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© Copyrigth 2023 by Lili Marques

Capa: Lili Marques


Revisão: Monalisa
Diagramação: Gervania Silva

Todos os direitos reservados,

Esta é uma obra de ficção. Seu intuito é entreter as pessoas. Nomes,


personagens, lugares e acontecimentos são produtos da imaginação da
autora. Qualquer semelhança com nomes, datas e acontecimentos reais é
mera coincidência.

São proibidos o armazenamento e/ou a produção de qualquer parte dessa


obra, através de quaisquer meios – tangíveis ou intangíveis – sem o
consentimento escrito da autora. Criado no Brasil. A violação dos direitos
autorias é crime estabelecido na lei nº.9.610/98 e punido pelo artigo 184 do
Código Penal.

Esta obra segue as regras da Nova Ortografia da Língua Portuguesa.


Fugindo à regra apenas nos diálogos e nas particularidades
apresentadas pelos personagens.

Edição Digital – Criado no Brasil


1°edição – 2023
SINOPSE
DEDICATÓRIA
NOTA DA AUTORA
PROLOGO
CAPÍTULO 1
CAPÍTULO 2
CAPÍTULO 3
CAPÍTULO 4
CAPÍTULO 5
CAPÍTULO 6
CAPÍTULO 7
CAPÍTULO 8
CAPÍTULO 9
CAPÍTULO 10
CAPÍTULO 11
CAPÍTULO 12
CAPÍTULO 13
CAPÍTULO 14
CAPÍTULO 15
CAPÍTULO 16
CAPÍTULO 17
CAPÍTULO 18
CAPÍTULO 19
CAPÍTULO 20
CAPÍTULO 21
CAPÍTULO 22
CAPÍTULO 23
CAPÍTULO 24
CAPÍTULO 25
CAPÍTULO 26
CAPÍTULO 27
CAPÍTULO 28
CAPÍTULO 29
CAPÍTULO 30
CAPÍTULO 31
CAPÍTULO 32
CAPÍTULO 33
CAPÍTULO 34
CAPÍTULO 35
CAPÍTULO 36
CAPÍTULO 37
CAPÍTULO 38
CAPÍTULO 39
CAPÍTULO 40
CAPÍTULO 41
CAPÍTULO 42
CAPÍTULO 43
EPÍLOGO
BÔNUS
VEM AI
OUTRAS OBRAS
Ela estava descobrindo a vida, procurando felicidade.
Ele já tinha vivido o suficiente para saber que não queria alguém como
ela.
Mas o amor só precisou de uma brecha.

Magie Wilson foi forçada a se casar muito nova. Foram anos mantendo as
aparências e sendo forçada a fazer coisas que não queria. Agora que,
finalmente, está livre daquele monstro ela quer recomeçar e construir uma
vida para si.
Mas, como? Se ela nunca trabalhou na vida e não tem um centavo no bolso.

Alejandro Fontes nunca teve nada fácil. Tudo o que conseguiu foi com
muito trabalho e esforço.
Depois de um episódio nada agradável no passado, ele se fechou para o
amor. Até uma loira mimada e patricinha aparecer e bagunçar sua vida
completamente.

O único problema é que nenhum dos dois consegue esconder a atração que
sentem.
E esse problema só piora, quando os fantasmas do passado decidem voltar e
destruir qualquer tentativa de felicidade deles.
Para todos aqueles que acham que não existem segundas chances:

”Todos passam por um túnel de escuridão na vida.


Um longo túnel que faz você pensar que nunca mais verá a luz. Mas
não há túneis sem saída, não há amor eterno nem dor eterna no
mundo.”
Uma Segunda Chance (série)
E nós estamos de volta! Fico muito feliz por tudo o que vocês ajudaram Patrick e Sophie
conquistar e agora vamos ao segundo livro desses amigos malucos. A todas as minhas leitoras do
wattpad e do meu grupo, em especial Monalisa (minha revisora que surtou comigo desde o começo),
Dry, Rafa, Eugenia e Paah, vocês me incentivaram desde o começo e estão no meu coração!
Seduzida Pelo Salvador faz parte de uma série, mas cada livro é individual e pode ser lido
separadamente, mas poderá ter alguns pequenos spoilers.
Esse livro contém cenas de sexo explicito, violência, tortura, sequestro, abuso psicológico. Se
você é sensível a algum desses assuntos ou não gosta desse tipo de conteúdo, recomendo que pare
agora.
Se decidir continuar, desejo boa leitura e que você se apaixone por Magie e Ale, e venha surtar
comigo no instagram!
Grande beijo, Lili!
MAGIE
— Mãe, você tem certeza de que esse é o único jeito? — Questionei-a
olhando seu reflexo no espelho, enquanto ela continuava fazendo o
penteado no meu cabelo.
Minha mãe estava me arrumando para que eu conhecesse meu futuro
marido, o homem que iria pagar as nossas dívidas, o homem que ia colocar
dinheiro na conta do meu pai para que não perdêssemos a mansão e
declarássemos falência de vez.
Mas, a que custo? Eu estava indo me casar com um homem mais
velho do que eu e que eu nunca vi pessoalmente. As únicas vezes que vi
Charles, foram em fotos de eventos sociais e nada mais.
— Querida já conversamos sobre isso. — Ela nunca usava palavras
doces e nunca foi cuidadosa comigo, eu sabia que isso era um teatro, um
que ela tinha começado desde o momento que aquele homem demonstrou
interesse por mim. E o motivo dessa demonstração de afeto vinda dela,
afundava o meu coração. — Pare para pensar na parte boa de tudo isso,
você vai ter um marido muito rico, que vai cuidar de você e te dar tudo o
que quiser.
Meu estômago se revirou ao pensar que era só com o dinheiro que ela
se importava, minha própria mãe, não ligava de jogar a filha que acabou de
fazer dezoito anos no colo de um homem que já tinha quarenta e nove anos.
Ele, com toda a certeza, tem idade para ser meu pai, mas, isso não o
impediu de fazer uma proposta. Ele me queria, e em troca, daria ao meu pai
todo o dinheiro que ele precisava para não falir. Meu pai aceitou - é lógico
-, e em breve eu me casarei com ele. As mãos dele estarão passando pelo
meu corpo, me tocando, enquanto ele me reivindicava como sua.
Quando eu pensava nisso, me dava uma vontade de vomitar, todo
meu corpo estremecia só de pensar que, minha primeira vez seria com um
velho, que eu nunca conheci.
— Está na hora, ele chegou! — Meu pai anunciou na porta lançando
um olhar avaliador para o meu vestido. — Não demorem.
— Vamos querida, não vamos deixar o seu noivo esperando. — A
animação na voz dela só fazia meu coração doer ainda mais.
Mas, eu tinha aprendido que chorar não era coisa de uma mulher da
nossa classe, nós engolíamos os problemas, colocamos um sorriso no rosto
e vamos em frente.
E foi exatamente o que eu fiz, quando eu alcancei o primeiro andar,
Charles já estava bebendo e sorrindo com o meu pai, mas, seus olhos me
alcançaram rapidamente.
Ele me olhou como se estivesse prestes a tirar minha roupa ali mesmo
e eu senti a bile subir em minha garganta.
— Como está linda! — Charles, segurou minha mão e em um
impulso tentei puxar de volta, mas ele segurou com mais força mostrando
que não cederia. — Vamos querida, agora você é minha.
— Mas já? Pensei que fosse ficar e jant...
— O jantar está preparado em casa, vamos direto para lá porque tenho
outros assuntos mais importantes a resolver. — Ele desviou os olhos para o
meu corpo se concentrando no decote extravagante, que minha mãe tinha
me obrigado a usar.
Antes que eu pudesse discutir, meus pais se despediram, praticamente
me colocando para fora de casa. Eles nem ao menos se deram o trabalho de
olhar em meu rosto, enquanto eu era arrastada para o carro daquele homem.
Como pais podiam fazer isso com a própria filha, e nem se importar?
Charles me empurrou para o banco de trás do carro, sem nenhum
cuidado, e veio logo atrás. Suas mãos já segurando minha cintura e me
puxando para junto dele, a boca viscosa grudando em meu pescoço e me
babando em seu caminho para os meus seios.
Eu não sabia o que era mais forte, minha repulsa ou vontade de
chorar. Ele nem ao menos estava me dando tempo de respirar, então
coloquei as mãos em seu ombro tentando afastá-lo a todo custo, mas isso
foi ainda pior.
— Escute aqui menina, eu comprei você, paguei muito caro para
entrar no meio das suas pernas e é isso o que eu vou fazer! — Ele avisou
segurando meu queixo com firmeza e me obrigando a encará-lo. — Você
pode fazer isso do jeito fácil ou do jeito difícil, mas no final, eu vou
conseguir o que eu quero.
Engoli em seco, sabendo exatamente o que aquelas palavras queriam
dizer, eu podia cooperar ou sofrer nas mãos dele. Então eu fiz o melhor que
podia fazer por mim naquela situação, segurei seu rosto e o beijei de volta.

