim. Não, espera. Tenho uma ideia
melhor vou dar uma foto minha ai você fica de olho na foto, palhaço.
— Vai brincando. Você vai ser minha — Edson fala virando-se de
costas.
— Vai sonhando — falo alto suficiente para ele me ouvir.
Fecho a porta, e caminho em direção ao quarto. Preciso colocar
Marcelo para correr do meu apartamento, ele está muito folgado. Quando
entro ele está do mesmo jeito que o deixei, deitado na minha cama, nu,
coberto apenas por um lençol, com os braços cruzados.
— Quem era? — pergunta.
— Edson. — Cruzo os braços. — E você vaza da minha cama.
— O que ele queria?
— Torrar a minha paciência — digo séria.

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— Ele é insistente assim?


— Ele é um pé no saco. Agora levanta da minha cama e vai embora.
— Preciso de um banho.
— É só você ir ao banheiro e tomar.
— Não sei o caminho.
— Está de brincadeira com a minha cara?
— Não, mas queria fazer outra coisa com o seu corpo.
— Marcelo chega, eu aceitei ontem, mas agora acabou. Cada um
segue o seu caminho.
— Podemos seguir juntos para o chuveiro — fala levantando da cama
e sorri.
— Você não acha que os papéis estão invertidos? — Hoje Marcelo tá
que tá.
— Acho que você poderia apenas tomar um banho comigo, ai depois
vou embora — fala se aproximando de mim.
— Não Marcelo, vai você sozinho.
— Só um banho Clarinha, o que é que tem de mais em um banho?
— Já disse que os papéis estão ao inverso? Não era para eu estar
insistindo e você dizendo não? O que aconteceu com você Marcelo?
— Sabe o que aconteceu Clarinha. — Marcelo se aproxima mais de
mim, me abraça. — Uma menina mulher, cheia de facetas fodeu meu juízo
ontem.
— É mesmo, o que ela fez?
Já que Marcelo quer brincar mais um pouco, o melhor é brincar. Vai
ser a última vez mesmo, depois cada um volta para a sua rotina.
— É sim, ela me perseguiu durante um mês inteiro. Entrou no
vestiário da academia sem roupa, onde eu tomava banho, sem ser convidada e
abusou de mim.

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— Tem certeza?
— Tenho sim. Agora essa menina não quer tomar um simples banho
inocente comigo.
— Já que essa menina não está aqui, eu posso tomar um banho com
você, mas com uma condição.
— Qual?
— Banho e rua.
— Está me mandando embora, Clarinha?
— Estou.
— Só vou depois do meu banho — fala beijando meu ombro.
Caminhamos até o banheiro, Marcelo me observa a cada passo. Tiro
meu roupão, entro no box e ligo o chuveiro, entro debaixo da água e Marcelo
continua parado próximo a pia me observando.
— Não vai entrar? — pergunto.
— Estou pensando.
— Em quê?
— Como seria foder essa sua boceta gulosa durante a manhã?
— Ao invés de pensar, você deveria vim provar.

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CAPÍTULO 14 — CLARA

— Tem certeza que quer que eu vá embora? — Marcelo insiste, já de


banho tomado em direção a sala.
— Você disse uma noite, já passou, disse um banho, já tomou. Agora
pode ir embora — digo.
— Eu posso ficar sujo de novo — Marcelo chega mais perto e prensa-
me na parede.
— Já perguntei se você gosta de parede? — pergunto colocando a
mão em seu peitoral.
— Eu já disse se você estiver nela, eu gosto — Marcelo fala beijando
meu pescoço.
— Marcelo acabou — digo séria e ele olha em meus olhos.
— Por quê?
— Dayana? — falo levantando as sobrancelhas. Preciso afastar-me
dele, tocar no nome da vaca no cio, ele vai cair na real.
— Dayana não foi um problema durante o mês em que você estava se
jogando em cima de mim — fala de forma ríspida.
— Não foi, ela nunca foi um problema para mim — confesso.
— Então por que você não quer mais?
— Não quero me envolver com ninguém.
— Nem comigo?
— Principalmente com você — falo e olho para baixo.
— Clara eu senti você. Não diz que você também não sentiu nada.
— Senti, não vou mentir, mas não quero sentir mais.
Não posso ficar com ele, não posso me prender em ninguém. Não vou
sofrer novamente. O melhor é cortar o mal pela raiz, pelo menos não vou
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sofrer depois.
— Era apenas um jogo, Marcelo — digo.
— Jogo?
— Estava jogando com a sedução. Seduzi você, agora o jogo acabou
— digo caminhando até a porta.
— Então isso foi só para o seu prazer? — Marcelo fica parado na
minha frente.
— Para o seu também — falo e aponto o dedo para Marcelo, que está
ficando nervoso.
— Então durante todo esse mês você estava apenas brincando comigo
Clara!?
— Não... Eu gostei de conhecer você, mas...
— Mas... Você só estava jogando.
— Isso — digo olhando em seus olhos.
O melhor é ele saber a verdade, isso foi só um jogo e eu venci.
Dayana foi a chifruda, não me vinguei dela o suficiente. Mas está bom assim,
não posso ir além do que já fui. O melhor é Marcelo ficar com raiva de mim e
voltar para a vaca, assim posso voltar para a minha vida.
— Você é uma dissimulada, da pior espécie.
— Não menti para você Marcelo, então não me chame de dissimulada
— meu tom de voz aumenta.
— Trai minha namorada perfeita por você.
— Desculpe por não ser perfeita. Aproveita e volta pra ela ainda tem
tempo — falo com aperto no coração.
— Você é confusa.
— Não! — Olho em seus olhos. — Eu sou Clara.
— Quero entender você!
— Não tente me entender, Marcelo. — Olho para o chão depois para

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os seus olhos. — Você não vai conseguir. — Abro a porta para ele sair.
— Tem certeza? — pergunta passando por mim.
— Absoluta.
— Então adeus, Clara. — Olha nos meus olhos. — Boa sorte.
— Para você também — Marcelo vira-se de costas e sai andando.
— Marcelo — chamo e ele olha para trás. – Você é um cara legal, foi
bom esse tempo que passamos juntos.
Ele não responde e vai embora.
Olho Marcelo indo embora, e vejo que o melhor foi isso, eu ter
cortado o mal pela raiz. Era só um jogo e eu ganhei, agora o melhor é voltar
para a minha rotina. Ou seja, o melhor é arrumar outro para jogar, porque
depois do Marcelo não quero ficar muito tempo na seca. A imagem de Edson
vem em minha cabeça.
— Pensando bem é melhor ficar na seca do que com um pinto fino do
Edson.

O meu dia passou tranquilo, limpei minha casa, troquei a roupa de


cama que estava com o cheiro do Marcelo, almocei e escrevi um pouco da
minha pesquisa.
Depois de algum tempo escrevendo resolvo tirar um cochilo, que não
dura muito. Sou despertada por várias mensagens que chegam no grupo do
WhatsApp do meu celular que parece até que está tocando.
Várias mensagens das meninas querendo saber as novidades, estavam
curiosas para saber do Marcelo.
Olho no relógio e vejo que é quase 17h00, horário de ir para
academia, mas decido não ir, na verdade vou mudar o horário. Não tem mais
a necessidade de frequentar no mesmo horário que ele.
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Vou para a cozinha e enrolo fazendo um lanche para matar o tempo.


Por volta das 18h00, vou para o banheiro tomar banho. Lembro-me como foi
bom tomar banho com Marcelo, seu toque, seus beijos, seu pau em minha
boceta, suas mãos em minha bunda.
— Preciso comprar um vibrador, coloco o nome de Marcelo e resolve
o meu problema.
Respiro fundo, não posso ter sentimentos por ele, mas como pode ser
tão perfeito? Poderia ter uns defeitos, dente torto, barrigudo, pinto pequeno.
Ai meu Deus retiro o que eu disse pinto pequeno não.
— Marcelo, por que você tem que ser tudo isso?
Acabo o banho, enrolo a tolha em meu corpo, vou para o quarto,
escolho um conjunto de lingerie branca, uma calça jeans, uma camisa de seda
azul, e nos pés uma sapatilha azul. Penteio o cabelo, maquiagem leve, apenas
os olhos bem delineados, brincos pequenos e estou pronta. Pego a mochila,
chave da Penélope, capacete saio em direção a facul.
Chego à facul estaciono a Penélope, e vou a caminho do bloco do
meu curso, ver as meninas e o Montanha. Hoje é terça-feira e não teremos
aulas juntos.
Lembra que eu comecei a fazer uma disciplina optativa sobre a
Legislação da Educação? Então é hoje, o pior que vou ficar próxima do
Marcelo, eu consegui o que queria, agora não tem como sumir da vida dele
da noite para o dia. Fiz questão de estar presente a todo o momento, agora
aguento.
Vejo as meninas no lugar de sempre e caminho até elas. Quando me
veem olham para mim e ambas abrem um sorriso. Sento do lado do
Montanha que me abraça e me dá um beijo na testa, fico de frente para Carol
e Eva.
— Tudo bem, moreninha? — Montanha pergunta.

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— Claro que está Montanha, olha a cara dela — Eva fala apontando
para o meu rosto.
— Clarinha, você está com uma pele tão linda hoje — Carol fala de
forma sarcástica.
— Acho que ela dormiu muito bem essa noite — Eva acrescenta.
— Será Eva? Eu já acho que não dormiu nada – Carol brinca.
Olho para as duas e a única coisa que consigo fazer é rir.
— Conta moreninha, como você passou?
— Até você Brutus — falo olhando para o Montanha e todos
começam a rir.
— Clarinha, para de fazer cu doce. A gente sabe que ele foi ao seu
apartamento ontem — Carol solta.
— Como vocês sabem? Estão me investigando, hein? — pergunto
fazendo-me de ofendida e desentendida.
— Ah Clarinha, deve ser porque um certo moreno de um e oitenta de
altura, lindo e gostoso veio procurar por você ontem na hora do intervalo —
Eva fala.
— Ai como não encontrou você, Montanha passou seu número e
endereço — Carol fala apontando o dedo para o Montanha.
— Como assim? Você Montanha? — pergunto.
— Só queria ajudar — Montanha fala dando os ombros.
— A gente só queria facilitar o seu lado, Clarinha — justifica Carol.
— Tadinho, o Marcelo estava com uma carinha de cachorro
abandonado — Eva fala fazendo bico.
— Moreninha, por que ele veio te procurar ontem à noite aqui se
vocês dois fazem academia juntos? — Montanha pergunta e olha para mim
com cara de desconfiado.
— Verdade, por que Clara? — Carol pergunta.

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— Então... — Olho primeiro para o Montanha e depois para as


meninas.
— Então... — Eva repete.
— Então, vou para a aula porque estou atrasada — falo levantando e
pegando minhas coisas, enquanto Montanha ri.
— Clara, pode dizer — Carol fala.
— Clarinha, você não é de Deus — Eva reclama.
— Gente na hora do intervalo eu falo.
— Vamos fazer assim na hora do intervalo vamos jogar uma sinuca e
Clarinha diz o que aconteceu — Montanha sugere.
— Eu não vou sair no segundo tempo — falo cruzando os braços.
— Ah vai sim — Eva fala.
— Você! — Carol aponta o dedo para mim. — Não tem querer!
— Hoje é terça-feira vocês estão loucos? — pergunto.
— Vamos moreninha, precisamos relaxar um pouco — Montanha
pede.
— Só uma partida, Clara — Carol pede.
— Clarinha, depois que você começou com esse jogo de sedução nem
tem tempo mais para as suas amigas — choraminga Eva.
— Isso é chantagem emocional? — pergunto.
— Está funcionando? — Eva fala piscando o olho.
— E a Penélope? — pergunto.
— Moreninha, você vai de carro comigo e a gente pede para o guarda
cuidar da Penélope, amanhã eu trago você? — Montanha fala.
— Amanhã de manhã — pergunto.
— Amanhã à tarde — Montanha fala.
— Não, de manhã — teimo.
— Depois das 9h00 e antes das 11h00? — Montanha pergunta.

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— Pode ser — concordo rindo.


— Fechou então, na hora do intervalo a gente se encontra no
estacionamento — avisa Montanha.
— Por mim tudo bem — Eva concorda.
— Por mim também — Carol acrescenta.
— Ok, eu não vou demorar, mas me esperem, vocês sabem que o
bloco de direito é mais longe — falo. — Montanha aproveita e conversa com
o tiozinho do Guarda porque se acontecer alguma coisa com a Penélope você
me paga.
— Pode deixar — Montanha fala rindo.
Despeço-me das meninas que estão animadas para ouvir o que
aconteceu com o Marcelo. Sigo para o bloco de direto e para foder com tudo
estou atrasada. Hoje não queria sentar próximo do Marcelo, mas
provavelmente não terei muito lugar para escolher.
Chego à sala e o professor já se encontra, procuro um lugar para
sentar, mas adivinha? A sala justamente hoje está lotada e só tem uma
carteira vazia, agora adivinha de novo? Sim, é isso que você está pensando
mesmo, a cadeira é do lado do Marcelo. Aquele que agora quero distância, o
mesmo que transei duas vezes seguidas e que saiu hoje de manhã com a cara
feia.
— Clara vai demorar muito para sentar? — professor Henrique
pergunta.
— Desculpe professor.
Caminho até a única cadeira vazia e sento, olho para Marcelo e falo
baixinho.
— Oi.
Ele vira o rosto e não responde. Filho de uma boa mãe não vai me
deixar no vácuo, só porque não quero dar mais para ele. Mentira, olhando ele

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agora daria para ele novamente tranquilamente. Pensamento vai embora você
não me pertence.
Então o que eu estava dizendo mesmo? Ah é... Só porque não iremos
mais transar, Marcelo não precisa fazer papel de retardado. Acho que só para
me infernizar hoje ele está um pecado em forma de homem. Estico a minha
mão disfarçadamente e dou um belo beliscão na cintura dele.
— Ai, você tá doida?! — Marcelo fala esfregando onde belisquei.
— Idiota! — digo e olho para frente.
O professor segue a aula e minha cabeça está longe, nem consigo
prestar atenção na aula. O cheiro de Marcelo me perturba. Quando escuto o
meu nome bem longe me fazendo despertar e voltar de onde nem sabia estar.
— Clara você entendeu? — o professor Henrique pergunta.
— Desculpa professor poderia falar de novo?
— Clara estou falando sobre o seu trabalho e do Marcelo.
— Ah sim, algum problema?
— Você não ouviu o que eu disse?
— Desculpa, estava pensando na minha pesquisa — minto ou ia levar
um fumo bem dado.
— Vou repetir, o seu trabalho e do Marcelo acabou sendo um dos
melhores da sala, vocês conseguiram abordar vários pontos importantes
referente a Lei: 10.639-03. Clara, conversei com o seu orientador e submeti o
trabalho de vocês no Simpósio que vai acontecer em Assunção no Paraguai
daqui dois meses, tudo bem?
— Se todas as despesas forem pagas pela faculdade não tem
problema.
— E você Marcelo? — professor Henrique pergunta.
— Clara pode apresentar sozinha — Marcelo responde.
— Não, Clara não pode, caso você não possa ir, enviarei outro

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trabalho. Lembre-se Marcelo que isso é importante para seu curriculum.


— Tudo bem eu vou. — Marcelo solta o ar depois da sua resposta.
— Então, amanhã já vou mandar o ofício para o setor de finanças para
agendar o hotel e a compra de passagem. Vocês dois vão ter que decidir se
vão apresentar em pôster ou banca?
— Banca — falo.
— Pôster — Marcelo fala olhando para mim. Acho que ele começou a
jogar, então também não vou ficar para trás.
— O que foi Marcelo, tem medo de encarar uma banca? O pôster que
estiver no simpósio ninguém nem vai olhar — falo olhando para ele,
desafiando-o.
— Não Clara, não tenho medo de encarar uma banca.
— Professor eu e Marcelo decidimos banca — respondo olhando para
Marcelo.
— Marcelo? — professor Henrique questiona.
— Banca — responde olhando para mim.
— Então está certo. A viagem é daqui dois meses e não se matem até
lá — professor Henrique fala e a sala começa a rir. — Estão dispensados para
o intervalo.
Começo a arrumar meu material, pois o povo já deve estar me
esperando.
— Você vai embora?
Levanto a cabeça só para confirmar quem pergunta.
— Não, vou sair com as meninas e Montanha.
— Em plena terça-feira?
— Sim! — Levanto.
— Já vai arrumar outro brinquedinho? — Marcelo fala de forma
ríspida em um tom de fala jamais utilizado antes. Agora ele me irritou.

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— Não Marcelo, não vou arrumar outro brinquedinho em um


barzinho, se eu quiser algum brinquedo é só ir na loja e comprar um. Não
devo satisfações da minha vida para você. Mas vou explicar uma coisa, eu só
quero um tempo junto com os meus amigos. — Minha voz falha. — Eles são
a única família que tenho aqui — digo virando as costas e saindo, para que
Marcelo não veja uma lágrima que quer cair.
— Clara desculpa. — Ainda consigo ouvir Marcelo chamando, mas
não respondo.
Por que as acusações de Marcelo mexeram tanto comigo? Ele não
significa nada para mim.
Passo no banheiro, limpo meu rosto e vou até o estacionamento.
Montanha, Carol e Eva já estão me esperando, aproximo-me deles.
— Vamos — digo.
— Aconteceu alguma coisa? — Montanha é a única pessoa que
consegue ver além dos meus olhos.
— Não, vamos, só foi uma aula estressante — digo entrando no carro.
— Clara você não escapa, vai dizer tudo o que aconteceu de ontem
para hoje — Eva me intima.
— Pode deixar meninas eu falo, mas primeiro preciso relaxar.
Partimos em direção a um barzinho que tem várias mesas de sinuca
chamado Bola do 8. Estou com uma leve impressão que não vou conseguir
relaxar nesse barzinho.

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CAPÍTULO 15 — MARCELO

O bicho mais complicado do mundo é o diabo de uma cabeça de


mulher. Mulher é foda, mulher é gostosa, mas a infeliz tem que ser
complicada só para foder com o juízo do homem.
Quando Deus criou o homem, achou que ele estava muito sozinho e
de boa, ai para brincar com a nossa cara foi lá e criou a mulher. Linda,
perfeita, capaz de levar qualquer um a loucura, mas ela tinha que ter um
defeito.
Sabe qual foi? A cabeça.
Ninguém sabe o que passa na cabeça de uma mulher. Olhe o que a
diaba da Clara fez comigo, ficou mais de um mês com frases de duplo
sentido, se esfregou com aquela bunda gostosa em mim na academia, invadiu
o vestiário e chupou meu pau. Resumindo, ela simplesmente atacou a minha
pessoa. Vocês sabem, sou homem, não tem como resistir a uma gostosa
chupando o seu pau.
Cai nas garras da Clara, ela me deixou louco. E sabe o que ela fez
depois de tudo isso? Deu um pé na minha bunda, e me deixou com cara de
idiota. Nunca mais quero ficar perto dessa safada, fui apenas um
brinquedinho na mão dela.
Uma coisa que Clara disse, foi verdade, não foi só para o prazer dela,
foi para meu também. A safada sabe ser gostosa, aquela boceta não tem
comparação. Mas o que é bom, dura pouco e agora acabou. Foi bom ter
acabado, foi só uma aventura, e eu tenho a Dayana que é um anjo de pessoa,
é completamente diferente da Clara. Não me arrependo da noite que passei

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com Clara, mas isso não vai voltar a se repetir.


Cheguei hoje de manhã no meu apartamento, tomei outro banho para
aliviar, Clara é foda. Vou para o quarto me trocar para ir para o estágio
quando escuto a porta do quarto abrindo.
— Como você entrou aqui?
— Mor, você esqueceu que eu tenho a chave?
— Não Day.
— Eu estava preocupada.
— Preocupada com o quê?
— Você não quis dormir em casa. Mais tarde te liguei para saber
como você estava e não me atendeu.
— Desculpa Day, esqueci o celular no carro e só peguei hoje de
manhã. Depois do banho já ia te ligar.
Dayana se aproxima de mim, abraçando-me e beijando minha boca.
— Sabe mor, estou com uma saudade do seu cheiro — diz cheirando
meu pescoço.
— Também estou com saudade – falo a abraçando, estou ausente da
vida da Dayana, ela não merece isso.
Ela me empurra até eu cair na cama e sobe em cima de mim.
— Day amor, estamos atrasados.
— Rapidinho, nem precisa fazer nada.
— Day, não...
— Nossa Marcelo! Até parece que você está me traindo, desde sábado
está me evitando — acusa nervosa.
— Sabe que eu não faria isso com você — minto.
— Então vamos, eu confio em você... Rapidinho — fala rebolando em
cima de mim.
— Está bem, pega a camisinha na cômoda — digo.

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— Vamos sem, mor, quero sentir carne com carne.


— Day, você sabe que eu não arrisco, não quero ser pai tão cedo.
— Já disse que eu tomo pílula.
— Depois daquele susto no início do nosso namoro prefiro não
arriscar. — Estico a mão e pego a camisinha.
O sexo foi como Day tinha avisado, rápido. Ela sabe fazer o serviço
bem feito, gozei. Como disse o sexo foi bom e não gostoso, para o homem
não importa a mulher o sexo vai ser bom, porque o homem sempre goza. Para
mulher já é diferente, mas Day é experiente e também gozou.
Chegando ao escritório do meu pai, espero Day para entrar junto com
ela, já que fomos cada em seu carro. Ela tem sua independência de
locomoção, eu dei a ela um carro de presente. Alguns vão achar que sou
besta, mas eu vi como Day é esforçada e guerreira, a coitada não tinha como
ficar andando de ônibus e eu nem sempre podia ficar à disposição dela. Até
que um dia ela disse que estava juntando dinheiro para comprar um carro. Eu
fui e comprei um antes e dei de presente a ela. Assim Day poderia pegar o
dinheiro que estava guardado para ajudar a família dela.
No início desse ano, comprei um apartamento e também dei a ela de
presente, na casa da família era muito barulhento e Day precisa de sossego
para estudar. Ela não quis aceitar de início, mas no fim aceitou.
— Mor, vamos almoçar juntos hoje? — pergunta já ao meu lado.
— Vamos sim! — Preciso dar mais atenção a ela.
— Que bom, eu estou me sentindo tão carente, esses dias você está
distante fico com tanto medo de perder você.
— Não vai perder Day, sou seu — digo caminhando em direção ao
setor que Day trabalha.
— Eu te amo tanto Marcelo, que se eu perco você, sou capaz de fazer
uma loucura.

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— Ei. — Paro e olho para ela. — Para de pôr caraminhola nessa sua
cabecinha.
— Mas Marcelo...
— Day, estamos bem.
— É verdade, você está certo mor, é coisa da minha cabeça.
Deixo Day no seu setor, e vou para a minha sala revisar os processos
que o meu pai deixou em minha mesa. Realmente, Day está certa, esse tempo
todo fiquei pensando em Clara e a pessoa que me ama deixei de lado.
A manhã passa tranquila, na hora do almoço eu e Day vamos almoçar
em um restaurante próximo. Depois que nos servimos e sentamos Day fala:
— Mor, estou com dó do Edson.
— Por quê?
— O coitado está sofrendo por causa da Clara.
— Mas os dois não tem nada Day.
— Não foi o que o que ele disse.
— Como?
— Ele disse que eles nunca se largaram.
— Lembro que uma vez Clara disse que teve um rolo com ele, mas
depois não aconteceu mais nada.
— Mentira, mor.
— Por que você acha que é mentira?
— Edson contou que eles sempre estiveram juntos, mas Clara nunca
quis assumir nada.
— Não sabia que Edson era amigo seu Dayana.
— Não mor. Ele não é.
— Então explique como você sabe tanto da vida dele? Ou só está
fazendo fofoca?
— Mor é que esses dias, eu e a Camila o vimos chorando na

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faculdade.
— E daí?
— Ficamos preocupadas e fomos conversar com ele.
— O que as duas tinham que se meter onde não foram chamadas.
— Mor, nós ficamos preocupadas, vai que tinha acontecido alguma
coisa séria com ele.
— E era sério?
— Sério o quê?
— O que aconteceu com o Edson, não é dele que estamos falando! —
Quero saber o que esse cara falou. Já estou ficando sem paciência.
— Não... Quer dizer mais ou menos.
— Por quê?
— Não posso contar.
— Conte.
— Marcelo, é uma coisa pessoal do Edson.
— Então por que começou a falar?! Se não pode contar. Não sabia
que escondia as coisas de mim, Dayana.
— Não escondo, mor.
— Não parece Day, está escondendo o que Edson tinha.
— Está bem, eu conto.
— Não precisa, quero que Edson se foda.
— Marcelo!
— O que foi Dayana?
— Coitado do Edson.
— Deu para ficar com pena dele.
— Lógico depois de tudo que o coitado passou.
— Dayana, não sei pelo o que ele passou. Então não é um coitado.
— Nossa mor, se você soubesse o que Clara fez com ele.

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— Eu não sei.
— Clara enganou ele.
— Como assim?
— Você acredita que ela brincou com ele e o usou como um
brinquedo.
— Clara não teria coragem de fazer isso.
— Tem sim, mor, Edson nos contou no meio do choro, para que ele
iria mentir? Ele não ganha nada mentindo.
— Isso é verdade, ele não ganha nada mentindo.
— Ela finge que nada aconteceu.
— Talvez ele não aceitado o fim.
— Acho que ela fica dando esperanças e usando ele, porque sábado à
noite ele foi na casa dela e passou a noite lá.
— Que sábado Day?
— Esse sábado que você passou o dia todo na biblioteca da faculdade
fazendo trabalho com o seu amigo. Lembra?
— Lembro sim, Day. — Foi o mesmo sábado que eu não dormi com
ela com o remorso de ter beijado Clara, é uma dissimulada mesmo.
— Então mor, ela só fica iludindo o coitado.
— Besta ele que caiu, Day.
— Ele disse que ela sempre liga chorando ai ele fica com pena e vai
vê-la. Quando chega ela está toda provocante e ele não resiste.
— Fracote, não resiste a um rabo de saia.
— Mor, os homens não são iguais a você. Porque sei que você nunca
cairia nas garras de uma pessoa igual a Clara. Não é verdade?
— É. — Abaixo a cabeça, porque sei que não consegui resistir aquela
diaba.
— Ainda tem mais, mor.

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— Mais?
— Sim
— O quê?
— Edson, hoje de manhã mandou uma mensagem para a Camila.
— O que tinha na mensagem?
— Que ele estava indo no apartamento e iria dar um fim em tudo isso.
— Então acabou tudo.
— Não.
— Não?
— Não, depois que ele saiu de lá mandou outra mensagem.
— O que ele falou na outra mensagem?
— Ele disse que chegando lá ela começou a beija-lo e disse que iria
mudar, e ele acreditou e foi embora. Mas depois ficou desconfiado.
— Por que? Não era isso que ele queria?
— Ele disse que ela não deixou ele entrar no apartamento, que isso
cheirava a sexo casual com outro.
— Day. Vamos parar com essa conversa, deixe que Edson se resolva
com a Clara, não temos nada a ver com a vida desses dois.
— Verdade mor, graças a Deus que nem amizade com a Clara a gente
tem, essa menina é uma cobra.
— Vamos mudar de assunto, já disse.
— Então mor, sexta-feira tem uma festa na Unik, Camila e
Alessandro vão, nós poderíamos ir também, faz tempo que a gente não sai.
— Não sei Dayana, depois a gente vê.
— Vamos mor, se a gente for preciso arrumar uma roupa. Não posso
ficar feia do lado do meu namorado gato.
— Tudo bem, nós vamos.
O restante do almoço acontece tranquilo, sem tocar mais no nome de

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Clara e Edson. Como Clara teve a capacidade de fazer tudo isso? Esse jogo
dela é de gente vendida, mulher da vida. Isso deve ser mais uma cara de Clara
que eu não conheço.
Volto para o escritório com péssimo humor, como pude me deixar ser
levado pela aquela carinha de anjo, isso tudo é surreal.
Será que Edson não está mentindo? Clara disse que ele pegava no pé
dela, trocou até de academia por causa dele. Adriano também já tinha me
dado um toque em relação ao Edson caso aparecesse na academia atrás de
Clara.
Até Adriano mentindo? Essa história está mal contada, Adriano não ia
arriscar a segurança de Clara com mentiras, todos sabem que ele cuida dela
como uma irmã.
Edson pode estar seguindo Clara, desconfiou de alguma coisa entre eu
e Clara, e começo a mentir. Inventou tudo isso para Day e Camila para me
envenenar. Coitada da Day está sendo usada por Edson. Ele pode desconfiar,
mas nunca vai ter certeza. Day nunca vai saber o que aconteceu, ela não
merece isso. Edson deve ter ficado apaixonado por Clara e por isso está
fazendo tudo isso.
No meu caso não deu tempo de me apaixonar, agora que descobri
tudo, quero ficar cada vez mais longe dela. Mas ela pode estar em perigo,
Edson pode ser uma ameaça a ela. Quando tiver oportunidade vou avisar para
Montanha sobre as minhas suspeitas. Não que eu me preocupe com ela, será
somente uma precaução, Clara não é problema meu, mas não custa avisar.
À tarde passa rapidamente, quando vejo já é 17h00, arrumo as minhas
coisas, passo no setor da Day, dou um beijo nela e vou para a academia.
Quando chego à academia vejo que a moto da Clara não está. Não é
porque aconteceu tudo isso em nossa vida que eu vou parar meu treino por
causa dela. Depois do treino tomo banho, acho que nunca mais vou ver esse

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banheiro com os mesmos olhos.


Vou para a faculdade, hoje é terça-feira dia da optativa junto com a
Clara, mas pelo menos não tive a presença dela na academia, isso já é uma
vantagem. Como sempre chego cedo à sala sento no meu lugar de sempre,
pois não irei trocar de lugar por causa dela.
Os alunos vão chegando e a sala lotando, o professor chega e nada
dela. Não fique pensando que estou preocupado com ela, é que hoje o
professor vai falar a nota do trabalho que fizemos juntos, é só isso.
O professor começa a aula e a bonita chega atrasada, mais é uma
descarada. Tenho raiva só em pensar se tudo o que Day falou for verdade.
Ainda por cima ela vem e senta do meu lado.
— Oi — ela fala e eu viro o rosto, não sou obrigado a falar com ela.
Sem estar esperando levo um beliscão dela, que me chama de idiota.
Se vira para frente com cara de poucos amigos e presta atenção na aula.
Realmente não vou nunca entender cabeça de mulher e muito menos a
da Clara, a menina deu o pé na minha bunda mais cedo e acha que ainda tem
o direito de ficar brava.
Quase na hora do intervalo o professor fala que o trabalho meu e de
Clara foi escolhido para o simpósio que vai acontecer em Assunção no
Paraguai. No início não queria ir. Mas senão fosse acabaria prejudicando
Clara, então aceitei.
Ela como sempre quer tudo do jeito dela, parece que não sabe ouvir
não, menina mimada. Acabamos discutindo diante da sala referente ao modo
de apresentação. Clara me chama de burro na frente de todo mundo. Aceito
enfrentar a banca ao lado dela. Ela vai ver o que eu sou capaz.
Quando o professor dispensa todos para o intervalo, vejo que Clara
está arrumando as suas coisas. Percebo que ela vai embora e não irá ficar para
o segundo tempo. Além de ser safada mata aula.

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Começo a questionar, sobre estar procurando um novo brinquedo;


percebo ela ficando nervosa. Começa a jogar grosserias em cima de mim,
quando diz a última palavra que explicava porque iria sair com os amigos eu
gelei. Seus olhos encheram de lágrimas, e aquelas lágrimas não eram de
fingimento.
— A única família que eu tenho. — Foram as últimas palavras
pronunciadas por ela. Mesmo com os olhos cheios de lágrimas que não
caíram.
Na verdade essas são as únicas palavras que meu cérebro conseguiu
processar, a Clara menina estava ali do meu lado e eu a magoei. Ela sai e
como sempre me deixando com cara de idiota.
— Clara desculpa — grito no meio do corredor, mas pelo visto acho
que foi tarde, pois ela nem ouviu.
Depois dessa existe uma pergunta que martela em minha cabeça.
— Quem é Clara?

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CAPÍTULO 16 — CLARA

Chegamos ao Bola do 8, todos estão bem animados menos eu, mas


tento disfarçar porque eu quero relaxar um pouco. Por ser terça-feira até que
está bem movimentado. Seguimos para uma mesa de sinuca enquanto
Montanha conversa com o garçom pedindo as nossas bebidas.
— Como vai ser as duplas? — Carol pergunta.
— Eu e Montanha, contra você e a Eva — digo.
— Ah não! Vocês dois sempre jogam juntos e eu e Carol sempre
perdemos — Eva reclama, fazendo todos rirem.
— Dois ou um — Carol fala.
— Viramos crianças agora? — questiona Montanha.
— Justo. Vamos tirar no dois ou um — Eva afirma.
— Já que vocês duas não sabem perder vamos decidir no dois ou um
— confirmo.
A brincadeira dois ou um funciona assim, o grupo fala "dois ou um",
todos mostram, ao mesmo tempo, um ou dois dedos, os que colocam um
número de dedos iguais formam as duplas.
Fazemos uma roda entre nós quatro, um olha para a cara do outro,
giramos as mãos com punhos fechados e falamos todos juntos: — Dois ou
um.
Mostramos os dedos, na primeira rodada, Carol, Eva e eu mostramos
o número dois e o Montanha o um. Jogamos mais três vezes e nada de formar
as duplas. Apenas na quarta vez foi possível fazer as duplas eu e Carol,
Montanha e Eva.

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— Não tem problema Carol nós vamos ganhar da mesma forma, o


Montanha só ganha por que joga sempre comigo — falo rindo.
— Vamos ver quem vai ganhar essa moreninha? — Montanha
desafia.
— Clarinha, já está falando como perdedora — Eva fala rindo.
— Tenho dó de vocês dois — Carol fala apontando o dedo para Eva e
Montanha. — Clarinha e eu juntas não tem para ninguém.
Amizade é amizade jogo é jogo e uma partida de sinuca é uma partida
de sinuca, as amizades ficam de lado agora.
— Valendo o quê? – Montanha pergunta.
— O que você quiser — respondo.
—Tenho uma ideia melhor — Carol fala.
— Qual? — Eva pergunta.
— Vindo da sua cabeça Carol não é coisa boa — falo rindo.
— A cada bola encaçapada a dupla tem o direito de fazer a pergunta
para um dos dois ou para os dois — Carol fala.
— Igual verdade e desafio? — Montanha pergunta.
— Isso, verdade e desafio. Você responde ou é desafiado — Carol
fala e olha para todos nós.
— Eu aceito, não tenho nada a esconder — digo.
— Eu também aceito — Eva concorda.
— E você, Montanha? — Carol pergunta.
— Aceito.
— Então, todos estão de acordo, vamos jogar. Se prepare Montanha e
Eva porque vocês além de perderem vão ter que contar um monte de
segredinhos — falo e começo a rir.
Montanha começa a arrumar as bolas na mesa em formato de
semicírculo, enquanto Carol e Eva continuam me questionando para saber o

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que aconteceu entre eu e Marcelo.


— Clarinha, é hoje que você vai contar tudo que aconteceu entre você
e Marcelo — Eva fala rindo.
— Ah vai sim, Clarinha — Carol diz.
— Carol, mulher você é minha parceira e não a dela — falo
apontando para Eva.
— Parem de briga e vamos começar — Montanha fala. — Quem vai
quebrar?
— Eu — oferece Eva. Caminha, pega o taco, se posiciona e acerta a
bola branca fazendo com que todas as bolas se espalhem pela mesa.
— Então acima de 8 é nossa e abaixo é de vocês — falo observando
que a bola 2 foi encaçapada.
— Já que eu encaçapei uma tenho direito a uma pergunta — Eva fala.
– E eu vou fazer para a Clarinha.
— Sabia! — Faço sinal de rendição.
— Eva, pergunta aquilo que todos nós queremos saber — sugere
Carol.
— E ai Clarinha, meu amor, você deu ou não para o Marcelo ontem?
— Eva pergunta com um sorriso enorme no rosto.
— Sim, essa é a resposta que vocês queriam ouvir? — falo rindo.
Eva faz a sua segunda tacada e erra, agora é a vez da Carol que
também erra e faz todos rirem. Carol é minha amiga, mas a bicha é ruim de
mira que só por Deus. Na vez de Montanha já era de se esperar, o infeliz
acerta e olha para minha cara rindo.
— Então Clara, onde foi? — pergunta Montanha.
— Academia e na minha cama e banheiro — falo de forma mais
natural do mundo enquanto eles me olham assustados.
— Academia? — Eva e Carol falam juntas.

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— Sem detalhes, já respondi. Vai logo Montanha tenho umas


perguntinhas para fazer para você e Eva — falo.
O infeliz do Montanha faz a tacada e acerta de novo.
— Explique essa história de academia, dona Clara Maria —
Montanha fala sério.
— Isso ai Montanha, encosta a Clara na parede — Carol fala tirando o
sarro da minha cara.
Explico para eles por cima o que aconteceu no banheiro da academia,
Carol me apoia, Eva olha assustada e Montanha apenas me observa.
Na terceira tacada Montanha erra, agora é minha vez e acerto a
tacada, olho para Eva.
— Eva o que você sente pelo Alê? E não adianta dizer que é apenas
amizade – digo.
Ela me olha assustada, mas responde.
— Não sei... Acho que gosto dele... Mas ele nunca vai olhar para mim
enquanto estiver com a Camila — fala abaixando a cabeça.
— Não olha porque ele é um retardado, isso sim — Carol fala.
Sempre soube que Eva gostava do Alê, acho que está na hora dela se
impor. Os dois juntos seriam um lindo casal, não falo nada para ela, na hora
certa vou fazer Eva conquistar o coração dele.
Faço a segunda tacada e erro, agora é a vez da Eva que acerta. Hoje
ela está com sorte no jogo, não tem outra explicação. Ela olha para mim e
pergunta: — Como é o pinto dele? — Começa a rir. — É pintinho ou pintão?
Olho para Montanha que enfim soltou um riso, Carol também ri,
respiro fundo pensando em uma reposta e respondo, não posso mentir.
— Como diz um amigo meu... — Aponto para Montanha. — O pau
do Marcelo é grande e grosso o suficiente para me satisfazer.
Eva e Carol caem na risada, Montanha arregala os olhos, mas ri

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também.
— Eu não disso isso, Clara — Montanha fala rindo. — Eu disse que
era grande e grosso suficiente para satisfazer qualquer mulher e não você sua
doida.
— Ah, as meninas entenderam — falo rindo.
Eva faz a outra tacada e erra, Carol vai pelo mesmo caminho,
Montanha faz a tacada e acerta.
— Moreninha, agora que você conseguiu o que queria com Marcelo o
que vai fazer? — pergunta.
Respiro fundo, penso e respondo.
— Continuar a minha vida como sempre fiz, Marcelo não significa
nada.
—Tem certeza disso, morena? — Montanha fala.
— Tenho, você me conhece, Montanha.
— Conheço tão bem que sei que não é isso — ele fala caminhando
para a mesa de sinuca e da outra tacada acertando. Olha para mim e fala: —
Se o Marcelo não tivesse com Dayana você namoraria com ele?
— Não sou namorável, talvez ficasse com ele, mas namorar, você
sabe que eu não posso, que é mais forte que eu — falo.
Montanha faz outra tacada e erra, faço a minha tacada e acerto, agora
é minha vez de perguntar a ele.
— Montanha, meu amigo, meu irmão camarada. Diz para mim como
está esse seu coração?
—Tranquilo — fala com um sorriso safado.
— Já foi ocupado por alguém? — pergunto.
— Não sei, quem sabe — Montanha fala com um sorriso bobo.
— Montanha seu safado, você está nos traindo pode falar quem é a
dita cuja — Eva fala.

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— Não disse que tem alguém — Montanha fala.


— Também não disse que não tem — Carol fala nervosa.
Enquanto as duas brigam com Montanha, faço a minha segunda
tacada e erro, assim como Eva, Carol faz a tacada e finalmente acerta. Olha
para mim e para o Montanha e fala: — Montanha, quem é ela? — Carol
pergunta.
— Não vou responder — Montanha fala cruzando os braços.
— Se não vai dizer Montanha, você vai ter que cumprir um desafio —
Eva fala.
— Qual desafio? — Montanha pergunta.
— Eu te desafio a dar um beijo de língua em mim — Carol fala séria.
Preciso acabar com esse jogo, porque a coisa pode ficar séria. Não
consigo entender porque a Carol sempre tem que pegar no pé do Montanha,
meu sexto sentido grita o motivo, mas é melhor eu não ouvi-lo.
— Acabou, não vamos mais brincar — digo.
— Por que não Clara? Eu desafio o Montanha — Carol fala.
— Carol, você sabe que ele não faria isso pare de pegar no pé dele.
Não consigo entender porque esse ciúme todo — Eva fala apontando para
Montanha. — Nem a Clara que é mais ligada ao Montanha está dando essa
crise de ciúmes.
— Não é ciúmes é um desafio! — Carol fala irritada.
— Meninas! Vamos sentar, tenho mais coisas para falar do Marcelo
— Tento tirar o foco, porque é possível ver sangue nos olhos da Carol.
— Carol. Não vou beijar você, mas quem sabe um dia? — Montanha
fala rindo olhando para Carol.
— Sorte sua que você não me atrai com essa sua juba de leão. Ou
você ia comer na minha mão seu Adriano. Eu que não quero beijar você, que
deve pegar qualquer rameira de beira de esquina — Carol fala pegando o

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rumo, indo para o banheiro. Eva me olha e a acompanha.


Montanha pega o taco da minha mão, e me conduz até a mesa. Senta,
me olha, cruzo os braços e falo: — Por que a Carol ficou bravinha daquele
jeito?
— Sei não, morena.
— Montanha, Montanha não tente me enganar.
— Eu que falo para você morena, morena, não tente me enganar.
— Eu Montanha? Nunca enganei você.
— Então diz o que aconteceu para você chegar com aquela cara no
estacionamento mais cedo?
— Nada — digo tomando um gole da minha bebida e olhando para
baixo.
Montanha respira fundo e fala: — Minha menina, pare de mentir e diz
o que aconteceu. Eu vi seus olhos vermelhos.
Posso tentar mentir para todos, mas nunca para Montanha. Acho que
somos irmãos de alma, não tem outra explicação para isso.
— Marcelo — sussurro.
— O que ele fez?
— Disse que eu estava matando aula para procurar um novo
brinquedo.
— Por que ele te disse isso, morena?
— Talvez seja porque hoje de manhã a gente teve uma leve
discussão? — falo sem graça.
— Ele te procurou ontem à noite por quê? Não minta!
— Eu fuji dele na academia, depois do que aconteceu. Eu não queria
conversar com ele. — Olho nos olhos dele. — Montanha ele é diferente.
— Diferente como menina?
— Não sei... Realmente não sei... — Olho para meu copo vazio. —

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Quando ele apareceu lá no meu apartamento eu disse que não queria. Mas ele
foi chegando mais perto, olhando em meus olhos e disse que era só por uma
noite. — Pauso alguns segundos e continuo: — Marcelo me olhou de um
jeito que nenhum outro olhou... Então me permiti viver aquele momento, a
acordar com ele, coisa que nunca mais fiz desde... Desde... — Suspiro fundo.
— Você sabe, desde tudo aquilo que aconteceu.
— Então se foi assim como você fala. Por que vocês brigaram?
— Edson.
— O que o Edson tem a ver com Marcelo e você Clara? Você ainda
está saindo com ele? — Montanha pergunta bravo.
— Claro que não Montanha, você sabe que nunca mais sai com ele.
— Então explica.
— Hoje de manhã não acordei com os beijos de Marcelo se é isso que
você pensa, acordei com o barulho da campainha tocando. Quando fui abrir
era o Edson, queria por todo custo entrar. Veio como uma conversinha furada
que estava preocupado por eu ter faltado na facul ontem, que queria voltar
comigo. Eu neguei como sempre, disse para ele ir embora, ele desconfiou que
eu estava com alguém e perguntou se era o Marcelo.
— O que será que o Edson está aprontando? Eu deixei bem claro, que
se ele se aproximasse de você de novo eu ia esquecer a nossa amizade e
arrebentar a cara dele. Você disse se era o Marcelo?
— Não sei o que passa na cabeça dele. Não disse que era Marcelo que
estava comigo, mas antes de ir embora Edson disse que iria procurar Marcelo
e contar a ele sobre a aposta. Fiquei assustada e com medo, Edson estava
diferente, nem parece aquele mesmo que fiquei no início da facul.
— Já disse para ter cuidado morena, coração de homem é terra que
nunca ninguém anda. Isso pode transformar o cara tanto para o bem quando
para o mal. Marcelo ouviu alguma coisa?

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— Não, ele ficou no quarto. Acho que não ouviu nada. Não deixei
Edson entrar.
— Morena, você diz que se permitiu viver o momento com Marcelo,
se ele não ouviu nada por que discutiram?
— Quando voltei para o quarto Marcelo insistiu em tomarmos banho
juntos ai...
— Não quero saber os detalhes, só o motivo da briga — Montanha
fala com um leve sorriso.
— Nossa não me deixa nem falar, não ia contar os detalhes.
— Conta. Estou te ouvindo.
— Como eu ia falando, Marcelo insistiu para tomarmos banho juntos
e eu me permiti viver aquele momento.
— Moreninha, você não acha que está se permitindo muito com
Marcelo?
— Vai me deixa falar?
— Continue.
— Então depois do banho, enquanto observava Marcelo se trocar,
comecei a analisar tudo que tinha acontecido com nós dois. Montanha, foi
quando percebi que ele é diferente. Quando estava levando ele até a porta,
senti medo.
— Medo? Medo do quê?
— Não sei, quando eu disse a ele que isso não iria voltar a acontecer,
que eu não queria mais, percebi que ele não tinha acreditado muito. Então eu
disse que tudo foi um jogo, e que eu tinha vencido. Marcelo ficou puto, disse
que ele não passou de um brinquedo em minhas mãos, por isso ele falou
aquilo para mim hoje na facul.
— Por que você fez isso?
— Não sei Montanha, tenho medo... Não sei explicar... E se eu me

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apaixonasse por ele?


— Você já está apaixonada, morena.
— Não... Você está doido... Não me apaixono por ninguém.
— Lembra que eu disse para você tomar cuidado, que nesse jogo você
poderia sair machucada.
— Não estou machucada, só sentida... Acho que sai a tempo... Agora
acabou Montanha.
—Tem certeza que é isso que você quer?
— É o melhor.
Fico em silêncio, acho que Montanha percebeu que eu não queria
mais falar no assunto Marcelo, e como sempre respeitou o meu espaço.
Quando as meninas voltam do banheiro, Carol está mais calma e Eva como
sempre tranquila.
— Então do que vocês estavam falando? — Carol pergunta como se
nada tivesse acontecido.
— Estava falando para a Clarinha da festa de sexta — Montanha fala.
— Fiquei sabendo — Eva fala. — Vai ser ótima. Já estão vendendo o
segundo lote.
— Precisamos ir — Carol fala. — Preciso arrumar um pau...
— Carol — a corto.
— O que foi? – Carol faz cara de santa.
— Vamos ou não nessa festa? – Eva pergunta.
— Eu vou — Montanha fala.
— Se Montanha vai é claro que nós vamos, ou é perigoso ele perder o
cabelinho ou ser confundido — Carol fala de forma sarcástica.
— Bom, eu também vou, mas não é para cuidar do Montanha viu
dona Carolina, ele é bem grandinho e você sabe muito bem disso. — Aponto
o dedo para Carol. — E a senhora para de implicar com ele, ou vou achar que

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você quer dar uns perdidos com ele — falo e Montanha e Eva começam a rir.
Carol ameaça a falar, mas se cala.
— Então todas nós vamos e Montanha cuida da gente como sempre
— Eva fala toda animada.
— Vamos todos juntos como sempre, agora vamos que tenho que
deixar as minhas meninas em casa. Já está tarde e hoje ainda é terça-feira —
Montanha fala se levantando.
Assim ele fez, me deixou primeiro em casa, depois Eva e Carol.
Como imaginei não consegui relaxar, mas conversar com Montanha fez bem,
me sinto um pouco mais leve.
Depois de um banho, visto uma camisola leve e deito na minha cama,
meu pensamento voa e encontra apenas uma pessoa.
Mesmo trocando a roupa de cama ainda consigo sentir o seu cheiro.
Por que estou sentindo falta de algo que eu nunca tive? Ele nunca foi meu, foi
apenas um jogo que eu ganhei, mas parece que quem saiu perdendo desse
jogo foi apenas eu.
— Amanhã é outro dia, Clara. — Respiro fundo solto o ar.

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BÔNUS — CAROL

— Montanha, meu amigo meu irmão camarada. Diz para mim como
está esse seu coração? — Clarinha pergunta para Montanha.
Meu coração acelera, enfim ele vai dizer a verdade e sair da moita,
Clara sem saber está me ajudando com essa pergunta. Essa indecisão está me
matando e me fazendo brigar com ele quase todos os dias.
— Tranquilo — Montanha fala, olhando para mim.
— Já foi ocupado por alguém? — Clara insiste.
O que custa ele dizer “Sim está” só isso não vai arrancar pedaço.
— Não sei, quem sabe — Montanha responde.
— Montanha seu safado, você está nos traindo pode falar quem é a
dita cuja — Eva fala.
— Não disse que tem alguém — Montanha fala.
— Também não disse que não tem — digo nervosa.
Clara faz sua tacada e erra, assim como Eva. Então agora é minha vez,
não posso errar. Miro bem, enfim acerto a tacada. Olho para Clara, depois
olho para o Montanha, e falo: — Montanha quem é ela?
— Não vou responder — fala cruzando os braços e olhando para
mim.
— Se não vai dizer Montanha, você vai ter que cumprir um desafio —
Eva fala.
— Qual desafio? — Montanha pergunta.
— Eu te desafio a dar um beijo de língua em mim – arrisco.
— Acabou, não vamos mais brincar — Clara fala.
— Por que não Clara? Eu desafio o Montanha — insisto.
— Carol, você sabe que ele não faria isso, pare de pegar no pé dele.
Não consigo entender porque esse ciúme todo — Eva fala apontando para
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Montanha. — Nem a Clara que é mais ligada ao Montanha está dando essa
crise de ciúmes.
— Não é ciúmes é um desafio! — digo irritada e além de ciúmes, é
raiva mesmo.
— Meninas. Vamos sentar, tenho mais coisas para fala do Marcelo —
Clara tenta tirar o foco.
— Carol, não vou beijar você, mas quem sabe um dia? — Montanha
fala rindo. Como esse safado pode ser tão gostoso? Que ódio dele.
— Sorte sua que você não me atrai com essa sua juba de leão. Ou
você ia comer na minha mão seu Adriano. — Você ainda não come na minha
mão, mais vai comer ou não me chamo Carolina. — Eu que não quero beijar
você, que deve pegar qualquer rameira de beira de esquina — finalizo indo
rumo do banheiro.
Chego ao banheiro e vou direto para a pia, jogo água em meu rosto e
na nuca, preciso me acalmar. Percebo uma pessoa, olho para trás e vejo que é
a Eva. Jogo mais um pouco de água em meu rosto e na nuca.
— Carol — Eva fala e olho para ela. — O que está acontecendo?
— Nada — falo e me viro para o espelho.
— Não é apenas ciúmes de amizade, né? — pergunta, mas não
respondo.
Que coisa, eu querendo que Montanha assuma o que sente por mim,
mas estou eu aqui, perdida, sem saber o que falar para a minha amiga.
Eva se aproxima e me abraça.
— Se você não se sente pronta, não precisa dizer nada, aceite apenas
o meu abraço, pois é tudo que eu posso te dar nesse momento. Carol, lembre-
se que eu e Clarinha sempre estaremos aqui para limpar as suas lágrimas, não
importa o que aconteça.
Começo a chorar abraçada a Eva, ela está certa, tenho as melhores

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amigas do mundo e também tinha o melhor amigo. Mas esse sentimento de


desejo acabou estragando tudo ou quase tudo.
O desejo por Montanha foi mais forte que a nossa amizade, agora
estou aqui perdida no meio desses sentimentos.
Saio do abraço de Eva e a olho nos olhos.
— Obrigada Evinha.
— Não precisa agradecer.
Pego o papel toalha, enxugo meu rosto. Eva passa sua bolsa de mão e
pega o kit de primeiros socorros: pó, lápis e batom. Dou um jeito em meu
rosto.
— Pronta? — Eva pergunta.
— Sim.
Saímos do banheiro rumo à mesa que Montanha e Clara estão
sentados, ele parece tranquilo enquanto estou acaba por dentro. Ele não
poderia ter feito isso comigo.
— Então do que vocês estavam falando? — pergunto como se nada
tivesse acontecido sentando na mesa.
— Estava falando para a Clarinha da festa de sexta — Montanha fala.
— Fiquei sabendo — Eva fala. — Vai ser ótima essa festa. Já estão
vendendo o segundo lote.
— Precisamos ir — falo. — Preciso arrumar um pau...
— Carol — Clarinha me corta. Só porque iria dizer que preciso
arrumar um pau amigo diferente.
— O que foi? — faço-me de inocente.
—Vamos ou não nessa festa? — Eva pergunta.
— Eu vou — Montanha fala.
— Se o Montanha vai é claro que nós vamos, ou é perigoso ele perder
o cabelinho ou ser confundido — falo de forma sarcástica. Nessa festa quero

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vê-lo rastejando aos meus pés.


— Bom, eu também vou, mas não é para cuidar do Montanha viu
dona Carolina, ele é bem grandinho e você sabe muito bem disso — Clarinha
fala, olhando para mim. — E a senhora para de implicar com ele, ou vou
achar que você quer dar uns perdidos com ele.
Montanha e Eva começam a rir. Penso em dar uma bela resposta para
essa Lesmontanha, mas é melhor eu ficar quieta, o que é dele está guardado.
— Então todas nós vamos e Montanha cuida da gente como sempre
— Eva fala toda animada.
— Vamos todos juntos como sempre, agora vamos que tenho que
deixar as minhas meninas em casa, já está tarde e hoje ainda é terça-feira —
Montanha fala se levantando.
Ele leva as meninas em casa, e depois me leva para a minha casa.
— Está bravinha ainda?
— Vai se foder — respondo.
— Se for foder você bem gotoso eu aceito — fala tirando sarro da
minha cara.
— Pega o cabo de vassoura e soca no seu cu. Então se fode sozinho.
— Ruiva, hoje você está muito delicada.
— Otário.
— Concordo, sou um otário gostoso que você usou esses dias só para
gozar. Eu te disse que iria ter volta.
— Nossa que volta triunfal — falo de forma sarcástica.
— Bem triunfal, você que quis me beijar na frente de todos — fala
estacionando o carro em frente da minha casa.
— Queria, agora não quero mais. Vai queimar meu filme se as
pessoas descobrirem que fiquei com você.
— Vem aqui me dá um beijo. Você me provocou a noite inteira e

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ontem me deixou de pau duro.


— Não estou com vontade.
— Ruiva para de birra, foi você que começou esse joguinho de ficar
me usando e jogando fora. Me dá um beijo vai, para de ser uma menina má
— ele fala passando a mão em meu cabelo. — Você sabe que quero algo a
mais com você.
— Já disse eu não quero.
— Vem cá — fala me puxando para um beijo. Eu resisto e mordo a
sua boca.
— Ai, você está doida.
— Então, cansei desse joguinho sem graça, agora jogo você fora de
vez — falo descendo do carro e batendo a porta o mais forte possível.
Ele me paga, me aguarde nessa festa...

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CAPÍTULO 17 — CLARA

A semana passou tranquila, por mais que eu tente a imagem de


Marcelo sempre vem em minha mente. Não o vi desde terça-feira, troquei o
horário da academia e na faculdade estudamos em prédios diferentes.
Tudo bem. Eu confesso, estou mentindo. Vi Marcelo sim, mas foi
pura coincidência.
Deixa eu explicar, vocês vão compreender. Eu e Carol resolvemos dar
umas voltinhas no bloco de direito, só para ver o movimento e apreciar a
vista. Adivinha quem a gente viu no corredor? Sim ele mesmo: Marcelo,
estava super, mega comestível, com uma camisa branca e calça jeans preta,
lindo sexy e perfeito. Confesso que senti saudades, deu até vontade de chegar
perto e falar com ele. Até fui na sua direção, mas para estragar minha visão a
princesa vaca no cio Dayana estava junto. Então, me restou dar meia volta e
voltar para o bloco de humanas e apreciar a vista do Montanha, visto que não
tem outro mais lindo, sexy e gostoso como ele no bloco.
Não sei explicar meu ódio por Dayana. Ainda não consigo entender
como pode um cara tão legal igual Marcelo namorar uma guria como ela.
Não é implicância, mas ela o traiu, namorava Montanha e Marcelo ao mesmo
tempo. Como ele não consegue enxergar que Dayana não é flor que se
cheire? Que não serve para ele.
Sei que também não sirvo para Marcelo, não sou namorável, mas ele
merece uma pessoa legal e essa pessoa não é a Dayana. Mas isso não é
problema meu, nem posso alerta-lo sobre a cobra, pois vai achar que sou
recalcada. Desejo sorte a Marcelo.
Hoje é sexta-feira dia da festa que o povo tanto falou essa semana.
Hoje é dia de bebemorar, afogar as magoas, arrumar um peguete e esquecer
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de uma vez o Marcelo. Será que consigo?


Fui para a facul, assisti às aulas do primeiro tempo e vim embora me
arrumar. A roupa escolhida foi um vestido salmão de lese com a cintura e
seios bem marcados e um leve caimento nos quadris, o comprimento entorno
de cinco dedos acima do joelho. Max brinco e colar, maquiagem bem
marcada e meu poderoso batom vinho, que deixa minha boca bem desenhada.
E para completar sandálias de salto pretas.
Eu sei, estou um arraso. Hoje quero me acabar de dançar e apagar
todos os vestígios de Marcelo da minha mente.
Meu celular apita, olho e é mensagem do Montanha avisando que ele
já está me esperando. Dou uma última conferida no visual, pego minha bolsa
de mão tranco a porta e vou de encontro com os melhores amigos do mundo.
— Olá, cheguei — falo entrando no carro.
Fecho a porta e Montanha coloca o carro em movimento, pegando o
rumo da festa, ou seja, da minha perdição.
— Agora sim o quarteto está completo — Carol fala.
— Gente, não vejo a hora de chegar nessa festa, esperei a semana
inteira — Eva fala.
— Eva, desencantou do Ale mesmo? — pergunto.
— Clarinha, para! Deixa Eva ser feliz, ela não pode ficar esperando
ele acordar para a vida — diz Carol.
— Isso mesmo Eva, se divirta. Não fique esperando ele não —
Montanha fala, olha para nós três e completa. — Eu sou sortudo mesmo.
— Sortudo por que, Montanha? — questiono.
— Porque estou indo acompanhado pelas três mulheres mais lindas e
gostosas daquela festa.
— Acho que hoje você vai ter trabalho, Montanha — falo.
— Já percebi morena, porque hoje você está vestida para matar. Não

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só você mas as três — Montanha fala.


Eu e as meninas damos risada, e seguimos para a festa, animadas. É
isso que eu quero hoje, quero esquecer Marcelo e seus beijos maravilhosos.
Chegando bem próximo à festa, cujo nome é "Festa do Bacana", já
percebemos que está bombando, visto que não encontramos lugar para
estacionar. Depois de muita procura Montanha encontra uma vaga e
estaciona. A fila para entrar está enorme.
— Tudo bem, que eu sabia que iria estar lotada, mas gente, ficar nessa
fila ninguém merece. Vamos demorar mais de meia hora para entrar — Eva
fala indignada.
— Calma Eva, só nos resta esperar — Carol fala.
— Montanha, não tem nenhum amigo trabalhando de segurança hoje
ai não? — pergunto.
— Espere aqui meninas, vou dar uma olhada. — Montanha sai em
direção à portaria.
— Clarinha, e ai? — Carol pergunta.
— E ai o que Carol? — pergunto.
— Se você encontrar o Marcelo aqui o que vai fazer? — Eva
pergunta.
— Era isso Clarinha, mais você está lerda hoje? — Carol fala.
— O Marcelo não vai estar aqui, ele me disse que não gosta desses
lugares, prefere barzinhos — falo.
— Está sabendo bem, Clarinha — Carol fala com ironia.
— Então Clarinha, sinto muito em te informar que Marcelo vai sim
estar aqui nessa festa, junto com Dayana, Camila e Alessandro — conta Eva
com um sorriso enorme.
— Está brincando né? — indago.
— Clarinha, olhe para a cara de bobo alegre da Eva, por que você

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acha que ela queria tanto vir a essa festa? — explica Carol.
— Eva? — pergunto.
— É verdade, essa semana andei pensando e está na hora do Ale ver
que eu existo. Vou reivindicar o meu lugar que a cadela da Camila pegou —
Eva fala determinada.
— Evinha, é você mesmo? — falo.
— Eu sei que fui tonta e deixei aquela cadela pegar o Ale de mim sem
lutar, mas agora as coisas mudaram — Eva fala.
— Eva, você já tem o mais importante do Ale — diz Carol.
— O quê? — Eva pergunta.
— A amizade — completo.
— E admiração — Carol acrescenta.
— Eva, você e Ale sempre formaram um casal lindo, até hoje não
consegui entender o motivo de vocês dois não namorarem naquela época que
só ficavam sem compromisso — falo.
— Eva, vocês viviam se pegando e nada — Carol fala.
— Já entendi, podem parar as duas, Montanha vem vindo —
responde.
Olhamos rumo à portaria, e lá vem o Deus grego do Montanha,
fazendo a mulherada virar o rosto para avaliar o conteúdo por onde passa.
— Meninas, olhem o Montanha, vocês estão vendo o que eu estou
vendo? — Carol pergunta.
Eu e Eva olhamos para ele, e depois para Carol sem entender o
motivo da raiva repentina dela.
— O que é que tem Carol? para mim ele está normal — falo.
— Para mim também — Eva concorda.
— Claro que não está normal. Ele está com o pau duro não estão
vendo? — Carol fala com raiva apontando o dedo para Montanha. Ai meu

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Deus boiei legal.


— Carol! — Eu e Eva falamos juntas.
— Está na cara que aquele safado estava se agarrando com alguém,
por isso está com o pau duro — Carol fala nervosa.
— Carol chega! Montanha está chegando e não quero você caçando
confusão com ele. Montanha é solteiro, para com esse ciúme besta —
repreendo Carol.
— Eu não tenho ciúme dele — mente.
— Não tem né Carol, sou eu e Clarinha que temos — Eva fala com
ironia.
Montanha chega até nós com um sorriso enorme no rosto.
— Meninas, vamos? Encontrei um amigo, ele vai liberar a nossa
entrada, e o melhor vamos para o camarote — fala todo animado.
— Pelo menos prestou para alguma coisa — Carol fala passando por
Montanha e puxando a frente.
— O que deu na ruiva? — Montanha pergunta olhando para mim e
Eva.
— É melhor você nem saber. Vamos indo — digo.
—Vamos — Montanha fala passando o braço na minha cintura e na
de Eva.
— Montanha e suas duas mulheres — Eva fala da cena cômica, pois
várias pessoas nos olham passar. Duas mulheres abraçando um homem.
— Na verdade são três. Falta à ruiva — Montanha fala apontando
com a cabeça para a Carol, nos fazendo rir.
Chegamos à portaria e o amigo de Montanha que na verdade era uma
amiga nos deixou entrar. Pensei que Carol iria matar a moça, mas no fim ela
deu em cima do segurança que estava do lado da "amiga" de Montanha.
Deixando Montanha nervoso.

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Ai tem! Esses dois não me enganam.


Caminhamos rumo às escadas que dão acesso ao camarote e tenho
que agradecer a amiga de Montanha porque a festa está lotada. Sempre
ficamos na pista porque eu gosto mesmo do movimento e agitação. Mas
variar de pista e camarote também é bom.
A banda está tocando um sertanejo universitário, o povo na pista
dançando. Está tudo perfeito, algumas ices na cabeça e já começo a dançar
também.
— Então vocês querem uma mesa para beber e depois pista de dança?
— Montanha pergunta.
— Pode ser — falo olhando para ver se acho alguma mesa.
Eva e Carol começam a rir feito duas hienas e não sei o motivo. Olho
para o Montanha e pelo visto ele também não sabe o motivo.
— Vão contar por que estão rindo? — pergunto.
Carol chega perto, coloca a mão no meu ombro e pelo olhar já sei que
eu não vou gostar do que vai vir dela.
— Então Clarinha, sei que você não quer nada com o Marcelo, mas
nós já achamos uma mesa — Carol fala e Eva já sumiu da minha visão.
— Não vai dizer que vamos sentar com eles de novo? — pergunto
séria. — Isso não tem mais graça.
— Claro que não — Montanha fala.
Pelo visto eu estou lerda hoje, até Montanha já entendeu e eu nada.
— Evinha, nossa flor já foi lá assegurar para que ninguém pegue o
nosso lugar. — Carol com os braços no meu ombro vai me conduzindo até a
nossa mesa.
Enfim vejo Eva sentada em uma mesa sozinha dando tchauzinho para
nós, toda sorridente. O que será que essa vaquinha está aprontando?
Chegamos à mesa, Eva aponta o banquinho para eu sentar. Sento-me,

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olho para frente e adivinha quem está todo comestível de camisa preta
remangada, sentado bem na minha frente.
— Ah! Suas safadas, era isso — falo olhando para as duas.
— Relaxa Clarinha, só sentamos aqui porque eu quero dar um show
para o Ale ver — Eva fala rindo.
— Como boa amiga que sou irei ajudar — Carol fala.
— Montanha pede duas Ice, uma dose de Red Label e um energético
— peço.
— Vou pedir para o garçom as bebidas de vocês — Montanha fala
fazendo gesto chamando o garçom.
— Não Montanha! Essa bebida é para mim se as meninas quiserem
peçam as bebidas delas — falo.
— Vai encher a cara mesmo? — Montanha pergunta.
— Não, só vou ajudar Eva a dar um show — digo.
— Nós três iremos dar um show hoje Montanha, então se prepare para
dar banho em mim — Carol fala.
— Deixa ir buscar a bebida no bar porque esse garçom está
demorando. – Montanha se levanta e vai rumo do bar.
Olho novamente para frente e Marcelo está com a cara fechada,
quando me vê dou um leve sorriso como cumprimento, ele levanta o copo em
minha direção. Camila e Ale estão com ele, e a princesa vaca no cio Dayana
também.
Montanha volta com as bebidas e já misturo o Red Label com
energético, viro de uma vez e já começo a beber a ice.
— Eva, vira logo porque o show vai começar — aviso.
— Como assim, mais já? — Eva pergunta.
— Eva, olha o toque da música. Se você quer fazer o show para
alguém tem que escolher a música certa para provoca-lo — falo levantando e

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indo para a pista de dança do camarote.


Uma das principais vantagens do camarote é que sempre tem a sua
própria pista de dança. Eva e Carol viram a bebida e também levantam da
mesa.
— Minhas três meninas estão cruéis hoje — Montanha fala. — Vão
lá, quero ver a crueldade das três nessa pista.
— Você não vem? — questiono.
— Não, vou apreciar a vista hoje — Montanha fala.
Seguimos para pista e poucos metros da nossa mesa é a de Marcelo.
Então começa a tocar "Ela é Cruel" do Fernando e Sorocaba.

Quando ela chega a festa inteira para Aumenta o som pra ver ela
passar Apavorando, mas ela é cruel ...
E eu que achava que ela tava de olho em mim Que tava fácil, que
ela tava afim Não tava não, é que ela é cruel
Conforme a música toca, Eva e Carol e eu fazemos o nosso próprio
show, dançando de forma sensual. Algumas vezes olho para Marcelo e
percebo ele me olhando, então rebolo; mexo o meu corpo e lhe dou um
sorrisinho safado.
Sinto uma mão na minha cintura, olho para trás e percebo que é o
Fabio, o carinha da biblioteca.
— Posso dançar com você? — Fabio pergunta.
— Claro, mas olhe a mão — aceito e já aviso.
Continuo dançando, mas agora com Fabio, que me vira e volto a ficar
de frente com Marcelo. O olho e ele balança a cabeça de forma negativa. Dou
um sorriso e balanço a cabeça de forma positiva.
Vejo Dayana tentar dar um beijo em Marcelo, ele desvia do seu beijo
e tira a sua mão dele. Será que Marcelo ficou com ciúmes de mim?
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A música acaba, e me afasto de Fabio. O apresento para as meninas


que me olham com aquele olhar de duas safadas aprovando a mercadoria.
Despeço-me dele e elas e eu voltamos para a mesa.
— Arrasaram no show — Montanha nos parabeniza.
Eu e as meninas rimos, e tomo mais um pouco da minha bebida. Olho
para frente e vejo Marcelo me encarando com a cara séria. Pego minha bolsa
e olho meu celular que tem três mensagens.

"O que acha que está fazendo?"

"Que jogo é esse?"

"Se prepare Clara, dois podem jogar esse jogo e vamos ver quem
ganha agora. Só te aviso que não entro em um jogo para perder"

Adivinhem de quem são as mensagens? Sim do Marcelo, respiro


fundo, leio mais umas três vezes para confirmar que é ele mesmo e repondo.

"Estou me divertindo, não tem jogo nenhum. Acabou"

Mando a mensagem, olho para mesa de Marcelo e ele e Dayana,


Alessandro e Camila não estão na mesa. Recebo outra mensagem de Marcelo.

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"Não, o jogo acabou de começar, e ele só termina com você em


alguma parede comigo hoje"

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CAPÍTULO 18 — MARCELO

Depois que Clara me deixou sozinho com cara de idiota sentei no


corredor, e fiquei tentando traduzir tudo o que tinha acontecido com a gente.
— Mor? — Dayana fala do meu lado.
— Oi Day. Desculpa estava longe.
— Mor, vim te chamar para dormir comigo hoje.
— Hoje não dá Day, estou com uns problemas.
— Que problemas? Eu posso ajudar você?
— Só preciso ficar sozinho, e se você entender isso já está me
ajudando.
Dayana não gostou muito, mas no final acabou cedendo e me
deixando só. Preciso tomar um rumo na minha vida, não posso ficar nessa
dúvida. A única coisa que sei é que a diaba da Clara acabou com o resto do
juízo que eu ainda tinha.
O restante da semana, evitei Dayana o máximo possível, ainda não sei
o rumo que vou tomar em minha vida. Mas foi possível perceber que penso
mais em Clara do que em Dayana. Só vi Clara uma vez e ainda de longe e já
foi o suficiente para não me deixar dormir à noite inteira.
Hoje no almoço Dayana lembrou-me da maldita festa que prometi ir
com ela. Como odeio ir nesses lugares, comprei a nossa entrada para o
camarote, pelo menos o tumulto é menor.
As 22h30, busquei Dayana que ficou brava por causa do horário. Mas,
quanto mais cedo eu chegar mais cedo posso ir embora. Estaciono o carro e
espero na portaria por Camila e Alessandro, Day marcou com eles. Quando
eles chegam nós entramos e já conduzo Dayana direto para a mesa.
Depois de algum tempo sentado, ouvindo as ladainhas de Dayana e
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Camila, não estava aguentando mais, já estava louco para ir embora. Quando
vi uma das amigas de Clara sentada sozinha na minha frente. Não demorou
nada Clara, Adriano e Carol chegaram e sentaram-se à mesa.
— Ai meu pai — resmungo.
— O que disse, mor? — Dayana pergunta.
— Nada, só quero ir embora.
— Já? Acabamos de chegar — Camila fala.
— Verdade, mor, chegamos agora — Day fala.
— Camila, se você e Alessandro quiserem ficar tudo bem. Mas daqui
a pouco vou embora.
Dayana percebe que estou nervoso e muda de assunto, volta a falar de
futilidades com Camila. Antes achava a conversa de Dayana interessante,
agora não consigo prestar atenção em uma palavra que ela fala. A única coisa
que consigo prestar atenção é em Clara sentada na minha frente linda feito
uma diaba dos infernos.
Vejo Clara me olhando e quando encontra meus olhos dá um
sorrisinho, levanto minha bebida para ela em cumprimento. A safada sabe
mexer comigo mesmo distante.
Percebo Clara levantando acompanhada das amigas para a pista de
dança, a música começa a tocar...

Quando ela chega a festa inteira para Aumenta o som pra ver ela
passar Apavorando, mas ela é cruel
— Essa é Cruel — falo tomando um gole de minha bebida.
— Quem? — Alessandro pergunta.
— Clara — minha voz não sai, mas Alessandro consegue entender de
quem falo.
— Clarinha não é cruel Marcelo, você precisa conhecê-la direito.
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Clarinha só tem essa pose, mas ela é uma menina maravilhosa — Alessandro
fala olhando para a pista de dança. — Falando a verdade as três são
maravilhosas.
— Ela é uma oferecida, ela e essas amigas dela — Camila fala.
— Eu já disse para não falar mal da Clara perto de mim Camila, você
não a conhece para falar isso. Aliás, você não conhece nenhuma delas para
falar isso — Alessandro repreende Camila que se cala.
O que será que Clara está querendo com esse showzinho? Ela está
linda mexendo o corpo conforme a música, ela olha para mim e sorri. Pego
meu celular e mando uma mensagem para ela.

"O que acha que está fazendo?"

— Mor, já que você está olhando tanto para a pista de dança, você
poderia me convidar para dançar — sugere Dayana.
— Você sabe que eu odeio dançar, Dayana — falo.
— Day. Vamos nós duas então — Camila fala.
— Você não Camila. Mulher minha não vai dançar sozinha —
Alessandro fala.
— Por mim pode ir Dayana — falo.
Eles continuam a conversa, mas não consigo processar porque Fabio,
aquela desgraça dos infernos, está dançando com Clara, vou matar esse
infeliz. A cada movimento, a cada toque faz com que meu sangue ferva e o
meu ódio aumente.
Essa diaba continua jogando comigo, não tem explicação, mando
outra mensagem.

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"Que jogo é esse?"

A diaba continua dançando e agora está olhando para mim e rindo


com o sorriso aberto. Sorriso esse que sempre tinha no rosto quando estava
comigo. Sorriso e risadas que faziam parte do meu dia. Meus dias sempre
eram mais alegres quando ela estava perto de mim.
Balanço a cabeça em sinal negativo para que Clara entenda que não
estou gostando disso.
Clarinha, minha diaba, se você quer jogar vamos jogar. Não será esse
merdinha do Fabio que vai tirá-la de mim. Mando outra mensagem de texto
para ela.

"Se prepare Clara, dois podem jogar esse jogo e vamos ver quem
ganha agora. Só te aviso que não entro em um jogo para perder."

— Marcelo você está ouvindo o que eu estou falando? — Dayana


pergunta.
— Vamos embora! — digo.
— Como assim embora? Marcelo não é nem 01h00 da manhã ainda
— reclama Dayana.
— Já deu o que tinha que dar. Alessandro pode ficar com Camila, mas
eu e Dayana estamos indo embora.
— Cara, nós viemos juntos e vamos embora juntos — Alessandro fala
se levantando.
Pego a mão de Dayana sobre protesto e caminho até a saída. Ela está
nervosa por estarmos indo embora a essa hora.

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— Chega Dayana! Eu nem queria ter vindo nessa porra de festa —


praticamente grito.
— Namorado gosta de sair para festa com a namorada Marcelo —
Dayana fala.
— Então arrume um que goste — falo já fora da festa. Sinto meu
celular vibrar, o pego e vejo uma mensagem de Clara.

"Estou me divertindo, não tem jogo nenhum. Acabou"

Respondo assim que leio.

"Não, o jogo acabou de começar, e ele só termina com você em


alguma parede comigo hoje"

— Para quem você está mandando mensagem, Marcelo? — Dayana


questiona.
— Um amigo me pediu ajuda. O carro dele quebrou — minto.
— Amigo? A essa hora Marcelo? Você acha que eu sou besta? —
Dayana fala, mas não dou ouvidos.
— Alessandro, pode deixar Dayana em casa fazendo um favor? —
peço.
— Deixo — Alessandro responde.
— Eu não vou com ele. Você vai me levar em casa Marcelo —
Dayana fala quase gritando.
— Não irei te levar ou vai com o Alessandro ou pega um taxi —

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decreto.
— Esse amigo é mais importante que eu? — Dayana fala.
— Quer mesmo que eu te responda? — desafio.
— Eu quero! — insiste.
— Dayana, se resta ainda um pouco de juízo na sua cabeça vai com o
Alessandro, preciso quebrar essa com meu amigo — digo.
— Amigo de saia só se for. Eu não vou ser chifruda, você está me
entendendo Marcelo — Dayana grita.
— Para com esse showzinho ridículo, Dayana.
— Não vou te esperar a vida toda Marcelo, a fila anda, se você pensa
que vou ficar correndo atrás de você está muito enganado.
— Sorte minha então. Vai com o Alessandro.
— Se você não me quer tem um monte de homem que queira, está
ouvindo Marcelo. Eu não vou ficar esperando por você, amanhã pode ser
tarde — grita.
— Então você está terminando comigo, Dayana? Por mim tudo bem.
Lembre-se, espero que não fique correndo atrás de mim, porque não vai ter
volta.
Dayana arregala os olhos e processa as palavras.
— Não... Claro que não... Eu amo você... Não quero terminar...
Marcelo isso que você está fazendo não é certo — Dayana fala.
— O que é certo Dayana? O seu pit no meio da rua? — pergunto, mas
ela não responde. — Dayana, vai com o Alessandro amanhã, vou na sua casa
e a gente conversa com calma.
Camila se aproxima pega no braço da amiga e fala: — Vamos Day,
não vai discutir com a cabeça quente. Amanhã vocês conversam com calma.
— Eu vou Marcelo, mas não pense que engoli essa historinha.
Amanhã a gente conversa — avisa.

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— Vai Dayana, amanhã a gente conversa. Alessandro, valeu cara, por


quebrar essa.
Vou com eles até o carro de Alessandro, Dayana entra no carro sem
olhar na minha cara, mas acho até bom.
Hoje não quero medir as consequências dos meus atos, pois se eu for
parar para pensar não terei coragem de fazer o que pretendo. Hoje vou ser
irracional.
Caminho de volta a portaria e mostro a pulseira para o segurança que
libera a minha entrada. Subo até o camarote. Vejo o que eu vim atrás e o cara
que pretendo quebrar os dentes hoje.
Caminho até a mesa de Clara.
— Oi — digo em seu ouvido puxando uma cadeira e sentando do seu
lado colocando minha mão em sua perna. Tenho que marcar o meu território.
Clara me olha assustada.
— Marcelo? — diz espantada.
— É, esse é o meu nome. Oi Adriano, oi meninas, espero não estar
incomodando sentando à mesa com vocês — falo.
— Fica à vontade Marcelo, você é sempre bem-vindo — Adriano
fala.
As amigas de Clara a olham e começam a rir.
— Não vai me cumprimentar, Marcelo? — O desgraçado fala.
— Você está ai Fabio nem te vi. E aê beleza, cara.
— Estou bem, estou aqui batendo um papo com a Clara. Estou a fim
de conhece-la melhor. Fiquei com ela na cabeça desde o dia que a vi na
biblioteca — o safado fala.
— Então cara, se eu fosse você daria meia volta e iria embora, ou a
única coisa que você vai ficar na cabeça é um traumatismo craniano —
ameaço.

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Todos da mesa começam a rir, menos Clara e eu, que estou olhando
para a cara do desgraçado.
— Você está brincando? — o desgraçado pergunta.
— Não — respondo
— Quem seria o cara a fazer isso comigo? — Fabio questiona.
— Ele está bem na sua frente. Garanto a você que hoje ele não está
para brincadeira.
— Marcelo, você tem namorada, Clara é solteira e nada a impede de
ficar comigo — Fabio fala.
— Mas eu não vou ficar com você Fabio, já te avisei — Clara fala.
— Então de que lado você quer os 20 pontos? Pode escolher eu deixo.
— Fabio, acho melhor você ir para outra mesa — Adriano fala.
— Eu não vou sair daqui por causa desse pau mandado do Marcelo —
Fabio fala.
— Não, você não precisa sair eu tiro você — digo.
— Marcelo, não precisa fazer esforço. Fabio, é o seguinte ou você sai
daqui com suas próprias pernas ou vou pedir para os meus amigos seguranças
te tirarem daqui — Adriano fala.
— Ok, não precisa. Posso arrumar qualquer outra mulher por ai numa
boa — fala se levantando.
— Fabio — chamo-o
— O que foi Marcelo?
— Cuidado com o que você fala. Porque hoje só não quebrei sua cara
porque estou de bom humor. Mas da próxima não garanto nada — o aviso.
Fabio se vai, e percebo que todos da mesa estão me olhando sem
entender nada.
— Nossa! Marcelo você e bem delicado — Carol fala.
— Só quis ser gentil — falo rindo e olhando para Clara.

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— Marcelo. Posso saber o que você está fazendo aqui? — Clara


pergunta.
— Jogando — falo e todos da mesa começam a rir.
— É sério Marcelo — Clara fala.
— Mas é sério Clarinha. — Passo a mão pelo seu cabelo. — Eu te
avisei que o jogo tinha acabado de começar — digo e aproveito para dar um
beijo em seu pescoço.
— Morena, agora os dois estão jogando, você não percebeu? —
Adriano zomba rindo.
— E sua namorada Marcelo como fica nesse jogo? — A amiga sem
ser a ruiva pergunta.
— Desculpa, mas como é seu nome mesmo? — indago.
— Ah! Eu sou Eva, e essa é a Carol — Eva fala apontando para a
ruiva.
— Namorada? Não sei se tenho ainda. Por acaso estão vendo ela por
aqui. — Rio.
— Marcelo, para com isso, já disse que o jogo acabou — Clara fala.
Levanto, seguro na mão de Clara, a puxo para mim e falo no seu
ouvido: — Já te disse que o jogo começou agora, e você vai dançar comigo.
Quero sentir você esfregando em mim essa sua bunda gostosa. — Olho para
os outros da mesa e falo para eles. — Vocês nos dão licença que eu e
Clarinha vamos dançar essa música.
Puxo Clara e a conduzo até a pista de dança. Ela me olha assustada,
junto o meu corpo com o dela seguro firme em sua cintura e começo a me
mexer colado ao seu corpo. A música que toca é de Bruno e Barreto Amigo e
Bandido. Agora só existe eu e Clara e mais ninguém.
— Marcelo, o que você acha que tá fazendo?
— Dançando.

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— Marcelo, é sério.
— Estou falando sério, não está percebendo? Seja uma boa menina e
dança comigo.
Olho nos olhos de Clara, e vejo um mar de conflitos, se eu não sei o
que estou fazendo aqui dançando com ela, Clara também não faz a mínima
ideia. A puxo mais, colando ainda mais os nossos corpos, e continuamos a
dançar. Não é uma dança sexy, sensual ou carnal, é apenas sentindo um ao
outro. Começo a cantar o refrão da música no seu ouvido.
— E nesse desejo louco eu quero me prender Sem pressa sem juízo eu
quero amar você eee Eu quero ser amante amigo e bandido Quero te seduzir
falar em seu ouvido Não quero muito tempo eu só quero tentar Basta só uma
noite pra te conquistar
Sinto o corpo de Clara estremecer a cada palavra sussurrada em seu
ouvido. Quando a música acaba, ela olha para mim e fala: — Vou ao
banheiro.
Não espera minha resposta e sai, passa na mesa pega sua bolsa e vai a
caminho do banheiro. Eu conheço esse olhar e hoje você não vai fugir de
mim Clara. Vou até a mesa e falo: — Adriano. Estou levando Clara embora
hoje.
— Ela não disse que iria embora agora — Adriano fala.
— Ela ainda não sabe que está indo embora — falo.
— Marcelo, eu vou deixar porque confio em você. Mas se você
machucar ou brincar com a Clara quem vai sair com traumatismo craniano é
você. Também irei quebrar as suas duas pernas para nunca mais ir atrás dela
— Adriano fala.
— Não vai ser preciso, pode confiar. Então até mais, tchau meninas
— me despeço e vou à procura de Clara no banheiro.
Sempre soube do carinho de Adriano por Clara, mas pelo visto é bem

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maior do que eu imaginava.


Chego ao banheiro feminino e espero na parede próxima, não sou
louco igual Clara para atacar ela ali dentro. Pelo tempo que fiquei longe de
Clara a quero em um lugar que vou poder desfrutar de cada centímetro do seu
corpo por um bom tempo sem ninguém para nos incomodar.
Não demora ela sai com a cabeça baixa, pego sua mão a puxando de
encontro ao meu corpo. Viro meu corpo, a prenso na parede, e sem dar tempo
dela protestar a beijo.
A beijo com necessidade, com desejo reprimido durante todos esses
dias longe. Sugo sua língua, ela morde meus lábios, suas mãos dançam em
meu peitoral, Clara solta um pequeno gemido.
— Vamos, vou te levar embora — falo em meio aos beijos.
— Não vou com você, Montanha vai ficar preocupado.
— Já avisei a ele. — Dou mais um beijo e ela quebra.
— Você o quê? Você está louco?
— Estou louco por você minha diabinha gostosa.
— Marcelo, não.
A abraço, colando os nossos corpos, passo a mão em seu cabelo e dou
um beijo, depois a puxo tentando conduzi-la até a saída.
— Vem Clara, já te disse hoje você é minha.

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CAPÍTULO 19 — CLARA

Marcelo bateu a cabeça, é a única explicação. O que ele acha que está
fazendo? Chegou, sentou na minha mesa, depositou sua mão em minha
perna, achando que sou sua propriedade.
Ele ameaçou o Fábio, dá para acreditar nisso? Parecia mais um
namorado ciumento. Por pouco achei que ele iria sair no braço com o ele.
Marcelo nesse modo possessivo é sexy demais, como pode ser lindo
desse jeito? É até um pecado de tão gostoso.
Graças a Deus que Fabio foi embora. Marcelo interage com todos da
mesa, Montanha, Carol e Eva estão adorando, pois não param de rir. E eu?
Não sei. Estou perdida e sem reação.
Do nada Marcelo se levanta e me puxa para a pista de dança. Tem
alguma coisa errada com esse homem, não é possível. Ele já disse uma vez
que odeia dançar e agora quer dançar? Não estou o reconhecendo.
— O que você acha que tá fazendo?
— Dançando.
— Marcelo, é sério.
— Estou falando sério, não está percebendo? Seja uma boa menina e
dance comigo.
Olho em seus olhos e não consigo processar tudo que está
acontecendo. Até pouco tempo ele estava me odiando, agora está aqui
comigo dançando. Ele me puxa mais, colando ainda mais os nossos corpos, e
continuamos a dançar. Para acabar com o resto do meu juízo ele começa a
cantar em meu ouvido:

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— E nesse desejo louco eu quero me prender Sem pressa sem juízo eu


quero amar você eee Eu quero ser amante amigo e bandido Quero te seduzir
falar em seu ouvido Não quero muito tempo eu só quero tentar Basta só uma
noite pra te conquistar
Além de lindo, gostoso, bom cara, carinhoso, ter um pau grande e
grosso ele ainda canta. Senhor esse homem é real mesmo?
A cada palavra cantada em um sussurro em meu ouvido, faz com que
meu corpo estremeça. Quando percebo que a música acaba olho em seus
olhos.
— Vou ao banheiro — aviso saindo dos seus braços.
Passo na mesa e pego a minha bolsa.
— Eita Clarinha, que dança foi essa?! — Carol fala e todos riem.
Não respondo, dou apenas um sorriso e saio rumo ao banheiro. Não
que eu esteja com vontade de ir ao banheiro, mas preciso ficar alguns
minutos longe de Marcelo.
Jogo água nos pulsos e na nuca. Respiro fundo. Preciso me afastar
dele. Esse jogo não vai acabar bem e tenho certeza que sou eu que vou sofrer
no final, preciso afasta-lo de mim. Vou sair desse banheiro e dar um basta
nele. Marcelo vai entender que eu não sirvo para ele e o melhor é cada um
seguir seu rumo.
— Vamos Clara, você é forte, é só dizer que não o quer e pronto —
falo para mim mesma.
Respiro fundo mais uma vez. Crio coragem e saio do banheiro.
Marcelo me surpreende e sem dizer uma palavra me puxa, e prensa-me na
parede. Olha em meus olhos e me beija.
Beija-me com necessidade, suga a minha língua e eu mordo seus
lábios, minhas mãos parecem ter vida própria e começam a percorrer todo o
seu peitoral. Não aguento e gemo.

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Resumindo: estou perdida, toda força e coragem que tinha adquirido


no banheiro para afasta-lo de mim foi por água abaixo, agora o que eu quero
é ele dentro de mim o mais rápido possível.
Marcelo quebra o beijo e eu acabo descobrindo que o safado já
conversou com Montanha e vai me levar embora. A única certeza que eu
tenho nesse momento é que hoje o terei. Se hoje um pouco mais cedo quando
Marcelo chegou e sentou ao meu lado pensei que ele tinha batido com a
cabeça, agora eu tenho certeza disso. Na verdade não estou acreditando em
nada do que está acontecendo.
Nesse momento estamos caminhando de mãos dadas em um lugar
lotado com várias pessoas conhecidas. Para completar ele ainda as
cumprimenta como se fosse algo normal ele andando de mãos dadas comigo,
como se fossemos namorados. Em alguns momentos ele me beija na frente de
todos sem se preocupar com nada.
Marcelo está agindo como se ele não tivesse Dayana, isso me assusta.
Será que ele terminou com ela? Seria bom porque aquela vaca não o merece.
Chegamos até o seu carro, ele abre a porta quando vou entrar ele me
dá outro beijo, deixando as minhas pernas moles como gelatina. Jogo as
minhas mãos em volta do seu pescoço e intensifico o beijo.
— Entra Clarinha, quero você, mas não aqui — ele fala quebrando o
nosso beijo.
Entro no carro, antes de bater à porta ele me dá mais um beijo. Bom,
já que ele começou a jogar acho que vou atacar ele aqui dentro desse carro.
Eu estava na minha de boa, ele que veio atrás de mim, não posso fazer jogo
duro agora, ter ele dentro de mim é tudo o que eu mais quero nesse momento.
— Um beijo pelos seus pensamentos — Marcelo fala já dentro do
carro.
— Só um beijo?

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— Pode ser dois, três — fala se aproximando de mim, beijando meu


pescoço e as suas mãos correndo pelas minhas pernas.
— É está melhorando — falo em um gemido.
— Quero você gemendo em baixo de mim hoje, Clarinha.
— É, eu também quero isso — falo tentando tirar sua camisa.
Marcelo segura a minha mão e para com as caricias.
— Não para, continua vai...
— Calma, daqui a pouco dou tudo que você quer — fala e liga o
carro.
Fico em silêncio olhando para frente, ele coloca a mão em minha
perna e eu desejo que essa mão suba mais um pouquinho. Sei muito bem o
que suas mãos são capazes de fazer.
Mas espere, para onde ele está me levando? Esse não é o caminho do
meu apartamento.
— Marcelo, para onde você pensa que está me levando?
— Para um lugar.
— Que lugar?
— Quando você chegar irá saber. — Pega a minha mão e beija.
— É para sua casa?
— Mais ou menos.
— Você está louco em me levar para sua casa e se a vaca da Dayana
aparecer lá? Vai ser o maior barraco, eu não vou levar nome de gali...
Ele me puxa e me dá outro beijo, depois olha para mim e volta a
dirigir.
— Ninguém vai nos encontrar lá, nem a vaca Dayana sabe que esse
lugar existe.
— Desculpe pela vaca.
— Não vamos tocar o nome dela, tudo bem assim?

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Apenas balanço a cabeça de forma afirmativa, e as mãos de Marcelo


voltam para a minha perna, isso está sendo uma tortura. Uma deliciosa
tortura.
Depois de algum tempo, ele para o carro em frente a uma casinha
modesta de madeira e tijolinhos a vista, parecendo àquelas casinhas de
brinquedo, é linda.
Ele desce do carro e abre a minha porta, não tenho tempo de falar,
pois a sua boca já consome a minha. Ele me puxa e levanta meu corpo, cruzo
as minhas pernas em sua cintura, ele consegue abrir o pequeno portão,
caminha comigo enroscada em seu corpo entre beijos.
Sinto minhas costas batendo em uma parede e percebo que já estamos
na porta. Para não perder o costume ele me prensa nela. Esfrega sua ereção, e
solta pequenos gemidos. Ainda bem que está de madrugada, ou os vizinhos
iriam se assustar com essa cena.
Com certa dificuldade Marcelo consegue abrir a porta, quando ele a
fecha seus beijos e toques começam a ser mais intensos, como se ele tivesse
se controlando até aquele momento.
Arfo excitada, quando ele puxa a alça do meu vestido, e abocanha
meu seio e chupa com vontade. Agarro seus cabelos gemendo. Marcelo tira
meu vestido, puxando para baixo junto com a minha calcinha. Eu o ajudo
livrando-me dos saltos, ficando nua em sua frente. Arranco sua camisa
enquanto suas mãos percorrem todo o meu corpo.
— Você é tão linda, Clara. — Para de me beijar e fica me observando.
— Tão perfeita e me deixou doido hoje — fala olhando nos meus olhos com
uma das mãos em meu rosto.
Por um momento eu fico paralisada. Vejo algo em seus olhos que não
consigo identificar, mas consigo perceber que não é apenas sexo.
Clara, foco, é apenas sexo. Sexo quente e gostoso. Volto a me

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concentrar nesse homem perfeito que está me beijando. Abro sua calça, e a
puxo para baixo junto com sua cueca box preta. Junto mais nossos corpos o
beijando, minha boca percorre seu pescoço e peitoral, enquanto minhas mãos
acariciam seu pau, e que pau.
O pau de Marcelo é um sonho de qualquer mulher! Grande, grosso,
com pelos bem aparados e com cheiro gostoso de homem limpo, só em olhar
já fico totalmente molhada.
Marcelo desce a sua mão em minha bunda, abrindo-a, seus dedos
acariciando minha boceta molhada, gemendo rouco ao sentir que já estou
pronta para ele.
— Você está tão molhada Clarinha, essa bocetinha está gotejando
pelo meu pau. Vou te comer muito hoje minha diaba gostosa.
— Marcelo — gemo seu nome.
— Queria muito te chupar e sentir seu gosto Clarinha. Mas não
aguento mais, preciso estar dentro de você, agora.
Marcelo me joga no sofá de bruços, gemo ao senti-lo atrás de mim,
lambendo e beijando as minhas costas. Seus beijos vêm subindo até a minha
nuca. Esfrega o seu pau em minha bunda, fazendo meu corpo estremecer.
Ouço o barulho do rasgo da camisinha. Já anseio pela sua invasão. O
quero dentro de mim.
— Preciso de você — fala no meu ouvido.
— Também preciso de você — sussurro.
Sinto seu pau me abrindo, minha boceta lateja louca para tê-lo
totalmente dentro de mim.
— Marcelo! Por favor, mais, por favor...
Suplico como uma desesperada, ele se descontrola e enfia tudo de
uma só vez, com força.
— AH!!! — grito com sua invasão, sinto uma leve dorzinha pelo seu

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tamanho, mas logo dá lugar ao prazer que é tê-lo todo enfiado em minha
carne. O tesão me consome enquanto ele se apoia em seus braços e me fode
violentamente de um jeito diferente das outras vezes.
— Sua gostosa.
Mete mais fundo, tirando, entrando, seu pau me preenchendo,
enquanto eu rebolo, gemo e grito e empino mais a minha bunda para tê-lo
todo dentro de mim.
Marcelo se curva sobre mim, estocando duro, firme, profundo, morde
minha orelha e geme. Ele sai de dentro de mim me dá um tapa bunda e a
morde.
— Minha delicia, só minha — fala em um gemido.
Marcelo me vira, cobre o meu corpo com o seu e entra novamente
dentro de mim.
— Ah — gemo.
Ele olha em meus olhos, e vejo um brilho diferente e de novo sinto a
sensação de que não é apenas sexo. Nossos corpos se encaixam e continuam
a dança sensual. Não são necessárias palavras, pois nossos gemidos dizem
por si só, nossos corpos conversam sozinhos. Ficamos nesse ritmo até nossos
corpos estarem suados e exaustos. Senti aquela sensação gostosa de
formigamento vindo.
— Marcelo — gemo o seu nome me contorcendo por não aguentar
mais e querer a minha libertação.
— Vem minha diaba, goza para mim — Marcelo fala e dá mais
algumas estocadas firmes e fortes. A sensação de formigamento aumenta.
Acabo explodindo em um orgasmo que deixou todo meu corpo mole, minha
visão embaçada e a sensação de estar no paraíso. Marcelo dá mais umas
estocadas e também chega ao clímax, caindo sobre mim, dando leves beijos
pelo meu rosto e me abraçando forte.

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— Gostou? — pergunta acariciando meu rosto.


— Huhuum.
— Isso é um sim.
— Hummm.
— Mas está preguiçosa essa minha diabinha — fala e me abraça.
Não respondo, apenas fico em silêncio.
Ficamos alguns minutos assim, apenas ouvindo as nossas respirações,
deitados nus no sofá da sua casa. Nossas pernas estão entrelaçadas, e uma das
mãos de Marcelo fazendo cafune na minha cabeça. Um sorriso surge em meu
rosto, com a sensação de estar sendo acariciada, o abraço depositando minha
cabeça em seu peito. Tudo isso parece tão certo, tão perfeito.
É tão bom ficar assim com ele. Por um momento me esqueço que
lutei por mais de três anos para não sentir mais isso Não sentir essa sensação,
no início ela pode até ser boa, mas sei como termina.
Essa aproximação e troca de carinhos, eu quero distância. Não posso
ficar aqui. Levanto-me procurando minha roupa.
— O que foi, Clarinha?
— Quero ir embora.
— Você quer ir? Mas quem disse que vou deixar — Marcelo fala.
Levanta do sofá e vem em minha direção.
— Para tá, foi bom, foi perfeito, mas foi só sexo e eu preciso ir.
— Clara para, não foi só sexo. Agora me diz por que você sempre
foge?
— Eu?
— Sim, você! — Marcelo fala e para na minha frente.
— Não estou fugindo, só preciso ir embora e é apenas sexo porque até
onde eu sei você também tem a Dayana.
— Não está fugindo? — Me dá um sorriso sarcástico.

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— Não.
Marcelo chega mais perto e gruda nossos corpos.
— Então Clarinha, lamento em dizer que você não vai a lugar
nenhum. Aqui não existe Dayana ou alguma outra desculpa esfarrapada. Não
tenho namorada. Só tenho você. Então aqui só tem eu e você e mais ninguém.
Não serei besta de deixar você fugir novamente. Você pode até tentar, mas
não irá conseguir e nem pode negar o que está rolando entre a gente.
Marcelo fala e me beija, um beijo calmo e suave.
— Vem — chama puxando a minha mão.
— Eu quero ir embora.
— Eu quero você comigo.
— Você não pode ter tudo que você quer.
— Nem você. Então vem. Se você for boazinha amanhã à tarde te
deixo ir embora. Serei mais bonzinho ainda e levarei você até seu
apartamento.
— Você está louco, amanhã à tarde?
— Sim, na verdade só iria deixar você ir embora no domingo.
— Você é louco. Já vi tudo.
— Vem Clarinha, vamos tomar um banho, depois irei te apresentar a
minha cama. Quando você estiver bem saciada e cansada deixarei você
dormir e velarei seu sono. Irá acordar com meus beijos em seu corpo.
— Ai meu Deus.
— Clarinha, pode até ter visto tudo, mas ainda não sentiu nem a
metade do que pretendo fazer você sentir — ele fala sorrindo.
É um sorriso tão lindo, tão sincero que só por hoje eu me permito
sentir e viver tudo isso com Marcelo. Mesmo sabendo que essa felicidade
toda não é para mim.
Só por hoje vou me permitir ser feliz.

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CAPÍTULO 20 — MARCELO

Acordo e antes mesmo de abrir os olhos um sorriso surge em minha


face, não foi um sonho ela está aqui comigo. Nunca vi Clarinha tão entregue,
tão ela mesma. Ela estava feliz, isso foi possível constatar pelo brilho dos
seus olhos. Por mais que ela negue sei que sente algo por mim, assim como
eu sinto algo por ela. Não é apenas sexo, não fizemos só sexo. O jeito que os
nossos corpos se completaram e conversaram por si próprios foi além de sexo
casual.
Demorei algum tempo para dormir, fiz com ela tudo o que tinha
prometido. A deixei exausta e saciada, fiz cafune até ela dormir e depois velei
seu sono por um bom tempo até eu pegar no sono. Estava com medo de
dormir e não a encontrar quando acordasse. Clara adora fugir, principalmente
quando envolve sentimentos. Algo me diz que ela já sofreu muito no passado
por amor, e existem algumas cicatrizes em seu coração. Mas eu irei cura-las
uma a uma. Como já disse, ela pode até tentar fugir, mas eu não irei deixar
tão facilmente.
Sei que o que fiz a noite passada foi loucura. Uma loucura boa. Não
me arrependo do que fiz, só me arrependo de não ter feito isso antes. Desde o
dia que a beijei pela primeira vez, só serviu para confirmar que existia algo a
mais entre nós dois. Não quero passar só uma noite com ela, a quero mais de
uma noite, a quero todos os dias do meu lado. O pouco tempo que passamos
juntos foi intenso. Em mais de três anos de namoro com a Dayana nunca senti
o que sinto por Clara. Com Clara consigo até planejar o nosso futuro juntos,
imaginar acordar todos os dias ao seu lado, conhecer sua família, até casar e
ter filhos. Coisas que eu nunca desejei com Dayana.
Hoje à tarde tomarei um rumo em minha vida, mas enquanto a tarde
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não chega, deixa eu acordar essa diaba linda que dorme como um anjo em
meu peito. Prometi a ela que iria fazer isso e eu sou um homem de palavra.
Começo a beijar seus cabelos, consigo tira-la do meu peito, cubro seu
corpo com o meu e começo a beijar seu pescoço, vou descendo, beijo seu
seio e o chupo, enquanto minha mão massageia o outro.
— Hummm — Clara desperta e geme.
Dou leves beijos em sua boca.
— Bom dia! — digo e volto a beijar seu pescoço.
— Isso é jeito de me acordar — fala contorcendo seu corpo de baixo
do meu.
— Gostou? — questiono olhando em seus olhos, ela está com o
mesmo brilho da noite anterior, tão linda, tão entregue.
— Não sou acostumada a acordar assim — fala com o sorriso no
rosto.
— Poderia acordar você assim todos os dias.
— Eu iria gostar muito.
— Isso é um sim?
— Como? Sim? Sim para que? — O brilho dos seus olhos some e dá
lugar ao desespero.
— Sim, para ficar comigo Clara. Não quero você só por uma noite. A
quero todos os dias — falo olhando próximo aos seus olhos, quero que ela
saiba que não estou mentindo ou brincando com ela.
Ela coloca as mãos em meu tórax e tenta me afastar.
— Eu... Eu... Eu... Eu não pos...
Ela gagueja, percebo que existem dúvidas em suas palavras e
conflitos em seus olhos, então a faço calar do único jeito que eu sei, a beijo.
Pego suas mãos, as seguro em cima da sua cabeça, intensifico o nosso beijo, e
ela responde com a mesma vontade.

