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COMBO
TRILOGIA JOGANDO
LIVROS I, II E III
NACIONAIS-ACHERON
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Criado no Brasil
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Sinopse
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AGRADECIMENTOS
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PRÓLOGO
Alguns anos Antes...
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CAPÍTULO 1 — CLARA
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ao núcleo sempre foi proibido para os alunos, mas Mario conseguiu uma
permissão. Só consigo trabalhar e escrever minha pesquisa durante a noite.
Os guardas também já tinham se acostumado com minha presença durante as
madrugadas.
— Nenhum aluno tem a chave do núcleo e muito menos um armário
lá. — Eva olha com aquela cara tipo Clara você não existe.
— Não sou qualquer aluno meninas — digo. — Podem ir na frente eu
encontro vocês no corredor em cinco minutos.
Passo pelo núcleo para deixar minha mochila e todo o material no
armário, pois não estudo em fins de semana. Pego minha bolsa de mão e vou
ao encontro da galera que está toda reunida à minha espera no final do
corredor.
Hoje resolvemos em ir em uma boate badalada daqui de Dourados,
afinal essa semana foi estressante e precisamos relaxar.
— Eita morena hoje você mata um — Edson sorri e dou uma voltinha
para ele avaliar melhor.
Estou com um vestido preto de renda que marca bem meu busto e
cintura, levemente solto no quadril, acima do joelho, saltos peep toe
vermelho, maquiagem que marca bem os olhos e é claro meu batom vinho.
Esqueci-me de dizer que sou morena, cabelos encaracolados até a cintura,
com 1,58 de altura. Não sou linda, mas também não sou de jogar fora.
Camila me olha feio e dá um puxão no Alessandro, por ele estar
apreciando a vista com cara de bobo.
— Relaxa Camila o Ale pra mim é como fosse meu irmão, não
precisa ter ciúmes — falo me aproximando de Montanha, Carol e Eva.
Se Camila soubesse que o ciúme dela teria que ser por outra certa
amiga nossa. Camila não me engana, sei que esse ciúme é apenas teatro, mas
deixa a vaca que o que é dela está guardado.
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CAPÍTULO 2 — CLARA
salvando sempre das nossas cagadas. Falando em cagadas, uma das minhas
maiores foi ficar com o Edson, no início era legal e tudo, pois só queria sexo
sem compromisso. Ria brincava, me aliviava, era um perfeito “pau amigo”.
Tudo bem eu confesso, ele não era tão perfeito assim, ele tem o pau
fino, ninguém merece homem de pau fino. Tem que rebolar muito para gozar,
mas era melhor que nada. Acabei ficando com ele umas três vezes. O infeliz
começou a confundir as coisas, queria me controlar, sentia ciúmes dos outros
caras que eu conversava na facul. Sempre deixei claro que não me amarro em
ninguém e que a vida foi feita para ser vivida.
Resumindo, acabei perdendo meu “pau amigo fino”, mas continuo
com sua amizade. Porém sempre tenho que corta-lo, pois não perde a
oportunidade de querer ficar comigo novamente. Como agora, principalmente
quando estou bêbada, coisa que ainda vou ficar essa noite.
A boate Unik é ampla, com três ambientes. A pista de dança fica bem
no centro com tudo que é direito, com fumaças e luzes. A cabine do DJ fica
no alto da pista de dança, no canto esquerdo ficam algumas mesas com
cadeiras, na lateral direita das mesas. Tem a parte aberta que sempre toca
uma música diferenciada da pista, que também tem o bar, com mesas e
cadeiras.
Os rapazes vão direto para o bar buscar as bebidas e as meninas para a
pista de dança. Logo eles chegam, entregam a nossa bebida e começamos a
dançar juntos. Depois de três músicas Alessandro e Camila vão se sentar.
Carol, Eva, Montanha, Edson e eu continuamos dançando a todo
vapor. Depois de um bom tempo dançando Carol me dá um cutucão e olha
para frente, o recado foi dado.
Acompanho seu olhar e abro um sorriso enorme.
Hoje realmente é o meu dia de sorte, é o destino, não tem outra forma
para explicar. Alessandro e Camila estão sentados na mesma mesa da minha
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próxima vítima. Olho para Carol e Eva, ambas já desconfiam do meu plano,
acho que nós possuímos uma telepatia, é a única explicação. Como, com um
olhar elas já sabem o que fazer? Montanha também já pegou o recado.
— Nossa cansei — Eva fala da forma mais natural do mundo. —
Vamos sentar um pouco.
Todos concordam e vamos saindo da pista de dança a procura de
algum lugar para sentar.
— Está muito cheio Eva, acho que não vamos achar mesa para sentar
— Carol fala dando uma olhada como se procurasse um lugar para sentar.
Faz cara de surpresa e completa. — Gente, olha o Alê está sentado ali com a
Camila. Vamos lá!
Carol e Eva, essas duas ao invés de professoras tinham que ser atriz
de novela, como podem ser tão caras de pau.
Montanha me olha e ri. Nem ele está acreditando na encenação dessas
duas.
— Você está de prova não fiz nada — falo baixo olhando para
Montanha.
— Ainda né, morena. Vou buscar uma bebida e encontro vocês —
fala alto para todos ouvirem e depois sussurra no meu ouvido: — Você tem
dez minutos. — Meninas, não deixem a Clara sair da mesa sem mim —
completa.
Já disse que tenho os melhores amigos do mundo? Não? Então vou
dizer. EU TENHO OS MELHORES AMIGOS DO MUNDO!
— Rápido meninas, a gente tem dez minutos — digo baixo para o
Edson não ouvir. Elas já estão com aquele sorriso que sabem o que vai
acontecer.
Chegamos à mesa do Alê como se nada tivesse acontecendo. O sem
educação nem nos apresenta os amigos, mas isso não vai atrapalhar o meu
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plano. Carol e Eva já sabem o que tem que fazer, preciso ficar sozinha com
"ele" na mesa. Elas não podem dar muito na cara, porque Camila é um poço
de ciúmes fingido. Se descobrir que vou dar em cima de um cara com
namorada vai pôr tudo a perder, ainda mais que essa fingida parece ser amiga
de infância da "princesa", e tem o Edson, minha sombra, mais ai tá fácil.
— Vamos ao banheiro, Eva? — Carol fala.
— Lógico. Camila, você nos acompanha? Afinal mulher, sempre tem
que ir juntas — Eva responde rindo e já jogando a isca para tirar a Camila da
mesa.
Acaba dando certo, de quebra Camila convida a “namorada” e futura
chifruda para ir junto e a tonta aceita. Que maravilha está dando certo.
— Clara, você não vem? — A vaca da Camila tinha que perguntar.
— Estou esperando o Montanha, se eu sumir ele vai brigar comigo —
minto.
— Nossa, esse cara pega no seu pé hein Clara, não pode deixar ele
controlar a sua vida desse jeito. Nem pode nem ir ao banheiro — Camila fala.
Que puta vaca dos infernos pensa que está falando. Respiro fundo, me
controlo para não dar a resposta que ela merece.
— Prometi a ele que iria espera-lo aqui — tento ser simpática.
— Vamos logo, estou apertada — Eva fala.
Enfim elas vão para o banheiro. Que perigo tem elas irem ao banheiro
e me deixar com três homens na mesa? Nenhum, concorda?
Preciso ser rápida, não tenho tempo a perder, preciso ficar apenas com
um homem nessa mesa. Mal elas viram as costas, pego a bebida do Alê e
viro, pego a bebida da Camila e viro também, Alê pau mandado como é vai
surtar tenho certeza.
— Puta merda, Clara! Diz que você não virou? Diz que você não fez
isso! – Alê fala desesperado.
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Eu disse que ele ia surtar, tive que fazer força para não rir da cara de
besta dele.
— Desculpa Alê, estou com sede e o Montanha está demorando com
minha bebida. — Dou a ele o meu sorrisinho de desculpa.
— A Camila vai me matar achando que bebi tudo isso de uma vez.
Você é louca, não é possível, você sabe como ela é. — Realmente ele está
surtado.
— Já pedi desculpa, eu vou lá buscar outra para você — digo e olho
com cara de santa.
Enquanto isso olho de rabo de olho para a minha vitima que está com
cara de paisagem.
— Tá bom Clara, não precisa ir, eu vou lá buscar outra bebida e já
volto. Fique e espere, não quero levar bronca do Montanha por você ter saído
daqui. — Alê fala e sai em direção ao bar, ainda bem que a fila está grande.
Agora só falta um.
— Edson o Montanha está te chamando. — Faço sinal em direção ao
bar, ele olha e Montanha faz o gesto chamando-o.
— Já volto! — Edson me olha desconfiado, mas sai.
Enfim sós. Somente eu e ele, até que não foi difícil. Olho para ele
sentado olhando não sei para onde, é hora te atacar.
— Enfim sós — Ele me olha desconfiado.
— Como? — pergunta confuso.
— Só sobramos nós dois na mesa, é isso. — Estendo a minha mão
para me apresentar. — Eu sou a Clara e você? O sem educação do Alê nem
nos apresentou.
— Prazer em te conhecer Clara, me chamo Marcelo. Alessandro não
gostou muito que você bebeu a bebida dele e da Camila. — Estende sua mão
e aperta a minha, olha bem em meus olhos.
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feliz com meus dois pés bem no chão. Sonhar demais faz mal para o coração.
— Não sou uma menina, muito menos igual às outras mulheres —
enfim respondo.
Percebo o olhar novamente na minha boca, para facilitar toco
levemente nos meus lábios com o dedo indicador. Lembra do batom vinho?
Essas horas ele faz toda a diferença.
— Se você não é como as outras, diga como você é? Diga o que a
Clara tem de diferente das outras. — Ele olha meus olhos profundamente
como quisesse realmente saber quem sou.
Quem sou eu? É uma boa pergunta. Mas sou uma incógnita que ele
vai ter que descobrir.
Pelo olhar de Marcelo percebo que não está imune a mim. Por mais
durão que seja ele tem algum interesse ou apenas curiosidade.
Sei que agora é a hora de sair. Mas tem que ser uma saída triunfal.
Abro meu sorriso, levanto-me, inclino perto de seu ouvido e sussurro: — Isso
você terá que descobrir sozinho. — Encosto minha boca em sua orelha e dou
uma leve mordidinha. Olho em seus olhos, dou o melhor sorriso e saio sem
olhar para trás. Meu recado foi dado.
Meu Deus que homem cheiroso, que olhar, que boca, que tudo. Tive
que me segurar para não agarra-lo ali mesmo. Não podia agarra-lo agora no
meio de todo mundo, se a princesa piriputa desconfia iria fazer um belo
barraco no meio da boate. Tudo que eu menos quero é um barraco com meu
nome. Está legal, não me recrimine, eu sei que estou dando em cima de um
cara com namorada, mas isso é um pequeno detalhe. A chifruda e ninguém
precisa saber, apenas eu, ele e claro os meus fieis amigos. Fico com vários
caras, mas nunca na frente das pessoas, pois minha vida não é novela para
ficar sendo acompanhada e falada por todo mundo.
Falando em amigos, olho para o bar e vejo Montanha enrolando o
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Edson, Alê ainda está na fila para pegar as bebidas. Falta as duas, vou direto
para o banheiro para saber o que elas estão aprontando, pois fiquei sozinha
durante muito tempo. Abro a porta e vejo a cena digna de filme de
Hollywood.
— O que está acontecendo aqui? — pergunto vendo o circo armado.
— Breno, Clara — Eva responde indignada.
— Ee.. ele não podia fazer isso comi... Migo, me... Me amava. Aquela
va... Vaca ficou se... Se esfregando nele — Carol diz em um choro
desesperado e soluçando.
— Ai meu Deus não fica assim, ele não merece você, se te amasse
não teria te traído — fala a princesa Dayana, mas é uma vaca mesmo.
Carol continua chorando, chora desesperadamente, falando coisas sem
nexo, como: Não posso viver sem ele, ele me traiu, vou acabar com aquela
vaca, vou quebrar o celular dela. Ela está sendo amparada por Eva, Camila e
a princesa Dayana segura sua mão.
— Você vai superar amiga, estaremos sempre com você — agora é a
santa Camila que fala.
Desde quando a santa do pau arrombado da Camila é amiga da Carol?
Até onde eu sei, ela morre de ciúmes fingido de nós com o Alê. Só nos
suporta porque o Alê deixou claro que nunca irá se afastar da gente.
— Vou me matar — Carol grita no banheiro.
Ai meu Deus! Está na hora de acabar com isso.
— Meninas podem ir, deixa que eu cuido da Carol. — Aproximo-me
e abraço minha amiga, eu sim sou amiga dela e não qualquer vaca.
— Não Clara, a gente fica com ela — diz Camila olhando para
Dayana.
Olho para Carol e ela já sabe. O teatro acabou.
— Meninas podem ir, vou ficar bem com a Eva e a Clara. Muito
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estou com pena não, pois não sou galinha para ter pena só quero acabar com
ele na minha cama.
Saímos do banheiro e vamos todas lindas e maravilhosas, desfilando
pela boate até a mesa dos nossos amigos, como se nada tivesse acontecido.
Camila olha para Dayana, ambas olham para nós e perguntam.
— Como você está? Parece que nem estava chorando — pergunta
Camila.
— Não somos mulheres de ficar chorando por homem — respondo.
— Tem tanto homem na noite que esse foi apenas mais um. — Olho para
Marcelo.
— O que aconteceu moreninha? O que fizeram com você? —
Montanha pergunta ao meu lado com cara de culpado por algo que nem
aconteceu.
— Não foi com a Clara, foi com a Carol — Dayana responde. —
Breno terminou com a Carol para ficar com outra.
— Breno? Que Breno — Montanha questiona e leva um chute
debaixo da mesa — Aiii ... Ah é o Breno, fica assim não Carol, você só ficou
com ele uma semana.
— Mas Carol, essa semana você não estava com o Vitor? Eu te vi no
maior amasso ontem com ele no estacionamento da faculdade. — Tinha que
ser o pinto fino do Edson.
— Edson, você acha que Carol é massa e o Vitor é padeiro para ficar
amassando minha amiga no estacionamento da faculdade? — pergunto.
— Pensei que fosse meu amigo Edson você acha que eu seria capaz
de ficar com dois homens ao mesmo tempo? — Carol se defende.
— Se enxerga Edson, você está ofendendo a Carol — agora é a Eva,
Edson nos olha como ar de incrédulo, sem acreditar no que está acontecendo.
— Edson, não sabe o que fala fica quieto. — Tinha que ser o
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CAPÍTULO 3 — CLARA
minha vida.
Levanto da cama, a arrumo, depois vou para o banheiro tomar um
belo banho. Escovo os dentes, penteio meu cabelo e coloco um vestido
soltinho. Vou para a cozinha pego um iogurte e bolacha e volto para a sala,
ligo o som e começa a tocar uma música que me faz lembrar de uma época
que quero esquecer.
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vou tirar foto e mandar pelo nosso grupo no whats, para aprenderem a fazer
as coisas da facul durante a semana.
Aproveito meu tempo livre para ler um livro, Para onde ela foi,
continuação de Se Eu Ficar de Gagle Forman. Depois de um tempo lendo
acho que está na hora de tomar um banho de sal grosso porque só pode ser
olho gordo para dar depressiva até na leitura.
Coloco para toca Summer Eletrohits 2015, tomo meu banho com sal
grosso, visto um short jeans rasgado e blusa tomara que caia verde, penteio o
cabelo e o deixo solto. Um pó no rosto, batom claro, lápis nos olhos e estou
pronta.
Vou para a cozinha preparo a massa para mimar meu amigo. Pois só
assim para mimar o Montanha, sempre é o contrário ele que sempre me
mima. Sempre viu em mim a sua irmã Mary que faleceu. Amo Montanha
como se fosse do meu próprio sangue.
A campainha toca.
Eu juro, que se o Montanha não fosse o meu amigo irmão eu o
pegava, o cara hoje está no pecado em forma de gente, com uma camisa gola
v preta, calça jeans escura, sapa tênis marrom, cabelos soltos com uma
garrafa de vinho na mão e um enorme sorriso no rosto.
— Gostou? — O safado pergunta.
— Está bem comestível. — Ele me abraça e ri.
— Cadê as meninas?
— Fazendo trabalho de segunda — Olho para ele. — Está cheiroso e
gostoso demais também, tudo isso é para mim mesmo?
— Sempre minha morena.
— Tem certeza? — pergunto desconfiada.
— Para quem mais seria? — Montanha fala rindo. Acho que ele está
tirando sarro da minha cara.
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CAPÍTULO 4 — MARCELO
Todos dizem que sou um cara de sorte. Não posso discordar, a vida
sempre tem sido generosa comigo. Estou no 4º ano de direito, na UFGD, um
curso que gosto e sempre quis fazer. Faço estágio no escritório do meu pai
que é um advogado com renome aqui da cidade. Boa faculdade, bom
emprego e para completar uma namorada linda. Dayana, é o nome dela, loira
com 1.70 de altura, estamos juntos há pouco mais de 03 anos. O início do
nosso namoro foi conturbado, ela tinha um ex namorado que estava a
perseguindo. Além do susto de uma gravidez, mas isso foi descartado, pois
era apenas alarme falso. Muitos dizem para que eu tenha cuidado com ela,
mas Dayana nunca fez nada para me causar desconfiança. Sempre amável,
companheira e principalmente gostosa.
Mesmo tendo uma namorada linda e perfeita isso não me impede de
olhar para as outras mulheres. O meu olhar sempre fica preso em uma mulher
especifica, ela me fascina, nunca troquei uma palavra com ela, mas sei
quando está triste ou alegre.
Sempre a vejo no corredor da faculdade, mas não sei nem seu nome.
Ela é uma morena de cabelos encaracolados, dona do mais belo sorriso que já
vi. Sempre fico a observando de longe, percebi que sempre anda com um cara
alto loiro de cabelos compridos que parece um guarda roupa, mas com o
tempo percebi que era só amigo dela, e tem as amigas que sempre estão
juntas uma ruiva e outra morena. Teve um tempo que achei que estava
namorando com um cara alto branco, mas parece que era só amizade mesmo.
Ela é um mistério, algumas vezes parecia uma menina delicada e
meiga, outras vezes parecia um mulherão, com um olhar forte e penetrante.
Duas mulheres em uma só.
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Durante três anos foi assim, sempre a observava de longe e ela nunca
notou a minha existência. Talvez tenha me visto e ignorado. Mas na noite de
sexta-feira, ela enfim resolveu notar a minha presença.
De tanto Dayana insistir decidi vir a uma boate chamada Unik,
mesmo não gostando. Confesso que não gosto desses lugares, cheios de
gente, prefiro ir em um barzinho e ficar de boa curtinho uma boa conversa.
Assim que entramos na boate, procuro um lugar para sentar. Olho
para a pista de dança e vejo a minha morena, linda, rindo e dançando. Seu
corpo mexe conforme a música, seu sorriso me prende. Fico fascinado a
observando, ela parece dançar para mim. Um show que estou vendo de
camarote.
— Marcelo! — Alguém balança meu braço, sou despertado e volto
para a realidade.
— Que foi? Para de ficar puxando meu braço, Dayana — falo.
— Nossa, parece que você está no mundo da lua, estou te chamando e
você ai olhando para o nada.
— Desculpa! — Realmente esqueci que Dayana estava comigo.
— Alessandro e Camila estão aqui — Dayana fala mostrando que os
dois já estavam sentados em nossa mesa.
— Desculpa ai Alessandro e Camila, estava pensando em uns
processos do escritório acabei me distraindo — invento uma desculpa.
Começo a conversar com Alessandro, ele é namorado da Camila que
é amiga da Dayana. Não demora quando olho para frente e vejo minha
morena acompanhada com suas duas amigas e um cara branco vindo em
direção da mesa.
Vejo tudo em câmera lenta, ela chega, pede para sentar, começa a
conversar e do nada todos resolvem sair da mesa, acabo ficando sozinho com
ela. Só nos dois, não sei o que falar, não sei como agir. Pergunta meu nome, e
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me fala o dela.
Clara, simples e doce.
Ela repete meu nome em um sussurro, nunca imaginei que ela falando
meu nome seria tão sexy. Puta que pariu, estou ficando doido, ela não pode
estar dando em cima de mim. Clara sai de perto de mim como se não tivesse
nenhuma tensão sexual entre nós, pois só isso que posso dizer, aquela mulher
cheira a sexo quente.
Toda a cena passa e repassa em minha cabeça repetidas vezes, o jeito
que me olhava, o toque em sua boca, o batom cor de vinho, ela sussurrando
em meu ouvido que eu teria que descobrir o jeito de mulher e para acabar
com a minha sanidade ela mordendo de leve minha orelha.
Quando todos voltam para mesa tenho a confirmação que o tal do
Montanha a vê como uma amiga, fico feliz com mais essa informação, já não
posso dizer o mesmo em relação ao tal do Edson. Ele a olha com fome, o cara
a quer, tem a palavra PROBLEMA estampado na testa.
Passei o fim de semana todo vendo a imagem daquele anjo com o
corpo de diabo na minha frente. Tive que bater umas três punhetas para ver se
o meu companheiro se acalmava, mesmo fodendo Dayana de todas as formas
possíveis ainda não estava aliviado. Não queria foder Dayana, queria foder
outra. Desejo outra.
Desejo Clara.
Desejo ela nua em minha cama.
Minha cabeça de cima imaginou várias formas de foder Clara e em
todas, ela gozava chamando meu nome. Só vejo ela na minha frente, meu
amigo se anima só em pensar nela.
Depois te tanto pensar, chego à conclusão que na segunda-feira, ou
seja, hoje tudo vai voltar ao normal. Só foi aquela noite e ela não estava
dando em cima de mim, mesmo estudando na mesma universidade nosso
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ciclo de amizade é diferente, não vou conviver com a sua presença, só vou
olhar de longe como sempre fiz.
Tenho uma namorada linda que não posso trocar por uma aventura,
mesmo que essa deliciosa aventura atenda pelo nome de Clara.
Dayana percebeu que passei tenso esse fim de semana, mas não
imagina que quem está me tirando o sono é uma certa diaba de pele morena.
Mas hoje as coisas vão se resolver. Acordo cedo, tomo meu banho e vou para
o escritório do meu pai. Dayana também faz estágio aqui, conversei com meu
pai e ele conseguiu uma vaga para ela.
A manhã no escritório passou tranquila, levo Dayana para almoçar em
um restaurante próximo ao escritório.
— Mor, não vai dizer o que está acontecendo? — Dayana pergunta
durante nosso almoço.
— Já disse que não está acontecendo nada — respondo.
— Acho que é impressão minha, mas desde sexta-feira depois da
Unik está estranho. — Pega minha mão. — Marcelo, não gosto de cobrar
nada, mas você está distante.
Quando ela confessa isso, percebo que estou errado, desejando outra
enquanto tenho uma namorada maravilhosa por perto.
— Desculpa! — Olho em seus olhos, mas não tenho coragem de
encara-la durante muito tempo. — Estou preocupado com umas coisas da
faculdade e do escritório, prometo te recompensar. Dorme comigo hoje? —
Vejo que o brilho de seus olhos volta.
— Claro que durmo, você passa na minha casa antes para pegar as
minhas coisas para trabalhar amanhã? — fala animada.
— Então, está fechado, depois da aula te levo em casa você pega suas
coisas e vamos para o meu apartamento.
O restante do almoço foi tranquilo, voltamos para o escritório,
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CAPÍTULO 5 — CLARA
O restante do fim de semana passou tranquilo, liguei para minha mãe
para saber como andam as coisas. Como sempre me cobrou uma visita, visto
que faz quase seis meses que não a vejo, dei a desculpa de sempre, que a
facul está puxada, ela sempre entende, mas, nunca se conforma.
Amo muito minha mãe, e sei que ela sofre tanto quanto eu com essa
distância, mas isso foi preciso, foi melhor para todos e principalmente para
mim.
Troco algumas mensagens pelo WhatsApp com as meninas, hoje elas
não vão aparecer, estão desesperadas por causa do bendito trabalho de
Geografia Urbana que tem que ser entregue amanhã. Como sempre digo,
estou nem vendo, cansei de falar para não deixar para última hora, mas não
tem jeito, são duas teimosas. São as minhas teimosas que amo. Montanha
também não vai aparecer, ligou dizendo que tinha umas coisas para resolver,
o safado deve estar comendo alguém. Mas quem será a sortuda?
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perigoso, mas o que posso fazer? Amo andar de moto, me dá uma sensação
gotosa de liberdade, dói o coração de ter murchado seu pneu, mas hoje
preciso pegar carona para a facul com um certo estudante de direito.
— Desculpa Penélope, sei que você me entende bebê — digo
baixinho para Penélope não ficar sentida.
Entro na academia, me apresento como a aluna nova. Preencho a
minha ficha, pego a chave do armário do vestiário feminino, guardo a
mochila e o capacete, coloco os fones e saio em direção a barra extensora.
Alguns olhares me acompanham isso é um bom sinal, escolhi bem
minha roupa. Mas, só um olhar me importa.
No meio do caminho para a barra extensora encontro quem eu queria.
Marcelo está com shorts taquitel azul e camisa regata branca que deixa seus
lindos braços a mostra. O senhor! Já pensou esse homem me pegando com
esses braços, nem quero imaginar o regaço. Mentira, eu imagino e desejo o
regaço sim, ele ia me abrir toda de uma forma deliciosa. Ai meu Deus será
que além de lindo, gostoso, por favor, que ele tenha o pau grande e grosso? Já
imagino suas veias pulsantes.
Quando Marcelo percebe que sou eu, fica parado parecendo uma
estátua com cara de bobo. Seu olhar percorre todo meu corpo repetidas vezes.
Caminho em sua direção com um enorme sorriso, ele não reage, então chego
bem perto.
— Oi Marcelo, você por aqui? — Abro um sorriso e ele continua sem
reação.
— O que você está fazendo aqui? — Finalmente resolve reagir.
— Não percebe? — Dou uma volta. — Treinando. — Faço cara de
desentendida.
— Você não frequenta essa academia, nunca vi você aqui — fala de
forma indignada.
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— Graças a Deus ainda ele está aqui — digo para mim mesma.
Chego perto da Penélope, olho mais uma vez seu pneu "furado", sento
nela aliso seu tanque pego meu celular e começo a conversar com as meninas
pelo nosso grupo no WhatsApp para dar tempo de Marcelo chegar.
Depois de algumas trocas de mensagens, as meninas doidas para saber
o que aconteceu. Levanto a cabeça e percebo que ele está vindo.
É a hora do show.
Levanto da Penélope, e abaixo próximo ao pneu "furado" e finjo olha-
lo.
— Clara! — Marcelo chama.
— Oi — Levanto a cabeça com cara de coitada.
— Aconteceu alguma coisa?
— Acho que o pneu de Penélope furou — minto e ele começa a rir.
— Penélope? Sua moto? — pergunta.
— Isso, Penélope minha moto — digo soltando o ar que segurava nos
pulmões.
Marcelo continua rindo, será que estou com cara de palhaça? Dou
uma olhada no retrovisor para ver se meu rosto esta manchado.
— Por que você está rindo?
— Clara sua moto é uma 300, olha o seu tamanho — fala e aponta
para Penélope.
— E o que é que tem? Adoro coisas grandes — Faço cara de safada e
seu sorriso se fecha.
— Precisa de ajuda? — pergunta mais agora sério — Tenho que ir
para facul entregar um trabalho, e a professora só vai aceitar hoje. Deixei esse
trabalho no meu armário no Núcleo de Ensino. As meninas já estão na
faculdade e o Montanha ainda não saiu do serviço. — Abaixo meu olhar e
faço cara de morta de vergonha. Marcelo me analisa e fala.
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— Deixa sua moto aqui ninguém vai mexer, eu te dou uma corona até
a faculdade.
— Não quero te incomodar Marcelo — falo como uma verdadeira
santa.
— Não é incomodo! — diz abrindo a porta do carro para eu entrar. —
Entra, eu vou para o mesmo lugar que você — diz abrindo um sorriso, já vi
muitos sorrisos, mas o olhar dele e o sorriso são diferentes dos outros.
— Obrigada — digo entrando no carro. Marcelo fecha a porta, dá a
volta senta no lugar do motorista e liga o carro.
— É seguro deixar Penélope aqui? — pergunto para Marcelo que ri
novamente da minha cara.
— É seguro sim, deixar a Penélope aqui. — Seu riso sai mais alto.
Marcelo liga o carro e sai do estacionamento da academia rumo a
faculdade.
— Você está rindo da minha cara? — pergunto, pois já estou me
enfezando com essa risada solta.
— Clara, você fala da sua moto como se fosse um bebê!
— Mas ela é o meu bebê, eu amo minha moto! Será que não entende?
— Falar isso só serve para ele rir ainda mais da minha cara.
Homens tem fascinação por carros, coloca nome, cuida, zela, mas
uma mulher colocar nome na moto já é motivo de piada.
— Marcelo, para o carro que vou descer! — digo brava.
— Calma moça!
— Calma uma ova, não sou palhaça para ficar rindo da minha cara
não, seu moço.
— Ok Clara, desculpa, não vou rir mais.
— Queria ver se fosse seu carro, se você iria ficar rindo feito besta —
digo e viro para a janela. Me recuso a conversar com ele, palhaço idiota.
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CAPÍTULO 6 — MARCELO
A boca da Clara está tão perto, consigo ver seus olhos brilhando. Vou
me aproximando sentindo a sua respiração, seu cheiro. Quando fecho os
olhos e me aproximo mais, prestes a sentir o seu gosto...
— MARCELO! — Uma voz me chama.
Abro meus olhos, vejo confusão nos olhos de Clara, não sei se fico
feliz ou triste por ser interrompido. A pessoa continua batendo no vidro e me
chamando.
— Marcelo, abre essa porta agora! — Reconheço essa voz.
— Abre a porta Marcelo a sua princesinha está histérica — Clara fala.
— Desculpa! — digo.
— Desculpa por não ter me beijado? Não se preocupe oportunidade
não irá falta. — Clara fala para foder com o resto de juízo.
Abro a porta, Dayana me olha com cara de desconfiada, ela olha para
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Clara que está descendo do carro e fala: — O que está acontecendo aqui?
— Dei uma carona para a Clara, a moto dela furou o pneu e ela tinha
que entregar um trabalho hoje — explico.
— Não estou perguntando para você, Marcelo, quero ouvir da boca
dela — Dayana fala apontando o dedo para Clara.
— Primeiro não sou "ela"— Clara faz aspas com os dedos. — Eu
tenho nome, que é Clara. Segundo, seu namorado já disse. — Clara sorri. —
Não sou gravador para ficar repetindo.
Isso não vai prestar, prevejo essas duas saindo nos tapas.
— Só foi isso amor, só uma carona — digo fechando a porta do carro.
— Obrigada Marcelo, mas eu preciso ir — Clara fala.
— Não sabia que você era amigo dessa aí — Dayana fala e vejo Clara
me fuzilando com o olhar.
— Olha Dayana, acho bom você começar a me chamar pelo nome ou
vou ter que te ensinar de um jeito não tão carinhoso — Clara ameaça.
— Clara calma, por favor — falo olhando para ela, me viro e olho
para Day. — Amor, Clara treina na mesma academia que eu, o pneu da sua
moto furou eu dei uma carona, só foi isso.
— É Day, amor — Clara fala com ironia. — Só foi uma corona que
mal tem?
— Se fosse qualquer outra não teria mal nenhum, mas você? — Day
fala com desdém. — Por que não ligou para o seu namorado?
— Eu não tenho namorado, querida — Clara fala. — E Marcelo era o
que tinha na hora.
— O Edson não disse isso para mim, ele não vai gostar de saber que a
namoradinha dele anda pegando carona com o meu namorado — Day fala.
— Dayana para o seu governo Edson não é meu namorado — Clara
responde.
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Quando a vi fiquei sem reação, mas o fato dela me afirmar que não tem nada
com o tal do Edson e por causa dele trocou de academia me deixou feliz.
Percebi que em nossa volta, todos os homens a olhavam. Isso me deu
certo desconforto, por isso a ajudei em todo seu treino para que nenhum
engraçadinho quisesse tirar proveito por ela ser nova. Ela não é minha, mas
também não é qualquer um que vou deixar chega perto dela.
Na hora de ir embora, a esperei sair do vestiário feminino para me
despedir, mas alguns dos caras me avisaram que a gostosa que eu estava
ajudando no treino já tinha ido embora.
Fui rumo ao estacionamento, do lado do meu carro vi Clara sentada
em cima de uma moto com as pernas cruzadas mexendo no celular. Fiquei
alguns segundos a admirando, ela ria e balançava a cabeça. Pegou o celular e
guardou na bolsa, desceu da moto e agachou para olhar o pneu da moto.
Aproximei-me e conversei com ela.
Percebi que seu pneu estava furado. Ela estava toda sem jeito, me
explicou que seus amigos não poderiam ajuda-la e precisava entregar um
trabalho na faculdade. Acabei oferecendo uma carona e ela aceitou toda sem
graça.
Como pode o mulherão de poucos minutos atrás se tornar uma menina
tão doce e frágil? Não consigo imaginar Clara pilotando uma R300 com
aquele tamanho, isso me deixou feito um trouxa. O mais engraçado é que
Clara ficou brava e o impossível aconteceu, ela conseguiu ficar ainda mais
linda. Fiquei observando que além de linda é tímida, pois com um único
elogio ela ficou totalmente envergonhada.
Precisava saber mais dela, por isso a questionei: sobre seu curso, de
onde é. Percebi que além de linda é inteligente, independente, guerreira e
principalmente responsável, Clara possui várias qualidades. Quando o rumo
da conversa começou a mudar estávamos no estacionamento e quando
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CAPÍTULO 7 — MARCELO
Um mês depois...
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dia. Mas nem sempre é assim, é maliciosa sempre. A cada dez palavras
faladas por ela, três tem duplo sentido, que aprendi a ser imune, ou pelo
menos disfarçar.
Hoje, terça-feira começa a nova disciplina optativa sobre Legislação
da Educação, optei por essa disciplina para conhecer mais em relação às leis
referente a Educação no Brasil. Quando entro na sala, vejo Clara sentada em
uma carteira no fundo. Caminho até ela, sento-me do seu lado e pergunto: —
O que você está fazendo aqui, Clara?
— Marcelo, toda vez que me ver em um mesmo lugar que você, vai
fazer essa mesma pergunta? Já está ficando chato.
— Sério Clara, aqui é o curso de direito e não de geografia.
— Eu estava morrendo de saudades de você, então vim aqui te dar um
delicioso beijo boca e um abraço bem apertado.
— Sério Clara, só veio por isso?
— Também vim te chamar para ir dormir comigo. E ai topa?
— Já disse que eu tenho uma namorada?
— Sabe nem brincar né. — Pronto ficou bravinha, não sei como o
simples pronunciamento do nome da Dayana deixa Clara brava.
— Está bem Clarinha, além de querer me levar para sua cama, qual o
motivo de você estar aqui hoje?
— Me matriculei nessa optativa, ela é de bastante valia para minha
pesquisa.
— Sério Clarinha?
— Claro que é sério Marcelo. Você é gostoso, mas não é para tanto,
ou você acha que eu iria me matricular em uma disciplina só por sua causa?
— Clara diz e levanta a sobrancelha.
— Eu não teria essa sorte?
— Infelizmente não. Como você diz, você tem uma namorada, ou
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uma cara de menina, mas ela continua ainda mais linda. Chega até mim, me
dá um beijo doce no rosto e fala: — Oi Marcelo, demorei muito?
— Não Clarinha, acabei de chegar. — Retribuo o beijo. Como ela está
cheirosa. Sua pele é macia.
— Nossa, sai de casa correndo, acordei atrasada, ontem as meninas
foram no meu apartamento e ficamos até tarde conversando — explica
sentando do meu lado.
— Sobre o que ficaram conversando? — pergunto e ela abre um
sorriso.
— Sobre você! — Começa a dar risada.
— Sobre mim? O que vocês ficaram falando de mim, Clara?
— Nada de mais Marcelo, só de como seria perfeito você na minha
cama. — Ela continua rindo.
—Clara, é sério você sabe que tenho a Day — digo sério.
— Nem sabe brincar, né. Estávamos conversando de como você
conseguiu fazer eu vir na faculdade em pleno sábado à tarde para fazer
trabalho.
— Como assim?
— Eu não estudo em fins de semana, isso é uma regra minha. Meus
fins de semana foram feitos para relaxar.
— Então fico honrado como a sua presença.
— Falando sério, eu preferia que você ficasse excitado com a minha
presença. — Clara mulher já baixa com força total.
— Vamos começar então Clara, não quero fazer você perder o seu
sábado todo.
— Vamos, mas fique sabendo Marcelo que eu adoraria perder meu
sábado todo com você na minha cama. — Clara ri e eu começo a rir também.
— Clarinha, você não tem jeito — digo pegando os livros que separei
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um cara a encarando.
— Por que ele está encarando você Clara? — pergunto com um ódio
mortal que começa a surgir.
— Não sei, talvez ele quer me conhecer — diz dando os ombros.
— Clara, ele não quer te conhecer ele vai querer outra coisa de você
— falo em tom ríspido.
— E daí Marcelo? Talvez eu também queira a mesma coisa.
O cara se aproxima da nossa mesa e reconheço o desgraçado. Ele está
no 2° ano de direto.
— Oi Marcelo, apresenta sua amiga? — o desgraçado fala.
— Não vou apresentar ninguém e se você não quer perder seus dentes
dá a volta e some da minha frente.
Clara começa a rir e estende a mão para ele.
— Oi, eu sou Clara. Não liga não , Marcelo acha que manda em mim
— fala com um enorme sorriso no rosto.
— Prazer Clara, me chamo Fabio. — Ele olha para mim. — Mas
preciso ir, depois podemos nos encontrar?
— Lógico, até mais Fabio.
O desgraçado ri e vai embora.
— O que pensa que está fazendo, Clara? — pergunto irritado.
— Eu não estou fazendo nada demais. Só arrumando esses livros para
guardar. — Começa a arrumar os livros que estão em cima da mesa.
— Como nada demais, não estou falando dos livros. Clara, você nem
conhece o cara e já quer sair com ele — falo.
— Mais um motivo para sair com ele, para conhecê-lo melhor. — Ela
ri.
— Você não vai sair com ele!
— Ah eu vou sim.
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meu carro.
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CAPÍTULO 8 — DAYANA
Hoje aproveitei que Marcelo tem que fazer trabalho na faculdade com
um amigo e marquei com Camila para conversar. Enfim um tempo longe
daquele chato. Cara insuportável.
Não vejo a hora de ver a Camila, nossos encontros estão cada vez
mais difíceis. Estou com tanta saudade dela, faz tempo que não ficamos
juntas e sozinhas.
Hoje precisamos conversar e resolver um problema que não estava em
meus planos. Problema chamado Clara, que surgiu do nada só para atrapalhar
a minha vida.
Levanto a cabeça e vejo Camila chegando.
— Você demorou — falo a abraçando. Se pudesse a abraçaria todos
os dias.
— Desculpa, tive que dar uma desculpa para o Alessandro, dia de
sábado ele parece um chiclete grudento. Não sei como consegue ser besta
daquele jeito — Camila fala com desdém.
— Eu sei que tá difícil, mas tá acabando.
— Acabando de que jeito Dayana? Marcelo nem fala em casamento, e
o Alessandro, você sabe que é só para não levantar suspeita.
— Camila, a gente esperou até agora e não vamos desistir. Tenha
calma.
— Day, faz mais de três anos que estou tendo calma.
— Eu sei, tenha paciência, só mais um pouco.
— Por que você não termina logo Dayana? Vamos nos livrar deles
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— Você já era noiva do Adriano, teria sido mais fácil, ter casado com
ele e pegado a pensão do divórcio. Ainda mais a bolada que ele recebeu do
seguro de vida da irmã.
— Camila você sabe que eu não queria isso. Ela era apenas uma
menina.
— Não queria, mas fez, por isso largou ele.
Sei que o que fiz foi errado. Me arrepender não me arrependo, mas se
pudesse teria feito diferente. Camila está certa, porém se eu largar Marcelo
agora sairei perdendo e eu não gosto de perder.
— Para que eu iria pegar o dinheiro do Adriano, se Marcelo tem mais
dinheiro que ele? — pergunto.
— Marcelo tem mais dinheiro, mas o que adianta se ele não quer
casar com você? O que você conseguiu namorando o Marcelo? Conseguiu
apenas esse carro, aquele estágio e o apartamento.
— Eu não podia continuar com o Adriano e se ele descobrisse?
— Marcelo não vai casar com você Dayana.
— Mas ele vai ter que casar de um jeito ou te outro. Estou pensando
em engravidar, ai ele vai ter que casar.
— Um filho, você tá louca? Quer se amarrar de vez nele?
— Claro que não, depois de uns três ou quatro meses eu jogo fora. Só
preciso do feto o tempo suficiente para me casar com Marcelo e pedir o
divórcio. O aborto vai ser um ótimo motivo para a separação. Pois ficarei
depressiva.
— Dayana, depois disso a gente vai embora, larga tudo e todos e
vamos viver a nossa vida.
— Isso Camila, com o dinheiro do divórcio e com que eu conseguir
pegar da conta dele, vamos embora dessa cidade e ninguém mais vai nos
impedir.
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CAPÍTULO 9 — CLARA
— Ai meu Deus que beijo foi esse? — sussurro colocando a mão na
boca.
Ainda estou parada feito uma pedra sem reação vendo Marcelo de
costas indo embora pelo corredor. Não consigo acreditar no que ele fez, como
pode me beijar dessa forma? Que ódio, quem ele pensa que é? Me beijar
assim, me ameaçar e ir embora me deixando com cara de tacho, isso não vai
ficar assim. Vai ter troco, pode ter certeza disso Marcelo.
Respiro fundo, me situo e começo a pegar os livros do chão e guarda-
los na prateleira, vou até a mesa que minutos antes estávamos juntos e
percebo que ele realmente foi embora, ou está fugindo de mim.
Arrumo minhas coisas e saio da biblioteca em direção ao Núcleo de
Ensino, coloco meu caderno e um livro no armário, pego a chave e o capacete
e vou em direção ao estacionamento. Mando mensagem de texto para as três
pessoas que mais preciso nesse momento.
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a porta e Carol fala: — Espero que você tenha algo sério para contar, porque
hoje eu tinha um encontro.
— Que encontro Carol? — Eva questiona, enquanto as duas
caminham até o sofá com as barras de chocolate na mão.
— Com um cara ai — Carol fala sem citar nomes.
— Que carinha Carol? — pergunto.
— Já disse, um carinha ai — diz dando de ombros.
— Carol, se você não quer falar quem é o carinha, não fala, mas eu
vou descobrir e você sabe disso — aviso.
Vou para a cozinha pegar as taças e o vinho. Entrego o vinho para o
Montanha abrir, sento-me no tapete de pernas cruzadas do lado das meninas e
Montanha que esta no sofá. Ele abre o vinho e o serve em nossas taças.
— Então, Clara, o que aconteceu hoje para você decidir beber e
comer chocolate? — Eva questiona.
— Marcelo — bufo.
— O que aconteceu? — Eva pergunta.
— Ele me beijou hoje — digo.
— Ai meu Deus! Você deu para ele? — Carol grita. — Sua safada!
— Não Carol! Foi na biblioteca.
— O que é que tem? — Carol desdenha.
— Carol, sua safada você já deu na biblioteca? — Eva pergunta.
— Eu não. — Ri.
— Já deu sim Carol, essa sua cara de safada te condena — falo.
— Foi só uns amassos na biblioteca, eu não dei porque ele não quis,
se ele quisesse eu teria dado ali mesmo para ele. Meninas, pensa no Deus
Grego, lindo e maravilhoso.
— O pau dele era grande? — Eva pergunta.
— Era sim Eva, eu apalpei bem — Carol fala entre risos.
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— É sério, Clara.
— Eu só te desculpo com uma condição? — digo cruzando meus
braços.
— Qual?
— Se você me ajudar hoje no exercício de agachamento com barra.
— Clara, você não precisa da minha ajuda, é só fazer na barra
extensora.
— Mas Marcelo, ai que está o problema eu quero fazer na barra livre,
e você iria me ajudar para não me machucar. Você me deve um pedido de
desculpas. — Forço um pouco ou ele não vai aceitar.
— Está bem Clara, eu te ajudo, mas não posso demorar, pois hoje só
vim falar com você.
— Sou tão importante assim Marcelo, para você vir hoje só por minha
causa — falo fazendo bico.
— Clarinha, é sério. Me senti mal pelo que fiz, desculpa — Marcelo
fala.
— Está bem Marcelo.
— Clara, isso nunca mais vai acontecer.
— Marcelo, faz assim eu finjo que não aconteceu nada e você finge
que acredita. Você vai me ajudar no meu treino hoje?
— Tudo bem Clara — Marcelo fala e me conduz até as barras. —
Qual o peso?
— 10 quilos de cada lado
— Não é muito pesado?
— Por isso sua ajuda — falo.
Marcelo coloca os pesos na barra, e eu fico em sua frente. Olho pelo
espelho e vejo Marcelo em minhas costas. Ele coloca a barra em meus
ombros.
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— Marcelo, posso confiar em você? — Preciso ter certeza que ele não
irá me deixar sozinha no meio do exercício.
— Pode sim não vou soltar. Qual a série?
— 4 de 20, Marcelo se você soltar eu me machuco.
— Clarinha, pode confiar.
Coitado, ele nem imagina o que um simples exercício pode fazer com
um homem.
— Vou começar — aviso o olhando pelo espelho.
O exercício de agachamento com barra livre é feito em pé com a barra
apoiada nos ombros e os pés afastados em distância igual à largura dos
ombros. Flexiona-se lentamente os joelhos até que as coxas fiquem paralelas
ao chão. Estendendo as pernas para retornar à posição, ou seja, se agacha e
levanta. Marcelo vai me ajudar. Então, ele vai ter que fazer o mesmo
movimento segurando a barra em meus ombros atrás de mim.
Começo a fazer a primeira série de forma natural para Marcelo não se
assustar, e ele acompanha o movimento. Na segunda série na hora de agachar
empino bem a bunda e começo a roçar em seu pau. Na terceira série empino
ainda mais a bunda, e começo a sentir sua ereção, a respiração de Marcelo
fica mais forte. Era isso que eu queria. Na quarta série sinto Marcelo mais
próximo, e em cada agachamento o sinto roçando ainda mais a sua ereção
contra a minha bunda.
Quando a série acaba Marcelo me olha com os olhos arregalados e
diz: — Vou tomar um banho e ir embora. — Sai em direção ao vestiário
masculino, sem me olhar ou esperar resposta.
Vou até o vestiário feminino, pego minhas coisas e saio em direção ao
vestiário masculino. Olho do lado para ver se tem alguém olhando e não tem
ninguém. Entro no vestiário masculino, vejo se tem mais alguém além de
Marcelo, como não encontro ninguém tranco a porta e coloco minhas coisas
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no chão. Marcelo ainda não percebeu a minha presença. Tiro minha roupa
ficando somente de calcinha fio dental preta, pego a camisinha e vou a sua
direção.
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CAPÍTULO 10 — CLARA
Caminho lentamente até Marcelo, que está de costas com uma das
mãos na parede olhando para baixo e a água caindo por suas costas. Coloco a
camisinha no chão e entro no chuveiro o abraçando por trás. Marcelo me olha
assustado, seu olhar percorre meu corpo quase nu e ele fala: — O que você
está fazendo aqui?
— Tomando banho.
— Clara você não pode... — Coloco meu dedo indicador em sua
boca.
— Shi... Apenas sinta Marcelo — sussurro chegando mais perto dele.
— Não Clara! — Marcelo segura minha mão.
Em seu olhar percebo sua luta para resistir ao seu desejo por mim.
Mas hoje não saio desse chuveiro sem pelo menos um orgasmo.
Coloco minhas mãos em seu pescoço e ele abaixa a cabeça, chupo seu
lábio inferior.
— Você vai me deixar doido — fala em um sussurro.
Começo a beija-lo de forma calma e sensual.
— É o que eu mais quero — digo com minha boca colada na sua
boca.
Marcelo responde o beijo com a mesma intensidade, nossas línguas
fazem uma dança sensual, com fome e desejo.
Marcelo aperta minha bunda e encosta-me na parede e geme em
minha boca. Esfrega sua ereção em meu ventre, suas mãos percorrem meu
corpo, e ele enfia a mão dentro da minha calcinha massageando meu clitóris.
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Depois enfia seu dedo na minha boceta me fazendo gemer, enquanto a sua
boca chupa um seio, e a outra massageia o outro.
Beijo o pescoço de Marcelo, e vou me desviando do seu ataque, pois
são quase dois meses sem sexo, não irei aguentar muito. Marcelo cede e
continuo beijando seu pescoço, vou descendo meus beijos por seu abdômen,
apreciando e deliciando os seus seis gomos bem definidos, desço meus beijos
ficando de joelhos até ficar bem à frente do que eu mais desejo.
— Graças a Deus! — falo quase em um sussurro.
O pau de Marcelo é grande, grosso, com veias pulsantes, meus olhos
brilham em saber que tudo que fiz valerá a pena. Não penso muito e começo
a beijar a base do seu pau, e seu saco, depois percorrendo toda a sua
extensão, antes de abocanhar a sua cabeça.
— Mostra para mim Clarinha, o que essa boquinha é capaz de fazer.
Começo a chupa-lo, e minhas mãos massageiam suas bolas, Marcelo
começa a gemer e a foder a minha boca, enfio fundo seu pau em minha
garganta, e volto devagar até a ponta de sua cabeça. Quando chego na ponta
dou, leves mordidinhas e brinco com a minha língua em volta de sua glande.
— Porra Clarinha, que boca essa — Marcelo fala entre gemidos.
Marcelo coloca suas mãos no meu cabelo, fazendo-me intensificar os
movimentos e chupa-lo mais forte e profundo.
— Isso, assim chupa mais, Caralho Clara eu vou gozar... Ah
CLARAAAA!
Marcelo geme alto e goza na minha boca. Chupo cada gota do seu
esperma, deixando seu pau limpinho. Aproveito e deixo uma chupada em sua
virilha para mais tarde ele lembrar quem esteve ali, e quem o fez gozar.
Ainda de joelhos pego a camisinha que deixei ao lado e a rasgo.
Coloco apenas na cabeça do pau de Marcelo, coloco a minha boca
desenrolando a camisinha no seu comprimento, vou levantando lentamente,
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dele. Já consegui o que eu queria, transei, gozei e explorei cada canto do seu
corpo. O melhor é ficar longe agora.
Acabo adormecendo no sofá com os pensamentos em Marcelo, só
acordo por causa da campainha tocando. Olho no celular e são 23h30. Quem
será a essa hora?
Levanto, vou até a porta e a abro.
— Você!
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CAPÍTULO 11 — MARCELO
percebeu a minha distância, mas preciso terminar o que ainda nem aconteceu
com Clara, preciso me desculpar e dizer a ela que isso não vai voltar a se
repetir. Quando o relógio marca 17h00 pego minhas coisas e vou para a
academia. Quando chego no estacionamento vejo que a sua moto não está no
lugar de sempre. Lembrar-me dela naquela moto me faz sorrir, Clara e suas
facetas. Vou para o vestiário e começo um treino leve, hoje só vim para vê-la
e conversar.
Quando vejo minha Clara, vindo em minha direção com um macacão
preto que a deixou ainda mais sexy, tentei pedir desculpa a ela, mas como
sempre Clarinha, menina travessa, levou na brincadeira e pediu ajuda em seu
treino. Aceitei ajudá-la, porém nunca imaginei que um simples exercício de
agachamento seria tão erótico, que me deixaria duro.
Sai de perto dela e fui para o banheiro, precisava de um banho para
me acalmar e colocar meus pensamentos em ordem.
Sinto um abraço, me viro assustado e vejo que é ela. Clara está com
cara de menina travessa, apenas de calcinha. Ela me beija, não resisto ao
desejo que sinto e me deixo levar pelas sensações de seu toque, a cada beijo
que deposita em todas as partes do meu corpo. A sua boca é sinônimo de
pecado, me faz delirar a cada beijo e chupada, até mesmo a forma de colocar
a camisinha ela fez de um simples gesto um espetáculo, sempre soube que
Clara me levaria à loucura e literalmente me levou.
Estar dentro dela é uma sensação maravilhosa, nunca senti nada igual.
Caralho, só de imaginar já estou duro.
Depois do sexo, senti Clara como uma gatinha manhosa, a abracei e a
beijei de forma calma. Olhei em seus olhos que tinham um brilho diferente,
nunca tinha visto esse brilho nos olhos da minha pequena, nunca a vi tão
entregue a um abraço.
Mas como Clara é uma caixinha de surpresa saiu dos meus braços,
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tempo todo não peguei seu número de celular, ou o endereço da sua casa.
A procuro por todos os lados e não a encontro. Vejo suas amigas e
elas são a minha única opção para descobrir onde ela se esconde.
— Oi meninas — falo chegando perto.
— Oi Marcelo — respondem juntas.
— Vocês sabem da Clara? — pergunto e coloco minhas mãos no
bolso.
— Ela não veio hoje, disse que estava cansada — uma delas fala.
— Por que Marcelo, o que você quer com ela? — A outra pergunta.
— Eu preciso falar sobre um trabalho em dupla que precisamos
entregar amanhã — invento e olho para baixo, provavelmente as duas sabem
que estou mentindo.
— Se é importante liga para ela Marcelo — Adriano fala chegando
perto de nós três.
— Não tenho o telefone dela. — Olho para Adriano.
— Eu passo para você — Adriano fala e as meninas ficam com um
sorriso bobo no rosto, acho que eu estou com cara de palhaço.
— Só o telefone Marcelo? — Carol pergunta. — Você não quer o
endereço dela também?
— Queria os dois se possível, preciso falar com a Clarinha. Sei que se
eu ligar ela não vai atender. — Já que estou no fogo vou me queimar, sei que
eles sabem o que aconteceu.
Alessandro e Camila se aproximam de nós e tenho receio que eles
tenham escutado a nossa conversa.
— O que você está fazendo aqui Marcelo? — Camila pergunta e sei
que ela vai contar para Dayana sobre a minha visita nesse bloco.
— Marcelo veio pegar o número de um amigo. Fernando precisa dos
serviços dele e eu fiquei de passar o número — Adriano fala me salvando.
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CAPÍTULO 12 — DAYANA
— Alô — atendo com voz de sono. Quem será que está ligando a essa
hora? Se for o besta do Marcelo ele me paga, não quis dormir aqui e agora
liga para encher o meu saco. Cara nojento.
— Day, pode falar?
— Posso. — Sento-me na cama assustada. — Aconteceu alguma
coisa Mila? — Camila nunca liga de madrugada.
— Você está com o Marcelo?
