Você está na página 1de 233

Copyright 2023 © Alda Carvalho

Betas: Joyce Ribeiro e Mayara Tonetto

Revisão: Gláucia Padiar

Diagramação: Alda Carvalho

Capa: One Minute Design

Todos os direitos reservados. Nenhuma parte desta obra


poderá ser utilizada ou reproduzida em qualquer meio ou forma,
seja ele impresso, digital, áudio ou visual sem a expressa
autorização por escrito do autor. A não observância destas
condições pode incorrer em penas criminais e ações civis.

Para solicitar permissões de reprodução, escreva para


alcarvalhoautora@gmail.com
NOTA DA AUTORA

É com muita alegria que trago mais um livro para vocês


depois de uma longa ressaca de escrita. Oliver e Belle representam
meu retorno com muitas histórias de agora em diante.
Espero que curtam o começo dessa turminha animada que está
chegando. Rendido pela Minha Sócia é só o início de uma nova
jornada.
NOTA DE REVISÃO

A revisão segue as regras do novo acordo ortográfico, todavia


em alguns momentos os diálogos foram preservados de acordo com
o falar do personagem. Palavras estrangeiras foram devidamente
destacadas e quando necessário contam com nota de tradução.
Algumas palavras destacadas indicam a forma coloquial de se
comunicar.

Se porventura houver erros de digitação e ortográficos, peço


encarecidamente que entrem em contato com a autora para que
estes sejam corrigidos. Agradeço a compreensão de todos e boa
leitura.
SINOPSE

Strangers to Lovers – Co-Workers – Vizinhos – Amor Proibido


– Diferença De Idade – Found Family

Ele é sério e frio, como um bloco de gelo.

Ela é tão doce quanto os brigadeiros que faz.

Oliver é um nerd safado.

Belle é a patricinha virgem.

O CEO não quer relacionamentos.


Sua nova sócia tem medo de se envolver com um cafajeste
assumido.

Ambos têm um passado que os assusta.


Oliver Megalos é um dos donos da Hórus Techies e só pensa em
trabalho. Nas horas livres, pratica artes marciais e dá asas ao seu lado
mulherengo.

Belle Durand trabalha na empresa de investimentos do pai e nas horas


vagas lê livros de romance, inclusive aqueles mais quentes.
O caminho dos dois se cruza quando o pai dela resolve investir na
empresa de tecnologia dele. A atração é mútua, mas Belle foge quando uma
proposta é feita.

Negócio firmado, Belle sai da França e vai para Nova Iorque


acompanhar de perto o projeto em comum. Conviver mais perto com aquele
que a atraiu não estava em seus planos.

Será que vão resistir à atração latente que consome os dois?

Como vão reagir quando descobrir que o passado pode estar mais
próximo do que imaginam?
ÍNDICE
SINOPSE
PRÓLOGO
CAPÍTULO UM
CAPÍTULO DOIS
CAPÍTULO TRÊS
CAPÍTULO QUATRO
CAPÍTULO CINCO
CAPÍTULO SEIS
CAPÍTULO SETE
CAPÍTULO OITO
CAPÍTULO NOVE
CAPÍTULO DEZ
CAPÍTULO ONZE
CAPÍTULO DOZE
CAPÍTULO TREZE
CAPÍTULO CATORZE
CAPÍTULO QUINZE
CAPÍTULO DEZESSEIS
CAPÍTULO DEZESSETE
CAPÍTULO DEZOITO
CAPÍTULO DEZENOVE
CAPÍTULO VINTE
CAPÍTULO VINTE E UM
CAPÍTULO VINTE E DOIS
CAPÍTULO VINTE E TRÊS
CAPÍTULO VINTE E QUATRO
CAPÍTULO VINTE E CINCO
EPÍLOGO
BÔNUS
AGRADECIMENTOS
OUTRAS OBRAS
Para todas aquelas que sonham com um

Príncipe encantado.
Cuidado!

Ele pode vir como um

Sapo.
PRÓLOGO

DEZESSEIS ANOS ATRÁS


Era um dia de sol na fazenda onde eu morava, perto da fronteira entre
a França e a Alemanha, quando descobri que as pessoas que me tratavam
como bicho não eram meus pais biológicos.
Eu estava, como sempre, fazendo o almoço — algo incomum para
uma menina de oito anos, mas não para mim — quando escutei gritos e tiros,
como se fossem fogos de artifício, embora duvidasse que fossem tão
coloridos quanto. Meu pai gostava de atirar e eu sabia bem a diferença.

Sem pensar muito, corri para meu quarto, que era próximo à cozinha,
nos fundos da casa e entrei embaixo da cama.
O barulho assustador continuou por pouco tempo, até que tudo cessou.
Mesmo assim, o medo que senti me deixou tremendo e não consegui sair do
lugar, mesmo que estivesse escuro.
Em uma rapidez maior do que meu cérebro poderia processar, senti
uma mão grande em meus pés que me puxou para fora da cama. Eu só
consegui fechar os olhos e gritar.

— Achei a garota — alertou uma voz grave e meu medo aumentou. O


que queriam comigo? Eu não era nada, como meus pais diziam.
— Ei, mocinha, agora você está segura. — Abri o olho direito ao ouvir
uma voz mais suave e dei de cara com uma policial, vestida como aquelas
que eu via na televisão, pois nunca saí da fazenda para nada. Não ia à escola
e tampouco sabia ler ou escrever.

Ela me abraçou e acariciou minhas costas. Seu gesto me fez chorar


com um certo alívio, mas também me contorci, pois ainda estava ferida de
mais cedo, quando demorei para me levantar.
— Está doendo? — me questionou e eu não respondi, pois prometi que
nunca contaria nada. Mas ela é insistente e fui virada de costas, tendo parte
do meu corpo, a que nunca poderia mostrar, exposta.

— Não se preocupe, eles não vão mais incomodar você — sua voz
soou indignada e achei tão difícil isso acontecer. A vida toda, eles estavam
ali comigo.
Eu só conhecia a eles, a quem eu só poderia chamar de senhor e
senhora, nunca de pai e mãe.

— Achou mais alguém na casa? — o policial perguntou e a moça


negou olhando para mim.
— Além daquele casal, mora outra pessoa aqui? — a policial
questionou e foi a minha vez de negar.

— Já veio alguém aqui antes? — o homem que perguntou.


— Sim, mas nunca vi. Nessas horas, eu estava proibida de olhar na
janela. — Fui sincera, ganhando um pouco mais de confiança nos dois.

— Vamos levar a menina pelos fundos. Ela não precisa ver a bagunça
que fizemos na sala. — O homem que me puxou foi firme e a policial
acenou positivamente.
Eles não perderam tempo e fui levada para um carro, nos fundos da
casa.

— Você vai para Paris, onde uma moça que cuida de crianças como
você vai te ajudar. Espero que consiga pais decentes dessa vez. — Estremeci
com a fala da mulher gentil. Como assim “pais decentes”?
— Onde estão meus pais? — sussurrei baixinho para ela, que entrou
no carro comigo.

— Aqueles dois não são seus “pais”. — Me aconchegou em seus


braços. — Foram para o céu, mas vamos encontrar alguém decente para
cuidar de você. Quero que seja feliz. Sabe seu nome? Como te chamavam?
— De “menina”, mas gosto de Belle. Vi num desenho na televisão
uma princesa que se chamava assim e gosta de ler.

— Eles te ensinaram?
Neguei com a cabeça.

— Pois seu nome será Belle de agora em diante e os livros vão ser sua
companhia. — Senti verdade em suas palavras.
— Será que foram eles que a sequestraram? — O homem se sentou à
frente do volante, voltando a deixar o clima pesado.

Sequestraram? Sinto minha cabeça girar.


— Ainda não sabemos. Talvez tenham sido pagos para cuidar da
garota até ela ser útil. — A moça percebendo meu estado somente sussurrou.
Só que eu consegui escutar.

— Canalhas! Espero que ela consiga encontrar os pais verdadeiros. Só


tem um problema: ela pode ser de qualquer lugar do mundo.
Pais verdadeiros? E aqueles que cuidaram de mim? Quem são? Será
que o mundo é grande?

Não demorou para eu descobrir que meus salvadores eram da Interpol


e que a mulher se chamava Sophie. Ela cumpriu muitas promessas e se
tornou uma grande amiga.
CAPÍTULO UM

LAS VEGAS, DIAS ATUAIS...

Ando de um lado para outro, tenso. O que estamos prestes a fazer é


algo que pode mexer com meu mundo, minha vida.

— Me confirma por que vamos abrir nossa empresa para capital


francês?
Posso parecer paranoico, mas não me importo. Só confio cegamente
em meu melhor amigo, que está bem mais tranquilo que eu.

— Para satisfazer seu desejo de construir um carro de luxo que dirija


sozinho e seja o mais inteligente do mundo? — Noah me olha irônico e pega
um copo de Whisky na cristaleira da suíte do hotel onde estamos.
— Tem certeza de que essa empresa é segura? — Estendo um copo
para que também me sirva.

— Sim, chequei mil vezes. Os Durand são uma empresa familiar de


investimentos: o pai, Jean e seus dois filhos. Todos, incluindo a esposa dona
de casa foram avaliados pelo nosso setor de segurança. Estão limpos e sem
problemas com a justiça.

— Espero que sim, Noah. Quero muito desenvolver esse novo projeto.

— Não se preocupe, Olie. Seu novo brinquedinho vai ser um sucesso.


Os franceses são loucos por carros e essa é a motivação real deles. Agora,
que tal aproveitarmos a piscina desse hotel, ou melhor, o sol de Las Vegas?
Não, melhor ainda, as mulheres!

Sorrio cheio de boas intenções, pois ainda faltam algumas horas para
eu encontrar os Durand.

— Será que eles são pontuais? — Noah aparece no meu quarto,


vestido a rigor, afinal estamos indo para uma reunião que pode terminar no
cassino. É um milagre ele estar pronto primeiro que eu.
— Os britânicos são os que levam isso a sério, mas é bom fazermos
nossa parte. Eu quero muito que esse projeto dê certo. Além de vendermos
muito para gente com dinheiro, imagine a utilidade que teremos ao não
usarmos nossas mãos para isso. — Faço o contorno das curvas de uma
mulher.

— No final, tudo que você quer é uma boa foda. — Noah gargalha.
— Ahh, e você é o sócio santinho?
— Só durante o expediente. — Noah deixa subtendido.

Ele não está mentindo. Somos parceiros de negócios desde que


adquirimos a maioridade e resolvemos investir na área de tecnologia, eu com
a parte técnica e meu amigo com a administração, embora um sempre saiba e
dê palpite no trabalho do outro. Fundamos a Hórus Techies, em Nova Iorque,
há cinco anos e de lá para cá, crescemos muito. Quanto à vida social, somos
discretos, mas aproveitamos bastante, como todos os solteiros bilionários.
— Noah, voltando ao assunto dos Durand, sabe que é a primeira vez
que recebemos investimento de qualquer pessoa ou empresa. Me fale mais
sobre eles.

— Entendo sua insegurança, Olie. Eles são uma empresa


superconceituada na Europa. Contam com um alto time de especialistas. Os
Durand só aparecem pessoalmente quando é algo grande.
— Esse é o nosso caso. — Respiro fundo, me sentindo mais tranquilo
com essa informação. — Me conta mais.

— Meu contato foi com Victor, o filho mais velho, e senti bastante
confiança nele. Eles parecem ser uma família bem discreta, ninguém tem
uma rede social e raramente vão a eventos. Conseguimos algumas fotos da
família na Vinícola que eles têm. Lá também é um local de equitação.
— Está com elas aí? — Gosto de ter uma visão de quem vou
encontrar.

— Tenho essa, do pai e do Victor. — Noah me mostra a tela do seu


celular. — A da esposa e da filha deixei com o pessoal da segurança.
— Filha? Pensei que eram filhos homens. Já vi que ela deve ser feia,
para você não ter salvado no seu celular.
— Não sou maluco de misturar negócios com prazer. — Sorri
enigmático. — Belle Durand é linda. Vai poder comprovar hoje. Só não
trouxe porque queria te fazer uma surpresa.

Olhei-o atravessado. Não era de hoje que Noah Walker gostava de me


pregar peças. Talvez tenha começado quando ainda éramos crianças e ele
colocava sapos em minha cama, enquanto nossos pais farreavam em outros
cômodos da casa. Poderiam pensar que viraríamos inimigos porque eu
revidava, mas no final dávamos gargalhadas das nossas brincadeiras. Nos
tornamos irmãos do coração em uma infância que tinha tudo para ser
solitária.
Resolvo tomar à frente e saio da minha suíte. Noah me acompanha a
passos largos e toma a dianteira em chamar o elevador ao chegar primeiro
que eu.

— Hoje teremos uma conversa informal. Acho que é coisa de francês,


de querer conhecer alguém antes de fechar negócio — Noah comenta
quando entramos no elevador.
— Confesso que me sinto mais tranquilo assim. Se tudo der certo, eles
vão conhecer tudo...

— Menos aquele nosso projeto — Noah me interrompe.


A máquina de metal se abre e não falamos mais nada. A última frase
do meu amigo me faz respirar aliviado para dar seguimento à reunião.
Vamos em direção ao restaurante onde combinamos o encontro com os
Durand.

A recepcionista nos atende e somos levados até uma mesa vazia.


Somos os primeiros a chegar e acredito que isso conte a nosso favor.
— Será que eles vão querer ir ao cassino? — Noah me tira dos
pensamentos.

— Acredito que sim. Os franceses tendem a saber como aproveitar a


vida, mais até que nós americanos. Mesmo que eles não queiram ir,
combinei com aquela ruiva que conheci na piscina de nos encontrarmos lá.
— Sim, a amiga dela me disse.

— Nossa noite tem tudo para ser maravilhosa. — Sorrio matreiro.


— Primeiro os negócios e depois a diversão, como sempre.

— Noah Walker? — o mesmo homem da foto que meu amigo me


mostrou o chama, com sotaque acentuado. Nossos convidados chegaram e
todos são apresentados, menos...
— Minha filha Belle vai demorar mais alguns minutos. Se atrasou
trabalhando — o pai se justifica e eu fico imaginando que ela não deve ser lá
essas coisas. Provavelmente, precisou de mais tempo no salão para ficar um
pouco mais apresentável.

— Sem problemas. Esperei vocês para escolher o vinho, afinal são


donos de uma vinícola. — Noah olha amistoso para nossos convidados. Meu
sócio é quem tem a maior habilidade social. Eu sou o nerd, que só entende
de programação e mulheres.
— Aceitamos a responsabilidade. — Victor chama o garçom.

Pai e filho entram em uma linguagem só deles, com termos técnicos


que nunca vou entender, até que escolhem um vinho. Todos são servidos.
Assim que dou o primeiro gole, como um magnetismo, meu olhar vai
para um mulherão que despontou no salão. Cabelos castanhos claros, quase
loiros, sorridente, me fazendo encarar lábios grossos e desejosos, pintados
com um rosa discreto. Ela ainda tem um corpo violão, coberto por um
vestido preto, que me deu vontade de tirar. Me remexo na cadeira, sentindo o
volume no meio das minhas pernas acordar.

Logo numa reunião de negócios?


A mulher me encara por alguns segundos, se aproximando da nossa
mesa. Quando desvia o olhar para os Durand, não tenho mais dúvida que
aquela é Belle, a mulher que eu tinha a opinião bem diferente até alguns
minutos atrás. Noah me dá um sorrisinho discreto, pois sabe bem do meu
pensamento anterior e do presente.

Meu sócio se levanta primeiro e o sigo para cumprimentá-la. Quando


nossas mãos se tocam, sinto uma eletricidade diferente, como se algo me
puxasse para ela. Nos olhamos no mesmo instante e decido que quero essa
mulher na minha cama ainda hoje. Preciso descarregar esse tesão repentino
que senti por Belle Durand.
— Vamos nos sentar? — Noah pigarreia, me olha de canto e eu tenho
certeza que demorei demais admirando nossa possível sócia.

Todos se sentam novamente. Belle fica entre a mãe e Noah, que logo
engata uma conversa amistosa com a mulher que desejo.
Se senti ciúmes? Óbvio que não. Meu amigo e eu temos um acordo de
nunca atravessar a conquista do outro, a não ser que haja um acordo mútuo e
ela queira nós dois na cama.

A conversa se generaliza na mesa sobre vinhos e percebo que os


Durand são bons entendedores do assunto. Belle é muito inteligente, além de
linda. Claro que vez ou outra nossos olhares se cruzam, mas não ultrapasso
nenhum limite durante o jantar.
Eu preciso desse investimento!
O papo também vai para o lado pessoal. Somos questionados por
Marie Durand se temos namorada.

— Ainda não encontramos a mulher certa, senhora — Noah que


responde, todo educado. Mas eu sei que ele queria responder o quanto gosta
de ser solteiro e ter todas.
— Espero que consigam boas esposas. — Ela é simpática e eu fico
pensando se quero realmente uma. Sempre tive péssimas visões de
casamento com meus pais e os de Noah fazendo orgias dentro da nossa
própria casa.

Quando terminamos a reunião informal, Jean nos chama para ir ao


cassino, mas antes, combina nosso próximo encontro para amanhã à tarde.
Nos levantamos da mesa e dou um jeito de ficar ao lado da mulher que
quero hoje. Até da ruiva da piscina me esqueci, diante do espetáculo a minha
frente.

— Então, você é a Belle Durand. Ouvi falar muito de seus talentos. —


Mentira. Até há poucas horas nem sabia da sua existência.

— Sério? Ouviu o quê? — Sorri angelical.

— Que sabe conduzir muito bem um negócio — generalizo para não


me embananar. — Além de linda, algo que deduzi por mim mesmo. — Pisco
para ela, que fica com as faces coradas e coloca o cabelo atrás da orelha para
disfarçar. Sorrio internamente.

— Acho que podemos nos dar bem como sócios — continuo, falando
a última palavra bem devagar. Pena que a garota não me olha diretamente
para saber sua reação.

Essa noite está sendo surpreendente com meu novo alvo.


— Oliver, qual seu jogo favorito? Descobri que Noah gosta de pôquer
— Victor me pergunta antes que eu faça um novo movimento em sua irmã.

— É o mesmo. Costumamos jogar em dupla. Só não gosto de disputar


somas altas. Para a gente, é apenas diversão.

— Nada tem a ver com o dinheiro — meu amigo complementa e


Victor concorda antes de entrarmos no cassino.

Jean me chama para irmos à roleta e eu me disperso de Belle. Calma,


Oliver, a noite ainda é uma criança. Por isso, resolvo me divertir e percebo
logo que Victor, mesmo sendo o cara discreto pelas investigações feitas por
Noah, é tão safado quanto a gente.
Semelhante reconhece semelhante.

Assim que percebo meus companheiros distraídos, resolvo procurar


Belle. A encontro no bar, tomando um drink. Me sento ao seu lado, dando
uma piscadinha e peço um Whisky.
— O que faz sozinha aqui? — Faço minha melhor cara sedutora.

— Não sou fã desses jogos de azar, Sr. Megalos? — Dá de ombros. —


E você? O que faz aqui? A noite ficou chata?

Humm, fingindo indiferença.

— Para você, apenas Oliver. — Sorrio e toco em seu cabelo. Resolvo


logo ser direto. — Minha noite só pode melhorar. Depende apenas de você.
— Me aproximo mais, olhando em seus olhos, que se arregalam.
CAPÍTULO DOIS

Oliver Megalos, sua fama te precede. Nem sei porque estou tão
surpresa com a proposta. Homens safados reconheço logo, pois meu irmão é
exatamente do mesmo jeito, embora bem mais discreto do que esse sentado
ao meu lado.

— Eu não sou como as mulheres que você sai, Sr. Megalos — enfatizo
o sobrenome para deixar clara a minha posição. Me afasto dele e do seu
toque que me deixou sem jeito. Mais cedo, senti como se uma corrente
elétrica percorresse meu corpo quando nos cumprimentamos e agora, só dele
me olhar.
— Óbvio que não é. Provavelmente será minha sócia. Nunca misturei
trabalho e prazer, mas seu jeito mexeu comigo, Belle. Quero você em minha
cama hoje. Prometo que não irá se arrepender. — Se inclina em minha
direção, nos deixando mais próximos. Tão próximos que sinto seu hálito da
bebida que pediu.
— Acho que não entendeu, não sou o tipo que cai de cama em cama,
Sr. Megalos — repito o sobrenome para irritá-lo e uma pequena inclinada
dos seus lábios para a esquerda, me mostra que consegui meu intento.

Quero que ele desista logo de mim para poder voltar ao meu quarto e
terminar um romance que estava lendo em meu kindle quando meus pais me
obrigaram a ir a esse jantar. Achei que só precisava ir à reunião final.

Se me perguntarem se prefiro ler a sair, a primeira sempre será a minha


escolha, menos se for para estar com minha família ou com Sophie. Mas não
faço feio quando preciso socializar.

— Sei que não, mas entendo que tem suas necessidades, assim como
tenho as minhas. Sendo discretos, não vai ser problema para ninguém. —
Pisca de um jeito que seus olhos verdes quase me hipnotizam.
— Sou virgem, Sr. Megalos — solto logo a verdade para me livrar
dessa conversa desconfortável.

— Ok, até aceito esse papinho de “não cair de cama em cama”, mas aí
ser virgem?
— Não é “papinho”. — Me levanto e ele também.

— Quem é virgem após os catorze anos hoje em dia? — Seu olhar é


incrédulo e até que não tiro sua razão.
— Eu não sei com quem anda, mas nunca fiz algo só porque alguém
faz.

— Está esperando o príncipe encantado em um cavalo branco? Eu sei


que na França também tem a Disney.
Ah, a boa e velha ironia de quem não vai conseguir o que quer.
Gargalho porque essa é a opinião de todos quando descobrem que
nunca transei.

— Não, Sr. Megalos. Eu só quero que seja alguém que desperte essa
vontade em mim.
Opa! Acho que falei besteira.

Meu possível parceiro de negócios dá um sorrisinho de lado. Capto um


certo ar de convencimento.

— Eu sei bem como despertar o desejo de uma mulher. E ainda me


terá a noite toda. — Ele encosta o corpo no meu, sedutor. Eu consigo sentir
seu calor, mas sou salva, mais uma vez, pela razão.

Arg! Eu odeio homem convencido.


— Não, Sr. Megalos. A única parceria que podemos ter é a de
negócios. — O empurro e começo a me afastar.

— Esse é o seu motivo?


— Você não é meu tipo de homem — sou seca e me dirijo a saída do
cassino. Realmente eu quero uma cama, mas sozinha.

Nem me dou ao trabalho de me despedir da minha família. Sei que


estão se divertindo com o destino inusitado que meu pai escolheu para
discutir negócios.
Quando entro em meu quarto, sinto um alívio grande ao reconhecer
um pouco do meu mundo ali. Meus livros, meu computador e,
principalmente, um edredom. Pode estar o maior calor do mundo, que
sempre durmo toda coberta. Tiro minha roupa, a maquiagem, tomo um
banho e visto meu pijama.

Existe roupa mais confortável que essa?


Me jogo na cama e cubro minhas pernas. Pego o kindle, que está na
cabeceira, e abro em um e-book hot. Não é porque nunca fiz sexo que não
tenho vontade. Como disse Oliver, todos têm suas necessidades e a minha é
usar minhas mãos e ler livros assim. Sem contar os mocinhos literários. Ahh,
é de me fazer suspirar e sonhar com um.

Claro que na vida real, os canalhas nunca seriam bons maridos. Olha
só para o Sr. Megalos. Ele tem cara que nunca vai se apaixonar. Nos livros,
seria o clichê perfeito. Um enemies to lovers ou ele se apaixonar pela
secretária seriam livros de sucesso.
Só de lembrar daquele cretino, percebo que ele quase me pegou de
jeito. Se fosse menos convencido, talvez aceitasse o convite. Como diz a
famosa frase: “o que acontece em Vegas, fica em Vegas”.

Quando o vi pela primeira vez naquele restaurante, achei que era um


ator famoso, de tão lindo que é. Forte, alto, dono de um penetrante par de
olhos verdes, ainda tem uma barba que meus dedos pinicaram para tocar
quando ele se aproximou demais de mim no bar.
Graças à minha racionalidade, que estava quase se esvaindo, consegui
sair daquele cassino com minha dignidade e virgindade intactas. Eu nunca
iria conseguir olhar para Oliver amanhã e fingir que nada tinha acontecido,
muito menos fazer minha parte do trabalho.

Suspiro e resolvo deixar esses pensamentos de lado. Está na hora de


entrar em um mundo novo através do livro. Meu destino de hoje, a Itália e
um lindo moreno sarcástico de passado triste.
Depois da minha noite “superagitada” entre as cobertas e os
romances, resolvo tomar café no meu quarto. Um pouco depois, minha mãe
pede que eu vá ao quarto dela para discutir com o resto da família os rumos
da reunião.

— Belle, você é a mais observadora. O que achou dos rapazes? Vi que


conversou um pouco com cada. — Meu pai me encara e me esforço para não
ficar envergonhada.
— Não foi uma conversa que daria para avaliar a personalidade de
cada um. Acho que são pessoas como o Victor, que dão muito valor ao
trabalho. Observei muito isso no Sr. Walker.

— E o outro sócio? — Mãe, pode desfazer essa pergunta?


— Também parece estar bastante interessado. — Em mim, penso.

— Tive a mesma percepção de Belle — Victor dá sua opinião e


agradeço mentalmente pela atenção sair de mim.
Que assunto embaraçoso!

Nem quero pensar se tivesse caído no pecado. Não, seria um pecado


delicioso. Tenho certeza que hoje à tarde vou perceber que Oliver nem é tão
maravilhoso assim, estará mais para um sapo do que para um príncipe.
— A informática é nosso futuro e se nós conseguirmos estar mais
inseridos em uma empresa sólida, ganharemos muito — meu pai discursa.

— Parecem ser pelos números que analisei — me reinsiro na conversa.


— Concordo, Belle. Walker me passou hoje mais uns números atuais.
— Meu irmão me entrega alguns papéis impressos.

Podemos até gostar de estar no meio tecnológico, mas analisar dados


financeiros no computador é horrível. Ninguém da minha família gosta.
Revisamos o relatório em conjunto e definimos os pontos a serem
abordados mais tarde. Minha mãe nos ajuda, pois entende de números,
apesar de ser hoje uma excelente dona de casa.

Entro na sala que reservamos para a reunião e encontro Sr. Megalos já


sentado. Ele se levanta quando me vê e nos cumprimentamos formalmente.
Me sento a sua frente.

— Srta. Durand, gostaria de pedir desculpas pelo meu comportamento


de ontem. Me excedi porque achei que estávamos no mesmo barco, que a
conexão tinha sido mútua.
Ele tem razão, nós dois sentimos a atração. Só que eu não iria
conseguir me entregar e fingir que nada tinha acontecido no dia seguinte, ou
eu diria, agora.

— Podemos deixar isso no passado. — Dou um sorriso ameno e


aliviada.

— Espero que isso não impacte na decisão de hoje.


— Espero que nos convença do porquê que o projeto é tão importante.
— Me remexo na cadeira, mudando o rumo da conversa.

— Muito! — Sua postura fica mais séria. Não encontro mais o Oliver
Megalos que conheci ontem. — Onde está seu pai e seu irmão?
— Atendendo uma ligação e o Sr. Walker? — pergunto pelo outro
sócio.

— Aqui, Srta. Durand. Estava em contato com nossa equipe de


marketing e a conversa demorou mais do que o esperado.
— Desculpem o atraso. — Meu pai chega com Victor.

— Sem problema, senhores. Estava começando a falar para Srta.


Durand o quanto esse projeto é importante para a gente — Oliver inicia a
fala. — É pessoal, como todos os nossos empreendimentos. Só fazemos algo
que realmente nos toque, que nos motive a trabalhar. Nossa equipe é
integrada e abraça nossos projetos como seus.
— Quem cria a ideia? — Victor se mostra interessado.

— Os dois. Claro que não sei colocar em prática, mas amo a


tecnologia — Noah responde.
— Por que é pessoal? — agora é a vez do meu pai.

— Em uma conversa com meu sócio, comentei um dia que gostaria de


apreciar mais a vista quando estivesse dirigindo por uma estrada ou até
mesmo na cidade. — Oliver não tira os olhos dos meus enquanto responde.
Provavelmente por conta da nossa pequena discussão de ontem e para tentar
me provar algo. — Esse desejo foi crescendo entre nós dois e começamos a
planejar juntos.

— Poderiam ter um motorista para isso — meu pai provoca e os sócios


entendem, pois dão um sorrisinho de canto sincronizado. É até engraçada a
sintonia deles.

— Sim, poderíamos. Mas nada como a privacidade de estar sozinho ou


com alguma companhia agradável e poder apreciar uma bela vista, ou parar
em qualquer lugar da estrada quando quiser, sem incomodar terceiros —
Oliver continua e meu pai gosta. — Os seguranças não deixaríamos de ter e
estão sempre ao nosso dispor, mas um motorista pode ser dispensável em
muitas ocasiões, inclusive quando temos que resolver algo sigiloso no
trabalho.
A reunião segue com muitos questionamentos e respostas
convincentes de ambos os lados. No final, não temos mais dúvidas sobre o
projeto.
CAPÍTULO TRÊS

NOVA IORQUE, UM MÊS DEPOIS...

Eu estava ansioso ou talvez curioso. Hoje vou encontrar a única


mulher que me rejeitou em toda a minha vida, Belle Durand. Desde Vegas,
apenas Noah conversou com os Durand. O contrato será assinado hoje, após
algumas mudanças discutidas nesse tempo. Senti que eles têm interesse em
apoiar mais alguns projetos nossos, mas ainda não nos sentimos confiantes
para tal.

— Rick descobriu que os irmãos alugaram um apartamento no seu


prédio — Noah entra na minha sala.
— Será que foi intencional? — questiono logo de cara.
— Talvez esteja muito paranoico, Olie. Ninguém sabe o que estamos
projetando.

— Além de Rick. — Ele é nosso chefe de segurança e coordena toda


essa parte da nossa empresa e do setor de segurança privada que mantemos.
Produzimos muitos itens de vigilância em comum acordo.
— Sabe que pode contar com ele. Já tivemos inúmeras provas do
quanto é fiel. — Rick Sanchez nos livrou de muita exposição na mídia
quando éramos herdeiros inconsequentes. Hoje fazemos o que queremos
bem discretamente, graças ao seu excelente trabalho.

— Espero que seja coincidência mesmo — resmungo e ganho uma


risada do meu melhor amigo.

— Podemos convidá-los para a boate do Rick e comemorar a parceria.


Vamos assinar no final do dia mesmo.

Dou de ombros, fingindo que nada disso me afeta. Só que não é


verdade. Quero muito que o carro automático vá adiante e desejo muito
rever Belle.
— Te achei muito quieto nesse último mês, meio pensativo. O motivo
seria a “bela” Durand? — Eu juro que Noah tem o poder secreto de ler
pensamentos.

— Por que acha isso? — Mexo nos papéis da minha mesa.


— Não precisa fingir para mim, Olie. Ela não ter parado na sua cama
te tocou mais do que imagina.

— Sei superar um fora, mesmo que não seja comum. Se lembra que
foi com a ruiva da piscina que passei a noite? — Elevo uma das
sobrancelhas.
— Olie, eu vi como foi o primeiro contato dos dois e garanto que
houve um encantamento mútuo.

Reviro os olhos.
— Eu diria atração. Se fosse “mútuo”, ela teria aceitado meu convite.

— Victor disse que Belle não é como as garotas que estamos


acostumados. Sabe que todas são interesseiras. A irmã dele já tem tudo.
— Menos a experiência do prazer sexual. — Dou um meio-sorriso.

— Quer dizer que vai tentar algo com ela? — Se aproxima, todo
curioso.
— Vou, mas não serei tão afoito. Ela vai descobrir aos poucos como é
bom estar na cama comigo.

— Te desejo sorte, Olie. Aquela ali não vai ser fácil de dobrar. Bem,
vamos trabalhar?
— Mande me chamar um pouco antes da reunião. — Me levanto e
abro a porta.

— Já avisei a Evie. — Temos uma secretária em comum.


— Vou estar no andar de produção — o aviso.

— Eu estarei na minha sala. Te encontro lá mais tarde.

Assinto e vou para o melhor espaço dessa empresa. Posso parecer um


pervertido para quem não me conhece e me vê falando de sexo, mas minha
verdadeira paixão é a tecnologia, é transformar a vida de cada pessoa que
usa nossos produtos em conforto e praticidade. Meu mundo é o computador
e tudo que posso fazer através dele e os números programados.
Entro no setor e me perco ali com cada projeto, dando a atenção que
eles merecem. Tanto que só paro para almoçar rapidamente e somente
percebo que está na hora de me encontrar com os Durand quando minha
secretária liga para me avisar. Me despeço dos meus funcionários e sigo para
o andar superior, onde tem minha sala e a de Noah.

No caminho encontro com Rick e tenho uma ideia.


