Você está na página 1de 268

Uma esposa de mentira

Wilma Heck

Sinopse

Ela vai casar com um estranho para salvar a vida de seu pai.

Nada mais do que uma jovem desesperada, Daniela Córdova, caixa de


supermercado, é forçada a participar de uma trama ardilosa, baseada no roubo
da fortuna de um sexy bilionário moribundo.

Ao acordar de um coma profundo, Pedro Aguirre, CEO de uma grande


construtora brasileira, se vê casado com uma completa desconhecida.

Embora confuso, com um falso diagnóstico de amnésia, o empresário é


astuto.

Ele acredita que tudo não passa de uma farsa, por isso começa a investigar
secretamente os passos da bela mulher de olhos castanhos.

Ingênua, Daniela não esperava que aquele jogo de mentiras se tornasse tão
delicioso e ao mesmo tempo perigoso.

Um amor baseado em mentiras será forte o suficiente para uni-los diante da


verdade?
Epígrafe

Dizem que uma mentira, repetida mil vezes. Acaba de tornando verdade...

Michael Jackson

Dedicatória.

Para minha querida Elizangela Alves de Barros.


Que sempre foi a primeira a ler meus manuscritos, e é minha apoiadora
incondicional.
Obrigada!
Capitulo 1

Eu sei que vocês vão dizer que eu tinha escolha.


Mas eu não tinha.
Era isso ou a morte.
E eu não estava preparada para morrer, ou ver meu pai morrer em minha
frente.

Tenho vinte e dois anos, e tudo o que sei do amor é o que leio nos livros .
Vivo em uma comunidade carente.
Meu pai desde que me conheço por gente vive de mesa em mesa jogando o
dinheiro que ganha trabalhando na obra.

Eu tive que aprender a me virar desde muito novinha para não passar fome.
Minha mae, foi embora quando eu tinha sete anos.
Abandonou meu pai e eu. Disse que não podia me levar pois não sabia nem
pra onde iria.
Lembro de chorar e implorar para que ela me levasse. Mas ela nem sequer
olhou para trás.

A partir daí, a vida foi mais difícil. Uma menina de sete anos tendo que
cuidar sozinha de si mesma.

A minha sorte foi ter a dona Cotinha. Uma vizinha que sempre me trazia
comida.

As vezes ela me deixava dormir na casa dela. Quando papai chegava muito
bêbado.

Aprendi a lavar, cozinhar, cuidar da casa. Era isso ou viver na imundície.


Aprendi a fazer alguns trabalhos artesanais, com dona Cotinha.
Ela me ensinou a fazer crochê, trico e bordar.

Me deu algumas linhas e quando estava sozinha em casa praticava.


Comecei a fazer alguns trabalhos de pintura em panos de prato, e depois os
barradinhos em crochê. Depois que chegava da escola eu me dedicava muito
a vender no sinal. Quando começava a escurecer eu voltava pra casa. E como
meu pai só voltava altas horas da madrugada. Eu aproveitava para fazer mais
panos para vender.

Desse dinheiro eu tirava meu sustento. Já que meu pai trabalhava durante o
dia para sustentar seu vício a noite.

Ele nem sabia que eu trabalhava. Dona Cotinha me ajudava. As vezes eu


fazia uma faxina na casa dela e ela me dava um dinheirinho.

Fui crescendo e com treze anos já fazia faxina em casas de mulheres ricas.
Sei que devemos estar pensando. Mas como? Era só uma criança!

O mundo real é assim. A maioria ate preferia que fosse eu a uma mulher mais
velha. Pois poderiam pagar menos.

Continuei meus estudos, agora a noite. Na escola as professoras sabiam da


minha situação e muitas ate quiseram denunciar o conselho tutelar mas
implorei que não fizessem isso.

Terminei o ensino médio a muito custo. Dona Cotinha foi ate a minha
colação de grau. Meu pai faziam vários dias que não aparecia em casa.

Ela me deu um vestido lindo para a festa de formatura.

Então consegui um emprego de verdade trabalho de caixa em um


supermercado.

Já tem três anos. Estou guardando dinheiro para ir para a universidade no ano
que vem.
Terminei de pagar a nossa casa. Agora ela é nossa de verdade.
E posso pensar em estudar novamente.
Eu quero ser fisioterapeuta.

Enfim tudo esta dando certo pra mim.

Vou pra casa depois de mais um dia de trabalho. Mas quando chego na nossa
rua os moveis da nossa casa estão todos la fora.

Corro o mais rápido que posso.


—O que esta acontecendo? Essa é minha casa!

Um homem barrigudo, grande com uma barba grisalha olha pra mim e diz.

—Essa casa é minha! Seu pai perdeu ela no jogo ontem.

—Não! Isso é mentira.

—Veja. Hoje fomos no cartório. Já demos entrada na escritura em meu nome.


—Ele me entrega uma folha. Timbrada do Cartório.

Minha visão fica turva, devido as lágrimas. Sinto uma raiva do meu pai. Essa
casa era minha. Eu paguei por ela.

—Escute. O que posso fazer é dar alguns dias para que encontre um lugar
para morar.—O homem fala.

—Obrigada.

Ele manda os homens colocarem minhas coisas dentro de casa novamente.

Me sento no sofá em meio a bagunça que fizeram.

Meu pai chega em casa. Embriagado mais uma vez.

—O que você fez? Porque me odeia tanto? Sabe o quanto eu trabalhei pra
pagar essa casa. E você perdeu no jogo!—Grito com ele, que começa a
chorar.
—Eu estava com uma mão boa, não tinha como perder... Mas ele tinha uma
mao melhor, me perdoe filha me perdoe...

Vou para o quarto, e minha cabeça ferve por não saber o que fazer desta vez.
O único dinheiro que tenho é o que eu guardei pra fazer a matricula da
universidade. Agora terei que usa-lo para alugar um lugar.

Que raiva. Esse vicio maldito.

Alguem bate na porta do meu quarto.

—Me deixe sozinha pai.

—Sou eu, a Cotinha.—Abro a porta.—Minha querida.—Ela me abraça.—


Sabe que minha casa esta de portas abertas pra você. Mas o seu pai não. Ele
não merece a minha ajuda.

—Eu não posso abandona-lo. Vou alugar uma kitnet.

—Isso ainda vai acabar mal minha filha. Hoje ele tinha a casa. E quando não
tiver mais nada vai apostar o que? Você?

—Ele não seria capaz.

—Bem eu não duvido de mais nada.

Cotinha sai e fico ali pensando que isso tem que acabar. Vou ate a sala
procurar por meu pai mas ele não está.
Vejo no chão a caixinha onde eu guardava o dinheiro para pagar a faculdade
mas esta vazia.

Ele pegou a nossa única saída.

Meu Deus! O que vou fazer agora?

Já são duas horas quando ele finalmente chega em casa.

—Pai! O que você fez? Como pode ? Aquele dinheiro era para pagar um
aluguel e agora onde vamos morar?

—Eu achei que se eu ganhasse hoje poderia ter devolver a nossa casa. Eu
estava com sorte. Já tinha ganhado vento e cinqüenta mil, mas quis tentar o
dobro e perdi tudo.

—Meu Deus? Pai... Por que faz isso? —Choro muito.

—E isso não é o pior. Eu peguei mais cem mil emprestado e acabei perdendo.
Agora eu tenho essa divida e dois dias para pagar ou vão me matar.—Sinto o
chão se abir sob meus pés.

—E agora? O que vamos fazer? —Apesar de todas as coisas ele é o meu pai,
e não quero que seja assassinado.

Ele começa a chorar, sentado no sofá.

—Nao sei, eu não quero morrer.


Nunca vou conseguir esse dinheiro. Acho que levaria uma vida toda
economizando e ainda nao conseguiria ter esse dinheiro em mãos.

O que eu vou fazer?

Assim que o dia amanhece saio correndo para o trabalho. Não consigo me
concentrar direito e acabo cobrando coisas a mais de um cliente que vai logo
reclamar com o gerente. Ele me manda para casa e é claro vai descontar do
meu salário.

Sentada no ponto de ônibus decido procurar o lugar onde meu pai sempre vai.

—Abrimos só a noite.—Um homem mal encarado me diz sem nem mesmo


que eu chegue a porta.

—Eu preciso falar sobre a divida do Tadeu Miranda.—Falos com um pouco


de medo.

—Espere aqui.—Ele sai e cinco minutos depois volta e me leva para o que
parece ser um escritório.

—Ora, ora. O Tadeu não me disse que tinha uma filha tão bonita.Como é o
seu nome?—Ele me olha da cabeça aos pés, me analisando.—Sente-se. Diga
o que quer.

— Daniela. Meu pai me disse que esta devendo muito dinheiro.

—É verdade Cem mil. Mas eu fui legal e dei dois dias para ele me pagar.
—Nao temos esse dinheiro.

—Bem, bem. O que posso fazer por você é aumentar o prazo. Que tal um
mês?

—Mas...

—Um mês, e nem pense em fugir.

—Se eu não pagar em um mês?

—Você é bem bonita. Pode trabalhar pra mim.Ate pagar a divida de seu pai.

—Trabalhar no que exatamente?

—Olhe ao seu redor. —Vejo algumas mesas e um palco com o poste de


polidance. Meu coração gela. Se eu não arrumar o dinheiro é isso o que me
aguarda ou então a morte.—Volte daqui um mês queridinha. De qualquer
maneira você vai pagar a dívida. A não ser que queira começar hoje. Aposto
que eu faria um bom dinheiro com você.

—Eu volto em um mês.—ele me aperta o braço.

—Nem pense em fugir...Eu encontro você nem que eu tenha que procurar
debaixo das pedras, Daniela.

Um calafrio percorre minha espinha. Sei que isso não é apenas uma.ameaça
vã. Pego minha bolsa e saio correndo daquele lugar.
Ao menos consegui um mês.
Pra que?
Um mês para viver minha vida o mais normal possível. Antes de me tornar
uma prostituta dançarina de pole dance. E eu nem sei dançar. As vezes acho
que nasci com dois pes esquerdos.

E quanto aos programas?


Eu nao vou conseguir. Tenho certeza. Acho que não sirvo pra isso.

Estou andando distraída, quando vejo um carro parando ao meu lado. Todo
preto com os vidros escuros.

Congelo!
Sei, sei sou um pouco medrosa. Mas o carro veio do nada.

O vidro abaixa e dentro um homem, com cerca de cinqüenta anos, bem


vestido olha para mim por detrás de seus óculos escuros.

—Daniela?

—Como sabe meu nome?

—Eu estava la na casa de jogos. E ouvi a sua conversa com Simão.Eu tenho
uma proposta.

—Olha moço. Simão me deu um mes para pagar a dívida. E eu não sou
nenhuma garota de programa...

—Minha proposta é vantajosa pra você. E eu garanto que, não envolve sexo.
Entre vamos conversar.

Relutante entro no carro.


Sei que é um estranho. Mas estou desesperada. Decido ouvir o que ele tem a
me dizer.

—Eu ouvi toda a conversa. Como eu disse antes. Eu te dou os cem mil pra
pagar a divida. Em troca você só tem que se casar com meu sobrinho.

—O que? Você ficou maluco? Acha que eu vou me casar com um


desconhecido? Pare o carro! Você me disse que não envolvia sexo e ...

—Me deixe explicar. Meu sobrinho esta em coma. E o estado dele segundo
os médicos é irreversível.

—Mas como ele vai se casar comigo se esta praticamente morto?

—Isso você deixa comigo. Tudo o que tem a fazer é assinar os papéis.

—Mas por que quer que ele se case? Isso é ilegal já que ele nem está
acordado.

—Eu preciso de Você. Quero que assim que ele morrer me passe tudo p que é
dele. Nos dois saimos ganhando.E posso ate mesmo te devolver a sua casa.

—Eu preciso pensar.

—A pressa é sua. Pegue! Este é meu cartao. Independente da sua decisao me


ligue.
Saio do carro e so então percebo que estou em frente a minha casa.

Entro em casa e encontro meu pai caido.

—Pai! Pai, o que aconteceu?—Tento ergue-lo do chão,mas ele é muito


pesado. Seu rosto esta praticamente desfigurado. Acho que lhe quebraram a
mandíbula. Pois ele nem consegue falar.—Meu Deus! Por que tudo isso esta
acontecendo?

Cotinha entra.

—Eu já chamei uma ambulância. Mas estão demorando.

—Voce viu o que aconteceu?

—Tres homens entraram aqui e bateram nele. Só pararam porque eu peguei


meu celular e ameacei gravar tudo.

Um deles me disse, para dizer pra você. Que não tente fugir. Eles te
encontram.

—O que esta acontecendo Daniela?

—Meu pai esta devendo cem mil pro Simao. E agora elementos deu um mês
pra pagar.

—Mas um mês? E se você não pagar?


—Vou me tornar mais uma de suas prostitutas.

Já no hospital, o enfermeiro aceita meu pai. Ele ainda esta desacordado. Sua
cabeça enfaixada.

Duas noites apos o espancamento e meu pai ainda não havia acordado. Dona
Cotinha veio e ficou com ele um pouco para que eu tomasse um banho.

Quando saio do chuveiro aquele homem nojento, chamado Simão esta


sentado na sala.

Estou apenas de toalha, meus joelhos tremem de medo do que ele é capaz de
fazer.

—Calma, calma. Não vou fazer nada, ainda. Eu tenho palavra e te deu um
mês.

—Entao por que espancaram meu pai?

—Ele estava falando pra todo mundo que iria fugir. Eu te avisei. Consiga o
dinheiro, ou trabalhe pra mim. De uma maneira ou de outra você vai me
pagar. E o que aconteceu com seu pai foi só o começo.—Ele segura meu
queixo me fazendo encara-lo.—Voce vai me fazer ganhar muito dinheiro.
Mas antes vou me divertir um pouco com você.—Cheira meu pescoço. E sai
acompanhado dos seus capangas que me olham com a mesma cobiça dele.

Vou correndo para o banheiro e vomito aquilo que não comi. Pois estou sem
me alimentar direito ha dois dias.

Pego minhas roupas e quando vou vestir a calça jeans o cartão daquele
homem, cai no chão.

Não é certo. Mas não tenho outra alternativa.

Gerson Moraes, é o que esta escrito no cartão.


Procuro meu celular feito um louca e disco o número.

—Senhor Gerson Moraes?

—Sim.

—Eu aceito sua proposta.

Capitulo 2

Gerson me leva a uma loja e compra muitas roupas.


Inclusive um vestido de noiva.

Tem um moço, que é muito bonito.


Vamos a um estúdio e tiramos varias fotografias.
Como se fossemos um casal apaixonado.

As ultimas fotos são comigo vestida de noiva. E o "noivo" ao meu lado.

Apos esse dia exaustivo.


Ele me leva para a "minha" casa.

É uma mansão enorme. Eu nem sabia que era possível as pessoas terem um
lugar assim.

Então ele me mostra um álbum.

—Essas são as fotos do meu sobrinho.—Então me deparo com o homem


mais lindo que já vi. Jovem e cheio de vida. Em várias fotografias ele está
praticando algum esporte.
Tem um corpo lindo e super definido. Mas o que me chama a atenção são os
olhos expressivos e azuis como o mar.

—Ele é tão bonito.

—E está morrendo. Não se engane. Ele era um homem mau. Tratava a todos
com arrogância só por ter dinheiro. Ninguém gostava dele. Era mimado.
Não gostaria dele se o conhecesse.
Sou seu tio, sempre fui seu braço direito. O criei desde que minha irmã e o
esposo faleceram em um acidente de carro. Mas ele foi tão ingrato.

—Como pode? O rosto dele é tão sereno.

—Voce já decorou tudo o que vai dizer a imprensa?

—Sim.

—Amanhã vamos ao hospital. E o teatro vai começar. Venha vou mostrar o


seu quarto. Os empregados estarão aqui pela manha, eu dei folga a todos para
que você não se sentisse constrangida. Mas amanhã todos voltam. Então aja
naturalmente e deixe que eu falo.

—Tudo bem.
Entro no quarto e me deparo com um lugar que parece ter sido tirado de uma
dessas revistas de ricos e famosos.

A cama é enorme o banheiro então nem se fala. Tem até uma banheira. Eu
nunca tomei banho em uma banheira.

Gerson me deixa sozinha, abro a torneira e deixo a banheira encher. Procuro


por aquelas coisas que vi nos filmes para jogar na água e fazer espuma.

Depois de tudo pronto eu entro e é a melhor sensação do mundo. Eu poderia


me acostumar a isso.

Bem que eu poderia ter conhecido o sobrinho de Gerson.

Pedro, Pedro Aguirre. Pego meu celular e faço uma busca com esse nome.

Pedro Aguirre, multimilionário do ramo da construção civil. Herdeiro de uma


fortuna incalculável. Playboy, conhecido por andar na companhia das mais
belas mulheres.
Praticante de vários esportes.
Conhecido por ser implacável nos negócios e muito respeitado no meio
imobiliário.
Pais de origem espanica veio para o Brasil ainda garotinho.
Ficou órfão aos oito anos.
Criado pelo tio Gerson que ficou responsável pela fortuna do garoto. Que aos
vinte anos resolveu assumir todos os negócios da familia mesmo antes de ter
terminado a universidade.

Rolo a tela e vejo várias fotos dele, acompanhado sempre de uma mulher
diferente.

Então uma noticia me chama a atenção. A Aguirre Construções está


comprando um pequeno complexos de casas onde famílias de baixa renda
estão alojadas.

Vários protestos das familias que não querem se mudar são feitos. O processo
segue na justiça pois Pedro Aguirre se diz dono do terreno e que pagar
indenização as famílias que não aceitam a oferta.

Deixo meu celular de lado.

São muitas informações. Mas ele era mau. Se o próprio tio disse isso.O tio
que o criou como a um filho.

Saio da banheira e entro em um roupão. Acho que era dele.Pois fuca enorme
em mim.

Estou com fome mas não me atrevo a sair do quarto. Vai que me perca por
esse casa ta grande.

Vou me deitar, pois o dia de amanhã sera cheio.


Meu pai acordou hoje a tarde. Ele estava melhor mas ainda não teve auta.

Dona Cotinha disse que me ligaria se qualquer coisa acontecesse.


Não contei nada disso a ela nem a ninguém.
Se bem que amanha estará em todos os jornais.

A esposa oculta de Pedro Aguirre.

Já é de manha quando ouço batidas na porta.

—Entre.—Uma mulher de mais ou menos uns quarenta anos entra no quarto.

—Bom dia senhora! O senhor Gerson já nos explicou tudo. Estou aqui as
suas ordens. Meu nome é Felicia.Sou a governanta da casa. Qualquer coisa
basta me chamar.

—Bom dia, Felicia. Meu nome é Daniela.

—O senhor Gerson já nos falou. Seu café da manha sera servido em alguns
minutos. Deseja alguma coisa em especial?

—Nao, obrigada o que vocês fizerem para mim esta bom.

—Prefere tomar café aqui ou vai descer para acompanhar o senhor Gerson?

—Ela vai descer e tomamos um café rapidamente. Temos muitos


compromissos.Pode nos dar licença?—Felicia se retira.

—Nao estou vestida ainda.

—Então ande logo!—Ele me trata com rispidez.—Vista-se e desça.


Faço o que ele manda, e me visto.

Apos o café da manhã, cercada de olhares de duvidas dos empregados.


Gerson me leva ate o hospital.

Onde uma multidão de repórteres parados a frente do hospital.

—Como eles sabiam?

—Eu dei um jeito, preciso que a imprensa faça um alvoroço. Todos devem
saber sobre o casamento as escondidas.

Ele me leva para dentro do hospital em meio a uma chuva de perguntas.


Então ele para em frente a um quarto.

—Ele está aqui. Agora banque a esposa sofrida. Faça de conta que esta
doendo muito o estado que ele se encontra.

Respiro fundo, finalmente vou conhecer meu "marido".

No quarto ouço o bipe dos aparelhos.


Me aproximo devagar, e olho para ele naquela cama.

—Ele está respirando por aparelhos. Temos pouca atividade cerebral. Um


rapaz tão jovem.—A enfermeira comenta.—Vou deixa-la a sós com seu
esposo.

Me sento na cadeira e fico observando o quanto ele ainda parece bonito.


Seguro sua mão, ele está frio.
Cubro mais um pouco seu peito.

Lembro das fotografias. Do quanto ele estava feliz, e do quanto ele era ágil.
Que tristeza.

Fico por ali mais alguns minutos.


A enfermeira volta.

—Infelizmente ele só pode receber visitas por alguns minutos.

—Oh, eu entendo. Amanhã eu volto então...

—Claro.

Saio do quarto e vejo um fotógrafo ali.


Gerson paga a ele, que se retira.

—Voce foi perfeita ! A parte que você segurou a mão dele foi o toque final.

—Por que isso parece tão errado?

—Não pense nisso. O médico disse que mais cinco ou seis dias e o quadro
dele será considerado irreversível.
Voce vai receber o seu dinheiro e sua casa. Ele esta praticamente morto. Nao
se sinta culpada.

— Impossível não me sentir assim. Ele é tão jovem.


—Vem,vamos para casa.

Em casa eu fico a par de todos os negócios de Pedro. E Gerson me diz que


assim que declararem que sou a única herdeira de tudo, eu devo fazer uma
procuração dando a ele plenos poderes para dispor de toda a fortuna de
Pedro.

Eu fico olhando para ele e posso jurar que ele esta feliz com toda essa
situação. Nem parece que o cara no leito do hospital é seu sobrinho.

Meu coração aperta ao lembrar daquele homem lindo prestes a morrer. E


ainda por saber que ninguem sentira sua falta.

Que triste morrer sem sentir o amor.


Gerson me disse que os pais dele faleceram quando ele tinha oito anos.
Ao menos ele deve ter sido amado durante esse tempo.

Meu pai é um viciado em jogo, mas ele me ama. Eu sei disso. Eu conversei
com o Gerson e ele conseguiu uma clínica onde meu pai será internado assim
que sair do hospital.

É o melhor.

Tive que pedir demissão do meu emprego, mas Gerson vai me dar dinheiro a
mais para que eu possa me manter ate conseguir outro emprego.

Parece que minha vida vai melhorar. Pena que alguem terá que morrer para
isso.

Eu devo agradecer a Pedro, que mesmo sem saber esta me ajudando.


Mas como?

Já sei!

Vou todos os dias no hospital, vou falar com ele. Ler um pouco pra ele.
Talvez ele parta deste mundo se sentindo amado só um pouquinho.

Procuro por Gerson.

—Está ocupado?—Ele me olha por cima dos óculos, sentado em uma cadeira
no escritório.

—Pode entrar.

—Eu gostaria de ir visitar Pedro no hospital todos os dias. Você consegue


isso?

—Sim. Você é a esposa e pode ficar com ele lá.Mas por quê?

—Eu acho que se ele vai morrer, deve partir tendo alguém como companhia.
Sabe é muito triste. Ele ta sozinho la e...

—Pode ir. Basta pedir ao motorista. Vou ligar para o hospital para que
deixem você ficar no quarto com ele.

—Obrigada.

—Mas não crie fantasias em sua cabeça. Pedro vai morrer. E ainda que
sobrevivesse, nunca se apaixonaria ppr você. Não que não seja bonita. Voce
é. Mas é simples demais. E ele não era um homem bom. Lembre-se disso.

Poxa vida, o cara já está praticamente morto. Por que ele vive repetindo que
ele não era bom?

Ando pela casa. E encontro um biblioteca enorme. Pego um livro e decido


levar, para ler.

Jane Austin, Orgulho e preconceito.


Talvez ele goste. Eu nunca li. Talvez eu goste também.

Chego no hospital e já tenho autorização para ficar com ele.

A enfermeira deixou um poltrona bem confortável ao lado da cama.

—Oi, sei que você não me conhece. É uma pena. —Passo a mão levemente
por seu rosto. —Voce é tão bonito. Mas hoje eu vim ate aqui, adivinha! Pra
ler pra você. Encontrei esse livro. Nunca li. Então vamos ler juntos, quer
dizer eu vou ler pra você.

Começo a ler a historia em voz alta.


Estou tao concentrada que nem percebo as horas se passarem.

—Ola! Percebi que esta ai ha um bom tempo. Quer comer alguma coisa?

—Obrigada, acabou que nem percebi o tempo passar.Meu nome é Daniela.

—Ola Daniela, meu nome é Gema.Pais italianos.—Ela da uma risada sem


graça.
—Obrigada de novo Gema. Pode servir alguma coisa aqui mesmo?

—Posso sim, trago em alguns minutos.

E assim se passaram cinco dias.


Eu todos os dias no hospital.
E ate lia pra ele o que estava escrito sobre noa nos jornais.

A esposa misteriosa, era como me chamavam.


Inventaram até algo tipo um conto de fadas.

"O multi milionário Pedro Aguirre, conheceu a bela jovem de origem


humilde. Mas por medo dela só se interessar por ele pelo seu dinheiro omitiu
sua verdadeira identidade.
Os dois se casaram em segredo mas ele sofreu um acidente antes que ele
pudesse aoresenta-la a sociedade."
Seria lindo se não fosse uma tragédia e a pior das mentiras.

Meu rosto esta em todos os jornais. Gerson pagou a metade da minha divida.
Disse que a outra metade só depois que Pedro falecer o que deve acontecer
amanha.
Pois os médicos vão desligar os aparelhos. E eu terei que assinar os papéis.

—Ja são oito horas, não vai pra casa?—Gema me pergunta. Acabamos nos
tornando amigas.

—Quero ficar aqui, a a última noite dele. Quero estar ao seu lado.
—Você o ama muito não é?—Amor? Não sei o que é esse sentimento. Mas
sinto como se estivesse perdendo alguem querido. Lagrimas vem aos meus
olhos. E meu coração aperta. Gema me abraça.—Você precisa ser forte. Ele
estará melhor, onde estiver.

—Eu acho que sim.—Ela me deixa sozinha com ele.

A madrugada chega rápido.

Em um momento me aproximo da cama. Seguro sua mão e falo baixinho em


seu ouvido.

—Você é tão bonito. Eu me apaixonaria fácil por você. Se Deus te desse


uma segunda chance, eu seria sua esposa de verdade. Se você está aí. Volta
por favor.—Beijo seu rosto de olhos fechados e imagino-me beijando seus
lábios.

Quando abro meus olhos, me vejo olhando para os mais belos olhos azuis.,
cravados em mim com uma expressão de surpresa.
E sua mão apertando a minha tão forte que parece que vai quebrar.

—Oh meu Deus! Você acordou!


Capitulo 3

Meu coração acelera com o fato de Pedro ter acordado.


Saio correndo a procura de alguém.
Mas estou tão atordoada que acabo me perdendo nos corredores.

Ele não vai morrer. E eu não sei se fico feliz ou triste. Se dou pulos de alegria
ou me desespero.

Esbarro em alguém.
—Me deculpe!—Olho e vejo Gema.—Ele acordou! Ele acordou!

—Calma, calma. Quem acordou?

—Pedro. Ele acordou!

—Isso é impossível. Ele nao tinha quase nenhuma atividade cerebral. Vamos.
—Ela me leva pelo braço até o quarto e vê com seus próprios olhos que digo
a verdade.— Oh meu Deus! É verdade! Vou chamar o médico!

Fico ali parada perto da porta olhando para ele que não tira os olhos de mim.
E agora? Ele vai me desmascarar. Preciso ligar para Gerson.
Saio do quatro e vou para o corredor, o médico entra e começa a examiná-lo.

—Gerson, você precisa vir para o hospital imediatamente. —Falo chorando.

—Por que? Pedro faleceu?—Posso sentir uma nota de alegria em sua voz?

—Não!... Ele acabou de acordar.—Ele fica em Silêncio.—Você está me


ouvindo?

—Sim, Chego ai em breve. —Desliga.

—Isso é um milagre Daniela. O amor de sua vida voltou. Deus deve gostar
muito de você.—Gema diz me Abraçando.

— É, Ele deve me amar muito.—Digo sem entusiasmo. Queria estar feliz.


Comemorar. Afinal Pedro vai viver. Vai continuar praticando esportes e
levando sua vida alegremente. Enquanto eu estarei amargando na cadeia.
Dentro do quarto, o médico ainda examina Pedro. Já retiraram o tubo de
oxigênio. E ele parece confuso.

—Ele está um pouco confuso. —O medico so confirma o que suspeitos.—


Vai levar alguns dias para falar normalmente. Mas aparentemente está tudo
bem. Vamos leva-lo para fazer uma tomografia. Não há explicação plausível
para o que aconteceu. Ele não tinha nenhuma atividade cerebral. E agora é
como se nada tivesse acontecido. Fique com ele. Será bom ver um rosto
conhecido.—O médico me leva pra perto dele.—Pedro essa é sua esposa,
Daniela ela ficou aqui durante todos esses dias.—Pedro olha para mim, como
se estivesse tentando me reconhecer, o que é impossível pois ele nunca me
viu na vida.

Ele levanta uma mão, como se quisesse me tocar. Me aproximo e ele fala
com dificuldades.

—Q..Quem é...V..V..Você?—Antes que eu fale qualquer coisa Gerson entra


no quarto.

—Meu sobrinho. É um milagre que esteja vivo!—Acho estranha sua atitude,


pois se Pedro era tão mau. Por que trata-lo com tanta consideração? E eu sei
que ele está fingindo, já que um mentiroso reconhece outro.

Pedro continua olhando para mim.


Gerson percebe.

—Não a reconhece? É Daniela sua esposa. —Pedro balança a cabeça


negativamente.—Doutor tem algo errado?

—Bem vamos fazer uma tomografia, aparentemente ele teve uma perda de
memória. Não é incomum nesses casos. Ele ficou em coma por vinte dias. Na
verdade ele nem deveria ter acordado. Mas ao fazer uma tomografia pra ter
um diagnóstico mais preciso.
O caso dele é bem complexo, eu nunca vi alguém sem atividade cerebral
acordar assim, e ao que parece sem sequelas graves.
Vou deixar vocês a sós, mas a enfermeira virá em breve para o levarmos a
sala de exames.

Assim que o médico sai, Gerson vai falar com Pedro.

—Meu sobrinho, o médico disse que você pode ter tido uma perda de
memória. Vocês casaram não lembra?—Ele me olha da cabeça aos pés, me
analisando. Depois balança a cabeça.—Talvez em breve sua memória volte e
assim lembre do quanto estava apaixonado por ela.—Ele abre a boca como se
quisesse dizer algo. Mas não consegue.

Gema vem junto de outro enfermeiro. Eles o levam para a sala de exames.

Assim que ficamos sozinhos deixo transparecer meu desespero.

—Estamos perdidos. Você disse que ele não acordaria. Agora ele vai
descobrir tudo. Eu vou para a cadeia.

—Cale a boca! Ainda temos uma chance. Ele vai achar que esqueceu de
você...

—E o que pretende? Que eu vai pra casa com ele? Que finja que o amo? Eu
não vou conseguir. Dizer que me casei com ele, para as outras pessoas é uma
coisa, agora estar ao lado dele todos os dias, é bem diferente.
—Você vai fazer o que eu disser. Ou seu papaizinho vai enfrentar o Simão. E
você vai para a cadeia.—Gerson aperta meus braços e mostra quem realmente
é.

—Eu digo que você armou tudo.—Começo a chorar.

—E quem vai acreditar? Eu digo que você apareceu para mim com as fotos e
com a certidão em quem acha que vão acreditar?

—Você me envolveu nisso tudo. —Me.solto de seu aperto e o acerto com


tapas.

— Pare, sua maluca! Faça o que eu disser, e tudo vai acabar bem. Pare de
chorar.—Gema volta.—Ah, pobrezinha está emocionada. Acho melhor o
doutor mddica-la, foi um baque para ela.

—Vou pedir um calmante. Mas eu te entendo. Se o amor da minha vida


retornasse dos mortos eu também ficaria assim. Venha sente-se.—Gema é
uma romântica. Mal.sabe ela o que estou passando. Que o que vivo não é
nenhuma história de amor. E sim de terror.

Ela me leva pela mão, até a poltrona. Não vejo nada, não ouço nada. Não
sinto nada além do meu desespero. Onde é que fui me meter?

Começo a chorar compulsivamente, até que Gema volta com um calmante.


Tomo o comprimido e a única coisa que desejo é dormir.
Talvez eu acorde e veja que tudo não passa de um pesadelo.
Doce ilusão.

Acordo e a poltrona está reclinada.


Abro meus olhos e vejo Pedro olhando pra mim.

Eu não posso dizer a verdade. E acho que não vou conseguir mentir ppr
muito tempo.

Mas vou tentar.

Me ajeito, e limpo um pouquinho de baba, no canto de minha boca.

—Está tudo bem?—Ele não me responde. É claro o médico disse que vai
levar alguns dias para que ele fale normalmente. Percebo que ele está
desconfortável. Então ajeito seus travesseiros.—Creio que agora esteja
melhor.

Vou me afastar, mas ele segura meu pulso e me olha profundamente.


E tão difícil ver a dúvida em seus olhos.
Saber que ele não perdeu a memória. Que eu sou uma mentira em sua vida.

—Você precisa descansar. Vou ficar aqui, enquanto dorme.—Pego o livro e


começo a ler. Ele gesticula. Me pedindo para ler em voz alta. Então continuo
a leitura em voz alta até que ele finalmente dorme.

Ando de um lado para outro e tento arrumar uma saída para o problema em
que me meti.
Mas não encontro solução.

Vou para o banheiro.


Olho no espelho e ainda reflito sobre minha situação.
—E se eu contar a verdade?—Pergunto a mim mesma.—É talvez você pegue
somente alguns anos de prisão. Não se lembra que o tio dele disse que ele é
mau? Vai la, conta a verdade e se prepara pra amargar alguns anos na cadeia.
E seu pai? Vai deixar ele morrer?—Minha consciência fala por mim.—
Porque é isso o que vai acontecer seu pai vai morrer pelas maos de Simão e
você nem vai ao funeral pois estará presa.

Volto para o quarto Pedro continua dormindo.


E se eu fugir?

Isso, vou fugir assim eles não vão me encontrar nunca.


E eu não vou pra cadeia.
Ando Até a porta mas quando toco na fechadura.

—Daniela.—Ouço meu nome ser dito bem baixinho.—Daniela.

Olho para trás e Pedro está tentando se sentar. Respiro fundo e volto para o
seu lado.

—O que você quer querido?—Estranhamente o "querido"soa natural demais


pra mim.

—Preciso ir ao banheiro.—Ele diz e quase não ouço.—Me ajuda?—Me


surpreendo com o pedido.

—É... É claro. —O ajudo a levantar e depois o levo até o banheiro.


Saio e dou a privacidade que ele precisa.
Pouco tempo depois ele me chama, estou atenta a ele pois sua voz sai em um
sussurro.
Seu corpo ainda está coberto por hematomas do acidente. Em sua testa há um
curativo. E seu braço esquerdo ainda se encontra em uma tipóia.
E ele é muito alto.
Um metro e noventa mais ou menos. Eu em meu tamanho minion fico menor
ainda perto dele.
Um metro e cinqüenta e seis me deixa parecendo minúscula ao seu lado.

O ajudo a deitar-se.
E fico sem jeito, sem saber o que fazer.

—Quer mais alguma coisa?—Ele balança a cabeça em sinal positivo e aponta


para o copo com água.—Vou pegar agua fresca pra voce. Volto logo.

Saio e aproveito pra falar com Gema.

—Olha se não é a sortuda! Está mais calma?

—Sim. Ele quer água. Mas eu gostaria de pedir água fresca para o quarto.

—Vou providenciar. Pode voltar para lá tenho que levar os medicamentos e


já levo a água. E você quer um café, um chá?

—Se não for incomodar, pode me trazer um chá.

Volto pro quarto e encontro Pedro me esperando.


Seu olhar prescrutador me deixa constrangida.
Parece que ele sabe que estou mentindo.
—Como nos conhecemos?—Ele pergunta.

—Eu trabalhava em um supermercado e... Você passou uma compra comigo.


