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Copyright © 2023 – Carla Arine

Capa: D. A. Lemoyne
Foto: Adobe Stock e Canvas
Revisão: Walter Bezerra Cavalcanti
Diagramação Digital: Carla Arine
ISBN: 978-65-00-65600-8

Esta é uma obra de ficção. Nomes, personagens, lugares e acontecimentos descritos são produtos da
imaginação da autora. Qualquer semelhança com nomes, datas e acontecimentos reais é mera
coincidência.

__________________________________
O Meu Noivo (de Mentira) é um CEO Italiano
1ª Edição
2023
__________________________________

Todos os direitos reservados.

São proibidos o armazenamento e / ou a reprodução de qualquer parte dessa obra, através de


quaisquer meios ─ tangível ou intangível ─ sem o consentimento escrito da autora.

A violação dos direitos autorais é crime estabelecido na lei nº. 9.610/98 e punido pelo artigo 184 do
Código Penal.
Sumário

Sinopse
Nota da autora
Playlist
Prólogo
Mássimo
Giovanna
Mássimo
Giovanna
Mássimo
Giovanna
Mássimo
Giovanna
Mássimo
Giovanna
Mássimo
Giovanna
Mássimo
Giovanna
Mássimo
Giovanna
Mássimo
Giovanna
Mássimo
Giovanna
Mássimo
Giovanna
Mássimo
Giovanna
Mássimo
Giovanna
Mássimo
Giovanna
Mássimo
Giovanna
Mássimo
Giovanna
Mássimo
Giovanna
Mássimo
Giovanna
Mássimo
Giovanna
Mássimo
Giovanna
Mássimo
Giovanna
Mássimo
Giovanna
Mássimo
Giovanna
Mássimo
Giovanna
Mássimo
Giovanna
Mássimo
Giovanna
Mássimo
Giovanna
Mássimo
Mássimo
Mássimo
Giovanna
Mássimo
Giovanna
Mássimo
Giovanna
Mássimo
Giovanna
Mássimo
Giovanna
Mássimo
Epílogo – Giovanna
Cap. Bônus – Louise
Agradecimentos
Sobre a Autora
Outras Obras
Redes Sociais
Sinopse

Enemies to lovers, Relacionamento por contrato, slow burn.


Mássimo Marino é um CEO italiano que conquistou fãs no mundo
todo como chef de cozinha de um programa de televisão. Mesmo fazendo
sucesso pelos quatro cantos do planeta, sua fama de ser excessivamente
perfeccionista e intransigente está impedindo-o de fechar um grande
negócio. A exigência é que deveria ter uma família ao seu lado, passar uma
imagem de homem de bem. Agora, precisando de uma noiva, a escolhida é
uma verdadeira princesa moderna. O único problema é que ela o detesta.
Giovanna Soares é uma bela e romântica bibliotecária que passa
seus dias contando histórias para crianças. Seu maior sonho é viver um
romance de contos de fadas, ter uma família linda e ser feliz para sempre.
No entanto, ela não esperava que um acaso do destino a obrigasse a se
relacionar com um homem que não suporta.
Eles formam um casal improvável e com tudo para dar errado, mas
terão que conviver por três meses, e a atração que sentem não poderá ser
controlada.

Aviso: Pode conter gatilhos.


Nota da autora

Chegamos no segundo livro da Duologia “Italianos Apaixonantes”,


que conta as histórias de Diana e Giovanna, irmãs de Alessandra,
protagonista da novela “Inusitado Apaixonante”, que faz parte de outra
série, “Uma Esposa para o Meu Pai”.
Em “O Meu Noivo (de Mentira) é Um CEO Italiano”, temos o
romance de livro de uma contadora de histórias chamada Giovanna, que por
um acaso do destino acaba tendo que ficar noiva do único homem que não
suporta, o CEO e chef de cozinha famoso, Mássimo Marino.
Ele não é fácil, mas a nossa Princesa irá surpreender vocês de
inúmeras maneiras.
Preparem-se para dar muitas risadas, criar ranço e muito mais com a
história deste casal improvável.
Aproveitem para ter a última porção de Alê, Kalel, Mia, Di, Lorenzo
e toda turma.
Vem se encantar com esta história apaixonante.
Mil beijinhos e boa leitura.
Playlist

Venha ler esta história com as músicas que inspiraram o romance.


♫♫♫♫♫
DEEZER
https://deezer.page.link/1H6DrN11dugXAHNE8

♫♫♫♫♫
Sportfy
https://open.spotify.com/playlist/5rpN5PAsNBFDtEgPGTkxwd?
si=ZySIj113Q7KUQPAWh0Q1OA
Prólogo

Levo os três para o quarto, mas durante o caminho, escuto o pedido


recorrente de todas as noites.
— Conta uma histólia.
— Sim, uma, só uma. A senhora é a melhor.
Sorrio, confirmando e abrindo a porta, e os três vão para as suas
respectivas camas. Pego a cadeira que fica na mesa de estudos e me viro
para eles.
— Então, vamos ter uma história — afirmo.
— Conta aquela da princesa...
— Eu não gosto dessas histórias de meninas — reclama o único
membro masculino presente.
— Mas eu quelo — a mais novinha pede também.
Viro-me para ele e digo:
— Mas a que vou contar, você também vai gostar. Conta a história
de uma bela princesa e um... — como dizer — um mal-humorado príncipe
fera.
— Fera? — ele pergunta.
— Sim — afirmo, chamando a atenção dos três. — Era uma vez...
Mássimo

Muitos anos antes.

— Se despeça, Mássimo — meu pai, furioso, exige.


— Não fale assim com ele, Nero! — minha mãe rebate.
— Cale a boca, Satine. Poupe suas palavras para falar pela última
vez com o menino que não merece a mãe que tem.
Não!
— Maman!!! — eu a chamo e ela me abraça forte.
— Mon amour, eu não queria que fosse assim. — Mamãe está
chorando.
— Você tem cinco minutos — fala meu pai, se afastando.
Mamãe me agarra, me prendendo com força, e beija o meu cabelo.
— Mon bébé.
— Não vai embora, maman.
Ela se afasta um pouco e passa a mão no meu rosto. Seus olhos
azuis estão muito tristes e todo o cabelo vermelho que ela tem está
bagunçado.
— Eu não queria ir.
— Não vai. Fica com a gente.
Mamãe limpa as lágrimas.
— Se você não tivesse somente cinco anos, talvez entendesse, mas...
— Satine! — A voz do papai me assusta.
— Preciso de mais tempo, Nero!
Papai abre a porta mais nervoso que antes.
— Pensasse nisso antes de fazer o que fez...
— Não cansa de mentiras?! Eu te amava, mas a sua loucura não tem
cabimento, Nero.
— Mulheres não amam. Somente usam. Pode ir embora desta casa,
desta cidade e do país. Volte para sua França, que a Itália não precisa de
uma mulher como você.
— Jamais!
— Veremos. — Ele a segurou pelo braço, levando-a para fora.
— Não faz isso com a mamãe! — peço, segurando a calça do papai,
mas ele me afasta e eu caio no chão.
— Seja forte, meu amor. Seja forte! — grita minha mãe, sendo
arrastada para fora.
E foi a última vez que vi a minha mamãe.
Giovanna

— Gio, eu falei com o Enzo e você vai ter uma ajuda para fazer o
nosso casamento — começa Diana. — Ele se chama Mássimo Marino e vai
ser padrinho também.
Então, mais uma irmã minha encontrou o amor. Tudo começou com
Alessandra, que enamorou-se por um lutador coração de ouro e, de brinde,
ganhou uma filha que já consideramos como nossa. A queridinha da Mia.
Depois, minha Diana teve sua hora. Eu imaginando que seu amado
seria o meu melhor amigo Gaspar, mas na verdade se tornou um italiano
bonitão que é completamente louco por ela.
Sim. Minhas irmãs estão casadas e ainda assim espero encontrar o
meu amado príncipe. Ele está por aí em algum lugar. Na hora certa, vamos
nos encontrar e escrever uma linda história de amor.
— Pelo que sei, é um CEO de uma rede enorme de restaurante e um
grande chefe de cozinha famoso. Vai fornecer toda a comida e bebida.
Como você quer ajudar na ornamentação, vão ter que trabalhar juntos.
— Sem problemas — respondo na hora. — Tudo para conseguirmos
fazer o seu casamento em um mês, Di.
Local, cores, flores e músicas. Tudo isso já consegui resolver nos
últimos 14 dias. Amanhã vamos passar no estilista para ver o vestido da Di,
mas é praticamente certo que não vai precisar de muita coisa da minha
parte.
Agora, estou a caminho da empresa do outro padrinho, que chega
amanhã de viagem da Itália. Minha mãe ficou toda animada quando
descobriu quem era o melhor amigo do seu novo genro, e está louca para
vê-lo pessoalmente.
Confesso que já tinha visto o seu nome no site da livraria que
fornece exemplares para a biblioteca em que trabalho, no entanto, jamais
iria imaginar que o tal Mássimo Marino, chef de cozinha do programa
culinário, era o mesmo Mássimo amigo do Lorenzo e padrinho de
casamento da minha irmã.
Porém, devo dizer que estou um pouco apreensiva para o encontro
de amanhã. Todos os lugares em que citei seu nome, as pessoas tiveram
reações estranhas. Tipo... quando o Harry Potter falava o nome de
Voldemort e todos se sentiam incomodados... É bem próximo a isso o que
estou presenciando.
Paro na frente da Di Marino Buffet Italian, na área nobre de São
Paulo. É hora de almoço, mas este mês estou priorizando ajudar no
casamento. Diana está com quase oito meses de gravidez e anda tão cansada
que não tem como fazer tudo sozinha. Ainda bem que eu tenho carta branca
para resolver tudo do jeito que ela adora.
Abro a porta e falo com a menina do balcão.
— Bem-vinda a Di Marino Buffet Italian.
— Obrigada — respondo. — Eu sou Giovanna Soares. Somente
gostaria de confirmar a minha reunião com o senhor Mássimo amanhã.
Imediatamente, a mulher congela na minha frente como se tivesse
ficado petrificada. Tá vendo o que falei?
— Moça... — chamo a atenção dela.
— Si... sim. Somente um instante.
A mulher segue para dentro com passos apressados e chama a outra.
As duas ficam cochichando e me olhando sem eu entender de fato o que
está acontecendo. Até que os minutos passam e minha hora de almoço, que
é curta, começa a terminar.
— Oi... — chamo a atenção dela.
— Sim, senhora. — A primeira moça que me atendeu volta.
— Está tudo bem...? — peço confirmação, levantando uma das
minhas sobrancelhas.
— Pode deixar seu telefone. Quando o sr. Marino chegar, vamos te
mandar o lugar e o horário...
— Entendi, mas eu prefiro que seja próximo a essa biblioteca e no
horário do meu almoço. Pode passar para ele, por favor? — peço,
entregando um cartão com os meus dados.
Novamente, as mulheres se olham e somente balançam a cabeça,
assustadas. Agradeço ao sair, e quando estou abrindo a porta, escuto.
— Ela nem imagina, não é?
— Está claro que não — confirma a outra.
Passo o fim do dia trabalhando, mas a todo tempo fico pensando nas
falas das duas funcionárias. Porém, não vou ficar morrendo de véspera.
Nada é tão ruim que não possa ser melhorado.
Quem sabe o sr. Marino tenha o costume de ser firme com as
funcionárias? Pode ser só isso. Não é?
Se Deus quiser, será.
Mássimo

— Quem preparou este lixo? — pergunto.


Os funcionários da cozinha ficam se olhando, sem me responder.
— Se não me disserem, será pior para todos — alerto.
Eles ficam se olhando até que um deles levanta a mão.
— Fui eu, senhor...
— O meu garde manger[1] — declaro, com pesar —, jamais
esperaria isso de você. Sabe da responsabilidade das estrelas que temos na
nossa fachada e me faz algo assim. Isso é um ultraje para um profissional
do seu gabarito.
— Iremos refazer, senhor...
— Não precisa. Está demitido — informo, me direcionando aos
outros funcionários. — O Sous-Chef ficará responsável por localizar um
novo substituto. Vou ficar 15 dias longe e espero não ter problemas com a
minha ausência.
Todos permanecem me olhando.
— Viajarei para o Brasil, mas estarei me atualizando diariamente de
tudo que acontece. Compreendido?
— Sim, senhor — eles respondem em uníssono.
Pego as piores brusquetas que já presenciei na minha carreira e jogo
no lixo com prato e tudo. Depois, retorno para um dos meus escritórios, que
fica no último andar de um dos meus restaurantes em Roma.
Fecho a porta, me voltando para a minha sala e ligando o
computador para verificar como andam as minhas unidades ao redor do
mundo.
Abro a tela do software gerado pelo meu melhor amigo de infância,
Lorenzo Ricci, e começo a verificar as minhas unidades. Depois que
comecei a participar como chef especialista num programa de tv, meu
negócio mudou de proporção. O que era somente uma cantina italiana, em
Roma, se transformou numa rede mundial. Comecei a trabalhar para os
mais diversos nichos, desde buffet até os requintados restaurantes de alta
gastronomia, como no qual estou agora. Devido ao aumento expressivo da
demanda, precisei chamar um sócio para me auxiliar a gerir o negócio.
Desde quando conheci Filippo Pagano, que era recém-formado em
gastronomia, alguns anos mais novo do que eu, pensei ter encontrado
alguém para me ajudar de verdade com tudo isso. Ele se mostrava bastante
animado com tudo o que tinha conquistado sozinho e praticamente pediu
para ser o meu sócio. Com o capital que investiu, proveniente de uma
herança familiar na “Di Marino Italian”, conseguimos expandir a marca da
Europa e estamos passando os anos inaugurando unidades em outros países.
Como meu nome está à frente, tenho me focado nas vendas dos
livros de culinária do programa e em inaugurações. Filippo Pagano possui
outra função, ele gerencia as unidades que não estão funcionando como
deveriam. Seja na quantidade de clientes, o serviço que ficou ruim, ou
qualquer problema que possa impactar o negócio. Porém, quando o
problema é referente à cozinha a ponto de surgir uma crítica negativa, eu
mesmo resolvo a situação, fazendo rolar cabeças de funcionários
incompetentes sem pensar duas vezes.
Não há espaço na minha vida para algo inferior ao excelente. Toda a
minha trajetória se resume a isso. Por isso, o meu tempo é bastante
cronometrado para que eu possa resolver tudo o que preciso.
Por exemplo, daqui a quinze minutos, terei que fechar a verificação
dos números dos meus restaurantes no continente africano. Após, vou entrar
em contato com a minha assistente pessoal para confirmar em cinco
minutos sobre a minha reserva, visto, voo e eventos que terei no Brasil, na
turnê do livro de receitas da minha marca. Após isso, preciso responder
alguns e-mails urgentes — algo que somente eu faço — e, ao fim, irei para
casa descansar.

— Mássimo, seu telefone está tocando. — Um braço feminino me


desperta.
Abro meus olhos e vejo ser uma chamada do meu melhor amigo,
Lorenzo Ricci. Rejeito a chamada. Volto a rolar nas cobertas e a mulher me
abraça. Imediatamente, desperto ao percebê-la. Porém, me pergunto: como
ela chegou aqui?
Evitando quaisquer sentimentalismos banais, sou direto ao
questionar:
— Qual seu nome?
De início, a mulher procura um pingo de humor em minha fala, mas
como não sou dado a estes, sua expressão começa a mudar lentamente, se
tornando furiosa.
— É sério isso?
Ela senta na cama, completamente nua.
— Você não lembra de mim?
— Me desculpe, meu tempo é bastante corrido, eu...
— Você me convidou para vir na sua casa. Nos conhecemos e
almoçamos juntos em um dos seus restaurantes de Roma. Como você não
se recorda?
A desconhecida continua falando e aos poucos, consigo me lembrar
de onde a conheci. Foi próximo ao Coliseu. Ela é uma estrangeira de nome
estranho, que nem por um decreto me recordarei de como se chama. Eu já
cansei de almoçar com mulheres bonitas como a loira que despertou em
minha cama. No entanto, é somente mais uma.
Elas não anseiam mais pelo dinheiro de minha família, mas pelo
status de estar ao meu lado. Como se isso fosse acontecer. Aprendi desde
cedo o que movem os seus desejos e não serei um tolo a me deixar cair em
seus truques sórdidos.
— Chantal.
Questiono com o olhar e a mulher revira os olhos.
— Meu nome é Chantal. Ontem, enquanto estávamos...
— Tenho certeza de que não falei o seu nome — respondo, de
pronto, me vestindo. — Nem mesmo agora o fiz, como pode perceber.
— Mas...
— Senhorita, como é visto, nenhum de nós é criança. Por isso, seria
apreciável que não criasse fantasias de que depois de ontem irei te chamar
novamente para qualquer outra coisa. A noite passada se resumiu
exclusivamente a sexo, e como o dia clareou, já pode ir para sua casa que
tenho mais o que fazer...
— Como você pode falar assim comigo, Mássimo?
— Falar como? — questiono. — Somente estou sendo franco e
tirando qualquer resquício de sua mente de algo que nunca irá existir.
A tal da Chantal se veste, furiosa, e somente coloco uma cueca para
dispensá-la da minha cobertura.
No instante em que fecho a porta, meu telefone toca e é outra
chamada de Lorenzo.
— O que foi, Enzo?
— Desejo um belo dia para você também, meu amigo —
cumprimenta meu amigo, com ironia.
— Diga o motivo da sua ligação de uma vez. Sua última chamada
resultou em uma hora a menos de sono no meu...
— Tempo cronometrado — ele completa. — Responda-me. Até no
sexo você tem tempo certo para terminar?
— Vá para a merda, Lorenzo. Sua mulher não está te dando o que
deve e resolveu azucrinar a minha cabeça?
— Não mesmo — responde, rindo —, a minha Bela Dona é a mais
perfeita de todas. No entanto, estou te ligando para confirmar que virá ao
meu casamento...
Suspiro.
— Já falei que irei...
— Sim, mas quero saber se vai ajudar a minha cunhada na
ornamentação ou não.
Paro uns instantes, pensando.
— Eu já te respondi que iria. Espero que ela não seja irritante como
a maioria das mulheres que me aparecem.
— Isso é ótimo. Acredito que... — Ele para de falar. — Bem...
Giovanna é única e está fazendo de tudo para que o meu casamento
aconteça em 15 dias.
Suspiro.
— Já que tem pressa de abandonar a vida de solteiro pegador que
sempre levou, farei o meu melhor para que consiga com excelência.
Giovanna

— Eu marquei às 13:30 com o senhor Mássimo Marino — informo


para a hostess que me olha dos pés à cabeça, descaradamente.
Deus do céu! Que indelicadeza! Sei que meu vestido rodado de tom
rosado não é de grife, como ela está acostumada. Também sei que meus
sapatos não custaram mais da metade do meu salário. Porém, é necessário
me olhar desse jeito?
Totalmente desconfortável, dou um passo para trás e a mulher
continua me olhando como se eu fosse um inseto que nem deveria estar na
entrada deste refinado restaurante.
Então, comento:
— Moça...
— Ele está no seu escritório. Irei levá-la à mesa dele e vou chamá-lo
— responde, me guiando pelas mesas.
Confesso que não gostei em nada da maneira como ela está
trabalhando. Nunca que minha irmã faria algo assim com um cliente. Sim,
não tenho a menor cara das ricas que estão neste lugar, mas tenho total
certeza de que Alessandra jamais trataria um cliente assim.
— Aqui, senhora — indica —, gostaria de pedir alguma coisa
enquanto espera?
Olho para meu telefone e vejo as horas.
— Eu tenho pouco tempo — confesso, percebendo que tenho meia
hora, no máximo. — Acho que um suco de manga com pouco açúcar seria
o suficiente.
Ela passa o meu pedido para um dos garçons e aproveito para pegar
minha pasta, na qual estou catalogando todos os preparativos do casamento
da Di com Lorenzo.
Como Mássimo também é padrinho, precisa estar ciente de tudo que
fiz nesses últimos quinze dias. Até algumas amostras de tecidos para as
toalhas de mesa eu trouxe. Vai que ele tem alguma receita para usar algo
que combine que vá deixar o dia dos noivos mais especial? Assim espero.
Pensando bem, o tom verde dos arranjos de flores combina com aquele
prato famoso que minha mãe falou que aprendeu no programa que assistiu
do dono deste lugar. Mas qual é o nome mesmo?
Viro as páginas da pasta e vou tendo várias ideias ótimas para o
casamento. Porém, depois de anotar umas cinco, percebo que ele está
demorando demais para aparecer. Olho no telefone e quase surto de nervoso
ao ver que só tenho dez para retornar ao trabalho e...
— Você é Giovanna Soares? — Uma voz com um bem sutil sotaque
italiano surge atrás de mim.
Viro-me lentamente na direção do som e dou de cara com o deus
Apolo em pessoa. Nem precisa de apresentação para saber quem é esse
homem imponente, alto, com olhos azuis, rosto másculo e cabelos num tom
de loiro-escuro, meio acobreado. Tem uma barba bem desenhada e lábios
finos que mais aparentam estar irritados com algo ou alguém que...
— Irá me responder ou vai continuar me olhando?
— Oi? — questiono, me sentindo constrangida pela segunda vez
neste lugar. Agora, por ter sido pega no flagra por esse bonitão.
Ele suspira.
— Você se chama Giovanna Soares, irmã de Diana Soares? — ele
fala lentamente, como se estivesse falando com uma criança de cinco anos.
— Sim, mas porque...
— Você tem exatos cinco minutos para me dizer o que quer —
avisa, sentando-se à minha frente.
— Como assim, cinco minutos? Você que se atrasou — reclamo.
Ele torce o lábio.
— Sou muito ocupado. Quer perder tempo discutindo isso? — Ele
olha outra vez o relógio. — Quatro minutos.
O sangue começa a me ferver com a prepotência desse homem. Mas
se ele pensa que vai me derrubar, está completamente enganado. Estou aqui
para ajudar a Di e é isso que vou fazer. Se esse padrinho não se importa
com o casamento, problema dele. A minha parte, farei com muito orgulho.
Jogo meus ombros para trás, mantendo uma postura mais firme, e
mostro para ele todo o trabalho que fiz nesses últimos dias.
— A grande maioria das coisas já foram definidas, mas...
— Do que se trata isso? — pergunta, apontando para toda
organização que fiz.
— O planejamento do casamento. Não é óbvio? — pergunto.
Ele balança a cabeça para os lados e fecha a pasta de uma única vez.
— Você tem alguma especialização em organização de eventos ou...
— seu olhar tomba para os lados — quem sabe, ornamentação de festas?
— Não, mas...
Antes que eu acabe de responder, ele se levanta.
— Reunião terminada, senhorita Giovanna — informa, dando sinal
para um dos garçons —, não precisa se preocupar com a conta que...
— Mássimo! — eu o interrompo, gritando seu nome e chamando a
atenção de todos para nós.
Ele estreita seu olhar sobre mim, não gostando nem um pouco do
que fiz. Mas que culpa tive? Esse homem não me deixou falar.
— O que você quer?
Seu questionamento carrega uma fúria que nunca presenciei na
minha vida. O que será que esse homem tem?
— Eu... É que...
— Olhe bem...
— Me deixe falar ou vou te interromper novamente. Espera um
pouco. Eu fiz de novo.
Mássimo somente balança a cabeça, com ironia.
Deus do céu! Que homem irritante! Principalmente quando volta a
olhar para seu relógio.
— Vai falar ou dar escândalo, ou quem sabe cantar, Giovanna? —
questiona.
Bufo, frustrada por ser a primeira vez que lido com uma pessoa tão
complicada.
— Eu vim para ajudar... — argumento.
— Não é necessário. Chamarei um profissional...
— Eu sou a madrinha — retruco.
— Deveria pensar no seu vestido e essas coisas de mulheres, não
perder seu tempo fazendo algo no qual claramente não é apta.
— Quem falou que não sou apta? Eu sei o que minha irmã gosta...
— Porém, não é uma profissional.
Aponto para a pasta.
— Mas você nem viu o que eu fiz?
— Observei o necessário...
— E mesmo assim...
— Sr. Marino — um garçom o chama, tirando o foco da nossa
conversa.
Somente nesse instante, percebo que tem mais gente nos olhando.
Será que estávamos gritando um com o outro? Deus do céu! Ele pode ser
bem bonito como um príncipe, mas o que tem de aparência é o mesmo de
prepotência e arrogância.
Se pensa que vai se livrar de mim tão fácil, está redondamente
enganado.
— Vamos resolver o que...
Antes que dê mais dois passos com o funcionário, cutuco seu
ombro.
— O que você quer? — questiona, irritado.
— Mássimo, a gente ainda não terminou a nossa conversa.
— Eu já falei que...
— Eu vou ajudar. Posso não ser profissional, mas indiferente à sua
falta de educação, você não vai conseguir me tirar dos meus planos de
realizar os sonhos da minha irmã para o dia mais feliz dela. — Empurro a
pasta em seu peito. — Meu telefone está aqui dentro e me procure se quiser
saber o que estou fazendo. Passar bem.
Então, viro as costas e volto para fora com o coração batendo mais
forte que um tambor.
Vai existir homem mais irritante e arrogante do que Mássimo
Marino!...
Mássimo

Eu literalmente vou matar Lorenzo Ricci.


A culpa é completamente dele. Ter que aguentar essa princesinha
brigona em pleno expediente não tem cabimento. Gritar comigo? Isso nunca
aconteceu.
Quem manda aqui sou eu e ela pode vir com o seu vestido rodado,
seios bem-marcados, cabelos negros penteados, tiara na cabeça e sei lá mais
o que uma princesa usa para se ornar, que nada vai mudar.
— Senhor...
E ela acha que vou seguir suas ideias amadoras? Está redondamente
enganada se vou sequer abrir essa pasta de rabiscos. O excelente é meu
sobrenome. Não tem espaço para essa mulher irritante que...
— Senhor Marinho?
— O que é!? — respondo, mais irritado com a tal da Giovanna do
que com o garçom.
— Estamos indo...
— Correto, vamos então — aviso, entrando na cozinha.
Teve um atraso de um fornecedor e um dos pratos mais vendidos
neste restaurante está com quantidades limitadas. Isso jamais deveria ter
acontecido. Vejo com o gerente os responsáveis por esse fato inadmissível e
começo ameaçando aqueles que mais me causaram problemas.
Deixo claro que se não for solucionado em até uma hora, a empresa
não fornecerá para nenhum dos meus restaurantes ou parceiros meus. Eles
informam que em até 20 minutos teremos solução para a situação, e vou
verificar sobre o que anda acontecendo por aqui. Passo as ordens e quando
estou há mais de uma hora aguardando, começo a sentir um peso em meu
braço e percebo que ainda estou segundando a maldita pasta daquela
princesinha.
— Maledetta! — exclamo, soltando o documento na primeira mesa
vazia que encontro.
— Está tudo bem, senhor?
— Só depois de me livrar do casamento do meu melhor amigo e da
futura cunhada dele — afirmo.
— Aquela mulher linda que estava discutindo com o senhor? — o
homem questiona, e está nítido o interesse em sua fala.
Somente balanço a cabeça, confirmando.
— Preciso me livrar dela — confesso.

— Enzo, por qual motivo mandou sua cunhada resolver os assuntos


da sua futura esposa comigo?
Meu amigo suspira do outro lado da ligação.
— Max, Giovanna possui um grande apreço a essas organizações
para matrimônio...
— Ela não é uma profissional...
— Mas terá que aceitá-la. Giovanna fez com todo seu sentimento o
melhor que pôde nos últimos quinze dias. Peço que exerça a sua excelência
para que tudo fique perfeito para todos.
Bufo, furioso.
— Se não estivesse para se enforcar num casamento, eu mesmo te
mataria.
Eu o escuto rir.
— Acha correto deixar a minha Bela Dona sem mim, além de deixar
a pequena Agatha sem pai? Sabe que será o padrinho, e se eu não estiver...
— Está bem. Fique vivo e assuma todas as suas responsabilidades.
Vou falar com sua cunhada princesinha e resolver o dia da sua forca.
— Agradeço, meu padrinho.
— No entanto, você me deve um grande favor depois disso.
— Precisa do telefone de Giovanna?
No mesmo instante, os lábios rosados daquela mulher assaltam
minha mente, me recordando de que está na pasta.
— Não preciso.
— Está bem. Aguardo seu retorno, meu amigo.
Confirmo, desligando a ligação, e reparando na pasta “rosa pink”
que ela deixou comigo.
Puta que pariu! Vou ter que mexer nesse projeto amador de
organização para casamentos.
Cheio de dedos, abro a pasta, olhando na primeira página e vendo
escrito nas primeiras linhas as seguintes informações.

“Casamento de Diana e Lorenzo”


“Organização: Giovanna Soares (Madrinha e irmã da noiva)”

Mais abaixo está seu telefone e e-mail em um mar de detalhes em


cor-de-rosa, corações e glitter dourado. Só de ver tantas cores juntas, meus
olhos doem. Indiferente a isso, anoto o telefone e faço a chamada.
Na primeira tentativa, a ligação cai. Tento novamente, e no segundo
toque, é encerrada. O sangue começa a me ferver quando percebo a ação
daquela mulher, e só de raiva, tento outra vez.
E mais uma vez ela desliga, e a vontade que tenho é de jogar a porra
desse telefone na parede. No entanto, Giovanna não perde por esperar. São
somente sete da noite. Mais tarde tenho certeza de que vai me atender.
Giovanna

Não me recordo de ter ficado tão furiosa com uma pessoa como o tal
do Mássimo Marino conseguiu em menos de cinco minutos. Ele tirou o meu
pior, e olha que eu NUNCA fico irritada assim.
Que vontade que estou de esganar aquela cara bonita. E pensar que
vou ter que lidar com aquele infeliz viciado em tempo, prepotente e lindo.
Bem que podia ele ser feio, mas... pensando bem, ele é feio por dentro.
Todo aquele mar de arrogância e perfeição... Aff! Deve ser daquele
tipo de pessoa que se a meia estiver fora da posição na gaveta, ele demite a
empregada e manda comprar novas. Dos que nem sabe se vestir sem
precisar que um estilista renomado o diga como deve fazê-lo.
Deus do céu! Se somente cinco minutos foram insuportáveis,
imagina esses quinze dias. Ao invés de procurar sapos para ver se encontro
um príncipe, terei que engolir alguns para não destruir o casamento da
minha irmã com o amor da sua vida.
Bem que Lorenzo poderia ter um amigo que realmente prestasse.
Que tivesse empatia ou que fosse uma pessoa melhor. Mas não... É um
grosso que não sabe ouvir ninguém e adora mandar como um carrasco. E o
pior é que terei que lidar com ele por mais 14 dias.
Porque, pensando bem, se Mássimo não me ligar, eu mesma vou
precisar ir atrás dele para não ser completamente ignorada. Ai, que cruz!!!
Ainda bem que estou chegando na biblioteca, bem mais atrasada do
que é aceitável, e é tudo por culpa daquele homem. E pensar que não terei
tempo para comer algo, pois tem mais de quinze pequenos me esperando.
— Graças a Deus, você chegou! — minha amiga Samanta, que
também é bibliotecária, exclama assim que me vê. — Estamos tentando
entreter as crianças, mas elas estão loucas por suas histórias, Giovanna.
— Me deixa comer pelo menos um biscoito das crianças que eu já
começo.
Ela me entrega um pacote de lanche que entregamos no final e vou
comendo com pressa enquanto sou rebocada para as almofadas, onde o
grupo fica me esperando. Duas pessoas da biblioteca estavam tomando
conta dos pequenos e quando eles me veem chegando, gritam animados.
Esse é um dos meus melhores momentos. Não sou uma profissional,
mas me sentar para transportar cada uma dessas cabecinhas para um outro
mundo é o que mais gosto de fazer. Incentivar a gostar de história é o início
para formar um futuro leitor de livros. Não somente isso, quem sabe daqui
saia um autor de sucesso? Para isso, é preciso imaginar e criar, então faço o
meu melhor para que eles consigam atingir esse objetivo.
— Boa tarde, pessoal. Eu demorei um pouquinho, mas não vai
atrapalhar a nossa atividade. Hoje eu trouxe uma história de um menino que
foi morar em um pequeno planeta lá no céu, com uma flor. Quem quer
ouvir?
— Eu! — gritam em uníssono.
— Então, vamos começar a contar a história do livro, chamado “O
Pequeno Príncipe”.

— Enfim, a sexta-feira começou! — comemora um novo


contratado, chamado Diogo.
Ele é o novo rapaz do TI da livraria, depois que Gaspar conseguiu
trabalhar na mesma empresa que a minha irmã; duas pessoas tentaram
assumir a vaga, mas o mais recente é o que gosta mesmo da rotina tranquila
que o nosso sistema de catalogação literária exige.
— Gio, quer vir conosco? — Samantha me convida. — Vamos
curtir um pouco a sexta e depois vamos embora.
Bem que seria uma boa, mas amanhã, mesmo sendo sábado, eu vou
trabalhar e... tem um livro maravilhoso que comprei no meu kindle me
aguardando. No entanto, não dá para dizer que ficarei em casa para ler —
uma verdade que todas as leitoras assíduas compactuam comigo. Ninguém
nos entende. Então, simplesmente respondo:
— Tenho que ajustar algumas coisas do casamento. Vou tentar ir na
próxima.
Ela confirma, sem muito crédito, e, em seguida, me despeço e vou
para o ponto de ônibus.
Depois de quase meia hora esperando, o ônibus aparece. Dois
minutos depois de entrar nele, sinto meu telefone vibrar. Coloco a mão na
bolsa com pressa, somente interrompendo o toque da chamada, pois aqui
não é o melhor lugar para fazê-lo.
Um minuto depois, o aparelho toca novamente, mas não atendo.
Não sou doida de atender ligação em um lugar público, principalmente num
ônibus vazio como este. Comprei o telefone não faz nem três meses,
parcelado, no cartão, vai que aparece um trombadinha do nada? Quando
chegar em casa, retorno para seja lá quem for.
Vinte minutos, é isso que espero para chegar em casa, vendo a noite
paulistana passando pela janela. Desço e caminho rápido, passando no
mesmo ritmo pelo portão de casa. Assim que entro, vejo meus pais na sala
assistindo a uma novela. Dou um alô rápido e vou para o quarto que agora é
só meu.
Bato a porta e imediatamente me lembro da época em que éramos
eu e minhas irmãs aqui. Diana, na mesa de computador, digitando sem parar
seus códigos que ninguém entende, e Alessandra, desligada do universo e
pensando na sua agenda de trabalhos freelancer, o que faz até hoje.
Nossa, que saudade dessas minhas melhores amigas que a família
me deu. Sei que quase sempre estão por aqui, mas não é mais a mesma
coisa. Elas encontraram, sem procurar, o amor de suas vidas, e agora estão
sendo felizes com seus amados.
Diana, que se foi há pouco tempo, está pertinho de se casar com um
italiano, que é o pai verdadeiro e em sigilo do seu bebê, e...
— Filha, vai vir jantar? — minha mãe me chama.
— Vou tomar um banho e já vou — respondo, pegando roupas e
toalha.

Quem disse que parei? Depois de jantar e lavar a louça, agora vou
para a cama ler aquele romance delicioso que peguei no meu Kindle. O
mocinho é um italiano mafioso para ninguém botar defeito.
A mocinha não gosta tanto dele porque sabe da vida criminosa, mas
que homem de pegada! Só de ler, dá para imaginar as coisas que ele faz e o
jeito exato de como ela sente. Nessas horas eu queria estar vivendo uma
história como essa. Não com um mafioso, mas com um homem desse tipo.
Meio “Poderoso gostosão da virilidade”...
Adrian. Este é o nome dele. Um nome curto, bonito e sexy, que faz a
gente ficar com calor só de conhecer. E assim, a história vai acontecendo.
Enquanto vou lendo, o tempo vai passando, a mocinha vai falando
dele e vou me revirando na cama, lendo e querendo ser ela.
Na cena em que estou agora, os dois estão no elevador do prédio de
uma das empresas de fachada dele. Ele já falou que a quer como esposa e
não aceitará um não como resposta. A moça já negou de todas as formas
possíveis, mas o cara vai cercando-a até que acontece o primeiro beijo. As
mãos dele sobem pela perna da mulher, que começa a pegar fogo e...
Trim trim.
— Ai!
Dou um grito, como se tivesse sido pega no flagra. Demoro uns
instantes para perceber que é somente o meu telefone. Vou até a bolsa para
buscá-lo. Quando vejo a tela, percebo um número estrangeiro, achando ser
do meu futuro cunhado, com alguma notícia da Di. Atendo na hora.
— Alô!
— Agora tu mi atende, não é, princesinha?
Ai, meu Deus! Parece que o mocinho do livro se tornou real.
Alguém me abana, que esse sotaque italiano é de parar o trânsito. Agora dá
para entender porque a.... Espera um pouco.
— Mássimo? — pergunto, clamando aos céus que seja o Adrian que
descobriu meu telefone e se tornou real, em meio a um desejo que fiz
inconscientemente para a estrela cadente.
— Quem esperava que fosse?
Não é o Adrian. Ai, meu Deus! Então, imediatamente, todo o fogo
que estava sentindo se extingue, como se tivesse tomado um grande banho
de água fria.
— Isso é hora para você me ligar? — questiono, nervosa, olhando o
relógio e vendo que são mais de 2 da manhã.
— Você deveria estar descansando, mas está toda agitada, no é?
Que ranço!
— O que você quer?
— Com quem você estava falando? Princesas deveriam estar
dormindo a quest'ora.
— E ogros, nas masmorras — respondo.
— Está muito silêncio onde você está...
— Mássimo...
— Por que no me atendeu antes?
— Aff! Eu tenho uma vida, que graças aos céus, é bem distante da
sua. Me fala de uma vez o que você quer me ligando às 2 da manhã?
Está para nascer homem que me deixa mais irritada do que Mássimo
Marino. Não tem cabimento. Eu o conheci hoje, mas ele me faz ferver de
um jeito que não é legal. Sendo sincera, não é nada bom!
Mássimo

Por que ela atendeu daquela forma? A voz como se tivesse quase
gozando e... Puta merda! Eu conheço as mulheres. A princesinha está com
alguém. Não tem como gemer com as palavras às 2h da manhã sem estar
acompanhada, e eu quero que ela me confesse.
— Mássimo!
— Giovanna, vou te ligar amanhã. Está claro que sua companhia
não que me ouvir falando contigo a esta hora.
— Do que você está falando?
Bufo com a ironia. Mulheres. Sempre mentirosas.
— Não minta porque eu sempre descubro. Nada fica escondido de
mim, Princesinha.
— Nem sei do que você está falando. Só pode ter batido com a
cabeça ou estar bêbado.
— Como disse?
— Mássimo, se está me ligando para somente me perturbar mais um
pouco, fique sabendo que não vai se livrar de mim tão fácil. Amanhã eu
falo contigo e a gente resolve os assuntos do casamento da Di e do Lorenzo.
Agora... — ela pausa — eu vou dormir.
Rio, tendo certeza de que não é dormir o que ela pretende fazer.
— Giovanna...
— Boa noite!
Então, a ligação é encerrada.
Maledetta!
Outra vez ela me corta. Tinha a intenção de puni-la por não me
atender, mas claramente era eu quem estava saindo por baixo dessa
chamada. Agora me arrependo do motivo pelo qual resolvi fazê-lo.

Eu deveria ter dormido tranquilamente, mas são seis da manhã, e


não consegui pregar o olho imaginando o que aquela mulher fez durante o
restante da noite. E pensar que terei de vê-la em poucas horas...
Eu tenho ciência de que ela é muito bonita. Lábios carnudos, olhos
castanhos, seios no tamanho certo, cintura fina e... Sim. Tem aquele ar
enjoativo de princesa romântica pronta para dizer sim no altar, mas será que
é assim em todas as formas de seu dia? Quem sabe se comporta de uma
maneira mais ousada quando não está usando...?
Que merda!
Por que estou pensando nela desta forma? Eu deveria estar
dormindo, mas a voz daquela mulher me deixou desperto. Melhor dizendo,
excitado pra cacete.
Jogo o telefone na cama e vou para a cozinha tomar uma água
gelada. Se tiver algum calmante aqui... Sendo sincero, o que eu preciso
mesmo é de tomar um banho gelado e não pensar em transar com a futura
cunhada do meu melhor amigo.
Pensando bem, melhor mesmo é um banho gelado. Saio da cozinha,
já me encaminhando para o banheiro. Água fria é o remédio. Abro o
registro, me sentindo quase congelar com o jato batendo nos meus bíceps.
Depois de uns 10 minutos me esfriando, consigo sair mais tranquilo
e me arrumar para ir trabalhar. Em seguida, solicito um motorista do hotel
que pontualmente me leva para um dos meus restaurantes, mesmo sendo
antes das seis da manhã.
Duas horas no meu escritório. Esse é tempo que necessito para
verificar as notificações dos meus gestores e analisar os números. Nos
importantes, está uma mensagem de Fillipo, me avisando que terá que
verificar uma das unidades da América do Norte e talvez montar um novo
evento para aquecer as vendas. Analiso a unidade e confirmo, deixando
esclarecido que somente em 13 dias irei embora daqui.
Continuo revisando os problemas e quando está chegando às 08h da
manhã, resolvo mandar uma mensagem para Giovanna.
Sim, afirmei que era completamente dispensável, pelo claro motivo
de que quero tudo de forma excelente, e a ausência completa de
conhecimentos sobre o assunto já deixou encerrada por completa a situação.
No entanto, depois de ouvi-la daquela forma... tenho uma necessidade
extrema de vê-la outra vez.
Por isso, escrevo:
“Bom dia, Giovanna. Como seremos padrinhos de casamento e
estamos ajudando aos dois neste enlace recorde, posso reconsiderar meus
argumentos iniciais e encontrá-la hoje, no mesmo horário de ontem. Terá à
disposição os melhores vinhos e refeição ao meu nível, por conta da casa,
para que possamos expor de maneira mais clara o que faremos.
Mássimo Marino.”
Isso é o suficiente para trazê-la outra vez para perto.
Giovanna

Ele só pode ser louco, perturbado das ideias. Me ligar às 2h da


manhã?
Eu estava no bem-bom com o “Adrian mafioso gostoso”, e fui
arrancada dos braços dele para cair no colo de Mássimo, que mesmo sendo
lindo, mais se parece com... uma fera raivosa.
Outro ponto. De onde ele tirou que eu estava acompanhada? Depois
que minhas irmãs estão praticamente casadas, agora, no meu quarto, sou
somente eu e meus livros. Só deve ter batido a cabeça ou algo do tipo.
Volto para a cama e tento ler novamente o meu kindle, mas a cada
fala de Adrian, minha imaginação reproduz com a voz do prepotente do
Mássimo. Isso não tá dando certo. Que saco! Provavelmente vou ter que
trocar de livro e cometer o pecado de parar na metade. O que nunca faço!
Pensando melhor, acho que é bom eu ir dormir. É sábado, mas tem
uma programação infantil montada para amanhã à tarde, posso descansar a
manhã toda. Ou seja, nada de Adrian ou de Mássimo Marino por um bom
tempo.
Pi pi pi!
— Só mais um pouquinho — falo, com o despertador rolando nos
cobertores.
Está tão quentinho nessa manhã fria de São Paulo que a vontade é
nenhuma de sair da cama. Abraço mais forte o travesseiro e quando estou
pegando no sono outra vez, o despertador toca novamente.
Olho no aparelho e percebo que são mais de 9 da manhã. Remarco o
despertador para depois das 10 e volto a dormir, feliz da vida com todos os
minutos que tenho.