— Quero que descubra por que os franceses alugaram um apartamento
no mesmo prédio que eu.

— Já estou investigando isso, Olie. Noah não se importou, mas achei


estranho. Quando tiver algo concreto te aviso.
— Ainda bem que tem um faro bom. — Sorrio feliz por encontrar
alguém que pensa como eu.

— Hoje vou avaliar os dois na boate. Avisei a Noah para não ter tanto
coração aberto. — Cruza os braços.
— Espero que ele tenha te escutado.

— Sim, nosso amigo percebeu o alerta. Disse que ia continuar sendo


ele mesmo, mas jamais iria falar demais.
— No fundo, ele é como a gente.

— A francesa é mais bonita pessoalmente. — Rick olha atrás de mim


e eu acompanho o olhar.
Observo Victor acenar para mim e Belle olhar séria em minha direção.
Sinto a tensão no ar e sei que não é a sexual. A linda menina mulher parece
estar desconfortável enquanto vem em nossa direção. Não tem mais aquele
ar decidido e superior de Las Vegas.

O que mudou?
— Olá, Oliver. Como estão? — o francês é simpático ao me
cumprimentar e estendo a mão para ele.

Faço o mesmo com sua irmã, só que com ela, sinto uma certa
eletricidade ao nos tocarmos, como aconteceu em Vegas. Pela sua reação, ao
quebrar rapidamente nosso contato, ela teve a mesma percepção que a
minha. Aí está a minha curiosidade. Por que ela não aceitou meu convite,
então?
Afasto esses pensamentos e os apresento a Rick. Agora não é o
momento de entender o porquê dessa mulher me atrair tanto.

— Espero encontrá-los em minha boate mais tarde — meu amigo os


convida.
Belle faz uma leve careta.

— Não se preocupe, senhorita. Lá ficarão em um ambiente mais


privado, sem tantas pessoas. Até para chegar no reservado, não precisarão
passar pela multidão — Rick continua, atento como é a toda linguagem
corporal.
— Obrigado, Sr. Sanchez. — Respira aliviada.

— Minha irmã não é fã de locais cheios. Fico feliz que sua boate tenha
essa privacidade. — Victor sorri e nos chama para a reunião.
Rick se despede e seguimos, os três, para o andar superior.

— Ele não me parece o segurança truculento e com cara de mau que


estamos acostumados, apenas pelo porte físico e altura.
Gargalho com o comentário de Victor. Ele é bem-humorado. Não é à
toa que se deu tão bem com Noah.
— Ele foi nosso professor de artes marciais quando tínhamos quinze
anos. — Noah abre a porta da sua sala e nos chama para sentarmos no seu
sofá. — Nos conhecemos quando estávamos no Central Park, após nossa
aula, despreocupados como éramos e apareceram uns assaltantes. Rick
estava passando e os imobilizou com sua experiência desde criança nas lutas.

— A partir daí ficamos gratos e o chamamos para nos ensinar. Claro


que ele é bem melhor do que a gente. — Me sento ao lado do meu melhor
amigo e de frente para a garota que me intriga.
— As melhores amizades têm uma boa história por trás — Belle fala
pela primeira vez.

— Qual é a sua? — Fico logo interessado.


— Carina, ela é brasileira. Nos conhecemos em uma exposição de arte
há um ano, no Rio de Janeiro. Ela me ajudou a traduzir o que queria comer
em uma lanchonete no local. O atendente não sabia inglês ou francês. Nos
tornamos amigas de imediato. Ela ainda me ensinou a fazer brigadeiro, uma
sobremesa típica por lá.

— É gostoso mesmo. Belle aprendeu direitinho — Victor elogia a


irmã.
— Não imaginei que cozinhava. — Esta mulher é uma caixinha de
surpresas. Para mim, aparenta ser uma princesinha que brinca de trabalhar.
Sem contar que é bem formal.

— Sim, desde nova. — Percebo seu desconforto. — Mas o que gosto


mesmo é de fazer doces. — Esboça um sorriso ao me olhar.
— Aceito que um dia faça para mim esse brigadeiro. Já ouvi falar
nessa iguaria — Noah se convida.
— Faço, Sr. Walker. — A francesa sorri muito mais para meu sócio e
não entendo porque comigo é tão séria.

— Acredito que podemos acabar com essas formalidades, Belle.


Seremos sócios e passaremos muito tempo juntos — Noah quebra o gelo
dela. Ele sabe fazer isso como ninguém.
Ela assente e esta é a brecha para iniciar a reunião oficialmente. Mais
uma vez, me admiro com a patricinha virgem quando ela abre a boca. É até
estranho porque estou acostumado a ver mulheres inteligentes mais velhas e
as novas, só abrem a boca para receber meu pau e minha porra.

Quando os papéis são assinados, descubro que os irmãos irão passar


algumas semanas aqui e depois cada um vai se dividir entre Nova Iorque e
Paris. Isso me dá umas ideias interessantes de como seduzir minha mais
nova vizinha e sócia.
A seguir, os levamos para conhecer o setor de produção,
principalmente a parte que os interessa no negócio, os carros automatizados.
Explico a eles o que já começamos e os próximos passos.

— Bem, depois dessa aula, só nos resta comemorar. — Victor se


mostra animado assim que saímos do setor de produção.
CAPÍTULO QUATRO
Saio do carro que alugamos aqui na cidade e percebo que essa boate
tem um bom esquema de segurança. Isso é bem óbvio já que o dono trabalha
no ramo. Só para ter acesso ao lado de dentro os frequentadores vips entram
pelo estacionamento.
— Pensei que ia contar sua história com Sophie. É muito mais
emocionante. — Victor chega ao meu lado após descermos do carro e me dá
o braço. Me aconchego a ele.

— É triste, irmão. Não é o momento de falar certas coisas. Mal os


conhecemos.
— Ela te deu o renascimento, a chance que tivemos de te conhecer.
Isso já basta. Mas concordo com sua privacidade.

Os sócios aparecem e mudamos o rumo da nossa conversa para uma


bem mais agradável, a música. Noah dá o tom da nossa interação. Ele fala de
todos os assuntos um pouco. Já Oliver, parece apenas saber me cantar ou
falar de tecnologia. Um verdadeiro nerd. Se bem que ele está até quieto hoje.
Óbvio que me mantive em uma postura mais defensiva.

Entramos no camarote e observo o ambiente luxuoso e com um


convite a luxúria, pelos tons preto, vermelho e dourado. Os sofás contínuos
dão uma sensação de aconchego e um convite para que todos fiquem mais
próximos.

— Pode virar à direita. — Noah segura a base da minha coluna e me


conduz a uma sala dentro do camarote, um espaço privativo com uma mesa,
sofá, bar e uma área vazia que imagino ser para quem quiser dançar, pois há
luzes piscando no lugar.

— É bem agradável aqui. — Vou até onde está o parapeito e vejo uma
multidão já aglomerada e dançando conforme a música. Me balanço um
pouco, ainda tímida.
— Pode ficar à vontade para dançar. Ninguém vai ver daqui, sócia. —
Oliver se aproxima demais de mim e sinto um arrepio ao escutar ele me
chamando de sócia, em um jeito bem erótico.

Olho para o lado e vejo que Victor e Noah estão de costas para nós,
pegando uma bebida no bar. Nem para meu irmão prestar mais atenção em
mim nessas horas, reclamo em pensamento.

— Eu ia adorar te ver dançar para mim, ainda mais tirando a roupa. —


Oliver se aproxima demais do meu ouvido e sinto seu hálito refrescante, sem
influência de qualquer bebida. Sinto uma pulsação diferente no meu ventre,
uma que nunca senti.

Socorro, esse homem é gostoso demais.

— Eu não iria conseguir separar as coisas — falo mais para mim do


que para ele, baixinho.
— Esse é o motivo de me ter recusado a primeira vez?

— Sim e em todas que você tentar. Não daria certo, Oliver. Para a
mulher, o sexo vai além do desejo carnal. É preciso ter um sentimento, nem
que seja um bem querer.
— Por isso não fez ainda?

Assinto e quando penso que ele vai recuar, se aproxima mais, tocando
nossos corpos.

— Sou um cara legal, meio nerd, mas Noah pode atestar a veracidade
das minhas palavras.

Sorrio com sua cara de pau.


— Se seu irmão e Noah não estivessem aqui, poderia afastar sua
calcinha e suas pernas. Eu ia entrar em você tão fundo. Ninguém iria ver
nosso movimento lá de baixo. Seria similar a uma dança.

Socorro de novo! Tenho uma calcinha destruída. Por que esse homem
me faz ter pensamentos tão libidinosos?
Vou precisar de muita meditação para resistir. Respiro forte, tentando
conter tantos pensamentos proibidos que passam pela minha cabeça, que eu
só conheço dos livros.

— Eu sei que me quer, desde que nos conhecemos. Temos uma


conexão estranha, Belle. Por que não darmos vazão a ela? — Toca em uma
mecha do meu cabelo, sem deixar que nossos olhares se quebrem.
Ele é intenso demais!

— Eu já te falei, Oliver. Não daria certo. — Me afasto dele, com o fio


de racionalidade que ainda me resta. Está provado que não posso ficar
sozinha com esse homem nunca em minha vida. — Vou ao bar pegar uma
bebida.

Não espero pela sua resposta e peço uma bebida doce e leve. No
Brasil, Carina me apresentou a caipirinha e outras bebidas com frutas. Nem
preciso dizer que me apaixonei. Pena que na França não encontramos.
Acredito que aqui também não vou achar. Com o drink na mão, me sento à
mesa ao lado do meu irmão. Oliver já estava ali. Os homens estão com um
copo de Whisky cada.

— Soube que vão morar um tempo no mesmo prédio que eu — Oliver


comenta, com tom despretensioso, olhando para mim.

— Imaginei que iam te avisar. — Victor ri. — Estamos tentando


economizar a gasolina.
Os três homens gargalham e eu balanço a cabeça para os lados. Meu
irmão adora fazer uma brincadeira.

— Nós queríamos algo próximo a Manhattan, de acordo com nossos


padrões de conforto, mas não uma cobertura — Vic esclarece — dentre as
opções que recebemos, nos sentimos mais seguros de saber que mora lá. Sei
que é um cara seletivo.

Oliver assente e novamente me olha.

— Podemos encontrar boas razões para sermos vizinhos. — Pisca para


mim, com cara de quem tem mil e uma intenções comigo.
Meu Deus, Victor. Cadê meu irmão ciumento, que já provocou muita
confusão por algum garoto dirigir o olhar para mim? Parece que ele nem está
percebendo o que está acontecendo.
Os três entram em uma conversa animada, masculina demais para meu
gosto e eu volto para o parapeito, apreciando a multidão.

Meu celular sinaliza uma mensagem de Sophie.

Sophie:
Chegou bem?

Não demoro em responder.

Eu:
Sim.

Já nos instalamos e agora estou curtindo a cidade que nunca dorme.


Sophie:

O que aconteceu com minha Belle?

Sabia que minha última frase ia causar um impacto na minha amiga. É


ela que me arrasta para sair à noite.

Eu:

Os nossos novos parceiros conhecem o dono de uma boate aqui.


Esta parece ser bem badalada e tem uns locais privativos.

Sophie:

Ah, que saudade da época que eu era solteira.


Eu:

Que mentira deslavada.

Ela é louca pelo marido.

Sophie:
Mentira mesmo.

Mas eu ia amar estar em um lugar privativo assim com Henri.


Será que ele toparia uma viagem para Nova Iorque e você me daria
essa privacidade de presente?

Gargalho. Minha amiga é louquinha. Nossa intimidade foi crescendo


aos poucos.

Eu:
Ia amar sua companhia aqui.

Não tenho nenhuma amiga para fofocar e passear em uma confeitaria.


Sophie:

Você vai conquistar os americanos, minha Belle.

Tiro uma foto da multidão e ela fica ainda mais animada.


— Os caras queriam saber com quem você conversa tão animada? —
meu irmão se aproxima.

Mostro a foto de Sophie e o chamo para uma selfie. Ele faz uma careta
e bato a foto assim mesmo. Mando logo antes que reclame.

Sophie:

Espero que tome conta da sua irmã enquanto estiver longe.

Sempre estarei aqui para vocês.

A mensagem dela me dá uma segurança sem limites e sei que Victor


ficou mexido. Minha amiga e o marido são parte da nossa família desde que
conheci os Durand.
Meu irmão me puxa para dançar e eu entro no ritmo da música, sem
me importar com vergonha, dessa vez. Os americanos se levantam também e
balançam ao nosso lado.

Dessa vez, Oliver tem a decência de não tentar se aproximar. Com


certeza isso é o melhor a ser feito. Espero que suas tentativas não continuem.
Tudo vai ser mais fácil desse jeito.

Cansados, nos sentamos para comer algo. Nossos novos parceiros


pedem sushi, mas Victor e eu pedimos algo com carne.

— Até agora não sabemos quem era que estava falando com você,
Belle — Noah eleva as sobrancelhas. — Pela reação de Victor, ele conhece.

— É uma amiga em comum — sou sucinta.


— Victor a conhece a fundo? — Oliver cruza os braços após ser bem
sugestivo.

— Se visse o porte do marido dela, nem teria feito esse comentário. —


Meu irmão mostra a foto de nós quatro na vinícola.

— Tem mulheres que devemos nos manter longe. — Noah pisca para
mim.

— Tem homens que devemos nos manter mais distantes ainda. —


Aponto o dedo para os três, incluindo Victor.

Eles gargalham e assentem. Óbvio que sabem bem quem são.

A conversa gira sobre assuntos mais interativos e gosto de conhecer os


sócios. Duas horas depois saímos da boate. Nossos seguranças nos seguem.
Os americanos ainda resolvem ficar um pouco para conversar com Rick.
— Gostei do passeio com os caras.

— Imaginei que sim. — Pisco para meu irmão.


— Sei que também se divertiu. Só se sentiu isolada no início. Mas eu
tenho certeza que Oliver te entreteu.

— Sabia que você tinha percebido! Por que não interferiu? Meu irmão
ciumento ficou em Paris?
— Queria te ver dando o fora. — Ri alto. — Vou adorar observar
Oliver cair do cavalo.

— Está falando sério? — Olho incrédula para ele.

— Nós somos três bilionários convencidos. Às vezes precisamos de


um não para ficarmos mais fortes. Agora só te peço que não caia na lábia
dele. Oliver Megalos já deixou muitos corações partidos. E eu vou quebrar a
cara dele se machucar minha irmãzinha.

Ok, agora Victor Durand voltou a ser ele mesmo. Não que eu goste de
ver meu irmão batendo em alguém. Só estava achando estranho. Desde meus
doze anos que ele é protetor comigo. Foi muita sorte eu ter beijado na boca
quando tinha catorze e ele não saber. Agora, minha virgindade é muito
preciosa para mim. Não entregaria para Oliver ou qualquer outro em algum
momento de loucura.

— Precisamos contratar uma faxineira — Victor muda totalmente a


conversa e eu sorrio. Ele é desse jeito. Seu cérebro pensa em mil coisas ao
mesmo tempo.

— Amanhã peço indicação na portaria. — Recosto minha cabeça no


assento.
— Belle, vamos tornar essa experiência a mais tranquila possível.
Estou aqui por você. Nunca vai ficar sozinha.

Seguro a mão que ele estende para mim e me sinto segura, assim como
anos atrás quando Sophie me encontrou.
CAPÍTULO CINCO

— Rick, quero que investigue uma tal de Sophie que é amiga íntima
dos Durand. — Entro com Noah no escritório dele na boate.

— Oi, Rick, como vai? — meu amigo brinca comigo, com um sorriso
irônico nos lábios. Ele sabe o tanto que sou direto. — Por que está nesta
curiosidade com a francesa? — Cruza os braços.
— Olie se apaixonou, Rick, e quer disfarçar querendo investigar a vida
dela.

Quase rosno para meu melhor amigo e os dois gargalham.


— Características? Tem sobrenome? — O chefe de segurança pega o
celular. Acredito que vá mandar a ordem para seus subordinados.

— Só o primeiro nome. Branca, cabelo preto, liso, olhos azuis. Vi uma


foto onde ela estava na vinícola com os irmãos e o marido — Noah
descreve.
— Belle estava conversando muito animada com ela mais cedo. — Me
levanto e começo a andar de um lado para outro.

Pode ser por interesse ou não, mas eu sinto uma vontade incontrolável
de saber tudo sobre essa mulher.
— Mandei as informações para a equipe. Talvez não tenhamos nada
concreto agora. Se já se divertiram, podem ir para casa. Quando eu souber de
qualquer coisa, receberão uma mensagem imediatamente.

— Vamos, Olie. Amanhã temos muito o que fazer para ambientar os


franceses — Noah me chama e eu concordo.
Na hora, sinto o peso do dia e mexo meu pescoço de um lado para o
outro. Nos despedimos de Rick e saímos da boate. Encontro meu motorista e
me sinto sortudo por não precisar dirigir.

Me recosto no banco do carro e fecho os olhos. Pipoca na minha


mente toda a conversa que tive com Belle, do tesão que ela me provoca e,
principalmente, da perda da minha racionalidade.
Antes de reencontrar com a mulher que desejo, jurei que ia com calma,
mas foi só a encontrar sozinha, que a vontade de provocá-la e,
principalmente, seduzi-la cresceu. Saber que ela reage positivamente a mim,
me anima ainda mais.

— Boa noite, Zeus — entro em minha cobertura e cumprimento minha


inteligência artificial.
Sou fã da mitologia grega, além de descendente. Quando éramos
crianças, Noah e eu nos divertíamos lendo as HQ’s das histórias gregas e de
muitas outras. Daí veio a inspiração para o nome da empresa, com um Deus
egípcio e da minha companhia diária, com um grego.
— Boa noite, Oliver. Quer um café? — Ele sabe bem meus gostos,
mas agora prefiro algo diferente.

— Banho, Zeus, no chuveiro.


— Providenciando, Oliver.

Me dirijo ao meu quarto, tiro minha roupa, jogo no cesto de roupa suja
e faço meu asseio. Quando termino, visto a parte de baixo do meu pijama,
pego meu celular e me jogo na cama. Meu coração acelera com mensagens
no grupo que tem Rick, Noah e eu.

Rick:
Os Durand têm amizade com uma policial.

Aliás, dois, Sophie e o marido.


Noah:

Qual o motivo para essa relação?


Rick:

Investigando ainda.

Não aparece nada nos bancos de dados da França.


Podem ser apenas ricos bem relacionados.

Eu:
Ou não.

Eles não são do tipo que fazem amizade com pessoas comuns.
Noah:
Espero que essa paranoia não seja por causa de Belle e seu interesse
por ela.

Eu:
Talvez...

Merda, porque fui assumir isso.

Noah:

Brincadeira, Olie.
Temos que ficar precavidos.

Eu faço minha parte me aproximando deles.


Rick:

Percebi uma boa interação entre os quatro.

Eu:
Estava nos espionando?

Rick:
Só fazendo meu papel.

Quando quiserem é só pedir que eu desligo a câmera do reservado.


Eu:

Confesso que queria mandar Noah e Victor evaporarem hoje.

Os dois colocam emoticons em forma de risadas.


Noah:
Na próxima, dá o sinal que afasto o francês.

Rick:
Sabem qual é a minha preocupação?

Que eles parecem demais acima de qualquer suspeita.


O chefe de segurança coloca o ponto chave e não tem como discordar.

Noah:
Victor é simpático demais e Belle é uma princesinha.

Eu:
Mais uma verdade incontestável.

Eu me seguro entre ser cauteloso e provocador junto dela.

Belle Durand me desconcerta e intriga demais.

Rick:

Vão dormir.
Assim que tiver mais notícias, os comunico.

Nos despedimos e eu peço para Zeus apagar as luzes. Amanhã será um


dia longo.
— Tem certeza que não está com inveja por Belle Durand ficar na
minha sala hoje o dia todo?

— Por que eu ficaria? — Meu semblante se fecha. Desde que declarei


que a francesa me atrai, Noah fica fazendo piadinhas do meu interesse. Ele
só se esqueceu que o trabalho vem em primeiro lugar.
Estamos esperando os franceses chegarem na sala do meu sócio. Eles
foram encaminhados ao setor de segurança, onde realizarão o cadastro para
terem acesso à empresa. Serão como qualquer funcionário. Acesso ao
computador, terão apenas de uma parte do setor financeiro, aqui no andar
superior. Irão também assinar um contrato de não divulgação do que
acontece dentro das dependências da Hórus Techies.

— Vou ter uma bela vista para relaxar — continua a me provocar e


reviro os olhos.
Os irmãos entram recepcionados pela nossa secretária e me sinto
aliviado por não precisar ouvir mais gracinhas do meu amigo-irmão.
Conversamos sobre a empresa e logo me despeço dos dois para ir ao meu
verdadeiro setor, o da produção. Parece glamuroso e lindo ser o dono da
empresa, mas é estar criando algo que me motiva a cada dia.

Assim que tiro meu paletó e me sento no computador, esqueço do resto


do mundo. Até que escuto um burburinho e meus olhos, magneticamente,
vão para a garota de cabelos castanhos claros que vem fodendo com meu
juízo.
E do resto da minha equipe.

Todos aqui se vestem casualmente, apenas eu sou do terno. Quando


aparece uma linda mulher usando um vestido de grife, o ambiente fica
destoado. Até as mulheres pararam para olhar.
— A que devo a honra, Srta. Durand? — Vou até ela e a direciono até
minha sala. Meus funcionários não precisam ficar distraídos.

Já basta o chefe!
— Meu pai quer que eu faça um relatório do progresso do projeto, Sr.
Megalos — enfatiza meu sobrenome, enquanto se senta —, como Victor está
analisando números com Noah... — Cruza as pernas insinuantes e fico na
dúvida se ela está ciente do gesto.

O que ela quer comigo?


— Gente, vou pedir para nos deixarem a sós. — Encaro parte da
minha equipe que está na sala e eles se levantam e saem rapidamente.

Me aproximo de Belle e apoio uma das mãos na mesa e a outra na


parte de cima do recosto da cadeira. Ela arregala os olhos e vou direto ao
ponto.
— Não gosto de joguinhos, garota. Sou objetivo em tudo na minha
vida. Então, eu pergunto de novo: o que está fazendo aqui?

— Já disse — sussurra e abaixa a cabeça.

— Posso ser o nerd do computador, mas não idiota. O que quer


comigo? Desde Vegas você repele muito bem minhas iniciativas e agora
aparece aqui toda provocativa.

— Nada. Meu pai pediu o relatório e eu me prontifiquei.

A encaro com um olhar intimidador mesmo que ela não me olhe.

— Você me quer, garota. Sentiu minha falta, sócia? — Dou um meio-


sorriso e elevo seu queixo. Mais uma vez aquele magnetismo toma conta de
mim.
— Estou aqui a trabalho. — Pigarreia, quebrando a conexão dos
nossos olhares.

— Vai mentir até quando que me quer? — aproximo mais nossos


rostos e falo baixinho em seu ouvido, deixando uma mordidinha em sua
orelha porque sou safado e para provar uma teoria.
Bingo! Ela estremece e sorrio largamente.

— Melhor voltarmos ao trabalho. — Seu semblante se fecha e recuo.


Por ora.

— Ainda vai implorar para eu te foder com força, sócia. — Pisco para
ela. — Só não pode se apaixonar. Eu não sou o príncipe encantado que você
espera. Só posso te dar uma noite de sexo e mais nada.
— Meu Deus, como é convencido. — Revira os olhos e imagens dela
fazendo isso enquanto meu pau está dentro da sua boceta surgem na minha
mente criativa.

— Ainda quer o relatório? — mudo de assunto, já sabendo que nada


do que eu faça fará Belle mudar de ideia agora.
— Tenho algumas perguntas, Sr. Megalos.

— Não precisamos de formalidade, Belle. Ainda pode me ter como


sócio e vizinho. Só não espere que vá achar uma xícara de açúcar em minha
casa. Além de não cozinhar, gosto de manter a forma. — Amenizo um pouco
o clima.

Aquela garota me desperta algo que não entendo, me faz querer ser
simpático. Não entendo o porquê da necessidade de tê-la por perto.

— Hum, vou precisar ir às compras quando sair daqui. Não vivo sem
colocar nada doce na boca. — Faz uma cara marota, mas sua última frase me
fez criar novamente imagens bem picantes dela usando a língua em meu
membro, saboreando, como uma sobremesa.

Pigarreio antes que minha mente viaje ainda mais.

O que ela faz comigo?

— Vamos aos questionamentos, Belle. — Me sento à cadeira e ela


adota uma postura séria.
No final, ainda a levo para conhecer a parte dos mecânicos. Um bando
de homens de macacão fica babando pela patricinha dos investimentos, mas
eu não tiro a razão deles.

À noite, em casa, continuo nos mesmos questionamentos e resolvo ver


com Rick se ele tem alguma novidade da tal policial amiga dos franceses.
Quem sabe se ela for alguém ruim, minha obsessão por ela acabe.

Meu amigo responde de imediato.

Rick:

Nada ainda.
Acho que estamos procurando no lugar errado.

Bufo irritado e ligo para ele. Conto a visita inusitada de hoje.

— O irmão contratou meus serviços hoje. Uma pena, senão iria


colocar umas escutas na casa deles.

O chefe de segurança é ético ao extremo e fiel aos seus clientes.


CAPÍTULO SEIS

Chego à galeria de artes horas antes do grande público. Minha


primeira paixão são os números e as outras se resumem à leitura e à pintura.
Como detesto multidões e barulhos, prefiro apreciar as telas sozinha, sem
ninguém para incomodar ou dar uma opinião infundada.

Os Durand são apaixonados e incentivadores das artes há séculos.


Quando entrei na família, eles me ensinaram a amar e conhecer a
importância do que representam. Minha mãe é uma pintora excelente e faz
por diversão.
Quando cheguei a Nova Iorque, me aproximei de pessoas que
apreciam as artes. Uma delas é Lilian Mackenzie[1], de Chicago. Foi ela que
me apresentou o dono dessa galeria e com meu incentivo, hoje teremos a
exposição de um artista que retrata a beleza da infância. Graças aos meus
pais, descobri o que é ser criança ainda em tempo.
— Tem certeza que não quer voltar à noite? — Lá vem o expositor me
cantando. Não que seja feio, mas fujo de relacionamentos. Preciso ganhar a
confiança de alguém antes de me abrir. Embora tenha certeza que ele não
quer um namoro.

— Tenho outro compromisso — minto descaradamente e ele percebe.


— Espero, então, que possamos nos encontrar em outro momento que
não esteja ocupada.

Assinto e saio da galeria. Como hoje é sábado, vou ao salão cuidar dos
cabelos e acabo fazendo uma sessão de massagem relaxante. Nova Iorque é
uma cidade intensa e se não me cuidar, me desconecto do meu eu.
Preciso desses momentos de calmaria.

Quando chego à garagem do prédio, encontro com Oliver. Ele está


entrando em seu elevador privativo e me olha firme antes que a caixa de
metal se feche.
É sempre assim quando o vejo. Tenho uma vontade imensa de estar ao
seu lado, de falar com ele. Me contento com seu sorriso de lado quando me
vê. Foi isso que me motivou naquele dia a ir ao seu setor, como o chama.
Sua presença me instiga a ponto de me deixar confusa. Nem eu me entendi
naquele momento.

Nesses quinze dias que estou na cidade, Oliver e eu fizemos um


acordo silencioso de sermos apenas sócios.
Como a parte que me interessa são os números, é com Noah que tenho
maior contato. Descobri que tem um jeito brincalhão, como meu irmão e até
já fui em sua casa fazer brigadeiro. Diferente do seu sócio, ele mora em um
condomínio de casas luxuosas, com uma segurança impecável.
Já com Oliver, meu contato é apenas na empresa e bem restrito. Nem
Victor e eu conhecemos a cobertura dele, mas imagino que seja um local tão
protegido quanto o do amigo. Nem tiro a razão deles, afinal fazemos o
mesmo aqui e em Paris.

— Chamei os caras para vir beber e jogar pôquer hoje aqui em casa —
Victor está sentado no sofá e me avisa quando entro na sala.
— Vai precisar que cozinhe algo? — Lembro logo de mamãe, que
detesta fazer as coisas de última hora.

— Não se preocupe. Liguei para uma loja e encomendei alguns


petiscos e as bebidas. Qualquer coisa pedimos algo por aplicativo.
— Ai que saudade dos encontros com nossos amigos. — Me jogo ao
seu lado e ele me abraça.

— Está se sentindo muito só aqui, né? Por que não passa o próximo
final de semana em Paris ou no Brasil com aquela sua amiga?
— É uma ideia a se pensar. Acho que vou chamar Evie — a secretária
dos sócios, que eu fiz amizade, no meio de tanta testosterona — para sair
hoje.

— Ela parece uma boa companhia para você. — Alisa meus cabelos.
— Está cheirosa, irmãzinha. Só me avise onde vai para armar um bom
esquema de segurança.
Pisco para Victor, pegando o celular na bolsa para discar para ela. A
chamo para comer uma pizza, mas ela me convence a ir a um barzinho em
um hotel em Nova Iorque, do marido da minha amiga Lilian. Combinamos
que vou pegá-la no Soho, onde mora, e de lá iremos nos divertir.
— Preciso me arrumar. Ainda bem que fui ao salão hoje. — Me
levanto animada por voltar a ter uma vida social. Me isolei por tempo
demais quando cheguei aqui.

— Nem precisa de tanto para estar linda. — Quem tem um irmão que
te coloca para cima levanta a mão?
Jogo um beijo para ele e vou para meu quarto. Duas horas depois,
estou pronta e vou para a sala.

Encontro três homens estáticos — Oliver, Noah e Rick — e meu irmão


olhando de cara feia para cada um deles.
— O que foi? Minha roupa está feia ou inadequada? — Alterno o
olhar entre os quatro.

— Jamais, “bela” Durand. — Esse é o novo apelido que só Noah me


chama.
— Muito pelo contrário. — Mais um dos olhares intensos de Oliver
para mim.

— Acho que vou precisar de mais homens para dar conta dessa dupla
hoje. — Rick coça a cabeça e pega o celular. — Quando quiser ir, já está
tudo pronto.
— Divirta-se, irmãzinha. — Victor me abraça e me despeço dos
rapazes.

Os seguranças me acompanham até a garagem e quando entro no


carro, aviso Evie que já estou a caminho. Enquanto não chego ao prédio
dela, vou conversando com Sophie e Carina pelo celular. Minha amiga
brasileira comenta a vontade de concorrer a uma bolsa de estudos para Artes
Plásticas em Paris e a incentivo. Sophie conta sobre as traquinagens do filho.
— Fiquei tão feliz quando me chamou para sair. Minhas amigas
moram longe e quase não nos encontramos. — Evie entra no carro toda
animada. Ela me contou recentemente que é órfã há dois anos e, desde então,
evita ir ao bairro que cresceu.

— Eu também sinto falta das minhas amigas. — Respiro fundo,


lembrando da minha rotina em Paris.
— Não é fácil se mudar, né?

Nego com a cabeça.


— Agora que estou começando a me adaptar. Para Victor é mais fácil
porque ele encontrou pessoas com afinidade.

— Sei bem como é isso. Lá na empresa me sinto sozinha porque


ninguém quer conversar com a secretária dos chefes. Tem medo que eu
conte alguma fofoca a Noah e Oliver. — Revira os olhos e eu caio na
gargalhada.
— Até os nerds gostam de saber da vida do outro? — a curiosidade me
atiça.

— Ah, se você soubesse. Tem gente ali que só tem cara de santinho.
A vontade de saber sobre Oliver é grande. Quem é esse homem? Me
seguro porque chegamos ao nosso destino. Os seguranças nos escoltam e, de
pé, percebo como minha nova amiga está linda. Evie é ruiva, branquinha e
ainda está usando vermelho.

— Está vestida para matar — brinco com ela, que mexe as mãos em
sinal de desmerecimento.
— Você também, Belle. Muitos olhares para você.
— Para nós duas, Evie. — Nos sentamos em uma mesa que meu irmão
reservou.

Pedimos um drink adocicado e conto para ela sobre as bebidas que


conheci no Brasil e o brigadeiro. A ruiva fica louca para conhecer e
combinamos de um dia reproduzir os dois na casa dela.
— O que será que meus chefes fazem para se divertir? — solta do
nada.

— Hoje eles estão lá em casa com Rick.


— Nossa, caseiros demais para um sábado à noite. Sabia que sou
doida para saber se eles frequentam aqueles clubes para adultos?

— De sexo? — Quase engasgo com sua pergunta.


— É... Belle, eu sou virgem — diminui o tom de voz —, mas sou tão
curiosa para essas coisas. Na agenda deles sempre aparece muitas consultas
médicas e academia.

— Victor também tem uns códigos. Os três são idênticos.


— Quatro, tem o Rick. Ele só tem cara de bonzinho. — Faz uma
careta.

— Percebi aí um ciúme? — Bebo um gole do meu drink.


