Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
A Jogada Incerta
1ª Edição
Capa: ML Capas
Revisão: Margareth Antequera
Diagramação digital: April Kroes
Índice
Prólogo
Capítulo Um
Capítulo Dois
Capítulo Três
Capítulo Quatro
Capítulo Cinco
Capítulo Seis
Capítulo Sete
Capítulo Oito
Capítulo Nove
Capítulo Dez
Capítulo Onze
Capítulo Doze
Capítulo Treze
Capítulo Quatorze
Capítulo Quinze
Capítulo Dezesseis
Capítulo Dezessete
Capítulo Dezoito
Capítulo Dezenove
ACHERON - NACIONAIS - APOLLYMI
PERIGOSAS
Capítulo Vinte
Capítulo Vinte e Um
Capítulo Vinte e Dois
Capítulo Vinte e Três
Capítulo Vinte e Quatro
Capítulo Vinte e Cinco
Capítulo Vinte e Seis
Epílogo
Sobre a Autora
Contato
Prólogo
— Precisamos voltar. — Marianne pede quando ver que seu Chito não
está entre seus braços.
— Mari. O que foi dessa vez? — a voz suave de sua mãe questiona
amorosa.
— Chito não está aqui. — Seus olhinhos se enchem de lágrimas e sua
mãe suspira fazendo o pai dirigir pelo retorno voltando para a casa de praia
que eles passaram o verão.
Em questão de segundos tudo escureceu e devagar os gritos de toda sua
família foram ouvidos pela pequena Marianne.
Capítulo Um
Annabelle
u ouço algo caindo no chão e me viro para dar de cara com Lauren. Ela
E tem seus olhos pidões e seu lábio está um pouco torto. Acho que ela fez
cara de cachorrinho, mas não posso ter certeza.
—Desculpe Okay? — ela se abaixa e começa a juntar os cacos do resto
do vaso que deixou cair.
— Não se preocupe. Mas você sabe que vai me pagar, não é? —
questiono sussurrando enquanto coloco o brinco em minha orelha e vejo se
meu batom está okay.
— Que seja! — ela revira os olhos e se afasta indo pegar seu próprio
batom vermelho escarlate.
— Nós iremos nos atrasar. — aviso cruzando os braços enquanto a
espero.
— Você é crack nisso, hein Anna? — ela ri. Certamente lembrando-se da
minha caminhada da vergonha entrando na sala com 10 minutos de atraso no
primeiro dia de aula.
Eu queria sumir.
— Não seja boba... Eu sempre odiei os primeiros dias de aula, mas esse
foi o pior “ever”. — ela ri e me puxa pela mão para irmos até a porta para
destrancá-la.
Pego minhas chaves e andamos até o estacionamento, mas para minha
total surpresa tem um táxi parado. Olho para Lauren em busca de respostas e
ACHERON - NACIONAIS - APOLLYMI
PERIGOSAS
Elas ficam aos cochichos enquanto vejo a cor da cara que Alisha faz;
simplesmente branco igual papel. Ela está tão assustada.
— Tudo bem. Tara vai ser a desafiada no lugar de Alisha. Mas ninguém
mais troca, okay? — nós acenamos e Ali suspira aliviada agradecendo Tara
por ficar em seu lugar.
Por isso, até eu agradeceria.
Tara pisca para nós e sai rebolando até a mesa da garota que estava
conosco. As duas conversam animadamente por alguns minutos e de repente
Tara está atacando a boca da garota.
— Meu Deus! — grito arregalando meus olhos. — Elas estão se
beijando! — grito fazendo Ali e Lauren me olharem.
— Esse foi o desafio, Anna, e temos que cumprir. Tudo bem? — Lauren
ri de mim e volta sua atenção para Tara.
Ela se afasta da garota e limpando os cantos dos seus lábios vermelhos e,
devagar, vem em nossa direção. Ela sorri e se senta olhando diretamente para
Alisha.
— Agora vamos lá, Alisha. — Tara sorri e a Ali a corresponde acenando.
— Okay, o que é? — seus dedos batem na mesa e eu seguro-os tentando
acalmá-la.
— Humm deixe me ver. — ela inspeciona o local e um sorriso grande se
destaca em seus lábios parando no bar. — Você vai beijar o carinha moreno
que está ali. — ela aponta e nós três, Lauren, Alisha e eu nos viramos para
ver quem é.
— Meu Deus! Ele é lindo. — Lauren diz empurrando o ombro de Alisha
que está mais vermelha que um tomate maduro.
— Tudo bem. Eu consigo. — ela sorri, mas antes que ela dê um passo
volta para a mesa e aponta para mim. — Eu vou te desafiar a seduzir o amigo
dele. Aí vamos nós duas. — Meu queixo cai e eu engulo em seco.
— Alisha... — mordo meus lábios e as meninas logo me fazem levantar
ACHERON - NACIONAIS - APOLLYMI
PERIGOSAS
relaxar contra suas mãos. Seus dedos seguram meu queixo enquanto ele se
inclina capturando meus lábios novamente.
Então o calor cresce em mim novamente. O que esse homem está
fazendo com meu corpo?
— Belle... — ele geme se afastando da minha boca.
— Obrigada pelos beijos. — mordo meu lábio e sorrio me afastando.
—“Obrigada”? Eu não fiz nenhum favor...
— Você está demorando demais nesse desafio, Anna. — Alisha diz
chegando ao meu lado.
Os olhos de Caleb se fecham quase por inteiros olhando para os meus e
ele solta minha cintura.
— Cadelas e seus jogos... — ele balança a cabeça e sorri para seu amigo.
— Saint você ouviu isso? — o amigo dá um olhar sério a Ali, que se encolhe
vendo a burrada que fez, e depois se levanta.
— Vou ao banheiro. — e sai sem olhar para ninguém.
— Desculpe. Você me chamou de cadela? — questiono cruzando os
braços.
— Caleb... Como vai Dom? — uma mulher bonita chega ao seu lado e
ele já não lembra que estou aqui.
— Debb... Você sabe como ele está. Não foda com minha cabeça. — Ele
dá um sorriso frio e se levanta jogando dinheiro no balcão.
— Onde Ashley está? — ele pergunta ignorando totalmente a minha
presença.
— Você sabe que não precisa se preocupar. Ligue e ela estará na sua
cama. Nua. A vadia é louca por você. — a tal Debb fala revirando os olhos.
Meu estômago embrulha e eu digo a mim mesma que isso foi uma
lástima. Beijar ele foi um jogo estúpido. Suspiro pegando meu copo entre os
dois e me viro para Ali que está olhando na direção que o tal Saint foi.
ACHERON - NACIONAIS - APOLLYMI
PERIGOSAS
— Vamos.
Então, eu volto para minha mesa para encontrar as meninas bêbadas e
rindo feito loucas.
— Vocês se deram bem, hein? O desafio foi a melhor coisa que fizeram
essa noite. — Lauren grita quando chegamos à mesa.
—Eu te desafio a calar a boca, Lauren. — brinco sorrindo e ela me
mostra a língua. — Mas agora sério, eu te desafio a beijar Tara. — elas
arregalam os olhos e eu sorrio.
Tomem garotas malvadas!
As duas se levantam e se beijam não um beijo como o que Tara deu na
menina que retirou o papel. Só um selinho sem maldade.
Depois disso, tento prestar atenção nas piadas idiotas que Tara faz, mas
mesmo não querendo minha cabeça girava a procura de Caleb. Eu estou
impressionada e muito afim dele, talvez seja por isso que continuo o
procurando pela boate. Onde ele está?
Ele está em sua cama com a tal Ashley, sua idiota!
Eu esperava que fosse minha mente dizendo essas coisas, mas a verdade
é que foi a voz de minha mãe que ouvi dizendo essas palavras.
E nada me assusta mais, que sua voz em meus pensamentos.
Capítulo Dois
Caleb
Capítulo Três
Annabelle
— Não. Eu não sairei sozinha com um cara que não conheço, além do
mais, Saint disse que Caleb quer te ver. — ela dá de ombros fazendo seu
cabelo ondulado e preto pular.
— Me ver? — mordo meu lábio pensando na possibilidade.
Eu quero aquele homem, mas eu tenho medo por ele ser um jogador. Ele
só quer sexo e nada mais, talvez eu também queira, mas e se no caminho eu
me apaixonar?
— Você está pensando demais. Vamos logo. — ela manda e me puxa
para se levantar.
Tudo bem. Não pire.
Pego uma calça jeans no meu guarda-roupa e deslizo-a pelas minhas
pernas depois que tomei banho. No banheiro limpei todos os lugares
possíveis e me depilei também, não que eu esteja pensando em dormir com
Caleb, não.
Quero dizer, talvez sim. Eu não sei.
Fecho meu sutiã preto que está combinando com a minha calcinha e visto
uma regata e uma jaqueta preta por cima. Ao me olhar no espelho fico
pensando se não é melhor eu trocar, mas eu não tenho tempo para isso. Solto
meus cabelos e passo meus dedos entre as mechas para domá-las.
Respiro fundo e vejo meu celular tocar. O nome da minha mãe aparece e
eu fico tensa sentindo meus dedos suarem. Porém, eu sei que ela não vai
parar até que eu atenda.
— Alô.
— Pensei que iria me deixar chamar no seu celular até amanhã. — ela
resmunga de mau humor.
— Desculpe. — minha voz sai tão estúpida.
— Tanto faz agora me fale como foi sua semana. O curso está sendo
difícil? Você sabe que tem que se esforçar. Não espero nada além do primeiro
lugar na turma para você. Não me decepcione. — ela fala devagar fazendo
ACHERON - NACIONAIS - APOLLYMI
PERIGOSAS
Capítulo Quatro
Caleb
u vejo quando ela cruza suas pernas uma e outra vez durante nosso
E trajeto até um bar que Saint e eu vamos sempre. Ela está excitada e se eu
não tivesse dirigindo eu iria dar prazer a ela.
Entramos no bar alguns minutos depois, e eu aceno para o dono e sua
esposa que estão atendendo algumas pessoas no balcão do local. Saint
escolhe uma mesa e, juntos, nos sentamos.
— O que irão querer? — pergunto me levantando junto com Saint.
— Água. — as duas falam em uníssono. Vamos para o bar e eu sorrio
vendo Kátia empurrar Paul para o lado vindo até mim.
— Você, lindo como sempre e você... — ela lambe seus lábios olhando
para Saint. — Gostoso como sempre. — nós rimos quando seu marido lhe dá
uma tapa na bunda.
— O que vão querer? E aquelas meninas bonitas? — Kátia pergunta
olhando para Belle e Alisha.
— Nossas garotas...
— De hoje. — completo a fala de Saint e ele me manda um olhar afiado.
Dou de ombros, ele sabe que é verdade.
— Ainda irão encontrar uma mulher para amarrar suas bolas e nesse dia
eu quero estar na primeira fila vendo o quanto vocês serão massacrados pelo
próprio coração. — Kátia bate os dedos em seus lábios e sorri forte olhando
para as meninas.
ACHERON - NACIONAIS - APOLLYMI
PERIGOSAS
— No dia que você me ver assim, me amarre com uma corda no pescoço.
— brinco, fazendo-a revirar os olhos castanhos.
Paul abraça seu corpo roliço e beija seu rosto fazendo eu e Saint
revirarmos os olhos.
— Quando isso acontecer você vai estar tão afogado em lágrimas que
morrerá sozinho. Sem nossa ajuda. — ele pisca e se afasta.
— Quero duas águas e uísque puro. Obrigado. — ela se afasta com uma
careta.
Pegamos nossas bebidas e voltamos para onde as meninas estão. Sento-
me ao lado de Annabelle e afasto seus cabelos loiros do rosto a fazendo me
olhar.
— O que está pensando? — sussurro perto do seu ouvido.
— No quanto irei acordar cansada amanhã. — ela sorri e eu me lembro
que ela ainda está na Universidade.
— O que você cursa? — pergunto deslizando sua água para perto dela.
Ela engole em seco e leva o copo aos seus lábios antes de me falar.
— Medicina. — sua resposta é curta e eu aceno entendido. Seus olhos
fogem de mim e se concentram no copo à sua frente.
Quando ela fala me parece que não gosta do curso, mas como não a
conheço não sei dizer ao certo. Bebo meu uísque devagar enquanto a vejo
pela minha visão periférica sorrindo para as piadas idiotas de Saint e olhar
admirada para sua amiga.
— Caleb. — me viro quando escuto me chamarem, mas logo quero fingir
que não ouvi.
— Ashley. — afirmo acenando.
— Eu gostaria de saber o porquê de não ter me ligado na noite passada.
Você sabe, Debb me disse que estava no "Gabes", ontem. — Ela estala sua
língua e se aproxima de mim, baixando seu corpo para ficar na altura dos
meus olhos.
— Não precisei de você. — digo entre dentes, dando um dos meus
olhares de aviso. Mas a cadela é pior, ela sabe onde apertar meus botões e faz
isso sem pestanejar.
— Você acha que ela vai aguentar você na cama? — ela aponta para
Annabelle e lhe dá um olhar cheio de raiva para logo voltar sua atenção para
mim.
— Eu acho que você está acostumada comigo na sua cama, porém sabe
que não vou mais estar lá. — me levanto a pegando pelo braço. — Vá
embora. — mando trincando meus dentes.
— Você vai fazer seu caminho para lá logo, logo. Você sabe disso. — ela
se inclina e beija minha boca para logo se afastar.
Mordo meus lábios com vontade de pegar Ashley pelos cabelos e lhe
bater. Vadia filha da puta. Balanço a cabeça e volto a me sentar ao lado de
Annabelle que viu a cena estúpida de Ashley. Pego minha bebida e a bebo
olhando para frente.
— Por que não aproveita e a leve para sua casa e aproveita para fodê-la
no meu lugar? — ela pergunta séria e eu quase engasgo com meu uísque.
Olho para seu rosto e a vejo calma, sem demonstrar qualquer raiva ou
brincadeira.
— Por que eu quero foder você em minha casa. Não ela, não qualquer
outra mulher. — a encaro firme e deixo meus lábios se arrastarem pelo seu
pescoço alvo.
— Por quê? Você quer me punir pela brincadeira? — ela procura meus
olhos e eu suspiro me afastando. — Eu juro...
— Antes de saber desse caralho eu já queria você, Belle. — vejo quando
se retrai ao me ouvir, então me afasto novamente querendo ver seu rosto.
Querendo saber se ela quer a mesma coisa que eu.
—Annabelle? — a chamo vendo seus olhos apertados e novamente ela se
retrai.
ACHERON - NACIONAIS - APOLLYMI
PERIGOSAS
eu suspiro vendo Belle me olhar séria. Lila não é uma mulher mais velha que
eu, mas já é uma mulher feita. Eu entendo a careta de Annabelle.
— Lila. — chamo e empurro seu ombro. Ela desperta aos poucos e
arregala os olhos quando me vê a sua frente.
— Desculpe Caleb. Eu... Eu... — ela para de falar quando vê minha
acompanhante na sala. — Oh me desculpe. — ela se levanta e se apressa para
sair da sala.
Respiro fundo e lhe dou boa noite. Viro-me para Annabelle e a vejo de
braços cruzados apertando seus seios.
— Eu deveria ir. — sua afirmação verbera pela minha sala de estar
silenciosa.
— Por quê? — me aproximo dela em passos lentos e eu a vejo dar alguns
para trás até chegar na parede.
— Pelo amor de Deus, Caleb! — ela suspira baixo e morde seus lábios
novamente. — Eu já fui surpreendida por duas mulheres em uma noite. O
quê? Vai sair alguma debaixo da sua cama enquanto estivermos lá? — ela
continua falando e eu sorrio sentindo o cheiro dos seus cabelos.
— Ela é minha empregada, Annabelle. — respondo e seguro sua cintura
apertando-a devagar. — Agora que tal pararmos de falar? — olho em seus
olhos e ela suspira acenando.
Bom.
Seguro sua nuca pegando alguns dos seus cabelos a fazendo se arquear
para que eu possa alcançar sua boca. O gosto de menta da pastilha que ela e
sua amiga compartilhavam explode em minha boca quando sua língua viaja
pelos seus cantos.
—Segure. — mando com um rosnado a levantando pela cintura.
Annabelle se agarra a mim e devagar subo as escadas até meu quarto.
Olho de relance para o quarto ao lado do meu; de Tessa e me preocupo dela
ver Annabelle aqui, mas não penso por muito tempo, pois a menina em meus
braços puxa meu rosto de encontro à sua boca.
ACHERON - NACIONAIS - APOLLYMI
PERIGOSAS
Annabelle
Meu corpo inteiro se arrepia com a voz rouca de Caleb. Seus olhos
passam pelos meus seios até meu núcleo pulsante me fazendo tremer de
desejo. O que está acontecendo comigo? Eu nunca senti nada parecido com
essa necessidade que esse homem está me fazendo sentir.
Caleb fica de joelhos na cama e de relance consigo ver seu membro reto
e longo. Não direi que não vai caber, pois tenho certeza de que comigo
molhada assim, com certeza vai entrar e me dar prazer como nunca tive.
Engulo em seco fechando meus olhos e aceno. Não entendo seu jeito,
mas não irei contrariá-lo. Se ele não quer perguntas, eu não irei me atrever.
Somos dois estranhos que querem transar, então sem perguntas.
— Tudo bem.
Eu não dei atenção para o que Ashley falou, mas agora eu estou
começando a entender o que quis dizer com a sua força na cama. Caleb me
fode sem dó ou piedade. Seu quadril bate no meu cada vez que entra em mim
e suas mãos apertam minhas coxas e cintura com força desmedida.
Quando sinto meu corpo querer chegar a um novo orgasmo, Caleb
começa a tremer e alcançar seu desejo. Meus músculos relaxam quando o
sinto sair de dentro de mim, mas antes que eu adormeça cansada, o vejo
retirar o preservativo.
Graças a Deus!
Capítulo Cinco
Annabelle
inha cabeça gira quando abro meus olhos. A luz da manhã entra pelo
M quarto e eu começo a estranhar já que não tem janelas em meu quarto,
porém logo me lembro que não estou no Campus. Estou na casa de
Caleb. Olho para o lado a sua procura, mas os lençóis estão intactos,
não deixando qualquer dúvida de que ele não dormiu aqui.
Procuro a cadeira que coloquei minha bolsa, mas aqui não tem nada,
além de uma cama e um guarda-roupa grande. Esse não é o quarto dele. Eu
não acredito que o filho da mãe me colocou em outro quarto. Que escroto!
Sento-me puxando os lençóis para cobrir minha nudez e quase caio da
cama ao ver uma criança sentada na borda. Abro a boca a vendo com as duas
mãozinhas no queixo sorrindo terna para mim, mas volto a fechá-la sem saber
o que falar.
— Você é a minha mamãe? A que papai disse que estava chegando? —
sua voz suave e baixa me questiona e eu tenho que segurar o colchão para
que eu não caia.
Porra! Caleb é pai?
Respiro fundo e tento pensar em algo coerente para falar, mas nada me
vem à cabeça. A criança continua me olhando e eu engulo em seco. Vamos,
lá. Fale algo, sua burra.
— Humm... Qual é o seu nome? — sim, eu fiz essa pergunta.
— Tessa e o seu? — ela parece esquecer-se da primeira pergunta e eu
relaxo.
ACHERON - NACIONAIS - APOLLYMI
PERIGOSAS
mãos por ele. Pego um shampoo e lavo meus cabelos devagar fazendo
massagens no meu couro cabeludo.
Quando pego a toalha branca para me enxugar penso em Caleb e Tessa.
Quem é a mãe dele? Será que morreu em seu parto? Penso na sua pergunta e
meu coração dói por ela. Tessa quer uma mãe. Deve ser difícil ir à escola e
ver suas amiguinhas acompanhadas e ela não.
Depois de estar vestida e com os cabelos penteados por meus dedos, já
que não encontrei nenhum pente ou escova no banheiro, pego minha bolsa da
cadeira e a levo comigo. Irei embora na primeira oportunidade que eu tiver.
Entro na sala e escuto as vozes de Caleb e Tessa rindo, mas quando entro
vejo a garota que vi ontem aqui no sofá. Seus olhos crescem quando me vê. O
prato que estava em sua mão cai e eu me aproximo para ajudá-la. Seus olhos
estão marejados e eu não entendo sua atitude. Ela me conhece?
— Desculpe. — sua voz sai amarga e eu levanto meus olhos para vê-la.