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Com Clara as palavras não funcionam, o que sai de sua boca nunca
condiz com aquilo que seu corpo me fala.
Posiciono-me no meio das suas pernas, para mostra-la o quanto a
quero do meu lado.
— Marcelo não, a camisinha...
— Toma anticoncepcional? — Ela balança a cabeça de forma
afirmativa. — Eu confio em você. Confia em mim? — pergunto olhando em
seus olhos e sentando na cama.
— Confio.
Estico a mão para Clara, ela vem até a mim engatinhando. Coloca
suas pernas em volta do meu quadril, posiciono meu pau em sua entrada. Ela
desce bem devagar fazendo-me gemer.
— Que isso Clarinha, quer me matar?
— Só se for de prazer — ela fala e me beija.
Seguro seu quadril e o movimento aos poucos.
— Sempre tão apertadinha — digo apertando mais sua bunda.
Sempre me esqueço de como ela é apertada, rapidamente sua
bocetinha se molda em meu pau, e começamos a nossa dança particular.
Nosso corpo se funde como se fosse um só.
— Minha linda — falo olhando o brilho em seus olhos.
Nunca aconteceu isso antes comigo, tudo se encaixa entre eu e Clara.
Coloco um ritmo lento e gostoso, sinto cada pedaço dela. Quero retardar ao
máximo o nosso clímax.
A tive a noite inteira, agora quero apenas senti-la, apenas ama-la.
Quero aproveitar cada minuto dentro dela.
— Marcelo! — Clara geme meu nome, quando ela faz isso não
consigo me controlar.
— Não faz isso, ou você acaba comigo.

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Ela abre mais o sorriso.


— Ai Marcelooo mais, está gostoso — fala entre gemidos e rebola no
meu pau.
— Assim? — Intensifico os movimentos.
— De qualquer jeito com você é gostoso.
— Clara, minha diaba — gemo. Ela quer acabar com minha sanidade
Clara joga a cabeça para trás, distribuo beijos em seu pescoço, minhas mãos
estão em sua cintura. Sei o que estou fazendo-a sentir, pois sinto o mesmo
quando estou dentro dela. Passamos minutos nestes movimentos até que
Clara goza gritando meu nome.
A melhor sensação é ver e sentir Clara gozando, ela fica ainda mais
linda e sexy, sou capaz de gozar só observando-a. Dou mais umas estocadas e
gozo chamando também o seu nome. Beijo seu rosto, deito do seu lado e a
puxo a envolvendo em meus braços.
Sempre é assim, depois de saciados ficamos em silêncio, apenas
ouvindo nossas respirações. Queria saber o que passa na cabeça dela, mas
não quero forçar nada, com o tempo eu descubro os mistérios de Clara.
— Sabia que você fica mais linda com essa carinha que foi bem
comida — digo.
— É desde ontem estou sendo bem comida — fala rindo.
— Está gostando disso?
— Quem não gosta?
— Eu gosto de ver você assim, rindo sem se preocupar com nada.
— Ao seu lado parece fácil não me preocupar com nada.
— Ao seu lado tudo fica mais fácil, Clarinha.
— Pode parar que você está começando a me deixar com vergonha —
fala e esconde seu rosto em meu peito.
— Vergonha do que? Você está aqui nua enroscada no meu corpo nu

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e não tem vergonha. Mas receber elogios tem?


— Ah Marcelo, tenta me entender vai — fala rindo.
— Está bem. Com fome? — pergunto.
— Um pouco.
— Vamos até a cozinha que vou preparar algo para você — falo e dou
um beijo no topo da sua cabeça.
Levanto da cama, vou até o armário visto uma cueca, pego uma
camisa e levo para Clara vestir.
— Nenhum banho? — pergunta.
— Mais tarde, preciso alimentar você, a quero bem fortinha para a
hora do banho — digo e dou uma piscada. — Te espero na cozinha.
Vou para a cozinha, abro a geladeira para ver o que tem. Pego o suco,
ovos, bacon, tomate e cebola. Sempre me virei bem na cozinha então fazer
uma omelete com bacon será fácil. Corto o bacon, tomate e cebola em
pequenos cubos. Coloco o bacon para fritar, depois acrescento o ovo e a
cebola. Por fim coloco ovo batido e misturo tudo, acrescento o sal e por fim
os tomates picados.
— Hum o cheirinho está bom — Clara fala me abraçando pelas costas
e deposita um beijo em meu braço.
— Ainda você não sentiu o gosto — falo dando um leve beijo em sua
boca.
— Onde ficam os pratos? — pergunta.
Explico onde ela pode encontrar os pratos, talheres e o copo. Clara
pega tudo e coloca na pequena mesa. Ela se senta e eu puxo a cadeira para
mais perto dela e sento ao seu lado. Sirvo ambos os pratos.
— Eu quero esse, tem mais — Clara fala pegando o prato de omelete
com maior quantidade.
— Ei, eu sou maior mocinha, preciso comer mais que você.

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— Eu sou visita, então tenho a preferência.


— Você vai engordar, deixa que eu como e engordo por você.
— Como você é bonzinho — fala em tom de ironia. — Muito
obrigada, mas pode deixar amanhã eu corro um pouco mais na esteira.
— Falando em esteira, não te vi mais na academia.
— Estou indo de manhã.
— Por quê?
— Não queria ver você.
— Por quê?
— Ah Marcelo, não quero falar nisso. Vamos comer em paz, tudo
bem.
— Como você desejar.
Ficamos alguns minutos em silêncio e eu apenas a observo comer, e
ainda roubar omelete do meu prato.
— Só é pequena, porque você come — falo rindo.
— Culpa sua que fez pouco, poderia ter feito mais.
— Mas é folgada, além de fazer algo para comer ainda reclama. —
Rio.
— Posso fazer uma pergunta?
— Pode.
— De quem essa casa?
— É minha.
— Pensei que você morasse em apartamento.
— Na verdade essa casa é o meu refúgio, eu a herdei quando minha
avó morreu. Sempre gostei daqui, sempre gostei de ficar aqui com minha avó,
além de ser distante da agitação de Dourados.
— Aqui é distrito?
— É, ninguém sabe que eu tenho essa casa. Meus pais pensam que eu

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a vendi quando a herdei, mas vender isso aqui nunca passou pela minha
cabeça. Então acabou virando o meu refúgio, pelo menos uma vez por
semana venho aqui. Também pago uma tia para faxinar e abastecer a
dispensa e geladeira.
— Essa casinha é linda, percebi que tudo está organizado. Acho que
devo me sentir honrada por você ter me trazido para cá.
— Ficarei feliz em trazer você mais vezes, pode ser o nosso refúgio.
— Marcelo, eu já disse, eu não me envolvo com ninguém.
— Isso é só comigo?
— Não, com todos, não quero relacionamento sério.
— Então vamos dar tempo ao tempo, mas durante esse tempo você
ficará comigo.
— Que horas são?
— Mudando de assunto?
— Não. Você disse que me levaria embora hoje.
— Promessa é dívida, depois do banho te deixo em casa, mas a nossa
conversa não acabou ainda.
— Mais Marcelo.
— Sem mais, depois nós conversamos. Vamos tomar banho?
— Queria tomar banho sozinha, tudo bem?
— Você jura que não vai fugir pela janela do banheiro? — falo e ela
ri.
— Eu juro, seu besta. Só quero ficar um pouco sozinha — fala dando
tapas em meu braço.
— Tudo bem, te espero tomar banho e depois eu tomo, mas sua roupa
fica aqui fora comigo.
— Falando nisso cadê a minha roupa, minha bolsa, sapato?
— Devem estar jogadas em algum lugar dessa casa.

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— Vou procurar.
— Não! Deixa que eu junto tudo para você — digo rindo.
— Você não confia mesmo em mim né.
— Claro que confio, mas é melhor prevenir.
Clara ri, vou com ela até o quarto, pego duas toalhas limpas e a
entrego.
— Tem certeza? Posso te dar um ótimo banho, sou bom nisso.
— Eu sei que é bom, mas quero tomar banho sozinha — ela fala, me
dá um beijo e fecha a porta.
Deito na cama para esperar ela tomar banho. Procuro meu celular e
vejo que tem mais de 30 ligações perdidas, e mais de 100 mensagens, todas
de Dayana. Mando uma mensagem de texto para ela.

"Vou conversar com você hoje as 15h30, no Parque das Nações, no


mesmo banco de sempre."

Escolho um lugar neutro, nem no meu apartamento, ou no


apartamento dela. Não quero brigar, apenas quero seguir minha vida e
demorei muito para descobrir que ela não está presente nesse caminho que
escolhi.
Não demora chega uma mensagem de Dayana.

"Ok, você vai ter muito que explicar, ainda não engoli a história do
seu amigo, e o motivo de não atender minhas ligações e responder minhas
mensagens"

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Não respondo, jogo o celular de lado. Fico pensando e olhando para a


porta. Pensando na minha diaba, nua tomando banho toda molhadinha e eu
aqui, isso não é justo. Mas sei que Clara precisa de um tempo sozinha, por
isso não abro aquela porta e entro naquele banheiro para tomar banho com
ela.
Vou até a sala, pego o vestido de Clara e o minúsculo pedaço de pano
que ela provavelmente chama de calcinha. Pelo tamanho seria melhor andar
sem, acho que esse trem enfia tudo naquela bunda gostosa dela, isso deve
incomodar pra caralho. Mas vai entender o que passa na cabeça de uma
mulher, isso é um mistério e na dela ainda é mil vezes pior. Acho seus
sapatos e a bolsa.
Volto para o quarto sento na cama e a espero sair, não demora Clara
sai do banheiro enrolada com uma toalha em seu corpo e a outra em sua
cabeça.
— Nunca te vi tão linda.
— São seus olhos. Só você para me achar linda enrolada em uma
toalha.
Levanto da cama e vou em sua direção.
— Na verdade prefiro você sem nada. — Coloco minhas mãos na sua
cintura e dou um beijo.
— Marcelo, melhor você ir tomar banho — fala quebrando o nosso
beijo.
—Você não quer vir comigo.
— Não! Acabei de sair do banho, agora vai enquanto me arrumo.
— Ok Clarinha, suas roupas estão em cima da cama, vê se não foge
— digo antes de bater à porta do banheiro.
— Eu não fujo — Escuto ela gritando.
Tomo um banho rápido, enrolo a toalha em minha cintura e saio do

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banheiro. Ela está sentada na cama. Vou até o guarda roupa.


— Não fugiu, fujona — falo enquanto escolho uma roupa.
— Já disse que não sou fujona.
— Onde você arrumou maquiagem?
— Na minha bolsa, sempre carrego um kit de primeiros socorros —
fala toda orgulhosa.
— Acho você linda de qualquer jeito.
Troco-me, penteio o cabelo com os dedos, passo um perfume e já
estou pronto.
— Então vamos — ela fala se levantando.
— Vamos, mas você está ligada que ainda nem é 13h00, e eu prometi
que iria levar você a tarde e não agora.
Ela se aproxima de mim, coloca as mãos em meu pescoço, da leves
beijos e fala: — Como você é bonzinho irá me levar agora. — Começa
distribuir beijos em meu pescoço.
— Mas desse jeito não vou querer te levar embora.
— É só um incentivo.
— Então vamos logo Clarinha, se você continuar com esse incentivo
não respondo por mim.
Pego a mão dela e a conduzo até a saída, e fecho a porta. Vamos até o
carro, abro a porta para ela entrar, dou a volta sento e dou partida. Percebo
que ela fica olhando a casa.
— Podemos voltar aqui à hora que você quiser.
— Não podemos — fala olhando para baixo.
— Sim podemos, basta você querer.
— Marcelo, as coisas não são tão simples assim.
Não respondo Clara, vou dar o tempo para ela pensar. Amanhã vou
resolver o meu lance com ela. Hoje vou resolver minha situação com Dayana,

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preciso dar um fim em nosso relacionamento. Isso não é justo com ela e nem
com Clara. Dayana vai compreender, ela sempre foi compreensiva.
Ao chegar em frente ao apartamento de Clara, para o carro. Ela vai
abrir a porta, mas não deixo.
— Deixa que eu abro a porta para você.
Desligo o carro, dou a volta, abro a porta e dou a minha mão para
ajudá-la a descer. Dou um beijo de despedida.
— Clarinha, não quero que você fale nada, apenas pense em tudo que
aconteceu com a gente. Vou dar um tempo para você pensar. Amanhã é
domingo, vou te deixar sozinha para pensar em tudo. Segunda venho te
buscar para te levar para a faculdade. Não adianta dizer não. Irei vir assim
mesmo. Obrigada pela noite.
— Também gostei da noite.
Dou mais um beijo em Clara e ela apenas sorri. Espero ela entrar no
prédio, e vou para meu apartamento dar um tempo até a hora que marquei
para conversar com Dayana.
O tempo passa rápido, pego as chaves e vou até o lugar marcado com
Dayana, sento no banco e a espero, ao invés de pensar no que vou falar para
Day, meus pensamentos viajam até Clara, acho que me viciei nela.
Sou despertado com um toque em meu ombro.
— Oi, mor. — É Dayana.
— Oi Dayana, sente-se.
Ela tenta me beijar e abraçar, mas viro o rosto e tiro suas mãos de
mim.
— Além do que você fez a noite passada ainda vai me negar um beijo
e um abraço. Isso não é justo comigo.
— Exatamente por isso te chamei para conversar. Quero ser justo com
você e comigo mesmo.

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— Cuidado Marcelo, com o que você vai dizer.


— Serei direto Dayana. Não desejo a mesma coisa que você, não
consigo ver o nosso futuro juntos. Mesmo com três anos de namoro não me
sinto pronto para casar e muito menos ter filhos com você. Sei que é isso que
deseja há algum tempo. Não posso corresponder aos seus sonhos, nossas
vidas estão pegando rumos diferentes então é melhor de agora em diante cada
um seguir o seu caminho — digo olhando para ela.
— Você está me dispensando, é isso mesmo?
— Não, estou dando um fim em um namoro, que foi muito bom
enquanto durou. Mas nesse momento não posso seguir com ele, não é justo
com você, nem comigo.
— E nem com a puta com quem você passou a noite!
— Dayana, não vamos complicar as coisas. Seja sensata, é melhor
para mim e para você.
— Pensa que me engana, Marcelo? Nem no seu apartamento você
dormiu. Sei que você voltou para a festa ontem, dançou e ficou aos beijos e
andando de mão dada com a puta da Clara.
— Não ofenda a Clara, você não a conhece. O errado aqui sou eu. Eu
que fui atrás dela.
— Vim disposta a te perdoar Marcelo. Você não pode jogar tudo que
vivemos juntos por uma simples aventura, eu te perdoo. Vamos passar uma
borracha nesse seu deslize, vamos ficar juntos.
Enquanto Dayana fala meus pensamentos vão até Clara, o pouco
tempo que ficamos juntos é o suficiente para saber que não é uma simples
aventura.
— Desculpa pelo que fiz ontem, você não merecia, assim como não
merece me ter aos pedaços. Dayana, você merece alguém que lhe de tudo que
você sonha.

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— Marcelo, você é esse alguém, quero você de qualquer jeito.


— Por favor, Dayana, seja compreensiva, para mim não dá mais.
A fisionomia dela muda drasticamente, ela se levanta, olha para mim
e fala: — Não vou me humilhar por sua causa. Mas não pense que irei
esquecer esse fora que está me dando. Não adiantou nada mostrar para você a
prostituta que a Clara é. Ela vai fazer de você um brinquedo igual fez com o
Edson e você vai voltar para mim feito um cachorrinho sem dono com o
rabinho entre as pernas. Ai eu irei pensar se vou querer você de volta. Vai lá
pode ficar com ela, não vou ficar no seu caminho.
— Espero que você realmente não corra atrás de mim. Conheço Clara
o suficiente e sei o que estou fazendo. — Enquanto falo com Dayana que está
em pé na minha frente com uma cara nada agradável percebo Alessandro e
Eva se aproximando.
— Oi, Marcelo — Eva fala olhando para mim. — Oi Dayana.
— Até essa mosca morta quer dar para o Alessandro, nenhuma do
círculo de amizade de vocês presta, gostam de dar para quem é
comprometido. Quer saber, isso tudo é inveja da felicidade dos outros.
— Pode parando com essa crise Dayana, e pare de ofender minhas
amigas, não vem descontar sua raiva em Eva — Alessandro fala.
— Dayana, acho que não temos mais o que conversar, já te disse que
o único culpado aqui sou eu.
— Bem que você sabe que é o culpado em me trocar por aquela puta.
— Sem ofensas. Clara não é nada disso. Vou juntar suas coisas que
você sempre insistiu em deixar no meu apartamento e mando te entregar
amanhã — completo.
— Passar bem Marcelo, seja feliz, só aviso que você ainda vai se
arrepender disso. Enquanto você Alessandro, Camila vai ficar sabendo desse
passeio no parque com essa sonsa.

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Dayana vira as costas para sair.


— Dayana — Eva chama.
— O que foi sonsa?
— Eu acho é pouco sua mocreia. É melhor ser sonsa que chifruda —
Eva fala e começa a rir.
— Fica ai rindo sua sonsa. Vamos ver como essa história vai terminar
— Dayana fala e sai.
Nem tento responder, não quero aumentar assunto. Sei que o que fiz
foi errado, não tinha o direito de trai-la, ficamos três anos juntos e ela sempre
foi fiel e sincera comigo.
Não acredito em nada que o Edson fala de Clara, agora a história vai
ser bem diferente, se ele chegar perto dela ou abrir a boca para falar mal dela
eu arrebento a cara dele sem pensar duas vezes.
Não tenho motivos para desconfiar de Clara, ela foi sincera. Até a
aposta e o jogo ela me contou. Ela até pode dizer que quem ganhou foi ela.
Mas quem na verdade levou o prêmio maior fui eu.
—Tudo bem com você? — Eva pergunta.
— Estou mais leve — respondo.
— Terminou mesmo com Dayana? — Alessandro pergunta.
— Fiz o que era certo — respondo.
— Clarinha tem alguma coisa a ver com essa decisão? — Eva
questiona.
Abro um sorriso, levanto do banco e falo: — Tem sim, ela não sabe o
que eu acabei de fazer. Por favor, não conte nada para ela ainda, quero dar
um tempo para aquela cabecinha pensar e também não quero assusta-la, ou
ela foge. — Dou um beijo em sua bochecha.
— Pode deixar, Clarinha merece ser feliz — Eva fala e abre um
sorriso.

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— Estou disposto a fazer isso. Vou indo, bom passeio para os dois. —
Esses dois em um parque é estranho mesmo. Mas pelo visto são amigos faz
tempo.
Problema Dayana resolvido. Despeço-me de Alessandro e Eva e vou
embora para o meu apartamento. Estou mais leve, tirei um peso das minhas
costas. Bola para frente.
Agora só preciso pensar em um jeito de dobrar Clara para faze-la
aceitar a ficar comigo. Isso não vai ser fácil tenho certeza que ela já sofreu
muito por amor, para ser avessa assim a sentimento. Sempre se recusa a viver
isso ou foge.
— Clarinha minha diaba, não irei desistir fácil de você. O único lugar
que vou deixar você fugir será para o calor dos meus abraços. Amanhã é o
dia.

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BÔNUS EVA

Acordei com uma ressaca horrível, ontem fui à festa do Bacana com
as meninas e hoje estou aqui morrendo de dor de cabeça. Depois que Clara e
Marcelo foram embora ai que a festa começou.
Eu e Carol começamos a beber uma bebida atrás da outra, queria
extravasar. Comprei roupa nova fiquei toda linda e o Ale mal me olhou, por
isso bebi tanto. Montanha teve trabalho de levar eu e Carol para casa. Ela
bebeu mais do que eu e ficou provocando Montanha a cada minuto. Depois
de tanta bagunça agora estou aqui morrendo jogada na minha cama.
— Eva, levanta dessa cama e vem ajudar a fazer o almoço — minha
mãe grita.
— Ai mãe, não grita minha cabeça está doendo — digo levantando da
cama.
— Ontem quando estava pulando feito macaca na festa a cabeça
estava boa. Vem logo ou não tem almoço.
— Isso é jogo baixo — resmungo.
— Ah antes que eu me esqueça, um amigo seu ligou aqui atrás de
você, parece que é da faculdade.
— Quem?
— Não lembro.
— Credo mãe nem para lembrar. Era o Montanha?
— Não, se fosse esse eu lembrava o nome. Acho que é um tal de
Sandro — ela fala confusa.
— Sandro? Não conheço nenhum Sandro. Mãe a senhora ouviu o
nome direito? Conheço só um Alessandro.
— É isso, é Alessandro mesmo, que diabo de nome grande. Ele disse
que ligou no seu celular e estava caindo na caixa postal, por isso ligou aqui
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em casa e pediu para você ligar para ele quando acordasse. Agora levanta,
toma um banho e vem me ajudar.
Levanto da cama em um pulo.
— Obrigada mãe! — Vou até ela e lhe dou um beijo.
— Desenrola Eva. Não é com beijinho que você vai me comprar, te
dou 15 minutos para aparecer naquela cozinha ou vai ter que comer fora —
minha mãe fala já na porta do meu quarto indo para a cozinha.
Cadê o meu celular? Começo a procura-lo feito louca e acho debaixo
da cama, será que ele morreu? Está desligado. Aperto freneticamente para
liga-o, mas não liga.
— Meu santinho que seja a bateria.
Aonde eu enfiei o carregador? Procuro até achar no meio do material
da facul, coloco na tomada e graças ao meu santinho das causas impossíveis
ele liga. Procuro o número do Ale e ligo para ele que atente no segundo
toque.
— Eva?
— Oi Ale, minha mãe disse que você ligou aqui, aconteceu alguma
coisa?
— Na verdade não. Queria conversar com você, faz alguns dias que
não conversamos direito, sinto falta disso.
— Eu também.
— Hoje à tarde está livre?
— Sim, estou.
— Então nós poderíamos nos encontrar no Parque das Nações e tomar
um sorvete, o que acha?
— Acho bom. Que horas?
— Três e meia está bom para você?
— Está ótimo, você me espera na entrada?

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— Espero sim. Então até daqui a pouco. Beijo.


— Beijo.
Ai meu santinho será que hoje é meu dia de sorte. Corro para o
banheiro tomo um banho, me arrumo e vou para cozinha ajudar minha mãe
no almoço.
— Esse sorriso todo ai é por que vai me ajudar no almoço?
—Vou sair, o Ale me chamou para tomar um sorvete.
— Humm, namoradinho novo.
— Infelizmente não.
— Antigo?
— Não, é só um amigo mesmo. Está com saudades de conversar
comigo por isso me ligou.
— Minha filha, amigo não liga para conversar. Amigo faz igual o
bonitão do Montanha e já vem em casa e diz que quer conversar.
— Ah mãe é complicado! Ele tem namorada.
— Então ele é um safado.
— Ele é fofo.
— Cuidado, minha filha, para não ficar se iludindo.
Ajudo minha mãe com o almoço, e depois de todos almoçarem ajudo
a limpar a cozinha e lavar a louça. Nesse tempo converso com Carol pelo
whats, pelo visto a noite da Clarinha foi boa, até agora nem deu sinal de vida.
Carol disse para eu me jogar nos braços de Ale sem medo de ser feliz.
Arrumo-me, coloco um short cintura alta, uma regatinha branca e
sapatilhas, cabelos soltos e estou pronta. Pego minha bolsa e celular.
— Mãe, empresta o carro? — peço entrando na sala.
— Pega a chave em cima do rack e juízo menina.
— Pode deixar. Sua benção mãe — digo dando um beijo nela.
— Deus a abençoe.

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Pego as chaves e saio, o trajeto de casa ao parque é em torno de 15


minutos de carro e hoje as ruas estão desertas. Chego ao Parque das Nações,
estaciono o carro e caminho até a portaria.
Ale já está me esperando, ele está lindo com seu jeitinho safado que
sempre me encantou. Chego perto dele.
— Oi – digo sem jeito.
— Evinha — fala e beija meu rosto. — Você está bem?
— Fora a ressaca de ontem estou ótima.
— Vamos entrar? Afinal te convidei para um sorvete.
— Claro.
Alessandro e eu caminhamos lado a lado, pegando o rumo para a
praça de alimentação do Parque das Nações que na verdade é um lindo
bosque, perfeito para trazer a família e principalmente namorada. Mas no
meu caso é só amizade mesmo. Caminhamos em silêncio até eu ver Marcelo
e Dayana, nossa parece que ela está com a macaca. Preciso ver isso mais de
perto.
— Olha lá o Marcelo, mais a Dayana vamos lá falar um oi para eles
— digo.
— Não sabia que você era amiga deles.
— Não sou. Na verdade sou amiga só do Marcelo.
— A cara deles não está para amigos hoje.
— Só um oi. — Nossa que bafo, preciso saber o que está acontecendo
para contar para as meninas.
Aproximamo-nos deles e cumprimento.
— Oi Marcelo, oi Dayana. — Faço cara de inocente, Clarinha já disse
que eu tinha que ser atriz.
— Até essa mosca morta quer dar para o Alessandro. Nenhuma do
círculo de amizade de vocês presta, gostam de dar para quem é

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comprometido. Quer saber isso tudo é inveja da felicidade dos outros —


Dayana fala.
Eita pega, o trem está feio para o lado de Dayana. O que será que está
acontecendo? Prefiro ficar quietinha para não dar bandeira.
— Pode parando com essa crise Dayana, e pare de ofender minhas
amigas. Não vem descontar sua raiva na Eva — Alessandro me defende.
— Dayana, acho que não temos mais o que conversar, já te disse que
o único culpado aqui sou eu — Marcelo fala.
Será que ele acabou de terminar o namoro com ela para ficar com
Clarinha? Meu santinho das causas impossíveis que seja isso.
— Bem que você sabe que é o culpado em me trocar por aquela puta
— Dayana fala.
Clara vai dar na cara dessa dissimulada, quem ela pensa que é? Mal
sabe ela que sabemos seus podres — Sem ofensas. Clara não é nada disso.
Vou juntar suas coisas que você sempre insistiu em deixar no meu
apartamento e mando te entregar amanhã — Marcelo avisa.
Ainda bem que ele defende minha amiga.
— Passar bem Marcelo, seja feliz, só aviso que você ainda vai se
arrepender disso. Enquanto você Alessandro, Camila vai ficar sabendo desse
passeio no parque com essa sonsa — Dayana fala e vira as costas para sair.
— Dayana — chamo.
— O que foi Sonsa? — Se vira para mim.
— Eu acho é pouco sua mocreia. É melhor ser sonsa que chifruda —
falo, não aguento segurar e começo a rir na cara dela.
— Fica ai rindo sua sonsa. Vamos ver como essa história vai terminar
— Dayana ameaça.
— Tudo bem com você? — pergunto para Marcelo.
— Estou mais leve — responde.

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— Terminou mesmo com Dayana? — Ale pergunta.


— Fiz o que era certo.
— Clarinha tem alguma coisa a ver com essa decisão? — pergunto
para Marcelo e pelo sorriso dele, tenho certeza que sim.
— Tem sim, ela não sabe o que eu acabei de fazer. Por favor, não
conte nada para ela ainda, quero dar um tempo para aquela cabecinha pensar
e também não quero assusta-la ou ela foge — Marcelo fala dando um beijo
em meu rosto.
— Pode deixar, Clarinha merece ser feliz.
— Estou disposto a fazer isso. Vou indo, bom passeio para os dois —
Marcelo fala e vai embora.
Eu e Ale voltamos a caminhar até a praça de alimentação, não consigo
esconder a alegria por Marcelo ter dado um pé na bunda de Dayana e ver isso
de camarote foi hilário.
— Parece que você ficou bem feliz pelo termino de Marcelo e Dayana
— Ale fala.
— Fiquei sim, amo minha amiga, Marcelo é um cara legal e Dayana é
uma vaca.
— Você nem conhece Dayana para falar dela.
— Conheço o suficiente para saber que ela não vale o arroz que come.
— Como assim?
— Não é um segredo ou história minha, então não posso contar. Mas
vai por mim, ela é uma cobra.
— Então se minha namorada anda com ela, também é uma cobra?
— Não sei, a namorada é sua; então você quem tem que saber. Pode
ter certeza que boa coisa Dayana não é.
— Grossa! — fala parando em frente ao frízer de sorvete — Sincera.
Ficamos uns minutos em silêncio escolhendo o sabor do sorvete.

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— Então Ale por que você me convidou para esse passeio?


— Não sei, ontem estava vendo você dançar e me parecia outra
pessoa. Queria confirmar se você ainda é a Eva que eu conheço.
— Como assim?
— Eva, adoro você, Carol e Clarinha, sempre andamos juntos. Acabei
me afastando depois que comecei a namorar Camila. Mas sei que vocês três
tem características diferentes, pensam diferente e agem diferente. Ontem
você tinha a metade da atitude da Clara e a outra metade da ousadia da Carol,
até seu jeito de vestir estava diferente. Tive medo de não ser a mesma Eva
que eu conheci.
— Ainda sou, estava apenas querendo impressionar uma pessoa.
— Conseguiu?
— Ainda não sei.
— Você não precisa parecer com as meninas para impressionar ou
conquistar alguém. O que sempre me atraiu em você é a sua doçura. Você é
linda do seu jeito e essa pessoa tem que te aceitar você do jeito que é.
— Linda do jeito sonsa.
— Você não é sonsa, você é diferente. É meiga, carinhosa e uma boa
amiga.
— Fui tanto sua amiga, que você preferiu a Camila.
— Não é isso, Eva.
— Sim é isso. Mas não se preocupe eu não me importei com seu
namoro lembra?
— Lembro e ainda não consigo entender o motivo.
— Era simples, eu e você não tínhamos nada sério, então não tinha o
direito em cobrar nenhuma atitude.
— Eva, foi bom o tempo que passamos juntos.
— Foi, mas já passou né.

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— Passou, e sempre vai ser lembrado como uma fase feliz de minha
vida. Só não quero que aquela menina que eu fiquei um dia desapareça.
Gosto de você assim.
— Já entendi, não mudei, ainda continuo a mesma, mas agora com
um pouco mais de experiência. Não é a roupa que faz o caráter de uma
pessoa. Não importa a roupa ou a maquiagem que eu use. Sempre serei eu
mesma.
— Fico feliz em ouvir isso. Mas agora preciso ir embora, tenho que ir
na casa da Camila, Dayana já deve ter feito o meu inferno.
— Tudo bem, vou ficar mais um pouco aqui.
— Foi bom conversar com você. Poderíamos marcar mais vezes. O
que você acha?
— Seria legal.
Ale se aproxima e me abraça e consigo inalar seu cheiro, depois ele
beija meu rosto.
— Até amanhã.
— Até amanhã.
Depois que Ale foi embora fico pensando em tudo que já vivemos
juntos e sobre o que ele me falou. Acho que o mais importante foi a nossa
amizade. As meninas estão certas, o caminho mais curto para o coração dele
é a nossa amizade que por mim é mais que isso e para o Ale também já foi
um dia. Se ele não sentisse nada por mim não estaria com saudades das
nossas conversas ou preocupado pelo meu jeito de agir ou vestir. Esse será o
caminho que irei usar para chegar até o coração dele.

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CAPÍTULO 21 — CLARA

Estou jogada no sofá do meu apartamento desde que Marcelo me


deixou aqui no portão do prédio. Será que tudo isso que aconteceu é verdade?
Será que ele sente a mesma coisa por mim? Será que vou quebrar a cara e
sofrer feito uma palhaça de novo?
— São tantas perguntas sem resposta — falo em voz alta.
Começo a lembrar do passado, meus dias e noites eram bem parecidos
com o que vivi a noite passada. Não sei se é por causa do tempo que já
passou ou a desilusão, hoje pensando não parecia ser tão real e sincero da
forma como foi com Marcelo.
Mas nessa época fui feliz, mesmo tudo sendo uma mentira, amei e
sonhei em construir uma vida a dois.
Como muitas pessoas diziam: "O amor é visível nos olhos de vocês
dois”, "Vocês são almas gêmeas", " Nasceram um para o outro". De uma
forma nada legal descobri que não era amor, por parte dele. Que não éramos
alma gêmea e que realmente não nascemos um para o outro.
Aprendi da forma mais dura que contos de fadas não existem, que
todo fim é um recomeço.
Você não pode querer sonhar uma vida junta com outra pessoa. Pois
não sabe quando o outro irá te dar uma rasteira e o derrubar no chão da forma
mais cruel possível. Esse pelo menos foi o meu caso. Desde então fechei meu
coração, ninguém tinha conseguido quebrar a barreira que eu mesmo fiz. Sou
dona do meu destino e tento escrever da melhor forma possível a minha
história no livro da vida. Mas, dessa vez quem passou a rasteira em mim foi o
diabo do destino que colocou Marcelo em meu caminho. Todos sabiam que
era apenas um jogo inocente. Na real os outros não sabem, o verdadeiro
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motivo que aceitei essa aposta. Eu queria provar que não existe homem fiel
ou namoro perfeito como aquele casal aparentava ser.
Logo de início descobri os podres da Dayana, então ai o problema
daquele relacionamento não era ele, mas ela: a vaca no cio que namorava ele
e Montanha ao mesmo tempo. Eu e as meninas sabemos o tanto que
Montanha sofreu, talvez a nossa amizade pelo meu lado foi por me identificar
com ele. Meu coração também estava quebrado, com a amizade de Montanha
e das meninas juntei todos os pedacinhos e os colei um a um, infelizmente
ficaram marcas que não tem como serem apagadas. Apenas Montanha sabe o
que aconteceu comigo há três anos e seis meses atrás, até hoje tenho
vergonha do papel de idiota que fiz e também não tenho coragem de contar
para as meninas. Elas nunca entendem porque eu nunca vou para casa, coisa
que acontece apenas uma vez no ano e dura apenas um dia e sempre na
companhia do Montanha.
Montanha é o irmão mais velho que não tive, sem ele não teria a
coragem de voltar para minha cidade e ver minha mãe. Nunca mais pisei o pé
na casa dela. Tentei voltar lá, mas aquela cena sempre volta, a dor e a magoa
voltam.
Posso voltar para a cidade, mas não para casa. Cidade pequena todos
se conhecem, toda vez que vou e marco de encontrar com minha mãe ainda é
possível notar o olhar de pena ou deboche das pessoas.
O mundo é cruel e as pessoas são cruéis, aprendi não abaixar a cabeça
e seguir em frente sempre, fiz isso muito bem até agora. Só não aprendi a
lidar com as coisas que envolvem o coração, que envolvem sentimentos que
um dia já senti. Então como não sei lidar muito bem com isso eu fujo.
Minha vinda para Dourados foi uma fuga, queria fugir da dor, da
desilusão, dos olhares de pena, das piadinhas. Tudo que eu queria era
recomeçar. Recomeçar a minha vida sem julgamentos ou olhares, consegui

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isso. Tudo estava indo muito bem, até ele aparecer, o que era para ser um
simples jogo de sedução virou uma bola de neve enorme e não sei mais o que
fazer. Montanha ainda me avisou que isso iria acontecer, mas neguei a mim
mesma, sempre afirmando que era apenas um jogo, apenas sexo, apenas
diversão. Jurei para mim mesma que não existia nenhum tipo sentimento.
Realmente de início não existia, mas agora... Realmente não sei o que
sinto.
Marcelo sempre foi fofo, no início até ria das suas fofuras. Depois que
eu quebrei a cara, achava essa fofura toda coisa de gay. Convivendo com ele,
percebi que ele não era fofo, que na verdade era simpático e tratava a mulher
do jeito que muitos homens deveriam tratar sempre. Ele sempre foi
simpático, atencioso, olhava em meus olhos enquanto eu falava ou ele abria a
porta do carro e sorria, com o tempo sem eu perceber queria ficar mais tempo
conversando com ele e seu sorriso começou a me deixar besta. Marcelo além
de ser tudo isso, naquele dia na biblioteca mostrou ter pegada, me deixou
desconcertada com um "simples beijo". Eu sei, o beijo dele parecia mais sexo
com a língua. Logo depois ainda descobri que ele tem um belo pau grande e
grosso. O melhor, sabe usar muito bem, me fazendo sentir sensações jamais
imagináveis. Sensações e sentimentos que ficaram ainda mais intensos nessas
últimas horas. A atitude dele na festa, me levando para sua casa, suas
promessas, tudo isso me fez sentir amada, querida e principalmente cuidada.
Aquela casa foi a nossa bolha, não queria sair da bolha erámos apenas
eu e ele. Não tinha o mundo aqui fora, não existia nenhum problema. Não
quero sofrer de novo.
Se Marcelo perceber que não sou tudo isso? Se ele preferir continuar
com Dayana? Mais perguntas sem respostas.
Sei que ele disse que não me quer apenas por uma noite. Também sei
que sou incapaz de retribuir tudo o que ele fez e me faz sentir, tudo isso por

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medo de me machucar de novo.


Quer saber de uma coisa, o melhor a fazer nesse momento é levantar
desse sofá tomar um banho e ir dormir. Esses pensamentos não podem ocupar
tanto assim o meu tempo. Amanhã é outro dia. Não vou sofrer, não vou me
permitir sofrer, não será Marcelo ou outra pessoa a me fazer chorar
novamente.
Levanto do sofá tomo um banho gelado dos pés à cabeça. Visto uma
camisolinha leve, pego meu celular e percebo que acabou a bateria, coloco
para carregar e ligo para minha mãe.
— Minha filha, você demorou hoje para ligar estava preocupada.
— Estou bem mãe, sai ontem e voltei já era de manhã.
— Você não está mentindo?
— Por que eu iria mentir mãe, estou bem e a senhora?
— Estou com o meu coração apertado, quando vai vir me ver? Já vai
fazer quase um ano que não te vejo.
— As coisas estão bem corridas na faculdade, mas logo vou te ver.
— Vai trazer seu namorado de novo?
— Mãe já disse, ele não é meu namorado. É um amigo, um amigo
irmão.
— Rezo tanto para Deus colocar um rapaz bom em seu caminho.
— Não gaste seu tempo com isso mãe, reze para que Deus deixe esse
rapaz bem longe de mim — falo para minha mãe rindo.
— Clara não adianta você fugir, na hora certa esse rapaz vai aparecer
e você não vai conseguir fugir dele. Ele vai amansar seu coração apenas com
um sorriso. — Minha mãe fala me deixando pensativa. Mãe sabe mesmo das
coisas, não importa a distância. — Clara, Clara você está ai?
— Estou sim mãe, só estava pensando.
— Esse rapaz já apareceu, por isso está pensando.

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— Não mãe, ele não apareceu e nem vai aparecer, pois não irei deixar.
— Clara, você tem que abrir o seu coração minha filha.
— Ele está aberto mãe.
— Abrir para o amor.
— Eu amo a senhora, o Montanha as meninas, ele está aberto.
— Tudo bem minha filha, na hora certa as coisas tomam seu rumo, o
importante é que você está bem.
— Mãe, preciso desligar tenho uns trabalhos da faculdade para fazer.
—Tudo bem, me liga mais vezes e fique com Deus.
— Beijo mãe.
Desligo o celular e deito na cama, não quero pensar em nada só quero
dormir. Depois da noite e a manhã que tive acabo pegando rapidamente no
sono. Só sou despertada pelo toque do meu celular.
— Oi — atendo sem olhar quem é.
— A bela adormecida ainda está dormindo.
— Hurum.
— Como você está?
— Estou bem. Você demorou para ligar.
— Sabia que você estava em boas mãos.
— Montanha, é você mesmo?
— Já te disse que Marcelo é uma boa pessoa — Montanha fala rindo.
— É, ele é sim.
— Clarinha, não vou passar ai porque tenho um compromisso e
amanhã eu trabalho. Só quero dizer para você não fugir, apenas viva.
— Até você? Eu não fujo.
— Ok, você só se esconde. Até amanhã na faculdade.
— Montanha?
— Fala.

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— Com quem você vai se encontrar?


— Com uma pessoa, beijo — fala e desliga e celular.
Ah safado! Ele acha que me engana, se eu ligar para Carol dizendo
que vou na casa dela qual será a sua resposta? Montanha diz para eu não
fugir, mas ele também está fugindo. Acho que somos irmãos e fomos
separados na maternidade. Não irei ligar para Carol, pois está mais que na
cara que esses dois têm algum rolo, vou deixar rolar.
Vou para a cozinha preparar algo para comer e me lembro de Marcelo
fazendo omelete, passar a noite com ele tem algumas vantagens além de ser
bem comida depois sou bem alimentada. Volto para o meu quarto e começo a
ler O lado Feio do Amor da Colleen Hoover. Está vendo o amor não é tão
belo assim. Leio até adormecer. Assim foi o meu domingo.
Acordo cedo, me arrumo e vou para a academia, treino pesado para
manter o corpo. Volto para o apartamento o organizo e limpo, coloco a roupa
para bater.
Na hora do almoço faço um miojo de tomate, que adoro, e depois
arrumo o material da facul. Leio o texto de hoje e desenvolvo minha pesquisa
enquanto troco algumas mensagens com as meninas. Afinal preciso saber das
novidades, Eva se encontrou com Ale e Carol saiu com um carinha ontem à
noite. Carol e Montanha são dois safados, deixa esses dois comigo.
Tiro um cochilo e quando acordo é quase 17h00, é hora de me
arrumar. Escolho um vestido longo florido e uma rasteirinha. Já que Marcelo
diz que virá me buscar escolho algo leve. Mas já deixo uma roupa separada
vai que ele não aparece e eu tenho que ir com a Penélope, esse vestido é ruim
para pilotar, mas ele é lindo.
Estou quase pronta quando a campainha toca. Ainda nem é 18h00,
abro a porta e é Marcelo, todo comestível de calça jeans preta e camiseta gola
V branca.

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Ele me cumprimenta com um beijo na boca e sem pedir licença entra


e senta no meu sofá. Mas está folgado, irei colocá-lo no seu devido lugar.
— Você não acha que está cedo?
— Queria conversar com você antes de ir para faculdade.
— E o que você quer conversar? — pergunto cruzando os braços.
— Quero você.
— Marcelo já disse que eu não namoro e você tem a Dayana.
— Sou solteiro e nada me impede de ficar com você.
— Como assim solteiro?
— Depois que deixei você aqui. Marquei com ela e terminei tudo,
agora sou todo seu Clarinha.
— Não. Você não é meu assim como eu não sou sua.
— Ainda.
— Como?
— Senta aqui do meu lado Clarinha, pensei muito e tenho uma
proposta para fazer para você.
Vou até Marcelo e sento ao seu lado.
— Já vou avisando Marcelo, eu não vou namorar você.
— E noivar você aceita?
— Você está louco. Não aceito namorar, noivar ou casar com você.
— Já imaginava isso, só falei para ver sua cara.
— Palhaço.
— A minha proposta é o seguinte Clara, você fica comigo por tempo
indeterminado e eu fico com você. Sem namoro.
— Apenas ficar?
— Ficar juntos. Tudo que um casal tem direito, dormir juntos, sair e
até andar de mãos dadas.
— Isso é namoro, Marcelo, e eu não namoro.

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— Não Clara, isso é ficar, vamos apenas ficar.


— Apenas ficar sem cobrar o outro ou crises?
— Isso, só que tem um pequeno detalhe.
— Qual detalhe é esse, Marcelo?
— Eu não posso ficar com mais ninguém enquanto eu ficar com você.
— Isso eu concordo, senão vai virar palhaçada você ficando comigo e
com a torcida do flamengo.
— Você também não pode ficar com outros caras enquanto tiver
comigo.
— Não, isso não é justo, isso é namoro.
— Clarinha, você acabou de dizer que é justo que iria virar palhaçada
eu ficando com você e com a torcida do flamengo. Direitos iguais, eu não
fico com outras mulheres e você não fica com outros caras.
— Você negocia bem. Usou as minhas palavras ao seu favor.
— Estou fazendo direito. Então Clarinha, aceita ou não minha
proposta? Ou irei ter que pensar em outra coisa.
— Não sei.
— Vamos Clarinha, vamos tentar.
— Vamos fazer assim, vou tentar por uma semana para ver se vai dar
certo.
Marcelo se aproxima de mim e me beija, um beijo calmo e gostoso,
suas mãos seguram meu rosto.
—Vou fazer dar certo, minha ficante.
— Sua?
— Sim, minha ficante e eu sou seu ficante.
— Então, meu ficante eu posso acabar de me arrumar, pois você
chegou bem cedo — falo levantando do sofá.
— Pode sim, cheguei cedo de propósito, estava com saudades dessa

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sua boca gostosa. Sei que não vai admitir, mas também sentiu saudades
minha — Marcelo fala com aquele sorriso lindo.
Levanto um pouco meu vestido e sento no colo de Marcelo, fincando
cada perna de um lado.
— Na verdade senti sim, saudades de seus beijos — falo beijando sua
boca. – Do seu cheiro. — Cheiro seu pescoço e dou uma leve mordida em sua
orelha. — Do seu corpo. — Levanto sua camiseta e minhas mãos percorrem
seu peitoral.
— E disso aqui sentiu falta? — fala levantando o quadril esfregando
sua ereção em mim.
— Principalmente disso — digo rebolando e abrindo o zíper de sua
calça.
— Nunca deixa de me surpreender — fala colocando minha calcinha
de lado e enfiando um dos dedos em minha entrada.
— Você gosta de ser surpreendido? — falo libertando seu pau, e o
masturbando com minhas mãos.
— Por você, sempre — fala baixando a alça do meu vestido e
colocando um dos meus seios em sua boca, enquanto a outra mão massageia
o outro seio.
Posiciono seu pau em minha entrada, coloco só a "cabecinha" e rebolo
com movimentos leves, não deixando Marcelo enfiar mais dentro de mim.
— Ah — ele geme.
Então desço de uma vez em todo seu comprimento, mas logo subo e
fico apenas na "cabecinha". Repito esses movimentos algumas vezes.
Deixando Marcelo louco.
— Que isso diaba — fala com a voz rouca de tesão.
— Isso chama provocação — digo levantando rapidamente do seu
colo.

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— Clara! O que pensa que está fazendo?


— Indo me arrumar para facul. Ou iremos nos atrasar.
— Olha aqui, você não pode me deixar assim — Marcelo fala ainda
sentado no sofá e apontando para seu pau duro fora de suas calças.
— Verdade. Vou dar um jeito.
Volto para perto do Marcelo, me ajoelho entre suas pernas, pego seu
pau em minhas mãos e dou algumas generosas chupadas. Quando percebo
que Marcelo começa a gemer e a rebolar em minha boca, pego seu pau ajeito
dentro da cueca e fecho o zíper da calça.
— Prontinho agora já posso acabar de me arrumar. — Dou um leve
beijo em sua boca e saio em direção do quarto.
— Clara! Você vai me deixar assim mesmo? — Marcelo grita da sala.
— Adoro você assim, Marcelo — grito de volta.
Fecho a porta e a tranco, vai que ele vem atrás de mim. Arrumo meu
cabelo, faço uma maquiagem leve e ajeito a calcinha que Marcelo colocou de
lado. Meu vestido é longo, leve e não marca, então para provocar Marcelo
mais um pouquinho tiro a minha calcinha. Só quero ver a reação dele quando
descobrir.
Pego minha bolsa e o material da facul e saio do quarto. Vou até a
sala e olho com cara de santa para Marcelo que está deitado no sofá olhando
para o teto.
— Vamos?
— Você não acha que esqueceu alguma coisa? — ele fala com uma
cara de safado, que adoro.
— Nossa é verdade, preciso do carregador do notebook — falo indo
buscar.
Quando volto Marcelo já está em pé próximo a porta.
— Agora vamos — digo ficando na ponta dos pés e lhe dando um

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selinho.
— Você é uma diaba — fala saindo do apartamento.
— E você adora essa diaba.
— Isso é verdade — Marcelo confirma e me puxa para um beijo de
tirar o fôlego.
Saímos do prédio de mãos dadas, ele abre a porta do carro para eu
entrar, dá a volta, entra coloca o sinto e da partida no carro.
— O seu batom não sai?
— Claro que não, ele é vinte e quatro horas. Você pode me beijar a
vontade que eu não ficarei borrada e feia.
— Você feia é impossível Clara.
O trajeto do meu apartamento para a facul foi tranquilo, usei esse
tempo para conhecer mais Marcelo, é impressionante como a conversa com
ele flui. Quando percebemos já estamos entrando no estacionamento.
— Marcelo, você poderia trocar o lugar que sempre estaciona? —
peço.
— Por quê?
— Não sei, precaução.
— Você está certa.
Marcelo acaba estacionando um pouco mais distante, onde tem
bastante árvores e o movimento não é muito. É perfeito.
Tiro o meu sinto e quando Marcelo vai sair do carro o chamo.
— Marcelo.
— O que foi?
— Posso te dar um beijo — falo com cara de santa e o sorriso dele
amplia.
— Não precisa pedir.
Ele mal acaba de falar, saio do meu lugar e o monto. Começo a beijar

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sua boca de forma intensa e dou leves mordidas em seus lábios. Suas mãos
fazem justamente o que eu queria, começam a percorrer as minhas pernas e
vão subindo. Até chegar onde eu queria.
— O que? Cadê? Clara, cadê a sua calcinha que tinha que estar aqui?
— fala passando a mão em minha bunda e na minha entrada para confirmar
se eu estava sem mesmo.
— Eu tirei — confirmo em um sussurro.
— Você não fez isso — fala massageando a minha bunda.
— Fiz sim.
— Quer me deixar louco?
— Não. Quero te deixar pensando em mim, até a hora de nós irmos
embora e nos saciarmos um com o corpo do outro — digo saindo do colo de
Marcelo.
— Vamos saciar agora esquece a aula hoje — fala me puxando.
— Não falto na facul, a gente tem a noite toda — digo pegando minha
bolsa e meu material no banco de trás.
— Está bem, só não sei como vou prestar atenção depois disso.
— Ah Marcelo, para vai passar rapidinho.
Ele pega sua pasta, coloca no ombro, sai do carro dá à volta, abre a
minha porta e a fecha. Fica na minha frente, coloca as duas mãos no carro e
fico presa. Olha em meus olhos.
— Primeiro você fez aquilo no seu apartamento, e agora essa história
de calcinha. Você vai assistir a sua aula. Mas hoje você não me escapa, vou
comer você hoje dentro desse carro, aqui no estacionamento e depois vou te
comer de quatro puxando seus cabelos no sofá do seu apartamento. Para
nunca mais você me deixar com as bolas doendo de tesão.
— Hum que gostoso, assim eu espero — falo rindo e Marcelo abre o
sorriso.

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Essa história de sermos apenas ficantes está sendo melhor que eu


imaginei. Não vejo a hora de ter Marcelo todo dentro de mim.

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CAPÍTULO 22 — MARCELO

— Hum que gostoso, assim eu espero — Clara fala rindo.


Olho em seus olhos e começo a rir também, essa safada gosta mesmo
de me ver doido por ela, essa é a explicação mais coerente que existe. Depois
da aula vou dar aquilo que ela está querendo.
— Já estou indo. — Me dá um selinho, passa por baixo dos meus
braços, fugindo de mim.
— Ei, me espera ai fujona.
— Seu prédio não é por esse caminho.
— E daí. Quero te levar até a sua sala — falo pegando a mão dela.
— Tem certeza?
— Por que não?
— Dayana?
— Faz parte do meu passado e você é meu presente — falo e a
abraço.
Essa história de ser ficantes foi só uma desculpa para Clara me aceitar
ao seu lado. Estava mais que na cara que ela iria fugir de um relacionamento
sério. Então ser ficantes foi à única maneira que achei para conseguir dobra-
la.
Quando cheguei ao apartamento dela confesso que pensei que ela iria
me pôr para correr, por isso já cheguei e a beijei, não esperei seu convite
entrei e sentei. Com ela tem que ser assim, não pode esperar ela falar, tenho
que agir antes dela abrir a boca, assim a deixo sem reação.
Estava com medo que ela não aceitasse a minha proposta e fugisse de
mim, mas conforme fui explicando ela acabou cedendo, foi mais fácil que eu
imaginei.
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Agora estamos andando de mãos dadas pelo campus e eu não sei


explicar o sorriso idiota que está em meu rosto.
— Você está percebendo? — Clara fala me tirando dos meus
pensamentos.
— O quê?
— Estão todos nos olhando.
— É inveja, porque estou com a garota mais linda dessa faculdade —
falo dando um beijo e passando meus braços por sua cintura.
— Você não liga?
— Só consigo ver você, os outros que se fodam. E você liga?
— Claro que não. Que se fodam! — Ri.
Continuamos o nosso caminho, Clara me conduz até a mesa que pelo
visto é o lugar dela e dos amigos, nos aproximamos e ela se solta e senta do
lado do Adriano dando um beijo em seu rosto.
— Hum que lindos — Carol fala.
— Estão namorando mesmo? — Eva pergunta.
— Não, eu não namoro e vocês sabem bem disso — Clara lembra.
Pego a mão de Clara e a faço levantar, sento e a coloco sentada em
meu colo.
— Não estamos namorando, eu acabei de ficar solteiro — falo.
— Vocês dois são solteiros, mas chegaram juntos de mãos dadas e
Clara está sentada em seu colo. Eu perdi alguma coisa? — Adriano pergunta.
— Só estamos ficando — digo.
— Então Clarinha, ainda pode pegar geral? — Carol pergunta.
— Não, essa é a única regra: eu não posso ficar com ninguém e nem
ela — explico.
— Foi um acordo e estamos apenas fazendo um teste — Clara fala e
todos começam a rir.

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— Clarinha, então você não namora? Só fica com ele, anda de mãos
dadas, provavelmente vão dormir juntos e não pode ficar com outros caras —
constata Adriano.
— Isso mesmo — Clarinha fala com um enorme sorriso, vira o rosto e
me dá um breve beijo.
— Clara, você não fica mais que uma vez com o mesmo cara. O único
com quem você fez isso foi com o Edson, mas foram apenas umas três vezes
e porque ainda estava bêbada e depois já dava um fora nele, você sempre foi
fria com ele. Já com Marcelo isso de vocês dois "ficarem" demorou em
acontecer. Estão mais de um mês nesse chove não molha, e pelo visto ambos
estão bem contentes com esse "rolinho"— Adriano fala rindo.
— Marcelo, você superou as minhas expectativas, amarrou Clarinha e
ela ainda nem percebeu isso — Carol caçoa rindo.
— Que nada, Clara é livre — digo fazendo sinal para Carol ficar
quieta ou é perigoso Clara sair correndo do meu colo.
— Acho que devemos bater palmas para Marcelo, pois ele conseguiu
o impossível — Eva fala rindo batendo palmas e os outros a acompanham.
— Vocês podem não acreditar, mas eu e Marcelo estamos apenas
ficando — Clara afirma, mas também ri.
— Pode deixar meninas estou aproveitando bem a minha ficante —
digo. — Clarinha, vou para a minha sala tentar assistir aula. Ainda não
esqueci o que fez comigo, no intervalo passo aqui para de dar uns amassos —
falo em seu ouvido apertando sua bunda.
— Vou esperar por isso — responde, depois se levanta do meu colo.
— A conversa está boa, mas preciso ir para a aula. Meninas, Adriano
cuida dela para mim — falo fazendo todos rirem.
— Clara é esperta, não se preocupe ela sabe se cuidar sozinha —
Carol fala.

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— Mesmo ela sabendo se cuidar sozinha eu cuido dela pode ter


certeza – Adriano fala dando uma piscada.
Dou mais um beijo em Clara e despeço-me dos outros. Saio rumo ao
bloco do meu curso. Vejo Dayana de longe, corto caminho, não quero
conversar agora com ela, vai que começa a dar escândalo. Dizem que a gente
só conhece a pessoa quando se separa. Esse foi um dos motivos que pedi para
Adriano cuidar de Clara, vai que Dayana da às crises quando descobrir que
estou com Clara e vai para cima dela. Portanto é melhor me prevenir.
Chego à minha sala, sento desconfortavelmente em minha carteira
com o pau duro. Aquela diaba além de aprontar comigo no apartamento dela,
depois fez aquilo no carro e o pior ela está sem calcinha, isso é motivo
suficiente para eu ficar com o pau duro até a hora de ir embora.
O professor chega à sala e começa a aula, não presto atenção em nada,
isso já imaginava. Não vou conseguir esperar até o fim da aula para tê-la. Na
hora do intervalo vou levar Clara embora e resolver meu probleminha, nada
mais justo eu fazer isso, visto que ela me deixou com o tesão do cão e depois
caiu fora.
Quando o professor nos libera para o intervalo pego minha pasta e
saio. No corredor escuto alguém me chamando.
— Marcelo!
Quando me viro vejo que é Dayana, não quero falar com ela, mas
também não parar vai ser falta de educação.
— Oi Dayana — resolvo cumprimentar.
— Eu só queria saber como você está?
— Bem, mas preciso ir.
— Nossa vai ser assim agora. Seu grosso.
— Dayana cada um segue a sua vida, não tenho o que falar com você,
não quero ser grosso.

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— Pensei que já tinha se arrependido.


— Não me arrependi. Agora preciso ir.
— Não tem problema, você ainda vai se arrepender.
— Isso é impossível, tenho que ir — digo, viro as costas e vou rumo
ao bloco do curso da Clara.
Já estou imaginando tudo que vou fazer com ela hoje, estou
parecendo àqueles adolescentes apaixonados com um sorriso bobo no rosto.
Clara é o motivo do meu riso, preciso dela o quanto antes. Só ficar ao seu
lado já me sinto inteiro.
Vejo seus amigos sentados no mesmo lugar de quando chegamos à
faculdade, mas ela não está com eles.
— E ai, vocês viram a Clara? — pergunto.
— Foi no banheiro — Carol responde.
— Ata obrigado vou atrás dela.
— Ei Marcelo, ela sabe o caminho de volta. Senta aqui e espera com a
gente —Eva fala.
— Ela sabe o caminho de volta, mas não é esse o caminho que
pretendo fazer com ela — falo e dou uma piscada. — Vocês guardam o
material dela?
— Pode deixar — Adriano fala rindo.
— Clarinha não sabe onde se meteu — Carol ri.
— Me deixa ir atrás dela, beijão meninas. Até mais, Adriano.
Saio rumo ao banheiro quando estou chegando perto escuto vozes
altas.
— Não quero nada com você. Me solta seu retardado. Você está me
machucando.
— Você não vai ficar com ele.
— Já te disse que eu fico com quem eu quiser e vou ficar com ele sim.

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Me solta, eu não tenho nada com você e nunca tive.


— Recusa meus beijos por causa daquele engomadinho.
Quando dou por mim descubro que é Edson segurando os dois braços
de Clara e a balançando de forma bruta fazendo com que suas costas batam
na parede.
— Por favor, me solta, você está me machucando, esquece que eu
existo. Eu não quero... — Clara pede chorando.
Corro até eles. Jogo minha pasta no chão.
— Ei! — grito.
Quando Edson se vira dou um soco em seu rosto, o fazendo largar
Clara que me olha assustada ainda chorando.
— Olha quem apareceu — Edson fala vindo para cima de mim, mas
erra o soco.
Dou outro soco em seu estomago fazendo-o se curvar, dou um chute
em sua perna fazendo-o cair, quando vou para cima dele sinto alguém me
segurando. Olho para trás e são os braços de Adriano.
— Me solta Adriano, me deixa acabar com esse merda — grito.
— Calma, você já deu o que ele merecia. Isso fica como um aviso
Edson, da próxima vez que você relar um dedo na Clara serei eu a te mandar
para o hospital com seus dois braços quebrados para nunca mais relar nela —
avisa Adriano.
— Você não vai ficar com ela — Edson fala se levantando e
apontando o dedo para mim.
— Já estou com ela — aviso.
— Ela nunca esteve com você Edson, se conforma. Clara nunca quis
nada com você seu idiota — Carol grita.
Olho para trás e vejo Eva e Carol abraçadas com Clara, que chora.
— Só vou te avisar uma vez, nunca mais encoste um dedo nela, não

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dirija a palavra a ela. Pode me soltar, não vou bater nesse babaca, ela precisa
de mim — digo.
Adriano me solta, vou até Clara, as meninas se afastam e eu a abraço,
ela me abraça forte e continua a chorar.
— Xiiiii, calma, não precisa chorar eu estou aqui.
— Ele quis me agarrar à força, eu não tenho nada com ele, eu juro
Marcelo — Clara fala em meio ao choro.
Levanto sua cabeça, olho em seus olhos.
— Eu sei, eu vi, não se preocupe. Confio em você.
— Vai confiando engomadinho, logo você vai descobrir a santa que a
Clara é, aproveita bem enquanto é tempo — Edson fala, vira as costas e vai
embora.
— Vamos sair daqui. A plateia está grande — Adriano fala.
Olho em volta e dou conta do número de pessoas que estão assistindo
a cena, vejo Dayana sorrindo para mim. Não sei o que ela ganha com esse
sorriso, o melhor é ignorar. Clara precisa de mim. Pego minha pasta do chão.
— Vem Clara, vou te levar embora — falo a conduzindo para o
estacionamento.
Os amigos dela nos acompanham.
— Um amigo viu Edson segurando o braço dela e veio nos avisar —
Eva fala.
— Ainda bem que você chegou a tempo — Carol fala.
— Já passou meninas, vamos mudar de assunto — Adriano pede.
Chegamos até o carro. Adriano se aproxima de Clara, e eu me afasto
um pouco. Ele a abraça e fala: — Desculpa minha menina, hoje eu não pude
te proteger. Nunca mais ele vai relar em você, te prometo.
Algumas pessoas podem confundir esse carinho que Adriano tem por
Clara, no início quando os via no corredor da faculdade sempre achei que

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tivesse algo a mais que amizade. Com o tempo percebi que não existe nada
além disso. Depois que Clara se aproximou de mim essa amizade ficou mais
evidente. Adriano cuida dela como se fosse uma irmã mais nova. Não existe
nenhum motivo para eu sentir ciúmes. Essa amizade entre os dois é pura e
verdadeira, algo que jamais tinha visto antes.
— Você não teve culpa, Montanha — Clara explica. — Edson estava
louco, ele me viu mais cedo com Marcelo e veio tirar satisfações. Ele me
ameaçou disse que iria acabar com a minha vida. Ele tentou me agarrar e me
arrastar para o banheiro.
— Vou ter uma "conversinha" com ele daqui a pouco, ele nunca mais
vai relar em você. Essa obsessão dele já foi longe demais. Vai com Marcelo,
acho que ele não vai te deixar sozinha essa noite. Você vai estar em boas
mãos. Amanhã passo para saber como você está — diz Adriano.
— Não deixa aquele babaca estragar a sua noite Clarinha, você tem o
corpinho de Marcelo a noite toda — brinca Carol.
— Carol, você não tem jeito mesmo, isso é hora de pensar na farra da
Clara e Marcelo — repreende Eva. — Clarinha, não escute essa doida, e não
fica assim, Edson é um babaca idiota de pinto fino.
— Como assim pinto fino? — questiono.
— É melhor você nem saber — Adriano fala rindo. — Vai se
acostumando Marcelo, essas meninas não têm filtro, agora leva a Clarinha
para casa e cuida bem da minha menina.
— Pode ter certeza que irei cuidar muito bem dela.
Eu e Clara nos despedimos de todos. Abro a porta ela entra, fecho,
dou a volta sento e dou partida no carro. Percebo que Clara ainda está triste.
preciso anima-la, não gosto de vê-la triste.
— O que acha de passarmos em uma conveniência pegar uma Coca-
Cola e sorvete. Ai vamos até o meu apartamento assistimos alguma coisa

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tomando coca e sorvete.


— Tenho uma ideia melhor.
— Qual?
— Passamos na conveniência, pegamos Coca-Cola, sorvete e
chocolate, vamos para o meu apartamento, você me come de quatro no sofá
como prometeu. Depois comemos chocolate e tomamos coca e sorvete.
— Pode ser, principalmente na parte de quatro no sofá.
— Sabe foi uma promessa, eu perdi o banco do carro no
estacionamento não posso perder a do sofá — Clara fala rindo.
— Diaba safada — digo pegando a sua mão e dando um beijo. —
Oportunidade não vai faltar.
— Você gosta.
— Logico essa diaba safada é só minha.
Clara ri. Assim fizemos, passamos na conveniência compramos tudo e
vamos para o seu apartamento, fizemos amor loucamente no sofá de quatro e
depois de todas as posições possíveis. Depois de cansados e saciados
tomamos banho, comemos o chocolate e tomamos coca com sorvete.
Dormimos juntos em seu apartamento.

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CAPÍTULO 23 — MARCELO

Faz mais de quinze dias que eu e Clara estamos juntos, tudo indica
que o teste de uma semana deu certo. Hoje faz exatamente quinze noites que
não durmo no meu apartamento. A nossa rotina é sempre a mesma:
acordamos cedo, fazemos amor, vamos para a academia, depois voltamos
para o apartamento tomamos banho, me arrumo e vou para o estágio. Os dias
que o serviço está mais suave vou almoçar com Clara, os mais corridos
almoço no escritório mesmo. Alguns dias da semana passo no meu
apartamento, pego umas peças de roupa e deixo as sujas para a tia da faxina
lavar. Clara disse que não vai lavar minhas cuecas. E nos fins de semana
vamos para o nosso refúgio.
Está sendo bom esse tempo que estamos passando juntos. Clara está
cada dia mais entregue e até mesmo carinhosa. Para ela estamos apenas
ficando, mas sei que isso que temos um com o outro não é ficar, mas é
melhor não contraria-la e deixá-la pensando que estamos só ficando.
As amigas de Clara e Adriano sempre ficam brincando e zoando com
a nossa cara. Eles falam que nós dois já estamos casados e daqui uns dias
chegamos com um filho nos braços, pois somos rapidinhos, nem namoramos
ou noivamos pulamos logo para o casamento. Para deixar Clara bravinha,
sempre falo que estou fazendo um teste, vendo se Clara é boa para casar
mesmo. Fazendo todos rirem e sempre levo uns tapas dela por isso.
Dayana nunca mais conversou comigo, quando a vejo no corredor da
faculdade ou no escritório ela vira a cara. Edson também não deu mais as
caras, alguns dizem que ele trocou de faculdade, mas acho que essa atitude
foi devido a certa "conversinha" que Adriano teve com ele.
Hoje, sábado, resolvemos sair com os nossos amigos. Agora Adriano,
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Carol e Eva também são meus amigos. Bebemos, dançamos e nos divertimos
até tarde, depois eu e Clara viemos para o nosso refúgio.
Clara insiste em dizer que é apenas sexo, e eu aceito as desculpas
dela, aos poucos ela vai cedendo, vez ou outra sente até ciúmes. Eu tento a
cobrir de carinho, amor para que ela possa confiar em mim sempre. Mas
ainda não consegui descobrir o motivo por ela fugir de algo mais sério, a
única coisa que percebi é que ela quase não fala da família. Seu único contato
é com a mãe, mas só fala com ela uma vez na semana.
Agora estou aqui deitado, vendo minha diaba linda dormindo em
meus braços, isso é algo que não me canso de fazer. Observar Clara
dormindo passou a ser um dos meus programas favoritos. A observo até cair
no sono.
Sou despertado, com o toque do celular de Clara. Olho no relógio e
vejo que ainda não é nem 07h00, pego seu celular que está na cabeceira e
vejo escrito "mãe" no visor. Acho melhor acorda-la, a mãe dela não liga, ela
que sempre liga para mãe.
— Clarinha meu amor, Clara, acorda — a chamo dando leves beijos.
— Me deixa dormir — resmunga.
— Amor, seu celular está tocando.
— Deixa tocar — fala manhosa.
— Sua mãe, ela está ligando.
Passo o celular para ela que atente.
— Mãe está cedo depois eu ligo.
De repente ela levanta da cama, com os olhos estatelados e respiração
ofegante. Vai até a porta do banheiro.
— Já disse para não ligar para mim, já te disse para você esquecer que
eu existo. Para mim você morreu.
Clara parece ouvir o que a outra pessoa diz no celular, ela vai se

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abaixando, senta no chão e começa a chorar.


— Quando? — pergunta.
Depois de alguns segundos fala: — Estou indo. — Desliga o celular.
Levanto da cama, chego perto dela e a abraço.
— Clara, aconteceu alguma coisa?
— Preciso falar com Montanha.
Pega o celular liga para Adriano.
— Montanha, preciso de você. Tenho que ir para Rubineia, não posso
ir sozinha. Minha mãe sofreu um acidente e está em coma no hospital. Por
favor, diz que vai comigo — Clara pede chorando.
Ela escuta Adriano falar.
— Ele está aqui — diz e me olha. — Montanha quer falar com você.
— Oi – digo ao pegar o telefone.
— Marcelo, não estou em Dourados, fiz uma viagem ontem depois
que saímos da festa, já tinha avisado Clara, não tem como eu chegar a tempo
para leva-la. Preciso que você a leve para ver a mãe, mas você não pode
desgrudar dela. Ela precisa de você agora, mas ela nunca vai te pedir ajuda.
Ela parece ser forte, porém é uma menina frágil. Amanhã de manhã consigo
chegar e ficar com ela. Você fique com ela enquanto eu não chego. Posso
contar com você? Você a leva e cuida dela enquanto não chego?
— Posso. Eu a levo, não precisa se preocupar. — Ele nem precisa
pedir isso. Clara se tornou a minha joia mais rara. Sempre irei cuidar dela.
— Não faça perguntas, apenas fique com ela. Se ela se sentir
confiante te contara tudo.
— Pode deixar, vou fazer o possível e o impossível.
— Obrigado Marcelo, não esperava menos de você. Agora passe para
ela fazendo favor.
Passo o celular para Clara que ainda chora.

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— Está bem, amanhã? Você jura — fala e logo desliga.


Como já sabia a ligação entre Clara e Adriano é muito forte, talvez ele
seja o único que sabe o que realmente aconteceu. Hoje estou tendo a prova
disso. Ainda é cedo para Clara confiar e contar tudo para mim. Saberei
esperar essa hora.
A abraço sem perguntar nada, a levo para o banheiro, dou banho nela,
a visto com um vestido que achei nas coisas que ela trouxe. Deixo-a sentada
na cama enquanto junto as nossas coisas. Quando acabo vou até ela.
— Vamos passar no seu apartamento pegar as suas coisas, depois
passamos no meu. Vou levar você até a sua mãe — falo a olhando.
— Marcelo.
— Estou aqui.
— Não me deixe sozinha — me pede chorando.
— Nunca vou deixar você sozinha — digo a abraçando.
— Obrigada. — Me abraça.
Essa será uma longa viagem, pelo visto Clara vai enfrentar seus piores
medos.

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CAPÍTULO 24 — CLARA

Escuto uma voz bem longe me chamando.


— Clarinha meu amor, Clara, acorda.
Ao mesmo tempo em que me chama, sinto beijos em minha pele. Esse
toque, essa sensação boa só uma pessoa faz comigo. Marcelo sempre me
acorda assim. Faz mais de quinze dias que todos os dias sou despertada da
mesma forma. Dormir com ele é tudo de bom, não sei como ele consegue ser
tão perfeito.
— Me deixa dormir — digo fazendo manha só para receber mais
beijos e carinhos.
— Amor, seu celular está tocando.
— Deixa tocar — digo manhosa.
Não quero atender, nem sei como me esqueci de desligar o celular.
Quando estamos aqui em nosso refúgio eu desligo, ficamos na nossa bolha
particular curtindo um ao outro.
— Sua mãe, ela está ligando.
Minha mãe? Ela nunca liga cedo, que estranho. Viro-me para Marcelo
e ele me passa o celular.
— Mãe, está cedo depois eu ligo — digo com voz de sono.
— Clara sou eu, Carla.
O que? Levanto da cama, vou até a porta do banheiro, só em ouvir sua
voz me sufoca. Não acredito que depois de tudo ela ainda tem coragem de me
ligar.
— Já disse para não ligar para mim, já disse para você esquecer que

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eu existo. Para mim você morreu.


— Eu sei, não desligue, por favor — pede com voz de choro e
começa a falar as palavras rápidas. — É a mãe, ela sofreu um acidente. Ela
está morrendo Clara, ela chamou seu nome quando o socorro chegou. Agora
ela está no hospital em coma.
Conforme ela vai falando, vou deslizando até sentar no chão. Não
acredito, não posso perder mais ninguém, não consigo me controlar e começo
a chorar.
— Quando? — pergunto em lágrimas.
— Ontem à noite quando voltava da igreja. Clara, você tem que vir
ver a mãe, eu fico longe, te juro que eu não vou chegar perto de você.
— Estou indo — digo e desligo o celular.
Mãe disse tantas vezes para ir vê-la, mas sempre fico adiando por
medo, agora estou a perdendo. Sinto alguém me abraçando, olho e lembro
que Marcelo está aqui.
— Clara aconteceu alguma coisa? — pergunta.
— Preciso falar com o Montanha — É a única coisa que eu consigo
falar. Preciso do Montanha do meu lado. Pego o celular e ligo para ele, que
atende rapidamente.
— Bom dia minha menina, não está cedo para me ligar?
— Montanha, preciso de você. Tenho que ir para Rubineia, não posso
ir sozinha. Minha mãe sofreu um acidente e está em coma no hospital. Por
favor, diz que vai comigo — peço chorando.
— Ei? Calma, não estou em Dourados, te avisei ontem que iria viajar.
Mesmo saindo daqui agora, vou demorar para chegar até você e leva-la até a
sua mãe. Marcelo está com você? — Montanha pergunta.
— Ele está aqui — digo olhando para Marcelo.
— Passa o telefone para ele — pede.

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— Montanha quer falar com você. — Passo para ele o celular.


— Oi — Marcelo fala e escuta Montanha falar.
— Posso. Eu a levo, não precisa se desculpar — Marcelo fala e
continua a ouvir Montanha.
— Pode deixar, vou fazer o possível e o impossível — Marcelo fala e
logo me passa o celular.
— Clarinha, Marcelo vai levar você, não discuta com ele, aceite que
ele te leve, ele não vai te fazer perguntas. Vai cuidar de você enquanto eu não
chego. Amanhã cedo no mais tardar estarei com você.
— Está bem, amanhã? Você jura — suplico.
— Juro Clarinha, confie em Marcelo ele te ama — Montanha fala e
desliga.
Marcelo me abraça sem me perguntar nada, me pega no colo, leva-me
até o banheiro e me dá um banho. Me ajuda a colocar um vestido. Fico
sentada na cama vendo-o arrumar as nossas coisas, estou agindo no
automático, não sei o que fazer ou pensar. Quero ver minha mãe, quero
abraça-la, beija-la e dizer o quanto a amo, mas não quero enfrentar o meu
passado.
— Vamos passar no seu apartamento pegar as suas coisas, depois
passamos no meu. Vou levar você até a sua mãe — Marcelo fala olhando em
meus olhos.
— Marcelo.
— Estou aqui.
— Não me deixe sozinha — peço chorando.
— Nunca vou deixar você sozinha — promete me abraçando.
— Obrigada. — O abraço.
Nesse momento a única coisa que tenho certeza é que preciso do
Marcelo ao meu lado. Não sei o que vou encontrar. Como minha mãe está,

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mas se ele estiver ao meu lado conseguirei enfrentar tudo e todos.


Marcelo pega as nossas coisas, me conduz até o carro, todo o caminho
faço em silêncio, sou despertada com um toque.
— Clarinha vamos, eu te ajudo arrumar suas coisas.
Apenas concordo balançando a cabeça de forma afirmativa. Subimos
para o meu apartamento e rapidamente arrumo minha mala e a nécessaire.
Marcelo me ajuda a colocar tudo no carro dele. Ele segue para o seu
apartamento e rapidamente arruma suas coisas. Passa no posto e abastece o
carro. Percebo ele digitar no GPS, e logo pega a rodovia.
— Marcelo, você sabe para onde estamos indo? — pergunto, pois não
falei a ele para onde iriamos, apenas disse que precisava ver a minha mãe.
— Rubineia. Você disse uma vez que era de lá. Também ouvi dizer
para o Adriano.
— Obrigada, você não precisava ir comigo.
— Não tem o que agradecer, eu preciso ir com você, pois ficaria
louco sem saber como você está. Não vou sair do seu lado.
Apenas dou a ele um sorriso fraco e volto a olhar para a janela. Fico
perdida em meus pensamentos que não percebo o tempo passar, até ver a
placa.
"BEM VINDOS A RUBINEIA"
Meu coração acelera, não sei o que vou encontrar, não sei como está
minha mãe, não sei como reagir.
— Clara? — Marcelo me chama.
— Oi.
— Para onde vamos agora?
— Hospital.
— Me ensina o caminho?
Balanço minha cabeça, e vou falando para Marcelo o caminho até o

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hospital. O tempo passa, mas a cidade continua a mesma. Somente eu não


sou a mesma. Quando chegamos Marcelo estaciona o carro, abre a minha
porta, me abraça e segura a minha mão.
— Não precisa ter medo estarei com você.
Seguimos para a recepção do hospital.
— Boa tarde — digo chamando a atenção da moça atrás do balcão.
— Boa tarde. O que deseja? — pergunta.
— Minha mãe sofreu um acidente ontem e está internada nesse
hospital. Quero saber como ela está.
— O nome dela, por favor?
— Claudia Ferreira da Silva.
— Seu RG, por favor.
— Aqui está — falo passando minha identidade para ela.
— Um momento.
Aguardo alguns minutos que parecem mais uma eternidade. Sinto as
mãos de Marcelo em minha cintura, olho para ele que me dá um beijo na
testa.
— Clara, por gentileza queira me acompanhar. Sua mãe está internada
na UTI, Doutor Luiz Fernando, o médico que está cuidado dela, vai conversar
com você e te passar todas as informações em relação a paciente e visitas.
Acompanho-a até uma sala, que pelo visto é a sala do tal médico.
Entro e ele faz sinal para eu me sentar. Marcelo fica ao meu lado.
— Boa tarde Clara, a auxiliar Gabryella mandou uma mensagem
dizendo que você queria notícias da minha paciente Claudia Ferreira.
— Sim, ela é minha mãe. Minha irmã ligou hoje de manhã
informando do acidente, mas não me deu mais detalhes. Acabei de chegar na
cidade — explico.
— Sua mãe foi atropelada ontem por volta das 21h00 e chegou aqui

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ainda consciente. A todo o momento chamava seu nome. Sua irmã Carla
acabou dizendo que você era a filha mais nova e morava longe. Sua mãe
estava com uma hemorragia interna porque uma das costelas perfurou o baço.
Ela foi operada para a retirada do baço, e também apresentou um leve
traumatismo craniano por ter batido a cabeça ao cair no chão. Por isso nesse
momento ela se encontra sedada até que o traumatismo diminua e estabilize.
Portanto ela está na Unidade de Terapia Intensiva.
— Ela corre risco de morrer? — pergunto agoniada.
— Riscos sempre existem. Mas nesse momento o estado de sua mãe é
estável. Precisamos ver como ela vai reagir daqui em diante. Aos poucos
iremos tirar a sedação até ela acordar.
— Posso vê-la?
— Pode, mas será uma visita rápida, ok.
— Tudo bem.
— Vou chamar uma enfermeira, ela irá te acompanhar. Daqui duas
horas vou examina-la novamente e posso dizer como está sendo a sua
evolução.
— Obrigada.
O Doutor Luiz Fernando me acompanha até a porta e logo aparece
uma enfermeira que me encaminha para o setor da U.T.I. Ela me faz vestir
umas roupas para que eu possa entrar no quarto. Marcelo não pode entrar e
fica me esperando do lado de fora.
Entro com receio no quarto, não aguento e começo a chorar. Aos
poucos vou tomando coragem e chego perto da minha mãe, ela está pálida
com alguns ferimentos no rosto e ligada a vários aparelhos. Dou um beijo em
sua testa e seguro a sua mão.
— Mãe sou eu sua Clarinha, sua filha. Eu estou aqui, vim te ver, por
favor, não me deixe, preciso tanto da senhora. Sei que me afastei de tudo,

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mas a senhora sempre esteve presente, mesmo eu estando distante. Sempre a


amei e sempre irei amar a senhora, fica comigo. — Enquanto falo lágrimas
escorrem pelo meu rosto. — Me perdoa mãe, fui tão egoísta indo embora,
pensei apenas em minha dor. Não pensei na senhora, na dor que a senhora
sentia. Mesmo assim a senhora me apoiou.
Fico em silencio rezando para que a Nossa Senhora Aparecida proteja
minha mãe, para que ela possa sair dessa e se recuperar.
— Você precisa ir — a enfermeira fala checando o soro da minha
mãe.
— Estarei aqui te esperando acordar — falo dando um beijo na testa
da minha mãe. Viro para a enfermeira. — Obrigada.
— Se você quiser pode ficar na sala de espera, fica no final do
corredor. O seu namorado está lá te esperando — fala.
Meu namorado. Nesse momento Marcelo está fazendo por mim mais
que eu mereço, ele nem meu namorado é, não tem obrigação de fazer o que
está fazendo.
— Vou aguardar por notícias dela. Obrigada de novo — falo saindo
do quarto, tiro a roupa e coloco no cesto que fica na porta do quarto.
Sigo até a sala de espera no fim do corredor, quando chego na porta
Marcelo se levanta, chega perto de mim e me abraça. Começo a chorar
novamente.
Ele me pega no colo e se senta, me alinho em seu corpo e fico ali
tentando achar forças para enfrentar tudo que ainda está por vir.
— Amor não chore — Marcelo fala alisando meus cabelos. — Tudo
vai ficar bem.
— Ela está tão pálida, tão frágil — falo em meio ao choro.
— Você também está pálida e frágil. Mas isso tudo vai passar, amor.
Tenha fé em Deus e se acalme.

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Balanço apenas a cabeça, e fico ali abraçada a Marcelo. Não sei


quanto tempo passa até ele me cutucar.
— Amor. O médico da sua mãe. Talvez ele tenha notícias.
Levanto-me rapidamente do colo de Marcelo indo até o Dr. Luiz
Fernando.
— Dr., Tem alguma notícia da minha mãe?
— Eu acabei de examina-la e seu quadro está evoluindo de forma
positiva. Se tudo correr bem, amanhã começo a tirar a sedação — Dr. Luiz
Fernando fala.
— Ela ainda corre risco de vida?
— A parte mais crítica já passou. Ela não corre mais risco de vida.
— Graças a Deus — digo.
— Você pode ir descansar um pouco — o Dr. sugere.
— Não, vou ficar até ter mais notícias dela — aviso.
— O outro médico irá cuidar dela durante a noite. Vou deixar avisado
que você vai ficar esperando por notícias. Agora preciso ir, tenho outros
pacientes para ver.
— Obrigada, Doutor Luiz Fernando — agradeço, ele me dá um
sorriso e vai embora.
— Viu, te disse que sua mãe iria sair dessa. A cada hora ela vai estar
melhor — Marcelo fala.
Aproximo-me dele, coloco meus braços em seu pescoço enquanto ele
coloca as mãos em minha cintura. Olho em seus olhos.
— Obrigada. Você está sendo maravilhoso, me apoiando e dando o
espaço que preciso.
— Já te disse que não precisa agradecer. Mas se você quiser me dar
um beijo eu aceito.
Fico na ponta dos pés e o beijo, mas dessa vez é um beijo de gratidão,

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por ele estar do meu lado em um momento tão difícil e delicado, sem fazer
nenhuma pergunta, apenas me apoiando e me dando força.
— Acho que vou fazer isso mais vezes, só para ganhar mais beijos
seus — fala me abraçando.
— Você sempre terá meus beijos seu bobo.
— Seu bobo — fala e eu lhe dou um sorriso.
Sentamos novamente, ele me abraça e esperamos o tempo passar até o
outro médico resolver vir dar notícias da minha mãe. Algo que demora, já
escureceu e não tenho mais notícias. Isso começa a me deixar agoniada.
Marcelo percebe a minha agitação.
— Vamos comer alguma coisa? Nesse hospital deve ter alguma
cantina.
— Não estou com fome.
— Você precisa se alimentar. Não comeu nada o dia todo. — Marcelo
levanta e estende a mão para mim.
— Está bem — digo pegando a sua mão e caminhando pelo corredor
do hospital.
— Amor, você espera um minuto vou até o banheiro — Marcelo fala.
— Tudo bem te espero aqui — aviso.
Fico no corredor parada perto de um bebedouro. Chega uma menina
de aproximadamente dois anos ou três, que tenta beber água, mas como ela é
pequena e o bebedor é alto, não consegue.
— Espere, vou te ajudar — digo olhando para aquela linda menina
morena de cabelos cacheados.
Pego o copo coloco água e a entrego.
— Bigado tia — fala bebendo água.
— Como você chama? — pergunto me abaixando para ficar próxima
a ela e olhar para aqueles olhos negros brilhantes.

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— Clalinha.
— Clara? — Ela me dá um sorriso e acena com a cabeça de forma
positiva. — Você sabia que eu também me chamo Clara?
— Que legal, o seu nome é igual o meu e da minha tia — ela fala com
sorriso largo.
— Verdade? — pergunto.
— Sim, minha mamãe colocou meu nome igual da minha tia porque
ela gosta muito dela.
— Como chama sua mamãe?
— Minha mamãe chama Cala.
Não pode ser o que eu estou pensando. É muita coincidência.
— Carla? — pergunto.
A pequena menina balança a cabeça confirmando o nome da mãe.
— Como chama seu papai? — pergunto olhando para ela com o medo
da resposta.
— Flavio! — Uma voz grossa que algum tempo não ouvia me faz
levantar a cabeça. — O papai dela chama Flavio, e pelo visto Clarinha você
acabou de conhecer a sua tia Clara.
Isso não pode estar acontecendo comigo, justo agora, isso não pode
ser real.
— Também é um prazer em revê-la Clara, não vai dar um abraço em
sua sobrinha e no seu cunhado — Flavio fala.
— Você é minha tia? — ela fala me abraçando.
O que eu vou fazer agora? A abraço sem saber o que estou fazendo.
— Sua tia está emocionada em te ver Clarinha, vai lá falar para a baba
que você conheceu a sua tia.
—Tá papai — fala e sai correndo.
— O que você está fazendo aqui? Ela prometeu que não iria vir aqui

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enquanto eu estivesse aqui.


— Ela prometeu, mais eu não. Precisava ver se ainda continuava
gostosa, talvez quem sabe relembrar os velhos tempos. Estava com saudades.
— Pelo visto continua o mesmo canalha de sempre.
— Canalha que você gritava o nome várias vezes enquanto gozava.
— Bem que você disse. Ela gritava. Agora é Marcelo que ela grita e
se eu fosse você ficaria bem longe dela. Ou vou ter que te afastar dela de um
jeito não muito legal — Marcelo fala me abraçando pela cintura.
— Pelo visto trouxe outro cão de guarda.
— Não sou o cão de guarda. Mas posso ser se isso for preciso —
avisa Marcelo.
— Chega Flavio, você não tem nada a fazer aqui. Se retire.
— Vim ver a minha sogra. Já que a filha desnaturada a abandonou e
deserdou a irmã. Agora ela está aqui jogada em uma cama de hospital.
— Sínico.
— Vou indo, mas vamos nos encontrar mais vezes — Flavio fala e sai
pelo corretor.
Marcelo me olha cheio de perguntas. Tenho medo que ele faça
algumas delas. Sei que ele merece saber, mas não sei se estou preparada para
dizer.
— Obrigada.
— Quem é ele?
— Meu cunhado — falo olhando nos olhos de Marcelo.
— Cunhado?
Abaixo a cabeça, ele merece saber a verdade, minha voz sai fraca.
— Cunhado e ex-noivo.

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CAPÍTULO 25 — MARCELO

Fiz tudo o que estava ao meu alcance para apoiar Clara e dar a ela o
conforto nesse momento tão difícil. Estava em seus olhos a luta que traçava
para estar ali com a mãe. A sua recusa em sair do hospital não foi apenas por
medo de estar longe da mãe. Mas medo de encontrar alguém lá fora.
Depois de muita insistência consegui faze-la ir até a cantina, no
caminho precisei a deixa-la sozinha para ir no banheiro e foi nesse exato
momento que tudo aconteceu.
Quando saio do banheiro me deparo com Clara ajudando uma
pequena menina a beber água, fico vendo a cena imaginando como ela seria
como mãe. Infelizmente não deu para fazer a surpresa que eu tinha preparado
para ela essa manhã. Quando voltarmos de viagem irei fazer. Clara pelo visto
vai ser uma boa mãe e eu um ótimo pai. Pensar em um futuro juntos é o que
eu mais tenho feito nesses últimos dias. Um cara alto, branco se aproxima de
Clara e da menina. A fisionomia de Clara muda na mesma hora, fica mais
rígida e tensa. Quando a pequena menina sai correndo foi possível ver que
Clara fica cada vez mais agitada. Será que é alguém que ela conhece?
Aproximo-me e escuto o final da fala do cara.
— Canalha que você gritava o nome várias vezes enquanto gozava —
o homem diz.
— Bem que você disse. Ela gritava. Agora é Marcelo que ela grita e
se eu fosse você ficaria bem longe dela. Ou vou ter que te afastar de um jeito
não muito legal — falo abraçando Clara pela cintura.
Quem esse safado pensa que é? Clara é minha e não admito que
ninguém fale com ela dessa forma.
— Pelo visto trouxe outro cão de guarda — o cara fala.
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— Não sou o cão de guarda. Mas posso ser se isso for preciso — falo
me segurando para não arrebentar a cara dele aqui dentro.
— Chega Flavio, você não tem nada a fazer aqui. Se retire.
— Vim ver a minha sogra. Já que a filha desnaturada a abandonou e
deserdou a irmã. Agora ela está aqui jogada em uma cama de hospital — O
tal do Flavio fala em forma de ironia.
— Sínico — acusa Clara.
— Vou indo, mas vamos nos encontrar mais vezes — ele fala e sai
pelo corretor.
Não entendo o que aconteceu aqui. Quem é ele? Por que Clara ficou
tão nervosa com a sua presença? O que ele quis dizer com sogra e filha
desnaturada? Somente uma pessoa pode me responder essas perguntas. Ela
está parada na minha frente sem saber o que fazer.
— Obrigada — agradece sem graça.
Se eu perguntar será que ela vai responder? Preciso arriscar.
— Quem é ele?
— Meu cunhado — fala olhando em meus olhos.
— Cunhado?
Clara abaixa a cabeça, e fala tão baixo, parecendo que levou várias
facadas, sua voz quase não sai.
— Cunhado e ex-noivo.
Então é isso, Clara foi trocada pela irmã, percebo que ela começa a
chorar. A abraço e decido não fazer mais perguntas vou dar o tempo que ela
precisa, se ela confiar em mim logo irá contar tudo que aconteceu no seu
passado.
— Clara, vou procurar o médico responsável e saber como sua mãe
está. Já reservei um quarto em um hotel aqui do lado. Depois iremos para lá,
você precisa tomar um banho e se alimentar.

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— Tudo bem — fala com a voz baixa.


Assim faço, procuro o médico responsável pela a mãe de Clara, ele
novamente fala tudo que o médico anterior tinha falado. Depois saímos do
hospital, Clara olha dos lados com receio e aperta ainda mais minha mão.
Abro a porta para ela entrar no carro, dou a volta, entro e vamos para o hotel
que é uma quadra a baixo do hospital.
Estaciono meu carro no estacionamento do hotel, pego minha mochila
coloco nas costas, pego a pequena mala de Clara com uma mão e a outra mão
coloco na sua cintura a conduzindo até a recepção do hotel.
— Boa noite, em que posso ajudar? — a recepcionista pergunta ao
nos ver.
— Boa noite, algumas horas atrás fiz a reserva de uma suíte para casal
no nome de Marcelo Ferraz.
— Ah sim senhor Ferraz. A sua suíte já está reservada, aqui está a
chave. Espero que o senhor e sua acompanhante tenham uma boa estadia. —
A recepcionista olha para Clara. — Clara? Clarinha a ex do Flavio?
— Não, Clarinha minha namorada — digo com desdém.
— Ah senhor me desculpe, é que faz tanto tempo que não a vejo,
desde tudo que aconteceu. Sua irmã hein, pegou seu lugar, que coisa feia.
Lembro-me como fosse hoje, você e Flavio, felizes com os preparativos do
casamento. Vocês eram um lindo casal.
— Isso faz parte do meu passado, Flavio está casado e eu com
Marcelo — Clara fala.
— Obrigada pela chave senhora. — Olho o crachá com seu nome. —
Munique, espero que a senhora seja mais discreta, afinal posso ir para outro
hotel — ameaço.
— Desculpe mais uma vez, senhor Ferraz, isso não irá mais
acontecer. Vou chamar uma camareira para acompanhar vocês até o quarto.

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— Não precisa, só me diz qual o número do quarto. Afinal Munique,


fiquei no seu lugar fazendo bico por várias vezes para você se encontrar as
escondidas com o Frederico. Ah! Não era o Frederico, ele era seu marido
você se encontrava as escondidas com o Ricardo — Clara fala.
— Quarto trinta e dois, segundo andar à direita — Munique fala com
a cara vermelha de vergonha.
— Obrigada Munique, não me leve a mal, mas todos nós temos um
passado e antes de você querer falar do meu lembre-se do seu — avisa Clara.
Essa é a minha Clara, enfim colocou essa mulher no seu lugar, não
deixou que ela ficasse por cima. Pegamos o elevador até o segundo andar,
Clara abre a porta, vai até a cama e deita cobrindo os olhos com um dos
braços.
Fecho a porta, coloco nossas coisas no chão, vou até ela e passo a
mão em seu cabelo.
— Quer tomar um banho? — pergunto.
— Vou arrumar nossas coisas, primeiro. Você pode ir tomar banho na
frente.
— Tudo bem, eu não demoro — digo dando um beijo casto em sua
boca.
Depois de tudo que aconteceu hoje, acho que isso foi uma desculpa
para ela ficar sozinha. A história do ex tem muito mais coisa que eu imagino.
Talvez esse seja o motivo de Clara não querer voltar para a cidade, foi algo
que todos ficaram sabendo.
Tomo um banho rápido, enrolo a toalha em minha cintura e saio do
banheiro. Clara está em pé olhando pela janela. Aproximo-me dela, a abraço
pela cintura e dou leves beijos em seu ombro.
— Eu conheci Flavio quando tinha quinze anos, mudei de escola, pois
tinha passado para o ensino médio. Iria para o primeiro colegial enquanto

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Flavio já estava com dezessete anos no terceiro ano.


— Clara, não precisa dizer, não estou te cobrando.
— Mas você merece saber. Eu quero te contar — Se você quiser
contar irei te ouvir.
Clara começa a contar o que aconteceu, olhando pela a janela.
— No início não me dei conta do que estava acontecendo. Minhas
amigas começaram a dizer que tinha um rapaz me olhando, quando olhei
para ver quem era, ele estava me encarando e logo me deu um sorriso.
Depois fiquei sabendo que ele era da mesma sala que Carla, minha única
irmã, ele fez com que ela nos apresentasse. Carla dizia que ele estava
interessado em mim, mas eu não acreditava. Flavio era o "famosinho" da
escola, de uma família bem sucedida da cidade. Nunca que iria se interessar
por uma menina humilde, tímida e principalmente sonsa como eu era.
Sempre dizia que era só amizade. Fui uma boa amiga para ele. Começamos
a andar juntos, ele sempre estava ao meu lado conversando. Comecei a
prestar mais atenção nele, algumas vezes até achava que ele estava me
paquerando, mas como eu era tímida ficava quieta, não sabia como agir. Ele
devia me achar uma boba pelo jeito como agia. Mas mesmo assim não se
afastou de mim. O horário da nossa educação física era o mesmo, então além
de ficarmos juntos no intervalo ficávamos conversando na aula de educação
física. Até que um dia deitada com a cabeça em seu colo ele me beijou. É até
absurdo em dizer, mas eu nunca tinha beijado antes. Meu primeiro beijo foi
aos 15 anos na quadra da escola com o Flavio. Não sabia como reagir,
então levantei, sai correndo e me tranquei no banheiro. Fiquei trancada
durante um bom tempo, até dar o sinal da saída, quando sai do banheiro ele
estava sentado me esperando. Ele sorriu para mim e pegou a minha mão.
No outro dia quando cheguei na escola ele foi me cumprimentar me
deu outro beijo, dessa vez não fugi. E assim o tempo foi passando e nós dois

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ficando, ele me levava até perto da minha casa na hora da saída e na


entrada sempre me esperava.
No dia dos namorados na escola, teve uma festinha. Ele pegou o
microfone e na frente da escola inteira se ajoelhou e me pediu em namoro e
eu encantada com seu romantismo aceitei. Então ele tirou a caixinha de
veludo do seu bolso e colocou na minha mão esquerda, aquela aliança
prateada. Parecia um sonho, como não se encantar com as coisas que ele
fazia?
Nesse mesmo fim de semana ele foi a minha casa, para pedir para
minha mãe autorização para que pudéssemos namorar. Minha mãe aceitou.
Flavio sabia conversar e encantava todos, e não foi difícil encantar minha
mãe. Carla também ficou radiante com o nosso namoro. Eu, mãe e Carla
éramos muito unidas, e isso ficou mais forte depois da morte de papai. Além
de ser minha irmã Carla era a minha melhor amiga.
O tempo foi passando, e o nosso namoro foi durando, Flavio me
levou para conhecer seus pais que igual minha mãe ficaram encantados
comigo. Lembro o pai dele falando que enfim ele tinha arrumado uma moça
direita para casar. Eu com quinze anos não pensava em casamento, mas
Flavio tinha quase dezoito.
No fim do ano Flavio prestou vestibular para o curso de
administração de empresa na FUNEC, uma faculdade particular próximo da
nossa cidade, e claro ele passou, ele iria herdar os negócios da família então
tinha que estudar para isso.
Nessa época fiquei com medo do nosso namoro acabar. Afinal eu era
virgem e Fabio era homem, mas ele esperou, não forçou a barra. Os pais
dele estavam felizes pelo seu único filho estar fazendo faculdade e ainda
namorar uma bela moça. Logo o pai dele começou a perguntar quando nós
iriamos noivar, na época estava com dezesseis anos e ainda virgem.

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No dia do meu aniversário de dezessete anos Flavio me fez uma festa


surpresa na casa dos seus pais, chamou nossos amigos e familiares. No meio
da festa ele pediu a atenção de todos e me pediu em casamento. Claro, eu
aceitei, e todos ficaram felizes. Seus pais principalmente, afinal eu era moça
para casar e queriam rapidamente já marcar a data do casamento. Minha
mãe ficou receosa, ela dizia que eu era muito nova ainda para casar. Carla
ficou muito feliz por saber que a irmã mais nova iria casar e me prometeu
ajudar em tudo. Estava vivendo um verdadeiro conto de fadas e Flavio era o
meu príncipe. Naquela noite me entreguei a ele, de corpo e alma, e ele me fez
mulher.
No fim do ano ainda não tínhamos marcado a data do casamento,
mas já tínhamos ganhado o terreno para a construção da nossa casa que
seria construída conforme desejássemos. Presente do seu pai. Seu pai
também me fez prestar administração assim como Flavio, afinal nós dois
iriamos herdar os negócios da família. O pai de Flavio estava esperando ele
se formar e nós nos casarmos para se aposentar Assim fiz, prestei
administração, e o pai de Flavio pagou todo o curso para mim como
presente de noivado, pois eu iria ser a sua nova filha. Quando eu entrei no
primeiro ano da faculdade, Flavio estava no terceiro ano, ambos fazíamos
estagio na empresa do pai dele durante o dia e estudávamos a noite. A única
diferença era que cada um era responsável por um setor. Na verdade o pai
dele estava nos treinando.
Quando eu estava no segundo ano de faculdade resolvemos marcar a
data do casamento, que seria em dezembro daquele mesmo ano. Afinal
Flavio já iria se formar e assumir os negócios da família, e para isso
precisava ser casado para passar credibilidade para seus clientes. Nossa
casa já estava pronta, na verdade era uma mansão. Queria algo simples, mas
Flavio gostava do luxo. Eu aceitei, sempre aceitava tudo o que ele me falava,

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só tinha olhos e ouvidos para ele.


Esse ano passou rápido, por causa da correria com a faculdade,
estágio e os preparativos do casamento. Dois meses antes do casamento,
acabei pegando uma virose, precisei tomar antibióticos por dez dias. Não
sabia que o antibiótico cortava o efeito do anticoncepcional. Um mês antes
da data do casamento descobri que estava gravida. No início fiquei com
medo, mas logo a alegria de ser mãe era maior que o medo. Estava tudo
perfeito, faltava um mês para me casar, os preparativos estavam todos
prontos, mais de 500 convites entregues, nada poderia dar de errado. Pelo
menos era o que eu pensava.
Naquele dia Flavio teve uma reunião na empresa e não foi para a
faculdade, então marquei de encontrar com ele na minha casa depois da
aula. Naquele dia fui com o carro que o pai de Flavio deixou comigo porque
sua nora não podia ficar pegando ônibus, afinal eu seria a futura senhora
Vasconcellos.
Sai mais cedo da faculdade, e fui para casa me arrumar. Precisava
dizer para Flavio que nós iriamos ter um filho, fruto do nosso amor. Quando
cheguei em casa, vi o recado da minha mãe na mesa dizendo que tinha ido
no terço, fui para o meu quarto quando deparei com os dois em minha cama.
Flavio e Carla juntos, transando na minha cama. As duas pessoas que eu
mais amava e confiava. Eles não me viram, fiquei sem reação. Sai de casa
correndo com aquela imagem na minha cabeça e sentei no portão chorando.
Minha mãe chegou na hora e perguntou por que eu chorava, apenas olhei
para a casa. Ela entrou e viu o que meus olhos e coração já tinham visto,
minha mãe colocou os dois aos gritos e nus para a rua. Carla enrolada em
um lençol chorava e me pedia desculpa. Flavio gritava que me amava. E eu
só queria fugir de tudo. Minha mãe me levou para dentro de casa, deitei em
sua cama e fiquei ali chorando no seu colo sem acreditar que fui traída pelos

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dois. Sempre fui muito ligada a Carla, sempre dizia que iria colocar o nome
dela se um dia eu tivesse uma menina como filha.
Resumindo, o meu mundo caiu, agora só tinha eu e o meu bebê, eu
iria lutar pela vida que crescia dentro de mim.
Na semana seguinte Flavio foi em casa para conversar, para tentar
me fazer perdoá-lo e prosseguir com o casamento. Com a minha recusa
acabamos brigando, senti uma pontada forte no pé da barriga, quando olhei
minhas pernas estavam cobertas por sangue. Flavio me levou ao hospital e o
médico constatou que eu tinha perdido meu filho. Enquanto eu chorava com
a notícia da perda Flavio riu da minha cara, disse que nem para segurar um
filho eu prestava. Naquele mesmo dia no hospital encontrei Carla tomando
soro, descobri naquele momento que ela também estava gravida e Flavio era
o pai.
O pai de Flavio já tinha investido muito no nosso casamento. No final
daquele ano Flavio casou, mas eu não era noiva. Tudo que eu planejei ficou
para Carla, a casa, as alianças que eu tinha escolhido o casamento dos meus
sonhos foi Carla que teve. Sai da faculdade, não poderia continuar, vi que a
UFGD, estava com as inscrições abertas para o vestibular prestei, passei e
fui embora. O meu conto de fadas não terminou do jeito que eu tinha
imaginado. Aprendi da forma mais dura que contos de fadas não existem.
Flavio foi meu primeiro amor, primeiro beijo, ele me fez mulher e também
me quebrou em pedaços.
— Aquela menina no hospital...
— É a filha de Carla e Flavio, ela colocou o meu nome na menina —
Clara fala me cortando.
A abraço mais apertado.
— Flavio nunca me amou, eu era apenas um fantoche em suas mãos.
Depois do que aconteceu descobri vários outros podres, Carla foi apenas mais

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uma com que ele me traiu. Eu fui apenas a namorada modelo, noiva modelo e
seria a esposa modelo.
— Mas você descobriu a tempo.
— Descobri tarde, meu coração já pertencia a ele. Mas a tempo de
não estragar o resto de minha vida. Tive que aprender a juntar todos os meus
cacos, e enfrentar todos. Você viu na recepção, é sempre assim, por isso
quase não venho aqui, é sempre a mesma coisa.
— Não fique assim. Estou aqui com você.
— Serei eternamente grata por isso. Vou tomar banho.
Clara vai para o banheiro e fico pensando em tudo o que ela me disse.
Agora compreendo o motivo dela ser tão avessa a relacionamento. O único
que a teve a quebrou por completo.
Ligo para recepção pedindo o nosso jantar, mas por causa da hora a
recepcionista informa que não estão mais servindo. Então procuro a lista
telefônica e ligo para a pizzaria pedindo pizza e coca cola.
Visto um short e sento na cama esperando Clara sair do banheiro.
Por isso ela tinha medo de vir para a cidade sozinha e nunca falava da
família, além de perder o noivo para a irmã, perdeu o filho e ainda descobriu
que a irmã estava grávida e se casaria no seu lugar. Muitas informações.
Ela sai do banheiro, com os cabelos soltos molhados e uma camisola
branca, como sempre está linda.
— Vem cá — a chamo.
Ela caminha até mim e senta-se no meio das minhas pernas. A abraço
e sinto seu cheio doce.
— Como está? — pergunto.
— Mais leve — fala e vira para me dar um beijo.
— Pedi pizza, está chegando.
— Obrigada.