— Rick Sanchez nem olha para mim, como mulher. — Suspira
desolada. — Jamais iria querer uma virgem como eu.

— Eu também sou, Evie. É tão difícil ser assim tão solta. Olha a nossa
volta como as mulheres daqui agem? Como conseguem ser sedutoras? Eu
amo dormir com pijama de estampas de flores e bichinhos.
— Te entendo, são tão confortáveis. — Me dá um olhar de
cumplicidade.

— Ei, se o chefe de segurança não te quer, não sabe o que está


perdendo — a consolo e penso em minha situação com Oliver. Ah, se ele
fosse o tal príncipe encantado.
— Pensando em Oliver? — Talvez tenha ficado muito tempo pensando
no nerd safado e acabo assentindo. — Vocês não disfarçam. Todo mundo
percebe o clima que rola. Já vi seu irmão dando uma prensa nele.

— Jura? Victor é bem ciumento comigo. Sempre foi. Quando


chegamos aqui, ele se segurou para não brigar com nosso parceiro de
negócios. Disse que queria ver Oliver “cair do cavalo” com minhas
negativas.

— Ele conhece a irmã que tem. Belle, como sua nova amiga te dou um
conselho, segura esse coração para não sofrer. Nós somos muito parecidas.
Agimos mais na emoção, com o coração. Os quatro são o contrário.

— É bem por aí. Eu jamais iria para a cama com um homem e depois
fingir que nada aconteceu.

— Seria tão estranho. Nem se Rick fizesse essa proposta, eu toparia.

— Oliver me fez, em Vegas e aqui.

— Quer saber de uma coisa? Vamos dançar para tirar esses cafajestes
da cabeça? E, de preferência, atrair um verdadeiro príncipe?

Me levanto e dançamos próximas a nossa mesa. Evie tinha razão, essa


saída serviu como uma espécie de terapia. Conversamos, rimos e nos
divertimos muito. Quando nos despedimos, combinamos de sair mais vezes,
mesmo até para comer uma pizza.
Ao chegar em casa, encontro ainda os rapazes concentrados no jogo.
Sincronizados, olham em minha direção.

— Quem está ganhando? — Me aproximo deles.


— Olie e Noah. — Victor joga as cartas na mesa e se levanta.

— Querem brigadeiro para diminuir o efeito da bebida? — ofereço e


Noah é o primeiro a aceitar.

Tiro meu sapato, prendo o cabelo e vou para a cozinha. Lavo as mãos
e quando estou pegando os ingredientes no armário, sinto uma mão em
minha cintura. Nem preciso me virar para saber que é meu sapo encantado.
Reconheço o toque dele de olhos fechados. Seu calor é inconfundível.
CAPÍTULO SETE

Não consigo me segurar quando os rapazes se dispersam e dou uma


desculpa que preciso usar o banheiro. Belle está ainda mais linda descalça e
à vontade, cantarolando uma música. A enlaço por trás e colo meu corpo no
dela. Meu pau começa a acordar logo que percebe a gostosa que estou
tocando.

— Oliver — geme baixinho meu nome e eu prenso meu pau em sua


bunda, que está mais acessível, pois ela está nas pontas dos pés.
— Belle, por que me deixa louco desse jeito? Não era para te querer
tanto assim. — Minha boca está próxima do seu ouvido e vejo que arrepia.

A movimento para frente e coloco ela em cima da bancada. Deslizo a


mão pelo seu rosto macio. É a primeira vez que toco em sua pele e não tenho
mais vontade de largar.

— Você também me quer, Belle?


— Conhece o duelo entre a razão e a emoção? Não deveria. — Ela
engole em seco e abaixa a cabeça.

— Já disse que não sou o príncipe que espera, garota, mas posso te
ensinar coisas que eles não sabem.
— Como quebrar um coração?

Me afasto com suas palavras. Ela tem razão. Demorei duas semanas
para enfrentar o que estava sentindo e esquecer a minha paranoia de achar
que estou sendo espionado. Não era a recepção que esperava, mas
compreendo.
— O que queria pegar quando cheguei?

— Aquela lata de chocolate. — Balança a cabeça e aponta para o


objeto.
Não faço esforço para alcançar o que ela quer e a entrego. Belle pega
mais alguma coisa na bancada e vai para o fogão. Me sento à mesa da
cozinha e observo sua habilidade.

— Quando aprendeu a cozinhar?


— Desde criança. — Demora um pouco para responder e suspira. —
Essa é minha sobremesa favorita, por isso Victor coloca os ingredientes em
um lugar alto.

— Para não comer muito — deduzo e ela concorda.


— Estou fazendo pouco exercício aqui e até eu me sinto na obrigação
de ser mais cautelosa.

Começamos a conversar sobre atividade física e descubro que ela faz


pilates e ioga na França. A incentivo a tentar aulas online e ela diz que vai
pensar.
Somos interrompidos pelos nossos amigos quando Belle termina de
enfeitar o prato. O cheiro os atraiu, assim como essa foi minha desculpa para
ter chegado primeiro.

Belle explica que fez a versão de colher, pois achou mais rápido do
que enrolar de um em um. Mesmo não sendo fã de doce, provo a iguaria. É a
primeira mulher, além de alguma empregada, que faz comida para mim. De
certa forma isso me tocou e elogio o sabor do chocolate.
Belle fica com a gente por mais alguns minutos e se despede. A
acompanho com o olhar até que saia da minha visão.

— Olie, lembra o que conversamos? Minha irmã é pura demais para


entrar em seu mundo de sedução. — Victor está de cara fechada e braços
cruzados.
— Estava apenas olhando, já que não posso ter. — Elevo os braços em
sinal de rendição.

— Vamos para mais uma partida e depois encerramos por aqui? —


Rick é conciliador e aceitamos.
Assim que nos despedimos, meu chefe de segurança pede,
discretamente, para falar comigo e Noah. Os levo para minha casa e lá Rick
conta que ainda não sabe nada sobre Sophie.

— Investiguei nessas semanas e não temos nada além de uma policial


acima de qualquer suspeita.
— Você ouviu as conversas que tivemos esses dias? — Noah toma a
palavra. Em toda a empresa temos escutas. — Tentei saber mais dessa
mulher, e os irmãos contaram apenas histórias comuns sobre a família e essa
Sophie.
— Acho que podemos encerrar essa investigação, Rick. Belle é tão
doce quanto a sobremesa que faz. Jamais teria coragem de fazer mal a uma
mosca. — Me levanto e vou em direção ao meu quarto dormir.

Nenhum dos dois me interrompe ou fala alguma coisa. Amanhã, com


certeza, vou ouvir muito. Quando vejo minha cama, tiro rapidamente minha
roupa e visto meu pijama.
Me deito com imagens da minha conversa com a única mulher que
nunca correu atrás de mim. Sorrio da ironia que é, logo eu, ir atrás de uma
mulher que não quer apenas sexo.

— Ah, Belle, eu não conheço o amor, não posso te dar o que não sei
— falo para mim mesmo e adormeço lembrando do seu cheiro único.

Entro em minha cozinha e encontro meus amigos sentados tomando a


primeira refeição do dia. Provavelmente dormiram aqui. Noah me entrega
uma xícara quentinha com o café feito por Rick, manualmente. É nítida a
diferença. Ingiro o líquido preto que me faz suspirar e acordar. Comemos em
silêncio.

— Quem topa ir agora ao centro de treinamento lutar um pouco? —


Rick faz o convite quando terminamos de nos alimentar e aceitamos.
Saímos sem demora e, com o trânsito mais tranquilo de uma manhã de
domingo, chegamos logo ao nosso destino. A conversa no caminho e
enquanto nos trocamos gira sobre amenidades e eu sei que logo vou receber
questionamentos.

— Olie, sobre o que disse ontem... — Bingo. Rick inicia quando faz o
primeiro movimento.
— Não vou mudar de opinião. Eu sei que suscitei a dúvida nesse
tempo todo, mas eu estava errado e reconheço. Eles são pessoas do bem e
vida que segue.

— Olie, você está apaixonado. — Noah gargalha. — O brigadeiro de


ontem fez efeito. A “bela” Durand te prendeu pela barriga.
Rick prende o riso e dou uma rasteira nele, imobilizando-o a seguir. Eu
sei, foi uma atitude infantil.

— Não baixe a guarda, amigo. — Me levanto.


— A sua caiu de vez, Olie. — Mais uma das piadinhas de Noah.

— Cara, como vou estar apaixonado? Nem sequer a beijei. — Claro


que não faltou vontade.
— Se nos séculos passados acontecia... — Rick deixa a ideia no ar.

— Pensei que Rick seria o primeiro a abandonar a vida de putaria. —


Noah balança a cabeça para os lados, como se tivesse perdido uma aposta.
— Ei, eu não estou apaixonado e nem vou abandonar minha vida de
prazeres fáceis. Só disse que Belle não é a vilã que pensávamos, nem o
irmão.

— Então esquecemos as investigações? — Rick se reposiciona e sei


que agora vem um golpe certeiro.
— Vamos deixar para lá. — Noah toma a decisão final. — Se eles
derem motivo...

— Voltamos com tudo. — Sou derrubado por Rick, mas consigo


terminar a frase.
Noah toma meu lugar e eu pego a luva de boxe. Isso ajuda a
descarregar o tesão acumulado que sou obrigado a suportar por Belle
Durand. O que fazer a partir de agora depois dos seus nãos e,
principalmente, de não querer partir seu coração?

Fiquei sem essa resposta até o dia seguinte, quando entramos juntos no
elevador do nosso prédio. Queria falar com Victor, que saiu mais cedo do
trabalho. Nos encontramos na garagem e resolvi pegar o elevador social com
ela.
— Soube que seu irmão foi se encontrar com um possível
investimento hoje — comento despretensiosamente.

— Sim, é o dono de uma rede de hotéis e condomínios de luxo, Simon


Mackenzie[2]. Gosto muito da esposa dele. — Belle não mantém contato
visual comigo.
— Sei quem é o empresário. Como se conheceram? — insisto em
chamar sua atenção.

— Eles são incentivadores das artes. — Suspira e imediatamente olho


para sua boca.
O elevador dá um tranco forte e para de vez, ao mesmo tempo que as
luzes se apagam. Belle dá um gritinho.

— Calma, minha linda, já vou apertar o botão de emergência. — Ligo


a lanterna do celular para me guiar e me deparo com ela tremendo, no canto
do elevador.
Sem pensar, a enlaço com meus braços e sussurro palavras de
conforto. Com meus olhos acostumados com a pouca luz, percebo que ela se
acalma e nossos olhares se cruzam, com aquele magnetismo que me faz
perder o juízo.
Não resisto e toco em seu rosto de porcelana.

— Tão linda, tão macia. — Me aproximo mais dela e vejo que posso
matar um pouco do meu desejo por ela.
Finalmente ela consentiu!

Como uma fruta que quero saborear, toco meus lábios nos dela, que
entreabre, em um convite explícito para que minha língua possa explorar a
sua. Nosso primeiro beijo começa devagar e com cuidado. Uma das minhas
mãos a puxa, pela nuca, para que se aproxime mais. Agora que a provei,
quero mais e mais.
— Olie — sussurra em um dos momentos que paramos para tomarmos
fôlego.

— Quero você, Belle. Mais do que nunca, eu te quero, todinha.

— Não devia, mas também quero.

Suas palavras me incentivam a dar o meu toque ao beijo. O Oliver


cuidadoso dá lugar ao predador e eu aprofundo o beijo, mordendo seus
lábios convidativos e mostrando todo o meu tesão, me esfregando nela,
enquanto aperto sua bunda deliciosa.
Até que as luzes se acendem e vejo Belle me empurrar.

Acabaram os sete minutos no paraíso.


CAPÍTULO OITO

Deus, por que fui me deixar levar desse jeito? O que esse homem tem
que não consigo me controlar ao seu lado.

— Belle... — Sinto que ele me olha.

— Olie, esquece. Foi só um momento. — Evito o contato visual,


exatamente do mesmo jeito que estava antes do elevador parar. Porque se eu
olhar para suas esmeraldas brilhantes...

Mas parece que meu sapo encantado não desiste. Seu olhar queima
sobre mim, eu sei, só não tenho coragem de retornar.
— Belle, olha para mim — o tom em sua voz é impositor e só não
obedeço porque a porta se abre no meu andar.

— Sinto muito, Olie — é a única coisa que falo antes de sair correndo
até meu apartamento.
Ele não me segue, o que agradeço mentalmente. Me sinto sortuda
também por não encontrar Victor e não precisar falar com ninguém. Não
agora. Primeiro aconteceu a crise de pânico por estar em um lugar escuro e
apertado — como debaixo daquela cama em meu antigo quarto — e depois
por beijar quem não devia.

Era para ser apenas um acordo de negócios. Por que complicar tanto
assim? As lágrimas que retesei até agora caem enquanto tiro meu casaco e os
sapatos, me jogando na cama, em seguida.
— Belle, recebi agora uma mensagem de Oliver. Vocês ficaram presos
no elevador? — Meu irmão entra em meu quarto sem bater.

Assinto, sem o olhar, com vergonha dele saber de algo a mais.

— Ele me contou que estava bem abalada. Teve mais uma crise? —
Ele se deita na cama comigo e me abraça. Involuntariamente lembro de
Oliver e seus braços quentes e protetores. Mesmo assim, aos poucos, vou me
acalmando com seu abraço fraterno.

— Vou pedir para fazer um chá calmante — avisa quando vê que estou
melhor e eu me levanto para ir ao banheiro, me recompor um pouco. — Que
tal um banho? Eu trago sua bebida favorita aqui. — Pisca para mim e eu
sorrio.

Meu irmão é meu porto seguro. Podemos não ter o mesmo sangue,
mas isso nunca chegou a ser importante. Conheci os Durand quase dois
meses depois que estava em Paris. Eles queriam adotar uma criança maior,
pois Victor estava com dez anos e não tinham mais vontade de cuidar de um
bebê. Eu entrei na lista para adoção e nos apaixonamos logo de cara. Foi
uma sintonia mútua e de lá para cá, sempre cuidamos um do outro.
Entro no banheiro e molho meu corpo todo, como se fosse para tirar
toda a experiência de mais cedo da minha cabeça.

Ledo engano. Quando Victor chega em meu quarto, já estou de pijama


e ainda com a sensação do toque e do beijo de Olie. Ainda bem que a
ansiedade já passou.
— Bom te ver com uma carinha mais animada. — Ele sorri e me
entrega uma caneca quente de chá de camomila. — Talvez tenha nascido na
Inglaterra — brinca —, gosta mais de chá do que toda a população da
França.

Sempre quis saber de onde vim, mas agora apenas dou de ombros.
— O mundo é gigante, Vic. Posso ser de qualquer lugar. — Me recosto
no travesseiro. — Você percebe que quase nunca viajamos para conhecer
algum país? Apenas a trabalho?

— Sim, por isso estou aproveitando essa temporada em Nova Iorque.


Somos novos demais para viver apenas trabalhando.

— Só não pegue uma IST[3] ou uma gravidez indesejada. — Seguro o


riso.

— Deus não seria tão ruim assim comigo. Mas tomo meus cuidados.
Noah e Olie são mais relapsos.
— Como assim? — Ah, é só ouvir o nome dele que a curiosidade
aparece.

— Acho que falei demais. — Coça a cabeça, desconfortável.


Raramente meu irmão fala comigo sobre sexo.
— Já começou, agora continua. — O olho impaciente. Victor sabe que
atiçou minha curiosidade.
— Eles costumam fazer sexo com prostitutas. Sabe para quantos elas
já deram?

Abro e fecho a boca. Não consigo imaginar que sejam logo as


profissionais que Oliver prefere. Quer dizer, para quem é um nerd safado, até
que tem lógica. Não dá trabalho. É só contratar e pronto. Elas fazem tudo
que ele gosta.
— É por isso que barrei toda e qualquer intenção que Olie queira com
você — continua.

Assinto com toda força. Nem sei por que ele fica dando em cima de
mim, uma garota virgem e inexperiente como eu.
— Ei, está tomando os remédios para ansiedade? — Os tomo desde
que completei 16 anos.

— Sim, Vic. Acho que a crise foi pela circunstância, o gatilho do lugar
escuro. — Sempre acho que coisas ruins acontecem quando não temos luz.
Durmo até hoje com uma luminária que deixa o quarto na penumbra. — A
última foi há cinco anos, quando estava na faculdade, lembra?
— Como não? Mas agora é o momento de coisas mais alegres. Quer
assistir algum filme?

— Quero fazer um lanche e dormir.


— Vem, eu faço o sanduíche. — Meu irmão estende a mão para mim e
eu aceito.

Vamos para a cozinha e ele faz muitas piadas. Com certeza quer deixar
o ambiente mais leve. Sua comida sai gostosa, apesar dele levar muito tempo
para fazer algo tão simples. Ainda o faço prometer não alarmar nossos pais
contando o que houve.
— Só se você procurar seu terapeuta e falar o que houve — é direto e
eu concordo.

Quando chego ao quarto, pego meu celular dentro da bolsa. Já tem


horas que não o visualizo. Mensagens de Olie pipocam na tela.

Oliver:

Me desculpe, ma belle[4].

Não tive a intenção de me aproveitar do seu momento de fragilidade.


Só não consigo esquecer nosso beijo.

Fiz uma playlist com músicas que acalmam.


Espero que goste.

Meu coração bobo se derrama com o apelido fofo. Abaixo da


mensagem, tem um link do aplicativo de músicas da empresa dele e eu clico.
Coloco o fone de ouvido e é ela que embala meu sono.

Me jogo no sofá e procuro uma comédia romântica para assistir em


algum streaming. Hoje é sábado e já se passaram cinco dias desde que
Oliver e eu ficamos presos no elevador. De lá para cá, quase não nos
encontramos. Rolou apenas um almoço ou outro com todo mundo junto e ele
me tratou como vinha fazendo nos últimos tempos: com respeito e sem se
jogar para cima de mim.
Mas seus olhares intensos continuam a acelerar meu coração.
A campainha toca e eu estranho. Estou sozinha em casa. Victor saiu
com os rapazes para a boate de Rick. Nem se deram ao trabalho de me
chamar dessa vez. Mas nem iria, já que não teria alguma amiga para sair
comigo. Evie está com dor de garganta e resolvemos que outro dia eu iria
para sua casa.

Me levanto para abrir a porta. Se passou pela nossa segurança, não


deve ser nada demais.
O susto vem quando encontro Oliver parado à minha porta, com uma
garrafa de vinho da vinícola da família e uma caixa de chocolates finos.

— Oi, Belle, vim te ver. — Dá um sorriso matador, ignorando minha


cara de assustada. — Posso entrar? — Olha para trás de mim.
Dou passagem, ainda muda pela visita inusitada, e ele se senta bem no
lugar onde eu estava antes.

— Para você. — Me entrega os bombons. — Posso nos servir de


vinho?
— Eu faço. — Pego a garrafa que está com ele e vou para o bar encher
duas taças.

— Estava assistindo filme? — Pega a taça em minha mão, com o olhar


queimando em mim.
— Começando um. — Dou de ombros, fingindo que sua presença não
me abala, ainda mais depois do nosso beijo. Me sento afastada e aproveito
para dar um gole na bebida.

O celular dele toca e a mensagem parece agradá-lo, pois dá


gargalhadas.
— Seu irmão está me ameaçando se eu tocar em você.
Opa! A câmera que fica na sala. Vic deve estar vendo tudo. Agora
estou realmente envergonhada.

— Pensei que sairia com ele. — O encaro.


— Inventei uma diarreia para não ir.

— Por quê? Esse é o programa que parece ideal para você. — Ou


talvez um horário com uma prostituta, penso.

— Eu quis ficar e ver como estava depois daquele dia. Na empresa, as


coisas saíram do controle e não tive tempo de conversarmos.

— Eu estou bem, Oliver.

— Tem medo do escuro?

Assinto e não falo mais nada.

— Belle, eu não quis me aproveitar de você aquele dia.

— Eu sei que não. Apenas aconteceu, Olie.

— Gosto quando me chama pelo apelido, já te disse isso?

Nego e ele sorri, sedutor, se aproximando mais.

— Belle, tem como desligar a câmera da sala?


— Até tem, mas Victor não vai gostar. Por quê?

— Eu quero te beijar de novo, ma belle. Só acho que Victor ia gostar


menos ainda de me ver te tocando com as mãos e os lábios.

— Não vai dar certo. — Balanço a cabeça para os lados.

— Me dá um motivo?

— Eu não sou como as mulheres que você anda. Olie, eu sou virgem.
Tenho pouca experiência com o sexo masculino. Na verdade, quase
nenhuma.

— Nunca disse que era como elas. Eu quero você, Belle, exatamente
como é. — Toca em meu cabelo com delicadeza.
— Não me sinto pronta para transar, Oliver. Sinto muito. Pode ir
embora. Aqui não vai encontrar a diversão da noite comigo. — Me levanto e
vou para a varanda tomar um ar. Nova Iorque está com uma noite de clima
ameno.
CAPÍTULO NOVE

Não estou disposto a desistir tão fácil. E olha que não é por querer
sexo agora. Me contento em beijar sua boca carnuda. Pego um dos
chocolates que comprei para ela e vou ao seu encontro.

— Se eu quisesse transar agora, estaria com as “mulheres que estou


acostumado”. Só que eu quero você, ma belle.
Ela está de costas e se vira, com os olhos arregalados, surpresa, eu
diria. Chego mais próximo, descasco o bombom e coloco na boca dela. Belle
me olha indecisa, mas acaba mordendo um pedaço. Pela primeira vez,
consigo ver um vislumbre de luxúria na linda mulher.

— Eu não sou fã de doce, mas adoraria saber o gosto que esse


chocolate tem em sua boca.
Ela sorri e balança a cabeça para os lados.

— Não vai desistir nunca?


— Não mesmo, garota. — Toco em seus cabelos levemente e coloco
atrás da orelha.

— O difícil pode ser um desafio e tanto para alguém como você.


— Por que “como eu”? — Franzo a testa.

— Olie, sempre teve todas as mulheres que quis e eu te disse não.

— Começou sendo um desafio — confesso depois de respirar fundo.


Com Belle Durand, tenho que ser sincero sempre, isso é algo que aprendi. —
Mas o desejo foi o que senti primeiro, gatinha. — Toco em sua bochecha
rosada e ela fecha os olhos. — E ele aumentou depois do nosso beijo.

— Eu também gostei — fala baixinho, quase não consigo escutar.

— Eu não tenho medo do Victor, mas aqui tem câmera? — Pisco para
ela.

— Está desligada, Olie — responde suspirando. Ela me quer tanto


quanto eu a quero.

Escuto o som da chamada de um celular e Belle olha para a sala.


Droga, logo agora?

— Tem certeza que vai atender? — pergunto esperançoso que ela não
quebre o clima. Eu estava quase lá.
— Sinto muito, Olie. Minha família mora fora.

Assinto, mesmo sem compreender. Antes de perder meus pais, já não


tinha essa ligação com eles. Sinceramente, nunca alguém se importou
comigo, a não ser Noah e Rick.

— Victor? — Belle fala justamente com quem eu imaginava. Victor


Durand é um enorme empata foda.
Olho para ela, que está mais escutando que dizendo alguma coisa.
Quando desliga, já tenho uma pergunta em mente.

— Qual a minha chance de não apanhar do seu irmão? — brinco com


ela.
— Ele não luta artes marciais, como vocês, mas está chateado. Disse
que você quebrou sua confiança.

— Não era assim que eu queria, Belle. Mas não posso estragar nossos
negócios. Vou arrumar uma forma de te beijar sem ele saber. — Eu sei que
ela não iria ceder agora. A garota francesa tem um vínculo enorme com a
família.
— Está falando sério?

— Só não muda de ideia, gatinha. — Toco em seu rosto novamente. —


Minutos atrás, estávamos quase nos beijando.
— Estou em conflito, Olie. Victor e meus pais são tudo que conheço.
Você é o inesperado.

— Não posso te prometer nada, Belle. Eu sou um cara que está


acostumado com outro estilo de vida. Não te prometo namoro, mas podemos
nos conhecer melhor.
— Não espere sexo. — Cruza os braços e se afasta, mas eu a puxo
para bem perto de mim.

— Isso é um sim, ma belle?


Ela assente e me aproximo dela. Dou um selinho rápido e me afasto.

— Esse beijinho doeu mais em mim que em você. — Estou frustrado


por não a beijar da forma como gostaria e sei que ela também. — Mas vou te
recompensar em breve, quando menos esperar.
Vou em direção a porta e a abro. Dou de cara com o segurança que
estava todo sorridente quando entrei. Agora seu semblante é fechado. Com
certeza meu sócio francês já avisou que não sou bem-vindo em sua casa.
Mesmo assim, faço um aceno com a cabeça.

Pego meu elevador privativo e enquanto chego à cobertura, começo a


bolar planos de conseguir beijar a linda mulher de cabelos castanhos claros.
Gargalho ao lembrar que agora o objetivo não é o sexo.
Onde fui me meter?

Tudo bem, por Belle Durand faço o sacrifício de usar minhas mãos. E
pensar em trazer ela para minha casa, meu santuário.
— Vou usar a nave agora — aviso a Zeus.

Do jeito que estou alerta, jamais iria conseguir dormir. Sem contar que
ainda são dez horas da noite.
Entro no compartimento que apenas eu tenho o poder de entrar. Aqui
tem uma réplica do que há de mais moderno em termo de tecnologia,
algumas que eu criei e ninguém tem acesso, assim como o projeto que estou
ainda desenvolvendo. Noah e Rick sabem apenas do que se trata. O resto do
mundo nem imagina que em um prédio de elite existe alguém que está
fazendo algo tão impactante, mesmo em um estágio inicial.

Meu celular toca e eu olho com desejo que seja Belle. Bingo!

Belle:
Acho que nunca agradeci pelas músicas.

Muito obrigada!
Elas estão me deixando mais calma.

Eu:

Fiz pensando em você.


Se precisar conversar, estou aqui.

Belle:
Jura?

Eu pensei que queria só beijar e outras coisas mais.


Eu:

Podemos ser amigos com benefícios, o que acha?


Belle:

Vou precisar pensar nessa proposta.

Eu:

Lembre o quanto gostou de me beijar.

Belle:
Convencido.

Ela coloca um emoticon me dando língua e meu lado safado já me


atiça, imaginando a sua contornando meu pau. Involuntariamente toco nele,
massageando-o e vendo-o crescer com as imagens nada puras que estão
aparecendo em minha mente.
Respiro fundo antes que pare tudo que estou fazendo para dar vazão ao
tesão descomunal que Belle me provoca.

Eu:

Sou mesmo.

Coloco um emoticon de um olho piscando e tento tirar esses


pensamentos da minha mente. Eu detesto a masturbação sozinho, acho coisa
de adolescente e me recuso a parecer como um.

Belle:
Nunca duvidei.

Olie, por que eu?


Pode ter todas que quiser.

Eu:

Já disse, ma belle.
Você me atrai.

Ainda está com medo?


Belle:

Muito, principalmente de ser só um desafio.


Eu:

Acha que se quisesse só sexo, estaríamos tendo essa conversa?


Sempre caí fora de toda mulher que não estivesse querendo o mesmo
que eu.

Mas com você, estou disposto a tentar ficar só nos beijos.


Por enquanto.

Sou logo direto e sincero.

Belle:

Pode demorar, Olie.

Preciso ser honesta com você.

Nunca me senti segura com um passo desse.


Eu: Dou meu jeito.

Belle:

Com outras?

Merda.

Eu:

Só você que me atrai, gatinha.

Esqueceu que fui te ver hoje e dispensei uma noite de sexo?

Belle:

Os chocolates são gostosos.


Graças à Deus, muda de assunto depois de alguns segundos sem
digitar.

Eu:
Pena que não consegui sentir o gosto direto dos seus lábios.

Belle:
Realmente uma pena...

Boa noite.

Não acredito que ela solta isso e se despede. Para quem é tão pura,
parece saber muito bem como me deixar doido.

Eu:

Boa noite, ma belle.

É a única que coisa que digo antes de voltar ao computador e esquecer


do mundo real, por enquanto.

Quando me sinto cansado, vou para meu quarto e no caminho vejo


mensagens de Noah e Victor. O primeiro diz que estou brincando com fogo e
o francês me pede explicações do porquê que estou dando em cima da irmã
dele. Não respondo nenhum dos dois. Sinto que estou no caminho certo e
nada vai me fazer mudar de opinião.
Depois de um domingo morno, onde fiquei em casa adiantando meu
projeto, saio para o trabalho. Chego bem cedo à empresa e já coloco em
prática minhas ideias para ter Belle só para mim. Converso com Rick e ele
se propõe a ajudar, apenas por alguns minutos, pois não pode comprometer a
segurança do lugar e desligar as câmeras quando eu bem quiser.

Em seguida, passo na sala de Noah, um ritual que é bem comum entre


nós dois para alinhar nosso dia e semana. Quando terminamos, ele entra no
assunto Belle.

— Olie, esquece essa garota. Tem tanta boceta nessa cidade.

— Não consigo, Noah. Ela me atiça de uma forma que não


compreendo. Piorou quando a beijei — confesso.
— Ei, como não soube disso? Agora entendi o motivo de estar tão
distante ultimamente.

— Semana passada, no elevador do nosso prédio. Não resisti, amigo.


— Me jogo em sua cadeira.
— Cara, só não brinca com ela. Belle parece tão frágil.

— Ela é mesmo, Olie. — Nem vi Victor chegando. — Não é só coisa


de irmão ciumento. Você presenciou uma de suas crises de ansiedade.

— Não quero “brincar”, apenas a conhecer melhor. Ela me intriga —


me justifico.

— Olie, pelo que te conheço, sei que pode machucá-la. Belle é muito
romântica e está esperando um príncipe ainda. Você não é nada disso. Se
afasta, pelo bem dela — Victor tenta me convencer mais uma vez.

— Ok — acabo consentindo, mas sei que não vou conseguir. — Vou


para o setor de produção. Qualquer coisa, estou lá.
— Amanhã está certo nosso passeio pela parte automotiva? — Victor
pergunta animado e eu assinto, saindo em seguida.
CAPÍTULO DEZ

Oliver:

Me encontre na última sala do setor de produção em quinze minutos.


Pode entrar sem bater.

Assim, direto, é o primeiro sinal de vida que recebo dele depois da


nossa troca de mensagens no sábado.

Não foi fácil encontrar com Victor no domingo e ele reclamar comigo.
Me senti como se fosse uma garotinha fazendo algo errado. O problema, é
que não consigo encarar como um. Claro que sei que estar com Oliver
Megalos é brincar com fogo a todo momento, inclusive agora.

Vejo que Noah e Victor estão distraídos com alguns números e aviso
que vou sair para arejar a mente. O sócio americano ainda me olha elevando
uma sobrancelha, mas meu irmão nem responde, tão concentrado que está.
Nunca gostei de mentir para Victor, por isso escolho uma meia-
verdade. Saio da sala sem nem cumprimentar Evie, de tão ansiosa que estou
para encontrar aquele que vem mexendo comigo desde que nos conhecemos,
em Vegas.

Meus batimentos cardíacos aceleram à medida que passo pelo corredor


da produção. Alguns já têm uma cara conhecida e os cumprimento enquanto
passo. Quando chego à sala que Olie marcou o encontro, respiro fundo antes
de abrir e o encontro sorridente, me esperando com um copo.
— Trouxe chá para você. — Se aproxima e me dá um beijo na
bochecha.

Olho chocada para ele por saber qual é minha bebida favorita.

— O nerd também é observador, ma belle. — Lê minha mente e eu


gargalho.

— Obrigada. — Tomo um gole do chá de hortelã, que está na


temperatura certa.
— Antes de mais nada, gostaria de saber como está sua relação com
Victor. Tiveram algum desentendimento por minha causa?

— Nós conversamos ontem e ele me pediu para tomar cuidado. Sua


fama o precede, Olie, mas eu quero ver no que vai dar essa atração.
— Sério? — Se aproxima mais e toca em meu cabelo. — Temos pouco
tempo antes das câmeras se acenderem. Por que não aproveitamos?

— Como? — Toco em sua barba cheia, que me provocou curiosidade


desde Vegas.
Oliver não responde com palavras, mas sorri safado. Sem eu esperar,
ele me pega pela bunda e sou colocada sentada numa mesa que está próxima.
Ele se encaixa entre minhas pernas. Sorte que estou com uma saia mais
folgada hoje, senão ela subiria para onde não deve.

— Tão leve, ma petit[5] — fala antes de me puxar para perto, colando


nossos corpos e me beijar, mais uma vez, do seu jeito safado, com nossas
línguas fazendo um baile dentro de nossas bocas.
Seu beijo é bom demais!

— Te quero tanto, Belle. Quanto mais te beijo, mais quero estar com
você, entende isso? — Segura meu rosto com suas mãos e volta a me beijar.
E assim, começa minha saga de encontros secretos com Oliver
Megalos, onde eu aprendi algumas coisas sobre ele e a me soltar mais.