Esqueceu as chaves no balcão e fui atrás pra te entregar e você estava
voltando acabamos nos esbarrando e eu cai de bunda no chão.—Lembro de
ter visto isso em um filme.—No outro dia você voltou, e no outro também até
que pediu meu número de celular.

—O que eu comprei?

—Hã? Eu acho que foi uma água e um salgadinho. Não lembro bem. O dia
foi movimentado e é dificil lembrar.—Ele me olha desconfiado e abre a boca
para perguntar alguma coisa, Gema entra.

—Olá, cheguei com a água e seus medicamentos. Deve tomar todos para ter
auta logo.E pra você um chazinho.

Ele toma o medicamento e logo dorme.

—Por que não pede para te trazerem um roupa, pode tomar banho aqui. E não
precisa, deixa-lo sozinho. Ele não tira os olhos de você. Mesmo não
lembrando o coração deve bater mais forte quando olha pra você.

—Deve sim.—Sorvo um gole do meu chá.

Eu preciso esclarecer tudo isso.


O que vai acontecer quando estivermos sozinhos?
Ele acha que sou sua esposa. Vai querer ter intimidade comigo.

Eu nunca fiz sexo. Ele vai descobrir a nossa farsa.


Preciso falar com Gerson. Mas não as três da manhã.
Bem cedinho eu ligo para ele.

Ele precisa me ajudar a sair dessa.


Não posso viver essa mentira.
Como fingir que o amo?
Que estou apaixonada por ele?

Ele não passa de um estranho.


Ta ele é bonito! Ou melhor ele é lindo.
Mas ainda assim, somos desconhecidos.

E se ele descobrir?
Vai me mandar apodrecer na cadeia. E com razão.
Sou uma fraude. Uma mentirosa.

Só entrei nessa por causa do dinheiro.


E agora posso perder minha liberdade e meu pai a vida.

Não consigo dormir, e pela primeira vez em minha vida eu vejo o sol nascer
da janela do hospital.
Meu celular toca e é Gerson.

—Alô.

—Você não fez nenhuma besteira essa noite?—Ele está zangado.


—Não eu não fiz. Mas vontade não me faltou.

—Pois talvez isso faça você desistir.—Ele desliga e recebo uma fotografia de
meu pai. Ele esta trabalhando em um tipo de jardim. Todo sorridente.—Está
vendo aqueles homens?—Vejo dois homens perto do meu pai.—Eles tem
ordens de atirar pra matar, caso você faça alguma besteira. Tenho certeza que
não é isso o que você quer. Então faça tudo o que eu disser e seu papaizinho
continua vivo.
Depois ele desliga e manda mais fotos do meu pai ao lado daqueles homens.
Ele parece bem e feliz. Não desconfia de nada.

Me envia mensagens falando que ele está bem na clínica e que qualquer coisa
que eu faça. Pode por sua recuperação em risco.

Depois recebo uma ligação do gerente do supermercado onde eu trabalho, ou


trabalhava. Pois ele quer que eu vá acertar as contas. Já que não apareço por
la há mais de uma semana.

Ele ainda ironizou dizendo que agora que sou milionária nem deveria me
preocupar com o dinheiro da rescisão.

Desligo e vejo Pedro me observando.

—Bom dia!—Gema entra no quarto com o carrinho onde esta o café da


manha.

—Obrigada Gema.—Ela vai ate Pedro.

—Bom dia. Vamos aos medicamentos?—Ela entrega tudo a ele.—O médico


vai passar aqui mais tarde. Parece que alguém vai ter auta mais rápido que
esperávamos.

—Mas já?

—Achei que quisesse ir logo pra casa com ele...

—Não é isso. É que eu achei que teria mais exames pra fazer.—Gaguejo um
pouco.

—Os exames foram feitos ontem. E não foi encontrado nada que o impeça de
ir para casa.Mas não vá dizer que contei.—Ela fala baixinho.—Agora vai lá
e dê o café da manhã na boquinha daquele gostoso ali. Eu volto depois com
o médico.

Pedro me pede pra ajuda-lo a ir ao banheiro novamente. Apos fazer suas


necessidades ele abre a porta.

—Preciso escovar os dentes.

—Oh claro. Vou ajudá-lo.

Pego o creme dental e coloco na escova.


Ele pega e escova os dentes. Depois lava o rosto. Se olha no espelho e
examinar o corte na testa.

—Preciso me barbear. Mas faço isso depois.Agora estou com fome.—


Gostaria de ouvir sua voz normal. Deve ser muito sensual. Se ele falando
assim baixinho já é bonito...Para! Para agora! Nada de imaginar coisas com
ele.
É problema! Você tem que se livrar disso o mais rápido possível.
O difícil vai ser convencer Gerson a não me denunciar.

Não vou viver essa mentira para sempre.

Capitulo 4

Tudo o que consigo lembrar é que eu tinha uma reunião importante com os
acionistas da Empresa.

Depois do café da manhã eu falei com meu tio por telefone.


Eu ia de helicóptero mas meu tio disse que estava em manutenção. Então fui
de carro.

Eu nunca dirijo. Então Leo foi dirigindo. Ele faz parte da minha equipe de
segurança.

E é também um amigo querido.

Acordo agoniado, e abro meus olhos.


Então a vejo, ainda desfocada.
Seus cabelos castanhos caindo sobre meu peito, e seus lábios tocando em
rosto.

O rosto de anjo e os olhos assustados.


Pisco algumas vezes para ver se é verdade.
Então seguro sua mão.

Seu cheiro doce invade meus pulmões, e a suavidade de sua pele acorda meus
sentidos.

Mas quem é essa bela mulher que olha para mim, como um coelhinho
assustado?
Ela me disse algo. Algo que não consigo lembrar.

Apavorada me solta e vai correndo para fora do quarto.


Tento me desvencilhar de tudo que me prender nessa cama de hospital?

Estou em um hospital? Mas por que? O que aconteceu?


Esse tubo enfiado em minha garganta me causando náuseas. Tento puxa-lo.
Mas não consigo.

Uma enfermeira entra com ela, olha para mim como se eu fosse um fantasma
e sai correndo.

Volta em seguida com o médico. Que retira o tubo de mim. Vomito um


pouco.

—Calma, é perfeitamente normal se sentir assim.


Minha garganta está seca e dolorida.
Ele me dá água. Eu bebo e engasgo um pouco.

Tento falar mas não consigo.

—Tenha calma, Pedro. Você acabou de sair de um coma de mais de vinte


dias. Não vai sair por ai cantando.
É um milagre que esteja acordado.

Não entendo nada, como assim em coma?


Olho para a garota que está encolhida em um canto enquanto o medico fala
comigo.

Ele percebe e a chama.

—Daniela, venha até aqui por favor.—Ela se aproxima.—Pedro essa é a sua


esposa, ela ficou aqui durante esses dias. Te fazendo companhia.
Esposa? Isso deve ser algum engano.
Tento falar.
Seguro sua mão e a puxo pra perto.
Com muito esforço eu faço uma pergunta.

—Q...Quem... Quem é v...Você?—O medico fica surpreso.

—Não lembra dela?—Lembrar do quê? Antes de hoje nunca tinha visto essa
mulher em minha vida.—Você pode ter tido uma perda de memória. Vamos
fazer uma tomografia para ter certeza que não há dano cerebral.

Eu não perdi a memória, eu lembraria de ter me casado. Não lembraria?


Meu tio chega.

—Meu sobrinho querido. Isso é um milagre.

—Ele não consegue lembrar da esposa. —O medico comenta.—

— Não a reconhece? É Daniela sua esposa.Tem algo errado ?—Ele pergunta


o médico que explica sobre alguns exames que devo fazer.

Eu olho atentamente para a moça. Tentando encontrar algo familiar. Mas


nada nela é reconhecido por mim.

Como pode? Eu lembro do meu tio. Lembro de todos os meus funcionários,


dos meus amigos, de algumas amantes mas dela, nada.

Se eu tivesse me casado deveria me lembrar dela.


E a forma como ela reagiu quando acordei. Como se não quisesse isso.

Eu vejo o medo em seus olhos cada vez que ela olha pra mim.
O esperado era que me olhasse com amor.
Tem alguma coisa errada em tudo isso. E vou descobrir.

Sou levado para fazer a tomografia. Mas em momento algum tiro a bela
jovem de cabelos castanhos de minha mente.

Eu sinto que ela está apavorada. Ela esconde algo. E vou saber o que é.
Sou um homem implacável nos negócios.

Não é tão facil assimme enganar.


Por enquanto vou jogar esse joguinho.
Mas logo vou descobrir o que está por tras desse casamento.

Volto para o quarto.

Me aplicam um sedativo. Mas antes de dormir consigo ver o quanto ela está
nervosa.
Parece que andou chorando.

Vou deixar ela seguir com essa mentira só pra ver onde vai dar.
Talvez eu até consiga aproveitar um pouco esse casamento.

Ela é bonita, e esse jeitinho de coelho assustado despertou a fera adormecida


que existe em mim.

Ela achou que me enganaria, mas mal sabe que nesse jogo de gato e rato, o
gato sou eu.
E ela será a ratinha assustada.
Na madrugada acordo e peço que me ajude a ir ao banheiro.
Depois peço água.

Pergunto a ela como nos conhecemos.


Ela me diz algo impossível de acreditar.
Eu jamais entrei em um supermercado pra comprar qualquer coisa.
Tenho pessoas que são pagas pra fazer isso por mim.

E cada vez mais tenho certeza de que eu nunca a conheci antes de hoje.
Mas por que ela inventou essa mentira?

E como conseguiu enganar tanta gente?


Meu tio é um homem vivido, não cairia assim em um plano tão mal montado.

A não ser que eu ter despertado não estivesse em seus planos.

Mas vou fazer ela pagar cada segundo que mentiu pra mim. E vou cobrar
caro.

Assim que eu sair daqui. Vou investigar tudo. Mas por enquanto vou
aproveitar a minha esposa. Tão dedicada. E linda.

Merda!
É a terceira vez que a vejo dessa forma.
Mas não posso negar o quanto é bonita.

E aquele cheiro doce que encheu meus pulmões e acende meus sentidos.
Ela esta sentada lendo alguma coisa.
Peço que leia em voz alta.
Até mesmo sua voz soa melodiosa aos meus ouvidos.

Fecho meus olhos e me deixo levar pela história que ela le.

Acho que é Orgulho e preconceito. Esse livro era da minha mãe.

Não consigo pensar direito pois o sono me vence.

Na manhã seguinte acordo e a vejo dormir toda desajeitada na poltrona.Fico


analisando e percebo mais uma vez o quanto é bonita.

Pena que é uma mentirosa.

Ela acorda e fica envergonhada, limpa o rosto.


Peço que me ajude a ir ao banheiro.
Ainda sinto dores nas costas. E é bem difícil levantar.
Acho que quebrei uma ou duas costelas.

Ainda tenho que ver o que aconteceu esse acidente esta muito mal explicado.

Abro a porta do banheiro e ela me ajuda a escovar os dentes, colocando o


creme dental na escova.

Olho-me no espelho e vejo que minha barba cresceu bastante.


—Preciso me barbear.—Digo a ela.
Ela não fala nada.

Voltamos para a cama e a enfermeira chega com o café da manhã.

Fala um monte de bobagens românticas. Como se eu acreditasse nisso.

Amor é uma ilusão que nos deixa cegos. Eu nunca amei, e nunca vou amar.
O que eu faço é foder.
Se a mulher me agradar, ela pode ter a sorte de estar na minha cama mais de
uma vez.

E essa ratinha, com certeza vai estar.

—Vou deixar vocês dois a sós para tomar o café. Com licença.

—Pode me ajudar?

—Sim.—Ela me serve o café e me ajuda a comer, colocando os pedaços de


fruta em minha boca.

—Voce não vai comer?

—Nao estou com fome?—Ela me ajuda a tomar o café. Suas mãos estão
tremendo.

—Há algo errado? Algo que queira me contar?—Ela esboça um movimento


de lábios, como se fosse me contar algo. Mas meu tio Gerson chega bem na
hora.
—Bom dia meu sobrinho. Vejo que está bem melhor.

—Estou sim tio. E louco pra sair daqui.

—Podemos ver isso. Eu falei com o medico e ele me disse que não ha nada
que te prenda aqui. Eu trouxe roupas para os dois.Sua esposa nao pode ficar
com a mesma roupa de ontem.

—Obrigado.Depois tomamos um banho. Agora me ajude a convence-la a


tomar o café da manha.

—Daniela. Você precisa se alimentar. A tristeza dos últimos dias acabou. Seu
marido está bem. Deve se alimentar não tem feito isso nos últimos dias.

—Eu não estou com fome. Acho que vou aproveitar que seu tio chegou e vou
tomar um banho.—Ela pega a bolsa com seus pertences e quase corre para o
banheiro. Assim que ouço o barulho do chuveiro peço que meu tio se
aproxime.

—Tio. Isso é um absurdo. Eu não posso ter me casado.

—Filho, eu mesmo verifiquei a veracidade dos documentos. Tudo é legal. Ela


tem até fotos de vocês. E o cartório reconhece o documento.

—Mas isso é impossível. Eu lembro de absolutamente tudo. Apenas dessa


mulher eu esqueci? Tem alguma coisa errada.

—O mais estranho é que você se casou com ela em comunhão universal de


bens. O que significa que metade de tudo o que é seu.
Tento levantar e dor em minhas costelas me atinge.

—Isso é ridículo.Tem certeza que tudo é legal?

—Eu verifiquei pessoalmente e ainda entreguei o documento aos advogados


da empresa e todos consideraram o documento legal.

—Não te passa pela cabeça que realmente possa ter se casado com a moça?
Ela é bem bonita. E se te conheço bem. Você nunca recusou uma mulher
bonita.

—Tio uma coisa é foder uma mulher bonita, outra bem diferente é me casar
com ela, e ainda dividir tudo o que é meu com ela? Eu só podia estar louco!
—Me viro e vejo Daniela parada na porta do banheiro.

Ela olha para mim com lágrimas nos olhos. E volta para o banheiro.

—Acho que você magoou os sentimentos dela.

—Droga! Agora tenho que lidar com isso.

—Vamos fazer assim. Você vai para casa e depois achamos uma solução para
isso. Até porque a possibilidade de você ter realmente esquecido dela existe.
—Tenho que concordar. Agora com meu tio dizendo que os documentos
foram examinados pelos nossos advogados a duvida paira em minha mente.

—Tudo bem. Tudo o que mais desejo nesse momento é sair daqui.
—Vou falar com o medico agora.—Meu tio sai do quarto.

—Espere! E o Leo?

—Infelizmente ele não resistiu!

—Droga! A mulher dele acabou de dar a luz.—É muito triste isso. Um amigo
de anos.

—Nao se preocupe com isso. A empresa esta cuidando de tudo.

—Financeiramente! Mas e o sentimental. Ana o amava tanto.

—Foi uma fatalidade. Não deve ficar pensando nisso.

Meu tio tem razao! Cada problema sera resolvido em sua hora.

Agora tenho que lidar com minha suposta esposa.

—Daniela, abre a porta por favor. Me desculpe, eu estou um pouco irritado.


Se coloca no meu lugar por favor.— Minha voz sai com muita dificuldade
Ouço o barulho da chave e ela abre a porta. Seus olhos estão vermelhos e seu
cabelo bagunçado.

—Eu só queria pegar meu pente. Não quis irritar você.

Ajeito seus cabelos e ela levanta o olhar me encarando.


Passo a ponta dos dedos por seu rosto.
—Por que não lembro de você?—Continuo traçando o desenho de seu rosto.
E seco suas lágrimas. —Você é tão bonita...—Seu cheiro doce invade meus
pulmões novamente. Aproximo meu rosto para sentir a fragrância que tanto
me agrada. Inspiro e ela geme baixinho.

Não pode ser! Meu pau ficou duro. Somente de sentir o seu cheiro e ouvir
esse gemido baixo.

Nossos rostos estão tão próximos, e sinto uma vontade inexplicável de beija-
la.

—Filho, já falei com o médico e ...Me desculpe, não quis interromper.—Meu


tio chega e me tira desse devaneio louco.

—Não interrompeu nada tio. —Me afasto dela que alisa seu vestido e fica
toda sem jeito.—Então o médico me liberou?

—Como eu dizia. O médico está vindo aqui.

—Ótimo, vou sair daqui hoje.

O médico me examina, e finalmente me libera pra ir para casa.

—O helicóptero já está preparado.—Meu tio nos informa.

—Helicóptero? —Daniela pergunta curiosa.

—Sim é a melhor forma de sairmos daqui sem que os jornalistas nos vejam.
Prefiro não ter que responder perguntas agora.

Um dos funcionários do hospital nos ajuda com as bolsas.

No elevador, percebo Daniela muito nervosa.

—Está com medo?—Ela balança a cabeça.—Não precisa. É seguro. Você vai


ver. Seguro sua mão e deposito um beijo.

Chegamos no heliponto e Daniela me abraça.

—Tem certeza que é seguro. Eu tenho medo de altura.

—Tenho sim.—Respondo sorrindo e lhe beijo levemente nos lábios.


Ela me olha surpresa.—O que? Marido e mulher se beijam, não se beijam?

Capitulo 5

Ele me beijou!

Pedro me beijou!

Isso me impactou tanto que acabei esquecendo o meu medo de altura.


—Chegamos. Viu só viemos rápido e estamos vivos.—Pedro me diz.
Ele segurou minha mão o tempo todo e me ajudou a sair do helicóptero.

Ele é tão bonito. Tão rico.


E eu uma simples caixa de supermercado. O que tenho a lhe oferecer a não
ser mentiras?

Meu conto de fadas, não é o da Cinderela e sim o do Pinóquio. A menina que


queria ser a esposa.
Mas não passa de uma fraude.

—O que foi?—Ele questiona olhando bem nos meus olhos. E esse olhar
inquisitivo é o que mais me incomoda. Seu olhar tem de uma profundidade,
que as vezes penso que pode ver minha alma.

—Nada.—Os empregados chegam e o ajudam a entrar em casa.

Eles o deixam no quarto e fico ali com ele. Sem saber o que fazer.

—Preciso que me ajude a tirar essa camisa. Esta muito quente.—Ele fica
parado bem na minha frente esperando que eu o ajude. Como demoro um
pouco para entender ele levanta uma das sobrancelhas em um
questionamento silencioso.

—Claro...—Primeiro retiro sua tipóia. E depois começo a abrir os botões de


sua camisa um a um.—Como você se vestiu no hospital?

—Meu tio me ajudou. Já que você estava trancada no banheiro. Mas agora
ele não é necessário. Já que tenho você, minha esposa.—Ele fala minha
esposa em um tom de deboche. Eu tenho certeza que ele sabe de tudo.
Mas por que reage assim? Por que não me denuncia? Não me confronta?

Ajudo a retirar a camisa e por Deus, ele tem o melhor corpo. Ainda com os
hematomas causados pelo acidente. Mas que barriga é essa?

Posso contar cada gominho de seu abdômen. Tenho que parar de olhar ou
vou acabar babando em cima dele.

—Algum problema?

—Não, por que?

—Você ficou vermelha. —Droga, bem que senti meu rosto esquentar.

—Como você mesmo disse. Está quente aqui.—Saio de perto dele me


abanando com as mãos.

—Ainda precisa me ajudar a colocar a tipóia.—Me viro para encara-lo e meu


Deus. Que homem lindo. Eu o lamberia se ele deixasse. O que? Eu pensei
isso mesmo? Estou ficando louca. Acho que o estresse dos últimos dias
acabou com minha sanidade.—Daniela?

—Hã?

—A tipóia...

—Ah, sim.—Vou até ele e o ajudo a colocar a tipóia, ele aproveita para
cheirar meu pescoço. Eu juro que não queria pensar nisso. Mas fiquei com a
calcinha toda molhada somente com esse gesto.
Os meus mamilos ficaram eretos com a simples respiração dele perto da
minha orelha.

Me afasto.

—O que houve? Nós nunca transamos? Somos casados e isso é mais que
natural.

—Nós não...—Ouvimos uma batida na porta.

—Me desculpe meu sobrinho mas temos algumas pendências. Você tem
alguns documentos pra assinar.—Gerson entra. E mais uma vez fui salva pelo
gongo. Pedro não tira os olhos de mim.

—Deixe aí. Depois eu resolvo. Estou tendo uma conversa com minha esposa.

—Mas isso é urgente.

—Eu já falei pra deixar aí. Eu sou o dono e decido o que é urgente.—Pedro é
duro com seu tio e então entendo o que ele quis dizer com "ele é mau".

—Tudo bem, com licença. —Gerson se retira olhando para mim e Pedro
percebe.

—Então, parece que você e meu tio estão se entendendo.

—O que? Não, sim... É que ele me recebeu nesta casa depois que eu soube do
acidente. Eu não sabia que você era rico. Você nunca me disse.
—E eu ía ver você dirigindo meu próprio carro?

—Sim. —Meu Deus estou cada vez me envolvendo mais nesta teia de
mentiras.

—E o que fazíamos?

—Nos íamos ao cinema, saíamos para jantar, dançar.

—E fazíamos amor?—Ele se aproxima, e me abraça.—Eu aposto que


fizemos amor muitas vezes, sou um homem que gosta de sexo. Mas você já
deve saber disso.—Pedro lambe a parte detrás da minha orelha. E minhas
pernas viram mingau.—Você tem esse cheiro bom. Aposto que eu adorava
ficar te lambendo.—Planta pequenos beijos na curva do meu pescoço.Como
resistir a isso?—Te beijando. Você tem uma.boca linda. Aposto que eu
delirava ao te-la chupando meu pau... —Me afasto novamente. —O que
houve? De acordo comeu tio somos recém casados.

—Você perdeu a memória! Não lembra de nada.

—Sim, mas você não. Me diga como você gosta que eu te toque... Assim...—
Ele passa as mãos por minha cintura em direção as minhas costas.—Assim...
—Agora ele beija meu pescoço. E a combinação de suas mãos e sua boca
provavam em mim sensações que eu nunca achei que poderia sentir.
Seu lábios passeiam do meu pescoço para minhas bochechas, em pequenos e
suaves beijos. Até chegar em minha boca. E desta vez não resisto e me
entrego a esse beijo.

Me sinto como se estivesse entorpecida. Nada ao meu redor importa. Apenas


seus lábios nos meus. A sua língua em minha boca e eu sentindo o seu sabor.
As mãos descem devagar até chegar a minha bunda onde ele aperta. Me
acordando desse torpor.

Então percebo que estou caindo em sua teia. É isso o que ele quer, me usar e
depois me denunciar.

—Não!—O empurro.—Eu não posso.

—Por que? Você é minha esposa. Sim ou não?

—Sim. Mas você não se lembra de mim. Eu sei que teve muitas mulheres. E
assim sem memória eu não sou nada além de mais uma. Quero que lembre de
mim. Que sinta amor por mim.—Pego minha bolsa.—Vou pedir pra Felicia
preparar outro quarto pra mim.

—Isso não faz sentido! Quero você aqui, em meu quarto. Em minha cama.

—Ouça Pedro, sei que está acostumado a que façam todas as suas vontades.
Mas não sou sua empregada. Não me sinto bem aqui. Essa casa, esse mundo.
É tudo tão diferente. Tenho que cuidar até mesmo do que eu falo. Tem
repórteres por todos os lados. E você nem se lembra. Eu acho melhor ir
embora.

—Embora? Como assim?

—Embora. Pego minhas coisas e você me dá o divórcio. Eu não me casei


com esse cara rico, você me entende?—Tento fazer a menina magoada talvez
assim ele me deixe ir embora.
—Nossa quanto amor envolvido. Já quer o divórcio! E o fato de termos nos
casado em comunhão universal de bens não influenciou em nada para isso?

—Eu não quero o seu dinheiro? Pode ficar com tudo. Me diga eu assino
qualquer coisa. Mas me deixe partir.—Saio e desço a escada correndo.

La em baixo esbarro em Gerson.

—Até que enfim. Pensei que nunca sairia daquele quarto.Venha precisamos
conversar.—Estou atordoada e ele me leva para um escritório.—O que
aconteceu?

—Eu pedi o divórcio.

—Otimo. E ele?

—Disse que quero o dinheiro. Eu falei que não quero nada.

—Sua estúpida!—Gerson me acerta um tapa no rosto.—Você vai fazer tudo


o que eu disser. Vai se divorciar dele e tirar a metade de tudo o que ele tem. E
nem pense em sair desta casa. Eu te caço e te encontro.Sabe o seu papai? Esta
em uma fazenda. Ele nem desconfia de nada. Eu preciso apenas de um
telefonema para que ele passe dessa para uma melhor.

—Não, por favor...—Começo a chorar. Ele chega perto de mim.

—Calma,calma criança... Ele agora afaga meus cabelos.—Uma moça tão


bonita não deveria chorar assim.Basta fazer tudo o que mandei, e você e seu
pai vão ficar bem.
—Mas eu não vou conseguir engana-lo por muito tempo. Ele quer fazer,
coisas comigo.

—Ah, garotinha ingênua. Não permita. Ele vai te usar e depois vai te
descartar. Não caia na lábia dele. Ele é um Dom Juan. Você é novidade pra
ele. É um desafio. Enquanto você não ceder ele vai estar interessado. Depois
que conseguir o que quer de você vai te jogar fora como um chiclete
mascado.E alguém com esse corpo, e esse rostinho não deve ser tratada
assim.—Ele se aproxima e retira meus cabelos do rosto. —Desculpe pelo
tapa. Fiquei nervoso. Vou pedir a Felícia para preparar o quarto de hospedes.
Ele sai e me deixa ali. Confusa e cheia de medo.

Me encontro entre a cruz e a espada. Se conto a verdade, vou pra cadeia e


meu pai morre. Se não conto, tenho que enganar Pedro, mas não posso me
entregar a ele. E como emgana-lo se não posso fazer o que uma esposa faz?
Se Pedro descobrir me manda para a cadeia. De qualquer maneira o meu final
não será feliz.
Sento em uma poltrona e a única coisa que consigo fazer é chorar.

Algum tempo depois Felícia aparece no escritório.

—Senhora. Seu quarto já está pronto.

—Obrigada, Felícia.

A sigo até o quarto indicado, ela se despede de mim.


Entro e me deparo com Pedro sentado na beirada da cama.
Ele percebe meu desconforto e levanta as mãos.

—Fique calma! Não vou forçar você a nada. Sinto muito se pareci um
cafajeste. Mas isso tudo é confuso demais. Você me entende. Eu acordei e de
repente me vi casado. O pior de tudo é não lembrar...

—Eu te entendo. Por isso pedi outro quarto. E quanto a sua pergunta a
resposta é não. Nunca fizemos amor. Nos casamos e você recebeu uma
ligação. Disse que voltaria para me buscar mas nunca mais voltou.—Me sinto
horrível inventando tudo isso. Mas não tem outro jeito.

Eu quero que um buraco se abra no chão e a terra me engula.

—Tudo bem. Então vamos dar tempo ao tempo. Vamos nos conhecer
novamente. Sair para passear, jantar, dançar e ir ao cinema. Talvez fazer
essas coisas juntos me faça lembrar de nós.

—É... Talvez...—Pedro se aproxima e me beija levemente nos lábios.

—Espero você para jantar. Tudo bem?

—Aham.—Ele fica olhando pra mim, na esperança de lembrar. E meu


coração aperta pois eu sei que isso nunca vai acontecer.

Então ele sai e me deixa ali,com o peso da culpa. Me jogo na cama e choro
muito. Não tenho como sair disso.
Se o único problema fosse a cadeia, mas tem meu pai.

De um lado Gerson, do outro Simão. Ambos ameaçando a vida dele. Meu pai
não é um homem mau. Ele só tem esse vício. É um homem trabalhador. Mas
descabeçado.

Eu preciso ligar para Cotinha e avisar que estou bem.


—Oi Cotinha. Sou eu Daniela.

—Oi Dani, menina o que é isso tudo que li nos jornais? Você se casou?

—É uma longa história. Quando eu for ai eu te conto. Só liguei pra avisar que
estou bem.

—Que bom. Um homem chamado Simão esteve em sua casa. Eu falei que
você não estava. Ele queria saber pra onde você foi. Mas como eu não sei, eu
não disse.

—Vou te dar meu endereço...

— Não, assim se ele voltar eu não tenho nada pra dizer. Me liga e não volte
aqui de jeito nenhum. Beijo.

—Beijo. —É não tem jeito. Tenho que levar essa farsa adiante. Mesmo que
meu coração corra o risco de se quebrar. Pois não me apaixonar por Pedro
Aguirre sera uma missão quase impossível.
Capitulo 6

Fecho a porta do quarto e a ouço chorando.


Sei que tudo isso não passa de uma mentira. Mas de alguma forma sinto que
Daniela não tem opção.

Ou talvez seja isso que ela quer que eu pense.


Chamo um dos meus seguranças.

—Ítalo. Quero que fique de olho em minha esposa. Ela não deve sair dessa
casa sem mim, ou um de vocês. Devo ser informado de cada passo. Onde ela
vai, com quem ela fala. Descubra pra mim tudo o que puder sobre ela. Quem
são seus pais, se tem irmãos. Grampeie o telefone dela. Quero saber pra que
ela liga, com quem fala, sobre o que fala.

—Sim senhor.

— Pode se retirar.

—Com licença.

Vou descobrir o que está por trás disso. Quem quer que tenha planejado isso
vai se dar muito mal.

Mas ela, ela não serei capaz de castigar. Seus olhos castanhos me
conquistaram. A quero, a desejo. Seu jeito meigo e inocente despertaram em
mim um lado protetor que eu nem sabia que tinha.

Sua boca macia e tão gostosa de beijar. Me faz esquecer que ela mente pra
mim.

E por alguns instantes não me importo de viver essa mentira.


Ate me pego querendo que seja verdade.

Pego um porta retrato onde estamos juntos ela vestida de noiva. Esta mais
que óbvio que é uma montagem.

—Daniela Córdova, quem é você?


Eu tenho que me controlar para não acabar jogando você na cama e te possuir
de todas as maneiras possíveis.
Quero que se entregue a mim. Você vai ser minha. Só não decidi ainda se
sera para sempre.

Pego meu notebook e começo a trabalhar. Muitas coisas ficaram pendentes,


durante esses vinte dias.

Meu tio ficou a frente de tudo mas não é como eu. Não tem pulso firme.
Ele é apenas dez anos mais velho que eu. Quando meus pais faleceram ele
ficou responsável por mim, porem só tinha dezoito anos. E a vida dele mudou
bruscamente. Cuidar de um garoto órfão de oito anos não foi uma tarefa fácil.

Ele desistiu de sua própria vida para cuidar de mim. Aos doze anos fui
mandado para um colégio interno e quando fiz vinte e um assumi todos os
negócios da Família. Meu tio que ate o momento presidiu tudo ficou como
vice presidente das empresas.

Ele me ensinou tudo sobre as mulheres. Ele mesmo me disse para nunca me
apaixonar. Nunca me casar. Ser solteiro é muito bom. Eu sou livre, era o que
ele sempre me dizia.

Por isso agora aos trinta e um, onde me vejo casado não consigo aceitar.

O quarto de Daniela tem uma porta integrada. Ela nem percebeu mas pedi
que Felicia preparasse esse quarto que fica ao lado do meu. Assim tenho
acesso a ela quando eu quiser.

Tenho que ficar de olho em tudo. Quero saber cada passo dela. Cada
movimento que seja para ir ao banheiro quero saber.

Bato na porta do quarto.


—Daniela, está pronta? Vamos descer para jantar.—Ouço seus passos pelo
quarto. Ela abre a porta e meu queixo literalmente cai.—Ela está usando um
vestido lilas. Com as costas nuas e saia rodada. Nos pés sapatilhas pretas.

E a imagem de uma fada delicada se foram a em minha mente.

Seus cabelos longos estão presos em uma trança. E a maquiagem leve e


natural.

Tão diferente de todas as mulheres que sou acostumado a sair.


Com seus vestidos sensuais, e maquiagem marcada.

Seguro em sua mão e a levo para a sala de jantar.


Tudo já foi preparado.

—Boa noite senhor. Seu tio deixou Instruções para o jantar de hoje. Teremos
comida francesa.

—Obrigado Felícia, pode mandar servir.


Puxo a cadeira para Daniela. Que se senta.

De início uma bela salada, de folhas verdes e figos.


Ela começa a comer e percebo que ela acha estranho os figos no meio da
salada.

—Está tudo bem?

—Sim. —Ela mastiga e vejo ela tentar Disfarçar que não gostou.
Então a salada é retirada e o prato dela esta quase intacto.

—Vamos servir agora o foie gras, bom apetite.

—O que é isso? —Ela remexe no prato.

—É pate de fígado de ganso!

—Me perdoe mas não gosto de fígado. Posso pedir outra coisa?

—Por que não experimenta?—Ela olha para o prato e faz cara de de nojo.—
Vamos sair daqui. A pego pela mão e peço ao motorista que retire o carro.

—Onde vamos?

—Comer. —Paramos em frente a uma barraca de lanches. E peço para Ivan


pegar alguns salgados e duas cocas.

Ele traz, coxinhas e pastéis.

—Coma! Você deve estar com fome.—Ela pega uma coxinha eu abro a coca
e entrego a ela.

—Isso aqui tá muito bom! Prove.—Daniele me entrega uma coxinha. Eu dou


uma mordida.

—Você tem razão isso está muito bom.


—Eu sei fazer!

—O que?

—Coxinhas, pastéis essas coisas. Eu vendia na escola. Aprendi com uma


vizinha.

—E por que você precisava fazer isso?—Ela fica tensa. Seguro em sua mão.
—Pode confiar em mim.

—Minha vida não é interessante. Vamos comer.—Por que ela receia em me


contar?

—Daniele, pra isso dar certo, precisamos conversar. Quero conhecer você.
Me conte como foi a sua infância.

Ela solta o lanche sobre a pequena caixa de papel onde eles vieram. Limpa as
mãos e boca.

—Eu vivo com meu pai. Minha mãe nos abandonou quando eu era ainda
menina. Nunca mais a vi. Sempre fomos pobres. Mas o problema era o vício
de meu pai. Ele é viciado em jogos. E sempre que tinha dinheiro perdia nas
apostas. Então para não passar fome eu comecei a trabalhar. Vendi panos de
prato no sinal. Fazia lanches para vender na escola. Essas coisas.—Daniela
olha pela janela do carro.—Minha vida foi muito difícil. Não estou
reclamando sempre me virei. Mas não é muito diferente da vida das meninas
da periferia, que tem que trabalhar cedo, para ajudar a pôr comida em casa.
Eu sempre quis estudar. Por isso não tive tempo de namorar. As minhas
colegas todas, já estão casadas, ou são mães eu sou a única que ainda não
tenho filhos. Essa é a realidade da maioria das meninas na minha
comunidade.

—Até que eu apareci e te tirei de la.—Comento.

—É acho que posso dizer que sou sortuda.—Ela dá um sorriso forçado.

—Termine de comer. Não vou mais te importunar com perguntas. —Ela


volta para o lanche.

E seguimos em uma conversa interessante. Sobre coisas que ela gosta de


comer. Ouvi-la falando é tão prazeroso, me acalma. A sua voz suave e macia
é como música para meus ouvidos.

E o som da sua risada é ainda melhor.


Quero contar coisas engraçadas somente para ouvir esse som.

—Vamos fazer assim. Você fala com Felícia, e ela manda cozinhar somente o
que você gosta. De vez em quando ela faz algo mais sofisticado para que
aprenda. Pois me acompanhará em alguns jantares de negócios.

—É que eu não sei comer essas comidas chiques e usar todos aqueles
talheres. Você vai se envergonhar de mim.

—Voce é inteligente vai aprende. Vamos fazer isso dar certo ok?

—Aham.

—Esta ai uma coisa! Não responda aham, responda sim, não, tudo bem..
—Tudo bem.—A abraço.

—Vamos andar um pouco?

—Vamos, eu comi demais.—Daniela ri e seu sorriso me atinge em cheio. Ela


é linda. E mexe demais comigo.

Andamos de mãos dadas pelo parque, encontramos alguns patos por ali.
Me sento enquanto ela observa sorridente, uma mãe com seus filhotes.