ALEJANDRO
Eu estava terminando de arrumar meu figurino, quase pronto para
subir no palco, a casa estava cheia e eu estava mais do que feliz com isso,
quanto mais mulheres, mais dinheiro e com um bebê a caminho eu
precisaria de muito.
Eu nunca tinha estado tão feliz como agora, nunca imaginei que duas
listrinhas em um teste me deixariam querendo soltar fogos.
Gabriela e eu estávamos namorando há dois anos, mas, ainda não era
a hora certa de ter um bebê a caminho, porém, isso não me impediu de pular
de alegria e comemorar, não só eu, minha família inteira estava feliz com a
novidade, com o novo integrante da família a caminho.
— Cara, você não tem ideia da loucura que está lá fora essa noite! —
Buck exclamou voltando para o camarim, o suor e as marcas vermelhas na
pele me diziam que as mulheres estavam enlouquecidas hoje.
— Ale, anda que você é o próximo! — Bella, nossa chefe gritou.
— Me deseje sorte. — Sorri saindo do camarim e andando pelo
corredor que ficava atrás do palco.
Os gritos estavam altos, mas, quando as luzes se apagaram, e eu subi
no palco, o silêncio ansioso tomou conta da plateia. Assim que a luz forte
em tom de vermelho se focou em mim, os gritos explodiram no lugar
novamente.
— TEM ALGUMA MULHER PEGANDO FOGO HOJE AQUI? —
O DJ gritou enlouquecendo ainda mais as mulheres. — PORQUE O
BOMBEIRO ALEJANDRO VEIO AUMENTAR AINDA MAIS ESSE
FOGO!
A música começou a tocar e eu fiz a minha dança, seduzindo com o
olhar e movimentos, descendo do palco e indo até as mulheres na plateia
me insinuando, deixando que os movimentos sensuais mexessem com a
imaginação e o corpo delas. Voltei para o palco pronto para o final do
número, tirando a calça e forjando um sexo contra o chão antes de ligarem
as chamas em volta do palco.
Todas as mulheres estavam gritando, ensandecidas quando eu deixei o
palco, voltando para o camarim. Mas, quando entrei lá não havia os sorrisos
e conversas animadas, todos os meus amigos estavam ali, com as
expressões sérias e preocupadas me encarando.
— Que porra aconteceu? — Perguntei de uma vez, já sabendo que
não era algo bom.
— Sua mãe ligou, Gabriela foi levada para o hospital às pressas. —
Bella foi quem deu a notícia. — O carro está te esperando, Leo vai te levar
até lá.
Meu coração se apertou dentro do peito e eu senti como se me faltasse
o ar, medo me tomou, medo de que algo ruim estivesse acontecido com ela
ou com nosso filho.
Buck empurrou minhas roupas em meus braços, me ajudando a
raciocinar e eu corri para fora, deixando para trocar as roupas dentro do
carro.
Durante todo o caminho até o hospital, meus pensamentos iam para
todos os lados, mil e um cenários se criavam em minha mente, fazendo com
que aquela sensação sufocante não me deixasse.
Quando Leo chegou, eu corri para fora do carro sem esperar que ele
parasse o carro e quando entrei no hospital fui chamando por ela.
Minha mãe e minhas irmãs estavam na recepção, o choro tomando
minha família quase fez com que eu desabasse no chão.
— O que aconteceu? Onde está Gabriela? — Perguntei desesperado,
sacudindo minha única irmã que parecia estar calma.
— Ela está lá dentro, passando por uma cirurgia. — Aquilo me
deixou com ainda mais medo, mas, Carla não usou um tom terno ou
preocupado, ela parecia estar com raiva.
— O que aconteceu... O que aconteceu com ela?
— Gabriela tomou um remédio para tirar a criança, mas, as coisas
deram errado e ela teve uma hemorragia. — Foi Elisa quem respondeu,
sentada ao lado da minha mãe com o rosário na mão e rezando.
— Não, não, não. Ela não faria isso. Gabriela não... Não seria capaz
disso. — Repeti várias vezes sentindo minhas forças se acabarem e as
pernas falharem, me fazendo cair no chão.
— Aquela vadia devia morrer e não o bebê! — Carla rosnou soltando
mais um monte de palavrões.
Mas, aquilo não podia ser verdade, não podia. Ela não estava
totalmente feliz com a notícia, mas, nunca tinha me dito que pensava em
tirar, nunca tinha trazido o assunto à tona.
— Parentes de Gabriela Cortes! — O médico anunciou e eu me ergui
no mesmo instante, desesperado para saber se eles estavam bem, ela e nosso
bebê.
— Eu... eu sou o marido dela. — Falei mesmo que não fosse a
verdade.
— Senhor, conseguimos estabilizar o estado dela, agora a paciente já
está fora de perigo. Ela ainda está sedada da anestesia, mas, vai acordar em
breve.
— E o bebê doutor? Nosso filho, como ele está? — Questionei já me
sentindo um pouco aliviado por ela estar bem.
O homem olhou em volta, como se procurasse uma forma de me dizer
aquilo e eu não pude deixar de odiá-lo por isso, por prolongar minha
agonia.
— Eu sinto muito, não conseguimos fazer nada pelo feto. — E
novamente eu senti como se tivesse sido atingido por um soco na boca do
estômago. — Era uma gravidez muito recente e a quantidade de remédio
que ela tomou, tornou impossível salvá-lo. A única coisa que podíamos
fazer era salvar a mãe e demos o nosso melhor para isso. — Eu caí no chão,
deixando que o choro tomasse conta de mim. — Queria poder dizer que
vocês vão ter outra chance, que ela vai engravidar outra vez, mas,
infelizmente tivemos que retirar todos os órgãos reprodutores dela, foi o
único jeito de parar a hemorragia e estabilizá-la.
Eu ouvi tudo o que o médico disse sem conseguir fazer ou falar nada,
minha mãe e minhas irmãs discutiam a minha volta, mas, eu não prestava
atenção em mais nada. Tudo o que eu tinha na cabeça era o desejo de
perguntar a Gabriela o porquê. O porquê ela tinha feito isso, sem nem me
contar. Se esse era o desejo dela, eu teria ajudado, pagado um hospital para
que ela não corresse nenhum risco. Tudo o que eu me importava era com
ela. Mas, ela não só decidiu tudo sozinha, como quase se matou.
Eu fiquei ali remoendo todos os acontecimentos por tempo de mais,
até que fosse chamado para vê-la.
Quando entrei no quarto meu peito se afundou ainda mais, vendo-a
cheia de fios e parecendo tão frágil, a pele sempre bronzeada agora estava
pálida, assim como os lábios.
— Ei linda, como você está se sentindo? — Falei baixo, quando
cheguei perto dela.
— O que está fazendo aqui? — Foi a primeira coisa que ela
perguntou me chocando.
— Como assim? Você está no hospital e eu estou aqui com você, vou
ficar aqui do seu lado.
Gabriela bufou revirando os olhos, como se minhas palavras a
incomodassem de alguma forma. Mas, eu não conseguia entender o motivo,
não tínhamos brigado, e até eu sair de casa acreditei que tudo estivesse
perfeito entre nós. Por que isso agora?
— Você tem que parar de ser assim Ale, de ser tão bom com as
pessoas. Não vê que isso está acabando com você? — As palavras dela me
deixaram ainda mais confuso. — Não tem um jeito fácil de dizer, então lá
vai...Eu fiz isso porque não queria um filho com você. Não queria ter um
filho com uma pessoa pobre.
— O que?
— Nós dois viemos de um lugar pobre, cercado de pessoas do mesmo
nível, mas, não é o que eu quero pra mim, nunca foi. Só agora me dei conta
de que tinha que fazer algo por mim, e pôr um fim a esse ciclo. — Gabriela
pegou minha mão, afastando dos seus cabelos, dando dois tapinhas antes de
me soltar. — Eu vou embora da cidade, vou atrás dos meus sonhos.
— Do que você está falando, Gabriela? E nossos planos? Tudo o que
sonhávamos em fazer desde pequenos?
— Se eu continuar com você e continuar aqui, nunca vou conseguir
nada. Está na hora de ser adulto e cair na real Alejandro, aquilo foi coisa de
adolescente e já não somos mais... Acabou!
Eu sentia como se estivesse em um maldito pesadelo, e que a
qualquer momento eu fosse acordar assustado, suado e gritando, mas, que
ela ia estar do meu lado me acalmando e dizendo que não ia a lugar
nenhum.
Porém, isso nunca aconteceu, eu tive que crescer como ela disse, mas,
não deixei meu lado bondoso, e nem de acreditar nas pessoas, isso era uma
coisa que eu nunca deixaria e tinha certeza que iria encontrar alguém que
me amasse assim.
Vi o sol nascer mais uma vez, mesmo que estivesse em um lugar
seguro, onde podia descansar e ficar em paz, mas, ainda assim, eu acordava
no meio da noite com pesadelos e não conseguia dormir mais.
Me levantei não querendo ficar ali remoendo aquilo, ou acabaria
voltando a pensar naquele monstro que foi meu marido.
Abri a porta do quarto, olhei para o corredor procurando por qualquer
sinal daquele homem irritante, e só sai do quarto quando não o vi por ali.
Alejandro é terrivelmente perturbador em vários sentidos, ele não me
deixa em paz, qualquer oportunidade de pegar no meu pé, ele é o primeiro a
abrir a boca, e eu consigo ver naqueles olhos todo o julgamento dele. Ele
não cansa de me irritar e parece se divertir ainda mais quando vê que estou
irritada.
Mas, o pior é quando ele banca o cuidadoso e preocupado, não sei
como agir com um homem me tratando assim, já é difícil aceitar a bondade
da mãe dele. Porém, quando é um homem, é duas vezes pior para mim.
O barulho das panelas me atrai direto para a cozinha e eu marcho para
lá já sentindo o cheiro do café da Rosa. Mas, meu inferno pessoal está bem
na minha frente.
O homem está diante do fogão fritando alguma coisa que tem um
cheiro muito bom e o pior é que o maldito está usando apenas um samba
canção.
Me encosto no canto da porta aproveitando que ele está ocupado e
deixo que meus olhos vaguem pelas costas definidas, a pele bronzeada
quase brilhando e se perdendo no samba canção azul, que marca a bunda
malhada.
Merda, eu odeio quando ele usa essas coisas, ou aquelas regatas que
marcam até os músculos do abdômen malhado dele, parece que ele faz de
propósito só para me provocar. Mas, é estupidez pensar isso, já que ele me
detesta! Todos na verdade me olham de forma estranha, e eu sei que mereço
isso, já que deixei muita merda acontecer com Sophie, enquanto fazia vista
grossa para não aumentar meu próprio sofrimento.
Sophie e Rosa parecem ser as únicas que entendem o meu lado, e eu
sou grata a elas por isso, mesmo que eu não mereça. Esse também é o único
motivo de eu ainda estar nessa casa, porque depois que eu neguei qualquer
ajuda financeira de Sophie, Rosa jurou que me ajudaria a encontrar um
recomeço e eu estava adorando aprender a fazer bolos com ela.
— Você planeja ficar a manhã toda aí me olhando, ou vai entrar aqui
Barbie? — A voz de Alejandro me despertou no mesmo instante, eu pulei
arrumando minha postura e entrando na cozinha de vez.
— Não sei do que está falando, só estava vendo se não ia fazer isso
errado. — Retruquei mesmo sem saber o que ele estava fazendo e me sentei
na cadeira.
No mesmo instante o desgraçado virou colocando um prato de
linguiça com ovos na minha frente e me fazendo engolir em seco, enquanto
eu encarava todo o tamanho que a samba canção deixava evidente de
frente.
Droga. Por que ele tinha que usar aquilo?
— Como se faz ovos e linguiça errado? — Ele perguntou ainda
parado na minha frente, tornando quase impossível não olhar para outro
lugar que não o membro dele desenhado no tecido.
Mas, eu pisquei rápido e desviei meus olhos para o rosto dele, antes
que o convencido, começasse a ter as ideias erradas.
— De você eu não duvido nada, até um copo com água poderia sair
errado. — Murmurei encarando os olhos azuis ou esverdeados, eu ainda não
tinha chegado a uma conclusão de que cor eles realmente eram.
Alejandro ergueu uma das sobrancelhas grossas e forçou uma risada
contraindo os músculos do abdômen torneado e atraindo meus olhos
diretamente pra lá.
Merda! Eu era mesmo muito tonta pra não conseguir me segurar dois
minutos antes de olhar para o corpo dele.
— Muito engraçado, logo se vê que não me conhece. — Ele deu a
volta por trás de mim e eu respirei aliviada por um segundo, antes de sentir
a respiração dele na minha nuca. — Se me conhecesse... Saberia que eu
faço tudo uma delícia!
Meu ventre se contorceu, e eu prendi a respiração, tentando não
parecer uma adolescente agitada com um homem bonito por perto.
Mas, era como eu me sentia às vezes, e a culpa era toda da vida de
merda que tive, se tivesse vivido aventuras na minha adolescência, não
estaria aqui quase babando por um tanquinho.
— Ainda bem que você se ama a ponto de se enganar desse jeito. —
Falei quando ele finalmente se afastou e eu pude respirar em paz. — Do
contrário a única pessoa no mundo que te acharia bom em alguma coisa
seria sua mãe.
Me servi já sentindo a fome bater enquanto Alejandro me olhava,
com os olhos semicerrados e o corpo encostado no balcão da pia.
— Um dia você vai engolir essas palavras. — Ele disse sobre a
xícara, mantendo os olhos focados em mim.
Eu apenas fiquei quieta, não retruquei dessa vez, porque eu odiava
ameaças desse tipo, mesmo que eu não tivesse medo de Alejandro e
soubesse que ele jamais faria algo para me machucar, frases daquele tipo
me deixavam realmente mal, com a lembrança de um passado tão recente
que eu ainda sentia na pele literalmente.
Minhas costelas e braços ainda estavam marcados com os
machucados da última surra que Charles tinha me dado.
Se eu realmente não precisasse de um lugar para ficar já teria ido
embora dessa cidade, nada me prendia aqui e todas as minhas lembranças
eram ruins. Mas, eu precisava continuar ali, ao menos até ter dinheiro
suficiente para bancar um lugar só meu.
— Por que ficou calada de repente? — A voz dele soou mais perto e
eu ergui meu rosto dando de cara com ele perto de mim.
Agora não tinha um sorriso nos lábios, nem um brilho engraçado nos
olhos dele, só havia um vinco entre as sobrancelhas e ele estava
terrivelmente sério.
— Bom dia, crianças. — A voz da mãe dele me fez piscar
rapidamente, virando o rosto no mesmo instante, para longe do olhar dele.
— Aconteceu alguma coisa aqui?
— Não, não aconteceu nada. — Respondi rápido antes que Alejandro
falasse qualquer outra coisa. — Estava só dizendo para o seu filho, como
ele faz tudo errado e deixou os ovos queimarem.
Rosa gargalhou quando o filhou começou a me retrucar, mesmo que
os olhos dele dissessem que não tinha esquecido que eu devia uma resposta,
ele continuou com a provocação deixando o clima se aliviar novamente.
— Vocês dois, tem que parar com tanta implicância ou vão acabar
casados. — Ela afirmou arrancando risadas de nós dois.
— Ahh claro, como se eu fosse me apaixonar por uma Barbiezinha
mimada. — Alejandro falou alto já na porta pronto para sair da cozinha.
— E como se eu fosse querer alguma coisa com um ignorante que
nem você! — Gritei de volta enquanto ele sumia das minhas vistas. — Um
casamento para mim já foi trauma o suficiente para uma vida toda.
Rosa se sentou na minha frente com uma caneca cheia de café e
começou a bebericar aos poucos, como fazia todos os dias, a mulher tinha o
dom de passar uma calma em tudo o que ela fazia e eu a invejava por isso.
— Não pode achar que todos os homens são ruins, filha. Te garanto
que você ainda vai encontrar alguém que te ame e cuide de você como a
coisa mais importante desse mundo.
Eu queria acreditar nisso, mas, não me achava mais digna de ser
amada. Algo dentro de mim morreu nesses anos de casamento com aquele
infeliz. Aquela menina inocente que foi vendida, sim, merecia ser amada,
eu no fim das contas não, era só uma mulher que fez de tudo para manter a
boa vida a que estava acostumada, mimada e fútil como Alejandro me
lembrava sempre.
Mas, não queria trazer esse assunto à tona, ou dona Rosa ia falar por
horas e horas sobre como eu era uma vítima em tudo isso, e a última coisa
que eu queria era começar o dia pensando nisso, já bastava ter meus sonhos
invadidos por aquele demônio.
— Estou mais interessada em que bolo você vai me ensinar a fazer.
— Me levantei no mesmo instante da mesa. — Também tive uma ideia
noite passada, acho que já está na hora de começar a sair vendendo. O que
acha? Aqui na vizinhança mesmo, nos comércios?
— Acho uma ótima ideia, menina! Fico feliz que você esteja assim
toda animada.
E foi isso o que eu fiz, prendi os cabelos, lavei as mãos e peguei todos
os ingredientes que ela ia falando. Nunca tinha imaginado que seria tão fácil
assim fazer bolos e muito menos que eu iria gostar de fazer.
Quando eu terminei o bolo de limão e a cobertura, coloquei na
geladeira, enquanto, subia para tomar um banho rápido e colocar um
vestido leve para sair na rua.
Rosa me ajudou colocando o bolo já cortado nos guardanapos e todos
dentro de uma cesta que ela tinha. Eu cobri tudo com uma toalha de
piquenique e sai de lá, pronta para ganhar meus primeiros clientes.
Não foi nenhuma surpresa que assim que eu saí no portão, meus olhos
se deparassem com Alejandro. A oficina dele ficava bem em frente da casa
da mãe, então era difícil não o ver.
— O que tem aí? — O homem que trabalha com ele gritou para mim,
só para estragar meu momento em fingir que eles não existiam.
— Bolo de limão com cobertura. — Respondi erguendo a toalha e
deixando que ele pegasse um pedaço.
Alejandro olhou com desconfiança para o bolo e nem ao menos se
interessou em provar. Pelo menos o amigo dele comeu soltando gemidos de
aprovação.
— Caramba! Isso aqui está dos deuses. Foi você que fez gata?
— Luke, cale a boca, e vai trabalhar! — Alejandro gritou chamando a
atenção dele. — Nós dois sabemos que minha mãe que fez esses bolos,
você está cansado de comer os bolos dela e já conhece bem.
Eu semicerrei os olhos para Alejandro e respirei fundo para não
mandar ele se foder, já que estava de favor na casa dele não ia fazer isso. Se
ele achava que falando aquelas coisas iria me diminuir, estava muito
enganado, era apenas mais combustível para que eu trabalhasse, e pudesse
sair da casa deles o mais rápido possível.
Então, o ignorei e sai de lá pronta para vender todos os pedaços e
voltar com o primeiro pagamento. E foi o que eu fiz, passei de loja em loja,
salão, tudo o que estava aberto eu passei oferecendo, assim como as pessoas
na rua.
Estava apenas com dois pedaços na cesta quando cheguei em uma
pracinha, só aí foi que eu percebi o quanto tinha ido longe, já não tinha mais
comércios por ali, apenas casas e ninguém a vista. Eu estava sorrindo feliz
com o que tinha conseguido que nem tinha percebido o quanto andei, nada
me abalava mais, nem mesmo os olhares tortos ou o calor escaldante.
— Oi gata, o que você tem aí? — Um homem chego por trás de mim
me pegando de surpresa.
— Bolo de limão com cobertura. — Respondi educada e sorrindo,
puxando a toalha e mostrando o bolo como tinha feito com todos.
— Você é a cobertura? — Outro homem chegou pelo outro lado, me
assustando mais uma vez.
Logo percebi que os dois estavam juntos, e os olhares que lançavam
para o meu corpo não foram nada discretos e educados. Eu já estava
acostumada com isso, mas não me impediu de sentir repulsa e vontade de
gritar e socar os dois. Sempre que as pessoas olhavam para mim só viam
uma loira, burra, com peitões e um corpão, ninguém nunca tinha um
mínimo de respeito.
— Estou vendendo bolos, se os senhores não querem, por favor me
deem licença. — Murmurei com os dentes trincados e me virando para sair
dali.
Olhei em volta procurando um lugar para onde pudesse eu correr, ou
alguém a quem pedir ajuda, mas tudo estava deserto e eu comecei a me
recriminar por ter vindo tão longe em um lugar que eu não conheço
absolutamente nada.
Foi aí, que a mão de um deles me agarrou pelo braço, me puxando
para perto deles e ativando um alerta em meu cérebro.
— Estamos interessados sim, mas não no bolo.
— E sim no que a moça tem aí de baixo desse vestidinho. — O outro
falou passando a mão na minha bunda.
Eu deixei a cesta cair no chão com o choque e me virei pronta para
gritar, mas, alguém foi mais rápido do que eu.
O homem que tinha acabado de passar a mão em mim cambaleou
para trás, tropeçando nos próprios pés e quase caindo no chão.
— Acho que a moça disse que era para dar licença para ela! —
Alejandro rosnou, com as mãos fechadas em punho, pronto para atacar o
homem que segurava meu braço.
Sai de casa para abrir a oficina, antes que voltasse a puxar assunto
com Magie sobre o que ela estava passando, eu sabia que ela não estava
dormindo direito, escutava seus pezinhos pela casa de madrugada, e às
vezes, os gritos assustados dela despertando de algum pesadelo.
Não tinha ideia de como tinha sido a vida dela naquela casa, e já que
ela não falava nada eu só conseguia imaginar que teria sido igual ou pior de
que a da Sophie. As duas mulheres sofreram nas mãos daquele maldito, mas
como Sophie disse no outro dia, Magie era a esposa que tinha que se deitar
com ele e sorrir, mesmo depois de ser agredida e humilhada.
Talvez, seja por isso que eu sinto uma necessidade de cuidar dela,
garantir que tenha tudo o que precisa, que esteja confortável, assim como
gostaria que alguém fizesse com minhas irmãs.
Mas foda-se, eu não a vejo como uma irmã, nem aqui nem na china, a
mulher faz meu corpo entrar em combustão só com uma olhada; E nesses
dois meses, que ela está lá em casa, perdi as contas de quantas ereções eu
tive, só em olhar para ela.
Eu, com certeza estava ficando maluco, mas quem podia me culpar, a
mulher era linda e sexy, mesmo quando estava fazendo algo sem sentido.
Assistir ela comer ou fazer os bolos é quase com assistir um pornô, e o
único motivo para eu não tentar nada é por ela ser quem é.
Uma ex riquinha, mimada e cheia de si. A última coisa que eu quero
na minha vida agora, é outra Gabriela.
— E lá vem a gostosa. — Luke murmurou me tirando dos meus
pensamentos e levando os meus olhos para Magie.
Ela atravessou a rua com uma cesta na mão e usando um maldito
vestido que não deixava muito para imaginação. O vestido branco rodado se
balançava com o vento, mostrando ainda mais as coxas dela a cada passo
que ela dava, as alças fininhas davam sustentação ao belo par de seios que
eu sabia que ela tinha, mesmo que não os tivesse visto.
— O que tem aí? — Luke perguntou quando ela chegou na nossa
calçada e eu só queria que ele, calasse a boca e a deixasse ir.
— Bolo de limão com cobertura.
Ela ergueu a toalha mostrando a ele os bolos, e eu semicerrei meus
olhos, porra ela sabia fazer bolos, eu tinha experimentado cada um deles,
minha mãe tinha ensinado muito bem, mas eu gostava de dizer o contrário e
deixar que ela ficasse com essa dúvida.
Afinal, era assim que estávamos convivendo nessas semanas, os dois
trocando farpas, fingindo que não olhamos o corpo um do outro com
verdadeira fome. Infelizmente, era tudo o que podíamos fazer, já que os
dois estavam cercados de fantasmas.
— Caramba! Isso aqui está dos deuses. Foi você que fez, gata? —
Luke voltou a falar, me fazendo revirar os olhos.
Ele tinha que flertar com toda a mulher que entrava ali, mesmo que
não saísse com uma há muito tempo.
— Luke, cale porra da boca e vai trabalhar! — Gritei querendo pôr
um fim no papo furado. — Nós dois sabemos que é a minha mãe que fez
esse bolo. Você está cansado de comer os bolos dela e já conhece bem.
Provoquei, antes que ela se fosse.
Magie apenas me lançou um olhar feroz antes de sair de lá pisando
duro.
— Com a bunda balançando assim, certeza de que ela vai vender cada
pedaço. — Luke soltou, enquanto a encarava assim como eu. Bufei
acertando um tapa na nuca dele. — Estou falando dos bolos cara. Não que
eu negaria, se ela quisesse vender algo mais.
— Pare de falar dela assim seu merda! — Grunhi prestes a socá-lo
por isso. — Só pare ou vai ter que engolir seus dentes. — Ouvir ele se atirar
para cima dela, já era irritante, agora aturar que ele fale dela dessa maneira,
não ia acontecer. — Fique aqui e cuide de tudo.
Sai o deixando na oficina e indo atrás da loira, Luke falou muita
merda, mas em uma coisa ele estava certo, aquele vestido ia atrair muita
atenção e definitivamente Magie não estava acostumada com bairros como
aquele.
A segui de longe, garantindo que ela não perceberia onde eu estava, a
última coisa que queria era ela ficando irritada por estar sendo seguida por
mim.
Ela passou em todos os lugares oferecendo as pessoas, mesmo quando
recebia um não ou olhares de bastardos ela continuava sorrindo como se
estivesse alheia a tudo, mesmo que eu soubesse, que era apenas uma
máscara.
Magie andou mais do que eu esperava daquela Barbie mimada,
realmente me surpreendeu a vontade de trabalhar dela. Mas, isso acabou
levando-a muito longe, para uma parte mais perigosa do bairro e como eu
temia dois babacas se aproximaram dela.
Comecei a correr na direção dela, assim que um deles agarrou seu
braço e o outro passou a mão na sua bunda. Eu ia arrancar a mão do
desgraçado por tocar nela!
Rosnei, chegando perto e voei acertando um soco na cara do
merdinha, que tinha passado a mão nela. Cheguei a ouvir o barulho de algo
se quebrando, mas, estava mais preocupado com o outro, que ainda
mantinha as mãos nela.
— Acho que a moça pediu licença! — Rosnei me virando para o
outro babaca.
— Quem você pensa que é para falar assim? Arrume sua própria... —
Não deixei que ele terminasse a frase, que com certeza acabaria com um
insulto.
Acertei dois socos na cara do palhaço, antes que ele caísse no chão,
mas não me dei por satisfeito, subi em cima do pedaço de merda,
explodindo em fúria, colocando para fora toda a minha frustração dos
últimos dias, toda a raiva por ver a Barbie assustada quando foi cercada.
— Alejandro, Já chega! — ouvi a voz doce dela atrás de mim, e me
virei para vê-la já com a cesta de volta nas mãos e me encarando com os
olhos arregalados. — CUIDADO! — Magie gritou, mas foi tarde demais,
antes que eu conseguisse me virar o infeliz acertou um soco na altura do
meu olho.
Minha visão ficou confusa e embaçada por um instante, mas revidei
acertando um último soco, no merdinha, antes de me levantar. O outro que
ainda tinha as mãos no nariz cheio de sangue se levantou, tentando chegar
perto, mas, Magie passou na minha frente dando um chute certeiro no meio
das bolas dele.
— É isso Barbie, agora vamos!
Ela se virou me olhando com uma expressão de pura raiva, antes de
começar a marchar de volta para casa.
— Não me chame de Barbie idiota! — Ela grunhiu andando na minha
frente e eu deixei, porque mesmo tonto do soco eu conseguia ver
perfeitamente o balanço da bunda dela naquele vestidinho.
— O idiota aqui, levou um soco por você. — Cutuquei sabendo que
isso ia irritá-la ainda mais.
— Porque é lento! Se tivesse acabado com ele e saído de lá, nada
disso teria acontecido!
— Mal-agradecida, é isso o que você é. — Resmunguei, louco para
dar umas palmadas nela por sempre ter uma resposta para tudo.
Mas, o simples pensamento de ter Magie com a bunda para cima, a
pele branca marcada pela palma da minha mão, e ela gemendo, trouxe
minha ereção a vida.
Merda!
Eu tinha que me controlar e parar de ter esses pensamentos sobre ela.
Mas, não adiantou, porque eu fui até em casa vidrado no balançar dos
quadris dela.
— Vai continuar me seguindo, seu maluco? Aqui não tem perigo
nenhum. — Eu entrei em casa atrás dela, precisava resolver a situação
apertada, que tinha se tornado as minhas calças.
— O único perigo aqui é você! — Exclamei passando direto por ela e
subindo para o segundo andar.
Entrei no meu quarto não me importando em fechar a porta, e fui
direto para o banheiro, ali sim eu fechei a porta, enquanto arrancava minha
calça e cueca, deixando minha ereção saltar livre, antes de me enfiar de
baixo do chuveiro.
Porra.
Eu estava parecendo a merda de um adolescente com tesão vendo
uma garota bonita. Mas, eu não pude evitar, já estava com minha mão
subindo e descendo em meu pau.
Não precisei nem pensar nela, pois, minha mente já tinha criado todo
o cenário. Magie contra aquela parede, a água entre os nossos corpos,
enquanto eu deslizava para dentro dela devagar, assistindo os olhos se
arregalarem enquanto me recebia, os lábios se abrindo e gemendo cada vez
mais alto.
Meu corpo todo parecia em combustão, com a fantasia que minha
mente havia criado, eu quase podia sentir suas pernas em volta de mim e
seu corpo sacudindo a cada arremetida dentro dela. A boceta quente e
molhada me apertando, me sugando, enquanto ela pedia por mais.
Soltei um gemido aumentando a velocidade da minha mão, enquanto
os seios dela se sacudiam bem diante do meu rosto - na minha fantasia -, os
bicos rosados a centímetros da minha boca. Quase podia sentir as unhas
afiadas se afundando em minha carne, os gemidos tomando todo o
banheiro, enquanto ela me apertava ainda mais em sua boceta, mostrando o
quanto estava perto de gozar.
— Magie! — Gemi o nome da diaba, quando o rosto dela tomou
meus pensamentos, as bochechas vermelhas com a excitação, os olhos
verdes perdidos em prazer, enquanto, nós dois gozávamos juntos. —
Caramba Barbie!
Joguei a cabeça para trás deixando que minha respiração voltasse ao
normal, antes de tomar um banho de verdade.
Sai de lá procurando por uma roupa para voltar a trabalhar, mas
quando passei em direção ao guarda-roupa uma coisa me chamou a minha
atenção. Minha cama estava com os lençóis bagunçados, coisa que não
estavam, minutos atrás, quando eu entrei no banheiro.
Olhei em volta procurando qualquer pessoa, mas uma luz se acendeu
na minha mente, quando me aproximei da cama e senti o perfume dela
impregnado nos meus lençóis.
— Barbie, Barbie. O que você estava fazendo aqui na minha cama?
Eu fiquei realmente chocada, quando ele foi para cima do homem o
socando sem nenhuma piedade, nunca tinha visto ninguém fazer algo assim
por mim, nunca fui defendida de nada, muito menos de um assédio.
Então, fiquei ali olhando ele fazer aqueles homens engolirem cada
palavra que haviam dito, enquanto tentava decidir se era sexy ou maluco,
talvez os dois ao mesmo tempo?
Quando ele finalmente levantou tinha uma marca vermelha bem no
olho, com toda certeza estaria roxo amanhã. Mas, é claro que ele tinha que
me provocar e voltar na minha cola pra casa. Era difícil relaxar desse jeito,
com ele ali atrás de mim, julgando cada passo que eu dava, cada pequena
coisa que eu falava.
— Vai continuar me seguindo, seu maluco? — Perguntei quando
chegamos em frente à casa, e ele não atravessou a rua, para voltar ao
trabalho, ao invés disso, continuou no meu pé. — Aqui não tem perigo
nenhum. — Se essa era a desculpa dele para ter me seguido enquanto eu
vendia os bolos, ele não ia poder usá-la dentro de casa.
— O único perigo aqui é você! — Ele afirmou, soando irritado e eu
parei para encará-lo, mas ele passou direto por mim subindo para o segundo
andar.
O que eu tinha feito a esse cara? Era o que eu não conseguia entender.
Alejandro era uma grande incógnita para mim. Homem maluco!
— Já de volta querida? — Rosa estava na cozinha preparando o
almoço, e eu sabia que seria delicioso só pelo cheiro.
— Vendi quase todos, só dois que acabaram no chão quando dois
babacas me cercaram.
— Ai meu Deus. E você está bem? Eles fizeram algo? — Ela
perguntou, já virando meu corpo de um lado para o outro, analisando cada
parte minha.
— Estou, graças ao seu filho, que estava me seguindo. Já não posso
dizer o mesmo dos dois idiotas. Alejandro deu um jeito nos dois, rapidinho,
uma bela obra de arte o que ele fez na cara dos dois.
Ela gargalhou jogando a cabeça para trás, rindo com vontade. Ficou
claro que Rosa não se importou que o filho tivesse brigado, estava mais
parecendo adorar que ele tivesse me defendido.
— Acho que foi bem-feito. Alejandro sabe o que faz! — Ela falou
voltando a prestar atenção nas panelas.
Eu duvidava muito que ele soubesse o que faz. O homem me parecia
apenas maluco mesmo. Mas, não ia discutir isso logo com a mãe dele.
— Vou subir e tomar um banho rápido. Já desço para te ajudar. —
Subi correndo antes que ela começasse a falar o quanto o filho era bom e
blá, blá, blá. Como uma mãe querendo vender o peixe, do filho.
Mas, assim que passei na frente do quarto dele eu parei olhando para
dentro, tentando ver o que ele estava aprontando. Mas, não tinha nenhum
sinal dele por ali, tomada pela curiosidade eu entrei no quarto de uma vez.
O cheiro dele estava por todo lugar, de uma forma que quase me fazia
sentir ele ali, mas diferente da maioria dos quartos masculinos, o dele não
tinha roupas espalhadas, nem pôsteres de mulheres nuas nas paredes. Tudo
estava perfeitamente arrumado, nas paredes tinham quadros da família,
pôster de banda e um enorme dele vestido de bombeiro.
Por que diabos, vestido de bombeiro? Ele nunca foi um. Talvez
modelo? O barulho no banheiro me atraiu direto pra lá, e eu fiz o que não
devia, coloquei a orelha contra a porta me chocando com o que ouvi.
Alejandro estava se masturbando! Tenho certeza de que meu queixo
foi parar no chão quando ouvi o gemido dele vindo do outro lado da porta.
Alejandro praguejava, e falava algumas coisas que eu não conseguia
entender, mas, que deixavam claro o quanto ele estava excitado.
Ao invés, de questionar em que momento naquela loucura ele ficou
excitado, eu me preocupei mais com o que causou no meu corpo, ouvir ele
pareceu acender uma fogueira dentro de mim, e em segundos senti minha
calcinha ficando molhada.
— Estou ficando maluca. — Murmurei para mim mesma, pronta para
sair dali.
— Magie! — O gemido me fez paralisar com as costas contra a porta,
e eu fiquei com medo que ele soubesse que eu estava ali, ouvindo atrás da
porta e ainda mais excitada, por mais louco, que possa parecer.
Mas, então, os sons continuaram, os gemidos, o barulho da mão dele
e antes que eu me desse conta estava deslizando a mão entre minhas pernas,
sentindo o tecido molhado da calcinha enquanto eu começava a me tocar.
Precisei morder meus lábios para conter qualquer gemido. Eu nunca
tinha me sentido assim, e isso era totalmente insano.
— Caramba Barbie! — Ouvi ele exclamar soltando um gemido
gutural, e cada vez que Alejandro falava ou gemia parecia controlar meu
corpo.
Meu calor aumentou, assim como meu tesão, e jogando toda a
sanidade pela janela eu me deitei na cama dele, apoiando os pés no colchão
enquanto meus dedos trabalhavam mais rápido em meu clitóris.
O perfume dele ainda mais forte na cama me enlouqueceu, e eu
fantasiei com Alejandro pela primeira vez, imaginando que eram os dedos
dele em mim, me tocando e me transformando em uma poça de prazer.
Quando meu gemido saiu mais alto, eu me obriguei a colocar o
travesseiro dele contra o meu rosto para abafar, enquanto eu me contorcia
bagunçando todos os lençóis. Ouvi em minha fantasia ele chamando meu
nome mais uma vez e eu gozei, mordendo o travesseiro e me sufocando
com o cheiro dele enquanto meu corpo todo estremecia.
Eu tinha enlouquecido. Só podia ter perdido completamente a cabeça,
foi o primeiro pensamento que passou pela minha cabeça e assim que ouvi
o barulho dele desligando o chuveiro, eu pulei da cama no mesmo segundo
e corri para fora do quarto dele.
— Que merda foi essa? — Perguntei a mim mesma, quando tranquei
a porta do banheiro e apoiei as costas contra ela.
Tratei de esquecer o que tinha acabado de acontecer e tomei o banho
que tinha dito a Rosa que ia tomar. Mas, na minha pressa de fugir de
Alejandro, eu nem ao menos havia pegado uma roupa, então, me enrolei na
toalha e abri a porta dando uma espiada no corredor, torcendo para não dar
de cara com o maluco, só então foi que sai do banheiro.
— Fugindo de alguma coisa, Barbie? — A voz de Alejandro soou
atrás de mim, me fazendo paralisar na porta do meu quarto. — Cuidado, só
pessoas culpadas ficam se escondendo assim loirinha, vou acabar achando
que você aprontou alguma coisa.
— Você é maluco, já disse isso e também falei para parar de me
seguir. — Resmunguei entrando no quarto e apoiando as costas contra a
porta.
Não tinha como ele saber o que aconteceu, não é? Não,
definitivamente não, ele só está me provocando como faz sempre.
Respirei fundo e fui pegar uma roupa, minhas roupas estavam
enfiadas no guarda-roupa da melhor forma que deu, a maioria delas
estavam socadas e três malas no canto do quarto, eu tinha tirado só as que
usaria mais no dia a dia, assim como deixei todas as roupas de galã e baile
na casa do desgraçado.
Quando Charles foi preso, Sophie acabou ficando com a casa, como
um dos pagamentos por tudo o que ele roubou dela, então, eu pude voltar e
buscar minhas coisas que tinha deixado para trás. Mas só o essencial, já que
eu não tinha o mínimo de dinheiro, do contrário eu não levaria nada, porque
tudo daquele lugar me lembrava o horror que eu vivi por anos.
E simples assim, apenas escolhendo uma roupa eu tinha voltado a me
sentir sufocada, como se ele pudesse aparecer a qualquer instante, exigindo
coisas que só me deixariam com nojo de mim mesma.
Em um passe de mágica, a memória do infeliz, colocou em segundo
plano o momento divertido e sensual que eu tive a pouco. Meus olhos se
encheram de lágrimas, enquanto aquela sensação nauseante tomava conta
de mim.
Antes que me desse conta, estava encolhida no chão chorando, e me
lembrando de toda a merda que passei nos últimos anos, anos em um
casamento sem amor, presa a um abusador, que sempre me lembrava o
preço que tinha pagado por mim.
Eu deveria ter deixado que ele me matasse, teria melhor não ter que
enfrentar toda a realidade de agora. Eu detestava sentir pena de mim
mesma, me ver como uma vítima, quando eu me aproveitei por anos do
dinheiro dele, da fama, ainda por cima deixei que fizesse o mesmo que os
meus pais fizeram comigo. Sophie poderia ter entrado no mesmo inferno
que eu, se Patrick fosse um monstro como Charles, e eu não fiz
absolutamente nada, apenas fiquei ali quieta assistindo tudo, fazendo o que
ele me mandava fazer sem nem ao menos discutir.
— Ei menina, o que aconteceu? — A voz de Rosa me fez erguer a
cabeça, no mesmo instante engolindo os soluços.
Eu comecei a secar as lágrimas, pronta para me levantar e fingir que
nada tinha acontecido, mas ela foi mais rápida e me puxou para a cama se
sentando ao meu lado e me abraçando com força.
Aquilo foi a gota d’agua, e fez a barragem romper e eu explodi em
lágrimas, chorando como uma criancinha que precisava da mãe, e Rosa não
tinha ideia do quanto eu precisava de uma mãe.
Ela me deu a segurança que eu precisava para colocar tudo para fora,
me deixou chorar até que não tivesse mais lágrimas e apenas me deixou ali
com a cabeça deitada em seu colo, enquanto ela acariciava meus cabelos.
— Por que está fazendo isso? Eu não... não mereço. — Perguntei
entre os soluços que não iam embora, mesmo que eu não estivesse mais
chorando.
— Você merece sim, menina! Merece isso e muito mais, não diga
uma coisa dessas! — Ela falou, mas eu não achava que merecia de verdade,
não depois de tudo. — Já te disse que você não é um monstro, por ter feito
de tudo para sobreviver naquela casa, não tinha ninguém para te defender e
era só uma menina, você fez o melhor que conseguiu, não tem que se culpar
por isso.
Eu estava tentando pensar como ela, mas tudo era mais fácil na teoria
do que na prática. Na prática, eu me sentia como uma vadia que se deixou
ser usada todos esses anos, e agora se sentia aliviada de se ver livre do
marido.
— Sabe que eu nunca mais falei com a minha mãe, desde o dia em
que me “casei”? — Soltei mesmo sem saber o porquê.
— Não, mas porque isso? Por que nunca se falaram? Charles não
deixava?
— Charles convivia com meu pai, o tempo todo no clube, então não,
não foi por causa dele, mas sim dos meus pais. — Dava pra sentir a minha
amargura nas palavras, e eu me sentia ainda mais ridícula. — Eles já tinham
todo o dinheiro que precisavam, e sabiam que depois de entregar a filha não
iam conseguir arrancar mais nada do velho, então nunca mais se
importaram em falar comigo. Que tipo de mãe faz isso?
Rosa me empurrou no mesmo instante, me obrigando a levantar e
ficar cara a cara com ela.
— Ela não é uma mãe! Uma mulher que vende a própria filha não é
uma mãe! — Ela afirmou com tanta convicção, antes de segurar meu rosto
com as duas mãos. — Não deixe o que eles fizeram, acabar com a vida que
você tem pela frente, sua vida está começando agora, não destrua essa
chance que tem bem na sua frente, por causa de tudo de ruim que sofreu.
Você merece ser feliz, criança!
E lá se iam as lágrimas de novo, não consegui conter quando ela
falava daquela forma comigo, Rosa tinha um toque materno, que Sophie já
havia me avisado, mas eu só estava reparando agora.
— Eu...
— DONA ROSA! — O grito de Luke vindo do portão interrompeu
meus pensamentos. — É o Alejandro! Ele sofreu um acidente!
Eu estava com minha cabeça distraída, os pensamentos voltando na minha cama bagunçada e
no perfume da loira impregnado nos meus lençóis. Eu tinha dúvidas, se aquilo era real ou eu estava
ficando maluco e imaginando coisas, mas quando a encontrei no corredor, eu soube que estava certo,
a forma como ela reagiu, deixou claro que ela tinha ido até o meu quarto e se tocado na minha cama
enquanto me ouvia.
Porra, aquele pensamento era mais do que sexy, mas eu nunca a faria confessar, tinha certeza
de que Magie preferia morrer a confessar que tinha se masturbado pensando em mim. Porém, eu não
precisava da confissão saindo daqueles lábios, eu já sabia a verdade.
Tinha ficado tanto tempo pensando nisso, que não prestei atenção no que estava fazendo.
— CUIDADO! — Luke gritou, mas já era tarde demais, o elevador de carro desceu de vez, e
mesmo eu me jogando no chão, o ferro prendeu a minha perna me arrancando um grito gutural de
dor. — Porra! Vou chamar sua mãe... e a ambulância. — Ele fez uma cara feia para minha perna
antes de sair correndo.
E eu me mantive parado, não queria nem ver o estado da minha perna, mas eu tinha certeza de
que ouvi algo quebrando. Respirei fundo, pensando em qualquer coisa que não fosse na dor que eu
estava sentindo.
Mas, logo os gritos da minha mãe e de Magie foram ouvidos do outro lado da rua. Eu só queria
um médico, mas pelo jeito teria que aguentar a histeria da dona Rosa primeiro.
— Meu filho! Meu bebê o que aconteceu? COMO DEIXOU ISSO ACONTECER, LUKE? —
Ela gritou se aproximando de mim.
— Sim. Um homem com a perna presa no elevador de carros. — Ouvi Magie falando e movi
meus olhos tentando olhar para ela. — Sim senhora, tem um carro em cima. — Ela rosnou e só então
meus olhos a alcançaram. Ela estava com o celular pendurado na orelha, encarando a minha perna e
gritando com a telefonista. — Escuta aqui, minha senhora, você vai mandar uma ambulância, ou vai
continuar com o interrogatório e esperar o homem perder a perna? — Parecia um animal enfurecido,
pronta para rasgar a garganta de alguém. — Ótimo, obrigada! Eles já estão a caminho.
Os olhos dela encontraram os meus, e eu vi refletido ali toda a preocupação dela, a loira parecia
quase com pena de mim, um vinco na testa e os lábios franzidos, me diziam que minha mãe não
estava exagerando.
— Está tão ruim assim, Barbie? — Perguntei querendo que ela dissesse alguma coisa
engraçadinha para me distrair da dor.
— Não é melhor erguer o elevador e liberar...
— NÃO! — Magie gritou impedindo Luke. — Fique longe desse botão. Os únicos que vão
tirar ele daqui, é os paramédicos, ou quer arriscar que ele perca a perna?
Luke deu dois passos para trás, se afastando do elevador e ficando ainda mais longe dela, era
uma coisa sábia a se fazer. Ficar longe da ferinha.
Mas, o que ela tinha dito chamou minha atenção no mesmo instante, e eu precisei ver a real
situação da minha perna, já estava começando a não doer tanto, então não deveria ser tão ruim
assim.
Ergui meu tronco, querendo ver o que tinha acontecido, o ferro parecia ter cortado um pouco já
que havia sangue, e a minha perna estava torta, mas não parecia ter nada fora do lugar e eu também
não conseguia ver a cor para saber se estava prendendo minha circulação ou não.
— O que está tentando fazer? — Magie questionou, se abaixando ao meu lado e eu acabei
movendo a porra da perna um centímetro, fazendo a dor voltar a se espalhar enquanto minha perna
começava a latejar, eu rosnei com a dor e trinquei meus dentes tentando não gritar. — Está tentando
piorar a situação?
Antes que eu pudesse responder ela agarrou meus ombros, me puxando para me deitar
novamente, mas dessa vez minha cabeça repousou em seu colo.
— Filho por Deus, fica quieto. A ambulância já está chegando. — Minha mãe implorou
contorcendo as mãos com nervosismos.
— Acho que seu filho não sabe o que significa ficar quieto, o idiota simplesmente não para. —
Meus olhos voaram para a loira que tinha o rosto bem próximo do meu, a sobrancelha erguida me
desafiando a retrucá-la, era disso que eu precisava.
— É porque eu não sou preguiçoso como você, Barbie.
— Meu nome, use meu nome! Seu insuportável. — Ela segurou meus cabelos, os puxando,
mas foi mais como um carinho do que para machucar, então ela deslizou os dedos massageando meu
couro cabeludo, brincando com os fios e me fazendo relaxar. — É o homem mais idiota que já
conheci.
— Como se você conhecesse muitos homens loirinha. — Murmurei de olhos fechados,
aproveitando o carinho.
Começamos a ouvir as sirenes ao longe, e eu já estava quase dormindo no colo dela, tinha que
admitir as mãos dela faziam milagres, eu já havia até me esquecido da dor.
Ouvi Luke gritando da calçada, falando com os socorristas que rapidamente entraram na
oficina. Eles fizeram perguntas e falaram entre si, mas eu não consegui prestar atenção em nada de
verdade, fiquei ali sentindo os dedos dela contra a minha cabeça, me acariciando sem se dar conta,
que os seus olhos estavam focados em tudo o que os socorristas faziam, e diziam.
— Alejandro está escutando? — Ela me acertou um tapa no rosto, me fazendo voltar a
realidade.
— Sim, claro que sim!
— Ok senhor, aguente firme, vamos imobilizar sua perna agora. — E aquelas poucas palavras
foram seguiram das mãos dos socorristas segurando firme minha perna, e a enfaixando em uma tala,
antes que me colocassem em uma maca e me levassem para fora de lá.
— Alguém quer acompanhá-lo na ambulância?
— Eu vou com Luke logo atrás. — Minha mãe disse. — Vá com ele Magie, você vai saber
resolver as coisas melhor do que eu.
Dentro da ambulância, eu não pude ver se ela hesitou ou retrucou o pedido da minha mãe, mas
no segundo seguinte a loira entrou na ambulância, sentando-se ao lado do paramédico.
— Não consegue ficar longe de mim, não é Barbiezinha? — Soltei já sentindo o efeito de
qualquer droga que eles tenham me dado.
— Só porque você não cansa de fazer besteira. O soco hoje mais cedo não foi o suficiente e
decidiu quebrar a perna? — Eu não consegui segurar o sorriso. — Cuidado Alejandro, ou vou
começar a pensar que você está fazendo isso para chamar atenção. Era até engraçado ouvi-la dizer
isso, já que foi ela quem correu para me ajudar e me acalmar. E isso só me fez lembrar de hoje cedo,
claro que era o que ela queria, parecíamos até estar em uma maldita preliminar com aquelas
provocações.
Mas, isso não ia acontecer, nada podia acontecer entre nós dois e eu estar pensando nela na
hora do acidente, só me servia de lembrete, eu tinha que colocar minha cabeça no lugar ou acabaria
repetindo o passado.
— Nos seus sonhos loirinha, só nos seus sonhos.
Quando chegamos no hospital as notícias não foram das melhores, o corte na perna não tinha
sido profundo, nem mesmo precisou de pontos, mas minha perna estava quebrada e havia uma torção
no calcanhar.
Por sorte eu não precisaria de nenhuma cirurgia, fizeram o que podiam colocando minha perna
no lugar e engessando. Agora eu estaria confinado, na porra de uma cama por semanas.
— Agora lembre-se senhor Fontes, nada de deixar essa perna pendurada, ou para baixo. E nem
pense em se apoiar com esse pé!
— Pode deixar doutora, ele não vai a lugar nenhum. — Magie respondeu por mim. — Ele vai
ficar na cama, nem que tenhamos que amarrá-lo nela.
Semicerrei meus olhos na direção dela, mesmo que estivesse irritado com a situação, ela
conseguiu tirar minha cabeça do lugar, com a conversa de me manter na cama. Eu podia ter algumas
ideias sobre o que fazer sendo amarrado por ela.
— Ao menos transar eu vou poder, não é doutora? Porque essa é a única vantagem em ficar
preso em uma cama. — Comentei com os olhos focados em Magie e rapidamente a pele clara ficou
vermelha de vergonha.
— Vou ter que pedir para que você e sua esposa, não façam esforços físicos por alguns dias.
Logo vai poder voltar à ativa. — Ela saiu da sala enquanto minha mãe ria no canto e Magie me
fuzilava com os olhos.
— Você ouviu esposa, nada de esforço.
Ela ergueu a mão prestes a me bater, mas olhou para minha perna desistindo, e se contentou em
erguer apenas o dedo do meio.
— Já chega vocês dois. Vamos para casa começar esse descanso. — Minha mãe entrou no
meio, interrompendo nós dois.
Deus me ajude, pois eu ia precisar. Tendo que ficar trancado em casa com Magie, sem nem ao
menos poder correr para longe dela.
O medo que me tomou, quando Luke gritou avisando que Alejandro havia sofrido um acidente
me surpreendeu, assim como meu impulso em querer ajudá-lo.
O homem claramente estava com fortes dores, mas, mantinha firme a pose de durão, enquanto
minha mente repetia, que eu precisava fazer qualquer coisa, que o distraísse da dor, e o impedisse de
se mexer, enquanto o socorro não chegava.
Para minha sorte, Alejandro se distraía fácil, principalmente quando estávamos nos
alfinetando.
— Ao menos transar eu vou poder, não é doutora? Porque essa é a única vantagem em ficar
preso em uma cama. — O safado falou, só para me deixar sem graça.
Ele não tinha nenhum pingo de vergonha naquela cara, nem mesmo machucado, com a perna
engessada, ele tomava jeito.
No caminho para casa eu e Luke, sustentamos o corpo dele, evitando que ele apoiasse na perna,
deveria ir de cadeira de rodas, mas o teimoso se recusou a sentar na cadeira.
— Luke, pega ele no colo para subir essas escadas, chega de deixar essa perna pendurada. —
Dei a ordem, mas antes que o amigo pudesse se aproximar Alejandro já tinha uma expressão
horrorosa estampada no rosto.
— Ouse colocar a mão em mim, para ver se eu não arranco seus dentes. — Ele rosnou se
apoiando na lataria do carro, querendo sair sem ajuda.
Empurrei Luke para o lado, vendo que ele não ia mesmo fazer nada, e puxei o braço do
teimoso para meus ombros o ajudando a se levantar.
— Você acha mesmo que assusta alguém com essas ameaças?
— Com certeza assusta, teve o efeito certinho com Luke. — Ele retrucou apontando com a
cabeça para o amigo, já era um bom começo que ele não estivesse me empurrado para longe.
— Luke é um frouxo, queria ter forças para te carregar, que você ia ver só, suas caretas não me
intimidam, querido. — Alejandro curvou o pescoço deixando o rosto perigosamente perto do meu.
— Eu sei que você está louca para ter suas mãos em mim. — Ele sussurrou para que só nós
dois escutássemos. — Só não precisa ser assim, Barbie.
Revirei meus olhos e fiz uma cara de tédio para ele, tínhamos que parar com aquelas
provocações porque estava começando a mexer com a minha cabeça, desde que ouvi ele chamando o
meu nome enquanto estava no banheiro.
— Ok, arrumem um quarto vocês dois. — Luke falou tomando o outro lado do corpo de
Alejandro. — Continuem isso lá em cima, agora vamos subir e colocar essa perna para cima.
Eu tinha até esquecido da maldita perna dele, se dependesse apenas de nós dois, ficaríamos ali
nos alfinetando.
Subimos juntos impedindo-o de apoiar o pé, até o colocarmos na cama.
— Luke, precisamos entregar o carro do senhor Juan hoje, vai ter que terminar sozinho e dar
um jeito no puto elevador. — Eu os ouvi conversando enquanto eu arrumava almofadas embaixo da
perna dele, me certificando que o homem estivesse confortável. — Sabe que eu não machuquei as
mãos, não é Barbie? Posso fazer isso sozinho, não preciso de você. — O apelido irritante foi o que
me fez erguer a cabeça e encará-lo.
É claro que ele ia reclamar da ajuda que eu estava dando, o maldito reclamava de tudo!
— Pode também ir se ferrar, idiota. — Peguei a última almofada e atirei na cara dele. —
Quando quiser ir ao banheiro vá sozinho também! — Falei e sai de lá pisando duro.
Não entendia por que ele simplesmente não podia aceitar ajuda, tinha me forçado a aceitar a
dele, me obrigando a ficar ali, a me proteger e a me ajudar depois que Charles foi preso.
Só em pensar naquele pedaço de merda meu estômago se revirava. Mesmo o demônio estando
preso, eu ainda sentia medo, não tinha me libertado da sensação de estar sendo seguida, vigiada,
sendo sufocada pela presença dele, em saber que a qualquer momento ele poderia estar me tocando,
me beijando, tomando meu corpo como bem desejava, sem se importar comigo.
Minha respiração ficou ainda mais descompassada, e as lágrimas encheram os meus olhos
antes que eu conseguisse controlar. Me virei para a parede apoiando minha testa na superfície fria, e
comecei a inspirar pelo nariz e soltar pela boca, tentando me acalmar, para não começar a chorar ali.
Eu não tinha ideia se algum dia me livraria daquela sensação de estar presa, de ser uma
prisioneira dentro de casa e dentro de mim mesma.
— Magie? Você está bem? — Ouvi a voz de Rosa atrás de mim e tratei de respirar fundo e
engolir tudo.
— Sim, só... Foi um mal-estar, nada demais. Precisa de alguma coisa?
— Acho que é você quem está precisando, querida. — Ela pegou minha mão me impedindo de
fugir. — O que aconteceu?
— Não foi nada, imagina. Pode falar do que precisa? — Garanti a ela, mesmo que fosse
mentira. Dona Rosa franziu os olhos para mim com desconfiança.
— Há... Minha filha ligou, Elisa, ela me pediu pra ficar com a pequena, a babá teve um
probleminha e vai atrasar. Vim te dizer que preciso ir, você pode ficar de olho no bebezão ali? Só
para garantir, que ele não vá fazer nenhuma loucura.
— Claro Rosa! Pode ir tranquila, prometo não deixar o garotão fazer nenhuma besteira.
Era a última coisa que eu queria naquele momento, ficar de olho em Alejandro. Mas, o que eu
podia fazer? Isso era o mínimo, depois de tudo o que eles fizeram por mim.
— Ok querida, qualquer coisa me ligue.
Eu não ia precisar ligar pra ela, Alejandro era uma criança grande, mas, com quem eu sabia
lidar.
Depois que Dona Rosa saiu eu fui direto para a cozinha preparar algo para o jantar, o homem
podia estar na cama e doente, mas não comeria uma sopa qualquer. Alejandro não tinha frescuras
para comer, ao menos não até onde eu vi, mas ele gostava de comer muito. Não me surpreendia, o
trabalho braçal que ele faz e o tamanho dele, era compreensível o tanto de comida que ele botava no
prato.
Fiz uma macarronada que Rosa tinha me ensinado, com almondegas que ele adorava. Talvez eu
estivesse fazendo o prato favorito dele, mas não era para agradar, o pobre só tinha tido um dia de cão
e depois de me salvar, dos dois tarados ele merecia.
Quando eu entrei no quarto, estava um completo silêncio e com a luz apagada eu quase pensei
que ele estava dormindo, mas foi só acender as luzes para perceber que ele estava sentado na cama,
olhando para a janela.
— Devia ter me chamado para acender as luzes, ou ligar a televisão. — Resmunguei colocando
a bandeja alta em frente dele.
Eu deveria ter me lembrado de acender as luzes, ou ao menos dar o controle a ele, mas tinha
saído tão irritada e depois me distrai, que nem pensei nisso.
— Não precisa, eu estou bem. — Ele respondeu de forma seca, me chocando.
Sem perder tempo ele atacou o prato, parecia realmente faminto. Eu liguei a televisão e me
sentei ao lado dele enquanto ele comia, fingindo que estava muito interessada no filme que passava
na tela, mas a verdade é que eu nem estava prestando atenção.
Meus olhos se desviavam a todo momento para ele, querendo ver os movimentos dele, a
expressão, qualquer coisa que tirasse aquela sensação de que estávamos brigados. Eu não entendia o
porquê, mas, era estranho ter ele ali do lado não fazendo nenhuma gracinha. ou não falando nada.
— E então, como está a macarronada? — Joguei o assunto tentando puxar conversa com ele.
— Você ainda não jantou? — Ele perguntou e eu finalmente virei meus olhos para ele,
sacudindo a cabeça em uma negativa. — Pode ir jantar, eu posso ficar sozinho.
Oh, então era isso? Ele tinha ficado irritado comigo porque eu disse para ele fazer as coisas
sozinho? Mas foi ele quem pareceu irritado primeiro, reclamando da minha ajuda.
Homem confuso dos infernos!
— Eu vou jantar depois, não se preocupe. — Fechei a boca, me voltando outra vez para
televisão, enquanto tentava ignorar a presença dele ao meu lado.
— Minha mãe acertou de novo, está uma delícia. — Ele abriu a boca, depois que já tinha
terminado o prato.
— Está uma delícia? — Meu peito se estufou de orgulho, sabendo que ele estava elogiando a
minha comida, mesmo que ele ainda não soubesse, que tinha sido eu quem fez.
— Eu sabia que dona Rosa ia querer me agradar, ela sempre preparava a comida favorita,
quando algum de nós se machucava. — O sorriso tinha voltado ao rosto dele, e a voz tinha deixado o
tom seco e irritadiço, ele estava de volta ao normal.
Me levantei pegando o prato e a bandeja, e os coloquei perto da porta, ainda não estava pronta
para ir e deixar ele sozinho, nem queria ficar sozinha com meus fantasmas também.
— Bem, considerando que fui eu quem fez, acho que você está errado. — Peguei o suco e um
dos remédios que ele tinha que tomar e fui entregar a ele. — Não fiz para te agradar.
— Foi você quem cozinhou? Logo você que não sabe fritar um ovo? — Ele riu com deboche, e
eu ergui o dedo do meio, mas dessa vez não foi por estar irritada, na verdade estava mais aliviada,
que tínhamos voltado a parte das alfinetadas. — Se eu morrer a culpa vai ser sua.
— Vai ser um favor a humanidade. — Eu estava me afastando da cama quando a mão dele
agarrou meu braço me puxando para baixo.
— Você quis me agradar, pode dizer a verdade, Barbie. — Estávamos um de frente para o outro
e eu quase tinha caído sentada em seu colo.
Nossos olhos compartilhavam uma conexão que eu jamais havia sentido, Alejandro conseguia
me passar uma confiança que ninguém nunca me passou, os olhos me hipnotizavam parecendo
atravessar e chegar na minha alma e descobrir todos os meus segredos.
Mas, ele não tocaria em mim, se soubesse todos os meus segredos, não me olharia desse jeito
se soubesse tudo o que eu vivi.
Como se isso fosse um estalo me trazendo a realidade eu recuei minimamente, mas a mão dele
voou para o meu rosto, segurando o meu pescoço e me puxando para perto e colando nossas bocas.
Eu fiquei paralisada por um segundo, com os olhos abertos chocada demais para fazer qualquer
coisa, enquanto Alejandro me mantinha grudada. Senti sua língua deslizar sobre meu lábio, pedindo
passagem e acendendo todo o meu corpo.
Abri meus lábios fechando os olhos e no segundo em que ele enfiou a língua em minha boca eu
soltei um gemido. A mão de Alejandro apertou ainda mais minha nuca, enfiando os dedos nos meus
cabelos e os puxando me obrigando a tombar a cabeça para trás.
Ele intensificou o beijo quando eu me rendi, os lábios sugando o meu, enquanto seu braço livre
envolveu meu corpo, me puxando ainda mais para perto.
Segurei na cabeceira da cama, não querendo me apoiar nele, mas os planos dele eram outros e
eu só me dei conta quando senti que estava sentada em seu colo.
Era estranho, ter toda a atenção de uma mulher, voltada para mim do jeito que Magie estava
desde que me viu machucado, especialmente vindo dela que já tinha entrado em minha mente e de
quem eu só queria fugir.
Por isso, sem pensar eu fui grosso com ela, precisava que ela se distanciasse de mim, que
parasse de ser tão prestativa e atenciosa, só queria que ela voltasse a ser a Barbie irritadinha.
— Alejandro Fontes, o que você fez com aquela menina? — Minha mãe entrou no quarto com
uma cara de poucos amigos.
— Eu não fiz nada. — Ao menos nada de mais, nada que não estivéssemos acostumados.
Minha resposta a fez franzir a testa ainda mais e voltar os olhos para a porta. — Por que essa
pergunta?
— Quando eu cheguei ao corredor, Magie estava tremendo e com a testa contra a parede,
quando perguntei o que tinha acontecido, ela simplesmente disse que não tinha sido nada, mas os
olhos estavam cheios de lágrimas, mesmo que ela não estivesse chorando. — Merda, não podia ter
sido algo que eu disse, não tinha a menor chance de ser só por aquilo. — Tem certeza de que não
disse nada a ela? Nem fez nada?
Eu sacudi a cabeça negando, mas quanto mais ela falava mais eu pensava, só tinha uma coisa
que a fazia acordar a noite chorando e perder o sono, o ex marido. Só podia ser isso, alguma coisa a
fez se lembrar do bastardo, e por isso ela ficou daquele jeito.
Caramba, tinha me esquecido de toda a merda que ela estava enfrentando, tudo o que ela já
estava processando naquela cabecinha, e fui um babaca. Fiquei tão focado em fugir dela, em não
deixar que ela ocupasse ainda mais espaço na minha mente, que acabei deixando de lado a sua dor.
— Não mãe, eu não tenho ideia do porquê ela estava assim, mas vou tentar descobrir.
Não tinha garantia de que ela ia estar de bom humor, mas a Magie briguenta e turrona eu já
tinha me acostumado, era bem mais fácil de lidar do que a versão dela atenciosa e amável.
Por isso, quando ela entrou no quarto eu fiquei quieto, queria sondar e ver como estava o
humor dela antes de perguntar qualquer coisa. Queria saber se ela tinha deixado pra lá o que eu disse
mais cedo, ou ela estava fingindo para manter o clima amigável entre nós.
— Foi você quem cozinhou? Logo você que não sabe fritar um ovo? Se eu morrer a culpa vai
ser sua. — Eu sorri provocando-a, e recebi o dedo do meio erguido em resposta.
Eu não tinha nem mesmo suspeitado que ela tinha cozinhado, eu já sabia que os bolos dela,
eram maravilhosos mesmo, mas não tinha provado a comida dela até agora.
— Vai ser um favor a humanidade. —Ela rebateu fingindo estar irritada e voltando ao nosso
habitat natural.
Quando ela se virou, eu agarrei o braço dela, antes que fosse para longe de mim mais uma vez
e a puxei, ela caiu no colchão, não caindo no meu colo por alguns centímetros.
— Você quis me agradar, pode dizer a verdade, Barbie. — Cutuquei encarando aqueles belos
olhos.
Apesar da beleza, não dava para esconder toda a tristeza que eles carregavam. Então, as
palavras da minha mãe voltaram a minha mente, ela estava chorando, Magie não deveria andar por aí
sofrendo, assustada e remoendo o passado de merda que teve, ela merecia ser feliz, ter um recomeço
sem pensar no passado.
Como eu queria apagar esse passado dela, fazê-la esquecer toda a merda que a cercou durante
esses anos, toda a desgraça que envolveu seu casamento.
Magie recuou o rosto parecendo prestes a fugir, mas eu fui mais rápido e agarrei o pescoço
dela, a segurando no lugar antes de beijá-la. Aquilo foi uma surpresa pra ela sem dúvida, levou um
segundo antes que ela se mexesse e correspondesse meu beijo.
Os lábios macios se abriram dando passagem para minha língua, o gosto doce invadiu minha
boca e Magie gemeu, me deixando ainda mais louco de desejo.
A puxei com mais firmeza, impedindo que ela fosse a qualquer lugar, pois, agora eu precisava
daqueles lábios mais do que tudo. Envolvi o tronco dela com o outro braço e a puxei para cima de
mim, necessitando tê-la ainda mais perto, queria aquela bunda redonda sobre meu colo, rebolando
contra minha ereção.
Era um erro, eu sei, um que eu poderia me arrepender depois, mas por hora, eu ia aproveitar
aquele momento.
Magie parecia estar com vergonha, ou no mínimo com medo de me machucar, já que ela
mantinha as mãos sobre a cabeceira da cama e as pernas jogadas de um lado só, mas não era aquilo
que eu queria.
— O que você... — Ela começou a questionar quando eu agarrei a coxa dela, mas suas palavras
morreram, quando eu dei a volta no meu quadril, a deixando perfeitamente montada no meu colo.
— Estou deixando as coisas mais confortáveis. — Segurei o rosto dela com as duas mãos,
encarando os olhos azuis mais de perto enquanto esfregava meu nariz contra o dela. — Agora vem
aqui, com essa boca gostosa.
Mordisquei o lábio inferior dela arrancando um arquejo, e deslizando minha língua contra a
dela, os dedos dela finalmente agarraram meus ombros e ela me puxou junto. Desci minha mão
direita pelas costas até agarrar a bunda dela, eu tinha que agradecer pelos shorts de malha totalmente
colados no corpo dela, que me deixava sentir cada uma de suas curvas.
— Alejandro... — Ela arfou, afastando os lábios dos meus e eu aproveitei para descer minha
boca pelo pescoço.
Lambendo e mordiscando a pele que logo se arrepiou com o contato, a respiração de Magie se
tornou ainda mais descompassada quando eu segurei a barra da camiseta que ela estava usando.
Subi meus dedos sentindo a pele macia, enquanto meus lábios continuavam traçando um
caminho em sua clavícula e descendo em direção aos seios dela.
Quando contornei a barriga dela e estava prestes a tocar os seus seios, Magie agarrou minha
mão, me impedindo de continuar. Eu ergui os olhos procurando pelo rosto dela, querendo entender o
que ela queria. Mas, tudo o que encontrei foram os lábios entre abertos com a respiração alterada, os
olhos brilhando com desejo e luxúria estampado no rosto.
— Quer que eu pare, Barbie? — Deslizei o polegar na base do seio dela sentindo a curva
acentuada.
Assisti ela engolir em seco, antes de sacudir a cabeça negando e soltando a minha mão, me
deixando ir em frente. Mantive minha mão na base do seio dela e deslizei o polegar por toda a
extensão, resvalando meu dedo sobre o mamilo.
Magie fechou os olhos, e eu agarrei o mamilo duro entre os dedos, o torcendo e recebendo o
rebolar dela contra meu pau. Ela gemeu, jogando a cabeça para trás e eu tratei de puxar a blusa para
fora de seu corpo, foi o único segundo em que nossos corpos se distanciaram, enquanto eu arrancava
o tecido dela e deixava que os seios nus, saltassem na minha frente.
— Oh porra! — Segurei os dois seios em minhas mãos, sentindo o peso deles e o quão macios
eram, massageei vendo-a me olhar em expectativa, então os uni levando minha boca até eles.
Ela soltou um gemido doce e rebolou em meu colo, buscando ainda mais atrito enquanto eu
sugava, lambia e mordiscava os seios perfeitos dela. Não me importava se ficariam marcas, se
amanhã estaria vermelho ou arroxeado, eu só precisava sentir mais dela.
Magie enfiou os dedos em meus cabelos, me mantendo no lugar, me segurando e não me
deixando escapar, como se eu pudesse tirar minha língua, meus lábios e dedos de cima dela.
— Ahh Ale... Alejandro... Eu preciso de mais... Preciso de... — Ela disse entre os gemidos e eu
soltei o seio esquerdo, buscando o lugar onde ela precisava de alívio. — Sim! Ahhh... Por favor! —
Foi o que ela gemeu, quando meus dedos encontraram a boceta marcada no short.
Eu conseguia sentir o calor emanando dela, porém por mais que eu quisesse tirar aquela coisa
apertada dela e poder ver, e tocar sua boceta sem nada me impedindo, eu sabia que não ia resistir a
necessidade de experimentar seu gosto direto da fonte e com a porra do pé engessado eu não
conseguiria nada do que eu quero.
Então, me contentei a esfregar sua intimidade sobre o short enquanto sugava seus seios, as
unhas de Magie rasparam em meu couro cabeludo me deixando ainda mais excitado.
— Porra, como eu queria estar dentro de você agora. — Rosnei contra a pele dela.
Ela moveu os quadris gemendo alto e começando a se esfregar sobre meus dedos, eu aumentei
a velocidade sentindo cada dobra de sua boceta contra o tecido. Eu conseguia sentir a excitação dela
passando o tecido e molhando os meus dedos. Quando ela fechou os olhos e gemeu ainda mais alto
perdendo o controle sobre as reboladas, eu soube que ela estava vindo.
Ergui os olhos para vê-la enquanto jogava a cabeça para trás e gritava gozando, todo o corpo
dela estremeceu, dos pés à cabeça, e continuou assim por um bom tempo. Eu não tirei minha mão do
lugar, e quase podia sentir as pulsações da boceta dela enquanto o gozo encharcava ainda mais o
short.
Quando ela finalmente abriu os olhos, e segurou minha mão, me impedindo de continuar a
masturbá-la, ela estava chocada, me olhando como se eu tivesse feito algo que ela nunca esperou. Eu
não entendia o porquê. Magie nunca tinha tido um orgasmo? Não, não podia ser, ela tinha se
masturbado na minha cama no outro dia, tinha que ser outra coisa. Mas, o que?
Eu ainda estava tentando recuperar meu fôlego, enquanto Alejandro
deslizava as mãos por meu corpo, subindo por minhas costas nuas e
passando por minhas pernas, eu estava usando apenas o short colado e nada
mais. A cabeça dele descansava sobre meus seios e eu esfregava seus
cabelos.
Parecia até uma cena corriqueira, algo do nosso dia a dia, mas isso
não era a verdade, nós nos detestávamos no dia a dia e escondíamos nossa
atração mútua. Mas e agora? Como eu ia olhar pra ele e fingir que não me
sentia atraída, que não o desejava depois de gozar em sua mão?
— E o que vai acontecer agora? — Perguntei quando os lábios dele
voltaram a se mexer sobre minha pele.
— Bem, eu não vou poder fazer muita coisa com minha perna
engessada, mas... Você pode cavalgar gostoso em mim. — Ele colocou a
mão na base das minhas costas e me empurrou para frente e para trás, me
esfregando em sua ereção.
Eu não consegui segurar o riso, ele era um tarado mesmo, ainda
estava pensando em sexo enquanto eu já estava pensando no amanhã.
— Seu safado, você é mesmo um tarado como Sophie falou. — Falei
fazendo ele erguer a cabeça finalmente.
— Não sei por que ela diria isso, eu sou um anjo.
— Sim, claro eu acredito em você. — Falei em deboche. — Sua cara
de tarado diz exatamente o contrário. — Estapeei o ombro dele o
empurrando, mas isso só serviu para atrair a atenção dele de volta para os
meus seios. — Não estou falando de como vamos transar, estou pensando
sobre como vamos agir de agora em diante. Vamos fingir que nada
aconteceu? — Questionei cobrindo meus seios.
— Acho impossível, eu ainda não provei seu gosto, ou te fodi até que
gritasse meu nome. — Senti minhas bochechas queimarem com o
descaramento dele. — Eu sei que você se masturbou na minha cama,
enquanto me ouvia chamar seu nome dentro do banheiro. Você não quer
mais isso?
Alejandro segurou uma mecha do meu cabelo o jogando para trás do
ombro, e deslizou o dedo de forma despretensiosa sobre minha clavícula,
descendo e me arrepiando completamente.
Eu não ia dar esse gostinho a ele. Não ia assumir nada, sobre ter me
masturbado na cama dele, ia levar isso para o túmulo comigo.
— Ainda quero ver você tentar me fazer gritar seu nome. —
Murmurei altiva e vi um sorriso de lado crescer nos lábios dele. — Mas...
Não quero que as outras pessoas saibam, as coisas podem sair do controle.
— Concordo, especialmente minha mãe. Se dona Rosa descobrir vai
começar a ter ideias e fazer planos. — Ele olhou para mim novamente, mas
suas mãos continuaram a passear por minha pele. — Podemos fazer isso
funcionar em segredo. O que acha?
Os olhos, que agora de perto, eu sei que são azuis, estão enigmáticos,
encarando os meus, me sugando para dentro dele, me seduzindo sem
precisar fazer muito.
Podia ser um grande erro, me deixar levar e fazer isso, mas eu não ia
conseguir me afastar sem ter mais de Alejandro, não depois do que ele tinha
acabado de fazer comigo, sem nem precisar tirar meu short.
— Vamos fazer isso em segredo. — Concordei rápido totalmente
tomada pelo desejo.
Alejandro ergueu a mão, passando o polegar por meus lábios, os
encarando com fome, eu podia ver a luxúria brilhando nos olhos dele.
— Então vem aqui, porque quero você gemendo a noite toda. — Ele
murmurou, mas, eu segurei a cabeça dele e o empurrei para trás, contra a
cabeceira da cama.
Me aproximei devagar descendo o meu rosto até nossas bocas
estarem na mesma altura e mordi a parte inferior, puxando o lábio carnudo e
fazendo ele soltar um gemido.
— É minha vez de brincar! — Afirmei me afastando um pouco e ele
abriu um sorriso sacana erguendo os braços.
Segurei a barra da camisa dele e a arranquei do seu corpo com pressa,
passar aquele tempo todo olhando aquele peitoral sem poder tocá-lo tinha
sido difícil, agora eu finalmente poderia colocar minhas mãos sobre ele.
Agarrei o peitoral recém depilado. A pele bronzeada era mais macia
do que eu imaginava, Alejandro fazia um bom trabalho em cuidar do
próprio corpo. Desci por seu abdômen e me curvei colando os lábios no
pescoço dele, ouvi ele soltar um arquejo e continuei descendo pelos ombros
indo em direção ao peitoral.
Minha mão alcançou o cós do samba canção, e eu senti a ereção dura
e enorme, apertada contra o tecido. Não me contive, e apertei contornando o
comprimento com as mãos.
— Oh Barbie. — Ele gemeu, e eu mordi o peito dele.
Ergui meus olhos e o vi chocado, mas com o tesão ainda mais
evidente nos olhos, me dizendo o quanto ele gostou.
Eu estava prestes a descer ainda mais quando a mão dele se enfiou
dentro dos meus cabelos, e ele me puxou para cima tomando meus lábios.
Alejandro enfiou a língua em minha boca com desespero.
As mãos agarraram minha cintura me apertando contra seu corpo,
mas eu não podia deixar ele tomar o controle novamente, era a minha vez
de brincar.
Então, enfiei a mão dentro do samba canção, sentindo a pele quente e
perfeitamente depilada, antes de agarrar a base do seu pau.
Alejandro se inclinou contra minha mão, e eu subi os olhos para o
rosto dele, querendo observar cada reação do seu corpo. Quando eu o puxei
para fora precisei me afastar para comprovar o tamanho dele, tinha
fantasiado com isso por tempo demais para não ver com meus próprios
olhos.
E era maior do que eu tinha imaginado, grande e robusto, a cabeça
rosada e larga fez minha boca encher de água, eu não consegui evitar que
minha boceta pulsasse com a ideia de tê-lo dentro de mim.
— Gostando do que vê? — O safado perguntou trazendo minha