Agora a realidade me bate. Ela gosta de Caleb. Ontem achei tão estranho
ela estar na sala só de camisola. Qual é a empregada que faz isso? Eu me
senti insultada. Não bastava Ashley? Ainda tinha uma mulher em seu sofá? E
só um cego não vê o quanto ela é bonita. Ela é morena com cabelos pretos.
Seus quadris são largos e eu me sinto menos gostosa na sua frente.
— Não se preocupe. — digo com um sorriso, mas ela não me dá atenção,
apenas sai da cozinha sem falar nada.
Sento-me ao lado de Tessa e ela sorri pegando um pedaço de fruta de sua
taça cheia delas.
— Bom dia.
— Bom dia, Belle. — Tessa e Caleb falam juntos e eu aceno pegando um
prato com ovos e pães.
Como em silêncio e quando levanto minha cabeça vejo Tessa olhando
para mim. Como ela pode ser tão linda? Seus cabelos são castanhos
chocolates e seus olhos são castanhos como os de Caleb. Não posso negar
que eles se parecem.
— Não. Você é um idiota. — tampo minha boca e quero me bater por ter
falado isso na frente de Tessa.
— O que é um idiota? — Caleb respira fundo quando Tessa pergunta e
olha diretamente para mim, me recriminando.
— É um cara muito legal. — respondo e termino de beber meu suco. —
Agora eu preciso ir. — afasto a cadeira e me levanto.
— Onde você mora? — Tessa pergunta e eu me abaixo ao seu lado
ficando na sua altura.
— Moro na minha escola. — falo como se fosse um segredo e ela ri
arregalando seus olhos.
— Lá é legal? — aceno e beijo seu rosto. — Você pode vir me ver
novamente? Papai não me leva para sair e eu gostaria de ir a uma praça
brincar. Você me leva? — seu pedido me faz querer entrar em um buraco e
gritar de tanta fofura em meu peito.
— Se seu pai deixar, eu te levo sim. — afirmo beijando seu rosto fofo.
— Eu te levo a porta. — Caleb nos interrompe levantando e olha para
Tessa. — Me espere aqui, nós iremos conversar.
Eu saio da cozinha com Caleb me acompanhando até a sua porta. Pego
meu celular e chamo um táxi até aqui depois de pedir o endereço. Ele abre
sua porta e a fecha atrás de nós.
— Não faça isso. — Caleb pega meu braço e o aperta entre seus dedos
me fazendo voltar para perto do seu corpo.
— Não faça o quê? Solte meu braço. —puxo-o com força fazendo ele
me deixar ir. Acaricio as marcas e o olho como se fosse louco.
— Não dê esperanças a minha filha, você e eu sabemos que não irão
mais se ver. — ele está tão irritado e eu quero bater em seu rosto por falar
assim comigo.
— Você não sabe de nada. Se eu quiser vou vir vê-la sim. Agora se me
dê licença gostaria de esperar o táxi sozinha. — falo encarando seu rosto
ACHERON - NACIONAIS - APOLLYMI
PERIGOSAS
tenso.
— Não se meta com Tessa, Annabelle. Isso é um aviso. —Ele entra e
bate a porta e eu luto com a vontade de bater lá e mandá-lo se foder.
Escroto estúpido!
— Você fez uma promessa a minha filha e agora ela está cobrando. —
Sua voz sai tão entediada que eu quero matar ele por me menosprezar desse
jeito.
— Então eu deveria estar falando com ela, não acha? — debocho e Tara
franze a testa sem saber o que falar.
— Foda-se, eu estou lhe esperando. Venha. — ele manda.
— Você vai esperar muito, viu? Você não manda em mim, então passe o
celular para Tessa que vou falar com ela. — digo séria e o escuto ranger os
dentes.
Bom.
— Eu vou te castigar quando estiver na minha frente...
— Pensei que ouvi você dizer que não repetia. — me atrevo a lembrar da
sua frase escrota.
— Mas eu vou. — ele diz tão sério que eu aperto minhas pernas juntas
em antecipação.
— Passe para Tessa. — peço em voz baixa.
— Mari? — sua voz me chama e eu fico tensa ao pensar que Caleb está
ao seu lado. — Belle?
— Oi amor. Não se esqueça da nossa brincadeira, Tessa. — sussurro
temendo que seu pai ainda esteja com ela.
— Eu lembro. Vamos ao parque hoje? Papai deixou. — ela se apressa em
dizer e eu mordo meu lábio.
— Hoje não posso. Tenho outro compromisso, mas eu juro que amanhã
cedo te pego para irmos. O que acha? — a respondo lembrando que marquei
com Tara, Lauren e Alisha para irmos ao Shopping.
— Que pena. — fecho meus olhos ouvindo sua voz triste. — Eu... — sua
voz está embargada e eu quero me bater por isso.
— Eu vou com minhas amigas ao Shopping, você quer ir? Aí outro dia
vamos ao parque. — me pego oferecendo e eu já sei que Tessa vai me
estragar.
— Oba! Papai vou ao Shopping com Belle e suas amigas. — ela grita e
eu rio sentindo meu peito encher de sentimentos bons.
— Eu vou te pegar. Beijo, Tessa.
Capítulo Seis
Caleb
ordo meu lábio olhando Tessa subir para seu quarto com Lila para se
M arrumar. Annabelle não sabe o que fez. Eu fui o culpado de tudo,
afinal, fui eu que a trouxe para minha casa. Eu, idiota, a deixei se
aproximar da minha vida com minha irmã.
Ando pela minha sala temendo essa aproximação das duas. Eu não quero
que Tessa saia machucada nisso. Ter alguém como amigo é algo muito forte
e eu não tenho certeza se Belle vai querer permanecer por muito tempo em
nossas vidas.
Eu não quero um relacionamento, mas ficar com Annabelle ao meu lado
é testar meus limites. Eu quero a possuir, é uma possessividade sem tamanho.
Entrar em seu corpo me fez fraco e na noite que dormimos juntos, eu quase a
deixei na minha cama e a puxei para meus braços, mas voltei à porra da
minha mente e a levei para o quarto ao lado.
Respiro fundo me deixando desabar na minha poltrona. Não irei contra
os desejos da minha irmã, só posso esperar para que isso não acabe em
merda.
— Não precisa. Até porque ela me chama assim, então muitos pensam o
mesmo que você. — coloco o dedo em meus lábios e ando devagar até onde
Belle está.
— Sim... É... — capturado uma mecha do seu cabelo e inspiro seu cheiro
na pele do seu pescoço claro.
— O que, Belle? — pergunto e beijo seu pescoço.
— Não faça isso. — sua voz entrecortada avisa.
— Explique o porquê.
— Você... — ela engole em seco fechando seus olhos firmes e quando os
abre a explosão sexual se esvaiu deles. — Você me levou para outro quarto,
Lewis. Por quê? — sinto um arrepio em minha espinha quando escuto sua
voz suave pronunciar meu sobrenome.
— Não me chame assim. — ordeno devagar. — E eu lhe levei para outro
quarto para sua privacidade...
— Não minta para mim, Caleb. — ela late quase gritando e eu recuo.
Foda-se ela não é boba. — Eu sabia o que estava acontecendo. Eu também
queria só sexo, pode parecer contraditório me ouvir questionando o porquê de
me levar para outro quarto, mas eu sabia que era só sexo. Eu sabia que não
iria me acordar com baboseiras. Porém, eu não gostei do que fez. Senti-me
como uma prostituta. Que foi usada e depois descartada. Eu não espero que
minta para mim, Caleb. — aceno respirando fundo quando ela termina.
— Eu entendi. — afasto-me e viro as costas para ela. — Tessa deve estar
na sala de jogos. Pode buscá-la. — eu não me viro para saber se ela fez ou
não.
Apenas saio de lá.
Annabelle
ACHERON - NACIONAIS - APOLLYMI
PERIGOSAS
Ele sobe suas escadas e me deixa aqui. Fodido idiota. Eu não sei o que
deu em mim, porém enquanto eu vinha até aqui me peguei pensando na sua
atitude escrota de me colocar em outro quarto depois de ter fodido até meus
miolos.
Doeu acordar em outro quarto e doeu mais uma vez o ver me dando as
costas. Procuro Tessa pela casa e quando a encontro dou de cara com Lila
olhando para mim encostada à parede da sala.
— Pensei que você iria levar Tessa para passear, não ir com Caleb para
outro cômodo. — molho meus lábios passando a língua e sorrio chegando
perto dela.
— Eu vou para onde eu quiser Lila. — sorrio e me viro para Tessa que
está sentada no sofá. — Vamos meu amor? — ela pula e eu a pego nos braços
até o meu carro.
Passo cinto de segurança pelo seu corpo e beijo seus cabelos.
— Você e papai não são mais amigos? — Tessa pergunta quando saio da
propriedade do seu pai, quero dizer, irmão.
Fiquei tão surpresa quando ele disse que é irmão dela, não pai. Pergunto-
me como Tessa veio morar com ele. Onde a mãe deles está?
— Eu ouvi vocês brigando. — ela admite e eu sorrio terna olhando para
ela pelo retrovisor.
— Somos Tessa, é que às vezes amigos também discutem. Não se
preocupe. Tudo bem? — pisco e ela acena virando seu rosto para a janela.
Estaciono e saio do carro para pegar Tessa do banco traseiro. Seus
cabelos estão soltos e um lindo laço dourado está no topo. Seu short jeans é
curto e a camisa quase o cobre por inteiro. Tessa é muito bem cuidada, não
posso imaginar Caleb fazendo compras para ela, então meus pensamentos
vão até Lila. Ela deve comprar as coisas da pequena.
—Onde suas amigas estão? — ela pergunta enquanto caminhamos pelo
Shopping.
ACHERON - NACIONAIS - APOLLYMI
PERIGOSAS
segurando o riso.
Sim, ele não presta.
— Não. Desculpe pequena Tessa, não beijarei mais sua amiga. — ele
sorri de lado e eu suspiro me virando para Tessa.
— Pronto. Viu? — sorrio e beijo seus cabelos.
— É que ela e meu papai vão namorar e eu acho que a Belle não pode ter
dois namorados. — ela explica séria e sinto meu coração parar de bater um
segundo.
— Sim, não posso ter dois namorados. — confirmo, porém não toco no
assunto do seu pai.
Namorar Caleb? Eu acho que isso nunca acontecerá.
— Humm seu pai, não é? — Cohen me olha sorrindo e eu reviro os olhos
vendo as meninas rirem de mim. Vacas.
— Podemos ir? — Alisha pergunta teclando no seu celular.
Ela e Saint se viram muito nessa última semana. Eu sei que ela já está
começando a gostar dele e de verdade, eu também acho que ele gosta dela.
— Podemos. — Tara pula da cadeira e junta suas sacolas.
Viro-me para Cohen e o abraço.
— Foi bom te rever. Quando eu voltar para a cidade te ligarei, tudo bem?
— beijo sua bochecha sobre os olhos atentos de Tessa.
— Sim. Vou te ligar para que me fale do tal que Tessa falou. — Ele pisca
e sinto minhas bochechas corarem. Oh meu Deus!
Ele dá tchau soltando sua gargalhada e eu gemo envergonhada.
Coloco Tessa em meu carro e sorrio vendo as meninas saírem do
estacionamento a nossa frente. Sigo para casa de Caleb e me surpreendo com
o silêncio de Tessa.
— Está tudo bem, meu amor? — pergunto gentil a fazendo me olhar pelo
retrovisor do carro.
— Sim. Eu gostei muito de passear com você. — sua voz demonstra
outro sentimento. Tristeza.
— Tessa, nós somos amigas. Você pode me falar tudo que quiser e sentir,
okay? — digo firme e ela suspira deixando seus ombros caírem.
— Só me lembrei de uma coisa que Geórgia me falou... — seus olhinhos
brilham e eu paro o carro no acostamento para olhar em seus olhos.
— Quem é Geórgia, Tessa? E o que ela falou? — questiono confusa. Sua
atenção se concentra em suas mãos entrelaçadas e eu espero paciente que ela
comece a falar.
— Ela é minha coleguinha da escola. Ontem ela falou que minha mamãe
não me ama, por isso foi embora. — seus olhinhos brilham e eu me pego
querendo chorar também.
— Venha até aqui, querida. — retiro seu cinto e a puxo para meu colo.
— Ela disse a verdade, Mari? — meu coração aperta quando escuto sua
voz falar meu nome de nascimento.
— Não, meu amor. Ela é apenas uma criança e não sabe o que fala. Não
preste atenção no que ela diz. — digo firme e ela abraça meu pescoço.
— Por que você não pode ser minha mamãe, Mari? — sua pergunta
aquece e esfria meu coração ao mesmo tempo.
— Tess, eu... — engulo em seco e deslizo meus dedos por suas
bochechas rosadas cheias de lágrimas. — Eu posso ser sua mamãe. Você
ainda me quer como mamãe? — quando deixo as palavras caírem vejo seu
rosto se iluminar.
E toda e qualquer dúvida que eu tinha de não poder lhe dar falsas
esperanças se esvai de mim. É uma loucura. Eu não a conheço direito e seu
pai vai odiar a ideia, mas... Tessa é meu pequeno anjo.
Eu sou sua mamãe.
ACHERON - NACIONAIS - APOLLYMI
PERIGOSAS
Capítulo Sete
Annabelle
um segundo, mas eu vi. Ele ainda sofre com essa questão, mas sua raiva
mascara toda e qualquer dor.
— Ela estava alegre e do nada se lembrou. Foi triste... Meu coração se
quebrou um pouquinho por ela, Caleb. — argumento mesmo sem ter falado o
que fiz tentando me justificar.
Suspiro e mordo meus lábios criando coragem para falar.
— Eu sou ainda uma desconhecida Caleb, mas eu já a adoro. Por favor,
não me afaste dela. — peço quando a ideia passa por minha cabeça.
— Por que você acha que vou afastar vocês? Eu que te liguei para vir
buscá-la, Annabelle. — ele me lembra e eu respiro fundo.
— Ela me perguntou o porquê de eu não poder ser sua mamãe... — meus
olhos brilham com lágrimas e eu vejo, mesmo que embaçado, Caleb se
aproximar. — Eu não quero causar mal-estar entre vocês, mas Tessa é minha
filha agora, Caleb. — limpo meus olhos e o encaro firme.
— O que diabos você fez, Belle? — seus olhos estão perturbados e me
olham afiados.
— Eu falei que posso ser sua mamãe. — respondo sem medo.
—Annabelle você é uma criança! Como você vai ser mãe de outra
criança? — ele questiona gritando.
— O quê? — minha boca se abre em choque. Ele acha mesmo que sou
uma criança? — Eu não sou uma criança Caleb, eu já sou uma mulher! —
grito na sua cara vendo vermelho.
— Você ainda está na faculdade, Annabelle! — ele ruge irritado.
— O que isso tem haver? Pare de colocar motivos para não me querer ao
redor dela. — grito querendo socar sua cara.
— Você não podia ter feito isso. — ele balança a cabeça e em um passo
longo está me segurando contra o carro. — Quando você quiser sua própria
família o que vai acontecer? Você vai dar as costas para ela? Ela é apenas
uma criança, porra! — seu grito faz até os meus dedos tremerem.
ACHERON - NACIONAIS - APOLLYMI
PERIGOSAS
deve ter adorado. — ele diz com sua voz rouca e eu sorrio.
— Sim, ela se divertiu muito. — afirmo e me despeço deles entrando no
prédio do Campus.
Encontro Lauren deitada em sua cama com um livro nas mãos. Já percebi
que ela adora ler, em algumas brechas entre as aulas ela está lá com algum
livro nas mãos.
— Hey... — ela se senta e deixa a página marcada com um marcador
bem fofo de fita de cetim.
— Oi. Vocês vão sair hoje? — questiono lembrando que hoje é sexta-
feira e que elas não perdem uma balada.
— Sim. Kane terminou comigo e a última coisa que eu quero é ficar em
casa. — ela fala com um sorriso azedo de lado.
— Terminou? Por quê? — não escondo minha surpresa. Lauren é louca
por ele e eu sinceramente, pensei que ele também.
— Por que ele quer fazer o que todos os caras dessa faculdade fazem.
Curtir e comer boceta livremente. Foda-se ele, eu encontro alguém para
comer a minha e acabou. — sua voz é irritada e eu suspiro.
— Quem te escuta pensa que não está doendo. — afirmo me sentando ao
seu lado.
— Está, Anna. Porém eu não vou me debulhar em choro. Kane sabe o
que faz, se ele acha melhor assim, tudo bem. — ela dá de ombros e eu a
abraço.
— Tenho certeza que ele vai voltar a sua mente e vir até aqui. — sorrio
quando a vejo bufar.
— Espero, pois estou mijando em um balde para jogar nele quando isso
acontecer. — ela fala tão séria que eu me deixo gargalhar imaginando a cena.
— Você é terrível!
Continuamos rindo até Tara entrar no quarto. Seus cabelos estão no topo
cruzados.
Todas nós estamos de vestidos. O meu é preto com um decote profundo e
muito sugestivo enquanto o de Lauren é totalmente fechado com mangas
curtas. Já Tara, como sempre é a cadela cheia de poder; um vestido dourado
curto e aberto nas costas.
Sinto meu celular começar a tocar e estremeço quando penso ser minha
mãe. Porém suspiro aliviada quando vejo que não é, mas a ansiedade me
perturba quando vejo o nome de Caleb.
O que ele quer?
— Alô. — atendo estranhando sua ligação.
—Onde está? — sua pergunta sai estressada e eu me pergunto o que
aconteceu agora.
— O que foi? Aconteceu algo com Tessa? — questiono me distanciando
das meninas.
— Nada aconteceu. Onde está? — ele pergunta novamente e eu suspiro.
— Estou numa boate. — leio o nome no letreiro e falo para ele. — Por
quê? — pergunto.
— Você está numa boate? — sua voz sai incrédula.
— Sim, eu estou...
— Estou indo te buscar. — ele desliga na minha cara e eu grito frustrada
apertando as teclas do meu telefone para ligar de volta.
As meninas me olham sem entender e eu grunho ouvindo seu celular
tocar algumas vezes até cair na caixa postal.
— Ele disse que está vindo me buscar! Caleb é tão mandão! Idiota. —
digo frustrada olhando para os lados como se ele fosse surgir de uma hora
para outra.
— Então vai ficar aqui o esperando? — Lauren pergunta elevando sua
sobrancelha desenha por sombra e vejo que já estamos na entrada.
ACHERON - NACIONAIS - APOLLYMI
PERIGOSAS
— Não. Eu vou entrar e fazer o que vim fazer. — Tara ri e levanta a mão
para que eu possa bater.
E eu faço.
Peço um copo de uísque ao barman que me olha mais alguns segundos
antes de me entregar. Sei que ele sabe que não tenho idade para beber, mas
graças a Deus, não falou nada. Tara segura minha mão me arrastando até a
pista enquanto Lauren fica sentada no bar girando seus braços e rindo para
nós.
Remexo meu quadril enquanto a música de Ariana Grande toca nas
caixas de som. Vejo Tara rebolar contra um cara moreno e muito bonito e
suspiro sentindo alguém contra minhas costas.
As mãos do homem seguram minha cintura com força e eu repito o
balanço que Tara estava fazendo, mas antes que eu termine a pessoa me
deixou.
Quando penso em me virar para procurar o homem uma mão se fecha em
torno do meu pescoço e a outra segura minha cintura me deixando marcada.
— O que porra está fazendo? — o rosnado baixo e perigoso faz minhas
pernas ficarem bambas fazendo sugestão à música que toca.
Caleb me deixa molhada com sua voz e suas mãos em meu corpo, porém
não reclamo. Sei que ele vai me recompensar.
A noite toda.
Capítulo Oito
Caleb
novamente.
— Beijar na boca é só coisa de namorado né, papai? — eu quase cuspo
meu suco quando a escuto falar isso.
Que merda? Alguém a beijou?
—Por quê? Alguém beijou na sua boca, Thereza? — ela franze as
sobrancelhas quando uso seu nome de nascimento. Eu nunca a chamo assim.
— Não... — ela fala ainda estranhando eu a ter chamado pelo seu nome,
e não pelo apelido.
— Então por que a pergunta, Tess? — volto a seu apelido para tentar
fazê-la relaxar.
— Cohen beijou Belle na boca quando estávamos no Shopping... —
levanto meus olhos para minha filha e mordo meu lábio até sentir o sangue
tocar minha língua.
— Belle estava com outro homem? E ela deixou que ele a beijasse nos
lábios? — questiono para Tess.
— Sim, mas eu briguei com ele e avisei que ela vai namorar com você,
então ela não pode ter dois namorados. — ela sorri orgulhosa de seu gesto.