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— Não precisa agradecer, eu estou com fome — falo tirando um


sorriso do seu rosto.
— Não pela pizza seu bobo. Por tudo, por ter me trazido aqui, por ter
ficado comigo no hospital, por me defender do Flavio sem saber quem ele
era, e principalmente por ter me ouvido sem me recriminar ou me chamar de
tonta. Não consigo entender por que você fez tudo isso por mim.
— Você não sabe por quê?
— Sinceramente não, sei que sou difícil, mas você passa por cima da
minha cara feia e fica sempre do meu lado, nunca pede nada em troca. Você
já fez tanto por mim em pouco tempo. Por que você é assim?
— Porque eu amo você!

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CAPÍTULO 26 – MARCELO

— Porque eu amo você!


Será que eu ouvi direito? Ele disse que me ama? Isso não pode estar
acontecendo. Estava na cara que esse negócio de ficantes não ia dar certo.
Tento me levantar da cama, mas Marcelo me puxa de volta, me prende no
meio das suas pernas e me abraça.
— Ei, não vou deixar você ir a lugar nenhum, não precisa dizer nada.
Desculpa, não quis te assustar — Marcelo fala.
— Você não pode me amar Marcelo, eu não vou conseguir
corresponder. Aceitei ficar com você, pois disse que não era um
relacionamento sério.
— Por que não? Gosto muito de você. Não percebeu ainda — fala
beijando meus cabelos.
— Porque não. Já disse isso para você — falo.
— Calma. Somos apenas ficantes, tá legal. Não estou te cobrando
nada, não quero nada em troca, apenas quero ficar do seu lado. Hoje foi um
dia difícil principalmente para você, então sossega. Esquece o que eu disse.
— Esquecer?
— Finge que não ouviu nada. Desculpa, não queria te dar mais coisas
para pensar. Está sendo difícil hoje. Tente relaxar.
— Vou tentar — falo relaxando em seus braços.
Hoje realmente está sendo um dia difícil, é melhor eu não pensar
nisso, meu foco é minha mãe. Sinto leves beijos em meu pescoço. Ficamos
assim abraçados, Marcelo me fazendo carinho.
Quando a pizza chega Marcelo me faz comer na marra, pois fiquei o
dia todo sem me alimentar. Na verdade nós dois ficamos, ele não saiu do meu
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lado.
Já alimentados, Marcelo me faz deitar de conchinha, alisa meus
cabelos até que enfim consigo dormir. Quando acordo ainda não amanheceu,
olho para o lado e ele dorme um sono tranquilo.
Em pouco tempo juntos já acho difícil pensar em um futuro sem ele
ao meu lado. Mas será que ele pensa em um futuro comigo ao seu lado?
Tenho medo dessa resposta.
Levanto-me da cama com cuidado para não acorda-lo. Provavelmente
está morto de cansaço, a viagem até aqui é longa e depois passar o dia e a
metade da noite em um hospital é puxado. Mas ele fez isso sem reclamar em
nenhum momento.
Vou para o banheiro e tomo um banho demorado. Hoje é um novo
dia, provavelmente será tão cansativo como o de ontem. Espero que hoje
minha mãe esteja melhor.
Fico no banho perdida em meus pensamentos, quando olho para porta
vejo Marcelo encostado no batente com os braços cruzados.
— Me observando?
— É um dos meus hobbys favoritos.
— Um dos? Você tem outros?
—Vários.
— Pode dizer alguns?
— Me deixe pensar. Ver você dormir é um, acordar do seu lado é
outro. Fazer amor com você também é. Ver você gozar nem tem como
explicar, é uma visão inigualável — conforme Marcelo fala, vai se
aproximando até ficar comigo debaixo do chuveiro. — E o principal, prensar
você em uma parede. Você não tem ideia como me sinto fazendo isso.
Marcelo me prensa na parede, chupa meu lábio inferior, passa a
língua em volta da boca, aperta a minha cintura e começa a me beijar tirando

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meu ar. Correspondo seu beijo, mas logo o corto.


— Preciso ver minha mãe — digo.
— Eu sei, só queria te dar bom dia. Ver você assim toda molhadinha é
uma tentação dos diabos — fala dando leves beijos em meu rosto.
— Para de gracinha você, me vê nua todos os dias.
— Esse é o problema, por isso não consigo ficar longe de você.
Como assim ele quer ficar longe de mim?
— É isso que você quer? — falo séria.
— Ter você todos os dias?
— Não, ficar longe de mim?
— Se eu quisesse ficar longe de você, não estaria aqui. Tudo que eu
quero é ficar do seu lado. Acordar do seu lado, beijar cada canto do seu
corpo. Eu quero sempre ficar do seu lado.
Flavio também dizia que me queria, que me amava, que queria casar
comigo e ficar do meu lado, mas sei bem como tudo acabou. Marcelo fala e
volta a me beijar, não correspondo seu beijo.
Não irei fazer papel de besta novamente.
— O que foi, amor?
— Nada — digo pegando a toalha e saindo do banheiro.
Como tem coragem de perguntar o que eu tenho? Está se repetindo
tudo de novo, estou fazendo papel de idiota. Não vou sofrer de novo.
Marcelo vem atrás de mim e me abraça.
— Você está assim por causa da sua mãe? Não fica assim amor, vai
ficar tudo bem. Quando chegarmos no hospital teremos boas notícias.
Prometo isso para você.
Saio do abraço de Marcelo, me recusando ao seu gesto de carinho e
conforto. Não preciso disso. Não preciso dele e nem de ninguém.
— Para com isso — falo irritada. — Não me chame de amor. Não

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prometa aquilo que você não pode cumprir. Eu já tive isso antes, já vivi tudo
isso e olha o que aconteceu? — falo indo até a minha mala para pegar minha
roupa.
— O que você está falando? O que eu fiz? — Marcelo fala se fazendo
de inocente.
— Você não sabe o que fez? Você está me fazendo de besta.
— Clarinha meu amor, para com isso, não tente me afastar. Eu amo
você. – Marcelo fica parado na minha frente, levanta a minha cabeça para que
eu olhe em seus olhos. — Eu sei que você está magoada, está com medo de
tudo isso que está acontecendo com sua mãe. O reencontro com seu ex. Só te
peço uma coisa, por favor, deixa eu te amar, dá uma chance para nós,
prometo nunca te magoar.
— Me solta Marcelo. — Minha voz sai mais alta que o normal. —
Você não ouviu o que te disse? Para de se enganar e tentar me enganar, pois
você não vai conseguir. — Começo a andar em volta do quarto. — A gente
não vai dar certo, não tem nada entre nós dois. EU NÃO AMO VOCÊ —
grito. — Tudo não passou de uma aposta e veja só eu cumpri minha parte. —
Faço cara de deboche.
— PARA VOCÊ, CLARA! — grita e aponta o dedo para mim. —
Não foi só uma aposta, pode até ter começado dessa forma. Mas agora o que
tem entre a gente é muito mais que uma merda de aposta, é verdadeiro. Eu
amo você PORRA, não tente negar, sei que você também me ama.
— Amor? Amar é algo que eu não conheço você já deveria saber
muito bem disso.
Marcelo tenta se aproximar de mim, mas me afasto dele.
— Amor, calma, você só está assustada com toda essa situação, está
magoada com o que aquele merda fez com você. Mas por Deus, coloca uma
coisa na sua cabeça eu te amo, jamais faria você sofrer, pois iria sofrer junto

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com você.
Começo a rir.
— Marcelo você chega a ser patético. Olhe bem para mim e diz em
que você é diferente do Flavio? — Cruzo meus braços. — Ele também dizia
que me amava e jamais me faria sofrer. No final o que aconteceu? Você sabe
o que ele fez, sabe como foi o fim de tudo.
— Não me compare com aquele cara. Já disse que não sou ele.
Acorda para a vida Clara. Para de viver no passado. Não é porque ele fez
tudo àquilo com você que eu também irei fazer.
— Ah não. Você não vai fazer a mesma coisa? Acorda você Marcelo
— falo apontando o dedo para ele. — Me diz o que você fez com Dayana? —
Olho para ele. — Vai Marcelo, diz, não fica olhando para mim com cara de
cachorro abandonado.
— Terminei com ela para ficar com você — fala em um tom mais
baixo. — Clara, a nossa história é diferente, nada se compara com o que
aquele filho da puta te fez.
— Você fez a mesma coisa que o Flavio fez. Transou comigo quando
ainda estava namorando com ela.
— Já disse foi diferente PORRA! Eu amo você caramba. Quantas
vezes vou ter que dizer isso para que você possa acreditar em mim — NÃO
FOI DIFERENTE. FOI A MESMA MERDA — grito. — Você destruiu seu
relacionamento por umas fodas comigo. Você foi tão canalha com Dayana
quanto o Flavio foi comigo. Para de falar de amor. Não amo ninguém, amo
apenas a mim e a minha mãe. Sempre deixei claro que o nosso lance era só
sexo. Nunca pedi para você se apaixonar por mim.
— Você está louca. Só pode. Não estou acreditando no que você está
falando.
— Olha Marcelo, não queria falar, mas ai vai. Você é lindo, gostoso e

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confesso que tive com você umas das melhores transas da minha vida. Você
sabe fazer gostoso. Mas tudo desde o início foi só um jogo, era legal ter você
por perto, por isso aceitei essa história ridícula de sermos ficantes. Eu desde o
início estava jogando com a sedução e eu ganhei. Agora acabou.
— O que você ganhou com tudo isso, Clara?
— Não dá mais, cansei de jogar.
— Vou dizer o que você ganhou já que se sente superior. Você acaba
de ganhar meu desprezo e minha indiferença. Agora quem não quer mais sou
eu. Não vou ficar dando soco em ponta de faca. Ficar insistindo em uma
coisa que o outro não quer. Não adianta eu querer você e você não querer
ficar comigo. Para mim chega.
— Agora vai dar um de santo do pau oco?
— Essa na minha frente não é a Clara pela qual me apaixonei. Você
não é a mulher que a cada dia eu aprendi a amar mais, a respeitar e a valorizar
o tempo juntos.
— Pode parar com o drama, não precisa disso — falo com a voz
embargada.
O que eu estou fazendo? É isso mesmo que eu quero? Afasta-lo de
mim? Sim, é isso que eu quero, é melhor acabar com isso. Não posso, não
quero, e não vou sofrer de novo.
— Acabou o drama, Clara! Acabou! O que tinha entre nós acabou
nesse momento, não é isso que você quer? Está satisfeita agora? — Marcelo
fala com desprezo fazendo meu coração acelerar.
— É isso sim, quero você longe de mim, longe de minha vida —
grito.
Isso é o melhor, nós dois nunca daríamos certo. Não o amo, não posso
enganá-lo e me enganar. Essa história de nós dois foi longe demais.
— Não se preocupa Clara, fica tranquila que eu parei. Não vou mais

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te dedicar meu amor. Porque você não o merece. Sou homem, não um
moleque ou um brinquedo que você é acostumada a brincar.
— Não mereço seu amor? Não me faça rir com suas palavras. Para,
que está ficando feio.
— Feio foi o que aquele patife que foi seu noivo fez, ele era moleque.
Junto com a sua irmã foram sim uns filhos da puta com você.
— Chega! Você não é ninguém para jogar isso na minha cara.
— Não chega. Eu ainda não acabei de falar. Em razão disso tudo que
eles fizeram, você se tornou essa pessoa fria, egoísta que me usou. Você é
incapaz de perdoa-los e se permitir ser feliz. A culpa de você ser assim hoje é
sua. — Aponta o dedo para mim. — Foi você que criou essa pessoa que é
hoje. Você é responsável por essa criatura amarga e fria que está agora na
minha frente.
— Já disse para você parar — peço.
— Clara, fica sabendo que todo esse seu ressentimento não vai te
levar a nada. Só vai afastar as pessoas que te amam. Agora por favor, vai se
arrumar que vou levar você para o hospital. Sou homem de palavras e não um
moleque.
— Não precisa, irei sozinha, pode pegar suas coisas e ir embora não
preciso de você.
— Vou cuidar de você, por mais que não mereça. Prometi para o
Adriano que faria isso. Assim que ele chegar eu desapareço da sua vida e
esqueço que um dia estivemos juntos.
Marcelo fala indo para o banheiro, sento-me na cama. Até demorou
para isso acontecer, não preciso dele e de homem nenhum, não vou quebrar a
cara feito uma palhaça.
Arrumo-me e arrumo as coisas, Marcelo sai do banheiro passa por
mim, escolhe uma roupa e volta para o banheiro. Quando sai já está pronto,

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arruma suas coisas e mexe no celular.


— Vamos — fala de forma fria sem olhar para mim.
Ele sai na minha frente, fecho a porta e o sigo. No estacionamento,
pela primeira vez não abre a porta do carro para eu entrar. Abro a porta e
sento. Olho para ele, nunca o vi tão rígido e sério. Marcelo dirige em silêncio
até o hospital. Quando chegamos ele desliga o carro e desce. Desço atrás
dele.
Entramos no hospital e Montanha já está sentado me esperando. Corro
até ele e o abraço.
— Graças a Deus que você chegou — falo o abraçando.
— Eu disse que viria — Montanha fala. — E ai Marcelo. — Estende
a mão. — Obrigado.
— Fiz o prometido. Agora estou indo. Valeu Adriano outra hora a
gente se fala. — Olha para mim. — E você seja feliz.
Da portaria do hospital vejo Marcelo indo embora, como eu pedi, está
indo para longe de mim. Seus passos são firmes, ele não olha para trás. Entra
no carro e vai embora.
— Isso é um adeus? — Montanha pergunta.
— Isso é um fim.
Montanha me olha sem entender nada.
— Clarinha? — chama o meu nome como uma pergunta.
— Fala. — Respiro fundo.
— Ontem vocês estavam bem. Conversei por mensagem com
Marcelo. Foi hoje a briga?
— Foi.
— O que aconteceu, minha menina?
— Nada que eu não esperasse. Não vou fazer papel de besta de novo,
é melhor assim cada um para o seu lado.

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— O que Marcelo fez? Você pode me explicar?


— Mentiu para mim.
— Mentiu?
— Sim, eu estava sendo boba. Acreditei nessa história de sermos
ficantes. Marcelo ontem disse que me amava. Sei que é mentira ele só queria
brincar comigo. Então falei umas coisas para ele.
— Que coisas, Clara?
— Que tudo não passou de um jogo de sedução. Que ele não iria me
fazer de besta.
— Marcelo não estava te fazendo de besta. Para de ser boba e infantil,
está nos olhos dele o quanto te ama. Só você não percebeu isso ainda.
— Não ele não ama. Eu sei disso — tento convencê-lo, ou seria a
mim mesma.
— Abra os olhos, Clara, você sabe que isso não foi apenas um jogo,
vai acabar perdendo o cara que realmente te ama.
— Montanha, por favor, já tive uma discussão com ele essa manhã.
Não quero brigar com você agora.
— Não vou discutir com você minha menina. Só me diga. Você está
bem?
— Estou até me sentindo mais leve. Vamos buscar notícias da minha
mãe, afinal foi isso que me trouxe aqui.
Leve é a única coisa que eu não estou me sentindo nesse momento.
Sinto meu coração apertado.
Montanha acaba me respeitando e não fala nada. Me acompanha até a
sala do Doutor Luiz Fernando, bato na porta e ele pede que eu entre.
— Bom dia, Doutor. Quero saber se você tem notícias da minha mãe?
— pergunto.
— Bom dia — fala olhando para mim e para o Montanha. — Tenho

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boas notícias da sua mãe. Ela está correspondendo muito bem ao tratamento,
o trauma sofrido na cabeça desinchou. Já tirei toda a sedação dela, e se tudo
correr bem em poucas horas ela acorda.
— Ai Meu Deus. Obrigada nossa senhora. Obrigada Doutor, por ter
salvado a vida da minha mãe — falo chorando.
— Não tem o que agradecer, fiz o meu trabalho. Sua mãe já está no
quarto e você já pode ficar com ela — Doutor Luiz Fernando fala.
Saio da sala dele pulando de alegria, tudo que eu quero agora e ficar
com a minha mãezinha. Não quero pensar em mais nada a não ser nela. Entro
no quarto, puxo a cadeira e sento ao lado da cama dela.
— Mãe. Estou aqui, estou feliz que a senhora esteja melhor, vou ficar
aqui até a senhora acordar.
— Dona Claudia eu vou ficar aqui até a senhora acordar e cuidando
da nossa menina — Montanha fala do meu lado.
— Obrigada Montanha, você é o melhor amigo do mundo — digo e
ganho um sorriso.
Fico ali sentada segurando a mão da minha mãe. As horas passam e
nada dela acordar. Em algum momento a imagem de Marcelo vem em minha
mente, mas logo afasto esse pensamento. Montanha fica sentado no sofá, e eu
deito minha cabeça na cama. Ficamos em silêncio, até eu ser despertada com
pequenas mãos me abraçando.
— Oi tia, vim ver a vovó.
Olho para ela confusa e desvio meu olhar para porta. Carla está nos
olhando com lágrimas nos olhos. Ela está tão diferente, parece estar bem mais
velha do que a idade que realmente tem, parece cansada.
— Precisava ter notícias, não aguentei ficar esperando em casa. Já
estou indo. Clarinha, meu amor vamos, mais tarde a gente vem ver a vovó.
Vem com a mamãe — Carla fala.

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— Não quelo mamãe, acabamos de chegar quelo ficar com a tia e a


vovó — Clarinha fala.
— Minhas meninas são vocês? — Uma voz fraca fala e todos olham
para ela, mãe enfim está acordando.
Volto a minha atenção para ela e passo a mão em seus cabelos.
— Mãe sou eu estou aqui — falo chorando de emoção.
— Também estou aqui mãe — Carla fala já do outro lado da cama.
— Vovó a senhora já acodo vamos blinca agola? — Clarinha fala.
— Ainda não consigo brincar minha menina — minha mãe fala
docemente.
— Clara, vou chamar a enfermeira para avisar que ela acordou —
Montanha fala. O olho assustada, ele não pode me deixar sozinha com ela.
— Espere Montanha vou com você — falo.
— Não vá, fique aqui minha filha — mãe pede.
—Vou voltar mãe, é rapidinho — digo dando um beijo em sua testa.
Saio do quarto acompanhada de Montanha em busca de alguma
enfermeira.
— Fugindo de novo? — Montanha pergunta.
— Não tenho estômago para ficar do lado dela — digo.
— Sua sobrinha é linda. Ela tem seu nome?
— É linda mesmo, ela colocou o meu nome. Mas isso não muda nada.
— A menina não tem culpa. Você não pode descontar nela.
— Não tem, ela é doce, mas não quero contato com a mãe e nem com
o pai dela. — Eles que são os culpados, o que eu mais quero é distancia
desses dois.
Quando achamos a enfermeira, a avisamos sobre a minha mãe. Ela
rapidamente avisa o médico e nos acompanha de volta ao quarto. Quando
chegamos Carla e Clarinha não estão mais.

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Vou até a minha mãe e seguro sua mão novamente.


— Ela foi embora, disse que volta só à noite para passar a noite
comigo. Você pode ficar tranquila — mãe fala e eu fico em silêncio.
Logo o Dr. Luiz Fernando entra para examinar minha mãe. Segundo
ele ela está bem, e se continuar assim logo terá alta. Não saio do lado dela.
Quando a noite chega sei que Carla está perto de chegar. Então
despeço-me da minha mãe e vou para o hotel com o Montanha. Quando vou
pegar a chave na recepção Munique diz que "meu namorado" já foi embora e
deixou paga a diária de uma semana e fez uma reserva em nome de Adriano
Martines. Isso acaba me pegando de surpresa — Você sabia disso? —
pergunto para Montanha enquanto estamos indo para o quarto.
— Sabia, ele me mandou mensagem avisando. Também disse que vai
retirar as coisas do seu apartamento assim que chegar a Dourados e deixar a
cópia da chave que você deu para ele com uma das meninas.
— Falou mais alguma coisa? Perguntou de mim?
— Não. Já está com saudades dele?
Sim já estou com saudade. Isso que eu queria responder.
— Claro que não. Marcelo já está indo tarde, ele não me engana com
esse papel de bom moço.
— Para com isso. Acabou brigando com ele sem motivos.
— Não brigamos, só colocamos um fim no que nem existia.
— Para com isso minha menina, você ainda vai se arrepender.
Quando voltar para Dourados vocês dois precisam conversar. Pegue esse
tempo longe para avaliar o que você fez.
— Montanha, não quero falar sobre Marcelo. Não tenho o que
conversar com ele.
Montanha não tocou mais no assunto de Marcelo. Quatro dias já
passaram desde que minha mãe acordou, passo as manhãs e tardes com ela, e

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a noite é a vez da Carla. Mãe nunca toca no nome dela, deve ser difícil para
ela também, afinal sem eu na cidade ela só tem Carla e a neta.
Recebi uma ligação do meu orientador falando que foi oferecida uma
bolsa de intercâmbio em relação ao meu projeto de pesquisa e o melhor é fora
do país. Contei a ele que estava no hospital com a minha mãe e ele deu o
prazo de quinze dias para eu dar a resposta. Caso eu aceite já na semana
seguinte posso viajar para o país de destino do intercâmbio. Talvez sair do
Brasil seria bom, isso é algo para se pensar com calma.
Hoje o médico disse que amanhã, sexta-feira, antes do almoço minha
mãe terá alta. Uma notícia que deixou eu ela e Montanha, felizes. Mãe disse
para eu não me preocupar, Carla contratou uma enfermeira para cuidar dela e
também ficará um tempo na casa dela até a nossa mãe se recuperar por
completo. Pelo menos o dinheiro dela serviu para alguma coisa. Fico aliviada
sabendo que ela vai ser bem cuidada.
Enfim sexta-feira, hoje minha mãe tem alta. Chego ao hospital com o
coração na mão, eu e Montanha vamos voltar para Dourados depois do
almoço. Mas fico feliz em saber que ela está bem.
— Não se preocupe minha filha vou ficar bem — mãe fala.
— Eu sei mãe.
— Filha, fico feliz que você esteja aqui comigo. Mas sinto que por
dentro você está triste.
— Não estou triste. Estou bem, estou feliz que a senhora vai sair hoje
do hospital.
— Isso sei que está. Mas sua tristeza não é essa. Aconteceu alguma
coisa e você não que me contar?
— Não aconteceu nada mãe. Não quero que a senhora fique
preocupada comigo.
— Fui eu que te coloquei no mundo menina, te criei. Não tente me

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enganar, se não quer contar o que aconteceu não tem problema, vou rezar
para que o brilho em seus olhos volte.
— Obrigada mãe, preciso ir — falo abraçando-a. – Daqui a pouco
Carla chega para te levar embora.
— Clara, posso te pedir uma coisa?
— Pode sim, mãe.
— Jura que não vai rasgar ou jogar fora?
— É um presente?
— Quase.
— Então eu prometo.
— Não a rasgue, você prometeu. Se não quiser ler agora a guarde e
quando estiver pronta leia. — Ela puxa um envelope debaixo do travesseiro e
me entrega. — Carla me pediu para entregar a você.
Pego a carta das suas mãos e a guardo na bolsa.
— Você vai fazer isso por mim?
Balanço a cabeça de forma afirmativa. Despeço-me da minha mãe e
prometo voltar logo para visita-la. Montanha também se despede dela
prometendo me trazer de volta nem se for amarrada.
O caminho de volta para Dourados também é feito em silêncio. Não
consigo explicar. Era para eu estar feliz, afinal minha mãe está bem, estou
voltando para casa, mas falta algo, falta alguém. Falta ele.
Quando entro no meu apartamento, sou recebida por Eva e Carol, que
estão animadas com a nossa volta. Carol parece mais animada que Eva.
As meninas acertaram, trouxeram vinho e chocolate. Depois de um
banho rápido sento no chão com elas e Montanha e conto tudo que aconteceu.
Enfim tomo coragem e conto para elas o que aconteceu no passado e a briga
com Marcelo.
— Clarinha, não acredito que você fez isso — Carol fala.

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— Por isso que ele estava desanimado no corredor da faculdade,


quando foi entregar a chave do seu apartamento. Estava tão abatido coitado
— Eva fala.
— Marcelo te ama, só você não percebeu isso — Montanha fala sério.
— Ata. Eu mereço, até meus amigos defendendo ele? É isso mesmo
produção? O que ele falou para mim não conta né.
— Claro que conta, principalmente a parte que ele diz que te ama —
Eva fala.
— Ah! Não se pode esquecer da parte que ele pede para você deixar
ele amar você também conta — Carol acrescenta. — Ele é tão lindo,
romântico gostoso, pinto gra...
— Carol, não se empolga — Eva fala a cortando.
— Nossa, nem posso expor a minha opinião. O principal Clarinha, ele
te ama — Carol continua.
— Já cansei de dizer isso a ela — Montanha fala.
— O quê? Que ele tem o pinto grande? — Carol pergunta com os
olhos arregalados para Montanha.
— Carol você está com a cabeça onde sua louca? — Eva questiona.
— Ele cansou de dizer que Marcelo ama Clara.
— Ata chega me assustei. Você não explica direito — Carol fala
olhando para Montanha.
—Tudo bem. Não vou discutir com vocês por causa do Marcelo.
Vamos mudar de assunto, preciso contar uma novidade. O Mario, meu
orientador, me ligou avisando que foi oferecida uma bolsa de intercâmbio
fora do Brasil para o meu projeto de pesquisa. Isso não é um máximo?
— Você aceitou? — Eva pergunta.
— Não sei, vou dar a resposta segunda-feira, mas estou pensando na
possibilidade de aceitar. Vai ser bom passar um tempo longe de tudo — falo.

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— Longe principalmente do Marcelo — Carol conclui.


Percebo que um olha para o outro e depois para mim.
— Parem com isso, ele não tem nada a ver com minha decisão —
minto.
— Você sempre disse que nunca sairia do Brasil — Eva fala.
— Você já recebeu essa proposta antes e recusou no mesmo instante
— Carol acrescenta.
— Confessa minha menina, você está fugindo de novo. Está querendo
ir embora para recomeçar longe do Marcelo. Você pode dizer que não sente
nada por ele, mas todos nós aqui sabemos que não é verdade — constata
Montanha.
Fico em silêncio, estou cansada, não vou discutir com meus amigos
por causa do Marcelo. Não sou uma pessoa fria como ele disse, eu só não
quero sofrer de novo, esse vazio que estou sentindo vai passar com o tempo.
O melhor é aceitar essa proposta e ir embora de uma vez.
— O vinho está bom, mas preciso ir embora, estou cansado —
Montanha fala se levantando.
— Também vamos indo, você está cansada Clarinha — Eva fala.
— Carol, você está de carona com a Eva? — Montanha pergunta.
— Estou sim — Carol responde.
— Vamos comigo. Meu barraco é caminho para sua casa, e a casa da
Eva é o caminho contrário — Montanha fala.
— Se a Eva não se importar por mim não tem problema — Carol fala
com um enorme sorriso no rosto.
— Claro que não, você é minha amiga, mas sua casa é longe pra
caramba — Eva fala.
— Vocês são tão lindos juntos — falo.
Eles me olham, dão risada, mas não dizem nada. Levo-os até a porta,

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me despeço de todos.
Vou para meu quarto e tomo um banho demorado. Pego o shampoo e
percebo que os produtos de Marcelo não estão mais ao lado dos meus.
Faz um bom tempo que moro sozinha, mas hoje parece que meu
apartamento está maior e vazio, com se faltasse algo.
Saio do banho visto uma camisola leve. Olho para minha mala no
chão e resolvo deixar para desfazê-la amanhã. Pego o celular da minha bolsa
e sai junto a carta da Carla que cai no chão. Já tinha esquecido essa carta, a
pego do chão e fico olhando-a. O que será que ela escreveu aqui? Disse para
minha mãe que não a jogaria fora, mas nesse momento não estou preparada
para ler. Coloco a carta na gaveta do criado mudo, apago a luz e deito em
minha cama.
Está na hora de recomeçar, essa proposta da bolsa é uma ótima
oportunidade para isso. Longe de Flavio, Carla e principalmente Marcelo.
Amanhã é um outro dia.

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CAPÍTULO 27 — MONTANHA

Hoje faz exatamente uma semana que eu e Clarinha voltamos de


Rubineia, ela fez com que Marcelo se afastasse dela, mesmo ele a apoiando e
a ajudando. Nada do que ele fez foi o suficiente para ela acreditar que ele a
ama. Marcelo está sofrendo, mas está tentando levar a vida e dando o tempo e
espaço que ela insistiu.
Essa semana que passou, Clara se isolou como se tivesse fugindo de
algo, ou se escondendo, nem na faculdade e academia, coisa que ela tanto
gosta, não está indo mais. Pouco conversa com as meninas, sempre diz que
está cansada ou resolvendo algo.
Ontem, quando sai do apartamento dela, acabou confessando que
aceitou a bolsa de intercambio, que por isso não foi na faculdade, já que
estava correndo atrás das papeladas e passaporte. Clarinha está fazendo tudo
de novo. Ainda não compreendeu que não adianta fugir e afastar as pessoas
que gostam dela.
Depois de muito pensar, resolvi dar uma sacudida nela. Carinho e
atenção não estão resolvendo, então hoje irei tocar em sua ferida. Clara,
perdeu muito tempo camuflando sua dor. Está na hora dela acordar para a
vida.
Saio da república já pensando no que irei dizer para Clara. Chego a
seu apartamento e toco a campainha. Ela abre a porta e me dá um sorriso
fraco.
— Entra — fala me dando um beijo no rosto.
— Está tudo bem? — pergunto.
— Está sim, por que não estaria? Vamos até o meu quarto estou
arrumando umas coisas.
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Enquanto caminho até o seu quarto vejo algumas caixas espalhadas


pelo chão, realmente ela vai embora. Encosto no batente da porta e a observo
sentando no chão e encaixotando alguns livros.
— O que acha que está fazendo?
— Arrumando as minhas coisas, na próxima semana já vou viajar.
— Tem certeza disso?
Ela respira, olha para baixo e responde.
— Tenho.
Vou até ela, me agacho, toco em seu queixo e levanto a sua cabeça
para que eu possa olha-la, então falo: — Por que está fugindo de novo, minha
menina? Tudo isso não serviu para você aprender que não adianta fugir?
Você vai embora e depois?
— Depois vou recomeçar.
— E depois?
— Vou seguir a minha vida.
— De novo? Você não veio para cá justamente para recomeçar e
seguir a sua vida? Não estava vivendo bem? Encontrou amigos que sempre
estiveram do seu lado? Encontrou um cara legal que te aceitou do jeito que é,
te apoiou no momento que mais precisou não saindo do seu lado, provando
em pouco tempo que te ama. Isso tudo não foi um recomeço? — Ela desvia o
olhar. — Clara, olha para mim e responde.
— Foi, mas agora não dá mais — fala se levantando.
— Não dá mais? Por quê?
— Montanha você não vê que eu estou sofrendo?
— Estou vendo você fugir mais uma vez.
— Preciso sair daqui, ir para outro lugar e recomeçar. Preciso tirar
essa dor de dentro mim — confessa com os olhos enchendo de lágrimas.
— Não importa para onde você vá Clara, essa dor vai sempre te

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acompanhar. Não adianta fugir e depois fingir que é forte e feliz, pois você
não é. Nunca vi você tão bem e feliz antes. Marcelo foi capaz de te dar a paz
que você tanto procura. Diz o que você fez? O afastou de você. Mesmo ele
provando todos os dias que a ama. Assim como você ama ele.
— Eu não amo, não posso dar o amor que Marcelo merece. Eu não
posso. NÃO POSSO! — grita.
— Sim você pode. Mas tem medo e prefere fugir feito uma menininha
mimada que não aprendeu a lidar com a dor.
— O que você está dizendo?
— O que estou dizendo? O que a sua mãe tinha que ter falado a você
quando você pegou o Flavio com a Carla naquela cama. Que você tinha que
ter batido nela, nele, quebrado tudo, menos se esconder de tudo e todos, e
fugir. Depois fingir que nada aconteceu. Aconteceu sim. Você foi traída. Sua
irmã traiu você. Você perdeu o filho que tanto desejava por causa deles. Mas
tem uma linda sobrinha com o seu nome, fruto dessa traição. Carla te traiu,
mas te ama, ela é sangue do seu sangue. Ela sofre tanto quando você por isso.
Flavio casou com ela porque o pai dele obrigou e eles vivem em um
verdadeiro inferno. Você diferente da sua irmã teve a chance de recomeçar a
vida, em um lugar diferente. Sua irmã não, está vivendo um casamento de
fachada, todos da cidade a olhando torto. Você não acha que ela já pagou
caro pela traição? Você não tem mais ninguém além da sua mãe, irmã,
sobrinha, eu, Carol, Eva e Marcelo. Mas você afasta todos de você por medo
de enfrentar a realidade. Medo de seguir a sua vida.
— Quem é você para falar isso? Quer me dar lição de moral, mas não
tem coragem de assumir o que sente pela Carol.
— Sofri tanto quanto você Clara! Minha única irmã morreu, também
fui traído. Mas estou seguindo a minha vida e não afasto as pessoas que eu
amo. E quanto a Carol, eu não assumo porque não sei o que sinto. Não sei se

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é amor, paixão, desejo ou amizade. A única coisa que sei é que não posso
viver longe dela. Luto diariamente para tê-la do meu lado. Diferente de você
que ao invés de assumir que ama Marcelo prefere fugir. Pode fugir, mas essa
sua dor nunca vai passar. Você vai se arrepender pelo resto da sua vida por
ter comparado Marcelo com Flavio e deixado a pessoa que realmente te amou
por medo de ser feliz. Você melhor que ninguém sabe que contos de fada não
existem, e nem o babaca da música do Luan Santana que vai te esperar por
dez, vinte, trinta anos. Logo vai aparecer alguém e vai ocupar o seu lugar no
coração do Marcelo. E você Clara vai continuar fugindo e sofrendo, você vai
ser a única culpada de tudo isso.
— PENSEI QUE VOCÊ FOSSE MEU AMIGO! — Clara grita,
chorando vindo até a mim soltando socos no meu peitoral.
— Por ser seu amigo estou fazendo isso. Não posso deixar você fugir
de novo — falo imobilizando seus braços e a abraçando. — Não posso ver
você destruir tudo que conquistou por medo. Está na hora de você enfrenta-
lo.
Solto seus braços. Clara senta no chão.
— Não! — fala chorando. — Eu não consigo.
— Sim, você consegue. Basta querer.
— Está doendo — sussurra.
A pego no colo, a levo até o banheiro, ligo o chuveiro. Ela senta-se no
chão, enquanto a água cai em seu corpo ainda vestido misturando-se com
suas lágrimas.
—Tudo que eu tinha que falar para você eu falei. Estou indo embora,
se você quiser recomeçar ao lado das pessoas que te amam estarei aqui. Se
você quiser fugir também estarei aqui, mas depois não diga que eu não te
avisei. Você tem duas opções, cabe a você a escolha. Lembre-se qualquer
uma delas tem consequências, a escolha é sua.

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É difícil ver minha menina no chão do banheiro abraçando seus


joelhos e chorando. Mas é mais difícil vê-la deixar tudo por medo. Saio do
banheiro, a deixando sozinha com uma decisão a tomar e vou embora.
Doeu em mim mais que em Clara, sei a dor que ela está sentindo, a
deixar assim é difícil, mas é necessário. Agora o que eu preciso é da minha
ruiva do meu lado. Pego o telefone e ligo para ela.
— Alô.
— Ruiva, estou passando ai para te pegar, você tem quinze minutos
para ficar pronta. Beijos.

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CAPÍTULO 28 — CLARA

Choro como há tempos não chorava. Não sei por quanto tempo fiquei
jogada no chão do banheiro. As palavras do Montanha foram como facadas
em meu coração.
Toda a minha pose de mulher forte e destemida foi por água abaixo
com as palavras do meu amigo. Não adianta eu me fazer de forte, pois não
sou. Aquela menina assustada que pegou o noivo e a irmã na cama ainda vive
em mim, ela estava apenas adormecida, escondida em um lugar onde somente
eu sabia. Talvez se eu tivesse feito o que Montanha disse: ter quebrado tudo,
gritado, dado na cara da Carla e do Flavio ao invés de ter fugido, hoje não
estaria aqui jogada no chão do banheiro remoendo meu passado e com o
medo do futuro.
Levanto-me do chão, tiro a minha roupa e começo a me lavar,
relembrando cada palavra que Montanha disse. Ele sempre me apoiou, jamais
faria ou falaria algo para me prejudicar. Algumas lágrimas ainda caem pelo
meu rosto. Nunca alguém falou essas coisas para mim. Somente Marcelo
disse na nossa primeira e única briga.
Montanha também sofreu tanto quanto eu, mas ele conseguiu seguir a
vida, não afasta as pessoas que ele ama. Eu afasto. Afastei Marcelo. Tudo por
medo.
Saio do banheiro visto uma camisola e sento na cama.
Medo, isso me define e sempre definiu. Enquanto eu estou no
comando sei o que vai acontecer, ai não tenho medo. Quando eu estava
jogando com a sedução em cima de Marcelo estava bom para mim, era eu
que estava no controle. Portanto sabia qual o próximo passo eu iria dar, o que
faria para leva-lo para cama. Enquanto eu jogava Marcelo fugia. A partir do
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momento que ele começou a não fugir, começou a reagir as minhas investidas
e ter o controle da situação, como no nosso primeiro beijo na biblioteca,
comecei a ter medo. Por isso logo consegui transar como ele e depois eu quis
cair fora. Pois naquele banheiro da academia tive a certeza que não era
apenas um jogo. Tive medo de me entregar, medo de me apaixonar ainda
mais, eu quis evitar o inevitável, naquele dia descobri que eu já o amava.
Naquela noite quando ele veio em meu apartamento foi a confirmação de
tudo que eu já tinha descoberto a tarde. Eu o amava, me entreguei a ele de
corpo e alma. Por causa do medo eu fugi dele naquela manhã e o afastei de
mim.
Pensei que eu o tinha perdido, estava conformada com isso. Até o dia
em que ele me surpreendeu dançando comigo e cantando no meu ouvido.

"Eu quero ser amante amigo e bandido Quero te seduzir falar em


seu ouvido Não quero muito tempo eu só quero tentar Basta só uma noite
pra te conquistar"

Marcelo me levou para a nossa bolha. Ele foi meu amante, amigo e
bandido. Naquela noite sabia que não tinha mais volta. Se eu pudesse jamais
sairia daquela bolha, lá não tinha medo, não tinha ninguém. Apenas Marcelo
e eu. Naquele mesmo dia, ele terminou com a vaca Dayana, disse que queria
ficar comigo e novamente senti medo. Quando ele propôs de sermos ficantes
também senti medo. Mas o medo de não ter Marcelo do meu lado foi muito
maior, por isso sem pensar duas vezes eu aceitei. O tempo que ficamos juntos
foi um dos melhores dias da minha vida, não foram apenas algumas transas,
foi muito mais. Ele me completava. A cada dia que passava estava feliz por
ele estar ali do meu lado, mas, o medo que ele fosse embora e me
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abandonasse a cada dia era maior. Por isso tentava aproveitar ao máximo de
sua companhia.
Marcelo foi para mim tudo aquilo que uma mulher deseja, amigo,
companheiro e amante. Foi o verdadeiro príncipe encantado dos contos de
fadas. Me compreendendo em um dos momentos mais difíceis da minha vida,
que foi o acidente da minha mãe. Levou-me até Rubineia, me deu força, me
defendeu do Flavio. Não saiu do meu lado em nenhum momento. Sentime tão
confiante por ele estar ali, que acabei contando tudo que eu guardava a sete
chaves dentro do meu coração. Em seus braços me senti segura, me senti
amada. Quando Marcelo disse que me amava, fiquei sem reação e com medo.
Medo de ser mentira, medo de ser verdade e eu não saber retribuir o amor
que ele disse que sentia. Amor que ele sentia? Será que ele ainda sente? Será
que eu joguei fora a felicidade que eu tanto procuro pelo medo de me
entregar de corpo e alma. Medo de amar o único homem que realmente me
amou.
O medo é um mostro que me impede de viver.
Olho no celular e vejo que já se passa da meia–noite. A bateria do
meu celular está acabando, abro a gaveta do criado mudo para pegar o
carregador e vejo a carta de Carla.
Pego a carta, a olho, fico pensando como nós éramos unidas, além de
irmãs éramos muito amigas, minha melhor amiga. Sempre juntas, apesar de
tudo que aconteceu Carla ainda colocou meu nome em sua filha, mas por
quê? Talvez a resposta esteja nessa carta. Esta na hora de enfrentar meus
medos, meus monstros. Abro a carta, respiro fundo e começo a ler.

Minha amada irmã, Essa carta foi o único meio que consegui
chegar até você. Antes de tudo quero te dizer que eu a amo.
Anos já se passaram, mas a dor que sinto pelo que eu te fiz ainda é a
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mesma, é recente. Traí a confiança da pessoa que eu mais amava e ainda


amo. Não tenho direito de pedir desculpa ou que me perdoe. Seu desprezo e
indiferença são os meus castigos e eu os aceito.
Tentei conversar com você e tentar explicar o inexplicável. Queria
que você tivesse me xingado me batido, mas nada disso você fez
aumentando ainda mais minha dor. Você foi embora sem me ouvir e sem
eu saber o tamanho da sua dor. Queria a sua dor para mim, não queria vê-
la sofrer e ir embora.
Não posso dizer que eu não tive culpa no que aconteceu, pois eu sou
a principal culpada de tudo. Sou culpada pelo seu sofrimento, culpada pelo
sofrimento de nossa mãe, culpada por você ter ido embora e culpada por
você me desprezar.
Depois do seu noivado, Flavio se aproximou cada vez mais de mim,
e quando fui ver já estava apaixonada por ele, acabei me envolvendo, por
mais que eu te amasse por mais que eu não quisesse me envolver com ele
me envolvi. Errei, sabia que estava errada. Sempre jurava que seria a
última vez, mas sempre tinha uma outra e outra. Eu fui fraca.
O resto da história você já sabe, você descobriu tudo e eu acabei
com seus sonhos. Na mesma semana passei mal e fui para o hospital.
Descobri que estava gravida, e você perdia seu filho. Doeu tanto minha
irmã, queria sentir a sua dor. A perda do seu bebê fez a minha dor
aumentar ainda mais. Sempre soube que seu maior sonho era ser mãe.
No dia que era para ser seu casamento foi o meu, esse dia foi o pior
dia da minha vida, não tive escolha senão aceitar a proposta de Flavio e do
pai dele. Eu estava morando de favor, desempregada e grávida. Flavio
ameaçou tirar a guarda do meu filho e de me proibir de vê-lo.
Casei-me com o seu noivo, fui morar em sua casa e viver a sua vida.
Flavio nunca quis uma esposa, só queria um troféu para se exibir

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como esposo e pai de família. Eu acabei sendo esse troféu em seu lugar.
Apenas duas coisas boas aconteceram com isso tudo. A primeira foi
minha filha. Ela é a minha joia mais rara, como prometido coloquei o
nome dela de Clara, minha Clarinha é linda e doce como você. A amo com
todas as minhas forças e se ainda estou casada com Flavio é somente por
causa dela, não sei como faria para viver longe da minha filha.
Flavio já me ameaçou inúmeras vezes que se eu sair de casa ele tira
minha filha de mim, não posso viver longe dela. Clarinha é a minha vida.
Por ela sou capaz de tudo até viver um casamento de fachada.
A segunda coisa boa é que ao invés de você estar vivendo nesse
inferno de casamento sou eu que estou vivendo. Fico feliz que você esteja
longe de tudo isso. Um casamento cheio de brigas e traições. Mas para
todos que estão de fora um casamento perfeito, com marido perfeito e
esposa perfeita. A família perfeita. Você não merecia e não merece passar
por isso minha irmã.
Clara, você tem a oportunidade de escrever sua própria história, seu
conto de fadas com o Flavio teve um fim, pois não era real, não era
verdadeiro.
Você merece ser feliz, minha irmã, do lado de uma pessoa que a
ame, que te aceite do jeito que é, com todos seus defeitos e principalmente
com suas qualidades, uma menina doce, simples e forte. Não tenha medo
de ser feliz não fuja de sua felicidade, busque por ela.
Seja feliz minha irmã isso é o que mais desejo a você.
Te amo Carla
Algumas lágrimas caem dos meus olhos. Carla sofreu tanto quanto eu,
mas ela não tem a oportunidade de recomeçar como eu tive. No hospital foi
possível perceber como ela está abatida e infeliz. Queria dizer que acho bom
que ela quebrou a cara e está sofrendo. Ela merece sofrer por tudo que me fez

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sofrer. Mas ela é sangue do meu sangue, é minha única irmã, errou e
reconheceu seu erro e hoje sofre por me ter longe e por levar a vida que leva.
Leio e releio a carta de Carla inúmeras vezes até cair em um sono profundo.
Durante todo meu sono, sonho com as palavras de Carla, ela disse o
que mãe, Marcelo e Montanha disseram para mim e eu sempre me recusando
a ouvir e aceitar.
Você merece ser feliz minha irmã do lado de uma pessoa que a ame,
que te aceite do jeito que é, com todos seus defeitos e principalmente com as
qualidades, uma menina doce, simples e forte. Não tenha medo se ser feliz
não fuja de sua felicidade, busque por ela.
Acordo ainda com as palavras de Carla martelando na minha cabeça.
— Eu perdoo você minha irmã — falo em voz alta.
Levanto-me da minha cama tomo um banho rápido, me visto pego
capacete, chaves e bolsa e saio do meu apartamento. Chega de sentir medo.
Está na hora de buscar a minha felicidade.

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CAPÍTULO 29 — MARCELO

Doze dias, doze malditos dias. Sabe o que esses doze dias significam?
Doze dias são o total de duzentas e oitenta e oito horas, é o tempo que estou
sem ver seu sorriso, sentir seu cheiro, seu toque, seu gosto. É o tempo que
deixei de ser um fantoche nas mãos da Clara. Minha Clara, pelo menos era o
que eu queria que fosse. Quando você gosta de uma mulher como eu gosto
dela, você acaba fazendo de tudo para tê-la ao seu lado. Luta contra tudo,
contra todos, move montanhas, faz o possível e o impossível para ver essa
pessoa sorrindo. Para vê-la feliz. Mas quando essa luta é contra o medo que
ela sente de ser feliz. Desculpa em te falar meu camarada, você vai perder
feio. É uma luta perdida.
Foi isso que aconteceu comigo, lutei para ter Clara ao meu lado. Nada
adiantou provar a ela com gestos e carinho a cada dia que eu a amava. O
medo a cegou, ela não conseguiu ver que o problema não era eu ama-la, mas
o medo de deixar a si mesma ser feliz. Perdi a mulher que sempre desejei
nesses últimos anos, perdi a mulher que mais amei pelo medo. Ele foi o
vencedor dessa batalha. Clara se afastou de mim por medo de ser feliz,
aquelas palavras que saíram de sua boca não passaram pelo seu coração.
Aquela mulher que dizia aquelas palavras frias não era a minha doce, minha
menina mulher. Clara preferiu fugir desse amor a se entregar a ele.
Sou homem, não um brinquedo, por isso o melhor foi deixa-la, pois o
meu coração não iria aguentar ser pisado e maltratado, mesmo as palavras
saindo da boca para fora doeu em minha alma, no meu orgulho.
Tudo que eu queria e sempre quis era ama-la, nada mais.
Ama-la de todas as formas possíveis. Clara acha que eu me apaixonei
por ela nesse pouco tempo que ficamos juntos, ou durante o seu jogo de
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sedução. Para mim nunca existiu nenhum jogo, já estava seduzido por ela
muito tempo antes do seu jogo começar. Meu coração pertence a Clara desde
o dia que a vi pela a primeira vez no corredor da faculdade. Meu coração
começou a amá-la e venerá-la em segredo. Sempre a observava de longe, pois
para mim era um amor platônico, um amor impossível. Quando ela se
aproximou de mim, vi o impossível acontecer, poder estar com ela
diariamente a amando e a venerando. Seus beijos, seu sorriso, seu corpo eram
as minhas drogas.
— Pensando em mim.
Saio dos meus pensamentos e olho a pessoa que sentou ao meu lado.
Hoje vim na faculdade apenas para entregar um trabalho. Por isso fiquei
sentado nesse banco olhando para o nada perdido em meus pensamentos.
— Dayana — falo desanimado baixando a cabeça.
Por um minuto tive esperança de ser outra pessoa, a dona do meu
coração.
— Não respondeu a minha pergunta. — Coloca a mão em meu braço.
— Você estava distante, tenho certeza que estava pensando em mim.
— Por que eu estaria pensando em você?
— Como por quê? Porque você me ama e na certa já foi tempo o
suficiente para cair na real e ver que o seu lugar é do meu lado.
— Do seu lado?
— Sim mor, eu te amo e sempre te amei. Sei que você foi iludido por
Clara assim como Edson, eu te perdoo. Sei que o casinho de vocês já teve um
fim. Agora pode voltar para mim.
— Sabe que não estamos mais juntos?
— O Edson me disse que dormiu com Clara a semana passada inteira.
Também não notei mais vocês dois juntos.
— Dormiu com ela essa semana inteira?

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— Não essa semana, a semana passada. Na certa ela já arrumou outro


trouxa para essa semana.
— Entendi. Ela já arrumou outro e eu estou sozinho.
— Mor, você não está sozinho, você tem a mim. Eu sempre soube que
tudo isso era fogo de palha e logo ia passar e agora já passou — fala me
abraçando.
— Mesmo eu te traindo, ficando todo esse tempo com Clara, você
ainda me quer de volta?
— Claro mor, eu te amo você não percebeu isso ainda? Fiquei te
esperando esse tempo todo.
— Dayana você está pedindo para voltarmos? — pergunto olhando
em seus olhos.
— Sim mor. Volta para mim, vamos viver a nossa vida e esquecer que
Clara existe. Tínhamos planos para o nosso futuro juntos — fala dando
alguns selinhos em minha boca.
— Dayana! — Pego suas mãos e a afasto de mim.
— Que foi mor, sei que sente saudades do meu beijo, do meu corpo
— diz vindo para cima de mim, novamente a afasto.
— Não!
— Se entrega a nossa paixão mor!
— Que paixão?
— Sei que me ama.
— Deixa eu te explicar três coisas. Primeiro você está certa eu e Clara
não estamos mais juntos.
— Disso eu sabia, aquela piranha já está com outro.
— Segundo, eu realmente queria saber como Edson dormiu a semana
passada inteira com a Clara se ela estava com a mãe doente?
— Para você ver mor, nem respeitou à mãe doente e levou homem

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para dormir com ela.


— Eu não terminei. Clara estava com a mãe doente em outra cidade a
mais de 600 km de distância de Dourados, como Edson dormiu com ela a
semana inteira?
— Não sei mor, ele quem me disse. Não muda nada, ela continua
sendo uma piranha.
— Terceiro, eu não vou voltar com você!
— Mor, por quê? Pare com isso vamos ser feliz.
— Dayana, não me chame dessa forma. Cadê o seu amor próprio? Eu
traí você, te disse que não a amava, ficamos juntos um tempo, mas sabemos
que não era amor, não tenho sonhos de um futuro com você. Na verdade
nunca tive.
— É por causa dela que você não quer voltar comigo. Tem a ilusão de
voltar com ela ainda?
— Não é por causa da Clara, é por mim. Nosso namoro nunca ia dar
certo. Desculpa se levei ele adiante, você era uma boa companhia, era boa
amiga, mas não era amor, nunca te amei. Vai viver sua vida.
— É você que eu amo. Quero me casar, ter filhos e ser feliz com
você.
— Esses seus sonhos não serão realizados comigo, nunca te prometi
casamento — falo me levantando. — Vai atrás daquele ex-noivo que você
tinha antes de namorar comigo, talvez ele ainda te ame. Ou do Edson já que é
tão amiga dele. Não volte a me procurar, nem amizade que tínhamos existe
mais, pois você mentiu para mim. Vai viver a sua vida e me deixa viver a
minha.
— Vai lá babaca, atrás da piranha, você nasceu para ser corno mesmo.
Eu também não te amo idiota — Dayana fala.
— Como diz o ditado, termine o namoro que somente assim irá

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conhecer a pessoa com quem conviveu tanto tempo. Mostra para mim a
verdadeira Dayana sem mascaras.
— Quer saber? Eu cansei desse joguinho idiota. Aquela puta
conseguiu estragar todos os meus planos. Eu não te amo idiota, só queria ter
uma vida estável com um cara bonito. E você era essa pessoa perfeita. Não
pegava no meu pé, bonito e ainda por cima rico.
— Eu não sou rico se ainda não percebeu. Meu pai que é rico. Tudo
que tenho é fruto do meu trabalho.
— Não interessa, você iria herdar tudo depois que aquele velho gaga
morresse.
— Enfim sua máscara caiu. — Bato palmas. — Parabéns agora pegue
o resto de dignidade que ainda tem e esqueça que eu existo — digo saindo.
Sempre me disseram que ela não valia nada, mas nunca quis acreditar,
pelo visto Dayana só queria me usar e tirar benefícios.
Entro no meu carro dirijo até o apartamento da Clara e fico parado
olhando a janela do seu quarto, a luz ainda está acesa. Desde o dia da nossa
briga nunca mais a vi. Adriano disse que ela está bem, queria pelo menos vê-
la nem que se fosse de longe. Voltei a ser o mesmo cara que sempre a
admirou de longe.
— Para de ser besta Marcelo, ela não te quer, cadê o seu orgulho. —
Ligo o carro e vou para meu apartamento.
Tomo um banho, deito na minha cama e durmo. Quando acordo já
passa da 9h00 da manhã. Arrumo algumas coisas e resolvo ir para Douradina,
minha casa, meu refúgio.
Dirijo com o rádio ligado e pensando nos documentos que preciso
revisar do escritório. O melhor a fazer é enfiar a cara no trabalho. Faltando
uma quadra para chegar em minha casa algo me chama atenção.
Uma moto R300, preta com jogo de rodas rosa, eu conheço bem,

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Penélope. Se ela está aqui a dona dela também está. Estaciono o meu carro e
desço, passo pelo portão e Clara está sentada no chão da área, com a cabeça
baixa abraçando seus joelhos. Quando ela percebe minha presença levanta a
cabeça me dá um sorriso murcho.
— Oi — fala tão baixo que sua voz quase não sai.
— O que está fazendo aqui?

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CAPÍTULO 29 — CLARA

Saio do meu apartamento eu vou até o apartamento do Marcelo.


Estaciono Penélope, mas não desço dela. Meu coração está acelerado, sei o
que tenho que fazer, mas ainda não tenho coragem. Ele é minha felicidade,
minha maior cagada foi afasta-lo da minha vida só pelo medo de ser feliz.
Será que já é tarde para mim?
Depois de tudo que eu disse a ele existe a possibilidade de ele não
querer olhar para a minha cara nunca mais.
Ligo Penélope e saio da frente do apartamento dele, fico andando sem
rumo, criando coragem para enfrentar Marcelo e dizer que eu o amo, que
tudo o que desejo é ficar ao seu lado. Quando dou por mim estou próximo a
Douradinha, continuo o trajeto até a casa de Marcelo, a nossa bolha.
Estaciono Penélope, e tiro o capacete. Desço, passo pelo o portão e
fico alguns minutos olhando a casa. Nossa bolha, aqui não existia ninguém.
Não existia medo. Só Marcelo e eu; fui muito feliz aqui e espero continuar
sendo.
Sento no chão, abraço meus joelhos e fico com a cabeça baixa criando
coragem de ir para o apartamento dele e dizer tudo o que sinto e estou
sentindo. Se ele não me quiser ai irei embora. Pois será uma decisão dele e
não minha. Fui burra, agora tenho que correr atrás do prejuízo.
Sinto uma pessoa na minha frente, levanto a minha cabeça e o vejo,
meu coração acelera parecendo que vai sair pela boca.
— Oi — falo em um sussurro.
Marcelo está sério, com a cara fechada.
— O que você está fazendo aqui? — pergunta de forma ríspida, isso
me assusta.
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O que você queria Clara? Que Marcelo ficasse feliz ao te ver, que
fosse te abraçar e beijar? Você tinha tudo isso sua burra, mas achou mais fácil
jogar fora.
Respiro fundo, o pior que pode acontecer é ele me colocar para fora.
Então melhor eu tomar coragem e fazer o que eu queria fazer desde a hora
que acordei.
— Queria falar com você — digo com a voz baixa.
— Acho que não temos mais nada para conversar.
Suas palavras são como facadas em meu coração. Levanto do chão e
paro na sua frente.
— Marcelo, eu sei que não tenho direito de vir falar com você. Mas
por favor, me escuta.
Ele me olha durante longos segundos, percebo que ele puxa o ar.
Enfim fala: — Tudo bem. Vou te ouvir. — Passa por mim e abre a porta. —
Entra.
— Obrigada — digo entrando na casa.
Fico alguns minutos olhando a nossa bolha e sentindo saudades de
tudo que nós vivemos aqui.
— Pode se sentar — Marcelo fala me tirando das minhas doces
lembranças.
Sento no sofá e ele na poltrona na minha frente, ele está tão distante,
tão seco.
— Deseja beber alguma coisa? — Marcelo pergunta e eu nego com a
cabeça.
Não sei o que fazer; as palavras não querem sair de minha boca.
— Minha mãe... Minha mãe está bem — falo, mas não é isso que vim
falar para ele.
— Que bom.

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— Eu voltei de viagem na sexta-feira retrasada, no mesmo dia que ela


teve alta. A Carla vai cuidar dela. Ontem eu liguei e a cada dia ela está
melhor — digo rápido, mas ainda não disse o que realmente vim falar.
— Que bom — Marcelo responde sem mostrar interesse.
— Obrigada, pois você me levou lá e ficou comigo — continuo a
falar tentando criar coragem e dizer as palavras certas.
Estou tremendo com o coração acelerado.
— De nada — fala seco.
Olho para ele que me olha sem transmitir nenhuma reação, não sei
como ele conseguiu ficar tão seco. O silêncio paira no ar durante alguns
minutos. Marcelo se levanta, vai até a porta a abre.
— Se era só isso, você já pode ir embora. Tenho que revisar algumas
papeladas do escritório — Marcelo fala sem olhar para mim.
É o fim, deixei minha chance de ser feliz passar. Levanto-me do sofá
com a cabeça baixa, caminho até a porta e passo por ele.
— Tchau Marcelo — digo sem olhar em seus olhos — Boa sorte,
Clara — ele fala fechando a porta.
Não tive coragem de falar, meu coração está saindo pela boca, minhas
pernas estão moles, mas tento caminhar até Penélope. Lágrimas caem dos
meus olhos, tento limpá-las em vão.
Olho para trás e vejo o que eu estou perdendo, o que eu perdi. Uma
dor gigantesca toma conta do meu coração.
Não posso perder o amor da minha vida. Corro até a porta e bato nela
de forma desesperada até Marcelo a abrir.
— Clara?
— Não era sobre minha mãe que vim falar — digo com a respiração
ofegante.
— Não?

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— Não! — afirmo balançando a cabeça de forma negativa.


— Então o que você queria falar?
Olho para os olhos de Marcelo; que me olha confuso e respiro fundo,
é agora ou nunca.
— Eu te amo! — enfim as palavras certas saem de minha boca.
Passo por ele e entro na casa. O olho esperando que ele fale alguma
coisa. Mas para o meu desespero ele não fala nada. Apenas fecha a porta,
cruza os braços e fica me olhando.
— Por favor, diga alguma coisa — tento falar com calma. Mas calma
é a única coisa que eu não estou.
— Mais um jogo?
— NÃO! — grito.
— Acha que eu sou tonto ou besta o suficiente para cair em mais um
joguinho seu?
— Não é um jogo, eu juro! Por favor, acredite em mim — falo em
desespero.
— Quantas vezes eu te disse para acreditar em mim? O que você fez?
Me descartou como um brinquedinho usado.
— Eu sei, por favor, desculpa — digo, limpando as lágrimas que
caem em meu rosto.
— Agora do nada, você vem aqui diz que me ama, pede desculpa e
quer que eu aceite?
— Eu sei, fui errada, fria e sem coração, mas antes de ir embora e
nunca mais aparecer em sua vida, por favor, me escute nem que seja pela
última vez.
— Você tem mais cinco minutos depois pode sumir da minha vida —
Marcelo fala de forma fria.
— Eu me assustei, quando você disse que me amava fiquei

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apavorada, por isso fiz o que mais sei fazer: fugir. Fugi de você e do seu
amor. Mas acontece que eu já te amava e tive medo de me entregar a esse
amor insano. Não sei desde quando comecei a amar você Marcelo, mas eu o
amo, só não queria assumir isso para mim mesma. Sofri muito quando
descobri a traição do Flavio e jurei para mim mesma que nunca mais amaria
outra pessoa, nunca mais faria papel de palhaça.
— Eu não sou o Flavio — Marcelo fala saindo de perto da porta e
ficando próximo a janela.
— Eu sei. Por isso vim atrás de você. — Olho em seus olhos. —
Marcelo, tudo que você me disse era verdade. A culpa é toda minha. Por
causa do que eles fizeram comigo, acabei me tornando uma pessoa fria,
egoísta. Fui incapaz de perdoar Carla e Flavio, e me permitir ser feliz. Esse
ressentimento me fez afastar o homem que mais me amou, e que eu amo.
Pela primeira vez resolvi não fugir do que eu sinto. Perdoei Carla e Flavio, na
verdade tenho que ser grata a eles ou hoje estaria casada vivendo um
casamento de fachada. Não teria conhecido o amor da minha. Não teria
conhecido você, eu ganhei muito mais que perdi. Conheci Montanha, Eva,
Carol e você.
— Demorou muito para descobrir isso você não acha?
— Sim demorei, antes tarde do que nunca — falo me aproximando da
porta. — Obrigada por ter me feito a melhor mulher do mundo nesse pouco
tempo que ficamos juntos, nunca foi apenas só sexo. Foi além, com você me
senti amada e amei. — Coloco a mão na maçaneta da porta para abri-la. —
Te desejo toda a felicidade do mundo — digo com a cabeça baixa abrindo a
porta. As lágrimas caem dos meus olhos de forma mais intensa, eu o perdi.
— Você está mentindo — Marcelo fala puxando meu braço, olho
confusa para ele.
— O quê? Não estou mentindo. Eu te amo.

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— Esta sim Clara, diz que me deseja toda felicidade do mundo, mas
está indo embora. A minha felicidade é você meu amor.
Marcelo me puxa e me abraça, o abraço com toda força que consigo.
Ele me beija, um beijo com início suave cheio de saudade, que em poucos
segundos se torna um beijo com necessidade, ele pede passagem de sua
língua em minha boca e eu dou passagem, nosso beijo é desesperando, tento
colocar nesse beijo tudo que estou sentindo nesse momento. Quando o ar nos
falta, separamos os nossos lábios para que possamos respirar. Marcelo tenta
secar minhas lágrimas, e dá leves beijos em meus olhos.
— Senta aqui — Marcelo fala apontando para o sofá. Faço o que ele
me pede. — Me espere que eu já volto.
Balanço com a cabeça de forma afirmativa, ele dá um beijo na minha
testa e sai em direção ao quarto. Não demora e ele já está de volta.
Marcelo se abaixa na minha frente, fica na mesma altura que eu, e
olha em meus olhos.
— Clarinha, eu disse que eu te amava, mas não te disse desde quando.
A primeira vez que te vi na faculdade, você estava com uma calça branca e
uma blusa rosa, te amei desde aquele dia. Sempre a observava de longe,
quando você chegou naquela festa linda com aquele vestido preto e batom
vinho que desenhava perfeitamente sua boca fiquei louco, meu sonho estava
se tornando realidade. Segurei-me para não te beijar ali mesmo. Quando vi
você na mesma academia que eu, percebi que ficar ao seu lado seria o paraíso
e o inferno ao mesmo tempo, paraíso por conviver com você e inferno por
não poder te tocar. Escutei uma conversa entre Carol e Eva no corredor da
faculdade naquele mesmo dia que te dei carona. Sempre soube que era um
jogo, por isso comecei a jogar.
— Mas quando eu disse que era um jogo você ficou furioso —
questiono sem entender.

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— Fiquei bravo comigo, não com você, o seu jogo era me levar para a
cama. O meu jogo era ganhar o seu coração, mas não resisti ficar muito
tempo sem te tocar, já tinha te desejado tanto tempo, a amado em segredo que
não resisti a sua tentação. Fiquei uma semana longe de você tentando fingir
que não sentia nada. Mas quanto te vi dançando com Fabio, ali descobri que
não poderia ficar longe de você.
— Então você sempre me amou?
— Sempre te amei, mas precisava fazer você acreditar nisso, sabia
que você tinha medo. Larguei da Dayana, fiz a proposta de sermos ficantes e
tentei te mostrar o quanto eu te amava, tentei mostrar isso a você a cada
segundo que passávamos juntos.
— E eu tonta não vi isso e te afastei quando percebi que eu estava
perdidamente apaixonada por você. Marcelo, agora sei que você me ama, me
desculpa.
— Mas o objetivo de eu estar falando tudo isso para você é outro.
— Como assim?
— Você sabe o quanto eu te amo, mas eu ainda não sei o tamanho do
seu amor. Não posso voltar com você e amanhã você sentir medo e me largar
de novo.
— Não vou largar você, Marcelo.
— Então me prove isso Clara, prove que me ama e que não vai me
largar no seu primeiro medo.
— Como? Como posso provar que eu te amo?
Marcelo pega uma caixinha de veludo preta do seu bolso, a abre.
— Case-se comigo.
— Marcelo? Você sabia que eu vinha?
— Não, pensei que nunca mais veria você. Estava preparado para
pedir você em casamento naquela manhã que sua irmã ligou falando do

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acidente da sua mãe.


— Eu aceito — falo o abraçando.
Marcelo me afasta, olha em meus olhos.
—Tem mais uma coisa Clarinha.
— O quê?
— Quero casar com você hoje, antes que o sol se ponha e que de a
louca em você e desista de tudo.
— Você está doido?
— Doido de amor por você, mas lucido o bastante para saber que
você pode fugir a qualquer momento. Preciso de uma garantia. Prove que me
ame e casa-se comigo hoje.
— Marcelo, isso é impossível. Hoje é sábado, como vamos casar
assim do nada? Tem papelada de cartório, testemunhas, essas coisas. O
vestido, tem meu vestido, não posso casar assim.
— Só quero saber se você aceita, o resto é resto.
Penso alguns segundos, está na hora de ser feliz.
— Sim! Eu aceito me casar com você e acordar todos os dias do resto
da minha vida do seu lado.
Marcelo abre um sorriso, e me beija.
— A papelada eu resolvo, só preciso da sua identidade. Seu vestido
minha mãe pode ajudar ela tem uma loja no centro. As testemunhas podem
ser Adriano, com Carol ou Eva, elas também podem te ajudar a se arrumar.
Vem, levanta, temos um casamento para preparar — Marcelo fala puxando a
minha mão.
— Você é doido. Nem conheço sua mãe.
— Doido por você meu amor. Não se preocupe minha mãe sabe quem
você é, sabe que você sempre foi a mulher da minha vida.
Marcelo me levou até a loja da sua mãe e me deixou lá. No caminho

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liguei para Montanha, Eva e Carol contando tudo, as meninas ficaram


superanimadas e claro que elas aceitaram me ajudar. Passei o endereço da
loja da mãe do Marcelo e quando chegamos as duas já estavam me
esperando.
O dia passou voando, aqui estou eu em uma sala reservada me
olhando no espelho do salão que as meninas insistiram para que eu me
arrumasse e não acredito no que está acontecendo. Pego o telefone e ligo para
minha mãe.
— Clarinha minha filha, como você está?
— Assustada — falo com os olhos fixos no espelho.
— Por que, minha menina, aconteceu alguma coisa?
— Mãe, eu vou me casar.
— Graças a Deus minha filha. Rezei tanto para Deus colocar um
homem bom em seu caminho. Já marcou a data?
— Vai ser hoje.
— Hoje?
— Sim.
— Você guardou segredo do seu casamento, filha?
— Não mãe. Parece mentira, mas não é. Conheci um cara chamado
Marcelo.
— O cara que Flavio viu com você no hospital?
— Sim, ele mesmo, mas nós brigamos, na verdade eu briguei com ele,
e ele acabou indo embora antes da senhora acordar. Não queria mais ele perto
de mim, mas eu o amo, hoje de manhã fui atrás dele, e ele fez a proposta de
nos casarmos hoje com medo de eu fugir dele. Agora estou aqui pronta, me
olhando no espelho e com medo, esperando ele vir me buscar.
— Esse rapaz te conhece bem, já gostei dele. Não tenha medo minha
filha, vá e seja feliz.

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— Estou tão nervosa mãe.


— Isso é normal minha filha. Me diga o que está vestindo?
— Escolhi um vestido cor champanhe pouco acima do joelho, ele é
tomara que caia, com decote com formato de coração, bem acentuado e um
leve caimento no quadril.
— E o seu cabelo?
— Meu cabelo tem uma pequena tiara e está jogado do lado direito do
ombro com cachos. Meu brinco é prata, maquiagem leve, e sandália rosa.
— Você está linda minha menina.
— Mas a senhora nem me viu.
— Estou vendo as palavras que saem de sua boca, você não poderia
estar mais linda. Não tenha medo minha menina, vá e seja feliz, você merece.
— Obrigada mãe — falo desligando o celular.
— Clara, tem um moço bonito na recepção, ele veio te buscar — Uma
das funcionárias do salão me avisa.
— Obrigada — digo.
Respiro fundo, saio da sala rumo à recepção, mas não é Marcelo que
eu encontro me esperando.
— Montanha — falo abrindo um sorriso para meu amigo irmão.
— Minha moreninha, agora noivinha. Você está linda — fala me
abraçando.
— Obrigada. Você também está lindo. — Montanha está vestindo
uma calça social preta e uma camisa branca com apenas dois botões abertos e
com o cabelo feito um coque frouxo.
— Precisava estar apresentável, afinal eu tenho a missão de levar essa
noivinha linda até ao seu noivo — fala dando uma piscada.
Saio do salão apoiando a mão nos braços de Montanha. Sento no
banco traseiro do seu carro. Montanha da partida e saímos rumo ao meu

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noivo.
Meu noivo, parece até mentira, em poucas horas estava chorando
pensando que eu o tinha perdido, e agora estou aqui pronta para casar como o
amor de minha. Olho pela janela do carro e percebo que o trajeto que
Montanha está traçando não é até o cartório.
— Montanha esse não é o caminho para o cartório.
— Não.
— Mas para onde estamos indo? — pergunto curiosa.
— Para o seu casamento. Isso é obvio, não acha minha noivinha.
— Mas não é no cartório?
— Não, fique quietinha, que daqui a pouco chegamos.
Não demorou muito, e reconheço o lugar onde Montanha estaciona o
carro. É a nossa bolha, a casa em Douradina.
Montanha desce do carro, e o vejo mexendo no celular. Abre a porta e
dá a mão para me ajudar a descer. Desço do carro, ele pega as minhas duas
mãos.
— Ontem quando sai do seu apartamento, estava sofrendo tanto
quanto você. Me martirizei a noite toda por ter abrido a sua ferida e ter te
deixado daquela maneira. Hoje te vendo assim tenho a certeza do que fiz foi
o certo.
— Obrigada meu amigo, se não fosse você, hoje eu não estaria aqui e
nada disso estaria acontecendo. Te amo, você é o irmão que nunca tive.
— E você é minha irmã, que um anjo lá em cima colocou em meu
caminho. — Montanha beija a minha testa. — Está pronta?
— Sim.
Deposito minha mão no braço de Montanha e ele me conduz pela
lateral da casa. Quando vejo tudo que me espera, meus olhos se enchem de
lágrimas.

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— Não chore, deu trabalho de arrumar tudo isso em apenas algumas


horas. Está simples, mas foi o máximo que conseguimos preparar em tão
curto espaço de tempo.
— Está lindo, não poderia ser mais perfeito. Parece um sonho.
Nos fundos da casa está tudo arrumado e decorado. Tem um tapete
branco com pilares de rosas brancas e vermelhas em suas laterais, que leva
até uma pequena tenda, que tem uma mesa com pequenos arranjos de rosas
brancas e vermelhas.
Marcelo está lá me esperando. Nossos olhares se cruzam, e eu sei que
o que estou fazendo é o correto. Não tenho medo. Meu coração está
transbordando de felicidade. Ao fundo está tocando a música Flashlight da
Jessie J. Marcelo é a minha lanterna que clareou meu caminho, essa música
traduz tudo desse nosso momento.
Sinto alguém segurando minha mão, a olho.
— Mãe?
— Aqui está. — Me entrega um pequeno buque de rosas brancas e
vermelhas. — Vá e seja feliz, minha filha.
A abraço, mas não digo nada, tudo está perfeito, não a questiono, o
importante é que ela está aqui.
Montanha me conduz pelo tapete branco cheio de pétalas, tem poucas
pessoas presentes, mas as mais importantes estão aqui. Minha mãe,
Montanha, Carol, Eva, a família delas, a mãe e o pai do Marcelo e
principalmente ele.
Quando chegamos próximo a Marcelo paramos. Montanha me dá um
beijo na testa e entrega a minha mão para Marcelo.
— Pronta para ser feliz pelo resto de sua vida? — Marcelo fala me
olhando nos olhos.
— Sim, desde que seja sempre ao seu lado.

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EPÍLOGO

Existiu uma época que eu pensava que não existia a felicidade plena,
que não existia o amor. Portanto fazia de tudo para não amar, pois o que eu
mais tinha era medo de sofrer. Já tinha sofrido por um amor falso uma vez e
não queria sofrer novamente.
Eu não sabia o que o destino reservava para mim, não sabia o que um
JOGO DE SEDUÇÃO, poderia mudar tanto minha vida.
Nesse simples jogo encontrei a minha felicidade, meu amor, meu
marido e pai dos meus filhos.
Algumas vezes, como agora, quando vejo minha filha Carlinha
brincando e correndo com a prima Clarinha fico me perguntando se sou digna
de tanta felicidade. Tudo que eu passei valeu a pena.
Hoje agradeço pela cachorrada que Flavio fez, pois somente assim o
destino me levou para o meu verdadeiro amor, para a minha felicidade.
— Admirando a nossa filha? — O homem que me fez e faz feliz a
quase oito anos fala sentando do meu lado e me abraçando.
Com pouco tempo de casada, Marcelo começou a desconfiar que os
meus seios estavam maiores, depois disse que minha pele estava mudada,
quando me perguntou qual o dia que minha menstruarão vinha arregalei os
olhos. Ele foi à farmácia comprou o teste, me fez fazer e deu POSITIVO.
Fiquei com medo da reação dele, afinal tínhamos acabado de nos
casar, mas um lindo como ele é, se ajoelhou no chão e começou a chorar,
disse que eu estava o fazendo o homem mais feliz do mundo.
— Ela é minha vida — digo.
— Carlinha e Bruno, que está aqui dentro, e você são as minhas vidas
— fala colocando a mão em meu ventre.
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Estou gravida de seis meses do nosso segundo filho. Cubro as mãos


de Marcelo com as minhas.
— Às vezes fico pensando, tanta coisa aconteceu, não consigo
imaginar como seria a minha vida se você não tivesse me desculpado.
— Nunca imaginei a minha vida sem você Clara, te daria um tempo,
mas iria te convencer que eu era e sou o homem da sua vida.
— Convencido.
— Estou mentindo?
— Não, a mulher que sou hoje devo a você, ao Montanha e as
meninas.
— Tata, vamos cantar parabéns, as crianças estão doidas para cortar o
bolo — Carla, minha irmã, fala.
Logo depois do meu casamento com Marcelo, já grávida de Carlinha
fui a Rubineia para enfrentar meu passado. Carla errou, mas sofreu tanto
quando eu, ela merecia e merece ser feliz tanto quando eu.
Marcelo como advogado ajudou ela a se separar de Flavio e ficar com
a guarda de Clarinha, hoje Carla mora com a mãe, vive para cuidar da filha e
da nossa mãe, seu coração se fechou. Não quer se relacionar com outra
pessoa, diz que já sofreu demais e hoje é feliz por estar com a filha e livre de
Flavio.
Assim como prometido na infância coloquei o nome da minha irmã na
minha filha, Marcelo aceitou, mas disse que se fosse menino ele escolheria o
nome. Bruno é o nome do nosso segundo filho.
Levanto com a ajuda de Marcelo e caminho em direção à mesa para
cantar parabéns. Hoje é aniversario dos meus afilhados Enzo filho de Carol e
Montanha e Maria Clara filha de Ale e Eva, acreditem Carol e Eva tiveram os
filhos no mesmo dia. Deu trabalho, mas esses quatros se acertaram e estão
juntos até hoje. Carol ganhou o Montanha jogando com o Desejo, e Eva

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ganhou Ale Jogando com o Amor, mas isso já é outra história ou melhor
outro jogo, outro livro.
Hoje posso dizer que aprendi com o Jogo de Sedução a não ter medo,
não ter medo de ser feliz...

FIM

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JOGANDO COM O DESEJO


LARINHA VILHALBA

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© 2017 Larinha Vilhalba

Capa: Carol Cappia


Revisão: Carol Cappia
Diagramação digital: Carol Cappia
Esta é uma obra de ficção. Seu intuito é entreter as pessoas. Nomes,
personagens, lugares e acontecimentos descritos são produto da imaginação
da autora. Qualquer semelhança com nomes, datas e acontecimentos reais é
mera coincidência.

Esta obra segue as regras da Nova Ortografia da Língua Portuguesa.

Todos os direitos reservados. São proibidos o armazenamento/e ou a


reprodução de qualquer parte dessa obra, através de quaisquer meios –
tangível ou intangível – sem o consentimento escrito da autora.

Criado no Brasil

A violação dos direitos autorais é crime estabelecido na lei nº


9.610/98 e punido pelo artigo 184 do Código Penal.

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Sinopse

Com a morte de sua irmã mais nova, Mariane, em um acidente de


carro Adriano se viu no fundo do poço. Para tentar recomeçar a vida, decide
largar tudo e se mudar para Dourados, onde iria fazer faculdade e ficar do
lado de sua noiva Dayana.
Ao invés de ser recebido com beijos, abraços e muito carinho, Dayana
acaba com o noivado de três anos, pois ela já tinha outro. Em meio a tanta
dor e desilusão, Adriano no primeiro dia de aula acaba conhecendo três
amigas, onde acaba depositando todo seu carinho e sentimentos. Adriano
cuida de Clara, Carol e Eva como se fossem do seu próprio sangue.
O tempo passa, a amizade entre os quatros cresce e se fortifica. Ao
mesmo tempo o desejo por certa ruiva se confunde com a amizade, ou a
amizade se confunde com o desejo?
Adriano começa a viver em um dilema, se esse sentimento pela ruiva
é apenas desejo disfarçado de amizade, ou é amizade disfarçado em desejo?
A ruiva percebendo o desejo de ambos e a confusão de sentimentos de
Adriano começa a jogar.
Até quando Adriano irá resistir ao Jogo de Desejo de Carol?

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PRÓLOGO

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MONTANHA

Acordo com a luz do sol entrando pela janela; olho para o teto
tentando lembrar como vim parar aqui, nesse quarto de motel. Tomo coragem
e olho para o lado, vejo minha perdição dormindo serena com os cabelos
vermelhos bagunçados no travesseiro, sua fisionomia está suave, ela dorme
um sono tranquilo. Depois da noite que tivemos o seu sono está mais que
tranquilo.
Desço meu olhar um pouco para baixo, seu delicioso seio redondo e
durinho, que cabe perfeitamente em minha mão e principalmente em minha
boca está a mostra, apenas um lençol fino cobre seu corpo nu até a sua
cintura. Isso já é motivo suficiente para alguém lá embaixo dar sinal de vida.
— Puta que pariu! — falo baixo para não acorda-la.
Passo a mão em meu rosto algumas vezes. Não acredito que cai na
dela de novo, isso está se tornando cada vez mais frequente. Antes conseguia
resistir ao desejo de tê-la como mulher. Sua amizade me bastava, mas agora
está ficando complicado.
Levanto da cama rapidamente, antes que eu perca o juízo de novo,
dou mais uma olhada para o monumento de perfeição em forma de mulher na
cama e sigo rápido para o banheiro. Preciso resistir a essa tentação. Confesso
que essa tentação em especial é para lá de gostosa e prazerosa, mas tem muita
coisa em jogo, ela não é como as outras. Não é tão simples.
Já estou duro de tesão, ver essa ruiva daquele jeito na cama é para
acabar com a sanidade de qualquer um. Bater uma punheta em homenagem a
ela também está fora de cogitação. Preciso pensar com a cabeça de cima e
não com a de baixo.
Ligo o chuveiro e coloco na água gelada, para ver se a água refresca
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as minhas duas cabeças, pois não está sendo fácil raciocinar depois daquela
bela visão. Sair desse banheiro e me acabar novamente naquela cama, com a
dona daquele corpo é um pulo, mas não posso, tenho que resistir.
— Adriano o que essa ruiva está fazendo com você? — falo em voz
alta enquanto a água cai em meu corpo.
Acho que vocês não estão entendo muita coisa. Vou começar a
explicar, vocês vão entender, é difícil resistir quando uma certa ruiva está
jogando com o desejo de um certo homem. Nesse caso esse homem sou eu, e
a ruiva vocês vão descobrir quem é.
Tudo começou...

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CAPÍTULO 1 — MONTANHA

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Junho de 2012

Hoje faz três meses que perdi meu bem mais precioso, a minha
menina, minha irmã amada Mariane.
Como toda semana venho ao cemitério trazer flores para colocar em
seu túmulo e de nossa mãe, estou vivendo um dia após o outro. Mary me fez
jurar antes da sua morte que eu não iria deixar a dor me abater, que seguiria
minha vida por ela. Mas está difícil.
Depois que perdemos nossa mãe há alguns anos Mary e eu, ficamos
ainda mais unidos. Nosso pai nunca foi presente em nossas vidas, depois da
morte da nossa mãe ele se afundou ainda mais no trabalho. Mary e eu nunca
reclamamos, tínhamos um ao outro. Até agora a minha ficha ainda não caiu,
sei que tive minha parcela de culpa, talvez se eu tivesse brigado com ela para
pôr o cinto, se eu tivesse feito aquela curva com a velocidade reduzida o
carro não teria derrapado, não teria perdido o controle e batido. Ainda tem o
freio, mesmo puxando o freio de mão ele não funcionou.
Ajoelho no túmulo das duas pessoas mais importantes que amo e
acabei perdendo de forma precoce, coloco os dois vasos de flores, cada um de
um lado.
— Me perdoa mãe, jurei no dia da sua morte que eu iria cuidar da
nossa menina, no fim eu fui o culpado por ela estar aqui. — Choro feito
criança. — Tata, você não pode imaginar a falta que me faz. Tudo faz
lembrar você, sinto saudades quando você aparecia no meio da noite e dizia
que iria dormir com "Tato". Me desculpa por ter tirado a sua vida tão nova,
foi irresponsabilidade minha, tinha que ter cuidado mais de você, tinha que
ter feito você colocar a porcaria daquele cinto. Daria tudo para estar no seu
lugar e você viva. Você tinha tanta coisa para viver. Eu te amo tanto, dói não
ouvir suas risadas, ver seu sorriso e saber que nunca mais a terei do meu lado
de corpo presente. Só o corpo, pois sei que em espirito você sempre irá me
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acompanhar... Hoje arrumando as coisas do seu quarto para dar para doação
descobri que não estou cumprindo a promessa que eu fiz para você. Não
estou vivendo, portanto pensei muito e resolvi ir embora da cidade, ir morar
na cidade de Dayana, sei que você não gostava muito dela, mas agora é a
única pessoa que eu tenho. Pai está com Daniela, até levou ela para morar lá
em casa, então acho que está na hora de seguir minha vida. Estou pensando
em prestar vestibular e trabalhar em alguma filial de Segurança Patrimonial
do nosso pai, andei pesquisando e tudo indica que em Dourados tem uma, pai
já queria que eu fosse encarregado pelo lugar, mas você me conhece sabe que
não gosto de ter privilégios por ser filho do dono, quero apenas ser um
funcionário qualquer. Dayana ainda não sabe da minha decisão, quero fazer
uma surpresa e marcar logo a data do nosso casamento. Depois do acidente
ela ficou distante, sei que está sendo difícil para ela conviver com uma pessoa
quebrada como estou agora. Ela também sente muito a sua falta, ela sempre
se lembra das suas crises de ciúmes por causa dela. Como sinto sua falta
Tata, onde quer que você esteja me deseje sorte nessa nova caminhada.

Fevereiro de 2013

Fiz o que tinha planejado, prestei o vestibular para Geografia-


licenciatura na UFGD em Dourados. Com vinte e oito anos já tenho minha
profissão, segui os passos do meu pai e sou segurança patrimonial desde os
vinte anos de idade. A faculdade é mais para ocupar meu tempo e distrair
minha cabeça.
Acabei de passar pela entrada de Dourados, estou ansioso para fazer
uma surpresa para Dayana, ela ainda não sabe que chego hoje, nem imagina
que vim para ficar. Já entrei em contato com algumas imobiliárias e agendei
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algumas visitas, quero comprar uma casa o mais rápido possível e me casar
logo com ela.
Com o acidente acabei recebendo uma bela bolada, tanto do seguro do
carro quanto do seguro de vida de Mary, eu era seu único benificiário. Mas
não peguei um centavo do dinheiro do seguro de vida dela, esse dinheiro para
mim é amaldiçoado. Ele está no banco, mais para frente decido o que irei
fazer com ele, talvez uma doação para alguma entidade.
Estaciono o carro na frente da casa da mulher que vai trazer de volta
meu sorriso. Desço do carro, encosto nele e fico olhando para a porta da casa
dela. Pego o celular e ligo para ela.
— Alô — atende.
— Oi minha linda.
— Mor? Oi, tudo bem?
— Estou tentando ficar bem.
— Desculpa não ter ido para Paranaíba esse mês, é que não deu certo.
— Linda você está em casa?
— Estou sim, por quê?
— Sai ai fora que eu tenho uma surpresa para você.
— Que surpresa?
— Sai que você vai descobrir.
— Eu vou gostar?
— Tenho certeza que sim. Sai logo.
— Está bem, estou saindo.
Não demora muito Dayana aparece na porta com um vestido soltinho
e chinelos, seus cabelos loiros estão soltos, ela está linda, meiga, perfeita
como sempre. Abro um sorriso, enfim ficarei com a mulher que amo.
Ela olha meio assustada quando percebe que a "surpresa" na verdade
sou eu. Dayana caminha até mim e eu vou ao seu encontro, a abraço apertado

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e lhe dou um beijo cheio de saudades.


— Você era a surpresa, mor — constata.
— Gostou?
— Fiquei surpresa— fala se afastando um pouco de mim.
— Tem mais uma surpresa — digo animado.
— É?
— Sim
— Um presente?
— Não sei... Pode ser.
— Fala logo mor, sabe que sou ansiosa.
— Você quer dar uma volta, primeiro?
— Ah mor, estou feia, olhe minha roupa.
— Está linda como sempre. Vamos naquele parque que a gente vai
quando venho te ver, como é dia de semana o movimento vai ser bem pouco.
— O Parque das Nações?
— Esse mesmo.
— Tudo bem, nem vou pegar bolsa vai ser rapidinho.
— Então vamos? — falo abrindo a porta do carro para ela entrar.
Dou a volta, entro no carro e dou partida. Dayana observa as malas no
banco traseiro.
— Comprou um carro novo?
— Comprei, não poderia ficar andando com o carro do meu pai.
— Não conheço esse modelo. Desistiu da Hilux.
— Peguei trauma. — O carro que dirigia no dia do acidente era uma
Hilux, por isso troquei o modelo. — Esse é um Chevrolet Onix. Gostou?
— Legal. Vai ficar quantos dias?
— Por que a pergunta?
— Você trouxe bastante coisa, normalmente quando vem traz apenas

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uma mala pequena — diz apontando as malas no banco traseiro.


— É que dessa vez vou precisar de mais roupa.
— Então vai ficar bastante dias? E o seu trabalho?
— Entrei em um novo. Para de ser curiosa daqui a pouco conto tudo.
Como você tem passado esse mês?
— Bem, a semana que vem começam as aulas da faculdade.
— Está animada?
— Claro! sempre quis fazer direito, eu e a Camila.
— Camila, sua amiga?
— Isso, você não a conhece.
Conversamos mais algumas coisas aleatórias até chegar no parque.
Estaciono o carro.
— Mor, já chegamos pode dizer qual é a outra surpresa? — pergunta
sem descer do carro.
— A surpresa é que eu também vou fazer faculdade.
— Nossa que legal! Você vai fazer na UEMS de Paranaíba?
— Não na UFGD — digo empolgado.
Dayana me olha confusa.
— UFGD? Aqui? Por isso a quantidade de malas.
— Você falou tanto para marcar a data do nosso casamento que
resolvi fazer essa surpresa, não queria que você largasse a faculdade e sua
família que mora aqui. Nada mais me segurava em Paranaíba, então resolvi
vir morar aqui.
— Você deveria ter me avisado! — fala com a voz em tom alto.
— Eu sei linda, quis fazer uma surpresa. Já escolhi umas casas na
imobiliária e marquei uma visita para você escolher a casa que mais lhe
agradar. Vou te dar um cartão para você mobiliar a casa do jeito que quiser.
Já podemos marcar a data do nosso casamento, darei outro cartão para você

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usar nas despesas da festa. Sei que gasta muito seu vestido, decoração, buffet,
quero que tudo saia como você sempre quis.
— Me leva embora — Dayana fala com a cara fechada.
— O que foi linda? — pergunto sem entender a sua reação.
— Só me leva embora— fala olhando para o outro lado.
Não entendo a atitude de Dayana, ela sempre quis agilizar o
casamento, fiz o que ela sempre quis, vim morar perto dela e ela reage dessa
forma?
Dou partida no carro e a levo até a sua casa. Quando chegamos ela
desce do carro sem esperar eu abrir a porta.
Desço do carro e a olho confuso.
— Linda, o que aconteceu? Você não gostou?
— Olha Adriano, vou ser bem direta. Eu não te amo, não vou casar
com você, tenho um namorado aqui, e é dele que eu gosto. Estava dando um
tempo por causa da morte da Mariane, mas eu já ia terminar com você.
— Dayana?
— Só um tonto para não perceber, já nem estava indo para Paranaíba
para não ter que te ver. Como você vai fazer faculdade na mesma que eu, faça
o favor de fingir que não me conhece. Já basta o que fez com a sua vida e o
tempo que perdi com você. Não quero que estrague meu namoro com
Marcelo.
— Há quanto tempo?
— Não sei, já faz um tempo que ficamos, mas namorar faz uns 6
meses ou mais. Sei lá quanto tempo faz, não sei. Você sabe que não ligo
muito para datas.
— Dayana por quê? Larguei tudo para vir atrás de você.
— Para de ser besta, você não largou foi nada. A mimadinha,
queridinha, amadinha, ou melhor, a sua Tata morreu e agora você se deu

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conta que eu existo, mas já é tarde, não vou carregar um peso morto nas
minhas costas. Se toca Adriano vai atrás de outra para te consolar, porque eu
não sou Madre Tereza. Tenho minha vida toda pela frente e não quero ficar
do lado de um cara que só fica chorando pela morte da irmãzinha, um
acidente que ele mesmo provocou. — Coloca a mão na boca de forma teatral.
— Ah esqueci que você se sente culpado, afinal você estava dirigindo e não
teve como evitar e a coitadinha da Mariane morreu tão nova, cheia de vida —
ela fala com sarcasmo e começa rir.
— Que isso Dayana! Desculpa. Eu sei que fiquei muito abalado com a
morte da Mary. Mas para que você dizer isso, jogar essas coisas na minha
cara.
— Sabia que isso me irrita, para de ser perfeitinho, tenho nojo disso,
se toca e segue sua vida, e para de atrapalhar a minha, para de ser chato.
— Ok. Já entendi, essa é uma discussão que não compensa — falo
dando a volta e entrando no carro, o ligo e ainda escuto ela gritar.
— Sempre perfeitinho. Finge que não me conhece pelo menos isso
lindão.
Saio sem rumo, dirigindo e batendo a mão no volante, pelo visto caí
na lábia da Dayana e ela não é o doce de pessoa que pensei que era. Lembro-
me de uma conversa que tive com Mary pouco tempo antes dela ir embora
dessa vida.
— Tato cuidado, você ainda vai quebrar a sua cara com essa
Dayana.
— Para de ser ciumenta Tata ela é uma boa pessoa, isso é
implicância sua.
— Não é não, só espero que quando a máscara dela cair você não
fique jogado na sarjeta.
— Já disse você pega muito no pé dela.

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— Você não confia mesmo em mim. Promete que quanto você


descobrir a bruxa do setenta e um que ela é, você não vai baixar a cabeça,
não vai parar de viver.
— Mary, para com isso — falo.
Ela se aproxima de mim e faz-me abaixar para olha-la.
— Por favor, Tato, jura que não vai deixar de ser essa pessoa
maravilhosa com o coração bom que tem, que vai continuar sua vida e ser
muito, muito, muito feliz.
— Já sou muito, muito, muito feliz — falo a abraçando.
— Você será mais que já é, não vai ter uma falsiane do seu lado.
Promete Tato?
— O que você não me pede sorrindo que não faço chorando?
— Credo— diz fazendo bico.
— Eu prometo, Prometo ser feliz a cada dia da minha vida, com ou
sem Dayana, nada e ninguém vai me fazer mudar meu jeito. Feliz agora?
— Sim, pois sei que meu Tato, meu herói não vai baixar a cabeça
para a aprendiz de bruxa.

Um sorriso surge em meu rosto ao lembrar-me desse dia. Mary estava


certa, a máscara caiu. É decepcionante, eu vim cheio de planos, dói descobrir
da boca dela tudo, mas a vida tem que continuar, preciso seguir em frente não
por mim, mas pela minha menina, meu anjo que mesmo não estando presente
me ajuda. De onde ela estiver sei que sempre estará comigo me guiando e
iluminando meu caminho.
Não vou voltar para Paranaíba, vim tentar reconstruir minha vida, é
isso que irei fazer, com Dayana ou sem ela, irei seguir os meus planos:
trabalhar, estudar, conhecer gente nova, ser feliz.
Vou para o hotel que eu tinha reservado antes da viagem. Ele é
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razoavelmente próximo da faculdade, mas distante da agência de segurança


onde vou trabalhar. As aulas começam na próxima segunda-feira. No mesmo
dia também começo no emprego novo, o esquema é doze por vinte e quatro,
trabalho doze horas e folgo vinte e quatro. Agora só falta arrumar um
barraco, não dá para ficar morando em hotel. Poderia comprar ou alugar uma
casa, mas não quero morar sozinho, vou esperar as aulas começarem para
arrumar vaga em alguma república, então tenho tempo para beber e curtir o
pé na bunda que levei da Dayana.
Eu disse que iria erguer a cabeça e seguir em frente, diferente de
mulher que fica chorando, homem bebe até ficar anestesiado. No outro dia
acorda com uma baita dor de cabeça e bebe novamente, até que a dor física
seja maior que a dor do coração.
Segunda é o dia do recomeço, o que me resta agora é beber e esperar
a segunda chegar...

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CAPÍTULO 2 — MONTANHA
Como não tenho nada para fazer, só beber e dormir resolvi ir à
faculdade para ver se encontro algum cartaz ou recado para vaga em
república. Hotel é bom para passar uns dias, mas para morar é foda. Achei
alguns recados sobre vagas e o telefone. Liguei nos números, fiz algumas
visitas, e acabei achando uma república boa. Com quatro caras, e os quartos
são individuais acabei ficando com essa, os caras parecem ser de boa.
Acabei mudando hoje mesmo para a "República dos Xoxoteiros" e de
cara já tem uma festa para comemorar o novo integrante: no caso eu.
Festa na república é o que está acontecendo nos últimos dias, segundo
os caras, é para aguentar o batidão do semestre, pois em época de prova não
sobra tempo nem para transar. Hoje já é domingo e decido não participar da
festa. Amanhã começo no trabalho, segurança com bafo de cachaça não passa
credibilidade, não é porque sou filho do dono que não desempenho meu
trabalho direito.
Acordo cedo e vou para o trabalho. Se eu queria trabalhar e fazer
faculdade para ocupar meu tempo está dando certo. Depois de doze horas de
trabalho acabo de chegar no barraco morto, ainda tenho que ir para a
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faculdade. Tomo um banho rápido visto a primeira roupa que encontro e vou
para a faculdade.
Chego pouco antes do horário, procuro a sala do primeiro ano de
Geografia, quando eu a encontro entro. Como sou alto caminho até o fundo
onde tem uma carteira vaga e me sento, percebo que fica próxima a três
moças. Coloco o caderno em cima da carteira, tiro o celular do bolso, uma
caneta e deposito em cima do caderno. O professor ainda não chegou.
Percebo que esse trajeto foi acompanhado por vários olhares, sei que
chamo a atenção não somente pela altura de um metro e oitenta, mas também
pelo meu corpo com músculos definidos, pernas grossas, barba sempre bem
aparada e pelo tamanho do meu cabelo. Sabe aquela música: moreno alto,
bonito e sensual? Então, esse cara sou eu, a diferença que meu cabelo é
indefinido tem uma mistura de loiro com castanho em algumas partes e meus
olhos são azuis. Levei um pé na bunda, mas não sou de jogar fora.
Depois de acomodado começo a reparar na sala para ver direito as
pessoas com que eu vou conviver os próximos quatro anos. Acabo me
distraindo e derrubo a caneta no chão, quando tento pegar a maldita derrubo o
celular e o caderno junto.
— Caralho — resmungo baixo tentando me levantar para pegar as
coisas que derrubei.
— Mais você é desastrado, ein — uma moça morena, com cabelos
encaracolados até a cintura, fala me entregando a caneta.
— Você acha que ele é desastrado? Eu tenho certeza — outra moça
de cabelos encaracolados castanho-escuros, com a pele também morena fala
me entregando o caderno.
—Também com todo esse tamanho — uma ruiva linda de cabelos
lisos, fala analisando todo meu corpo e dando um sorriso sexy. — Ele pode
ser o que ele quiser — acrescenta me devolvendo o meu celular.

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Meus olhos avaliam a ruiva de cima a baixo. Como um ser pode ser
gostosa desse jeito? Olho para as outras duas que também são lindas, mas a
ruiva...
— Obrigado meninas, o meu tamanho e essa carteira não são
compatíveis — digo.
Elas me olham e riem.
— Eu sou Clara — a moça que me entregou a caneta fala.
— Eva— a moça que entregou o caderno fala.
— Eu posso ser o que você quiser — a ruiva fala rindo. — Estou
brincando, pode me chamar de Carol.
Olho para as três sorrindo, parece que cada uma tem uma
característica e personalidades diferentes.
A que mais me chamou atenção foi a Carol, já mostrou para que veio.
Gostei dela, direta, sexy, linda e ainda por cima divertida.
— Prazer Clara, Eva, e Carol. Obrigado de novo, eu me chamo
Adriano — digo e dou um beijo no rosto de cada uma.
Quando meus lábios encostam na bochecha da ruiva sinto algo
diferente, ela tem um cheiro bom. Mas como sou homem e ela é mulher isso
é de esperar, ainda mais se tratando de um monumento de mulher como ela.
Não é possível continuar a conversa, o professor entra na sala e
começa a falar, e para meter a pressão já passa um trabalho em grupo de
cinco. Como as três meninas eram as únicas que eu "conhecia" acabo
entrando no grupo delas com um carinha chamado Alessandro que está
sentado próximo a nós. Pelo visto elas e ele também não conhecem o restante
da turma.
Na hora do intervalo, sento em um dos bancos que tem no campus.
Vejo Dayana passando no corredor abraçada com o namorado, ainda é
complicado não sei se sinto raiva, saudade, ódio ou amor. É difícil afinal

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foram mais de três anos juntos. Viro o rosto para disfarçar, quando as três
chegam perto de mim.
— Então a gente veio falar do trabalho, algum problema? — Clara
pergunta.
— Não, problema nenhum— respondo.
— Realmente o problema vai ser conviver com você sem poder te dar
uns pegas — a ruiva fala fazendo todos rirem.
Levanto-me do banco e a puxo a para um abraço apertado.
— Adoro uns pegas — brinco.
Resolvo cair na brincadeira, está mais que na cara que essa gosta de
zoar com a cara das pessoas. Quando a abraço sinto aquela mesma
eletricidade correndo em minhas veias, meu coração acelera.
— Meu Deus como você é forte — a ruiva fala apertando meus
braços e depois apalpa minha barriga. — Gente ele tem um tanque aqui cheio
de gominhos.
— Acho que você está se aproveitando de mim — digo rindo.
— Para de ser malicioso, é só uma brincadeirinha suave — Carol fala
rindo.
— Carol, você é doida menina — diz Clara.
— É sério, aperta ele. Adriano, abraça ela para Clarinha ver que eu
não estou mentindo — diz e sai do meu abraço.
— Será? — Clara questiona desconfiada.
— Para de ser boba Clarinha, é sem maldade — Carol fala rindo.
— Sem maldade — confirmo.
—Ah. Então eu quero — Clara fala rindo.
Solto Carol, puxo Clara e a abraço. Como ela é baixinha meu abraço a
cobre toda, ela deposita a cabeça em meu peito e recebe o abraço apertado de
bom grado, ela suspira fundo e me aperta.