Começa a esfriar um pouco então a convido para voltarmos para casa.

—Obrigada! Foi uma noite ótima.

—Então acho que mereço um beijo.—Ela volta a ser a garota tímida e


constrangida de sempre.—Me desculpe. Força do habito. Venha acompanho
você ate seu quarto.

Ela para na porta.

—Boa noite!—Ela fala abrindo a porta. Eu a seguro pelo braço e ela se vira
pra mim. Não resisto e a beijo.
Tive vontade de fazer isso durante todo o tempo em que estive ao seu lado.

E agora que estávamos tão perto eu não resisti.


Ainda que seja tudo mentira. Este momento é de verdade.

Eu nunca imaginei, que algum dia sentiria tanta necessidade de estar ao lado
de alguem.
De sentir seu cheiro, seu toque e seu sabor.
Eu preciso de Daniela, eu a quero para mim.
E já está decidido mesmo que eu descubra toda a verdade por trás disso.
Eu a terei em meus braços.

Ela me afasta.

—Desculpe, eu não resisti. Você é tão bonita.—Passo a mão por seu rosto.

—Por favor...Eu...

—Está bem. Mas não me dei por vencido. Boa noite.—Seguro em seu queixo
e ela me encara com aqueles olhos castanhos brilhantes.

Preciso sair daqui antes que eu a leve para minha cama, como um homem das
cavernas.

Espero ela fechar a porta do quarto. E sigo para o meu.

Tomo um banho gelado, pois só assim posso apagar esse fogo que ela acende
em mim.

Pego meu computador e verifico as informações levantadas por Italo.

Daniela Córdova. Filha de Márcio Córdova e Suelen Martins Córdova.


Atualmente morava somente com a pai. A mãe a abandonou quando ela tinha
oito anos.
O pai é viciado em jogos. E deve dinheiro a um agiota chamado Simão
Barreto.

Humm, as informações são importantes. Uma dívida com um agiota. Isso


seria motivo suficiente para entrar nessa trama.

Pego meu telefone.

—Italo.

—Sim senhor.

—Quero que verifique a minha certidão de casamento. Vá até o cartório e


veja se é autêntica. E não comente isso com ninguém.

—Além de você ser meu patrão, somos amigos ha um bom tempo. Serei
discreto.

—Obrigado.
Desligo e ouço vozes vindas do quarto de Daniela.

—Eu já falei que saímos para jantar...—Ela fala e pelo tom de sua voz está
nervosa.

—E não aconteceu mais nada?—Meu tio. Mas o que ele faz no quarto dela.
Vou entrar e perguntar o que está acontecendo. Mas quando minha mão toca
na maçaneta a ouço dizer:

—Eu já disse que não aconteceu nada...


Entro.

—E o que o senhor meu tio, tem a ver com isso? Se acontecesse algo entre
nós seria o mais natural não acha? Já que estamos casados.—Me coloco o
lado de Daniela que logo segura em minha mão e se esconde atrás de mim.—
E não quero você aqui no quarto de minha esposa.

—Eu só queria...

—Voce não quer nada com ela. Você só continua aqui por respeito a minha
mãe. Mas se fizer isso novamente eu não respondo por mim. —Nunca senti
tanto ciume como estou sentindo agora.

—Vou me retirar...

—É o melhor.—Ele sai. Daniela solta de minha mão e vira as costas para


mim.—O que está acontecendo? Por que meu tio estava aqui?—Ela continua
de costas. —Responda?—Grito com ela.

—Eu não sei! —Ela responde chorando.—Ele entrou aqui e começou a me


fazer perguntas.—Seguro em seus braços.

—Você está mentindo! Diga a verdade logo de uma vez...—Me exalto. A


simples idéia de que meu tio esteja interessado nela me deixa louco.

—Está me machucando. Me solta.—Ela tenta se desvencilhar de minhas


mãos e quando a solto ela cai deitada na cama.—Eu quero o divórcio.

—Não.
—De que adianta seguirmos com tudo isso? Você nem se lembra de mim.
Você não me ama! Isso tudo é um erro!

—Nao darei o divórcio.

—Entenda de uma vez. Não vamos conseguir seguir em frente. Somos muito
diferentes. Esse não é o meu mundo.Eu quero o divórcio.

Subo na cama e pairo sobre seu corpo.


Daniela treme muito.

—Eu não darei o divórcio. Você me intriga. Quero saber o por que me casei
com você. Portanto não pense em fugir. Não conseguirá chegar ao portão.

—Eu odeio você!—Ela diz baixinho.—Me deixe ir...

—Não. —Inspiro seu perfume.—Boa noite minha esposa.

Volto para o meu quarto e fico ali na porta que liga nossos quartos a ouvindo
chorar baixinho.

Capitulo 7

Eu não sei quanto tempo mais conseguirei aguentar.


De um lado Simão me cobrando a dívida, de outro Gerson que está
demonstrando um interesse exagerado por mim.
E do outro Pedro, que está sendo enganado por mim.
Já estou nessa casa há uma semana.
Mal consigo me alimentar. E dormir é praticamente impossível.

Eu nunca me imaginei vivendo uma situação assim.


Qualquer decisão que eu tome será a minha perdição.

Eu não tenho uma solução, a qual eu saia bem.


Se eu contar a verdade, Pedro me manda para a cadeia.
Se eu não contar e continuar com a farsa, ou seja casada. Gerson me manda
para a cadeia e ainda mata meu pai.
Se eu pedir o divórcio tenho que desistir do dinheiro e Gerson mata meu pai,
me manda para a cadeia, isso se Simao não me matar depois de me usar como
sua prostituta particular.

As noites tem sido longas, não tenho dormido bem. Pois sou assombrada por
pesadelos terríveis. Onde vejo meu pai, com a cabeça decepada e Pedro me
levando para a cadeia.

Ele saiu daqui a última vez e pude ver em seus olhos que ele sabe a verdade,
mas não tem como provar.
Ele vai me castigar.
Tenho o mantido longe de mim, mas por quanto tempo?
Quanto tempo ele vai acreditar nessa história de que espero que se lembre?
Quanto tempo eu vou resistir?
Eu o quero! O desejo!
Mas não posso tê-lo.

Depois que conseguir as provas vai me mandar para a prisão.


E ainda tem essa atração que sinto por ele.
Basta um toque para que minhas pernas fiquem moles.
Para que meu coração dispare.
E para que minha calcinha fique molhada.

Ele poderia ter um narigão, ou ser vesgo. Sei la alguma coisa que o tornasse
menos atraente para mim.

Mas não, ele tem o melhor corpo, os olhos mais lindos e beija tão bem.

Vejo o dia amanhecer, através da janela.


Passei a noite toda aqui.
Pensando em uma forma de sair de tudo isso.

Aqui é tão bonito. Mas me sinto como um passarinho preso em uma gaiola de
ouro.
Tudo é luxuoso, uma simples poltrona custa mais que o meu salario aq do
mês.

Essas cortinas, tapetes e lençóis que parecem que estou deitada em nuvens,
de tão macios.
Em outra ocasião seria um sonho viver aqui.
Mas agora é o pior dos pesadelos.

—Bom dia senhora.—Felícia entra.

—Bom dia Felícia.


—O café já está servido senhora.

—Eu prefiro tomar café aqui. Não estou me sentindo bem.—Me sento na
poltrona.

—Deseja que chame um médico?—Dou uma risada sem graça.

—Me sinto em uma novela. Eu nunca achei que fosse verdade isso de chamar
um médico em casa.

—Tem o Doutor Contreras. Ele sempre atendeu a família. Cuidou da senhora


Aguirre desde a gestação e ainda atende o menino Pedro.

—Você trabalha há muito tempo pra ele?—Pergunto enquanto espero que ela
põe a mesa.

—Desde que ele ainda nem havia nascido. Eu vim da Espanha com os pais
dele.

—E o que me diz sobre o Gerson?

—Eu o conheço desde menino também. Sempre foi um menino mal educado
e manhoso. Depois que o pai da senhora faleceu ele veio morar com ela. Mas
vivia disputando a atenção dela com o filho.

—Ele me disse que Pedro é mau. Que não é bom patrão.

—O menino tem um bom coração. Quem estragou ele foi o próprio tio que o
mandou para um colégio interno por oito anos. Quando ele voltou, havia se
transformado em um homem fútil e frio. Mas comigo sempre foi bom.
—Daniela?—Pedro entra em meu quarto.—Por que ainda está assim? Não
vai tomar café?

—Ela não está se sentindo bem?—Felícia fala antes de mim.

—O que você tem? Nos dê licença por favor.—Ele pede a Felícia, que sai no
mesmo instante.—O que você tem?—Ele torna a questionar.

—Eu não dormi bem. Só isso.

—Eu quero me desculpar. Não deveria ter agido daquela forma contigo. —
Estou de camisola e meus braços estão a mostra. Pedro vê as marcas de seus
dedos neles.Mesmo que ja estejam sumindo, ainda estão aparentes.—Me
perdoe eu não tive a intenção...—Ele tenta me tocar mas me afasto.

—Não me toque, por favor.

—O que posso fazer para que me perdoe?

—A única coisa que quero de você é o divórcio.—Peço mais uma vez ainda
que eu saiba que será em vão.

—Pois você pediu a única coisa que não posso te dar.

—Por que? Você nem lembra de mim. Não somos nada mais que estranhos.
Eu não me sinto bem aqui. —Vou para a janela. Lágrimas rolam por meu
rosto. Minha angustia é demasiada para que eu possa segura-las.
—Não chore. Me diga a verdade. Diga o que está acontecendo?—Ele fala
atrás de mim, tocando meus cabelos.

— Que verdade?—Me viro e estamos frente a frente. Muito próximos


mesmo.
Ficamos nos encarando assim com nossas respirações ofegantes por um
tempo que pareceu longo demais antes de culminar em um beijo cálido,
sôfrego e ardente.
Suas mãos passeando por minhas costas, causando arrepios por todo meu
corpo.

Colo meu corpo ainda mais ao seu, em uma ânsia de estar junto a ele.
Enlaço seu pescoço e fico na ponta dos pés, e posso sentir o seu coração
batendo no mesmo ritmo acelerado do meu.

Nos afastamos e colamos nossas testas.


Me permito viver esse raro momento de leveza em meu coração.

—Eu te quero tanto. —Diz olhando em meus olhos, e me perco naquele azul
profundo. Quero tanto ele também. Mas não posso. Não posso.

Me afasto chorando e me tranco no banheiro.


Ele bate na porta.

—Daniela, abre essa porta. Vamos conversar.

—Me deixe sozinha! Vá embora Pedro.

—Eu vou, mas a nossa conversa não acabou. Tenho que ir até o escritório.
Mas volto para o almoço. Por favor precisamos conversar.

Ouço seus passos se afastando e a porta que une nossos quartos bater.
Decido tomar um banho.
Fico sei lá quanto tempo embaixo da água.
Coloco um roupão e quando saio dou de cara com Gerson em meu quarto.

Ele me acerta uma bofetada.

—Sua vadia maldita!—Eu caio no chão devido a força com que ele me
acerta.—Você esta se apaixonando por ele?—Gerson segura em meus braços
e me levanta bruscamente.—Você nunca vai ficar com ele.

—Me solta!

—Acha que ele vai se apaixonar por você, e viverão felizes para sempre? Sua
tola. Ele está te usando. Assim que descobrir a verdade vai te chutar direto
para uma cela de prisão.

—Eu estou fazendo tudo o que me pediu. Eu disse que quero o divórcio. —
Digo chorando, pela dor em meus rosto e meus braços.

—E o que ele disse?

—Que não vai me dar o divórcio.

—Peça novamente! Diga que não o ama. Depois que pegar a metade de tudo
o que é dele. Você vai passar para o meu nome. —Gerson passa suas mãos
por meu rosto e tenta me beijar.
—O que é isso? Por que tentou me beijar? Se afaste de mim.—O empurro
para longe de mim.Mas ele volta e segura meus braços atrás de minhas costas
com uma.das mãos. Com a outra acaricia meu rosto.

—Voce é tão bonita. —Ele aproxima seu rosto do meu pescoço e inspirada
fundo. —Ele não terá você. Escute de uma vez por todas. Quando ele te der o
divórcio. Vou fazer de você uma rainha. Terá tudo o que precisa.

—Não!—Tento me soltar mas Gerson não permite.Ele beija meu pescoço.


Mas o beijo dele me causa calafrios. Só que esses são ruins. Não são como os
beijos de Pedro.Meu corpo todo fica tenso e Gerson percebe.

—Sua tola. Acha que ele vai ficar com você? Idiota! Estou de olho. Se eu
perceber qualquer interesse seu por ele, seu papaizinho vai sofrer as
consequências. —Me empurra novamente na cama e sai.

Meu Deus! Até quando vou suportar isso?


Não posso mais viver assim.

Me deito e choro muito. Por que eu não morro Logo? Assim esse sofrimento
teria fim. Fico o dia todo na cama. E de tanto chorar acabo pegando no sono.

—Daniela, Daniela.—Ouço a voz de Pedro me chamando longe.—Por que


ela não acorda?—Me sinto cansada, e por mais que me esforce não consigo
abrir os olhos.

—Senhor ela está aqui sem comer há dias. Hoje pela manhã nem tocou no
café eu liguei para que viesse agora ao meio-dia porque fiquei preocupada.
—Eu viria para o almoço de qualquer maneira.Meu Deus! Fiquei tão
envolvido nos negócios esses dias, que nem me dei conta. Chame o doutor
Contreras. Ela está com febre.—Sinto sua mão gelada tocando minha testa. E
a sensação é boa.—Você vai ficar bem.—Ele me beija a testa. E fica
acariciando meu rosto.
Até que acabo adormecendo novamente.

Abro meus olhos e encontro Pedro deitado ao meu lado.


Em meu braço tem uma agulha com o que parece soro sendo injetado em
mim.

Tento me sentar mas me sinto tonta.

—Ei você acordou!—Ele diz com aquele sorriso que me desmancha por
dentro.

—O que houve?

—Você não se alimentou, e também não se hidratou o suficiente. Tivemos


que chamar o médico.

—Nossa, eu nunca fiquei doente.


Nem mesmo quando meu pai me deixou sozinha por uma semana inteira e eu
tinha apenas dez anos.

—Por falar nele. Quero conhecer seu pai.

—Não vai dar.


—Por que?

—Porque não sei onde ele está.—Ao menos uma vez consigo dizer a
verdade.

—Mas que estranho sumir assim.

—Talvez para os outros pais. Mas para o meu é normal.—Felícia entra com
um prato fumegante de sopa.

—O doutor disse que ela deve se alimentar. Eu fiz uma canja.

—Pode deixar eu cuido disso.—Pedro pega a bandeja e me entrega o


guardanapo. Felicia sai e nos deixa a sós. Ele sopra um pouco de sopa na
colher e me serve na boca.—Então, você não está preocupada com seu pai?
Eu posso encontra-lo.

—Sério? Eu gostaria muito de saber onde ele está!—Outra colherada de sopa.

—Vou cuidar disso.

—Obrigada!

—Agora trate de comer.

—Eu posso fazer isso sozinha.

—Eu sei. Mas quero fazer isso. Ficar aqui com você. Tudo bem?
—Sim. —Eu não consigo comer nem a metade do que está no prato. Pedro
insiste um pouco. Mas desiste quando vê que não adianta.

Deixa a bandeja sobre a mesinha e vai até a janela.


O ouço falando com alguem sobre meu pai.

—Você tem alguma foto dele?

—No meu celular. Onde está?

—Aqui! Mande para o meu número.—E agora não tenho o numero dele?
Disfarço um pouco procurando e encontro Amor. Mas como? Claro, Gerson
planejou tudo perfeitamente. Envio a foto de meu pai a ele.

—Obrigada querida. Agora descanse. Vou tomar um banho e já volto.—


Pedro me beija na testa.

Como eu queria que tudo isso fosse verdade. Que Pedro e eu estivéssemos
apaixonados, mas uma hora tudo isso vai acabar.

E estarei pior que quando entrei nisso.


Eu preciso arrumar um jeito de contar a verdade. Ir para a cadeia nem é um
problema. Só não quero que matem meu pai.
Depois que Pedro o encontrar. Eu conto tudo. É isso! Não serei chantageada
para sempre por Gerson!

Estou distraída pensando que nem vejo quando ele aparece no quarto usando
somente a calça do pijama.
E minha nossa!
Eu quase desmaiei com tanta beleza.
Como pode alguem ser assim tão bonito?
Antes de conhece-lo eu acreditava que isso só existisse em revistas. Mas
Pedro é real.

Bonito ao extremo.
Não que eu seja feia. Sei que sou bonita. Meu pai sempre diz que me pareço
com minha mãe.

Mas ele passou dez vezes na fila onde distribuíam a beleza.


E aqueles olhos, oh meu Deus! Cada vez que ele se aproxima, olhar para eles
é como mergulhar em um mar de águas calmas.

Ele levanta as cobertas.

—O que... O quê você está fazendo?—Pergunto me cobrindo. Já que estou de


camisola.

—Vou me deitar. Não acha que vou te deixar sozinha depois do que
aconteceu?

—Mas você não está vestido.

—Querida, acredite estou bem mais vestido que o normal.Mas fique tranquila
vamos apenas dormir. Você está doente e só vou cuidar de você.
Vem cá! Deita aqui.—Ele aponta para o peito e abre os braços. Já que estou
no inferno, porque não abraçar o capeta?
Eu me aconchego em seus braços e seu cheiro de sabonete enche meus
pulmões.

Ah Pedro! Por que você tinha que ser tão bonito, cheiroso, gostoso e ainda
me tratar tão bem.

Se você fosse mau como seu tio disse seria tudo tão mais fácil.

Pedro me faz cafuné, há tanto tempo eu não sei o que é isso.


Acho que a última vez eu tinha uns doze anos.

Eu caí de bicicleta, e meu pai cuidou dos machucados. Depois ele ficou me
fazendo cafuné, até eu adormecer.

Começo a ficar sonolenta, isso é tão bom.


Aqui em.seus bracos fortes eu relaxo, descanso meus pensamentos só por
hoje e deixo o sono me levar.

Capitulo 8

Ela dorme aconchegada em meu peito. Confesso que não achei que fosse
gostar tanto assim de te-la em meus braços.
Acariciar seus cabelos sedosos e com esse cheiro bom. Ela me faz sentir
diferente.

No escritório, tenho que ser implacável. Não posso baixar a guarda.


Ainda mais agora que descobri um desfalque.

Mas quando estou perto de Daniela, tudo muda.


É como se essa nuvem negra que paira sobre minha cabeça, simplesmente
dissipasse só por ouvir sua voz, ou ver seus olhos.

Agora com seu corpo colado ao meu, eu me sinto bem. Como se esse fosse o
lugar perfeito para ela.

Observo seu rosto angelical enquanto ela dorme. Seus lábios bem desenhados
e com esse toque especial. Uma pinta sobre seu buço, perto da boca.

Traço o desenho dele com a ponta dos dedos. Como eu queria beija-la agora.

Daniela se mexe. E sua perna toca no meu pau.

Tá, talvez essa ideia de dormir com ela não tenha sido boa. Seus seios
esmagados sobre meu peito e sua mão pairada sobre meu braço.

Toda essa imagem é muito erótica. Eu a imagino assim depois de fazermos


amor.

Ela se mexe de novo mas agora se vira de costas, deixando sua bunda virada
para mim.
Levanto um pouco a coberta e tenho a visão disso amplamente.
Talvez deitar de conchinha não seja tão ruim.
Me ajeito e a abraço.

E desta vez sou eu quem pega no sono, aconchegado a ela.

Acordo com Daniela deitada quase em cima de mim.


Um braço sobre meu peito e uma perna sobre minhas pernas.

A camisola está toda torta deixando um seio a mostra.


Eu fico observando enquanto ela dorme.

Não atrevo a me mexer, estou gostando disso. Talvez estar casado não seja
tão ruim.
E ela é tão bonita. Seu corpo é perfeito, seus cabelos sedosos são o que eu
mais gosto.
Eles estão espalhados sobre mim e fazem um pouco de cócegas. Mas é bom.

Não tem como não me imaginar os segurando enquanto fodo ela com força.
Meu pau fica duro na hora quando penso nisso.
Eu quero Daniela. Mas é diferente da maneira que quero as outras.

Quando soube que ficou doente, senti um medo inexplicável.


Eu parei tudo o que estava fazendo, abandonei uma reunião importantíssima
só para saber como ela estava.

Isso é estranho, sei que ela mente pra mim.


Mas a quero mesmo assim. Durante esses dias, acordo pensando nela.
Entre uma reunião e outra me pego vendo aquela fotografia. Uma montagem
com certeza. Mas desejando que fosse verdade.
Vou logo para casa e fico parado na porta conjugada de nossos quartos.
Esperando ouvir qualquer coisa.

Ela tem ficado trancada aqui. Quase não a vejo.


Preciso descobrir logo o que há por trás de tudo isso.

Mas um sentimento de proteção cresce cada dia mais em mim. Eu sinto que
ela não é má.
E desconfio que meu tio está por trás de tudo.

Mas o mesmo tempo não quero acreditar que seja verdade.


Que ele seja tão ruim ao ponto de planejar a minha morte.

Levanto e a deixo dormindo. Vou até meu quarto.


Troco de roupa, mas hoje não vou ao escritório.

Minha prioridade é ela.

Ela que está me fazendo conhecer algo novo. Algo além de sexo e transas
casuais.

E a conheço há tão pouco tempo. Como isso é possível?

—Bom dia, senhor.

— Bom dia, Felícia. Traga o café no quarto de minha esposa por favor.
—Ela está melhor? Desculpe é que...

—Não se desculpe. Sei que gosta dela. E é normal quem não gostaria?

—O senhor ainda não lembrou dela?

—Não. E juro por Deus que queria lembrar.

—As vezes as linhas de Deus são tortas. Mas nunca erradas. Pense nisso.
Vou pedir para trazerem o café. Com licença.—Ela sai e me deixa ali com
meus pensamentos.

Volto ao quarto e encontro Daniela saindo do banheiro.

—Como está se sentindo?

—Me sinto bem.

—Vão trazer nosso café aqui. Depois quero que vista uma roupa bem bonita.
Vamos passar o dia juntos.—Falo olhando em seus olhos segurando seu
queixo. Ela se afasta.

—Onde vamos?

—Vai ser uma surpresa.

—Não gosto de surpresas.


—Dessa você vai gostar!—Me sinto estranhamente entusiasmado. Vou leva-
la a um dos meus lugares favoritos.

—Me diz ao menos o que vestir.

—Coloque algo quente. Está esfriando. —Daniela vai para o quarto.

—Senhor, Ítalo o espera no escritório.

—Diga para Daniela tomar o cafe e descer por favor.

—Sim senhor.—Desta vez não tomo o café com ela. Mas para Ítalo estar aqui
deve ser importante.

—Aguirre! Encontrei o pai de sua esposa.

—Ah, eu sabia que vc conseguiria. Onde ele está?

—Ele está em um pequeno sítio, a trinta quilômetros daqui. Mas tem uma
coisa muito estranha.

—O quê?

—Ele é vigiado por dois homens, que ficam armados o tempo todo e...—Ele
receia me dizer alguma coisa.

—Continue.—O encorajo.
—Seu tio, alugou o local. O locatário me disse que ele alugou o sítio, para
seu tio e ele pediu que ninguém aparecesse por la, nunca. E foi bem enfático
quando disse nunca.

—Mas por que meu tio está com o pai de Daniela em cárcere privado?—
Então tenho um estalo. Ítalo me encara como se já soubesse a resposta.

—Pedro. Somos amigos há anos. E só você não via a ganância e ambição


demasiada de seu tio. Sempre te falei para não confiar demais nele. Eu
investiguei seu acidente. O helicóptero foi cancelado vinte e quatro horas
antes, e o cabo do freio do carro estava cortado.

—Por que não me disse isso antes?

—Estou investigando tudo desde o acidente. Achei muito estranha a maneira


como seu tio vem agindo. Em vez de ficar preocupado com sua saúde. Ele foi
logo assumindo a sua cadeira na presidência. Eu sei o que está escrito no seu
testamento. E o advogado da empresa me procurou para dizer que ele esteve
perguntando sobre a partilha dos bens.

—Imagino o quanto ele ficou frustrado quando descobriu o destino de toda


minha fortuna caso eu falecesse sem casar ou deixar herdeiros.

—E não é dificil imaginar o quanto foi fácil para ele encontrar uma jovem
cheia de problemas para aceitar os seus planos.—Italo também acha que o
meu casamento é um golpe.—E tem mais. —Ele reluta em me contar.—
Ainda não tenho provas, mas o acidente dos seus pais não foi um acidente.

Olho para ele incrédulo.


—Você está investigando isso também?—Ele tranca a porta do escritório.—
O acidente aconteceu há vinte anos, está um pouco difícil coletar provas. Mas
não é muita coincidência que o cabo do freio do carro tenha sido cortado
também?

Caio sentado na cadeira. Incrédulo que seja verdade.

—Ele seria tão cruel a ponto de matar a própria irmã?

—Abra seus olhos de uma vez! Esse homem só quer o seu dinheiro. Você é
tão inteligente nos negócios. Use essa inteligência para o seu bem. Se afaste
de seu tio.

—Mas e a Daniela? O que eu devo fazer? Confesso que nunca me imaginei


em uma situação dessas.

—Acredito que ela tenha aceitado sobre pressão. Mas ainda não posso
afirmar com contundência. O problema é o que você vai fazer depois? O que
ela fez é crime de falsidade ideológica.

—Não sei. Eu gosto dela!

—Gosta? Você nunca se envolveu emocionalmente com nenhuma mulher.

—Ela é diferente! Ela é pura, ingênua, sofrida e ... Linda!

—Isso é sua cabeça de baixo pensando no lugar da cabeça de cima.

—Pode ser. Hoje vou levá-la para passar uma tarde fora dessa casa. Ela não
sai daqui pra nada. Ainda hoje quero o pai dela aqui. Pode fazer isso?
—Com certeza. —Ele destranca a porta.—Eu mando uma mensagem assim
que estiver tudo certo.

—Com licença!—Daniela entra.—Pedro, estou pronta.—E linda! Seus


cabelos negros soltos em ondas caindo sobre as suas costas. Com uma calça
jeans apertada e uma blusa de lã amarela destacando sua pele dourada e botas
de montaria.

—Entre por favor. Quero te apresentar Ítalo. Um amigo e meu chefe de


segurança.

—Muito prazer.—Ela estende a mão a ele.

—O prazer é meu em conhecer uma mulher tão bonita.—Ele me olha e


levanta uma sobrancelha, nesse momento to eu percebo que ele entendeu
quando falei dela.—Então até mais tarde.

—Até.—Daniela fica parada me olhando.—Você está muito bonita.

—Obrigada! Eu não sei onde vamos. Mas o tempo começou a esfriar e achei
melhor me agasalhar.

—Vamos a um lugar que gosto muito. Eu ia com minha mãe. O motorista


está nos esperando, vamos?

—Sim.

Seguimos até o mercado municipal. Esse lugar é enorme. E podemos passar a


tarde toda aqui que não visitaremos tudo.
—Nossa, esse lugar é incrível. Olha essa fachada.

—Eu vinha muito aqui quando criança, depois que meus pais faleceram eu
parei de vir. Tem vinte anos desde a ultima vez que estive aqui.

—Mesinto lisonjeada por ter me escolhido para te acompanhar.

Seguro em sua mão e andamos por entre as lojas e bancas. Logo no início
muitas bancas de frutas.
Frutas de todos os tipos, cores e tamanhos.

—Olha que coisa esquisita.

—É uma pitaya. Vamos provar?


Peço ao vendedor dele corta no meio. Sirvo a ela.

— Eu achei que seria mais saborosa.

—É eu acho a mesma coisa.—Rimos.

Chegamos em uma banca onde tem muitas jabuticabas.

—Jabuticabas eu amo essa fruta. Quando eu era pequena tínhamos uma


árvore em nosso quintal. Depois minha mãe foi embora e tivemos que nos
mudar.

—Saulo, pegue algumas jabuticabas, vamos levar.—Ela me olha e sorri. Se


ela soubesse que eu compraria uma fazenda de jabuticabas somente para ver
esse sorriso.—Venha temos tantas coisas pra ver. Andamos bastante, Daniela
queria provar tudo.

—Compramos tanta coisa! —Ela olha para as sacolas que Saulo carrega.—
Desculpe se exagerei é que tem tanta coisa aqui.

—Não vejo exagero. E hoje o dia é para você. Vamos comer alguma coisa.
Tinha um café por aqui, se eu bem me lembro. Mamãe gostava do Capuccino
deles.

Seguimos em direção ao café, agora minhas lembranças de menino vem a


tona e me vejo andando de mãos dadas com minha mãe. Ela cheirava as
frutas, provava o que os vendedores ofereciam. E sempre terminávamos o
passeio nesse lugar. Ela pedia um capuccino e um chocolate quente para mim
no inverno e gelado no verão.

—Pedro? Pedro?

—Sim!

—Você ficou distante de repente.—Daniela me encara com seus olhos negros


e uma ruguinha de preocupação na testa.

—Estou bem. É só que esse lugar não mudou nada em vinte anos. E tenho
muitas lembranças daqui.

—Se você preferir podemos ir pra casa.—Ela afaga meu braço e vejo
preocupação genuína em seu olhar.

—E perder o capuccino? Nem pensar.


Encontro o café e inacreditavelmente é o mesmo.

Escolhemos uma mesinha e uma garçonete vem.


Pedimos o capuccino e uma fatia de bolo.

—Hummmm! Isso é delicioso!—Ela lambe os lábios após bebericar um


pouquinho do líquido em sua caneca.

Eu nunca pensei que observar alguém beber seria tão sensual. Daniela de
alguma maneira me enfeitiçou ela me tem amarrado a ela.

E o mais incrível é que ela nem precisou se esforçar para isso.

—Pedro? Você está com aquele olhar novamente.

—Que olhar?

—Como se estivesse pensando longe.

—Na verdade desta vez meu pensamento está bem aqui, com você.
Você é tão bonita, seus olhos rodeados por esses cílios negros deixam você
com um ar de mistério. Tem algo em você que quero desvendar. E isso me
instiga.

—Não sou misteriosa. Sou uma mulher comum.

—Uma mulher comum que me atrai, me atrai muito.—Seguro sua mão por
sobre a mesa. Ela a retira e já não me olha nos olhos.—O que há de errado?
—Pedro. Somos tão diferentes. Basta eu passar o dia de hoje por minha
memória para perceber.Você comprou pêras que custam tão caro. Dez pêras
dessas são as compras da semana de uma família de quatro pessoas. Eu nunca
nem sequer ousaria olhar para elas.

—Qual o problema em ter dinheiro?

—Nenhum! Você nasceu rico. E nunca vai saber o que é entrar em um


mercado com uma calculadora e uma lista. Rezar para que o dinheiro dê para
trazer tudo o que está anotado ali. Você pedia e ganhava. Você sabe quanto
custa um litro de leite Pedro?—Não sei o que responder.—Nossos mundos
são tão diferentes. Eu não sei se conseguiria me adaptar. Sempre tive que
lutar para ter as minhas coisas.

—Talvez Deus esteja te recompensando por tantas batalhas.—Digo olhando


em seus olhos.

—Acredite, Deus não tem nada a ver com nosso encontro.

—Escute...

—Não! Escute você. Talvez esteja acostumado a ter tudo o que deseja. E no
momento eu sou algo que você não conseguiu. Não quero ser mais uma de
suas conquistas. Tenho brios. Você não pode me comprar com presentes, ou
pêras que valem ouro.

—Daniela, não estou tentando comprar você. Quis que você passasse uma
tarde agradável. Já que só fica trancada naquele quarto.
—Pois nesse momento tudo o que quero é voltar para lá.—Ela levanta e fica
emburrada perto da porta enquanto pago a conta. E eu estou confuso por não
entender quando um passeio que era para ser divertido se tornou em um
motivo para brigar.

Seguimos em silêncio ate o carro. E Não trocamos nem mesmo uma palavra
até chegarmos em casa.
Capitulo 9

Chegamos em casa e eu corro para o quarto. Me jogo na cama e choro.


O dia estava tão agradável até eu ver Gerson nos espionando.

Tive que fazer uma cena e brigar com Pedro, quando tudo o que eu mais
queria era estar em seus braços.

Ele foi tão gentil.


Eu quase esqueci que tudo não passa de uma mentira.

E cada vez que ele avançava um pouco eu recuava, pois Gerson foi bem claro
quando disse que mataria meu pai se me visse de romancezinho com Pedro.

E me doeu ver o seu olhar de confusão.


Ele não entendeu nada.
E nem tinha como.

Nunca ninguém me tratou com tanto carinho e respeito.

Por que isso foi acontecer comigo?


Estou apaixonada por Pedro. Mas esse amor é impossível.

Ele nunca vai me perdoar por mentir.


Muito pelo contrário ele vai me odiar.
—Hoje você fez tudo certinho como mandei.—Ouço Gerson falando.
Levanto na mesma hora secando minhas lágrimas na manga da blusa.

—O que faz aqui?—Pergunto sussurrando. —Como entrou?

—Pela varanda. Só vim te parabenizar pois agora vi que você não quer nada
com meu sobrinho. —Aperta mais meu braço.—Você é minha. Entendeu?—
E novamente ele segura em meu braço me deixando bem perto.—Tão
cheirosa. —Estou com tanto medo! Ele me olha com um olhar de louco. Ele
não está bem.— Você, Pedro não vai ter. Ele já tem coisas demais.

—Não sou uma coisa! E muito menos um troféu para ser disputado.—O
empurro. Mas ele nem se mexe.

—Isso é verdade. Você é uma linda mulher. E eu te quero na minha cama.—


Passa a mão por meu braço.

—Não!

—Você vai! Hoje quero você em meu quarto.

—Mas eu não posso. Pedro vai passar a noite aqui. —Me desespero.

—Dê um jeito. Você será minha esta noite. Não esqueça que basta um
telefonema para que seu pai feche os olhos para sempre.—Ele me beija na
boca. Sinto náuseas.—Te espero.—Esfrego a manga da blusa na boca.

—Daniela!—Pedro bate na porta. Gerson corre até a varanda.—Abra a porta


precisamos conversar.—Observo Gerson descendo a varanda através de uma
árvore que tem bem ao lado de minha janela.—Abre é sobre seu pai.
—Meu pai?—Corro e abro a porta.—Você o encontrou?—Em uma oração
silenciosa peço que a resposta seja positiva.

—Você esteve chorando? —Ele toca em meu rosto delicadamente. E isso é


tão bom.—Me perdoe, você entendeu errado. Eu só queria te dar um dia
agradável. Sempre que eu ía lá com minha mãe eu voltava feliz. Queria que
você sentisse o que eu sentia.

—Tudo bem. Não importa mais.—Ele me abraça.

—Importa sim! Tudo que tem a ver com você me importa.—Me deixo ser
abraçada. Pedro afaga minhas costas. E me acalenta. Estar com ele é diferente
de tudo. Não quero mais sair daqui. E estar em seus braços me dá esse
sentimento estranho de ter encontrado meu lugar.

Ele nos afasta e me olha nos olhos.


Aproxima nossas bocas e me beija.
Um beijo cálido e o mesmo tempo tão terno.

Ele entra de vez no quarto e fecha a porta com o pé. Andamos até a cama sem
parar de nos beijar.

Pedro retira minha blusa e a joga em um canto qualquer retirando a sua


camisa em seguida.

Se abaixa aos meus pés e os livra das minhas botas. Abrindo minha calça.
Olhando em meus olhos ele pede permissão somente com o olhar.
Levanto meus quadris e ele puxa pelas pernas.
Me deita na cama e começa a me beijar novamente.

Suas mãos estão por toda a parte, e onde ele toca é como uma brasa
queimando minha pele.

Meu corpo arde por ele. Eu o quero, o desejo.


E desta vez não vou me negar sentir todas as sensações que seus toques e
carícias me provocam.

—Ah Daniela,meu anjo!Você é linda!—Diz entre beijos.