— Diana, eu já vi as flores. Serão brancas, do jeitinho que o seu


estilista exigiu para combinar com o vestido.
— Eu sei, Gio. Só fico preocupada... Eu nunca me imaginei casando
e Lorenzo quer tanto... — ela suspira — e pensar que neguei seu primeiro
pedido.
Rio das loucuras da minha irmã mais velha.
— Di...
— Eu sei que fiz certo. Também acho que essa pressa também tem a
ver com aquele — ela abaixa o tom — segredo nosso.
Mordo o lábio, compreendendo a ideia mirabolante que tive para
ajudá-la com os nossos pais. Foi um pouquinho fora da curva, mas deu
certo demais. Graças aos meus livros.
— Então, você deveria me agradecer, Di — afirmo, entrando na
livraria. — Vai se casar com um homem lindo que te ama e sua irmã ajudou
para que tudo desse certo.
— Sim. Você já merece todos os agradecimentos. Mas me conta,
como foi ontem com Mássimo?
Trim Trim!
Como invocação do mal, o nome dele pisca na tela.
— Irmã, vou ter que falar sobre isso depois. Acredita que o próprio
está me ligando?
— Sério? Você deve ser importante — comenta, com um risinho que
não me agrada. — Enzo fala que tudo nele é tão cronometrado que é difícil
ele ligar para alguém. — Ela ri. — Fique sabendo que vou querer saber de
tudo, dona Giovanna.
— Não sei do que está falando — declaro. — Aquele homem, o que
tem de bonito, tem de insuportável.
— Bonito... — comenta com ironia.
Reviro os olhos
— Tchau, Diana — despeço-me e levanto quando o telefone começa
a tocar mais uma vez.
Depois do sexto toque, atendo à chamada dele.
— Tuo telefono é decorativo, Princesinha? — atende do jeito
corriqueiro de sempre.
Por isso, entro na ironia, começando a ferver de ódio.
— Nossa, nem bom dia eu tenho direito.
— Bom dia? Não viu as horas? Já é meio-dia e dez minutos. Seria
boa tarde.
Fecho os olhos, tentando me concentrar para não me estourar com
ele.
— Por que você me ligou?
Ele suspira.
— Não viu a minha mensagem?
— Que mensagem?
— Aff! — Escuto ele bater em alguma coisa. — Trate de aparecer
em até 10 minutos no meu restaurante...
— Eu não vou!
— Giovanna...
Imediatamente, desligo a chamada. Em seguida, respiro fundo
tentando me controlar.
Que homem mais irritante! Me ordenando como se fosse o meu
dono? Jamais!
Porém, de que mensagem ele está falando? Olho no telefone e
encontro o seu convite/intimação. Se pensa que vou cumprir, Mássimo
Marino está redondamente enganado.
No entanto, temos um casamento para organizar em conjunto. Por
isso, respondo à sua mensagem digitando:
“Boa TARDE, sr. Marino.
Não terei disponibilidade de ir ao nosso encontro de trabalho. Caso
queira, pode comparecer no meu local de trabalho, na biblioteca
municipal, que irei verificar a minha disponibilidade de horários.
Giovanna Soares”

Pronto.
Provavelmente ele não vai vir nem por intimação judicial. Vai falar
que os livros não são novos. Que tem poeira e...
Ai, merda! Por que mandei essa mensagem? Se quero mantê-lo
distante, por que falei sobre isso? A burra resolveu dar o endereço de onde
trabalha.
Melhor apagar essa mensagem e...
“Estarei ao fim do dia, Princesinha”
Merda!!!
Mássimo

Disponibilidade de horários?
Quem precisa de disponibilidade para conseguir organizar livros
numa biblioteca? Isso é um disparate. Eu deveria bloquear o seu número,
não mais cogitar olhar em sua cara e muito menos pensar no seu nome.
Porém, ao contrário de tudo, me vejo respondendo.
"Estarei ao fim do dia, Princesinha"
Por que o fiz? Nem imagino. No entanto, não me arrependo.
Na verdade, toda essa situação tem a ver com Lorenzo e seu
casamento relâmpago. Mais parece que meu melhor amigo tem uma
obrigatoriedade de se enlaçar.
Por que, recordando seu passado, quem diria que um dia faria algo
assim? Meu amigo sempre se orgulhou de usar as palavras certas para
conquistar o sexo oposto. Conseguia o inimaginável delas, e de repente me
liga falando que engravidou uma " Bela Dona" e que está gostando dela.
Não demorou muito para dizer estar apaixonado, que vai ter uma filha.
Poucas semanas mais tarde, me avisou do casamento.
Nunca fui a favor dessa loucura toda. Desde sempre tive um
pensamento certo sobre o que as mulheres querem. E tenho certeza de que
essa brasileira está prestes a realizar o maior sonho financeiro de sua vida.
De minha parte, continuo fazendo o meu excelente rotineiro, mas
imagino que Lorenzo, quando perceber o que de fato ocorre, seguirá o
caminho do meu pai. Vários casamentos e nenhum a longo prazo.
A única penalizada nisso tudo é a criança que ainda não nasceu.
Porém, sei que com o tempo vai aprender de verdade quem são as pessoas.
Ou quem sabe, seja eu a fazê-lo.

Não devia ter respondido à mensagem, mas indiferente à minha


vontade, finalizei o meu dia pensando na sua voz naquela ligação. Maldita
hora que resolvi revidar por não ter me atendido. Agora, minha maior
ambição é tirar da sua garganta um gemido de prazer e...
Maledetta!
Por causa dela, minha mente está povoada desses pensamentos
abrasadores. A vontade de pegar em sua cintura, tomar seus lábios, beijar
seus seios e...
Cazzo! Que lugar poeirento é este em que entrei?
Olho para os lados, vendo as paredes repletas de livros, e ao invés
do silêncio absurdo, o qual deveria estar presente, escuto gritos de crianças.
Por um instante, penso se não entrei no lugar errado. Porém, diante
da enormidade de livros antigos que tenho diante de mim, sei que estou no
lugar correto. Todavia, por qual motivo este barulho?
— Aquelas crianças estão terríveis e... — Uma mulher passa por
mim. — Boa tarde, senhor. Em que posso ajudar?
Olho para meu relógio, vendo o tempo que estou perdendo, volto-
me para ela e digo:
— Estou à procura da senhorita Giovanna. Ela trabalha aqui,
correto?
— A Gio? Tem certeza? — ela me questiona.
Junto as sobrancelhas, estranhando o seu retruque. Se falei o nome
da pessoa, qual motivo existe para dúvida?
— Pode deixar aqui... — Um homem jovem e forte, trajando roupas
informais, aparece segurando uma caixa. — A biblioteca não está fechada
por ser sábado? — pergunta ele para a mulher, me olhando.
— Ele é um advogado estrangeiro que está procurando a Giovanna.
Advogado? Eu não falei que era isso.
— Será que tem alguma intimação? — ele pergunta.
— Não sei — a mulher responde e se vira para mim. — Você tem...
— Não sono un advogado — esclareço com rispidez. — Vim me
incontrare com Giovanna. Façam o favor de chamarem-na de uma vez.
Finalizo a fala e no mesmo instante, o que considero ser o faz-tudo
me encara.
— O que você quer com a Gio? — questiona, cruzando os braços.
— Não é do seu interesse — respondo no mesmo tom. — É, sim, do
dela. Então, por que não vai fazer o que falei?
Ele chega mais perto de mim, tentando me intimidar. Se imagina
que isso atingirá algum efeito, está redondamente enganado. Posso não ter o
físico de um lutador, mas aprendi a brigar desde jovem.
— Você não vai falar com a Giovanna. Eu não vou permitir isso —
declara.
De início, penso que não gostou da minha maneira de interagir, mas
em poucos instantes, surge em minha mente qual deve ser a nova motivação
dele. Será que ele é o homem que estava em sua cama ontem à noite?
Se for, aconteceu pela última vez. Somente pela afronta, eu a farei
esquecer de uma vez por todas que este qualquer um dia a tocou. Ou não
me chamo Mássimo Marino.
Giovanna

— Então, o valente cavaleiro matou o dragão e...


— Giovanna! — Paro na hora, ouvindo o chamado da recepcionista.
— Tia Gio — uma das crianças me chama, mas me atento ao
chamado de Júlia.
Peço um minuto para as crianças, chamo um dos ajudantes
voluntários para que possa entretê-las, e vou ao encontro da minha colega.
— O que foi, para você me gritar assim?
— Está quase acontecendo uma briga lá fora — informa.
— Então, chame a segurança...
— É na recepção.
— Mas o que eu...
— O Tomaz e um bonitão estrangeiro, que tem cara de advogado,
estão quase caindo no braço por sua causa.
— Como é que é? — Corro para a entrada, já preocupada.
Isso nunca tinha acontecido. Homens brigarem por minha causa?
Jamais. Trabalho há anos aqui e... Ai, não!
— Mássimo! — exclamo assim que o vejo.
Seus olhos correm meu corpo de um jeito nada decoroso.
— Pelo menos existem persone neste lugar que sabem fazer o
mandam.
— Gio, volta lá para dentro. Vou dar um jeito nesse engravatado que
se acha — Tomaz manda, sem me dirigir o olhar.
— Giovanna, esclareça de una vez para esse homem por que estou
aqui.
Que raiva estou sentindo de mim por ter mandado aquela mensagem
mais cedo. Se eu pudesse voltar no tempo...
Infelizmente, isso não é possível. No entanto, é minha culpa, e por
esse motivo terei que ir com ele. Então, afirmo:
— Eu o convidei — declaro com pesar.
Na mesma hora, Tomaz me olha com descrédito.
— Esse cara prepotente e arrogante? — ele me pergunta.
— Com quem você pensa que está falando? — pergunta Mássimo,
se direcionando a Tomaz.
— Com um ricaço que acha que pode tratar as pessoas do jeito que
quer porque tem dinheiro. Estou errado?
Vejo a mão de Mássimo fechar em punho e me meto entre os dois,
tentando evitar a agressão, de fato. Porém, como sou pequena, não muda
muita coisa com esses dois enormes.
— Bem típico do tuo ti de pessoa me rotular dessa forma. No
entanto, não tenho tempo para perdere con seres ignoranti que...
— Mássimo! — exclamo, o interrompendo.
Tomaz compreende completamente o que seria dito e ferve de ódio.
— Quero ver a sua carinha bonita com um...
— Parem os dois! — exclamo, fazendo-os me olhar. — Tomaz, eu
marquei um encontro de padrinhos com Mássimo.
— Padrinho?
— O casamento da minha irmã, Diana — esclareço. — Ele é o
melhor amigo do noivo...
— Giovanna, as crianças querem o fechamento da história — minha
amiga Samantha me interrompe.
— Droga. Estava quase esquecendo. Estou indo — respondo e me
viro, direcionando-me aos dois. — Tomaz, ele vai ter que me esperar...
— Eu não tenho tempo...
— Vai ter que ter — eu o interrompo. — Tenho mais de 15 crianças
esperando uma história e precisei largar tudo para apartar uma briga
eminente — informo a Mássimo, que cerra os olhos para mim. — Vai se
opor contra as crianças?
Ele somente nega com a cabeça, caminhando até os bancos.
Assim que se afasta, Tomaz me pega no braço, me chamando para
um canto. Ele é um dos funcionários mais antigos daqui e o vejo como um
irmão protetor.
— Gio, esse cara é um esnobe presunçoso que não merece um
segundo da sua atenção.
— Eu sei. Se fosse por mim, também teria o mandado embora, mas
eu já te falei. Ele é padrinho e melhor amigo do noivo da minha irmã.
Porém, em menos de quinze dias vou me livrar dele.
Ele passa as mãos em seus cabelos escuros.
— Eu estou me segurando para não dar um murro na cara daquele...
— Por favor, não faz isso — peço. — Mesmo sendo aquilo tudo que
você viu, também é o famoso chef de cozinha Mássimo Marino.
— O autor que vai lançar o livro na terça? — Júlia se mete na
conversa.
Somente confirmo com a cabeça.
— Era só o que me faltava — reclama meu amigo.
Então, novamente me chamam e volto para as crianças. Quando
finalizo, vou para a recepção e vejo a expressão de poucos amigos de
Mássimo. As crianças passam, mas o sinto me observar, ignorando tudo ao
redor.
Não sei como me sentir perante a isso. Porque seu olhar não é de
raiva como presenciei ontem. No entanto, parece mais... sensual. Como se
quisesse algo comigo. Porém, depois de todas as grosserias que me disse,
jamais teria alguma coisa com esse homem.
— Podemos ir? — pergunto.
Ele demora para responder, ao passo que me olha demoradamente.
— Essas são as crianças?
Confirmo com a cabeça.
Então, ele somente se levanta, indo para fora, um pouco à minha
frente. Vejo um carro importado na frente da biblioteca e o alarme pisca
quando me aproximo, dando-me um susto. Mássimo abre a porta para que
eu entre.
— Para onde vamos? — pergunto.
— Um lugar bem longe da qui. — Ele indica, sem rodeios. — Entre,
Giovanna.
Está mais do que claro que ele não é um doce de pessoa, mas é
literalmente uma das piores pessoas que já tive o desprazer de conhecer.
Porém, indiferente a isso tudo, não quero fugir para as montanhas, bem
longe de sua presença imponente. Na verdade, estou tentada em descobrir o
lugar para onde vamos e também ter finalmente a nossa conversa de
padrinhos.
Atrasados?
Muito, sim, mas vamos descobrir o que acontece.
Mássimo

Passei mais de uma hora do meu escasso tempo esperando uma


mulher. E não era para que se arrumasse e fosse direto para os meus braços
como faço com muitas, mas que ficasse em pleno sábado contando história
para crianças, e pelo que vi, são muitas.
Já compreendi a estratégia dessa mulher. Quer ser a madrasta que
gosta de crianças e conquistar um viúvo ou um divorciado. Na pior das
hipóteses, um casado num casamento conturbado. Ou seja, estou fora do
seu radar, mas nada significa que ela está distante do meu.
A voz de Giovanna mexe comigo de um jeito fora do comum e me
sinto obrigado — assim como desejoso — a fazer com que ela fale daquela
forma no meu ouvido. E até a noite do casamento, conseguirei o que
almejo.
— Para onde estamos indo?
É a segunda vez que ela me questiona. Não decidi ao certo, mas não
quero que seja em um dos meus restaurantes ou ao alcance do tal faz-tudo
que trabalha com ela. O objetivo é claro. Surpreendê-la. Mesmo que ela
queira somente conversar sobre o casamento da irmã.
Continuo guiando, até que paro na frente de um restaurante
requintado com uma vista perfeita de um colega de profissão.
Paro na entrada e um manobrista me auxilia a sair. Vou para o outro
lado, mas Giovanna está parada, olhando para a frente.
— Você entende que saí do trabalho agora e nem me vesti para
entrar num lugar como esse, não é? — questiona.
Reviro os olhos.
— Nossa mesa é num local reservado. Não precisa se preocupar
com vestimentas. Não tenho a menor intenção de atrair olhares.
Então, ela respira fundo, ignora minha mão estendida para ajudá-la e
caminha à minha frente, parando próximo da entrada.
Respiro fundo, caminhando e parando ao seu lado, enquanto indico
a entrada. Ela me segue e ao costume das vezes em que compareci, somos
conduzidos pelo maitre até a sala reservada.
Dez lugares numa mesa redonda, luz fraca diferenciada somente
para que possamos ver o que iremos apreciar, um som ambiente agradável e
uma princesinha em seu vestido rodado ao meu lado. Que copilado
incrivelmente fora dos meus padrões!
Giovanna é a primeira a se acomodar e fica me olhando.
— Você trouxe a pasta?
— Que pasta?
Ela bufa, irritada.
— Não acredito que você esqueceu, Mássimo.
Torço o lábio.
— Eu não me esqueço...
— Então me diga onde está a pasta com todas as minhas anotações
para o casamento?
Fecho os olhos, compreendendo que pela primeira vez ela está certa.
Realmente esqueci.
— Giovanna...
Ela se levanta mais irritada do que antes e num ato repentino, seguro
seu braço, a impedindo. Por que fiz isso? Mesmo tendo total ciência do que
todas as mulheres ambicionam, essa “princesa-mulher” consegue me atingir
de uma forma completamente incomum.
Meu toque arrepia seu corpo e uma eletricidade me atrai para ela. Eu
sei o que quer. Seus olhos estão presos aos meus, os lábios, levemente
entreabertos. Sua respiração está mais acelerada. É o mesmo que desejo.
Então, minhas mãos vão para sua cintura enquanto a trago mais para perto
e...
— Boa noite, senhor Marino. Gostaria de fazer o seu pedido?
Somos interrompidos pelo garçom que teve a audácia de entrar na
sala reservada sem ao menos bater na porta.
— Volte daqui a meia hora — ordeno, em fúria — e bata na porta
antes de entrar.
— Mássimo...
— Saia agora mesmo! — concluo.
O homem pede desculpa e se retira, mas já impediu o suficiente.
— Por que você falou com ele assim? — ela me questiona.
— Ainda pergunta? Um funcionário jamais deve interromper um
cliente. No meu restaurante, isso é cabível de demissão com todos os
deméritos possíveis e...
Ela toca em meu ombro, me parando.
— Você não vai pedir que o dono faça isso, não é?
— Por que está agindo em compaixão com um desconhecido? —
questiono, não gostando do rumo desta conversa.
Giovanna se afasta, irritada, antes de prosseguir.
— Já ouviu falar em empatia? — questiona com ironia.
O que essa mulher pensa que sou? Porém, neste ambiente
requintado não há cabimento para esse tipo de acontecimento. As coisas no
meu ramo de trabalho funcionam exclusivamente em preto e branco. Fora
disso, é onde surge a incompetência, a qual presenciei há pouco.
— Não sei porque ainda insisto — comenta consigo mesma.
Depois, pega sua bolsa e tenta sair.
— Aonde está indo?
— Pra casa — afirma.
— Ainda não tivemos a nossa reunião, madrinha — informa.
— Como poderíamos? Você não trouxe nada para falarmos do
assunto, padrinho.
Aproximo-me dela.
— Não preciso de papéis e pastas. Minha memória é superior à
maioria, cara mia.
Ela solta uma risada.
— Do que está rindo? — questiono.
— Faz menos de dois dias que te conheço, mas com toda a sua
prepotência de nascença, é mais do que certo que ache que até a sua
memória é acima da média.
Puxo uma cadeira para que se sente. Ela fica me olhando sem dizer
mais nada. Então, digo:
— Não se trata de um singelo achar, Giovanna. — Puxo a cadeira
para que ela se sente. — É semplicemente ser.
— Eu acho melhor ir embora...
— Penso que o melhor é continuar de onde paramos.
Ela fica paralisada diante da minha fala; sinto que se perde nos
mesmos pensamentos que os meus. No quase-beijo.
Foi por pouco, mas não permitirei que sejamos interrompidos outra
vez. Giovanna, com todo o seu jeito de Princesa-Mulher, consegue capturar
toda a minha atenção com somente a sua presença. E eu ainda não descobri
como isso ocorre. No entanto, irei, muito mais cedo do que ela imagina.
— Pedirei para nós, agora mesmo.
Giovanna

Por que não fui embora? Por qual motivo ignorei todos os
aconselhamentos que recebi de não o encontrar e estou aqui? Parada, diante
desse homem lindo e estupidamente arrogante.
Seus olhos azuis me encarando à meia-luz me faz pensar no
personagem do meu livro. O mafioso Adrian. Sei que não devia, mas a
descrição da autora e aquela maldita ligação na hora errada...
Já sei por onde começar a conversa.
— Mássimo. Por que me ligou ontem de madrugada?
— O que disse? — pergunta, tirando a atenção do cardápio.
— Acho que você me escutou.
— Acha?
Ele desvia o olhar de mim e só então percebo que agiu assim porque
errei ao usar a palavra. Porém, o que mais poderia fazer? Aff! Não tá dando
certo ele me encarando assim. Estou sentindo algumas coisas estranhas e
não são nada legais. Pensando bem, é melhor cortar o mal pela raiz e
colocar na minha mente que mesmo sendo um italiano lindo, não é o
mafioso delicioso do meu livro.
— Eu pensei em usar off-white nas cores para o casamento e a
Diana concorda. Tem algum prato daqueles requintados que possa combinar
com um casamento no fim de tarde?
Desta vez, o surpreendi. Seus olhos estão atônitos, me olhando
como se estivesse falando da rotação dos planetas em linguagem de sinais.
Mas, pelo menos, consegui desfazer aquele clima estranho em que
estávamos.
— O que quer, Giovanna? Preciso que...
O que eu quero?
Nossa! São tantas coisas. Encontrar o meu tão esperado príncipe, me
casar, morar numa casa enorme e encher os quartos de crianças, frutos desse
amor. Isso é só o começo.
Também tenho projetos de incentivo à leitura para crianças e, quem
sabe, talvez uma escola de jovens autores?
Depois poderia ter uma editora e lançar obras que poderiam girar o
mundo e conquistar muitos corações. Tudo começando quando o meu amor
surgir no meu caminho. O que infelizmente ainda não aconteceu.
— Giovanna?
— Oi?
— Responda — exige.
— Sobre o quê? — questiono.
Ele torce o lábio e fico sem saber o que dizer. Me distraí em minhas
divagações do meu mundo perfeito e me esqueci completamente do que
conversávamos. Se ele não me disser, vai continuar irritado, sem que eu
responda. Tudo por eu simplesmente não tê-lo escutado.
— Mássimo...
— Você começou falando do casamento e não disse mais nada.
Acredito que já tenha percebido que não tenho tempo para frivolidades e...
Lá vem ele de novo. Deus do céu! Quem aguenta? Agora sei porque
até hoje é solteiro. Ninguém consegue suportar uma pessoa assim por muito
tempo. Não é projeto de príncipe para ninguém e mesmo sendo lindo, com
seus cabelos loiros, olhos azuis, porte elegante e muito rico, não indicaria
ele para nenhuma inimiga minha. Porque até elas merecem coisa muito
melhor.
— Entendi — respondo. — Bem, vou te mostrar o que decidi.
Pego meu telefone e vou mostrando minhas ideias. Por enquanto é
somente contar, 13 dias para nunca mais precisar lidar com Mássimo
Marino.
Depois de jantarmos a melhor refeição da minha vida, ele foi bem
cavalheiro em somente me informar que me levaria em casa por ser tarde da
noite. Sem opção, fiquei parada no banco do carona, somente esperando a
viagem findar enquanto sentia o cheiro amadeirado do seu perfume.
Os minutos vão passando e então, no meio da estrada, Mássimo
freia o carro bruscamente, quase me arremessando para o outro lado do
vidro.
— Deus do céu! O que aconteceu? — pergunto, olhando para fora
em busca de algum bicho ou pessoa caída, mas não vejo nada.
No entanto, quando olho para ele, eu o vejo com os olhos brilhando
em fúria, mirando o outdoor que diz:
“Satine Roux curtíssima temporada em São Paulo.”
Mássimo

Não sei por que ela ainda me atinge. Ainda escuto seu nome na
grande mídia, mas nunca tive o desprazer de estarmos na mesma cidade.
Satine. Se há anos me esqueceu, por que resolve agora se reerguer das
cinzas?
Passei aniversários, Natais e muitas datas comemorativas esperando
que aparecesse do nada e me levasse com ela. Ou, quem sabe, receber um
cartão com seu nome. Porém, nunca aconteceu. Para mim, ficou somente a
lembrança que é destinada a seus inúmeros fãs espalhados pelo mundo.
Mãe. Satine Roux não sabe o que é isso. Esqueceu-se
completamente do seu único filho, como meu pai havia dito.
Abdicou de mim para cantar para multidões. Espero realmente que
seja feliz com a sua escolha.
— Mássimo, está tudo bem?
Puta merda!
A minha intenção era de seduzir a princesa-mulher, no entanto,
neste momento não tenho a mínima capacidade para tal.
Somente pensar na mulher que me trouxe ao mundo é o suficiente
para que eu desista de todas as coisas e me recolha em casa com um copo
de whisky.
— Mássimo?
— Está tudo bem — respondo, voltando a dirigir.
Dez minutos foi o tempo necessário para deixá-la em casa. Depois,
voltei para o hotel em alta velocidade.
Entro no meu quarto com raiva de mim por ainda ter a capacidade
de ter alguma emoção, mesmo que negativa, ao somente ver o seu nome em
algum lugar.
Em seguida, vou para o frigobar e encho um copo de whisky, me
recordando dos momentos em que tanto senti falta de Satine e o senhor
Nero me repreendia.
"Quando irá aprender, Mássimo? Mulheres. Todas são falsas. Vivem
de seduzir para conseguir o que desejam. Quando sua guarda fica baixa,
elas te destroem até que se torne seu escravo e nunca mais aparecem.
Entenda de uma vez que elas não são confiáveis. Servem somente para nos
satisfazer, nada mais."
E meu velho e sádico pai está mais do que certo.
Então, escapando de todos esses pensamentos, faço uma chamada
para uma certa cliente que visita com frequência o meu restaurante.

— Amiga, foi a noite mais mágica da minha vida. — Desperto


escutando a mulher falar no corredor. — Sabe aqueles convites que a gente
não espera? Foi bem isso que aconteceu. Ninguém menos que o chef
Mássimo Marino do reality de culinária me chamou para jantar em sua casa.
Nossa! A comida dos deuses e depois, com o vinho, tudo ficou mais
colorido.
Sento-me na cama, imaginando o que mais vai contar.
— Foi muito mais intenso e bruto do que imaginei, mas também...
um pouco impessoal. Não. Foi muito bom, mas ele deixou claro que é
somente sexo e nada mais. Porém, se meu telefone tocar novamente, venho
ao encontro desse italiano sem pensar duas vezes.
Então, a mulher se afasta e ignoro sua conversa com a tal amiga.
Vou tomar um banho. Assim que a água bate, sinto alguns pontos arderem
nas minhas costas. Realmente, a noite foi prazerosa. Exorcizei todos os
meus demônios fodendo com a... sei lá o nome dela.
No entanto, durante boa parte do tempo enquanto estava mergulhado
nela, meus pensamentos foram para a Princesa. Não entendo por que não
sai da minha cabeça, mas sei que somente a tendo em meus braços tudo isso
terá fim.
Finalizo o meu banho e encontro a minha acompanhante sentada
próximo à janela, usando a minha camisa.
— Bom dia — cumprimento-a, dirigindo-me à cozinha.
— Bom dia — responde, e ouço seus passos atrás de mim.
Evito olhar para a mulher enquanto preparo um café da manhã
breve. Quando vou pegar o fuê para bater os ovos, fico espantado no quanto
essa mulher me lembra uma certa princesa dos dias de hoje.
Ela é morena de pele clara, cabelos ondulados, mas seus olhos são
claros, em um tom de mel, bem diferente dos castanhos que aquela pequena
atrevida possui.
— O que vamos comer hoje, senhor Marino? — ela me pergunta,
meio que em um convite que não estou com vontade alguma de aceitar.
Por isso, largo a tigela e o fuê na bancada e me inclino sobre ela,
dizendo:
— Hoje, nada — declaro. — Seria melhor se vestir, tenho um
compromisso para agora e não sou de atrasos...
Ao invés da comum indignação feminina, ela me espanta ao dizer:
— Sei que é muito ocupado e que não tolera atrasos — responde,
entre sorrisos, entrando no meu quarto. — Não se preocupe, estou indo
embora.
Que mulher estranha!
Devo prestar mais atenção a esse fato. Fãs não são boas companhias
para sexo. Se apegam demais, mesmo quando as dispensamos.
Pelo menos, ela fez o que prometeu e, de quebra, me beijou,
deixando claro que deseja um segundo convite, o que certamente, para
mim, jamais irá acontecer.
Era só o que me faltava. Lidar com uma fã apaixonada e com
esperanças.
Giovanna

A segunda-feira chegou, foi embora, e agora, na terça, ainda estou


pensando naquele comportamento estranho de Mássimo. Nunca imaginei o
ver tão fora do seu normal; ele é tão concentrado em tudo que faz... Assisti-
lo daquela forma me deixou em um misto de angústia e também de
compaixão.
Por trás de toda sua raiva existia dor estampada no olhar. Eu até
tentei conversar sobre o assunto, mas, nos últimos dias, nos resumimos a
falar somente sobre o casamento por telefone ou mensagem, e nada mais.
No entanto, hoje será o dia em que fará seu lançamento na biblioteca.
O evento está marcado para daqui a pouco. Sendo mais exata, para
as 20hrs, e minha irmã e o cunhado prometeram que irão prestigiar o amigo.
A palestrante responsável pelo lançamento será uma das minhas amigas,
mas estarei presente por dois motivos. O primeiro é que minha mãe quer de
qualquer maneira o livro autografado dele. Sim, eu poderia pedir em outro
momento ou até pedir para a minha irmã, Diana, pegar para mim. No
entanto, Dona Vitória proibiu totalmente que eu peça algo para a gestante
da vez.
O segundo, e que estou guardando a sete chaves, é que será a
primeira vez que o verei depois da nossa reunião naquele restaurante de
milhares de estrelas. Sei que deveria evitá-lo e tenho todos os motivos para
isso, mas algo em mim quer de qualquer maneira rever aquele homem que
fala o meu nome com um sotaque sexy maravilhoso, como o dos mocinhos
dos romances que leio.
Será que é por isso que estou me arrumando tanto para o evento?
Não sei. Escolhi um vestido rosa “pink” de comprimento midi, com decote
coração de alça fina, e devido ao calor que surgiu do nada em São Paulo.
Escolhi uma maquiagem mais formal para a noite, deixando os lábios no
mesmo tom da roupa. Fiz cachos nas pontas dos meus cabelos, prendendo-
os em cima com um diadema de pérolas. Para os pés, escolhi sapatos estilo
“boneca” na cor branca, e a minha bolsa é do mesmo tom.
Olho no espelho, dando uma rodadinha, e gosto do que vejo. Então,
paro na penteadeira, borrifo no pulso um dos meus perfumes mais caros,
que ganhei de aniversário, e saio do quarto.
— Filha, tem certeza de que é um evento de trabalho? — minha mãe
me pergunta no instante em que estou abrindo a porta de casa.
— Sim, mãe — respondo, resoluta.
Meu pai me olha dos pés à cabeça e volta a focar a televisão. Dona
Vitória ainda repara em mim por alguns instantes antes de perguntar:
— Onde estão meus livros, Giovanna?
— Estão aqui, mamãe — respondo, pegando uma sacola de grife, de
uma loja que só ouvi falar nas revistas de famosos, na qual coloquei os
livros de culinária dela. — Agora estou indo porque não posso me atrasar.
Ela confirma e quando estou fechando a porta, escuto meu pai dizer:
— Espero que ela tenha juízo e não apareça grávida como as irmãs.
— Giovanna é mais responsável, Afonso — argumenta minha mãe.
— Pensávamos isso de Diana e olha no que deu. Esperando um filho
de sei lá quem por inseminação, que resolveu fazer às escondidas... E ainda
vai casar com um estrangeiro.
— Eu sei disso, homem de Deus. No entanto, sabe que não podemos
controlar nossas filhas. São adultas e donas de suas vidas.
— Melhor parar essa conversa por aqui...
— Melhor mesmo ou vai passar a noite no sofá, Afonso.
Então, eles ficam em silêncio e me afasto da entrada de casa.
Mas que coisa estranha! Eu sou bem diferente das minhas irmãs.
Sim, somos filhas do mesmo pai e mãe, mas nossas personalidades são bem
distintas. Para começar, Alessandra. Pensa numa irmã louquinha que nunca
teve foco específico na vida. Essa é a minha irmã. Passa a vida fazendo as
mais incomuns atividades de trabalho. Já foi passeadora de cachorro,
vendedora de folga de efetivo, fez compra para idosos em mercados,
hostess de balada, e a mais louca de suas funções foi babá especialista de
boas maneiras. Sim, a mais insana conseguiu ensinar uma filha de um
lutador de boxe a ser uma perfeita daminha. Deu tão certo que rendeu um
casamento e gêmeos lindos que amo. Miguel e Maurício.
Quanto à minha outra irmã, a história é mais louca. Diana, por
incentivo meu, foi ao encontro às escuras com um grande amigo da
biblioteca. Porém, Gaspar não foi e ela conheceu Lorenzo. Um bonitão
italiano sedutor até a última grama de seu ser. Eles tiveram um
envolvimento de uma noite e bum! Grávida de um desconhecido. Foi meio
complicado para ela confiar naquele italiano galante, mas agora eles estão
ótimos e superapaixonados.
Todos os quatro estão com seus pares e eu sou a única solteira que
não está gostando de ninguém. Na verdade, estou mantendo o meu coração
aberto para conhecer o meu príncipe, que está por aí em algum lugar. Quem
sabe o encontre hoje?
Porém, independente disso, não vou me entregar para um completo
desconhecido na primeira noite. Quero que seja especial e inesquecível. Se
for o amor da minha vida, não deve ser por acaso, e confesso que ainda não
encontrei nenhum rapaz que se encaixe em tudo que sempre sonhei.
Trim Trim
— Alô.
— Giovanna, isso aqui está uma loucura. Você está chegando? —
Júlia, que trabalha na recepção e também ficará de plantão hoje, me
questiona.
— Estou pegando um táxi agora — respondo, entrando no primeiro
que aparece. — Daqui a mais ou menos 20 minutos estarei aí.
— Vem logo que a Samantha falou que está com gastrite e não virá.
— Como é que é!? — questiono, atônita.
— Sim, minha querida. Terá que assumir a função dela de oradora.
Pelo menos ela deixou o material que tinha preparado para fazer.
— Deus do céu! — exclamo, passando as mãos no cabelo. — Eu
não sei se...
— Você é uma maravilhosa contadora de histórias, tenho certeza de
que vai conseguir.
“O problema não é falar, é com quem irei falar”, penso.
Eu já li muitas vezes para crianças, mas é diferente. Eram fábulas e
histórias contadas de outras pessoas. Todavia, elogiar o poço de prepotência
que é Mássimo Marino é...
— Me conta uma coisa. Ele já chegou?
— O senhor Marino? Ainda não. Mas ligaram falando que em
menos de 15 minutos estará aqui.
— Entendi — respondo. — Estou chegando para ajudar.
Mássimo

Toc Toc.
— Senhor Marino, estamos em seu aguardo. — Escuto e
simplesmente os ignoro, acabando de me arrumar.
Hoje entendo a definição da palavra “trabalho”, e tudo o que estou
passando nesses últimos dias tem esse significado. Infelizmente, Satine me
encontrou e tem tentado contato comigo de inúmeras formas, contudo,
permaneço não a respondendo.
Chegou ao ponto de me mandar ingressos vip para sua apresentação
com um cartão escrito a próprio punho. Somente os deixei na mesa de
entrada do quarto, completamente ignorados. Fiquei tentado a rasgar e jogar
no lixo, mas tal revolta não resolveria nada e ainda mexeria comigo. Por
isso, os mantive no mesmo lugar onde foram entregues.
No entanto, no evento de hoje, deixei bem claro para todos que o
nome de Satine Roux está completamente proibido. A biblioteca afirmou
que atenderia à minha exigência, mas como não confio muito na
inteligência dos funcionários do lugar, contratei alguns seguranças
particulares.
Meu ritual normal de cada um dos meus lançamentos é usar um dos
melhores ternos que tenho, um azul-marinho com camisa social de cor azul-
claro. Também coloco minhas abotoaduras gravadas com minhas iniciais e
calço sapatos de couro em tom castanho.
Deixei os cabelos bem alinhados e aparei a barba mais cedo. Agora
é somente o perfume de sempre e ir fazer fotos depois de autografar livros.
Abro a porta e dois seguranças me acompanham até a saída. Como o
aviso do lançamento foi espalhado, preciso de ajuda para sair do hotel
devido à grande quantidade de fãs que surgiram do nada na entrada. Dou
somente um aceno para os fãs e sigo para o carro da segurança. Em menos
de 10 minutos estou na entrada.
Parece que foi há uma vida que me encontrei pela última vez com
Giovanna. Depois que ela me presenciou olhando o outdoor de Satine...
Não posso abrir espaço para mexer nesse assunto. Por isso, evitei ao
máximo encontros pessoais. Estou atendendo às suas ideias para o
casamento por meios eletrônicos, fazendo pontuais alterações. No entanto,
não mais a vi. Talvez venha hoje. A responsável por tudo se chama
Samantha, mas por ser um evento grande para um espaço tão simplório, é
quase certo que já esteja por aqui.
— Senhor, a responsável falou que pode entrar.
Confirmo, abrindo a porta e caminhando para dentro. Aqui também
tem fãs do programa e ainda preciso de ajuda para caminhar com os
seguranças. Os convidados que estão do lado de dentro me aplaudem.
Agradeço e caminho para dentro em busca do local onde farei os
autógrafos. Quando dou o terceiro passo, uma morena de baixa estatura me
agarra e tenta me beijar.
— Quem é você?
Porém, antes que tenha sua resposta, meu olhar é capturado pela
princesa-mulher, Giovanna.
— Mássimo. Já esqueceu de tudo que aconteceu entre a gente?
Não consigo dar atenção para a louca e realmente não me recordo de
quem é. Meus olhos estão nela e seu vestido rodado cor-de-rosa. Faz alguns
dias que não a vejo, mas minhas memórias não foram fiéis a tanta beleza.
— Boa noite, senhor Marino — ela me cumprimenta, mas percebo
hesitação em sua fala. Por que será? — Estamos com a mesa reservada para
a noite. Poderia me acompanhar?
Concordo, me afastando da outra morena e seguindo a pequena
princesa. O espaço é bem iluminado, organizado e amplo como gosto.
Então, me acomodo na cadeira de madeira maciça, aguardando que comece.
Em vez de a outra mulher assumir, a tal da Samantha, quem começa
falando é a própria Giovanna, me deixando surpreso com a reviravolta.
— Boa noite a todos. Me chamo Giovanna Soares e estarei à frente
do lançamento desta noite. O livro “Sabores da Amada Itália” é uma obra
de um grande e conceituado chef de cozinha internacional. Ele construiu
um império com renome mundial, e ficou ainda mais conhecido com o
reality culinário de grande público no Brasil. Estou falando do sr. Mássimo
Marino, que está no seu oitavo livro de sucesso e hoje prestigia seus
leitores, fãs, e esta estimada biblioteca nesta noite de autógrafo.
Os aplausos começam e somente agradeço. As pessoas são
organizadas em fila e aos poucos começam a se aproximar para falar
comigo, autografar e parar ao meu lado para tirar fotos.

— Eu amo seus livros e quando está como crítico no programa, você


é o melhor. Sempre com detalhes que a gente nunca imaginou, detonando
os pratos de todos — a senhora de mais de 60 anos declara para mim, e fico
em dúvida se é um elogio ou crítica. Prefiro ficar com a primeira opção.
— Agradeço, dona...
— Senhorinha.
— Senhorinha? — questiono.
— Sim, isso mesmo. Senhorinha de Jesus. Pode autografar meu
livro assim, por favor.
Somente confirmo o que me pede e ao fim, fazemos a foto.
— Está acabando, senhor Marino — uma moça da biblioteca me
avisa.
Observo o fim da fila e vejo que tem somente umas cinco pessoas.
Porém, não tenho um bom pressentimento ao ver a última pessoa que está
se disfarçando com uma capa de tom escuro.
Sento e a próxima leitora se aproxima, me olhando. Antes de
cumprimentá-la, sinalizo para um dos meus seguranças. Ele se aproxima e
peço para verificar. Neste instante, Giovanna reaparece perto da pessoa.
Paro tudo quando vejo os cabelos vermelhos surgirem debaixo da capa.
— Deus do Céu, você é realmente a cantora Satine Roux?
Puta, que merda! Ela realmente teve a audácia de aparecer aqui.
Giovanna

— Trate de ir embora daqui imediatamente! — O grito de Mássimo


me assusta e demora um pouco para identificar para quem ele está se
dirigindo.
Até que realmente a cantora famosa, Satine Roux, tira toda sua capa,
se revelando e chamando a atenção de todos para si. Deus do céu, ela é a
mulher mais linda que vi na vida. Tem a pele quase pérola de tão clara,
traços desenhados que mais aparentam obras de um artista. Tem os olhos de
um intenso azul, mas que são estranhamente familiares. Os cabelos são
vermelhos, de um tom natural. Mesmo sendo uma mulher de mais idade,
não parece que o tempo a atinge.
— Eu falei com l'amministrazione deste lugar que essa mulher
estava proibida de entrar desde o início. Que incompetência é essa?
— Mássimo, precisamos conversar — Satine tenta se explicar, mas
ele está irredutível quanto a isso.
No entanto... percebo a mesma dor que vi naquele dia diante do
outdoor. Por isso, me pergunto: será que eles já foram um casal ou algo do
tipo?
— Está terminada a noite de autógrafos — avisa, ignorando a leitora
que está ao seu lado. — Ciao a todos e parabéns pela grande falta de
organização.
Mássimo está mais furioso do que nunca. Então, pega suas coisas e
se dirige à saída. Satine vai atrás dele e fico um pouco sem ação,
principalmente por não saber o que de fato existe entre eles, até que minha
curiosidade sobre o assunto me faz ir atrás deles.
Na porta, escuto a conversa e graças ao meu conhecimento de
francês, consigo compreender a conversa.
— Filho...
— Não me chame assim, Satine. Perdeu o direito de me chamar
dessa maneira quando preferiu a noite em palcos do que a sua família.
— O que o Nero fez com você? — Ela tenta tocá-lo, mas Mássimo a
impede.
— Meu pai? Ele me ensinou tudo o que eu precisava saber. As
coisas boas e ruins. A sua primeira e mais marcante lição foi sobre quem é a
mulher que me trouxe ao mundo.
— Filho...
Ela olha ao redor e acaba me pegando no flagra, observando.
— Aqui não é o melhor lugar para conversarmos...
— Eu já falei que não quero falar contigo. Só não saí porque tem
uma multidão do outro lado da porta que já descobriu sobre nós dois nesta
biblioteca infeliz.
— Mássimo, você é um homem agora. Não mais um menino que...
— Eu cresci, Satine — ele afirma com frieza. — Enquanto você
estava sob os holofotes do mundo, seduzindo homens, eu fiquei com meu
pai sendo ensinado sobre os valores desta vida. E o seu é um dos mais
baixos. — Pausa. — Suas lágrimas não me comovem. Sei que faz parte do
seu jogo infeliz de manipulação. Eu conheço os seus truques e de mim não
irá conseguir nada. Perdeu seu tempo aparecendo onde não é bem-vinda.
— Senhora Satine, podemos levá-la? — um segurança pergunta e
ela veste novamente a capa, bastante sensibilizada, confirmando:
— Não vou desistir de você, meu filho — grita a cantora, sendo
novamente ignorada por Mássimo, que se encaminha para o banheiro
privativo.
Deus do Céu, mas que loucura aconteceu aqui. Esperávamos que
fosse algo como uma simples noite de lançamento, mas ao fim descobri que
Satine Roux é a mãe de Mássimo Marino. Será que o mundo sabe isso!?
— Gio! — Júlia me chama, me surpreendendo a ponto de me fazer
saltar do chão com o susto.
— Ai, Júlia! — reclamo.
— Desculpa, amiga. Mas tem quatro leitoras que estão esperando o
autógrafo do Mássimo Marino.
Droga. Tem também os livros da mamãe, que eu me esqueci.
— Como você quer que eu resolva isso? Viu como ele está?
Ela suspira.
— Amiga, acredito que vai ter que fazer como nas suas histórias que
lê para as crianças. Enfrentar o dragão e resgatar a princesa. Digo, os livros
autografados.
Aff!