Eu não sei se quero matar Annabelle por estar com outro homem
enquanto minha filha está com ela ou desmentir para minha filha que não
iremos namorar. Tipo, nunca.
— Sim, meu amor. Ela não pode namorar com dois. — afirmo em partes
e beijo seus cabelos deixando que ela vá com Lila para seu quarto.
Arrumo-me rapidamente e passo no quarto de Tess para ver se ela
dormiu e quando chego a sua porta vejo que ainda está acordada conversando
com Lila.
— Li? — ela chama a atenção de Lila e sorri trazendo as mãos para
abafar sua voz, como se fosse falar um grande segredo. — Eu tenho uma
mamãe, agora. — seu sorriso faz qualquer dúvida que eu tinha de ir embora.
Tess é tudo para mim, eu não posso deixar que a machuquem, mas
também não posso a guardar em um pote para sempre.
— É mesmo? — a voz de sua babá sai incrédula e não sou somente eu
que percebo isso. Tessa também.
—Por quê? Você acha que não posso ter uma mamãe, Li? — sua voz sai
confusa e um pouco triste. Eu olho para Lila e ela sorri se sentando ao lado da
minha pequena.
— Lógico que sim minha bonequinha. Só fiquei surpresa. Então, quem é
a sua mamãe? — ela faz uma cara de questionadora e Tess relaxa novamente
voltando a rir.
— É a Belle. Ela disse que poderia ser minha mamãe e ela até vai a
minha escola mostrar para minhas amigas que eu tenho uma mamãe. — sua
voz é tão alegre e contagiante que eu me pego rindo.
— Ela de novo? — franzo as sobrancelhas ouvindo Lila, mas Tess parece
não ter escutado, pois não dá atenção.
Então resolvo entrar as interrompendo. Lila levanta da cama e diz que vai
se retirar então lhe agradeço e a mando dormir.
— Papai vai sair, mas qualquer problema você já sabe, não é? — aponto
para a primeira gaveta do criado-mudo.
— Sim. Eu sei. — ela boceja e eu beijo seus cabelos levantando seu
cobertor.
Antes de sair do seu quarto verifico se o celular que fica na gaveta de
Tess está carregado e logo depois sigo para o estacionamento. Entro em meu
carro e dirijo até Annabelle. Quando chego a seu prédio no Campus peço
para uma garota me dizer onde é seu quarto. Quando vim aqui fomos até o
quarto de Alisha, então não sei onde fica o de Annabelle.
Depois de bater incansavelmente eu sei que ela não está. Onde essa
mulher foi?
Desligo a chamada depois de falar com ela é meus punhos se fecham.
Não adianta ficar com um cara qualquer na frente da minha filha, ela vai para
ACHERON - NACIONAIS - APOLLYMI
PERIGOSAS
uma boate atrás de mais homens. É assim que ela quer ser uma mãe para
Tess?
Fecho meus olhos e tento me acalmar. Saio do estacionamento e dirijo
até o centro. Demoro a achar uma vaga, mas no final a encontro. Vejo uma
fila enorme e suspiro indo para o começo. Não sou o tipo de pessoa que usa
da popularidade para se dar bem em locais, mas hoje eu só quero pegar
Annabelle e ir para casa. Mas antes vou foder seu juízo dentro do meu carro.
Porra.
O segurança me olha um minuto a mais, porém o reconhecimento vem a
seguir.
— Sr. Lewis. — ele acena e me deixa passar depois de sorri.
Encosto-me ao bar e vejo Lauren ao meu lado dançando igual uma louca
e presto atenção para onde olha. Então a encontro. Meu sangue esquenta e eu
quero bater na bunda dela. Levanto-me e sigo até onde ela está dançando com
um homem colado a sua bunda. Aperto minha mandíbula e mando com o
olhar o cara se retirar. E ele faz.
Bom para ele.
Encaixo-me em suas costas e seguro seu pescoço entre meus dedos.
Aperto sua cintura querendo que fique com todas as marcas que eu puder dar
a ela.
— O que porra você está fazendo? — rosno em seu ouvido e sinto
quando ela geme.
— Me divertindo. — responde atrevida.
— Estamos indo embora, Annabelle. — aviso e puxo seu braço a
carregando até a saída.
— Caleb, me deixe avisar as meninas. Elas ficarão preocupadas. — ela
tenta em vão me convencer, mas não a respondo.
Ainda estou pensando nela beijando outro homem na frente da minha
filha e agora quase fodendo com um desconhecido. Quando chegamos ao
estacionamento ela se solta da minha mão e massageia o local mordendo seu
ACHERON - NACIONAIS - APOLLYMI
PERIGOSAS
lábio.
— Você está louco porra? — ela está irritada, mas eu estou muito mais.
— A única pessoa com problemas mentais é você, Annabelle! — grito a
pegando pelo braço e a prensando no meu carro.
Fecho meus dedos em seu pescoço e tenho vontade de apertar com força,
porém apenas aperto devagar.
— O que está acontecendo, Caleb? — seus olhos brilham e ela se debate
querendo se soltar de mim, mas aperto seu pescoço a fazendo arregalar os
olhos.
— Quem é Cohen? — quando solto a pergunta meu maxilar trinca
novamente.
Os olhos de Annabelle se expandem e ela suspira para depois sorri. Eu
não sei por que está sorrindo, mas eu não gosto.
— Você está com ciúmes, Caleb? — sua pergunta me faz se afastar.
— Você acha que estou? — dou-lhe uma careta e continuo. — Você
levar seus namorados quando sair com minha filha não está sendo feito, você
me ouviu? Foda-se eu não a quero ao seu redor enquanto você fode seus
machos estúpidos. — falo firme encarando seus olhos.
Annabelle abre e fecha a boca algumas vezes até que sua mão acerta meu
rosto em um baque. A encaro incrédulo. Não acredito que fez isso. Cadela.
— Não fale assim comigo! Eu não levei ninguém, Cohen apareceu de
repente...
— Eu não quero saber porra! — grito a fazendo se retrair. — Só porque o
idiota apareceu você o beija? Não me faça rir Annabelle. — afasto-me mais
dela, pois ainda estou com vontade de machucá-la. E isso não pode acontecer.
— Caleb pare... — eu não a deixo falar. Eu a pego pelo braço e a faço
entrar no carro.
Saio do estacionamento da boate enquanto ela me olha incrédula.
Capítulo Nove
Annabelle
vez. Rápido e forte me fazendo gritar. Caleb bombeia em mim algumas vezes
até que nós dois estamos suados, satisfeitos e desmaiados um em cima do
outro.
estúpido!
— Você gostava de Ashley? É que ela foi à única que repetiu...
— Você também, esqueceu? — aceno moendo meus lábios e suspiro o
vendo querer afastar minhas perguntas.
— Responda. — peço.
— Não. Ashley só estava onde eu estava então me acostumei. Só que
acabou. Não existe mais nada entre nós. — ele explica sério e eu dou de
ombros. Isso não me importa.
— Okay...
— Voltando ao assunto jogador. Eu sou um Linebacker. — ele me dá um
sorriso orgulhoso e eu relaxo.
— É mesmo? O que você faz no campo? Desculpe, mas não sei de nada
que envolva esportes. — tento puxar assunto e ele sorri como se tivesse
conquistado o que mais queria.
Ele gosta quando se interessam pelos seus gostos. Eu percebi.
— Um Linebacker é membro do time de defesa, eles atacam os lados da
linha ofensiva adversária... — ele sorri e bebe seu suco. — Você entendeu?
— sorrio e aceno.
— Entendi. — sorrio e ele levanta sua sobrancelha me questionando à
verdade. — Um pouco. — rimos juntos enquanto ele balança a cabeça. —
Quando voltam a jogar? — questiono me recuperando.
Tara disse algo como eles terem acabado o Campeonato agora, então
acho que demorará que voltem aos campos.
— Daqui a dois meses e meio. — explica devagar e em questão de
segundos está falando de tudo que envolva seu time.
— Dominick, ele está bem? — seus olhos escurecendo quando toco no
nome do seu amigo e eu imediatamente me arrependo.
— Está. Só precisa que estejamos juntos. Nada mais. — aceno
ACHERON - NACIONAIS - APOLLYMI
PERIGOSAS
Capítulo Dez
Caleb
eus nervos me dizem para esperar Belle abrir a boca e falar, mas
M quando o fodido filho da puta bate no meu carro gritando novamente eu
saio a deixando lá dentro trancada. Foda-se, ninguém vai gritar com ela
comigo estando presente. Principalmente um homem com cara de
drogado do caralho.
— Quem diabos é você? — questiono firme apertando meus punhos.
— Caleb! — escuto o grito abafado de Annabelle pelo carro e o vejo se
virar para olhá-la.
— Não olhe para ela, porra! Diga quem é antes que eu arrebente sua cara
de mauricinho. — aproximo-me ouvindo meus dentes ranger um contra o
outro e ele começa a rir.
— Foda-se! A puta da família tem um defensor? — ele ri com escárnio e
eu me aproximo o pegando pela gola da camisa.
— Você a chamou de puta, foi isso mesmo? — minha voz sai como gelo.
Frio e duro. Eu me vejo partindo seu rosto em dois, então é somente o que
falta quando sua voz é ouvida por mim.
— Ela sabe que é verdade... — ele não termina de falar, pois faço seu
nariz ranger dando um soco forte em seu rosto. Merda.
O cara urra de dor no chão enquanto me amaldiçoa mais e mais. Idiota.
Eu não sinto nada além de raiva. Irritação irradia de mim, eu poderia matar o
desgraçado. Merda. Eu estou sem controle novamente. Respiro fundo e tento
me acalmar... Eu preciso me acalmar.
— Caleb me tire daqui! — Annabelle volta a gritar e eu me aproximo
ACHERON - NACIONAIS - APOLLYMI
PERIGOSAS
destrancando o carro.
Seus punhos acertam meu peito assim que seus pés tocam o chão e eu a
olho confuso. Que porra está errado com essa mulher?
— Pare! — grito a parando quando eu pego seus pulsos.
— Você está louco? Por que bateu nele? — seu rosto está em choque e
eu me pergunto qual é a droga que essa garota anda ingerindo.
— Por que ele lhe chamou de puta. Quem é o idiota? — questiono e a
vejo tentar se afastar. — Responda a minha pergunta Annabelle! — grito
vendo vermelho.
Minhas mãos apertam seus pulsos e quando seu gemido de dor é ecoado
eu afrouxo o aperto. Eu tenho que me acalmar. Porra! Eu não posso machucar
ela. Ela é somente minha Abelha. Eu não preciso machucar ela.
— Até ele te chama por esse nome estúpido, vadia? — o cara ri no chão
e eu inclino meu rosto sem entender o que falou.
O rosto dela fica branco. Seus olhos azuis arregalados e sua boca
vermelha aberta, cheia de surpresa ou... Eu não sei. Ela é a única coisa que
não consigo decifrar. Isso é perturbador.
— Cale a boca Sean! — ela grita enfurecida, porém seus olhos a traem.
Eles transmitem pavor e tristeza.
— O que ele quis dizer... — o cara me interrompe enquanto segura seu
nariz quebrado.
— Vamos Marianne, fale para ele. — meus ombros ficam tensos quando
ele a chama assim.
Por que ele está chamando Annabelle assim?
— Sean eu vou te matar. Cale a boca, seu fodido! — o azul dos seus
olhos é preenchido por lágrimas e eu tenho vontade de agarrar seus ombros
para confortá-la.
— Por que ele te chamou assim? Por Marianne? — seu lábio treme
Annabelle ou Marianne.
deu nela.
Eu não a chamei aqui.
— Eu a chamei. — Hayden resmunga. — Parece que você precisa de
uma boa foda, irmão. — ele joga dinheiro no balcão e se levanta. — Tem
quanto tempo que não transa? — ele ri se afastando. — Vou ao banheiro.
— Menos tempo que imagina. — grito para ele vendo Annabelle se
contorcer no local.
— Acho que você percebeu que eu não chamei você. Desculpe Ashley.
— empurro suas mãos para longe e a mando embora.
— Mas... — ela fecha a boca quando aceno novamente e depois vai
embora.
— Eu não tenho nada para falar com você... — finjo estar pensando em
algo e volto minha atenção para seu rosto apertado. — Marianne? Ou
Annabelle? — questiono divertido, mas em seus olhos nada disso é tão
engraçado.
— Eu posso explicar. — seu lábio é mordido com força e eu balanço a
cabeça.
— Eu não preciso Annabelle. Nós não temos nada. — suspiro rindo e me
inclino para perto dela. — Não ouse chegar perto da minha irmã novamente.
Acabou. Você morreu para ela. — afirmo sério a deixando sufocar um
resmungo em choque.
— Você não seria capaz. Ela gosta de mim... Eu... — a interrompo frio.
— Ela gosta de você? De qual? Da Marianne ou da Annabelle? — vejo
quando o sangue é jorrado do seu lábio para seus dentes os deixando
vermelhos.
— Caleb. — ela tenta falar com a voz estrangulada.
— Você acha que vou deixar minha filha perto de uma mentirosa como
você? — pergunto interessado. Ela levanta a mão para me bater, mas a paro
antes que acerte meu rosto. — Não. Você teve oportunidade para me falar.
ACHERON - NACIONAIS - APOLLYMI
PERIGOSAS
Ser sincera, mas olhe agora. Não sei nem mesmo quem é. — quando digo
essa frase escuto minha voz magoada.
Mesmo que eu não queira admitir, ela me magoou.
Ela mentiu como minha mãe.
Elas sempre mentem.
Capítulo Onze
Marianne
pequena Marianne.
A culpa é sua! A culpa é sua! Q culpa é sua!
Acordo arfante quando o pesadelo acaba. Meus olhos já estão queimando
de lágrimas, enquanto abraço minhas pernas perto do meu peito.
Fazia tanto tempo que eu não sonhava com o acidente. O que mudou?
Aperto meus lábios juntos tentando parar de chorar, Lauren está
dormindo e eu não quero que fique triste por mim.
Eu sou uma peça danificada. Uma pessoa enviada pelo inferno para
trazer desgraça e tristeza à vida das pessoas. Eu não quero ser assim, porém
mamãe me dizia isso enquanto estávamos no hospital, quando chegamos a
nossa casa.
Todos os dias da minha vida ela me fez acreditar nisso. E hoje essa é a
única certeza que tenho. Eu sou má. Respiro fundo engolindo meu choro e
me levanto andando pelo quarto pequeno. Lauren se agita no seu sono e eu
prendo a respiração.
Ela relaxa novamente e eu me deixo abrir a porta para sair para os
corredores do prédio. O sol já está clareando, então não tenho tanto medo,
mas ainda assim eu olho para os lados a procura de algo ou alguém
escondido.
Sento-me contra uma parede fria e abraço minhas pernas cobertas pela
calça de moletom que vesti hoje depois que cheguei da boate com Tara. Eu
estava uma bagunça de choro e bebida. Tara não me perguntou nada, mas eu
sei que o mesmo não acontecerá mais tarde.
Caleb me fez chorar.
Ele quer me afastar de Tess.
Mas eu não posso. Algo nela me faz sentir bem. Eu preciso dela ao meu
redor. Eu quero cuidar e protegê-la do mundo.
Caleb não vai me afastar. Eu errei em mentir para ele. Eu errei em dizer o
nome da minha irmã morta no lugar do meu. Porém isso é uma loucura da
ACHERON - NACIONAIS - APOLLYMI
PERIGOSAS
minha mãe.
Eu lembro como se fosse hoje o que ela me falou assim que cheguei a
nossa casa depois do acidente que levou Annabelle...
— Você é a culpada de tudo, Marianne. E é por isso que não queremos
mais ouvir esse nome na nossa casa. — ela apertou meu braço até que ele
estivesse vermelho. — Você vai ser chamada pelo nome da sua irmã.
Annabelle. — seu lábio sorriu e ela me belisca aonde tinha uma pequena
queimadura do acidente.
— Mas meu... — sua mão acertou meu rosto e eu baixei a cabeça.
Obediente.
— Seu nome traz desgraça. Você traz desgraça e tristeza. Eu não quero
mais que alguém lhe chame pelo nome podre que recebeu na maternidade.
Você agora é Annabelle. Entendeu? — Eu aceno sentindo minhas lágrimas
chegarem aos meus olhos azuis.
Essa foi à primeira das muitas vezes que ela me culpou pela morte de
Annabelle. Seu poder podre sobre minhas ações.
Sobre quem eu sou.
Eu odeio Medicina. Eu odeio tudo que envolva hospitais, mas Annabelle
amava então mamãe me obrigou a cursar Medicina. Obrigou-me a ser melhor
em tudo pela memória de Annabelle.
Eu odeio minha irmã morta.
Eu sou má e eu a odeio por me fazer deixar de ser a Marianne que
mamãe e papai amavam. A Marianne que todos os amiguinhos gostavam, a
Marianne que cursaria psicologia por amor.
Eu apenas odeio a minha irmã morta.
Eu odeio você, Annabelle!
Levanto-me do chão e volto para meu quarto depois de chorar pela vida
que Annabelle roubou de mim quando morreu.
Eu a amava, amava tanto, ela era apenas uma criança quando morreu,
mas por culpa dela eu pedi para que voltássemos para buscar Chito. Ele era
meu urso favorito, eu dormia com ele todas as noites, mas na noite antes de
voltarmos para casa...
—Onde está Chito? — pergunto chegando perto de Annabelle.
Estamos prontas para dormir. Mamãe nos vestiu iguais com pijamas
rosa. Mas enquanto meus cabelos loiros estão em uma trança bonita, os de
Annabelle estão soltos pelos ombros.
— Irei dormir com ele essa noite. — ela afirma e eu sinto meu coração
apertar.
Chito não gosta de Belle. Eu sei, pois nós conversamos. Às vezes eu
também não gosto, mas ela é minha irmã. Eu tenho que amá-la.
— Mas eu só durmo com ele...
— Apaguem as luzes meninas. — mamãe manda colocando a cabeça na
porta. — Boa noite meus amores. — ela beija minha cabeça e depois a de
Annabelle.
— Você ouviu mamãe... Apague as luzes, Marianne. — ela se deitou me
ignorando e eu me arrastei apagando as luzes e entrando de baixo das
minhas cobertas.
Àquela noite passei em claro olhando para o rosto de Chito. Eu senti no
fundo do meu coração que ele estava sofrendo.
Eu era apenas uma criança.
Balanço a cabeça tentando dispensar as lembranças estúpidas! Tento
dormir novamente, mas meus pensamentos voam até Caleb e Sean hoje. Eu
enlouqueci quando vi Sean aqui, Caleb bateu nele e eu enlouqueci mais
ainda.
Ele quebrou seu nariz! Eu sei que ele me chamou de puta e vadia, mas eu
não ligo para nada que ele fala. Eu o odeio também. Eu odeio minha família
inteira.
Sean é um doente. Ele pensa que sou dele, mas eu não sou. Não sou de
ninguém.
Talvez de Caleb. Mas somente dele.
— Então a vadia está apaixonada? — meu lábio treme com o
pensamento.
Apaixonada?
Eu acho que é cedo demais para isso, mas, sim, Caleb tem meu carinho.
— Vá embora. Eu ligarei para minha mãe e avisarei que está me
perseguindo. — afirmo andando para trás.
Olho para os lados e não vejo ninguém que possa me ajudar. O Campus
está solitário.
— E eu avisarei que a filhinha dela está com um namorado... Ela te
proibiu lembra? Nada de namorados até a faculdade terminar. Ela é louca.
A velha é estúpida! Mas eu aprovo isso. Você é minha Marianne. Só minha.
— ele corre até mim segurando seu nariz e me puxa para seu peito enquanto
aperta minha bunda.
Eu bato em seu peito tentando me soltar, mas ele é mais forte que eu.
Muito mais. Meu peito aperta com as lembranças dele entrando em meu
quarto a noite. Tentando me estuprar.
Eu odeio Sean.
Em um segundo eu estou sozinha novamente, então vejo Saint segurando
Sean pela camisa e batendo em seu rosto. Minhas lágrimas descem quando
sinto Alisha me abraçar por trás.
— Vai ficar tudo bem, Baby. — ela promete me segurando em seus
braços. — Se acalme.
Eu quero esquecer essa merda que aconteceu, então quando Tara chegou
dizendo que iria sair, eu somente a acompanhei. Então vi Caleb.
Ele estava tão lindo, como sempre, e eu me surpreendi por ele não brigar
comigo pela cena à tarde. Então fui até ele. Só para saber que ele me acha
uma mentirosa. Que não deixará mais eu ficar ao lado de Tess.