Já tem um mês que Olie e eu estamos juntos secretamente. Não é um


namoro, como ele gosta de frisar, mas passamos bons momentos juntos.
Agora eu estou tentando fazer um brigadeiro em sua casa, enquanto ele fica
me beijando.
— Olie, assim vou deixar o doce queimar — reclamo e ele continua
com seus beijos quentes em minha nuca.

— Desliga isso, Belle, estar com você é muito melhor. — Morde


minha orelha, me fazendo arrepiar e sou convencida facilmente.
Faço o que ele pede e sou levada para o sofá. Olie me deita e fica por
cima de mim.

— Ma belle, tão linda, doce e pura. Como é que você provoca tanto
tesão em mim?
Antes que eu responda, ele me dá mais um de seus beijos, que me
deixa mole.

— Queria tanto te ouvir gemendo meu nome enquanto meto forte e


duro em você. — Mais uma das suas provocações que me deixam doida.
— Eu também te quero tanto, Olie, mas ainda não consigo. — Fico
séria, pensando no porquê de ser tão travada. A única explicação são as
marcas que ainda estão em minhas costas, cicatrizes de uma época que ainda
me dói pensar. Tenho medo dele ver e não me querer mais.

— Ei, nada de mudar esse semblante. Quero ver você sorrindo ao meu
lado. — Me dá um monte de beijos no rosto e eu sorrio, manhosa que sou.
— Vamos lá para meu quarto? — continua me fazendo a mesma
proposta desde que passei a frequentar sua casa e ainda não aceitei.

— Se Zeus não estiver lá. — Mordo seus lábios, me enchendo de


coragem.
— Ele está em todo lugar, gatinha, mas não vai nos incomodar. Se
continuar desse jeito, te levo sem esperar resposta. Não tem câmera lá.

— Ok, vamos. — Me levanto e ele me pega numa pressa que nunca vi


antes, sobe as escadas comigo no colo e abre a porta com sua digital.
Sou jogada em uma cama macia e espaçosa. O quarto tem uma
decoração bem minimalista, como sua personalidade. Oliver é um homem
direto e prático.

— Acho que me olhar é bem melhor que o meu quarto. — Ele eleva
uma sobrancelha, em um estilo bem charmoso e eu o chamo para perto de
mim.
— Olie, não me sinto pronta para perder a virgindade.
— Existe algumas formas de prazer que te mantém intacta.

— Está falando de sexo... — Nem consigo completar, imaginando que


ele quer explorar minha parte de trás.
— Oral, Belle. Me deixa tentar? Se for muito para você, só pedir que
paro. Prometo que vai gostar.

— Convencido!

— Já disse que sou. Sabe o que significa Megalos, meu sobrenome?

Nego e ele emenda.


— Grande. — Aponta para seu órgão genital.

Reviro os olhos com tanta cara de pau.


— Você já tocou por cima da roupa e pôde comprovar — continua.

— Acho que na minha primeira vez, melhor fazer com um de tamanho


normal — provoco. — Vou sentir muita dor.
— Ei, nada disso, ma belle. Quem vai tocar em você por inteiro será
eu, entendido? — Coloca as mãos em meu rosto e me olha intensamente.

Sinto tanta verdade ali que resolvo me abrir. Se ele me achar feia, vai
ser um pretexto para fugir antes que me apaixone mais. Sim, estou
apaixonada por ele, embora tenha conseguido evitar demonstrar o que sinto.

— Olie, eu preciso te mostrar algo.


Sem que ele responda, tiro minha blusa e viro de costas, expondo
minhas marcas da infância em várias linhas finas, quase que imperceptíveis.
Ele se aproxima e as toca.

— Belle, quem fez isso com você?


Tento vestir minha blusa, mas ele não deixa e me abraça.

— Preciso de um nome — insiste.


— Estão mortos. — Me viro para frente e sento na cama. Visto minha
blusa agora sem impedimento. — Eu sou adotada, Olie. Eu sei que não
encontrou isso em suas investigações porque os Durand apagaram todos os
rastros para que eu não seja encontrada.

— Uau! Não imaginava. Se for doloroso, não precisa me contar. —


Entrelaça nossas mãos.
— A história que me foi contada é que fui sequestrada ainda bebê.
Não sei quem são meus pais verdadeiros. A polícia nunca descobriu isso. Fui
criada por um casal de aproximadamente quarenta anos, que morava em uma
fazenda entre a França e a Alemanha. Eles nunca me deixavam sair de casa.
Raramente via televisão e quando acontecia, era supervisionada por eles.
Minha tarefa era realizar os afazeres domésticos.

— Por isso sabe cozinhar — deduz e eu balanço a cabeça


afirmativamente.
— Se não fizesse logo, eles me batiam nas costas. — Seguro as
lágrimas, pois ainda hoje lembro da dor. — Dormia tarde e acordava cedo.
Se dormisse demais...

— Como se livrou disso? — Seus punhos estão fechados e sei que não
quer ouvir mais sobre essa parte da minha vida.
— Sophie e sua equipe de policiais me acharam. — Não conto sobre
ela ser da Interpol, pois essa informação pode cair nas mãos de gente errada.
— Receberam uma denúncia que havia uma criança naquela fazenda. Eles
investigaram e chegaram até lá.
— E os Durand?

Sorrio. Falar dos meus pais adotivos é a melhor coisa do mundo.


— Fui para Paris depois disso e fiquei em um orfanato. Minha mãe
não conseguia mais engravidar e queria mais uma criança em casa. Ela dizia
que Victor poderia ficar muito mimado. Pensaram primeiro em um garoto da
idade dele, mas quando nos conhecemos, foi amor à primeira vista.

— Nunca mais penso em você como patricinha. — Me dá um selinho.


— Ah, mas eu sou. — Toco em sua barba. — Com eles aprendi a ser
gente, descobri como era maravilhoso ser criança, a gostar de me arrumar e a
me amar.

— Belle, sabe quem são as pessoas por trás do seu sequestro?

— Não sei. Parece ser gente perigosa, por isso a polícia apagou
qualquer registro meu sobre a adoção. Não queriam que eles chegassem a
mim novamente.

— E as pessoas próximas? Ninguém desconfiou?


— Os Durand sempre foram discretos e na época eram muito mais.
Não tinha tanta exposição da mídia como hoje. Poucas pessoas sabiam da
existência de Victor. Meus pais nunca falavam dele entre os conhecidos. Eles
tinham muito medo de um sequestro. Apenas as pessoas que eles confiam
sabem da minha adoção. Nunca da minha real história.

— Pode confiar em mim, Belle. Vou guardar seu segredo. — Toca em


minhas costas. — Seu medo do sexo era pelas marcas?
— De ficar nua na frente de um homem e ele reagir mal, mas também
de ir em frente e me machucar.
CAPÍTULO ONZE

Ao ouvir sua história, não pude deixar de ficar chocado. Minha


infância seria terrível se não fosse Noah, mas uma criança nunca deveria
passar pelo que ela passou.

Por isso que a partir desse momento, não a deixarei mais chorar. Ao
meu lado, darei o que eu conseguir para fazê-la feliz.
— Eu te acho ainda mais incrível por ter dado a volta por cima, ma
belle. Prometo não te machucar. — Deito na cama e a puxo para meus
braços. A abraço apertado até que sua respiração se acalme.

— Obrigada, Olie — diz depois de um tempo, tocando em minha


barba. Acho que Belle tem um fetiche por ela.
— Sempre pode contar comigo, gatinha.

— Nada que um abraço apertado não resolva.

— E beijos? — Faço uma cara dramática, arrancando risadas dela.


— Beijos são ótimos. — Toma uma iniciativa inesperada e fica por
cima de mim, me beijando a seguir.

Maravilhoso!
O beijo vai ficando mais intenso e o clima também. Um calor vai
subindo pelo meu corpo e parte do meu sangue se concentra no meio das
minhas pernas.

— Quero você, Belle. Me deixa provar seu sabor? Prometo que vai
continuar virgem. — Apalpo sua bunda e roço meu pau em sua boceta
coberta por tecido.
Ela não responde com palavras e sim com o aprofundamento do beijo.
Inverto nossas posições porque sou mandão mesmo na hora do sexo.

— Se sentir que está além do seu limite eu paro, ok? Pode falar se
gostou e como quer. — Detesto mulheres caladas nessa hora. A participação
é superimportante para atingir o clímax.
— Por enquanto, está maravilhoso.

— Vai melhorar mais ainda. — Pisco para ela e sou chamado de


convencido mais uma vez.

Minha resposta vai com uma leve mordida em seu pescoço, deixando-
a arrepiada.

Pego na barra da sua blusa e ela se levanta um pouco para me ajudar a


tirar. Seu sutiã também vai embora e a deixo — por enquanto — com o short
e a calcinha.

Abocanho seu seio direito e ela se arqueia, deitando na cama.

— Seus seios são perfeitos, Belle. Olha como cabem na minha mão?
— Os apalpo com vontade. Afinal foram meses até poder tocar
apropriadamente nesta mulher.

— Ahh, Olie, essa sensação é gostosa. Continua.

— A chupar seu peito? — provoco e tiro minha camisa.

É só eu ou está calor aqui dentro?


— Sim, eu quero mais. — A mulher pura dá lugar a uma devassa que
nem cora de vergonha e sim de prazer.

É lindo de ver.
— Seu desejo é uma ordem, ma belle. — Volto a chupar seu seio
direito, enquanto apalpo o outro.

Ela geme e arranha minhas costas de leve. Agora sou eu que arrepio e
sinto meu pau pedir para sair e brincar também.
Calma que não é a hora, amigão.

Desço mais um pouco e tiro seu short curto, que mexeu com meu juízo
desde que ela apareceu aqui, realçando mais ainda sua bunda que um dia vou
querer provar.

Quando tiro a calcinha e vejo aquela boceta toda depiladinha quase


caio de boca. Me controlo, pois a vejo ficar tensa. Suas pernas estão juntas e
volto a beijá-la. Claro que sabia que não se soltaria de primeira.

Toco em seu rosto macio, de porcelana e ela suspira. Ok, vamos aos
poucos. Desço minha mão aos poucos, tocando em seus seios no meio do
caminho e fazendo círculos junto ao seu umbigo.

— Fez cosquinha. — Ri, me beijando e abrindo as pernas. Não o


quanto queria, mas está valendo.
— Toca em meu pau, Belle. Veja como ele está doido por você. —
Coloco sua mão no lugar que está carente por sua atenção e a faço
movimentar para cima e para baixo.

— Acho que está muito vestido. — Seu olhar está mirando minha
bermuda, mas eu tenho certeza que ela quer ver além.
O que fizeram com minha sócia?

— Esse é seu objeto de desejo, ma petit? — Tiro a bermuda e a cueca


de vez e ela arregala os olhos. — Como te disse, essa é uma das razões do
meu sobrenome. — Pisco para ela, que balança a cabeça para os lados, mas
não tira os olhos do meu pau.
Toco no meu membro e me aproximo dela.

— Toca, gatinha. Ele é todo seu. — Coloco sua mão novamente nele e
a ajudo a movimentar.
Quando eu tiro a mão por cima da dela, ela também tira. Com certeza
ficou envergonhada.

— Posso brincar com sua boceta lisinha? — Afinal, o objetivo é esse.

Belle abre as pernas e eu coloco um só dedo, de tão apertada que é.


Macia e já lubrificada. Melhor que isso vai ser quando meu pau entrar ali
dentro. Meu dedo entra devagar e vou aprofundado à medida que sinto o
quanto está molhada. Aí faço o movimento de vai e vem. Belle geme ainda
mais alto e sinto uma lubrificação saindo do meu pau. Ela não imagina o
quanto me deixa excitado.

— Gatinha, vou aqui para baixo, ok? — Toco em sua boceta


mostrando qual é o meu alvo.
— Dizem que é muito bom — fala ofegante e eu arqueio a
sobrancelha.

Com quem ela está andando?


— Verá que na prática é muito melhor do que qualquer teoria. Sou
bom nisso.

— Eu quero, Olie. — O efeito do prazer a impede de me achar


convencido, tenho certeza.
Encaixo minha cabeça entre suas pernas abertas e tenho a visão do
paraíso. Que coisa mais linda e intocada. Eu vou ser o sortudo que vai
estrear tudo isso. Não tenho dúvidas que de agora em diante, minhas bolas
não ficarão mais roxas.

Toco por cima dos seus grandes lábios e ela estremece. Vou colocando
a língua devagar, experimentando seu sabor, que é mais doce que o
brigadeiro. Ouso dizer que é o melhor do mundo até hoje. Não há nada que
supere ter Belle Durand em minha cama, toda entregue a mim e eu ser o
responsável por lhe dar prazer.
Aumento o movimento da língua porque está tão gostoso. Seu gemido
e vê-la se contorcendo, faz meu membro formigar. Ele está duro como pedra.

Belle solta palavras incompreendidas e vai mexendo em minha cabeça,


ditando onde quer que minha língua fique.
Até que tudo explode. Belle grita alto, tensionando seu corpo,
tremendo e relaxando a seguir.

— Isso, ma belle, se solta. Deixa tudo vir. Esse prazer é todo seu. Não
reprime nada. — Sorrio vendo-a atingir seu próprio ápice.
Enquanto a olho, toco em meu pau e em poucos movimentos, ele joga
para fora todo o tesão que estava acumulado por ela. Me jogo ao seu lado,
ainda sem me limpar. Nunca em minha vida, gozei ao ver uma mulher
fazendo o mesmo. Eu disse que ela tinha algo diferente, que me deixava
louco e a prova está bem aqui.

Ofegante, dou um beijo no topo da sua cabeça e ela sorri, corada.


— Como está se sentindo? — Entrelaço nossas mãos.

— Nem sei explicar. É como se estivesse me libertando, me soltando.


— Agora você sabe que não sou nem um pouco convencido. — Pisco
para ela.

— Não deixa de ser, mas entende bem do assunto. — Me dá um


selinho.
— Dorme aqui comigo hoje? — faço um pedido antes nunca feito.

— Aqui? Com você? — Arregala os olhos.


— Claro que comigo!

— Olie, o Victor...
— Seu irmão está em Paris, ma belle. Não ia te deixar sozinha depois
de hoje, do que me contou e do nosso momento.

— Vai dar confusão. — Nega com a cabeça.

— Vamos fazer assim? Vai tomar banho que te encontro lá daqui a


pouco. Eu resolvo isso. — Me levanto e a chamo para me acompanhar no
banheiro.
Mesmo sem entender, ela me segue. Mostro como o chuveiro funciona
e saio. Pego meu celular e ligo para Victor. Sei que ele será meu aliado nessa
situação.

— Aconteceu alguma coisa com Belle? — Já me atende assim.


— Que merda que ela passou na infância, cara?

— Minha irmã te falou?


— Estou chocado até agora. — Mexo no cabelo. — Ela era uma
criança.

— Agora você entende por que eu sempre te peço para que não a
machuque? Também não quero que conte a ninguém.
— Não vou. E depois do que eu soube, ela vai ficar aqui comigo.

— Pirou? Me deixa falar com Belle.


— Vic, pensa bem. Não vou permitir que nada aconteça com ela
enquanto estiver fora.

— Ok, mas se tocar nela...

— Não vou. — Só se ma belle quiser.

— Vou avisar para uma parte dos seguranças ficarem na porta da sua
casa. Olie, se você encostar seu pau nela, saiba que será a última vez que
irá usar.

— Não se preocupe. — Toco involuntariamente no meu membro e


desligo o aparelho.

Volto para o banheiro e encontro ma petit se ensaboando e cantando


uma música romântica em francês.

Sinto muito, Vic, mas é impossível não tocar na sua irmã. Porém, vou
tentar manter minha promessa de não tirar sua virgindade.
A não ser que ela queira.

Entro no chuveiro e a pego desprevenida, beijando sua nuca.

— Quer aprender a tomar um banho divertido? — Mordo sua orelha.

— Mais diversão do que tivemos? — Sorri matreira.

— Ah, ma belle, a noite é longa. — Apalpo seus seios e sinto que


teremos momentos deliciosos.
CAPÍTULO DOZE

Acordo em um lugar estranho, nua e levo uns segundos para me


ambientar. Eu estou na casa de Oliver Megalos, aliás, em seu quarto.

É para surtar ou não?

Sem contar que ontem me entreguei a ele sem pudor. Várias vezes.

E queria mais.

Graças à Deus minha virgindade está intacta. Me cubro até a cabeça


com o lençol e Olie se movimenta.

— Bonjour[6], ma belle. — Me descobre e vem para cima de mim,


também sem roupas.

Começa a me beijar antes que fale algo. Nunca é um simples beijo


com ele. A gente se agarra mesmo. O resultado é me deixar molhada e ele
com aquele volume crescendo e ficando duro no meio das pernas.
— Gostei desse bom dia, meu sapo encantado — solto para ver a
reação dele, que realmente é cômica.

— Por que “sapo?” — Faz as aspas com os dedos, elevando uma das
sobrancelhas.
— Você já disse que não era o príncipe. — Dou de ombros e deixando-
o concluir o resto.

— Então sou um sapo muito gostoso. — Dá uma mordidinha em meu


pescoço.
— E convencido. — O beijo, que corresponde, avidamente.

— Quer tomar café em uma cafeteria perto daqui?

— Acho uma ótima ideia. — Tenho certeza que se passar o dia aqui,
minha virgindade será coisa do passado.

— Vou me vestir e passamos na sua casa para se arrumar, ok?


Assinto e o chamo para ir depois ao Central Park. Oliver topa e fico
boba por ele aceitar um programa de casal.

Quando fica pronto, saímos de mãos dadas da casa dele, que avisa aos
seguranças dos nossos planos. Descemos o elevador e Olie dá um sorrisinho.
Provavelmente lembrando do nosso primeiro beijo.
— Você me deixou viciado em seu beijo, sócia. E ontem, descobri um
outro tipo de vício — sua voz sai sussurrada em meu ouvido quando
chegamos em minha casa.

Ah, o mesmo nerd safado de sempre.

Passamos parte do domingo na rua com direito a café da manhã,


passeio no parque e almoço em um bistrô charmoso, permeada de muitos
beijos, carinhos, risadas e palavras proibidas para menores de dezoito anos
ao pé do ouvido.

Retornamos ao nosso prédio por volta do meio da tarde e o aviso que


vou para casa.
— Por quê? Minha companhia não é boa o suficiente? — Primeira vez
que descubro o drama de Oliver Megalos.

— Achei que precisava trabalhar ou fazer outra coisa. Estamos juntos


desde ontem.
— Eu quero ficar com você, Belle. Vamos para meu apartamento? —
Me enlaça pela cintura e dá um beijo no topo da minha cabeça.

— Se não for atrapalhar...


— Impossível — interrompe e me leva ao seu elevador privativo.

Micaela e um segurança de Olie entram conosco. Ela é minha nova


protetora e vai sempre onde vou. Pedi ao Rick uma mulher como segurança
e ele trouxe uma garota mais nova que eu, mas com uma visão de mundo
incrível.
Ela e Evie, que já se conheciam, se tornaram minhas amigas e
confidentes aqui em Nova Iorque. Mica, como a chamo, quando me viu com
Oliver hoje mais cedo, deu um sorrisinho discreto. Ela detesta os CEO’s, os
acha muito arrogantes, mas torce para que minha paixonite dê certo.

Olie abre a casa e entramos. Os seguranças ficam do lado de fora. Ele


me prensa na porta e afunda o rosto no meu pescoço.

— Quero você, ma belle — sua voz sai sedutora, ele apalpa minha
bunda e morde minha orelha.

Gemo com o estímulo gostoso e certo. Ele parece saber onde me tocar.
— Não está enjoado de mim?

Nega com a cabeça e me suspende para ficarmos na mesma altura. Sua


boca vai de encontro a minha e eu a abro para receber essa língua que me
deixa nas nuvens por onde passa.
— Não me deixa ficar viciada em você, Olie — o peço.

Ele me solta, com cuidado. Em seus olhos, o clima se quebrou. Falei


besteira, tenho certeza.
— Belle, vem para o sofá — me chama e aceito. A conversa parece
que vai ser séria.

— Ontem você me contou coisas bem pessoais da sua vida e agora


sinto que devo te contar algo sobre mim e minha infância. — Mexe no
cabelo, de cima para baixo. Já percebi que quando fica tenso, costuma fazer
esse gesto.
— Não precisa, Olie.

— Quero que entenda meu ponto de vista, ok?


Assinto e ele continua.

— Resumindo, eu nunca recebi amor dos meus pais. Sempre fui criado
por funcionários. Minha única relação de afeto até hoje foi com Noah. A
relação dos meus pais era estranha, nunca consegui entender como
funcionava. Dormiam em quartos separados, mas quando tinham festas,
pareciam o melhor casal do mundo.
— Casamento por conveniência? — presumo e ele afirma que sim.

— São de família nobre, rica, tradicional. O relacionamento perfeito,


muitos diriam. — Ri ironicamente. — Noah e eu crescemos nesse meio e
nos aproximamos. Quando nós dois tínhamos dez anos, vimos a cena mais
grotesca até hoje: nossos pais se compartilhando entre si e com outros casais.
Foi tão nojento, que saí correndo e vomitei no banheiro mais próximo.

Coloco a mão na minha boca, assustada. “Por que as pessoas se casam,


então, se não são fiéis?”
— Esse é meu questionamento, Belle. — Toca meu rosto levemente.

— Falei em voz alta, né? — Que vergonha!

— Você chegou ao meu ponto, ma petit. Não posso mentir a você que
nunca fiz sexo a três ou quatro, mas foram com pessoas descomprometidas.
Só que o efeito colateral quando descobri a podridão que era a vida dos ricos
de Nova Iorque, foi me fechar ao amor.

— Entendo, Olie. Minha experiência com meus pais são as melhores,


por isso que sou uma romântica assumida — confesso.
— Sabia que você foi a única pessoa que cozinhou para mim sem ser
alguém pago para isso?

— Sério? — Fico sem acreditar.


Ele balança a cabeça para cima e para baixo.

— Sinto muito, Olie.


— O que está acontecendo entre nós dois, Belle, é algo que não
entendo, mas estou me deixando levar. O carinho que tem por mim, o
cuidado, tocam aqui dentro — coloca minha mão sob a sua e leva ao seu
coração. — É uma coisa diferente, mas não posso prometer nada, entende?

— Sim, mon amour[7]. Para mim também é diferente. Você é o único


homem fora da minha família que consigo me soltar.
— Gosto quando fala francês. — Me puxa para seu colo e sou
apertada em seus braços fortes.

Dessa vez, sou eu que me recolho ao conforto do seu pescoço.


É engraçado que ele fala mais comigo em francês do que eu com ele.

— Acho que estamos no mesmo barco, Olie. Nenhum dos dois está
entendendo por que quer tanto a presença do outro.

— Desde o início — enfatiza algo incontestável.

— Sim. Lembra quando apareci do nada no setor de produção?


Ele começa a rir.

— Te dei uma prensa daquelas, não foi?


— Fiquei assustada na hora, preferi me manter longe, mas foi só a
gente ficar preso no elevador que tudo mudou.

— Para mim, nós temos que ficar mesmo juntos e descobrir o que está
acontecendo.

— Eu topo. — Suspiro antes de beijá-lo. — Também não consigo ficar


longe, Olie.

— Prometo não te machucar, ma petit. Nunca. — Cheira meu pescoço.

— Já que estamos em dia de revelações, que tal me dizer como


conseguiu que Victor ficasse sem me mandar mensagens até agora?
— Falei para seu irmão que iria tomar conta de você. — Toca em meu
rosto.

— Só isso? — Olho desconfiada para ele.


— É! Eu também estou proibido de te tocar ou perco meu objeto de
prazer, quer dizer nosso. — Se conserta, apontando para seu membro e sorri
safado. — Mas é claro que você não vai falar nada.

Balanço a cabeça para os lados, prendendo o riso. Olie é muito cara de


pau.
— Você é bem mais divertido do que eu pensei — confesso e ele
morde meus lábios.

— Ahh, e você não é a patricinha pudica que eu imaginava. A pelinha


fina que você tem, ma belle, não quer dizer nada. — Toca e apalpa minhas
partes íntimas por cima da minha calcinha. Acaba levantando meu vestido
no processo.
— Ei, a culpa é sua, do seu toque, seus beijos em lugares antes nunca
imaginados e descobertos. — Mexo em seu bíceps hipertrofiado das artes
marciais e academia que faz antes ou depois do trabalho.

— Gostei da fala poética, mas é bem melhor desvendar tudo de novo.


Vai que deixei algum detalhe. Quarto ou sala?

— Deus me livre de Zeus me pegar no flagra. — Me levanto rápido e


Olie se movimenta mais ainda.

— Temos que recomeçar o que estávamos fazendo mais cedo, ma


belle. — Me pega no colo e eu suspiro porque sei que vou ser levada de
novo ao paraíso.

Foi assim que se iniciou uma rotina gostosa e bem prazerosa entre nós
dois.

Vale dizer que minha virgindade permanece firme e forte no mesmo


lugar de sempre. Não que ela seja tão valorosa hoje quanto no passado.
CAPÍTULO TREZE

Sorrio lembrando de como está gostoso passar esses dias com Belle.
Nunca imaginei que ia estar tão viciado nela quanto estou. Pena que está
acabando. Victor chega hoje da França e Belle está arrumando algumas
coisas suas que deixou nessas duas semanas que passou em minha casa. Não
estamos namorando, mas caminhando para isso.

Hoje quando meu “cunhado” chegar, vou conversar com ele e deixar
bem claro o quanto gosto da irmã dele. Nesses momentos de convivência e
muitas revelações, percebi por que a quero tanto ao meu lado.
Estou apaixonado e, se possível não vou deixar ela nunca.

Meus planos, após falar com Victor, é levar minha garota em um


restaurante e, depois, a declaração.
O plano perfeito. Estou confiante que nada vai atrapalhar. Belle
merece um gesto romântico.
— Gatinha, não precisa levar tudo. — Chego por trás dela, levanto seu
cabelo e beijo sua nuca.

— Como não, Olie? Essa não é minha casa. — Vira de frente e coloca
as mãos na cintura, mostrando um certo drama.
Prendo o riso. Com Belle consegui ficar mais solto. Não foi só ela
quem tem aprendido. Noah disse que estou menos carrancudo e que tenho
mais um assunto para falar. Nem retruquei. Meu amigo está falando a pura
verdade.

— Mas é tão bom te ter aqui, ter esses produtos com seu cheiro. — A
enlaço pela cintura e dou um selinho.
Tão bom vê-la amolecer em meus braços. É uma sensação gostosa
demais.

— Victor chega hoje à tarde. Já quero deixar minhas coisas lá em casa.


— Não estamos fazendo nada errado, Belle. — Respiro fundo porque
antes ela era proibida para mim, mas agora que estou apaixonado, a coisa
muda de figura.

— Eu sei que não, mas prefiro conversar com meu irmão antes.
Sempre fomos honestos um com o outro.
— Ok. — Penso em falar que também vou me reunir com ele, mas
deixo para ser mais uma surpresa. — Já está pronta?

Ela acena positivamente e saímos para a Hórus. No caminho, cada um


usa o celular para começar a trabalhar. Minha gatinha tem se dividido entre o
trabalho da França e daqui.
No próximo final de semana ela vai para Chicago discutir com Simon
Mackenzie um projeto de condomínio de luxo. Me chamou para ir junto e eu
topei. Vamos ficar em um dos hotéis da rede dele, que tem um alto padrão.
Óbvio que aceitei com a condição de ficarmos no mesmo quarto.

Quando chegamos à empresa, vamos ao andar presidencial, onde Belle


fica com Noah e eu, geralmente, aproveito para avaliar algumas questões
burocráticas, antes de me sentar de frente para o computador. Essa é a rotina
que mais me agradou e Evie já sabe, pois sempre vai ao meu encontro
quando chego para me passar as pendências.
— Olie, está lembrado da nossa reunião com Victor hoje mais tarde?
— Noah me aborda quando entro em sua sala com Belle.

— Sim, pedi para Evie me avisar quando estiver perto do horário.


Hoje o dia está puxado lá no setor de produção. Talvez nem tenha tempo de
almoçar direito — aviso, olhando para minha gatinha e ela faz um biquinho.
Me controlo para não a beijar. Ainda não fizemos isso na frente dos nossos
amigos.

Ah, esses lábios sedutores. Espero que em breve, meu pau possa ser
agraciado com essa boquinha gostosa.

— Uma pena que não almoçaremos juntos hoje. — Belle me tira dos
pensamentos devassos e eu volto à realidade, a uma fria sala de negócios.
— Teremos outros dias. — Pisco para ela. — Final de semana estou
livre, gatinha — sussurro em seu ouvido antes de sair da sala de Noah e ir
para a minha resolver a papelada.

Antes de me envolver com o trabalho, mando mensagem para ela.

Eu:
Me aguarde nos nossos momentos de folga.
A vejo digitando e a resposta vem rápida.

Belle:
Posso criar expectativas?

Eu:
As melhores possíveis.

Minha sócia me responde com emoticons de coração e eu sorrio,


definitivamente arriado, como nunca imaginei me sentir.

Antes de começar a resolver os problemas, lembro da nossa conversa


há duas semanas onde falamos sobre esse sentimento “diferente”. Dissemos
tudo, menos que estávamos apaixonados. Quer dizer, ela me chamou de mon
amour.
Assim, mergulho nos meus afazeres como gestor e depois vou para a
parte prática, onde me encontro e lidero minha equipe para um novo sucesso.

— Vou agendar para semana que vem uma reunião com Sr. Walker e
mostrar a ele nosso novo produto — aviso a minha equipe e chamo os mais
competentes para estarem comigo lá em cima.

— Foi testado várias vezes. Não tem um erro — um deles se empolga.


Em tudo, há chance de algo não funcionar, menos meu encontro hoje com
minha futura namorada.
— Continuem nos ajustes finais e até semana que vem — me despeço
e saio do meu setor.
No caminho encontro com Rick. Tenho a ideia de perguntar a ele sobre
algum restaurante romântico. Na minha agenda apertada, nem tive tempo de
pesquisar um lugar decente. Evie vai ser minha segunda opção. Com Noah e
Victor, nem posso contar porque eles não vão saber mesmo. Para Belle, tudo
será uma surpresa.

— Você acha que eu tenho cara de alguém que frequenta esses


restaurantes? Se quiser comer algo, jamais vou nesses locais que se paga
uma fortuna e come pouco?

Sinceramente, ele não foi ríspido e tem toda razão. Só frequento esses
restaurantes para reuniões de negócios. Mesmo assim, faço uma careta
involuntária.

— Evie pode te dar essa resposta — continua —, só torça para ela não
contar a sua namorada.
— Ainda não é, mas de hoje não passa — conto a ele meus planos.

— Victor sabe?
— Não, mas estou indo para uma reunião com ele agora e pretendo
compartilhar que a irmã dele arrebatou meu coração.

— Eu achava que Noah seria o primeiro. — Prende o riso.


— Ele fala o mesmo de você. — O encaro para saber se ele entrega
alguma coisa. Sua vida amorosa é um mistério, embora ele pegue todas.

— Não mesmo. Estou fora de cair na armadilha do amor.


— Por experiência própria, na hora certa, vai ser impossível resistir. —
Dou um tapa em suas costas e ele faz o sinal da cruz.

Nos despedimos e vou ao andar presidencial. Antes de entrar na sala


de Noah, já escuto sua voz animada e a de Victor. Entro na sala vasculhando
com o olhar à procura de Belle e não a encontro. Muito menos Evie. Como
já conheço a rotina das duas, imagino que estão no banheiro ou na cozinha
do andar.

— Olie, só faltou você chegar para o trio dos solteirões estar completo
— meu futuro cunhado vem ao meu encontro e me cumprimenta.
— Não podemos nos esquecer de Rick — Noah completa.

Eu fico mudo, aliás tenho planos de ser um cara comprometido hoje.


— O que acha de irmos à boate dele hoje? — me convida animado.
Com certeza lá na França deve ter ficado recluso.

— Não vou poder. Tenho um compromisso. Vic...


— O que é isso, Olie? Nesse meu tempo fora ficou frouxo? Não se
preocupe que hoje vamos te consertar. Nada melhor que belas mulheres para
animarem o seu astral. — Esfrega as mãos uma na outra.

Ele sorri e eu esboço um sorriso. Está na hora de contar a ele meu


plano.
Só que como um magnetismo, eu sabia que Belle estava na sala.
Quando me virei para ela, sua cara era de total desapontamento.
CAPÍTULO CATORZE

Entro na sala de Noah com Evie e vejo os homens conversando sobre


boate e mulheres, bem animados. Mas o que me quebrou foi ver o sorriso de
Oliver. Me recuso a chamá-lo pelo apelido.

— Evie, então está marcado hoje nosso encontro de meninas. — Me


viro para minha amiga, que compreende.
— Sim, pode ser em minha casa. Chamo Mica?

— Claro! É a folga dela — respondo numa animação que estou longe


de sentir.
Me viro para frente e abraço forte meu irmão.