— Não por quê?
— Hoje ele estava no bloco de Humanas.
— Fazendo o que lá?
— Não sei, mas estava conversando com as amigas da Clara e com o
Adriano, quando me viu ficou nervoso.
— Será que ele foi atrás dela?
— Não sei, Adriano disse que ele queria o número de um cliente.
— Adriano está mentindo. Marcelo está estranho desde sábado.
— Falando em sábado, sabe com quem ele fez o trabalho?
— Não, ele disse que era com um amigo.
— Ele fez com a Clara. Alessandro me contou, e disse também que os
dois treinam na mesma academia e no mesmo horário.
— Marcelo mentiu, disse que era com um amigo, e disse que Clara
treinava em horário diferente.
— Day, o nosso plano tem que ser posto em prática. Clara hoje não
foi para a faculdade, mas foi para o treino. Alessandro não soube explicar o
motivo, ela nunca falta, pode ir à festa e madrugar, mas ela vai para a
faculdade.
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CAPÍTULO 13 – CLARA
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— Tem certeza?
— Tenho sim. Agora essa menina não quer tomar um simples banho
inocente comigo.
— Já que essa menina não está aqui, eu posso tomar um banho com
você, mas com uma condição.
— Qual?
— Banho e rua.
— Está me mandando embora, Clarinha?
— Estou.
— Só vou depois do meu banho — fala beijando meu ombro.
Caminhamos até o banheiro, Marcelo me observa a cada passo. Tiro
meu roupão, entro no box e ligo o chuveiro, entro debaixo da água e Marcelo
continua parado próximo a pia me observando.
— Não vai entrar? — pergunto.
— Estou pensando.
— Em quê?
— Como seria foder essa sua boceta gulosa durante a manhã?
— Ao invés de pensar, você deveria vim provar.
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CAPÍTULO 14 — CLARA
sofrer depois.
— Era apenas um jogo, Marcelo — digo.
— Jogo?
— Estava jogando com a sedução. Seduzi você, agora o jogo acabou
— digo caminhando até a porta.
— Então isso foi só para o seu prazer? — Marcelo fica parado na
minha frente.
— Para o seu também — falo e aponto o dedo para Marcelo, que está
ficando nervoso.
— Então durante todo esse mês você estava apenas brincando comigo
Clara!?
— Não... Eu gostei de conhecer você, mas...
— Mas... Você só estava jogando.
— Isso — digo olhando em seus olhos.
O melhor é ele saber a verdade, isso foi só um jogo e eu venci.
Dayana foi a chifruda, não me vinguei dela o suficiente. Mas está bom assim,
não posso ir além do que já fui. O melhor é Marcelo ficar com raiva de mim e
voltar para a vaca, assim posso voltar para a minha vida.
— Você é uma dissimulada, da pior espécie.
— Não menti para você Marcelo, então não me chame de dissimulada
— meu tom de voz aumenta.
— Trai minha namorada perfeita por você.
— Desculpe por não ser perfeita. Aproveita e volta pra ela ainda tem
tempo — falo com aperto no coração.
— Você é confusa.
— Não! — Olho em seus olhos. — Eu sou Clara.
— Quero entender você!
— Não tente me entender, Marcelo. — Olho para o chão depois para
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os seus olhos. — Você não vai conseguir. — Abro a porta para ele sair.
— Tem certeza? — pergunta passando por mim.
— Absoluta.
— Então adeus, Clara. — Olha nos meus olhos. — Boa sorte.
— Para você também — Marcelo vira-se de costas e sai andando.
— Marcelo — chamo e ele olha para trás. – Você é um cara legal, foi
bom esse tempo que passamos juntos.
Ele não responde e vai embora.
Olho Marcelo indo embora, e vejo que o melhor foi isso, eu ter
cortado o mal pela raiz. Era só um jogo e eu ganhei, agora o melhor é voltar
para a minha rotina. Ou seja, o melhor é arrumar outro para jogar, porque
depois do Marcelo não quero ficar muito tempo na seca. A imagem de Edson
vem em minha cabeça.
— Pensando bem é melhor ficar na seca do que com um pinto fino do
Edson.
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— Claro que está Montanha, olha a cara dela — Eva fala apontando
para o meu rosto.
— Clarinha, você está com uma pele tão linda hoje — Carol fala de
forma sarcástica.
— Acho que ela dormiu muito bem essa noite — Eva acrescenta.
— Será Eva? Eu já acho que não dormiu nada – Carol brinca.
Olho para as duas e a única coisa que consigo fazer é rir.
— Conta moreninha, como você passou?
— Até você Brutus — falo olhando para o Montanha e todos
começam a rir.
— Clarinha, para de fazer cu doce. A gente sabe que ele foi ao seu
apartamento ontem — Carol solta.
— Como vocês sabem? Estão me investigando, hein? — pergunto
fazendo-me de ofendida e desentendida.
— Ah Clarinha, deve ser porque um certo moreno de um e oitenta de
altura, lindo e gostoso veio procurar por você ontem na hora do intervalo —
Eva fala.
— Ai como não encontrou você, Montanha passou seu número e
endereço — Carol fala apontando o dedo para o Montanha.
— Como assim? Você Montanha? — pergunto.
— Só queria ajudar — Montanha fala dando os ombros.
— A gente só queria facilitar o seu lado, Clarinha — justifica Carol.
— Tadinho, o Marcelo estava com uma carinha de cachorro
abandonado — Eva fala fazendo bico.
— Moreninha, por que ele veio te procurar ontem à noite aqui se
vocês dois fazem academia juntos? — Montanha pergunta e olha para mim
com cara de desconfiado.
— Verdade, por que Clara? — Carol pergunta.
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agora daria para ele novamente tranquilamente. Pensamento vai embora você
não me pertence.
Então o que eu estava dizendo mesmo? Ah é... Só porque não iremos
mais transar, Marcelo não precisa fazer papel de retardado. Acho que só para
me infernizar hoje ele está um pecado em forma de homem. Estico a minha
mão disfarçadamente e dou um belo beliscão na cintura dele.
— Ai, você tá doida?! — Marcelo fala esfregando onde belisquei.
— Idiota! — digo e olho para frente.
O professor segue a aula e minha cabeça está longe, nem consigo
prestar atenção na aula. O cheiro de Marcelo me perturba. Quando escuto o
meu nome bem longe me fazendo despertar e voltar de onde nem sabia estar.
— Clara você entendeu? — o professor Henrique pergunta.
— Desculpa professor poderia falar de novo?
— Clara estou falando sobre o seu trabalho e do Marcelo.
— Ah sim, algum problema?
— Você não ouviu o que eu disse?
— Desculpa, estava pensando na minha pesquisa — minto ou ia levar
um fumo bem dado.
— Vou repetir, o seu trabalho e do Marcelo acabou sendo um dos
melhores da sala, vocês conseguiram abordar vários pontos importantes
referente a Lei: 10.639-03. Clara, conversei com o seu orientador e submeti o
trabalho de vocês no Simpósio que vai acontecer em Assunção no Paraguai
daqui dois meses, tudo bem?
— Se todas as despesas forem pagas pela faculdade não tem
problema.
— E você Marcelo? — professor Henrique pergunta.
— Clara pode apresentar sozinha — Marcelo responde.
— Não, Clara não pode, caso você não possa ir, enviarei outro
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CAPÍTULO 15 — MARCELO
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— Ei. — Paro e olho para ela. — Para de pôr caraminhola nessa sua
cabecinha.
— Mas Marcelo...
— Day, estamos bem.
— É verdade, você está certo mor, é coisa da minha cabeça.
Deixo Day no seu setor, e vou para a minha sala revisar os processos
que o meu pai deixou em minha mesa. Realmente, Day está certa, esse tempo
todo fiquei pensando em Clara e a pessoa que me ama deixei de lado.
A manhã passa tranquila, na hora do almoço eu e Day vamos almoçar
em um restaurante próximo. Depois que nos servimos e sentamos Day fala:
— Mor, estou com dó do Edson.
— Por quê?
— O coitado está sofrendo por causa da Clara.
— Mas os dois não tem nada Day.
— Não foi o que o que ele disse.
— Como?
— Ele disse que eles nunca se largaram.
— Lembro que uma vez Clara disse que teve um rolo com ele, mas
depois não aconteceu mais nada.
— Mentira, mor.
— Por que você acha que é mentira?
— Edson contou que eles sempre estiveram juntos, mas Clara nunca
quis assumir nada.
— Não sabia que Edson era amigo seu Dayana.
— Não mor. Ele não é.
— Então explique como você sabe tanto da vida dele? Ou só está
fazendo fofoca?
— Mor é que esses dias, eu e a Camila o vimos chorando na
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faculdade.
— E daí?
— Ficamos preocupadas e fomos conversar com ele.
— O que as duas tinham que se meter onde não foram chamadas.
— Mor, nós ficamos preocupadas, vai que tinha acontecido alguma
coisa séria com ele.
— E era sério?
— Sério o quê?
— O que aconteceu com o Edson, não é dele que estamos falando! —
Quero saber o que esse cara falou. Já estou ficando sem paciência.
— Não... Quer dizer mais ou menos.
— Por quê?
— Não posso contar.
— Conte.
— Marcelo, é uma coisa pessoal do Edson.
— Então por que começou a falar?! Se não pode contar. Não sabia
que escondia as coisas de mim, Dayana.
— Não escondo, mor.
— Não parece Day, está escondendo o que Edson tinha.
— Está bem, eu conto.
— Não precisa, quero que Edson se foda.
— Marcelo!
— O que foi Dayana?
— Coitado do Edson.
— Deu para ficar com pena dele.
— Lógico depois de tudo que o coitado passou.
— Dayana, não sei pelo o que ele passou. Então não é um coitado.
— Nossa mor, se você soubesse o que Clara fez com ele.
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— Eu não sei.
— Clara enganou ele.
— Como assim?
— Você acredita que ela brincou com ele e o usou como um
brinquedo.
— Clara não teria coragem de fazer isso.
— Tem sim, mor, Edson nos contou no meio do choro, para que ele
iria mentir? Ele não ganha nada mentindo.
— Isso é verdade, ele não ganha nada mentindo.
— Ela finge que nada aconteceu.
— Talvez ele não aceitado o fim.
— Acho que ela fica dando esperanças e usando ele, porque sábado à
noite ele foi na casa dela e passou a noite lá.
— Que sábado Day?
— Esse sábado que você passou o dia todo na biblioteca da faculdade
fazendo trabalho com o seu amigo. Lembra?
— Lembro sim, Day. — Foi o mesmo sábado que eu não dormi com
ela com o remorso de ter beijado Clara, é uma dissimulada mesmo.
— Então mor, ela só fica iludindo o coitado.
— Besta ele que caiu, Day.
— Ele disse que ela sempre liga chorando ai ele fica com pena e vai
vê-la. Quando chega ela está toda provocante e ele não resiste.
— Fracote, não resiste a um rabo de saia.
— Mor, os homens não são iguais a você. Porque sei que você nunca
cairia nas garras de uma pessoa igual a Clara. Não é verdade?
— É. — Abaixo a cabeça, porque sei que não consegui resistir aquela
diaba.
— Ainda tem mais, mor.
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— Mais?
— Sim
— O quê?
— Edson, hoje de manhã mandou uma mensagem para a Camila.
— O que tinha na mensagem?
— Que ele estava indo no apartamento e iria dar um fim em tudo isso.
— Então acabou tudo.
— Não.
— Não?
— Não, depois que ele saiu de lá mandou outra mensagem.
— O que ele falou na outra mensagem?
— Ele disse que chegando lá ela começou a beija-lo e disse que iria
mudar, e ele acreditou e foi embora. Mas depois ficou desconfiado.
— Por que? Não era isso que ele queria?
— Ele disse que ela não deixou ele entrar no apartamento, que isso
cheirava a sexo casual com outro.
— Day. Vamos parar com essa conversa, deixe que Edson se resolva
com a Clara, não temos nada a ver com a vida desses dois.
— Verdade mor, graças a Deus que nem amizade com a Clara a gente
tem, essa menina é uma cobra.
— Vamos mudar de assunto, já disse.
— Então mor, sexta-feira tem uma festa na Unik, Camila e
Alessandro vão, nós poderíamos ir também, faz tempo que a gente não sai.
— Não sei Dayana, depois a gente vê.
— Vamos mor, se a gente for preciso arrumar uma roupa. Não posso
ficar feia do lado do meu namorado gato.
— Tudo bem, nós vamos.
O restante do almoço acontece tranquilo, sem tocar mais no nome de
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Clara e Edson. Como Clara teve a capacidade de fazer tudo isso? Esse jogo
dela é de gente vendida, mulher da vida. Isso deve ser mais uma cara de Clara
que eu não conheço.
Volto para o escritório com péssimo humor, como pude me deixar ser
levado pela aquela carinha de anjo, isso tudo é surreal.
Será que Edson não está mentindo? Clara disse que ele pegava no pé
dela, trocou até de academia por causa dele. Adriano também já tinha me
dado um toque em relação ao Edson caso aparecesse na academia atrás de
Clara.
Até Adriano mentindo? Essa história está mal contada, Adriano não ia
arriscar a segurança de Clara com mentiras, todos sabem que ele cuida dela
como uma irmã.
Edson pode estar seguindo Clara, desconfiou de alguma coisa entre eu
e Clara, e começo a mentir. Inventou tudo isso para Day e Camila para me
envenenar. Coitada da Day está sendo usada por Edson. Ele pode desconfiar,
mas nunca vai ter certeza. Day nunca vai saber o que aconteceu, ela não
merece isso. Edson deve ter ficado apaixonado por Clara e por isso está
fazendo tudo isso.
No meu caso não deu tempo de me apaixonar, agora que descobri
tudo, quero ficar cada vez mais longe dela. Mas ela pode estar em perigo,
Edson pode ser uma ameaça a ela. Quando tiver oportunidade vou avisar para
Montanha sobre as minhas suspeitas. Não que eu me preocupe com ela, será
somente uma precaução, Clara não é problema meu, mas não custa avisar.
À tarde passa rapidamente, quando vejo já é 17h00, arrumo as minhas
coisas, passo no setor da Day, dou um beijo nela e vou para a academia.
Quando chego à academia vejo que a moto da Clara não está. Não é
porque aconteceu tudo isso em nossa vida que eu vou parar meu treino por
causa dela. Depois do treino tomo banho, acho que nunca mais vou ver esse
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CAPÍTULO 16 — CLARA
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também.
— Eu não disso isso, Clara — Montanha fala rindo. — Eu disse que
era grande e grosso suficiente para satisfazer qualquer mulher e não você sua
doida.
— Ah, as meninas entenderam — falo rindo.
Eva faz a outra tacada e erra, Carol vai pelo mesmo caminho,
Montanha faz a tacada e acerta.
— Moreninha, agora que você conseguiu o que queria com Marcelo o
que vai fazer? — pergunta.
Respiro fundo, penso e respondo.
— Continuar a minha vida como sempre fiz, Marcelo não significa
nada.
—Tem certeza disso, morena? — Montanha fala.
— Tenho, você me conhece, Montanha.
— Conheço tão bem que sei que não é isso — ele fala caminhando
para a mesa de sinuca e da outra tacada acertando. Olha para mim e fala: —
Se o Marcelo não tivesse com Dayana você namoraria com ele?
— Não sou namorável, talvez ficasse com ele, mas namorar, você
sabe que eu não posso, que é mais forte que eu — falo.
Montanha faz outra tacada e erra, faço a minha tacada e acerto, agora
é minha vez de perguntar a ele.
— Montanha, meu amigo, meu irmão camarada. Diz para mim como
está esse seu coração?
—Tranquilo — fala com um sorriso safado.
— Já foi ocupado por alguém? — pergunto.
— Não sei, quem sabe — Montanha fala com um sorriso bobo.
— Montanha seu safado, você está nos traindo pode falar quem é a
dita cuja — Eva fala.
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Quando ele apareceu lá no meu apartamento eu disse que não queria. Mas ele
foi chegando mais perto, olhando em meus olhos e disse que era só por uma
noite. — Pauso alguns segundos e continuo: — Marcelo me olhou de um
jeito que nenhum outro olhou... Então me permiti viver aquele momento, a
acordar com ele, coisa que nunca mais fiz desde... Desde... — Suspiro fundo.
— Você sabe, desde tudo aquilo que aconteceu.
— Então se foi assim como você fala. Por que vocês brigaram?
— Edson.
— O que o Edson tem a ver com Marcelo e você Clara? Você ainda
está saindo com ele? — Montanha pergunta bravo.
— Claro que não Montanha, você sabe que nunca mais sai com ele.
— Então explica.
— Hoje de manhã não acordei com os beijos de Marcelo se é isso que
você pensa, acordei com o barulho da campainha tocando. Quando fui abrir
era o Edson, queria por todo custo entrar. Veio como uma conversinha furada
que estava preocupado por eu ter faltado na facul ontem, que queria voltar
comigo. Eu neguei como sempre, disse para ele ir embora, ele desconfiou que
eu estava com alguém e perguntou se era o Marcelo.
— O que será que o Edson está aprontando? Eu deixei bem claro, que
se ele se aproximasse de você de novo eu ia esquecer a nossa amizade e
arrebentar a cara dele. Você disse se era o Marcelo?
— Não sei o que passa na cabeça dele. Não disse que era Marcelo que
estava comigo, mas antes de ir embora Edson disse que iria procurar Marcelo
e contar a ele sobre a aposta. Fiquei assustada e com medo, Edson estava
diferente, nem parece aquele mesmo que fiquei no início da facul.
— Já disse para ter cuidado morena, coração de homem é terra que
nunca ninguém anda. Isso pode transformar o cara tanto para o bem quando
para o mal. Marcelo ouviu alguma coisa?
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— Não, ele ficou no quarto. Acho que não ouviu nada. Não deixei
Edson entrar.
— Morena, você diz que se permitiu viver o momento com Marcelo,
se ele não ouviu nada por que discutiram?
— Quando voltei para o quarto Marcelo insistiu em tomarmos banho
juntos ai...
— Não quero saber os detalhes, só o motivo da briga — Montanha
fala com um leve sorriso.
— Nossa não me deixa nem falar, não ia contar os detalhes.
— Conta. Estou te ouvindo.
— Como eu ia falando, Marcelo insistiu para tomarmos banho juntos
e eu me permiti viver aquele momento.
— Moreninha, você não acha que está se permitindo muito com
Marcelo?
— Vai me deixa falar?
— Continue.
— Então depois do banho, enquanto observava Marcelo se trocar,
comecei a analisar tudo que tinha acontecido com nós dois. Montanha, foi
quando percebi que ele é diferente. Quando estava levando ele até a porta,
senti medo.
— Medo? Medo do quê?
— Não sei, quando eu disse a ele que isso não iria voltar a acontecer,
que eu não queria mais, percebi que ele não tinha acreditado muito. Então eu
disse que tudo foi um jogo, e que eu tinha vencido. Marcelo ficou puto, disse
que ele não passou de um brinquedo em minhas mãos, por isso ele falou
aquilo para mim hoje na facul.
— Por que você fez isso?
— Não sei Montanha, tenho medo... Não sei explicar... E se eu me
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você quer dar uns perdidos com ele — falo e Montanha e Eva começam a rir.
Carol ameaça a falar, mas se cala.
— Então todas nós vamos e Montanha cuida da gente como sempre
— Eva fala toda animada.
— Vamos todos juntos como sempre, agora vamos que tenho que
deixar as minhas meninas em casa. Já está tarde e hoje ainda é terça-feira —
Montanha fala se levantando.
Assim ele fez, me deixou primeiro em casa, depois Eva e Carol.
Como imaginei não consegui relaxar, mas conversar com Montanha fez bem,
me sinto um pouco mais leve.
Depois de um banho, visto uma camisola leve e deito na minha cama,
meu pensamento voa e encontra apenas uma pessoa.
Mesmo trocando a roupa de cama ainda consigo sentir o seu cheiro.
Por que estou sentindo falta de algo que eu nunca tive? Ele nunca foi meu, foi
apenas um jogo que eu ganhei, mas parece que quem saiu perdendo desse
jogo foi apenas eu.
— Amanhã é outro dia, Clara. — Respiro fundo solto o ar.
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BÔNUS — CAROL
— Montanha, meu amigo meu irmão camarada. Diz para mim como
está esse seu coração? — Clarinha pergunta para Montanha.
Meu coração acelera, enfim ele vai dizer a verdade e sair da moita,
Clara sem saber está me ajudando com essa pergunta. Essa indecisão está me
matando e me fazendo brigar com ele quase todos os dias.
— Tranquilo — Montanha fala, olhando para mim.
— Já foi ocupado por alguém? — Clara insiste.
O que custa ele dizer “Sim está” só isso não vai arrancar pedaço.
— Não sei, quem sabe — Montanha responde.
— Montanha seu safado, você está nos traindo pode falar quem é a
dita cuja — Eva fala.
— Não disse que tem alguém — Montanha fala.
— Também não disse que não tem — digo nervosa.
Clara faz sua tacada e erra, assim como Eva. Então agora é minha vez,
não posso errar. Miro bem, enfim acerto a tacada. Olho para Clara, depois
olho para o Montanha, e falo: — Montanha quem é ela?
— Não vou responder — fala cruzando os braços e olhando para
mim.
— Se não vai dizer Montanha, você vai ter que cumprir um desafio —
Eva fala.
— Qual desafio? — Montanha pergunta.
— Eu te desafio a dar um beijo de língua em mim – arrisco.
— Acabou, não vamos mais brincar — Clara fala.
— Por que não Clara? Eu desafio o Montanha — insisto.
— Carol, você sabe que ele não faria isso, pare de pegar no pé dele.
Não consigo entender porque esse ciúme todo — Eva fala apontando para
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Montanha. — Nem a Clara que é mais ligada ao Montanha está dando essa
crise de ciúmes.
— Não é ciúmes é um desafio! — digo irritada e além de ciúmes, é
raiva mesmo.
— Meninas. Vamos sentar, tenho mais coisas para fala do Marcelo —
Clara tenta tirar o foco.
— Carol, não vou beijar você, mas quem sabe um dia? — Montanha
fala rindo. Como esse safado pode ser tão gostoso? Que ódio dele.
— Sorte sua que você não me atrai com essa sua juba de leão. Ou
você ia comer na minha mão seu Adriano. — Você ainda não come na minha
mão, mais vai comer ou não me chamo Carolina. — Eu que não quero beijar
você, que deve pegar qualquer rameira de beira de esquina — finalizo indo
rumo do banheiro.
Chego ao banheiro e vou direto para a pia, jogo água em meu rosto e
na nuca, preciso me acalmar. Percebo uma pessoa, olho para trás e vejo que é
a Eva. Jogo mais um pouco de água em meu rosto e na nuca.
— Carol — Eva fala e olho para ela. — O que está acontecendo?
— Nada — falo e me viro para o espelho.
— Não é apenas ciúmes de amizade, né? — pergunta, mas não
respondo.
Que coisa, eu querendo que Montanha assuma o que sente por mim,
mas estou eu aqui, perdida, sem saber o que falar para a minha amiga.
Eva se aproxima e me abraça.
— Se você não se sente pronta, não precisa dizer nada, aceite apenas
o meu abraço, pois é tudo que eu posso te dar nesse momento. Carol, lembre-
se que eu e Clarinha sempre estaremos aqui para limpar as suas lágrimas, não
importa o que aconteça.
Começo a chorar abraçada a Eva, ela está certa, tenho as melhores
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CAPÍTULO 17 — CLARA
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acha que ela queria tanto vir a essa festa? — explica Carol.
— Eva? — pergunto.
— É verdade, essa semana andei pensando e está na hora do Ale ver
que eu existo. Vou reivindicar o meu lugar que a cadela da Camila pegou —
Eva fala determinada.
— Evinha, é você mesmo? — falo.
— Eu sei que fui tonta e deixei aquela cadela pegar o Ale de mim sem
lutar, mas agora as coisas mudaram — Eva fala.
— Eva, você já tem o mais importante do Ale — diz Carol.
— O quê? — Eva pergunta.
— A amizade — completo.
— E admiração — Carol acrescenta.
— Eva, você e Ale sempre formaram um casal lindo, até hoje não
consegui entender o motivo de vocês dois não namorarem naquela época que
só ficavam sem compromisso — falo.
— Eva, vocês viviam se pegando e nada — Carol fala.
— Já entendi, podem parar as duas, Montanha vem vindo —
responde.
Olhamos rumo à portaria, e lá vem o Deus grego do Montanha,
fazendo a mulherada virar o rosto para avaliar o conteúdo por onde passa.
— Meninas, olhem o Montanha, vocês estão vendo o que eu estou
vendo? — Carol pergunta.
Eu e Eva olhamos para ele, e depois para Carol sem entender o
motivo da raiva repentina dela.
— O que é que tem Carol? para mim ele está normal — falo.
— Para mim também — Eva concorda.
— Claro que não está normal. Ele está com o pau duro não estão
vendo? — Carol fala com raiva apontando o dedo para Montanha. Ai meu
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olho para frente e adivinha quem está todo comestível de camisa preta
remangada, sentado bem na minha frente.
— Ah! Suas safadas, era isso — falo olhando para as duas.
— Relaxa Clarinha, só sentamos aqui porque eu quero dar um show
para o Ale ver — Eva fala rindo.
— Como boa amiga que sou irei ajudar — Carol fala.
— Montanha pede duas Ice, uma dose de Red Label e um energético
— peço.
— Vou pedir para o garçom as bebidas de vocês — Montanha fala
fazendo gesto chamando o garçom.
— Não Montanha! Essa bebida é para mim se as meninas quiserem
peçam as bebidas delas — falo.
— Vai encher a cara mesmo? — Montanha pergunta.
— Não, só vou ajudar Eva a dar um show — digo.
— Nós três iremos dar um show hoje Montanha, então se prepare para
dar banho em mim — Carol fala.
— Deixa ir buscar a bebida no bar porque esse garçom está
demorando. – Montanha se levanta e vai rumo do bar.
Olho novamente para frente e Marcelo está com a cara fechada,
quando me vê dou um leve sorriso como cumprimento, ele levanta o copo em
minha direção. Camila e Ale estão com ele, e a princesa vaca no cio Dayana
também.
Montanha volta com as bebidas e já misturo o Red Label com
energético, viro de uma vez e já começo a beber a ice.
— Eva, vira logo porque o show vai começar — aviso.
— Como assim, mais já? — Eva pergunta.
— Eva, olha o toque da música. Se você quer fazer o show para
alguém tem que escolher a música certa para provoca-lo — falo levantando e
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Quando ela chega a festa inteira para Aumenta o som pra ver ela
passar Apavorando, mas ela é cruel ...
E eu que achava que ela tava de olho em mim Que tava fácil, que
ela tava afim Não tava não, é que ela é cruel
Conforme a música toca, Eva e Carol e eu fazemos o nosso próprio
show, dançando de forma sensual. Algumas vezes olho para Marcelo e
percebo ele me olhando, então rebolo; mexo o meu corpo e lhe dou um
sorrisinho safado.
Sinto uma mão na minha cintura, olho para trás e percebo que é o
Fabio, o carinha da biblioteca.
— Posso dançar com você? — Fabio pergunta.
— Claro, mas olhe a mão — aceito e já aviso.
Continuo dançando, mas agora com Fabio, que me vira e volto a ficar
de frente com Marcelo. O olho e ele balança a cabeça de forma negativa. Dou
um sorriso e balanço a cabeça de forma positiva.
Vejo Dayana tentar dar um beijo em Marcelo, ele desvia do seu beijo
e tira a sua mão dele. Será que Marcelo ficou com ciúmes de mim?
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"Se prepare Clara, dois podem jogar esse jogo e vamos ver quem
ganha agora. Só te aviso que não entro em um jogo para perder"
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CAPÍTULO 18 — MARCELO
Camila, não estava aguentando mais, já estava louco para ir embora. Quando
vi uma das amigas de Clara sentada sozinha na minha frente. Não demorou
nada Clara, Adriano e Carol chegaram e sentaram-se à mesa.
— Ai meu pai — resmungo.
— O que disse, mor? — Dayana pergunta.
— Nada, só quero ir embora.
— Já? Acabamos de chegar — Camila fala.
— Verdade, mor, chegamos agora — Day fala.
— Camila, se você e Alessandro quiserem ficar tudo bem. Mas daqui
a pouco vou embora.
Dayana percebe que estou nervoso e muda de assunto, volta a falar de
futilidades com Camila. Antes achava a conversa de Dayana interessante,
agora não consigo prestar atenção em uma palavra que ela fala. A única coisa
que consigo prestar atenção é em Clara sentada na minha frente linda feito
uma diaba dos infernos.
Vejo Clara me olhando e quando encontra meus olhos dá um
sorrisinho, levanto minha bebida para ela em cumprimento. A safada sabe
mexer comigo mesmo distante.
Percebo Clara levantando acompanhada das amigas para a pista de
dança, a música começa a tocar...
Quando ela chega a festa inteira para Aumenta o som pra ver ela
passar Apavorando, mas ela é cruel
— Essa é Cruel — falo tomando um gole de minha bebida.
— Quem? — Alessandro pergunta.
— Clara — minha voz não sai, mas Alessandro consegue entender de
quem falo.
— Clarinha não é cruel Marcelo, você precisa conhecê-la direito.
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Clarinha só tem essa pose, mas ela é uma menina maravilhosa — Alessandro
fala olhando para a pista de dança. — Falando a verdade as três são
maravilhosas.
— Ela é uma oferecida, ela e essas amigas dela — Camila fala.
— Eu já disse para não falar mal da Clara perto de mim Camila, você
não a conhece para falar isso. Aliás, você não conhece nenhuma delas para
falar isso — Alessandro repreende Camila que se cala.
O que será que Clara está querendo com esse showzinho? Ela está
linda mexendo o corpo conforme a música, ela olha para mim e sorri. Pego
meu celular e mando uma mensagem para ela.
— Mor, já que você está olhando tanto para a pista de dança, você
poderia me convidar para dançar — sugere Dayana.
— Você sabe que eu odeio dançar, Dayana — falo.
— Day. Vamos nós duas então — Camila fala.
— Você não Camila. Mulher minha não vai dançar sozinha —
Alessandro fala.
— Por mim pode ir Dayana — falo.
Eles continuam a conversa, mas não consigo processar porque Fabio,
aquela desgraça dos infernos, está dançando com Clara, vou matar esse
infeliz. A cada movimento, a cada toque faz com que meu sangue ferva e o
meu ódio aumente.
Essa diaba continua jogando comigo, não tem explicação, mando
outra mensagem.
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"Se prepare Clara, dois podem jogar esse jogo e vamos ver quem
ganha agora. Só te aviso que não entro em um jogo para perder."
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decreto.
— Esse amigo é mais importante que eu? — Dayana fala.
— Quer mesmo que eu te responda? — desafio.
— Eu quero! — insiste.
— Dayana, se resta ainda um pouco de juízo na sua cabeça vai com o
Alessandro, preciso quebrar essa com meu amigo — digo.
— Amigo de saia só se for. Eu não vou ser chifruda, você está me
entendendo Marcelo — Dayana grita.
— Para com esse showzinho ridículo, Dayana.
— Não vou te esperar a vida toda Marcelo, a fila anda, se você pensa
que vou ficar correndo atrás de você está muito enganado.
— Sorte minha então. Vai com o Alessandro.
— Se você não me quer tem um monte de homem que queira, está
ouvindo Marcelo. Eu não vou ficar esperando por você, amanhã pode ser
tarde — grita.
— Então você está terminando comigo, Dayana? Por mim tudo bem.
Lembre-se, espero que não fique correndo atrás de mim, porque não vai ter
volta.
Dayana arregala os olhos e processa as palavras.
— Não... Claro que não... Eu amo você... Não quero terminar...
Marcelo isso que você está fazendo não é certo — Dayana fala.
— O que é certo Dayana? O seu pit no meio da rua? — pergunto, mas
ela não responde. — Dayana, vai com o Alessandro amanhã, vou na sua casa
e a gente conversa com calma.
Camila se aproxima pega no braço da amiga e fala: — Vamos Day,
não vai discutir com a cabeça quente. Amanhã vocês conversam com calma.
— Eu vou Marcelo, mas não pense que engoli essa historinha.
Amanhã a gente conversa — avisa.
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Todos da mesa começam a rir, menos Clara e eu, que estou olhando
para a cara do desgraçado.
— Você está brincando? — o desgraçado pergunta.
— Não — respondo
— Quem seria o cara a fazer isso comigo? — Fabio questiona.
— Ele está bem na sua frente. Garanto a você que hoje ele não está
para brincadeira.
— Marcelo, você tem namorada, Clara é solteira e nada a impede de
ficar comigo — Fabio fala.
— Mas eu não vou ficar com você Fabio, já te avisei — Clara fala.
— Então de que lado você quer os 20 pontos? Pode escolher eu deixo.
— Fabio, acho melhor você ir para outra mesa — Adriano fala.
— Eu não vou sair daqui por causa desse pau mandado do Marcelo —
Fabio fala.
— Não, você não precisa sair eu tiro você — digo.
— Marcelo, não precisa fazer esforço. Fabio, é o seguinte ou você sai
daqui com suas próprias pernas ou vou pedir para os meus amigos seguranças
te tirarem daqui — Adriano fala.
— Ok, não precisa. Posso arrumar qualquer outra mulher por ai numa
boa — fala se levantando.
— Fabio — chamo-o
— O que foi Marcelo?
— Cuidado com o que você fala. Porque hoje só não quebrei sua cara
porque estou de bom humor. Mas da próxima não garanto nada — o aviso.
Fabio se vai, e percebo que todos da mesa estão me olhando sem
entender nada.
— Nossa! Marcelo você e bem delicado — Carol fala.
— Só quis ser gentil — falo rindo e olhando para Clara.
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— Marcelo, é sério.
— Estou falando sério, não está percebendo? Seja uma boa menina e
dança comigo.
Olho nos olhos de Clara, e vejo um mar de conflitos, se eu não sei o
que estou fazendo aqui dançando com ela, Clara também não faz a mínima
ideia. A puxo mais, colando ainda mais os nossos corpos, e continuamos a
dançar. Não é uma dança sexy, sensual ou carnal, é apenas sentindo um ao
outro. Começo a cantar o refrão da música no seu ouvido.
— E nesse desejo louco eu quero me prender Sem pressa sem juízo eu
quero amar você eee Eu quero ser amante amigo e bandido Quero te seduzir
falar em seu ouvido Não quero muito tempo eu só quero tentar Basta só uma
noite pra te conquistar
Sinto o corpo de Clara estremecer a cada palavra sussurrada em seu
ouvido. Quando a música acaba, ela olha para mim e fala: — Vou ao
banheiro.
Não espera minha resposta e sai, passa na mesa pega sua bolsa e vai a
caminho do banheiro. Eu conheço esse olhar e hoje você não vai fugir de
mim Clara. Vou até a mesa e falo: — Adriano. Estou levando Clara embora
hoje.
— Ela não disse que iria embora agora — Adriano fala.
— Ela ainda não sabe que está indo embora — falo.
— Marcelo, eu vou deixar porque confio em você. Mas se você
machucar ou brincar com a Clara quem vai sair com traumatismo craniano é
você. Também irei quebrar as suas duas pernas para nunca mais ir atrás dela
— Adriano fala.
— Não vai ser preciso, pode confiar. Então até mais, tchau meninas
— me despeço e vou à procura de Clara no banheiro.
Sempre soube do carinho de Adriano por Clara, mas pelo visto é bem
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CAPÍTULO 19 — CLARA
Marcelo bateu a cabeça, é a única explicação. O que ele acha que está
fazendo? Chegou, sentou na minha mesa, depositou sua mão em minha
perna, achando que sou sua propriedade.
Ele ameaçou o Fábio, dá para acreditar nisso? Parecia mais um
namorado ciumento. Por pouco achei que ele iria sair no braço com o ele.
Marcelo nesse modo possessivo é sexy demais, como pode ser lindo
desse jeito? É até um pecado de tão gostoso.
Graças a Deus que Fabio foi embora. Marcelo interage com todos da
mesa, Montanha, Carol e Eva estão adorando, pois não param de rir. E eu?
Não sei. Estou perdida e sem reação.
Do nada Marcelo se levanta e me puxa para a pista de dança. Tem
alguma coisa errada com esse homem, não é possível. Ele já disse uma vez
que odeia dançar e agora quer dançar? Não estou o reconhecendo.
— O que você acha que tá fazendo?
— Dançando.
— Marcelo, é sério.
— Estou falando sério, não está percebendo? Seja uma boa menina e
dance comigo.
Olho em seus olhos e não consigo processar tudo que está
acontecendo. Até pouco tempo ele estava me odiando, agora está aqui
comigo dançando. Ele me puxa mais, colando ainda mais os nossos corpos, e
continuamos a dançar. Para acabar com o resto do meu juízo ele começa a
cantar em meu ouvido:
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concentrar nesse homem perfeito que está me beijando. Abro sua calça, e a
puxo para baixo junto com sua cueca box preta. Junto mais nossos corpos o
beijando, minha boca percorre seu pescoço e peitoral, enquanto minhas mãos
acariciam seu pau, e que pau.
O pau de Marcelo é um sonho de qualquer mulher! Grande, grosso,
com pelos bem aparados e com cheiro gostoso de homem limpo, só em olhar
já fico totalmente molhada.
Marcelo desce a sua mão em minha bunda, abrindo-a, seus dedos
acariciando minha boceta molhada, gemendo rouco ao sentir que já estou
pronta para ele.
— Você está tão molhada Clarinha, essa bocetinha está gotejando
pelo meu pau. Vou te comer muito hoje minha diaba gostosa.
— Marcelo — gemo seu nome.
— Queria muito te chupar e sentir seu gosto Clarinha. Mas não
aguento mais, preciso estar dentro de você, agora.
Marcelo me joga no sofá de bruços, gemo ao senti-lo atrás de mim,
lambendo e beijando as minhas costas. Seus beijos vêm subindo até a minha
nuca. Esfrega o seu pau em minha bunda, fazendo meu corpo estremecer.
Ouço o barulho do rasgo da camisinha. Já anseio pela sua invasão. O
quero dentro de mim.
— Preciso de você — fala no meu ouvido.
— Também preciso de você — sussurro.
Sinto seu pau me abrindo, minha boceta lateja louca para tê-lo
totalmente dentro de mim.
— Marcelo! Por favor, mais, por favor...
Suplico como uma desesperada, ele se descontrola e enfia tudo de
uma só vez, com força.
— AH!!! — grito com sua invasão, sinto uma leve dorzinha pelo seu
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tamanho, mas logo dá lugar ao prazer que é tê-lo todo enfiado em minha
carne. O tesão me consome enquanto ele se apoia em seus braços e me fode
violentamente de um jeito diferente das outras vezes.
— Sua gostosa.
Mete mais fundo, tirando, entrando, seu pau me preenchendo,
enquanto eu rebolo, gemo e grito e empino mais a minha bunda para tê-lo
todo dentro de mim.
Marcelo se curva sobre mim, estocando duro, firme, profundo, morde
minha orelha e geme. Ele sai de dentro de mim me dá um tapa bunda e a
morde.
— Minha delicia, só minha — fala em um gemido.
Marcelo me vira, cobre o meu corpo com o seu e entra novamente
dentro de mim.
— Ah — gemo.
Ele olha em meus olhos, e vejo um brilho diferente e de novo sinto a
sensação de que não é apenas sexo. Nossos corpos se encaixam e continuam
a dança sensual. Não são necessárias palavras, pois nossos gemidos dizem
por si só, nossos corpos conversam sozinhos. Ficamos nesse ritmo até nossos
corpos estarem suados e exaustos. Senti aquela sensação gostosa de
formigamento vindo.
— Marcelo — gemo o seu nome me contorcendo por não aguentar
mais e querer a minha libertação.
— Vem minha diaba, goza para mim — Marcelo fala e dá mais
algumas estocadas firmes e fortes. A sensação de formigamento aumenta.
Acabo explodindo em um orgasmo que deixou todo meu corpo mole, minha
visão embaçada e a sensação de estar no paraíso. Marcelo dá mais umas
estocadas e também chega ao clímax, caindo sobre mim, dando leves beijos
pelo meu rosto e me abraçando forte.
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— Não.
Marcelo chega mais perto e gruda nossos corpos.
— Então Clarinha, lamento em dizer que você não vai a lugar
nenhum. Aqui não existe Dayana ou alguma outra desculpa esfarrapada. Não
tenho namorada. Só tenho você. Então aqui só tem eu e você e mais ninguém.
Não serei besta de deixar você fugir novamente. Você pode até tentar, mas
não irá conseguir e nem pode negar o que está rolando entre a gente.
Marcelo fala e me beija, um beijo calmo e suave.
— Vem — chama puxando a minha mão.
— Eu quero ir embora.
— Eu quero você comigo.
— Você não pode ter tudo que você quer.
— Nem você. Então vem. Se você for boazinha amanhã à tarde te
deixo ir embora. Serei mais bonzinho ainda e levarei você até seu
apartamento.
— Você está louco, amanhã à tarde?
— Sim, na verdade só iria deixar você ir embora no domingo.
— Você é louco. Já vi tudo.
— Vem Clarinha, vamos tomar um banho, depois irei te apresentar a
minha cama. Quando você estiver bem saciada e cansada deixarei você
dormir e velarei seu sono. Irá acordar com meus beijos em seu corpo.
— Ai meu Deus.
— Clarinha, pode até ter visto tudo, mas ainda não sentiu nem a
metade do que pretendo fazer você sentir — ele fala sorrindo.
É um sorriso tão lindo, tão sincero que só por hoje eu me permito
sentir e viver tudo isso com Marcelo. Mesmo sabendo que essa felicidade
toda não é para mim.
Só por hoje vou me permitir ser feliz.
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CAPÍTULO 20 — MARCELO
não chega, deixa eu acordar essa diaba linda que dorme como um anjo em
meu peito. Prometi a ela que iria fazer isso e eu sou um homem de palavra.
Começo a beijar seus cabelos, consigo tira-la do meu peito, cubro seu
corpo com o meu e começo a beijar seu pescoço, vou descendo, beijo seu
seio e o chupo, enquanto minha mão massageia o outro.
— Hummm — Clara desperta e geme.
Dou leves beijos em sua boca.
— Bom dia! — digo e volto a beijar seu pescoço.
— Isso é jeito de me acordar — fala contorcendo seu corpo de baixo
do meu.
— Gostou? — questiono olhando em seus olhos, ela está com o
mesmo brilho da noite anterior, tão linda, tão entregue.
— Não sou acostumada a acordar assim — fala com o sorriso no
rosto.
— Poderia acordar você assim todos os dias.
— Eu iria gostar muito.
— Isso é um sim?
— Como? Sim? Sim para que? — O brilho dos seus olhos some e dá
lugar ao desespero.
— Sim, para ficar comigo Clara. Não quero você só por uma noite. A
quero todos os dias — falo olhando próximo aos seus olhos, quero que ela
saiba que não estou mentindo ou brincando com ela.
Ela coloca as mãos em meu tórax e tenta me afastar.
— Eu... Eu... Eu... Eu não pos...
Ela gagueja, percebo que existem dúvidas em suas palavras e
conflitos em seus olhos, então a faço calar do único jeito que eu sei, a beijo.
Pego suas mãos, as seguro em cima da sua cabeça, intensifico o nosso beijo, e
ela responde com a mesma vontade.
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Com Clara as palavras não funcionam, o que sai de sua boca nunca
condiz com aquilo que seu corpo me fala.
Posiciono-me no meio das suas pernas, para mostra-la o quanto a
quero do meu lado.
— Marcelo não, a camisinha...
— Toma anticoncepcional? — Ela balança a cabeça de forma
afirmativa. — Eu confio em você. Confia em mim? — pergunto olhando em
seus olhos e sentando na cama.
— Confio.
Estico a mão para Clara, ela vem até a mim engatinhando. Coloca
suas pernas em volta do meu quadril, posiciono meu pau em sua entrada. Ela
desce bem devagar fazendo-me gemer.
— Que isso Clarinha, quer me matar?
— Só se for de prazer — ela fala e me beija.
Seguro seu quadril e o movimento aos poucos.
— Sempre tão apertadinha — digo apertando mais sua bunda.
Sempre me esqueço de como ela é apertada, rapidamente sua
bocetinha se molda em meu pau, e começamos a nossa dança particular.
Nosso corpo se funde como se fosse um só.
— Minha linda — falo olhando o brilho em seus olhos.
Nunca aconteceu isso antes comigo, tudo se encaixa entre eu e Clara.
Coloco um ritmo lento e gostoso, sinto cada pedaço dela. Quero retardar ao
máximo o nosso clímax.
A tive a noite inteira, agora quero apenas senti-la, apenas ama-la.
Quero aproveitar cada minuto dentro dela.
— Marcelo! — Clara geme meu nome, quando ela faz isso não
consigo me controlar.
— Não faz isso, ou você acaba comigo.
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a vendi quando a herdei, mas vender isso aqui nunca passou pela minha
cabeça. Então acabou virando o meu refúgio, pelo menos uma vez por
semana venho aqui. Também pago uma tia para faxinar e abastecer a
dispensa e geladeira.
— Essa casinha é linda, percebi que tudo está organizado. Acho que
devo me sentir honrada por você ter me trazido para cá.
— Ficarei feliz em trazer você mais vezes, pode ser o nosso refúgio.
— Marcelo, eu já disse, eu não me envolvo com ninguém.
— Isso é só comigo?
— Não, com todos, não quero relacionamento sério.
— Então vamos dar tempo ao tempo, mas durante esse tempo você
ficará comigo.
— Que horas são?
— Mudando de assunto?
— Não. Você disse que me levaria embora hoje.
— Promessa é dívida, depois do banho te deixo em casa, mas a nossa
conversa não acabou ainda.
— Mais Marcelo.
— Sem mais, depois nós conversamos. Vamos tomar banho?
— Queria tomar banho sozinha, tudo bem?
— Você jura que não vai fugir pela janela do banheiro? — falo e ela
ri.
— Eu juro, seu besta. Só quero ficar um pouco sozinha — fala dando
tapas em meu braço.
— Tudo bem, te espero tomar banho e depois eu tomo, mas sua roupa
fica aqui fora comigo.
— Falando nisso cadê a minha roupa, minha bolsa, sapato?
— Devem estar jogadas em algum lugar dessa casa.
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— Vou procurar.
— Não! Deixa que eu junto tudo para você — digo rindo.
— Você não confia mesmo em mim né.
— Claro que confio, mas é melhor prevenir.
Clara ri, vou com ela até o quarto, pego duas toalhas limpas e a
entrego.
— Tem certeza? Posso te dar um ótimo banho, sou bom nisso.
— Eu sei que é bom, mas quero tomar banho sozinha — ela fala, me
dá um beijo e fecha a porta.
Deito na cama para esperar ela tomar banho. Procuro meu celular e
vejo que tem mais de 30 ligações perdidas, e mais de 100 mensagens, todas
de Dayana. Mando uma mensagem de texto para ela.
"Ok, você vai ter muito que explicar, ainda não engoli a história do
seu amigo, e o motivo de não atender minhas ligações e responder minhas
mensagens"
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preciso dar um fim em nosso relacionamento. Isso não é justo com ela e nem
com Clara. Dayana vai compreender, ela sempre foi compreensiva.
Ao chegar em frente ao apartamento de Clara, para o carro. Ela vai
abrir a porta, mas não deixo.
— Deixa que eu abro a porta para você.
Desligo o carro, dou a volta, abro a porta e dou a minha mão para
ajudá-la a descer. Dou um beijo de despedida.
— Clarinha, não quero que você fale nada, apenas pense em tudo que
aconteceu com a gente. Vou dar um tempo para você pensar. Amanhã é
domingo, vou te deixar sozinha para pensar em tudo. Segunda venho te
buscar para te levar para a faculdade. Não adianta dizer não. Irei vir assim
mesmo. Obrigada pela noite.
— Também gostei da noite.
Dou mais um beijo em Clara e ela apenas sorri. Espero ela entrar no
prédio, e vou para meu apartamento dar um tempo até a hora que marquei
para conversar com Dayana.
O tempo passa rápido, pego as chaves e vou até o lugar marcado com
Dayana, sento no banco e a espero, ao invés de pensar no que vou falar para
Day, meus pensamentos viajam até Clara, acho que me viciei nela.
Sou despertado com um toque em meu ombro.
— Oi, mor. — É Dayana.
— Oi Dayana, sente-se.
Ela tenta me beijar e abraçar, mas viro o rosto e tiro suas mãos de
mim.
— Além do que você fez a noite passada ainda vai me negar um beijo
e um abraço. Isso não é justo comigo.
— Exatamente por isso te chamei para conversar. Quero ser justo com
você e comigo mesmo.
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— Estou disposto a fazer isso. Vou indo, bom passeio para os dois. —
Esses dois em um parque é estranho mesmo. Mas pelo visto são amigos faz
tempo.
Problema Dayana resolvido. Despeço-me de Alessandro e Eva e vou
embora para o meu apartamento. Estou mais leve, tirei um peso das minhas
costas. Bola para frente.
Agora só preciso pensar em um jeito de dobrar Clara para faze-la
aceitar a ficar comigo. Isso não vai ser fácil tenho certeza que ela já sofreu
muito por amor, para ser avessa assim a sentimento. Sempre se recusa a viver
isso ou foge.
— Clarinha minha diaba, não irei desistir fácil de você. O único lugar
que vou deixar você fugir será para o calor dos meus abraços. Amanhã é o
dia.
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BÔNUS EVA
Acordei com uma ressaca horrível, ontem fui à festa do Bacana com
as meninas e hoje estou aqui morrendo de dor de cabeça. Depois que Clara e
Marcelo foram embora ai que a festa começou.
Eu e Carol começamos a beber uma bebida atrás da outra, queria
extravasar. Comprei roupa nova fiquei toda linda e o Ale mal me olhou, por
isso bebi tanto. Montanha teve trabalho de levar eu e Carol para casa. Ela
bebeu mais do que eu e ficou provocando Montanha a cada minuto. Depois
de tanta bagunça agora estou aqui morrendo jogada na minha cama.
— Eva, levanta dessa cama e vem ajudar a fazer o almoço — minha
mãe grita.
— Ai mãe, não grita minha cabeça está doendo — digo levantando da
cama.
— Ontem quando estava pulando feito macaca na festa a cabeça
estava boa. Vem logo ou não tem almoço.
— Isso é jogo baixo — resmungo.
— Ah antes que eu me esqueça, um amigo seu ligou aqui atrás de
você, parece que é da faculdade.
— Quem?
— Não lembro.
— Credo mãe nem para lembrar. Era o Montanha?
— Não, se fosse esse eu lembrava o nome. Acho que é um tal de
Sandro — ela fala confusa.
— Sandro? Não conheço nenhum Sandro. Mãe a senhora ouviu o
nome direito? Conheço só um Alessandro.
— É isso, é Alessandro mesmo, que diabo de nome grande. Ele disse
que ligou no seu celular e estava caindo na caixa postal, por isso ligou aqui
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em casa e pediu para você ligar para ele quando acordasse. Agora levanta,
toma um banho e vem me ajudar.
Levanto da cama em um pulo.
— Obrigada mãe! — Vou até ela e lhe dou um beijo.
— Desenrola Eva. Não é com beijinho que você vai me comprar, te
dou 15 minutos para aparecer naquela cozinha ou vai ter que comer fora —
minha mãe fala já na porta do meu quarto indo para a cozinha.
Cadê o meu celular? Começo a procura-lo feito louca e acho debaixo
da cama, será que ele morreu? Está desligado. Aperto freneticamente para
liga-o, mas não liga.
— Meu santinho que seja a bateria.
Aonde eu enfiei o carregador? Procuro até achar no meio do material
da facul, coloco na tomada e graças ao meu santinho das causas impossíveis
ele liga. Procuro o número do Ale e ligo para ele que atente no segundo
toque.
— Eva?
— Oi Ale, minha mãe disse que você ligou aqui, aconteceu alguma
coisa?
— Na verdade não. Queria conversar com você, faz alguns dias que
não conversamos direito, sinto falta disso.
— Eu também.
— Hoje à tarde está livre?
— Sim, estou.
— Então nós poderíamos nos encontrar no Parque das Nações e tomar
um sorvete, o que acha?
— Acho bom. Que horas?
— Três e meia está bom para você?
— Está ótimo, você me espera na entrada?
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— Passou, e sempre vai ser lembrado como uma fase feliz de minha
vida. Só não quero que aquela menina que eu fiquei um dia desapareça.
Gosto de você assim.
— Já entendi, não mudei, ainda continuo a mesma, mas agora com
um pouco mais de experiência. Não é a roupa que faz o caráter de uma
pessoa. Não importa a roupa ou a maquiagem que eu use. Sempre serei eu
mesma.
— Fico feliz em ouvir isso. Mas agora preciso ir embora, tenho que ir
na casa da Camila, Dayana já deve ter feito o meu inferno.
— Tudo bem, vou ficar mais um pouco aqui.
— Foi bom conversar com você. Poderíamos marcar mais vezes. O
que você acha?
— Seria legal.
Ale se aproxima e me abraça e consigo inalar seu cheiro, depois ele
beija meu rosto.
— Até amanhã.
— Até amanhã.
Depois que Ale foi embora fico pensando em tudo que já vivemos
juntos e sobre o que ele me falou. Acho que o mais importante foi a nossa
amizade. As meninas estão certas, o caminho mais curto para o coração dele
é a nossa amizade que por mim é mais que isso e para o Ale também já foi
um dia. Se ele não sentisse nada por mim não estaria com saudades das
nossas conversas ou preocupado pelo meu jeito de agir ou vestir. Esse será o
caminho que irei usar para chegar até o coração dele.
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CAPÍTULO 21 — CLARA
motivo que aceitei essa aposta. Eu queria provar que não existe homem fiel
ou namoro perfeito como aquele casal aparentava ser.
Logo de início descobri os podres da Dayana, então ai o problema
daquele relacionamento não era ele, mas ela: a vaca no cio que namorava ele
e Montanha ao mesmo tempo. Eu e as meninas sabemos o tanto que
Montanha sofreu, talvez a nossa amizade pelo meu lado foi por me identificar
com ele. Meu coração também estava quebrado, com a amizade de Montanha
e das meninas juntei todos os pedacinhos e os colei um a um, infelizmente
ficaram marcas que não tem como serem apagadas. Apenas Montanha sabe o
que aconteceu comigo há três anos e seis meses atrás, até hoje tenho
vergonha do papel de idiota que fiz e também não tenho coragem de contar
para as meninas. Elas nunca entendem porque eu nunca vou para casa, coisa
que acontece apenas uma vez no ano e dura apenas um dia e sempre na
companhia do Montanha.