atenção de volta a ele. — Oh, porra Barbie, está me matando assim. — Ele
trincou os dentes quando eu contornei o polegar em sua glande e passei a
língua sobre meus lábios os umedecendo.
— Não é tão surpreendente, mas dá para o gasto. — Menti só para
provocá-lo.
Alejandro sorriu se remexendo embaixo de mim, mas isso mexeu na
sua perna e no segundo seguinte ele rosnou com dor.
— Droga de perna!
— Não devíamos fazer isso, não enquanto você está assim! — Falei
colocando a samba canção de volta no lugar e me afastando. — Você tem
que ficar de repouso, lembra o que a médica disse?
Sai de cima dele no mesmo instante, antes que ele pudesse me segurar
e fui pegar a jarra na cômoda.
— Volta aqui, não precisamos parar assim. — Alejandro reclamou e
eu voltei para a cama entregando o copo de água para ele.
— Vamos parar sim, você quebrou a perna hoje, seu tornozelo está
inchado e torcido. Vamos parar ao menos hoje! Não quero você
machucando essa perna de novo.
Me sentei ao lado dele e peguei minha blusa a colocando de volta no
corpo, cobrindo meus seios ou voltaríamos para onde estávamos.
— Você é uma coisinha má. Vai só me deixar pensando nisso a noite
toda, Barbiezinha. — Sorri sabendo que era exatamente isso o que ia
acontecer, nós dois ficaríamos só na vontade hoje. — Porque quando você
gozou me encarou com surpresa, quase como se não acreditasse no que
tinha acabado de acontecer?
Desviei meus olhos dele e encarei minhas mãos, merda, eu não queria
ter sido tão óbvia em minha surpresa, e também não queria voltar a pensar
naquilo.
Mas Alejandro segurou minhas mãos, me impedindo de me fechar e
fingir que tudo estava bem.
— Eu nunca tinha... não com um homem. — O polegar dele circulou
a palma da minha mão em uma carícia, mas eu ainda não conseguia olhar
pra ele, não enquanto eu falava dele. — Ele nunca me fez gozar, nunca me
deu prazer.
Não queria me lembrar daquele idiota, muito menos depois do
momento bom que tivemos ali, mas eu estava marcada por Charles, ele
nunca sairia da minha vida pelo jeito.
— Então eu acho que tenho muito trabalho pela frente. — Alejandro
falou me surpreendendo. — Muitos orgasmos pra compensar você, por
todos esses anos sendo negligenciada.
Ergui meus olhos surpresa e ele me puxou para perto voltando a me
beijar. Mas dessa vez antes que as coisas voltassem a esquentar a voz de
Rosa invadiu a casa nos obrigando a nós afastarmos.
— Acho bom esconder essa ereção antes que ela chegue aqui, ou vai
achar que eu estava me aproveitando do filhinho dela. — Me levantei
sabendo que precisava trocar aquele short antes que Rosa me visse.
— Ei, por que não é boazinha e me dá sua calcinha antes de ir?
Parei na porta e me virei para ele já ouvindo os passos da mãe dele
nas escadas.
— E quem disse que eu estou usando uma? — Eu realmente não
estava usando, a expressão dele em saber disso e a mão indo para o pau me
deixou ainda mais feliz, por não estar usando uma.
— Eu tenho pena de você... Quando minha perna estiver melhor, você
vai pagar por casa provocação, Barbiezinha!
— Estou aguardando você cumprir suas promessas, bobinho! —
Rebati e corri para o meu quarto antes que Rosa aparecesse ali.
Fechei a porta apoiando as costas contra ela e sorrindo como uma
boba. Deus me ajudasse, mas eu estava ansiosa para que ele melhorasse
logo, só assim eu teria um gostinho de como era estar com um homem de
verdade pela primeira vez na vida.
Minha mãe chegou e Magie saiu correndo do meu quarto, se dona
Rosa tivesse demorado um pouco mais, eu teria convencido a Barbiezinha
que a dor que eu senti, não era nada comparada a minha ereção dolorida.
Mas não tinha saído como eu esperava, agora eu estava sozinho no
meu quarto repassando o que tinha acontecido ali. Magie confessou que o
marido babaca nunca a tinha feito sentir prazer, ela nunca havia gozado com
o idiota.
Isso não podia me deixar mais do que feliz, quero dizer, era triste ter
vivido em um casamento de mais de dez anos, tendo relações com um
animal abusivo e que nunca deu um mínimo de prazer para ela, mas ao
mesmo tempo, me deixava feliz saber que eu era o primeiro cara a fazê-la
gozar.
A expressão de surpresa no rosto dela me disse isso, foda-se se inflou
o meu ego, estava pronto para fazê-la gozar mais um milhão de vezes, dar
todos os prazeres que foi negado a ela durante todos esses anos.
— Tudo certo por aqui filho? — Minha mãe perguntou, me tirando
dos meus pensamentos.
— Tudo perfeito. — Ela não tinha ideia do quão bem as coisas
estavam.
E era melhor que continuasse assim, ou ela começaria a ter ideias
casamenteiras, e nós dois sabíamos que eu e Magie, não tínhamos nada em
comum, éramos dois opostos e duas pessoas que só queriam curtir e se
render a atração que sentíamos.
— Magie veio aqui? Ou ela está no quarto chorando de novo?
Eu quis rir e dizer que chorar era a última coisa que ela estava
fazendo naquele minuto, mas fiquei quieto.
— Ela veio, me trouxe o jantar que ela mesmo fez e foi até o quarto
fazer alguma coisa pouco antes de você chegar. — Resumi o que tinha
acontecido ali.
— Vocês brigaram de novo? — Minha mãe questionou estreitando os
olhos na minha direção.
— Não, tudo na mais perfeita paz. Eu juro.
— E que marcas vermelhas são essas no seu peito? — As palavras
dela me chocaram, e eu desviei os olhos procurando a marca. — É de dente
que eu sei! Foi parar aí como?
Esfreguei a marca como se fosse resolver alguma coisa, mas
claramente os dentes da Barbiezinha estavam marcados em minha pele.
— Isso aqui não é nada, foi só uma irritação, que eu cocei e ficou
assim. — Insisti, mas minha mãe parecia a inquisição espanhola, quando
colocava uma coisa na cabeça ia até o fim. — Não tem nada de dente aqui,
pode ficar tranquila.
Ela me ignorou desviando os olhos pelo resto do meu corpo
procurando qualquer outra marca, e eu sabia que ela provavelmente te
encontraria nos meus ombros, onde Magie enfiou as unhas.
Foi por isso que eu tratei de gemer levando as mãos a perna e
fingindo estar com dor, só para mudar o foco da atenção dela.
Se Magie e eu íamos ter uma amizade colorida secreta, precisaríamos
esconder melhor esses pequenos detalhes, ou nada ficaria em segredo por
muito tempo.
— Vou pegar um remédio pra você.
— Não, não precisa. Magie já me deu! — Exclamei rápido demais,
fazendo ela franzir a testa em dúvida. — Mãe eu só preciso dormir, foi um
longo dia.
Isso pareceu amolecer um pouquinho o coração dela, minha mãe
suspirou e se aproximou me ajudando a me acomodar melhor contra os
travesseiros.
— Tenha uma, boa noite, filho. — Ela plantou um beijo na minha
testa e apagou as luzes pronta para sair. — E juízo!
Eu tinha juízo, e muito, se eu não tivesse juízo, iria sair mancando
daqui até o quarto de Magie e me esgueirar na cama dela, só para terminar o
que começamos aqui.
Mas como eu tinha a porra de um juízo, fiquei ali, repassando na
minha mente a imagem dela gemendo e se esfregando contra minha mão. O
rosto perfeito se contorcendo e ficando ainda mais vermelho enquanto ela
gozava para mim. Peguei no sono com uma ereção mais do que dolorida, só
para ter uma noite de sonhos quentes com Magie.
Eu tinha planejado uma boa manhã, tranquila e calma pra variar, foi
uma surpresa para mim acordar com Magie abrindo as cortinas do meu
quarto, enquanto o cheiro de café invadia as minhas narinas.
— É uma bela visão. — Falei olhando para o vestido curto subindo,
enquanto ela destravava as janelas.
— Você é um safado, sabia? — Ela se aproximou da cama e colocou
a bandeja com o café do meu lado. — Luke quer falar com você, estava
meio apressadinho hoje cedo.
— Hoje cedo? Que horas são? — Eu não dormia até tarde, sempre
abria a oficina cedo.
— Já passa das dez, os remédios fizeram efeito e te derrubaram de
jeito. — Ela tinha razão, tinha me feito dormir até demais. — Toma o seu
café que eu vou levar a bandeja lá para baixo antes de sair.
Franzi a testa começando a comer o pão recheado que ela tinha feito,
olhei a roupa dela tentando decifrar para onde ela iria com aquele vestido.
Até que um estalo me bateu, ela não ia sair para vender bolos sem que eu
pudesse acompanhá-la, não ia mesmo.
— Aonde você vai? — Perguntei já sabendo que me arrependeria da
resposta dela.
— Vou vender bolo na vizinhança, fizemos o dobro hoje, já que os
daquele outro dia venderam rápido demais. — A empolgação com que ela
falou mexeu comigo, era injusto para cassete, que ela não pudesse sair e
vender o trabalho dela, segura de que nenhum babaca iria mexer com ela.
Mas, infelizmente, era o que acontecia, não queria nem imaginar o
que teria acontecido com ela se eu não estivesse chegado na hora.
— Não vai não. A última coisa que quero agora, é algum babaca
atacando você na rua. — Ela ergueu a sobrancelha esquerda, como se não
acreditasse no que eu estava falando.
— Quem você acha que é, para me impedir de fazer alguma coisa? —
O desafio misturado com raiva, transbordou na voz dela e eu até imaginava
o porquê.
Magie tinha vivido por anos presa naquela casa, impedida de fazer
qualquer coisa que quisesse, então, o medo de acabar em um lugar igual,
era compreensível.
— Eu sou um amigo, que não quer que nada de ruim te aconteça. —
Ela bufou e jogou as mãos pra cima, mostrando que estava irritada, mas não
retrucou. — Lembra o que aconteceu naquela outra vez? Aqueles babacas,
indo para cima de você. É disso que estou falando, quero evitar que aquilo
se repita.
— E você quer o que? Que eu fique trancada, dentro de casa, por que
o mundo está cheio de homens nojentos e abusivos?
Ela tinha razão em estar chateada, era a porra de uma injustiça, mas
eu não podia mudar isso, só podia tratar de protegê-la e evitar que essas
merdas acontecessem.
Fui tentar me mexer para me aproximar dela e a dor subiu por minha
perna me fazendo gemer e trincar os dentes.
Magie correu até a cama, me empurrando contra os travesseiros e me
impedindo de me mexer, o olhar mortal sobre mim era uma ameaça bem
eficaz.
— Escuta... Eu não quero que você fique presa. — Murmurei sobre a
dor. — Se eu pudesse te acompanhar, eu iria de bom grado, mas enquanto a
porra da minha perna estiver engessada eu não posso fazer isso.
— E eu não posso ficar esperando um guarda costas, preciso trabalhar
para ter meu próprio dinheiro, não vou ficar morando na sua casa de favor
para o resto da minha vida, só porque sou inútil demais para não saber fazer
nada da vida.
Fechei os olhos, respirando fundo, odiando a forma como ela falava
sobre si mesma.
Eu tinha escutado essas merdas, enquanto crescia, largar a escola para
ajudar a cuidar dos irmãos, acabava com a vida de uma pessoa e eu descobri
isso do pior jeito. Ser latino não ajudou muito também, as pessoas me viam
como um inútil preguiçoso, ou burro demais para qualquer coisa que não
fosse tirar a roupa.
— Você não é inútil Barbie, já te disse pra parar de falar isso. —
Agarrei o rosto dela a puxando para perto, querendo que ela encarasse meus
olhos, até que aquilo entrasse em sua mente. — O mundo é que é mal e
podre. Quebrado de um jeito que nunca vamos entender. O mundo errou
com você desde cedo, não se esqueça disso.
Magie suspirou e mordeu o canto dos lábios, abaixando a cabeça e
desviando os olhos dos meus. Era difícil fazer uma pessoa que sofreu o
abuso físico e psicológico que ela sofreu, entender que não era ela o
problema ou a culpada de tudo.
— E o que você quer que eu faça? Que eu fique sentada até você
melhorar? Você tem uma vida Alejandro, tem um trabalho, não pode viver
atrás de mim como um segurança! — Ela exclamou se levantando, e se
afastando de mim de novo.
— Nós vamos dar um jeito. Vamos arrumar uma solução para isso,
sem que você fique em risco andando em um bairro que não conhece.
Ela estava prestes a protestar quando o barulho no portão a fez correr
até a janela. Uma voz alterada e choro era o que eu conseguia entender de
onde estávamos. Mas que o que podia ser agora?
— Acho que é sua irmã mais nova. Pelo menos é muito parecida com
ela nas fotos.
— Inferno! Só pode ter brigado com o marido outra vez! — Rosnei
querendo sair da cama, mesmo sabendo que não podia.
Ignorei toda a dor se alastrando e me levantei, apoiando meu corpo na
mesinha de cabeceira.
— Como assim o marido? Que diabos você está fazendo, Alejandro?
Que inferno de homem. — Magie agarrou meu corpo me impedindo de dar
qualquer outro passo. — Onde pensa que vai?
— Minha irmã precisa de mim, eu tenho que descer! — Rosnei, não
me importava com nada, com as complicações que teria na perna, no
tornozelo, nem com a dor, minhas irmãs eram minha vida, desde que eu me
entendia por gente, e elas só tinham a mim para protegê-las.
Magie piscou parecendo surpresa, e por um segundo eu a vi quase
ceder a minha vontade, e me deixar sair do quarto. Mas, no instante
seguinte, ela apontou com a cabeça para a cama e me empurrou
gentilmente.
— Sua mãe já a colocou para dentro, elas vão subir e você vai
descobrir o que está acontecendo aqui, vai resolver o problema daqui, não
vou deixar você sair dessa cama.
— Mas...
— Você também precisa de cuidados sabia? Não pode querer ajudar a
todo mundo e esquecer de você mesmo.
Engoli em seco sabendo que ela estava certa, mas era o meu jeito, eu
colocava as pessoas que amava em primeiro lugar, não sabia como evitar
isso ou fazer diferente.
Eu segurei a lateral do rosto dela, pronto para beijar aqueles lábios
carnudos.
— ALEJANDRO! — Minha mãe gritou do corredor nos
interrompendo.
Ela e minha irmã entraram no quarto e quando eu vi Carla meu
estômago se afundou e meu sangue ferveu no mesmo instante. Eu ia matar
alguém, ia acabar com o desgraçado!
O homem era o maior cabeça dura que eu já conheci, parecia uma
mula teimosa agindo daquele jeito, se eu não tivesse visto a tempo não
duvidava que ele sairia pulando com uma perna só, e desceria as escadas ao
encontro da irmã.
Eu tinha que confessar que era lindo a forma como ele amava e
cuidava das pessoas da família, mas não dava pra negar que ele se
negligenciava totalmente. Eu entendia que ele se sentia o homem da casa o
único que poderia proteger e cuidar delas. Mas quem estava fazendo isso
por ele?
Quando Rosa e a filha entraram no quarto eu confirmei que era Carla,
a irmã mais nova dele, que eu tinha visto nas fotos. Mas choque me tomou
quando eu vi o estado em que estava o rosto e os braços dela. Tinham
marcas vermelhas e outras quase roxas, no pescoço dela dava para ver as
marcas dos dedos.
— Eu vou matar o desgraçado! — Alejandro rosnou da cama, se
remexendo e querendo se levantar, mas eu apertei minhas mãos em seus
ombros o impedindo de ir a qualquer lugar.
— Ele... Eu não sei o que deu nele. — Carla falou com o queixo
tremendo. — Estávamos discutindo como sempre, e então ele partiu para
cima de mim, me bateu várias vezes e depois tentou me enforcar.
Eu puxei uma cadeira para ela se sentar, já prevendo que logo ela
cairia de tão abalada que estava, e Rosa a ajudou a sentar.
— Eu previ que essa merda ia acontecer, aquele pedaço de merda
nunca soube te respeitar, e todas aquelas brigas acabariam levando a isso.
— Alejandro se curvou pegando as mãos da irmã e as levando até a boca,
plantando vários beijos.
— Todo casal briga, Alejandro. — Ela tentou argumentar, mas
olhando para o estado dela não era uma briga boba de casal. — Eu nunca
pensei... Nunca pensei que, ele seria capaz disso. — E com aquelas últimas
palavras ela desabou, chorando e soluçando.
Ver ela daquele jeito, me fazia pensar em tudo o que eu passei, todas
as vezes que tive que colocar uma maquiagem em cima das marcas e fingir
que estava tudo bem.
Charles não costumava me bater, o abuso dele era sexual e
psicológico, mas às vezes ele agia como o animal que era e me machucava
de todas as formas possíveis.
— Vamos à delegacia e você vai prestar queixa agora mesmo, aquele
desgraçado vai pra cadeia, mas não antes que eu coloque minhas mãos
sobre ele. — Ele segurou na cama e tentou levantar-se, mas eu voltei a
segurá-lo com força no lugar
— Você não vai a lugar nenhum, não faz nem dois dias que engessou
essa perna, e a médica lhe deu semanas para ficar com esse gesso! —
Rosnei, lembrando a ele do próprio estado. — Eu vou com a Carla até a
polícia.
— Não, eu posso ir...
— Não Rosa, você está tão abalada quanto Alejandro. — A
interrompi determinada, eu sabia bem como seria se ela fosse com a filha.
— Você fica com esse cabeça dura aqui, e eu vou com Carla.
Ainda não tínhamos nos, conhecido. Mas, ela pareceu concordar já
que não retrucou. Meus olhos continuaram presos em Carla e mesmo que
fosse incômodo para ela que eu ficasse encarando, eu não conseguia desviar
o olhar.
— Peguem o carro. — A voz de Alejandro me trouxe de volta. —
Mas, não gosto da ideia de vocês duas saindo sozinhas, ainda mais depois
do que o maluco fez.
Revirei os olhos, com todo aquele cuidado extremo dele e sai do
quarto já indo buscar meus documentos.
Quando voltei Carla estava chorando novamente, mas dessa vez
sentada na cama junto ao irmão que a abraçava, enquanto Rosa estava em
pé ao lado da cama segurando os dois.
Era uma imagem linda de se ver, e meu peito se espremeu em pensar
que nunca tive aquilo, nenhum pouquinho de afeto ou apoio. Abraços e
sorrisos eram apenas na frente das câmeras, para esconder a família fria e
sem coração.
Podia ser horrível admitir, mas eu sentia uma pontinha de inveja,
queria que minha família fosse assim. Se aquela fosse a minha família,
minha vida seria tão diferente.
— Podemos ir? — Perguntei antes que eu começasse a chorar junto
com elas.
— Claro, vamos logo com isso. — Ela se levantou e deu um sorriso
forçado para o irmão. — Voltamos logo bombeirinho, não se preocupe
tanto.
Bombeirinho? Eu ia ter que perguntar a ela de onde tinha vindo
aquele apelido.
— Me avisem, quando chegarem lá. — Ele me encarou por um longo
minuto, como se quisesse falar alguma coisa, mas acabou não dizendo
nada.
— Vamos ficar bem. — Respondi, saindo de lá e sendo seguida pela
irmã dele.
Tomei cuidado em manter meus passos devagar, não sabia se ela
estava afetada pelos golpes ou não, então para não arriscar, segui em um
ritmo lento.
Eu abri a porta do carro para ela e olhei para trás, por um instante,
encarando a janela de Alejandro, como se esperasse que ele aparecesse na
janela, me esquecendo por um segundo que ele não podia se levantar.
— Acho que devemos ir para o hospital primeiro. — Foi a primeira
coisa que Carla falou quando eu entrei no carro.
— Você está bem? — Perguntei, com medo de que ela estivesse pior,
do que deixou transparecer dentro da casa.
— Eles vão ter que fazer exames de qualquer jeito, então é melhor
irmos direto para o hospital.
E ela estava totalmente certa, no hospital mesmo chamaram a polícia
e fizeram todo os procedimentos da queixa e dos exames, para seguir em
frente com o processo contra o marido, que ela também ia se divorciar.
Quando nós finalmente fomos liberadas eu lembrei de avisar ao
Alejandro, não queria deixá-lo e a mãe ainda mais preocupados, ou era
capaz do homem vir parar no hospital atrás da irmã.
— Falando com o bombeiro? — Carla me pegou de surpresa
aparecendo ao meu lado.
— Você tem que me dizer de onde veio esse apelido. Bombeiro? Não
parece nada com Alejandro. — Ele estava mais para incendiário, porque era
o que causava em mim sempre que me olhava.
— Ele tinha um show fixo na boate, onde ele era o bombeiro, várias
mulheres iam lá procurando exatamente isso: o bombeiro que fazia todas
pegarem fogo. — Carla explicou rindo divertida, mas eu me virei chocada.
Boate? Show? Mulheres? Do que ela estava falando?
— Show e ele era o bombeiro? Isso é uma peça?
— Não, claro que não. — Ela gargalhou, jogando a cabeça para trás.
— Não acredito que o safado não te contou que era stripper.
Minha boca caiu aberta em choque. Sophie tinha me dito que ele era
um safado, mas esqueceu totalmente de dizer que ele era um stripper.
— Ninguém me disse nada disso, na verdade. Como pode eu estar
morando na casa dele há um mês e não saber disso?
— Ele meio que esconde essa coisa da maioria das pessoas, mas até
dois anos atrás ele ganhava a vida tirando a roupa nos palcos.
Eu ia ter que conversar com ele quando chegássemos em casa, está aí
uma coisa que eu ia querer ver, Alejandro fazendo um show só pra mim.
— Me conta mais, quero saber tudo sobre isso...
— Magie! — Uma voz no meio do estacionamento me fez tirar o
pensamento de Alejandro.
— John? O que está fazendo aqui? — Questionei antes mesmo que
ele chegasse até nós a passos largos.
Os olhos de Carla voaram em cima do garoto, que estava usando um
terno perfeitamente alinhado, os sapatos lustrados. A barba e o cabelo, eram
o que lembravam o quanto ele era jovem, davam um ar mais despojado
dentro do traje dele.
— Patrick me mandou, vou cuidar da escolta de vocês duas hoje.
— Você o que? — Perguntei ainda sem entender.
— Quem é você? — Carla questionou o esquadrinhando de cima a
baixo.
— Eu sou John Reynolds, vou acompanhar vocês duas até em casa e
me certificar da segurança da senhorita Carla.
— O que? Como assim? Eu nem te conheço! — Ela parecia ainda
mais atordoada e eu já começava a imaginar o que tinha acontecido.
Alejandro e Patrick, com certeza, tiveram uma conversinha enquanto
nós estávamos fora, só me surpreende que não tenham mandado algum dos
homens de Cris, mas sim o motorista pessoal de Patrick.
— Você vai ter toda a explicação assim que chegar em casa. —
Murmurei querendo que ela desviasse a revolta de John para o irmão, que
era o verdadeiro responsável. — O irmão protetor ataca novamente.
— Ele não pode fazer isso! — Carla bateu o pé e cruzou os braços
como uma adolescente mimada, mesmo que já tivesse vinte e três anos.
— Seu irmão está machucado e se sentindo mais do que impotente
nesse momento. — Lembrei a ela, enquanto, abria a porta do carro e
deixava que John a guiasse para o assento da frente. — Ele sente a
necessidade de poder proteger vocês todas, e com a perna assim não vai
conseguir, então dê um desconto a ele. Ele só está querendo o seu bem.
— Você o defende agora porque não é com você!
— Não estou defendendo-o, estou lembrando o quão importante é o
que ele está fazendo por você. Algumas pessoas, não tem essa mesma sorte!
— Entrei no carro e bati a porta, para que ela fizesse o mesmo e
pudéssemos sair dali.
De certa forma ela tinha razão, Alejandro foi protetor comigo mais
cedo e eu agi como ela, questionando e negando a ajuda. Mas a diferença
era que eles eram uma família, eu não era ninguém na vida dele, apenas
uma desconhecida que tinha caído de paraquedas na sua casa.
Alejandro cuidava da família porque as amavam, mas comigo, era só
pena e isso era uma coisa que eu não ia conseguir aguentar.
Depois que Magie e Carla saíram eu continuei pensando no que poderia fazer, eu precisava
fazer alguma coisa para a segurança da minha irmã, já não bastava me preocupar com a Barbiezinha,
agora precisava manter os olhos abertos para que o maluco do marido da minha irmã não se
aproximasse dela novamente.
Foi por isso que liguei para Patrick, o amigo dele Cris devia ter alguém na empresa de
segurança para ficar de olho nela. Eu só precisava do contato dele, para poder contratar os serviços
de segurança.
— Infelizmente, Cris não vai poder ajudar, a empresa toda foi contratada, até ele mesmo está
trabalhando.
— Eu preciso de alguém para fazer a segurança da minha irmã, ela trabalha no ateliê dela, do
outro lado da cidade, não vai querer ficar dentro de casa, e até que o marido babaca dela, estiver à
solta eu não confio em deixá-la sozinha. — Resmunguei me virando na cama e pegando o notebook
novamente. — Estou procurando um lugar para abrir uma doceria para Magie vender os bolos, é a
forma mais segura dela trabalhar.
— Isso é ótimo, mas aposto que ela não sabe disso, não é? — Foi Sophie quem entrou no meio
da chamada.
— Não, ela não sabe. — Deus me ajude quando eu for contar pra ela, porque a mulher é difícil
aceitar ajuda.
— Quero ver como vai fazer para convencê-la que é a melhor coisa. Ela não me deixa dar a ela
nem a casa do meu tio, como presente.
Podia até imaginar o porquê ela não quer aquela casa, depois de ter vivido um inferno naquele
lugar, seria difícil aceitar voltar para lá, mas ela poderia vender se quisesse, e ainda sim ela não
aceitaria, eu sei.
— Vou dar um jeito de dobrar ela. — Tinha muitas ideias de como fazer para que ela cedesse e
aceitasse minha ajuda.
— Quer saber, vou mandar o John para ser o segurança da sua irmã. Ele é esperto e jovem, vai
saber passar despercebido e agir como um motorista comum, como tem feito comigo por anos. —
Patrick disse chamando minha atenção. — Posso mandá-lo agora mesmo, se quiser.
— Tem certeza? Não quero atrapalhar a rotina de vocês.
John é uma pessoa de confiança e eu já o conheço, então facilitaria muito a situação com minha
irmã.
— Não vai atrapalhar nada, vou falar com ele, é só mandar o endereço! — Sophie gritou e ouvi
o barulho de algo caindo no fundo, tive que torcer para que não estivessem prestes a fazer o que eu
estava pensando. — Ah, John terminou com a namorada recente, vão ser uma boa companhia um
para o outro.
Eu encarei o celular, semicerrando os olhos, eu não estava procurando um novo namorado para
minha irmã. John tinha que manter as mãos bem longe dela.
Desliguei o celular e tratei de saber onde elas estavam. Mandei mensagem para Patrick
avisando tudo, John iria encontrá-las direto no hospital.
Então, eu me concentrei no notebook, procurando um lugar bem localizado e bonito, para a
doceria da Magie. Ela queria trabalhar, então eu ia dar o lugar perfeito para ela fazer isso, sem ter que
se expor, e aguentar os babacas na rua.
Quando o som do carro estacionando chamou minha atenção eu já tinha selecionado quatro
lugares diferentes para visitar antes de escolher. Rapidamente fechei o notebook e coloquei na
mesinha ao lado da cama, não queria correr o risco que a Barbiezinha visse.
— E então, como foi? — Me apressei em perguntar quando os passos apressados tomaram o
corredor.
— Quem é esse homem que está me seguindo o tempo todo? — Carla questionou entrando no
quarto e parecendo irada, parou na minha frente com as mãos na cintura.
John entrou logo atrás dela, observando cada canto do lugar como se quisesse gravar tudo o
que estava ali. Realmente era eficiente, a postura ereta e os olhos rápidos eram a prova de que ele
sabia o que estava fazendo.
— Oi John, muito obrigado por ter vindo. — Ele se aproximou me estendendo a mão.
— É um prazer poder ajudar.
— EU NÃO PRECISO DE AJUDA! — Carla gritou logo atrás dele e o homem não se
intimidou, nem mesmo piscou. — Não quero ninguém atrás de mim. Me seguindo como uma
sombra.
— Tarde demais querida. Assim que seu marido souber da queixa, ele vai querer ir atrás de
você, por vingança, ou querendo você de volta, ou para pôr um fim nisso. — Listei os fatos tristes
que cercavam a maioria das mulheres no mundo. — Então, para sua segurança, John vai garantir que
o filho da puta não tenha chance de te causa mais mal do que ele já causou.
Carla bufou e saiu batendo os pés, provavelmente, indo a procura da minha mãe, ela sabia que
não tinha com o que argumentar, por isso não disse mais nada.
— É normal reagir assim, logo ela se acalma. — John falou chamando minha atenção. — Eu
trabalhei por dois anos na empresa com Cris antes de pedir demissão e ir trabalhar, exclusivamente,
para Patrick.
— É bom saber disso. É bom saber que minha irmã está em boas mãos.
Conversamos mais um pouco, e eu dei a ele todas as informações que ele precisava, depois de
um tempo ele saiu, indo com minha irmã buscar as roupas dela, ao menos Carla estava se mostrando
ser mais forte do que eu imaginei, estava lidando bem com toda aquela coisa de separação.
Eu passei o resto do dia ali sozinho, trancado naquele quarto, não tinha ideia de onde Magie
tinha se enfiado, mas uma parte de mim dizia que ela estava me evitando, fugindo de mim por algum
motivo.
Até que não aguentei mais ficar naquela cama, me levantei mesmo sem poder e fui pulando até
o banheiro, precisava tomar um banho e me mexer, ou ia acabar enlouquecendo por não fazer nada.
Me apoiei nas paredes e fui pulando de um pé só, tirar a roupa sentado no vaso foi a parte fácil
a parte difícil foi me equilibrar e não cair, ou apoiar a porra do pé no chão enquanto tomava banho.
— Alejandro, onde diabos você... — Magie perdeu a voz quando entrou no banheiro e deu de
cara comigo pelado dentro do box.
O olhar dela desceu por meu corpo, não escondendo a surpresa quando se concentrou no meu
pau.
— Viu alguma coisa que gostou, Barbie? — Perguntei, sendo descarado o suficiente para levar
minha mão até lá embaixo e esfregar meu membro como quem não quer nada.
— Sabe que não deveria estar aqui, não é? — Magie mordeu o lábio inferior e se aproximou,
sem desviar o olhar, ela não estava escondendo que estava interessada. — Se queria tomar banho, por
que não me chamou?
Ela parou na porta do box, finalmente, erguendo o olhar para o meu rosto, deu um passo
entrando no lugar e por um instante, eu achei que ela iria tomar banho comigo, mas ao invés disso,
ela desligou o chuveiro mantendo os olhos presos nos meus.
— Você estava me evitando. — Respondi à pergunta dela enquanto estendia minha mão e
pegava minha toalha. — Estava se escondendo de mim, Barbie?
Ela tomou a toalha das minhas mãos e enrolou na minha cintura fazendo questão de encostar
no meu pau, fingindo que não era nada.
— Não estava me escondendo, sua mãe e eu fizemos bolos, para ela levar para a casa da sua
irmã. — Ela envolveu a minha cintura, não se importando por eu estar molhado, e apoiou meu braço
sobre seu ombro. — Ela e sua irmã, foram ficar com sua sobrinha mais uma vez.
— Minha mãe saiu, então quer dizer que estamos sozinhos? — Perguntei querendo confirmar,
mas minha mente já começava a criar cenários com ela gemendo para mim.
— Sim, estamos sozinhos. Agora me deixa te levar para cama.
Eu gargalhei, mas deixei que ela me ajudasse a sair de lá.
— Sabe que eu deveria estar dizendo essas palavras, não é? Eu quem deveria te levar para
cama.
Magie me ajudou a sentar na cama e eu me apoiei me arrumando melhor contra os travesseiros.
Então segurei na mão delicada dela e a puxei para cima de mim.
Já que estávamos sozinhos eu queria terminar o que tínhamos começado ontem, estava
realmente precisando disso.
Segurei a nuca dela com força antes de tomar os lábios carnudos, ela ofegou e se empurrou
contra mim quando minha língua deslizou sobre a dela, provocando-a aos poucos, suguei o lábio
inferior e os dedos dela agarraram meus ombros, mas antes que eu pudesse continuar ela me
empurrou contra a cama e se afastou.
— Não hoje querido. — Magie falou me deixando confuso, me surpreendi quando as mãos
dela agarraram a toalha e ela abriu me deixando completamente nu. — É a minha vez.
Magie desceu as mãos por meu torso, com os olhos focados no meu pau, então ficou de quatro
na cama e se aproximando para me beijar. Agarrei os cabelos com força sentindo os dedos dela
descendo até meu pau. Sem nenhuma pressa ela acariciou da base a cabeça, enquanto nossas línguas
se enroscavam, um buscando pelo outro com desespero.
Magie agarrou minha ereção, me fazendo soltar um gemido baixo, ela começou a me
masturbar, em um vai e vem devagar, me provocando, me fazendo querer mais, até que eu estivesse
desesperado.
Ela esfregou o polegar sobre a cabeça do meu pau e afastou a boca da minha, levando o dedo
aos lábios, lambendo-os enquanto mantinha os olhos focados em mim.
— Barbie! — Rosnei respirando fundo, e a safada apenas abriu um sorrisinho.
— Preciso provar você. — Ela se afastou mais um pouco e se curvou sobre mim continuando a
me masturbar, mas agora, seu rosto estava perigosamente perto do meu pau. — Pode fazer todo o
barulho que quiser, bombeiro.
Onde ela tinha escutado aquele apelido? Eu estava prestes a perguntar quando a boca dela
envolveu a cabeça do meu pau. Qualquer pensamento que eu tinha se foi.
Magie me chupou sem calma, ela não estava ali pra brincadeira, e provou isso quando desceu
os lábios macios até onde aguentava, assim que engasgou ela recuou. Sua língua suave e molhada
contornou primeiro minha glande, me atiçando, depois Magie desceu sua língua por toda a extensão,
deixando meu pau completamente molhado, antes de voltar a engolir.
— Porra Barbie! — Rosnei, trincando os dentes e tentando não me deixar levar pelo momento,
que já estava perfeito, e agarrar seus cabelos loiros, queria que ela fosse no ritmo dela.
— Por que tão grande? — Ela soltou com o ar entrecortado enquanto deslizava a língua contas
a cabeça rosada.
Fechei meus olhos e respirei fundo, porque a porra da sensação já era perfeita, mas ter meus
olhos sobre ela enquanto fazia isso era minha perdição.
— Você vai agradecer quando estiver dentro de... você. — Ela sugou a cabeça do meu pau
enquanto suas mãos, subiam e desciam me masturbando. — Caralho, sua boca deveria ser proibida.
Oh porra, vai me fazer gozar assim, Barbie!
Aquilo era um aviso, eu não ia aguentar muito tempo enquanto ela me sugava com tanta
vontade, e balançava a bunda, que já estava quase descoberta. O vestido dela estava deslizando,
deixando a bunda empinada, quase nua.
Magie gemeu contra meus lábios e o som reverberou por meu pau, levando meu prazer a outro
nível, uma das mãos dela alcançou minhas bolas me massageando e me deixando a beira do
precipício.
Joguei minha cabeça para trás gemendo, perdido na maciez e na quentura da boca dela. Porra!
Eu ainda não tinha chupado ela, mas agora era tudo o que eu mais queria fazer, chupar aquela boceta
de forma provocativa como ela estava fazendo comigo, até que ela perdesse a cabeça assim como eu.
Uma das mãos dela subiu por meu abdômen, deslizando as unhas afiadas por minha pele
enquanto tirava meu pau de sua boca deixando a saliva escorrer por seus lábios.
— Vai gozar pra mim, bombeiro? — Magie perguntou batendo os cílios de forma inocente,
enquanto espalhava beijos meu todo meu comprimento.
Inclinei minha cabeça para o lado, sentindo todas as minhas forças irem embora, diante daquele
jogo baixo e fodidamente sexy.
Ela voltou a subir os beijos com os olhos presos aos meus e esfregou a língua sobre minha
cabeça, devagar em uma provocação que estava me levando ao delírio.
Eu queria que ela parasse e que me deixasse se enterrar dentro dela, porque era onde eu queria
gozar, enquanto ela gozava junto comigo. Mas, para o meu desespero, os planos da Barbie eram
outros, e ela mostrou mais uma vez que estava determinada, quando abocanhou meu cacete mais uma
vez, dessa vez sem provocações, sem se mover devagar, ela me chupou rápido até onde conseguia ir,
e o que não alcançava, ela usava as mãos para me masturbar.
Os movimentos sincronizados me levaram a gemer cada vez mais alto, e me contorcer com a
imagem e com todo o prazer que ela estava me dando. Joguei tudo para o alto e agarrei seus cabelos,
sem conseguir me conter, eu não ia aguentar mais. Não tinha como. Magie me chupava sem piedade.
Segurei a lateral do rosto dela, tentando levantá-la, para eu não gozar na sua boca. Magie
entendeu o que eu estava tentando fazer e afundou meu pau ainda mais fundo, até sua garganta, eu
não aguentei e explodi gozando.
— Magie! — Gritei, enquanto meus jatos enchiam a boca dela. Magie chupou até a última
gota.
Nem mesmo quando meus espasmos passaram, ela tirou a boca punitiva dali. Precisei puxá-la
com mais força pelo braço até que caísse em cima de mim.
Ela abriu um sorriso vitorioso e diabólico, claro, tinha conseguido o que queria, eu ofegante e
totalmente rendido por aquela boca, não tinha a menor chance de a gente não repetir aquilo outra vez.
— Ficou sem ar, bombeiro? — Ela provocou com os olhos semicerrados e eu acertei um tapa
na bunda dela.
— Atrevida. — Segurei o queixo dela e a puxei para mais perto. A beijei sugando o lábio com
desespero. — É a minha vez de fazer você ficar sem ar, Barbiezinha!
Prendi meus olhos no homem, nossos rostos ainda estavam próximos
e ele segurava meu queixo, nossos narizes se tocavam em uma carícia a
cada movimento nosso.
Alejandro voltou a me beijar não se importando que eu tivesse
acabado de engolir seu gozo. Ele agarrou meus cabelos com firmeza e eu
não consegui evitar de rebolar contra ele.
— Preciso sentir o gosto dessa boceta. — Ele falou com os lábios
contra os meus e soltou meu queixo descendo por meu corpo até alcançar
minha bunda. — Acho que você está muito vestida, Barbiezinha.
— Acho que temos que fazer alguma coisa sobre isso.
Eu sorri me afastando apenas o suficiente para que ele conseguisse
abrir meu zíper, aproveitei para arrancar minha blusa e os olhos dele foram
direto para o meu corpo, esquadrinhando cada pedacinho meu.
Me levantei, para tirar o short, e a expressão dele fez todo meu corpo
entrar em combustão. Ele já tinha me feito gozar no outro dia, mas hoje,
estar ali só de calcinha na frente dele sabendo que iríamos transar, me
deixou incrivelmente nervosa.
Não estava acostumada a me sentir assim, geralmente eu só pensava
em um milhão de coisas diferentes, coisas que me deixassem feliz, qualquer
coisa que não me fizesse pensar no momento, no que estavam fazendo com
meu corpo. Eu só sabia rezar para acabar rápido, o que geralmente
acontecida.
Mas, com Alejandro eu sabia que não seria rápido, o olhar sedutor
dele de fome me dizia que ele ia me fazer sentir várias formas de prazer.
— Ei, tudo bem? — Ele perguntou, estendendo a mão em minha
direção e eu aceitei, deslizando meus dedos sobre os dele, e deixando que
ele me puxasse de volta para o seu colo.
As mãos de Alejandro subiram por minha cintura, tocando a pele nua
e me arrepiando de um jeito gostoso, me fazendo ansiar pelo que estava
prestes a acontecer.
Não sei por que a realidade disso me deixava ainda mais nervosa,
provavelmente porque eu nunca quis que os outros gostassem do meu
corpo, que sentissem prazer comigo e quisessem repetir. Mas, agora
olhando para Alejandro, eu só queria que ele adorasse cada minuto da nossa
transa, adorasse cada pedaço do meu corpo. Ou talvez, porque eu sabia, a
quão fodida eu era. Suja era a palavra certa. Diferente dele.
Aquele pensamento fez meu estômago se afundar e minhas mãos
suarem, começar a pensar nisso logo agora não era a melhor coisa, estava
estragando todo o momento, os lábios dele estavam tocando meu pescoço e
eu nem estava aproveitando.
Então, eu agarrei o corpo dele precisando me apegar ao momento e
não na voz em minha cabeça me depreciando. Desci as mãos por seu
abdômen até alcançar sua ereção, começando a masturbá-lo enquanto os
beijos dele desciam até meus seios.
Olhei para baixo procurando o olhar dele, e encontrei uma marca da
surra que tinha levado, a maioria já tinha sumido e essa estava mais clara,
porém serviu como um lembrete de quem eu era.
Fechei meus olhos com força e puxei minha calcinha para o lado,
pronta para acabar com aquilo, necessitando de algo que não me fizesse
sentir como um pedaço de merda, uma pessoa usada e descartada.
— Com pressa, Barbie? — Me perguntou e eu senti quando ele se
afastou de mim. Eu me recusava a abrir os olhos, pois, se olhasse para ele
eu desistiria disso, antes mesmo de começar. — O que aconteceu?
— Não fala nada, só me beija, por favor. — Pedi tentando que ele
continuasse e esquecesse minha expressão horrível.
Senti quando as mãos dele soltaram minha cintura e deslizaram por
minhas bochechas segurando meu rosto e esperei pelo beijo, mas não veio.
— O que aconteceu, Magie? — Ele questionou novamente,
deslizando os polegares na maçã do meu rosto, aumentando meu
nervosismo.
— Acho que é a primeira vez que você fala meu nome. — Murmurei,
mesmo que soubesse que era uma mentira, eu só queria tirar a atenção dele
do assunto.
Soltei a ereção dele e coloquei minha calcinha de volta no lugar, já
me sentindo pronta para correr dali.
— Você não vai fugir de mim. — Ele aumentou seu aperto, me
impedindo de sair. — Me conta o que se passa nessa sua cabecinha.
Desviei o olhar dele sentindo o ar faltar nos meus pulmões, não
conseguia encará-lo e falar sobre a merda de vida que tive.
— Eu só não estou acostumada a estar com alguém que eu realmente
quero. — Murmurei contornando o assunto. — Isso nunca aconteceu antes.
Alejandro esfregou minha bochecha e se aproximou de mim, eu não o
olhei, continuei focando na janela do outro lado do quarto.
— Aquele babaca não te merecia, não tem nada com o que se
preocupar aqui. — A voz calma e doce só me fazia querer rir do quão
diferente aquilo era. — Então, você realmente me quer, não é Barbie? —
Ele falou tentando aliviar o clima, me fazendo voltar a olhá-lo.
— Você é o primeiro de todos com quem eu realmente quero transar.
— Um vinco se formou naquela testa perfeita, enquanto, ele me encarava
por longos minutos, antes de falar.
— De todos? Achei que você tinha se casado virgem com aquele
maldito. Não foi isso que você me disse?
Suspirei vendo que tínhamos rodado tanto e acabado voltando para o
mesmo assunto. Coloquei minhas mãos nos ombros dele, e desci do seu
colo, sem lhe dar nenhuma explicação, não queria fazer isso quando
estávamos em uma posição tão íntima.
— Sim, eu me casei virgem com aquele pedaço de merda, aos dezoito
anos. — Falei pegando minha blusa no chão e a colocando novamente.
Alejandro pareceu prestes a protestar, mas eu segui com minha explicação.
— Mas, ele não foi o único homem que quis colocar as mãos na boneca
novinha e boazinha.
— O que você está dizendo? — O rosto de Alejandro estava ainda
mais confuso, e eu só podia dar aleluia por ele ser alguém tão inocente para
não entender.
Apanhei meu short do chão sabendo que foi bom nada ter acontecido
entre nós, afinal de contas. Porque eu me sentiria muito pior em contar isso
a ele depois de termos transado.
— Charles gostava de me mostrar em festas e jantares. Os amigos e
sócios dele, gostavam de me ver por perto, e não demorou para que ele
começasse a trocar favores por uma noite comigo...
— Ele o que? — A voz dele soou bem mais alta, me interrompendo, e
em sua cara eu via o espanto.
Eu não queria me estender naquele assunto, já estava me dando ânsia
de vômito e uma tremenda vontade de chorar. Se eu continuasse falando
sobre isso provavelmente vomitaria e choraria tudo ali.
— Eu era uma moeda de troca. Charles queria algo, e eles me
queriam. Faça as contas Alejandro! — Bradei saindo de lá e batendo a porta
do quarto já com lágrimas nos olhos.
Era injusto eu ser grossa e estúpida com ele, já que o pobre só queria
entender a merda que tinha acontecido comigo. Eu não tinha mais nervos
para ficar na frente dele me fazendo de durona, enquanto, destrinchava toda
a sujeira da minha vida.
Me joguei na cama chorando como uma criança e me enfiei debaixo
dos lençóis, precisando sentir algo quente e aconchegante, qualquer coisa
que acalmasse meus nervos e arrancasse aquele bolo da minha garganta.
Mas antes que eu me afundasse na minha própria miséria, ouvi a porta
se abrindo e me virei espantada. Não tinha escutado nenhum carro que
indicasse que Rosa já havia voltado, então só podia ser...
Alejandro estava se segurando na porta e pulando com um pé só,
enquanto mantinha o outro no ar.
— O que você está fazendo aqui? NÃO PODE ANDAR DESSE
JEITO! — Gritei sabendo que as duas coisas estavam erradas, eu não o
queria ali e ele já tinha forçado o pé tomando banho.
— Vim conversar...
— Eu não quero conversar, quero ficar sozinha. — Limpei minhas
lágrimas e ergui o queixo colocando a máscara de durona, mas ele não se
importou e se sentou ao meu lado na cama.
— Tudo bem, então vamos ficar calados. — Ele falou enquanto
continuava a se mexer como se eu não tivesse dito nada. — Vem aqui. —
Alejandro agarrou meu braço e me puxou até que eu estivesse deitada ao
lado dele.
— O que... O que você está fazendo? — Questionei quando ele
apertou meu corpo contra o seu se aconchegou contra mim, deixando meu
rosto contra seu peito.
— Não conversando, como você quer. — Ele puxou meu cabelo para
o lado e falou perto do topo da minha cabeça. — Tudo bem, se não quiser
falar. Mas, não vou deixar você chorando sozinha. Vou ficar aqui, e quando
estiver pronta para falar, podemos conversar.
Meu corpo estremeceu e ele plantou um beijo contra os meus cabelos,
eu precisei morder meu lábio para segurar o soluço que queria escapar
enquanto as lágrimas voltavam a descer.
Alejandro estava acabando comigo, e eu nem podia reclamar porque
ele estava fazendo o que eu queria segundos atrás, alguém para me acalmar
e me aconchegar.
Eu estava paralisado na minha cama, depois das últimas palavras de
Magie. Ainda não conseguia entender, como existia alguém tão desgraçado
a esse ponto. Sendo capaz de fazer isso com ela, vende-la sexualmente em
troca de favores, ele era mais porco do que eu pensei, um verdadeiro
maldito.
Nos olhos de Magie eu vi toda tristeza, mágoa, e raiva que ela sentia
dele. Minha vontade de matá-lo com as minhas próprias mãos, só
aumentou. Como eu queria que Charles não tivesse sido preso, e sim
capturado por Cris, só assim poderíamos torturar o bastardo, e fazê-lo sentir
um mínimo comparado a tudo o que ele causou a ela.
Demorei a me levantar da cama. Mas sai do meu estado de choque,
quando ouvi os soluços altos dela. Era ela quem estava sofrendo. Magie
precisava de alguém ao seu lado, coisa que ela não teve durante anos em
sua vida. O ódio e pensamentos assassinos, que estavam passando em
minha cabeça, podiam ficar em segundo plano, ela não.
Por isso, me levantei sofrendo com a pulsação do sangue indo direto
para a perna que eu mantinha pendurada, enquanto lutava para vestir uma
cueca e ir atrás dela.
— Porra! — Praguejei quando quase caí no chão.
Talvez fosse melhor colocar uma roupa, antes de ir tentar conversar
com ela, mas a cueca foi tudo o que eu consegui.
Quando cheguei na porta do quarto dela, o choro ficou ainda mais
audível e a cena que eu vi assim que abri a porta acabou comigo. Magie
estava em posição fetal chorando e soluçando tanto, que o corpo todo
estremecia. Ela pulou rapidamente se virando para mim.
— O que você está fazendo aqui? NÃO PODE ANDAR DESSE
JEITO! — Gritou tentando me intimidar, mas não ia adiantar.
— Vim conversar...
— Eu não quero conversar, quero ficar sozinha. — Ela me
interrompeu, fungando e fingindo que nada daquilo tinha acabado de
acontecer nos últimos minutos.
Foi um tremendo sacrifício, deitar-me na cama, minha perna latejou
ainda mais quando eu finalmente a coloquei sobre o colchão. Com toda
certeza eu iria precisar de mais analgésicos hoje do que antes.
— Tudo bem, então vamos ficar calados. — Era o que ela queria, e eu
faria. Mas não tinha a menor chance de eu dar as costas e deixá-la ali
sozinha. — Vem aqui.
A puxei pelo braço, até estar deitada de frente para mim. Seu rosto
ficou contra o meu peito e o perfume dos cabelos dela invadiu meu nariz,
envolvi meus braços ao redor dela a apertando ainda mais contra mim, não
querendo ver aqueles tremores de novo.
— O que... O que você está fazendo?
— Não conversando, como você quer. Tudo bem, se não quiser falar.
Mas, não vou deixar você chorando sozinha. Vou ficar aqui, e quando
estiver pronta para falar, podemos conversar.
Plantei um beijo sobre os cabelos dela e ela estremeceu partindo meu
coração ainda mais. Não demorou para que o choro recomeçasse, eu sentir
as lágrimas escorrerem por meu peito. Magie estava fazendo uma força
descomunal para se segurar.
Acabava comigo saber que ela tinha passado por tudo isso, e pior,
sozinha. Eu sempre tive minha mãe por perto e minhas irmãs, assim como
elas tinham a mim, éramos uma família unida, e sempre estávamos juntos
quando o outro precisava.
Mas, nem todos tinham isso na vida. Eu achei que Sophie tinha
sofrido muito com o tio, mas agora, estava descobrindo que o filho da puta
era bem pior do que eu pensei.
— Por que não me deixa? É melhor que você saia daqui, e me deixe
sozinha. Não quero lidar agora com a sua pena. — Ela foi direta, mesmo
com a voz baixinha e entrecortada pelo choro.
— Em primeiro lugar, eu não sinto pena de você. Claro, que eu sinto
muito que isso tenha acontecido. Ninguém deveria passar, pelo que você
passou. E isso me enche de vontade de matar o desgraçado. Nunca ache,
que eu tenho pena de você. Eu me importo, e por isso eu fico mal. — Ela
fungou, mas, não disse mais nada, e então eu continuei. — Em segundo
lugar, por que eu sairia e te deixaria aqui? Não vou sair daqui Barbiezinha,
não importa o que disser.
— Agora que sabe o que ele fez, não deve querer me tocar, qualquer
pessoa em sã consciência iria me querer longe. — Um tremor passou pelo
seu corpo, e eu apertei meus braços ainda mais em torno dela. — Nem eu
mesma me suporto quando lembro disso. Esse é o motivo, de eu evitar
pensar no assunto.
Eu nem ao menos podia imaginar o que era passar por isso, não podia
me colocar no lugar e saber o quanto ela sofria. Mas, não deixaria que ela se
diminuísse pelo que passou, ela era a vítima aqui.
— Não quero te ver longe e estou te tocando bem agora. Então, pode
riscar isso da sua cabecinha. Quanto a pensar sobre o assunto, não tem
muito o que eu possa fazer, mas não quero vê-la se diminuin...
— Me diminuindo? — Magie soltou uma risada forçada. — Eu. me
diminuí, quando deixei que me forçassem a casar com aquele desgraçado.
Hoje em dia, eu sinto nojo de mim, sinto ânsia por tudo que deixei que ele
fizesse comigo, com o meu corpo.
— Ei, ei, nojo de você mesma? Por Deus, não tem que sentir isso.
Você foi uma vítima daquele filho da puta, e dos seus pais. Você só fez tudo
o que precisou para sobreviver.
— Alejandro, você tem ideia de que eu fui para a cama com muitos
homens? Todos me usando e me tratando como um pedaço de carne. Um
corpo qualquer, sem sentimentos, para eles se satisfazerem? Quando você
passa por isso, várias vezes, começa a se sentir assim. Começa a acreditar...
Que realmente é o que eles pensam.
— Não, você não é! Ele te prostituiu, abusando do casamento de
vocês. Sabendo que não ia fugir dele. Se aproveitando que você não teria
para onde ir. — Agarrei a nuca dela e ergui seu rosto, por mais que ela não
quisesse me olhar, eu precisava dizer isso olhando nos olhos dela. — Não se
sinta culpada por isso, você foi uma vítima! Você tem que pensar o quanto é
brava e guerreira. Aguentou tudo nas mãos dele por anos. Mas, quando
finalmente se viu livre dele, ao invés de fugir, você veio atrás de Sophie,
para tentar ajudá-la.
— Isso não me faz melhor.
— Muito pelo contrário, isso mostra o quanto você é forte, e que tem
um coração puro e bom. Apesar de tudo o que passou, tudo o que sofreu.
Ninguém te julgaria se tivesse agarrado a oportunidade de fugir, e ido
embora. Estava se salvando. Você também podia ter virado uma megera, se
aproveitado da situação para ser uma pessoa fria e sem coração. Mas, aqui
está a Barbie, determinada a reconstruir a vida com o próprio esforço.
Ajudando as pessoas com o sorriso no rosto. — O queixo dela tremeu e ela
fungou de novo. Dessa vez não tinha mais lágrimas. — Você não se deixou
abater Magie. e isso é incrível. Você é incrível!
Ela desviou os olhos por um instante, e então eu vi um pequeno
sorriso surgir nos lábios dela.
— E você é brega. — Ela sussurrou, sorrindo e me deixando respirar
aliviado.
— Cala a boca, Barbie! — A puxei para um abraço e me mantive
assim, agarrado a ela.
Não sei bem em que momento pegamos no sono. Mas, foi daquele
jeito que dormimos, a loirinha com o rosto contra meu peito e meus braços
envoltos ao redor dela, tentando mantê-la segura, e fazendo ela lembrar que
estava ali, por ela.
Infelizmente, eu percebi agora que não poderia manter uma relação de
sexo sem compromisso com ela. Não agora. Não depois de saber o quanto
ela estava ferida, por ser usada por homens. Magie estava com a cabeça
fodida, por tudo o que Charles e o que todos os outros fizeram. Não era a
hora dela começar a se envolver com outra pessoa. Não queria que sentisse
que eu estava me aproveitando dela, e muito menos que as coisas se
confundissem entre nós.
Eu dormi com isso em mente, mesmo que o pensamento não me
agradasse em nada. Acordei com as vozes alteradas da minha mãe e da
minha irmã, muito próximas da porta de Magie.
Não podia ser, não acredito que ela tivesse chegado só agora pela
manhã. Pior ainda, não conseguia acreditar que peguei no sono e dormi a
noite toda com a Barbie.
— Onde ele pode ter ido parar? Ele não pode andar Carla. É claro,
que só pode ter sido sequestrado! — Minha mãe gritava, parecendo mais
nervosa do que eu pensei.
— Mamãe, se acalma, ele não foi sequestra... — Carla abriu a porta,
antes que eu pudesse jogar o cobertor para o lado. — É acabamos de achar
ele!
— ALEJANDRO! — Minha mãe gritou, quando colocou a cabeça
para dentro do quarto dando de cara comigo apenas de cueca, ao lado de
Magie, que estava só de sutiã, ao menos, era o que aparentava.
A Barbie acordou com o grito da minha mãe, e o espanto dela no
rosto com certeza era igual ao meu.
— Meu Deus! O que vamos fazer agora?
Eu achei que não iria conseguir dormir naquela noite. Mas, Alejandro conseguiu me acalmar e
me fazer sentir minimamente bem, eu digo minimamente, porque nunca conseguiria me sentir bem,
depois de pensar naquele assunto.
Foi um verdadeiro milagre eu ter pegado em um sono tão profundo e rápido. Mas, com ele
agarrando meu corpo de forma protetiva, foi fácil dormir.
Mas, como nem tudo na minha vida eram flores, eu acordei sobressaltada com vozes a minha
volta e dei de cara com Rosa e Carla na porta do quarto nos encarando.
Eu estava usando sutiã e calcinha enquanto Alejandro estava apenas de cueca, então, era fácil
imaginar o que se passava na cabeça delas.
— Meu Deus! O que vamos fazer agora? — Perguntei ainda desorientada pelo sono.
— Não é nada do que estão pensando. — Alejandro respondeu já jogando a coberta para o lado
e tentando se levantar. — Só dormimos juntos inocentemente.
— Da pra ver pelas roupas que não estão usando. — Carla disse com deboche. — Muito
inocente.
Alejandro se virou colocando os pés para fora da cama e tentou levantar-se, isso me fez pular
da cama no mesmo instante e dar a volta para ajudá-lo. Nem me lembrei que estava praticamente
nua, só segui meu instinto de ajudá-lo.
— Deixa, eu posso fazer isso. — Ele protestou, assim que envolvi seu tronco, e coloquei seu
braço esquerdo por cima dos meus ombros.
— Sua mula teimosa, já disse que vai se machucar fazendo isso. Quer acabar caindo e
quebrando a outra perna? — Rosnei, querendo socá-lo por ser tão teimoso, ele bufou me deixando
finalmente ajudá-lo.
— É, dá pra ver. — Rosa murmurou saindo do nosso caminho, e me deixando tirar ele de lá.
Eu esqueci de toda a vergonha que estava sentindo e foquei no homem apoiado em mim.
Ajudei ele a se sentar com cuidado e o apoiei contra os travesseiros na cabeceira, me certificando que
ele estivesse bem confortável.
Mas, quando me afastei, os olhos dele estavam em meu corpo, e isso só me fez lembrar da
noite passada. Por muito pouco, nós dois não tínhamos transado, passamos de ter uma noite quente e
cheia de orgasmos, para uma noite regada a choros e lembranças ruins.
— Agora elas não vão nos deixar em paz, minha mãe especialmente. — Foi ele quem falou, me
fazendo voltar ao presente.
Alejandro desviou os olhos de mim e ficou ainda mais sério, não tinha ideia do que estava se
passando na mente dele, mas. pelo visto não era nada bom.
— Nosso plano de fazer tudo de forma discreta e escondida foi por água abaixo, não é mesmo.
— Murmurei enrolando as mãos em volta de mim, tentando inutilmente cobrir meu corpo.
Não sei o que tinha mudado ali, mas, definitivamente não era a mesma coisa de ontem à noite.
Toda áurea de sedução, flerte e sensualidade tinha ido embora, Alejandro tinha uma expressão que eu
nunca tinha visto em seu rosto antes.
— Acho melhor esquecermos tudo isso. — Ele falou e foi como se me jogasse um balde de
água fria. — Sabe. Para não levantarem ideias erradas sobre nós, ou minha mãe vai começar a
planejar um casamento.
Ele deu um sorriso forçado tentando aliviar o clima e eu me forcei a fazer o mesmo. Já era de
se esperar isso, não deveria estar surpresa. Mas, eu achei que depois dele ter se esgueirado na minha
cama, me falado todas aquelas coisas bonitas, me abraçado, e ficando ao meu lado me ajudando a
dormir, as coisas seriam diferentes. Que ele realmente não se importava com o meu passado. Mas eu
estava enganada. Alejandro realmente não queria me tocar depois de saber o que me aconteceu e de
certa forma isso me machucou muito.
— Claro, é melhor assim. — Respondi forçando o sorriso e tentando não demonstrar o quanto
mexeu comigo. — Vou voltar para o quarto antes que elas pensem mais coisas.
Sai de lá indo para o meu quarto, e me trancando. Precisei respirar fundo várias vezes, para não
chorar. Eu não ia derramar lágrimas por isso, se Alejandro queria apenas ser meu amigo eu ia lidar
com isso. Era melhor tê-lo como amigo de que não o ter de nenhum jeito.
Fui até o banheiro e tomei um longo banho, precisando tirar o cheiro dele do meu corpo.
Esquecer o que aconteceu entre nós dois seria difícil, ou quase impossível convivendo com ele
naquela casa. Mas, se tinha uma coisa que eu sabia fazer bem era disfarçar.
— E então, você e meu irmão hein? — Carla perguntou com um sorriso largos nos lábios
sacudindo suas sobrancelhas na minha direção.
— Não é nada disso que vocês estão pensando. — Respondi me sentando a mesa, pronta para
tomar meu café. — Ele só foi lá depois que eu tive um pesadelo, Alejandro só estava me ajudando.
— Sério? Vai mesmo dizer que não tem nada entre vocês? Nem mesmo flertes por trás de todas
aquelas provocações? — Ela insistiu, mostrando que não ia desistir tão fácil.
Tínhamos acabado de nos conhecer e eu já gostava dela, Carla era forte e cheia de vida. Além
de que era uma ótima estilista, pelos modelos que ela me mostrou dos vestidos que já fez.
— Não sei do que você está falando. — Respondi sorrindo já enchendo a xícara com café e
tomando rápido.
Queria fazer um bolo para vender agora pela manhã. Aproveitar que tínhamos acordado cedo e
sair para vender. Sei que eu tinha concordado em esperar alguns dias. Mas, tudo isso que aconteceu
me serviu de lembrete, que eu precisava trabalhar e sair daqui o mais rápido possível.
E foi isso o que eu fiz. Preparei tudo e fiz um bolo de chocolate, a receita secreta de Rosa
deixava tudo ainda mais gostoso e eu sabia que seria um verdadeiro sucesso. Venderia como água.
— Vai mesmo sair para vender os bolos? — Rosa me olhou parecendo incerta se deveria
intervir. — Alejandro sabe?
— Acho que ele não sabe. Mas, eu preciso trabalhar e ter minha vida de volta. Seu filho não é
meu responsável Rosa, e vocês já fazem demais por mim. — Falei e plantei um beijo no topo da
cabeça dela antes de sair.
Hoje o sol não estava tão quente quanto nos outros dias, e as nuvens pesadas prometiam chuva.
Então eu coloquei uma calça e uma regata, deixando os vestidos de lado.
— Ei mocinha, aonde vai sem passar aqui? — Luke gritou chamando minha atenção para a
oficina.
— O que você acha? — Rebati mostrando a cesta na minha mão.
Ele atravessou a rua a passos largos me alcançando, já foi erguendo a toalha para ver o que
tinha dentro.
— Bolo de chocolate, receita da dona Rosa. — Foi a resposta dele me surpreendendo.
Aparentemente ele conhecia bem a comida da dona Rosa. — Eu quero todos.
— Ha ha, muito engraçado. — Dei um tapa de leve no braço dele. — Fala logo quantos você
vai querer, eu preciso andar logo e voltar antes que a chuva comece.
— Já disse. Quero todos. — Ele respondeu sério, tirando um pedaço de dentro da cesta,
desembrulhando e começando a comer. — Vou fazer uma festinha com alguns amigos lá em casa,
preciso de algo que não seja cerveja e salgadinhos.
Abri e fechei a boca sem saber o que falar, sabia que Luke era cheio de piadinhas e
brincadeiras, por isso, não sabia se ele estava falando a verdade ou não, apesar da expressão séria.
— Você está falando sério mesmo?
— Sim, mulher! Quanto por todos os bolos da cesta? E eu provavelmente vou ter que levar a
cesta também. Mas, prometo devolver na segunda, ou dona Rosa vai me matar. — Ele soltou as
palavras com pressa e voltou a devorar o bolo, acabando com tudo em duas bocadas.
— Então, está bem. — Passei o valor total para ele, e para onde ele poderia me enviar o
dinheiro.
Ele pegou a cesta sorrindo e já voltando para a oficina quando um cliente apareceu na porta.
— EI! — Ele gritou quando eu tinha acabado de abrir o portão me parando no lugar, eu já
estava esperando que ele dissesse que foi tudo brincadeira, só para me irritar. — Não quer aparecer lá
em casa essa noite? — Franzi a testa sem conseguir processar as palavras dele. — Na festa, quer ir à
festa? Não vai ser nada chique e de gente rica, como você está acostumada. Mas, minhas amigas e
amigos são legais, vamos assistir ao jogo, conversar e beber, aproveitar o sábado à noite.
Aproveitar o sábado à noite, está aí uma coisa que eu nunca tinha feito, não de verdade ao
menos. E festa de gente rica, cheia de frescuras, de homens nojentos e mulheres falsas, era tudo o que
eu menos queria.
— Claro! — Me peguei exclamando e surpreendendo a nós dois. — Eu quero sim, só me
manda o endereço.
— Vou fazer melhor. Quando eu fechar a oficina, te levo comigo. — Ele gritou já atravessando
a rua.
Ok, era uma coisa boa ter algo pra fazer hoje à noite. Estaria me distraindo de Alejandro, e
dando mais um passo para a minha vida longe de toda as lembranças ruins do meu passado.
Quando a noite chegou eu me encarei no espelho, já estava perto da hora de fechar a oficina e
eu já estava pronta para sair. Tinha deixado meus cabelos soltos, e coloquei um vestido verde escuro
de mangas longas e botas pretas de cano alto. A chuva já estava caindo, mas, isso não ia estragar a
noite!
A buzina soou do lado de fora, me trazendo de volta. Eu peguei minha bolsa jogada na cama e
sai do quarto às pressas, mas uma voz me chamando no fim do corredor me parou.
— Barbie! — Alejandro gritou e eu corri até lá. Com medo de que ele tivesse se machucado.
— Então, você vai mesmo sair com ele.
Não foi uma pergunta, foi uma constatação quando ele viu a minha roupa. Mas, minha dúvida
era, como ele tinha ficado sabendo disso, já que não tínhamos nos visto o dia todo?
Morávamos na mesma casa, mas o clima tinha ficado tão estranho entre nós que eu
simplesmente evitei de ir até lá. Se ele chegasse a me perguntar o motivo, eu só diria que era para
evitar que a mãe dele, ou a irmã pensassem mais besteiras.
— Humm, não vou sair com ele. Luke está dando uma festa em casa e me convidou. —
Respondi, não tinha nada acontecendo entre nós, mas mesmo assim eu me senti sem jeito com isso.
— Algum problema?
Não sei por que, mas parte de mim quis que ele dissesse que tinha sim um problema, que
preferia que eu ficasse ali com ele, queria que ele me pedisse pra passar a noite de chuva com ele
naquela cama, que esquecêssemos de tudo e recomeçássemos de onde paramos ontem.
Mas, ele abriu a boca acabando com todas as minhas esperanças e lembrando que não me
queria mais.
— Não, nenhum problema! Divirta-se e qualquer coisa é só ligar.
— Ok, até depois.
Sai de lá de cabeça erguida determinada a me divertir, e esquecer Alejandro, Charles e todo o
meu passado de merda. Se eu estava recomeçando a minha vida, tinha que deixar o passado para trás
e isso ia começar essa noite.
— Pronta para conhecer a diversão de pobre? — Luke perguntou, assim que me sentei no
banco do passageiro e eu o empurrei com o ombro.
— Estou pronta para me divertir!
Termos sido pegos me ajudou a arrumar uma desculpa para me afastar de Magie, ao menos no
sentido sexual. Eu não podia deixar que as coisas se complicassem entre nós, principalmente, por
dividirmos o mesmo teto. Então o melhor era que nos afastássemos para não acabarmos confundindo
as coisas.
— Pode me dizer de uma vez, o que está acontecendo entre vocês dois? — Minha mãe entrou
no quarto, trazendo o café da manhã nas mãos e já foi perguntando. Na verdade, tinha até demorado
para ela vir fazer perguntas.
— Não está acontecendo nada entre nós. — Menti aproveitando a xícara para esconder minha
expressão, já que minha querida mãe sempre sabia quando estávamos contando uma mentira. — Eu
apenas a ouvi chorando e resolvi ir lá ajudá-la.
— Olha bem para minha cara e diz que isso é a verdade!
— Mãe, você me disse que ela estava chorando no corredor, e quando eu ouvi o choro, tive que
ir lá, ver como ela estava. — Ao menos isso não era tudo uma mentira. Então ela não repararia em
nada.
Mas a senhora nervosa semicerrou os olhos na minha direção e ficou me encarando por um
longo tempo, provavelmente esperando que eu vacilasse.
— Se você está dizendo eu vou acreditar. — Ela se virou pronta para sair, mas parou na porta
me encarando. — Só quero que me prometa filho, que não vai brincar com o coração dela, nem a
magoar. Essa menina já sofreu demais nessa vida, merece ser feliz.
Eu acenei concordando com a cabeça em resposta, mas sabia que ela estava certa. Magie já
tinha sofrido demais e merecia ser feliz mais do que qualquer pessoa que eu conheci.
Magie tinha que encontrar alguém que pudesse dar o que ela merecia, amor e felicidade,
alguém que restaurasse a fé dela no amor. E, por mais, que eu quisesse ser essa pessoa. Sabia que eu
não era. Porque a ideia de ela agir como Gabriela, me afastaria dela em todos os sentidos.
A Barbie poderia estar tentando reconstruir a vida do zero. Mas, eu sabia que ela estava
acostumada à vida de rica que tinha. Ela não só nasceu em berço de ouro, como viveu cercada de
dinheiro, cercada das melhores coisas que o dinheiro poderia comprar, morou em mansões e
participou de bailes e festas de gala. Coisas que eu nunca poderia dar a ela.
Eu tinha conseguido guardar dinheiro o suficiente para montar a oficina, e me manter bem de
vida por um bom tempo. Mas, eu não era rico. Mesmo que Charles fosse um completo bastardo, que
a maltratou e machucou, ele tinha condições de dar a ela uma vida de rainha. Uma vida, que eu
jamais seria capaz de dar.
Meu celular tocou na mesa de cabeceira, me fazendo parar de remoer toda essa merda e voltar
para o que importava. Vi uma mensagem de Luke piscando na tela, as coisas estavam puxadas para
ele sozinho na oficina, e infelizmente, iria continuar assim por um bom tempo.
Luke: Ei cara, vou dar uma festa lá em casa e assistir à final do jogo. Tá a fim de ir?
Ale: Claro, eu vou pulando em uma perna só. Esqueceu que eu com a perna engessada gênio?
Luke: Pensei pudesse te carregar nos braços, como a donzela indefesa que você é.
Ale: Babaca! Quero ver dizer isso quando eu socar essa sua cara horrível.
Luke: Boa sorte, com isso idiota.
Luke: Mas, achei que seria legal para você sair dessa casa, e se distrair um pouco, sei o quanto
é inquieto.
Era uma verdade. Mas, eu tinha sentido tanta dor depois de ter forçado várias vezes ontem, que
não havia a menor chance de eu sair para uma social hoje.
Mas, isso de repente me deu uma ideia. Magie precisava de novos amigos, ela tinha reclamado
disso antes. E uma festinha seria boa, além de que Luke tinha se mostrado interessado nela desde
quando a viu, pela primeira vez, e podia servir de distração para ela.
Magie queria alguém com quem passar o tempo e eu vi a expressão no rosto dela quando eu
disse para esquecermos tudo o que aconteceu. Ela ficou totalmente desapontada, mostrando que eu
tinha acabado com os planos dela de ter sexo sem compromisso.
Então, foi com tudo isso em mente, que eu enviei uma mensagem para Luke, que ia mudar
tudo. Eu poderia acabar me arrependendo disso no futuro. Mas, eu queria realmente que ela se
divertisse, mesmo que não fosse comigo.
Ale: Não vou mesmo. Mas, deveria chamar a Magie. Ela está querendo se distrair um pouco
depois de tudo o que aconteceu.
Luke: Sua Barbiezinha? Tem certeza?
Bufei com aquela mensagem e respirei fundo antes de escrever tudo de uma vez.
Ale: Ela não é minha Barbiezinha. E está procurando uma boa diversão que a faça esquecer o
ex babaca, se é que me entende.
Luke: Diversão de uma noite de bebedeira ou diversão ao estilo XXL?
Ale: XXL!
Ele assim como eu, era um antigo dançarino stripper e quando usávamos o código XXL, ele
sabia exatamente do que estávamos falando.
Eu era um filho da puta por isso, expor ela assim e praticamente jogá-la nos braços de Luke era
horrível de se fazer. Mas, eu queria que ela tivesse a diversão que estava buscando comigo. Se eu não
podia mais fazer isso por ela, ao menos que outro fizesse.
Luke: E você está bem com isso? Te vi todo protetor com ela, não quero me meter entre vocês.
Merda, eu deveria parar aqui, deveria dizer que era uma piada e que ele deveria se manter
longe dela. Mas, eu não podia estragar a vida de Magie, e impedir que fizesse o que desejava.
Ale: Estou bem com isso, ela é como uma irmã para mim e por isso a protejo, então, se ousar
machucá-la, vai lidar com meus punhos.
Irmã? Era ridículo dizer isso, depois de tudo o que fizemos. Magie e eu nunca nos vimos como
irmãos, nem mesmo quando nos vimos da primeira vez. Os flertes, as implicâncias e os olhares,
foram mais do que explícitos, mostrando o que queríamos. Mas, depois de ontem, nós dois teríamos
que esquecer isso.
Luke não disse mais nada. Mas, algumas horas depois, eu ouvi vozes na calçada de casa, e me
forcei a levantar aos pulos até a janela, depois que ouvi a voz de Magie.
Cheguei à janela mais rápido do que eu esperava, quase caí no chão, com o desespero de ver o
que ela estava fazendo do lado de fora. E com quem estava conversando. Acabei dando de cara com
Luke conversando com ela, não me passou despercebido a cesta nas mãos dela.
— Não acredito que ela estava indo vender bolos novamente, depois de termos combinado em
esperar até que eu melhorasse.
Eu estava quase certo do lugar onde montaria a loja de bolos para ela. Mas, aparentemente, ela
não ia mesmo esperar, e nem mesmo me consultar.
Vi ela entregando a cesta para ele, e já ia voltar para dentro de casa. Mas, ele a chamou
novamente, ignorando o cliente na porta da oficina. E então, disse algo interessante para ela, pois deu
para ver toda a animação e o sorriso dela ao atravessa o portão, assim como o sorriso no rosto dele.
Fiquei ali remoendo aquilo. Com certeza, Luke já tinha a chamado para a festa, e pela
expressão dela, com certeza, ela aceitou. Eu não podia falar nada para nenhum deles, mas, isso não
me impediu de me corroer aos poucos, pensando em como seria a noite deles.
Quando a chuva começou a cair minhas esperanças voltaram, Magie não ia querer sair com
aquele tempo e com certeza a maioria das pessoas não iria mais a casa dele.
Só que eu estava redondamente enganado, e só me dei conta disso quando Luke buzinou no
andar de baixo, e ela saiu do quarto parecendo apressada.
— Barbie! — A chamei precisando dar uma olhada nela. — Então, você vai mesmo sair com
ele.
Ela estava tremendamente linda e sexy, especialmente com aquelas botas que iam quase até
suas coxas e o vestido verde que realçava mais ainda seus olhos.
— Humm, não vou sair com ele. Luke está dando uma festa em casa e me convidou. Algum
problema?
Fiquei tentado a dizer para que tinha sim um problema. Dizer que ela não deveria sair na chuva
ou até mesmo que a queria em minha cama. Mas, sabia que não podia dizer nenhuma dessas coisas.
— Não. Nenhum problema! Divirta-se e qualquer coisa é só ligar. — Foi a coisa mais difícil
que já disse na vida, ela ergueu os lábios tentando dar um sorriso. Mas, falhou nisso.
— Ok, até depois. — E com essas palavras ela me deixou ali sozinho, repassando minhas
próprias escolhas e decisões.
Só me restou passar o resto da noite, pensando no que estariam fazendo. Como estava o lugar e
se Luke tinha tentado algo com ela. Quanto mais às horas passavam, eu ficava com mais raiva, de ter
dito a ele para chamá-la, e isso aumentou ainda mais quando ela não voltou para casa.
Já havia passado das três da manhã, o que diabos eles estariam fazendo?
O caminho até a casa de Luke foi curto, ele dirigiu cantarolando todas
as músicas que tocava na rádio. Luke era muito bonito. Mas, toda aquela
coisa de ser engraçado só me fazia vê-lo como uma pessoa irritante.
— Bem-vinda, a minha humilde casa, Milady. — Ele fez uma
reverência me deixando passar na frente e eu revirei os olhos entrando no
lugar.
O lugar estava impecável e arrumado, o que me surpreendeu
totalmente, já que Luke passava uma ideia totalmente contrária a isso.
— Olha só, pensei que estaria cheio de garrafas de cerveja vazias e
caixas de pizza jogadas. por aí.
— Tinha que fazer uma faxina para a festa, não é? Melhor eu deixar
minha bagunça só pra mim. — Ele trancou a porta e sumiu no corredor me
deixando plantada na sala.
Olhando em volta dava para ver que o lugar era totalmente de
solteiro, sofá grande, televisão enorme, alguns porta-retratos espalhados
pelas paredes e só, não tinha nada muito decorativo, nada de tapetes,
mesinhas de canto, nem mesmo uma plantinha para dar vida ao lugar. Nada
que deixasse o lugar aconchegante.
— Bem a cara dele.
— Falando sozinha, loirinha? — A voz dele surgiu do nada e me fez
pular no lugar com o susto.
— Filho da... — Me virei xingando o idiota. Mas, minhas palavras
morreram quando eu dei de cara com o homem sem camisa e descalço,
mexendo no som da televisão.
— Eu vou tomar um banho. Mas fique à vontade, tem cerveja na
geladeira e as pizzas vão chegar logo. — Ele ligou o som e estendeu o