Acordo depois das sete e lembro que era hoje o dia que eu e Tessa
iríamos ao parque. Já faz uma semana que não escuto falar nada de Caleb.
Saint vem aqui quase todos os dias para pegar Alisha, só que ele não toca no
nome do amigo e eu também não.
— Você ainda está triste pela prova? — Lauren pergunta olhando para
mim pelo espelho.
— Não, Lauren. — balanço a cabeça e engulo seco.
Eu fiquei muito triste e temerosa pela atitude da minha mãe, mas eu
percebi que não importa o que eu faça. Nada para ela está bom, então esperei
que ligasse.
E ela fez.
Perguntou-me como tinha sido e eu disse que não foi uma das minhas
melhores. Ela somente me disse que eu era uma imprestável e que eu me
esforçasse mais. Quando desligou, eu suspirei aliviada. Eu não aguento mais.
— Que bom. — ela sorri e eu também.
— E Kane? Ligou novamente? — pergunto lembrando que ele está a
procurando de novo.
— Sim. Eu já falei que se ele pisar aqui vai levar banho de urina então
ele ainda não veio com medo. — ela ri orgulhosa e eu também.
— Você é má. — digo rindo e ela pisca os olhos para mim.
— Não era hoje que você levaria Tess para o parque? — Ela questiona
separando uma mexa do seu cabelo para cachear.
vou até eles... — começo a divagar e Alisha acena sorrindo. Beijo seu rosto e
agradeço. —Obrigada meninas. — peço e elas me abraçam.
Suspiro sentindo pela primeira vez, depois que Annabelle morreu, eu
estou sendo amada novamente.
Por minhas amigas.
Capítulo Doze
Caleb
nnabelle Reed.
A Um acidente de carro.
Morta aos 10 anos de idade.
Família mora no Sul do Arizona.
O pai morreu há seis anos e ficaram apenas a irmã, Marianne Reed com 20
anos e sua mãe, Heloísa Reed de 43 anos. Marianne estuda Medicina na
Universidade do Arizona.
A mãe se casou novamente com Tom Ghost que tem um filho, Sean Ghost.
Aperto minha temporã olhando mais uma vez para esses papéis. Faz uma
semana que estão comigo e todos os dias eu pego e os releio.
Annabelle é irmã de Marianne. Minha Annabelle é a Marianne.
Isso é tão confuso. Por que ela mentiu? Por que ela usa o nome da irmã?
Aperto meus dedos e relaxo quando escuto os passos de Tess.
— Papai? — Ela chama da porta e eu aceno para que venha até mim.
Quando ela para perto eu beijo seu rosto a pegando em meus braços.
— Oi minha menina. — sorrio.
Deixo os papéis na mesa e saio do escritório com ela. Tess está
cabisbaixa e eu sei que está pensando em Anna... Marianne.
— A Mari ficou chateada comigo? — franzo minha testa não entendendo
sua pergunta.
— Por que ela estaria chateada com você, Tess? — questiono enquanto
saímos para o jardim. O sol está no alto indicando que é meio dia. Sento-me
em um banco debaixo da sombra e coloco Tess ao meu lado.
— É que eu falei nosso segredo para você. — ela baixa a cabeça
apertando seus dedos. — Ela não veio mais me ver. — Ela funga devagar.
Minha garganta fecha com suas palavras. Eu não quero que ela sofra.
Jamais, mas eu não posso deixar Marianne ao redor dela. Ela mentiu.
— Ela não está chateada com você, baby. Foi o papai que disse para ela
não vir mais aqui. — ela levanta a cabeça e me encara chateada.
— Por quê? Eu amo a Mari papai. Por favor, deixa ela vir me ver. — seu
lábio inferior treme enquanto sua cabeça inclina para o lado.
— A Mari mentiu, filha. Eu não posso a deixar próxima de você. —
explico calmo, mas Tess logo se levanta e vira suas costas para mim.
— Ela não mentiu. Eu preciso ver ela, papai. — sua voz sai chorosa.
— Isso não vai acontecer, Tess. — afirmo sem me deixar amolecer pela
sua tristeza.
— Ela é minha mamãe. Eu... Papai por favor... — ela se vira para mim e
meu coração parece ser esmagado quando vejo o tamanho de sua dor.
— Tess...
— Eu a amo. A amo tanto papai que meu coração dói se ela não vem me
ver... — ela solta um soluço e eu a aperto junto ao meu peito.
— Deus, Tess. Você vai me matar com seu choro. — digo suspirando. —
O papai vai ligar tudo bem? — digo sorrindo e ela me abraça dando beijos
em meu rosto.
— Obrigada papai.
Pego meu celular e quando vou discar para chamar Marianne, ele começa
a tocar com Saint ligando.
— Hey! — ele fala alegre e eu suspiro.
ACHERON - NACIONAIS - APOLLYMI
PERIGOSAS
está fazendo.
— Você está ocupada? — questiono ouvindo música.
— Estava dirigindo, mas... Parei no acostamento. O que... Aconteceu? —
ela responde tentando soar calma, mas eu sei que não. Sua gagueira a
denúncia.
— Onde está indo? — questiono e sento na minha cama olhando para os
travesseiros que dias atrás ela estava.
— Por... Quê? — aperto meus olhos não gostando do nervosismo dela.
— O que está fazendo, Marianne? — pergunto sério usando seu nome
verdadeiro.
— O que quer Caleb? — ela se esquiva e eu suspiro.
— Você está indo ver outro homem? É isso? Por isso não quer
conversar? — a possibilidade passa por meus pensamentos, e antes que eu
consiga me calar já estou falando.
— O quê! Não! Eu não estou indo ver homem nenhum! — ela soa tão
desesperada para que eu possa acreditar que eu acredito.
Sou um doente filho da puta. Literalmente para a última parte.
— Okay. Então venha até aqui em casa. Tess quer te ver. — digo firme
sentindo meu coração desacelerar. Imaginar Anna... Marianne com outro
homem me dá náusea. Ela é minha, de um jeito totalmente louco, mas é.
— Você... Você... Quer que eu vá? Tipo você disse que eu não a veria
mais... — ela parece tão confusa que eu sorrio.
— Você sabe que a pestinha me tem na mão. Ela derramou lágrimas,
então cedi. — opto por falar meia verdade.
Marianne pode ser uma mentirosa, mas eu a quero aqui. Eu anseio sua
permanência em minha casa. Em minha cama.
— Eu... Fico feliz, Caleb. Você tem que me deixar explicar o porquê da
mentira. Eu juro... — eu a corto antes que acabe.
ACHERON - NACIONAIS - APOLLYMI
PERIGOSAS
— Eu vou escutar. Estou lhe esperando. — ela diz que tudo bem e depois
desliga.
Depois de meia hora a vejo sentada em minha sala. Suas pernas estão
nuas me chamando para elas, mas repito mais e mais que minha filha estará
aqui a qualquer momento.
— Oi. — ela sussurra e eu levanto meus olhos até encontrar seu rosto
corado.
Seus cabelos loiros estão presos em um rabo de cavalo e ela está vestida
com um vestido rodado florido e curto. Ela está linda.
— Olá. — cruzo meus braços e encosto-me à parede.
— Eu... hãn... Preciso falar uma coisa... — a porta se abre interrompendo
sua fala nervosa e Saint entra.
— Você não ia esperar no parque? — seu cenho franzido me faz olhar
entre os dois.
Como assim esperar no parque? O rosto da Mari parece pegar fogo e ela
logo se levanta vindo até mim.
— Do que está falando? — pergunto a Saint. Vejo ela se aproximar mais
e eu me afasto indo encontrar meu amigo.
— Caleb, para. — ela pede segurando meus braços.
— O que porra está acontecendo aqui? — questiono irritado e empurro
sua mão para longe de mim.
Eles estão ficando? É isso?
— Você está fodendo minha mulher, irmão? — questiono chegando à
frente de Saint que começa a rir. Por que o idiota está rindo?
— Vai se foder, Caleb. Eu tenho namorada. — ele continua rindo e eu
me afasto procurando Mari.
— Então o quê? — ela baixa a cabeça e eu me aproximo segurando seu
queixo para que me olhe.
ACHERON - NACIONAIS - APOLLYMI
PERIGOSAS
Capítulo Treze
Marianne
ejo Tess brincar com Saint enquanto ele a gira devagar. Eu sorrio
V acenando com a mão quando ela me olha e suspiro constatando que
lembro perfeitamente de Caleb quando vejo seu sorriso. Ela é
simplesmente a cara dele. Ninguém diria que são irmãos. De verdade,
eles devem pensar que ela é sua filha biológica.
Ontem não pensei muito sobre o poder que ele tem em mim. Sobre eu
estar me apaixonando por ele, mas hoje foi tão intenso vê-lo me chamando de
Marianne. Ver que ele me enxerga como a Marianne. Não como a Annabelle.
E sim, eu estou apaixonada por ele. Eu estou tão apaixonada que só de
ouvir ele me chamando de sua mulher acendeu lugares em meu corpo que
anseiam por ele. Por seu toque. Porém também me vi humilhada por ele
pensar que eu estaria dormindo com Saint. Pelo amor de Deus ele é
namorado da minha amiga!
— Quero sorvete! — Tess grita e Alisha sorri indo pegar ela nos braços e
a levar até o carrinho próximo a nós.
Ali veio depois que saiu de um encontro com sua mãe. Eu adorei e Tess
já adora minha amiga em poucas horas que estão brincando.
— Não pense no que o idiota falou Mari... —Saint sorri leve e eu aceno
dando de ombros.
— Só não estou me sentindo merecedora de sua confiança. Eu já menti
duas vezes... Na outra questão... — suspiro e encaro seus olhos escuros. —
Ele pensar que estávamos dormindo juntos foi como se uma faca me
perfurasse.
doente por ele. — falo apertando seus cabelos entre meus dedos.
Seu rosto se contorce, mas o sorriso odioso está lá, me irritando.
— Ele me fode à noite, Annabelle. Ele me fode na sua cama. E nesse
minuto ele estava me fodendo sobre sua mesa... — eu a calo com uma tapa e
me afasto vendo seu rosto vermelho.
— Isso é mentira! — meus dedos tremem enquanto penso sobre isso.
Caleb dorme com ela? Como ele... Balanço a cabeça. É mentira! Ele não
faria isso. Eu perguntei a ele sobre ela e ele me disse que era apenas sua
empregada.
Meu Deus, o que está havendo comigo?
— Vá embora e não volte mais. Caleb é meu e nem você e nem ninguém
vai me tirar ele. — sua voz é carregada de veneno e eu me aproximo sentindo
meu sangue esquentar em minhas veias.
— Ele é meu e eu sou dele. Isso tudo é sua mentira! — digo e a empurro
tentando abrir a porta.
— Você verá com seus próprios olhos... — então eu abro a porta.
Sinto meu coração ser rasgado quando o encontro com a bermuda aberta.
Ele arregala os olhos me olhando e eu entro. Se ele e ela pensam que vou
correr daqui, estão muito enganados.
— Já chegaram? — ele se levanta e anda até mim. — Cadê Tess? —
questiona a procurando sobre meu ombro.
— Você me disse que ela é apenas sua empregada, Caleb. — deixo a
acusação no ar e ele franze o cenho olhando entre mim e Lila
— O que está acontecendo? — ele pergunta tão sério como nunca o vi.
Caleb cruza os braços e espera que alguma de nós duas fale algo.
— Lila estava aqui com você. Ela falou que dorme com ela. Ela disse que
você era dela... O que quer comigo? — questiono confusa. — Por que você
me quer? — balanço a cabeça sem entender.
uma força e rapidez tão grande que meu útero sente as pontadas.
Seus dedos apertam minha pele branca e eu sei, como da primeira vez
que transamos, sairei cheia de marcas roxas.
Meu prazer começa a crescer novamente em questão de segundos estou
convulsionando em seu peito. Sinto Caleb despejar dentro de mim e a
realidade de que transamos sem camisinha.
Capítulo Quatorze
Caleb
Passo minhas mãos pelo meu rosto rigidamente e rosno apertando meu
punho. Eu vou matar Marianne. Vou fodê-la tão duro que amanhã ela não vai
poder se levantar.
Tentando segurar minha raiva me encosto contra o balcão e observo ela
começar a dançar. Seus quadris balançam ao som de uma música lenta e
provocadora enquanto seus olhos estão fechados.
Seu corpo a denúncia me dizendo que está tensa e irritada. Minha coluna
fica rígida quando um cara chega próximo a ela. Seu rosto se contrai e ela
logo me acha no meio da multidão. Seus olhos se arregalam e ela se afasta
rapidamente.
Eu vou matar ele. Sim, estou fazendo meu caminho para eles nesse
momento.
— Eu só vou falar uma vez... — rosno ficando cara a cara com o idiota
que sorria para ela. — Se manda. — exijo e ele levanta as mãos em sinal de
rendição se afastando.
Viro-me e encontro Marianne me olhando apreensiva.
— Eu espero que seu show tenha acabado. — pego seu pulso e a puxo
em direção a saída, só que dessa vez ela não tenta se soltar.
Caminho até meu carro e abro a porta. Presumo que ela tenha vindo de
táxi, pois não diz nada sobre seu carro. Coloco seu cinto de segurança e ando
até a porta para assumir o volante. Aperto ele entre meus dedos quando vejo
que minha raiva não passou.
— Caleb... — ela suspira e eu me concentro na avenida. — Caleb, por
favor... — eu a corto resmungando um “agora não”.
Eu penso sobre o que fazer. Eu juro que gostaria de levá-la para minha
casa e foder seus miolos, porém eu não me sinto bem. Meus músculos estão
apertados e meu sangue bombeia chicoteando meus ouvidos. É por isso que
não gosto de sentir raiva.
Meu temperamento é forte e eu ainda fui diagnosticado com *TEI, não é
algo que eu goste, porém sempre me precavi para que as pessoas não
percebessem. Nos jogos eu sempre malho antes e depois para liberar a raiva.
Minha psicóloga disse que o futebol me faria bem, é um jogo que te deixa
extravasar a raiva. Então eu me entreguei e eu amo isso. Eu amo jogar, nada
me faz mais feliz.
Então quando chego ao Campus onde Mari mora eu sei que fiz certo. Eu
preciso me acalmar.
— Caleb... Por que não me levou para sua casa? — sua voz sai confusa e
eu suspiro.
— Tenho algo para fazer Marianne. Por favor, vá. — peço olhando pela
janela.
— Eu sei que fui estúpida... Desculpe-me, eu não estava pensando...
— Annabelle! — grito e depois arregalo os olhos vendo que a chamei
pelo nome da irmã morta.
Porra!
*TEI (Transtorno Explosivo Intermitente)
Olho para a pistola intocável que eu possuo desde que eu tinha dezesseis
anos de idade. Eu nunca a usei, mas se Vanessa tentar pegar minha filha de
mim, eu a matarei sem remorsos. Tenho na minha pele o quanto de maldade
ela é capaz de causar. Nunca permitirei que faça algo parecido com Tess.
— Não será preciso. Estamos a procurando. Eu a encontrarei, Caleb.
Você sabe que eu vou. — ele fala, resignado, e eu aceno sabendo que ele não
está aqui para me ver fazendo isso.
— Que seja! Ligue-me com mais informações. — desligo sabendo que
eu não dormirei por dias até que ela seja encontrada.
Aproximo-me, novamente, da janela depois de fechar minha gaveta
guardando lá a arma. Meus ombros ficam tensos quando procuro Tess e não a
vejo mais. Corro até a sala de estar e abro a porta vendo ela nos braços da
Mari. Suspiro aliviado e ando até elas.
— Hey! — sorrio e Tess olha entre nós tentando entender o porquê de
estarmos distantes.
Marianne se distanciou de mim, não responde meus telefonemas e eu
estou cada dia ficando louco. Eu sei que a magoei a chamando pelo nome de
sua irmã falecida, já pedi desculpas, mas ela só responde que já desculpou e
nem lembra mais.
Eu sei quando ela mente, então também sei que a mentira deslizou fácil
por seus lábios.
— Olá Caleb. — ela sorri apertado e beija Tess no rosto. — Eu gostaria
de levar Tess para a praia amanhã, se estiver tudo bem para você. — ela dá de
ombros sorrindo para minha filha que arregala os olhos e ri olhando para
mim.
— Deixa papai! — ela grita e vem para meus braços.
Suspiro e chamo Lila com um aceno a vendo sentado no sofá olhando
para nós.
— Eu vou conversar com a Mari. Eu vou te chamar assim que acabarmos
tudo bem, filha? — pergunto vendo ela suspira e seus ombros caírem.
— Tudo bem, papai. — ela sai com Lila subindo as escadas e eu coloco
minha mão nas costas de Mari a fazendo estremecer enquanto andamos até
meu escritório.
— Você vai à praia? — pergunto e a vejo acenar trocando o peso dos
seus pés. — Com quem? — pergunto sentando em minha cadeira e
apontando a outra para que ela se estabeleça.
— Não comece com seus ciúmes sem cabimento. — ela avisa cruzando
seus braços em seu peito.
— Então vai com um homem. — afirmo e passo minha língua pelos
meus lábios ressecados.
— Eu não disse isso. — ela afirma irritada e suspira cutucando suas
unhas.
— Então com quem vai, Marianne? — quando falo seu nome ela aperta
seus olhos fechados e eu respiro fundo me levantando.
— Eu vou com as meninas, Caleb. — seu peito sobe e desce quando ela
abre suas pérolas azuis para mim vendo que estou na sua frente, de joelhos.
— Com elas? — questiono me inclinando e cheirando seu pescoço.
— Sim... — Minha abelha suspira e eu sinto o seu tremor quando passo
meus dedos por sua coluna.
- Você ainda está magoada, baby? – encaro seus olhos e eles se fecham,
não querendo me encarar. – Desculpa baby. Eu não quis te magoar. –sussurro
me inclinando e beijando seu pescoço.
- Só estou... Triste. Mas vai passar, eu juro. – ela finge um sorriso e
respira fundo me encarando. – Tessa pode ir conosco?
— Ela não pode ir com você. — aviso levando tudo de mim para dizer
isso.
Eu sei que minha filha vai ficar triste. Até mesmo Mari está triste quando
olho para seus olhos.
Capítulo Quinze
Marianne
— Sim, eu sei. Mas vou dizer que iremos assistir filmes na sua sala de
cinema até amanhã se for preciso. — eu pisco e ele sorri balançando a
cabeça.
— Você tem isso. — Ele afirma e eu aceno pegando sua mão para
sairmos do escritório.
Quando chegamos à cozinha vejo Tessa balançar seus pezinhos enquanto
está sentada no balcão com Lila a sua frente. Caleb não a demitiu. Eu nem
mesmo queria que fizesse, Tessa gosta dela, ela é acostumada com a presença
dela. Arranjar outra babá não é uma tarefa simples.
— Hey! — Tess grita quando nos vê. — Nós podemos ir papai? — ela
pergunta com expectativa e eu sorrio me aproximando mais e fazendo Lila se
afastar.
— Não amanhã. Nós iremos outro dia... — ela desce seus ombros e olha
para Caleb com o lábio tremendo.
— Por que não deixou papai? — sua voz suave e trêmula me faz sentir
dor no estômago.
— Tess... — Ele começa, mas não termina. — Iremos fazer uma noite de
cinema, eu, você e a Mari. O que acha? — ele muda de assunto a fazendo
fazer careta.
— Eu adorei, mas eu queria ir para a praia. — ela olha para mim e funga
devagar.
— Nós iremos. Porém não amanhã. Eu juro que vamos e o melhor, o
papai também vai com a gente. Não seria muito mais divertido com ele lá? —
questiono pegando sua mão e rindo levemente.
— Sim. — ela acena e solta minha mão para limpar seus olhinhos
molhados.
— Então qual filme iremos ver? — pergunto sorrindo.
— Meu papai também vai assistir conosco? — Tess pergunta e eu me
viro para que Caleb a responda.
— Sim, baby. Vão subindo que irei pegar alguma comida com Larissa.
— ele avisa e eu aceno pegando Tessa em meus braços.
— Nos vemos lá em cima. — Aviso e beijo seus lábios para depois me
afastar.
Tessa escolhe dois filmes de crianças, Prozem e Marsha e o Urso.
Esperamos seu pai para colocar e depois estamos os três deitados no sofá
cama com Tess em nosso meio vidrada na TV imensa que está na parede.
A sala de cinema é cheia de pufes e sofás pequenos. No centro tem o sofá
cama que estamos e a nossa frente tem uma estante enorme com vários
equipamentos. Caleb disse que são jogos de videogame, sua outra paixão.