Toc Toc.
— Vai embora!
Mal cheguei e o dragão já lançou fogo. Não vou dizer que não
imaginava que isso iria acontecer... Mesmo assim, vamos ver até onde
vamos com isso.
— Mássimo, sou eu a...
— A imperatriz da incompetência? — questiona com ironia. —
Acha que não reconheço a sua voz?
Reviro os olhos, ignorando sua implicância, e abro a porta entrando
de costas. Confesso que quatro livros, e mais a sacola com os da minha
mãe, estão bem pesados para mim, principalmente por serem de capa dura
com mais de 200 páginas em papel fotográfico.
— A sua noite ainda não acabou, senhor Marino.
— Se eu falei que terminou, não volto atrás...
— Tem fãs suas... — Desvio o olhar.
— A culpa é de...
Sem querer, vejo uma das garrafas de champanhe que foi servida.
— Você está bebendo?
— Não. — Então vejo a taça em sua mão. — Sim, mas não o
suficiente.
Bufo, irritada, e coloco os livros na bancada do banheiro, esticando
uma caneta para ele.
— Os nomes estão nos papéis que coloquei — aviso. — Eu preciso
fechar a noite de hoje e ir para casa...
— Vem para a mia casa — ele convida, me cercando, e demoro
alguns instantes para compreender que realmente é comigo.
E demora mais um pouco para que as palavras encontrem a minha
boca.
— Mássimo...
Ele toca minha cintura, me puxando para ele. Acabo batendo em
seus músculos definidos esquecendo do que ia falar.
— Passei a noite te observando. Todas as vezes em que vinha uma
nova leitora, eu corria os olhos pela biblioteca e encontrava a bela e
sedutora princesa.
Ele fala ao pé do meu ouvido, causando reações novas que só tinha
lido nos meus romances.
— Esse vestido cor-de-rosa... Dio mio. Estou louco para tirar do seu
corpo e...
— Mássimo...
Seu toque caminha pelo meu pescoço, virando-o lentamente, e o
calor de sua respiração me deixa arrepiada dos pés à cabeça.
— Eu sei o que você quer, eu também desejo o mesmo. — Engulo
seco de olhos fechados enquanto percebo meu coração bater mais rápido.
— Non se negue ao que cada gota do seu ser anseia e...
Toc Toc Toc.
— Giovanna, está tudo bem? As leitoras estão esperando o livro.
Imediatamente, desperto do feitiço de Mássimo, me afastando como
se tivéssemos sido pegos no flagra.
— Deus do céu! — Viro-me de costas, evitando olhar para ele
completamente envergonhada. Somente estico a caneta e ele o faz como se
nada tivesse acontecido minutos atrás.
Alguém pode me dizer o que motivou tudo isso? Essa explosão
completa de sedução e por que eu reagi assim? Somente para início de
conversa, eu e Mássimo nunca tivemos completamente nada. Mas nada
mesmo! Digo, somente a briga de sempre. Ele é tão mandão e quer tudo
perfeito e excelente, enquanto eu somente estou tentando deixar as coisas
mais calmas e tranquilas. Simples assim.
No entanto, não compreendo...
— Pronto.
Viro-me para os livros, evitando o olhar, mas está difícil. O que será
que está acontecendo comigo? Guardo a caneta, repetindo mentalmente os
inúmeros defeitos de Mássimo, mas quando vou pegar os livros, ele me
impede, tocando em minha cintura e me forçando a olhá-lo. Deus! Que
homem sedutor e lindo é esse?
— Eu quero você esta noite, Giovanna.
Estou tão inebriada nos olhos azuis e seu cheiro másculo que
demoro alguns instantes para compreender. Deus do céu! O que está
acontecendo comigo? Perdi a capacidade de raciocinar?
No entanto, ele espera a minha resposta, o meu mundo para de girar
e compreendo o que quer, e não gosto nem um pouco.
— Mássimo, me solta — peço, me afastando, mas ele não desgruda
do meu braço.
— Diga que sim.
Dessa forma, todo o encanto que tinha sobre mim se desfaz. Por
isso, fecho os olhos, nervosa, e digo:
— Se me impedir, eu vou gritar e farei um escândalo que vai ser
muito maior do que fez há pouco.
Imediatamente, ele me solta, me deixando sair com os livros.
Todavia, não sem antes dizer:
— Te encontro ao final do evento, Princesinha. Esta noite te farei
cantar de um jeito bem diferente, e sei que irá adorar.
Eu deveria ter rebatido sua fala, mas acabei me intimidando diante
disso tudo. O que deu nesse homem? Porém, se ele acha que vai conseguir
alguma coisa comigo desse jeito, como se eu fosse uma qualquer, está
completamente enganado.
Depois de quase meia hora me desculpando com as leitoras porque
Mássimo resolveu dar de estrela e não sair do banheiro, estou quase
acabando de guardar as coisas e fechar a biblioteca.
Meus colegas foram indo embora aos poucos e agora falta somente
uma coisa para partir. Me livrar do habitante do banheiro. Bem que esse
título poderia ser o nome de um livro, não é?
— Mássimo, a biblioteca está fechando. Os paparazzi e seus fãs já
foram embora. Pode sair tranquilo e ir para sua casa — aviso, indo pegar
minha bolsa enquanto desligo uma das luzes.
Dois minutos depois, ele sai ainda sem camisa, movimentando a
minha imaginação criativa. Eu já falei e repito: ele é muito bonito, e agora,
nesse estilo Adrian, me sinto como uma das mocinhas dos meus livros.
Mas a ficção não é e nunca será realidade, mesmo eu querendo
demais que seja.
— Meu carro está nos fundos — informa, relembrando o convite.
Viro-me em sua direção e paro.
— Mássimo, de onde tirou isso? Eu não vou sair com você...
— Quem falou de sair? — questiona, com aquela sua frieza
habitual.
Ele se aproxima lentamente e é nesse momento que o Adrian do
meu livro se mistura com o Mássimo da vida real.
— O que quero é foder contigo, Giovanna. — Sinto-me indefesa
quando ele levanta o meu queixo para que fique diante do mar azul dos seus
olhos.
Ai, meu Deus!
— Sem envolvimentos românticos, Princesinha. Será que consegue
separar nessa sua cabecinha linda essas duas coisas e me deixar te dar
prazer até ficarmos exaustos?
Espera aí? Ele está me convidando ou me insultando?
— Eu... Acho melhor isso parar por aqui. — Minha voz sai um
pouco tremida e não consigo precisar o motivo.
— Giovanna. Sabia que seu nome é italiano? — ele chama a minha
atenção. — Fica ainda mais bonito na minha língua natal. Giovanna.
Isso chama completamente a minha atenção. A sensualidade com a
qual ele diz o meu nome não está em nenhum livro. Adrian, ou melhor,
Mássimo está se superando em todas as expectativas. No entanto, devo me
lembrar o motivo pelo qual isso não deve acontecer.
Porém, todos os pensamentos fogem quando sinto o calor de seus
lábios em meu pescoço e acabo me deixando envolver.
— Princesa Giovanna — declara antes de tomar meus lábios junto
aos deles.
Pelo amor de Deus! Que beijo é esse? Abrasador, selvagem,
arrebatador. Por tudo que é divino nesta Terra! O que esse homem faz que
não seja em excelência?
Sua língua invade minha boca sem pedir licença e me leva para as
estrelas mais longínquas do universo. As mãos passeiam por meu corpo, me
deixando em brasa e completamente envolvida.
Eu quero mais. Preciso de mais. Até onde o Adrian da vida real quer
me levar? Estou completamente entregue e viciada em seu toque. Sinto os
botões do meu vestido se afrouxarem e não me preocupo. Confesso que
nunca tinha ido tão longe com alguém e... Não penso ser ruim.
Ele me senta numa mesa e deixa beijos quentes em meu colo até
tocar meu seio sobre o sutiã. Quem diria que era tão bom? Acaricio seus
cabelos claros enquanto sinto a peça se soltar do meu corpo.
Mássimo coloca o mamilo em sua boca e um gemido me escapa. Ele
me deita na mesa e sinto seus dedos subindo entre minhas pernas. Eu passei
a vida toda me guardando para este dia e me parece ter sido a mais certa
decisão. Vou me entregar para um homem pela primeira vez.
— Princesinha, você não imagina o que planejo fazer contigo —
sussurra em meu ouvido enquanto toca minha calcinha.
— Mássimo...
— Pode ficar quietinha, que vou te fazer gozar mais forte do que
nun...
— Você precisa saber que...
— Que está molhada querendo meu pau? Eu já sei — afirma.
Rio e o puxo para mim.
— Não. Eu sou virgem.
Imediatamente, ele fica parado como uma estátua. Então, do nada,
ele tira as mãos de mim, como se eu tivesse uma doença contagiosa.
— Ma che cazzo![2]
Fico constrangida e começo a me vestir.
— Mássimo?
— É melhor você ir embora e eu também — responde, colocando a
camisa.
— O que aconteceu...?
— Se veste e vai para sua casa — argumenta, passando as mãos no
cabelo. — Não, eu te levo para sua casa.
— Mas...
— Não aconteceu e não vai acontecer nada, Giovanna. Entendeu
ora?
Como os mesmos olhos que estavam me desejando conseguiram
mudar tão rápido?
— Isso é só por que...
— Eu perdi o interesse. Você é muito princesinha para o meu gosto.
Prefiro mulheres decididas que sabem o que querem. Esclarecido?
Suas palavras totalmente rudes de frias quebram algo em mim. Por
isso, acabo de me vestir de forma apressada.
— Pode ir embora, Mássimo — eu o expulso.
— Giovanna...
— Não preciso de carona, meu cunhado Kalel vai me buscar.
— Não minta, você é uma péssima mentirosa. Eu não vi você
ligando para alguém que...
— Saia agora! — grito, revoltada.
Ele fecha os olhos e pega suas coisas.
— Não vou embora até você estar em casa...
— Acha que algo pode acontecer comigo? Não precisa se preocupar.
O prédio é bastante seguro. Não preciso da segurança do homem mais
prepotente que conheci neste mundo. Pode ir para a sua casa e ficar com as
mulheres decididas que são suas favoritas.
Seus olhos estão cravados nos meus e por um milésimo de segundo,
encontro o mesmo homem que estava comigo, mas isso passa tão rápido
que fico em dúvida se realmente aconteceu. Então, Mássimo vai para fora e
aproveito para trancar a porta.
Neste momento, as lágrimas chegam. Porém, não consigo precisar
se é de desgosto comigo mesma por ter quase perdido a minha virgindade
com ele ou de decepção por ter sido rejeitada pelo próprio.
Que idiota eu fui! Tentei transformar um italiano arrogante e
prepotente num personagem de livro e deu nesta situação estranha. No
entanto, isso jamais irá acontecer.
Mássimo Marino jamais terá a chance de se aproximar de mim
novamente.
Mássimo

— Mássimo. Você tem certeza de que está com as alianças? — meu


melhor amigo, Lorenzo, me pergunta pela oitava vez.
— Não, joguei nas Toscanas e voltei de helicóptero.
Ele me olha assustado e pego a caixa que me entregou, mostrando
os anéis. Somente assim Enzo respira aliviado.
— Hoje a minha Bela Dona será minha para sempre, Max —
comenta, animado. — E a nossa Agatha está chegando, padrinho.
Ele para na frente do espelho, ajeitando a roupa que nem precisa de
ajuste.
— Quem diria que Lorenzo Ricci iria virar um homem de família?
— Fabrízio, irmão mais velho do noivo, aparece brincando.
— Brízio! — Os dois se abraçam. — Estou contando os minutos
para me despedir em definitivo da vida dos solteiros.
Quem diria que isso aconteceria? O mais safado e sedutor de todos,
completamente apaixonado e pronto para se casar. Nem o maior dos
crédulos.
— Vou dar uma olhada nas coisas. Você já está pronto e...
— Fala com a Giovanna para acertar a entrada de vocês — Enzo me
pede e tento disfarçar, somente confirmando com a cabeça e saindo do
quarto do noivo.
Se ele soubesse a merda que eu fiz... Fiquei tão furioso com Satine
que resolvi afogar minhas frustrações na primeira mulher que me apareceu.
E essa foi Giovanna. Até agora me arrependo de quase ter fodido com a
futura cunhada do meu melhor amigo. Uma virgem que certamente deseja
uma noite romântica... e eu fui como um brutamonte que... Que merda!
Sim. Pensei com o pau e por pouco não tirei a virgindade da única solteira
das Soares. A Princesinha.
Depois daquele dia, tentei ligar para ela, mas a Maledetta bloqueou
meu número. Como faltava dois dias para o casamento, não tínhamos mais
o que falar e hoje vou reencontrá-la... Meu par como madrinha de
casamento.
— Vocês viram a Giovanna, irmã da noiva? — pergunto para algum
dos meus funcionários que vão trabalhar no casamento.
— Sr. Marino. Eu soube que ela está com a sobrinha no lago. Fica
naquela direção.
Sigo o caminho e a encontro com a menina que se chama Mia; pelo
que soube, é filha do cunhado. As duas estão sentadas no banco
ornamentado para fotos e conversando.
Não sei o que dá em mim, mas fico olhando a interação delas.
Giovanna está de costas, mas consigo ver suas costas nuas e seus cabelos
negros balançando ao vento. Com o sol quase se pondo, parece uma
fotografia das mais belas e...
Cacete! Como que fiquei tão piegas? Estou parecendo Lorenzo, todo
apaixonado. Nem sabe que é um otário, mas não serei eu a dizer. Está cego
e não gastarei meu tempo tentando abrir seus olhos. Porém, posso dizer que
é algo que jamais irá acontecer comigo.
— Tia, Gio. Aquele moço está olhando para a gente. — A menina
aponta para mim.
Então, a própria se vira na minha direção e seus olhos crispam na
hora.
— O que você quer, Mássimo?
Aproximo-me olhando para a menina e digo:
— Por que você não vai brincar ou fazer sei lá o que as crianças
fazem?
— Você não é meu pai para me mandar. O que quer com a minha
tia?
— Não é assunto de criança. Seu pai não te deu educação?
— Claro que sim. Mas você, que é um grosseirão, é que não sabe...
— Querem parar vocês dois? — Giovanna interrompe a discussão.
— Fala sério, Mássimo. Mia tem dez anos.
Balanço a cabeça confirmando.
— Mas não sabe quando deve se afastar quando adultos estão
conversando.
— Tia, eu não gostei dele — argumenta a menina.
— Você não precisa gostar de mim...
— Pelo amor de Deus!
Ela fica me olhando antes de continuar e se volta para a menina que
poderia ser uma modelo no futuro.
— Mia, acho que a vó Vitória está precisando de ajuda na
maquiagem. Você pode ajudar ela?
— Tia Gio, não precisa falar essas coisas para me colocar longe. Eu
sou grande. Entendo quando não me querem por perto — comenta como se
tivesse bem mais idade do que tem. — Mas não gostei desse amigo do tio
Lorenzo.
Ela coloca a língua para fora e põe o dedo na garganta antes de ir
embora no seu vestido de dama de honra.
— Essa menina...
— A Mia é uma menina de muita personalidade. Como alguém que
conheço, não acha?
Balanço a cabeça para os lados.
— Precisamos organizar a entrada...
— Eu troquei de par — informa.
— Como é que é?
Ela cruza os braços e não consigo deixar de reparar nos seios
marcados no decote profundo que ela escolheu para o casamento. O tom de
vermelho a deixa mais selvagem, mas ainda uma princesa. Uma linda
princesa selvagem e divinamente deliciosa.
— Você me escutou. Eu vou entrar com o... — ela olha no telefone
— o primo Tancredi Ricci.
— Não vai mesmo — afirmo. — Passamos quinze dias organizando
este casamento para ser perfeito para os noivos e você quer fazer estragar
tudo na hora? Não irá acontecer.
— Você não me manda...
— Si, mas vai querer estragar o dia “mais feliz da vida da sua irmã”
porque non consegue ficar perto de mim?
— Quem disse que o problema é ficar perto de você? — questiona,
revoltada.
Suspiro, impaciente.
— Somente porque não quis transar contigo...
— Seria o maior erro da minha vida — afirma, furiosa, me
interrompendo. — Ter a minha primeira vez com um ogro que mais parece
uma fera raivosa. Ainda bem que a sua relutância me fez ver a razão,
Mássimo.
Seguro em seu braço, deixando a raiva me cegar.
— Pare de mentir, você queria e eu...
— Se quis, hoje agradeço aos céus por não ter acontecido — afirma.
— Você não é nada daquilo que eu quis e quero na minha vida. Faça o favor
de esquecer tudo o que aconteceu, como também estou fazendo.
Ela se solta de mim, se afastando sem olhar para trás e me deixando
completamente atônito com suas palavras. Um fato diante de suas palavras
é que mesmo que eu tente, jamais conseguirei me esquecer daquele dia.
— Mássimo!
Olho na direção e é Fabrício me chamando.
— Entrada dos padrinhos — avisa a organizadora. — Alguém me
diz onde está a irmã da noiva?
Passaram-se vinte minutos desde quando discutimos/conversamos
no lago. Estou parado na entrada do lugar, onde vai acontecer a cerimônia.
— Sr. Marino, viu a sua madrinha? — perguntam-me e antes de
responder, ela aparece.
— Estou aqui.
Estico a mão para ela e, antes de dizer algo, a Princesa me fuzila
com os olhos. Mesmo assim, segura a minha mão sem questionamentos.
— Graças aos céus que hoje é o último dia que vou te ver —
comenta comigo enquanto caminhamos.
— Somente sorria para as fotos, Giovanna — falo, deixando-a no
altar.
E com o fim do casamento, que acabou em ida para o hospital para o
nascimento da minha afilhada, demorou um tempo para nos
reencontrarmos.
Giovanna

— Filha, vem ver aquele bonitão do Mássimo Marino na final do


programa da televisão.
Aff! Era só o que me faltava. Tem quase um ano que não o encontro
e mesmo assim, sempre tem alguma coisa para me recordar daquele
homem.
— A calda daquela panacota não está prestando. Dá para ver na cara
do Mássimo que não gostou.
Não gostou? O que agrada esse homem? Dá até pena dos chefs que
dependem dele para ganhar o prêmio final. É praticamente impossível
agradá-lo.
— Senta, filha. Parece que não tem sofá em casa. Pra que ficar
assistindo tv assim?
Eu me recuso a ficar assistindo Mássimo na televisão. Já foi demais
tê-lo reencontrado, há quase um ano, no batismo da minha afilhada, no qual
ele somente posou para foto ao meu lado e foi embora resolver algum
assunto importante. Dar um minuto da minha atenção para esse troglodita
arrogante que não sorri é algo que jamais farei.
— Boa noite, mamãe. Estou indo para a cama — aviso, me
afastando.
— Vai ficar com seus livros, não é?
Lá vem dona Vitória reclamar que só quero ler e não tenho vida
social. Mas agora me diga: por que eu preciso disso? Eu conheço mundos e
universos nas páginas de uma boa história. Descubro lugares novos,
emoções jamais sentidas e vidas que jamais tive. Deus. Quantas vezes já
quis viver a história de uma mocinha. Ser a submissa, a dominadora, a
fogosa e até mesmo a princesa. Nossa! Inúmeras vezes. Posso afirmar que
entre as páginas é tudo mais agradável do que na triste realidade que
vivemos.
— Sim, mas não devo ficar até tarde. Amanhã é o aniversário de um
ano da Ágatha e vou acordar cedo para ir ajudar a Diana.
— Alessandra vai também?
— Sim. Mas os meninos vão ficar com o Kalel e o Art.
— Eu vou mais tarde. Prometi para a Mia que ia fazer aqueles Cake
Pops que ela viu na televisão. Sabe que não resisto àquela menina.
Rio, concordando.
— Mia te coloca no bolso, mãe. O bom é que vai decorar a festa da
Ágatha. Vai ficar lindo.
Bocejo sem querer, pois hoje é sexta-feira e estou morta de cansada
depois de uma rotina agitada.
— Mãe, estou indo dormir.
— Está bem. Vou assistir aqui. Estou curiosa para saber quem vai
ganhar o programa.
Concordo com ela e volto para o meu quarto. Pego meu pijama,
tomo um banho rápido e volto para a cama com o meu kindle. Desta vez,
estou lendo uma história de vizinhos. Até que é interessante. Ele é um
festeiro que sempre faz rodízio de mulheres no seu apê e ela, uma
enfermeira metódica que só quer ter uma noite de sono tranquila. Está bem
divertido, mas é uma... pena que estou realmente com sono e...

— Bela Dona, não era preciso que você fizesse os doces da festa...
— Eu sei, Enzo. Mas não tem brigadeiro na família Soares melhor
que o meu...
Lorenzo, meu cunhado, se encosta na parede da cozinha, olhando
para a minha irmã de um jeito que nem precisa de explicações.
— Acho melhor você ir fazer alguma coisa, amor — fala Diana,
enquanto tento me conter ao enrolar brigadeiros.
Ele demora uns instantes para sair do lugar, mas minha afilhada
começa a chorar, fazendo-o se afastar.
— Ainda é assim? — pergunto.
Ela ri.
— Mesmo com a nossa filha, continuamos no ritmo. Eu o amo
demais — declara, irradiando uma felicidade que chega a fazer seus olhos
brilharem.
Sem querer, acabo suspirando.
— E pensar que eu não esperava o reencontrar como meu chefe e...
Você sabe bem de toda história.
Enrolo um docinho para ela e deixo na mesa.
— O prêmio de mais apaixonada vai para... Diana Soares Ricci. —
Ela sorri, agradecendo e comendo o doce.
— Gio, eu sei que na hora certa você vai ganhar esse título. Tenho
certeza disso. É a mais romântica da família. Um dia, um verdadeiro
príncipe vai chegar e arrebatar seu coração. Te fará vivenciar um romance
de livro. Pode acreditar que isso vai acontecer.
— Mas onde ele está? Estou começando a ficar impaciente...
— Quando você menos esperar, maninha — comenta. — Agora
vamos fazer esses doces porque faltam poucas horas para a festa.
Alessandra vai chegar com o beijinho de coco.
— Deus. E eu ainda tenho que me arrumar.
— Temos, Giovanna. Temos.
Mássimo

— Bom dia, sr. Marino. — Uma voz feminina me desperta, numa


ligação totalmente inoportuna. — Hoje vai acontecer a apresentação da
final do reality...
— Vocês me ligaram somente para isso? — reclamo, abrindo a
cortina do meu quarto de hotel com o controle remoto. — Eu sei que dia é
hoje. Mais de milhares de seguidores me avisaram a semana inteira sobre
isso. É completamente desnecessário, principalmente às sete da manhã de
sexta-feira...
— Mil perdões...
— Que não se repita, e exijo uma retratação do seu superior sobre o
ocorrido.
— Sim, senhor.
Então, a ligação é encerrada e tento relaxar na cama, o que é
praticamente impossível diante de tantos problemas. Estou diante de uma
situação crítica e sem precedentes.
Trim Trim.
— Bom dia, Senhor. Seu voo para o Brasil é daqui a duas horas.
Estamos ao seu aguardo.
— Está bem — respondo, desligando e arrumando minhas coisas
para fazer uma viagem que eu não queria.
— Aviso aos passageiros que faltam 20 minutos para chegarmos ao
nosso destino, São Paulo, Brasil. Clima limpo e com temperatura de 22º. —
Escuto o piloto informar enquanto vejo a lua branca brilhar no céu escuro.
Demorei um pouco mais para vir, sendo exato um dia, pois tentei em
vão reverter a grande besteira que meu sócio fez. Bem que alguém poderia
ter me dito que conseguir uma boa sociedade é algo raro. Somente assim eu
saberia antes de me envolver nessa enrascada fora de tamanho. Meu sócio,
Filippo Pagano, causou um grande empecilho na expansão da minha rede
de restaurantes cinco estrelas.
Por falta de conhecimento ou até mesmo infantilidade máxima, foi
fotografado numa festa no iate — festa muito mais ousada do que deveria
—, e por sua causa, perdi dois acordos vantajosos, mas estou em risco de
perder o terceiro e mais importante, que pode destruir todo o meu
planejamento de anos.
— Chegamos, senhor Marino — a comissária de bordo me avisa
quando a aeronave paralisa completamente.
Agradeço, soltando o cinto de segurança e saindo do jato particular
contratado para a viagem. Depois, entro no carro locado para o transporte.
Amanhã ou até mesmo hoje, daqui a algumas horas, retorno para a Itália
para continuar as minhas argumentações. Três bilhões em acordo com um
Sheik é muito para perder e...
Trim Trim
— O que foi, Enzo? — respondo, indo para o carro contratado.
— Gostaria que me esclarecesse o motivo pelo qual o padrinho da
minha filha não chegou no aniversário de um ano dela — reclama meu
melhor amigo.
Suspiro, já sem paciência com tantos problemas girando na minha
cabeça.
— Você que resolve brincar de casinha e eu que tenho que parar a
minha vida para...
— Nem adianta reclamar, Max — meu amigo o interrompe. —
Agatha está quase dormindo e faz tempo que não te vê...
— A menina tem um ano, não vai lembrar de nada — argumento. —
Muito menos da fortuna que você e a mãe dela gastaram nessa festa.
— Nada disso tem relevância. Então, pare de tentar contestar o
incontestável e apareça. Caso contrário, teremos um grande problema.
A ligação é encerrada e reviro os olhos quando estamos
praticamente na frente do salão de festas. Abro a porta do veículo e percebo
que tudo está decorado em tons de rosa-claro, branco e dourado. A vontade
que tenho é de virar as costas e ir embora, mas não posso fazer isso.
Hoje é a festa de aniversário da minha afilhada, Agatha. E meu
amigo Lorenzo é o grande culpado por estar aqui. Se não fôssemos
próximos pela vida inteira e não tivesse recebido um ultimato, estaria agora
mesmo resolvendo meus assuntos que têm máxima relevância.
Festa infantil. Se tivesse alternativa, jamais teria perdido
praticamente um dia de trabalho inteiro para ficar... Deus do céu! Meninas
vestidas de princesa.
— Era só o que me faltava — murmuro comigo mesmo.
Apresento-me na entrada do salão e passo pelo mar de crianças
vestidas como nos contos de fadas infantis. Há alguns meninos como
príncipes que correm ao meu redor, e tomo cuidado para não derrubar o
filho de ninguém.
A ornamentação está bem a caráter. Tem até uma torre numa parte
mais alta, onde está organizada uma área exclusiva para crianças, no
entanto, há também alguns adultos com roupas temáticas — o que é um
absurdo de tão ridículo.
Deixo claro que teriam que me pagar mais de um milhão para que
eu pensasse em me sujeitar a algo assim. Claro que antes de ser feito, daria
uma negativa absoluta pela ousadia.
E pensar que só vim aqui por causa do meu melhor amigo...
Escuto alguns gritos infantis animados e começo a reparar nos
adultos que estão por perto. Então, meus olhos se mantêm fixos numa
mulher de cabelos escuros, com um vestido rodado e cheio de babados em
amarelo que chama a atenção de qualquer um. Tem várias meninas ao redor
dela, mas num certo momento, ela se afasta das crianças para pegar as
chamadas maçãs do amor...
— Cuidado, Moça! — alguém grita.
A mulher não escuta. Então, percebendo o risco, corro ao seu
encontro e puxo a moça para fora do caminho do desgovernado carrinho de
pipocas. Ela cai sobre mim e não conseguimos evitar dizer, quando nos
encaramos:
— Você!
Tinha que ser a Princesa.
— Me solte, Mássimo! — exige, praticamente saltando dos meus
braços para o chão.
— Tia Gio. Você tá bem?
Olho para a menina e reconheço aquele rostinho atrevido
rapidamente. É a sobrinha do meu amigo. Qual o nome mesmo dela?
Lembrei! Mia.
— O príncipe salvou a princesa — uma menina grita.
— Tem que ajudar a princesa a se levantar — fala outra criança.
— Tem, sim. É o que os príncipes fazem...
Evitando o falatório feminino infantil, seguro nos braços de
Giovanna, levantando-a em um único puxão e a fazendo bater forte em meu
peito. Por que esses vestidos de princesa deixam os seios tão apetitosos?
Porém, a mesma fúria de antes ainda está em seu olhar.
— Vocês estão erradas, meninas — responde, me encarando. —
Príncipe? Esse aqui está mais para fera — comenta Giovanna e cerro meus
olhos em sua direção.
— Mas você não é a Bela de A Bela e a Fera? — uma garotinha de
óculos questiona. — Então ele é o seu príncipe.
Agora fodeu! Como a Princesinha vai nos tirar dessa?
Giovanna

A ideia era simples. Vou de Bela, já que esta é uma personagem


leitora assídua. Sento-me com as crianças para contar uma história, como
faço toda a semana na biblioteca. O que de ruim poderia acontecer?
Nada. Até esse incidente com aquele homem. Mas que... Argh!
— O que você está olhando? — pergunto para ele.
— Nada, somente...
— Já não era sem tempo. — Meu cunhado, Lorenzo, se intromete
em nossa breve conversa. — Venha ver Agatha. Diana está a mantendo
acordada. Pelo menos uma foto com o padrinho minha filha tem que ter.
Então, ele se afasta.
— Tia Giovanna, você ainda não falou o porquê ele não é o seu
Fera?
— Sim. Ele é o príncipe que te salvou — questiona outra menina.
Qual seria a melhor resposta? Nunca poderei dizer que jamais
poderíamos ficar juntos por causa de uma “quase” primeira vez ardente e...
QUE GRAÇAS AOS CÉUS NÃO ACONTECEU! Caramba! Preciso
transformar isso em um mantra para nunca mais me esquecer de como esse
homem beija bem e tem uma pegada firme.
QUE É ISSO, GIOVANNA?! Ele não é nada daquilo que você quer
em um homem. Em todos os sentidos, aquele homem não serve. Claro que
tem também o que o próprio disse:
“Você é muito princesinha para o meu gosto. Prefiro mulheres
decididas que sabem o que querem.”
Pronto. Isso é o necessário para esquecê-lo de uma vez por todas.
— Tia...
— Bem, crianças. Às vezes, os príncipes não são da mesma história
que as princesas. — Pego o livro infantil. — Vamos mudar de assunto.
Quem quer ouvir uma história?
Eles levantam as mãos, animados, e então percebo que consegui
contornar a situação.

— Parabéns para a Agatha... Nessa data querida... Muitas


felicidades... Muitos anos de vida!
Todos cantam em coro diante de uma família linda e apaixonada.
Diana, Lorenzo e a filha deles, que está coçando os olhinhos de cansaço.
Sim, a festa foi bastante animada e estava achando que ela já estaria
dormindo, e não encolhida no colo do pai com o dedinho na boca. Na hora
de soprar as velas, ele fala algo em italiano para a pequena, que faz um
lindo biquinho de beijo para o bolo que vai ficar lindo na foto.
— Esse bolo está dos deuses. Pena que os meninos não querem —
comenta minha irmã Alessandra, que está sentada comigo.
Olho ao redor e encontro Kalel, marido dela, com os gêmeos Miguel
e Maurício brincando na gangorra.
— Eles estão crescendo tão rápido — comenta, emocionada.
— Sim. São lindos homenzinhos — concordo.
— Nada disso, Mássimo! — Nossa conversa é interrompida por
uma discussão de Lorenzo e o melhor amigo. — Você não pode ir embora
agora. Mal chegou.
— Enzo...
— Mássimo. Você não fez nem uma foto com a sua afilhada.
Alguém sabe onde está Giovanna?
Os dois me procuram, mas nem precisa, porque minha irmã
Alessandra — que estava ouvindo tudo também — faz o alerta.
— Gio tá aqui!
Neste momento, estou de boca aberta, quase colocando um pedaço
de bolo na minha boca. Mas que cena mais linda! Principalmente por estar
com os olhos de todos sobre mim.
— Vai lá, Gio. — Alê me sacode e o garfo cai dos dedos, quase
sujando o meu vestido de princesa.
Levanto-me, ajeitando o vestido amarelo, digo, a fantasia de
princesa Bela, e me aproximo dele tentando conter todo o ranço que tenho
de sua cara. E pensar que ele caiu em cima de mim e...
— Se você for mais rápido, vamos poder acabar mais cedo com isso
— fala ao pé do meu ouvido, me arrepiando inteira.
Deus do céu! Por que ele ainda consegue mexer comigo assim?
Tentando disfarçar, lanço um olhar irritado, no entanto, devo
confirmar. Quanto menos tempo tiver perto dele é melhor para ambos.
— Vamos logo tirar essa foto, senhor Marino — afirmo.
Pego a linda da Agatha dos braços do meu cunhado, já que Mássimo
se recusa a segurá-la, alegando o risco de derrubá-la, e sorrio para o
fotógrafo contratado. A pequena fica encantada com o meu cabelo e coloca
a mãozinha nele, tentando pegar uma parte do penteado. Mássimo segura o
braço dela e é nesse momento que o flash da câmera dispara.
Surpreendendo-me absurdamente, pela primeira vez desde que o
conheci, Mássimo sorri. Deus. Ele fica tão lindo. Não que não seja, mas por
seus sorrisos serem tão raros, me deixa completamente encantada e
hipnotizada. Seus olhos azuis ficam menores e até uma covinha que não
sabia que existia surge no seu lado esquerdo do rosto, deixando tudo mais
belo. Mais flashes surgem. Percebo que até a Agatha, que não está
entendendo nada do que está acontecendo, gostou dessa nova versão do
padrinho e se vira para ele. Saindo do sério e caladão para o dono do sorriso
mais raro e significativo que já vi.
— Pronto. Ficaram ótimas — comenta o fotógrafo.
Como num passe de mágica, a seriedade volta ao seu semblante,
como se o dia de sol tivesse se tornado uma tempestade torrencial. Bem
diferente do que vi há poucos instantes.
— Está bem. — Mássimo se afasta sem olhar uma única vez para
trás.
Mássimo

Chama, chama e ninguém atende. Eu deveria estar em Las Vegas


para dar uma surra no meu sócio.
Não consegui vivenciar o aniversário da filha do meu melhor amigo
por causa...
Trim Trim.
Olho para a tela, encontrando o nome de Lorenzo. Já até imagino o
que seja.
— Mássimo. Me diga que merda está ocorrendo. Nunca o vi dessa
forma?
Bufo antes de responder:
— Lembra da expansão? De começar a levar os restaurantes para a
Ásia?
— Sim, e pelo que me recordo, estava tudo indo bem. O que de fato
aconteceu?
— Felippo Pragano e todas as merdas que faz.
— Espere um pouco. O seu sócio?
— O próprio. Lembra que ano passado ele encheu a cara e se casou
com uma stripper em Vegas?
— Sim.
— Se recorda também das fotos que saíram nessa semana da sua
festa no iate, o que varreu as redes sociais?
— Claro.
— Ele se apresentou como bom moço para alguns investidores e por
isso perdi duas grandes parcerias por saberem do seu histórico festeiro. O
problema é que o último e mais importante está praticamente desistindo de
tudo por causa dele.
— Como assim?
— O Sheikh Mohammed Al Sabah iria investir tranquilamente na
empresa, mas depois que descobriu sobre a esposa do meu sócio e seu
passado de putaria, não quer saber de nós.
— Mas você em pessoa não poderia resolver?
Penso um pouco.
— Mássimo, tente marcar uma reunião com o próprio. — Enzo
suspira do outro lado da linha. — Espere um pouco. Um Sheikh não falaria
com você por telefone. Vá ao encontro dele.
Suspiro, realmente concordando com o meu amigo.
— De fato, essa pode ser a única maneira de solucionar a situação.
Farei a tentativa.
Encerro a chamada, mas antes chego a ouvir a voz de Diana ao
fundo.
Vou tomar um banho e começo a repensar o dia. Cheguei rápido no
Brasil, fiz tudo acelerado e sequer vivenciei o dia. Quando a água começa
bater no meu corpo, sinto uma dorzinha nas costas e me lembro de como
aconteceu; o rosto da Princesa surge na minha mente.
Ela estava linda naquela fantasia. Eu sempre gostei de mulheres com
lingeries transparentes, saltos altos, cabelos bagunçados e lábios sedentos
por sexo. No entanto, algo naquela princesa-mulher mexe comigo.
Giovanna, mesmo não tendo nada das outras que sempre tive, me atrai de
um jeito incomum.
Lembrar que chupei aqueles seios e saber que fui o primeiro me
deixa excitado pra caralho. Eu estava quase comendo uma virgem no local
de trabalho dela, e ela ansiava por isso. Estava molhada e pronta para ser
fodida por mim. Pensando nisso, me toco até atingir o meu prazer.
Cacete! Por que mesmo eu não tirei a virgindade daquela mulher?
Lembrei. Na hora que a palavra virgem saiu de seus lábios, eu levei um
susto.
Pensei no que estava fazendo e sabia que seria insustentável a nossa
relação se a comesse e dissesse que foi somente um momento. Estava e está
estampado no rosto daquela mulher que deseja algo como amor eterno,
casamento e filhos. Nem se eu nascesse de novo eu poderia lhe dar. Então, é
melhor eu ficar com outras e tentar tirar a princesa da minha cabeça de uma
vez por todas.

— O Sheikh Mohammed Al Sabah irá recebê-lo em até 10 minutos,


senhor Marino — um dos representantes dele me avisa.
Estou em Dubai, num dos hotéis mais ricos de todos. Foram cinco
dias insistindo e somente ouvindo negativas. Porém, do nada, eles me
ligaram pedindo para vir para cá. Deixei tudo organizado com os gerentes,
para que pudessem lidar com minha ausência, e ontem à noite cheguei.
Está tudo perfeito e adoro que seja assim. Me deu até vontade de
morar aqui. Neste lugar, o excelente é levado em consideração. Quem sabe
daqui a alguns anos consigo inaugurar um restaurante cinco estrelas na
cidade? Posso planejar algo assim, mas primeiro preciso conseguir esse
investimento. Ou terei que procurar outros 10 menores para cobrir parte do
valor.
Foi uma grata surpresa esse Sheik me procurar na final da gravação
do reality no ano passado. Foram meses planejando e agora estou em risco
de perdê-lo por incompetência. Se não der certo, nem imagino onde
conseguirei outro investidor com tantas riquezas como o próprio.
— Senhor Marino, o Sheikh Mohammed Al Sabah te aguarda.
Sento-me na frente dele, que é um senhor de mais de setenta anos.
Espero seu gesto — que não demora —, me permitindo começar a falar:
— Sheikh Mohammed, venho encarecidamente me desculpar
devido ao que aconteceu com o meu antigo sócio. Fellipo errou demais e...
— As palavras somem. — Ele não me representa. Eu sou Mássimo Marino,
as empresas são vinculadas ao meu sobrenome, ele não sou eu.
Ele levanta a mão, finalizando minha fala.
— Compreendo que não é e fico feliz com as suas futuras núpcias.
Núpcias? Do que o Sheikh está falando?
— A sua futura esposa é muito bonita. Foi uma ótima escolha e
gostaria de conhecê-la. Confesso que quem deseja isso é uma das minhas
netas. A princesa Bela, que foi vendida pela Disney, é uma das favoritas da
pequena Malika.
Princesa Bela.
Não acredito que seja quem estou imaginando.
— Pode trazê-la aqui? Poderíamos conseguir uma fantasia
maravilhosa para a sua futura esposa.
Não creio no que está acontecendo. O maior investimento que
poderia receber na minha carreira depende dessa resposta, e não há espaço
para responder outra coisa que não seja...
— Sim. Eu a trago aqui.
O Sheik sorri, agradecido, me deixando ciente de que após conhecê-
la, poderá investir nas minhas empresas sem receio.
Agradeço e vou para o hotel com os nervos à flor da pele. De onde
ele tirou essa história de que Giovanna é minha noiva? Por isso, ligo para o
meu antigo sócio que, em acordo comigo, pediu demissão do cargo.
— Oi, Mássimo. Eu imaginei que iria me ligar.
— Fellipo, de onde o Sheik tirou que estou noivo?
Ele demora alguns instantes para continuar a falar e prevejo que não
me agradarei da resposta.
— Bem, eu sei que você não é muito focado nos sites de fofoca,
mas... Você vai ficar furioso.
Começo a andar de um lado para o outro, preocupado com o que
virá. Coloco a ligação no viva-voz, pesquiso o meu nome na internet e...
— Caralho!
— Você achou a matéria, não foi?
— Mas... Como que... Quem vazou essa foto?
Olho para o telefone e vejo a seguinte chamada: “Mássimo Marino
com seu novo affair”. Alguns comentam que ela será a futura senhora
Marino. “Quem é a moça?”
— Mássimo. Eu sei que parece ruim, mas foi o melhor que pude
fazer...
— Como assim? É você que está por trás disso?
— Você me exigiu que fizesse o impossível para que não perdesse o
acordo com o Sheikh, e eu o fiz. Agora, todos pensam que está noivo da...
Giovanna Soares.
— Puta que pariu! Fellipo, você faz merda por cima de merda. A
qualquer momento, Giovanna vai dizer que não é verdade e aí eu perco
tudo, inclusive a minha credibilidade...
— Então vai para o Brasil e a convença a aceitar ser sua noiva. É a
nossa única chance.
Passo as mãos no cabelo, pensando que mesmo sendo uma grande
mentira, é a minha única oportunidade. Espero que Giovanna não me odeie
tanto quanto aparenta.
Giovanna

— E o gatinho aprendeu que não deve sair sozinho sem a


companhia da mamãe gata. Fim! — finalizo mais uma história para um
grupo de crianças.
Poucos minutos depois, as outras bibliotecárias dão lanche para as
crianças e me levanto, indo respirar um pouco. Os últimos dias foram
tranquilos e na rotina, mas hoje percebo que as mães estão me olhando de
um jeito estranho.
— Gio! Vem aqui, mulher — Júlia me chama, agitada, e fico até
preocupada.
Entro na recepção e a primeira coisa que ela me mostra é uma foto
onde estou com Mássimo e minha afilhada. Nossa! A foto tá linda. Foi a
primeira vez que o vi sorrir.
— Foi no aniversário de um ano da minha afilhada — comento,
sorrindo com a lembrança daquela fofa da Agatha.
— Então... não é mentira?
— Claro que não — respondo, não entendendo o questionamento.
Todos aqui sabem que a filha da minha irmã...
De repente, meu telefone toca e vou para fora atender. Sinto que
mais pessoas me observam.
— O que está acontecendo? — murmuro comigo mesma antes de
atender minha mãe, que pede para passar no mercado antes de ir para casa.
Poucos minutos depois, vou embora e paro no mercadinho perto de
casa. Aqui a situação é pior. Duas mulheres ficam me olhando e
cochichando de um jeito que me deixa desconfortável.
— Somente isso, Giovanna? — a caixa do mercado, uma conhecida
de longa data, me pergunta.
— Sim — respondo, vendo-a dar um risinho.
Deus do céu! O que está acontecendo com as pessoas?
— Está aqui o cupom fiscal, senhora Marino — diz, me deixando
mais assombrada.
— Marino?
— Ah, sim, desculpe. Futura senhora Marino.
Um calafrio toma todo o meu corpo. Em que mundo paralelo entrei
no qual me tratam dessa maneira? Eu devo estar lendo demais. Só pode.
Alguma ficção científica está bagunçando a minha cabeça.
Sem saber o que fazer, pego as sacolas e caminho até minha casa.
Pena que o muro da nossa casa é baixo, porque parece que virei atração
turística do Panamby. As pessoas estão se aproximando mais rápido e então,
tranco o portão e corro para dentro de casa.
Fecho a porta, me encostando nela e tentando me acalmar. Isso só
pode ser um sonho. Não é?
— Filha!
— Ai, mãe! — grito, me assustando com a voz dela.
— O que aconteceu com você, menina? — ela pergunta,
preocupada.
— Nada. Eu só... preciso... tomar um banho e dormir — respondo,
indo para o meu quarto.
Tomo um banho rápido e depois vou para a cama. Pego o meu livro,
mas confesso que estou curiosa com essa história de senhora Marino, então
resolvo ver no telefone o que está acontecendo. Talvez seja a mulher que ele
esteja namorando. Dá até pena da coitada. Lidar com aquele bloco de gelo
que exige perfeição... Deus me livre!
Se ela for morena como eu, as pessoas podem me achar parecida e...
— Deus do céu! — exclamo quando vejo a matéria do site F de
Fofoca[3].
Está em letras garrafais da seguinte maneira:
“Chocando a todos: Mássimo Marino assume relacionamento com
morena misteriosa e anônima.
Por Luiza Silva.
Jamais pensei em escrever estas palavras, mas vocês precisam saber
em primeira mão que um dos mais cobiçados solteiros, o chef de cozinha
mais difícil de agradar do reality de culinária mais famoso do país, está em
relacionamento seríssimo com uma jovem paulistana.
O nome da moça ainda não foi revelado para nós, mas vocês sabem
que assim que descobrirmos, iremos contar tudo. Segue abaixo a foto
vazada dos pombinhos juntos.”