controle na minha direção. Mas, eu ainda não tinha absorvido aquela
aparência dele.
Eu não tinha ideia que ele era ainda mais bonito sem camisa. Sem
sombra de dúvida ele malhava tanto quanto Alejandro. O peitoral marcado
e largo, o abdômen definido e os braços fortes, tudo em uma pele bronzeada
e manchada de graxa.
Por que aquilo era tão sexy? Eu não deveria pensar assim, isso é
loucura. Só poderia ser os hormônios, parecia até que eu estava ovulando,
ou eu deveria estar com muito tesão acumulado depois de ter uma noite
frustrada.
— Tá bom. — Peguei o controle e continuei observando-o enquanto
voltava até o corredor.
Até mesmo as costas dele eram malhadas. Deveria ser proibido algo
assim. Porque eu estava reparando isso nele, só agora? Deveria estar
ficando maluca.
Mexi na televisão escolhendo uma música animada e tentando
esquecer todo o resto. Imaginava que os amigos dele logo chegariam, e eu
estava empolgada para conhecer gente nova Pessoas de verdade e não as
cheias de falsidade e interesse descarado.
A buzina de uma moto soou na calçada e eu coloquei a cabeça para
fora, só para dar de cara com o motoboy da pizzaria.
— LUKE! — Gritei. Mas, nem sabia onde o homem estava enfiado
para ter certeza de que ele tinha me escutado ou não. — Luke, a pizza já
está aqui! — Me aproximei do corredor gritando. Mas, foi quando ouvi o
barulho de um chuveiro que soube onde ele estava. — Luke, sai já daí!
Bati na porta no mesmo ritmo desenfreado que o homem continuava a
buzinar.
— OIIII! — Ele berrou abrindo a porta. — Pronto, estou aqui!
Luke estava completamente molhado e estava terminando de enrolar a
toalha na cintura. Por pouco, muito pouco, eu não tinha visto o pau dele.
— O entregador chegou. — Resmunguei sem conseguir desviar os
olhos do seu tamanho marcado na toalha.
— Merda. — Ele sibilou passando por mim indo direto para a porta
da frente do banheiro, eu precisei me espremer no batente da porta para que
ele não me molhasse. — Faz um favor para mim e passa esse cartão? —
Luke abriu a porta mostrando o quarto totalmente bagunçado, com certeza,
tinha guardado a bagunça só pra si mesmo. — Aqui, vai demorar para me
vestir e até lá o homem já vai ter ido embora.
Peguei o cartão das mãos dele e dei uma última olhada em seu corpo,
avaliando tudo antes que ele se trancasse e fosse se vestir. O que diabos
estava acontecendo comigo? Luke sorriu erguendo uma sobrancelha e eu
me lembrei de sair e pegar as pizzas de uma vez.
Depois que coloquei tudo na cozinha, abri a geladeira e peguei uma
cerveja, sem dúvida eu precisava beber para que as coisas aqui começassem
a fazer algum sentido.
Não demorou para que ele saísse do quarto. Dessa vez já vestido com
uma calça jeans e uma camiseta, cobrindo a maior parte de sua beleza.
— Eu não esperei por você. — Acenei com a garrafa de cerveja.
— Aí, essa doeu. — Luke levou as mãos ao peito fazendo graça e me
obrigando a revirar os olhos.
— Você é cheio de gracinhas, não é?
— Sabe o que dizem, não é? Um homem que te faz rir é o mais
perigoso de todos. Em um minuto você está rindo e no outro... Está nua na
cama com ele. — O homem falou com tanta convicção e seriedade que eu
não aguentei e explodi em uma risada. — A primeira parte já consegui!
Dessa vez ele tinha me deixado sem palavras e me feito rir de
verdade. Talvez, toda aquela baboseira de piadas e tiradas engraçadinhas
ajudasse-o de algum jeito.
Luke se aproximou com passos lentos em minha direção, e eu me
afastei. Mesmo sem entender os motivos, dei passos vacilantes para trás. Os
olhos dele encaravam diretamente os meus, me impedindo de olhar para
qualquer lugar que não fosse as esferas esverdeadas.
De repente senti minhas costas baterem contra o armário da cozinha,
não tinha nenhum outro lugar para ir. Ele se aproximou ainda mais, me
prendendo entre o balcão e seu corpo.
— E você acha que vai conseguir a segunda parte também? —
Perguntei com minha voz saindo em um sussurro.
Luke ergueu a mão direita e segurou meu cabelo, o empurrando para
trás da orelha com delicadeza, sem nenhuma pressa. Os olhos dele
desviaram dos meus olhos para os meus lábios. Instintivamente, mordi meu
lábio inferior e isso pareceu chamar sua atenção ainda mais.
— Acho que vamos descobrir logo, logo. — Ele deslizou os dedos
por meu pescoço e me segurou no lugar. Enquanto descia o rosto em
direção ao meu, antes de unir nossas bocas.
Os lábios macios se moveram contra os meus sem nenhuma pressa,
ele sugou e deslizou a língua sobre minha boca, parecendo me degustar e
seduzir ao mesmo tempo. Só quando me ouviu suspirar foi que ele acabou
com minha angústia e enfiou a língua através dos meus lábios buscando
pela minha.
Não consegui evitar, o gemido que me escapou quando nossas línguas
se enroscaram em uma dança lenta e sensual. Sem conseguir me conter, eu
agarrei a gola de sua camisa e o puxei ainda mais contra mim.
Era bom demais para ser verdade, nunca imaginei que Luke pudesse
beijar tão bem assim.
As mãos dele seguraram meu quadril, e ele uniu ainda mais nossos
corpos, me tocando por completo, e não deixando nenhum espaço entre nós.
Antes que eu pudesse prever, ele me segurou mais firme e me impulsionou
para cima, me fazendo sentar no tampo do armário, se enfiando entre as
minhas pernas, intensificando ainda mais o beijo.
O lugar todo tinha começado a esquentar, e nem mesmo a chuva, ou a
cerveja gelada pareciam ter algum efeito contrário para o calor que eu
estava começando a sentir.
As mãos se agarraram as minhas coxas, apertando mesmo sobre o
vestido, me arrancando um arquejo. Luke definitivamente não era
Alejandro. Mas, quando um não quer, dois não brigam. E Alejandro tinha
deixado bem claro que não me queria mais. Com isso, eu estava totalmente
livre para me divertir com quem eu quisesse.
Subi minhas mãos pelos braços fortes, contornando os músculos dele,
até alcançar seu pescoço. Os cabelos castanhos estavam desgrenhados e
bagunçados em todas as direções, eu não hesitei em deslizar os dedos entre
os fios só para descobrir que eram tão macios quanto pareciam.
— Não tem ideia do quanto eu queria fazer isso desde que a vi,
loirinha. — Ele disse desviando os lábios dos meus e descendo por meu
pescoço.
Mas antes que pudéssemos continuar o som da campainha tocando
nos trouxe de volta para o presente.
— Merda. — Sussurrei sabendo que logo a casa estaria cheia de
amigos dele. E mais uma vez, meus planos de transar seriam adiados.
— Vamos terminar isso mais tarde. — Ele disse segurando meu rosto
com as duas mãos e mantendo nossos olhares unidos. — Você não me
escapa hoje.
Os amigos de Luke foram chegando e animando à noite. Nós
começamos a beber como se não houvesse amanhã, assistimos ao jogo
juntos e, mesmo que eu não torcesse para time nenhum, me divertir em
gritar para quem estava ganhando.
Nunca tinha me divertido tanto em uma noite, foi a coisa mais legal e
aleatória que eu já tinha feito na vida. Conversei, ri, bebi e compartilhei
coisas com pessoas que nunca vi antes e adorei cada segundo.
Mas, em algum momento da noite tudo começou a ficar
completamente embaçado, eu estava ficando tonta e mesmo assim não
conseguia parar de beber. Meu susto foi maior quando acordei em uma
cama estranha, usando apenas sutiã e calcinha.
Minha cabeça doía mais do que achei ser possível, qualquer
movimento que eu fazia parecia me fazer sofrer o dobro. Meu estômago
estava se revirando e eu duvidava que fosse demorar para que eu acabasse
vomitando na coberta.
Quando olhei para o lado dei de cara com Luke enrolado nos lençóis e
parecendo não estar usando nada por baixo.
— Aí meu Deus, que porra aconteceu aqui? — Gritei acordando-o
não me importando nenhum pouco. Só queria respostas.
— Não surta agora. — Luke pediu erguendo as mãos e tentando me
acalmar.
Minha cabeça estava uma confusão e eu só queria vomitar e voltar a
dormir. Mas, eu só ia me acalmar quando soubesse exatamente o que
aconteceu ali!
Ela não voltou para casa e eu não FECHEI. OS. OLHOS.
Passei a maldita noite inteira, acordado, pensando no que poderia ter acontecido. Mil cenários
diferentes se formaram em minha mente e nenhuma delas me deixava feliz.
Peguei meu celular, pela milésima vez, e conferi as horas. Sete e quarenta da manhã, tinham se
passado, apenas, cinco minutos desde a última vez que eu olhei a hora e ainda não tinha nenhum sinal
de vida dela. Nenhuma mensagem ou mesmo ligação.
Luke tinha postado algumas fotos durante a noite. Mas, nada comprometedor, apenas os
amigos, bebendo, se divertindo. Magie apareceu em algumas sorrindo e com uma cerveja na mão,
parecia até que ela tinha se enturmado bem. Mas, agora eu estava começando a achar que ela tinha se
enturmado bem até demais.
Não esperava que seria tão rápido para ela dormir na casa de Luke. Mas, também por que
estava surpreso? Já que foi frustrada nossa tentativa de transar. Eu só podia torcer para que desse
certo entre eles e que ele a fizesse feliz.
Mas, por que pensar nisso deixava um gosto ruim na boca? Um incômodo no peito?
Respirei fundo e voltei a olhar para a tela do celular. Luke não viria trabalhar hoje e, com
certeza, ainda estava dormindo. Depois da noite de ontem. Minha vontade era de ligar para ele e
acordá-lo no mesmo instante, ordenando que ele trouxesse Magie para casa.
Só que, eu não podia fazer isso. Nós não éramos nada, além de amigos, e tinha jurado a ela que
não tinha nenhum problema, deles ficarem juntos.
Bufei jogando o celular novamente para o lado, e tentando não pensar em mais nada que
envolvesse os dois. Mas, era quase impossível quando meus pensamentos iam e voltavam a todo
instante para Magie, lembrando dos nossos beijos. Os lábios macios e doces, a língua esperta
deslizando contra a minha, e os gemidos, porra, aqueles gemidos dela, me enlouqueciam
completamente. Me deixavam com vontade de me enterrar dentro dela e nunca mais sair. Fazer com
que ela sentisse prazer sempre, para que eu pudesse ouvir aqueles sons.
— Não consegue dormir, não é? — A voz da minha mãe me trouxe de volta, e eu pisquei
rapidamente enquanto tentava colocar um travesseiro sobre a ereção que tinha se formado.
— Não, não consegui. Esse gesso está me incomodando e a dor não passa. — Menti
descaradamente. Mas, dona Rosa era muito esperta e percebeu na hora.
— Sim. Sei bem o que está doendo. — Ela se aproximou de mim. — Dor de cotovelo, seu
garoto burro! — Minha mãe acertou um tapa na minha nuca.
— Mãe!
— Mãe, o que garoto? Você está assim, PORQUE JOGOU A MAGIE PARA OUTRO, ISSO
SIM! — Ela gritou me fazendo arregalar os olhos. — Dava para ver que essa garota, te queria e agora
que seu amigo saiu com ela, você está se dando conta disso!
— Quem te contou que eu a joguei para cima dele? — Perguntei sem rodeios. Ela não podia
saber disso, ninguém podia saber da minha conversa com Luke ou tudo ia acabar em uma merda
colossal.
— Isso está meio óbvio. Você não faz nenhum movimento para pegar a garota, seu amigo a
chama pra sair e passam a noite juntos? É só somar 2 + 2. A resposta é a óbvia, você deixou o
caminho livre para qualquer um. — Respirei aliviado quando percebi que ela não estava falando no
mesmo sentido que eu. — Seu idiota, vai ficar aí sofrendo e perder a garota?
Sacudi a cabeça, disposto a ignorar qualquer coisa que minha mãe tivesse para dizer. Ela não
entendia a extensão de tudo isso. Magie e eu, éramos de mundos totalmente diferentes, e eu queria
muito poder continuar ao lado dela, ajudando na descoberta da nova vida dela. Queria poder fazer
parte dessa nova fase, e por isso, eu não podia me envolver com ela.
— Eu não quero a Barbie! — Lá ia mais uma mentira. — Então, é melhor a senhora parar de
ter ideias sobre isso dona Rosa.
Antes que eu conseguisse prever o que viria, recebi outro tapa na cabeça. Mas, dessa vez, ela
deu o tapa e foi em direção da porta, pronta para sair do quarto.
— Se não fizer nada... Vai sentir bem mais dor, quando Luke começar a namorar com ela!
Ela saiu batendo a porta e eu bufei me jogando contra os travesseiros. Como aquilo tinha se
tornado minha vida? Como fui passar o dia e a noite toda pensando em uma mulher que nem era
minha?
Já era meio-dia quando Luke parou o carro na frente da minha casa e deu a volta para abrir a
porta do carro para Magie. Ele nunca fez isso, o cara não era esse tipo cavalheiro. O que tinha
acontecido com eles essa noite?
Me virei para a cama, pulando em um pé só, tinha vindo até a janela umas mil vezes sempre
que um carro parava aqui na rua. Só para conseguir checar como seria que ele a deixaria aqui. Mas,
ele simplesmente, não deixou só ela aqui, ele entrou com Magie, conversando animadamente.
Eu torci para que ela subisse até o quarto, assim eu poderia chamá-la e perguntar como tinha
sido a noite. Mas, para o meu azar, isso não aconteceu. Os dois ficaram no andar de baixo
conversando com a minha mãe e Carla.
Não conseguia ficar parado ali sem saber o que estava acontecendo lá, eu precisava saber como
foi a noite dela, o que eles fizeram, e sabia que nada melhor para saber a verdade do que olhar os dois
juntos.
Então, fiz provavelmente a coisa mais estúpida de toda minha vida. Me levantei me apoiando
nos móveis e comecei a caminhar em direção ao corredor, meu calcanhar reclamava de ficar
pendurado sendo chacoalhado a cada pulo, minha perna toda pulsava tão forte que chegava a doer.
Mas, eu fui me apoiando nas paredes e quando cheguei as escadas foi ainda pior.
Por um instante, pensei em desistir, mas a risada vinda do andar de baixo que não me deixou
parar. Eu precisava saber o que estava acontecendo ali.
— Bem que eu ouvi um perneta andando por aqui. — Luke apareceu do nada na minha frente,
me assustando e quase me fazendo perder a porra do equilíbrio. — Porque não pediu ajuda, donzela?
— Por que você não vai se foder? — Retruquei quando ele subiu os degraus que faltavam
vindo me servir de apoio. — E então, como foi a noite?
— Foi bom. Magie se enturmou bem com todo mundo, curtimos bastante.
— Vocês transaram? — Questionei de uma vez, porque era tudo o que rondava minha cabeça.
— O que? Não! Nós só nos beijamos. Quando as coisas começaram a esquentar o pessoal
começou a chegar. — Ele finalmente me colocou no último degrau. — Falando assim parece até a
Magie, quando acordou hoje de manhã na minha cama.
— Ela acordou na sua cama hoje de manhã? E você ainda diz que não transaram? — Rosnei
com os dentes trincados, não querendo que ninguém mais ouvisse. — Sei muito bem que tem um
quarto de hóspedes na sua casa, assim como um sofá. Por que ela acordou na sua cama? Fala de uma
vez porra!
— Não transamos, não tem por que eu mentir pra você. — Ele rebateu franzindo a testa e me
encarando de forma estranha. — Magie bebeu demais, até vomitou e eu fiquei com medo de deixá-la
dormir sozinha, e ela acabar se sufocando de algum jeito.
Semicerrei meus olhos, não tendo a certeza se ele estava mentindo ou dizendo a verdade. Mas,
Luke estava certo em uma coisa, não tinha motivos para mentir para mim sobre isso.
— E por que demoraram tanto? — Perguntei ainda o encarando. A minha tentativa de ser
discreto e passar despercebido, não tinha funcionado.
— Porque Magie quis olhar apartamentos e casas pra alugar...
— O QUE? — Gritei o interrompendo. Ele só podia ter falado errado, não podia ser verdade,
Magie não iria embora do dia pra noite.
— Ela disse que quer um lugar só dela, e por isso precisa saber os valores dos aluguéis, para ter
uma ideia de, em quanto tempo, vai ter esse dinheiro.
Luke continuou tagarelando enquanto me segurava. Mas, eu não ouvi mais nada do que ele
disse, meus pensamentos estavam todos focados no fato dela querer achar um lugar e se mudar.
Não! Isso não podia acontecer, eu não podia deixar que minha Barbie, fosse embora!
Luke me contou, do tremendo vexame que dei, na outra noite.
Aparentemente, misturar vários tipos de bebida, faziam isso com as
pessoas. Foi assim que eu acabei com um vestido todo vomitado, ele tendo
que tirar minha roupa e dormir ao meu lado para se certificar que eu não
fosse me engasgar com o próprio vômito durante a noite.
— Antes de matar, a bebida humilha. — Foi o que ele me disse
enquanto eu colocava uma camisa dele e uma calça de moletom, para poder
chegar em casa mais apresentável.
Sem dúvida foi uma noite memorável, e que nunca voltaria a se
repetir, ao menos não a parte do vômito, e de não lembrar de nada pela
manhã, porque de resto a noite foi ótima.
Quando chegamos na casa de Rosa eu confesso, que quis muito subir
correndo as escadas e contar para Alejandro como foi a noite, contar dos
amigos de Luke e do meu primeiro porre.
Até mesmo falar sobre nossa pegação da noite passada. Como ele
reagiria se soubesse que seu amigo e eu quase transamos na bancada da
cozinha?
Mas, eu não queria incomodar ele, o homem provavelmente estava
dormindo ou fazendo alguma coisa naquele notebook, onde ele não largava
por horas nos últimos dias. Então, me contentei em ficar na sala
conversando com Carla e Rosa.
— Eu tenho dez vestidos de madrinhas para fazer, e ainda não
terminei de desenhar o vestido da noiva! — Carla resmungou pela milésima
vez e ao fundo pude ver John revirar os olhos, enquanto ela reclamava. —
Eu não posso ficar andando por aí com um guarda costas.
Era engraçado ver a revolta dela. Mas, eu sabia que no seu lugar, me
sentiria do mesmo jeito. Ninguém merece ter que mudar a vida do dia para
noite só por conta de um marido abusivo, pior ainda ganhar uma sombra.
— Mas, eu não vejo no que o menino vai te atrapalhar. — Rosa
interveio. — Ele por acaso tira de você seus lápis e papéis? O garoto fala o
tempo todo, e bagunça o ateliê, para que as costureiras não possam
trabalhar?
O homem que estava sentado em uma cadeira no canto da parede, se
mantendo alerta o tempo todo, sorriu largo quando ouvi as palavras de
Rosa.
— Obrigado, Dona Rosa. — Ele murmurou, e Carla se virou para trás
semicerrando os olhos, parecendo prestes a voar no pescoço dele.
— De nada, meu filho. Você só está aqui pra ajudar, e essa ingrata não
reconhece isso! — Ela afirmou, fazendo a filha bufar.
Era por isso que eu adorava aquela mulher, não importava se era seu
filho ou uma visita, se estivesse errado iria ouvir poucas e boas.
— Mas, falando sério agora Carla, qual é o problema ter John por
perto para te proteger? — Eu perguntei realmente curiosa. Mas, já estava
começando a desconfiar da resposta.
Ele era novo e terrivelmente lindo, cabelos castanhos perfeitamente
penteados, ombros largos, braços fortes dentro do terno e olhos azuis que
hipnotizavam.
— Ele é uma distração! — Ela bradou com raiva antes que percebesse
o que falava. John mordeu os lábios no fundo, tentando conter o riso. Mas,
Rosa simplesmente explodiu em uma gargalhada. — Não para mim! Credo,
ele é novo demais. Mas, as meninas que trabalham comigo não tiram os
olhos dele e esquecem de fazer o serviço.
E por falar em serviço, meus pensamentos voltaram para o homem no
andar de cima. Luke tinha saído dali há alguns minutos, e ainda não havia
voltado. Será que tinha acontecido alguma coisa com o Ale?
Me virei olhando para as escadas. Mas, onde eu estava, não conseguia
ver nada.
— Para com isso menina, deixa de bobagem. Anda vamos à cozinha
fazer alguma coisa pra comer. — Rosa levantou arrastando a filha por uma
mão e John pela outra. — Você não vem, Magie?
— Já vou Rosa, só vou usar o banheiro rapidinho. — Eu precisava
mesmo usar o banheiro. Mas, minha necessidade maior no momento era
saber como Alejandro estava.
Não precisei ir longe para achá-lo. Luke e Ale estavam parados na
frente da escada, a conversa parecia um tanto séria pelas expressões nos
rostos.
— Barbie! — Alejandro pareceu surpreso ao me ver ali.
Será que Luke já tinha dado com a língua nos dentes e falado sobre
ontem à noite? Pior, será que eles estavam brigando por causa do beijo?
— Posso saber o que está acontecendo aqui? — Questionei colocando
as mãos na cintura e tentando conter meu interesse.
— Luke estava brigando comigo por descer sozinho as escadas. —
Foi Alejandro quem respondeu, relaxando os ombros e se segurando melhor
no amigo.
— Humm — Olhei de um para o outro com desconfiança. Será que
era só isso mesmo? — E ele está certo em brigar, você parece que não
conhece a palavra repouso. Anda, vai sentar e apoiar essa perna no sofá.
— Vai me ajudar a chegar lá, Barbie? — Ele usou aquele tom de
provocação. Mas, eu não podia cair, sabia que se o tocasse e ficasse muito
próxima, iria ser tomada pelo desejo do outro dia.
— Eu não. Luke pode muito te carregar. Eu vou subir por um
instante. — Falei já passando por eles e subindo correndo as escadas.
Podiam me chamar de covarde, de medrosa, não me importo. Só não
ia ficar babando em cima do cara que deixou claro, que não ia acontecer
mais nada entre nós dois.
Ficamos o resto da tarde ali na sala, conversando e comendo.
Aproveitando o clima mais friozinho que a chuva tinha trazido para o
domingo. Mas, quando a noite chegou, magicamente, todos se foram, Carla
saiu levando John com ela, Rosa pegou carona com Luke para a casa da
filha.
Alejandro já estava de volta ao seu quarto e eu tinha que ir lhe dar os
remédios. Ok, não era o fim do mundo ter que cuidar dele, era o mínimo
que eu podia fazer estando ali, e depois de tudo o que ele tinha feito por
mim. Mas, estar naquela situação, me lembrava de quando, ele tinha me
puxado para o seu colo e me feito gozar, como ninguém nunca antes
conseguiu.
— Parece que vai chover de novo. — Comentei entrando no quarto e
me sentindo ridícula por não ter pensado em algo melhor para puxar
conversa.
— Tomara, aí minha mãe não vai voltar para casa e nem a minha
irmã, deixando nós dois sozinhos.
Eu paralisei na metade do caminho, com o remédio e o copo de água
estendidos, enquanto eu tentava processar o que ele tinha acabado de dizer.
Ele não podia estar falando isso com segundas intenções, acho que eu
estava ficando maluca, só isso. Como diria Luke o tesão acumulado estava
me humilhando, antes de me matar. Parecia até que Alejandro tinha
despertado uma fera depravada, que tinha estado adormecida todos esses
anos, e com o orgasmo que ele me deu ela acordou.
— Já está cansado de todo mundo? — Perguntei voltando a mim. —
Não faz nem uma semana que está nessa cama.
— Não estou cansado de todo mundo, só me cansei de não ter você
aqui na minha cama. — Um vinco se formou na minha testa enquanto eu o
encarava tomar o remédio.
Ele estava jogando comigo agora? É sério? As alfinetadas que
trocávamos e os flertes, não eram nada como isso que ele estava falando.
Alejandro estava sendo direto com as palavras, só não fazia muito sentido,
depois dele mesmo ter dito para esquecermos o que aconteceu.
— Acho que você deve estar com febre. Falei que ficar comendo
aquelas porcarias não ia te fazer bem. — Peguei o copo da mão dele e me
virei. — Vou ver se encontro o termômetro.
Mas, antes que eu fosse muito longe um estalo ecoou pelo quarto e no
segundo seguinte senti minha bunda esquentar. Me virei perplexa para ele,
não conseguia acreditar que ele tinha mesmo feito aquilo.
— Deixe de ser medrosa e venha aqui! — Ele bateu nas próprias
pernas, mostrando onde me queria. Eu ainda estava em choque.
— Você... Você acabou de me dar um tapa na bunda?
— Dei e vou dar outro, se você não sentar ela no meu colo agora! —
Ele exclamou sério, sem nenhum resquício de brincadeira em seu rosto. —
Senta aqui Barbie, e me deixa te fazer gozar de novo.
Eu ergui as mãos para o teto e bufei indignada. Ele ia mesmo ficar
naquele esquenta e esfria comigo? Eu não era uma criança para aguentar
essas palhaçadas dele.
— Você se escuta? Ontem você estava me mandando esquecer o que
aconteceu entre nós, e agora me fala isso? — O encarei bem de perto — Eu
disse que queria uma amizade com benefícios Alejandro, não fazer
joguinhos.
O homem se curvou vindo mais perto e agarrou minha mão, eu me
virei para sair, mas, ele foi mais rápido e em uma fração de segundos, ele
me puxou com força, me sentando em seu colo com as costas grudadas em
seu peito.
— Eu falei aquilo, achando que ia ser fácil esquecer, e fingir que nada
aconteceu. Mas, é impossível. — Ele me segurou pela nuca, se certificando
que eu ia ficar parada, enquanto a outra mão me segurava pela cintura.
— Alejandro... — Tentei protestar. Porém, a boca dele encontrou o
caminho até meu pescoço e ele lambeu minha pele.
— Não consegui parar de pensar nos seus gemidos. — Os dentes dele
rasparam atrás da minha orelha antes dele sugar o lóbulo, me fazendo
fechar os olhos e suspirar. — A sua pele macia, os seios empinados e
deliciosos na minha boca. — Os lábios dele desceram por meu ombro e eu
tombei minha cabeça de lado sem conseguir me conter. — Não tem como
esquecer da sua boceta apertada e molhada, espremendo meus dedos e
encharcando a minha mão enquanto eu te masturbava.
— Ale... — Eu engoli em seco, quando a mão em minha cintura
deslizou até meu quadril.
Minha boceta já estava começando a pulsar só com aquelas palavras e
os beijos dele no meu pescoço. Eu rebolei contra ele precisando de um
alívio, buscando um atrito qualquer que me ajudasse a gozar.
— Você está molhada agora? — Ele questionou, voltando a boca para
minha orelha. — Me diz que você também não consegue me esquecer. Que
não para de pensar no meu pau em sua boca. Dos sons que você me
arrancou enquanto chupava e lambia o meu cacete?
— Humm... Eu não sei do que está falando. — Minha voz não era
mais forte do que um sussurro. Pois, eu já estava sem fôlego. Mole contra
os braços dele. Pronta para me entregar, e deixar que ele me fodesse como
quisesse desde que acalmasse o monstro dentro de mim.
— Não sabe? Esqueceu de quando se engasgou no meu pau? — A
língua dele circulou a minha orelha, e meu corpo todo se arrepiou, meu
quadril de moveu involuntariamente em busca da ereção dele. — Talvez
você queira recordar depois. Chupar meu pau, até que seus lábios estejam
inchados e sua boca cheia da minha porra.
— Alejandro... Por favor... — Pedi já desnorteada com tudo o que ele
estava me fazendo sentir, sem mal me tocar.
As palavras sujas, estavam me levando a loucura, minha boceta doía e
minha calcinha já estava completamente molhada.
— Confessa! Diz para mim que está escorrendo. Louca para sentir
meu pau preenchendo toda sua boceta? — Os dentes dele passaram por meu
ombro, puxando a alça da regata que eu estava usando.
— Não. — Murmurei, sem forças. Mas, não ia ceder tão fácil.
A mão dele terminou de puxar o tecido para baixo, deixando meus
seios livre para que ele começasse a tocá-los. Alejandro, massageava meus
mamilos entre os dedos, fazendo meu clitóris pulsar ainda mais.
— Você quer isso, não quer? — A mão dele que estava no meu
quadril desceu, até o meio das minhas pernas, as afastando e me
provocando. — Quer que eu te foda, até gozar e gritar por mais? Até que
sua boceta pingue em meu pau mostrando o quanto está molhada e que você
me peça para parar. Mas, sabe Barbiezinha, nem assim eu vou parar, porque
você sabe que eu só vou parar quando confessar, que sua boceta está
encharcada para mim.
Fechei meus olhos com força, gemendo e tombando minha cabeça
contra o ombro dele. Eu não tinha forças para resistir a ele falando assim.
Alejandro era um perigo a minha sanidade!
A mão dele desceu pelo centro da minha coxa, em uma provocação
lenta e despreocupada, enquanto a boca dele beijava e lambia minha pele, e
sua outra mão torcia meus mamilos.
— Tente... — Falei. Provavelmente estava fora de mim, o tesão
estava me dominando e me fazendo dizer loucuras. Eu queria isso, queria
que ele tomasse meu corpo, até que eu enlouquecesse. — AH! — Gritei
surpresa quando ele me fez levantar com um movimento só.
— Você quem pediu! — Os olhos dele queimaram sobre meu corpo
com desejo, e as mãos dele voaram para o meu short, abrindo e me livrando
dele junto com a calcinha.
Alejandro, então se mexeu na cama ficando totalmente deitado e me
deixando confusa.
— O que você...
— Senta com essa boceta na minha cara. Porque, eu preciso sentir seu
gosto direto da fonte! — Minha boca caiu aberta, em choque com as
palavras dele.
Ele segurou minha mão me puxando para perto, quando viu que eu
não fiz menção de me mexer, e então ele me ajudou a subir em cima dele,
uma perna de cada lado de seu corpo.
Suspirei calculando como ia fazer aquilo. Mas, Ale foi mais rápido e
segurou minha bunda com as duas mãos me puxando para cima, até que
meu sexo estivesse bem na cara dele.
— Aí meu Deus... — Suspirei avistando os olhos perturbadores e
tomados pelo desejo, encarando minha boceta de perto.
— Boceta linda da porra! Está brilhando de tão molhada! — Antes
que eu pudesse responder, as mãos dele me puxaram para baixo e sua língua
deslizou por toda a minha extensão.
— AHHHH! — Gritei me segurando contra a cabeceira da cama.
Alejandro começou a me chupar em um vai e vem lento, a língua
esfregava em minha carne, abrindo meus lábios até encontrar minha
entrada. E quando encontrou, ele deslizou a pontinha ali, me deixando ainda
mais excitada.
Ale enganchou os braços em volta das minhas coxas e me puxou
ainda mais contra ele. Meus gemidos ficaram ainda mais altos, eu precisei
cravar os dedos na cabeceira para não cair em cima dele de vez.
Como se não fosse o bastante, ter sua língua e sua boca me sugando,
lambendo e tocando cada pedacinho da minha boceta. Ele começou a mover
meu corpo para frente e para trás, me esfregando por completo em sua
língua, indo do meu clitóris até minha entrada.
Meu ventre se contorceu e o prazer começou a se acumular ali, me
deixando perto de gozar. Meu corpo inteiro estava entrando em colapso, não
só a cena em si já era sexy e quente, mas, ver aquele homem embaixo de
mim, me lambendo como se eu fosse sua sobremesa favorita, estavam me
deixando a beira do precipício.
— Rebola na minha língua, Barbie! — Ele me afastou o suficiente
para falar isso e quando eu olhei para baixo sua boca estava aberta, a língua
para fora mostrando todo o seu tamanho pronto para mim.
Encarei os olhos de Alejandro que não saía do meu corpo, suspirei
gemendo e fiz o que ele mandou, rebolei esfregando minha boceta contra
sua língua. O gemido dele reverberou por sua língua, estremecendo, meu
clitóris. Eu me curvei, não tendo mais forças nas pernas.
Agarrei os cabelos dele e comecei a me esfregar ainda mais. Meus
gemidos explodiram no quarto e meus dedos se curvaram, meu corpo todo
se tencionou.
— ALE... — Gritei quase sem fôlego
Alejandro segurou firme minha bunda e fechou os lábios em volta do
meu clitóris, sugando de forma leve, mas, que me fez explodir em um
orgasmo no mesmo segundo.
Meu corpo todo estremeceu e eu já não consegui me manter firme.
Meu peso caiu, sobre ele enquanto eu gemia e arfava com os meus olhos
fechados com força, e as mãos enfiadas em seu cabelo.
Achei que ele pararia. Mas, não ele continuou com a boca ali, dessa
vez descendo a língua até minha entrada e sorvendo cada gota do meu gozo.
— Por... Oh Deus... Ale, por favor... — Implorei. Mas, ele não parou,
voltou a língua cheia com o meu gozo e esfregou contra meu clitóris,
deixando-o mais molhado.
Ele esfregou meu nervo sensível, prolongando todos os tremores do
meu corpo, me deixando em um nível impossível de aguentar, minha perna
tremia sem parar, quase como se eu estivesse tendo um treco.
Segurei mais firme em seus cabelos e o empurrei para longe. Mas, ele
continuou com a torturar, começando a construir um novo orgasmo. Eu não
aguentava, não iria suportar gozar assim de novo, sentia que podia morrer a
qualquer momento.
— Chega... Por favor, Ale...
— Pronta para receber meu pau dentro de você? — Ele afastou a boca
da minha boceta e perguntou.
— Sim! Siiim, isso! — Gemi desesperada. Mais um pouco daquela
boca punitiva dele eu iria gozar novamente e não teria forças para montá-lo.
Ele me afastou, me ajudando a descer até seu pau, que já estava livre
da cueca e do short. Perdi alguns segundos ainda olhando para ele, e não
percebi Alejandro se movendo e pegando um preservativo na gaveta da
mesinha de cabeceira ao lado da cama.
— Quer fazer isso, Barbie? — Ele perguntou me fazendo desviar o
olhar de seu membro e o segurá-lo.
As veias saltadas o deixavam ainda mais assustador e sensual ao
mesmo tempo, ele era grande e largo demais, não tinha ideia de como
entraria em mim. Mas, daria um jeito.
Movi minha mão para baixo e para cima, o masturbando, ele me
estendeu a camisinha. Segurei na ponta do preservativo e desenrolei por sua
grossura, até que ele estivesse todo coberto.
Alejandro não esperou nem mais um segundo, envolveu um braço em
torno da minha cintura me erguendo e com a mão livre posicionou o pau em
minha entrada. Ele esfregou se lambuzando antes de começar a deslizar
para dentro de mim aos poucos, a cabeça larga me fez gemer e curvar as
costas enquanto ele me puxava para baixo entrando ainda mais.
— Jesus... — Sibilei quando alcancei a metade e eu me obriguei a
apoiar as mãos em seu peito para me equilibrar. Ele me puxou com força,
me empalando com os centímetros que faltavam. — AHHHHH! — Gritei
jogando a cabeça para trás enquanto meus olhos se reviravam.
— Pronta para confessar ou ser fodida até se render?
A pergunta dele me fez abrir os olhos minimamente e encará-lo.
— Eu não vou me render! — Fingi ser corajosa, porque na verdade eu
já estava pedindo socorro e o homem nem tinha começado.
Alejandro abriu um sorriso safado, quase assustador, ele estava
adorando que eu continuasse negando, pois ele faria um estrago em mim.
Isso estava explícito em seus olhos.
Antes que eu pudesse prever ele me segurou firme pela cintura, me
erguendo até que seu pau estivesse quase todo fora de mim, depois me deu
uma piscadela e ergueu o quadril indo de encontro ao meu, e começando a
me foder assim.
As estocadas não eram calmas, ele socava fundo e forte dentro de
mim, fazendo meus seios pularem cada vez que sua pele se chocava com a
minha, transformando meus gemidos em gritos a cada investida.
— Porra de boceta apertada e molhada! — Ele disse com os dentes
trincados. — Tão pronta para mim, tão molhada querendo o meu cacete.
Era isso que você queria, Magie? Queria meu pau entrando fundo em você?
Diz para mim que foi por isso que sua bocetinha estava escorrendo.
— Ahhhh... Não... Não mesmo, bombeiro! — Eu retruquei com meu
último resquício de força, e vi os olhos dele brilharem ainda mais.
Então, ele começou a me mover junto com ele, fazendo meu corpo
descer e subir, minha boceta indo de encontro ao seu pau aumentando a
intensidade das suas estocadas e me fazendo ver estrelas.
Fiquei minhas unhas em seu peito, minhas paredes já estavam
começando a se apertar, meu orgasmo agora estava ainda mais perto. Mas,
ele parecia não se importar em diminuir, não, Alejandro queria me ver
gozar de novo e de novo, até que eu não tivesse mais forças e me rendesse
dizendo o que ele queria ouvir, por isso eu tinha que resistir.
Mas, meu corpo não parecia entender isso, minha mente dizia uma
coisa e meu corpo só clamava por outro orgasmo, por liberar toda aquela
sensação gostosa que pesava contra meu ventre, querendo se render,
explodir em volta do pau dele até que não tivesse mais como eu gozar.
Eu sentia cada centímetro dele dentro de mim, a cabeça indo tão
fundo que sentia tocar um lugar que nenhum pau alcançou antes. Isso não
era normal, ou era? Suas bolas começaram a bater contra minha bunda
tamanha era a velocidade e força das suas investidas, meus dedinhos
começaram a se curvar e minha vista estava ficando embaçada, enquanto
meu corpo todo se retesava.
Minha boceta contraiu, uma, duas vezes e eu o sentia pulsando dentro
de mim. E, injustamente, bastou um olhar para o rosto dele para que meu
mundo se desfizesse e eu caísse naquela viagem do prazer. Explodindo em
um segundo orgasmo que fez meu cérebro derreter e meu corpo todo
desabar sobre ele, enquanto eu tremia.
— Doce inferno! — Ele puxou os cabelos para o lado e beijou meu
ombro, arrancando um novo tremor de mim. — Poderia gozar agora mesmo
só de te sentir assim, se contraindo em volta de mim, apertando meu pau
ainda mais nessa bocetinha!
Nem tinha conseguido gritar dessa vez, estava me sentindo
desnorteada, tudo estava fora de foco e meu corpo só tinha noção do seu
pau ainda enterrado em mim.
Eu estava extasiada e achava que continuaria ali assim, mas ele
começou a mover meu quadril para frente e para trás, em um vai e vem
devagar e que esfregava meu clitóris em sua pélvis enquanto fazia seu pau
massagear meu ponto G.
— Alejandro! — Protestei ainda sensível demais para aquilo, meu
corpo todo tremeu, enquanto começava a gemer novamente sem conseguir
me controlar.
— Confessa pra mim. — A voz rouca sussurrou ao pé da orelha. —
Confessa, que prometo ser bonzinho com você.
Dessa vez eu só neguei com a cabeça e mordi meus lábios para
segurar o gemido. Então, um tapa forte acertou minha bunda, me fazendo
pular e contrair minha boceta.
— Ohhh...
— Isso, safada... Geme gostoso. Eu quero escutar... Geme... Porque,
você vai gemer a noite toda! — Ele acertou outro tapa e sugou o lóbulo da
minha orelha.
Tudo fazia minha boceta pulsar em torno dele, cada toque, beijo, tapa,
até mesmo sua respiração quente contra minha pele estava mexendo com
meu corpo.
Senti Alejandro se mexer embaixo de mim e então as estocadas
voltaram, dessa vez devagarinho indo até o fundo e voltando para fora com
rapidez. Gemi erguendo o rosto e encarando ele que tinha o rosto retorcido
de prazer, os gemidos dele estavam tão perdidos quanto os meus, mostrando
que ele também estava caminhando para o orgasmo.
Mordi seu lábio inferior e enfiei minha língua em sua boca, ele fez o
mesmo, me beijando de volta na mesma intensidade, com fome, com tesão
puro.
Até que Alejandro voltou a estocar forte e fundo dentro de mim,
socando até me fazer ver estrelas.
Minha boca escapou da dele, e eu me virei encarando o que ele fazia,
com o pé bom fincado na cama, ele pegava impulso e socava seu pau sem
piedade. O som de nossas peles se chocando invadiram tudo, assim como
nossos gemidos e as batidas da cama na parede. Era, fodidamente, sexy e
pornográfico, e eu estava adorando cada segundo.
Minhas unhas arranhavam seus ombros, meus mamilos roçavam em
seu peito e sua pélvis massageava meu clitóris, me fazendo fechar os olhos
com tanta força, que as lágrimas de êxtase começaram a escorrer.
— Eu... Ohhh Deus... Não aguento... É demais...
Minhas palavras fizeram brotar um sorriso em seu rosto, ele estava se
sentindo vitorioso. Contraí minhas paredes e ele rosnou, fechando os olhos
e jogando a cabeça para trás.
É Ale, dois podem jogar esse jogo!
— Você quer provocar, Barbie? — Ele me ergueu novamente, até que
eu estivesse montada nele e então rebolou, tocando em casa cantinho,
estimulando cada pedaço da minha boceta. — Gosta assim? Ou assim? —
Ele segurou minha bunda, e voltou a estocar fundo me fazendo gritar.
Sem conseguir controlar meu próprio corpo, eu comecei a me mover
em cima dele, fazendo movimentos desconexos perdida no meu próprio
prazer, joguei minha cabeça para trás e fechei os olhos.
Senti as mãos grandes subindo por minha barriga, até alcançarem
meus seios. Era golpe baixo ele tocar em mais um lugar só para me
enlouquecer, mas, ele fez. Segurou meus seios pela base e esfregou os
polegares nos meus mamilos duros, enviando uma onda de choque direto
para minha boceta.
Meus olhos se reviraram, e meu corpo se endureceu, eu não podia
aguentar mais, não outro. Eu estaria morrendo antes de gozar pela terceira
vez.
— Não aguento... Ale... Eu vou morrer — Choraminguei perdida.
— Confessa, é só confessar! Confessa que sua boceta pinga de
vontade de me ter dentro de você, que meu pau enterrado até o talo era tudo
o que você queria!
Rosnei frustrada e sensível com suas palavras, não dava mais pra
aguentar, o homem estava com a perna quebrada e estava fazendo aquilo
comigo, sem dúvida ele me foderia a noite toda se eu não confessasse.
Então, me entreguei.
— SIIM! — Gritei. — Minha boceta fica molhada só de pensar em
você, no seu toque, no seu pau!
Ele ergueu o tronco sorrindo e apoiou as costas na cabeceira da cama.
Ficamos cara a cara, seu membro nunca deixando meu interior e então ele
me beijou devagar. Sua língua invadiu minha boca sem desespero, ele
estava degustando sem pressa dessa vez.
— Não foi tão difícil afinal. — Ele disse com os lábios em cima do
meu. — Não tem ideia do quanto essa sua boceta é gostosa. — Falou
desviando para o meu pescoço e desceu até meus seios, plantando um beijo
em cada um antes de voltar a me envolver com seus braços começando a
me mover.
— Merda... — Joguei meus braços em volta do seu pescoço e apoiei
meus joelhos no colchão.
— Quer cavalgar em mim? — Ele perguntou com o rosto tomado
pelo prazer, suas írises estavam mais escuras e os gemidos tão roucos que
me arrepiava.
Por que ele tinha que perguntar essas coisas? Me deixava ainda mais
sem eixo. Mas, era isso o que eu queria e fiz, comecei a subir e descer,
engolindo seu pau até o talo.
— Ohhh, siiim...
Ele me ajudou a subir e descer segurando em minha bunda, me
impulsionando para cima e apertando minha carne.
— Caralho! Essa boceta é a minha perdição! — Ele rosnou voltando a
beijar meus seios. — Senta com força gostosa!
E eu fiz, comecei a quicar nele e o safado empinou o quadril de
encontro ao meu, batendo seu pau ainda mais fundo dentro de mim. Gritei
fincando as unhas em seus ombros, rasgando a pele e não me importando
com mais nada além do seu pau.
Senti novamente minhas paredes se apertando além do limite.
Alejandro urrou como um selvagem pronto para gozar e então meu mundo
todo se espatifou enquanto eu gritava. As investidas dele continuaram, e
minha boceta soltou um jato em seu pau, me assustando e arrancando um
sorriso ainda maior dele.
— BARBIE PERFEITA DO CARALHOO! — Ele gritou, gozando e
me apertando contra seu membro, parecendo aproveitar ainda mais cada
espasmo do meu corpo.
Deixei meu corpo cair contra o dele, seus braços me mantendo no
lugar enquanto ele saia de dentro de mim e se livrava da camisinha. Ele me
colocou com cuidado na cama, antes de se deitar de lado, se virando para
me olhar.
— Aquilo que... — Estava incerta de como perguntar algo sobre meu
corpo a um homem.
— Aquilo que saiu da sua boceta? — Ele foi rápido em continuar
minha fala, enquanto, deslizava os dedos por meu cabelo, os afastando do
meu rosto. — Foi um squirting, um esguicho ou uma ejaculação feminina.
— Ohhh. — Alejandro já parecia ter feito isso acontecer um milhão
de vezes com outras mulheres, e eu me perguntei que número seria a
resposta certa.
— Você não sabia dessa, não tem que se envergonhar, vou ficar mais
do que feliz de te ajudar nas descobertas sexuais. — Ele murmurou,
chegando bem perto do meu rosto e plantou um beijo rápido nos meus
lábios. — Mas, vou deixar você se recuperar pelo resto da noite, não quero
deixar essa boceta gostosa ainda mais dolorida.
Eu ri alto. Mas, sabia que era verdade. Amanhã, eu com certeza, iria
senti-lo dentro de mim quando andasse por aí. Por hora me espreguicei e
me virei para ele deixando que o cansaço e todos os orgasmos da noite me
levassem em um sono profundo.
Olhei para o lado da cama e fiquei ali, observando-a por um longo
tempo. Finalmente tínhamos consumado aquele desejo, ou acabamos de
atear mais fogo. Agora que estive dentro dela, eu só queria mais, a queria
em todas as posições e todos os lugares possíveis.
Teria acordado ela para mais uma rodada de madrugada. Mas, Magie
estava parecendo realmente exausta, depois de gozar três vezes... Ou foram
quatro? Eu tinha parado de contar, e só me concentrei no seu corpo, me
recebendo com desespero. Ficando mais molhada a cada estocada,
estremecendo em meus braços a cada novo toque.
Eu havia imaginado que sexo com ela seria uma coisa de outro
mundo, sexy e quente. Mas, a realidade superou tudo, nem nos meus sonhos
mais quentes, imaginei algo assim.
Enrolei uma mecha do cabelo dela entre meus dedos, antes de deslizar
por sua pele macia. Não sei o que me deu quando Luke disse que ela estava
procurando uma casa, mas, eu não podia deixá-la ir, simplesmente decidi
jogar tudo para o alto e fazer o que queria de uma vez.
Nós dois sentíamos o mesmo desejo insano e queríamos aquilo, eu
tinha que confiar que como dois adultos, saberíamos separar as coisas. Não
confundir o desejo com amor e manter isso na amizade.
Não sei bem a que horas peguei no sono. Mas, acordei de manhã com
os sons de trovões retumbando pelo quarto. Levou apenas um segundo, para
que eu notasse o corpo dela aconchegado ao meu.
Sem conseguir me conter, afastei uma mecha do cabelo loiro que
tinha caído no rosto dela. Magie se remexeu na cama, e eu me obriguei a
tirar a mão dela, para não a acordar. Porém, teve o efeito contrário, no
instante o par de olhos azuis se abriu me encarando.
— Bom dia. — Ela murmurou olhando em volta do quarto. — Que
horas são?
— O relógio atrás de você diz que já passa das dez...
— Dez? Da manhã? — Ela gritou me interrompendo e eu ri de seu
desespero. — Eu não podia ter dormido aqui! E se sua mãe chegasse, e nos
visse assim?
Aquilo era bom, ouvir ela preocupada em ser vista na minha cama
pela minha mãe, me garantiu que ela não estava criando esperanças sobre
nós dois, mesmo depois do que aconteceu ontem e de ter passado a noite
comigo. Estávamos na mesma página.
— Ela não voltou, e nem vai voltar tão cedo, se essa chuva continuar.
Pode ficar tranquila, que não seremos descobertos, se você ficar mais um
pouco aqui. — Magie respirou aliviada e então voltou os olhos para mim.
— Ainda podemos aproveitar um pouco mais?
Seu olhar desceu por meu peito descoberto, esquadrinhando meu
corpo, até onde a coberta começava no meu quadril. Então, ela se moveu,
tirando o tecido que nos cobria e se aproximou ainda mais, colados os
nossos corpos.
Magie se esfregou contra mim, me fazendo desejar agarrá-la. Mas, ia
ser bonzinho dessa vez, e deixar que ela tivesse algum controle, já que noite
passada foi tudo sobre fazê-la gozar incontáveis vezes...
— Oh isso, Barbie. — Gemi, mandando meus pensamentos para o
espaço, quando ela agarrou meu pau.
— Você é uma coisinha de outro mundo, sabia? — Foi o que ela
murmurou esfregando os lábios contra os meus, enquanto sua mão subia e
descia devagar.
— Coisinha? Acho que já esqueceu da noite passada. — Ela riu de
um jeito fofo jogando a cabeça para trás. Eu agarrei sua cintura puxando-a
contra mim.
— Coisona... Melhorou? — Ela voltou a me masturbar, fazendo mais
rápido dessa vez.
— Vai melhorar em um minuto. — Firmei minhas mãos na cintura
dela e a virei na cama. Ela soltou um gritinho de surpresa, quando seu corpo
parou de costas para mim.
Deslizei a mão por sua coluna até contornar a curva da bunda dela,
seu corpo todo se arrepiou e ela empinou, empurrando o corpo contra o meu
toque. Desci meu rosto até seu pescoço, beijando e sugando sua pele,
levando tempo em desvendar cada centímetro do seu corpo. Levei minha
mão ao meio de suas pernas, até alcançar sua entrada, já molhada.
— Ale... — Ela suspirou rebolando contra minha mão.
— Tão molhada para mim. Tão pronta. — Falei contra o lóbulo da
sua orelha, provocando-a.
Magie soltou um gemido e colocou a mão para trás, agarrando minha
ereção e voltando a me masturbar, enquanto, eu mantinha um dedo ali,
circulando sua entrada.
— Chega de me torturar! — Ela afirmou puxando o meu pau em
direção a sua entrada.
Senti o calor dela, quando ela esfregou o meu pau contra a sua
entrada. Sua excitação me lambuzou completamente, me deixando ainda
mais louco, para estocar fundo dentro dela. Mas, o último resquício de luz
me bateu e eu lembrei...
— Oh porra! — Recuei rápido me lembrando da droga da camisinha.
Me virei com rapidez e peguei o preservativo na gaveta da mesinha,
deslizando com pressa sobre meu comprimento. — Agora vem cá, Barbie.
E então, finalmente me afundei dentro dela, arrancando gemidos de
nós dois. Estar dentro dela era minha perdição, seria impossível, esquecer a
sensação de todo seu corpo se entregando tão rapidamente aos meus toques,
enquanto, suas paredes molhadas e apertadas me envolviam.
Antes que eu começasse a estocar, Magie se moveu, indo e vindo em
minha direção, sua bunda batendo contra minha pélvis, enquanto, meu pau
se perdia dentro dela.
— Ahhhh... — Ela gemeu, intensificando os movimentos. E eu
rosnei, trincando meus dentes, aguentando firme todas as suas reboladas.
Ela continuou moendo meu pau, vindo em minha direção, enquanto
gemia perdida. Se ela continuasse com essa tortura, eu gozaria em alguns
segundos, como um maldito adolescente.
— Caralho! — Rosnei agarrando as mãos dela e jogando contra o
colchão na sua frente, entrelaçando nossos dedos. — Não aguento mais
Barbie, preciso socar dentro de você!
Comecei a penetrá-la com força. Os gritos e gemidos começaram a se
misturar com o barulho da chuva, enquanto nossos corpos se chocavam. Ela
rebolou contra mim, aumentando o atrito entre nós dois e suas paredes
começaram a se contrair, me apertando ainda mais e me impulsionando a ir
mais rápido, sabendo o quanto ela estava perto.
— Con... Continua... — Ela pediu entre os gemidos. — Ahhhh Ale...
Não para...
— Nem se o inferno abrir agora! — Rosnei socando mais forte a cada
palavra.
A bunda dela já estava ficando vermelha, de tanto bater contra minha
pélvis e, porra, como eu queria arrancar o gesso dessa perna de uma vez, só
para poder tomá-la de quatro, com a bunda para cima, livre para minha
visão.
Voltei minha boca para a pele dela, descendo por seu ombro, raspando
os dentes, antes de fechar os lábios em volta e sugar. Um desejo de marcá-
la, cresceu em meu peito. Mas, antes que eu fizesse essa besteira. Magie foi
mais rápida, e cravou os dentes em meu braço. Mordendo com força,
aplacando a dor, deslizando em minha pele, com a língua depois.
— Caralho! — Grunhi estocando mais rápido e forte, sentindo todo o
corpo dela endurecer, quando ela explodiu, gozando e me apertando.
Minhas bolas se contraíram, meu cacete pulsou e eu gozei acompanhando-
a.
O corpo todo dela estremeceu, com os últimos espasmos, enquanto
ela relaxava contra meu corpo.
— Como você consegue... Como consegue fazer isso comigo? Você
acaba com meu raciocínio, me deixa completamente fora de mim. — Ela
falou com a voz ainda embolada e confusa do orgasmo recente. — Nunca
pensei que sexo podia ser tão bom assim.
As últimas palavras dela, fizeram meu coração se apertar, com a
lembrança de tudo o que ela tinha passado. Um bolo se formou na minha
garganta, enquanto eu, pensava na Magie de dezoito anos, virgem e jogada
nos braços de um velho nojento, que abusou sem nenhuma pena do corpo
dela, sem nunca se preocupar em como ela se sentia.
— Sexo nunca mais vai ser ruim. Te prometo isso. — Jurei contra os
cabelos dela. — O que me lembra, outra promessa que te fiz... Arrumei um
lugar onde você vai poder vender seus bolos.
O rosto dela virou no mesmo instante, parecendo confusa, eu não
duvidava que estivesse, eu não tinha contado nada a ela. Era para ser uma
surpresa.
— Do que você está falando? — Sai de dentro dela com cuidado, me
virei pegando o celular e folheando a galeria até achar as fotos que queria.
— Essa loja é sua. Para montar a sua doceria. — Falei dando o celular
para ela. — Isso... Se você quiser, é claro!
Magie virou o corpo todo de frente para mim, e ficou durante alguns
minutos passando de uma foto para a outra, encarando cada detalhe com
cuidado.
— Ma... Mas..., mas, eu não tenho dinheiro para isso. — Ela ergueu
os olhos da tela e me encarou, parecendo chocada demais. — Não posso
pagar por isso.
— Chame de investimento. Vou ser seu sócio e pagar por tudo que
precisar para que você tenha o melhor lugar, os melhores aparelhos, tudo
mesmo. — Ela abriu e fechou a boca sem saber o que dizer, e deixar aquela
mulher sem fala era realmente um feito. Peguei o cabelo dela e o coloquei
atrás da orelha, aproveitando para acariciar sua bochecha.
— Por que está fazendo isso? — Magie finalmente colocou para fora.
— Sei que você vai longe, se tiver a oportunidade. — Os olhos dela
se encheram de lágrimas e eu fiquei ainda mais feliz por poder fazer isso
por ela. — E eu acredito no seu sucesso!
Ela me encarou por um segundo, parecendo não saber o que dizer e
eu já estava pronto para receber um beijo em agradecimento, talvez um
abraço, com algumas lágrimas e uma comemoração, antes do café.
Mas, ao invés disso, a Barbie se levantou em um pulo e correu para
fora do meu quarto indo em direção ao seu. Me deixando ali completamente
perdido, não entendendo nada do que tinha acabado de acontecer. O que eu
tinha feito de errado dessa vez?
Me joguei na cama sobre os lençóis frios, sentindo imediatamente a
falta do calor do corpo dele. Tinha acabado de correr para fora do quarto
dele e me tranquei dentro do meu, me escondendo daquele homem que
estava bagunçando minha mente, acabando com meu corpo e me deixando
completamente confusa.
Alejandro era quente, sexy, um deus do sexo e ainda conseguia ser
fofo, dedicado a família e honrava a palavra dele. O pacote completo, só
servia para me fazer ficar ainda mais encantada com ele. Ele era irritante às
vezes, mas ver como ele agia comigo, a forma como me trata, me desmonta
inteira.
Alejandro me fazia lembrar tudo o que eu não tinha vivido, tudo
aquilo que foi negado a mim durante anos, família, cuidado, e até mesmo
amor. Eu não sabia como agir com todas essas coisas estando direcionadas a
mim, sem que as pessoas peçam nada em troca, era estranho e foi por isso
que fugi.
Quando ele falou que acreditava em mim, no meu sucesso, eu precisei
correr para me proteger. Proteger meu coração e minha mente, antes que
Alejandro acabasse com os dois.
Dessa vez ele não veio atrás de mim, e eu agradeci. Depois da noite
de ontem e da manhã de hoje, eu precisava ficar longe por um tempo,
respirar sem sentir o perfume dele.
Não sei ao certo quanto tempo demorou para que eu pegasse no sono.
Um sono profundo, embalado com a chuva e o que me fez acordar foram as
batidas na porta.
Acordei assustada e me levantei apressada imaginando que poderia
ser Alejandro com algum problema. Abri a porta ainda sonolenta e me
deparei com Carla.
— Oh, acho que você estava esperando outra pessoa. — Ela disse
segurando o riso e apontando meu corpo.
Só então minha ficha caiu e eu percebi que ainda estava nua.
— Ai que droga! — Corri para a cama puxando o lençol e enrolando
em meu corpo. — Eu só estava dormindo, pensei que tinha acontecido
alguma coisa e me levantei assim.
— Ahh sei... E as marcas vermelhas nos seus seios e no pescoço
aconteceram no sonho também? — Eu olhei para baixo tentando ver
alguma marca e sentindo meu rosto queimar de vergonha. — Não foi pra
falar da sua vida sexual que vim aqui.
— Eu não...
— Sim, sim. Continue negando depois. — Carla entrou no quarto
abanando a mão, mostrando que não se importava com as minhas desculpas
esfarrapadas. — Eu vim aqui porque quero alguém para conversar!
Eu paralisei no meio do quarto encarando-a, aquela era nova, não
esperava que Carla quisesse me contar algo já que ela tinha amigas. Mas,
ela se jogou na cama, mostrando que não ia ser um assunto rápido.
— O que aconteceu? É sobre seu marido? — Eu imaginava que fosse
sobre isso, já que era o único assunto que nós duas tínhamos em comum.
— Não, não é sobre aquele pedaço de merda, mas o motivo de eu ter
vindo falar com você, é ele. Eu não posso mais, conversar com as minhas
amigas, porque todas conhecem ele.
— Oh, entendi. — Fazia sentido o que ela dizia, especialmente, se ela
queria se manter o mais distante possível dele.
O marido dela tinha magicamente desaparecido, desde o dia, em que
ela foi a delegacia, o melhor era se manter fora do radar. Com toda a
certeza, ele estava se roendo de raiva e querendo uma oportunidade de
colocar as mãos nela, para se vingar. E disso eu entendia, literalmente, na
pele.
— Que bom que entende, porque, eu preciso urgente conversar com
você sobre o John.
— O John? — Perguntei surpresa e me sentei ao lado dela. — O que
aconteceu entre vocês?
Carla apertou os lábios um contra o outro e desviou o olhar,
esquadrinhando o quarto a nossa volta. Pelo jeito que ela estava agindo,
definitivamente, eles tinham transado, eu nem podia acreditar. Rosa estava
certa mais uma vez!
— Nós dois ficamos presos no ateliê ontem à noite e... humm como
eu posso dizer isso.
— Só fala de uma vez, do jeito que quiser, pode me dar todos os
detalhes sórdidos. — Nós duas gargalhamos e ela pareceu um tanto menos
nervosa. — Não vou te julgar se é disso que está com medo, pode confiar.
Ela sorriu e me empurrou com o ombro, parecendo bem mais
confiante agora. E aquilo só me lembrou ainda mais que uma garota assim
pra conversar era algo que eu também não tinha tido no passado. Sophie foi
o primeiro contato que tive com uma amiga e agora estava começando a
sentir que Carla e eu também seríamos boas amigas.
— Nós estávamos sozinhos no ateliê por causa da chuva, a luz acabou
e acabamos colocando velas no lugar, tudo ficou...
— Humm, um tanto romântico? — Completei a frase, quando vi que
ela estava tendo dificuldades em encontrar as palavras certas.
— Eu diria sensual, romântico é uma palavra muito forte. — Eu tive
que rir porque a forma prática com que ela falava era engraçada. — O fato é
que nós acabamos nos beijando e a coisa foi esquentando...
— Ei, ei, o que eu disse sobre os detalhes? Tem que alimentar a
imaginação de uma mulher garota.
Ela riu ainda mais jogando a cabeça a cabeça para trás. Eu estava
mesmo curiosa para saber o que tinha acontecido entre os dois.
— Tudo bem. Mas, quando for a sua vez de contar, eu não quero
nenhum detalhe sórdido. Não quero imaginar meu irmão fazendo baixaria.
— Eu abri a boca para protestar, mas ela decidiu continuar a história. — As
coisas foram esquentando, John me colocou em uma bancada, se ajoelhou
na minha frente e... Me deu o melhor oral da minha vida.
Uau, aparentemente a chuva ontem, ao invés, de esfriar as coisas,
esquentou tudo entre os casais. Botou mesmo fogo e deu um jeito de fazer
as coisas acontecerem.
— E isso é uma coisa boa, não é? Porque você parecia preocupada
quando entrou aqui e não animada.
— É uma coisa ótima, o problema é o que aconteceu depois. — Ela se
aproximou mais de mim e diminuiu o tom, quase como se tivesse medo de
que alguém ouvisse. — Eu tentei tocar no amiguinho dele e fazer o mesmo,
antes de transarmos como loucos. Mas, o cara me afastou, tirou as minhas
mãos, levando para o peitoral dele.
— O que? E ele não disse nada?
— Ele simplesmente falou que não queria, que estava bem. — Eu
fiquei confusa e senti um vinco se formar bem no meio da minha testa. —
“Outra hora quem sabe”, foi o que ele disse por último, antes de plantar um
beijo na minha testa e se virar procurando algo para gente comer na
geladeira.
— Ele não fez isso! Está falando sério? — Ela concordou com a
cabeça, parecendo tão desacreditada quando eu. — E ele estava excitado?
Porque ele pode ter algum problema para ficar duro, não sei, algo do tipo.
— Não pode ser isso. Ele estava duro como pedra e, cá entre nós, é
enorme o que ele esconde nas calças. Mas, nem o zíper o homem me deixou
abrir.
Aquilo era estranho. Muito estranho. John é jovem, saudável, lindo e
com o corpo todo em dia, claramente a queria ou não teria se ajoelhado e
lhe dado um boquete, John teria parado tudo no beijo.
— Bem, gay já sabemos que ele não é. Mas, o que pode ser então?
— E se ele for virgem? — Ela perguntou e eu pensei por um segundo.
— Se bem que ele me chupou tão bem, sabia exatamente o que estava
fazendo para me fazer gozar, então acho que também não é isso.
Ficamos nós duas ali pensando em uma possibilidade. O que teria o
feito continuar com uma ereção enorme, ao invés, de transar com a mulher
que ele claramente desejava.
— Por que você não pergunta pra ele? — Ela se virou para mim como
se eu fosse maluca. — E por que não? É só mandar a real. Perguntar o que
aconteceu é mais fácil, do que ficar aqui, quebrando a cabeça, tentando
descobrir o que aconteceu de errado.
— Mas, ele vai achar que eu sou maluca.
— Duvido muito. Ele só vai achar, que você está muito interessada
em transar com ele, e tenho certeza de que isso, você já deixou bem claro.
A cara dela me confirmou que eu estava certa. Já era de esperar isso,
toda a implicância dela com John, dizendo que ele era uma distração, era só
uma desculpa para disfarçar toda a atração que ela estava sentindo.
— Então vou fazer isso! — Ela afirmou e se levantou em um pulo. —
Vou perguntar para ele o que aconteceu. Mas, só depois que você me contar
o que está rolando entre você e meu irmão.
Carla se virou para mim com os olhos curiosos e um sorrisinho no
rosto. Merda. Meu acordo com Alejandro incluía nossa discrição, ninguém
poderia saber, foi o que combinamos. O que ele iria pensar se eu contasse
tudo a irmã dele?
Mas, eu também queria colocar tudo para fora, dizer como eu estava
me sentindo e ver se assim eu encontrava alguma luz.
— Eu vou contar, mas precisa me prometer que não vai contar nada a
ninguém, ou seu irmão vai me odiar.
Carla se jogou na cama no mesmo instante, e sorriu como se soubesse
de um segredo que eu não tinha ideia. Mas, que logo ela iria me contar.
Já tinha passado da hora do almoço e eu não tinha nenhum sinal de
Magie. Ela tinha se trancado no quarto desde cedo, e não tinha saído de lá.
Eu não ousei ir atrás dela dessa vez, não tinha ideia do que tinha causado
isso, mas, tinha quase certeza de que a culpa era minha.
Mesmo depois, da minha irmã chegar em casa com John, e logo
depois minha mãe, a Barbie continuou trancada naquele quarto.
Eu não pensei que ela iria se sentir mal pela loja. Mas, aparentemente
isso a afetou completamente. Eu só queria entender aquela garota, o que se
passava naquela cabecinha linda.
— Ei garanhão. — Estava tão distraído, com meus próprios
pensamentos que não percebi minha irmã na porta do quarto. — Vi a obra
de arte que deixou no corpo da Magie.
Porra! Não acredito que ela viu. Logo ela, a mais fofoqueira e
desbocada da família.
— Não sei do que você está falando. — Resmunguei dando de
ombros, e seguindo com o plano de não deixar ninguém saber sobre nós.
— Ahh claro! — Carla semicerrou os olhos, e terminou de entrar
vindo para o pé da cama. — Porque se não foi você... Só pode ter sido o
Luke.
— Então, deve ter sido ele. Afinal eles saíram juntos no outro dia. —
Insisti mesmo que deixasse um gosto amargo na minha boca, por ter que
dizer que foi outro cara que fez aquilo nela.
Carla franziu o cenho e tombou a cabeça de lado, claramente me
analisando, quase como se tivesse a certeza de que eu estava mentindo. Se
fosse minha mãe, ela saberia na hora que eu estava contando uma história
mais do que fajuta. Carla não era tão boa assim em decifrar as pessoas.
— Se você diz, então, tudo bem. Depois eu vou perguntar para ela
como foi a noite quente com o Luke. Ele deve ter feito um ótimo trabalho.
Porque a mulher está totalmente acabada. — Um sorriso de orgulho se
formou no meu rosto, mas logo se desfez quando ela continuou. — Eles
formam um belo casal. Acho que vou chamar eles para um encontro em
quatro. Eu e John, a Magie e o Luke.
Aquilo não tinha a menor graça, meu sangue ferveu na hora, em
imaginar ele desfilando com ela por aí, colocando aquelas patas sujas nela,
tentando seduzi-la, agindo como um maldito casal.
— Eles não são um casal. — Praticamente rosnei.
Eles não eram um casal e nunca seriam. Ela era muita areia para
Luke, ele nunca daria conta de uma mulher como ela. Só o mero
pensamento deles juntos como um casal, assumidos e felizes, me fazia
fechar as mãos em punho e querer arrebentar alguém.
— Eles podem não ser ainda..., mas, se continuarem transando desse
jeito, logo vão ser. — Ela falou chegando mais perto e fingindo arrumar
meu travesseiro, só para sussurrar no meu ouvido. — Magie sofreu com o
primeiro casamento, tudo o que ela mais quer agora é ser feliz e amada. Sei
disso porque eu me sinto do mesmo jeito e acredite quando digo que vou
me jogar, nos braços do primeiro homem, que me valorizar e gostar de
mim.
Sacudi a cabeça tentando não pensar nisso.
Magie não queria isso.
Queria?
Não! Era somente sexo entre amigos, apenas isso!
— Você acabou de separar. Ainda nem se divorciou e já está
pensando no próximo marido?
— Escuta aqui. Posso ter me separado agora, mas, isso já estava
passando na minha cabeça há muito tempo, e você sabe disso. Assim como,
com certeza, passava na cabeça da Magie. — Nisso ela estava certa. — E só
não estou divorciada ainda, porque o idiota sumiu, e Magie também não
está divorciada para sua informação. Mas, pelas marcas no corpo dela, já
está se jogando nos braços de outro homem.
Engoli em seco, com aquelas palavras. Ela estava se jogando mesmo
nos meus braços? Ou minha irmã estava ficando maluca? E, sim, ela ainda
não tinha se divorciado do desgraçado. Eu só não tinha ideia do porquê, já
que ele estava na cadeia e não tinha para onde fugir.
— Quem está se jogando nos braços de outro homem? — A voz dela
soou na porta me despertando e fazendo Carla se afastar.
— Você! — Minha irmã afirmou e a Barbie olhou de um para o outro,
parecendo perplexa. — Meu irmão estava me falando que, com certeza, foi
o Luke quem deixou essas marcas em você, no seu pescoço e nos seus
peitos.
Magie levou a mão, até a blusa de gola que estava usando e puxou
para cima, cobrindo qualquer outra marca. Ela já estava totalmente coberta,
provavelmente, porque minha irmã já tinha feito algum comentário
engraçadinho.
— Luke?
— É. Meu irmão e Luke são os únicos homens que você conhece
aqui. Eu deduzi que tinha sido meu irmão. Mas, o Ale negou, então Luke,
não é?
— Você é maluca. Já disse que não foi ninguém. — Magie sacudiu a
cabeça, entrando no quarto de uma vez.
— Me fala depois. Vou falar com John para nós quatro saímos juntos,
como casais. — Carla insistiu naquela ideia estúpida, e deu um tapinha, na
bunda de Magie quando passou por ela.
Ela tinha ficado doida.
Só podia.
Carla tinha enlouquecido depois da separação, era a única explicação,
para que ela continuasse insistindo, nessa coisa idiota de encontro duplo. A
Barbie não ia a lugar nenhum. Não com Luke. Se ela quisesse alguém para
um novo relacionamento, tinha que ser com alguém a altura dela, e só então
eu a deixaria ir.
— Não sei como ela acha que é normal, ficar dando em cima do
segurança que estava xingando até ontem.
— Acho que ela não está dando em cima dele. Pelo que ela me disse,
os dois se querem. Mas, as coisas ficaram estranhas ontem à noite. —
Magie confidenciou, me deixando preocupado. Não queria minha irmã se
envolvendo com outro homem problema. — Mas, eu vim aqui por outro
motivo. Preciso me desculpar com você.
Aquilo sim me surpreendeu. Ela se sentou do meu lado, dando uma
olhadinha rápida na porta para ver se ninguém estava nos vendo, e então
voltou os olhos azuis para mim.
— Se for por mais cedo, não precisa se desculpar, Barbiezinha.
— Preciso sim. Eu saí daqui como uma louca e te deixei sem saber o
que estava acontecendo, agi como uma completa maluca. — Ela encarou as
próprias mãos, tentando esconder o que sentia. — Mas, a verdade é que...
Eu não sabia como lidar, com tudo o que você fez por mim.
Aquilo era a última coisa que eu esperava. Pensei mil motivos
diferentes e nenhum chegou perto disso.
— Magie... — Segurei seu queixo e ergui o rosto querendo que ela
me olhasse.
— Você é muito bom. Sua família toda é muito boa para mim. Não
esperava que fosse me arrumar um lugar, onde eu pudesse montar uma
doceria para vender os bolos. — Ela suspirou e agarrou minha mão, mas,
não a afastou de seu rosto. — A verdade é que quando eu saí de casa no
meio daquela tempestade, depois de quase ter morrido, não achei que fosse
conseguir me erguer tão rápido, que em tão pouco tempo eu ia ter
descoberto que era boa em algo mais, do que apenas ser uma boneca usável.
— Você veio para o lugar certo, veio para onde deveria estar desde o
começo! — Murmurei acariciando a maçã do rosto dela e querendo beijá-la.
— Eu tenho que agradecer você por ter me obrigado a ficar. Se não
tivesse sido firme e grosso com as palavras, eu teria ido embora. Mesmo
sem ter para onde ir.
— Então, que bom que eu fui irritante com você desde o começo. —
Puxei seu rosto para perto do meu e plantei um beijo rápido em seus lábios.
— Obrigada, por tudo isso que está fazendo por mim. Não sabe o
quanto eu sou grata, por isso, e prometo que vou te pagar tudo, assim que
começar a ganhar um pouco de dinheiro! — Ela afirmou parecendo mais
tranquila agora. Até parece que eu me importava com esse dinheiro, eu
daria muito mais, só para ver aquele sorriso nos lábios dela.
— Você pode me pagar de outro jeito. — Falei baixinho e deslizei o
polegar sobre o lábio dela.
Magie entendeu na hora o que eu estava falando, e abriu a boca
sugando meu dedo entre os lábios macios, antes de dar uma mordidinha na
ponta.
Porra. Ela sabia como me excitar e me deixava completamente louco,
com uma coisa tão pequena. Desejo correu em minhas veias, a vontade era
de simplesmente fechar aquela porta e deixar que os nossos gemidos
mostrassem a todos na casa o que realmente estava acontecendo entre nós.
— Eu vim trazer seu almoço. — Foi a voz da minha mãe, que me fez
afastar ela com tanta rapidez que Magie quase caiu no chão, quando se
desequilibrou com a velocidade com que empurrei seu corpo. — Tudo bem,
aqui?
Eu era um filho da puta, por fazer isso com ela. Mas, eu achava que
esse era o melhor para nós dois, que ninguém soubesse o que estava
acontecendo, para que as coisas não se complicassem ainda mais.
Quando meu olhar encontrou com o dela, não foi assim que me senti,
só aumentou o sentimento de ser um tremendo de um babaca.
— Tudo bem, Rosa. Só estava agradecendo ao seu filho por me ajudar
tanto. Agora, vou indo.
— Ei, não quer almoçar comigo? — Perguntei com esperança de que
pudesse me desculpar pelo empurrão, ela se virou e sorriu com inocência.
— Não. Luke me chamou para sair. Ele já deve estar chegando.
Franzi minha testa, enquanto sentia meu coração disparar no peito e o
meu sangue ferver. Quase como se tivesse cronometrado o som da buzina
soou no andar de baixo, aumentando o meu estado de ódio.
Não podia acreditar que ela estava fazendo isso mesmo, minha mente
se recusava a processar que Magie estava indo a um encontro, com Luke,
depois de ontem, depois da nossa noite e da conversa que acabamos de ter.
— É, a dor de cotovelo já começou! — Minha mãe falou,
aumentando minha revolta. — Ou assume a garota. Ou perde, idiota! —
Exclamou já na porta.
E tudo o que eu podia fazer, era desejar que nada acontecesse entre
eles, que Luke não se atrevesse a fazer nada, e que minha irmã estivesse
errada sobre Magie querer um novo relacionamento. Um novo amor.
Eu tinha contado tudo para Carla, e ela insistiu que o irmão não seria
estúpido, em continuar por muito tempo nessa história, de manter tudo
escondido. E que se ele estava mesmo fazendo tudo isso por mim, já tinha
sentimentos envolvidos.
É claro que eu ri como louca. Não havia sentimento nenhum
envolvido. Nem da minha parte, nem de Alejandro, nós dois nos víamos
apenas como amigos.
E é claro que ela não se deu por vencida com minha explicação, ela
tinha que ir provocar o irmão no quarto dele. A veia casamenteira dela era
igual a de Rosa, não podiam ver duas pessoas se olhando que já queriam
formar um casal.
Tenho que confessar que quase soquei a cara dele, quando em um
segundo me tratou de forma tão doce, e em outro, bastou ouvir a mãe, para
me empurrar para longe.
Sem dúvida nenhuma, não tinha o menor sentimento de paixão ali, era
apenas amizade e tesão!
— Vai mesmo sair com Luke? — Carla me parou no fim da escada.
— Já disse, Luke me chamou para um barzinho, no centro da cidade.
— Ela semicerrou os olhos e eu quase podia ver as engrenagens se
movimentando, formando ideias. — Antes que comece com suas teorias, as
amigas dele vão estar lá também, não é um encontro romântico.
— Meu irmão, com certeza, está se roendo de ciúmes por saber que
você vai sair com Luke, vou deixá-lo continuar pensando que é um
encontro.
Eu gargalhei sacudindo a cabeça e conferindo minha bolsa uma
última vez.
— Continue pensando isso, você é a única. Nesse momento seu irmão
está no máximo se martirizando, por estar com a perna machucada e não
poder ir atrás de qualquer outra garota. — Murmurei abrindo a porta e
torcendo para que ela encerrasse o assunto.
— Você não conhece mesmo o meu irmão. — Ela continuou vindo
atrás de mim. — Mas, não vou ser eu a contar, vou deixar que se apaixone
sem que perceba, só pra te ver cair do cavalo. — Revirei os olhos, ainda
rindo e andando até o carro com ela colada em mim. — Vai acontecer o
mesmo com ele, eu sei.
— Vamos fazer uma aposta, no dia que isso acontecer eu faço o que
você quiser. Mas, até lá, eu vou continuar desacreditando e vou me divertir.
Ela enfiou a cabeça pela janela encarando Luke seriamente, por sorte,
ela não falou nada, ficou quieta ou me mataria de vergonha. A última coisa
que eu precisava era que Luke soubesse que eu estava transando com o
melhor amigo dele, depois que quase fui para cama com ele no outro dia.
— O que foi, Carla? Quer ir pra noitada também? Garanto que tem
espaço.
Seria uma boa. Mas, eu sabia que ela tinha outros planos, envolvendo
confrontar John e descobrir o que deu nele na outra noite.
— Boa noite para vocês! Traga ela inteira Luke, ou Ale arranca sua