Estico a mão para pegar mais pipoca na tigela, mas não há mais nada.
Aperto meus olhos para Caleb e ele dá de ombros com a mão cheia delas.
Guloso.
— Vou pegar mais. — aviso sentando-me e deixando os dois vidrados
nas brincadeiras da Marsha com o Urso.
Quando chego à cozinha vejo Lila encostada no balcão com o celular no
ouvido.
— Sim. — ela responde e se vira me encontrando. Seus olhos se
arregalam e sua boca se abre.
— O que te assustou tanto Lila? — pergunto dando a volta nela e vendo-
a desligar o celular e guardá-lo em seu bolso.
— Nada. Com licença. — ela sai e eu estranho seu nervosismo.
Talvez seja somente coisas da minha cabeça. Balanço-a e me afasto
pegando mais um pacote de pipoca e fazendo rapidamente. Quando volto
para a sala de cinema, vejo Tess dormindo e Caleb com sua total atenção para
o filme.
— Está gostando garotão? — pergunto rindo e ele dá de ombros rindo
levemente.
— Deite aqui. — ele bate no sofá onde Tessa estava, pois ele a afastou
um pouco para o lado.
— Okay. — ando até ele e me deito de costas para ele e puxo Tess para
meus braços. Os dedos dele se arrastam por meu braço e eu respiro fundo
sentindo meu corpo se arrepiar.
— Por que chamavam você pelo nome da sua irmã, Abelha? — meu
corpo fica tenso ouvindo sua pergunta. Caleb percebe então começa a me
massagear. Eu suspiro e me forço a relaxar.
— Minha mãe me culpou pela morte dela. Ela não queria mais ouvir meu
nome sendo dito por ninguém, então ordenou que todos me chamassem por
Annabelle. — suspiro e limpo uma única lágrima que desce por meu rosto.
— Você só tinha dez anos. Pelo amor de Deus! — ele tenta não gritar por
Tess estar aqui conosco e ainda por cima, estar dormindo.
— Ela disse que meu nome trazia desgraça e tristeza. Eu aceitei isso, pois
eles me fizeram acreditar nisso. Eu sou má, Caleb. Eu causei a morte da
minha irmã...
— Você não é má e muito menos causou a morte dela, baby. — ele
afirma e eu balanço a cabeça negando.
— Eu pedi para meus pais voltarem para pegar Chito, um urso que eu
tinha, então assim que eles fizeram o retorno um carro veio e bateu em cheio
no nosso. Do lado que Anna estava. — eu soluço e levo minha mão para
tampar meus lábios com medo de Tess ouvir.
— Ainda assim, não é culpa sua. Sua mãe é uma idiota por fazer você se
sentir culpada por um acidente. Por que foi isso que aconteceu amor, um
acidente. — ele beija minha testa e eu respiro fundo procurando ar ao ouvi-lo
me chamar de amor.
— Talvez seja. – falo me recuperando. — Eu só quero terminar essa
faculdade, entregar esse diploma para ela e me afastar deles. Eu quero ir
embora para sempre, não deixar rastros. Eu nunca mais voltarei à cidade que
eu morava. Nunca mais. — e isso é uma promessa.
várias vezes em que ela fica no andar de cima vendo Caleb na piscina. Minha
vontade é de arrancar seus olhos desejosos por meu homem.
Brinco com Tess por algumas horas e logo me levanto mandando Lila
dar banho e colocá-la para almoçar.
— Eu... — me interrompo quando entro na sala de Caleb e o vejo
sentado no chão com os olhos cheios de lágrimas. — Baby? — aproximo-me
e ajoelho em sua frente.
— Ela voltou. — ele repete isso algumas vezes e eu o abraço apertado.
— Quem amor? — questiono sufocada. Ver como ele está vulnerável me
corta ao meio. Consigo sentir sua dor sobre meu coração.
— Minha mãe voltou para Phoenix. — ele afirma passando seus braços
pela minha cintura.
— Agora já sabemos onde ela está. Isso é bom. — tento o fazer relaxar
com minhas palavras.
—Peter acabou de ligar avisando que ela comprou uma casa no centro.
— ele me diz. — Eu odeio me sentir como um menino estúpido. Ela me
deixa assim. Ela é o demônio. — suas palavras e olhos estão carregados de
ódio.
Um ódio tão grande que eu me sento a sua frente para administrar que
Caleb odeia tanto alguém. E esse alguém era para cuidar, ela era para ser a
pessoa que ele mais ama.
— Eu estou aqui. Não se preocupe. Eu não vou deixar Tess sozinha. Ela
não vai pegar nossa filha. Não vai. — prometo olhando em seus olhos.
—Obrigado Mari. — ele beija meus lábios e eu suspiro.
— De nada.
Ficamos um tempo calados apenas ouvindo a respiração um do outro.
Caleb rasteja seus dedos por minha pele e eu me aqueço quando suas mãos
apertam meus quadris firmemente. Seus lábios seguem devagar pelo meu
pescoço e beija meu ombro.
ACHERON - NACIONAIS - APOLLYMI
PERIGOSAS
— Nós vamos para a Praia. Ficaremos uma semana lá. Tenho uma casa
de praia na Califórnia. Vai ser bom para Tess, e ficaremos afastados de tudo.
—Ele sentencia e eu engulo em seco, nervosa. Eu tenho aulas essa semana.
Porém, eu aceito ir para praia com eles.
— Então, estamos indo para Califórnia. — sorrio e tomo seus lábios nos
meus.
Capítulo Dezesseis
Caleb
eu entendi seu desconforto e aceitei, mas desconfio de que teria sido melhor
com ela por aqui. Eu não sei.
Peter me ligou dizendo que Vanessa está morando no bairro vizinho ao
meu, se separou do marido imprestável e veio embora. Eu não gosto disso,
sinto como se eu tivesse que redobrar os cuidados para com Tessa. Como se,
de algum modo, eu tenha que mostrar para alguém que eu sei cuidar dela.
Que eu posso cuidar da minha filha, porém eu não preciso mostrar nada disso
para ninguém. Tessa sabe que a amo e nada é mais importante que ela.
Eu sou um bom pai. Eu sei.
—Onde posso colocar Loren? — Tessa pergunta segurando uma boneca
de pano nas cores vermelha e creme.
— No seu quarto baby. — respondo dando de ombros.
Aonde ela quer colocar?
— É, amor. — escuto a voz da Mari e ela se abaixa ficando a altura da
minha filha. — Vamos fazer uma cama muito linda para ela e podemos fazê-
la dormir contando historinhas, o que acha? — os olhos de Tessa brilham e
ela começa a pular dizendo que sim.
— Okay. — Mari beija o rosto dela e se afasta levantando e vindo até
mim. Pisco para minha filha enquanto ela vai em direção ao jardim com a
moça que cuida da casa quando não estamos aqui.
Daqui posso ver o que está fazendo e com quem conversa. É melhor
assim. Tenho que manter meus olhos em Tessa.
— Vou vestir seu biquíni e descemos para ir até a praia. Tudo bem? —
os olhos azuis de Mari estão brilhantes e sua pele já um pouco vermelha
quando trago minha atenção para ela.
Ela está a cada dia mais bonita, não sei se são os vários momentos que
estamos passando juntos que estão me fazendo gostar mais ainda de sua
companhia, mas eu percebo sua presença antes de todos. Eu estou viciado
nela.
E eu espero que ela esteja em mim.
ACHERON - NACIONAIS - APOLLYMI
PERIGOSAS
— Tudo bem. Estarei falando com Saint. Ele deve chegar por aqui em
breve. — Aviso me abaixando e a levantando pela cintura para deixar um
beijo casto em seus lábios vermelhos.
— Alisha disse que viria também. — ela sorri alegre e eu beijo sua testa
acenando.
— Eles estão firmes. — admito estranhando o fato de Saint ter se
apegado à Alisha tão rapidamente. — Foi repentino, mas parece estar fazendo
bem a ele. — afirmo dando de ombros.
— Sim. Ali gosta dele realmente. Ela está apaixonada. — Mari sorri e eu
noto uma pequena hesitação em seus olhos.
— Quem? Ela ou você? — inclino-me sentindo seu cheiro e beijo o
lóbulo da sua orelha.
— Se eu disser que são as duas? O que você faria? — Sua voz sai tão
dura que eu me afasto para poder olhar em seu rosto.
— Eu iria ficar assustado, mas malditamente satisfeito. — respondo
honestamente e deixo um beijo em seus lábios. — Vá pegar Tessa. — peço e
saio a deixando lá no centro da sala.
Mari corre pela praia e minha pequena corre atrás dela. Em meu peito um
sentimento de paz e tranquilidade se fazem presente. Eu, por um momento,
permaneço sem saber o que esses sentimentos representam, passei tanto
tempo vivendo na angustia. No medo.
Essa paz é merecida. Eu nunca a possuí e agora que a tenho não a
deixarei partir. Nunca.
— Elas se dão bem. — Saint fala olhando para elas.
— Sim. — afirmo. — Tess está indo bem na escola novamente. — aviso
e o vejo sorrir.
Depois que Tess ficou mais grandinha ela passou a entender o que era ter
uma mãe, foi difícil para ela às brincadeiras dos colegas na escola e
consequentemente seu desempenho caiu. Porém tudo melhorou nesse último
mês. Mari está mais presente e todos os dias em que ela dorme comigo leva
Tess a escola e depois vai para a faculdade.
Está sendo cansativo para ela, mas eu não vou pedir para que ela fique no
Campus, longe de nós. Claro, tem noites que ela fica lá e faz ligação pelo
FaceTime para colocar Tess para dormir. Nessas noites me pego rolando na
cama, sentindo sua falta. É uma loucura, nunca, nenhuma mulher fez isso
comigo.
Mas Marianne Reed me enfeitiçou e eu estou viciado, dependente de sua
presença. Tanto na minha casa, ao lado da nossa filha, quanto na minha cama
comigo em cima dela. Meu calção de banho fica pequeno quando penso que
mais tarde a terei só para mim.
— Vamos comer? — acordo dos meus pensamentos com Mari na minha
frente segurando a mão de Tess. — Ela está com fome. — Mari explica e eu
aceno me levantando.
— Eu também estou. — aponto para meu calção e ela abre a boca
olhando para os lados enquanto suas bochechas pegam fogo.
— Deus, pare já! — ela rosna balançando a cabeça e eu sorrio pegando
Tess no braço.
Capítulo Dezessete
Marianne
chamando minha atenção e eu limpo a lágrima que desceu pelo meu rosto.
— Desculpe. Caleb, por favor, me desculpe. — peço levantando e
seguindo até ele.
— Eu... — ele engole seco fechando os olhos e suspira trazendo seu
olhar para meu pulso. — Baby...
— Não. Está tudo bem. — aceno tentando amenizar e suspiro quando ele
se aproxima mais, ficando na minha frente.
Ele levanta a mão e eu me retraio pensando que vá me machucar, mas
quando vejo o seu rosto cheio de dor eu tento relaxar. Foi sem querer Mari.
Ele não fez por querer, você o assustou. Penso comigo mesma e engulo em
seco.
— Não tenha medo de mim. — sua voz sai tão envergonhada e cheia de
temor que me vejo tentando acalmá-lo acenando. — Me perdoe. Eu não vou
te machucar de novo. Eu juro. — Caleb pega minhas mãos e devagar me
abraça.
Encostando a cabeça em seu peito me deixo respirar aliviada. Meu
coração parece um pedaço de papel amassado cheio de rasuras. Por ele. Pela
dor que emana de seu peito nesse momento.
— Não se preocupe. — sorrio tentando tranquilizá-lo.
— Lógico que me preocupo, Mari. Eu te machuquei de novo. — Ele se
afasta balançando a cabeça e eu tento em vão alcançá-lo novamente. Trazer
ele para meus braços.
— Caleb, por favor, eu só não entendo... O que está me escondendo? Me
fala. Talvez eu possa...
— Não. Pare. Eu não vou falar nada, eu não vou mostrar nada. Pare já
com essa merda Marianne. — seu grito frustrado me deixa saber que ele está
falando sério.
Ele nunca vai me falar isso. Nunca. Tristeza corre pelas minhas veias
quando essa realidade me bate. É isso aí.
Deixando isso de lado tiro minhas roupas e deixo a água levar minha
frustração e tristeza.
Passar esse tempo com eles dois foi ótimo para mim. Pela primeira vez,
depois de algum tempo, eu me senti encaixada em um lugar. Senti pertencer
àquela família. A minha família.
— Praia... — ela começa, porém, para e parece estar pensando em algo.
— Espero que suas novas amizades não estejam lhe deixando dispersa.
Bastou uma nota baixa, espero que a recupere em breve. — avisa amena, mas
sei que nesse momento quer me atacar com insultos.
— Eu irei... — respiro fundo e pressiono minha testa tentando aliviar a
dorzinha chata que quer começar. — Agora preciso desligar. Vou me arrumar
para as aulas. — aviso e sorrio quando vejo que Lauren acorda e levanta
sentando ao meu lado.
— Cuide dos estudos. Tchau. — e desliga.
Pressiono meu rosto na almofada e grito frustrada. Eu a odeio tanto. Eu
deveria amar ela, eu deveria gostar dela antes de todos, porém isso não
acontece em meu coração.
Eu só tenho sentimentos ruins por ela.
— Sua mãe? — Lauren pergunta acariciando meus cabelos loiros.
— Sim... Mas não quero falar dela. — Ela acena e eu me deito colocando
minha cabeça em seu colo.
— Como foi o fim de semana? Alisha e você estão tão lindas com esse
bronzeado. Queria ter ido também. — ela faz um beicinho e eu rio dela.
— Vocês iam à praia semana passada. — lembro-a e ela bufa.
— Tara não quis ir sem você e Alisha. — seus olhos dão voltas e eu bato
em sua coxa.
— E Kane? Você já jogou a urina que está guardando nele? — pergunto
rindo levemente.
— Ainda não. Ele veio aqui algumas vezes, mas eu sempre me esqueço
do balde. — nós rimos até lágrimas caírem dos meus olhos.
— Não vá tão longe. — meu corpo fica tenso quando escuto a voz de
Caleb.
Fria e dura.
Não pode ser.
Capítulo Dezoito
Caleb
diretamente para seus olhos e pego a mão da Mari andando até meu carro.
— Você quer mijar ao meu redor, Caleb? — Ela pergunta furiosa e para
ao ver Tess sentada no banco de trás. Seus olhos azuis crescem e suas
bochechas coram enquanto engole seco.
— Por que papai tem que fazer xixi em você Mari? —a pergunta da
minha filha me faria rir se eu não estivesse tão irritado.
— Por que seu pai pensa ser meu dono, amor. — ela diz com a voz
suave, pegando a mão de Tess, mas sei que está tão irritada quanto eu.
— Seu dono? Ele é seu namorado, não é dono. — nossa filha explica
com o cenho franzido.
—Obrigada por explicar isso para ele. — ela se inclina e beija a testa da
nossa filha suspirando.
Marianne se volta para frente e prende seu cinto vendo que já saímos do
Campus da sua faculdade. Foda-se ela não vai ficar lá.
Quando entramos em casa vou direto para meu escritório e tento me
acalmar. Marianne não fez nada. O que diabos há de errado comigo? Quem
era aquele cara? Não importa.
Marianne não merece esse meu temperamento. Eu só estou cansado
dessa merda. Peter avisou que Vanessa está vendo um advogado. Minhas
suspeitas dizem que ela vai entrar na justiça por Tessa, estou tão louco.
Acabei jogando minha irritação e frustração nela. Eu tenho que acalmar
essa inquietação e me desculpar.
Depois de alguns minutos vou para a cozinha a sua procura, mas não a
encontro, só estão na cozinha Larissa e Lila, então subo as escadas. Encontro-
a saindo do banho e pronta para pegar uma de suas roupas que estão aqui em
casa.
— Mari. — chamo e me aproximo a vendo subir seu muro de proteção.
Eu me odeio tanto pelas vezes que eu a machuco. Pelo meu descontrole
idiota. Eu tenho que voltar para a terapia.
ACHERON - NACIONAIS - APOLLYMI
PERIGOSAS
Eu tenho que falar sobre isso com a Mari. Ela tem que saber que não é
uma opção minha quando eu explodo. TEI é uma doença, eu cuidei dela por
um tempo, mas com os jogos acabei deixando isso de lado. Foi um erro.
Agora eu sei.
Ela se vira para mim e suspira cruzando os braços.
— O que Caleb? — seus olhos estão afiados e eu sei que mais uma vez
estaremos brigando.
— Me desculpe pelo modo como agi. Foi impulsivo e idiota, mas eu... —
engulo em seco criando coragem. — Eu quero falar com você sobre isso há
um tempo. — sento-me na nossa cama e suspiro cruzando as mãos.
— Falar o quê? — sua voz questiona firme enquanto se veste
rapidamente. Eu desvio meus olhos do seu corpo e espero até que ela esteja
vestida.
— Eu sou doente. — murmuro sentindo meus músculos repuxarem.
— Co-como assim do-doente? — Marianne se aproxima e se senta à
minha frente juntando as pernas.
— Eu tenho TEI... — sua testa se junta e eu sei que ela não faz ideia do
que isso significa. — Eu tenho Transtorno Explosivo, eu não sei controlar
minha raiva. — estico minha mão e acaricio seu rosto. — É por isso que às
vezes te machuco que às vezes explodo com outros caras ao seu redor. Eu...
— esfrego meu rosto tentando me concentrar.
— Caleb... Por que não me disse antes? — sua pergunta é suave como se
só estivesse confusa. Nada mais que isso.
— Eu... Não sei. — meus ombros caem e eu a olho. — Eu parei de ir à
terapia depois que os jogos ficaram mais próximos um do outro, porém eu
vou voltar Mari. Eu juro que vou. — aperto sua mão clara entre as minhas
escuras e beijo seu dorso.
— Eu... — sua boca se fecha e ela fica calada por um tempo. — Eu quero
ir com você para a terapia na próxima vez. Pode ser? — eu suspiro aliviado e
aceno.
ACHERON - NACIONAIS - APOLLYMI
PERIGOSAS
Estaciono fora da minha casa e abro a porta para que Mari desça. Meus
músculos estão me matando e orando para que eu me jogue na
hidromassagem ou na cama mesmo.
— Desculpe novamente. — peço entrando em casa e procurando Tess.
ACHERON - NACIONAIS - APOLLYMI
PERIGOSAS
— Eu já desculpei. — ela afirma, mas sei que ainda está irritada pela
cena que fiz quando Steve a empurrou. Foda-se.
—Onde está Tess? — pergunto entrando na cozinha e vendo Larissa
cozinhando.
— Saiu com Lila. Ela disse que iriam até o parque. — ela responde ainda
olhando para sua panela.
— Vocês estão loucas? Surdas talvez? — grito furioso. — Eu disse que
ela não sai daqui senão for comigo ou com a Marianne. Ligue agora para ela.
Mande-a vir embora. — aperto meus pulsos vendo as veias dos meus braços
saltarem.
— O-kk. Senhor Lewis. — sua voz sai amedrontada e eu suspiro quando
Mari passa por mim indo até ela.
— Desculpe Larissa. Porém Caleb avisou a todos que Tess não pode sair
sem nós. O que aconteceu? — de longe se nota que ela sabe falar com os
funcionários melhor que eu.
— Eu vou atrás dela. — aviso e saio da cozinha indo para o
estacionamento.
Assim que abro a porta do carro vejo Lila caminhar com Tess até a nossa
casa.
— Tess. — chamo voltando a fechar a porta.
— Papai! — ela pula em meus braços e eu sorrio beijando seu rosto.
— A Mari está aí. Vá dar olá. — peço e a deixo descer e observo ela ir
para dentro. Volto minha atenção para Lila e me aproximo em passos largos.
— Eu dei uma ordem Lila. Tessa não sai dessa casa sem mim ou a mãe
dela. Será que você não entendeu? — seus olhos se arregalam medrosos e eu
tento me acalmar.
Ela deve estar pensando que a matarei. Foda-se eu quero, mas não sou
um porra louco.
— Desculpe Caleb. É que ela pediu muito. Na verdade, ela queria ter ido
ao jogo com vocês, mas você não a levou, então eu só quis dar a ela um
pouco de alegria.
— Eu não levei porque não é um lugar seguro e o que diabos você tem a
ver com isso? Tess é minha filha e quando digo que ela deve ficar em casa,
ela deve e acabou. Você me entendeu? — ela acena com a cabeça
repetidamente e eu entro em casa procurando Mari e Tess.