— Senti tanto a sua falta. — Enlaço meu braço no dele e aceno com a
cabeça para Oliver quando nos dirigimos ao sofá para a reunião.

Vejo que ele quer me dizer algo, mas evito olhar em sua direção. Pode
parecer covardia, mas não me sinto pronta para ouvir suas desculpas
esfarrapadas.

Pela cara de Noah — e pelo que o sócio viu da minha interação com o
amigo durante a semana —, ele percebe o clima estranho e resolve iniciar a
reunião.
Victor fica satisfeito com a evolução do projeto e marca para segunda
uma visita ao local onde está se desenvolvendo o protótipo do carro.

Assim que Noah dá a reunião por encerrada, me levanto. Está difícil e


sufocante estar no mesmo ambiente de Oliver.
— Vocês me dão licença, mas vou atrás de Evie.

— Bom divertimento, irmãzinha. — Toca em minha mão. — Porque


eu também vou me divertir muito. — Pisca para mim e dou um meio-sorriso.
— Belle, podemos conversar? — Aquele que eu não deveria estar
apaixonada, se aproxima, sério e com as duas mãos no bolso.

— Podemos deixar para quando acabar o final de semana, Oliver.


Estou com pressa. — Não sou doida de ouvir suas desculpas esfarrapadas
agora e saio logo da sala.
Encontro com Evie e Mica me esperando, já prontas para sairmos.

— O motorista está nos esperando — Mica avisa e nós três vamos


juntas para o elevador.
— Pedi para comprarem os ingredientes para você nos ensinar a fazer
o brigadeiro e a caipirinha. — Evie toca em minha mão quando estamos na
caixa de metal.

Nossa interação vai sobre amenidades até a gente chegar na casa de


Evie. Assim que ela fecha a porta, o choro preso vem e sou abraçada pelas
duas.
Quando me acalmo, nos sentamos no sofá da casa dela, que é
superconfortável e dá uma sensação aconchegante.

— Obrigada, meninas. Eu sou muito sortuda por ter encontrado vocês


na minha vida.
— E nós a você. — Evie segura em minha mão. Ela é uma versão
masculina de Noah, porque sabe gerenciar bem conflitos e é
superprofissional. Só não tem a safadeza.

— Quem perde é ele, amiga — Mica é logo direta. — Chore o que tem
de chorar, pode colocar tudo para fora aqui, mas nunca se acabe por causa de
homem — fala por experiência própria.
— Segunda seja uma nova mulher perto dele. Finja indiferença. Com o
tempo vai passar. Dessa vez, pensei que meu chefe tinha realmente se
emendado. — Evie faz um olhar pensativo. — Na agenda dele não tem mais
aqueles programas estranhos que ele tinha antes de vocês ficarem.

— Acho que precisamos de açúcar — Mica decreta e me levanto para


ensinar minhas amigas a fazer o brigadeiro.
Me entristeço ao lembrar das vezes que fiz para ele a sobremesa, mas
balanço a cabeça para os lados para tirar o pensamento doloroso.

Sou distraída pelas meninas me perguntando como é a receita da


minha, digo, nossa sobremesa favorita. Me orgulho em dizer que as viciei no
brigadeiro.
Assim que terminamos de cozinhar, nos sentamos no sofá para esperar
ele esfriar e voltamos ao assunto que é difícil evitar.

— Os rapazes da segurança estão aqui me avisando que Oliver está


querendo falar com você e reclamando que não atende suas chamadas. —
Mica mexe no celular dela, fazendo uma careta.

Faço o mesmo. Deixei de propósito meu celular no silencioso quando


entrei no carro. Se Victor quiser falar comigo, avisa aos seguranças que eu
atendo. Sem contar, que ele sabe de todos os meus passos. É uma precaução
da família porque quase fui sequestrada quando estava na faculdade.
— Respondi a eles para avisar para Oliver que ligue para seu irmão.
— Mica sorri matreira e eu gargalho pela primeira vez na noite.

Ah, mas ia ser engraçado ver a sua cara.


— Vou ver se o brigadeiro está na temperatura certa. — Evie se
levanta indo até o prato.

Ela volta trazendo a sobremesa e três colheres.


— Prefiro quando está no prato. Se for enrolado, vou ficar contando
quantos eu comi. — Mica dá uns tapinhas na barriga plana.

— É tão milagroso ver nossa amiga lutadora comendo açúcar — a


perturbo.
— Concordo. Só vejo salada e proteína no prato dela — Evie continua.

Mica faz uma careta e se levanta bruscamente.


— Sabe o que eu acho? — Nem espera a gente responder e já emenda.
— Nós precisamos sair hoje à noite. Nada de ficar se entupindo de porcaria e
sofrendo por causa de homem.

— O açúcar afetou o cérebro dela, tenho certeza, Evie. — Me viro


para minha amiga.

— Sim, comendo besteira e pensando em sair? Logo aquela que só


come alimento saudável e detesta som alto. — Evie balança a cabeça para os
lados, entrando na brincadeira.

— Vocês são tão engraçadas, mas vejam como estou com razão?
— Primeiro precisamos de um banho de beleza e eu sei onde a gente
vai achar. — Pisco para as duas, me animando.

— Vamos estar com você sempre, Belle. — Evie se levanta e segura


em minha mão. Mica segura a outra e saímos do apartamento.

Em alguns minutos, entramos em um salão. Depois vamos a uma loja


de grife de Manhattan. Presenteio as duas com vestidos lindos para sair à
noite. Escolho um modelo preto, um pouco sensual por ter decote, mas nada
vulgar. Jamais me rebaixaria a ser uma dessas mulheres interesseiras que
Oliver deseja.

— E agora, para onde vamos? — Evie pergunta quando entramos no


carro.
— A boate de Rick. Essa noite também quero me divertir.

— Belle, só não arranja confusão. — Evie me olha apavorada.


— Mica, peça ao Rick para que a gente não precise esbarrar com os
rapazes.

— Acha que já não pedi isso? — Minha amiga e segurança pisca para
mim. — Ah, só hoje e por você, eu vou abrir uma exceção e tomar um drink
que você escolher.
Gargalho antes de me virar para Evie.

— Nem eu quero confusão, amiga. É o que menos quero. — Respiro


forte. — Só preciso colocar para fora a decepção que estou sentindo. E não é
em casa que vou conseguir isso. Dançar me ajuda a extravasar.
— Não se culpe, Belle. Ele também me enganou. Meu sexto sentido
raramente falha. Se eu conseguisse sentir algo diferente, te avisaria.

— Eu sei, Mica. Não é culpa de ninguém. Talvez seja até melhor não
ser ele meu príncipe encantado vestido de sapo. Evita mil e uma
complicações.
— Sem contar, que sua vida é em Paris — Evie complementa.

Suspiro forte ao lembrar que em pouco tempo, estarei voltando para


casa.
— Talvez seja a hora de visitar meus pais. — Olho para a entrada da
boate.

Estamos chegando.
Meu coração bate acelerado. Por que foi que decidi ir para o mesmo
lugar onde ele está?

— Estamos aqui, Belle. — Evie aperta minha mão. — Se quiser ir


para outro lugar, vamos entender.
CAPÍTULO QUINZE

Avisto minha garota sair da sala de Noah sem nem olhar para mim. A
sua resposta foi atravessada e o olhar demonstra tristeza. Belle pode
disfarçar para qualquer pessoa, menos para mim. Eu sei que ela está
sofrendo.

Ah, ma belle, foi tudo um mal-entendido.


— Olie, vamos sair daqui a pouco. Nos acompanha ou vai com seu
próprio carro? — Victor bate em meu ombro.

— Acho melhor ir para casa — respondo e os dois falam ao mesmo


tempo, reclamando da minha decisão.
— Aconteceu alguma coisa para desanimar assim? — Victor parece
querer enxergar além de mim.

— Eu já estava sem vontade de ir — confesso.


— Nem as mulheres da boate de Rick te animam? — Noah se
aproxima mais. — Soube que hoje vai ter um DJ badalado mundialmente lá.
Isso é um chamariz para lindas mulheres.

— Só preciso ir para casa. — Respiro fundo, tentando me controlar e


não sair por aquela porta sem dizer mais nada. A cada segundo que passa,
Belle deve estar mais longe da empresa.

— Vem, vamos embora. — Noah me empurra para fora da sua sala. —


Não vou te deixar sozinho com essa cara. Se dispensa as mulheres, talvez
aceite uma conversa ou uma bebida. Somos seus amigos.

— Ok. — Me dou por vencido. — Vou no meu carro com o motorista.


Eles se animam e vão discutindo amenidades. Victor conta que trouxe
uma garrafa de vinho e quer usar amanhã em um jantar na casa dele.

— Nem contei a Belle ainda da minha intenção porque ela detesta


preparativos de última hora, como minha mãe. Combinei com Evie toda a
recepção.
Só de ouvir o nome da minha gatinha apuro meus ouvidos. Esse jantar
pode ser mais uma forma de chegar a ela. Não que vá desistir de tentar algo
ainda hoje.

— O convite está aceito. — Abro um sorriso verdadeiro. A esperança


está me animando.
— Por mim, está ótimo — Noah complementa e se afasta um pouco
com Victor. — Olie, estamos indo direto para a boate. Te espero lá daqui a
pouco. — Estreita os olhos para mim.

— Ok. Estou a caminho — minto e ele percebe.


— Só não faz besteira. Deixa a poeira assentar — se aproxima de mim
e fala baixo para Victor não ouvir.

Assinto com a cabeça e vou para meu carro. Indico ao motorista para
ir à casa de Evie. No trajeto, tento ligar para Belle, que não me atende.
Garota teimosa, só quero me explicar. Você entendeu tudo errado.

Aliás, como foi que meu plano perfeito acabou desse jeito?
Chego ao prédio da minha secretária e continuo a tentar falar com
minha gatinha. Até que tenho a ideia brilhante de ir aos seguranças dela que
estão lá dentro. Os abordo e conto que preciso falar com Belle. Em menos de
cinco minutos recebo uma frustrante negativa.

Volto para o carro e resolvo ir à boate de Rick. Melhor seguir o


conselho de Noah e distrair a mente com meus amigos.

Só espero que eles estejam sozinhos.

No caminho, recebo uma mensagem de meu melhor amigo querendo


saber onde estou e o tranquilizo avisando que estou indo encontrá-los.
Antes de guardar meu celular, ainda tento ligar para Belle. Se ela
pensa que vou desistir, está muito enganada.

Não consigo mais viver sem você, ma belle.


Quando chego à boate, vejo que Rick reservou um espaço menor para
a gente. Fico aliviado, porque isso é garantia que só vai ter nós três. Me
dirijo até onde meus amigos estão e me sento com eles.

Sem falar nada, Noah me serve de um copo de Whisky. Tomo um gole


e a bebida desce amarga, assim como a mistura de sentimentos que estou
vivendo.
— Ferrei com tudo — quebro o silêncio e eles olham para mim,
esperando que desabafe.

Angustiado, conto a eles o que aconteceu.


— A culpa foi nossa, Olie — Victor é o primeiro a falar.

— Claro que não. — Olho confuso para meu “cunhado”.


— Nós também tínhamos um plano perfeito, mas foi por água abaixo.

— Continuo sem entender. — Alterno o olhar entre os dois.


— Eu vi o quanto estava caidinho por Belle e, conversando com
Victor, decidimos que iríamos fazer você assumir ela. Sem contar, que Rick
estava cansado de comprometer a segurança da empresa enquanto vocês se
pegavam.

— O que os dois inventaram? — Fecho a cara para eles.


— O plano era falar sobre mulheres e você se declarar para minha
irmã.

— Só que ela ouviu parte da conversa e deduziu tudo errado. Eu


estava quase falando o que os dois queriam quando ela chegou. O olhar dela
me desconcertou e doeu tanto que nem tive reação.
Foi horrível saber que ela duvidava de mim. Eu sei que minha
reputação precede, mas parece que Belle esqueceu de tudo o que vivemos no
último mês.

— Nós vamos te ajudar a recuperar Belle, irmão. — Noah dá um


tapinha nas minhas costas e eu não me sinto reconfortado.

— Depois de hoje, não sei se quero a ajuda de vocês. — Cruzo os


braços.
— Ajuda saber que ela está vindo para cá com as amigas? — Noah
sorri sabendo que está me passando uma informação importante.

— Para me ver? — A esperança volta ao meu peito de resolver esse


mal-entendido hoje mesmo.
— Rick disse que ela não queria te encontrar, mas podemos fazer isto
acontecer. É nossa forma de pedir desculpas. — Victor nega com a cabeça.

— Espero que pelo menos isso dê certo. — Olho para cima, pensando
em tudo que aconteceu.
— Nós somos péssimos em planos, né? — Noah assume e eu rio sem
humor.

— Ok, qual a ideia genial da vez? — inquiro aos dois.


— Posso atrair fácil minha irmã para cá. — O francês sorri confiante.

— Espero que sim. — Minha cara continua emburrada e meus amigos


vão discutindo o plano.
Até que meu celular toca com uma mensagem. Estranho porque o dos
rapazes também. Meu coração acelera e não é de alegria com o que recebo.

Rick:

Acho que Belle está em apuros.

Bebeu demais e está toda solta dançando na pista do camarote.

Meus dentes trincam e me levanto ao mesmo tempo que meus amigos.


Pela expressão deles, viram a mensagem em nosso grupo.
Saímos do nosso reservado e vamos à pista. Da minha altura, encontro
minha mulher dançando com as amigas e um monte de marmanjo babando
por elas.

— Quer ajuda? — Saio do estupor com a fala do meu cunhado.


Nem respondo e vou em direção a Belle, com dificuldade, pois as três
estão dando um show e tanto de sensualidade e parece que todos pararam
para apreciar.

— Uau! Quem é essa bela morena ao lado de Belle e Evie? — escuto a


voz de Noah ao longe, pois meu foco está em chegar até a minha garota e
um cara que começa a encostar demais nela. Fecho a cara mais ainda. Ela
não tem esse direito. Nem me ouviu e já quer partir para outra?
— Tire as mãos da minha mulher. — Chego perto o suficiente para
ficar entre Belle e o playboy que está se aproveitando da bebedeira dela.

— Olie, não era para você estar aqui. Rick me prometeu. — Ela bate
os pés no chão, fazendo birra.
— Estou te impedindo de fazer uma besteira, ma belle — minha voz
suaviza ao falar com ela. — Precisamos conversar. Você entendeu tudo
errado.

Ela nega com a cabeça.


— Eu vi e ouvi tudo, Oliver. Ninguém me disse. — Seu semblante fica
triste e a puxo pela mão para um lugar mais isolado. Muitas pessoas estão a
nossa volta e não quero que ninguém nos escute.

— Eu prometi nunca te machucar, lembra?


— Por isso que dói tanto. — Belle toca no coração com as mãos
fechadas e uma lágrima cai no seu rosto de porcelana.
— Então me escuta. Não descumpro promessas. — Toco em sua face
para limpar seu choro.

Belle fecha os olhos e assente após alguns segundos, que para mim
pareceram horas.
— Se tivesse chegado um pouquinho depois, estaria escutando uma
declaração, ma belle. Eu estou apaixonado por você, gatinha.

Seus olhos se arregalam de surpresa.


— Eu ia te pedir em namoro hoje. Meu plano era conversar com seu
irmão sobre meu sentimento recém-descoberto e te chamar para jantar em
um lugar romântico. Só que tudo deu errado.

— Seria o plano perfeito. — Esboça um sorriso e suaviza o semblante.


— Me desculpa, Olie, por ser tão imatura. Eu também estou apaixonada.

Suspendo minha garota para ficar da minha altura e a beijo, lento,


saboreando seus lábios doces.

— Vamos embora daqui? — sussurro em seu ouvido e ela aceita.


— Vou avisar às meninas e pedir que o motorista as leve para casa
quando quiserem. — Minha garota é tão responsável e pensa em todos.

— Manda mensagem. — Quero sair daqui o mais rápido possível com


ela. — Ou os rapazes podem deixar as duas em casa.
— Vou ver o que preferem. — Digita no celular. — Disseram que
preferem o motorista. Não querem atrapalhar ninguém — responde em
pouco tempo.

— Vamos? — Pego em sua mão e a levo por um caminho “secreto”


para sair mais rápido da boate.
— Tem certeza que estamos indo para a saída? — me questiona e eu
rio.

— Sim, ma belle. Já estamos chegando no estacionamento. — Pisco


para ela.

Continuo a direcionando até chegar ao meu carro. Meu motorista abre


a porta, atento a qualquer movimento nosso. Deixo que ela entre primeiro e a
seguir faço o mesmo.

Assim que colocamos o cinto de segurança, Belle se acomoda em meu


ombro. A abraço apertado, com saudade do seu cheiro.

— Seu carinho é tão reconfortante, Olie. É tudo que precisava para


hoje.

Beijo sua testa e acaricio sua cabeça. Percebo que está em silêncio e,
em pouco tempo, adormece.
CAPÍTULO DEZESSEIS

Acordo com um pequeno latejar na cabeça e, involuntariamente,


coloco a mão nela, fechando os olhos a seguir.

O que eu fiz ontem?

Aos poucos, vou me situando de onde estou: no quarto de Oliver.


Imagens de ontem, na casa de Evie, nossa saída de mulheres e a boate.
Lembro que bebi mais que devia. Tomei dois drinks e meio. Mica estava
enrolando ainda na metade do primeiro dela e o virei todo de vez.

Depois daí só vem flashes dançando com elas, algumas pessoas se


aproximando da gente e Olie vindo ao meu encontro. Afundo a cabeça no
travesseiro quando percebo que cometi um erro grave ontem: o julguei sem
nem escutar. E o pior, ele tinha todo um plano romântico para mim.
— Bom dia, ma belle. — Ele aparece na soleira da porta e entra. —
Está sentindo alguma coisa? — Franze a testa. Minha aparência não deve
estar das melhores.
— Só uma leve dor na cabeça. — Toco onde dói.

— Nada que uma boa hidratada não melhore. — Pega uma jarra de
água e me oferece um copo, que eu bebo avidamente. — A não ser que
queira um analgésico.
— Detesto remédios. — Faço uma careta.

— Caso não melhore...


— Eu tomo — o interrompo.

Olie se senta ao meu lado e dá um leve sorriso.


— Me desculpe por ontem. Exagerei em tudo. — Toco em sua mão,
sobrepondo-a.

— Quem nunca bebeu além da conta? — Ele toca em meu rosto e


fecho os olhos.
— Foi minha primeira vez e estou me sentindo mal com isso, Olie. E o
pior é que bebi por nada. — Respiro forte.

— Shiii, não se martirize. Mas ontem você não me respondeu. — Seu


olhar e seu sorriso mostram que está se divertindo.
— O quê?

Olie se ajeita para estar mais próximo de mim.

— Belle Durand, você quer namorar comigo? — Seu tom de voz é


formal e eu sorrio.
— Sim, claro. — Paro de ficar me culpando, apesar dele ter planejado
tanta coisa linda para mim, e o abraço.

— Fiquei preocupado, com receio de não aceitar, afinal fiquei sem


resposta. — Mais um sorriso que brinca em seus lábios. — Eu não consigo
viver sem você, sócia. — Me dá um beijo cheio de saudade.

— Nem eu, Olie. Estava quase a ponto de voltar para Paris e deixar
Victor aqui — confesso após recuperar o fôlego do beijo.
— Prefiro a irmã dele. — Faz uma careta quando pronuncio o nome
do meu irmão e eu gargalho.

— Preciso falar com ele. — Me lembro que estou sem celular e nem
sei que horas são.

— Ele me ligou mais cedo para saber como você está.

— E o que falou?
— Que ainda estava dormindo. — Dá de ombros.

— Onde está minha bolsa? — Só agora me dou conta que estou


usando uma camisa dele de algum time de basquete. — E meu vestido?
— Deixei os dois no closet. — Aponta para o local. — Ontem você
adormeceu no carro e eu acabei trocando sua roupa. Quer que eu pegue a
bolsa? Saiba que nem por decreto, te deixo sair do meu apartamento.

Gargalho do seu drama.


— Só eu acho que isso tudo pode ficar para depois. — Faz um
beicinho e eu não resisto. Me sento em seu colo, com as pernas abertas e de
frente para ele.

Vejo que Olie se surpreende com minha ousadia. Até eu fico, mas me
sinto corajosa para este gesto. Tudo está sendo feito com muita naturalidade.
Toco em sua barba com carinho, e o beijo suavemente. Ele corresponde e
aprofunda nossas línguas, me deitando na cama e se encaixando entre
minhas pernas.
— Você é perfeita, ma belle — sussurra em meu ouvido e morde
levemente meu pescoço.

Sinto um arrepio gostoso. Meu Deus! Como é bom amar livremente


esse homem.
— O que namorados fazem, além de se pegarem? — Passeia a mão
pelo meu corpo.

Gargalho.
— Se beijam, namoram, brincam com o corpo um do outro...

— Não me provoque, sócia. Conheço muito bem esse olhar


provocador.
— Até parece que você não é. Me atiçou por um mês. — Sem contar
esse “sócia”. Sua forma de falar é erótica demais.

— Vou ter que rever minhas técnicas. Demorou demais para você
ceder a mim. — Balança a cabeça para os lados, em uma seriedade que se eu
não o conhecesse, acreditaria.
Em resposta, mordo seu lábio inferior e seus olhos queimam como
brasa.

— Deixa eu te mostrar o resultado do que você causa em mim, minha


provocadora. — Roça sua pelve contra a minha e percebo que seu membro
está duro.
Falta apenas a coragem de perder a virgindade!

Suspiro alto e ele percebe.

— Tem medo que doa?


Assinto e desvio meu olhar.
— Belle, somos namorados. Tenho zero experiência nisso, mas eu sei
que uma relação não se sustenta sem a sinceridade. Sinta-se livre para
conversar comigo o que quiser, até as coisas mais malucas.

— Eu leio livros eróticos desde meus dezesseis anos — solto e o vejo


arregalar os olhos.
— Ok. Não fugimos totalmente do assunto. — Se vira de lado na cama
e faz o mesmo comigo, ficando assim, um de frente para o outro. — O que
tem nesses livros? Pornografia?

— Sério que não sabe? — Nem espero sua resposta e emendo. — São
livros de romance, que tem cenas de sexo, escritos por mulheres e homens,
mas acho que as mulheres são o maior público.
— Parece interessante. — Dá um sorriso safado. Meu namorado é
nerd, mas quando o assunto é sexo e computadores, a história muda. — Quer
ler uma cena dessas para mim? — Pisca o olho.

A vergonha toma conta do meu rosto e minhas bochechas esquentam.


— Calma, ma belle. Não precisa se ainda não consegue, mas que isso
ia apimentar nosso namoro, ah isso ia. E voltando ao assunto anterior, não
vou mentir para você e dizer que não vai sentir dor. A diferença é que
quando acontecer, vou te deixar lubrificada, relaxada. Confia em mim? —
Toca meu rosto com carinho.

— Confio, meu nerd safado. — Dou um meio-sorriso.


— Vamos almoçar? — quem muda o assunto agora é ele e me assusto.

Que horas são?


— Está tão tarde assim?
— São duas horas da tarde. — Prende o riso. — Pedi comida para a
gente, já que está com a roupa de ontem ainda e você levou suas coisas para
sua casa. — Faz uma careta.

— Vamos ter nossa primeira briga de casal? — Me levanto da cama,


me segurando para não rir.
— A segunda, se considerarmos aquele desentendimento como um.

— Prefiro que não tenhamos nenhum e que a gente consiga resolver


nossas diferenças.
Ele olha com olhar de admiração para mim e sorri de lado.

— Convite aceito. Mas hoje no nosso jantar, vou convencer Victor que
você ficou muito bem aqui comigo.
— Que jantar? — pergunto confusa e Oliver bate a mão na testa. — O
que foi? — continuo sem entender.

— Era para você só saber disso mais tarde. — Respira fundo. — Seu
irmão quer fazer um jantar informal hoje à noite na casa de vocês e não quer
que se preocupe com nada.

— Como não me preocupar? Preciso ir para casa. — Minha cabeça


volta a latejar.

— Victor tem tudo sob controle. Só quem vai seremos nós, pessoas
que você convive no dia a dia. Ele quer apenas que relaxe e aproveite. Dê
esse voto de confiança para seu irmão.
Respiro fundo e assinto. Olie me chama para almoçar e durante a
refeição, faço perguntas sobre o jantar para ele, que apenas sorri.

— Como até pedra, desde que a gente esteja lado a lado, ma belle. —
Me enrola e resolvo seguir seu conselho, deixando por hora esta história.
Quando terminamos, voltamos ao quarto e pego meu celular. Me
assusto com um monte de mensagens, principalmente do meu grupo com
minhas amigas americanas e de Noah. Nenhuma de Victor. Provavelmente
está realmente querendo me deixar longe do jantar. Abro primeiro a de
Noah.

Noah:

Por que nunca me contou sobre sua amiga deusa Micaela?


Pode convidar ela para o jantar de hoje?

Para de namorar e me responde.

A seguir um monte de emoticons bravos.


Franzo a testa e mostro as mensagens a Oliver, que também fica sem
entender.

— Ela e Rick são primos. Nosso amigo não vai gostar nada de saber
disso. — Balança a cabeça para os lados.
Eu:

Vou ver se ela quer, mas nada de gracinhas.

Respondido meu amigo, abro o grupo das minhas amigas, com quase
cem mensagens não lidas. Um breve resumo: elas fazendo gaiatices com
minha suposta perda da virgindade e Mica chateada pelas investidas de
Noah, chamando ele de velho e jurando que não vai ao jantar.
Aparentemente, Noah falou com Evie e pediu que ela levasse Mica.
Vou aguardar ansiosa as cenas dos próximos capítulos. Tenho certeza,
que isso vai dar o que falar.
CAPÍTULO DEZESSETE

Morro de rir com Belle contando sobre Noah e Micaela. Primeiro


porque achei um milagre ele não se lembrar dela, afinal Rick nos apresentou
a garota há uns dois anos, em seu aniversário. E segundo, com ela o
chamando de velho.

— Tem lógica, afinal, Mica tem vinte anos e ele 32. — Minha
namorada gargalha.

— Só espero que também não o ache velho, já que temos a mesma


idade — a lembro.

— Para mim, está bom. — Toca em minha barba, que descobri


recentemente ser um fetiche dela. — Nossa diferença é de oito anos.
— Ah, se duvidasse, eu ia te mostrar quem era velho aqui. — Estamos
deitados na cama e vou para cima dela, arrancando um beijo de prender o
fôlego.
Eh, vontade louca dessa mulher.

Engraçado como ela quebrou todas a minhas regras desde o início.


Belle é a primeira mulher que conhece minha casa, meu jeito real. Ela parece
me enxergar além do que mostro.
Passo as mãos na curva do seu corpo bem torneado e vou para a parte
de trás, apalpando sua bunda. Minha namorada arqueia o corpo, em sinal
claro que quer mais.

Estou pronto, ma petit. Falta você.


Roço meu pau duro em seu ventre coberto pela calcinha, em
movimentos acelerados e sinto que meu membro lateja de tanto tesão. Pela
expressão de Belle, ela está do mesmo jeito.

Paro porque não quero forçar ela a nada, mas continuo nas carícias
quentes.
— Promete que um dia lê para mim um trecho desses seus romances?
— Confesso que fiquei intrigado com essa revelação. Nunca imaginei que
tinha interesse pelo sexo antes de eu começar a provocá-la.

— Quer mesmo? — sua fala sai ofegante, pois levanto mais a camisa,
expondo seus seios. Sei que quer que os chupe. Ah, o doce prazer da
antecipação.
— Claro que sim! Você se tocava sozinha antes de mim, ma belle? —
minha voz sai rouca, antes de meus dedos brincarem com seu mamilo
direito.

— Às vezes — suas bochechas pegam fogo.


— Se toca para mim, gatinha, enquanto eu chupo seus seios gostosos.
Ela responde com a cabeça, balançando para os lados. Não insisto e
abocanho seu peito direito. Minha língua trabalha no prazer da minha garota
e vejo que ela toca, sem perceber, na sua calcinha.

Tiro a peça, olhando em seus olhos e vendo se muda de ideia. Belle


coloca o dedo indicador na sua vulva e o direciono para sua entrada. Ela toca
sem pudor, fechando os olhos e eu uso minha língua em seu clitóris.
— Ah, Olie, está gostoso — sua voz está ofegante.

— Seu gosto é uma delícia, ma belle. Ainda mais toda lubrificada. É


um prazer imenso te fazer gozar. — Paro só para falar e volto para este
trabalho gostoso, até escutar seu grito de alívio.
Mais um ponto para mim.

Entramos na casa da minha namorada um pouco antes do horário


marcado para que ela se arrume. Encontramos Evie finalizando a
organização das coisas do jantar e Victor a orientando. Belle reclama com o
irmão de não ter sido avisada do jantar e ele apenas ri e a manda relaxar e
aproveitar. Pelo visto, vai ser um jantar simples, de amigos, nada elaborado.
Enquanto ela se arruma, fico conversando com os dois. Evie pede
detalhes da nossa reconciliação e meu cunhado fecha a cara.

— Só não me conta os detalhes. — Faz uma careta, nos rendendo


gargalhadas. — Está cedo para me prometer que ela vai ficar virgem até o
casamento?
Rolo os olhos com o drama dele. Evie gargalha, sem se aguentar e
Victor permanece sério, me encarando.
— Não vou te prometer isso. — O olho da mesma forma, tentando
intimidá-lo. Mas não consigo. O francês é duro na queda, ainda mais em se
tratando da irmã.

— Hoje ela dorme aqui em casa — decreta, cruzando os braços.


— Acho que posso escolher com Olie o que queremos. — Belle chega
na sala, linda e cheirosa demais. Ah, e confiante, como sempre foi.

— Irmãzinha, só estou te protegendo. — Chega perto dela e beija seu


rosto.
Ela sorri e retorna o gesto. Em seguida, vem ao meu encontro, se
sentando ao meu lado no sofá.

— Depois de ontem, podemos ficar tranquilos quanto ao sentimento


que meu namorado tem por mim e vice-versa.
— Lembre-se que ela é minha irmã e faço tudo por ela. O que fizer em
Belle, está fazendo com todos os Durand. — Volta a me encarar sério.

— Agora, vamos acabar com esse clima de briga de egos e curtir o


jantar? Que horas Noah e Rick chegam?

— Já estão a caminho — Victor responde meio emburrado. Ele é como


eu, está acostumado a ter tudo na mão e detesta ser contrariado.

A conversa fica mais amena, pois Evie muda de assunto, falando sobre
uma peça que ela quer ver na Broadway. Minha namorada se empolga e
promete conseguir os ingressos.
Nesse meio tempo, nossos amigos chegam. Percebo que Noah olha
todo o ambiente antes de falar com a gente. Na certa, está esperando que
Micaela apareça. Belle tinha avisado que a amiga não viria, sem dar maiores
explicações. Ele ainda pediu o número dela, mas minha namorada não deu.
— Não acredito que Micaela não veio. — Noah encara Belle e Evie.

— Noah, como sua amiga e secretária, te aconselho a desistir. Você


não é o tipo dela.
— Impossível! Eu sou “o tipo” de todas. — Revira os olhos. Acho que
agora ele vai entender meu lado quando fui rejeitado no passado pela minha
garota.

— Não é — Belle reforça. — Mica prefere os caras da idade dela e


acha o “tipo” CEO muito arrogante.
— Que nada, puro charme dela. Com certeza, ela muda de ideia ao me
conhecer melhor.

— Duvido — as duas falam juntas e abafam o riso.


— Olie conseguiu Belle. O que ele tem que não tenho.

— Sempre rolou atração mútua, Noah — Belle responde o que estava


na ponta da minha língua. Pelo que soube, Micaela nem deu bola para ele.
— Sem contar, que ela é minha prima e vou fazer meu papel de
protetor, como Victor — Rick sabe intimidar, ainda mais com seu porte
grande, sério e de braços cruzados. — Cai fora, Noah. Nem pense em
brincar com ela porque esqueço nossa amizade de mais de quinze anos.

— Ok, podemos deixar esse assunto por hora. — Dá um sorriso que


não chega ao rosto e Rick o encara como uma fera. — Você venceu, amigo.
Não vale a pena acabar uma amizade como a nossa por causa de mulher,
mesmo que seja uma deusa como aquela.
Rick dá uma última olhada e se senta ao lado de Evie, engatando um
papo animado com a ruiva. Eu juro que um tem uma queda gigantesca pelo
outro, mas nunca falaram nada.
Deixo para lá a vida dos meus amigos e olho para a minha Belle,
puxando ela para meus braços.

A semana passou em um borrão. Precisei deixar muita coisa arrumada


para a primeira viagem com minha namorada. Resolvemos ir em meu avião
particular, após toda a revisão de segurança da equipe de Rick.

Chicago era nosso destino e eu estava animado de poder passar um


tempo maior a sós com Belle. Claro que Victor encrencou com nossa
viagem, mas conseguimos resolver sem grandes problemas.