Montanha é o irmão mais velho que não tive, sem ele não teria a
coragem de voltar para minha cidade e ver minha mãe. Nunca mais pisei o pé
na casa dela. Tentei voltar lá, mas aquela cena sempre volta, a dor e a magoa
voltam.
Posso voltar para a cidade, mas não para casa. Cidade pequena todos
se conhecem, toda vez que vou e marco de encontrar com minha mãe ainda é
possível notar o olhar de pena ou deboche das pessoas.
O mundo é cruel e as pessoas são cruéis, aprendi não abaixar a cabeça
e seguir em frente sempre, fiz isso muito bem até agora. Só não aprendi a
lidar com as coisas que envolvem o coração, que envolvem sentimentos que
um dia já senti. Então como não sei lidar muito bem com isso eu fujo.
Minha vinda para Dourados foi uma fuga, queria fugir da dor, da
desilusão, dos olhares de pena, das piadinhas. Tudo que eu queria era
recomeçar. Recomeçar a minha vida sem julgamentos ou olhares, consegui
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isso. Tudo estava indo muito bem, até ele aparecer, o que era para ser um
simples jogo de sedução virou uma bola de neve enorme e não sei mais o que
fazer. Montanha ainda me avisou que isso iria acontecer, mas neguei a mim
mesma, sempre afirmando que era apenas um jogo, apenas sexo, apenas
diversão. Jurei para mim mesma que não existia nenhum tipo sentimento.
Realmente de início não existia, mas agora... Realmente não sei o que
sinto.
Marcelo sempre foi fofo, no início até ria das suas fofuras. Depois que
eu quebrei a cara, achava essa fofura toda coisa de gay. Convivendo com ele,
percebi que ele não era fofo, que na verdade era simpático e tratava a mulher
do jeito que muitos homens deveriam tratar sempre. Ele sempre foi
simpático, atencioso, olhava em meus olhos enquanto eu falava ou ele abria a
porta do carro e sorria, com o tempo sem eu perceber queria ficar mais tempo
conversando com ele e seu sorriso começou a me deixar besta. Marcelo além
de ser tudo isso, naquele dia na biblioteca mostrou ter pegada, me deixou
desconcertada com um "simples beijo". Eu sei, o beijo dele parecia mais sexo
com a língua. Logo depois ainda descobri que ele tem um belo pau grande e
grosso. O melhor, sabe usar muito bem, me fazendo sentir sensações jamais
imagináveis. Sensações e sentimentos que ficaram ainda mais intensos nessas
últimas horas. A atitude dele na festa, me levando para sua casa, suas
promessas, tudo isso me fez sentir amada, querida e principalmente cuidada.
Aquela casa foi a nossa bolha, não queria sair da bolha erámos apenas
eu e ele. Não tinha o mundo aqui fora, não existia nenhum problema. Não
quero sofrer de novo.
Se Marcelo perceber que não sou tudo isso? Se ele preferir continuar
com Dayana? Mais perguntas sem respostas.
Sei que ele disse que não me quer apenas por uma noite. Também sei
que sou incapaz de retribuir tudo o que ele fez e me faz sentir, tudo isso por
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— Não mãe, ele não apareceu e nem vai aparecer, pois não irei deixar.
— Clara, você tem que abrir o seu coração minha filha.
— Ele está aberto mãe.
— Abrir para o amor.
— Eu amo a senhora, o Montanha as meninas, ele está aberto.
— Tudo bem minha filha, na hora certa as coisas tomam seu rumo, o
importante é que você está bem.
— Mãe, preciso desligar tenho uns trabalhos da faculdade para fazer.
—Tudo bem, me liga mais vezes e fique com Deus.
— Beijo mãe.
Desligo o celular e deito na cama, não quero pensar em nada só quero
dormir. Depois da noite e a manhã que tive acabo pegando rapidamente no
sono. Só sou despertada pelo toque do meu celular.
— Oi — atendo sem olhar quem é.
— A bela adormecida ainda está dormindo.
— Hurum.
— Como você está?
— Estou bem. Você demorou para ligar.
— Sabia que você estava em boas mãos.
— Montanha, é você mesmo?
— Já te disse que Marcelo é uma boa pessoa — Montanha fala rindo.
— É, ele é sim.
— Clarinha, não vou passar ai porque tenho um compromisso e
amanhã eu trabalho. Só quero dizer para você não fugir, apenas viva.
— Até você? Eu não fujo.
— Ok, você só se esconde. Até amanhã na faculdade.
— Montanha?
— Fala.
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sua boca gostosa. Sei que não vai admitir, mas também sentiu saudades
minha — Marcelo fala com aquele sorriso lindo.
Levanto um pouco meu vestido e sento no colo de Marcelo, fincando
cada perna de um lado.
— Na verdade senti sim, saudades de seus beijos — falo beijando sua
boca. – Do seu cheiro. — Cheiro seu pescoço e dou uma leve mordida em sua
orelha. — Do seu corpo. — Levanto sua camiseta e minhas mãos percorrem
seu peitoral.
— E disso aqui sentiu falta? — fala levantando o quadril esfregando
sua ereção em mim.
— Principalmente disso — digo rebolando e abrindo o zíper de sua
calça.
— Nunca deixa de me surpreender — fala colocando minha calcinha
de lado e enfiando um dos dedos em minha entrada.
— Você gosta de ser surpreendido? — falo libertando seu pau, e o
masturbando com minhas mãos.
— Por você, sempre — fala baixando a alça do meu vestido e
colocando um dos meus seios em sua boca, enquanto a outra mão massageia
o outro seio.
Posiciono seu pau em minha entrada, coloco só a "cabecinha" e rebolo
com movimentos leves, não deixando Marcelo enfiar mais dentro de mim.
— Ah — ele geme.
Então desço de uma vez em todo seu comprimento, mas logo subo e
fico apenas na "cabecinha". Repito esses movimentos algumas vezes.
Deixando Marcelo louco.
— Que isso diaba — fala com a voz rouca de tesão.
— Isso chama provocação — digo levantando rapidamente do seu
colo.
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selinho.
— Você é uma diaba — fala saindo do apartamento.
— E você adora essa diaba.
— Isso é verdade — Marcelo confirma e me puxa para um beijo de
tirar o fôlego.
Saímos do prédio de mãos dadas, ele abre a porta do carro para eu
entrar, dá a volta, entra coloca o sinto e da partida no carro.
— O seu batom não sai?
— Claro que não, ele é vinte e quatro horas. Você pode me beijar a
vontade que eu não ficarei borrada e feia.
— Você feia é impossível Clara.
O trajeto do meu apartamento para a facul foi tranquilo, usei esse
tempo para conhecer mais Marcelo, é impressionante como a conversa com
ele flui. Quando percebemos já estamos entrando no estacionamento.
— Marcelo, você poderia trocar o lugar que sempre estaciona? —
peço.
— Por quê?
— Não sei, precaução.
— Você está certa.
Marcelo acaba estacionando um pouco mais distante, onde tem
bastante árvores e o movimento não é muito. É perfeito.
Tiro o meu sinto e quando Marcelo vai sair do carro o chamo.
— Marcelo.
— O que foi?
— Posso te dar um beijo — falo com cara de santa e o sorriso dele
amplia.
— Não precisa pedir.
Ele mal acaba de falar, saio do meu lugar e o monto. Começo a beijar
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sua boca de forma intensa e dou leves mordidas em seus lábios. Suas mãos
fazem justamente o que eu queria, começam a percorrer as minhas pernas e
vão subindo. Até chegar onde eu queria.
— O que? Cadê? Clara, cadê a sua calcinha que tinha que estar aqui?
— fala passando a mão em minha bunda e na minha entrada para confirmar
se eu estava sem mesmo.
— Eu tirei — confirmo em um sussurro.
— Você não fez isso — fala massageando a minha bunda.
— Fiz sim.
— Quer me deixar louco?
— Não. Quero te deixar pensando em mim, até a hora de nós irmos
embora e nos saciarmos um com o corpo do outro — digo saindo do colo de
Marcelo.
— Vamos saciar agora esquece a aula hoje — fala me puxando.
— Não falto na facul, a gente tem a noite toda — digo pegando minha
bolsa e meu material no banco de trás.
— Está bem, só não sei como vou prestar atenção depois disso.
— Ah Marcelo, para vai passar rapidinho.
Ele pega sua pasta, coloca no ombro, sai do carro dá à volta, abre a
minha porta e a fecha. Fica na minha frente, coloca as duas mãos no carro e
fico presa. Olha em meus olhos.
— Primeiro você fez aquilo no seu apartamento, e agora essa história
de calcinha. Você vai assistir a sua aula. Mas hoje você não me escapa, vou
comer você hoje dentro desse carro, aqui no estacionamento e depois vou te
comer de quatro puxando seus cabelos no sofá do seu apartamento. Para
nunca mais você me deixar com as bolas doendo de tesão.
— Hum que gostoso, assim eu espero — falo rindo e Marcelo abre o
sorriso.
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CAPÍTULO 22 — MARCELO
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— Clarinha, então você não namora? Só fica com ele, anda de mãos
dadas, provavelmente vão dormir juntos e não pode ficar com outros caras —
constata Adriano.
— Isso mesmo — Clarinha fala com um enorme sorriso, vira o rosto e
me dá um breve beijo.
— Clara, você não fica mais que uma vez com o mesmo cara. O único
com quem você fez isso foi com o Edson, mas foram apenas umas três vezes
e porque ainda estava bêbada e depois já dava um fora nele, você sempre foi
fria com ele. Já com Marcelo isso de vocês dois "ficarem" demorou em
acontecer. Estão mais de um mês nesse chove não molha, e pelo visto ambos
estão bem contentes com esse "rolinho"— Adriano fala rindo.
— Marcelo, você superou as minhas expectativas, amarrou Clarinha e
ela ainda nem percebeu isso — Carol caçoa rindo.
— Que nada, Clara é livre — digo fazendo sinal para Carol ficar
quieta ou é perigoso Clara sair correndo do meu colo.
— Acho que devemos bater palmas para Marcelo, pois ele conseguiu
o impossível — Eva fala rindo batendo palmas e os outros a acompanham.
— Vocês podem não acreditar, mas eu e Marcelo estamos apenas
ficando — Clara afirma, mas também ri.
— Pode deixar meninas estou aproveitando bem a minha ficante —
digo. — Clarinha, vou para a minha sala tentar assistir aula. Ainda não
esqueci o que fez comigo, no intervalo passo aqui para de dar uns amassos —
falo em seu ouvido apertando sua bunda.
— Vou esperar por isso — responde, depois se levanta do meu colo.
— A conversa está boa, mas preciso ir para a aula. Meninas, Adriano
cuida dela para mim — falo fazendo todos rirem.
— Clara é esperta, não se preocupe ela sabe se cuidar sozinha —
Carol fala.
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dirija a palavra a ela. Pode me soltar, não vou bater nesse babaca, ela precisa
de mim — digo.
Adriano me solta, vou até Clara, as meninas se afastam e eu a abraço,
ela me abraça forte e continua a chorar.
— Xiiiii, calma, não precisa chorar eu estou aqui.
— Ele quis me agarrar à força, eu não tenho nada com ele, eu juro
Marcelo — Clara fala em meio ao choro.
Levanto sua cabeça, olho em seus olhos.
— Eu sei, eu vi, não se preocupe. Confio em você.
— Vai confiando engomadinho, logo você vai descobrir a santa que a
Clara é, aproveita bem enquanto é tempo — Edson fala, vira as costas e vai
embora.
— Vamos sair daqui. A plateia está grande — Adriano fala.
Olho em volta e dou conta do número de pessoas que estão assistindo
a cena, vejo Dayana sorrindo para mim. Não sei o que ela ganha com esse
sorriso, o melhor é ignorar. Clara precisa de mim. Pego minha pasta do chão.
— Vem Clara, vou te levar embora — falo a conduzindo para o
estacionamento.
Os amigos dela nos acompanham.
— Um amigo viu Edson segurando o braço dela e veio nos avisar —
Eva fala.
— Ainda bem que você chegou a tempo — Carol fala.
— Já passou meninas, vamos mudar de assunto — Adriano pede.
Chegamos até o carro. Adriano se aproxima de Clara, e eu me afasto
um pouco. Ele a abraça e fala: — Desculpa minha menina, hoje eu não pude
te proteger. Nunca mais ele vai relar em você, te prometo.
Algumas pessoas podem confundir esse carinho que Adriano tem por
Clara, no início quando os via no corredor da faculdade sempre achei que
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tivesse algo a mais que amizade. Com o tempo percebi que não existe nada
além disso. Depois que Clara se aproximou de mim essa amizade ficou mais
evidente. Adriano cuida dela como se fosse uma irmã mais nova. Não existe
nenhum motivo para eu sentir ciúmes. Essa amizade entre os dois é pura e
verdadeira, algo que jamais tinha visto antes.
— Você não teve culpa, Montanha — Clara explica. — Edson estava
louco, ele me viu mais cedo com Marcelo e veio tirar satisfações. Ele me
ameaçou disse que iria acabar com a minha vida. Ele tentou me agarrar e me
arrastar para o banheiro.
— Vou ter uma "conversinha" com ele daqui a pouco, ele nunca mais
vai relar em você. Essa obsessão dele já foi longe demais. Vai com Marcelo,
acho que ele não vai te deixar sozinha essa noite. Você vai estar em boas
mãos. Amanhã passo para saber como você está — diz Adriano.
— Não deixa aquele babaca estragar a sua noite Clarinha, você tem o
corpinho de Marcelo a noite toda — brinca Carol.
— Carol, você não tem jeito mesmo, isso é hora de pensar na farra da
Clara e Marcelo — repreende Eva. — Clarinha, não escute essa doida, e não
fica assim, Edson é um babaca idiota de pinto fino.
— Como assim pinto fino? — questiono.
— É melhor você nem saber — Adriano fala rindo. — Vai se
acostumando Marcelo, essas meninas não têm filtro, agora leva a Clarinha
para casa e cuida bem da minha menina.
— Pode ter certeza que irei cuidar muito bem dela.
Eu e Clara nos despedimos de todos. Abro a porta ela entra, fecho,
dou a volta sento e dou partida no carro. Percebo que Clara ainda está triste.
preciso anima-la, não gosto de vê-la triste.
— O que acha de passarmos em uma conveniência pegar uma Coca-
Cola e sorvete. Ai vamos até o meu apartamento assistimos alguma coisa
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CAPÍTULO 23 — MARCELO
Faz mais de quinze dias que eu e Clara estamos juntos, tudo indica
que o teste de uma semana deu certo. Hoje faz exatamente quinze noites que
não durmo no meu apartamento. A nossa rotina é sempre a mesma:
acordamos cedo, fazemos amor, vamos para a academia, depois voltamos
para o apartamento tomamos banho, me arrumo e vou para o estágio. Os dias
que o serviço está mais suave vou almoçar com Clara, os mais corridos
almoço no escritório mesmo. Alguns dias da semana passo no meu
apartamento, pego umas peças de roupa e deixo as sujas para a tia da faxina
lavar. Clara disse que não vai lavar minhas cuecas. E nos fins de semana
vamos para o nosso refúgio.
Está sendo bom esse tempo que estamos passando juntos. Clara está
cada dia mais entregue e até mesmo carinhosa. Para ela estamos apenas
ficando, mas sei que isso que temos um com o outro não é ficar, mas é
melhor não contraria-la e deixá-la pensando que estamos só ficando.
As amigas de Clara e Adriano sempre ficam brincando e zoando com
a nossa cara. Eles falam que nós dois já estamos casados e daqui uns dias
chegamos com um filho nos braços, pois somos rapidinhos, nem namoramos
ou noivamos pulamos logo para o casamento. Para deixar Clara bravinha,
sempre falo que estou fazendo um teste, vendo se Clara é boa para casar
mesmo. Fazendo todos rirem e sempre levo uns tapas dela por isso.
Dayana nunca mais conversou comigo, quando a vejo no corredor da
faculdade ou no escritório ela vira a cara. Edson também não deu mais as
caras, alguns dizem que ele trocou de faculdade, mas acho que essa atitude
foi devido a certa "conversinha" que Adriano teve com ele.
Hoje, sábado, resolvemos sair com os nossos amigos. Agora Adriano,
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Carol e Eva também são meus amigos. Bebemos, dançamos e nos divertimos
até tarde, depois eu e Clara viemos para o nosso refúgio.
Clara insiste em dizer que é apenas sexo, e eu aceito as desculpas
dela, aos poucos ela vai cedendo, vez ou outra sente até ciúmes. Eu tento a
cobrir de carinho, amor para que ela possa confiar em mim sempre. Mas
ainda não consegui descobrir o motivo por ela fugir de algo mais sério, a
única coisa que percebi é que ela quase não fala da família. Seu único contato
é com a mãe, mas só fala com ela uma vez na semana.
Agora estou aqui deitado, vendo minha diaba linda dormindo em
meus braços, isso é algo que não me canso de fazer. Observar Clara
dormindo passou a ser um dos meus programas favoritos. A observo até cair
no sono.
Sou despertado, com o toque do celular de Clara. Olho no relógio e
vejo que ainda não é nem 07h00, pego seu celular que está na cabeceira e
vejo escrito "mãe" no visor. Acho melhor acorda-la, a mãe dela não liga, ela
que sempre liga para mãe.
— Clarinha meu amor, Clara, acorda — a chamo dando leves beijos.
— Me deixa dormir — resmunga.
— Amor, seu celular está tocando.
— Deixa tocar — fala manhosa.
— Sua mãe, ela está ligando.
Passo o celular para ela que atente.
— Mãe está cedo depois eu ligo.
De repente ela levanta da cama, com os olhos estatelados e respiração
ofegante. Vai até a porta do banheiro.
— Já disse para não ligar para mim, já te disse para você esquecer que
eu existo. Para mim você morreu.
Clara parece ouvir o que a outra pessoa diz no celular, ela vai se
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CAPÍTULO 24 — CLARA
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ainda consciente. A todo o momento chamava seu nome. Sua irmã Carla
acabou dizendo que você era a filha mais nova e morava longe. Sua mãe
estava com uma hemorragia interna porque uma das costelas perfurou o baço.
Ela foi operada para a retirada do baço, e também apresentou um leve
traumatismo craniano por ter batido a cabeça ao cair no chão. Por isso nesse
momento ela se encontra sedada até que o traumatismo diminua e estabilize.
Portanto ela está na Unidade de Terapia Intensiva.
— Ela corre risco de morrer? — pergunto agoniada.
— Riscos sempre existem. Mas nesse momento o estado de sua mãe é
estável. Precisamos ver como ela vai reagir daqui em diante. Aos poucos
iremos tirar a sedação até ela acordar.
— Posso vê-la?
— Pode, mas será uma visita rápida, ok.
— Tudo bem.
— Vou chamar uma enfermeira, ela irá te acompanhar. Daqui duas
horas vou examina-la novamente e posso dizer como está sendo a sua
evolução.
— Obrigada.
O Doutor Luiz Fernando me acompanha até a porta e logo aparece
uma enfermeira que me encaminha para o setor da U.T.I. Ela me faz vestir
umas roupas para que eu possa entrar no quarto. Marcelo não pode entrar e
fica me esperando do lado de fora.
Entro com receio no quarto, não aguento e começo a chorar. Aos
poucos vou tomando coragem e chego perto da minha mãe, ela está pálida
com alguns ferimentos no rosto e ligada a vários aparelhos. Dou um beijo em
sua testa e seguro a sua mão.
— Mãe sou eu sua Clarinha, sua filha. Eu estou aqui, vim te ver, por
favor, não me deixe, preciso tanto da senhora. Sei que me afastei de tudo,
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por ele estar do meu lado em um momento tão difícil e delicado, sem fazer
nenhuma pergunta, apenas me apoiando e me dando força.
— Acho que vou fazer isso mais vezes, só para ganhar mais beijos
seus — fala me abraçando.
— Você sempre terá meus beijos seu bobo.
— Seu bobo — fala e eu lhe dou um sorriso.
Sentamos novamente, ele me abraça e esperamos o tempo passar até o
outro médico resolver vir dar notícias da minha mãe. Algo que demora, já
escureceu e não tenho mais notícias. Isso começa a me deixar agoniada.
Marcelo percebe a minha agitação.
— Vamos comer alguma coisa? Nesse hospital deve ter alguma
cantina.
— Não estou com fome.
— Você precisa se alimentar. Não comeu nada o dia todo. — Marcelo
levanta e estende a mão para mim.
— Está bem — digo pegando a sua mão e caminhando pelo corredor
do hospital.
— Amor, você espera um minuto vou até o banheiro — Marcelo fala.
— Tudo bem te espero aqui — aviso.
Fico no corredor parada perto de um bebedouro. Chega uma menina
de aproximadamente dois anos ou três, que tenta beber água, mas como ela é
pequena e o bebedor é alto, não consegue.
— Espere, vou te ajudar — digo olhando para aquela linda menina
morena de cabelos cacheados.
Pego o copo coloco água e a entrego.
— Bigado tia — fala bebendo água.
— Como você chama? — pergunto me abaixando para ficar próxima
a ela e olhar para aqueles olhos negros brilhantes.
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— Clalinha.
— Clara? — Ela me dá um sorriso e acena com a cabeça de forma
positiva. — Você sabia que eu também me chamo Clara?
— Que legal, o seu nome é igual o meu e da minha tia — ela fala com
sorriso largo.
— Verdade? — pergunto.
— Sim, minha mamãe colocou meu nome igual da minha tia porque
ela gosta muito dela.
— Como chama sua mamãe?
— Minha mamãe chama Cala.
Não pode ser o que eu estou pensando. É muita coincidência.
— Carla? — pergunto.
A pequena menina balança a cabeça confirmando o nome da mãe.
— Como chama seu papai? — pergunto olhando para ela com o medo
da resposta.
— Flavio! — Uma voz grossa que algum tempo não ouvia me faz
levantar a cabeça. — O papai dela chama Flavio, e pelo visto Clarinha você
acabou de conhecer a sua tia Clara.
Isso não pode estar acontecendo comigo, justo agora, isso não pode
ser real.
— Também é um prazer em revê-la Clara, não vai dar um abraço em
sua sobrinha e no seu cunhado — Flavio fala.
— Você é minha tia? — ela fala me abraçando.
O que eu vou fazer agora? A abraço sem saber o que estou fazendo.
— Sua tia está emocionada em te ver Clarinha, vai lá falar para a baba
que você conheceu a sua tia.
—Tá papai — fala e sai correndo.
— O que você está fazendo aqui? Ela prometeu que não iria vir aqui
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CAPÍTULO 25 — MARCELO
Fiz tudo o que estava ao meu alcance para apoiar Clara e dar a ela o
conforto nesse momento tão difícil. Estava em seus olhos a luta que traçava
para estar ali com a mãe. A sua recusa em sair do hospital não foi apenas por
medo de estar longe da mãe. Mas medo de encontrar alguém lá fora.
Depois de muita insistência consegui faze-la ir até a cantina, no
caminho precisei a deixa-la sozinha para ir no banheiro e foi nesse exato
momento que tudo aconteceu.
Quando saio do banheiro me deparo com Clara ajudando uma
pequena menina a beber água, fico vendo a cena imaginando como ela seria
como mãe. Infelizmente não deu para fazer a surpresa que eu tinha preparado
para ela essa manhã. Quando voltarmos de viagem irei fazer. Clara pelo visto
vai ser uma boa mãe e eu um ótimo pai. Pensar em um futuro juntos é o que
eu mais tenho feito nesses últimos dias. Um cara alto, branco se aproxima de
Clara e da menina. A fisionomia de Clara muda na mesma hora, fica mais
rígida e tensa. Quando a pequena menina sai correndo foi possível ver que
Clara fica cada vez mais agitada. Será que é alguém que ela conhece?
Aproximo-me e escuto o final da fala do cara.
— Canalha que você gritava o nome várias vezes enquanto gozava —
o homem diz.
— Bem que você disse. Ela gritava. Agora é Marcelo que ela grita e
se eu fosse você ficaria bem longe dela. Ou vou ter que te afastar de um jeito
não muito legal — falo abraçando Clara pela cintura.
Quem esse safado pensa que é? Clara é minha e não admito que
ninguém fale com ela dessa forma.
— Pelo visto trouxe outro cão de guarda — o cara fala.
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— Não sou o cão de guarda. Mas posso ser se isso for preciso — falo
me segurando para não arrebentar a cara dele aqui dentro.
— Chega Flavio, você não tem nada a fazer aqui. Se retire.
— Vim ver a minha sogra. Já que a filha desnaturada a abandonou e
deserdou a irmã. Agora ela está aqui jogada em uma cama de hospital — O
tal do Flavio fala em forma de ironia.
— Sínico — acusa Clara.
— Vou indo, mas vamos nos encontrar mais vezes — ele fala e sai
pelo corretor.
Não entendo o que aconteceu aqui. Quem é ele? Por que Clara ficou
tão nervosa com a sua presença? O que ele quis dizer com sogra e filha
desnaturada? Somente uma pessoa pode me responder essas perguntas. Ela
está parada na minha frente sem saber o que fazer.
— Obrigada — agradece sem graça.
Se eu perguntar será que ela vai responder? Preciso arriscar.
— Quem é ele?
— Meu cunhado — fala olhando em meus olhos.
— Cunhado?
Clara abaixa a cabeça, e fala tão baixo, parecendo que levou várias
facadas, sua voz quase não sai.
— Cunhado e ex-noivo.
Então é isso, Clara foi trocada pela irmã, percebo que ela começa a
chorar. A abraço e decido não fazer mais perguntas vou dar o tempo que ela
precisa, se ela confiar em mim logo irá contar tudo que aconteceu no seu
passado.
— Clara, vou procurar o médico responsável e saber como sua mãe
está. Já reservei um quarto em um hotel aqui do lado. Depois iremos para lá,
você precisa tomar um banho e se alimentar.
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dois. Sempre fui muito ligada a Carla, sempre dizia que iria colocar o nome
dela se um dia eu tivesse uma menina como filha.
Resumindo, o meu mundo caiu, agora só tinha eu e o meu bebê, eu
iria lutar pela vida que crescia dentro de mim.
Na semana seguinte Flavio foi em casa para conversar, para tentar
me fazer perdoá-lo e prosseguir com o casamento. Com a minha recusa
acabamos brigando, senti uma pontada forte no pé da barriga, quando olhei
minhas pernas estavam cobertas por sangue. Flavio me levou ao hospital e o
médico constatou que eu tinha perdido meu filho. Enquanto eu chorava com
a notícia da perda Flavio riu da minha cara, disse que nem para segurar um
filho eu prestava. Naquele mesmo dia no hospital encontrei Carla tomando
soro, descobri naquele momento que ela também estava gravida e Flavio era
o pai.
O pai de Flavio já tinha investido muito no nosso casamento. No final
daquele ano Flavio casou, mas eu não era noiva. Tudo que eu planejei ficou
para Carla, a casa, as alianças que eu tinha escolhido o casamento dos meus
sonhos foi Carla que teve. Sai da faculdade, não poderia continuar, vi que a
UFGD, estava com as inscrições abertas para o vestibular prestei, passei e
fui embora. O meu conto de fadas não terminou do jeito que eu tinha
imaginado. Aprendi da forma mais dura que contos de fadas não existem.
Flavio foi meu primeiro amor, primeiro beijo, ele me fez mulher e também
me quebrou em pedaços.
— Aquela menina no hospital...
— É a filha de Carla e Flavio, ela colocou o meu nome na menina —
Clara fala me cortando.
A abraço mais apertado.
— Flavio nunca me amou, eu era apenas um fantoche em suas mãos.
Depois do que aconteceu descobri vários outros podres, Carla foi apenas mais
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uma com que ele me traiu. Eu fui apenas a namorada modelo, noiva modelo e
seria a esposa modelo.
— Mas você descobriu a tempo.
— Descobri tarde, meu coração já pertencia a ele. Mas a tempo de
não estragar o resto de minha vida. Tive que aprender a juntar todos os meus
cacos, e enfrentar todos. Você viu na recepção, é sempre assim, por isso
quase não venho aqui, é sempre a mesma coisa.
— Não fique assim. Estou aqui com você.
— Serei eternamente grata por isso. Vou tomar banho.
Clara vai para o banheiro e fico pensando em tudo o que ela me disse.
Agora compreendo o motivo dela ser tão avessa a relacionamento. O único
que a teve a quebrou por completo.
Ligo para recepção pedindo o nosso jantar, mas por causa da hora a
recepcionista informa que não estão mais servindo. Então procuro a lista
telefônica e ligo para a pizzaria pedindo pizza e coca cola.
Visto um short e sento na cama esperando Clara sair do banheiro.
Por isso ela tinha medo de vir para a cidade sozinha e nunca falava da
família, além de perder o noivo para a irmã, perdeu o filho e ainda descobriu
que a irmã estava grávida e se casaria no seu lugar. Muitas informações.
Ela sai do banheiro, com os cabelos soltos molhados e uma camisola
branca, como sempre está linda.
— Vem cá — a chamo.
Ela caminha até mim e senta-se no meio das minhas pernas. A abraço
e sinto seu cheio doce.
— Como está? — pergunto.
— Mais leve — fala e vira para me dar um beijo.
— Pedi pizza, está chegando.
— Obrigada.
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CAPÍTULO 26 – MARCELO
lado.
Já alimentados, Marcelo me faz deitar de conchinha, alisa meus
cabelos até que enfim consigo dormir. Quando acordo ainda não amanheceu,
olho para o lado e ele dorme um sono tranquilo.
Em pouco tempo juntos já acho difícil pensar em um futuro sem ele
ao meu lado. Mas será que ele pensa em um futuro comigo ao seu lado?
Tenho medo dessa resposta.
Levanto-me da cama com cuidado para não acorda-lo. Provavelmente
está morto de cansaço, a viagem até aqui é longa e depois passar o dia e a
metade da noite em um hospital é puxado. Mas ele fez isso sem reclamar em
nenhum momento.
Vou para o banheiro e tomo um banho demorado. Hoje é um novo
dia, provavelmente será tão cansativo como o de ontem. Espero que hoje
minha mãe esteja melhor.
Fico no banho perdida em meus pensamentos, quando olho para porta
vejo Marcelo encostado no batente com os braços cruzados.
— Me observando?
— É um dos meus hobbys favoritos.
— Um dos? Você tem outros?
—Vários.
— Pode dizer alguns?
— Me deixe pensar. Ver você dormir é um, acordar do seu lado é
outro. Fazer amor com você também é. Ver você gozar nem tem como
explicar, é uma visão inigualável — conforme Marcelo fala, vai se
aproximando até ficar comigo debaixo do chuveiro. — E o principal, prensar
você em uma parede. Você não tem ideia como me sinto fazendo isso.
Marcelo me prensa na parede, chupa meu lábio inferior, passa a
língua em volta da boca, aperta a minha cintura e começa a me beijar tirando
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prometa aquilo que você não pode cumprir. Eu já tive isso antes, já vivi tudo
isso e olha o que aconteceu? — falo indo até a minha mala para pegar minha
roupa.
— O que você está falando? O que eu fiz? — Marcelo fala se fazendo
de inocente.
— Você não sabe o que fez? Você está me fazendo de besta.
— Clarinha meu amor, para com isso, não tente me afastar. Eu amo
você. – Marcelo fica parado na minha frente, levanta a minha cabeça para que
eu olhe em seus olhos. — Eu sei que você está magoada, está com medo de
tudo isso que está acontecendo com sua mãe. O reencontro com seu ex. Só te
peço uma coisa, por favor, deixa eu te amar, dá uma chance para nós,
prometo nunca te magoar.
— Me solta Marcelo. — Minha voz sai mais alta que o normal. —
Você não ouviu o que te disse? Para de se enganar e tentar me enganar, pois
você não vai conseguir. — Começo a andar em volta do quarto. — A gente
não vai dar certo, não tem nada entre nós dois. EU NÃO AMO VOCÊ —
grito. — Tudo não passou de uma aposta e veja só eu cumpri minha parte. —
Faço cara de deboche.
— PARA VOCÊ, CLARA! — grita e aponta o dedo para mim. —
Não foi só uma aposta, pode até ter começado dessa forma. Mas agora o que
tem entre a gente é muito mais que uma merda de aposta, é verdadeiro. Eu
amo você PORRA, não tente negar, sei que você também me ama.
— Amor? Amar é algo que eu não conheço você já deveria saber
muito bem disso.
Marcelo tenta se aproximar de mim, mas me afasto dele.
— Amor, calma, você só está assustada com toda essa situação, está
magoada com o que aquele merda fez com você. Mas por Deus, coloca uma
coisa na sua cabeça eu te amo, jamais faria você sofrer, pois iria sofrer junto
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com você.
Começo a rir.
— Marcelo você chega a ser patético. Olhe bem para mim e diz em
que você é diferente do Flavio? — Cruzo meus braços. — Ele também dizia
que me amava e jamais me faria sofrer. No final o que aconteceu? Você sabe
o que ele fez, sabe como foi o fim de tudo.
— Não me compare com aquele cara. Já disse que não sou ele.
Acorda para a vida Clara. Para de viver no passado. Não é porque ele fez
tudo àquilo com você que eu também irei fazer.
— Ah não. Você não vai fazer a mesma coisa? Acorda você Marcelo
— falo apontando o dedo para ele. — Me diz o que você fez com Dayana? —
Olho para ele. — Vai Marcelo, diz, não fica olhando para mim com cara de
cachorro abandonado.
— Terminei com ela para ficar com você — fala em um tom mais
baixo. — Clara, a nossa história é diferente, nada se compara com o que
aquele filho da puta te fez.
— Você fez a mesma coisa que o Flavio fez. Transou comigo quando
ainda estava namorando com ela.
— Já disse foi diferente PORRA! Eu amo você caramba. Quantas
vezes vou ter que dizer isso para que você possa acreditar em mim — NÃO
FOI DIFERENTE. FOI A MESMA MERDA — grito. — Você destruiu seu
relacionamento por umas fodas comigo. Você foi tão canalha com Dayana
quanto o Flavio foi comigo. Para de falar de amor. Não amo ninguém, amo
apenas a mim e a minha mãe. Sempre deixei claro que o nosso lance era só
sexo. Nunca pedi para você se apaixonar por mim.
— Você está louca. Só pode. Não estou acreditando no que você está
falando.
— Olha Marcelo, não queria falar, mas ai vai. Você é lindo, gostoso e
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confesso que tive com você umas das melhores transas da minha vida. Você
sabe fazer gostoso. Mas tudo desde o início foi só um jogo, era legal ter você
por perto, por isso aceitei essa história ridícula de sermos ficantes. Eu desde o
início estava jogando com a sedução e eu ganhei. Agora acabou.
— O que você ganhou com tudo isso, Clara?
— Não dá mais, cansei de jogar.
— Vou dizer o que você ganhou já que se sente superior. Você acaba
de ganhar meu desprezo e minha indiferença. Agora quem não quer mais sou
eu. Não vou ficar dando soco em ponta de faca. Ficar insistindo em uma
coisa que o outro não quer. Não adianta eu querer você e você não querer
ficar comigo. Para mim chega.
— Agora vai dar um de santo do pau oco?
— Essa na minha frente não é a Clara pela qual me apaixonei. Você
não é a mulher que a cada dia eu aprendi a amar mais, a respeitar e a valorizar
o tempo juntos.
— Pode parar com o drama, não precisa disso — falo com a voz
embargada.
O que eu estou fazendo? É isso mesmo que eu quero? Afasta-lo de
mim? Sim, é isso que eu quero, é melhor acabar com isso. Não posso, não
quero, e não vou sofrer de novo.
— Acabou o drama, Clara! Acabou! O que tinha entre nós acabou
nesse momento, não é isso que você quer? Está satisfeita agora? — Marcelo
fala com desprezo fazendo meu coração acelerar.
— É isso sim, quero você longe de mim, longe de minha vida —
grito.
Isso é o melhor, nós dois nunca daríamos certo. Não o amo, não posso
enganá-lo e me enganar. Essa história de nós dois foi longe demais.
— Não se preocupa Clara, fica tranquila que eu parei. Não vou mais
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te dedicar meu amor. Porque você não o merece. Sou homem, não um
moleque ou um brinquedo que você é acostumada a brincar.
— Não mereço seu amor? Não me faça rir com suas palavras. Para,
que está ficando feio.
— Feio foi o que aquele patife que foi seu noivo fez, ele era moleque.
Junto com a sua irmã foram sim uns filhos da puta com você.
— Chega! Você não é ninguém para jogar isso na minha cara.
— Não chega. Eu ainda não acabei de falar. Em razão disso tudo que
eles fizeram, você se tornou essa pessoa fria, egoísta que me usou. Você é
incapaz de perdoa-los e se permitir ser feliz. A culpa de você ser assim hoje é
sua. — Aponta o dedo para mim. — Foi você que criou essa pessoa que é
hoje. Você é responsável por essa criatura amarga e fria que está agora na
minha frente.
— Já disse para você parar — peço.
— Clara, fica sabendo que todo esse seu ressentimento não vai te
levar a nada. Só vai afastar as pessoas que te amam. Agora por favor, vai se
arrumar que vou levar você para o hospital. Sou homem de palavras e não um
moleque.
— Não precisa, irei sozinha, pode pegar suas coisas e ir embora não
preciso de você.
— Vou cuidar de você, por mais que não mereça. Prometi para o
Adriano que faria isso. Assim que ele chegar eu desapareço da sua vida e
esqueço que um dia estivemos juntos.
Marcelo fala indo para o banheiro, sento-me na cama. Até demorou
para isso acontecer, não preciso dele e de homem nenhum, não vou quebrar a
cara feito uma palhaça.
Arrumo-me e arrumo as coisas, Marcelo sai do banheiro passa por
mim, escolhe uma roupa e volta para o banheiro. Quando sai já está pronto,
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boas notícias da sua mãe. Ela está correspondendo muito bem ao tratamento,
o trauma sofrido na cabeça desinchou. Já tirei toda a sedação dela, e se tudo
correr bem em poucas horas ela acorda.
— Ai Meu Deus. Obrigada nossa senhora. Obrigada Doutor, por ter
salvado a vida da minha mãe — falo chorando.
— Não tem o que agradecer, fiz o meu trabalho. Sua mãe já está no
quarto e você já pode ficar com ela — Doutor Luiz Fernando fala.
Saio da sala dele pulando de alegria, tudo que eu quero agora e ficar
com a minha mãezinha. Não quero pensar em mais nada a não ser nela. Entro
no quarto, puxo a cadeira e sento ao lado da cama dela.
— Mãe. Estou aqui, estou feliz que a senhora esteja melhor, vou ficar
aqui até a senhora acordar.
— Dona Claudia eu vou ficar aqui até a senhora acordar e cuidando
da nossa menina — Montanha fala do meu lado.
— Obrigada Montanha, você é o melhor amigo do mundo — digo e
ganho um sorriso.
Fico ali sentada segurando a mão da minha mãe. As horas passam e
nada dela acordar. Em algum momento a imagem de Marcelo vem em minha
mente, mas logo afasto esse pensamento. Montanha fica sentado no sofá, e eu
deito minha cabeça na cama. Ficamos em silêncio, até eu ser despertada com
pequenas mãos me abraçando.
— Oi tia, vim ver a vovó.
Olho para ela confusa e desvio meu olhar para porta. Carla está nos
olhando com lágrimas nos olhos. Ela está tão diferente, parece estar bem mais
velha do que a idade que realmente tem, parece cansada.
— Precisava ter notícias, não aguentei ficar esperando em casa. Já
estou indo. Clarinha, meu amor vamos, mais tarde a gente vem ver a vovó.
Vem com a mamãe — Carla fala.
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a noite é a vez da Carla. Mãe nunca toca no nome dela, deve ser difícil para
ela também, afinal sem eu na cidade ela só tem Carla e a neta.
Recebi uma ligação do meu orientador falando que foi oferecida uma
bolsa de intercâmbio em relação ao meu projeto de pesquisa e o melhor é fora
do país. Contei a ele que estava no hospital com a minha mãe e ele deu o
prazo de quinze dias para eu dar a resposta. Caso eu aceite já na semana
seguinte posso viajar para o país de destino do intercâmbio. Talvez sair do
Brasil seria bom, isso é algo para se pensar com calma.
Hoje o médico disse que amanhã, sexta-feira, antes do almoço minha
mãe terá alta. Uma notícia que deixou eu ela e Montanha, felizes. Mãe disse
para eu não me preocupar, Carla contratou uma enfermeira para cuidar dela e
também ficará um tempo na casa dela até a nossa mãe se recuperar por
completo. Pelo menos o dinheiro dela serviu para alguma coisa. Fico aliviada
sabendo que ela vai ser bem cuidada.
Enfim sexta-feira, hoje minha mãe tem alta. Chego ao hospital com o
coração na mão, eu e Montanha vamos voltar para Dourados depois do
almoço. Mas fico feliz em saber que ela está bem.
— Não se preocupe minha filha vou ficar bem — mãe fala.
— Eu sei mãe.
— Filha, fico feliz que você esteja aqui comigo. Mas sinto que por
dentro você está triste.
— Não estou triste. Estou bem, estou feliz que a senhora vai sair hoje
do hospital.
— Isso sei que está. Mas sua tristeza não é essa. Aconteceu alguma
coisa e você não que me contar?
— Não aconteceu nada mãe. Não quero que a senhora fique
preocupada comigo.
— Fui eu que te coloquei no mundo menina, te criei. Não tente me
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enganar, se não quer contar o que aconteceu não tem problema, vou rezar
para que o brilho em seus olhos volte.
— Obrigada mãe, preciso ir — falo abraçando-a. – Daqui a pouco
Carla chega para te levar embora.
— Clara, posso te pedir uma coisa?
— Pode sim, mãe.
— Jura que não vai rasgar ou jogar fora?
— É um presente?
— Quase.
— Então eu prometo.
— Não a rasgue, você prometeu. Se não quiser ler agora a guarde e
quando estiver pronta leia. — Ela puxa um envelope debaixo do travesseiro e
me entrega. — Carla me pediu para entregar a você.
Pego a carta das suas mãos e a guardo na bolsa.
— Você vai fazer isso por mim?
Balanço a cabeça de forma afirmativa. Despeço-me da minha mãe e
prometo voltar logo para visita-la. Montanha também se despede dela
prometendo me trazer de volta nem se for amarrada.
O caminho de volta para Dourados também é feito em silêncio. Não
consigo explicar. Era para eu estar feliz, afinal minha mãe está bem, estou
voltando para casa, mas falta algo, falta alguém. Falta ele.
Quando entro no meu apartamento, sou recebida por Eva e Carol, que
estão animadas com a nossa volta. Carol parece mais animada que Eva.
As meninas acertaram, trouxeram vinho e chocolate. Depois de um
banho rápido sento no chão com elas e Montanha e conto tudo que aconteceu.
Enfim tomo coragem e conto para elas o que aconteceu no passado e a briga
com Marcelo.
— Clarinha, não acredito que você fez isso — Carol fala.
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me despeço de todos.
Vou para meu quarto e tomo um banho demorado. Pego o shampoo e
percebo que os produtos de Marcelo não estão mais ao lado dos meus.
Faz um bom tempo que moro sozinha, mas hoje parece que meu
apartamento está maior e vazio, com se faltasse algo.
Saio do banho visto uma camisola leve. Olho para minha mala no
chão e resolvo deixar para desfazê-la amanhã. Pego o celular da minha bolsa
e sai junto a carta da Carla que cai no chão. Já tinha esquecido essa carta, a
pego do chão e fico olhando-a. O que será que ela escreveu aqui? Disse para
minha mãe que não a jogaria fora, mas nesse momento não estou preparada
para ler. Coloco a carta na gaveta do criado mudo, apago a luz e deito em
minha cama.
Está na hora de recomeçar, essa proposta da bolsa é uma ótima
oportunidade para isso. Longe de Flavio, Carla e principalmente Marcelo.
Amanhã é um outro dia.
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CAPÍTULO 27 — MONTANHA
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acompanhar. Não adianta fugir e depois fingir que é forte e feliz, pois você
não é. Nunca vi você tão bem e feliz antes. Marcelo foi capaz de te dar a paz
que você tanto procura. Diz o que você fez? O afastou de você. Mesmo ele
provando todos os dias que a ama. Assim como você ama ele.
— Eu não amo, não posso dar o amor que Marcelo merece. Eu não
posso. NÃO POSSO! — grita.
— Sim você pode. Mas tem medo e prefere fugir feito uma menininha
mimada que não aprendeu a lidar com a dor.
— O que você está dizendo?
— O que estou dizendo? O que a sua mãe tinha que ter falado a você
quando você pegou o Flavio com a Carla naquela cama. Que você tinha que
ter batido nela, nele, quebrado tudo, menos se esconder de tudo e todos, e
fugir. Depois fingir que nada aconteceu. Aconteceu sim. Você foi traída. Sua
irmã traiu você. Você perdeu o filho que tanto desejava por causa deles. Mas
tem uma linda sobrinha com o seu nome, fruto dessa traição. Carla te traiu,
mas te ama, ela é sangue do seu sangue. Ela sofre tanto quando você por isso.
Flavio casou com ela porque o pai dele obrigou e eles vivem em um
verdadeiro inferno. Você diferente da sua irmã teve a chance de recomeçar a
vida, em um lugar diferente. Sua irmã não, está vivendo um casamento de
fachada, todos da cidade a olhando torto. Você não acha que ela já pagou
caro pela traição? Você não tem mais ninguém além da sua mãe, irmã,
sobrinha, eu, Carol, Eva e Marcelo. Mas você afasta todos de você por medo
de enfrentar a realidade. Medo de seguir a sua vida.
— Quem é você para falar isso? Quer me dar lição de moral, mas não
tem coragem de assumir o que sente pela Carol.
— Sofri tanto quanto você Clara! Minha única irmã morreu, também
fui traído. Mas estou seguindo a minha vida e não afasto as pessoas que eu
amo. E quanto a Carol, eu não assumo porque não sei o que sinto. Não sei se
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é amor, paixão, desejo ou amizade. A única coisa que sei é que não posso
viver longe dela. Luto diariamente para tê-la do meu lado. Diferente de você
que ao invés de assumir que ama Marcelo prefere fugir. Pode fugir, mas essa
sua dor nunca vai passar. Você vai se arrepender pelo resto da sua vida por
ter comparado Marcelo com Flavio e deixado a pessoa que realmente te amou
por medo de ser feliz. Você melhor que ninguém sabe que contos de fada não
existem, e nem o babaca da música do Luan Santana que vai te esperar por
dez, vinte, trinta anos. Logo vai aparecer alguém e vai ocupar o seu lugar no
coração do Marcelo. E você Clara vai continuar fugindo e sofrendo, você vai
ser a única culpada de tudo isso.
— PENSEI QUE VOCÊ FOSSE MEU AMIGO! — Clara grita,
chorando vindo até a mim soltando socos no meu peitoral.
— Por ser seu amigo estou fazendo isso. Não posso deixar você fugir
de novo — falo imobilizando seus braços e a abraçando. — Não posso ver
você destruir tudo que conquistou por medo. Está na hora de você enfrenta-
lo.
Solto seus braços. Clara senta no chão.
— Não! — fala chorando. — Eu não consigo.
— Sim, você consegue. Basta querer.
— Está doendo — sussurra.
A pego no colo, a levo até o banheiro, ligo o chuveiro. Ela senta-se no
chão, enquanto a água cai em seu corpo ainda vestido misturando-se com
suas lágrimas.
—Tudo que eu tinha que falar para você eu falei. Estou indo embora,
se você quiser recomeçar ao lado das pessoas que te amam estarei aqui. Se
você quiser fugir também estarei aqui, mas depois não diga que eu não te
avisei. Você tem duas opções, cabe a você a escolha. Lembre-se qualquer
uma delas tem consequências, a escolha é sua.
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CAPÍTULO 28 — CLARA
Choro como há tempos não chorava. Não sei por quanto tempo fiquei
jogada no chão do banheiro. As palavras do Montanha foram como facadas
em meu coração.
Toda a minha pose de mulher forte e destemida foi por água abaixo
com as palavras do meu amigo. Não adianta eu me fazer de forte, pois não
sou. Aquela menina assustada que pegou o noivo e a irmã na cama ainda vive
em mim, ela estava apenas adormecida, escondida em um lugar onde somente
eu sabia. Talvez se eu tivesse feito o que Montanha disse: ter quebrado tudo,
gritado, dado na cara da Carla e do Flavio ao invés de ter fugido, hoje não
estaria aqui jogada no chão do banheiro remoendo meu passado e com o
medo do futuro.
Levanto-me do chão, tiro a minha roupa e começo a me lavar,
relembrando cada palavra que Montanha disse. Ele sempre me apoiou, jamais
faria ou falaria algo para me prejudicar. Algumas lágrimas ainda caem pelo
meu rosto. Nunca alguém falou essas coisas para mim. Somente Marcelo
disse na nossa primeira e única briga.
Montanha também sofreu tanto quanto eu, mas ele conseguiu seguir a
vida, não afasta as pessoas que ele ama. Eu afasto. Afastei Marcelo. Tudo por
medo.
Saio do banheiro visto uma camisola e sento na cama.
Medo, isso me define e sempre definiu. Enquanto eu estou no
comando sei o que vai acontecer, ai não tenho medo. Quando eu estava
jogando com a sedução em cima de Marcelo estava bom para mim, era eu
que estava no controle. Portanto sabia qual o próximo passo eu iria dar, o que
faria para leva-lo para cama. Enquanto eu jogava Marcelo fugia. A partir do
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momento que ele começou a não fugir, começou a reagir as minhas investidas
e ter o controle da situação, como no nosso primeiro beijo na biblioteca,
comecei a ter medo. Por isso logo consegui transar como ele e depois eu quis
cair fora. Pois naquele banheiro da academia tive a certeza que não era
apenas um jogo. Tive medo de me entregar, medo de me apaixonar ainda
mais, eu quis evitar o inevitável, naquele dia descobri que eu já o amava.
Naquela noite quando ele veio em meu apartamento foi a confirmação de
tudo que eu já tinha descoberto a tarde. Eu o amava, me entreguei a ele de
corpo e alma. Por causa do medo eu fugi dele naquela manhã e o afastei de
mim.
Pensei que eu o tinha perdido, estava conformada com isso. Até o dia
em que ele me surpreendeu dançando comigo e cantando no meu ouvido.
Marcelo me levou para a nossa bolha. Ele foi meu amante, amigo e
bandido. Naquela noite sabia que não tinha mais volta. Se eu pudesse jamais
sairia daquela bolha, lá não tinha medo, não tinha ninguém. Apenas Marcelo
e eu. Naquele mesmo dia, ele terminou com a vaca Dayana, disse que queria
ficar comigo e novamente senti medo. Quando ele propôs de sermos ficantes
também senti medo. Mas o medo de não ter Marcelo do meu lado foi muito
maior, por isso sem pensar duas vezes eu aceitei. O tempo que ficamos juntos
foi um dos melhores dias da minha vida, não foram apenas algumas transas,
foi muito mais. Ele me completava. A cada dia que passava estava feliz por
ele estar ali do meu lado, mas, o medo que ele fosse embora e me
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abandonasse a cada dia era maior. Por isso tentava aproveitar ao máximo de
sua companhia.
Marcelo foi para mim tudo aquilo que uma mulher deseja, amigo,
companheiro e amante. Foi o verdadeiro príncipe encantado dos contos de
fadas. Me compreendendo em um dos momentos mais difíceis da minha vida,
que foi o acidente da minha mãe. Levou-me até Rubineia, me deu força, me
defendeu do Flavio. Não saiu do meu lado em nenhum momento. Sentime tão
confiante por ele estar ali, que acabei contando tudo que eu guardava a sete
chaves dentro do meu coração. Em seus braços me senti segura, me senti
amada. Quando Marcelo disse que me amava, fiquei sem reação e com medo.
Medo de ser mentira, medo de ser verdade e eu não saber retribuir o amor
que ele disse que sentia. Amor que ele sentia? Será que ele ainda sente? Será
que eu joguei fora a felicidade que eu tanto procuro pelo medo de me
entregar de corpo e alma. Medo de amar o único homem que realmente me
amou.
O medo é um mostro que me impede de viver.
Olho no celular e vejo que já se passa da meia–noite. A bateria do
meu celular está acabando, abro a gaveta do criado mudo para pegar o
carregador e vejo a carta de Carla.
Pego a carta, a olho, fico pensando como nós éramos unidas, além de
irmãs éramos muito amigas, minha melhor amiga. Sempre juntas, apesar de
tudo que aconteceu Carla ainda colocou meu nome em sua filha, mas por
quê? Talvez a resposta esteja nessa carta. Esta na hora de enfrentar meus
medos, meus monstros. Abro a carta, respiro fundo e começo a ler.
Minha amada irmã, Essa carta foi o único meio que consegui
chegar até você. Antes de tudo quero te dizer que eu a amo.
Anos já se passaram, mas a dor que sinto pelo que eu te fiz ainda é a
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como esposo e pai de família. Eu acabei sendo esse troféu em seu lugar.
Apenas duas coisas boas aconteceram com isso tudo. A primeira foi
minha filha. Ela é a minha joia mais rara, como prometido coloquei o
nome dela de Clara, minha Clarinha é linda e doce como você. A amo com
todas as minhas forças e se ainda estou casada com Flavio é somente por
causa dela, não sei como faria para viver longe da minha filha.
Flavio já me ameaçou inúmeras vezes que se eu sair de casa ele tira
minha filha de mim, não posso viver longe dela. Clarinha é a minha vida.
Por ela sou capaz de tudo até viver um casamento de fachada.
A segunda coisa boa é que ao invés de você estar vivendo nesse
inferno de casamento sou eu que estou vivendo. Fico feliz que você esteja
longe de tudo isso. Um casamento cheio de brigas e traições. Mas para
todos que estão de fora um casamento perfeito, com marido perfeito e
esposa perfeita. A família perfeita. Você não merecia e não merece passar
por isso minha irmã.
Clara, você tem a oportunidade de escrever sua própria história, seu
conto de fadas com o Flavio teve um fim, pois não era real, não era
verdadeiro.
Você merece ser feliz, minha irmã, do lado de uma pessoa que a
ame, que te aceite do jeito que é, com todos seus defeitos e principalmente
com suas qualidades, uma menina doce, simples e forte. Não tenha medo
de ser feliz não fuja de sua felicidade, busque por ela.
Seja feliz minha irmã isso é o que mais desejo a você.
Te amo Carla
Algumas lágrimas caem dos meus olhos. Carla sofreu tanto quanto eu,
mas ela não tem a oportunidade de recomeçar como eu tive. No hospital foi
possível perceber como ela está abatida e infeliz. Queria dizer que acho bom
que ela quebrou a cara e está sofrendo. Ela merece sofrer por tudo que me fez
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sofrer. Mas ela é sangue do meu sangue, é minha única irmã, errou e
reconheceu seu erro e hoje sofre por me ter longe e por levar a vida que leva.