— Hey! — escuto a voz de Mari e caminho até ela. Beijo seus cabelos e
pego Tess dos seus braços.
— Como foi no passeio? — pergunto cauteloso.
Nesses dois meses descobri que minha mãe não estava querendo tirar
Tess de mim, pelo menos por enquanto, Vanessa contratou um advogado para
se divorciar do marido. Não sei o que ela planeja, mas eu não quero ser
surpreendido por ela.
Nunca.
— Eu brinquei no escorrega e Lila me comprou um sorvete. — seu
sorriso faz a tensão em meu corpo relaxar.
— Foi mesmo? — pergunto e juntos, nos três subimos para nosso quarto.
À noite Marianne me obrigou a vir deixá-la no Campus. Foda-se não sei
o que diabos ela ainda quer ver aqui.
— Essa é minha casa Caleb. Eu moro aqui. Você já deveria ter se
acostumado. — seu murmúrio de descontentamento é calmo.
— Pegue suas coisas. Venha morar comigo. — peço de uma vez vendo
seu rosto ficar branco.
— Caleb...
— Diga sim, baby. Eu quero você em minha casa. Eu gosto de você. Isso
é o mais importante. — interrompo-a e ela sorri.
— Eu também gosto de você, mas isso não acontece assim. Eu ainda
E é como se eu estivesse vendo uma Fênix ressurgir das cinzas. Mari está
se libertando das loucuras da mãe. Eu não poderia estar mais feliz com isso.
Capítulo Dezenove
Marianne
inhas mãos tremem. Meu coração parece estar prensado entre meu ódio
M e amor por minha mãe. Minha respiração é irregular e eu estou
temendo desmaiar a qualquer momento.
— Você não pode estar falando sério. — ela ri de mim e olha com asco para
Caleb.
Eu nunca senti tanta raiva dela como estou tendo agora a vendo destratar
ele com os olhos debochados. Ela se sente melhor que ele, mas ela não é.
Ninguém é melhor que ninguém, mas para essa mulher a vida está sempre de
pé a aplaudindo.
Deus, perdão, mas eu a odeio tanto. Eu não consigo medir o tamanho do
meu desgosto por ela.
Esse ódio não nasceu da noite para o dia, não. Ele nasceu de pouco a
pouco, nasceu das situações ridículas que ela me fazia passar durante toda
minha infância e adolescência. Todos na minha escola se perguntavam o
porquê de me chamarem por Annabelle se nos meus documentos o nome que
constava era Marianne. As professoras me questionavam e eu não sabia o que
responder. Eu não sabia o que falar para a mulher, pois nem mesmo eu sabia
o que havia com minha mãe para ela colocar o nome da minha irmã como
meu. Eu tinha vergonha de todos esses momentos, enquanto ela só mandava
as pessoas se preocuparem com suas vidas e deixassem a minha em paz.
Porém, esse foi o ponto. Ela nunca me deu paz. Minha mãe nunca me fez
sentir esse sentimento tão bondoso e necessário. Respiro fundo e travo meu
olhar com o dela.
— Eu mandei ir embora. Agora! —ando até ela a encarando como nunca
ACHERON - NACIONAIS - APOLLYMI
PERIGOSAS
— Eu só quero viver com você e Tess. Nada mais. — seu sorriso me faz
sorrir instantaneamente.
Ele me ama. Talvez ele ainda não saiba, mas eu tenho certeza de que seu
coração bate por mim, como o meu bate por ele. Só por ele.
— Então vamos viver juntos baby. — ele sussurra e me rouba o ar e o
coração, mais uma vez, com um beijo apaixonado.
Depois de algum tempo namorando na cama de Lauren, Caleb vai
embora para cuidar de Tess. Eu não queria me afastar dele, mas também não
posso deixar minha vida ruir e não fazer nada.
No outro dia acordo cedo e dedico um bom tempo a me arrumar. Não
que eu queira me arrumar diretamente, eu só preciso cuidar de mim. Da
minha alma e corpo, sem finalidade ou emoção.
Lavei os cabelos cuidadosamente, hidratei e enrolei os fios dourados os
deixando caírem bonitos nas minhas costas. Visto uma calça jeans, uma
camisa branca simples e pego um casaco para vestir por cima.
Vejo Lauren sair do banho e sorrio.
— Hey! Amiga você não acha que essa roupa está muito... Humm... —
ela finge pensar por um momento e sorri. — Chamativa para a sua aula? —
Eu rio dela e me aproximo.
— Não vou para a aula, Lauren. — ela franze a testa e eu suspiro. —
Estou indo trocar de curso. Eu odeio Medicina, então resolvi estudar o que
me faz bem. Só isso. — dou de ombros tentando banalizar isso, mas sei que
minha atuação foi péssima quando ela pega minha mão e me faz sentar.
— O que aconteceu Mari? — mordo meu lábio, nervosa, e olho para
minha amiga.
Seus cabelos vermelhos estão em um coque louco e seus olhos atentos
aos meus movimentos me lembram de que tenho que responder sua pergunta.
— Eu me libertei da minha mãe, Lauren. Agora eu tenho que arranjar um
emprego para pagar meus estudos e o dormitório. Vai ser muito difícil, mas
eu vou tentar. — ela acena e passa seu braço por meus ombros me abraçando.
ACHERON - NACIONAIS - APOLLYMI
PERIGOSAS
Admito.
Deixo Lauren na sua aula e sigo para o estacionamento para pegar meu
carro. Sorrio quando vejo Cohen parado do lado dele e me aproximo me
jogando em seus braços.
— Cohen. — ele sorri e beija minha testa.
— Como você está querida? — suspiro e afasto-me.
— Bem. E você o que anda fazendo? — encosto-me ao carro ao seu lado
e o observo.
Cohen é lindo. Seus olhos são castanhos chocolates e quando sorriem
parecem um sorvete derretido, de chocolate, é óbvio. Seus cabelos
bagunçados são sua marca registrada e nesse momento percebo o quanto de
saudade eu estava sentindo dele.
— Abri minha gráfica no centro da cidade. Eu te falei que estava vindo
de vez. Eu vim. — ela abre os braços sorrindo e eu abro a boca em choque.
— Não acredito! Eu pensei que estava apenas brincando. — lembro-o e
ele balança a cabeça colocando suas mãos nos bolsos.
— Não. Eu vim de verdade... — ele se vira ficando de frente para mim e
eu sorrio fácil ao imaginar que ele vai estar aqui por perto. — Eu vim por
você. Para ficar perto de você. — meu sorriso desliza e eu dou um passo para
trás.
— Eu... Cohen, você está falando como amigo não é? Por que...
— Não. Eu te amo e você sabe disso, Mari... — molho meus lábios com
minha língua e respiro fundo me afastando mais.
— Eu não posso ser o que precisa Cohen. Eu... — procuro seus olhos e
falo a verdade: — Eu amo outro homem. Ele tem meu coração agora. — ele
engole seco e se afasta, copiando meus gestos ao dar um passo para trás.
— Mais você não me falou nada. — ele argumenta parecendo magoado.
— Não tinha o que falar. Nós somos amigos, mas você estava em outra
cidade...
— Mas eu devia saber Mari! Eu espero por você desde nossa
adolescência... — sua voz perde intensidade quando assistimos Caleb descer
do seu carro na nossa frente.
— Eu... Por favor, me desculpe Cohen. Agora eu preciso ir. Vou te ligar
em breve. Eu juro. — apresso-me em dizer, mas fico parada ao ver Caleb
descendo Tess do carro.
Merda.
— Baby. — Caleb acena e me puxa para seu peito ainda segurando nossa
filha.
— Oi. — sorrio e viro-me para Tessa. — Oi meu amor. Como foi na
escola? — pergunto sorrindo e ela sorri de volta respondendo que foi ótima.
Seus olhinhos se fixam em Cohen e ela sorri.
— Cohen! — ela grita batendo palminhas e Cohen sorri a reconhecendo.
— Oi baixinha.
—De onde você conhece minha filha? — a voz de Caleb sai cautelosa e
eu pego seu braço vendo o olhar do meu ex seguir minhas ações.
— Ele é o “galoto” que beijou Mari na boca papai. — minhas bochechas
coram e Caleb olha de Tess para mim e por último Cohen.
— Cohen eu preciso ir mesmo. Depois te ligo. Juro. — ele acena se
distanciando e eu me sinto mal por isso.
— Mari nós vamos almoçar no restaurante favorito do papai. — Tess
avisa sorrindo amplamente e eu sorrio de volta sem querer olhar para seu pai.
— Sim, nós vamos. — Caleb afirma e pega minha mão me puxando até
seu carro.
Um suspiro quase aliviado é emanado de mim. Sim, eu estava pensando
que ele iria brigar fazer uma cena, mas mais uma vez ele me surpreendeu.
Como sempre.
Capítulo Vinte
Caleb
— Você sabe que ele não quer ser somente seu amigo. — rosno sabendo
que a calmaria está indo embora.
— Mas é o que ele é. — responde afiada afastando sua mão pálida da
minha.
— Okay... — volto a me encostar a minha cadeira e observo Tess.
Durante a próxima meia hora ficamos calados apenas observando nossa
filha brincar. Pago a conta e acompanho Mari que pegou Tess nos braços até
o estacionamento. Em certo momento sinto que tem alguém me observando.
É estúpido, já que paparazzi sempre estão rondando jogadores, mas hoje é
diferente.
Viro-me olhando para os lados, mas não encontro nenhum possível
observador, finjo esquecer isso e em um movimento rápido volto a olhar ao
redor e para minha total irritação eu a vejo.
Eu sabia que alguém estava nos observando. Só não pensei que ela
chegaria a tanto. Seus olhos se expandem quando me vê e ela tenta correr,
mas antes que faça eu começo a andar até ela deixando Tess com uma
Marianne confusa.
— O que porra você está fazendo aqui? — cada palavra sai carregada de
um ódio intenso. Se ela acha que pode me seguir, ela está malditamente
enganada.
— Caleb... — ela suspira e coloca as mãos na cintura e se inclina para o
lado tentando olhar para onde minhas meninas estão.
— Suma da minha frente. — rosno entrando em seu campo pessoal.
— Eu só quero a ver. — seus olhos imploram e eu recuo quando ela
levanta sua mão para me tocar.
Foda-se eu tenho nojo de suas mãos imundas.
— Você nunca vai chegar perto dela, está ouvindo? Eu juro que matarei
você se ousar chegar perto dela. — aviso baixo tentando controlar a
tremedeira das minhas mãos.
— Por que quando provei sua boca e algo além... Eu senti gosto de mel.
Você é minha abelha. A rainha. — afirmo sério lembrando-me do nosso beijo
naquele bar/boate.
— Mel? — Ela ri e eu me volto para ela fingindo indignação. — Sorry,
baby. Eu achei engraçado. — ela dá de ombros e eu beijo seus lábios.
Sua língua toca a minha e por minutos ficamos apenas beijando um ao
outro. Mari é deliciosa. Com certeza é dela, o gosto que mais me viciei em
toda minha vida.
— Ligue-me todas as horas vagas que tiver. — ela manda quando já
estamos quase adormecendo. — E não fique com outras garotas, Caleb... —
seu bocejo longo a interrompe. — Eu não sei como chegarei lá, mas se eu
flagrar você em revista com alguma vadia, ah Caleb, eu irei até lá...
— E o que vai fazer? — pergunto rindo enquanto ela fecha a boca e
suspira.
— Eu... Com certeza... Sinceramente? Eu não sei, mas não pague para
ver, garotão!
Logo depois que fala ela me deixa rindo e dorme tranquilamente.
Sim, com certeza eu não pagarei para ver!
Capítulo Vinte e Um
Marianne
ess dá tchau mais uma vez para seu pai enquanto fico um pouco atrás
T assistindo eles se despedirem. Sinto-me tão doente por o ver indo embora
assim, eu sei, estou sendo dramática, mas eu estou acostumada com sua
presença todos os dias.
E agora só ficaremos eu e Tess durante três dias. É muito tempo.
— Comer todos os legumes... E o que mais? — ele ri quando Tess se
esquece do que ele acabou de a mandar fazer todos os dias.
— A Mari vai te dizer. — ele beija seu rosto e ela o abraça apertado
dizendo que vai sentir saudades.
Meu coração apertar com a visão dos dois. Sim, eles são tão importantes
para mim. Eu não consigo imaginar minha vida sem os dois. Tessa desce dos
braços dele e corre para os braços de Alisha que veio se despedir de Saint.
Sorrio ao ver eles dois brincando com minha filha.
Caleb me leva para seus braços e eu abraço seu pescoço sentindo seu
cheiro maravilhoso. Deus, eu o amo tanto que dói.
— Prometa que cuidará da nossa filha. — ele pede e eu vejo o quão
vulnerável ele está por ter que nos deixar.
O encontro com a mãe dele foi algo que eu nunca tinha presenciado.
Caleb estava com tanta raiva, nem em suas cenas de ciúmes ele ficou tão
irritado. Agora ele está paranoico. Para ele, Tess pode sumir a qualquer
momento.
Até seguranças ele contratou. Não fui contra, pois é da filha dele que
estamos falando. Se ele acha que algo pode acontecer, então nós temos que
ACHERON - NACIONAIS - APOLLYMI
PERIGOSAS
cuidar de tudo.
A sua negação a mim quanto a falar da sua infância me deixou chateada e
agora semanas depois ainda estou um pouco. Naquele dia fui embora bem
irritada, porém no outro dia Caleb estava encostado em seu carro no
estacionamento do Campus em uma desculpa silenciosa.
Eu, é óbvio, aceitei.
— Eu prometo querido. Não se preocupe. Estarei com ela todos os dias e
estaremos aqui esperando por você no domingo à noite. — digo firme e ele
suspira entre meus cabelos.
— Fique bem. — eu aceno e sua boca desce para a minha.
Nosso beijo é lento e cheio de sentimento. Ninguém além de nós dois
pode saber o que a gente compartilha aqui. Caleb Lewis é meu centro. Nada
na minha vida é mais importante que ele. Eu pareço uma idiota falando isso,
pode ser, mas eu só tenho ele, Tess e as meninas. Não nego que se eu o
perdesse ficaria sem rumo. Totalmente.
— Vou sentir saudades. — sussurro quando ele se afasta dando por fim o
nosso beijo.
— Eu também sentirei. — seus olhos me fitam gentis e suaves e eu
relaxo contra seu peito. — Nada de festas com suas amigas... — ele murmura
baixo e eu rio.
— Se eu quiser irei. — dou de ombros brincando.
— Não, você não vai. — ele ri e me suspende no ar.
— Somente por Tess. — aviso rindo e o abraço com minhas pernas. —
Nada de outras garotas... Nós conversamos...
— E eu não pagarei para ver. Já estamos entendidos Mari. — seu olho
verde pisca e eu capturado seu lábio lhe dando um último beijo.
O vejo se afastar com Saint e suspiro pegando Tess de Alisha que sorri
para mim.
adora essa cobra e eu vejo que mesmo Lila sendo uma invejosa e queira
roubar meu homem, ela ama minha filha.
— Eu posso vestir ela Annabelle... — ela arrasta o nome da minha irmã
me fazendo ficar tensa.
Deixo Tess em pé escolhendo sua roupa e me viro encontrando a cobra
me observando e ostentando um sorriso irônico nos lábios.
— Lila meu nome é Marianne. Caleb já deixou isso claro para você, mas
senão sabe como se pronuncia eu posso te ensinar sem problema algum. —
sorrio simpática mostrando que sua tentativa de me ferir falhou.
— Marianne... Annabelle... Sabe que acho os dois muito feios. Sua mãe
não teve bom gosto...
— Eu adoraria arrancar seus dentes como você deve estar querendo, mas
não vou fazer isso na frente da minha filha, então suma daqui. Eu vou cuidar
de Tessa o final de semana em que seu pai não está. Não se preocupe. —
empurro seus ombros a colocando no corredor e fechando a porta em seguida.
Volto para Tess e visto seu vestido com estampa de flores e depois
vamos para a sala de jogos onde a coloco para assistir filmes infantis
enquanto eu abro meus livros para estudar.
No sábado pela manhã acordo sentindo uma mão pequena fazendo
carinhos em meus cabelos e sorrio para Tess. Ela dormiu comigo, pois,
segundo ela, seria nossa festa do pijama. E a certeza disso está diante de mim.
O quarto está repleto de penas dos travesseiros que eu e Tess jogamos uma na
outra, lógico que eu apenas fingi jogar, pois estava com medo de machucá-la.
— Bom dia, mamãe. — paro por um momento escutando sua voz suave
me chamar por mamãe.
— Bom dia, filha. — minha voz sai embargada e eu tento relaxar
sorrindo amplamente.
— Ali falou que viria para a piscina... É hoje? — seus olhos verdes
iguais ao do seu pai questionam brilhosos.
— Amanhã. Hoje nos duas iremos a minha casa e ao parque brincar. O
ACHERON - NACIONAIS - APOLLYMI
PERIGOSAS
Sinto-me mal. Sinto meu peito apertado e que eu deveria saber disso, mas
ele não se abre comigo. Caleb nunca vai se abrir para mim de verdade.
— Mari! — deixo a caixa cair me assustando com o grito de Tess.
Murcho quando vejo que voltei a ser Mari e não mamãe, mas tento me
recompor para que ela não perceba. Volto minha atenção para a caixa depois
de gritar dizendo para ela que estou no closet e vejo uma foto de um bebê nos
braços de Caleb já grande e forte.
Ele deveria estar saindo do jogo, pois está de uniforme enquanto segura a
bebê, que presumo ser Tess. Ela estava com uma faixa bonita na cabeça e
com um vestido maior que seu corpo de recém-nascido. Vejo que Caleb está
muito feliz quando meus olhos batem em seu rosto risonho observando sua
irmã em seus braços.
Guardo as duas fotos, as únicas que estavam na caixa e devolvo-a para
seu lugar de origem.
— Hey! — sorrio para Tess e a pego no colo.
— Lila disse que não vamos para sua escola. — ela murmura de cabeça
baixa e eu finjo um sorriso com vontade de matar aquela vadia.
— E eu posso saber por quê? — questiono saindo do closet e o fechando.
— Ela disse que eu tenho um lugar para ir com ela...
— Foi mesmo? Então vamos saber para onde ela acha que vai levar você.
— coloco-a no chão e saio do quarto segurando sua mão.
Entro na cozinha e vejo Lila conversando com Larissa enquanto as duas
riem de algo.
— Olá! — O sorriso some e no lugar deles, no rosto de Lila, uma
carranca profunda se estabelece. Já no de Larissa um olhar assustado. Eu já
percebi que ela tem medo de mim e Caleb. Não sei por que já que nunca falei
nada com ela.
— Gostaria de saber para onde você acha que vai com minha filha hoje.
— encaro seus olhos que vão de Tessa para mim firme.
ACHERON - NACIONAIS - APOLLYMI
PERIGOSAS
— Sabe o que me faria muito bem? — Ali pergunta dramática para Tess
enquanto as duas estão deitadas na cama de Lauren.
— Não sei tia Ali. — ela sorri se desculpando e Alisha para por um
momento antes de responder, talvez sentindo o amor que minha filha tem por
ela.
— Piscina! Você deixa a gente ir para sua piscina grande e bem
geladinha? — balanço a cabeça para Ali a repreendendo, pois eu iria levar
Tess para o parque, mas minha filha já entrou na onda da dramática da turma.
— Sim! Sim! — Tess pula da cama e corre para meu colo. — Podemos ir
Mari? — sorrio olhando para seus olhos e para Ali que junta às mãos
rezando.
Sorrindo grito que sim, então Alisha, Lauren e Tara correm para pegar
seus biquínis.
E o dia de hoje, promete.
Caleb
— Ainda não sei de fato, mas com certeza deve ser à tarde. Você vai me
esperar? — pergunto enquanto caminho pelo quarto elegante.
— Com certeza. Eu e Tess estaremos lá. — sua promessa é como uma
carícia em meu peito.
Mari lembrar sempre de Tessa me faz sentir bem. Faz com que eu tenha
certeza de que fiz a escolha certa em trazê-la para nossas vidas. Em confiar
minha filha, nossa filha, a ela.
— Fico feliz baby. Agora tenho que desligar. Vou dormir um pouco e
mais tarde ligo para falar com ela. — aviso baixo e abro minha bolsa tirando
de lá um short mais fino.
— Okay. Cuide-se. Estou com saudades...
— Eu também Abelha. — e desligo.