Abre meu sutiã e o retira bem devagar. Cubro meus seios com as mãos.
Homem nenhum viu meus seios, e tenho um pouco de vergonha.

—Não se cubra, meu anjo! Você é linda. Quero ver tudo. Quero tudo de
você. Se entregue por inteira.

—Eu Também quero tudo de você! Quero que me ame. Me faça sua. Eu
quero ser sua Pedro.—Finalmente eu digo o que estou sentindo. E em seguida
o beijo.

Ele desce com seus beijos por meu pescoço e o vale entre meus seios, segura
um enquanto beija o outro. E sinto uma corrente elétrica percorrer desde o
meu mamilo até meu clitóris.

Eu nem sabia que era possível sentir tantas coisas ao mesmo tempo.
Meu coração batendo freneticamente em meu peito, meu fôlego roubado por
seus beijos tão íntimos. E em minha vagina um latejamento que me faz ansiar
tanto por ele.

Pedro desce mais ainda com seus beijos e retira minha calcinha.
Desta vez não sinto vergonha. Quero que ele me veja. Que saiba que sou toda
sua. Enquanto retira essa peça suas mãos deslizam por minhas coxas
causando arrepios de prazer.

Ele vem beijando da ponta dos meus pés até minhas coxas.
Se levanta e fica em pé a minha frente.

—Linda! Você é linda. —E novamente vem com seus beijos. Até chegar a
minha intimidade. Acho estranho no início e fecho as pernas mas ele as
mantém abertas segurando fitme em minhas coxas.—Confie em mim. —Seus
olhos azuis agora estão tão escuros e meu instinto me diz que é pelo desejo
que sente por mim.

Pedro começa a me acariciar. E solto um gemido alto.

—Oh meu Deus!—Eu falei isso alto? Mas é tão bom que não posso me
controlar. Sua língua passeando por esse lugar sensível e depois sugando
com.seus lábios ...— Oh meu Deus!

Ele não para, mas eu quero que pare?


Logico que não.

Seguro seus cabelos e o prendo ali. Meu corpo todo treme de prazer. E o
calor crescente em meu ventre me faz querer mais e mais.

Até que uma onda elétrica me rompe por meu ventre e uma explosão de
prazer me atinge em cheio.

Meu coração bate tão forte e rápido que parece que vai sair do peito.
Quando abro meus olhos Pedro esta lá parado totalmente nu a minha frente.
Lindo em toda a sua virilidade. Me observando enquanto queimo de paixão
ppr ele.

Da um passo na minha direção e se ajoelha na cama. Ele paira sobre meu


corpo, me beijando novamente.

Sinto meu gosto em sua boca e isso me deixa ainda mais excitada.

—Eu te quero tanto! —Ele se encaixa em mim e força um pouco para entrar.
Sinto dor.
Mas nada comparado a quando ele me penetra totalmente. Solto um gemido
de dor e Pedro paralisa.—Você é virgem?

—Eu acho que era.—Ele tenta levantar.—Não! Não sai. Eu quero isso. Quero
que seja você. Por favor.

—Se eu soubesse. Teria sido mais carinhoso.

—Eu falei p...—Pedro me cala com um beijo. —Eu prometo ser mais
cuidadoso.— Começa a se movimentar dentro de mim.

Aos poucos a dor e o desconforto vão dando lugar ao prazer.

O abraço prendendo seu corpo ao meu.


E novamente aquele calor crescente e uma corrente elétrica percorre meu
ventre até explodir nesse prazer inexplicável.

Ele me beija, segurando minhas mãos sobre minha cabeça, com nossos dedos
entrelaçados até que alcança seu próprio prazer.

Ele se joga para o lado me levando com ele. Me deitando em seu peito.
E nada poderia ter me preparado para o que vivi aqui.

Foi muito melhor que imaginei. Minha primeira vez, foi linda. Cheia de
paixão mas ao mesmo tempo tanto cuidado.

E isso só me deu a certeza de que esse é meu lugar no mundo. Nos braços de
Pedro.

—Está tão pensativa.—Ele diz afagando minhas costas.

—Estou guardando na memória tudo o que acabou de acontecer.

—Você gostou?

—Você foi maravilhoso! Foi tudo perfeito. Obrigada!

—Eu me sinto lisonjeado por ter sido o seu primeiro. E eu quero ser o único.
Quero que nosso casamento dê certo Daniela. —Sinto um aperto no peito. E
me levanto enrolada em um lençol.—Por que se afastou?—Começo a chorar.
E ele não entende.—Meu anjo, não chore. Por que não me conta o que a
aflige? Confie em mim. Eu vou te ajudar.

—Não posso! Não posso! —Agora meu choro é desesperado. E ele me


abraça.

—Por favor. Me rasga por dentro te ver assim.—Ele chora comigo. E nesse
momento eu sinto que posso confiar nele. Pois minha dor é sua dor. Pedro
está sofrendo por me ver sofrer. E não posso mais esconder a verdade. Não
depois de tudo o que aconteceu.

—Eu vou te contar. Sei que depois que você souber de tudo vai me odiar...

—Eu nunca a odiaria...

—Me prometa somente, que vai me ouvir até o fim. —Ele se afasta. Se
enrola em outro lençol e fica esperando eu contar.

—Meu pai...

—Senhor.—Felícia bate na porta.

—Não quero ser incomodado agora Felícia.—Diz sem tirar os olhos de mim.

—Senhor. É o Ítalo. Ele está muito nervoso lá no escritório. Disse que é


urgente.

—Diga que já vou.—Ele começa a se vestir.—Ainda vamos continuar essa


conversa.—Me dá um beijo.—Saiba que pode confiar em mim meu anjo.

Coloca a camisa e sai.

Agora eu não tenho mais saída.


Mas ao menos esse momento ninguém vai poder tirar de mim.
O que eu acabei de viver com ele vai ser meu pra sempre.
Me sento na poltrona e choro pois isso é tudo o que me resta. A lembrança de
um momento maravilhoso que vivi.

—Sua vadia!—Gerson está novamente no quarto. —Você se enttegou a ele.


Dê adeus ao seu pai!

Ele sai.
E me deixa ali sozinha com meu desespero.

—Anjo, eu tenho algo pra te fala...O que está acontecendo? —Ele me abraça.
E chora comigo.—Não aguento mais te ver assim. —Ficamos abraçados e ele
me consola.—Por favor me conta...

—Eu quero contar eu juro! Mas se eu fizer isso meu pai vai morrer! —Vou
até a janela e fico olhando para a o jardim.

—Seu pai está no hospital.

—O que? Por que?—Gerson cumpriu o que disse. —Meu Deus a culpa é


minha.

— Não, a culpa não é sua anjo. Ítalo foi até o sítio onde ele estava e tinham
dois homens armados. Eles lutaram e seu pai foi atingido de raspão por um
tiro.

—Atiraram no meu pai? Quero ve-lo.

—Venha tomamos um banho e depois vamos ate o hospital.


Vou correndo ate o banheiro. Pedro também vem. Ele abre o chuveiro eu
deixo lençol cair.

Ele entra comigo debaixo do jato de agua.

—Está dolorida?—Pergunta passando o sabonete por meu corpo.

—Só um pouquinho.—Ele me beija. —Pedro. Precisamos ir até o hospital.

—Ahhh. Então vamos logo com esse banho.

Nos secamos e vestimos nossas roupas rapidamente.


Meus cabelos molhados são presos em uma trança.

Não tenho tempo para secá-los.

Em questão de minutos estamos no hospital.

Italo nos leva até o quarto de meu pai.

—Pai!—Corro para abraça-lo.

—Minha filha! Me perdoe. Me perdoe.—Nos abraçamos e choramos. Pedro


nos deixa a sós.—Aquele homem malvado quase conseguiu me matar. Eu
não quero mais passar por isso. Nunca mais vou te fazer sofrer.

— Não pense nisso agora. O importante é que está bem.


—E quem é aquele rapaz?—Ele aponta para Pedro que conversa com Italo
perto da porta.

—Ele é meu marido?

—Marido? Mas como, quando?

—É uma longa história.

—Querida. O médico disse que seu pai já pode ir para casa.—Pedro fala.

—Verdade? Viu papai. Já podemos te levar para casa.

Abraço e Pedro que beija minha tempora.

—Que bom que está feliz. Você fica tão bonita sorrindo meu anjo.

—Obrigada!

—E quem é você?—Meu pai pergunta.

—Meu nome é Pedro Aguirre.

—Meu Deus! Pedro filho de Antônio Aguirre?

—Sim. Por que?

—Eu trabalhei para o seu pai. Eu era mestre de obras da Aguirre construção.
Mas esse mundo é pequeno. Eu conheci você ainda garotinho.

Nossa! Por essa eu não esperava. Meu pai conheceu o pai de Pedro.
Capitulo 10

Levamos seu Márcio para casa. Ele não parava de falar durante o trajeto.
Ficou muito surpreso ao saber sobre nosso casamento.

Me contou que trabalhou com meu pai ha vinte anos.


Disse que depois da morte dos dois foi demitido e até hoje não sabe o motivo.

Perguntei sobre meu tio Gerson.


Ele falou que não o conhecia. Pois quem ficava com ele no sítio eram dois
homens. Mas meu tio nunca havia visto.

Os dois foram presos por porte ilegal de armas e por carcere privado. Mas
não abriram a boca para denunciar meu tio.

Chegamos em casa e Seu Márcio fica admirado com o tamanho dela.

—Você mora aqui?

—Sim papai. Eu moro aqui com o Pedro.

—Essa casa é muito grande.

Ele entra e olha tudo com surpresa. Posso ver que seu Márcio não é uma
pessoa ruim. O vício pode transformar as pessoas.
Vou conversar com ele. Lhe propor um tratamento. E talvez um emprego na
construtora. Ele é mestre de obras e pode ser útil.

—Felícia,este é Márcio, ele.é o pai de Daniela. Por favor leve-o até o quarto
de hospedes. Ele deve repousar.—Ele segue com ela ate o quarto.

—Meu anjo! Você está bem?

—Sim. Você é tão bom pra mim e eu não mereço.

—Você merece tudo! Eu quero te dar o melhor. Quero que se sinta amada e
cuidada. —Ela começa a chorar.
A abraço. Nunca me senti assim em relação a uma mulher.

Ve-la chorando me corta por dentro. É algo inexplicável quero protege-la.


Desejo ve-la sorrindo e sou capaz de qualquer coisa por um sorriso dela.

—Venha vamos para o quarto.

—Eu preciso te contar tudo, Pedro. Não posso mais viver com isso.—Ela
segura minha mão.—Mas seu tio não pode saber que contei.

—Vamos para o quarto.—Subimos a escada e tio Gerson está no corredor.


Daniela se encolhe imediatamente. E sinto seu medo no ar. Se ele fez alguma
coisa a ela eu mesmo vou mata-lo.

—Então, quem é o velho?—Ele pergunta sobre meu sogro.


—É o pai de Daniela! Ele vai morar aqui a partir de hoje.

—Seu pai? —Vejo que ele está furioso. Seu olhar vai Daniela e isso me deixa
irritado.

—Algum problema? Que eu saiba essa casa é minha. E posso trazer quem eu
quiser para cá.

—É claro meu sobrinho. Só fiquei surpreso. Nem sabia que o pai de sua
esposa ainda estava vivo.—Ele diz isso olhando para ela, e sinto algo
subliminar no ar.

—Agora nos de licença. Minha esposa e eu temos que descansar. Boa noite.
—Entramos no quarto. Ela senta na beirada da cama.

Nesse momento a única coisa que me importa é conseguir provas para


colocar meu tio na cadeia. Mas devo agir com cautela, pois esse escândalo
pode repercutir na empresa.

—Pedro? Tudo bem?

—Sim meu anjo. Estou bem.—A beijo e tocar em seus lábios acende o fogo
dentro de mim. A desejo como nunca desejei ninguém. Saber que fui o único
homem que a tocou tão intensamente despertou em mim um lado possessivo
que eu não conhecia.

Depois que fizemos amor. A tive em meus braços e desejei que ela nunca
mais saísse daqui.

Então Felícia bateu na porta.


E tive que sair.
Na hora do banho eu pude ver um pouco de sangue em suas coxas.

Ela era virgem e agora é toda minha.

—Ei, anjo melhore essa carinha. Seu pai está bem e seguro aqui. Confie em
mim.

—Eu confio. Eu só me entreguei a você porque confio. E te a...

—Senhor me deculpe mas Ítalo o chama no escritório.

—Obrigado Felícia. —Beijo Daniela. —Eu volto logo. Prometo.

Vou até o escritório quero resolver tudo e voltar logo para ficar com minha
esposa.

Ítalo não está com uma cara boa.

—Que cara é essa?

—Eu tenho algumas coisas pra te mostrar. Não viu minhas mensagens no seu
celular?

—Não, nem tive tempo.—Pego meu celular e vejo diversas fotografias. Meu
tio subindo a árvore que dá na varanda do quarto de Daniela.—Quando foi
isso?

—Hoje logo depois que vocês voltaram do mercado. Tem mais fotos.
Eu rolo as mensagens e vejo uma foto da janela que da pra ver nitidamente
meu tio a beijando.

—Desgraçado! —Sinto uma raiva e um ciúme incontrolável.—Eu vou mata-


lo.—Tento sair mas Ítalo não deixa.

—O que faz você acreditar que ela também não é culpada? Ela pode ser
cúmplice. E se os dois planejaram tudo isso?

—Não acredito.

—Por que? Porque ela é bonita? Mulheres bonitas também podem ser mau
caráter.

—Se você a conhecesse não diria isso. Daniela é pura. Ingênua.

—O ingênuo aqui está sendo você. Nem parece o Pedro Aguirre que
conheço. Por que não pergunta a ela o que seu tio fazia no quarto de vocês.
Deixe que ela responda e o que você decidir eu vou acatar. Se você achar que
ela é inocente eu vou acreditar. Mas faça isso pensando com a cabeça de
cima. —Ele pega o paletó que havia deixado sobre a cadeira.—Eu vou pra
casa, o dia de hoje foi cansativo.

—Tenho que te agradecer, meu amigo.

—Sabe que pode contar comigo. E tome cuidado. Seu tio é perigoso.

Ítalo vai para casa.


Fico ali no escritório. Bebo um pouco de tequila.
Olho mais uma vez a fotos.
Meu peito dói de tanta raiva. Daniela não pode ter me enganado.
Ela era virgem.
Isso não tem como inventar.

Pego a garrafa e começo a beber no gargalo.


Ela poderia ter sido tão cínica?

Mas a virgindade foi real.


A entrega dela foi real.
Isso não dá para fingir.

E se tudo isso fizer parte do plano? Ela se manter virgem para mim. E depois
se entregar ao meu tio?

Eles devem ter planejado isso.


Mas meu tio achava que eu iria morrer.
Talvez eles tenham mudado seus planos assim que acordei.

Eu vou enlouquecer com tudo isso.


Por que eu tinha que me apaixonar por ela.
Um mentirosa.
Mas eu quero a verdade?
A mentira é muito mais doce e gostosa.

Eu não posso continuar assim.


Vou beber outro gole, mas percebo a garrafa vazia. Fiquei por aqui durante
horas. Sem coragem de olhar em seus olhos e descobrir que ela me engana.

Não quero saber a verdade.


Prefiro viver sabendo que ela mente pra mim, a perde-la.

Daniela é minha. E já que aceitou fazer parte de tudo isso. Agora vai ser
obrigada a me amar.

Desta vez não serei tão carinhoso. Ela vai conhecer o pior de mim.

E meu tio nunca mais tocará em seu corpo. E terá que conviver com o fato de
que ela dorme todas as noites em minha cama e fazemos sexo
apaixonadamente.

Subo a escada tropeçando nos degraus. E a raiva latente em meu peito.

Quero faze-la sofrer por me enganar. Quero que doa nela tanto quanto está
doendo em mim.

Abro a porta do quarto e ela está na janela olhado para o jardim.

Daniela usa uma camisola, e por causa da luz da lua, consigo ver a silhueta
de seu belo corpo.

Ela se vira para mim e sorri.

—Pedro, que bom que chegou. Fiquei esperando você voltar. Temos um
assunto pendente.—Ando até ela e a tomo em um beijo avassalador.
Reinvidicando o seu corpo que agora e pertence. Tudo nela me pertence.

Arranco sua camisola, e a deixo somente de calcinha.

Daniela tem o corpo perfeito para o sexo. E é isso que faremos agora, sexo.
Seguro um de seus seios com a mao e exploro o outro com a boca.

—Pedro... O que...

Não sou carinhoso, sou voraz. Quero aplacar esse desejo que sinto por ela.

Ela ofega, e geme baixinho com minhas carícias.

—Você é tão bonita. Eu te quero. —Tomo sua boca mais um vez em um


beijo possessivo.—Vou foder você a noite toda. Você quer isso? Quer que eu
te foda Daniela?—Ela apenas balança a cabeça afirmativamente.

A levo para a cama e a deito de bruços.

—Fique de quatro para mim. —Ela me obedece.—Toco em sua boceta que


está molhada e pronta para mim. Retiro minha roupa e a penetro em apenas
uma estocada.

Ela geme, seguro seus quadris e estoco com força. Ouvindo o barulho de
minha pelvis batendo em sua bunda.

Quero castiga-la. Nao terá meus carinhos. Somente sexo selvagem, cru. Isso é
tudo o que terá de mim.
—É disso que você gosta? Safada. —Acerto um tapa em sua nádega. A fodo
com ganas e desespero.

Desconto a minha raiva nesse ato de prazer. Como ela pode me enganar?
Como fui tolo.

Seguro em seus cabelos e falo em seu ouvido.

—Acho que agora eu te dei o que você queria.


Gozo.
E saio para o meu quarto sem nem ao menos olhar para trás.

Assim que fecho a porta a ouço chorar.


E é como ferro em brasa queimando meu peito.

Vou até o banheiro. Me sento no chão e choro.


Por ter sido enganado, pelo seu jeito meigo.
Pelos seus olhos escuros com ar angelical.

Ela me enganou direitinho mas vai se arrepender de ter feito isso. E meu tio
também.

Vou provar que ele armou esse casamento falso. E vou colocar os três na
cadeia.
Gerson, Márcio e Daniela.

São sete da manhã. Me visto e vou direto para o escritório.


Tenho uma reunião muito importante.
Para fechar um contrato milionário na serra.

Um empreendimento luxuoso. Que vai ser muito lucrativo para a empresa.


No dia do meu acidente eu estava indo fechar esse contrato.

O cliente ainda não desistiu de realizar a construção conosco.

Um conjunto de sete prédios. Formando um condomínio de luxo.


O terreno bem localizado. E em um lugar muito valorizado.

A nossa empresa ficaria com quarenta por cento das unidades. A proposta é
irrecusável.

Fecho o negócio e Ítalo vem falar comigo.

—Soube que fechou um negócio de milhões de dólares essa manhã.

—Sim.

—E por que está com essa cara?

—Estou com dor de cabeça.

—E por que não vai para casa? Você nunca ficou aqui quando se sentia mal.

—Não quero ve-la. Prefiro ficar por aqui. Ainda não posso acreditar no que
ela foi capaz de fazer.
— Você perguntou a ela?

—Pra que? Pra a ouvir mais mentiras?

—Hoje pela manhã, fui até o cartorio onde supostamente seu casamento teria
sido realizado. E advinha só.
O Juiz de paz que o realizou se aposentou, e está viajando. Até agora ainda
não descobri para onde ele foi.
Não é muita coincidência?

—Droga! Tudo foi muito bem planejado. Meu tio não deixaria nada para o
pegarem, ele é esperto.

—Não existe crime perfeito. E eu vou descobrir toda a verdade. Se você


conseguisse uma confissão dela ou do pai. Poderíamos usar também como
prova.

—Eu vou tentar. Mas para mim é muito difícil.

—Você se apaixonou por ela?

—Não vou negar. Eu me apaixonei por ela sim. Mas agora todo esse
sentimento se transformou em ódio. E ela vai conhecer um lado meu que
nunca viu.

—Não exagere. Lembre-se toda história tem dois lados. E a vingança pode
machucar mais você de que ela, meu amigo.
Vou para casa já são dez horas da noite.

Entro direto para o meu quarto. Depois de um banho demorado e dois


analgésicos eu caio exausto na cama.

Nem mesmo vou até o quarto de Daniela. E isso se seguiu por quinze dias.

Até que ouço a voz do meu tio e vou ouvir a conversa.

Eu havia saído e esqueci minha carteira.

—Já te falei! Você vai ser minha Daniela. Ou a denunciarei a polícia.—Meu


tio a ameaça.

—Eu não posso me entregar a você! Me denuncie! Faça isso logo de uma
vez. Talvez assim esse inferno acabe.—Ela fala com voz embargada. —Eu
nunca serei sua, nunca!

—Sua vadia. Eu te disse para não se apaixonar por ele. Há quanto tempo ele
nem sequer fala com você? Acha que não te vejo triste pelos cantos. Você
fala com seu pai alegremente. Para que ele não desconfie da sua tristeza mas
eu já te vi por várias vezes chorando na varanda.—Agora ele muda o tom de
voz.—Se você fosse minha mulher, eu trataria como uma rainha. Eu disse pra
você que assim que ele conseguisse o que queria de você Daniela, você não
teria mais nenhum valor. Seria igual a todas as outras...

—Pare! Vá embora.

—Eu vou. Mas lembre-se, Pedro nunca vai te amar como eu te amo!
Silêncio.

Não ouço nada por alguns segundos e então ela começa a chorar baixinho.

E agora?

Não sei o que pensar. E se ela for inocente? E se a maltratei por um engano?

Daniela não vai me perdoar. Talvez eu a tenha perdido para sempre.


Que dilema.
Não posso correr o risco de ser enganado novamente. Pois não consigo
resistir a ela.
Mas também não aguento saber que ela sofre.

Ahhhhh! Meu peito aperta com essa dúvida que me dilacera por dentro.

Não resisto e vou ate o quarto dela.

—Daniela?
Ela está sentada na poltrona perto da janela. E olha surpresa pra mim.

—Pedro?
Capitulo 11

Tomo um susto ao ver Pedro em meu quarto.

—O que faz aqui? Depois de tantos dias lembrou que ainda moro aqui?—Sou
sarcástica.—Ah não, você não esqueceu já que deixou ordens com os
seguranças para não me deixarem sair.

—Temos que conversar.—Ele anda vagarosamente ate onde estou. Não


consigo nem mesmo olhar para ele. Depois da última vez que estivemos
juntos e ele me humilhou. Olho pela janela e está relampejando. Uma
tempestade se forma. Mas tenho certeza que nada comparada a tempestade
que se forma dentro de mim.

—O que você quer? Me humilhar novamente? Me tratar como lixo? Porque


foi isso o que você fez.—Droga não consigo segurar minhas lágrimas.—Sabe
como me senti? Quando você entrou aqui bêbado, me usou e depois virou as
costas pra mim?

—Eu sinto muito Daniela, eu...

—Não Pedro, você não sente. Quinze dias, foi que levou para você vir aqui
novamente. Quinze dias de indiferença.—Me viro novamente para a janela.
Não quero que ele me veja chorar. O sinto tocar em meu ombro e o afasto.—
Não toque em mim. Eu quero que você me dê o divórcio.
—Pra que? Pra você ficar com meu tio?—Seus olhos faiscam de raiva.

—O quê? Do que está falando?

—Chega de mentiras Daniela! Já sei toda a verdade. Sei a trama que você e
meu tio armaram para tirar meu dinheiro. —Ele segura meu braço.—Você
não se verá livre de mim entendeu? Você quis esse casamento. Agora será
minha esposa até quando eu quiser.

—Nao! Eu não serei seu brinquedo. Tenho sentimentos. E sonhos. Não vou
me submeter a você, nem a ninguém. E se você sabe toda a verdade vai logo
e diz a polícia. Com certeza ir para a prisão é melhor que viver esse inferno!

Me solto de suas mãos e saio correndo. Desço a escada, com minha visão
embaçada pelas lágrimas. Abro a porta e saio na chuva sem rumo.

—Daniela! Daniela! Volte aqui!—Pedro corre atrás de mim.

—Me deixe em paz! —Continuo correndo sem rumo. Esse lugar é enorme.
Nem faço ideia de pra onde ir. A chuva fica mais forte. Os relâmpagos
claream a noite, e só assim consigo ver onde piso.

Mas em um momento piso em um buraco e acabo caindo na lama.


E choro de raiva, por não conseguir sair daqui.

—Você está bem?

—Não me toque! Eu quero morrer! Não aguento mais isso! Me deixe sair
daqui. Por favor.
—Vem eu te ajudo a levantar.

—Ja disse pra não me tocar! — Acerto um tapa em sua mão.

—Daniela, deixe de ser teimosa! Vai acabar ficando doente.

—Isso seria bom. Assim talvez eu morresse e você não teria que conviver
comigo nem eu com você. —Ele me ergue nos braços. Estou tremendo de
frio.

—Vou levar você pra casa.

Pedro sobe a escada comigo em seus braços. E me leva para o seu quarto.

—Por que estamos aqui?—Pergunto tremendo da cabeça aos pés e meu corpo
coberto de lama.

—Temos que conversar. Mas antes você precisa de um banho quente. Tire
essas roupas.—Me encolho.—Se você não tirar eu tiro.

—Eu tiro. Mas não quero que me veja.—Ele vira para o outro lado.

—Entre no banheiro e tome um banho. Depois conversamos.

Faço o que ele me pede. Depois saio usando o seu roupão, que fica grande em
mim.

Pedro me espera, usando um roupão também.


—Está mais calma?

—Sim.

—Sente-se. Felícia trouxe um chá. Beba.—Me sento. Mas ainda não consigo
olhar para ele. Sei que se olhar vou chorar ele me magoou muito.

—Agora, chegou a hora de me contar toda a verdade. Chega de mentiras.

—Eu já teria contado naquele dia que... Deixa pra lá. Eu queria te contar a
verdade, mas você não deixou.

—Bem, agora estou aqui disposto a te ouvir.

—Como eu já havia te dito, meu pai é viciado em jogo. E um dia eu cheguei


em casa e descobri que ele a perdeu em uma aposta. A casa que eu paguei.
Mas estava no nome dele. Pois ele fez o financiamento. Depois uns homens
foram cobrar uma dívida de cem mil reais. Sabe quanto tempo eu levaria para
juntar esse dinheiro com o meu salário de caixa de supermercado?—Pedro
apenas me ouve atentamente. Não esboça sequer um movimento.—Eu fui até
o lugar onde meu pai devia os cem mil. O dono do lugar se chama Simão. E
ele me ameaçou. Disse que se eu não pagasse a dívida, mataria meu pai e
depois me usaria como sua prostituta particular e quando enjoasse de mim, eu
ganharia dinheiro dançando em sua boate. Fiquei apavorada.

—E onde meu tio entra nessa história toda?

—Eu saí desnorteada daquele lugar. E ele estava em um carro. Me propôs


que eu me casasse com você, ele jurou que você já estava desenganado e que
nunca mais acordaria. Eu estava tão desesperada que acabei aceitando.
Eu fui ao hospital, e te conheci. Fiquei muito triste por você, tão jovem e tão
bonito. Ele fez toda a parte dos documentos eu assinei uma certidão de
casamento, tirei algumas fotografias vestida de noiva. E só tinha que ficar
com você algumas horas no hospital.

—Como pôde? Você cometeu um crime!—Ele levanta e anda de um lado


para outro.

—Eu não sabia o que fazer para me livrar das ameaças de Simão. E seu tio
me disse que não haveria envolvimento nenhum entre nós, já que você estava
morrendo.

—Como ele foi capaz?

—Eu lia para você todas as noites. E uma dessas noites seu tio me disse que
eu deveria assinar os documentos para desligar os aparelhos. Eu fiquei muito
mal. Ele me disse que o mundo se livraria de um déspota. Que você era um
tirano. Era mau e egoísta. Mas ainda assim eu não queria fazer aquilo.—Me
aproximo dele.—Eu cheguei bem pertinho e pedi que você voltasse. Então
você acordou. E desde esse momento eu vivo com medo de que você
descubra tudo e me mande para a cadeia.

—Seu pai está envolvido nisso?

—Não! Ele não sabe de nada. Até hoje ele pensa que estamos casados e
apaixonados.—Tenho vergonha de olhar em seus olhos.—O que vai
acontecer comigo? Agora que sabe a verdade vai me mandar para a cadeia?

Ele me olha e sinto meu peito gelar. O amo, mas sei que ele me odeia. E
nunca mais vai confiar em mim.
—Não, eu não vou mandar você para a cadeia. Eu fechei um negócio
milionário para a construtora. E um escândalo como esse seria prejudicial
para os meus negócios.

—Então vamos continuar casados?

—Daniela eu sou um homem inteligente. Sabia que tudo era mentira. Só


queria ouvir a verdade da sua boca. Acredito em você. Mas ainda tem mais
coisa. Me conte tudo. —Respiro fundo e me afasto.

—Seu tio está obcecado por mim. Ele agora fica me ameaçando. Diz que se
eu não ficar com ele vai me denunciar.

—Você e ele já...

—Não, você foi o único. Eu tenho nojo dele. Nunca poderia me entregar a
ele.

—Vem cá!—Ele abre os braços.—Não tenha medo.

Com um pouco de receio me aproximo. Pedro olha em meus olhos. Passa a


ponta dos dedos por meu rosto.

—Quero que fique tranquila. Não vou denunciar você. Meu anjo. Mas não
pode mais haver segredos entre nós. Quero que me prometa me contar
qualquer coisa que acontecer. Pode fazer isso?

—Sim.
—Ótimo. —Ele me beija. Mas lembro da última vez que estivemos juntos e
me afasto.

—Por favor, não. Não vou suportar ser usada. Não me magoe mais.

—Me perdoe, eu não quis te tratar daquele jeito. Mas fiquei furioso ao
descobrir que meu tio te beijou. Meu ciúme me cegou. —Ele me beija
novamente. E desta vez não resisto e me entrego a esse beijo. Diferente e
cheio de ternura.

—Ele me forçou, eu não quis beija-lo.

—Eu acredito em você.

Seus beijos passeiam por meu pescoço e ombros. Retirando o roupão que cai
aos meus pés.

Estou fora de mim. Não sou dona de mim, mas Pedro comanda tudo em meu
corpo. Até mesmo as batidas de meu coração são ritmadas por seu toque.

Eu até queria resistir, mas não posso. Meu corpo anseia por seu toque.

—Me perdoe! Eu nunca deveria ter feito aquilo com você!—Pedro beija cada
pedacinho do meu rosto.—Vou te mostrar agora como você deve ser amada.
—Me ergue em seus braços e me leva para a cama deixando-me
delicadamente sobre ela.

Suas mãos deslizam suavemente sobre minha pele,

—Eu amo sua pele macia, cada uma de suas sardas. —Seus olhos passeiam
por meu corpo. —Tão linda.

Pedro retira seu roupão, e posso ver o quanto me deseja.


Sua ereção em riste me mostra o quanto ele me quer.

Paira sobre mim e apóia seu peso nos braços. Abro minhas pernas para
acomoda-lo melhor.

Ele explora minha boca em um beijo ardente, e sensual com sua língua
invadindo minha boca roubando todo meu ar.

O abraço e acariciou suas costas, esse calor crescente dentro de mim, que só
vai apaziguar com o seu toque, acelera meu coração e me deixa tonta.

—Pedro! Por favor. —Estou implorando para que ele faça amor comigo.

—Calma, anjo. Ainda estamos começando. —Ele começa a sua tortura de


beijos quentes por meu pescoço e colo. Suas mãos apertando meus seios me
causando arrepios.

Mais baixo sua boca está sugando um mamilo e solto um gemido alto.

Me contorso sob seu corpo. E Pedro sabe que essa tortura excitante está me
deixando fora de mim.

Suas mãos agora passeiam por meu ventre me causando arrepios.


Encaixa seus dedos no elástico da minha calcinha a retirando enquanto beija
minhas coxas.
—Eu te quero tanto! — Ele me beija intimamente. E sei que vou sentir
novamente aquelas sensações do outro dia.

Explora cada cantinho, com sua língua. Lambendo e sugando até que não
vejo mais nada. Apenas sinto.

Sinto aquele calor e a onda de eletricidade que percorre minha espinha até
meu clitóris.

Estou ofegante e Pedro me toma em um beijo que termina de roubar meu


fôlego.
Me penetra e me ama apaixonadamente.

Suas estocadas potentes me mostrando o quanto me quer.


Me entrego a esse momento, pois o amanhã não é certo. Quero tudo dele.
Nossos gemidos e respiração ofegante são a trilha sonora desse ato tão
apaixonado.
Nosso corpos suados e exaustos do prazer final, mas ainda unidos nos dão
uma dimensão do que sentimos agora.
Não quero que isso acabe. Eu o amo.

E talvez isso venha a ser a minha perdição. Mas quero me perder.

Ele me olha intensamente com seus olhos azuis lindos, e me beija.


Juntos encontramos o clímax e é mágico. Saber que ele sente neste momento
o mesmo que eu. Essa necessidade de estar junto.
Satisfazer essa fome, esse desejo que não se sacia com pouco, ou nem mesmo
com muito.
Pedro rola para o meu lado e me leva com ele. Me mantendo bem junto ao
seu corpo. Beijando o topo de minha cabeça.
Posso.ouvir seu coração batendo acelerado assim como o meu.

—Vai ser sempre assim?

—Assim como anjo?

—Essa paixão avassaladora, essa gana de ter você. Esse desejo que não
consigo saciar. —Pedro ergue a cabeça e me encara.

—Eu não sei. Mas nunca me senti assim com ninguém. Quanto mais te
tenho, mais te quero.—Me beija.

—E o que vai acontecer com a gente? Agora que você sabe que não somos
casados de verdade.

—Por enquanto para todos os efeitos continuamos casados. Um escândalo


como esse poria minha empresa a baixo. Não posso permitir. Tenho que
pensar com muita cautela em como agir.

—Mas seu tio...

—Ele não pode saber que você me contou tudo. Isso o deixaria de sobreaviso.

—Mas quando a verdade vier a tona. Eu vou para a cadeia.

—Eu nunca vou permitir. —Pedro me abraça. —Isso eu prometo. E eu


costumo cumprir minhas promessas. Você e seu pai estão seguros aqui
comigo. Durma. Pois eu estarei aqui ao seu lado quando acordar.

Ele me beija e agora sim posso respirar tranquila. Pedro sabe a verdade. E
prometeu cuidar de mim.

Não preciso mais ficar com medo do que Gerson vai fazer comigo ou com
meu pai.
O que me importa é saber que finalmente encontrei meu lar.
E estou repousando em seus braços neste momento.
Capitulo 12

Daniela dorme enquanto eu não consigo pregar os olhos.

Como meu tio foi capaz de tramar tudo isso?


Minha mãe o acolheu em sua casa, ele era bem mais novo que ela. E ela o
tratava como um filho.

Mas se as suspeitas de Ítalo estiverem certas, ele não tem sentimentos.


Matar a própria irmã.

Eu ainda lembro daquele dia. Eu tinha oito anos. Mas nunca esqueci.
A viagem estava planejada para sairmos bem cedinho. Papai gostava de
dirigir.
Eles queriam passar um final de semana em nossa casa de campo.
Eu também iria mas eu não passei em uma prova e papai me deixou de
castigo.

Felícia estava responsável por cuidar de mim.

Eram quase nove horas da manhã quando um policial apareceu e avisou meu
tio sobre o acidente.

Eu ouvi ele falar e comecei a chorar.

Meu tio ficou surpreso por saber que eu não fui com eles.

As lembranças daquele dia ainda me perturbam.


Um mês depois meu tio me enviou para um colégio interno e ficou
responsável pelos negócios da família.

Olho mais uma vez para o meu anjo. E eu não sou idiota de não entende-la.
Ela estava desesperada. E na situação em que ela se encontrava. Ela não teve
escolha.

Retiro uma mecha de cabelos que está cobrindo seu rosto.


Beijo-lhe levemente a bochecha.
Levanto e vou até a janela.

E se meu tio tentar alguma coisa contra ela?