Leio e releio a carta de Carla inúmeras vezes até cair em um sono profundo.
Durante todo meu sono, sonho com as palavras de Carla, ela disse o
que mãe, Marcelo e Montanha disseram para mim e eu sempre me recusando
a ouvir e aceitar.
Você merece ser feliz minha irmã do lado de uma pessoa que a ame,
que te aceite do jeito que é, com todos seus defeitos e principalmente com as
qualidades, uma menina doce, simples e forte. Não tenha medo se ser feliz
não fuja de sua felicidade, busque por ela.
Acordo ainda com as palavras de Carla martelando na minha cabeça.
— Eu perdoo você minha irmã — falo em voz alta.
Levanto-me da minha cama tomo um banho rápido, me visto pego
capacete, chaves e bolsa e saio do meu apartamento. Chega de sentir medo.
Está na hora de buscar a minha felicidade.
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CAPÍTULO 29 — MARCELO
Doze dias, doze malditos dias. Sabe o que esses doze dias significam?
Doze dias são o total de duzentas e oitenta e oito horas, é o tempo que estou
sem ver seu sorriso, sentir seu cheiro, seu toque, seu gosto. É o tempo que
deixei de ser um fantoche nas mãos da Clara. Minha Clara, pelo menos era o
que eu queria que fosse. Quando você gosta de uma mulher como eu gosto
dela, você acaba fazendo de tudo para tê-la ao seu lado. Luta contra tudo,
contra todos, move montanhas, faz o possível e o impossível para ver essa
pessoa sorrindo. Para vê-la feliz. Mas quando essa luta é contra o medo que
ela sente de ser feliz. Desculpa em te falar meu camarada, você vai perder
feio. É uma luta perdida.
Foi isso que aconteceu comigo, lutei para ter Clara ao meu lado. Nada
adiantou provar a ela com gestos e carinho a cada dia que eu a amava. O
medo a cegou, ela não conseguiu ver que o problema não era eu ama-la, mas
o medo de deixar a si mesma ser feliz. Perdi a mulher que sempre desejei
nesses últimos anos, perdi a mulher que mais amei pelo medo. Ele foi o
vencedor dessa batalha. Clara se afastou de mim por medo de ser feliz,
aquelas palavras que saíram de sua boca não passaram pelo seu coração.
Aquela mulher que dizia aquelas palavras frias não era a minha doce, minha
menina mulher. Clara preferiu fugir desse amor a se entregar a ele.
Sou homem, não um brinquedo, por isso o melhor foi deixa-la, pois o
meu coração não iria aguentar ser pisado e maltratado, mesmo as palavras
saindo da boca para fora doeu em minha alma, no meu orgulho.
Tudo que eu queria e sempre quis era ama-la, nada mais.
Ama-la de todas as formas possíveis. Clara acha que eu me apaixonei
por ela nesse pouco tempo que ficamos juntos, ou durante o seu jogo de
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sedução. Para mim nunca existiu nenhum jogo, já estava seduzido por ela
muito tempo antes do seu jogo começar. Meu coração pertence a Clara desde
o dia que a vi pela a primeira vez no corredor da faculdade. Meu coração
começou a amá-la e venerá-la em segredo. Sempre a observava de longe, pois
para mim era um amor platônico, um amor impossível. Quando ela se
aproximou de mim, vi o impossível acontecer, poder estar com ela
diariamente a amando e a venerando. Seus beijos, seu sorriso, seu corpo eram
as minhas drogas.
— Pensando em mim.
Saio dos meus pensamentos e olho a pessoa que sentou ao meu lado.
Hoje vim na faculdade apenas para entregar um trabalho. Por isso fiquei
sentado nesse banco olhando para o nada perdido em meus pensamentos.
— Dayana — falo desanimado baixando a cabeça.
Por um minuto tive esperança de ser outra pessoa, a dona do meu
coração.
— Não respondeu a minha pergunta. — Coloca a mão em meu braço.
— Você estava distante, tenho certeza que estava pensando em mim.
— Por que eu estaria pensando em você?
— Como por quê? Porque você me ama e na certa já foi tempo o
suficiente para cair na real e ver que o seu lugar é do meu lado.
— Do seu lado?
— Sim mor, eu te amo e sempre te amei. Sei que você foi iludido por
Clara assim como Edson, eu te perdoo. Sei que o casinho de vocês já teve um
fim. Agora pode voltar para mim.
— Sabe que não estamos mais juntos?
— O Edson me disse que dormiu com Clara a semana passada inteira.
Também não notei mais vocês dois juntos.
— Dormiu com ela essa semana inteira?
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conhecer a pessoa com quem conviveu tanto tempo. Mostra para mim a
verdadeira Dayana sem mascaras.
— Quer saber? Eu cansei desse joguinho idiota. Aquela puta
conseguiu estragar todos os meus planos. Eu não te amo idiota, só queria ter
uma vida estável com um cara bonito. E você era essa pessoa perfeita. Não
pegava no meu pé, bonito e ainda por cima rico.
— Eu não sou rico se ainda não percebeu. Meu pai que é rico. Tudo
que tenho é fruto do meu trabalho.
— Não interessa, você iria herdar tudo depois que aquele velho gaga
morresse.
— Enfim sua máscara caiu. — Bato palmas. — Parabéns agora pegue
o resto de dignidade que ainda tem e esqueça que eu existo — digo saindo.
Sempre me disseram que ela não valia nada, mas nunca quis acreditar,
pelo visto Dayana só queria me usar e tirar benefícios.
Entro no meu carro dirijo até o apartamento da Clara e fico parado
olhando a janela do seu quarto, a luz ainda está acesa. Desde o dia da nossa
briga nunca mais a vi. Adriano disse que ela está bem, queria pelo menos vê-
la nem que se fosse de longe. Voltei a ser o mesmo cara que sempre a
admirou de longe.
— Para de ser besta Marcelo, ela não te quer, cadê o seu orgulho. —
Ligo o carro e vou para meu apartamento.
Tomo um banho, deito na minha cama e durmo. Quando acordo já
passa da 9h00 da manhã. Arrumo algumas coisas e resolvo ir para Douradina,
minha casa, meu refúgio.
Dirijo com o rádio ligado e pensando nos documentos que preciso
revisar do escritório. O melhor a fazer é enfiar a cara no trabalho. Faltando
uma quadra para chegar em minha casa algo me chama atenção.
Uma moto R300, preta com jogo de rodas rosa, eu conheço bem,
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Penélope. Se ela está aqui a dona dela também está. Estaciono o meu carro e
desço, passo pelo portão e Clara está sentada no chão da área, com a cabeça
baixa abraçando seus joelhos. Quando ela percebe minha presença levanta a
cabeça me dá um sorriso murcho.
— Oi — fala tão baixo que sua voz quase não sai.
— O que está fazendo aqui?
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CAPÍTULO 29 — CLARA
O que você queria Clara? Que Marcelo ficasse feliz ao te ver, que
fosse te abraçar e beijar? Você tinha tudo isso sua burra, mas achou mais fácil
jogar fora.
Respiro fundo, o pior que pode acontecer é ele me colocar para fora.
Então melhor eu tomar coragem e fazer o que eu queria fazer desde a hora
que acordei.
— Queria falar com você — digo com a voz baixa.
— Acho que não temos mais nada para conversar.
Suas palavras são como facadas em meu coração. Levanto do chão e
paro na sua frente.
— Marcelo, eu sei que não tenho direito de vir falar com você. Mas
por favor, me escuta.
Ele me olha durante longos segundos, percebo que ele puxa o ar.
Enfim fala: — Tudo bem. Vou te ouvir. — Passa por mim e abre a porta. —
Entra.
— Obrigada — digo entrando na casa.
Fico alguns minutos olhando a nossa bolha e sentindo saudades de
tudo que nós vivemos aqui.
— Pode se sentar — Marcelo fala me tirando das minhas doces
lembranças.
Sento no sofá e ele na poltrona na minha frente, ele está tão distante,
tão seco.
— Deseja beber alguma coisa? — Marcelo pergunta e eu nego com a
cabeça.
Não sei o que fazer; as palavras não querem sair de minha boca.
— Minha mãe... Minha mãe está bem — falo, mas não é isso que vim
falar para ele.
— Que bom.
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apavorada, por isso fiz o que mais sei fazer: fugir. Fugi de você e do seu
amor. Mas acontece que eu já te amava e tive medo de me entregar a esse
amor insano. Não sei desde quando comecei a amar você Marcelo, mas eu o
amo, só não queria assumir isso para mim mesma. Sofri muito quando
descobri a traição do Flavio e jurei para mim mesma que nunca mais amaria
outra pessoa, nunca mais faria papel de palhaça.
— Eu não sou o Flavio — Marcelo fala saindo de perto da porta e
ficando próximo a janela.
— Eu sei. Por isso vim atrás de você. — Olho em seus olhos. —
Marcelo, tudo que você me disse era verdade. A culpa é toda minha. Por
causa do que eles fizeram comigo, acabei me tornando uma pessoa fria,
egoísta. Fui incapaz de perdoar Carla e Flavio, e me permitir ser feliz. Esse
ressentimento me fez afastar o homem que mais me amou, e que eu amo.
Pela primeira vez resolvi não fugir do que eu sinto. Perdoei Carla e Flavio, na
verdade tenho que ser grata a eles ou hoje estaria casada vivendo um
casamento de fachada. Não teria conhecido o amor da minha. Não teria
conhecido você, eu ganhei muito mais que perdi. Conheci Montanha, Eva,
Carol e você.
— Demorou muito para descobrir isso você não acha?
— Sim demorei, antes tarde do que nunca — falo me aproximando da
porta. — Obrigada por ter me feito a melhor mulher do mundo nesse pouco
tempo que ficamos juntos, nunca foi apenas só sexo. Foi além, com você me
senti amada e amei. — Coloco a mão na maçaneta da porta para abri-la. —
Te desejo toda a felicidade do mundo — digo com a cabeça baixa abrindo a
porta. As lágrimas caem dos meus olhos de forma mais intensa, eu o perdi.
— Você está mentindo — Marcelo fala puxando meu braço, olho
confusa para ele.
— O quê? Não estou mentindo. Eu te amo.
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— Esta sim Clara, diz que me deseja toda felicidade do mundo, mas
está indo embora. A minha felicidade é você meu amor.
Marcelo me puxa e me abraça, o abraço com toda força que consigo.
Ele me beija, um beijo com início suave cheio de saudade, que em poucos
segundos se torna um beijo com necessidade, ele pede passagem de sua
língua em minha boca e eu dou passagem, nosso beijo é desesperando, tento
colocar nesse beijo tudo que estou sentindo nesse momento. Quando o ar nos
falta, separamos os nossos lábios para que possamos respirar. Marcelo tenta
secar minhas lágrimas, e dá leves beijos em meus olhos.
— Senta aqui — Marcelo fala apontando para o sofá. Faço o que ele
me pede. — Me espere que eu já volto.
Balanço com a cabeça de forma afirmativa, ele dá um beijo na minha
testa e sai em direção ao quarto. Não demora e ele já está de volta.
Marcelo se abaixa na minha frente, fica na mesma altura que eu, e
olha em meus olhos.
— Clarinha, eu disse que eu te amava, mas não te disse desde quando.
A primeira vez que te vi na faculdade, você estava com uma calça branca e
uma blusa rosa, te amei desde aquele dia. Sempre a observava de longe,
quando você chegou naquela festa linda com aquele vestido preto e batom
vinho que desenhava perfeitamente sua boca fiquei louco, meu sonho estava
se tornando realidade. Segurei-me para não te beijar ali mesmo. Quando vi
você na mesma academia que eu, percebi que ficar ao seu lado seria o paraíso
e o inferno ao mesmo tempo, paraíso por conviver com você e inferno por
não poder te tocar. Escutei uma conversa entre Carol e Eva no corredor da
faculdade naquele mesmo dia que te dei carona. Sempre soube que era um
jogo, por isso comecei a jogar.
— Mas quando eu disse que era um jogo você ficou furioso —
questiono sem entender.
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— Fiquei bravo comigo, não com você, o seu jogo era me levar para a
cama. O meu jogo era ganhar o seu coração, mas não resisti ficar muito
tempo sem te tocar, já tinha te desejado tanto tempo, a amado em segredo que
não resisti a sua tentação. Fiquei uma semana longe de você tentando fingir
que não sentia nada. Mas quanto te vi dançando com Fabio, ali descobri que
não poderia ficar longe de você.
— Então você sempre me amou?
— Sempre te amei, mas precisava fazer você acreditar nisso, sabia
que você tinha medo. Larguei da Dayana, fiz a proposta de sermos ficantes e
tentei te mostrar o quanto eu te amava, tentei mostrar isso a você a cada
segundo que passávamos juntos.
— E eu tonta não vi isso e te afastei quando percebi que eu estava
perdidamente apaixonada por você. Marcelo, agora sei que você me ama, me
desculpa.
— Mas o objetivo de eu estar falando tudo isso para você é outro.
— Como assim?
— Você sabe o quanto eu te amo, mas eu ainda não sei o tamanho do
seu amor. Não posso voltar com você e amanhã você sentir medo e me largar
de novo.
— Não vou largar você, Marcelo.
— Então me prove isso Clara, prove que me ama e que não vai me
largar no seu primeiro medo.
— Como? Como posso provar que eu te amo?
Marcelo pega uma caixinha de veludo preta do seu bolso, a abre.
— Case-se comigo.
— Marcelo? Você sabia que eu vinha?
— Não, pensei que nunca mais veria você. Estava preparado para
pedir você em casamento naquela manhã que sua irmã ligou falando do
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noivo.
Meu noivo, parece até mentira, em poucas horas estava chorando
pensando que eu o tinha perdido, e agora estou aqui pronta para casar como o
amor de minha. Olho pela janela do carro e percebo que o trajeto que
Montanha está traçando não é até o cartório.
— Montanha esse não é o caminho para o cartório.
— Não.
— Mas para onde estamos indo? — pergunto curiosa.
— Para o seu casamento. Isso é obvio, não acha minha noivinha.
— Mas não é no cartório?
— Não, fique quietinha, que daqui a pouco chegamos.
Não demorou muito, e reconheço o lugar onde Montanha estaciona o
carro. É a nossa bolha, a casa em Douradina.
Montanha desce do carro, e o vejo mexendo no celular. Abre a porta e
dá a mão para me ajudar a descer. Desço do carro, ele pega as minhas duas
mãos.
— Ontem quando sai do seu apartamento, estava sofrendo tanto
quanto você. Me martirizei a noite toda por ter abrido a sua ferida e ter te
deixado daquela maneira. Hoje te vendo assim tenho a certeza do que fiz foi
o certo.
— Obrigada meu amigo, se não fosse você, hoje eu não estaria aqui e
nada disso estaria acontecendo. Te amo, você é o irmão que nunca tive.
— E você é minha irmã, que um anjo lá em cima colocou em meu
caminho. — Montanha beija a minha testa. — Está pronta?
— Sim.
Deposito minha mão no braço de Montanha e ele me conduz pela
lateral da casa. Quando vejo tudo que me espera, meus olhos se enchem de
lágrimas.
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EPÍLOGO
Existiu uma época que eu pensava que não existia a felicidade plena,
que não existia o amor. Portanto fazia de tudo para não amar, pois o que eu
mais tinha era medo de sofrer. Já tinha sofrido por um amor falso uma vez e
não queria sofrer novamente.
Eu não sabia o que o destino reservava para mim, não sabia o que um
JOGO DE SEDUÇÃO, poderia mudar tanto minha vida.
Nesse simples jogo encontrei a minha felicidade, meu amor, meu
marido e pai dos meus filhos.
Algumas vezes, como agora, quando vejo minha filha Carlinha
brincando e correndo com a prima Clarinha fico me perguntando se sou digna
de tanta felicidade. Tudo que eu passei valeu a pena.
Hoje agradeço pela cachorrada que Flavio fez, pois somente assim o
destino me levou para o meu verdadeiro amor, para a minha felicidade.
— Admirando a nossa filha? — O homem que me fez e faz feliz a
quase oito anos fala sentando do meu lado e me abraçando.
Com pouco tempo de casada, Marcelo começou a desconfiar que os
meus seios estavam maiores, depois disse que minha pele estava mudada,
quando me perguntou qual o dia que minha menstruarão vinha arregalei os
olhos. Ele foi à farmácia comprou o teste, me fez fazer e deu POSITIVO.
Fiquei com medo da reação dele, afinal tínhamos acabado de nos
casar, mas um lindo como ele é, se ajoelhou no chão e começou a chorar,
disse que eu estava o fazendo o homem mais feliz do mundo.
— Ela é minha vida — digo.
— Carlinha e Bruno, que está aqui dentro, e você são as minhas vidas
— fala colocando a mão em meu ventre.
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ganhou Ale Jogando com o Amor, mas isso já é outra história ou melhor
outro jogo, outro livro.
Hoje posso dizer que aprendi com o Jogo de Sedução a não ter medo,
não ter medo de ser feliz...
FIM
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Criado no Brasil
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Sinopse
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PRÓLOGO
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MONTANHA
Acordo com a luz do sol entrando pela janela; olho para o teto
tentando lembrar como vim parar aqui, nesse quarto de motel. Tomo coragem
e olho para o lado, vejo minha perdição dormindo serena com os cabelos
vermelhos bagunçados no travesseiro, sua fisionomia está suave, ela dorme
um sono tranquilo. Depois da noite que tivemos o seu sono está mais que
tranquilo.
Desço meu olhar um pouco para baixo, seu delicioso seio redondo e
durinho, que cabe perfeitamente em minha mão e principalmente em minha
boca está a mostra, apenas um lençol fino cobre seu corpo nu até a sua
cintura. Isso já é motivo suficiente para alguém lá embaixo dar sinal de vida.
— Puta que pariu! — falo baixo para não acorda-la.
Passo a mão em meu rosto algumas vezes. Não acredito que cai na
dela de novo, isso está se tornando cada vez mais frequente. Antes conseguia
resistir ao desejo de tê-la como mulher. Sua amizade me bastava, mas agora
está ficando complicado.
Levanto da cama rapidamente, antes que eu perca o juízo de novo,
dou mais uma olhada para o monumento de perfeição em forma de mulher na
cama e sigo rápido para o banheiro. Preciso resistir a essa tentação. Confesso
que essa tentação em especial é para lá de gostosa e prazerosa, mas tem muita
coisa em jogo, ela não é como as outras. Não é tão simples.
Já estou duro de tesão, ver essa ruiva daquele jeito na cama é para
acabar com a sanidade de qualquer um. Bater uma punheta em homenagem a
ela também está fora de cogitação. Preciso pensar com a cabeça de cima e
não com a de baixo.
Ligo o chuveiro e coloco na água gelada, para ver se a água refresca
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as minhas duas cabeças, pois não está sendo fácil raciocinar depois daquela
bela visão. Sair desse banheiro e me acabar novamente naquela cama, com a
dona daquele corpo é um pulo, mas não posso, tenho que resistir.
— Adriano o que essa ruiva está fazendo com você? — falo em voz
alta enquanto a água cai em meu corpo.
Acho que vocês não estão entendo muita coisa. Vou começar a
explicar, vocês vão entender, é difícil resistir quando uma certa ruiva está
jogando com o desejo de um certo homem. Nesse caso esse homem sou eu, e
a ruiva vocês vão descobrir quem é.
Tudo começou...
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CAPÍTULO 1 — MONTANHA
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Junho de 2012
Hoje faz três meses que perdi meu bem mais precioso, a minha
menina, minha irmã amada Mariane.
Como toda semana venho ao cemitério trazer flores para colocar em
seu túmulo e de nossa mãe, estou vivendo um dia após o outro. Mary me fez
jurar antes da sua morte que eu não iria deixar a dor me abater, que seguiria
minha vida por ela. Mas está difícil.
Depois que perdemos nossa mãe há alguns anos Mary e eu, ficamos
ainda mais unidos. Nosso pai nunca foi presente em nossas vidas, depois da
morte da nossa mãe ele se afundou ainda mais no trabalho. Mary e eu nunca
reclamamos, tínhamos um ao outro. Até agora a minha ficha ainda não caiu,
sei que tive minha parcela de culpa, talvez se eu tivesse brigado com ela para
pôr o cinto, se eu tivesse feito aquela curva com a velocidade reduzida o
carro não teria derrapado, não teria perdido o controle e batido. Ainda tem o
freio, mesmo puxando o freio de mão ele não funcionou.
Ajoelho no túmulo das duas pessoas mais importantes que amo e
acabei perdendo de forma precoce, coloco os dois vasos de flores, cada um de
um lado.
— Me perdoa mãe, jurei no dia da sua morte que eu iria cuidar da
nossa menina, no fim eu fui o culpado por ela estar aqui. — Choro feito
criança. — Tata, você não pode imaginar a falta que me faz. Tudo faz
lembrar você, sinto saudades quando você aparecia no meio da noite e dizia
que iria dormir com "Tato". Me desculpa por ter tirado a sua vida tão nova,
foi irresponsabilidade minha, tinha que ter cuidado mais de você, tinha que
ter feito você colocar a porcaria daquele cinto. Daria tudo para estar no seu
lugar e você viva. Você tinha tanta coisa para viver. Eu te amo tanto, dói não
ouvir suas risadas, ver seu sorriso e saber que nunca mais a terei do meu lado
de corpo presente. Só o corpo, pois sei que em espirito você sempre irá me
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acompanhar... Hoje arrumando as coisas do seu quarto para dar para doação
descobri que não estou cumprindo a promessa que eu fiz para você. Não
estou vivendo, portanto pensei muito e resolvi ir embora da cidade, ir morar
na cidade de Dayana, sei que você não gostava muito dela, mas agora é a
única pessoa que eu tenho. Pai está com Daniela, até levou ela para morar lá
em casa, então acho que está na hora de seguir minha vida. Estou pensando
em prestar vestibular e trabalhar em alguma filial de Segurança Patrimonial
do nosso pai, andei pesquisando e tudo indica que em Dourados tem uma, pai
já queria que eu fosse encarregado pelo lugar, mas você me conhece sabe que
não gosto de ter privilégios por ser filho do dono, quero apenas ser um
funcionário qualquer. Dayana ainda não sabe da minha decisão, quero fazer
uma surpresa e marcar logo a data do nosso casamento. Depois do acidente
ela ficou distante, sei que está sendo difícil para ela conviver com uma pessoa
quebrada como estou agora. Ela também sente muito a sua falta, ela sempre
se lembra das suas crises de ciúmes por causa dela. Como sinto sua falta
Tata, onde quer que você esteja me deseje sorte nessa nova caminhada.
Fevereiro de 2013
algumas visitas, quero comprar uma casa o mais rápido possível e me casar
logo com ela.
Com o acidente acabei recebendo uma bela bolada, tanto do seguro do
carro quanto do seguro de vida de Mary, eu era seu único benificiário. Mas
não peguei um centavo do dinheiro do seguro de vida dela, esse dinheiro para
mim é amaldiçoado. Ele está no banco, mais para frente decido o que irei
fazer com ele, talvez uma doação para alguma entidade.
Estaciono o carro na frente da casa da mulher que vai trazer de volta
meu sorriso. Desço do carro, encosto nele e fico olhando para a porta da casa
dela. Pego o celular e ligo para ela.
— Alô — atende.
— Oi minha linda.
— Mor? Oi, tudo bem?
— Estou tentando ficar bem.
— Desculpa não ter ido para Paranaíba esse mês, é que não deu certo.
— Linda você está em casa?
— Estou sim, por quê?
— Sai ai fora que eu tenho uma surpresa para você.
— Que surpresa?
— Sai que você vai descobrir.
— Eu vou gostar?
— Tenho certeza que sim. Sai logo.
— Está bem, estou saindo.
Não demora muito Dayana aparece na porta com um vestido soltinho
e chinelos, seus cabelos loiros estão soltos, ela está linda, meiga, perfeita
como sempre. Abro um sorriso, enfim ficarei com a mulher que amo.
Ela olha meio assustada quando percebe que a "surpresa" na verdade
sou eu. Dayana caminha até mim e eu vou ao seu encontro, a abraço apertado
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usar nas despesas da festa. Sei que gasta muito seu vestido, decoração, buffet,
quero que tudo saia como você sempre quis.
— Me leva embora — Dayana fala com a cara fechada.
— O que foi linda? — pergunto sem entender a sua reação.
— Só me leva embora— fala olhando para o outro lado.
Não entendo a atitude de Dayana, ela sempre quis agilizar o
casamento, fiz o que ela sempre quis, vim morar perto dela e ela reage dessa
forma?
Dou partida no carro e a levo até a sua casa. Quando chegamos ela
desce do carro sem esperar eu abrir a porta.
Desço do carro e a olho confuso.
— Linda, o que aconteceu? Você não gostou?
— Olha Adriano, vou ser bem direta. Eu não te amo, não vou casar
com você, tenho um namorado aqui, e é dele que eu gosto. Estava dando um
tempo por causa da morte da Mariane, mas eu já ia terminar com você.
— Dayana?
— Só um tonto para não perceber, já nem estava indo para Paranaíba
para não ter que te ver. Como você vai fazer faculdade na mesma que eu, faça
o favor de fingir que não me conhece. Já basta o que fez com a sua vida e o
tempo que perdi com você. Não quero que estrague meu namoro com
Marcelo.
— Há quanto tempo?
— Não sei, já faz um tempo que ficamos, mas namorar faz uns 6
meses ou mais. Sei lá quanto tempo faz, não sei. Você sabe que não ligo
muito para datas.
— Dayana por quê? Larguei tudo para vir atrás de você.
— Para de ser besta, você não largou foi nada. A mimadinha,
queridinha, amadinha, ou melhor, a sua Tata morreu e agora você se deu
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conta que eu existo, mas já é tarde, não vou carregar um peso morto nas
minhas costas. Se toca Adriano vai atrás de outra para te consolar, porque eu
não sou Madre Tereza. Tenho minha vida toda pela frente e não quero ficar
do lado de um cara que só fica chorando pela morte da irmãzinha, um
acidente que ele mesmo provocou. — Coloca a mão na boca de forma teatral.
— Ah esqueci que você se sente culpado, afinal você estava dirigindo e não
teve como evitar e a coitadinha da Mariane morreu tão nova, cheia de vida —
ela fala com sarcasmo e começa rir.
— Que isso Dayana! Desculpa. Eu sei que fiquei muito abalado com a
morte da Mary. Mas para que você dizer isso, jogar essas coisas na minha
cara.
— Sabia que isso me irrita, para de ser perfeitinho, tenho nojo disso,
se toca e segue sua vida, e para de atrapalhar a minha, para de ser chato.
— Ok. Já entendi, essa é uma discussão que não compensa — falo
dando a volta e entrando no carro, o ligo e ainda escuto ela gritar.
— Sempre perfeitinho. Finge que não me conhece pelo menos isso
lindão.
Saio sem rumo, dirigindo e batendo a mão no volante, pelo visto caí
na lábia da Dayana e ela não é o doce de pessoa que pensei que era. Lembro-
me de uma conversa que tive com Mary pouco tempo antes dela ir embora
dessa vida.
— Tato cuidado, você ainda vai quebrar a sua cara com essa
Dayana.
— Para de ser ciumenta Tata ela é uma boa pessoa, isso é
implicância sua.
— Não é não, só espero que quando a máscara dela cair você não
fique jogado na sarjeta.
— Já disse você pega muito no pé dela.
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CAPÍTULO 2 — MONTANHA
Como não tenho nada para fazer, só beber e dormir resolvi ir à
faculdade para ver se encontro algum cartaz ou recado para vaga em
república. Hotel é bom para passar uns dias, mas para morar é foda. Achei
alguns recados sobre vagas e o telefone. Liguei nos números, fiz algumas
visitas, e acabei achando uma república boa. Com quatro caras, e os quartos
são individuais acabei ficando com essa, os caras parecem ser de boa.
Acabei mudando hoje mesmo para a "República dos Xoxoteiros" e de
cara já tem uma festa para comemorar o novo integrante: no caso eu.
Festa na república é o que está acontecendo nos últimos dias, segundo
os caras, é para aguentar o batidão do semestre, pois em época de prova não
sobra tempo nem para transar. Hoje já é domingo e decido não participar da
festa. Amanhã começo no trabalho, segurança com bafo de cachaça não passa
credibilidade, não é porque sou filho do dono que não desempenho meu
trabalho direito.
Acordo cedo e vou para o trabalho. Se eu queria trabalhar e fazer
faculdade para ocupar meu tempo está dando certo. Depois de doze horas de
trabalho acabo de chegar no barraco morto, ainda tenho que ir para a
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faculdade. Tomo um banho rápido visto a primeira roupa que encontro e vou
para a faculdade.
Chego pouco antes do horário, procuro a sala do primeiro ano de
Geografia, quando eu a encontro entro. Como sou alto caminho até o fundo
onde tem uma carteira vaga e me sento, percebo que fica próxima a três
moças. Coloco o caderno em cima da carteira, tiro o celular do bolso, uma
caneta e deposito em cima do caderno. O professor ainda não chegou.
Percebo que esse trajeto foi acompanhado por vários olhares, sei que
chamo a atenção não somente pela altura de um metro e oitenta, mas também
pelo meu corpo com músculos definidos, pernas grossas, barba sempre bem
aparada e pelo tamanho do meu cabelo. Sabe aquela música: moreno alto,
bonito e sensual? Então, esse cara sou eu, a diferença que meu cabelo é
indefinido tem uma mistura de loiro com castanho em algumas partes e meus
olhos são azuis. Levei um pé na bunda, mas não sou de jogar fora.
Depois de acomodado começo a reparar na sala para ver direito as
pessoas com que eu vou conviver os próximos quatro anos. Acabo me
distraindo e derrubo a caneta no chão, quando tento pegar a maldita derrubo o
celular e o caderno junto.
— Caralho — resmungo baixo tentando me levantar para pegar as
coisas que derrubei.
— Mais você é desastrado, ein — uma moça morena, com cabelos
encaracolados até a cintura, fala me entregando a caneta.
— Você acha que ele é desastrado? Eu tenho certeza — outra moça
de cabelos encaracolados castanho-escuros, com a pele também morena fala
me entregando o caderno.
—Também com todo esse tamanho — uma ruiva linda de cabelos
lisos, fala analisando todo meu corpo e dando um sorriso sexy. — Ele pode
ser o que ele quiser — acrescenta me devolvendo o meu celular.
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Meus olhos avaliam a ruiva de cima a baixo. Como um ser pode ser
gostosa desse jeito? Olho para as outras duas que também são lindas, mas a
ruiva...
— Obrigado meninas, o meu tamanho e essa carteira não são
compatíveis — digo.
Elas me olham e riem.
— Eu sou Clara — a moça que me entregou a caneta fala.
— Eva— a moça que entregou o caderno fala.
— Eu posso ser o que você quiser — a ruiva fala rindo. — Estou
brincando, pode me chamar de Carol.
Olho para as três sorrindo, parece que cada uma tem uma
característica e personalidades diferentes.
A que mais me chamou atenção foi a Carol, já mostrou para que veio.
Gostei dela, direta, sexy, linda e ainda por cima divertida.
— Prazer Clara, Eva, e Carol. Obrigado de novo, eu me chamo
Adriano — digo e dou um beijo no rosto de cada uma.
Quando meus lábios encostam na bochecha da ruiva sinto algo
diferente, ela tem um cheiro bom. Mas como sou homem e ela é mulher isso
é de esperar, ainda mais se tratando de um monumento de mulher como ela.
Não é possível continuar a conversa, o professor entra na sala e
começa a falar, e para meter a pressão já passa um trabalho em grupo de
cinco. Como as três meninas eram as únicas que eu "conhecia" acabo
entrando no grupo delas com um carinha chamado Alessandro que está
sentado próximo a nós. Pelo visto elas e ele também não conhecem o restante
da turma.
Na hora do intervalo, sento em um dos bancos que tem no campus.
Vejo Dayana passando no corredor abraçada com o namorado, ainda é
complicado não sei se sinto raiva, saudade, ódio ou amor. É difícil afinal
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foram mais de três anos juntos. Viro o rosto para disfarçar, quando as três
chegam perto de mim.
— Então a gente veio falar do trabalho, algum problema? — Clara
pergunta.
— Não, problema nenhum— respondo.
— Realmente o problema vai ser conviver com você sem poder te dar
uns pegas — a ruiva fala fazendo todos rirem.
Levanto-me do banco e a puxo a para um abraço apertado.
— Adoro uns pegas — brinco.
Resolvo cair na brincadeira, está mais que na cara que essa gosta de
zoar com a cara das pessoas. Quando a abraço sinto aquela mesma
eletricidade correndo em minhas veias, meu coração acelera.
— Meu Deus como você é forte — a ruiva fala apertando meus
braços e depois apalpa minha barriga. — Gente ele tem um tanque aqui cheio
de gominhos.
— Acho que você está se aproveitando de mim — digo rindo.
— Para de ser malicioso, é só uma brincadeirinha suave — Carol fala
rindo.
— Carol, você é doida menina — diz Clara.
— É sério, aperta ele. Adriano, abraça ela para Clarinha ver que eu
não estou mentindo — diz e sai do meu abraço.
— Será? — Clara questiona desconfiada.
— Para de ser boba Clarinha, é sem maldade — Carol fala rindo.
— Sem maldade — confirmo.
—Ah. Então eu quero — Clara fala rindo.
Solto Carol, puxo Clara e a abraço. Como ela é baixinha meu abraço a
cobre toda, ela deposita a cabeça em meu peito e recebe o abraço apertado de
bom grado, ela suspira fundo e me aperta.
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— Nossa, você tem um abraço tão gostoso, passa uma energia tão
boa, parece que com esse simples abraço todos os problemas ficam pequenos
— Clara fala.
Diferente de Carol que senti meu coração disparar, com Clara parece
que sempre a abracei. Ela me fez sentir saudade de alguém. Olho para ela que
está sorrindo com os olhos fechados, ela é pequena, frágil, tão meiga e doce,
parece tanto com a minha Tata, seu jeito, seu sorriso, até seu cheiro é igual da
minha Mary.
— Minha menina. — A aperto mais forte. — Você pode ter um
abraço meu quanto você quiser — digo.
— Jura? — fala fazendo biquinho igual Mary fazia.
— Juro — confirmo a olhando e sorrindo.
— Ah, eu também quero esse abraço — Eva fala, cruzando os braços
na minha frente.
Solto, Clara e puxo Eva para o abraço.
—Eu também quero esse abraço todo dia ele é bom mesmo — Eva
fala rindo.
—Vocês duas podem parar. Eu vi o bofe primeiro, ele é meu —
brinca Carol rindo.
— Nada disso, foi eu — Clara entra no jogo.
— Vocês duas estão enganadas, eu que o vi primeiro — Eva fala
saindo do meu abraço.
— Meninas, se acalmem. Aqui tem Adriano para as três — falo
abrindo os braços e rindo.
Elas se olham entre si, como se estivessem conversando através do
pensamento, abrem um sorriso e correm até a mim, e as três me abraçam.
—Você é nosso, não o dividimos com mais ninguém — a ruiva fala.
— Isso mesmo, vai ter que nos aguentar para o resto da sua vida —
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Eva avisa.
— Vou cuidar de vocês três. — Fecho meus braços e as abraço.
—Tudo isso é culpa sua. Quem manda ter o abraço tão gostoso — diz
Clara.
— Clara, sua burra, não é só o abraço. Ele é todo gostoso — insinua
Carol rindo.
— Adriano, você é muito grande — comenta Eva.
— Isso é verdade — Carol concorda. — Parece uma montanha de tão
forte.
— Já sei! — Clara grita. — Você é o nosso Montanha!
— Montanha? — questiono.
— Montanha! O nosso Montanha, e de mais ninguém — Carol
confirma.
— Ok, eu não vou discutir. Sou o Montanha de vocês três. E vocês
são as minhas meninas.
— Posso ser mais que uma menina para você — Carol sugere com um
sorriso maroto.
— Carol! — repreendem, Clara e Eva juntas.
— O que foi gente? — Carol faz com cara de inocente. — Só quis
dizer que vou ser uma ótima amiga.
—Vocês três já são ótimas amigas, e eu vou cuidar das minhas três
meninas como se fossem as minhas próprias irmãs.
— Quero ser mais que irmã! — solta Carol novamente.
Talvez se fosse em uma outra época eu queria mais que uma irmã,
mas por enquanto a sua amizade é mais que o suficiente.
—Carol! — Eva a repreende.
—Tá bom, tá bom, só estou brincando — a ruiva se defende rindo.
— Já que vou cuidar de vocês três, vamos para a sala que a aula já
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CAPÍTULO 3 — MONTANHA
Um ano depois...
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sua cama. Como pode ser dorminhoca desse jeito? Ainda reclama quando a
levo embora a força. Imagine o que poderia ter acontecido se ela tivesse
ficado com aquele cara. Não tem responsabilidade. A sorte dela e das outras
duas é que elas têm a mim.
Não vou dormir no sofá, nem no chão, vou dormir na minha cama. A
sorte que é cama de casal e vai caber nós dois perfeitamente. Tranco a porta
do quarto, apago a luz e deito na minha cama, do lado da Carol que está com
a barriga para cima. Complicado deitar na cama com ela do lado. Fico
olhando para o escuro esperando o sono chegar. Ela se mexe na cama, fico
imóvel para não acorda-la. Porém ela se vira, usa meu peito como travesseiro
e joga as penas sobre mim.
— Fodeu — resmungo baixo.
Respiro fundo e fico imóvel, percebo que ela continua dormindo. Não
resisto e acabo passando meus braços e a abraçando.
— Ruiva, ruiva você não sabe com quem está mexendo — sussurro
dando um beijo em sua cabeça.
Ela nem se move, só consigo ouvir sua respiração profunda. Acabo
pegando no sono.
Sinto meu corpo quente e uma língua entrando na minha boca.
Começo a retribuir, esse beijo é gostoso, quente, molhado. Abro os olhos e
vejo que não é um sonho.
— Ruiva?
— Xiii — fala voltando a me beijar.
— Não! — Viro o rosto.
— Sim! — Sobe no meu corpo e vai beijando meu pescoço.
— Não podemos. — Tento controlar a minha respiração.
— Eu posso, você pode, eu quero, você quer — diz.
— Quero — digo colocando as minhas mãos em seus cabelos e a
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puxando para que minha boca possa tomar conta da sua, enquanto a outra
mão aperta a sua cintura fazendo-a sentir minha ereção.
Mordo seu lábio inferior e o chupo, a jogo do lado e subo em cima do
seu corpo. A beijo novamente, suas unhas cravam em minhas costas, vou
descendo meus beijos pelo seu pescoço. Começo a tirar seu vestido e ela
ajuda levantando os braços, volto a beija-la até chegar a seu seio. Massageio
seu seio, cabe perfeitamente na minha mão. Não demoro para começar a
chupar, até sentir o seu bico duro. Dou a mesma atenção ao outro a deixando
excitada.
— Ah — Carol geme.
Enquanto chupo um dos seus seios, os dedos da minha mão descem
pelo seu corpo até chegar a sua calcinha. Coloco minha mão dentro e meu
dedo invade a sua intimidade, ela está molhada e isso me faz gemer.
— Delícia — gemo.
Carol tenta tirar minha bermuda com os pés, sinto mordendo meu
ombro, tiro meu dedo de sua boceta, fico de joelho, tirando a sua calcinha,
me curvo sobre ela e começo a beijar sua virilha, dou leves mordidas, até que
começo a chupar sua boceta. Ela joga as pernas em meu ombro e ergue seu
tronco colocando suas mãos entre meus cabelos rebolando na minha boca.
— Mais — fala entre gemidos. — Quero mais, faz assim! — Rebola
em minha boca.
Não demora muito, ela goza em minha boca, deita na cama e tira as
pernas dos meus ombros.
— Vem Montanha, quero mais — pede manhosa.
— Você me deixa louco — digo com a respiração pesada, doido para
entrar nela.
Tiro minha bermuda e me curvo sobre ela, posiciono meu pau em sua
entrada e sem que eu espere Carol levanta seu quadril fazendo-me entrar de
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uma vez.
— Ah! — gemo em sentir tudo dentro dela, ela é quente, macia,
apertada.
— Faz — geme.
Beijo sua boca e começo a me movimentar dentro dela, enquanto ela
rebola no meu pau.
— Assim — pede levantando o quadril e mordendo meu ombro.
Seguro na cabeceira da cama com as duas mãos e intensifico o
movimento, saindo, entrando, rebolando.
— Mais forte — Carol pede gemendo.
Coloco mais força no movimento, ela abraça a minha cintura com
suas pernas.
— Assim que você gosta?
— Sim, forte, duro! — Rebola no meu pau.
Sento na cama, encosto minhas costas na cabeceira e a puxo para
montar em mim, ela faz sem protestos, mas logo Carol senta no meu pau e
cavalga. A deixo colocar o ritmo, descendo, entrando, subindo, saindo,
rebolando, gemendo, me morde, chupa meu pescoço, puxa meu cabelo.
Como pode ser intensa dessa forma? Quando percebo que ela está perto de
gozar aperto sua bunda e acompanho seu movimento.
— MONTANHA! — grita quando chega ao seu clímax.
Dou mais algumas investidas.
— AH RUIVA! — Gozo chamando seu nome.
Ela deita a cabeça em meu ombro, nossas respirações ainda estão
agitadas, eu a abraço e distribuo alguns beijos em sua pele. Ainda estou
dentro dela.
— Cansei — ela fala ofegante. Rebolo ainda dentro dela.
—Você acaba comigo, ruiva — digo segurando sua cintura a
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— Sem lamento, cansei disso. Mas te aviso não tente estragar outros
lances meus.
— Eu não estrago.
— Estraga sim, ontem quando você me viu com aquele carinha
arrumou um jeito de me tirar dali, é sempre assim, você diz que não quer
perder a minha amizade, mas também não deixa que me envolva com outras
pessoas.
— Vem cá — peço, abrindo os braços.
— Não!
— Vem.
Ela se aproxima de mim e a abraço.
— Mas eu ainda odeio você e estou com raiva.
— Você é muito importante para mim, te amo você sabe disso.
— Quero que você me ame como mulher, não como amiga.
— Amo como irmã.
— Irmão não transa com irmã. Esse papo de irmã pode ser com a
Clarinha que é carente, não comigo. Não te vejo como irmão, te vejo como
homem você sempre soube disso.
— Carol, por favor, entenda! Vou tentar não interferir em seus
relacionamentos, mas é difícil, você arruma cada um.
— Digo o mesmo para você.
— É o que vocês dizem.
Putz! Esqueci de novo de uma coisa importante.
— Ruiva, você me fez esquecer da camisinha de novo.
— Quando me levar embora passe na farmácia para comprar a pílula
do dia seguinte.
— Você acaba com o meu juízo.
— Não o bastante para você ficar comigo.
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— Sempre vou estar com você, mas como amigo. — Aperto o meu
abraço.
— Sempre vou ser sua amiga.
Como já disse, tenho um carinho especial pelas três, mas essa ruiva é
tão quente quanto a cor do seu cabelo, quando estamos sozinhos tudo pode
acontecer. Meu desejo por ela em alguns momentos chega a ser maior que
amizade. Não é tão simples apenas transar sem compromisso, ela merece
mais, muito mais. Esse mais eu não posso oferecer no momento. A sua
amizade tem que bastar.
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CAPÍTULO 4 — CAROL
DOIS ANOS E SEIS MESES DEPOIS.
Sabe como é você ser apaixonada por uma pessoa por mais de três
anos e saber que a única coisa que você recebe dela é amizade? Não estou
reclamando, mas a amizade acaba se tornando um sentimento tão pequeno
perto do amor que eu sinto por ele. No início era apenas um desejo
incontrolável, mas depois que fiquei com ele e dormi em seus abraços percebi
que estava perdidamente apaixonada por aquele homem. Por mais que ele
tente negar e dizer que não sente nada além de amizade. Eu sei que sente, eu
sinto que ele sente algo por mim, também sei que não é apenas desejo. É
mais. Mas por que ele se recusa a me dar esse mais? Por que insiste em dizer
que é apenas amor de amizade e carinho de irmão? Já senti diversas vezes em
meu corpo e em minha alma que não é apenas isso. Seu carinho, seu toque,
seu cheiro, as vezes que ficamos juntos, que fui sua e acordei ao seu lado me
comprovam que não é apenas amizade.
Há três anos e meio vivo amando um homem, que diz que o que sente
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é apenas amizade. Toda vez que tento me envolver com outro para esquecê-lo
ele aparece não como amigo, mas como homem me fazendo reviver da forma
mais maravilhosa possível tudo o que sinto por ele. O pior de tudo que eu o
amo em segredo, minhas melhores amigas, Clara e Eva nem sonham que o
envolvimento entre eu e Montanha não é somente amizade. Existe amizade,
desejo e principalmente por mim existe amor. Sei disfarçar bem meus
sentimentos.
Hoje iremos a uma festa, como tivemos prova nas duas primeiras
aulas resolvemos nos arrumar na facul mesmo. Como acabei a prova
primeiro, fui me arrumar e já estou pronta.
Estou decidida a esquecer esses sentimentos que sinto por Montanha e
curtir o máximo possível dessa noite. Caminho pelo o corredor e vou até
onde ele está sentado, todo lindo. Me aproximo dele que me recebe com um
abraço de urso e um beijo na testa.
No primeiro dia de aula Clara disse que o abraço do Montanha tinha o
poder de nos fazer esquecer todos os problemas, e com o tempo isso foi
comprovado.
Meu caminho até foi com meu coração apertado, mas agora o sinto
mais leve.
— Como sempre está linda, ruiva — elogia Montanha.
Não o respondo apenas dou um sorriso.
Hoje eu caprichei, estou com um vestido tubinho azul bic, acima do
joelho, com mangas curtas, sandálias de salto pretas, cabelo feito um rabo de
cavalo, maquiagem leve, e max brincos da cor preta.
— Como acha que eu estou? — Montanha pergunta.
Saio de seu abraço e o avalio, olho de cima em baixo, calça jeans azul
abraçando perfeitamente suas pernas, com uma camisa branca remangada até
os cotovelos, o cabelo está solto. Cruzo os meus braços, e olho novamente
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CAPÍTULO 5 — MONTANHA
Essa noite está apenas começando e os meus problemas já são
enormes. Estou fodido. Isso vai resumir essa noite.
Primeiro: a ruiva chega como uma tentação nesse pedaço de pano que
ela chama de vestido. Linda, gostosa para cacete, isso já é um problema
enorme.
Segundo: ficar do lado dela sem a tocar, beijar e faze-la minha, é
outro problema.
Terceiro: aquelas duas moças tinham que vir falar comigo justamente
do lado da ruiva, se ela vestida daquele jeito já era um perigo, imagine
vestida daquele jeito, com ciúmes e com raiva. Imaginou? Então você
multiplica por cem, pois hoje vai ser difícil eu não deixar ninguém tocar nela.
Para acabar de completar Clarinha é desafiada a conquistar um cara,
até ai tudo beleza, mas o cara meu irmão é nada menos que Marcelo.
Não sabem quem é ele? Eu explico. Marcelo é o atual namorado da
Dayana, o mesmo cara por quem ela meteu o pé na minha bunda. No início
pensei em socar a cara dele por ter roubado ela de mim, mas com o tempo
percebi que ele era apenas um fantoche nas mãos dela. Que a única culpada
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desse triangulo foi a própria Dayana. Ela é igual uma cobra, linda sedutora,
mas do nada ela arma o pote e ataca sua vítima.
Nesse lance da Clarinha só quero ver no que essa história vai dar, mas
prevejo que ela vai acabar se apaixonando, afinal Marcelo é um cara legal,
ele será capaz de curar as feridas do coração da minha menina.
Estaciono o carro na entrada da Unik, e desço com as meninas e
Edson. Alessandro e Camila estão nos esperando, e juntos seguimos para a
entrada.
Unik é uma boate bem badalada aqui em Dourados. Olho para o rosto
da minha ruiva imaginando o tamanho do meu problema. Ela parece estar
mais calminha, mas tudo se pode esperar de uma mulher com raiva.
— Hoje fico até que a lua vire sol galera — Clarinha fala me tirando
do foco ruiva.
— Essa não tem jeito mesmo. Pode deixar que eu cuido de você, pode
se divertir sem se preocupar — Edson fala chegando perto de Clarinha.
Edson não entende que o que tinha entre eles já acabou, ele insiste em
ficar com ela, já dei até uns toques nele para deixa-la.
— Cai fora Edson, quem vai cuidar de mim é o Montanha, ele me
leva embora— Clarinha fala olhando para mim.
— Sempre Moreninha, sempre estarei aqui — digo a abraçando.
Tenho carinho pelas três meninas, mas Clarinha é muito parecida e
frágil assim como Mary, isso me faz feliz com que me sinta perto de minha
Tata.
A Unik é ampla, com três ambientes. A pista de dança fica bem ao
centro com fumaças e luzes, a cabine do DJ fica ao alto da pista de dança, no
canto esquerdo ficam algumas mesas com cadeiras, na lateral direita das
mesas, tem a parte aberta que sempre toca uma música diferenciada da pista,
que também tem o bar com mesas e cadeiras.
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falar algo para denegrir a imagem de uma delas, esqueço que somos amigos e
quebro a sua cara em pedaços.
— Ei! — Levanta as mãos como rendição. — Não precisa usar a
violência, eu entendi já.
— Assim espero.
— Pode confiar.
— Eu não confio, mas darei um voto de confiança. — Olho para
mesa, e vejo que Clarinha não está mais lá. Dayana e Camila acabaram de
chegar e Alessandro se aproxima.
Está na hora. Peço mais quatro cervejas.
— Vai beber tudo isso? — Edson pergunta.
— Não, vou levar para as meninas.
— Eu te ajudo — diz pegando duas cervejas da minha mão.
Caminhamos até a mesa.
— Senta ai Adriano — Alessandro fala. — As meninas foram no
banheiro e já devem estar voltando.
Puxo o banco e sento, evito olhar para Dayana.
— Esses são Marcelo e sua namorada Dayana. Marcelo, Dayana esse
é Adriano meu amigo.
Cumprimento os dois com um aperto de mão, quando aperto a mão de
Dayana ela olha e sorri, com aquele sorriso que aprendi com o tempo ser
falso.
— Prazer em te conhecer, Adriano — ela fala.
Sínica. Dayana é uma sínica.
Não demora, vejo minhas três princesas desfilando. Minha ruiva
balança o rabo de cavalo e sorri para mim, seu quadril balança de forma
sensual de um lado para o outro. Que mulher é essa, meu irmão! Fico
fascinado por essa mulher. Isso faz eu me esquecer que essa pessoa
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de ficar com dois homens ao mesmo tempo — Carol fala olhando para mim.
Essa cara dela eu conheço muito bem. Ela ficou com esse cara.
— Se enxerga Edson, você está ofendendo Carol — Eva defende a
amiga.
— Edson não sabe o que falar fica quieto — digo, puto da vida. Essas
três juntas só aprontam.
— Você mexeu com o quarteto errado — Alessandro zomba de
Edson.
— Eu sei — Edson responde.
Chega, melhor levar essas três embora, já deu por essa noite.
— Meninas, vamos embora, acho que hoje já deu — aviso já me
levantando. Olho para as três, elas sabem que não tem acordo. Hora de ir
embora.
Despedimo-nos rápido, mas dessa vez evito apertar a mão de Dayana.
Edson decide esticar a noite e vai pegar carona com o Alessandro ou com a
puta que pariu, não estou nem ai.
Quando estamos no carro e eu dirigindo levando minhas meninas
embora, pergunto: — Vão me dizer o que as minhas três meninas
superpoderosas aprontaram?
— Montanha a gente está mais para as panteras! — Eva fala fazendo
todos rirem — Vocês sempre serão as minhas meninas, e você Moreninha
sempre será a minha irmãzinha. A minha irmã que perdi — acabo
desabafando.
Elas sabem o quanto sofro com a perda da Mary. Clarinha mais que as
outras. Por ela me conhecer bem começa a contar as presepadas da noite.
Contou sobre a conversa com Marcelo. Carol e Eva contaram como
surgiu a história do Breno. Pelo menos isso foi mentira. Mas ainda tem esse
tal de Vitor. Falta descobrir quem é padeiro desgraçado.
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CAPÍTULO 6 — CAROL
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conversando bobagens para matar o tempo. Pelo menos assim penso menos
em Montanha.
Falando nesse safado hoje ele já ligou três vezes, claro que ignorei
todas as ligações, ele também mandou umas dez mensagens de textos, mais
umas tantas mensagens pelo WhatsApp, todas ignoradas com sucesso.
Ele sabe que a batata dele está assando, ainda não decidi se vou sair
com ele. Também não quero pensar nisso agora.
No final da tarde eu e Eva vamos embora, o safado vai jantar com
Clarinha hoje, lógico que recusei o convite assim como Eva, dei a desculpa
que tenho que fazer trabalho que tem que ser entregue na segunda-feira. É
mentira, o trabalho está pronto só não estou a fim de olhar para a cara de
cachorro abandonado daquele safado.
Chego em casa, deito no sofá, vejo no meu celular e tem mais
mensagens do Montanha.
— Carol, o que está pensando? — minha mãe pergunta sentando no
sofá do lado.
— Em um idiota — respondo.
— Se é idiota por que você pensa nele?
— Porque sou uma besta — digo fazendo minha mãe rir.
— O que esse idiota fez para você?
— Ele me escondeu uma coisa.
— Que coisa?
— Não vou falar — digo pegando a almofada do sofá, e colocando na
cara.
— Então sua besta se você não contar para mim que sou a sua mãe,
como posso te ajudar?
— Não estou pedindo ajuda — digo petulante, mas logo me
arrependo.
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Jogo meu celular do lado e fico deitada até pegar no sono, acordo com
a minha mãe gritando para eu ir dormir na cama.
Olho a hora e vejo que é quase 21h00. Vou na cozinha, como um pão
com leite, e vou para meu quarto. Separo uma roupa legal, tomo banho, me
arrumo e quando estou pronta mando mensagem para o Montanha.
"Estou pronta"
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CAPÍTULO 7 — MONTANHA
Um dos meus segredos foi revelado, nunca disse para nenhuma das
minhas meninas o nome da minha ex. Tive que dizer o nome da pessoa que
me quebrou como homem duas vezes. Agora elas sabem que Dayana é ela.
Pelo que eu conheço a minha ruiva a nossa conversa não será fácil.
Estou indo buscá-la para conversarmos. Depois de muita insistência
ela aceitou se encontrar comigo. As suas palavras da nossa última conversa
ainda martelam em minha cabeça.
"Não sou nada sua, esqueceu? Sou apenas uma amiga que de vez em
quando você come e depois fica arrependido. Não tem nada para se explicar
para mim."