Marianne
observando Tess descer o escorregador. Desvio minha atenção dela para meu
celular que vibra e sorrio vendo o nome de Alisha.
— Hey!
—Onde está? Passei na sua casa para irmos juntas ao centro de
treinamento dos meninos. Buscá-los. — estranho sua pergunta, pois pensei
que Saint tivesse ligado para avisar.
— Caleb me ligou e disse que chegariam só à noite. — digo suspirando e
me viro olhando para o escorregador onde Tess estava.
A procuro com os olhos e começo a andar olhando para os lados. Minha
cabeça gira quando escuto alguém gritar e vejo que foi Alisha gritando no
celular.
— Marianne! O que está acontecendo? — meu sangue bombeia nos
meus ouvidos e corro entre os brinquedos procurando minha filha.
— Ela não está mais aqui. — tento falar, mas minhas lágrimas me fazem
sufocar.
Estou entrando em pânico. Novamente olho para os lados, mas não a
encontro. Corro até a senhora que estava fazendo perguntas, mas ela já não
está aqui.
— Tess! Filha! — grito e vejo várias mães virarem para mim. — Por
favor, vocês viram uma menina de cinco anos, ela tem o cabelo castanho... —
soluço estampando minha boca e viro novamente procurando ela. — Ela é
minha filha! Onde ela está? Por favor, me ajudem. — peço gritando enquanto
corro pelo parque.
—Marianne! Onde você está? — Alisha grita do outro lado do celular e
eu começo a chorar mais e mais.
Onde ela está? Será que alguém a pegou? Será que está perdida?
— Ela sumiu. Foi um segundo que olhei para o celular Ali! — grito
vendo embaçado pelas lágrimas enquanto aperto meu peito.
— Eu estou indo. Por favor, se acalme...
ACHERON - NACIONAIS - APOLLYMI
PERIGOSAS
34 — 62 H.Y.S
Caleb
Assim que encontro seu rosto no meio das pessoas eu sei que algo muito
ruim aconteceu. Minha garota está com os olhos azuis brilhantes apagados e
nariz vermelho. Seu cabelo loiro bonito é uma bagunça e olhando para Alisha
que está logo atrás, eu sei que alguma merda aconteceu.
— O que aconteceu Baby? — questiono pegando ela nos braços.
Suas pernas circulam minha cintura e ela me abraça forte. Eu engulo seco
e olho para sua amiga em busca de alguma resposta, mas só recebo um
fechamento de olhos.
— Mari... — ela chora e desce dos meus braços me afastando do seu
corpo.
Suas lágrimas sofridas banham suas bochechas claras. Seus olhos
encontram os meus e eu dou um passo tentando chegar até ela, mas ela se
afasta.
— Eu a perdi. — inclino minha cabeça sem entender.
— Perdeu o quê Marianne? — seu corpo se retrai e ela se afasta
novamente.
— Nossa filha. — talvez a cor do meu rosto tenha drenado. Talvez meu
sangue tenha coagulado. Eu não sei.
Mas a única coisa que tenho certeza é que meu coração parou.
Eu estou morto.
Caleb
u procuro seus olhos, mas Mari se afasta mais. Suspiro mais uma vez e
E respiro fundo procurando Saint e Hayden. Os dois me olham apavorados.
— Você a perdeu? É só isso que vai me dizer porra!? — grito furioso
e começo a andar até ela.
Minhas mãos voam para seus braços apertando com toda minha força e a
balanço. Seu corpo treme em minhas mãos enquanto a raiva, o medo... A
mistura mais desprezível para mim se instala nas minhas entranhas.
— Responde Marianne. Onde está a minha filha? — rosno novamente e
mordo meu lábio até sair sangue quando sinto tapas serem atacados em
minhas costas diversas vezes. Olho por cima do meu ombro e encontro
Alisha batendo em mim com ódio em seus olhos.
— Solte-a! Eu vou matar você se não a soltar agora! — ela vocifera
possuída pelo demônio e eu, depois de dar um olhar a Saint para parar sua
mulher, volto minha atenção para Marianne.
—Onde ela está Marianne? Fale de uma vez! — balanço seu corpo
novamente e a solto me afastando.
Eu não quero machucar ela. Eu jamais iria querer deixá-la com algum
hematoma. Eu prometi a ela que nunca mais faria isso, mas agora eu só quero
que ela me fale que isso é uma brincadeira de mau gosto. Ou que minha filha
esteja em um lugar seguro, aonde vou poder pegá-la a qualquer momento.
— Nós estávamos no parque... — ela começa enquanto eleva seus braços
para abraçar a si mesma. — Foi de repente baby. Num momento ela estava
brincando no escorregador e no outro não estava mais lá... — ela soluça forte
ACHERON - NACIONAIS - APOLLYMI
PERIGOSAS
e Alisha passa por mim indo a abraçar. — Eu a ouvi gritar por mim, ela
gritou por mamãe, Caleb, e então eu corri... Eu tentei pegá-la... Por favor,
querido, acredita em mim... — ela engole seco quando o choro aumenta. —
Porém a mulher que estava com ela nos braços correu e entrou num carro. —
ela termina entre soluços e eu ando, quero dizer, eu corro até meu carro.
— Caleb. Porra não! Você não vai fazer isso. — Saint grita me
chamando.
Mas eu não o escuto de verdade. Eu sinto minhas mãos tremerem e as
lágrimas que até minutos atrás eram tão distantes da minha vida agora
queimam dentro de mim esperando o momento em que as deixarei fluir e me
quebrar.
Antes de entrar no carro olho para Marianne e vejo que está chorando
nos braços de sua amiga. E agora eu não me importo com isso. Com a sua
dor. Nada mais importa quando minha filha está perdida, não, raptada por
alguém desconhecido que pode lhe fazer mal.
Acelero o carro e entro no trânsito da cidade seguindo para o parque. Eu
sei onde fica eu levei minha Tess lá milhares de vezes quando queria brincar.
Por um tempo deixei o lugar de lado e foi nesse período que Marianne entrou
em nossas vidas.
Depois de quase dez minutos sentado no banco da praça percebo que foi
inútil vir para cá. Eu não a encontrarei aqui. Fecho meus olhos e tento
convencer meu coração de que ela está bem. Essa pessoa só quer dinheiro,
nada mais. Ela vai ligar, vai me dizer onde deixar o dinheiro e logo mais
estarei com minha princesa em meus braços.
Mordo meu lábio e sinto minha garganta fechar. Tento inutilmente
respirar, mas o ar fica preso entre meus pulmões. Quando penso que morrerei
sozinho alguém chega.
Marianne.
— Respira. É apenas um ataque de pânico Caleb... Respira. — sigo o
comando da sua voz calma e logo depois sinto o ar entrar novamente.
— Ela não está aqui. — constato olhando para seus olhos azuis cheios de
ACHERON - NACIONAIS - APOLLYMI
PERIGOSAS
lágrimas.
— Eu sei... Eu daria minha vida para ela estar aqui... Daria tudo para não
ter que ver você me odiando... Mas eu não posso... Eu não sou capaz. — ela
sorri triste e limpa meu rosto.
— Eu a confiei a você Mari... — a lembro me levantando. Ela é a única
pessoa quem eu confio minha filha de olhos fechados e agora... Ela
desapareceu.
— E eu peço perdão. Eu não sou a pessoa certa. Eu não sou digna da sua
confiança. Talvez minha mãe estivesse certa o tempo todo. — ela dá de
ombros quando se aproxima de mim. — Porém eu prometo que a trarei de
volta. Eu anotei a placa do carro. A Polícia está na sua casa te esperando... Eu
juro que estou tentando ajudar... — mordo meu lábio já rasgado e olho para
seu rosto inchado de chorar.
— Eu só quero que você... Que você vá para casa. — decido por fim
vendo-a ser magoada por mim. Pelo meu sofrimento que acabou de se
transformar em raiva dela.
— Eu amo Tessa. Eu faria qualquer coisa por ela, então se é isso que
você quer, eu vou fazer. Peço perdão Caleb... Eu nunca quis causar isso... —
ela dá um passo para trás e devagar vai embora de cabeça baixa.
Ver Mari assim me deixa doente, mas ela perdeu a pessoa que mais amo
em toda minha vida. Nada e nem ninguém é mais importante que minha filha.
Entro em meu carro para voltar para casa e quando paro em um sinal
vermelho vejo um grupo de mulheres sorri e acenar para meu carro.
Prostitutas...
O freio do meu carro é pisado com força quando a imagem de Vanessa
me ameaçando roubar Tess entra em minha mente. É claro! Ela fez. A
Vagabunda pegou minha filha.
Mais rápido do que o permitido começo a dirigir até a casa da minha
mãe. Um misto de alívio e desespero entra em mim e eu não sei o que é pior;
saber que elas estão juntas ou que Tess está com algum desconhecido.
Um desconhecido pode ser melhor de coração do que a doente da
ACHERON - NACIONAIS - APOLLYMI
PERIGOSAS
Vanessa. Eu só peço que se caso a minha intuição esteja certa que alguém
toque em seu coração e não faça nenhuma maldade com minha filha.
Desço do meu carro e bato na porta de sua casa. Espero segundos entre
as batidas, mas ninguém abre a maldita porta.
— Vanessa! — grito e soco a porta mais vezes. —Abra a porta!
Olhando ao redor vejo a vizinhança toda escura. Eles devem estar se
recolhendo. Bato mais duas vezes e suspiro quando ninguém abre. Mas é tão
óbvio que ela não estaria aqui. Ela sabe que seria o primeiro lugar que eu
viria.
Volto para meu carro e ligo para Peter. Ele diz que Saint ligou
perguntando se eu tinha ligado e ficou sem entender nada. Desligo depois de
lhe mandar procurar minha mãe e só descansar quando encontrar.
Ligo também para Saint e pergunto como estão as buscas por ela, ele
responde que estão rastreados o carro e que logo terão o local exato.
Agradeço e logo depois desligo dizendo que estou chegando a casa.
Dirijo para lá e quando entro na sala vejo os tênis dela na porta, num
lembrete de que ela os retirou antes de ir para o jardim. Tess gosta de sentir a
areia e a grama molhada contra seus pés. Meu peito sufoca e meus olhos, tão
desacostumados com as lágrimas, as recebem sem poder de impedimento.
Subo para meu quarto correndo, mas ainda escuto o grito de Larissa avisando
que os policiais estão no meu escritório com Saint e Hayden.
A ignoro e entro em meu quarto vendo ele impecavelmente arrumado.
Marianne é a dona dessa obra. Ela é obcecada por arrumação. Caminho por
ele e me lembro dela dizer hoje de manhã que o final de semana inteiro elas
dormiram juntas na mesma cama.
A roupa de dormi da Tess está dobrada na cadeira e eu desabo na cama
soluçando forte. Eu tento me convencer de que preciso ser forte, mas agora é
como se eu fosse aquele garoto medroso e estúpido de sempre.
O garoto que nunca deixei de ser.
Quando passa quase uma hora descobrimos onde o carro está. Numa
localização há uma hora daqui, parece que é uma pousada. Corremos para o
estacionamento e entramos em nossos carros para ir pegar minha filha.
Sinto-me aliviado quando Saint e Hayden me dizem novamente que ela
está bem. Que a terei novamente em questão de minutos, que só preciso ter
fé. E é isso que eu encontro no mais fundo do meu ser. É difícil encontrar a fé
no meio de tanto sofrimento, de tanta dor, porém quando o sentimento que
plantamos em nossos corações vai, além disso, sempre a encontraremos. E eu
encontro a minha.
Desligo meu carro em frente à casa de dois andares numa rua
movimentada e iluminada e espero os policiais saírem dos seus para que
meus amigos possam me deixar sair também.
— Isso não é filme. Ninguém aqui é super-herói, então fiquem quietos e
nos deixem fazer nosso trabalho. — Um deles fala sério me encarando e eu
aceno mesmo a contragosto.
Foda-se, Tessa está aí dentro. E eu preciso dela ao meu lado novamente.
Entramos no local a recepcionista se levanta e nos cumprimenta então
logo o oficial pergunta por uma menina de cabelos castanhos e olhos verdes.
A mulher acena dizendo que ela está no prédio e eu me aproximo.
— Está com Vanessa, não é? Uma mulher de cabelos castanhos, olhos
verdes e magra? — questiono ansioso e ela começa a responder, mas o oficial
me puxa para trás.
— Vamos ver as coisas primeiro Caleb. Depois nós dois vamos
interrogar qualquer pessoa que esteja nesse prédio. — aceno entendendo e
suspiro secando minhas mãos suadas na minha calça jeans.
— Vamos subir até o quarto em que a criança está e a senhora vem com a
gente. — ele manda rapidamente e ela se levanta novamente nos
ACHERON - NACIONAIS - APOLLYMI
PERIGOSAS
acompanhando.
Quando chego ao corredor um choro baixinho é escutado por todos e eu
sei que ali é minha filha. Tessa está chorando.
— É ela! — digo rápido e o oficial acena confirmando e manda a moça
abrir a porta.
E então tudo acontece. Tessa entra em meu campo de visão. Minha
língua cresce na minha boca e de repente eu quero vomitar. Quem fez isso
com ela? Minha filha está com uma corda amarrada em suas mãos e todo o
seu corpo está com hematomas. Minha mandíbula trava e eu posso escutar
meus dentes rangendo e então, eu só quero matar quem bateu desse modo
nela.
— Tess. — chamo baixinho com medo de pegar em seu corpo
machucado e fazer doer. — É o papai meu amor. — falo quando ela chora
mais se encolhendo.
— Papai? Oh papai... — seus olhinhos verdes me encontram e eu
começo a desatar a corda que aperta seus pulsos pequenos.
Sua roupa está suja e em seus braços consigo ver marcas roxas. Por que a
machucaram tanto? Como alguém é capaz de machucar um bebê como ela?
Por que fizeram isso com minha pequena? Tessa é somente um bebê, porra!
A pego em meus braços e suspiro mordendo meu lábio quando ela chora
mais por eu tocar suas feridas. Será que quebraram algo? Por Deus, não.
— Eu quero a mamãe... Eu quero minha mamãe, papai. — ela pede
chorando e meu peito se aperta por não ter trazido sua mãe comigo.
— Ela está te esperando em casa. Vamos chegar rapidinho lá. Você vai
ver. — prometo e deixo um beijo em sua testa.
Já no carro pronto para ir embora com ela no meu colo enquanto Saint
dirige meu carro de punhos fechados vejo o oficial fazer mais perguntas as
pessoas, mas ninguém viu como Vanessa deixou o local sem ser vista.
— Por que sua mãe é má, papai? — o ar foge dos meus pulmões quando
Tess pergunta isso, por que quando eu era apenas uma criança eu também
ACHERON - NACIONAIS - APOLLYMI
PERIGOSAS
questionava isso.
— Por que ela não tem coração. — digo sincero olhando para seus
olhinhos brilhantes iguais os de sua mãe sem coração. — Durma. Nós vamos
chegar a nossa casa rapidinho e você verá sua mamãe.
Quando enfim Tessa adormece em meus braços peço para que Hayden
ligue para Marianne ir até o hospital perto da nossa casa, esperar por mim e
Tess. E quando eu chego é lá que ela está. Ainda de pijama ela chora quando
vê nossa filha em meus braços. Tess desperta quase que imediatamente e
começa a chorar sentindo o corpo doer novamente.
— Baby... — Mari a chama e ela chora quando encontra a mãe parada a
sua frente. — Oh meu Deus! O que fizeram com você, minha princesa? —
Marianne cuidadosamente pega nossa filha em seus braços e chora
acariciando os cabelos castanhos de Tess.
— Ela foi má por que ela não tem coração, mamãe. — seu murmúrio é
ouvido por todos e mesmo aqueles que trabalham com essas questões todos
os dias enchem seus olhos de lágrimas.
— Eu te amo filha. Perdão. Perdoa a mamãe minha pequena... — e ela
repetiu o pedido durante quase todas as horas em que passamos no hospital
com Tessa.
Eu só aquieto meu coração quando chego a nossa casa e coloco as duas
na cama. Uma do lado da outra. Minha vida estava resumida naquela cama.
Eu não podia perder nenhuma das partes.
Marianne
quanto ela ainda sofre por Dominick ter ido para New York. Ouvi Caleb
comentar uma vez e fomos nos despedir.
Eu poderia ficar mais triste por ela, mas naquele momento Tess precisava
de mim. E eu também precisava dela.
Levanto-me depois de beijar seu rosto e a cubro mais com o edredom
quente para protegê-la do frio do ar-condicionado. Saio do quarto deixando a
porta aberta para caso ela acorde eu posso vir ao seu chamado. Ando pela
casa à procura de Caleb, mas me sinto frustrada quando não o encontro.
Passo pela sala olhando para o sofá e para os cantos, mas ele não está
então me lembro do seu escritório e corro para lá, mas murcho vendo que
também não está. Aonde ele foi?
Com um último suspiro subo as escadas e me preparo para entrar no
quarto, só que uma fresta de luz num dos quartos me chama atenção. É um
cômodo que nunca entrei de fato, mas a curiosidade e também a esperança de
que ele esteja lá me faz andar até ela.
E quando abro a porta eu o vejo. Caleb está parado de costas para mim
com a atenção para uma janela grande por onde podemos ver a cidade. É
simplesmente lindo.
O espaço é uma sala. Tem uma mesa grande atrás de Caleb e no centro
tem um sofá grande parecido com o que temos na sala de jogos. Olhando
mais atentamente, essa sala parece com uma sala de jogos. Tem uma TV na
parede de frente para o sofá e quando entro sinto nos meus pés descalços um
tapete felpudo.
Ele não escuta minha aproximação, ou se escuta, prefere não se mexer.
Caminho até estar atrás dele mantendo um pouco de distância e engulo em
seco vendo seus ombros tremerem.
Ele... Ele está chorando.
— Caleb. — chamo estranhando a rouquidão da minha voz.
— Oi. — ele limpa o rosto e depois se vira para me olhar.
— Eu... Você está bem? — mordo meu lábio inferior me sentindo
ACHERON - NACIONAIS - APOLLYMI
PERIGOSAS
completamente nervosa.
— Eu... Não sei. — seus ombros descem e ele encosta-se à janela.
— Se você precisar de...
— Eu só preciso de você Marianne. — ele interrompe minha fala me
deixando com olhos arregalados. — Eu fui um idiota com você. Eu sei que
você não a perdeu por que quis. Eu estava cego pela raiva e você era... Era
um alvo fácil. Afinal você estava com ela. — sua garganta sobe e desce
enquanto seus olhos verdes me avaliam.
— Eu sei que sim. Você não precisa se explicar... — digo firme. Por que
essa é a verdade. Era a filha dele que eu perdi, é compreensível que ele
perdesse a cabeça.
— Eu não irei me perdoar por machucar você de novo. Nunca. — suas
mãos se fecham em punhos e quando olho para seu rosto vejo sua atenção em
meus braços.
Tem pequenas manchas lilás de suas mãos grandes. Eu as acaricio,
devagar, por que estão doloridas e suspiro me aproximando mais.
— Não irei dizer para não se preocupar Caleb... Afinal, eu mereço mais
que isso. — aponto para as malditas manchas sentindo meu coração acelerar.
— Com certeza, eu merecia que você me escutasse que me entendesse... —
respiro fundo procurando palavras para que ele possa compreender. — Você
fez um juramento e quebrou. Mas eu posso entender Caleb por que eu sei do
seu problema de temperamento. E ali era sua filha...
— Eu sei... Mas isso não vai justificar. Você deveria se afastar Abelha.
— ele morde seu lábio e eu sinto meu coração encolher. — Eu falo isso por
que eu não sou capaz de me afastar. Eu não sou. Você e Tess é minha família.
Eu nunca vou me afastar, mas se você me disser que quer se afastar. Eu vou
entender...
— Mas eu não quero Caleb... Eu não sei nem se posso! — fecho minhas
mãos tentando me acalmar. — Eu te amo. — falo por fim mordendo meu
lábio em seguida. Seus olhos ficam grandes e sua boca se abre sem saber o
que responder. — Eu nunca vou ser capaz de te deixar porque eu não me vejo
ACHERON - NACIONAIS - APOLLYMI
PERIGOSAS
mais sem você. Eu não me vejo sem nossa filha... Vocês são a minha família.
— engulo em seco e me assusto ao ver que ele andou e já está na minha
frente.
— E você é a nossa Abelha. — ele suspira afastando meus cabelos do
meu pescoço. — Você me tem na mão, você sabe disso, não sabe Marianne?
— balanço a cabeça sem poder abrir a boca. — Você me enlouquece...