— Animada? — Desafivelo meu cinto e olho para a bela mulher ao


meu lado, quando aterrissamos.

— Para ficar ao seu lado? Sempre. — Me dá um selinho.

Sorrio feliz, como nunca estive. Se eu soubesse que ia gostar tanto de


namorar, teria feito o pedido a Belle muito antes.
O piloto do avião avisa que já podemos descer e dou a passagem para
ela sair primeiro, seguido de mim. Em terra firme, entrelaço nossas mãos e
sinto o ar gelado da cidade, exatamente como em Nova Iorque.

Vamos passando pela área do desembarque, seguidos pelos nossos


seguranças, até chegarmos ao local onde estão os carros que alugamos. Todo
cuidado é pouco, ainda mais que Belle quase foi sequestrada anos atrás.
No carro, passamos o caminho admirando a arquitetura e monumentos
da cidade. Deixo Belle na empresa de Simon Mackenzie para a reunião e
vou para o hotel. Aproveito para tomar um banho e trabalhar enquanto
minha mulher está fora.
Ah, tenho mais um plano para amanhã e dessa vez nada vai dar errado.
Finalmente, terei meu jantar romântico com ela, em um restaurante de luxo
aqui na cidade.
CAPÍTULO DEZOITO

Encerramos a reunião com sensação de dever cumprido. As


expectativas de ambos os lados foram aceitas e assinamos o contrato. Mais
um condomínio de luxo irá surgir em Nova Iorque.

— Soube que se hospedou no nosso hotel, Srta. Durand. O que


precisar, pode falar comigo. — Eu até gosto da formalidade de Simon
Mackenzie. Me lembra um pouco da minha própria família.

Já o sócio dele...

— Acho que podemos marcar uma comemoração para esta parceria.


— Matt Carter sorri. Parece ter quase quarenta anos, como o outro, mas nem
parece. Dá para perceber que os dois se cuidam muito. — Minha esposa é
divina na cozinha, além de ter uma confeitaria. Você e seu namorado aceitam
jantar na minha casa hoje?

Meu estômago sorri com a possibilidade de comer doces.


— Vou falar com ele e aviso vocês. — Minha vontade é logo dizer
sim, mas tenho que ver se Olie planejou algo para nós.

— Mais alguns amigos estarão conosco porque vai ter um jogo de


basquete do nosso time, se não se importar.
— Ele gosta bastante do esporte. Pode ser um incentivo a mais. —
Nesse tempo que estamos juntos, já vi Olie sair para assistir algum jogo com
os rapazes.

— Não se preocupe porque não vai ser uma recepção formal, apenas
para nos conhecermos melhor e mostrar o quanto Chicago é acolhedora.
Sorrio e prometo dar notícias em breve, saindo em seguida da sala
deles.

Chego à nossa suíte do hotel e dou um meio-sorriso lembrando que


nos conhecemos em um lugar como esse, mas em uma cidade diferente.
— Qual o motivo desse risinho? — Olie vem em minha direção,
apenas com uma calça de moletom. Ele tem essa mania em Nova Iorque e,
pelo jeito, vai continuar aqui.

— Me lembrei que em Vegas você me chamou para conhecer sua


suíte. — Envolvo meus braços ao redor do seu pescoço e sou levantada por
ele.
— Levou meses para que aceitasse, mas estou realizando meu sonho
neste momento. — Pisca para mim, antes de avançar sobre meus lábios, que
ficam dormentes quando recuperamos o fôlego.

— Tudo isso é saudade? — brinco com ele.


— Nem fala. Me acostumei com sua presença constante, dos beijos
roubados e devolvidos durante o trabalho. — Passa a mão na minha bunda.
— Um dia vai deixar eu conhecer ela a fundo?

Arregalo os olhos e fico vermelha como um pimentão. Se com o sexo


normal ainda não me aventurei, imagina avançar assim. Meu nerd safado
tem uma mania de falar de sexo quando menos imagino e eu ainda não me
acostumei com isso.
— Pela sua cara, teremos que ir por partes. — Sua boca vai para
minha orelha e pescoço.

Gemo sem nem perceber e Olie ri. Ele gosta de me deixar doida. Acho
que é um dos fetiches dele.
— Está com fome? Quer almoçar? — questiona ao escutar minha
barriga roncar.

— Faminta! E cansada.
— Vou pedir a comida para a gente aqui no quarto então. Pode ser? —
Me abaixa com cuidado e só me solta quando me dá um selinho.

Assinto e escolhemos nossos pratos. Aproveito e conto a proposta do


jantar na casa de Matt Carter.
— Se for importante para você, claro que iremos. — Entrelaça nossas
mãos. — Estou aqui, ma belle, só chamar que estarei ao seu lado.

— Muito importante, afinal a anfitriã é dona de uma confeitaria. —


Prendo o riso.

— Então está indo por causa da sobremesa? — me provoca.

— Claro! Ah, alguns amigos deles vão porque tem um jogo de


basquete hoje à noite.
— Melhor ainda — comenta animado.

— Vou tomar banho e confirmo com eles a nossa presença — aviso


me levantando.

Chegamos ao condomínio onde os sócios moram e Olie olha


encantado.
— Foram eles que construíram isso?

Assinto, dando um sorrisinho.

— Espero que o projeto deles em Nova Iorque esteja à altura desse. —


Ele continua atento a cada detalhe.
— Por quê? Vai querer comprar um lote?

— Pode ser uma possibilidade. — Dá um sorriso de lado, me


encarando fixamente.
Esse gesto me faz ter borboletas no estômago. Ainda tenho um pouco
de insegurança com o passado de Oliver e medo dele enjoar de mim.

Nosso carro estaciona e saímos para a casa de Matt Carter. Olie toca a
campainha e a porta é aberta por um adolescente de mais ou menos quinze
anos, a cópia do dono da casa.

Às vezes me pego pensando se sou a cara do meu pai ou da minha mãe


e quais traços herdei deles.

— Ei, vocês chegaram. — Matt chega atrás do garoto, me tirando dos


devaneios errados. — Podem entrar. — Ele nos cumprimenta e apresenta o
filho.
Olie engata numa conversa sobre o sobrenome dele e descubro que a
família Carter é uma concorrente da Hórus. Pela cara de Matt, parece ter aí
uma questão familiar mal resolvida. Meu namorado também aparenta não
gostar deles.

Matt nos leva para uma sala grande e encontro com Lilian. A abraço
com força e ela me convida para irmos amanhã a uma exposição de artes.
Me animo, mas ao me virar para meu nerd safado, percebo um desconforto.
— Estou planejando um jantar para ela amanhã — se justifica.

— Teremos outra oportunidade — Simon encerra a discussão e eles


começam a conversar sobre o condomínio.
— Quer conhecer a dona da casa? — Lilian me chama quando o papo
está masculino demais e eu aceito.

Sou apresentada a uma mulher linda, de traços latinos e chego a me


identificar um pouco com ela, pelo seu corpo e olhos, exceto que sou branca
demais. Também me comparo bastante com Micaela. Às vezes, até me
reconheço em seu sorriso.
Minha paranoia está indo longe demais.

Lilian me apresenta seus filhos e os de Paola. Uma menina de uns 11


anos, a cara de Lilian, cuida dos bebês com atenção.
Nesse meio tempo chega uma loira toda brincalhona, Sarah, e eu
gargalho, me lembrando de Carina, minha amiga brasileira. Ela tem o
mesmo temperamento extrovertido. Junto dela, uma mulher que parece a
branca de neve. Seu nome é Kate, mas todas as chamam pelo nome da
princesa da Disney.
As mulheres ficam todas na cozinha e me inserem na conversa,
brincando que meu nome também é de uma das princesas.

Ah, se elas soubessem como isso foi acontecer.


Me sinto tão à vontade que conto a elas que sei fazer o brigadeiro e
Paola parece a mais interessada.

— Já tentei reproduzir, mas não fica igual ao que já comi feito por uma
brasileira.
— Não é qualquer um, precisa ter os mesmos ingredientes. Minha
amiga mandava para mim quando estava na França, mas agora achei uma
lojinha brasileira lá em Nova Iorque.

— Ei, preciso de todos esses segredos. Só sai daqui de casa hoje


quando me falar tudo.
Gargalho e assinto. Nossa, é tão bom ser acolhido em um lugar
estranho.

Assim que Paola termina de fazer o jantar, vamos para a sala. Sou
apresentada ao resto dos rapazes. Descobri que a esposa de um deles está de
plantão e não pôde vir. Me sento ao lado de Olie, que mesmo prestando
atenção no jogo, faz carinho em mim.
Mais tarde, já em nosso quarto do hotel, comento com ele o amor em
cada um dos casais que ali estava.

— Parece que eu vivi em um mundo paralelo até hoje, sabia? — meu


namorado desabafa. — Minha experiência com casamentos era horrível. Por
isso, eu não tinha a pretensão de me casar. Achava tudo uma falsidade.
Meu coração chega erra as batidas ao saber que ele usou o passado na
frase. Mas não comento nada.
— Os pais de Matt também frequentavam a casa dos meus pais e suas
orgias. Não era sempre, pois viviam entre Nova Iorque e Chicago. — Faz
uma careta. — Fiquei mais tranquilo ao ver que ele não concorda com o que
acontecia. Já o irmão dele, é casado e trai a esposa sem dó. Já foi banido da
boate de Rick por querer criar confusão. Não é à toa que a empresa da
família de Matt está quase falindo.

Faço um carinho na cabeça dele, que relaxa. Com certeza, é um


assunto tenso.
— Sabe como meus pais morreram? — Nego com a cabeça e ele
continua. — Estavam em uma festa beneficente quando aconteceu um
assalto. Para assustar, deram tiros para tudo que é lado. Eles morreram
abraçados, uma ironia para quem vivia ignorando um ao outro.

Coloco a mão na boca, assustada, e Olie me abraça.


— Aí hoje, sem nem esperar, descubro vários casais realmente
apaixonados, mesmo com uma conta bancária gorda. É palpável o que
sentem. Minha cabeça deu uma pirada, no bom sentido. Belle, eu quero isso
para a gente.

— Eu também, amor. — Respiro fundo, tomando coragem diante da


noite linda que vivi. — É por isso que eu quero que a gente vá além. Estou
pronta para a gente dar um novo passo em nosso relacionamento.
CAPÍTULO DEZENOVE

Arregalo os olhos com a declaração de Belle. Tudo bem que eu quero


muito isso, mas achei que fosse demorar mais, ou ela esperar um momento
especial.

Que não fosse a lua de mel.


— Está certa disto? — Franzo a testa.

Ela ri e me sinto um idiota por esta pergunta.


— Pensei que iria pular em cima de mim.

Não disse?

Como estamos sentados na cama, uso meu conhecimento de artes


marciais e dou uma rasteira nela, deitando-a na cama. Ela se assusta, claro,
mas me olha com intensidade. Seus olhos queimam de desejo.
— Eu te quero tanto, ma belle, tanto que você nem imagina o quanto.
— Colo minha boca na dela, mostrando que nasci pronto para este momento
e tantos outros.

Desço para o pescoço dela, deixando uma pequena marca ali.


Ela é minha.

Me sento na cama e tiro sua camisola e, a seguir, sua calcinha. Me


dispo também. Percebo seu olhar para meu membro, que está ereto e
latejando de desejo. Hoje ele sabe que vai entrar na brincadeira.
— Pega nele, minha gatinha. — Coloco sua mão sobre ele.

Mesmo com as mãos um pouco trêmulas, ela faz o que peço e, aos
poucos, vai ganhando confiança e intensidade. Respiro fundo para segurar o
tesão que suas mãos pequenas e macias provocam.

Belle se encaixa em minha pelve, tomando a rédea da situação, e


esfrega nossos órgãos de prazer um no outro, enquanto vai passando a mão
no meu peitoral, braços e costas.

Ela não sabe o efeito que seu toque provoca em mim. Tenho certeza,
que nem imagina o quanto mexe comigo essa pureza, o seu jeito doce
tentando ser safada.
Pego em sua bunda, ditando meu ritmo, beijando sua boca mais uma
vez.

— Isso é muito gostoso, Olie — geme baixinho.


— Você ainda não viu nada. Só te peço para relaxar. Se ficar tensa vai
doer mais, ok?

Ela assente e a deito na cama. Chupo seu peito direito, que é o que ela
mais sente tesão, enquanto escuto seus gemidos de prazer. Vou descendo
com a língua em todo o seu abdome, vendo-a arquear o corpo, até chegar ao
seu monte.
Chego até seu clitóris e o chupo. Hoje, mais do que nunca, é o
momento de dar a ela o melhor sexo oral que já teve. Meu objetivo é que ela
atinja o ápice antes de meter forte nela.

Coloco um dedo e depois o outro em seu canal, para aumentar o


prazer. Não demora para que Belle aumente o volume dos gemidos e se
jogue relaxada na cama.
Absorvo todo o seu líquido antes de me acomodar entre suas pernas e
a penetrar de vez. Rompo a barreira que a impedia de ser a mulher mais
desejada e amada do mundo. Belle grita e eu sei que foi de dor.

— Doendo muito? — Toco em seu rosto enquanto permaneço imóvel


dentro dela.
— Sim, mas continua.

Olhando em seus olhos, observando qualquer sinal de desconforto,


começo a me mexer devagar, sentindo-a.
— Você é muito apertada e gostosa, ma petit.

Ela sorri, deixando seu corpo mais relaxado.


— Está ficando gostoso, Olie.

— Vou aumentar, então, a velocidade, ok?


— Quero mais, mon amour.

Esse é todo o incentivo que queria para usar meu ritmo nas estocadas.
Belle fala algumas frases desconexas em francês, até que...

— Ah, Oli... — Atinge seu ápice.


Gozo dentro dela, com todo um misto de emoções, antes nunca
sentidas. Tiro meu pau e vejo a mistura de sangue e sêmen. Uma sensação de
tê-la marcado, de honra me atinge, como se fosse um homem das cavernas.

Me jogo ao seu lado, ofegante, sem conseguir emitir uma palavra.


Assim que me recupero, entrelaço nossas mãos, um gesto que tem ficado
comum entre nós dois.
— Eu fiz amor pela primeira vez hoje, ma belle — assumo.

— Uau! Por tudo, Olie. Nunca imaginei que seria tão intenso. Estou
me sentindo nas nuvens. — Seu sorriso é tão radiante que me contagia.
Beijo o dorso da sua mão e vou até o banheiro. Limpo meu pau e pego
uma toalha para fazer o mesmo com ela.

— Não usamos camisinha, mas estou limpo. Fiz exames recentes.


— Confio em você, Olie.

— Se houver uma consequência do que fizemos hoje — toco em sua


barriga —, não vai ser algo do outro mundo.
— Obrigada, Olie, mas se não tiver “consequência”, é bom passar por
uma consulta médica e pedir por um anticoncepcional. Ainda estamos no
início do namoro e quero curtir muito você. — Dá uma piscadinha sexy.

— Sabia que já pensei na gente fazendo amor na vinícola da sua


família?
Belle arregala os olhos e suas bochechas tingem de um tom de
vermelho forte.

— Nossa, ia morrer de vergonha do meu pai, Victor ou algum


funcionário nos ver. A sorte é que tem um chalé bem perto das videiras.

— Quando podemos visitar seus pais? — me empolgo, arrancando


gargalhadas suas.
— Minha mãe disse que quer te conhecer melhor. Sophie também.
Podemos arranjar.

— Que seja logo. — Volto a beijar minha namorada.

UM MÊS DEPOIS

Assim que retornamos a Nova Iorque entramos em uma rotina gostosa


de namoro. Há muitos beijos roubados no trabalho, saímos juntos para
muitos jantares e programas românticos. Só que nem todo dia, ela dorme
comigo. Minha namorada prefere ficar em sua casa de vez em quando, para
me dar espaço, segundo ela.

Uma grande tolice porque eu viciei nela.


Ainda assim, não abandonei os amigos. Saio com eles para treinar,
assistir algum jogo ou até ir à boate de Rick beber e conversar. Só saio antes
para ver minha garota, enquanto eles se divertem com as erradas.

Ah, se eu soubesse antes o quanto Belle me fazia bem, jamais teria


feito a ela aquela proposta de apenas uma noite de prazer. Teria entrado de
cabeça em tudo.
— Olha, Olie, como são lindas as videiras daqui de cima?

Saio dos meus pensamentos quando escuto a voz de minha gatinha.


Estamos chegando à vinícola da família dela. Quando Belle contou aos pais
que eu estava com vontade de conhecer o local, eles se animaram e levou um
mês para eu conseguir sair sem deixar muita coisa para Noah resolver.
— Nada é tão lindo quando você, ma belle. — Pisco para ela e escuto
o aviso do piloto de que vamos aterrissar.

Assim que saímos do helicóptero, revejo os pais dela, muito mais à


vontade do que em Vegas. Belle os abraça e eu fico pensando no quanto os
laços de sangue nem sempre são tão fortes quanto dizem. Nem lembro de um
gesto ou palavra de carinho vindos dos meus genitores. Já minha namorada,
é filha adotiva e vejo todo o amor que os Durand sentem um pelo outro.
— Soube que Victor conversou com você — meu sogro me
cumprimenta e continua —, depois teremos a nossa. — Pisca para mim,
batendo em minhas costas, em seguida.

Assinto. Não vejo problema nenhum. Estou com a filha dele de


coração aberto.
A mãe vem e me abraça.

— Eu percebi uma troca de olhares quando se conheceram. Meu


coração de mãe sentiu que podia estar nascendo ali um grande amor. —
Segura forte minha mão. — Bem-vindo à família, meu filho.
Uau! Filho? Quanta diferença daqueles que me geraram. Minha mãe
me chamava de Oliver e meu pai, pelo sobrenome, desde que me entendo
por gente.

Dou um sorriso amarelo, ainda desacostumado com essas


demonstrações de afeto sem nada em troca.
— Onde estão Sophie e Henri? — Belle questiona os pais ao meu
lado, com nossas mãos entrelaçadas, como de costume.

— O pequeno Matéo se sujou com as uvas pouco antes de vocês


chegarem e os pais estão dando banho nele. Mas pelo tempo, quando
chegarmos na casa, eles já estarão te esperando.

Minha namorada bate palmas animada. Participei de algumas


videochamadas dela com a amiga e o garoto aparecia sempre, todo falante e
esperto. É como se eles fossem parte da mesma família.
Marie nos chama para irmos para casa. Como o heliponto fica no
mesmo terreno da vinícola, chegamos rápido. Observo o trajeto com muita
curiosidade. Meu sogro explica algumas coisas sobre a produção do vinho e
promete me levar amanhã a um passeio pela fazenda, pois chegamos à noite.

Assim que avistamos a casa, Belle dá um gritinho animado ao ver os


amigos acenando para ela da varanda. Mal o carro estaciona, ela já desce.
Dou um meio-sorriso ao ver a cena e desço do carro.
— Eles são como família para todos nós — meu sogro confirma o que
eu já imaginava e seguimos juntos até a entrada.

Um homem todo fortão vem ao nosso encontro e já imagino ser o


marido policial de Sophie antes dele se apresentar. A amiga da minha mulher
também aparece, junto com o filho, de cinco anos, que abre os bracinhos, em
um convite para o pegar, dando um abraço gostoso. Hoje realmente está
sendo um dia diferente em todos os sentidos.
— Você sabe jogar futebol? — sua vozinha infantil me surpreende
com algo inesperado, ainda no meu colo.

— Não tanto quanto os franceses. — Pisco para ele.

— Eu posso te ensinar. Sabia que ficamos em segundo lugar na última


Copa do Mundo e que somos bicampeões mundiais?

— Tudo isso? — Entro no jogo dele, que assente e diz que vai me
mostrar.
Coloco o pequeno no chão e ele pega minha mão para me levar para
dentro da casa. Olho para Belle, que abre um lindo sorriso, abraça a mãe e
vai à minha frente.

Me sento ao lado de Henri após cansar de jogar futebol com o filho


dele. Belle e Sophie assumiram meu posto.

— Você leva jeito com crianças. Já estão pensando em dar um passo a


mais no relacionamento? — Olho-o desconcertado por ser tão direto, mas
antes que possa responder ele continua: — Desculpa se acha que estou te
pressionando, mas falo por experiência própria, a gente sabe quando
encontra a garota certa.
— Sei bem o que está falando. Ainda não falamos abertamente sobre
isso, mas está em meus planos. Por enquanto, estamos curtindo a dois.

Depois que fizemos nossa primeira vez sem camisinha, tomamos mais
cuidado. Semana passada, Belle menstruou, mas confesso que se viesse um
bebê, eu seria o homem mais feliz do mundo por ter uma continuação do
nosso amor.

— Oliver, quero te contar algo que não pode sair daqui nem por
decreto. — Henri se ajeita na grama. Sei que vem coisa séria e apenas
assinto. — Eu sei que fomos investigados por você e seu sócio. Não o
recrimino, pois faria o mesmo na sua posição. Só que não encontraram nada
porque somos da Interpol.

Levo um choque com sua declaração. Nunca imaginei isso.

— A família Durand não comenta isso e espero a mesma discrição sua.


Só estou te contando porque nós achamos que sua namorada ainda corre
riscos com as pessoas que a sequestraram quando era apenas um bebê.

— Como? — Minha postura e feição mudam. Um desespero corre por


minhas veias.
CAPÍTULO VINTE

Sorrio de alegria com o momento mágico que estou vivendo. Sabe


quando você quer congelar uma cena para sempre? É assim que estou me
sentindo, feliz por estar com minha família, meus melhores amigos e o amor
da minha vida.

— Alguém está apaixonadaaa — Sophie cantarola parecendo uma


adolescente.

Estamos deitadas na grama verde perto da casa. Depois de brincarmos


com Matéo, meus pais o levaram para observar os insetos. Olie está
conversando com Henri.

— Jamais mentiria, amiga. — Fecho os olhos absorvendo o sol e o


vento frio ao mesmo tempo.
— Primeiro — enumera com a mão —, você não sabe mentir e
segundo, está estampado na sua cara. Para sua sorte, ele também está. Aliás,
a mesma cara de bobo como Henri era comigo.
— Primeiro — faço como ela —, a “cara” do seu marido é de bobo
desde que o conheci e segundo, a sua “cara” é igual.

— Não, naquela época, mal nos falávamos. — Ela balança a cabeça


repetidas vezes para os lados. Nem sei como não ficou tonta.
— Confia em mim, Sophie. Enquanto você estava no enemies, ele já
estava no lovers.

— Até parece, mas o foco é em você e Oliver — muda de assunto para


não assumir que sempre teve uma queda por Henri. — Gostei dele. Menos
quando soube da proposta indecente em Vegas.
— Se soubesse que era tão bom, talvez eu tivesse aceitado.

— Oliver, vem aqui me contar o que você fez com minha amiga pura e
ingênua — Sophie finge que está chamando meu namorado e caio na
gargalhada.
— Eu não sei o que seria da minha vida sem você. — Me viro de lado
e a abraço.

— Tivemos essa conexão desde o início, né?


— Eu lembro que desejei que fosse você a minha mãe.

— Prefiro irmã mais velha. — Minha amiga faz uma pose de dondoca.
— Acho que nunca vi minha namorada rir tanto na vida — a voz
grossa que tanto me atiça chega aos meus ouvidos. — Está tudo bem? —
Apesar da brincadeira, sinto que está tenso.

— Comigo sim, mas aconteceu alguma coisa?

Ele troca um olhar com Henri e entendo tudo.


— Você contou a ele quem somos? — Sophie é mais rápida e
questiona o marido, que assente. — Jamais, em hipótese alguma fale isso
com alguém. É perigoso demais — Sophie emenda se levantando e dando
uma de policial durona.

— Já entendi o perigo. Nem Noah vai saber. — Olie parece que não se
intimida, mas eu sinto que está mexido.
— Ótimo — a voz da minha amiga é seca.

— Agora chega de conversa tensa e vamos aproveitar o dia? — Henri


tenta conciliar. Pelo visto, Sophie não gostou nada que meu namorado
soubesse o segredo deles.
A sorte é que nesse momento, Matéo chega com meus pais, trazendo
uma borboleta no braço. É engraçado ver ele andando devagar para o inseto
não voar. O garoto vem mostrando um a um com muita animação, até que
ela voa e pousa entre Olie e eu.

Minha mãe dá um suspiro apaixonado e olho para ela.


— Minha filha, esse é um sinal do quanto o amor de vocês é para
sempre. — Joga um beijo no ar e eu “pego”, em uma tradição só nossa.

Matéo chega perto da borboleta, a olha e depois alterna o olhar entre


meu namorado e eu.
— Oliver, você vai se casar com Bebelle? — o garotinho questiona
colocando as mãos na cintura.

Diante da pergunta inesperada, Olie e eu nos olhamos ao mesmo


tempo. Meu namorado acaba caindo na risada, parecendo que está levando
numa boa.
— Matéo! — mesmo assim o repreendo. Tem certas coisas que não
podem ser perguntadas.

— Será que ela aceitaria se eu pedisse, amigão? — Meu nerd safado


me surpreende.
— Claro, Olie. E vocês podiam ter logo um filho, um menino para eu
brincar.

Prendemos todos o riso, mas não resisto ao garotinho curioso que amo
tanto e faço cócegas nele.

Depois do dia animado com minha família e amigos, Olie e eu


conseguimos um tempo a sós. Nada nos impediria de fugirmos para o
famoso chalé.

— Eu achava que Victor era mais ciumento, mas seu pai... — Digamos
que meu namorado não está exagerando. Durante o passeio dos dois pela
vinícola, o Sr. Durand realmente foi duro com ele, a ponto de tentar
embargar nossa noite romântica. A sorte foi que minha mãe intercedeu.
— Você é meu primeiro namorado — tento conciliar.

— Esqueceu de falar que sou o único. — Estamos lado a lado e ele


para de andar, me puxando para seus braços, que me envolvem apertado.
Seus olhos estão intensos como brasas. — Eu vou te beijar, ma belle e estou
pouco me importando se ainda tem algumas pessoas aqui por perto.
Oliver cola sua boca na minha antes que eu consiga raciocinar, usando
sua língua com um desejo que nunca vi e empurrando minha nuca para
frente, me fazendo encurvar. Ainda bem que meus exercícios estão em dia.
Sinto que estou nas nuvens até ser puxada para a posição normal.
Ele olha para frente e acena. Alguns trabalhadores viram nosso beijo e
minhas bochechas queimam de vergonha. Tem gente ali que conheço há
anos.

— Vamos, gatinha. — Pega em minha mão e me puxa para sair do


lugar. — Agora consegui colocar para fora minha frustração.
— Como? — Saio do transe do beijo e da cena que fizemos para quem
quisesse ver.

— O ciúmes do seu pai e você não assumindo que sou o único.


— Só por isso? — o perturbo, me fazendo de séria.

— Está de brincadeira? — Opa! Alguém está irritado.


— Olie, você é e sempre será o único. Tem dúvida disso? — Ele nega
com a cabeça e continuo: — Quanto ao meu pai só é cuidadoso, como
Victor. Os dois têm medo que eu sofra, por isso tem toda essa proteção.
Amanhã, você vai ver como ele vai estar tranquilo.

— Não sabia que era tão ingênua, sócia. Ele sabe que vou te comer a
noite toda. — Dá um meio-sorriso e balanço a cabeça para os lados.

— É isso que pretende, meu nerd safado?

— Belle, nem pense em me tentar, senão verá um verdadeiro show


dentro dessas videiras. — Aperta forte minha mão, em um sinal que o desejo
está transbordando.
Fico quieta, porque eu bem sei que em se tratando dele, é capaz de
tudo. Depois que perdi a virgindade, fizemos amor até no elevador privativo
dele, após expulsarmos nossos seguranças. Nem preciso dizer que não havia
câmeras.
Continuo andando, tentando acompanhar a passada larga e rápida do
meu namorado até que avisto o chalé.

— Nossa, nunca imaginei que fosse tão bucólico, não em um sentido


ruim — Oliver se surpreende.
— Lá dentro é bem aconchegante.

— Eu quero me aconchegar em você a noite toda, ma belle. Vou


enterrar tão fundo que vai se lembrar para sempre daqui de outra forma. —
Me suspende pelo bumbum e entrelaço minhas pernas nele.
— Gosto do seu jeito romântico safado. — Pisco para ele, que me dá
um selinho e me leva para o chalé em seus braços.

Meu namorado só para de me carregar quando entramos. Apresento o


lugar para ele, que se apaixona. Nos surpreendemos com uma mesa de jantar
posta. Tenho certeza que minha mãe está por trás disso.
— Uau! Um típico jantar à luz de velas. — Acho que agora
perceberam a quem puxei no romantismo. Minha mãe não economizou em
nenhum detalhe.

— Estava primeiro planejando que você fosse meu jantar, mas o cheiro
está ótimo. — Se aproxima e destampa a comida.
— Me contento em ser a sobremesa. — Pisco para ele.

— Tão provocadora, minha gatinha. Se prepare porque hoje não te dou


moleza. — Ele se senta à mesa, em um claro sinal de que não quer perder
tempo e faço o mesmo.
Conversamos sobre nosso dia e o quanto Matéo é esperto.

— Tive vontade de sumir na hora que ele perguntou sobre casamentos


— confesso.
— Já pensou sobre isso? Nosso futuro?

Assinto, mesmo morrendo de vergonha.


— Henri e eu conversamos sobre saber quem é a mulher certa e
concordo com ele. No fundo, eu sabia que era você desde que nos
conhecemos e não desgrudei os olhos dos seus.

— Mas fez aquela proposta — brinco com ele.

— Faria de novo e vou continuar fazendo. — Dá um sorriso torto e


seus olhos novamente ficam intensos. — Já terminou?

Assinto. Mesmo que não tivesse, falaria que sim. Eu não sou doida de
perder a chance de ser amada por completo.
Olie se levanta e me pega pelo braço, me levando até a janela, me
posicionando de frente a ela. Ele fica atrás de mim.

— Alguém consegue ver o que acontece aqui dentro? — sussurra em


meu ouvido.

— Acho que só se chegarem mais perto. — Da nossa visão,


conseguimos ver as videiras iluminadas pela luz artificial da fazenda. Alguns
trabalhadores ainda transitam por lá.

— Já pensou em trepar em um lugar público? — continua sussurrando


e eu estremeço. De prazer. — Vou te dar um gostinho agora, ma belle. Quem
sabe a próxima pode ser na boate de Rick? — Ainda na mesma posição, abre
a minha calça jeans e a abaixa, levando minha calcinha junto.
— Olie... — Prendo a respiração antes de chamar seu nome. De onde
estamos, só se consegue ver um pouco acima da minha cintura. Não dá para
ver o que estamos prestes a fazer, mas um misto de perigo e prazer me
tomam. Nem lembrei que nossos seguranças estavam rondando a casa.
Sua risada baixa ecoa em meus ouvidos, me arrepiando.

— Tão gostosa. — Meu namorado toca em minha barriga, circulando


meu umbigo com o dedo e vai descendo.
Pego em sua mão e desço até meu clitóris. Ah, o prazer da
precipitação.

— Tão apressada, tão maravilhosa e tão safada — continua e é a


minha vez de rir.
Meu ponto do prazer é massageado pelos seus dedos e ele desce para
dentro do meu canal, após pedir para abrir mais as pernas.

Sem que eu espere, Olie me solta e escuto o barulho dele tirando sua
roupa. Não demora para seu pau cutucar meu bumbum.
— Empina essa bunda perfeita, gatinha e se apoia na janela — mais
um sussurro que vai entranhando em minhas células e o obedeço. Ele dá um
tapa nela, me fazendo ver estrelas.

Só digo que não foi por sentir dor. Qualquer toque desse homem me
faz ir a outro lugar.
Estou perdida se ele se cansar de mim.

Volto à realidade quando Oliver dá um tapa em minha intimidade. Sem


me controlar, gemo dessa vez.

— Assim que gosto, mon amour. Não se controle comigo, Belle.


Quero você solta e relaxada sempre.

Assinto com a cabeça e ele afasta meu cabelo da nuca, dando


soprinhos nela.

— Para de me arrepiar — o repreendo de brincadeira.


— Até parece que não gosta. — Mais um tapa em minha bunda e ele
coloca novamente dois dedos no meu canal. — Molhada como imaginava.
— Com a outra mão, direciona seu membro lá para dentro, entrando em mim
de vez, substituindo seus dedos.

Olie tira e entra de novo, como da primeira vez. Sinto um leve ardor,
mas o prazer dessa investida me excita ainda mais. Agora, sem sair de mim,
ele bombeia rapidamente e eu vou rebolando.
— Gostosa. Demais. — Mais um tapa em minha bunda, agora mais
forte.

— Quer me deixar marcada? — brinco.

— Você é minha, ma belle. Sempre foi. Só estou atestando o óbvio —


sua voz sai ofegante, sem parar o movimento.

Até que começo a tremer, quase não conseguindo me sustentar em pé.