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— Nossa, você tem um abraço tão gostoso, passa uma energia tão
boa, parece que com esse simples abraço todos os problemas ficam pequenos
— Clara fala.
Diferente de Carol que senti meu coração disparar, com Clara parece
que sempre a abracei. Ela me fez sentir saudade de alguém. Olho para ela que
está sorrindo com os olhos fechados, ela é pequena, frágil, tão meiga e doce,
parece tanto com a minha Tata, seu jeito, seu sorriso, até seu cheiro é igual da
minha Mary.
— Minha menina. — A aperto mais forte. — Você pode ter um
abraço meu quanto você quiser — digo.
— Jura? — fala fazendo biquinho igual Mary fazia.
— Juro — confirmo a olhando e sorrindo.
— Ah, eu também quero esse abraço — Eva fala, cruzando os braços
na minha frente.
Solto, Clara e puxo Eva para o abraço.
—Eu também quero esse abraço todo dia ele é bom mesmo — Eva
fala rindo.
—Vocês duas podem parar. Eu vi o bofe primeiro, ele é meu —
brinca Carol rindo.
— Nada disso, foi eu — Clara entra no jogo.
— Vocês duas estão enganadas, eu que o vi primeiro — Eva fala
saindo do meu abraço.
— Meninas, se acalmem. Aqui tem Adriano para as três — falo
abrindo os braços e rindo.
Elas se olham entre si, como se estivessem conversando através do
pensamento, abrem um sorriso e correm até a mim, e as três me abraçam.
—Você é nosso, não o dividimos com mais ninguém — a ruiva fala.
— Isso mesmo, vai ter que nos aguentar para o resto da sua vida —

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Eva avisa.
— Vou cuidar de vocês três. — Fecho meus braços e as abraço.
—Tudo isso é culpa sua. Quem manda ter o abraço tão gostoso — diz
Clara.
— Clara, sua burra, não é só o abraço. Ele é todo gostoso — insinua
Carol rindo.
— Adriano, você é muito grande — comenta Eva.
— Isso é verdade — Carol concorda. — Parece uma montanha de tão
forte.
— Já sei! — Clara grita. — Você é o nosso Montanha!
— Montanha? — questiono.
— Montanha! O nosso Montanha, e de mais ninguém — Carol
confirma.
— Ok, eu não vou discutir. Sou o Montanha de vocês três. E vocês
são as minhas meninas.
— Posso ser mais que uma menina para você — Carol sugere com um
sorriso maroto.
— Carol! — repreendem, Clara e Eva juntas.
— O que foi gente? — Carol faz com cara de inocente. — Só quis
dizer que vou ser uma ótima amiga.
—Vocês três já são ótimas amigas, e eu vou cuidar das minhas três
meninas como se fossem as minhas próprias irmãs.
— Quero ser mais que irmã! — solta Carol novamente.
Talvez se fosse em uma outra época eu queria mais que uma irmã,
mas por enquanto a sua amizade é mais que o suficiente.
—Carol! — Eva a repreende.
—Tá bom, tá bom, só estou brincando — a ruiva se defende rindo.
— Já que vou cuidar de vocês três, vamos para a sala que a aula já

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deve estar começando — chamo.


Seguimos para a sala, atraindo olhares pelo caminho. Provavelmente
por nós quatro estarmos seguindo o caminho abraçados.
Assim eu conheci as três meninas que foram capazes de aliviar a dor
da perda de Mary e o pé na bunda de Dayana. Mas entre elas tem uma que
vai ser capaz de me fazer perder o juízo...

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CAPÍTULO 3 — MONTANHA
Um ano depois...

A amizade que começou no primeiro dia de aula entre Carol, Clara,


Eva e eu continua firme. Nunca pensei que fosse possível existir amizade
assim entre um homem e três mulheres. Essas meninas foram capazes de me
fazer sentir vivo novamente.
Ainda sinto saudade da minha Tata e sempre irei sentir, lembro-me
dela todos os dias, mas a dor da perda agora é pequena. A saudade e
admiração, tomou conta do lugar da dor.
Perdi Mary, mas ganhei três lindas irmãs. Não estou substituindo-a,
ainda a amo mais que tudo. Mas essas três juntas ocupam um lugar especial
em meu coração, sem falar do meu tempo. Cuido delas como se fossem do
meu próprio sangue e elas juntas dão muito trabalho. Tem uma especifica que
me faz perder o sono e confundir amizade com desejo. O desejo por ela foi
tanto que vacilei umas cinco vezes desde o dia que nos conhecemos. Tento
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me controlar ao máximo, mas é difícil resistir, ela consegue derrubar todas as


barreiras e o meu desejo se torna inexplicável. Quando dou por mim já estou
em seus braços. Ela mexe com as minhas estruturas.
Nesse momento estou levando minhas três meninas para casa sobre
protesto, nenhuma queria ir embora. As três estão sentadas no banco traseiro,
porque não queriam sentar do meu lado. Dizem que estão bravas e isso me
faz rir.
— Não quero ir embora Montanha, está cedo — resmunga Carol.
— Não está cedo, já são quase 4h00 da manhã — digo dirigindo o
carro.
— Eu gosto de você, mas sempre tem que cortar meu barato — diz
Eva.
— Culpa de vocês duas, porque eu estava de boa — acusa Clara.
— Ninguém mandou vocês beberem a bebida da festa inteira e
ficarem se esfregando com quem não deviam. Eva se você bebesse mais
alguma coisa iria entrar em coma alcoólico — reclamo.
— Hoje eu posso. Aquela vaca o roubou de mim — Eva diz chorando
e rindo ao mesmo tempo. Ela está muito bêbada. — Vou ligar para ele —
avisa pegando o celular.
—Ah não vai não! Me dá esse celular aqui — Carol fala indo para
cima da Eva tentando pegar o celular.
— Vou sim, ele vai me ouvir. Aquele cachorro desgraçado — Eva
fala segurando firme o celular no meio das pernas.
— Pega, pega Carol não deixa ela ligar para aquele idiota — Clara
fala tentando segurar os braços da Eva.
Freio o carro de uma vez no acostamento, e elas vão para frente.
— Você está loucão é? — grita Carol.
— Quer nos matar? — acusa Clara.

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Olho para trás, sério.


— O que aconteceu? — Eva pergunta rindo.
— As três, podem parar com isso. Me dá esse celular aqui. —
Estendo a mão e pego o celular da Eva. — Está confiscado até amanhã,
estamos indo embora porque as três bonequinhas não sabem beber. Na certa
iriam fazer cagada e amanhã ainda iriam brigar comigo por ter deixado.
— Você não é meu pai — Carol fala cruzando os braços. — Só queria
dar uns beijinhos naquele cara.
—Verdade. Eu só estava dançando — Clara fala também cruzando os
braços.
— Eu só estava bebendo, eu mereço. Levei um pé na bunda — Eva se
justifica.
— Você. — Aponto o dedo para Carol. — Nem sabia quem era
aquele cara, eu ia acabar tendo que dar um soco na cara dele. Você. —
Aponto para Clara. — O cara que estava dançando é o Edson, você sabe
muito bem que ele fica de marcação cerrada, você já ficou com ele e não deu
certo. E você. — Aponto para Eva. — Já disse, mais uma latinha de cerveja
iria entrar em coma alcoólico, ao invés de estar levando você para casa iria
levar para o hospital.
— Não é bem assim não. Eu estava conhecendo ele... O Claudio,
Claudemir... Ah sei lá o nome dele — Carol resmunga...
— Isso só comprova que eu estou certo, você nem sabia quem ele era
— afirmo.
— E você que estava se esfregando com a peito caído, ai você não
fala nada né — acusa Carol.
—Verdade, ela nem tinha bunda. Loira oxigenada — Clara põe mais
lenha na fogueira.
— Sei lá, acho que o rosto dela estava embaçado — Eva ajuda.

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— Era uma mocreia. Garota ridícula — Carol acusa.


— Não sei se vocês repararam, mas nenhuma mulher presta para
vocês três. É o peito caído, peituda demais, sem bunda, baixa demais, alta
demais. Nenhuma serve para ficar comigo, se eu for por vocês vou virar
padre porque não posso transar com mulher nenhuma — solto.
— Para de gracinha Montanha. Não é assim não, você que tem um
gosto horrível e a gente não fez nada — diz Carol.
— Não sei porque você está reclamando. A gente nem fingiu que
éramos suas namoradas dessa vez — zomba Clara.
Acho que me esqueci de dizer. Minhas meninas são ciumentas.
—Ai, está tudo rodando — reclama Eva.
—Realmente não fizeram nada... — digo irônico. — As duas iam sair
com caras, que no final ia dar merda e a outra está bêbada. Eva se for vomitar
coloca a cabeça para fora. Agora vou levar as três bonecas para casa e não
quero ouvir nenhum piu — digo já ligando o carro e pegando a estrada.
— Piu! — Eva fala rindo.
— Sem gracinha, Eva — ordeno.
— Vou ficar na Clara, então pode levar a Eva primeiro — Carol pede.
— Você vai ficar em casa? — Clara pergunta.
— Vou sim — avisa Carol.
Elas ficaram conversando, mas dessa vez sem escândalos. Estou
parecendo chofer visto que as três bonecas estão no banco de trás fazendo
gracinha.
Hoje resolvemos sair, pois Alessandro terminou definitivamente com
a Eva. Fazia quase um ano que os dois estavam juntos, mas não era namoro.
Agora Alessandro conheceu Camila e os dois começaram a namorar sério,
isso explica o motivo da bebedeira de Eva.
Chego à casa da Eva, e desço do carro para ajudá-la a andar até a

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porta de casa, as meninas me acompanham.


Eva pega a chave e tenta abrir a porta.
— A chave não entra — fala rindo.
— Será que você pegou a chave errada? — Carol pergunta.
— Me dá essa chave aqui — peço pegando a chave da mão de Eva e
abrindo a porta.
— Não quero entrar, está cedo — Eva resmunga rindo.
— Eva, entra logo — ordeno, tentando fazê-la passar pela porta.
— Vamos ver o pôr do sol? — fala rindo.
— Eva não seria nascer do sol? — questiona Carol.
— Ah tanto faz — Eva gargalha.
— Eva, sua mãe vai acordar com as suas risadas e ai você vai ver só
— aviso.
— É mesmo. Será que ela vai me matar?
— Certeza — Clara fala.
— Verdade, melhor eu entrar — Eva fala rindo com a mão na boca.
Quando ela entra, tranco a porta e coloco a chave no bolso.
— Você vai ficar com a chave? — Carol pergunta.
— Vou, amanhã eu devolvo. Vai que ela tenta sair para a rua, é
melhor não arriscar. Vamos, agora só faltam vocês duas.
Voltamos para o carro, Carol e Clara sentam no banco traseiro, mas
agora o trajeto até o apartamento de Clara é feito em silêncio, pelo visto elas
cansaram.
— Chegamos — aviso estacionando na frente do apartamento da
Clara.
— Então, tchau — Clara fala me dando um beijo na bochecha.
— Tchau, moreninha — me despeço.
— Carol, vamos! — Clara chama já fora do carro com a porta aberta.

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— Ah não, Clarinha, vou para minha casa mesmo — Carol responde.


— Carol, você disse que iria ficar na Clarinha — digo.
— Desisti, é melhor ir para minha casa, que eu durmo até tarde —
Carol fala.
— Tem certeza? — Clara pergunta desconfiada.
— Tenho sim — responde Carol, se fazendo de inocente.
— Então, até amanhã. — Clara se despede e fecha a porta.
— Vamos lá Carol, agora só falta você.
— Quando chegar você me acorda? — fala deitando no banco.
Não demora nada já é possível escutar a sua respiração pesada, pelo
visto desmaiou. Dirijo em silêncio até a sua casa. Quando estaciono o carro a
chamo: — Carol! Chegamos. — Nem sinal dela levantar. — Carol? Carol!
Acorda.
Ela continua dormindo. Desço do carro, abro a porta e a chacoalho
chamando seu nome.
— Carol, acorda Carol!
— Me deixa dormir em paz— resmunga virando de lado.
— E agora o que vou fazer? Ficar parado aqui não dá, e essa
dorminhoca não vai acordar. Carol, Carol o que vou fazer com você? Por que
não ficou na Clarinha? Amanhã você me paga.
Fecho a porta do carro, volto para o volante e dirijo até a república.
Coloco o carro na garagem, abro a porta da Carol, e a pego no colo. Com
dificuldade abro a porta, vou até o meu quarto e a coloco na minha cama.
Sento do lado da cama e a observo, ela está linda. Passo a mão em seus
cabelos, com meu toque ela se vira na cama, pelo visto irá acordar tarde. Tiro
seu sapato, pego o edredom e a cubro. Dou um leve beijo em seu rosto, sinto
o cheiro cítrico misturado com o cheiro de cerveja.
Tomo banho, volto para o quarto, e ela dorme como se estivesse na

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sua cama. Como pode ser dorminhoca desse jeito? Ainda reclama quando a
levo embora a força. Imagine o que poderia ter acontecido se ela tivesse
ficado com aquele cara. Não tem responsabilidade. A sorte dela e das outras
duas é que elas têm a mim.
Não vou dormir no sofá, nem no chão, vou dormir na minha cama. A
sorte que é cama de casal e vai caber nós dois perfeitamente. Tranco a porta
do quarto, apago a luz e deito na minha cama, do lado da Carol que está com
a barriga para cima. Complicado deitar na cama com ela do lado. Fico
olhando para o escuro esperando o sono chegar. Ela se mexe na cama, fico
imóvel para não acorda-la. Porém ela se vira, usa meu peito como travesseiro
e joga as penas sobre mim.
— Fodeu — resmungo baixo.
Respiro fundo e fico imóvel, percebo que ela continua dormindo. Não
resisto e acabo passando meus braços e a abraçando.
— Ruiva, ruiva você não sabe com quem está mexendo — sussurro
dando um beijo em sua cabeça.
Ela nem se move, só consigo ouvir sua respiração profunda. Acabo
pegando no sono.
Sinto meu corpo quente e uma língua entrando na minha boca.
Começo a retribuir, esse beijo é gostoso, quente, molhado. Abro os olhos e
vejo que não é um sonho.
— Ruiva?
— Xiii — fala voltando a me beijar.
— Não! — Viro o rosto.
— Sim! — Sobe no meu corpo e vai beijando meu pescoço.
— Não podemos. — Tento controlar a minha respiração.
— Eu posso, você pode, eu quero, você quer — diz.
— Quero — digo colocando as minhas mãos em seus cabelos e a

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puxando para que minha boca possa tomar conta da sua, enquanto a outra
mão aperta a sua cintura fazendo-a sentir minha ereção.
Mordo seu lábio inferior e o chupo, a jogo do lado e subo em cima do
seu corpo. A beijo novamente, suas unhas cravam em minhas costas, vou
descendo meus beijos pelo seu pescoço. Começo a tirar seu vestido e ela
ajuda levantando os braços, volto a beija-la até chegar a seu seio. Massageio
seu seio, cabe perfeitamente na minha mão. Não demoro para começar a
chupar, até sentir o seu bico duro. Dou a mesma atenção ao outro a deixando
excitada.
— Ah — Carol geme.
Enquanto chupo um dos seus seios, os dedos da minha mão descem
pelo seu corpo até chegar a sua calcinha. Coloco minha mão dentro e meu
dedo invade a sua intimidade, ela está molhada e isso me faz gemer.
— Delícia — gemo.
Carol tenta tirar minha bermuda com os pés, sinto mordendo meu
ombro, tiro meu dedo de sua boceta, fico de joelho, tirando a sua calcinha,
me curvo sobre ela e começo a beijar sua virilha, dou leves mordidas, até que
começo a chupar sua boceta. Ela joga as pernas em meu ombro e ergue seu
tronco colocando suas mãos entre meus cabelos rebolando na minha boca.
— Mais — fala entre gemidos. — Quero mais, faz assim! — Rebola
em minha boca.
Não demora muito, ela goza em minha boca, deita na cama e tira as
pernas dos meus ombros.
— Vem Montanha, quero mais — pede manhosa.
— Você me deixa louco — digo com a respiração pesada, doido para
entrar nela.
Tiro minha bermuda e me curvo sobre ela, posiciono meu pau em sua
entrada e sem que eu espere Carol levanta seu quadril fazendo-me entrar de

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uma vez.
— Ah! — gemo em sentir tudo dentro dela, ela é quente, macia,
apertada.
— Faz — geme.
Beijo sua boca e começo a me movimentar dentro dela, enquanto ela
rebola no meu pau.
— Assim — pede levantando o quadril e mordendo meu ombro.
Seguro na cabeceira da cama com as duas mãos e intensifico o
movimento, saindo, entrando, rebolando.
— Mais forte — Carol pede gemendo.
Coloco mais força no movimento, ela abraça a minha cintura com
suas pernas.
— Assim que você gosta?
— Sim, forte, duro! — Rebola no meu pau.
Sento na cama, encosto minhas costas na cabeceira e a puxo para
montar em mim, ela faz sem protestos, mas logo Carol senta no meu pau e
cavalga. A deixo colocar o ritmo, descendo, entrando, subindo, saindo,
rebolando, gemendo, me morde, chupa meu pescoço, puxa meu cabelo.
Como pode ser intensa dessa forma? Quando percebo que ela está perto de
gozar aperto sua bunda e acompanho seu movimento.
— MONTANHA! — grita quando chega ao seu clímax.
Dou mais algumas investidas.
— AH RUIVA! — Gozo chamando seu nome.
Ela deita a cabeça em meu ombro, nossas respirações ainda estão
agitadas, eu a abraço e distribuo alguns beijos em sua pele. Ainda estou
dentro dela.
— Cansei — ela fala ofegante. Rebolo ainda dentro dela.
—Você acaba comigo, ruiva — digo segurando sua cintura a

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levantando e saindo de dentro dela.


Ela se senta e eu a abraço, beijo sua boca, mas dessa vez sem aquela
velocidade, mas com o mesmo desejo. Deito na cama, e a puxo para meus
braços, ela encosta a cabeça em meu peito, puxo o edredom e cubro nossos
corpos nus.
Sem demora caímos ambos em um sono profundo.
Acordo com uma batida na porta do quarto e gritos.
— ADRIANOO! O ADRIANO!
Sinto um peso em meu peito, me vem à mente o que aconteceu na
madrugada.
— De novo! — resmungo baixo.
— ADRIANOO! — mais gritos e mais batidas na porta.
— O QUE É? — grito de volta tirando Carol do meu peito, ela vira
para o lado e continua dormindo. Essa é dorminhoca.
— VOCÊ NÃO VAI AJUDAR NA FAXINA NÃO?
Levanto da cama ainda pelado, pego a bermuda no chão e a visto, vou
até a porta e abro apenas uma fresta.
— Se você não parar de bater nessa porra dessa porta e ficar gritando
feito uma bichinha vou socar a sua cara — ameaço.
— Para que essa violência? Olha a hora, hoje é sábado — Gustavo
fala.
— Eu sei que hoje é a porra da faxina — respondo irritado.
— Oh se você me pagar, eu quebro essa para você.
— Mercenário — acuso.
— Para de reclamar, é pegar ou largar. Preciso de uns trocados para
sair essa noite, eu te ajudo, você me ajuda e todo mundo fica feliz.
— Quanto?
— cem pila.

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— Você acha que eu ganho dinheiro a rastelo?


— Beleza, levanta e vai fazer o seu serviço. — Gustavo dá de
ombros.
Olho para trás, Carol ainda está dormindo, vou ter que conversar sério
com ela e leva-la para casa.
— Merda! Gustavo — chamo. — Eu pago.
— Beleza. Quero o dinheiro antes das 17h00 — avisa saindo pelo
corredor.
Fecho a porta, vou até a cama, sento, passo a mão pelos cabelos de
Carol e a chamo.
— Carol! Carol acorda.
— Hum... — Vira do lado e cobre a cabeça.
Puxo o edredom da sua cabeça e dou uns beijos em seu rosto.
— Vamos Carol, acorda, já está tarde. Seus pais devem estar
preocupados.
Ela abre os olhos.
— Bom dia para você também.
— Bom dia, dorminhoca. Vamos levantar.
— Nenhum beijinho?
Aproximo-me dela e beijo seu rosto.
— Você vai fazer igual das outras vezes, né?
— Me desculpa Carol, não poderia ter acontecido, gosto muito de
você.
— Já sei! — fala levantando, pega sua roupa e a veste. — Gosta de
mim, como amigo, mas de novo não resistiu ao seu desejo por mim e
acabamos transando. Você vai pedir para perdoar você e vai dizer que isso
não vai acontecer novamente.
— Carol, a sua amizade é mais importante.

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— Sem lamento, cansei disso. Mas te aviso não tente estragar outros
lances meus.
— Eu não estrago.
— Estraga sim, ontem quando você me viu com aquele carinha
arrumou um jeito de me tirar dali, é sempre assim, você diz que não quer
perder a minha amizade, mas também não deixa que me envolva com outras
pessoas.
— Vem cá — peço, abrindo os braços.
— Não!
— Vem.
Ela se aproxima de mim e a abraço.
— Mas eu ainda odeio você e estou com raiva.
— Você é muito importante para mim, te amo você sabe disso.
— Quero que você me ame como mulher, não como amiga.
— Amo como irmã.
— Irmão não transa com irmã. Esse papo de irmã pode ser com a
Clarinha que é carente, não comigo. Não te vejo como irmão, te vejo como
homem você sempre soube disso.
— Carol, por favor, entenda! Vou tentar não interferir em seus
relacionamentos, mas é difícil, você arruma cada um.
— Digo o mesmo para você.
— É o que vocês dizem.
Putz! Esqueci de novo de uma coisa importante.
— Ruiva, você me fez esquecer da camisinha de novo.
— Quando me levar embora passe na farmácia para comprar a pílula
do dia seguinte.
— Você acaba com o meu juízo.
— Não o bastante para você ficar comigo.

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— Sempre vou estar com você, mas como amigo. — Aperto o meu
abraço.
— Sempre vou ser sua amiga.
Como já disse, tenho um carinho especial pelas três, mas essa ruiva é
tão quente quanto a cor do seu cabelo, quando estamos sozinhos tudo pode
acontecer. Meu desejo por ela em alguns momentos chega a ser maior que
amizade. Não é tão simples apenas transar sem compromisso, ela merece
mais, muito mais. Esse mais eu não posso oferecer no momento. A sua
amizade tem que bastar.

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CAPÍTULO 4 — CAROL
DOIS ANOS E SEIS MESES DEPOIS.

Sabe como é você ser apaixonada por uma pessoa por mais de três
anos e saber que a única coisa que você recebe dela é amizade? Não estou
reclamando, mas a amizade acaba se tornando um sentimento tão pequeno
perto do amor que eu sinto por ele. No início era apenas um desejo
incontrolável, mas depois que fiquei com ele e dormi em seus abraços percebi
que estava perdidamente apaixonada por aquele homem. Por mais que ele
tente negar e dizer que não sente nada além de amizade. Eu sei que sente, eu
sinto que ele sente algo por mim, também sei que não é apenas desejo. É
mais. Mas por que ele se recusa a me dar esse mais? Por que insiste em dizer
que é apenas amor de amizade e carinho de irmão? Já senti diversas vezes em
meu corpo e em minha alma que não é apenas isso. Seu carinho, seu toque,
seu cheiro, as vezes que ficamos juntos, que fui sua e acordei ao seu lado me
comprovam que não é apenas amizade.
Há três anos e meio vivo amando um homem, que diz que o que sente
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é apenas amizade. Toda vez que tento me envolver com outro para esquecê-lo
ele aparece não como amigo, mas como homem me fazendo reviver da forma
mais maravilhosa possível tudo o que sinto por ele. O pior de tudo que eu o
amo em segredo, minhas melhores amigas, Clara e Eva nem sonham que o
envolvimento entre eu e Montanha não é somente amizade. Existe amizade,
desejo e principalmente por mim existe amor. Sei disfarçar bem meus
sentimentos.
Hoje iremos a uma festa, como tivemos prova nas duas primeiras
aulas resolvemos nos arrumar na facul mesmo. Como acabei a prova
primeiro, fui me arrumar e já estou pronta.
Estou decidida a esquecer esses sentimentos que sinto por Montanha e
curtir o máximo possível dessa noite. Caminho pelo o corredor e vou até
onde ele está sentado, todo lindo. Me aproximo dele que me recebe com um
abraço de urso e um beijo na testa.
No primeiro dia de aula Clara disse que o abraço do Montanha tinha o
poder de nos fazer esquecer todos os problemas, e com o tempo isso foi
comprovado.
Meu caminho até foi com meu coração apertado, mas agora o sinto
mais leve.
— Como sempre está linda, ruiva — elogia Montanha.
Não o respondo apenas dou um sorriso.
Hoje eu caprichei, estou com um vestido tubinho azul bic, acima do
joelho, com mangas curtas, sandálias de salto pretas, cabelo feito um rabo de
cavalo, maquiagem leve, e max brincos da cor preta.
— Como acha que eu estou? — Montanha pergunta.
Saio de seu abraço e o avalio, olho de cima em baixo, calça jeans azul
abraçando perfeitamente suas pernas, com uma camisa branca remangada até
os cotovelos, o cabelo está solto. Cruzo os meus braços, e olho novamente

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para ele de cima a baixo.


— Está comestível, te pegava, fácil, fácil — digo rindo, mas o duro é
que é verdade, não pensaria duas vezes em pegÁ-lo.
— Já que você pegaria o Adriano, e eu como estou? Me pegaria
também? — Edson fala se aproximando de nós.
Edson é um "amigo" nosso, na verdade é o nosso carma. Ele ficou
com a Clarinha umas três vezes e agora sempre anda com a gente. Muitas
vezes tentamos evitá-lo, não é por mal, mas ele não sabe se por no lugar.
Confesso que não confio nele. Ele é mais amigo do Montanha que nosso, mas
eu e as meninas acabamos aceitando ele no grupo. Porém Edson nunca será
parte do quarteto fantástico formado por mim, Montanha, Clara e Eva.
— Você dá para quebrar o galho — respondo olhando para o Edson.
— Eu não tenho vez com você mesmo — Edson fala rindo.
Não respondo, Alessandro é o ex-ficante da Eva se aproxima com a
vaca Camila.
— Estão prontos? — Ale pergunta.
— Não, falta Clarinha e Eva. Elas estão se arrumando — responde
Montanha.
— Odeio esperar — resmunga a vaCamila.
Apenas a ignoro, Montanha senta em uns dos bancos, sento do seu
lado e ficamos conversando esperando as meninas ficarem prontas.
Normalmente só saímos nós quatro, mas Ale também quis ir e ficamos sem
graça de dizer não, e o Edson já disse é o nosso carma.
Ale é uma pessoa maravilhosa, no início quando nós nos conhecemos
ele ficava com Eva, nunca tinha visto um casal tão fofo como os dois,
ficaram quase um ano juntos, mas não era namoro. Então do nada apareceu a
vaCamila e os dois começaram a namorar. Por mais que Eva negue nós
sabemos que ela ainda gosta dele, mas ela disse que é apenas amizade.

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Tadinha da Eva eu sei bem o que essa amizade é capaz de fazer.


— Adriano, você vai hoje na Unick? — Uma loira chega perguntando
e dando um beijo em seu rosto.
— Vou — responde.
— Nossa que bom, será que iremos nós encontrar lá? — pergunta
uma morena dando um beijo em seu rosto.
O safado sorri, acho que eu vou matar duas galinhas hoje, uma preta e
uma branca.
— Vou ver se as meninas estão prontas — aviso me levantando e
saindo antes que eu mate alguma das duas para uma galinhada.
Bando de mulher oferecida, não tem vergonha na cara de dar em cima
dele na maior cara de pau. Aquele safado desgraçado ainda dá moral, ele me
paga.
Entro no banheiro, onde está Clara e Eva.
— Meninas! Vamos logo, Montanha está nos esperando! — quase
grito. Que ódio.
— Carol, menos fia, não precisa gritar — Eva fala.
Minhas amigas não têm culpa, mas ainda quero matar um.
— Tá gente desculpa, é que tem um monte de vaca no cio rodeando o
Montanha. Não aguentam ver um homem gostoso. — Olha para as duas. —
Mas vocês estão lindas, ein. Eva, amei a sua roupa, perfeita como sempre.
Eva é linda, têm cabelos encaracolados castanhos escuros, pele
morena, suas roupas sempre são um arraso. Hoje ela está vestida com uma
saia evase preta acima do joelho, com uma croped rosa com mangas curtas,
saltos PeepTooe rosa.
— Carol, você também está linda — elogia Eva.
Não tenho tempo de responder, porque Clarinha nos apressa.
— Sempre lindas e maravilhosas. Mas vamos logo. Tenho que deixar

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essa mochila lá no Núcleo de Ensino — Clara avisa.


— Como assim você tem a chave do Núcleo? — pergunto.
— Claro que tenho, Mario me deu a chave, ele é meu orientador,
preciso ter acesso livre ao Núcleo para as minhas pesquisas, ou como vou
escrever? Tenho até um armário lá — explica.
— Nenhum aluno tem a chave do Núcleo e muito menos um armário
lá.
Eva olha com aquela cara tipo Clara você não existe.
— Não sou qualquer aluno, meninas. Vão na frente, eu encontro
vocês no corredor em cinco minutos. — A convencida da Clara fala, acho
que vou bater nela também, como pode ser tão inteligente desse jeito. Sorte
minha que sempre faço trabalho com ela.
Eu e Eva saímos, rumo ao corredor, para encontrar Montanha e os
outros, ainda bem que as galinhas já se foram.
— Cadê a Clara? — Montanha pergunta.
— Vem vindo — respondo ríspida.
— Está brava? — questiona Montanha.
— Eu não, por que estaria? — Apenas dou de ombros.
— Não sei, saiu daqui com uma cara — Montanha fala.
— É a única cara que tenho.
— Já vi cara suas melhores.
— Vai cagar — digo e começo a puxar conversa com Eva, essa noite
ele me paga, fica de conversinha fiada com aquelas galinhas.
Não demora Clara chega.
— Eita morena hoje você mata um — Edson fala olhando para
Clarinha.
Realmente Clarinha é linda, ela está usando um vestido preto de renda
que marca bem seu busto e cintura, levemente solto no quadril, acima do

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joelho, saltos Peep Tooe vermelho, maquiagem marcante.


Como já disse, Edson não se manca que ela não quer nada com ele,
Camila não sei o que faz, acaba fazendo Clara rir. Edson e Camila formariam
um ótimo casal, dois pés no saco.
— Então vamos? — Alê fala. — Como vamos dividir as pessoas no
carro?
Não sei por que essa pergunta do Alê, ele sabe que eu e as meninas
sempre vamos com o Montanha, e o nosso carma Edson sempre vai atrás.
Alessandro e Camila acabam indos sozinhos no carro deles.
—Carol olha, eles vêm vindo — Eva fala olhando para o casal que
vem pelo corredor.
— Evinha que homem é esse? Meu Deus, me deu até calor — digo
rindo.
— O que foi? — Clara pergunta sem entender nada. — Podem
colocar logo na roda vai.
Clarinha songa, como não viu um homem lindo igual aquele?
— Olha lá! — Aponto para o casal que passa por nós.
Pelo visto Clarinha não entendeu muita coisa, pois nos olha com cara
que não está nem ai.
— Aquele é o casal top de linha do bloco de Direito, dizem que ele
nunca a traiu — Eva explica. — Gente, é um desperdício aquele homem todo
já amarrado, tudo bem que ela é linda.
— Eles namoram há três anos — completo.
Não acho aquela loira oxigenada linda não. Já vi ela conversando com
o Montanha, ela é uma oferecida, santa do pau oco. Essa cara de putiane não
me engana. Já o cara, esse sim é bonito, não é lindo igual meu Leão, mas é
gostosinho. Moreno alto, com uma barba ralinha, com corpo legal.
Clarinha repara o casal passando por nós.

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— Ih conheço esse olhar Moreninha — Montanha fala.


Clara olha para Montanha e dá um sorriso. Ai meu Deus essa safada
vai aprontar alguma. Olho para Eva e mordo os lábios.
— Clara não! — Eu e Eva falamos juntas.
— Para gente, não fiz nada — fala fazendo aquela carinha que nós
sabemos que vai aprontar alguma. — Ainda... — completa.
Ela vai aprontar. Montanha, Carol, Eva e eu começamos a rir,
Clarinha não tem jeito.
Seguimos para o estacionamento, chegando lá Edson abre a porta do
carro para Clara entrar.
— Clara, o que você está pensando? Com aquele cara você não tem
vez — avisa Edson.
— Edson está desafiando a Clara? — questiono.
Ele não responde, apenas concorda balançando a cabeça de forma
positiva.
Babaca! Será que ele não se manca que Clarinha não quer mais nada
com ele. É um pé no saco mesmo.
Clarinha abre aquele sorriso de menina safada, nos olha e fala: —
Está aberta a temporada de caça. Já disse para vocês que nunca peguei
nenhum carinha do bloco de Direito? — Clarinha pergunta rindo.
Nós olhamos para ela e balançamos a cabeça de forma negativa.
— Montanha coloca meu hino para tocar, pois hoje à noite vai ser
pequena — Clarinha fala.
— Você que manda, Moreninha — Montanha responde ligando o som
do carro.
A nossa noite está apenas começando, realmente está noite será
pequena, quero beber tudo que tenho para beber, me acabar na pista de dança
e encontrar um homem, talvez quem sabe um novo amor...

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CAPÍTULO 5 — MONTANHA
Essa noite está apenas começando e os meus problemas já são
enormes. Estou fodido. Isso vai resumir essa noite.
Primeiro: a ruiva chega como uma tentação nesse pedaço de pano que
ela chama de vestido. Linda, gostosa para cacete, isso já é um problema
enorme.
Segundo: ficar do lado dela sem a tocar, beijar e faze-la minha, é
outro problema.
Terceiro: aquelas duas moças tinham que vir falar comigo justamente
do lado da ruiva, se ela vestida daquele jeito já era um perigo, imagine
vestida daquele jeito, com ciúmes e com raiva. Imaginou? Então você
multiplica por cem, pois hoje vai ser difícil eu não deixar ninguém tocar nela.
Para acabar de completar Clarinha é desafiada a conquistar um cara,
até ai tudo beleza, mas o cara meu irmão é nada menos que Marcelo.
Não sabem quem é ele? Eu explico. Marcelo é o atual namorado da
Dayana, o mesmo cara por quem ela meteu o pé na minha bunda. No início
pensei em socar a cara dele por ter roubado ela de mim, mas com o tempo
percebi que ele era apenas um fantoche nas mãos dela. Que a única culpada
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desse triangulo foi a própria Dayana. Ela é igual uma cobra, linda sedutora,
mas do nada ela arma o pote e ataca sua vítima.
Nesse lance da Clarinha só quero ver no que essa história vai dar, mas
prevejo que ela vai acabar se apaixonando, afinal Marcelo é um cara legal,
ele será capaz de curar as feridas do coração da minha menina.
Estaciono o carro na entrada da Unik, e desço com as meninas e
Edson. Alessandro e Camila estão nos esperando, e juntos seguimos para a
entrada.
Unik é uma boate bem badalada aqui em Dourados. Olho para o rosto
da minha ruiva imaginando o tamanho do meu problema. Ela parece estar
mais calminha, mas tudo se pode esperar de uma mulher com raiva.
— Hoje fico até que a lua vire sol galera — Clarinha fala me tirando
do foco ruiva.
— Essa não tem jeito mesmo. Pode deixar que eu cuido de você, pode
se divertir sem se preocupar — Edson fala chegando perto de Clarinha.
Edson não entende que o que tinha entre eles já acabou, ele insiste em
ficar com ela, já dei até uns toques nele para deixa-la.
— Cai fora Edson, quem vai cuidar de mim é o Montanha, ele me
leva embora— Clarinha fala olhando para mim.
— Sempre Moreninha, sempre estarei aqui — digo a abraçando.
Tenho carinho pelas três meninas, mas Clarinha é muito parecida e
frágil assim como Mary, isso me faz feliz com que me sinta perto de minha
Tata.
A Unik é ampla, com três ambientes. A pista de dança fica bem ao
centro com fumaças e luzes, a cabine do DJ fica ao alto da pista de dança, no
canto esquerdo ficam algumas mesas com cadeiras, na lateral direita das
mesas, tem a parte aberta que sempre toca uma música diferenciada da pista,
que também tem o bar com mesas e cadeiras.

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Alessandro, Edson e eu vamos direto para o bar buscar bebidas


enquanto as meninas vão direto para a pista de dança. Depois que compramos
voltamos para perto delas. Começamos a dançar, depois de um tempo
Alessandro e Camila vão se sentar alegando que estão cansados.
Danço próximo a minha ruiva que rebola aquela bunda e uma vez e
outra se esfrega em mim. Hoje vai ser difícil resistir. Vejo que o olhar da
Carol muda, ela olha para Eva e Clara, acompanho o olhar dela e vejo para
onde estão olhando.
Respiro fundo. Já disse que hoje estou fodido?
Pelo sorriso das três pode ter certeza que vem treta por ai. Não pensei
que o jogo iria começar tão cedo.
— Nossa cansei — Eva fala. — Vamos sentar um pouco?
Todos concordam e vamos saindo da pista de dança.
— Está muito cheio Eva, acho que não vamos acha mesa para sentar
— Carol fala dando uma olhada em volta, e faz uma cara de surpresa. —
Gente olha, o Alê está sentado ali com a Camila. Vamos lá!
Se eu não conhecesse essa Ruiva e Eva, até cairia no teatrinho delas.
Começo a rir da minha desgraça. Olho para Clarinha que está com o
sorriso de orelha a orelha.
— Você está de prova não fiz nada — Clarinha fala olhando para
mim.
— Ainda né Morena, vou buscar uma bebida e encontro vocês —
aviso alto para todos ouvirem e depois sussurro no ouvido de Clara. — Você
tem dez minutos. — Meninas não deixem a Clara sair da mesa sem mim —
acrescento.
Não é Clara que tem dez minutos, mas sim eu. Ter que sentar junto
com Dayana e Marcelo vai ser foda. Foda não, pois foda ainda é bom, você
goza e fica satisfeito. Sentar com Dayana e Marcelo, fingir que não a conheço

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vai ser uma prova de fogo.


Caminho até o bar. Sento peço uma dose de uísque puro sem gelo.
Viro o copo de uma vez só. Olho para a mesa e vejo que Carol e Eva juntas
com Camila e Day estão saindo. Peço mais uma dose de whisky, quando olho
novamente para a mesa vejo Alessandro levantado com cara de poucos
amigos.
Então está na hora de ser frio e calculista. Edson olha para mim e dou
sinal para ele o chamando-o. Não quero nada com ele, mas essa é uma boa
oportunidade de Clarinha começar o seu jogo.
Edson se aproxima.
— O que foi Adriano? — pergunta.
— Só quero dar um aviso — digo para enrola-lo.
— O quê?
— Para você não forçar a barra com Clarinha. — Isso é verdade já faz
um tempo que quero avisa-lo sobre isso.
— Não estou forçando barra nenhuma.
— Ela disse que você está pegando no pé dela na academia — digo
pedindo uma cerveja para o garçom.
— Ela fica dando mole para os caras — Edson fala bufando.
— Você disse certo, para os caras e não para você.
— Cara não é justo, gosto dela e ela só zoa com a minha cara. Eu já
fiquei com ela posso ficar de novo.
— Ela não gosta de você. A sua vez já foi, deixa a Clarinha viver a
vida dela.
— Não acredito que você apoia a safadeza dela. Até hoje não acredito
que você apoie a safadeza daquelas três.
— Olhe bem como você fala delas. Não admito que você ofenda
nenhuma delas. Se você continuar com marcação cerrada com a Clarinha ou

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falar algo para denegrir a imagem de uma delas, esqueço que somos amigos e
quebro a sua cara em pedaços.
— Ei! — Levanta as mãos como rendição. — Não precisa usar a
violência, eu entendi já.
— Assim espero.
— Pode confiar.
— Eu não confio, mas darei um voto de confiança. — Olho para
mesa, e vejo que Clarinha não está mais lá. Dayana e Camila acabaram de
chegar e Alessandro se aproxima.
Está na hora. Peço mais quatro cervejas.
— Vai beber tudo isso? — Edson pergunta.
— Não, vou levar para as meninas.
— Eu te ajudo — diz pegando duas cervejas da minha mão.
Caminhamos até a mesa.
— Senta ai Adriano — Alessandro fala. — As meninas foram no
banheiro e já devem estar voltando.
Puxo o banco e sento, evito olhar para Dayana.
— Esses são Marcelo e sua namorada Dayana. Marcelo, Dayana esse
é Adriano meu amigo.
Cumprimento os dois com um aperto de mão, quando aperto a mão de
Dayana ela olha e sorri, com aquele sorriso que aprendi com o tempo ser
falso.
— Prazer em te conhecer, Adriano — ela fala.
Sínica. Dayana é uma sínica.
Não demora, vejo minhas três princesas desfilando. Minha ruiva
balança o rabo de cavalo e sorri para mim, seu quadril balança de forma
sensual de um lado para o outro. Que mulher é essa, meu irmão! Fico
fascinado por essa mulher. Isso faz eu me esquecer que essa pessoa

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desprezível está tão perto.


Elas sentam próximas a mim, estão com cara que aprontaram alguma.
— Como você está? Parece que nem estava chorando — Camila
pergunta para Carol.
— O que foi que eu perdi? — Olho desconfiado para as três.
— Não somos mulheres de ficar chorando por homem. Tem tanto
homem na noite que esse foi apenas mais um — Clarinha fala e olha para
Marcelo.
— O que aconteceu Moreninha? O que fizeram com você? —
pergunto, só falta Marcelo ter falado alguma coisa que a ofendeu.
— Não foi com a Clara, foi com a Carol — Dayane responde. —
Breno terminou com a Carol para ficar com outra.
Como assim? Carol não está namorando, não tem namorado, quem foi
o corno filha da puta que encostou-se na minha ruiva? Uma raiva começa a
tomar conta.
— Breno? Que Breno? — questiono nervoso, e levo um chute na
canela. — Ai... Ah é o Breno, fica assim não Carol, você só ficou com ele
uma semana.
Na certa, foi uma desculpa que elas inventaram. Alívio.
— Mas Carol essa semana você não estava com o Vitor, eu te vi no
maior amasso ontem com ele no estacionamento da faculdade — Edson tem
que abrir a boca.
Puta merda! Essa ruiva está ficando com outro cara escondido de
mim? Ela vai ter que me explicar muito bem essa história.
— Edson, você acha que Carol é massa e o Vitor é padeiro para ficar
amassando minha amiga no estacionamento da faculdade? — diz Clara
irritada.
— Pensei que fosse meu amigo Edson, você acha que eu seria capaz

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de ficar com dois homens ao mesmo tempo — Carol fala olhando para mim.
Essa cara dela eu conheço muito bem. Ela ficou com esse cara.
— Se enxerga Edson, você está ofendendo Carol — Eva defende a
amiga.
— Edson não sabe o que falar fica quieto — digo, puto da vida. Essas
três juntas só aprontam.
— Você mexeu com o quarteto errado — Alessandro zomba de
Edson.
— Eu sei — Edson responde.
Chega, melhor levar essas três embora, já deu por essa noite.
— Meninas, vamos embora, acho que hoje já deu — aviso já me
levantando. Olho para as três, elas sabem que não tem acordo. Hora de ir
embora.
Despedimo-nos rápido, mas dessa vez evito apertar a mão de Dayana.
Edson decide esticar a noite e vai pegar carona com o Alessandro ou com a
puta que pariu, não estou nem ai.
Quando estamos no carro e eu dirigindo levando minhas meninas
embora, pergunto: — Vão me dizer o que as minhas três meninas
superpoderosas aprontaram?
— Montanha a gente está mais para as panteras! — Eva fala fazendo
todos rirem — Vocês sempre serão as minhas meninas, e você Moreninha
sempre será a minha irmãzinha. A minha irmã que perdi — acabo
desabafando.
Elas sabem o quanto sofro com a perda da Mary. Clarinha mais que as
outras. Por ela me conhecer bem começa a contar as presepadas da noite.
Contou sobre a conversa com Marcelo. Carol e Eva contaram como
surgiu a história do Breno. Pelo menos isso foi mentira. Mas ainda tem esse
tal de Vitor. Falta descobrir quem é padeiro desgraçado.

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— E agora Clara, o que pretende? — questiono depois de elas


contarem as presepadas.
— Eu o quero, vou precisar de você e das Meninas — Clarinha fala e
eu concordo balançando com a cabeça de forma afirmativa.
— Marcelo é um bom rapaz, Clara, não o faça sofrer — peço olhando
para ela pelo retrovisor.
— Montanha. Posso fazer uma pergunta? — Clarinha fala enquanto
as meninas só observam. Principalmente Carol.
— Pode moreninha.
— Por que você me ajudou a ficar sozinha com o Marcelo, e vai me
ajudar a ficar com ele?
— Você disse uma pergunta. Você é uma boa pessoa e o Marcelo
também — respondo por fim.
— Por que sinto que você está me escondendo algo. Que tem algo a
mais? — Clarinha fala.
Não tem como fugir, as meninas sabem o que aconteceu comigo no
passado, sabem que tive uma noiva e vim para cá para me casar e ficar com
ela, sabem que fui trocado e levei um pé na bunda. A única coisa que não
sabem é quem a minha ex é, e que ela sempre esteve mais próxima que elas
possam imaginar. Está na hora delas saberem.
— Dayana é a minha ex-noiva.

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CAPÍTULO 6 — CAROL

— Dayane é a minha ex-noiva — Montanha fala.


Essas palavras são como facadas em meu corpo. Não consigo
acreditar nisso. Montanha finalmente nos contou sua história. Sempre soube
que ele é de Paranaíba, mais no interior do estado, resolveu fazer faculdade
aqui por causa da noiva safada.
A sua única irmã, Mary, morreu em um acidente de carro, ele se culpa
pela morte dela, pois estava dirigindo o carro no dia do acidente. Para tentar
recomeçar a vida decidiu mudar de cidade, talvez aliviasse mais a dor da
perda. A tal da noiva é daqui e quando Montanha chegou de mala e cuia
avisando para a noiva que iria fazer faculdade e morar aqui, a safada "meteu"
o pé na bunda dele. A espertinha já tinha outro besta no gatilho. O detalhe
está que ninguém, nem eu Clarinha ou Eva sabíamos que a piranha estava tão
perto. Montanha nunca disse o nome, cor de cabelo, altura, nunca disse nada
sobre essa vaca safada. Agora do nada ele solta essa bomba, estou corroendo
de ódio por dentro. Ele me paga, já o vi conversando com essa vaca no cio
algumas vezes na faculdade. Nunca desconfiei que ela era a ex-pilantra.
Cretino! Como pode esconder isso de mim durante tanto tempo? Olho
para a cara desse safado que dirige em silêncio.
Começo balançar o meu pé, é tipo um tique nervoso que tenho. Eva e
Clarinha conversam. Tento disfarçar minha irá, mas está difícil.
— Carolzita, por que está nervosinha? — Eva pergunta.
— Eu? — faço-me de desentendida.
— Não estou nervosa — respondo cinicamente.
— Ah não? Explica então esse pezinho balançando freneticamente —
diz Clara.
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— Sabe o que é. — Cruzo os meus braços e olho para o Montanha. —


Um certo carinha me fez fazer papel de besta hoje.
— Como assim? — Eva está curiosa.
— Mas deu tempo? — Clara pergunta. — Ficamos tão pouco e
ficamos juntas o tempo todo.
— Oh se deu tempo — digo olhando para o safado.
— Explica isso direito — Clarinha pede.
— Não se preocupem, o que é dele está guardado. Ele não perde por
esperar — ameaço dando o meu olhar mortal.
— Carol! Vejo sangue em seus olhos — zomba Clarinha.
— Estou com medo dela — Eva fala apontando o dedo para mim.
— Eu também — Clarinha concorda.
— Se vocês duas estão com medo dela. Imagina eu — Montanha fala
me olhando com os olhos arregalados.
Ah seu safado é para estar com medo mesmo, sou capaz de tirar todos
seus pelos do saco com a pinça só para te ver sofrer.
Olho para ele, depois para elas.
— Quando se pisa na bola tem que ter medo de mim mesmo. Mas de
boa, depois eu resolvo.
As meninas mudam de assunto e eu fico na minha, Montanha passa na
casa da Eva e depois no apartamento de Clarinha.
Agora estamos apenas nós dois dentro do carro, pela minha visão
panorâmica o vejo olhando para mim de rabo de olho, mas eu o ignoro. O
safado sabe que fez cagada por ter escondido a identidade da piranha durante
tanto tempo. Sabe que o rabo dele está queimando.
Chegando à minha casa, tiro cinto e vou descer do carro, mas ele me
impede puxando meu braço.
— Ruiva!

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— Me solta — peço puxando meu braço.


— Preciso falar com você.
— Nossa, olha que engraçado. Eu não preciso falar com você — digo
de forma irônica.
— Por favor, ruiva.
— Eu não tenho nada para falar com você. Portanto solta o meu
braço.
— Sei que tinha que ter falado sobre Dayana...
— Cala essa maldita boca! — corto. — Não quero saber dessa vaca,
eu a odeio só pelo fato de ser sua ex-noiva, mas antes ela era um fantasma,
agora essa quenga se materializou e tem até nome.
— Ruiva, por favor. Escuta.
— Não quero saber! Quero que ela se foda com força!
— Não tenho nada com ela.
— Eu já vi vocês dois conversando na faculdade. Vi com esses dois
olhos, não sou besta, esse joguinho seu é ridículo.
— Te juro ruiva não tenho nada com ela.
— Quer saber de uma coisa. Eu quero que você se foda com força
também! Me solta ou vou começar a gritar aqui.
— Ruiva, amanhã então?
— O que tem?
— Amanhã venho te buscar e a gente conversa. Preciso me explicar
para você.
— Não sou nada sua esqueceu? Sou apenas uma amiga que de vez em
quando você come e depois fica arrependido. Não tem nada para se explicar
para mim.
— Não fala assim ruiva. Você sabe que não é bem assim, eu amo
você. Você é especial, tenho uma consideração muito grande...

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— Ama como amiga, só isso. Deixa eu entrar já deu por hoje.


— Amanhã venho te buscar, vou mandar mensagem te avisando o
horário. Não vou levar um não como resposta. Você precisa me ouvir, só isso
que te peço.
Olho para ele com ódio mortal. Não respondo esse cara de pau. Ele
solta o meu braço, saio do carro, caminho até a porta de casa sem olhar para
trás.
Entro em casa e vou direto para meu quarto, tranco a porta e caio na
minha cama com roupa e tudo. Pego o travesseiro e soco na minha cara, me
recusando a pensar em tudo que foi revelado hoje.
Tiro minha sandália e fico ali até pegar no sono. Um sono perturbado,
com uma vaca no cio loira na qual eu arranco com as minhas próprias mãos,
cada mecha daquele cabelo oxigenado.
Acordo cedo; vou direto para o banheiro tomar banho e tirar tudo de
ruim da noite passada.
Logo aquela vaca? Com tantas tinha que ser ela, e ainda por cima
estar tão perto e com um namorado lindo. Que ódio dela, Clarinha tem que
pegar Marcelo para essa pistoleira aprender a não brincar com a cara de
ninguém.
Saio do banheiro coloco uma roupa velhinha e leve.
— Ai meu Deus será que ele ainda gosta da oxigenada por isso ele
não me assume?
Deito na minha cama pego o travesseiro e soco algumas vezes na
minha cara.
— Burra, Burra, Burra! — grito.
— Burra, é se você não levantar dessa cama e vir limpa essa casa.
Vou dar a burra na sua cara daqui a pouco — Minha mãe fala me olhando da
porta.

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— Grossa — acuso olhando para ela parada na porta. — Já estou


indo.
— Não demore! — Sai me deixando sozinha.
— Mãe! — chamo.
— O que foi?
— Depois do almoço vou ao apartamento da Clarinha, tudo bem?
— Sim minha filha, sem problemas. Vou aproveitar e mandar umas
coisas para ela almoçar, ela está tão magrinha.
— Puxa saco!
— Para de ciúmes, te amo, mas ela é sozinha aqui. Não tem mamãe
para fazer comida para ela. Levanta logo e vai fazer seu serviço.
— É né, e a senhora tem uma filha que fica explorando com serviços
domésticos — digo levantando da cama.
— Para de drama e vai limpar essa casa logo, ou vou contar para o
seu pai a hora que você chegou essa noite — mãe fala saindo.
— Fofoqueira — grito para ela me ouvir.
Limpo toda a casa sozinha, depois mando mensagem para Eva me dar
uma carona até a casa da Clarinha. Tomo um banho, coloco um short e uma
blusinha, e pego as marmitas que mãe fez para Clara.
Eva passa em casa e vamos para o apartamento da Clara, apertamos a
campainha e logo ela abre a porta.
— Almoço, minha mãe que mandou para você — aviso mostrando a
sacola com as marmitas que minha mãe fez.
— Santa Tia Nice que sempre mata minha fome — Clara, puxa saco
da minha mãe, fala.
Caminhamos até a cozinha almoçamos, falamos durante o almoço
sobre a revelação de Montanha. Pelo visto isso da descoberta da identidade
da ex nos pegou de surpresa.

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Após o almoço nos jogamos no sofá da Clarinha, está na hora de


sabermos o que ela vai aprontar.
— E agora Clara, vai pegar mesmo o Marcelo? — Eva pergunta.
— Agora é uma questão de honra, essa Dayana mexeu com a pessoa
errada, ninguém vai mexer com o Montanha e sair ilesa — Clarinha fala
seria.
— Clara, ela tem que pagar por ter enganado o Montanha — Eva fala.
Concordo plenamente com Eva, essa vaca oxigenada tem que pagar.
— O que você pretende fazer agora? — pergunto.
— Trocar de academia — Clarinha fala.
— O que a academia tem a ver com você pegar o Marcelo? — Eva
pergunta.
— Espere, deixe-me ligar para o Montanha — Clarinha fala pegando
o celular e ligando para o Montanha.
Não demora e ele atende.
— Fora que você me abandonou hoje, está tudo bem — Clarinha fala
para ele.
Todo sábado é dia de faxina na República que Montanha mora,
provavelmente deve ser por isso que ele não está aqui hoje. Graças a Deus,
não quero olhar para a cara desse safado.
— Fazer o que né Montanha, eu aceito. Mas sabe Montanha tem outra
coisa que eu preciso de você. Pode me ajudar? — Clarinha pede. — Quero
saber qual academia que o Marcelo treina.
Clarinha nos olha e então agora entendo porque ela disse que iria
trocar de academia.
— Está ótimo, vou fazer uma massa para nós — Clarinha fala
desligando o celular.
— Então esse é o plano? — questiono. — Frequentar a mesma

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academia que ele.


— Não, o plano é estar presente em todos os lugares possíveis que ele
esteja — Clarinha fala.
— Clara, você vai perseguir ou jogar com ele? — Eva pergunta.
— Os dois, será um jogo de sedução e uma deliciosa perseguição.
Vocês sabem que só entro em um jogo para ganhar — Clarinha fala com um
sorriso enorme no rosto.
— Ok! Legal e agora vai explicar como você vai fazer ou vai nos
deixar no escuro? — questiono.
Quero saber o que Clarinha vai fazer, quero que Dayana sofra
bastante.
— Meu primeiro passo é aparecer na academia no mesmo horário que
ele treina. Carol, tente descobrir com a VaCamila os lugares que Dayana
costuma frequentar, pois será mais fácil se aproximar por você. A princesa
ficou toda sentida por você ter sido traída, use isso ao seu favor.
— Ok eu posso fazer isso, vou até mandar uma mensagem para a
VaCamila, dizendo obrigada por ontem, e vou pedir o número da princesa —
digo pegando o celular e mandando mensagem para Camila, talvez posso
descobrir mais coisas se eu me aproximar das duas vacas.
— Eva, você precisa descobrir em quais grupos de estudos Marcelo
participa na faculdade. Converse com o Alê que ele vai acabar soltando
alguma coisa — Clarinha fala.
— Pode deixar comigo Clara, vou ver o que posso fazer.
Tadinha da minha amiga, ela pode negar, mas eu vejo no seu olhar
que ela ainda ama muito o Alê, eles eram tão fofos juntos. Ainda não consigo
entender como Camila entrou nessa história fazendo Alê quebrar o
coraçãozinho da minha amiga.
Depois das nossas tarefas distribuídas, ficamos mais um tempo

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conversando bobagens para matar o tempo. Pelo menos assim penso menos
em Montanha.
Falando nesse safado hoje ele já ligou três vezes, claro que ignorei
todas as ligações, ele também mandou umas dez mensagens de textos, mais
umas tantas mensagens pelo WhatsApp, todas ignoradas com sucesso.
Ele sabe que a batata dele está assando, ainda não decidi se vou sair
com ele. Também não quero pensar nisso agora.
No final da tarde eu e Eva vamos embora, o safado vai jantar com
Clarinha hoje, lógico que recusei o convite assim como Eva, dei a desculpa
que tenho que fazer trabalho que tem que ser entregue na segunda-feira. É
mentira, o trabalho está pronto só não estou a fim de olhar para a cara de
cachorro abandonado daquele safado.
Chego em casa, deito no sofá, vejo no meu celular e tem mais
mensagens do Montanha.
— Carol, o que está pensando? — minha mãe pergunta sentando no
sofá do lado.
— Em um idiota — respondo.
— Se é idiota por que você pensa nele?
— Porque sou uma besta — digo fazendo minha mãe rir.
— O que esse idiota fez para você?
— Ele me escondeu uma coisa.
— Que coisa?
— Não vou falar — digo pegando a almofada do sofá, e colocando na
cara.
— Então sua besta se você não contar para mim que sou a sua mãe,
como posso te ajudar?
— Não estou pedindo ajuda — digo petulante, mas logo me
arrependo.

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— Então, besta, fica ai remoendo sozinha — minha mãe fala se


levantando.
— Mãe! — chamo tirando a almofada do meu rosto.
— Vai dizer?
— Vou, mas a senhora não diz que eu sou idiota?
— Você não é idiota, é besta, lembra?
— Então, eu gosto de um cara...
— Isso eu já sei — me interrompe.
— Deixa eu falar? — Olho para ela de cara feia.
— Continua.
— Faz um tempo que eu gosto desse cara. Ele é lindo, carinhoso, na
verdade perfeito, o problema é que a gente é muito amigo, então a gente fica
e não fica. Porque ele fica e depois se arrepende e me pede mil desculpas.
Outro problema é que ele tem uma ex-noiva e ontem ele contou quem é essa
ex, e o pior é que ela está mais perto que eu imaginava. Agora estou aqui sem
saber o que fazer.
— Conversa com ele. É um bom início para resolver tudo.
— Mas mãe, estou com ódio dele.
— Se você não conversar com ele esse ódio só vai aumentar.
Converse com ele, o deixe explicar o motivo que escondeu a ex de você e
também encoste ele na parede, ou ele assume o que sente por você ou cai
fora.
— E se ele não assumir o que ele sente?
— Então você pega seu amor próprio e cai fora — minha mãe fala, se
levanta, dá um beijo e minha testa e sai.
Pego o celular olho as mensagens do Montanha, então envio uma
mensagem.

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"Me pega hoje por volta das 22h00"

Resolvo seguir os conselhos da minha mãe, afinal mãe sempre sabe o


que falar. A única parte que tenho dúvida é a parte que pego meu amor
próprio e caio fora.
Meu celular apita e vejo que é a mensagem dele.

"Ok, ruiva, passo para te pegar, qualquer coisa me liga ou manda


mensagem"

Jogo meu celular do lado e fico deitada até pegar no sono, acordo com
a minha mãe gritando para eu ir dormir na cama.
Olho a hora e vejo que é quase 21h00. Vou na cozinha, como um pão
com leite, e vou para meu quarto. Separo uma roupa legal, tomo banho, me
arrumo e quando estou pronta mando mensagem para o Montanha.

"Estou pronta"

Não demora e ele responde.

“Ok, já estou indo, daqui 15 minutos chego”

Confiro o visual no espelho, pego minha bolsa e vou para a sala, e me


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sento no sofá para esperar por ele.


— Resolveu? — minha mãe pergunta.
— Vou conversar e pôr os pingos nos is — digo.
— Cuidado para não se ferir ainda mais.
— Terei — falo olhando para a televisão.
Sinto meu celular vibrar e é a mensagem dele avisando que está me
esperando. Levanto do sofá, dou um beijo na minha mãe e saio.
Montanha está me esperando fora do carro com um leve sorriso no
rosto, está vestido com uma calça jeans preta e camisa gola V também preta.
Que tentação do diabo, ele pelo menos poderia ter vindo com uma roupa que
não valorizasse tanto seu corpo.
Caminho até ele, quando chego perto, me cumprimenta com um beijo
no rosto. Sinto o cheiro de seu perfume que traz um arrepio por todo meu
corpo.
Ele abre a porta do carro, eu entro, coloco o sinto, enquanto ele dá a
volta no carro.
— Seja forte Caroline — repito baixinho como um mantra.
Hoje preciso tomar algum rumo nessa relação, não dá mais para ele
ficar em cima do muro, e também quero saber essa história da ex direito.

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CAPÍTULO 7 — MONTANHA
Um dos meus segredos foi revelado, nunca disse para nenhuma das
minhas meninas o nome da minha ex. Tive que dizer o nome da pessoa que
me quebrou como homem duas vezes. Agora elas sabem que Dayana é ela.
Pelo que eu conheço a minha ruiva a nossa conversa não será fácil.
Estou indo buscá-la para conversarmos. Depois de muita insistência
ela aceitou se encontrar comigo. As suas palavras da nossa última conversa
ainda martelam em minha cabeça.

"Não sou nada sua, esqueceu? Sou apenas uma amiga que de vez em
quando você come e depois fica arrependido. Não tem nada para se explicar
para mim."

Como ela pode dizer isso? Ela nunca foi apenas uma foda. Carol é
mais muito mais que uma foda. Não sei explicar, mas ela não só isso, ela é
mais. Parece balela ou conversa para boi dormir, mas não sei ao certo o que

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sinto por essa ruiva, não sei se é amizade, amor ou desejo. A única coisa que
tenho certeza é que ela não é apenas uma foda.
Estaciono o carro em frete da casa dela, pego o celular e envio a
mensagem avisando que estou à sua espera. Saio do carro e a espero
encostado com as mãos no bolso. Não demora e a vejo, abro um leve sorriso,
meu coração dispara, ela vem em minha direção seu quadril balança de um
lado para o outro. Como pode ser tão linda!?
Mesmo com o coração disparado, olho em seu rosto e vejo o seu
semblante triste, ela está linda por fora, mas por dentro está triste. E eu sou o
culpado pela sua tristeza. Quando ela chega perto de mim, dou um beijo casto
em seu rosto. Me controlo, pois o que eu realmente queria era abraçá-la bem
forte e a confortá-la.
Abro a porta do carro para ela entrar; não falamos nada, apenas
trocamos olhares. Pelo menos hoje não estou vendo sangue em seus olhos.
Dou a volta no carro, entro e dou partida. Olho para Carol e ela está
olhando para longe, o silêncio reina durante alguns minutos. Fazendo-me
ficar tenso.
— Para onde vamos? — pergunto tentando quebrar o silêncio.
— Você pediu para conversar, portanto deve saber para onde estamos
indo — Carol responde de forma fria sem olhar para mim.
— Talvez você queira escolher um lugar para conversarmos.
— No Motel?
— Você quer conversar lá? — pergunto confuso. Será que ela quer ir
para um motel mesmo?
— Montanha, está pensando que eu sou relógio para você ficar
fazendo hora com a minha cara? Você que quer conversa então para de
frescura no rabo e me leve logo em algum lugar para podermos conversar.
— Pensei que estava falando sério — tento me justificar.

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— Que saco! Motel é o último lugar que quero ir com você e se


depender de mim nunca mais vou a nenhum motel.
— Ainda bem — deixo escapar.
— Nenhum motel com você, mas com outro homem pretendo ir
muitas vezes.
A merda que vai para motel com algum filho da puta, ele será um
sujeito capado no mesmo minuto.
— Já entendi — respondo ríspido.
— Quem bom! — Olha para frente.
O silêncio volta a reinar, decido levá-la a um lugar tranquilo, onde
ninguém possa nos interromper, e não é um Motel. Na verdade é uma
pedreira desativada, e onde tiravam as pedras acabou se tornando uma lagoa
de água natural, já vim algumas vezes na madrugada tomar banho, é um lugar
tranquilo, bonito bom para ter essa conversa.
Desligo o carro, abro a porta e sento no capô no carro, Carol me
acompanha, senta do meu lado e cruza os braços.
— E ai? — questiona olhando para a lagoa.
— Me desculpa — peço com a cabeça baixa.
— Desculpa pelo que?
— Por não ter te contado sobre quem era a minha ex.
— Já disse você não tem que se desculpar. Não sou ninguém. Sou
apenas uma amiga que de vez enquanto você come e depois fica arrependido.
— Carol, chega!
— O que foi? Por acaso estou mentindo?
— Você sabe que não é assim, você não é só uma foda caramba.
— Sim Montanha, é isso que eu sou. É cruel dizer, mas sou apenas
uma foda casual.
— Não é. Você sabe disso — digo olhando para ela.

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— Acho que essa conversa não vai levar a lugar nenhum, acho que
nem deveria ter aceitado sair com você. É sempre a mesma ladainha, estou
cansada disso.
— Já te pedi desculpa, expliquei para você que minha ex noiva era da
cidade e que não tinha mais contato com ela. Não tenho mais nada com
Dayana ela faz parte do meu passado isso não tem como mudar.
— Mentiroso. Você nem fica vermelho para mentir. Acho que tenho
cara de palhaça mesmo.
— Não estou mentindo.
— Está sim! Eu vi você conversando com essa pistoleira umas três
vezes no corredor da faculdade, então não diz que você não tem contato com
ela — Carol grita apontando o dedo para mim.
— Não é o que você está pensando. Não tenho mais nada com ela.
— Ah não? Você não tem mais nada? Então o que vocês
conversaram? Tipo, amor, você está gostando da cidade? Vamos relembrar o
passado? — Carol fala tentando imitar a voz de Dayana.
— Não, o assunto não era esse.
— A não era. Então qual era?
— Carol — chamo seu nome como uma advertência.
— Não precisa dizer. Quem sou eu né, não sou nada...
— Ela estava grávida — sussurro a cortando.
— O quê?
— Dayana estava grávida, esperando um filho meu — digo com a voz
baixa. Carol merece saber o motivo da conversa, ela não é uma simples foda.
— Como?
— Você sabe como se faz um bebê – tento ser sarcástico, mas falar
sobre esse filho ainda dói.
— Palhaço. Estou dizendo como isso é possível? Cadê seu filho?

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Você nunca falou dele.


— Não existe mais filho.
— Como assim, ele morreu? Era doente.
— Eu o matei — digo com a voz baixa, além de responsável pela
morte da Mary também sou responsável pela morte do meu filho.
— Pelo amor de Deus — Carol fala passando a mão pelo rosto. — Me
explica essa história direito.
— Dayana veio me procurar na faculdade, até achei estranho, pois ela
deixou bem claro que a única coisa que queria de mim era distância. Foi
quando ela deu a notícia que eu iria ser pai, ela estava grávida de quase 4
meses, fiquei muito feliz com a notícia, mas a felicidade durou pouco. O
motivo era que ela queria dinheiro para fazer um aborto porque ela não queria
o nosso filho. Segundo ela Marcelo não iria acreditar que o filho era dele,
pois eles sempre se cuidaram, diferente de nós que nunca usávamos proteção
alguma.
— Ai meu Deus, você está falando sério?
— Estou — admito, olhando em seus olhos.
— Você aceitou ela fazer isso?
— Não aceitei que ela abortasse um filho meu. Eu iria ser pai, coisa
que eu sempre planejei. Conversei com ela e tentei de todas as formas tirar a
ideia da sua cabeça. Tentei convencê-la em ter a criança e dar para mim, que
eu cuidaria. Mas Dayana foi egoísta e não aceitou, disse que não queria ter
nenhum tipo de ligação comigo e que esse filho seria a destruição da sua
vida. Que era nova e estava começando uma vida nova que nada e ninguém
iria impedi-la de seguir seus planos. Que a única coisa que queria de mim era
o dinheiro para se livrar do problema que eu tinha colocado nela. Para ela o
nosso filho era um problema, para mim ele era uma luz no fim do túnel.
— Montanha. Não estou acreditando nisso.

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— Também queria que tudo isso fosse mentira, mas é dolorosamente


verdade. Conheci o pior lado de Dayana, ela é cruel e desumana, usou todo o
seu veneno até eu dar a ela a quantia necessária.
— Então ela fez o aborto?
— Quinze dias depois que dei o dinheiro ela apareceu na faculdade
feliz, pois tinha se livrado do problema, e disse que nunca mais queria olhar
para minha cara.
— Isso é cruel. — Olho para a minha ruiva e vejo seus olhos cheios
de lágrimas.
— Eu matei meu filho, Ruiva — digo com pesar na voz.
— Não foi você. Foi ela.
— Eu dei o dinheiro.
— Ela usou você. Aquela vadia não tem coração.
Carol fica na minha frente e me abraça, sinto seu cheiro e a dor que
sinto parece ficar mais leve.
— Agora acredita em mim quando digo que não tenho nada com
Dayana?
— Impossível não acreditar. Se você ainda tivesse algo com ela
depois de tudo que ela fez eu iria cortar seu pinto fora para ver se você
tomava vergonha na cara.
— Ai! — falo fazendo careta.
Carol sai do meu abraço, e a olho nos olhos, passo a mão em seu
rosto. Mas quando me próximo para dar um beijo em sua boca, ela vira o
rosto.
— O que foi? — pergunto confuso.
— Hoje passei o dia pensando em tudo o que aconteceu, confesso que
estava com ódio mortal de você, mas depois do que você me contou eu te
peço desculpa — fala olhando nos meus olhos.

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— Já disse que eu que tenho que pedir desculpa. Por favor, não diga
que eu não preciso pedir desculpa, você não é apenas uma foda. Você não é
qualquer uma. Você é a minha Ruiva.
Ela sorri e respira fundo.
— Eu não quero ser apenas uma foda. Portanto decidi que para mim
não dá mais. Mesmo você dizendo o que aconteceu com você, sei que é triste.
Você não mereceu passar por isso. Odeio aquela vaca. Adoro ficar com você,
mas pensei muito...
— Ruiva, diz logo, você está enrolando e ficando confusa. Só disse o
que aconteceu para você saber que não tenho nada com Dayana.
— Eu amo você Montanha — confessa.
— Eu também te amo.
— Sei que me ama como amiga. Eu o amo como homem, o quero
como homem. Mas eu me amo mais.
— Não estou entendendo.
— Montanha, ou você assume o que existe entre nós ou você me
deixa seguir a minha vida. Amo você, mas eu me amo muito mais. Não posso
viver de migalhas e encontro às escondidas. Eu sei o que eu quero agora, falta
você decidir o que você quer. Não quero mais viver assim.
— Ruiva! — Baixo a cabeça, pois não sei o que fazer.
— Pelo seu jeito já sei a resposta. Você ainda será meu amigo, meu
melhor amigo, mas a partir de hoje vou seguir a minha vida e encontrar
alguém para ocupar o seu lugar de homem.
— Ruiva. Não é assim, é complicado.
— Então vamos embora? — pede sorrindo fraco. — Muitas emoções
para essa noite.
Queria dizer que não, que queria ficar com ela, que essa conversa não
pode acabar assim, queria passar a noite conversando ou apenas ficar olhando

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para ela. Mas ela está certa, não posso mais ficar em cima do muro. Então o
melhor é levá-la para casa.
O caminho até a casa da Carol foi tranquilo, quase não conversamos.
O seu semblante está mais suave, e eu ter falado o que aconteceu entre
Dayana e eu também me fez bem, tirei um peso das minhas costas. Estaciono
o carro na frente da casa dela nos e despedimos como dois amigos. Vejo
minha ruiva descer do carro e caminhar até a porta da sua casa. Vai ser difícil
ter que vê-la, somente como amiga. Mas ela está certa é o melhor para nós
dois.
Ligo o carro e dirijo pelas ruas de Dourados para tentar processar tudo
o que aconteceu essa noite. Ligo o som do carro e está tocando a música de
Gustavo Lima, "Tá faltando eu".

Tá faltando eu em mim Pergunto, mas não sei quem sou Não sei se é
bom ou se é ruim Quero ficar, não sei se vou Sou doce e amargo ao mesmo
tempo Me policio sem razão Razão é o tipo que invento Pra não cair na
palma da mão Tá faltando mais ação Pra encarar e não fugir A lava que já
foi vulcão É um iceberg dentro de mim Pegadas que se tornam areia Castelo
de areia sempre cai Se olham pra mim de cara feia Meu coração desaba num
ai Preciso me curtir bem mais É pena que só olho pros lados Se a alma quer
um banho de sais O corpo quer me ver apaixonado O medo aguça a atração
A solidão na pele arde Espero que quando eu me ver E acordar não seja
tarde.

— CARALHO! — digo em voz alta batendo a mão no volante. —


Está faltando eu nessa porra. Fico inventado desculpa para não ficar com a
Carol. Caralho, ela não vai me esperar para sempre e eu não posso ficar sem
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ela.
Pego o celular e digito uma mensagem de texto.

"A resposta é NÃO, não vou aceitar você longe de mim, pode até
tentar ruiva, mas você é minha."

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CAPÍTULO 8 - CAROL
Hoje quando sai de casa para conversar e por os pingos nos is com o
Montanha, sabia que não iria ser fácil e realmente não foi.
Senti a dor na voz do Montanha quando ele narrava tudo o que
aconteceu no passado com Dayana. Jamais poderia imaginar que o teor da
conversa entre os dois era a decisão de abortar ou não um filho. Pergunto-me
como ele conseguiu conviver com um ser igual Dayana? Como ela pode
descartar uma criança como se fosse uma roupa velha que não gosta mais? A
única conclusão que chego é que ela não tem coração. Por mais difícil que
tenha sido a nossa conversa, decidi pegar o pouco de amor próprio que existe
em mim e cai fora dessa relação conturbada. Eu sei o que eu quero, mas não
sei o que ele quer. Muitas vezes sinto que ele sente algo além de amizade, até
que ele me ama como mulher. Mas eu preciso que ele diga que me ama como
mulher assim como o amo como homem. Quero poder dizer para todos que
ele é meu, andar de mãos dadas e trocar carinhos. São coisas tão simples que
nunca desejei. Mas agora eu desejo. Eu quero essa pessoa. Desejo alguém
para estar do meu lado como homem. Por isso dei a opção para ele escolher,
se ficaria comigo ou se me deixaria seguir a minha vida. A resposta dele foi o
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silêncio, então deduzi que ele me deixaria seguir a minha vida. Assim eu irei
fazer.
Como disse para o Montanha, eu o amo muito, mas desde pequena
aprendi a me amar acima de qualquer coisa. Por me amar acima dele o
melhor é seguir o meu caminho.
Montanha acaba de me deixar em frente da minha casa, me despeço
dele, desço do carro e caminho até a porta com o coração na mão. Dói muito,
mas é melhor sofrer agora do que viver na angustia e de migalhas.
Abro a porta de casa, entro e a fecho. Encosto minhas costas na porta
e fecho meus olhos.
— Pela sua cara, essa conversa não foi nada boa.
— Que isso – grito pelo susto que levo.
— Você está doida é? Assustando por nada. Sou eu menina, sua mãe.
— Eu doida? Doida é a senhora sentada a essa hora no escuro ainda
por cima com esse cabelo. Já estava pensando que era uma assombração.
Pentear o cabelo de vez em quando é bom sabia, mãe?!
— Para de frescura menina, seu pai foi pescar com seu tio, vai passar
a noite no meio do mato. Acho que você puxou ele na doideira. Tomei banho,
lavei o cabelo e deitei aqui para te esperar, acho que ele ficou meio
bagunçado.
— Meio bagunçado? Está horrível mãe.
— Para de reparar no meu cabelo, senta aqui e diz o que aconteceu.
Pela sua cara tenho certeza que está pior que o meu cabelo.
Caminho até minha mãe. Jogo-me no sofá do seu lado em forma de
derrota.
— Então? — pergunta.
— Então mãe, peguei o restinho de amor próprio e cai fora — digo
com desanimo.

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— Quer dizer que o rolo com a ex-noiva era sério mesmo?


— Ai mãe, é tão complicado. Era sério o lance, mas ele era inocente.
— Se ele era inocente por que você largou aquele gostoso?
— Mãe! — a repreendo. — Que isso? A senhora nem sabe quem é!
— Carol minha filha, você acha que eu sou besta igual seu pai? Claro
que sei quem é o seu rolinho.
— Como assim mãe?
— Menina quem não sabe que seu rolo é com aquele cara lindo que
você diz que é seu amigo, o tal do Montanha, está na cara que é ele. Ele já
veio aqui em casa e eu vi muito bem como um olhava para o outro. Só estava
esperando vocês dois oficializar logo esse namoro.
— Também queria oficializar, mas nem tudo que a gente quer
acontece né?!
— Minha filha, então o que aconteceu. Ele tinha culpa no cartório?
— Mãe, a senhora, está saindo uma baita de uma curiosa viu — acuso
olhando para minha mãe.
— Diz logo, se você não contar para mim que sou sua mãe, vai contar
para quem? E outra como vou te dar conselho sem saber o que está
acontecendo?
— A senhora está certa — assinto em derrota.
— Então conte logo, que nem dormi esperando para saber o que
aconteceu.
Olho para minha mãe e constato, ela está fazendo da minha vida uma
novela.
— Ele realmente não tem mais nada com a ex, senti sinceridade em
suas palavras e o motivo pelo qual vi eles conversando era bem pesado. Ele
sofreu muito com ela, acho que o mínimo que ele pode fazer é ficar distante.
— Mas o que aconteceu?

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— Mãe!
— Começou a contar, conta tudo, não fique contando pela metade.
Odeio história pela metade.
— Ok! Vou contar a história do início para a senhora entender.
Dayana é a ex-noiva dele, ele veio para Dourados depois da morte da irmã e
ela largou dele porque já tinha outro ai...
— Ai coitado, além de besta era corno — Mãe fala com os olhos
arregalados.
— Mãe!
— Para de falar mãe, se a cada vez que falasse mãe eu ganhasse um
real estaria rica. Conte logo essa história e para de frescura.
— Está bem, então essa cachorra já tinha outro e largou dele, ele
contou toda a sua história, menos o nome dela, até ontem...
Contei tudo para a minha mãe, como a gente se conheceu, o nosso
relacionamento perturbado, o medo dele de me assumir, sobre Dayana e o
aborto que ela fez. A culpa que ele sente pela morte da irmã e a perda ou
melhor aborto do filho.
— Minha filha, esse seu amigo ai sei não, acho que ele precisa de um
acompanhamento psicológico urgente!
— Mãe ele não é doido!
— Não é isso minha filha. Ele passou por perdas e situações muito
complicadas. A mãe morreu, a irmã morreu, era corno, ele mesmo sendo
lindo foi chifrudo, levou dois pés na bunda, o filho morreu. É muita coisa
para uma pessoa só carregar.
— Eu sei mãe.
— Ele tem que procurar ajuda de um profissional para desabafar, nem
tudo que aconteceu foi culpa dele. A mãe e a irmã morreram porque Deus
quis assim, o filho foi porque ele não foi homem suficiente de por essa fulana

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no lugar dela. Tudo isso é consequência, porque se ele tivesse procurado


ajuda desde a morte da mãe ele não estaria assim. Ao invés dessa fulana ter
dado um par de chifres nele ele teria descoberto antes a pistoleira que ela era
e tinha colocado ela para correr.
— Será, mãe?
— Ainda você pergunta? Preste atenção o que está na sua frente
minha filha. Esse cara não vive, ele vegeta. Ele vive para cuidar de você,
Clara e Eva. Onde uma está ele está atrás cuidando, zelando. Você acha que
amigo homem é tudo assim? Não é não sua tonta. Por você ele desenvolveu
um carinho além de irmã, de acompanhante, de mulher, carinho da carne,
desejo. Mas como você mesma diz ele sente culpado por sentir isso. Penso
por mim que ele se sente culpado por não poder se entregar a esse amor. Esse
cara precisa se tratar, isso não é normal não. Ele tem que parar de sentir culpa
por tudo.
— Mãe, a senhora, fez psicologia e não me disse? — Meu Deus como
minha mãe pensou em tudo isso?
— Para de ser besta menina eu sou mãe. Mãe é pau para toda hora.
— Já que a senhora diz que é pau para toda hora. Eu fiz certo em pôr
um fim no rolo que gente tinha?
— Ai coitada, você acha que colocou um fim! — Minha mãe fala me
olhando com os olhos arregalados.
— Claro que coloquei.
— É tão tonta que mente para ela mesma — diz balançando a cabeça
de forma negativa.
— MÃE!
— Você fez bem em mentir para ele, dizendo que não quer mais nada
e vai seguir a sua vida sem ele.
— Mãe eu não menti, eu vou fazer isso!

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— Tomara minha filha, pois talvez assim ele acorde para a vida.
Espero que você se segure e não vá correndo atrás dele no primeiro sinal que
ele der. Você precisa ser forte, ou pelo menos fingir que não quer nada com
ele.
— Vou ser forte mãe — falo pegando o celular em minha bolsa para
ver a hora.
Vejo que tem uma mensagem a abro e leio.

"A resposta é NÃO, não vou aceitar você longe de mim, pode até
tentar ruiva mas você é minha."

— Ai meu Deus — grito olhando para o celular.


— O que foi?
— Olha mãe. — Mostro o celular com a mensagem.
— Acabei de dizer para você ser forte e não sair correndo atrás dele.
— Mas mãe ele disse que sou dele, que me quer! — digo com um
sorriso enorme no rosto.
— Deixa ele provar isso. Ele estava cheio de culpa mudou de ideia
muito rápido.
— E agora mãe? O que eu vou fazer?
— Primeiro, vamos para a cozinha fazer um brigadeiro e comer,
depois vamos dormir. E você vai ser forte, e dar um gelo nele até ele acordar
para vida.
— A senhora está certa. Tenho que fazer ele pensar que me perdeu,
somente assim ele vai me assumir.
— Isso minha filha seja forte.
— Posso dormir com a senhora hoje?
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— Pode, mas se ocupar toda a minha cama te jogo no chão — mãe


fala levantando do sofá e indo para a cozinha.
Levanto do sofá e vou para a cozinha fazer o brigadeiro com minha
mãe. A nossa conversa foi muito boa, tirou um peso enorme das minhas
costas, além de tudo me deu esperança de um futuro junto com Montanha.
Não me abri com minhas amigas Clarinha e Eva, mas me abri com a melhor
amiga que pode existir no mundo, minha mãe.

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CAPÍTULO 9 — CAROL
Não existe nada melhor que dormir na cama de mãe, carinho de mãe é
tudo de bom, principalmente quando estamos carentes e tristes. Depois de nos
acabar em uma panela de brigadeiro, me joguei na cama da minha mãe e
aproveitei o carinho dela.
Acordei cedo, ajudei mãe a limpar a casa e fazer almoço, durante a
tarde troquei algumas mensagens com Clarinha e Eva e ignorei todas as
mensagens e ligações de Montanh. Ainda não estou pronta para falar com ele.
Meu coração não está pronto para falar com ele.
— Oh mãe! — grito deitada no sofá.
— Quem morreu Carol? — diz entrando na sala.
— Meu coração está morrendo — faço drama.
— Para de fazer drama, menina variada.
— Mãe, o que eu vou fazer amanhã quando eu ver o Montanha?
Ignorar as mensagens está sendo fácil, mas vê-lo na minha frente vai ser foda.
— Para de ser tonta menina, é só fingir que você não quer mais nada
com ele. Ele precisa pensar que te perdeu para tomar alguma atitude. Atitude
de homem.
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— É difícil mãe.
— Arruma outro, é fácil.
— Mãe, estou acabada por causa de um e a senhora quer que arrume
outro já?
— É só para dar uma pressão nele.
— Quem eu vou arrumar?
— Para de ser burra Carol, nem parece que é minha filha, esse outro
pode ser um fantasminha camarada, mas ele tem que acreditar que existe
outro na parada para ter medo e começar a agir. Agir com atitudes e não por
mensagem de texto. Você precisa se valorizar e não cair no papo na primeira
mensagem.
— Nossa a senhora é cruel — digo olhando para ela.
— Eu sou vivida. Agora me deixa voltar para a meu sono de beleza e
você para de encher meu saco, já disse o que tem que fazer.
Olho para minha mãe saindo da sala, quem vê, pensa foi eu que fiquei
até tarde acordada para saber o que tinha acontecido, agora diz que eu estou
enchendo o saco dela. Minha mãe é uma comédia mesmo.
O restante do dia passa tranquilo, assim como a segunda-feira. A
única novidade foi que Clarinha colocou seu plano em ação.
Arrumo-me para ir para a faculdade, minha mãe vai me levar, eu não
tenho carro nem moto, então ou pego carona ou vou de ônibus. Vida de pobre
não é fácil. Mas fazer o que, é melhor isso do que ir a pé. Quando saio de
casa para esperar mãe tirar o carro da garagem, vejo um certo carro preto
muito semelhante ao de uma certa pessoa estacionado em frente de casa.
Olho bem para o carro e caminho até ele.
— Você pode me dizer o que está fazendo?
— Te esperando — responde com a maior cara de cínico, lindo e
gostoso, que pode ter.

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— Ah vá? Está zoando né?


Montanha abre a porta do carro, desce e vem na minha direção.
— Você pensa o que, Ruiva? Você me ignorou ontem e hoje o dia
inteiro, você acha mesmo que eu ia deixar isso barato?
— Seu eu não atendi as suas ligações e nem respondi suas mensagens,
era pelo simples motivo que eu não queria falar com você.
— Se você não quer falar comigo o problema é seu. Mas eu quero
falar com você. Não custa nada você entrar nesse carro e no caminho para a
faculdade a gente conversar.
— Não estou a fim — recuso, cruzando meus braços e dou aquele
olhar tipo não estou nem ai para você.
Sem eu perceber minha mãe se aproxima de nós.
— Oi meu filho, que saudades de você. Sumiu de casa, faz tempo que
não vem nós fazer uma visita — minha mãe fala.
— Oi tia — Montanha fala dando um abraço e um beijo em minha
mãe. — Também estou com saudades, vim buscar a Carol para irmos para a
faculdade.
— Que bom meu filho, marquei de ir ao shopping com minhas amigas
e levar ela para a faculdade só iria me atrasar.
— Como? — pergunto olhando para a minha mãe.
— Vai com ele Carol, estou atrasada já — minha mãe fala com cara
de santa.
— Traíra — acuso a fuzilando.
Como ela pode me jogar nos braços do inimigo assim?
— Eu também te amo minha filha. Boa aula crianças, deixa eu ir ou
vou me atrasar ainda mais – mãe fala, já saindo.
Montanha olha para a minha cara com o sorriso de vitória.
— Vamos — chama abrindo a porta do carro para eu entrar.

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— Não tenho outra opção. Saiba que estou indo sobre protesto —
aviso e entro no carro.
Montanha me olha ri, dá a volta, senta e dá partida no carro. Recuso-
me a olhar para a sua cara de pau.
— Não vai conversar comigo? — questiona depois de alguns minutos
de silêncio.
— Quer saber? Não estou a fim não.
— Ruiva, não quero ficar longe de você.
— Não vai ficar. Nada mudou. A única diferença é que não vamos
mais "dormir" juntos.
— Não quero só a sua amizade.
— Você está me pedindo em namoro?
— Quero ficar com você. Mas preciso de um tempo.
— Te dou o tempo que precisar sem nenhum problema — Então
vamos ficar como ficávamos antes?
— Disse que te daria o tempo, mas não que ficaríamos juntos.
— O que você está querendo dizer?
— O que eu já te disse. Eu vou seguir a minha vida, quando você
decidir que quer assumir um relacionamento sério e eu ainda estiver
disponível, talvez role.
— Você disse que me daria um tempo.
— Estou te dando o tempo, mas isso não quer dizer que vou te esperar
a vida inteira. Isso entre nós já dura mais de três anos.
— Ruiva, eu gosto de você, mas ainda não estou pronto para um
relacionamento mais sério.
— Eu também gosto de você. Mas estou mais que pronta para um
relacionamento mais sério, se não for com você será com outro.
— Carol você não pode fazer isso comigo.

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— Como é que é? Eu não posso fazer isso com você? Cai na real
Montanha, quem não pode ficar mais me enrolando é você. Você que não
pode continuar esse jogo comigo.
— Você que começou esse jogo de desejo Carol. Se hoje eu tenho
dúvidas do que eu quero a culpa é sua.
— Culpa minha? Vai se foder Montanha. Eu posso até ter começado,
mas você não reclamou nenhuma das vezes que ficou comigo. Já que foi eu
comecei, coloco um fim nessa palhaçada toda, estou cansada disso.
— Se você quer assim não posso fazer nada.
— Eu quero assim sim, mas quero isso porque você não tem coragem
de assumir o que sente por mim. Portanto se isso acabou foi porque você não
está sendo homem suficiente. Preocupa-se e cuida do bem estar de todo
mundo, mas esqueceu que você tem uma vida que precisa ser vivida. Eu não
vou ficar esperando migalhas suas.
— Fique sonhando que vou deixar alguém chegar perto de você.
— Fique sonhando que vou deixar você controlar a minha vida.
— Carol, você não sabe o que sou capaz de fazer se eu pegar você
com outro.
— É realmente não sei. Portanto irei fazer o teste.
— Não brinca com fogo.
— Não estou brincando, estou falando sério. Agora chega dessa
conversa, ou nem amizade irá existir mais entre a gente.

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CAPÍTULO 10 — MONTANHA
Um mês e meio depois
O negócio está feio para o meu lado mesmo. Carol disse que iria
seguir sua vida sem mim, e é isso que ela está fazendo. Pelo visto a sua
distância de mim está fazendo bem para ela. Cada dia que passa está mais
linda e radiante.
Depois de pensar no que ela disse confesso que ela está certa. Cuido
de todas, dou conselho e tudo mais, mas acabo me esquecendo de viver a
minha vida e de me preocupar com aquilo que sinto. Esses anos que se
passaram acabei vivendo a vida da Clarinha, Carol e Eva e esqueci da minha.
Decidi tomar um rumo em minha vida. Primeiro preciso tirar o peso da culpa
da morte de Mary, por isso contratei um especialista para rever o laudo da
morte e da vistoria do carro. Sempre tive por mim que tinha algo errado. Na
semana do acidente levei a Hillux para uma revisão. O freio tinha que ter
funcionado, nem o freio de mão funcionou. Isso na época acabou passando
despercebido ou achei mais fácil me culpar. Não quero sentir culpa, preciso
tirar essa dúvida que está me perseguindo. Preciso de respostas.
Por falar de cuidar dos outros, estou indo para o apartamento da
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Clarinha, essa é uma que hoje precisa de mim.


Estaciono meu carro em frente ao apartamento dela, subo as escadas e
toco a campainha, não demora ela atende a porta. Pela sua cara é possível
perceber treta a vista.
— Está tudo bem? - pergunto a abraçando.
— Não, entra.
Pego as garrafas de vinho que trouxe e as entrego. Sento no sofá e a
observo.
— Vai beber agora ou vai esperar as meninas? — Clarinha pergunta.
— Esperar as meninas — digo.
Ela vai até a cozinha, volta e senta ao meu lado.
— Vai dizer o que aconteceu para estar com essa cara? — pergunto.
— Marcelo. — Encosta a minha cabeça em seu ombro.
Clarinha se faz de forte, mas é muito carente. Na certa já percebeu
que está apaixonada por ele, mas não vai admitir.
— O que Marcelo fez?
— Me beijou hoje.
— Isso não é bom?
— Não.
— Mas não era isso que você queria? — Essa em relação a
sentimentos sabe ser mais confusa que eu.
— É... Mas... Ele me agarrou! — diz nervosa.
— Você queria que ele não tivesse te beijado?
— Não... Que dizer...
— Não é bom por que não foi você que tomou a iniciativa? —
Traduzo o que ela queria dizer.
— É — responde e fica quieta como uma criança que fez arte e tem
medo de ser repreendida pelos pais.

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— Você gostou do beijo?


— Gostei... Não gostei... Não sei Montanha — fala confusa
escondendo o seu rosto com as mãos.
— O que você sentiu com o beijo? — pergunto, tentando fazê-la
questionar a si mesma, o que isso tudo significa para ela.
— Não sei, foi diferente.
Como disse Clarinha é frágil, sofreu muito no passado, criou muros e
mais muros para se proteger do sentimento que tanto a destruiu.
— Moreninha, você não acha que esse jogo tá ficando sério? — Passo
meus braços em sua volta e a abraço. — Quando começa a surgir sentimentos
deixa de ser um simples jogo.
— Não! — Se levanta como se tivesse levado um choque. — É
apenas um jogo, não existe nenhum tipo de sentimentos, só quero transar com
ele e nada mais.
— Tem certeza disso?
— Claro que tenho Montanha. Você me conhece muito bem, não
existe sentimento é só prazer.
Clarinha e eu somos muito parecidos, me vejo na fala dela. Também
queria que o que sinto pela ruiva fosse só prazer, mas esse mês que se passou
foi possível perceber que não é só do corpo dela que sinto falta. Sinto falta do
seu beijo, seu cheiro, seu toque, sinto falta da minha ruiva de corpo e alma.
— Vem cá — chamo pegando em sua mão e a fazendo sentar em meu
colo como uma criança assustada.
— Não existe nenhum sentimento Montanha.
— Ei. — Coloco a mão em seu queixo fazendo-a olhar em meus
olhos. — Não estou te recriminando, ou te julgando, como disse eu te
conheço. Conheço você menina, até melhor que sua mãe, só não quero que
você se machuque.

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— Não existe essa possibilidade.


— Clara, não sei no que essa história vai dar. Mas cuidado minha
menina, não se engane ou minta para si mesma, esse jogo pode virar e você
se machucar. Quero que saiba que não importa o que aconteça, eu sempre
estarei aqui do seu lado. Entendeu?
— Montanha eu ...
— Shi.. Só quero saber se você entendeu?
Ela não responde apenas balança a cabeça de forma positiva. A
abraço e ficamos assim, até que a campainha toca, ela se levanta do meu colo
para abrir a porta.
— Moreninha você entendeu? – pergunto antes dela abrir a porta.
Novamente não me responde apenas balança a cabeça de forma positiva.
Enfim, Eva e Carol chegaram, Clarinha mal abre a porta e já escuto a
voz de minha ruiva.
— Espero que você tenha algo sério para contar porque hoje eu tinha
um encontro — reclama Carol.
Como é que é? Ela tem um encontro?
— Que encontro Carol? — Eva pergunta, enquanto as duas caminham
até o sofá com as barras de chocolate na mão.
— Com um cara ai – Carol fala sem citar nomes.
— Que carinha, Carol? — Clarinha questiona.
Queria dizer: diz o nome do filha da puta que vai ficar sem os dentes
hoje. Mas prefiro ficar em silêncio. Preciso saber dessa história direito.
Eu a vigiei o mês inteiro e não a vi se aproximando de nenhum Zé
ruela.
— Já disse, um carinha ai — Carol fala dando de ombros.
Ah se eu pego quem é esse filho de uma puta eu acabo com ele.
— Carol se você não quer falar quem é o carinha, não fala, mas eu

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vou descobrir e você sabe disso — Clarinha avisa.


A única pessoa que vai descobrir quem é esse cara sou eu, vou acabar
com todos os dentes da boca dele e quebrar as duas pernas para nunca mais
correr atrás de mulher de outro.
Clara vai para cozinha, olho para Carol.
— Então você está namorando? – pergunto para Carol.
— Não. Estou conhecendo uma pessoa — responde.
— Posso saber quem é?
— Na hora certa você irá saber — diz simplesmente.
Clarinha que tinha ido para a cozinha, volta com o vinho e as taças em
mãos. Passa o vinho para eu abrir. Abro o vinho e sirvo as taças das meninas.
Não sei se é a raiva que estou sentindo, mas viro a taça de vinho e já
encho de novo. Hoje à noite vai ser longa. Vou descobrir quem é esse filho da
puta que está tentando roubar a ruiva de mim.
Se a Carol acha que vou ficar esperando ela esfregar esse filho da puta
na minha cara está muito enganada. Deixa ela achar que está por cima. No
final da noite vamos ver quem ganha esse jogo.
— Então Clara, o que aconteceu hoje para você decidir beber e comer
chocolate? — Eva questiona.
— Marcelo — Clarinha responde soltando o ar.
— O que aconteceu? — Eva presta mais atenção curiosa.
— Ele me beijou hoje — conta.
— Ai meu Deus você deu para ele! Sua safada — Carol fala dando
risada e tomando mais vinho.
Mal começou a beber e pelo visto ela já está animadinha. Isso mesmo
ruiva bebe bastante é hoje que eu tiro de você o nome desse filho da puta que
quer entrar em meu caminho.
— Não! Carol, foi na biblioteca — Clarinha responde.

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— O que é que tem? — Carol fala.


— Carol, sua safada você já deu na biblioteca? — Eva pergunta
incrédula.
— Eu não — responde rindo.
— Já deu sim Carol, essa sua cara de safada te condena — acusa
Clarinha.
— Foi só uns amassos na biblioteca, eu não dei porque ele não quis,
se ele quisesse eu teria dado ali mesmo. Meninas, pensa num cara gotoso,
quase gozei só com aqueles amassos — Carol fala com um sorriso no rosto.
Quando ela fala isso meu sorriso também se alarga, afinal esse cara
gostoso sou eu. Nesse dia quase transamos entre as prateleiras da biblioteca,
só não chegamos nos finalmente porque percebi que tinha gente se
aproximando e iriamos ser pegos no flagra.
— O pau dele era grande? — Eva pergunta querendo saber os
detalhes da façanha de Carol.
— Era sim Eva, eu apalpei bem — Carol fala entre risos olhando para
mim com aquela cara de safada gostosa que só ela tem.
— Meninas, se controlem, tem um homem aqui — aviso.
— Para, Montanha, você já ouviu coisa piores — Eva fala rindo.
— Verdade Montanha, até banho você já deu na gente, e dormiu de
conchinha – Clarinha fala.
Realmente já dei banho nelas e dormi na mesma cama, mas nunca
aconteceu nada. Minha atração sempre foi apenas pela minha ruiva. Nós dois
juntos na mesma cama sempre acaba com ambos suados e satisfeitos.
— Verdade Montanha — Eva concorda. — Você já viu e ouviu coisas
que até Deus duvida.
— Sempre vou cuidar de vocês três e darei quantos banhos for
necessário.

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— Você pode cuidar e dar banho em mim à hora que você quiser,
Montanha — Carol fala piscando.
Deixa ela mexer com fogo.
— Carol para de pegar no pé do Montanha — repreende Eva. —
Montanha, a gente sabe que você não nos olha com malícia. Não leve Carol a
sério ela precisa de um pau.
Você está certa Evinha, Carol precisa de um pau. O meu pau socado
até o talo na boceta dela.
— Vou comprar um vibrador para você, Carol — zomba Clarinha.
Pelo visto o vinho já subiu para a cabeça e daqui em adiante só vai
sair besteira da boca dessas três.
— Se você vai dar um vibrador para a Carol eu também quero, um
bem grande — diz Eva.
— Falando em pau. Clara será que o pau do Marcelo é grande? —
Carol pergunta.
— Meninas, a Clara só deu um beijo — aviso.
O jeito que Carol está soltinha é capaz de falar o tamanho do meu
pau.
— Na verdade ele que me beijou — Clarinha fala.
— Nossa, deve ter sido sem graça esse beijo, ele não roçou nenhum
pouquinho o pau em você? — Carol comenta curiosa.
Pelo que eu conheço dessa ruiva, ela ficou esse tempo todo sem
ninguém, ou não estaria tão assanhadinha.
— Roçou sim, ele me prensou na parede, meu vestido subiu, eu cruzei
minhas pernas em sua cintura e dei uma rebolada para sentir se ele estava
duro — Clarinha narra seu beijo rindo.
— E estava duro? — Eva pergunta curiosa com os olhos vidrados.
— Estava sim — Clara fala com orgulho.

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— Nossa, será que o pau dele é grande, Clara? — Carol pergunta.


Por que mulher quer saber o tamanho do pau do homem de quem ela
nunca vai transar? Eva e Carol saberem o tamanho do pau do Marcelo não
vai adiantar nada, a única coisa que no máximo vai acontecer é essas duas
estuprarem o cara com os olhos.
— Pelo que eu senti deve ser grande sim — confessa Clara.
— Já pensou Clara, se o pau dele for fino igual do Edson — Carol
fala.
É isso mesmo, essas meninas têm fissura em saber o tamanho do pau
de um homem e o coitado do Edson é ridicularizado pelas costas. Não que eu
tenha visto, mas segundo Clarinha ele tem apenas tamanho, pois é fino e
ainda não "faz o trabalho bem feito". Sendo esse um dos motivos que
Clarinha quer distância dele.
— Deus me livre — Clarinha fala rindo. — Ninguém merece pau
fino.
Melhor pôr um fim nisso, daqui a pouco tenho medo de qual será o
assunto da conversa dessas três.
— Meninas, acho que vocês estão tomando muito vinho. É melhor
cortar esse vinho ou daqui a pouco não sei o que vocês serão capazes de
fazer.
— E você Montanha, que tamanho é o seu pau? — Carol pergunta
olhando para mim com os olhos de peixe morto por causa do efeito da
bebida.
— Corta o vinho da Carol — Eva grita rindo.
Carol segura à taça, passa a língua em sua borda e me olha novamente
como se estivesse me desafiando.
— O meu pau é grande e grosso o suficiente para satisfazer qualquer
mulher — digo olhando para a minha ruiva safada.

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Poderia dizer que meu pau é grande o suficiente para satisfazê-la a


hora que ela quiser. Assim como ele já satisfez, a fazendo gozar e gritar o
meu nome, assim como ainda vai a satisfazer muitas outras vezes.
— Ai meu Deus — Eva solta um gritinho.
— Nossa, Montanha, me deixa ver você tomando banho para conferir
se você é tudo isso mesmo — pede Carol como se nunca tivesse visto.
— Carol, chega! Você já está passando dos limites — repreende
Clarinha.
Hoje depois de eu curar essa ressaca dela vou dar a ela os limites que
ela quer.
— Verdade Carol, estamos aqui para falar do Marcelo e do pau dele
— zomba Eva.
Procuro mudar de assunto.
— Falando em Marcelo, o que você pretende fazer agora, morena?
— Vou virar esse jogo e dar a cartada final — Clarinha fala.
— Como assim, Clara? — Carol pergunta.
— Segunda vocês irão saber. Marcelo não sairá ileso, quem ele pensa
que ele é para me beijar e sair.
— Estou com dó do Marcelo — Carol fala rindo.
O restante da noite, a conversas foi aleatória e também coisas que elas
aprontaram em festas. Essa reunião dourou até as 6 horas da manhã.
— Vamos embora. Eva, deixa a chave do carro, você bebeu demais,
levo você e Carol até em casa.
Eva acaba aceitando sem questionar, Carol reclama, mas no fim acaba
aceitando. Nos despedimos de Clarinha, primeiro deixo Eva em casa, e volto
a dirigir.
— Esse não é o caminho da minha casa — Carol fala.
— Quem disse que eu estou te levando para a sua casa?