Como ela pode dizer isso? Ela nunca foi apenas uma foda. Carol é
mais muito mais que uma foda. Não sei explicar, mas ela não só isso, ela é
mais. Parece balela ou conversa para boi dormir, mas não sei ao certo o que
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sinto por essa ruiva, não sei se é amizade, amor ou desejo. A única coisa que
tenho certeza é que ela não é apenas uma foda.
Estaciono o carro em frete da casa dela, pego o celular e envio a
mensagem avisando que estou à sua espera. Saio do carro e a espero
encostado com as mãos no bolso. Não demora e a vejo, abro um leve sorriso,
meu coração dispara, ela vem em minha direção seu quadril balança de um
lado para o outro. Como pode ser tão linda!?
Mesmo com o coração disparado, olho em seu rosto e vejo o seu
semblante triste, ela está linda por fora, mas por dentro está triste. E eu sou o
culpado pela sua tristeza. Quando ela chega perto de mim, dou um beijo casto
em seu rosto. Me controlo, pois o que eu realmente queria era abraçá-la bem
forte e a confortá-la.
Abro a porta do carro para ela entrar; não falamos nada, apenas
trocamos olhares. Pelo menos hoje não estou vendo sangue em seus olhos.
Dou a volta no carro, entro e dou partida. Olho para Carol e ela está
olhando para longe, o silêncio reina durante alguns minutos. Fazendo-me
ficar tenso.
— Para onde vamos? — pergunto tentando quebrar o silêncio.
— Você pediu para conversar, portanto deve saber para onde estamos
indo — Carol responde de forma fria sem olhar para mim.
— Talvez você queira escolher um lugar para conversarmos.
— No Motel?
— Você quer conversar lá? — pergunto confuso. Será que ela quer ir
para um motel mesmo?
— Montanha, está pensando que eu sou relógio para você ficar
fazendo hora com a minha cara? Você que quer conversa então para de
frescura no rabo e me leve logo em algum lugar para podermos conversar.
— Pensei que estava falando sério — tento me justificar.
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— Acho que essa conversa não vai levar a lugar nenhum, acho que
nem deveria ter aceitado sair com você. É sempre a mesma ladainha, estou
cansada disso.
— Já te pedi desculpa, expliquei para você que minha ex noiva era da
cidade e que não tinha mais contato com ela. Não tenho mais nada com
Dayana ela faz parte do meu passado isso não tem como mudar.
— Mentiroso. Você nem fica vermelho para mentir. Acho que tenho
cara de palhaça mesmo.
— Não estou mentindo.
— Está sim! Eu vi você conversando com essa pistoleira umas três
vezes no corredor da faculdade, então não diz que você não tem contato com
ela — Carol grita apontando o dedo para mim.
— Não é o que você está pensando. Não tenho mais nada com ela.
— Ah não? Você não tem mais nada? Então o que vocês
conversaram? Tipo, amor, você está gostando da cidade? Vamos relembrar o
passado? — Carol fala tentando imitar a voz de Dayana.
— Não, o assunto não era esse.
— A não era. Então qual era?
— Carol — chamo seu nome como uma advertência.
— Não precisa dizer. Quem sou eu né, não sou nada...
— Ela estava grávida — sussurro a cortando.
— O quê?
— Dayana estava grávida, esperando um filho meu — digo com a voz
baixa. Carol merece saber o motivo da conversa, ela não é uma simples foda.
— Como?
— Você sabe como se faz um bebê – tento ser sarcástico, mas falar
sobre esse filho ainda dói.
— Palhaço. Estou dizendo como isso é possível? Cadê seu filho?
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— Já disse que eu que tenho que pedir desculpa. Por favor, não diga
que eu não preciso pedir desculpa, você não é apenas uma foda. Você não é
qualquer uma. Você é a minha Ruiva.
Ela sorri e respira fundo.
— Eu não quero ser apenas uma foda. Portanto decidi que para mim
não dá mais. Mesmo você dizendo o que aconteceu com você, sei que é triste.
Você não mereceu passar por isso. Odeio aquela vaca. Adoro ficar com você,
mas pensei muito...
— Ruiva, diz logo, você está enrolando e ficando confusa. Só disse o
que aconteceu para você saber que não tenho nada com Dayana.
— Eu amo você Montanha — confessa.
— Eu também te amo.
— Sei que me ama como amiga. Eu o amo como homem, o quero
como homem. Mas eu me amo mais.
— Não estou entendendo.
— Montanha, ou você assume o que existe entre nós ou você me
deixa seguir a minha vida. Amo você, mas eu me amo muito mais. Não posso
viver de migalhas e encontro às escondidas. Eu sei o que eu quero agora, falta
você decidir o que você quer. Não quero mais viver assim.
— Ruiva! — Baixo a cabeça, pois não sei o que fazer.
— Pelo seu jeito já sei a resposta. Você ainda será meu amigo, meu
melhor amigo, mas a partir de hoje vou seguir a minha vida e encontrar
alguém para ocupar o seu lugar de homem.
— Ruiva. Não é assim, é complicado.
— Então vamos embora? — pede sorrindo fraco. — Muitas emoções
para essa noite.
Queria dizer que não, que queria ficar com ela, que essa conversa não
pode acabar assim, queria passar a noite conversando ou apenas ficar olhando
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para ela. Mas ela está certa, não posso mais ficar em cima do muro. Então o
melhor é levá-la para casa.
O caminho até a casa da Carol foi tranquilo, quase não conversamos.
O seu semblante está mais suave, e eu ter falado o que aconteceu entre
Dayana e eu também me fez bem, tirei um peso das minhas costas. Estaciono
o carro na frente da casa dela nos e despedimos como dois amigos. Vejo
minha ruiva descer do carro e caminhar até a porta da sua casa. Vai ser difícil
ter que vê-la, somente como amiga. Mas ela está certa é o melhor para nós
dois.
Ligo o carro e dirijo pelas ruas de Dourados para tentar processar tudo
o que aconteceu essa noite. Ligo o som do carro e está tocando a música de
Gustavo Lima, "Tá faltando eu".
Tá faltando eu em mim Pergunto, mas não sei quem sou Não sei se é
bom ou se é ruim Quero ficar, não sei se vou Sou doce e amargo ao mesmo
tempo Me policio sem razão Razão é o tipo que invento Pra não cair na
palma da mão Tá faltando mais ação Pra encarar e não fugir A lava que já
foi vulcão É um iceberg dentro de mim Pegadas que se tornam areia Castelo
de areia sempre cai Se olham pra mim de cara feia Meu coração desaba num
ai Preciso me curtir bem mais É pena que só olho pros lados Se a alma quer
um banho de sais O corpo quer me ver apaixonado O medo aguça a atração
A solidão na pele arde Espero que quando eu me ver E acordar não seja
tarde.
ela.
Pego o celular e digito uma mensagem de texto.
"A resposta é NÃO, não vou aceitar você longe de mim, pode até
tentar ruiva, mas você é minha."
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CAPÍTULO 8 - CAROL
Hoje quando sai de casa para conversar e por os pingos nos is com o
Montanha, sabia que não iria ser fácil e realmente não foi.
Senti a dor na voz do Montanha quando ele narrava tudo o que
aconteceu no passado com Dayana. Jamais poderia imaginar que o teor da
conversa entre os dois era a decisão de abortar ou não um filho. Pergunto-me
como ele conseguiu conviver com um ser igual Dayana? Como ela pode
descartar uma criança como se fosse uma roupa velha que não gosta mais? A
única conclusão que chego é que ela não tem coração. Por mais difícil que
tenha sido a nossa conversa, decidi pegar o pouco de amor próprio que existe
em mim e cai fora dessa relação conturbada. Eu sei o que eu quero, mas não
sei o que ele quer. Muitas vezes sinto que ele sente algo além de amizade, até
que ele me ama como mulher. Mas eu preciso que ele diga que me ama como
mulher assim como o amo como homem. Quero poder dizer para todos que
ele é meu, andar de mãos dadas e trocar carinhos. São coisas tão simples que
nunca desejei. Mas agora eu desejo. Eu quero essa pessoa. Desejo alguém
para estar do meu lado como homem. Por isso dei a opção para ele escolher,
se ficaria comigo ou se me deixaria seguir a minha vida. A resposta dele foi o
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silêncio, então deduzi que ele me deixaria seguir a minha vida. Assim eu irei
fazer.
Como disse para o Montanha, eu o amo muito, mas desde pequena
aprendi a me amar acima de qualquer coisa. Por me amar acima dele o
melhor é seguir o meu caminho.
Montanha acaba de me deixar em frente da minha casa, me despeço
dele, desço do carro e caminho até a porta com o coração na mão. Dói muito,
mas é melhor sofrer agora do que viver na angustia e de migalhas.
Abro a porta de casa, entro e a fecho. Encosto minhas costas na porta
e fecho meus olhos.
— Pela sua cara, essa conversa não foi nada boa.
— Que isso – grito pelo susto que levo.
— Você está doida é? Assustando por nada. Sou eu menina, sua mãe.
— Eu doida? Doida é a senhora sentada a essa hora no escuro ainda
por cima com esse cabelo. Já estava pensando que era uma assombração.
Pentear o cabelo de vez em quando é bom sabia, mãe?!
— Para de frescura menina, seu pai foi pescar com seu tio, vai passar
a noite no meio do mato. Acho que você puxou ele na doideira. Tomei banho,
lavei o cabelo e deitei aqui para te esperar, acho que ele ficou meio
bagunçado.
— Meio bagunçado? Está horrível mãe.
— Para de reparar no meu cabelo, senta aqui e diz o que aconteceu.
Pela sua cara tenho certeza que está pior que o meu cabelo.
Caminho até minha mãe. Jogo-me no sofá do seu lado em forma de
derrota.
— Então? — pergunta.
— Então mãe, peguei o restinho de amor próprio e cai fora — digo
com desanimo.
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— Mãe!
— Começou a contar, conta tudo, não fique contando pela metade.
Odeio história pela metade.
— Ok! Vou contar a história do início para a senhora entender.
Dayana é a ex-noiva dele, ele veio para Dourados depois da morte da irmã e
ela largou dele porque já tinha outro ai...
— Ai coitado, além de besta era corno — Mãe fala com os olhos
arregalados.
— Mãe!
— Para de falar mãe, se a cada vez que falasse mãe eu ganhasse um
real estaria rica. Conte logo essa história e para de frescura.
— Está bem, então essa cachorra já tinha outro e largou dele, ele
contou toda a sua história, menos o nome dela, até ontem...
Contei tudo para a minha mãe, como a gente se conheceu, o nosso
relacionamento perturbado, o medo dele de me assumir, sobre Dayana e o
aborto que ela fez. A culpa que ele sente pela morte da irmã e a perda ou
melhor aborto do filho.
— Minha filha, esse seu amigo ai sei não, acho que ele precisa de um
acompanhamento psicológico urgente!
— Mãe ele não é doido!
— Não é isso minha filha. Ele passou por perdas e situações muito
complicadas. A mãe morreu, a irmã morreu, era corno, ele mesmo sendo
lindo foi chifrudo, levou dois pés na bunda, o filho morreu. É muita coisa
para uma pessoa só carregar.
— Eu sei mãe.
— Ele tem que procurar ajuda de um profissional para desabafar, nem
tudo que aconteceu foi culpa dele. A mãe e a irmã morreram porque Deus
quis assim, o filho foi porque ele não foi homem suficiente de por essa fulana
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— Tomara minha filha, pois talvez assim ele acorde para a vida.
Espero que você se segure e não vá correndo atrás dele no primeiro sinal que
ele der. Você precisa ser forte, ou pelo menos fingir que não quer nada com
ele.
— Vou ser forte mãe — falo pegando o celular em minha bolsa para
ver a hora.
Vejo que tem uma mensagem a abro e leio.
"A resposta é NÃO, não vou aceitar você longe de mim, pode até
tentar ruiva mas você é minha."
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CAPÍTULO 9 — CAROL
Não existe nada melhor que dormir na cama de mãe, carinho de mãe é
tudo de bom, principalmente quando estamos carentes e tristes. Depois de nos
acabar em uma panela de brigadeiro, me joguei na cama da minha mãe e
aproveitei o carinho dela.
Acordei cedo, ajudei mãe a limpar a casa e fazer almoço, durante a
tarde troquei algumas mensagens com Clarinha e Eva e ignorei todas as
mensagens e ligações de Montanh. Ainda não estou pronta para falar com ele.
Meu coração não está pronto para falar com ele.
— Oh mãe! — grito deitada no sofá.
— Quem morreu Carol? — diz entrando na sala.
— Meu coração está morrendo — faço drama.
— Para de fazer drama, menina variada.
— Mãe, o que eu vou fazer amanhã quando eu ver o Montanha?
Ignorar as mensagens está sendo fácil, mas vê-lo na minha frente vai ser foda.
— Para de ser tonta menina, é só fingir que você não quer mais nada
com ele. Ele precisa pensar que te perdeu para tomar alguma atitude. Atitude
de homem.
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— É difícil mãe.
— Arruma outro, é fácil.
— Mãe, estou acabada por causa de um e a senhora quer que arrume
outro já?
— É só para dar uma pressão nele.
— Quem eu vou arrumar?
— Para de ser burra Carol, nem parece que é minha filha, esse outro
pode ser um fantasminha camarada, mas ele tem que acreditar que existe
outro na parada para ter medo e começar a agir. Agir com atitudes e não por
mensagem de texto. Você precisa se valorizar e não cair no papo na primeira
mensagem.
— Nossa a senhora é cruel — digo olhando para ela.
— Eu sou vivida. Agora me deixa voltar para a meu sono de beleza e
você para de encher meu saco, já disse o que tem que fazer.
Olho para minha mãe saindo da sala, quem vê, pensa foi eu que fiquei
até tarde acordada para saber o que tinha acontecido, agora diz que eu estou
enchendo o saco dela. Minha mãe é uma comédia mesmo.
O restante do dia passa tranquilo, assim como a segunda-feira. A
única novidade foi que Clarinha colocou seu plano em ação.
Arrumo-me para ir para a faculdade, minha mãe vai me levar, eu não
tenho carro nem moto, então ou pego carona ou vou de ônibus. Vida de pobre
não é fácil. Mas fazer o que, é melhor isso do que ir a pé. Quando saio de
casa para esperar mãe tirar o carro da garagem, vejo um certo carro preto
muito semelhante ao de uma certa pessoa estacionado em frente de casa.
Olho bem para o carro e caminho até ele.
— Você pode me dizer o que está fazendo?
— Te esperando — responde com a maior cara de cínico, lindo e
gostoso, que pode ter.
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— Não tenho outra opção. Saiba que estou indo sobre protesto —
aviso e entro no carro.
Montanha me olha ri, dá a volta, senta e dá partida no carro. Recuso-
me a olhar para a sua cara de pau.
— Não vai conversar comigo? — questiona depois de alguns minutos
de silêncio.
— Quer saber? Não estou a fim não.
— Ruiva, não quero ficar longe de você.
— Não vai ficar. Nada mudou. A única diferença é que não vamos
mais "dormir" juntos.
— Não quero só a sua amizade.
— Você está me pedindo em namoro?
— Quero ficar com você. Mas preciso de um tempo.
— Te dou o tempo que precisar sem nenhum problema — Então
vamos ficar como ficávamos antes?
— Disse que te daria o tempo, mas não que ficaríamos juntos.
— O que você está querendo dizer?
— O que eu já te disse. Eu vou seguir a minha vida, quando você
decidir que quer assumir um relacionamento sério e eu ainda estiver
disponível, talvez role.
— Você disse que me daria um tempo.
— Estou te dando o tempo, mas isso não quer dizer que vou te esperar
a vida inteira. Isso entre nós já dura mais de três anos.
— Ruiva, eu gosto de você, mas ainda não estou pronto para um
relacionamento mais sério.
— Eu também gosto de você. Mas estou mais que pronta para um
relacionamento mais sério, se não for com você será com outro.
— Carol você não pode fazer isso comigo.
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— Como é que é? Eu não posso fazer isso com você? Cai na real
Montanha, quem não pode ficar mais me enrolando é você. Você que não
pode continuar esse jogo comigo.
— Você que começou esse jogo de desejo Carol. Se hoje eu tenho
dúvidas do que eu quero a culpa é sua.
— Culpa minha? Vai se foder Montanha. Eu posso até ter começado,
mas você não reclamou nenhuma das vezes que ficou comigo. Já que foi eu
comecei, coloco um fim nessa palhaçada toda, estou cansada disso.
— Se você quer assim não posso fazer nada.
— Eu quero assim sim, mas quero isso porque você não tem coragem
de assumir o que sente por mim. Portanto se isso acabou foi porque você não
está sendo homem suficiente. Preocupa-se e cuida do bem estar de todo
mundo, mas esqueceu que você tem uma vida que precisa ser vivida. Eu não
vou ficar esperando migalhas suas.
— Fique sonhando que vou deixar alguém chegar perto de você.
— Fique sonhando que vou deixar você controlar a minha vida.
— Carol, você não sabe o que sou capaz de fazer se eu pegar você
com outro.
— É realmente não sei. Portanto irei fazer o teste.
— Não brinca com fogo.
— Não estou brincando, estou falando sério. Agora chega dessa
conversa, ou nem amizade irá existir mais entre a gente.
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CAPÍTULO 10 — MONTANHA
Um mês e meio depois
O negócio está feio para o meu lado mesmo. Carol disse que iria
seguir sua vida sem mim, e é isso que ela está fazendo. Pelo visto a sua
distância de mim está fazendo bem para ela. Cada dia que passa está mais
linda e radiante.
Depois de pensar no que ela disse confesso que ela está certa. Cuido
de todas, dou conselho e tudo mais, mas acabo me esquecendo de viver a
minha vida e de me preocupar com aquilo que sinto. Esses anos que se
passaram acabei vivendo a vida da Clarinha, Carol e Eva e esqueci da minha.
Decidi tomar um rumo em minha vida. Primeiro preciso tirar o peso da culpa
da morte de Mary, por isso contratei um especialista para rever o laudo da
morte e da vistoria do carro. Sempre tive por mim que tinha algo errado. Na
semana do acidente levei a Hillux para uma revisão. O freio tinha que ter
funcionado, nem o freio de mão funcionou. Isso na época acabou passando
despercebido ou achei mais fácil me culpar. Não quero sentir culpa, preciso
tirar essa dúvida que está me perseguindo. Preciso de respostas.
Por falar de cuidar dos outros, estou indo para o apartamento da
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— Você pode cuidar e dar banho em mim à hora que você quiser,
Montanha — Carol fala piscando.
Deixa ela mexer com fogo.
— Carol para de pegar no pé do Montanha — repreende Eva. —
Montanha, a gente sabe que você não nos olha com malícia. Não leve Carol a
sério ela precisa de um pau.
Você está certa Evinha, Carol precisa de um pau. O meu pau socado
até o talo na boceta dela.
— Vou comprar um vibrador para você, Carol — zomba Clarinha.
Pelo visto o vinho já subiu para a cabeça e daqui em adiante só vai
sair besteira da boca dessas três.
— Se você vai dar um vibrador para a Carol eu também quero, um
bem grande — diz Eva.
— Falando em pau. Clara será que o pau do Marcelo é grande? —
Carol pergunta.
— Meninas, a Clara só deu um beijo — aviso.
O jeito que Carol está soltinha é capaz de falar o tamanho do meu
pau.
— Na verdade ele que me beijou — Clarinha fala.
— Nossa, deve ter sido sem graça esse beijo, ele não roçou nenhum
pouquinho o pau em você? — Carol comenta curiosa.
Pelo que eu conheço dessa ruiva, ela ficou esse tempo todo sem
ninguém, ou não estaria tão assanhadinha.
— Roçou sim, ele me prensou na parede, meu vestido subiu, eu cruzei
minhas pernas em sua cintura e dei uma rebolada para sentir se ele estava
duro — Clarinha narra seu beijo rindo.
— E estava duro? — Eva pergunta curiosa com os olhos vidrados.
— Estava sim — Clara fala com orgulho.
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CAPÍTULO 11 — MONTANHA
Desde a hora que a ruiva chegou à casa da Clarinha, sabia que ela
tinha que ser minha. Ansiava pelo seu toque, seu cheio, seu corpo.
Levei Eva embora, agora somos apenas nós dois, daqui a pouco
seremos apenas um, quando os nossos corpos estiverem fundindo um no
outro. Mas primeiro preciso curar a ressaca dela. Dirijo até a república, Carol
está com as pernas cruzadas, tenho certeza que está tão excitada quanto eu.
Abro a porta da garagem, desço do carro, dou a volta e abro a porta
para que ela possa descer.
— Nossa que evolução, me trouxe para a república mesmo? Não vai
ter medo dos seus amigos me verem aqui?
— Estão todos viajando, a casa é nova. Você não conhece o meu
quarto novo.
Eu e os caras resolvemos trocar de casa, usar banheiro comum é foda.
Pago um pouco a mais no aluguel, mas pelo menos meu quarto agora é suíte.
Tem uma privacidade maior.
— A é? O que tem no seu quarto novo?
— Tem um banheiro, no qual irei te dar o banho que você pediu mais
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cedo. Irei lavar cada canto do seu corpo de um jeito que você nunca mais irá
esquecer.
Seguro a sua mão e a conduzo até o meu quarto, quero dar banho nela
não só porque ela pediu. Também a quero sóbria, para que possa ter ela de
corpo e alma sem o efeito do vinho.
Apesar pelo que eu conheço da minha ruiva esse vinho não fez efeito
nela. Ela é forte para bebida, para derruba-la tem que ser muito mais que duas
garrafas de vinho.
— É, tenho que concordar, esse seu quarto é muito melhor que o
antigo — fala observando o quarto.
— Vem, quero te apresentar o meu banheiro — chamo a conduzindo
até o banheiro.
Ela entra na minha frente, fico nas suas costas. Coloco minhas mãos
em seu ombro.
— Você está achando que vou transar com você é?
— Não vamos transar — digo dando leves beijos na curva do seu
pescoço. — Só se você pedir.
— Então o que acha que você está fazendo?
— Você disse que eu poderia te dar banho a hora que eu quisesse, é
isso que pretendo fazer agora — digo deslizando a alça de sua blusa,
distribuindo beijos em seu ombro.
— Só um banho? — pergunta, pendendo a cabeça de lado, me dando
acesso ao seu pescoço.
— Só um banho — sussurro em seu ouvido enquanto tento desabotoar
o botão do seu short. — Um banho que você nunca mais vai esquecer.
Desabotoo seu short e o retiro.
— Levanta os braços — peço.
Ela levanta os braços e eu retiro sua blusa, fico a observando de
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você pediu para eu deixar você me ver tomando banho. Aqui estou eu nu,
molhado e excitado. — Massageio o meu pau que lateja. — Pronto para
realizar mais um desejo seu — completo entrando debaixo do chuveiro.
Enquanto Carol me observa com os olhos arregalados, pego o
sabonete e ensaboo meus braços e peitoral de forma lenta e sensual.
— Durante o banho costumo dar uma aliviada. Sei que você me
entende — comento começando a massagear meu pau duro.
Minha mão vai e vem massageando toda a minha extensão.
— Ah! — gemo — Sabe Ruiva, não gosto de movimento leve. Você
sabe bater uma como ninguém. — Os movimentos começam ser mais brutos.
— Ah Ruiva!
— Se eu falar que estou com desejo de chupar o seu pau e que você
goze na minha boca, você vai atender o meu pedido?
Olho para ela que morde os lábios.
— Estava esperando você pedir. Vem — digo fazendo um gesto com
a cabeça.
Carol se levanta e me observa, tira a toalha que enrolava seu corpo nu
e caminha até o chuveiro. Quando está próxima, coloca as duas mãos em meu
peitoral e começa a distribuir beijos enquanto suas mãos fazem o contorno de
cada gomo da minha barriga definida.
— Delícia — fala em um gemido.
Enrolo seu cabelo no meu punho e puxo sua cabeça para trás, a
fazendo olhar nos meus olhos.
— Seu desejo era colocar essa boca no meu pau para que eu goze
nela, estou esperando Ruiva — digo roçando meu pau ereto no seu ventre.
— Com pressa Leãozinho? — provoca distribuindo beijos no meu
peitoral e abaixando até ficar de joelhos.
— Quero sentir essa boca gulosa engolindo todo o meu pau.
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Carol encara meu pau ereto, coloca uma das mãos, e começa a fazer
movimento de vai e vem, coloca a boca no meu saco ao mesmo tempo que
sua mão me masturba.
— Ah! — gemo.
Ela para de chupar meu saco, segura com as mãos em cada banda da
minha bunda e engole meu pau até onde a sua garganta aguenta. Começa a
me chupar com suas unhas cravadas em minha bunda.
— Agora eu vou foder essa sua boca gostosa!
Seguro seus cabelos e começo a foder a sua boca, meto firme e com
força do jeito que eu sei que ela gosta. Ela geme.
Quanto mais eu meto em sua boca, sinto suas unhas mais gravadas em
minha bunda, meto forte, rebolo, ela geme cada vez mais alto. Essa Ruiva é o
meu fim, minha perdição.
Depois de algum tempo metendo em sua boca, sinto o meu gozo
chegando.
— Vou gozar, prepare-se para engolir tudo sua gostosa.
Meto mais umas três vezes forte e gozo em sua boca.
Carol engole toda a minha porra, depois chupa meu pau limpando
meu gozo. Ainda de joelhos me olha com cara vitoriosa por ter conseguido
me fazer gozar em sua boca e engolir tudo. Ela se levanta, e joga as mãos em
volta do meu pescoço.
— Agora o meu desejo é que você me faça gozar com o seu pau —
fala beijando o meu pescoço.
— Seu desejo é uma ordem — digo a levantando pela cintura.
Ela cruza as suas pernas na minha cintura, a encosto na parede do
banheiro, e enfio meu pau em sua entrada.
— Ah! — geme ao me sentir todo dentro dela.
Deliciosa, gostosa, macia, moldada e feita para o meu pau, assim é a
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CAPÍTULO 12 – CAROL
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cartório afinal eu o provoquei a noite toda, e deu certo, ele ficou irresistível e
cheio de tesão. Depois de pouco mais de um mês sem sentir meu corpo
fundindo ao dele ansiava por isso desde o momento que pisei meus pés no
apartamento da Clarinha. Posso dizer que compensou o crime. Oh se
compensou, foi muito bom, muito gostoso. Meu corpo, minha alma estava
com saudade. Tudo bem que fui fraca, mas tive vários orgasmos e hoje estou
molinha, molinha, completamente relaxada e prontinha para outra.
Para Montanha não achar que eu estou completamente caída por ele e
que aceitaria ficar do jeito que estávamos, fiz com que ele pensasse que foi
apenas uma transa como outra qualquer. Fiz ele se sentir usado e abusado.
Lembro a cara de bobo que ele ficou, Lesmontanha foi um apelido perfeito.
Por um momento senti dó dele com aquela carinha de cachorro sem dono,
mas me mantive firme. Não poderia sair por baixo, então o melhor é ele achar
que foi usado e abusado por minha pessoa.
Acabo pegando no sono e dormindo o restante do dia.
Na segunda acordei cedo, fiz meu serviço de casa e depois li o texto
da aula. Quando deu o horário para ir para a faculdade me arrumei e fui para
a aula.
— Mãe, obrigada por ontem com o pai — agradeço olhando para a
minha mãe que dirige me levando para a faculdade.
— Pelo visto ontem você não segurou essa periquita.
— Mãe! Isso é coisa que se fale?
— Minha filha, você dormiu o dia inteiro, depois ficou com cara de
bobo alegre limpando a casa. Está na cara que você deu a periquita para o
gostoso do Montanha.
— Ok mãe eu não resisti, tá — confesso cruzando os braços.
— Te entendo minha filha, quem vai resistir a um homem daquele. Eu
sei, a carne é fraca e você é besta.
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— Mãe!
— O que foi? Disse alguma coisa de errado?
— Eu sei tá, eu tinha que ter me segurado, mas não resisti. Ele estava
com ciúmes, estava tão lindo, estava tãooo...
— Já entendi! Você é uma besta, e ele estava tudo isso e você caiu no
jogo.
— Não foi bem assim, eu fiz ele se sentir usado, quando ele
perguntou se estávamos bem eu simplesmente disse que não tínhamos nada
que foi apenas uma transa, ele ficou sem reação e disse que não queria mais
ficar desse jeito.
— Tomara mesmo, você tem que decidir, se você quer esse homem
seja firme minha filha — mãe me aconselha.
Estaciona o carro em frente da faculdade.
— Tudo bem mãe, serei forte. Agora preciso ir para aula — digo
dando um beijo em seu rosto descendo do carro.
— Boa aula Carol e juízo.
— Obrigada mãe. A senhora sabe o que eu mais tenho é juízo. — Dou
uma piscadinha para ela.
Hoje como cheguei um pouquinho atrasada, vou direto para a sala.
Evinha e Montanha já estão em seus lugares.
— Oi Montanha, oi Evinha. Cadê a Clarinha? — pergunto sentando
no meu lugar.
— Mandou mensagem dizendo que não vem hoje — Montanha avisa.
— Não se preocupe ela disse que está cansada — Evinha diz fazendo
cara de safada.
— Hum... O que será que aconteceu com aqueles dois, hein?! — digo
dando risada, me referindo a Clara e Marcelo.
— Sei não, mas acho que Clarinha deu uma chave de perna no
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se aproximar.
Vaca loira oxigenada tinha que chegar justo agora que iria jogar uns
verdinhos em cima do Marcelo.
— Marcelo veio pegar o número de um amigo. Fernando precisa dos
serviços do Marcelo e eu fiquei de passar o número — Montanha fala
mentindo descaradamente.
— Obrigado, cara — agradece Marcelo, entrando no jogo.
— Depois te mando a mensagem com o número — avisa Montanha.
Depois dessa desculpa esfarrapada Marcelo vai embora, e Montanha,
Eva e eu voltamos para a sala.
— Evinha você viu a cara dele? — pergunto.
— Carolzita, Clarinha pegou ele, tenho certeza — Eva fala rindo.
— Pode parar as duas. Amanhã vocês descobrem o que aconteceu —
Montanha resmunga.
— Chato! — digo me virando e prestando atenção na aula.
Na hora de ir embora Montanha me dá uma carona para minha casa.
Quase sempre ele me leva embora, a minha casa é muito longe da de Clarinha
ou Eva e dá República também, mas ele sempre acaba me dando carona e não
se importando com a distância.
— Então Ruiva, como você passou de ontem para hoje? — Montanha
pergunta.
— Deliciosamente bem.
— Passou bem assim por causa de mim? — questiona com um
sorrisinho safado.
Quer ver eu tirar esse sorrisinho da cara dele?!
— Não foi bem por causa de você — digo olhando para sua cara.
— Não? Então foi por que Ruiva?
— Foi por causa do seu pau.
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— Como?
— Confesso, sua mão também ajudou.
— Ruiva, não acha que essa sua atitude já deu o que tinha que dar? —
Montanha fala estacionando o carro em frente da minha casa — É, deu
mesmo, eu gozei gostoso — provoco desafivelando o sinto de segurança.
— Ruiva, eu não quero só isso com você. A quero de corpo e alma...
Eu sei, preciso ser forte, então é melhor eu atacar do que ouvir as
baboseiras de sempre. Saio do meu lugar e sento no colo de Montanha com as
pernas abertas o beijando e tirando a sua camisa.
— Ruiva, o que você está fazendo?
— Cala boca e me fode Lesmontanha — peço, abrindo o botão de sua
calça.
Tiro a minha calça jeans e calcinha e volto a monta-lo. Não dou
tempo para ele protestar ou falar algo. Não quero ouvir suas desculpas ou
lamentações. Literalmente e freneticamente o ataco dentro do seu carro.
— Carol, estamos na rua.
— O vidro é fume — digo o beijando.
Enfim, consigo liberar sua ereção de dentro de sua cueca, que se
mostra dura cheia de veias pulsantes. Faço alguns movimentos o
masturbando, mas logo posiciono seu pau na minha entrada.
— Ah! — gemo ao sentar na sua ereção e senti-lo todo dentro de
mim.
Uma leve dormência vem à tona, visto que Montanha além de bem
dotado é grosso, viril, gostoso perfeito para mim.
Começo a me movimentar com o seu pau socando dentro de mim,
beijo sua boca, o mordo, arranho suas costas.
— Rebola gostosa — fala entre gemidos, dando tapas na minha bunda
do jeito que eu gosto.
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Faço como ele pediu e rebolo, enquanto ele aperta minha bunda
forçando ainda mais o atrito do seu pau em minha boceta.
— Ah — gemo.
Montanha tira meu seio para fora da blusa e o chupa, morde de leve
meu bico me levando à loucura.
— Cavalga no meu pau, gostosa — sussurra em meu ouvido.
Assim faço, começo a cavalar lentamente o sentindo todo dentro de
mim. Depois vou aumentando o ritmo. Subo, desço, seu pau entrando e
saindo da minha boceta que desliza com facilidade em seu pau, continuo
subindo e descendo sobre seu comprimento. Como pode ser gostoso desse
jeito?!
— Ah! — gemo quando Montanha chupa novamente meu seio e
massageia o outro.
Sinto que estou perto de gozar, meu ventre formiga, forço ainda mais
seu pau socando ainda mais fundo na minha boceta.
— Faz mais Montanha, mais! — peço entre gemidos.
Montanha percebe que estou perto de atingir o meu clímax, coloca
sua mão em minha bunda aumentando ainda mais o movimento. Levanta o
quadril socando seu pau ainda mais fundo.
— Ah! — grito gozando.
Com as pernas moles, começo a diminuir o ritmo, beijo sua boca de
forma doce e delicada, bem diferente de alguns segundos atrás.
— Hum que delícia — digo, já levantando e tirando seu pau de dentro
de mim.
Saio do seu colo, pego minha calça no banco traseiro e a visto.
— Ruiva, o que você está fazendo? — Montanha pergunta me
olhando com cara de bobo.
— Eu? Vestindo a minha roupa, preciso entrar.
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CAPÍTULO 13 – MONTANHA
Puta merda ela fez de novo, e hoje foi pior, pois nem gozar dentro
daquela boceta gulosa ela deixou. Essa safada não vai continuar usando o
meu pau e saindo como se nada tivesse acontecido. Hoje passa, mas amanhã
ela me paga. Não vou ficar sendo um brinquedo sexual em sua mão Ruiva,
isso você pode ter certeza. Vai ter volta.
Levanto a minha calça, ajeito meu pau duro e dolorido e fecho o
zíper. Visto minha camisa, pego a fita de pano que ela chama de calcinha e
coloco no do bolso. Ligo o carro e dirijo para a república. Hoje vou precisar
bater uma para poder me aliviar. Tudo culpa de uma certa ruiva.
Queria saber o resultado das investigações do acidente da Mary antes
de assumir algo sério com Carol, tenho certeza que o que eu sinto por ela não
é apenas desejo ou amizade. Minha fome e vontade de ficar ao seu lado e
dizer para todos que ela é minha é tão grande que hoje eu decidi a pedir em
namoro. Deixa o resultado das investigações em um segundo plano. Não
posso mais ficar longe da minha Ruiva. Ensaiei o domingo e hoje o dia
inteiro de como eu iria fazer o pedido de namoro, comprei até um ursinho e
uma caixa de bombom que está escondida debaixo do banco para fazer a
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— Montanha, meu amigo, meu irmão camarada. Diz para mim como
está esse seu coração? — Clarinha faz a sua pergunta direcionada para minha
pessoa.
Penso bem nessa resposta, posso abrir o jogo agora e dizer que meu
coração está ocupado por uma Ruiva. Mas me lembro do que ela fez, me
usando como um objeto sexual.
Então lá vai a resposta...
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CAPÍTULO 14 — CAROL
— Montanha, meu amigo, meu irmão camarada. Diz para mim como
está esse seu coração? — Clarinha pergunta para Montanha.
Meu coração acelera, enfim ele vai dizer a verdade e sair da moita.
Clara sem saber está me ajudando com essa pergunta. Essa indecisão está me
matando e me fazendo brigar com ele quase todos os dias.
— Tranquilo — Montanha fala, olhando para mim.
— Já foi ocupado por alguém? — Clara insiste.
O que custa ele dizer "Sim está" só isso não vai arrancar pedaço.
— Não sei, quem sabe — Montanha responde.
— Montanha seu safado, você está nós traindo pode falar que é a dita
cuja — Eva fala.
— Não disse que tem alguém — Montanha fala de forma cínica.
— Também não disse que não tem — digo nervosa.
Clara faz sua tacada e erra, assim como Eva. Então agora é minha vez
não posso errar, miro bem, enfim acerto a tacada. Olho para Clara, depois
olho para o Montanha, e falo: — Montanha quem é ela?
— Não vou responder— Montanha fala cruzando os braços e olhando
para mim.
— Se não vai dizer Montanha, você vai ter que cumprir um desafio —
avisa Eva.
— Qual o desafio? — o safado pergunta.
— Eu te desafio a me dar um beijo de língua — desafio.
— Acabou, não vamos mais brincar — Clara corta a brincadeira.
— Por que não Clara? Eu desafio o Montanha — digo.
— Carol, você sabe que ele não faria isso pare de pegar no pé dele.
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Não consigo entender porque esse ciúme todo — Eva fala apontando para
Montanha. — Nem a Clara que é mais ligada ao Montanha está dando essa
crise de ciúmes.
— Não é ciúmes é um desafio! — digo irritada, é além de ciúmes, é
raiva mesmo.
— Meninas. Vamos sentar, tenho mais coisas para falar do Marcelo
— Clara tenta tirar o foco.
— Carol, não vou beijar você, mas quem sabe um dia? — Montanha
fala rindo, como esse safado pode ser tão gostoso?! Que ódio dele.
— Sorte sua que você não me atrai com essa sua juba de leão, ou você
ia comer na minha mão, seu Adriano. — Você ainda não come na minha
mão, mais vai comer ou não me chamo Caroline. — Eu que não quero beijar
você, que deve pegar qualquer rameira de beira de esquina — finalizo indo
rumo do banheiro.
Entro ao banheiro e vou direto para a pia, jogo água em meu rosto e
na nuca, preciso me acalmar. Percebo uma pessoa, olho para trás e vejo que é
Eva. Jogo mais um pouco de água em meu rosto e na nuca.
— Carol! — Eva chama e olho para ela. — O que está acontecendo?
— Nada — digo e me viro para o espelho.
— Não é apenas ciúmes de amizade né? — pergunta, mas não
respondo.
Que coisa, eu querendo que Montanha assuma o que sente por mim,
mas estou eu aqui, perdida, sem saber o que falar para a minha amiga.
Eva se aproxima e me abraça.
— Se você não se sente pronta não precisa dizer nada, aceite apenas o
meu abraço, pois é tudo que eu posso te dar nesse momento. Carol lembre-se
que eu e Clarinha sempre estaremos aqui para limpar as suas lágrimas, não
importa o que aconteça.
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CAPÍTULO 15 — CAROL
Sabe quando você passa a semana programando uma vingança para
você acabar, aniquilar, destroçar uma pessoa?
Está tudo na minha cabeça o que vou aprontar. Ops, quer dizer, está
tudo na minha cabeça o que eu pretendo fazer nessa festa para me divertir.
Não irei aprontar nada. Talvez só um pouquinho.
Durante a semana, até comecei a pôr meu plano em ação, que era de
chegar à festa acompanhada por um carinha lindo e gostoso. Na hora dos
intervalos da faculdade, arrastei Clarinha pelos corredores e no prédio de
direto à procura da minha vítima. Ops, vítima não, quer dizer acompanhante.
Mas Clarinha acabou vendo Marcelo de longe e me arrastou de volta para o
nosso prédio. Tudo bem não vou chegar acompanhada, mas o lado bom que
posso escolher a minha vítima quando chegar à festa.
Hoje meu dia se resumiu em descansar meu corpinho; afinal pretendo
usá-lo essa noite, escolher um vestido top, com sapato top, acessório top,
cabelo top, maquiagem top. Hoje eu mereço tudo, pois quero deixa aquele
Lesmontanha de boca no chão, para ele aprender com quantos pau se faz uma
canoa. Comigo ninguém brinca.
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— Não vou falar nada para você não, depois não diz que eu não te
avisei.
— Ai que medo de você — zombo ironicamente.
Não demora, Eva entra no carro toda linda e com um sorriso enorme
no rosto. Ai tem essa está com cara que também quer aprontar hoje.
— Cheguei meu povo — fala animada.
— Que carinha é essa dona Eva? — Montanha fala dirigindo.
— Nada, só estou feliz — Eva fala rindo.
— Nossa Evinha, eu também estou animada hoje!
— Acho que hoje estou fodido e mal pago — Montanha resmunga.
— Ai que eu fiz Montanha? — pergunta Eva.
— Liga não Eva, acho que Montanha está de TPM hoje — zombo.
— O problema está no que vocês vão aprontar essa noite. Primeiro
Ruiva chega dizendo que ninguém é de ninguém agora você, Eva, aparece
toda animada — Montanha fala.
— Ae Adoroooooo!!! — Eva fala.
— Eva, vamos lá cante comigo. — Pego meu celular, coloco à música
de Humberto e Ronaldo para tocar. Canto junto com a música.
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CAPÍTULO 16 — MONTANHA
Só observo a animação das três, queria curtir e relaxar nessa festa,
mas pelo visto não será possível. Chegamos na "Festa do Bacana", e está
lotada, filas enormes, carros com som ligado, tudo que uma boa festa tem
para oferecer.
Essa cara, essa risada, esse jeito da Ruiva hoje não me engana. Na
certa ela está aprontando algo. As três Carol, Clarinha e até Eva estão com
cara que vão aprontar. Estou fodido e mal pago.
Estaciono o carro, e conduzo minhas meninas até a fila de entrada que
está enorme.
— Tudo bem que eu sabia que iria estar lotada. Mas gente, ficar nessa
fila ninguém merece vamos demorar mais de meia hora para entrar — Eva
reclama desanimada.
— Calma Eva, só nos resta esperar — Carol fala cruzando os braços.
— Montanha, não tem nenhum amigo trabalhando de segurança hoje
ai não? — Clarinha pergunta.
— Esperem aqui meninas vou dar uma olhada — digo indo até a
portaria.
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Ela percorre com os olhos meu corpo, e fixa o olhar no meu pau.
— Pelo visto estava com saudades de mim — diz com o olhar fixo no
meu pau.
— Nem tanto.
Se ela soubesse que esse pau está duro por culpa de uma Ruiva que
está vestida para matar um hoje.
— Então diga no que eu possa ajudar? — fala dando sinal, para o meu
pau. — Talvez possa te ajudar a resolver esse desconforto.
— Claro que pode, libera a minha entrada e mais de três amigas,
estaria resolvendo um problema importante.
— Você não precisa de autorização sabe que tem passagem livre.
— Valeu Raquel. Vou lá chamar as minhas amigas.
— Adriano, você também tem passagem livre para o camarote. Pode
levar suas amigas. Também vou falar para liberarem uma cortesia no bar.
— Valeu! — respondo me virando para buscar as minhas meninas.
Disfarçadamente ajeito minha ereção para não dar muita bandeira.
Fazer o que? Isso é o efeito Ruiva.
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CAPÍTULO 17 — CAROL
Montanha foi ver se conseguia nos colocar dentro da festa, afinal não
podemos cansar a nossa beleza nessa fila mostro.
Essa noite tudo pode acontecer, já que temos que esperar ele voltar,
vou cutucar um pouco a Clarinha.
— Clarinha e ai? — pergunto.
— E ai o que Carol? — Clara responde distraída.
— Se você encontrar o Marcelo aqui o que vai fazer? — Eva
pergunta.
— Era isso Clarinha, mais você está lerda hoje — brinco.
— O Marcelo não vai estar aqui, ele me disse que não gosta desses
lugares, prefere barzinho — Clarinha responde, ela tenta disfarçar, mas sei
que ela está balançada.
— Está sabendo bem Clarinha — alfineto.
— Então Clarinha, sinto muito te informar que Marcelo vai sim estar
aqui nessa festa, junto com Dayana, Camila e Alessandro — Eva fala.
— Está brincando né? — Clarinha fala com os olhos arregalados.
— Clarinha, olhe para a cara de bobo alegre da Eva. Por que você
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Quando ela chega a festa inteira para Aumenta o som pra ver ela
passar Apavorando, mas ela é cruel ...
E eu que achava que ela tava de olho em mim Que tava fácil, que
ela tava afim Não tava não, é que ela é cruel...
Conforme a música toca, eu faço meu show, sei que ele está me
olhando, dançando de forma sensual. Olho para todos os lados menos para
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Montanha, rebolo, mexo meu corpo e dou meu sorriso mais sexy, sem um
alvo certeiro.
Quando a música acaba, voltamos para a nossa mesa. Clarinha safada
até conseguiu um parceiro para dança.
— Arrasaram no show — parabeniza Montanha.
— O show ainda nem começou — aviso tomando minha bebida.
Conversamos coisas aleatórias, até que o carinha com quem Clara
estava dançado chega e senta na nossa mesa. Ele está todo assanhado por
Clarinha, mas ela nem da moral. Não se passa nem quinze minutos, e
Marcelo chega sentando do lado de Clara como macho alfa reivindicando o
seu lugar.
Rapidinho mostra para o carinha quem manda ali e o coloca para
correr. Marcelo puxa Clarinha para a pista de dança.
— Evinha, eu quero um macho alfa igual ao Marcelo — choramingo.
— Carol eu também — Eva fala. — Você viu a atitude dele?
— Homens igual ao Marcelo são raros, ele disse que quer ela e veio
atrás, não ficou em cima do muro como uns e outros — alfineto olhando para
o Montanha.
— Acho que ele terminou da Vaca Dayana — comenta Eva.
— Queria ter visto a cena. — Rio.
Clarinha volta à mesa com os olhos arregalados, pega a bolsa e diz
que vai no banheiro. Logo Marcelo se aproxima.
— Adriano, estou levando Clara embora hoje — Marcelo avisa.
— Ela não disse que iria embora agora — Montanha fala.
— Ela ainda não sabe que está indo embora. — Marcelo dá uma
piscadinha.
— Marcelo, eu vou deixar porque confio em você. Mas se você
machucar ou brincar com a Clara, quem vai sair com traumatismo craniano
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será você. Também irei quebrar as suas duas pernas para nunca mais ir atrás
dela — ameaça Montanha, todo protetor.
— Não vai ser preciso, pode confiar. Então até mais, tchau meninas
— Marcelo fala se despedindo e indo atrás da Clara.
— Está vendo Eva, precisamos achar um homem assim, igual
Marcelo — comento.
— Verdade Carol — Eva concorda.
— Tem homens assim, basta vocês quererem— Montanha fala.
— Eu não encontrei nenhum. Só uma lesma que não sabe o que quer
— alfineto.
— Nossa então você está com um carinha mesmo Carol? E ai ele é
bom mesmo? — Eva pergunta curiosa.
— Ele é bom sim, gostoso, viril, pinto grande e grosso. Mas tem um
defeito Evinha.
— Qual?
— É uma lesma, é lerdo que só ele. — Caio na gargalhada.
— Carol, vamos diminuir nessa bebida que você está ficando
alegrinha demais — Montanha fala de forma séria.
— O que foi Montanha eu não fiz nada, nem dancei — provoco rindo.
— Deixe ela beber Montanha.
— Se você continuar nesse ritmo vai querer dançar em cima da mesa
— Montanha me dá uma ótima ideia.
Percebo que começa a tocar a música da Anita "Deixa ele Sofrer"
— Mas não é que você me deu uma ótima ideia — digo levantando da
cadeira. Me aproximo dele e falo no seu ouvido. — Essa é para você. Agora
aprecie o show.
Subo em cima da mesa, e começo a cantar e a dançar a música de
Anita.
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Deixa ele chorar, deixa ele chorar Deixa ele sofrer Deixa ele saber
que eu tô curtindo pra valer Deixa ele chorar, deixa ele sofrer Deixa ele
saber
Falei, que pra mim ele não é rei Tudo que eu podia falei Não ia
ficar assim Se depender de mim Ele vai enlouquecer
Pode implorar meu prazer Que eu não vou me arrepender Eu não
sou tão fácil assim Já acabou pra mim
Falou pra todo mundo que não me quer mais Que amor e
compromisso não te satisfaz Agora feito bobo vem correr atrás Sai me
deixa em paz (sai me deixa em paz)
Agora se prepara, cê vai me encontrar À noite, nas baladas, em
qualquer lugar Com a pessoa certa, pronto pra me amar Pra me amar
Deixa ele chorar, deixa ele chorar Deixa ele sofrer Deixa ele saber
que eu tô curtindo pra valer Deixa ele chorar, deixa ele sofrer Deixa ele
saber
Falei, que pra mim ele não é rei Tudo que eu podia falei Não ia
ficar assim Se depender de mim Ele vai enlouquecer
Pode implorar meu prazer Que eu não vou me arrepender Eu não
sou tão fácil assim Já acabou pra mim
Então, falou pra todo mundo que não me quer mais Que amor e
compromisso não te satisfaz Agora feito bobo vem correr atrás Sai me
deixa em paz (sai me deixa em paz)
Agora se prepara, cê vai me encontrar À noite, nas baladas, em
qualquer lugar Com a pessoa certa, pronto pra me amar Pra me amar
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Deixa ele chorar, deixa ele chorar Deixa ele sofrer Deixa ele saber
que eu tô curtindo pra valer Deixa ele chorar, deixa ele sofrer Deixa ele
saber (deixa ele sofrer) Deixa ele saber
Conforme danço e canto, algumas pessoas chegam perto da minha
mesa e começam a gritar e bater palmas. Olho para Montanha, e vejo que ele
quer me matar com o olhar. É isso o que eu quero que ele sinta. Que sinta a
mesma raiva que eu sinto dele, por mim quero que ele chore, sofra.
No meio da música sou puxada de cima da mesa como uma boneca e
jogada nos ombros.
— O que você acha que está fazendo sua Lesma? — grito socando
suas costas.
— Cuidando do que é meu, porra!
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CAPÍTULO 18 – MONTANHA
Carol perdeu o resto de juízo que tinha. Ela sobe em cima da mesa,
começa a dançar e cantar olhando para mim, como se fosse um recado.
Tão linda tão gostosa. Fico em transe, olhando ela rebolando aquela
bunda gostosa conforme a batida da música. Como pode ser sexy desse jeito?
Essa Ruiva acaba comigo.
Alguns gritos do meu lado acabam me fazendo despertar do transe.
— GOSTOSA!
— TIRA TUDO!
— VEM QUE EU APAGO O SEU FOGO!
— CHUPA AQUI GOSTOSA!
— TIRA A ROUPA!
— PUTA!
Tem vários homens em volta da mesa, que Carol está dançando,
gritando e batendo palmas. Isso faz com que ela requebre mais, que dance de
forma mais sensual.
— Merda — resmungo.
Esse bando de vespas quer o que é meu.
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Vou pôr um fim nessa birra dela hoje. Chega, cansei desse joguinho
que ela está fazendo. A raiva e o ciúme estão me corroendo por dentro. Não
fiz nada para que a Ruiva aprontasse isso comigo essa noite.
— O que você acha que está fazendo sua Lesma? — grita socando as
minhas costas.
— Cuidando do que é meu, porra!
— Não sou propriedade sua, seu idiota. Me coloca no chão agora! —
grita.
— Não!
— IDIOTA!
— Quietinha — Dou um tapa na sua bunda.
— Ai, seu filho de uma boa mãe.
— Montanha, coloca a Carol no chão; todo mundo está olhando —
Eva pede do meu lado, agora que lembrei que ela estava junto.
— Não! — digo olhando para Eva.
— Estou adorando o show de vocês dois, mas coloca a Carol no chão.
Montanha vocês podem conversar como duas pessoas normais — pede Eva.
— Ok, mas se ela fizer mais uma graça eu vou amarrá-la — ameaço.
— Se fosse em uma outra época iria adorar ser amarrada, seu babaca
— resmunga Carol.
— Adorooooo. Sexo violento — Eva diz morrendo de rir.
— Não começa Carol, minha paciência com você já foi para os
infernos — aviso. — Eva não coloca pilha.
— Vai à merda, Montanha — Carol grita.
— Vou pôr você no chão, mas estamos indo embora — aviso e a
coloco no chão ao meu lado.
— Já te disse que você não é o meu pai e não manda em mim. Não
vou embora agora — Carol teima ajeitando o vestido.
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animada.
— Eva?! — A fuzilo, pois não está ajudando em nada.
— O que foi? Faz tempo que não vejo uma briga. Vai Carol bate mais
— Eva incentiva.
Quando volto a olhar, Carol está distribuindo tapas na cara de Raquel.
— Merda — xingo indo em direção as duas para separar a briga.
— Não! — Eva puxa meu braço. — Deixa a Carol bater mais um
pouquinho.
— Eva?!
— Ela chamou minha amiga de barraqueira e galinha — Eva fala
indignada.
— Isso já passou dos limites.
— Raquel que começou — acusa.
— Deixa eu separar essas duas — aviso balançando a cabeça, não
posso acreditar em uma coisa dessas.
— Estraga prazer — Eva resmunga e mostra a língua.
— Já chega! — Pego Carol pela cintura e a puxo para longe de
Raquel.
— Me solta, deixa eu dar uma lição nessa lacraia — Carol grita se
debatendo.
— Galinha! — Raquel grita se levantando do chão.
— Quer apanhar mais um pouquinho né sua vadia! — Carol grita
tentando se solta dos meus braços. — Espera ai que vou te dar o que você
está querendo sua vadia.
— Raquel chega, PORRA — grito.
— Não sei como você pode dar tanta moral para qualquer uma?! —
Raquel fala.
— Oh sua quenga de galocha, não sei se você percebeu, mas vou falar
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bem devagar. EU NÃO SOU QUALQUER UMA. Aceita que dói menos.
— É uma oferecida — acusa Raquel.
— Cala a boca Raquel, Carol não é igual a você cacete — grito para
Raquel.
— PIRANHA!
— Toma aprendiz de Vaca de Segurança! — Eva fala rindo.
— Te disse, vadia, que não sou qualquer uma. Ele é meu você está
entendendo. MEU! — Carol grita.
— Não é possível que você tenha um caso com essazinha ai?! — diz
Raquel indignada.
— Não fala assim dela. Com quem saio ou deixo de sair não é da sua
conta.
— Isso não vai ficar assim. Vou processar essa aí por ter me agredido
— ameaça Raquel.
— Pode fazer isso vadia, pois vou adorar quebrar a sua cara de
piranha de novo — Carol fala.
— Faça o que quiser Raquel, mas lembre-se que sou um dos donos da
empresa que você trabalha — aviso.
Raquel fica alguns segundos nos observando, mas sei que ela
entendeu o recado. Não vou deixar ninguém passar por cima da minha ruiva,
mesmo que eu tenha que usar a minha influência na empresa do meu pai.