Olie percebe e me segura, sem parar de se mexer. Sempre que meu
namorado mete por trás, o ápice chega mais rápido. Gozamos ao mesmo
tempo. Ainda sensível, sinto seu gozo jorrar dentro de mim.
CAPÍTULO VINTE E UM

QUATRO MESES DEPOIS

Me levanto da minha mesa, ansioso para me encontrar com Belle.


Apesar do sexo ser maravilhoso e de amar aquela mulher mais que tudo em
minha vida, meu nervosismo não é por isso.

Quero me casar com ela, mas não será hoje o pedido e sim, na sexta,
daqui a quatro dias. A ansiedade é porque assim que chegarmos em casa, ela
conhecerá meu grande segredo.
Me despeço do andar de produção e vou para a presidência. É só sair
do elevador que sou invadido pelo cheiro — que está mais para afrodisíaco
— da minha namorada. Certeza que Belle e Evie estão conversando no posto
da minha secretária. Dou mais uns passos e... bingo!
— Oi, amor. — Seu sorriso se ilumina ao me ver e se aproxima. —
Estava com saudades — diz manhosa antes de ficar na ponta dos pés e me
dar um selinho. A enlaço pela cintura, retribuindo com mais intensidade o
beijo.

— Sr. Megalos, estamos em uma empresa séria — Evie brinca com


um sorriso no rosto —, talvez devessem procurar uma cama.

As bochechas de Belle são tingidas de vermelho. Podem se passar mil


anos e acho que ela nunca vai deixar de ficar envergonhada ao falarmos
sobre sexo.

— Ah, aí está você. — Noah aparece na soleira da porta de sua sala.


— Antes da “cama” pode dar uma passadinha aqui, Olie?

Olho para minha garota, que assente e vou ao seu encontro.

— Estava conversando com sua namorada hoje sobre o andamento do


projeto do carro. — Me aponta o sofá.
— Algum problema? — Remexo, incomodado.

— Os Durand estão cobrando um prazo.


— Como não soube disso? — Franzo a testa.

— O pai da sua namorada ligou hoje e conversamos um pouco.


— Se fosse por mim, estava pronto, mas...

— Ainda temos alguns projetos em prioridade — me interrompe.

— Vou ajeitar o cronograma.


— Para quando?

— Os testes ainda estão acontecendo. Eu percebi um bug que pode


interferir na segurança de quem está no carro.
— Me explica o que é e por que não soube disso. — Meu sócio
estreita os olhos sobre mim. Ele, assim como eu, detesta não saber o que está
acontecendo.

— Achei que poderia contornar. Você sabe que eu, quando crio uma
programação, tento hackear ela em busca de alguma falha. — Olho para ele,
que continua atento à minha fala. — Foi em um desses momentos, que
descobri que alguém pode acessar remotamente o carro e mudar sua rota.
Noah me olha espantado, sem fala. Nossos clientes, os compradores do
carro, serão pessoas influentes e não irão querer algo que os comprometa.

— Vou avisar ao seu sogro — responde suscintamente. — Agora está


liberado para namorar e fazer o que tem que ser feito.
Me levanto, acenando para meu melhor amigo, mas paro na porta.

— Estou tentando encontrar a causa e a solução, Noah. Sabe como sou


perfeccionista. Vou estabelecer o prazo de dois meses.
— O tempo que precisar. Nosso projeto pode demorar, mas vai ser um
sucesso se for à prova de erros. Vamos deixar esse assunto para depois?

Respiro fundo para deixar para trás os problemas da empresa e focar


no que interessa no momento: mostrar para minha mulher o meu mundo
particular.
Chego junto dela, inalando seu cheiro pelo seu pescoço, um cheiro que
me acalma e me acolhe.

— Já disse que somos uma empresa séria. — As palavras de Evie me


acordam e entrelaço meus dedos nos da minha garota. Em um convite mudo
vamos para o elevador.
— Estava pensando em ficarmos em casa hoje. — A encaro quando
entramos na caixa de metal.

— Podemos pedir comida japonesa. — Bate palminhas, animada e


balanço a cabeça para os lados. — Depois eu recompenso a gulodice com
meus treinos com Micaela. — Belle está tendo aulas de autodefesa e de
musculação com a prima de Rick.
— Seu corpo está ótimo. — A seco com o olhar.

— Bobo. — Sorri e roubo um beijo, tentando relaxar.


O que vou mostrar a ela hoje vai ser uma prova de confiança. Respiro
fundo e ela percebe.

— Está tudo bem? — Toca em meu ombro.


— Só umas coisas na cabeça — disfarço, a guiando com minha mão
sobre suas costas para o carro.

— Algo que possa ajudar ou precisa resolver agora, neste instante?


Entramos no carro e interrompo a conversa para avisar ao motorista
nosso destino. Ele também é segurança e especialista em direção defensiva.

— Não para os dois. — Dou um meio-sorriso. — Noah me disse algo


parecido mais cedo.
— Vamos aproveitar nosso tempo juntos, mon amour. — Se aproxima
e a puxo para meu colo.

Belle se assusta com meu movimento brusco. Até hoje, ela não se
acostumou com meus atos impensados e repentinos.

— Olie, o motorista...
— Shii, não estamos fazendo nada demais — a interrompo, falando
baixinho em seu ouvido.

É a verdade. Ela está sentada e suas pernas, no banco do carro.


— Só quero um beijo.

— Nunca é um simples beijo. — Seu sorriso me faz afastar todos os


pensamentos dramáticos que correm em minha mente.

A encho de beijos e vamos para conversas amenas, permeadas de


mãos bobas até chegarmos em casa.

Assim que entramos, somos recepcionados por Zeus e tiramos nossos


sapatos. Belle já está mais acostumada com ele, que já está programado para
atender todos os seus pedidos.
Exceto um.

Respiro fundo novamente. Minha namorada vai ficar louca por saber
que temos aqui uma passagem secreta.
— Gatinha, eu preciso te contar algo. — Volto a ficar tenso, passando
a mão pelo cabelo e percebo, em seus gestos que ela também está.

— Olie... — Não termina de falar, ansiosa.


— Não estou te traindo ou pedindo tempo, se é o que está pensando.

— O que é, então? — Vejo seu suspiro de alívio. Nem acredito que


isto passou pela cabeça dela.

— Eu tenho um escritório aqui em casa.


— Eu sei, Olie. — Aponta para um cômodo que uso para resolver algo
burocrático ou para reunião.
— Não é este. — Meneio a cabeça para os lados e vejo espanto em seu
rosto.

Me levanto e pego em sua mão, subindo com ela as escadas. Nenhum


dos dois fala nada.
Chego em uma porta e a abro.

— O que está vendo aí?

— Um quarto? — responde com uma pergunta.

Dou um sorrisinho e tiro um quadro ao lado da porta. Um monitor


numérico aparece, como “mágica” e digito uma senha. A seguir, surge uma
máquina que escaneia minha digital e minha visão. Cada íris é única.
A seguir, olho para ela, que está embasbacada.

Ela ainda não viu nada.


Minha previsão está certa, pois seu olhar volta para a transformação
que está acontecendo no quarto. Meu verdadeiro “escritório” está surgindo
diante de seus olhos.

Belle abre e fecha a boca, repetidas vezes, sem conseguir emitir


qualquer som. Dou um tempo para minha namorada se acostumar. Eu sei que
não é fácil para alguém que não está acostumado com alta tecnologia.
Quase ninguém está.

— Parece uma nave espacial — sua voz sai lenta, observando tudo ao
redor. Gostei da sua comparação, pois é como chamo este espaço e, é daqui
que “piloto” minhas maiores invenções. — Acho que estou em um universo
paralelo ou em um filme de ficção científica.

Gargalho com essa ideia porque o que ela está vendo é bem real.
— Como? — Ma belle ainda não saiu do lugar.

— Tudo criação minha, para uso pessoal ou para o setor de segurança


da empresa. — Dou de ombros.
— Se eu já te achava nerd, agora nem sei classificar o que é. Um
gênio?

Dou um meio-sorriso. Não me considero tudo isso. Apenas um curioso


que fica inventando coisas no tempo livre.
— Zeus, estou permitindo que Belle entre sempre na nave.

— Tem certeza? — minha inteligência artificial pergunta e repito o


procedimento cinco vezes. Sou meio paranoico com o que faço aqui.
— Acesso permitido, Oliver.

— Pode entrar — a incentivo.


— Até o chão é diferente. — Estamos descalços e ela parece sentir a
textura do piso.

— Tudo é programado para dar conforto e bom funcionamento aos


equipamentos e ao ambiente. — Cruzo os braços em uma pose convencida,
porque disso aí me orgulho muito. — Zeus está escaneando seus pés. Aqui
só entramos sem calçados.

— É muita coisa para assimilar. — Minha namorada passeia pelo


lugar, colocando a mão na boca, sem ousar tocar em nada.

— Este é o único lugar que não podemos fazer amor. Está cheio de
câmeras e alarmes.

— Ainda bem que estou assimilando tudo isto e nem pensei em algo
do tipo. Olie, como eu nunca percebi você aqui nesses meses todos juntos?
Como trabalhou sem eu saber aqui dentro?

— Você dorme demais, ma petit. — Pisco para ela. — Quase todo dia
entro aqui quando dorme e antes de acordar. Não preciso dormir oito horas
para estar disposto.

— Mas sempre acorda comigo. Ou não? — Estou vendo as


engrenagens do seu cérebro funcionando.

— Às vezes sim, outras não. Tem dias que realmente apago, ainda
mais quando transamos a noite toda. — Tenho muita saúde, mas não sou de
ferro. — Já trabalhei quando você sai com suas amigas e não tenho nada
para fazer. Enfim, sempre deu para conciliar.
— Olie, por que o segredo?

Chegou a hora da verdade.


— Aqui tem coisas que se caírem nas mãos erradas, podem causar
guerras ou catástrofes mundiais.

Depois que mostrei a Belle meu “esconderijo” secreto, percebi que ela
está estranha, pensativa, ainda mais quando descobriu o perigo que tem ali.
Acho que ficou com medo que alguém pudesse invadir minha fortaleza.

Só que é impossível, pois existe todo um sistema criptografado para


entrar na parte que guardo esses artefatos. Nem para minha garota, eu
mostrei. Apenas contei por alto o que tinha atrás de outra parede. De
qualquer forma, liberei todo seu acesso à “nave”.

— Quer dizer que é hoje o dia que vamos perder oficialmente mais um
guerreiro. — Noah aparece, me tirando dos pensamentos.
— Já perdeu faz tempo. — Prendo a risada. — De noite, é só a
constatação do que estamos vivendo nesses quase sete meses.

— Falando nela, onde está a “bela” Durand? — Noah ainda não


perdeu a mania de chamá-la assim.
— Em casa, se arrumando para “apenas” um jantar de rotina.

— Queria ser uma mosquinha para ver a cara dela quando for pedida
em casamento.

Dessa vez, planejei algo grande. Estamos perto do Natal e fechei um


restaurante que dá para ver, pelas vidraças, a neve caindo e as luzes da
quinta avenida.

Um bipe no meu celular chama a minha atenção e pego meu celular.


Esse é o sinal de alarme que está acontecendo algo em minha casa. É o som
que nunca queria escutar, ainda mais com minha mulher lá.
Com meu coração querendo sair pela boca, assisto estarrecido um
vídeo com ela sendo sequestrada. Me levanto e sou seguido por Noah. Meu
amigo avisa aos nossos seguranças e tenta ligar para Rick, enquanto
entramos no carro, que está com o motorista à nossa espera. Noah tenta me
acalmar, mas eu só quero chegar em casa e pegar o celular restrito que o
marido de Sophie me deu e pediu para só ligar em extrema urgência. Quando
chego dentro da garagem, meu celular apita.

Desconhecido:

Me entregue o dispositivo SRYQBX33[8] e libero a menina.

Entraremos em contato.
Nem preciso dizer que se a polícia ou os seguranças souberem, ela
terá uma morte dolorosa.

— Meu Deus! Como eles sabem? — Noah me olha sem saber o que
fazer, inclusive eu.
CAPÍTULO VINTE E DOIS

DUAS SEMANAS DEPOIS

Saio da areia e entro no mar de água morna e cristalina de Padang


Padang, uma praia de Bali. Preciso aproveitar que a chuva de verão deu uma
trégua, pois aqui chove demais em janeiro. A realidade, é que não tenho
muito o que fazer.

Estou isolada da civilização desde que cheguei e só saio de casa para


mergulhar no mar, quando o sol abre. Ontem foi um dia que não consegui
sair. Lá não tenho acesso à internet ou livros. A única coisa que faço é
pensar e cozinhar com o que trazem para mim.
Ah, os pensamentos não me deixam em paz.
Cada lembrança do que fiz dói demais. Independentemente de
qualquer coisa, eu o traí quando levei um bandido à sua “nave”. Mesmo
contra minha real vontade.

Oliver jamais acreditaria em mim.


Mergulho novamente no mar para tirar da mente o que me incomoda.
Ele deve estar pouco se lixando para mim agora, ainda mais porque
descobriu tudo. Meu celular com as mensagens ficou na casa dele.

Volto a nadar para me acalmar e as lágrimas que insistem em cair, se


misturam com a água do mar.
A realidade é que devo estar sendo procurada pela polícia, mas não
como a vítima. Dessa vez, eu fui a criminosa. Meus atos impensados, meu
desejo falou mais alto que qualquer coisa. A verdade, é que eu mesma me
meti nessa confusão.

Saio do mar assim que minha barriga ronca e vejo que foi na hora
certa, afinal já estou sentindo em minha pele pingos de chuva. Pela minha
experiência, ela não vai acabar tão cedo. Vou ter mais uma tarde enfiada em
casa, suspiro resignada.
Apresso meus passos para chegar em casa e tomo um banho de biquíni
na área externa antes de ir para a cozinha. Resolvo fazer um macarrão, pois é
mais rápido e esquento o bife que tinha feito ontem. Me alimento envolta de
pensamentos e resolvo subir para trocar de roupa e descansar um pouco.

Só que eu não estava preparada para o que iria encontrar quando


abrisse a porta do quarto que estou hospedada. Meu coração quase sai pela
boca, tanto que nem consigo pronunciar uma palavra.

— Aí está a traidora. — Oliver parece soltar fogo pelas ventas. Seu


olhar está em chamas, mas eu sei que não é de desejo e sim, de ódio.
Ao seu lado estão Rick e Mica, apontando uma arma para mim. Minha
amiga abaixa a sua e sinto que ainda tenho uma salvação, pelo menos da
parte dela.

— Senti sua falta. — Ela larga o revólver, sob protesto dos rapazes e
vem em minha direção, me abraçando apertado. — Eu acredito em você,
amiga. Sei que fez tudo por algum motivo forte.
Meus olhos se enchem de lágrimas.

— Micaela, a reviste — a voz grave de Rick ressoa e ela revira os


olhos. — Esta é uma ordem.
Com um pedido de desculpas mudo, Mica obedece ao primo.

— Não tem nada. Estamos falando de Belle. — Encara os dois


chateada.

— Vão embora, estamos sendo vigiados. — Toco em seu braço e falo


baixinho.

Mica arregala os olhos e passa a vasculhar o ambiente.


— Rapazes, precisamos sair daqui agora. É uma armadilha — ela grita
para eles, que se entreolham. Com certeza achou uma das câmeras.

Antes que se movam, o barulho de uma explosão acontece e uma


fumaça branca nubla o quarto e meus sentidos.

Abro os olhos e está escuro. Dou um grito com medo e me encolho.

Coisas ruins acontecem no escuro.


— Belle, você também está aqui? — a voz de Oliver está próxima,
mas ainda não consigo vê-lo.

— Sim — respondo baixinho, com medo do que está acontecendo —,


onde estamos?
— Não sei, acordei aqui. Você quem deveria saber.

— Onde estão Mica e Rick? — Sinto minha cabeça latejar. Será que a
bati?
— Até você gritar, achei que estava sozinho aqui.

— Olie, desculpa por ter arrastado vocês para isso. Se algo acontecer
com vocês, nunca vou me perdoar.
— Acho que está pedindo algo impossível, Srta. Durand. Eu confiei
em você e fui traído, da pior forma possível — suas palavras são duras e sei
que as mereço.

Me seguro para não chorar, mas as lágrimas caem, sem pedir licença.
— Me dá uma chance de explicar, Olie. Se depois disso, não quiser
mais me ouvir, vou te respeitar.

— Não preciso das suas explicações. O que sei já é suficiente para


querer você e sua família longe do meu radar. Talvez goste de saber que a
parceria foi desfeita.
Nego com a cabeça, mesmo que ele não veja. Meu Deus! Era o sonho
dele e de Noah. A animação com cada etapa era palpável nos dois.

— Lembra que estava magoada com você e me pediu uma chance? —


Tento um último ato de explicar que não sou tão traidora quanto ele pensa.

Eu tive um motivo.
Escuto apenas o silêncio neste momento e percebo, só agora, que
estamos em um lugar com goteira.

— Ok, pode falar. Mas não espere que vá te perdoar. — Nem sei
quanto tempo se passou até Oliver responder.
Respiro fundo antes de desabafar.

— Eu sempre quis saber quem eram meus pais biológicos, pelo menos,
desde que descobri que aqueles que me criaram no início da infância, eram
meus sequestradores. Qual era minha verdadeira origem? Eu comecei a ter
um costume de me comparar a qualquer pessoa que aparecesse na rua, desde
que saí do orfanato. Analisava tudo, queixo, nariz, formato da cabeça, cor
dos olhos e do cabelo. O que eu mais queria era saber a história por trás do
meu nascimento e conhecer meus pais biológicos.
— E o que eu tenho a ver com isso? — Sua voz sai seca, sem nenhum
tipo de empatia.

— Pouco tempo antes de viajar para Nova Iorque, recebi uma


mensagem de texto, de um número desconhecido querendo que eu roubasse
um artefato da Hórus. Mostrei para Victor...
— Seu irmão sabia? — O desprezo é palpável em suas palavras.

O encaro, já conseguindo ver seu contorno na escuridão.


Quanta saudade eu senti, Olie.

— Ele achou uma loucura e me aconselhou a nem responder. Era


também minha opinião.
— Sei... — Duvida das minhas palavras.

— Quando eu pousei em Nova Iorque, meu celular vibrou com mais


uma mensagem não identificada. Querendo a mesma coisa, mas a diferença
é que, em troca, eles me contariam quem eram meus pais biológicos.

Vejo que Olie se surpreende com minha fala e continuo.


— Não posso mentir e dizer que não pensei em fazer isso, pois é o
meu sonho. Sem contar que não tinha gostado de você à primeira vista.

— Eu te achei estranha quando nos reencontramos. Nem parecia a


mulher confiante que tinha conhecido em Vegas.

— Só que o problema é que não estava acostumada a mentiras, nem a


jogos. Constatei isso quando fomos à boate de Rick pela primeira vez e
piorou quando fui ao setor de produção. Eu fui lá para saber se conseguiria
algo com você. Só que deu tudo errado.

— Queria me seduzir — constata. — Eu nunca entendi essa sua


atitude de ir em minha sala. Nunca consegui engolir isso, mas empurrei para
debaixo do tapete. — Ri sem humor. Na certa, se arrepende de não ter me
investigado mais.
— Nesse dia, quando voltei para casa, mostrei tudo a Victor e
concordamos em deixar para lá. Não iria conseguir fazer esse trabalho sujo.

— É mesmo? — ironiza e volto a contar, engolindo a vontade de


chorar.
— Não cheguei a dar uma resposta para eles. Achei até que tinham me
esquecido.

— Quem são essas pessoas, Belle?


— Pensei que soubesse, porque eu apenas desconfio.

— São as mesmas pessoas que te sequestraram quando criança?


— Sim e que, provavelmente, iriam fazer pela segunda vez quando
estava na faculdade. Sorte que meu segurança apareceu. — Até hoje me
lembro de quando fui abordada, no escuro, saindo da biblioteca.

— Henri me contou por alto quando estávamos na França. Agora me


conta o que me interessa: algumas semanas atrás.
— Um dia depois que me mostrou a “nave”, recebi uma nova
mensagem exigindo o dispositivo. Óbvio que ignorei, mas recebi um vídeo,
em poucos minutos, com minha mãe na mira de um atirador. Olie, eu tremi,
sem saber o que fazer. Liguei para minha mãe e ela disse que estava em uma
confeitaria com uma amiga. Antes de pensar em ligar para Sophie, uma nova
mensagem surgiu, alertando para não chamar a polícia.

— Eu vi seu vídeo falando com o sequestrador, Belle. Você o conhecia


e deixou que Zeus permitisse sua entrada em casa.
— Ele estava armado, Olie — meu tom de voz aumenta.

— Como se conheceram? Enquanto planejavam me dar um golpe?


Nego com a cabeça.

— Ele é um dos pintores iniciantes que fiz doação para sua exposição.
— Em troca de quê?

Agora deu vontade de socar sua cara bonita.


— Sabe que não fazemos isso esperando nada. Naquele dia em sua
casa, ele acabou confessando que queria me sequestrar no dia da exposição.
Ainda bem que não aceitei suas investidas.

— Dois criminosos se dão superbem. Você o deixou entrar na nave!

— Eu fui ameaçada! Se coloca em meu lugar, Oliver.


CAPÍTULO VINTE E TRÊS

Passei duas semanas vivendo um pesadelo, com mágoa, rancor, me


sentindo enganado. Meu maior choque não foi, como imaginava, saber que
Belle estava sendo sequestrada. O pior, foi assistir quase dez minutos de
vídeo, onde ela conversava com um homem, como se já o conhecesse e
permitindo sua entrada em minha casa, antes de ser forçada a sair de lá na
mira de um revólver.

— Se coloca em meu lugar, Oliver.


Antes que eu possa refletir sobre isso, a porta é aberta num tranco e a
luz de fora me cega. Tapo os olhos com as mãos por instinto.

— Olha, os pombinhos estão se acertando — uma voz irônica surge,


mas ainda não consigo olhar. — O chefe quer ver os dois.
Sinto uma mão em meu braço e a retiro.
— É bom obedecer. — Escuto o barulho de uma arma sendo
destravada e me levanto.

Abro os olhos e vejo que ele é o cara que Belle permitiu que entrasse
em minha casa. Na minha frente, vejo que ela está saindo do cômodo,
empurrada por outro sujeito. Passamos por um corredor cheio de pessoas
armadas e ela entra primeiro que eu em um cômodo.

— Devo dizer que seu nome tem tudo a ver com você, menina. — Um
homem aparentando cinquenta anos toca no rosto dela e a vejo recuar. Ele dá
uma risada e sinto vontade de avançar sobre esse tal “chefe”. — Seu destino
sempre foi nos servir.

— O que quer dizer com isso? — Sua feição é de confusão e já


imagino o que deve ser.
— Teremos tempo para isso. — Balança as mãos para o lado, como se
não tivesse falado grande coisa e me olha. — Agora tenho algo mais
urgente. Oliver Megalos, o gigante e gênio da tecnologia. — Seu tom de voz
é arrogante, só que não me intimido. — Sabia que não gostei nada de ser
feito de trouxa? Minha ordem é obedecida cegamente, sem contestações.

— Acontece que eu não me importo mais com essa traidora. — Um


plano se forma em minha mente para libertar a mulher que ainda amo. Não
sou um canalha, apesar de ainda me sentir confuso com o que escutei.
— Pensa que sou idiota? — Ele se aproxima de mim e bate no meu
rosto. A sorte dele é que tem muitos seguranças armados, porque não é páreo
para minhas habilidades de luta.

— Quer maior prova do que não ter te entregado o artefato? — O


desafio com o olhar. Nessa hora, nem posso fraquejar em olhar para Belle.
— Mas foi atrás dela!
— Por justiça — respondo calmamente. Esse cara pode ser alguém
importante no submundo, mas perde a paciência fácil demais. Isso é péssimo
para os negócios.

— Então não vai se importar se ela morrer bem na sua frente. —


Chega perto de Belle e aponta uma arma para seu coração.
Vacilo com o olhar ao ver que ela estava tremendo. Teria que ser muito
forte para aguentar isso.

— Ótimo! Temos um acordo. — Me aponta uma cadeira e me sento


nela. — Trouxe o dispositivo?
— Como sabe dele? — Essa é uma das minhas maiores curiosidades
nessa história toda.

— O nome da sua empresa é Hórus, mas nós é que conseguimos


enxergar além. Temos escutas em muitos locais de Nova Iorque, inclusive
restaurantes. Não é bom conversar sobre certos assuntos sem saber se está
seguro. Agora me responda. — Se impacienta mais uma vez.
— Não está comigo ou em qualquer outro lugar. Eu o apaguei. — Fiz
isso assim que descobri toda a farsa envolvendo Belle.

— Você tem três dias para reproduzir o artefato ou irão morrer.


— É muito pouco tempo. — Agora eu tenho certeza que estou diante
de um louco. Não se programa algo tão complexo quanto isto em tão pouco
tempo. Levei meses para chegar no estágio que estava e nem cheguei à
metade.

— Não estou aberto a negociações. Quem quer este programa, tem


pressa. Você demorou demais para encontrar a menina.
— Onde está o computador? — Talvez seja mais maluco que ele.
O bandido abre um sorriso exibindo uma arcada dentária perfeita e me
mostra uma sala de programação de última geração. Só perde para o da
minha empresa. O negócio dele dá um lucro e tanto.

De canto de olho, vejo Belle sendo trazida para a sala.


Tomara que consiga me concentrar no que preciso.

— Onde estão meus amigos? — Eu preciso saber disso antes de


qualquer coisa.
— Mortos. — Gargalha como um psicopata e eu respiro fundo para
me acalmar.

Belle chora alto e a olho com compaixão. Nesse momento, eu só quero


voltar ao passado e viver os momentos felizes que passamos juntos.
O bandido me encara sem paciência e me forço a olhar para o
computador e começar a trabalhar. Um copo de água e um prato de pão
chegam para mim após cerca de uma hora e vejo que ela também recebe.

Aliás, percebi que está bem quieta e com a cabeça baixa. Nem quero
imaginar o que está pensando.

— Eu sei que está gostosa usando apenas esse biquíni, mas fui
convencido a te dar roupas confortáveis. Está frio aqui na sala e não preciso
te ver morrendo congelada. Ainda pode nos ser muito útil no futuro. Ordens
do chefão. — O bandido retorna e entrega a ela calça e blusa simples, nada
comparado ao que está acostumada. Mesmo assim, ela veste correndo.

— Qual a utilidade de uma traidora? — Não resisto e pergunto, até


para entender o papel dela no meio de toda essa sujeira.
— Se terminar mais rápido, talvez te conte. Vamos, ande logo com
isso. Trabalho com prazos. — Me aponta o computador e volto ao que estava
tentando fazer. Minha sorte é que lembro de vários códigos. Quer dizer, nem
sei se é bom voltar a fazer um projeto desses.

As horas passam e a temperatura cai mais. Para mim está tranquilo. Só


não sei se para Belle. Ela é bem friorenta e a blusa que deram para ela não
protege nada.
— Chefe, olha a menina. Está tremendo e com os lábios roxos —
escuto a voz de um dos bandidos.

Não resisto e meu olhar vai para Belle. Sem pensar me levanto para ir
ao seu encontro.
— Se decida se a quer ou não. — O bandido interrompe minha
passagem, mas me libera antes que responda.

Sem esperar, corro até ela, a abraçando. Na verdade, meus sentimentos


estão uma confusão. Eu estava com tanta raiva, mas foi só vê-la, que todas
as cenas que passamos juntos voltaram com força total. Cara a cara eu sabia
que ela não estava fingido esse tempo todo. Só conseguia enxergar a
namorada doce e confiante que tinha me encantado com um simples olhar.
Antes de continuar as reflexões, a sala fica às escuras e Belle dá mais
um grito.

— Coisas ruins acontecem no escuro — sussurra quase inaudível


porque escutamos barulho de tiros.
— Não dessa vez. — Não podia prometer nada, mas foi o que saiu da
minha boca. A abraço apertado, puxando-a para mim. — Só fecha os olhos e
confia. — Faço a mesma coisa e me lembro de uma cena semelhante, só que
com meus pais. Será que o nosso destino será igual?
Abro os olhos sem entender onde estou, agoniado com um barulho que
não estou acostumado. Só que antes de perceber onde estou, meu
pensamento vai para Belle.

— Ah, a Bela Adormecida acordou, ou seria a Fera? — Claro que


essas palavras vêm de Noah.
— Feliz de te ver, Olie. — Rick esboça um sorriso. Meu amigo é
difícil de demonstrar sentimentos.

Eu também já fui assim.


— O que aconteceu? Onde está Belle?

— Pensei que ia perguntar por que estou aqui. — Noah finge que ficou
chateado e fecho a cara. Detesto ficar sem respostas.
— Vocês dois foram encontrados abraçados. Belle estava em choque e
deram uma medicação e você estava com uma bala no lado esquerdo das
costas, sangrando e desacordado. Fez uma cirurgia e acordou agora.

— Rick, você e Micaela estão bem?


— Sim, só nos apagaram. Assim que despertamos, vimos que a casa
estava tomada pelos colegas de Sophie. Vou chamar o médico. — Sai da sala
sem esperar resposta.

— Belle está realmente bem? — Me viro para meu melhor amigo.


— Sim, queria te ver, mas foi impedida pela equipe médica.

— Por quê? — Franzo a testa.

— Ela poderia piorar o estado ao te ver machucado. — Engole em


seco antes de responder e sinto que tem uma mentira aí.
— Ah, você acordou! — Um rapaz jovem demais para ser o médico
entra no quarto acompanhado por Rick.

— Você que me operou? — Só mesmo estando desacordado para


permitir uma coisa dessa.
Ele revira os olhos, como se estivesse acostumado com essa pergunta e
vem me examinar.

— Quero ver minha namorada — exijo, querendo me levantar.


Sou impedido pelos três e o médico resolve chamar Belle.

— Rick, ela não está sendo acusada de nada, né?

— Para todos os efeitos, foi sequestrada — nega com a cabeça.

— Eu tenho a impressão que aqueles que a pegaram sabem sua


verdadeira origem — comento e os dois me escutam contar o que sei.
Rick faz uma careta, provavelmente porque detesta essas histórias
sobre máfia. Estou certo que aquelas pessoas pertencem a uma organização
criminosa.

A porta se abre e vejo Belle entrar com uma roupa de hospital, bem
tímida. Não tiro a razão dela, afinal estávamos brigados e a chamei de coisas
erradas. Era para conversar antes de qualquer acusação e é isso que iremos
fazer.
A chamo com a mão e ela vem em minha direção, se jogando em cima
de mim.
CAPÍTULO VINTE E QUATRO

Nem preciso dizer meu alívio ao poder ver e abraçar o homem que
amo.

— Me desculpe, Olie. — Me afundo em seu pescoço e sinto suas mãos


em meu cabelo.
— Sr. e Sra. Durand — ele cumprimenta meus pais, que vieram para
Bali assim que Sophie ligou, junto com Victor. Minha amiga sempre soube
onde fiquei e estava esperando a melhor abordagem para me soltar, mas tudo
mudou quando fomos sequestrados novamente.

— Vejo que está bem. — Minha mãe se aproxima e toca em sua mão.
Olie assente com a cabeça.

— Vamos deixar eles a vontade. — Noah toma a iniciativa e meu


coração bate acelerado, principalmente quando ficamos à sós.
— Vem cá mais para perto de mim. — Oliver se afasta para que eu
deite na mesma cama que ele. Não resisto e me aproximo mais. — Me
perdoe por não ter te escutado como deveria naquele lugar.

— Eu sei que estava chateado e te entendo, Olie. Prometo que não foi
intencional. Nada disso foi. Para você ter uma ideia, eu apenas cogitei a
possibilidade antes de nos reencontrarmos em Nova Iorque. Nunca prometi
nada. O problema é que eles vieram atrás, forçando uma situação.
— Eu ainda tinha uma esperança de estar errado sobre você, ma belle,
por tudo que vivemos. Ainda esperava que fosse tudo uma ilusão. A maior
raiva foi ter te observado antes de invadirmos aquela casa e vê-la se
divertindo no mar.

— Aos olhos dos outros, porque estava arrasada. Não tem um dia que
não me arrependa de não ter denunciado aqueles bandidos.
— Por que não fez isso? — Alisa meu cabelo.

— Porque eu achei que eles iriam deixar para lá, já que não dei
resposta nenhuma. Tanto que foram meses sem contato.
— Como foi parar naquela praia? Desculpe tantas perguntas. Não
estou duvidando...

— Apenas curioso — o interrompo. — Eu sei, Olie. — Respiro fundo


antes de contar os momentos tensos que passei. — Não sei se dava para ver
no vídeo, mas o pintor bateu na porta de casa e eu abri, achando que era
algum segurança.
— Aquele cara não é artista, é um ladrão, que estava sendo procurado
pela Interpol. Deu vários golpes em viúvas ricas em muitos países europeus
e estava fazendo o mesmo nos Estados Unidos. Mas continue.
Olho surpresa com tanta informação.