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— O que pensa que você está fazendo?


— Estou realizando um pedido seu. Não foi você que pediu para eu
deixar você me ver tomando banho? Então hoje você irá ver.

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CAPÍTULO 11 — MONTANHA
Desde a hora que a ruiva chegou à casa da Clarinha, sabia que ela
tinha que ser minha. Ansiava pelo seu toque, seu cheio, seu corpo.
Levei Eva embora, agora somos apenas nós dois, daqui a pouco
seremos apenas um, quando os nossos corpos estiverem fundindo um no
outro. Mas primeiro preciso curar a ressaca dela. Dirijo até a república, Carol
está com as pernas cruzadas, tenho certeza que está tão excitada quanto eu.
Abro a porta da garagem, desço do carro, dou a volta e abro a porta
para que ela possa descer.
— Nossa que evolução, me trouxe para a república mesmo? Não vai
ter medo dos seus amigos me verem aqui?
— Estão todos viajando, a casa é nova. Você não conhece o meu
quarto novo.
Eu e os caras resolvemos trocar de casa, usar banheiro comum é foda.
Pago um pouco a mais no aluguel, mas pelo menos meu quarto agora é suíte.
Tem uma privacidade maior.
— A é? O que tem no seu quarto novo?
— Tem um banheiro, no qual irei te dar o banho que você pediu mais
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cedo. Irei lavar cada canto do seu corpo de um jeito que você nunca mais irá
esquecer.
Seguro a sua mão e a conduzo até o meu quarto, quero dar banho nela
não só porque ela pediu. Também a quero sóbria, para que possa ter ela de
corpo e alma sem o efeito do vinho.
Apesar pelo que eu conheço da minha ruiva esse vinho não fez efeito
nela. Ela é forte para bebida, para derruba-la tem que ser muito mais que duas
garrafas de vinho.
— É, tenho que concordar, esse seu quarto é muito melhor que o
antigo — fala observando o quarto.
— Vem, quero te apresentar o meu banheiro — chamo a conduzindo
até o banheiro.
Ela entra na minha frente, fico nas suas costas. Coloco minhas mãos
em seu ombro.
— Você está achando que vou transar com você é?
— Não vamos transar — digo dando leves beijos na curva do seu
pescoço. — Só se você pedir.
— Então o que acha que você está fazendo?
— Você disse que eu poderia te dar banho a hora que eu quisesse, é
isso que pretendo fazer agora — digo deslizando a alça de sua blusa,
distribuindo beijos em seu ombro.
— Só um banho? — pergunta, pendendo a cabeça de lado, me dando
acesso ao seu pescoço.
— Só um banho — sussurro em seu ouvido enquanto tento desabotoar
o botão do seu short. — Um banho que você nunca mais vai esquecer.
Desabotoo seu short e o retiro.
— Levanta os braços — peço.
Ela levanta os braços e eu retiro sua blusa, fico a observando de

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frente, linda, sexy apenas com o conjunto que lingerie vermelha.


— Por acaso pretendia usar essa lingerie vermelha com alguma
pessoa hoje?
— Eu te disse eu tinha um encontro — responde dando os ombros.
Vou mostrar para ela com quem ela vai usar essa lingerie. Aproximo-
me e volto a beijar o seu pescoço, minha mão vai até a lateral de sua calcinha
e a rasgo. Levo minhas mãos ao seu sutiã e também o rasgo, jogando no
chão. Seu conjunto de lingerie vermelha vira apenas pedaços de pano
vermelhos rasgados.
— Você me deve um conjunto de lingerie — fala manhosa.
— Te dou até dois, tudo que você quiser.
Pego a sua mão e a conduzo até o chuveiro.
Ligo a ducha, pego o sabonete e começo a ensaboar as suas costas, ao
mesmo tempo coloco seu cabelo de lado e beijo seu pescoço sentindo seu
cheiro, o gosto da sua pele. Essa ruiva tem um cheiro que me deixa doido.
— Você não vai tirar essa roupa?
— Ainda não! — Ensaboo seu seio.
— Por quê?
— Te disse que iria te dar um banho, é isso que estou fazendo.
Minha mão começa a massagear seu seio, logo seu bico fica rígido,
convidando a minha boca para chupa-lo, e assim faço. Chupo seu seio
enquanto a minha mão desce até a sua boceta. Massageio seu clitóris.
— Ah — Carol geme.
Percebo que ela começa a se retorcer por mais, e a gemer mais alto,
então meu dedo invade a sua intimidade. Começo a chupar seu outro seio,
enquanto meu dedo a masturba. Ela está apertadinha, isso comprova que esse
tempo que passamos juntos ela não transou com nenhum outro. Enfio outro
dedo, socando e girando dentro de sua boceta apertadinha.

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Queria descer e chupa-la todinha, senti-la gozar na minha boca, mas


se eu fizer isso irei perder o meu controle o fode-la agora mesmo, e não é isso
que eu pretendo nesse momento.
— Será que eu posso beijar essa sua boca? — peço.
— Ainda não sei por que não beijou.
Grudo a minha boca na dela, minha língua invade sua boca, ela chupa
minha língua e morde meu lábio inferior. Saudades, isso define esse beijo,
saudades de estar e sentir minha ruiva. Meu dedo investe mais dentro dela,
até que enfim a sinto mole, Carol geme e acaba gozando na minha mão.
Tiro meu dedo dela e o chupo. Sentindo o seu gosto.
— Como sempre deliciosa.
— E agora, você vai me foder?
— Não, vou acabar te dar banho — digo distribuindo leves beijos em
seu rosto.
Assim faço, dou banho na minha ruiva lavando cada parte do seu
corpo, depois de limpa, a enrolo na toalha e a faço sentar no vaso.
— Já estou limpa. E agora? O que você vai fazer?
— Agora. Você aprecie o show — digo tirando minha camisa
molhada...
Carol arregala os olhos e morde o canto da boca.
— O que você está fazendo? — pergunta enquanto eu desabotoo o
botão da calça jeans e vou tirando de forma lenta.
— Hoje você disse que era para eu te dar banho a hora que eu
quisesse. O banho já te dei. Bom, foi mais que um banho, você até gozou
apenas com isso. — Mostro a minha mão e balanço meus dedos. — Depois
você quis saber qual o tamanho do meu pau — continuo, tirando a cueca e
liberando meu pau duro. — Pelo que você pode perceber é grande o
suficiente para te satisfazer e te deixar de pernas moles. Ainda nessa noite

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você pediu para eu deixar você me ver tomando banho. Aqui estou eu nu,
molhado e excitado. — Massageio o meu pau que lateja. — Pronto para
realizar mais um desejo seu — completo entrando debaixo do chuveiro.
Enquanto Carol me observa com os olhos arregalados, pego o
sabonete e ensaboo meus braços e peitoral de forma lenta e sensual.
— Durante o banho costumo dar uma aliviada. Sei que você me
entende — comento começando a massagear meu pau duro.
Minha mão vai e vem massageando toda a minha extensão.
— Ah! — gemo — Sabe Ruiva, não gosto de movimento leve. Você
sabe bater uma como ninguém. — Os movimentos começam ser mais brutos.
— Ah Ruiva!
— Se eu falar que estou com desejo de chupar o seu pau e que você
goze na minha boca, você vai atender o meu pedido?
Olho para ela que morde os lábios.
— Estava esperando você pedir. Vem — digo fazendo um gesto com
a cabeça.
Carol se levanta e me observa, tira a toalha que enrolava seu corpo nu
e caminha até o chuveiro. Quando está próxima, coloca as duas mãos em meu
peitoral e começa a distribuir beijos enquanto suas mãos fazem o contorno de
cada gomo da minha barriga definida.
— Delícia — fala em um gemido.
Enrolo seu cabelo no meu punho e puxo sua cabeça para trás, a
fazendo olhar nos meus olhos.
— Seu desejo era colocar essa boca no meu pau para que eu goze
nela, estou esperando Ruiva — digo roçando meu pau ereto no seu ventre.
— Com pressa Leãozinho? — provoca distribuindo beijos no meu
peitoral e abaixando até ficar de joelhos.
— Quero sentir essa boca gulosa engolindo todo o meu pau.

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Carol encara meu pau ereto, coloca uma das mãos, e começa a fazer
movimento de vai e vem, coloca a boca no meu saco ao mesmo tempo que
sua mão me masturba.
— Ah! — gemo.
Ela para de chupar meu saco, segura com as mãos em cada banda da
minha bunda e engole meu pau até onde a sua garganta aguenta. Começa a
me chupar com suas unhas cravadas em minha bunda.
— Agora eu vou foder essa sua boca gostosa!
Seguro seus cabelos e começo a foder a sua boca, meto firme e com
força do jeito que eu sei que ela gosta. Ela geme.
Quanto mais eu meto em sua boca, sinto suas unhas mais gravadas em
minha bunda, meto forte, rebolo, ela geme cada vez mais alto. Essa Ruiva é o
meu fim, minha perdição.
Depois de algum tempo metendo em sua boca, sinto o meu gozo
chegando.
— Vou gozar, prepare-se para engolir tudo sua gostosa.
Meto mais umas três vezes forte e gozo em sua boca.
Carol engole toda a minha porra, depois chupa meu pau limpando
meu gozo. Ainda de joelhos me olha com cara vitoriosa por ter conseguido
me fazer gozar em sua boca e engolir tudo. Ela se levanta, e joga as mãos em
volta do meu pescoço.
— Agora o meu desejo é que você me faça gozar com o seu pau —
fala beijando o meu pescoço.
— Seu desejo é uma ordem — digo a levantando pela cintura.
Ela cruza as suas pernas na minha cintura, a encosto na parede do
banheiro, e enfio meu pau em sua entrada.
— Ah! — geme ao me sentir todo dentro dela.
Deliciosa, gostosa, macia, moldada e feita para o meu pau, assim é a

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boceta da minha ruiva. Perfeita para mim.


— Assim que deseja Ruiva? — questiono beijando sua boca e
metendo em sua boceta.
— Muito delicado, se você por um pouco mais de força melhora —
fala entre gemidos.
— Assim — Arremeto com mais força.
— Acho que você está perdendo o costume. Assim não vou gozar tão
cedo — provoca mordendo meu ombro.
— Está exigente hoje é?! Sempre gozou no meu pau.
Enquanto uma das minhas mãos a segura prensada na parede, levo a
outra em sua bunda massageando seu orifício.
Como se fosse um botãozinho que aperta o liga/desliga, Carol começa
a gemer cada vez mais alto, rebolando descontroladamente.
Meu pau mete em sua boceta e meu dedo massageia seu orifício.
— É assim que você gosta né safada.
— Está bom, tá gostoso. Vai mete mais, vai.
Meto meu dedo no seu cuzinho apertado enquanto meu pau mete na
sua boceta. Sinto sua boceta estremecer e sei que está perto dela gozar. Meto
mais firme.
— Ah, Montanha! — grita gozando.
Meto algumas vezes, chegando também na minha libertação.
— Tenho que dizer que esse seu pau é grosso e grande o suficiente e
se encaixa perfeitamente na minha boceta — fala me abraçando e beijando a
minha boca.
— Eu sei — concordo. — Deixa eu dar outro banho em você, pois
está toda sujinha com a minha porra.
— Hum... — geme. — Só deixo se você usar bem essas mãos
enquanto me lavar.

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Desço Carol da minha cintura, a colocando embaixo do chuveiro.


Pego o sabonete e começo a ensaboar seu corpo. Minhas mãos ensaboam seu
seio, seu bico ainda está duro, convidando para eu chupa-lo novamente.
Então o chupo, enquanto continua a ensaboar seu corpo.
Queria entrar dentro dela novamente, mas preciso dar um descanso
para a minha ruiva, exigi demais do seu corpo hoje. Mas para matar a
saudade que estou precisava estar dentro dela umas cinco vezes no mínimo,
para enfim me deixar satisfeito. Mas deixa para amanhã, meu desejo carnal e
saudade podem esperar. Ela é minha, nunca mais vou deixa-la ficar longe de
mim.
Acabo de lhe dar o banho, a enrolo na toalha e a deito na cama para
que ela possa descansar um pouco antes de leva-la embora.
Depois de um breve descanso e matado parte da minha saudade levo
minha ruiva embora. Nem acredito que voltamos às boas de novo. Esse
tempo juntos só me fez ver o quando preciso dela ao meu lado.
Estaciono o carro em frente à sua casa.
— Estamos bem novamente? — pergunto, preciso ouvir da boca dela
que estamos juntos novamente.
— Nunca estivemos brigados, você é o meu melhor amigo.
— Ruiva não estou falando da nossa amizade. Quero saber se estamos
bem em nosso lance.
— Que lance?
— Eu e você juntos. Além da amizade.
Ela me olha e começa a rir da minha cara.
— Não existe nosso lance e nada de nós. Sou apenas eu e você.
— Como assim, Ruiva? Pensei que tivéssemos feito às pazes.
— Ai Montanha, como você é bobinho. Nada mudou, apenas tivemos
uma transa bem gostosa, eu estava precisando me aliviar e você também.

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Juntamos o útil com o agradável.


— Foi o vinho? O responsável por estar fazendo você agir assim?
Carol começa a rir mais alto.
— Que vinho?
— O vinho que você tomou. Essa sua atitude não condiz com você.
— Lesmontanha você ...
— Lesmo o quê? — pergunto antes de completar a frase.
Ela está me chamando de lesma é isso mesmo? Eu entendi certo? O
que aconteceu com essa Ruiva? Gozou tanto que perdeu o juízo.
— Esquece! O que eu quero dizer é que acha mesmo que duas
garrafas de vinho fazem algum efeito sobre mim?
— Isso justifica a sua atitude.
— Então, está claro que não você me conhece bem. Tudo o que
aconteceu foi porque eu quis, assim como você, estava bem gostoso eu
confesso. Estava precisando mesmo de uma foda bem dada para me deixar
mais relaxada. Isso você sabe fazer muito bem. Mas foi só isso, agora cada
um para o seu canto.
— Carol não é bem assim.
— Ai Montanha, meu Leãozinho lindo. Me deixa entrar — fala dando
um beijo no canto da minha boca. — Estou cansada. Tenho certeza que você
está cansado. Precisa descansar seu corpinho e esse seu pau gostoso, que foi
deliciosamente usado e abusado por mim hoje. Obrigada pela transa.
Carol abre a porta do carro, desce e entra na sua casa, me deixando
com cara de besta usado ou como ela disse de lesma.

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CAPÍTULO 12 – CAROL

— Ai meu Deus... Ai meu Deus... — falo baixinho caminhando até a


porta da minha casa. Abro a porta, a fecho e não olho para trás.
— Isso é hora de chegar em casa, Caroline?
Assusto-me em ouvir a voz do meu pai, que está sentado no sofá com
uma xicara de café.
Agora fodeu tudo mesmo, sou uma pessoa morta e enterrada. Fico o
olhando com a cara assustada.
— José, já te disse que nossa filha dormiu na casa de Clarinha que
está com uma virose feia, ela não podia dormir sozinha. A coitada está muito
mal, com febre, Carol foi cuidar dela.
— Só tem Carol para dormir com ela? — meu pai pergunta.
— A menina mora sozinha, a família é de fora José. Nossa filha foi
apenas ajudar a amiga — explica minha mãe.
— Clarinha só tem Montanha, Evinha e eu, pai. Eu passei a noite e
Evinha vai passar o dia com ela hoje. — Chego perto do meu pai, e sento do
seu lado. — Coitada pai, ela está tão acabadinha, amarela e com febre, deu
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até dó — digo fazendo cara de pena.


— Quem te trouxe? — meu pai pergunta ainda com a cara feia.
— Aquele amigo meu segurança que o senhor conheceu, Adriano.
Hoje de manhã ele buscou a Evinha, deixou no apartamento da Clarinha para
ficar com ela, me pegou e me deixou em casa.
— Ele dormiu lá com vocês? — pai pergunta.
— Não pai, claro que não. Ele só foi levar a Eva e me trouxe em casa.
Adriano é um homem muito respeitador — minto fazendo cara de santa.
— Vai tomar um banho e tirar essa roupa Carol, aproveita e descansa
um pouco. Tenho certeza que você passou a noite em claro cuidando da sua
amiga — minha Mãe ajuda.
— Estou cansada mesmo — digo me levantando. — Vou tomar um
banho e dormir um pouco. — Saio rumo ao meu quarto.
Santa mãezinha das filhas sem juízo. Obrigada pela mãe que eu tenho,
que mais uma vez me livrou de uma bucha enorme.
Entro no meu quarto e tranco a porta. Agora sim estou segura, e posso
enfim expressar minha alegria sobre tudo o que aconteceu. Pego uma roupa,
vou ao banheiro e tomo um banho rápido. Volto para a segurança do meu
quarto e me jogo na cama. Reviro meus olhos ao sentir uma leve dormência
no meio das minhas pernas. Toco o meu corpo, revivendo as deliciosas
sensações que tive mais cedo.
Sinto-me saciada, manhosa, alegre...
Podem dizer que eu sou besta, tonta, retardada, que eu disse que não
daria o braço a torcer. Sou tudo isso, mas estou feliz. Mega feliz, com um
sorriso bobo no rosto. Eu sei que eu disse que ia seguir minha vida, que daria
um gelo no Montanha, mas como poderia resistir a um homem como aquele?
Diz como resistir a um Montanha vermelho de ciúmes?
Posso dizer que é impossível resistir, aquele homem. Tenho culpa no

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cartório afinal eu o provoquei a noite toda, e deu certo, ele ficou irresistível e
cheio de tesão. Depois de pouco mais de um mês sem sentir meu corpo
fundindo ao dele ansiava por isso desde o momento que pisei meus pés no
apartamento da Clarinha. Posso dizer que compensou o crime. Oh se
compensou, foi muito bom, muito gostoso. Meu corpo, minha alma estava
com saudade. Tudo bem que fui fraca, mas tive vários orgasmos e hoje estou
molinha, molinha, completamente relaxada e prontinha para outra.
Para Montanha não achar que eu estou completamente caída por ele e
que aceitaria ficar do jeito que estávamos, fiz com que ele pensasse que foi
apenas uma transa como outra qualquer. Fiz ele se sentir usado e abusado.
Lembro a cara de bobo que ele ficou, Lesmontanha foi um apelido perfeito.
Por um momento senti dó dele com aquela carinha de cachorro sem dono,
mas me mantive firme. Não poderia sair por baixo, então o melhor é ele achar
que foi usado e abusado por minha pessoa.
Acabo pegando no sono e dormindo o restante do dia.
Na segunda acordei cedo, fiz meu serviço de casa e depois li o texto
da aula. Quando deu o horário para ir para a faculdade me arrumei e fui para
a aula.
— Mãe, obrigada por ontem com o pai — agradeço olhando para a
minha mãe que dirige me levando para a faculdade.
— Pelo visto ontem você não segurou essa periquita.
— Mãe! Isso é coisa que se fale?
— Minha filha, você dormiu o dia inteiro, depois ficou com cara de
bobo alegre limpando a casa. Está na cara que você deu a periquita para o
gostoso do Montanha.
— Ok mãe eu não resisti, tá — confesso cruzando os braços.
— Te entendo minha filha, quem vai resistir a um homem daquele. Eu
sei, a carne é fraca e você é besta.

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— Mãe!
— O que foi? Disse alguma coisa de errado?
— Eu sei tá, eu tinha que ter me segurado, mas não resisti. Ele estava
com ciúmes, estava tão lindo, estava tãooo...
— Já entendi! Você é uma besta, e ele estava tudo isso e você caiu no
jogo.
— Não foi bem assim, eu fiz ele se sentir usado, quando ele
perguntou se estávamos bem eu simplesmente disse que não tínhamos nada
que foi apenas uma transa, ele ficou sem reação e disse que não queria mais
ficar desse jeito.
— Tomara mesmo, você tem que decidir, se você quer esse homem
seja firme minha filha — mãe me aconselha.
Estaciona o carro em frente da faculdade.
— Tudo bem mãe, serei forte. Agora preciso ir para aula — digo
dando um beijo em seu rosto descendo do carro.
— Boa aula Carol e juízo.
— Obrigada mãe. A senhora sabe o que eu mais tenho é juízo. — Dou
uma piscadinha para ela.
Hoje como cheguei um pouquinho atrasada, vou direto para a sala.
Evinha e Montanha já estão em seus lugares.
— Oi Montanha, oi Evinha. Cadê a Clarinha? — pergunto sentando
no meu lugar.
— Mandou mensagem dizendo que não vem hoje — Montanha avisa.
— Não se preocupe ela disse que está cansada — Evinha diz fazendo
cara de safada.
— Hum... O que será que aconteceu com aqueles dois, hein?! — digo
dando risada, me referindo a Clara e Marcelo.
— Sei não, mas acho que Clarinha deu uma chave de perna no

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Marcelo hoje — Eva fala rindo.


— Duas fofoqueiras — acusa Montanha.
Eva e eu mostramos língua para ele.
O professor entra na sala de aula cortando o assunto e começa a aula.
Na hora do intervalo Evinha e eu sentamos no corredor para jogar conversa
fora.
— Oi meninas — Marcelo fala chegando perto de nós duas.
— Oi Marcelo — Evinha e eu falamos juntas.
— Vocês sabem da Clara? — pergunta colocando as mãos no bolso.
Hum ai tem. Essa carinha do Marcelo de cachorro que caiu da
mudança diz tudo.
— Ela não veio hoje, disse que estava cansada — conta Eva.
— Por que Marcelo? O que você quer com ela? — pergunto.
— Eu preciso falar sobre um trabalho em dupla que precisamos
entregar amanhã — mente.
Está na cara que essa safadinha da Clarinha aprontou alguma coisa.
Ela não, os dois. Essa carinha de Marcelo nem sabe disfarçar o crime,
péssimo ator.
— Se é importante liga para ela Marcelo — Montanha que tinha ido
ao banheiro, fala chegando perto de nós três.
— Não tenho o telefone dela — Marcelo fala sem graça.
— Eu passo para você — Montanha responde.
— Só o telefone, Marcelo? — questiono tirando sarro da cara dele. —
Você não quer o endereço dela também?
— Queria os dois se possível. Preciso falar com Clarinha, não sei, se
eu ligar ela não vai atender.
Eu sabia, aquela safada deu para ele e nem contou para nós.
— O que você está fazendo aqui Marcelo? — VaCamila pergunta ao

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se aproximar.
Vaca loira oxigenada tinha que chegar justo agora que iria jogar uns
verdinhos em cima do Marcelo.
— Marcelo veio pegar o número de um amigo. Fernando precisa dos
serviços do Marcelo e eu fiquei de passar o número — Montanha fala
mentindo descaradamente.
— Obrigado, cara — agradece Marcelo, entrando no jogo.
— Depois te mando a mensagem com o número — avisa Montanha.
Depois dessa desculpa esfarrapada Marcelo vai embora, e Montanha,
Eva e eu voltamos para a sala.
— Evinha você viu a cara dele? — pergunto.
— Carolzita, Clarinha pegou ele, tenho certeza — Eva fala rindo.
— Pode parar as duas. Amanhã vocês descobrem o que aconteceu —
Montanha resmunga.
— Chato! — digo me virando e prestando atenção na aula.
Na hora de ir embora Montanha me dá uma carona para minha casa.
Quase sempre ele me leva embora, a minha casa é muito longe da de Clarinha
ou Eva e dá República também, mas ele sempre acaba me dando carona e não
se importando com a distância.
— Então Ruiva, como você passou de ontem para hoje? — Montanha
pergunta.
— Deliciosamente bem.
— Passou bem assim por causa de mim? — questiona com um
sorrisinho safado.
Quer ver eu tirar esse sorrisinho da cara dele?!
— Não foi bem por causa de você — digo olhando para sua cara.
— Não? Então foi por que Ruiva?
— Foi por causa do seu pau.

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— Como?
— Confesso, sua mão também ajudou.
— Ruiva, não acha que essa sua atitude já deu o que tinha que dar? —
Montanha fala estacionando o carro em frente da minha casa — É, deu
mesmo, eu gozei gostoso — provoco desafivelando o sinto de segurança.
— Ruiva, eu não quero só isso com você. A quero de corpo e alma...
Eu sei, preciso ser forte, então é melhor eu atacar do que ouvir as
baboseiras de sempre. Saio do meu lugar e sento no colo de Montanha com as
pernas abertas o beijando e tirando a sua camisa.
— Ruiva, o que você está fazendo?
— Cala boca e me fode Lesmontanha — peço, abrindo o botão de sua
calça.
Tiro a minha calça jeans e calcinha e volto a monta-lo. Não dou
tempo para ele protestar ou falar algo. Não quero ouvir suas desculpas ou
lamentações. Literalmente e freneticamente o ataco dentro do seu carro.
— Carol, estamos na rua.
— O vidro é fume — digo o beijando.
Enfim, consigo liberar sua ereção de dentro de sua cueca, que se
mostra dura cheia de veias pulsantes. Faço alguns movimentos o
masturbando, mas logo posiciono seu pau na minha entrada.
— Ah! — gemo ao sentar na sua ereção e senti-lo todo dentro de
mim.
Uma leve dormência vem à tona, visto que Montanha além de bem
dotado é grosso, viril, gostoso perfeito para mim.
Começo a me movimentar com o seu pau socando dentro de mim,
beijo sua boca, o mordo, arranho suas costas.
— Rebola gostosa — fala entre gemidos, dando tapas na minha bunda
do jeito que eu gosto.

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Faço como ele pediu e rebolo, enquanto ele aperta minha bunda
forçando ainda mais o atrito do seu pau em minha boceta.
— Ah — gemo.
Montanha tira meu seio para fora da blusa e o chupa, morde de leve
meu bico me levando à loucura.
— Cavalga no meu pau, gostosa — sussurra em meu ouvido.
Assim faço, começo a cavalar lentamente o sentindo todo dentro de
mim. Depois vou aumentando o ritmo. Subo, desço, seu pau entrando e
saindo da minha boceta que desliza com facilidade em seu pau, continuo
subindo e descendo sobre seu comprimento. Como pode ser gostoso desse
jeito?!
— Ah! — gemo quando Montanha chupa novamente meu seio e
massageia o outro.
Sinto que estou perto de gozar, meu ventre formiga, forço ainda mais
seu pau socando ainda mais fundo na minha boceta.
— Faz mais Montanha, mais! — peço entre gemidos.
Montanha percebe que estou perto de atingir o meu clímax, coloca
sua mão em minha bunda aumentando ainda mais o movimento. Levanta o
quadril socando seu pau ainda mais fundo.
— Ah! — grito gozando.
Com as pernas moles, começo a diminuir o ritmo, beijo sua boca de
forma doce e delicada, bem diferente de alguns segundos atrás.
— Hum que delícia — digo, já levantando e tirando seu pau de dentro
de mim.
Saio do seu colo, pego minha calça no banco traseiro e a visto.
— Ruiva, o que você está fazendo? — Montanha pergunta me
olhando com cara de bobo.
— Eu? Vestindo a minha roupa, preciso entrar.

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— Ruiva, eu não gozei.


— Problema seu, porque eu gozei — Dou de ombros, e acabo de me
vestir.
— Você não pode me deixar assim — diz espantado.
— Obrigada, meu Leãozinho, pelo seu pau grande grosso e o
delicioso orgasmo. Toma. — Pego a calcinha do chão do carro e coloco na
sua mão. — Fica como um presente meu para você e hoje quando você
estiver tomando banho use suas mãos para se aliviar, pense em mim na hora.
— Beijo sua boca, passo a mão em seu pau ainda duro fazendo um carinho.
Desço do carro e entro na minha casa.
Coitado ficou com pau duro, sem gozar, e eu linda leve e solta. Não
sei por que, mas me sinto vitoriosa. Isso de usar o corpo do Montanha está
sendo mais gostoso e legal do que eu poderia imaginar.

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CAPÍTULO 13 – MONTANHA
Puta merda ela fez de novo, e hoje foi pior, pois nem gozar dentro
daquela boceta gulosa ela deixou. Essa safada não vai continuar usando o
meu pau e saindo como se nada tivesse acontecido. Hoje passa, mas amanhã
ela me paga. Não vou ficar sendo um brinquedo sexual em sua mão Ruiva,
isso você pode ter certeza. Vai ter volta.
Levanto a minha calça, ajeito meu pau duro e dolorido e fecho o
zíper. Visto minha camisa, pego a fita de pano que ela chama de calcinha e
coloco no do bolso. Ligo o carro e dirijo para a república. Hoje vou precisar
bater uma para poder me aliviar. Tudo culpa de uma certa ruiva.
Queria saber o resultado das investigações do acidente da Mary antes
de assumir algo sério com Carol, tenho certeza que o que eu sinto por ela não
é apenas desejo ou amizade. Minha fome e vontade de ficar ao seu lado e
dizer para todos que ela é minha é tão grande que hoje eu decidi a pedir em
namoro. Deixa o resultado das investigações em um segundo plano. Não
posso mais ficar longe da minha Ruiva. Ensaiei o domingo e hoje o dia
inteiro de como eu iria fazer o pedido de namoro, comprei até um ursinho e
uma caixa de bombom que está escondida debaixo do banco para fazer a
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surpresa. Queria ser romântico com ela.


Mas o que essa Ruiva fez? Abusou de mim de novo, não me deixou
falar, não me deixou a pedir em namoro. Usou meu pau, meu corpo, gozou e
foi embora. Isso é coisa que se faça?
Para pegar e amarrar de vez essa Ruiva não vou poder ser romântico,
porque ela gosta é de homem bruto, sexo bruto. Então o meu plano será fode-
la de todas as formas possíveis e depois fazer o pedido. Só assim para ela
aceitar o meu pedido e não usar meu pau e sair triunfante rebolando aquela
bunda gostosa.
Chego à república, vou direto para o meu quarto, tomo banho bato
uma e me jogo na cama pelado. Amanhã essa Ruiva safada me paga.
Acordo cedo e vou para o trabalho. Chego à tarde, tomo banho e vou
para a faculdade. Chegando lá vou até o banco que sempre sento para esperar
as meninas. A primeira a chegar é Eva e logo em seguida Carol. A conversa
entre as duas é Clarinha que pegou Marcelo, ambas estão eufóricas para saber
o que aconteceu.
Não demora Clarinha chega, senta do meu lado, ficando de frente para
Carol e Eva.
— Tudo bem, Moreninha? — pergunto dando um beijo em sua testa.
— Claro que está Montanha, olha a cara dela — zomba Eva.
— Clarinha, você está com uma pele tão linda hoje — Carol fala de
forma sarcástica.
— Acho que ela dormiu muito bem essa noite — Eva completa.
— Será Eva? Eu já acho que ela não dormiu nada. Passou a noite em
claro fazendo atividades educativas — Carol cai na gargalhada e Clarinha vai
no embalo.
— Conta para nós Moreninha, como você passou a noite? —
pergunto.

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— Até você brutus?! — Clarinha fala me olhando.


— Clarinha, para de fazer cu doce. A gente sabe que Marcelo foi ao
seu apartamento ontem — Carol fala.
— Como vocês sabem? Estão me investigando, hein?! — Clarinha
fala fazendo cara de ofendida.
— Ah Clarinha, deve ser porque um certo moreno de um metro e
oitenta lindo e gostoso veio procurar você ontem na hora do intervalo — diz
Eva.
— Ai como não encontrou você, Montanha passou seu número e
endereço — Carol fala apontando o dedo para mim.
Papo vem, papo vai e o assunto é em relação à pegação de Clarinha e
Marcelo.
— Vamos fazer assim na hora do intervalo vamos jogar uma sinuca e
Clarinha diz o que aconteceu — Acabo sugerindo. É hoje que eu pego de vez
essa Ruiva, ela não me escapa.
— Eu não vou sair no segundo tempo — Clara fala cruzando os
braços.
— Ah vai sim — insiste Eva.
— Você! — Carol aponta do dedo para Clara. — Não tem querer!
Depois dos protestos de Clarinha, ela acaba aceitando. Ela se despede
e vai para a aula, eu e as meninas pegamos o nosso rumo. A aula é tranquila e
passa rápido. Na hora do intervalo, vamos todos para o estacionamento
esperar Clara. Não preciso dizer que Carol e Eva estão formulando todas as
perguntas que vão fazer para Clara em relação ao desempenho sexual de
Marcelo.
Não demora, Clarinha chega, mas tem algo diferente nela, seus olhos
estão vermelhos.
— Vamos — fala ao se aproximar.

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Ela pode enganar a todos menos a minha pessoa.


— Aconteceu alguma coisa? — pergunto preocupado.
— Não! Vamos. Só foi uma aula estressante — Clarinha responde
entrando no carro.
— Clara, você não escapa. Vai dizer tudo o que aconteceu de ontem
para hoje — Eva fala.
— Pode deixar meninas eu falo, mas primeiro preciso relaxar.
Chegamos ao Bola do 8, um bar próximo a faculdade. As meninas
estão animadas. O lugar está cheio, normalmente é frequentado por
estudantes. Conduzo as meninas até a mesa de sinuca e faço os nossos
pedidos.
— Dois ou um — Carol fala para vermos quem vai fazer par com
quem para jogarmos.
— Viramos crianças agora — provoco.
— Justo. Vamos tirar no dois ou um — Eva afirma.
— Já que vocês duas não sabem perder, vamos decidir no dois ou um
— Clara fala.
— Como que funciona esse dois ou um, Ruiva? — pergunto.
— A brincadeira dois ou um funciona assim, o grupo fala "dois ou
uns", todos mostram ao mesmo tempo um ou dois dedos. Os que colocam um
número de dedos iguais formam as duplas. Simples assim — Carol explica
me dando uma piscada.
— Ok, então vamos logo fazer essas duplas — digo.
Fazemos uma roda entre nós quatro, um olha para a cara do outro.
Giramos nossas mãos com punhos fechados e falamos todos juntos: — Dois
ou um.
Na primeira rodada não deu certo. Apenas na quarta vez foi possível
fazer as duplas Clarinha e Carol, Eva e eu.

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— Não tem problema Carol, nós vamos ganhar da mesma forma. O


Montanha só ganha porque joga sempre comigo — Clarinha fala rindo, ela
sabe que vai perder. A Ruiva é muito ruim na sinuca.
— Vamos ver quem vai ganhar essa, Moreninha — desafio Clarinha,
mas olhando para Carol.
— Clarinha, já está falando como perdedora — Eva fala rindo.
— Tenho dó de vocês dois — Carol fala apontando o dedo para Eva e
eu. — Clarinha e eu juntas não tem para ninguém.
Sei muito bem qual o tipo de mensagem que ela quer passar.
— Valendo o quê? — pergunto olhando para Carol. Ela sabe o que eu
quero se eu ganhar esse jogo. Afinal ela está me devendo depois do que fez
ontem.
— O que você quiser — Clarinha fala.
— Tenho uma ideia melhor — Carol sugere.
Acho que agora vem bomba por ai.
— Qual? — Eva pergunta.
— Vindo da sua cabeça Carol, não é coisa boa — zomba Clara.
— A cada bola encaçapada a dupla tem o direito de fazer uma
pergunta para um dos dois da dupla rival — Carol sugere. — Ou seja eu
encaçapo, tenho o direito de fazer uma pergunta para o Montanha.
— Igual verdade e desafio? — pergunto.
—Isso, verdade e desafio. Você responde ou é desafiado — Carol fala
e olha para todos nós. Mas seu olhar para em mim.
A safada vai querer aprontar alguma em sua pergunta. Pode vim
Carol, estou pronto para você.
O jogo começa, como desconfiava todas as perguntas iniciais foram
para Clarinha, até que ela faz a tacada acerta e dirige a pergunta para a minha
pessoa.

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— Montanha, meu amigo, meu irmão camarada. Diz para mim como
está esse seu coração? — Clarinha faz a sua pergunta direcionada para minha
pessoa.
Penso bem nessa resposta, posso abrir o jogo agora e dizer que meu
coração está ocupado por uma Ruiva. Mas me lembro do que ela fez, me
usando como um objeto sexual.
Então lá vai a resposta...

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CAPÍTULO 14 — CAROL

— Montanha, meu amigo, meu irmão camarada. Diz para mim como
está esse seu coração? — Clarinha pergunta para Montanha.
Meu coração acelera, enfim ele vai dizer a verdade e sair da moita.
Clara sem saber está me ajudando com essa pergunta. Essa indecisão está me
matando e me fazendo brigar com ele quase todos os dias.
— Tranquilo — Montanha fala, olhando para mim.
— Já foi ocupado por alguém? — Clara insiste.
O que custa ele dizer "Sim está" só isso não vai arrancar pedaço.
— Não sei, quem sabe — Montanha responde.
— Montanha seu safado, você está nós traindo pode falar que é a dita
cuja — Eva fala.
— Não disse que tem alguém — Montanha fala de forma cínica.
— Também não disse que não tem — digo nervosa.
Clara faz sua tacada e erra, assim como Eva. Então agora é minha vez
não posso errar, miro bem, enfim acerto a tacada. Olho para Clara, depois
olho para o Montanha, e falo: — Montanha quem é ela?
— Não vou responder— Montanha fala cruzando os braços e olhando
para mim.
— Se não vai dizer Montanha, você vai ter que cumprir um desafio —
avisa Eva.
— Qual o desafio? — o safado pergunta.
— Eu te desafio a me dar um beijo de língua — desafio.
— Acabou, não vamos mais brincar — Clara corta a brincadeira.
— Por que não Clara? Eu desafio o Montanha — digo.
— Carol, você sabe que ele não faria isso pare de pegar no pé dele.
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Não consigo entender porque esse ciúme todo — Eva fala apontando para
Montanha. — Nem a Clara que é mais ligada ao Montanha está dando essa
crise de ciúmes.
— Não é ciúmes é um desafio! — digo irritada, é além de ciúmes, é
raiva mesmo.
— Meninas. Vamos sentar, tenho mais coisas para falar do Marcelo
— Clara tenta tirar o foco.
— Carol, não vou beijar você, mas quem sabe um dia? — Montanha
fala rindo, como esse safado pode ser tão gostoso?! Que ódio dele.
— Sorte sua que você não me atrai com essa sua juba de leão, ou você
ia comer na minha mão, seu Adriano. — Você ainda não come na minha
mão, mais vai comer ou não me chamo Caroline. — Eu que não quero beijar
você, que deve pegar qualquer rameira de beira de esquina — finalizo indo
rumo do banheiro.
Entro ao banheiro e vou direto para a pia, jogo água em meu rosto e
na nuca, preciso me acalmar. Percebo uma pessoa, olho para trás e vejo que é
Eva. Jogo mais um pouco de água em meu rosto e na nuca.
— Carol! — Eva chama e olho para ela. — O que está acontecendo?
— Nada — digo e me viro para o espelho.
— Não é apenas ciúmes de amizade né? — pergunta, mas não
respondo.
Que coisa, eu querendo que Montanha assuma o que sente por mim,
mas estou eu aqui, perdida, sem saber o que falar para a minha amiga.
Eva se aproxima e me abraça.
— Se você não se sente pronta não precisa dizer nada, aceite apenas o
meu abraço, pois é tudo que eu posso te dar nesse momento. Carol lembre-se
que eu e Clarinha sempre estaremos aqui para limpar as suas lágrimas, não
importa o que aconteça.

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Começo a chorar abraçada a Eva, ela está certa, tenho as melhores


amigas do mundo e também tinha o melhor amigo. Mas esse sentimento de
desejo acabou estragando tudo ou quase tudo. O desejo por Montanha foi
mais forte que a nossa amizade, agora estou eu aqui perdida no meio desses
sentimentos.
Saio do abraço de Eva e a olho nos olhos.
— Obrigada Evinha.
— Não precisa agradecer.
Pego o papel toalha e enxugo meu rosto. Eva passa sua bolsa de mão
e pego o kit de primeiros socorros: pó, lápis e batom. Dou um jeito em meu
rosto.
—Pronta? — Eva pergunta.
— Sim!
Saímos do banheiro rumo à mesa que Montanha e Clara estão
sentados, ele parece tranquilo enquanto eu estou acabada por dentro. Ele não
poderia ter feito isso comigo.
— Então do que vocês estavam falando? — pergunto como se nada
tivesse acontecido.
— Estava falando para a Clarinha da festa de sexta — Montanha fala.
— Fiquei sabendo — Eva comenta. — Vai ser ótima essa festa. Já
estão vendendo o segundo lote.
— Precisamos ir — digo. — Preciso arrumar um pau...
— Carol! — Clarinha me corta. Só por que iria dizer que preciso
arrumar um pau amigo diferente.
— O que foi?
— Vamos ou não nessa festa? — Eva pergunta.
— Eu vou — Montanha fala.
— Se o Montanha vai é claro que nós vamos ou é perigoso ele perder

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o cabelinho dele ou ser confundido — zombo de forma sarcástica. Nessa


festa quero vê-lo rastejando aos meus pés.
— Bom, eu também vou, mas não é para cuidar do Montanha viu
dona Caroline, ele é bem grandinho e você sabe muito bem disso — Clarinha
fala, olhando para mim. — E a senhora para de implicar com ele, ou vou
achar que você quer dar uns perdidos com ele.
Montanha e Eva começam a rir. Penso em dar uma bela resposta para
esse Lesmontanha, mas é melhor eu ficar quieta, o que é dele está guardado.
— Então todas nós vamos e Montanha cuida da gente como sempre
— Eva fala toda animada.
— Vamos todos juntos como sempre, agora vamos que tenho que
deixar as minhas meninas em casa, já está tarde e hoje ainda é terça-feira —
Montanha fala se levantando.
Ele leva as meninas em casa, e depois me leva para a minha casa.
— Está bravinha ainda?
— Vai se foder — respondo.
— Se for foder você bem gostoso eu aceito — tira sarro da minha
cara.
— Pega o cabo de vassoura e soca no seu cu. Então se fode sozinho.
— Ruiva, hoje você está muito delicada.
— Otário.
— Concordo, sou um otário gostoso que você usou nesses dias só
para gozar. Eu te disse que iria ter volta.
— Nossa que volta triunfal — digo de forma sarcástica.
— Bem triunfal, você que quis me beijar na frente de todos — diz
estacionando o carro em frente da minha casa.
— Queria, agora não quero mais ou vou queimar meu filme se as
pessoas descobrirem que fiquei com você.

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— Vem aqui me dar um beijo. Você me provocou a noite inteira e


ontem me deixou de pau duro.
— Não estou com vontade.
— Ruiva para de birra, foi você que começou esse joguinho de ficar
me usando e jogando fora. Me dá um beijo vai, para de ser uma menina má
— fala passando a mão em meu cabelo. — Você sabe que quero algo a mais
com você.
— Já disse, eu não quero.
— Vem cá! — Me puxa para um beijo. Eu resisto e mordo a sua boca.
— Ai, você está doida.
— Então, cansei desse joguinho sem graça, agora jogo você fora de
vez — falo descendo do carro e batendo a porta o mais forte possível.
Ele me paga, me aguarde nessa festa...

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CAPÍTULO 15 — CAROL
Sabe quando você passa a semana programando uma vingança para
você acabar, aniquilar, destroçar uma pessoa?
Está tudo na minha cabeça o que vou aprontar. Ops, quer dizer, está
tudo na minha cabeça o que eu pretendo fazer nessa festa para me divertir.
Não irei aprontar nada. Talvez só um pouquinho.
Durante a semana, até comecei a pôr meu plano em ação, que era de
chegar à festa acompanhada por um carinha lindo e gostoso. Na hora dos
intervalos da faculdade, arrastei Clarinha pelos corredores e no prédio de
direto à procura da minha vítima. Ops, vítima não, quer dizer acompanhante.
Mas Clarinha acabou vendo Marcelo de longe e me arrastou de volta para o
nosso prédio. Tudo bem não vou chegar acompanhada, mas o lado bom que
posso escolher a minha vítima quando chegar à festa.
Hoje meu dia se resumiu em descansar meu corpinho; afinal pretendo
usá-lo essa noite, escolher um vestido top, com sapato top, acessório top,
cabelo top, maquiagem top. Hoje eu mereço tudo, pois quero deixa aquele
Lesmontanha de boca no chão, para ele aprender com quantos pau se faz uma
canoa. Comigo ninguém brinca.
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Olho no espelho e vejo o arraso de mulher que fiquei, vestido preto


com detalhes de rendas douradas, com corte profundo nas costas, um pretinho
nada básico, sandálias de salto vermelhas, max brinco e colar, maquiagem
com os olhos bem marcados e cabelo solto jogado de lado com leves ondas.
— Ruiva, gostosa e linda — digo me olhando no espelho dando uma
última conferida no visual.
Meu celular apita, vejo que chegou uma mensagem do Montanha
avisando que está me esperando. Pego minha linda bolsa de mão, confiro se
tem uma camisinha dentro. Afinal hoje quero dormir acompanhada e
Montanha não será essa pessoa.
Saio de casa, vou até o carro, abro a porta, entro e sento.
— Oi — cumprimento dando um beijo no rosto do Montanha,
fazendo ele dar uma conferida no meu belo decote e sentir o meu perfume.
— Ruiva, tudo isso é para mim? — pergunta, me olhando de cima a
baixo.
— Claro... — Abro um sorriso. — Que não. Tudo isso é para mim.
— Espero que seja para você mesmo, Ruiva. Não fique pensando que
você vai ficar soltinha nessa festa — fala dirigindo o carro. — Vamos passar
para pegar Eva e depois Clarinha.
— Não estou pensando Montanha, pois eu estou solta, leve, linda e
desimpedida. — Ergo uma sobrancelha em desafio. — Portanto não enche
meu saco.
— Vai sonhando Carol — diz estacionando o carro na frente da casa
da Eva. — Manda mensagem para Eva avisa que estamos esperando.
— Vou mandar mensagem para a Evinha porque eu quero, não
porque você está mandando — aviso já digitando mensagem para Eva. —
Não esqueça que você não é o meu pai, nem minha mãe para mandar em
mim.

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— Não vou falar nada para você não, depois não diz que eu não te
avisei.
— Ai que medo de você — zombo ironicamente.
Não demora, Eva entra no carro toda linda e com um sorriso enorme
no rosto. Ai tem essa está com cara que também quer aprontar hoje.
— Cheguei meu povo — fala animada.
— Que carinha é essa dona Eva? — Montanha fala dirigindo.
— Nada, só estou feliz — Eva fala rindo.
— Nossa Evinha, eu também estou animada hoje!
— Acho que hoje estou fodido e mal pago — Montanha resmunga.
— Ai que eu fiz Montanha? — pergunta Eva.
— Liga não Eva, acho que Montanha está de TPM hoje — zombo.
— O problema está no que vocês vão aprontar essa noite. Primeiro
Ruiva chega dizendo que ninguém é de ninguém agora você, Eva, aparece
toda animada — Montanha fala.
— Ae Adoroooooo!!! — Eva fala.
— Eva, vamos lá cante comigo. — Pego meu celular, coloco à música
de Humberto e Ronaldo para tocar. Canto junto com a música.

Eu Não Sou de Ninguém (Humberto e Ronaldo) Eu não sou de


ninguém.
Não quero ninguém.
Dei férias pro meu coração.
Eu não sou de ninguém.
Não quero ninguém.
Dei férias pro meu coração.
Sete dias da semana, sete festas pra curtir, Sete bocas pra beijar, sete
noites sem dormir, Sete namoradas, sete mil no bolso, Sete carros na
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garagem, sete amigos loucos.


Meu coração criou asas, e voou, voou, voou, voou.
Tô livre da tristeza e a felicidade me encontrou.
Vou levando a vida livre do amor.
Vou levando a vida livre do amor.
Eu não sou de ninguém.

Enquanto Eva e eu cantamos, olho para Montanha que segura firme o


volante, com a cara feia.
— Hoje só vai dar a gente, Carol — Eva fala animada.
— Joguei pedra na cruz, só pode ser — resmunga Montanha.
— O que foi que você está bravo, Montanha? — Eva pergunta.
—Nada — Montanha responde sério parando o carro em frente o
apartamento de Clarinha e mandando mensagem.
Pelo visto aprendeu a mandar mensagem de texto sozinho.
— Relaxa Montanha, a noite está apenas começando — digo rindo.
— Ah meu saco, nem quero imaginar como isso tudo acabar.
— Olá cheguei — Clara fala entrando no carro.
— Agora sim o quarteto está completo — comemoro. — O fervo está
formado.
— Gente, não vejo a hora de chegar nessa festa, esperei a semana
inteira — Eva comenta.
— Eva, desencantou do Ale mesmo? — Clarinha pergunta.
— Clarinha para! Deixa Eva ser feliz, ela não pode ficar esperando
ele acordar para a vida — digo rindo.
Hoje à noite vai ser pequena.
— Isso mesmo Eva, se divirta, não fique esperando ele não —
Montanha fala, olha para nós três e completa. — Eu sou sortudo mesmo.
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— Sortudo por que, Montanha? — Clara pergunta.


— Porque estou indo acompanhado pelas três mulheres mais lindas e
gostosas daquela festa — Montanha fala olhando para mim.
— Acho que hoje você vai ter trabalho, Montanha — Clara ri.
— Já percebi, Morena, porque hoje você está vestida para matar. Não
só você, mas as três — Montanha fala e olha para mim de novo.
Coitado, ele não perde por esperar. Se ele vai ter trabalho hoje? Isso
eu tenho certeza.

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CAPÍTULO 16 — MONTANHA
Só observo a animação das três, queria curtir e relaxar nessa festa,
mas pelo visto não será possível. Chegamos na "Festa do Bacana", e está
lotada, filas enormes, carros com som ligado, tudo que uma boa festa tem
para oferecer.
Essa cara, essa risada, esse jeito da Ruiva hoje não me engana. Na
certa ela está aprontando algo. As três Carol, Clarinha e até Eva estão com
cara que vão aprontar. Estou fodido e mal pago.
Estaciono o carro, e conduzo minhas meninas até a fila de entrada que
está enorme.
— Tudo bem que eu sabia que iria estar lotada. Mas gente, ficar nessa
fila ninguém merece vamos demorar mais de meia hora para entrar — Eva
reclama desanimada.
— Calma Eva, só nos resta esperar — Carol fala cruzando os braços.
— Montanha, não tem nenhum amigo trabalhando de segurança hoje
ai não? — Clarinha pergunta.
— Esperem aqui meninas vou dar uma olhada — digo indo até a
portaria.
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Provavelmente conheço alguém, afinal a equipe de segurança


responsável pela festa é do meu pai. Não gosto de privilégios, mas têm vezes
que não compensa ficar meia hora esperando em uma fila. Isso é foda.
— E ai Marcão — cumprimento o segurança da portaria que é meu
amigo.
— Fala patrão.
— Tem como quebrar um galho meu?
— O que você manda?
— Facilita a minha entrada e das minhas amigas, porque a fila está
foda.
— Vou passar o rádio para a Raquel que está no comando hoje.
Rapidinho descolo sua entrada.
— Raquel? — questiono olhando tordo.
— Fazer o que cara, o trato foi bem dado, por isso ela pega no seu pé.
— Putz! Espero que ela não apronte nada hoje.
— Por que a preocupação? Não está solteiro?
— Estou meio enrolado.
— A moça compensa?
— Lógico.
— Então investe, não cai na da Raquel não. Vai atrás daquela que faz
seu coração bater mais forte — Marcão fala e passa pelo rádio o recado para
Raquel, não demora ela aparece na portaria.
Raquel é uma mulher que sai algumas vezes. Morena, alta, e
inteligente, mas foi só isso, ela queria algo a mais e pulei fora. Porém ela não
desiste, continua dando em cima de mim.
— Adriano, meu querido, que bom em te ver — Raquel fala dando
um beijo em meu rosto.
— Raquel — cumprimento.

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Ela percorre com os olhos meu corpo, e fixa o olhar no meu pau.
— Pelo visto estava com saudades de mim — diz com o olhar fixo no
meu pau.
— Nem tanto.
Se ela soubesse que esse pau está duro por culpa de uma Ruiva que
está vestida para matar um hoje.
— Então diga no que eu possa ajudar? — fala dando sinal, para o meu
pau. — Talvez possa te ajudar a resolver esse desconforto.
— Claro que pode, libera a minha entrada e mais de três amigas,
estaria resolvendo um problema importante.
— Você não precisa de autorização sabe que tem passagem livre.
— Valeu Raquel. Vou lá chamar as minhas amigas.
— Adriano, você também tem passagem livre para o camarote. Pode
levar suas amigas. Também vou falar para liberarem uma cortesia no bar.
— Valeu! — respondo me virando para buscar as minhas meninas.
Disfarçadamente ajeito minha ereção para não dar muita bandeira.
Fazer o que? Isso é o efeito Ruiva.

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CAPÍTULO 17 — CAROL
Montanha foi ver se conseguia nos colocar dentro da festa, afinal não
podemos cansar a nossa beleza nessa fila mostro.
Essa noite tudo pode acontecer, já que temos que esperar ele voltar,
vou cutucar um pouco a Clarinha.
— Clarinha e ai? — pergunto.
— E ai o que Carol? — Clara responde distraída.
— Se você encontrar o Marcelo aqui o que vai fazer? — Eva
pergunta.
— Era isso Clarinha, mais você está lerda hoje — brinco.
— O Marcelo não vai estar aqui, ele me disse que não gosta desses
lugares, prefere barzinho — Clarinha responde, ela tenta disfarçar, mas sei
que ela está balançada.
— Está sabendo bem Clarinha — alfineto.
— Então Clarinha, sinto muito te informar que Marcelo vai sim estar
aqui nessa festa, junto com Dayana, Camila e Alessandro — Eva fala.
— Está brincando né? — Clarinha fala com os olhos arregalados.
— Clarinha, olhe para a cara de bobo alegre da Eva. Por que você
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acha que ela queria tanto vir a essa festa?


— Eva? — Clarinha pergunta.
— É verdade, essa semana andei pensando e está na hora do Ale ver
que eu existo, vou reivindicar o meu lugar que a cadela da Camila pegou —
Eva fala determinada.
— Evinha, é você mesmo? — Clarinha questiona espantada.
— Eu sei que fui tonta e deixei aquela cadela pegar o Ale de mim sem
lutar, mas agora as coisas mudaram.
— Eva, você já tem o mais importante do Ale — digo.
— O quê? — Eva pergunta.
— A amizade — Clarinha responde.
— E admiração — completo.
Eva pode não perceber, mas ela tem tudo o que precisa para ter Ale de
volta, essa amizade dos dois e admiração que um tem pelo o outro, vai muito
além de uma simples amizade. O problema está que VaCamila é
manipuladora e Eva não joga a real para o Alê. Acho que o motivo dos dois
não estarem juntos hoje é esse, eles ainda não descobriram o amor que um
tem pelo o outro.
— Eva, você e Ale sempre formaram um casal lindo, até hoje não
consegui entender o motivo de vocês dois não namorarem naquela época que
só ficavam sem compromisso — Clarinha fala.
— Eva, vocês viviam se pegando e nada — digo.
— Já entendi, podem parar as duas, Montanha vem vindo — avisa.
Olho no rumo da portaria, não acredito no que estou vendo, aquele
desgraçado me paga, hoje ele está ferrado na minha mão. Nada contra a
coitada da mãe dele, mas ele é filho de uma puta desgraçado.
— Meninas, olhem o Montanha, vocês estão vendo o que eu estou
vendo? — pergunto indignada, isso não pode ser fruto da minha cabeça.

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Clarinha e Eva olham para Montanha, e depois para mim.


— O que é que tem Carol? Para mim ele está normal — Clarinha fala.
— Para mim também — Eva completa.
— Claro que não, ele está com o pau duro, vocês não estão vendo? —
digo com ódio mortal, apontando o dedo para Montanha.
— Carol! — Clarinha e Eva gritam juntas.
— Está na cara que aquele safado estava se agarrando com alguém,
por isso está com o pau duro.
— Carol chega! Montanha está chegando e não quero você caçando
confusão com ele. Montanha é solteiro, para com esse ciúme besta —
Clarinha me repreende, mas ela diz isso porque não sabe da missa nem a
metade.
—Eu não tenho ciúme dele — defendo-me.
— Não tem né Carol, sou eu e Clarinha que temos — Eva fala com
ironia.
O safado, sem vergonha, ordinário se aproxima com um sorriso
enorme no rosto.
— Meninas, vamos, encontrei um amigo e ele vai liberar a nossa
entrada, e o melhor vamos para o camarote — Montanha fala todo animado.
—Pelo menos prestou para alguma coisa — digo passando por
Montanha e puxando a frente.
Deixa, o que é dele está guardado, ele não perde por esperar.
Chegamos à portaria e acabo descobrindo que o amigo do Montanha
que ele disse ter liberado a nossa entrada na verdade é uma amiga metida a
segurança. Biscate.
Mal chegamos e ela se joga para cima do Montanha. Pistoleira.
— Dri, essas são as suas amigas? — a puta pergunta.
— São sim. Meninas, essa é Raquel. Raquel essa são Carol, Eva e

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Clara — Montanha apresenta a segurança rameira.


— Se são amigas do Dri, são minhas amigas também — a tal fala.
— Lógico, amigas do Adriano são minhas amigas também. Prazer
meninas sou o Marcos — Um segurança, loiro, alto de olhos verdes,
totalmente sexy em um terno preto, fala: Pelo visto minha noite começou a
melhorar.
— Marcos, lógico que sim. Amigo do Montanha é nosso amigo. O
prazer em te conhecer é todo meu — digo olhando para ele.
— Adriano precisa trazer vocês mais vezes para a festa. Pena que não
posso aproveitar a noite na companhia de belas moças.
— Digo o mesmo, pena que não posso desfrutar da sua companhia
hoje — provoco.
— Que conversseiro vocês dois hein. Vamos entrar logo Carol, e você
Marcão volte para o seu trabalho.
— Até mais Marcos, espero te encontrar novamente — digo.
— Quem sabe no fim da noite — Marcos fala dando uma piscada de
olho.
— Quem sabe — Mal consigo responder, Montanha coloca a mão na
minha cintura e me empurra para dentro da festa.
Se lá fora estava lotado, imaginem aqui dentro. Aquela rameira pelo
menos liberou o camarote. Serviu para alguma coisa.
A banda está tocando um sertanejo universitário, o povo na pista
dançando. Hoje eu quero me acabar de tanto dançar e de quebra arrumar um
gatão.
Eva me dá um cutucão, então olho para frente e vejo os dois casais
VaCamila e Ale, Dayana e Marcelo, sentados com cara de tédio, e logo na
frente da mesa deles uma mesa vazia. Isso faz eu e Eva rirmos da situação. A
cada minuto que passa essa festa fica melhor.

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— Vão contar por que estão rindo? — Clarinha pergunta.


Dou sinal para Eva e ela já sai em direção da mesa desocupada em
frente a dos casais alvo.
Aproximo-me mais de Clarinha.
— Então Clarinha, sei que você não quer nada com o Marcelo, mas
nós já achamos uma mesa — aviso.
— Não vai dizer que vamos sentar com eles de novo? Fala sério! Isso
não tem mais graça — Clarinha fala brava.
— Claro que não! — diz Montanha.
— Evinha, nossa flor já foi lá assegurar para que ninguém pegue o
nosso lugar. — Conduzo Clarinha até a nossa mesa.
Chegamos à mesa, e Eva aponta o banquinho para Clarinha sentar que
é bem de frente com Marcelo e Dayana.
— Ah suas safadas, era isso — Clarinha fala nos olhando feio.
— Relaxa Clarinha, só sentamos aqui porque eu quero dar um show
para o Alê ver — Eva fala rindo.
— Como boa amiga, irei ajudar — incito.
— Montanha pede duas Ice, uma dose de Red Label e um energético
— Clarinha pede.
— Vou pedir para o garçom as bebidas de vocês — Montanha fala
fazendo gesto chamando o garçom.
— Não! Isso é para mim, se as meninas quiserem peçam a bebidas
delas — Clarinha fala brava.
— Vai encher a cara mesmo? — Montanha pergunta.
— Não, só vou ajudar Eva a dar um show. — Pelo visto enfim
Clarinha entrou no clima.
— Nós três iremos dar um show hoje Montanha, então se prepare para
dar banho em mim — digo de forma irônica.

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— Me deixa ir buscar a bebida no bar porque esse garçom está


demorando — Montanha se levanta e vai rumo ao bar. Ele sabe que hoje é o
dia.
Ele volta com as nossas bebidas. Percebo que Clarinha está inquieta,
na cara está afetada com a presença de Marcelo.
— Eva vira logo porque o show vai começar — avisa Clarinha.
— Como assim mais já? — Eva pergunta confusa.
— Eva olha o toque da música. Se você quer fazer o show para
alguém tem que escolher a música certa para provocar — Clarinha fala, já
levantando e indo para a pista de dança do camarote.
Antes de caminhar até lá escuto Montanha falar: — Minhas três
meninas estão cruéis hoje. Vão lá quero ver a crueldade das três nessa pista.
— Você não vem — Clarinha pergunta.
— Não, vou apreciar a vista hoje.
— Aprecie bem então Montanha, essa é apenas a primeira de muitas
músicas que irei dançar hoje — aviso.
— Vai ter alguma em especial para mim, Ruiva? — pergunta.
— Quem sabe! — Dou de ombros e sigo para a pista de dança.
A música que toca é "Ela é Cruel " de Fernando e Sorocaba.

Quando ela chega a festa inteira para Aumenta o som pra ver ela
passar Apavorando, mas ela é cruel ...
E eu que achava que ela tava de olho em mim Que tava fácil, que
ela tava afim Não tava não, é que ela é cruel...

Conforme a música toca, eu faço meu show, sei que ele está me
olhando, dançando de forma sensual. Olho para todos os lados menos para
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Montanha, rebolo, mexo meu corpo e dou meu sorriso mais sexy, sem um
alvo certeiro.
Quando a música acaba, voltamos para a nossa mesa. Clarinha safada
até conseguiu um parceiro para dança.
— Arrasaram no show — parabeniza Montanha.
— O show ainda nem começou — aviso tomando minha bebida.
Conversamos coisas aleatórias, até que o carinha com quem Clara
estava dançado chega e senta na nossa mesa. Ele está todo assanhado por
Clarinha, mas ela nem da moral. Não se passa nem quinze minutos, e
Marcelo chega sentando do lado de Clara como macho alfa reivindicando o
seu lugar.
Rapidinho mostra para o carinha quem manda ali e o coloca para
correr. Marcelo puxa Clarinha para a pista de dança.
— Evinha, eu quero um macho alfa igual ao Marcelo — choramingo.
— Carol eu também — Eva fala. — Você viu a atitude dele?
— Homens igual ao Marcelo são raros, ele disse que quer ela e veio
atrás, não ficou em cima do muro como uns e outros — alfineto olhando para
o Montanha.
— Acho que ele terminou da Vaca Dayana — comenta Eva.
— Queria ter visto a cena. — Rio.
Clarinha volta à mesa com os olhos arregalados, pega a bolsa e diz
que vai no banheiro. Logo Marcelo se aproxima.
— Adriano, estou levando Clara embora hoje — Marcelo avisa.
— Ela não disse que iria embora agora — Montanha fala.
— Ela ainda não sabe que está indo embora. — Marcelo dá uma
piscadinha.
— Marcelo, eu vou deixar porque confio em você. Mas se você
machucar ou brincar com a Clara, quem vai sair com traumatismo craniano

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será você. Também irei quebrar as suas duas pernas para nunca mais ir atrás
dela — ameaça Montanha, todo protetor.
— Não vai ser preciso, pode confiar. Então até mais, tchau meninas
— Marcelo fala se despedindo e indo atrás da Clara.
— Está vendo Eva, precisamos achar um homem assim, igual
Marcelo — comento.
— Verdade Carol — Eva concorda.
— Tem homens assim, basta vocês quererem— Montanha fala.
— Eu não encontrei nenhum. Só uma lesma que não sabe o que quer
— alfineto.
— Nossa então você está com um carinha mesmo Carol? E ai ele é
bom mesmo? — Eva pergunta curiosa.
— Ele é bom sim, gostoso, viril, pinto grande e grosso. Mas tem um
defeito Evinha.
— Qual?
— É uma lesma, é lerdo que só ele. — Caio na gargalhada.
— Carol, vamos diminuir nessa bebida que você está ficando
alegrinha demais — Montanha fala de forma séria.
— O que foi Montanha eu não fiz nada, nem dancei — provoco rindo.
— Deixe ela beber Montanha.
— Se você continuar nesse ritmo vai querer dançar em cima da mesa
— Montanha me dá uma ótima ideia.
Percebo que começa a tocar a música da Anita "Deixa ele Sofrer"
— Mas não é que você me deu uma ótima ideia — digo levantando da
cadeira. Me aproximo dele e falo no seu ouvido. — Essa é para você. Agora
aprecie o show.
Subo em cima da mesa, e começo a cantar e a dançar a música de
Anita.

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Deixa ele chorar, deixa ele chorar Deixa ele sofrer Deixa ele saber
que eu tô curtindo pra valer Deixa ele chorar, deixa ele sofrer Deixa ele
saber
Falei, que pra mim ele não é rei Tudo que eu podia falei Não ia
ficar assim Se depender de mim Ele vai enlouquecer
Pode implorar meu prazer Que eu não vou me arrepender Eu não
sou tão fácil assim Já acabou pra mim
Falou pra todo mundo que não me quer mais Que amor e
compromisso não te satisfaz Agora feito bobo vem correr atrás Sai me
deixa em paz (sai me deixa em paz)
Agora se prepara, cê vai me encontrar À noite, nas baladas, em
qualquer lugar Com a pessoa certa, pronto pra me amar Pra me amar

Deixa ele chorar, deixa ele chorar Deixa ele sofrer Deixa ele saber
que eu tô curtindo pra valer Deixa ele chorar, deixa ele sofrer Deixa ele
saber
Falei, que pra mim ele não é rei Tudo que eu podia falei Não ia
ficar assim Se depender de mim Ele vai enlouquecer
Pode implorar meu prazer Que eu não vou me arrepender Eu não
sou tão fácil assim Já acabou pra mim
Então, falou pra todo mundo que não me quer mais Que amor e
compromisso não te satisfaz Agora feito bobo vem correr atrás Sai me
deixa em paz (sai me deixa em paz)
Agora se prepara, cê vai me encontrar À noite, nas baladas, em
qualquer lugar Com a pessoa certa, pronto pra me amar Pra me amar

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Deixa ele chorar, deixa ele chorar Deixa ele sofrer Deixa ele saber
que eu tô curtindo pra valer Deixa ele chorar, deixa ele sofrer Deixa ele
saber (deixa ele sofrer) Deixa ele saber
Conforme danço e canto, algumas pessoas chegam perto da minha
mesa e começam a gritar e bater palmas. Olho para Montanha, e vejo que ele
quer me matar com o olhar. É isso o que eu quero que ele sinta. Que sinta a
mesma raiva que eu sinto dele, por mim quero que ele chore, sofra.
No meio da música sou puxada de cima da mesa como uma boneca e
jogada nos ombros.
— O que você acha que está fazendo sua Lesma? — grito socando
suas costas.
— Cuidando do que é meu, porra!

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CAPÍTULO 18 – MONTANHA
Carol perdeu o resto de juízo que tinha. Ela sobe em cima da mesa,
começa a dançar e cantar olhando para mim, como se fosse um recado.
Tão linda tão gostosa. Fico em transe, olhando ela rebolando aquela
bunda gostosa conforme a batida da música. Como pode ser sexy desse jeito?
Essa Ruiva acaba comigo.
Alguns gritos do meu lado acabam me fazendo despertar do transe.
— GOSTOSA!
— TIRA TUDO!
— VEM QUE EU APAGO O SEU FOGO!
— CHUPA AQUI GOSTOSA!
— TIRA A ROUPA!
— PUTA!
Tem vários homens em volta da mesa, que Carol está dançando,
gritando e batendo palmas. Isso faz com que ela requebre mais, que dance de
forma mais sensual.
— Merda — resmungo.
Esse bando de vespas quer o que é meu.
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— Essa vai dançar na minha cama hoje.


Olho do lado e vejo que quem fala é Marcão.
— O que você disse? — pergunto olhando para ele.
— Que hoje como essa Ruiva de quatro na minha cama. Na entrada
ela deu em cima de mim e não vou perder essa. É gostosa pra...
— Filho da Puta — xingo dando um soco na sua cara, antes dele
completar a frase.
Ninguém rela no que é meu.
— Que isso Adriano? — diz limpando o canto da boca sujo de
sangue.
— Para você aprender a não ficar dando em cima de mulher minha —
grito para ele.
— Eu não sabia cara.
— Fica longe dela — aviso apontando o dedo para Carol.
Olho para a minha Ruiva e vejo que tem um cara prestes a pôr a mão
nela. Não penso. Puxo o cara e dou um soco na cara dele. Ele vem para cima
de mim.
— Se eu fosse você ficava quietinho e ia embora daqui — aviso em
tom de ameaça. Acaba funcionado, o cara se vira e some no meio da
multidão.
Carol está perdida no seu show particular, não tem noção da confusão
que está me fazendo causar. Vou acabar com essa palhaçada.
Não penso direto, a raiva me cega. Feito homem das cavernas a puxo
de cima da mesa e a jogo no meu ombro como se fosse um saco de batata.
— O show acabou — digo, mas ela parece nem escutar o que falo.
— Ah — Carol grita.
Não dou ouvidos e continuo andando. MULHER MINHA não vai
ficar fazendo show para um bando de marmanjo.

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Vou pôr um fim nessa birra dela hoje. Chega, cansei desse joguinho
que ela está fazendo. A raiva e o ciúme estão me corroendo por dentro. Não
fiz nada para que a Ruiva aprontasse isso comigo essa noite.
— O que você acha que está fazendo sua Lesma? — grita socando as
minhas costas.
— Cuidando do que é meu, porra!
— Não sou propriedade sua, seu idiota. Me coloca no chão agora! —
grita.
— Não!
— IDIOTA!
— Quietinha — Dou um tapa na sua bunda.
— Ai, seu filho de uma boa mãe.
— Montanha, coloca a Carol no chão; todo mundo está olhando —
Eva pede do meu lado, agora que lembrei que ela estava junto.
— Não! — digo olhando para Eva.
— Estou adorando o show de vocês dois, mas coloca a Carol no chão.
Montanha vocês podem conversar como duas pessoas normais — pede Eva.
— Ok, mas se ela fizer mais uma graça eu vou amarrá-la — ameaço.
— Se fosse em uma outra época iria adorar ser amarrada, seu babaca
— resmunga Carol.
— Adorooooo. Sexo violento — Eva diz morrendo de rir.
— Não começa Carol, minha paciência com você já foi para os
infernos — aviso. — Eva não coloca pilha.
— Vai à merda, Montanha — Carol grita.
— Vou pôr você no chão, mas estamos indo embora — aviso e a
coloco no chão ao meu lado.
— Já te disse que você não é o meu pai e não manda em mim. Não
vou embora agora — Carol teima ajeitando o vestido.

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— Chega de gracinha por hoje. — Seguro seu braço a impedindo de


voltar pelo caminho que a trouxe.
— Me larga! — Tenta se soltar.
— Dri, posso saber o que está acontecendo aqui? — Raquel pergunta
se aproximando.
— Nada! — Carol responde de forma ríspida.
— Falaram que uma das suas amigas se meteu em confusão —
comenta Raquel.
— Está tudo sobre controle Raquel — informo.
— Que bom, ou iria ter que por essa barraqueira para fora — Raquel
fala olhando para Carol.
— O que você disse? — Carol pergunta fuzilando para Raquel.
— Ruiva, calma — peço.
— Nossa Dri, não sei como você pode sair com qualquer uma. Você
era bem mais seletivo...
Paft... Vejo os cinco dedos da mão da Carol marcando o rosto de
Raquel.
— Esse tapa é para você parar de dar em cima do meu homem, sua
puta. — Paft, Carol dá outro tapa. — Esse por ter me chamado de
barraqueira. — Paft outro tapa. — Esse é porque eu quero.
Só o que me faltava para terminar a noite. Briga de mulheres.
— SUA GALINHA! — Raquel grita indo para cima de Carol.
— Vem cá, seu filhote de cruz credo que vou te mostrar quem é
galinha — Carol grita puxando o cabelo da Raquel.
— Monta em cima dessa vaca bandida! — Eva incita.
Carol derruba Raquel no chão e monta em cima dela. Enquanto
Raquel se debate embaixo da Carol.
— Arrebenta a cara dela Carol — Eva grita do meu lado, toda

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animada.
— Eva?! — A fuzilo, pois não está ajudando em nada.
— O que foi? Faz tempo que não vejo uma briga. Vai Carol bate mais
— Eva incentiva.
Quando volto a olhar, Carol está distribuindo tapas na cara de Raquel.
— Merda — xingo indo em direção as duas para separar a briga.
— Não! — Eva puxa meu braço. — Deixa a Carol bater mais um
pouquinho.
— Eva?!
— Ela chamou minha amiga de barraqueira e galinha — Eva fala
indignada.
— Isso já passou dos limites.
— Raquel que começou — acusa.
— Deixa eu separar essas duas — aviso balançando a cabeça, não
posso acreditar em uma coisa dessas.
— Estraga prazer — Eva resmunga e mostra a língua.
— Já chega! — Pego Carol pela cintura e a puxo para longe de
Raquel.
— Me solta, deixa eu dar uma lição nessa lacraia — Carol grita se
debatendo.
— Galinha! — Raquel grita se levantando do chão.
— Quer apanhar mais um pouquinho né sua vadia! — Carol grita
tentando se solta dos meus braços. — Espera ai que vou te dar o que você
está querendo sua vadia.
— Raquel chega, PORRA — grito.
— Não sei como você pode dar tanta moral para qualquer uma?! —
Raquel fala.
— Oh sua quenga de galocha, não sei se você percebeu, mas vou falar

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bem devagar. EU NÃO SOU QUALQUER UMA. Aceita que dói menos.
— É uma oferecida — acusa Raquel.
— Cala a boca Raquel, Carol não é igual a você cacete — grito para
Raquel.
— PIRANHA!
— Toma aprendiz de Vaca de Segurança! — Eva fala rindo.
— Te disse, vadia, que não sou qualquer uma. Ele é meu você está
entendendo. MEU! — Carol grita.
— Não é possível que você tenha um caso com essazinha ai?! — diz
Raquel indignada.
— Não fala assim dela. Com quem saio ou deixo de sair não é da sua
conta.
— Isso não vai ficar assim. Vou processar essa aí por ter me agredido
— ameaça Raquel.
— Pode fazer isso vadia, pois vou adorar quebrar a sua cara de
piranha de novo — Carol fala.
— Faça o que quiser Raquel, mas lembre-se que sou um dos donos da
empresa que você trabalha — aviso.
Raquel fica alguns segundos nos observando, mas sei que ela
entendeu o recado. Não vou deixar ninguém passar por cima da minha ruiva,
mesmo que eu tenha que usar a minha influência na empresa do meu pai.
— Vou por vocês para fora. Já arrumaram muita confusão por hoje.
Principalmente essa aí. Você sabe que merece algo melhor — Raquel avisa
de forma mais branda.
— Por merecer algo melhor que você Raquel, que estou com a Carol
— digo colocando a mão na cintura da minha ruiva.
— Toma. Poderia ter dormindo sem essa, oferecida — Carol provoca
olhando para Raquel e rindo. Essa ruiva não existe.

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Caminhamos até o estacionamento, abro a porta para Carol e Eva


entrar. Dou a volta sento e começo a dirigir.
Alguns minutos se passam e ninguém fala nada.
— Então? — Eva fala quebrando o silêncio.
— O quê? — Carol faz-se de desentendida.
— Você dois não vão explicar aquela cena lá da boate? — Eva
questiona.
— Não fiz nada — Carol cruza os braços, fingindo inocência.
— Foi eu que subi na mesa e estava querendo tirar a roupa — ironizo.
— Estava apenas dançando — diz.
— Dançando e cantando. Amiga você deu um show — Eva fala
batendo palmas animada. — Clarinha perdeu.
— Eva não começa — peço.
— Não fiz nada — resmunga Eva.
— Você estava a ponto de ser agarrada por marmanjos que estavam
vendo o seu showzinho — digo olhando feio para Carol.
— Nossa eu ia adorar — provoca.
— Pode parar com essas suas gracinhas já aprontou demais por hoje
— aviso de forma séria, para que entenda que isso já perdeu a graça.
— Eu aprontei? — pergunta dissimuladamente.
— Você sim. Diz para que fez tudo isso? — questiono tentando
entender.
— Você que começou — Carol acusa irritada.
— Eu?
Ela está louca. Não fiz nada naquele caralho de festa. Ela que chegou
dando moral para o Marcão e depois subiu em cima da mesa.
— Você mesmo que ficou se esfregando naquela rameira — Carol
fala brava.

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— Está louca Ruiva, já sai com a Raquel, mas isso faz tempo. Não
tenho mais nada com ela — digo nervoso. De onde ela tirou isso?
— Estava na cara que já tinha comido ela — comenta.
— Já sai, mas foi antes da gente começar a ser envolver cacete. Bem
antes — tento me explicar.
— Então como você me aparece com o pinto duro do nada Montanha
— Carol acusa.
— Meu pau estava duro, por causa de você e desse pedaço de pano
indecente que você chama de vestido. Você queria o quê? Não me deixou
gozar da última vez — grito de volta.
— Santa Periquita do buraco fundo. Só está faltando pipoca — Eva
fala rindo no banco traseiro.
— Cala boca, Eva — Carol grita.
— Podem continuar, finjam que não estou aqui.
— Não venha com essa desculpa esfarrapada, Montanha — Carol
grita.
— Não sei por que você está me questionando? Sendo que você
estava dando em cima do Marcão assim que chegamos a essa merda de festa.
— E daí? Eu sou solteira — diz cruzando os braços.
— Porra Carol! — grito batendo a mão no volante. — Você não está
solteira porra nenhuma. Já passou da hora de você parar com esse joguinho.
— Não estou jogando.
— Então para com essa birra — grito de volta. — O que você acha
que estava fazendo? Ficou a semana toda me ignorando para aprontar isso
hoje?
— Já disse não aprontei nada. Se eu tivesse aprontado você não teria
nada a ver com isso.
— Chega Ruiva. Não aguento mais isso. Hoje vamos conversar e

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coloca um ponto nesse rolo nosso — digo estacionando o carro. — Desce


Eva.
— Não quero! — Eva resmunga cruzando os braços.
— O quê? — Olho para Eva que permanece sentada de braços
cruzados.
— Eu quero saber o final dessa novela. Caramba vocês dois
esconderam da gente, esse tempo todo que estavam juntos.
— Saiba Eva que não foi por causa de mim. Culpa desse bunda mole
— Carol acusa olhando para mim.
— Está tão emocionante a briga dos dois. Podem continuar, vou ficar
quietinha — Eva fala fazendo o sinal da cruz com os dedos e beijando. — Eu
juro.
— Eva, por favor, hoje não. Já basta o que a Carol aprontou. Vai,
entra logo. Preciso conversar com ela sozinho.
— Carol, promete que vai me ligar me contando o que aconteceu? –
Eva pergunta.
— Você vai ficar sabendo Eva, afinal você vai ser convidada para o
enterro do Montanha — Carol fala.
— Nossa que delícia. Vai rolar sangue vai? — Eva pergunta.
— Eva chega. Desce desse carro antes que eu te arraste até a sua casa
— ameaço.
— Nossa, que violência. Carol ele é violento na cama assim também
é? — Eva pergunta.
— Oh se é — Carol fala rindo.
— O pinto dele é grande e o grosso também? Sempre tive curiosidade
para saber.
— CHEGA EVA! DESCE DESSE CARRO OU VOU TE TIRAR
DAÍ.

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— Grosso! — Eva reclama descendo do carro. — Depois me conta


tudo Carol, tchau para você também. ADRIANO.
Eva desce do carro, espero ela entrar na sua casa, e volto a dirigir. O
silêncio reina no carro. É bom para que eu possa me acalmar um pouco.
Chego na república, abro a garagem e estaciono o carro. Abro a porta do
carro para Carol descer.
Coloco minha mão na sua cintura, mas ela se esquiva. Então a puxo e
a seguro firme nos conduzindo para o interior da república.
Os caras estão todos na sala, jogando.
— Adriano, não quer se juntar a nós? Tem cerva na geladeira —
Maicon convida.
— Não obrigado. Vem — falo puxando Carol.
— Apresenta sua amiga pra gente — Ricardo fala olhando Carol com
malícia.
— Será um prazer desfrutar da companhia dela — Maicon acrescenta.
— O prazer vai ser um soco na cara de cada um de vocês. Se não
pararem de secar minha mulher. Já estou avisando que hoje não estou com
paciência — ameaço apontando o dedo.
— Ok. Já entendemos, não precisa ficar nervoso — Ricardo levanta
as mãos.
— Assim espero. Não vou avisar de novo.
Conduzo Carol até o meu quarto. Ela entra e fecho a porta, ela
caminha até a cama e senta cruzando os braços.
— Então? — pergunta olhando para mim.
— Já estou avisando. Você só sai desse quarto quando resolvermos a
nossa situação. Não aguento mais ficar desse jeito.
— Não estou nem ai. Por mim não tem nada para resolvermos — fala
petulante.

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— É o que veremos Ruiva!

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CAPÍTULO 19 – MONTANHA
Esse jogo de desejo não pode continuar, preciso pôr um fim nisso,
está me corroendo por dentro. A Ruiva hoje passou de todos os limites
suportáveis. Chegou a hora de dar um rumo nesse jogo. Dar um rumo em
minha vida.
— Está na hora de resolvermos essa nossa situação — digo olhando
em seus olhos.
— Já disse, não existe nossa situação. Não tenho nada com você!
— Você sabe muito bem que não é bem assim, Ruiva — Puxo a
cadeira e me sento na sua frente. — Hoje a gente se resolve.
— Ai ai, lá vem você com essa ladainha de novo — Carol fala
deitando na cama e olhando para o teto.
— Ruiva eu gosto de você. Quer dizer eu não... Eu não gosto de você
— digo confuso.
— Blá, blá, blá já estou cansada de ouvir isso. Muda o disco
Lesmontanha.
Não me importo com o seu tom irônico e tento me explicar, ela
precisa entender o que sinto, mas essa é teimosa feito uma mula empacada.
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— É algo mais além, não sei definir e nem explicar com palavras.
Essas malditas somem quando se trata de definir o que sinto por você.
— Você gosta de mim, mas não sabe definir é isso? — Carol fala
levantando da cama e me encarando.
— É exatamente isso, Ruiva.
— Ah! Por favor, eu não vou ficar ouvindo isso, se você não sabe o
quer, não sabe o que sente segue a sua vida e esqueça que eu existo. Cansei!
Chega! Não sou eu que vou ficar te mendigando atenção, sexo, carinho ou
amor. Eu cansei tá. Cansei de você e do seu papo furado. Vê se não te mete
mais na minha vida, toma o seu rumo — grita nervosa, indo em direção à
porta.
A seguro pelo braço e a puxo para mim, coloco uma mão em seu
rosto.
— Já acabou? — pergunto olhando em seus olhos.
Ela solta o ar que segurava e apenas confirma com a cabeça.
— Agora senta ai e me escuta — peço apontando para a cama.
— Para que te ouvir, já sei o que vai falar — resmunga indo em
direção à cama. — É sempre a mesma coisa...
— CALA BOCA E ME ESCUTA, PORRA!
— O quê? Quem você pensa que é seu idiota arrogante!?
— Eu sou o homem que você ama. Estou tentando falar com você,
mas você não sabe ouvir, prefere ficar colocando palavras em minha boca.
— Fala. Estou ouvindo.
— Primeiro, aprenda a não ficar colocando palavras na minha boca,
segundo para de ser esquentada e me escuta sem me interromper.
— Já mandei você ir à merda hoje? — Levanta da cama de novo e
aponta o dedo na minha cara.
Para conversar com a Carol tem que ter o saco maior que o do papai

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Noel. Haja paciência para tanta birra e petulância.


— Chega! Senta ai e fica quieta, ou vai querer que eu te amarre nessa
cama para você ficar quieta e de preferência com a boca amarrada. Você
escolhe, eu deixo — ameaço cruzando os braços e olhando para ela.
— Ok senhor Adriano, mas veja bem o que vai falar porque essa é a
última vez que vou te escutar. — Carol avisa sentando na cama, e me
olhando com desdém.
Oh mulher teimosa.
— Então, como eu disse. Não sei o que sinto por você. Não é balela,
ou estou falando isso para te enganar. Durante muitos anos eu acreditei que
amava a Dayana, ela era doce, meiga e eu era completamente louco por ela.
No pior momento da minha vida quando mais eu precisei dela, ela me
mostrou uma face que eu não conhecia. Fria, seca, orgulhosa, interesseira,
mesquinha, cruel. Aquela garota que eu achei que amava não era real, ela não
existia. Algumas semanas depois descobri que ela poderia ser ainda mais
cruel abortando o nosso filho. Depois de tudo de ruim que aconteceu a morte
de Mary, a perda do meu filho e a desilusão com Dayana, pensei que não era
capaz de gostar e me envolver sentimentalmente com outra pessoa. Confesso
que tive sorte de Deus colocar três anjos em minha vida. Clarinha, Eva e
principalmente você. Que desde o primeiro dia meu coração bateu mais
acelerado. Tão linda, sensual, perfeita. Mas você me apareceu em um
momento tão delicado da minha vida. Estava confuso e quebrado em mil
pedaços. Tente me compreender Ruiva, em um momento eu estava tentando
me reerguer, seguir minha vida e esquecer a dor de tudo, não estava com
cabeça para pensar em relacionamento, mas você junto com as meninas me
fizeram enxergar que mesmo em momentos que você está no fundo do poço
desacreditado de tudo, Deus coloca as melhores pessoas na sua vida para a
gente ver que ainda há esperança, que sempre há um recomeço. Vocês três

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foram o meu recomeço, me deram forças para continuar, a amizade de vocês


é o meu bem mais precioso, valorizo muito, sempre farei de tudo para
preservar e fortalecer essa amizade.
— Eu sei disso, mas nunca quis ser apenas a sua amiga.
— Esse é o problema. Amo vocês três como irmãs, como amigas.
Mas com você sempre foi mais que amizade, o tempo se encarregou de
confirmar que aquela atração que eu senti no momento em que coloquei os
olhos em você não era uma simples atração. Conforme o tempo foi passando
o desejo que sentia por você só foi ficando mais forte e quando eu dei por
mim, não sabia o que fazer. Mesmo desejando você, a vendo de forma
diferente eu não poderia abrir mão de um sentimento lindo e puro como a
amizade, por uma atração, por uma foda, mesmo sendo uma foda incrível.
— Então é isso que sou para você Adriano? — Carol se levanta com
os olhos marejados. — Uma foda incrível?
— Ei, não... — digo a puxando para os meus braços. — Eu não
acabei, me deixa terminar de falar e me ouve teimosa.
— Não quero ouvir mais nada — diz tentando sair dos meus braços.
— Não vou deixar você sair até eu acabar de falar. — A aperto em
meus braços a impedindo de se mexer. — Você não é apenas uma foda
incrível. Ruiva, é sim uma foda deliciosamente incrível sem nenhuma igual,
mas além de ser essa foda incrível, você é muito, além disso. É pensando em
você que acordo todas as manhãs, você é o motivo de todos os meus sorrisos,
se tornou a alegria do meu viver.
— O que você está querendo me dizer? — pergunta confusa.
— O que eu quero te dizer, é que eu estou perdidamente apaixonado
por você, Ruiva. Por mais que eu tenha medo de tudo isso, ou do que possa
acontecer eu quero você. Apenas você. Quero que todos saibam que você é
somente minha e eu sou seu — confesso olhando em seus olhos.

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— Seu idiota. É uma lesma mesmo viu. Lesmotanha do caralho, viu.


— Ruiva, eu me declaro pra você e é assim que você me trata, era
para você falar coisas bonitas — digo confuso.
— Fique sabendo que eu não sou igual a cadela da Dayana, só de
pensar no que ele fez você passar eu tenho vontade de chamar a minha mão
de vergonha e meter na cara daquela desclassificada para ver se ela toma
vergonha naquela cara de piranha. Iria fazer pior do que fiz com Raquel.
— Ruiva, você está doida? — Me declaro todo e ela fala essas
coisas?
— Cala boca, agora eu que estou falando — fala olhando para mim.
— Mas o duro que tenho que agradecer aquela vaca no cio, pois foi por causa
de tudo que ela fez você passar que os nossos caminhos se cruzaram e pude
conhecer esse homem maravilhoso e protetor que você é. O melhor de tudo
solteiro, gostoso, com pau grande feito na medida só para mim.
— Carol o que você está querendo dizer. Não estou te entendo?
— Eu também te amo muito. Eu sei que você não disse que me ama.
Mas, disse que está apaixonado o que já é ótimo, para quem não sabia o que
queria da vida. — Carol ri e chora ao mesmo tempo.
— Não esculacha, Ruiva. Você não quer ficar comigo é isso?
— Eu quero muito ficar com você, quero fazer você feliz, eu amo
meu leão. — diz jogando os braços em volta do meu pescoço.
— Ufa, do jeito que você é doida pensei que estava levando um pé na
bunda — conto dando um beijo em sua testa.
— Agora vamos fazer as pazes adequadamente?! — sugiro abrindo os
botões da minha camisa. — Que jeito você quer?
— Sabe aquela história que você iria me amarrar em sua cama?
— Sei...
— Eu iria adorar — fala toda manhosa e sorridente.

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— Isso vai ficar para outro dia, Ruiva.


— Como é que é? E a foda de reconciliação?
— Não vai ter.
— Está de brincadeira né. Agora que a gente se acertou não vai ter
foda?
— A foda pode ficar para amanhã Ruiva, amanhã te amarro nessa
cama e te fodo do jeito que você desejar. Mas hoje eu quero apenas fazer
amor com você, venerar cada parte do seu corpo, sem pressa, sem culpa. Me
deixa te fazer minha, minha mulher, minha vida.
Seguro seu rosto e a beijo, um beijo casto, suave, delicado, diferente
dos beijos cheios de fome e desejo de costume. Mas um beijo cheio de
carinho e afeto, um beijo cheio de promessas e juras de amor.

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CAPÍTULO 20 — CAROL
Sinto o cheiro do seu perfume, é um sonho que eu não quero acordar,
sinto seu peso sobre meu corpo. Isso não pode ser apenas um sonho. Com
medo e rezando baixinho para que não seja fruto de um sonho, abro meus
olhos lentamente, viro a cabeça para o lado e o vejo na sua plenitude,
dormindo como um menino, lindo e sereno. Solto o ar preso em meus
pulmões. Não foi apenas um sonho, foi tudo real. Fico quietinha o
observando e relembrando tudo o que aconteceu. Ainda não amanheceu.
Poderia ficar horas e horas observando o amor da minha vida.
Ainda estou eufórica, parece mentira, mas foi tudo verdade, não foi
apenas um sonho, é real. Meu Lesmontanha se declarou para mim.
Acho que agora não posso mais chamá-lo de "Lesmontanha", pois
convenhamos que depois da sua confissão ele me surpreendeu e de uma
forma maravilhosa. Mas, quando estiver brava vou chama-lo de Lesmontanha
só para não perder o costume. Não vai achando que fiquei mole só por causa
da declaração. Ele não fez mais que obrigação em se declarar, faz anos que já
estávamos nesse chove e não molha e ele em cima desse muro. Esse idiota
gosto... Ah quem eu quero enganar, estou molinha, molinha, ainda mais
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depois dessa noite, posso garantir que ele não tinha nada de Lesmontanha.
Não é segredo para ninguém a minha atração por Montanha, atração
essa que só veio a crescer e hoje posso afirmar que estou perdidamente,
enlouquecidamente caindo de amores por ele. Tudo é muito intenso. Intenso?
É lógico! Afinal sou intensa e quente igual a cor do meu cabelo. Uma Ruiva
intensa, não sou mulher de meia boca, que para uns é visto como elogio,
outros veem como defeito. Enfim, não podemos agradar a todos, não é
mesmo! Então foda-se.
Mas, voltando ao que interessa, depois de ouvir o que tanto queria,
saber que Montanha também sente algo por mim. Mesmo que seus
sentimentos não sejam tão intensos e fortes como os meus. Saber que ele
sente algo por mim, parecido com o que sinto por ele me deixa imensamente
feliz. Montanha me levou ao céu essa noite. Fui ao céu e peguei na mão do
todo poderoso com a nossa primeira noite de amor como namorados, porque
óbvio que depois de todas as coisas que ele me falou ele não seria uma lesma
assumida se não me pedisse. Aquela conversa de " nada de foda de
reconciliação " foi esquecida rapidinho e acabamos por nos perder um no
outro. Não foi o sexo, puro e carnal incrível como de costume. Foi muito
melhor, me senti amada, venerada, me entreguei de corpo e alma. Nunca foi
tão perfeito como essa noite. Não sei se é porque existia tantos sentimentos
envolvidos, mas essa noite de amor como ele mesmo disse, sem dúvidas foi a
melhor de todas e absolutamente não vai ser a última. A maneira como ele
me beijou, me acariciou, as belas palavras sussurradas enquanto me
penetrava, as promessas de amor mensuradas em cada investida e o suor dos
nossos corpos acompanhados de gemidos em busca do nosso êxtase e quando
alcançamos o ápice da paixão foi uma confirmação de todos os momentos
bons que nos aguardam e que todas as situações e circunstâncias que a vida
impõe em nosso caminho tem uma razão maior.

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Eu não passei por muitos momentos ruins para estar aqui, não tenho
acontecimentos drásticos em minha vida (graças a Deus), mas sei que o
Montanha teve os dele. Momentos esses que não sei se conseguiria enfrentar
se fosse comigo e é por isso que estar aqui nos braços do homem que eu amo
o olhando nesse momento me faz ter a certeza que vou fazer de tudo para
fazê-lo feliz e para que ele venha me amar... Eu não sou uma mulher boba,
não é porque eu estou perdidamente apaixonada, amando, arriada com os
quatros pneus por ele que fiquei cega ou idiota! Pois o safado do senhor
Adriano não me ama, apesar de estar apaixonado, mas sabemos que há uma
enorme diferença entre amar alguém e estar apaixonada e apesar de estar
demasiadamente feliz tem o bichinho da insegurança atormentado meu
inconsciente. Como se lesse meus pensamentos os lindos olhos azuis se
abrem e ele me dá um sorriso mais lindo. Me puxa ainda mais para si.
— O que está passando nessa cabeça linda? — Como não respondo
ele passa a mão na minha testa. — Seja o que for essa ruguinha de
preocupação não fica bem em você, Ruiva!
— Não é nada meu Leão — digo manhosa com um sorriso tímido.
Com um movimento rápido, Montanha rola para cima de mim,
sustentando seu peso em um braço, com o outro sua mão acaricia meu rosto.
— Ruiva, eu conheço você. Sei que algo está martelando nessa
cabecinha, mas seja o que for, vamos deixar para amanhã, eu quero muito
que a gente dê certo, quero fazer você feliz e ser feliz porque a gente merece
e agora eu mereço aproveitar bastante dessa moça linda, gostosa e sensual
que é apenas minha — fala mordendo meu pescoço, roçando de leve a sua
barda que me faz gargalhar. Aquele arrepio gostoso percorre por todo o meu
corpo.
— Vai aproveitar mesmo de mim é? — pergunto risonha.
— É isso que estou querendo fazer. Tenho certeza que você vai gostar

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— provoca o safado.
— Que coisa feia — digo enrolando minhas pernas em sua cintura e
Montanha encaixa seu pau na minha boceta e me beija. Um beijo cheio de
lasciva e desejo e assim mais uma vez nos perdemos nos braços um do outro.
Acabamos dormindo de novo. Acordo com um corpo grande em volta
do meu, estou literalmente presa e não é no sentido figurado.
Montanha é enorme, todo trabalhado nos músculos distribuídos nos
lugares certos, uma obra de arte de invejar qualquer Picasso e ainda tem esse
cabelo um pouco abaixo dos ombros que faz do homem um tesão, um convite
ao sexo explícito e o pau, gente o sonho de qualquer mulher que gosta de
homem, mas não vou ficar falando dos dotes do meu homem.
Me remexo tentando me soltar dos braços e pernas enrolados em
mim, o que é quase impossível, até que desisto e acabo o cutucando para
acorda-lo já que estou morrendo de vontade de fazer xixi.
— Montanha, amor, acorda. Eu preciso ir ao banheiro e não consigo
me soltar...
— Ruiva, não acredito que você está me acordando pra isso, eu pensei
que você queria fazer sexo gostoso pela manhã, nosso primeiro sexo matutino
— Montanha fala com sua voz rouca de quem acabou de acordar, esfregando
sua ereção em minhas coxas.
— Sério, Montanha eu preciso ir ao banheiro e também estou muito
dolorida, você acabou comigo na noite passada, nada de sexo matutino.
Agora já é tarde— falo o empurrando.
— Ruiva estraga prazer — reclama me soltando. — Vai lá, já está me
negando o que é meu por direito. — Montanha fala rindo e sai de cima de
mim o que me faz levantar e sair correndo para o banheiro ao som de sua
gargalhada.
Olho-me no espelho e vejo minha cara de quem foi bem fodida a noite

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inteira, estou acabada, mas com o sorriso de orelha a orelha.


Quando estou fazendo xixi, lembro-me da nossa noite, fazendo meu
coração disparar.
— PUTA QUE PARIU! FODEU TUDO AGORA! — xingo em voz
alta.
Muita calma nessa hora. Calma Caroline, não vamos nos desesperar,
só parei de tomar o anticoncepcional essa semana, só transamos algumas
vezes essa noite, tudo bem que ele gozou dentro todas as vezes. Mas isso não
quer dizer que vou engravidar assim né?!
— Calma Carol você não vai ficar grávida — digo comigo mesma
tentando ficar calma, até porque não estou no meu período fértil e não tem
problema. Escovo meus dentes com a escova do Montanha e quando vou
entrar no box dois braços fortes me abraçam pela minha cintura e cheira meu
pescoço sussurrando em meu ouvido: — Te desculpo pelo sexo matinal. Mas
você não vai se livrar do nosso primeiro banho juntos como namorados.
E assim mais uma vez, meus medos e preocupações se vão e me perco
nos braços do homem que amo...

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CAPÍTULO 21 – MONTANHA
Enfim consegui enfiar na cabeça dura da Ruiva, que sinto por ela algo
a mais que amizade, não sei se o que sinto é amor, mas posso dizer que esse
sentimento que tenho por ela é bem próximo. Vamos ver no que isso vai dar,
a única coisa que tenho certeza, é que não posso ficar longe dela.
Passamos o domingo juntos, levei ela para almoçar, depois fomos ao
cinema assistir uma comedia romântica. Programas de namorados mesmo
não sabendo o que somos nesse momento. O importante é que eu e Ruiva
estamos juntos.
Hoje, segunda-feira, estou a caminho da casa da Ruiva para irmos
para a faculdade juntos. Estaciono o carro em frente à sua casa e buzino, não
demora ela aparece vestida com uma saia que parece mais um cinto de tão
curta.
— Pode me dizer que roupa é essa? — digo para ela assim que entra
no carro.
— Oi para você também — fala me dando um beijo quente cheio de
promessas.
— Só por causa desse beijo te desculpo. O bom desse pedaço de pano
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é que minha mão tem livre acesso — digo passando as mãos em suas pernas.
— Precisamos buscar a Eva.
— Não estou a fim não, ela vai querer fazer uma entrevista completa
— resmungo dirigindo.
— Larga de ser besta Montanha, ela é nossa amiga.
— Se eu for buscá-la o que ganho com isso?
— Uma coisa bem gostosa — Ruiva fala com a mão por cima do meu
pau massageando.
— Então vamos buscar logo a Eva, pois estou doido para cair de boca
nessa coisa gostosa.
Ruiva continua massageando meu pau, com uma mão dirijo para a
casa de Eva e com a outra mão coloco na sua perna. Minha mão vai subindo,
afasto sua calcinha e meu dedo invade sua intimidade.
— Ah — geme baixinho.
Tiro meu dedo para poder trocar a marcha do carro, mas logo invado
sua intimidade novamente. Massageio seu clitóris, enfio mais um dedo,
quando vou tirar para trocar a marcha novamente ela segura a minha mão.
— Não tira, continua... — sussurra.
— Preciso trocar a marcha.
— Eu troco, é para segunda?
— Segunda.
Ela troca a marcha e meus dedos continuam em sua intimidade,
invisto mais duas vezes, e a minha ruiva se contorce e goza em meus dedos.
Tiro meus dedos de sua intimidade levo até a boca e chupo.
— Tem um sabor delicioso, Ruiva — digo olhando para ela, que
agora está molinha.
— Eu sei.
— Está fraquinha hein, nem parece que passamos ontem juntos

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parecendo dois coelhos.


— Meu amor isso foi ontem, hoje é hoje, só esse dedo seu não me
satisfez não. Depois da aula quero ser bem fodida e com o seu pau, dedo é
fino demais, mas é melhor que esperar até a noite.
— Gulosa.
— Minha boceta é bem gulosa mesmo e está doida para engolir seu
pau todinho.
— Acho melhor darmos a volta e irmos para a minha casa.
— Bem que eu queria, mas já estamos chegando para pegar a Eva.
Estaciono o carro na frente da casa de Eva e buzino, enquanto ela não
vem aproveito para beijar a minha Ruiva.
— Oi casal — Eva cumprimenta entrando no carro.
— Oi Eva — digo desanimado, pois sei que o interrogatório vai
começar.
— E ai vão me contar o que tem entre vocês dois? Olha, porque
aquela briga de vocês foi um babado enormeeeeeee — Eva fala animada.
— Evinha minha flor, eu e Carol estamos juntos, isso já faz algum
tempo. Eu gosto dela, ela gosta de mim, pronto — explico tentando pôr um
ponto final no assunto.
— Mas esse rolinho de vocês faz tempo? — Eva é a legitima
brasileira, não desiste nunca.
— Faz Eva — Carol afirma.
— Caramba, como eu e Clarinha não tínhamos percebido isso — Eva
se questiona pensativa.
— Evinha, vamos mudar de assunto, você já sabe agora chega.
— Vou contar outro babado, então — Eva fala.
— Está saindo uma baita de uma fofoqueira hein — acuso.
— Montanha, deixa a menina. Ai Eva o que você descobriu? — Carol

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pergunta curiosa.
— Então menina, o Ale me chamou ontem para dar uma volta no
parque das nações...
— Ai você deu uns amassos nele?! — Carol fala sorridente.
— Bem que eu queria, mas não é isso.
— Desembucha logo e fala— pede Carol impaciente.
— Continuando, chegando ao parque eu e Ale damos de cara com
Marcelo e Dayana vaca chifruda.
— Eita pega Evinha, e ai? — Carol pergunta curiosa.
— Sei não, mas acho que a Vaca chifruda levou um pé na bunda do
Marcelo, ela parecia uma vaca louca de tão brava — Eva fala entre risos.
— Será?
— Vamos — digo interrompendo a conversa das duas fofoqueiras.
— Já chegamos? — Eva reclama.
— As duas ficam falando da vida dos outros que nem perceberam que
chegamos — digo descendo do carro.
— Vai à merda Montanha — Carol me xinga.
— Carol, o que eu estava dizendo que vamos saber o que aconteceu
hoje, será que Clarinha fisgou o gato do Marcelo — Eva comenta.
— Eva, tenho pena dele viu, Clarinha não namora, todo mundo sabe
disso.
— Eu acho que Marcelo consegue dobrar aquela baixinha marrenta
— comento.
— Olha o fofoqueiro resolveu fazer parte da conversa — Ruiva
zomba sarcástica.
Caminhamos até os bancos que costumamos ficar. As duas, doidas
para falar com Clarinha e saber qual foi o destino de Dayana.
— Ai meu Deus — Eva solta um gritinho.