Desço a página e se não estivesse deitada na cama, teria caído para


trás. Aqui estão eu, Agatha e Mássimo nas fotos que fizemos como
padrinhos. A mesma que eu vi mais cedo no telefone de Júlia.
Deus do céu! Como isso aconteceu?
Mássimo

— Quantas horas para chegar no Brasil? — pergunto à comissária


de bordo.
— Uma hora, senhor Marino.
Agradeço e fito a paisagem na janela do jato particular. A notícia do
meu suposto noivado está correndo o mundo na velocidade da luz. Durante
as horas em que estou em voo, torço para que Giovanna não tenha
desmentido a história na mídia mundial, ou que nem Enzo ou uma das
irmãs dela tenha feito algo. Não posso aparecer como mentiroso para o meu
futuro investidor.
Porém, ainda me pergunto o que direi para Giovanna. Como apelar
para a racionalidade para alguém que não quer nem olhar na minha cara?
Nessa situação, novamente criada pelo meu sócio, sou quem mais precisa
de sua ajuda.
— Preparar para aterrissagem.
Coloco meu cinto e espero a chegada.
Como da primeira vez, tem um carro me aguardando e por ser perto
das seis da manhã, solicito que me levem para o hotel de sempre. Durante
todo o trajeto, tento ligar para ela, mas não sou atendido.
— Maledetta!
Preciso resolver essa história logo de uma vez. Não posso ser
desmentido...
Trim Trim.
Olho para a tela e encontro o nome de uma colega do reality que
sempre está comigo. Nunca tivemos nada, mas antes de ser casada, percebi
alguns olhares furtivos, os quais somente ignorei por não me interessar.
Chama-se Lola de La Cruz e é uma excelente chef de cozinha de origem
chilena, que conquistou o mundo como a mulher mais temida do nosso
mercado.
— Bom dia, Mássimo. Está no Brasil?
— Sim, Lola. Estou resolvendo alguns assuntos...
— Como o do seu noivado? — Perspicaz como sempre, ela me
encurrala, me deixando sem resposta. — Não precisa tentar esconder o
assunto. Na verdade, todos sabem sobre isso. Gostaria de conhecer a sua
“princesa”... Minhas filhas adorariam vê-la de princesa diante da Fera. —
Ela ri ao fundo da chamada.
— Entendi, mas primeiro tenho que conversar com ela. Depois
disso, te ligo.
— Aguardo seu retorno ou irei te ligar novamente. Mesmo assim,
desejo felicidade aos dois.
A ligação é encerrada e me apronto pra ir ao encontro da Princesa.
Tomo um banho rápido, visto um dos meus ternos e, desta vez, peço um
carro para mim. Preciso ir sozinho atrás dela. Ninguém pode imaginar a
verdade sobre nós ou nem imagino como irei reverter a situação.
Saio do hotel onde fico quando venho a São Paulo e me entregam a
chave de um Porsche conversível azul-marinho. Entro de uma única vez e
vou para a biblioteca. Paro em frente e vejo que a porta está fechada.
— Puta merda!
Olho para o relógio e vejo ser ainda sete da manhã. Provavelmente
eles abrem às 08:00hrs. Por isso, para não ficar muito estranho, dou uma
volta com o carro enquanto espero.
Por que merda eu resolvi fazer isso? Agora sou eu quem está
atrasado. Estou há mais de duas horas preso no trânsito ao som de buzinas e
xingamentos.
Quando finalmente consigo passar na entrada da biblioteca, a vaga
que havia antes se encontra ocupada. Na verdade, a rua inteira está. Por
isso, preciso entrar num estacionamento. Porém, quando vou ao caixa, me
recordo de que não converti moeda e estou somente com euros na carteira.
Cacete!
— Preciso pegar dinheiro. Tenho moeda do meu país e meu cartão
que passa no Brasil não está comigo.
— O senhor precisa pagar antes... — começa a falar o responsável
pelo estacionamento.
— Pensa que vou deixar um carro como esse aqui e ir embora? —
respondo com rispidez, me inclinando para frente.
O homem pequeno chega para trás, intimidado, e sem a sua
resposta, saio do estacionamento e vou atrás de Giovanna naquela
biblioteca poeirenta.
Abro a porta num rompante e a primeira coisa que escuto é:
— Olha ele!
Viro-me na direção e vejo ser a recepcionista que conheci na
primeira vez que vim aqui.
— Você quer falar com a Gio? — a mulher me pergunta, sorridente,
e somente balanço a cabeça em concordância. — Ela está tomando café. Só
um instante que vai estar aqui.
Concordo e me acomodo enquanto espero. Porém, um pensamento
me assalta. E aquele forte que claramente é interessado nela? Será que estão
juntos? Não. Se estivessem, estaria ao seu lado no aniversário, correto?
Então, ouço passos agitados e a Princesa aparece num belo vestido
azul, soltando fogo pelas ventas.
— Sei que vai soar pessimamente, mas... Eu posso explicar.
Giovanna

Saí de casa um pouco mais cedo do que o costume. Na verdade,


preciso ficar sozinha, principalmente depois que vi a fofoca na internet de
que estou num relacionamento com ninguém menos que Mássimo, o
mesmo homem que me beijou de um jeito íntimo e depois falou que eu não
era o que ele queria.
Eu tento e tento, mas não consigo. Sei que não quero ficar com
aquele perfeccionista e mal-humorado. Porém, confesso que fiquei
remoendo aquele dia em que nos beijamos pela primeira vez. Foi muito
bom no início, mas trágico no fim.
Será que é por isso que resolvi não fazer nada com a minha imagem
que está rodando a internet? Mas, pensando bem, já vi tantos famosos
negando isso e aquilo... No final das contas, a situação, ao invés de se
extinguir, piora ao pensarem que estão mentindo. Neste caso, não fazer
nada é o melhor a se fazer. Acredito que com mais ou menos dias, essa
história morrerá e minha vida voltará ao normal.
Contudo, quando conseguir encontrar com Mássimo, ele vai ter que
me explicar por que a foto inocente de um aniversário virou essa notícia
louca. Mas eu vou esperar. Ele sempre volta para o Brasil. Minhas férias
estão chegando, mas não vou gastar um tostão para ir atrás daquele homem.
— Bom dia, Giovanna — o padeiro me cumprimenta e somente
aceno para ele.
Ainda bem que esta hora o trânsito é mais tranquilo e depois de
pegar uns pães de queijo, consigo chegar antes do horário para ver um
daqueles carros importados — que custam muito mais do que ganho em dez
anos — sair em disparada.
Abro a biblioteca e vou para o meu ambiente de trabalho, a área das
crianças. São cobertas de muitas almofadas, algumas inclusive rasgadas
pelo excesso de uso. A minha poltrona está com o couro de cor castanho se
abrindo.
O que mais me preocupa aqui dentro são as paredes, pois há
infiltrações devido à falta de manutenção. Alguns livros foram realocados
para não ficarem úmidos. Fizemos o nosso melhor, mas está difícil
permanecer assim.
— Bom dia, Gio. — Tomaz, que é responsável por essa parte,
aparece.
— Oi...
— Sei que está olhando, mas infelizmente a prefeitura não nos
disponibilizou verbas para reparar o seu local de trabalho.
— Isso é muito triste. É um descaso com a educação e a cultura —
comento, olhando para ele, que me fita com atenção. — Se tivesse dinheiro,
tiraria do meu bolso para ajudar.
Ele coça a cabeça, mostrando os bíceps muito bem trabalhados.
— O bom seria no mínimo locar o prédio do lado enquanto
fazíamos uma reforma daquelas aqui...
— Mas também precisamos de muitos recursos para fazer isso.
— Verdade — confessa, sorrindo e me contagiando junto.
Vou para as escadas, subindo para tomar meu café da manhã, e
Tomaz me acompanha.
— Daqui a pouco o pessoal deve estar chegando, não acha? —
pergunto.
— Sim — responde. — Posso te comprar um café daqueles
coloridos que você gosta, Giovanna?
— Mas...
— Não se preocupe. Será um presente. Eu já volto.
Sem tem o que dizer, somente agradeço e vou para a entrada. Como
está tudo vazio, pego um dos livros que mais adoro e vou para o andar de
cima, onde fica a copa para funcionários.
Estou com o livro chamado Emma, que conta a história de uma
casamenteira de carteirinha, e folheando as páginas, começo a pensar em
Tomaz. Será que existe alguém legal para ele por aqui?
Bem que eu poderia ajudá-lo. Ele é um homem muito bonito, com
aqueles braços fortes, olhos castanhos, cabelos escuros e jeitão protetor
muito fofo. Qualquer mulher gostaria de ficar com ele.
Pensando de outra maneira, ele poderia ser o que chamamos de
avatar de livro, e não teria uma que iria dispensá-lo.
— Gio.
Falando no assunto — ou melhor, pensando —, o próprio aparece.
Ele me entrega o meu café colorido e cheio de açúcar e agradeço
com um sorriso.
— Isso aqui é maravilhoso. É tudo que preciso para lidar com as
crianças.
— Eu sei que você adora — comenta, desconcertado.
Tomo mais um gole e me lembro de Mássimo; na verdade, recordo
da loucura que está ocorrendo com a minha imagem. Ainda bem que a
minha família não é tão focada em mídia, ou estaria louca com tantas
ligações e... Bebo mais um pouco.
— Você alegrou o meu dia, Tomaz. Nem sei como te agradecer.
Ele sorri de lado, desviando o olhar do meu.
— Giovanna, isso é somente um simples agrado para...
Então, a porta se abre com uma Júlia entusiasmada.
— Gio. Seu noivo bonitão está lá embaixo querendo falar contigo.
— Noivo? — Tomaz pergunta.
Na mesma hora, o relaxamento que o açúcar estava me causando
vira energia alimentada por pura raiva. Ver aquele homem mexe demais
com o meu psicológico, mas lidar com o meu suposto noivo, que na
verdade é um mentiroso de uma figa, me tira de mim.
Desço batendo meus saltos até olhar para a cara daquele bonitão que
se acha e ouvi-lo dizer:
— Sei que vai soar pessimamente, mas... Eu posso explicar.
— Fala agora, Mássimo!
Exijo, mas parece que não está tão nervoso quanto eu. Ele olha para
os lados e se levanta demoradamente.
— Venha comigo que te explico tudo...
— Eu não posso sair. Estou trabalhando — argumento e ele revira
os olhos. A raiva me cega. — Você está realmente por trás disso tudo...
Ele passa o braço nas minhas costas e seu perfume amadeirado
bagunça os meus sentidos.
— Princesa, vamos dar uma volta no meu carro que eu já te trago de
volta com todas as respostas — ele sussurra no meu ouvido e todo o meu
corpo se arrepia como sempre.
Deus. Por que só ele consegue fazer isso comigo? Eu deveria
mandá-lo para o raio que o parta por tudo que já aconteceu, mas não
consigo. Na verdade, parece que meus braços querem uma coisa e minha
cabeça quer outra.
Fazer o quê, se não consigo esquecer daquele beijo e... tudo mais
que aconteceu? Por isso, as seguintes palavras saem da minha boca.
— Você tem dez minutos...
Ele desvia o olhar e volta para mim.
— Sou ótimo no quesito tempo, mas confesso que será pouco para o
que planejo.
— Mássimo...
— Meia hora. Exatos 30 minutos. Não acredito que fará tanta falta
nesse lugar coberto de poeira.
Suspiro, balançando a cabeça para os lados.
— Aceita?
Pior que estou curiosa com o que quer dizer. Por isso, somente vou
para a recepção, pego minha bolsa, deixando avisado para Júlia que vou me
ausentar, e acompanho Mássimo, que abre a porta para mim.
— Merda!
— O que foi?
— Não peguei real brasileiro antes de vir. Somente estou com euro.
Te dou 100 euros e você paga o estacionamento. Está bem?
— Você nunca pede nada, não é?
— Nunca precisei — afirma, me entregando a nota de moeda
estrangeira.
A primeira coisa que faço é pegar sua carteira e colocar dentro da
minha bolsa.
— Por que você?
— Nunca ouviu falar da criminalidade por aqui?
Ele suspira.
— Está bem, é aqui que deixei o carro — indica, me conduzindo.
Claro que ele pegaria o carro mais caro de todos, e tem vários
homens babando no veículo.
— Veja o pagamento do estacionamento — fala, meio que
ordenando, me deixando para trás.
Deus. Como poderíamos ter algo? Lidar com seu jeito de patrão
arrogante é completamente insuportável. Resolvo rapidamente a situação
com o pilantra que queria me cobrar mais caro e quando me viro, o próprio
está me esperando, abrindo a porta.
Prefiro não falar muita coisa e somente acato a sua ordem sem
palavras, entrando no carro sem dizer muitas coisas. Estou me esforçando e
aguentando o seu jeito complicado somente porque quero saber o que ele
tem a me dizer.
Mássimo

Ela está comigo e isso é o mais importante neste momento. A


Princesa é o que preciso para resolver, e dela necessito somente do seu sim.
Paro na entrada de um dos meus restaurantes e, por ser cedo, não
tem ninguém por aqui.
— Me acompanhe...
— Para onde você quer me levar? — Ela para na entrada do lugar.
— O que vou falar contigo necessita de extrema privacidade, e o
meu escritório é o melhor lugar.
Ela continua parada com o seu vestido rodado de princesa.
— O que foi, Princesa? Está com medo do Lobo Mau? —
questiono.
A mulher cerra os olhos.
— Você está mais para Fera do que para Lobo, Mássimo. — Então,
ela entra pela porta que deixei aberta.
Porém, não deixo de pensar que ambos gostam de princesas. A Fera
gosta de gritar com a princesa, mas na história da Chapeuzinho Vermelho, a
intenção do Lobo é devorar.
— Para onde vou?
Indico a escada do canto. Dou uma passada no restaurante e
encontro dois funcionários nos observando. Normalmente, teria ficado
furioso, mas na situação em que estou, o melhor mesmo é que falem que ela
realmente está comigo.
Quando entro no escritório, percebo que ela está meio deslocada no
meu ambiente de trabalho. Indico para que se sente, mas a princesa
continua observando as pinturas nas paredes como se estivesse num mundo
próprio.
— Giovanna?
— Sim.
— Sente-se aqui. — Indico a cadeira e a Princesa resolve se
acomodar no sofá.
— Giovanna...
— Você nunca pede nada para ninguém?
— Eu já te falei. Nunca foi necessário. Sente-se aqui.
— Aqui está ótimo — responde, e eu sei que o faz somente para me
irritar —, pode ir falando daí porque toda a internet diz que sou sua noiva.
Se ela pensa que conseguirá se afastar de mim, está completamente
enganada. Mesmo sendo encantadora como uma princesa, jamais
conseguirá me dobrar. Conheço mulheres e assim como todas, sei o que
deseja.
Então, levanto da minha cadeira e me sento ao seu lado, mas ela se
afasta, sentando-se mais distante. Faço o mesmo, até que ela atinge o braço
do sofá e fica sem espaço para ir mais para trás.
— Não pode ficar um pouco mais distante?
— Seus olhos têm um tom diferente de castanho. São muito
bonitos...
A Princesa se levanta e seguro a sua mão, impedindo-a.
— Mássimo, eu tenho que voltar para o trabalho.
— Está bem — confirmo. — É o seguinte. Meu sócio vazou a foto
de nós dois. Sei que foi colocada fora de contexto, mas foi para me ajudar
numa situação complicada.
— Uma ex furiosa?
— Não mesmo. Na verdade, é um investimento de 3 bilhões de
dólares — confesso.
Certamente ela tem que saber disso.
— Deus do céu! Isso é muito dinheiro! — Ela começa a andar pelo
escritório, batendo seus saltos de boneca pelo chão. — E o que eu tenho a
ver com isso? Por que eu?
Agora tenho que falar a verdade e rezar para que ela aceite a minha
proposta.
— O Sheik Mohammed Al Sabah é um senhor de idade muito
conservador. Leva os costumes de família muito a sério e somente aceitou
firmar o nosso acordo quando o meu sócio vazou sua foto na internet. —
Cruzo os braços. — Sabemos que não temos nada a ver, mas estou disposto
a te dar algo que queira se aceitar o acordo...
— Espera aí. Que acordo?
— Um simples. De você ser a minha noiva de fachada.
— Enlouqueceu, Mássimo? A gente não se entende por nada...
— Mas não vai precisar. Será somente em eventos e algumas
viagens que eu mesmo pagarei.
— Você já me falou que não gosta de mulheres como eu. Por que
não procurou uma do seu tipo?
— Simples, não quero sentimentalismo. Sou muito prático quando
decido as coisas. Também sou assim com as mulheres de minha preferência,
no entanto, nenhuma delas seriam tão aceitas como uma princesa para o
Sheik.
— Você não é e nunca será o príncipe que procuro — afirma,
apontando um dedo para mim.
— Eu sei disso, mas não é uma relação romântica e também será
temporária. Acredito que em três meses, no máximo, tudo será resolvido —
respondo. — Você continua procurando o seu príncipe e eu sigo a minha
vida.
Sua respiração fica mais acelerada e meus olhos caem em seus
seios. Por que eu fui me lembrar disso? O sabor de sua pele, os gemidos que
faz quando está excitada... Como começar um noivado de fachada dessa
forma? Porém, necessito de no mínimo tentar.
— Eu preciso de tempo para pensar nesse assunto.
— Entendo — confirmo. — Mas fale a verdade para ninguém.
Devido à fama do programa, pode acontecer de alguém te procurar...
— O que falarei?
— Somente confirme, mas diga que somos discretos — afirmo, me
levantando. — Amanhã irei na biblioteca para resolvermos de fato esse
assunto e você tem carta branca para escolher algo que queira nesse acordo.
— Como assim?
— Sim. Um carro, uma casa para seus pais... O que diz respeito a
nós dois, eu mesmo irei arcar — afirmo. — Agora podemos ir embora. —
Olho no relógio. — Como tinha dito, gastei somente vinte e oito minutos.
Giovanna

— Noiva de Mássimo Marino!


Falo para mim mesma e ainda não consigo acreditar.
— Em um relacionamento sério com Mássimo. Aquele complicado
que é padrinho da sua afilhada e também é o ser mais difícil de lidar nesta
Terra.
Ai, meu Deus! E eu ainda nem contei sobre este assunto para as
minhas irmãs. O pior é que nem posso. Somente depois que... assinar o tal
documento que ele fez.
Eu preciso pensar. Não é deste jeito que eu preciso fazer as coisas.
Eu não preciso dele para nada. Ele vai conseguir fazer a expansão que tanto
deseja se eu aceitar. Na verdade, eu não necessito de nada. Tenho uma
família que me ama, irmãs maravilhosas, sobrinhos lindos. Por que mesmo
eu devo aceitar o pedido de Mássimo?
— Giovanna, ainda bem que você chegou. Quase acontece uma
tragédia!
— O que foi, Júlia!? — pergunto, alarmada.
— O teto da biblioteca cedeu bem em cima das almofadas das
crianças.
— Deus do céu!
— Ainda bem que não tinha criança aqui. Mas Tomaz falou que não
vai ter como continuar a contar história para as crianças.
— Realmente. Primeiro a segurança deles, mas... — Caminho para
as escadas e meu coração se aperta. — Meu Deus. Ainda bem que
aconteceu quando ainda o ambiente está vazio.
No entanto, penso na situação como um todo. Já sabíamos que não
havia verba. O que significa que nem tão cedo iremos retornar e que as
crianças vão ficar desamparadas por tempo indeterminado.
Se eu pudesse ir até o prefeito e pedir... Ou quem sabe apelar para
um dos meus cunhados... Talvez seja por aí. Mas... Vamos pensar mais
claramente. Quem tem mais recursos para me ajudar? Um lutador
profissional, um CEO do ramo de tecnologia ou um Chef de cozinha
renomado que tem restaurante pelo mundo afora?
Está bem. Quem poderia me ajudar mesmo seria Mássimo, mas...
Talvez não precise de muito. Entretanto, necessitamos de um orçamento.
— Cadê o Tomaz?
— Ele está no terraço.
Agradeço e vou atrás dele pela escada lateral do lado de fora. Tomo
todo cuidado ao subir e o vejo conversando com um outro homem.
— Tomaz. Estava te procurando.
Ele somente confirma com a cabeça, se afastando.
— Giovanna, estamos tentando ver o custo para reparar o que
aconteceu — esclarece com uma frieza incomum.
— Entendi. Depois você pode me falar qual é o valor?
— Seu noivo vai ajudar? — indaga com rispidez, me encarando
com raiva.
Deus do céu! O que eu fiz?
Sem saber como responder e não querendo tirar satisfações com o
meu amigo de trabalho na frente de um desconhecido, somente digo:
— Depois a gente conversa.
Tomaz somente balança a cabeça e vou para o andar de baixo,
pensando no que de fato está acontecendo com o meu amigo.

Que dia penoso! Passei o fim da manhã e a tarde dispensando todas


as crianças que estão acostumadas comigo. O que apertou meu peito foi
ouvir uma garotinha de 4 anos perguntando se a “Tia Princesa não queria
mais contar história”.
Nossa! Como foi complicado fazer essas coisinhas lindas
entenderem que tinha um grave problema na sala. Foi difícil, mas falei que
faríamos de tudo para resolver e voltarmos ao trabalho. Porém, com os
valores que Tomaz me passou na hora do almoço, estou realmente
preocupada. A minha única chance de ajudar seria... Ai, meu Deus...
Aceitar o noivado com Mássimo.
Então, assim que passo pelo portão de casa, mando uma mensagem
para ele, dizendo:
“Eu aceito ser sua noiva, Mássimo.”
Poucos instantes depois, escuto o aparelho vibrar.
“Está bem. Amanhã vamos conversar sobre o restante e assinar o
contrato.”
Somente fecho a tela e vou para o meu quarto. Porém, no instante
em que abro a porta, me surpreendo com Diana e Alessandra no meu
quarto.
— Que demora, Giovanna! — reclama Alessandra.
— Isso é verdade — emenda Diana. — Mas perdoaremos quando
nos contar quando descobriu e por que não contou pra gente.
— Dá um tempo para ela, Di. A nossa princesinha jamais vai
afirmar que noivou porque ficou grávida desse jeito — fala Alê, na ironia.
— Do que vocês estão falando? Eu não estou grávida! — afirmo.
As duas caem na gargalhada.
— Como não está? A noivinha que sempre falou que Mássimo é um
Fera e “jamais” iria se juntar a ele... — fala Ale.
— Verdade. Até pediu para trocar de par no meu casamento porque
não “aguentava” lidar com ele — continua Di, rindo até se acabar.
— Não é nada do que estão pensando — afirmo, deixando minha
bolsa na cama. — Me fala qual virgem ficou grávida nos dias de hoje?
As duas ficam me olhando.
— Se Lorenzo soubesse uma dessas... — comenta minha irmã,
tentando conter as risadas.
Essas minhas irmãs são fogo na roupa. Amo demais Diana e
Alessandra, mas elas estão me deixando louca. Porém, tenho certeza de que
não iria demorar a inquisição das Soares.
— Agora não estou entendendo nada. Por que todos estão dizendo
que está noiva dele? — questiona Alê.
— Se eu contar tudo, prometem guardar segredo até do marido de
vocês?
Elas se olham e me preocupo com a minha irmã mais velha.
— Di...
— É complicado. Esqueceu que eles são melhores amigos? Mas vou
fazer o meu máximo para não falar do Mássimo.
— Ela tá toda engraçadinha hoje — comenta Alessandra. — Da
boca da Diana não vai sair nada, e nem da minha. Segredo de irmãs.
— Sim. Segredo de irmãs — afirma Diana. — Agora conta, que
estou curiosa sobre esse noivado no zero a zero. Jamais diria que Mássimo
iria noivar com alguém, e muito menos que não aproveitaria a situação
para...
— Transar — completa Alessandra.
— Isso! — afirma Diana.
— Mas a situação entre nós é diferente...
Minha fala desperta olhares confusos de ambas.
— Como assim? — pergunta Di.
— Deixa ela falar, mulher — reclama a minha irmã mais nova, que
é a rainha da paciência, para não dizer o contrário.
— Está bem. Fala, Gio. Queremos te ouvir em detalhes.
Respiro fundo e começo a contar como aconteceu. Falo das nossas
frequentes brigas, que todos presenciaram, e de quando a foto do
aniversário de um ano da Agatha vazou na internet, vinculada à ideia de que
tínhamos um relacionamento. Depois conto sobre ele ter me proposto um
acordo de noivado por contrato.
— Eu fui pega de surpresa com essa história toda e estava pensando
em negar, mas agora... surgiu um problema no prédio da biblioteca e estou
pensando em pedir um valor para ajudar as crianças...
— Agora estou entendendo. É um noivado de fachada — fala
Alessandra.
— Preciso confessar que é bem a cara dele. Nunca vi um homem
com tão pouca empatia como Mássimo.
— Di, não dá para negar que ele é muito bonito.
— Mas, mas será que é...
— Isso é fácil saber. Gio, você já beijou o seu “noivo”?
— Bem, é que...
— Olha a cara dela ficando vermelha! — aponta Diana rindo.
— Conta logo que quero saber de todos os detalhes sórdidos — fala
Alessandra.
— Alê!
— O que foi, Di? Se o beijo dele é bom, pode ser que não seja tão
egoísta na cama.
Estou muito envergonhada de falar sobre aquele beijo que... quase
foi a minha primeira vez. Não só isso, porque somente de pensar, me
recordo de que ele me negou e...
— Vocês não têm filhos e maridos para cuidar? — pergunto,
fugindo da conversa e mexendo na minha bolsa.
— Ela ficou com vergonha — declara Alê.
— Quem é a mais envergonhada sou eu...
— Para de história, Diana, isso foi antes de você conhecer o
Lorenzo. Depois, ficou toda saidinha — reclamo. — Vocês duas são
terríveis.
Ela levanta as mãos em rendição, puxando Alessandra.
— A gente vai embora, mas se acontecer qualquer novidade, quero
ser a primeira a saber — avisa Diana.
— Ligar para nós duas, Giovanna. É uma ordem.
Somente então elas vão embora, me deixando em meus
pensamentos sobre o dia de amanhã.
Mássimo

— Lorenzo...
— Não tente criar argumentos para encerrar a chamada. Me
explique primeiro como ficou noivo da minha cunhada? Vocês não se
entendem por nada neste mundo.
— É complicado...
No momento, estou sentado no sofá do quarto de hotel, pensando na
mensagem que Giovanna me passou e no que terá no nosso contrato de
noivos de fachada.
— Complicado como? Ela está grávida? Terá que assumir um filho?
Confesso que não te vejo muito como pai, mas...
Passo a mão nos cabelos, evitando pensar nesse assunto.
— Eu não vou ser pai. Isso está decidido na minha vida e jamais
será alterado.
— Eu pensava o mesmo...
— Mas nunca teve a mesma convicção que a minha — afirmo. —
Lembre-se de que na Itália você tinha o costume de conquistar as forasteiras
por esporte.
Ele ri do outro lado.
— Um fato que prova como as coisas mudam. Então, meu amigo,
jamais se esqueça disso.
— Comigo tudo funciona de uma única maneira...
— Agora me pergunto... A sua noiva sabe que não anseia ter filhos?
Giovanna é do tipo...
— Ela não precisa saber disso.
O que é uma verdade. Vai durar tão pouco esse “noivado” com a
Princesa que jamais precisará saber do assunto. Ela é simplesmente uma
virgem que sonha em se relacionar com um príncipe de armadura de ouro.
Então, está claro que jamais acontecerá algo assim entre nós. Mesmo sendo
deliciosa e difícil de resistir.
— Se planeja se casar com ela, vocês precisam ter essa conversa.
Outra coisa... — Ele suspira. — O problema é que começou errado como
eu...
Junto as sobrancelhas, preocupado.
— O que foi?
— Terá que pedir autorização aos seus futuros sogros...
— Não é preciso — argumento.
— É algo de extrema necessidade na família da sua futura esposa.
Eles jamais deixariam a última filha solteira se casar com um homem que
não a faria feliz.
Puta merda! Por essa eu não esperava.
— Temos uma viagem em alguns dias...
— Tente falar com o senhor Alberto e dona Vitória o mais breve
possível. Nesse dia, toda a família se reunirá para avaliar o pretendente.
Bufo, não acreditando em uma linha do que ele fala.
— Não estou em tempo para piadas, Enzo...
— Não é. Eu mesmo precisei passar por isso. Mesmo Diana estando
grávida da nossa filha.
— Isso é um absurdo...
— Não reclame e pense em como impressioná-los. Isso é o mais
importante e... Amore Mio.
— O quê?
— Terei que desligar, Max. Diana acabou de chegar em casa.
Poucos instantes depois, ele desliga a ligação sem me dar chance de
rebater ou pedir mais informações. Falar com os pais dela? Por essa eu não
esperava.

Chego na biblioteca cedo, mas estranho as faixas de interdição em


algumas partes do local. Agora, tirando o cheiro de poeira de sempre, o
odor de mofo infesta o ambiente. Se antes isso aqui já era ruim, desta
forma, o lugar está insalubre para qualquer funcionário.
— Alguém pode me dizer onde está Giovanna?
— Liga para ela. Não é a sua noiva?
Viro-me na direção da voz e reconheço o mesmo cara que tentou me
colocar para fora quando eu e ela estávamos planejando o casamento de
Lorenzo. Durante um tempo, até pensei que estavam juntos, mas se fosse
para ter acontecido, em um ano já seriam um casal.
— Sim. Eu tentei, mas a minha noiva não atendeu — respondo,
deixando claro quem é quem nesta conversa.
O olhar de ódio que dirige a mim mostra o quanto odeia o lugar que
estou assumindo. Sim, é temporário, mas adorei mostrar que a Princesa é
minha, e não desse cara.
— Bom dia, Mássimo...
Escuto a voz dela e aproveito que estou tirando um adversário do
meu caminho para tomar os lábios da minha noiva. Ela demora uns
instantes para aceitar, mas depois se derrete em meus braços. Minha língua
mergulha em sua boca e a ouço gemer quando a aperto mais forte em meus
braços. Puta merda! Vai ser mais difícil do que imaginei ficar tão perto e
não avançar para algo mais.
— Uhu!
Os gritos de aprovação fazem Giovanna se afastar.
— Buongiorno, Princesa.
Seu rosto está vermelho como em brasa. Tento tocar em seu rosto,
mas ela segura meu braço e me puxa para fora.
Confesso que não sou de exposições dessa maneira, mas precisava
mostrar para aquele cara que Giovanna é somente minha.
— O que deu em você!? — indaga assim que paramos na calçada,
no lado de fora da biblioteca.
— Não tente dizer que não gostou...
— Eu levei um susto — afirma.
— Si, um susto — ironizo. — Chegou a gemer em meus braços.
Pare de negar que gosta dos meus beijos...
— Mássimo. Isso jamais vai acontecer de novo — esclarece.
— Impossível, Princesa. Quem de fato acreditaria em tudo se não
nos beijarmos? — argumento.
Jamais pensaria nisso, mas roubar uns beijos de Giovanna é melhor
do que imaginava. Se a recompensa for ela nervosinha desse jeito, tenho
certeza de que farei outras vezes.
— Não foi assim que planejei... — retruca.
— Posso dizer o mesmo.
Olho o relógio e vejo que algumas das minhas visitas estão
atrasadas. Preciso sair do Brasil em breve para vistoriar pessoalmente, já
que estou sem um sócio. Mas antes, tenho que levá-la comigo.
— Preciso que arrume suas coisas, pois amanhã vamos viajar.
— Como assim? Vamos para onde?
— Dubai. Tenho que finalizar o acordo com o Sheik e depois irei
para a Europa...
— Mássimo. Precisamos conversar. Não posso largar tudo,
principalmente agora.
Cerro os olhos, esperando que prossiga.
— A biblioteca foi interditada. Teremos que fechar por tempo
indeterminado. Eu e todos os funcionários devemos ser realocados para
outro lugar e...
— Entendi a situação, mas preciso que venha comigo...
Ela olha para os lados.
— Tenho que te falar algo importante e não pode ser aqui no meio
da rua.
Pego a chave do carro e destravo a porta.
— Entre.
— Preciso pegar a minha bolsa.
— Não precisa. Voltaremos em breve — esclareço, abrindo a porta
para ela.
Giovanna senta e seguimos para um dos meus restaurantes. Desta
vez, procuro um que trabalha com comida simples e seguimos para o andar
de cima. Porém, antes que entremos, o gerente me cumprimenta.
— Sr. Marino. Não imaginava que o senhor viria.
— Sim, porque nem mesmo eu pensava em aparecer — afirmo,
esperando que saia.
— Deseja comer ou beber algo? — pergunta, abrindo espaço para
nós.
— Se quisermos, solicitaremos — respondo, fechando a porta.
— Você continua um mar de simpatia com os seus funcionários —
ironiza, sentando na cadeira.
— Não preciso ser simpático para que eles façam um bom trabalho
e recebam um bom pagamento no dia certo — respondo, me acomodando à
sua frente. — Então, Princesa. Me diga o que quer falar?
Sua respiração acelera e fico preocupado com o que de fato deseja.
— Bem... eu aceitei ser sua noiva...
— Sim, e o contrato a ser assinado está aqui — informo, abrindo o
notebook e preparando-me para enviar o documento para a impressora.
— Mas tem algo que quero em troca.
Paro o que estou fazendo, mirando seus olhos castanhos.
Isso é preocupante. Ela está se segurando tanto para dizer que
realmente me preocupo com o que de fato deseja, e cogitar sobre as opções
é a pior alternativa.
— Diga de uma vez o que quer, Giovanna.
Giovanna

Eu sei que tenho direito de pedir o que quiser, conforme o próprio


me falou, mas quem disse que é tão fácil? Principalmente por ser para ele.
O mesmo prepotente arrogante, gato, gostoso, e que me roubou um beijo
tão ardente que minhas pernas ainda estão trêmulas.
Deus do céu! Até olhar para o rosto dele é difícil para mim. Saber
que estive presa em seus braços e que sua língua fez magia em minha boca
e... Tudo isso atrapalha demais a me concentrar.
“Pensa nas crianças, Giovanna”, falo comigo mesma.
Se fiquei furiosa com a audácia? Sim, muito. Ele me fez pegar fogo
de um jeito... que só naquela última vez desastrosa aconteceu.
— Giovanna?
— Sim. Bem... — Respiro fundo. — Você falou que eu poderia
pedir algo para mim nesse... noivado...
— Sim, o que você quer? — responde, pegando o telefone. — Me
dê o valor que te transfiro agora mesmo.
— Mássimo... Eu quero uma doação significativa para a biblioteca
onde trabalho.
No mesmo instante, seus olhos azuis me interrogam. Meu coração
acelera e fico sem saber o que dizer. Os segundos se passam enquanto nos
encaramos. Fico tão nervosa que desvio o olhar.
— Tem certeza de que quer fazer isso? — ele me pergunta. —
Poderia pedir um valor para investir no seu futuro, comprar uma bela joia,
uma casa nova ou quem sabe para fazer uma viagem pra... sei lá... pra
Disney. Lá não é a terra das princesas?
— Nada disso. Meus pais amam a casa deles e não pensam em se
mudar de onde moram. Eu não sinto falta de nada dessa forma. Quero
somente a doação para a biblioteca voltar a funcionar.
— Você virá comigo quando?
Eu já estou com férias vencidas, mas dependendo da situação, terei
que apelar para a minha chefe por uma data mais recente.
— Vou tentar adiantar. Tinha férias planejadas para o fim do mês.
No entanto, você precisa falar com os meus pais. Caso contrário, não
poderei ir.
— Como não? Você é uma mulher adulta...
— Existe permissão e respeito — respondo com a voz firme. —
Meus pais não impedem o meu ir e vir, mas não quero desapontá-los
somente falando que vou viajar com o meu noivo que eles nem conhecem.
Isso é indiscutível. Jamais iria contra a palavra deles. Será que
Mássimo não consegue compreender? Principalmente me lembrando de
como tratou a própria mãe.
— Quando devo fazer isso?
— Tem que ligar para eles — respondo, pegando meu telefone. —
Aconselho falar com a minha mãe e acertar a data. No dia, não atrasar.
Porque não será somente com eles que terá que conversar. Digo, a quem
convencer.
— O que quer dizer?
— Meus cunhados e irmãs também participam para ver se você...
seria um bom marido para mim.
Ele revira os olhos.
— É tudo uma fachada. Como vou conseguir convencê-los?
Meus pés começam a tremer de nervoso, pensando no fato das
minhas irmãs estarem sabendo de tudo.
— Já pensou nisso, Giovanna?
— Sim — respondo. — Você não vai gostar, mas minhas irmãs
sabem... sobre a gente.
Ele se joga para trás e cruza os braços.
— Puta que merda, Giovanna! Eu falei que era sigilo completo entre
nós...
— Eu sei, mas isso vai te ajudar a convencê-los. — Seguro sua mão
sobre a mesa. — Tenho certeza disso.
Ele desvia o olhar de mim, focando o horizonte. Depois, somente
confirma.
— Me passe o telefone da dona...?
— Vitória.
— Espero que seja isso que vou dizer quando acabar essa conversa.
Sorrio para ele e pego meu telefone para anotar o número dela.
Mássimo nem espera muito para fazer a chamada.
— Bom dia, dona Vitória. — Ele pausa. — Eu sou Mássimo
Marino, como deve saber, noivo da sua filha Giovanna. — Novamente,
silêncio. — Sim. É verdade, e é sobre esse assunto que gostaria de
conversar com a senhora e o seu marido. Teria disponibilidade para hoje à
noite?
É bem a cara dele querer tudo no seu tempo, mas não vai ser tão
fácil.
— Não. Então, quando? — Ele suspira. — Somente na sexta? Vou
verificar a minha agenda.
Olho no calendário e como hoje é quarta, faltam só dois dias. Será
que ele não pode esperar.
— Está bem. Na sexta, às 20h. Até lá, então.
Assim, a ligação é encerrada.
— Arrume suas malas que terei que remanejar muita coisa para que
possamos sair daqui no sábado, no primeiro horário. Entendido?
Confirmo com a cabeça, me levantando.
— Outro assunto que não foi dito. Não fique tão nervosinha quando
nos beijarmos...
Imediatamente, uns tons vermelhos alcançam o meu rosto.
— Eu sei, mas você me pegou de surpresa...
— Eu tinha que mostrar para aquele cara que trabalha contigo que
você está comigo.
Estranho sua fala.
— Mas pra que?
— Você já teve alguma coisa com aquele cara, Giovanna?
— De quem você está falando? — questiono.
— Daquele que trabalha na biblioteca. O que ficou me encarando da
última vez que fui lá, e hoje não foi diferente.
— O Tomaz? — indago. — Somos amigos.
Ele cerra os olhos.
— Tem certeza, Giovanna? Se surgir alguma informação de que
estou sendo traído pela minha noiva de fachada, os dois vão arranjar um
grande problema...
Suspiro, não gostando nada do rumo desta conversa.
— Mássimo, se estivesse com alguém, acha que teria aceitado o seu
pedido de noivado?
— Você precisa do dinheiro...
— Mas eu tenho princípios...
— Só estou te perguntando...
— Não é pergunta. Está me interrogando como se estivesse
mentindo — rebato, furiosa, me apoiando sobre a mesa. — Eu não sou
assim. Se realmente pensa algo assim de mim, melhor acabar com isso tudo,
porque não vai ter como convencer nem o mais crédulo de todos que somos
um casal.
Tento sair, mas na hora, me lembro de que minha bolsa ficou na
biblioteca por insistência dele. Que saco!
— Eu quero ir embora daqui agora, Mássimo.
Ele fica parado por alguns instantes e cruzo os braços, esperando
que se levante e me leve para o trabalho. Mesmo sendo o grosseirão que é,
sei que não vai me deixar aqui.
— Está bem. Você venceu. Bandeira branca, Giovanna.
Eu devo estar sonhando. Só pode. Não é um pedido real de
desculpas, mas é um avanço. Indiferente a isso, cruzo os braços, à espera do
que fará.
— Não entrarei mais neste assunto. Como havia exigido
exclusividade entre nós, prometo que farei o mesmo, Princesa.
Mássimo abre a porta para que eu saia e assim que a fecha, sua mão
prende a minha. Como somos noivos aos olhos de todos, não impeço. Na
verdade, até gosto do calor de sua mão grande.
— Sr. Marino. Foi muito boa a sua visita.
— Entendi. Mais tarde virei verificar como andam as coisas por
aqui. Vamos, Giovanna.
Seguimos para fora e o que imagino ser o gerente curva a cabeça,
me cumprimentando. Poucos minutos depois, paramos próximo da
biblioteca e Mássimo vai embora para cuidar dos seus assuntos. Quando
vou entrar, descubro que o prédio foi embargado pela defesa civil e que
todos os funcionários foram colocados em férias compulsórias.
Por essa eu não esperava.
Mássimo

Por que Giovanna tem telefone se não usa para me avisar das
coisas? Somente hoje, sexta-feira, que descobri que a biblioteca está
interditada. Ela devia ter me ligado na mesma hora, mas não... Foi sozinha
para casa, e quando consegui falar com ela para avisar sobre o dinheiro que
deixei em sua conta para comprar um novo guarda-roupa, ela não me disse
nada sobre estar de férias em casa. Por qual motivo? Nem imagino.
Ainda bem que ainda é 9 da manhã e temos alguns assuntos para
resolver. Ela nem imagina que estou chegando em sua casa, mas a culpa é
da própria. Detesto com todas as forças não ter acesso as informações.
Trabalhar no improviso é o pior dos caminhos para uma pessoa que aprecia
a perfeição como eu.
Estaciono e poucos instantes depois, um carro grande para na minha
frente.
— Kalel, hoje é feriado. Você só tem luta daqui a três semanas. —
Uma morena sai do carro, abrindo a porta de trás, e dois meninos iguais
saem do veículo.
— Ousada, sabe que preciso treinar. — Um homem grande e forte
como um lutador sai do carro, abrindo a porta de trás. — Mesmo ganhando,
minhas últimas lutas não foram do jeito que... — Do nada, ele para, me
encarando. — Você me parece familiar.
— Bom dia — a morena me cumprimenta. — Ele é o chef de
cozinha daquele programa de cozinha, Mássimo Marino. Também é o noivo
da Gio, amor.
— Noivo de quem? — Na mesma hora, a expressão calma do
lutador se converte em fúria.
— Calma, Kalel... — A morena, que parece ser a esposa, tenta
contê-lo, mas é praticamente impossível.
— Quem permitiu esse noivado?
— Eu vou conversar com os pais dela hoje à noite.
— Por que não agora?
— Eu não...
— Acha que pode desrespeitar a minha família só porque está na
televisão?
— Kalel, vamos entrar primeiro? Os meninos estão na rua e aqui é
perigoso.
Somente depois desses argumentos, seus olhos furiosos desviam dos
meus e vão para os filhos. Em seguida, os três passam pelo portão da casa,
deixando a morena do lado de fora.
— Oi, eu sou a Alessandra — ela se apresenta —, sou a irmã mais
nova da Giovanna. A gente se viu no casamento da Diana e no aniversário
da Agatha. Lembra?
Um flash de memória se passa em minha mente. Não fico focando
muito nas pessoas ao redor. O normal é que elas queiram a minha atenção,
não o contrário.
— Bom dia, Alessandra. Eu vim falar com a sua irmã.
— Imaginei, mas acho que sua reunião de família foi adiantada, e
isso não é nada bom para os planos de vocês.
Passo a mão na cabeça, preocupado, entrando junto com ela.
— Acho melhor a gente se apressar. Meu marido é o mais protetor
de todos e deve estar falando agora mesmo de você. Lorenzo passou um
dobrado para convencer meus pais de que seria um bom pai e marido.
Na mesma hora, me recordo do que meu melhor amigo falou dessa
reunião traumatizante. Puta merda! Como vou conseguir passar por essa?
Giovanna vai estar comigo?
— Antes que pense errado, Giovanna não vai ficar do seu lado para
te ajudar. Provavelmente, Diana vai ficar com ela no quarto. Acho que é
melhor assim. — Então, a morena para, do nada. — É uma pena que,
mesmo parecendo real, não existe sentimento entre vocês.
— No máximo em três meses iremos acabar tudo. Acredito que será
mais fácil pensando friamente do que de maneira afetiva, Alessandra.
Ela junta as sobrancelhas, estranhando a minha fala.
— Agora entendi tudo...
— O que foi? — indago.
— Deixa pra lá. — Agora estamos a poucos centímetros da porta de
entrada e por isso, ela fala bem baixo: — Uma dica. Seja o máximo
sentimental possível. Meus pais e meu marido só vão te aceitar se aparentar
estar apaixonado pela minha irmã. Entendeu?
Antes que eu responda, a porta se abre.
— Deus do céu! Eu não acreditei quando me disseram, mas é
verdade. Mássimo Marino está na minha casa.
— Oi, mãe. Eu estou aqui também.
— Todo o fim de semana você está aqui, Alessandra. No entanto,
um chef de cozinha internacional, não. — Uma senhora de cabelos escuros
que claramente é a mãe da minha noiva me abraça — Eu adoro suas
receitas. Vejo todas as temporadas do programa na televisão. Já repliquei
muito dos seus partos famosos e...
Ela vai falando e Alessandra faz o gesto de “OK” com as mãos.
Porém, tudo para quando a Princesa surge do fundo da casa, de short e
camiseta.
— Mássimo. O que faz aqui tão cedo?
Juro que perdi a capacidade de falar por alguns instantes. A roupa
está um pouco transparente e é possível ver o contorno de seus seios, mas o
que me tira do sério são suas pernas nuas. Ela está sempre de vestidos ou
saias que as escondem. Ver o que nunca tinha conseguido vislumbrar
aumenta demais o meu desejo por ela — que por sinal, não deveria ser
alimentado.
— Giovanna, para dentro.
A voz de trovão do lutador a tira do meu foco de visão a colocando
para o quarto e o grandão se coloca no meu campo de visão me encarando
como se eu fosse o seu oponente no ringue. Se a disputa fosse entre pratos e
panelas, ganharia fácil, mas quando o assunto é luta livre, sendo contra ele,
é melhor evitar.
— Bom dia, família. — Diana aparece com a pequena Agatha em
seus braços. — Acredito que chegamos a tempo. Enzo está estacionando na
entrada.
— Di, acho melhor você ficar com a Gio — Alessandra incentiva a
irmã, que entra se despedindo de mim.
— Olá, família. — Lorenzo surge e fala no meu ouvido, em italiano:
— Você deveria ter me ligado antes de vir. Desmarquei muitos
compromissos para poder estar aqui em plena sexta-feira.
— Então esse é o outro italiano que quer se casar com a minha
Giovanna?
O pai dela aparece e somente agora percebo que a situação não vai
ser nada simples. Cacete! Como vou conseguir levar Giovanna deste lugar?
Giovanna

— Di, eu tô com medo — confesso para minha irmã.