— Vou por vocês para fora. Já arrumaram muita confusão por hoje.
Principalmente essa aí. Você sabe que merece algo melhor — Raquel avisa
de forma mais branda.
— Por merecer algo melhor que você Raquel, que estou com a Carol
— digo colocando a mão na cintura da minha ruiva.
— Toma. Poderia ter dormindo sem essa, oferecida — Carol provoca
olhando para Raquel e rindo. Essa ruiva não existe.
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— Está louca Ruiva, já sai com a Raquel, mas isso faz tempo. Não
tenho mais nada com ela — digo nervoso. De onde ela tirou isso?
— Estava na cara que já tinha comido ela — comenta.
— Já sai, mas foi antes da gente começar a ser envolver cacete. Bem
antes — tento me explicar.
— Então como você me aparece com o pinto duro do nada Montanha
— Carol acusa.
— Meu pau estava duro, por causa de você e desse pedaço de pano
indecente que você chama de vestido. Você queria o quê? Não me deixou
gozar da última vez — grito de volta.
— Santa Periquita do buraco fundo. Só está faltando pipoca — Eva
fala rindo no banco traseiro.
— Cala boca, Eva — Carol grita.
— Podem continuar, finjam que não estou aqui.
— Não venha com essa desculpa esfarrapada, Montanha — Carol
grita.
— Não sei por que você está me questionando? Sendo que você
estava dando em cima do Marcão assim que chegamos a essa merda de festa.
— E daí? Eu sou solteira — diz cruzando os braços.
— Porra Carol! — grito batendo a mão no volante. — Você não está
solteira porra nenhuma. Já passou da hora de você parar com esse joguinho.
— Não estou jogando.
— Então para com essa birra — grito de volta. — O que você acha
que estava fazendo? Ficou a semana toda me ignorando para aprontar isso
hoje?
— Já disse não aprontei nada. Se eu tivesse aprontado você não teria
nada a ver com isso.
— Chega Ruiva. Não aguento mais isso. Hoje vamos conversar e
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CAPÍTULO 19 – MONTANHA
Esse jogo de desejo não pode continuar, preciso pôr um fim nisso,
está me corroendo por dentro. A Ruiva hoje passou de todos os limites
suportáveis. Chegou a hora de dar um rumo nesse jogo. Dar um rumo em
minha vida.
— Está na hora de resolvermos essa nossa situação — digo olhando
em seus olhos.
— Já disse, não existe nossa situação. Não tenho nada com você!
— Você sabe muito bem que não é bem assim, Ruiva — Puxo a
cadeira e me sento na sua frente. — Hoje a gente se resolve.
— Ai ai, lá vem você com essa ladainha de novo — Carol fala
deitando na cama e olhando para o teto.
— Ruiva eu gosto de você. Quer dizer eu não... Eu não gosto de você
— digo confuso.
— Blá, blá, blá já estou cansada de ouvir isso. Muda o disco
Lesmontanha.
Não me importo com o seu tom irônico e tento me explicar, ela
precisa entender o que sinto, mas essa é teimosa feito uma mula empacada.
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— É algo mais além, não sei definir e nem explicar com palavras.
Essas malditas somem quando se trata de definir o que sinto por você.
— Você gosta de mim, mas não sabe definir é isso? — Carol fala
levantando da cama e me encarando.
— É exatamente isso, Ruiva.
— Ah! Por favor, eu não vou ficar ouvindo isso, se você não sabe o
quer, não sabe o que sente segue a sua vida e esqueça que eu existo. Cansei!
Chega! Não sou eu que vou ficar te mendigando atenção, sexo, carinho ou
amor. Eu cansei tá. Cansei de você e do seu papo furado. Vê se não te mete
mais na minha vida, toma o seu rumo — grita nervosa, indo em direção à
porta.
A seguro pelo braço e a puxo para mim, coloco uma mão em seu
rosto.
— Já acabou? — pergunto olhando em seus olhos.
Ela solta o ar que segurava e apenas confirma com a cabeça.
— Agora senta ai e me escuta — peço apontando para a cama.
— Para que te ouvir, já sei o que vai falar — resmunga indo em
direção à cama. — É sempre a mesma coisa...
— CALA BOCA E ME ESCUTA, PORRA!
— O quê? Quem você pensa que é seu idiota arrogante!?
— Eu sou o homem que você ama. Estou tentando falar com você,
mas você não sabe ouvir, prefere ficar colocando palavras em minha boca.
— Fala. Estou ouvindo.
— Primeiro, aprenda a não ficar colocando palavras na minha boca,
segundo para de ser esquentada e me escuta sem me interromper.
— Já mandei você ir à merda hoje? — Levanta da cama de novo e
aponta o dedo na minha cara.
Para conversar com a Carol tem que ter o saco maior que o do papai
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CAPÍTULO 20 — CAROL
Sinto o cheiro do seu perfume, é um sonho que eu não quero acordar,
sinto seu peso sobre meu corpo. Isso não pode ser apenas um sonho. Com
medo e rezando baixinho para que não seja fruto de um sonho, abro meus
olhos lentamente, viro a cabeça para o lado e o vejo na sua plenitude,
dormindo como um menino, lindo e sereno. Solto o ar preso em meus
pulmões. Não foi apenas um sonho, foi tudo real. Fico quietinha o
observando e relembrando tudo o que aconteceu. Ainda não amanheceu.
Poderia ficar horas e horas observando o amor da minha vida.
Ainda estou eufórica, parece mentira, mas foi tudo verdade, não foi
apenas um sonho, é real. Meu Lesmontanha se declarou para mim.
Acho que agora não posso mais chamá-lo de "Lesmontanha", pois
convenhamos que depois da sua confissão ele me surpreendeu e de uma
forma maravilhosa. Mas, quando estiver brava vou chama-lo de Lesmontanha
só para não perder o costume. Não vai achando que fiquei mole só por causa
da declaração. Ele não fez mais que obrigação em se declarar, faz anos que já
estávamos nesse chove e não molha e ele em cima desse muro. Esse idiota
gosto... Ah quem eu quero enganar, estou molinha, molinha, ainda mais
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depois dessa noite, posso garantir que ele não tinha nada de Lesmontanha.
Não é segredo para ninguém a minha atração por Montanha, atração
essa que só veio a crescer e hoje posso afirmar que estou perdidamente,
enlouquecidamente caindo de amores por ele. Tudo é muito intenso. Intenso?
É lógico! Afinal sou intensa e quente igual a cor do meu cabelo. Uma Ruiva
intensa, não sou mulher de meia boca, que para uns é visto como elogio,
outros veem como defeito. Enfim, não podemos agradar a todos, não é
mesmo! Então foda-se.
Mas, voltando ao que interessa, depois de ouvir o que tanto queria,
saber que Montanha também sente algo por mim. Mesmo que seus
sentimentos não sejam tão intensos e fortes como os meus. Saber que ele
sente algo por mim, parecido com o que sinto por ele me deixa imensamente
feliz. Montanha me levou ao céu essa noite. Fui ao céu e peguei na mão do
todo poderoso com a nossa primeira noite de amor como namorados, porque
óbvio que depois de todas as coisas que ele me falou ele não seria uma lesma
assumida se não me pedisse. Aquela conversa de " nada de foda de
reconciliação " foi esquecida rapidinho e acabamos por nos perder um no
outro. Não foi o sexo, puro e carnal incrível como de costume. Foi muito
melhor, me senti amada, venerada, me entreguei de corpo e alma. Nunca foi
tão perfeito como essa noite. Não sei se é porque existia tantos sentimentos
envolvidos, mas essa noite de amor como ele mesmo disse, sem dúvidas foi a
melhor de todas e absolutamente não vai ser a última. A maneira como ele
me beijou, me acariciou, as belas palavras sussurradas enquanto me
penetrava, as promessas de amor mensuradas em cada investida e o suor dos
nossos corpos acompanhados de gemidos em busca do nosso êxtase e quando
alcançamos o ápice da paixão foi uma confirmação de todos os momentos
bons que nos aguardam e que todas as situações e circunstâncias que a vida
impõe em nosso caminho tem uma razão maior.
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Eu não passei por muitos momentos ruins para estar aqui, não tenho
acontecimentos drásticos em minha vida (graças a Deus), mas sei que o
Montanha teve os dele. Momentos esses que não sei se conseguiria enfrentar
se fosse comigo e é por isso que estar aqui nos braços do homem que eu amo
o olhando nesse momento me faz ter a certeza que vou fazer de tudo para
fazê-lo feliz e para que ele venha me amar... Eu não sou uma mulher boba,
não é porque eu estou perdidamente apaixonada, amando, arriada com os
quatros pneus por ele que fiquei cega ou idiota! Pois o safado do senhor
Adriano não me ama, apesar de estar apaixonado, mas sabemos que há uma
enorme diferença entre amar alguém e estar apaixonada e apesar de estar
demasiadamente feliz tem o bichinho da insegurança atormentado meu
inconsciente. Como se lesse meus pensamentos os lindos olhos azuis se
abrem e ele me dá um sorriso mais lindo. Me puxa ainda mais para si.
— O que está passando nessa cabeça linda? — Como não respondo
ele passa a mão na minha testa. — Seja o que for essa ruguinha de
preocupação não fica bem em você, Ruiva!
— Não é nada meu Leão — digo manhosa com um sorriso tímido.
Com um movimento rápido, Montanha rola para cima de mim,
sustentando seu peso em um braço, com o outro sua mão acaricia meu rosto.
— Ruiva, eu conheço você. Sei que algo está martelando nessa
cabecinha, mas seja o que for, vamos deixar para amanhã, eu quero muito
que a gente dê certo, quero fazer você feliz e ser feliz porque a gente merece
e agora eu mereço aproveitar bastante dessa moça linda, gostosa e sensual
que é apenas minha — fala mordendo meu pescoço, roçando de leve a sua
barda que me faz gargalhar. Aquele arrepio gostoso percorre por todo o meu
corpo.
— Vai aproveitar mesmo de mim é? — pergunto risonha.
— É isso que estou querendo fazer. Tenho certeza que você vai gostar
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— provoca o safado.
— Que coisa feia — digo enrolando minhas pernas em sua cintura e
Montanha encaixa seu pau na minha boceta e me beija. Um beijo cheio de
lasciva e desejo e assim mais uma vez nos perdemos nos braços um do outro.
Acabamos dormindo de novo. Acordo com um corpo grande em volta
do meu, estou literalmente presa e não é no sentido figurado.
Montanha é enorme, todo trabalhado nos músculos distribuídos nos
lugares certos, uma obra de arte de invejar qualquer Picasso e ainda tem esse
cabelo um pouco abaixo dos ombros que faz do homem um tesão, um convite
ao sexo explícito e o pau, gente o sonho de qualquer mulher que gosta de
homem, mas não vou ficar falando dos dotes do meu homem.
Me remexo tentando me soltar dos braços e pernas enrolados em
mim, o que é quase impossível, até que desisto e acabo o cutucando para
acorda-lo já que estou morrendo de vontade de fazer xixi.
— Montanha, amor, acorda. Eu preciso ir ao banheiro e não consigo
me soltar...
— Ruiva, não acredito que você está me acordando pra isso, eu pensei
que você queria fazer sexo gostoso pela manhã, nosso primeiro sexo matutino
— Montanha fala com sua voz rouca de quem acabou de acordar, esfregando
sua ereção em minhas coxas.
— Sério, Montanha eu preciso ir ao banheiro e também estou muito
dolorida, você acabou comigo na noite passada, nada de sexo matutino.
Agora já é tarde— falo o empurrando.
— Ruiva estraga prazer — reclama me soltando. — Vai lá, já está me
negando o que é meu por direito. — Montanha fala rindo e sai de cima de
mim o que me faz levantar e sair correndo para o banheiro ao som de sua
gargalhada.
Olho-me no espelho e vejo minha cara de quem foi bem fodida a noite
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CAPÍTULO 21 – MONTANHA
Enfim consegui enfiar na cabeça dura da Ruiva, que sinto por ela algo
a mais que amizade, não sei se o que sinto é amor, mas posso dizer que esse
sentimento que tenho por ela é bem próximo. Vamos ver no que isso vai dar,
a única coisa que tenho certeza, é que não posso ficar longe dela.
Passamos o domingo juntos, levei ela para almoçar, depois fomos ao
cinema assistir uma comedia romântica. Programas de namorados mesmo
não sabendo o que somos nesse momento. O importante é que eu e Ruiva
estamos juntos.
Hoje, segunda-feira, estou a caminho da casa da Ruiva para irmos
para a faculdade juntos. Estaciono o carro em frente à sua casa e buzino, não
demora ela aparece vestida com uma saia que parece mais um cinto de tão
curta.
— Pode me dizer que roupa é essa? — digo para ela assim que entra
no carro.
— Oi para você também — fala me dando um beijo quente cheio de
promessas.
— Só por causa desse beijo te desculpo. O bom desse pedaço de pano
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é que minha mão tem livre acesso — digo passando as mãos em suas pernas.
— Precisamos buscar a Eva.
— Não estou a fim não, ela vai querer fazer uma entrevista completa
— resmungo dirigindo.
— Larga de ser besta Montanha, ela é nossa amiga.
— Se eu for buscá-la o que ganho com isso?
— Uma coisa bem gostosa — Ruiva fala com a mão por cima do meu
pau massageando.
— Então vamos buscar logo a Eva, pois estou doido para cair de boca
nessa coisa gostosa.
Ruiva continua massageando meu pau, com uma mão dirijo para a
casa de Eva e com a outra mão coloco na sua perna. Minha mão vai subindo,
afasto sua calcinha e meu dedo invade sua intimidade.
— Ah — geme baixinho.
Tiro meu dedo para poder trocar a marcha do carro, mas logo invado
sua intimidade novamente. Massageio seu clitóris, enfio mais um dedo,
quando vou tirar para trocar a marcha novamente ela segura a minha mão.
— Não tira, continua... — sussurra.
— Preciso trocar a marcha.
— Eu troco, é para segunda?
— Segunda.
Ela troca a marcha e meus dedos continuam em sua intimidade,
invisto mais duas vezes, e a minha ruiva se contorce e goza em meus dedos.
Tiro meus dedos de sua intimidade levo até a boca e chupo.
— Tem um sabor delicioso, Ruiva — digo olhando para ela, que
agora está molinha.
— Eu sei.
— Está fraquinha hein, nem parece que passamos ontem juntos
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pergunta curiosa.
— Então menina, o Ale me chamou ontem para dar uma volta no
parque das nações...
— Ai você deu uns amassos nele?! — Carol fala sorridente.
— Bem que eu queria, mas não é isso.
— Desembucha logo e fala— pede Carol impaciente.
— Continuando, chegando ao parque eu e Ale damos de cara com
Marcelo e Dayana vaca chifruda.
— Eita pega Evinha, e ai? — Carol pergunta curiosa.
— Sei não, mas acho que a Vaca chifruda levou um pé na bunda do
Marcelo, ela parecia uma vaca louca de tão brava — Eva fala entre risos.
— Será?
— Vamos — digo interrompendo a conversa das duas fofoqueiras.
— Já chegamos? — Eva reclama.
— As duas ficam falando da vida dos outros que nem perceberam que
chegamos — digo descendo do carro.
— Vai à merda Montanha — Carol me xinga.
— Carol, o que eu estava dizendo que vamos saber o que aconteceu
hoje, será que Clarinha fisgou o gato do Marcelo — Eva comenta.
— Eva, tenho pena dele viu, Clarinha não namora, todo mundo sabe
disso.
— Eu acho que Marcelo consegue dobrar aquela baixinha marrenta
— comento.
— Olha o fofoqueiro resolveu fazer parte da conversa — Ruiva
zomba sarcástica.
Caminhamos até os bancos que costumamos ficar. As duas, doidas
para falar com Clarinha e saber qual foi o destino de Dayana.
— Ai meu Deus — Eva solta um gritinho.
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Mais tarde quando vou deixar Carol em sua casa, sinto que ela está
quieta demais e sei que algo a está incomodando.
— Ruiva, aconteceu alguma coisa? — pergunto ao estacionar em
frente à sua casa.
— Aconteceu.
— O quê? — Aliso seus cabelos.
— Você disse que iria me foder hoje com o seu pau, mas ao invés
disso me trouxe para casa, isso não é justo.
— Então você está bravinha por isso?
— Não estou brava.
— Não?
— Não. Eu estou excitada — diz de forma sensual.
— O que podemos fazer em relação a isso? — digo a puxando para
montar no meu colo.
— Adivinha?
— Acho que já sei o que posso fazer. Posso dizer que estou gostando
dessa saia.
Rasgo as laterais de sua calcinha, com uma mão massageio a sua
bunda enquanto com a outra abaixo sua blusa para ter acesso ao seu seio. O
chupo até que o bico fique rígido, dou a mesma atenção ao outro enquanto
minha mão sai da sua bunda e começa a massagear o seu clitóris.
— Assim está bom? — pergunto com a voz rouca.
— Não — fala manhosa.
— O que está faltando, Ruiva?
— Isso — diz abrindo o zíper da minha calça e liberando a minha
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ereção.
— É todo seu, Ruiva, pode brincar a vontade com seu brinquedinho.
— É tudo que desejo nesse momento.
Assim começa a nossa noite. Aonde isso vai parar não sei, hoje estou
nas mãos dela, ela que faça o que quiser de mim, sou dela...
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CAPÍTULO 22 – MONTANHA
— Preguiçinha, preguiçinha. Vamos acordar! — tento acordar minha
Ruiva.
— Não quero. — Cobre a cabeça com o edredom.
Puxo o edredom, passo a mão em seu cabelo, desço e deixo a mão em
sua cintura, deposito beijos em seu pescoço.
— Me deixa dormir — reclama, vira-se de costas e rebita a bunda.
— Assim você judia, arrebitando essa bunda gostosa é sinal que quer
ser acordada — fala a abraçando.
— Não quero — geme manhosa.
— Quer sim! — A aperto mais em meus braços.
— Montanha?
— Hum.
— Tem uma coisa furando minha bunda.
— Nem te conto o que é.
— Safado!
— Vem Ruiva, seu parque de diversão está pronto para você.
— Não quero.
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no bolso. E fui."
Clarinha precisa de mim... Eu disse que amanhã de manhã estaria com
ela e será isso que irei fazer. Guardar a minha dor e cuidar da dor de minha
menina...
Um mês depois...
Cuidei da minha menina, quebrei o pau com ela, disse o que ela
precisava ouvir, vi raiva em seus olhos, mas foi o certo, hoje ela está bem e
feliz.
Não tive a oportunidade de ver Mary casando, mas como consolo vi
Clarinha. Ela se casou com Marcelo, em uma cerimônia simples, mas linda
como ela é e merece. O que era para ser um Jogo de Sedução acabou virando
algo sério. Fico feliz por isso, minha menina merece esquecer o seu passado e
ser feliz no seu presente.
Depois do casamento da minha Moreninha, volto a fazer as
investigações sobre a morte de Mary. Sempre soube que tinha algo a mais
além do laudo que a polícia me entregou. O detetive que contratei já me deu
muitas respostas, a mais importante que alguém queria me ver morto. Depois
de muita investigação ele conseguiu um nome, e através desse nome será
possível descobrir quem está por trás do acidente que acabou matando minha
irmã. O nome do cara que tem as informações de quem foi o mandante é
Augusto. Foi difícil chegar até ele, Ricardo teve que molhar a mão de muita
gente e investigar cada informação nova para ver se era verdade.
Augusto é o cara que pode responder minhas perguntas, ele é a chave
do quebra cabeça. Mas para esse filho da puta abrir a boca tenho que molhar
a mão dele. O valor pedido é alto. Mas já disse que o valor não importa, estou
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usando o dinheiro que recebi do seguro de vida da Mary, nunca relei nesse
dinheiro, mas agora ele está sendo usado para uma boa causa, acabar com as
pessoas que foram responsáveis pela sua morte. Conversando com Ricardo a
respeito desse sujeito, resolvi eu mesmo fazer a visita no presidio onde ele
está preso. Ricardo de início não aceitou a ideia, mas depois acabou
concordando. Conforme for a conversa eu pagarei pela informação, não me
importa o valor. Quero descobrir o que realmente aconteceu.
Chego ao presídio, minha visita já estava marcada, tive que molhar as
mãos dos guardas para conseguir entrar. Nunca entrei em um presídio, é frio,
cinza, o ar carregado. Mas por Mary estou aqui por ela iria até o inferno sem
pensar duas vezes.
Estou sentado em uma sala pequena esperando o cara que pode ser a
chave do acidente que me fez perder a pessoa que mais amei e amo nessa
vida. Minhas mãos suam, meu coração está acelerado.
Não demora Augusto entra acompanhado por dois guardas, ele se
senta, me encara e fala: — Trouxe a grana?
— Não.
— Então vou voltar para a minha cela, sem grana, nada feito.
— Quero ouvir o que você tem a falar.
— Maluco, sem grana, não tô a fim de falar nada não. Tenho memória
fraca, tá ligado.
— Não trouxe o dinheiro, mas com uma ligação transfiro o dinheiro
para o número da conta que você passar.
— Então você está disposto a pagar bem para saber o que aconteceu?
— Você está disposto a falar?
— Brinco em serviço não. Não ia falar para tu vim aqui se não tivesse
a informação que tu queria. Tá ligado.
— O que me garante que você falar não é mentira?
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puta. Só sei que naquele dia aquelas duas juntas me fizeram ver estrelas.
Além de comer as duas safadas, elas me deram uma boa grana para ficar com
bico fechado.
— Qual era o serviço?
— Ela queria se vingar do namorado que batia nela, tudo que eu tinha
que fazer era cortar o cabo do freio de uma Hilux prata que era do namorado
dessa loirinha gostosa, a Diane. Ela ia receber uma grana preta se esse
namorado morresse então dei uma ajuda. Fui claro.
Enquanto Augusto narra é como se eu levasse várias facadas em meu
peito. Por que ela fez isso? Sempre dei tudo que ela pediu.
— Como água.
— E o dinheiro?
— Sabia que a minha irmã morreu nesse acidente — digo baixo com
a voz embargada.
— Você que era para ser o difundo?
— Esse carro era o meu, minha irmã morreu nesse acidente.
— Então a loirinha se fodeu. Me pagou a maior grana e de quebra
ainda chupou meu pau e no fim não conseguiu bolada porra nenhuma. — Ri.
Não consigo me controlar. Levanto da cadeira e começo a socar a cara
desse desgraçado, é necessário três guardas para me tirar de cima do filho da
puta.
— Pelo visto a informação foi valiosa — diz dando risada.
— Você acabou com a vida da minha irmã seu desgraçado — grito.
— E daí, vai me matar agora?
Paro e penso, poderia fazer isso, mas não sou assassino.
— Não sou igual a você.
Não sou igual a ele, mas que essa noite ele vai levar uma bela surra
aqui dentro isso vai.
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As duas vão pagar caro pelo que fizeram com a minha irmã. Pego
meu celular e ligo para quem acho que pode me ajudar.
— Alô!
— Marcelo, está sozinho?
— Estou.
— Preciso da sua ajuda...
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CAPÍTULO 24 — CAROL
— Nossa Clarinha nem dá para acreditar que você está casada — Eva
fala deitada no tapete do chão da sala do apartamento de Clara.
— Nem eu acredito — Clarinha fala. — Carol, você vai passar mal de
comer tanto brigadeiro.
— Ih, vai começar — resmungo sentada com uma panela de
brigadeiro no colo.
— Clarinha, você não viu nada. Carol parece aquelas formigas atrás
de açúcar ultimamente — Eva fala.
— Já mandei você ir cuidar da sua vida hoje? — digo olhando feio
para Eva. Por que agora todo mundo resolveu pegar no meu pé só porque
estou com vontade de comer doce?
— Já mandou sim Carol, mas sempre sobra um tempinho então eu
cuido da sua vida também.
— Abusada! — Mostro a língua para Eva. — Clarinha, o que você vai
fazer agora?
— Como assim Carol?
— Onde vai morar? Agora você é uma senhora casada, recatada e do
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lar. — Rio.
— Verdade Clarinha, Marcelo tem o apartamento próprio e esse aqui
é alugado, vocês são casados, logo não podem morar cada um em um canto
— Eva fala.
— Eu sei meninas! — diz cobrindo o rosto com os braços — Mas...
— Clarinha o que aconteceu? O que tem esse mais? — Eva pergunta.
— Clarinha, você tem Pimenta mexicana aí? — pergunto.
— Acontece que eu não quero morar na casa e dormir na cama que a
Vaca da Dayana dormia e frequentava. Carol só tem um biscoitinho salgado
serve?
— Está certa, coloca fogo naquela cama contaminada que a Vaca
dormiu — Eva, põe lenha na fogueira.
— Queria pimenta mexicana, mas esse salgadinho serve. Posso
pegar?
— Claro Carol pega lá no armário na parte de cima.
— Tá.
Vou até a cozinha, abro o armário e pego o salgadinho. Aproveito e
pego Coca-Cola na geladeira, três copos e volto para a sala.
— Quem quer coca? — pergunto colocando a coca e os copos na
mesinha de centro.
Sento-me no chão, cruzo as pernas, pego minha panela de brigadeiro,
e coloco no meio das pernas. Abro o pacote de salgadinho e despejo tudo
dentro da panela. Misturo bem e começo a comer. Nossa ficou muito bom.
Levanto a cabeça e percebo que Clarinha e Eva estão me olhando assustadas.
— O que foi? — pergunto sem entender o motivo da cara delas.
— Carol, você está bem? — Clarinha pergunta.
— Eu estou. Por quê? — digo comendo. — Nossa está muito bom,
vocês querem?
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— Duas exageradas.
— Sabe Clarinha, o que me deixa mais triste é que Carol nem nos
conta dos atributos do Montanha — Eva faz bico.
— Vai vendo Eva, ainda diz que é nossa amiga — Clara reclama.
—Não vou ficar fazendo propaganda do meu homem não, suas
safadas — digo.
— Para de ser do mal, diz pelo menos um atributo — choraminga
Clara.
— Não precisa ser o tamanho do pinto, pois o volume da calça dele já
diz muita coisa. Nossa é uma bela visão... — Eva provoca.
— Eva! — grito a cortando.
— Estou mentindo Carol?
— O duro que não — assumo.
— Duro, imagine aquilo duro. Nossa Carol você é muito sortuda —
Eva fala.
— É minha amiga, tenho que concordar. Você é mega sortuda —
Clarinha concorda.
— Eu sei, mas foi difícil fazer ele sair da moita.
— Saiu na marra — Eva fala rindo.
— Meu querido amigo não resistiu aos seus encantos, Ruiva —
Clarinha fala rindo.
— Verdade, tenho meus encantos.
— Então, não vai dizer pelo menos um atributo dele para nós? — Eva
pergunta.
— Me deixa pensar. — Respiro fundo. — Montanha faz uma
massagem maravilhosa.
— É né, massagem no seu útero, safada sortuda — Eva ri.
— Eva, você está impossível hoje — Clarinha fala e eu apenas dou
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banheiro da Clara de sangue. Ainda bem que não vai ser eu a limpar. A sorte
que Marcelo chegou, ai ele pegou a jaca do chão, ou seja, você e trouxe para
o hospital. Foi tanto sangue que pensei que tinha matado você. Desculpa
Carol te deixei cair, eu juro que não queria, mas você é pesada — Eva fala
rápido demais.
— Eu bati a cabeça, e estou no hospital? — pergunto me situando.
— Isso Carol — Clarinha afirma. — Está doendo muito?
— Um pouco, meu estômago ainda está ruim — digo.
— Por que será né doninha, ficou só no bem bom...
— Eva! — Clarinha a corta de novo.
— Já posso ir para casa?
— Não, o médico vai fazer uns exames ainda — explica Clarinha.
— Na cabeça? – pergunto.
— Não é da barriga mesmo — Eva fala levando outra cotovelada. —
Ai Clara, que saco essas suas cotoveladas dói, fia.
— Da barriga? — pergunto sem entender muito.
— Isso Carol, para saber qual o motivo de tanto vomito — Clarinha
fala.
— Acho que misturei muita coisa, isso me fez mal.
— Ah sim foi isso Carol, misturou muita coisa, você o Montanha
virou uma mistureba danada — Eva fala sarcástica.
— O que você está querendo dizer Eva? — pergunto.
— Que bom que acordou.
Uma enfermeira fala entrando no quarto e impedindo Eva de falar.
— Eva? — chamo seu nome como se fosse uma pergunta para que ela
possa me dizer o que está realmente acontecendo.
— Que bom que você chegou Dona Enfermeira, vamos logo levar
Carol para esse exame, pois quero ter certeza se esse mal estar dela tem dois
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Parece mentira.
Clarinha e Eva me abraçam, e nós três choramos juntas. Não poderia
estar com outra pessoa a não ser com elas para receber essa notícia.
— Obrigada meninas.
— Três bobonas chorando! — Eva fala rindo em meio às lágrimas.
Depois de muitas lágrimas e abraços, sou liberada. Juntas, passamos
em uma loja de bebê, compro um sapatinho escrito eu sou do papai e um
body. Passamos na farmácia e compramos um teste de gravidez.
— Carol, minha linda grávida. Explica-me para que esse exame de
farmácia se você já sabe que está gravida? — Eva pergunta confusa.
— Quero fazer uma surpresa para o Montanha, vou pegar tudo isso e
colocar em uma caixinha e dar de presente para ele — conto animada.
— Ele vai amar Carol — Clarinha fala. — Marcelo desconfiou
primeiro da minha gravidez, então ele comprou o teste e me fez fazer, foi
emocionante.
— Acho que vou comprar um cachorrinho — solta Eva.
— Cachorro? — Eu e Clarinha falamos juntas.
— É, já que não estou grávida, pelo menos vou ser mãe de um filho
de quatro patas — Eva explica, rindo.
— Cachorra! — xingo.
— Au, Au — zomba ela.
Depois de montar a supressa para Montanha, as meninas me deixam
em casa. Por enquanto não irei contar para a minha família, preciso contar
primeiro para o Montanha. Depois nós dois juntos enfrentamos as feras daqui
de casa.
Pego o celular mando uma mensagem para ele.
A primeira vez que ele disse que me ama, hoje é o meu dia de sorte.
Mando outra mensagem.
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CAPÍTULO 25 — MONTANHA
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CAPÍTULO 26 – DAYANA
Perdi o besta do Marcelo e de brinde o corno manso do Adriano veio
atrás de mim. Lógico que não dei de difícil, é melhor ele que nada.
No início quando li duas mensagens achei que era mentira. Mas
depois de ver o show que os três carrapatos deram cheguei à conclusão que
realmente é verdade. Como pode ser otário? Vir atrás de mim depois de tudo
que fiz.
Fazer o que, é o amor. Irei usar esse sentimento para ter tudo o que eu
preciso. A vaca que engravidou dele vai querer raspar o dinheiro. Mas dessa
vez farei tudo da maneira correta. Não irei errar. Não será uma buchuda que
vai me impedir.
Depois que vejo que as três vão embora, percebo o idiota triste. Não
posso deixar ele se arrepender.
Levanto do chão toda suja e rasgada, e começo a chorar. Seguro a sua
mão e falo: — Meu amor, não fica assim.
— Carol está esperando um filho meu.
— Deixa essa criança nascer, que entramos na justiça e pegamos a
guarda dele.
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“Como assim?”
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— Isso que não me conformo, poderia ter morrido os dois, não iam
fazer falta nenhuma.
— Assim nossos planos foram por água abaixo. Não ia poder atentar
contra a vida dele de novo ou iria desconfiar.
— Tive que cair fora, não ia conseguir nada dele. Por isso meu
envolvimento com Marcelo.
— Que também te enrolou.
— Pelo menos desse consegui um carro, apartamento, emprego e
sempre me dava uma quantia em dinheiro. Melhor que nada.
— Mas ele te trocou por outra.
— Lamentável. Mas Adriano está de volta ao jogo, dessa vez ele não
escapa.
— Você vai tentar matá-lo de novo?
— Não sei, pelo visto ele está com a mão aberta. Vou me casar o mais
rápido possível e se tiver a oportunidade de acabar com a vida dele não vou
pensar duas vezes.
— Tem que ter cuidado.
— Terei. A nossa liberdade está próxima Mila, quando pôr a mão no
dinheiro do Adriano vamos embora desse país.
— Um brinde — Mila fala erguendo a taça.
— A nossa felicidade.
— Ao nosso amor — completa.
Depois de tomar uma garrafa de champanhe, decidimos ir para o
quarto, quando começo despir Mila a campainha toca.
— Vai atender amor, talvez seja ele.
Vou até a porta para abrir, Mila me acompanha. Quando eu abro a
porta vejo dois policiais.
— Pois não?
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CAPÍTULO 27 — MONTANHA
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certeza, a mulher que eu amo espera um filho meu; fruto do nosso amor.
Puxo a minha ruiva e a abraço, a beijo.
— Obrigado, obrigado por me fazer o homem mais feliz da face da
terra.
— Fiquei com medo de você ficar bravo.
— Jamais ficaria bravo em saber que a mulher que eu amo está à
espera de um filho meu — digo depositando a minha mão em seu ventre.
Depois de muitos beijos e carinhos trocados, vou embora. A tarde
passo na casa da Carol e a levo para o apartamento de Clara.
Chegando lá Eva já estava nos esperando, Marcelo já contou tudo
para as duas. Depois de nos dar parabéns pelo nosso filho, descubro que
Clarinha também está gravida. Fico feliz em saber que vou ser tio e pai ao
mesmo tempo.
— Então, são provas suficientes para pôr aquelas duas na cadeia —
digo depois que Marcelo analisa as provas que tenho.
— Aqui ficou claro que o carro foi sabotado, mas não está claro quem
foi o mandante — Marcelo fala.
— Como assim? Aquelas duas vão ficar soltas depois tudo que
fizeram? — diz Carol indignada.
— Precisamos de algo mais específico, que mostre que elas estão
envolvidas — Marcelo explica.
— Uma confissão seria o suficiente? — pergunta Clara.
— Seria — Marcelo fala.
— Até parece que aquelas duas vão confessar algo — bufa Eva.
— Ah vão sim — Clarinha fala.
— Clara, o que você está pensando? — Carol pergunta.
— Implantar uma escuta no apartamento de Dayana, assim gravamos
a confissão das duas — Clarinha fala.
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Dayana caiu feito uma patinha em nosso plano, assim que consigo
implantar escutas, na sala, cozinha e quarto, invento uma desculpa e vou
embora.
Chego ao apartamento de Clara e a primeira coisa que faço é abraçar a
minha Ruiva.
— Não estava combinado a ida de vocês três quase enfartei – falo.
— Viu como somos boas atrizes, ela acreditou é uma palhaça mesmo
— Carol fala rindo.
— Nossa ainda bem que fomos, pude quebrar a cara dela — Eva fala
rindo.
— Montanha, foi necessário, ela precisava de provas que você queria
volta para ela, sabendo que nós estávamos contra você foi uma prova —
Clarinha explica.
— O importante é que deu certo, Camila já está no apartamento e elas
já confessaram tudo, já liguei para o meu pai mandei as gravações por e-mail
e o pedido de prisão das duas já foi pedido. Elas podem ser presas a qualquer
momento — conta Marcelo.
— O que estamos esperando? Vamos, gente, agiliza quero ver as
cobras sendo presas — Eva fala nos empurrando para fora do apartamento.
Quando chegamos ao apartamento de Dayana as duas já estão saindo
algemadas. Ela olha para mim e fala: — Você? — Dayana parece não
acreditar.
— Assassina — Carol fala cuspindo na cara de Dayana.
— Vamos embora, essa ai vai pagar por tudo que fez com a minha
irmã, vou cuidar para que você apodreça na cadeia — digo puxando a Ruiva
e a levando para casa.
Agora só quero me preocupar com a minha mulher e o meu filho que
está a caminho.
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CAPÍTULO 28 — MONTANHA
Dayana e Camila enfim foram presas, pensei que o plano de Clarinha
não ia dar certo, mas deu. Dayana tem o ego muito alto, caiu na armadilha na
hora, não passou pela cabeça dela que poderia ser um plano. Ela pensou que
eu nunca descobriria seus planos perversos e mesquinhos.
Com a ajuda das meninas e do Marcelo conseguimos uma confissão
das duas, mais o dossiê do detetive são provas suficientes para as duas
ficarem atrás das grades durante muito tempo. Dayana virou assassina,
segundo ela para viver seu amor com Camila longe do preconceito das
pessoas. O que ela não percebeu que o preconceito partiu dela mesma não
assumindo o que sente, se escondendo atrás de uma pessoa que não é,
tramando planos e até assassinatos para viver esse tal de amor. A partir do
momento que você está se prejudicando e prejudicando as pessoas em sua
volta isso não pode ser considerado amor. Ela foi egoísta, mesquinha e
interesseira, hoje está pagando pelos crimes que cometeu em nome desse
"amor".
Depois que a justiça foi feita, agora preciso cuidar da minha Ruiva e
dessa criança que vem vindo por ai. O primeiro passo é conversar com os
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pais da Carol.
Hoje, uma semana depois da prisão de Dayana e Camila, resolvi
contar para os meus sogros que está chegando um netinho. Logo me lembrei
do dia em que descobri que iria ser pai, a mãe da Carol falando que não
queria neto tão cedo, a coitada nem imaginava que o neto já estava a
caminho.
Dona Nice é suave, mas seu pai é tenso. O senhor distinto com a
cabeça fechada, acho que ele acha que Carol ainda é virgem. Antes que eu me
esqueça ele tem um facão e sempre disse que iria usá-lo naquele que
desonrasse sua filha.
Graças a Deus que meu filho já está a caminho corro sério risco de
ficar sem o meu pau e consequentemente não poder mais fazer outros filhos.
Agora estou parado na porta da casa da minha ruiva, criando coragem
para entrar e contar a novidade.
— Vamos Montanha, entra! — Carol fala parada na porta da sua casa.
— Estou com medo — confesso.
— Para de ser bunda mole e entra logo.
— Mas Ruiva ele tem um facão — tento me justificar.
— E daí?
— E daí, que você vai ficar sem o seu brinquedo.
— Para de drama Montanha.
— Drama? Não é de você que vai ser arrancado o que tem no meio
das pernas. — Essa Ruiva não sabe o tanto que o pai é perigoso.
— Você é um homem ou uma lesma?
— Nesse momento sou uma lesma.
— Entra logo ou vocês vão ficar de papo na porta — alguém grita de
dentro da casa.
— Conheço essa voz — digo enfim entrando.
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Entro na casa e olho assustado para pessoa que está sentada no sofá
com um sorriso enorme no rosto e uma bacia de pipoca no colo.
— Eva — constato assustado. — O que você está fazendo aqui?
— Você acha mesmo que eu ia perder o show? — diz Eva e joga
algumas pipocas na boca.
— Que show? — pergunto.
— A notícia bombástica. — Olha para os lados e fala baixinho. —
Até pedi para a tia estourar pipoca. — Mostra a bacia de pipoca. — Você
quer um pouco?
— Carol, faz alguma coisa! — peço.
— Fazer o quê? — Carol pergunta.
— Olha a Eva!
— Você não está entendendo, eu já fiz. Eva queria filmar tudo para
mostrar para a Clarinha, pois Marcelo não a deixou vir porque está enjoada.
Então sinta-se satisfeito em ela só presenciar tudo.
— É, eu nem vou falar nada. Vou comer minha pipoca, tomar o meu
refrigerante e ficar quietinha assistindo tudo de camarote — Eva fala com
cara de santa.
— Espero que o seu pai não queira me capar. Afinal, Eva vai estar
aqui para me defender — digo sentando no sofá.
— Vou defender ninguém não. Já disse, vou ficar quietinha e assistir
tudo de camarote — Eva fala comendo a pipoca.
— Chega, vocês dois. Vou chamar a minha mãe e o meu pai e acabar
logo isso — Carol fala saindo da sala.
— Conta ai Montanha. Como você vai fazer? — Eva pergunta
curiosa.
— Fazer o quê?
— Contar sobre o meu sobrinho. É cada pergunta viu.
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— Ainda não sei, faz uma semana que estou ensaiando tudo, está
complicado — digo me dando por vencido.
— E o anel?
— Que anel Eva?
— Rapaz você não vai pedir Carol em casamento? Você nem
comprou um anel? Toma vergonha na sua cara Montanha.
— Eva, eu pensei em dar o anel em um momento mais íntimo. Não
aqui na frente de todos.
— Mas é sem graça. Por que não trouxe o anel? Assim iria amolecer o
coração do tio, seu besta.
— Não pensei nisso. Eva, foi um prazer em te conhecer, diz para o
meu filho que eu o amo muito. Acho que estou fodido.
— Quer um conselho, Montanha?
— Tenho medo dos seus conselhos. Você é minha menina
superpoderosa Evinha, mas é muito doidinha.
— Também te amo — Eva fala mandando um beijo — Meu tatão.
— Fala.
— Falar o quê?
— O conselho, há essa hora estou aceitando tudo — digo
conformado.
— Não enrola muito, solta a bomba e pronto. Se ninguém enfartar
você está no está no lucro.
— Seu conselho ajudou muito viu, Eva — digo sarcasticamente.
— De nada, sou uma gênia!
— Percebi.
Ficamos em silêncio por alguns minutos. Enquanto eu mentalmente
estou pedindo força para o além. O pai e a mãe de Carol entram na sala, e eu
me levanto em um pulo.
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— Essa parte eu entendi, o que não deu para entender foi o final —
diz.
— QueCarolestágrávidadeumfilhomeu — digo rápido de novo. Estou
suando frio.
— O quê? — o velho surdo pergunta de novo.
— Aff, Carol está gravida. Nossa, tio, o senhor é surdo hein. Vai ter
que repetir quantas vezes para o senhor entender — solta Eva.
— Eva, fica quieta — Carol a repreende.
Olho para o meu futuro sogro e ele está em choque, olha para a minha
sogra e ela está sorridente, isso já é um alivio.
— Pai? Pai, diz alguma coisa — Carol fala.
— O como é que é? — o velho levanta do sofá e me encara com o
olhar em fúria.
— Estou grávida pai — Carol fala se levantando e ficando na minha
frente. — O filho é do Montanha estamos juntos já faz um tempo.
— Caroline, como isso foi acontecer? — grita o pai da Carol.
— A cegonha, tio, resolveu presentear a Carol e Montanha com um
bebezinho — Eva fala rindo.
— Sei bem a cegonha — Carol fala dando um sorriso discreto e rindo
baixinho.
— Você é muito do safado e desonrou a minha filha — o velho fala
olhando para mim. — Não tem amor no que tem no meio das pernas rapaz.
Olho assustado para o velho, olho para Carol e mentalmente peço
ajuda para minha sogra. Pelo visto ela entende e solta um grito.
— AH — grita a minha sogra.
— Mãe? — Carol fala assustada.
— Um netinho — a mãe de Carol fala levantando do sofá e abraça a
filha. — Parabéns minha menina, que essa criança seja bem-vinda. Enfim
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CAPÍTULO 29 — CAROL
Um mês depois...
Camila, Ale foi atrás de Eva parecendo um cachorrinho com o rabinho entre
as pernas, mas ela não quis. Disse que não vai ser prémio de consolação. Que
ele vai ter que provar que gosta mesmo dela, enquanto isso ela está na pista.
Eva achou um filhote na rua e resolveu adotar ele, é um vira lata, colocou o
nome de Sandro, o nome é homenagem ao Ale, que foi feito cachorro atrás
dela. Aonde vai leva o cachorro, segundo ela é a sua companhia, é melhor o
Sandro de quatro patas que não vai a abandonar ao Ale que tem duas patas e
pode a abandonar a qualquer momento.
Tenho que tirar o chapéu para o Ale, pois o mesmo está disposto a
conquistar Eva, e recuperar o tempo perdido. Mesmo Eva dizendo que
superou o amor que sentia por Ale, tanto eu quanto Clarinha, Montanha e
Marcelo sabemos que ela o ama, que só não quer dar o braço a torcer.
Esse mês que passou muitas coisas aconteceram, como o meu
casamento que foi do jeito que sempre sonhei: simples em uma manhã de
domingo. Clarinha, Marcelo, Eva e Ale como nossos padrinhos. Por incrível
que pareça Sandro também foi no casamento, Eva colocou uma gravatinha
nele, treinou o coitado para entrar com as alianças, e ele fez o maior sucesso.
Quem fez sucesso também foi o Ale, subiu e cantou para Eva, mas
isso não foi o suficiente para amolecer seu coração. Ela fingiu que não sentiu
nada, disse que o amor dele está no xilindró. Esses dois tem muita história
para contar, muitas emoções para ser vividas. Vão ter que descobrir juntos
qual será o melhor caminho.
Graças a Deus depois de três anos e meio, enfim eu e Montanha
estamos no mesmo caminho, seguindo as nossas vidas juntos, um do lado do
outro. Nunca imaginei que eu pudesse ser tão feliz, que aquele Jogo de
Desejo me faria hoje uma mulher realizada, mãe e esposa.
Esse homem que está aqui do meu lado roendo as unhas, deu trabalho
para conquistar, mas todo meu JOGO DE DESEJO foi compensado, ele é
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meu. Meu homem, meu marido, pai dessa criança que carrego. Sei que me
ama, ele faz questão de dizer isso todos os dias e comprovar com atitudes
esse amor.
Olho para Montanha e o sorriso sai fácil, ele está nervoso e não
consegue se controlar. Se ele está assim em uma consulta de pré-natal
imagine no dia do parto.
Se tudo correr bem, e se o nosso filho colaborar saberemos o sexo.
Tenho o nome em minha cabeça, eu e Montanha ainda não conversamos
sobre isso, mas tenho certeza que ele vai amar o nome que escolhi. Dizem
que mãe sabe, sente se é menino ou menina. Eu sinto que sei o sexo, quero
apenas confirmar.
— Nervoso? — pergunto para Montanha que está roendo as unhas
sentado do meu lado esperando a nossa vez para a consulta.
— Muito! — fala me dando um sorriso amarelo.
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CAPÍTULO 30 — MONTANHA
Carol pergunta se eu estou nervoso. Nervoso é pouco, estou tenso, sei
que é uma simples consulta, mas hoje vou poder ver meu filho e escutar o seu
coração batendo. Isso já é um teste para cardíaco Não estou fazendo drama, é
real. Só um pai sabe o que estou sentindo nesse momento.
— Fica calmo, não dói nada — Carol fala dando um beijo em meu
rosto.
— Estou tentando — digo beijando a sua mão.
— Caroline Martines, pode entrar — A atendente do consultório fala.
— Vamos? — digo dando a mão para Carol levantar.
Entramos no consultório, e cumprimentamos a Doutora. Puxo a
cadeira para Carol sentar e me sento ao seu lado.
— Como passou esse mês Caroline, enjoo, dores. Está se alimentando
bem? — a doutora pergunta.
— Passei bem, algumas emoções por causa do casamento, mas não
senti nada de anormal. Só um pouco de sono e uma fome mostro — Carol
responde.
— Parabéns pelo casamento. É normal sentir esse sono e fome, durma
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alguém perguntava sempre disse que não queria opinar. Que iria esperar o dia
do ultrassom.
— Parabéns, papai e mamãe, está a caminho uma menininha. A
mamãe está certa — conta a doutora.
— Uma princesa? — pergunto olhando para a médica.
— Isso mesmo papai, uma menina — afirma.
Aperto a mão da Carol e beijo a sua testa.
— Nossa Mariane está a caminho — Carol fala olhando em meus
olhos.
— Mariane? — pergunto com lágrimas nos olhos.
— Sim, a nossa Mariane, a nossa vida, que já amamos muito, e tenho
certeza que lá de cima a minha cunhadinha irá amar o nome da nossa filha,
ela irá protegê-la e guiar seus passos aqui na terra.
— Obrigado, Ruiva — digo distribuindo beijos em seu rosto. Nossas
lágrimas se misturam.
Minha filha, minha Mariane, vem para esse mundo para marcar uma
nova fase em minha vida, em nossas vidas. Vem para esse mundo para dar
novos rumos, novas esperanças, novo sentindo. Veio trazer o brilho que
faltava.
FIM
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EPÍLOGO
—Preguiçinha, preguiçinha. Vamos acordar! — digo tentando acordar
a minha Ruiva.
— Mary está acordada?
— Ainda não, fui olhar e ela está dormindo. Hora do papai e da
mamãe namorar um pouco — digo cheio de desejo.
— Não quero. — Cobre a cabeça com o edredom.
Puxo o edredom, passo a mão em seu cabelo, desço e deixo a mão em
sua cintura; deposito beijos em seu pescoço.
— Só um pouquinho, Ruiva.
— Me deixa dormir — Reclama, vira de costas e arrebita a bunda.
— Assim você judia, vamos brincar um pouco — digo a abraçando.
— Não quero — diz manhosa.
— Vem Ruiva, seu parque de diversão está pronto para você.
— Não quero.
— Não estou te reconhecendo. Você nunca negou fogo, foi um
sacrifício danado para conseguir segurar na sua dieta quando Mary nasceu,
mas esses dias está em uma preguiça.
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AGRADECIMENTOS
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Criado no Brasil
A violação dos direitos autorais é crime estabelecido na lei nº 9.610/98 e
punido pelo artigo 184 do Código Penal.
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Agradecimentos
JOGANDO COM O AMOR, foi de longe o livro mais difícil de
escrever da trilogia. Eva já tinha destaque nos dois livros anteriores, ela não
era fujona e quebrada como a Clara, e nem o furacão da Carol, Eva era
completamente diferente de ambas e ao mesmo tempo tinha muito em
comum, carismática e com sede de amor, era amiga e companheira. Então o
desafio foi grande.
Conforme a história ia sendo contada o medo de errar estava presente.
Portanto quando a palavra “Fim” foi escrita, foi motivo de alivio e alegria do
trabalho cumprido, e isso só foi possível através de vocês minhas amigas e
leitoras.
Agradecimento especial a Carol Cappia que ouviu as minhas ideias e
sempre me apoiou, a minha família, amigos e leitores e principalmente ao
meu filho BRUNO GABRIEL.
Obrigada a todos que contribuíram para esse sonho se tornar
realidade.
Beijos Larinha Vilhalba
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Sinopse
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INTRODUÇÃO
Eu amo olhar em seus olhos, são de um preto tão escuro, tão intenso
que quando me olha sinto que ele consegue desvendar a minha alma. Eu não
sei em que momento eu me apaixonei por Alessandro. Talvez seja quando ele
me olhou pela primeira vez com aquele olhar de menino travesso, que parecia
me despir ou talvez quando ele me abraçava sem motivos apenas pelo
simples fato de me abraçar ou tenha sido uma das noites que ficamos até
tarde na janela conversando sobre livros, músicas, viagens e sonhos...
Eu não sei quando tudo começou; mesmo eu gostando do Alessandro
eu nunca tentei algo ou me declarei, talvez por medo de estragar nossa
amizade. Até que um dia assim como ele chegou ele se foi. A família
resolveu mudar de cidade. Agora, anos depois o reencontro na faculdade,
cursando o mesmo curso e na mesma sala.
Desde o primeiro momento que o olhei meu coração disparou, não o
reconheci de primeira, hoje ambos estamos mudados, não somos mais duas
crianças, não somos mais dois adolescentes. Mas depois de algumas trocas de
palavras acabei reconhecendo o meu primeiro amor.
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CAPÍTULO 1 — EVA
AMOR
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sempre buscando informações na internet. Mas ele era meu amigo, e eu quis
dividir esse momento com ele. Meus pais não são pais ruins, mas ambos
viviam muito ocupados com o trabalho e nunca gostei de incomodá-los.
Quando minha mãe soube que eu já era moça, estava no quarto mês da
menstruação. Ela chorou por sua filha já ser uma mocinha e me deu uma
bronca por não avisa-la, depois me abraçou e tudo ficou bem.
Quando Ale estava com quatorze anos ele já tinha ficado com várias
garotas, as quais ele fazia questão de me contar e eu odiava, tinha nojo delas,
no começo achava que era ciúmes de melhor amiga.
Quando ele tinha quinze anos contou que perdeu a virgindade, eu
odiei ele e a garota, por não ser eu. Gritei, esperneei, chorei, fiquei dois dias
sem falar com ele e não sai do quarto, me isolei. Eu só tinha treze anos, era
uma menina, mas já o amava com todas as minhas forças. Ele era o meu
único amigo; então engoli meu orgulho e fui falar com ele, me desculpei
mesmo sofrendo por dentro, mas era melhor ser a melhor amiga do que nada.
Como já disse, não sei quando tudo começou, mesmo eu gostando do
Alessandro eu nunca tentei algo a mais ou me declarei, talvez por medo de
estragar nossa amizade ou por rejeição já que ele só saia com as meninas
mais bonitas e da sua idade. Eu ainda era apenas uma menina.
Eu não sou feia, sou normal, muitas pessoas diziam que eu era bonita
e até alguns garotos queriam sair comigo, mas nunca aceitei ou me interessei
por nenhum deles. Estava me guardando na esperança de um dia Alessandro
olhar para mim. Eu adoro meu tom de pele, minha mãe é uma negra linda e
meu pai é branco, e eu nasci com uma mistura dos dois. Meu tom de pele é
mais claro que da minha mãe, mas não como o do meu pai, meus cabelos são
enrolados um pouco acima da cintura e eu adoro meus cachos, às vezes eu
faço chapinha, mas não passo disso, morro de medo de estragar meus cachos.
Afinal em terra de chapinha quem tem cachos é rainha.
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Meu corpo não é de top model, pelo contrário, depois dos quatorze eu
ganhei um pouco mais de bunda e peito, no começo eu não gostava muito,
mas quando Ale passou a me elogiar eu passei a gostar. No início eu sentia
até vergonha, uma vez quando tinha 15 anos fomos nadar na piscina na casa
dele, eu coloquei um biquíni vermelho, até pequeno, já que tinha um tempo
que tinha comprado. Aquela foi a primeira vez que Ale me olhou como
mulher, ele me olhou de uma forma tão intensa que senti minha pele toda
arrepiar e minha calcinha molhar devido a minha excitação. O que me deixou
ainda mais mortalmente constrangida, foi de ver o volume em sua sunga,
daquele dia em diante as coisas começaram a mudar. Começaram a
esquentar. Ale começou a me tocar mais do que de costume e sempre em
lugares estratégicos, aqueles lugares que faziam subir um arrepio, outras
vezes seu toque me deixava molhada, eu adorava suas mãos em mim, seus
abraços, seu cheio. Mesmo com quase 16 anos, eu nunca havia se quer
beijado alguém, mas queria tudo com Ale. Eu não era inocente, eu lia
bastante livros de romances eróticos em um aplicativo chamado “Wattpad”,
em alguns livros eu ficava tão ciente do meu corpo que até me tocava, mas
sempre carícias leves por cima da calcinha, eu não tinha medo de me tocar,
mas queria que todas as minhas primeiras vezes fossem com o Ale.