Tenho que protege-la.
Talvez alguns dias na casa de campo sejam bons.
Vou levar seu Márcio para conhecer o lugar onde eu fui tão feliz na minha
infância.

E passar um tempo com Daniela vai ser bom.


Vou instruir Ítalo para reforçar a segurança.

Mas antes preciso acertar as contas com meu tio.


Porém tenho que fazer isso sem causar nenhum escândalo.

Sinto duas mãos delicadas tocando minhas costas.

—Perdeu o sono?—Ela recosta a cabeça em minhas costas abraçando-me.

—Pensando! São muitas coisas para resolver. Não posso tomar nenhuma
decisão precipitada. Pois a empresa se encontra em um momento delicado.

—Você teme que seu tio cause um escândalo. Manchando a credibilidade da


sua empresa, não é?—Me viro e olho nos olhos.

—Eu não temo por mim. Mas muitas famílias dependem dos nossos
negócios.

—Eu sinto muito. Não achei que isso seria tão complexo. Eu realmente achei
que você não sobreviveria. Mas estou feliz que você esteja aqui comigo.—
Ela me beija ternamente.

—Sabe, eu também estou feliz de estar aqui. O meu tio não sabe, mas ele me
fez um favor escolhendo você pra mim.—Agora sou eu que a beijo.—Vamos
dormir o amanhã deixamos para amanhã.
Dormimos aconchegados um ao outro.
Mas bem cedinho já estou de pé.

Tomo um banho e me visto.

—Nossa, você já está pronto!

—Tenho uma reunião importante. Depois de hoje vamos passar uns dias na
casa de campo. Vamos nos afastar um pouco da correria da cidade grande.
Vai ser bom pra gente.

—Mas o meu pai, ele...

—Calma anjo. Seu pai vai com a gente. Acho que ele vai gostar de lá.—A
beijo.—Dorme mais um pouco ainda tá cedo. Até mais tarde.—A beijo e vou
até a porta. Antes de abrir, Daniela vem correndo, me abraça e me beija mais
uma vez. Adimiro seu corpo coberto pela camisola fina, ela é perfeita.

—Vou sentir saudade.

—Eu também.—Abro a porta. E dou de cara com meu tio.

—Parece que o casal finalmente se entendeu.—Ele é sarcástico.

—É tio, tenho uma coisa a dizer. Estou muito feliz com a esposa que você
escolheu para mim. Acho que vou ficar com ela.—Daniela se esconde atrás
de mim.
—Não entendi.—Ele parece confuso.

—Quero que saiba que Daniela e eu não poderíamos estar mais apaixonados.
Tanto que vamos sair em lua de mel. E quando eu voltar não quero mais te
ver aqui.

—Mas meu sobrinho eu...

—Quero você fora da minha casa! —Me viro para Daniela.—Volte a dormir
amor.—A beijo e ela fecha a porta do quarto.—Se você ainda estiver aqui
quando eu voltar, te expulso a ponta pés. Você não coloca mais os pés na
empresa. —Chego bem perto e falo entredentes.— Você não é mais bem
vindo lá. Já que é apenas um peso morto.
Não se preocupe, em honra a memória de minha mãe você vai receber
dinheiro suficiente para sobreviver.

—Meu sobrinho eu não sei o que andaram te falando, mas eu sempre cuidei
de você. Quando seus pais morreram eu...

—Você me mandou para um internato. Se livrou de mim o mais rápido que


pode. Não venha bancando o bom samaritano. Como eu não vi antes? Eu
sempre fui um peso, um estorvo para você.

—Eu sempre tive você como a filho.

—Só que eu não sou seu filho. Só faça o que eu disse. Saia. Dessa. Casa.—
Sou pontual. Não quero me demorar, falar com ele me dá asco.—E se
prepare, pois assim que eu encontrar o juiz de paz. Você vai para a cadeia.E
se eu provar aquele desfalque, você não vai receber nem o mínimo para
sobreviver.
—Eu não sei o que andaram inventando. Mas tome cuidado com sua
esposinha. Pois do mesmo jeito que ela esteve na sua cama ontem, ela já
esteve na minha muitas vezes.—Ouvir ele falar assim de Daniela me deixa
cego de raiva e ciúmes. Vou pra cima dele, e o acerto com um soco.

—Nunca mais invente isso dela!

—Você acha que ela te ama? Mas do mesmo jeito que ela te seduziu ela fez
comigo. Foi tudo idéia dela. E eu apaixonado que estava acabei aceitando
tudo. A culpada é ela...—Agora me jogo sobre ele e rolamos no chão entre
socos.

—Oh, meu Deus Pedro! —Daniela sai do quarto e fica apavorada com a
nossa briga.

—Seu maldito! Diga que é mentira! Diga!—Estou sobre ele e lhe acerto mais
um soco. Seus lábios estão cortados e sangrando.

—Não estou mentindo!—Ele limpa a boca.— Essa vadia me seduziu. Foi


tudo um plano dela com o pai. Eles estavam devendo muito dinheiro. Ela é
amiga da enfermeira que cuidou de você. E ficou sabendo da sua condição.
Ela estava no hospital e veio com uma conversa de ter pena de você. E me
enganou. Não deixe que ela te engane.—Acerto mais um soco.

—É mentira dele, Pedro. Eu já contei a verdade pra você. Seu tio é um


mentiroso. Você é louco Gerson? Por que está fazendo isso comigo?—
Daniela tenta se defender.

—Sua vadia! Você disse que não poderíamos ficar juntos. Que a sua primeira
vez deveria ser com Pedro. Assim seria mais fácil dele acreditar em você.—
Como meu tio sabia que ela era virgem? Olho para Daniela incrédulo.—Ela
disse que para você acreditar nela, só poderíamos ficar juntos depois que
você ficasse com ela. Eu não queria aceitar. Mas ela prometeu que seria
somente para você acreditar nela. Eu fiquei louco de ciúmes. Mas ela me
convenceu a aceitar.

—Pare de mentir! Pedro, isso é mentira.


—Ela percebe que estou em choque e cheio de dúvidas.—Lembre-se do que
você me prometeu. Não duvide de mim meu amor!—Ela se aproxima. Mas
me afasto.

—Ela fez você prometer que a protegeria não foi? Mas saiba que antes de
estar com você. Estivemos juntos. Ela foi minha e ela gritou de prazer em
meus braços ...

—Isso é mentira! Seu maldito!—Daniela parte pra cima de meu tio, e lhe
acerta vários socos e tapas. A seguro e ela está atordoada.—Eu odeio você,
eu vou te matar, desgraçado!

—Ficou assim porque eu te desmascarei. Você é uma mentirosa, me enganou


direitinho com esse jeitinho meigo. E suas carícias na cama.

—Sai daqui!—Grito com meu tio.— Vai embora! Quero você fora daqui
ainda hoje.—Entro no quarto com Daniela.

—Meu amor, você não acreditou nele, não é?

—Eu não sei o que pensar. Tenho uma reunião importante e já estou atrasado.
Conversamos depois.—Ela me abraça.

—Por favor, acredite em mim. Eu falei a verdade! Eu juro! Ele está


inventando tudo isso. Nunca estive com ele.—Daniela chora muito. E se
agarra a mim.

—Daniela por favor, eu preciso me arrumar. Depois nos falamos.—Me


desvencilho de seus braços e vou para o banheiro.

Lavo meu rosto e olhando para minha imagem no espelho, me pergunto o que
fiz para estar passando por tudo isso?

Eu quero acreditar nela, mas essa sementinha, da desconfiança que meu tio
plantou ja começou a brotar.

—Droga!—Acerto um soco quebrando o espelho e acabo machucando minha


mão.

Ela já mentiu antes, o que impediria de fazer novamente?


Não sei o que pensar.
Meu tio não presta, mas também não conheço Daniela o suficiente para saber
de sua índole.

E se meu tio estiver dizendo a verdade? Só de imaginar ela em seus braços,


gemendo de prazer. Fico furioso.

Não isso seria muito cruel. Ela não seria capaz.


E se ela estiver falando a verdade deve estar muito magoada comigo.

Meu Deus! Não sei em quem acreditar!


Até quando vou aguentar viver assim?
Se meu tio estiver falando a verdade perdi Daniela.
E se ela estiver falando a verdade a perdi também. Pois não acreditei nela.

Não tem saída.


Estou entre a cruz e a espada.
Em uma encruzilhada sem saber para onde ir.

Prefiro acreditar nela. É mais fácil.


Mas se for mentira o que vivemos, não quero a verdade.

Prefiro viver sabendo que ela mente pra mim. A descobrir essa verdade
amarga e dolorosa.

Enfaixo minha mão e saio.


Daniela está sentada na beirada da cama.

—Pedro me ouça por favor, amor acredita em mim.—Seus olhos estão


vermelhos e inchados de tanto chorar.

—Conversamos depois.—Saio e pego minha maleta que ficou caída no chão.


Ligo para Ítalo.

—Alô?

—Quero você em meu escritório em uma hora. Precisamos conversar.

—Tudo bem!—Desligo e vou para o heliponto.


Depois de uma reunião que demorou mais do que eu queria.
Entro no escritório e Ítalo está me esperando.

—Bom dia! Que cara é essa?

—Cara! Minha vida se tornou um inferno. Não sei mais o que pensar.

—Tem a ver com a briga de hoje de manhã?

—Como sabe disso?

—Esqueceu que sou o responsável por sua segurança? Eu sei tudo ou quase
tudo o que acontece naquela casa.—Ele se serve de um pouco de café.

—Meu tio e eu tivemos uma briga. Eu pedi que ele saísse de minha casa.Eu
falei que descobri tudo.Não deveria mas ver ele fazendo aquela cara de cínico
me deixou irado e joguei tudo na cara dele, e ainda o expulsei da minha casa.

—E ele obviamente não aceitou. Você deveria ter agido com cautela.

— Eu sei. O pior foram as coisas que ele falou sobre Daniela. Não posso
acreditar que sejam verdade.

—Mas também podem ser verdade! E essa dúvida está te matando.

—Sim. —Me jogo em minha cadeira. —Estou vivendo um inferno. Não sei o
que pensar. Não sei em quem acreditar. Meu tio é um mal caráter, mas isso
não isenta Daniela de estar me enganando. E isso está me matando.
—Eu acho que você deve observa-la mais um pouco. Que o seu tio planejou
tudo isso já sabemos. Agora é saber se ela está com ele.

—Ela era virgem.

—O que?

—Daniela era virgem. E ele sabia disso. Jogou na minha cara na hora da
briga. Disse que ela planejou tudo. Que planejou perder a virgindade comigo,
assim seria mais fácil de me enganar. Depois os dois ficaram juntos. Só de
imaginar os dois rindo de mim sinto uma raiva tão grande. — Esqueço que
minha mão está machucada e dou um soco na mesa.—Droga!

—Voce deve resolver isso logo. Já imaginou o escândalo que vai ser se a
imprensa souber?

—Acha que já não pensei nisso? Não sei o que fazer. Meu tio não vai deixar
barato e pode pôr muita coisa a perder. Eu descobri um desfalque e tenho que
descobrir como isso aconteceu. Sem fazer alarde. Se esse negócio com os
alemães for cancelado. A empresa não se recupera.

—Eu tenho a pessoa certa para investigar isso. Deixa comigo. Você deveria ir
para casa, cuidar desse machucado.

—Eu vou viajar por alguns dias. Vou levar Daniela para a casa de campo. Lá
eu vou fazer ela me contar a verdade.

—Você acha uma boa idéia?

—É como diz o ditado mantenha os amigos por perto, e os inimigos mais


perto ainda. Vamos ver como ela se comporta longe do meu tio. Eu vou
descobrir tudo. Ainda que eu saia machucado. Tenho que saber logo a
verdade ou vou acabar enlouquecendo.

Capitulo 13

Meu Deus! Pedro não pode ter acreditado no que Gerson falou!
Eu contei toda a verdade, ele tinha acreditado e agora ele pensa que me
entreguei para aquele demônio.

O que eu vou fazer?


Se ele não acreditar em mim, vai acabar me colocando na cadeia?

Eu ainda sou jovem, mas meu pai? Ele já está com quase sessenta anos.
Ele é vinte anos mais velho que minha mãe. Talvez seja por isso que ela o
deixou.
A diferença de idade deve ter atrapalhado o relacionamento.
E agora aos 58 anos ele mal pode trabalhar.

Eu não posso permitir que ele vá para a cadeia.


Se Pedro não acreditar em mim, eu assumo toda a culpa.

Não sei o que será de mim de agora em diante.


Meu mundo desmoronou outra vez.

E eu que fui tão feliz na noite passada estou aqui em pedaços.


Destruída pelo homem que amo.
Ele me pediu para confiar nele e não confiou em mim.

Eu nunca vou esquecer o olhar dele pra mim.

Ele me olhou como se eu fosse asqueirosa. O nojo e a repudia que vi em seus


olhos ficará gravado para sempre em mimha mente.

Talvez eu devesse ir embora.


Acabar logo com isso.
Essa ilusão de que um dia seremos felizes.

O que começa errado termina errado.


Ele nunca vai confiar em mim.
Eu menti, e me aproveitei dele. Inventei uma história que nunca existiu.

Eu não suportarei ver ele me olhar assim outra vez.


Pedro é o único para mim.
Eu o amo! O amo loucamente.

Me deito na cama e enrolada nos lençóis e choro. Choro muito.

Por tudo aquilo que poderia ser, mas não será.


Odeio Gerson com todas as minhas forças. Queria que ele morresse.
Só assim vai nos deixar em paz.

Ouço batidas na porta.

-Filha sou eu!

-Entre pai.-Ele entra. E já notou que estive chorando.

-Minha filha o que aconteceu? Que briga foi aquela? Eu cheguei no final mas
pude ver que Pedro e o tio brigavam por causa de você.O tal Gerson passou
furioso. Mas nem olhou pra mim.

-Ah papai! Estou tão triste!-Ele senta na cama e eu deito minha cabeça em
seu colo.-Vou contar tudo o que aconteceu.

Conto para ele desde o início de tudo quando Gerson me fez a proposta até a
manhã de hoje onde os dois brigaram.

-Meu Deus! A culpa é minha. Esse maldito vício. Eu estava tão bem. Já não
jogava há quase um ano. Mas esse dia um homem chegou lá na construção. E
convidou os rapazes para beber. Ele já tinha ido la por algumas vezes. Fomos
a um bar e bebemos. Achei que seria o mesmo lugar. Mas fui parar naquele
lugar.-Ele levanta e passa as mãos no rosto.-Era pra ser um jogo só de
brincadeira. Mas aí esse homem começou a me instigar e começamos a
apostar. Eu ganhei no início. Mas depois foi uma perda atrás da outra e eu
não consegui parar.

-Que homem é esse pai?

-Eu nunca o tinha visto. Mas ele começou a frequentar a construção.Andava


sempre bem vestido. E falava com o mestre de obras.

-Me diz uma coisa. A empreiteira que está construindo aquele Centro de
eventos esta fazendo o trabalho pra Aguirre construtora não está?

-Não sei.

-Eu preciso descobrir. Me diz outra coisa. O senhor já viu o tio de Pedro, o
Gerson?

-Hoje na hora da briga. Mas nao vi o seu rosto. Nem sabia que ele morava
aqui, até hoje que teve a briga. Mas quando cheguei aqui ele já estava saindo.
Por que?

-Nada só uma coisa que estou pensando. -Se eu estiver certa. Gerson planejou
isso desde o início. Até mesmo já tinha me escolhido para fazer parte dos
seus planos.

-Mas filha e agora o seu marido está achando que você mentiu? O que vai
fazer?

-Vou provar pra ele que estou dizendo a verdade. Pai eu amo o Pedro. Mas
será minha última tentativa. Se ele não acreditar em mim. Eu vou embora,
nós vamos embora.
-Mas vamos pra onde? O Simão vai acabar nos encontrando. E vai te levar
pra aquele lugar horrível.

-Vamos dar um jeito.-Nos abraçamos.-Pedro entra no quarto.

-Que bom que encontrei vocês juntos. Arrumem suas coisas vamos passar
uns dias na casa de campo.-É tudo o que diz e sai do quarto.

-Vai pai, arruma as suas coisas. É a oportunidade que eu queria. Longe daqui,
longe desse tio malvado. Vamos, talvez ainda haja uma chance.-Meu pai sai
correndo e em meu coração surge um pouquinho de esperança. Talvez ainda
não esteja tudo perdido.
arrumo minhas roupas e espero Pedro voltar.

Ítalo entra no quarto.

-Olá, Daniela.

-Olá, Italo.

-Vou levar suas malas. Pedro espera por você e seu pai no carro.

-Obrigada.

Encontro papai no corredor e seguimos até o carro. Pedro já está la. Ele fala
ao telefone. Nem ao menos olha para mim.
Sento no banco de trás com meu pai.
Seguimos viagem e sou totalmente ignorada por Pedro, que não sai do
celular. Quando não está falando, esta digitando.

Papai puxa conversa mas são coisas rápidas, e logo a conversa morre. Meu
coração aperta. Sinto náuseas durante toda a viagem.

Temos que pegar um barco para chegar a casa. Nossas malas vem em outro
barco.

-Esse lugar é muito bonito.-Meu pai fala. E parece que gosta de estar aqui.-Eu
no entanto estou com meu coração apertado. O olhar de Pedro é de
indiferença. Dói muito não ver o amor e a paixão refletidos naqueles azuis
profundos.

Chegamos a casa e eu nunca tinha visto algo tão bonito em minha vida.
Uma casa feita de pedras, em meio a vegetação. Quase rústica mas com toda
comodidade da cidade grande.

Nossas coisas são levadas para dentro.


Pedro me leva para o nosso quarto.

Ao menos vamos ficar juntos.

-A viagem foi cansativa, tenho alguns assuntos de negócios para resolver.


Descanse. Volto mais tarde.-Sai me deixando ali naquele quarto enorme
sozinha.

Tomo um banho quente e me agasalho bem. Decido sair para andar um pouco
e conhecer o lugar.

O rio fica a frente da casa, é enorme de uma margem a outra. De onde estou
nem consigo ver o outro lado.

Um gramado se estende até um pier onde tem alguns barcos amarrados e uma
lancha ancorada.

Ando bem devagar até o píer. Uma garoa fina cai, coloco a touca do meu
casaco. Esta ficando cada vez mais frio.
Normal para o mês de junho.
Me sento um banco que fica de frente para o rio e por minha mente passam
tantas coisas.

Como minha vida mudou nesse último mês.


Eu a garota da periferia, casada com o multimilionário Pedro Aguirre.
Que foi amada e agora é odiada na mesma intensidade.

Encolho minhas pernas e seguro meus joelhos, com meu queixo apoiado
neles. E choro.

Pois a lembrança do que vivemos juntos talvez seja tudo o que me reste a
partir de agora.

-Podemos conversar?-Pedro fala atrás de mim. Limpo minhas lágrimas e ele


senta ao meu lado.-Estamos em um dilema não é?-Ele pergunta olhando para
frente.

-É tão difícil saber a verdade, falar a verdade, mas você não acreditar. Eu
nem posso te julgar, pois tudo está contra mim. A final se eu menti uma vez,
por que não mentiria novamente?

Pedro segura minha mão, mas ainda olha para o rio.


-Eu quero tanto acreditar em você.Mas essa dúvida me corrói, quando eu
penso que vamos nos entender acontece alguma coisa e estraga tudo.

-Olha pra mim.-Ele me olha.-Eu já contei toda a verdade. Você é o único


homem pra quem já me entreguei. Eu nunca tive nada com seu tio. Eu te amo
Pedro. Acredite em mim.-Passo minha mão por seu rosto. Ele se aproxima e
me beija.

E esse beijo espanta o frio que estou sentindo. Cheio de paixão e desejo. Meu
coração começa a bater mais forte no momento em que ele segura em minha
cintura e me aproxima dele.

Enlaço seu pescoço. E junto nossos corpos o máximo que posso.


Quero que nesse beijo ele perceba o quanto o amo.
Quero dar tudo de mim, que meus sentimentos fluam através da minha boca
direto para o seu coração.

Ofegantes estamos com nossas testas coladas. E olhando um nos olhos dos
outro.

-Não posso! Me perdoe.-Ele levanta e sai. Me deixando ali com o coração em


pedaços. E lá se foi a minha chance.

Começa a chover mais forte e entro em casa.

Sento em frente a lareira em nosso quarto.


Acho que Gerson conseguiu. Ele destruiu todas as chances que eu tinha de
viver meu amor impossível.
E voltei a ser a gata borralheira. Só que com o ônus de parar em uma prisão.

-Filha, você não vai jantar? Está trancada aqui o dia inteiro.-Meu pai entra.

-Não estou me sentindo bem. Acho que o estresse me deixou assim. Vou
tomar um chá depois.

-Vou avisar o Pedro que você não está bem.

-Não! Por favor. É só um mal estar. Não o incomode com isso. Vá jantar eu
como alguma coisa depois. Fique tranquilo.

-Tudo bem. Qualquer coisa é só chamar.-Meu pai fecha a porta e corro para o
banheiro.
Tenho sentido essas náuseas tem alguns dias. Mas de ontem para hoje o
vômito tem sido frequente.

Não sei como não aconteceu durante a viagem.


Volto para a frente da lareira.

-Teu pai me disse que não está se sentindo bem. Quer que eu chame um
médico?-Pedro está parado perto da porta. Olho para ele. Lindo usando calça
jeans e um suéter de lã verde militar. Com as mãos nos bolsos. Coisa que ele
sempre faz quando fica nervoso.

-É só um mal estar. Não se incomode com isso. Não precisa fingir


preocupação.

-Não é fingimento.
-Pedro. Eu agradeço que tenha vindo ate aqui. Mas é só cansaço. Em breve
não vou mais ser um estorvo pra você.

Ele anda até onde estou e senta ao meu lado no sofá.

-O que quer dizer com isso.

-Eu decidi me entregar a polícia. Vou contar a verdade. Não posso mais viver
assim. Com esse medo constante de que você ou seu tio me entreguem. E não
posso mais viver sabendo que você me odeia.

-Não te odeio. Eu só não sei em que acreditar. Se coloque emmeu lugar.

-Justamente por me colocar em seu lugar que vou fazer isso. Chega de
mentiras, de intrigas. Nosso casamento pode ser anulado se eu confessar. Vai
ser o melhor.

-Melhor pra quem? Um escândalo desses vai pôr minha empresa em cheque.
Vou perder credibilidade. E meus clientes vão abandonar as parceirias. Meu
tio vai conseguir o que sempre quis, me tirar da presidência e ficarem meu
lugar.

-Estou tão cansada de tudo isso. Eu era feliz e não sabia. Tinha que batalhar
para comprar até mesmo uma lingerie que eu gostava. Mas eu tinha paz.
Deitava minha cabeça no travesseiro e dormia. Desde que eu vi seus olhos
abertos pela primeira vez, eu não durmo uma noite inteira sequer.-Pedro me
abraça ao ver que estou chorando.-Eu quero acabar com esse tormento de
uma vez.
-Eu sei, mas eu não posso permitir. Não se trata somente de nos dois. Tem
muita coisa em jogo. Espere mais alguns dias por favor. Depois eu penso em
uma forma de sairmos disso sem respingar nada na Construtora. Pode fazer
isso por favor?

-Eu sofro muito cada vez que você olha com dúvidas.

-Infelizmente as circunstâncias são estas. Talvez não tenhamos culpa, mas o


destino nos deixou nesta situação. -Seus lábios estão tão perto dos meus.
Quase nos beijamos. Mas ele se afasta.-Vou deixar você dormir. Eu fico no
outro quarto. Boa noite.

É, o destino é cruel, ele não uniu e também nos separou.


E é como diz aquele ditado: o que começa errado, termina errado.

Capitulo 14

Deixar Daniela sozinha naquele quarto foi a coisa mais difícil que já fiz.
Mas precisamos deste distanciamento.

Eu já decidi dar o divórcio a ela. Ítalo já deve estar pagando a dívida dela
com o tal Simão, e a casa dela já foi recuperada.

Depois que voltarmos para a cidade ela será livre novamente.


Só não sei se algum dia eu serei livre desse amor que sinto.

Nunca pensei que amar doesse tanto assim.


É como se o peso de uma tonelada estivesse pressionando meu peito.
Mas não podemos mais viver assim. Vai ser o melhor. Um divórcio é bem
menos nocivo que um escândalo de um casamento fraudado.

Depois que ela estiver voltado pra casa, ou retomar a minha vida de antes.
Meu tio vai sair da empresa.

E vou continuar investigando os acidentes dos meus pais e o meu.


E assim que conseguir provas concretas ele vai para prisão.

Entro no quarto e me deito na cama.

Não consigo tirar Daniela de meus pensamentos.


A ultima noite que passamos juntos. Houve tanta entrega, tanta paixão.

Mas nunca daria certo. Não com tantas duvidas entre a gente. Tudo começou
com uma mentira.

E nenhum relacionamento sobreviveria ao fantasma do engano, da


desconfiança.

Mas por que não consigo parar de pensar nela? De desejar seu corpo? Eu a
quero pra mim, a abrir mais disso esta sendo a coisa mais dificil que já fiz.

Tomo um banho e quando saio do banheiro ela está ali sentada na cama.

Passo as mãos por meus olhos, temendo estar vendo uma miragem.
—Daniela? Algum problema?

—Eu quero você Pedro. Ainda que seja pela ultima vez.
Ela anda em minha direção e retira a toalha que está enrolada na minha
cintura.
Me beija e com sua mão delicada segura meu pau.

Solto um gemido, pois neste momento é tudo o que mais desejo.


Ela se ajoelha em minha frente. E acho que estou sonhando.
Ela passa a ponta do dedo pela glande e depois lambe a extensão toda do meu
pau.

Sua boca quente e macia o toma, e ela começa a sugar fazendo movimentos
se vai e vem.

Chupando com fome e desejo, Daniela esta me levando a loucura.


Preciso fazer ela parar, ou vou gozar em sua boca.
Não seria uma má ideia, ver ela engolindo minha porra.
Mas quero me afundar em sua boceta.

Seguro em seus cabelos e a afasto.

Ela levanta e a beijo.


Ela enlaça meu corpo com suas pernas. Seguro na parte traseira de suas coxas
e a levo para a cama.
A jogo lá, deitando sobre ela.
Retiro sua calcinha e a penetro.
Quero fode-la essa noite, como nunca fiz. Pois essa é a nossa despedida.
Ela abre bem as pernas e enquanto eu arremeto forte nela a beijo.
Quero tudo dela.
A viro de bruços, levanto sua camisola e tenho a visão ampla se sua bunda
linda e gostosa.
A deixo apoiada em suas mãos e joelhos.

Passo a mão por sua boceta e acaricio seu clitóris.


Ela geme e ofega.

—Eu quero foder você a noite inteira.—Lhe acerto um tapa na bunda.

—Sou toda sua meu amor.

Enfio meu pau e seguro em seus quadris. Batendo firme. Não ouço mais nada
além dos nossos corpos batendo e nossas respirações ofegantes intercaladas
com os nossos gemidos.

Passo minha mão por suas nádegas firmes e redondas. Acaricio, seu ânus. Eu
poderia comer aqui também.
Com o dedo começo a acariciar entrando aos poucos.

Então a estoco com mais força até sentir ela gozando.

A deito novamente de frente para mim. Quero gozar olhando em seus olhos.
Estoco mais e gozo a beijando abafando seus gritos de prazer.

Ela começa a chorar.


—Eu te amo.—Me beija, levanta e vai lentamente para a porta. Me olha uma
última vez com seu rosto molhado de lágrimas e sai do quarto.
Me deixando assim com o coração acelerado e pesado ao mesmo tempo.

Vou até a porta, mas desisto de ir atrás dela. Essa é a melhor decisão. Não
podemos ficar juntos.

Fico olhando pela.janela a chuva torrencial que cai. E ela me lembra o meu
coração, escuro, pesado e que chora por ela.

No dia seguinte ainda chove muito.


O rio subiu muito. Não sei quando poderemos voltar para a cidade.

Não vejo Daniela o dia todo. Nem mesmo seu pai.


Me tranco no escritório e tenho uma reunião online, com os contadores da
empresa. Que confirmam o desfalque.

Agora não há mais duvidas. Só estão tentando descobrir para onde este
dinheiro foi.
Italo me ligou, dizendo que está tudo bem que já pagou a dívida e deixou
bem claro para o agiota, que não deve se aproximar de Daniela e do pai.

Tudo pronto, já falei com o advogado para preparar os papéis do divórcio.


Não a deixarei desamparada.
Mas sei que é orgulhosa e não vai aceitar minha proposta.

Jandira a empregada passa por perto do escritório com uma bandeja. Vejo
pela porta entreaberta.
Levanto e vou falar com ela.

—Onde vai com isso Dira?

—Senhor a sua esposa não comeu nada o dia todo. Preparei uma sopinha de
legumes. Ela precisa se alimentar.

—Deixa que eu levo.—Ela me entrega a bandeja.—E o pai dela?

—O senhor Márcio ficou com ela um pouco depois, foi com o Túlio conhecer
alguns lugares.

—Mas com essa chuva.

—Não se preocupe senhor, Túlio vai cuidar dele.

—Obrigada.

Subo a escada e abro a porta do quarto.

Daniela está dormindo.


Seus cabelos espalhados pelo travesseiro e sei rosto sereno.

—Meu anjo! Por que não nos conhecemos de outra maneira? Eu seria tão
feliz com você.—Passo as pontas dos dedos por seu rosto. Ela acorda.

—Pedro? O que faz aqui?


—Vim trazer uma sopa. A Jandira me disse que você não comeu nada o dia
todo.

—Não estou com fome.

—Mas você precisa se alimentar. Lembra o que aconteceu da última vez?

—Deixe aí. Vou o banheiro e depois eu como.—Ela levanta mas acaba


cambaleando e tenho que segura-la.

—Você não está bem. Coma por favor. Eu preciso falar com você.

—Pedro hoje não. Eu só quero dormir. Não tenho fome. Me deixe sozinha.

—Eu deixo você sozinha depois que comer um pouco. Por favor.—Ela senta
na cama e pega a bandeja. E come um pouco.

Fico mais tranquilo. Não quero o mal dela. Como desejar o mal de quem se
ama?

Amor.

Sim é isso que sinto por ela. Mas vou sufocar esse sentimento em meu peito.
Pois o amor e a confianca andam juntos e entre nos sempre terá o fantasma da
mentira.

—Não consigo mais.—Ela deixa a bandeja na mesinha de cabeceira.

—Tudo bem, vou levar isso e você descansa.


Saio do quatro e ouço ela chorar baixinho.
A minha vontade é de voltar pra lá e abraça-la. Dizer que tudo vai ficar bem.
Que não vamos nos separar. Mas é inviável.

Já decidi, seguir em frente. Ainda que isto acabe comigo. É o melhor para nós
dois.

A chuva cessa. E o sol até esboça aparecer.

Mas continua muito frio.

Da janela do escritório consigo ver o rio, revolto e cheio, por causa da chuva.
O píer, esta abaixo da agua, que chegou ate os bancos que ficam a frente da
casa.

Vejo Daniela se aproximando dali.


Sera que ela não vê o quão perigoso é estar ali?

Vou até la.

Ela está sentada olhando para as aguas.

—Você está melhor?—Me sento ao seu lado.

—Sim. —Uma resposta monossilábica, sinal que está triste.

—Podemos conversar?—Ela continua olhando para o rio e só balança a


cabeça afirmativamente.— Eu vou te dar o divórcio.—Ela vira para mim e já
tem lágrimas rolando por seu rosto.—Vai ser o melhor. Você vai voltar para a
sua vida de antes. Não se preocupe com a dívida eu já paguei e a sua casa é
sua novamente.

—É vai ser o melhor. —Seco suas lagrimas com a ponta dos dedos.—E isso
evita um escândalo também.

—Foi o que eu pensei. Tudo bem?

—Sim, nunca daria certo. Você e eu. Nosso mundos são muito diferentes. O
certo é cada um voltar pra sua vida.

—Eu quero que saiba que apesar de tudo eu desejo que seja feliz. Quero que
siga sua vida e continue essa mulher que sempre batalhou para se sustentar.—
A abraço.

—Obrigada! Seja feliz você também.

Ando de volta para a casa, quando estou quase na porta ouço os gritos de
Jandira.

—Meu Deus a patroinha caiu no rio!—Volto correndo e a vejo ser arrastada


pelas águas. Ela afundar volta a superfície. Não penso duas vezes e me jogo
na água.

Nado através da correnteza, mas está muito difícil de alcanca-la.

—Socorro! —Ela tenta se manter na superfície.


—Daniela. Estou chegando.—Uso todas as minhas forças para alcança-la. E
seguro sua mão. Túlio chega com o barco perto de nós.

Daniela está desacordada, ele me ajuda a coloca-la no barco. Subo em


seguida. Ele vira o barco em direção a casa.

—Amor, amor, acorda por favor!—Eu tento acorda-la.—Ela não está mais
respirando. Não, não ,não! —Me desespero com a simples ideia que ela esteja
morta. —Daniela por favor, por favor. Faço respiração boca a boca. Nada!—
Deus, por favor! Não, Não. Túlio me ajuda a levar ela pra dentro de casa.
Deixo-a no sofá e continuo a respiração boca a boca.—Acorda! Acorda!

—Meu Deus minha filha está morta!—Seu Márcio esta chorando


desesperado. Eu o entendo, pois dentro de mim meu coração está gelado e
uma dor dilacerante me rasga por dentro.

—Não morre, amor! Volta pra mim por favor. Eu te amo! Volta pra mim. —
Choro desesperado e angustiado.
Ela cospe a água e tosse muito.—Graças a Deus. A abraço, ela está tremendo
muito.

—Acho melhor ela tomar um banho quente eu vou levar um chá la em cima
daqui a pouco.

A seguro em meus braços, e a levo para o quarto. Ela está muito fraca. Vou
até o banheiro e abro a torneira para encher a banheira.

Retiro suas roupas e as minhas. Assim que a banheira esta cheia entro com
ela na água.
Começo a lavar seu corpo delicadamente. Tem alguns arranhões dos galhos
que estavam na água.

—Eu fiquei com tanto medo, achei que fosse morrer.—Ela fala chorando.

—Como você caiu no rio?

—Você saiu e eu levantei pra voltar pra casa também, ai senti uma tontura e
quando dei por mim estava na dentro d rio com a água me levando. Mas você
me salvou! Obrigada.

—Eu pensei que ia perder você.—Beijo sua cabeça.

Ela se vira para mim. E me beija. Na hora meu sangue ferve. E seguro pela
cintura e ela senta com as pernsa abertas sobre mim.as não devo fazer isso.
—Daniela por favor. Não!—A afasto.—Nao vamos nos magoar mais.

—Desculpe, eu achei que...

—A minha decisão é definitiva. Vamos nos divorciar.

—Eu achei que você quisesse ficar comigo. Por que salvou?

—O fato de nos divorciarmos, não quer dizer que eu quero que você morra.
Eu faria isso por qualquer outra pessoa.—Minto, qualquer outra pessoa não
teria me deixado tao desesperado.
Qualquer outra pessoa não dilaceraria meu coração.

Mas não posso voltar atrás. Ainda que eu a ame mais que a mim mesmo.
Ela se levanta e se enrola na toalha.
Indo para o quarto.
Fico alo na banheira dando um tempo para que ela se vista.

Quando chego no quarto enrolado mais toalha Jandira esta la servindo um


cha para ela.

—Jandira, cuide dela por favor. Vou para o meu quarto.

Entro e só então me permito chorar.


Eu quase a perdi.
E lembrar desse momento angustiante me desestabiliza.

Ela é mais importante para mim do que eu imaginava.


Ela se tornou o centro do meu mundo.
E tenho certeza que nunca mais vou amar alguém assim.

E na hora da angústia eu me declarei para ela.


Eu disse algo que eu nunca pensei dizer para alguém.

Falei que a amo.


E me surpreendi ao perceber a veracidade disso.