— Agora sou eu quem não está entendendo nada. Vocês são ou não
um casal de verdade?
— Não mudou nada, mas o sim dos nossos pais depende de como
ele vai se sair. Somente assim vou conseguir ajudar as crianças da
biblioteca, Diana...
Ela torce o lábio.
— Eu ajudei no que pude, mas infelizmente não é o bastante. Se não
estivéssemos em expansão, até daria.
— Eu sei, Di...
— Enzo pediu para o irmão ajudar, mas ainda falta. — Ela segura a
minha mão. — O Mássimo vai conseguir o restante, não é?
Confirmo com a cabeça.
— Mesmo ele não sendo um príncipe, será um salvador para
centenas de crianças.
Ela sorri.
— Quem diria que o chef mais ranzinza de todos seria bom para
criancinhas?
— Ninguém, porque ainda continua sendo muito difícil de lidar.
— Vocês brigaram?
— A culpa foi dele por falar besteira — explico —, mas pelo menos
se retratou.
Diana levanta a sobrancelha.
— Ele pediu desculpas?
— Não exatamente, mas posso dizer que existe luz no fim do túnel.
— Vamos esperar, Gio. Se ele se comportar direitinho, você vai para
fora do país conhecer Dubai com todas as roupas novas que comprou.
— Sim.
Começamos a falar de outros assuntos e depois de quase uma hora,
Alessandra entra no quarto e sua seriedade aperta meu coração. Até que um
sorriso se abre e declara:
— Deu certo!
— Alessandra, você sabe fazer um suspense.
— Claro, Diana. Mas não dá para deixar de falar do que vi quando
você apareceu na sala de baby-doll.
— Do que você está falando? — pergunto.
— Irmã, foi na cara dura. Mássimo te devorou com os olhos a ponto
de Kalel ficar puto da vida e te colocar para dentro.
Diana ri e a única coisa que faço é colocar as mãos em minha boca.
— Mas...
— Acho que uma certa princesa vai criar um novo conto de fadas
safado com o príncipe Fera — brinca Alessandra.
— Eu queria ter visto isso.
— Diana, eu vi e ainda estou chocada. Provavelmente, nossa
princesinha vai transformar esse relacionamento de fachada em de verdade
daqui a pouco tempo.
— Podem parar, as duas — reclamo. — Vocês sabem que somos
diferentes demais e...
Toc toc.
— Deve ser o seu noivo — comenta Alê. — Acho melhor você se
vestir direito e ir encontrar com ele.
Coloco uma blusa e um short de ficar em casa e vou para fora.
Encontro ele e Lorenzo conversando na varanda de casa.
— A sua sorte é que a nossa sogra adora o seu trabalho como chef.
Ou não teria conseguido o seu sim. Agora, valorize Giovanna, ou todos vão
te virar as costas e ainda terá que encarar Kalel num ringue.
— Oi — digo, me anunciando.
— Eu bati no seu quarto, mas ninguém atendeu — Mássimo me
avisa, esticando a mão para mim, a qual aceito para me aproximar.
— Giovanna, te aconselho a ter paciência... — Lorenzo olha para o
amigo e fala: — Em todos os momentos, muita paciência. Lembrem de que
na volta da viagem, vocês precisam dar a data do casamento para todos.
— Casamento? — questiono.
— Depois conversamos sobre isso — declara Mássimo.
— Falando em depois, meu amigo, lembra do que falamos por
telefone?
— Vou resolver isso também, Enzo. — Ele se vira para mim. —
Pode arrumar as suas coisas. Vamos viajar esta noite.
Mássimo

Foi menos ruim do que eu imaginava. Lembrei das besteiras


melosas que algumas mulheres diziam para mim e usei as palavras para
convencê-los. Como Enzo me falou, a minha sorte foi Alessandra e Dona
Vitória estarem do meu lado. Sr. Afonso e Kalel foram os que mais me
testaram com perguntas.
Consegui responder boa parte das questões. Sobre respeito,
confiança e onde iremos morar. O problema foi falar sobre como realmente
ficamos juntos. Nessa parte, achei que minha máscara iria cair. No entanto,
consegui elaborar uma resposta ao dizer que tínhamos começado a nos
aproximar depois do aniversário de Agatha — o que para a grande mídia, é
a verdade.
O mais complicado foi ter que afirmar que quando voltarmos,
teremos que firmar uma data para o suposto casamento. Porém, é melhor
pensar nisso em outro momento.
Meia hora depois, Giovanna aparece e está difícil não ficar olhando
para suas pernas desnudas. A vontade que tenho é de levá-la para um lugar
secreto e deixá-la nua numa cama, para fodê-la até acabar com esse desejo
latente.
Vai ser uma viagem de bolas roxas. Mesmo querendo, não vou
exigir ou muito menos pedir por sexo com uma virgem. Se algo não mudou
nesse último ano sobre sua vida sexual e... Não. Se tivesse tido alguém, eu
já saberia.
Pedi para Giovanna pegar suas coisas e agora, ela está vindo com
suas duas malas.
— Cuide da minha filha, italiano...
— Ou cuidaremos de você — Kalel finaliza, socando a mão e
deixando clara a sua ameaça.
Como já consegui o que quero e não existirá um casamento ao fim
de tudo, me sinto tranquilo quanto a isso. Então, balanço a cabeça,
confirmando, e sigo para fora com suas bagagens.
Espero que ela se despeça da família e então seguimos para o meu
carro.
Vamos para o hotel onde me hospedo e cedo um dos quartos para
que ela se acomode. Não deveria, mas estou estranhando demais o quanto
está quieta. De início, prefiro não falar nada, mas quando a noite chega e
nada muda, bato à sua porta, chamando-a:
— Está tudo bem, Giovanna?
Sem resposta.
Bato novamente, mas nada dela responder.
Começo a ficar preocupado e viro a maçaneta, encontrando-a
trancada.
— Puta, que merda! — insisto mais uma vez, mas a paciência me
some. — Giovanna! Abre essa porta!
Nada acontece. Então, contra tudo que faço, vou com o ombro e
tento abrir, e nas primeiras tentativas, nada acontece, até que a porta cede.
— Giovanna!
Olho pelo quarto e não a encontro. Abro a porta do banheiro e...
— Ahhhh!
Encontro a mulher nua no banho, e imediatamente me viro de
costas. No entanto, somente agora consigo respirar aliviado, sabendo que
ela está bem.
— Mássimo, por que você está aqui?
— Eu te chamei, mas você me respondeu.
— Eu estou no chuveiro, tomando banho!
— Agora eu sei...
— Não podia ter me ligado ou coisa do tipo?
Escuto o barulho do chuveiro se fechar.
— Você não atende telefone, Giovanna. Eu... fiquei preocupado
contigo. Ficou em silêncio aqui dentro a tarde toda. O que esperava que eu
pensassi?
— Só pode ser um louco. O que achou que estava fazendo? Pulando
da janela?
— Claro que não! Mas fiquei preocupado. Quem saberia dizer se
não havia passado mal dentro do quarto e precisava de ajuda?
Ela passa por mim com os cabelos molhados, enrolada numa toalha
branca que não é tão comprida quanto devia ser.
— Eu estou bem, não está vendo?
Só de falar isso, meus olhos correm por seu corpo e me sinto salivar
ao olhar para os seus seios. Giovanna se volta para mim e o que antes era
raiva, agora se transforma em desejo. Beijo seus lábios com toda vontade
que estava quando a vi hoje mais cedo.
Seus braços se prendem em meu pescoço e então a levanto,
colocando-a na cama. Linda, nua e toda minha. Tomo sua boca, acariciando
seus seios empinados. Passo a língua em seu pescoço, me deliciando com o
sabor de sua pele.
Ela me ajuda a tirar a parte de cima do terno e continuo secando deu
corpo com a minha língua. Desço até seu seio esquerdo e chupo seu mamilo
enquanto aperto delicadamente a ponta do outro.
Troco para o outro e desço a mão até sua boceta molhada.
Masturbo-a com o dedo sem me esquecer de que estou com uma virgem
que está me levando à loucura.
— Mássimo, me fala que me quer.
— Eu te quero, linda. Do jeito que está. Nua e sedenta — falo ao pé
do seu ouvido, mordendo sua orelha.
— Não. Não desse jeito.
Então, paro o que estava fazendo para olhar em seus olhos
castanhos.
— O que você quer, então?
Minha voz sai mais fria do que gostaria e no mesmo instante ela se
afasta. Vira de costas e cobre sua nudez com o lençol da cama.
— Vai embora, Mássimo!
— O que foi? — pergunto. — Por que você parou?
Ela fica em silêncio por alguns instantes antes de dizer:
— Eu... — Ela funga e percebo que está chorando. — Só vá embora
e me deixe em paz.
Puta merda!
— Por que você está chorando?
— Não é nada. Só me deixe sozinha.
Evitando piorar o que já está ruim, somente levanto da cama
tentando ajeitar a minha ereção e vou para o meu quarto. Ainda bem que o
nosso voo é amanhã, pois seria impossível viajar dessa maneira.
Vamos para mais uma noite de pau duro, agora, com a minha noiva
no quarto ao lado com a porta quebrada.
Giovanna

Burra, burra, burra!


Como eu poderia achar que ele não me veria como um objeto, tal
qual a primeira vez. Nem meu nome falou. Provavelmente estava pensando
numa daquelas tais “mulheres decididas” enquanto estava comigo... aqui.
Que homem resiste a uma mulher de toalha? Nenhum, e eu fui uma
burra por dar uma segunda chance a ele. Acho que o melhor por esses três
meses é me limitar a somente beijar Mássimo em lugares públicos.
Quem sabe assim vou conseguir resistir aos seus olhos azuis, sua
pegada bruta e seu beijo implacável. Eu preciso limpar minhas lágrimas e
me lembrar mais uma vez que Mássimo não é e jamais será o príncipe que
procuro.
Então, volto para o banheiro e tomo um banho rápido. Logo após,
visto um roupão. Quando vou tentar trancar a porta do meu quarto, percebo
que Mássimo a arrombou, preocupado comigo, e por sua causa, não consigo
fechá-la.
— Que raiva!
Visto o roupão de banho e me deito, dormindo num misto de raiva e
frustração. Somente Mássimo para me deixar deste jeito.
— Giovanna.
Estou num soninho tão gostoso que a vontade que tenho é de dormir
até o próximo dia...
— Giovanna, acorde.
No meu sonho, estou realizando o meu sonho de vida perfeita, cheia
de crianças ao meu redor me chamando de “mamãe”.
— Giovanna, a gente vai se atrasar para o voo...
A casa é tão grande e bonita que...
— Até para dormir é igual a uma princesa. Cacete!
Mas ao contrário de ser despertada pelo beijo de um príncipe, sou
sacudida pelo ogro.
— Bom dia, se arrume logo. Falta pouco para irmos a Dubai —
Mássimo me avisa, saindo pela porta que está escancarada.
Aos poucos, minha memória retorna e me lembro da segunda noite
desastrosa que tive com Mássimo.
Imediatamente, cubro meu rosto com a mão, me sentindo
completamente envergonhada. Ele me viu nua e tocou em mim... em
lugares que nenhum homem chegou a encostar.
No entanto...
Nenhuma verdade ali existia. Mássimo estava me tratando como um
pedaço de carne, e não como uma pessoa, e isso destruiu toda a magia do
que poderia ter sido a minha primeira vez. Outra vez.
Eu preciso acabar com isso de uma vez por todas. Vamos fazer o
que planejamos. Ele consegue o investimento para a expansão, eu ajudo as
crianças da biblioteca e, no fim do terceiro mês, nunca mais vou precisar
lidar com Mássimo Marino. Pronto.
— Não demore, Giovanna. Temos hora para chegar lá.
Jogo minha cabeça para trás e saio da cama. Pego minhas roupas na
mala e em poucos minutos saímos juntos para o aeroporto.
O avião, ao contrário do que imaginei, é um jato particular de
poucos passageiros. Entramos de mãos dadas e em poucos minutos estamos
no ar.
Não falei, mas é a minha primeira viagem internacional. O que quer
dizer que estou muito, mas muito nervosa. Subo os degraus com minhas
pernas tremendo como vara verde. Apoio no corrimão, quase me segurando
nele. É tão pequeno para atravessar o oceano que...
— Está tudo bem, Giovanna?
A voz firme de Mássimo atrás de mim me assusta, e acabo me
desequilibrando e sendo apoiada por ele.
— Princesa...
— Eu estou bem...
— Quer ajuda?
Balanço a cabeça em negativa e depois consigo firmar minhas
pernas.
— Bem-vindos e parabéns ao casal — fala a comissária de bordo.
Somente agradeço e me sento na primeira poltrona. Mássimo se
acomoda ao meu lado.
— Vou ficar por aqui até alcançarmos a altura necessária — explica
ela. — Depois, será oferecido o jantar e vou ficar na cabine do piloto.
Assim darei privacidade a vocês dois.
— Agradecemos — responde Mássimo, me fazendo virar para ele,
surpresa com sua atitude. — O que foi, minha Princesa? — me pergunta.
Somente nego com a cabeça, sem falar mais nada.
Vinte minutos. Esse foi o tempo necessário para que ficássemos
completamente a sós. O jantar maravilhoso já tinha sido servido e agora
estava somente degustando uma sobremesa maravilhosa feita de morangos
e chocolates.
— Se você continuar gemendo enquanto come, vai ser impossível
aguentar esta viagem.
— Do que você está falando? — pergunto, deixando o doce na
mesinha.
— Ainda pergunta? Fica me provocando o tempo todo e quando
tomo iniciativa, você foge como uma garotinha apavorada.
Viro-me para ele, não gostando nem um pouco do rumo desta
conversa.
— Eu não fico te provocando. Você que me beijou depois de
arrombar a porta do meu quarto. Esqueceu?
— Mas você quis o meu beijo, Giovanna. Eu sei disso. Entretanto,
do nada entrou numa conversa sem sentido e me botou para fora...
— Eu te coloquei para fora porque não queria ser usada como um
objeto, Mássimo. Nem parecia que estava comigo naquele quarto. Sequer
falou o meu nome uma única vez. Não sou a “segunda opção”, já que não
vai poder transar com as mulheres que deseja.
Ele se joga para trás e balança a cabeça. Pela primeira vez desde que
o conheço, vejo Mássimo rir como se estivesse realmente achando graça em
algo. Digo, de alguém. Eu, sendo mais exata.
Fecho minhas mãos e aperto as unhas na palma, tentando conter
minha raiva. O senhor “grosseria” conseguiu mais uma vez me deixar
furiosa, e este avião está pequeno demais para aguentar olhar para a sua
cara linda. Por isso, me levanto e tento abrir o máximo de distância entre
nós.
— Giovanna, volte aqui — ele me chama, mas é muito melhor estar
na última poltrona do avião do que olhar para a sua cara arrogante.
— Aqui está mais agradável.
Ele fica em silêncio por alguns instantes.
— Se eu for aí, você não vai escapar...
— Ao contrário do que pensa, não sou tão indefesa, Mássimo.
Novamente ele ri, e juro que ainda não me acostumei ao som.
— Mas quem disse que vai querer se defender, Princesa?
Neste instante, ele se levanta e volta-se pra mim. Tira a parte de
cima do terno, desabotoa a camisa, mostrando seu tórax definido, e se
aproxima lentamente de mim, como um caçador diante de sua presa.
Juro que tento resistir, mas minha versão “romântica” vai para as
cenas quentes dos livros que li, e mesmo sabendo que vai dar errado, acabo
me envolvendo perdidamente.
Então, ele se abaixa sobre mim, levantando o meu rosto em sua
direção, e diz:
— Giovanna, não sei de onde tirou que estou pensando em outra
coisa que não seja você quando estou contigo. Quando eu te beijo ou te
toco, é porque quero foder com você, Princesinha.
— Mássimo...
— Entenda que é completamente sem sentimentalismos. Jamais
serei como um romântico. O meu único objetivo é te dar prazer sem
medidas. Está disposta a se render ao que sei que deseja?
Engulo seco e contra todos os meus instintos, que dizem para não
fazê-lo, me levanto, tomando iniciativa em um beijo pela primeira vez.
— Isso mesmo, Princesinha — murmura em meu ouvido,
levantando a saia do meu vestido rodado. — Eu te falei que de hoje você
não me escapa.
Ele tira a camisa e o calor do seu corpo toca minha pele. Seus lábios
vão por meu pescoço e depois diz:
— Acho que vamos precisar de mais privacidade, Princesa.
Sou erguida do chão e Mássimo abre uma porta que não tinha
percebido ao fundo. Vejo uma cama com lençóis brancos e meu coração
erra a batida ao pensar no que vai acontecer a sei lá quantos metros de
altura do chão. Não estou nas estrelas, mas sei que vou chegar lá. E com
ninguém menos que o meu noivo falso, que também é um CEO italiano fora
dos padrões.
Mássimo

Mais uma vez a sós com a Princesinha. Desta vez, tudo foi
esclarecido e nada poderá impedir que aconteça. Exceto, é claro, que ela
novamente fale que não quer. No entanto, terá que explicar minuciosamente
o real motivo.
Enquanto não acontece, eu a viro de costas, abrindo o zíper do seu
vestido azul enquanto deposito beijos quentes em suas costas. Passo as
mãos por seus ombros e o tecido volumoso cai aos seus pés, deixando-a
somente com uma lingerie da mesma cor do vestido.
Fico ainda mais excitado e me abaixo, beijando suas costas até tocar
sua bunda. Essa rendinha delicada está acabando comigo. Então, mordo
delicadamente uma das bandas e tiro a peça por suas pernas, escutando um
suspiro excitado de sua boca.
Abro seu sutiã e a viro para mim, passando os dedos em seus
cabelos escuros.
— Última chance pra pedir que eu pare, Princesa.
Ela fecha os olhos, abre lentamente a boca e declara:
— Continua, Mássimo. Eu quero mais.
Uma mistura de alívio e de desejo se apodera de mim. Finalmente
conseguirei o que almejo de Giovanna. Desta vez, ela está pedindo por isso.
— Promete que vai ser gentil comigo, Mássimo?
— Farei o meu melhor, Giovanna — afirmo, passando a língua em
seu pescoço.
A Princesa ri e joga para fora o sutiã, que ainda estava sobre seu
corpo. Aproveito para tirar a minha calça e meus sapatos, ficando somente
de cueca, com a visão da virginal perfeição.
Como ela é linda... E também pertence somente a mim.
Começo chupando seus seios e desço minha mão por sua boceta
molhada, masturbando-a com meus dedos. Ela demora um pouco para se
soltar, mas consigo deixá-la relaxada, tomando seus lábios num beijo
profundo.
Giovanna fica mais entregue, se abrindo para mim, e aproveito para
passar o dedo por sua entrada ensopada.
— Farei o meu máximo para que você também tenha prazer,
Princesa — afirmo, descendo por seu corpo entre suas pernas.
Até sua boceta é bonita e delicada. Não me demoro para passar a
língua antes de abrir seus lábios com os dedos e me deliciar com o seu
sabor. Que mulher gostosa! Poderia passar a viagem inteira chupando sua
boceta e seria feliz.
— Mássimo...
— Fica quietinha que você vai gostar, Princesa.
Nunca tinha fodido com uma virgem, mas o que sei é que o normal
é não ser tão bom para a mulher. No entanto, meu sobrenome é excelente.
Ou seja, vou fazer de tudo para que seja inesquecível para ambos.
Vou chupando seu clitóris, ouvindo-a gemer. Forço lentamente um
dedo em sua entrada apertada, fazendo movimentos de entrar e sair. Ela
pede por mais, no entanto, ainda não cheguei onde quero. Aumento a
intensidade das chupadas e aperto o bico de seu seio, quase a levando ao
orgasmo, e então paro, me afastando.
— Por que...
— Calma, princesa. — Pego um preservativo numa das gavetas. —
A viagem ainda não acabou.
Tiro a minha cueca e já coloco a camisinha, me posicionando entre
suas pernas. O terror brilha em seus olhos.
— Calma, Princesa. Se te machucar, eu vou parar. Está bem?
Ela somente balança a cabeça. Então, beijo sua boca e passo meu
pau em sua entrada. Tomo sua boca, entrando lentamente em sua boceta
apertada.
Eu a mantenho presa junto aos meus lábios, metendo devagar. Saio
um pouco e entro mais fundo, e desta vez ela dá um grito que me assusta na
hora.
— Giovanna! — eu a chamo, acariciando e esperando que volte os
olhos para mim.
Depois de quase uma eternidade, como me aparentou, ela abre os
olhos sorrindo.
— Está tudo bem, só continua — ela me pede, dando um beijo casto
e se abrindo mais para mim.
Continuo em ritmo lento, me segurando para não gozar antes da
hora. Ela é tão apertada que é bastante complicado me segurar. Sigo a
beijando e depois de tanto insistir, estou inteiro dentro dela.
Eu tenho um ritmo bem agitado no sexo, mas não posso fazer isso
na primeira vez dela. Giovanna tem que se acostumar comigo, porque tenho
toda certeza de que vou querer fodê-la outras vezes mais.
— Está tudo bem, Princesa?
— Doeu um pouquinho, mas está tudo bem — ela fala no meu
ouvido. — Continua, Mássimo. Me faça sua.
Era o que eu precisava para começar a meter fundo. Claro que não
começo forte como gosto. Continuo a comendo gostoso e depois, coloco-a
de quatro para mim.
Acaricio sua bunda macia e empinada antes de meter devagar. Sei
que não vou aguentar mais alguns minutos. Por isso, eu a levanto e a fodo
de costas enquanto masturbo sua boceta. Eu a puxo para mim, entrando
mais forte, até que finalmente consigo fazer Giovanna gozar no meu pau.
Espero que se recupere e, em seguida, aumento o ritmo, atingindo o meu
prazer.
Agora, sim, dever cumprido com a minha Princesa.
Retiro-me de dentro dela, jogando fora o preservativo. Depois me
deito na cama e fico ao seu lado. Seus olhos castanhos estão iluminados,
sua pele, brilhosa, e não consigo resistir a beijá-la de um jeito bem diferente
do meu comum.
Sem toda a agitação comum, mas de um jeito lento e completamente
fora dos meus padrões. Ela se prende a mim num abraço íntimo que poderia
não ter terminado. Porém, poucos minutos depois, Giovanna adormece
junto a mim, e não demoro muito a fazer o mesmo.
Giovanna

Então, aconteceu, e foi mágico. Muito melhor do que poderia


imaginar. Mássimo foi, para variar, perfeito. Eu imaginei inúmeras vezes
como seria, mas jamais imaginei ser desse jeito. Num avião, a caminho de
Dubai, com o único homem que jamais imaginei ser o certo para isso.
Na verdade, ainda não acho, mas me vi tão envolvida por esse Fera
que foi impossível dizer não ao meu desejo. Sim. Eu ainda quero um
príncipe na minha vida, e Mássimo, mesmo sendo excelente nos beijos e na
cama, não é o que eu procuro.
No entanto, como estamos presos juntos por três meses, eu acho que
está tudo bem. Não é? Os tempos são outros e... não me arrependo do que
fiz. Para falar a verdade, estou adorando despertar sentindo o calor dos
braços de Mássimo.
— Giovanna, o dia está quase clareando. — Sua voz ao pé do meu
ouvido me faz sorrir e me virar para a janela do avião.
Sobre as nuvens. É assim que me sinto e é onde literalmente estou.
— Bom dia ao casal. Estamos a uma hora do pouso. Posso servir o
café da manhã? — a comissária de bordo nos pergunta e Mássimo
confirma.
Depois de despertar com um belo nascer do sol, tomo um banho
breve e sinto uma dorzinha entre as minhas pernas. Quando volto, Mássimo
já tinha tirado a roupa de cama suja e me esperava para tomar a sua ducha.
Assim que saímos do quarto, nos beijamos com tal paixão que jamais
imaginaria que existisse nele.
Em seguida, ele me pergunta se eu estou bem e somente afirmo que
precisaria de um tempinho para voltar ao normal. Mássimo fala ao pé do
meu ouvido que me esperaria o tempo que fosse preciso. Nos beijamos, e é
neste momento que a comissária aparece.
Percebo na hora o quanto odiou sermos interrompidos, mas antes
que diga algo, seguro forte a sua mão, o impedindo. Desta vez ele me ouve
e somente senta ao meu lado.
Quando a moça vai para a cozinha, crispa seus olhos azuis em
minha direção.
— Você sabe que...
— Ela não sabia. Tente relevar só desta vez.
Ele levanta o dedo e diz:
— Uma vez, Giovanna.
Rio e me inclino para ele.
— Se eu te der um beijo, você fica mais calmo?
Ele balança a cabeça para os lados antes de dizer:
— Não espere me convencer com tão pouco — responde, se
voltando para o telefone.
Suspiro resignada, desistindo.
Sim, ele é bom em muitas coisas, no entanto, no assunto empatia e
tato, Mássimo é o pior de todos. Então, é assim que a magia da noite
passada acaba e voltamos a ser dois conhecidos que fingem ser um casal de
noivos. Porque aguentar os humores desse homem, só por puro fingimento
e extrema paciência.
Tomamos café bem mais afastados do que há poucos minutos. Sinto
seu olhar sobre mim, mas prefiro não dar chance. Eu tenho que entender
que só vamos funcionar entre quatro paredes; no mais, iremos disfarçar em
público a nossa visível falta de química para que possamos conquistar
nossos objetivos.
Então, o avião chega ao solo e um motorista nos espera. Assim,
seguimos para o hotel. Me preocupo com as malas, mas Mássimo me fala
que está tudo certo e que estarão no hotel.
Permanecemos de mãos dadas o tempo todo. Porém, quando vamos
entrar no elevador, Mássimo me segura, me conduzindo na direção
contrária para um canto escuro.
— Me esqueci de algo.
Tento conter, mas é impossível evitar que meus lábios se curvem
para cima, em completa ironia. Os céus de Dubai vão cair. Mássimo Marino
se esqueceu de uma coisa.
— Isso é demais — comento, vendo-o mexer no bolso.
— Sabe muito bem o motivo, Giovanna.
Então, ele segura a minha mão e coloca um anel com uma pedra
branca, que acredito ser um diamante.
— Isso é...?
— Sim, Princesa. Se perguntarem por que te entreguei agora, diga
que ficou grande nos seus dedos. Certo?
Somente confirmo com a cabeça. Mas parece que depois da
grosseria padrão “Mássimo Marino”, meu cérebro ficou irônico. Eu tenho
que me controlar, porque a vontade que tenho é de esganar esse homem, no
entanto, eu tenho que sorrir, acariciar e beijar.
— Giovanna. O que foi?
— Nada?
— Como nada? Você mudou de repente — argumenta.
Tento me afastar, mas ele me traz ao seu encontro e fala no meu
ouvido:
— Está arrependida?
— Não, Mássimo — respondo alto.
— Assim espero — afirma. — Precisamos subir e você precisa
voltar ao normal.
— Eu estou normal — afirmo.
Ele tenta me beijar, mas em reflexo, eu desvio, o impedindo, e sua
boca bate em minha orelha.
— Não está mesmo. — Seus olhos batem nos meus. — Sabe o
quanto essa reunião é importante...
— Vai dar certo, Mássimo — afirmo. — Fique tranquilo que tudo
vai acontecer do jeitinho que você adora. Ok?
Sem que responda, começo a me encaminhar, mas os seguranças me
cercam. Então, Mássimo surge ao meu lado e eles se afastam. Respiro
fundo, tentando engolir mais um sapo enquanto entramos no elevador.
Quem poderia dizer que demora um tempo para chegar no último
andar de um prédio. No entanto, é assim que acontece. Quando estou quase
sufocando de tanto tempo em silêncio com o meu noivo de fachada, as
portas se abrem.
Os outros seguranças cumprimentam Mássimo e eu somente
caminho ao seu lado, como um poodle preso na coleirinha que...
— Ela veio! — uma garotinha de aproximadamente cinco anos grita
em inglês, correndo para me abraçar. — Vovô, a Princesa Bela tá aqui!
Mássimo solta minha mão e então cumprimento a menina, me
abaixando para ficar à sua altura.
— Qual o seu nome, linda? — pergunto no mesmo idioma.
— Oi, Princesa Bela. Meu nome é Malika.
— Que nome bonito, Malika.
— Era o nome da minha bisavó.
— Mas bonito ainda... — emendo, conversando com a menina.
Pelo menos, com criança eu não preciso ficar me contendo. Posso
ser eu mesma e eles não vão se importar.
— Não é que a princesa veio, Malika?
Escuto a voz de um homem maduro e na hora que me viro, quase
tropeço no chão, diante do Sheik. Ainda bem que Mássimo me apoia, me
ajudando a levantar, e me prende em seus braços. Caso contrário, teria caído
no chão na frente do...
— Bem-vinda a Dubai, Princesa Bela — ele me cumprimenta,
falando à distância.
Estico a mão, mas Mássimo me impede e não entendo nada. No
entanto, assim que sairmos daqui, vamos falar sobre esse assunto.
— Sr. Marino. Deixe sua noiva com Malika, vamos continuar
nossos assuntos lá dentro.
— Vem comigo, Princesa — a menina me chama.
— Preciso falar com a minha noiva por uns instantes, Sheik.
Viro-me para ele, que começa a falar no meu idioma natal.
— Giovanna, esqueça a sua cultura por alguns instantes. Não toque
em ninguém. Não pegue em nada sem permissão e pense bastante no que
falar. Certo?
Somente confirmo e ele deixa um beijo em minha testa, certamente
mantendo o nosso contato.
— Eu já volto.
Confirmo e volto minha atenção para a menina que agora parece
uma linda e graciosa carta de punição. O que será que aconteceria se eu
tivesse a abraçado quando chegamos? Será que é crime por aqui?
— Princesa Bela, vem ver meus livros que o vovô me deu.
Eu a sigo, a alguns passos de distância, percebendo a todo instante
os seguranças que nos observam. Será que esse pessoal pensa que vou fazer
algum mal a uma criança?
Ela entra num quarto e espero do lado de fora. Vai que eu entro e
seja condenada por... sei lá o quê.
— Aqui, Princesa Bela. — Ela estica um livro para mim e acho que
seria pior não pegar o que a menina está me entregando.
Mesmo sendo de outro país, criança é criança.
Então, pego o livro belamente conservado e começo a virar as
páginas, mas como está tudo em árabe, não entendo uma linha.
— Você pode ler pra mim? — a pequena me pergunta e fico meio
sem saber o que fazer.
— Tem algum livro em inglês? — rebato o questionamento.
Ela balança a cabeça em negativa, ficando triste. Eu não resisto a
uma carinha assim.
— Não tem problema, Malika. Me conta em que lugar você fica
ouvindo histórias.
— No meu quarto, mas o vovô falou que só quem é da família pode
entrar lá.
“Ainda bem que não me intrometi”, penso.
— Mas na sala você pode me contar uma história. — Ela saltita. —
Vem pra cá.
Ela vai na frente, sentando no sofá, e pego um banquinho para me
acomodar. Graças aos céus, o livro tem desenhos, e então, consigo me guiar
para contar a história da Bela e a Fera para uma pequena menina, neta de
um sheik, no arranha-céu mais alto que já entrei.
Mássimo

— Conseguiu cumprir sua promessa. Mostra ser um homem de


palavra, sr. Marino.
Agradeço pelo comentário, mas espero o meu momento de fala.
— Sua noiva se tornará uma boa esposa e mãe. Não demore para ter
um herdeiro. Quanto mais jovem estiver, mas fácil será de ver seus netos.
Netos!? Nem filhos planejo, por enquanto. Porém, ele não precisa
saber disso.
— A sua futura esposa é uma boa cozinheira?
Estranho a pergunta, principalmente por toda a conversa estar
relacionada à presença de Giovanna, e não ao nosso acordo financeiro, que
é o objetivo deste encontro.
— Ela aprendeu com a mãe, no entanto, eu sou graduado e tenho
várias especialidades em gastronomia, que...
— Eu sei quem é, mas gostaria de apreciar uma verdadeira comida
caseira. Será que sua noiva poderia cozinhar para mim e minha neta?
A merda é que nem sei se Giovanna sabe fritar um ovo, muito
menos fazer uma comida familiar. Espere um pouco. Isso só pode ser um
teste. Se sou noivo, devo saber se minha futura esposa cozinha ou não,
certo? Mesmo tendo muitos recursos, poderia ser questionado, afinal, caso
houvesse alguma necessidade, de que maneira seriam alimentados os filhos
fictícios?
Então, respondo assertivamente:
— Sim, Giovanna vai cozinhar para o senhor. Como uma viagem
para o Brasil é bem complicada e custosa, considero que será melhor
fazermos esse jantar na Itália. Na casa do meu pai.
— Certo. Espero encontrá-los no próximo fim de semana. De
acordo?
— Daqui a quatro dias? — questiono.
— Isso mesmo.
Confirmo, desejando aos céus que exista uma cozinheira naquela
linda contadora de histórias.
— Está liberado, mas espere alguns minutos antes de ir embora
porque sua noiva está entretendo a minha neta.
Confirmo e saio do escritório. Caminho pela cobertura e acabo
ouvindo a voz de Giovanna.
— A maldição da bruxa foi desfeita, a Fera virou um lindo príncipe,
e eles viveram felizes para sempre.
— Eu adorei a história, princesa. Quero ouvir mais...
— Malika, a Princesa precisa ir embora com o futuro príncipe dela.
O Sheik surge, cessando os pedidos da menina. Giovanna se volta
para mim e somente confirmo, chamando-a.
— Foi um prazer conhecer vocês...
— Nos veremos em breve, Princesa — afirma, levando a menina
para dentro.
Giovanna vem ao meu encontro, mas o mesmo semblante fechado
de mais cedo ressurge. O que mudou? Teve sexo, dormimos juntos, beijos
quentes... O que mais essa mulher quer? Falou que não está arrependida de
ter perdido a virgindade, mas não parece ser isso.
— A gente precisa conversar — afirmo, segurando em seu braço.
— Primeiro temos que sair daqui, Mássimo — avisa, mexendo os
olhos e mostrando os seguranças que não tinha visto.
Toco em suas costas, conduzindo-a para o elevador. Porém, quando
paramos na recepção, recebo uma informação estranha.
— O Sheik Mohammed Al Sabah resolveu agraciar os senhores e os
colocaram num quarto maior e de bela vista para o casal.
Não acredito nisso!
— Mas tínhamos duas reservas — respondo.
— Ele falou que compreende os costumes dos países de vocês e
deixou claro que não haveria problema em vocês ficarem no mesmo quarto.
— Ele somente me entrega o cartão. — Suas bagagens já estão lá.
Desejamos uma boa estadia para os dois.
Viro-me para Giovanna e somente digo para conversarmos lá em
cima. Seguimos para o elevador, agora diferente do que pegamos quando
fomos falar com o Sheik.
Mais pessoas entram e trago a princesinha para perto de mim.
Quando chega no nosso andar, saímos unidos e rapidamente entramos no
quarto.
— Meu Deus do céu! — Giovanna exclama, praticamente
congelada enquanto observa o quarto.
Claro, não é como um dos hotéis simples. É uma suíte de alto luxo.
— Mássimo, isso aqui é um... apartamento?
— Não chega a tanto — respondo. — Se quiser, pode ir conhecer o
ambiente. Vou tomar um banho. As nossas malas estão lá dentro.
Fecho a porta do banheiro, pensando em como resolver as coisas.
Foi uma transa daquelas, mesmo sendo com uma virgem. Porém, ao
contrário dos beijos que eram esperados, ela está me evitando. O que posso
falar para que me diga de uma vez por que ficou tão estranha?
Entro no chuveiro, tomo uma ducha breve e visto o roupão. Puxo
minha mala e procuro roupas confortáveis. Não temos muito o que fazer
fora daqui e amanhã já estaremos indo para a Itália. No entanto, não posso
me esquecer de uma questão: será que Giovanna sabe ou não cozinhar?
Tiro o atoalhado e visto minha cueca, e é neste instante que a
Princesinha abre a porta.
— Me desculpe.
— Não tem nada aqui que não tenha visto. Pode ficar
despreocupada, Giovanna — afirmo, me sentando na cama e a vendo de
costas.
Ela se vira para mim, focando fixamente meus olhos.
— Eu sei, mas...
— O que está acontecendo, Giovanna? — pergunto de uma vez.
— Não é...
— Não invente que não é nada — respondo, me sentando na cama.
— Você evitou meu beijo, somente permite que toque sua mão. O que foi?
Diga logo.
Novamente, ela tenta me ignorar, pegando sua bagagem para, acho
eu, ir ao banheiro. Então me levanto e a vejo empinar a bunda macia
naquele vestido rodadinho.
Passo a mão em sua cintura e ela se vira na hora, como se tivesse
levado um choque.
— Não, Mássimo — afirma, puxando a mala para o outro lado da
cama, que é enorme.
— Por que não? Ainda está dolorida?
Ela para uns instantes e depois bufa.
— Não é isso.
— Então, o que é cazzo?
— É esse seu jeito ogro que me cansa! — reclama, explodindo. —
A gente tinha acabado de... você sabe. Então, fala que meu beijo é pouco.
Eu não sei lidar com essa tempestade de humores...
— Giovanna...
— Agora me deixa falar! — interrompe-me, apontando o dedo. —
Você é grosso com todos que estão perto, mas não sou seu saco de
pancadas. Eu tenho sentimentos e emoções. Sabia que era a minha primeira
vez e...
Ela balança a cabeça, pega suas roupas e se afasta, seguindo para o
banheiro e batendo a porta.
Que merda! Estava certo de que tinha algo errado, mas jamais
imaginaria que ficaria assim. Novamente, sou o grande culpado dessa
porra. Imaginava que não seria fácil ter um relacionamento, mesmo de
fachada, com alguém, mas passamos do “somente amigos” quando os
beijos ficaram mais quentes e transamos. Agora mesmo parece que é mais
verdade do que mentira, porque realmente é um problema real quando
brigamos.
Agora tem mais uma situação. Como vou conseguir me retratar com
ela?
Giovanna

Que ódio sinto de mim mesma por explodir assim, mas a culpa é
dele. Somente dele. Mas indiferente a isso, eu vou usar essa banheira
majestosa, ignorando completamente que ele está do outro lado da porta.
Necessito urgentemente relaxar e nada melhor do que um banho
maravilhoso com água quente para recuperar o meu estado de espírito.
Depois terei que enfrentar a Fera? Sim, mas é melhor pensar no assunto
mais tarde.
Depois de quase meia hora na água quentinha e cheia de espuma,
escuto:
— Giovanna, está tudo bem aí?
— Sim... — Bocejo. — Só estou relaxando.
— Está bem.
Essa vida de luxo é boa demais. Estou maravilhada, mas meus dedos
estão muito enrugados de tanto tempo debaixo d’água. Então, me levanto e
vou para a ducha a fim de tirar a espuma. Em seguida, pego uma das
toalhas.
Depois de vestida, saio do banheiro e não encontro Mássimo no
ambiente quarto. Volto para a sala de estar mais rica que pisei na vida e o
vejo sentado, mexendo no telefone.
— Estava te esperando para pedir jantar para nós.
— Não vamos descer?
— Somente de manhã — responde, se voltando para mim. — Sente-
se aqui...
— Mássimo, eu já falei...
— Você vai somente me ouvir. Não avançarei ou vou tentar algo que
já falou que não quer.
Ainda receosa, ciente do poder que ele tem sobre mim, me sento ao
seu lado.
— Giovanna, você desconhece a minha história, mas deve saber que
não estou muito acostumado a ter alguns tipos de ações. Das principais é
pedir algo ou me desculpar, mas confesso que irei me esforçar para que
esteja mais tranquila na nossa relação. Está bem?
Não acredito em uma linha do que ele falou, mas prefiro dar o
benefício da dúvida e somente balanço a cabeça, em concordância.
— Mudando um pouco de assunto, você sabe cozinhar?
— Se eu sei o quê?
— Fazer uma refeição de qualidade. Usar temperos naturais,
preparar pratos...
Junto as sobrancelhas.
— Claro que eu sei! — exclamo.
Ele joga a cabeça para trás com um alívio assombroso.
— Por que me perguntou isso?
— Vai ter que cozinhar para o Sheik — responde.
— Como é que é!? — questiono, assustada e também curiosa. —
Mássimo, eu sei cozinhar, mas não sou chef de cozinha. Por que você não
faz um jantar daqueles com entrada, prato principal e sobremesa?
Ele toca meu rosto.
— Ele não quer que eu cozinhe. No máximo, serei seu ajudante.
Agora deu ruim. Como assim, cozinhar para um Sheik?
— Mas... Teremos tempo para isso?
Mássimo olha o relógio antes de dizer:
— Temos quatro dias.
— Você falou mesmo QUATRO DIAS?
Ele suspira antes de responder:
— Sim, somente quatro dias. Vai ser na Itália, na casa do meu pai. O
senhor Nero Marino.
O que seria meu futuro sogro de fachada. Que horrível! Ai, meu
Deus! E se eu queimar alguma coisa. Se precisar fazer uma lasanha... Ai,
não. A comida brasileira é toda diferente da italiana. Isso não vai dar certo
e... Não! Isso tem que dar certo! As crianças dependem de mim.
— Você precisa me ajudar — peço.
Ele toca em meu rosto e seus dedos vão para a minha nuca, me
causando arrepios pelo corpo.
— Eu farei isso, Princesa. Pode ter certeza.
Imediatamente, o clima esquenta, mas me afasto, tentando não me
render ao poço de pura luxúria que é esse homem. Eu ainda estou chateada
por muitos motivos. Então, nada de sexo.
— O que vamos jantar?
— Veja o cardápio. Você lê em inglês também, não é?
Confirmo, pegando a pasta de sua mão. Dou uma olhada nas opções,
mas quase caio para trás ao ver os preços.
— O valor é...
— Não preste a atenção nisso. Escolha somente o que deseja.
Faço a escolha de um peixe que nem por um decreto compraria, e
me sento na poltrona para assistir televisão. Porém, está tudo em árabe,
então desisto, desligando o aparelho.
— Você fica sexy de cabelo molhado.
— Eu, sexy? — pergunto, rindo. — Você não diz que sou a
Princesinha?
— Sim, mas... não agora. Somente aquela que desejo nua naquela
cama enorme, ou aqui mesmo, no sofá...
— Mássimo...
— Fala que você não quer, Giovanna... Eu estou cumprindo a minha
promessa de não encostar em você. Terá que me pedir que eu beije seu
pescoço, tome seus seios arrebitados e chupe a sua boceta, que já deve estar
molhada...
Aperto mais minhas pernas, tentando não pensar no que está
falando.
Eu o ouço rir, mas depois, a tortura verbal continua:
— Se apertando porque está ficando excitada com as minhas
palavras. Fala que quer o meu pau dentro de você, socando fundo até te
fazer gozar...
Plim dong
— Chegou o nosso jantar — respondo, quase correndo para abrir a
porta no objetivo nítido de escapar.
Eles entram com um carrinho e nos servem em uma mesa de jantar
pequena que tem no quarto, que poderia ser facilmente chamado de
apartamento.
— Obrigado pelo serviço. Aqui está a gorjeta — fala Mássimo com
o rapaz que fez o serviço.
Cruzo os braços, olhando para ele.
— O que foi?
— Eu sei que fez de propósito. Somente para mostrar que pode ser
diferente com as pessoas.
Ele coça os cabelos claros, sem afirmar ou negar.
Sento-me na cadeira e começo a comer um peixe delicioso que
chega a me fazer gemer de prazer.
Porém, quando abro meus olhos, Mássimo está inclinado sobre a
mesa, me olhando.
— Você é terrível, Princesinha — fala, começando a comer sua
carne.
Depois da refeição, escovo os dentes, visto uma camisola bem-
comportada e vou para a cama. Mesmo que o quarto seja grande, dá para
dormirmos no mesmo ambiente e nem nos encostarmos. Falando bem sério,
é possível colocar mais duas pessoas adultas entre nós com a maior
tranquilidade.
Confesso que nem sinto quando Mássimo se deita do outro lado de
tão denso que o colchão é. Somente o percebo quando diz:
— Perdonami, Princesa.
Até acho que estou sonhando, mas quando me viro, eu o vejo sem
camisa do outro lado do colchão enorme me olhando.
— Eu não pensei... — Ele começa a se arrastar para perto de mim.
— Cazzo, por que uma cama tão grande?
Rio e tento me aproximar um pouquinho para ouvi-lo.
— O que foi?
— Eu fiz o meu melhor para que sua primeira vez fosse especial.
Claro, não tem romantismo com flores e champanhe, mas queria que fosse
uma memória positiva e acabei estragando tudo por...
— Tratar mal as pessoas — completo.
— Si. Eu vou me esforçar, mas não posso dizer que vou acertar
todas as vezes. Sta bene?
Ele segura a minha mão, que some dentro da dele.
— Ok — respondo e ele me puxa para perto, me movimentando
como se eu fosse uma pena de tão leve. — Será a política de boas maneiras
para Mássimo Marino.
— Boas maneiras? — ironiza.
— Sim. Foi assim que uma das minhas irmãs entrou na vida de Mia
e de Kalel.
Ele ri e ainda me espanto com o quanto fica lindo com esse gesto.
— Aquela que é meio doida, que casou com o lutador? Alessandra,
não é? — Confirmo. — Ela ensinou boas maneira para quem?
— Para a Mia, minha sobrinha.
— Ah, porque seu cunhado não sabe bem o que é isso...
— E você sabe perfeitamente, não é? — ironizo.
— Eu só preciso de pequenas lapidações, Princesinha.
Desta vez, sou eu quem ri alto.
— Pequenas? — pergunto, tentando me controlar.
Ele cerra os olhos para mim antes de continuar:
— A meu ver são, mas... — ele torce o lábio — estou pensando em
outra coisa melhor do que discutir isso.
— Você falou que não iria me tocar sem que eu pedisse, lembra?
Mássimo me mostra o relógio.
— Já passou da meia-noite, cumpri a minha promessa. Hoje é um
outro dia. Mas você quer?
Eu só devo estar ficando louca por querer.
— Prometo que vou te foder bem devagar e te beijar bastante.
Mas é só ele começar a falar essas coisas que algo em mim quer
demais Mássimo Marino, com todos os seus defeitos no pacote.
— Eu quero — confesso.
— Pede de novo pra mim, Princesa.
— Não — respondo, rindo e levantando um pouco a minha blusa.
— Vou te fazer implorar. Pode ter certeza disso.
Ele se ajoelha na cama, levantando a minha camisola, que não tem
nada de sexy.
— Nunca mais você vai usar uma roupa como essa.
— Por quê?
— Ainda pergunta? — Ele a levanta, me deixando somente de
calcinha. — Pelo menos posso começar com seus peitos.
Sua boca quente cai nele e sinto sua língua circular meu mamilo.
Isso é bom demais. Vou para as alturas com suas carícias e nem percebo
quando minha calcinha some de meu corpo; somente quando Mássimo abre
minhas pernas e coloca um dedo dentro de mim, continuando sua carícia no
outro seio.
Ele mete rápido dentro de mim e começo a sentir o meu orgasmo
vindo. Nossa, é melhor do que eu imaginava nos livros. Quero fechar as
pernas para aumentar a sensação, mas o corpo de Mássimo não deixa.
— Eu vou pegar um preservativo e já volto — avisa, se levantando,
indo para o seu lado da cama e pegando-a na gavetinha.
Depois, volta para mim e ri com um ar de vilão de romance. Um
daqueles que são sexys, os quais a gente se apaixona mesmo com inúmeros
episódios enormes de “Eu odeio você”. É desse jeito.
Sua língua desce por minhas pernas e vai para meu umbigo. Desce
lentamente, mas quando está quase chegando onde mais quero suas carícias,
ele para.
— Mássimo!
— Pede, Princesinha. Fala que quer ser chupada por mim.
Jogo a cabeça para trás, sem jeito.
— Eu não sou de falar essas coisas.
— Fala pra mim. Entre quatro paredes, a gente pode falar e fazer
tudo.
Ele beija minha perna e fecho os olhos.
— Mássimo...
— Diga. Quero ouvir dalla tua bella bocca, Giovanna — exige,
caprichando no sotaque italiano.
Não resisto ao dizer:
— Me chupa, Mássimo.
Nem acreditei quando essas palavras saíram da minha boca, e nem
ele. Mássimo demora alguns instantes para processar, mas quando começa,
entra com a língua em minhas partes, mexendo com as minhas estruturas.
Mássimo sabe como dar prazer para uma mulher. Fala safadezas e entra
com o dedo em mim.
— Quero que você goze comigo — avisa, parando de me chupar e
baixando a cueca para pegar o preservativo.
Nossa! Como o pênis dele é grande! Eu não vi na primeira vez
porque não deu para reparar em muita coisa, mas agora...
— O que foi, Princesa?
A voz dele me faz olhar para seu rosto e não para...
— Depois vou te ensinar a chupar. Se você quiser — responde,
vestindo o preservativo.
— Mas vai entrar? Parece... grande.
Ele ri, se colocando entre as minhas pernas.
— Não entrou ontem? Meu pau não cresceu de um dia para o outro
— esclarece, passando “aquilo tudo” na minha entrada antes de penetrar um
pouquinho.
— Relaxa, Giovanna — ele fala no meu ouvido.
Realmente estou preocupada, mas...
De repente, ele me beija com força e urgência. Eu me prendi em
seus braços fortes, começando verdadeiramente a relaxar. Sinto seu membro
entrando em mim até se afundar por inteiro.
— Eu te falei que cabia certinho dentro de você, Princesa —
murmura.
Seu ritmo fica mais forte, se chocando contra mim, e sinto uma onda
se formando. Ele me troca de posição, me colocando em cima dele.
Acaricia minha bunda, se afundando ainda mais dentro de mim. Parece um
tipo de cavalgada pornográfica, mas estou gostando.
Ele toca meu ponto de prazer enquanto sento no seu membro, até
que alcanço o meu prazer, me explodindo com ele afundado no meu canal.
Sinto seus beijos em meus seios e depois, volta ao seu ritmo.
Mássimo me inclina para a frente e entra forte, numa velocidade
bem mais rápida. Então, solta um grito, gozando forte e me prendendo junto
a ele.
Em seguida, ele tira o preservativo usado, me deita de lado, se
encaixa nas minhas costas e me abraça. Eu poderia viver sentindo seus
braços fortes a me proteger.
Poucos minutos depois, dormimos, completamente esgotados.
Mássimo

Giovanna é como uma iguaria raríssima e extremamente viciante.