Quando eu fiz dezesseis anos, Ale me beijou pela primeira vez, foi
meu primeiro beijo, mas é como se eu já tivesse feito aquilo a vida toda,
talvez pela experiência do Ale ou talvez porque eu sempre quis que todas as
minhas primeiras vezes fossem dele. O beijo foi intenso, meus lábios ficaram
inchados, minhas pernas trêmulas, meus seios ficaram pesados e como de
costume ele me deixou molhada, pronta para receber seu corpo no meu.
Assim como eu lia nos romances.
Daquele momento em diante estávamos mais colados do que de
costume, a diferença é que estávamos sempre aos beijos, amassos e mãos
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CAPÍTULO 2 — EVA
— Não precisa ficar nervosa, se você não quiser não tem problema,
eu estou morrendo para estar dentro de você, mas não tem que fazer se não
quiser — fala tentando me acalmar.
— Eu quero muito fazer e mais ainda com você — falo.
Estamos na minha cama, com a luz do sol entrando pelas janelas, não
passa das 11h00 da manhã e no meu celular toca uma sequência de música do
Ed Sheeran.
— Eu adoro sentir a sua pele, é cheirosa é tão macia — Ale sussurra
descendo uma das alças da minha blusa e dando leves beijos no meu ombro.
— Ah meu Deus! — gemo com o toque dos seus lábios na minha
pele.
Sua boca se aproxima de um dos meus seios e ele mordisca por cima
do sutiã, o choque elétrico atravessa meu corpo. Uma de suas mãos desce
pela minha barriga e vai direto para a minha intimidade, acaricia por cima do
short de algodão o que me deixa cada vez mais necessitada do seu toque.
Percebendo meu estado Ale desce de uma vez minha camiseta e abocanha um
dos meus seios ao mesmo tempo em que sua mão entra em minha calcinha e
me toca com dois de seus dedos. Eu não aguento tantas sensações, meu corpo
parece que vai entrar em ebulição.
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esse homem e amei todos os momentos com ele e esse sem dúvidas não vai
ser diferente.
Prendo minhas pernas mais fortes em volta da sua cintura, para
mostrar que eu o desejo.
— Não sai, eu quero muito isso, eu sempre quis.
Ele me olha, passa a mão em meu rosto.
— Vamos com calma, te dou o tempo que for necessário para você se
acostumar, tudo bem?
Balanço a cabeça com o sim, ele está sendo prefeito e eu faria tudo
outra vez.
A cara de alívio e carinho do Ale me enche da certeza que estamos
fazendo o correto e quando ele deita sobre mim e me dá um beijo que me
deixa sem ar e me faz derramar fluidos em volta do seu pênis, a dor já não é
mais intensa e a movimentação fica mais fácil, e até consigo sentir resquícios
de prazer.
— Hum... Você é tão quente, tão linda, tão apertada que machuca.
A expressão de Ale, as palavras que fala, tudo só vai me deixando
mais molhada e amando a sensação do seu membro indo e vindo dentro de
mim, por mais apertado e ardido que seja eu nunca senti nada tão bom.
Ale morde os lábios, fecha os olhos, joga a cabeça para trás e grita
meu nome, nesse momento tenho certeza que vou ama-lo para sempre. Meu
corpo, alma e coração serão sempre dele.
— Puta merda! Que foi isso?! Desculpa, você não gozou, eu sou um
egoísta mesmo, mas não deu para segurar — fala ofegante enquanto se retira
de dentro de mim.
Estremeço com a sua saída, mesmo com seu corpo fora do meu ainda
estou dolorida e parece que a ardência só aumentou. Ele deita do meu lado,
olho para seus olhos, e depois olho toda essa bagunça, a quantidade de
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sangue nos lençóis e na camisinha é enorme, nunca pensei que seria tanto
sangue. Meu rosto esquenta, e fico morrendo de vergonha pelo sangue, pela
bagunça, por tudo.
— O que foi? — pergunta.
— Muito sangue, não pensei que seria tanto assim. Agora sei por que
parecia que você estava me rasgando. — Vejo o semblante de Ale ficar tenso.
— Desculpa Eva, eu fui um bruto, não foi especial como você
merecia.
Levanta-se e caminha até o banheiro, não demora e volta com uma
toalha de rosto úmida.
Pela cara de Ale, percebo que algo está errado. Não parece estar
arrependido, mas seu corpo está tenso e aquela ruga de preocupação entre os
olhos tão bonitos não me passa despercebido.
— O que você vai fazer? — pergunto quando ele se abaixa entre
minhas pernas.
— Deixa eu te limpar pequena, por favor, me deixe cuidar de você —
Ale fala abrindo minhas pernas delicadamente.
Apesar de tudo que fizemos esse ato me deixa tão exposta que tento
fecha-las, morrendo de vergonha.
— Não faz isso, nunca se esconda ou fique com vergonha de mim.
Você é linda, eu que fui bruto. Mas sou um filho da mãe sortudo por ser o seu
primeiro.
Vejo a preocupação ainda estampada em seu rosto bonito, mesmo
com os protestos de minhas pernas ou a leve fisgada em meu sexo, sento eu
seu colo o surpreendendo e acaricio seu rosto.
— Você não foi bruto ou me machucou, foi a coisa mais especial da
minha vida.
— Não precisa tentar me animar, sei que fui um cavalo.
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CAPÍTULO 3 – EVA
Aquela tarde foi a nossa primeira e única vez. Naquele mesmo dia,
assim que o sol se pós os pais de Ale voltaram de viagem antes da data
prevista. Ambos traziam notícias da avó, traziam também uma decisão
tomada, que me fez chorar a noite inteira. O choro durou noites, dias,
semanas, meses... Não parei de chorar, minhas lágrimas simplesmente
secaram.
A notícia responsável pelo meu choro era que os pais de Ale
decidiram se mudar para Minas naquela mesma semana para poder cuidar da
avó doente. Ele tentou convencer os pais para ele ficar, disse que tinha
vestibular, que tinha uma vida ali, que não poderia simplesmente largar tudo
e ir atrás dos pais. Que eles poderiam trazer a avó para morar com eles, que
os pais não iriam precisar vender a casa ou trocar de empregos, Ale não iria
precisar ir embora, mas foi tudo em vão. Os pais falaram que já era algo que
estavam planejando há algum tempo e que a doença da avó veio apenas
antecipar a partida.
Nesses últimos dias juntos quase não nos falamos, apenas ficamos um
do lado do outro, evitava em chorar na sua frente, naqueles momentos o
silêncio foi a nossa companhia. Palavras não precisavam ser ditas, sabíamos o
que ambos estávamos passando, a cada olhar, a cada toque, a cada beijo
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grande amor. Perdi meu amor. Perdi o Ale. Eu fui chorando a minha dor, o
que me restava era seguir a minha vida. Afinal precisava viver também,
precisava seguir.
A primeira coisa que fiz foi trocar o número do meu celular; a
segunda bloquear e exclui-lo do Facebook; a terceira queimar tudo ou pelo
menos quase tudo, que me fazia lembrar dele; a quarta ocupar todo o meu
tempo, para assim não sobrar tempo para pensar nele. Não chorava mais, pois
minhas lágrimas já tinham secado.
Não foi fácil, mas foi necessário, assim segui a minha vida um dia de
cada vez...
Meu primeiro amor acabou cedo, em meu peito só me restou a dor,
meu primeiro amor foi como uma rosa que se desabrochou, ficou linda, mas
logo as pétalas foram caindo e morreu. No meu caso quero acreditar que
morreu mesmo sabendo que sempre estará em um cantinho do meu coração.
Fevereiro de 2013
Enrolei o máximo que pude, até decidir ser professora. Sei que sou
insegura e como professora poderei ajudar jovens e crianças iguais a mim,
esse é o meu objetivo.
Prestei vestibular na UFGD para o curso de Geografia—licenciatura,
felizmente passei; de início meus pais não gostaram muito, mas no final eles
acabaram aceitando.
Hoje estou aqui caminhando no corredor da faculdade até a minha
sala, quando entro vejo que tem poucos alunos, então escolho logo uma
carteira lá no fundo assim passo despercebida, mesmo com vinte e três anos
sou extremamente tímida.
Se a pessoa conversar comigo eu converso, agora se ela não puxar
assunto fico na minha de boa. Não sou obrigada a nada, muito menos puxar
conversa com quem eu não conheço.
Estou sentada na minha carteira de boa vendo todo o movimento da
sala, quando um barulho me faz olhar para o lado. Percebo que um cara lindo
e tão desastrado quanto a sua beleza.
— Caraí — o ser resmunga.
— Mas você é desastrado, ein — uma menina fala pegando a caneta
do chão.
— Você acha que ele é desastrado? Eu tenho certeza — digo pegando
seu caderno do chão e o entregando.
— Também com todo esse tamanho. Ele pode ser o que ele quiser —
fala outra menina devolvendo o seu celular.
— Obrigado meninas, o meu tamanho e essa carteira não são
compatíveis — o ser desastrado se explica.
Nos entreolhamos e acabamos rindo, no fim nos apresentamos. A
moça que entregou a caneta é a Clara, a moça do celular Carol e o ser
desastrado Adriano.
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Não sei, mas acho que meu santo bateu com o deles, vejo sinceridade
e simpatia nos seus olhares, sou tão difícil de me encantar com as pessoas à
primeira vista. Não que eu seja chata, é uma defesa que eu criei para não
quebrar a cara.
O professor chega à sala, apresenta seu plano de ensino e passa um
trabalho em grupo de cinco pessoas, as meninas me olham como se me
perguntassem se poderíamos fazer o trabalho juntas eu aceito. Como era de
cinco pessoas, Clara chamou o rapaz que estava no canto da sala.
Na hora do intervalo, fomos conversar com o Adriano sobre o
trabalho, realmente não me enganei, ele é uma boa pessoa, assim como as
meninas. Adriano, quase, tem o abraço mais gostoso do mundo, ele perde
apenas para alguém que tinha o poder de curar todas as minhas feridas com
um simples abraço, alguém que está guardado lá, bem lá no fundinho do meu
coração. Segui a minha vida, mas nunca irei esquecer o meu primeiro amor.
Eu e as meninas acabamos colocando o apelido do Adriano, de Montanha, e o
mesmo disse que irá cuidar sempre da gente. Acho que fiz três amizades, e
me sinto bem perto deles.
Voltando do intervalo, o tal moço que irá fazer trabalho com a gente
puxa assunto comigo.
— Oi! — cumprimenta me olhando.
Ele tem os olhos tão intensos, um sorriso tão lindo.
— Oi — respondo já com vergonha.
— Qual o seu nome?
— Eva.
Ele me olha, fica pensativo por alguns segundos.
— Lindo nome — fala e sorri, mas percebo que o seu sorriso não
chega a seus olhos, ele ficou com o semblante tão triste, tão distante.
— Obrigada. Qual o seu nome? — pergunto sorrindo.
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Não quero ver esse moço triste. Não sei, mas olhar para ele faz meu
coração disparar e meu corpo esquentar.
— Alessandro.
Isso faz o meu sorriso desmanchar, fico trêmula, olho nos seus olhos,
no desenho de sua boca. Não pode ser!
— Ale?
— Na adolescência esse era o meu apelido, mas depois que mudei
para Minas, nunca mais deixei ninguém me chamar assim. Por favor, me
chame de Alessandro.
— Minas?
— Sim, moramos lá alguns anos, depois da morte de minha avó e do
meu pai, eu e minha mãe resolvemos voltar para cá no final do ano passado.
— Não pode ser — digo abismada com tamanha coincidência. Meu
coração está quase saindo pela boca.
— O quê?
Fico o olhando, seus olhos, sua boca, nariz. Em um gesto de
desespero pego sua mão e fecho meus olhos. Sinto o calor da sua pele, calor
esse que eu jamais esqueci.
— Você está tão diferente, nem parece aquele rapaz de dezoito anos,
quase não o reconheci — digo ainda com os olhos fechados.
Ele segura a minha mão com as suas e a beija.
— Pequena?
— Sim! — Abro meus olhos. — Sou eu.
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CAPÍTULO 4 — ALESSANDRO
Ano de 2006 — Uberlândia
Minha vida é uma merda. Está tudo acontecendo de uma vez só, agora
que enfim fiquei com a Eva acontece essa merda toda. Meu pai me obrigou a
mudar para essa merda de cidade, ele não entende que a minha vida, a minha
essência ficou para trás. Ele não poderia ter feito isso, tive que aceitar, pois
como ele mesmo diz sou um encostado. Não quero morar nessa porra de
cidade. Quero voltar para Dourados, voltar para a minha pequena.
Aceitei acompanhar meus pais, mas isso é provisório vou dar um jeito
nessa bagaceira, não vou depender dos meus pais a vida toda. Está na hora de
eu dar um rumo nessa porra de vida. Meu pai não vai foder com a minha
vida. Ele não vai conseguir. Estou uma pilha de nervos, preciso me acalmar,
preciso dela, ela que me ouvia, ela que me acalmava, como vou ficar longe
dela?
Preciso de você Eva, agora mais que nunca...
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Depois de mais uma briga com meu pai, sai de casa e fiquei vagando
por horas, até sentir meus pés doendo e sentar nessa praça. Lembrar-me dela
me traz a calmaria que preciso, ninguém me entende, dizem que estou sendo
um rebelde sem causa.
Cara, eu tinha tudo planejado na minha vida, uma garota perfeita, ia
prestar vestibular para o curso que eu desejava. O cacete do caralho, do meu
pai me fez largar tudo e vir morar nessa porra de cidade, ele não tinha esse
direito, a vida é minha.
— Oi.
Olho para o lado e vejo uma moça sentando do meu lado.
— Oi — respondo olhando para frente.
— Qual é a bad?
— Como?
— Qual o seu problema?
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— Já disse que não quero morar aqui pai, aqui não é o meu lugar.
Custa você entender? — digo para o meu pai.
— Você não tem querer. Eu mando em você e aqui é seu lugar —
meu pai fala com o semblante sério.
— Pai, você não é Deus para mandar e desmandar, as coisas não
funcionam assim. Deixei muita coisa para trás.
— Júlio, deixa ele prestar vestibular lá em Dourados, é normal os
filhos estudarem fora — minha mãe intercede.
— Já disse, não.
— Pai, deixa?!
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— Júlio, ele tem uma namorada lá, tente entender, nosso filho está
sofrendo — minha mãe argumenta.
— Puro fogo em rabo de saia, logo essa frescura de namorico passa.
Assunto encerrado.
— Júlio?!
— Assunto encerrado — fala levantando da mesa.
— Eu disse mãe, com esse cara não tem diálogo.
— Calma filho, vou conversar com ele, seu pai vai entender.
— Mãe, Eva não vai me esperar a vida inteira, não posso mais ficar
iludindo a minha pequena.
— Seu pai vai entender, tenha paciência.
— Já faz quase três meses que eu estou tendo paciência eu não
aguento mais — digo saindo da sala.
— Aonde vai, meu filho?
— Tomar um ar.
Como sempre, ando sem rumo pela cidade, e novamente acabo na
mesma praça, no mesmo lugar de sempre. Sento na grama, e cruzo minhas
pernas. Meus pensamentos vão para a pessoa com quem eu queria estar nesse
momento.
— Romeu?
— Vanessa — digo com desanimo.
— Brigou com o velho de novo?
— Como você sabe?
— Sempre vem aqui pelo mesmo motivo, você quer a sua Julieta, mas
o carrasco do seu pai não autoriza, Não entendo por que você não liga um
foda-se e vai atrás da sua Julieta. Você é um fraco.
— Você não entende, se eu sair é para nunca mais voltar, não quero
perder a minha mãe.
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— Você está acabando com os dias de vida da sua mãe. Olha a merda
que você está fazendo.
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Te amo!
Seu eterno Ale.
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CAPÍTULO 5 — EVA
Sim é ele, anos se passaram, pensei que tinha esquecido, mas não, ele
sempre esteve guardado em um cantinho escondido do meu coração. Não o
reconheci de primeira, anos se passaram, e ele mudou muito, está diferente,
mas seu olhar de menino travesso, e o seu sorriso permanece o mesmo. Meu
Ale está de volta, é difícil dizer como me sinto, é um misto de sentimentos
misturados. Até agora não acredito que eu o reencontrei, sempre escuto dizer
que o destino sempre nos prega peças, hoje realmente vejo que isso é
verdade. Depois de tantos anos reencontrá-lo do nada, na mesma sala. É
muita coisa para ser verdade.
Sabe aquele ditado que quando a esmola é demais o santo desconfia?
Então, eu sou dessas, desconfio mesmo. Muita coisa boa acontecendo,
conhecer duas amigas e um amigo e agora encontrar aquele que sempre foi o
grande amor da minha vida.
Muita esmola assim é para desconfiar.
— Por que me olha assim, pequena? — Ale fala me encarando.
Ele ainda se lembra do meu apelido? É para desconfiar, a esmola está
sendo muito.
— Nada — digo com um sorriso no rosto abraçando os meus joelhos.
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Depois da aula, resolvemos dar uma volta para conversar, por incrível
que pareça pensamos que seria só uma voltinha, Ale até deixou o carro na
faculdade, mas andamos, andamos, até resolvermos sentar na sarjeta para
continuarmos a conversar.
Nossa conversa fluía bastante, sempre emendando um assunto no
outro, mesmo com tantos anos passados, pelo visto essa sintonia de conversar
e se perder no tempo ainda continua.
— Está pensativa.
— Não, estou não.
— Conte para mim seus pensamentos.
— Mas é insistente, ein! — Rio.
— Conte, estou te ouvindo.
— Ok. Você venceu. Eu conto — digo dando um leve tapa no seu
ombro.
— Boa menina.
— Estava pensando sobre o destino.
— Destino?
— Sim. O destino.
— Se explique, seja mais clara.
— Nunca imaginei que um dia eu ia te reencontrar do nada, na mesma
faculdade, na mesma sala. Diz se isso não é louco? É até difícil acreditar.
— É muita loucura mesmo, o destino é incerto.
— Muito incerto.
— Anos atrás o destino nos separou, e hoje nos coloca frente a frente
novamente — Ale fala se levantando e dando a mão para me ajudar a
levantar.
— O que será que o destino reserva para nós? — questiono aceitando
a mão de Ale para levantar.
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— Realmente não sei. Nesse momento a única coisa que sei é que nos
perdemos no horário e na nossa volta, está quase amanhecendo precisamos
voltar.
— Isso é verdade, estamos bem longe da faculdade.
— Se preferir podemos chamar um taxi.
— Prefiro voltar andando.
— Tem certeza?
— Por que não?
— Porque andamos muito, você pode estar cansada.
— Tão prestativo. Mas obrigada, vamos andando.
— Se é isso que deseja, vamos andando.
— Assim temos mais tempo para conversar — digo rindo.
— Nossa, quem vê pensa que quase não conversamos. — Sorri.
— Assunto de seis anos, é muito assunto.
— Realmente muita coisa. Conte mais sobre o que você fez nesse
tempo.
— Eu já disse tanta coisa sobre mim, sobre o que fiz, os lugares que
visitei, as viagens que realizei, até sobre os livros que li. Conte você sobre o
que fez esse tempo todo.
— Minha vida durante esse tempo foi insignificante.
— Ah! Para com isso Ale, pode dizer.
— O que você deseja saber?
— Deixe-me ver. Você viajou para Orlando? Lembro que você tinha
vontade de ir lá, só para ir aos parques temáticos.
— Não fui. Outra pergunta.
— Você fez prestou vestibular para Direito?
— Não prestei vestibular para Direito.
— Então prestou vestibular para outro curso?
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consegui ajuda-la, para ela acabou sendo tarde demais. Talvez esse teria sido
o meu fim, quase foi tarde demais para mim.
— Não foi tão tarde, como você mesmo disse, uma pessoa te ajudou.
— Sim, sem saber ela me ajudou, me trouxe de novo um motivo para
viver. Um motivo para reaprender a viver — Ela é especial?
— Muito especial.
— Você gosta dela?
— Muito.
— Vocês estão juntos?
— Já estivemos.
— É a sua namorada?
— Não tenho namorada, um dia talvez eu crie coragem e te fale tudo
o que aconteceu; já te adianto que não me orgulho dessa fase de minha vida.
Quando a coragem surgir te falo quem foi essa pessoa especial que sem saber
me ajudou a sobreviver, e me deu forças para seguir em frente — Ale fala
abrindo a porta do carro para eu entrar, nossa conversa rendeu tanto que nem
percebi que já estávamos no estacionamento.
— Vamos! — falo entrando em seu carro. — Confesso que fiquei
curiosa para saber de tudo.
— Quem sabe um dia eu te conte.
— Será?
— Dê tempo ao tempo, te reencontrei hoje pequena. Temos todo o
tempo do mundo.
— Você sempre dizia isso “Temos todo o tempo do mundo”, Renato
Russo.
Ale começa a cantar uma parte da música.
“Todos os dias quando acordo Não tenho mais o tempo que passou
Mas tenho muito tempo Temos todo o tempo do mundo”
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— Acho que essa música traduz esse momento que estamos vivendo
— digo.
— Concordo.
— Acho que essa música traduz esse momento que estamos vivendo
— digo e ele continua a cantar.
aqui.
— Temos todo tempo do mundo?
— Todo tempo do mundo...
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CAPÍTULO 6 — EVA
Essas últimas horas parece que estou em um sonho, um sonho bom
que confesso, não quero acordar. Quero viver esse sonho, quero continuar
sentindo o que estou sentindo. Quero continuar ver tudo mais colorido, mais
leve...
Tantos anos se passaram, tantas lágrimas brotaram do meu rosto,
tantas orações feitas, tantas promessas... Tantos sentimentos...
Cheguei a um ponto de não acreditar mais em reencontrar Ale.
Simplesmente eu não alimentava esperança de reencontrar o meu
primeiro amor. Tinha o deixado no passado. Pensava sempre que seria apenas
uma lembrança, uma lembrança boa que sempre iria lembrar com saudade...
Assim como o destino o levou para longe, quando menos esperava,
me trouxe de volta, assim como um sonho bom.
Ontem a nossa conversa fluiu tão bem, nem parecia que tínhamos
ficado tantos anos sem nós vermos... Tantos anos sem conversar... Tantos
anos sem nos abraçar, sem nos tocar. Eram tantos assuntos, que a hora passou
tão depressa que nem vimos o tempo passar. Parecia que nada tinha mudado,
mesmo eu tendo consciência que tudo mudou. Não sou mais aquela menina, e
Ale também não é mais o mesmo.
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CAPÍTULO 7 — EVA.
Um mês depois....
— Tudo indica que vai ser boa essa festa — Carol fala.
— Sei não — Montanha questiona com dúvida.
— Eu estou querendo ir. Mudei agora, quase não conheço essa
cidade. Essa festa seria uma boa — sugere Clarinha.
Estamos sentados no banco de sempre próximo ao nosso bloco na
faculdade discutindo sobre ir ou não na festa de sexta-feira.
— Confesso que não curto muito essas festas, mas se vocês forem eu
vou — aviso.
— Eva, vamos sim. Você precisa sair e curtir a vida, você não estará
sozinha, vamos ficar todos juntos — Clarinha fala tentando me convencer.
— Não precisa ter medo Evinha, eu vou estar de olho e cuidarei de
vocês — Montanha avisa.
Eu não tenho costume de ir nessas festas, na verdade nunca gostei,
sempre fui isolada de tudo. Afinal nunca tive amizades. Meus livros e
personagens literários sempre foram as minhas melhores companhias.
Mas agora tudo indica que tenho amigos, não somente os literários,
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tenho amigos reais, de carne e osso, amigos para qual eu posso confiar. Esse
mês que passou tive provas concretas disso.
As meninas, e o Montanha são tudo que eu jamais pensei que um dia
poderia conhecer ou ver verdade. Existe amizade verdadeira, e esses três são
a prova disso.
Agora ele, meu amigo de infância também está de volta. Acho que
Deus ouviu minhas orações ou cansou das minhas lágrimas e me fez feliz
colocando Clarinha, Carol, Montanha e principalmente trazendo de volta o
Ale para a minha vida.
— E você Ale? — pergunto a ele.
Quero ir nessa festa, mas quero que ele vá também. A todo o tempo
da nossa conversa ele permaneceu em silêncio. Muitas vezes, o percebo tão
distante, parece que o corpo está aqui, mas a alma só Deus sabe onde se
encontra.
— Eu o que?
Como disse, o corpo estava aqui, mas a alma bem longe.
— Vai à festa? — pergunto novamente.
— Que festa? — questiona Ale.
— A festa do pijama que vou dar lá na minha casa — Carol fala
rindo.
— Verdade? — Ale pergunta alheio a tudo.
— Lógico que não Ale, em que mundo você está? Eva chamando
Alessandro, planeta terra — brinco.
— Desculpa, estava distante mesmo. Agora para de gozar com a
minha cara e explica que festa é essa.
— Sexta vai ter uma festa, dizem ser boa, estamos decidindo se
vamos ou não. Por isso estou perguntando se você vai — explico.
— Faz tempo que não vou a festas — Ale fala e fica com olhar
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distante.
— Mentira Ale — digo. — Você era o maior festeiro, saia todo fim
de semana, chegava bêbado, pior ainda era menor de idade; Agora vem dizer
que faz tempo que não vai a festas.
— É, minha pequena, aconteceram tantas coisas nesse tempo, muitas
coisas mudaram, e uma delas é ir a festas.
— Já que faz tempo que você não vai. Cola com a gente Ale —
Montanha o convida.
— Não sei — Ale responde.
Queria tanto que ele fosse nessa festa, na adolescência o meu sonho
era ir a uma festa com ele.
— Vamos Ale — insisto. — Vai ser legal.
— Não sei — fala ainda com dúvida.
Aproximo-me dele e pego a sua mão.
— Por favor! — peço mais uma vez.
Ale passa sua mão em meu rosto, acariciando minha bochecha.
— Está bem, pequena, eu vou.
Com sua resposta, pulo em cima dele e lhe dou um abraço, depois
beijo a sua face.
— Obrigada!
— Toda essa animação é por que eu vou com você, pequena? —
pergunta sorrindo.
— Não, é porque todos nós vamos — Carol comenta rindo.
Minha amiga sabe o motivo da minha euforia, fiquei realmente feliz
por ele ir junto. Talvez nesse momento, eu seja a mesma Eva de alguns anos
atrás, a mesma menina sonhadora.
— Então como vamos fazer para ir? — Montanha pergunta.
— Eu estou a pé — Clara fala. — Não tenho carro e nem moto, estou
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CAPÍTULO 8 — ALESSANDRO
Olho no relógio e vejo que já são quase 04h00 da manhã, acho que já
passou da hora de irmos embora, Eva já dançou e bebeu mais do que podia.
Não só ela, as meninas também. Montanha no início começou a beber, mas
quando percebeu a animação das três parou de beber e começou a observar
quem estava as rondando.
Eu não bebi, não coloco nenhum tipo de bebida alcoólica em minha
boca, por mais que o álcool não seja considerado uma droga ilícita, não deixa
de ser uma droga, e no meu caso pode despertar um Alessandro que não
quero ser. A bebida alcoólica tem o poder de abrir caminhos para que eu use
outros tipos de drogas, sou um fraco, não posso bobear. Por esse motivo não
bebo e para não facilitar não frequentava mais festas, principalmente as
regadas a álcool. Decidi vir a essa festa só por causa da minha pequena, ela
ficou tão animada que não tinha como eu negar um pedido seu.
— Vamos embora — digo em seu ouvido.
Eva joga suas mãos delicadas em meu pescoço.
— Não! — nega fazendo careta.
— Vamos, está tarde.
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sua personalidade, mas não, continua a mesma menina doce. Volto a olhar
para a estrada.
— Acho que vai cair água — comento.
— Chuva?
— Sim.
— Será? — Um trovão acaba respondendo à pergunta de Eva.
Após o trovão começa a chover. A cada minuto a chuva fica cada vez
mais intensa. Paro o carro na beira estrada, a chuva que cai está forte demais
para continuarmos.
— Evinha, para nossa segurança o melhor é esperar a chuva diminuir
um pouco.
— Adoro chuva — fala olhando para fora.
— Chuva é bom.
— Sim, é muito bom — Eva desafivela o cinto e abre a porta do
carro.
— Eva! O que você está fazendo?
— Banho de chuva tem a capacidade de lavar a alma — fala saindo
do carro.
— Eva! — chamo.
— Vem Ale. Está uma delícia — grita dançando, pulando na chuva.
— Que loucura! — falo baixo, já tirando o cinto e indo ao seu
encontro na chuva.
Eva levanta seus braços, gira, dança como uma menina. Os pingos da
chuva caem, e o seu corpo vai ficando molhado. Seu vestido fica colado ao
seu corpo, aos poucos me mostrando o que eu queria ver, despertando o
desejo que estou tentando esconder. Ela se aproxima e me abraça, ela nem
sentiu que a chuva que cai a despiu sem ela tirar a roupa. Seguro seu rosto
com as duas mãos e a beijo... Beijo Eva com todo o meu desejo e saudades
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CAPÍTULO 9 — EVA.
SONHO.
No dicionário diz que sonho é: conjunto de imagens, de pensamentos
ou de fantasias que se apresentam à mente durante o sono. Mas, nesse exato
momento não estou dormindo.
Literalmente estou sonhando acordada, é tão bom que parece mentira.
Se eu não estivesse sentido o que eu senti, se essa chuva não estivesse caindo
e molhando meu corpo, pensaria que tudo que acaba de acontecer fosse fruto
da minha imaginação.
Graças ao bom Deus, senhor das causas impossíveis não é sonho!
Isso tudo é real, ainda sinto o peso do seu corpo, sinto a sua
respiração acelerada, sinto o meu Ale.
— Loucura — fala ainda ofegante.
— Uma deliciosa loucura — respondo.
— Dois loucos.
— Nunca fui muito normal.
— Vem pequena. — Sai de cima de mim e me dá a mão. — Chega de
loucuras por hoje.
Seguro sua mão e levanto do capô do carro.
— Gostei dessa loucura de hoje.
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banco molhado. Enquanto o frio, até 5 minutos atrás não o sentia. — Ri.
— É porque estava com um cobertor humano muito bom. — Dou
uma piscadinha para ele.
— Espertinha.
Fico o observando enquanto ele procura algo no banco traseiro.
— Aqui, se enxuga e veste.
Ale acaba encontrando uma toalha de rosto e um moletom no banco
traseiro, ele me entrega, tento me enxugar e visto o moletom, e ele tira a
camisa molhada. Liga o carro e pega a estrada.
Fico olhando para a estrada, estou feliz, mas uma dúvida me corrói
por dentro e agora como ficamos?
— Você estava com o olhar tão feliz, agora está com uma carinha
triste. O que foi?
— Nada. — Encolho-me no banco.
— Fale pequena.
— Não sei.
— Sempre fomos amigos, portanto fale, não fique assim — diz
pegando minha mão e a beijando.
— E agora Ale?
— Como ficamos?
— Isso.
— Está ouvindo — fala apontando para o rádio que toca a música de
Lulu Santos, Tempos modernos.
realizar a força que tem uma paixão Eu vejo um novo começo de era De
gente fina, elegante e sincera Com habilidade Pra dizer mais sim do que
não, não não Hoje o tempo voa, amor Escorre pelas mãos Mesmo sem se
sentir Não há tempo que volte, amor Vamos viver tudo o que há pra viver
Vamos nos permitir
— Você sempre falando através de músicas — acuso.
— É assim que me sinto, pequena. Hoje vejo a vida melhor que ontem
e um futuro melhor, não tem como eu voltar no passado e reparar todos os
erros que fiz. O tempo voa, quando percebemos já era tudo... Entende?
— O que você quer dizer?
— Quero dizer que vamos viver tudo o que há para viver, vamos nos
permitir.
Apenas lhe dou um sorriso com a sua resposta e volto a olhar para
janela, o que será que aconteceu no passado para ele sempre falar essas coisas
vagas?
Realmente não temos como voltar ao passado, o tempo passa que nem
vemos. Vou me permitir viver com ele tudo o que há para viver, se eu
quebrar a cara pelo menos vivi.
Depois que Ale me deixou em casa, deito em minha cama e repasso
tudo que aconteceu. Um sonho realizado, sim eu e Ale ficamos juntos, parece
que nunca nos separamos, não sei como vai ser daqui para frente, apenas sei
que vou deixar rolar e viver intensamente cada minuto. Posso estar fazendo
papel de trouxa romântica, mas é melhor me arrepender do que fiz, do que eu
deixei de fazer.
Sim eu sei, tem muita história, Ale não me contou o verdadeiro
motivo porque ele sumiu, também não disse quem foi a pessoa tão especial
que o tirou do fundo do poço, também tem a história com a briga com o pai e
a morte da amiga.
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O que mais tem são histórias não contadas... Palavras não faladas...
O que eu quero nesse momento é viver e aproveitar o que está
acontecendo agora, nesse momento, não preciso de nomes, apenas de
sensações, apenas me sentir como me sinto em seus braços.
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CAPÍTULO 10 — ALESSANDRO
Depois de deixar Eva em casa e lhe dar mais um beijo e um abraço
sigo para minha casa. Como sempre, minha mãe está dormindo no sofá à
minha espera. Avisei que iria a uma festa, que não precisava se preocupar,
mas mãe é mãe e eu não tenho um bom histórico. Uma saída à noite a faz se
preocupar muito, mas que qualquer outra mãe, somente ela sabe o que
passamos.
Depois de tanto trabalho, tento fazer minha mãe confiar em mim, não
deixarei me levar mais para esse submundo.
— Mãe! — chamo.
Ela lentamente abre os olhos, puxa meu corpo e me abraça, a sinto
cheirar a minha roupa. É sempre assim, ela tem medo que me afunde
novamente. Por mais que eu tenha conseguido sair, para voltar para aquele
mundo é um pulo.
A cada dia longe das drogas é uma vitória.
— Não se preocupe, estou limpo — tento tranquiliza-la.
— Graças a Deus — fala em um sussurro.
— Disse que não precisava me esperar.
— Você está ensopado, aconteceu alguma coisa?
— Estou bem, só tomei um pouco de chuva. E a senhora o que faz
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Hoje a tive em meus braços, a tive em sua plenitude, senti seu corpo,
seu gosto, essa noite você foi minha, igualmente como eu sou seu.
Assim como a nossa primeira vez, a nossa segunda vez não foi em um
lugar tranquilo, em uma cama com pétalas, com uma música ao fundo e
vinho. Foi na beira da estrada, em cima do capô do carro e debaixo de
chuva, por causa da chuva nem lua tinha, mas posso afirmar que para mim
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O som da música eletrônica está alto como sempre, Unik está lotada,
balanço o meu corpo conforme a música. Uma mão segura minha cintura, e
não preciso me virar para ver quem é, sei que é ele. Levanto meus braços e o
abraço, ele beija meu pescoço o suficiente para um arrepio passar por toda
parte do meu corpo.
Viro-me, laço seu pescoço e beijo sua boca, delícia, beijo com sabor
de menta.
— Vou ao banheiro — avisa encerrando o nosso beijo.
Eu e Ale estamos juntos, não juntinhos como namorados, mas juntos.
Durante um ano eu sou apenas dele e tudo indica que ele é somente meu.
Deixei rolar como disse que faria, estamos bem em nosso lance,
estamos felizes, e é o que importa. Durante a semana somos dois amigos,
inseparáveis, mas nos fins de semana somos amantes, me perco em seu corpo
assim como ele se perde no meu. Não podemos namorar, não por mim, mas
por ele. Tem muita coisa que ainda precisa ser explicada. Ale não me engana,
já conversamos várias vezes, ele disse que não pode assumir algo sério
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enquanto ele não me contar sobre sua vida, sobre o que aconteceu nesses sete
anos que ficamos separados. Segundo ele depois que contar o que aconteceu,
eu vou virar as costas e nunca mais olhar para a sua cara. O amo, e nada que
fez no passado vai nos separar.
A minha única fala em relação seu passado é “fale quando você se
sentir pronto”.
Não vou exigir que ele me conte nada, se o mesmo não me lembrasse
eu teria até esquecido que um dia ele foi embora, que sofri e fiquei longe do
amor da minha vida por, longos, sete anos.
— Cadê o Ale?
— Foi ao banheiro — respondo a Carol.
— Vamos sentar um pouco — Clarinha fala. — Estou morrendo de
sede — completa.
— Vocês vão sentar ali — Montanha aponta uma mesa —, que vou
buscar bebidas. Ruiva e Clara nada de aprontar, estou de olho em vocês.
— O que vocês duas estão aprontando? — pergunto olhando para as
duas, enquanto caminho para a mesa que o “papai” Montanha indicou.
— Eu não fiz nada — Clarinha se defende.
— Esse é o meu problema — Carol fala.
— Que problema? — pergunto.
— Não fiz nada — Carol responde rindo.
— Como assim? — pergunto.
— Está vendo aquele carinha ali? — Aponta para um cara loiro que a
encara. — Então, eu queria dar uns amassos nele, mas o Montanha não
deixou. Viu?! O meu problema é que eu não fiz nada, mas estou doidinha
para fazer.
— Carol, você é doida. — Rio.
— Tenho bom gosto, isso sim. Doida é você que está nesse chove e
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Estou feliz.
Elas percebem que eu me entristeço, e ambas vêm me abraçar.
— Não fique assim Evinha, nós cuidamos de você — Clarinha fala.
— Se ele quebrar seu coração a gente conserta — completa Carol.
— Obrigada, meninas.
— O que está acontecendo aqui?
Montanha fala aproximando-se do nosso abraço coletivo.
— Evinha precisava de um abraço — explica Carol.
— Como boa amiga que somos, decidimos que abraço coletivo é a
melhor opção — Clarinha completa.
— Muito errado isso — Montanha fala colocando nossas bebidas na
mesa.
— Errado por quê? — Pergunto.
— Errado porque ele é o papai de todas e acha que fizemos cagada —
Carol fala com ironia.
— Errado, porque está faltando eu nesse abraço — Montanha ignora
Carol e vem dar um abraço bem apertado do jeitinho que todas nós gostamos.
— Esse Montanha sabe como abraçar — falo rindo.
— O se sabe Evinha. Ele abraça bem que você nem imagina — Carol
fala rindo.
Depois do nosso abraço coletivo, tomamos nossas bebidas e voltamos
para a pista de dança para dançar.
— Eva cadê o Ale? — pergunta Montanha.
— Não sei, ele foi ao banheiro, acho que a fila está grande —
respondo.
Ele realmente está demorando, nunca foi de ficar tanto tempo longe
de mim nas festas, o bichinho da insegurança começa a apitar aqui dentro.
— Não fique assim, daqui a pouco ele volta — Clara fala me dando
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um sorriso acolhedor.
O tempo passa, a pista de dança começa a esvaziar e nada do Ale
voltar.
— Eva, vamos embora eu te levo — Montanha avisa.
— E o Ale? — pergunto.
— Não sei Eva, nesse momento quero apenas levar minhas três
meninas para casa — Montanha explica.
Caminho com eles até a saída; me acomodo no banco traseiro e fico
olhando a rua enquanto eles conversam e riem. Sinto alguém pegando a
minha mão, olho e vejo que é a Clara.
— Liga para ele — fala.
Balanço a cabeça que não.
Não irei ligar, ele que tem que dizer onde está e porque me
abandonou na boate, não eu. Fiquei esperando ele feito uma boba.
— Mande mensagem dizendo que já está indo embora — Carol
sugere. — Ele não merece, mas manda a mensagem.
Pego meu celular, digito a mensagem e envio.
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“Desculpe por ter sumido, tive uma emergência, não deu para
avisar. Não se preocupe estou bem, mais tarde te ligo, beijos”
Pronto, o restinho de sono que eu tinha foi embora, agora fico aqui
morta de preocupação e com uma única pergunta.
O que aconteceu com o Ale?
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CAPÍTULO 12 – ALESSANDRO
Encerro o nosso beijo e a olho nos olhos, como sempre brilham.
Adoro seu sorriso.
— Vou ao banheiro — aviso beijando seu rosto.
Saio em caminho ao banheiro, saímos quase todos os fins de semana.
Minha pequena sempre é animada, gosto da sua companhia, seja em festa, ou
sentando vendo as estrelas, o importante é estar com ela. Sou feliz com ela ao
meu lado, ainda não tive coragem de contar sobre o meu passado, sou um
fraco, tenho medo dela nunca mais olhar na minha cara, vivo na corda
bamba. Sei que vai chegar um dia e um cara muito melhor que eu, que vai
leva-la embora. Eu a amo, e por amar tanto Eva sei que ela merece ser feliz.
No caminho para o banheiro, passo por uma jovem loira sentada no
chão. Na volta do banheiro percebo que ela continua sentada no chão com as
mãos jogadas. Ela geme, não sei se é de dor.
Aproximo-me dela.
— Moça, tudo bem? — pergunto próximo a ela.
Ela não responde, afasto seu cabelo que cobre o rosto, vejo que seus
lábios estão azulados, pego sua mão e as pontas dos dedos também estão de
cor azulada, seguro seu pulso e a sua pulsação é fraca. Os gemidos na
verdade são pela dificuldade de respirar.
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— De novo não!
Pego a moça no colo e saio disparado para a saída, ela precisa ir
urgente para um hospital.
Volto alguns anos atrás Vanessa... De novo não... Não vou deixar
acontecer de novo.
Coloco a moça no banco do meu carro, rapidamente coloco o carro
em movimento e ligo para a emergência do hospital.
— Alô, estou a caminho com uma jovem que está sofrendo uma
overdose, provavelmente de cocaína — digo nervoso.
— Isso é pegadinha a essa hora, não tem o que fazer não? — a atende
do hospital fala.
— Vou nominar para você: Respiração fraca ou dificuldade em
respirar, roncos ou respiração com borbulhas, indicando que algo está
obstruindo os pulmões, lábios e pontas dos dedos de cor azulada, braços e
pernas moles e sem tônus muscular, Desorientação, diminuição dos
batimentos cardíacos, perda de consciência, sem resposta quando se tenta
mexer e acordar a vítima. Esses são os sintomas, você acha que é pegadinha?
Estou falando sério — grito irritado.
— Ok, você me convenceu, estaremos com uma equipe pronta para
recebê-los.
— Estou indo o mais rápido possível — aviso desligando o celular.
Olho para o banco traseiro, a respiração continua com borbulhas, isso
não vai se repetir eu não vou deixar.
— Aguenta moça, estamos chegando. Não desista! — peço
acelerando o carro e cortando as ruas de Dourados.
Chegando ao hospital, já tem uma equipe na portaria nos esperando,
ajudo desce-la do carro e a coloca-la na maca.
Fico na recepção esperando notícias. Tenho fé que ela vai ficar bem,
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tão nova, tão linda, tem a vida inteira pela frente assim como a Vanessa tinha,
para Vanessa foi tarde, espero que para ela não.
As horas passam, e nada de notícias. Vejo a luz do dia surgindo, olho
no celular e tem mensagens da minha pequena.
Como pude me esquecer dela? Abro a primeira mensagem.
Penso em ligar, mas desisto, ela deve estar dormindo, não quero
acorda-la, o melhor é mandar uma mensagem, mais tarde ligo ou passo na
casa dela e explico o que aconteceu.
“Desculpe por ter sumido, tive uma emergência, não deu para
avisar. Não se preocupe estou bem, mais tarde te ligo beijos”
Ligo para a minha mãe que provavelmente está acordada até agora,
encerro a ligação e guardo o celular no meu bolso.
— Moço, foi você que chegou com a moça loira com overdose? —
Levanto a cabeça e vejo uma enfermeira na minha frente.
— Sim, sou eu. Ela está bem?
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Capítulo 13 – Camila
— O que acha que está fazendo insistindo para esse cara vim me
visitar? — questiono assim que Alessandro fecha a porta.
— Mila, você não vê? Ele vai dar certinho para você usar como
fachada.
— Como?
— Mila namora com ele, assim seus pais não vão desconfiar da gente
e te expulsar de casa. Nesse tempo vejo se consigo arrancar a grana do
Marcelo e nos mudamos dessa cidade de merda.
— Você está louca, só pode.
— Mila, ele é a chave dos nossos problemas.
— Day, eu quase morri por sua causa e você ainda está preocupada
com esse plano besta de arrancar dinheiro daquele idiota.
— Eu sei Mila, mas você está viva, precisamos de uma medida
paliativa enquanto não resolvo o nosso problema definitivamente. Alessandro
parece ser um bom moço, conversei com a enfermeira e ela disse que ele
estava todo preocupado com você, que uma amiga morreu de overdose e ele
não pode ajudar, tudo indica que ele se sente culpado.
— E daí? O que eu tenho a ver com isso?
— Tudo a ver, Mila. É obvio.
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— Day, não.
— Sim Mila, isso vai resolver nosso problema por enquanto, seu pai
não vai ficar desconfiando de nada, não vai querer te expulsar de casa.
Conquista aquele idiota, ele ficou todo mexido, você está acabadinha, ele vai
querer cuidar de você.
— Day, eu quase morri por sua causa, meu pai quase me espancou
ontem quando descobriu que peguei o dinheiro na carteira dele, por isso
acabei errando a mão ontem, e você não está levando a sério, só pode. Vamos
acabar com essa farsa e enfrentar isso juntas.
— Mila, eu te amo, mas não está na hora de nos assumir. Vamos
comer e viver onde? Amor não enche barriga.
— Não aguento mais. — Começo a chorar.
— Não chore, seu choro não vai resolver seus problemas — Day fala
beijando meu rosto. — As coisas vão se ajeitar.
— Day, isso não é vida, não quero mais viver escondida. Não quero
ter que transar com um ou com outro para conseguir dinheiro.
— Aguenta só um pouco, também não gosto de viver assim, a vida é
feita de sacrifícios. O amor requer sacrifícios.
— Até quando iremos nos sacrificar?
— Falta pouco, Marcelo já conseguiu um emprego para mim na
empresa dele, logo vai me dar um carro, ele está apaixonado por mim, logo
vou conseguir tudo que eu quero e vamos viver longe do preconceito desse
povo mesquinho.
— Já fizemos muitos sacrifícios, duas vidas se perderam por nossa
culpa.
— Uma vida, só a chata da irmã do Adriano, nesse caso podemos
dizer que até fiz um favor para a humanidade.
— E o aborto?
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amo tanto, há anos estamos nesse impasse, meus pais desconfiam que sou
lésbica e eles odeia Dayana.
Ontem tive uma briga feia em casa, peguei dinheiro na carteira do
meu pai. Não trabalho, Day que sempre me ajuda financeiramente, ontem
meu pai me ofendeu, me magoou. Fui para a boate para beber, me distrair, no
fim bebi demais, dei uma fumada aqui, outra ali, e acabei errando no pó.
Fiquei alucinada, nem sabia mais o que estava fazendo.
Day foi embora, o médico passou e disse que amanhã de manhã me
dará alta. Escuto uma batida na porta, logo a porta se abre, é Alessandro.
— Oi — fala.
— Oi — respondo.
— Espero não estar atrapalhando.
— Estava te esperando. Vem, senta aqui do meu lado — tento ser
mais amável possível.
— Como se sente?
— Melhor.
— Que bom.
Ficamos em silêncio.
— Amanhã eu tenho alta — falo quebrando o silêncio.
— Que bom.
— Posso te pedir um favor?
— Pode.
— Minha família não sabe que estou aqui, tenho vergonha deles
saberem o motivo que me fez parar nesse hospital, somente a Dayana, que é a
minha melhor amiga, sabe o que aconteceu. Amanhã Dayana te um almoço
importante na casa do namorado com a família dele, não tenho ninguém para
me levar para casa. Queria pedir para você me levar em casa amanhã.
— Amanhã? Não sei se vai ser possível, marquei com uma amiga —
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CAPÍTULO 14 – ALESSANDRO
Não tinha como falar não, ela está frágil, quase se matou, não posso
carregar mais essa culpa. A incapacidade, a culpa por não salvar a vida de
Vanessa me atormenta, nunca irei me perdoar.
Vendo Camila tão debilitada não tive como negar, afinal é só busca-la
no hospital e leva-la para a sua casa, isso posso fazer, não vai arrancar
pedaço.
***
— Podemos ir então?
— Podemos.
Saímos do hospital, hoje Camila aparenta estar melhor. Vamos
conversando e ela me explica qual o caminho de sua casa.
Chegando lá, a ajudo descer do carro, pego sua pequena mala que a
amiga levou para a ela no hospital, e a acompanho até a porta de sua casa.
— Entregue em casa — digo sorrindo. Afinal fiz o prometido.
— Você quer entrar?
— Melhor não, tenho um compromisso. — Fiz o que tinha que fazer,
agora preciso resolver a minha vida e explicar para a minha pequena o
motivo do meu sumiço.
— Por favor — pede com os olhos cheios de lágrimas. — Não vai
demorar.
— Tudo bem — dou-me por vencido.
Camila abre a porta de sua casa, me dando passagem e entro. Ela
aponta o sofá, e eu me sento.
— Mãe, pai, cheguei — grita.
Um homem de meia idade com a cara fechada chega, acompanhado
de uma senhora. Os dois param na frente de Camila.
— Vagabunda! — xinga o homem, dando um tapa em seu rosto.
— Cicero! — repreende a mulher.
— Não vai bater na outra face? — Camila fala o olhando de igual
para igual.
— Você é a decepção dessa família, só me faz passar vergonha —
acusa dando outro tapa, fazendo Camila se curvar no chão.
A senhora que acredito ser sua mãe nada faz para defender ou ajudar a
filha, aceita tudo em silêncio.
Levanto do sofá, vou até ela, e a ajudo a se levantar do chão. O casal
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CAPÍTULO 15 — CAMILA
Estou em um dos corredores da faculdade esperando Day chegar, ela
vai adorar a notícia que tenho para contar, sei que vai ficar muito feliz. Meu
pai não acreditou muito, mas esse namoro vai fazer eu e Day ganharmos o
tempo que precisamos.
— Já estava com saudades, Mila — fala me abraçando — Está bem?
— Estou. — Olho para os lados para ver se não tem ninguém e lhe
dou um beijo rápido.
— Preciso sentir seu gosto — diz passando a mão em meus cabelos.
— Agora vai ser mais fácil. — Rio. — Tenho namorado.
— Como? — Balanço a cabeça afirmando. — Mila, você não me
disse nada.
— Queria ver a sua reação.
— Foi fácil?
— Mais fácil que eu imaginava, meu pai deu uma força.
— Explica isso, o que aquele velho nojento fez para te ajudar?
— Fiz como o planejado; me fiz de coitadinha suicida e pedi para ele
me levar até em casa, lá o convenci a entrar. Como sabe, tive uma briga com
meu pai, quando ele me viu chegando me deu um tapa na cara e me xingou
na frente do Alessandro.
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CAPÍTULO 16 – EVA
— Meu namorado — sai da boca dela.
Não consigo ouvir mais nada, saio de perto antes que eu passe
vergonha na frente de todos, não acredito nisso. Uma namorada? Como pode
fazer isso comigo? Como assim surgiu essa namorada?
Entro em uma das cabines do banheiro feminino, sento na privada e
me permito chorar. Isso explica o porquê de não responder minhas
mensagens esse fim de semana, por ter me deixado sozinha na festa sem
nenhum aviso ou explicação, e a tonta achando que tinha acontecido alguma
coisa com a mãe dele. Como fui boba, pensando que ele iria me pedir em
namoro, mas preferir ir levando, o que importava é que estávamos juntos, me
ferrei.
— EVA! EVA!
— Sabemos que você está aqui, abra a porta. — São elas, minhas
amigas.
Levanto, abro a porta e as duas me puxam para um abraço. Choro
abraçada a elas.
— Chora Evinha, pode chorar — Clarinha fala.
— Vou arrancar as bolas dele — Carol ameaça.
Depois das lágrimas controladas, ficamos sentadas no chão do
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— Ela está usando ele, precisamos salvar nosso amigo — avisa Carol.
— Vou conversar com ele, vai ter que me explicar essa história —
Clarinha fala. — Tem alguma coisa errada, sinto cheiro de treta de longe.
— Meninas. Posso pedir algo para vocês?
— Não sendo dinheiro pode pedir. Você sabe Eva, sou pobre —
zomba Carol.
— Se eu puder ajudar você, sabe que sim — assente Clarinha.
— Por favor, não falem nada com o Ale. A queda que levei está
doendo, mas vai passar, não quero saber o motivo dele estar namorando,
também não quero ser uma pedra em seu sapato. Ele quis ela, o que me resta
é aceitar — digo. Não quero discutir ou saber seus motivos, na real eu e ele
nunca tivemos nada de oficial.
— Aceitar sem lutar? — Carol pergunta.
— Muitas vezes precisamos escolher em quais batalhas precisamos
lutar — Clarinha fala.
— Essa é uma luta perdida, está doendo, mas vou superar.
— A gente vai estar aqui para te ajudar, Evinha — informa Carol.
— Iremos pegar todos seus caquinhos — Clarinha fala.
— Obrigada — agradeço olhando para elas.
A porta do banheiro se abre, mas me recuso a olhar quem entra.
Abaixo a cabeça e abraço meus joelhos.
— Sorvete... — reconheço essa voz. — Chocolate e Coca-Cola? —
Montanha pergunta levantando duas sacolas.
— Por isso te amo Montanha, só faltou o vinho — Carol fala se
levantando.
— Ótima ideia. — Clara também se levanta e dá a mão para mim. —
Venha Evinha, vamos comer, açúcar faz bem para o coração.
Pego a mão de Clarinha e levanto, olho para meu amigo, que me dá
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CAPÍTULO 16 - ALESSANDRO
Dois anos depois...
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Camila ter alguma recaída, logo desisto. A senhora sabe que já tentei
terminar, sabe o que sempre acontece.
— O tempo não volta meu filho, vai aparecer alguém que vai ocupar
seu lugar. Eva é linda, vai atrás do seu verdadeiro amor, você ama essa
menina desde criança.
— Eu sei mãe — digo abaixando a minha cabeça.
— Camila não é Vanessa.
— Mas...
— Não vou falar de novo, está sofrendo e está do lado dessa menina
porque você quer, não invente desculpas, Alessandro. Você fez tudo que
poderia ter feito por Camila, ela não é responsabilidade sua.
— A senhora não entende.
— Não meu filho, é o contrário, você que não consegue entender. —
Levanta, vem até a mim e beija meu rosto. — Espero que depois não seja
tarde — diz saindo da sala me deixando sozinho.
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CAPÍTULO 17 — EVA
Anos se passaram, mas continuo o amando, sei que sou tonta, mas
quem manda no coração?! Minha cabeça sabe o certo, mas meu coração
insiste em bater pela pessoa errada.