Tenha raiva, por não poder ficar com ela. Tenho raiva do meu tio me deixou
nessa situação. Minha vida era boa. Eu tinha qualquer mulher que quisesse
sem compromissos. Sem promessas e o principal sem sentimentos.
Ate Daniela aparecer e derrubar todos os muros que eu havia levantado.
Ela entrou em meu coração e criou raízes tão profundas que cada vez que eu
tento corta-la da minha vida ela brota novamente.

E eu tenho certeza que nunca mais serei o mesmo. Com ou sem ela.
Ate porque sou um péssimo mentiroso e ficar sem ela, será muito, muito
difícil

Capitulo 15

—Filha, você ainda está chorando. —Meu pai entra no quarto enquanto estou
arrumando as malas.

—Pai, agora tudo acabou mesmo. Pedro disse que vamos nos divorciar.—Me
sento na cama.—Eu falo como se esse casamento fosse de verdade. Como se
Pedro e eu fossemos marido e mulher, mas tudo foi uma mentira tramada por
seu tio. E eu fui idiota o suficiente para me apaixonar por quem não deveria.

—Essas coisas a gente não escolhe meu amor. Eu prometo pra você que
nunca mais vou chegar perto de uma carta de baralho. Vou voltar para o meu
emprego. Pedro conseguiu que me aceitassem de volta. Ele é um homem
bom.

—Pai...—Penso duas vezes antes de falar. Mas não aguento guardar as


suspeitas somente para mim.—Eu acho que estou grávida.

—Minha filha! Isso é maravilhoso. Pedro deve saber...

—Não! O senhor não entendeu. Não é maravilhoso. Pedro tem dúvidas sobre
mim. Se eu contar sobre a gravidez vai achar que fiz de propósito ou pior vai
achar que meu filho é do tio dele. Ou pior ainda vai ficar comigo somente por
causa do bebê.

—Mas ele é o pai, tem o direito de saber.

—Pai, jura pra mim. Que nunca vai contar nada!

—Minha filha eu...—Ele reluta um pouco.

—Jura pra mim! —Fico a sua frente e olho em seus olhos.—Se o senhor
contar pra ele. Eu vou embora e nunca mais ninguém vai saber de mim.

—Tudo bem, eu juro. Mas não concordo.


—Vai ser o melhor. Pedro nunca vai acreditar em mim. E isso só traria
sofrimento a nós dois.

—Daniele querida!—Jandira bate na porta e entra.—O helicóptero já chegou.

—Estamos descendo, Obrigada Jandira.


Meu pai pega a minha bolsa e descemos.Jandira me abraça acabou que nos
tornos amigas ele sempre foi muito gentil comigo.

Pedro nos espera lá em baixo. Seguimos para o helicóptero.

—Infelizmente com a chuva não foi possível viajar de carro. Sei que você
não gosta de voar. Mas não tivemos outro jeito.—Ele me explica.

—Tudo bem.

A viajem de helicóptero foi bem mais rápida que a de carro.

Chegamos em casa. E eu já vou logo falar com Pedro.

—Podemos conversar?—Ele me leva para o escritório.—Eu quero sair dessa


casa amanhã.

—Mas não precisa sair tão rápido. Temos ainda alguns dias antes de
assinarmos os papéis do divórcio.

—Você sabe onde fica minha casa. Me liga e eu vou assinar o que você
quiser. Eu não quero seu dinheiro. O que eu queria era pagar a dívida e isso
você já fez. Não vou ser hipócrita de dizer que não precisava. Mas é tudo o
que vou aceitar de você. Amanhã meu pai e eu estamos saindo desta casa e da
sua vida.—Viro as costas e saio.

Vou para o quarto. E gravo na memória cada objeto, a cor do quarto. E fecho
meus olhos sentindo o cheiro daqui. Quero guardar para sempre na memória
o lugar onde fui amada tão intensamente.

Onde meu filho foi gerado.

Vou para a frente do espelho e levanto meu suéter.

—Você vai ser o meu motivo para viver de agora em diante. Um pedacinho
de seu pai. Que eu vou levar comigo. E vou te amar muito. —Passo as mãos
por meu ventre e sinto uma emoção tão grande. E agora minha vida sera bem
diferente. Pois tudo será por meu filho e para meu filho.
****

—Minha filha, você está chorando desde que chegamos. Isso não é bom para
o bebê. Vou chamar a dona Cotinha.—Meu pai sai. Eu até tentei parar de
chorar. Mas meu coração dói. Dói por saber que Pedro não acreditou em
mim.

—Menina, você tem que reagir. Já tem dois dias que vocês voltaram. Eu sei
que está sendo difícil mas a vida continua. Venha eu fiz uma salada de frutas,
e depois você vai comigo até a barraca. Me ajudar a vender meus artesanatos.
Você deveria voltar a pintar. Eu sempre vendia bem suas pinturas.

— É uma boa ideia. Agora com a gravidez não vou conseguir um trabalho tão
fácil. —Ela me serve uma tigela de salada de frutas.
—Então esta resolvido. Você pinta e eu vendo. Você pode ir comigo na
feirinha e me ajudar. Essa velha aqui já não tem a mesma disposição de antes.
—A abraço.

—Obrigada! Você é como uma mãe pra mim.

—Estou mais para sua avó.—Ela da aquela gargalhada tão familiar para mim.

Tenho que voltar a minha rotina de antes.O sonho/ pesadelo acabou.


E eu voltei a ser a garota da periferia de sempre. E chegou a hora de erguer
minha cabeça.

E então volto a pintar artesanatos. E Cotinha me deixa vender em sua barraca.

Eu vou todas as tardes com ela. É bom pra mim.


Algumas semanas se passaram e Pedro, mandou o motorista me buscar em
casa para assinamos os papéis do divórcio.
Minha barriga já está começando a aparecer. Mas consigo esconder com a
roupa. Ainda não é perceptível.

Ele está em seu escritório e a secretária me acompanha ate lá.


Ela me olhou da cabeça aos pés com cara de nojo.

—A senhora Daniela está aqui.—Ela sai e me deixa a sós com Pedro.

—Oi! —Fico la parada sem saber o que fazer. Vendo ele tão lindo. Mas com
cara de cansado. Sua barba maior e seus cabelos também. Mas ainda assim o
meu Pedro com os seus belos olhos azuis.
—Sente-se por favor. O advogado já deve estar chegando.—Ele fala tão
friamente que sinto até meus ossos congelarem.—Eu pedi que ele fizesse
tudo de acordo com a nossa certidão de casamento. Você fica com a metade
de tudo o que tenho.

—Não! Eu não quero o seu dinheiro.

—Daniela ouça. Você precisa assinar os papéis. Eu vou dar uma procuração
onde eu fico responsável por cuidar dos seus bens. Assim tudo continua
comigo.
—Pedro é duro e calculista, neste momento vejo o Pedro implacável nos
negócios de que tanto ouvi falar.—O advogado entra.

— Boa tarde!

—Boa tarde! Daniela este é Honório Benevides o advogado que te falei. Ele
já me trouxe os papéis e analisei ontem. Eles estão em ordem. Mas se você
quiser ler...

—Nao! Eu quero acabar logo com isso.—Eles me entregam os documentos e


eu assino tudo.—É só isso?

—Sim. —Pedro me diz sem nem ao menos olhar para mim.

—Com licença, eu tenho que trabalhar.

—Você está trabalhando? Onde?—É a única vez que ele parece preocupado.

—Isso não interessa a você. Agora estamos divorciados e não precisa mais se
preocupar comigo.—Levanto, pego minha bolsa e saio de cabeça erguida. A
secretária entojada fica me olhando. Eu aperto o botão do elevador, que
parece levar uma eternidade para chegar.
Assim que entro e a porta se fecha desabo em lágrimas.

Eu o amo tanto. E ele nunca será meu. E agora somos apenas meu bebê e eu.
Tenho que ser forte por ele.
Não posso viver me lamentando.

Pedro seguiu em frente e eu também tenho que seguir.


Limpo minhas lágrimas e pego um ônibus.
Chego na feirinha e Cotinha está lá me esperando.

—E então? Contou a ele?

—Não.

—Mas filha ele tem o direito de saber.

—Ele foi tão frio comigo. Com certeza, hoje ele me tirou da vida dele de vez.
Mal falou comigo, eu era uma estranha para ele. Então pra que falar do meu
filho. Porque esse bebê é meu. Se eu disser a ele que estou grávida é capaz
dele achar que quero dar o golpe da barriga. Ou pior achar que é do tio
asqueiroso dele.

—Você é quem sabe. Mas já pensou que tudo isso se resolve com um teste de
DNA? É bem simples. E seu filho não precisa passar necessidade tendo um
pai rico.

—Eu vou cuidar do meu filho. Estou pensando em ir para o interior. Papai
tem família por lá. E acho que o ar do campo vai ser melhor para o bebê.

Estamos fechando a barraca quando Gerson aparece.

—Eu falei pra você que assim que conseguisse o que queria Pedro te daria
um pé na bunda.

—O que faz aqui? —Vou para trás da bancada.

—Só conferindo de perto a sua decadência. Se tivesse ficado comigo...

—Ela estaria na cadeia!—Italo aparece também.—O que faz aqui Gerson?

—Ora, ora! Então meu sobrinho ainda cuida dessa enganadora. Ele não
aprendeu nada com o que aconteceu.

—É melhor você sair daqui. —Italo diz da altura dos seus quase dois metros.
E Gerson sai com as mãos para cima. Mas não sem dar uma olhada para mim
e piscar.

—Que homem desagradável.—Cotinha fala ainda guardando nossas coisas.

—O que você faz aqui?

—Vim te trazer as cópias dos documentos que assinou hoje. Você saiu tão
rápido que nem esperou que o advogado lhe entregasse suas cópias. —Ele me
entrega os papéis de repente sinto uma tontura. Italo me segura.—O que você
tem?
—Não é nada! Ela não anda se alimentando direito.—Cotinha trata logo de
falar.

—Vou levar vocês pra casa. —Pelo modo como fala, eu sei que ele não
aceitara um não como resposta. Assim que me deixa em casa ele me entrega
um cartão.—Tome. Se tiver qualquer imprevisto me ligue. Eu venho na
mesma hora.

—Obrigada!

Agora aos cinco meses de gestação.


Os enjôos passaram. E tudo o que sei de Pedro é o que vejo nos jornais.
Ele fechou um empreendimento importantíssimo e estava oferecendo uma
festa em sua casa.

Meu pai não parava de falar nisto.

—Você deveria estar lá.

—Papai Pedro e eu não somos mais casados.

—Eu sei. Mas esse filho precisa de um pai. E sua barriga já está aparecendo.
Estamos em outubro e as roupas não estão mais escondendo. Acha que ele
não vai saber? Aquele Italo não é bobo. Ele está vigiando você.

—Como sabe?

—Eu vi. Outro dia quando fui na feira. Ele estava la. Disfarçando em outra
banca.
—Então eu devo ir logo pro interior. Pedro não pode saber do bebê.

—Eu não concordo com isso. Mas se você decidiu. Já falei pra minha prima
que você está indo para la. Mas eu não gostaria que meu neto crescesse longe
de mim.

—Pai. Hoje eu fiz a ultra. Estou esperando uma menininha.—Os olhos do


meu pai enchem de lágrimas e ele me abraça.

—Que emoção! Saber que serei avô de uma garotinha.

—E o senhor pode vir comigo. A Tania já disse que tem emprego lá. Deixe
tudo isso para trás e vamos recomeçar.

—Eu não sei. Aqui tenho um emprego estável. Estou indo a terapia.
Não.quero voltar a jogar. Tenho medo de parar com a terapia e retroceder ...

—O senhor está certo. Eu ficarei bem. Tia Laura vai me ajudar.—O abraço e
agradeço a Deus pela mudança de meu pai. Ele chega em casa e me faz
companhia. Nunca mais foi a bares a vida realmente mudou.

Os dias se passam muito rápido. Tudo está pronto para a minha viagem.
Só vou ao banco sacar um pouco de dinheiro.
Não quero usar cartão pois Pedro poderia descobrir onde estou.
Papai acabou aceitando vir comigo.
Ele me espera em casa para irmos a rodoviária.

Quando estou saindo do caixa eletrônico sou abordada por um homem


encapuzado.

—Fica quietinha e só me entrega a grana!—Sinto alguma coisa me


cutucando, pode ser uma arma. Ou uma faca. Não consigo me virar para ver.

—Ai meu Deus, moço não me mata não, estou grávida.—Meu coração
acelera e sinto minha visão escurecer. Acabo cambaleando.

—Nem vem dona! Me entrega a grana.—Eu quero entregar a bolsa mas não
consigo e acho que ele entende errado e sinto uma pontada nas costas.

—Ei cara! O que está fazendo?—Ouço alguém gritar. Caio no chão com uma
dor lancinante nas costas.

—Alguém me ajuda.— Suplico no último fio de voz que me resta.

—Oh meu Deus, ela está ferida!—Alguém fala.—Chamem uma ambulância!

—Meu bebê! Não posso perder meu bebê.

Minhas mãos estão sobre meu ventre, na tentativa de deixar minha filha em
segurança.

Sou levada a uma ambulância, os paramédicos falam muitas coisas. Não


consigo entender.

As vezes eu não vejo nada, outras não ouço nada.


Só sinto o balanço do carro.
E em uma tentativa vã de me manter acordada uso todas as minhas forças.
Mas não consigo.
E faço uma prece silenciosa para que Deus proteja a mim e a minha filha.

Capitulo 16
Estou no escritório quando seu Márcio entra muito nervoso. Discutindo com
a Alba, minha secretária.

—Senhor, me deculpe eu falei que estava ocupado mas ele não me ouviu.

—Tudo bem Alba, nos deixe a sós.—Ela sai.—O que aconteceu seu Márcio?

—É a minha filha! Ela desapareceu.

— Como assim? Daniela fugiu?

—Não eu tenho certeza que aconteceu alguma coisa com ela. Ela não atende
o celular. E não sei mais o que fazer.—Ele está realmente muito nervoso.—
Ela saiu de manhã para resolver algumas coisas. Pois estávamos de viagem
marcada para o interior. Mas ainda não voltou.—Olho para o relógio e já
passam das seis da tarde.

—Que horas você pretendiam partir?

—As quatro horas. Estou muito preocupado. Eu tenho certeza que aconteceu
alguma coisa com minha filha.

—Se acalme. Por favor. —Pego o telefone e chamo Alba.—Por favor traz
uma agua e pede pro Ítalo vir aqui.

—Sim senhor.

—Agora me escute. Quando foi a ultima vez que o senhor a Viu?


—Ela saiu bem cedo para ir ao médico e depois ia no banco. Mas não sei qual
agência ela iria.

—No médico? Por quê?

—Ela me fez jurar que não contaria.

— O quê? —Ele só chora. Começo a ficar impaciente.—Diga! O que ela


tem? Ela está doente? Fale homem!

—Daniela está grávida! Ela espera um filho seu!

Sinto minhas pernas moles e meus joelhos não sustentam mais meu corpo. E
caio sentado na cadeira.

—Grávida? Mas por que ela não me disse?

—Minha filha ficou com medo que o senhor achasse que ela queria dar um
golpe. Ela o ama. E está sofrendo muito. Sei que ela errou. Mas ela o ama
verdadeiramente.

—Eu vou ser pai. Meu Deus! —Italo entra.

—Me chamou?

—Sim. Daniela desapareceu. Seu Márcio não sabe onde ela está, ela não
atende o telefone.
—E o que isso tem demais? Ela pode ter ficado sem bateria.

—Eles estavam de viagem marcada para as quatro horas e ela não apareceu.
Ítalo ela saiu cedo de casa.

—Vou procurar por ela. Mas vocês sabem que é como procurar uma agulha
no palheiro!

—Meu amigo! Ela está grávida. Encontre-a.

—Vou fazer isso. —Ítalo sai e fico com o coração na mão. Mas não posso
ficar parado. —Alba quero que ligue para os hospitais da cidade e pergunte
se alguma mulher grávida com as características de minha esposa foi
internada.

—Sua ex esposa, o senhor quer dizer.

—Só faça o que mandei.—Desligo.—Seu Márcio por favor me diga. Como


ela tem se sentido?

—Minha filha é muito forte, ela tem trabalhado todos os dias. Mas eu sei que
ela sofre. As vezes eu escuto ela chorando baixinho. Ela até conversa com
minha netinha.

—Neta? É uma menina?—Não consigo evitar a emoção. Meu peito arde de


alegria. —Mas como Ítalo não percebeu?

—Eu sabia! Ele a estava vigiando. Eu falei pra minha filha. Ela naomquis
acreditar.
—Sim. Eu sabia que meu tio não a deixaria em paz. Mas me diga, como ele
não percebeu?

—Ela escondeu com roupas largas. E quase não engordou. Só a barriga


cresceu. Sempre que ela saía de casa usava roupas que não davam para
perceber. E agora que apontou bem ela quis ir para o interior.

—Ela ía fugir? Por quê?

—Ela disse que você pensaria que ela estava te dando um golpe. E acharia
que a menina não era sua. Ela ficou muito magoada quando você duvidou
dela. Achando que ela se entregou ao seu tio.

—Como fui idiota. Eu perdi tanto tempo com essas intrigas. E agora me
enfiei de cara no trabalho. Mas nunca a esqueci. Eu amo Daniela. Achei que
ela não me amasse. Que realmente estivesse comigo por causa da dívida.
Tanto que assim que paguei ela foi embora.

—Ela foi embora por causa da mágoa. Minha filha está muito machucada.
Ela se apaixonou por você e você duvidou dela.

—Eu sei. Fui um idiota.—Me sento na cadeira como coração inquieto. Sei
que sou o culpado por qualquer coisa que acontecer a ela. Eu não suportaria
isso.
De repente Ítalo entra no escritório e a cara dele não é das melhores.—E
então? A encontrou?—Ele fica em silêncio.—Fala logo quer, me matar de
angústia?

—As notícias não são boas.


—Ahhh, minha filha!—Seu Marcio começa a chorar.—Ela morreu? É isso?

—Ela está hospitalizada. Foi ferida durante um assalto. O estado dela é


grave!—Ouvir aquelas palavras é como levar um tiro. Sinto o chão se
desfazer sob meus pés.

—Não! —É tudo o que consigo dizer. Meu anjo está no hospital.

—A vida do bebê corre perigo ela perdeu muito sangue e...

—Vamos imediatamente pra lá.—Ítalo e seu Márcio me seguem.—Tem


heliponto lá?

—Sim. Ela está no hospital Central. —Ítalo chama o elevador.

Os minutos dentro do helicóptero são como horas. Minutos angustiantes e


torturantes. Sem sabee como minha mulher está. Italo liga para o hospital e
consegue avisar aos médicos sobre a nossa chegada.

Somos levados direto para a UTI. A vejo através de um vidro. Cheia de


aparelhos ligados e meu coração aperta de medo. Medo de pardela para
sempre.

—Meu Deus! —Me desespero. Ve-la assim me destrói completamente.—


Como ela está doutor?

—Ela sofreu uma lesão no pulmão. Conseguimos estancar o sangramento,


mas ela perdeu muito sangue e precisa de uma transfusão, porém o tipo
sanguíneo que ela precisa ainda não chegou. Pedimos de outra unidade que
fica a cem quilômetros daqui.
—Qual o tipo sanguíneo? Seja qual for eu dou um jeito para chegar mais
rápido.

—B negativo.

—É o meu! Posso doar? —Pergunto angustiado e aliviado ao mesmo tempo.

—Sim! Venha comigo para os procedimentos.

Após o procedimento eu volto para a sala de espera. Até que o médico me


autorize entrar no quarto.

—Senhor Aguirre. Me acompanhe por favor.—Uma enfermeira me leva para


colocar uma roupa especial para entrar na UTI. Ela me leva ate onde Daniela
está.—Dez minutos...

—Só isso?

—Sim.—Ela me deixa a sós com Daniela.

Me aproximo devagar. Ela está deitada de lado. Posso ver um curativo em


suas costas.
Nunca pensei me sentir assim tão impotente e tão bravo. Por ela estar aqui
nesta situação.

Dou a volta na cama e vejo seu rosto pálido e isso me assusta.

—Meu anjo!—Um nó se forma em minha garganta.—Me perdoe. Eu nunca


deveria ter te deixado partir.—Seguro sua mão, que está muito fria.

Afago seus longos cabelos negros, ela está de olhos fechados e sua respiração
e fraca.

—Não me deixa por favor. Eu não suportaria viver em um mundo onde você
não estivesse. Volta pra mim.—A beijo de leve nos lábios. —Volta pra mim
anjo.

—Pedro...—Ela fala bem baixinho.

—Shiiiii! Não fala nada. Sou eu sim.

—Eu vou morrer?

—Não! Não diz isso!—Continuo afagando seus cabelos.

—Por que está aqui?—Ela tosse.

—Por favor não fala. Você não pode se esforçar. Eu vim porque eu te amo!

—Você me ama? —Seus olhos estão cheios de lágrimas que escorrem por
seu rosto.

—Sim eu te amo, meu anjo. Por que escondeu de mim que estava grávida?

—Eu fiquei com medo!—Sua voz está cada vez mais fraca.—Você... Não...
Acreditou em mim...
—Shiiiii! Não precisa falar mais nada. Eu não vou sair daqui. Fique tranquila.
Nossa filha precisa de você forte e saudável. Descanse estarei aqui quando
acordar.

—Promete?

—Prometo.—Ela fecha os olhos e logo dorme.

A enfermeira entra.

—Senhor. Ela precisa descansar.

—Eu quero ficar aqui. Prometi que não sairia do seu lado. Por favor.

—O protocolo não permite. Ela vai dormir a noite toda por causa do sedativo.
Amanhã bem cedinho eu lhe chamo. Ela não vai acordar até la.

Contrariado eu saio do quarto.


Seu Márcio vem ao meu encontro.

—Como ela está?—Não suporto mais me segurar e choro. Choro muito


abraçado ao pai de Daniela.

—É tão frustrante ve-la naquela situação. Ela está muito fraca. Mal conseguia
falar. A culpa é minha. Eu fui tão injusto. Tão duro com ela.

—Calma meu filho. Todos cometemos erros. Eu também sou culpado. Se não
fosse por mim ela não estaria nessa situação. Mas ainda está em tempo. Ela
me perdoou e ela vai te perdoar também. Minha filha te ama.
—Eu prometo que de agora em diante vou fazer até o impossível para ter
Daniela de volta. Eu a amo e vamos ter uma filha.

Ítalo também me abraça.

—Tem uma coisa. Esse assalto está muito estranho. Eu vou investigar. Eu
cuidei dela todo esse tempo para que seu tio não se aproximasse. Mas hoje eu
tinha que conversar com alguém. E não fiquei de olho.

—Não fique assim. Eu sei o quanto você é competente. Foi uma fatalidade.

—Talvez não.

—Você suspeita do meu tio?

—Sim. Mas vou investigar para confirmar. Preciso ir. Até amanhã.

Passamos a noite na sala de espera do hospital.


Seu Márcio se ajeita em um dos sofás e acaba dormindo.

Eu não consigo pregar os olhos.


De vez em quando vou até a vidraça de onde consigo ve-la. E como a
enfermeira me disse ela dormiu a noite toda.

O médico me chama as oito da manha para me dizer como está o quadro dela.

—Senhor Aguirre. Daniela passou bem a noite. O quadro dela evoluiu para
uma melhora significativa. Ela vai sair da Terapia intensiva. Podemos
transferi-la para um quarto. Mas ela ainda requer cuidados.

—E a bebê?

—Ela teve um descolamento de placenta. E no caso dela com


aproximadamente vinte e quatro semanas recomendo repouso absoluto. Sua
filha está bem. Os batimentos cardíacos são fortes e ela é saudável. Mas a
saúde dela depende da melhora da mãe. Daniela não pode sofrer nenhuma
emoção forte. Tranquilidade total.

—Sim. Eu vou cuidar de tudo isso doutor. Quando posso ve-la?—Estou


ansioso para ficar com ela.

— Ela já está sendo transferida para um quarto. Vamos?—Sigo o médico e


chegamos ao quarto. As enfermeiras estão trocando o curativo.

Daniela me vê.

—Pedro? O que faz aqui?

—Estive com você ontem, não lembra?

—Não. Por que veio?—Seu tom é de amargura.

—Você está hospitalizada. E grávida.

—lembre-se que a paciente não pode se alterar.—Uma enfermeira me lembra.

—Anjo por favor podemos conversar?—Quase imploro pra ela. Não posso
permitir que ela me afaste.
As enfermeiras e o médico nos deixam a sós. —Me perdoe. Por favor!—
Seguro suas mãos e as beijo. E não me envergonho de chorar em sua frente.
Se precisar eu fico de joelhos e imploro.—Eu nunca deveria ter tratado você
daquela maneira.

—Tudo isso é por causa da nossa filha? Não precisa fazer isso...

—Anjo! Eu te amo! Eu te amo! Naquele dia do rio eu senti tanto medo. Saber
que poderia ter te perdido. Descobrir o quanto amava você e o quanto doeria
te perder. Me deixou tão atordoado, que levantei uma parede de gelo entre a
gente. Eu não sabia como lidar com esse sentimento tão instenso. Mas aqui
estou aos teus pés, implorando teu perdão. Saber que quase te perdi outra vez,
me fez abrir os olhos.

—Abrir os olhos para quê?—Ela ainda parece desconfiada.

—Uma vida sem você não é vida. Não tem sentido ficar separado se te amo
tanto. Eu não durmo, não me alimento direito. A vida perdeu a graça. A graça
era ouvir a tua risada, era sentir o teu cheiro. Ter os teus beijos. E eu quero
tudo isso de volta...

—Mas e as dúvidas? Seu tio ele...

—Esquece tudo isso. Deixa no passado. Vamos começar do zero. Eu te quero


do meu lado. E nunca mais vou duvidar da sua palavra. Você é a mulher da
minha vida. Meu anjo de cabelos negros. Volta pra mim?—Ela chora muito.
E a abraço.—Shiiiii, o médico disse que não pode ter emoções fortes.

—So agora você diz isso? Eu também te quero de volta. Você foi, é e sempre
será o único pra mim. —Nos beijamos e novamente aquele sentimento de
paz, de estar no lugar certo enche meu coração.—Ah, ela se mexeu!—
Daniela coloca minha mão sobre seu ventre.
E meu peito incha de felicidade.

—Oh! Eu senti! Filha aqui é o papai. Agora você vai ficar protegida. Eu já te
amo muito.—Beijo a barriga de Daniela.—Eu prometo que sempre estarei
aqui pra você.—Olho para meu anjo.—Pra vocês...
Capitulo 17

—Estou cansada de ficar aqui nesse hospital. São quinze dias. Tem alguma
coisa errada comigo ou com nossa filha?—Não suporto mais ficar olhando
essas paredes brancas. Só posso levantar pra ir ao banheiro e tomar banho.—
Minha bunda já está ficando quadrada.

—Seu bumbum continua lindo. E não tem nada de errado. O médico disse
que amanhã podemos ir pra casa. Foi o melhor para que nossa bebê estivesse
em segurança.—Pedro me afaga os cabelos. Acho que ele tem algum fetiche
por cabelos longos. Ele tem me mimado muito. Só sai para tomar banho tem
dias que toma banho aqui mesmo. Trouxe o notebook para trabalhar daqui do
hospital. E como ele mesmo disse que sou sua prioridade.

O bandido que me assaltou foi preso. Ele foi identificado através das câmeras
de segurança. Ele confessou e meus documentos foram encontrados com ele.

Ao que parece Gerson não teve nada a ver com isso.


Mas Pedro e Italo já conseguiram provas de que ele foi o responsável pelo
acidente que o deixou em coma.
Ele está foragido. Mas a polícia o procura.
Descobrimos também que Ítalo estava com a esposa do motorista de Pedro
que faleceu no acidente.
Eles eram muito amigos e o bebê ficou doente.
Ítalo foi para hospital com ela.

Meu pai está trabalhando na construtora agora como mestre de obras. Ele se
sente muito animado.

—Amor. Está tão distante. —Falo para Pedro, que olha para a janela.

—Tenho uma proposta, é totalmente diferente de tudo o que já construímos.


Mas parece ser tendência.

—Me conte talvez eu possa te ajudar.

—Hum, uma mulher de negócios? Gostei disso. —Ele me beija.—Recebi um


projeto de um condomínio para pessoas de baixa renda.

—Isso é muito bom.—Me entusiasmo.

—Não da parte financeira. É um risco pois esse tipo de projeto tende a ser
ruim para o nosso mercado. Imagem, amor. Imagem é tudo. Estamos
acostumados a construir condomínios de luxo. Hotéis cinco ou mais estrelas.
Risorts. Entende o quanto fugiríamos dos nossas padrões?

—Então a imagem da construtora ficaria manchada por construir um


condomínio digamos para pobres?
—É mais ou menos isso. Poderíamos perder alguns clientes. Mas o projeto é
bom. Poderia ajudar muitas pessoas. São cerca de quinhentas moradias.

—Tantas? Sabe. Quando papai e eu conseguimos a nossa casinha, foi assim.


Através de um programa de baixo custo. E graças ao meu trabalho de caixa
eu consegui pagar a prestações que não eram tão altas. Imagina quantas
famílias, ou pais e mães solos conseguiriam ter seu lar? Seria maravilhoso.—
Ele segura minha mão da beija.

—Você tem um coração bom. Mas nos negócios isso não funciona. Vamos
deixar isso pra lá. Não quero esquentar essa cabecinha, com meus problemas.

—Estou com fome. Quando vão trazer meu lanche?

—Vou pedir a enfermeira.—Ele aperta o botão perto da cabeceira e logo a


enfermeira chega. Com um prato de salada de frutas.

—Eu sei que a gravidinha deve estar com fome. O doutor já vem aqui. Não
digam que eu contei, mas acho que alguém vai pra casa hoje.

—Ahhhh! Amor você ouviu?

—Ouvi sim anjo. Mas não fique ansiosa. Não é bom pra você.—Pedro se
aproxima e beija minha mão. —E as costas dela?

—Ela nem precisa mais de curativos, ontem retiramos os pontos. Ela vai
sentir um pouco de desconforto e coceira, natural pela cicatrização. Mas ela
se recuperou muito bem.

—Graças ao seu sangue que agora corre em minhas veias.


—Eu te daria meu coração.

—Oun vocês são tão fofos. —A enfermeira fala suspirando. O médico chega
com meu prontuário.

—Olá, como vai a gestante mais linda desse hospital?

—Estou bem doutor.

—Então, eu tenho ótimas notícias. Você se recuperou muito bem. O pequeno


descolamento de placenta foi resolvido. A ferida das costas cicatrizou muito
bem. Você está liberada para voltar para casa.—Eu bato palmas de felicidade.
—Mas lenbre-se. Ainda precisa de repouso. Nada tão radical quanto aqui,
mas precisa continuar se cuidando.

—Eu vou me cuidar. Prometo.

—Doutor podemos conversar a sós ?—Pedro sai com o médico. E a


enfermeira pega meu prato. O que será que ele quer saber? Fico incomodada.
Não gosto de segredos.

Pedro volta e a enfermeira sai.

—Que cara é essa? Por que esse bico?

—O que você queria falar com o médico que eu não podia ouvir?

—Amor, não era você que não podia ouvir, era enfermeira.
—Não entendi.

—Eu perguntei se a gente poderia fazer sexo. Estou com saudade. —Deita na
cama e me beija. Um beijo quente apaixonado e cheio de desejo.—Entendeu
agora?—Fico encabulada com o quanto ele é direto. —Ficou vermelha?
Amor eu te desejo. Quero fazer amor com você sempre que der.

—Mas estou feia, com esse barrigão.

—Você está linda. E mais desejável que nunca. Nunca pense o contrário. —
Pedro me beija novamente e me derreto em seus braços.

—E o que o médico disse?

—Que devemos esperar mais uns quinze dias.

—Ahhh!

—Essa também foi a minha reação. Mas podemos esperar mais alguns dias.
—Ele esfrega o nariz no meu de um modo carinhoso. E eu o beijo.—Amor
assim você não ajuda.—Nos rimos.—Só mais alguns dias.

Estou em casa, não na minha casa. Mas na casa de Pedro. Ele me leva em
seus braços direto para o quarto.

—Enfim em casa.—Ele diz ao me deixar na cama.

—Pena que meu pai não quis vir morar aqui.


—Ele disse que gosta da casa dele. Que não se acostumaria a viver aqui. Mas
que quando formos para a casa de campo o levemos também.—Pedro tira a
camisa.

—Ele gostou muito de lá. Quando voltamos ele só falava do quanto achou
tudo muito bonito...Hum, por que está se despindo?—Pergunto ao ve-lo de
cueca.

—Vou ficar com você. Durante esses dias eu não pude dormir te abraçando.

—E você acha isso bom? Ficar quase nu em minha frente? O médico disse
que não posso ter emoções fortes.—Ele ri e deita a cabeça em meu colo.—
Ela ta mexendo.

—Ela sabe que o papai está aqui.—Pedro beija meu ventre. E fica com a mão
onde da pra sentir nossa filha.—Que nome vamos dar a ela?

—Eu quero um nome forte. Imponente.

—Digno de uma Aguirre. Que tal Ana?

—Não! Quando eu era menina. Tinha uma colega de escola que fazia bulling
comigo. E esse era o nome dela.

—Então... Helena!

—Não! Entenda amor não vou aceitar nenhuma sugestão sua.


—Por quê?

—Porque , você já teve muitas mulheres e vai que você me dá o nome de


alguma mulher que você amou muito.

—Eu vou dizer o nome de uma mulher que eu amei muito. Carmen.

—Quem é essa?

—Minha mãe. Depois de você ela é a mulher que mais amei na vida.—Ele
fala emocionado. Seguro seu rosto entre as mãos, e olho bem nos seus olhos.

—Então está decidido. Nossa filha se chamará Carmen. —Pedro vem mais
pra cima e me beija ternamente. E depois o beijo vai ficando mais cálido e
exigente, com sua língua provando cada recanto de minha boca.
Suas mãos passeando por meus seios me fazendo estremecer.—Amor, amor.
Acho melhor a gente parar.

—Ahhhh! Esses dias serão uma tortura.

Agora que estou em casa, Pedro comecou a ir para o escritório. Felícia tem
cuidado de mim. Eu saio apenas até a varanda para tomar sol.

Quero me recuperar logo, para poder andar no jardim, sair desse quarto.

Papai vem me ver frequentemente. Dona Cotinha tambeem.


Pedro me liga várias vezes por dia.

Não sei o que aconteceu com Gerson. É como se a terra o tivesse engolido.
Mas eu sei que ele só está esperando o momento de dar o bote.

O telefone toca é Pedro.

—Oi amor!

—Meu anjo, como você está?

—Estou bem. Morrendo de saudade.

—Eu também. Hoje vou chegar um pouco mais tarde. Tenho uns assuntos
financeiros para resolver. Pode jantar sem mim.

—Oun. Eu queria que jantassemos juntos.

—Eu também amor. Mas prometo que amanhã vou chegar cedo em casa.

Espero ele chegar. Mas já são quase uma hora da manhã e nada. Pego o
celular e ligo. Mas dá na caixa postal. Então ligo para o escritório.

—Alô?

—Alba? Vocês ainda estão aí?

—Sim, estamos com um problema sério.

—Eu gostaria de falar com meu marido.


—Desculpe senhora, mas ele está com os contadores da empresa, pediu para
não ser incomodado.

—Tudo bem.—Desligo e vou dormir.

Acordo com Pedro deitando ao meu lado.

—Durma amor. Desculpe não quis te acordar.

—Que horas são? Você já tomou banho?

—São três horas. Eu cheguei de fininho não quis te acordar.

—É tão tarde. O que está acontecendo?

—Houve um desfalque na empresa e os sócios pediram uma investigação.

—Eu liguei pra você.

—Alba não me disse. Amanhã vou falar com ela.

—Não faça nada. Ela provavelmente viu que você estava ocupado.

—Voce é minha prioridade. —Ele me beija. E suas mãos vão direto para os
meus seios. Deslizando por baixo da camisola parando em meu quadril.—
Será que podemos? —Ele pergunta acariciando meu ventre.