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— O que foi doida?


— Olha lá o novo casal da faculdade chegando — Eva aponta.
Marcelo e Clarinha estão vindo na nossa direção de mãos dadas como
um verdadeiro casal e lógico as meninas os colocam em uma sabatina para
saber tudo o que aconteceu.

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Mais tarde quando vou deixar Carol em sua casa, sinto que ela está
quieta demais e sei que algo a está incomodando.
— Ruiva, aconteceu alguma coisa? — pergunto ao estacionar em
frente à sua casa.
— Aconteceu.
— O quê? — Aliso seus cabelos.
— Você disse que iria me foder hoje com o seu pau, mas ao invés
disso me trouxe para casa, isso não é justo.
— Então você está bravinha por isso?
— Não estou brava.
— Não?
— Não. Eu estou excitada — diz de forma sensual.
— O que podemos fazer em relação a isso? — digo a puxando para
montar no meu colo.
— Adivinha?
— Acho que já sei o que posso fazer. Posso dizer que estou gostando
dessa saia.
Rasgo as laterais de sua calcinha, com uma mão massageio a sua
bunda enquanto com a outra abaixo sua blusa para ter acesso ao seu seio. O
chupo até que o bico fique rígido, dou a mesma atenção ao outro enquanto
minha mão sai da sua bunda e começa a massagear o seu clitóris.
— Assim está bom? — pergunto com a voz rouca.
— Não — fala manhosa.
— O que está faltando, Ruiva?
— Isso — diz abrindo o zíper da minha calça e liberando a minha
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ereção.
— É todo seu, Ruiva, pode brincar a vontade com seu brinquedinho.
— É tudo que desejo nesse momento.
Assim começa a nossa noite. Aonde isso vai parar não sei, hoje estou
nas mãos dela, ela que faça o que quiser de mim, sou dela...

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CAPÍTULO 22 – MONTANHA
— Preguiçinha, preguiçinha. Vamos acordar! — tento acordar minha
Ruiva.
— Não quero. — Cobre a cabeça com o edredom.
Puxo o edredom, passo a mão em seu cabelo, desço e deixo a mão em
sua cintura, deposito beijos em seu pescoço.
— Me deixa dormir — reclama, vira-se de costas e rebita a bunda.
— Assim você judia, arrebitando essa bunda gostosa é sinal que quer
ser acordada — fala a abraçando.
— Não quero — geme manhosa.
— Quer sim! — A aperto mais em meus braços.
— Montanha?
— Hum.
— Tem uma coisa furando minha bunda.
— Nem te conto o que é.
— Safado!
— Vem Ruiva, seu parque de diversão está pronto para você.
— Não quero.
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— Não estou te reconhecendo. Faz mais de quinze dias que você me


usa e abusa, mas esses dias está em uma preguiça.
— Hum... Sono, muito sono — fala se espreguiçando.
— Estou percebendo — digo sentando na cama e escorando as costas
na cabeceira.
Carol puxa o edredom, e se enrola nele igual uma gatinha manhosa.
Essa última semana ela só come e dorme, está em uma preguiça. Acho que é
verme a única explicação.
— Leãozinho!
— Hum.
— Queria comer um docinho.
— Eu tenho um pirulito aqui debaixo desse edredom, serve esse —
provoco animado.
— Não, queria doce de doce mesmo.
— Você está doida? Olha a hora?
— Eu sei — Vira para mim, abraça pela cintura. — Mas queria tanto
um docinho.
— Está muito cedo Ruiva, nada de doce. Você também está comendo
muito doce, por isso está nessa preguiça.
— Credo, só queria um docinho. — Beija meu abdômen. — Por
favor, só um docinho, juro que não te peço mais nada.
— Não vai pedir mais nada nunca mais? — Olho para ela
desconfiado.
— Ai já quer demais né. Não vou pedir mais nada hoje.
— Folgada!
— Sem coração, estou aqui deitada com vontade de comer um
docinho inocente e você se recusa a me dar. Isso é cruel, custa você me dar só
um docinho, só hoje?

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— Carol você venceu — digo levantando da cama e vestindo um


short. — Vou ver o que tem na cozinha e já volto.
— Montanha?
— Oi.
— Vai sair do quarto sem me dar nenhum beijinho?
— Ruiva quero te dar mais que um beijinho, você sabe disso.
Vou até a cama, lhe dou um beijo e saio do quarto. Essa noite, a
Ruiva passou comigo aqui na república. Faz quase vinte dias que estamos
juntos e sem frescura. Ela agora é só minha, assim como eu sou dela.
Estamos nos acostumando a ficar juntos sem se esconder, mas quando
estamos perto de Clarinha e Eva não somos um casal, somos apenas amigos,
isso acaba sendo automático.
Abro o armário em busca de algum doce, Ricardo é uma formiga na
certa deve ter algum doce, toda vez que a gente faz compra para a república o
infeliz enche o carrinho de porcaria.
— Achei! Isso vai ter que servir.
Pego o pote de nutella e uma colher, e volto para o quarto. Carol está
do mesmo jeitinho que a deixei enrolada no edredom.
— Ruiva? — chamo.
— Hum.
— Aqui.
Ela se vira, olha o pote de nutella, se senta na cama com as pernas
cruzadas.
— Me dá — fala esticando a mão.
Dou o pote a ela, seus olhos brilham, cabelos bagunçados, vestida
apenas uma camiseta minha, fico abobalhado admirando tanta perfeição em
forma de mulher enquanto ela come e se lambuza toda de doce.
— O que está olhando?

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Sento do seu lado e dou um beijo no topo de sua cabeça.


— Você é linda.
Ouvindo isso minha ruiva dá um sorriso e se aconchega em meus
braços.
— Nós vamos à festa hoje? — pergunta.
— Vamos sim, não podemos demorar muito, depois da festa quero
pegar a estrada.
— Para onde você vai?
— Lembra que eu te disse que contratei um detive para investigar a
morte da Mary?
— Lembro.
— Então marquei de encontrar ela amanhã em Campo Grande.
— Tem alguma novidade?
— Parece que sim, ele vai passar tudo que encontrou.
— Não poderia ser aqui em Dourados mesmo?
— Hoje ele ia acabar de juntar algumas informações em Campo
Grande, é mais fácil eu ir.
— Vou ficar com saudades.
— Ruiva, segunda de manhã estou de volta.
Ela fica quietinha em meus braços durante alguns minutos.
— Enjoou do doce? — pergunto.
— Não, é que eu estou com vontade de outra coisa.
— Você disse que não iria pedir mais nada hoje — digo a olhando
desconfiado.
— É uma coisinha inocente. — Pisca o olho.
— Mas essa minha Ruiva está com cada vontade.
— Chega estou com água na boca.
— O que seria?

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— Nutella com pirulito.


— Ruiva onde vou achar pirulito há essa hora para você?
— Não precisa sair, você tem um bem aqui — diz colocando a mão
em cima da minha cueca fazendo minha ereção se desperta.
— Ah! Esse pirulito.
— Quero muito chupar esse pirulito coberto de nutella.
Deito na cama, coloco meus braços debaixo da minha cabeça.
— É todo seu, pode chupar a vontade eu deixo...
Carol me olha com desejo, igual criança em parque de diversões. Fica
de joelho entre as minhas pernas, coloca o pote de nutella ao lado, e libera
minha ereção. Distribui pequenas mordidas na minha virilha. Sem pedir
permissão pega uma colherada generosa de nutella e coloca na cabeça do meu
pau. Ela morde o lábio, se inclina e começa a chupar a cabeça do meu pau
como se fosse o doce mais gostoso do mundo... Carol poderia ter mais desses
tipos de desejos ou vontades, irei realizar sempre com todo o prazer.
Como o combinado a noite fomos a festa, nos divertimos muito, mas
como tinha que pegar a estrada fomos embora mais cedo. Depois de levar
Eva e Carol para casa, peguei a estrada e vim para Campo Grande. Meu
coração está apertado, tenho medo de saber o que o detetive descobriu. Estou
sentado no bar do hotel o esperando.
Meu celular toca, olho e vejo que é Clarinha, atendo e ela acaba
falando que a mãe sofreu um acidente, que precisar ir para Rubineia urgente.
Em prantos ela pede que eu a leve. Moreninha tem uma história mal resolvida
lá, nunca mais voltou para a sua cidade sozinha, acabo pedindo a ajuda de
Marcelo. Ele irá levá-la e ficar com ela enquanto eu não chego.
Já estou angustiado para saber o que o detetive tem para falar, agora
com essa notícia da Clarinha fico mais puto ainda. Apenas eu sei o que
aconteceu no seu passado, a nossa ligação é forte, sei como vai ser difícil

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para ela enfrentar os monstros de seu passado.


— Adriano?
— Sim, sou eu.
— Sou Rodrigo, o detetive — diz sentando-se do meu lado. — Ainda
bem que te encontrei mais cedo, preciso que me autorize uma visita.
— Não estou entendendo.
— Aqui está. — diz me passando uma pasta. — Nessa pasta está tudo
que eu encontrei em relação ao seu acidente e as pessoas envolvidas com a
sabotagem do seu veículo.
— Como? — pergunto sem acreditar nas suas palavras.
— Está tudo explicado nesse dossiê, não posso perder tempo lhe
explicando agora. Quero sua autorização para ir atrás de um sujeito que tem
mais informações. Esse cara vai ser transferido hoje de penitenciaria, por
volta das duas horas. Precisa pensar rápido.
— Então foi armado? Não foi acidente.
— Tudo indica que não, está tudo explicado no dossiê. Preciso ir falar
com esse sujeito para acabar de montar o quebra cabeça.
— Faça o que for preciso para descobrir quem é o culpado.
— Preciso de dinheiro, para entrar lá vou ter que pagar para uns caras.
— Qual o valor?
— É alto.
— Não me importa o valor.
Ele passa o valor em um papel e transfiro para a sua conta.
— Adriano, assim que eu tiver mais informações entro em contato
com você. Preciso ir, ou irei perder o sujeito.
Rodrigo se vai atrás de informações, fico no bar perdido, sem
acreditar que alguém foi capaz de planejar a minha morte. Mas quem é essa
pessoa? Por causa dela hoje Mary está morta. Pelo visto não será apenas

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Clarinha que irá enfrentar os monstros do passado. Eu também irei enfrentar


e acabarei com a pessoa que foi a culpada pela morte da minha irmã.

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CAPÍTULO 23— MONTANHA


Dói...
Uma dor que pensei que tinha superado. Meu peito dói... Meu coração
volta a sangrar, nunca sarou, mas a dor e a saudades estavam guardadas.
Lágrimas escorrem pelos meus olhos.
Dói em saber que minha irmã, minha doce Mary, foi arrancada da
minha vida, arrancada dessa vida de forma brutal. Definitivamente não foi
um simples acidente. Era para eu morrer em seu lugar. Mas estou vivo e ela
morta.
Não poderei ver Mary entrar na faculdade, não a verei casar, não terei
sobrinhos, Mary se foi, não tem mais volta...
Enquanto eu vivo... Vivo machucado e agora com sede de vingança.
Vou descobrir o filho da puta que a tirou de mim e irei acabar com a sua raça.
Não vou descansar enquanto não descobrir quem é.
Esse desgraçado mexeu com a pessoa errada.
Mas agora preciso ajudar Clarinha, minha menina, a enfrentar seus
monstros, enfrentar o seu passado. Agora preciso fazer como disse Clarice
Lispector: "Um amigo me chamou pra cuidar da dor dele, guardei a minha
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no bolso. E fui."
Clarinha precisa de mim... Eu disse que amanhã de manhã estaria com
ela e será isso que irei fazer. Guardar a minha dor e cuidar da dor de minha
menina...

Um mês depois...

Cuidei da minha menina, quebrei o pau com ela, disse o que ela
precisava ouvir, vi raiva em seus olhos, mas foi o certo, hoje ela está bem e
feliz.
Não tive a oportunidade de ver Mary casando, mas como consolo vi
Clarinha. Ela se casou com Marcelo, em uma cerimônia simples, mas linda
como ela é e merece. O que era para ser um Jogo de Sedução acabou virando
algo sério. Fico feliz por isso, minha menina merece esquecer o seu passado e
ser feliz no seu presente.
Depois do casamento da minha Moreninha, volto a fazer as
investigações sobre a morte de Mary. Sempre soube que tinha algo a mais
além do laudo que a polícia me entregou. O detetive que contratei já me deu
muitas respostas, a mais importante que alguém queria me ver morto. Depois
de muita investigação ele conseguiu um nome, e através desse nome será
possível descobrir quem está por trás do acidente que acabou matando minha
irmã. O nome do cara que tem as informações de quem foi o mandante é
Augusto. Foi difícil chegar até ele, Ricardo teve que molhar a mão de muita
gente e investigar cada informação nova para ver se era verdade.
Augusto é o cara que pode responder minhas perguntas, ele é a chave
do quebra cabeça. Mas para esse filho da puta abrir a boca tenho que molhar
a mão dele. O valor pedido é alto. Mas já disse que o valor não importa, estou
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usando o dinheiro que recebi do seguro de vida da Mary, nunca relei nesse
dinheiro, mas agora ele está sendo usado para uma boa causa, acabar com as
pessoas que foram responsáveis pela sua morte. Conversando com Ricardo a
respeito desse sujeito, resolvi eu mesmo fazer a visita no presidio onde ele
está preso. Ricardo de início não aceitou a ideia, mas depois acabou
concordando. Conforme for a conversa eu pagarei pela informação, não me
importa o valor. Quero descobrir o que realmente aconteceu.
Chego ao presídio, minha visita já estava marcada, tive que molhar as
mãos dos guardas para conseguir entrar. Nunca entrei em um presídio, é frio,
cinza, o ar carregado. Mas por Mary estou aqui por ela iria até o inferno sem
pensar duas vezes.
Estou sentado em uma sala pequena esperando o cara que pode ser a
chave do acidente que me fez perder a pessoa que mais amei e amo nessa
vida. Minhas mãos suam, meu coração está acelerado.
Não demora Augusto entra acompanhado por dois guardas, ele se
senta, me encara e fala: — Trouxe a grana?
— Não.
— Então vou voltar para a minha cela, sem grana, nada feito.
— Quero ouvir o que você tem a falar.
— Maluco, sem grana, não tô a fim de falar nada não. Tenho memória
fraca, tá ligado.
— Não trouxe o dinheiro, mas com uma ligação transfiro o dinheiro
para o número da conta que você passar.
— Então você está disposto a pagar bem para saber o que aconteceu?
— Você está disposto a falar?
— Brinco em serviço não. Não ia falar para tu vim aqui se não tivesse
a informação que tu queria. Tá ligado.
— O que me garante que você falar não é mentira?

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— Meu irmão, já estou engaiolado não tenho nada a perder não,


maluco.
— Já que não tem nada a perder. Você pode estar mentindo — digo
me levantando. Vou embora, esse Zé Ruela não vai falar só está querendo me
enrolar.
— Oh patrão espera ai, o que tenho pra falar tu vai gostar.
— Diz um motivo para eu não sair dessa sala e te ouvir.
— Preciso da grana.
— Acho que esse dinheiro não vai ser muito útil para você aqui
dentro.
— O negócio é o seguinte tenho um moleque pequeno. Ele está
doente, tá ligado, essa grana vai para a mãe dele paga o tratamento.
— Respondendo sua pergunta estou disposto a pagar bem para ouvir o
que você tem a falar.
— Aquela Loirinha gostosa veio me procurar para o serviço.
Trabalhava na oficina, ela sempre ia lá e ficava me atiçando, sempre me
oferecia um dinheiro, uns agrado...
Augusto fica em silêncio me olhando.
— Continue...
— Maluco, a carne é fraca. Estava doido para sentir o gosto daquela
boceta no meu pau. Naquele dia a putinha foi na oficina com a amiguinha
dela. Segurou no meu pau, fez uns agrados, até que perguntou se eu aceitaria
uma transa a três, em troca eu tinha que fazer um serviço para ela, não resisti.
— Pode ser mais claro? Que loirinha?
— Eu enfiei meu pau no cu e na boceta da loira que chamava Diane e
da amiguinha dela.
— Diane? — Não posso acreditar.
— Acho que era isso, Diane, Daiane, Daiana, sei lá o nome daquela

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puta. Só sei que naquele dia aquelas duas juntas me fizeram ver estrelas.
Além de comer as duas safadas, elas me deram uma boa grana para ficar com
bico fechado.
— Qual era o serviço?
— Ela queria se vingar do namorado que batia nela, tudo que eu tinha
que fazer era cortar o cabo do freio de uma Hilux prata que era do namorado
dessa loirinha gostosa, a Diane. Ela ia receber uma grana preta se esse
namorado morresse então dei uma ajuda. Fui claro.
Enquanto Augusto narra é como se eu levasse várias facadas em meu
peito. Por que ela fez isso? Sempre dei tudo que ela pediu.
— Como água.
— E o dinheiro?
— Sabia que a minha irmã morreu nesse acidente — digo baixo com
a voz embargada.
— Você que era para ser o difundo?
— Esse carro era o meu, minha irmã morreu nesse acidente.
— Então a loirinha se fodeu. Me pagou a maior grana e de quebra
ainda chupou meu pau e no fim não conseguiu bolada porra nenhuma. — Ri.
Não consigo me controlar. Levanto da cadeira e começo a socar a cara
desse desgraçado, é necessário três guardas para me tirar de cima do filho da
puta.
— Pelo visto a informação foi valiosa — diz dando risada.
— Você acabou com a vida da minha irmã seu desgraçado — grito.
— E daí, vai me matar agora?
Paro e penso, poderia fazer isso, mas não sou assassino.
— Não sou igual a você.
Não sou igual a ele, mas que essa noite ele vai levar uma bela surra
aqui dentro isso vai.

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— Vai cumprir a sua parte e me dar a grana?


— Qual o número da conta?
— Pelo visto é homem de palavra.
— Vou acabar com você e com aquela cobra — aviso com ódio —
Mano, eu já estou fodido. Fui condenado a 30 anos de prisão em regime
fechado pior que está não tem como ficar.
— Você acabou com a vida de uma jovem que tinha uma vida inteira
pela frente — volto a repetir.
— Cara, não quero saber. Já abri o bico e disse o que você queria
saber. Eu sou fodido sem coração, o pouco de compaixão que estou tendo é
abrir o bico para conseguir o dinheiro para o tratamento para o meu moleque.
Pelo menos uma vez na vida estou fazendo alguma coisa por ele. Vai arrumar
a grana ou só veio aqui encher o saco.
— Qual o número da conta?
— Marca ai o número da mãe do meu moleque passa o dinheiro para
ela.
— Até o fim da tarde o dinheiro vai estar na conta dela — digo
caminhando até a porta.
— Boa vingança para você — o filho da puta fala.
Não dou ouvidos, saio do presídio, entro no meu carro e dirijo por
alguns quilômetros no automático. Lágrimas começam a escorrer pela minha
face, encosto o carro no acostamento e choro. Choro por ter perdido minha
irmã, por ter me culpado todos os dias pela sua morte. Choro por confiar
tanto em Dayana.
Dayana planejou a minha morte de olho no meu seguro de vida que
coloquei ela e Mary como minhas únicas beneficiárias. Tudo que ela sempre
quis foi o maldito do dinheiro.
Isso não vai ficar assim, vou acabar com ela e com sua comparsa.

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As duas vão pagar caro pelo que fizeram com a minha irmã. Pego
meu celular e ligo para quem acho que pode me ajudar.
— Alô!
— Marcelo, está sozinho?
— Estou.
— Preciso da sua ajuda...

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CAPÍTULO 24 — CAROL
— Nossa Clarinha nem dá para acreditar que você está casada — Eva
fala deitada no tapete do chão da sala do apartamento de Clara.
— Nem eu acredito — Clarinha fala. — Carol, você vai passar mal de
comer tanto brigadeiro.
— Ih, vai começar — resmungo sentada com uma panela de
brigadeiro no colo.
— Clarinha, você não viu nada. Carol parece aquelas formigas atrás
de açúcar ultimamente — Eva fala.
— Já mandei você ir cuidar da sua vida hoje? — digo olhando feio
para Eva. Por que agora todo mundo resolveu pegar no meu pé só porque
estou com vontade de comer doce?
— Já mandou sim Carol, mas sempre sobra um tempinho então eu
cuido da sua vida também.
— Abusada! — Mostro a língua para Eva. — Clarinha, o que você vai
fazer agora?
— Como assim Carol?
— Onde vai morar? Agora você é uma senhora casada, recatada e do
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lar. — Rio.
— Verdade Clarinha, Marcelo tem o apartamento próprio e esse aqui
é alugado, vocês são casados, logo não podem morar cada um em um canto
— Eva fala.
— Eu sei meninas! — diz cobrindo o rosto com os braços — Mas...
— Clarinha o que aconteceu? O que tem esse mais? — Eva pergunta.
— Clarinha, você tem Pimenta mexicana aí? — pergunto.
— Acontece que eu não quero morar na casa e dormir na cama que a
Vaca da Dayana dormia e frequentava. Carol só tem um biscoitinho salgado
serve?
— Está certa, coloca fogo naquela cama contaminada que a Vaca
dormiu — Eva, põe lenha na fogueira.
— Queria pimenta mexicana, mas esse salgadinho serve. Posso
pegar?
— Claro Carol pega lá no armário na parte de cima.
— Tá.
Vou até a cozinha, abro o armário e pego o salgadinho. Aproveito e
pego Coca-Cola na geladeira, três copos e volto para a sala.
— Quem quer coca? — pergunto colocando a coca e os copos na
mesinha de centro.
Sento-me no chão, cruzo as pernas, pego minha panela de brigadeiro,
e coloco no meio das pernas. Abro o pacote de salgadinho e despejo tudo
dentro da panela. Misturo bem e começo a comer. Nossa ficou muito bom.
Levanto a cabeça e percebo que Clarinha e Eva estão me olhando assustadas.
— O que foi? — pergunto sem entender o motivo da cara delas.
— Carol, você está bem? — Clarinha pergunta.
— Eu estou. Por quê? — digo comendo. — Nossa está muito bom,
vocês querem?

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Ambas continuam a me olhar com cara de assustadas, balançam a


cabeça de forma negativa.
— Carol isso vai te fazer mal — Eva fala.
— Você tem certeza que está bem? — insiste Clara.
— Estou ótima — digo enchendo meu copo de coca e tomando. —
Podem continuar a conversa. O que você decidiu, Clara?
— Vou conversar com Marcelo e explicar porque não quero morar no
apartamento dele.
— Está certa — concordo.
— E o Montanha, Carol? — Eva pergunta.
— Ele viajou. Vocês sabem.
— Foi para onde? — questiona Eva.
— Não sei direito. Só sei que foi resolver um assunto sério, ele disse
que não queria me preocupar. Você sabe o que é Clarinha?
— Também não, Ele disse que era pessoal.
— O que será que é hein?!— Eva está curiosa.
— Não faço a mínima ideia — respondo.
— Vai demorar? — Clarinha pergunta.
— Não sei — digo colocando a panela na mesinha e deitando no
chão.
— Você e Montanha nos enganaram direitinho durante todos esses
anos — acusa Clarinha.
— Fala sério Clarinha, a gente foi burra por não perceber nada —
zomba Eva.
— Quando um sumia o outro também — Clarinha fala.
— Para gente, era só amizade — digo olhando para o teto.
— Tô sabendo a amizade — Clarinha ri.
— Amizade com benefícios — comenta Eva.

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— Duas exageradas.
— Sabe Clarinha, o que me deixa mais triste é que Carol nem nos
conta dos atributos do Montanha — Eva faz bico.
— Vai vendo Eva, ainda diz que é nossa amiga — Clara reclama.
—Não vou ficar fazendo propaganda do meu homem não, suas
safadas — digo.
— Para de ser do mal, diz pelo menos um atributo — choraminga
Clara.
— Não precisa ser o tamanho do pinto, pois o volume da calça dele já
diz muita coisa. Nossa é uma bela visão... — Eva provoca.
— Eva! — grito a cortando.
— Estou mentindo Carol?
— O duro que não — assumo.
— Duro, imagine aquilo duro. Nossa Carol você é muito sortuda —
Eva fala.
— É minha amiga, tenho que concordar. Você é mega sortuda —
Clarinha concorda.
— Eu sei, mas foi difícil fazer ele sair da moita.
— Saiu na marra — Eva fala rindo.
— Meu querido amigo não resistiu aos seus encantos, Ruiva —
Clarinha fala rindo.
— Verdade, tenho meus encantos.
— Então, não vai dizer pelo menos um atributo dele para nós? — Eva
pergunta.
— Me deixa pensar. — Respiro fundo. — Montanha faz uma
massagem maravilhosa.
— É né, massagem no seu útero, safada sortuda — Eva ri.
— Eva, você está impossível hoje — Clarinha fala e eu apenas dou

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risada, estou tão cansada.


— Clarinha, posso tirar um cochilo no seu tapete? — pergunto.
— Oh amarelão hein, Carol — Eva fala.
— Dorme Carol. Isso que dá comer esse tanto de doce — diz
Clarinha.
Viro-me de lado e logo adormeço, até que sinto uma dor forte na
barriga que me faz acordar. Sento, e sinto meu estômago revirando. Levanto
correndo e vou direto para o banheiro.
— Carol! Carol! O que foi? — Escuto as meninas gritarem correndo
atrás de mim.
Não tenho tempo para responder, me ajoelho no chão, abraço a
privada e jogo tudo para fora.
— Eu te disse que ia passar mal — Clarinha fala segurando meus
cabelos.
Vômito mais um pouco.
— Nossa Carol, dá até para ver os pedacinhos de carne que você
comeu no almoço — Eva fala olhando o vômito dentro da privada.
— Eva, não começa — sussurro.
— Eva, depois a gente tem um papo reto com ela. Deixa a Carol
melhorar.
Sento no chão sem falar nada, Clarinha passa a mão molhada em meu
rosto e dá uma toalha para eu secar o rosto.
— Melhoro? — Eva pergunta.
Olho para ela é não dá tempo de responder, e nem de mirar na
privada. Vômito nos pés de Eva.
— Ai que nojo Carol. Você está mal mesmo. Vem cá — Eva fala me
puxando pelas mãos. — Clarinha me ajuda vamos dar um banho nela.
Não consigo reagir, Eva e Clara me seguram e me levam até o

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chuveiro. Sinto minhas pernas moles.


— Ai meu Deus ela vai desmaiar...
Não vejo mais nada...
Ouço vozes bem longe. Abro meus olhos e pisco algumas vezes, vejo
apenas o teto, não estou no chuveiro e nem na casa de Clarinha, olho para o
lado.
— Ela está acordando...
— Graças a Deus...
Clara e Eva estão do meu lado.
— O que aconteceu? Onde estou? — pergunto ainda sonolenta.
— Como você está, Carol? — Clarinha pergunta.
— Carol, sua loca, nos deu o maior susto. Pensei que eu tinha matado
você — Eva fala. — Graças a Deus não vou carregar a culpa da sua morte.
— Estou com uma dor na cabeça, com sono, mas estou bem — digo.
— O que aconteceu? — pergunto de novo.
— Você desmaiou Carol — Clarinha esclarece.
— Caiu feito uma jaca podr e— Eva fala e leva uma cotovelada de
Clarinha. — Ai sua louca.
— Segura a língua, Eva — Clara a repreende.
— Clarinha me deixa falar. Então Carol, a gente foi dar banho em
você, porque você estava vomitando feito uma vaca velha.
— Eva! — Clarinha a repreende de novo.
— Está bem, vou resumir. — Eva revira os olhos e volta a falar. —
Quando a gente percebeu, suas pernas pareciam duas gelatinas, não aguentei
o peso. Confesso, que te deixei cair, ai você bateu a cabeça, foi sangue para
tudo que foi lado. Não fique brava só foi um cortezinho pequenininho, nem
vai ficar a marca. — Coloco a mão na minha testa e sinto o curativo. —
Menina, mas o corte é pequeno e tem poder, porque foi sangue hein. Lavou o

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banheiro da Clara de sangue. Ainda bem que não vai ser eu a limpar. A sorte
que Marcelo chegou, ai ele pegou a jaca do chão, ou seja, você e trouxe para
o hospital. Foi tanto sangue que pensei que tinha matado você. Desculpa
Carol te deixei cair, eu juro que não queria, mas você é pesada — Eva fala
rápido demais.
— Eu bati a cabeça, e estou no hospital? — pergunto me situando.
— Isso Carol — Clarinha afirma. — Está doendo muito?
— Um pouco, meu estômago ainda está ruim — digo.
— Por que será né doninha, ficou só no bem bom...
— Eva! — Clarinha a corta de novo.
— Já posso ir para casa?
— Não, o médico vai fazer uns exames ainda — explica Clarinha.
— Na cabeça? – pergunto.
— Não é da barriga mesmo — Eva fala levando outra cotovelada. —
Ai Clara, que saco essas suas cotoveladas dói, fia.
— Da barriga? — pergunto sem entender muito.
— Isso Carol, para saber qual o motivo de tanto vomito — Clarinha
fala.
— Acho que misturei muita coisa, isso me fez mal.
— Ah sim foi isso Carol, misturou muita coisa, você o Montanha
virou uma mistureba danada — Eva fala sarcástica.
— O que você está querendo dizer Eva? — pergunto.
— Que bom que acordou.
Uma enfermeira fala entrando no quarto e impedindo Eva de falar.
— Eva? — chamo seu nome como se fosse uma pergunta para que ela
possa me dizer o que está realmente acontecendo.
— Que bom que você chegou Dona Enfermeira, vamos logo levar
Carol para esse exame, pois quero ter certeza se esse mal estar dela tem dois

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bracinhos e perninhas — Eva fala empurrando a enfermeira para perto de


mim.
— Eva você é doida. — Rio.
— Então vamos, senhorita Caroline, trouxe essa cadeira de rodas. No
seu estado não é bom andar, por causa da pancada na cabeça você pode sentir
tontura.
Eva e Carol me ajudam a descer da cama e sentar na cadeira de rodas.
— Obrigada, meninas.
— Sentiu alguma tontura? — a enfermeira pergunta.
— Não, que exame irei fazer? É na cabeça?
— Não, é uma ultrassonografia — a enfermeira responde com um
sorriso no rosto.
— Por quê? — pergunto confusa.
— Na hora a médica te explica direito, se as suas amigas quiserem
podem vir junto — a enfermeira fala.
— Lógico que eu quero — Eva fala. — Estou doidinha para ver esse
ultrassom.
— Eu também quero — Clara fala.
— Meninas, vocês estão escondendo alguma coisa de mim? Eu tenho
alguma doença grave? — pergunto.
— Não temos certeza de nada...
— Eu tenho, já até apostei 100 reais com o Marcelo — Eva fala
cortando a fala de Clara.
— Eva se segura. Vamos fazer esse ultrassom, Carol, assim a gente
vai ter certeza do que você tem — Clara fala.
Fico apreensiva. O que será que tenho? Enquanto a enfermeira
empurra a cadeira de rodas pelo corredor do hospital o meu medo e angustia
aumenta. Não posso estar doente. Será que estou morrendo? Por isso Eva

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achou que tinha me matado com a queda?


A enfermeira entra em uma sala.
— Caroline, pode deitar nessa maca, a Doutora Claudia já vem —
fala.
Deito-me na maca, e fico olhando para o teto esperando a tal Doutora
Claudia, sinto alguém segurando a minha mão.
— Não se preocupe — Clara me acalma.
Olho e vejo que Clarinha e Eva estão segurando a minha mão.
— Sempre estaremos com você Carol — Eva fala.
— Obrigada, meninas.
A porta se abre.
— Oi, sou a Claudia e irei fazer a ultrassom — a Doutora fala
sentando na cadeira do meu lado. — Como não sei de quanto tempo você
está, farei por cima, pois se estiver com mais de doze semanas pode ser
arriscado.
— Tudo bem! — Eu não entendo muito que ela fala, mas acabo
concordando.
A Dra. Claudia passa um creme na minha barriga parecendo um gel,
Clara segura a minha mão e sei que ela e Eva sempre estarão do meu lado.
Quando a médica coloca o aparelho na minha barriga, um som toma
conta do consultório.
Tu, tu, tu tututu tututu tututu... Minha cabeça gira e ouço Clarinha
falar com os olhos cheios de lágrimas: — Ai meu Deus então é verdade
mesmo?!
— Está tudo bem com ele, coração está com os batimentos ótimos.
Deixa eu tentar medir o tamanho — diz a doutora.
— Já dá para saber quantas semanas? — Eva pergunta.
— Deixa eu acabar de medir que já falo as semanas.

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— Por favor, alguém pode me explicar o que está acontecendo? —


pergunto confusa.
— Você não sabia? — a doutora Claudia pergunta.
— Não sabia o quê? É grave? Vou morrer? Por isso que Clara e Eva
estão chorando?
— Olha Carol, Clarinha está chorando por causa dos hormônios e eu
porque literalmente fiquei para titia, minhas duas amigas grávidas e eu
encalhada — Eva fala.
— Clarinha, você está gravida? — pergunto e ela balança a cabeça de
forma afirmativa. — Não ia me contar?
— Ia sim, estava esperando o Montanha voltar de viagem para fazer
um jantar em casa e contar a novidade. Descobri na sexta — Clarinha
explica.
— Por que a Eva já sabe?
— Porque sou esperta minha filha. — Eva se gaba. — Achei o exame
na gaveta do quarto da Clarinha ela não tinha como negar.
— Parabéns, vou ser titia. Mas Eva, espera ai. Quem é a outra amiga
sua grávida?
— Carol, os seus hormônios já deixaram você lesada?! Olha ai fia
nesse monitor, você está gravida. Vou repetir bem devagar GRÁVIDA, não
ouviu o coração do Montanha Junior batendo — Eva fala depois ri.
— Grávida? — pergunto olhando para a médica.
— Gravidíssima! Você está com nove semanas e seu bebe está com
seis centímetros. Vou pôr para ouvir de novo o coraçãozinho dele.
O som estridente volta a tomar conta da sala, meu coração infla de
tanta emoção. Eu grávida, um amor que eu jamais pensei que existia surge.
Meu filho, eu vou ser mãe, e já amo esse pequeno com todas as minhas
forças. Lágrimas brotam dos meus olhos, são lágrimas de alegria. Eu mãe?!

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Parece mentira.
Clarinha e Eva me abraçam, e nós três choramos juntas. Não poderia
estar com outra pessoa a não ser com elas para receber essa notícia.
— Obrigada meninas.
— Três bobonas chorando! — Eva fala rindo em meio às lágrimas.
Depois de muitas lágrimas e abraços, sou liberada. Juntas, passamos
em uma loja de bebê, compro um sapatinho escrito eu sou do papai e um
body. Passamos na farmácia e compramos um teste de gravidez.
— Carol, minha linda grávida. Explica-me para que esse exame de
farmácia se você já sabe que está gravida? — Eva pergunta confusa.
— Quero fazer uma surpresa para o Montanha, vou pegar tudo isso e
colocar em uma caixinha e dar de presente para ele — conto animada.
— Ele vai amar Carol — Clarinha fala. — Marcelo desconfiou
primeiro da minha gravidez, então ele comprou o teste e me fez fazer, foi
emocionante.
— Acho que vou comprar um cachorrinho — solta Eva.
— Cachorro? — Eu e Clarinha falamos juntas.
— É, já que não estou grávida, pelo menos vou ser mãe de um filho
de quatro patas — Eva explica, rindo.
— Cachorra! — xingo.
— Au, Au — zomba ela.
Depois de montar a supressa para Montanha, as meninas me deixam
em casa. Por enquanto não irei contar para a minha família, preciso contar
primeiro para o Montanha. Depois nós dois juntos enfrentamos as feras daqui
de casa.
Pego o celular mando uma mensagem para ele.

Leozinho, preciso falar com você. Tenho uma novidade para te


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contar. Estou com saudades!

Não demora, chega mensagem dele.

Chego amanhã de manhã, ruiva. Não importa o que aconteça


nunca esqueça que eu amo você.

A primeira vez que ele disse que me ama, hoje é o meu dia de sorte.
Mando outra mensagem.

Também te amo muito


Deito na cama e acabo pegando no sono... Amanhã irei contar que ele
vai ser papai.

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CAPÍTULO 25 — MONTANHA

UMA SEMANA DEPOIS...

Caminho pelo parque da Alvorada e a vejo sentada em um dos bancos


no final da trilha. O mesmo banco que ficávamos horas e horas conversando.
Aproximo-me, sento ao seu lado, e dou um beijo casto em seu rosto. Seu
cheiro me embriaga. Tanto tempo longe não me lembrava mais do seu cheiro,
do seu perfume muito menos do seu gosto. Talvez seja porque todo esse
tempo minha mente, corpo e coração pertenceram à outra pessoa.
— Quando vi suas mensagens no meu celular, não acreditei — diz.
— Por que não?
— Depois te tudo o que aconteceu.
— Já passou, o tempo fez questão de apagar.
Nem tudo o tempo apaga...
— Nem tudo se apagou, ainda me pegava pensando em você. Em nós
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— diz tentando fazer-se de inocente.


— Eu também.
— Fico feliz que você veio.
— Estava com saudades — digo.
— Confesso que eu também.
Ficamos em silêncio durante alguns minutos, até que ela quebra o
silêncio.
— Por que você me mandou mensagem?
— Já disse, estava com saudades.
— Então por que me procurou somente agora?
— Agora você está solteira. Sempre soube que esse seu lance não iria
durar, por isso fiquei te esperando.
— Me esperou durante todo esse tempo?
— Sim.
— Você ainda me ama?
— Sim — minha afirmação sai embargada.
— Eu estava com outro, mas pensava em você todos os dias. Eu
sempre te amei. Me arrependo por tudo que fiz para ficar longe de você.
Enquanto fala, sinto meu coração levando várias facadas, preciso ser
forte.
— Então foi por essa rameira que você me largou, sua lesma? — Não
preciso olhar para saber que quem grita é Carol.
— Olha bem como você fala comigo queridinha. Adriano me ama e
sempre me amou — Dayana fala.
— Adriano? — Carol fala meu nome como se fosse uma pergunta.
Ela nunca me chamou pelo nome.
Olho para Carol e vejo seus olhos cheios de lágrimas, Clarinha e Eva
estão do seu lado e Marcelo está com elas.

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— Você era apenas um passa tempo — Dayana continua. — Ele viu


que me livrei do Marcelo e veio correndo para meus braços. Fazer o que? É
duro ser linda e maravilhosa.
— Mas é iludida mesmo! — Eva fala. — Foi o Marcelo que se livrou
de você Piriputa. Agora está feliz com Clarinha e daqui uns meses vai ser
papai.
— Então está explicado, essa aí — Dayana fala apontando para
Clarinha — deu o golpe da barriga. Também o que esperar de uma mulher
baixa e sem classe. —Dayana fala.
— Vou te mostrar quem é sem classe sua vaca no cio — Clara fala
indo para cima de Dayana, mas Marcelo a segura.
— Minha linda, pense no nosso filho. Você sabe que eu te amo, não
de ouvidos a essa cobra — Marcelo pede de forma carinhosa.
— Uma cobra que você comeu durante todos esses anos – Dayana
atiça.
— Comeu, minha filha, do verbo passado. Fala com a titia Eva,
PASSADO, que não come mais, se conforme — Eva provoca rindo. —
Entendeu ou quer que eu desenhe.
— Então é isso Leãozinho você largou de mim por causa desse
serumaninho rídiculo? — Carol pergunta chorosa.
Não tenho coragem de olhar em seus olhos. Balanço a cabeça de
forma afirmativa e olho para baixo.
— Se conforme sua puta — Dayana fala.
— Espera ai que vou te mostrar quem é a puta, sua RAMEIRA! —
Carol grita e parte para cima de Dayana.
A seguro e a abraço. Impedindo ela de sair na pancadaria com a
Dayana.
— Ruiva não — falo, sério.

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— Me solta, me deixa quebrar a cara dessa vagabunda.


— Não! — nego ainda a segurando.
— Vou repetir mais uma vez me solta! — Carol grita.
— Você está esperando um filho meu, não vou deixar você sair no
braço com a Dayana — aviso, sério.
— Olha a outra também querendo dar o golpe da barriga — Dayana
fala com desdém. — Mas acho que ele....
Plaft!
Quando percebo Eva dá um soco no rosto de Dayana.
— Pode deixar Carol, eu bato nessa galinha. Eu não estou grávida e
posso despenar essa galinha todinha – fala rindo, dando uma rasteira em
Dayana e a derrubando no chão.
— Que isso sua doida encalhada — Dayana fala tentando se livrar dos
socos de Eva.
— Isso é para você não mexer com as minhas amigas, sua vaca —
Eva segura com as duas mãos os cabelos de Dayana e começa a chacoalhar.
— ME SOLTA! – Dayana grita desesperada. — Vou processar você.
Vou acabar com você!
— Por mim você pode ir até na puta que pariu que não estou nem
ligando.
Eva pega Dayana pelos cabelos e sai a arrastando.
— Para com isso, você está me machucando — chora Dayana.
— Essa é minha intenção — Eva fala rindo.
— Para!
— Cobra rasteja no chão, quero esfregar a sua cara na lama para
nunca mais mexer com as minhas amigas e muito menos com meus
sobrinhos. — Eva esfrega a cara de Dayana em uma poça de lama do parque.
— Socorro! Alguém me ajuda — Dayana grita.

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— Cadê a valentona agora? Cadê a encalhada? Sua puta de beira de


esquina. Vagabunda! — Eva xinga.
— Marcelo, faz alguma coisa — falo ainda segurando Carol.
— Eu não, ela mexeu com a minha esposa e meu filho, quero que ela
se foda. — Marcelo se nega.
— Isso mesmo Eva, esfrega a cara dessa rameira na lama. Mexeu com
a pessoa errada — Clarinha fala, adorando o show.
— Por favor, Carol, vou te soltar para separar as duas. Cuide do nosso
filho. — Dou um rápido beijo no alto de sua cabeça e a solto.
— Eva, já chega! — falo me aproximando das duas.
— Por favor, Adriano me ajuda — Dayana fala.
— O que foi Montanha, quer apanhar também? — Eva ameaça ainda
com as duas mãos no cabelo de Dayana.
Coloco as duas mãos no ombro de Eva.
— Eva, já chega! — peço novamente.
Ela solta Dayana, que fica jogada no chão.
— Tira suas mãos podres de cima de mim Montanha, pensei que fosse
meu amigo! — Eva acusa. — NOSSO AMIGO! Mas você jogou a nossa
amizade na lama quando decidiu voltar para essa cobra.
— Você acabou sendo uma decepção para mim, Montanha — Carol
fala com lágrimas nos olhos.
— Tudo que passamos juntos. Agora nos abandona, abandona a Carol
grávida de um filho seu. Jamais pensei que você faria isso. Ainda por cima
abandonar o filho por causa dessa víbora que te largou e te deixou na sarjeta
— Clarinha fala decepcionada.
— Eu me arrependo de tudo que fiz, Adriano. Eu sempre te amei, não
dê ouvidos para essas interesseiras que só querem te dar o golpe da barriga —
Dayana fala chorosa.

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— Meninas, vocês precisam me entender — digo sem olhar no rosto


de nenhuma.
— Cara você errou feio abandonar uma mulher grávida. Isso não é
coisa de homem — Marcelo fala.
— Darei tudo que meu filho precisar, só não posso ficar com ela —
digo como se estivesse levando várias facadas a cada palavra. Meu coração
está em pedaços.
— Vamos embora meninas, foi emoção demais para todos hoje.
Principalmente para você, minha linda — Marcelo fala dando um beijo em
Clara. — E para você também Carol, não fique triste eu sou homem
suficiente para cuidar de vocês três.
— Marcelo, você está ruim nas contas hein meu filho. Na verdade
agora somos cinco: Clarinha, Carol, meus dois sobrinhos lindos e eu. Logo
seremos seis porque vou adotar um cachorrinho lindo. Não vai ser cachorro
de duas pernas, será de quatro mesmo — Eva fala se aproximando.
Eles me dão as costas e vão embora juntos sem olhar para trás...

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CAPÍTULO 26 – DAYANA
Perdi o besta do Marcelo e de brinde o corno manso do Adriano veio
atrás de mim. Lógico que não dei de difícil, é melhor ele que nada.
No início quando li duas mensagens achei que era mentira. Mas
depois de ver o show que os três carrapatos deram cheguei à conclusão que
realmente é verdade. Como pode ser otário? Vir atrás de mim depois de tudo
que fiz.
Fazer o que, é o amor. Irei usar esse sentimento para ter tudo o que eu
preciso. A vaca que engravidou dele vai querer raspar o dinheiro. Mas dessa
vez farei tudo da maneira correta. Não irei errar. Não será uma buchuda que
vai me impedir.
Depois que vejo que as três vão embora, percebo o idiota triste. Não
posso deixar ele se arrepender.
Levanto do chão toda suja e rasgada, e começo a chorar. Seguro a sua
mão e falo: — Meu amor, não fica assim.
— Carol está esperando um filho meu.
— Deixa essa criança nascer, que entramos na justiça e pegamos a
guarda dele.
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— Você faria isso por mim?


— Faria tudo o possível para vê-lo feliz.
— Você sempre prestativa.
— Me leva para casa? Não tenho condições de dirigir.
O tonto aceita me levar para casa, no caminho dou um beijo nele,
vamos conversando. Ele disse que quer casar o mais rápido possível, eu
aceitei e está tudo melhor que eu pensava. Chegando no meu apartamento o
convido para entrar. Adriano aceita, entra e senta no sofá.
— Belo apartamento — comenta.
— É simples, Marcelo que me ajudou a comprar. Não estava mais
dando certo morar com os meus pais. Me matava de trabalhar e o meu
dinheiro era todo para dentro de casa.
— Amanhã vá a uma mobiliária e escolha um apartamento para você.
— Mas por quê?
— Eu te darei de presente. Não quero você morando onde tem
dinheiro do Marcelo.
— O meu carro foi ele que me deu também.
— Então amanhã escolha o apartamento e um carro novo. Pode ser
qualquer um, eu pago.
— Mas Adriano, o que irei fazer com esse apartamento e o carro que
Marcelo me deu? — me faço de pobre coitada.
Lógico que irei escolher o apartamento mais caro e um carro
importado. É para isso que aceitei voltar com ele. Pelo visto dessa vez está
mais bonzinho, não está mais mão de vaca.
— Eu percebi que você e Camila ainda continuam bem amigas. Dê
esse apartamento mobiliado e o carro de presente para ela. Você não precisa
disso, eu te darei tudo o que necessita. Tudo novo e do seu agrado. Afinal
você merece.

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— Nossa, Adriano, não posso aceitar, é muita coisa.


— Pode sim, estou mais rico do que na época que éramos noivos.
Pode escolher o que você quiser e não se preocupe com o preço.
— Muito obrigada — digo distribuindo beijos em seu rosto.
— Vai lá tomar um banho, você está toda suja de lama.
— Nossa verdade. Vou tomar um banho. Você me espera aqui para
matarmos a saudade?
— Sim espero. Pode ir tranquila estarei aqui.
Saio da sala, vou para meu quarto e mando mensagem para Camila.

“O jogo virou, Adriano está na minha”

Não demora ela responde.

“Como assim?”

Respondo a ela rapidamente.

“ELE está na sala. Quando sair eu mando mensagem para você


vir aqui, ai te conto tudo.”

Depois de mandar mensagem para Camila, tomo um banho rápido e


visto um vestido sexy, vou ter que dar para ele. Odeio essa parte, mas para
conseguir ir embora e ficar com o amor da minha vida longe de tudo e todos,
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faço esse sacrifício.


Volto para a sala. Adriano está na janela falando pelo celular. Quando
termina de falar vem ao meu encontro.
— Desculpa Dayana. Surgiu um imprevisto na empresa preciso ir.
— Mas já?
— Acabaram de me ligar da empresa. Parece que um dos carros forte
foi assaltado. Preciso ir verificar o que aconteceu — fala indo até a porta.
— Tudo bem, mas você vem mais tarde? — pergunto.
— Se você quiser eu venho.
— Dorme comigo essa noite?
— Pode se, preciso ir — diz, já saindo.
— Não vai me dar nenhum beijo?
— Desculpa! — Vem até mim e me dá um beijo rápido. — Preciso ir.
Sorte a minha que não vou precisar transar com esse bunda mole.
Pego o celular e ligo para Camila.
— Alô
— Mila ele já foi, vem aqui para eu te contar as novidades.
— Já estou aqui em baixo. Vi ele acabando de sair.
— Sobe logo.
Mila desliga o celular, pego uma garrafa de champanhe e duas taças.
A porta se abre, Mila tem acesso ao meu apartamento a hora que quiser.
Vou até ela e a abraço, seguro seu rosto com as duas mãos e a beijo.
Sua língua invade a minha boca, a sugo.
— Nossa a novidade deve ser boa amor, para eu ser recebida com um
beijo desse — Mila fala.
— Olha! — Mostro a garrafa de champanhe. — Temos muito o que
comemorar e depois quero te chupar todinha para ficar com seu gosto na
minha boca. Para mais tarde conseguir transar com o mané.

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Abro a garrafa, sirvo a minha taça e da Mila e sentamos no sofá.


Conto tudo o que aconteceu, o encontro no parque, o aparecimento das
amigas, a briga, as amigas o criticando, a vinda dele no meu apartamento, ele
falando para escolher um apartamento novo e um carro.
— Mentira? — Mila fala se servindo de mais champanhe.
— Não!
— E esse apartamento?
— Ele disse para eu dar de presente para você. — Rio. — Muito
burro em cair na minha pela segunda vez.
— Amor, toma cuidado isso pode ser um jogo. Você sabe. Você caiu
fora porque a casa poderia cair.
— Não é um jogo. Ele não tem como descobrir o que aconteceu.
— Como pode ter certeza disso?
— Há cinco dias quando ele começou a me mandar mensagem fui
atrás daquele sujeito que fez o serviço. Ele está preso e vai morrer na cadeia.
Está até em outro estado. Não tem como Adriano descobrir nada.
— O dia que você me fez transar com você e aquele mecânico foi um
pesadelo. Aquelas mãos sujas de graxa me tocando, aquele pinto entrando no
meu, cu eu odeio dar o cu. Ainda por cima vendo ele comer você.
— Bem que você gozou.
— Gozei porque você me chupava enquanto ele te comia.
— Mila foi um sacrifício necessário, precisávamos de alguém para
sabotar o carro do Adriano e o serviço foi bem feito. Nunca ninguém
desconfiou. Adriano mereceu, ele estava enrolando para marcar o casamento,
não me dava nada de valor. Quando descobri que o seguro de vida estava no
meu nome e no da chata da irmã dele. O melhor seria ele morto.
— Deu certo, mas quem morreu não foi ele, saiu ileso com apenas
alguns arranhões.

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— Isso que não me conformo, poderia ter morrido os dois, não iam
fazer falta nenhuma.
— Assim nossos planos foram por água abaixo. Não ia poder atentar
contra a vida dele de novo ou iria desconfiar.
— Tive que cair fora, não ia conseguir nada dele. Por isso meu
envolvimento com Marcelo.
— Que também te enrolou.
— Pelo menos desse consegui um carro, apartamento, emprego e
sempre me dava uma quantia em dinheiro. Melhor que nada.
— Mas ele te trocou por outra.
— Lamentável. Mas Adriano está de volta ao jogo, dessa vez ele não
escapa.
— Você vai tentar matá-lo de novo?
— Não sei, pelo visto ele está com a mão aberta. Vou me casar o mais
rápido possível e se tiver a oportunidade de acabar com a vida dele não vou
pensar duas vezes.
— Tem que ter cuidado.
— Terei. A nossa liberdade está próxima Mila, quando pôr a mão no
dinheiro do Adriano vamos embora desse país.
— Um brinde — Mila fala erguendo a taça.
— A nossa felicidade.
— Ao nosso amor — completa.
Depois de tomar uma garrafa de champanhe, decidimos ir para o
quarto, quando começo despir Mila a campainha toca.
— Vai atender amor, talvez seja ele.
Vou até a porta para abrir, Mila me acompanha. Quando eu abro a
porta vejo dois policiais.
— Pois não?

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— Dayana Aparecida Bernal? — o policial pergunta.


— Sim, sou eu — Respondo confusa.
— Você está presa pelo assassinato de Mariane Martines e tentativa
de assassinato de Adriano Martines, e formação de quadrilha.
— Não, eu sou inocente — grito.
— E agora Day? — Mila diz preocupada.
— Camila Fernão Dias? — o policial pergunta.
— Sim — Mila responde chorando.
— Você está presa pelo assassinato de Mariane Martines e tentativa
de assassinato de Adriano Martines.
Os policiais nos algemam, e nos conduzem para fora do prédio.
Quando chegamos ao lado a viatura, Adriano, Carol, Clara, Eva e Marcelo
estão nos esperando.
— Você? — digo olhando para Adriano.
— Assassina! — Carol grita e cospe no meu rosto.
Minha casa caiu.

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CAPÍTULO 27 — MONTANHA

UMA SEMANA ANTES...

No caminho de volta para casa, conto tudo que eu descobri para


Marcelo, já marco uma reunião com ele para entregar as provas que eu tenho.
Dayana vai pagar por tudo que ela fez com Mary.
Carol manda uma mensagem dizendo que precisa conversar comigo,
mal sabe ela que é eu que preciso dela.
Dirijo de volta para casa no automático, sem parar para ir ao banheiro
ou comer. Chego a Dourados e vou direto para a casa da minha ruiva, preciso
do seu abraço, só nele irei encontrar o conforto que eu necessito nesse
momento.
Bato na porta, ainda é cedo, eu sei. Mas não posso esperar, preciso
dela.
— Pode me dizer o que você está fazendo há essa hora aqui? — a mãe
da Carol fala quando me vê na porta.
— Preciso ver e falar com a Carol — sussurro.
— Pelo bagaço que você está parece que o assunto é sério. Só espero
que não seja um neto antes da hora ou o pai dela capa você.
— Me deixa entrar?
— Vai, entra longo antes que o pai dela acorde. Ela está dormindo, vê
se não faz barulho.
— Valeu sogrinha — digo passando por ela e dando um beijo em sua
testa.
Vou rapidamente para o quarto da Carol, antes que o pai dela acorde.

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Entro no quarto e a vejo dormindo, linda abraçada a um urso amarelo com os


cabelos ruivos espalhados pelo travesseiro.
Caminho até ela, sento na beirada da cama e admiro a sua beleza.
Agradeço a Deus por ter colocado essa ruiva na minha vida.
Carol é a mulher com quem eu quero passar o resto de minha vida, ela
será a mãe dos meus filhos.
Vigio seu sono por mais alguns minutos, passo a mão pelos seus
cabelos e distribuo beijos em seu rosto.
— Ruiva — chamo baixinho.
Ela se mexe, mas não acorda.
— Ruiva, acorda — A chamo de novo.
— Hum... — Ela se espreguiça e olha para mim. — Acho que estou
sonhando.
— Estou aqui meu amor, não é um sonho — digo a puxando para os
meus braços.
— Leãozinho é você, estou com tanta saudade — diz me abraçando.
— Eu também Ruiva, vim direto te ver.
— Fico feliz em saber.
— Tenho uma coisa para te contar. O motivo real de eu ter feito essa
viagem.
— Olha antes de você contar, quero lhe dar um presente. — Carol se
levanta da cama correndo igual uma menina, vai até o guarda roupa e pega
uma caixinha cinza e me entrega.
— O que é Ruiva?
— Uma surpresa — fala animada.
— Primeiro, vou te contar o motivo da viagem ai eu abro, tudo bem.
Ela faz uma carinha triste pela minha decisão de abrir depois.
— O que você vai contar é bom ou ruim?

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— É bom e ruim ao mesmo tempo — digo. — Tirei um peso das


minhas costas, isso é bom e ruim, pois é pior que eu pensava.
— A minha surpresa é boa. Então conte o que tem para falar, depois
abre a surpresa.
Conto para Carol tudo o que descobri sobre a morte da Mary e
principalmente o envolvimento de Dayana e Camila, não foi um simples
acidente, foi criminal. Carol fica perplexa conforme eu vou falando.
— E agora? O que você vai fazer?
— Conversei com Marcelo, reuni as provas que tenho. Ele junto com
o pai, vão pedir a prisão preventiva das duas.
— Ai meu Deus essas duas têm que mofar na cadeia.
— Vou fazer de tudo para que isso aconteça.
— Você vai se encontrar Marcelo hoje?
— Vou, preciso entregar o resto das provas para ele.
— Eu vou também.
— Acho melhor marcar na casa dele, assim minhas três meninas
podem estar junto.
— Acho uma boa ideia — diz me dando um beijo.
— Bom, agora vou abrir meu presente — digo pegando a caixa prata
de cima da cama.
Carol abre um sorriso e fica me olhando. Tiro a fita que está em volta
da caixa e a abro. Tem um par de sapatinhos de bebe escrito "sou do papai",
pego na mão e começo a rir feito bobo. Olho para Carol para confirmar as
minhas suspeitas, mas ela não diz nada. Volto a olhar a caixa e vejo uma
roupinha de bebê escrito "cópia autenticada do papai"
— Ruiva, é isso mesmo? — Não contenho a emoção e começo a
chorar.
Olho novamente na caixa e encontro o teste de gravidez. Agora tenho

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certeza, a mulher que eu amo espera um filho meu; fruto do nosso amor.
Puxo a minha ruiva e a abraço, a beijo.
— Obrigado, obrigado por me fazer o homem mais feliz da face da
terra.
— Fiquei com medo de você ficar bravo.
— Jamais ficaria bravo em saber que a mulher que eu amo está à
espera de um filho meu — digo depositando a minha mão em seu ventre.
Depois de muitos beijos e carinhos trocados, vou embora. A tarde
passo na casa da Carol e a levo para o apartamento de Clara.
Chegando lá Eva já estava nos esperando, Marcelo já contou tudo
para as duas. Depois de nos dar parabéns pelo nosso filho, descubro que
Clarinha também está gravida. Fico feliz em saber que vou ser tio e pai ao
mesmo tempo.
— Então, são provas suficientes para pôr aquelas duas na cadeia —
digo depois que Marcelo analisa as provas que tenho.
— Aqui ficou claro que o carro foi sabotado, mas não está claro quem
foi o mandante — Marcelo fala.
— Como assim? Aquelas duas vão ficar soltas depois tudo que
fizeram? — diz Carol indignada.
— Precisamos de algo mais específico, que mostre que elas estão
envolvidas — Marcelo explica.
— Uma confissão seria o suficiente? — pergunta Clara.
— Seria — Marcelo fala.
— Até parece que aquelas duas vão confessar algo — bufa Eva.
— Ah vão sim — Clarinha fala.
— Clara, o que você está pensando? — Carol pergunta.
— Implantar uma escuta no apartamento de Dayana, assim gravamos
a confissão das duas — Clarinha fala.

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— Impossível! Quem vai conseguir entrar lá para colocar a escuta —


falo.
— Você Montanha — sugere Clara.
— Eu?
— Sim, você — confirma.
— Clarinha, explica isso direito — Eva fala.
— A vaca assassina estava de olho na grana do Montanha, quando
largou dele, já tinha a próxima vítima, o Marcelo. Agora ela não tem
ninguém. Então Montanha, tente se aproximar dela, ela vai cair feito um
patinho — esclarece Clara.
— Na certa ela vai te convidar para ir na casa dela, ai você coloca a
escuta — Eva fala. — Clarinha, você é um gênio.
— Você também diz que quer casar o mais rápido possível, fala que
vai dar casa, carro e tudo que ela quiser — Carol fala.
— Meninas, estou me assustando com a cabeça de vocês. — Marcelo
brinca. — Mas isso não vai dar certo.
— Vai sim. Montanha, faz o teste, mande uma mensagem para
Dayana — pede Clarinha.
— Não tenho o número — digo.
— Eu posso conseguir no escritório — Marcelo fala.
Marcelo consegue o número, e mando mensagem, quase que na
mesma hora ela me responde.
— Falei que caia — Clara se gaba.
— Que comece o jogo — diz minha ruiva.
Dayana, seus dias de liberdade estão contados...

UMA SEMANA DEPOIS


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Dayana caiu feito uma patinha em nosso plano, assim que consigo
implantar escutas, na sala, cozinha e quarto, invento uma desculpa e vou
embora.
Chego ao apartamento de Clara e a primeira coisa que faço é abraçar a
minha Ruiva.
— Não estava combinado a ida de vocês três quase enfartei – falo.
— Viu como somos boas atrizes, ela acreditou é uma palhaça mesmo
— Carol fala rindo.
— Nossa ainda bem que fomos, pude quebrar a cara dela — Eva fala
rindo.
— Montanha, foi necessário, ela precisava de provas que você queria
volta para ela, sabendo que nós estávamos contra você foi uma prova —
Clarinha explica.
— O importante é que deu certo, Camila já está no apartamento e elas
já confessaram tudo, já liguei para o meu pai mandei as gravações por e-mail
e o pedido de prisão das duas já foi pedido. Elas podem ser presas a qualquer
momento — conta Marcelo.
— O que estamos esperando? Vamos, gente, agiliza quero ver as
cobras sendo presas — Eva fala nos empurrando para fora do apartamento.
Quando chegamos ao apartamento de Dayana as duas já estão saindo
algemadas. Ela olha para mim e fala: — Você? — Dayana parece não
acreditar.
— Assassina — Carol fala cuspindo na cara de Dayana.
— Vamos embora, essa ai vai pagar por tudo que fez com a minha
irmã, vou cuidar para que você apodreça na cadeia — digo puxando a Ruiva
e a levando para casa.
Agora só quero me preocupar com a minha mulher e o meu filho que
está a caminho.
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CAPÍTULO 28 — MONTANHA
Dayana e Camila enfim foram presas, pensei que o plano de Clarinha
não ia dar certo, mas deu. Dayana tem o ego muito alto, caiu na armadilha na
hora, não passou pela cabeça dela que poderia ser um plano. Ela pensou que
eu nunca descobriria seus planos perversos e mesquinhos.
Com a ajuda das meninas e do Marcelo conseguimos uma confissão
das duas, mais o dossiê do detetive são provas suficientes para as duas
ficarem atrás das grades durante muito tempo. Dayana virou assassina,
segundo ela para viver seu amor com Camila longe do preconceito das
pessoas. O que ela não percebeu que o preconceito partiu dela mesma não
assumindo o que sente, se escondendo atrás de uma pessoa que não é,
tramando planos e até assassinatos para viver esse tal de amor. A partir do
momento que você está se prejudicando e prejudicando as pessoas em sua
volta isso não pode ser considerado amor. Ela foi egoísta, mesquinha e
interesseira, hoje está pagando pelos crimes que cometeu em nome desse
"amor".
Depois que a justiça foi feita, agora preciso cuidar da minha Ruiva e
dessa criança que vem vindo por ai. O primeiro passo é conversar com os
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pais da Carol.
Hoje, uma semana depois da prisão de Dayana e Camila, resolvi
contar para os meus sogros que está chegando um netinho. Logo me lembrei
do dia em que descobri que iria ser pai, a mãe da Carol falando que não
queria neto tão cedo, a coitada nem imaginava que o neto já estava a
caminho.
Dona Nice é suave, mas seu pai é tenso. O senhor distinto com a
cabeça fechada, acho que ele acha que Carol ainda é virgem. Antes que eu me
esqueça ele tem um facão e sempre disse que iria usá-lo naquele que
desonrasse sua filha.
Graças a Deus que meu filho já está a caminho corro sério risco de
ficar sem o meu pau e consequentemente não poder mais fazer outros filhos.
Agora estou parado na porta da casa da minha ruiva, criando coragem
para entrar e contar a novidade.
— Vamos Montanha, entra! — Carol fala parada na porta da sua casa.
— Estou com medo — confesso.
— Para de ser bunda mole e entra logo.
— Mas Ruiva ele tem um facão — tento me justificar.
— E daí?
— E daí, que você vai ficar sem o seu brinquedo.
— Para de drama Montanha.
— Drama? Não é de você que vai ser arrancado o que tem no meio
das pernas. — Essa Ruiva não sabe o tanto que o pai é perigoso.
— Você é um homem ou uma lesma?
— Nesse momento sou uma lesma.
— Entra logo ou vocês vão ficar de papo na porta — alguém grita de
dentro da casa.
— Conheço essa voz — digo enfim entrando.

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Entro na casa e olho assustado para pessoa que está sentada no sofá
com um sorriso enorme no rosto e uma bacia de pipoca no colo.
— Eva — constato assustado. — O que você está fazendo aqui?
— Você acha mesmo que eu ia perder o show? — diz Eva e joga
algumas pipocas na boca.
— Que show? — pergunto.
— A notícia bombástica. — Olha para os lados e fala baixinho. —
Até pedi para a tia estourar pipoca. — Mostra a bacia de pipoca. — Você
quer um pouco?
— Carol, faz alguma coisa! — peço.
— Fazer o quê? — Carol pergunta.
— Olha a Eva!
— Você não está entendendo, eu já fiz. Eva queria filmar tudo para
mostrar para a Clarinha, pois Marcelo não a deixou vir porque está enjoada.
Então sinta-se satisfeito em ela só presenciar tudo.
— É, eu nem vou falar nada. Vou comer minha pipoca, tomar o meu
refrigerante e ficar quietinha assistindo tudo de camarote — Eva fala com
cara de santa.
— Espero que o seu pai não queira me capar. Afinal, Eva vai estar
aqui para me defender — digo sentando no sofá.
— Vou defender ninguém não. Já disse, vou ficar quietinha e assistir
tudo de camarote — Eva fala comendo a pipoca.
— Chega, vocês dois. Vou chamar a minha mãe e o meu pai e acabar
logo isso — Carol fala saindo da sala.
— Conta ai Montanha. Como você vai fazer? — Eva pergunta
curiosa.
— Fazer o quê?
— Contar sobre o meu sobrinho. É cada pergunta viu.

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— Ainda não sei, faz uma semana que estou ensaiando tudo, está
complicado — digo me dando por vencido.
— E o anel?
— Que anel Eva?
— Rapaz você não vai pedir Carol em casamento? Você nem
comprou um anel? Toma vergonha na sua cara Montanha.
— Eva, eu pensei em dar o anel em um momento mais íntimo. Não
aqui na frente de todos.
— Mas é sem graça. Por que não trouxe o anel? Assim iria amolecer o
coração do tio, seu besta.
— Não pensei nisso. Eva, foi um prazer em te conhecer, diz para o
meu filho que eu o amo muito. Acho que estou fodido.
— Quer um conselho, Montanha?
— Tenho medo dos seus conselhos. Você é minha menina
superpoderosa Evinha, mas é muito doidinha.
— Também te amo — Eva fala mandando um beijo — Meu tatão.
— Fala.
— Falar o quê?
— O conselho, há essa hora estou aceitando tudo — digo
conformado.
— Não enrola muito, solta a bomba e pronto. Se ninguém enfartar
você está no está no lucro.
— Seu conselho ajudou muito viu, Eva — digo sarcasticamente.
— De nada, sou uma gênia!
— Percebi.
Ficamos em silêncio por alguns minutos. Enquanto eu mentalmente
estou pedindo força para o além. O pai e a mãe de Carol entram na sala, e eu
me levanto em um pulo.

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— Bom dia, senhor — cumprimento estendendo a mão para o pai da


Carol, que aperta, mas não responde — Bom dia, senhora.
— Pelo visto o assunto é sério. Sua mão está suada e agora já é
15h30m da tarde então é boa tarde — a mãe da Ruiva fala segurando a minha
mão.
Não respondo, só a olho com cara de paisagem. Ambos se sentam no
sofá.
Sento no sofá com a Ruiva do meu lado, Eva do outro lado e os pais
da Carol na minha frente.
— Então? — o pai da Carol me pergunta.
— Então o quê? — Estou nervoso. — Ai! — Eva me dá um tapa no
braço.
— Então você tem que dizer o que veio fazer aqui — Eva fala dando
outro tapa no meu braço. — Tonto.
— Como você veio sentar do meu lado que nem vi? — pergunto
olhando para Eva.
— Vim te dar apoio moral. Agora para de enrolar e conta logo a
novidade — Eva fala batendo palmas.
— Pela alegria da Eva posso imaginar que é coisa boa — dona Nice
fala com um sorriso nos lábios.
Olho para a minha Ruiva, seguro sua mão, respiro fundo e falo: —
Senhor, senhora, vim informar que sou completamente apaixonado pela filha
de vocês, que pretendo me casar com ela o mais rápido possível e que Carol
está grávida de um filho meu — digo rápido atropelando as palavras.
— Como que é? Repete meu jovem, não entendi o final — pede o pai
da Carol.
— Sou completamente, apaixonado pela filha do senhor, que
pretendo... — começo a repetir o que tinha falado, mas ele me corta.

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— Essa parte eu entendi, o que não deu para entender foi o final —
diz.
— QueCarolestágrávidadeumfilhomeu — digo rápido de novo. Estou
suando frio.
— O quê? — o velho surdo pergunta de novo.
— Aff, Carol está gravida. Nossa, tio, o senhor é surdo hein. Vai ter
que repetir quantas vezes para o senhor entender — solta Eva.
— Eva, fica quieta — Carol a repreende.
Olho para o meu futuro sogro e ele está em choque, olha para a minha
sogra e ela está sorridente, isso já é um alivio.
— Pai? Pai, diz alguma coisa — Carol fala.
— O como é que é? — o velho levanta do sofá e me encara com o
olhar em fúria.
— Estou grávida pai — Carol fala se levantando e ficando na minha
frente. — O filho é do Montanha estamos juntos já faz um tempo.
— Caroline, como isso foi acontecer? — grita o pai da Carol.
— A cegonha, tio, resolveu presentear a Carol e Montanha com um
bebezinho — Eva fala rindo.
— Sei bem a cegonha — Carol fala dando um sorriso discreto e rindo
baixinho.
— Você é muito do safado e desonrou a minha filha — o velho fala
olhando para mim. — Não tem amor no que tem no meio das pernas rapaz.
Olho assustado para o velho, olho para Carol e mentalmente peço
ajuda para minha sogra. Pelo visto ela entende e solta um grito.
— AH — grita a minha sogra.
— Mãe? — Carol fala assustada.
— Um netinho — a mãe de Carol fala levantando do sofá e abraça a
filha. — Parabéns minha menina, que essa criança seja bem-vinda. Enfim

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você vai desencalhar.


— Obrigada mãe — Carol abraça a mãe e as duas começam a chorar.
Eva se aproxima, as três se abraçam e começam a pular na sala.
— Tia, vou ter um sobrinho ou uma sobrinha — Eva fala rindo.
— Parabéns para você também, grandão. Tenho certeza que vai ser
um bom pai — minha sogra fala saindo do abraço triplo e me abraçando.
— Obrigado — respondo desconfiado. Olho para o pai da Carol e ele
continua sério olhando para mim.
— Para de frescura no rabo homem e vem parabenizar a nossa filha
pelo nosso netinho — dona Nice fala emocionada.
— Vou pegar meu facão — diz pai de Carol.
Como forma de proteção coloco as duas mãos tapando o meu pau.
— Não vai pegar merda nenhuma de fação. Vem aqui e dê os
parabéns para eles logo, para de ser um velho ranzinza. O cara veio aqui, já
disse que vai casar, vai assumir a nossa filha e o nosso netinho. Quer mais o
quê? — minha sogra salvadora de genros fala.
Meu sogro se levanta desconfiado e aperta a minha mão.
— Quando é o casório? — pergunta.
— Pai? — minha ruiva fala tentando cortar a fala do pai.
— Filha, ele desonrou você. Tem que casar agora — fala. — Casa ou
fica sem os documentos.
— Garças a Deus que ele desonrou nossa filha ou a gente ia morrer e
ela não ia nos dar um netinho — minha sogra fala animada.
— Por um homem desses, até eu queria ser desonrada. Daria minha
honra com todo prazer — Eva fala rindo.
— O que você disse, menina? — meu sogro pergunta.
— Disse que Montanha é um homem de virtude, um bom partido,
Carol é moça de sorte, tio — Eva grita para que ele ouça.

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— Ah bom menina, então eu ouvi errado. Parabéns rapaz, seja bem-


vindo a família; cuide bem da minha filha e do meu neto. Eu tenho um facão,
amolo ele com muito esmero toda semana. Se você magoar minha filha sabe
o que acontece com o seu documento — ameaça.
Nunca rezei tanto. Milagres acontecem, estou vivo, meu pau inteiro.
Pensei que iria ser pior. O importante é que estou inteiro.
Depois do sermão de quase uma hora, do pai da Ruiva enfim ele
aceitou. A data do nosso casamento já está marcada. Clarinha e Eva serão
nossas madrinhas. Quero ter minha Ruiva como minha esposa, usando meu
nome. Vou cuidar dela e ama-la todos os dias da minha existência.
Carol me leva até o carro, ela está feliz, eu estou feliz, nossas vidas
estão tomando rumo juntas.
— Pronta para ser a Senhora Martines? — pergunto lhe dando um
beijo na testa, depositando a mão no seu ventre.
— É tudo que eu mais desejo — diz me abraçando.
— Esse também é o meu desejo, você e nosso filho são as coisas mais
importantes da minha vida — digo tomando sua boca com um beijo.

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CAPÍTULO 29 — CAROL
Um mês depois...

Eu grávida, parece mentira, mas é verdade. Estou amando essa


criança com todas as minhas forças. Amando ver as modificações do meu
corpo por carregar essa vida.
Hoje é dia de consulta do pré-natal e do ultrassom. Parece que depois
que descobri a gravidez, minha barriga cresceu do dia para noite. Já estou
com 15 semanas de gestação. Dessa vez Clarinha e Eva não vão estar
presentes.
Clarinha resolveu se mudar para uma casa, ela e Marcelo chegaram ao
consenso que apartamento não foi feito para criar criança. Eva como tia
babona foi ajudar Clarinha na mudança e na decoração do quarto do bebê.
Proibi ela de vir junto na consulta.
Antes que me esqueça ninguém tirou da cabeça de Eva adotar um
cachorro, segundo ela seria mãe de um cachorrinho de quatro patas já que
não tinha ninguém para desonra-la. Na verdade tem, depois da prisão da
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Camila, Ale foi atrás de Eva parecendo um cachorrinho com o rabinho entre
as pernas, mas ela não quis. Disse que não vai ser prémio de consolação. Que
ele vai ter que provar que gosta mesmo dela, enquanto isso ela está na pista.
Eva achou um filhote na rua e resolveu adotar ele, é um vira lata, colocou o
nome de Sandro, o nome é homenagem ao Ale, que foi feito cachorro atrás
dela. Aonde vai leva o cachorro, segundo ela é a sua companhia, é melhor o
Sandro de quatro patas que não vai a abandonar ao Ale que tem duas patas e
pode a abandonar a qualquer momento.
Tenho que tirar o chapéu para o Ale, pois o mesmo está disposto a
conquistar Eva, e recuperar o tempo perdido. Mesmo Eva dizendo que
superou o amor que sentia por Ale, tanto eu quanto Clarinha, Montanha e
Marcelo sabemos que ela o ama, que só não quer dar o braço a torcer.
Esse mês que passou muitas coisas aconteceram, como o meu
casamento que foi do jeito que sempre sonhei: simples em uma manhã de
domingo. Clarinha, Marcelo, Eva e Ale como nossos padrinhos. Por incrível
que pareça Sandro também foi no casamento, Eva colocou uma gravatinha
nele, treinou o coitado para entrar com as alianças, e ele fez o maior sucesso.
Quem fez sucesso também foi o Ale, subiu e cantou para Eva, mas
isso não foi o suficiente para amolecer seu coração. Ela fingiu que não sentiu
nada, disse que o amor dele está no xilindró. Esses dois tem muita história
para contar, muitas emoções para ser vividas. Vão ter que descobrir juntos
qual será o melhor caminho.
Graças a Deus depois de três anos e meio, enfim eu e Montanha
estamos no mesmo caminho, seguindo as nossas vidas juntos, um do lado do
outro. Nunca imaginei que eu pudesse ser tão feliz, que aquele Jogo de
Desejo me faria hoje uma mulher realizada, mãe e esposa.
Esse homem que está aqui do meu lado roendo as unhas, deu trabalho
para conquistar, mas todo meu JOGO DE DESEJO foi compensado, ele é

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meu. Meu homem, meu marido, pai dessa criança que carrego. Sei que me
ama, ele faz questão de dizer isso todos os dias e comprovar com atitudes
esse amor.
Olho para Montanha e o sorriso sai fácil, ele está nervoso e não
consegue se controlar. Se ele está assim em uma consulta de pré-natal
imagine no dia do parto.
Se tudo correr bem, e se o nosso filho colaborar saberemos o sexo.
Tenho o nome em minha cabeça, eu e Montanha ainda não conversamos
sobre isso, mas tenho certeza que ele vai amar o nome que escolhi. Dizem
que mãe sabe, sente se é menino ou menina. Eu sinto que sei o sexo, quero
apenas confirmar.
— Nervoso? — pergunto para Montanha que está roendo as unhas
sentado do meu lado esperando a nossa vez para a consulta.
— Muito! — fala me dando um sorriso amarelo.

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CAPÍTULO 30 — MONTANHA
Carol pergunta se eu estou nervoso. Nervoso é pouco, estou tenso, sei
que é uma simples consulta, mas hoje vou poder ver meu filho e escutar o seu
coração batendo. Isso já é um teste para cardíaco Não estou fazendo drama, é
real. Só um pai sabe o que estou sentindo nesse momento.
— Fica calmo, não dói nada — Carol fala dando um beijo em meu
rosto.
— Estou tentando — digo beijando a sua mão.
— Caroline Martines, pode entrar — A atendente do consultório fala.
— Vamos? — digo dando a mão para Carol levantar.
Entramos no consultório, e cumprimentamos a Doutora. Puxo a
cadeira para Carol sentar e me sento ao seu lado.
— Como passou esse mês Caroline, enjoo, dores. Está se alimentando
bem? — a doutora pergunta.
— Passei bem, algumas emoções por causa do casamento, mas não
senti nada de anormal. Só um pouco de sono e uma fome mostro — Carol
responde.
— Parabéns pelo casamento. É normal sentir esse sono e fome, durma
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bastante que é bom para o desenvolvimento do bebê, cuidado no comer.


Coma coisas leves e saudáveis, não queremos uma mamãe com excesso de
peso. Agora vamos ver como está esse bebê?
— Vamos — Carol e eu respondemos juntos.
Caminhamos para sala em anexo ao consultório para fazer o tão
sonhado ultrassom, na primeira não estava presente. Mas agora quero estar
presente em todas consultas e ultrassons, pois esse é o meu papel de pai e
quero realizar.
Carol deita na maca e a Doutora mede a pressão, a circunferência da
barriga e diz que está tudo bem. A Doutora senta na cadeira do lado da maca,
levanta a blusa da Carol passa um gel na sua barriga. Liga o aparelho.
Seguro a mão de Carol. Vejo o nosso filho no monitor, ele é lindo,
nunca imaginei que uma imagem em preto e branco seria tão linda.
— Olha papai e mamãe — a doutora fala.
Beijo a mão de Carol, e continuo olhando o nosso filho. Enquanto a
doutora vai mostrando as partes do corpo do nosso filho e explicando tudo.
— Já dá para saber o sexo? — Carol pergunta.
— Dá sim, querem saber? — pergunta.
Olho para Ruiva e balanço a cabeça. Quero muito saber se será um
príncipe ou uma princesa.
— Queremos — Carol assente.
— Papai, o que você acha? É um menino ou uma menina? — a
Doutora pergunta.
— Não sei, quero muito esse filho. — É a única coisa que consigo
dizer.
— E você mamãe? — pergunta para Carol.
— Acho que é uma menina — fala com um sorriso no rosto.
Ela nunca me disse que tinha um palpite para o sexo do bebê, quando

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alguém perguntava sempre disse que não queria opinar. Que iria esperar o dia
do ultrassom.
— Parabéns, papai e mamãe, está a caminho uma menininha. A
mamãe está certa — conta a doutora.
— Uma princesa? — pergunto olhando para a médica.
— Isso mesmo papai, uma menina — afirma.
Aperto a mão da Carol e beijo a sua testa.
— Nossa Mariane está a caminho — Carol fala olhando em meus
olhos.
— Mariane? — pergunto com lágrimas nos olhos.
— Sim, a nossa Mariane, a nossa vida, que já amamos muito, e tenho
certeza que lá de cima a minha cunhadinha irá amar o nome da nossa filha,
ela irá protegê-la e guiar seus passos aqui na terra.
— Obrigado, Ruiva — digo distribuindo beijos em seu rosto. Nossas
lágrimas se misturam.
Minha filha, minha Mariane, vem para esse mundo para marcar uma
nova fase em minha vida, em nossas vidas. Vem para esse mundo para dar
novos rumos, novas esperanças, novo sentindo. Veio trazer o brilho que
faltava.

FIM

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EPÍLOGO
—Preguiçinha, preguiçinha. Vamos acordar! — digo tentando acordar
a minha Ruiva.
— Mary está acordada?
— Ainda não, fui olhar e ela está dormindo. Hora do papai e da
mamãe namorar um pouco — digo cheio de desejo.
— Não quero. — Cobre a cabeça com o edredom.
Puxo o edredom, passo a mão em seu cabelo, desço e deixo a mão em
sua cintura; deposito beijos em seu pescoço.
— Só um pouquinho, Ruiva.
— Me deixa dormir — Reclama, vira de costas e arrebita a bunda.
— Assim você judia, vamos brincar um pouco — digo a abraçando.
— Não quero — diz manhosa.
— Vem Ruiva, seu parque de diversão está pronto para você.
— Não quero.
— Não estou te reconhecendo. Você nunca negou fogo, foi um
sacrifício danado para conseguir segurar na sua dieta quando Mary nasceu,
mas esses dias está em uma preguiça.
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— Hum... Sono, muito sono — diz se espreguiçando.


— Estou percebendo — digo sentando na cama e escorando as costas
na cabeceira.
Carol puxa o edredom e se enrola nele igual uma gatinha manhosa.
Essa última semana ela só come e dorme, está em uma preguiça.
Essa sua atitude me faz voltar ao passando e me lembrar que essa
mesmo cena aconteceu pouco mais de dois anos atrás — Leãozinho!
— Hum.
— Queria comer um docinho.
Está se repetindo.
— Eu tenho um pirulito aqui debaixo desse edredom, serve esse —
digo animado já sabendo a sua resposta.
— Não, queria doce de doce mesmo.
— Está muito cedo para comer doce, Ruiva.
— Por favor, só um docinho — fala fazendo bico.
Levanto-me da cama, vou na cozinha, pego um pote de nutella, uma
colher e volto para o quarto. Entrego para Ruiva, seus olhos brilham ao ver o
pote, e logo começa comer.
Me sento na cama e fico esperando o próximo pedido.
— Montanha?
— O que deseja, Ruiva? — pergunto já na expectativa.
— Eu quero seu pau com nutella.
Caio na risada e a abraço, distribuo vários beijos em seu rosto.
— Te amo, te amo, te amo. Obrigado, Ruiva.
— Também te amo, mas por que está dizendo obrigado?
Passo a mão em seu rosto, beijo sua testa.
— Vem vindo o Enzo ai — falo.
— Será? — Ela me olha confusa. — Meu Deus eu fiquei uma semana

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sem tomar o anticoncepcional.


— Enfim Mary vai ganhar um irmão — falo rindo.
— Mais um — Ruiva faz biquinho — Nosso Enzo está vindo!
— Então vamos aproveitar, pois a quarentena mata — minha Ruiva
fala se jogando em meus braços.
Essa Ruiva me ganhou JOGANDO COM O DESEJO, o que era
apenas um jogo, um desejo, hoje é amor, é a minha vida, minha riqueza.

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AGRADECIMENTOS

JOGANDO COM O DESEJO, é o meu segundo livro de romance, foi


tão difícil quando o primeiro. Quando comecei a escrever estava grávida, a
cada capítulo escrito minha gestação estava mais avançada. Bruno Gabriel
nasceu no meio da escrita do livro, depois de seu nascimento foi muito difícil
continuar a escrever. Mas eu consegui.
Por isso preciso agradecer primeiramente a Deus, por ter me guiado e
me abençoado com um filho lindo que amo muito. Segundo agradecer a todas
as mensagens de leitores e amigas que me incentivaram a não desistir e a
continuar a escrita.
Agradecer a minha família, mãe, irmã, sobrinha e marido por sempre
me incentivar.
Agradecer especialmente a Carol Cappia que disse “Vamos publicar
eu te ajudo”, foi o necessário para eu virar noites e mais noites em claro para
enfim conseguir a publicação desse romance.
OBRIGADA, SOU ETERNAMENTE GRATA A TODOS QUE ME
AJUDARAM E INCENTIVARM A CONTINUAR.

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JOGANDO COM O AMOR


TRILOGIA JOGANDO LIVRO III
LARINHA VILHALBA

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©2017 Larinha Vilhalba

Capa: Carol Cappia


Revisão: Carol Cappia
Diagramação digital: Carol Cappia

Esta é uma obra de ficção. Seu intuito é entreter as pessoas. Nomes,


personagens, lugares e acontecimentos descritos são produto da imaginação
da autora. Qualquer semelhança com nomes, datas e acontecimentos reais é
mera coincidência.

Esta obra segue as regras da Nova Ortografia da Língua Portuguesa.

Todos os direitos reservados. São proibidos o armazenamento/e ou a


reprodução de qualquer parte dessa obra, através de quaisquer meios –
tangível ou intangível – sem o consentimento escrito da autora.

Criado no Brasil
A violação dos direitos autorais é crime estabelecido na lei nº 9.610/98 e
punido pelo artigo 184 do Código Penal.

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Agradecimentos
JOGANDO COM O AMOR, foi de longe o livro mais difícil de
escrever da trilogia. Eva já tinha destaque nos dois livros anteriores, ela não
era fujona e quebrada como a Clara, e nem o furacão da Carol, Eva era
completamente diferente de ambas e ao mesmo tempo tinha muito em
comum, carismática e com sede de amor, era amiga e companheira. Então o
desafio foi grande.
Conforme a história ia sendo contada o medo de errar estava presente.
Portanto quando a palavra “Fim” foi escrita, foi motivo de alivio e alegria do
trabalho cumprido, e isso só foi possível através de vocês minhas amigas e
leitoras.
Agradecimento especial a Carol Cappia que ouviu as minhas ideias e
sempre me apoiou, a minha família, amigos e leitores e principalmente ao
meu filho BRUNO GABRIEL.
Obrigada a todos que contribuíram para esse sonho se tornar
realidade.
Beijos Larinha Vilhalba

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Sinopse

Eva é uma menina romântica que se apaixona na infância pelo menino


que se muda para a casa do lado. Na adolescência, juntos vivem uma linda
história de amor.
Por ironia do destino da mesma forma que Ale chegou é obrigado a
partir, deixando o coração de Eva em pedaços. Mesmo com o coração partido
ela não deixou de viver e acreditar no amor. Esse sentimento nutrido ficou
guardado como uma doce lembrança.
Os anos passam, e o destino coloca Eva e Ale frente a frente. Eles não
são mais crianças, não são adolescentes, ambos têm marcas do seu passado.
O sentimento guardado ainda existe no coração de ambos, o destino ainda
insiste em pregar peças. E assim começa “Jogando com Amor”.

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INTRODUÇÃO

Eu amo olhar em seus olhos, são de um preto tão escuro, tão intenso
que quando me olha sinto que ele consegue desvendar a minha alma. Eu não
sei em que momento eu me apaixonei por Alessandro. Talvez seja quando ele
me olhou pela primeira vez com aquele olhar de menino travesso, que parecia
me despir ou talvez quando ele me abraçava sem motivos apenas pelo
simples fato de me abraçar ou tenha sido uma das noites que ficamos até
tarde na janela conversando sobre livros, músicas, viagens e sonhos...
Eu não sei quando tudo começou; mesmo eu gostando do Alessandro
eu nunca tentei algo ou me declarei, talvez por medo de estragar nossa
amizade. Até que um dia assim como ele chegou ele se foi. A família
resolveu mudar de cidade. Agora, anos depois o reencontro na faculdade,
cursando o mesmo curso e na mesma sala.
Desde o primeiro momento que o olhei meu coração disparou, não o
reconheci de primeira, hoje ambos estamos mudados, não somos mais duas
crianças, não somos mais dois adolescentes. Mas depois de algumas trocas de
palavras acabei reconhecendo o meu primeiro amor.

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CAPÍTULO 1 — EVA

AMOR

Se olharmos no dicionário encontraremos que o significado de amor


é: um sentimento de carinho e demonstração de afeto que se desenvolve entre
seres que possuem a capacidade de o demonstrar. O amor motiva a
necessidade de proteção e pode se manifestar de diferentes formas: amor
materno ou paterno, amor entre irmãos (fraterno), amor físico, amor
platônico, amor à vida, amor pela natureza, amor pelos animais, amor
altruísta, amor próprio.
AMOR, uma palavra simples de apenas quatro letrinhas, mas com um
significado imenso, que eu, você e até mesmo o dicionário não é capaz de
descrever em sua totalidade. Outra palavra complicada é ADOLESCENTE, a
palavra é complicada e cada um de nós passamos por essa fase.
Agora junta amor + adolescente = AMOR DE ADOLESCENTE.
Bom, juntando essas duas palavras ferrou tudo, tenho certeza que você já
passou por isso também.
Diz quem nunca se apaixonou perdidamente na adolescência, que fez
juras de amor eterno, ficava aérea e fazendo vários planos para um futuro

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inexistente. Aquele amor puro, doce, que o dicionário não é capaz de


descrever. Aquele amor que você se entrega de corpo e alma sem pensar nas
consequências. Aquele amor intenso, que te deixa suspirando pelos cantos,
nas nuvens... Esse amor... Ah o amor mais puro... Mais belo...
Eu tive um amor assim. Amei perdidamente, fiz juras e mais juras de
amor. O vivi intensamente; entreguei-me de corpo e alma. Mas assim como
esse amor chegou ele foi arrancado de perto de mim, não por minha culpa ou
dele, o destino quis assim. Deixando meu coração em pedaços.
Depois de uma separação forçada pense como seria a sua reação ao
anos depois reencontrar esse amor perdido? Esse amor arrancado de você.
Isso acabou de acontecer comigo...
Ao contrário de Clarinha e Carol, conheço Ale desde que eu era uma
menina de 8 anos que usava Maria Chiquinhas. Em uma manhã acordei e a
casa ao lado da minha estava ocupada, foi uma surpresa quando vi que meus
novos vizinhos tinham um filho um pouco mais velho que eu. Apesar da
diferença de idade, mínima, Alessandro, que carinhosamente chamávamos de
Ale, não era desses meninos que me zoavam ou só queriam saber de
videogames, jogar bola ou das meninas bonitas da escola. Ele era doce,
tratava todos bem, sem fazer diferença, era inteligente, e adorava ler assim
como eu, acho que foi isso que nos tornou inseparáveis. O tempo foi
passando, e a nossa amizade aumentando. Nas minhas maiores descobertas
ele estava presente, assim como nos momentos mais bobos.
Algumas pessoas podem até achar que é mentira, mas quando eu
menstruei pela primeira vez, aos onze anos, não contei para a minha mãe ou
para uma das minhas colegas de escola. Contei para ele, pois ele era o meu
fiel companheiro. Éramos iguais cutícula e unha, sempre juntos.
Eu sabia o que significava aquela mancha vermelha, nunca fui boba
apesar de ser tímida, sempre procurei me informar e saber sobre tudo, estava

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sempre buscando informações na internet. Mas ele era meu amigo, e eu quis
dividir esse momento com ele. Meus pais não são pais ruins, mas ambos
viviam muito ocupados com o trabalho e nunca gostei de incomodá-los.
Quando minha mãe soube que eu já era moça, estava no quarto mês da
menstruação. Ela chorou por sua filha já ser uma mocinha e me deu uma
bronca por não avisa-la, depois me abraçou e tudo ficou bem.
Quando Ale estava com quatorze anos ele já tinha ficado com várias
garotas, as quais ele fazia questão de me contar e eu odiava, tinha nojo delas,
no começo achava que era ciúmes de melhor amiga.
Quando ele tinha quinze anos contou que perdeu a virgindade, eu
odiei ele e a garota, por não ser eu. Gritei, esperneei, chorei, fiquei dois dias
sem falar com ele e não sai do quarto, me isolei. Eu só tinha treze anos, era
uma menina, mas já o amava com todas as minhas forças. Ele era o meu
único amigo; então engoli meu orgulho e fui falar com ele, me desculpei
mesmo sofrendo por dentro, mas era melhor ser a melhor amiga do que nada.
Como já disse, não sei quando tudo começou, mesmo eu gostando do
Alessandro eu nunca tentei algo a mais ou me declarei, talvez por medo de
estragar nossa amizade ou por rejeição já que ele só saia com as meninas
mais bonitas e da sua idade. Eu ainda era apenas uma menina.
Eu não sou feia, sou normal, muitas pessoas diziam que eu era bonita
e até alguns garotos queriam sair comigo, mas nunca aceitei ou me interessei
por nenhum deles. Estava me guardando na esperança de um dia Alessandro
olhar para mim. Eu adoro meu tom de pele, minha mãe é uma negra linda e
meu pai é branco, e eu nasci com uma mistura dos dois. Meu tom de pele é
mais claro que da minha mãe, mas não como o do meu pai, meus cabelos são
enrolados um pouco acima da cintura e eu adoro meus cachos, às vezes eu
faço chapinha, mas não passo disso, morro de medo de estragar meus cachos.
Afinal em terra de chapinha quem tem cachos é rainha.

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Meu corpo não é de top model, pelo contrário, depois dos quatorze eu
ganhei um pouco mais de bunda e peito, no começo eu não gostava muito,
mas quando Ale passou a me elogiar eu passei a gostar. No início eu sentia
até vergonha, uma vez quando tinha 15 anos fomos nadar na piscina na casa
dele, eu coloquei um biquíni vermelho, até pequeno, já que tinha um tempo
que tinha comprado. Aquela foi a primeira vez que Ale me olhou como
mulher, ele me olhou de uma forma tão intensa que senti minha pele toda
arrepiar e minha calcinha molhar devido a minha excitação. O que me deixou
ainda mais mortalmente constrangida, foi de ver o volume em sua sunga,
daquele dia em diante as coisas começaram a mudar. Começaram a
esquentar. Ale começou a me tocar mais do que de costume e sempre em
lugares estratégicos, aqueles lugares que faziam subir um arrepio, outras
vezes seu toque me deixava molhada, eu adorava suas mãos em mim, seus
abraços, seu cheio. Mesmo com quase 16 anos, eu nunca havia se quer
beijado alguém, mas queria tudo com Ale. Eu não era inocente, eu lia
bastante livros de romances eróticos em um aplicativo chamado “Wattpad”,
em alguns livros eu ficava tão ciente do meu corpo que até me tocava, mas
sempre carícias leves por cima da calcinha, eu não tinha medo de me tocar,
mas queria que todas as minhas primeiras vezes fossem com o Ale.
Quando eu fiz dezesseis anos, Ale me beijou pela primeira vez, foi
meu primeiro beijo, mas é como se eu já tivesse feito aquilo a vida toda,
talvez pela experiência do Ale ou talvez porque eu sempre quis que todas as
minhas primeiras vezes fossem dele. O beijo foi intenso, meus lábios ficaram
inchados, minhas pernas trêmulas, meus seios ficaram pesados e como de
costume ele me deixou molhada, pronta para receber seu corpo no meu.
Assim como eu lia nos romances.
Daquele momento em diante estávamos mais colados do que de
costume, a diferença é que estávamos sempre aos beijos, amassos e mãos

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bobas, eu adorava as mãos do Ale em mim.


Um dia os pais dele precisaram viajar com urgência para Minas, a
Avó por parte de pai estava muito doente, como estava próximo do vestibular
Ale não poderia ir junto com os pais, então ele se mudou por alguns dias para
a minha casa, já que assim seus pais viajariam tranquilos. Ao todo
Alessandro iria ficar uma semana na minha casa, como eu estava de férias e
meus pais viviam mais no trabalho do que em casa foi inevitável que nossa
primeira vez não acontecesse. Não foi à noite, não foi com luzes de velas ou
com pétalas de rosas, mas foi o dia mais importante da minha vida, foi o
momento que me transformei mulher nos braços do homem que eu amava.
Lembro-me de tudo como se fosse hoje... Se eu fechar os meus olhos
consigo voltar aquele dia e sentir cada toque, cada sensação, consigo ouvir
sua voz.
— Te desejo, te quero.
— Ale, me faça mulher...

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CAPÍTULO 2 — EVA
— Não precisa ficar nervosa, se você não quiser não tem problema,
eu estou morrendo para estar dentro de você, mas não tem que fazer se não
quiser — fala tentando me acalmar.
— Eu quero muito fazer e mais ainda com você — falo.
Estamos na minha cama, com a luz do sol entrando pelas janelas, não
passa das 11h00 da manhã e no meu celular toca uma sequência de música do
Ed Sheeran.
— Eu adoro sentir a sua pele, é cheirosa é tão macia — Ale sussurra
descendo uma das alças da minha blusa e dando leves beijos no meu ombro.
— Ah meu Deus! — gemo com o toque dos seus lábios na minha
pele.
Sua boca se aproxima de um dos meus seios e ele mordisca por cima
do sutiã, o choque elétrico atravessa meu corpo. Uma de suas mãos desce
pela minha barriga e vai direto para a minha intimidade, acaricia por cima do
short de algodão o que me deixa cada vez mais necessitada do seu toque.
Percebendo meu estado Ale desce de uma vez minha camiseta e abocanha um
dos meus seios ao mesmo tempo em que sua mão entra em minha calcinha e
me toca com dois de seus dedos. Eu não aguento tantas sensações, meu corpo
parece que vai entrar em ebulição.
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— Ale! — grito desesperada não reconhecendo minha voz ofegante.


A mercê dele, fico fora de mim que não sinto quando ele me despe
por completo e tira a própria roupa, eu só estou ciente dos seus dedos na
minha intimidade acariciando meu clitóris enquanto outro dedo entra em
mim.
Sua boca se fecha sobre meu clitóris e suga, chupa, fazendo-me sair
fora de mim, meu corpo acaba se quebrando em mil pedaços. Estou exausta,
descabelada e ofegante, meu corpo ainda trêmulo com resquícios do orgasmo
que acabo de ter, enquanto Alessandro está lindo, parecendo um Deus
nórdico, nu, com seus olhos intensos sobre mim, com aquele sorriso que tanto
amo. Quando ele levanta, vai até sua calça, pega um preservativo e volta para
mim com toda a segurança de quem sabe o que está fazendo.
Eu já tinha apalpado e sentindo a dureza do Ale várias vezes, mas
nunca tinha visto seu pênis, e meu senhor, Ale tem um pênis lindo e ao
mesmo tempo assustador. Nunca tinha visto ninguém pelado, só em filmes,
mas como disse antes eu não sou nenhuma boba e mesmo sem experiência,
Ale é bem grande para alguém da sua idade, eu não sei qual a média dos
pênis dos garotos de 18 anos, mas com essa espessura e esse tamanho
Alessandro está acima da média, com certeza.
— Você quer colocar ou prefere só observar? — pergunta mostrando
a camisinha.
Assustada balanço a cabeça em sinal negativo. Ele então abre a
camisinha e desenrola ao longo do seu membro. Deita sobre mim, fazendo
com que abra minhas pernas para recebê-lo, dá um beijo em minha barriga,
uma leve chupada em meio seio e chega até a minha boca, passa a língua
sobre meus lábios e eu apenas gemo em reposta aos seus atos.
Ale é tão seguro de si, demonstra experiência de um rapaz de dezoito
anos e até me dói pensar com quantas meninas ele já esteve para saber como

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tratar uma mulher.


Sou desperta dos meus pensamentos com sussurros.
— Enrola suas pernas na minha cintura, minha pequena, se abra para
mim.
Seu dedo massageia meu clitóris, e de novo aquela quentura toma
conta do meu ventre, não consigo fazer a não ser gemer. Dos meus olhos
saem lágrimas que nem havia percebido. Tantos sentimentos e sensações,
nunca senti nada igual e quando penso que de novo meu corpo vai explodir
com aquela sensação incrível, sou surpreendida por uma dor fina que me
atravessa quando Ale me penetra de uma só vez.
Abro meus olhos assustada, ele me encara e beija meus olhos.
— Calma pequena, vai passar.
Eu respiro fundo, fecho meus olhos e aperto, sempre soube que a
primeira vez de uma menina é dolorosa e que em umas dói mais que as outras
e por mais molhada que eu estivesse eu não estava pronta para tudo isso
dentro de mim.
Abro os olhos novamente e o vejo assustado, mais forte do que a dor
física que estou sentindo é a dor que atinge meu coração ao ver sua cara de
arrependimento.
— Desculpa pequena, eu não queria te ver chorar, não queria te
machucar, não se meche. Fica calma que vou sair, eu achei que de uma vez
você iria sentir menos dor. Estupidez minha.
Meu coração se enche de felicidade ao saber que ele não está
arrependido de fazer amor comigo e sim por me machucar. Pode parecer
masoquismo, burrice, ou seja, lá o que for, mas eu sentiria tantas dores
possíveis por esse momento apenas para tê-lo dentro de mim. Desde quando
o vi, eu o amei, um amor que começou entre duas crianças na forma de
amizade e que agora está se consolidando entre homem e mulher. Eu amo

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esse homem e amei todos os momentos com ele e esse sem dúvidas não vai
ser diferente.
Prendo minhas pernas mais fortes em volta da sua cintura, para
mostrar que eu o desejo.
— Não sai, eu quero muito isso, eu sempre quis.
Ele me olha, passa a mão em meu rosto.
— Vamos com calma, te dou o tempo que for necessário para você se
acostumar, tudo bem?
Balanço a cabeça com o sim, ele está sendo prefeito e eu faria tudo
outra vez.
A cara de alívio e carinho do Ale me enche da certeza que estamos
fazendo o correto e quando ele deita sobre mim e me dá um beijo que me
deixa sem ar e me faz derramar fluidos em volta do seu pênis, a dor já não é
mais intensa e a movimentação fica mais fácil, e até consigo sentir resquícios
de prazer.
— Hum... Você é tão quente, tão linda, tão apertada que machuca.
A expressão de Ale, as palavras que fala, tudo só vai me deixando
mais molhada e amando a sensação do seu membro indo e vindo dentro de
mim, por mais apertado e ardido que seja eu nunca senti nada tão bom.
Ale morde os lábios, fecha os olhos, joga a cabeça para trás e grita
meu nome, nesse momento tenho certeza que vou ama-lo para sempre. Meu
corpo, alma e coração serão sempre dele.
— Puta merda! Que foi isso?! Desculpa, você não gozou, eu sou um
egoísta mesmo, mas não deu para segurar — fala ofegante enquanto se retira
de dentro de mim.
Estremeço com a sua saída, mesmo com seu corpo fora do meu ainda
estou dolorida e parece que a ardência só aumentou. Ele deita do meu lado,
olho para seus olhos, e depois olho toda essa bagunça, a quantidade de

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sangue nos lençóis e na camisinha é enorme, nunca pensei que seria tanto
sangue. Meu rosto esquenta, e fico morrendo de vergonha pelo sangue, pela
bagunça, por tudo.
— O que foi? — pergunta.
— Muito sangue, não pensei que seria tanto assim. Agora sei por que
parecia que você estava me rasgando. — Vejo o semblante de Ale ficar tenso.
— Desculpa Eva, eu fui um bruto, não foi especial como você
merecia.
Levanta-se e caminha até o banheiro, não demora e volta com uma
toalha de rosto úmida.
Pela cara de Ale, percebo que algo está errado. Não parece estar
arrependido, mas seu corpo está tenso e aquela ruga de preocupação entre os
olhos tão bonitos não me passa despercebido.
— O que você vai fazer? — pergunto quando ele se abaixa entre
minhas pernas.
— Deixa eu te limpar pequena, por favor, me deixe cuidar de você —
Ale fala abrindo minhas pernas delicadamente.
Apesar de tudo que fizemos esse ato me deixa tão exposta que tento
fecha-las, morrendo de vergonha.
— Não faz isso, nunca se esconda ou fique com vergonha de mim.
Você é linda, eu que fui bruto. Mas sou um filho da mãe sortudo por ser o seu
primeiro.
Vejo a preocupação ainda estampada em seu rosto bonito, mesmo
com os protestos de minhas pernas ou a leve fisgada em meu sexo, sento eu
seu colo o surpreendendo e acaricio seu rosto.
— Você não foi bruto ou me machucou, foi a coisa mais especial da
minha vida.
— Não precisa tentar me animar, sei que fui um cavalo.