cabeça! — Aquelas palavras me fizeram virar o rosto na direção da casa,
procurando por ele, mas só vi a luz acesa em seu quarto.
— Pode deixar, que vou cuidar muito bem dela! — Ele garantiu a ela
antes de ligar o carro saindo de lá.
— Desculpa, por isso. — Murmurei sem saber o que dizer depois da
inquisição de Carla. — Ela é mesmo incontrolável.
— Conheço bem a peça. Praticamente vi ela crescer. Conheci o Ale,
quando ele começou a trabalhar na boate. Carla tinha apenas, quinze anos.
— Na boate de stripper? Você trabalhava com ele? — Questionei
surpresa, eu sabia que eles eram bons amigos e que Luke tinha um corpo de
matar. Mas, não tinha ligado os pontos ou imaginado ele trabalhando lá.
— Claro! Eu já fazia isso há um tempo, quando ele acabou ouvindo
falar do lugar e resolveu tentar a chance. — Luke começou a me dar a
história completa sem eu precisar perguntar. — Ale trabalhava em dois
lugares na época. Trabalhava na construção durante o dia e de segurança a
noite. Ele viu que na boate ele conseguiria bem mais dinheiro, então,
começou a trabalhar lá também.
— Não sei nem o que dizer. Convivi com Rosa durante anos naquela
casa, e nunca nem desconfiei de como eram os filhos dela ou a vida fora
daquela casa.
Estava começando a ver que estive dentro do meu mundo por muito
tempo, presa dentro da minha própria dor e sofrimento, para perceber
qualquer coisa em volta. Já tinha visto isso com Sophie e agora com Rosa
também.
— É. Então, como o pai dele abandonou, dona Rosa com todos os
filhos e apenas a casa, ele largou a escola para trabalhar e ajudar a criar as
irmãs. — Ele me confidenciou, me surpreendendo ainda mais. — As
pessoas eram cheias de preconceitos. Mas, Alejandro tinha dezenove anos,
trabalhava como um condenado e ainda não era suficiente.
— Dezenove? Uau, quer dizer, ele era tão novo e com tanta
responsabilidade. — As palavras saíram antes que eu conseguisse perceber.
Não tinha conversado com ele sobre isso. Carla me disse, apenas,
sobre ele ser um stripper. Tudo o que Luke estava contando, era bem mais
do que eu podia esperar.
A irmã dele tinha razão ao dizer que eu não o conhecia. Já o achava
uma pessoa com um coração enorme, mas ouvindo mais sobre a história
dele, via que era ainda maior do que imaginei.
— Bella dava uma chance a qualquer um que precisasse e se
dedicasse, ela tem um olhar para arrumar talentos até hoje.
— Bella? A chefe de vocês era uma mulher? — perguntei ainda mais
interessada na história, quanto mais ele falava mais eu queria saber.
— Era sim, chefe e amiga. Ela é a dona do lugar e tem outras casas de
show espalhadas pela cidade, a mulher construiu um verdadeiro império. —
Ele continuou. — Bella também veio de baixo como a gente, e quando
herdou aquela espelunca do pai, decidiu transformar em algo totalmente
diferente. Inclusive, ela também vai para o barzinho hoje à noite.
— Já estou ansiosa pra conhecê-la. — Uma mulher tão
empreendedora, me fazia sentir ainda mais animada sobre o assunto.
Sempre estive cercada por homens de negócios e todos os que
conheci, eram porcos nojentos. Mas, agora, com a ajuda de Alejandro e da
mãe dele, eu era a mulher de negócios!
Não demorou para que chegássemos ao bar aconchegante, com luzes
do lado de fora iluminando a fachada de madeira.
— Bem-vinda ao Jack's, o bar que nós mais amamos por aqui. —
Luke me ajudou a descer e quando subimos os poucos degraus um grito da
área de fora nos chamou a atenção.
Eu reconheci na hora alguns amigos dele da outra noite, várias mesas
foram colocadas juntas e todo mundo conversava e sorria animados.
— Aí está a modelo que eu falei! — Uma das amigas dele gritou, me
arrancando um sorriso largo, porque tinham insistido em me chamar assim e
isso só me lembrava de Ale, me chamando de Barbie.
— Ela é linda mesmo! — Uma morena cheia de curvas exclamou
atraindo minha atenção e estendendo a mão na minha direção. — Eu sou a
Bella e esse aqui é o Will. — Ela apontou para o homem ao lado dela com o
celular na orelha tentando ouvir algo.
— Prazer em conhecer, Luke estava me contando sobre seu império
de Homens sem roupa. — Eu disse puxando assunto enquanto me sentava
perto dela.
Will se engasgou, me olhando com os olhos arregalados e ela
gargalhou ao lado dele, me deixando totalmente confusa.
— Não liga não, Will trabalhou lá por alguns meses, já saiu, mas
ainda é um puritano. — Bella falou ainda rindo e o homem só revirou os
olhos, finalmente desligando o celular e olhando para ela.
— Vocês é que não tem vergonha de nada. — Ele resmungou sério
encarando a mulher, que não se intimidou e inclinou para frente, se
aproximando o suficiente para dar uma mordida no lábio dele.
— Esqueci de falar, ele também é meu namorado.
— Marido! — O homem rosnou a corrigindo e mostrando a aliança,
Bella só resmungou o imitando, arrancando risadas de todos na mesa.
— Não liga não. — Luke disse a minha esquerda. — Eles brigam
assim sempre, Bella tenta esconder que Will a dobrou e derreteu o coração
de gelo dela.
Todos começaram a concordar falando ao mesmo tempo, enquanto
ela sacudia a cabeça negando com um sorriso contido nos lábios e o homem
ao seu lado agarrava sua mão.
Era uma cena bonita de se ver, um casal feliz e apaixonado, mesmo
que ela tentasse fingir que não, o olhar que os dois trocavam gritava mais
alto que qualquer palavra.
— Eu estava contando a ela sobre, quando Alejandro começou a
trabalhar para você.
— Oh é mesmo, você está morando com ele! — Ela exclamou
voltando os olhos para mim. — Como é ficar com aquela beldade?
Engoli em seco, enquanto todos a minha volta esperavam por uma
resposta, eu me forcei a lembrar que todos ali eram amigos dele, eu não
podia deixar que soubesse de nada, ou Ale poderia me odiar.
— Não estou ficando com ele! — Fui enfática torcendo para que
acreditassem. — Alejandro só está me ajudando, desde que bati na porta
dele machucada e sem ter para onde ir, ele me abrigou e junto com a mãe
tem me ajudado a me erguer.
— Awnn, Ale tem um coração enorme! — Uma mulher na mesa
exclamou e os outros concordaram. — É uma pena que ele nunca teve sorte
no amor.
— Não mesmo, e depois daquela vadia da Gabriela ele nunca mais se
apaixonou. — Um dos caras falou atraindo minha atenção ainda mais.
— Gabriela? — Eu não tinha ideia de quem era essa, nunca tinha
escutado sobre os relacionamentos dele ou qualquer outra coisa sobre uma
mulher que tenha destruído o seu coração.
— Oh, você não sabe? — Foi Bella quem perguntou e eu neguei com
a cabeça. — Ela era a namorada dele desde a adolescência, Ale fazia tudo o
que estava ao alcance dele por aquela mulher, beijava o chão que ela pisava
e quando ela engravidou ele ficou ainda mais devotado.
— Grávida? — A pergunta pulou da minha boca antes que eu pudesse
conter.
— Isso mesmo, ele estava começando a ganhar um pouco melhor,
estava conseguindo estabelecer as contas da casa e animado em comprar
tudo para o bebê. — Luke confidenciou. — Mas, ela decidiu tirar o bebê em
uma noite e tomou alguns remédios, indo parar no hospital com uma
hemorragia.
Meu coração se apertou no peito e meu estômago pareceu congelar,
com aquela notícia. Todo meu corpo entrou em alerta, enquanto minha
mente formava a imagem de Alejandro mais jovem sofrendo por perder o
filho.
— Eu nunca vou esquecer do rosto dele quando saiu do palco e nós
demos a notícia. — Bella voltou a falar e a tristeza parecia ter tomado a
mesa. — Quando ele chegou no hospital, ela disse na cara dele que fez isso
porque não queria um bebê de um cara pobre e finalmente tinha se dado
conta que precisava fazer algo.
— Meu Deus! — Eu sussurrei enquanto os outros começavam a falar
ao mesmo tempo.
— Ele ficou arrasado, sofreu tanto quando ela se foi.
— Nem parecia o mesmo cara, parecia até que tinha perdido a razão
de viver.
— Mas, foi bem pior quando ela voltou...
— Na verdade acho que foi melhor! — Bella exclamou
interrompendo o falatório. — Se a vadia não tivesse voltado e roubado ele.
Ale poderia estar até hoje sofrendo por ela. — Minha boca caiu aberta em
choque. — Ela voltou um ano depois, dizendo que o amava e que tinha se
arrependido, ele se iluminou novamente, ganhou vida até que dois meses
depois Gabriela foi embora levando todas as economias dele.
Eu não sabia nem o que dizer diante de toda aquela informação, meu
cérebro estava trabalhando dobrado tentando processar tudo, enquanto eu só
me perguntava como ele conseguia ser bom depois de tudo isso.
— Por isso, ele teve que continuar trabalhando como stripper até dois
anos atrás, quando finalmente conseguiu o dinheiro suficiente para a
oficina. — Luke contou empurrando meu ombro, tentando arrancar alguma
reação de mim, que não fosse o espanto.
— Ok gente, o clima ficou pesado aqui!
— Já chega, vamos voltar a beber e falar de coisa boa! — Ouvi
gritarem ao longe e sorri fingindo estar animada.
Mas, minha mente estava em Alejandro e tudo o que eu queria fazer
agora, era abraçá-lo e agradecer ainda mais por não ter deixado que tudo o
que passou o mudasse. Como ele tinha dito para mim no outro dia, ele
poderia ter se tornado uma pessoa amarga e fechada. Mas, ele não era
assim. Ale me ajudou assim que eu cheguei, me ajudou sem questionar
nada.
E assim que cheguei em casa já pela manhã, eu fui direto para o
quarto dele, e para minha surpresa, assim que empurrei a porta, o encontrei
me encarando com os olhos abertos e o rosto amassado de sono.
— Se divertiu muito hoje? — Ale perguntou com a voz sonolenta e se
remexeu na cama, se apoiando nos cotovelos para me olhar melhor.
— Me diverti e conheci mais dos seus amigos. — Falei enquanto
tirava a roupa que estava usando e andei até ele. — Posso?
Ele sorriu e afastou a coberta me dando espaço para subir ao seu lado,
e eu não esperei nem mais um segundo para me aconchegar junto a ele e
agarrar seu rosto, tomando seus lábios.
— Pelo jeito não veio aqui só para dormir. — Afastei meu rosto, mas,
ele não me deixou ir longe me segurando pela nuca.
— Não quero atrapalhar seu sono, podemos só dormir se quiser.
— Você é exatamente o que eu quero agora! — Exclamou antes de
voltar a me beijar.
Ela veio atrás de mim!
Foi o que a minha mente gritou, assim que ela entrou no quarto
parecendo apressada. Eu ouvi o carro estacionando e a porta da frente sendo
aberta, mas, não esperava que logo ela apareceria na porta do meu quarto
vindo atrás de mim.
— Posso? — Magie perguntou depois de tirar a roupa.
Aquilo me arrancou um sorriso. Ela não tinha que pedir, podia ter se
jogado na minha cama, me assustando que eu ia adorar.
Joguei a coberta para o lado, em uma resposta silenciosa e ela subiu
rapidamente, suas mãos envolveram meu rosto, grudando nossos lábios em
um beijo faminto.
Ela tinha vindo decidida e estava deixando claro o que queria. Eu não
podia estar mais feliz, em saber que ela não quis Luke ou qualquer outro
cara no bar. Não, ela veio atrás de mim.
— Pelo jeito não veio aqui só para dormir. — Murmurei contra seus
lábios e ela se afastou um pouco, a agarrei, não querendo distância entre nós
dois.
— Não quero atrapalhar seu sono, podemos só dormir se quiser. —
Ela falou parecendo preocupada em ter atrapalhado meu sono. Mal sabe ela
que foi a surpresa mais gostosa que eu podia imaginar.
— Você é exatamente o que eu quero agora! — afirmei puxando-a
pela nuca e tomando os lábios carnudos.
O desejo sobe por meu corpo, se espalhando em cada pedacinho,
enquanto, sinto seu corpo frio da noite contra o meu quente. A curva dos
seios se esfrega contra meu peito e eu levo minha mão até suas costas,
procurando o fecho do sutiã, para livrá-la dele.
Deslizo as alças por seus braços com uma delicadeza além do normal,
pois mesmo que o fogo queime dentro de mim eu quero ver ela se contorcer
e gemer, pedindo por mais a cada segundo.
Quando a Barbie finalmente estava livre do sutiã empinou os seios,
em minha direção, buscando meu toque e eu fiz exatamente o que ela
queria, segurando firme o seio pesado e esfregando o mamilo duro contra a
palma da minha mão.
Ela gemeu empurrando seu corpo ainda mais contra o meu, senti seus
dedos descerem por meu abdômen, até a cueca que eu vestia.
No mesmo instante que ela agarra meu pau, eu desvio os lábios do
dela, gemendo e descendo a boca por sua pele, os dedos rápidos de Magie
se enfiam em minha cueca, e não demora para que ela esteja subindo e
descendo por minha extensão, me deixando ainda mais duro.
— Porra, Barbie. Quero sentir seu gosto! — Suguei a carne em seu
pescoço descendo em busca dos seios. — Preciso de você!
Fechei meus lábios em volta do mamilo e o gemido dela se espalhou
pelo quarto, fazendo meu pau pulsar contra sua mão.
Suguei o mamilo sensível com mais força, enchendo o quarto com o
som de sucção deixando ainda mais duro em minha boca, antes de
contorná-lo com a língua.
Senti uma mão dela agarrar meus cabelos, me apertando com força
contra sua pele, enquanto minha outra mão descia até o centro de suas
pernas. O tecido da calcinha já estava molhado, me dando uma ideia de
como estaria sua boceta.
— Oh meu Deus... Ale! — Ela gemeu, quando puxei o tecido o
suficiente para que eu tivesse espaço, para deslizar meu dedo dentro dela.
As paredes apertadas estavam completamente encharcadas, molhando
meus dedos, enquanto eu socava querendo deixá-la a beira do precipício.
Quando ela começou a rebolar contra os meus dedos gemendo cada vez
mais alto, eu tirei os dedos de dentro dela e os levei até a boca.
Magie me encarou engolindo em seco, enquanto eu chupava meus
dedos sentindo seu gosto se espelhando em minha boca.
— Caralho de boceta gostosa! — Rosnei sentindo meu pau babar,
querendo estar dentro dela. Mas, antes eu precisava de outra coisa. — Senta
na minha cara Barbie. Eu preciso te chupar, até você gozar na minha boca.
Ela suspirou e seus olhos brilharam ainda mais excitada com as
minhas palavras. Eu sabia que ela gostava de ouvir sacanagem e com ela...
Porra. Tudo era fodidamente perfeito com aquela mulher.
— Tenho uma ideia melhor. — Ela sussurrou, se remexendo até estar
livre da calcinha.
Eu esperava que ela fosse se erguer e sentar na minha cara. Mas, antes
que eu pudesse prever Magie virou com a bunda redonda em minha direção
ficando de quatro e me dando uma visão de suas duas entradas.
Tive que me segurar para não acertar um tapa naquela bunda linda e
marcar sua pele clara com meus dedos. Porque se eu fizesse isso, com
certeza, acordaria a casa toda.
Ela jogou a perna de um lado, ficando em cima de mim e deixando
sua boceta brilhando de excitação bem perto do meu rosto.
Eu subi as mãos por suas coxas, contornando até chegar a sua bunda,
enquanto minha boca, espalhava beijos na pele macia das pernas dela.
Magie puxou minha cueca e sua boca desceu por meu abdômen, indo
em direção ao meu pau. Só então eu entendi o que era sua ideia melhor: o
famoso “meia nove”.
— Caralho! — Rosnei contra sua pele, e senti sua língua contra
minha pélvis, lambendo bem perto do meu pau, o evitando em uma
provocação.
Ergui minha cabeça um pouco mais e fechei meus dentes contra sua
bunda, arrancando um arquejo de surpresa com a mordida. Magie jogou a
cabeça para trás me encarando sobre o ombro e eu sorri, deslizando minha
língua por sua pele marcada até seu buraco apertado.
O corpo todo dela estremeceu e as pálpebras vibraram se fechando,
enquanto eu esfregava a língua por seu cuzinho. Dando uma ideia de onde
eu a foderia logo, logo. Não hoje. Queria fazer isso quando essa maldita
perna estivesse normal e eu pudesse fodê-la de todos os jeitos possíveis.
A boca da Barbie, finalmente, sugou a cabeça do meu pau, antes
abocanhá-lo, me arrancando um rosnado. Ela me chupava com força, me
deixando ainda mais duro e louco para me enterrar dentro dela, foi
pensando nisso que desci minha boca até sua boceta.
Deslizei minha língua entre as dobras dela sentindo seu gosto e sua
excitação escorrer em minha boca. Quando alcancei o clitóris, o massageei
com minha língua. Ela gemeu com meu pau em sua boca.
Magie rebolou contra minha língua e eu não consegui me conter,
acertei um tapa em sua bunda empinada. Ela pulou para frente com a
surpresa e meu pau foi ainda mais fundo em sua boca me arrancando um
gemido gutural.
Agarrei suas coxas e a puxei para baixo, me sufocando com sua
boceta molhada. Suguei seu clitóris inchado, ela ergueu o tronco gemendo,
à medida que, eu continuava a chupá-la.
Não tinha como me cansar daquele gosto, dos sons que ela fazia, do
seu corpo se derretendo com meus toques, enquanto, ela se desfazia em
prazer.
A mão dela ficou ali parada segurando o meu pau. Ela,
provavelmente, tinha perdido toda a noção do que estava fazendo, à medida
que, eu continuava lamber e chupar sua boceta, não esquecendo nenhum
cantinho.
— Eu não... Ale, não dá mais...
Não precisava de suas palavras, para saber que ela estava perto, que
não aguentaria muito mais. O cheiro de sua excitação estava em todo meu
rosto, marcando seu cheiro em minha mente e em meu corpo. Meu pau
pulsou desesperado para estar dentro dela, quando sua mão me apertou com
mais força, chegando ao seu limite.
Ela finalmente explodiu, gozando, estremecendo em cima de mim. E
eu continuava com a língua em sua intimidade. Magie se curvou
escondendo o rosto contra meu corpo e tentando conter os gemidos,
enquanto, se desfazia em minha boca.
Foi a minha vez de entrar em desespero, não aguentaria mais esperar
para me enterrar dentro dela, não podia esperar mais para sentir suas
paredes me apertando.
Ela ergueu o tronco, provavelmente querendo mudar a nossa posição,
mas eu tinha outros planos. Segurei sua bunda e a empurrei de encontro a
minha pélvis, ela me olhou sobre o ombro, e antes que fizesse qualquer
outro movimento eu agarrei seu pescoço e puxei seu corpo de encontro ao
meu.
Suas costas agora estavam contra meu peito e sua bunda bem em
cima da minha ereção. Empurrei minhas pernas contra as dela, a abrindo
ainda mais e deslizei meu dedo em suas dobras a provocando um pouco
mais.
— Está apressada, Barbie? — perguntei com a boca contra sua orelha
e senti seu corpo estremecer contra o meu.
— Acabe logo com isso, acabe com o fogo que me queima por
dentro! — Ela esfregou sua entrada contra meu pau quase o engolindo. —
Preciso de você dentro de mim! — Suas últimas palavras saíram quase sem
fôlego e eu acabei com o nosso sofrimento.
Deslizei meu pau para dentro dela, sendo recebido pelas paredes
molhadas e apertadas.
— Oh porra! — Rosnei sentindo suas paredes de verdade, sem nada
nos separando. — Esqueci a camisinha...
— Não ouse parar agora. — Ela me interrompeu e rebolou, me
impedindo de sair de dentro dela e engolindo meu pau até a base.
— Caralho! É como um pedaço do céu. — Rosnei quando ela
começou a se mover em um vai e vem tomando meu pau, conforme queria.
— O paraíso em forma de boceta.
Eu podia me arrepender depois por esquecer o maldito preservativo.
Mas, agora eu não poderia parar, não tinha a menor chance.
Segurei a cintura dela a parando no lugar e comecei a fodê-la,
precisando aumentar a velocidade.
Seus gemidos se tornam mais altos, mostrando o quanto ela também
está perdida em prazer assim como eu. Eu não posso parar ou diminuir, suas
palavras começam a sair de forma desconexa e ela rebolava contra mim,
unindo sua mão a minha em sua cintura.
— Ale, ahhh... Não vou durar oh... Isso é... — Quando os gemidos se
tornam gritos, eu sou forçado a levar a mão a sua boca, diminuindo os seus
sons e prendendo seu ar.
Aquilo despertou algo primitivo dentro de mim, um desejo fora do
normal e eu fiquei meus pés na cama erguendo os nossos quadris e a
fodendo ainda mais rápido, mais forte e mais fundo.
Sinto as unhas de Magie cravarem em minha pele, rasgando minha
mão, enquanto, ela recebe todas as minhas estocadas, levando meu pau
fundo em sua boceta cada vez mais apertada.
As paredes se contraem em volta do meu pau e eu não sei ao certo se
ela está fazendo de propósito, ou está começando a gozar novamente.
Eu tenho a minha resposta, quando ela me aperta além do limite e seu
corpo todo começa a tremer em cima do meu. Ela está gozando e me
levando junto com o aperto ferrenho das suas paredes.
— Caralhooo! — Rosnei trincando os dentes, quando lembro que não
estou usando a porra da camisinha.
Me forço para fora dela e no segundo seguinte, minha porra está se
derramando em sua coxa, fazendo uma bagunça completa. Minha Barbie
não parece se importar, que eu marque sua pele e faça aquela bagunça. Ela
tem um sorriso preguiçoso, enquanto esfrega os dedos nas gotas brancas e
desce até meu pau.
— Sabe, poderia ter gozado dentro de mim. — Ela murmurou com a
voz ainda entrecortada e suas palavras quase me deixam duro novamente.
— Eu não posso engravidar, então não tem perigo.
Ouvir suas palavras me deu uma pontada de tristeza no peito e não
pude evitar de imaginar como ela ficaria linda grávida, com uma barriga
enorme. Tratei de apagar aquela imagem da minha mente e sorri virando
seu corpo de encontro ao meu.
— Você sabe bem como fazer uma noite ir de chata e tediosa, para
quente e sexy. — Falei esfregando meu polegar em seu lábio inferior.
— E você sabe bem como fazer uma mulher precisar de um banho. —
Ela sorriu plantando um beijo rápido em meus lábios, antes de se levantar
me deixando confuso.
— Aonde vai? — Perguntei antes que conseguisse me conter.
— Vou tomar um banho, e deixar você voltar para o seu sono. — Ela
se curvou pegando as roupas e foi em direção a porta dando uma espiada do
lado de fora.
Todo meu corpo e mente gritaram para que eu a parasse, para que a
chamasse para um banho no meu banheiro, ou que pedisse que ela ficasse
essa noite, que dormisse comigo. Mas, eu não consegui fazer nada, só fiquei
ali paralisado com meu peito apertado e um bolo se formando em minha
garganta, a olhava ir embora. Que porra estava acontecendo comigo?
A cada dia que passava eu ficava mais boba com tudo o que estava
descobrindo de Alejandro. Não só na cama, como também na vida. Ele era
uma ótima pessoa, com todo mundo, não importava o que estava
acontecendo, ele sempre arrumava uma solução, sempre dava um jeito de
amenizar todos os problemas. Estava dando todo apoio a irmã e não parava
de me ajudar com as coisas da loja.
E quanto mais eu pensava nisso e passava um tempo com ele, mais eu
sentia que estava me apaixonando por ele. Aquilo era um erro, um completo
e enorme erro.
Ale não me queria, só me via como uma amiga colorida. Ele queria
filhos, uma família grande, e eu não poderia dar isso a ele nunca.
Observando-o ali dormindo, tranquilamente ao meu lado, com o dia
raiando do lado de fora, e eu prestes a fugir para me esconder em meu
quarto, antes que qualquer um visse, eu me dava conta disso.
Deslizei meus dedos em seu peito, que subia e descia calmo, o
coração batia em um ritmo constante, enquanto ele ressonava. Como eu
queria ter aquele coração, como queria que Alejandro se apaixonasse por
mim também.
— Deixe de sonhar, Magie. — Murmurei para mim mesmo. Ele se
mexeu um pouco na cama, abrindo os olhos que faziam meu coração
disparar.
— Falando sozinha, Barbie? — Ele perguntou com a voz sonolenta
fazendo meu coração disparar.
— Apenas, me lembrando, que tenho que sair antes que sua mãe
acorde. — Murmurei suspirando e criando forças pra sair da cama.
Droga, era por isso que eu precisava sair daquela casa o mais rápido
possível, eu precisava ficar longe dele, até enterrar esse sentimento.
Morando com ele era difícil de ignorar aquela beleza, aqueles olhos, o
sorriso sedutor e ainda tinha aquele corpo de matar.
— Se continuar me olhando assim, vou me esquecer da minha mãe e
te jogar nessa cama. — Ale falou, sentando e me dando mais uma visão do
seu corpo.
— Não podemos. — Murmurei a contragosto, enquanto começava a
pegar minhas roupas do chão.
Na semana passada, Rosa tinha encontrado uma calcinha minha,
jogada no quarto dele e tivemos que inventar a história mais sem sentido.
Alejandro jurou que a mãe tinha derrubado ali quando veio buscar as roupas
sujas dele.
— São seis horas. Não precisa fugir de mim agora. Minha mãe não
acorda tão cedo assim. — Ele insistiu me tentando ainda mais.
Eu não podia ceder agora, tinha passado uns bons vinte minutos
observando-o dormir, como uma maluca apaixonada, e agora que estava
fora da cama dele tinha que sair dali, não podia voltar para lá, seria ainda
mais difícil sair depois.
Ou até mesmo dolorido. Sempre sentia meu coração doer, quando ele
me empurrava para longe, ou me escondia. Outro dia, fui jogada para
debaixo da cama quando Carla apareceu do nada.
— Esqueceu que vai hoje para o médico tirar esse gesso? Com
certeza, ela vai acordar mais cedo. — O lembrei, usando aquilo como a
desculpa perfeita, para correr para longe dele.
Ouvi Ale bufar atrás de mim, quando me virei e sai de lá. Fechei a
porta atrás de mim, ficando parada no corredor, usando apenas a lingerie
com todas as roupas no braço, fazendo a caminhada da vergonha.
Eu tinha que parar com isso.
Estava na hora de começar a me valorizar um pouco, ao menos.
A porta do quarto de Carla abriu, me surpreendendo. Eu nem sabia
que ela tinha vindo passar a noite em casa. As costas e o corpo masculino
saíram de fininho do quarto, andando na ponta dos pés, em direção as
escadas. Então, John parou e olhou para trás dando de cara comigo.
— Temos que dar um jeito nas nossas vidas, não é? — Falei e acenei
com a cabeça, antes de entrar no meu quarto deixando-o para trás com a
própria vergonha.
Como podia as coisas continuarem desse jeito? Nunca imaginei que
minha vida fosse ficar assim hoje. Primeiro, fugi do desgraçado de Charles,
me escondendo com medo. Agora estou me apaixonando por um homem
totalmente inesperado, um homem por quem nunca imaginei me apaixonar.
Onde eu tinha me metido, senhor? Enfiei a cabeça entre as mãos e
andei até a janela, vendo o céu tingindo em tantas cores no raiar do sol. Era
uma bagunça entre laranja e amarelo. Animador e acolhedor. E o azul triste
e obscuro da noite. Parecia exatamente como eu me sentia por dentro. Toda
a escuridão que existia em mim, estava se dissipando aos poucos, com o
calor aconchegante da felicidade.
Meus olhos se desviaram para a rua, e eu vi uma figura parada do
outro lado da calçada, bem em frente a oficina. Não era a hora de abrir
ainda. Estava cedo demais para qualquer pessoa estar esperando por Luke.
A pessoa se virou, olhando diretamente para a casa de Rosa. Virou a
cabeça de um lado para o outro, parecendo realmente interessado na casa.
Quando começou a atravessar a rua eu tentei ver melhor, me aproximando
da janela devagar, com medo de ser vista.
O homem era muito alto e andou com passos largos até o portão. Os
óculos escuros que ele usava e o capuz da blusa, impossibilitava de ver
qualquer outra coisa.
Comecei a vestir as roupas que estavam nas minhas mãos, não me
importando que o vestido estivesse amassado, ou que fosse o mesmo da
noite passada. Eu precisava chamar John, agora.
O homem chegou ao portão e agarrou as grades, parecendo prestes a
pular. Me desesperei e gritei com medo, poderia ser o marido de Carla atrás
de vingança, querendo ferir ela ou qualquer um de sua família.
— JOHN! — Gritei, saindo do quarto e descendo as escadas com
pressa. — JOHN O PORTÃO!
Ele já estava na minha frente, antes que eu abrisse a porta, pronta para
enfrentar quem quer que fosse.
— Suba. E leve todos para o quarto de Alejandro! — Ele ordenou
destravando a arma e saindo para fora da casa.
Eu consegui ver o momento em que, o invasor avistou John, com uma
arma na mão e desceu do portão começando a correr para longe. John,
mesmo usando apenas as calças, saiu correndo descalço, pulou as grades do
portão com uma habilidade impressionante e correu perseguindo o maluco.
— MAGIE! — O grito de Alejandro, me trouxe de volta, e eu fechei
a porta da sala.
Peguei o taco de beisebol, que Rosa tinha escondido ali, me virei para
subir as escadas e cumprir as ordens de John. Mas, dei de cara com Ale na
altura das escadas, segurando uma arma em uma mão e se apoiando com a
outra na parede para não cair.
De onde tinha saído aquela arma? Por que ele estava de pé forçando a
perna? Eram só o começo das minhas perguntas. Mas, antes de eu começar
o interrogatório, Carla apareceu ao lado dele, e eu tratei de subir o resto dos
degraus.
— O que aconteceu? Por que você gritou? E onde John está? — Ela
disparou, parecendo assustada e eu não podia culpá-la.
— Um homem apareceu em frente a oficina. Depois se virou vindo
para cá e tentou subir no portão. Foi quando eu desci gritando por John. Ele
me mandou subir e disse para todos nós ficarmos no quarto, com Ale.
— Ele foi atrás de um homem? E que homem era esse? — Carla
continuou a perguntar, já começando a roer as unhas.
Rosa ouvia a tudo da porta do quarto. As mãos no peito olhando de
forma apreensiva, sem falar nada.
— Vamos fazer o que John mandou. Vamos para o quarto. — Falei
entregando o taco de beisebol para Carla antes de envolver o corpo de
Alejandro. Não querendo que ele forçasse a perna mais do que já tinha
forçado. A última coisa que precisávamos, era de outro tornozelo torcido.
Ele me deixou andar ao seu lado, apenas como um enfeite. Com a
mão em seu peito eu conseguia sentir o coração descompassado, batendo
tão forte e rápido que parecia querer rasgar o peito. Assim que alcançamos
a cama ele se sentou. Quando me virei para sair, ele agarrou meu pulso me
parando.
Os olhos dele desceram por todo o meu corpo. Como se procurasse
por algum machucado, ou qualquer coisa fora do lugar. Nossos olhos se
encontraram, e eu vi ali medo e desespero. Eu só não entendia o motivo
disso. Ele teve medo de que eu me machucasse? Que algo de ruim
acontecesse comigo?
— Você conseguiu ver o homem? — Carla perguntou, me forçando a
virar para ela, quebrando nossa ligação.
— Não. Ele estava usando um capuz e óculos escuro. Ele parecia...
Parecia saber exatamente onde estava. Porque ele olhou primeiro para a
oficina e depois virou para cá, observando todos os cantos, antes de vir em
direção ao portão.
— E se for ele, mãe? Se for ele e John correu atrás do maluco. — Ela
começou a tagarelar com a mãe. A mão de Alejandro, deslizando sobre a
minha, me atraiu de volta para ele.
— Por que você correu? — Ele questionou com a voz perigosamente
baixa. — Por que correu para John? E porque foi para a maldita porta,
Magie? — Ale não se alterou, enquanto me perguntava, só permanecia
atordoado.
Eu estava pensando. Me questionando, de o porquê, eu continuo
deixando-a sair do meu quarto às escondidas. Porque, simplesmente não
dava um basta naquilo e contava a todos que estávamos ficando?
Eu sabia que era o medo que ainda me rondava, medo de me envolver
com uma mulher, que ainda estava descobrindo o que queria da vida. Uma
mulher acostumada com uma vida de luxo. Medo porque tudo isso me
lembrava Gabriela.
Mas, os gritos de Magie me assustaram, me deixando em completo
choque. Eu ouvi os passos apressados dela, indo para o andar de baixo e me
movi pegando a arma na última gaveta da mesa de cabeceira.
Com muito sacrifício, consegui me levantar da cama e fui mancando
até a porta. Mas, quando escutei o barulho das grades sacudindo,
provavelmente, com alguém pulando, coloquei o pé no chão e fui apoiando
no gesso.
Que se foda qualquer coisa, eu só precisava chegar até Magie o mais
rápido possível. Quando a encontrei na escada, fiquei aliviado, ela não tinha
saído, estava bem e ali, na minha frente.
— Eu... John... ele é o segurança e você não deveria andar, eu tinha
que chamar por ele. — Era a tentativa dela de resposta. Mas, não era uma,
não de verdade. — Eu nem sabia que você tinha uma arma.
Desviei meus olhos para a arma, esquecida em cima da cama e voltei
para ela. Ainda sentindo o medo, de algo ter acontecido com minha Barbie,
mexendo com meu corpo.
— Você poderia ter sido morta. — Sussurrei, sem saber como colocar
tudo o que estava pensando para fora. — Por que correu para a porta? E se
ele tivesse uma arma? — Eu tinha a leve noção de estar sacudindo seu
corpo, mas não me importei e a puxei para mais perto, querendo olhá-la nos
olhos. — Tem ideia do que poderia ter acontecido com você?
O silêncio reinava no quarto, e pela primeira vez, não me importei se
estávamos sendo observados. Só estava preocupado com ela e não sabia se
ela entendia a gravidade do que tinha feito.
Eu pensei na primeira vez que a vi, machucada, molhada e com medo.
Ela podia ter sido morta, naquele dia nas mãos do marido lunático, podia ter
sido morta hoje também, por quem quer que fosse que tentou entrar aqui. E
a mera ideia de tê-la agora sangrando ou de baixo da terra me desmontava,
embrulhava meu estomago e me arrancava o ar.
Por que essa merda estava acontecendo comigo?
O barulho do portão sendo aberto, atraiu a nossa atenção. Carla correu
até a janela segurando firme o taco de beisebol, e eu peguei rapidamente a
arma na cama destravando, pronto para atirar em quem subisse. Me levantei
colocando Magie atrás de mim, em segurança.
— É o John! — Ela gritou e correu na direção dele. John já tinha
alcançado o segundo andar e marchava na nossa direção. — Ai meu Deus, o
que aconteceu com você?
— Foi de raspão, nada demais. — Ele disse afobado, parecendo estar
mais preocupado com outra coisa, que com o corte no braço.
— Você está sangrando John! Como não foi nada demais? — Minha
irmã insistiu, mostrando o quanto se importava com o garoto.
— Carla... Pegue o kit de primeiros socorros. — Eu interrompi, antes
que ela continuasse com o falatório, impedindo que ele nos contasse o que
aconteceu lá fora.
Carla me lançou um olhar nada feliz e mesmo relutante ela saiu de lá.
Minha mãe agarrou o braço de John, o puxando para se sentar na cama,
enquanto Magie, me forçava a fazer o mesmo.
— E então, o que aconteceu? Estou assumindo, que não pegou o cara,
ou não estaria aqui sentado.
— O desgraçado conseguiu fugir. Com certeza, já conhecia o lugar
aqui em volta, antes de tentar entrar. Ele sabia por onde fugir.
— Ele esteve nos vigiando. — Constatei o óbvio. — Mas, quem?
Conseguiu ao menos dar uma boa olhada no rosto dele? Alguma marca?
Tatuagem? Cicatriz? Qualquer coisa que dê para identificar?
Eu estava, ainda mais desesperado agora. A ideia de ter alguém nos
vigiando há um tempo e não termos a menor noção, fazia meu corpo ferver
de raiva e minha mente montar um milhão de cenários diferentes.
Carla voltou de pressa, se abaixou ao lado dele, levando as mãos ao
braço de John, começando a fazer o curativo com kit que pegou.
— A culpa é minha. — Minha irmã, falou enquanto limpava o
ferimento. — Preciso sair daqui, só assim vocês vão estar seguros.
— Não se precipite baixinha, não temos certeza de quem ele estava
atrás. Podia ser alguém enviado por Charles, atrás de Magie. São muitas
alternativas.
Baixinha? De onde tinha vindo aquele apelido e aquela intimidade?
Ele estava trabalhando com ela não fazia nem dois meses.
— Charles está falido. Com todos os processos que levantaram contra
ele, não sobrou mais nada para usar e pagar alguém para vir atrás de mim.
— Magie murmurou atraindo meu olhar, ela continuava olhando para o lado
de fora da janela e parecendo muito preocupada. — Além do que, ele
jamais viria atrás de mim. Eu não significo nada para ele. Sophie quem
expos a verdade para o mundo e Patrick matou o filho dele.
Não me passou despercebido, que ela disse aquilo sem emoção
alguma. Minha Barbie não se importava em não significar nada para o
desgraçado, na verdade ela parecia até aliviada, que ele não tivesse motivos
para vir atrás dela.
Mas, ela estava certa sobre Sophie e Patrick. Eles seriam um alvo
bem mais importante para Charles. Podíamos descartar a ameaça do velho
infeliz.
— Se ele veio em casa e estava de olho na oficina, só pode significar
que é sobre nossa família. — Constatei o óbvio, mesmo a contragosto.
— Mas, nós não temos inimigos, Alejandro! — Minha mãe tomou a
frente, falando pela primeira vez, depois da confusão. — Só pode ser o
marido da Carla, que entrou aqui para assustar, querendo chegar perto dela.
Essa era a única explicação plausível. Mas, porque aquele verme
medroso, se meteria a besta, tentando invadir nossa casa? Por que ele viria
atrás dela aqui e não no ateliê?
— O que eu não entendo... É porque ele não recuou quando viu a
Magie. — John falou atraindo todos os olhares. — Ela estava gritando, ele
sabia que todos na casa tinham escutado e não foi embora. Só quando notou
a arma em minha mão, foi que ele correu. Mas ele também estava armado,
faria mais sentido que tivesse atirado e não simplesmente fugido.
— O que está tentando dizer? Que ele parecia querer só assustar
mesmo?
— Ou dar um recado. Dizendo que está de olho.
Minha irmã terminou de cobrir o machucado e se levantou colocando
as mãos na cintura. Ela tinha um olhar decidido e aquilo na nossa família
significava muito, porque quando um de nós decidia algo não voltávamos
atrás.
— Eu vou sumir por um tempo. É a coisa sensata a se fazer. Vou
deixar Olivia cuidando do ateliê, pegar meu passaporte e sumir em algum
país bem longe daqui! — Ela afirmou, não dando espaço para discussões.
— Vou fazer isso hoje. Sei que ele não vai atrás de mim. Não vai poder
chegar em um aeroporto sendo procurado pela polícia.
— Ótimo, vamos juntos! — John declarou se levantando.
— Eu não incluí você...
— Nem adianta começar. Isso está fora de cogitação. Arrume suas
coisas, eu vou resolver o resto! — John a cortou dando o assunto por
encerrado e nem mesmo minha mãe ousou discutir com eles, sabíamos que
não chegaríamos a lugar nenhum.
Em um segundo todos tinham sumido do quarto, deixando Magie e eu
a sós. Nem conseguia olhar para ela, sem pensar no risco que tinha corrido,
o invasor estava carregando a porra de uma arma e ela correu na direção
dele.
— Você está bem? — Ela perguntou saindo da janela e vindo para a
cama. — Está com um vinco na testa. O que nunca é boa coisa.
Eu queria gritar que estava com medo. Medo de perdê-la, medo dela
ser machucada. Apavorado com a ideia de viver em um mundo sem ela. Ao
invés, de dizer isso, eu falei outra coisa.
— Vamos para o hospital, tirar esse gesso de uma vez por todas. E
depois, eu vou te levar a um lugar.
As sobrancelhas dela se ergueram em surpresa, com as minhas
palavras e eu ergui a mão levando ao seu rosto, contornando as bochechas
com meus dedos.
Ela estava em minha cama, segundos antes dessa merda acontecer.
Podia ter acontecido alguma coisa horrível, se ela não tivesse saído do meu
quarto e ido para o seu. Eu só conseguia pensar no perigo que ela passou,
no medo que congelou meu corpo, quando ouvi seu grito e o impulso de
protegê-la dentro de mim, que me fez correr atrás dela.
Nós trocamos de roupa e ela pegou meu carro dirigindo até o hospital.
Àquela altura Carla e John já estavam no aeroporto, prontos para viajar, só
teríamos notícias deles quando aterrissassem.
Não tínhamos ideia de para onde eles estavam indo. Segundo John,
era mais seguro assim. E eu concordava, só queria minha irmã em
segurança e longe daquele safado.
— Muito bem. E como foi o repouso? — A médica falou me tirando
dos meus pensamentos e me trazendo ao presente.
— Eu deixei minha esposa fazer a maior parte do trabalho. —
Respondi me lembrando da piada que fiz quando fui socorrido.
Naquela época eu só fantasiava em ter Magie em minha cama. Agora
as coisas eram bem diferentes.
— Isso é bom, tenho certeza de que a senhora Fontes, cuidou muito
bem de você. — As bochechas da Barbie tingiram-se de um tom vermelho e
a médica sorriu. Meus pensamentos se perderam nas palavras “Senhora
Fontes”. — Dava para ver isso, na preocupação dela, quando chegaram
aqui.
Senhora Fontes, nunca houve uma senhora Fontes. Mas, encarando
Magie falando com a médica e parada ao meu lado, observando tudo, esse
desejo me invadiu. Podia finalmente eu ter encontrado a mulher que levaria
meu sobrenome?
Quando saímos do hospital, finalmente, sem o maldito gesso, eu
insisti para dirigir. Não queria saber dela atrás do volante, enquanto eu a
levava até a doceria. Tudo tinha ficado pronto, minhas irmãs tinham
terminado de decorar, arrumaram todos os equipamentos ontem e me
mandaram as fotos. Estava tudo perfeito e eu queria fazer essa surpresa
pessoalmente.
Magie veio aqui durante a reforma e nos primeiros dias de pintura,
escolheu tudo a dedo. Mas, ainda não tinha visto a obra completa, e isso
tinha sido reservado para mim.
— Feche os olhos e não discuta.
— Para que isso Alejandro? Onde está me levando, seu maluco?
— Você ouviu o, não discuta, Barbiezinha? Faça o que eu mando uma
vez na sua vida. — Já estávamos perto. Ela bufou, se rendendo e fez o que
eu pedi.
Estacionei o carro e dei a volta, abrindo a porta dela antes de ajudá-la
a descer. Coloquei as mãos sobre seus olhos, não confiando que ela iria me
obedecer por muito tempo, já que ela adorava me irritar.
Subi os primeiros degraus e abri a porta de vidro deixando que o
ambiente lindo e delicado nos recebesse.
— Vai demorar muito? Ou agora, é a hora que você me mata? — Ela
perguntou impaciente e eu tive que rir.
Me curvei colocando a boca sobre o lóbulo da sua orelha e assisti seu
corpo todo se arrepiar, antes dela curvar o pescoço me dando espaço.
Sempre receptiva aos meus toques.
— Com certeza, vou te matar aqui. Mas, vai ser de prazer. Porque vou
querer te foder em cada canto desse lugar. — Murmurei, arrancando um
suspiro dela e então, finalmente, tirei minhas mãos de seus olhos.
Alejandro me fez entrar no carro e deixar que ele dirigisse. Só porque
tinha se livrado do gesso o homem pensava que podia tudo.
As palavras da médica, ainda rondavam minha cabeça.
Senhora Fontes.
A ideia de ser sua mulher e carregar seu sobrenome faz meu
estômago se revirar, como se tivesse um milhão de borboletas, e meu
coração disparar.
Alejandro é um homem tão bom, com um coração enorme, qualquer
mulher estaria mais do que feliz em carregar seu sobrenome.
E quando ele tirou as mãos de cima dos meus olhos, me dando a visão
da doceria arrumada e perfeitamente pronta, eu tive ainda mais certeza.
— Está perfeito! Meu Deus eu não... — Levei minhas mãos a boca
em choque com o quanto tinha ficado perfeito. Exatamente, como eu
imaginei. Como eu falei para ele, estava do jeitinho que sonhei.
— Que bom que gostou. Foi difícil fazer todo mundo entender o que
você queria.
— Quem disse que eu gostei? — Alejandro me lançou um olhar
parecendo preocupado e eu mordi meu lábio para segurar o riso. — Eu
amei! É maravilhoso, você conseguiu fazer tudo do jeito que eu descrevi
para você. Não sei nem como te agradecer. — Falei jogando os braços em
volta do pescoço dele.
— Eu sei bem como pode me agradecer. — O safado levou a boca até
meu pescoço. Com as duas mãos agarrou meus cabelos, os prendendo na
nuca e mantendo o aperto ali. — Pode ser uma boa mocinha e subir nesse
balcão... Abrir as pernas para mim e me deixar te chupar como venho
sonhando em fazer.
— Hummm... — Gemi deixando minha cabeça tombar, quando
Alejandro puxou meus cabelos e a língua dele deslizou sobre a minha pele.
— Eu tenho um sócio depravado.
— Oh, você tem sim. — Alejandro sussurrou contra minha pele, ao
mesmo tempo que as mãos subiam por dentro da saia do vestido, até
alcançar minha calcinha. — Estou querendo beber um champanhe bem
específico, para comemorar essa ocasião.
— Ahhh... — Gemi quando ele me esfregou, por cima da calcinha,
subindo e descendo os dedos, do meu clitóris até a minha entrada, me
provocando sem se demorar em nenhum ponto. — Ale, por favor... — Pedi
rebolando contra a mão dele, precisando de alívio.
— Sem pressa Barbie. Aqui não tem ninguém para nos interromper.
Temos muito tempo para fazer o que quisermos. — Então, ele puxou minha
calcinha, deixando o tecido descer por minhas pernas até o chão.
Como um completo tarado, ele a pegou em suas mãos e levou o
tecido até o nariz, respirando fundo, enquanto me encarava nos olhos.
— Você é um cachorro safado. — Murmurei ainda em choque por ele
ter feito isso e como se não fosse o bastante, ele enrolou e guardou minha
calcinha em seu bolso.
— Au au. O cachorro quer lamber! — Ele falou me arrancando uma
risada, que morreu assim que ele me ergueu pela cintura e me colocou
sentada no balcão. — Porra, como eu sonhei com isso! — Ale rosnou
esfregando o nariz por minha coxa antes de escancarar minhas pernas, lhe
dando total visão da minha boceta.
— Quem vê assim, até parece que você nunca me chupou. —
Murmurei, perdendo o resto do fôlego, quando o vi concentrado em minha
intimidade.
— Ah Barbiezinha, as chupadas que eu te dei nem vão se comparar a
essa. Em ter ela aberta assim para ser chupada, adorada, fodida por minha
boca, minha língua e meus dedos. — Arquejei me contorcendo com
ansiedade do que viria a seguir. — Você está tão molhada, querida. Está
brilhando.
Como se quisesse provar seu ponto. Ale esfregou, sem colocar dentro
de mim, dois dedos em minha entrada, lambuzando-os. Não satisfeito, ele
esfregou minha excitação por minhas dobras, espalhando sem pressa,
enquanto eu me contorcia ofegando e já entrando em desespero para tê-lo
dentro de mim.
— Pare de me torturar e me chupa de uma vez! — Exigi já
desesperada, sem conseguir aguentar mais aquela lentidão.
— Vai ser um prazer! Vou adorar ainda mais quando estiver gritando
meu nome. — Com aquelas últimas palavras, ele se curvou colocando a
língua para fora e me lambendo de baixo para cima.
Alejandro começou esfregando sua língua em mim, como se eu fosse
um sorvete derretendo, em um dia quente de verão. Eu estava me sentindo
derretendo de verdade, sentido a língua dele esfregando meu clitóris
rapidamente e desviando para minha entrada. Brincando com meus lábios,
sem focar onde eu precisava.
Sentia minha excitação escorrer, descendo até minha bunda e tudo o
que ele fazia, me deixava ainda mais molhada, ainda mais excitada.
Ele finalmente acabou com meu desespero e fechou os lábios em
volta do meu clitóris sugando de leve antes de circular com a língua.
— Ahhh siiim... Isso, continua assim! — Gemi movendo o quadril e
me esfregando contra sua boca.
Meu corpo todo entrou em combustão. Meus seios estão pesados e
meus mamilos duros, pedindo por atenção. Eu levo minhas mãos até lá,
baixando as alças do vestido e segurando meus seios pesados. Os olhos de
Alejandro, me encontraram no mesmo instante e um sorriso se formou em
seus lábios em volta do meu clitóris.
Sem que eu pudesse prever, ele desliza um dedo para dentro de mim.
Começando a me foder devagar. O vai e vem é lento. No mesmo ritmo de
suas sugadas em meu clitóris e isso me deixa ainda mais perto de gozar.
Gemi agarrando os cabelos dele e me curvei ainda mais, esfregando
minha boceta em seu rosto. Ale respondeu colocando mais um dedo dentro
de mim. Quase como se soubesse que eu estava perto de explodir. Ele
intensificou as estocadas, curvando os dedos dentro de mim, me deixando
na beira do precipício.
— Oooh... Eu vou go... Eu vou gozar... — Falei entre gemidos e
posso jurar que ouvi ele rosnar contra minha boceta.
E isso, foi o meu fim. Eu explodi em um orgasmo e gritei, não me
importando se alguém na rua pudesse ouvir. Era libertador poder fazer isso,
sem se preocupar com as pessoas na casa.
Achei que depois que eu gozasse ele se afastaria. Mas, não. Alejandro
continuou com os dedos dentro de mim e a boca me chupando, me levando
além do limite. Meus olhos se reviraram nas órbitas, enquanto ele
prolongava meus espasmos, tocando o ponto certo dentro de mim.
Eu tentei empurrar o homem para longe. Me livrar daquela boca
punitiva e dos dedos fodidamente deliciosos. Mas, ele não fez nem menção
de sair, apenas continuou ali, me fodendo com a boca e os dedos.
— Ahhhh... Eu vou... Não dá mais... — Já nem sabia o que estava
tentando dizer. Meu corpo todo se sacudia no balcão e eu fui tomada por
aquela sensação de estar fora de mim. Era tanto prazer que parecia que eu
tinha morrido e deixado meu corpo.
Um esguicho saiu de mim, acertando o rosto dele e me deixando em
choque. Alejandro lambeu minha boceta, esfregando todo o rosto e se
lambuzando completamente com meu gozo e squirting.
— Ai, porra! Como eu queria fazer isso. — Ele declarou, erguendo o
rosto e vindo em minha direção.
Minha respiração estava irregular. Eu o encarava em puro choque. O
homem era mais safado do que eu tinha imaginado.
— Você enlouqueceu? — Perguntei, ainda tentando recuperar o
fôlego e a resposta dele foi um sorriso de lado. Ele agarrou minhas coxas e
me puxou para mais perto.
— É o efeito dessa boceta deliciosa! — Ele me levantou e me levou
até uma das mesas no canto. — Pronta para ser fodida de verdade?
— Não é porque tirou o gesso, que pode forçar a perna. — Murmurei
um tanto assustada, com o olhar de fome estampado em seu rosto.
— Está com medo, Barbiezinha? — Ele perguntou de forma
descarada dando um passo para trás e tirando a calça e a cueca. Deixando
que a ereção saltasse para fora, em toda sua glória. — Quer correr de mim
agora?
Alejandro arrancou a camisa por cima da cabeça a jogando no banco
ao lado, se aproximando novamente de mim. Desci meus olhos por seu
corpo todo duro e definido. Ele parecia tão maior e tão assustador, que em
sua cama, sem poder se mexer direito. Mas, eu não estava fugindo, queria
aquilo mais do que qualquer coisa. Assim como ele tinha sonhado com esse
momento.
— Não vou a lugar nenhum, Ken. — Murmurei, ganhando uma
sobrancelha erguida em surpresa.
— Ken?
— Se eu sou a Barbie, acho que posso te chamar de Ken. — Falei
agarrando seu pau e o masturbando.
— Hummm, Ken. — Ele se curvou esfregando o nariz no meu
pescoço, indo com a sua boca em direção a minha. — Acho que gostei
disso. — Ele empurrou o quadril, até estar contra minha entrada e eu o
esfreguei ali, o deixando molhado com meu gozo, enquanto nós dois
encarávamos nossas partes se tocando. — Me coloca dentro de você,
Barbie!
E eu não precisei ouvir aquilo uma segunda vez. O encaixei em minha
entrada, empurrando meu quadril em sua direção e o engolindo com a
minha boceta.
Nós dois gememos juntos, quando ele entrou me preenchendo
completamente. Esticando as minhas paredes e clamando por espaço.
Alejandro recuou devagar, saindo de mim até ficar só a cabeça e voltou com
rapidez e força, chocando nossas peles e me arrancando um gemido alto.
Ele repetiu isso, uma... duas... cinco... dez. Tantas vezes, que eu
estava me perdendo, gemendo sem controle. Minha boceta clamava pedindo
mais. Querendo mais dele, mais rápido e mais fundo!
— Oooh, me fode com força! ME FODE, POR FAVOR! — Gritei
gemendo enlouquecida.
Alejandro abriu um sorriso diabólico, segurou minhas coxas me
empurrando contra a mesa, colocando meus joelhos contra meus seios, me
deixando deitada. O pau dele dentro de mim pareceu ficar ainda maior com
a nova posição, ainda mais grosso.
— Santo Deus! — Ele murmurou deslizando para fora e voltando
com rapidez e brutalidade para dentro de mim, fazendo meu corpo sacudir
em cima da mesa. — Ainda melhor do que eu pensei!
As investidas dele ficaram ainda mais rápidas e impiedosas. Meu
corpo escorregava sobre a mesa e ele não parecia, nenhum pouco tentado a
diminuir os movimentos.
Nossos gemidos preenchiam o lugar.
Literalmente, estávamos batizando aquilo ali, marcando cada
pedacinho do nosso jeito.
Alejandro se curvou sobre mim e fechou os lábios em volta do meu
mamilo, torcendo e chupando, enquanto massageava o outro com o polegar.
Minha boceta pulsou em volta dele e eu revirei os olhos, sentindo outro
orgasmo se aproximar.
— Ahhh! Você está querendo me matar? — Perguntei sem fôlego,
quando ele se enterrou em mim e rebolou, esfregando sua pélvis contra o
meu clitóris e me fazendo ver estrelas.
— O objetivo é matá-la de prazer, lembra? — Ele falou fazendo a
mesma coisa, me levando de novo para o precipício. — Quero que goze
tantas vezes quanto possível. Quero sua boceta apertada e encharcada em
volta de mim, molhando meu pau e me apertando, cada vez que eu me
enterrar em você!
Meu corpo já estava entrando em combustão de novo. Ele nem
parecia perto de gozar enquanto eu, estava prestes a me quebrar em mais
um orgasmo. Ele falando aquelas coisas com a boca em meus seios, me fez
ativar o foda-se para tudo e me deixei levar. Gozando para ele mais uma
vez.
Cravei minhas unhas na madeira da mesa tentando manter meu corpo
no lugar, à medida que meu corpo estremecia com o orgasmo recente e
ainda mais intenso. Ale, tinha outros planos, quando me segurou pela bunda
e me ergueu, andando em direção a um dos bancos longos de madeira que
ficavam no canto da doceria.
— Fica de quatro pra mim, Barbie! — Arregalei meus olhos. Aquilo
não era um pedido, era uma ordem e meu corpo respondeu rapidamente, me
deixando ainda mais surpresa.
— Alejandro o que você... — Minhas palavras morreram quando ele
se abaixou e beijou cada lado da minha bunda, antes de deslizar a língua em
minhas dobras, indo do meu cuzinho até meu clitóris. — Ooooh meu...
— Outro dia. Um outro dia, eu vou te foder aqui. — Senti a língua
dele parar sobre minhas dobras, antes que seu dedo forçasse um caminho
para dentro da minha bunda.
— Ahhhh Ale! Isso é tão... GOSTOSO... — Gritei com a invasão
repentina. Ele não me deu tempo para assimilar tudo e empurrou o pau para
dentro da minha boceta. — AHHHHH!
Com o dedo enterrado na minha bunda, Alejandro começou a me
tomar de quatro. A outra mão segurava a minha cintura, me mantendo no
lugar, enquanto metia fundo dentro de mim, me fazendo gritar.
— Caralho de imagem perfeita! — Ele afirmou e acertou um tapa em
minha bunda, me fazendo pular no lugar. — Oh porra, você devia ver meu
pau se perdendo dentro dessa boceta gostosa, enquanto seu cuzinho suga
meu dedo, ainda mais para dentro de você.
Meus olhos se reviraram e eu mordi meu lábio, tentando controlar os
gemidos que me rasgavam a garganta. Ele estava determinado a me fazer
perder a cabeça. Alejandro falava as sacanagens, atiçando ainda mais meu
corpo, me deixando mais molhada e mais perto do orgasmo.
A mão pesada acertou outro tapa em minha bunda, dessa vez
marcando o outro lado e fazendo minha boceta se contrair e meu corpo todo
se contorcer.
— Você... Vai... Me... Fazer... Gozar — falei entre as estocadas, que
jogavam meu corpo para frente, cada vez que sua pélvis batia contra meu
corpo.
Com toda a certeza, eu estaria toda vermelha amanhã. Ele estava
fazendo questão de garantir isso. Garantir que eu tivesse, uma marca no
meu corpo, que me lembrasse do que fizemos aqui hoje.
Eu contraí minhas paredes mais uma vez, ouvindo o rosnado dele,
quando sua palma descer novamente sobre a minha pele. Aquilo me
incentivou a fazer de novo e de novo, até que estava ordenhando seu pau,
na mesma intensidade que ele me fodia
— Goza para mim! Goza para mim, minha Barbie! — E aquela
palavrinha. MINHA. Gritou em meu cérebro e fez meu corpo todo obedecê-
lo. Quase como, se cada pedaço em mim ansiasse por ser dele.
Foi assim que eu gozei. Perdendo as forças das minhas pernas e sendo
seguida por ele que se derramou dentro de mim. Me enchendo até sua
última gota. Me preenchendo completamente.
Acordei de manhã cedo com a cama vazia e os lençóis gelados ao
meu lado. O perfume dela impregnado ali, era o único indício de que Magie
passou a noite ao meu lado.
Eu estava me cansando dessa rotina de sexo quente aqui no quarto, no
carro ou na oficina. Até mesmo a doceria, tinha se tornado nosso lugar
favorito. Mas, na manhã seguinte era sempre a mesma coisa. Não havia
nem sinal dela. Não tinha o corpo macio contra o meu. Não havia a graça de
poder acordá-la de algum jeito quente. Sempre acordava e a Barbie já tinha
ido.
Precisava mesmo dar um jeito nessa situação. Suspirei me levantando
da cama e indo para o banheiro. Começar mais um dia com aquele
sentimento de falta, estava acabando com meu bom humor. E o pior é que
eu não tinha ideia de como resolver isso.
Magie e eu tínhamos concordado em deixar as coisas escondidas.
Ninguém deveria saber. Mas, não sabia se queria continuar com isso. Eu
queria poder dizer a Luke para se manter longe dela, queria poder acordar
ao lado da loirinha. Ao mesmo tempo que não queria minha mãe tendo
ideias de casamento e etc. Só queria poder ficar com ela sem complicações,
sem amarras e compromisso.
Nem eu mesmo estava me entendendo mais.
Desci procurando por ela, mas não havia nem sinal da cabeleira loira.
Ainda estava cedo para ter ido para a doceria. Assim que vi minha mãe na
cozinha, eu soube que ela não tinha ido trabalhar ainda, já que as duas
sempre iam juntas.
— Bom dia, meu filho. Dormiu bem? — Ela perguntou enquanto
terminava de passar o café.
— Dormi bem. Por que está acordada tão cedo? — Eu queria
perguntar outra coisa, mas, foi por onde comecei.
— Eu só perdi o sono. Então, decidi fazer um café. — Ela se virou
colocando a garrafa térmica cheia na minha frente e se sentou junto comigo.
— Ah, você pode me levar até a doceria hoje?
Ergui meu rosto com rapidez e franzi a testa. Olhei em volta confuso
e encarando o andar de cima, como se fosse conseguir enxergar através do
teto e ver Magie.
— Aconteceu algo com a Barbie? — Coloquei a questão para fora de
uma vez.
— Não, a menina está bem. Ela só precisou sair mais cedo e como
não sabe a hora que vai poder chegar na doceria, pediu para eu abrir hoje.
— Minha mãe explicou, mas só fez surgir mais uma infinidade de
perguntas.
— Onde ela foi? — Perguntei tentando puxar na mente qualquer coisa
dela falando sobre sair hoje. Mas, não vinha nada a mente, nada que me
dissesse que ela tinha algum compromisso hoje.
— Ela foi até o presídio onde está o escroto do marido. Parecia bem
determinada quando saiu, espero que seja algo bom... — Minha mãe parou
de falar, provavelmente, notando meu incômodo. — Ela não te contou, não
é?
Acenei com a cabeça negando. Não, Magie não tinha me dito
absolutamente nada sobre sair hoje, muito menos sobre ver o maldito
marido!
O que diabos ela poderia querer indo até o presídio atrás daquele
merda? Meu sangue ferveu só em imaginá-la naquele lugar, cercada de
homens ruins e perigosos, lidando diretamente com um maldito que a tinha
machucado por anos.
Por que ela não me contou? Porque não me disse nada sobre ir aquele
lugar, nem mesmo me chamou para acompanhá-la. O que tinha dado nela
para fazer as coisas assim escondido?
Respirei fundo pegando uma xícara e enchendo com o café fumegante
enquanto remoía toda essa situação.
Nada fazia sentido em minha mente até que um pensamento me
ocorreu, ela podia não ter dito nada a mim justamente por que sabia o que
eu pensaria. Ela sabia que eu iria detestar que ela fosse visitá-lo no presídio.
Era a única explicação para ter estado comigo ontem à noite e não ter nem
mesmo tocado no assunto.
Tomei café e me arrumei esperando por minha mãe, ainda não
conseguia engolir a história e pegava meu celular a cada minuto só para
checar e ver se tinha alguma novidade, ou mensagem dela. Mas, seria bem
difícil isso, já que ela não tinha nem mesmo me dito que ia até lá.
— Está na cara que gosta dela e que se importa. — Minha mãe falou
quando já estávamos no caminho. — Por que simplesmente não diz a
verdade?
— Que verdade? Sim, eu gosto dela e me importo com o bem-estar de
Magie. Ela é uma amiga. Nos conhecemos a pouco tempo, mas, eu sei que
ela precisa de ajuda, precisa de uma família e amigos. — Repeti o mantra
de sempre, querendo só que ela não continuasse com o assunto.
— Você sabe do que eu estou falando, Alejandro. Está apaixonado
pela garota. Qualquer cego vê isso. Por que não assume isso de uma vez e
começam a namorar direito? — Bufei sabendo que ela levaria as coisas para
esse lado. — Magie não é a Gabriela. Ela é uma boa menina. Uma que já
sofreu na vida com todas as pessoas que deveriam protegê-la, a mãe, o pai,
o marido. Todos falharam com ela. Tudo o que ela quer agora é reconstruir
a vida e amar. Você já a ajudou com a primeira parte, quando vai assumir
que também já fez a segunda?
Apertei forte meus dedos no volante. Sabia que a maior parte do que
minha mãe disse era verdade. Magie nunca tinha dito nada sobre amor,
sobre relacionamentos, muito pelo contrário, quando eu sugeri manter em
segredo o nosso caso ela concordou rapidamente.
— Você não sabe o que ela quer mãe. Pare de assumir que todos estão
atrás de um relacionamento, nem todos estão buscando isso.
— Pode até ser verdade. Algumas pessoas não querem nenhum
compromisso. Mas, é exatamente o que Magie quer. Você acha que só
porque estão transando escondidos, por aí, ela está plenamente feliz?
— Nós, não estamos transando! — Gritei trincando os dentes, porque
a cada vez que eu dizia aquilo a mentira ficava ainda mais evidente.
Eu parei em frente a doceria pronto para fugir de todos os
questionamentos de dona Rosa. Minha mãe tinha o dom de mexer com a
cabeça de uma pessoa, especialmente, quando eram os filhos dela. Mas, vi
Magie na porta, mostrando que tinha chegado um pouco antes de nós.
Então, decidi estacionar o carro e ir falar com ela, sentindo uma
necessidade enorme de ter uma explicação, mesmo que eu soubesse que não
tinha o direto de pedir por uma.
— Lembra o que disse a Sophie, quando ouviu ela falando sobre
Patrick pela primeira vez? — Minha mãe falou me impedindo de seguir por
um momento. — Você perguntou se ela teria escolhido a ele se tivesse
outras opções, no meio de homens que a tratassem bem.
— O que quer dizer com isso, mãe? Eu a trato bem, sempre tratei.
— Mas, você não é o único que a trata assim. Quanto tempo acha que
vai levar até que ela se canse de ser seu caso escondido? Que ela dê um
basta e vá procurar algo maior, alguém que lhe ofereça amor, casa,
segurança e estabilidade? — As palavras dela me fizeram olhar para a loira
parada na porta nos esperando. — Se não fizer algo, você vai perdê-la e vai
se arrepender amargamente.
Ela finalmente desceu do carro me deixando ali, com aquela sensação
de estar sendo sufocado. Sufocado por todos os pensamentos e coisas que
eu sentia sem conseguir nomear.
Desci do carro, indo até Magie que ainda me esperava com um sorriso
no rosto. Ela não parecia triste ou assustada, como imaginei que estaria
depois de olhar o marido cara a cara. Ela tinha uma expressão leve e feliz,
como ontem.
— Pensei que não ia sair do carro. — Foi a primeira coisa que ela
disse pra mim.
— Estava pensando umas coisas. — Retribui o sorriso me mantendo
distante, mesmo que quisesse mesmo agarrá-la e beijar aquela boca, como
se para lembrar que ela não era mais dele. — Minha mãe disse que você foi
até o presídio ver seu marido.
— Ex marido! — Magie exclamou me surpreendendo e enfiando a
mão na bolsa e tirando um papel de lá. — Ele agora é meu ex marido. Nas
últimas semana eu aceitei a ajuda da advogada que a Sophie me arrumou e
ela deu entrada em todos os papéis. Hoje eu fui até lá com a advogada, para
olhar na cara dele enquanto ele assinava os papéis do divórcio.
— Então, isso quer dizer que...
— Eu estou, finalmente, livre daquele desgraçado! — Ela pulou no
lugar parecendo feliz. — Foi estranho. Porque meu pai estava lá para visitá-
lo e depois de tantos anos ele não me dirigiu uma palavra, só me ignorou.
Mas, isso não me afetou, eu estava tão feliz de estar me libertando de
Charles que, não importa mais, se meu pai fala comigo ou não.
— Sinto muito. Sinto muito, por isso. — Finalmente a toquei,
segurando seu braço querendo puxá-la para um abraço.
— Eu não. Meus pais nunca se importaram comigo. Só ligavam para
o dinheiro que veio com a minha venda. Então, eu não me importo. — Ela
se curvou diminuindo o tom. — Tudo o que eu quero agora é comemorar
meu divórcio! Comemorar em grande estilo.
Magie me lançou uma piscadela e eu soube exatamente em que
sentido ela estava falando. Mas, as palavras da minha mãe ainda rodavam
minha cabeça e agora tinha isso, ela se livrou do marido. Magie enfrentou
seu medo dele, para poder seguir em frente. Minha dúvida era quanto tempo
ia levar, para que ela quisesse seguir em frente partindo para um
relacionamento?
— Consegue acreditar que o tempo passou assim tão rápido? Parece
até que foi ontem que Sophie descobriu que estava grávida e agora já
estamos indo no batismo dos gêmeos. — Rosa falou no banco de trás,
enquanto, Alejandro dirigia até a igreja onde seria o batizado.
— Já estão com três meses. Não dá nem para acreditar. — Murmurei
passando para o lado as últimas fotos que Sophie tinha me mandado.
Quando ela chegou na casa de Charles eu nunca imaginei que seria
madrinha do filho dela. A vida era uma caixinha de surpresas.
Terem me colocado como madrinha e Alejandro como padrinho
mexeu comigo. Eu não esperava por isso. Nós dois como padrinhos de
Mary, foi uma notícia que me deixou nervosa no último mês.
E isso era também porque, desde que me separei de Charles, eu vinha
pensando em ter um relacionamento com Alejandro. Aquela coisa de
amizade com benefícios não estava mais bastando para mim e eu queria
mesmo sair gritando, aos quatro cantos, que ele era meu. Que estávamos
juntos, queria poderia dizer que o amava, dormir e acordar com ele.
Estava cansada de me esgueirar para fora do quarto dele, ou de me
esconder quando alguém aparecia, queria um pouco de paz. Merecia amar e
ser amada, não estava querendo o impossível.
Mas, ao mesmo tempo eu sabia que Alejandro não estava na mesma
sintonia que eu. Ele ainda queria manter tudo em segredo. Não estava
apaixonado por mim. Não queria um relacionamento.
Então, eu finalmente tinha tomado a decisão para proteger meu
coração, e com o dinheiro que guardei da doceria eu aluguei uma casa e já
estava com as malas prontas. Uma amiga de Luke tinha me ajudado, ela era
corretora e tudo foi bem fácil, tinha conseguido até alguns móveis que
faltavam. Agora só me faltava a coragem para sair de lá, sair da casa de
Alejandro.
Parte de mim torcia para que a distância o fizesse ir atrás de mim.
Mas, a parte racional gritava que ele nunca faria isso.
— Hoje o dia está perfeito para um batizado, tudo está lindo. — Rosa
falou quando o filho parou em frente à igreja, ela não esperou nenhum
instante e foi saindo atrás dele.
— O que aconteceu com você? — A voz dele me chamou a atenção e
me fez parar com a mão na maçaneta. — Esteve distante a semana toda.
Não fala comigo direito. Não me olha por muito tempo. Eu fiz algo de
errado?
Suspirei sentido a culpa pesar um pouco em meus ombros e eu o
encarei de uma vez. Estava na hora de contar a verdade, eu precisava contar
a ele que ia embora.
— Eu não sabia como dizer. Mas, que se foda. Eu aluguei uma casa e
já arrumei tudo. Estou pronta para me mudar e deixar sua casa em paz. —
Soltei de uma vez antes que eu desistisse de falar. — Me apaixonei por
você, Ken. Acho que isso estraga tudo entre nós.
A boca de Alejandro abriu e fechou como se ele fosse um peixe fora
d'água. Um vinco se formou em sua testa e ele sacudiu a cabeça
negativamente, como se não entendesse o que eu tinha acabado de
confessar. Mas, no fim ele não disse nada, preferiu ficar calado, apenas se
virou abriu a porta e desceu do carro.
Aquilo doeu dentro de mim. Doeu mais do que se tivesse me dado um
tapa. Ele tinha mostrado o que sentia por mim. Tinha acabado de dizer que
meus sentimentos não eram correspondidos.
Meu coração afundou no peito e eu respirei fundo descendo rápido do
carro e andando apressadamente na frente para alcançar Rosa e me manter
distante dele, ou ia acabar chorando e a última coisa que eu queria agora era
estragar o momento da minha sobrinha.
— Agora a cavalaria está completa! — Cris gritou e eu ergui a cabeça
olhando para todos e fingindo que não tinha acabado de acontecer aquela
merda.
Nós começamos a conversar e eu fui apresentada a mulher que Cris
estava protegendo. Todos estávamos conversando e sorrindo, e eu não pude
deixar de notar que Alejandro estava evitando chegar perto de mim.
— Está na hora de batizar essas coisas fofas! — Audrey exclamou
batendo palmas e todos se alinharam prontos para entrar na igreja.
O que nos obrigou a ficar lado a lado com ele, nós íamos ter que ficar
juntos no momento do batismo, assim como deveríamos prometer proteger
aquela menina juntos. Aquela pequena palavra estava acabando comigo,
juntos era algo que nunca estaríamos. Não de verdade.
Eu não prestei muita atenção na cerimônia, fiz tudo no automático
tentando manter meus sentimentos guardados e então começaram as fotos.
O fotógrafo se posicionou dando as ordens de quem deveria ir na frente ou
não, e eu estava com Mary em meu colo, focada de mais olhando os olhos
perfeitos e o nariz pequeno, assim como o sorriso fofo que arrancava
qualquer sentimento ruim de dentro da gente.
— Preciso falar com você. — A voz dele soou atrás de mim e meu
corpo todo se endureceu, mas eu me neguei a virar.
— Não tenho nada para falar com você, não é meu amorzinho? É sim,
titia. — Respondi usando uma voz de criança e tentando ignorar o babaca.
— Barbie, estou falando sério. Por favor, vem comigo. — Ele deu a
volta e se ajoelhou na minha frente, mostrando que não ia sair e que estava
disposto a fazer uma cena. — Vou implorar, se for preciso.
— Levanta daí. — Rosnei com os dentes trincados e Holly veio em
nossa direção.
Merda ele já estava atraindo a atenção. Era a última coisa que eu
queria, as pessoas perguntando o que estava acontecendo.
— Me dá aqui essa menina linda. — Holly chegou perto, já pegando
Mary do meu colo. — Agora saiam daqui e vão se resolver lá fora. — Ela
disse em um tom baixo para que só nós dois escutássemos.
Alejandro não perdeu tempo e agarrou minha mão me arrastando para
fora antes que eu pudesse protestar. Ele me puxou pelo caminho até os
fundos da igreja, foi tão rápido que eu duvidava que alguém tivesse visto.
— Alejandro o que você... — Minhas palavras sumiram, quando ele
me empurrou contra a parede e me prendeu com seu corpo.
— Eu não posso deixar você ir. — Ele agarrou meu rosto e colocou a
boca sobre a minha, a língua se enfiou entre meus lábios em uma invasão
deliciosa.
Mas, eu não podia me deixar levar por isso, não ia continuar com isso
depois da palhaçada que ele fez mais cedo.
Empurrei seu corpo para longe, até que ele tirasse os lábios de cima
do meu e sem me conter acertei um tapa na cara dele.
Arregalei meus olhos assustada com minha reação, eu nunca pensei
que seria capaz de bater em uma pessoa daquele jeito. Mas, isso não
pareceu afetar Alejandro do mesmo jeito, pois ele me puxou pela nuca e
veio me beijar novamente.
— Para com isso. — Disse desviando os lábios do dele. — Eu não
vou me deixar levar por sua sedução.
Quase como se quisesse me testar ele desceu a boca por meu pescoço,
espalhando beijos por minha pele, subindo até sugar o lóbulo da minha
orelha, me arrancando um suspiro e me fazendo fechar os olhos.
— Eu não estou apenas tentando te seduzir. — Ele deslizou a língua
por minha orelha e então mordiscou. — Eu quero te fazer desistir de sair de
casa, de me deixar.
— Vá pro inferno seu... Babaca. — Protestei, quando ele sugou meu
pescoço quase me fazendo gemer.
Alejandro tirou a boca da minha pele e ergueu o rosto. Ele se curvou e
uniu nossas testas me forçando a encarar aquele par de olhos que causavam
um reboliço dentro de mim.
— Vou te prender na minha cama se for preciso. Mas, não vou te
perder, Barbiezinha.
Porra, aquilo era um golpe baixo! Minha boca se abriu em choque e
ele aproveitou o momento para voltar a me beijar, empurrando sua língua
contra minha. Eu não resisti dessa vez, suspirei e me rendi ao seu toque, a
sua boca, a tudo dele.
As mãos de Alejandro desceram pela lateral do meu corpo e ele
levantou a saia longa do vestido até que suas mãos estivessem tocando a
minha pele nua. Ele contornou minha bunda me arrancando um suspiro e
quando apertou a carne eu sabia exatamente o que iria fazer a seguir.
Enrolei meus braços em volta do seu pescoço e deixei que ele me
impulsionasse para cima, abrindo minhas pernas e se enfiando no meio
delas.
— Oohh! — Eu gemi surpresa em sentir sua ereção sobre a minha
calcinha — Isso... Não está certo... — Murmurei desviando os meus lábios
dos dele. — Nós vamos para o... Inferno! — A última palavra saiu em
forma de gemido quando ele esfregou seus dedos em meu clitóris.
— Ah, com certeza, eu vou. Mas, isso não vai me impedir de te foder
até que desista dessa ideia! — Alejandro afirmou esfregando os dedos de
cima para baixo, me masturbando e garantindo que eu estivesse molhada e
gemendo cada vez mais alto. — Precisamos fazer silêncio. Ou, vamos dar
um belo show para todos.
Aquelas palavras deveriam me fazer pará-lo. Se eu tivesse um pingo
de dignidade sobrando, eu teria empurrado ele. Colocado as roupas de volta
no lugar e entrado na igreja decidida a esquecê-lo. Ele ainda estava disposto
a me manter em segredo, mesmo depois de assumir que me apaixonei.
Mas, eu não tinha dignidade. Ou se tinha alguma acabei jogando fora
no segundo que seus dedos tocaram minha calcinha, a puxando para o lado.
Eu disse a mim mesma que iria ser a última vez, aquele era o nosso adeus.
Os dedos dele tocaram minhas dobras molhadas e ele os esfregou
ainda mais, antes de deslizar dois dedos para dentro de mim. Gemi
tombando minha cabeça para trás e ele se moveu rápido, até puxar as calças
para baixo e deixar a ereção saltar para fora.
O senti deslizar para dentro de mim devagar e me obriguei a morder
os lábios tentando conter os gemidos. Alejandro me olhou nos olhos,
quando afundou os dedos em minhas coxas e afastou ainda mais minhas
pernas.
— Aaahhh siim! — Gemi alto, jogando a cabeça para trás quando ele
começou a se mover dentro de mim. Socando com força, como se