—Acho que sim. Eu me sinto bem. E já passaram mais de quinze dias.


—De qualquer maneira vamos com calma.

—Se você conseguir...—O provoco pois também não aguento mais ficar ao
lado dele só aos beijos. Sem contar que os beijos me deixam ardendo de
desejo por ele.

Ele começa a me beijar e fazer amor com a barriga de grávida é novidade pra
mim. Mas parece que para ele não diminuir em nada o seu desejo.

—Amor eu não posso esperar mais. —Suas mãos passeiam por meu corpo e
por onde passam é como brasa em fogo. Sua boca me acalenta com beijos
quentes e cálidos.

Sei que desta vez será totalmente diferente, mas não menos prazeiroso.

—Estou um pouco nervoso, não quero machucar você. Me avisa se doer por
favor.—Eu apenas movimento a cabeça afirmativamente. Pedro se posiciona
atrás de mim, estamos de conchinha.
Ele se encaixa em mim e desliza dentro de minha vagina bem devagar. —
Tudo bem?

—Aham! —Falo com a respiração arfante pois meus coração bate acelerado
de excitação.

Seus movimentos começam devagar e com cuidado. Viro minha cabeça e


vejo o quanto ele está se esforçando para se controlar.

—Amor, está tudo bem. —Então ele se encoraja a realizar movimentos mais
fortes e potentes, sua mão está em meu clitóris, massageando-o e seus beijos
em meu ombro e pescoço. Tudo isso ao mesmo tempo, me tira de mim e
explodo em orgasmo poderoso, que faz tremer minha carne de tão forte que
acomete.
Ele continua com suas investidas sinto sua pélvis batendo em minha bunda,
então ele levanta minha perna e o prazer se torna ainda mais intenso até que o
sinto gozar tão intensamente quanto eu.

Estamos suados e ofegantes, deste momento que sentimos tanta saudade de


ter.
O momento que nossos corpos se tornam um só e sabemos que fomos feitos
um para o outro.

—Tudo bem, anjo? Não te machuquei? Acho que fui muito bruto.—Eu
seguro seu rosto e o faço olhar bem pra mim.

—Você foi maravilhoso, Pedro. Eu te amo.—O beijo.

—Eu também te amo, anjo.

Depois de uma ducha rápida dormimos o sono dos justos.

Acordo com os raios de sol e Pedro não está ao meu lado. Tem apenas um
bilhete com um rosa vermelha em seu traveseiro.

"Bom dia meu anjo! Tive um assunto urgente na empresa. Não quis te
acordar. Eu te amo."

Beijo o bilhete, e deito cheirando minha rosa.


Lembrando da noite maravilhosa que tivemos. Do quanto me senti desejada e
amada por ele.
Levanto e vou tomar café com Felícia na cozinha.

—Bom dia menina! Parece que hoje acordou bem disposta.

—Bem disposta, se é que você me entende.—Ela da uma risadinha de


cumplicidade e eu sei que ela imagina do que estou falando.

—Está com fome?

—Faminta. E Carmen também.

—Carmen?—Ela me olha com lágrimas nos olhos.—Oh, a mãe de Pedro


ficaria tão feliz. Que homenagem linda!

—Eu sei. Foi uma ótima escolha. Estou tão feliz, que tenho até medo.

—Medo? Não se sinta assim. Sei que já passou por muita coisa. Mas chegou
o momento de sua recompensa. Só viva esse momento. Pedro te ama muito.
E isso deve bastar.

—Me basta! E o amo também espero que isso baste a ele também...

Sei que tudo está bom demais pra ser verdade. Não consigo evitar esse
sentimento de medo.
Aquele canalha do Gerson ainda não foi encontrado. E ele ainda nos ronda
como um corvo. Esperando o momento certo de arrancar os olhos da sua
vítima.
E instintivamente eu descanso minhas mãos sobre meu ventre.
Acariciando e prometendo silenciosamente que vou proteger minha filha de
qualquer ameaça que venha sobre a vida dela.

Capitulo 18

A manhã foi agitada com os auditores da Receita Federal verificando aa


contas da empresa.

Estamos passando por algo que nunca imaginei. Suspeitas de lavagem se


dinheiro.

E isso graças o meu tio. Que durante o pouco tempo que esteve na
presidência depois do meu acidente fez negócios escusos. Aceitando propina.

Mas acabamos descobrindo que enquanto eu estive no colégio interno esse


era o jeito dele de fazer negócios. E agora tudo foi descoberto.

O pior foi descobrir que o contador da empresa que lhe era muito leal estava
junto com ele nas falcatruas.

A Receita leva em conta o tempo que eu não era o presidente da empresa. E


já sabem que tudo isso foi coisa do meu tio.
Mas para estarmos em dia com o fisco, Eu teria que pagar milhões em
impostos sonegados.

E se isso vazar para a imprensa eu perco negócios muito importantes.

Meu tio conseguiu manchar o nome Aguirre no mercado da construção civil.

Toda a manhã fiquei envolvido com reuniões e telefonemas. Mal tive tempo
de me alimentar.

—Eu vou entrar sim! Quero ver você me impedir...—Ouço a voz de Daniela
só lado de fora da minha sala.

—A senhora não pode entrar. O senhor Aguirre está muito ocupado.—


Levanto e abro a porta. Minha mulher está linda usando um longo vestido
floral coberto por um casaco preto de lã que cobre quase todo seu corpo. Seus
cabelos longos soltos formando cascatas em suas costas. Não sei o porque,
mas sou apaixonado por suas madeixas. —Senhor me desculpe sei que pediu
para ninguém interromper...

—Alba, minha esposa não é ninguém. Ela pode me interromper sempre que
quiser.

—É, sou a esposa dele. A mãe da filha dele. E espero que tenha ficado claro.
—Daniela está muito agitada.
—Amor, se acalme. Não é bom para nossa filha que fique assim.

—Eu não queria ficar nervosa. Mas ela não queria me deixar entrar. O que é?
Tem mulher aí dentro? Quem está ali?

—Amor, não tem ninguém aqui, eu terminei uma reunião agora. Por isso pedi
pra não ser incomodado. Entre vamos conversar lá dentro.—Ela entra.—
Conversamos depois.—Digo a Alba. Fecho a porta atrás de mim ela esta de
costas.—Por que pensou que eu estava com outra mulher?

—É que... Ela não me deixou entrar. E fiquei desconfiada. Estou tão grande e
existem tantas outras mulheres...

—Shiiiii!—Me aproximo e abraço pelas costas.—Nunca mais diga isso. A


única mulher que me interessa é você meu anjo. E em sua barriga você
carrega meu anjinho. Não se desmereça assim. Não existe mulher mais bonita
e desejável que você.—A beijo.

—Com licença... Me desculpe...

—Hum, meu marido sozinho não pode ser interrompido mas com a esposa
pode? Que estranho!—Desta vez Daniela tem razão. As atitudes de Alba
estão fora do padrão de trabalho dela.

—Desculpe é que a reunião da tarde foi cancelada. E achei que o senhor


gostaria de saber.

—Poderia ter usado o telefone. E aproveitando que está aqui. Quero deixar
claro. Minha esposa está em primeiro lugar pra mim. Não importa se eu
esteja em reunião com o Papa. Ela é prioridade. Entendeu?
—Sim.

—Ela ligou, você passa a ligação na mesma hora. Ela veio aqui devo ser
avisado no mesmo instante. Espero não ter mais nenhum inconveniente
quanto a esse assunto. Pode se retirar.

—Com licença.

—Obrigada amor! Eu me senti muito mal com a maneira que ela e tratou.—A
abraço.

—Se você quiser posso demiti-la.

—Não precisa. Acho que depois de hoje ela não vai mais fazer isso...Mas
vamos ao que me trouxe aqui. Eu quero almoçar com você. E pelo que ouvi
você tem a tarde toda livre.

—Mesmo se eu não tivesse, eu cancelaria tudo para passar a tarde com você,
meu anjo.

Almoçamos em uma pequena cantina italiana. Depois vamos para casa.


Onde passamos a tarde assistindo filmes clichês.

—Agora quero ver um filme de ação.—Digo ao terminar o terceiro filme


romântico. Mas quando olho para Daniela, ela está dormindo. A ajeito na
cama. E desligo a televisão.

Ela tem me visitado com freqüência no escritório. Graças a Deus depois da


auditoria conseguimos colocar as contas em dia. Nada foi vazado para a
mídia.
Conseguimos abafar o caso. Meu tio agora é procurado por lavagem de
dinheiro, além de assassinato e tentativa de assassinato.
E a ficha dele só vai aumentando.

Daniela fica cada vez mais insegura e isto acontece sempre que ela vem me
ver no escritório.

Tento conversar com ela mas ela diz que está tudo bem. O que eu não
acredito. Estamos no mês de fevereiro.

Com calor intenso, ela tem tido quedas de pressão. O médico disse que é
normal.

Mas tenho ficado menos no escritório trabalho quase home ofice. Ela pode
dar a luz a qualquer momento e não quero perder isso por nada.

Estamos agora no jardim aproveitando o meio da manhã. Faz muito calor e


estamos sob uma árvore.

Meu anjo lê um livro enquanto trabalho no computador.


Recebo uma ligação que devo visitar uma obra. Daniela não vai gostar nada
disso eu prometi passar esse dia com ela.

—O que houve?—Ela já pergunta desconfiada.

—Amor, eu sei que prometi ficar em casa hoje. Mas tenho um problema
seríssimo para resolver naquela obra de fora da cidade.
—Você vai viajar?—Ela levanta e põe as mãos na cintura. Tão linda com
essa cara de brava.

—Eu vou de helicóptero, volto ainda hoje. Posso ficar sem sinal em alguns
momentos mas eu dou um jeito de falar com você.

—Promete?

—Prometo. E eu lá consigo ficar muito tempo longe de você meu anjo?

—Eu acho tão lindo você me chamar de anjo.—Ela me beija.

—Você é meu anjo. Vou te contar uma coisa. Quando acordei do coma, vi
você olhando pra mim e seus cabelos caindo por cima do meu peito. Eu achei
que tinha morrido e um anjo estava me recebendo. Por isso te chamo de anjo.
—Ela está com lágrimas nos olhos.—Anjo não precisa chorar.

—Só pensando como nossos caminhos se cruzaram através da maldade. E eu


acabei te amando, tanto, tanto que tenho até medo.

—Shiii! Não chora. Eu volto logo você vai ver.

—Devem ser os hormônios estou muito emotiva hoje. —A beijo mais uma
vez e sigo para o heliponto.

Chegamos logo no canteiro de obras.

—O que está acontecendo?—Pergunto ao engenheiro responsável pelo


realização do projeto.
—Parece que estão tentando embargar a obra. Alegam falta de licenças
ambientais.

—Mas isso é impossível. Temos todas as autorizações. Quem está por trás
disso?

—Senhor Aguirre?—Um fiscal me cumprimenta.—Eu recebi uma denúncia


de que sua obra não tem todas as licenças ambientais necessárias para a
construção desse projeto.

—Isso é um absurdo! Venha comigo. Vou mostrar que todos os documentos


estão ordem.—Levo mais de quatro horas para conseguir todas as licenças.
Algumas se encontravam na construtora, e o piloto do helicóptero teve que
pegar. Mas tudo foi resolvido a tempo.

Embarco no helicóptero novamente quando meu celular começa a vibrar. São


muitas mensagens.

Abro, e a maioria são de Daniela.Me avisando que entrou em trabalho de


parto. Isso foi ha três horas.

O telefone toca. É Felicia.

—Alô?

—Senhor, finalmente. A senhora Daniela entrou em trabalho de parto, ela


está sendo preparada para uma cesariana.

—Por que?—Pergunto aflito, ja que Daniela sempre quis parto natural.


—O médico disse que ela não tem dilatação e como a bolsa já estourou acho
melhor. Estamos no Hospital Central na área obstétrica.

—Estou indo direto pra aí.—Meu coração bate acelerado. Minha princesinha
vai nascer. Finalmente vou conhecer o seu rostinho.

Desço no heliponto e saio correndo para encontrar o elevador.


Felícia está na sala de espera.

—Senhor, o médico já a preparou para a cirurgia. Olha aquele é o doutor.—


Ela aponta para o médico, me dirijo a ele.

—Doutor, sou Pedro Aguirre, minha mulher é Daniela Córdova. Ela entrou
em trabalho de parto, eu posso assistir o nascimento de minha filha?

—Prazer senhor Aguirre. Sou Alberto Favero. E pode assistir sim. Até
porque sua esposa não para de perguntar por você.

Visto as roupas especiais e entro na sala de cirurgia. Daniela está consciente e


sorri ao me ver.

—Por favor senhor, fique ao lado de sua esposa e não olhe atrás do lençol.
Acredite é o melhor.—A enfermeira me Diz.

Chego ao lado dela e seguro sua mão.

—Oi anjo. Eu disse que voltaria.


—Amor, fiquei com tanto medo.

—Nunca mais se sinta assim. Eu sempre voltarei pra você sempre. —Beijo
sua mão.

Fico segurando a mão dela ate que vejo o médico levantando nossa bebê e a
enfermeira o ajudando com os procedimentos.

Então ouço seu chorinho. E sinto uma emoção tão grande que não cabe em
meu peito e transborda em lágrimas por meus olhos.

Daniela também chora emocionada.

—Obrigado, meu anjo! Eu sou o homem mais feliz do mundo.—A


enfermeira traz nossa filha para que Daniela e eu a vejamos.

—Oi meu amor! —Ela sussurra. —Seja bem vinda Carmen. —Daniela beija
sua cabecinha cheia de cabelos.

—Olha amor quantos cabelos. Iguais aos seus. Ela é linda como você.—
Afago seu rostinho e ela chora muito.

A enfermeira a pega dos nossos braços.

—Vou dar um banho. E ela vai para o berçário até que a senhora se recupere.
O senhor também precisa se retirar pois temos alguns procedimentos para
com a sua esposa. Em duas horas ela vai para o quarto.

—Nos vemos daqui a pouco amor.—Beijo-a delicadamente.


Apos retirar todas aquelas coisas, vou para a sala de espera.
Felícia está lá, acompanhada de seu Marcio e Ítalo.

—Ela é linda!—Ja vou logo dizendo.

—Meus parabéns. —Italo me cumprimenta.

—Quando vou conhecer minha netinha?

—Eles estão a arrumando. Em breve ela vai para o berçário e poderemos ve-
la.

A enfermeira nos avisa que Carmen, já está no berçário.


Vamos todos para la.
Ela está envolta em uma manta rosa. Dando ainda mais destaque aos seus
cabelos fartos.

—Como ela tem cabelos? —Felícia comenta.

—Minha filha tinha muitos cabelos quando nasceu. Ela puxou a Dani. Com
certeza.—Seu Márcio fala todo orgulhoso.

Ficamos ali babando minha princesa ate que levam Daniela para o quarto.
Ela esta deitada na cama. E já se agita quando nos ve.

—Onde está minha filha? Quero ela!


—Ela já está chegando.—Digo e logo a enfermeira entra com nossa filha.

—Acho que alguém está com muita fome.


Carmen chora muito.

—Veja que pulmões fortes ela tem. —Seu Marcio comenta rindo.

—Vem com a mamãe.—A enfermeira auxilia Daniela a amamentar pela


primeira vez. No início Ela tem um pouco de dificuldade mas logo Carmen
esta mamando.

Estou tão feliz, que parece que meu peito vai explodir.
Ver a alegria nos olhos de Daniela não tem preço.
E talvez tenha chegado o momento que eu tenho esperado.
Esse é o momento.

Coloco a mão no bolso, e pego a caixinha que tenho levado de um lado para
outro esperando o momento certo, que se faz agora.

Por que esperar momento melhor que este?


Daniela deixa nossa filha no berço após amamenta-la.

—Amor? Esta tão quieto.—Olho para Felícia, seu Márcio e Ítalo que estão
paparicando Carmen. E me aproximo de meu anjo.

—Anjo!—Seguro em sua mão.—Sei que hoje foi um dia exaustivo. Mas não
há outro momento melhor para fazer isso.
Me ajoelho perto da cama.—Você quer se casar comigo? De verdade desta
vez?—Abro a caixinha e ela vê o solitário que escolhi especialmente para ela.
—Oh meu Deus! —Coloca as duas mãos sobre a boca e lagrimas escorrem
por seus olhos. —Sim. Eu aceito!—Encaixo o anel em seu dedo e a beijo.
E o meu dia não poderia ter acabado melhor.
Com a mulher da minha vida e a minha filha. Sou o homem mais feliz do
mundo.

Capitulo 19

Gerson

—Isso rebola no meu pau vadia! Vai assim... Isso.

Alba tem um corpo maravilhoso. Um corpo feito para o prazer.


Uma boca feita para me chupar, e sabe rebolar aquela boceta do jeitinho que
eu gosto.

—Assim?—Ela me provoca. Colocando o dedo indicador na boca.

Estou com tanto tesão.


Seguro sua cintura e a jogo na cama. Empino sua bunda.

—Vou enfiar meu pau até o talo,é isso que você quer? —Acerto um tapa em
sua bunda.

Desde que começou a trabalhar no escritório, ela tem sido minha puta
particular.

Eu queria que ela seduzisse meu sobrinho, mas a idiota não conseguiu. Meu
sobrinho é muito profissional e não mistura negócios com prazer.

Eu precisava me livrar dele, os meus negócios escusos estavam quase sendo


descobertos.
Ele precisou fazer uma viagem e levei o helicóptero para a manutenção.

Cortei o cabo do freio. Mas só isso não adiantava. Eu peguei o carro e fechei
ele em uma curva perto de uma ribanceira.

Fiquei lá assistindo enquanto o carto caía morro abaixo, capotando várias


vezes.

Eu achei que tinha acabado com a vida dele. Mas ele resistiu ao acidente.
—Ai amor! Não para, vai. Não para.—Lembrar que ele sobreviveu me dá
uma raiva tão grande. Desconto tudo ali naquela boceta. Meto com força, sei
que ela gosta. Alba é mais uma vadia na minha vida. A coitada está se
iludindo que ficarei com ela.
Mal sabe que ela não passa de uma válvula de escape. E ela é meus olhos e
ouvidos dentro do escritório.

Agora consigo me esconder já que sou procurado pela justiça.


Mas meu sobrinho não perde por esperar.

Gozo e saio para o chuveiro.


Eu bolei o plano perfeito.
Mas aquela idiota da Daniela tinha que se apaixonar.
Burra!

Eu a observei por dias.


Era pra ser a viúva do meu sobrinho.
Mas como ele sobreviveu tive que mudar meus planos.
O problema é que ela é linda demais.

E eu caí na minha própria armadilha me apaixonando por ela.


Eu fiz de tudo para separar os dois.
E quando consegui ela estava grávida.

Eu até ficaria com o pirralho. Mas Ítalo estava sempre por perto. Não não
pude me aproximar.

Porém desta vez.


Daniela será minha.
Vamos embora juntos do país.
Eu poderia até matar Pedro.
Mas eu quero que ele sofra. Sabendo que a mulher que tanto ama está
comigo.

E para isso já tenho tudo planejado.


Vou usar contra ela aquilo que mais me fez sofrer.

—Querido. Você não vem pra cama?—Alba me pergunta. Com sua voz
rouca e sensual. Não posso negar o quanto ela é bonita. Mas não a desejo
como desejo Daniela.
Vou para a cama.
E ela já vem mexendo no meu pau.
Ela é insaciável.
Me deito enquanto ela me chupa.
Deixo que ela faça o que sabe fazer de melhor.
Depois ela encaixa o preservativo e senta em mim. Cavalgando, fico
observando seus seios que sobem e descem no ritmo de sua movimentos.
Seus longos cabelos loiros caindo em casacatas por suas costas.

Essa loira é quente como um vulcão.

Inverto novamente nossas posições e agora vou comer aquilo que ela tem de
mais gostoso.

Empino sua bunda e coloco o dedo em seu ânus. Depois de lubrificar


direitinho e enterro meu pau todinho ali.

—Ahhh! É disso que você gosta não é vadia? Rebola vai.—Ela faz tudo o
que mando. E mais uma vez eu gozo. Caindo exausto na cama.
Pena que ela não é Daniela.

—Escutem! Nada pode dar errado nesse plano. A casa está ok?

—Chefe. Tá tudo tranquilo. A casa é longe, bem longe. O vizinho mais


próximo fica a mais de dez quilômetros e é um casal de idosos. Não creio que
sejam um problema. O rancho está preparado.

Desta vez não vou errar.


Pedro vai ter que conviver sabendo que roubei a mulher dele para sempre.

Ou talvez eu o mate, para me livrar dele de uma vez.

Ele sempre foi uma pedra no meu sapato.


Primeiro roubou o amor da minha irmã Carmen.
Eu queria toda a atenção dela pra mim.

Ele bem que podia ter morrido naquele dia que o empurrei na piscina.
Mas o pai dele o salvou.

Então decidi matar os três. Assim a fortuna ficaria toda para mim.
Eles sempre passavam uns dias na casa de campo.

Mas o pirralho não passou nas provas e ficou de castigo.


Eu só fiquei sabendo depois.
Eu queria usar a fortuna como bem entendesse e pra isso.
Mandei o garoto irritante para um colégio interno.
Mas ele cresceu e voltou disposto a assumir a empresa.

Tive que me fazer de tio querido.


Até que quase descobriram meu esquema de lavagem de dinheiro.

Planejei com cuidado a morte dele.


Mas o garoto é mais resistente que imaginei.
E o meu plano de roubar a metade de tudo foi por água a baixo.

Já que os dois se apaixonaram, entretanto vou acabar com tudo isso.

Alba ficou de me avisar quando Pedro fosse viajar para o canteiro de obra do
novo condomínio.

Vai ser bem na curva da serra que meu plano será executado.

Já se passaram dias e finalmente Alba me passou a informação que eu


precisava.
Ela está no carro com Pedro.
Finalmente ele não usou o helicóptero.
É a chance que eu esperava.

—Estejam atentos não quero falhas. Italo não veio. Não teremos outra
chance.

Os homens que contratei estão a postos.


O carro de Pedro se aproxima.
A estrada esta fechada por dois sos nossos carros.
Pegamos as armas.
O carro diminui a velocidade, assim que o motorista vê o que está
acontecendo.

Aponto a arma.

—Saiam do carro!—Grito.
Um dos homens vai direto para o banco de trás onde Pedro esta.
E o arranca de la.

—Tio? Mas o que significa isso?

—Cale-se! Isso significa que você está sendo sequestrado. E se for bonzinho
te deixo viver.—Ele é tão arrogante a minha vontade é mata-lo aqui mesmo.
—Amarrem ele, e coloquem o capuz.

Pedro é levado para o carro. E meu homens dão um jeito no carro dele.
O jogando ribanceira abaixo.

O motorista, é meu comparsa. Alba conseguiu que ele fosse contratado.

—Amor, o que pretende fazer? Vai mata-lo?—Ela pergunta preocupada.

—Ainda não. Você deve voltar e fazer conforme planejamos.—Lhe acerto


um tapa com muita violência.

—Por que fez isso?—Ela limpa o sangue que escorre no canto de sua boca.
—Temos que ser realistas. Depois vou recompensar voce. —Agora acerto um
tapa em sua bunda.—Vá e faça sua parte do plano.

O motorista a leva. Em outro carro.

Entro no veículo e nos dirigimos para o rancho. Bem, bem longe daqui.

São três horas e meia de viagem e ainda não estamos nem na metade. Não sei
lidar com um Pedro revoltado e falando pelos cotovelos. Isso está me
irritando demais.

—Cale essa maldita boca!—Lhe acerto um soco no estômago.—Isso é só o


começo do que você vai passar nas minhas mãos. Vocês pegaram o celular?

—Está aqui?—Um dos homens me entrega. Eu o jogo pela janela.

—Agora seu amiguinho Ítalo nunca vai encontrar você.

Seguimos viagem agora com Pedro amordaçado.


Melhor assim, estava a ponto de matar o moleque antes mesmo de chegar no
rancho.

Assim que chegamos o jogamos no quartinho acorrentado apenas com uma


garrafa de água para mante-lo vivo.

—Vê se economiza na água, não sei quando voltaremos aqui. E o banheiro


não tem água potável.—Falo e fecho a porta.—Agora esperamos alguns dias.
Quero que vocês o torturem bastante. Mas não o matem... Ainda.
Saio no carro e vou para o apartamento onde tenho me escondido.
Alba está me esperando toda nervosa.

—O que você está fazendo aqui imbecil?—Lhe acerto mais um tapa no rosto.
—Deveria ter ido a delegacia.

—Eu sei. Mas fiquei muito nervosa. E se eu gaguejar?

—Se você não cumprir sua parte no plano, ele não tem sentido. Idiota.—
Seguro em sua garganta ate quase sufoca-la.

—Eu... Não...Cons...

—Quer respirar? Quer? Acho que você está precisando de uma foda, pra te
dar coragem. —Solto sua garganta e ela cai no chão puxando o ar para os
pulmões.—Vem aqui! —Ela rasteja ate a mim.—Tire suas roupas.—Alba me
obedece.—Vá ate o sofá e se incline para mim.— me aproximo a abro a
calça. Enfio meu pau de uma vez em sua boceta. Metendo com força. Sou
bruto e sei que ela gosta. Esta toda lambuzada de tanto tesão. Mas hoje ela
não vai gozar.

Assim que termino seguro em seus cabelos e puxo para mim.

—Quer gozar?—Ela apenas afirma com a cabeça.—Faça o que mandei. —A


solto e ela cai deitada no sofá.—Vista-se e vá. Só volte aqui quando cumprir
sua parte no plano.

Ela se veste rapidamente e sai.


—Vadia miserável. Quase coloca tudo a perder.

Mas desta vez. Daniela será minha. Querendo ou não.

Capitulo 20
—Olha a princesinha da mamãe! Que linda. Que linda com esses olhos do
papai.—Acaricio Carmen enquanto ela mama.
Pedro está se arrumando para ir mais uma vez até o canteiro de obras do
condomínio na serra.

—Olha só essa menina é muito gulosa!

—Sim! Ela está mamando muito. —Pedro beija sua cabecinha e depois me
beija.

— Te amo! Eu volto logo.

—Por que você não vai de helicóptero? Não gosto de saber que vai de carro
para a serra.

—Eu usei o helicóptero todos os dias amor. E hoje vou de carro porque
emprestei para Ítalo. Ele foi com Sandra até a casa de campo.

—Será que eles vão casar?

—Eu acho que sim. Ele está apaixonado por ela. E desde que o marido dela
faleceu naquele dia do meu acidente. Ele tem sido um apoio para ela. E me
disse que sente o menino como se fosse dele.

—Eu torço muito pelos dois. —Ele pega sua maleta e me da outro beijo.

—Amo vocês! Eu volto à noite.—Ele vai para a porta do quarto me olha mais
uma vez e me joga um beijo.

Fico ali ainda amamentando minha linda e acariciando seus cabelos macios.

Passo o dia cuidando da minha filha. Pedro queria contratar uma enfermeira.
Mas não aceitei.
Quero cuidar dela pessoalmente. Vou me dedicar cem por cento a ela.

Depois que passar essa fase de amamentar eu entrarei na universidade.

Meu curso de fisioterapia ainda está vivo dentro de mim. E vou realizar esse
sonho.

Já passam das onze da noite. Pedro não me ligou. Nenhuma vez. Eu sei que o
sinal é péssimo la. Mas ele sempre dava um jeito de mandar o menos uma
mensagem.

Deixo Carmen dormindo e vou para a cozinha com Felícia.

—Acordada ainda? Deveria aproveitar quando a nenê dorme e descansar


também.—Ela me diz assim que me vê.

—Estou preocupada. Pedro nunca fica tanto tempo sem falar comigo.

—Fica calma. Nervosismo pode secar o leite.—Coloco as mãos nos seios


com medo do que Felicia diz.

A campainha toca.
—Nossa quem será a uma hora dessas?—Felícia vai atender e eu vou me
servir de uma xícara de chá.—Querida tem um policial na sala.

Meu coração da um salto no peito e derrubo a xícara.


Pedro não voltou ainda e sinto que algo de ruim aconteceu.

Vou rapidamente para a sala. E o policial não está com uma cara boa.

—Senhora. Tenho notícias ruins infelizmente.

—É o meu marido, não é? —Minhas mãos suam frio e meu coração começa a
bater acelerado.

—Infelizmente ele foi sequestrado hoje pela manhã. A secretária dele, Alba
Couto, fez o boletim de ocorrência. Já estamos investigando, mas
infelizmente ainda não temos nenhuma pista.

—Oh meu Deus! O sequestro foi pela manhã e so agora voces vem me
comunicar?—Sinto o chão se desfazer aos meus pés, minha visão turva e
lagrimas rolam por meu rosto.

— A senhorira Alba, disse que demorou para conseguir uma carona estava
muito abalada. Uma equipe está vindo para cá para auxiliar caso os
sequestradores entrem em contato...—Ela fala mas não ouço mais nada pois
na hora me vem a cabeça o tio dele. Eu sei que Gerson está por tras de tudo.

—Felícia por favor!—Ela vem direto da cozinha.—Ligue para Ítalo e peça


para ele vir imediatamente. Pedro foi sequestrado!—Ela coloca as mãos na
boca.
Tenho que me manter o mais calma possível. Pedro precisa de mim e não
posso me desesperar.

—Eu sei quem está por trás disso. É o tio dele, Gerson. Ele é foragido da
justiça. Pois foi comprovado que ele causou o acidente onde os pais de Pedro
faleceram e também o acidente em que Pedro ficou em coma e o motorista
faleceu.

—Já estamos nessa linha de investigação. Ele é o nosso primeiro suspeito.

Ítalo chega.

—Graças a Deus! —O recebo com minha filha nos braços.

—O que a polícia já descobriu?

—Até agora só suspeitos. E o principal é que Gerson esteja por trás de tudo.

—É o mais lógico. Vou dar uma investigada. Quem fez o boletim de


ocorrência?

—A Alba.

—Então é por ela que vou começar.

—O policial disse que vai enviar uma equipe para cá.

—Deixe tudo comigo. Qualquer ligação que receba me avise imediatamente.


—Sim.

—Fique calma! Vou trazer Pedro de volta.

Ele sai. Vou para o quarto com Carmen. Depois de amamenta-la e deito em
minha cama.

E ando de um lado para outro.


O dia está amanhecendo.
Nenhuma notícia tanto da polícia quanto de Ítalo.
Eu vou morrer de tanta angústia.
E só tenho pensamentos ruins.

Imagino os sequestradores batendo nele. Torturando.


Ai meu Deus protege meu amor.

Com a raiva que Gerson estava dele é capaz de coisas horríveis.

Meu telefone toca, é um número desconhecido.

Atendo tremendo de medo.

—Alo?

—E então, já sabe quem está falando?

—Gerson?
—Sim meu amor! Não ouse falar pra ninguém que liguei. Ou seu querido
Pedro vai sofrer as consequências.

—O que você fez com ele? Onde ele está?—Meu coração bate acelerado no
peito.

—Vai saber logo, logo onde ele está. Mas depende de você a maneira como
vão encontrá-lo. Vivo ou aos pedaços. Porque acredite. A minha vontade é
corta-lo em pedacinhos.

—Não! Por favor,não!—Começo a chorar de desespero.

—Você faria qualquer coisa para que ele volte para casa são e salvo nao
faria?

—Sim.—Vou até a porta e a tranco. Não quero que ninguém me interrompa.

—Boa menina. Mas lembre-se ninguém deve saber. Nem mesmo o Ítalo, ou a
Felícia.

—Sim. Mas eu quero ve-lo. Saber se ele está bem.

—Se acalme querida. Enviarei um vídeo a você. Eu quero que você transfira
um milhão de dólares para uma conta internacional, eu sei que você pode
fazer esse tipo de transação.

—Mas isso é muito dinheiro. Eles vão desconfiar.

—Não se preocupe, não tem como rastrearem a conta. Apenas faça isso assim
que eu te mandar o número da conta. —Ele desliga.
—Espera! Espe...—Droga! Meu Deus proteja Pedro.

E agora? Conto ou não a Ítalo. Mas e se eu contar e matarem Pedro? Gerson é


louco o suficiente para isso.

Meu celular toca e uma chamada de video.


Abro. E vejo Pedro sentado em uma cadeira. Amarrado com as mãos para
trás, e amordaçado. Está ensanguentado e muito machucado.

—Pedro amor!—Ele levanta a cabeça e olha para mim. Mas está muito
machucado. Sua boca tem um corte e seu olho esquerdo está completamente
fechado. —Eu vou te tirar daí eu prometo. A chamada acaba.

Me ajoelho no chão segurando o celular.


Recebo novamente a ligação do número desconhecido.

—E então? Viu seu amorzinho?—Gerson pergunta sarcástico.

—Você disse que ele estava bem! —Sinto uma raiva tão grande. Que mataria
Gerson com minhas próprias mãos.

—Não! Eu disse que ele estava vivo. E só depende de você ele continuar
respirando. Então faça o que eu disse. Assim que o dinheiro cair na conta. Eu
volto com mais notícias.—Novamente ele desliga.

Eu fico ali prostrada no chão e agora estou nas mãos de Gerson. Não posso
pôr a vida de Pedro em risco.
Ele estava tão ferido. Eu não consigo tirar a imagem dele amarrado todo
ensanguentado naquela cadeira não me sai da mente.

Carmen começa a chorar. E agora tenho que vestir a armadura de mulher


forte. Sendo que estou despedaçando por dentro.

Seguro meu bebê nos braços e a nino um pouco.


Mas ela não se acalma, até parece que ela sente o que está acontecendo.

—Calma meu amor! Shiii. A mamãe vai trazer o papai de volta eu prometo.

Dou meu seio a ela. E depois que ela se alimenta eu troco sua fralda e a faço
dormir.

Felícia bate na porta, com certeza veio me trazer o café da manhã.


Não tenho fome. Mas abro a porta pra ela.

—Bom dia querida! Nenhuma notícia ainda? —Ela deixa a bandeja sobre a
mesinha.

—Não! Italo não ligou. Ninguém ligou.—Começo a chorar.

—Não fique assim. Logo a polícia encontra ele. Venha tome seu café da
manhã, tem que se alimentar pra cuidar do seu anjinho.

Me sento e tento engolir. Mas o nó em minha garganta não permite.


Meu telefone toca.
Número desconhecido.
—Não vai atender?—Ela pergunta desconfiada.

—Não! É a Cotinha. Depois falo com ela.—Minto.—Pode levar a bandeira


Felícia por favor.

Ela sai, tranco a porta.


Torcendo para Gerson ligar novamente.

Quinze minutos depois ele liga. Atendo apressadamente.

—Alô?

—Sua vadia. Da próxima vez que eu ligar me atenda.

—Eu não podia, Felícia estava aqui.

—Desta vez vou te perdoar. Mas só porque te amo.—Que nojo!—Agora


quero que faça a transferência. O número da conta já chegou por mensagem.
Você tem meia hora. Ou a próxima chamada de vídeo vou e vai ver eles
cortando uma perna do seu amorzinho. —Ele desliga.

Pego o notebook de Pedro, e entro no aplicativo do banco. Tento por duas


vezes sem sucesso fazer a transferência. Estou muito nervosa e erro a senha.

Essa é minha última tentativa se eu errar vai bloquear meu acesso.


Me concentro.
Tem que dar certo.
Finalizo transação e consigo.
O telefone toca.

—Alô?

— Muito bem! Agora a segunda parte.


Você vai me encontrar. Quero você sozinha. Temos assuntos pendentes.
Você vai ser minha. E entenda não adianta tentar fugir.
Eu quero você pra mim. Essa é a condição pra libertar o Pedro. Aceita
ou não? Lembre-se a vida dele está em suas mãos. Ou melhor em sua boceta.
—Ele dá aquela gargalhada de megalomaníaco. —Me dê sua resposta.

—Eu vou!—Não preciso pensar muito. Eu faria qualquer coisa para salvar
meu amor. —Mas antes você deve me deixar ve-lo.

—Vou fazer uma chamada de video.