Acordei com uma ressaca horrível, ontem fui à festa do Bacana com
as meninas e hoje estou aqui morrendo de dor de cabeça. Depois que Clara e
Marcelo foram embora ai que a festa começou. Minha amiga ainda não
percebeu, mas está apaixonada por Marcelo, e ele por ela.
Eu e Carol começamos a beber uma bebida atrás da outra, queria
extravasar. Comprei roupa nova, fiquei toda linda e o Ale mal me olhou, por
isso bebi tanto. Montanha teve trabalho de levar eu e Carol para casa. Ela
bebeu mais do que eu e ficou provocando Montanha a cada minuto. Depois
de tanta bagunça agora estou aqui morrendo, jogada na minha cama.
— Eva, levanta dessa cama e vem ajudar a fazer o almoço — minha
mãe grita.
— Ai mãe, não grita minha cabeça está doendo — digo levantando da
cama.
— Ontem quando estava pulando feito macaca na festa a cabeça
estava boa. Vem logo, senão não tem almoço.
— Isso é jogo baixo.
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— Na verdade não. Queria conversar com você, faz alguns dias que
não conversamos direito, sinto falta disso.
— Eu também.
— Hoje à tarde está livre?
— Sim, estou.
— Então, nós poderíamos nos encontrar no Parque das Nações e
tomar um sorvete, o que acha?
— Acho bom. Que horas?
— Três e meia, está bom para você?
— Está ótimo, você me espera na entrada?
— Espero sim. Então até daqui a pouco. Beijo.
— Beijo.
Ai meu santinho! Será que hoje é meu dia de sorte? Corro para o
banheiro, tomo um banho, me arrumo e vou para cozinha ajudar minha mãe
no almoço.
— Esse sorriso todo ai é por que vai me ajudar no almoço?
— Vou sair, o Ale me chamou para tomar um sorvete.
— Hum... Namoradinho novo?
— Infelizmente não.
— Antigo? Aquele que morava aqui do lado?
— Não, é só um amigo mesmo. Está com saudades de conversar
comigo por isso me ligou.
— Minha filha, amigo não liga para conversar. Amigo faz igual o
bonitão do Montanha e já vem em casa e diz que quer conversar.
— Ah, mãe, é complicado! Ele tem namorada.
— Então ele é um safado.
— Ele é fofo.
— Cuidado minha filha para não ficar se iludindo.
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arrepender disso. Enquanto você, Alessandro, Camila vai ficar sabendo desse
passeio no parque com essa sonsa — Dayana fala.
Dayana vira as costas para sair.
— Dayana — chamo.
— O que foi sonsa? — Se vira para mim.
— Eu acho é pouco, sua mocreia. É melhor ser sonsa que chifruda —
falo, não aguento segurar e começo a rir na cara dela.
— Fica ai rindo, sua sonsa. Vamos ver como essa história vai
terminar — Dayana ameaça.
— Tudo bem com você? — pergunto para Marcelo.
— Estou mais leve — responde.
— Terminou mesmo com Dayana? — Ale pergunta.
— Fiz o que era certo — diz Marcelo.
— Clarinha tem alguma coisa a ver com essa decisão? — pergunto
para Marcelo e pelo sorriso dele, tenho certeza que sim.
— Tem, ela não sabe o que eu acabei de fazer. Por favor, não conte
nada para ela ainda, quero dar um tempo para aquela cabecinha pensar e
também não quero assusta-la, ou ela foge — Marcelo fala dando um beijo em
meu rosto.
— Pode deixar, Clarinha merece ser feliz.
— Estou disposto a fazer isso. Vou indo, bom passeio para os dois —
Marcelo fala e vai embora.
Eu e Ale voltamos a caminhar até a praça de alimentação, não consigo
esconder a alegria por Marcelo ter dado um pé na bunda de Dayana e ver isso
de camarote foi hilário.
— Parece que você ficou bem feliz pelo termino de Marcelo e Dayana
— comenta Ale.
— Fiquei sim, amo minha amiga, Marcelo é um cara legal, e Dayana
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é uma vaca.
— Você nem conhece Dayana para falar dela.
— Conheço o suficiente para saber que ela não vale o arroz que come.
— Como assim?
— Não é um segredo ou uma história minha então não posso contar.
Mas vai por mim, ela é uma cobra.
— Então se minha namorada anda com ela, também é uma cobra?
— Não sei, a namorada é sua, então você quem tem que saber. Pode
ter certeza que boa coisa Dayana não é.
— Grossa! — fala parando em frente ao frízer de sorvete — Sincera.
Ficamos uns minutos em silêncio escolhendo o sabor do sorvete.
— Então Ale por que você me convidou para esse passeio?
— Não sei, ontem estava vendo você dançar e me parecia outra
pessoa. Queria confirmar se você ainda é a Eva que eu conheço.
— Como assim?
— Eva, adoro você, Carol e Clarinha, sempre andamos juntos. Acabei
me afastando depois que comecei a namorar Camila, mas sei que vocês três
tem características diferentes, pensam diferente e agem diferentes. Ontem
você tinha a metade da atitude da Clara e a outra metade da ousadia da Carol,
até seu jeito de vestir estava diferente. Tive medo de não ser a mesma Eva
que eu conheci.
— Ainda sou, estava apenas querendo impressionar uma pessoa.
— Conseguiu?
— Ainda não sei.
— Você não precisa parecer com as meninas para impressionar ou
conquistar alguém. O que sempre me atraiu em você é a sua doçura. Você é
linda do seu jeito e essa pessoa tem que te aceitar você do jeito que é.
— Linda do jeito sonsa.
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Depois que Ale vai embora fico pensando em tudo o que já vivemos
juntos e sobre o que ele me falou. Acho que o mais importante foi a nossa
amizade. As meninas estão certas, o caminho mais curto para o coração dele
é a nossa amizade que por mim é mais que isso e para o Ale também já foi
um dia. Se ele não sentisse nada por mim não estaria com saudades das
nossas conversas ou preocupado pelo meu jeito de agir ou vestir. Esse será o
caminho que irei usar para chegar até o coração dele.
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CAPÍTULO 18 — EVA
Minha nossa senhora, mas que mês corrido do cão, nem parece que
faz mais de um mês depois daquela conversa com Ale no parque, tantas
emoções. Vou numerar os tops10 dos últimos acontecimentos.
1— Marcelo deu um pé na bunda na Dayana.
2— Mãe de Clarinha sofreu um acidente, Montanha foi ao seu
encontro.
3— Clarinha largou Marcelo.
4— Clarinha contou o que aconteceu no seu passado, eu fiquei
passada quando disse que a irmã a traiu com o ex, babado forte.
5A safada da sem coração de Clarinha quis nos abandonar e ir embora
para longe, mas nosso bom amigo camarada, salvador das amigas, Montanha,
encostou ela na parede e a fez enxergar a burrada que estava fazendo.
6— Clarinha com o rabinho entre as pernas foi atrás do seu grande
amor.
7— Marcelo, bicho esperto, não perdeu tempo, pediu Clarinha em
casamento, e já casou no mesmo dia, tudo isso com medo daquela safada
fugir de novo. Quem pode, pode, quem não pode, igual eu, fica feliz com a
alegria dos amigos.
8— Montanha enfim assumiu que ama a safada ruiva da Carol,
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menina esperta.
9— Montanha começou a investigar o acidente da irmã, ele não disse
ao certo, mas tem coisas seria ai.
10 - Eu continuo sozinha, Ale com a Camila. Vida que segue, mas
estou feliz, me amo acima de tudo.
— Eva? — Clarinha me chama.
— Oi — digo levantando a cabeça e a olhando.
— Com quem está falando?
— Eu? — Clarinha está doida, estou aqui de boa deitada no seu
tapete, com minhas pernas para cima, enquanto espero ela tomar banho.
Esqueci de falar estou na casa da Clarinha também.
— Eva você está conversando sozinha?
— Eu não, estou aqui pensando. — Que louca só estou pensando, será
que ela começou a ler pensamentos?
— Você estava enumerando os últimos acontecimentos — informa
me olhando assustada.
— Estava enumerando os tops dez do mês. Você sabe, mês agitado,
muitas emoções. — Levanto do chão. — Clarinha você lê pensamentos? Sei
que faz parte do quarteto fantástico, mas a gente não tem poderes não.
— Sua doida, você estava falando de voz alta!
— Estava?
— Sim, estava falando um monte de coisas, repassando o que
aconteceu. Detalhe: ouvi você me chamando de safada sem coração.
— Então tá, finge demência, estava conversando sozinha — digo sem
dar muita importância. — Coisa feia, Clarinha, fica ouvindo os outros
conversando sozinha. Tem vergonha não, ficar ouvindo escondida? É muito
safada mesmo, para você não ficar triste é uma safada de bom coração.
— Eva, eu te chamei — diz indignada. — Você ficou ai falando
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— Para de ser burra, se era para descer e não desceu, e se você transa
e não usa camisinha ou outro meio contra conceptivo logico que está gravida
— afirmo.
— Não sei — diz dando uma de desentendida.
— Vamos por partes. Responda-me, você transa?
— Lógico, bastante.
— Me poupe dos detalhes sórdidos. Só responde às perguntas.
— Tá.
— Usa camisinha quando tem relação com seu gostoso?
— Não. — Balança a cabeça rindo.
— Usa anticoncepcional?
— Uso. — Anda pela sala. — Usava, mas esqueci de usar desde do
acidente da minha mãe.
— Então, vou ser tia, parabéns Clarinha. — A abraço. — Fiquei
sabendo primeiro, nem tente dar para a Carol batizar eu vou ser madrinha
descobri primeiro então eu sou a madrinha por direito. Agora sei o porquê
está linda desse jeito, nossa vai fica uma gravidinha linda, será que vai
parecer com você ou com Marcelo?
— Eva?
— Uma safada grávida...
— Eva!
— Precisamos montar o quartinho, quero comprar muitas roupas...
— Eva!
— Será que é menino ou menina?
— EVA! — Clarinha grita.
— O que foi? Está loucona.
— Você não para de falar.
— Fiz nada, já está nervosinha acho que são os homônimos. —
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Melhor fingir demência, ela não pode ficar nervosa. — Vem, Clarinha, senta
aqui, vou pegar um copo d’agua.
— Eva, eu estou gravida! — enfim ela confessa.
— Sabia não? Eu já tinha falado.
— Só te falei agora, como você sabia?
— Fica aqui quietinha. — Melhor não contraria-la. — Vou vestir uma
roupa, vou à farmácia busco um exame e você faz o exame, não faça força.
— Não precisa Eva, fiz o exame hoje de manhã.
— Vamos fazer outros para ter certeza — digo me levantando. —
Não faça força.
Vou para o quarto, pego minhas roupas na gaveta, me visto, acho um
absorvente perdido dentro da minha bolsa, sorte minha. Saio do apartamento,
entro na primeira farmácia que vejo e compro três testes de gravidez. Volto
para o apartamento de Clara e entrego os testes.
— Três? — questiona levantando a sobrancelha.
— Para não ter dúvida. — Dou de ombros.
— Eva, eu já fiz hoje de manhã. Estou grávida.
— Clarinha para de ser chata, quero ver o palitinho, já fiz minha parte
comprando os testes, entre naquele banheiro e faça logo esse exame.
— Ok, Eva. — Clarinha solta o ar. — Vou fazer o exame.
Ela entra no banheiro e eu sento na porta, quero ser a primeira a saber
o resultado, Montanha vai ficar com inveja porque sou a primeira a saber,
passei a perna nele, isso porque é todo cheio de mimimi com a Clarinha, vou
jogar na cara dele que fui a primeira. Carol também; passei a perna nela, sou
muito esperta.
Tudo bem que Marcelo já sabe, ele não conta muito é o pai afinal,
mas eu sou a tia e madrinha que é mais importante. Um bebê na vida de
Clarinha e Marcelo, nem consigo acreditar.
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— Clarinha? — chamo.
Ela abre a porta, está chorando. Grávidas são choronas, são os
hormônios.
— E ai?
Mostra-me o teste, mas eu não sei o que significa.
— Traduz Clarinha, só vejo um palito com dois risquinhos — digo.
— Nunca fiquei grávida, não sei. Sou perfeita, mas nem tanto.
— Grávida! — fala com um sorriso no rosto.
— Sabia! — digo, já chorando. — Parabéns Clarinha. — A abraço e
ela também chora. — Marcelo homem esperto casou, fez filho agora você
não foge mais.
— Não sei como isso foi acontecer, não esperava.
— Clara? — Olho para ela. — Como você é mentirosa, vive ai
transando com Marcelo e diz que não sabe como aconteceu, olha você sabe
sim sua safada.
— É eu sei — fala rindo. — Hoje foi uma manhã mágica, mas
fazendo de novo parece que as emoções da manhã voltaram com força total.
— Lógico que ficou emocionada, estou aqui do seu lado. Sou
especial.
— Eva você não existe.
— Gravidinha linda, preciso ir e jogar na cara do Montanha e da
Carol que eu fui a primeira a saber que vem vindo um bebezinho lindo.
— Segredo Eva, ninguém sabe, eu quero falar para eles.
— Gravidinha, preciso espalhar que vou ser tia/madrinha.
— Calma, quero esperar mais um pouco, quero curtir um pouco em
segredo — fala colocando a mão na barriga.
— Posso ajudar você a curtir essa barriguinha linda?
— Pode. — concorda rindo. — Pode curtir junto comigo — Eu ajudo.
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CAPÍTULO 19 - ALESSANDRO
— Camila, calma! — digo tentando me aproximar dela.
— FICA AI! — grita.
— Me dá essa faca — peço a faca que está em sua mão.
— Não! — Olha para mim. — Isso é por você ficar pensando naquela
sonsa. — Passa a faca no pulso fazendo um pequeno corte.
— Camila, não faz isso com você — peço falando baixo.
— Por que não? Eu não tenho nada a perder.
— Você tem a mim, Camila. Me dá essa faca, por favor — insisto.
— EU NÃO TENHO VOCÊ, DISSE QUE QUERIA UM TEMPO,
VOCÊ QUER ME LARGAR.
— Era só um tempo, para pôr as coisas em ordem.
— Isso é uma desculpa para me largar— acusa chorando. — Eu sei
que você não me ama. — Passa a mão no nariz retirando o resto do pó
branco.
— Você disse que não estava mais usando, que tinha parado.
— Não estava, mas eu vi você com ela ontem, e quando fizemos amor
você me chamou de Eva, você queria o que Alessandro? Me senti usada. —
Chora.
— Desculpa Camila, por favor, me dá essa faca.
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— Você vai me largar, e vai correr para ela, pode fazer isso
Alessandro eu não ligo.
Ela faz outro risco no pulso com a faca, o sangue surge do corte. Não
posso permitir que ela faça isso na minha frente.
— Não vou correr para ela.
— Você ama ela, eu sei.
— Nunca escondi isso de você Camila, eu amo a Eva, mas prometi te
ajudar. Prometi ficar do seu lado.
— Mas agora vai me largar.
— Não vou Camila, você é minha namorada, e vou cuidar de você —
digo me aproximando. — Dá a faca. — Estendo a mão pedindo.
— Vai cuidar de mim?
— Vou cuidar, eu sempre cuidei. Sempre estive ao seu lado, confie
em mim.
— Vai me largar? — pergunta tirando a faca do pulso.
— Não vou largar, vou ficar com você.
— Promete?
— Prometo.
Consigo retirar a faca da sua mão, e a abraço. Sempre é assim, estou
preso a Camila. Não consigo me separar dela.
— Vamos, vou cuidar de você. — A puxo para o carro.
— Meu pai não pode me ver assim, ele vai me bater — fala chorosa.
— Ninguém me ama, nem minha família.
— Vou te levar para a minha casa.
Dirijo para a minha casa, levo Camila para o meu quarto e dou um
banho nela. Faço curativos em seus pulsos, pego um calmante e a faço tomar,
espero ela adormecer, apago a luz do quarto e vou para a cozinha comer
alguma coisa. Estou exausto.
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Sento na mesa, não demora sinto um abraço, um dos únicos que pode
confortar meu coração nesse momento.
— Essa carga não é sua, meu filho.
— Eu sei. — Pego sua mão e a beijo. — Essa carga está bem pesada.
Tem vezes que acho que não vou conseguir.
— Ela tentou de novo? — Balanço a cabeça afirmando. — Meu filho,
ela faz isso porque sabe que você quer larga-la, isso é chantagem.
— Ela voltou a usar, mãe.
— Talvez ela nunca tenha parado.
— Não sei mais o que faço — digo passando a mão pelo meu rosto.
— Você precisa dar um basta, só nesse mês é a terceira vez que ela
tenta suicídio. Tenho certeza que se ela realmente quisesse se matar iria achar
uma forma bem perspicaz para isso. Principalmente, não ia fazer isso na sua
frente, ela está te usando.
— Estou cansado, estou com ela, disse que iria ajuda-la, mas não
pensei que iria ficar preso dessa forma. Estou tentando terminar esse namoro,
sempre tentei, mas cada vez que tento Camila tenta contra a sua própria vida.
— Ela faz isso porque sabe que você vai voltar atrás e ficar com ela,
Camila não é responsabilidade sua.
— Preciso fazer alguma coisa.
— Conte a verdade para os pais dela, cada dia que passa essa situação
fica pior, o tempo está passando, meu filho.
— Vou tentar leva-la em algum especialista...
— Filho, — me corta. — Você já fez tudo o que poderia fazer, não
fica se martirizando, nada disso é culpa sua. — Me dá um beijo no rosto e me
deixa sozinho.
Não sei mais o que fazer, só fica mais difícil eu sair dessa. Não quero
carregar a culpa da morte dela na minha cabeça, Camila sabe disso e usa a
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culpa contra mim, ficando assim difícil dar um fim em nosso relacionamento.
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CAPÍTULO 20 – EVA
Chego em casa cheias de sacolas e presentes, nem acredito que vem
vindo dois bebezinhos lindos, estou amando ser tia. Parece que sou eu que
estou carregando aqueles bebezinhos lindos.
— Eva, mais sacolas?
— São presentes, mãe, vou ser tia — falo orgulhosa. — Tia/madrinha.
— Você já disse menina, não precisa ficar repetindo isso toda hora,
Clara está grávida e você vai ser madrinha.
— Nossa mãe você está atrasada, vou ser tia e madrinha duas vezes.
— Clara está gravida de gêmeos?
— Não, mãe, é um bebezinho da Clara e um bebezinho da Carol. —
Mostro dois dedos para ela. — Dois bebezinhos lindos.
— Carol está grávida?
— Está mãe, estou tão feliz. A gente descobriu hoje, ela passou mal
na casa da Clarinha, fui ajudá-la a tomar banho e a derrubei no chão do
banheiro, bateu a cabeça e espalhou sangue para tudo que foi lado. Pensei que
tinha matado minha amiga, mas não foi por querer ela é pesada. Sorte que
Marcelo chegou na hora e nos levou para o hospital, ai veio o veredito.
GRÁVIDA, Montanha nem sabe ainda, ele chega hoje de viagem ai ela vai
fazer uma surpresa. Vou jogar na cara dele que fiquei sabendo primeiro.
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CAPÍTULO 21 - EVA
Carol começou bem o papel de namorada traída e trocada, de início
foi até possível ver a cara de surpresa da Dayana, mas logo ela vestiu a
máscara de superioridade e atacou.
— Olha bem como você fala comigo, queridinha. Adriano me ama e
sempre me amou — Dayana fala.
— Adriano? — Carol questiona com os olhos cheios de lágrimas.
— Você era apenas um passa tempo — zomba Dayana. — Ele viu
que me livrei do Marcelo, e veio correndo para meus braços. Fazer o que é
duro ser linda e maravilhosa.
— Mas é iludida mesmo! — Mas é tonta mesmo, como pode ser tão
idiota? — Foi Marcelo que se livrou de você, piriputa — falo. — Agora está
feliz com Clarinha e daqui uns meses vai ser papai.
— Então está explicado, essa aí — Dayana fala apontando para
Clarinha — deu o golpe da barriga. Também, o que esperar de uma mulher
baixa e sem classe.
— Vou te mostrar quem é sem classe sua vaca no cio — Clara fala
indo para cima de Dayana, mas Marcelo a segura.
Bom, Clarinha está gravidinha, tenho que representar minha amiga.
Não vou deixar essa vaca ofender minha amiga e sair ilesa.
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fala.
Plaft! Desfiro um tapa na cara daquela puta.
— Pode deixar Carol, eu bato nessa galinha. Eu não estou grávida e
posso despenar essa galinha todinha — digo rindo dando uma rasteira, a
derrubando no chão igual uma jaca podre.
— Que isso sua doida encalhada — Dayana fala tentando se livrar dos
meus socos.
— Isso é para você não mexer com as minhas amigas, sua vaca —
aviso segurando seus cabelos e chacoalhando sua cabeça.
— ME SOLTA! — grita desesperada. — Vou processar você. Vou
acabar com vocês!
Isso só me faz rir mais e dar mais uns socos nessa galinha despenada,
estou adorando ver o seu desespero.
— Por mim você pode ir até na puta que pariu, que não estou nem
ligando.
A pego pelos cabelos e saio a arrastando. Enquanto ela segura minhas
mãos tentando se soltar.
— Para com isso, você está me machucando.
— Essa é minha intenção — digo rindo.
Será que essa galinha aprendiz a cobra não percebeu que quero
depenar ela todinha? Que idiota.
— Para! — grita.
Vejo uma poça de lama e uma brilhante ideia me surge.
— Cobra rasteja no chão. — Abro um sorriso diabólico. — Vou
esfregar a sua cara na lama para nunca mais mexer com minhas amigas e
também com meus sobrinhos.
Esfrego a cara de Dayana na poça de lama.
— Socorro! Alguém me ajude — grita enquanto eu esfrego a sua cara
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na lama.
— Cadê a valentona agora? Cadê a encalhada? Sua puta de beira de
esquina. Vagabunda! — xingo.
— Marcelo, faz alguma coisa — escuto Montanha dizer. Olho para
Marcelo com meu olhar de psicopata. Ele que não se atreva a vir separar.
— Eu não, ela mexeu com a minha esposa e meu filho, quero que ela
se foda — diz Marcelo. Menino esperto.
— Isso mesmo Eva, esfrega a cara dessa rameira na lama. Mexeu com
a pessoa errada — Clarinha agita, animada.
— Eva, já chega! — Montanha fala se aproximando.
— Por favor, Adriano, me ajuda — Dayana pede.
— O que foi Montanha, quer apanhar também? — pergunto brava,
mas não solto as mãos do cabelo de Dayana.
Sinto as mãos de Montanha em meu ombro.
— Eva, já chega! — pede novamente.
— Fazer o quê? Estraga prazeres. — Solto Dayana que fica jogada no
chão. —Quero deixar bem claro que é sobre protesto, pois ela merece mais
umas bofetadas.
— Tire suas mãos podres de cima de mim Montanha — falo brava,
para incrementar a cena. — Pensei que fosse meu amigo. NOSSO AMIGO
— grito. — Jogou a nossa amizade na lama quando decidiu voltar para essa
cobra.
— Você acabou sendo uma decepção para mim, Montanha — acusa
Carol.
— Tudo que passamos juntos. Agora nos abandonar, abandonar a
Carol grávida de um filho seu. Jamais pensei que você faria isso. Ainda por
cima abandonar o filho por causa dessa víbora que te largou e te deixou na
sarjeta — Clarinha fala. Mas essa doeu até em mim, ainda bem que é tudo de
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mentirinha.
— Eu me arrependo de tudo que fiz, Adriano. Eu sempre te amei, não
dê ouvidos para essas interesseiras que só querem te dar o golpe da barriga —
Dayana fala chorando. Não sabia que cobra chorava.
— Meninas, vocês precisam me entender — Montanha fala com
carinha de cachorro sem dono. Deu até uma dozinha.
— Cara, você errou feio. Abandonar uma mulher grávida, isso não é
coisa de homem — diz Marcelo.
— Darei tudo que meu filho precisar, só não posso ficar com ela —
Montanha fala, pelo que eu o conheço sei que está fazendo uma força
monstro para dizer essas palavras.
— Vamos embora, meninas, foi emoção demais para todos hoje.
Principalmente para você, minha linda — Marcelo fala dando um beijo em
Clara. — E para você também Carol, não fique triste eu sou homem
suficiente para cuidar de vocês três.
— Marcelo, você está ruim nas contas, ein meu filho, na verdade
agora somos cinco. Eu, Clarinha, Carol e meus dois sobrinhos lindos. Logo
seremos seis porque vou adotar um cachorrinho lindo. Não vai ser cachorro
de duas pernas, será de quarto mesmo — digo me aproximando e deixando
bem claro.
Saímos do parque, antes mesmo de entrar no carro, começamos a ter
um ataque de riso.
— Quero morrer amigo de vocês, se eu não soubesse jurava que tudo
aquilo foi verdade — Marcelo fala.
— Eva, obrigada por dar na cara daquela vaca — Carol agradece.
— Me senti realizada — falo rindo.
— Vamos logo meninas, ela não pode nos ver aqui — Clarinha fala.
Voltamos para o apartamento de Clarinha e rezamos para dar tudo
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certo, agora é com o Montanha. Se tudo correr bem aquelas duas hoje já
estarão presas e vão pagar pelos crimes cometidos.
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CAPÍTULO 22 — EVA
Montanha como bom moço levou Dayana para o apartamento dela,
prometeu várias coisas e a patinha caiu em nosso plano. Ele conseguiu
implantar as escutas na sala e cozinha, inventou uma desculpa e foi embora.
Não deu nem tempo dele chegar ao apartamento de Clarinha e as duas
cobras amantes já tinham confessado todos os crimes e já estavam até
planejando a morte do Montanha.
— Não estava combinado a ida de vocês três, quase enfartei —
Montanha fala assim que entra no apartamento de Clarinha.
— Viu como somos boas atrizes? Ela acreditou, é uma palhaça
mesmo — Carol fala rindo.
— Nossa, ainda bem que fomos, pude quebrar a cara dela. — Rio. —
Essa foi a melhor parte — acrescento, orgulhosa do meu feito. Clarinha e
Carol com certeza ficaram morrendo de inveja.
— Montanha, foi necessário, ela precisava de provas que você queria
voltar para ela, sabendo que nós estávamos contra você foi uma prova —
Clarinha explica.
— O importante é que deu certo, Camila já está no apartamento e elas
já confessaram tudo, já liguei para o meu pai mandei as gravações por e-mail
e o pedido de prisão das duas já foi pedido. Elas podem ser presas a qualquer
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CAPÍTULO 23 — ALESSANDRO
Essa tarde Camila estava diferente, disse que precisava falar com
Dayana e desde então não tenho notícias suas. Já liguei inúmeras vezes em
seu celular, mas ela não atendeu. Isso me preocupa, esses dias ela estava
abalada, tenho medo que ela tente novamente tirar a própria vida. Não vou à
sua casa para não preocupar seus pais, ou até mesmo causar outra briga entre
eles, eles têm um relacionamento difícil, visto que tudo é motivo de brigas ou
agressões.
Durante esse tempo juntos, ainda não consigo entender por que o pai
dela é tão rude, espera sempre o pior da filha, e a mãe aceita tudo em silêncio
como se se culpasse pela filha que tem. Muitas vezes vejo Camila como uma
criança crescida, carente, com emoções instáveis que precisa de carinho e
principalmente de ser cuidada. Durante esse tempo sacrifique minha própria
vida, a minha própria felicidade para tentar fazer a vida dela melhor.
Poderia ter virado as costas para ela?
Poderia seguir minha vida?
Poderia estar feliz com a Eva?
A resposta para todas as perguntas, é sim.
Sim, eu poderia fazer tudo isso sem me importar com a Camila e seu
destino que provavelmente seria a morte. Agora eu te pergunto. Como eu iria
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nessa casa, por ser esse bom rapaz não conseguiu enxergar quem era minha
filha...
— Ela é uma pessoa maravilhosa — falo o interrompendo.
— Durante anos acreditei nisso. — Dá um sorriso desanimado. —
Queria que Camila nunca tivesse crescido, que ela fosse sempre a minha
princesinha, infelizmente a princesinha cresceu e ela não era mais aquele
doce de criança. Mudou muito, não sei ao certo quando perdi minha filha,
mas ela se perdeu.
— Ela ainda é doce, só está um pouco perdida.
— Há anos Camila está perdida, ela é minha filha rapaz, apesar de
tudo eu a amo, mas sei a filha que tenho e ela não presta. — Ele segura as
mãos, seu olhar parece cansado. — No início da adolescência, as primeiras
pistas para a sua falta de carácter começaram a aparecer, Camila começou a
chegar em casa com coisas que não eram dela, atitudes suspeitas. Me negava
a acreditar, mas estava tudo ali, isso não é porque ela gostava de meninas ao
invés de meninos.
— Como? — pergunto confuso.
— Pelo visto ela mentiu sobre isso também. — Outro sorriso fraco.
— Como disse, conheço a filha que tenho, eu e a mãe dela vimos ela beijando
uma menina próximo a escola, mas ela nunca nos disse. Na época decidimos
dar espaço para ela confiar e contar, não íamos recriminar, era minha filha, é
a minha filha — sua voz está cansada. — Ela nunca contou. Pouco tempo
depois começou a andar com maus elementos, a chegar em casa cheirando
bebidas, com roupas de marca, sua mãe encontrou pacotinhos suspeitos em
suas coisas, mostramos para um conhecido e descobrimos que era cocaína. —
Passa a mão pelo rosto. — Você sabia sobre as drogas?
— Sim eu sabia, tentei a ajudar a sair disso.
— Conseguiu?
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CAPÍTULO 24 — ALESSANDRO
Hoje não é dia de visitas, mesmo assim consegui ver Camila, as
coisas que seu pai disse ficaram remoendo em minha cabeça. Ontem fiquei
isolado em meu quarto pensando em tudo, principalmente em suas atitudes.
A porta se abre e ela entra acompanhada de duas carcereiras, se senta
na minha frente.
— Oi — fala triste.
— O que aconteceu com você? — pergunto passando a mão em seu
rosto, que está todo machucado e com marcas roxas.
— Foi a minha recepção de boas-vindas.
— Não foram tão carinhosas com você — digo a olhando. — Está
doendo?
— Não tanto quando a minha alma — diz e uma lágrima escapa dos
seus olhos.
— O que aconteceu para você vir parar aqui?
— Seus amigos não te contaram?
— Não vejo nenhum deles há dois dias.
— Como ficou sabendo?
— Seu pai. Ontem fui à sua casa te procurar, estava preocupado, ele
disse que te encontraria aqui.
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de eu namorar você, assim as pessoas não iam desconfiar que nós duas
éramos um casal e foi o que fiz. Me desculpa.
— Você me usou — digo ríspido.
— Te usei, e se não tivesse sido presa eu continuaria te usando, não
me orgulho disso, todas as vezes que tentei suicídio era apenas para te
segurar. Eu te enganei esse tempo todo.
— Eu tentei te ajudar.
— Por isso estou te falando para que você possa seguir sua vida sem
culpa. Dayana sempre me dizia que para nós duas ficarmos juntas era
necessário fazer sacrifícios, e usar você foi um deles.
— Fiquei preso a você, me sentindo culpado, com medo que se eu
terminasse o namoro você faria alguma loucura. Abri mão da minha
felicidade por sua vida.
— Eu sei, eu usei tudo ao meu favor. Te usei e não nego, fui egoísta.
— Camila, eu sempre quis o seu bem, mesmo amando outra pessoa
estava com você.
— Eu sei, achei que isso que estava fazendo era em nome do amor
entre eu e Dayana, mas estava enganada. Nunca foi amor, a partir do
momento que entrei aqui dentro ela foi a primeira a virar as costas e tentar
jogar toda a culpa em mim, eu tenho culpa sim, eu a ajudei, mas quem fez
tudo foi ela, não eu. Ela queria que eu assumisse toda a culpa sozinha, pois
depois que saísse iria tentar me tirar daqui de dentro, meu pai chegou na hora
e ouviu tudo.
— Belo amor o seu.
— Eu estava cega de amor, meu pai me fez enxergar, ou teria aceitado
a proposta dela. Dayana se revoltou contra mim, aqui dentro se aliou com
uma das facções para ter benefícios e me abandonou, ela nunca meu amou.
Me desculpa pelo mau que eu te fiz.
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— Camila...
— Eu sei — me corta. — Se não puder não precisa me desculpar, fiz
muita coisa. Te obriguei da forma mais suja a ficar comigo, mesmo sabendo
que você sempre foi perdidamente apaixonado pela Eva.
— Você sabe que quando eu sair por essa porta nunca mais irei te
procurar, sacrifiquei muita coisa para tentar te ajudar.
— Pode me odiar, é o mínimo que você faz, não sou digna de
compaixão, de carinho ou amor, sou um nada. Estou aqui dentro porque eu
fiz muita coisa errada, estou apenas colhendo o que plantei. Vai atrás do seu
amor.
— É a primeira coisa que vou fazer ao sair daqui. Não sei se ela vai
me aceitar de volta.
— Se ela te amar, vai te perdoar.
— Ela pode nunca me perdoar, mas isso não vai diminuir o que sinto
por ela.
— Então não desista, faça ela ver o quanto a ama.
— Vou fazer — digo me levantando sem dar mais explicações.
— Me desculpe Alessandro, seja feliz. Se o amor for verdadeiro ele
nunca vai acabar, vai ficar guardado no cantinho só esperando a hora certa de
desabrochar.
— Adeus, Camila.
— Adeus, Alessandro. Vá em busca da sua verdadeira felicidade.
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CAPÍTULO 25 - ALESSANDRO
Saio do presídio sem olhar para trás. Fui usado, cai em um plano feito
um patinho, a verdade estava escancarada na minha frente, mas eu não quis
ver. Estava tão fissurado em salvar a vida de Camila que não consegui ver,
tantas vezes minha mãe falou: “Meu filho se ela realmente quer se matar ela
iria arrumar um jeito para fazer isso, não iria tentar na sua frente”
“A responsabilidade da vida da Camila não é sua”
“Converse com os pais dela, juntos vocês vão chegar em um
consenso”
“O tempo está passando, você está sacrificando sua felicidade por
uma culpa que não é sua”
O que me resta fazer agora é correr atrás do tempo perdido.
Sem pensar duas vezes dirijo para a casa da Eva, bato em sua porta e
ela abre.
— Sabia que eu vinha? — pergunto.
— Tinha certeza — fala soltando o ar dos pulmões.
— Vamos dar uma volta?
— Melhor não. Podemos conversar aqui em casa.
— Por favor, hoje eu preciso da sua amizade. Só uma volta.
— A amizade você sempre terá de mim — responde. — Vou avisar
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pergunta.
— A traição em si não está doendo.
— O que dói?
— Dói em saber que fiquei tanto tempo longe da pessoa que eu
verdadeiramente amo. Que parei minha vida para tentar ajudar uma pessoa e
foi em vão.
— Você a ama?
— Não — confesso. — Nunca amei Camila, seria incapaz de ama-la.
— Por quê?
— Porque. — Dou um sorriso fraco. — Meu coração sempre
pertenceu à outra pessoa, e o mesmo é incapaz de amar outra que não seja
ela.
— Se o seu coração ama tanto uma outra pessoa por que ficou
namorando tanto tempo a pessoa que ele não ama?
— Foi necessário.
— Necessário?
— Camila precisava de mim, não poderia deixa-la sozinha, era o que
eu pensava até ter a conversa de hoje com ela.
— Ale deixa ver se estou te entendendo. Seu humilde coração ama
outra, mas a sua cabeça, a sua consciência o obrigou a namorar durante tanto
tempo com Camila, pois achava que ela precisava de você é isso?
— Exatamente isso, pequena.
— Então Ale, a sua consciência tem que saber que por mais que
aquela assassina esteja errada, ela precisa de você mais que nunca.
— Não posso ficar com ela, meu coração não aguenta mais.
— Ale...
— Eva, eu fiquei com Camila tempo demais, agora não estou mais
com ela. Camila não é responsabilidade minha, o que tínhamos foi encerrado
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essa tarde.
— Você só descobriu isso hoje?
— Não, sempre soube, só não conseguia dar um fim antes.
— Só depois que ela foi presa?
— Hoje, descobri um lado que não existia na Camila, muitas coisas
foram faladas, agora estou livre e sem culpa.
— Que bom para você.
— Eva, quero dizer que te amo — digo olhando para ela.
— Você descobriu isso hoje?
— Não, pequena, eu sempre te amei.
— Jura?
— Juro, você é e sempre foi meu único amor.
— Você quer mesmo que eu acredite nisso?
— Não estou mentindo, sempre te amei.
— Ale, você acha que eu sou tonta?
— Você precisa entender Eva, é você que eu amo, é com você que eu
quero ficar.
— Ale, você quer que eu acredite que você me ama?
— Eva eu realmente te amo.
— Mas só descobriu agora depois que aquela assassina foi presa, Ale
eu confiei em você no passado, você quebrou meu coração duas vezes e te
juro que não vou deixar você quebrar uma terceira vez.
— Eva, me deixa provar que te amo — peço.
— Você não tem que provar nada Ale, é só seguir a sua vida e deixar
meu coração do jeitinho que está, sofri muito para colar os caquinhos que
você deixou por duas vezes e como já disse não vou colar pela terceira vez.
Não quero e não vou correr esse risco.
— Dê uma chance para nos dois?
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CAPÍTULO 26 — EVA
Viro as costas e vou embora, meu coração está acelerado, sempre
sonhei com o dia em que Ale se declarasse para mim. Nos meus sonhos eu
me jogava em seus braços e também diria que o amava, nós daríamos um
beijo apaixonado e nos amaríamos, mas na vida real as coisas acontecem bem
diferente. É o cumulo ele se declarar para mim, justamente depois que aquela
vaca assassina foi presa. Se ele acha que vou ser seu prêmio de consolação,
está muito enganado.
Amor próprio, amar a mim mesma antes de qualquer pessoa.
Não vou dizer que não o amo, pois amo e sempre o amei, mas eu me
amo acima de tudo, e não vou dar o braço a torcer. Safado, pensou que ia
dizer que me ama e eu iria pular em seus braços, está muito engando, mesmo
que era isso que eu queria fazer, fui forte e não fiz.
Caminhando de volta para a minha casa, perdida em meus
pensamentos, acabo me deparando com um cachorrinho chorando. Vou até
ele e o pego no colo, no mesmo momento ele para de chorar.
— Oi amiguinho, cadê o seu dono? — Olho para os lados para ver se
encontro seu dono.
Uma senhora que está sentada na calçada fala: — Moça, é um
cachorro de rua não tem dono não.
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— Como já disse, ele é e sempre será meu amigo, não tem nenhum
problema de ser meu par.
— Obrigada Evinha, você e Clara, minhas amigas e parceiras tem que
estar presente nesse momento da minha vida.
— Eu não estaria em outro lugar — digo indo abraça-las. — Amo
vocês!
Abraço coletivo é sempre bom, agora tenho Sandro para treiná-lo para
o grande dia da minha amiga.
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Capítulo 27 - Eva
Essas minhas amigas são bem apressadinhas, as coisas têm que
funcionar da seguinte forma: primeiro você namora, noiva, ai casa e tem
filhos.
Clarinha safadenha, não namorou, casou na velocidade da luz e
arrumou um bebezinho lindo. Carol foi mais apressada, engravidou primeiro
e hoje vai casar. Essas duas não sabem que tinham que namorar e depois
noivar só assim casar, mas são tudo atravessada. Pelo menos tivemos quinze
dias para planejar a festa de casamento da Carol, Clarinha apressada noivou e
casou no mesmo dia.
Agora estou aqui no belo vestido de madrinha com o Ale do meu lado
de padrinho. A música toca e lá vem à noiva, linda com um vestido branco
longo de renda, cabelos soltos, o brilho de seus olhos e a alegria do seu
sorriso contagia todos. A cerimônia do casamento do Carol e Montanha é
linda. Uma manhã de domingo, o sol está radiante para abrilhantar ainda mais
o casamento dos meus amigos.
Casamento lindo, festa perfeita e o padrinho do meu lado, vale
salientar que está lindo. Um dia pensei em casar com ele, mas foi apenas um
sonho, nunca iremos casar, nunca iremos ficar juntos.
O ponto alto da cerimônia até agora foi à entrada de Sandro com as
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alianças, deu trabalho de treina-lo, mas foi lindo ele entrando, até me
emocionei. Filhinho lindo da mamãe foi um sucesso.
Ale e eu conversamos bastante, ele sempre vem em casa e ficamos
horas conversando, depois de tanto tempo enfim caiu a ficha da minha mãe,
que Ale era aquele vizinho que morava na casa do lado. Como pode ser
desligada essa minha mãe? No meio de nossas conversas, algumas vezes ele
disse que me amava e pediu para lhe dar uma chance, porém a minha resposta
é sempre a mesma. “Você será sempre o meu amigo”. As meninas dizem que
estou sendo cruel, mas na verdade estou me preservando. O amor do Ale está
na cadeia, no xilindró, o dia que ela sair de lá provavelmente ele vai atrás
dela e os dois vão ficar juntos. Enquanto eu, estarei quebrada, portanto é
melhor ficar do jeito que está.
Falando em Camila ela me mandou três cartas, todas pedindo para
falar comigo, pois tem um assunto importante para dizer. Lógico que ignorei,
pois eu não tenho nada a falar com ela.
As meninas ficaram curiosas, assim como eu, para saber o que ela
queria tanto conversar comigo, mas ignorei. Não vou pagar para ver, na certa
ela está com medo de eu roubar o namorado dela.
— Evinha, planeta terra chamando — Clarinha fala.
— O que foi? — pergunto.
— Estava distante, eu e Carol falando e você nada.
— Pensando na vaca da Camila — falo. — Tenho curiosidade em
saber por que insiste em falar comigo.
— Também queria saber — instiga Carol.
— Querer saber, também quero, mas não aconselho você ir até lá falar
com ela — Clarinha fala.
— Eu não vou — digo determinada. — E vamos mudar de assunto,
hoje é dia de festa mais uma amiga minha se casou.
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— Nossa, estou tão feliz — Carol fala sorrindo. — Pensei que esse
dia nunca ia chegar, aquela Lesma ficou fazendo cu doce. Mas enfim ele caiu
na real e viu que não vive sem essa ruiva linda e maravilhosa que sou eu.
— Mas ele não tinha como ir contra você Carol — Clarinha fala.
— Não mesmo, era um jogo perdido para ele eu ganhei esse jogo há
muito tempo — Carol fala rindo.
— Ganhamos os nossos maridos em um jogo — Clarinha fala.
— Mas vocês duas não brincam em um jogo, ein — falo rindo. —
Viciadas.
— Adoro um jogo — zomba Clarinha.
— Eu também — Carol afirma.
— Era um jogo perdido para eles — digo. — A coisa boa é que nesse
jogo os dois lados ganharam.
— Ganhei Marcelo em um jogo de sedução.
— E eu ganhei Montanha em um jogo de desejo.
— Como não sou todo mundo eu não ganhei nenhum jogo, não sei
jogar — afirmo.
— O seu jogo não terminou, Eva — Clarinha fala.
— Não existe jogo meninas. Nunca existiu no meu caso.
— Você que pensa — diz Carol.
— Diferente do nosso, Evinha, o seu jogo é mais intenso. O nosso
começou com o desejo da carne, eu seduzi Marcelo depois me apaixonei,
Carol jogou com o desejo de Montanha depois se apaixonou. Seu jogo foi do
amor, você e Ale sempre se amaram, depois que veio o desejo e a sedução, na
relação dos dois o coração sempre esteve em primeiro lugar.
— Jogando com o Amor — Carol fala. — Esse é o seu jogo e do Ale.
— Um jogo que sempre estava fadado ao fracasso — falo. — Vamos
mudar de assunto? Meu jogo não é muito legal e nem teve um final feliz.
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Conheço essa voz, olho para o pequeno palco e vejo Ale com um
violão cantando e olhando para mim.
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O dia todo, o tempo inteiro Ouço tua voz, sinto o teu cheiro Canto
pra você, minha amada Minha coisa mais bonita Eu conto as horas pra te
ver (pra te ver) Pra ser Domingo todo dia com você (com você) Ficar na paz
e ser bem mais Do que a gente pensou que ia ser
A cada palavra cantada meu coração acelera. Olhar Ale cantando me
traz com força total tudo que sinto; todo o meu amor. Não vejo ninguém,
apenas ele cantando. Só existe nos dois e minguem mais.
Eva Você chegou junto com a primavera Me fez alguém bem melhor
do que eu era Você me trouxe o sol, me fez amar E ser feliz de novo Você é
tudo que eu mais queria E foi enchendo minha vida de alegria Tirou da
escuridão, meu coração Que agora é um mar de amor O dia todo, o tempo
inteiro Ouço tua voz, sinto o teu cheiro Canto pra você, minha amada Minha
coisa mais bonita
— Eva, eu te amo e quero que todos saibam disso — Ale diz ao final
da música.
Gritos e aplausos me trazem a realidade, vejo as pessoas em minha
volta e me dou conta que estou ao lado de Ale.
— Te amo, pequena — fala pegando minha mão.
Escuto os convidados gritando beija, lindos. Olho para o Ale e digo:
— Eu também te amo, Ale! — Seu sorriso surge. — Você sempre será meu
amigo, é a única coisa que eu posso te oferecer.
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CAPÍTULO 28 — EVA
Não acredito que estou aqui, só posso estar maluca, não é possível.
Mas como se diz o ditado, é melhor se arrepender da cagada que fez, do que
daquela que você não fez. Tudo bem que sei que vou me arrepender, mas
preciso ouvir o que esse ser quer me dizer. Ela sabe ser insistente.
Há quase dois meses Camila foi presa, o mais ridículo de tudo isso,
ela vem me mandando cartas e pedindo para que eu venha falar com ela.
Mais ridículo ainda é eu aqui na cadeia sentada a esperando no horário de
visita. Como sou idiota, mas não cabe na minha cabeça o motivo de tanta
insistência, em minha defesa, as meninas ajudaram na minha decisão, e como
elas não podem me acompanhar Marcelo está lá fora me esperando e
Montanha cuidando das gravidinhas lindas e claro do Sandro, meu filhinho
de quatro patas. Tão fofo.
Esse lugar me dá medo, tantas mulheres lindas presas. Estou no pátio,
os familiares trazem várias sacolas e comidas, eu não trouxe nada, apenas a
minha presença. Já estou fazendo muito em vir ver o que ela tanto tem para
me dizer.
Uma figura magra, loira, agora com cabelos curtos e olhos fundos,
com alguns hematomas no rosto, senta na minha frente. Eu até me assustei,
ela nem de longe parece a Camila que foi presa meses atrás, nem parece estar
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desconfiar, e isso gerou várias brigas dentro de casa. Sabíamos que nossa
família não ia aceitar, principalmente meu pai, foi quando Dayana começou a
namorar o Adriano, de início era só para despistar as desconfianças, mas
depois descobrimos que ele era rico e se ela conseguisse casar com ele iria
pegar uma boa grana e nos duas poderíamos fugir e viver juntas longe de
todos.
— Não sei por que, mas acho que esse plano ai não deu certo — falo
com desdém.
— Não deu, Adriano não queria casar, então Dayana descobriu que o
seguro de vida dele estava no nome dela e da irmã, ela encontrou um cara que
sabotou o carro dele. Ele e a irmã sofreram um acidente, como você sabe
quem morreu não foi ele.
— Não foi, mas pode ter certeza que uma parte dele morreu naquele
dia.
— Ficamos com medo de ser descobertas, então mudamos os planos,
Dayana conheceu Marcelo e largou do Adriano. Nesse meio tempo descobriu
que estava grávida, e o filho não era do Marcelo, então abortou a criança.
— Vocês duas são dois monstros — digo indignada.
— Eu fui egoísta, mesquinha, um monstro como você mesmo diz.
Agora sei disso, antes não sabia, fazia tudo em nome desse nosso amor.
Parecia tão certo, tínhamos que fazer sacrifícios para ficar juntas, e eu fazia.
— Que amor satânico esse, ein.
— Ainda não acabei — fala com lágrimas nos olhos. — Dayana
continuou o namoro com o Marcelo, a família dela tinha aprovado então eles
não desconfiavam de nós duas, já meu pai sim, e as brigas e agressões em
casa eram cada vez mais frequentes e Marcelo não falava de casamento. Até
que um certo dia meu pai me bateu e me humilhou e eu decidi ir para uma
festa. Usei drogas em quantidade suficiente para sofrer uma overdose, queria
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CAPÍTULO 29 – EVA
— Obrigada por me contar.
— Não precisa agradecer, obrigada você por vir até aqui — Camila
fala se levantando. — Viva seu amor e seja feliz. — Me dá as costas e se
mistura no meio das outras detentas.
Levanto-me e saio da penitenciaria, chego no carro e entro. Tudo que
Camila falou está martelando em minha cabeça.
— Tudo bem, Eva? — pergunta Marcelo.
— Me leva para a casa do Ale — é a única coisa que consigo falar.
Preciso ver se tudo isso realmente é verdade, ou apenas mais um
plano de Camila para me machucar. Marcelo entende meu silêncio e o
respeita não puxando assunto.
Preciso ver essas cartas, preciso ler elas.
Assim que ele estaciona na frente da casa do Alessandro, saio do
carro não falando nem obrigado. Aperto a campainha, e a mãe dele abre a
porta, tem um sorriso simpático.
— Oi Eva, tudo bem? Entre querida — diz dando espaço para eu
entrar.
Não falo nada, acho que ela percebeu que estou nervosa. Entro na
casa, dou uma olhada em volta, procurando por ele, preciso saber se tudo é
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verdade.
— Está procurando o Alessandro? — ela me pergunta e eu afirmo que
sim em um balançar de cabeça. — Ele saiu, querida. — Ela consegue ver
meu olhar de decepção. — Mas se você quiser pode esperar no quarto dele,
ele não vai demorar. Você sabe o caminho.
— Obrigada!
Vou para o quarto do Ale, fecho a porta, coloco minha bolsa em cima
da cama, e vou até a escrivaninha, pego a caixa que Camila tinha me falado e
me sento na cama.
— As respostas para todas as minhas perguntas estão aqui dentro —
digo passando a mão sobre a tampa da caixa.
Abro a caixa...
Vejo várias cartas, dezenas, centenas de cartas. Passo a mão por elas,
fecho os olhos, pego uma aleatoriamente e a abro.
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— Tinha vergonha.
— Camila?
— Quis apenas ajudá-la, mas com isso fiz você sofrer, eu sofri, mas
ela ficou viva. Ela me usou, pegou na minha culpa, mas agora não é mais
responsabilidade minha. Eu nunca a amei. Só quis ajuda-la.
— Ela me disse.
— Você falou com ela?
— Sim, ela se arrepende por tudo o que fez, me convenceu a ir vê-la,
e me disse como tudo aconteceu. Me contou das cartas, tive que vir ver com
meus próprios olhos, você nunca falou nada, sofri muito, não poderia deixar
você me quebrar de novo.
— Eu te amo, pequena, sempre te amei. Nunca se passou um segundo
da minha vida que eu deixei de te amar você.
— Eu sei, acho que meu coração sempre soube, mas minha cabeça se
recusou a acreditar.
— Pequena. — Se aproxima e pega a minha mão. — Quando estava
na clínica de recuperação em um dos murais tinha uma frase de Chico Xavier,
essa frase e os pensamentos em você me acompanharam desde então.
— Qual a frase?
— Embora ninguém possa voltar atrás e fazer um novo começo,
qualquer um pode começar agora e fazer um novo fim. Eu não posso mudar
tudo que aconteceu pequena, mas eu posso fazer diferente a partir desse
momento. Por favor, fica comigo. Me dê a oportunidade de mostrar e provar
a você o quanto a amo.
— Sim — falo chorando.
— Eu te amo, pequena, sempre te amei, nunca se passou um segundo
de minha vida que eu deixei te amar.
— Eu também te amo.
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FIM....
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EPÍLOGO
Lembre-me que no dia do casamento da Carol estava dizendo que
minhas amigas eram apressadinhas, que pulavam tudo, que primeiro tinha
que namorar, noivar, casar e ter filhos. Clarinha casou e rapidamente
engravidou, Carol engravidou e casou, detalhe, nenhuma namorou.
Bom, vocês devem estar se perguntando e eu? Se depois que me
acertei com Ale se nós namoramos, noivamos, casamos e tivemos filhos. A
resposta é não.
Eu e Ale não poderíamos quebrar a tradição, pulamos a parte do
namoro, pois é perda de tempo. Então em menos de uma semana casamos,
uma cerimônia simples, mas cheia de emoção. Se fechar os meus olhos
consigo reviver as emoções de um dos dias mais importantes da minha vida
Caminho lentamente o pequeno trajeto até o modesto altar montando no
quintal da casa de Clara e Marcelo, eles nos emprestaram seu lugar especial
para o nosso dia especial.
Minhas amigas são as minhas madrinhas, estão lindas enlaçadas nos
braços de seus respectivos maridos.
Não teve marcha nupcial, quem canta é Ale....
— Pequena? — me chama fazendo-me voltar para o presente.
— Oi — digo o olhando.
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— Posso saber o por que estava com esse sorriso tão distante?
— Pensando no dia do nosso casamento, o meu marido cantando para
mim.
Eu não te amo como ontem, começa a cantar.
Amo mil vezes mais Me conte os teus segredos, mostre os teus sinais
E se me perguntar qual é o seu defeito Ainda não sei Te amo e nada mais
— Amo que cante para mim, amo essa música.
Essa música foi a que ele cantou no dia do nosso casamento, e sempre
ele canta, a cada dia me ama mais, por incrível que pareça eu também, a cada
dia que passa o amo mais e mais.
— Te amo, pequena.
— Eu também. — O beijo.
— Mamãe, mamãe. — Mãozinhas delicadas puxam meu vestido.
— Minha filha. — digo.
— Mamãe, o Enzo disse que o nivesalo é só dele, é mentila mamãe é
meu também.
— O aniversário é seu e o do Enzo, Maria Clara — falo rindo, esses
dois brigam igual irmãos não é à toa que ambos nasceram no mesmo dia.
— Vamos cantar parabéns. — Ale fala pegando nossa filha no colo.
Diferente das meninas, demorei um pouco para engravidar, um ano e
meio depois de casada. Quando descobri que estava grávida Carol já estava
esperando o segundo filho, quando ela entrou em trabalho de parto fiquei tão
nervosa que Maria Clara nasceu no mesmo dia. Hoje é sua a festinha de
aniversário de três aninhos. Clarinha, egoísta, é a madrinha de Enzo e Maria
Clara. Era para ser eu a madrinha do Enzo, mas ela disse que não, pois já era
Madrinha da Mariane, fiquei com dó dela e deixei ser madrinha do Enzo, sou
uma pessoa boa.
Depois de cantar parabéns, Marcelo e Ale ficam brincando com as
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