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— Cavalo ou não, eu amei cada momento e quando eu estiver menos


dolorida quero fazer de novo, de novo e de novo.
Ale envolve seus braços em minha cintura, beija de leve meus lábios e
fala de uma forma brincalhona.
— Você não gozou!
— Eu não acho que eu poderia e você ainda vai ter vários momentos
para me fazer gozar.
Sou surpreendida por uma gargalhada de Alessandro, o que me faz
querer congelar esse momento para sempre.
— Eu amo você Alessandro e não importa o que aconteça, você
sempre vai ser o meu primeiro amor!
Talvez esse não seja o momento certo para a minha declaração,
percebo que o pegou desprevenido. Ale não disse que me amava de volta, ele
apenas me abraçou, deitou comigo em seu peito e não falou mais nada, mas o
que eu vi em seu olhar me deixou aflita. A intensidade que seus olhos
carregavam ao me olhar não estava presente naquele momento, mas sim um
mar de incertezas e inseguranças; e eu adormeci em seus braços com um
misto de felicidade e medo. Felicidade pela minha primeira vez com o
homem que eu amava e medo por não saber o que o futuro nos reservava,
mas diante de tantas dúvidas eu tive uma certeza. Naquele começo de tarde
de inverno tudo mudou, nada voltaria a ser como antes só não esperava que o
destino não estivesse a meu favor; a nosso favor.

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CAPÍTULO 3 – EVA
Aquela tarde foi a nossa primeira e única vez. Naquele mesmo dia,
assim que o sol se pós os pais de Ale voltaram de viagem antes da data
prevista. Ambos traziam notícias da avó, traziam também uma decisão
tomada, que me fez chorar a noite inteira. O choro durou noites, dias,
semanas, meses... Não parei de chorar, minhas lágrimas simplesmente
secaram.
A notícia responsável pelo meu choro era que os pais de Ale
decidiram se mudar para Minas naquela mesma semana para poder cuidar da
avó doente. Ele tentou convencer os pais para ele ficar, disse que tinha
vestibular, que tinha uma vida ali, que não poderia simplesmente largar tudo
e ir atrás dos pais. Que eles poderiam trazer a avó para morar com eles, que
os pais não iriam precisar vender a casa ou trocar de empregos, Ale não iria
precisar ir embora, mas foi tudo em vão. Os pais falaram que já era algo que
estavam planejando há algum tempo e que a doença da avó veio apenas
antecipar a partida.
Nesses últimos dias juntos quase não nos falamos, apenas ficamos um
do lado do outro, evitava em chorar na sua frente, naqueles momentos o
silêncio foi a nossa companhia. Palavras não precisavam ser ditas, sabíamos o
que ambos estávamos passando, a cada olhar, a cada toque, a cada beijo
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dizíamos com esses gestos o que os nossos corações queriam dizer.


Um dia antes da sua partida eu me declarei, disse que o amava e que
não queria ficar longe, ele com toda paciência e doçura me abraçou, me
beijou, me confortou, disse que tudo iria ficar bem. A distância não iria nos
separar.
Naquele fim de semana o meu primeiro amor partiu para longe, com a
promessa, de ligar, mandar mensagens, e-mails e até mesmo cartas, caso
fosse preciso, que no fim do ano viria me ver. Que nada iria nos separar,
apenas promessas.
Assim ele se foi, ficou a saudade, a dor e a esperança de revê-lo no
fim do ano, para assim poder abraça-lo, beija-lo e dizer com o meu corpo e
alma o tanto que eu o amava.
No início conversávamos todos os dias pelo celular, com o tempo ele
quase não ligava, começamos a conversar apenas por mensagens. Passados
quase dois meses, as mensagens eram raras, e quando eu ligava ele não podia
atender. Acompanhava a vida dele pelas redes sociais, o via sempre feliz e
rodeado de lindas moças de sua idade, uma dorzinha de perda sempre batia
no meu coração, então comecei a perceber que eu não fazia mais parte da sua
vida, que eu não era ninguém. Mas como se diz o ditado a esperança é a
última que morre. Mesmo tudo dizendo que não, mas ainda tinha esperança
que SIM, que iríamos ficar juntos.
Tudo ficou mais claro no fim daquele ano, ele não veio me ver como
prometido. Ale seguiu a vida dele, e eu fiquei criando ilusões com um amor
impossível. O que me restou foi à saudade.
No dicionário SAUDADE significa: sentimento melancólico devido
ao afastamento de uma pessoa, uma coisa ou um lugar, ou à ausência de
experiências prazerosas já vividas.
Para mim SAUDADE é uma palavra triste para quando se perde um

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grande amor. Perdi meu amor. Perdi o Ale. Eu fui chorando a minha dor, o
que me restava era seguir a minha vida. Afinal precisava viver também,
precisava seguir.
A primeira coisa que fiz foi trocar o número do meu celular; a
segunda bloquear e exclui-lo do Facebook; a terceira queimar tudo ou pelo
menos quase tudo, que me fazia lembrar dele; a quarta ocupar todo o meu
tempo, para assim não sobrar tempo para pensar nele. Não chorava mais, pois
minhas lágrimas já tinham secado.
Não foi fácil, mas foi necessário, assim segui a minha vida um dia de
cada vez...
Meu primeiro amor acabou cedo, em meu peito só me restou a dor,
meu primeiro amor foi como uma rosa que se desabrochou, ficou linda, mas
logo as pétalas foram caindo e morreu. No meu caso quero acreditar que
morreu mesmo sabendo que sempre estará em um cantinho do meu coração.

Fevereiro de 2013

Nem acredito que enfim vou fazer faculdade, enrolei um tempinho


para me decidir qual curso escolher, eu queria fazer teatro ou cinema, mas
infelizmente não tive apoio dos meus pais. Por isso enrolei tanto para decidir
qual curso. Minha mãe queria que eu fizesse administração. Fala sério, não
me dou bem com números, eu e os números não combinamos, eles não
gostam de mim, é sério isso, os números me odeiam. Confesso que esse ódio
é reciproco.
Cursar administração? Jamais.
Já meu pai queria que fizesse direito, eu não sei nem defender
sozinha; sou insegura. Acha que eu tenho condições de defender alguém no
tribunal? Lógico que não.
Cursar Direito? Também não.
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Enrolei o máximo que pude, até decidir ser professora. Sei que sou
insegura e como professora poderei ajudar jovens e crianças iguais a mim,
esse é o meu objetivo.
Prestei vestibular na UFGD para o curso de Geografia—licenciatura,
felizmente passei; de início meus pais não gostaram muito, mas no final eles
acabaram aceitando.
Hoje estou aqui caminhando no corredor da faculdade até a minha
sala, quando entro vejo que tem poucos alunos, então escolho logo uma
carteira lá no fundo assim passo despercebida, mesmo com vinte e três anos
sou extremamente tímida.
Se a pessoa conversar comigo eu converso, agora se ela não puxar
assunto fico na minha de boa. Não sou obrigada a nada, muito menos puxar
conversa com quem eu não conheço.
Estou sentada na minha carteira de boa vendo todo o movimento da
sala, quando um barulho me faz olhar para o lado. Percebo que um cara lindo
e tão desastrado quanto a sua beleza.
— Caraí — o ser resmunga.
— Mas você é desastrado, ein — uma menina fala pegando a caneta
do chão.
— Você acha que ele é desastrado? Eu tenho certeza — digo pegando
seu caderno do chão e o entregando.
— Também com todo esse tamanho. Ele pode ser o que ele quiser —
fala outra menina devolvendo o seu celular.
— Obrigado meninas, o meu tamanho e essa carteira não são
compatíveis — o ser desastrado se explica.
Nos entreolhamos e acabamos rindo, no fim nos apresentamos. A
moça que entregou a caneta é a Clara, a moça do celular Carol e o ser
desastrado Adriano.

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Não sei, mas acho que meu santo bateu com o deles, vejo sinceridade
e simpatia nos seus olhares, sou tão difícil de me encantar com as pessoas à
primeira vista. Não que eu seja chata, é uma defesa que eu criei para não
quebrar a cara.
O professor chega à sala, apresenta seu plano de ensino e passa um
trabalho em grupo de cinco pessoas, as meninas me olham como se me
perguntassem se poderíamos fazer o trabalho juntas eu aceito. Como era de
cinco pessoas, Clara chamou o rapaz que estava no canto da sala.
Na hora do intervalo, fomos conversar com o Adriano sobre o
trabalho, realmente não me enganei, ele é uma boa pessoa, assim como as
meninas. Adriano, quase, tem o abraço mais gostoso do mundo, ele perde
apenas para alguém que tinha o poder de curar todas as minhas feridas com
um simples abraço, alguém que está guardado lá, bem lá no fundinho do meu
coração. Segui a minha vida, mas nunca irei esquecer o meu primeiro amor.
Eu e as meninas acabamos colocando o apelido do Adriano, de Montanha, e o
mesmo disse que irá cuidar sempre da gente. Acho que fiz três amizades, e
me sinto bem perto deles.
Voltando do intervalo, o tal moço que irá fazer trabalho com a gente
puxa assunto comigo.
— Oi! — cumprimenta me olhando.
Ele tem os olhos tão intensos, um sorriso tão lindo.
— Oi — respondo já com vergonha.
— Qual o seu nome?
— Eva.
Ele me olha, fica pensativo por alguns segundos.
— Lindo nome — fala e sorri, mas percebo que o seu sorriso não
chega a seus olhos, ele ficou com o semblante tão triste, tão distante.
— Obrigada. Qual o seu nome? — pergunto sorrindo.

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Não quero ver esse moço triste. Não sei, mas olhar para ele faz meu
coração disparar e meu corpo esquentar.
— Alessandro.
Isso faz o meu sorriso desmanchar, fico trêmula, olho nos seus olhos,
no desenho de sua boca. Não pode ser!
— Ale?
— Na adolescência esse era o meu apelido, mas depois que mudei
para Minas, nunca mais deixei ninguém me chamar assim. Por favor, me
chame de Alessandro.
— Minas?
— Sim, moramos lá alguns anos, depois da morte de minha avó e do
meu pai, eu e minha mãe resolvemos voltar para cá no final do ano passado.
— Não pode ser — digo abismada com tamanha coincidência. Meu
coração está quase saindo pela boca.
— O quê?
Fico o olhando, seus olhos, sua boca, nariz. Em um gesto de
desespero pego sua mão e fecho meus olhos. Sinto o calor da sua pele, calor
esse que eu jamais esqueci.
— Você está tão diferente, nem parece aquele rapaz de dezoito anos,
quase não o reconheci — digo ainda com os olhos fechados.
Ele segura a minha mão com as suas e a beija.
— Pequena?
— Sim! — Abro meus olhos. — Sou eu.

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CAPÍTULO 4 — ALESSANDRO
Ano de 2006 — Uberlândia
Minha vida é uma merda. Está tudo acontecendo de uma vez só, agora
que enfim fiquei com a Eva acontece essa merda toda. Meu pai me obrigou a
mudar para essa merda de cidade, ele não entende que a minha vida, a minha
essência ficou para trás. Ele não poderia ter feito isso, tive que aceitar, pois
como ele mesmo diz sou um encostado. Não quero morar nessa porra de
cidade. Quero voltar para Dourados, voltar para a minha pequena.
Aceitei acompanhar meus pais, mas isso é provisório vou dar um jeito
nessa bagaceira, não vou depender dos meus pais a vida toda. Está na hora de
eu dar um rumo nessa porra de vida. Meu pai não vai foder com a minha
vida. Ele não vai conseguir. Estou uma pilha de nervos, preciso me acalmar,
preciso dela, ela que me ouvia, ela que me acalmava, como vou ficar longe
dela?
Preciso de você Eva, agora mais que nunca...

Uberlândia, Junho de 2006


Oi pequena, prometi a você que iria sempre manter contato, que seria

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por e-mail, sms, messenger ou até mesmo carta.


Falando a verdade esse negócio de escrever carta é meio boiola,
bastante boiola, estou me sentindo um retardado escrevendo.
As pessoas falam que um homem apaixonado é capaz de muitas
coisas, estou percebendo isso, é capaz até mesmo de escrever cartas.
Cartas de amor.
Não sei bem onde isso vai chegar. Não sou bom com as palavras,
escrever não é minha praia, mas vou tentar. Tentar por você.
Pequena, essa primeira carta quero dizer que Eu te amo, sou um
mané e não fui capaz de te dizer isso, fui um babaca egoísta. DESCULPA.
Já sinto a sua falta.
Beijos, seu Ale...

Depois de mais uma briga com meu pai, sai de casa e fiquei vagando
por horas, até sentir meus pés doendo e sentar nessa praça. Lembrar-me dela
me traz a calmaria que preciso, ninguém me entende, dizem que estou sendo
um rebelde sem causa.
Cara, eu tinha tudo planejado na minha vida, uma garota perfeita, ia
prestar vestibular para o curso que eu desejava. O cacete do caralho, do meu
pai me fez largar tudo e vir morar nessa porra de cidade, ele não tinha esse
direito, a vida é minha.
— Oi.
Olho para o lado e vejo uma moça sentando do meu lado.
— Oi — respondo olhando para frente.
— Qual é a bad?
— Como?
— Qual o seu problema?
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— Não tenho problema.


— Cara, agora tenho certeza que você tem problema. De boa, só
quero dar uma aliviada. Algum problema? — fala mostrando um cigarro
suspeito.
— Não.
Acende o cigarro, e dá três tragadas seguidas.
— Como você chama? — ela pergunta.
— Alessandro e você?
— Vanessa. Você quer um “bec”? — pergunta me oferecendo o
cigarro.
— Não curto.
— É de maconha, é fraquinho vai deixar você mais relaxado —
insiste.
— Já disse que não curto essas paradas — digo sério.
— Precisa ficar bravo não. — Deita na grama. — Eu só quero curtir a
brisa. Você é de onde Ale?
— Já disse, meu nome é Alessandro.
— Por isso, Ale é um apelido.
— Não! Somente uma pessoa me chama assim, para os outros é
Alessandro.
— Uma pessoa mulher? — pergunta se levantando da grama.
— É.
— Ela é uma ex?
— Não sei, não sei se é ex ou atual.
— Confuso.
— A porra da minha vida virou uma confusão.
— É, parece mesmo. Vim só relaxar, deita ai e curte a noite chegando.
— Você é uma nóia. Vou embora.

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— Vai não, vamos olhar as estrelas — diz rindo.


Não dou ouvidos, levanto da grama, viro as costas e vou embora, mas
ainda escuto ela gritando: — Romeu! Amanhã vou estar aqui, vem contar a
treta da sua Julieta.
Não respondo, vou embora...

Uberlândia, Agosto de 2006.


Às vezes me dá vontade de começar tudo de novo, desde o nosso
primeiro “oi”, o primeiro olhar, o primeiro frio na barriga.
Da vontade de fazer tudo diferente para ver se dessa vez dá certo,
para ver se eu erro menos e te ame muito mais. Não sei como está sendo
para você, mas a saudade para mim é mais um motivo para querer te ver te
novo.
Te amo minha pequena Beijos do seu Ale.
Ps: essa é a sexta carta que te escrevo, não tive coragem de colocar
no correio.

— Já disse que não quero morar aqui pai, aqui não é o meu lugar.
Custa você entender? — digo para o meu pai.
— Você não tem querer. Eu mando em você e aqui é seu lugar —
meu pai fala com o semblante sério.
— Pai, você não é Deus para mandar e desmandar, as coisas não
funcionam assim. Deixei muita coisa para trás.
— Júlio, deixa ele prestar vestibular lá em Dourados, é normal os
filhos estudarem fora — minha mãe intercede.
— Já disse, não.
— Pai, deixa?!
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— Júlio, ele tem uma namorada lá, tente entender, nosso filho está
sofrendo — minha mãe argumenta.
— Puro fogo em rabo de saia, logo essa frescura de namorico passa.
Assunto encerrado.
— Júlio?!
— Assunto encerrado — fala levantando da mesa.
— Eu disse mãe, com esse cara não tem diálogo.
— Calma filho, vou conversar com ele, seu pai vai entender.
— Mãe, Eva não vai me esperar a vida inteira, não posso mais ficar
iludindo a minha pequena.
— Seu pai vai entender, tenha paciência.
— Já faz quase três meses que eu estou tendo paciência eu não
aguento mais — digo saindo da sala.
— Aonde vai, meu filho?
— Tomar um ar.
Como sempre, ando sem rumo pela cidade, e novamente acabo na
mesma praça, no mesmo lugar de sempre. Sento na grama, e cruzo minhas
pernas. Meus pensamentos vão para a pessoa com quem eu queria estar nesse
momento.
— Romeu?
— Vanessa — digo com desanimo.
— Brigou com o velho de novo?
— Como você sabe?
— Sempre vem aqui pelo mesmo motivo, você quer a sua Julieta, mas
o carrasco do seu pai não autoriza, Não entendo por que você não liga um
foda-se e vai atrás da sua Julieta. Você é um fraco.
— Você não entende, se eu sair é para nunca mais voltar, não quero
perder a minha mãe.

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— Cara, sua vida é complicada. Toma! — oferece mostrando o


cigarro de maconha. — Pelo menos você relaxa.
— Já disse que não curto.
— Romeu toma logo, para de ser filhinho de papai, só uma tragada,
não vai se arrepender.
— Só uma tragada?
— Só uma.
Tantas vezes ela me ofereceu eu sempre neguei, mas hoje estou no
meu limite não aguento mais.

Uberlândia, Setembro de 2006


Estou péssimo, não sou mais o cara que você ama, por isso estou me
afastando de você.
Pequena, você merece um cara por inteiro, que possa te beijar,
abraçar, te mostrar todas as formas que te ama.
Eu não sou esse cara, sou um fdp como diz meu pai, as coisas aqui
em casa estão difíceis, aqui não é meu lugar.
Não estou te respondendo porque não quero que você sofra, você
merece coisa melhor.
Fique bem
Te amo
Ale
PS: não irei enviar essas cartas, são toscas, mas irei sempre escrever,
quem sabe um dia eu tenha coragem de entrega-las a você. Escrever para
você é o único momento que eu sinto paz.

— Você está acabando com os dias de vida da sua mãe. Olha a merda
que você está fazendo.
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— A merda quem fez foi você, me forçando a morar aqui.


— Vou internar você em alguma clínica, não vou ver meu filho se
destruindo assim sem fazer nada.
— Pai, você destruiu a minha vida me forçando a morar aqui — grito
saindo de casa.
— ALESSANDRO! — grita. — VOLTA AQUI!
— Vai à merda — falo dando a partida na moto e saindo.
Como sempre acabo na praça, não demora ela chega.
—Toma — diz me passando o cigarro.
Pego o cigarro e dou algumas tragadas.
— Isso está fraco, não faz efeito, preciso de algo mais forte.
— Quer o pó?
— Esse vicia?
— Não é de boa, quando você quiser parar você para.
— Pode arrumar para mim?
— Vou precisar de grana.
— Toma — digo passando o dinheiro para ela.
— Vou lá buscar.
— Vanessa! — chamo.
— Fala.
— Preciso fazer a Eva se esquecer de mim. Preciso esquecer a Eva
também.
Ela se aproxima, senta em meu colo, e beija a minha boca.
— Eu posso te ajudar.
— Assim eu vou te usar.
— Gosto de ser usada — fala beijando a minha boca, correspondo o
seu beijo, mas ela não é a Eva.

Uberlândia, Abril de 2008


NACIONAIS-ACHERON
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Sei o que é morrer e renascer, estou reaprendendo a viver minha


pequena. Está sendo difícil, mas pensar em você traz a paz que eu preciso.
Desculpe, fui um fraco, estou correndo atrás, estou me recuperando.
Hoje faz 160 dias que estou limpo.
Ainda te amo, nada me fez te esquecer...
Beijos seu eterno Ale

ALGUNS ANOS DEPOIS (final de 2012)


— Vamos, mãe?
— Não consigo acreditar que ele se foi — fala chorando.
Me aproximo e a abraço.
— Desculpa mãe, foi tudo culpa minha — digo beijando seus cabelos.
— Não meu filho. Não foi culpa sua, seu pai estava obeso, não
tomava os remédios, o infarto foi consequência disso.
— Não fui um bom filho.
— Você só teve uma fase ruim, passou.
— Será mãe?
— Tenho certeza.
— Cada dia sem é uma conquista. Mais um dia limpo.
— Graças a Deus! Fiquei com medo de perder você meu filho.
— Obrigado mãe, por não desistir de mim.
— Uma mãe jamais desiste de um filho. Vamos?
— Vamos — digo pegando a caixa em cima da mesa.
— Meu filho, o que tem dentro dessa caixa que você guarda com
tanto esmero?
— Aqui, é de onde tirei forças para conseguir sair daquela vida que
me enfiei — digo conduzindo a minha mãe e fechando a porta da casa.
Entramos no carro, coloco a caixa no banco trás.
— Posso fazer uma pergunta sobre essa fase escura?
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— Mãe, a senhora pode tudo.


— Tem notícias da Vanessa?
— Morreu.
— Meu Deus! Quando isso? O que aconteceu? — diz levando a mão
na boca.
— Ano passado. Overdose.
— Por que não me disse antes?
— Não queria deixar a senhora preocupada, também tinha o pai.
Vanessa se foi por culpa minha. Não consegui salvá-la.
— Para sair dessa vida a pessoa tem que querer ser ajudada.
— Eu tentei ajuda-la, mãe, ela não quis.
— Você quis ser ajudado, essa é a diferença.
— Tive um motivo para isso. Obrigado mãe, por me mostrar o
caminho certo.
— Vamos voltar para o lugar que nunca tínhamos que ter saído...
Pego sua mão e a beijo, deixo essa cidade maldita para trás, e vou
para a cidade que eu nunca deveria ter saído.

DOURADOS, FEVEREIRO DE 2013


Minha pequena, hoje começo fazer faculdade, desde que resolvemos
voltar a morar aqui as coisas estão dando certo.
Ando pela rua tentando te encontrar... A cada equina... A cada
olhar... Te procuro nos mínimos detalhes.
Tanto tempo passou, mas sinto que você está ainda mais bela... eu
nunca te esqueci, hoje eu vivo pelo simples fato de você existir. Talvez eu
nunca mais a veja, mas sempre irei te amar.
Confesso que sinto que um dia ainda iremos nos reencontrar.
NACIONAIS-ACHERON
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Te amo!
Seu eterno Ale.

NACIONAIS-ACHERON
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CAPÍTULO 5 — EVA
Sim é ele, anos se passaram, pensei que tinha esquecido, mas não, ele
sempre esteve guardado em um cantinho escondido do meu coração. Não o
reconheci de primeira, anos se passaram, e ele mudou muito, está diferente,
mas seu olhar de menino travesso, e o seu sorriso permanece o mesmo. Meu
Ale está de volta, é difícil dizer como me sinto, é um misto de sentimentos
misturados. Até agora não acredito que eu o reencontrei, sempre escuto dizer
que o destino sempre nos prega peças, hoje realmente vejo que isso é
verdade. Depois de tantos anos reencontrá-lo do nada, na mesma sala. É
muita coisa para ser verdade.
Sabe aquele ditado que quando a esmola é demais o santo desconfia?
Então, eu sou dessas, desconfio mesmo. Muita coisa boa acontecendo,
conhecer duas amigas e um amigo e agora encontrar aquele que sempre foi o
grande amor da minha vida.
Muita esmola assim é para desconfiar.
— Por que me olha assim, pequena? — Ale fala me encarando.
Ele ainda se lembra do meu apelido? É para desconfiar, a esmola está
sendo muito.
— Nada — digo com um sorriso no rosto abraçando os meus joelhos.
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Depois da aula, resolvemos dar uma volta para conversar, por incrível
que pareça pensamos que seria só uma voltinha, Ale até deixou o carro na
faculdade, mas andamos, andamos, até resolvermos sentar na sarjeta para
continuarmos a conversar.
Nossa conversa fluía bastante, sempre emendando um assunto no
outro, mesmo com tantos anos passados, pelo visto essa sintonia de conversar
e se perder no tempo ainda continua.
— Está pensativa.
— Não, estou não.
— Conte para mim seus pensamentos.
— Mas é insistente, ein! — Rio.
— Conte, estou te ouvindo.
— Ok. Você venceu. Eu conto — digo dando um leve tapa no seu
ombro.
— Boa menina.
— Estava pensando sobre o destino.
— Destino?
— Sim. O destino.
— Se explique, seja mais clara.
— Nunca imaginei que um dia eu ia te reencontrar do nada, na mesma
faculdade, na mesma sala. Diz se isso não é louco? É até difícil acreditar.
— É muita loucura mesmo, o destino é incerto.
— Muito incerto.
— Anos atrás o destino nos separou, e hoje nos coloca frente a frente
novamente — Ale fala se levantando e dando a mão para me ajudar a
levantar.
— O que será que o destino reserva para nós? — questiono aceitando
a mão de Ale para levantar.

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— Realmente não sei. Nesse momento a única coisa que sei é que nos
perdemos no horário e na nossa volta, está quase amanhecendo precisamos
voltar.
— Isso é verdade, estamos bem longe da faculdade.
— Se preferir podemos chamar um taxi.
— Prefiro voltar andando.
— Tem certeza?
— Por que não?
— Porque andamos muito, você pode estar cansada.
— Tão prestativo. Mas obrigada, vamos andando.
— Se é isso que deseja, vamos andando.
— Assim temos mais tempo para conversar — digo rindo.
— Nossa, quem vê pensa que quase não conversamos. — Sorri.
— Assunto de seis anos, é muito assunto.
— Realmente muita coisa. Conte mais sobre o que você fez nesse
tempo.
— Eu já disse tanta coisa sobre mim, sobre o que fiz, os lugares que
visitei, as viagens que realizei, até sobre os livros que li. Conte você sobre o
que fez esse tempo todo.
— Minha vida durante esse tempo foi insignificante.
— Ah! Para com isso Ale, pode dizer.
— O que você deseja saber?
— Deixe-me ver. Você viajou para Orlando? Lembro que você tinha
vontade de ir lá, só para ir aos parques temáticos.
— Não fui. Outra pergunta.
— Você fez prestou vestibular para Direito?
— Não prestei vestibular para Direito.
— Então prestou vestibular para outro curso?

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— Prestei para Geografia aqui na UFGD.


— Nenhum outro vestibular antes?
— Nenhum.
— Nossa, no ano que você foi embora estava tão empenhado para o
vestibular.
— Eu disse que esses anos que passaram foram insignificantes.
— Mas você deve ter feito alguma coisa importante, alguma coisa que
mudou, nem que seja um pouquinho, a sua vida.
Ele fica pensativo, demora um pouco para responder.
— Eu fiz, sai da escuridão e salvei a minha vida.
— Não entendi — digo confusa.
— Eu estava no buraco, como se diz o ditado no fundo do poço. Uma
pessoa sem saber me estendeu uma mão e me tirou da escuridão, podemos
dizer que se hoje estou vivo é por causa dela.
— Nossa. — Abaixo a cabeça, quem será essa pessoa? — O que
aconteceu com você para chegar ao fundo do poço?
— Me perdi.
— Perdeu?
— Isso.
— Pode explicar como?
— Me perdi, queria algo que meu pai era contra, acabei fazendo
coisas da qual não me orgulho. Quando percebi já era tarde, estava perdido.
— Posso saber o que fez de tão grave?
— Talvez.
— Você matou alguém?
— Não diretamente, mas uma pessoa acabou morrendo.
— Estou ficando com medo.
— Não precisa ter medo, pequena, essa pessoa morreu porque não

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consegui ajuda-la, para ela acabou sendo tarde demais. Talvez esse teria sido
o meu fim, quase foi tarde demais para mim.
— Não foi tão tarde, como você mesmo disse, uma pessoa te ajudou.
— Sim, sem saber ela me ajudou, me trouxe de novo um motivo para
viver. Um motivo para reaprender a viver — Ela é especial?
— Muito especial.
— Você gosta dela?
— Muito.
— Vocês estão juntos?
— Já estivemos.
— É a sua namorada?
— Não tenho namorada, um dia talvez eu crie coragem e te fale tudo
o que aconteceu; já te adianto que não me orgulho dessa fase de minha vida.
Quando a coragem surgir te falo quem foi essa pessoa especial que sem saber
me ajudou a sobreviver, e me deu forças para seguir em frente — Ale fala
abrindo a porta do carro para eu entrar, nossa conversa rendeu tanto que nem
percebi que já estávamos no estacionamento.
— Vamos! — falo entrando em seu carro. — Confesso que fiquei
curiosa para saber de tudo.
— Quem sabe um dia eu te conte.
— Será?
— Dê tempo ao tempo, te reencontrei hoje pequena. Temos todo o
tempo do mundo.
— Você sempre dizia isso “Temos todo o tempo do mundo”, Renato
Russo.
Ale começa a cantar uma parte da música.
“Todos os dias quando acordo Não tenho mais o tempo que passou
Mas tenho muito tempo Temos todo o tempo do mundo”

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— Acho que essa música traduz esse momento que estamos vivendo
— digo.
— Concordo.
— Acho que essa música traduz esse momento que estamos vivendo
— digo e ele continua a cantar.

"Todos os dias antes de dormir Lembro e esqueço como foi o dia


Sempre em frente Não temos tempo a perder Nosso suor sagrado É bem
mais belo que esse sangue amargo E tão sério e selvagem Selvagem,
selvagem Veja o sol dessa manhã tão cinza A tempestade que chega é da
cor dos teus olhos Castanhos Então me abraça forte Me diz mais uma vez
que já estamos Distantes de tudo Temos nosso próprio tempo Temos nosso
próprio tempo Temos nosso próprio tempo Não tenho medo do escuro Mas
deixe as luzes acesas agora O que foi escondido é o que se escondeu E o
que foi prometido, ninguém prometeu Nem foi tempo perdido Somos tão
jovens Tão jovens, tão jovens"

— Renato Russo sempre foi um poeta — digo quando ele termina de


cantar.
— Sua música sempre consegue traduzir aquilo que estamos sentindo.
— Principalmente nesse momento.
— Estou feliz em ter te reencontrado Eva, pensei que jamais iria te
reencontrar. — Pega a minha mão e a beija.
— Eu também, nunca mais tive notícias suas.
— Nem eu suas.
— Tanta coisa aconteceu.
— Sim, minha pequena, muita coisa aconteceu, mas agora estamos
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aqui.
— Temos todo tempo do mundo?
— Todo tempo do mundo...

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CAPÍTULO 6 — EVA
Essas últimas horas parece que estou em um sonho, um sonho bom
que confesso, não quero acordar. Quero viver esse sonho, quero continuar
sentindo o que estou sentindo. Quero continuar ver tudo mais colorido, mais
leve...
Tantos anos se passaram, tantas lágrimas brotaram do meu rosto,
tantas orações feitas, tantas promessas... Tantos sentimentos...
Cheguei a um ponto de não acreditar mais em reencontrar Ale.
Simplesmente eu não alimentava esperança de reencontrar o meu
primeiro amor. Tinha o deixado no passado. Pensava sempre que seria apenas
uma lembrança, uma lembrança boa que sempre iria lembrar com saudade...
Assim como o destino o levou para longe, quando menos esperava,
me trouxe de volta, assim como um sonho bom.
Ontem a nossa conversa fluiu tão bem, nem parecia que tínhamos
ficado tantos anos sem nós vermos... Tantos anos sem conversar... Tantos
anos sem nos abraçar, sem nos tocar. Eram tantos assuntos, que a hora passou
tão depressa que nem vimos o tempo passar. Parecia que nada tinha mudado,
mesmo eu tendo consciência que tudo mudou. Não sou mais aquela menina, e
Ale também não é mais o mesmo.
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Por mais que tenhamos conversado, ainda temos muito a conversar,


muito a falar. Ele não disse tudo o que aconteceu com ele nesse tempo todo,
quis saber da minha vida, mas na hora de responder minhas perguntas foi
vago.
Precisava conversar, e desabafar, por isso marquei com Clara e Carol
para chegarmos mais cedo na faculdade.
Sentada no banco no corredor da faculdade explico para elas, mais ou
menos, o que aconteceu no passado. O que aconteceu nessas últimas horas.
— Que história, ein — Carol fala após ouvir toda a minha história.
— Realmente, uma bela história — Clara fala.
— E agora? — Carol pergunta. — O que você pretende fazer?
— Sinceramente eu não sei, encontrei ele ontem.
— Ele chegou a falar por que sumiu esse tempo todo? — questiona
Clara.
— Não! — respondo abaixando a cabeça.
— O que importa o que aconteceu nesse tempo que passaram
separados? O importante é que ele está de volta — Carol fala.
— Eva eu te conheci ontem, quem sou eu na fila do pão para te dar
conselhos. Mas acho que você merece uma explicação. Você mesmo disse
que estava namorando ele, que ambos estavam dispostos a ter um
relacionamento a distância, de repente ele some, muda o status para
namorando, e você fica como nessa história toda? Você no mínimo merece
uma explicação do que aconteceu.
— Eu sei, mas estou tão feliz ter reencontrado ele. Sentia falta da
nossa amizade.
— Você pode fingir que nada aconteceu e seguir com a amizade dele,
ou perguntar o que aconteceu — Carol fala.
— Fiz algumas perguntas, para ele, ontem.

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— Ele falou o quê? — Carol pergunta.


— Ele foi vago nas respostas.
— Nessas respostas o que você sentiu? — Clarinha pergunta.
— No pouco que disse, senti que ele estava falando a verdade —
respondo.
— Conseguiu sentir mais alguma coisa na fala dele? — Carol
pergunta.
— Percebi que esse tempo todo ele sofreu muito, tanto com o pai, e
segundo ele com as escolhas erradas que ele fez. Que depois da morte do pai
resolveu voltar para Dourados. Ao falar do seu passado em Uberlândia tinha
sofrimento em sua fala. Estou feliz em ter reencontrado o Ale, mas confesso
que tenho medo de me iludir e quebrar a cara de novo — confesso.
— Eva, medo todos nós temos, o que importa é que a amizade entre
vocês dois permaneceu. O amor da adolescência somente o tempo irá dizer se
ainda permanece ou não — diz Clarinha.
— Curte essa amizade, curta muito esse reencontro. Deixa rolar
Evinha, vamos ver o que acontece, não vá sofrer por antecedência —
aconselha Carol.
— Afinal, só encontrei ele ontem.
— Exatamente — concorda Carol.
— Dê tempo ao tempo — diz Clarinha.
— Obrigada, meninas, pelo conselho. Conheci vocês duas ontem, mas
parece que eu as conheço a vida toda.
— Sabe aquela história que Deus sempre coloca as pessoas certas em
nossas vidas?! — Clarinha fala.
— Eu acredito nisso — Carol fala.
— Eu também.
— Então acho que foi isso o que aconteceu — Clarinha fala.

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— Obrigada meninas — agradeço a elas.


— Sempre estarei aqui para ouvir você e a Carol — avisa Clarinha.
— E eu para ouvir você e Clarinha — Carol fala.
— E eu para cuidar dessas três meninas — Montanha fala se
aproximando de nós. — Estava distante observando vocês, não queria
atrapalhar esse momento de meninas.
— Você não atrapalha, seu bobo — digo.
— Não se esqueça, você faz parte — Carol fala.
— Somos o quarteto fantástico – Clarinha fala rindo.
— Só está faltando os superpoderes — brinco.
— Vamos para a aula — chama Montanha. — O quarteto ainda não
tem poderes de ver o futuro para saber a matéria.
— Ah Montanha, está tão boa à conversa — Carol reclama.
— Vamos meninas, não se esqueçam. A responsabilidade de cuidar
de vocês é minha. Então para a aula as três — Montanha fala com um sorriso
no rosto.
Foi bom reencontrar Ale, mas me abrir com as meninas me fez ver
tudo com outros olhos, preciso de respostas para a minhas perguntas, mas no
momento não irei fazê-las, vou apenas deixar rolar...
Mas assim que possível irei atrás de todas as respostas para as minhas
perguntas. Quero descobrir tudo o que aconteceu com Ale nesse tempo que
ele sumiu.

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CAPÍTULO 7 — EVA.
Um mês depois....

— Tudo indica que vai ser boa essa festa — Carol fala.
— Sei não — Montanha questiona com dúvida.
— Eu estou querendo ir. Mudei agora, quase não conheço essa
cidade. Essa festa seria uma boa — sugere Clarinha.
Estamos sentados no banco de sempre próximo ao nosso bloco na
faculdade discutindo sobre ir ou não na festa de sexta-feira.
— Confesso que não curto muito essas festas, mas se vocês forem eu
vou — aviso.
— Eva, vamos sim. Você precisa sair e curtir a vida, você não estará
sozinha, vamos ficar todos juntos — Clarinha fala tentando me convencer.
— Não precisa ter medo Evinha, eu vou estar de olho e cuidarei de
vocês — Montanha avisa.
Eu não tenho costume de ir nessas festas, na verdade nunca gostei,
sempre fui isolada de tudo. Afinal nunca tive amizades. Meus livros e
personagens literários sempre foram as minhas melhores companhias.
Mas agora tudo indica que tenho amigos, não somente os literários,

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tenho amigos reais, de carne e osso, amigos para qual eu posso confiar. Esse
mês que passou tive provas concretas disso.
As meninas, e o Montanha são tudo que eu jamais pensei que um dia
poderia conhecer ou ver verdade. Existe amizade verdadeira, e esses três são
a prova disso.
Agora ele, meu amigo de infância também está de volta. Acho que
Deus ouviu minhas orações ou cansou das minhas lágrimas e me fez feliz
colocando Clarinha, Carol, Montanha e principalmente trazendo de volta o
Ale para a minha vida.
— E você Ale? — pergunto a ele.
Quero ir nessa festa, mas quero que ele vá também. A todo o tempo
da nossa conversa ele permaneceu em silêncio. Muitas vezes, o percebo tão
distante, parece que o corpo está aqui, mas a alma só Deus sabe onde se
encontra.
— Eu o que?
Como disse, o corpo estava aqui, mas a alma bem longe.
— Vai à festa? — pergunto novamente.
— Que festa? — questiona Ale.
— A festa do pijama que vou dar lá na minha casa — Carol fala
rindo.
— Verdade? — Ale pergunta alheio a tudo.
— Lógico que não Ale, em que mundo você está? Eva chamando
Alessandro, planeta terra — brinco.
— Desculpa, estava distante mesmo. Agora para de gozar com a
minha cara e explica que festa é essa.
— Sexta vai ter uma festa, dizem ser boa, estamos decidindo se
vamos ou não. Por isso estou perguntando se você vai — explico.
— Faz tempo que não vou a festas — Ale fala e fica com olhar

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distante.
— Mentira Ale — digo. — Você era o maior festeiro, saia todo fim
de semana, chegava bêbado, pior ainda era menor de idade; Agora vem dizer
que faz tempo que não vai a festas.
— É, minha pequena, aconteceram tantas coisas nesse tempo, muitas
coisas mudaram, e uma delas é ir a festas.
— Já que faz tempo que você não vai. Cola com a gente Ale —
Montanha o convida.
— Não sei — Ale responde.
Queria tanto que ele fosse nessa festa, na adolescência o meu sonho
era ir a uma festa com ele.
— Vamos Ale — insisto. — Vai ser legal.
— Não sei — fala ainda com dúvida.
Aproximo-me dele e pego a sua mão.
— Por favor! — peço mais uma vez.
Ale passa sua mão em meu rosto, acariciando minha bochecha.
— Está bem, pequena, eu vou.
Com sua resposta, pulo em cima dele e lhe dou um abraço, depois
beijo a sua face.
— Obrigada!
— Toda essa animação é por que eu vou com você, pequena? —
pergunta sorrindo.
— Não, é porque todos nós vamos — Carol comenta rindo.
Minha amiga sabe o motivo da minha euforia, fiquei realmente feliz
por ele ir junto. Talvez nesse momento, eu seja a mesma Eva de alguns anos
atrás, a mesma menina sonhadora.
— Então como vamos fazer para ir? — Montanha pergunta.
— Eu estou a pé — Clara fala. — Não tenho carro e nem moto, estou

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vendo se compro alguma coisa.


— Eu uso o carro da minha mãe — Carol avisa — Eu estou igual a
Carol — digo.
— Posso passar e pegar vocês sem problemas — Montanha sugere.
— Eu tenho carro, posso pegar a Eva, que é caminho, e nos
encontramos lá — avisa Ale.
Estou parecendo criança, meus olhos brilham só em ouvir ele falar
que vai me buscar.
— Então ok, eu pego Clara e Carol e você busca a Eva, e nos
encontramos na portaria as 11h00 — Montanha fala.
Depois de todos os pontos acertados, o que me resta é esperar o dia da
festa. Não tive com quem dançar no meu baile de formatura, mas terei
alguém para dançar a noite inteira.
Passei o restante da semana escolhendo o vestido perfeito, o sapato
perfeito para que essa noite seja perfeita. Olhando agora no espelho valeu a
pena todo o “trabalho” das escolhas perfeitas. Gostei do resultado, estou me
achando linda.
Na hora marcada, escuto a buzina do carro de Ale, sem demora pego
minha bolsa e vou ao seu encontro.
Ele me espera do lado de fora do carro, com uma das mãos no bolso,
me aproximo dele, que me observa.
— Conseguiu ficar ainda mais linda — diz com aquele sorriso que
tanto gosto.
— Obrigada — digo sem graça.
— Vamos? — Abre a porta do carro.
Entro no carro e respiro fundo, hoje quero dançar, beber e ser feliz...
Não demora chegamos à Unik, depois de estacionar o carro
caminhamos até a portaria, Montanha, Carol e Eva já estavam a nossa espera.

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Entramos na boate e vamos direto para o bar comprar fichas, afinal


quero me divertir muito. Pego a minha bebida, e dou um gole generoso.
— Quer? — ofereço para Ale.
— Não, obrigado — fala sem graça.
— Mas por quê?
— Tomei remédio não posso beber.
— Que pena, você iria adorar essa batida.
— Vamos dançar?
— Vamos.
Dançar com o Ale é o que eu mais quero, a noite só está começando,
hoje quero realizar todos meus sonhos, realizar meus desejos e Ale estará
presente em todos eles...

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CAPÍTULO 8 — ALESSANDRO
Olho no relógio e vejo que já são quase 04h00 da manhã, acho que já
passou da hora de irmos embora, Eva já dançou e bebeu mais do que podia.
Não só ela, as meninas também. Montanha no início começou a beber, mas
quando percebeu a animação das três parou de beber e começou a observar
quem estava as rondando.
Eu não bebi, não coloco nenhum tipo de bebida alcoólica em minha
boca, por mais que o álcool não seja considerado uma droga ilícita, não deixa
de ser uma droga, e no meu caso pode despertar um Alessandro que não
quero ser. A bebida alcoólica tem o poder de abrir caminhos para que eu use
outros tipos de drogas, sou um fraco, não posso bobear. Por esse motivo não
bebo e para não facilitar não frequentava mais festas, principalmente as
regadas a álcool. Decidi vir a essa festa só por causa da minha pequena, ela
ficou tão animada que não tinha como eu negar um pedido seu.
— Vamos embora — digo em seu ouvido.
Eva joga suas mãos delicadas em meu pescoço.
— Não! — nega fazendo careta.
— Vamos, está tarde.

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— Temos todo o tempo do mundo — cantarola no meu ouvido.


— Temos sim, por isso precisamos aproveitar bem, como você já
aproveitou essa festa está na hora de eu levar a minha pequena para casa —
digo acariciando seu cabelo.
— Você tem que ser tão...
— Tão...?
— Tão Ale. — Ri.
— Tão Ale?
— Sim, tão Ale. Aquele mesmo Ale de anos atrás — explica
repousando sua cabeça em meu peito.
— E você continua sendo a minha mesma pequena — digo dando um
beijo em seus cabelos.
Eva me olha e sorri.
— Então vamos?
— Vamos — enfim concorda de irmos embora.
Aviso Montanha que estamos de partida, ele e as meninas vão
continuar na festa, elas estão bem animadas e ele incorporou o segurança e
está cuidando de ambas.
Conduzo Eva para a saída da boate, e depois até o carro, a ajudo a
entrar e afivelar o cinto de segurança. Dou a volta, sento e coloco o carro em
movimento.
— Nossa, essa festa foi muito top — Eva fala animada.
— Sim, foi.
— Obrigada, Ale.
— Por?
— Por ter vindo à festa comigo.
Em resposta te dou um sorriso.
Olho para Eva, ela continua a mesma, tinha medo dela ter mudado a

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sua personalidade, mas não, continua a mesma menina doce. Volto a olhar
para a estrada.
— Acho que vai cair água — comento.
— Chuva?
— Sim.
— Será? — Um trovão acaba respondendo à pergunta de Eva.
Após o trovão começa a chover. A cada minuto a chuva fica cada vez
mais intensa. Paro o carro na beira estrada, a chuva que cai está forte demais
para continuarmos.
— Evinha, para nossa segurança o melhor é esperar a chuva diminuir
um pouco.
— Adoro chuva — fala olhando para fora.
— Chuva é bom.
— Sim, é muito bom — Eva desafivela o cinto e abre a porta do
carro.
— Eva! O que você está fazendo?
— Banho de chuva tem a capacidade de lavar a alma — fala saindo
do carro.
— Eva! — chamo.
— Vem Ale. Está uma delícia — grita dançando, pulando na chuva.
— Que loucura! — falo baixo, já tirando o cinto e indo ao seu
encontro na chuva.
Eva levanta seus braços, gira, dança como uma menina. Os pingos da
chuva caem, e o seu corpo vai ficando molhado. Seu vestido fica colado ao
seu corpo, aos poucos me mostrando o que eu queria ver, despertando o
desejo que estou tentando esconder. Ela se aproxima e me abraça, ela nem
sentiu que a chuva que cai a despiu sem ela tirar a roupa. Seguro seu rosto
com as duas mãos e a beijo... Beijo Eva com todo o meu desejo e saudades

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acumulados durante esses anos que se passaram, ela corresponde com a


mesma voracidade. Sinto o doce gosto da sua boca, tão delicada... Tão
molhada, tão perfeita. Uma das minhas mãos percorre suas costas, Eva solta
um leve gemido, isso faz com que eu escorregue minhas mãos até a sua
bunda e a levante do chão. Ela cruza suas pernas em minha cintura, minhas
mãos seguram os dois globos, a levo até o capo do carro, fazendo-a deitar e a
cobrindo com o meu corpo. Continuo a beijando, sinto suas mãos geladas por
baixo da minha camisa, ela aperta minhas costas, cruza as pernas em minha
cintura colando ainda mais nossos corpos. Beijo seu pescoço, abaixo a alça
de seu vestido e abocanho seu seio, o sugo até o bico ficar enrijecido. Dou a
mesma atenção para o seu outro seio, enquanto uma das minhas mãos
percorre sua pele macia, até encontrar sua calcinha encharcada, a afasto para
o lado, e faço movimentos circulares até que um dos meus dedos invade a sua
intimidade.
— Ah! — Eva solta um gemido.
Conforme meu dedo entra e sai, ela faz movimentos circulares, me
beija, me arranha.
— Eva! — falo com a respiração ofegante. Isso é insano.
— Não para — pede entre gemidos.
Tento tirar a minha mão do meio de suas pernas, mas ela me impede
segurando a meu pulso e rebolando em meu dedo em sua intimidade.
— Eva, estamos no meio da estrada — falo unindo as nossas testas.
— Eu quero.
— Alguém pode passar e ver.
— Quem é o doido que vai estar a essa hora na chuva Ale, vem
continua — pede.
— Não sei. — Não posso expô-la assim. — Você não merece
pequena. — Olho em seus olhos. — Não posso tomar você para mim em

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cima do capô de um carro na beira da estrada, debaixo de chuva.


— É o que eu quero. — Olha em meus olhos. — Possua-me, esperei
muito tempo para ser sua novamente — fala com firmeza.
— Também esperei muito tempo para estar dentro de você. —
Acaricio sua face. — Mas não assim, pequena.
— Esqueça o mundo. Só temos eu e você, não poderia ser mais
especial.
Eu a quero, a desejo.
Todo o desejo e a paixão, toda a minha luxúria está refletida em seu
olhar. Volto a beija-la e esqueço o mundo que está a nossa volta. Vou
descendo minha boca, mordiscando, chupando cada pedaço da sua pele
exposta, até chegar em sua intimidade.
Tiro sua calcinha, passo a língua em sua bocetinha molhada bem
devagar, pinceladas para cima para baixo, movimento a língua em círculos
vagorosamente, até que ela começa a se contorcer de prazer. Aumento o
ritmo da chupada.
— Ah — Eva geme, e levanta os quadris.
— Goza pequena — digo entre as chupadas.
Depois de mais algumas chupadas, Eva goza em minha boca, sugo o
seu prazer para mim. Nunca senti o seu gosto antes. Na adolescência era um
idiota que pensava apenas no meu prazer. Hoje sou um homem, aprendi a
satisfazer uma mulher, e ter o meu prazer a partir do dela. Sentir seu gosto em
minha boca, foi como uma injeção de tesão, meu pau pulsava dentro da calça,
o tirei para fora peguei uma camisinha na carteira, encostei a cabeça em sua
entrada e comecei a forçar a penetra-la. Fui rasgando sua pele macia, comecei
com entocadas leves, vagarosas, depois fui aumentando o ritmo. Palavras não
foram ditas, quando percebi que Eva havia gozado novamente, enfim me
permitir chegar ao ápice.

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Saio de dentro dela, beijo sua testa.


— Loucura — falo.
— Uma deliciosa loucura.

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CAPÍTULO 9 — EVA.
SONHO.
No dicionário diz que sonho é: conjunto de imagens, de pensamentos
ou de fantasias que se apresentam à mente durante o sono. Mas, nesse exato
momento não estou dormindo.
Literalmente estou sonhando acordada, é tão bom que parece mentira.
Se eu não estivesse sentido o que eu senti, se essa chuva não estivesse caindo
e molhando meu corpo, pensaria que tudo que acaba de acontecer fosse fruto
da minha imaginação.
Graças ao bom Deus, senhor das causas impossíveis não é sonho!
Isso tudo é real, ainda sinto o peso do seu corpo, sinto a sua
respiração acelerada, sinto o meu Ale.
— Loucura — fala ainda ofegante.
— Uma deliciosa loucura — respondo.
— Dois loucos.
— Nunca fui muito normal.
— Vem pequena. — Sai de cima de mim e me dá a mão. — Chega de
loucuras por hoje.
Seguro sua mão e levanto do capô do carro.
— Gostei dessa loucura de hoje.
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— Também gostei. — Puxa um corpo e me abraça. — Dessa vez não


fui um adolescente inconsequente.
— Eu gostei da nossa primeira vez.
— Eu sei que sim, pequena, mas fui um idiota, isso não tem como
discutir.
— Você foi ótimo.
— Melhor que hoje? — pergunta dando aquele sorriso de menino
travesso que tanto gosto.
— Não tem como comparar, — falo rindo — era a minha primeira
vez.
— Não tem como comparar a sua primeira vez durante o dia no calor
de quase 40º graus, no seu quarto, a tempo de sermos pegos pelos seus pais,
com hoje no meio da estrada, de madrugada, no capô do carro e para
completar debaixo de chuva. Realmente, pequena, não tem comparação.
Olho para ele e começo a rir.
— Uma coisa é certa.
— O quê?
— Gostamos do perigo.
— Adrenalina pura.
— Tenho que concordar.
Me olha e me beija novamente.
— Senti falta dos seus beijos — ele confessa.
— Eu também.
— Vamos sair dessa chuva, pequena. Acho que no carro deve ter
alguma coisa para te secar e cobrir. Entra! — Abre a porta.
— Seria bom, está frio — falo abraçando meu corpo. — Vou molhar
todo o seu carro.
— Não se preocupe se vai molhar o carro, pequena, eu não ligo para o

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banco molhado. Enquanto o frio, até 5 minutos atrás não o sentia. — Ri.
— É porque estava com um cobertor humano muito bom. — Dou
uma piscadinha para ele.
— Espertinha.
Fico o observando enquanto ele procura algo no banco traseiro.
— Aqui, se enxuga e veste.
Ale acaba encontrando uma toalha de rosto e um moletom no banco
traseiro, ele me entrega, tento me enxugar e visto o moletom, e ele tira a
camisa molhada. Liga o carro e pega a estrada.
Fico olhando para a estrada, estou feliz, mas uma dúvida me corrói
por dentro e agora como ficamos?
— Você estava com o olhar tão feliz, agora está com uma carinha
triste. O que foi?
— Nada. — Encolho-me no banco.
— Fale pequena.
— Não sei.
— Sempre fomos amigos, portanto fale, não fique assim — diz
pegando minha mão e a beijando.
— E agora Ale?
— Como ficamos?
— Isso.
— Está ouvindo — fala apontando para o rádio que toca a música de
Lulu Santos, Tempos modernos.

Hoje a vida melhor no futuro Eu vejo isso por cima de um muro de


hipocrisia Que insiste em nos rodear Eu vejo a vida mais clara e farta
Repleta de toda satisfação Que se tem direito Do firmamento ao chão Eu
quero crer no amor numa boa Que isto valha pra qualquer pessoa Que
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realizar a força que tem uma paixão Eu vejo um novo começo de era De
gente fina, elegante e sincera Com habilidade Pra dizer mais sim do que
não, não não Hoje o tempo voa, amor Escorre pelas mãos Mesmo sem se
sentir Não há tempo que volte, amor Vamos viver tudo o que há pra viver
Vamos nos permitir
— Você sempre falando através de músicas — acuso.
— É assim que me sinto, pequena. Hoje vejo a vida melhor que ontem
e um futuro melhor, não tem como eu voltar no passado e reparar todos os
erros que fiz. O tempo voa, quando percebemos já era tudo... Entende?
— O que você quer dizer?
— Quero dizer que vamos viver tudo o que há para viver, vamos nos
permitir.
Apenas lhe dou um sorriso com a sua resposta e volto a olhar para
janela, o que será que aconteceu no passado para ele sempre falar essas coisas
vagas?
Realmente não temos como voltar ao passado, o tempo passa que nem
vemos. Vou me permitir viver com ele tudo o que há para viver, se eu
quebrar a cara pelo menos vivi.
Depois que Ale me deixou em casa, deito em minha cama e repasso
tudo que aconteceu. Um sonho realizado, sim eu e Ale ficamos juntos, parece
que nunca nos separamos, não sei como vai ser daqui para frente, apenas sei
que vou deixar rolar e viver intensamente cada minuto. Posso estar fazendo
papel de trouxa romântica, mas é melhor me arrepender do que fiz, do que eu
deixei de fazer.
Sim eu sei, tem muita história, Ale não me contou o verdadeiro
motivo porque ele sumiu, também não disse quem foi a pessoa tão especial
que o tirou do fundo do poço, também tem a história com a briga com o pai e
a morte da amiga.

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O que mais tem são histórias não contadas... Palavras não faladas...
O que eu quero nesse momento é viver e aproveitar o que está
acontecendo agora, nesse momento, não preciso de nomes, apenas de
sensações, apenas me sentir como me sinto em seus braços.

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CAPÍTULO 10 — ALESSANDRO
Depois de deixar Eva em casa e lhe dar mais um beijo e um abraço
sigo para minha casa. Como sempre, minha mãe está dormindo no sofá à
minha espera. Avisei que iria a uma festa, que não precisava se preocupar,
mas mãe é mãe e eu não tenho um bom histórico. Uma saída à noite a faz se
preocupar muito, mas que qualquer outra mãe, somente ela sabe o que
passamos.
Depois de tanto trabalho, tento fazer minha mãe confiar em mim, não
deixarei me levar mais para esse submundo.
— Mãe! — chamo.
Ela lentamente abre os olhos, puxa meu corpo e me abraça, a sinto
cheirar a minha roupa. É sempre assim, ela tem medo que me afunde
novamente. Por mais que eu tenha conseguido sair, para voltar para aquele
mundo é um pulo.
A cada dia longe das drogas é uma vitória.
— Não se preocupe, estou limpo — tento tranquiliza-la.
— Graças a Deus — fala em um sussurro.
— Disse que não precisava me esperar.
— Você está ensopado, aconteceu alguma coisa?
— Estou bem, só tomei um pouco de chuva. E a senhora o que faz
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acordada? Te disse que eu iria demorar.


— Não consegui dormir, vi que estava demorando e fiquei
preocupada. Você está molhado, pode pegar uma gripe.
— Não se preocupe, mãe, já vou me trocar.
— Quer um chá? Ajuda a aquecer.
— Negativo, já para cama, está tarde — digo a ajudando a se levantar
do sofá.
— Deixa cuidar de você.
— A senhora já cuidou de mim durante muito tempo, está na hora de
eu cuidar da senhora. Venha, vou te ajudar a ir para a cama.
Levo-a até o quarto, ela deita na cama, e a cubro com o edredom.
— Boa noite, mãe — digo lhe dando um beijo.
— Boa noite, meu filho. Tire essa roupa molhada.
Não respondo, apenas dou um sorriso e saio do seu quarto. Vou para
meu quarto, tomo um banho quente, visto meu pijama, sento na minha
escrivaninha, pego uma folha e uma caneta.
Ligo meu mp3, e começo a escrever ao som de Jota Quest, com a
música "O que eu também não entendo"

DOURADOS, MARÇO DE 2013

Hoje a tive em meus braços, a tive em sua plenitude, senti seu corpo,
seu gosto, essa noite você foi minha, igualmente como eu sou seu.
Assim como a nossa primeira vez, a nossa segunda vez não foi em um
lugar tranquilo, em uma cama com pétalas, com uma música ao fundo e
vinho. Foi na beira da estrada, em cima do capô do carro e debaixo de
chuva, por causa da chuva nem lua tinha, mas posso afirmar que para mim
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foi a segunda vez que fiz amor de verdade em minha vida.


Fiz amor apenas duas vezes nessa vida, e ambas as vezes com a
mesma mulher, com minha Eva, minha pequena. Como diz a música que
escuto nesse momento... Essa não é apenas uma carta de amor, são
pensamentos soltos traduzidos em palavras, para que você possa entender, o
que eu também não entendo.
Hoje estou tentando escrever alguns dos meus pensamentos que
talvez um dia você possa entender tudo o que se passou comigo.
Eu a amo, mas de novo como diz a música... O amar não é ter que ter
sempre certeza... Não sou perfeito pequena, queria ter coragem para dizer
tudo que eu passei, mas essa coragem ainda não tenho.
Não sei como vai ser o nosso amanhã, não sei como vamos ficar
daqui para frente, mas o importante é que sempre estarei ao seu lado.
Te amo!
Do seu Ale.

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CAPÍTULO 11— EVA


Um ano depois...

O som da música eletrônica está alto como sempre, Unik está lotada,
balanço o meu corpo conforme a música. Uma mão segura minha cintura, e
não preciso me virar para ver quem é, sei que é ele. Levanto meus braços e o
abraço, ele beija meu pescoço o suficiente para um arrepio passar por toda
parte do meu corpo.
Viro-me, laço seu pescoço e beijo sua boca, delícia, beijo com sabor
de menta.
— Vou ao banheiro — avisa encerrando o nosso beijo.
Eu e Ale estamos juntos, não juntinhos como namorados, mas juntos.
Durante um ano eu sou apenas dele e tudo indica que ele é somente meu.
Deixei rolar como disse que faria, estamos bem em nosso lance,
estamos felizes, e é o que importa. Durante a semana somos dois amigos,
inseparáveis, mas nos fins de semana somos amantes, me perco em seu corpo
assim como ele se perde no meu. Não podemos namorar, não por mim, mas
por ele. Tem muita coisa que ainda precisa ser explicada. Ale não me engana,
já conversamos várias vezes, ele disse que não pode assumir algo sério

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enquanto ele não me contar sobre sua vida, sobre o que aconteceu nesses sete
anos que ficamos separados. Segundo ele depois que contar o que aconteceu,
eu vou virar as costas e nunca mais olhar para a sua cara. O amo, e nada que
fez no passado vai nos separar.
A minha única fala em relação seu passado é “fale quando você se
sentir pronto”.
Não vou exigir que ele me conte nada, se o mesmo não me lembrasse
eu teria até esquecido que um dia ele foi embora, que sofri e fiquei longe do
amor da minha vida por, longos, sete anos.
— Cadê o Ale?
— Foi ao banheiro — respondo a Carol.
— Vamos sentar um pouco — Clarinha fala. — Estou morrendo de
sede — completa.
— Vocês vão sentar ali — Montanha aponta uma mesa —, que vou
buscar bebidas. Ruiva e Clara nada de aprontar, estou de olho em vocês.
— O que vocês duas estão aprontando? — pergunto olhando para as
duas, enquanto caminho para a mesa que o “papai” Montanha indicou.
— Eu não fiz nada — Clarinha se defende.
— Esse é o meu problema — Carol fala.
— Que problema? — pergunto.
— Não fiz nada — Carol responde rindo.
— Como assim? — pergunto.
— Está vendo aquele carinha ali? — Aponta para um cara loiro que a
encara. — Então, eu queria dar uns amassos nele, mas o Montanha não
deixou. Viu?! O meu problema é que eu não fiz nada, mas estou doidinha
para fazer.
— Carol, você é doida. — Rio.
— Tenho bom gosto, isso sim. Doida é você que está nesse chove e

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não molha com o Ale.


— Estou bem assim. — Elas sempre me tentam fazer enxergar, mas
eu realmente estou bem.
— Evinha, sempre disse que vocês dois formam um lindo casal —
Clarinha fala.
— Isso é verdade — Carol concorda.
— Mas você merece ser mais que uma foda de final de semana.
Desculpa Evinha, eu sei que você está bem assim, mas a gente sabe que daqui
um tempo vamos ter que te consolar e enxugar suas lágrimas — diz Clarinha.
— Concordo de novo, esse lance de pegar e não se apegar não é para
você Eva, você é pura... — diz Carol.
— Carol, eles transam! — Clarinha fala rindo a cortando.
— Ok — concorda. — Não tão pura para ir ao convento, mas pura de
alma, se fosse igual a mim ou a Clarinha que não está nem ai para esse lance
de sentimentos tudo bem, a gente sabia que você não ia se machucar. Evinha,
você é romântica, você merece flores, chocolates, e toda essa baboseira de
namoro sério.
— Estou feliz meninas, não se preocupem.
— Sabemos que está feliz, o problema vai ser quando um dia aparecer
outra e pegar aquele Ale para ela e você ficar para escadeio — Carol fala.
— Não vai acontecer — nego.
— Ah vai sim — Carol afirma.
— Se acontecer, nem ligo.
— Liga sim — acusa Clarinha.
— Você liga, e nós vamos correndo enxugar suas lágrimas — avisa
Carol.
Olho para ambas; sei que elas querem me proteger, sei que mereço
mais do que ele pode me oferecer nesse momento, mas estou bem assim.

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Estou feliz.
Elas percebem que eu me entristeço, e ambas vêm me abraçar.
— Não fique assim Evinha, nós cuidamos de você — Clarinha fala.
— Se ele quebrar seu coração a gente conserta — completa Carol.
— Obrigada, meninas.
— O que está acontecendo aqui?
Montanha fala aproximando-se do nosso abraço coletivo.
— Evinha precisava de um abraço — explica Carol.
— Como boa amiga que somos, decidimos que abraço coletivo é a
melhor opção — Clarinha completa.
— Muito errado isso — Montanha fala colocando nossas bebidas na
mesa.
— Errado por quê? — Pergunto.
— Errado porque ele é o papai de todas e acha que fizemos cagada —
Carol fala com ironia.
— Errado, porque está faltando eu nesse abraço — Montanha ignora
Carol e vem dar um abraço bem apertado do jeitinho que todas nós gostamos.
— Esse Montanha sabe como abraçar — falo rindo.
— O se sabe Evinha. Ele abraça bem que você nem imagina — Carol
fala rindo.
Depois do nosso abraço coletivo, tomamos nossas bebidas e voltamos
para a pista de dança para dançar.
— Eva cadê o Ale? — pergunta Montanha.
— Não sei, ele foi ao banheiro, acho que a fila está grande —
respondo.
Ele realmente está demorando, nunca foi de ficar tanto tempo longe
de mim nas festas, o bichinho da insegurança começa a apitar aqui dentro.
— Não fique assim, daqui a pouco ele volta — Clara fala me dando

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um sorriso acolhedor.
O tempo passa, a pista de dança começa a esvaziar e nada do Ale
voltar.
— Eva, vamos embora eu te levo — Montanha avisa.
— E o Ale? — pergunto.
— Não sei Eva, nesse momento quero apenas levar minhas três
meninas para casa — Montanha explica.
Caminho com eles até a saída; me acomodo no banco traseiro e fico
olhando a rua enquanto eles conversam e riem. Sinto alguém pegando a
minha mão, olho e vejo que é a Clara.
— Liga para ele — fala.
Balanço a cabeça que não.
Não irei ligar, ele que tem que dizer onde está e porque me
abandonou na boate, não eu. Fiquei esperando ele feito uma boba.
— Mande mensagem dizendo que já está indo embora — Carol
sugere. — Ele não merece, mas manda a mensagem.
Pego meu celular, digito a mensagem e envio.

“Estou indo embora com o Montanha e as meninas”

Montanha me deixa em casa. Vou para o meu quarto, tomo banho, me


arrumo e deito em minha cama. Pego o celular e nenhuma mensagem dele.
Meu coração está apertadinho, ele nunca fez isso. Mando outra
mensagem.

“Ale estou preocupada, está tudo bem?”

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Coloco o celular embaixo do travesseiro caso ele ligue ou mande


mensagem eu escuto. Demoro a pegar no sono, quando abro meus olhos pego
o celular de novo, e nada.
Nenhuma mensagem, nenhuma ligação.
Vou ao banheiro, passo na cozinha, bebo água e decido dormir mais
um pouco. Já no quarto pego meu celular e tem uma mensagem.

“Desculpe por ter sumido, tive uma emergência, não deu para
avisar. Não se preocupe estou bem, mais tarde te ligo, beijos”

Pronto, o restinho de sono que eu tinha foi embora, agora fico aqui
morta de preocupação e com uma única pergunta.
O que aconteceu com o Ale?

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CAPÍTULO 12 – ALESSANDRO
Encerro o nosso beijo e a olho nos olhos, como sempre brilham.
Adoro seu sorriso.
— Vou ao banheiro — aviso beijando seu rosto.
Saio em caminho ao banheiro, saímos quase todos os fins de semana.
Minha pequena sempre é animada, gosto da sua companhia, seja em festa, ou
sentando vendo as estrelas, o importante é estar com ela. Sou feliz com ela ao
meu lado, ainda não tive coragem de contar sobre o meu passado, sou um
fraco, tenho medo dela nunca mais olhar na minha cara, vivo na corda
bamba. Sei que vai chegar um dia e um cara muito melhor que eu, que vai
leva-la embora. Eu a amo, e por amar tanto Eva sei que ela merece ser feliz.
No caminho para o banheiro, passo por uma jovem loira sentada no
chão. Na volta do banheiro percebo que ela continua sentada no chão com as
mãos jogadas. Ela geme, não sei se é de dor.
Aproximo-me dela.
— Moça, tudo bem? — pergunto próximo a ela.
Ela não responde, afasto seu cabelo que cobre o rosto, vejo que seus
lábios estão azulados, pego sua mão e as pontas dos dedos também estão de
cor azulada, seguro seu pulso e a sua pulsação é fraca. Os gemidos na
verdade são pela dificuldade de respirar.
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— De novo não!
Pego a moça no colo e saio disparado para a saída, ela precisa ir
urgente para um hospital.
Volto alguns anos atrás Vanessa... De novo não... Não vou deixar
acontecer de novo.
Coloco a moça no banco do meu carro, rapidamente coloco o carro
em movimento e ligo para a emergência do hospital.
— Alô, estou a caminho com uma jovem que está sofrendo uma
overdose, provavelmente de cocaína — digo nervoso.
— Isso é pegadinha a essa hora, não tem o que fazer não? — a atende
do hospital fala.
— Vou nominar para você: Respiração fraca ou dificuldade em
respirar, roncos ou respiração com borbulhas, indicando que algo está
obstruindo os pulmões, lábios e pontas dos dedos de cor azulada, braços e
pernas moles e sem tônus muscular, Desorientação, diminuição dos
batimentos cardíacos, perda de consciência, sem resposta quando se tenta
mexer e acordar a vítima. Esses são os sintomas, você acha que é pegadinha?
Estou falando sério — grito irritado.
— Ok, você me convenceu, estaremos com uma equipe pronta para
recebê-los.
— Estou indo o mais rápido possível — aviso desligando o celular.
Olho para o banco traseiro, a respiração continua com borbulhas, isso
não vai se repetir eu não vou deixar.
— Aguenta moça, estamos chegando. Não desista! — peço
acelerando o carro e cortando as ruas de Dourados.
Chegando ao hospital, já tem uma equipe na portaria nos esperando,
ajudo desce-la do carro e a coloca-la na maca.
Fico na recepção esperando notícias. Tenho fé que ela vai ficar bem,

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tão nova, tão linda, tem a vida inteira pela frente assim como a Vanessa tinha,
para Vanessa foi tarde, espero que para ela não.
As horas passam, e nada de notícias. Vejo a luz do dia surgindo, olho
no celular e tem mensagens da minha pequena.
Como pude me esquecer dela? Abro a primeira mensagem.

“Estou indo embora com o Montanha e as meninas”

Leio a segunda mensagem.

“Ale estou preocupada, está tudo bem?”

Penso em ligar, mas desisto, ela deve estar dormindo, não quero
acorda-la, o melhor é mandar uma mensagem, mais tarde ligo ou passo na
casa dela e explico o que aconteceu.

“Desculpe por ter sumido, tive uma emergência, não deu para
avisar. Não se preocupe estou bem, mais tarde te ligo beijos”

Ligo para a minha mãe que provavelmente está acordada até agora,
encerro a ligação e guardo o celular no meu bolso.
— Moço, foi você que chegou com a moça loira com overdose? —
Levanto a cabeça e vejo uma enfermeira na minha frente.
— Sim, sou eu. Ela está bem?
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— Graças a você está sim.


— Posso vê-la?
— Pode, queira me acompanhar até o quarto dela.
— Obrigado — respondo.
— O socorro rápido foi primordial para revertermos o caso e ela ficar
bem, como sabia que ela estava sofrendo uma overdose de cocaína?
— Era cocaína mesmo?
— Ela ingeriu várias drogas, álcool, ecstasy, maconha, mas a cocaína
foi o que acabou provocando a overdose. Sua namorada poderia ter morrido.
— Ela não é minha namorada.
— Não?
— Não, eu a encontrei no chão da boate quando estava saindo do
banheiro. Vi os lábios e as pontas dos dedos azulados, a pulsação fraca e a
ronquidão, então a peguei e a trouxe para cá — explico.
— Como sabe todos esses sintomas? Como conseguiu entender que se
tratava de uma overdose?
— Alguns anos atrás eu tinha uma amiga chamada Vanessa, um dia
fui a sua casa para saber como ela estava, e a encontrei com essas mesmas
características, fiquei dando um tempo para ver se passava, achei que ela
estava curtindo a brisa. Depois de quase meia hora percebi que não passava e
que ela ficava cada vez pior. Então a levei ao hospital.
— Como sua amiga está hoje?
— Morta. Ela teve várias overdoses e não resistiu, não consegui
salvá-la.
— Se isso serve de consolo hoje você salvou uma vida — fala
parando em frente a uma porta. — Bata e entre, vou deixar vocês
conversarem — fala se afastando.
Fico alguns segundos encarando a porta na minha frente, bato. Escuto

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uma voz franca dizendo para entrar.


Entro devagar, vou próximo a cama.
— Oi! — Ela está com os olhos fundos e roxos, lábios rachados.
— Oi — responde com um singelo sorriso no rosto.
— Eu sou Alessandro. Foi eu que te trouxe para cá — tento explicar a
minha presença, sou um desconhecido para ela.
— Meu salvador — fala desanimada.
— Não sou salvador...
— Mila! — uma voz grita entrando no quarto e corre para abraçar a
moça. — Ai meu Deus, quase morri quando o hospital ligou me avisando,
por isso só vim agora.
— Estou bem Day — fala para a amiga. — Tem gente no quarto.
A amiga levanta o olhar e percebe a minha presença. Se afasta e enfim
me cumprimenta.
— Oi, sou Dayana, amiga da Camila — avisa estendendo a mão para
me cumprimentar.
— Oi. — Aperto sua mão. — Sou Alessandro, o cara que trouxe a sua
amiga para o hospital.
— Obrigada Alessandro, senão fosse você nem quero imaginar o que
poderia ter acontecido com ela — Dayana fala colocando as mãos no bolso
traseiro.
— Senão fosse ele eu teria morrido e você hoje estaria chorando no
meu caixão. — Camila fala.
— Não fala isso Mila, nem quero pensar nisso, eu iria morrer junto.
— Bom, estou indo, Camila já está bem, e tem companhia, vou indo
então — aviso tentando me despedir. Ela está bem é o que importa.
— Muito obrigada Alessandro — Camila me agradece.
— Você poderia vim visitar a Camila mais tarde — sugere Dayana.

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— Day, não sabemos se ele tem compromisso, já fez muito em ficar


até agora.
— Por favor, Alessandro, venha mais tarde. Esse é o meu celular,
qualquer coisa ligue — Dayana fala passando um cartão. — Precisamos
agradecer direito, por favor, venha mais tarde eu insisto.
Olho para Camila, tão debilitada, uma visita não irá me arrancar
pedaço.
— Então as 15h00, passo para fazer uma visita — digo saindo do
quarto.
Vou para casa, como tinha imaginado encontro minha mãe no sofá
preocupada, conto a ela tudo que aconteceu. Depois de explicar tudo, vou
para meu o quarto, tomo um banho e caio na cama.
Não consegui salvar a vida de Vanessa, mas salvei a vida da Camila,
isso faz o peso da morte da Vanessa ficar um pouco mais leve.
Adormeço...

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Capítulo 13 – Camila
— O que acha que está fazendo insistindo para esse cara vim me
visitar? — questiono assim que Alessandro fecha a porta.
— Mila, você não vê? Ele vai dar certinho para você usar como
fachada.
— Como?
— Mila namora com ele, assim seus pais não vão desconfiar da gente
e te expulsar de casa. Nesse tempo vejo se consigo arrancar a grana do
Marcelo e nos mudamos dessa cidade de merda.
— Você está louca, só pode.
— Mila, ele é a chave dos nossos problemas.
— Day, eu quase morri por sua causa e você ainda está preocupada
com esse plano besta de arrancar dinheiro daquele idiota.
— Eu sei Mila, mas você está viva, precisamos de uma medida
paliativa enquanto não resolvo o nosso problema definitivamente. Alessandro
parece ser um bom moço, conversei com a enfermeira e ela disse que ele
estava todo preocupado com você, que uma amiga morreu de overdose e ele
não pode ajudar, tudo indica que ele se sente culpado.
— E daí? O que eu tenho a ver com isso?
— Tudo a ver, Mila. É obvio.
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— Day, não.
— Sim Mila, isso vai resolver nosso problema por enquanto, seu pai
não vai ficar desconfiando de nada, não vai querer te expulsar de casa.
Conquista aquele idiota, ele ficou todo mexido, você está acabadinha, ele vai
querer cuidar de você.
— Day, eu quase morri por sua causa, meu pai quase me espancou
ontem quando descobriu que peguei o dinheiro na carteira dele, por isso
acabei errando a mão ontem, e você não está levando a sério, só pode. Vamos
acabar com essa farsa e enfrentar isso juntas.
— Mila, eu te amo, mas não está na hora de nos assumir. Vamos
comer e viver onde? Amor não enche barriga.
— Não aguento mais. — Começo a chorar.
— Não chore, seu choro não vai resolver seus problemas — Day fala
beijando meu rosto. — As coisas vão se ajeitar.
— Day, isso não é vida, não quero mais viver escondida. Não quero
ter que transar com um ou com outro para conseguir dinheiro.
— Aguenta só um pouco, também não gosto de viver assim, a vida é
feita de sacrifícios. O amor requer sacrifícios.
— Até quando iremos nos sacrificar?
— Falta pouco, Marcelo já conseguiu um emprego para mim na
empresa dele, logo vai me dar um carro, ele está apaixonado por mim, logo
vou conseguir tudo que eu quero e vamos viver longe do preconceito desse
povo mesquinho.
— Já fizemos muitos sacrifícios, duas vidas se perderam por nossa
culpa.
— Uma vida, só a chata da irmã do Adriano, nesse caso podemos
dizer que até fiz um favor para a humanidade.
— E o aborto?

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— Nem conta, aquilo era um estorvo.


— Muitas vezes você me assusta com tanta frieza, Mariane era nova,
acabou morrendo por nossa culpa, você estava grávida, era uma vida, eu disse
que nós poderíamos cuidar do bebe.
— Eu, você e um bebê?
— Sim, seria a nossa família.
— Mila, essa família não seria possível naquela época, e nem hoje. Já
disse que precisamos fazer vários sacrifícios e o aborto foi um deles. Não
fique remoendo o passado. Pense no nosso futuro juntas e longe dessa cidade.
— Queria ser fria igual você.
— Pense, o Alessandro pode fazer companhia para você, ele parece
ser um carinha legal. As roupas dele eram de marca — Day fala se sentando
na cama do meu lado e me abraçando.
— Não sei, não quero envolver mais ninguém nessa nossa bagunça.
— Pense no caso, seu pai não iria te encher mais o saco. Alessandro
pode te ajudar financeiramente.
— Como eu iria conquistar ele?
— É só se fazer de coitada, e pedir ajuda para parar de usar essas
porcarias, já disse, quando estiver depressiva use maconha, você fica
misturando tudo.
— Vou dar uma maneirada no pó.
— Usa só de vez em quando, não precisa ser sempre.
— Já entendi.
— Então você vai ficar som o Alessandro?
— Vou, é por pouco tempo.
— Pouco tempo. — Me dá um beijo. — Logo estaremos livres para
viver o nosso amor, longe de tudo e todos.
Day fica deitada comigo, cuidando de mim e me dando carinho. A

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amo tanto, há anos estamos nesse impasse, meus pais desconfiam que sou
lésbica e eles odeia Dayana.
Ontem tive uma briga feia em casa, peguei dinheiro na carteira do
meu pai. Não trabalho, Day que sempre me ajuda financeiramente, ontem
meu pai me ofendeu, me magoou. Fui para a boate para beber, me distrair, no
fim bebi demais, dei uma fumada aqui, outra ali, e acabei errando no pó.
Fiquei alucinada, nem sabia mais o que estava fazendo.
Day foi embora, o médico passou e disse que amanhã de manhã me
dará alta. Escuto uma batida na porta, logo a porta se abre, é Alessandro.
— Oi — fala.
— Oi — respondo.
— Espero não estar atrapalhando.
— Estava te esperando. Vem, senta aqui do meu lado — tento ser
mais amável possível.
— Como se sente?
— Melhor.
— Que bom.
Ficamos em silêncio.
— Amanhã eu tenho alta — falo quebrando o silêncio.
— Que bom.
— Posso te pedir um favor?
— Pode.
— Minha família não sabe que estou aqui, tenho vergonha deles
saberem o motivo que me fez parar nesse hospital, somente a Dayana, que é a
minha melhor amiga, sabe o que aconteceu. Amanhã Dayana te um almoço
importante na casa do namorado com a família dele, não tenho ninguém para
me levar para casa. Queria pedir para você me levar em casa amanhã.
— Amanhã? Não sei se vai ser possível, marquei com uma amiga —

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ele começa a falar e eu finjo chorar compulsoriamente.


— Tudo bem — falo chorando. — Sou uma renegada por todos, é
sempre assim. Lógico que você tem compromisso, lógico que não vai querer
andar com uma viciada drogada pela rua.
— Calma, não fique assim — fala se aproximando. — Não estou
renegando você e não tenho vergonha de andar com você.
— Pode ter vergonha, eu sei. Sou uma drogada, queria me matar
ontem, talvez amanhã consiga atingir meu objetivo.
— Não, você não pode fazer isso, tem a vida toda pela frente.
— Não tenho motivos que me façam querer viver, melhor é o fim.
— Amanhã eu venho te buscar, vou ver a hora da sua alta, venho te
buscar e te levo até a sua casa.
— Você faria isso por mim?
— Faria, agora não chore mais, deite e descanse um pouco. Vou para
a minha casa, e amanhã eu volto para te buscar.
— Obrigada — falo me deitando na cama.
Ele ajeita a coberta, fecha a cortina, apaga a luz e sai do quarto.
— Perfeito, amanhã quando ele vir me buscar e me levar em casa é só
dizer que estou namorando, ele não vai ter coragem de negar.
Idiota.

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CAPÍTULO 14 – ALESSANDRO
Não tinha como falar não, ela está frágil, quase se matou, não posso
carregar mais essa culpa. A incapacidade, a culpa por não salvar a vida de
Vanessa me atormenta, nunca irei me perdoar.
Vendo Camila tão debilitada não tive como negar, afinal é só busca-la
no hospital e leva-la para a sua casa, isso posso fazer, não vai arrancar
pedaço.

***

Já mandei uma mensagem para a minha pequena. Hoje à tarde a busco


e explico tudo o que aconteceu, talvez se a coragem surgir eu conte o que me
aconteceu no meu passado e o motivo por eu ficar tão preocupado com
Camila.
Dou duas batidas na porta do quarto.
— Entre.
— Oi — cumprimento.
— Oi. — Levanta da cama. — Estou pronta, só estava te esperando
— fala com um sorriso no rosto.
— O médico já assinou a sua alta?
— Já, está tudo certo.
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— Podemos ir então?
— Podemos.
Saímos do hospital, hoje Camila aparenta estar melhor. Vamos
conversando e ela me explica qual o caminho de sua casa.
Chegando lá, a ajudo descer do carro, pego sua pequena mala que a
amiga levou para a ela no hospital, e a acompanho até a porta de sua casa.
— Entregue em casa — digo sorrindo. Afinal fiz o prometido.
— Você quer entrar?
— Melhor não, tenho um compromisso. — Fiz o que tinha que fazer,
agora preciso resolver a minha vida e explicar para a minha pequena o
motivo do meu sumiço.
— Por favor — pede com os olhos cheios de lágrimas. — Não vai
demorar.
— Tudo bem — dou-me por vencido.
Camila abre a porta de sua casa, me dando passagem e entro. Ela
aponta o sofá, e eu me sento.
— Mãe, pai, cheguei — grita.
Um homem de meia idade com a cara fechada chega, acompanhado
de uma senhora. Os dois param na frente de Camila.
— Vagabunda! — xinga o homem, dando um tapa em seu rosto.
— Cicero! — repreende a mulher.
— Não vai bater na outra face? — Camila fala o olhando de igual
para igual.
— Você é a decepção dessa família, só me faz passar vergonha —
acusa dando outro tapa, fazendo Camila se curvar no chão.
A senhora que acredito ser sua mãe nada faz para defender ou ajudar a
filha, aceita tudo em silêncio.
Levanto do sofá, vou até ela, e a ajudo a se levantar do chão. O casal

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enfim se dá conta que eu estou no mesmo ambiente que eles.


— Desculpe Alessandro, por te fazer presenciar isso — Camila fala
tentando limpar as lágrimas.
— Não chore — peço.
— Quem é você? — o pai dela pergunta.
— Alessandro — respondo. — Um ami...
— Meu namorado — Camila corta a minha fala. A olho confuso, mas
a mesma olha para o pai.
— Namorado? — o pai pergunta.
— Meu namorado, passei o fim de semana com ele e sua família, fui
muito bem recebida por todos, ao contrário dele aqui em casa, já que fui
recebida com um tapa na cara sem nenhuma explicação. Não se assuste
Alessandro meu pai bater em minha cara é tão comum, quando chutar um
cachorro na rua.
— No seu caso minha cara filha, seria chutar uma cadela.
— Cicero, por favor, ela trouxe um namorado — sua mãe fala como
se o fato da filha ter um namorado justificaria alguma coisa. Mas eu não sou
o namorado dela.
— Até quando vai durar? — debocha o pai.
— O tempo que eu e Alessandro estivermos apaixonados e nos
amando — Camila fala desafiando o pai.
— Enquanto estiver com esse namorado, você fica nessa casa,
terminou o namoro à porta da rua é a serventia da casa. Quero ver quanto
tempo vai andar na linha. — o pai dela fala saindo da sala.
— Desculpe — a mãe pede saindo atrás do marido.
— Camila?
Ela não me olha, vai até a estante, pega um quadro, o abre e de lá tira
um pacotinho de pó branco que conheço muito bem. Cocaína.

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— Camila não! — digo estendo a minha mão.


— Eu preciso.
— Você é mais forte que isso.
— Não sou, quero morrer — diz chorando.
— Eu te ajudo.
— Quando ele descobrir a verdade vai me expulsar. Eu não trabalho,
não tenho para onde ir.
— Vou te ajudar.
— Como?
— Posso fingir ser seu namorado.
— Meu namorado?
— Sim, a partir desse momento sou seu namorado. Ela vem me
abraça.
Não sei se aceitar essa farsa é o correto, mas no momento é o que
posso fazer, não posso deixa-la se destruir. Vou dar um jeito...

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CAPÍTULO 15 — CAMILA
Estou em um dos corredores da faculdade esperando Day chegar, ela
vai adorar a notícia que tenho para contar, sei que vai ficar muito feliz. Meu
pai não acreditou muito, mas esse namoro vai fazer eu e Day ganharmos o
tempo que precisamos.
— Já estava com saudades, Mila — fala me abraçando — Está bem?
— Estou. — Olho para os lados para ver se não tem ninguém e lhe
dou um beijo rápido.
— Preciso sentir seu gosto — diz passando a mão em meus cabelos.
— Agora vai ser mais fácil. — Rio. — Tenho namorado.
— Como? — Balanço a cabeça afirmando. — Mila, você não me
disse nada.
— Queria ver a sua reação.
— Foi fácil?
— Mais fácil que eu imaginava, meu pai deu uma força.
— Explica isso, o que aquele velho nojento fez para te ajudar?
— Fiz como o planejado; me fiz de coitadinha suicida e pedi para ele
me levar até em casa, lá o convenci a entrar. Como sabe, tive uma briga com
meu pai, quando ele me viu chegando me deu um tapa na cara e me xingou
na frente do Alessandro.
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— Já nem me assusto mais com esse fracassado do seu pai.


— Nem eu, mas o enfrentei, tive que me fazer de coitada e ofendida.
Meu pai só percebeu que Alessandro estava lá quando ele foi me ajudar a
levantar do chão. Pai me perguntou quem era ele, Alessandro disse seu nome
e quando ia dizer que era um amigo o cortei e disse que era o meu namorado.
— Alessandro não te desmentiu?
— Não, só ficou me olhando com cara de besta.
— E o seu pai?
— Ele desconfiou que era mentira, que não era meu namorado, por
isso disse que quando terminasse meu namoro eu estaria na rua. Saiu da sala
com minha mãe atrás. Vi que Alessandro me olhava, tive que improvisar,
lembrei que tinha um pacotinho da alegria escondido e peguei, fingi
desespero e ele disse que ia me ajudar, que era meu namorado.
— Perfeito Mila, agora só continuar com o nosso plano. Aquele
fracassado nunca vai te expulsar, sempre é essa mesma desculpa.
— Day, foi fácil, mas ontem ele disse que tinha um compromisso.
— Ele sempre está com aquela pretinha sem sal, até já vi eles se
beijando. Vamos, Mila — fala pegando meu braço. — Precisamos marcar
território, seja doce, mas deixe claro que aquele idiota é seu.
Caminhamos pelos corredores, e pegamos o rumo do prédio que
Alessandro estuda. Como imaginávamos ele estava com as amigas e a
negrinha sem sal estava do lado dele toda sorridente.
Vou mostrar para ela qual é o seu lugar. Nada contra, mas ele é o
meu, preciso dele, ela que vá arrumar outro.
Aproximo-me de Alessandro com meu sorriso angelical, laço seu
pescoço e o puxo para um beijo, de início ele não corresponde, mas não ligo,
dou uns selinhos para enganar a plateia de plantão.
— Estava com saudades — falo ainda com os braços em seu pescoço.

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— Quem é ela? — uma ruiva nojenta pergunta.


— Nossa, nem me apresentei — falo olhando para ela. — Sou
Camila. — Olho para a negrinha sem sal. — A namorada de Alessandro.
— Preciso ir ao banheiro — a negrinha fala saindo. Acho que até vi
uma lágrima. Não me importo. Antes ela chorar do que eu.
— Eva! — Alessandro a chama querendo ir atrás dela, mas eu o
impeço.
— A gente vai. — A ruiva e mais outra nojenta saem provavelmente
atrás da coração quebrado.
— Camila, o que fez?
— Dei um beijo no meu namorado.
— Camila, é namoro para seus pais, na vida real não somos
namorados.
— Mas... Eu pensei que era real — digo me fazendo de coitada.
— Não era, o que fazer agora para explicar para ela... Não vai querer
mais olhar na minha cara — diz preocupado.
— Desculpa — falo com lágrimas nos olhos. — Não queria te causar
nenhum problema. Sou uma praga, só causo dor nas pessoas, se eu tivesse
acabado com a minha vida nada disso estaria acontecendo.
— Tudo bem Camila, você não tem culpa, eu disse que iria te ajudar e
vou fazer isso — diz desanimado.
Vou precisar dar mais alguns shows para mantê-lo comigo, posso
arrumar um acidente, me jogar em cima de algum carro, ele não vai se livrar
de mim tão facilmente.
Estou adorando esse papel de namorada e vou ser uma bem ciumenta.

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CAPÍTULO 16 – EVA
— Meu namorado — sai da boca dela.
Não consigo ouvir mais nada, saio de perto antes que eu passe
vergonha na frente de todos, não acredito nisso. Uma namorada? Como pode
fazer isso comigo? Como assim surgiu essa namorada?
Entro em uma das cabines do banheiro feminino, sento na privada e
me permito chorar. Isso explica o porquê de não responder minhas
mensagens esse fim de semana, por ter me deixado sozinha na festa sem
nenhum aviso ou explicação, e a tonta achando que tinha acontecido alguma
coisa com a mãe dele. Como fui boba, pensando que ele iria me pedir em
namoro, mas preferir ir levando, o que importava é que estávamos juntos, me
ferrei.
— EVA! EVA!
— Sabemos que você está aqui, abra a porta. — São elas, minhas
amigas.
Levanto, abro a porta e as duas me puxam para um abraço. Choro
abraçada a elas.
— Chora Evinha, pode chorar — Clarinha fala.
— Vou arrancar as bolas dele — Carol ameaça.
Depois das lágrimas controladas, ficamos sentadas no chão do
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banheiro feminino, eu no meio de ambas. Elas tentando me animar, me


confortar, e eu tentando entender o que aconteceu. Tipo, levei um pé na
bunda sem aviso prévio.
— Aquele cabelo dela é tingido — Clarinha fala.
— Lógico que é, aquele amarelo de ovo é horrível — Carol fala. —
Cabelo mega ressecado.
— Você viu o olho dela, parecia aqueles zumbis — comenta Clara.
— Horrorosa — completa Carol.
— Ridícula — xinga Clarinha.
— Pior que nem bunda tem, como vai dar uns tapas na bunda na hora
da brincadeira — zomba Carol.
— E os peitos? — Clarinha fala. — Não consegui entender se aquilo
é dela, é caído ou puro bojo.
— As pernas parecem de seriema — diz Carol. — E ainda usa salto
para vir na faculdade.
— Queria ver ela levando um tombo — diz Clarinha.
— Seria muito bom ela se arrebentando a cara no chão — concorda
Carol.
Elas apontam todos os possíveis defeitos, mas eu sei ela é linda.
— Ela é linda — enfim falo. — O corpo, o cabelo, tudo nela é
perfeito.
— Mas você é mais linda — Clarinha fala segurando meu rosto me
fazendo olhar para ela.
— Uma beleza igual a sua não tem, Evinha — elogia Carol.
— Obrigada meninas, mas sei que não sou tudo isso.
— Se você quiser Eva, eu dou um chute no saco daquele idiota —
sugere Carol.
— Ele é um bom amigo — digo olhando para baixo.

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— Ele é um pau no cu. Como do nada surge com aquela mocreia? —


Carol fala.
— Evinha ele foi um cachorro, vocês estavam juntos — diz Clara.
— A gente não tinha nada sério.
— Ah não, vocês não tinham nada, era eu que transava com ele toda
semana — Carol fala revoltada.
— Carol! — Clarinha adverte.
— Era só um lance.
— Evinha meu amor, eu tenho um lance, Clarinha tem lance, esses
nossos lances não são nada sérios, apenas desejo.
— Quando se envolve o coração deixa de ser lance — Clarinha
explica.
— Você sempre amou o idiota — Carol afirma.
— Amor de adolescente — Clarinha completa.
— Um amor tão lindo, que se não tivesse visto aquela vaca loira
beijando o Ale com meus próprios olhos não tinha acreditado — Carol fala.
— Vocês dois se completam não dá para entender.
— Não era amor, teve um fim — digo e as lágrimas voltam a
escorrer.
— Se eu fosse anormal, diria que Ale está com aquela vaca sobre
ameaças, que ela armou tudo — Carol fala.
— Também falaria isso, pois não dá para acreditar. Não tem como ele
ter conhecido ela, se apaixonado e começado a namorar do dia para noite —
Clarinha justifica.
— Talvez ele estivesse com ela mais tempo.
— Só queria saber em qual hora, porque vocês dois nunca se
desgrudavam — Carol fala.
— É no mínimo estranho — diz Clarinha.

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— Ela está usando ele, precisamos salvar nosso amigo — avisa Carol.
— Vou conversar com ele, vai ter que me explicar essa história —
Clarinha fala. — Tem alguma coisa errada, sinto cheiro de treta de longe.
— Meninas. Posso pedir algo para vocês?
— Não sendo dinheiro pode pedir. Você sabe Eva, sou pobre —
zomba Carol.
— Se eu puder ajudar você, sabe que sim — assente Clarinha.
— Por favor, não falem nada com o Ale. A queda que levei está
doendo, mas vai passar, não quero saber o motivo dele estar namorando,
também não quero ser uma pedra em seu sapato. Ele quis ela, o que me resta
é aceitar — digo. Não quero discutir ou saber seus motivos, na real eu e ele
nunca tivemos nada de oficial.
— Aceitar sem lutar? — Carol pergunta.
— Muitas vezes precisamos escolher em quais batalhas precisamos
lutar — Clarinha fala.
— Essa é uma luta perdida, está doendo, mas vou superar.
— A gente vai estar aqui para te ajudar, Evinha — informa Carol.
— Iremos pegar todos seus caquinhos — Clarinha fala.
— Obrigada — agradeço olhando para elas.
A porta do banheiro se abre, mas me recuso a olhar quem entra.
Abaixo a cabeça e abraço meus joelhos.
— Sorvete... — reconheço essa voz. — Chocolate e Coca-Cola? —
Montanha pergunta levantando duas sacolas.
— Por isso te amo Montanha, só faltou o vinho — Carol fala se
levantando.
— Ótima ideia. — Clara também se levanta e dá a mão para mim. —
Venha Evinha, vamos comer, açúcar faz bem para o coração.
Pego a mão de Clarinha e levanto, olho para meu amigo, que me dá

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um abraço de urso apertado.


— Vou cuidar de você — Montanha sussurra em meu ouvido.
A dor da decepção é grande, mas com amigos verdadeiros ao meu
lado tudo fica mais leve.
Seguir em frente; é isso que vou fazer...

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CAPÍTULO 16 - ALESSANDRO
Dois anos depois...

O dia que aceitei a farsa do namoro da Camila na frente do seu pai,


sabia que ia perder a minha pequena. Iria conversar com Camila, explicar que
iria fingir apenas para seus pais, mas no outro dia na faculdade ela me
surpreendeu beijando minha boca na frente de todos, Eva viu tudo, vi seu
coração quebrando e ela indo para longe. Pensei que seria algo passageiro,
que logo iria acabar esse namoro de fachada com Camila, mas nada saiu
como esperava. Ela é instável, por mais que explicasse que nosso namoro não
era real ela afirmava que sim.
O dia que ela se jogou na frente do carro para se matar por causa de
um possível termino ficou claro, que eu não iria sair desse relacionamento tão
fácil. Camila vestiu o papel de namorada ciumenta e controladora, como se
diz o ditado: uma mentira contada mil vezes acaba sendo verdade. O namoro
de mentira agora é real. Não sou feliz, mas pelo menos Camila está viva,
consegui fazê-la se tratar, hoje não usa mais drogas, pelo menos é o que ela
diz. A relação com seu pai ainda é complicada, mas está melhorando aos
poucos.

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Eva ainda é a primeira coisa que penso quando acordo e a última


quando vou dormir. A amo, mas sei que quebrei seu pequeno coração por
duas vezes. Até hoje ela não sabe o porquê sumi durante tanto tempo e por
que do meu inesperado namoro com Camila.
Ainda somos amigos, ainda ficamos horas e horas conversando até
tarde da noite... Esses momentos são únicos, sempre vou embora querendo
ficar com ela. Eva nunca me perguntou, nunca me questionou, nunca criticou
sobre minhas atitudes, mas sempre esteve ali para me ouvir, mesmo que a
maioria das vezes o que eu falava era vago.
Ontem fui a uma festa, Camila estava animada, nossos amigos
Marcelo e Dayana estavam juntos, assim que Eva entrou senti sua presença
mesmo a festa estando lotada. Ela estava linda, o seu sorriso estava perfeito,
queria tanto estar com ela, como sempre tento disfarçar a sua presença.
Camila não fala, mas sabe que gosto de Eva, por isso tenta de todas as formas
denegrir sua imagem. Mal sabe ela que nada do que fizer ou falar vai me
fazer gostar menos de Eva. Quando Marcelo falou que iria embora, na hora
aceitei, sobre protestos de Camila. Ela queria ficar mais, não usa drogas, mas
em compensação desconta tudo na bebida. Marcelo pede para eu levar
Dayana para casa inventando uma desculpa, ambos acabam discutindo, não
me envolvo. Levo Dayana para casa e Camila pede para dormir com a amiga.
Camila e Dayana são muitas amigas, chega ser estranho o
envolvimento das duas, os pais de Camila não suportam a amizade delas. Não
entendo o real motivo, mas também não questiono ou me envolvo, Dayana
sempre aparentou ser ótima amiga.
Depois de escrever mais uma carta a guardo junto com as outras, Eva
nunca vai ler essas cartas, nunca irei ter coragem de entregar, a escrita serve
para aliviar um pouco a dor do meu coração.
Deito em minha cama e acabo dormindo, sonho que nós dois estamos

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juntos, dançando na chuva.


Acordo era apenas um sonho... Um sonho distante...
Pego meu celular e resolvo ligar para Eva, talvez ela queira tomar um
sorvete, ou dar uma volta.
O celular dela está na caixa de mensagem, ligo na sua casa e sua mãe
diz que está dormindo, peço para ela pedir para Eva me ligar.
Depois de um banho desço para tomar café com minha mãe.
— Por que está tão triste, meu filho?
— Estou bem.
— Pode enganar a todos, menos a sua mãe.
— Está certa, nunca posso te enganar — digo pegando a sua mão.
— Diga o motivo para essa cara triste.
— Ontem fui a uma festa, Eva estava lá, tão linda, sorridente, todos a
olhavam.
— Ela estava próxima, mas ao mesmo tempo distante — minha mãe
fala com a voz desanimada.
— Perto do meu coração, mas distante do meu corpo.
— Meu filho, por que insiste nesse namoro? Todos sabem, até mesmo
Camila, sabe que você não gosta dela.
— Ela precisa de mim.
— Alessandro, meu filho, você precisa parar de sacrificar a sua
felicidade, Camila não é mais criança, você já fez tudo o que pode para ajudá-
la.
— Mesmo assim, mãe. Ainda sinto que posso fazer mais.
— Ela não é Vanessa, você não tem culpa.
— Eu sei.
— Termina esse namoro, vai atrás de quem você realmente ama.
— Esses dias estou pensando realmente em fazer isso, e por medo de

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Camila ter alguma recaída, logo desisto. A senhora sabe que já tentei
terminar, sabe o que sempre acontece.
— O tempo não volta meu filho, vai aparecer alguém que vai ocupar
seu lugar. Eva é linda, vai atrás do seu verdadeiro amor, você ama essa
menina desde criança.
— Eu sei mãe — digo abaixando a minha cabeça.
— Camila não é Vanessa.
— Mas...
— Não vou falar de novo, está sofrendo e está do lado dessa menina
porque você quer, não invente desculpas, Alessandro. Você fez tudo que
poderia ter feito por Camila, ela não é responsabilidade sua.
— A senhora não entende.
— Não meu filho, é o contrário, você que não consegue entender. —
Levanta, vem até a mim e beija meu rosto. — Espero que depois não seja
tarde — diz saindo da sala me deixando sozinho.