Deixou-me louco quando nos conhecemos e me põe de quatro quando penso
que está com outro homem... — tento falar que nunca estive com ninguém
depois dele, mas ele não deixa. — E eu sei que não esteve com outro depois
de mim, eu o mataria... — ele dá de ombros e eu empurro seu peito
repreendendo sua fala.
— Você está cheio de si Caleb... — as palavras se perdem pelo escuro do
quarto quando sua boca desce até a minha me calando.
Suas mãos seguram minha cintura enquanto sua língua serpenteia minha
pele buscando meu gosto por toda sua extensão. Pego seus braços fortes
tentando me firmar no chão, mas logo não necessito disso, pois Caleb me
levanta fazendo com que eu o abrace com elas.
— Caleb... — chamo temendo Tess acordar, mas ele não me escuta.
Ele me senta à mesa grande não deixando meus lábios sozinhos enquanto
abro os botões da sua camisa jeans. Seus dedos tiram minha camisola preta
deixando rastros de arrepios na minha pele alva. Meus seios ficam nus, e com
o ar frio os bicos rosa tornam-se rijos a ponto de quase arranhar o seu peito
musculoso.
Caleb se afasta apenas um pouco e seus olhos caem na minha pele nua
logo se abaixando e abocanhando um seio me fazendo molhar a mesa. Sua
atenção se divide entre os dois e num avanço rápido estou deitada na madeira
fria.
— Ah Abelha... — ele respira e estende sua mão tocando minha calcinha.
Meu quadril se arqueia querendo mais contato dele, e eu recebo, só que
com sua boca. As pontas dos seus dedos seguram minha calcinha e devagar,
quase dolorosamente, ele a retira pelas minhas pernas. E então o prazer
acontece. Seus lábios me provam sem pressa e em questão de segundos estou
ACHERON - NACIONAIS - APOLLYMI
PERIGOSAS
Caleb
O que ela está fazendo? Por que está assim aqui no meu quarto?
— Mãe... — minhas mãos tremem quando ela se levanta da cama e anda
até mim fazendo os seios balançarem.
— Hoje é seu aniversário e você já virou um homenzinho... O meu
homenzinho. — ela afirma me fazendo inclinar a cabeça, sem entender. —
Como presente de aniversário irei ensinar várias coisas para você, querido.
— ela beija meu peito devagar. — Você vai amar... — ela sussurra.
Fecho meus olhos apertados e começo a pensar no por que ela está
fazendo isso? Isso é errado.
Eu sei o que é sexo. Meus amigos da escola sempre mostram revistas
para mim, mas eu nunca imaginei isso com outra pessoa. E com mamãe seria
errado.
Não é? Eu não tenho certeza, mas acho que sim.
Mamãe me derruba na cama empurrando meus ombros e sobe em cima
de mim se sentando em minha barriga. Todos os dias, depois daquela noite,
ela veio até meu quarto e só sai depois de gritar algumas vezes e me chamar
de seu homenzinho. Eu odeio a noite. Eu acho que estou começando a odiar
minha mamãe também.
Ninguém nunca olhou para mim mais de uma vez para poder sentir pena,
ou qualquer outro sentimento. Teve vezes que eu queria ter alguém me
olhando até com ódio, pois dessa maneira alguém pelo menos estaria me
observando. Estaria vendo que eu existo. Que eu sofri nas mãos da Vanessa.
— Tudo começou quando eu completei dez anos... — começo sentindo
minha garganta fechar e as lágrimas pinicarem meus olhos. — No dia do meu
aniversário ela entrou em meu quarto e me tocou... — falo firme sem emoção
alguma passando por meu rosto ou coração.
Mari arregala os olhos e tampa a boca quando um grito é dado por ela.
Eu ignoro seu choque e continuo devagar.
— Nesse dia ela disse que me ensinaria várias coisas... — aperto a ponta
do meu nariz lembrando-me daquele dia. — E na verdade... Ela abusou de
mim... É... Essa merda durou anos. Dos dez até os dezesseis, que foi quando
aconteceram as queimaduras...
— Pare... Não fale... Não precisa... — ela leva as mãos aos ouvidos
enquanto seu rosto está cheio de lágrimas, diferente do meu que apenas duas
lágrimas solitárias descem por ele.
— Quando eu tinha dezesseis anos me apaixonei por uma garota da
minha escola... Ela era linda, parecia um anjo loiro como você, e eu queria
namorá-la, mas Vanessa já tinha me avisado diversas vezes que eu era só
dela. Eu era seu homem. — o gosto amargo da raiva se põe em minha boca e
eu engulo seco tentando me controlar. — Essa garota me chamou para sair,
ela também gostava de mim. Então marquei de ir com ela assistir um filme...
Eu nunca pensei que minha mãe estaria no cinema também... — dou de
ombros novamente encontrando os olhos azuis cheios de lágrimas do meu
verdadeiro anjo loiro.
— Caleb... — ela se levanta e caminha até mim sentando em meu colo
enquanto soluça forte. Eu a abraço colocando sua cabeça em meu ombro e
deixo um beijo em sua cabeça.
— Ela fez o papel perfeito de mãe na frente da garota, mas... Quando
chegamos a nossa casa ela me mandou tirar a roupa e fez o que fazia todas as
noites. Abusou-me, usou meu pau para brinquedo próprio. Como se ele fosse
— Ela nunca mais vai chegar perto de você ou de Tess. Eu sou capaz de
matá-la. Eu passei a odiar aquela mulher quando bati o olho em nossa filha e
vi o quão machucada ela estava, porém agora eu desejo nada menos do que a
morte para ela. Vanessa não é nada e ela não é louca de vir até aqui, e de te
machucar ou machucar nossa filha. — seus olhos estão afiados e eu sorrio
fraco para a mulher que domina meus pensamentos.
— Eu te amo Mari. Você e a Tessa são minha vida. Nada que Vanessa
fez no passado doeria mais do que ficar sem vocês duas. Nada. — digo
olhando diretamente para seus olhos e suspiro quando ela sorri para mim
docemente.
— Eu te amo mais. —a promessa silenciosa em seus olhos me deixa sem
ar.
As pontas dos seus dedos entram por minha camisa e devagar ela retira
completamente o pano. Suas unhas finas e bem pintadas arranham meu peito
vagarosamente e eu suspiro.
— Nada em você me faz te desejar menos. Suas cicatrizes são apenas
isso. Cicatrizes. — Marianne me encara e de repente começa a beijar cada
ferida cicatrizada na minha pele. Passo alguns segundos apenas sentindo seus
lábios em mim e logo seguro seus cabelos a puxando para cima.
E durante o processo de beijar minhas cicatrizes, eu tive a certeza de que
escolhi a mãe certa para minha filha. Nossa filha.
Bato meus lábios nos dela e a seguro junto a mim. Sua língua suave e
macia é chupada por mim e Mari geme com prazer em meus braços.
Desacelero nosso ritmo e sorrio encostando a cabeça em sua testa.
— O que significa nós dois nos amarmos? — Mari questiona e seus
olhos se arregalam, não acreditando que falou isso alto. — Oh meu Deus!
Desculpe...
— Significa que você vem morar comigo, significa que você é minha
namorada e significa também que nós vamos ser uma família. Nossa família.
— ela tenta impedir um sorriso de se formar em seus lábios, mas perde a
batalha quando eu vejo seus dentes brancos me informarem de sua felicidade.
Marianne
levantei e fui me arrumar. Esse medo é constante, mas Vanessa está presa e
ela não nos fará mal novamente.
Sento-me em frente à Caleb quando entramos num restaurante italiano
que ele mesmo escolheu. Não reclamei, pois adoro massas.
— Sua mãe não entrou em contato com você Mari? — Caleb questiona
como quem não quer nada, mas eu sei que ele sabe a resposta para essa
pergunta.
Peter anda o mantendo atualizado dela, de Cohen e principalmente de
Sean. Minha mãe não me ligou, nenhuma vez sequer, eu também não esperei
que fosse. É claro que eu estaria mentindo se dissesse que eu não sinto desejo
de que ela fizesse.
Mas ela não fez. Ela nunca irá.
— Não. — levo a taça de vinho aos meus lábios encarando Caleb e sorrio
vendo que ele me observa. — Estou falando sério...
— Eu sei. Você não precisa dela... Você tem a mim, a nossa filha. —
seus dedos entram nos meus e ele acaricia minha palma devagarzinho.
— Eu sei querido. Não se preocupe — sorrio fraco e dou o assunto por
encerrado.
— Vi que não levou suas coisas para nossa casa... O que aconteceu? —
depois de alguns minutos degustando nosso jantar Caleb volta a falar.
— Temos que oficializar nosso relacionamento antes de morarmos
juntos...
— Como o quê... Casar? — seu rosto fica branco e eu me sento mais
confortável ficando bem de frente para ele.
— Talvez... Você não quer? — pergunto confusa encarando seus olhos
verdes.
— Eu... Não sei... Você quer tipo, para casarmos esse ano? — ele parece
incrivelmente confuso e eu suspiro relaxando contra a cadeira.
— Não. Nós vamos casar quando você parar de agir desse jeito quando
eu tocar no assunto. Até lá, ficarei na faculdade. — suspiro e distancio minha
mão da dele.
— E Tessa? Ela pensa que vai morar conosco. — ele rosna baixo e eu
encaro seus olhos, irritada.
Esse jantar não era para ficarmos discutindo, mas acho que isso é
inevitável quando Caleb está presente.
— Não use nossa filha para isso. — aviso em tom sério e ele respira
fundo desviando seus olhos de mim.
— Nós vamos nos casar amanhã. Não se preocupe. — minha boca se
abre em choque ao ouvir isso dele. Filho de uma puta!
— Não irei me casar com você amanhã!
— Você acabou de dizer que vai morar comigo depois que oficializarmos
nosso relacionamento...
— Eu não quis dizer assim. Quero que me peça em casamento... Que
compre um anel bonito, essas coisas que os homens fazem, mas estou vendo
que nem um jantar normal podemos ter! — rujo as palavras tremendo de
raiva.
— Levante-se! — sua voz me faz pular da cadeira. — Agora Marianne.
Eu quero que levante e vá para o banheiro...
— Eu não quero ir para o banheiro...
— Marianne. — ele avisa apertando sua mandíbula e respirando fundo
me levanto da mesa e sigo para o banheiro feminino.
Não entendi o porquê de eu vir para o banheiro. Eu não queria ir ao
banheiro! Respiro fundo e molho minhas mãos na água corrente que vem da
torneira apertando-as juntas.
Viro quando escuto a porta se abrir e minhas pernas parecem virar geleia
quando Caleb entra no local. Suas mãos ágeis pegam uma cadeira de plástico
que estava perto da porta e a pressiono entre a madeira e a fechadura.
ACHERON - NACIONAIS - APOLLYMI
PERIGOSAS
Graças a Deus!
— Ele era uma criança. Você era a puta doente... A depravada. — grito
em sua cara e me afasto.
— Eu era apaixonada por ele. Só isso, você não entende...
— Eu volto a dizer... Ele era uma criança! Seu filho! — grito
descontrolada com a doença dessa mulher. — Como pôde queimá-lo com
cigarro? Como foi capaz? — pergunto tremendo e sinto minha barriga doer
de nervoso.
— Ele era meu. Não podia me trocar por uma adolescente idiota. Eu já
era sua mulher... — fecho meus olhos ao escutar as palavras cheias de certeza
que Vanessa derrama em mim.
— Você é completamente louca... — balanço a cabeça e me viro para
encará-la. — Por que bateu em minha filha? Por que deixou meu bebê
daquele jeito? — pergunto e seguro na cadeira para não cair dela. Meu
coração se parte novamente lembrando-me do jeito que encontrei meu bebê.
—Tessa só me afastou mais de Caleb... Ela ficou repetindo mais e mais
que sua mamãe estava vindo. A mãe dela sou eu, mas aquela... Ela não me
ouvia, então descontei minha raiva de anos nela. — encaro seus olhos verdes
iguais os de Caleb e Tess e só vejo maldade e resistência. Ela é louca. —
Caleb ainda não percebeu, mas iremos ficar juntos. Quer ele queira ou não.
Respiro fundo quando vejo que não vou chegar a lugar nenhum
conversando com essa mulher e me levanto rapidamente querendo dar o fora
daqui.
— Eu só quero que saiba que hoje ele tem alguém que o ama e que vai
cuidar dele. Você não é nada. Tess te odeia e ele mais ainda. — afirmo e saio
de lá depressa.
Caleb me pega nos braços depois de eu ficar nua me leva para a cama.
Assustada, escuto seu comando novamente:
— De quatro, Marianne...
Rapidamente fico com os joelhos e cotovelos na cama e ele permanece
parado em frente à cama tendo uma total visão da minha intimidade nua.
Seus dedos deslizam por ela e eu me retraio quando sua língua os substitui.
Escuto seu gemido misturado com os meus e suspiro quando ele se afasta.
— Você sabe por que eu te chamo de Abelha, Marianne?
— Sim. — falo com urgência, querendo que ele volte a me lamber.
— Fale.
—Porque, segundo você, tenho gosto de mel. — e então, como um urso
faminto ele volta a provar minha intimidade inchada e cheia de desejo.
Gozo violentamente e Caleb geme enlouquecido se distanciando apenas
para colocar a camisinha, que aprendemos a lembrar, no seu comprimento.
Lentamente minhas paredes se esticam para ele me preenche.
Então começa a se movimentar, rápido e forte. Minha bunda bate em seu
quadril e eu suspiro gozando novamente. Caleb segura meu quadril me
mantendo no lugar e de repente sinto sua mão atacar minha nádega direta.
Assustada, me retraio, mas ele me mantém no lugar.
— Caleb! — reclamo incomodada, mas ele volta a atacar me dando mais
uma. Mesmo contra minha vontade, meu desejo aflora e já estou excitada
novamente.
O que tem de errado comigo?
— Espero que dessa vez aprenda, que você não me esconde nada. Não
quero saber de você em presídio, muito menos visitando aquela desgraçada.
Você me entendeu Abelha? — enquanto ele fala seu membro sai de dentro de
mim e ele segura minhas nádegas deixando-me aberta para ele.
— Entendi... — então ele está me chupando novamente.
Acordo no outro dia com meu namorado sorrindo para mim. Suas mãos
acariciam minha bunda com o auxílio de alguma pomada e eu suspiro me
lembrando de ontem.
— Eu te amo. Você é tudo que eu preciso e quero. — engulo seco
olhando para seus olhos cheios de sinceridade. — Eu não quero me lembrar
de Vanessa ou ouvir sobre ela. Acabou. É passado. Agora só quero você e
minha filha. Vocês são as minhas constantes, ninguém mais.
Aceno piscando para afugentar as lágrimas e me inclino beijando seus
lábios. Eles também são as minhas únicas constantes. Ninguém além deles.
FIM.
Epílogo
Marianne
02 anos depois...
orrindo balanço minha mão para Tess que está descendo do palco da sua
S escola. Estamos no ginásio e hoje era uma apresentação do balé que ela
faz parte. Ela é apaixonada pela dança, então eu e Caleb embarcamos no
seu sonho também.
— Você está tão linda filha. — enxugo meus olhos a vendo sorrir
balançando a mão para mim.
—Mamãe já sou uma mocinha, não pode chorar assim. — ela sorri e me
abraça vindo para meus braços contradizendo o que acabou de afirmar.
— Certeza? — pergunto fingindo não ter certeza e ela ri. — Vamos lá?
— Papai não veio? — seu rosto murcha e meu coração aperta.
— Infelizmente não deu tempo. Seu jogo terminou mais tarde...
— Felizmente papai tem muito dinheiro e pode alugar um jatinho. —
Viro-me ao ouvir sua voz e sorrio. Ele se levanta de uma poltrona, dois
lugares atrás da minha e anda abrindo os braços.
— Pai! — ela ri e corre para os braços de Caleb. — Que bom que veio.
— Tessa beija seu rosto rindo alegremente e eu caminho até eles.
— Estávamos com saudade. — aviso sorrindo e o abraço também.
— Não estavam mais que eu, tenho certeza. — ele pisca e eu beijo sua
boca perfeita. Tessa cobre seus olhos e resmunga algo referente ao seu nojo
em nos ver com os lábios juntos.
Voltamos para casa rindo ouvindo Tessa falar de suas amigas que andam
sempre a perguntando de namorados. Não preciso dizer que Caleb quase nos
meteu em um acidente nesse momento. Tessa ter sete anos não diz nada para
ele, nos seus pensamentos ela ainda tem 5, lógico que não concordo com
namoro, mas ele leva isso tão a sério que está ranzinza até agora.
—Você acha que ela vai namorar cedo? — ele pergunta tirando sua blusa
e pegando a toalha em nosso closet.
— Não sei... Talvez. — dou de ombros e o vejo olhar pela janela.
— Não quero que ela namore. Acho que namorar não é algo saudável...
— seus olhos permanecem sérios e eu acho graça do seu rosto pensativo.
— Caleb, por favor... — acabo caindo de rir na cama e ele se vira para
mim.
— Estou falando sério.
— Eu sei e é por isso que estou rindo... — respiro fundo e tento me
acalmar. — Relaxe, ela ainda não namora... E se for namorar vai ser com um
homem respeitador e gentil...
— Você nunca me leva a sério. — resmunga de cara fechada e vai para o
banheiro tomar banho me deixando rir sozinha.
Corro pelo quarto ainda rindo e pego a caixa de presente no closet a
deixando em cima da cama. Deixo-a fechada e suspiro tentando me acalmar.
Ele vai enlouquecer.
Não conversamos sobre isso, mas espero que ele goste da ideia. E mesmo
ele não gostando, não há volta. É definitivo. Apresso-me saindo do quarto e
vou para a sala de estar esperar sua reação.
Mordo meu lábio e concentro-me em olhar para o jardim bem cuidado.
Nas horas em que não estou na faculdade, que graças a Deus falta poucos
meses para o fim, fico no jardim cuidando das flores. Eu gosto disso. É
relaxante.
ACHERON - NACIONAIS - APOLLYMI
PERIGOSAS
Vim morar com Caleb assim que nos casamos um mês depois que visitei
sua mãe. Depois daquele dia descobrimos pelo Peter, que Lila foi cúmplice
do sequestro de Tessa. Ela avisou a Vanessa onde eu estaria, que horas e com
quem. Acho que nunca vi Caleb tão decepcionado com alguém, por que,
mesmo eu não gostando, ela era alguém que ele confiava a nossa filha. Se
depender de mim, ela vai apodrecer na cadeia ao lado daquela doente mental
que é a mãe do meu marido.
Balanço a cabeça para esquecer aquela mulher e foco no jardim onde foi
meu casamento. No final Caleb teve o que queria. Casamos. Foi o dia mais
feliz da minha vida sem dúvidas. Foi tudo simples, mas eu e ele ficamos em
êxtase. Foram poucas pessoas. Seus amigos, as minhas amigas, Tessa e só.
Foi perfeito.
— Marianne! — pulo assustada com seu grito e me viro o vendo descer a
escada.
— Hã... Oi. — sorrio nervosa e ele balança sua cabeça olhando de mim
para os sapatinhos vermelhos que segura.
— O quê... É verdade? — seus olhos voam para minha barriga e eu
sorrio vendo suas lágrimas.
— Sim! — levanto para me aproximar e Caleb se ajoelha em minha
frente com sua mão pairando perto do meu estômago, por enquanto liso.
— Nós vamos ter um bebê? — ele pisca deixando as lágrimas caírem e
eu me ajoelho também.
— Vamos, sim. Você está feliz? — pergunto limpando suas bochechas
com meus dedos.
— Nunca me senti mais feliz, Abelha. — ele ri divertido. — Não posso
acreditar que vamos ter um bebê. — ele pronuncia bobo e eu me afasto me
dando mais espaço para olhar em seus olhos.
— Eu sei. Também estou muito louca com isso, mas nós vamos o amar
tanto quanto nossa Tessa. Seremos uma família mais feliz do que já somos.
— sorrio sentindo que pela primeira vez meu peito está completamente
preenchido de amor.
ACHERON - NACIONAIS - APOLLYMI
PERIGOSAS
— Por que tínhamos que pedir com antecedência. O Papai Noel não vai
ter tempo para trazer logo. Tudo bem? — Caleb se aproxima também se
ajoelhando.
— Eu posso esperar. — ela ri e nos abraça.
Sem perceber eu relaxo contra eles dois. Tudo vai ficar bem e nós três,
quero dizer, nós quatro, vamos ficar bem. E muito felizes.
Sobre a Autora
Contato