—Não! Quero ve-lo! Toca-lo. Eu faço tudo o que você quiser. Mas quero me
despedir. Pois depois disso não nos veremos mais.

—Tudo bem. Eu vou mandar alguém pegar você. Espere no portão dos
fundos. E não deixe que Ítalo a veja. Daqui duas horas.

—Tudo bem.—Ele desliga e Ítalo bate na porta.

—Posso entrar?

—Sim.E então? —Já vou pra cima dele. Orando para que ele tenha boas
notícias e eu não precise me submeter ao que Gerson quer.
—Descobri uma coisa...

—Fale homem! Não me torture mais.

—Alba está por trás do sequestro.—Não posso acreditar e caio sentada na


cama.

—Alba?

—Sim. Ela é amante de Gerson há mais de um ano. Ela passava todas as


informações para ele. Descobri até um Flat que estava alugado em nome dela.
Onde Gerson esteve escondido durante todo esse tempo.

—Como... Como descobriu tudo isso?

—Foi simples. O motorista era novato na empresa. Fui Fazer umas


perguntinhas e ele não aguentou o aperto. Soltou a língua. Depois disso fui
falar com Alba que acabou confessando. O problema é que eles dizem que
não sabem onde fica o cativeiro. A polícia está interrogando os dois. Para
descobrir mais coisas. O que nos resta é esperar. Ningueem ligou?

—Hã?—Tento disfarçar. —Não! Ainda não!

—Isso é estranho. Geralmente os sequestradores ligam nas primeiras vinte e


quatro horas. —Ele me olha estranho. —Tudo bem?

—Não! Meu marido foi sequestrado como pode estar tudo bem?

—Se receber qualquer telefonema. Me avise no mesmo instante.


—Aham!—Se fosse Pedro teria percebido que eu estou mentindo. Eu parei
de falar aham. Só falo quando estou nervosa.

—Ta. Vou deixar você com Carmen. Estou no escritório, quero saber se a
polícia já descobriu alguma coisa sobre o cativeiro.

—Qualquer notícia me avise.— Ele finalmente sai. Eu tenho que pensar bem.

Se Gerson acha que vai ser tudo muito fácil está muito enganado.
Ele mexeu com uma mãe, disposta a tudo para salvar o pai de sua filha.

E se a polícia não faz nada. Eu mesma farei.

Ando de um lado para outro pensando em algo.

Está quase dando o horário. Eu tiro leite para deixar para Carmen. Espero que
o que deixei seja suficiente.

A seguro nos braços e ela nem acorda.

—Minha princesa! A mamãe vai sair. Eu preciso salvar o papai.—Falo com a


voz embargada pela emoção e pelo medo.

E se eu não voltar? Minha filha precisa de mim.


Então eu não tenho opção. Tenho que voltar.

Pego uma faca e coloco na minha bota.


Tive que colocar um par de botas para esconder alguma arma.

Acho que não vão desconfiar.

Chegou a hora.
Beijo minha filha! E saio com o coração apertado. Pedindo a Deus que não
seja nossa última vez juntas.

Desço a escada não tem ninguém na sala.

Saio me escondendo, consigo chegar no portão.


O carro já está me esperando. A porta se abre e Gerson me olha com
um.sorriso maquiavélico estampado na cara.

—Entre meu amor! Vamos cumprir sua parte no acordo.—E agora não tem
mais volta eu preciso arriscar tudo para salvar Pedro. É minha única
alternativa.

—Primeiro cumpra a sua...

Capitulo 21
Eu preciso dar um jeito de sair daqui.
Esses caras parecem ter apenas dois neurônios funcionando.
Se deram bem porque estou amarrado.

Eu dou conta deles, mas preciso me soltar antes.


Eles me bateram, mas isso não vai ficar assim.

Estou em um tipo de fazenda, viajamos por horas.


É longe da capital.

E meu tio deve estar planejando algo contra Daniela. Pois fizeram uma
chamada de vídeo. E vi o desespero em seus olhos ao me ver assim.

Fico friccionando a corda na cadeira. Meus braços já estão cansados.


Mas não posso desistir.
Os idiotas estão jogando cartas e nem olham para mim.
De início eu ficaria com uma corrente No tornozelo.
Mas acabei acertando um soco em um deles.
Acharam melhor me amarrar.

O dia amanheceu e ainda estou tentando me soltar.

—E aí mauricinho? Passou bem a noite? Seu hotel cinco estrelas lhe foi
Agradável? —Ele ri. —Em breve lhe traremos seu café da manhã meu
senhor. —Faz uma reverência.

—Deixa o cara. Logo ele nem vai estar vivo pra contar história.—O outro
diz.

Tenho que me soltar. Eu sabia que meu tio planejava me matar.


Assim como ele fez com meus pais.
Eu tenho que sair daqui a todo custo.

Preciso voltar pra minha família.


Ouço o barulho de um carro se aproximando.

—É o chefe.—Um dos caras diz.

—Mas ele já conseguiu o que queria?Foi rápido demais. —Como assim? O


que ele queria.

—Eu quero ver meu marido.—Daniela?

—Daniela? Daniela? —Começo a gritar. E ela abre a porta do quarto onde


estou preso.

—Meu amor! —Ela me abraça.

—Sai daí moça.—Um dos homens tenta tirá-la de perto de mim.

—Não toque nela!—Meu tio grita e lhe acerta um soco.—Deixe ela se


despedir. A final essa é a ultima vez que se vêem.

Ela me olha, chorando.


—Do que ele está falando?

—Meu amor! Eu vou embora com Gerson. —Daniela olha para meu tio que
está falando com um dos homens enquanto o outro fica em um canto
resmungando porque tomou um soco.

Daniela me abraça e não sei em qual momento ela pega uma faca. E a deixa
em minhas mãos.

—Eu te amo. —Ela me beija.

—Ei, já cumpri minha parte no trato. Agora precisamos ir.—Gerson a puxa e


a leva do quarto.

Os dois começam a discutir. Tenho que sair daqui.


Ajeito a faca minhas mãos e começo a cortar a corda.

Não é uma tarefa fácil.


Daniela está ganhando tempo.
Preciso ser rápido.
Acabo cortando a mão nessa manobra. Mas consigo me livrar da corda.

—Deixe-me vê-lo só mais uma vez. Eu nem me despedi direito. Por favor...

—Daniela pra gente ser feliz. Pedro não pode estar entre nós. —Meu tio abre
a porta. E me vê sentado. Eu finjo que ainda estou amarrado. E ele aponta
uma arma para mim.

—O que você vai fazer?—Daniela pergunta muito nervosa.


—Pedro sempre foi um estorvo. A pedra no meu sapato. Ele sempre
atrapalhou meus planos.

—Mas você disse que não o mataria.

—É! Mas mudei de idéia.—Meu tio engatilha a arma. Daniela se joga sobre
ele, eu aproveito para sair dali.
Acerto um chute nele que derruba a arma e a jogo longe com o pé. Não tenho
tempo para mais nada.

Ele vem pra cima de mim e começamos a lutar.

—Pedro! Temos que sair daqui.—Os dois homens vem também para ajudar
meu tio. Dou mais um chute nele, pego a mão de Daniela, pulamos a janela e
saímos correndo da casa.—Para onde vamos?

—Para o carro!

—Mas não temos as chaves.

—Droga!—Olho ao redor. —Vamos por ali.—Aponto para uma mata.


Começam a atirar na gente. —Cuidado! —Abaixamos a cabeça e
continuamos a correr pela mata.

Sem saber pra onde estamos indo. Ouvimos eles atrás de nós.

—Não os deixem escapar! Quero Daniela viva! Mas ele, podem matar.—
Meu tio grita.
—Anjo consegue me acompanhar? —Pergunto vendo a sua dificuldade em
correr comigo.

—Sim. —Ela confirma ofegante.—Espera!—Daniela pega um celular de


dentro da bota.

—O que mais você tem aí? Um carro?

—Não! Mas isso aqui é ouro. Eu sei que meu celular tem um rastreador. Italo
vai nos encontrar.

—Voce é um gênio.—A beijo. —Tem sinal?

—Tem. Pega liga pra ele. —Ela me entrega.

—Precisamos encontrar um lugar seguro. —Continuamos correndo pela


mata. —Vem anjo. —Percebo ela diminuir o passo.

—Não aguento mais. Podemos parar só um pouquinho?

—Acho que conseguimos ganhar uma distancia, de carro eles não conseguem
entrar na mata.—Enquanto espero ela descansar, pego o telefone e ligo para
Italo.

—Daniela?

—Sou eu!
—Pedro estou rastreando o celular. Se puderem fiquem onde estão.

—Não podemos, estamos sendo perseguidos. Meu tio e dois homens


armados. Daniela e eu estamos no meio de uma mata. Não sei como pega
sinal aqui.

—Vocês não estão longe da área urbana. Tem casas por aí. Tentem encontrar
um lugar pra se esconder. Não demoro a chegar.

—Tudo bem. E Carmen?

—Ela está bem. Felícia está cuidando dela. Eu percebi que Daniela saiu assim
que a menina começou a chorar. Por sorte ela levou o celular. Agora vão
achar um lugar seguro.—Desligo e vou ver meu anjo.—Você está bem?

—Meu pé doi um pouco mas posso continuar. Carmen está bem?

—Sim, Felicia está cuidando dela.—Olho para sua camisa ensopada na


frente de seus seios.

—Olha só! Meu leite está vazando. —Ela chora. Preciso ser prático agora.
Sei que ela está nervosa. Então tenho que ser racional.

—Amor, precisamos continuar. Vamos encontrar um lugar seguro.—


Voltamos a andar no meio da mata.

Encontramos a saída e vejo uma casa. Mas o carro do meu tio está parado lá.

—Volta!—Seguro seu braço. E ficamos espiando. Os dois homens estão do


lado de fora vasculhando tudo. Até mesmo um celeiro é revirado pelos dois.
Meu tio sai da casa falando com uma senhorinha.

—Então tome cuidado. Eles são perigosos. —Desgraçado.

—Se esconde!—Nos abaixamos e esperamos eles sairem. —Eles estão vindo


para cá. Corre!—Corremos para o lado oposto. Achamos uma moita e
acabamos nos escondendo ali. Daniela me abraça e treme muito.

De repente ouvimos um clique e sei que o barulho é de uma arma sendo


engatilhada.

—Encontrei vocês.—Meu tio fala atrás de nós. Levantamos as mãos. Daniela


chora muito.—Virem pra mim.—
Nos viramos e ele está apontando a arma.—Daniela vem pra cá.

—Não! —Ela me abraça.

—Vem agora ou atiro nele.—Meu tio aponta a arma pra mim. Daniela
continua agarrada a mim.

—Amor, vai. Um de nós tem que viver pra cuidar da Carmen.—Digo


secando suas lágrimas.

—Não, não, não...

—Escute. —Seguro seu rosto e olho em seus olhos.— Eu quero que saiba,
que se eu morrer hoje. Eu fui o homem mais feliz do mundo, por ter amado
você.
—Para, você não vai morrer. Eu te amo. —Ela me beija.

—Blá, blá, blá... Tirem ela de lá.—Os dois homens a seguram e a arrancam
dos meus braços.

—Não! Não! —Ela grita desesperada. —Pedro! Pedro! Meu amor!—


Continua esperneando e socando os dois capangas do meu tio. Até um deles
tampar a boca dela.

—Agora vamos acabar logo com isso! Já demorei demais aqui. —Meu tio
aponta a arma pra mim.

Olho para Daniela, se vou morrer que ela seja a última pessoa que meus olhos
vão ver.

—Eu te amo!—Ouço o barulho de um tiro, mas não sinto nada. Então vejo
Ítalo chegando com mais dois guarda- costas.

Um dos capangas de meu tio atira revidando.


Vejo tio Gerson correr e pegar Daniela. Ele a arrasta para o carro.

Ela grita, mas ele consegue colocá-la no carro.

—Me solta! Pedro! Pedro! —Corro em direção ao carro. Mas eles conseguem
escapar.

Um dos capangas é atingido. O outro segue no carro com meu tio.

—Temos que ir atrás deles!—Falo para Italo.


—O carro está mais a frente.—Seguimos correndo até o carro. Ítalo vai
dirigindo.

—Lá estão eles! —Perseguimos o carro pela estrada sinuosa. Meu tio segue
no banco de trás com Daniela enquanto o outro bandido dirige.

Ele atira em nós. Ítalo tem que fazer manobras bruscas para desviar dos tiros.
Alguns atingem nosso carro.

Estamos descendo a serra e do nosso lado esquerdo um penhasco é o perigo


iminente.

—Cuidado Ítalo. Essa estrada é perigosa.

—Estou atento. Mais a frente há um posto da polícia Rodoviária. Um dos


meus homens já avisou sobre o que está acontecendo. Eles não tem saída.

Durante a perseguição uma cena se desenrola em minha frente como se fosse


em câmera lenta.

Daniela abre a porta e seu corpo está metade para fora do carro. Meu tio a
puxa para dentro.

O motorista perde o controle e o carto cai ribanceira a baixo.

Não acredito no que meus olhos estão vendo.

O carro descendo descontrolado.


Ítalo para o carro e vamos para fora.
Vemos o veículo capotar muitas vezes até explodir.

—Não! Danielaaaaaaaaa!—Caio de joelhos no chão não acreditando que o


amor da minha vida acabou de morrer bem na minha frente. Uma dor
dilacerante me consome por dentro e não posso respirar.—Ela morreu, meu
Deus não! Eu não vou suportar.

—Pedro olhe! — Ítalo aponta para baixo. Levanto imediatamente. E vejo


Daniela caída perto de uma árvore. —Ela pode estar viva.

—Vou descer lá.

—Eu também. Tome cuidado. —Temos dificuldades para descer, pois o local
é íngreme e com rochas soltas.
Com muito esforço consigo chegar até meu amor.

—Amor! Acorda por favor.—Toco seu rosto que está cheio de machucados.

—Não mexa nela. —Deito minha cabeça em seu peito. E ouço se coração
bater.

—Ela está viva! —Sinto um alívio muito grande ao constatar que seu coração
ainda bate.

—Estou ligando para os bombeiros. Somente eles tem treinamento para


retirá-la daqui.—Ítalo se vira de costas e começa a falar com o corpo de
bombeiros.
Então é atingido por um tiro e cai.
Olho para o outro lado e vejo meu tio todo machucado. Segurando uma arma.

—Você não vai ficar com ela! Daniela é minha!

—Tio, por que não desiste disso tudo? Veja quantas coisas ruins
aconteceram.

—Cale-se! Você é um maldito. Pedro, você roubou tudo de mim. Roubou o


amor da minha irmã. Roubou a presidência da empresa. Meu roubou o amor
de Daniela. Eu deveria estar em seu coração. Eu!—Ele grita transtornado
apontando a arma para o seu peito.— Eu posso ir para a cadeia. Mas você vai
para o cemitério. Não vai ficar com nada. Vai morrer. E ela também.—Ele
gesticula com a arma. Levanto bem devagar.—Agora vou acabar com tudo
isso de uma vez por todas. —Aponta a arma para mim e atira, mas o tiro
falha. Ele tenta mais três vezes. Então entendo que acabou sua munição.

Me jogo sobre ele e começamos a lutar. Acerto muitos socos em seu rosto.
Estou sobre ele e minha raiva é tanta que não consigo parar de bater nele.

—Seu cretino! Você vai para a cadeia! —Minha mão está machucada de
tanto acertar a cara dele. Caio deitado ao seu lado ofegante ele se levanta
cambaleante.

—Eu nunca serei preso. Nunca vou passar um noite na cadeia.—Ele olha
para Ítalo que tem uma arma na cintura e vai pega-la. Mas eu levanto rápido e
o empurro, então meu tio cai no penhasco. Batendo nas rochas antes de
acabar todo quebrado lá em baixo.

—Ai!—Ouço Ítalo geme de dor.—Tinha esquecido como dói.—Ele abre a


camisa e vejo que ele usa um colete a prova de balas.
Vemos uma ambulância do corpo de bombeiros e um helicóptero chegar para
o resgate de Daniela.

A operação é bastante complicada por ela estar em um local de dificil acesso.


Mas os bombeiros conseguem traze-la em segurança.

A acompanho no helicóptero até o hospital. Os paramédicos fazem todo o


procedimento e eu não solto sua mão por nada desse mundo.
Capítulo 22

No hospital estou ao lado dela até que os médicos não me permitem mais
acompanhá-la.

—Senhor, devemos leva-lo ao ambulatório, seus ferimentos devem ser


cuidados.—Uma enfermeira me leva.

Mas estou catatônico, não sinto dor, não sinto nada.


Somente o medo de perder o meu anjo.

Sou medicado e levado para um quarto.


Mas tudo o que me interessa é saber como está Daniela. E as horas se
arrastam sem que eu receba nenhuma notícia.

A angústia toma conta de meu peito. Que está tão apertado, que mal posso
respirar.

Já passa das quatro da manhã quando o médico finalmente entra.

—E então doutor? Como está minha esposa?


—Vou ser sincero. O estado dela é gravíssimo. Sua esposa sofreu um
traumatismo craniano. E já chegou aqui em estado de coma.
Devemos esperar para ver como ela vai reagir nas próximas setenta e duas
horas. Esse é o tempo para que o cérebro reaja.
E só depois disso podemos dar um diagnóstico mais preciso.

Eu sento na cama. Sem acreditar em tudo o que ouvi.


E pela primeira vez na minha vida me ajoelho e rezo pedindo a Deus que
permita que ela volte para mim.

—Meu Deus! Eu nunca te pedi nada. Mas dessa vez eu imploro. Traz ela de
volta para mim.

Estou de auta, passo no quarto de UTI onde Daniela está. Não posso entrar.
Visualizo ela apenas pelo vidro. O horário de visitas é mais tarde.

Quero ver nossa filha antes de voltar para cá.

Ao chegar em casa, Felícia já me recebe com Carmen nos braços.

—Seja bem vindo senhor.

—Obrigado, Felícia. Vou tomar um banho para tirar esse cheiro de hospital.
Depois seguro minha filha nos braços.

E assim faço. Tomo um banho muito rápido. Pois estou morrendo de saudade
de Carmen.
—Meu amor. Que saudade o papai estava sentindo. —Beijo sua testinha. E
ela sorri para mim.—Em breve sua mamãe estará aqui com a gente. Porque
ela te ama tanto. Que não poderia partir e te deixar aqui...

Os dias vão se passando e o quadro de Daniela não melhora.


A vejo sempre que as visitas são liberadas.
Passo o tempo todo segurando sua mão e falando com ela sobre nossa filha.

É tão difícil ve-la nesta situação.


Meu anjo com seus olhos tão grandes, expressivos e brilhantes olhando para
mim. Seu sorriso radiante que iluminava meu dia. Eu quero isso de novo.

E hoje, mais uma vez eu estou aqui. Ouvindo as batidas de seu coração
através do bipe do aparelho.

—Senhor por favor. O doutor está o chamando.—a enfermeira me avisa.

—Senhor Aguirre sente-se por favor.—Nao gosto nada da cara dele.—


Infelizmente as notícias nao sao boas.

—Como assim doutor? Minha mulher está aqui há mais de vinte dias.

—E isso me preocupa. A atividade neural dela, tem diminuído dia após dia e
...

—E... O que o senhor quer dizer?—Meu coração quase para. Tamanha a dor
e o medo que sinto.

— Eu não gosto ser o portador desse tipo de notícia. Mas o senhor deve se
preparar para o pior.

—Não! Não! Isso não. —Ela vai acordar. Eu sei... Eu sei... Meu anjo vai
voltar pra mim...

—Ela não tem respondido ao tratamento. No caso dela só um milagre.

—Então eu vou pedir por esse milagre até que eu não tenha mais forças. —
Dou um soco na mesa.

—Quero que fique tranquilo. Não faremos nada que o senhor não autorize.
Continuaremos lutando incansavelmente, pela sua recuperação. Só quis expor
o quadro clinico dela.

—Eu quero voltar para o quarto dela.

—O horário de visitas...

—Doutor, eu preciso estar ao lado dela. Por favor.

—Tudo bem. Senhor Aguirre. Pode ficar com sua esposa. O tempo que
quiser.

—Obrigado doutor.

Volto para o quarto e fico parado na porta. Olhando para Daniela, sem
coragem de me aproximar.

Tento imaginar uma vida sem ela. Mas não consigo.


Não existe vida pra mim sem ela. Sem ela só existe o nada, o vazio.

Ela é meu coração. Ela é a razão de eu ter me tornado um homem melhor. Ela
me fez ver que tenho coração pulsante e amoroso.

Ela me deu o que tenho de mais precioso neste mundo, uma família.
E isso não tem preço.

Quando chego em casa e vejo a miniatura dela sorrindo pra mim, meu mundo
tem sentido. Mas ao mesmo tempo, falta ela ali.

Ela foi tão forte para ter a nossa filha. Passou por tantas coisas.
A tristeza de uma separação, aquele assalto e agora se encontra aqui.

E é o meu farol. Sem ela meus olhos não tem direção e encontro perdido.
A noite é muito pior, durante o dia o trabalho e a presença da nossa filha
preenchem meu tempo.

Mas a noite, quando tenho que enfrentar a cama fria. É que a saudade aperta.
Passo algumas noites deitado no sofá, para não encarar o seu lado da cama
onde não tem o seu corpo, pra dormir abraçado.
A solidão aperta e me sufoca.

Não posso aceitar isso. Não posso!

Ando lentamente até a cama. Me ajoelho ao seu lado. E tudo o que consigo
fazer é chorar.

—Eu não posso te perder, meu anjo. Por favor volta pra mim.
Os dias se passam e me divido entre as tarefas, de ser dono de uma empresa,
pai e cuidar de minha mulher.

Tenho lido para ela os livros da Jane Austen, os mesmos que ela lia para mim
quando eu estive em coma.

Esta noite é especial. Pois faz exatamente um ano que eu abri meus olhos e a
vi pela primeira vez.

Ela me disse que os médicos iriam desligar os aparelhos e ela não queria que
eu morresse. Por que tinha se apaixonado por mim.

Vou até a janela do hospital olho para o céu. Mal consigo ver as estrelas, pois
a cidade está muito iluminada.

—Se existe um Deus nesse céu. Peço que traga de volta minha alegria de
viver. —O que estou fazendo? Balanço a cabeça e saio dali.

Volto para o lado do meu anjo. Ajeito suas cobertas.


Acaricio seus cabelos.

Lembro que ela me disse, que se aproximou de mim e falou em meu ouvido
para voltar. Depois me beijou. E eu abri os olhos.

E se eu...

Não!
Isso é bobagem.

Comigo foi coincidência.

Mas e se... Der certo?

Me aproximo e falo no ouvido dela.

—Volta pra mim, anjo! — E beijo em sua bochecha.

Quando abro meus olhos. Na esperança de que eu veja seus olhos escuros
olhando para mim. Nada acontece.—Quanta bobagem.

Achei que ela acordaria, como nas histórias que minha mãe lia para mim.

Volto para a janela e continuo tentando ver as estrelas.

—Pedro?—Meu coração paralisa. —Amor?—Lentamente me viro para a


cama, morrendo de medo de estar sonhando.

Esfrego meus olhos para ter certeza.


Meu anjo, está olhando para mim.

—Isso é um sonho?—Pergunto ainda sem coragem para me aproximar.

—O que aconteceu?—Ando devagar, minha visão turva devido as lágrimas


que transbordam por meus olhos. Ela me olha confusa.
—Anjo, você acordou...—A abraço chorando muito. Eu nunca me senti tão
feliz em minha vida.—Obrigado meu Deus.—A beijo. —Eu te amo! Eu te
amo!

—Também te amo!—Tenho que me esforçar para me afastar e apertar o


botão sobre a cabeceira. Logo a enfermeira aparece.

—Nossa! Ela acordou! —A enfermeira da meia volta.

—Anjo. Eu nem acredito que você voltou.—A beijo novamente.

—E Carmen?—Seus olhos estão cheios de lágrimas.

—Ela está bem. Agora ela acostumou com a fórmula. No início ela estranhou
um pouco mas está bem.

—Eu queria tanto ter amamentado ela.—Ela fala com a voz embargada.—
Quantos dias estou aqui?

— Quarenta dias.—Ela chora—Não chore anjo, o importante é que vamos


ficar juntos.—A abraço e como eu senti falta disso. Falta de suas mãos
acariciando meu couro cabeludo. Fazendo um cafuné igual ela faz agora.

O médico entra.

—Então a nossa bela adormecida decidiu acordar?—Ele brinca com ela.—


Voce é um milagre sabia? E eu como médico cético nem deveria estar
falando isso. Vamos fazer uma tomografia, e mais alguns exames. Mas
aparentemente não temos nenhuma sequela.
Ela ri. E eu percebo mais uma vez o quanto eu amo quando ela faz isso.
As duas covinhas que se formam em suas bochechas, e a sua pinta acima da
boca. E o quanto sou apaixonado por esses pequenos detalhes.

—Logo a enfermeira virá para te preparar para o exame.

Estamos sozinhos novamente, e eu não consigo parar de tocá-la, talvez o meu


medo de que tudo isso seja um sonho me faça agir assim. Ou seja porque
simplesmente a amo.

—Está tão pensativo amor.

—Só pensando na coincidência.

—Que coincidência?

—Hoje faz um ano que você me pediu para voltar e eu acordei do coma.

—Oh meu Deus! Mas isso é...

—INCRÍVEL!— Falamos juntos.

—É tao extraordinário, que parece que foi escrito. Eu sou tão abençoada. Por
ter você emminha vida.

—Eu é que tenho sorte. Quantos homens podem dizer que foram acordados
de um coma pelo amor da vida deles?

—E eu sou o amor de sua vida?—Ela passa a mão por meu rosto, acariciando
minha barba. Eu sei que ela gosta.

—Você é muito mais que isso. Pra mim você é tudo. Você lembra o que eu
disse na hora que meu tio iria me matar?

—Cada palavra!—Daniela esta chorando.

—E essa é a mais pura verdade. Se eu morresse hoje. Eu morreria feliz


somente por ter amado você.

Ela me beija. E o nosso beijo tem o gosto salgado de nossas lagrimas. Mas
também a doçura da nossa felicidade.

Porque Daniela é isso para mim. A felicidade, o pote de ouro no final do arco
íris, o tesouro do mapa, a cereja do bolo.

Ela é tudo para mim.

Começamos nossa história com uma mentira que nos deu o amor mais
verdadeiro que um homem poderia desejar.

—Amor, está preso em seus devaneios novamente?

—Eu te amo tanto. Que até meus pensamentos são voltados para você.

Depois de fazer todos os exames, finalmente estamos voltando para casa.


Daniela ainda vai precisar de fisioterapia, por ter ficado tanto tempo deitada.
Apesar da fisioterapeuta esta presente no hospital quase todos os dias.
—Assim que eu melhorar, vou começar a faculdade.—Ela fala entusiasmada.

—Vai sim amor. —A sento na cadeira de rodas. É só temporária logo ela vai
andar de novo. São só alguns dias.

Somos recebidos por Felícia e Carmen que está no colo dela.

—Ahhh! Meu Deus como ela cresceu! —Felicia a entrega para Daniela.—
Meu amor, é a mamãe. Você está tão linda. Ela ficou parecida com você. —
Ela olha para mim. E tenho que concordar com Daniela. Carmen é a minha
cópia. Com seus cabelos castanhos e seus olhos azuis.

—Mas a personalidade é toda sua.

— Ah é? E isso é bom e ruim?

—Depende! Pois tem dias que ela teima para não dormir, e Carmen sempre
escolhe aquele dia em que estou muito cansado para fazer isso.

—Pois agora você não está sozinho.

—Nao, não estou.

Vamos para o quarto, e Daniela não se separa um so minuto da nossa filha.

Deixo que ela aproveite para matar a saudade, apesar que para ela não se
passou muito tempo, pois ela mal lembra do acidente.

Contei a ela como tio Gerson morreu.


Que a empresa fechou o contrato para o condomínio popular. E que meu
sogro ficou encarregado da obra. E esta muito feliz.
Italo decidiu se casar.
E agora passa menos tempo trabalhando.

Felícia e meu sogro começaram um relacionamento.

Eu tentei encontrar a mãe de Daniela, pois ela queria saber como ela estava.
Descobri que ela faleceu ha dois anos. E que Dani tem duas irmãs. Uma
ainda adolescente. Que moram com o pai delas.

Qualquer dia desses vamos la, para que elas se conheçam.

Ela ficou muito feliz por saber que tinha duas irmãs. Quanto a mae. Ela disse
que ficou triste por saber que ela faleceu, mas que não doeu tanto. Já que ela
era uma estranha.

—Amor podemos deixar ela dormir aqui essa noite? Eu quero dormir
sentindo esse cheirinho.

—Claro que sim. —Ela senta na beirada da cama. Vou até ela e me ajoelho a
sua frente.—Eu tenho uma coisa pra você.—Pego o anel que está em meu
bolso.—Isso deve voltar para o seu dedo. E eu quero saber. Você ainda quer
se casar comigo meu anjo?

—Sim!—Fala com lágrimas rolando por seu rosto.


Encaixo o anel seu dedo depositando um beijo sobre ele.

—Eu te amo!—Falo com todo o sentimento que tenho por ela.—Eu também
amo você.
Nos beijamos selando nosso compromisso de amor. E sei que agora tudo está
em seu devido lugar.

Porque Daniela é o meu lar.


E eu faria tudo novamente só por saber que estaria aqui vivendo esse
momento.
Epílogo

Me olho no espelho, e a mulher refletida aqui é com certeza a mais feliz do


mundo meu vestido, longo com um corpete tomara-que-caia, bem apertado
na cintura, bordado lindo e uma saia de tule lisa que vai se abrindo até ficar
enorme aos meus pes, e tem o mesmo bordado do corpete no barrado. O véu
seguro por uma tiara lindíssima em pérolas e diamantes, cabelos soltos como
Pedro disse que gostaria que estivessem.
Maquiagem marcada destacando meus olhos.

Estamos na capela que fica na casa de campo.


Ela foi toda decorada com rosas brancas. Eu pedi assim pois amo rosas
brancas.

—Filha, vamos. Pedro já está ficando nervoso.—Meu pai entra na pequena


sacristia, ele está lindo usando um terno claro. Quase um creme. Tão bonito
com seus cabelos bem penteados. Ele mudou muito depois que se casou com
Felícia. Ele merece pois desse que minha mãe o abandonou ele não tinha um
relacionamento.

Uma das minhas irmãs, Telma de vinte anos está me ajudando com o vestido.
Eu fui até a cidade delas. Para conhece-las. E foi muito emocionante. Elas são
bem diferentes de mim. São loiras de olhos claros. Mas me receberam tão
bem.

E acabamos nos dando tão bem. Que elas me visitam com freqüência. Telma
já é casada e está gravida. Elza ainda tem quinze anos. Mas também é uma
menina muito doce e meiga.

Carmen é apaixonada pelas tias. E elas são tão babonas quando estão com
ela.
Eu não poderia estar mais feliz.

—Vamos dar a volta para a frente da igreja, vai eu te ajudo com o véu e a
cauda do vestido. —Telma me diz.

Parada na frente da capela, com minhas mãos suando frio, meu coração
batendo a mil por hora.
Enfim o meu casamento realmente vai acontecer.

Desta vez meu noivo estará de olhos abertos e saberá que está casando
comigo.
As portas de madeira se abrem, e me vejo em meio a um mar de rosas
brancas.

Quando falei para Pedro que queria rosas brancas, ele me disse que traria
todas as rosas brancas do mundo.

Achei que estivesse exagerando.


Mas vendo isso tudo aqui. Creio que ele me disse a verdade.

Lágrimas insistem em se formar em meus olhos, turvando minha visão.

—Não chora! Vai borrar a maquiagem.—Telma fala baixinho.


Papai me dá o braço.

—Pronta?—Ele pergunta emocionado.

—Mais que pronta.—Engancho meu braço no dele. E me sinto confiante para


andar até o homem da minha vida.

Que me espera em frente ao altar, usando um terno branco, lindíssimo e


elegante.

As vezes quando acordo pela manhã, me belisco para ver se não estou
sonhando. Pois acordar ao lado dele todas as manhãs, para mim é isso, um
sonho.

Depois de todos os obstáculos que conseguimos ultrapassar, seguimos felizes


e apaixonados.
Somos amigos, amantes e companheiros.
Ele nunca toma uma decisão sem antes me consultar.
Minha opinião é importante para ele.

Pedro sempre me coloca em primeiro lugar.


Sou sua prioridade. Palavra que sempre é dita, para quem quer que seja.

Entro na capela. Onde estão poucas pessoas.


Somente quem faz parte de nossa vida. Dona Cotinha, Felícia, minhas irmãs,
Ítalo com sua esposa. Jandira e Túlio, meu pai. Alguns sócios da empresa
com suas famílias e o pessoal da decoração.

Estou tão feliz.


Ando sobre as pétalas de rosas, e ao fundo toca a música Haleluiah, e não
consigo não me emocionar.

Minha maquiagem já era. Minhas fotos vão ficar horríveis mas com certeza a
minha felicidade vai ser muito maior e estara presente nelas.

Meu pai, me deixa com Pedro.


E eu que me achei um boba chorando, vejo Pedro tão ou mais emocionado
que eu.

Ele segura minha mão e deposita beijo nela.


Nos ajoelhamos em frente ao altar, e o padre começa a cerimônia.

Confesso que quase não ouvi o que ele disse.


Mas lembro muito bem da parte em que fizemos nossos votos. Pedro
começou.

—Nunca um ditado popular esteve tão certo. Deus escreve certo por linhas
tortas. Nunca pensei que eu precisasse tanto de um amor, até conhecer você.
Eu estava perdido na escuridão. Quando abri meus olhos novamente para o
mundo e lá estava você, meu anjo de cabelos longos. Com os olhos escuros
mais expressivos que já vi. E dos meus olhos a sua imagem foi direto para o
meu coração. Tivemos que passar por muitas coisas para sermos provados e
aprovados. Agora estamos juntos para sempre. E com essa aliança estou
confirmando que você sempre será minha prioridade. Eu te amo.—Ele coloca
a aliança em meu dedo. E eu? Já estou desmanchando em lágrimas.

Chega a minha vez de falar.

—Você que eu conheci enquanto seus olhos estavam fechados. Todos os dias
eu chegava lá e tinha a esperança de ver a cor deles. Então um dia esses olhos
azuis se abriram e foi como mergulhar no mar profundo. Eu nunca amei, ou
vou amar tanto quanto amo você. Pedro, você é o amor da minha vida! —
Encaixo a aliança em seu dedo.

—Pode beijar a noiva.—O padre fala.

Pedro segura meu rosto entre as mãos e me beija ternamente. E nesse beijo eu
sinto todo o amor que ele tem por mim.
Suas mãos estão trêmulas e frias.

—Eu te amo!—Ele me diz e eu sei que é verdade. Pois ele demonstra todos
os dias com pequenos gestos e também nas nossas tórridas noites de amor.

Eu que um dia fui esposa de mentira, hoje sou o amor de sua vida...
Fim.

Próximo Livro

Doces mentiras, verdades amargas

Ele vai se casar coma filha do homem que mais odeia para cumprir a palavra
dada no.funeral de sua mãe.

Por vinte anos Christian Reis, planejou sua vingança.


Agora de volta a fazenda Esperança, ele vai colocar seu plano em prática,e
destruir o homem que colocou injustamente seu pai na cadeia.
Aos quatorze anos ele perdeu tudo.
a Mãe assassinada, e o pai preso,acusado de um crime que não cometeu.
Seu algoz é um dos homens mais ricos do estado.
E sabendo, que ele ama o dinheiro mais que tudo.
Christian volta ao lugar de seu maior sofrimento para roubar tudo o que
Rogério Navarro mais ama.
Só não esperava que durante o comprimento de seus objetivos fosse encontrar
o amor de sua vida,e pior ela é a filha do seu maior inimigo.
Agora ele esta divido entre vingar o pai,ou viver esse amor.

E o lugar chamado Esperança, passará a ter o nome Desolação.


Em breve na Amazon.

Você também pode gostar