Normalmente, se uma mulher ficasse de muitas ideias, eu teria a dispensado
ou a ignoraria até ir embora pelas próprias pernas. Mas com a minha
Princesinha é diferente.
Não é somente o sabor gostoso da sua boceta que me vicia. Tem
também o quanto é simpática com as pessoas, até com quem não merece. O
fato de estar sempre disposta a ajudar o próximo. Como o que está fazendo
ao ser minha noiva para ajudar criancinhas. Deixei em sigilo, mas já fiz a
doação para reformar o local de trabalho dela.
Minha. Por que pensei nela assim? Estaremos juntos por até 3 meses
e nem sei de onde veio esse pensamento. Giovanna é somente mais uma, a
única diferença que temos é uma relação gerada por conta de um contrato
que ela acabou não assinando. Cacete! Quando voltarmos para o Brasil, eu
resolverei isso.
Saio da cama com os primeiros raios da manhã surgindo na
alvorada. Tomo uma chuveirada breve e volto para arrumar minhas coisas.
Levo a mala para a sala de estar, mas os minutos vão passando e nada de
Giovanna despertar. Tento acordá-la, mas nada de abrir os olhos.
Eu a chamo, e ainda continua dormindo. Meio que tentando não
perder a paciência, me sento ao seu lado da cama e começo a mexer com
ela. Giovanna rola na cama e começamos a rir juntos.
— Princesa, temos um voo para a Itália daqui a pouco. Serão sete
horas de voo. Você tem que acordar.
Porém, não adianta.
Então, me levanto da cama, pego-a nos braços, e somente assim ela
desperta.
— Mássimo, para onde está me levando?
— Para tomar um banho, Princesa. Quem sabe assim você fica mais
acordada?
— Eu já despertei.
— Mas não do jeito que eu quero.
Respondo cheio de segundas intenções. Tiro minhas roupas,
deixando o preservativo mais próximo à mão, e entro com ela no chuveiro.
Ela fica sexy pra caralho, excitada e de cabelos molhados. Parece o sonho
erótico de princesa, e sou eu quem está realizando.
Beijo sua boca e ela me abraça, bagunçando os meus cabelos. Não
estou com tanto tempo para preliminares, por isso, logo visto o
preservativo, somente a excitando com meus dedos. Ela levanta uma das
pernas que prendo junto à minha coxa e então, entro na sua boceta apertada.
Essa mulher é uma perdição. A mistura certa do lado angelical com
o devasso. Ela é muito gostosa e nem preciso de muito para que goze junto
comigo.
— Agora está despertada, Princesa — afirmo, roubando um beijo de
seus lábios.
— Você não presta, Mássimo — responde, se virando e realmente
tomando banho.
Começo a ensaboar suas costas até tocar sua bunda gostosa. Passo a
mão pela frente, lavando seus seios, e desço até sua boceta, fazendo-a se
inclinar para mim.
— Princesinha, se continuar jogando sua bunda para o meu pau, vai
ser difícil resistir e não te foder sem proteção.
— Acabaram-se os preservativos?
— Por enquanto sim, mas eu posso tirar antes de gozar. Aí não tem
perigo.
Ao dar permissão, ela se inclina mais e não tenho cerimônia antes
meter. Nunca transei sem camisinha, mas mesmo estando juntos há pouco
tempo, sei que não tem problemas. Eu a fodo com vontade e ainda deixo
uns tapas em sua bunda safada. A minha vontade é de morar dentro dela,
mas tenho que ter atenção para não gozar dentro.
Isso realmente não pode acontecer. Quando ela atinge o seu prazer,
me retiro de seu corpo e bato uma punheta até gozar. Depois tomamos um
banho de verdade e nos arrumamos para ir embora.
Itália, minha terra amada. Fico tanto tempo me dividindo entre
Brasil e o mundo que já até perdi um pouco dos meus costumes e boa parte
dos sotaques da minha terra, no entanto, aqui ainda é o meu lar. Lugar onde
cresci e passei por momentos tensos e agradáveis em minha vida antes de
atingir o sucesso.
— Estamos em Roma, Princesa — informo para ela.
Passamos pela capital e seguimos direto para a casa do meu pai, que
fica bem distante. Ela vai admirando a paisagem até pararmos em nosso
destino.
— Chegamos, Princesa — aviso, me ajeitando para abrir a porta.
— É tão... escura a casa.
Reparo no meu lar de infância e não tem como deixar de pensar no
quanto diz a verdade.
E o rei da escuridão surge na porta para nos receber.
— Mássimo, é você mesmo? — pergunta quando abro a porta.
— Sim, pai. Viemos eu e minha noiva — respondo, esticando a mão
para ela. — Giovanna Soares.
Ele fica a encarando e não diz nada, somente entra na casa. No
mesmo instante, ela aperta forte a minha mão.
— Mássimo...
— Calma, Princesa. Não permitirei que nada te aconteça nessa casa.
Giovanna

Deus do céu! O que estou fazendo aqui? Conseguimos nos entender


de uma maneira tão boa, mas não sei se vai durar tendo que lidar com o pai
dele, que é praticamente uma cópia do Mássimo. Talvez seja até pior.
Eu aprendi muito pouco de italiano, adquiri bastante curiosidade
sobre o idioma quando Diana conheceu o pai da bebê dela. Porém, não sei
se vai ser uma boa essa visita. E ainda tem a visita do Sheik. Deus! Como
eu vou cozinhar aqui?
— Vamos para o meu quarto, Giovanna — avisa, abrindo a porta, já
que o pai dele nem se deu o trabalho de fazê-lo ou até mesmo de nos
receber.
Nossa! Aqui dentro é ainda mais escuro. As paredes e cortinas têm
tons de cinza, beirando o preto. Como uma criança cresceu aqui? Me
causaria pesadelos e traumas intensos.
Ele me indica para subir as escadas para o andar de cima, e a cada
passo que dou para dentro desta casa, mais angustiada fico. É uma casa
grande como um castelo, mas também tenebrosa como uma masmorra.
Os corredores são gelados e parece que a casa é assim por séculos.
Mássimo abre uma das portas, que chega a ranger com o movimento. Entro
na frente e ele coloca as malas para dentro. Sinto que a temperatura desceu
dois graus dentro deste quarto frio e escuro. Ele abre as janelas, mas acho
que nem a luz do dia quer iluminar este lugar.
— No fim do corredor fica um dos banheiros e naquela porta —
avisa, apontando para o canto do quarto — está um quarto para guardar as
coisas. Vamos passar alguns dias aqui.
Concordo, tentando não me sentir tão estranha neste lugar.
— Vou conversar com meu pai. Pode ir ajeitando as suas coisas,
Princesa.
Então, ele encosta a porta e vai embora, me deixando aqui.
— Que lugar é este? — murmuro comigo mesma.
Então, meu telefone toca e procuro o aparelho na minha bolsa.
Graças a Mássimo, tenho sinal de telefone e consigo atender à chamada de
vídeo das minhas irmãs.
— Olha ela aí! — Alessandra grita.
— Nossa, não é que ares europeus deram uma luz na nossa
irmãzinha?
— Também achei, Di. Mas acho que não é só por causa de ar que a
pele da Gio está dessa forma.
— Vocês querem parar? — reclamo, voltando para a janela.
— Será que ela está sozinha ou acompanhada?
— Se estivesse acompanhada, não estaria nos atendendo. Confesso
que eu jamais faria isso — responde Alessandra.
Caminho para o tal armário e ligo a luz antes de continuar a falar
com elas.
— Eu preciso falar uma coisa com as duas.
Suspiro, olhando para os lados, pensando em como falar.
— Giovanna, para de ficar fazendo drama e fala logo de uma vez!
— Alê, deixa ela falar...
— Aconteceu! — falo de uma única vez e as duas gritam do outro
lado.
— Conta tudo!
— Fala que você usou camisinha!
— Alessandra. Para com isso. Foi a primeira vez da nossa
princesinha — Diana reclama.
— Não foi só uma vez que... — confesso, sem saber onde colocar a
minha cara.
— Como assim, não?! — Diana grita.
— Não é que aquele bloco de gelo sabe fazer alguma coisa!? — Alê
comenta.
— Eu acho que se esforça para ser sempre “Excelente”.
As duas vão brincando e rindo.
— Gente, vou ter que desligar. Daqui a pouco ele volta...
— Está bem! — responde Alessandra. — Vai lá curtir a vida.
— Beijos, irmã. Se cuida.
— Não fique grávi...
Neste instante, consigo finalizar a chamada com as duas. Ainda que
loucas, esse é um pouquinho de casa que estou tendo nesta realidade
complicada. Saio do quartinho apagando a luz e infelizmente, Mássimo
ainda não voltou.
Troco de roupa, colocando algo mais quente, então, começo a me
aventurar pelos corredores. Desço as escadas tentando achar mais pessoas,
mas assim que passo por uma senhora pequena e gordinha, ela me segura
pelo braço, gritando comigo em italiano. Consigo compreender algumas
coisas.
— Você está no lugar errado!
— Senhora, eu não... — tento falar em italiano, mas não sou tão boa
no idioma. Consigo entender, mas não falar na mesma velocidade que eles.
— Agora precisa ir embora. O filho do senhor Marino está na casa e
ele está de péssimo humor.
Ela vai me puxando para fora e fico sem saber como agir.
Mássimo

Eu poderia falar a verdade para o meu pai, mas não é a melhor


opção. Mesmo sendo a minha única referência paternal, tenho ciência de
que jamais iria concordar em juntar negócios e mulheres. O que ele sempre
me ensinou, desde a infância, que as mulheres possuem somente funções
relacionadas a sexo — tirando as interesseiras —, é bem diferente do que vi
do lado de fora dessa propriedade.
Eu até penso em questionar Giovanna sobre a sua expressão
assombrosa enquanto caminha pela minha casa de infância, mas tenho que
falar com meu pai primeiro. Depois, voltarei para a Princesa e tirarei todo
seu estresse com uma foda quente na minha cama.
Neste momento, estou na porta do escritório do meu pai,
aguardando que me veja.
— Desaparece por anos e volta com uma noiva. Nem se parece com
o homem que criei.
— Olá, pai — respondo, entrando. — Eu vim a negócios com a
Giovanna...
— Eu ainda não acredito que quer mesmo se casar.
— Isso é assunto meu e dela...
— Não mesmo. Aquela mulher pode ter acesso aos nossos bens.
Não sei se ainda tenho tempo, mas não permita que ela te faça ficar cego...
Suspiro, perdendo a paciência.
— Eu aprendi, pai. Nenhuma mulher irá me conquistar, pode ter
certeza disso. Somente... tenho apreço com a presença de Giovanna.
O que de fato é uma verdade. Gosto da sua presença e seu jeito à la
princesa de conto de fadas me enlouquece. No entanto, nada passa de
desejo. Numa hora certa, vai passar.
— Mas precisa noivar para mostrar apreço?
— Não quero mais falar sobre a minha relação com minha noiva.
Isso não é relevante. Preciso que saiba que vou ter um jantar de negócios
aqui com um Sheik, e que Giovanna vai cozinhar para ele...
— Por que você não o faz? Deixar uma mulher...
— Foi a escolha do próprio. Não tem discussão.
— Entendido, filho. A casa é sua herança também. Faça o que...
De repente, escuto o barulho de passos no corredor. Em seguida,
reconheço a voz de Giovanna.
— Senhora, eu não...
Uma das funcionárias está praticamente arrastando a minha Princesa
para fora. Elas estão perto da porta, e um ódio sem limites foge de mim.
— Solta a minha noiva agora! — grito para a mulher em italiano e
ela estremece, largando Giovanna.
— Mássimo.
Ela corre para meus braços e a prendo forte, beijando seus cabelos
escuros.
— Está tudo bem, Princesa. Eu estou aqui.
Então, volto meus olhos para a mulher.
— Perdão, senhor Marino.
— Por que você fez isso?! — indago.
— Eu não sabia... achei que era uma das...
Sinto os dedos de Giovanna em meu pescoço e sussurra em meu
ouvido:
— Mássimo, por favor.
Fecho os olhos, me segurando para não demitir a mulher.
Certamente deve ter pensado que era uma das jovens que visitam o quarto
do meu pai. Sei do costume que o senhor Nero tem de trazê-las para que o
entretenha, e pensando friamente, a idade delas é semelhante com a de
Giovanna.
Então, ao contrário de tudo que faço por anos, me mantenho firme e
frio ao dizer:
— Nunca mais encoste na minha noiva. Ela vai andar pela casa toda
e não vai ser importunada por nenhum de vocês. Está entendido?
— Sim, senhor. Muito obrigada. — A mulher se afasta, tropeçando
nos pés enquanto caminha para a cozinha.
Giovanna se vira, olhando para ela.
— Você não a demitiu, não é?
— Não, Princesa. No entanto, todos agora sabem quem você é, e se
alguém te importunar, fale comigo que irei resolver imediatamente.
Ela sorri para mim, iluminando meu dia tenebroso, e depois deixa
um beijo em meus lábios. Prendo minhas mãos em sua cintura,
aprofundando o nosso contato...
— Então, resolveu a situação, filho?
Meu pai se faz presente e no mesmo instante, Giovanna se afasta.
Não permito que vá para longe e aproveito para apresentá-la a ele.
— Pai, essa é minha noiva, Giovanna Soares — digo em italiano.
— Soares? — pergunta, curioso.
— Sim. Ela é brasileira, trabalha com livros e lê histórias para
crianças.
Ele balança a cabeça.
— Pelo menos, não ganha a vida na noite...
— Pai! — reclamo. — Faça o favor de não continuar com esses
assuntos...
— Não estou falando da sua mãe.
— Mas parece que está.
Paramos e nos encaramos por alguns instantes.
— Mássimo, por que você não me mostra a casa? O pôr do sol está
perto... — fala Giovanna em português, percebendo totalmente a situação.
Então, somente me afasto com ela indo para fora. Seguro em sua
mão, levando-a para o labirinto da propriedade. Giovanna não fala nada,
somente acompanha meus passos agitados, até que vejo a saída que fiz
quando era criança e usei até o momento em que decidi ir embora daqui.
Abro espaço para que passe pelos galhos até encontrar o paredão em
pedra que fica em um dos extremos do labirinto.
— Espera um pouco que vou abrir — aviso, soltando sua mão e
procurando no bloco solto a chave do cadeado.
Com um pouco de dificuldade, por conta dos sapatos em couro que
não são nada propícios para escalar muros, consigo pegar.
Animado, abro o cadeado, soltando a corrente do portão. Chamo
Giovanna, que está um pouco atrás, e sua mão segura a minha.
— O que tem aí atrás? — ela me pergunta.
— Confia em mim?
Ela sorri, confirmando, e somente então abro as portas do meu
refúgio de vida. O meu jardim secreto.
— Nossa! Isto aqui é lindo.
Seu vestido verde-claro passeia pela grama aparada do lugar. Sim,
ele é fechado, mas tem um jardineiro de minha extrema confiança que
sempre vem cuidar daqui para mim. Por isso, é sempre um bom lugar,
mesmo estando distante da casa principal.
Giovanna senta na fonte e cheira as flores com o sorriso mais
majestoso nos lábios. Eu poderia ficar admirando sua beleza por horas. Ela
é uma verdadeira princesa que surgiu no meu jardim, distribuindo graça e
formosura.
— Este lugar é maravilhoso, Mássimo — comenta, se levantando.
— Estou encantada. Nem dá vontade de voltar para a casa do seu pai... Me
desculpe.
Rio, trazendo-a para meus braços e sentindo seu cheio doce.
— Não há problemas, Princesa. Aqui sempre foi o meu refúgio. —
Aponto para a porta. — Passando por aquela porta, há um quartinho que fiz
quando não conseguia lidar com o pai. Era para esse lugar que eu vinha.
Ela vai na direção, segurando minha mão. Empurra a porta e revejo
o que deixei da última vez que tinha vindo. Alguns papéis presos na parede,
cartas das quais nem me recordava...
— Você escrevia? — pergunta, apontando.
— Isso faz muito tempo, Giovanna — respondo.
Sem pegar o papel, ela se aproxima, tentando ler, mas a luz está
fraca.
— Está em italiano. Não vai entender.
Então, a mulher se afasta, assustada, e imediatamente percebo que
algo está errado.
— Acho melhor a gente voltar...
— Não é proibido que leia...
— Eu não...
— Para mim, é indiferente, porque o que tem ali é somente lixo de
um passado que não me afeta.
Ela fecha os olhos e desta vez, eu percebo que realmente fiz alguma
merda que não gostou.
— Você é incrível, Mássimo!
— O que foi, Giovanna? Você quer ler? — Eu arranco as folhas da
parede. — Pode fazer, mas não pense que isso tem a ver comigo. Sou um
homem muito diferente do que está nessas cartas.
— São cartas? — ela pergunta. — Para quem eram? Uma namorada
da sua infância?
Pondero antes de continuar pensando para quem realmente eram.
— Se quiser, leia — respondo. — Mas decida logo porque a noite
está chegando, estamos longe da casa e preciso fechar o jardim antes de
retornar.
Assim, me afasto e a espero, sentando na fonte. Ela demora alguns
instantes e, então, volta para mim mais séria. Então, me levanto para irmos
embora.
— A minha intenção era te foder aqui, mas a gente sempre tem
alguma coisa para brigar, Princesa.
Ela ri, colocando as mãos em meu pescoço.
— Mesmo discutindo, a gente está se entendendo melhor. Não acha?
— pergunta, me roubando um beijo carregado de significados.
Jogo a cabeça para trás, pedindo para o sol descer mais lentamente
ou quem sabe voltar mais um pouco para o alto, mas sei que não terei essa
sorte.
— Eu quero, Mássimo. Me faça sua no seu jardim incrível.
Sento-me na fonte, tendo uma ideia mirabolante, mas extremamente
prazerosa.
— A gente vai ter que ser rápido e como fizemos da última vez. Está
bem? — Ela concorda, com um sorriso abusado. — Tira a calcinha e senta
no meu pau, Princesa. Fica o vestido, que não quero ver... Somente quero
sentir que estou dentro de você.
Ela faz o que peço e quando está no meu colo, somente abaixo um
pouco a minha calça, colocando meu pau para fora. Ajudo para que tire os
sapatos e assim não terminem molhados na água da fonte.
Toco sua boceta, sentindo-a molhada, no ponto que quero, e então a
faço sentar no meu pau lentamente. Que gostosa é essa mulher! Eu coloco
para cavalgar no meu pau com a saia do seu vestido nos escondendo. Suas
mãos estão em meus ombros enquanto a fodo, segurando a sua bunda por
baixo da saia.
Beijo seu pescoço sem permitir que interrompa o movimento. Ela
está tão excitada que não demora muito para gozar. Espero que se recupere,
mas quando o faz, ela continua sentando no meu pau com mais vontade.
— Princesa. Você precisa parar.
— Estou quase lá...
— Giovanna...
— Falta tão pouco, Mássimo.
Até que, desta vez, sou eu quem não se segura e gozo forte dentro
dela.
— Puta merda! — reclamo, me recuperando.
— O que foi!?
Somente a tiro de cima de mim, me recompondo.
— A gente vai ter que ir numa farmácia pra comprar um remédio
para você assim que voltarmos.
— Mas o que foi?
— Devia ter parado quando eu mandei — respondo, nervoso.
Ela se levanta da fonte, toda bagunçada.
— Eu não obedeço a suas ordens, e você sabe disso...
— Mas não pensou em parar quando a gente estava transando sem
camisinha...
— Mas...
— Você não pode ficar grávida, Giovanna. A gente não tem futuro e
você sabe disso.
Entrego um lenço para ela.
— Eu não quero...
— Mas quer voltar para a mansão com porra escorrendo pelas
pernas. Puta que merda, Giovanna!
Então, ela se afasta.
— Eu não preciso do remédio...
Dou uma risada sarcástica.
— Como assim, não? Você era virgem.
— Eu... — ela suspira. — Eu tenho ciclo irregular e cólica desde
adolescente. Tomo para isso — esclarece. — Então, pode ficar
despreocupado. Quando acabar os três meses, cada um segue seu rumo sem
consequências. Está bem?
Eu sei que ela está falando dessa maneira somente para me
tranquilizar dos meus pesadelos. Porém, não entendo por que cresce dentro
de mim um sentimento de tristeza pelo momento em que ela for realmente
embora da minha vida.
Giovanna

Eu não posso ser mãe do filho de Mássimo. Eu sei que foi uma
imprudência, mas tenho certeza de que não vai acontecer.
Conforme as palavras do próprio, nós não temos futuro e é isso que
preciso mentalizar para saber quem realmente sou para ele. Somente um
meio para conseguir a sua expansão e também, a “Princesinha” que esquenta
suas noites.
Ele não está me usando, como pensei no início, pois nada está
escondido. O que queremos um do outro é somente sexo e, pensando menos
com o coração, Mássimo jamais afirmou que juraria amor eterno a mim.
Não. Eu não estou me apaixonando por ele. No entanto, confesso que
adoro quando me prende em seus braços, me chama de princesa, beija minha
boca com devoção e me leva para outro mundo entre quatro paredes.
A verdade é que, quando acabar, nunca mais conseguirei me
esquecer dele. Foi o meu primeiro em muitas coisas. Porém, preciso
proteger meu coração para estar livre quando realmente encontrar o meu tão
esperado príncipe.
— Vamos voltar para a casa.
Confirmo e enquanto ele está fechando o portão, passo o lenço que
me deu, tentando diminuir a textura grossa que sai de dentro de mim.
Que Deus me ajude a não engravidar na hora errada. Sou louca para
ser mãe e segurar um bebê meu nos braços, mas agora é o pior momento.
Não só pelas circunstâncias, mas pelo pai que claramente não tem os
mesmos anseios que eu.
— Giovanna.
Ele estica a mão para mim e aceito, seguindo o caminho de volta.
Paro quando estamos perto da casa e vejo as luzes que pouco iluminam o
imóvel imponente.
Quando passamos pelas portas, Mássimo dá a ordem para uma das
funcionárias e seguimos para o quarto. Pego uma roupa, me preparando para
tomar um banho e pouco depois, entregam a toalha.
— Eu vou na cidade. Quer alguma coisa?
— Vai me deixar sozinha aqui? — pergunto.
— Não se preocupe, será por pouco tempo. Não irei demorar. Até
sair do banho, estarei de volta.
Confirmo e vou para o banheiro.
Parece que entrei na Idade Média. Ou quase. Tem chuveiro e vaso
sanitário, mas as paredes em pedra dão uma aparência tão antiga que me
sinto como naquele livro em que a mocinha voltou no tempo e se apaixonou
por um conde do passado.
Mesmo sendo antiga e aterrorizante, ainda fico curiosa em saber qual
a história desta casa. Depois, quando as coisas se acertarem, vou pedir para
Mássimo me contar sobre.
Abro o registro do chuveiro e a água gelada e forte toca meu corpo.
A vontade é de desistir, mas não dá. Preciso tomar um banho antes de
dormir. Então, me lanço na água congelante, sentido o frio bater como
microagulhas na minha pele. Molho meus cabelos tentando me adaptar, mas
não adianta.
Passo sabonete e desisto do hidratante com enxague, porque não
quero ter que lidar novamente com esse frio todo.
— Bem que poderia ter pelo menos um baldinho de água aquecida,
não é? — falo comigo mesma.
Torço meus cabelos na toalha e coloco um roupão para ir jantar mais
tarde. Saio do banheiro e vejo duas outras mulheres me olhando com
assombro. Já meio assustada com a primeira proximidade que tive com os
funcionários da casa, vou direto para o quarto de Mássimo.
O pior é que ele ainda não voltou.
Então, pego meus itens de cabelo e penteio meus fios até ficarem
arrumados. Quando estou acabando de me vestir na frente do espelho,
Mássimo passa pela porta.
— Quer ajuda? — pergunta, deixando um beijo na minha nuca.
— Se você me ajudar, a gente não vai sair daqui. Não acha?
Ele fecha os olhos, balançando a cabeça com desgosto.
— Sim, mas depois do jantar, a minha sobremesa é você, Princesa.
Suas mãos prendem minha cintura e percebo o semblante de alívio
em sua face. Posso apostar que tem a ver, principalmente, com o fato de
saber que não fizemos um filho. A quem eu quero enganar? Eu jamais vou
ser a certa para ele e devo me acostumar à ideia de uma vez por todas.
— Vai tomar um banho antes de descer? Confesso que a água está
congelante.
— Congelante? Como assim? — ele me questiona. — A água é
aquecida. Em que lugar você tomou banho?
— Naquele banheiro do fim do corredor.
Ele ri.
— Não acredito que você foi no banheiro antigo. Aquela água é a
mais fria della casa. Por isso você está gelada desse jeito.
— Mas... Qual é o certo?
Mássimo pega suas coisas e vai para a porta ao lado do banheiro que
fui. Nossa! Esse sim é um banheiro sofisticado. Parece de hotel e tem até
banheira.
— Nesse aqui, Princesa — responde, fechando a porta. — Quando
precisar, pode usar sem problemas. Meu pai tem um privativo, então tem
liberdade de vir aqui tranquila.
Mássimo me rouba um beijo, vai tirando a roupa lentamente e me
chama para o boxe com água quente. Quem disse que resisti? Em poucos
minutos, estávamos transando, alcançando o auge do prazer.

— Então é uma brasileira?


Escuto a pergunta em inglês do seu Nero Marino e o talher com a
carne quase cai da minha mão devido à surpresa.
— Sim, senhor — respondo.
Demoramos um pouco para descer graças à aventura que tivemos no
banheiro. Acabou que o jantar foi atrasado por nossa causa, mas Mássimo
afirmou veementemente que isso não daria problema.
Foi servida uma carne bovina num molho de queijo dos deuses.
Tomamos vinho tinto, que soube ser da vinícola da família deles e, quase ao
fim, depois do extremo silêncio, uma pergunta direta:
— Meu filho me falou que você conta histórias, mas também é
escritora?
Meus olhos passam por Mássimo, porém, ele me incentiva a
continuar falando. Lidar com a imagem piorada do meu noivo de fachada é
o pior dos mundos. A qualquer instante, pode vir uma resposta grosseira e
atravessada, como já presenciei com o próprio.
— Não, senhor Marino. Sou bibliotecária e conto histórias para
crianças.
— Na casa delas?
— Na Biblioteca Pública de São Paulo — respondo friamente.
Não sei por que, mas a maneira com a qual o sr. Nero me olha chega
a ser ofensiva. Não como se quisesse que eu largasse seu filho e ficasse com
o próprio... Parece que, para ele, eu sou somente um inseto irritante que está
ao lado de seu filho e, por conta disso, precisa me exterminar.
Isso é muito ruim. Que vontade de ir embora desta casa, mas ainda
não posso. O Sheik e a neta ainda estão por vir. Falando no assunto, amanhã
tenho que ver com Mássimo o que vou fazer. Digo, o que vamos fazer.
— Pode mandar servir a sobremesa — avisa o sr. Nero.
Enquanto como, fico pensando no que Satine Roux passou ao lado
desse homem. Porque não tem como esquecer do seu olhar triste ao falar do
ex-marido e o quanto prejudicou o filho.
— A massa está um pouco crua. Avise ao cozinheiro — Mássimo
chama a atenção de um dos funcionários.
— Sim, senhor.
Ele leva o prato de Mássimo, mas peço para deixar o meu. Sem
querer, meus olhos batem nos de Nero e desgosto mais ainda do que vejo. É
ódio. Isso parece que o motiva e mesmo sem ter culpa alguma, todo esse
sentimento se dirige exclusivamente a mim.
Mássimo

Chegou o dia. Foram horas que eu e Giovanna passamos na cozinha


para acertar a receita do que iríamos fazer. Decidimos por um misto de
comida italiana com uma pitada de brasileira.
O mais difícil foi parar de nos pegar e realmente cozinhar as coisas.
Aquele vestido de princesa, do qual ela faz coleção, me deixa louco. A
minha vontade é de deitá-la na mesa, tirar sua calcinha e foder sua boceta
até gozarmos juntos. Na verdade, nos últimos dois dias, isso já aconteceu,
mas ela me fez prometer que teríamos foco.
Por isso, ao contrário de cozinharmos sozinhos, deixamos que os
funcionários nos ajudassem. Somente assim para evitar o desejo de transar
com a minha Princesinha.
— Eles devem estar a caminho — comenta.
— Verdade. Ainda bem que já passamos tudo para a cozinha. Vamos
nos arrumar para receber os nossos convidados.
Ela concorda, tirando o avental, e subimos para o quarto. Assim que
abre a porta, tem uma caixa grande na cama.
— O que é isso, Mássimo?
Rio antes de responder.
— Não sei, abre.
Ela tira o laço da caixa, encontrando um vestido lindo que
encomendei para ela no mesmo dia que chegamos.
— Ele é tão bonito — declara, levantando o tecido.
Paro ao seu lado e beijo seu rosto.
— Um vestido lindo para uma princesa maravilhosa.
Giovanna me dá um beijo.
— Como vou arrumar meus cabelos. Pensou nisso?
— Sim, uma das funcionárias da casa, que também trabalha nisso,
vai te ajudar. Eu vou vestir o meu terno e vamos ter uma noite primorosa.
Pode ter certeza disso.
Ela para de frente para mim e toca meu rosto. Parece que vai dizer
alguma coisa, mas então para, falando:
— Obrigada. Eu adorei o presente.
Giovanna pega suas coisas e vai para o banheiro aquecido. Enquanto
isso, pego meu terno passado com uma das funcionárias da casa.
Vejo no meu telefone as notificações e encontro uma de Lorenzo,
reclamando porque ando tão sumido. Se ele soubesse... Talvez pudesse
inventar que vou tentar brincar de casinha, como o próprio anda fazendo
com a esposa.
O que de fato não tem o menor sentido. Eu e Giovanna temos
objetivos claros. O desejo entrou no meio? Sim, mas não passa de vontade
de estar perto, de beijar seu corpo e me acabar de tanto prazer com ela na
cama, contra a parede, sobre uma mesa ou em qualquer lugar onde o tesão
nos assalte. Acabou aí. Eu sei que ela é romântica por natureza, mas desde o
início deixamos claro que jamais iríamos por esse caminho.
Nada de casamento e filhos. Puta merda! O alívio que me deu saber
que ela toma anticoncepcional... Isso tirou um peso de toneladas das minhas
costas. Não tenho intenção de ter filhos agora e meus planos estão sempre
certo. Uma criança, totalmente não programada, iria atrapalhar nós dois
completamente.
Tenho certeza que daqui a alguns anos, terei um herdeiro para levar
o sobrenome dos Marino e toda herança que vem junto, mas por tudo que
vejo, Giovanna não é a mais certa para isso. Ela é romântica demais para
uma transação de negócios de somente deixar uma criança comigo e partir.
Então, mesmo não gostando tanto da ideia de gerar um filho com outra
mulher, necessito que a escolhida seja distante o suficiente para me dar o
que quero. Sem nenhum envolvimento emocional ou vínculos.
Por isso digo que Giovanna grávida seria ruim para ambos. Ela tem
inúmeros planos românticos de viver o “Felizes Para Sempre” com o tal
cara que claramente não tem nada a ver comigo.
Não ser mais virgem é uma coisa, mas ter filho de outro deixa as
coisas mais complicadas. Pensando com frieza, infelizmente o mundo é
muito machista e a grande maioria dos homens não gosta muito da ideia de
criar o filho de outro.
Trim Trim
— O que quer, Lorenzo?
— Desejo saber o que anda fazendo na nossa Itália? Giovanna está
por perto?
— Não. Ela está se arrumando. Hoje teremos um jantar importante...
— Como seu pai está se comportando perante o fato do filho ter
uma noiva? Daria uma fortuna somente para ter visto sua face no momento
em que chegaram.
Rio.
— Aparentemente, está normal. Não falou nada que pudesse insultar
Giovanna. No entanto, sei que ela não gosta de ficar perto dele, mas
nenhuma mulher gosta. Até hoje não entendo como meu pai conseguiu se
casar com tantas...
— Também não. No momento, está divorciado?
— Acho que sim. Ele não falou do assunto...
— Vocês são ótimos em guardar segredo — comenta meu amigo,
rindo.
— Verdade.
Toc toc
— Lorenzo, acho que nossos convidados chegaram. Vou pedir para
receberem.
— Está bem. Depois conversamos mais.
A chamada é encerrada e ao contrário do que pensei, eles ainda não
chegaram. Indiferente a isso, começo a me arrumar, tomando um banho
breve e decidido a usar a minha abotoadura de diamante. Porém, quando
vou pegar, me deparo com a caixa do colar que comprei para Giovanna e
deixo o estojo com o presente sobre a cama.
Já pronto, desço e fico esperando que a minha princesa venha ao
meu encontro. Passo uns minutos observando a paisagem noturna enquanto
aguardo na varanda e, de repente, o silêncio é perturbado por passos
agitados na escada. Encaminho-me para ver, mas chego tarde, somente
escutando o estrondo da porta do escritório batendo.
Estranho a agitação do meu pai, principalmente por ele saber que
logo chegará o Sheik. No entanto, no auge da minha preocupação está
Giovanna, que até agora não apareceu.
Subo apressado para o meu quarto e a encontro arrumando, digo,
jogando suas coisas na sua mala, com o rosto lavado em lágrimas.
— O que aconteceu, Princesa?
Ela tenta disfarçar, mas não consegue.
— Eu estou indo embora — informa, voltando a pegar suas coisas.
No mesmo instante, um medo aterrorizante me toma por
praticamente saber quem está por trás desse desejo repentino.
— Foi o meu pai?
Ela nem precisa responder. Somente novas lágrimas caindo em sua
face respondem à minha pergunta. Me viro de costas e vou direto para o
escritório.
— Mássimo. O Sheik vai ver tudo...
Na mesma hora, paro, segurando o telefone e fazendo a chamada.
— Giovanna, não tem como esse jantar acontecer.
— Mássimo, pense bem...
Neste instante, a ligação é atendida.
— Sheik Mohammed Al Sabah.
— Olá, senhor Marino. Já iria pedir que te ligassem. Está chovendo
muito aqui próximo ao aeroporto e meus seguranças me informaram que
não é seguro viajarmos para sua casa.
Um suspiro de alívio me escapa e seguro a mão de Giovanna,
impedindo que se afaste.
— Entendo, Sheik.
— Como foi um grande imprevisto, gostaria de marcar em outra
localização. Talvez no Brasil, terra da sua futura esposa.
— Pode ser. Aguardo seu retorno para confirmar a data.
Então, a ligação é encerrada.
— O jantar está cancelado — respondo, deixando-a de queixo caído
—, agora vou resolver um assunto com meu pai.
Alerto, me dirijo para o escritório, abrindo a porta num rompante.
Giovanna

Trim Trim
Novamente o número dela pisca na minha tela.
— Deus do céu! Sempre no pior momento.
Depois que começou a circular fotos em que eu e Mássimo estamos
juntos, ninguém menos que Satine Roux encontrou meu telefone. A
princípio, conversamos bastante nos momentos em que o filho dela estava
distante. Porém, a todo momento, o que essa mãe mais espera é reencontrá-
lo.
Ela sabe que estamos aqui e me falou algumas coisas da casa, e até
mesmo de Nero, seu ex. Se fiquei curiosa com a história? Sim. Muito mais
do que eu poderia imaginar.
Numa das chamadas que fiz quando estava passeando, ela me
contou sua história de amor com Nero e o que causou a separação. Foi tudo
muito lindo e intenso. Um amor entre um grande produtor de vinhos e uma
cantora francesa de cabelos vermelhos que começava sua carreira.
Foram apaixonados por anos, mas Nero era possessivo demais.
Satine estava começando a crescer e ser conhecida como cantora, mas o
marido achava que ela deveria cuidar somente da casa e começou a ter
crises de ciúmes sem motivo. Invadia shows, brigava com a plateia, até que
num certo momento, passou a desconfiar que o próprio filho fosse de outro
homem.
Eles gastaram um valor expressivo com exames somente para
confirmar o óbvio. Toda essa desconfiança destruiu o sentimento que unia o
casal, e quando Satine pediu o divórcio, Nero alegou que se não estava mais
com ele, também não teria mais acesso ao filho dos dois, ou sofreria
terríveis consequências.
Em certo momento, me perguntei por que ela não lutou o suficiente
para ver Mássimo, mas não tive essa intimidade para perguntar. Vejo pela
minha criação e até como minhas irmãs, que são leoas para com seus filhos.
Porém, não posso julgar o que não vivenciei.
Recordo-me de ter ficado com o coração na mão, ouvindo-a chorar e
relembrando a noite em que foi colocada para fora pelo próprio marido sem
poder se explicar completamente para Mássimo, que na época tinha
somente cinco anos.
Foi muito triste para ela e conforme vivenciei, até hoje ela leva a
cruz de péssima mãe, e tudo por conta de um homem que a impediu de ver
o próprio filho crescer.
Mesmo não tendo ciência de todos os detalhes, consigo
compreender a tristeza latente que está sempre presente nas canções de
Satine. Uma grande injustiça com Mássimo, e tudo isso é decorrente de um
homem amargo que não soube ser amado e se destruiu após uma separação.
No entanto, se nunca teve amor, como vai ensinar ao filho?
Por isso, depois de três dias de conversas sigilosas com Satine,
consegui compreender melhor o meu noivo de fachada. Realmente ele é um
novo Mássimo. Porque mesmo sem palavras, eu o vejo feliz ao meu lado.
Para um tipo sério que era um poço de grosseria, vejo um homem que sorri
comigo, me abraça e deixa beijos que me incendeiam por inteira.
Pensando de outra maneira, talvez seja esse o homem que Satine
Roux trouxe ao mundo. Não o Mássimo Marino que o mundo conhece.
Aquele que ainda espelha medo e pavor de todos.
Trim Trim
— Sim, Satine — respondo, atendendo à chamada.
— Bonne nuit[4], Giovanna — ela me cumprimenta. — Está se
arrumando para a noite de hoje.
— Sim. Estou quase pronta para colocar o vestido lindo que
Mássimo me deu.
— Que c'est beau![5]— ela comemora. — Deve estar maravilhosa.
Rio, reparando no tecido.
— Tem a cor dos olhos dele. Eu adorei demais o presente.
Quando ele me falou que tinha acertado tudo para que a nossa noite
fosse perfeita, eu até pensei em dizer que mesmo negando, estava se saindo
um ótimo príncipe. No entanto, preferi deixar para lá. Pode parecer para
todos que somos um casal apaixonado, mas nós dois sabemos que é
somente uma fachada que virou paixão, que não vai nos levar a lugar
algum. Não posso esquecer que temos pouco menos de três meses. Esse é o
nosso tempo.
— Signora[6] — uma das empregadas da casa me chama e entro em
um dos quartos para me arrumar, finalizando a chamada.
A mulher vai falando algumas coisas e tento ir conversando com o
conhecimento mediano que tenho do idioma, somado ao que aprendi
assistindo novelas que se passavam na Itália.
Porém, quando estou pronta, fechando o vestido, a porta se abre
com o dono da casa. Ele coloca as duas para fora, ficando sozinho comigo.
Imediatamente, levanto meus ombros e me preparo para o que virá. Neste
instante, vem à minha mente todos os conselhos que recebi de Satine.
Espero estar preparada.
— Você não deveria estar debaixo do meu teto...
— Senhor...
— Cale a sua boca! — grita.
— Não! — rebato.
— O que disse?
— Não vou me calar. Não sou uma simples convidada. Sou a noiva
do seu filho...
— Meu filho está cego por causa de uma golpista.
— Eu não sou uma golpista...
— É, sim. E é ainda mais desprezível do que a infeliz que o trouxe
ao mundo.
Tento sair, mas ele segura meu braço.
— Eu ouvi você falando com ela. A mais traidora de todas. Satine.
Ela me enganou e ao Mássimo também. Se estão em conluio, exijo que se
afaste.
— Pare com isso, sr. Marino. Não entende que Mássimo me quer
por perto?
— Você é só mais uma. Meu filho pode ter qualquer mulher no
mundo. Se esticar os dedos, umas dez, muito mais bonitas e formosas que
você, se jogam aos pés dele.
— O senhor não entende o que nos une.
— Quer dinheiro? Eu pago o que você quiser, mas não quero meu
filho junto a uma mercenária de boceta quente.
Na mesma hora, viro minha mão no seu rosto.
— O senhor... Por que estou te respeitando se a recíproca não é
verdadeira? — pergunto para mim mesma. — Eu não sou o que pensa, mas
Mássimo gosta de mim e isso é o mais importante. Antes de se dirigir a
mim, dobre sua língua. Não é por se achar melhor que as mulheres que
conhece que vou permitir que me trate dessa forma deplorável.
— Você vai embora da minha casa após esse jantar!
— Eu vou agora mesmo. Não quero passar mais um segundo neste
lugar tenebroso que reflete a sua personalidade asquerosa e desprezível.
Somente então consigo me afastar daquele homem infeliz e entro no
quarto, mais decidida que nunca. Arrastando o vestido pesado, vou para o
quartinho, pego minha mala e começo a guardar as minhas coisas.
Quando jogo a primeira pilha de roupas, toda a cena se repete em
minha cabeça e me lembro do que ele falou e como reagi. Não errei por tê-
lo esbofeteado. Ele me humilhou e ainda não consigo entender como um
homem pode ser tão ruim assim. Não tem o mínimo de cabimento. Um ódio
gratuito por eu somente existir e estar ao lado de Mássimo.
Sim, realmente não somos um casal real, mas consigo perceber a sua
mudança. Para quem nunca sorriu e deu presente, sou uma agraciada. Tirar
uma risada dele é algo primoroso que... vou sentir muita falta.
— Foco, Giovanna — falo comigo mesma, limpando as lágrimas.
Sentirei saudades, mas será por pouco tempo. Creio que quando
chegar em casa, no Brasil, poderemos recomeçar o nosso acordo. Porém, eu
me recuso a ter contato com a personalidade tóxica de Nero, ou sequer o
seu dinheiro. Foi demais para mim.
Quando estou colocando a terceira pilha de roupas na mala,
Mássimo entra, me questionando. Eu tentei evitar uma briga entre os dois,
que claramente só se suportam pelos laços de sangue, mas foi em vão.
Mássimo estava irredutível e depois de cancelar o jantar, foi para o
escritório do pai, me deixando sozinha e preocupada enquanto ouvia a
discussão dos dois.
— Eu falei para não se meter com a minha mulher! Giovanna está
comigo...
— Você não tem noção de quem ela é...
— Isso não te importa. Te falei desde o instante em que cheguei para
não importuná-la, e foi só isso que aconteceu desde o momento em que
chegamos.
— Eu o fiz para te proteger. Aquela mulher estava falando com
Satine. Ela te contou sobre isso?
— Não me importa se Giovanna estava ou não falando com ela. Eu
exigi que não se dirigisse à minha mulher.
Escuto a risada de seu Nero.
— Você está apaixonado por ela...
— Não fala do que você não entende, Nero! — grita Mássimo.
— Ela te laçou pelo pau. Assim como a sua mãe fez comigo.
— Não vou ficar ouvindo suas histórias de um relacionamento
findado que nunca superou. Estamos indo embora. Giovanna não quer ficar
e eu também não.
Então, Mássimo sai pela porta, fervendo de raiva e pisando firme.
Vira-se para mim com os olhos irados.
— Giovanna, acabe de arrumar suas coisas. Estamos indo embora
agora mesmo.
— Mássimo, não precisa me...
— Puta merda, Giovanna! — exclama, nervoso. — Por uma única
vez, me escute e faça o que estou falando.
Então, confirmo e vou para meu quarto. Ele aparece para pegar um
embrulho na cama, jogar dentro e fechar a sua mala, que praticamente não
foi desarrumada. Ele está tão frio e distante que nem parece o mesmo que
acordou colado junto ao meu corpo.
Por isso, somente me mantenho em silêncio, esperando a nossa hora
de ir embora. Em menos de meia hora, estamos saindo de carro da casa sem
olhar para trás. Depois de uma hora de estrada, onde somente o breu da
noite existe, pergunto a Mássimo para onde estamos indo.
— Ainda não sei, mas temos muito que conversar, Giovanna.
Caramba! Certamente ele vai me questionar sobre os motivos de
estar falando com Satine. Imaginava que poderia acontecer, mas tinha que
ser no pior momento?
O tempo de estrada vai passando e uma chuva forte começa a
impedir a nossa visão. O motorista avisa que estamos perto de Florença e
nos deixa em um dos hotéis de lá. Subimos para o melhor quarto, mas
quando a porta se fecha, percebo que não estamos bem, e desta vez, é minha
culpa.
— Por que está falando com Satine pelas minhas costas, Giovanna?
Mássimo