descontasse a raiva ali.
Mas, se tinha alguém mais do que frustrada ali era eu. Agarrei os
cabelos dele e os puxei com força, arrancando um grunhindo dele. Ele
empurrou o quadril com mais brutalidade. Fazendo nossas peles se
chocarem e seu pau ir tão fundo dentro de mim, que eu não consegui
segurar o grito.
— AAAHHH Deus! Isso assi... — A mão dele voou para minha boca,
tampando-a e me impedindo de continuar a gritar e gemer.
Ele continuou se movendo para dentro e para fora. Moendo seu pau
dentro de mim. Me deixando ainda mais excitada.
— Ooh porra! — Ele rosnou quando lambi os dedos sobre minha
boca e rebolou estando ainda enterrado dentro de mim.
A pélvis dele apertou meu clitóris me fazendo ver estrelas, ele recuou
um pouco só para voltar e fazer a mesma coisa. Alejandro viu o que seus
movimentos causaram em mim e começou a fazer sem parar, se enterrando
em mim e se esfregando apenas para me deixar ainda mais perto do
precipício.
Eu queria gritar e gemer. Não queria ser o segredinho sujo dele nunca
mais e com esse pensamento eu puxei o cabelo dele uma outra vez e acertei
outro tapa em seu rosto.
Ele abriu um sorriso safado e ergueu meu corpo, começando a me
mover para cima e para baixo em seu pau, me deixando ainda mais perdida
com a mudança repentina. Era como se eu estivesse cavalgando nele, sem
precisar fazer nenhum movimento, só ficando perfeitamente aberta e
deixando que ele erguesse meu corpo e o trouxesse para baixo no mesmo
ritmo.
Fechei meus olhos jogando minha cabeça para trás, os meus gemidos
eram abafados pela mão grande tampando minha boca e prendendo um
pouco do meu ar. Eu senti meu corpo se retesar e minha boceta pulsar em
volta dele, eu estava perto, tão perto que não iria aguentar mais tanto tempo.
— Eu sei o que você quer, Barbie. — Ele sussurrou chegando mais
perto. — Eu sei que quer gozar para mim, que está adorando minha mão na
sua boca e o fato de eu estar te fodendo onde alguém pode nos ver a
qualquer momento. — Meus olhos se reviraram com as palavras dele e eu
cravei minhas unhas em seus ombros puxando seu rosto contra minha pele.
— Goza para mim Barbie. Me lambuza todo com seu gozo para quando
chegarmos em casa, eu enfiar meu pau na sua boca enquanto eu chupo sua
bocetinha.
Porra, eu deveria estar maluca. Mas, aquelas palavras e todo o resto
da situação me fizeram explodir em um gozo desesperado e abafado,
enquanto meu corpo todo estremecia e ele se enfiava ainda mais dentro de
mim.
— Aí meu Deus, vocês vão para o inferno por isso! — A voz de
Sophie gritando isso nos fez virar o rosto no mesmo instante.
— Que merda! — Gritei dando batidas no ombro dele para que me
colocasse no chão. — Sophie, não é...
— Isso acontecendo entre vocês não é novidade para ninguém. Mas,
vai ficar mais na cara agora já que todos estão esperando vocês lá dentro. —
Ela soltou e saiu rindo. Eu tratei de arrumar rápido meu vestido antes de
entrar.
A mão de Alejandro segurou meu pulso me puxando. Mas, eu me
livrei dele no mesmo instante. Tinha sido sincera quando disse que seria um
adeus. Não ia acontecer mais nada entre nós dois.
— Já chega, vamos terminar esse dia sem nem mais um incidente. —
Murmurei me virando e entrando na igreja.
De lá fomos para a casa de Sophie aproveitar o almoço em
comemoração, e tivemos que aturar todo o tipo de piada sobre a nossa
fugidinha mais cedo, ninguém iria esquecer mais aquilo, especialmente,
Rosa que parecia feliz demais com os boatos.
Antes mesmo de deixarmos a casa eu enviei uma mensagem para
Luke, pedindo que ele fosse me buscar na casa de Alejandro essa noite. Não
ia ficar mais uma noite debaixo do mesmo teto que ele, não ia ficar lá tendo
que encará-lo e lembrar que ele não sentia nada por mim, nada além de
desejo.
Meu coração já era um filho da puta em me lembrar dos meus
sentimentos não correspondidos.
Assim que Ale parou o carro, Luke já estava lá ao lado. Ele estava
com um sorriso no rosto me esperando. Eu queria ter me apaixonado por
ele, tinha certeza de que as coisas seriam diferentes. Mas, Luke era apenas
um bom amigo e nada mais.
— Está fazendo o que aqui a essa hora? — Alejandro questionou
quando desceu do carro e eu quis que fosse por se importar ou ter ciúmes de
mim. Mas, eu sabia que não era nada disso, por isso, já fui correndo para
dentro da casa sendo seguida pelos dois.
— Vim buscar a Magie. Ela me pediu.
No mesmo instante, uma mão agarrou meu braço me puxando para
trás e me impedindo de subir as escadas.
— Achei que íamos conversar sobre isso. — Alejandro me
questionou, pela primeira vez não se importando com quem estava a nossa
volta. — O que aconteceu na igreja não significou nada? O que eu disse
para você, não valeu de nada?
Eu ri com as palavras dele, jogando minha cabeça para trás e puxei
meu braço de seu aperto. Eu queria ficar longe dele, precisava me livrar dos
olhos dele, das lembranças e até do cheiro dele que parecia estar
impregnado em minha pele.
Mas, ele não parecia disposto a me deixar ir. Ok, se ele queria discutir
isso na frente da mãe e do melhor amigo eu ia fazer.
— O sexo atrás da igreja? Escondidos como sempre. Mesmo depois
de eu ter dito que me apaixonei por você? É isso o que você quer saber, se
teve algum significado, Alejandro? — Soltei tudo o que estava preso dentro
de mim.
— O que? Então, é verdade, vocês estavam mesmo ficando? — Luke
perguntou parecendo surpreso.
— Eu disse! Eu sabia que eles estavam juntos! — Dona Rosa
exclamou em comemoração.
— Eu duvidei. Também como não ia duvidar, depois que seu filho me
disse para ficar com ela e fazê-la esquecer o ex. — As palavras e Luke
fizeram minha cabeça rodar e eu encarei os dois homens ali na minha
frente.
— O que ele disse? — Consegui perguntar mesmo com o bolo se
formando em minha garganta. — O que Alejandro falou para você?
— Na noite da festa lá em casa. Ele me mandou te chamar, porque
você está precisando de diversão, que a fizesse esquecer o ex. E quando eu
perguntei que tipo de diversão...
— Luke! — Alejandro exclamou em tom de aviso, querendo que ele
parasse. Mas, eu avancei indo para perto de Luke e garantindo que ele não
iria calar a boca agora.
Luke pareceu um tanto incerto e olhou de mim para o amigo, vendo
que tinha feito merda. Mas, minha mão no seu braço o forçou a continuar.
— O que ele respondeu Luke? O que ele disse para você?
— Ele disse que você precisava de diversão estilo XXL.
— Como na boate? — Questionei confusa. Mas, queria entender tudo,
cada pedacinho da conversa que os dois tiveram naquela noite.
— Luke, não! Já chega! — Alejandro se aproximou, puxando o
amigo pelo ombro para longe de mim.
— No meu caso significava mais que um strip-tease. Eu fazia
programa na XXL também! — Luke gritou me respondendo. — E quando
eu perguntei se estava bem conosco, você disse que ela era como uma irmã
que você protegia. — Eu tropecei para trás caindo sentada no primeiro
degrau da escada e sentindo meus olhos se encherem de lágrimas.
— Porra Luke! Cala a boca! — Alejandro gritou empurrando o
amigo. Mas, Luke segurou as mãos dele e se desviou vindo para perto de
mim.
— Você disse que ela estava procurando isso cara! — Ele gritou se
abaixando ao meu lado e tocando meu ombro com cuidado. — Qual o seu
problema? Por que ela tá assim agora?
Eu não sabia se um coração podia se quebrar, ou se ao menos tinha
um. Mas, era assim que estava me sentindo nesse momento.
Uma dor dilacerante dentro de mim, partindo meu coração ao meio,
embrulhando meu estômago e me deixando tonta.
Respirei fundo segurando o vômito que subiu com força. Mas, as
lágrimas eu não consegui conter, não consegui evitar de chorar na frente
dele.
Eu estava me sentindo suja, usada, e uma idiota, uma completa
imbecil por ter acredito e confiado nele, por ter me deixado levar por seus
olhos quentes e os atos de bondade.
Eu estraguei tudo.
Fodi completamente tudo com Magie e o olhar magoado dela me
dizia isso.
Como eu fui deixar aquela merda acontecer? Ela já estava pronta para
sair da casa, principalmente, depois que eu congelei quando ela confessou o
que sentia por mim.
Se apaixonou por mim? Aquilo foi mais do que inesperado. Eu não
tinha a menor ideia de que ela sentia isso. Na minha cabeça não havia a
menor chance dela se apaixonar por mim. Por isso, quando as palavras
sobre estar apaixonada por mim, vieram logo depois dela dizendo que tinha
arrumado uma casa, eu entrei em pânico. Não conseguia nem pensar direito.
— Magie, por favor, vamos conversar! — Pedi, pronto para implorar
o quanto fosse necessário. Não estava disposto a deixá-la sair dali sem que
resolvêssemos isso. — Isso foi antes... Antes de dormimos juntos pela
primeira vez.
Mas, ela se apoiou nos braços de Luke e se levantou do degrau se
virando para subir as escadas.
— Está mentindo! — Ela falou parada, se mantendo de costas. —
Isso foi antes de você se enfiar entre minhas pernas. Mas, não antes de tudo,
não antes de dormimos juntos, ou de dizermos que nós queríamos!
Então, ela começou a andar, subindo os degraus e tendo Luke a
escoltando.
Eu queria arrancá-lo de perto dela, segurá-lo pelos ombros e jogar seu
corpo bem longe dela. Nunca imaginei que sentiria ciúmes de Luke algum
dia, muito menos nesse nível.
Achei que as coisas tinham se resolvido no batizado. A tarde na casa
do Patrick foi tranquila. Ela sorriu pra mim e ficou ao meu lado, nada de
olhares tortos e raiva. Imaginei que chegaríamos em casa e poderíamos
conversar sobre nossos sentimentos e que tudo se resolveria. Mas, não que
ela iria embora daquele jeito.
— O que você fez garoto estúpido? — A voz da minha mãe soou
atrás de mim, antes que a mão dela acertasse minha nuca. — Eu disse que
se continuasse com essa merda ia perdê-la! Por que fez isso? Por que não
disse que a ama e contou para todos hoje no almoço?
Porque a verdade é que eu não sabia se a amava, ainda não tinha
decifrado meus sentimentos. Como eu ia saber se a amo quando a única
mulher que me fez sentir algo destruiu meu coração?
Além do mais, o que eu sentia por Magie era diferente. Com Gabriela
eu nunca precisei decifrar o que sentia, nós crescemos juntos, sempre
diziam que nós dois íamos ser namorados já quando éramos crianças, foi
algo quase decidido antes mesmo que soubéssemos o que era namorar.
— Eu não sei como descobrir o que sinto, não sei se é amor. —
Murmurei baixo demais com medo de que a Barbie ou Luke me ouvissem,
podia não saber o que sentia. Mas, não queria que ela saísse dali.
— Então é bom que ela vá, quem sabe perdendo você se toca e
enxerga o que tem nas mãos! — Minha mãe afirmou e saiu da sala,
marchando para a cozinha e me deixando ali plantado no pé da escada
sozinho.
Estava em um verdadeiro dilema, não queria perdê-la, não podia
deixar que Magie saísse de casa e da minha vida. Mas, por outro lado sabia
que a tinha machucado e que ainda não tinha uma resposta para os meus
sentimentos por ela.
Meu coração se apertava ao pensar nela longe. Magie tinha se tornado
minha Barbie. O gosto amargo invadia minha boca, travando minha
garganta em pensar que não teria mais a risada irritante dela pela casa, que
os cômodos da casa não estariam mais impregnados com o perfume dela,
mexendo com a minha cabeça a todo instante.
Tudo isso me tornava um babaca egoísta. Eu estava agindo como o
tipo de homem que eu sempre detestei, nunca imaginei que um dia agiria
assim e olhem só eu agindo como um verdadeiro filho da puta, com a
mulher com o passado mais fodido que já conheci.
Mas, que se foda! Subi os degraus de dois em dois, desesperado para
chegar até o quarto dela e implorar mais uma vez para que ela me escutasse,
que me deixasse explicar toda aquela merda que eu tinha feito.
— Ele sabia de todos os meus segredos, sabia das coisas que passei
com Charles e ainda sim fez isso. — Foi o choro vindo de dentro do quarto,
que me fez parar na porta e ouvir a conversa deles. — Eu contei para ele
como me sentia suja e usada, porque Charles me fez dormir com outros
homens e logo depois... Ele vai e faz, praticamente, o mesmo!
— NÃO FOI ASSIM, MAGIE! — Gritei entrando no quarto e
pegando os dois abraçados, enquanto, ela chorava contra o peito dele.
— Não foi? Em uma noite eu abro meu coração, te conto todas as
minhas inseguranças e na outra você pede ao seu amigo para me levar pra
casa e transar comigo. Não foi assim? — Ela jogou a verdade na minha
cara, se afastando de Luke e me encarando de frente. — Você me jogou na
cama de outro homem para conseguir o que desejava, e tudo o que você
queria naquele momento era que eu mudasse meu foco de você para ele!
— O que...
— Você fez como ele. Quis me fazer dormir com outro cara para
conseguir o que queria! — Eu nem tinha argumentos para rebater, porque
eu sabia que ela estava certa, a usei para conseguir algo que eu queria.
— Magie, por favor, só fica mais um pouco e vamos conversar. Tudo
mudou depois que ficamos juntos. Antes disso eu não achei que eu fosse o
cara certo para estar com você, minha mente estava uma confusão e eu
acreditei que Luke seria a melhor pessoa para você...
— Por que ele fazia programas? Por isso achou que seriamos
perfeitos um para o outro? — Ela questionou soltando um som de escarnio
e então se soltou dele e colocando a mão na mala que estava no canto.
— Não! Por Deus, CLARO QUE NÃO! — Eu gritei, mas, até mesmo
Luke estava parecendo desapontado comigo àquela altura.
— Eu sei que é exatamente isso, Alejandro. Você jogou e não sei o
que aconteceu depois que te fez me querer. Mas, isso não muda o fato de
que você me usou! — Ela respirou fundo e apertou os lábios. Achei que ela
estivesse tentando se manter firme e não chorar. De repente minha Barbie
começou a ficar pálida. — Essa conversa está me deixando enjoada.
Dei dois passos até ela querendo ajudá-la a se sentar, mas, Magie deu
um pulo para trás se afastando de mim.
— Barbie você está pálida, o que aconteceu? O que está sentindo?
— FIQUE LONGE DE MIM! — Ela gritou erguendo as mãos e se
afastando ainda mais. — Só quero que fique longe de mim!
— Me deixa te ajudar, Magie...
— Ele tem razão, loira. Você está mais branca que o normal. O que
está acontecendo? — Luke entrou no meio da conversa e a segurou pelos
ombros.
O toque dele não pareceu causar repulsa nela, pois ela ficou tranquila
e até ergueu o rosto o encarando nos olhos.
— Só me tira daqui, Luke. Me tira daqui o mais rápido possível. —
Ouvi o sussurro dela e me causou ainda mais revolta.
— Não! Ele não vai te levar a lugar nenhum! — Protestei tentando
chegar mais perto dela. Mas, dessa vez meu amigo entrou no meio me
barrando. — Não vai a lugar nenhum. Não sem antes conversarmos e
resolvermos isso! Não vou deixar que saia assim.
— Você... Você não... — Magie tentou falar. Mas, se calou apertando
as mãos contra a boca dessa vez.
— Cara, dá um tempo para ela. Espera até que ela esteja mais calma
e se sentindo melhor antes de conversarem. — Luke tentou argumentar,
mas, meus olhos estavam focados nela.
Atrás dele Barbie se curvou e vomitou no chão surpreendendo a nós
dois. Luke se virou no mesmo instante e eu me aproximei já agarrando os
cabelos e tirando do caminho do vomito.
— Viu só. Eu disse que ela não estava bem! — Afirmei esfregando as
mãos nas costas dela, tentando inutilmente acalmá-la.
— Saiam os dois agora! — Minha mãe ordenou aparecendo na porta
de forma inesperada. — Me deixem a sós com Magie e vão.
— Mas...
— Sem reclamar, Alejandro! — Ela interrompeu meus protestos. —
Luke, leve a mala dela para o carro.
Queria abrir minha boca e discutir com ela, mas o olhar que minha
mãe nos lançou não estava abrindo espaços para discussão. Ela, com
certeza, estava fazendo o melhor e o certo, mesmo que eu não me sentisse
assim.
Dei uma última olhada em Magie, que continuava curvada. Mas, não
parecia haver mais nada para colocar para fora. Eu não queria deixá-la ali
assim, não queria me distanciar dela nesse momento. Só que as coisas ali
não eram mais sobre o que eu queria ou não, ela vinha em primeiro lugar.
— Ok menina, senta aqui. — Ouvi minha mãe falando antes de fechar
a porta. — Precisamos conversar.
A mão de Rosa acariciou minhas costas, enquanto ela me puxava até
a cama com cuidado.
— Ok menina, senta aqui. Precisamos conversar. — Ela se sentou
comigo na cama e ergueu meu rosto me olhando nos olhos, sem se importar
que eu tivesse acabado de colocar meu almoço para fora, no chão do quarto.
Eu estava me sentindo um lixo. Nunca imaginei que me sentiria tão
destruída assim e a culpa toda era de Alejandro. Como eu queria voltar a
hoje mais cedo e apagar a parte em que eu confessei que gostava dele, e
definitivamente cancelar a parte que eu deixei que ele me fodesse contra a
parede também.
— Me desculpa por isso, Rosa. Eu vou pegar um pano e...
— Você acha que ligo pra isso, menina? Por Deus, se soubesse o
quanto meus filhos já vomitaram no meu chão. — Ela falou abanando a
mão, mostrando que não se importava. — Quero falar sobre o que meu filho
fez com você e os seus sentimentos por ele.
— Rosa, eu... — Suspirei tentando controlar meu corpo. Começando
a sentir meu enjoo bem mais longe agora. — Eu não quero falar sobre esse
assunto agora.
— Eu sei, querida. Imagino o quanto você está magoada com
Alejandro e que não queira falar sobre isso..., mas, você precisa conversar,
não pode se fechar.
— Só não acho que é a hora agora. Ainda não consegui processar
tudo e ser rejeitada assim... Está tudo confuso. Uma completa bagunça na
minha mente.
Eu não estava mais conseguindo descrever meus sentimentos. Ou
pior, o que estava acontecendo com meu corpo. Tudo estava confuso.
— Sim, filha. Entendo que esteja tudo confuso, ainda mais depois do
que passou no seu casamento. — Ela acariciou meus cabelos e rosto, me
dando aquele carinho materno, me fazendo desabar de novo. — Meu filho é
um garoto idiota. Alejandro sofreu muito com a única mulher por quem se
apaixonou, ela brincou com o coração dele e destruiu os sonhos dele.
Mesmo que ele diga que ainda vai amar de novo, se casar e ter uma família.
Ele ficou cego, não consegue enxergar o que sente por você.
— Não acho que ele sinta...
— Ele sente. Não digo isso porque ele é meu filho. Mas, é porque eu
quero que você saiba da verdade. — Ela falou me interrompendo. — Ele te
ama. Mas, ainda não percebeu isso. E por esse motivo você deve ir e fazer
sua vida. Cuidar desse bebê aí dentro...
— NÃO TEM BEBÊ, ROSA! — Foi a minha vez de gritar a
interrompendo. — Eu não posso engravidar. Nunca consegui!
A mulher a minha frente sorriu, como se soubesse de um segredo que
apenas eu, não sabia ainda. Ela deu duas batidinhas em meu rosto, antes de
voltar a falar.
— Se você acha isso tudo bem. Mas, faça uma visita ao médico, ok?
Quero que vá e viva sua vida. Alejandro não vai demorar a perceber o erro
que está cometendo e vai correr atrás de você.
— Eu não quero que ele faça isso. — Mentira. Aquilo era a mentira
mais deslavada que eu já tinha contado. Eu queria que ele fosse atrás de
mim, que se arrependesse e corresse, se arrastando atrás de mim. Mas, isso
não queria dizer que iria perdoá-lo tão facilmente.
— Você querendo ou não, ele vai. Pois, um homem apaixonado, não
consegue ficar parado quando perde sua amada. — Rosa falava como se
aquilo fosse um filme de romance e não a minha vida miserável. — E
quando ele for atrás, o faça sofrer! Ele merece por ter sido tão cego e ter
feito você sofrer.
Eu tive que rir. Ela nem parecia mãe dele dizendo uma coisa daquelas
para mim. Rosa gargalhou junto comigo, aliviando o clima e o incomodo
dentro de mim.
— Você é uma ótima mãe, sabia? Só não sei se os seus filhos
concordam comigo.
— Filhos nunca concordam com a gente, querida. Mas, não quer dizer
que vamos parar de falar a verdade! Vai aprender isso logo, logo. — Ela
insistiu na ideia que eu teria filhos. Eu não retruquei dessa vez.
Se já não fosse impossível por minha natureza. Agora era ainda mais
impossível. Eu me manteria longe de todos os homens da terra no quesito
sexual.
— Obrigada, por isso. Por me ajudar e estar do meu lado. —
Murmurei sabendo que estava na hora de ir. Mesmo que parte de mim
quisesse ficar naquela casa. — Agora eu tenho que ir, antes que fique ainda
mais tarde. Nós duas nos vemos amanhã na loja.
— Sem falta, minha linda! — Rosa me abraçou apertado e desceu
comigo até o andar de baixo.
Alejandro e Luke me olharam em expectativa, provavelmente,
achando que Rosa estava tentado me convencer a ficar. Mas, quando eu
andei para fora da casa sem me despedir de Ale, ficou claro que não foi esse
o assunto da nossa conversa.
— Pronto, para me levar para minha nova casa? — Perguntei
entrando no carro de Luke e recebendo um olhar incerto dele.
Eu entendia, a dificuldade dele no meio de tudo isso. Ele era amigo de
Alejandro e me ajudar poderia causar problemas entre os dois. Mas, se Rosa
que era a mãe podia fazer isso, qualquer outro também podia.
Não demorou para chegarmos, à casa toda estava mergulhada na
escuridão. Me deixando ainda mais incomodada para entrar. Era como se
não fosse minha casa, e sim um lugar desconhecido.
Luke tratou de abrir a porta e acender as luzes, em seu caminho até o
meu quarto. Onde ele deixou as malas e eu segui direto para o chuveiro
precisando de um banho urgente.
Quando fechei os olhos embaixo da água quente, a imagem de
Alejandro plantado na porta me olhando ir embora invadiu a minha mente.
O olhar dele queimava sobre mim, enquanto sua expressão mostrava o
quanto ele estava revoltado com minha partida.
— Foram suas escolhas, Ale. — Murmurei tratando de tomar um
banho e tentar não pensar mais nele.
Quando sai do banheiro o cheiro de comida tinha inundado a casa. Fui
direto para a cozinha onde Luke estava concentrado no celular.
Na mesa tinha uma caixa de pizza e dois pacotes pardo de comida, me
deixando confusa. Aquilo era comida para um batalhão e não estávamos
esperando ninguém.
— Anda, loirinha. Você precisa comer, depois que bancou a garota do
exorcista e vomitou tudo. — Revirei os olhos, me sentando na banqueta de
frente para ele. — Tem pizza, hambúrguer, batata frita.
— Muito engraçadinho, você. Devia mesmo fazer stand-up. —
Resmunguei e ele fez uma reverência, me arrancando um sorriso pequeno.
— Mas, por que esse tanto de comida?
— Não sabia o que você ia querer comer. E esse bebê aí, já mostrou o
quanto é sensível. — As palavras dele me fizeram bufar irritada na hora.
Que cisma era aquela, com todos, em dizer que eu estava grávida?
Não tinha a menor chance de isso acontecer!
— Uma mulher não pode vomitar que está grávida, é isso? Porque se
for assim, tenho dó de metade da população feminina.
Luke abriu um dos sacos e colocou o hambúrguer na minha frente.
Depois abriu a caixa da pizza. Mas, foi só olhar para o queixo com
azeitonas, para que meu estômago se embrulhasse, me fazendo fechar a
caixa com pressa.
— Eu conheço uma mulher grávida de longe, querida. Minha mãe
engravidou cinco vezes, enquanto eu crescia. Então, podemos dizer que já
virei um expert no assunto.
— Cinco vezes? — A pergunta saiu antes que eu pudesse controlar
minha língua.
— Sim, cinco vezes. Ela era uma viciada, que saia com qualquer cara
que pudesse bancar seu vício. E não duvido que a vadia, teria vendido um
de nós só para poder usar mais um pouco. — Ele falou me chocando ainda
mais. — Por sorte, eu estava sempre por perto para manter todos em
segurança.
— Como... Meu Deus, eu não sei nem o que pensar, o que falar.
— Não precisa dizer nada, loirinha. Todos nós temos os nossos
fantasmas. Nosso passado fodido. — Ele afastou a caixa de pizza de perto
de mim e empurrou o hambúrguer para as minhas mãos. — Foi por eles que
comecei a fazer programa. Primeiro Bella me deixou começar a dançar aos
dezessete, só porque ela conhecia a minha família e sabia o quanto eu
precisava disso. Eu descobri que o jeito que as mulheres me olhavam,
poderia me render ainda mais dinheiro e comecei a fazer os programas.
— Bella? Aí meu Deus, você era só uma criança! — Exclamei
revoltada e enojada com as pessoas.
— Todos éramos. Eu precisava colocar comida na mesa, assim como
Bella e Ale. Nós só, andamos em caminhos diferentes. Ale tinha a mãe para
ajudar, Bella tinha o negócio que herdou do pai, eu não tinha ninguém além
dos meus irmãos, mais novos e só tinha o meu corpo para oferecer. — Ele
deu de ombros como se não fosse nada demais.
Meu coração tinha se apertado no peito com aquela história. Eu não
era a única que tinha um passado fodido e cheio de traumas.
— Sinto muito, que tenha tido uma vida de merda. — Murmurei
perdendo um pouco da vontade de comer.
— Faz parte. Eu consegui criar todos os meus irmãos. Hoje eles são
ótimas pessoas e agora estão todos na faculdade! — Ele ergueu as mãos
para o céu. — Agora, vamos voltar ao assunto principal. Você e esse bebê.
— Rosa disse que estou grávida. Mas, isso é impossível, foram mais
de dez anos casada e nada...
— Já parou para pensar que talvez a fábrica do velho, é que já tivesse
passado da validade? — Eu explodi em gargalhadas. Não dava para ficar
séria com Luke, por mais de cinco minutos. — De verdade. Seus seios estão
maiores, você tem dormido demais, os enjoos estão frequentes e está
comendo mais.
Eu encarei meu corpo e olhei para ele assustada, com todos os
detalhes que ele tinha percebido e eu não havia nem me dado conta.
— Como?
— Eu sou experiente no assunto. Não menti. Mas, para tirar as suas
dúvidas, amanhã vamos comprar uns testes.
— Vai dormir aqui, comigo? — Eu torcia que a resposta fosse sim.
Porque, eu definitivamente estava insegura de dormir sozinha naquela casa
nova.
— Claro que vou! Vai ter que me aturar por perto, por um longo
tempo agora. O título de padrinho dessa criança já é meu! — Sorri sabendo
que se ele tivesse certo e eu estivesse grávida, com toda certeza, ele seria o
padrinho. — Agora anda, come!
— Você é um bom amigo, sabia disso?
Ele abriu um sorriso ainda maior, mostrando o quanto estava
convencido. Luke estava sendo um grande amigo nos últimos tempos. Me
ajudando a arrumar uma casa, os móveis e agora isso. Me salvando no meio
daquela tempestade.
Pensar nisso me fez lembrar de quem eu não estava. E que eu não era
correspondida. Se eu estivesse mesmo grávida, um filho dele, do homem
por quem eu estava apaixonada e que tinha acabado de quebrar o meu
coração, o que eu ia fazer? O que seria desse bebê no meio dessa confusão?
Minha mãe tinha razão, quando disse que eu iria me arrepender.
Porque arrependimento, era o que me consumia, desde o dia que Magie saiu
por aquela porta, levando tudo com ela.
No segundo dia, eu levei minha mãe até a loja e entrei querendo
poder conversar com ela. Precisando que ela me escutasse. Que me deixasse
explicar tudo. Mesmo que nem eu mesmo entendesse.
Mas, ela estava muito magoada, ainda. Se quer me olhou e já me
pediu para ir embora. Então, eu fiz a única coisa que podia no momento.
Prometi respeitar o tempo dela, mas jurando-a que não ia me afastar.
Essa promessa não me impediu de me esgueirei para dentro do antigo
quarto dela e dormir na cama, necessitando sentir o perfume dela perto de
mim. Luke também estava me ajudando, apesar de ter ajudado ela a ir
embora, ele estava do meu lado e tinha certeza de que voltaríamos a ficar
juntos, por isso, sempre me contava como ela estava, o que tinham feito e se
ela tinha falado de mim.
Mas, eu sentia que ele estava escondendo algo. Tinha uma coisa
estranha ali e eu não sabia o que era. Minha mãe e Luke andavam muito
misteriosos, pisando em ovos ao falar sobre Magie e eu tinha medo de que
pudesse ser algo ruim.
Até que depois de ser ignorado por três dias. Magie, finalmente,
começou a falar comigo, me deixando conversar e perguntar sobre o dia
dela. Ela ainda não queria tocar no assunto da nossa briga. Mas, eu já estava
feliz em poder estar perto dela, mesmo que fosse por poucos minutos.
Isso tudo me fez entender o que minha mãe dizia. Eu realmente estava
apaixonado por Magie. Mesmo que eu não tivesse entendido isso logo de
cara.
A Barbiezinha entrou no meu coração de forma sorrateira, mesmo
quando eu disse que não podia me apaixonar por ela. Ela conseguiu
conquistar e me pegar no laço, meu coração disparava ao pensar nela, assim
como tudo em mim se acendia quando a via. Mesmo que, eu não estivesse
pensando em algo sexual.
Eu sentia uma dor física, por não a ter por perto e receber seu
desprezo. A ideia de ter magoada minha Barbie, me deixava quase doente.
Não era mais segredo para mim. Eu amava aquela mulher linda e safada. E
agora, só conseguia pensar que tinha que conseguir ela de volta!
— Parece até que vai explodir em desespero, menino! — Minha mãe
me repreendeu, enquanto eu andava de um lado para o outro. Esperando,
que ela terminasse de tomar café para sairmos logo.
— Não posso estar ansioso para falar com Magie? — A risada dela
me acertou, me fazendo revirar os olhos.
Eu não me importava com aquilo. Não ligava se ela iria rir de mim,
dizer que tinha me avisado, nada disso se comparava, com poder estar com
a minha Barbie de novo.
— Vai finalmente assumir o que sente e se arrastar, por perdão?
— Vou. Faço qualquer coisa, para ela voltar para essa casa. Voltar
para mim! — Exclamei me sentando na frente dela e me acalmando por um
minuto. — Mas, não vou fazer isso na loja de qualquer jeito. Planejei uma
noite só nossa, um encontro romântico como ela merece. Como eu deveria
ter feito, desde o começo.
Minha mãe deu dois tapinhas na minha mão. O sorriso dela diminuiu
um pouco, como se soubesse de algo que eu não iria gostar. Toda aquela
merda de suspense que estavam fazendo ia acabando comigo aos poucos.
O que estava acontecendo com ela? O que tinha de errado ou
diferente em Magie que todos sabiam menos eu?
— Isso é bom meu filho. Mas, espero que não esteja fazendo isso
apenas para tê-la de volta de maneira sexual. Magie merece mais do que
isso. Ela merece alguém que a ame e adore. Alguém que vá cuidar dela
todos os dias e que queira dar a ela uma família de verdade. — Minha mãe
me olhou sério nos olhos. Tão séria como eu nunca a vi antes na vida. —
Por isso, eu vou te perguntar somente uma vez Alejandro Fontes. O que
você quer realmente com ela?
O que eu queria com Magie? Como dizer que eu queria tudo? Um
casamento para começar. Porque, com certeza, ela ia carregar o meu nome.
Ela era minha!
Uma família e não me importava se ela não podia ter filhos, íamos
adotar todos os que pudéssemos, se ela quisesse. Mas, acima de tudo eu
desejava a felicidade dela, queria ver aqueles olhinhos azuis brilhando,
quando conquistasse algo novo. Tudo isso, era o que eu mais queria.
— Eu quero o melhor para ela mãe. — Foi a minha resposta. —
Quero a felicidade, o sucesso. Que ela tenha tudo o que sempre sonhou.
Desde o primeiro momento que ela gritou no portão de casa, na tempestade
e machucada. Tudo o que eu quis foi cuidar dela e garantir que nunca mais
veria aqueles olhos assustados e tristes!
Dona Rosa voltou a abrir o sorriso largo novamente e se levantou
parecendo pronta para finalmente irmos.
— Vou terminar de me arrumar e então vamos! — Bufei
inconformado, porque hoje parecia que ela estava levando o dobro do
tempo para se arrumar. Quase como se estivesse aproveitando meu
sofrimento.
Como se já não tivesse sido o bastante, os dias de agonia que passei
sem nem poder falar com ela, só a via pelo lado de fora da loja.
Depois da espera, mais longa da minha vida. Nós saímos e durante
todo o caminho, eu fui pensando em como iria chamá-la para sair hoje. As
chances de Magie dizer um não, eram imensas, para dizer a verdade, eu
acho que noventa por cento.
O não eu já tinha, agora precisava correr atrás do sim.
Entrei na doceria animado, já a avistando atrás do balcão arrumando
alguns doces na vitrine. Meu coração disparou, parecendo que iria sair pela
boca e minhas mãos suaram como se eu fosse um adolescente. Mas, que se
foda, eu estava perto dela inalando aquele perfume maravilhoso.
— Bom dia, Barbie. — Magie se virou com um sorrisinho nos lábios
me surpreendendo, era um bom começo. — Como você está?
— Bom dia. Estou bem e você? — Perguntou voltando a postura
habitual agora. Que era longe de mim e os braços cruzados na altura dos
seios.
— Eu estou bem. Queria te perguntar, se você quer sair comigo hoje?
Tenho uma surpresa para você e prometo que você vai gostar! — Ela
continuou me encarando calada e eu senti que um não estava prestes a me
atingir. — E se não gostar, prometo que te levo para casa no mesmo
instante.
Ela suspirou e finalmente soltou os braços, dando um passo à frente.
Ficando mais perto de mim, do que ela esteve na última semana. Meus
dedos coçaram com a vontade de tocá-la, de sentir a pele macia contra eles,
mas me segurei. Não queria que ela entendesse errado e ficasse com raiva
de mim. Mas, o que aconteceu a seguir me surpreendeu.
— Eu aceito. Tenho uma surpresa para você também. Então, acho que
vai ser bom conversarmos a sós. — Ela murmurou, não sei se o que mais
me chocou foi ela dizer que tinha uma surpresa para mim ou o fato de ter
me respondido e aceitado meu convite.
— Claro! Claro! Eu passo na sua casa às sete? — Perguntei afobado,
não querendo dar tempo para que ela desistisse.
— Às sete, está ótimo!
Eu saí dali praticamente pulando. Saltitando no ar e foi assim que
passei o resto do dia, feliz em ter ganhado minha oportunidade de me
explicar. Isso não queria dizer que ela já ia me perdoar. Mas, me ouvir já era
um começo, e eu não iria desperdiçar.
Ninguém tirava da minha cabeça, que a surpresa dela, envolvia o que
Luke e minha mãe vinham escondendo também. Eu seria o último a saber.
Mas, não me importava, desde que não fosse sobre ela querer ir para mais
longe de mim.
Luke não me deu nenhuma pista durante o dia. Apenas sorria dizendo
que eu iria gostar, aumentando meu desespero para essa noite.
Depois que fechamos eu corri para casa, para tomar um banho e me
certificar que eu estava limpo, cheiroso e como Magie adorava. Entrei no
carro bem antes do horário combinado e fui buscar o buquê enorme de
flores, que eu tinha encomendado para ela, junto com os chocolates da
marca que ela amava.
Estava prestes a entrar novamente no carro, quando o celular tocou.
Me atrapalhei por um segundo, antes de puxar o celular do bolso e ver que
era ela me ligando.
Torci, repetindo como um mantra que não fosse ela querendo cancelar
o encontro de hoje à noite. Eu realmente precisava conversar com ele.
— Oi Barbie, estou entrando no carro agora...
— Socorro! — Ouvi o sussurro afobado e desesperado do outro lado
da linha.
— Magie? Magie, o que aconteceu? Fala comigo? ME RESPONDE,
MAGIE? — Gritei desesperado entrando no carro e jogando tudo no banco
ao lado antes de sair cantando pneu. — Amor, eu estou aqui, fala comigo!
— Tem alguém aqui. — Ela sussurrou mais uma vez. — Eles querem
me pegar...
— Magie, amor, se esconde! Se esconde no banheiro ou no closet,
Barbie! Se esconde em algum lugar, eu estou chegando.
— Não dá mais, eles...
— Achei a vadia! — Uma voz masculina exclamou do outro lado e
um grito de dor vindo de Magie encheu a linha, gelando meu corpo todo e
quase me fazendo derrapar na pista.
— Anda, leva para o carro! — Um outro homem gritou.
Meu Deus! O que estava acontecendo, quem estava levando a minha
Barbie? Eu me obriguei a ficar quieto, querendo evitar que eles escutassem
e fizessem algo pior com ela.
— E o que a gente faz com o cara lá na sala? — Um outro homem
perguntou e eu soube na hora que era de Luke que estavam falando.
— Mata! Ele não tem nenhuma serventia.
— NÃO! SEU DESGRAÇADO! — Mais uma vez o grito de Magie
preencheu a linha e eu só queria que ela ficasse calada, que não brigasse e
revidasse para que não a machucassem.
Então eu ouvi disparos, que fizeram paralisar no lugar. Quatro tiros
foram escutados e então tudo ficou silencioso. Chequei duas vezes para ver
que a chamava ainda estava ativa. Mas, do outro lado tudo estava quieto.
— MAGIE? LUKE? — Gritei mesmo sabendo que seria inútil, eles
tinham matado meu amigo e levado minha mulher.
Passei dias com aquilo preso na minha garanta, louca para contar a
Ale sobre a gravidez e ao mesmo tempo com medo do que ele poderia achar
de tudo isso. Afinal eu garanti que não podia engravidar. Ele podia acabar
achando que menti para tentar prendê-lo de alguma forma.
Claro que Luke e Rosa não concordavam comigo. Eles insistiam em
dizer o quanto Ale ficaria feliz com a notícia, e que, ser pai era o grande
sonho dele. Mas, eu tinha minhas dúvidas.
Descobri a gravidez um dia depois da nossa briga. Luke comprou os
testes e me obrigou a fazer, para ele não foi novidade o resultado positivo.
Mas, eu fiquei tão chocada que contei a Rosa, ela também não pareceu
chocada, já que tinha suas próprias suspeitas, ainda sim eu não me dei por
convencida e marquei uma consulta.
Não queria sair por aí anunciando uma gravidez, sem ter cem por
cento de certeza, ainda mais depois de sempre acreditar que não poderia ter
filhos nunca.
Enquanto eu estava casada com Charles ele jogava na minha cara
isso. Internamente eu dizia a mim mesmo que era algo bom, era ótimo não
ter um filho para ser criado por ele e acabar sendo um escroto como Louis.
Pior seria, se fosse uma menina, porque ela, seria moeda de troca para os
favores dele.
Mas, quando a médica disse que os exames deram positivo tudo
mudou. Aquele bebê não era de uma pessoa ruim, não era fruto de um
relacionamento forçado e definitivamente não seria tratado como peça em
um jogo.
No momento em que não restou mais dúvidas para mim de que eu
estava mesmo carregando uma vida dentro de mim. Tudo passou para o
segundo plano. Esse bebê seria minha prioridade, diferente de como eu fui
criada, aquele bebê viria em primeiro lugar na vida.
Foi por isso que, finalmente, deixe que Ale se aproximasse de novo.
Levou dias até ter coragem de contar para ele e hoje quando me chamou
para sair eu soube que era a hora.
Não ia voltar para ele. Mas, ele merecia saber que tinha um filho e
aquele bebê precisava de um bom pai.
— Que bom que, finalmente, vai abrir o jogo. Porque eu não
aguentava mais segurar esse segredo! — Luke gritou entrando na loja.
Pegando-me de surpresa e assustando a Rosa.
— Nem eu. Ia acabar contando, mesmo sem querer.
— Vocês dois são péssimos em guardar segredo. Me lembre de nunca
mais contar nada a vocês. — Resmunguei pegando minha bolsa para ir
embora. — Mas, já estava na hora. Ele tem o direito de participar de tudo
isso, se quiser.
— Deixe de bobagem. já falei que ele vai ficar ainda mais doido com
essa notícia. Se já está atrás de você como um cachorrinho, se prepare para
tê-lo atrás de você abanando o rabo vinte e quatro horas por dia! — Não
consegui conter a risada com aquilo e Luke fez o mesmo, explodindo em
uma gargalhada ao meu lado.
— Tem certeza de que não vai querer uma carona hoje, Rosa?
— Sim, menino. Leva ela embora pra se arrumar, porque Ale com
certeza, vai chegar lá bem cedo. — Rosa falou me fazendo sentir um
reboliço no estômago, mas, não de uma forma ruim como enjoos, e sim em
ansiedade para vê-lo. — Eu vou esperar Elisa vir me buscar.
— Então, já vamos. — Murmurei dando um beijo nela e lhe
entregando a chave.
— Tenha cuidado, minha linda. Vocês dois. — Rosa falou com o
olhar congelado no meu, a mão sobre a minha barriga e o rosto
terrivelmente sério. Foi quase como se pressentisse que algo de ruim estava
prestes a acontecer e aquilo fez meu sangue gelar.
Saímos de lá e eu me mantive ainda mais atenta as ruas enquanto
Luke dirigia. A forma como Rosa disse, me deixou assustada. Eu não era
uma pessoa supersticiosa, não acreditava em energia, visões, premonição,
nada disso tinha significado para mim.
Mas, Rosa não era como eu. Ela era uma mulher católica devota, que
tinha uma fé inabalável e a forma como ela falou realmente mexeu comigo.
Por sorte, chegamos em casa em segurança e eu fui logo tomar um
banho. Já tinha saído da doceria mais tarde que o normal esperando por
Luke. Logo Ale estaria batendo na porta e eu ainda não estava pronta.
— Está com pressa, gatinha? — Ele gritou sorrindo quando me viu
correndo para o banheiro.
Precisava tomar um banho urgente. A música ressoou pela casa. Luke
gostava de escutar música alta enquanto fazia as coisas de casa e era ele
quem vinha fazendo, já que eu era péssima em limpar tudo.
— PUTA QUE PARIU! — Gritei assustada pulando com a mão no
peito quando abri a porta e dei de cara com ele. — Não tem o que fazer
não?
— Não, monitorar seu banho é muito melhor. — Revirei os olhos e
segui para o meu quarto, fechando a porta na cara dele. — Acho que vou
sair para jantar com o pessoal. Deixar vocês mais à vontade.
— Está me pedindo permissão? — Abri uma fresta colocando a
cabeça para fora, porque sabia que se ele entrasse começaríamos a
conversar e nós esqueceríamos do tempo. Tinha sido assim nos últimos
dias, mas agora eu precisava terminar de me arrumar.
— Estou me certificando de que vai sobreviver sem a minha beleza
por uma noite. — Sorri sem conseguir me conter e o empurrei pelo ombro.
— Você é um ótimo irmão sabia? Está até me fazendo pensar que ter
sido filha única foi uma bosta.
— Awnn vem aqui, loirinha. Eu te adoto como minha irmã. — Ele
puxou minha cabeça para de baixo do ombro, me obrigando a abrir um
pouco mais a porta e fez um cafuné irritante, bagunçando o cabelo que eu
tinha acabado de arrumar.
— Meu cabelo, Luke! — Agarrei a costela dele fazendo cócegas,
sabendo que era o jeito mais rápido dele desistir. — Esquece, já não te
quero mais como irmão!
Então, o corpo dele todo se endureceu e ele alinhou a postura se
virando para o corredor. Toquei seu braço esperando alguma reação, porque
tudo o que eu escutava era a música alta.
Luke se virou colocando um dedo sobre os lábios, em um pedido
silencioso para que eu ficasse quieta. Com um toque no celular a música
cessou e eu consegui ouvir o barulho de alguém andando em cima da casa.
Meus olhos se arregalaram na mesma medida que meu sangue gelou,
puro medo correndo em minhas veias enquanto eu tentava imaginar quem
poderia ser.
— Entre no quarto e tranque a porta. — Ele sussurrou como uma
ordem, já me empurrando para dentro do quarto.
— O que vai fazer? Vem comigo? — Pedi desesperada, não querendo
nem imaginar quantos homens teriam lá fora e se estavam armados ou não.
— Entre e se esconda! Vou chamar a polícia e pegar a arma, já venho.
Arma? Desde quando todos eles tinham armas? Isso só podia ser
coisa do Cris, não duvidava nada que depois do ataque de Emily a casa da
Rosa, ele tenha feito todos andarem com armas.
Aquilo me fez lembrar de Alejandro, logo ele estaria aqui e sabe Deus
o que ia encontrar.
Peguei meu celular e fui para o outro lado do quarto, me apoiando na
janela tentando ver algo. Foi quando dois homens passaram nos fundos,
com armas maiores do que eu poderia imaginar.
No mesmo instante ouvi uma pancada na porta da frente, a lançando
contra a parede e os tiros começaram a ser disparados.
Tiros vindo dos dois lados da casa e eu só pude concluir que Luke
estava atirando de volta, ao invés, de ter vindo se abrigar.
— Seu desgraçado! VOCÊ VAI MORRER POR TER MATADO
MEU IRMÃO! — Ouvi um deles gritar e me enfiei de baixo da cama com o
celular na mão já ligando para Ale.
— Oi Barbie, estou entrando no carro agora...
— Socorro! — Sussurrei interrompendo-o, não sabia quanto tempo
mais tinha já que os tiros tinham parado.
— Magie? Magie o que aconteceu? Fala comigo? Me responde
Magie? AMOR, EU ESTOU AQUI, FALA COMIGO! — Ele gritou e ouvi-
lo me chamar de amor fez meu coração doer, só em imaginar que poderia
estar morta daqui alguns minutos, sem que ele nem sabia sobre o bebê
— Tem alguém aqui. Eles querem me pegar...
A porta do quarto foi aberta e eu tentei me manter calada.
— Magie, amor, se esconde! Se esconde no banheiro ou no closet,
Barbie! Se esconde em algum lugar, eu estou chegando.
— Não dá mais, eles... — Um rosto apareceu no meu campo de visão
me deixando muda.
— ACHEI A VADIA! — Ele gritou agarrando meus cabelos e me
puxando para fora de baixo da cama.
Ele me puxou contra o peito, segurando meu cabelo tão forte e
apertado que lágrimas pinicavam meus olhos com a dor em meu couro
cabeludo.
— Anda, leva para o carro! —Outro homem apareceu na porta do
quarto.
Eu nunca tinha visto aqueles homens na minha vida. Nada neles me
dava uma pista de quem poderia estar por trás disso.
Não estavam bem-vestidos, usavam roupas velhas e surradas, nem ao
menos tinham se dado o trabalho de cobrir os rostos.
— E o que a gente faz com o cara lá na sala?
— Mata! Ele não tem nenhuma serventia. — O homem a minha
frente afirmou, claramente ele era o chefe, mas, eu não tinha ideia de quem
ele era.
— NÃO! SEU DESGRAÇADO! — Gritei sabendo que eles estavam
falando de Luke e eu não podia deixar que o matassem.
Mas, ele me acertou um tapa em meu rosto, fazendo minha cabeça
girar para o lado e o gosto de sangue invadir minha boca.
O homem que me segurava com força colocou uma arma na minha
cabeça e começou a me arrastar para fora do corredor e eu lembrei que
tinha que me comportar para que não matassem meu bebê.
Eu avistei Luke no chão da sala, todo sujo de sangue, provavelmente
de tantos socos e chutes.
— Me desculpa, loirinha. — Ele sussurrou parecendo desolado.
— Não é culpa sua! — Garanti a ele, sabia que era por minha causa
que estavam ali. — Não desisti, a gente vai sair dessa! — Eu recebi uma
pancada na cabeça e tudo escureceu.
Quando acordei, meu corpo todo estava dolorido, meus músculos
pareciam pesar uma tonelada e minha cabeça latejava a um ponto que era
difícil manter os olhos abertos.
Demorou até que eu pudesse focar os olhos e descobrir que estava em
uma gaiola, com uma corrente presa ao tornozelo e apenas caixas e mais
caixas a minha volta, com o cheiro de mofo preenchendo o lugar.
Tentei respirar fundo e quase vomitei, não sei se foi o mal cheiro que
revirou minhas entranhas ou se foi o estresse e a pancada de mais cedo.
Minha mente trouxe de volta Luke. O que tinham feito com ele? O
que teria acontecido com meu amigo?
— Acordou bela adormecida! — Aquela voz arrepiou o meu corpo,
congelando até meus ossos e eu me virei quando os passos soaram. —
Achou mesmo que ia se livrar de mim? Você me pertence e tudo que diz
respeito a você é a da minha conta. Inclusive esse bebê aí dentro.
— O que você quer de mim? TUDO O QUE FEZ NÃO FOI O
SUFICIENTE? — Gritei inconformada quando ele parou a minha frente.
Como ele já sabia sobre meu filho? E como sabia onde eu morava?
Será que eu nunca estaria segura e em paz? Eu nunca teria direito a uma
nova vida?
— Eu quero esse filho que tem dentro de você. Na verdade, ele já está
vendido por um milhão de dólares. Uma família europeia muito rica o
comprou. — Aquilo me deu impulso de que eu precisava para me erguer e
correr na direção dele querendo arrancar aqueles olhos malditos, mas nem
as grades, nem a corrente me deixou ir longe. — E depois eu vou vender
você em um leilão!
— SEU DESGRAÇADO! FILHO DA PUTA! — Gritei batendo as
correntes contra a grade, mas não surtia efeito nenhum, nada quebraria
aquela merda.
Antes que eu percebesse, ele enfiou a mão entre as barras e agarrou
meu cabelo, me puxando contra a grade, cortando meu rosto com a pancada
e me deixando ainda mais tonta.
— Você me pertence e vou fazer o que quiser com seu corpo! — A
mão me soltou e eu desabei no chão, me sentindo fraca demais para ficar
em pé. — Agora durma, estamos trabalhando para trazer o pai do bebê.
Tenho certeza de que vai ser um bom incentivo para te manter mansinha até
o fim dos nove meses.
Dirigia como um louco, até o endereço que ela tinha me dado.
Enquanto Patrick dava um jeito de encontrar Cris e trazê-lo até aqui. Dessa
vez era um caso de vida ou morte, Magie estava correndo perigo.
Quando cheguei a casa, o portão da frente estava aberto e a porta da
frente estava caída no chão. O batente da porta destruído, mostrando que a
porta tinha sido aberta com algum chute.
Aquilo só fez meu sangue gelar ainda mais, porém eu tinha que entrar
e me focar no que encontrasse no caminho, porque seria importante para
encontrar minha Barbie.
A sala estava destruída, vidro pelo chão junto com os pedaços de
madeira quebrados, e no meio de tudo isso estava o corpo do meu amigo,
inerte e cercado por sangue.
Ver aquela cena acabou comigo e eu desabei de joelhos no chão. As
lágrimas caíram sem que eu conseguisse controlar, os olhos fechados, o
rosto pálido, aquele não era meu amigo, não lembrava nem de longe o
homem cheio de vida.
— PORRA LUKE! — Gritei tentando achar um lugar para tocar nele,
mas o sangue era tanto que ficava difícil saber onde ele tinha sido
machucado.
Eu coloquei os dedos no rosto dele e o par de olhos se abriu no
mesmo instante, me assustando como um inferno. Não podia ser, não com
aquele tanto de sangue, ele não podia estar vivo.
Coloquei meus dedos sobre o pescoço dele e lá estava, o pulso fraco e
quase inexistente, mas ainda estava lá, ele estava vivo, se segurando por um
fio.
Saquei o celular do bolso pronto para ligar para o socorro, quando
passos apressados entraram na casa. Eu só tive tempo de erguer a mão com
a arma para ver o rosto de Cris bem na minha frente.
— Droga!
— Ele está vivo! Ele está vivo! — exclamei mais de uma vez, como
se quisesse passar essa garantia para mim também.
Rapidamente um dos homens dele brotou dentro da casa, se
ajoelhando ao lado de Luke checando todos os sinais vitais e aplicando soro
e mais coisas que eu não tenho ideia do que fosse.
Eu ainda estava atordoado com o cenário a nossa volta, Cris entrando
de supetão e agora com sua própria equipe socorrista.
— Chequem todo o lugar. Quero saber de qualquer coisa estranha. —
Ele ordenou e os outros homens entraram na casa começando a vasculhar
tudo.
— Você o virou? — O médico me perguntou e eu o encarei confuso.
— Os ferimentos das balas foram um no braço e dois nas costas. Ele,
provavelmente, estava de frente quando atiraram pela primeira vez. Mas,
deve ter corrido e então foi atingido uma vez nas costas, caiu no chão e foi
atingido por mais uma. Mas, agora ele está de frente, você o virou?
— Não! Não, eu cheguei aqui e ele já estava assim.
— Seu amigo é muito forte. Vamos levá-lo para o hospital de uma
vez!
Rapidamente nós o colocamos na maca e eles o levaram em um piscar
de olhos. Mas, ainda tinha a parte mais difícil, encontrar Magie.
Meu corpo tremia só de pensar que ela estava nas mãos daquelas
pessoas. Das pessoas que atiraram no meu amigo daquele jeito. Atiraram
para matar. Respirei fundo tentando me acalmar e ergui os olhos para o céu
pedindo forças.
Logo agora que as coisas estavam começando a dar certo. Logo
quando eu jurava que íamos nos acertar e viver em paz, essa merda toda
tinha que acontecer.
Estava resmungando comigo mesmo quando meus olhos pousaram na
câmera de uma casa do outro lado da rua. Poderia não ter pegado tudo, nem
mostrado a cara dos sequestradores, mas podia nos dar algo.
— CRIS! OLHA O QUE EU ACHEI. — Gritei já correndo para o
outro lado da rua pronto para chamar a dona da casa.
— O que você... — Ele foi interrompido no mesmo instante que uma
senhora de idade abriu a porta.
— Bom dia, senhora. Eu sou o marido da mulher que se mudou ali
para a frente e eu queria saber se podemos dar uma olhadinha nas imagens
da sua câmera. — A mulher fechou um pouco mais o portão e semicerrou
os olhos com desconfiança, eu não a julgava por isso. — Meu amigo foi
baleado e alguém levou a minha mulher, precisamos descobrir quem!
— Aquela mocinha loira, ela é um amor. Me dá bolinhos quase
sempre. — Ela disse sorrindo e me deixando feliz em saber que Magie
estava se enturmando. — Mas, ela não me disse nada sobre marido, acho
melhor esperarmos a polícia.
— Eu sou da polícia, senhora! — Cris afirmou sacando do bolso um
distintivo policial. Me deixando surpreso, ele estava mesmo preparado.
— Ora, por que não disse logo? Entre, entrem! — Ela foi logo
abrindo o portão com toda a inocência do mundo. — Eu ouvi o tiroteio no
começo da noite, era por volta das seis e meia, foi uma bagunça. Os
cachorros não pararam de latir por um bom tempo depois que tudo acabou.
Ela nos mostrou o celular onde as imagens ficavam gravadas no
aplicativo. Cris começou a passar rápido as imagens procurando o exato
momento, precisávamos de uma placa, um rosto, marca, tatuagem, qualquer
coisa que nos ajudasse a identificar o grupo.
— A senhora viu quem foi? Conseguiu notar algum detalhe?
— É para isso que vocês querem as imagens? Nós sabemos quem foi.
Toda a vizinhança sabe. A polícia também sabe. — Ela disse encarando
Cris com uma cara nada boa. — Nunca aparecem quando denunciamos um
crime nessa vizinha, porque aqui é território daquela gangue.
— Eu não sou daqui. Dessa cidade e Magie é minha amiga. Faremos
qualquer coisa para prender os babacas. — Ele mentiu na cara deslavada.
Quando botássemos as mãos nesses vermes não seria para serem presos e
sim mortos por se meterem com as pessoas erradas.
— A gangue é de quatro irmãos. Eles dominam o bairro todo aqui. —
Ela nos deu a ficha completa dos quatro irmãos e onde iríamos encontrá-los,
assim como me garantiu que andavam fortemente armados.
Cris achou as imagens e eu senti como se uma faca fosse cravada em
meu peito, quando vi minha Barbiezinha sendo arrastada pelos braços, por
dois brutamontes. Ela claramente desmaiada, os pés arrastando no chão, a
cabeça tombada para frente.
A única certeza que eu tinha de que ela estava viva é porque se a
quisessem morta, ela estaria em uma poça de sangue assim como Luke.
Mas eles a levaram, estavam atrás dela e isso ficou claro na ligação. Luke
não tinha serventia para eles, mas sim ela. Magie era o alvo. Mas, de quem
e por quê?
— Vamos montar uma operação na empresa. Puxar tudo o que
encontramos sobre esses caras enquanto meus homens os trazem até nós. —
Cris me confidenciou quando deixamos a casa e eu queria muito ir com os
homens dele atrás dos bastardos. Mas, ele tinha razão esperar seria melhor.
Eu deveria guardar minha segurança para quando descobríssemos o
paradeiro dela.
— Minha mãe. Eu preciso pegá-la em casa e a deixar segura na casa
da Sophie.
— Então, vamos direto para lá e um dos meus homens pode levá-la
para montanha. Sei que você vai preferir estar por perto enquanto
interrogamos os irmãos.
Ele tinha razão, não ia me afastar de arrancar as respostas deles, eu
precisava disso e ia ter.
Minha mãe se assustou quando eu gritei no portão da minha irmã a
chamando e quando viu o carro.
— O que aconteceu? Você não devia estar com a Magie? E esse
sangue na sua roupa Alejandro? O que diabos aconteceu?
— Mãe a gente precisa ir. Não tenho muito tempo. Explico tudo no
caminho. — Minha irmã apareceu na porta, com a minha sobrinha no colo e
eu suspirei sabendo que não podia deixá-las para trás. — Pegue a Elisa e a
bebê e vamos agora. Ele vai levar vocês até a casa da Sophie, onde vão
estar seguras.
Elas foram rápidas em pegar apenas o necessário e sair da casa. Não
sabia quanto tempo ia levar para os homens de Cris acharem os vagabundos
e os prender. Eu esperava que fosse logo, pois, não queria perder nem mais
um minuto longe dela.
— Onde está a Magie, filho? Só me diga isso. — Ela implorou na
porta do carro relutando para entrar.
— Alguém a levou mãe. Sequestraram ela e quase mataram o Luke!
Minha mãe cambaleou com a notícia, quase caindo no chão. Eu fui
mais rápido e a mantive no lugar.
— Isso não pode ser! Não pode acontecer! — Dona Rosa agarrou
meu rosto já chorando de forma devastadora, me deixando ainda mais
nervoso. — Ela está grávida, Alejandro! Era isso que estávamos
escondendo e que ela ia contar para você essa noite no encontro. Magie está
carregando seu filho ou filha nesse momento!
Meu mundo se partiu em um milhão de pedaços e dessa vez quase fui
eu a perder o equilíbrio.
Um filho, um bebê, nosso bebê!
Eu tinha esperado tanto por isso, tinha sonhado tanto com um filho,
uma família, amor e cumplicidade. E agora que eu tinha assumido os meus
sentimentos por ela, tudo tinha que desabar desse jeito.
Ela está grávida. Minha doce e implicante Barbie está carregando
nosso bebê.
— Alejandro precisamos ir. Acharam eles em um bar comemorando.
— Cris falou em meio a todo o caos que tinha se tornado a minha mente. —
Sinto muito cara. Mas, precisamos ir encontrar respostas.
— Você está certo. Cada minuto que passamos aqui, ela está nas mãos
de algum desgraçado, sofrendo sabe Deus o que.
— Vai, meu filho. Vai e traz eles de volta para casa! — As palavras da
minha mãe foram um combustível a mais.
Eu tinha agora, não só uma pessoa que dependia de mim. Mas, sim
duas. Tinha duas vidas que contavam comigo.
Entrei no carro e deixei que Cris me levasse até onde os seus homens
estavam, com os babacas que a sequestraram.
Tinha ficado na cara que não foram eles. Ao menos, não eles que a
queriam. Alguém os pagou para fazer o trabalho sujo e fizeram muito mal
feito.
— Então, quer dizer que agora os quatro irmãos, foram reduzidos a
três! — Cris debochou enquanto entravamos na casa caindo aos pedaços
onde eles moravam.
Os três homens, que a pesquisa mostrou serem russos, estavam
amarrados em cadeiras, completamente sem nenhuma peça de roupa e
algumas marcas roxas no rosto.
— VAI PARA O INFERNO SEU DESGRAÇADO! — Um deles
gritou mostrando o quanto o afetava ter perdido um irmão.
— Aquele merdinha do seu amigo, foi rápido em atirar nele. Pena que
não viveu para contar a história.
— É aí, que vocês se enganam. Luke está vivo e bem. — Falei e os
três se entreolharam parecendo apreensivos. — Vocês não souberam fazer
nada do serviço. Uma câmera pegou cada carinha bonita de vocês e foi
assim que os encontramos.
— Poderiam ser presos pelo conteúdo da gravação. Mas, nossa
intensão aqui é outra. — Cris entrou na conversa abrindo uma maleta e
revelando objetos de tortura. — Queremos todas as informações sobre a
pessoa que pagou vocês e para onde a levaram.
— Ei cara, calma aí. Se acalma que vamos resolver. Vamos dar um
jeito e entrar em um acordo. — Um deles começou a pedir de forma
afobada, quando viu Cris pegando um alicate. — NÃO FAZ ISSOOOOO!
Ele gritou. Mas, já era tarde, Cris já tinha arrancado o dente do
infeliz, mostrando que não estava ali para brincadeiras.
— E então, o que vai ser? Mais respostas ou mais disso? —
Questionei e logo eles começaram a tagarelar.
— Foi um cara. Ele pagou a gente em dinheiro. Cem mil para pegar a
loira e não machucar, só isso!
— Ele mandou matar qualquer um que estivesse no nosso caminho e
não deixar testemunhas. — O outro emendou, mas ainda não estavam
falando o importante.
— Qual o nome? — rosnei a questão. — E onde a deixaram?
O silêncio voltou a reinar e Cris se virou para o outro irmão, dando
uma pancada no joelho que o fez gritar. Então ele agarrou o maxilar do
homem enfiando o alicate na boca e agarrando mais um dente. O homem
esperneou e gritou. Mas, não surtiu nenhum efeito. E eu não ia ter dó ou
compaixão, estava preocupado com Magie e nosso filho. O resto do mundo
poderia queimar!
— A levamos até um barco no pier. A deixamos lá e pegamos o
dinheiro. Não vimos o homem nenhum só vez.
Eles, com certeza, não estariam mais lá a essa altura. O barco já
deveria estar longe e agora voltamos ao beco sem saída.
Então, quando estávamos achando que não teríamos mais para onde ir
a casa explodiu em tiros. Os sons altos nos ensurdeciam e eu sabia que
tinham muitos homens trocando tiros no andar de cima.
Meu coração estava disparado e de certa forma eu sabia, que só podia
ser o mesmo homem que a levou, que pagou pelo serviço. Com a arma em
punho eu me posicionei perto da escada, pronto para atirar nele.
— Presta atenção. Fica junto de mim! — Cris ordenou me
empurrando para o canto e se colocando a minha frente.
— Ora, ora, não foi difícil achar vocês afinal. Bastou colocar um
rastreador nesses merdinhas aqui e a mágica aconteceu. — Um homem que
eu nunca tinha visto antes desceu as escadas com um sorriso no rosto e dois
homens a sua frente, todos muito bem armados. — Souberam fazer bem o
trabalho. Deixando um caminho inteiro de migalhas. Era exatamente o que
eu queria. Migalhas que só uma pessoa iria seguir. Esses doidos aí!
— O que quer? Onde está a Magie? Me devolve ela, devolve ela para
a família dela! — Gritei desesperado, e ele apenas riu ainda mais.
— Você vai vir comigo. Ela chama por Alejandro enquanto dorme. Te
chama de amor e pede por socorro. — Meu coração disparou no peito com
a ideia dela me chamando e se afundou na mesma proporção em saber do
perigo que ela corria. — Se quiser vê-la de novo venha comigo. Eu nem
vou matar seus amigos, apenas esses três irmãos de merda.
— Não vai! — Cris rosnou a minha frente e me empurrou para trás
mais uma vez. — É uma cilada. Ele não vai liberar ninguém com vida e
você não sabe se ele vai te levar até ela.
— Eu nunca mentiria sobre isso. Ela o quer e eu preciso que ela se
comporte. Então, vai ser uma troca justa. — O homem garantiu e deu a
ordem para que seus homens avançassem e atirassem nos homens
amarrados nas cadeiras. — É você quem escolhe. Não tem como confiar em
mim. Mas, eu sou sua melhor opção nesse momento. Ou vem comigo
pacificamente, ou morre e ela é a próxima.
— Cris, eu tenho que tentar. Tenho que arriscar, ela precisa de mim!
— Ele me censurou com o olhar, mas, não disse nada dessa vez, apenas me
deixou passar.
Assim que alcancei os homens, meus braços foram segurados com
força e o homem se aproximou ficando bem perto de mim. Não vinha
ninguém a minha cabeça, não tinha ideia de quem ele poderia ser.
— Um merdinha desse. Você achou mesmo que ia ficar com uma
mercadoria como aquela! — Ele cuspiu no meu rosto e eu só queria socá-lo
por chamá-la de mercadoria.
— Só me leve até ela! — Ele acertou um soco no meu estômago, me
fazendo curvar para frente em busca de ar.
— Você vai garoto, você vai. Mas, antes nós vamos amaciá-lo um
pouquinho! — Ele garantiu e se virou subindo as escadas, enquanto seus
homens me levavam logo atrás.
Eu não podia ouvir Cris andando atrás de nós e eu soube que ele não
estava me seguindo. Só não entendi o motivo disso. Havia um cheiro forte
no ar notei assim que subimos as escadas. Algo como gasolina ou parecido,
um cheiro que não estava ali quando entramos.
Assim que saímos da casa, me empurraram para dentro de um carro
preto. O chefão fez questão de empurrar meu rosto contra o vidro, sem se
importar em me cortar.
— Preste bem atenção e assista seus amigos queimarem! — Ele disse
atrás de mim, meus olhos procuraram uma fagulha ou um ponto de
incêndio, não demorou para que aparecesse e o fogo começasse a consumir
tudo ali.
Porra!
Eu não podia acreditar que aquilo estava mesmo acontecendo. Todos
estavam morrendo. Cris e seus homens, Luke, todos em um único maldito
dia!
Eu não podia perder mais ninguém, e principalmente, eu não podia
perdê-la! Ia até o inferno se fosse preciso, daria a minha vida em troca da
dela. Mas, não deixaria que nenhum mal acontecesse a ela e ao nosso bebê
Eu já tinha perdido a noção de tempo.
Não tinha ideia se havia passado algumas horas, um dia ou até mais.
Um homem me trouxe comida e água, para fazer necessidades eu só tinha a
merda de um balde naquela cela.
Passava a maior parte do tempo deitada, remoendo tudo o que tinha
acontecido, pensando em na minha vida com Ale. Fantasiar era o que mais
estava me mantendo lúcida, naquele buraco, ou eu já teria tido um ataque.
Eu me via junto com ele e com uma menininha. Não sei por que mais
comecei a imaginar que seria uma menina. Nós três brincando em um
jardim cheio de flores em um dia de verão. Ou fazendo coisas do dia a dia,
como brincar durante o banho, trocar fralda, dar comida.
Eu queria tudo isso com ele. Uma vida normal e tranquila. Sem toda
essa bagunça, confusão de sentimentos, sequestros e mortes. Me encolhi
ainda mais no canto e esfreguei minha mão na barriga, mesmo que não
houvesse nenhum indício de gravidez ainda, eu sabia que tinha uma vida ali
e isso me bastava.
— Que bom que te encontrei acordada. A mamãe ursa está quase
hibernando, só vive dormindo. — O desgraçado apareceu e eu me
recriminei, por não ter continuado de olhos fechados. — Tenho boas
notícias!
— Não quero saber de nada que tenha para me contar. — Me virei
enterrando o rosto no colchão fino, querendo que ele fosse embora apenas
isso.
— Já era de se imaginar. Você sempre foi assim. Mas, isso você vai
querer saber. — Ouvi os passos mais perto e então a mão asquerosa,
agarrou meus cabelos antes que eu pudesse me levantar e ele me puxou
contra as grades batendo meu rosto com força na barra. — Não me obrigue
a te machucar! Seu comprador não vai querer vê-la machucada.
— Eu tenho nojo de você! Nojo! — Cuspi na cara dele, não me
importando se ele ia me machucar ou não. Ao menos as pancadas na cabeça
me ajudavam a dormir.
— Mas, não tem nojo de se envolver com gente de uma classe
inferior à nossa, não é? Sua vagabunda barata! — Os dedos se forçaram em
meus cabelos, fazendo o couro cabeludo já machucado, reclamar ainda mais
com a brutalidade. — Nós o pegamos. Conseguimos capturar o merdinha
do pai do seu bebê.
Meu coração disparou e meus olhos se arregalaram enquanto eu
lutava contra o aperto dele, querendo olhar em volta e buscar por Alejandro.
— Onde ele está? O que fizeram com ele?
— Ainda se importa com uma pessoa desse tipo. Qual é o seu
problema? — Ele rosnou parecendo mais irritado, mas ao menos me soltou.
— Ele está aprendendo bons modos. Não se preocupe.
— Você é um verme! — Gritei me afastando da grade para que ele
não tentasse me machucar de novo.
Se Alejandro estava aqui, era porque não tinha dado certo seu plano.
E eu não queria que ele me visse machucada ou iria causar problemas para
si mesmo.
— É, eu sou um verme! Mas, você me deve a sua vida, está na hora
de começar a pagar! — O som de uma porta pesada sendo aberta me
chamou a atenção. — Bem na hora!
A conversa dos homens ficava mais alta, conforme chegavam mais
perto e eu ouvi um arrastar de pés pelo chão misturado a passos, até que
eles alcançaram meu campo de visão e eu avistei Alejandro sendo
arrastado, como um trapo ensanguentado, deixando um rastro de sangue no
chão.
Corri para a grade, grudei meu rosto no ferro querendo ficar o mais
perto dele. Meu peito se apertou e meu estômago se revirou com a imagem
a minha frente. O homem sendo carregado não me lembrava nada o Ale que
vi dias atrás.
O rosto estava completamente machucado, o deixando quase
irreconhecível. Os olhos estavam inchados demais, um deles estava
completamente fechado pelos golpes. Havia um corte na altura da maçã do
rosto dele e as roupas estavam sujas, parecia que ele tinha sido atropelado,
com arranhões e machucados por todo lugar, assim como os pés, que
estavam descalços e sangrando por algum motivo.
— Ale! Ale você... Você está me ouvindo? — Perguntei já não
conseguindo mais segurar o choro. Deixei que as lágrimas lavassem meu
rosto.
Não me importei, quando as lágrimas salgadas arderam contra o
machucado em minha bochecha. Nada se comparava a ver ele naquele
estado todo machucado.
Os homens puxaram uma corrente presa a uma viga e prenderam os
braços dele ali, deixando o corpo dele pendurado como se fosse um boneco
sem vida e esse pensamento fez a bile subir a minha garganta.
Me curvei colocando tudo para fora. Meus sons pareciam algo sem
controle, enquanto meu corpo estremecia se curvando e derramando tudo o
que eu tinha comido no chão.
— Barbie. — A voz dele saiu em um sussurro baixo, quase falhando.
Mas, atraiu minha atenção no mesmo instante. — Minha Barbiezinha...
Sinto muito por isso... Sinto muito.
Me ergui, limpando a boca de qualquer jeito e me agarrei as grades
novamente sofrendo por ele. De alguma forma eu sabia que aquilo seria só
o começo.
— Não é sua culpa. É minha. Era a mim que eles queriam, você nem
deveria estar aqui. — Ale engoliu com dificuldade e aquilo doeu dentro de
mim. — Seu desgraçado! Solta ele, coloca ele aqui na cela comigo e me
deixa cuidar dele. Juro que faço o que você quiser! — Implorei aos gritos,
mas só recebi risadas.
— Magie, fica calma, amor. Se senta e tenta se acalmar. — Ale pediu
me chocando. — Não quero te ver passando mal. Eu aguento qualquer coisa
que eles queiram fazer comigo. Só não suporto ver você sofrer.
Eu não sei o que me surpreendeu mais. Ele me pedindo para não
enfrentar aqueles bastardos e tentar ajudá-lo. Ou se foi ele me chamando de
amor e dizendo que não suporta meu sofrimento. Aquilo mexeu com meu
coração, me desestabilizando completamente.
Eu recuei da grade e me sentei no colchão como ele pediu. Só para
receber o pequeno sorriso mais sofrido que ele já deu na vida. Aquilo não
impediu que lágrimas escorressem por meu rosto. Eu também não podia
aguentar o sofrimento dele, preferia mil vezes continuar sozinha naquele
lugar.
O pedaço de merda ambulante, começou a bater palmas e gargalhar.
Como se estivesse em um show de comédia.
— Viram só. Era disso que eu estava falando! EU SABIA QUE ELE
SERIA CAPAZ DE CONTROLÁ-LA! — Ele gritou me fazendo revirar os
olhos. — Ela não quer te ver sofrer e por isso vai nos obedecer. E ele vai
reforçar te pedindo para ser uma boa menina e se comportar. Porque ele não
aguenta ver você sofrer, como é mesmo... Barbie?
Eu sempre detestei todos os planos estúpidos de manipulação dele.
Mas, dessa vez estava certo. Nenhum de nós dois íamos fazer algo que
causasse mal ao outro. Preferia morrer a isso.
— Porque você não se enforca com a própria língua, SEU
DESGRAÇADO! — Gritei, sentindo nojo só em olhar aquele rosto. O rosto
de uma pessoa que achei conhecer a vida toda, e que agora eu via que nunca
conheci de verdade.
— Vocês me enojam. Mas, é assim que vamos passar os próximos
nove meses. Você sendo uma boa menina. E ele levando uma surra de vez
em quando, enquanto definha. — Mas, Ale não sabia que eu estava grávida.
Tinha uma falha naquele plano e eu com certeza diria a Alejandro para não
acreditar nele, que eu não estava grávida coisa nenhuma.
— Se Ale souber que você quer me vender, ele não vai cooperar, seu
desgraçado! — Falei com toda a convicção.
— Hahaha! Você é tão ingênua Magie. Sempre foi um tanto burrinha
e inútil. Acho que deve ser por isso, que se apaixonou por um stripper e
mecânico de merda! — Ele deu passos lentos até onde eu estava. — Você
acha que ele não sabe que está grávida? Eu tenho todos os seus exames, um
por um bem aqui e ele já viu todos, querida.
— É mentira! Não tem bebê nenhum. NÃO FIZ EXAME NENHUM.
— Gritei desesperada e foquei meus olhos em Ale. — Não acredita nele.
Não estou grávida.
Tudo o que eu vi foi o semblante triste dele. Ale abriu um sorriso
maior dessa vez, tentando mostrar o quanto estava feliz, mas eu só
conseguia enxergar os dentes cobertos de sangue.
— Minha mãe me contou, Barbie. — Porra não, não podia ser! —
Estou muito feliz e sei que era o que você queria me contar antes de ontem.
Meu Deus! Já tinha passado um dia que eu havia sido pega. Um dia
que todos achavam que eu estava morta. Um dia que ele sabia que era pai e
se preocupava com isso, enquanto sofria nas mãos daqueles desgraçados.
— Me desculpa. — Foi tudo o que eu consegui falar.
— Não por isso, meu amor. Nunca se desculpe por isso! — Ele tentou
se mexer, mas acabou soltando um grunhindo de dor que partiu meu
coração ainda mais.
— Por favor, solta ele! Coloca ele na cela, amarrado como eu.
Prometo que vou colaborar. — Me aproximei da grade e engoli todo o meu
orgulho. Baixei minha crista desistindo da dignidade que me restava. — Por
favor, pai!
Eu tinha sido socado, chutado, meus pés foram feridos com um tipo
de chicote ou algo assim, enquanto eles tentavam enfiar na minha cabeça,
repetindo por horas, o que iriam fazer se eu tentasse qualquer gracinha, ou
se incentivasse minimamente Magie a fazer algo.
Eles deixaram bem claro como a estripariam, abririam sua barriga e
me deixariam vê-la sangrar até a morte. Como fariam revezamento entre os
homens para abusar dela me obrigando a assistir o sofrimento. Essas e
outras coisas tenebrosas que eu não queria nem mesmo pensar novamente.
No meio de tudo isso, eu entendi o que eles queriam. Precisavam que
eu mantivesse Magie calma e obediente. O que significava que iriam
mantê-la aqui por muito tempo. E eu não entendi o motivo. Não até ouvir o
chefão dizer que a manteria ali por nove meses.
E foi aí, que tudo se encaixou. Eles queriam o nosso filho. Iriam
esperar que nosso bebê nascesse para o levar. E isso era uma coisa que não
ia acontecer. Mesmo se eu tivesse que fazer um pacto com o capeta e voltar
do inferno. Eles não levariam meu filho ou machucariam Magie!
Quando a vi ali tentando fingir que não existia um bebê, que não
estava grávida, apenas para me proteger e tentar destruir o plano deles.
Mexeu demais comigo. Porque mesmo que não existisse um bebê, eu daria
minha vida por ela. Deixaria que me esfolassem vivo, que me matassem um
pouco a cada dia só para poder salvá-la.
— Me desculpa. — Ela falou com o queixo tremendo enquanto
tentava segurar o choro.
— Não por isso, meu amor. Nunca se desculpe por isso! — Me movi
querendo poder chegar mais perto dela, mas as correntes presas no teto,
segurando meus braços não me deixavam nem mesmo pôr os pés no chão.
E estar naquela posição fazia meu corpo doer em lugares que nunca
imaginei. Se eu não soubesse que ela estava ali, talvez eu já teria desistido.
Se Magie não estivesse em perigo, eu provavelmente, já teria me rendido a
toda a dor que estava sentindo no momento. Me entregando a morte.