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CAPÍTULO 17 — EVA
Anos se passaram, mas continuo o amando, sei que sou tonta, mas
quem manda no coração?! Minha cabeça sabe o certo, mas meu coração
insiste em bater pela pessoa errada.
Acordei com uma ressaca horrível, ontem fui à festa do Bacana com
as meninas e hoje estou aqui morrendo de dor de cabeça. Depois que Clara e
Marcelo foram embora ai que a festa começou. Minha amiga ainda não
percebeu, mas está apaixonada por Marcelo, e ele por ela.
Eu e Carol começamos a beber uma bebida atrás da outra, queria
extravasar. Comprei roupa nova, fiquei toda linda e o Ale mal me olhou, por
isso bebi tanto. Montanha teve trabalho de levar eu e Carol para casa. Ela
bebeu mais do que eu e ficou provocando Montanha a cada minuto. Depois
de tanta bagunça agora estou aqui morrendo, jogada na minha cama.
— Eva, levanta dessa cama e vem ajudar a fazer o almoço — minha
mãe grita.
— Ai mãe, não grita minha cabeça está doendo — digo levantando da
cama.
— Ontem quando estava pulando feito macaca na festa a cabeça
estava boa. Vem logo, senão não tem almoço.
— Isso é jogo baixo.
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— Ah, antes que eu me esqueça, um amigo seu ligou aqui atrás de


você, parece que é da faculdade.
— Quem?
— Não lembro.
— Credo mãe, nem para lembrar. Era o Montanha?
— Não, se fosse esse eu lembrava o nome acho que é um tal de
Sandro — fala confusa.
— Sandro? Não conheço nenhum Sandro. Mãe, a senhora ouviu o
nome direito? Conheço só um Alessandro.
— É isso, é Alessandro mesmo, que diabo de nome grande. Ele disse
que ligou no seu celular e estava caindo na caixa postal, por isso ligou aqui
em casa e pediu para você ligar para ele quando acordasse. Agora levanta,
toma um banho e vem me ajudar.
— Obrigada, mãe! — Vou até ela e lhe dou um beijo.
— Desenrola Eva. Não é com beijinho que você vai me comprar, te
dou quinze minutos para aparecer naquela cozinha ou vai ter que comer fora
— minha mãe fala já na porta do meu quarto indo para a cozinha.
— Cadê o meu celular?
Começo a procura-lo feito louca e acho embaixo da cama. Será que
ele morreu? Está desligado. Aperto freneticamente para liga-lo, mas não liga.
— Meu santinho que seja a bateria.
Aonde eu enfiei o carregador? Procuro até achar no meio do material
da facul, coloco na tomada e graças ao meu santinho das causas impossíveis,
ele liga. Procuro o número do Ale e ligo para ele que atente no segundo
toque.
— Eva?
— Oi Ale, minha mãe disse que você ligou aqui, aconteceu alguma
coisa?

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— Na verdade não. Queria conversar com você, faz alguns dias que
não conversamos direito, sinto falta disso.
— Eu também.
— Hoje à tarde está livre?
— Sim, estou.
— Então, nós poderíamos nos encontrar no Parque das Nações e
tomar um sorvete, o que acha?
— Acho bom. Que horas?
— Três e meia, está bom para você?
— Está ótimo, você me espera na entrada?
— Espero sim. Então até daqui a pouco. Beijo.
— Beijo.
Ai meu santinho! Será que hoje é meu dia de sorte? Corro para o
banheiro, tomo um banho, me arrumo e vou para cozinha ajudar minha mãe
no almoço.
— Esse sorriso todo ai é por que vai me ajudar no almoço?
— Vou sair, o Ale me chamou para tomar um sorvete.
— Hum... Namoradinho novo?
— Infelizmente não.
— Antigo? Aquele que morava aqui do lado?
— Não, é só um amigo mesmo. Está com saudades de conversar
comigo por isso me ligou.
— Minha filha, amigo não liga para conversar. Amigo faz igual o
bonitão do Montanha e já vem em casa e diz que quer conversar.
— Ah, mãe, é complicado! Ele tem namorada.
— Então ele é um safado.
— Ele é fofo.
— Cuidado minha filha para não ficar se iludindo.

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Ajudo minha mãe com o almoço, e depois de todos almoçarem ajudo


a limpar a cozinha e lavar a louça. Nesse tempo converso com Carol pelo
whatsapp, pelo visto a noite da Clarinha foi boa até agora nem deu sinal de
vida. Carol disse para eu me jogar nos braços de Ale sem medo de ser feliz.
Arrumo-me, coloco um short cintura alta, uma regatinha branca e
sapatilhas, cabelos soltos e estou pronta. Pego minha bolsa e celular.
— Mãe, empresta o carro? — peço entrando na sala.
— Pega a chave em cima do rack e juízo menina.
— Pode deixar. Sua benção, mãe — digo dando um beijo nela.
— Deus a abençoe.
Pego as chaves e saio; o trajeto de casa ao parque é em torno de
quinze minutos de carro e hoje as ruas estão desertas. Chego ao Parque das
Nações, estaciono o carro e caminho até a portaria. Ale já está me esperando,
ele está lindo com seu jeitinho safado que sempre me encantou. Chego perto
dele.
— Oi — digo sem jeito.
— Evinha — fala e beija meu rosto. — Você está bem?
— Fora a ressaca de ontem estou ótima.
— Vamos entrar? Afinal te convidei para um sorvete.
— Claro.
Alessandro e eu caminhamos lado a lado, pegando o rumo para a
praça de alimentação do Parque das Nações que na verdade é um lindo
bosque, perfeito para trazer a família e principalmente a namorada. Mas no
meu caso é só amizade mesmo. Caminhamos em silêncio até eu ver Marcelo
e Dayana, nossa, parece que ela está com a macaca. Preciso ver isso mais de
perto.
— Olha lá Marcelo, mais a Dayana vamos lá falar um oi para eles —
digo.

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— Não sabia que você era amiga deles.


— Não sou. Na verdade sou amiga só do Marcelo.
— A cara deles não está para amigos hoje.
— Só um oi. — Nossa que bafo preciso saber o que está acontecendo
para contar para as meninas.
Aproximamo-nos deles e falo:
— Oi Marcelo, oi Dayana. — Faço cara de inocente, Clarinha já disse
que eu tinha que ser atriz.
— Até essa mosca morta quer dar para o Alessandro. Nenhuma do
círculo de amizade de vocês presta, gostam de dar para quem é
comprometido. Quer saber, isso tudo é inveja da felicidade dos outros —
acusa Dayana.
Eita pega! O trem está feio para o lado de Dayana. O que será que
está acontecendo? Prefiro ficar quietinha para não dar bandeira.
— Pode parando com essa crise Dayana, e pare de ofender minhas
amigas. Não vem descontar sua raiva em Eva — Alessandro me defende.
— Dayana, acho que não temos mais o que conversar, já te disse que
o único culpado aqui sou eu — Marcelo fala.
Será que ele acabou de terminar o namoro com ela para ficar com
Clarinha? Meu santinho das causas impossíveis que seja isso.
— Bem que você sabe que é o culpado em me trocar por aquela puta
— Dayana fala.
Clara vai dar na cara dessa dissimulada, quem ela pensa que é? Mal
sabe ela que sabemos seus podres — Sem ofensas, Clara não é nada disso.
Vou juntar suas coisas que você sempre insistiu em deixar no meu
apartamento e mando te entregar amanhã — Marcelo avisa.
Ainda bem que ele defende minha amiga.
— Passar bem Marcelo, seja feliz, só aviso que você ainda vai se

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arrepender disso. Enquanto você, Alessandro, Camila vai ficar sabendo desse
passeio no parque com essa sonsa — Dayana fala.
Dayana vira as costas para sair.
— Dayana — chamo.
— O que foi sonsa? — Se vira para mim.
— Eu acho é pouco, sua mocreia. É melhor ser sonsa que chifruda —
falo, não aguento segurar e começo a rir na cara dela.
— Fica ai rindo, sua sonsa. Vamos ver como essa história vai
terminar — Dayana ameaça.
— Tudo bem com você? — pergunto para Marcelo.
— Estou mais leve — responde.
— Terminou mesmo com Dayana? — Ale pergunta.
— Fiz o que era certo — diz Marcelo.
— Clarinha tem alguma coisa a ver com essa decisão? — pergunto
para Marcelo e pelo sorriso dele, tenho certeza que sim.
— Tem, ela não sabe o que eu acabei de fazer. Por favor, não conte
nada para ela ainda, quero dar um tempo para aquela cabecinha pensar e
também não quero assusta-la, ou ela foge — Marcelo fala dando um beijo em
meu rosto.
— Pode deixar, Clarinha merece ser feliz.
— Estou disposto a fazer isso. Vou indo, bom passeio para os dois —
Marcelo fala e vai embora.
Eu e Ale voltamos a caminhar até a praça de alimentação, não consigo
esconder a alegria por Marcelo ter dado um pé na bunda de Dayana e ver isso
de camarote foi hilário.
— Parece que você ficou bem feliz pelo termino de Marcelo e Dayana
— comenta Ale.
— Fiquei sim, amo minha amiga, Marcelo é um cara legal, e Dayana

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é uma vaca.
— Você nem conhece Dayana para falar dela.
— Conheço o suficiente para saber que ela não vale o arroz que come.
— Como assim?
— Não é um segredo ou uma história minha então não posso contar.
Mas vai por mim, ela é uma cobra.
— Então se minha namorada anda com ela, também é uma cobra?
— Não sei, a namorada é sua, então você quem tem que saber. Pode
ter certeza que boa coisa Dayana não é.
— Grossa! — fala parando em frente ao frízer de sorvete — Sincera.
Ficamos uns minutos em silêncio escolhendo o sabor do sorvete.
— Então Ale por que você me convidou para esse passeio?
— Não sei, ontem estava vendo você dançar e me parecia outra
pessoa. Queria confirmar se você ainda é a Eva que eu conheço.
— Como assim?
— Eva, adoro você, Carol e Clarinha, sempre andamos juntos. Acabei
me afastando depois que comecei a namorar Camila, mas sei que vocês três
tem características diferentes, pensam diferente e agem diferentes. Ontem
você tinha a metade da atitude da Clara e a outra metade da ousadia da Carol,
até seu jeito de vestir estava diferente. Tive medo de não ser a mesma Eva
que eu conheci.
— Ainda sou, estava apenas querendo impressionar uma pessoa.
— Conseguiu?
— Ainda não sei.
— Você não precisa parecer com as meninas para impressionar ou
conquistar alguém. O que sempre me atraiu em você é a sua doçura. Você é
linda do seu jeito e essa pessoa tem que te aceitar você do jeito que é.
— Linda do jeito sonsa.

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— Você não é sonsa, você é diferente. É meiga, carinhosa e uma boa


amiga.
— Fui tanto sua amiga, que você preferiu a Camila.
— Não é isso Eva.
— Sim é isso. Mas não se preocupe eu não me importei com seu
namoro lembra?
— Lembro e ainda não consigo entender o motivo.
— Era simples, eu e você não tínhamos nada sério, então não tinha o
direito em cobrar nenhuma atitude.
— Eva, foi bom o tempo que passamos juntos.
— Foi, mas já passou né.
— Passou, e sempre vai ser lembrado como uma fase feliz de minha
vida. Só não quero que aquela menina que eu fiquei um dia desapareça.
Gosto de você assim.
— Já entendi, não mudei, ainda continuo a mesma, mas agora com
um pouco mais de experiência. Não é a roupa que faz o caráter de uma
pessoa. Não importa a roupa ou a maquiagem que eu use, sempre serei eu
mesma.
— Fico feliz em ouvir isso. Mas agora preciso ir embora, tenho que ir
na casa da Camila, Dayana já deve ter feito o meu inferno.
— Tudo bem, vou ficar mais um pouco aqui.
— Foi bom conversar com você. Poderíamos marcar mais vezes. O
que você acha?
— Seria legal.
Ale se aproxima e me abraça, consigo inalar seu cheio, depois beija
meu rosto.
— Até amanhã.
— Até amanhã.

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Depois que Ale vai embora fico pensando em tudo o que já vivemos
juntos e sobre o que ele me falou. Acho que o mais importante foi a nossa
amizade. As meninas estão certas, o caminho mais curto para o coração dele
é a nossa amizade que por mim é mais que isso e para o Ale também já foi
um dia. Se ele não sentisse nada por mim não estaria com saudades das
nossas conversas ou preocupado pelo meu jeito de agir ou vestir. Esse será o
caminho que irei usar para chegar até o coração dele.

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CAPÍTULO 18 — EVA
Minha nossa senhora, mas que mês corrido do cão, nem parece que
faz mais de um mês depois daquela conversa com Ale no parque, tantas
emoções. Vou numerar os tops10 dos últimos acontecimentos.
1— Marcelo deu um pé na bunda na Dayana.
2— Mãe de Clarinha sofreu um acidente, Montanha foi ao seu
encontro.
3— Clarinha largou Marcelo.
4— Clarinha contou o que aconteceu no seu passado, eu fiquei
passada quando disse que a irmã a traiu com o ex, babado forte.
5A safada da sem coração de Clarinha quis nos abandonar e ir embora
para longe, mas nosso bom amigo camarada, salvador das amigas, Montanha,
encostou ela na parede e a fez enxergar a burrada que estava fazendo.
6— Clarinha com o rabinho entre as pernas foi atrás do seu grande
amor.
7— Marcelo, bicho esperto, não perdeu tempo, pediu Clarinha em
casamento, e já casou no mesmo dia, tudo isso com medo daquela safada
fugir de novo. Quem pode, pode, quem não pode, igual eu, fica feliz com a
alegria dos amigos.
8— Montanha enfim assumiu que ama a safada ruiva da Carol,
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menina esperta.
9— Montanha começou a investigar o acidente da irmã, ele não disse
ao certo, mas tem coisas seria ai.
10 - Eu continuo sozinha, Ale com a Camila. Vida que segue, mas
estou feliz, me amo acima de tudo.
— Eva? — Clarinha me chama.
— Oi — digo levantando a cabeça e a olhando.
— Com quem está falando?
— Eu? — Clarinha está doida, estou aqui de boa deitada no seu
tapete, com minhas pernas para cima, enquanto espero ela tomar banho.
Esqueci de falar estou na casa da Clarinha também.
— Eva você está conversando sozinha?
— Eu não, estou aqui pensando. — Que louca só estou pensando, será
que ela começou a ler pensamentos?
— Você estava enumerando os últimos acontecimentos — informa
me olhando assustada.
— Estava enumerando os tops dez do mês. Você sabe, mês agitado,
muitas emoções. — Levanto do chão. — Clarinha você lê pensamentos? Sei
que faz parte do quarteto fantástico, mas a gente não tem poderes não.
— Sua doida, você estava falando de voz alta!
— Estava?
— Sim, estava falando um monte de coisas, repassando o que
aconteceu. Detalhe: ouvi você me chamando de safada sem coração.
— Então tá, finge demência, estava conversando sozinha — digo sem
dar muita importância. — Coisa feia, Clarinha, fica ouvindo os outros
conversando sozinha. Tem vergonha não, ficar ouvindo escondida? É muito
safada mesmo, para você não ficar triste é uma safada de bom coração.
— Eva, eu te chamei — diz indignada. — Você ficou ai falando

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sozinha e nem me ouviu e eu não sou safada.


— Não ouvi mesmo, mas continua sendo uma safada.
— Sou não, sou normal.
— Clarinha, se conforme você é uma safada casada agora. Vou ao
banheiro. — digo passando por Clara. — Você está linda, está com um brilho
diferente, pele bonita, o casamento de fez bem. Tá gatona — completo.
Merda. Tinha que descer logo hoje, ainda bem que estou aqui, já
pensou no bafão. Tiro minha roupa, tomo um banho. Pareço folgada, mas não
sou, é a casa da minha amiga e tenho liberdade para isso. Enrolo-me na
toalha e saio do banheiro.
— Clara, tem roupa minha aqui? — pergunto chegando à sala.
— Tem lá na última gaveta da cômoda.
— Tem um absorvente para me emprestar? — pergunto tirando a
toalha do meu cabelo, olho para a Clara e ela está branca. — O que foi?
Agora virou safada doida?
— Eu tenho absorvente.
— Essa cara é só porque tem absorvente?
— Essa é a questão.
— Que sorte a sua, porque essa intrusa inconveniente vem todo mês,
odeio ela, mas só de pirraça ela vem, você sabe ela gosta se ser esnobada.
— Você não está entendendo — diz com sorrisinho fofo. Preciso
saber como ela fez para ficar tão linda assim, está diferente.
— Lógico que não. Era para você estar feliz animada sem a visita
dessa intrusa chata.
— Feliz? Sim eu estou muito feliz — diz chorando.
— Clara? — Uma luz acende em minha cabeça. — Vou ser tia? —
Corro até ela e coloco a mão em sua barriga ainda plana.
— Será? — diz rindo.

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— Para de ser burra, se era para descer e não desceu, e se você transa
e não usa camisinha ou outro meio contra conceptivo logico que está gravida
— afirmo.
— Não sei — diz dando uma de desentendida.
— Vamos por partes. Responda-me, você transa?
— Lógico, bastante.
— Me poupe dos detalhes sórdidos. Só responde às perguntas.
— Tá.
— Usa camisinha quando tem relação com seu gostoso?
— Não. — Balança a cabeça rindo.
— Usa anticoncepcional?
— Uso. — Anda pela sala. — Usava, mas esqueci de usar desde do
acidente da minha mãe.
— Então, vou ser tia, parabéns Clarinha. — A abraço. — Fiquei
sabendo primeiro, nem tente dar para a Carol batizar eu vou ser madrinha
descobri primeiro então eu sou a madrinha por direito. Agora sei o porquê
está linda desse jeito, nossa vai fica uma gravidinha linda, será que vai
parecer com você ou com Marcelo?
— Eva?
— Uma safada grávida...
— Eva!
— Precisamos montar o quartinho, quero comprar muitas roupas...
— Eva!
— Será que é menino ou menina?
— EVA! — Clarinha grita.
— O que foi? Está loucona.
— Você não para de falar.
— Fiz nada, já está nervosinha acho que são os homônimos. —

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Melhor fingir demência, ela não pode ficar nervosa. — Vem, Clarinha, senta
aqui, vou pegar um copo d’agua.
— Eva, eu estou gravida! — enfim ela confessa.
— Sabia não? Eu já tinha falado.
— Só te falei agora, como você sabia?
— Fica aqui quietinha. — Melhor não contraria-la. — Vou vestir uma
roupa, vou à farmácia busco um exame e você faz o exame, não faça força.
— Não precisa Eva, fiz o exame hoje de manhã.
— Vamos fazer outros para ter certeza — digo me levantando. —
Não faça força.
Vou para o quarto, pego minhas roupas na gaveta, me visto, acho um
absorvente perdido dentro da minha bolsa, sorte minha. Saio do apartamento,
entro na primeira farmácia que vejo e compro três testes de gravidez. Volto
para o apartamento de Clara e entrego os testes.
— Três? — questiona levantando a sobrancelha.
— Para não ter dúvida. — Dou de ombros.
— Eva, eu já fiz hoje de manhã. Estou grávida.
— Clarinha para de ser chata, quero ver o palitinho, já fiz minha parte
comprando os testes, entre naquele banheiro e faça logo esse exame.
— Ok, Eva. — Clarinha solta o ar. — Vou fazer o exame.
Ela entra no banheiro e eu sento na porta, quero ser a primeira a saber
o resultado, Montanha vai ficar com inveja porque sou a primeira a saber,
passei a perna nele, isso porque é todo cheio de mimimi com a Clarinha, vou
jogar na cara dele que fui a primeira. Carol também; passei a perna nela, sou
muito esperta.
Tudo bem que Marcelo já sabe, ele não conta muito é o pai afinal,
mas eu sou a tia e madrinha que é mais importante. Um bebê na vida de
Clarinha e Marcelo, nem consigo acreditar.

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— Clarinha? — chamo.
Ela abre a porta, está chorando. Grávidas são choronas, são os
hormônios.
— E ai?
Mostra-me o teste, mas eu não sei o que significa.
— Traduz Clarinha, só vejo um palito com dois risquinhos — digo.
— Nunca fiquei grávida, não sei. Sou perfeita, mas nem tanto.
— Grávida! — fala com um sorriso no rosto.
— Sabia! — digo, já chorando. — Parabéns Clarinha. — A abraço e
ela também chora. — Marcelo homem esperto casou, fez filho agora você
não foge mais.
— Não sei como isso foi acontecer, não esperava.
— Clara? — Olho para ela. — Como você é mentirosa, vive ai
transando com Marcelo e diz que não sabe como aconteceu, olha você sabe
sim sua safada.
— É eu sei — fala rindo. — Hoje foi uma manhã mágica, mas
fazendo de novo parece que as emoções da manhã voltaram com força total.
— Lógico que ficou emocionada, estou aqui do seu lado. Sou
especial.
— Eva você não existe.
— Gravidinha linda, preciso ir e jogar na cara do Montanha e da
Carol que eu fui a primeira a saber que vem vindo um bebezinho lindo.
— Segredo Eva, ninguém sabe, eu quero falar para eles.
— Gravidinha, preciso espalhar que vou ser tia/madrinha.
— Calma, quero esperar mais um pouco, quero curtir um pouco em
segredo — fala colocando a mão na barriga.
— Posso ajudar você a curtir essa barriguinha linda?
— Pode. — concorda rindo. — Pode curtir junto comigo — Eu ajudo.

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Você sabe, sou tia/madrinha babona.


— Vamos pensar de uma forma para contar.
— Sou boa nisso, afinal sou a madrinha. Já amo muito esse bebezinho
lindo.
Não fui feita para ser amada, mas me sinto feliz com a conquista e a
felicidades dos meus amigos. Acabo de ganhar um afilhado ou afilhada, isso
me deixa muito feliz.

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CAPÍTULO 19 - ALESSANDRO
— Camila, calma! — digo tentando me aproximar dela.
— FICA AI! — grita.
— Me dá essa faca — peço a faca que está em sua mão.
— Não! — Olha para mim. — Isso é por você ficar pensando naquela
sonsa. — Passa a faca no pulso fazendo um pequeno corte.
— Camila, não faz isso com você — peço falando baixo.
— Por que não? Eu não tenho nada a perder.
— Você tem a mim, Camila. Me dá essa faca, por favor — insisto.
— EU NÃO TENHO VOCÊ, DISSE QUE QUERIA UM TEMPO,
VOCÊ QUER ME LARGAR.
— Era só um tempo, para pôr as coisas em ordem.
— Isso é uma desculpa para me largar— acusa chorando. — Eu sei
que você não me ama. — Passa a mão no nariz retirando o resto do pó
branco.
— Você disse que não estava mais usando, que tinha parado.
— Não estava, mas eu vi você com ela ontem, e quando fizemos amor
você me chamou de Eva, você queria o que Alessandro? Me senti usada. —
Chora.
— Desculpa Camila, por favor, me dá essa faca.
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— Você vai me largar, e vai correr para ela, pode fazer isso
Alessandro eu não ligo.
Ela faz outro risco no pulso com a faca, o sangue surge do corte. Não
posso permitir que ela faça isso na minha frente.
— Não vou correr para ela.
— Você ama ela, eu sei.
— Nunca escondi isso de você Camila, eu amo a Eva, mas prometi te
ajudar. Prometi ficar do seu lado.
— Mas agora vai me largar.
— Não vou Camila, você é minha namorada, e vou cuidar de você —
digo me aproximando. — Dá a faca. — Estendo a mão pedindo.
— Vai cuidar de mim?
— Vou cuidar, eu sempre cuidei. Sempre estive ao seu lado, confie
em mim.
— Vai me largar? — pergunta tirando a faca do pulso.
— Não vou largar, vou ficar com você.
— Promete?
— Prometo.
Consigo retirar a faca da sua mão, e a abraço. Sempre é assim, estou
preso a Camila. Não consigo me separar dela.
— Vamos, vou cuidar de você. — A puxo para o carro.
— Meu pai não pode me ver assim, ele vai me bater — fala chorosa.
— Ninguém me ama, nem minha família.
— Vou te levar para a minha casa.
Dirijo para a minha casa, levo Camila para o meu quarto e dou um
banho nela. Faço curativos em seus pulsos, pego um calmante e a faço tomar,
espero ela adormecer, apago a luz do quarto e vou para a cozinha comer
alguma coisa. Estou exausto.

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Sento na mesa, não demora sinto um abraço, um dos únicos que pode
confortar meu coração nesse momento.
— Essa carga não é sua, meu filho.
— Eu sei. — Pego sua mão e a beijo. — Essa carga está bem pesada.
Tem vezes que acho que não vou conseguir.
— Ela tentou de novo? — Balanço a cabeça afirmando. — Meu filho,
ela faz isso porque sabe que você quer larga-la, isso é chantagem.
— Ela voltou a usar, mãe.
— Talvez ela nunca tenha parado.
— Não sei mais o que faço — digo passando a mão pelo meu rosto.
— Você precisa dar um basta, só nesse mês é a terceira vez que ela
tenta suicídio. Tenho certeza que se ela realmente quisesse se matar iria achar
uma forma bem perspicaz para isso. Principalmente, não ia fazer isso na sua
frente, ela está te usando.
— Estou cansado, estou com ela, disse que iria ajuda-la, mas não
pensei que iria ficar preso dessa forma. Estou tentando terminar esse namoro,
sempre tentei, mas cada vez que tento Camila tenta contra a sua própria vida.
— Ela faz isso porque sabe que você vai voltar atrás e ficar com ela,
Camila não é responsabilidade sua.
— Preciso fazer alguma coisa.
— Conte a verdade para os pais dela, cada dia que passa essa situação
fica pior, o tempo está passando, meu filho.
— Vou tentar leva-la em algum especialista...
— Filho, — me corta. — Você já fez tudo o que poderia fazer, não
fica se martirizando, nada disso é culpa sua. — Me dá um beijo no rosto e me
deixa sozinho.
Não sei mais o que fazer, só fica mais difícil eu sair dessa. Não quero
carregar a culpa da morte dela na minha cabeça, Camila sabe disso e usa a

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culpa contra mim, ficando assim difícil dar um fim em nosso relacionamento.

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CAPÍTULO 20 – EVA
Chego em casa cheias de sacolas e presentes, nem acredito que vem
vindo dois bebezinhos lindos, estou amando ser tia. Parece que sou eu que
estou carregando aqueles bebezinhos lindos.
— Eva, mais sacolas?
— São presentes, mãe, vou ser tia — falo orgulhosa. — Tia/madrinha.
— Você já disse menina, não precisa ficar repetindo isso toda hora,
Clara está grávida e você vai ser madrinha.
— Nossa mãe você está atrasada, vou ser tia e madrinha duas vezes.
— Clara está gravida de gêmeos?
— Não, mãe, é um bebezinho da Clara e um bebezinho da Carol. —
Mostro dois dedos para ela. — Dois bebezinhos lindos.
— Carol está grávida?
— Está mãe, estou tão feliz. A gente descobriu hoje, ela passou mal
na casa da Clarinha, fui ajudá-la a tomar banho e a derrubei no chão do
banheiro, bateu a cabeça e espalhou sangue para tudo que foi lado. Pensei que
tinha matado minha amiga, mas não foi por querer ela é pesada. Sorte que
Marcelo chegou na hora e nos levou para o hospital, ai veio o veredito.
GRÁVIDA, Montanha nem sabe ainda, ele chega hoje de viagem ai ela vai
fazer uma surpresa. Vou jogar na cara dele que fiquei sabendo primeiro.
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— É, minha filha, você ficou para titia.


— Se conforme, mãe, eu já me conformei. Estou pensando em adotar
um cachorrinho.
— Você tem cada ideia minha filha, você precisa de um homem e não
um cachorro.
— Nesse momento preciso é de um cachorro, pois esse eu sei que é
amor sincero, de homem quero distância — digo saindo e deixando minha
mãe na sala.
Eu sei que não devia, mas eu amo aquele desgraçado idiota, lindo, por
mais que eu tente esquecer eu ainda o amo, mas vida que segue. Vou viver e
tentar ser feliz, talvez um dia apareça um cara legal e gostoso na minha vida.
Doida para saber a reação do meu amigo ao descobrir que vai ser
papai, queria estar presente na hora, mas aquela ingrata da Carol me proibiu
de aparecer na casa dela. Estava até planejando em filmar e comprar pipoca.
Não rolou, melhor não contrariar uma grávida.
Arrumo todas as sacolas dos meus sobrinhos, estou comprando tudo
branquinho, pois não sei se vai ser uma menina, ou menino, duas meninas ou
dois meninos; não me importa irei amá-los de todos os jeitos.
A noite recebo uma ligação de Clarinha, avisando para eu ir no outro
dia na sua casa, a safada grávida não quis me contar por telefone, só de raiva
vou aparecer cedinho na casa dela.
Acordo cedo; me arrumo pego os presentes do meu afilhado e vou
para a casa daquela ingrata. Marcelo abre a porta e pela cara acabou de
acordar, estou nem ai, culpa da mulher dele que não quis me contar ontem.
— Eva, eu disse depois do almoço — Clarinha fala se sentando no
sofá.
— Jura? — Sento do seu lado. — Entendi que era para o café da
manhã — digo irônica.

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— Trouxe o pão pelo menos? — Clarinha pergunta.


— Não, mas eu trouxe presentes para o meu afilhado — aviso
passando as sacolas para Clarinha que se anima toda.
Abre a sacolas e olha roupinha por roupinha, Marcelo senta no chão
ao seu lado e pega peça por peça, fica um olhando para o outro com cara de
besta. São lindos os dois juntos, o jeito que ele olha para ela e ela olha para
ele é possível ver o amor. Essa criança vai ter os melhores pais do mundo, um
lar regado de muito amor.
— Ah! Evinha, eu amei, obrigada — Clarinha fala chorosa me
abraçando. Grávidas são tão choronas.
— Vou ser a melhor tia madrinha do mundo — digo retribuindo seu
abraço.
Depois de algumas lágrimas de alegria, e café tomado, Clarinha e
Marcelo contam o que realmente aconteceu, Montanha em sua viagem
investigativa descobriu que o acidente da irmã dele foi proposital, não por ele
lógico. Foi tudo arquitetado e executado pela sua noiva e comparsa da época.
Ou seja Dayana, e a comparsa ninguém mais que Camila a atual do
Alessandro, o trouxa.
— Eva, estamos contando para você se preparar, Montanha vai pôr
essas duas na cadeia — Clarinha fala.
— Quero que essas duas se fodam, apodreçam na cadeia. Como
tiveram coragem de matar a irmã do Montanha? O único sentimento que
tenho por essas duas é nojo — digo indignada.
— Eva, o Ale vai ser atingindo — Marcelo explica. — Ele namora
Camila, mas é inocente nessa história.
— Pelo menos isso, nunca imaginei que Ale fosse um assassino.
— Ele vai vir atrás de você Eva — Clarinha fala. — Isso que nós
estamos querendo te dizer.

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— Vou deixar vocês duas conversando, quando Adriano chegar vocês


me chamam — Marcelo fala saindo da sala.
— Eu estarei aqui para ajudá-lo a juntar seus cacos, serei seu ombro
amigo, Ale sempre teve minha amizade e sempre terá.
— Você sabe que ele não vai querer apenas a amizade.
— É a única coisa que ele terá de mim.
— Você o ama! — ela não pergunta, mas afirma.
— Amo, mas eu me amo em primeiro lugar. Não serei prêmio de
consolação.
— Cuidado Evinha, não quero te ver sofrer.
— Não vou Clarinha, tenho meus sobrinhos para me preocupar,
também estou pensando em adotar ou comprar um cachorrinho.
— Vou estar do seu lado.
— Eu sei.
Alessandro brincou com os meus sentimentos duas vezes, por duas
vezes entreguei meu coração, fui sua de corpo e alma, mas ele não deu valor.
Mesmo o amando não irei ser seu prêmio de consolação. Eu me amo acima
de tudo.
Montanha e Carol chegam, dois bestas sorrindo à toa, meu amigo
merece essa notícia boa, sofreu tanto que a chegada desse bebê veio marcar
uma nova fase do meu amigo e da ruiva que agora vai ser uma safada dona de
família.
Depois de dar os parabéns para ambos os casais, chegou a hora do
assunto sério. Camila e Dayana, duas assassinas que usaram meu amigo e são
responsáveis pela morte da sua irmã. Mesmo com as provas que Montanha
conseguiu, ainda não é certeza que as vadias sejam presas, por isso Clarinha
teve uma ideia genial e bolamos um superplano para arrancar uma confissão
das vadias.

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Durante a semana, Montanha foi trocando mensagens com Dayana,


até que enfim resolveram marcar um encontro. O trato era ele ir sozinho e nós
ficarmos esperando no apartamento da Clarinha, mas até parece que íamos
perder o babado. Portanto como pessoas obedientes nós três concordarmos de
ficar, mas só foi Montanha virar as costas e uma olhar para outra para saber
que estava na hora de ir ver o circo pegar fogo. Lógico que Marcelo quis nos
impedir, afinal tínhamos duas grávidas e uma doida, essa doida sou eu, mas
de boa conseguimos convencê-lo. Falamos que iríamos ficar de longe
observado, o coitado acreditou.
Quando chegamos ao Parque da Alvorada, logo vimos Montanha e
Dayana sentados no final de uma trilha. Clarinha, Carol e eu trocamos
olhares e vamos caminhando rápido, antes que Marcelo impeça a nossa ação.
Precisamos de emoção, e também de realismo, ou essa vaca não vai
acreditar na história.
— Então foi por essa rameira que você me largou, sua lesma? —
Carol grita.
Agora sim está perfeito, que comece o show. Eu amo tudo isso, amo
fazer parte da vida dos meus amigos, amo saber que a justiça vai ser feita e
que essa cobra mais a sua comparsa vão parar na prisão, lugar que tinham que
estar faz tempo.

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CAPÍTULO 21 - EVA
Carol começou bem o papel de namorada traída e trocada, de início
foi até possível ver a cara de surpresa da Dayana, mas logo ela vestiu a
máscara de superioridade e atacou.
— Olha bem como você fala comigo, queridinha. Adriano me ama e
sempre me amou — Dayana fala.
— Adriano? — Carol questiona com os olhos cheios de lágrimas.
— Você era apenas um passa tempo — zomba Dayana. — Ele viu
que me livrei do Marcelo, e veio correndo para meus braços. Fazer o que é
duro ser linda e maravilhosa.
— Mas é iludida mesmo! — Mas é tonta mesmo, como pode ser tão
idiota? — Foi Marcelo que se livrou de você, piriputa — falo. — Agora está
feliz com Clarinha e daqui uns meses vai ser papai.
— Então está explicado, essa aí — Dayana fala apontando para
Clarinha — deu o golpe da barriga. Também, o que esperar de uma mulher
baixa e sem classe.
— Vou te mostrar quem é sem classe sua vaca no cio — Clara fala
indo para cima de Dayana, mas Marcelo a segura.
Bom, Clarinha está gravidinha, tenho que representar minha amiga.
Não vou deixar essa vaca ofender minha amiga e sair ilesa.
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— Minha linda — Marcelo fala. — Pense no nosso filho. Você sabe


que eu te amo, não dê ouvidos a essa cobra.
— Uma cobra que você comeu durante todos esses anos — Dayana
fala.
Mas ela não se enxerga, não é possível. Como pode ser tão ordinária
essa víbora?! Não tem senso do ridículo.
— Comeu, minha filha, do verbo passado — falo tomando a frente.
— Fala com a titia Eva, PASSADO, que não come mais, se conforme.
Entendeu? Ou quer que eu desenhe? — digo rindo.
— Então é isso leãozinho? Você largou de mim por causa desse
serumaninho? — Carol pergunta.
Coitado do meu amigo, ele está sendo forte para não pôr tudo a
perder, mas essa ruiva é safada mesmo, até eu estou acreditando nela. Amo
essas minhas amigas.
— Se conforme, sua puta. — Dayana fala.
— Espera ai que vou te mostrar quem é a puta, sua RAMEIRA! —
Carol vai para cima de Dayana, mas é impedida por Montanha.
— Ruiva não. — Montanha fala sério com aquela voz sexy, minha
nossa que ruiva sortuda, já pensou ele na cama.
— Me solta, deixa eu quebrar a cara dessa vagabunda — Carol grita.
— Não! — Montanha insiste.
— Vou repetir mais uma vez me solta! — Carol grita.
— Você está esperando um filho meu, não vou deixar você sair no
braço com a Dayana — avisa Montanha.
Que lindo! É o lado paterno falando mais alto, Montanha vai ser um
pai babão, estou até vendo. Ainda bem que tem a titia/madrinha aqui para
ajudar nas artes. Não vou facilitar para o lado deles.
— Olha a outra também querendo dar o golpe da barriga — Dayana

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fala.
Plaft! Desfiro um tapa na cara daquela puta.
— Pode deixar Carol, eu bato nessa galinha. Eu não estou grávida e
posso despenar essa galinha todinha — digo rindo dando uma rasteira, a
derrubando no chão igual uma jaca podre.
— Que isso sua doida encalhada — Dayana fala tentando se livrar dos
meus socos.
— Isso é para você não mexer com as minhas amigas, sua vaca —
aviso segurando seus cabelos e chacoalhando sua cabeça.
— ME SOLTA! — grita desesperada. — Vou processar você. Vou
acabar com vocês!
Isso só me faz rir mais e dar mais uns socos nessa galinha despenada,
estou adorando ver o seu desespero.
— Por mim você pode ir até na puta que pariu, que não estou nem
ligando.
A pego pelos cabelos e saio a arrastando. Enquanto ela segura minhas
mãos tentando se soltar.
— Para com isso, você está me machucando.
— Essa é minha intenção — digo rindo.
Será que essa galinha aprendiz a cobra não percebeu que quero
depenar ela todinha? Que idiota.
— Para! — grita.
Vejo uma poça de lama e uma brilhante ideia me surge.
— Cobra rasteja no chão. — Abro um sorriso diabólico. — Vou
esfregar a sua cara na lama para nunca mais mexer com minhas amigas e
também com meus sobrinhos.
Esfrego a cara de Dayana na poça de lama.
— Socorro! Alguém me ajude — grita enquanto eu esfrego a sua cara

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na lama.
— Cadê a valentona agora? Cadê a encalhada? Sua puta de beira de
esquina. Vagabunda! — xingo.
— Marcelo, faz alguma coisa — escuto Montanha dizer. Olho para
Marcelo com meu olhar de psicopata. Ele que não se atreva a vir separar.
— Eu não, ela mexeu com a minha esposa e meu filho, quero que ela
se foda — diz Marcelo. Menino esperto.
— Isso mesmo Eva, esfrega a cara dessa rameira na lama. Mexeu com
a pessoa errada — Clarinha agita, animada.
— Eva, já chega! — Montanha fala se aproximando.
— Por favor, Adriano, me ajuda — Dayana pede.
— O que foi Montanha, quer apanhar também? — pergunto brava,
mas não solto as mãos do cabelo de Dayana.
Sinto as mãos de Montanha em meu ombro.
— Eva, já chega! — pede novamente.
— Fazer o quê? Estraga prazeres. — Solto Dayana que fica jogada no
chão. —Quero deixar bem claro que é sobre protesto, pois ela merece mais
umas bofetadas.
— Tire suas mãos podres de cima de mim Montanha — falo brava,
para incrementar a cena. — Pensei que fosse meu amigo. NOSSO AMIGO
— grito. — Jogou a nossa amizade na lama quando decidiu voltar para essa
cobra.
— Você acabou sendo uma decepção para mim, Montanha — acusa
Carol.
— Tudo que passamos juntos. Agora nos abandonar, abandonar a
Carol grávida de um filho seu. Jamais pensei que você faria isso. Ainda por
cima abandonar o filho por causa dessa víbora que te largou e te deixou na
sarjeta — Clarinha fala. Mas essa doeu até em mim, ainda bem que é tudo de

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mentirinha.
— Eu me arrependo de tudo que fiz, Adriano. Eu sempre te amei, não
dê ouvidos para essas interesseiras que só querem te dar o golpe da barriga —
Dayana fala chorando. Não sabia que cobra chorava.
— Meninas, vocês precisam me entender — Montanha fala com
carinha de cachorro sem dono. Deu até uma dozinha.
— Cara, você errou feio. Abandonar uma mulher grávida, isso não é
coisa de homem — diz Marcelo.
— Darei tudo que meu filho precisar, só não posso ficar com ela —
Montanha fala, pelo que eu o conheço sei que está fazendo uma força
monstro para dizer essas palavras.
— Vamos embora, meninas, foi emoção demais para todos hoje.
Principalmente para você, minha linda — Marcelo fala dando um beijo em
Clara. — E para você também Carol, não fique triste eu sou homem
suficiente para cuidar de vocês três.
— Marcelo, você está ruim nas contas, ein meu filho, na verdade
agora somos cinco. Eu, Clarinha, Carol e meus dois sobrinhos lindos. Logo
seremos seis porque vou adotar um cachorrinho lindo. Não vai ser cachorro
de duas pernas, será de quarto mesmo — digo me aproximando e deixando
bem claro.
Saímos do parque, antes mesmo de entrar no carro, começamos a ter
um ataque de riso.
— Quero morrer amigo de vocês, se eu não soubesse jurava que tudo
aquilo foi verdade — Marcelo fala.
— Eva, obrigada por dar na cara daquela vaca — Carol agradece.
— Me senti realizada — falo rindo.
— Vamos logo meninas, ela não pode nos ver aqui — Clarinha fala.
Voltamos para o apartamento de Clarinha e rezamos para dar tudo

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certo, agora é com o Montanha. Se tudo correr bem aquelas duas hoje já
estarão presas e vão pagar pelos crimes cometidos.

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CAPÍTULO 22 — EVA
Montanha como bom moço levou Dayana para o apartamento dela,
prometeu várias coisas e a patinha caiu em nosso plano. Ele conseguiu
implantar as escutas na sala e cozinha, inventou uma desculpa e foi embora.
Não deu nem tempo dele chegar ao apartamento de Clarinha e as duas
cobras amantes já tinham confessado todos os crimes e já estavam até
planejando a morte do Montanha.
— Não estava combinado a ida de vocês três, quase enfartei —
Montanha fala assim que entra no apartamento de Clarinha.
— Viu como somos boas atrizes? Ela acreditou, é uma palhaça
mesmo — Carol fala rindo.
— Nossa, ainda bem que fomos, pude quebrar a cara dela. — Rio. —
Essa foi a melhor parte — acrescento, orgulhosa do meu feito. Clarinha e
Carol com certeza ficaram morrendo de inveja.
— Montanha, foi necessário, ela precisava de provas que você queria
voltar para ela, sabendo que nós estávamos contra você foi uma prova —
Clarinha explica.
— O importante é que deu certo, Camila já está no apartamento e elas
já confessaram tudo, já liguei para o meu pai mandei as gravações por e-mail
e o pedido de prisão das duas já foi pedido. Elas podem ser presas a qualquer
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momento — Marcelo avisa.


— O que estamos esperando? Vamos, gente, agiliza quero ver as
cobras sendo presas — digo empurrando todos para fora do apartamento. Não
quero perder isso por nada.
Minha nossa, quase perdemos. Quando chegamos ao apartamento de
Dayana as duas já estão saindo algemadas.
— Você?
Dayana se espanta ao ver Montanha. É muito burra! Se não fosse o
Montanha para coloca-la atrás das grades, quem seria? A fada azul que não.
— Assassina — Carol acusa cuspindo na cara de Dayana.
— Vamos embora, essa ai vai pagar por tudo que fez com a minha
irmã, vou cuidar para que você apodreça na cadeia — avisa Montanha.
No caminho de volta, parece que um peso enorme saiu dos nossos
ombros, a dor do nosso amigo também é a nossa dor. Sabemos como
Montanha sofreu com a morte da irmã, foi por causa dela e da noiva falsaria
que ele resolveu se mudar para Dourados.
Dever comprido, a justiça será feita, Dayana e Camila irão pagar
pelos crimes que cometeram.
— Eva! — Montanha me chama assim que desço do seu carro para
entrar em casa.
— Fala.
— Você quer avisar o Alessandro sobre a prisão da namorada? —
Montanha pergunta.
— Não — respondo.
— Tem certeza?
— Tenho.
— Boa noite — Montanha fala me dando um sorriso.
— Boa noite, cuida da minha amiga e do meu sobrinho — aviso me

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virando e entrando em casa.


Entro no meu quarto, tomo banho, coloco uma roupa leve, e fico
esperando. É questão de tempo para Ale descobrir a prisão da Camila e vim
me procurar. Meu ombro amigo estará aqui para ajudar, mas o meu coração
está fechado, ele não vai entrar novamente, dei duas oportunidades e ambas
ele jogou fora.

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CAPÍTULO 23 — ALESSANDRO
Essa tarde Camila estava diferente, disse que precisava falar com
Dayana e desde então não tenho notícias suas. Já liguei inúmeras vezes em
seu celular, mas ela não atendeu. Isso me preocupa, esses dias ela estava
abalada, tenho medo que ela tente novamente tirar a própria vida. Não vou à
sua casa para não preocupar seus pais, ou até mesmo causar outra briga entre
eles, eles têm um relacionamento difícil, visto que tudo é motivo de brigas ou
agressões.
Durante esse tempo juntos, ainda não consigo entender por que o pai
dela é tão rude, espera sempre o pior da filha, e a mãe aceita tudo em silêncio
como se se culpasse pela filha que tem. Muitas vezes vejo Camila como uma
criança crescida, carente, com emoções instáveis que precisa de carinho e
principalmente de ser cuidada. Durante esse tempo sacrifique minha própria
vida, a minha própria felicidade para tentar fazer a vida dela melhor.
Poderia ter virado as costas para ela?
Poderia seguir minha vida?
Poderia estar feliz com a Eva?
A resposta para todas as perguntas, é sim.
Sim, eu poderia fazer tudo isso sem me importar com a Camila e seu
destino que provavelmente seria a morte. Agora eu te pergunto. Como eu iria
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viver com o peso de duas mortes em minhas costas?


Posso te falar que hoje já vivo com o peso de uma morte em minhas
costas e isso pesa para caralho, cada dia pesa mais, ajudando Camila esse
peso diminui um pouco, mesmo que isso custe minha felicidade. A culpa pela
morte da Vanessa sempre será minha eterna companhia. Isso não posso
mudar.
Enviei mensagem para Dayana e ela também não me respondeu.
Decido dormir, amanhã se Camila não der sinal de vida vou a sua casa para
procura-la. Deus queira que ela esteja com a amiga e que nada de ruim tenha
a acontecido.
Amanhece, olho no celular e nada da Camila aparecer. Tomo banho,
faço minha higiene matinal, e enrolo um pouco para não chegar muito cedo à
casa dos pais da Camila.
Aperto a campainha, e é o seu pai abre a porta.
— Bom dia senhor, gostaria de falar com Camila — informo e
estendo minha mão para cumprimenta-lo.
— O que você está fazendo aqui? — pergunta confuso.
— Desde ontem estou tentando falar com Camila, mas ela não atende
o celular. — explico. — Por isso vim até aqui para conversar com ela, para
saber se está tudo bem.
— Entre rapaz — diz me dando passagem. — Pelo visto você não
sabe o que aconteceu.
Meu coração acelera, tenho medo que ele me diga que Camila está
morta, que eu falhei novamente, que não consegui salvar sua vida.
— Sente-se — pede.
Sento-me no sofá, coloco minhas mãos nos meus joelhos esperando
que ele me fale, rezando que a notícia não seja a hora do sepultamento.
— Você mostrou ser um bom rapaz desde o primeiro dia que entrou

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nessa casa, por ser esse bom rapaz não conseguiu enxergar quem era minha
filha...
— Ela é uma pessoa maravilhosa — falo o interrompendo.
— Durante anos acreditei nisso. — Dá um sorriso desanimado. —
Queria que Camila nunca tivesse crescido, que ela fosse sempre a minha
princesinha, infelizmente a princesinha cresceu e ela não era mais aquele
doce de criança. Mudou muito, não sei ao certo quando perdi minha filha,
mas ela se perdeu.
— Ela ainda é doce, só está um pouco perdida.
— Há anos Camila está perdida, ela é minha filha rapaz, apesar de
tudo eu a amo, mas sei a filha que tenho e ela não presta. — Ele segura as
mãos, seu olhar parece cansado. — No início da adolescência, as primeiras
pistas para a sua falta de carácter começaram a aparecer, Camila começou a
chegar em casa com coisas que não eram dela, atitudes suspeitas. Me negava
a acreditar, mas estava tudo ali, isso não é porque ela gostava de meninas ao
invés de meninos.
— Como? — pergunto confuso.
— Pelo visto ela mentiu sobre isso também. — Outro sorriso fraco.
— Como disse, conheço a filha que tenho, eu e a mãe dela vimos ela beijando
uma menina próximo a escola, mas ela nunca nos disse. Na época decidimos
dar espaço para ela confiar e contar, não íamos recriminar, era minha filha, é
a minha filha — sua voz está cansada. — Ela nunca contou. Pouco tempo
depois começou a andar com maus elementos, a chegar em casa cheirando
bebidas, com roupas de marca, sua mãe encontrou pacotinhos suspeitos em
suas coisas, mostramos para um conhecido e descobrimos que era cocaína. —
Passa a mão pelo rosto. — Você sabia sobre as drogas?
— Sim eu sabia, tentei a ajudar a sair disso.
— Conseguiu?

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— Não, ela sempre tem recaídas.


— Tudo para ela é motivo para recaída, não pense que abandonei a
minha filha, tentei ajuda-la, ela não queria ajuda, nunca quis. Um vizinho me
avisou que ela estava se prostituindo para manter o seu vício e as roupas
caras, a mãe foi questiona-la e ela bateu na própria mãe. Foi quando dei nela
o primeiro tapa, minha filha tinha se tornado uma vagabunda com apenas
quinze anos, em troca de roupas caras, sapatos e drogas. Até que ela trouxe
Dayana aqui em casa, ela era a mesma menina que vimos ela beijar, o tempo
foi passando e as coisas ficaram ainda pior. A minha princesa não existe
mais. Aquilo que você conhece é uma farsa, tenho certeza que para te segurar
durante esse tempo de namoro ela tentou se matar na sua frente. — O olho
assustado. — Pelo seu olhar, foi isso que aconteceu.
— Conheci Camila quando ela estava tendo uma overdose — resolvo
contar. — Eu não sabia quem era ela, só sabia que ela precisava de ajuda, a
levei para o hospital dei a assistência necessária, ela me pediu para trazê-la
em casa quando teve alta, e foi que eu fiz. Chegando aqui o senhor a agrediu,
perguntou quem eu era, e ela disse que eu era namorado, o senhor disse que
iria expulsa-la de casa, ela quase tinha acabado com a própria vida e estava
prestes a tentar de novo, então disse que iria ajuda-la.
— E está tentando a ajudar até hoje?
— Estou — confesso abaixando a cabeça.
— Quantas vezes tentou se matar na sua frente?
— Perdi as contas.
— Ela sempre fez isso, ela te chantageou, eu disse que iria expulsa-la
apenas para ela me desafiar e terminar o namoro. Camila é ardilosa e junto
com aquela Dayana é pior ainda, tanto é que as duas acabaram onde estão
agora.
— Onde Camila está? Estou preocupado com ela.

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— Camila está começando a colher aquilo o que plantou, ela e


Dayana foram presas ontem.
— Presa? Por quê?
— Foi presa porque fez coisa errada, ela e a amiga tentaram dar um
golpe do baú, e são culpadas pela morte de uma jovem. Ontem Camila ligou
aqui da delegacia, ela é minha filha eu fui lá pensando que tinham prendido
ela por drogas, mas era homicídio. Mesmo sem ter condições consegui um
advogado para defender Camila, a mente de tudo era a amiga namorada, não
sei ao certo o rolo das duas. Dayana é cobra criada, está jogando tudo nas
costas da minha filha, queria convencer a Camila a assumir a culpa sozinha.
Como já disse sei que minha filha não presta, mas é minha filha, ela vai pagar
pelos crimes que cometeu, mas não vou deixar levar a culpa sozinha.
— Eu posso ajudá-la — digo atordoado. — Camila deve estar
sofrendo muito, preciso falar com ela.
— A visita está proibida, hoje ela vai ser transferida para o presídio
feminino, amanhã você pode ir visita-la. Espero que Camila aprenda e se
arrependa das coisas erradas que fez.
— Obrigado — digo me levantado.
Caminho até a porta, o pai dela coloca a mão em meus ombros.
— Camila já o atrapalhou por tempo demais. Obrigado por não ter
desistido dela, mas agora deixe comigo, ela é minha responsabilidade. Você é
jovem para carregar esse fardo, esse fardo sempre foi meu. Não deixe minha
filha te usar, já te usou por muito tempo.
Não falo nada, amanhã vou visita-la. Quero ouvir o que tem para me
falar.

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CAPÍTULO 24 — ALESSANDRO
Hoje não é dia de visitas, mesmo assim consegui ver Camila, as
coisas que seu pai disse ficaram remoendo em minha cabeça. Ontem fiquei
isolado em meu quarto pensando em tudo, principalmente em suas atitudes.
A porta se abre e ela entra acompanhada de duas carcereiras, se senta
na minha frente.
— Oi — fala triste.
— O que aconteceu com você? — pergunto passando a mão em seu
rosto, que está todo machucado e com marcas roxas.
— Foi a minha recepção de boas-vindas.
— Não foram tão carinhosas com você — digo a olhando. — Está
doendo?
— Não tanto quando a minha alma — diz e uma lágrima escapa dos
seus olhos.
— O que aconteceu para você vir parar aqui?
— Seus amigos não te contaram?
— Não vejo nenhum deles há dois dias.
— Como ficou sabendo?
— Seu pai. Ontem fui à sua casa te procurar, estava preocupado, ele
disse que te encontraria aqui.
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— Meu pai. — Dá um sorriso. — Ele está me ajudando, pensei que


ele seria o primeiro a me virar as consta, mas não, ele está do meu lado.
— O que aconteceu?
— Estou aqui porque sou culpada, não irei mentir para você
Alessandro, pois você sempre foi bom para mim, eu que não era boa para
você. Agora vejo o mau que te fiz. Sou uma egoísta sem coração.
— Não diz isso Camila.
— Desde muito nova me sentia perdida, até que eu me encontrei
quando conheci Dayana. Ela me encantava.
— Você gosta de mulheres?
— Não, eu sempre gostei da Dayana, ela não era apenas a minha
amiga era o meu amor.
— Então gosta de mulheres — afirmei.
— Estranho dizer, mas não, eu não gosto de mulheres, nenhuma me
atrai eu não sinto desejo por mulheres, eu gosto ou pelo menos gostava da
Dayana, e para viver esse amor fiz muitas coisas erradas, coisas que hoje
tenho vergonha. Uma delas foi ajudá-la a planejar um acidente de carro do ex
noivo de Dayana que era seu amigo, Adriano, para que ela ficasse com o
seguro de vida e assim nós iríamos embora dessa cidade para viver juntas.
— Ele não morreu — falo baixo e atordoado. — A irmã dele morreu
no acidente.
— Adriano não morreu, e nós não ficamos com a grana do seguro.
Com medo de ser descoberta Dayana terminou o namoro e engatou um
romance com o Marcelo, o plano era o mesmo, dar o golpe do baú. Até
achamos ninguém nunca irá descobrir, mas Adriano começou a investigar,
descobriu tudo e nos colocou aqui dentro.
— Você e Dayana juntas?
— Sempre estivemos juntas, naquele dia no hospital ela teve a ideia

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de eu namorar você, assim as pessoas não iam desconfiar que nós duas
éramos um casal e foi o que fiz. Me desculpa.
— Você me usou — digo ríspido.
— Te usei, e se não tivesse sido presa eu continuaria te usando, não
me orgulho disso, todas as vezes que tentei suicídio era apenas para te
segurar. Eu te enganei esse tempo todo.
— Eu tentei te ajudar.
— Por isso estou te falando para que você possa seguir sua vida sem
culpa. Dayana sempre me dizia que para nós duas ficarmos juntas era
necessário fazer sacrifícios, e usar você foi um deles.
— Fiquei preso a você, me sentindo culpado, com medo que se eu
terminasse o namoro você faria alguma loucura. Abri mão da minha
felicidade por sua vida.
— Eu sei, eu usei tudo ao meu favor. Te usei e não nego, fui egoísta.
— Camila, eu sempre quis o seu bem, mesmo amando outra pessoa
estava com você.
— Eu sei, achei que isso que estava fazendo era em nome do amor
entre eu e Dayana, mas estava enganada. Nunca foi amor, a partir do
momento que entrei aqui dentro ela foi a primeira a virar as costas e tentar
jogar toda a culpa em mim, eu tenho culpa sim, eu a ajudei, mas quem fez
tudo foi ela, não eu. Ela queria que eu assumisse toda a culpa sozinha, pois
depois que saísse iria tentar me tirar daqui de dentro, meu pai chegou na hora
e ouviu tudo.
— Belo amor o seu.
— Eu estava cega de amor, meu pai me fez enxergar, ou teria aceitado
a proposta dela. Dayana se revoltou contra mim, aqui dentro se aliou com
uma das facções para ter benefícios e me abandonou, ela nunca meu amou.
Me desculpa pelo mau que eu te fiz.

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— Camila...
— Eu sei — me corta. — Se não puder não precisa me desculpar, fiz
muita coisa. Te obriguei da forma mais suja a ficar comigo, mesmo sabendo
que você sempre foi perdidamente apaixonado pela Eva.
— Você sabe que quando eu sair por essa porta nunca mais irei te
procurar, sacrifiquei muita coisa para tentar te ajudar.
— Pode me odiar, é o mínimo que você faz, não sou digna de
compaixão, de carinho ou amor, sou um nada. Estou aqui dentro porque eu
fiz muita coisa errada, estou apenas colhendo o que plantei. Vai atrás do seu
amor.
— É a primeira coisa que vou fazer ao sair daqui. Não sei se ela vai
me aceitar de volta.
— Se ela te amar, vai te perdoar.
— Ela pode nunca me perdoar, mas isso não vai diminuir o que sinto
por ela.
— Então não desista, faça ela ver o quanto a ama.
— Vou fazer — digo me levantando sem dar mais explicações.
— Me desculpe Alessandro, seja feliz. Se o amor for verdadeiro ele
nunca vai acabar, vai ficar guardado no cantinho só esperando a hora certa de
desabrochar.
— Adeus, Camila.
— Adeus, Alessandro. Vá em busca da sua verdadeira felicidade.

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CAPÍTULO 25 - ALESSANDRO
Saio do presídio sem olhar para trás. Fui usado, cai em um plano feito
um patinho, a verdade estava escancarada na minha frente, mas eu não quis
ver. Estava tão fissurado em salvar a vida de Camila que não consegui ver,
tantas vezes minha mãe falou: “Meu filho se ela realmente quer se matar ela
iria arrumar um jeito para fazer isso, não iria tentar na sua frente”
“A responsabilidade da vida da Camila não é sua”
“Converse com os pais dela, juntos vocês vão chegar em um
consenso”
“O tempo está passando, você está sacrificando sua felicidade por
uma culpa que não é sua”
O que me resta fazer agora é correr atrás do tempo perdido.
Sem pensar duas vezes dirijo para a casa da Eva, bato em sua porta e
ela abre.
— Sabia que eu vinha? — pergunto.
— Tinha certeza — fala soltando o ar dos pulmões.
— Vamos dar uma volta?
— Melhor não. Podemos conversar aqui em casa.
— Por favor, hoje eu preciso da sua amizade. Só uma volta.
— A amizade você sempre terá de mim — responde. — Vou avisar
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minha mãe e já volto. Quer entrar?


— Não, espero você aqui fora.
Eva fecha a porta, em questão de minutos está de volta.
— Pronto — fala quando está do meu lado.
— Você liga se formos caminhando?
— Não, eu gosto de andar.
— Eu sei, quando estou perdido também gosto de andar sem rumo,
traz uma calmaria.
— Está nervoso?
— Nervoso, não seria a palavra certa. Mas é um dos sentimentos que
estou sentindo agora.
— Então está feliz?
— Era para estar, não sei, está tudo confuso aqui dentro falo.
Eva não faz mais perguntas, e eu também não falo nada. Caminhamos
sem rumo, os minutos passam, até que avisto uma pracinha e a convido para
sentar e ela aceita.
Sentamos um do lado do outro o silêncio ainda continua presente.
— Ale, faz mais de uma hora que ficamos andando sem rumo, você
disse que precisava de mim para conversar, eu estou aqui. Não querendo te
pressionar, mas infelizmente marquei com as meninas, Montanha vai me
buscar em casa, e até agora você não disse nada.
Ela está certa, estou aqui e não disse nada. Como explicar para ela que
a sua presença me acalma? Que palavras nunca precisam ser ditas quando
estou ao seu lado.
— Camila foi presa — falo o real motivo por eu vir procura-la.
— Eu sei.
— Ela e Dayana são cúmplices pela morte da irmã do Adriano.
— Eu sei. Vi quando as duas foram presas.

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— Por que não me disse?


— Talvez porque pensei que quem tinha que te dizer era a sua
namorada.
— Eu não sabia, ela sumiu e fiquei preocupado.
— Como ficou sabendo?
— Fui à casa dos pais delas, e o pai me disse o que aconteceu, levei
um susto. Nunca imaginei que Camila seria capaz de fazer o que fez.
— Também fiquei assusta com a crueldade das duas.
— Hoje fui à cadeia visita-la, está bem diferente.
— O ar da cadeia da uma fisionomia diferente.
— Ela se arrependeu do que fez.
— Nossa, precisou ser presa para se arrepender. Isso é comovente da
parte dela, muito sensível. Coitada, até fiquei com pena agora.
— Você sente pela prisão da Camila?
— Não, eu sinto pela irmã do meu amigo que perdeu a vida por causa
daquelas duas interesseiras, eu quero mais que as duas apodreçam na cadeia,
pois é o lugar que merecem ficar, por ter tirado a vida de uma inocente e pela
dor que causaram em meu amigo.
— Você está certa.
— Desculpa Ale, sei que ela é sua namorada e tal, mas não tenho
nenhum sentimento por ela.
— Não estamos mais juntos — digo.
— Então descobriu que você era chifrudo?
— Não tinha visto por esse lado.
— O que é pior a namorada trair com um homem ou com uma
mulher?
— Não pensei nisso, o que você acha?
— Que é tudo traição. — Fica pensativa. — Está doendo? —

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pergunta.
— A traição em si não está doendo.
— O que dói?
— Dói em saber que fiquei tanto tempo longe da pessoa que eu
verdadeiramente amo. Que parei minha vida para tentar ajudar uma pessoa e
foi em vão.
— Você a ama?
— Não — confesso. — Nunca amei Camila, seria incapaz de ama-la.
— Por quê?
— Porque. — Dou um sorriso fraco. — Meu coração sempre
pertenceu à outra pessoa, e o mesmo é incapaz de amar outra que não seja
ela.
— Se o seu coração ama tanto uma outra pessoa por que ficou
namorando tanto tempo a pessoa que ele não ama?
— Foi necessário.
— Necessário?
— Camila precisava de mim, não poderia deixa-la sozinha, era o que
eu pensava até ter a conversa de hoje com ela.
— Ale deixa ver se estou te entendendo. Seu humilde coração ama
outra, mas a sua cabeça, a sua consciência o obrigou a namorar durante tanto
tempo com Camila, pois achava que ela precisava de você é isso?
— Exatamente isso, pequena.
— Então Ale, a sua consciência tem que saber que por mais que
aquela assassina esteja errada, ela precisa de você mais que nunca.
— Não posso ficar com ela, meu coração não aguenta mais.
— Ale...
— Eva, eu fiquei com Camila tempo demais, agora não estou mais
com ela. Camila não é responsabilidade minha, o que tínhamos foi encerrado

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essa tarde.
— Você só descobriu isso hoje?
— Não, sempre soube, só não conseguia dar um fim antes.
— Só depois que ela foi presa?
— Hoje, descobri um lado que não existia na Camila, muitas coisas
foram faladas, agora estou livre e sem culpa.
— Que bom para você.
— Eva, quero dizer que te amo — digo olhando para ela.
— Você descobriu isso hoje?
— Não, pequena, eu sempre te amei.
— Jura?
— Juro, você é e sempre foi meu único amor.
— Você quer mesmo que eu acredite nisso?
— Não estou mentindo, sempre te amei.
— Ale, você acha que eu sou tonta?
— Você precisa entender Eva, é você que eu amo, é com você que eu
quero ficar.
— Ale, você quer que eu acredite que você me ama?
— Eva eu realmente te amo.
— Mas só descobriu agora depois que aquela assassina foi presa, Ale
eu confiei em você no passado, você quebrou meu coração duas vezes e te
juro que não vou deixar você quebrar uma terceira vez.
— Eva, me deixa provar que te amo — peço.
— Você não tem que provar nada Ale, é só seguir a sua vida e deixar
meu coração do jeitinho que está, sofri muito para colar os caquinhos que
você deixou por duas vezes e como já disse não vou colar pela terceira vez.
Não quero e não vou correr esse risco.
— Dê uma chance para nos dois?

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— Te dei todas as chances que tinha e você as desperdiçou, agora eu


estou me dando uma chance. Uma chance para eu viver a minha vida.
— Por favor, te imploro.
— Não Ale, é muito cômodo depois de anos você vir falar isso, e o
pior de tudo depois da prisão da sua atual namorada. Não sou um prêmio de
consolação, mereço muito mais que as migalhas deixadas pela Camila. — Ela
se levanta. — Vou embora e não quero a sua companhia, quero caminhar
sozinha.
— Eva! — chamo.
— Fala.
— Você sempre terá o meu amor, será que algum dia eu terei o seu
amor?
— Você sempre terá a minha amizade, é tudo o que posso te oferecer.
— A sua amizade no momento me basta.
— A sua também, tchau Ale.
Ela vira as costas e vai embora, me deixando sozinho. Esperei tempo
demais, mas não vou desistir, vou correr atrás, vou provar que ela não é um
prêmio de consolação, que ela sempre foi o meu verdadeiro amor.

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CAPÍTULO 26 — EVA
Viro as costas e vou embora, meu coração está acelerado, sempre
sonhei com o dia em que Ale se declarasse para mim. Nos meus sonhos eu
me jogava em seus braços e também diria que o amava, nós daríamos um
beijo apaixonado e nos amaríamos, mas na vida real as coisas acontecem bem
diferente. É o cumulo ele se declarar para mim, justamente depois que aquela
vaca assassina foi presa. Se ele acha que vou ser seu prêmio de consolação,
está muito enganado.
Amor próprio, amar a mim mesma antes de qualquer pessoa.
Não vou dizer que não o amo, pois amo e sempre o amei, mas eu me
amo acima de tudo, e não vou dar o braço a torcer. Safado, pensou que ia
dizer que me ama e eu iria pular em seus braços, está muito engando, mesmo
que era isso que eu queria fazer, fui forte e não fiz.
Caminhando de volta para a minha casa, perdida em meus
pensamentos, acabo me deparando com um cachorrinho chorando. Vou até
ele e o pego no colo, no mesmo momento ele para de chorar.
— Oi amiguinho, cadê o seu dono? — Olho para os lados para ver se
encontro seu dono.
Uma senhora que está sentada na calçada fala: — Moça, é um
cachorro de rua não tem dono não.
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— Não tem dono?


— Não — afirma a mulher.
— Agora ele tem — digo olhando para a mulher. — Eu sou a dona
dele. — Sorrio.
— Que bom, moça, qual nome vai dar?
— Me deixa ver se é menino ou menina. — Levanto o cachorrinho,
olho no meio das suas perninhas. — Temos um menino, que nome posso te
dar? — Fico por uns minutos pensativa. Já sei, você vai chamar Sandro —
falo rindo.
Despeço-me da senhora e vou embora com o Sandro, esse eu sei que
o amor é verdadeiro, que não vai mentir ou me abandonar.
Tudo bem, o meu amor por Ale é verdadeiro, mas não vou permitir
que ele me faça sofrer novamente, não vou permitir me quebrar e me ferir.
Pensei que seria pior, que não ia resistir e me jogar nos braços dele,
mas acho que pelo tanto que sofri estou calejada; demorou para eu descobrir
que a felicidade no amor não pertence a mim.
Caminho até minha casa com o meu filhote no colo, tão lindo, está
sujinho, mas nada que um bom banho não resolva. Chego em casa, e
encontro Clarinha e Carol sentadas na sala conversando com minha mãe.
— Posso saber o que as minhas duas gravidinhas lindas estão fazendo
aqui? — pergunto.
— Já que você chegou, vou fazer alguma coisa para comerem. Vocês
têm que se alimentar bem, fiquem à vontade — minha mãe fala saindo da
sala.
— Agora podem dizer o que fazem aqui? Sem me avisar — pergunto
desconfiada — Montanha passou aqui para te pegar, mas você não estava.
Sua mãe avisou que você tinha saído com o Ale — Carol fala.
— Como ele é um bom amigo foi nos buscar, nos deixou aqui e

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ficamos esperando você chegar — completa Clarinha.


— Obrigada — agradeço e uma lágrima que tanto segurei escorreu
dos meus olhos.
As meninas se levantam, e me abraçam.
— Estamos aqui para isso Evinha. Dívida conosco, chore, estamos
aqui para secar as suas lágrimas — Clarinha fala.
— Amigas servem para isso. — Carol completa. — Olha o que temos
aqui. — Passa a mão no Sandro.
— Titias, deixa eu apresentar para vocês meu filhinho de quatro
patinhas. — Levanto Sandro. — Esse é Sandro, o meu filhinho, acabei de
pegar ele na rua — digo sorrindo, pelo menos uma coisa de boa aconteceu
hoje.
— Sandro? — Clarinha e Carol falam juntas.
— É, Sandro — falo afirmando com a cabeça.
— Você pode explicar o motivo desse nome, dona Eva? — Carol
pergunta.
— Será que tem a ver com um tal de Alessandro? — questiona
Clarinha.
— Vamos para o meu quarto, lá vou explicar o nome desse rapazinho.
Caminhamos para o meu quarto, ambas sentam na minha cama e eu
fico no chão com o Sandro.
— Antes que vocês me perguntem, o nome do meu filho é Sandro, e
tem totalmente a ver com o nome Alessandro. Coloquei esse nome porque
aquele dito cujo veio atrás de mim feito um cachorrinho com o rabo entre as
pernas, mas eu sei que posso confiar apenas no amor do Sandro que é
verdadeiro.
— Isso quer dizer que ele quis você de volta? — Carol pergunta.
— Ele quis, veio dizer que me amava — falo desaminada.

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— E você, Evinha? — Clarinha pergunta.


— Eu me segurei para não me jogar em cima dele.
— Se você o ama tanto, por que não se jogou nos braços dele? E
pediu para ele te jogar na parede e te chamar de lagartixa — Carol fala.
— Porque eu sou tonta — confesso desanimada. — Cansei de sofrer
sempre pela mesma pessoa.
— Não Evinha, você não é tonta, está apenas preservando seu coração
— diz Clarinha.
— Não é justo, ele apenas disse que me ama porque a Camila está
presa. Se ela não estivesse presa ele nunca iria dizer nada — falo.
— É complicado Eva, mas estava na cara, mesmo ele namorando a
Camila, a gente via que Ale te amava — diz Carol.
— Eu também me amo muito. Não sou prêmio de consolação.
— O que você disse para ele? — Clarinha pergunta.
— Disse que ele sempre terá a minha amizade. Nada vai mudar, vou
ser sua amiga, afinal tudo começou assim.
— Não importa a sua decisão, estaremos aqui e iremos sempre estar
do seu lado. — avisa Clarinha.
— Bom, vamos deixar de lado esse papo e vamos animar, afinal tenho
um convite importante para fazer — Carol fala para mudar de assunto.
— Evinha, preciso jogar na sua cara que eu fiquei sabendo primeiro
— Clarinha zomba rindo.
— Carol, sua traíra. Como assim essa grávida safada ficou sabendo
primeiro que eu? — pergunto indignada. Eu sempre tenho que ser a primeira
a saber, ou como vou jogar na cara das pessoas que eu já sabia.
— Evinha, Montanha passou aqui para te dar a notícia em primeira
mão, mas você não estava — Carol fala dando os ombros. — Então Clarinha
e Marcelo ficaram sabendo primeiro.

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— Até o Marcelo sabe do babado primeiro que eu?! Sacanagem isso


sua traíra. Por que não esperou eu chegar?
— Então, como você sabe, aqui dentro. — Coloca a mão na sua
barriga. — Carrego um pedacinho meu e do Montanha.
— Olha Carol, não sei se você sabe, mas eu tenho direito sobre essa
criança, que é meu afilhado, e o bebê da Clarinha também. Ambos são meus
afilhados e você não tem opção de dizer o contrário, esses bebezinhos são
meus. Então você carrega um pedacinho meu também.
— Eu sei — Carol fala revirando os olhos.
— Você faz questão de nos avisar a cada minuto — Clarinha aponta.
— É bom mesmo vocês saberem
— Mas a questão não é essa, vim te convidar para ser madrinha do
meu casamento — Carol fala animada.
— Mas eu sou madrinha do seu casamento. — Agora eu reviro os
olhos. — Você não sabia não?
— Eva, estou fazendo o convite agora, como você já era madrinha?
— Carol pergunta.
— Simples, eu e Clara somos suas melhores amigas logo somos suas
madrinhas. Então nem entendo o porquê do convite, mas se isso te deixa feliz
eu aceito, mas com uma condição — digo.
— Qual? — Carol pergunta.
— Que o Sandro leve as alianças — digo mostrando o Sandro para ela
e fazendo cara de coitada.
— O Sandro pode levar as alianças, mas com uma condição — Carol
fala.
— Qual?
— Que o seu par seja o Alessandro, na verdade de um jeito ou de
outro ele sempre foi o nosso amigo — avisa Carol.

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— Como já disse, ele é e sempre será meu amigo, não tem nenhum
problema de ser meu par.
— Obrigada Evinha, você e Clara, minhas amigas e parceiras tem que
estar presente nesse momento da minha vida.
— Eu não estaria em outro lugar — digo indo abraça-las. — Amo
vocês!
Abraço coletivo é sempre bom, agora tenho Sandro para treiná-lo para
o grande dia da minha amiga.

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Capítulo 27 - Eva
Essas minhas amigas são bem apressadinhas, as coisas têm que
funcionar da seguinte forma: primeiro você namora, noiva, ai casa e tem
filhos.
Clarinha safadenha, não namorou, casou na velocidade da luz e
arrumou um bebezinho lindo. Carol foi mais apressada, engravidou primeiro
e hoje vai casar. Essas duas não sabem que tinham que namorar e depois
noivar só assim casar, mas são tudo atravessada. Pelo menos tivemos quinze
dias para planejar a festa de casamento da Carol, Clarinha apressada noivou e
casou no mesmo dia.
Agora estou aqui no belo vestido de madrinha com o Ale do meu lado
de padrinho. A música toca e lá vem à noiva, linda com um vestido branco
longo de renda, cabelos soltos, o brilho de seus olhos e a alegria do seu
sorriso contagia todos. A cerimônia do casamento do Carol e Montanha é
linda. Uma manhã de domingo, o sol está radiante para abrilhantar ainda mais
o casamento dos meus amigos.
Casamento lindo, festa perfeita e o padrinho do meu lado, vale
salientar que está lindo. Um dia pensei em casar com ele, mas foi apenas um
sonho, nunca iremos casar, nunca iremos ficar juntos.
O ponto alto da cerimônia até agora foi à entrada de Sandro com as
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alianças, deu trabalho de treina-lo, mas foi lindo ele entrando, até me
emocionei. Filhinho lindo da mamãe foi um sucesso.
Ale e eu conversamos bastante, ele sempre vem em casa e ficamos
horas conversando, depois de tanto tempo enfim caiu a ficha da minha mãe,
que Ale era aquele vizinho que morava na casa do lado. Como pode ser
desligada essa minha mãe? No meio de nossas conversas, algumas vezes ele
disse que me amava e pediu para lhe dar uma chance, porém a minha resposta
é sempre a mesma. “Você será sempre o meu amigo”. As meninas dizem que
estou sendo cruel, mas na verdade estou me preservando. O amor do Ale está
na cadeia, no xilindró, o dia que ela sair de lá provavelmente ele vai atrás
dela e os dois vão ficar juntos. Enquanto eu, estarei quebrada, portanto é
melhor ficar do jeito que está.
Falando em Camila ela me mandou três cartas, todas pedindo para
falar comigo, pois tem um assunto importante para dizer. Lógico que ignorei,
pois eu não tenho nada a falar com ela.
As meninas ficaram curiosas, assim como eu, para saber o que ela
queria tanto conversar comigo, mas ignorei. Não vou pagar para ver, na certa
ela está com medo de eu roubar o namorado dela.
— Evinha, planeta terra chamando — Clarinha fala.
— O que foi? — pergunto.
— Estava distante, eu e Carol falando e você nada.
— Pensando na vaca da Camila — falo. — Tenho curiosidade em
saber por que insiste em falar comigo.
— Também queria saber — instiga Carol.
— Querer saber, também quero, mas não aconselho você ir até lá falar
com ela — Clarinha fala.
— Eu não vou — digo determinada. — E vamos mudar de assunto,
hoje é dia de festa mais uma amiga minha se casou.

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— Nossa, estou tão feliz — Carol fala sorrindo. — Pensei que esse
dia nunca ia chegar, aquela Lesma ficou fazendo cu doce. Mas enfim ele caiu
na real e viu que não vive sem essa ruiva linda e maravilhosa que sou eu.
— Mas ele não tinha como ir contra você Carol — Clarinha fala.
— Não mesmo, era um jogo perdido para ele eu ganhei esse jogo há
muito tempo — Carol fala rindo.
— Ganhamos os nossos maridos em um jogo — Clarinha fala.
— Mas vocês duas não brincam em um jogo, ein — falo rindo. —
Viciadas.
— Adoro um jogo — zomba Clarinha.
— Eu também — Carol afirma.
— Era um jogo perdido para eles — digo. — A coisa boa é que nesse
jogo os dois lados ganharam.
— Ganhei Marcelo em um jogo de sedução.
— E eu ganhei Montanha em um jogo de desejo.
— Como não sou todo mundo eu não ganhei nenhum jogo, não sei
jogar — afirmo.
— O seu jogo não terminou, Eva — Clarinha fala.
— Não existe jogo meninas. Nunca existiu no meu caso.
— Você que pensa — diz Carol.
— Diferente do nosso, Evinha, o seu jogo é mais intenso. O nosso
começou com o desejo da carne, eu seduzi Marcelo depois me apaixonei,
Carol jogou com o desejo de Montanha depois se apaixonou. Seu jogo foi do
amor, você e Ale sempre se amaram, depois que veio o desejo e a sedução, na
relação dos dois o coração sempre esteve em primeiro lugar.
— Jogando com o Amor — Carol fala. — Esse é o seu jogo e do Ale.
— Um jogo que sempre estava fadado ao fracasso — falo. — Vamos
mudar de assunto? Meu jogo não é muito legal e nem teve um final feliz.

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— Sandro está um fofo de gravatinha — elogia Carol.


— Tinha que fazer bonito no casamento da titia — Clarinha fala.
— Meu filho é um lorde. — Rio.
— Posso roubar a minha noiva para uma dança? — Montanha fala se
aproximando, pegando a mão de Carol.
— Também quero roubar a minha esposa — Marcelo fala laçando a
cintura de Clarinha.
— Tudo bem, podem pegar essas duas chatas, elas já estavam me
enjoando aqui. — Rio. — Vão dançar logo.
Eles vão para a pequena pista de dança, e começam a dançar. Olho
como Marcelo e Montanha olham para suas esposas, eles a veneram com o
olhar, eles a amam. A alegria dos meus amigos é tão contagiante, que fico
feliz por fazer parte de suas vidas, e essas crianças que estão a caminho vão
servir para selar ainda mais esse laço de amor.
Sinto um ser no meu pé, olho para baixo e sorrio.
— É né, seu safado, bagunçou tanto que agora está cansado — digo
pegando Sandro no colo e passando a mão em seu pelo A música termina e
uma outra começa.

“Penso em você, é quase uma oração Ao nosso amor, minha religião


Que eu sigo à risca
Mesmo quando não estou à sua vista”

Conheço essa voz, olho para o pequeno palco e vejo Ale com um
violão cantando e olhando para mim.

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O dia todo, o tempo inteiro Ouço tua voz, sinto o teu cheiro Canto
pra você, minha amada Minha coisa mais bonita Eu conto as horas pra te
ver (pra te ver) Pra ser Domingo todo dia com você (com você) Ficar na paz
e ser bem mais Do que a gente pensou que ia ser
A cada palavra cantada meu coração acelera. Olhar Ale cantando me
traz com força total tudo que sinto; todo o meu amor. Não vejo ninguém,
apenas ele cantando. Só existe nos dois e minguem mais.

Eva Você chegou junto com a primavera Me fez alguém bem melhor
do que eu era Você me trouxe o sol, me fez amar E ser feliz de novo Você é
tudo que eu mais queria E foi enchendo minha vida de alegria Tirou da
escuridão, meu coração Que agora é um mar de amor O dia todo, o tempo
inteiro Ouço tua voz, sinto o teu cheiro Canto pra você, minha amada Minha
coisa mais bonita
— Eva, eu te amo e quero que todos saibam disso — Ale diz ao final
da música.
Gritos e aplausos me trazem a realidade, vejo as pessoas em minha
volta e me dou conta que estou ao lado de Ale.
— Te amo, pequena — fala pegando minha mão.
Escuto os convidados gritando beija, lindos. Olho para o Ale e digo:
— Eu também te amo, Ale! — Seu sorriso surge. — Você sempre será meu
amigo, é a única coisa que eu posso te oferecer.

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CAPÍTULO 28 — EVA
Não acredito que estou aqui, só posso estar maluca, não é possível.
Mas como se diz o ditado, é melhor se arrepender da cagada que fez, do que
daquela que você não fez. Tudo bem que sei que vou me arrepender, mas
preciso ouvir o que esse ser quer me dizer. Ela sabe ser insistente.
Há quase dois meses Camila foi presa, o mais ridículo de tudo isso,
ela vem me mandando cartas e pedindo para que eu venha falar com ela.
Mais ridículo ainda é eu aqui na cadeia sentada a esperando no horário de
visita. Como sou idiota, mas não cabe na minha cabeça o motivo de tanta
insistência, em minha defesa, as meninas ajudaram na minha decisão, e como
elas não podem me acompanhar Marcelo está lá fora me esperando e
Montanha cuidando das gravidinhas lindas e claro do Sandro, meu filhinho
de quatro patas. Tão fofo.
Esse lugar me dá medo, tantas mulheres lindas presas. Estou no pátio,
os familiares trazem várias sacolas e comidas, eu não trouxe nada, apenas a
minha presença. Já estou fazendo muito em vir ver o que ela tanto tem para
me dizer.
Uma figura magra, loira, agora com cabelos curtos e olhos fundos,
com alguns hematomas no rosto, senta na minha frente. Eu até me assustei,
ela nem de longe parece a Camila que foi presa meses atrás, nem parece estar
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viva. Confesso que me deu pena.


— Você veio — fala me olhando. — Obrigada, isso é muito
importante para mim.
— Confesso que já estava pronta para ir embora, não entendo o
porquê de tanta insistência em falar comigo, nem minha amiga você era —
digo, não é porque ela está parecendo uma morta viva que tenho que mentir.
— Precisava me desculpar. Eu fiz muito mal a você.
— Era só isso? — Me levanto. — Já posso ir?
— Também quero falar sobre o Alessandro. Tem muita coisa que
você não sabe e tem o direito de saber.
— Não precisa falar nada dele, eu não estou com ele, não corri para
seu namorado, fique tranquila, não quero nada com ele — digo, já saindo,
mas ela segura meu braço.
— Por favor, me ouve, o que tenho para dizer é importante. Vai fazer
você entender.
— Tudo bem — falo me sentando novamente. — Não enrola, quero ir
embora.
— Desde muito nova, eu gostava de coisas caras e de marca, sempre
quis a melhor mochila, o melhor caderno e nem sempre meus pais tinham
condições de comprar. Na adolescência descobri um jeito de ter tudo que eu
quisesse, na adolescência também tive um grande amor que eu imaginava ser
verdadeiro, até cair aqui dentro.
Sei bem o que é isso, afinal eu amo o Ale e achava que ele também
me amava, que era verdadeiro, mas eu só tomei no rabo. Ao que tudo indica,
Camila também se fodeu.
— Era um amor correspondido, mas que tínhamos esconder de todos,
pois as pessoas nunca viam com bons olhos o romance entre duas moças. Eu
e Dayana passamos anos juntas as escondidas, nossas famílias começaram a

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desconfiar, e isso gerou várias brigas dentro de casa. Sabíamos que nossa
família não ia aceitar, principalmente meu pai, foi quando Dayana começou a
namorar o Adriano, de início era só para despistar as desconfianças, mas
depois descobrimos que ele era rico e se ela conseguisse casar com ele iria
pegar uma boa grana e nos duas poderíamos fugir e viver juntas longe de
todos.
— Não sei por que, mas acho que esse plano ai não deu certo — falo
com desdém.
— Não deu, Adriano não queria casar, então Dayana descobriu que o
seguro de vida dele estava no nome dela e da irmã, ela encontrou um cara que
sabotou o carro dele. Ele e a irmã sofreram um acidente, como você sabe
quem morreu não foi ele.
— Não foi, mas pode ter certeza que uma parte dele morreu naquele
dia.
— Ficamos com medo de ser descobertas, então mudamos os planos,
Dayana conheceu Marcelo e largou do Adriano. Nesse meio tempo descobriu
que estava grávida, e o filho não era do Marcelo, então abortou a criança.
— Vocês duas são dois monstros — digo indignada.
— Eu fui egoísta, mesquinha, um monstro como você mesmo diz.
Agora sei disso, antes não sabia, fazia tudo em nome desse nosso amor.
Parecia tão certo, tínhamos que fazer sacrifícios para ficar juntas, e eu fazia.
— Que amor satânico esse, ein.
— Ainda não acabei — fala com lágrimas nos olhos. — Dayana
continuou o namoro com o Marcelo, a família dela tinha aprovado então eles
não desconfiavam de nós duas, já meu pai sim, e as brigas e agressões em
casa eram cada vez mais frequentes e Marcelo não falava de casamento. Até
que um certo dia meu pai me bateu e me humilhou e eu decidi ir para uma
festa. Usei drogas em quantidade suficiente para sofrer uma overdose, queria

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dar um fim em tudo.


— Você contou a verdade, que tinha uma namorada?
— Não contei nada, eu sempre fui usuária de droga, meu fim que eu
quis dizer era a morte. Fui para a boate sentei no chão próximo ao banheiro, e
cheirei mais cocaína que o meu corpo suportava. Então estava tendo uma
overdose, ali seria meu fim e estava conformada com isso, era o que eu
queria.
— Meu Deus!
— Mas um rapaz que nunca me viu me pegou no colo, me pediu para
não desistir, me levou para o hospital e ficou do meu lado, e eu sobrevivi. —
Ela olha em meus olhos. — Foi assim que eu conheci o Alessandro.
— O dia que ele sumiu da boate sem dizer nada. — Volto ao
passando me lembrando. — Ele estava salvando você.
— Foi, ele me salvou, quando acordei liguei para Dayana, ela foi no
hospital e me viu com ele. Alessandro estava todo preocupado, foi quando ela
teve a ideia de usá-lo como meu namorado. Foi fácil convencê-lo a ir me
levar em casa, depois de uma cena do meu pai me batendo e eu fazendo
menção que iria tentar me matar ele disse que seria meu namorado para me
ajudar a enganar meu pai, ele queria apenas me ajudar. Na segunda cheguei
na faculdade e disse para todos que ele era meu namorado todos acreditaram,
principalmente você.
— Você é cruel, não tem coração — falo chorando. — Você usou ele.
— Cruel sim, mas tenho coração, ele só foi quebrado no momento
que entrei por esses portões, eu só via as coisas de uma forma feia, uma
forma errada, não conseguia ver o mau que fazia. Ainda tem mais história.
— Continua.
— Por várias vezes ele tentou romper o namoro fajuto, e em cada
tentativa eu tentava um suicídio, ele estava preso a mim, nunca foi um

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namoro. Quando comecei a frequentar sua casa, na sua escrivaninha no


quarto tinha uma caixa cheias de cartas, uma noite escondido descobri que
essas cartas pertenciam a você, mas elas nunca chegaram em suas mãos. Abri
algumas e descobri o porquê ele tinha tanta paciência e cuidava de mim, uma
amiga dele, Vanessa, morreu de overdose e ele não pode ajuda-la, por isso
sente culpa por sua morte, a culpa é tão grande que preferiu ficar do meu lado
para evitar a minha morte do que ficar ao lado do grande amor de sua vida.
Você Eva, Alessandro te ama.
— Não, ele não ama.
— Sim ele te ama. Se hoje ele respira, se ele está vivo é em nome
desse amor que sente por você.
— Você está mentindo — digo chorando. — Quer me usar, quer me
fazer acreditar em suas mentiras, sua cobra.
— Não estou mentindo, ele te ama esse é o amor mais sincero que
existe, pois ele não quer nada em troca, quer apenas amar. Assim que entrei
aqui dentro descobri o que realmente esse sentimento significa. A primeira
coisa que Dayana fez foi se juntar com as chefes daqui para ter mais
comodidade e eu fiquei a minha própria sorte, por isso falo que o amor dele é
verdadeiro, o meu era apenas uma ilusão.
— Não consigo acreditar.
— Não precisa acreditar em uma palavra que eu digo, vai até a casa
do Alessandro, em cima da escrivaninha está a caixa com todas as cartas
dentro. Leia, você vai entender todos os seus motivos, tem cartas contando o
motivo por estar comigo.
— Cartas?
— Depois que ele foi embora, quando vocês eram adolescentes, ele
começou a escrever cartas para você.
— Nunca recebi nenhuma carta dele.

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— Ele nunca enviou, mas nunca deixou de escrever.


— Mentira.
— Não estou mentido. Nessas cartas você vai ter a respostas para
todas as suas perguntas. Vá até elas, veja com os seus próprios olhos.
— Por que você está me falando tudo isso?
— Depois de tanta coisa ruim que fiz na vida em nome de um amor
que nunca existiu, é o mínimo que eu faço em nome de um amor verdadeiro
que contribui para afastar.

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CAPÍTULO 29 – EVA
— Obrigada por me contar.
— Não precisa agradecer, obrigada você por vir até aqui — Camila
fala se levantando. — Viva seu amor e seja feliz. — Me dá as costas e se
mistura no meio das outras detentas.
Levanto-me e saio da penitenciaria, chego no carro e entro. Tudo que
Camila falou está martelando em minha cabeça.
— Tudo bem, Eva? — pergunta Marcelo.
— Me leva para a casa do Ale — é a única coisa que consigo falar.
Preciso ver se tudo isso realmente é verdade, ou apenas mais um
plano de Camila para me machucar. Marcelo entende meu silêncio e o
respeita não puxando assunto.
Preciso ver essas cartas, preciso ler elas.
Assim que ele estaciona na frente da casa do Alessandro, saio do
carro não falando nem obrigado. Aperto a campainha, e a mãe dele abre a
porta, tem um sorriso simpático.
— Oi Eva, tudo bem? Entre querida — diz dando espaço para eu
entrar.
Não falo nada, acho que ela percebeu que estou nervosa. Entro na
casa, dou uma olhada em volta, procurando por ele, preciso saber se tudo é
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verdade.
— Está procurando o Alessandro? — ela me pergunta e eu afirmo que
sim em um balançar de cabeça. — Ele saiu, querida. — Ela consegue ver
meu olhar de decepção. — Mas se você quiser pode esperar no quarto dele,
ele não vai demorar. Você sabe o caminho.
— Obrigada!
Vou para o quarto do Ale, fecho a porta, coloco minha bolsa em cima
da cama, e vou até a escrivaninha, pego a caixa que Camila tinha me falado e
me sento na cama.
— As respostas para todas as minhas perguntas estão aqui dentro —
digo passando a mão sobre a tampa da caixa.
Abro a caixa...
Vejo várias cartas, dezenas, centenas de cartas. Passo a mão por elas,
fecho os olhos, pego uma aleatoriamente e a abro.

UBERLANDIA, NOVEMBRO DE 2006


Oi, minha pequena, cada dia que passa é mais difícil ficar longe de
você. Por mais que eu não queira pensar em você eu penso.
Penso em você a cada batida do meu coração, desculpa pequena hoje
estou chapado, por isso essa carta vai ser mais curta, só quero dizer que te
amo.

Pego outra carta, abro e leio.

UBERLANDÂNDIA, JANEIRO DE 2007.


Cheguei ao fundo do poço, lá é escuro e frio, não enxergo nada.
Talvez não tenho nada para ver, mas eu escuto suas risadas...

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A sua lembrança me deu forças, está na hora de subir e sair desse


lugar que me enfiei, agora estou subindo, estou me cuidando, tudo por você
minha pequena.
Meu amor por você está me salvando. Você está me salvando.
Te amo pequena.

Pego outra carta.

DOURADOS, FEVEREIRO DE 2013


Escrever duas cartas no mesmo dia é algo que não faço, normalmente
escrevo a cada 15 dias, ou uma vez ao mês. Mas nesse caso é diferente.
Hoje quando sai de casa para a faculdade não imaginei tudo que iria
acontecer... Não imaginei que o destino pela primeira vez iria estar ao meu
favor. Te procurei desde o dia que retornei para essa cidade, fui na minha
antiga casa procurar a minha vizinha, minha pequena... Não te encontrei.
Olhava nos rostos das moças com características semelhantes a sua
com a esperança te reencontrar.
Durante a aula uma menina com um sorriso doce me chamou
atenção, puxei conversa, mas nunca imaginei que essa menina seria você
minha pequena.
Sentir seu cheiro, o calor do seu abraço me fez renascer, me fez
feliz...
O que me fez lutar e estar vivo hoje era a esperança de sentir
novamente o seu calor, sentir seu cheiro, sentir você por completa.
Mesmo com a passagem de todo esses anos, a doçura dos seus olhos
continua a mesma, foi por causa desse olhar que resolvi conversar.
Você está tão diferente, mas está ainda mais linda, seu corpo ganhou
formas, o timbre da sua voz mudou, não é mais uma adolescente. Fico feliz
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em ter visto a linda mulher que você se tornou.


Depois da aula, voltamos a ser adolescentes, andamos sem rumo,
rimos, conversamos sobre os mais variados assuntos, sempre a olhava e seus
olhos continuam a brilhar.
Nunca te disse, mas adoro ver o brilho dos seus olhos, e o seu sorriso
é a curva mais linda do seu corpo. Você é perfeita em meus olhos.
Não queria te deixar ir embora, queria continuar conversando,
ouvindo sua risada... Você não pode imaginar a falta que sentia disso. Tenho
tanta coisa para te contar... Talvez nada que eu te contar vai conseguir
mudar o que aconteceu. Como diz Renato Russo.
Te amo!
Eternamente seu Ale
Fui abrindo uma por uma, lendo, toda a minha história e de Ale
contada através de cartas. O seu envolvimento com Vanessa, que fiquei com
raiva e ciúmes, as brigas constantes com o pai, que entendi o motivo ser a
minha ausência e saudade que sentia. Chorei ao descobrir o seu envolvimento
com as drogas, vibrei quando ele aceitou o tratamento e ficou limpo. Chorei
com a morte e a culpa que sente por não ter salvo Vanessa. Entendi que ele
disse que uma pessoa especial estava todo o tempo ao seu lado, essa pessoa
era eu, era a minha lembrança, eu era o único motivo por ele estar vivo. Ele
viveu por me amar, está vivo por esse amor que sente por mim, ele me ama,
sempre amou, viveu para me amar.
Ri feito boba quando li sobre o nosso reencontro, me apaixonei mais
depois que fizemos amor pela segunda vez e de como estava feliz por ter me
reencontrado. Li a carta de como ele conheceu e salvou a Camila, senti a sua
dor por me ter longe, mas que ele não queria ser culpado por outra morte. Ele
sofreu por estar do meu lado e não poder me amar de corpo e alma, por não
poder me tocar.

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Ri... Chorei, senti sua dor, sua angustia, seu amor.


Perdi a noção do tempo envolvida nas leituras das cartas. Camila
estava certa, encontrei a respostas para todas as minhas perguntas.
Sentada no chão, limpo uma lágrima e pego outra carta para ler, de
relance olho para porta e ele está em pé com os braços cruzados.
— Está muito tempo ai? — pergunto.
— Não o suficiente para te enfrentar — fala descruzando os braços e
caminhando até mim. — Minha mãe disse que você estava aqui me
esperando. — Se senta no chão a minha frente. — Não esperava que você
estivesse lendo essas cartas.
Pega uma carta na mão.
— Desculpa — digo. — Invadi seu quarto e mexi em suas coisas.
— Essas cartas são suas, pequena, sempre foram. Eu apenas nunca
tive coragem te entrega-las a você. No início achei que era ridículo ficar
escrevendo, mas com o tempo se tornou uma terapia.
— São lindas — digo com os olhos cheios de lágrimas.
— Bobagem.
— São bem reveladoras.
— Elas dizem quem eu sou, quem eu fui, o que fiz da minha vida e as
escolhas que tive que fazer.
— Você está bem agora, você venceu.
— Sou um fraco.
— Não é, sofreu tanto — digo chorando.
— Não tanto quando você — diz limpando as lágrimas do meu rosto.
— Queria ter te ajudado.
— Ajudou pequena, se hoje estou vivo foi por você, me deu a força
que eu precisava. Você foi, e é a minha luz.
— Por que não me disse antes?

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— Tinha vergonha.
— Camila?
— Quis apenas ajudá-la, mas com isso fiz você sofrer, eu sofri, mas
ela ficou viva. Ela me usou, pegou na minha culpa, mas agora não é mais
responsabilidade minha. Eu nunca a amei. Só quis ajuda-la.
— Ela me disse.
— Você falou com ela?
— Sim, ela se arrepende por tudo o que fez, me convenceu a ir vê-la,
e me disse como tudo aconteceu. Me contou das cartas, tive que vir ver com
meus próprios olhos, você nunca falou nada, sofri muito, não poderia deixar
você me quebrar de novo.
— Eu te amo, pequena, sempre te amei. Nunca se passou um segundo
da minha vida que eu deixei de te amar você.
— Eu sei, acho que meu coração sempre soube, mas minha cabeça se
recusou a acreditar.
— Pequena. — Se aproxima e pega a minha mão. — Quando estava
na clínica de recuperação em um dos murais tinha uma frase de Chico Xavier,
essa frase e os pensamentos em você me acompanharam desde então.
— Qual a frase?
— Embora ninguém possa voltar atrás e fazer um novo começo,
qualquer um pode começar agora e fazer um novo fim. Eu não posso mudar
tudo que aconteceu pequena, mas eu posso fazer diferente a partir desse
momento. Por favor, fica comigo. Me dê a oportunidade de mostrar e provar
a você o quanto a amo.
— Sim — falo chorando.
— Eu te amo, pequena, sempre te amei, nunca se passou um segundo
de minha vida que eu deixei te amar.
— Eu também te amo.

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Ale segura meu rosto, e se aproxima para olhar em meus olhos.


— Eu te amo, você é a minha vida. — Me beija, um beijo que ele
nunca tinha me dado antes, um beijo cheio de esperança de um futuro juntos.
— Eu amo você Ale — digo entre os beijos. — Sempre te amei.
— Pequena, você é e sempre foi o meu feliz para sempre...

FIM....

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EPÍLOGO
Lembre-me que no dia do casamento da Carol estava dizendo que
minhas amigas eram apressadinhas, que pulavam tudo, que primeiro tinha
que namorar, noivar, casar e ter filhos. Clarinha casou e rapidamente
engravidou, Carol engravidou e casou, detalhe, nenhuma namorou.
Bom, vocês devem estar se perguntando e eu? Se depois que me
acertei com Ale se nós namoramos, noivamos, casamos e tivemos filhos. A
resposta é não.
Eu e Ale não poderíamos quebrar a tradição, pulamos a parte do
namoro, pois é perda de tempo. Então em menos de uma semana casamos,
uma cerimônia simples, mas cheia de emoção. Se fechar os meus olhos
consigo reviver as emoções de um dos dias mais importantes da minha vida
Caminho lentamente o pequeno trajeto até o modesto altar montando no
quintal da casa de Clara e Marcelo, eles nos emprestaram seu lugar especial
para o nosso dia especial.
Minhas amigas são as minhas madrinhas, estão lindas enlaçadas nos
braços de seus respectivos maridos.
Não teve marcha nupcial, quem canta é Ale....
— Pequena? — me chama fazendo-me voltar para o presente.
— Oi — digo o olhando.
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— Posso saber o por que estava com esse sorriso tão distante?
— Pensando no dia do nosso casamento, o meu marido cantando para
mim.
Eu não te amo como ontem, começa a cantar.
Amo mil vezes mais Me conte os teus segredos, mostre os teus sinais
E se me perguntar qual é o seu defeito Ainda não sei Te amo e nada mais
— Amo que cante para mim, amo essa música.
Essa música foi a que ele cantou no dia do nosso casamento, e sempre
ele canta, a cada dia me ama mais, por incrível que pareça eu também, a cada
dia que passa o amo mais e mais.
— Te amo, pequena.
— Eu também. — O beijo.
— Mamãe, mamãe. — Mãozinhas delicadas puxam meu vestido.
— Minha filha. — digo.
— Mamãe, o Enzo disse que o nivesalo é só dele, é mentila mamãe é
meu também.
— O aniversário é seu e o do Enzo, Maria Clara — falo rindo, esses
dois brigam igual irmãos não é à toa que ambos nasceram no mesmo dia.
— Vamos cantar parabéns. — Ale fala pegando nossa filha no colo.
Diferente das meninas, demorei um pouco para engravidar, um ano e
meio depois de casada. Quando descobri que estava grávida Carol já estava
esperando o segundo filho, quando ela entrou em trabalho de parto fiquei tão
nervosa que Maria Clara nasceu no mesmo dia. Hoje é sua a festinha de
aniversário de três aninhos. Clarinha, egoísta, é a madrinha de Enzo e Maria
Clara. Era para ser eu a madrinha do Enzo, mas ela disse que não, pois já era
Madrinha da Mariane, fiquei com dó dela e deixei ser madrinha do Enzo, sou
uma pessoa boa.
Depois de cantar parabéns, Marcelo e Ale ficam brincando com as

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crianças, Clarinha, Carol, Montanha e eu nos sentamos para observar as


nossas crias.
— O tempo passa e o quarteto continua junto — digo.
— Não existe a possibilidade de nos separarmos. Somos amigas,
comadre e irmãs de alma — Clarinha fala.
— Nossa Clarinha, até me arrepiei — Carol fala mostrando o braço.
— Esse lance de irmãs é profundo, mas preciso lembrar que eu casei com o
Montanha e ele não é meu irmão.
— Sou o seu homem, ruiva — Montanha fala.
— Estão vendo. — diz Carol. — Eu ganhei esse homem em um jogo.
— Que coincidência eu também ganhei o meu homem JOGANDO
COM A SEDUÇÃO.
— O meu homem ganhei JOGANDO COM O DESEJO.
— Pensei que não ia ganhar, mas nos quarenta e sete minutos do
segundo tempo, ganhei o meu homem JOGANDO COM AMOR.
— O mais importante desses três jogos é que sempre nos mantemos
juntos e unidos. Essa amizade sempre vai se fortalecer com o passar do
tempo. Desejo que os nossos filhos nutram um pelo o outro a amizade que
nós temos — Montanha fala.
Ficamos observando nossos filhos brincando, dando risada, curtindo
nossa amizade, nossa família.
Todo o jogo existe um vencedor e um perdedor, menos o nosso, a
nossa especialidade nesse jogo é que ambas as partes ganham, que os dois
lados sejam felizes. Hoje somos a prova que isso é possível.
Essa é a nossa história... Esse é o nosso jogo.

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Obrigada a você que chegou até aqui.


Não se esqueça de avaliar os livros, a sua opinião é muito importante para
mim.
Um grande beijo,
Larinha Vilhalba

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