Eu sabia que meu pai jogaria para cima de mim todos os motivos
pelo qual Giovanna não é a certa. Na verdade, para seu Nero, nenhuma
mulher presta, ele só elenca os defeitos provando seu ponto.
Das poucas vezes que havia retornado depois de ter completado a
maioridade, jamais fui acompanhado de uma mulher, mas desta vez, ter
vindo com uma noiva certamente o irritou demais.
Não poderia dizer a verdade sobre a natureza do meu noivado. O
próprio Nero sempre me falou sobre sigilo nos negócios, mas jamais
imaginei que poderia pôr tudo a perder por conta da herança do sobrenome
da família.
No entanto, ainda não tive resposta de Giovanna sobre o motivo
pelo qual anda falando às escondidas com Satine.
— Vai me explicar ou não? — questiono novamente.
Estamos no quarto de hotel em Florença e me recuso a me
aproximar dela até ter uma resposta sobre sua relação com a mulher que me
trouxe ao mundo.
— Mássimo... — ela respira fundo —, eu sei que você e sua mãe
não se entendem, mas...
Sua voz morre e fico ainda mais irritado.
— Mas o quê? — pergunto. — Ela quer um investimento na carreira
musical dela? Foi isso?
— Claro que não, mas ela quer se aproximar de você...
— Giovanna, não se meta nesse assunto — eu a interrompo.
— Ela é sua mãe...
— Você não sabe quem é Satine — continuo. — Aquela mulher, que
você chama de “minha mãe”, é a mulher que renegou o próprio filho por
dinheiro para investir na própria carreira. Provavelmente deve estar
precisando de mais e está me cercando, à espera de que tenha algum
sentimento por ela.
— Mas não foi o que ela me contou sobre a relação dos seus pais...
Suspiro.
— Pessoas mentem — afirmo com frieza. — Precisando de
dinheiro, fazem mais do que isso. Satine teve o que queria e agora que o
filho cresceu, espera que eu lhe dê mais recursos. No entanto, ela não me
conhece.
Ela aperta o lábio.
— Mássimo, eu não vi essa interesseira fria que...
— Não quero que fale com ela, Giovanna — exijo. — Sei que não
vai obedecer ordens minhas, mas para que possamos confiar um no outro,
falar com aquela mulher só irá atrapalhar.
Ela respira fundo.
— Foi ela quem me achou. Depois que começou a rodar as fotos de
nós dois, recebi uma chamada e começamos a conversar.
Meus olhos crispam de raiva enquanto vou ouvindo suas palavras.
Foi há poucos dias, mas Giovanna deveria ter me contado desde o início.
Não temos nada de verdade, mas a confiança é importante. Ter me
escondido suas conversas com Satine é o pior dos mundos para mim.
— Não precisa continuar — eu a interrompo, me dirigindo para a
porta.
— Mássimo, eu só queria ajudar.
— Você errou em omitir a verdade e preciso de um tempo para
refrescar a cabeça.
— Você falou que a gente ia conversar — argumenta, segurando
meu braço. — Não me deixa aqui.
— Tenho que pensar em como vamos ficar com os seus segredos,
Giovanna.
— Eu não tenho segredos.
Ela me abraça, mas mesmo gostando do seu toque, ainda sinto raiva
por conta do que fez.
— Me perdoe. Eu sei que não devia ter me envolvido nos seus
assuntos, mas eu jurava que estava te ajudando. Eu errei, Mássimo.
Ela começa a tirar meu terno enquanto evito olhar em seus olhos.
Sinto seus lábios em meu pescoço e mesmo ainda furioso, meu pau reage ao
seu toque.
— Não vai embora, Mássimo. Não me aqui.
A luta interna entre a minha vontade de ir embora daqui e deixá-la
dormir sozinha contra o meu desejo de foder forte essa mulher começa a
mostrar de fato quem vence a briga.
Tudo piora quando ela pega a minha mão, colocando-a em cima do
seu seio. Não devia, mas acabo apertando um pouco, ouvindo um suspiro de
seus lábios.
Todo a minha razão some quando sinto suas mãos pequenas abrindo
o meu cinto e tocando o meu pau.
— Eu ainda não aprendi a fazer isso, mas eu quero saber te dar
prazer...
Cacete!
A Princesa tira o meu pau para fora e começa a bater uma punheta,
um pouco sem jeito. Vou ensinando como fazer e sem que eu diga muita
coisa, ela começa a passar a língua no meu caralho, me deixando mais
excitado do que antes.
Ela continua lambendo meu pau até que num certo momento, coloca
a ponta na boca. Somente a instruo para que tome cuidado com os dentes e
deixo que ela me chupe. Não chego a foder sua boca como gosto, mas
quando estou perto de gozar, eu a levanto do chão.
— Você está aprendendo tão rápido, Princesa.
Giovanna ri, envergonhada. Então, beijo seus lábios.
— Mássimo, eu não gosto de brigas e...
— Promete que se ela te ligar, vai falar comigo? — pergunto,
mirando seus olhos castanhos.
Ela balança a cabeça em concordância, deixando um sorriso tímido
brotar em seus lábios.
— Agora se prepara, que você me deixou excitado pra caralho,
Princesa. Vou te foder com força — declaro no pé do seu ouvido — e vai
gostar de cada instante.
Eu a deixo na beira da cama e abro o seu vestido, deixando o tecido
cair aos seus pés. Os seios ficam disponíveis para o meu toque. Deito-a na
cama, beijando seu corpo até sua cintura. Tiro sua calcinha, mergulhando
dois dedos dentro dela.
Passo a língua por sua boceta e fodo-a com minha mão. Ela acaricia
minha cabeça, pedindo mais, e a chupo até perceber que está quase
gozando.
— Mássimo — ela reclama.
— Calma, Princesa — respondo rindo para a sua expressão frustrada
—, eu te prometi e vou cumprir.
Coloco-me entre suas pernas e toco seu rosto lindo.
— Entra em mim — pede e não me demoro, afundando-me em sua
boceta melada.
— Seu pedido é uma ordem, Princesinha — falo, beijando seus
lábios e aumentando o ritmo das estocadas.
Eu avisei, toda a minha fúria se esvai no sexo, e com Giovanna é
mais perfeito do que com qualquer outra que tive. Sinto como se fôssemos
um do outro. Sem amarras e receios. Com pressa ou mais devagar. Eu
poderia passar a vida dentro dela que não seria um destino ruim.
— Estou chegando lá...
— Eu sei, Princesa. Goza gostoso no meu pau — incentivo,
fodendo-a com mais força, e ela atinge o seu ápice poucos momentos antes
de eu esporrar fundo dentro dela.
Esgotado, me lanço ao seu lado, trazendo-a para meus braços e
esperando que recupere o fôlego.
— Mássimo. — Abro os olhos, encontrando uma Giovanna suada e
bagunçada. — O que a gente vai fazer amanhã?
Estranho a sua pergunta.
— Como assim, Princesa?
— Estamos em Florença...
— Você quer conhecer a cidade, não é?
Ela sorri para mim, deixando clara a resposta.
— Amanhã vamos passear, mas agora eu quero dormir sentindo o
seu cheiro.
Viro-a de costas para mim, prendendo sua cintura junto ao meu
corpo. Giovanna aproveita para acariciar minha nuca enquanto cantarola
uma canção. Sem demora, consigo adormecer muito mais relaxado.
Giovanna

Sim, não somos um casal de verdade, mas até nas reconciliações


aparentamos ser. Mássimo foi intenso e até selvagem ontem à noite.
Deixou-me até umas marcas vermelhas no quadril, mas mesmo assim, eu
adorei.
Foi a minha primeira vez fazendo sexo oral e gostei. O que tive mais
medo foi de machucá-lo, mas como o próprio falou, estou aprendendo
rápido. Adorei dar prazer a ele e senti-lo dessa forma. Ainda acho o pênis
dele muito grande, mas pelo tempo que estamos juntos, sei que dá certo.
Falando em Mássimo, neste momento ele está dormindo e eu estou
acabando de me arrumar para conhecer a região ao redor. Alguns dos meus
livros favoritos falam muito daqui; estou curiosa demais para ficar na cama
esperando que ele acorde.
Se eu ficar muito tempo parada aqui, esperando, ele acordará, mas
ao invés de irmos embora para conhecer o lugar, vamos ficar transando.
Principalmente com esse vestido lindo que tinha comprado para a viagem.
Eu não sei o motivo, mas já percebi que Mássimo adora meus vestidos
rodados — especificamente para me colocar em cima de alguma superfície,
tirar minha calcinha e entrar em mim com gosto, até chegamos ao ápice do
prazer.
Saio do banheiro de fininho e deixo uma mensagem no seu telefone,
avisando que fui andar um pouco. Então, desço do hotel e vou caminhar
pelas ruas de Florença.
Vou distribuindo “Buongiorno” e caminhando pela cidade. Estamos
perto da Ponte Vecchio e aproveito para gastar meus euros com várias
lembrancinhas para a família. Vejo muita coisa linda e me encho de sacolas.
Tiro algumas fotos, curtindo o momento.
Um homem jovem se oferece para tirar minha fotografia na ponte e
aceito, fazendo ótimas poses e olhando para o horizonte. Porém, quando
volto meus olhos para pegar o aparelho, encontro Mássimo atrás dele, com
um olhar de poucos amigos.
Agradeço ao meu fotógrafo amador e ele me pergunta se quero o
telefone dele. No mesmo instante, Mássimo pega o aparelho de suas mãos,
explicando que é meu noivo.
— Por que você veio sozinha, Giovanna? Deveria ter me esperado.
Reviro os olhos.
— Eu queria ver a cidade...
— Você não fala bem italiano para tentar andar sozinha...
— Mas consigo me resolver...
Ele cerra os olhos azuis, balançando a cabeça.
— Você entendeu o que aquele cara estava falando?
— Não.
— Ele estava te chamando para um encontro romântico.
Uma risada me escapa.
— Eu fico longe por uma hora e outros homens te cercam como
lobos?
Não consigo me segurar, principalmente diante da visível crise de
ciúmes de Mássimo. Ele pode negar até a próxima geração, mas ficou se
mordendo por ver outro homem interessado por mim.
Eu o paro no meio do caminho, me pendurando em seus ombros e
roubando um beijo de seus lábios.
— Não precisa ficar assim. Eu tô aqui com você.
Ele me toma num beijo intenso que me esquenta por completo. Suas
mãos bagunçam o meu cabelo, me arrebatando daqui e me levando para
outro mundo, muito mais lindo e colorido.
— Não se afaste de mim, Princesa. Quero te proteger.
— Eu estou aqui e sem data para ir embora.
Depois desse beijo de arrancar suspiros, fizemos um verdadeiro
passeio turístico. Conheci todos os pontos da cidade e voltamos para o
hotel, cansados e exaustos. Dormimos cedo e na manhã seguinte, seguimos
para Roma.
Chegamos perto do horário de almoço e Mássimo já estava no estilo
CEO de uma grande rede de restaurantes. Ele me deixou no hotel que tem
quarto fixo e passei alguns dias fazendo turismo e esperando sua chegada,
de noite.
O tempo foi passando e comecei a visitar seus restaurantes na
cidade. No mais caro de todos, Mássimo resolveu ir para a cozinha a fim de
fazer o nosso jantar. Tinha uma janela de vidro e a grande maioria do
tempo, trocávamos olhares. Serviram-me vinho, que ele mandou, e somente
quando veio o prato principal, sentou-se comigo.
Foi um dos jantares mais especiais que tive. Depois, fomos para o
hotel e transamos a noite toda.
Hoje é nossa última noite na Europa. Mássimo me avisou que
teremos um jantar de verdade com o Sheik no Brasil e temos que ir embora.
Será a primeira vez que vamos nos afastar desde quando transamos pela
primeira vez. Não estou colocando em palavras, mas depois de quase um
mês dormindo agarradinha a ele, vou sentir falta do seu calor.
Passamos a noite passeando e agora, estamos na cama curtindo a
companhia um do outro. Não colocamos em palavras, mas o clima é de
despedida. O fogo ardente que nos incendeia com frequência não está
presente. Estamos juntos na cama, mas só de saber que amanhã vou acordar
na minha cama de solteira, tudo fica mais cinza. Para mim, a saudade está
tomando conta de tudo.
— Princesa, amanhã você vai voltar...
— Para a casa dos meus pais. Eu sei. Você vai me ligar quando
precisar de mim?
— Com toda certeza.
Um pouco mais tarde, dormimos, e em seguida, fomos direto para o
aeroporto. A volta para casa foi tensa e quando nos despedimos com o carro
parando na entrada da minha casa, eu imaginava que agora tudo seria
diferente.
— Eu vou te ligar — avisou antes de me beijar. — Não deixe de
atender.
— Vou esperar ansiosamente.
Despedi-me dele, pegando minha mala, e entrei no portão da casa
dos meus pais. Agora, sim, de volta à minha realidade.
Mássimo

Três dias sem vê-la e estou sentindo muito mais falta dela do que
previa. Na verdade, desde o momento em que saiu do carro, percebi que
queria ela do meu lado por mais tempo. Até para dormir está mais
complicado, foi quase um mês com Giovanna na minha cama e não sentir o
cheio do seu cabelo no meu leito por poucas noites está me causando
insônia.
Eu sabia que no Brasil as coisas seriam diferentes, principalmente
por ter a sua própria casa, mas se pudesse, a traria para o hotel em que estou
para ter uma noite tranquila de sono. A única coisa que ainda tenho dela são
as ligações, mas é muito pouco comparado à sua presença constante.
Tentei encontrá-la, mas com a rotina da biblioteca reformada, ela
anda muito ocupada. Durante a noite, tive problemas em alguns dos meus
restaurantes e não foi possível ir atrás da Princesa.
Somente hoje consegui um tempo livre próximo ao meio-dia e estou
me encaminhando para a biblioteca. Entro pela porta da frente e vejo que
muitas coisas mudaram em um mês. Principalmente por deixar o ambiente
com uma aparência mais moderna.
— Olha quem é — a recepcionista de sempre me cumprimenta. —
A Gio está lá dentro conversando com o Tomaz.
No mesmo instante, a falta dela que estava sentindo é substituída
por algo que não consigo nominar.
— Em que lugar ela está? — pergunto de uma vez.
— Espera um pouquinho que vou chamá-la — informa a mulher,
correndo para dentro sem me dar a resposta.
De novo aquele cara. Parece que espera o momento para cercar a
minha Princesa. Eu sei que gosta dela e Giovanna é a única que não percebe
e...
— Mássimo.
Viro-me na direção da sua voz e um misto de alívio e também
irritação me toma. Ela está linda com um daqueles vestidos rodados que
parecem perfeitos para serem utilizados numa foda rápida e deliciosa.
Minha Princesa caminha para mim e somente a prendo em meus
braços, tomando seus lábios com vontade. Aperto sua cintura até atingir a
sua bunda, mas Giovanna se afasta, interrompendo nosso contato.
— As crianças estão vendo...
— Sim, tinha me esquecido.
Realmente, havia ignorado que poderíamos ser vistos. Se fosse por
aquele cara, foda-se, mas não fica bem para os pequenos que escutam suas
histórias.
Ela me dá um selinho e segura minha mão.
— Senti saudades, mas estou estranhando por estar aqui. Você não
me avisou nada...
— Eu quis te surpreender e te levar para almoçar — afirmo.
Giovanna me abraça e a beijo lentamente.
— Queria fazer mais coisas contigo, mas não sei se vai dar tempo,
Princesa — sussurro no seu ouvido.
— Eu tenho que trabalhar, Mássimo — responde, rindo. — Tem
crianças que não me viram ainda e...
— Sei disso, Princesa, mas também senti a sua falta. — Beijo seu
rosto. — Pega a sua bolsa, vou te levar para almoçar.
Afasto-me, deixando-a ir para dentro. Neste instante, o tal do Tomaz
aparece. Cerro os olhos para ele e ficamos nos medindo por alguns minutos.
Queria que desaparecesse de perto dela, mas não tenho como influenciar
para que saia. Na verdade, mesmo se pudesse, não faria. Desejar a minha
Princesa é muito pouco para exigir a demissão de alguém.
— Oi, Tomaz — Giovanna o cumprimenta. — Estou indo almoçar
com Mássimo, no fim do dia podemos retomar a nossa conversa. Está
bem?
— Claro, Gio. Te espero — responde sorrindo para ela.
Então, uma onda de fúria cresce em mim e nem sinto quando
estamos do lado de fora entrando no meu carro.
— Mássimo, o que foi?
— O que você está “conversando” com aquele cara, Giovanna?
— É sobre trabalho. Mudou muita coisa por aqui nesse um mês que
fiquei contigo. Ele só está me atualizando de tudo...
Bato no volante.
— Não gosto do jeito que ele olha para você — afirmo.
— Ele é só meu amigo...
— Não é o que os olhos dele dizem quando te olha.
Eu a escuto suspirar.
— Mássimo...
— Evita, está bem? — digo. — Tenho certeza de que aquele cara te
quer, e não é somente sua amizade.
— Essa sua crise de ciúmes está me irritando, Mássimo. Sabe muito
bem que só estou com você.
— Eu não sinto ciúme, Giovanna. No entanto, está na cara que
aquele homem quer te foder e não sou idiota pra ficar somente olhando e
não fazer nada.
Ela bufa, irritada, abrindo a porta do carro.
— Pra onde você vai?
— Ficar longe! — responde, soltando o cinto.
— Giovanna.
— Está insuportável lidar contigo — argumenta. — Eu estava com
saudade dos seus beijos, mas parece que ficou cego e só quer procurar
chifre na cabeça de cavalo.
— Do que você está falando?
— Vou almoçar sozinha — responde, se levantando. — Passar bem
— diz, batendo a porta e pegando um táxi.
Puta merda! Mais um problema para resolver.

Passei o dia ligando para ela, mas nada de ser atendido. Fiquei
remoendo a nossa briga e novamente deixei minhas emoções atrapalharem
as coisas; eu a afastei.
Próximo ao fim da tarde, voltei para a biblioteca e fiquei plantado,
esperando que Giovanna saísse do trabalho, o que aconteceu depois das sete
da noite, acompanhada daquele cara.
Contendo toda a minha raiva, espero que se aproxime de mim.
— Tem algo a me dizer, senhor Marino?
Balanço a cabeça.
— Você me faz perder a cabeça, Giovanna.
— Então, a culpa é minha? — pergunta, cruzando os braços.
— Não. — Eu a puxo para perto. — Mas não gosto da proximidade
de vocês...
— Eu sei, mas já te falei que não temos nada. Você precisa acreditar
em minhas palavras...
— Em você eu acredito, mas não confio nele — confesso.
Ela ri e a abraço, beijando seu rosto.
— Eu não te vejo há três dias, Princesa. O que acha de te levar ao
meu hotel para te fazer gozar gostoso e depois deixar você na casa dos seus
pais? — pergunto ao pé do seu ouvido.
Giovanna se joga para trás, rindo, e a prendo mais ainda junto a
mim.
— Quero muito conhecer o seu hotel, Mássimo.

— Mássimo, acorda! — Escuto a voz de Giovanna me chamando,


mas estou cansado demais para despertar
— Mássimo, eu tenho que ir para casa. Meus pais já me ligaram.
A contragosto, abro os olhos e encontro uma Giovanna quase em
cima de mim, bastante nervosa.
— Você tem que se vestir para me levar para casa. Já são mais de
dez da noite.
Demoro alguns minutos para me situar que estamos no Brasil e que
prometi que Giovanna iria somente visitar o meu quarto. No entanto, desde
o momento em que entramos no quarto, transamos mais de uma vez.
Estávamos tão sedentos um do outro que quando não tínhamos mais forças,
acabamos adormecendo juntos, completamente esgotados.
— Estou levantando — aviso, indo para o banheiro.
Tomo uma ducha, sentindo as costas arderem onde as unhas de
Giovanna fizeram marcas. Vesti-me rápido e a levei para a casa deles.
Porém, quando paramos, antes que abrisse a porta, eu a tomei em um beijo.
— Amanhã vou te ligar, Princesa.
— Assim espero.
Então, ela vai para fora e passa rápido pelo portão. Eu fico sentindo
falta do seu cheiro por mais uma noite.
Giovanna

Tem um mês desde quando voltamos para o Brasil, e estamos


encontrando o nosso tempo; entre trabalhar na biblioteca e ter encontros
quentes com Mássimo, tudo está dando certo.
Algumas vezes, ele precisa viajar para longe, mas quando volta,
matamos a saudade de um jeito maravilhoso e ardente. Na semana passada,
tivemos a confirmação do novo jantar com o Sheik, e Mássimo conseguiu
com o irmão do meu cunhado um apartamento para ficar enquanto está no
Brasil.
Confesso que fiquei até aliviada por haver um lugar onde possamos
ter mais liberdade e não ficar preocupada se os funcionários nos ouvem ou
não pelos corredores. Tem dias que Mássimo é bem selvagem na cama e na
verdade, estou ficando igual a ele.
— Giovanna, a gente precisa realmente comprar essas coisas? — ele
me pergunta, empurrando o carrinho de compras na loja com uma expressão
de poucos amigos.
— Sim, meu querido. Temos que decorar o seu novo apartamento —
respondo, roubando um beijo de seus lábios.
— Você sabe que somente com uma ligação eu posso resolver...
— Nada disso. É o seu novo apartamento. Temos que escolher as
coisas do que, para o Sheik, será o nosso lar.
Ele torce os lábios, mas não demora a me pegar pela cintura e me
roubar um beijo. Como estamos mobiliando uma casa inteira, alguns itens
grandes, como geladeira, fogão, máquina de lavar e televisão, são pedidos
pela internet. Quanto à mesa de jantar, Fabrízio e Antonella deixaram, como
também um sofá que está no quarto de hóspedes.
Quanto à cama, escolhemos um pouco antes de entrar nesta loja.
Agora, estamos selecionando tapete, sofá, lustre, roupa de cama, toalha de
mesa, itens de cozinha, quadros e vasos.
— As paredes são brancas, acredito que o tom de tabaco vai ficar
lindo para as prateleiras, não acha?
Olho para ele e não consigo precisar o que está pensando. Mássimo
somente me olha como se estivesse longe, até que solta:
— Não é especialista, mas tem muito bom gosto, Princesinha.
Na mesma hora, rio ao lembrar do nosso primeiro encontro. Quando
nos conhecemos e ele me questionou se tinha estudado sobre a
ornamentação que estava apresentando. Era o casamento da minha irmã, e
todo o meu trabalho amador deixou o casamento lindo.
— Alguém me falou que aprendo muito rápido — respondo,
deixando uma piscada para ele.
Não demora muito para que me pegue e me roube um beijo. Quando
finalizamos as compras, fomos para sua nova casa receber a cama-box e
algumas coisas menores que compramos. Meu reclamão me ajudou a levá-
la para o quarto e lá, montamos sozinhos os pés dela e a cabeceira. Ao fim,
estreamos tudo e tomamos banho juntos.
O sábado foi se passando e eu estava somente usando sua camisa
enquanto tentava marcar onde ficariam algumas prateleiras. Não, meu noivo
nem imagina como se usa uma furadeira e desta vez, tive que ceder e não
fazermos sozinho.
Quando estava quase na hora de ir embora, chegou a televisão e o
sofá. As panelas e utensílios de cozinha que o próprio tinha importado do
seu país de origem iriam chegar na segunda, e desta vez eu não teria como
ajudar.
O máximo que consegui fazer foi lavar as roupas de cama e estender
no varal. Depois me despedi e fui embora para a minha casa.
Ao chegar, já na garagem pude saber que minhas irmãs estavam por
aqui, então, nem me demorei para ir até o quarto contar as novidades para
elas. Não que tenha muita coisa. Tive que contar tudo que aconteceu na
viagem para as duas curiosas enquanto entregava as lembranças que
comprei. Falei de como foi a minha relação com o pai dele e também sobre
o problema que arranjei por falar por causa de Satine. Falando nela,
algumas vezes ela me ligou, mas para evitar mais problemas, escolhi
recusar as chamadas e falar para Mássimo como havia combinado.
— Di, já reparou como está a pele da nossa irmãzinha romântica? —
Alessandra começa.
— Claro, tá reluzente, e isso só tem um significado.
— Verdade. Que a nossa princesinha deu muito hoje.
Elas começam a rir e tento me conter, de tão envergonhada que fico
ao falar desses assuntos. Estou me soltando, mas acredito que jamais vou
falar tão abertamente de sexo como essas duas. Diana não curtia tanto falar
dessa forma, mas depois que se juntou com Lorenzo, nem a reconheço
mais.
— Vocês querem parar de falar assim?
— Tá bom — responde Diana. — Vamos romancear do seu jeito,
Gio. Você estava fazendo amor com o mesmo cara que chamou de grosso,
difícil...
— Insuportável! — lembra Alessandra.
— Isso. Do que foi mesmo que a Gio o chamou no meu casamento,
Alê?
Ela pensa um pouco antes de dizer:
— Fera. Ela o chamou de Fera.
— A Princesa Bela e o Príncipe Fera. Tem até romance que é assim.
Reviro os olhos.
— Se vocês continuarem desse jeito, não vou falar mais nada para
nenhuma das duas.
Na mesma hora, elas ficam quietas.
— Tá bem. Então conta tudo — exige Alessandra.
— Eu vou contar, mas vou precisar que uma das duas me ajude com
uma coisa.

Quando acordei, todo o meu plano estava em andamento.


Alessandra iria me ajudar e agora estou no mercado, comprando todos os
itens caros e finos que Mássimo adora.
Cheguei no apartamento perto das 9 da manhã, mas antes de vir,
liguei para o hotel confirmando que não tinha dormido lá. Como um chef de
cozinha tem o costume de trabalhar à noite, ele só vai acordar depois das
dez da manhã, por isso, abro bem devagar a porta com a chave que ganhei
para não acordá-lo antes da hora.
Preparo um café, troco de roupa, colocando uma das que escolhi
para passar o dia com ele, e vou para o quarto. Encontro-o dormindo,
apertando o travesseiro. Subo na cama, me deito ao seu lado e começo a
passar os dedos lentamente por seu ombro e peitoral, despertando-o.
— Você é um sonho ou está aqui de verdade, Princesa?
— Eu tô aqui, vim passar o dia agarradinha contigo.
Um sorriso de lobo mau brota em seus lábios e ele me pega,
passando a beijar-me com intensidade. Minha camisola desaparece do meu
corpo enquanto Mássimo me transforma em café da manhã, numa transa
quente e deliciosa.
— Você veio sem calcinha. A minha Princesinha está começando a
ficar mais fogosa.
— Está gostando?
— Demais.
Ele me pega no colo e me leva para o banheiro, onde transamos
outra vez. Somente depois de nos satisfazermos, vamos para a cozinha. Ele
adorou a surpresa e comeu um pouco de tudo que trouxe. Depois, passamos
o restante do dia arrumando a casa e... sim, mais sexo quando o desejo
batia.
— Que horas você vai embora, Princesa?
Ele me pergunta quando estamos no sofá, sem roupa, assistindo um
filme que nem lembro como começou.
— Quer mesmo que eu vá embora?
— Não mesmo. Adoro dormir sentindo o seu cheiro, mas eu sei que
seus pais ficam preocupados de você passar a noite fora de casa.
Viro-me para ele.
— Mas não esta noite.
Ele junta as sobrancelhas.
— Para todos os efeitos, estou com Alessandra tomando conta dos
gêmeos dela.
Mássimo dá uma gargalhada.
— Então a Princesinha vai ficar trancada na minha torre, sozinha
comigo?
— Sim, e não sei se vou me comportar nem um pouquinho —
respondo, entrando na brincadeira e fugindo dele.
Sem demora, ele me agarra e me joga na cama para começar a me
beijar. E assim, voltarmos ao nosso ardente sexo. Mas, desta vez, fomos
dormir agarradinhos, como não fazíamos desde quando tínhamos voltado da
viagem.
Mássimo

Eu poderia viver meus dias com Giovanna despertando em meus


braços. Essa surpresa de domingo, com ela passando o dia comigo, foi
especial demais. Não saímos do apartamento nem para pedir água, ficamos
só curtindo o momento.
Com as coisas que ela trouxe para o café da manhã, consegui
preparar alguma comida para nós. Entradas e alguns petiscos. Isso foi o
suficiente para recuperar as energias. Não me recordo de ter transado tanto
com a mesma pessoa. Tive aventuras, mas nenhuma como a que estou
vivendo com a minha Princesa.
É um prazer indescritível quando estamos juntos. Conheço seu
corpo como a palma da minha mão, sei todos seus pontos de prazer e posso
dizer que ela já aprendeu a maioria dos meus. Nunca foi tão perfeito com
alguma que tive antes. Eu sei o que fazer para que goze rápido ou demore
mais um pouco. Aprendi a sua posição favorita e sempre faço quando
transamos. Ainda brigamos pra caralho, mas estou descobrindo onde posso
melhorar para que fiquemos mais tranquilos, e ela tem feito o mesmo.
Conversa, essa é uma das lições que a minha Princesinha está me
ensinando. Sempre fui muito prático em resolver as coisas por minha conta,
mas ela está me mostrando o quanto é bom ter mais um pensando e
ajudando a resolver os problemas.
Ela rola em meus braços, se encolhendo em meu peito. Acaricio
seus cabelos, vendo-a relaxar mais ainda. É uma completa “bela
adormecida”. Como hoje é segunda-feira, deixei o meu telefone no modo
despertador, mas Giovanna ficou tão cansada que não quer sair da cama.
— Princesa, o dia clareou — falo, despertando-a. — Eu tenho que te
levar para o trabalho.
— Me dá mais uns minutos, Max. Por favor — fala, colocando a
cabeça debaixo do travesseiro.
Max.
Isso é novidade. Ela nunca me chamou diferente do meu nome
completo. Em todos os momentos foi assim. Fico meio sem saber o que
fazer com isso e somente me levanto, indo para o banheiro.
Sei que é assim que Lorenzo me chama às vezes, mas é diferente.
Vindo dela, teve uma outra conotação, e o mais estranho é que gostei
demais. Sim. Sinto como se fosse algo só nosso e de mais ninguém.
Entro no chuveiro e poucos minutos depois, ela abre a porta,
completamente nua. Eu a chamo sorrindo e a minha Princesa vem para
meus braços. Assim, eu a puxo para baixo d’água.
— Mássimo, essa água tá fria.
— Agora é Mássimo? — pergunto, vendo-a aumentar o fluxo de
água quente.
Ela sorri.
— Gostou de Max?
Acaricio seu corpo.
— O que acha, Princesa?
Seus lábios cobrem os meus e não conseguimos evitar uma
rapidinha debaixo d’água, embaçando o banheiro inteiro.
— Princesa, você vai se atrasar — aviso, sentado no sofá, esperando
que acabe de se arrumar.
— Estou acabando de arrumar o meu cabelo e já vou — responde do
quarto.
Vou fechando a casa e, em seguida, ela aparece vestindo uma blusa
branca com um decote e uma saia rodada rosa-escuro. Seus cabelos estão
escovados para trás.
— O que foi?
— Estou me segurando para não te prender aqui em casa.
Ela ri.
— Então, gostou?
— Essas saias que você coleciona parecem que são feitas para me
provocar.
Giovanna chega mais perto.
— Será que não são? — pergunta, e a minha resposta é prendê-la
junto a mim e a devorá-la num beijo.
— Você me bagunçou toda — reclama, mas tem um sorriso em seus
lábios.
— Você que me atiça e a culpa é minha?
— Tenho que tomar cuidado para não cutucar a Fera com a vara
curta.
— Aqui não tem nada curto, Princesa. — Olho no relógio. — E se
tivesse tempo, iria te mostrar o quanto estou certo e sou excelente em tudo
que faço.
Ela revira os olhos e vai para o banheiro se ajeitar outra vez.
Somente então conseguimos entrar no carro e seguir para o seu trabalho.
Atrasados? Com toda certeza, não conseguimos nos desgrudar. Estou até
relaxando nas minhas atividades de CEO de tanto que foco Giovanna.
Desde o instante em que desperto até a hora que vou dormir. Essa
Princesinha está em todos os meus pensamentos. Se ela iria gostar de um
prato novo que fiz... Se o projeto do restaurante novo está legal... Eu sempre
fiz tudo sozinho, mas agora quero sua opinião em absolutamente tudo.
— Que droga! — ela exclama quando estamos a poucos metros da
biblioteca.
— O que foi, Princesa?
— Eu esqueci que tinha marcado de vir mais cedo para conversar
com o Tomaz sobre as cores que serão usadas na minha sala.
Só de citar o nome daquele cara, meu sangue ferve.
— Como é que é, Giovanna? — questiono, furioso.
— Mássimo, não começa outra vez. É somente trabalho...
— Trabalho antes da hora? Em que mundo isso é verdade? —
indago, furioso, parando o carro a alguns metros da biblioteca.
Ela se vira para mim, irritada.
— Então você acha que estou mentindo? É isso mesmo?
— Não você. Eu já te falei, Giovanna...
— Citou coisas que só existem na sua cabeça. Volta e meia você dá
as suas crises de ciúme e...
— Quem está falando de ciúmes? — questiono.
Ela urra de raiva, fechando as mãos em punho.
— Não dá para lidar contigo. Você nega na cara grande que não
sente nada por mim, mas claramente é mentira.
— Giovanna...
— A gente passou o fim de semana tão bem e...
— Me deixa falar.
Ela para de argumentar e limpa as lágrimas do rosto, me deixando
puto comigo mesmo.
— Não é ciúme detestar que outro homem fique tentando algo com
a mulher com quem estou, e ainda é minha noiva para os olhos de todos —
argumento.
Ela suspira, frustrada.
— Essa é a definição de ciúme, Mássimo.
A mulher força a porta.
— Princesa...
— Eu preciso de um tempo longe disso tudo. Você não se entende e
eu que fico no meio de tudo ouvindo seus surtos e grosserias — argumenta,
pegando suas coisas e indo para fora. — Até mais ver, Mássimo.
Então, vai embora batendo seus pés no chão e eu fico somente a
observando. Ela entra, puta da vida comigo, para trabalhar perto daquele
infeliz — que tenho certeza de que está louco pela minha Princesa.
Giovanna

Não é ciúme.
Que raiva de Mássimo! Ele precisa ficar no cantinho do pensamento
como faço com as crianças que não se comportam na biblioteca.
Isso é muito ruim. Detesto brigar com ele, mas parece que não
entende as coisas. No mínimo, estamos nos gostando. Os presentes que me
dá, os sorrisos que antes de estarmos juntos não existiam... Será que tudo
isso é fingimento para conseguir transar?
Que raiva que dá não ter experiência como minha irmã mais nova.
Alessandra saberia o que fazer na hora e Di teria uma boa ideia para tirar a
prova e saber o que realmente está acontecendo entre nós.
Sei que deveria ter protegido meu coração de Mássimo, mas... Aff!
Mas estou realmente gostando dele. É por isso que detesto nossas brigas e
fico tão boba quando ele sorri para mim. Sim. Sou realmente um clichê dos
livros de romance que leio. Toda apaixonada por um príncipe Fera que
jamais imaginei amar.
Porém, por muitos momentos, uma dúvida persiste. Será que
realmente existe sentimento por mim ou é somente o ciúme de posse? Disso
eu não sei, porque ele me vira do avesso com suas carícias e beijos, no
entanto, jamais falou algo que afirmasse se não é somente minha
imaginação.
Na verdade, acho que essa última briga vai ser uma boa para nós,
em principal, para mim. Estou envolvida demais em um relacionamento de
fachada que envolve muito sexo e mentiras. Será que realmente estou me
enganando no meio disso tudo? Não sei. Mas vou me afastar e manter os
braços dele bem longe de mim.

Hoje é quarta, véspera de um feriadão que vai se estender por quatro


dias, e confesso que a semana, mesmo curta, foi bastante penosa. Senti falta
dele a cada instante do dia e desta vez, eu sei que a recíproca foi verdadeira.
Mássimo me ligou, deixou mensagem, veio na biblioteca, na casa
dos meus pais, e falei para todos dizerem que não estava. No entanto, ontem
à tarde, praticamente parou de tentar, partindo meu coração apaixonado.
Por isso digo que hoje, o dia acordou um pouco sem cor,
principalmente por não encontrar nenhuma mensagem dele. Nem que seja
um xingamento reclamando por não falar com ele. Nossa. Que piegas estou
ficando. Até dele brigando estou sentindo falta.
— Vai curtir o feriado, Gio? — Júlia me pergunta.
— Provavelmente. Tenho alguns livros para ler e...
— Livros — ironiza ela, em cunho sensual. — Vai ler com seu
noivo?
Rio sem mostrar os dentes, tentando conter a tristeza que invade o
meu peito. Não me demoro muito e encontro ninguém menos que minha
irmã Diana do lado de fora.
— Oi, maninha.
— Di, o que você está fazendo aqui? Lorenzo veio resolver alguma
coisa?
— Não, vim te levar para passear — comenta.
— Na véspera de um feriado? — indago, desconfiada. — O que
você está aprontando, Diana?
— Nada — responde, virando-se enquanto caminha para o carro. —
Vem comigo que você vai gostar.
Eu a sigo e entro no carro de Lorenzo. Seguimos viagem para sei lá
onde.
— Gio, estava pensando de a gente marcar uma tarde de cinema lá
em casa. Trazer a Ale e o Kalel. Só os adultos e sem crianças. O que acha?
— Tarde de cinema?
— Sim. Para a outra semana. Consegui encontrar no streaming
aquele filme que você adora.
— Qual? Sabe que adoro um romance — pergunto, curiosa.
— Aquele que é baseado num musical e fala dos deuses gregos.
— Mama Mia! Eu amo — comento, me animando. — Vi várias
vezes. É tão fofo o romance do Sky e a Sophie. Mesmo a mãe dela não
sabendo quem é o pai porque foi para a cama com três homens em curto
prazo de tempo.
Diana cai na gargalhada.
— Eu gosto das cenas na Grécia. É lindo demais — afirma.
— Também. Se pudesse, um dia iria para lá viver um romance
abençoado sob as águas de Afrodite.
Então, o carro entra num lugar escuro.
— Onde a gente está? — pergunto, olhando para fora, mas não dá
para ver uma linha.
Minha irmã está escrevendo algo no telefone e me ignora.
— Diana!
— Calma que você vai ter a sua resposta em... — Ela olha para
frente e vejo a luz no fim do túnel. — Pode sair.
Um pouco receosa, abro a porta do carro e caminho para a luz. Na
verdade, quase corro, e quando estou do lado de fora, vejo um jato
particular e nem preciso pensar muito para saber de quem é.
— Senhorita Giovanna, está sendo aguardada dentro da aeronave —
uma comissária me avisa.
Estou em dúvida se entro no avião para ver Mássimo e matar a
saudade que me aperta o peito ou se volto para o carro da minha irmã,
fugindo para as montanhas. Bem, pensando mais claramente, é melhor
escolher ir ver o Fera.
No entanto, quando entro, não tem ninguém.
— Cadê o Mássimo? — pergunto para a mulher que me acompanha.
— Ele falou para a senhora se sentar que iria te encontrar no destino
selecionado.
— Que destino?
Ela junta as sobrancelhas antes de me responder:
— Não posso falar. Fui informada de que é uma surpresa.
Então, frustrada e bastante curiosa, decido me sentar, entrando na
aventura que meu “noivo” resolveu me proporcionar.