— A organização dele ouviu uma conversa sua com Noah e Rick, em


um restaurante, falando que iria me contar um “segredo”. Imaginaram que
era o dispositivo que tanto queriam e ele veio me cobrar.
— Mas você não sabia de nada.

— Sim, por isso ficou tão irritado e fui mostrar que realmente não
sabia, pois minha vida e da minha mãe estavam em risco. Se ela estava na
mira de uma arma antes, podia muito bem ficar novamente. Desculpa por
expor a nave.
— Ela está agora em outro lugar.

— Acho melhor que mantenha o mistério para mim e para todos.


Também não quero saber para que serve o dispositivo.

— É o mais seguro. Não quero mais expor quem amo.

Arregalo os olhos com a declaração. Oliver nunca me disse um “eu te


amo”.
Ele vira de lado como pode e faço o mesmo. Nossos narizes estão
próximos.

— Eu te amo, ma belle. Espero que fique claro, apesar de nunca ter


usado essas palavras antes. — Me deixa em choque e toma a iniciativa para
um beijo, devagar, com muito mais sentimento do que em todos os nossos
outros beijos. — Mas continuando...
— Ah, claro, a sua curiosidade é maior do que esperar para que eu me
declare.

— Está estampado em seu rosto. Não esconde de ninguém, Belle


Durand. — Dá um meio-sorriso.
— Convencido!

— Pode apostar que sou. — Pisca para mim.

— Voltando a matar sua curiosidade, fui levada a força quando ele viu
que não iria conseguir nada ali e queria me colocar como refém. De resto, só
sei que me sedaram a maior parte do tempo até chegar aqui em Bali. Lá me
deixaram livre naquela casa, mas descobri rápido que tinha câmeras em
todos os lugares. Até para tomar banho, ia de biquíni e me trocava debaixo
das cobertas.

Seu semblante se fecha. Oliver, ciumento como é, está certamente


imaginando a cena.
— Belle, por que queria tanto saber sobre sua família biológica?

— Tinha vontade de conhecer minha história, de saber como fui


gerada, se meus pais ainda me procuravam. Pode parecer uma coisa boba,
ainda mais depois de ter sido acolhida pelos Durand, mas me faltava uma
lacuna. Me sentia incompleta.
— Rick poderia ter investigado isso para você. Acho que ele vai fazer
isso, pelo que o conheço. Sem contar que ele te adora.

— Não parecia tanto quando nos encontramos. — Respiro alto.


— Ele fez o que deveria, amor.

— Eu entendo. Fiquei tão aliviada quando encontrei ele e Micaela aqui


no hospital, sãos e salvos. Mica me contou que eles foram sedados e como
só queriam nós dois...
— Bem, vamos deixar essa conversa de lado e prometer que não
iremos mais esconder nada um do outro?

— Eu topo. — Dou um selinho nele.


— Aceita também se casar comigo?

— Como? — Meu Deus, esse homem joga as coisas assim, sem


preparo nenhum.
— Eu ia te pedir no dia que foi sequestrada, mas como meus planos
nunca são perfeitos...

— Eu estou grávida! — Também jogo a bomba.

— O quê? — Franze a testa. — Como?

— Olie, eu era a virgem da história — brinco com ele —, tem duas


semanas que não tomo anticoncepcional...
— Preciso de um curso de imersão urgente com seu pai. — Faz uma
cara assustada. — Eu tive um péssimo exemplo em casa. Será que vou
conseguir dar conta?

— Vai dar tudo certo, amor. — Aliso sua barba. — Vamos estar juntos
o tempo todo.
Olie respira fundo, assimilando a ideia. É muito a se processar. Eu
também fiquei assim quando soube.

— Como descobriu?
— Quando acordei, recebi a notícia. Minha família e nossos amigos
fizeram a maior festa.

— Ah, por isso eles estavam tão estranhos quando perguntava por
você.

Gargalho porque é bem a cara deles. Na certa, queriam contar antes de


mim.
— Estou feliz, gatinha, muito. — Toca em minha barriga plana. — De
quanto tempo estamos?

— No início ainda. Não dá para ver muita coisa no ultrassom.


— O sequestro e as sedações não afetaram em nada?

— Parece que não porque o exame de sangue mostra que o hormônio


da gravidez está bem forte em mim. Mas me falaram que é bom observar e
procurar um obstetra logo.
— Não vejo a hora de poder acompanhar tudo, ma petit.

— Talvez eu perca esse apelido para ele ou ela aqui na minha barriga.
— Obrigado, amor, por esse presente lindo. Agora uma nova etapa
está surgindo em nossas vidas. Chega de dramas ou coisas ruins. Essa
criança vem para selar tudo de bom entre nós dois. Ah, agora se vira para
preparar esse casamento em dois meses.

— O quê? Olie?
— Sem discussão, futura Sra. Megalos. Chega de perder tempo. — Me
encara com jeito que não vai mudar de opinião.
CAPÍTULO VINTE E CINCO

Assim que Olie tem alta, voltamos para Nova Iorque em um avião
particular, inclusive meus pais. Eles querem aproveitar todos os momentos
do netinho e ver o andamento do projeto em sociedade com Oliver e Noah,
além de checar a parceria com Simon Mackenzie.

— Está muito cedo para começar a fazer o enxoval? — Minha mãe me


olha como se estivesse implorando para negar.

Estamos sozinhas no nosso apartamento, apesar de ficar muito mais na


casa de Olie. Tirei o dia hoje para aproveitar minha mãe, enquanto Noah e
Rick estão atualizando meu noivo sobre a Hórus.

Desde que chegamos, há uma semana, não conseguimos ficar apenas


nós duas. Meu pai, Victor, Olie e os rapazes parece que não querem me
deixar sem algum deles de olho. Acho que ainda tem medo de eu ser
sequestrada novamente. Para evitar estresse, estou bem quietinha.
— Só se for algo neutro ou que seja realmente útil. Evie e Micaela
disseram que queriam me dar um presente.

— Filha, eu sou a avó. Tenho que ser a primeira a mimar meu netinho.
Gargalho da cara assustada dela.

— Quer sair hoje para fazer compras? — Toco em seu ponto fraco.
Nem preciso dizer que é o meu também.
— Seu pai disse que iria convidar seu noivo para jantar aqui hoje. —
Balança a cabeça para os lados e eu sei é motivo suficiente para não irmos.

— Olie me falou algo sobre oficializar o noivado hoje de manhã.

— Lembre-se que ainda te falta o anel. — Mexe a mão esquerda.

— O sentimento é mais importante. — Pisco para ela que concorda.


— Estou tão feliz que encontrou a pessoa certa, filha. A forma como
Oliver lidou com toda a situação que te envolveu, como te perdoou.

— Foi um alívio tão grande. Nunca imaginei que iria me envolver em


uma loucura dessa.
— Sophie investigou para descobrir quem eram seus pais, mas nunca
teve acesso a essa informação. Antes mesmo de seu pai pedir.

— Não sabia. — A olho chocada.

— Nós a queríamos para sempre, mas também precisávamos saber


quem tinha te trazido ao mundo.
— Olie acha que Rick vai investigar. Aqueles bandidos falaram
algumas coisas sobre mim quando estava presa.

— Vamos dar tempo ao tempo. Se tiver que ser, seus pais verdadeiros
descobrirão que trouxeram ao mundo uma filha maravilhosa.
Vou até minha mãe e a abraço apertado. Nossa, como amo essa mulher
incrível. Quero ser para meu bebê pelo menos um terço do que ela é para
mim.

A campainha toca e estranho, pois todos estão ocupados. Minha mãe


se levanta, em estado de alerta, e um segurança avisa que é Oliver, Noah e
Rick. Os três entram com uma cara tensa e meu coração acelera antes que
seja dita uma só palavra.
— Amor, viemos aqui porque Rick tem uma informação sobre seus
pais. — Olie vem até mim e segura minha mão, que treme de ansiedade.

— Acho melhor todos nos sentarmos. — Rick se posiciona. — Já falei


com Victor e o Sr. Durand. Logo mais estarão a caminho, mas disseram que
poderíamos ir começando sem eles porque vão demorar em uma reunião.
Me sento e meu noivo se senta ao meu lado, entrelaçando nossas
mãos.

— Belle, você deve imaginar que fui rápido demais para descobrir
tudo, mas tudo leva a crer que nossa história familiar seja a mesma.
Olho confusa para ele. Que charada é essa?

— Há mais de vinte anos, minha família foi tomada por uma tragédia,
perdendo um familiar para as drogas e a máfia. Meu tio foi encontrado morto
em seu apartamento com a namorada. Ninguém investigou porque ele era
um imigrante ilegal e sabiam que tinha relação com o tráfico.
Coloco a mão na boca, já imaginando o que está por vir.

— Consegui com minha mãe a foto deles. Belle, você é a cara de


Tessa. Seria ainda mais se ela não tivesse tão magra e malcuidada por causa
das drogas.
Pego a foto que ele me entrega, com as mãos trêmulas e, pela primeira
vez na vida, me identifico com os traços de alguém, principalmente da
mulher. Minha mãe se aproxima de mim e fica boquiaberta, como eu.

— O nome dela é Tessa? — Minha mãe quebra o silêncio. Eu estou


chocada demais para falar algo.
— Sim, Tessa Lewis. Ele é Miguel Sanchez, irmão mais novo do meu
pai. Ele até se ofereceu para fazer o exame de DNA caso queira. E minha
mãe quer te conhecer, no seu tempo.

— Qual a história deles? — minha voz sai entrecortada pelos soluços.


— Se conheceram no Queens ainda na adolescência e nunca se
separaram. Naquela época conheceram as drogas e nunca mais foram os
mesmos. A família dela detesta a minha porque acha que foi o “imigrante”
que a levou para esse caminho. É uma coisa que nunca saberemos.

— Os pais de Tessa estão vivos? — Minha mãe continua a perguntar.


— Tessa engravidou e minha mãe acolheu eles em casa. Os pais dela
eram muito preconceituosos e a expulsaram de casa. Não sei como eles
reagiriam ao saber da neta. Eles estão vivos, mas longe de Nova Iorque. —
Enxergo a sinceridade nele. Não falou para me magoar e sim, para que a
verdade chegasse até mim.

— Durante a gravidez — continua — minha mãe disse que ela não


usou drogas, mas foi só você nascer que ela voltou a ser usuária, como meu
tio. Minha mãe cansou de ir para a casa deles e te encontrar chorando
sozinha. Ela te pegava e levava para nossa casa. — Me entrega mais uma
foto. Dessa vez de um garotinho com um bebê.
— Somos nós dois? — Não foi difícil juntar os fatos e ele assente mais
uma vez.
— Meus pais queriam te adotar, mas quando você completou cinco
meses, aconteceu aquela tragédia. Minha mãe que encontrou o corpo dos
seus pais e te procurou pela casa e pelo prédio. Até que um morador contou
que estava chegando e viu uns homens com um bebê chorando. Ele disse que
não se intrometeu porque sabia que eles eram traficantes. A partir daí, minha
família resolveu abafar o que aconteceu e disse que você também tinha
morrido para as crianças que entendiam alguma coisa, como eu.

Respiro fundo tentando assimilar tudo que ouvi e todos na sala


respeitam meu momento.
— E as pessoas que me sequestraram agora? Será que tem alguma
relação com aqueles do passado?

— Sophie e Henri me ajudaram nesse quebra-cabeça. Os mesmos


mafiosos que te sequestraram quando era bebê e agora, e que quase
conseguiram te levar quando estava na faculdade e a família que te deixava
como refém na infância fazem parte de uma organização criminosa atuante
em vários países. Não são simples bandidos. Tem pessoas poderosas por trás,
políticos, juízes e até policiais.
— Rick, ainda é muito para assimilar. Mas vamos pensar no presente.
Qual a chance deles voltarem? Não quero que meu bebê sofra.

— Não posso mentir para você, priminha. — Usa um tom de voz


carinhoso. — Eles podem voltar, mas a diferença é que agora sabemos quem
são alguns membros e estamos com reforços nossos e de muitos outros
países. A polícia de todo o mundo quer acabar com esses mafiosos e estão
empenhados nisso.
Respiro fundo mais uma vez tentando controlar a ansiedade e minha
mania de controle. Não dá para viver nessa paranoia. Agora é o momento de
focar em outras coisas, como minha nova família.

Eu sou uma Sanchez.


— Rick, não precisa do exame. Essas fotos comprovam muita coisa.
Ah, eu quero conhecer sua mãe. Já tinha escutado o quanto a família
Sanchez é maravilhosa por Mica e agora quero conhecer na prática. —
Estendo os braços para meu primo, que me abraça apertado.

— Bem-vinda a família, Belle. — Deposita um beijo na minha testa.


— Tenho outra coisa para contar, mas essa você vai gostar. Seu nome era
Isabelle e nós a chamávamos de Belle. Essa era a princesa favorita de Tessa
e sua mãe fez essa homenagem logo que te viu pela primeira vez.
Não resisto às lagrimas que caem. Agora eu sei porque esse nome me
“puxou” quando escutei pela primeira vez.
EPÍLOGO

DOIS MESES DEPOIS

— Belle, nem acredito que consegui chegar a tempo! — Mica entra no


quarto do hotel que estou me arrumando para o casamento toda esbaforida.

É isso mesmo que você leu, hoje é o dia do meu casamento. Olie tanto
fez que estamos nos casando exatamente meses depois do pedido. Claro que
o dinheiro ajudou para que tudo estivesse pronto a tempo. Vamos nos casar
em um Hotel nos Hamptons, aproveitando o começo da primavera.
— Ainda estamos adiantadas, prima. — Pisco para ela.

— Eu sei. Queria tanto te acompanhar em todos os momentos deste


grande dia. Aquele CEO arrogante não me liberou por nada hoje e ainda tive
que esperar ele se arrumar. Sabe quanto tempo ele demora? Horas!!!
Gargalho do drama dela, assim como minha mãe, Sophie, Evie e
Carina. Depois do meu sequestro, passamos a usar a equipe de elite de Rick.
Infelizmente, Micaela ainda não faz parte e passou a trabalhar para Noah
após muita insistência dele. Nem preciso dizer que ela foi obrigada a aceitar.
A interação dos dois é hilária e um está sempre implicando com o outro.

— Acho que os dois ainda vão se matar. — Carina me olha assustada.


Fiz questão que minha amiga brasileira viesse ao meu casamento e paguei o
que precisava para tê-la aqui. Ela está em Nova Iorque há um mês e tem me
ajudado com os preparativos do casamento e do bebê.
Ainda vou ganhar uma tela exclusiva para o quarto dele ou dela.
Infelizmente não descobrimos o sexo. O bebê fica de pernas fechadas em
todo ultrassom. Meu noivo, impaciente como é, está quase me convencendo
a fazer a sexagem fetal.

— Só se for de amor. — Sophie dá um tapinha nas costas de Mica, que


a olha horrorizada. — Conheço esse filme.
— Não, impossível. Eu não o suporto.

— Eu também não “suportava” Henri. — Faz até aspas com as mãos.


— Noah vai contra tudo que eu penso para um amor.

— Henri também ia, mas o mundo dá voltas. Prevejo que em um ano


vou estar aqui para esse casamento. — Sophie pisca para Mica, que a olha
como se fosse um E.T.[9].
— Micaela, o que acha de tomar um banho? — minha mãe intercede
antes que minha amiga tenha um ataque.

— Belle, você está linda, radiante. — Mica se vira para mim no


caminho para o banheiro e joga um beijo, fingindo ser fofa.
Meneio a cabeça para os lados e sou chamada pelas mulheres que
estão me ajudando a me arrumar, a minha mãe e minhas madrinhas Sophie,
Evie, Carina e Micaela.

— Amiga, quer que eu desça para ver como estão os preparativos? —


Evie me pergunta, toda solícita.
— Hoje você não é a secretária, é a madrinha. — A encaro de canto de
olho por conta da posição que estou para ser arrumada.

— Tem certeza? Toda noiva tem mania de controle e eu te ajudei tanto.


— Esta é a mais pura verdade!
— Relaxa, Evie. Já vimos tudo mais de mil vezes. O cerimonial não é
doido de errar com o dinheiro que estamos pagando.

— Vem, Evie, está na sua hora de fazer o penteado. — Mica me salva.

Nenhuma das minhas amigas são normais. Bem provável que nem eu
seja por amar e estar próxima de cada uma delas.

Evie tem mania por controle.


Micaela é a esquentadinha.

Carina é a louca que fala tudo que pensa.


Sophie é a ninfomaníaca.

E eu, aquela garota fechada em seu próprio mundo, que tinha várias
crises de ansiedade e que queria descobrir quem eram seus pais biológicos,
se apaixonou no processo e ainda ganhou dois primos protetores e uma
família gigante, do jeito que sempre sonhou.

Pensando neles...
— Rick me mandou mensagem avisando que a família Sanchez
acabou de chegar. — Mica me mostra o celular.

— Meu Deus, só de ouvir o nome dele o coração palpita. Estou louca


para ver Rick de terno. — Evie e sua paixonite pelo meu primo.
— Acho que a solução é você chegar para ele como uma ruiva fatal e o
agarrar. — Carina pisca para ela, que cora.

— Ah, se eu tivesse coragem. — Evie respira forte.


— Topa uns drinks? — Carina incentiva e a louca da Evie parece que
está querendo perder o controle.

— Meninas, bebida não leva a nada! — Mica fala como uma mãe e a
minha concorda totalmente.
— Talvez essa seja a solução para você e Noah, Mica, para dar aquele
primeiro empurrão. Comigo e Henri funcionou.

— Obrigada, Sophie pelos conselhos: ficar longe de bebidas e de


Noah. Vai que eu apareço casada e com um filho dele. Deus me livre de ter
um vínculo com aquele cafajeste pelo resto da vida. Acho que morreria. De
desgosto.
— Eu dou um beijo em Rick se Mica beijar Noah. — Evie coloca as
mãos na cintura, encarando Micaela.

— Eu em Victor. — Carina se abana. Descobri recentemente que


minha amiga acha meu irmão lindo.
— Coitadas, vão morrer sem conquistar o crush de vocês. — Mica
debocha e não resisto a gargalhar, quase atrapalhando minha maquiagem.
É impossível uma noiva não se emocionar quando está a caminho do
altar para encontrar aquele que escolheu passar o resto da vida.

De braços dados com meu pai, só consigo encarar meu noivo, com
uma feição de alívio e olhos verdes brilhantes.
Como eu amo esse homem, sem tirar nem pôr nada. Sortuda que sou
por estar me casando com uma pessoa de coração tão nobre, mesmo que à
primeira vista, só possamos enxergar um cara frio.

Vou me aproximando mais e escuto os gritos animados das minhas


madrinhas e as piadinhas dos padrinhos de Olie, mas é impossível quebrar o
olhar que um está direcionando ao outro.
Tanta coisa é dita apenas com os olhos, aqui, neste momento. Tanta
coisa é passada: confiança, amor, segurança.

Meu pai é o primeiro a abraçar meu noivo, que rola os olhos com as
palavras que lhe são direcionadas ao pé do ouvido.
Rapidamente, ele vem em minha direção, entrelaça nossas mãos e
toca, com a mão livre, em minha barriga. Meu coração se aquece com o
gesto. Ele não pensava em se casar, muito menos em ser pai, até me
conhecer. Foram as palavras que me foram confessadas dentro daquele
hospital frio em Bali.

— Quer pular para a felicidade? — Pisca para mim.


— Só se for ao seu lado. — Aperto sua mão, embora minha vontade
seja de o agarrar, neste momento.

Oliver Megalos está lindo demais vestido com a roupa formal de


noivo. E o melhor: ele é todo meu!
O cerimonialista pigarreia para nos chamar a atenção, pois até agora
estávamos encarando um ao outro, esquecendo do que estava acontecendo à
nossa volta. Nos voltamos para dar início ao casamento, mas primeiro jogo
um beijo no ar para minhas madrinhas, que me retribuem o gesto.

As palavras do cerimonialista são rápidas e bonitas e, logo estamos


trocando nossos votos. Foi impossível não me emocionar com o que ele
falou e embarguei a voz durante a minha vez.
Até que fomos liberados para dar nosso primeiro beijo como casados.
Oliver enlaçou minha cintura e me deu um beijo daqueles de cinema, com
direito a língua, ver estrelas e me levar para baixo e depois voltar.

Confesso que achava que esse momento seria mais comportado.


Nunca fomos de nos agarrar em público.
Não que esteja reclamando.

— É uma honra beijar a Sra. Megalos. — O sorriso torto me


desmancha todinha.
A partir daí começou o rito de todo casamento de cumprimentar os
convidados e as inúmeras fotos. Olie e eu só conseguimos um momento a
sós durante a dança dos noivos, ao som de La Vie Em Rose[10], que resume
tudo que sentimos um pelo outro, nosso amor por toda a vida e para sempre.

Uma música vai tocando e seguindo para outra e não conseguimos nos
desgrudar.
— Eu estava com medo de dar alguma coisa errada. — Olho para ele
sem entender. — Quando ia te pedir em namoro, tudo desandou, assim como
meu pedido de casamento. Foi um alívio te ver andando com seu pai até
mim. — Faz um carinho de vai e vem nas minhas costas.
— Era para ser assim. — Pisco para ele, que relaxa mais.

— Acho que Noah está a ponto de esganar seu irmão. — Aponta com
o olhar para trás de mim e me vira para que eu possa ver.
— Por que Mica está dançando com Victor? — O olho surpresa. É a
primeira vez que Oliver fala algo sobre o amigo e minha prima.

— Quer apostar que Noah está com ciúmes? — Meu marido prende o
riso.
— Da amizade dos dois? — Meu irmão e Mica se aproximaram
bastante depois que descobri que sou uma Sanchez. Digamos que uma
amizade improvável, já que Victor nunca fez amizade com nenhuma mulher,
exceto Sophie e Mica detesta os CEO’s. E, ao que parece, é uma amizade
com bastante confiança e respeito. Não há ali um pingo de atração ou desejo.

— Acho que essa história ainda vai render. Mas agora estou mais
interessado na lua de mel com minha esposa. — Pisca para mim. — Está a
fim de ver estrelas agora? Porque eu estou doido por uma rapidinha nesta
festa.

— Só me leva, meu nerd safado.

— Sempre, minha sócia patricinha que não é mais tão pura.


BÔNUS

CINCO ANOS DEPOIS

Saio apressado do trabalho para me arrumar para o aniversário de


cinco anos de casados. Reservei uma suíte do hotel de Simon Mackenzie
para essa comemoração a dois, quer dizer, três, já que Belle está grávida do
nosso terceiro filho, notícia que descobrimos recentemente. Temos um casal:
Tyler, que tem quatro anos e é uma mistura minha e da mãe, e Maggie, a
princesinha da casa, com dois anos e a cópia fiel da mãe.

Belle se descobriu uma ótima mãe e optou por viver a maternidade


plenamente. Acatei seu desejo de não trabalhar por um tempo, embora, vez
ou outra, ela esteja a postos para ajudar o pai e o irmão, que continuam
liderando a empresa de investimentos na França. Há, inclusive um projeto de
criar uma filial aqui em Nova Iorque e Belle comandar.
O carro estaciona na frente da minha casa, no condomínio fechado que
os Durand investiram juntamente com os Conglomerados Mackenzie. Noah,
Rick e Victor compraram uma casa aqui também, bem próximos da gente.

Respiro alto ao ver o meu celular sem nenhuma mensagem da minha


mulher. Sinal que nossos planos para hoje não darão errado.
— Olie, vamos ter que remarcar. — Belle me encara quando abro a
porta da nossa casa. A cena que vejo dói meu coração, mas não por perder a
comemoração. Maggie está aninhada no colo da mãe e Tyler está ao lado, se
aconchegando na irmã. — Maggie está com febre.

— Por que não me avisou, amor? Teria vindo mais cedo. — Tiro o
paletó e a gravata, deixando em qualquer canto da sala.

— Você já estava vindo. Preferi ligar logo para o médico quando


descobri. O remédio que ele passou tem aqui em casa e já dei.

— E Ty? — Pego meu filho no colo, fazendo carinho em sua cabeça.


— Só não está com febre, mas está indisposto, como Maggie.

Minha filha abre os braços para mim e também a acolho.


— Amor, vai comer alguma coisa. — Belle sabe que é uma ordem e
nem discute. Sempre fui protetor e é pior em cada gravidez. — Assumo por
aqui.

— Vou fazer um lanche para a gente. — Ela nunca parou de cozinhar e


vive trocando receitas com Paola Carter.
Assinto e fico andando na casa com os dois. Maggie dorme no meu
colo antes que minha esposa volte e ajeito um espaço para ela deitar no sofá.
Ty permanece acordado, mas pede para brincar, em um sinal que espero ser
de melhora.
— Mamãe descansou hoje? — Meu filho é meu informante.

— Só ficou com a gente.

— O que acha de eu cuidar de vocês para mamãe descansar?

— A gente pode brincar até tarde? — Sua carinha é esperta.


— Criança não dorme tarde. Ainda mais se está doente. — Faço uma
cara séria para mostrar que isto não está em discussão.

Belle e eu criamos algumas regras dentro de casa, como evitar as telas,


ter horário para dormir e para fazer as refeições.
— E brincar na casa da árvore? — insiste mais uma vez, se referindo a
minha “obra-prima” que está no quintal de casa.

— Como estão doentes...


— Ah, isso é tão chato. — Me corta, já sabendo a resposta.

— Estão de segredinho de novo? — Belle coloca a mão na cintura, se


fazendo de brava.
— Somos o time dos meninos. — Tyler ri satisfeito. Realmente somos
cúmplices no cuidado das nossas garotas.

Belle meneia a cabeça para os lados e nos chama para comer. Zelosa
como uma mãe deve ser, minha esposa coloca nossa refeição perto de onde
estávamos para monitorarmos Maggie.

Assim que terminamos, assumo a cozinha — usando o lava-louças —


enquanto Belle vai cuidar da nossa filha, que acabou de acordar.
Quando retorno para a sala, encontro o alívio no rosto de Belle.

— A temperatura abaixou. — Respira aliviada.


Minha filha me olha e pede colo de novo. Doente ou não, ela tem essa
mania de grudar em mim quando chego.

Eu amo essa sensação de amor que recebo em cada um deles. Belle


trouxe uma luz em minha vida que nunca imaginei que precisava. Mas tinha
que ser com ela.
— Papai, conta uma historinha — sua voz é manhosa.

— Oba! Eu também quero uma de herói. — Ty se senta ao meu lado.


— Não, tem que ser de princesa...

— Vamos juntar os dois, ok? Irmãos não podem brigar — interrompo


logo antes que vire uma confusão desnecessária. — Era uma vez...

Entro no quarto para finalmente tomar banho. Com os filhos


dormindo, agora é aproveitar um pouco minha esposa. Como ela deve estar
cansada, nem vou criar grandes expectativas. Só o fato de sentir seu cheiro,
já está bom demais.

Quando saio do banho, enrolado na toalha, encontro minha esposa


com um sorriso matreiro segurando um prato de brigadeiro e me encarando
com fome. Levanto uma sobrancelha para a provocar, já sabendo do que se
trata.
— Sabe, Sr. Megalos, acho que merecemos um pouco de doce em
nossas vidas. — Lambe a colher de forma erótica e totalmente proibida para
qualquer um que não seja eu. Meu pau endurece na hora.

— Posso saber por que, sócia? — Me aproximo e seguro em sua


cintura. Sorrio ao ver sua respiração mudar. Ela me atiça, mas eu consigo ser
pior.

— Ah, você sabe, nosso dia não pode terminar assim, em branco.
— E quer colorir com chocolate? — sussurro no seu ouvido.

— Não é má ideia — brinca com a toalha, mirando meu membro que


não está disfarçado pelo tecido.
“Sem querer”, a deixo cair porque minha mulher está me deixando
louco. A pura Belle se revelou uma devassa na cama.

Eu amo esse lado dela.


Seu sorriso morre e o meu é predador. Mordo sua orelha antes de
enfiar minha língua em sua boca. Pego o prato de sua mão e coloco na mesa
que tem em nosso quarto. Em um puxão, arranco seu vestido, desabotoo seu
sutiã e rasgo sua calcinha.

Ela sabe que quando estou com fome, ajo com rapidez e eu sei que
esse meu jeito a deixa molhada, sem nem precisar tocá-la.
Deposito minha esposa na mesa e passo um pouco da sobremesa em
seu seio direito. Belle arfa ao saber o que está por vir. Abocanho e chupo seu
mamilo, sem me importar com o doce, só quero sentir o gosto da sua pele.

— Ah, Olie — geme ao me ver brincar com seu clitóris.


— Isso é por me provocar. — Pisco para ela e introduzo dois dedos em
seu canal, que está melado.

— A intenção era eu brincar com seu pau. — Sorri safada, com a voz
ofegante.

— Ainda quer?
— Só se for ele dentro de mim.
— Sou seu servo, ma belle. — Substituo meus dedos pelo meu pau,
que está latejando e a ponta brilhando com meus fluidos. Enfio de vez do
jeito que ela gosta e vou metendo rápido.

— Ah, Olie, eu vou gozar rápido assim — sua voz sai entrecortada.
Até que ela começa a falar em francês, seu primeiro sinal antes de apertar
meu pau dentro da sua boceta e eu derramar dentro dela.
Espero minha perna ficar mais firme para a segurar e levá-la para
nossa cama.

— Temos a noite toda um para o outro, mon amour. Estou pronto para
te dar amor e prazer o resto da vida. — Entrelaço nossas mãos e pisco para
ela, completamente rendido desde que a vi, em Las Vegas.

FIM
AGRADECIMENTOS

Preciso primeiro agradecer a Deus pela oportunidade de colocar em


palavras os meus pensamentos. Sou muito feliz com esta profissão.

Agradecimento especial pelo apoio diário de meu marido Igor, meus


pais e minhas irmãs. Vocês são maravilhosos.
Agradeço também ao Desafio Mari Sales e todas as autoras que estão
lá. Voltar a escrever com vocês foi leve e um aprendizado diário.

Gláu, Joy, May e minha leitoras do meu grupo do WhatsApp, amo


nossas conversas quase que diárias.
À Gabi e Marcela, que conheço há pouco tempo, mas que tem feito
uma diferença e tanto na minha vida.

Às minhas parceiras, tão bom me ajudar a levar essa história para mais
pessoas.
Minha maior gratidão a você, leitor. Obrigada por chegarem até aqui.
Espero que tenham gostado da história de Oliver e Belle e se divertido com
os outros personagens. Eles estão chegando.

Qual o palpite de vocês do próximo vem aí?


OUTRAS OBRAS

SÉRIE CHICAGO

Conta a história e romance de um grupo de amigos em uma das


maiores cidades do mundo. Paul e Kate; Simon e Lilian; Sebastian e Sarah e
Matt e Paola estão na Amazon e no Kindle Unlimited.
https://amz.run/6n6j https://amz.run/6n6l
https://amz.run/6n6p
https://amz.run/6n6q
UMA DOCE SURPRESA PARA O MILIONÁRIO

Age Gap – Opostos que se atraem – Mocinho Protetor –


Gravidez Inesperada
O que você faria se sua vida planejada mudasse de uma hora
para outra? Foi isso que aconteceu com Cadu e Marina, não
necessariamente nessa ordem.
Cadu tem quase 40 anos, é o CEO da sua empresa de
Publicidade e um solteirão convicto, apesar das orações de sua
mãe, Aurora, para que ele arranje uma boa esposa e lhe dê uma
netinha. Só que, para ele, sua vida certinha e sem surpresas, está
boa demais e ele não mudaria nada.
Marina é uma mulher de 25 anos, advogada e casada com
Bruno, seu namorado desde a adolescência. Porém, o casamento,
aparentemente perfeito, termina após a doce Nina sofrer dois
abortos.
Eles se conhecem em uma boate e Marina não consegue
resistir ao moreno, alto, bonito e sensual. Nomes falsos e poucas
informações ditas, eles querem viver tudo que aquela noite tem a
oferecer. Pela primeira vez em sua vida, a Doutora dá seu grito de
liberdade e ambos sabem que tudo vai parar por ali.

Só que a vida tem um jeitinho único de reunir aqueles


predestinados para ficarem juntos. Durante quatro meses, os dois
sonham constantemente um com o outro e acabam ficando frente a
frente em uma situação inusitada. Será que uma gravidez
inesperada é capaz de unir um assumido cafajeste com uma
romântica incurável?

https://amz.run/6n6g

[1]
Protagonista de Um amor em Chicago – livro 2 da série Chicago.
[2]
Também protagonista de Um amor em Chicago.
[3]
Segundo o decreto nº 8901/2016 publicado no Diário Oficial da União, este passou a ser a
nomenclatura que altera o termo DST.
[4]
Minha linda, em francês.
[5]
Minha pequena, em francês.
[6]
Bom dia.
[7]
Meu amor.
[8]
Nome fictício para o dispositivo.
[9]
Extraterrestre.
[10]
Canção de Trio Esperança.

Você também pode gostar