Mas, ela precisava de mim. O olhar assustado e marejado. O queixo


tremendo, enquanto o corpo todo parecia tão encolhido e o semblante triste
de um jeito que eu nunca vi.
— Por favor, solta ele! Coloca ele na cela, amarrado como eu.
Prometo que vou colaborar. Por favor, pai! — Aquela palavra me chocou e
eu ergui o rosto tentando encarar o homem, mesmo que não estivesse
conseguindo enxergar direito.
— Vai ser uma boa menina? — Ele esticou os dedos e tocou a
bochecha dela em uma carícia que a fez estremecer. — Se prometer se
comportar, eu deixo que ele fique aqui com você. — Magie acenou com a
cabeça, afirmando desesperadamente. — Mas, se fizerem alguma coisa
estúpida. Se tentarem qualquer gracinha, eu vou cortar os dedos dele e te
obrigar a assistir.
— Eu prometo. — Magie conseguiu dizer mesmo depois de engolir
em seco, parecendo realmente assustada com a ameaça.
— Ótimo. — O homem que deveria protegê-la sorriu de forma
diabólica e acenou para os homens ao meu lado.
As correntes foram soltas e eu ouvi o barulho delas correndo pelas
vigas antes que meu corpo caísse no chão com um baque doloroso, me
fazendo soltar um grunhido de dor. Por mais que eu quisesse ser forte e não
demonstrar dor para minha Barbie, nesse momento foi impossível.
— Ale. — Ouvi o murmúrio dela e tentei me erguer, exigiu mais
força do que eu imaginei, mas consegui erguer meu tronco e olhar para ela
tentando acalmá-la.
— O levem logo para cela. Acabem com essa cena ridícula! — O pai
de Magie ordenou e os dois brutamontes me ergueram do chão pelo braço e
me arrastaram para a cela, atirando meu corpo lá dentro de qualquer jeito.
— Foi ridículo como souberam mandar sua irmã e seu amiguinho para fora
do país achando que aquele homem tinha tentado invadir a casa atrás dela.
— Do que você está falando? — Magie questionou a dúvida que
compartilhávamos.
— O homem que mandei invadir a casa de Alejandro. Se é que pode
chamar aquela coisa de casa. Enfim, ele foi até lá para tentar assustá-la. Eu
queria que você saísse daquela casa, que fosse se esconder em outro lugar
para que eu pudesse te pegar de uma vez. — O homem explicou, finalmente
esclarecendo quem tinha sido o invasor. — Infelizmente, não deu certo.
Mas, por sorte o idiota aí te fez correr para longe da casa. Fez com que você
procurasse um lugar só seu.
— Seu desgraçado! — Rosnei com o fio de voz, enquanto a culpa
começava a me corroer, culpa por ter deixado que ela fosse para longe de
mim.
— Tenho que agradecer a você. Se não fosse por você, eu teria que ter
entrado na sua casa e matado toda sua família, só para trazê-la comigo.
Claro que sua irmã teria sido uma ótima adesão aos leilões no exterior. Uma
latina linda como ela é muito bem usada lá fora. — Tive vontade de me
erguer e socar a cara do desgraçado, mas me contive por Magie. — Mas, no
final tudo deu certo. Só não para o seu amigo. Agora lembre-se, se
comportem crianças!
Minha Barbie já estava ao meu lado, puxando meu rosto com cuidado
e o apoiando em seu colo.
— Ale, meu Deus! Olha só o que fizeram com você! — Ela exclamou
desistindo de passar as mãos por meu rosto e enfiando os dedos em meus
cabelos, massageando exatamente como fez quando eu estava preso no
elevador de carro.
— Oi Barbiezinha. Não consegue viver longe de mim, não é? — Com
a visão mesmo embaçada eu consegui ver a confusão tomar o rosto dela. —
Ainda acha que sou o homem mais irritante que conheceu? — Repeti as
palavras que ela usou naquele momento e ela abriu um pequeno sorriso.
— Você é! O mais irritante, maluco, idiota, cabeça dura, corajoso e...
lindo, amoroso, carinhoso. — Então o choro começou, as lágrimas
escorrendo por seu rosto e me destruindo por dentro. — Você não devia
estar aqui! Não... Não devia...
— Ei, ei Barbiezinha. — Falei tentando atrair a atenção dela. — Eu
estou exatamente onde deveria estar. Meu lugar é do seu lado. — Ela
fungou prestando mais atenção agora e eu usei toda minha força para erguer
minha mão até o rosto dela. — Demorei tempo demais para perceber isso.
Para me dar conta que meu lugar é ao seu lado. E agora ninguém vai me
tirar dele.
Os dedos dela intensificaram a massagem me fazendo fechar os olhos
por um instante e finalmente relaxar em seu colo.
— Você está dizendo isso porque sabe do bebê. Está aqui pelo nosso
filho. - Ela murmurou, mas agora já não estava chorando mais.
— Não poderia estar mais enganada! Já tinha ido atrás de você bem
antes de saber do bebê. Eu, Cris e os homens dele estávamos te procurando
desde o minuto que sua voz desapareceu no celular. — A boca dela se abriu
em surpresa, como se aquilo fosse a coisa mais impossível de acontecer. —
Quando minha mãe me contou, já tínhamos capturado os homens que
invadiram a casa e te levaram.
— Mas, como? Por quê? Por que foram atrás de mim?
Aquela pergunta fez um milhão de pensamentos cruzarem minha
mente. Magie não tinha noção do quanto era amada, de quantas pessoas se
importavam com ela, naquela cabecinha linda ela ainda acreditava estar
sozinha no mundo.
— Porque, eu te amo! Te amo e iria até o fim do mundo por você! —
Acariciei a bochecha dela, tomando cuidado em não tocar no corte ali, já
acabava comigo vê-la ali chorando e machucada sem que eu pudesse fazer
nada. — E isso não tem nada a ver com o nosso filho. É tudo sobre você.
Nunca mais vai estar sozinha Barbie. Eu te amo e não vou te deixar ir nunca
mais.
Ela soltou uma risada nervosa, misturada com as lágrimas que
voltaram a escorrer. Me surpreendendo ela se curvou e plantou um beijo
rápido em meus lábios.
— Então, quer dizer que você se apaixonou, bombeiro? — Ela
perguntou sorrindo e me animou um pouco ver brilho naqueles olhos. Se
era tudo o que eu podia fazer por ela, eu continuaria com aquilo.
— Acho que estava com medo de assumir o que sentia. Porque não
me achava suficiente para você. Pensei que uma menina rica, que cresceu
com tudo de bom na vida, não iria querer nada com um homem que não tem
muito a oferecer. — Antes que eu pudesse notar ela acertou um tapa em
meu peito. — Aaai merda!
— Desculpa. Desculpa! Eu não quis fazer isso, é que você é tão burro
que me irrita. — Magie se apressou em dizer enquanto eu respirava fundo
tentando controlar minha dor. — Eu nunca quis nada de você. Nada de
dinheiro e boa vida. Tudo o que homens ricos fizeram na minha vida toda
foi me ferir. Acha mesmo que eu ia buscar um rico?
— Não pensei por esse lado...
— Não pensou. Você não pensa! — Lá estava a nervosinha de volta e
toda aquela conversa estava me distraindo da nossa situação e eu tinha
certeza de que com ela acontecia o mesmo. — Eu só quero amar e ser
amada. Crescer na vida juntos, ter uma família de verdade e agora, mais do
que nunca, ser uma boa mãe!
Respirei fundo juntando todas as minhas forças e ergui meu tronco,
me segurando no chão para não desabar então a puxei contra mim, a
envolvendo com meus braços.
— Você vai ser. Vai ser a melhor mãe desse mundo! Nós dois vamos
criar esse bebezão como pais corujas. Vamos ser o caralho de perfeitos.
Com o rosto contra o meu peito ela sorriu me aquecendo ainda mais
por dentro e me dando forças para continuar ali agarrado ela. Enquanto a
tivesse assim, eu poderia aguentar toda essa merda, podia aguentar essa dor
dos infernos e tudo mais por ela.
— Acho que vamos ter que te ensinar a ter uma boca limpa primeiro.
— Eu soltei uma lufada de ar, que deveria ser uma risada, mas minhas
costelas ainda reclamavam. — Também tenho quase certeza que vai ser
uma menina e Luke vai ser o padrinho. Aí meu Deus! — ela exclamou se
afastando e me olhando com o rosto tomado por tristeza novamente. — O
Luke está morto?
— O levaram! — Foi a primeira coisa que eu disse a Patrick quando
ele atendeu. — Ele se entregou para o levarem até ela. Coloquei um
rastreador nele antes que fosse levado, mas não vai gostar de saber onde
eles estão.
— Venha pra cá. Vamos dar um jeito nisso juntos!
Manquei até o carro do outro lado da rua, mas antes de entrar dei uma
última olhada na casa em chamas. A casa onde alguns dos meus homens
estavam queimando.
No momento em que aquele homem disse que precisava de
Alejandro, eu soube o que iria fazer. Por isso, o puxei para trás e grudei um
dos adesivos de rastreamento em seu peito, sabia que iriam levá-lo até
Magie, por algum motivo doente.
E assim que sumiram nas escadas eu corri. Me apressando em quebrar
a madeira do chão com um dos martelos que trouxe para a tortura. Só parei
quando consegui um buraco que me coubesse, nem mesmo com a fumaça
me cegando e sufocando eu parei.
Foi questão de segundos e a casa já estava em chamas. Quente como
o inferno. As vigas caiam, a madeira toda se desfazendo sendo consumida
pelo fogo. Caindo pedaços em chamas em cima de mim.
O bom daquelas casas de madeira era que tinham um espaço entre o
chão e o piso da casa. Por isso, assim que abrir, me obriguei a me livrar de
todo equipamento, antes de passar no maldito buraco e me esgueirar no
chão de terra até sair nos fundos da casa.
Meus homens no andar de cima não tinham tido essa sorte, tendo que
escolher entre morrer queimados ou correr para as balas daqueles
desgraçados.
Se antes isso já era uma coisa pessoal, agora era ainda mais. Ia fazer
cada um deles pagarem por isso!
Quando cheguei na casa de Patrick, ele veio rapidamente para a porta
me abraçando forte ao ver meu estado.
Os meus homens que haviam sobrado estavam na casa de Elizabeth e
eu não podia tirá-los de lá. Não a deixaria desprotegida por nada nesse
mundo, não me perdoaria se algo acontecesse com a minha amada, ou com
a nossa menina. Nossa porque era minha agora, eu definitivamente estava
indo pedir aquela mulher em casamento depois de hoje.
Eu tinha conseguido reunir alguns amigos antigos, alguns já
aposentados, mas em plena forma para a missão que tínhamos pela frente e
estavam todos ali na sala de Patrick me olhando em expectativa.
— Que bom que você está bem, Cris. — A voz doce de Sophie me
tirou do modo combate por um instante e eu desviei meus olhos para a
baixinha com Sebastian no colo. — Traz nossos amigos de volta!
— Pode deixar. Eles vão pagar por tudo! — Me aproximei do pessoal,
tirando um tempo só para tomar a água que Holly me trouxe e contei tudo a
eles. — O adesivo é quase imperceptível e tem uma ótima precisão. Seria
nossa melhor chance de encontrá-los. Ao menos foi o que eu pensei no
momento, mas agora olhando no rastreador eu não tenho mais essa certeza.
— Falei virando a tela do tablet para eles.
— Isso é...
— Sim, o pátio de contêiner no píer. — Respondi sem vontade,
porque aquilo era quase uma derrota.
— Levaria semanas para vasculhar todos os contêineres, tem ideia de
que eles já vão estar bem longe daqui? — Um deles soltou a questão e eu
sabia que estava certo.
— Não me leve a mal, mas desse jeito só vamos encontrar as
carcaças.
— Não vamos! — Ouvi uma mulher entrando acompanhada de John,
provavelmente era Carla. — É o meu irmão lá, minha cunhada e meu
sobrinho! E vou mover a porra do mundo se for preciso para encontrá-los.
— É muito bom ouvir isso, lindinha. Mas, não vai ajudar caralho
nenhum se não tiver o número do contêiner ou ao menos em que sessão
estão!
— Não vai falar com ela assim porra! — John praticamente rosnou se
colocando na frente dela. — Ela tem um contato na polícia e ele vai
mobilizar o batalhão todo. Só precisamos falar a hora e o lugar. — Ele
informou calando a boca do homem.
Ótimo, tínhamos conseguido mais gente para vasculhar, mas ainda
assim, era uma área enorme. Não sabíamos quanto tempo eles tinham.
— E se usarmos detectores de calor? — Um deles perguntou
causando um burburinho.
— Ainda demoraria muito tempo para vasculharmos cada centímetro
a pé. Se ao menos tivéssemos alguns drones. Facilitaria a busca em horas,
talvez um dia no máximo.
— Mas, isso custaria uma nota preta. Ter a polícia do nosso lado já
tira um problema da nossa cola, não iriam nos parar.
— E dinheiro também não é um problema! — Patrick se pronunciou
colocando um fim na conversa. — Consigam tudo o que precisam para
encontrá-los e o dinheiro deixem comigo.
Dei as ordens aos homens para mexerem as bundas preguiçosas e
logo todos estavam em ação. Cada um fazendo uma coisa. Me virei olhando
para o puto do meu amigo. Tinha mudado tanto depois de Sophie. Nem
mesmo a máscara estava mais usando mesmo estando cercado de estranhos.
— O amor tem dessas merdas no fim das contas, não é? — Murmurei
chamando a atenção dele, que se virou depois de pegar a pequena Mary dos
braços da Holly. — Você aí esquecendo o passado de merda, babando nos
filhos e na esposa. Alejandro se entregando a morte certa pela amada.
— E você, o cara que disse que nunca ia se apaixonar. Sabe o que
sobre isso? — Ele questionou vindo para o meu lado e se sentando com a
neném no colo. Me lembrando tanto a pequena em casa.
— Vai dizer que você não sabe que a CEO o pegou pelas bolas? —
Foi Sophie quem soou aparecendo nas nossas costas com a tropa. — Ele
está completamente rendido por ela.
Sophie, Carla e a mãe se sentaram a nossa frente, todos tinham um
semblante preocupado e triste, e eu sabia que o que mais doía era estarmos
fazendo todo o possível e ainda sim parecia que estávamos de mãos atadas.
— É verdade, acho que foi praga de vocês. De tanto falarem que uma
hora ia chegar a minha vez. Vou ter que me casar com aquela mulher ou não
vou sossegar!
Todos riram deixando o clima um pouco menos pesado, mas não o
suficiente para nos fazer relaxar. O estado de incertezas estava deixando
todos em uma tensão horrível.
— Vai tomar um banho enquanto os outros não voltam. Você está
coberto de sujeira e parece ter fugido do próprio inferno! — Sophie mandou
e eu não hesitei, precisava respirar um pouco melhor depois de toda aquela
fumaça e fuligem.
Mas, assim que entrei no quarto de hóspedes eu peguei meu celular e
liguei a câmera ligando para Beth, precisando ouvir a voz dela e ver aquele
rosto lindo.
— Oi, Mia bella.
— Aí meu Deus! CHE CAZZO TI È SUCCESSO? — Ela gritou
misturando os idiomas assim que me viu e eu tive que sorrir. — Não ria, me
responde logo o que aconteceu com você?
— Foi um incêndio, apenas isso. — Respondi sem conseguir
esconder o sorriso, só ela mesmo para me acalmar no meio daquela merda
toda. — Eu estou bem.
— Não está! Venha para casa logo, deixe seus homens resolverem
isso. — E lá estava o lado que ela queria esconder. O lado que eu sabia
dizer me amar, mas ela negava.
— Casa comigo? Diz que sim e eu volto para casa agora! —
Elizabeth abriu e fechou os olhos, chocada demais e o som de risada do
outro lado a fez se virar pegando Angel no colo. — Veio dizer "Oi" para o
papai?
Ela explodiu em uma gargalhada, mostrando a língua e babando tudo
quando ouviu minha voz fina.
— Quando você voltar conversamos sobre isso. — A morena me
falou séria, mostrando que não ia ceder tão fácil. — Mas, volta para casa
agora.
— Casa comigo. Não me importo se não disser que me ama, não
preciso disso, eu já sei! Só quero que se case comigo. Seja minha esposa e
que Angel seja minha filha.
— Quantas vezes tenho que repetir que não vou me casar de novo
nunca mais? — Ela sabia ser firme no que queria, não era atoa que tinha se
tornado uma das poucas CEO mulheres no mercado e tão boa no que faz.
Estava prestes a discutir com ela, mas uma batida na porta me parou.
— Temos algumas novidades, Cris. VOCÊ NÃO VAI GOSTAR DE
SABER! — John gritou da porta me forçando a respirar fundo.
As notícias ruins não iam acabar?
— Preciso ir, amor. Conversamos quando eu voltar. — Falei
apressado não querendo que ela ouvisse nada de ruim. — Amo vocês!
Desliguei antes que ela pudesse dizer qualquer coisa e tratei de tomar
um banho em tempo recorde antes de descer.
Três dos homens que haviam saído com John, para investigar mais
sobre a vida da família da Magie estavam de volta e pelas expressões
tinham uma enxurrada de notícia ruim.
— Quem a pegou foi o pai. — John soltou de uma vez me fazendo
paralisar por um instante. — O homem que você descreveu foi esse, não
foi?
Ele me estendeu o tablet e lá estava a cara do patife desgraçado, que
entrou no porão da casa cheio de confiança.
— É ele. Foi esse verme mesmo!
— Bem, é aí que piora. Encontramos registros de contêiner ligados a
ele pelo mundo todo. Não estão diretamente no nome dele, mas a empresa
dele faz carregamentos neles quase todos os meses dos últimos dez anos. —
Franzi a testa olhando os relatórios que eles tinham conseguido reunir na
última meia hora.
— O que está tentando dizer? Tráfico de drogas? Contrabando? —
Perguntei mesmo sem querer saber a resposta.
— Acreditamos que seja tráfico de pessoas. — Foi outro homem
quem respondeu e eu virei a cabeça para o lado sem acreditar.
— Não pode ser. — Sophie entrou na conversa. — Magie me disse
que eles fecharam um contrato com Charles porque estavam falidos.
— Isso foi a exatamente onze anos atrás e um ano depois desse
acordo eles começaram a lucrar muito de forma repentina. — John se
aproximou mostrando a ela também os balanços das contas.
Porra, estávamos fodidos! Esfreguei as mãos no rosto, se eles
estivessem certos estávamos nos metendo em algo bem maior do que
pensamos.
— E tem mais um motivo para acreditarmos nisso. — O outro homem
passou na frente no mesmo instante que John virou para mim o aparelho
com uma certidão de nascimento, junto com um laudo médico de abortos
espontâneos. — Magie não é filha deles. Ela foi comprada de forma
clandestina, provavelmente, de pessoas do tráfico de criança.
— Inferno! — Gritei querendo socar algo. — Eles provavelmente
entraram em contato com as pessoas que a venderam quando era um bebê e
começaram a trabalhar junto.
Respirei fundo calculando tudo o que teríamos que fazer, quais
medidas tomar. Isso era maior do que nós, maior do que a polícia. Não,
dessa vez eu não ia poder fazer tudo por baixo dos panos, ia ter que chamar
um velho amigo.
— Aí meu Deus! VOCÊS ACHAM QUE VÃO VENDER O BEBÊ
DA MAGIE? — Dona Rosa gritou assustada. Trataram de tranquilizá-la,
dizendo que o bebê ainda era um feto não podia ser traficado, mas eu
comecei a imaginar que era exatamente isso o que eles queriam com
Alejandro.
"Ela o quer e eu preciso, que ela se comporte." As palavras do pai
dela se repetiram em minha mente. Pai não, aquele era um verme que hoje
estaria comendo terra de baixo da terra se dependesse de mim.
— Vou chamar meu pai. — Soltei saindo da sala e Patrick veio atrás
de mim no mesmo instante.
— Tem certeza? — Ele me puxou pelo braço me parando no lugar. —
Pensei que depois de recusar seu lugar como Don na máfia e deixar seu
irmão gêmeo assumir, teria que ficar longe deles.
Meu amigo me conhecia muito bem e sabia que eu não queria ter
nenhum envolvimento com aquela merda de máfia. Mas, era um caso que
eu não tinha escolhas.
— É o meu último recurso! Ou fazemos isso, ou seus amigos somem
no mundo do tráfico humano? — O questionei encarando seus olhos. Não
queria ter que ligar, ainda mais depois de ser praticamente banido da
família.
— Os drones chegaram! — Alguém gritou da sala nos alertando.
— Vamos acabar com esses filhos da puta!
Ter Alejandro perto de mim, tinha conseguido me acalmar. Por mais
que eu odiasse concordar com o pedaço de merda, que tinha me dado a
vida. Eu me comportei com ele, pois não suportaria vê-lo machucado ainda
mais.
Ficamos abraçados por um longo tempo, quando trouxeram a comida
eu o forcei a comer. Mesmo que ele insistisse que não tinha fome, comeu
apenas para me agradar. Ele, com toda certeza, estava com muita dor, que
até mesmo seu apetite tinha desaparecido.
Por isso, depois eu puxei o colchão para perto dele para que
conseguisse se deitar. Eu fiz o mesmo, me encolhendo perto dele, deixando
que me envolvesse com seus braços de forma protetora.
Para aproveitei melhor o tempo em que ele estava adormecido, para
ver melhor todos os machucados dele. Não tinha sido apenas seu rosto que
foi socado, descobri quando ergui sua blusa e me deparei com o torso em
vários tons de arroxeado, misturado com tons de vermelho e amarelo. Logo
tudo estaria em um tom muito escuro.
Acariciei os cabelos dele me aconchegando ainda mais perto e me
corroendo de culpa. Porque ele não estaria nessa situação se não me
conhecesse, se eu não tivesse entrado na casa dele no meio daquela
tempestade, se tivesse apenas avisado Sophie de outro jeito. Ele não estaria
ali agora machucado daquele jeito. A culpa toda era minha, por ter me
enfiado na vida dele e, pior, ter me envolvido com ele a ponto de me
apaixonar.
E foi com aquilo em mente que eu adormeci naquele buraco. Ao
menos eu não estava mais sozinha, como ele tinha me garantido eu nunca
mais estaria sozinha.
Mas, a minha paz durou pouco, muito pouco.
— TIREM ELE DE LÁ! — Foi o grito que me acordou. — Tirem
esse filho da puta dali e o tragam aqui! — Meu pai apareceu batendo e um
dos seus homens, socando a grade me fazendo pular sentada.
— O que aconteceu? O que querem? — Perguntei desesperada pois o
rosto demoníaco do meu pai me dizia que ele estava prestes a fazer algo
horrível.
Alejandro acordou no susto, com minha voz e nem teve tempo de se
erguer. Pois os homens o agarraram pelas pernas, prontos para o arrastar
para fora. Eu fui mais rápida e joguei meus braços em volta dele, o
segurando apertado contra mim e fazendo os homens recuarem com medo
de me machucar.
— LARGUE-O MAGIE! Não me obrigue a machucá-la, porque eu
vou. Vai ter muitos meses pela frente para se recuperar de uma concussão.
— Ele gritou tentando me assustar, mas eu não soltei Ale. — Largue ele
agora, sua vadiazinha!
— Amor, por Deus, me solte. Antes que ele a machuque! — Ele
implorou e eu o ignorei apertando meus braços com toda a força em volta
dele. — Está tudo bem, Barbie.
Não me importei com a fala dele. Não tinha nada de bem ali e eu
sabia disso. Mas, eu os subestimei, pois bastou um aceno de cabeça do meu
pai para que os homens chegassem mais perto e o pegasse nos braços. Não
se importando em me levar agarrada, só para me fazer despencar de cara no
chão quando a corrente chegou ao se limite me impedindo de ir adiante.
— O QUE VÃO FAZER COM ELE? — Gritei me levantando aos
tropeços e correndo contra a grade que fecharam. — Por que o tirou daqui?
Não tínhamos um acordo?
Meu pai andou a passos lentos em minha direção, com os olhos
focados no meu rosto, brilhando de forma medonha assim como o sorriso
em seus lábios, enquanto os homens amarravam Alejandro em uma cadeira.
— E o que eu te pergunto, querida. Não tínhamos a porra de um
acordo? Eu estava sendo bonzinho aqui, dando água e comida, deixando
que ficassem juntinhos abraçados com todas as lágrimas e frescuras de
amor. — Ele listou e eu tive que segurar minha língua para não cuspir na
cara dele. — Mas, então por que o seu namoradinho ali não me contou que
tinha uma porra de rastreador?
— O que? — Questionei espantada desviando meus olhos para
Alejandro, tentando saber a verdade, pois nem para mim ele tinha dito algo.
— Eu não... — A negativa de Ale ficou no ar, quando o desgraçado
do meu pai acertou um soco nele.
— NÃO! — Gritei, mas já era tarde. Alejandro já estava cuspindo
sangue no chão. — Seu grande pedaço de merda! Ele não fez nada!
Meu grito parece tê-lo enfurecido ainda mais e ele acertou outro soco,
do outro lado do rosto, acertando bem em cima de um corte na maçã do
rosto, fazendo se abrir novamente e o sangue escorrer.
— Não? Não fez, nada? ENTÃO, PORQUE EU TENHO A PORRA
DE DRONES VASCULHANDO A ÁREA? — Meu pai gritou vindo até a
cela agarrando uma das barras com os dedos sujos com o sangue de Ale, me
deixando enjoada e com ainda mais ódio. — Se ele não fez nada como eu
encontrei a merda de um rastreador adesivo no contêiner onde o levamos
primeiro?
A fala dele conseguiu me encher de alegria, por saber que ainda
estavam nos procurando e que estavam perto. Aquilo renovou minhas
esperanças. Mas eu não podia demonstrar isso. Não agora. Não quando
estava perto de sermos resgatados. Só precisávamos aguentar mais um
pouco. Só mais um pouco daquela merda e conseguiríamos.
— Ele não sabia disso. Por que iria jogar no contêiner e não aqui?
NÃO FAZ SENTIDO! — Gritei tentando enfiar alguma razão naquele
verme. Se Ale sabia ou não sobre o rastreador já não importava mais. Só me
importava em ganhar tempo.
— Acha mesmo que sou tão burro assim? — Ele riu com escárnio e
virou a cabeça de lado me olhando como um psicopata. — Burro eu fui no
dia que te comprei. Que deixei Natasha me convencesse a comprar uma
criança e fingir ser nossa filha.
Aquilo me acertou como um tapa me desnorteando. Me obrigando a
dar passos para trás com a tontura.
— Do que... Do que está falando? — Perguntei tropeçando nas
palavras sem conseguir entender nada do que ele disse.
— DE VOCÊ NÃO SER MINHA FILHA! — Foi o que ele gritou. —
Nós compramos você como uma mercadoria, quando ainda era um bebê!
Ao menos, você serviu para ser passada para frente quando fez dezoito
anos. Devolvendo o investimento que fizemos ao te comprar. — Eu girei no
lugar me obrigando a respirar fundo e olhar para Alejandro tentando buscar
alguma força, pois sentia que estava prestes a desmaiar. — E vai ser ainda
mais lucrativa agora, que vou despachar seu bebê e te vender para algum
outro idiota.
— Fique longe dela seu filho da puta! — Alejandro gritou atraindo a
atenção dele, que se virou por um momento se esquecendo de mim e
voltando a socá-lo.
Era quase como se ele estivesse aproveitando, gostando de nos fazer
sofrer, acabando comigo psicologicamente e com Ale fisicamente.
— Sabe. Quando fui a prisão aquele dia era exatamente para oferecer
a Charles uma sociedade. Não esperava que fosse vê-la lá para assinar o
divórcio. — Ele deu uma pausa, apenas para socar meu homem na cadeira,
antes de olhar de novo para mim. — Mas, foi uma boa coisa. Porque ele
aceitou o acordo, com a condição de que você fosse vendida para o bordel
mais barato desse mundo.
A bile subiu por minha garganta e eu me curvei quase vomitando,
mas resisti firme, respirando fundo e não dando esse gostinho a ele.
— E o que você ganha com isso? Por que iria fazer negócios com
uma pessoa falida como Charles? — Perguntei com firmeza.
— Só precisava do nome dele em algumas assinaturas. O homem é
mais burro do que pensei. Estava tão preocupado em se vingar de você pelo
divórcio e por ter se juntado com os outros, que nem ao menos viu o que
estava assinando. — Ele voltou para Ale e acertou um soco fazendo seu
nariz jorrar sangue me partindo o coração. — E burro ao ponto de achar,
que eu perderia dinheiro te vendendo para algum bordel caindo aos
pedaços. Se tem uma garota que eu sei das qualidades é você, uma menina
criada em berço de ouro, estudou nas melhores escolas, fala várias línguas.
Óbvio que vai ser vendida em um leilão por um bom dinheiro.
As palavras dele não só fizeram meu estômago se revirar dessa vez.
Fizeram minha mente trabalhar em uma velocidade assustadora.
Assimilando as palavras dele sobre me comprar e me vender.
— Você fala como se soubesse exatamente o que está fazendo. —
Murmurei com medo do que ele diria a seguir, mas sabendo que precisava
descobrir.
— E sei. Depois que Charles te comprou isso me deu uma ideia, para
um novo negócio. Muito mais rentável e ainda podia usar a empresa de
fachada. — Ele voltou a andar na minha direção, mas eu estava longe das
barras e longe dos dedos podres dele. — Mulheres são tão fáceis de
enganar. Nada como uma oferta de emprego. Balançar um maço de dinheiro
na frente delas. Ou até mesmo uma droga na bebida e pronto. Estão prontas
para serem transportadas para fora do país.
— Você... Você está traficando mulheres? — Perguntei perplexa,
chocada demais para conseguir entender.
— Às vezes homens também. Alguns bebês. Mas, na maioria das
vezes sim, mulheres. — Respondeu como se não estivesse dizendo nada
demais. — Agora o segurem!
— O que? O que vai fazer com ele? — Perguntei desesperada
enquanto os homens seguravam a mão de Alejandro aberta.
— O que eu disse que ia fazer se tentassem qualquer coisa. — Ele
pegou um alicate e andou determinado até a cadeira. — Arrancar os dedos
dele.
— NÃO! NÃO FAÇA ISSO! — Gritei com a ideia de ele fazer aquilo
de verdade e me joguei contra as grades. — Não faz isso, eu faço o que
você quiser! Faço qualquer coisa!
Ele nem se dignou a me responder ou me olhar. Apenas se curvou
agarrando o dedo mindinho, o colocando entre as lâminas do alicate.
Alejandro tentou resistir, se debateu enquanto eu gritava desesperada, sem
conseguir fazer mais naquela cela, com aquela porra de corrente me
segurando ali. E então ele apertou, fechando as lâminas no dedo o cortando
fora.
— AAAAAAAAAA! — O grito de Ale reverberou pelas paredes,
quebrando o resto do meu coração e me fazendo cair de joelhos no chão.
Eu nem conseguia dizer nada. Só fazia chorar enquanto assistia o
lugar onde deveria estar o dedo, agora espirrando sangue para todos os
lados. Ale me olhava tentando me acalmar, mesmo estando pálido e quase
desmaiando.
— Isso é para você aprender que não faço ameaças. Eu dito fatos! —
O animal desgraçado falou chegando mais perto e atirando algo em meu
colo.
Meus olhos estavam tão focados no meu lindo definhando, naquela
cadeira que demorei a ver o que ele tinha jogado em mim. Assim que meus
dedos esbarraram, eu olhei para baixo vendo o dedo de Ale em meu colo.
Me sujando com o sangue e fazendo meu estômago se revirar.
Atirei para longe no mesmo segundo que me curvei, vomitando tudo
o que tinha na barriga para fora. Meu mundo desabou e eu tinha virado uma
poça de sofrimento, chorando enquanto vomitava e só imaginava que esse
era nosso fim. Não chegariam a tempo, não poderiam nos salvar.
— Barbie... — Ouvi o sussurro dele sem forças, me obrigando a
erguer o rosto só porque era ele quem me chamava. — Você... Está
sangrando...
Por um instante eu achei que ele estava falando do seu próprio sangue
em minhas mãos. A cabeça dele tombou para o lado quase como se
estivesse pronto para morrer. Ele estava me apontando um caminho e eu
desviei o olhar para baixo vendo o sangue marcando meu vestido e minhas
pernas.
— Não! Não! Não! — gritei espantada erguendo o vestido e
comprovando que o sangue vinha de dentro de mim.
Minha cabeça girou e minha visão começou a escurecer, enquanto eu
tentava parar o sangramento com minhas mãos.
— Parece que você é mais inútil do que pensei! — Ouvi o verme
falar, mas eu só queria parar aquilo. Não queria perder meu bebê. — E não
vamos mais precisar de você.
Ele se virou erguendo uma arma para Alejandro e meu corpo tombou
no chão sem mais forças para me manter firme. Não tinha um fio de
esperança de algo bom. Não havia mais nada, eu só precisava escutar o som
do tiro para me entregar.
Então, eu ouvi um estrondo ao longe antes que meus olhos se
fechassem e eu deixasse a escuridão me dominar.
Eu não me importava de morrer. Não me importava com o que iria
acontecer comigo. Só conseguia me importar com Magie vendo todas
aquelas atrocidades, ouvindo toda aquela merda, passando por todo esse
estresse.
Quando o alicate cortou meu dedo fora eu gritei com a dor e o
choque. Meu corpo já estava pronto para apagar, me fazer esquecer tudo e
deixar que me matassem de uma vez. Mas, vê-la sangrando e chorando, me
forçou a continuar acordado por ela.
Aquilo não podia estar acontecendo. Não com a minha garota. Não
com a gente. Era tudo o que passava na minha mente enquanto ela tentava
colocar a mão no sangramento. Mas, só sangrava ainda mais enquanto se
mexia.
— Parece que você é mais inútil do que pensei! E não vamos mais
precisar de você. — O homem que nos mantinha ali afirmou. Sem se
importar com o sofrimento da própria filha e se aproximou de mim com a
arma em punho.
Magie caiu deitada no chão e quando a porta do galpão explodiu ela
fechou os olhos.
— Magie? — Chamei em meio aos tiros e gritos que nos cercavam,
porque tudo o que me importava era ela. — Magie amor, fala comigo?
— Viu o que você fez seu merda? VOCÊ OS TROUXE ATÉ AQUI!
— O homem a minha frente gritou irritado e eu vi o exato segundo que seu
dedo desceu o gatilho, então fechei meus olhos.
O tiro passou zunindo por minha cabeça, me deixando praticamente
surdo do lado esquerdo. Eu abri meus olhos só para ver o desgraçado no
chão sendo esmurrado por Cris.
— É bom te ver vivo seu safado! — Ele exclamou sem parar de
golpear o homem. E eu queria mais, muito mais, porém ele não era
prioridade ali.
— A Magie! Ela estava sangrando e desmaiou! — Avisei a ele, que
ergueu a cabeça rapidamente. John e outro homem já estavam lá dentro,
cortando a corrente que a prendia no chão. — Me solta, me tira dessa
cadeira porra!
— Calma cara, os médicos já estão entrando. — Ele respondeu
tentando me tranquilizar, enquanto começava a me desamarrar.
— Por mais que as notícias sejam boas. Eu só vou ficar tranquilo,
quando ela estiver em um hospital e fora de perigo. — Falei me levantando,
mas tudo a minha volta girou e se não fosse os braços do filho da mãe eu
teria despencado no chão.
— Você também não parece nada bem. Olha a porra do seu... Cadê
seu dedo, cara?
— AQUI! — John gritou acenando da cela com a merda do dedo nas
mãos. Não me importei com aquilo. Meus olhos focaram no médico que
fazia todas as avaliações e o outro preparando uma injeção.
— ELA ESTÁ GRÁVIDA! — Gritei os avisando e me olharam antes
de falar algo no rádio. — Eles sabem que ela está grávida? Pelo amor de
Deus, o que estão dando para ela?
Então, outros dois paramédicos surgiram do nada me cercando e
fazendo com que Cris me empurrasse de volta para a cadeira. Eu não queria
sentar. Precisava que ele me levasse até ela. Eu tinha que ficar do lado dela.
— Meu Deus. — Ouvi o suspiro do paramédico. — Isso vai doer.
Melhor segurá-lo mais firme.
Nesse exato momento passaram por mim com Magie em uma maca.
Ela ainda estava desacordada e eles andaram apressados correndo para fora
do galpão.
— Eu tenho que ir com ela. — Murmurei tentando me levantar, mas
Cris e um dos paramédicos intensificaram o aperto. — Porra, me solta! É a
minha mulher naquela maca... AAAAI CARALHO! — Gritei perdendo as
forças, quando o filho da puta cobriu a área cortada.
— Agora podemos ir. Consegue andar senhor? — Acenei
concordando em resposta, mas na verdade estava totalmente desnorteado
com a dor.
— Não consegue porra nenhuma. Os pés estão quase em carne viva!
— Cris bradou. — Eu o levo no colo.
Antes que pudesse protestar, o puto me pegou no colo me levando
para fora. O sol ardeu em meus olhos me cegando por alguns segundos. O
calor me recebendo e expulsando todo o frio do meu corpo. Enquanto o
cheiro de maresia, invadia meus pulmões. Quando finalmente consegui
enxergar com meu olho bom vi uma multidão de pessoas correndo para lá e
para cá.
Policiais, paramédicos e alguns homens que pareciam muito com os
seguranças de Cris. Eu já não sabia distinguir mais nada. Só que estávamos
no porto. Cercado por containers e que o lugar estava um verdadeiro
pandemônio.
Eu queria gritar para que os vermes fossem pegos. Especialmente o
homem que se dizia pai de Magie. Pois, eu ia colocar as minhas mãos
naquele filho da puta e fazê-lo pagar. Mas, fiquei ocupado demais
procurando por Magie no meio de toda gente.
— O que aconteceu aqui? Onde está Magie? — Questionei com medo
de perdê-la novamente. — Prometi que ela não ficaria sozinha nunca mais.
Preciso estar do lado dela.
— E você vai estar cara. Não se preocupe. Você vai estar lá quando
ela acordar. Mas, agora precisa ficar bem. Já basta o que ela vai descobrir
quando acordar. — Cris falou em meio a todo o caos me levando para
dentro de uma ambulância próxima.
— Do que está falando? — Perguntei. Mas, fomos interrompidos por
uma versão idêntica a ele. Até mesmo as tatuagens eram iguais, ou eu
estava delirando completamente.
— Tudo certo. Vamos levá-los e conseguir todas as respostas que
precisamos. — O homem falou em um tom grave e com a expressão
fechada.
— Certo. Só guarde um pouco do velho para esse aqui. Ele vai gostar
de ter sua vingança. — Cris disse e o homem virou o olhar pra mim, me
encarando de cima a baixo e então acenou concordando. — Obrigado.
— Não me agradeça. Vai ter que aparecer na reunião da Famiglia e
nós dois vamos estar em julgamento pelo que fizemos. — Ele de virou e
saiu deixando que Cris batesse a porta da ambulância.
— Eu vi direito? Vocês são...
— Iguais. É você viu direito. Somos idênticos em tudo. Até nossas
tatuagens são iguais, para que ninguém desconfiasse quem estava no poder.
— No poder de que? E que Famiglia é essa? — Franzi a testa em
confusão. — Isso é coisa de italiano e que eu saiba, você não é da Itália
coisa nenhuma.
— Eu sou italiano. Mais precisamente eu sou um Rossi. — Ele disse
o próprio sobrenome a contragosto. — Venho de uma família grande e
tradicional da Itália e que comanda a Cosa Nostra.
— A máfia? Acho que bateram na minha cabeça com muita força,
isso é... Impossível.
— Infelizmente não é! A história não é bonita. Mas para resumir eu
sempre detestei tudo o que eles representam. Por isso, troquei de lugar com
meu irmão e sai do país escondido. Meu pai descobriu e me baniu de lá.
Disse a todos que eu tinha morrido. Toda a Famiglia sofreu o luto enquanto
eu refazia minha vida aqui. — Ele encarou a própria mão e deslizou os
dedos por uma tatuagem nos dedos. — Mas, agora eles sabem e eu vou ter
que voltar e enfrentaremos as consequências.
Eu estava calado sem saber o que dizer a ele. Cris parecia mesmo
triste que isso fosse acontecer. Ele não parecia nenhum pouco feliz com a
ideia de voltar para casa e julgando o que essa família dele seria capaz de
fazer. Eu também não estaria feliz.
— Você fez isso por mim cara. Por mim e por Magie. Obrigado de
verdade! Não sei como vou poder agradecer a você algum dia, mas... — eu
sacudi a cabeça sem conseguir imaginar o que aquilo ia significar para ele.
— Você arriscou sua liberdade por nós e isso nunca vamos esquecer.
Ele endireitou a coluna, estufou o peito respirando fundo e abriu um
sorriso típico dele.
— Então, me faça ser o padrinho do seu bebê! É o mínimo! — ele
afirmou sério quase como uma ordem. Mas, essa ia ter que esperar para o
meu próximo filho com Magie. Já que Luke era o padrinho do que já estava
no forno. — E também, não ia precisar deles para salvar vocês. Não se
culpe tanto. A verdade é que vocês ajudaram a desfazer uma quadrilha de
tráfico humano.
— É. Nem me fale. Aquele verme confessou o que fazia e era o que
pretendia fazer com Magie e o bebê.
— Ele também assumiu que tinha quinze mulheres presas em
containers aqui no porto, esperando a viagem para lugares diferentes, onde
seriam escravizadas em algum lugar? — Minha boca caiu aberta e não sei
se era a morfina ou a conversa que estava me fazendo esquecer de toda a
dor. — Pois é, aparentemente eram dezessete. Mas, duas já estavam mortas
quando encontramos. Sabe se lá como as outras iram chegar ao destino
final, em que estado estariam.
— Meu Deus, eu... Não consigo nem imaginar.
— Duas delas tinham apenas dezesseis anos. Um verdadeiro inferno e
eu sabia que não poderia acionar ninguém mais, sem chamar a atenção
indesejada. Por isso chamei meu irmão. Ele tinha os contatos certos para
resolver tudo isso.
A ambulância começou a parar e ele olhou para fora me dando um
sorriso tranquilizador. Logo eu poderia vê-la de novo.
— Então, seu irmão vai manter ele vivo para mim? — Perguntei
quando abriram as portas e me puxaram para fora.
— Não se preocupe com isso. Ele não vai morrer, enquanto você não
sair do hospital. — Ele deu uma batidinha no meu ombro que me fez
encolher um pouco. — Mas, é bom manter isso longe dos ouvidos do seu ex
cunhado. O marido da Carla sabe, da polícia. Ele também ajudou com tudo.
Mas, não precisa saber de todos os detalhes.
— Claro. John apareceu e ela veio também. — Murmurei juntando as
peças enquanto me levavam às pressas para alguma sala.
— Sua família toda está aí. Todos querendo ver você e Magie. —
Então ele parou um segundo segurando a maçã na porta. — A mãe de
Magie, foi quem nos contou do galpão. O rastreador só nos levou até um
dos containers. Mas, ela nos entregou todos os outros, com as meninas e o
galpão onde vocês estavam.
— Ela não é mãe da Magie. Mas, é bom saber disso. A Barbiezinha
vai ficar feliz em saber que ela se importou e quis ajudá-la.
Cris acenou com a cabeça e saiu do meio, dando espaço para que os
médicos passassem me levando para ser anestesiado, enquanto rasgavam
minhas roupas e começavam a me avaliar.
Não sei quanto tempo a minha anestesia durou. Mas, quando
finalmente abri meus olhos novamente vasculhei o quarto tentando me
situar. Já pronto para chamar um médico que me levasse até Magie. Meus
olhos pousaram nela ao meu lado em uma cama, dormindo profundamente,
ligada a uma porrada de aparelhos.
Vê-la ali tão indefesa e parecendo tão pequena com todos aqueles
fios, doía dentro de mim. Mas, dessa vez eu sabia que ela estava segura.
Estava sendo cuidada e vigiada. Havia mais pessoas, ali para protegê-la, se
eu fosse fraco novamente.
— FILHO! — Minha mãe gritou quando entrou no quarto e me viu
acordado. — Graças a Deus, você acordou! Aí meu menino. Meus pobres
meninos lindos. Tão machucados e quebrados!
Os braços dela me envolveram com força. Não me deixando respirar
e fazendo todas as partes do meu corpo doer.
— Mãe, se afasta dele. Vai matar o garoto. — Ouvi Carla resmungar e
quando abri meus olhos vi todos ali.
Sophie e Patrick, John, Carla, Elisa, Luke em uma cadeira de rodas, e
havia uma mulher desconhecida no canto, se mantendo perto de todos. Mas,
não tão próxima, os olhos dela estavam focados em Magie. O que me fez
deduzir que seria a mulher que a criou.
— Quanto tempo eu dormi? Como ela está? — Questionei voltando
para minha mãe, antes de fazer a pergunta que mais me perturbava. — E o
bebê?
Eu ouvia um bip insistente, como um despertador irritante. Mas, eu
não queria acordar. Sentia uma dor por meu corpo todo. Minha cabeça
estava pesada e minhas pálpebras pareciam pesar uma tonelada. Nada me
ajudava a acordar. Mas, senti uma mão apertar a minha e eu me forcei a
abrir os olhos.
Demorei a conseguir enxergar alguma coisa. A luz forte e as paredes
brancas me cegaram por um minuto e então eu finalmente o vi. Alejandro
estava ali deitado na cama ao meu lado com a mão sobre a minha,
apertando firme.
Meu coração deu um salto no peito, por ver os olhos dele abertos me
encarando. Como se tivesse passado tempo demais me observando dormir e
agora não conseguisse acreditar que eu estava acordada.
— Oi irritante. — Foi a primeira coisa que falei com a voz rouca,
saindo aos tropeços.
— Oi Barbiezinha. — Ele se virou jogando os pés para fora da cama e
se apoiou nos braços antes de levantar-se, parecendo fraco. — Como você
está se sentindo amor? — Ele perguntou se curvando sobre mim e
plantando um beijo na minha testa.
Então, tudo o que aconteceu conosco voltou com força total. O
sequestro, Luke, a tortura, o sangue...
— O bebê! Como está o bebê? Eu estava sangrando e ele ia atirar em
você. — Perguntei, começando a entrar em desespero. — Meu Deus e o
Luke? Cadê o Luke?
— Calminha. Calminha, meu amor. O bebê está bem. E o Luke
também. — Ele falou me tranquilizando, finalmente, me deixando respirar
aliviada. — Você teve o começo de uma infecção. Por isso, o sangramento.
Mas, eles conseguiram conter e estão te tratando. Nunca mais vai acontecer
nada com vocês, prometo! — Ele plantou outro beijo na minha testa e
ergueu as mãos segurando meu rosto.
Meus olhos voaram para a mão toda enfaixada e eu me lembrei da
merda que tinha acontecido, logo antes de eu desmaiar.
— Aí meu Deus, seu dedo! Como... Como você está? Eu sinto tanto,
sinto tanto que isso tenha acontecido. O que aconteceu depois que eu
apaguei?
Ale se sentou na beirada da cama e olhou para a própria mão
enfaixada, virando de um lado para o outro antes de começar a contar tudo
o que tinha acontecido. Quanto mais ele falava sobre o que tinha
acontecido, mais chocada eu ficava. A quantidade de pessoas que se moveu
para nos salvar. Para salvar aquelas outras garotas.
Eu estava inconformada com a monstruosidade que era o meu pai. Na
verdade, pai não, o homem que me comprou de outro monstro.
Como eu convivi com uma pessoa assim por dezoito anos e não
percebi o quão horrível ele podia ser?
— É bom que esses mafiosos o mantenham vivo até me tirarem desse
hospital. Pois eu vou ter um papinho com ele! — Exclamei decidida a fazê-
lo me ouvir antes que o fizesse pagar por todo o mal que me causou.
Ainda não conseguia entender como haviam brotado mafiosos no
meio do nosso sequestro. Cris era mesmo uma caixinha de surpresas.
— Sua mãe tá aí fora. Passou os dois dias, indo e vindo para a sala de
espera do hospital. Tenho certeza de que ela vai poder te dar as respostas
que quer. — Alejandro disse tentando me convencer a não encarar aquele
homem, enquanto acariciava meu rosto.
Ouvir que minha mãe estava indo ali mexeu comigo. Nunca imaginei
que ela se importasse a esse ponto. Ao menos nunca percebi nenhum
cuidado materno dela, ou talvez foi só o ódio que passei a nutri por eles
depois do casamento forçado com Charles.
Mas, isso não ia me fazer mudar de ideia. Eu ia conversar com ela
sim e tentar entender toda essa bagunça, cheia de segredos e crimes, que foi
a minha vida. E mesmo assim iria ver meu pai.
— Com ele o assunto é outro. Ele tocou em você, te torturou,
machucou nosso bebê! Não tem nenhuma chance nesse mundo, que eu vá
deixar que ele seja morto pelas mãos de outra pessoa sem que eu possa ao
menos fazê-lo sofrer um pouco. — As sobrancelhas de Ale se ergueram em
surpresa e se seus olhos não estivessem tão inchados aposto que estariam
arregalados. — Se ele fosse meu pai eu desistiria. Deixaria que outros
fizessem o trabalho. Mas, ele mesmo disse que não é meu pai, me comprou
de uma pessoa que pode ter me arrancado dos braços da minha família e
queria fazer o mesmo com meu filho! Então, eu vou colocar minhas mãos
nele.
Eu entendi o espanto dele. Esse era um lado meu que ele ainda não
conhecia. Mas, então um sorriso torto se ergueu em seus lábios apesar dos
machucados, ele se curvou unindo nossas testas e conectando nossos olhos.
— Então, você vai ser a mamãe urso? — Ele perguntou em um tom
baixo e meus olhos desviaram para os lábios dele.
Ainda estavam cortados e inchados, havia pontos na bochecha dele e
o nariz parecia ter sido colocado no lugar recentemente. Mas, ele ainda era
lindo demais, com aqueles olhos que queimavam meu corpo, acendendo
uma fogueira no ventre e me fazendo desejar pular em cima dele e beijá-lo
até estarmos sem fôlego.
— Com toda certeza eu vou! Ninguém toca na minha família. —
Ergui minha mão e deslizei os dedos sobre a bochecha machucada, com um
cuidado extremo para não o machucar. Ale inclinou o rosto contra minha
mão, se aconchegando em meu toque.
— Droga, eu preciso te beijar... — Não esperei que ele terminasse a
frase antes de unir nossas bocas em um selinho prolongado.
Ele se aproximou ainda mais e eu agradeci por não precisar me mexer
mais, pois meu corpo ainda doía. Eu abri minha boca sugando o lábio
inferior dele e deslizando minha língua ali em uma carícia lenta.
Ale soltou um gemido baixo e segurou meu rosto com mais firmeza
antes de separar os lábios e me invadir com sua língua. Eu suspirei
desejando mais, queria poder tocá-lo mais. Apertar seu corpo contra o meu.
Mas, eu sabia que estávamos quebrados demais para isso. Bastou a mão
dele deslizar por meu cabelo para que eu me afastasse de pressa com a dor
em meu couro cabeludo.
— Droga desculpa, eu... Melhor pararmos. — Ele falou se erguendo,
mas eu agarrei a camisola de hospital e o puxei para mim, não queria perder
o seu calor. — Humm, porra. — Ele grunhiu com dor se afastando ainda
mais.
— Aí meu Deus, suas costelas! Eu tinha esquecido. — Tinha
realmente me esquecido, ele não deveria se dobrar assim com o torso todo
machucado.
— Não tem problema. — Ele ergueu a camisola me deixando ver as
manchas arroxeadas em volta das costelas e do peito. — Foram duas
costelas quebradas. Então, acho que temos que deixar beijos empolgados e
outras coisas para depois.
Eu estendi minha mão querendo tocar os machucados dele. Mas,
então recuei sabendo que eu era a culpada. Ele não estaria ali nesse estado
se não fosse por mim.
— Já estão fazendo safadeza, seus cretinos? — A voz de Luke
invadiu o quarto nos tirando do transe e me arrancando um sorriso enorme.
— Ai meu Deus, você está bem! VOCÊ ESTÁ VIVO! — Gritei
olhando para ele, na cadeira de rodas e querendo poder correr até ele e o
abraçar.
— Vivo sim. Bem já é outra história. — Ele resmungou e logo uma
mulher apareceu atrás dele correndo.
Os longos cabelos castanhos e os olhos verdes brilhavam com doçura.
Ela abriu um sorriso iluminado quando me viu, quase como se já me
conhecesse. Mas, eu nunca a tinha visto na vida.
— Bom dia! É bom te ver finalmente acordada. — Ela falou com uma
voz firme e animada ao mesmo tempo.
E isso teve um efeito direto em Luke. Pois vi o segundo em que ele
engoliu em seco e virou a cabeça como se quisesse olhar para ela. Mas,
acabou parando no caminho.
— Hã, Oi. bom dia. Eu não... Não me lembro de você. — Será que
estava esquecendo as coisas depois de tantas pancadas na cabeça?
— Ahh não. Não nos conhecemos antes. É que, Luke fala tanto sobre
você que eu sinto como se te conhecesse. E sua história é tão inspiradora.
Está passando em todos os lugares da televisão. Todos os canais. Tem um
monte de gente lá fora com cartazes, flores e ursinhos, tudo para você. Para
vocês na verdade. Já que a história de amor também se espalhou. — Ela
falou em uma velocidade alarmante sem nem tomar fôlego e me fez sorrir.
— Gente, desculpa pela maluquinha aqui. Ela é minha sombra agora e
não sabe a hora de se controlar.
— Você não me disse que estava saindo com alguém, Luke. Mas, eu
já gostei dela. — Não acreditava mesmo que o cretino tinha me escondido
isso, estava na cara o quanto se gostavam. Só não entendia por que ele não
tinha me contado.
Os dois ficaram paralisados por um minuto. As bochechas dela
tomaram um tom vermelho no instante que os olhares se encontraram. Ela
suspirou sustentando o olhar dele. Até que Luke se virou cortando a
conexão dos dois.
— Não é o que está pensando! Não estou saindo com ela, puta que
pariu loirinha.
— Sou a Monalisa. A enfermeira dele. — Ela disse acenando
enquanto eu olhava de um para o outro perplexa. Mas, meu olhar fez Luke
se explicar rapidinho.
— Eu perdi o movimento das pernas. Duas das balas pegaram na
minha coluna e eu estou preso nessa merda, loirinha. — Minha boca caiu
aberta em descrença.
Não podia acreditar que aquilo estava mesmo acontecendo com ele.
Logo a pessoa que só fez me ajudar desde que me conheceu. Quem esteve
do meu lado, quando descobri do bebê e que aguentou meus surtos das
últimas semanas.
— Você não está preso aí, sabe disso. — Monalisa o corrigiu. — Ele
só precisa de fisioterapia, muita força de vontade e não desistir!
— Não vou ser o cara otimista, que fica pensando besteira. Eles
disseram que tenho cinquenta por cento de chance de voltar a mexer as
pernas. E trinta por cento de chance de voltar a andar normalmente. —
Luke falou tão desolado que acabou comigo.
Aquele não era ele. Não era meu melhor amigo otimista, risonho e
cheio de piadas ridículas. Ele parecia não dormir há dias, os ombros
cansados e caídos, com olheiras enormes em volta dos olhos.
— Me desculpa. Eu sinto tanto, por isso... Foi tudo minha culpa! —
Implorei com os olhos transbordando de lágrimas. — Vocês dois. Todos
vocês. Até o Cris. Eu fodi com a vida de todos! Não deveria ter ido atrás de
Sophie, naquele dia. Se eu tivesse fugido para longe quando tive a chance,
nenhum de vocês estaria assim agora, nada disso estaria acontecendo!
— Claro que não! — Foi Ale quem falou primeiro e voltou a tentar
me abraçar mesmo sem poder se curvar.
— Nem fala uma coisa dessas, loirinha! Você é a mãe do meu
sobrinho. Minha melhor amiga. NÃO VEM METER ESSA QUE NÃO
DEVERIA TER APARECIDO NAS NOSSAS VIDAS! — Luke gritou da
cadeira ao pé da cama, não parecendo nada feliz enquanto eu chorava.
— Isso mesmo! Você ia entrar na nossa vida de um jeito ou de outro.
Porque era para ser, o seu destino era se casar comigo, Barbiezinha! — Ale
murmurou me apertando o quanto aguentava contra seu peito, mas eu o
empurrei rapidamente.
— Eu não sou casada com você! — Protestei e ele desviou os olhos
para o amigo logo atrás.
— Acho que você esqueceu uma coisa, cara. — Ele estendeu uma
caixinha preta de veludo para Ale e meu coração galopou no peito.
A máquina que monitorava meus batimentos disparou no exato
segundo. Me deixando ainda mais nervosa. Mas, antes que ele pudesse abrir
a caixinha e fazer o pedido, a porta foi aberta de supetão com tanta força e
rapidez, que acertou a parede.
— Mãe?
Eu estava prestes a pedir minha Barbie em casamento, quando a porta
foi aberta com um estrondo nos assustando no mesmo instante. Depois de
toda a merda que tínhamos passado estávamos com os nervos à flor da pele.
Totalmente alertas a qualquer barulho diferente.
— Mãe? — Magie perguntou confusa com a invasão repentina.
A enfermeira entrou logo atrás da mãe de Magie. Todo mundo com
uma cara confusa. Provavelmente preocupados com o aparelho que tinha
acabado de disparar. Ela saiu no mesmo instante que viu não ser nada de
mais, estávamos todos bem.
— Oi... filha. — Ela respondeu, mesmo incerta de como deveria
chamar a minha Barbie. — Seu coração disparou e eu fiquei preocupada.
— Ahh não. Ele só ia fazer um pedido e eu fiquei meio eufórica com
isso. — Magie falou apontando para mim, mas pelo jeito, aquele era o
momento em que eu deveria sair dali e deixá-las a sós para conversar.
Me virei para ela e plantei um beijo no topo da cabeça dela, tomando
cuidado com todos os machucados já que estávamos cobertos por eles.
— Vou esperar lá fora, para vocês conversarem. — Murmurei pronto
para sair, mesmo que não quisesse ficar longe dela nem por um segundo.
Monalisa guiou Luke para fora. Enquanto ele resmungava que podia
fazer aquilo sozinho. Eu, com toda certeza, já teria dado um tapa naquela
cabeça dura e o mandado calar a boca. Mas, ela parecia ter uma paciência
que eu não tinha.
— Não vai! — A mão dela foi rápida em agarrar meu pulso me
impedindo de dar mais um passo. — Mãe, eu quero te apresentar o
Alejandro Fontes, meu... — Ela me olhou como se procurasse uma palavra
para me chamar e a culpa disso tudo era minha. Porque não estabeleci um
relacionamento com ela antes. — Meu futuro marido e o pai do meu bebê.
Eu sorri largo, pouco me importando com a dor dos machucados no
meu rosto. Só estava feliz demais por saber que ela era determinada e dizia
o que queria sem esperar por ninguém.
— Eu percebi. Quando conheci os amigos dele só ouvi coisas boas. A
mãe dele e eu conversamos um pouco na sala de espera também. — Ela se
aproximou indo para o outro lado da cama da filha. — Mas, o que fez ver
que ele era de verdade uma boa pessoa e que está completamente
apaixonado por você, foi quando ele acordou gritando, chamando por você
e exigindo que os colocassem no mesmo quarto.
Magie desviou o olhar rápido, encarando meus olhos parecendo
emocionada com isso. Eu nem ao menos tinha pensado em falar sobre isso.
Porque fazer de tudo para estar perto dela tinha se tornado algo normal para
mim.
— Ele é uma ótima pessoa. Talvez só precise deixar de ser tão
irritante. — Barbie disse apertando minha mão um pouco mais forte, antes
de voltar para a mãe. — Obrigada por ter nos ajudado. Talvez não tivessem
me achado a tempo sem você.
— É bom saber que ajudei a salvar a vida do meu neto e do meu
futuro genro. Depois de todo mal que deixei acontecer a você, esse era o
mínimo que eu podia fazer. — Os ombros dela caíram, ela não tinha
escondido a tristeza que sentia desde que a vi ali no hospital. — Eu nunca
deveria ter sido tão passiva e deixado que seu pai fizesse o que quisesse.
— Você nunca falou nada. Até mesmo quando ele assinou o contrato
com Charles. Você apenas me disse como eu deveria me comportar. —
Magie rebateu mostrando que não ia baixar a cabeça e aceitar tudo calada.
— Eu sei. E eu sinto muito por isso. Achei que seria o melhor para
todos, já que estávamos falidos. Mas, não pensei que seu pai fosse se meter
com aquelas pessoas e fazer essas coisas horríveis...
— VOCÊS ME COMPRARAM DESSA FORMA! — Ela gritou
interrompendo a mulher a nossa frente e eu vi o queixo dela estremecer. —
Me compraram, sabendo que eu provavelmente tinha sido arrancada dos
braços de uma família. Ou de uma mulher que também tivesse sido
traficada, pagaram como uma mercadoria e depois me venderam por uma
quantia maior ainda!
Envolvi os ombros de Magie, vendo o quão alterada ela estava e
sabendo que não faria nenhum bem a ela nem ao nosso bebê.
A mãe dela enfiou a mão na bolsa e puxou de lá uma pasta,
estendendo os papéis para minha Barbie.
— Eu queria muito um filho. Tentei de todas as formas, mas nunca
consegui e adoção demorava muito tempo. Foi quando ele teve essa ideia.
Levamos um tempo para achar você e quando finalmente estava conosco eu
coloquei um investigador particular para encontrar sua família. Eu queria
saber quem eram e porque abririam mão de uma menina tão linda quanto
você. Está tudo aí nos papéis.
— O que? — Magie não esperou um segundo e começou a folhear as
coisas com desespero, até encontrar a foto de uma mulher loira muito
parecida com ela.
— Sua mãe morreu em um acidente de carro e seu pai não conseguia
criar você, pois, vivia bêbado e acabou te abandonando em uma igreja.
Foram eles que mediaram essa compra. E só quando eu soube tudo isso foi
que eu comecei a te sentir como minha. — As lágrimas começaram a cair
pelo rosto dela e a mulher não se conteve mais e segurou o braço dela. —
Você veio para mim, Magie. Não me importa de que forma. Se Deus ou o
diabo. Mas, você precisava de uma família e eu queria uma filha! Eu só me
arrependo de não ter sido uma boa mãe para você.
Magie explodiu em lágrimas chorando e deixou que a mãe se
aproximasse e a abraçasse também. As duas ficaram ali, por muito tempo,
chorando em um casulo, unidas pela mesma dor e passado triste.
E eu permaneci ao lado da minha garota. Segurando sua mão e
observando calado. Me sentindo tão comovido com aquilo, sabendo que
minha relação com meu pai nunca existiu. Mas, minha mãe e todo o resto
da família, éramos muito apegados. Não sei como teria passado por todas as
dificuldades da vida sem elas. Mas, minha Barbiezinha não tinha um bom
relacionamento com nenhum dos dois.
Quando Magie finalmente se afastou dela e encarou a mulher que a
criou, soltando um longo suspiro antes de segurar as mãos dela de longe.
— Você entregou o lugar onde podíamos estar. Poderia ter fugido,
mas ficou e fez o certo. Depois que eu estava bem poderia ter ido embora e
ficou novamente. Acho que é uma boa hora para recomeçarmos. Você agora
vai poder fazer suas próprias escolhas. Não garanto que vou te perdoar tão
facilmente. Mas, podemos tentar de novo, mãe.
— Sim, querida! Sim! — A mulher exclamou desesperada chorando
novamente. — É tudo o que eu mais quero. Poder ser sua mãe de verdade!
Magie deu um sorriso fraco e se virou para mim, apertando minha
mão mais uma vez.
— Então, acho que é a hora em que você me pede em casamento, não
é?
E eu fiz. Puxei a caixinha novamente e porra como eu queria poder
me ajoelhar e fazer isso de forma romântica e bonita. Como ela merecia.
Mas, já que minha garota era um tanto desesperada e determinada, eu não
podia esperar mais.
— Barbiezinha, a mulher mais teimosa que já conheci. Te vi florescer
nos últimos meses enquanto nós conhecíamos. A cada dia que passava
ficava ainda mais encantado por você e agora, eu não consigo pensar em
viver um dia longe de você. Um minuto sem olhar nesses olhos, sem sentir
seu perfume. — Abri a caixinha revelando o anel de brilhantes que tinha
comprado na loja de Patrick, no dia em que acordei. Pois, eu sabia que não
deixaria passar nenhum dia sequer para fazer o pedido. — Quer ser minha
mulher para sempre?
Ela deixou que lágrimas rolassem por suas bochechas e eu dei um
passo à frente, sentindo a necessidade de secá-las, mesmo que fossem de
felicidade.
— Sim! Eu aceito ser a senhora Fontes, bombeirinho! — Ela
debochou me arrancando um sorriso e eu a agarrei sem me importar com
mais nada.
A dor não me importava. Meus machucados. O dedo que eu sentia
doer mesmo tendo perdido. Só havia ela! Apenas Magie e mais ninguém no
meu mundo nesse momento.
Colei meus lábios nos dela sentindo a necessidade de beijá-la,
querendo poder tocar nela de todas as formas, mesmo ali e na frente da
minha... sogra, fosse impossível.
É, eu tinha me apaixonado pela mulher mais corajosa, linda, forte e
maravilhosa que eu já tinha conhecido!
Me virei na cama e encarei o rosto dele adormecido. Deslizando meus
dedos por seu peito. Finalmente tínhamos paz e tranquilidade. Nada mais
estava no nosso caminho. Não havia ninguém querendo nos matar e
finalmente podíamos respirar aliviados.
Nossa menininha estava bem e crescendo mais a cada dia. Alejandro
quase tinha enfartado quando descobriu que era uma menina. Pois, todos
decidiram dizer o quanto ele ia sofrer em manter todos os garotos longe
dela. Especialmente, Patrick e Luke.
— Bom dia, Barbiezina. — A voz rouca dele me tirou dos meus
pensamentos, me fazendo encarar os olhos verdes enigmáticos mesmo que
ele estivesse sonolento.
— Bom dia, noivinho. — respondi agarrando o corpo dele me
aproximando ainda mais.
— Tem que parar de me chamar pelo diminutivo! — Ele se virou,
enfiando o rosto na curva do meu pescoço, deslizando o nariz em minha
pele e me arrepiando dos pés à cabeça.
— Eu até faria. Mas, não lembro o quão grande você é. Até me
esqueci como é tê-lo dentro de mim. — Ele me mordeu no mesmo segundo
me arrancando um gritinho.
— Você é mesmo uma provocadora. — Ele sussurrou contra minha
pele e ergueu a boca para sugar o lóbulo da minha orelha. — Mas, não vai
funcionar, Barbie. — Ele pulou da cama me mostrando aquele corpo lindo,
com aquele volume dentro da box preta. — Não vou te foder enquanto
estiver grávida e sabe disso. Sua gravidez é de risco, você deve ficar de
repouso e não fazer nenhum esforço.
Atirei um travesseiro naquela cara de pau. Porque desde que a médica
tinha dito isso a ele antes de saímos do hospital, Alejandro fez da sua
missão de vida impedir que eu levantasse um dedo.
Segundo ele eu não podia abrir a loja. Não podia cozinhar, dirigir,
transar, não podia fazer absolutamente nada e isso estava começando a me
enlouquecer. Estava me sentindo como se estivesse em uma prisão dentro
da minha própria casa.
— VOCÊ É UM CRETINO ISSO, SIM! — Gritei antes que ele
entrasse no banheiro. Isso o fez se virar e pular na cama junto comigo.
— Sabe que eu te amo, Barbiezinha. — Ele segurou meu rosto e
grudou os lábios contra o meu, deslizando a língua por meus lábios me
fazendo abrir a boca para receber sua língua.
Arquejei puxando o lençol para fora do meu corpo e envolvi seu
pescoço com minhas mãos o puxando mais para perto. Ouvi o gemido
rouco que ele soltou quando nossas línguas se enroscaram e eu empurrei
meu corpo contra o dele.
Mas, antes que as coisas ficassem mais intensas ele se afastou,
levantando da cama e me deixando lá cheia de desejo.
— Se me amasse daria o que eu quero! — Protestei irritada com isso
e ele riu balançando a cabeça.
— Sabe que eu adoraria fazer exatamente o que você quer, mas não
podemos. Não me perdoaria se algo acontecesse com você ou com a nossa
menina. — Bufei e ele fechou a porta do banheiro atrás de si, com certeza
sabendo que eu iria atrás dele.
Ele estava me evitando. Alejandro Fontes estava fugindo de mim na
cama já fazia meses. Eu entendi no começo, quando ele estava cheio de
machucados e eu ainda estava me recuperando. Mas, depois que estávamos
bem ele continuou a fugir e me evitar, tinha sido assim desde então.
Já tinha tentado de tudo. Lingerie sexy, sensualizar, cair em cima dele,
implorar, nada funcionava com aquele homem! Ele parecia uma pedra
quando eu falava algo sexual.
Mas, então uma ideia passou na minha cabeça. Era a única coisa que
eu ainda não tinha testado e eu sabia que havia funcionado no passado.
Quando Ale ficou sabendo que eu tinha me masturbado na cama dele, ele
veio atrás de mim no mesmo instante que soube.
Tirei minha calcinha rápido e deslizei minhas mãos por meu corpo,
antes de subir até meu sutiã e me livrar dele antes de dar atenção aos meus
mamilos sensíveis, massageando levemente até que estivessem duros contra
meus dedos. O centro das minhas pernas pulsou e eu desci minha mão até o
meio delas, deslizando os dedos pelo meu clitóris necessitado de atenção.
— Ooh merda... — Estava a tanto tempo sem sentir aquela sensação
que não me surpreenderia se gozasse tão rápido. — Ahhhh... — Gemi
jogando a cabeça para trás, deixando que a sensação de prazer dominasse
meu corpo todo.
Minha boceta pulsava desesperada por contato e eu deslizei um dedo
para dentro, gemendo mais alto. Abri as pernas ainda mais e deslizei mais
um dedo para dentro de mim. Meu corpo todo entrou em combustão e
minhas paredes ficaram ainda mais molhadas.
Rebolei contra meus dedos e arqueei minhas costas gemendo,
enquanto imaginava que fossem os dedos de Ale ali dentro de mim, me
dando prazer. Eu podia até sentir o perfume dele chegar até mim.
— Porra Barbie! — Ouvi o protesto naquela voz rouca que me
arrepiava inteira e abri meus olhos rapidamente.
Alejandro estava em pé ao lado da cama. Com uma toalha enrolada na
cintura e me encarando com uma expressão revoltada.
— Se você não vai me dar prazer — Eu tirei os dois dedos molhados
e esfreguei em minhas dobras até meu clitóris, vendo ele morder o lábio e
inclinar a cabeça para olhar melhor. — Eu mesma vou fazer isso! Ahhh...
— Gemi voltando a colocá-los dentro de mim.
Alejandro já tinha as mãos sobre a ereção que se formou, embaixo da
toalha enquanto seus olhos permaneciam concentrados no meio das minhas
pernas.
— Você é uma diaba mesmo. — Ele rosnou trincando os dentes
quando eu aumentei a velocidade dos meus dedos. — Era assim que eu
deveria te chamar. Porra! Eu não aguento ver isso e não fazer nada!
Então, ele subiu na cama se deitando antes de agarrar minhas coxas e
empurrá-las me abrindo ainda mais.
— Ale... — Gemi baixinho quando ele mordiscou minha coxa
fazendo minha boceta pulsar em torno dos meus dedos.
— É uma puta visão ver você se masturbando assim e gemendo na
minha cama. — Então, senti a língua dele bem abaixo dos meus dedos.
Quase tocando minha entrada traseira e me arrancando um gemido mais
alto. — Uma pena que eu não tenha visto da primeira vez.
Eu sorri e sacudi a cabeça. Não ia falar sobre aquele momento
ridículo. Mas, quando eu puxei meus dedos para fora ele os abocanhou
chupando com força. Me arrancando um arquejo enquanto deslizava a
língua entre eles, sugando e lambendo cada gota minha.
Quando finalmente se sentiu satisfeito. Ele largou minha mão e
esfregou os dedos nos meus lábios molhados, abrindo minhas dobras e me
excitando ainda mais.
— Oh Deus... — Gritei quando ele puxou minha coxa a jogando
sobre seu ombro e socou dois dedos dentro de mim. — Aleja... — Minhas
palavras morreram quando ele colocou a língua sobre meu clitóris enquanto
seus dedos me fodiam.
Ele sabia tão bem como fazer aquilo, como me dar prazer e me levar
ao precipício com tão pouco. Seus dedos bem mais largos que os meus
entravam em mim com maestria, fechei os olhos me entregando ao prazer
ouvindo ele gemer batendo aquela língua contra o meu clitóris e me
deixando ainda mais louca.
Quando seus dedos se curvaram dentro de mim eu cravei minhas
unhas no lençol agarrando, sentindo minhas paredes se apertarem em volta
dos seus dedos e tudo a minha volta começou a se desfazer enquanto eu
sentia meu orgasmo mais perto.
— Oh, não querida. — Ale disse se erguendo e tirando os dedos de
dentro de mim me fazendo protestar. — Você não vai gozar nos meus
dedos! Eu tentei ser um bom marido e me comportar. Mas, você não quer
isso, não é? — Ele perguntou se livrando da toalha e deixando o pau
completamente duro saltar.
Minha boca salivou e minha boceta pulsou com o pensamento de tê-lo
todo enterrado dentro de mim.
— Não... — Sussurrei quase sem fôlego. Nunca tinha imaginado que
ficar tanto tempo sem sexo me deixaria assim. Desesperada por ele.
— Não. Minha Barbiezinha gosta do marido safado que a fode com
força! — Ele puxou minhas pernas enlaçando seu quadril e deslizou para
dentro de mim sem aviso.
— AAHHHH! — Gritei com a invasão. Ele gemeu se curvando sobre
mim e se apoiou na cabeceira da cama começando a estocar. — Ooh sim...
Isso Ale...
Tentei encarar o lugar onde nossos corpos se uniam, mas minha
barriguinha proeminente atrapalhava minha visão. Então ergui o olhar para
ele, vendo seu rosto tomado por desejo e os olhos brilhando com luxúria,
algo primitivo e sensual gritando em sua expressão.
Alejandro se movia sem pressa. Mas, com tanta intensidade que fazia
meu corpo todo deslizar sobre os lençóis cada vez que ele entrava em mim.
Meus gemidos estavam ficando cada vez mais altos e a sensação
deliciosa voltava a se formar em meu ventre com ainda mais força.
— Caralho! Como eu fiquei tanto tempo sem isso? — Ele soltou com
a voz ainda mais rouca. Descendo o rosto até o meu pescoço, o sugando e
me marcando com os dentes.
— Eu não... Não vou aguentar... — Soltei entre os gemidos e agarrei
seus braços enterrando minhas unhas em sua pele me sentindo ainda mais
perto de explodir.
— A boceta... Mais perfeita... E só minha! — Ele exclamou a cada
nova estocada.
— Sua... — Ofeguei sentindo meu corpo todo se enrijecer com o
orgasmo perto e ele intensificou ainda mais. Entrando cada vez mais rápido
dentro de mim. Tocando cada pedacinho da minha boceta com seu pau.
Enquanto sua pélvis se esfregava em meu clitóris.
Eu não conseguia mais aguentar. Não podia mais resistir, então,
fechei os olhos gritando e gozando. Alejandro rugiu segurando a cabeceira
com mais força, a fazendo bater contra a parede. Mais duas estocadas dele e
eu senti seu pau engrossar e pulsar dentro de mim explodindo no seu gozo.
Nossos corpos estremeciam juntos enquanto o prazer fluía entre nós.
Abri os olhos assistindo-o usar toda sua força para não cair sobre minha
barriga. Então, ele se virou caindo de lado na cama e me puxando para
perto, enterrando o rosto em meu pescoço.
— Não ouse nunca mais ficar longe de mim. — Murmurei me
aconchegando em seu peito. — Ou da próxima vez vou amarrá-lo na cama
e fazer tudo o que eu quiser com você.
Ele ergueu meu rosto me deixando ver seu sorriso largo e safado,
então se curvou mordiscando meu lábio.
— Você é a mulher mais maluca que eu conheço. — Murmurou. — E
a única que eu amo! — Exclamou antes de me beijar com vontade.
— Me diz mais uma vez, o porquê você ainda não é a Senhora
Fontes? — Perguntei quando ouvi os passos entrando na cozinha.
Mesmo de costas eu sabia que era Magie. Já que na nossa nova casa
só morávamos nós dois. Eu tinha comprado ela alguns meses atrás.
Queríamos ter o nosso próprio lugar antes que nossa princesinha chegasse e
como minha Barbie insistia que continuaria a trabalhar mesmo depois do
nascimento, procuramos uma casa perto da loja.
Levou um tempo até que ela escolhesse, mas eu nunca vi uma mulher
tão feliz quando finalmente tomou a decisão.
— Porque a sua filha ainda não nasceu. — Ela murmurou as minhas
costas, envolvendo meu corpo com as mãos. — Não tive um casamento
direito da primeira vez e agora eu quero fazer tudo perfeito. Então, não vai
me fazer entrar em um vestido com uma barriga desse tamanho e me deixar
parecendo que carrego uma bola nas nossas fotos de casamento.
Essa era a resposta dela quando eu comecei a falar sobre a cerimônia.
Mas, ela estava decidida a só se casar depois do nascimento da nossa Hope.
O nome da nossa menininha não podia ser mais perfeito, pois
enquanto estávamos presos naquele lugar ela significou exatamente isso
para nós: esperança! E continuava significando isso, ela era o pontinho de
luz e amor na nossa vida.
— O papai não vê a hora de você nascer! — Afirmei me virando e
envolvendo a barriga grande dela. Os oito meses tinham chegado e ela
estava ainda mais linda, mesmo com aquela carinha amassada de sono.
— Está tão desesperado assim, para se casar comigo senhor Fontes?
— Ela se sentou na cadeira ao meu lado e eu me virei, encantado de mais
para tirar meus olhos dela.
— Estou! Preciso prender essa mulher linda enquanto tenho a chance.
Antes que perceba que é boa demais para mim. — Ela abriu um sorriso
largo aquecendo meu coração. — Mas, estou ainda mais ansioso para
conhecer nossa filha. Tenho certeza de que ela tem o rostinho da mãe.
Magie se inclinou para frente segurando minhas mãos e as levou até a
boca. Plantando um beijo nos meus dedos não se importando com o a
cicatriz no lugar do meu antigo dedo.
— Tenho certeza que ela tem muito do pai também. Principalmente,
esses olhos que mexem muito com a mamãe. — Lancei uma piscadela e ela
me puxou no mesmo instante para perto, com um sorriso nada discreto.
— Nem comece com essas coisas. Nós temos um almoço para ir,
mamãe. — Falei já me levantando antes que ela fizesse alguma coisa que
nos levasse a transar.
Estava dando tudo de mim para não a agarrar, toda vez que vinha
atrás de mim. Não me aproveitar de todo o fogo que só aumentou com a
gravidez. Eu me forçava a lembrar sempre que era uma gravidez de risco e
Magie não devia fazer esforços.
Só de pensar nela sangrando como naquela cela, perdendo o nosso
bebê, pânico me tomava. Eu faria de tudo para evitar aquilo a qualquer
custo!
— Temos mesmo que ir. — Ela falou fazendo um biquinho e eu tive
que rir daquela expressão que a deixava ainda mais fofa.
— Temos sim, Barbiezinha. — Peguei um prato e coloquei na frente
dela. — O que vai querer comer? A mamãezinha acordou tarde hoje.
— Eu não sei. Qualquer coisa que tiver aí. — Magie suspirou
chamando a minha atenção, ela sempre queria um café elaborado. — Eu
estou me sentindo meio enjoada e com uma dor chata que não passa.
Me aproximei dela enquanto suas mãos acariciavam a barriga e sua
cabeça se inclinava para os lados. Levei minhas mãos para os ombros dela,
observando seu corpo ainda mais de perto.
— Tem certeza de que está bem? Podemos ir ao médico, dar uma
checada em tudo, ou ficar em casa se você quiser. Podemos só ligar e avisar
que não vamos ao almoço. — Tagarelei preocupado que ela estivesse muito
cansada ou até mesmo estressada, depois do nosso sequestro nada foi igual
e os pesadelos dela ficaram mais constantes.
— Não, eu estou bem! Me dá qualquer coisa para comer e acalmar
sua filha e então vamos para esse almoço. — Virei o rosto dela para cima
até que eu pudesse olhá-la olho no olho. — Estou falando sério. Eu estou
bem. Fica tranquilo.
Plantei um beijo na testa dela e então andei para o fogão começando a
preparar o café da minha enjoadinha.
Eu só podia esperar para que nada acontecesse para estragar o nosso
almoço. Sophie, minhas irmãs e até mesmo a mãe da Magie, tinham se
empenhado em planejar esse dia para nossa Barbiezinha. Ela merecia ter
um dia especial e era isso que tínhamos planejado para hoje, um dia sobre
ela e Hope.
Depois que tomamos um café. Tomamos um banho rápido e trocamos
de roupa antes de saímos para a casa de Sophie. Apesar de ser um tanto
longe todos gostávamos de nos reunir lá.
— Você tem certeza de que está bem? — perguntei quando paramos
na frente da casa. Magie tinha passado o caminho todo um tanto quieta e
isso estava começando me preocupar.
— Estou, não é nada demais. — Ela tentou me convencer bem no
instante que todos começaram a sair de dentro da casa.
— Não, já chega! Vamos para o hospital. — Liguei o carro
novamente, pronto para saímos de lá, mas ela segurou minha mão me
impedindo. — É só um incomodo e prometo que logo vai passar. Eu só
preciso ver meus sobrinhos para me sentir melhor.
Sem esperar mais ela abriu a porta do carro e saiu indo direto para os
três pequenos. Mary estava no colo do pai. Já Sebastian estava agarrado a
Carla, não sei por que, mas o garoto já adorava ser paparicado e ter atenção
das mulheres da nossa família.
E o terceiro bebezinho ali era a filha de Elizabeth. Mesmo com Cris
longe ela continuou junto da nossa família. Todos nos apegamos por
aquelas duas. Cris ainda estava enfiado em algum buraco, desde que a
máfia o levou para a reunião, ele nunca mais voltou ou entrou em contato.
Nós estamos esperando que ele apareça mais cedo ou mais tarde, já que foi
o que nos garantiu, assim como prometeu a Elizabeth que voltaria para se
casar com ela.
— AWNN, AÍ ESTÃO MEUS SOBRINHOS FAVORITOS! —
Magie gritou apertando as bochechas de Mary, enquanto Sebastian se
agitava querendo pular no colo dela. — E você minha linda? — Ela se virou
para Angel dando beijinhos no rosto dela e arrancando uma risada
empolgada.
— Deixe de querer chamar atenção garotão. — Disse pegando
Sebastian no colo e sacudindo os cabelos dele. — Você tem que ficar longe
das minhas meninas. Especialmente dessa aqui. — Apontei para a barriga
de Magie e ele pareceu se agitar ainda mais.
O garoto não podia ver a barriga de Magie que se agarrava a ela.
Como se soubesse que tinha um bebê ali dentro. Tinha apenas onze meses e
já parecia entender tudo, o espertinho.
— Vamos entrar. Você não está com uma cara muito boa, filha. — A
mãe de Magie tocou seu rosto e me deu uma olhada.
Eu não tinha sido o único a notar que ela não estava bem, mas minha
mulher simplesmente sacudiu a cabeça e entrou.
— Precisando de uma cadeira, loirinha? — Luke disse assim que ela
entrou, andando com Monalisa nas suas costas, o observando de perto.
— Como se minha mulher fosse sentar-se no seu colo, seu safado! —
Resmunguei dando um tapa nas mãos dele antes que Luke conseguisse
tocar a barriga dela, mas isso não o impediu.
— Aí vocês dois. Tudo o que eu quero é que Hope nasça e todos
vocês tenham outro bebê para ocupar o próprio tempo.
Luke se aproximou e plantou um beijo no topo da barriga dela. Como
um bom padrinho. Antes de deixar que ela se virasse para o sofá.
— Além do mais, Luke já tem alguém para sentar-se no colo dele. —
James gritou do outro lado da sala chamando a atenção de todos. — Não é
mesmo?
Todos encaramos os dois. A conversa que começou a correr alguns
meses atrás foi de que ele estaria ficando com a enfermeira. Só que nenhum
dos dois deixava nada transparecer e eu duvidava que Luke pudesse fazer
alguma coisa na atual situação dele.
Mas, como uma boa família que éramos fizemos uma aposta e o bolão
estava mais do que alto agora.
— Achei que seu filho fosse aquele ali. Do outro lado da sala, que
está doido para te dar mais netos. — Luke retrucou apontando para Patrick.
— Vamos falar disso. O que acha?
— Primeiro, vocês todos são meus filhos. — James agarrou a cabeça
dele, o apertando contra seu corpo só para provocá-lo ainda mais. —
Segundo, eu estou aberto a todos os netos que vocês quiserem me dar.
Aquele homem tinha o maior coração que eu já tinha visto. Porque
abrigava a todos que conhecia com muito amor. Mesmo que tivesse
acabado de conhecer.
— Eu não estou aberta a te dar nenhum neto por uns bons dez anos!
— Sophie exclamou arrancando uma gargalhada de todos nós e um olhar
um tanto triste do marido. — Agora é a vez da Magie nos dar o novo
membro da família.
— E é por isso que inventamos esse almoço, para fazer uma
surpresinha para você! — Audrey falou sorrindo antes de apontar para a
sala.
— O que vocês aprontaram? — Magie perguntou olhando pra todos
nós ali, sabendo que todos tinham armado pelas costas dela.
Eu já estava do lado dela e vi o instante que ela levou as mãos a
barriga, de forma protetiva, mas eu percebi uma expressão levemente de
dor. Aquilo não estava certo, tinha alguma coisa de errado com minha
Barbie e ela se negava a dizer o que.
— Você não nos deu outra escolha. Já que decidiu decorar todo o
quarto do bebê e comprar as coisas mais importantes sozinha. — A mãe
dela falou se juntando ao outro lado e enlaçando o braço com ela. —
Tivemos que fazer nossa própria diversão de presentes.
As mulheres foram na frente, a mãe dela a puxou pelo braço e eu
segui lado a lado. Assim que adentramos ao outro lado da sala o rosto de
Magie mudou completamente, os olhos se arregalam e o queixo caiu, em
pura surpresa.
— O que... o que vocês fizeram? — Ela gaguejou embasbacada com a
quantidade de presente que eles tinham comprado. Tanto para Hope quanto
para ela.
— Você vai ter que entender que as crianças dessa família, vão ser
mimadas! — Patrick exclamou arrancando confirmações dos outros.
Ouvindo suspiro profundo que ela soltou, então a segurei pela mão no
mesmo instante e a levei até a poltrona mais perto, a fazendo sentar. Olhei
por um longo segundo procurando qualquer mudança, mas ela já estava
sorrindo enquanto todos começavam a falar ao mesmo tempo, enquanto
traziam alguns presentes para ela abrir.
E foi assim, por um longo tempo. Todos reunidos em volta dela,
dando total atenção a minha Barbiezinha e a nossa filha. Conversando,
rindo, abrindo os presentes.
Até que Sebastian começou a chorar. Abrindo um verdadeiro berreiro
e chamando toda atenção. Pois não havia motivo nenhum para que ele
chorasse. E só sossegou quando Magie o pegou no colo, quase como se
pressentisse algo.
— Oh merda. — a Barbie sussurrou e meu olhar foi direto a ela, que
estava com as mãos na barriga apertando e respirando fundo. — Acho que...
— Ok, a festa acabou. Agora nós vamos para o médico! — Exclamei
tirando Sebastian dos braços dela, antes de pegá-la pela mão e a levantar no
mesmo instante com o maior cuidado.
— O que aconteceu? O que você tem? — A mãe dela se levantou
acompanhando a filha. — Chegou a hora? Mas, não está cedo?
— ESTÁ! É CLARO QUE ESTÁ! — Gritei entrando em pânico e
começando a andar mais depressa com ela. — Aí meu Deus! Falta um mês
ainda, falta tanto tempo! Só está com oito meses!
— Porque os homens têm que surtar nessas horas? Não podiam ficar
calmos e tranquilos? — Alguém resmungou atrás de nós, mas nem me
importei, só estava preocupado com o tempo.
Tempo de gestação. Tempo até o hospital mais próximo. Todo o
tempo que parecia ter se encurtado.
— Ale, não está esquecendo de nada? — Minha mãe perguntou e eu
me lembrei.
— Tem razão. Carla e John vão buscar as bolsas delas em casa e
rápido! Vamos precisar disso com urgência! — Ordenei colocando Magie
no carro e passando o cinto.
— Acho que está esquecendo de mais uma coisa. — James falou alto
da entrada da casa e eu me lembrei de que deveria avisar a médica em caso
de emergência.
— Sim. Vou ligar para a médica no caminho e mãe... VOCÊ PODE
AVISAR O RESTO DA FAMÍLIA! — Gritei dando a volta e assumindo o
volante.
— Meu Deus, Ale. Eles estão falando do Sebastian! — Magie
exclamou ao meu lado e só então eu me dei conta do bebê nos meus braços.
Parecendo muito feliz em ir com a gente.
— Me dá esse aqui Alejandro. Está na hora de buscar a sua! —
Patrick parou no lado da porta do carro estendendo os braços para o filho,
que voltou a chorar no mesmo instante que o pai o pegou. — Nos
encontramos no hospital.
E eu corri direto para lá. Correndo pelas ruas. Quase atravessando os
faróis vermelhos em pânico, querendo chegar no hospital logo para saber
que ela estava sendo monitorada e que as duas estavam fora de perigo.
Assim que chegamos na porta do hospital uma enfermeira já veio me
ajudar. Trazendo uma cadeira de rodas e a levando as pressas para dentro do
hospital. A médica já estava preparada nos esperando e me garantiu que ela
estava bem. Foi o único instante que respirei aliviado porque depois disso
só o que eu posso dizer é que foi a sucessão de acontecimentos mais loucos
da minha vida.
Magie já estava com alguns centímetros de dilatação e só
precisávamos esperar alguns minutos, até que a médica dissesse que estava
na hora.
Então, foi uma sessão de gritos, choro, xingamentos, suor e lágrimas
até que o chorinho da nossa menina invadisse a sala. Meu coração parou
por um minuto, me fazendo achar que poderia morrer. Mas, foi só a ver,
para que o meu mundo voltasse a rodar novamente e dessa vez em torno
dela.
— Ela está bem? Como ela é? — A voz de Magie me alcançou e eu
me virei para ela encarando o rosto cansado e vermelho, suado e coberto
por lágrimas.
— Ela está bem, amor. Ela é perfeita. Nossa menina é linda! —
Afirmei me curvando e beijando a testa dela repetidas vezes. — Ela é linda.
Nossa Hope está aqui.
A enfermeira me entregou ela toda enrolada na manta. Parecendo um
pacotinho perfeito e um sentimento totalmente maravilhoso invadiu meu
peito. Puro amor correndo em minhas veias, a ponto de transbordá-la e me
dando a certeza de que eu faria qualquer coisa por aquela menininha.
— Anda homem, me dá minha filha! — Magie exigiu me lembrando
que eu não era o único a querer babar em cima dela. — Aí meu Deus, ela
é...
— Sim! Uma mini Barbie. — Beijei novamente a testa dela e a puxei
para perto, aconchegando as duas em meus braços. — Acho que não estou
pronto para sair e avisar a todos. Quero vocês duas só pra mim.
— É. Vamos ficar aqui por mais um tempo. Só nós três.
Mas, infelizmente não conseguimos segurar a nossa família por nem
uma hora. Pois eles já estavam começando um escândalo na sala de espera.
No fim tudo tinha dado certo. Magie estava bem. Nossa filha nasceu
saudável e perfeita, sendo paparicada pela família grande e maluca.
Agora, eu só precisava esperar pelo nosso casamento. Quando daria
meu sobrenome a Magie e então tudo estaria perfeito.
Tinha chegado o grande dia.
E eu estava uma pilha de nervos. Completamente estressada e
nervosa. Mas, não havia nenhum pingo de dúvida sobre o que estava prestes
a fazer.
Sabia que Alejandro era o homem certo para mim. Ou nem
estaríamos aqui. E mesmo que uma partezinha de mim, ainda tivesse medo
da palavra casamento. Eu me rendi.
Ale tinha feito qualquer dúvida sumir. Além de esperar pacientemente
todos esses meses, até que nossa bebê nascesse e eu estivesse bem
finalmente para se casar.
— Pronta, minha filha? — Minha mãe apareceu atrás de mim.
Entrando no quarto onde eu estava me arrumando com as outras. — Hope
já está pronta e nos braços do pai.
— Com toda certeza, ele deve estar tentando manter ela longe de
Sebastian, isso sim. — Sophie falou sorrindo e terminando minha
maquiagem.
— Aqueles dois ainda vão namorar. É por isso, que ele quer ficar o
tempo todo grudado nela. — Audrey falou no canto, arrancando risos.
— Nem pensem nisso! Minha filha tem um mês. Parem de tentar
arrumar um namorado para ela! — Protestei, mesmo sabendo que não faria
diferença. Sebs era grudado na minha Hope.
— Eles são primos! Chega disso. Agora vamos ver essa noiva de pé.
— Sophie cortou o assunto, me fazendo levantar e virar para que todas me
encarassem.
— Você está perfeita!
— Linda demais. Alejandro vai enfartar essa noite!
— Sem dúvidas, uma princesa.
— Uma Barbie Princesa. — Eu tive que rir do comentário de Rosa,
porque todos riam daquele apelido, mas eu não podia amar menos.
— Já está na hora meninas! — A voz de James soou do outro lado da
porta, aumentando minha ansiedade.
— Vamos lá!
Alejandro tinha me deixado escolher qualquer lugar para o
casamento. Então eu decidi me casar onde sempre sonhei quando era
pequena, o jardim enorme da casa onde cresci.
Mesmo que eu tivesse todos os problemas do mundo com o homem
que chamei de pai e que ele ainda estivesse preso com os mafiosos, me
esperando para terminar o serviço como jurei que faria.
Eu tinha decidido que ia realizar esse sonho ao menos. Ele não fazia
parte da minha vida mais. Não tinha espaço nem mesmo para que eu
pensasse nele naquele dia. Hoje era sobre felicidade e o nosso futuro. Nada
do passado me importava mais.
Andei nervosa com minha mãe ao meu lado e tive que secar as mãos
no vestido pela milésima vez, enquanto assistia todas as madrinhas andarem
na frente até o coreto.
— Respire, filha. Respire antes que caia dura nesse chão. — A mão
dela segurou a minha dando leves tapinhas, mas nem isso me ajudava. —
Você já fez isso um milhão de vezes se lembra?
— O que?
— Você devia ter sete ou oito anos e sempre brincava de se casar
naquele coreto. Colocava todas as suas bonecas como testemunhas. Vestia
um vestido de renda branco e algumas flores no cabelo, e então andava por
esse corredor, fingindo que era o seu casamento. — Eu não me lembrava
daquilo, não tinha quase nenhuma lembrança da minha infância. — E era
assim que deveria ter sido seu casamento. Um dia especial. Uma cerimônia
como nos seus sonhos e um homem que te ama incondicionalmente.
— Ele ama! Não ama? — Perguntei emocionada já com as lágrimas
enchendo meus olhos só por vê-lo me esperando no coreto, vestido como
um verdadeiro príncipe.
— Não consigo pensar em alguém que possa amá-la mais. Alejandro
é completamente louco por você e por Hope. — Ela ergueu a mão levando
até meu rosto secando uma lágrima. — Não vamos chorar e estragar a
maquiagem. É o seu casamento e tudo tem que ser perfeito.
Eu respirei fundo e sorri voltando para o caminho que me levaria até
ele. Alejandro sorriu quando ALL OF ME, do John Legend. Começou a ser
tocada pelo violinista e eu comecei a andar em sua direção.
Ele tinha dito que aquela era a nossa música e a forma como ele se
sentia sobre mim, uma verdadeira declaração. E desde então eu não
conseguia ver a música de outra forma que não nossa e andei até com essa
letra.
You're my end and my beginning (Você é o meu fim e o meu começo)
Even when I lose, I'm winning (Mesmo quando eu perco, estou
ganhando)
Cause I give you all of me (Porque eu te dou tudo de mim)
And you give me all of you (E você me dá tudo de você)
— How many times do I have to tell you? Even when you're crying,
you're beautiful too. The world is beating you down, I'm around through
every mood. You're my downfall, you're my muse, My worst distraction, my
rhythm and blues. (Quantas vezes eu tenho que te dizer? Mesmo chorando,
você é linda. O mundo está te castigando, eu estou por perto acompanhando
tudo. Você é minha ruína, você é minha musa, minha pior distração, meu
ritmo e minha melodia.) — Ele cantou para mim descendo os degraus do
coreto e segurando minha mão, me surpreendendo totalmente, porque
aquilo não estava nos planos.
— Está querendo me fazer desidratar, antes de conseguir dizer sim?
— Perguntei sem fôlego depois de o ouvir cantando daquele jeito para mim.
— Não mesmo. De hoje você não me escapa. Essa noite vai acabar
com você se chamando Senhora Fontes! — Ele sussurrou ao pé do ouvido
antes de nos virarmos para o juiz de paz dando início a cerimônia.
— Estamos aqui hoje para unir esse homem e essa mulher. Que se
amam e decidiram declarar para o mundo esse amor se casando. — Ele
falou antes de se virar para mim. — Magie, você quer dizer seus votos?
Me virei para Alejandro encarando o par de olhos que abalavam
minhas estruturas. Aquele rosto que me deixava completamente maluca e o
sorriso que me apaixonava cada dia mais.
— Alejandro, você me ensinou a amar quando eu pensei que jamais
teria isso. Me amou mesmo quando disse que não amava. Me apoiando,
estando do meu lado na alegria e na tristeza. Fazendo com que eu
recuperasse a confiança em mim mesma e eu quero ter você ao meu lado
pelo resto da vida.
Ele pegou minha mão e plantou um beijo longo, antes de me deixar
deslizar a aliança em seu dedo.
— Minha Barbie, linda. Eu me arrependo de ter levado tempo demais
antes de entender que o que eu sentia por você era mais do que amizade e
instinto de proteção. Demorei demais para ver que era amor de verdade e
por pouco não te perdi. — Ele deslizou a aliança dourada em meu dedo
junto ao diamante que tinha me dado. — Mas, não vou cometer esse erro na
minha vida nunca mais. Você é minha e eu prometo ficar ao seu lado por
todos os dias da minha existência. E talvez quando eu morrer, também vire
um fantasma perseguidor. — Ninguém conseguiu segurar o riso. — Não
quero passar nem mais um dia longe de você, Senhora Fontes.
Agarrei aquele homem plantando um beijo longo em seus lábios,
selando a nossa união para sempre.
A festa estava uma loucura, apesar de não parecer que tínhamos
tantos amigos assim. Bastava reunir para que eu me lembrasse que era um
verdadeiro batalhão.
Tinha acabado de dar mama para Hope e a deixei no colo da vó antes
de atravessar o gramado em busca do meu homem. Não era novidade que
ele estivesse com a tropa de fofoqueiros, John e Patrick, só não era normal
que Luke não estivesse lá também.
— Eu juro, não sei o que posso ter feito pra ela estar com raiva de
mim assim. — Cheguei a tempo de ouvir John dizer.
— Você com certeza fez merda. É só o que sabem fazer. — Falei me
intrometendo e puxando Ale para junto de mim.
— Não sei mais o que fazer. Carla simplesmente ficou com raiva de
mim e já faz dois dias.
— O que aconteceu dois dias trás? O que fez com minha irmã?
— Nós estávamos conversando sobre bebês...
— VOCÊ ENGRAVIDOU A MINHA IRMÃ SEM SE CASAR? —
Meu marido gritou esticando o punho, como se tivesse feito algo muito
diferente.
— Não! Por Deus. Não. — O desespero dele fez com que todos o
olhássemos de forma estranha. — Ela estava dizendo que queria filhos,
agora que estava com o cara certo e eu disse que talvez não fosse tão certo
assim porque não quero filhos.
— Você ainda pergunta por que ela está com raiva? — Foi Patrick
quem falou dessa vez, com puro desdém. — Tem sorte de estar com suas
bolas no lugar.
— Por que não quer filhos? Você é ótimo com todas as crianças,
adora brincar com eles. Por que não ter os seus?
— Eu sou um fodido, Magie. Vocês não entenderiam. Meu passado é
uma merda suja e a minha família um poço de esgoto. — Ele disse olhando
para o chão e eu apertei levemente o braço de Alejandro, impedindo de que
ele fosse em frente e fizesse algo estúpido. — A última coisa que quero é
dar continuidade a essa linhagem.
— Você sabe do nosso passado, John. Se fossemos levar em conta
isso eu não iria querer ser mãe. Pois seria péssima. Patrick jamais se casaria
e construiria uma família também.
— Quando vai aprender que seu passado não foi culpa sua? Tem que
se perdoar e dar a chance de um futuro. Você merece ser feliz também! —
Pat afirmou, claramente sabendo mais sobre o passado dele do que nós.
— O melhor é que todo o mal da minha família morra comigo e com
o meu irmão.
— Irmão? Você nunca disse que tinha um irmão. — Ale falou atrás de
mim. — Parece até Cris, com um milhão de segredos, escondendo a família
e o passado.
— Falando em Cris. Ele faz uma falta danada. — Murmurei
lembrando que ele deveria ter estado no altar ao nosso lado depois de tudo.
— Perdi meu padrinho por isso. Quando o homem vai voltar afinal?
— Um ano. Foi o que ele me disse quando me mandou comandar a
empresa dele. Também me fez garantir que Elizabeth estaria segura e que
ela não voltaria a se esconder do mundo. — John nos confidenciou,
parecendo aliviado de fugir do assunto sobre ele.
— Bem, finalmente esse um ano já está acabando. Faltam só três
meses para que ele volte. — Mas então me lembrei de outra coisa. — Ou
vamos atrás dele na Itália. Já que foi o presente dele.
— A única diferença entre Cris e John, é que o irmão de um é um
mafioso e o do outro é a porra do Senador mais famoso desse País! —
Patrick exclamou voltando ao assunto do começo e nos chocando ainda
mais.
— Senador? O Senador mais famoso desse país? — Como aquela
família podia ser tão maluca assim? — Você é irmão do Senador Grant?
— Não precisam fazer tanto alerde sobre isso. — John deu de
ombros, como se não fosse nada demais. — Na verdade ele já deve estar
chegando!
— Chegando aqui? No nosso casamento? — Ale questionou tão
chocado quanto o resto de nós.
— Ele insistiu em agradecer pessoalmente pelo que fizeram por esse
país. Ao destruir aquela organização de tráfico humano.
Eu ainda estava atordoada por saber que tínhamos um Senador vindo
para o nosso casamento e mais ainda por saber que John era irmão de
alguém tão importante.
— Nós vencemos! — O grito de Elizabeth interrompeu qualquer
pergunta que fossemos fazer. — Podem tirar as carteiras do bolso e pagar!
— Do que está falando? — Ale perguntou, mas eu já tinha um sorriso
no rosto imaginando o motivo da gritaria.
— Acabei de ver Luke e a Mona se agarrando!
— Nós ganhamos. PODEM PAGAR! — Gritei mais animada por
meu amigo do que pela aposta. — Eu sabia que aquele safado estava
ficando com ela.
— O que exatamente você viu? Eles estavam fazendo o que? —
Patrick perguntou, mas não precisou nem que Beth respondesse.
No mesmo instante John apontou para Luke voltando do labirinto que
tinha no jardim. Ele movia sua própria cadeira. Não demorou para que
Monalisa saísse do mesmo lugar, atrás tentando arrumar a roupa. E mesmo
com os dois seguindo em direções opostas, o rosto de Luke manchado com
o batom dizia tudo o que precisávamos saber.
— Se aquilo ainda não é uma certeza. Saibam que ela estava sentando
nele de costas com muita vontade. Enquanto Luke puxava o cabelo dela. —
Beth sussurrou para que eles não nos ouvissem. — Na verdade foi os tapas
que ele estava dando na bunda dela que me atraiu até lá. Eu jurava que era
algo inocente acontecendo.
Não conseguimos conter o riso com a última frase dela, todos
começaram a gargalhar recebendo olhares desconfiados do safado que
vinha em nossa direção.
— Sabe, acho que está na hora de fazermos o mesmo. — Ale
sussurrou ao pé do ouvido me arrepiando toda. — Minha mão está coçando
para bater na bunda de uma certa, Senhora Fontes.
Mordi meu lábio inferior e agarrei ele pela gravata. Saindo de lá sem
dizer nada a ninguém.
— A Senhora Fontes está ansiosa para cavalgar no esposo dela!
Mas, antes que pudéssemos nos afastar do grupo. O homem de quem
estávamos falando segundos atrás apareceu com seus seguranças,
atravessando o jardim de forma imponente e determinada.
— Olha só isso. — Ale sussurrou no meu ouvido e observamos
calados enquanto Monalisa virava à direita da casa e dava de cara com o
Senador.
O corpo dela trombou com o dele e as mãos do homem foram rápidas
em agarrar a cintura dela, impedindo que a mulher fosse ao chão.
— Parece a droga de um filme. — John resmungou ao nosso lado e
tivemos que concordar com ele, porque a cena foi exatamente essa.
Luke tinha que abrir os olhos, ou ia acabar perdendo a mulher
maravilhosa que tinha entrado na sua vida. Eu só esperava que meu amigo
fosse mais esperto que os outros homens dessa família e não esperasse
estragar tudo antes de se dar conta de que ela era a mulher da vida dela.
— E pelo jeito a conversa com o Senador vai ficar pra outra hora. —
Alejandro anunciou para todos, depois do Senador Grant estender o braço
para Monalisa e a levar até a pista de dança. — Uma ótima noite pra vocês
meus amigos. Mas, eu tenho assuntos a tratar com a minha esposa!
Mesmo que Cris tivesse mandado passagens para a Itália. Não íamos
viajar com Hope sendo tão pequena. Podíamos parecer pais superprotetores,
mas quem se importa.
Por isso, decidimos alugar uma cabana para essa noite, cercada por
árvores, com um teto de vidro que nos deixaria foder vendo as estrelas.
Assim como a banheira do lado de fora no deck. Eu tinha planos para hoje e
seria de aproveitar essa noite ao máximo.
Desci do carro e dei alguns passos subindo os degraus da cabana, mas
as mãos de Alejandro me seguraram pela cintura.
— Pronta para ser fodida pelo seu marido, Senhora Fontes? — Ele
questionou com os lábios resvalando meu pescoço. — Só tem uma regra
essa noite. Está proibido qualquer pano cobrindo esse corpinho.
As mãos dele foram rápidas em descer o zíper nas costas do meu
vestido, antes de se voltarem até meus ombros deslizando as alças para
baixo deixando que ele deslizasse até minha cintura.
Alejandro agarrou o tecido se abaixando, puxou para baixo com
brutalidade, levando minha calcinha junto e me deixando completamente
nua na frente da cabana. A brisa fria da noite soprou contra meu corpo me
arrepiando por inteira e deixando meus mamilos duros.
Sem que eu esperasse. Ele me virou com rapidez, me deixando de
frente para ele. Seus olhos desceram lentamente por meu corpo e eu vi o
desejo refletido ali, pura fome quando ele se concentrou no centro das
minhas pernas.
Ele se abaixou e subiu as mãos por minhas pernas me atiçando e
fazendo meu corpo queimar em excitação. Deixando o frio esquecido, antes
que seus dedos agarrassem minha bunda.
— Ale! — Foi tudo o que eu tive tempo de gritar antes que ele
erguesse minhas pernas, as jogando sobre seus ombros deixando seu rosto
contra minha boceta. — Oh meu... — Gemi quando sua língua deslizou
sobre meu clitóris.
Alejandro se levantou me fazendo soltar um gritinho de choque e
agarrar sua cabeça. Mas, ele nem se afetou, apenas andou para a cabana
segurando firme minha bunda e me chupando, me fazendo fechar os olhos
me entregando a ele.
A altura tinha me assustado. Mas, eu nem conseguia pensar direito
enquanto ele rodeava a língua entre minhas dobras me deixando ainda mais
excitada e cheia de tesão.
Ouvi o barulho de algo ligando e o som de água encheu a noite
silenciosa. Abri meus olhos rapidamente só para ver que ele tinha acabado
de ligar a banheira para encher. Meus olhos se concentraram nele no mesmo
instante, que ele se ajoelhou no deck, antes de me sentar no parapeito da
varanda e abrir minhas pernas ainda mais.
— Tão deliciosa, senhora Fontes. — Ele rosnou esfregando os dedos
em minha carne pulsante e minha cabeça tombou para trás quando ele
socou dois dedos dentro de mim. — E tão molhada. Porra!
Ale colocou a boca sobre meu clitóris, me levando a completa
loucura, meus gemidos ecoaram entre as árvores a nossa frente e eu avistei
a lua e as estrelas acima de nós, enquanto ele rodeava minha carne com sua
língua e seus dedos bombeavam dentro de mim.
Senti minhas paredes se apertando em volta dele e segurei firme na
madeira do parapeito enquanto meu orgasmo se formava.
— Aahh... Eu não vou... — Ele pareceu saber exatamente o que eu
estava prestes a dizer, pois diminuiu os movimentos dos dedos. — O que
você está fazendo? — Protestei no instante que ele tirou a língua do meu
clitóris.
Então, senti algo diferente ser deslizado em minhas dobras. Mais
largo que seus dedos e um pouco mais pesado. Mas, não podia ser o pau
dele na posição em que estava. Baixei minha cabeça no mesmo instante,
dando de cara com ele esfregando um pau de borracha, tão realístico que
chegou a me assustar.
— Você disse que queria isso, não é? — Ele sorriu de forma sacana
me lembrando do pedido que eu tinha feito alguns dias atrás. — Quero
realiza todas as suas fantasias, Senhora Fontes!
Nem tive tempo de dizer nada, pois ele encaixou a cabeça já molhada
em minha entrada e deslizou devagar. Não era tão grosso como o pau dele,
mas ainda sim me preenchia perfeitamente.
— Aahhh! — Gemi concentrada na imagem a minha frente,
Alejandro deslizando o consolo para dentro de mim aos poucos, me
torturando com a lentidão, enquanto seus olhos estavam focados em minha
entrada. — Ooh merda, isso é...
— É a coisa mais sexy que já vi. Não sei como não tive essa ideia
antes. — Ele aproximou a boca novamente de minha pele e colocou a
língua para fora esfregando sobre meu clitóris novamente.
Meus gemidos ficaram ainda mais altos e nenhum de nós dois
estávamos mais preocupados com a banheira cheia. Só nos importava
aquele momento. Nem mesmo o frio me importa.
— Ale... Isso, continua. — Gemi alto e isso pareceu servir de
combustível para que ele aumentasse a velocidade da língua e do pau dentro
de mim. — Oh, Deus...
— Você não tem ideia do quanto está molhada agora, Barbie. Está
escorrendo. Pingando em minha mão! Você quer gozar, não é esposa? —
Ele rosnou com os lábios sobre meu clitóris, me fazendo pulsar ainda mais
com as minhas paredes se contraindo e meu corpo todo se retesando. —
Isso delícia. Goza para mim!
Eu não consegui aguentar mais e explodi, cravando as unhas na
madeira, enquanto meu corpo todo estremecia. Ele tirou o consolo de dentro
de mim e começou a me lamber, tomando cada gota do meu gozo e
prolongando meus espasmos.
— Aahh... Não aguento isso. JÁ CHEGA! — Gritei agarrando-o
pelos cabelos dele e o puxando para cima. — Agora eu quero meu homem,
dentro de mim.
Ele já tinha dado um jeito de abrir a calça e descer um pouco, eu só
precisei ajudá-lo empurrando para baixo. Assim que se livrou ele deu um
passo para trás me encarando por um momento enquanto tirava a camisa.
— Você quer seu homem? — Ale perguntou de forma provocativa e
eu desci meus olhos encarando a ereção enorme dele. Suas mãos seguraram
o seu pau movimentando para cima e para baixo de forma lenta, adorando
me torturar. — É isso que você quer?
— Não deve deixar sua esposa esperando. — Me estiquei o
segurando pelo pulso e o puxando para mim. Segurei-o e o guiei para minha
entrada, esfregando a cabeça de seu pau em minha excitação. — Afinal, é
obrigação do noivo agradar... Aahh sim... A noiva. — Gemi o empurrando
para dentro da minha boceta.
— Oooh porra! Tudo para agradá-la, Senhora Fontes! — Ele agarrou
a madeira do parapeito começando a me foder.
Não havia nada de calmo e lento. Ale me deu exatamente o que eu
precisava. Forte, duro e rápido! Meus gemidos se tornaram gritos, enquanto
ele se enterrava em mim até a base do seu pau, chocando nossas peles e
misturando os sons dos nossos gemidos.
As mãos dele se moveram agarrando minhas coxas e apertando minha
carne com força, com desespero, ele envolveu meus quadris e me ergueu
sem sair de dentro de mim nenhum segundo.
Ele caminhou comigo em seu colo para dentro da banheira, a água
quente envolvendo nossos corpos e transbordava enquanto afundávamos até
ele estar sentado no fundo comigo em seu colo.
— Isso... Ohh sim, por favor... — Balbuciei quando ele passou as
mãos por minha bunda, afastando e para dar espaço para o seu dedo,
deslizando-o pra dentro de mim me fazendo me mover sobre ele.
Movi meu corpo para frente e para trás, moendo meu clitóris contra
sua pélvis com seu membro enterrado em mim e com seu dedo em minha
bunda. O prazer me inundando, tomando cada pedacinho do meu ser a cada
movimento que eu fazia.
Ale sugou meu lábio inferior antes de enfiar a língua em minha boca.
Me tomando em um beijo cheio de luxúria e desejo. Sua mão agarrou meu
quadril me ajudando a subir e descer em seu pau, espalhando ainda mais
água para fora da banheira.
— Você é a visão dos deuses! — Ele rosnou contra meus lábios
deslizando um segundo dedo em minha bunda, me fodendo mais rápido ali
e me fazendo gemer ainda mais.
— Eu quero seu pau em mim. — Protestei. — Quero seu pau na
minha bunda!
— Que esposa gulosa que eu tenho, não é mesmo? — O sorriso
cafajeste iluminou seu rosto e para minha sorte ele deslizou para fora da
minha boceta e me girou em seu colo, me fazendo sentar com as costas
contra seu peito. — Agora relaxa e me deixa foder esse cuzinho do jeito que
você gosta. — Ele falou desencadeando uma onda de calor e tesão por meu
corpo enquanto se encaixava em minha bunda e me trazia para baixo aos
poucos. — Porra mulher. Por que tão apertada?
A língua dele desceu por meu pescoço enquanto ele erguia e descia
meu corpo, me fazendo engolir sua ereção. Gritei jogando a cabeça contra o
ombro dele, apoiando minhas pernas no fundo da banheira e usando o apoio
para ir ainda mais rápido.
Nunca pensei que um dia gostaria de sexo e ele me fez adorar. Anal
era um terror para mim e agora eu queria quase sempre, sem falar na dupla
penetração que ele me fez desejar desde que começou a me foder por trás
com os dedos enterrados em minha boceta.
— Alejandro... — O nome dele saiu aos tropeços da minha boca, com
a falta de fôlego e como se lesse meus pensamentos ele trouxe o pau de
borracha para a minha entrada.
— Ainda quer isso, Barbie? — Ele questionou com a boca grudada no
lóbulo da minha orelha e eu acenei com a cabeça em desespero, enquanto
ele esfregava o consolo para cima e para baixo em minhas dobras. — Então
relaxa, Senhora Fontes.
Recostei meu corpo contra o dele, parando com meus movimentos e
deixando que ele o encaixasse em minha entrada.
— Aai mer... — Eu me engasguei com o gemido quando ele enfiou
um pouco mais do que a cabeça, senti o fogo se alastrar por minhas paredes
enquanto eu era duplamente invadida e preenchida além do meu limite. —
Eu não... É DEMAIS! — Gritei afundando as unhas no braço dele e
fechando minhas pernas.
Ale desceu os lábios por meu pescoço, espalhando beijos em minha
pele e sua mão se espalmou sobre minha barriga, subindo em uma carícia
despretensiosa até meus seios.
Não consegui conter o gemido quando ele massageou meu seio,
contornando o mamilo sensível com o polegar, me excitando com a língua
em meu pescoço, antes de raspar os dentes em minha pele fazendo meu
clitóris pulsar e me arrancando um movimento.
— Não precisamos fazer isso se não quiser. — Ele beijou meu
pescoço tirando o pau da minha boceta, mas eu segurei firme seu pulso o
impedindo de fazê-lo.
Comecei a me mover novamente enquanto ele brincava com meus
seios me deixando cada vez mais excitada. A água quente me ajudava a
relaxar ainda mais e antes que eu percebesse estava gritando de novo com
prazer, cavalgando e tomando aqueles dois paus dentro de mim como tinha
sonhado.
— Ale, isso... Ooh porra, isso é tão bom... — Gemi perdida com todo
o prazer agonizante que se espalha por meu corpo com aquela dupla
invasão.
Como se não achasse o bastante, Ale desceu a mão por meu ventre se
enfiando entre minhas pernas e tocado meu clitóris, me levando a outro
nível de prazer.
— Caralho! Você é incrível amor! A única...Senhora... Fontes! — ele
grunhiu movendo os quadris de encontro ao meu e eu não pude aguentar
mais.
Meu grito ecoou pelo lugar com o orgasmo forte e violento que me
tomou, me fazendo ver estrelas sem precisar abrir os olhos. Meus músculos
se apertaram em volta dele e a cada espasmo do meu corpo Alejandro
grunhia ainda mais se derramando e me enchendo com seu gozo enquanto
apertava meu corpo junto ao seu.
— A única hoje e para sempre, Senhor Fontes! — Murmurei
enquanto recuperava meu folego.
— A única hoje e para sempre, minha Barbie!
Tínhamos decidido aceitar a viagem de Cris, dois meses depois do
nosso casamento. Eu estava animada em estar indo conhecer o lugar onde
nosso amigo tinha se enfiado no último ano.
Mas, eu não estava tão animada com essa viagem como deveria estar.
Pois, nosso outro motivo para a viagem era para dar um fim ao meu pai. Eu
já tinha adiado isso por um ano e faltava apenas um mês para que Cris
voltasse para nós e deixasse oficialmente seu envolvimento com a máfia
para trás. Então, eu não podia deixar isso para depois, estava na hora de
enfrentar meu último fantasma do passado.
Hope soltou um gritinho animado. Me tirando dos meus pensamentos
sombrios e me trazendo de volta ao meu presente. Virei o rosto vendo-a
ainda mais animada no colo do pai e então ergui meu rosto. Procurando o
que tinha a feito abanar as mãozinhas assim, foi aí que avistei um urso rosa
gigante caminhava na nossa direção, ou melhor, alguém carregava um urso
gigante.
— Finalmente aceitaram meu convite! — Cris exclamou colocando a
cabeça para o lado e finalmente nos deixando dar uma olhada nele. — E
como está essa pequena mocinha linda?
Ele sacudiu a mão do ursinho no rosto dela e Hope se derreteu no
colo do pai, dando uma gargalhada gostosa, nos fazendo sorrir juntos. Mas,
meus olhos estavam concentrados no homem por trás da pelúcia e do
sorriso contido.
Cris não parecia o mesmo. Os olhos estavam fundos e sombrios.
Havia também algumas novas tatuagens que não estavam ali um ano antes.
Os cabelos estavam grandes e alinhados assim como o terno caro, como
sempre. Mas, havia algo muito diferente nele.
— Hope está ótima. E o tio dela é um dos responsáveis por isso
também. — Falei ganhando um longo olhar dele. O brilho que costumava
ter nas írises castanhas não estava mais ali. — Afinal não estaríamos aqui
sem você e eu nem tive a chance de agradecer, não é mesmo?
Ele balançou a cabeça e deu de ombros. Como se não fosse nada
demais. Desviou o olhar de volta para Hope.
— A Barbie está certa. Sem sua ajuda nosso fim seria bem diferente.
E você não para de nos dar presente, hã? — Ale disse ao meu lado, com um
tom de voz que não era dele, com toda certeza tinha notado o estado do
amigo.
— Como você está, estranho? — Questionei, tentando arrancar algo
dele, mas Cris parecia fechado de uma forma que eu nunca vi, duro e frio.
— Depois de quase um ano sem notícias suas, é bom finalmente te ver.
— Queria que fosse em outras circunstâncias. — Ele foi direto ao
ponto, me fazendo lembrar o que eu queria tanto esquecer. — Mas, tenho
certeza de que vão poder aproveitar a viagem depois que resolvermos tudo.
Vão ver que a Sicília é linda!
Ele estava prestes a se virar para o carro. Mas, eu segurei seu braço o
impedindo de ir em frente.
Cris se virou rapidamente agarrando meu pulso. Me assustando com a
rapidez de seu movimento e a tensão em seu rosto. Alejandro deu um passo
à frente, pronto para intervir. Mas, eu balancei minha mão livre para que ele
não fizesse nada.
— Me desculpe. — Ele murmurou tão baixo que mal o ouvi, então ele
abriu os dedos devagar soltando meu pulso. — Eu não queria...
A culpa invadiu as feições dele e a tensão se dissipou aos poucos,
quase como se ele estivesse se lembrando de onde estava e com quem
estava.
— Ei, foi só um reflexo. Eu não deveria ter te pegado de surpresa
assim. — Me apressei em dizer, querendo aliviar o clima. — Só ia falar
para trocarmos. Eu pego o teddy gigante e você pega o anjinho aqui. O que
acha?
Ele olhou para Hope, como se cogitasse pegá-la no colo ou não. Foi
assim por um longo momento até ele me entregar o urso e se virar para o
carro apressadamente.
— Vou dirigir agora. Outra hora quem sabe. — Ele não esperou
nenhuma resposta antes de entrar pegar nossa bagagem e levar para o porta-
mala. — Mandei colocarem uma cadeirinha no banco de trás.
— Você está bem? — Ale perguntou ao meu lado e eu acenei com a
cabeça.
Porque eu estava bem de verdade. Apesar de aflita por ver Cris tão
mudado. Ele ainda era nosso amigo, mas ao mesmo tempo estava muito
diferente.
Cris nos levou por uma estrada calma e tranquila, quase parecia que
ele tinha escolhido o horário do voo para que chegássemos cedo e
pudéssemos pegar a cidade sem tanta loucura, assim podíamos aproveitar a
paisagem.
Ele apontava alguns lugares e contava alguma história do local Como
um verdadeiro guia turístico, mas nosso passeio não demorou muito. Até
que entramos em uma propriedade ladeada por vinhedos a se perder de
vista.
— Meu irmão mandou que o trouxessem até a nossa casa. Vai ser
melhor aqui. — Ele disse como se não fosse nada demais, só que eu senti
que havia algo mais por trás disso, ele só não queria nos contar.
O carro parou em frente a uma mansão e as portas foram abertas antes
mesmo que descêssemos. Nos dando a visão do irmão gêmeo de Cris,
caminhando em nossa direção.
Mesmo que eu não o tivesse conhecido no dia do nosso resgate. Não
tinha como negar que era ele. Já que os dois eram exatamente iguais. Até as
tatuagens, embora Cris tenha adicionado novas a coleção.
Uma mulher surgiu correndo e dando uma conferida no vestido, antes
de parar ao lado do homem sério e de olhar duro. Eram um contraste
gritante, ele alto e imponente, enquanto ela era baixinha e carregava um
sorriso doce nos lábios.
— É bom vê-la de pé e bem. É bom ver os dois, na verdade. — O
homem disse com a voz carregada de um sotaque italiano. — Essa é minha
esposa, Giordana.
A mulher abriu um sorriso largo e estendeu a mão na minha direção,
eu apertei de forma amigável retribuindo o sorriso.
— É um prazer conhecer vocês, podem me chamar de Gio. — Ela
disse de forma doce, então seu olhar parou na minha filha e o rosto dela se
iluminou. — E quem é essa principessa?
— Essa é a Hope, nossa filha. — Ela sacudiu a mãozinha da pequena
que sorriu fazendo bolhinhas, babando mais do que deveria.
— Minha esposa estava grávida, quando nos salvaram. Ela quase
perdeu nossa menininha, mas as duas são fortes demais. — Ale falou
fazendo meu coração disparar com o olhar de cuidado sobre mim. — Sei
quanto isso custou a vocês dois. Não tem ideia do quanto sou grato pelo que
fez. Nenhum dinheiro no mundo poderia ser suficiente para agradecer.
Cris engoliu em seco no canto, com o rosto contorcido em algo que
eu não sabia decifrar, quando normalmente ele estaria sorrindo e fazendo
alguma piada ou comentário muito inteligente.
O irmão dele estendeu a mão para apertar a bochecha de Hope e
sorriu. Antes de se virar para nós com a mesma expressão séria de antes.
Não duvidava que ser um chefe da máfia causava isso nas pessoas,
demonstrar emoções é demonstrar fraqueza e esses homens não podiam ser
fracos.
— Tem razão, dinheiro nenhum no mundo paga por ter aqueles que
amamos por perto. Vamos entrar. — Ele se virou dando a mão para a
esposa, que o acompanhou, caminhando juntos para dentro da casa e sendo
seguidos por nós. — Dinheiro nenhum também paga o que conseguimos
fazer. Destruir uma organização de tráfico humano e limpar nossos
caminhos. Graças ao seu pai, conseguimos capturar o chefe da organização
que vinha atrapalhando nossos negócios. — Ele me deu um olhar que quase
me fez paralisar no caminho.
Aquilo me chocou. Eu não imaginei que aquele homem que um dia
chamei de pai poderia estar tão envolvido assim com esse tipo de crime. Ele
está tão fundo nesse lixo e eu nunca ter suspeitado, me assustava.
— Então, vocês destruíram toda a organização? — Perguntei ainda
surpresa com as palavras dele. — Achei que tudo tinha se encerrado
naquele dia no porto.
Ele andou pelo corredor largo sem nenhuma pressa, de me contar
tudo de uma vez e eu me permiti olhar em volta. Nossos sapatos ecoavam
sobre o piso de mármore claro. Os móveis todos ornavam em uma
decoração clássica, as paredes se erguiam altas e imponentes, decoradas
com pinturas caras que com toda certeza foram passadas de gerações.
Mostrando que ali viviam pessoas de uma longa linhagem de ricos e
mafiosos. Criminosos que eu podia confiar mais do que nas pessoas que me
criaram.
— Sim. Interrogamos até chegar ao topo da organização. Nenhum
deles está mais entre nós. Quero dizer somente o seu pai. Quantas pessoas
resgatamos, Cris?
Meus olhos voaram para o homem calado ao nosso lado e ele se
permitiu um pequeno sorriso, ou ao menos foi o que pareceu.
— Cinquenta e quatro mulheres, dez bebês. Todos estavam prontos
para serem movidos para outros países. Também encontramos lugares onde
mantinham escravos e leilões. Vamos só dizer que foi um ano cheio para
nós e para eles.
Aquilo conseguiu me trazer uma paz de espírito que eu nem sabia que
precisava até ter. Pelo menos a minha descoberta sobre minha família e
sobre minha origem, todo o meu sofrimento, ajudaram a salvar as vidas.
Ajudou a trazer uma segunda chance para algumas pessoas, depois dos
danos que meu pai causou nesse mundo e que eu nunca me dei conta.
— Você fez parte disso e como me pediram para vocês mesmos
terminarem o serviço. — Ele abriu a porta de um escritório e andou não
conferindo se estava sendo seguido ou não, até que parou em frente as
estantes repletas de livros. — Teríamos feito isso no purgatório, muito
tempo atrás, se não tivéssemos feito uma promessa.
— Purgatório? — Alejandro questionou ao meu lado e eu vi Cris
contorcer o rosto e engolir duro.
— É onde fazemos todos pagarem por seus crimes. Aqui a justiça é
feita na terra. Não esperamos que os espíritos as façam no inferno. — Ele
foi direto, me dando a resposta de que Cris tinha tentado esconder no carro.
— Mas, não é um bom lugar para se ter uma mulher, então o trouxemos
para o porão.
Ele puxou um dos livros sem precisar desviar o olhar de mim e do
meu marido. Uma das estantes se moveu dando lugar as paredes e chão de
pedras. Uma passagem secreta.
— Ali também não é um bom lugar, para um bebê. — Giordana disse
junto ao marido, me fazendo desviar os olhos do caminho a minha frente
para Hope.
— Aqui — Peguei minha menina dos braços do pai e dei dois passos
à frente entregando ela a mulher. Que me olhou surpresa, mas não hesitou
em pegá-la no colo e não me passou despercebido o olhar que o marido
lançou ao ver a cena. — Cris é o tio. Então, acho que isso faz de vocês
família também. — Me voltei para Ale e estendi a mão para ele. — Vamos?
Ele aceitou minha mão no mesmo instante. Cris entrou a nossa frente
e o acompanhamos para dentro da parede. O corredor cabia uma pessoa e
Ale teve que andar atrás de mim, mas não soltou minha mão nenhum
segundo.
Quando o caminho se abriu demos de cara com um porão, frio e
gelado. A única iluminação vinha de uma luz, que não fazia muito em
iluminar o lugar direito, precisei forçar meus olhos e levou um tempo até
que eu conseguisse focar na figura encolhida no chão.
A pessoa virou o rosto e eu vi as feições do homem que um dia
reconheci como pai. Ele estava magro e machucado usando apenas uma
cueca suja. Seu corpo tremia provavelmente de frio. O nariz parecia ter sido
quebrado várias e várias vezes. Havia cortes pelo corpo, alguns eram apenas
cicatrizes. A barba estava grande, assim como o cabelo e ele parecia mais
velho do que eu jamais vi.
— A vagabunda veio me matar? — Ele disse com a voz fraca, mesmo
naquela situação ele não demonstrava desespero. — Ande logo com isso.
Meus olhos se encheram de lágrimas, enquanto eu sentia a realidade
assentar em meu peito. Era isso o que eu deveria ter esperado encontrar e
não um homem assustado pedindo pela vida.
— Ficou corajoso na frente da filha, rato? — Cris questionou e ele
desviou o olhar para ele, parecendo assustado ao reconhecê-lo.
— Se lembra de mim, desgraçado? — Alejandro rosnou ao meu lado,
deixando o homem no chão ainda mais inquieto. — Você deveria estar
morto. Afogado no próprio sangue. Da mesma forma que deixou Magie
sangrando sem se importar com o que poderia acontecer a ela ou a nossa
filha.
— Então, tiveram uma menina? — Os olhos opacos voltaram para
mim e ele abriu um sorriso desdentado. — Teria sido perfeito, vendê-las
junto.
Ale avançou em cima dele desferindo os socos. Descontando a
própria raiva por tudo. Mas, eu estava paralisada no canto. Não tinha
imaginado que me sentiria assim nesse momento. Que não teria coragem de
avançar contra ele e matá-lo, ou causar tanta dor a ele quanto ele me
causou.
— Você alguma vez me amou? — A pergunta escapou de mim antes
que eu pudesse controlar, a voz entrecortada com meu próprio choro.
— Não. — Ele respondeu se rodeios, quando Ale se afastou. —
Comprei você para realizar um capricho da sua mãe. Para mim nunca
passou de um cachorro que compramos no pet shop. — Ele cuspiu no chão
e eu suspirei me sentindo mais livre com aquela resposta. — Você ao menos
foi útil uma vez na sua vida. Sendo vendida a Charles.
— Obrigada, por me dizer isso. Me traz alívio saber que nunca
tivemos nenhuma conexão e que vou tirar uma pessoa ruim do mundo. —
Ergui a arma que Alejandro tinha me entregado assim que desembarcamos.
Mesmo com a mão tremendo eu apontei para a cabeça dele. — Charles já
foi e agora é sua vez.
— Faça! FAÇA LOGO, SUA VADIA BURRA! — Ele gritou
desesperado quando eu destravei a arma e foi aí que entendi que ele não ia
implorar pela vida. Porque não tinha mais uma. Ele estava aos meus pés.
Implorando para que eu colocasse um fim no seu sofrimento. Desesperado
para que eu o libertasse de toda a dor que estava sentindo. — Acabe comigo
antes que eu volte, pegue sua maldita filha e a venda como fiz com você!
O som de tiro ecoou no lugar. Quase me ensurdecendo. Mas, meu
dedo ainda estava fora do gatilho. Um segundo tiro o acertou sacudindo seu
corpo fraco. Então, veio o terceiro, o quarto, e o quinto... Eu me virei para o
lado assistindo Cris descarregar a arma contra o verme já morto.
— Me desculpe. — Foi a primeira coisa que ele disse quando baixou
a mão. — Sei que disse que seria seu. Mas, não podia deixar que levasse
sangue nas suas mãos. Mesmo que fosse dele.
Eu vi no rosto contorcido de Cris que ele apenas queria me proteger
da culpa. Queria me impedir de me tornar uma assassina.
Entreguei a arma ao Alejandro e corri até Cris sem pensar, o abracei
apertado. Agradecendo o que ele tinha feito. Cris podia até não assumir.
Mas, mesmo sofrendo, passando sabe se lá o que, nesse último ano. Ele
pensava sempre na família.
Saímos de lá e na minha mente eu só repetia que aquele capítulo
doentio, triste e sombrio, havia acabado. De agora em dia seria Ale, Hope,
eu e nossa família maluca. O nosso recomeço. Nossa segunda chance de
felicidade.
Cris e o irmão sumiram depois daquilo. Provavelmente, lidando com
coisas que nós não deveríamos saber. Gio insistiu em ficar um pouco mais
com Hope enquanto conhecíamos o lugar e eu não neguei. Depois de vê-la
toda feliz com minha menininha não tinha como negar.
Estamos passeando entre os vinhedos, aproveitando o sol antes do
almoço e eu não conseguia deixar de pensar em como minha vida tinha
mudado tanto em tão pouco tempo.
— Você imaginava que tudo isso, ia acontecer no dia que entrei na
sua casa no meio da chuva e você não me deixou ir embora? — Perguntei
roubando uma uva do pé.
— Não. Mas, naquele dia eu soube que você ia bagunçar minha vida
completamente. — Eu franzi as sobrancelhas em confusão, porque
demoramos muito até termos algo. — Então, quando te chamei de Barbie
pela primeira vez foi no automático. Mas, eu queria mesmo ganhar sua
atenção e mostrar que não a deixaria ir a lugar nenhum. Naquela noite
quando vi seus machucados, só pensei em te proteger a qualquer custo.
— Você foi meu salvador, sabia? — Joguei os braços em volta do
pescoço dele e me aproximei. — Me forçando a ficar ali. Com vocês. Na
sua casa. Você me salvou.
— Eu te protegi e esqueci de proteger meu coração. Fui nocauteado
pela loira petulante e mimada. — Ale acariciou meus braços e beijou minha
testa.
— E eu fui, Seduzida pelo meu Salvador!
VEM AI

MONALISA
Desci as escadas do meu quarto, quando meu pai gritou meu nome
pela milésima vez. Eu não queria parar de falar com Alex. Mas, sabia que
se não descesse logo eles viriam até meu quarto.
— Até que enfim apareceu, mocinha! — Minha mãe reclamou com as
mãos na cintura. — Não vai dar um beijo nos seus pais?
Revirei os olhos e terminei de descer as escadas. Era um dramalhão
sem necessidade aquilo, mas o que eu podia fazer.
— Vocês só estão indo para uma noite romântica. Como fazem toda
semana. — Bufei deixando que meu pai beijasse o topo da minha cabeça,
antes de me virar para minha mãe para ela me beijar também. — Não é
como se eu nunca mais fosse ver vocês.
— Deixe de ser malcriada! Só porque é uma adolescente não precisa
ser tão chata. — Ela falou, como sempre culpando minha idade pelo meu
comportamento. Mas, a culpa era toda deles por serem chatos protetores.
— Nós voltamos de manhã. A Nona está em casa e qualquer coisa é
só chamar. Ela vai passar aqui no fim da noite para ver vocês. — Meu pai
avisou, o que não era nenhuma novidade, mesmo que eu não fosse mais
criança, Nona sempre vinha nos olhar, quando eles estavam fora.
— Não sei por que ela tem que vir aqui, já tenho dezesseis anos.
Tenho certeza de que posso cuidar do Brian sozinha! — Afirmei, meu
irmão tinha três anos, eu era capaz de cuidar dele, não precisava de ajuda.
Os dois se entreolharam, sorrindo, daquela forma apaixonada que eu
achava nojento para a idade deles.
— É só para nos tranquilizar, filha. — Ela segurou meu rosto e me
puxou para um abraço. Mesmo a contragosto eu acabei relaxando e
aproveitando o momento. — Nós amamos vocês dois. Só queremos mantê-
los seguros.
Eu sabia disso, mesmo que fosse um porre ser mantida sempre em
segurança. Papai se juntou ao abraço e eu senti mãozinhas agarrando
minhas pernas, e quando olhei para baixo vi Brian agarrado a mim sorrindo,
como o grande abraço em família.
Ela plantou um beijo em meu ombro, deixando a marca do batom
vermelho ali. Talvez só para me irritar, mas eu relevei naquele momento.
— Agora vão embora antes que percam a noite de vocês! —
Resmunguei os empurrando porta a fora, antes de pegar Brian no colo.
Enquanto, eu observava eles irem embora um frio esquisito subiu por
minha coluna e uma sensação de tristeza encheu meu coração.
— DESENHO! — Meu irmão gritou me tirando daqueles
pensamentos e eu entrei em casa com ele.
Passei a meia hora seguinte falando no telefone enquanto meu irmão
assistia desenho e quando deu a hora fui colocar o pequeno na cama. Ia
mostrar que eu podia fazer isso sem ajuda, quem sabe na próxima eles não
me deixassem sem supervisão.
Sai de mansinho do quarto quando o garoto finalmente pegou no sono
e fui até o banheiro. Mas, parei em frente ao espelho encarando a marca de
batom no meu ombro nu, os lábios cheios marcados na minha pele.
O som da porta se abrindo me chamou a atenção e eu saí de lá rápido.
Precisava alcançar Nona, antes que ela gritasse e acordasse o pequeno.
— Oi Nona! — A alcancei no pé da escada. — O Brian já comeu e
dormiu. Acabei de deixá-lo no berço...
Ela segurou meus braços me calando e só então eu percebi o olhar
dela triste, o nariz vermelho, as bochechas molhadas. Ela estava chorando?
O que podia ter acontecido para fazê-la chorar? Nunca a vi chorando.
— Oh menina, eu sinto muito. — Um vinco se formou na minha testa
e ela voltou a chorar me confundindo totalmente. — Sinto muito, que isso
tenha acontecido.
— O que aconteceu, Nona? — Perguntei de uma vez, não aguentando
mais quando meu coração se apertou.
— Seus pais, minha linda. Sofreram um acidente de carro e...
— NÃO! É MENTIRA! — Gritei já não me importando com Brian,
eu só queria que ela parasse de mentir. — Não pode ser verdade. Eles estão
bem. Só iam jantar, depois ia no cinema, e depois iam passar a noite em um
hotel e chegar pela manhã.
Me afastei dela pegando meu celular e ligando para meu pai. Mas, só
deu desligado ou fora de área. Meu coração disparou no peito e eu entrei em
desespero, não podia ser, não podia ser verdade.
Liguei para minha mãe e a mensagem foi a mesma. Me fazendo
desabar no chão chorando.
— Sinto muito, querida. — Ela se abaixou ao meu lado e me abraçou
com força, tentando me consolar enquanto meu chão era arrancado de baixo
dos meus pés.
— Não pode ser... Meus pais...
Mil e uma coisa passou na minha mente. Meu mundo estava sendo
destruído, o que ia ser de mim e do meu irmão? Eu tinha perdido tudo. Mas,
a pior de todas foi quando as minhas palavras se repetiram na minha
cabeça... "Não é como se eu nunca mais fosse ver vocês".
Eu não podia estar mais errada.
Minha vida toda mudou naquela noite. Tudo o que eu tinha planejado
teve que ser mudado e moldado para minha nova realidade.

LUKE
— Tudo bem. Estou indo trabalhar e o que vocês têm que fazer? —
Questionei olhando para os meus irmãos, não me importando de ser
repetitivo.
Os cinco estavam no cômodo que era dividido entre sala e cozinha e
eu conseguia ver todos da porta. Nik tinha um ano e estava no colo de
Stella. Kevin estava na cozinha terminando de comer o macarrão com
queijo, mesmo com dez anos ele ainda era o mais devagar para comer.
— Trancar a porta. Não abrir para ninguém. — Stella, a mais velha
que ficava com eles quando eu saía para trabalhar, tinha apenas treze anos e
eu detestava ter que deixá-la com essa responsabilidade, mas não tinha
outro jeito.
— Escovar os dentes antes de dormir. — Foi Ava quem respondeu,
ela tinha acabado de fazer seis anos e estava brincando de boneca com Mia,
que tinha sete anos e eram inseparáveis provavelmente pela idade próxima.
— E o mais importante? — Olhei para todos, pois essa era a parte
mais difícil de fazê-los responder.
— Não abrir a porta para ninguém. Nem mesmo para a mamãe! —
Todos responderam de uma vez e eu respirei fundo, sabendo que ficariam
bem por mais uma noite.
— Amo vocês. Tranquem a porta quando eu sair. — Falei já abrindo a
porta e saindo de casa direto para a boate, hoje era sexta e seria uma noite
cheia.
Agora que eu tinha completado dezoito anos, tinha me tornado
legalmente responsável por eles. Não foi fácil fazer isso clandestinamente
desde pequeno, enquanto minha mãe vivia sumida com suas recaídas, com
as drogas e eu tinha que aguentar a barra sozinho.
Mas, pior era quando ela aparecia grávida ou com algum maldito
namorado que só queria usá-la para comprar drogas. A gravidez era um
verdadeiro inferno. Porque eu nunca sabia se o bebê nasceria bem, ou se ela
se mataria enquanto eu tentava mantê-la sóbria e presa dentro de casa.
É merda demais para um garoto de quinze anos aguentar. — Você
deve estar pensando. — Mas, era isso ou chamar a polícia. Deixar que todos
os meus irmãos e eu fossemos parar no sistema, dividido em casas, onde eu
não saberia o que acontecia e nem poderia protegê-los.
Por isso, eu engoli, toda a merda dela. Até que um ano atrás ela
simplesmente desapareceu, depois de dar à luz a Nik, ela saiu um dia e
nunca mais voltou. E eu não podia dizer que não me sentia aliviado. Aos
dezoito, eu já tinha cinco vidas para cuidar. Não precisava dela aparecendo
por aqui.
Mas, se tem uma coisa boa que aquela criatura me ensinou, foi sobre
quanto dinheiro se pode ganhar, com o próprio corpo.
Parei em frente a XXL, pensando em como tinha sido difícil
convencer Bella a me aceitar com dezesseis anos. Foi um sacrifício, mas ela
acabou cedendo e me deixando dançar.
Até que eu comecei a ter meu próprio show e então as mulheres
começaram a querer mais e eu não perdi a oportunidade. Sim, fazia
programas para ganhar a vida e que se foda qualquer um que tenha um
problema com isso.
Eu não era um santo. E estava longe de ser um bom partido para
alguém. Mas, não tinha problema, porque já tinha largado mão dessa coisa
de relacionamento e amor. Acho que algumas pessoas simplesmente não
nasceram para isso.
E eu sou uma delas.
Ele precisa de um herdeiro, mas não acredita mais no amor.
Ela quer ser feliz e ter uma família de verdade.
Um casal improvável, duas pessoas diferentes forçadas a viverem
juntas.

Ela é obrigada a casar com um homem que nunca viu, acredita


realmente que pode ser sua chance de ter uma vida feliz e esquecer o
inferno que viveu nesses últimos dez anos em que viveu sobre a tutela
dos seus tios.
Mas não sabia que estava sendo entregue a uma fera, o milionário que
vivia recluso na montanha, escondendo de todos o seu rosto.
Ele precisa de um herdeiro e sabia que ninguém se apaixonaria por
alguém como ele, um monstro por dentro e por fora, mas está disposto
a pagar uma mulher para se casar e ter o seu filho.
Só não esperava que fossem lhe mandar uma garota inocente, linda e
tão doce que seria capaz de despertar seu coração.

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