Nem sei quantas horas de viagem se passaram e a comissária me


indica o quarto. Cansada pra caramba, vou para o lugar, lembrando
imediatamente da minha primeira vez com Mássimo. Parece que foi uma
vida atrás, mas ainda assim aconteceu há pouco tempo. Estou com saudades
dele e queria demais tê-lo aqui, na minha cama.
Não sei que hora apaguei, mas desperto com o próprio sentado na
cadeira ao lado da cama.
— Bom dia, Princesa — ele me cumprimenta e estou com tanta
saudade que salto da cama, caindo em seus braços.
— Em que lugar você estava? Dentro do armário? Isso aqui é
pequeno para o seu tamanho.
— Eu estava na cabine do piloto — comenta. — Não sabia se viria
se tivesse do seu lado no início da viagem.
Então, me lembro porque estava furiosa com ele. Saio de perto e
vou para a cama.
— A culpa é sua — afirmo.
— Eu sei que é, mas... — ele suspira — eu vou tentar me controlar e
estou te levando para um lugar especial, a fim de redimir-me dos meus
erros.
— Para onde estamos indo?
— Surpresa — afirma. — Mas você vai gostar. Se olhar pela janela,
já vai reconhecer.
Um pouco desconfiada, faço o que fala e vejo as casinhas brancas.
— A gente tá na... Grécia? — pergunto, assustada.
— Sim, Princesa.
— Eu ainda não te desculpei, mas... — afirmo e depois volto a olhar
pela janela. — A gente realmente está chegando em Atenas. Deus do céu!
Fico observando o mar azul abaixo de nós enquanto ele espera que
eu faça algo diferente de sorrir e admirar a paisagem, visto que estamos
voando baixo.
— Giovanna...
Então, me lembro de tudo que deixei engasgado para lhe dizer.
— Você está com ciúmes ou não de mim, Mássimo Marino? —
indago, cruzando os braços.
Ele sorri para mim, fechando os olhos, e só depois responde:
— Sim.
Tento controlar o meu sorriso, mas tá difícil.
— A verdade é que quero você só pra mim e não suporto quando
um Maledetto filho de uma puta fica desejando o que é meu. Satisfeita?
Sorrio mais ainda e me aproximo dele.
— Sabe que não precisa? Tomaz, é só...
— Você pode falar à vontade. Eu sei que ele quer você e não tenho
sangue frio para ficar olhando e não surtar de raiva.
— Tanta sinceridade — comento.
— Estou perdoado, Princesa? — pergunta.
— Vou pensar e te digo — respondo.
— E o que eu ganho enquanto isso? — pergunta, sentando na cama
e tocando minha perna.
— Mássimo...
— Senti muita falta do seu cheiro, Giovanna. Estou com as bolas
roxas de tanta vontade que estou de te foder. — Ele me pega. — Eu quero
chupar seus seios, sua boceta gostosa e fazer você gozar forte enquanto te
encho de porra.
Como senti falta dessa sua fala ousada e totalmente pornográfica.
— Eu quero agora, Mássimo...
— Mas vamos ter que esperar para chegar na casa que um cliente
me emprestou.
— Não vamos para um hotel? — pergunto.
— Desta vez não. Um conhecido me devia um favor e vamos ficar
na mansão dele. — Ele me dá um beijo. — Então, perdoa esse seu noivo de
fachada que só faz merda?
Rio e falo ao pé do seu ouvido:
— Só se ele me fizer gozar com a língua.
Ele levanta o meu vestido, arranca minha calcinha, destruindo-a
completamente, me deita na cama, expondo a minha intimidade, e me
devora, causando-me um orgasmo épico.
Mássimo

Essa Princesa parece que foi feita para me enlouquecer. Depois da


nossa última briga, fiz de tudo para conversar e nada dela querer me
atender. Então, me deu a ideia de falar com os pais da minha afilhada.
Lorenzo e Diana, que me ajudaram. Nas conversas, pensei de muitas
maneiras em como conseguir fazer Giovanna me perdoar por surtar outra
vez com sua amizade com aquele cara.
Então, Lorenzo confessou para mim sobre o tal do Gaspar e o
quanto ficou complicado se controlar em relação à amizade de Diana com o
cara. Me vi na mesma situação e meu melhor amigo me deu a ideia de meio
que “sequestrar” Giovanna por uns dias e resolver a briga.
Relutei de primeira, mas depois, gostei da ideia, contudo, o principal
problema era para onde. Para qual lugar a Princesinha gostaria de ir?
Pensamos em Nova York, Grécia e Reino Unido. Todos os cenários de
livros que ela adora e adiantei toda a papelada para facilitar a viagem. Só
faltava saber qual que a Princesa realmente queria e quando Diana me falou
que era Grécia, organizei todo o meu plano.
Diana tinha preparado as malas dela e agora estávamos aterrizando
em Atenas. Tínhamos começado essa fase de pazes, e somente chupar sua
boceta já indica que serão três dias prazerosos.
Ela continua sendo uma princesa, mas anda aprendendo a fazer
algumas coisas novas e isso está me animando ainda mais. Giovanna pedir
um oral me deixou aceso. Ainda bem que não vamos demorar do aeroporto
para a mansão, porque ainda estou muito excitado, principalmente por saber
que está sem calcinha e toda molhada.
— Senhor Marino, estávamos o aguardando.
Giovanna vai à minha frente e entramos no carro.
— Mássimo, eu não vim com bagagem e — ela fala baixo — você
rasgou a minha calcinha. Preciso de algumas roupas.
Não consigo controlar o sorriso, mas respondo:
— A sua irmã mandou tudo, Princesa. Não precisa se preocupar. Se
estiver faltando algo, compramos. Está bem?
Ela confirma, se animando, e tentamos nos controlar até estarmos
sozinhos na mansão que um conhecido me emprestou. Giovanna entra
correndo e a acompanho. Ela confere o que a irmã mandou. Vou verificar se
abasteceram a casa do jeito que mandei e quando estou quase finalizando,
encontro Giovanna com um biquíni branco, colocando uma saia curta que
praticamente não cobre a sua bunda.
— Isso aqui é incrível! — exclama, me roubando um beijo.
— Sua alegria me deixa aliviado, Princesa — respondo, deslizando
minhas mãos por seu corpo. Paro com os dedos em sua bunda, apertando-a
contra minha ereção.
— Max, agora não...
— Por que não? — pergunto, beijando seu rosto. — Estou louco
para foder contigo. Só te chupar não foi o suficiente...
— Eu sei, mas... — Ela mira meus olhos. — A gente não transa há
mais de três dias e você sabe que não vamos nos contentar com somente
uma rapidinha, não é?
Ela está certa. Quero muito mais do que uma transa rápida. Desejo ir
bem devagar. Degustar cada centímetro do seu corpo. Quero meter na sua
boca, num oral gostoso, e foder sua boceta em muitas posições até gozar
enterrado dentro dela.
— Está bem, Princesa. — Suspiro, frustrado. — Vamos conhecer
Atenas, mas não se canse demais, porque a noite vai ser curta para o que
quero fazer contigo.
Giovanna ri e vou para o quarto a fim de colocar uma roupa mais
adequada ao clima do lugar. Pouco depois, seguro em sua mão, levando-a
para passear. Decido levá-la para Acrópole e depois de tanto andar,
conseguimos conhecer o local; tiramos muitas fotos no ponto mais alto da
cidade. Conhecemos o Partenon, Ágora de Atenas, Templo de Hefesto,
Odeão de Herodes e muito mais relíquias de mais de três mil anos. Em
seguida, fomos jantar as comidas típicas daqui e voltamos para a mansão.
— Max, eu adorei a casa, mas... isso tudo aqui é de quem? —
pergunta, deixando a bolsa na entrada e sentando no sofá. — Não que isso
importe, mas fiquei curiosa...
Sento ao seu lado, tocando sua perna.
— Você pode me perguntar o que quiser, Princesa. — Dou um beijo
casto em seus lábios. — Mas respondendo... Essa mansão pertence a um
cantor espanhol que mora no Brasil. Ele sempre contrata a minha empresa
em suas festas. Por causa de um problema que teve com um buffet de
renovação de votos do irmão, ele me ofereceu a casa por um período em
gratidão por ter resolvido tudo.
— Que cantor espanhol trabalha no Brasil? Será que conheço? —
questiona, de um jeito que chego a ponderar se respondo ou não. No
entanto, acabei de falar que poderia me perguntar o que quisesse.
— Ele se chama Cebrián Castillo[7]...
— Espera aí! É aquele Cebrián Castillo da Bahia?
Ela fica tão surpresa e animada que uma pontada de ciúme me
atinge em cheio.
— Quer conhecê-lo? — pergunto com ironia.
— Claro!
— Só na sua imaginação que vou fazer uma merda dessa —
respondo, perdendo a paciência. — Ele não presta. É um sedutor igual a
Lorenzo.
— Mássimo...
— Ele vê qualquer mulher como uma boceta com pernas.
Ela revira os olhos e continuo argumentando, mirando a piscina.
— Jamais vou te colocar perto dele, Princesa. Se não bastasse
aquele infeliz que trabalha contigo para...
Então, volto meus olhos para Giovanna, encontrando-a somente
com a parte de baixo do biquíni.
— Quem falou que quero alguma coisa com o cantor? — pergunta,
abrindo um lado do biquíni e me puxando para perto. — Eu tenho um noivo
que é praticamente uma Fera ciumenta que está bem aqui na...
Sua voz morre quando abre minha calça, colocando o meu pau para
fora. Ela bate uma punheta lambendo os lábios e depois começa a me
chupar devagar. A minha Princesinha tenta aumentar o ritmo, mas ainda não
tem tanto jeito. Seguro-me no sofá e ela fica na ponta do assento, chupando
meu caralho. Peço que relaxe e começo a foder sua boca, segurando sua
cabeça.
Penso em parar, mas ela continua fazendo um oral com gosto. Deixo
por um tempo e quando estou quase gozando, tiro de sua boca, jogando-a
no sofá. Tiro a parte de baixo do seu biquíni branco, que já estava quase
fora do seu corpo, e caio de boca em sua boceta. Ela já está toda melada e
sei que se a chupar mais um pouco, vai gozar facilmente.
Viro-a de costas, deixando sua bunda empinada para mim. Dou um
tapa forte, deixando a marca da minha mão. Ela me encara com um olhar de
devassa que está cada vez mais presente quando a gente transa.
Pego em seus cabelos longos enquanto meto lentamente nela. Um
arfar foge dos lábios dela e continuo a comendo com gosto. Ela se empina
para mim e dou outro tapa, aumentando a velocidade. Pego em sua cintura
sem sair de dentro dela, ao que aperto um dos seus seios.
Continuo fodendo e a seguro com um dos meus braços, começando
a excitá-la com meus dedos. Estou quase lá e a masturbo, metendo até
conseguirmos gozar juntos num orgasmo forte pra cacete.
Tento recuperar o fôlego antes de recomeçar. Estamos no sofá de
entrada, ainda tem o quarto inteiro e muitos lugares da casa para usar, e este
feriado vai ser curto para realizar todos os meus planos.
— Cansou, Max? — ela me pergunta em tom de brincadeira e
aperto sua bunda.
— Isso foi apenas o começo, Princesa — comento. — Tem uma
jacuzzi maravilhosa no quarto e vou querer aproveitar demais contigo.
Ela ri, escapando das minhas mãos, e não me demoro para
acompanhá-la. Assim, corremos pelados para o nosso quarto.
Giovanna

Acho que até os coelhos estão invejando a nossa disposição sexual.


Amanhã cedo estaremos indo embora e realmente usei somente duas ou três
peças de roupa que minha irmã mandou.
Se não estamos passeando em público ou algo do tipo, estamos nos
beijando ou transando. Isso é muito louco. Somente de olhar para Mássimo
eu fico excitada e louca para recomeçar. Seja num sexo oral, uma rapidinha
ou um beijo quente. Realmente, não nos desgrudamos. Sim, eu já estou
apaixonada, mas... ainda não sei se ele pensa em mim desta forma.
Cabeça de homem é bem diferente das mulheres. Se for como a
minha, que é bem romântica, tudo piora. Porque com o que jamais
imaginei, é o que venho sonhando. Nada menos que Mássimo apaixonado
por mim e falando que quer, sim, ficar comigo para que possamos nos casar
o mais breve possível, e que também quer ter filhos. Não só um, mas no
mínimo uns três.
Porém, me lembro da realidade e fico até triste, percebendo o quanto
é discrepante.
— Princesa, olha o golfinho.
Corro para o lado de fora do iate que estava disponível para nós e os
vejo passando. Mássimo se aproxima atrás de mim, beija meu rosto e fica
admirando a paisagem.
Parece demais que somos um casal, mas a todo instante, preciso me
recordar da verdade que escondemos, indiferente de estarmos assistindo um
amanhecer lindo diante dos seus olhos azuis brilhando, enquanto me abraça
pela cintura e me toma em um beijo.
— É uma pena que nosso tempo está acabando. Amanhã cedo
teremos que ir embora — comenta, me apertando em seus braços. — Vou
sentir muitas saudades de dormir contigo, Princesa.
Como não me apaixonar por um homem que diz essas coisas?
Qualquer mocinha de romance se derrete, imagina eu, que já sou de açúcar.
— Gostou da viagem?
— Eu adorei — respondo, sorrindo. — Conhecer a ilha de Santorini
e a de Escópelos...
— Onde foi gravado o filme que você adora — ele completa a
minha fala, animado. — Já sei, minha linda.
Somente em vê-lo falar assim já me deixa encantada. No entanto, a
dúvida ainda persiste. Ele me chama de “minha” com muita frequência, mas
nunca usou algo diferente de “Princesa” ou meu nome completo. Nenhuma
fala que mostre que o seu “gostar” pode ser algo mais.
— Eu preparei algo para comermos. Depois podemos nadar um
pouco e voltarmos para a mansão. Está bem?
Concordo, indo para a parte coberta da embarcação.
Um pouco mais tarde, ele falou que poderíamos conhecer mais
algum lugar, mas preferi pegar um sol, lendo um livro no meu kindle.
Acabei relaxando demais e dormi na frente do barco, acordando com um
beijo quase no fim da tarde.
— Max, onde nós estamos?
— Princesa, então é isso que você tanto lê? — pergunta, rindo com
o meu Kindle nas mãos.
Na mesma hora, me recordo que estava entrando numa cena hot
daquelas em que os protagonistas estavam presos no curral cheio de vacas
por conta de uma tempestade de raios.
— Me dá o meu...
— Aqui até tem história, mas a putaria é tão boa que gostei. — Ele
pisca para mim. — Vou ler com atenção algumas e fazer contigo como se
eu fosse o personagem do seu livro. Tenho certeza de que vai adorar.
Rio, colocando a mão no rosto de vergonha, me lembrando do livro
do Adrian, que parecia demais com ele.
— Mássimo...
— Espera a gente chegar na mansão que vou te mostrar que também
posso ser um bom peão, Princesa.
Ele é demais. Levanto e tento pegar o dispositivo de leitura de suas
mãos. Quem disse que consegui? Somente com chantagem envolvendo
sexo que ele me devolveu. Vou falar a verdade, pedi para ele fazer um
sotaque de peão para mim e ele adorou a ideia. Mesmo errando um pouco,
ficou demais.
Preciso confessar, a realidade com Mássimo Cowboy é muito
melhor que ler a ficção.
Pena que, infelizmente, a nossa viagem acabou, e agora estamos
voando para o Brasil sabendo que vamos ficar distantes novamente.
Mássimo

Três semanas desde quando voltamos de Atenas e ainda não


consegui me adaptar que somente longe do Brasil tenho Giovanna em
minha cama. Bem, alguns dias, ela consegue passar a noite no meu
apartamento, mas ainda é pouco comparado ao que tínhamos.
— Mássimo, me ajuda. Eu ainda não aprendi direito aquele corte
para fazer as entradas e o Sheik está quase chegando.
Caminho até a cozinha para ajudar minha Princesa.
Depois de tanto tentar e quase acertar, conseguimos fixar a data e
daqui a poucos minutos, iremos receber o Sheik para o tão aguardado jantar
de negócios que está sendo feito, em sua grande maioria, pela minha noiva.
Giovanna realmente sabe cozinhar, mas tem um pouco de dificuldade em
apresentação de pratos, e é nessa parte que estou auxiliando.
— Me dê a faca — peço após lavar as mãos.
Faço o corte e, em seguida, ela vai montando as folhas de alface
crespa e colocando o molho frio. Como tem uma criança entre os
convidados, Giovanna escolheu fazer uma minitortinha salgada para a
pequena.
Para o prato principal, escolhemos uma massa italiana com um
toque brasileiro. Se Lorenzo visse o que vamos servir, iria surtar ao ver
frango acompanhando o prato. A sobremesa será algo leve como uma
espuma de morangos. Esta fui eu quem lhe ensinou e já está pronta na
geladeira desde ontem.
— Eu estou muito bagunçada? — pergunta.
Tiro uma mecha de cabelo do meio do seu rosto e afirmo:
— Um pouco, mas ainda está linda. Tome o seu banho que vou
agilizar para receber os nossos convidados.
Aqueço a água da massa e verifico o sabor do molho de tomate com
frango. Faço um pequeno ajuste no tempero e quando estou convencido do
ponto, recebo o aviso da portaria informando que eles chegaram. Vou para a
porta e recebo o Sheik e a pequena Malika, que já chega perguntando por
Giovanna.
— Ela está chegando...
— A Princesa mora longe?
— Ela está no quarto, acabando de se arrumar. Serão necessários
somente alguns minutos.
Ainda bem que Giovanna abre a porta, deixando claro que escutou
do outro lado que as visitas chegaram.
— Boa noite — cumprimenta em inglês e se aproxima de mim.
— Princesa! — A menina saltita olhando para ela.
— Oi, Malika. Que bom te ver novamente — ela a cumprimenta.
— Uma pena não ter te visto quando fomos na terra do macarrão.
Choveu tanto...
Deus sabe o quanto agradeço por eles não terem conseguido chegar
na casa do meu pai.
— Sim, eu soube, mas agora vocês vão poder jantar na nossa casa.
— Que legal! Que horas?
Giovanna me olha e somente afirmo:
— Podemos ir para a mesa agora mesmo.
Giovanna segue para dentro e vai nos servindo como se estivesse em
casa. Eu até pensei em rebater e exigir que colocasse um prato para cada
um, mas ela me falou que percebeu que o Sheik queria uma experiência
caseira, não de restaurante, e ao contrário dos meus pensamentos, ele
começa a se animar com a maneira que estamos agindo.
— Isso aqui está muito bom, senhorita Giovanna.
— Agradeço, Sheik.
A entrada e a massa foram bastante aceitas por ambos. A pequena
pediu até que lhe servisse mais, ainda que Giovanna tivesse colocado uma
travessa na mesa para que todos se servissem.
Nem preciso dizer que a sobremesa fechou o jantar de maneira
primorosa. Eu me enchi de orgulho da minha Princesa e só sabia sorrir para
ela.
— Era isso que eu esperava, sr. Marinho — ele me agradece depois
de entrarmos no meu escritório, onde poderíamos conversar com mais
privacidade.
— Fico muito contente que tenha sido do seu agrado.
Giovanna ficou na sala com Malika a entretendo.
— Foi acima das minhas expectativas — afirma o Sheik. —
Amanhã irei mandar que entrem em contato contigo para que possamos
assinar o nosso acordo.
Saímos do escritório e ele chama a menina, que se despede
acompanhando seu avô. Os seguranças, que ficaram do lado de fora, os
seguem, e somente quando a porta do elevador se fecha é que retorno para o
apartamento.
— Max. Então? — Giovanna aparece no corredor, segurando um
pano de prato.
— Deu certo, Princesa. A gente conseguiu!
Ela solta um grito e corre para os meus braços, animada. Beijo seus
lábios num misto de felicidade e alívio.
— Graças à sua ajuda, minha linda — digo. — Sem você, jamais
teria dado certo.
Vejo lágrimas brilharem em seus olhos.
— Você está chorando...?
— É de alegria. Estou tão feliz, Max. Conseguimos.
Eu a beijo, tentando demostrar tudo que sinto neste momento. Essa
princesa-mulher entrou sem querer na minha vida e já virou o centro do
meu mundo.
— Eu quero você, Giovanna. Agora e sem demoras.
— Eu também te quero, Mássimo. Me tome como sua.
Não esperamos muito para que nos entreguemos à paixão, entre
gemidos e gritos. Não sei o que ela fez comigo, mas nunca mais quero
voltar ao meu eu anterior.
Giovanna

Eu estou completamente apaixonada por Mássimo Marino. Depois


de termos conseguido o acordo que tanto esperávamos, esse homem me
conquistou mais do que antes.
Saí do seu apartamento sob gritos de protestos, mas eu tinha que
trabalhar. Agora, fim de tarde, estou indo para a minha médica. Não sei o
motivo, mas desta vez o meu anticoncepcional injetável que tomei há três
semanas deu alguns sintomas que estão me deixando um pouco preocupada.
Não que eu pense que estou começando a ter alguma doença uterina
ou algo assim, mas sentir tonteira, retenção de líquidos e seios inchados não
é muito normal para um medicamento que uso há uns dois anos, de três em
três meses. Talvez precise trocar e começar a usar um novo.
Paro na recepção, passando meus dados com o plano de saúde que a
prefeitura paga, e enquanto estou aguardando, recebo uma mensagem de
Mássimo falando que acabou de assinar com o Sheik no hotel em que ele
está hospedado. Mando um texto comemorando a vitória e vários emojis
mostrando o quanto estou feliz de fazer parte disso.
Depois de uns vinte minutos, vejo a noite chegando, então, o próprio
me liga perguntando onde estou, já que foi na biblioteca para me dar um
beijo e não me encontrou.
— Estou na médica...
— Você está bem, Princesa? — questiona, preocupado.
— Sim, é só rotina. Está tudo bem, Max.
— Entendi — afirma, aliviado. — Se quiser que eu vá te buscar...
— Não precisa, quando acabar, pego um táxi e vou para casa. Você
tem que prestar atenção no seu projeto de expansão.
Sei que ele detesta quando não peço ajuda, mas é assim que quero.
Mássimo pode ser um amante daqueles, mas nesse assunto eu não preciso
de muita ajuda. Será somente eu e a médica que me atende há algum tempo.
— Giovanna Soares.
Levanto e entro no consultório. Informo o que estou sentindo e ela
começa a me perguntar sobre a minha vida sexual; bastante envergonhada,
vou falando. Sou questionada sobre os meus métodos contraceptivos e
afirmo que o principal é o meu anticoncepcional injetável.
— Giovanna, você tomou ele na data certa?
Na mesma hora, me recordo do que vi na minha agenda no dia
seguinte ao que voltei da Grécia.
— Eu atrasei três dias a aplicação da medicação... — confesso,
sentindo um frio subir em minhas costas.
— Você teve relação com o seu parceiro nesse período sem
preservativo?
Somente balanço a cabeça em concordância, sentindo uma lágrima
descer em meu rosto enquanto me recordo de quantas vezes transamos
naquela viagem.
— Calma, Giovanna...
— Eu não posso estar grávida agora... — declaro com a voz em um
fio.
— Primeiro, precisamos fazer um teste sanguíneo para confirmar.
Pode ser uma alteração hormonal. Não se desespere antes da hora.
Limpo meu rosto com o dorso da mão, desesperada. Mássimo já
falou mais de uma vez que não quer um filho comigo e se... Não! Isso não
pode ser verdade.
— Vou te encaminhar para fazer um hemograma completo e
também um Beta HCG. Somente então podemos descartar esta opção, está
bem?
Confirmo, saindo do consultório com o pedido, então sigo para o
laboratório que funciona dentro da clínica. Mais ansiosa do que nunca,
espero pelo exame.
Um bebê... não. Pode ser somente uma alteração hormonal. Talvez
minha menstruação esteja chegando... Espera um pouco.
Abro o aplicativo no telefone e para me deixar ainda mais nervosa,
vejo que estou com um atraso de mais de cinco dias. Meu Deus do céu!
— Giovanna...
— Sou eu — falo para o profissional e entro, agitada, na sala de
coleta.
Assim que acaba, me sento na recepção, desejando que os minutos
corram mais rápido, mas parece que o relógio está tentando me infartar. O
que vou fazer se esse teste der positivo? Como vou falar com Mássimo de
um filho que sei que não quer? Será que ele vai querer que eu... Não!
— Calma, Giovanna — murmuro para mim mesma.
Eu tenho que pensar positivo... Um filho é algo bom? Sim, muito.
Eu sempre sonhei em ser mãe, mas... agora é o pior momento. Eu o amo, no
entanto, não sei se sente o mesmo por mim.
E se ele achar que engravidei de propósito para ganhar pensão? Ou
pior, se ele quiser ficar com meu filho como o pai dele fez? Não!!! Isso não
pode acontecer, é o meu bebê...
— Giovanna Soares...
— Aqui! — exclamo, saltando da cadeira.
Pego o envelope e seguro o papel com as mãos tremendo, tal qual
vara verde. Começo a ler e estou tão nervosa que vejo a quantidade de
plaquetas e acho que é outra coisa. Só depois percebo que é o hemograma e
somente jogo na bolsa para mostrar para a médica. Viro para a folha de trás
e estou tão nervosa que preciso me sentar para conseguir parar de tremer.
Fecho os olhos, respiro fundo, e começo a ler o teste de gravidez que diz:
Beta HCG: POSITIVO
— Meu Deus do céu! — exclamo, chorando de desespero.

Nem sei como consegui chegar em casa. Chorei até não conseguir
mais e vim de táxi para casa. Grávida. Um pequeno descuido e... tenho um
bebê de Mássimo crescendo dentro de mim. Uma criança que eu sei que ele
não deseja.
O que eu vou fazer agora?
Trim Trim
Vejo o nome dele piscando na tela e não tenho coragem de atender.
Se ele ouvir a minha voz assim, vai ficar preocupado e vai me pressionar a
falar o que nem sei dizer.
Depois vai me culpar por ter dito que não teria problema e vai ser a
pior briga de todas, porque será o nosso fim. No entanto, querendo ou não,
Mássimo deve saber... Deus do céu! Como vou conseguir olhar em sua cara
e falar sobre isso se só sei chorar?
— Giovanna, vai jantar?
— Já comi fora, mãe — respondo, entrando no meu quarto depois
de trancar a porta.
O telefone toca outra vez e ainda estou sem capacidade de falar com
ele. Porém, sei que vai insistir e então prefiro mandar uma mensagem para
que pare de ligar.
Giovanna: Oi. Está tudo bem, Mássimo. Indo dormir, estou cansada.
Mássimo: Seu médico falou que está tudo bem?
Giovanna: Sim. Agora vou dormir.
Mássimo: Não está me dispensando para ler livro, não é? Eu faço
melhor do que qualquer personagem daquelas histórias quentes que você
adora, Princesa.
Um sorriso triste me escapa. Como o amo, mas se ele imaginasse a
verdade...
Giovanna: Não. Só estou esgotada. Boa noite, Mássimo.
Então, fecho a tela do telefone. Deixo as lágrimas virem e choro até
adormecer.
Mássimo

Ela só me chamou pelo nome completo e encerrou rapidamente a


nossa conversa. Tem alguma coisa acontecendo. Será que teve um
diagnóstico problemático que não quer me contar?
Espero que não seja isso. Nessas horas, detesto estar no Brasil e não
numa viagem com a minha Princesa. Se fosse assim, Giovanna estaria no
meu quarto e poderíamos resolver o que fosse juntos.
Se fosse mais cedo, iria na sua casa para encontrá-la em seu quarto.
Teria que convencer seus pais das minhas boas intenções, mas poderia
beijá-la, provando para mim mesmo que realmente estamos bem.
Amanhã vou vê-la sem falta. Terei que encarar novamente aquele
filho de uma puta que é louco por ela, mas é o melhor a ser feito para ver a
minha Princesa.

Ontem foi um dos dias mais promissores da minha carreira, exceto


por ainda estar preocupado com Giovanna. Não consegui falar com ela, mas
como é antes da sete da manhã, estou preferindo ligar mais tarde.
Neste momento, estou aparando a barba enquanto espero o café ficar
pronto. Então, escuto batidas na porta da frente. Coloco uma roupa, por
estar somente com a toalha na cintura, e vou ver quem é.
— Achei que iria continuar a me recusar como fez desde quando
saiu da Itália.
Suspiro, pensando se deixo ou não meu pai entrar no apartamento.
Por mim, teria o mandado de volta para seu hotel e marcaria encontro em
horário comercial, mas como Giovanna vive me apontando que não devo
ser tão grosso e ríspido com as pessoas, escolho deixá-lo entrar.
— Buongiorno, pai. Entra — falo, dando passagem para ele.
Falo somente em português, um dos idiomas que sei que não gosta.
Tudo para que não esqueça da minha Princesa e que estamos no país dela.
— Acabei de fazer um café, quer me acompanhar? — continuo.
Ele me segue, mas percebo seu olhar passeando pelos corredores.
— Aquela mulher está aqui?
— Você se refere à minha noiva, a qual você insultou e depois falou
que deveria se afastar? — ironizo. — Não, está na casa dela.
O senhor Nero Marino balança a cabeça, reparando com mais
atenção nas coisas do meu apartamento. Numa das prateleiras do corredor,
próximo da cozinha, está uma foto de nós dois em Atenas. Giovanna fez
questão de imprimir algumas e as deixou espalhadas pela casa. Na cozinha,
tem uma que fizemos quando estávamos testando receitas na mansão da
Itália.
— Você está prestes a cometer o maior erro da sua vida...
Suspiro, pensando outra vez se devo ou não falar da realidade do
meu noivado para ele. Porém, se teve o trabalho de vir de lá somente para
me impedir, saber a verdade jamais seria uma boa opção. Conhecendo-o,
vai fazer de tudo para me separar dela, e essa não é nem de longe a minha
vontade.
— Meu casamento não é amanhã. Não marquei data de nada e ainda
não estou pensando em fazê-lo.
— Isso me deixa um pouco aliviado, pois pode cancelar tudo.
Reviro os olhos, colocando uma xícara para ele e outra para mim.
— Então foi para isso que veio? — pergunto ao servi-lo.
— Não. Vim porque você está relaxando nos seus negócios.
Algumas das suas empresas estão recebendo reclamações...
— Pai, não preciso da sua ajuda nos meus negócios. Está tudo mais
complicado desde quando perdi um sócio...
— Aquela mulher teve culpa? — indaga, deixando a xícara no
balcão da cozinha.
— Claro que não. Foi antes de conhecê-la. Giovanna me ajudou a
resolver a situação...
Nero balança a cabeça demoradamente.
— Você fala diferente sobre ela. Está gostando de verdade daquela
Maledetta que teve a audácia de falar com Satine sobre o meu teto...
— Puta merda! — exclamo, irritado. — Eu não sinto nada
importante por Giovanna. Ela é somente um meio para um fim. Não precisa
ficar todo preocupado, ninguém mais terá acesso à sua adorada herança que
não seja eu. — Suspiro antes de continuar: — Meu noivado é somente um
relacionamento de negócios. Uma fachada. Satisfeito agora?
Não é uma completa verdade, mas acredito que falando desta
maneira, Nero vai parar de falar da minha Princesa dessa forma.
— Então, por que está com ela e praticamente preso ao Brasil? Vivia
viajando, mas depois que assumiu um relacionamento com aquela...
— Pai, se você veio somente para ficar falando da minha noiva e
brigarmos mais ainda, pode pegar o próximo voo para a Itália.
— Meu filho, estou pensando somente no seu bem...
— Tome o seu café, sr. Nero Marino. Se quer que um dia nos
entendamos, deixe os meus assuntos fora da conversa. Entendido?
Ele somente confirma e tomamos um café. Passamos a falar de
amenidades das vinícolas da mansão. Pouco depois, foi embora, mas
somente após eu prometer que voltaria a ir na mansão e que iria prestar
atenção na nova safra de vinhos.
Agora, estou a caminho de um dos meus restaurantes, mas nada da
minha Princesa me atender. O estranho é que, desta vez, em menos de três
toques, a chamada é encerrada.
Então, preocupado, antes de ir para um dos restaurantes, prefiro ver
como ela está. Algo me diz que tem mais coisa por trás dessa consulta de
rotina e ela não quer me dizer. Porém, sabe que vou descobrir, nada fica
escondido por muito tempo.
Paro num estacionamento e caminho para dentro da biblioteca, mas
travo meus passos no instante em que passo pela entrada e fico diante de
uma cena que jamais imaginei.
Giovanna nos braços daquele infeliz do Tomaz, na recepção da
biblioteca. Visível para qualquer um.
De início, fico completamente chocado com a cena, mas, em
seguida, uma revolta em mim se forma e expurgo tudo aos gritos,
totalmente furioso por sua mentira e falsidade.
— Que merda é essa, Giovanna?
Eles se afastam e percebo seus olhos avermelhados.
— Mássimo...
— Explica agora, Giovanna! — exijo, mantendo minhas mãos em
punho.
Ela pisca e duas longas lágrimas caem em seu rosto.
— Eu até tinha algo para te dizer...
— Fale de uma vez! — eu a interrompo, percebendo que não era
essa resposta que esperava.
Giovanna balança a cabeça para os lados. Em seguida, limpa mais
lágrimas antes de mirar meus olhos, e parece que o mundo está desabando
sobre a minha cabeça quando ela diz:
— Acabou, Mássimo. Estou terminando definitivamente o nosso
noivado.
Giovanna

Ele não me ama... Não, é ainda pior. Ele jamais me amou e isso
dilacera o meu coração de um jeito que jamais poderia imaginar. Tudo fica
ainda mais triste devido à maneira tenebrosa com a qual descobri isso.
Com todos os meus pensamentos no bebê que cresce em meu
ventre, fui ao seu encontro para poder contar sobre essa novidade
completamente inesperada. Não me esqueci de suas palavras dizendo que
não queria um filho nosso, mas de um jeito ou de outro, ele precisava saber
que seria pai.
No entanto, nada me preparou para entrar no apartamento que ajudei
a organizar e escutar o homem que amo dizendo o seguinte:
“Eu não sinto nada importante por Giovanna. Ela é somente um
meio para um fim.”
Eu não tive coragem de encará-lo depois disso. Na verdade, ainda
não tenho principalmente por saber que estava falando tudo isso para seu
pai, que tinha ressurgido das cinzas.
Dói demais saber que foi tudo uma grande mentira.
Na verdade, eu deveria ter me lembrado deste ditado antes. Não
falam que o que começa errado, termina errado? Se tudo começou com uma
farsa de um noivado falso... O que de verdadeiro pode existir depois disso?
Eu não deveria ter me apaixonado por ele. Todos sabem que essas
coisas só acontecem em livros e filmes de romance. Sobre mocinho se
apaixonar de verdade pela mocinha e viverem uma grande história de amor.
Mas agora... Deus. Nem em palavras consigo me expressar.
Então, com o rosto lavado em lágrimas, chego na biblioteca. Vou
para o banheiro e tento me controlar, mas não consigo. Algumas pessoas
ficam preocupadas e me entregam água com açúcar, o que de fato não
adianta muita coisa. Estou desolada e desesperada.
— Gio. O que aquele filho de uma puta fez com você? — Tomaz me
pergunta quando saio do banheiro, mas não consigo responder. — Ele te
machucou? Eu vou arrebentar a cara dele.
— Não faça nada, por favor — peço em meios a soluços.
Ele me abraça e me permito descarregar um pouco das minhas
emoções reprimidas. É muita tristeza e mágoa dentro do meu coração.
— Amiga... — Júlia me chama e eu me solto dos braços de Tomaz.
— Você não tá bem. Acho melhor você ir para casa.
Concordo com a cabeça, pegando as minhas coisas. Realmente estou
sem concentração para me encontrar com as crianças. Na verdade, preciso
de um tempo de tudo. Necessito pensar em como será a minha vida. Tenho
um filho a caminho e minha atenção deve estar nele. Porém, me pergunto:
Como falarei para a minha família sobre isso?
— Verdade, Gio. Fique uns dias em casa que iremos ajeitar as coisas
por aqui. Eu posso pedir um táxi.
Afirmo e vou para a entrada da biblioteca.
— Tomaz, obrigada por ser meu amigo. Por me apoiar em todos os
momentos...
Ele suspira.
— Você sabe o que penso daquele italiano prepotente...
— Sim, e obrigada por tentar me alertar sobre ele. Você é um ótimo
amigo.
Eu o abraço forte, mostrando o quanto sou grata por tê-lo, mas
somos interrompidos pela voz de Mássimo, furioso. Como ele tem coragem
de agir assim depois de tanto mentir? Ele demonstrava gostar de mim, mas
era tudo falsidade.
Mássimo exige respostas, no entanto, não entendo o motivo de sua
revolta. Se nunca foi real, por que esse ciúme? Por que age dessa forma?
— Eu até tinha algo para te dizer...
— Fale de uma vez!
Recuso-se a dizer e então, quase arrancando meu coração de dentro
do peito, digo:
— Acabou, Mássimo. Estou terminando definitivamente o nosso
noivado.
As lágrimas descem em meu rosto enquanto o vejo paralisado à
minha frente. Sigo correndo para fora e pego o primeiro táxi que encontro.
Peço para me levar pra casa e agradeço aos céus por meus pais estarem
viajando. Porém, quando passo pelo portão da frente, penso que aqui é o
lugar mais fácil de ser encontrada e não quero falar com ninguém neste
momento. Então, pego uma bolsa de viagem com algumas coisas e vou para
a casa da minha irmã, que está mais distante desse turbilhão que se tornou a
minha vida. Alessandra.
Desço na frente de sua casa e percebo que o carro de Kalel não está
na garagem. Caminho até a porta torcendo para que esteja lá, porque estava
tão desesperada que nem cheguei a ligar para avisá-la.
— Gio? Tá tudo bem? — pergunta Alê ao abrir a porta.
Na mesma hora, minhas lágrimas retornam e minha irmã me acolhe
em seus braços.
— A Diana está quase chegando, maninha.
Alê me avisa quando desço pelos degraus depois de tomar um
banho, onde chorei mais ainda. Cheguei aqui faz algumas horas e Alê está
sozinha em casa, pois o marido lutador levou as crianças para assistir um
campeonato. O que quer dizer que iremos passar o fim de semana inteiro
juntas.
— Obrigada por chamá-la — respondo, entrando na cozinha da casa
e me sentando à mesa. — Eu realmente tenho que falar com vocês.
Ela me olha com pesar e não consigo evitar que meus olhos nublem
de tristeza.
— Não consigo te ver assim, irmã. O que está acontecendo com
você?
Baixo a cabeça e deixo as lágrimas virem. Ela acaricia a minha
cabeça e me abraço a ela. Alguns minutos depois, escuto a voz de Diana.
— Giovanna, conta pra gente, o que foi? — Alessandra exige, já
sem paciência. — Não aguento ver a minha irmã romântica e sorridente
desse jeito.
Diana segura a minha mão, me confortando, e Alessandra está num
misto de tentar me apoiar e também descobrir o que está acontecendo. Por
isso, depois de tomar mais de três copos de água, declaro:
— Terminei meu noivado — respondo, limpando uma lágrima. Elas
não fazem nada. Agem como se estivessem esperando por algo que
realmente não contei.
Di vira meu rosto para ela e sinto um carinho tão forte que as
palavras escapam de mim.
— Eu tô grávida — falo, deixando as emoções fluírem.
Sinto-me aliviada e também desesperada. Estava querendo contar
para alguém e confio minha vida nas minhas irmãs. No entanto, eu vou ser
mãe e mesmo desejando demais ter filhos, eu esperava encontrar um
príncipe, me casar e depois encher a casa de crianças, mas...
— Tô esperando um filho do Mássimo.
— Isso nós entendemos...
— Alessandra! — Diana a repreende. — Gio, mas ele sabe? É por
isso que está desse jeito?
— Se ele renegar o próprio filho, prova de vez que é um belo de um
filho da puta...
— Você não está ajudando, Alessandra.
— Di, eu posso ajudar da melhor maneira. Conto tudo para o Kalel e
rapidinho ele dá um jeito naquele chef famoso que fez a nossa princesa
sofrer.
— Eu não consegui dizer — esclareço. — Mássimo me enganou por
quase três meses... — Fungo. — Ele me iludiu, provavelmente por sexo, e
eu acabei me apaixonando por...
— Puta merda!
— Foi tudo uma mentira. O Mássimo que me conquistou nunca
existiu. Ele falou coisas horríveis de mim para o pai dele, que me odeia, e...
As palavras somem em meio ao meu pranto e minhas irmãs me
abraçam, dando-me conforto. O tempo vai se passando e as duas vão
tentando me dar solução para o que é totalmente insolucionável.
— Eu nunca o achei o melhor dos homens. Sempre foi muito frio e
Lorenzo afirma isso até hoje...
— Di, eu já dei a minha solução. A gente pede para um dos amigos
do Kalel ter uma conversa com ele e...
— Alê, Di. — Paro as duas. — Eu já sei o que vou fazer — afirmo,
me levantando. — Sei que as duas querem me ajudar, mas Mássimo nunca
quis um filho comigo...
— Gio, ele é o pai. Pode ser um merda de pai, mas você não
engravidou com o dedo — argumenta Alê.
— Ele vai saber, mas não agora — explico. — Neste momento,
preciso urgentemente me afastar disso tudo. — Engulo em seco. — Não
vou conseguir olhar para Mássimo e não querer chorar...
— Ah, Gio...
— Eu o amo, mas agora esse sentimento está me fazendo mal —
explico. — Pedi por telefone um afastamento da biblioteca por uns dois
meses. Havia licenças que nunca tinha usado e agora é tudo que preciso.
— Para onde você vai? — Alê me pergunta.
Um sorriso triste se faz em meu rosto.
— Não sei, mas até amanhã eu vou descobrir.
Mássimo

Ela me enganou. A Princesa tem outro e nem precisei mandar um


detetive para descobrir. Eu vi e era aquele infeliz que sempre negou ter
alguma coisa.
Aquele homem que claramente gosta dela... Talvez seja ele o tal que
sempre procurou. Deve ser por isso que finalizou o noivado até antes da
data dos três meses. Ela vai ficar com aquele cara e...
Que ódio!
Não deveria me sentir assim, mas... O que é essa coisa agoniante
dentro do peito?
Depois que ela me falou do término, fiquei atônito por alguns
instantes. Quando despertei, Giovanna tinha entrado no táxi e não consegui
alcançá-la. O que mais queria era falar com ela.
Ainda não sei se era para brigar mais, tentar entender o que
aconteceu ou até mesmo para obrigá-la a voltar atrás em suas palavras.
Aquelas lágrimas tinham algum motivo e não saber o que era...
Por que estou pensando nisso? Giovanna estava me traindo com
aquele Maledetto que sempre foi louco por ela. Pronto. Somente preciso
seguir em frente e esquecer completamente esses últimos meses.
Conseguimos o que queríamos e acabou. Ela vai viver a vida dela com
quem quiser e...
Se a Princesa está feliz, por que mesmo estava chorando, desolada?
Puta merda!
Não sei, e estou decidido a não ficar pensando nisso. Não ficarei
relembrando o que aconteceu. Meu tempo é muito escasso para ficar
pensando nesse assunto.

— Quem conseguiu transformar um ravióli em um mar de sal ácido?


— Entro na cozinha do restaurante de São Paulo procurando o culpado.
Todos ficam me olhando, aterrorizados, mas pouco me importa. Isso
exige resposta imediata.
— Quem foi!? — indago novamente, surtando de raiva pela
incompetência.
Aqui tem um grupo de 20 pessoas. A maioria fui eu mesmo quem
selecionou. A excelência sempre foi a minha marca e não tem cabimento
algo assim acontecer.
Então, o chef levanta a mão, se acusando.
— Fui eu, senhor.
Olho nos olhos dele, que comanda esta cozinha há mais de 5 anos, e
percebo seu ato.
— Não foi — afirmo.
— Senhor...
— A quem você está protegendo?
— Senhor, eu...
— Fale!
Ele suspira.
— Eu digo se prometer dar uma nova chance a ela. À moça...
— Então, é por causa de uma mulher? — indago, com ironia.
— Não é o que está pensando...
— Chef, não precisa. — Logo, uma loira bem jovem sai de trás dos
outros funcionários.
— Menina, você...
Então, ela se vira para mim.
— Chef Marino, foi um acidente, mas eu prometo que...
— Por que não falou quando questionei e...?
— O senhor brigou com todos...
— Não me interrompa! Não tem cabimento o que fez e desmerece
todo o meu trabalho de anos nesta cidade. O molho que preparou não
deveria ser servido nem para animais, muito menos para clientes. Está
completamente salgado e ácido.
— Sr. Marino, ela pode aprender...
— Sim, mas vai aprender em outro lugar — concordo. — Aqui não
tem espaço para incompetência. Está demitida. Entregue seu dólmã e
desapareça o mais breve possível da minha cozinha.
Saio da cozinha para me retratar com os clientes antigos que me
conhecem há muito tempo. Explico que iremos refazer o prato e que será
por conta da casa.
— Não nos importamos em pagar, mas estamos curiosos sobre o seu
casamento. Na verdade, minha esposa Marana[8] está ansiosa por um
convite — comenta o marido, que se chama Charles e é um grande parceiro
de negócios no ramo de alimentícios.
— Sim. A sua noiva é uma graça de tão bonita. Não deixe de nos
chamar.
Somente confirmo com a cabeça, sem saber como falar que não vai
ter casamento. Na verdade, já não iria ter, mas se tivesse a possibilidade de
sermos reais, realmente me casaria com Giovanna e não a deixaria ir para
longe nunca mais. Porém, jamais serei o príncipe que ela quer, visto que a
vaga pertence a outro.
Volto a caminhar para a cozinha, mas antes de abrir a porta, escuto.
— Ele é um grosso, estúpido e autoritário — fala a jovem que
demiti.
— Sarah, você o encontrou num mau momento — explica o meu
chef —, há duas semanas você conheceria outro homem.
— Quando ele estava com a senhorita Giovanna, era uma pessoa
completamente diferente — a Pátissier[9] comenta —, parecia que o açúcar
tinha entrado de verdade na vida dele. Víamos o senhor Mássimo sorrindo
todos os dias e sempre pedia um doce para levar para a Princesa dele. Eles
eram um casal muito lindo.
Escuto ela fungar.
— Eu soube disso, mas não tem como acreditar.
— Mas é verdade.
— Essa tal de Giovanna deveria ser canonizada somente por dormir
na mesma cama que a dele.
— Sarah...
Então, um dos garçons abre a porta, alertando os outros que voltam
ao trabalho. Entro somente avisando que o chef está responsável pelo prato
do casal e que dever ser excelente.
Depois, subo para o andar de cima e vou para o meu escritório. Tem
mais de sete dias que o noivado de fachada acabou e nem dormir direito
ando conseguindo. Eu achei que tudo era somente passageiro, mas todos os
dias desperto à sua procura.
Naquele dia, fiz a pior ação, que foi ligar para ela em busca de... não
sei. Talvez ouvir sua voz, brigar por ter escolhido aquele cara ou quem sabe
dizer que sinto falta dela, mas todas as vezes que tento, recebo a mensagem
de número desligado, o que me faz pensar que me bloqueou de seus
contatos.
De início, fiquei preocupado, mas se fosse notícia ruim, Lorenzo
teria me avisado. Assim eu acho. Falando nele, preciso de alguém para
conversar e sua chamada semanal ainda não aconteceu.
Não sei por que, mas parece que todos resolveram mexer no assunto
que me é mais dolorido. Ou seja, Giovanna.
Um fato: desde quando estou fazendo buscas frustradas de tentar vê-
la, meu humor piorou a níveis astronômicos. Toda a minha atenção está
focada em trabalho e estou analisando tudo que surge; nem eu mesmo estou
me aguentando.
A merda é que só preciso fechar os olhos para vê-la linda com seu
vestido rodado. A quem eu quero enganar? Eu não consigo tirar da cabeça a
Princesa.
— Mássimo. É você mesmo?
— Quem mais seria, Lorenzo? — questiono, com o meu humor
azedo.
Ele suspira do outro lado da linha.
— Somente em situações atípicas você liga para as pessoas.
— Correto.
Enzo fica em silêncio por alguns instantes.
— Achei que estava viajando para acertar a expansão.
Uma risada triste escapa dos meus lábios.
— Estou sem cabeça para isso.
A verdade é que depois que assinei com o Sheik, evito mexer nesse
assunto. Tudo que me remete ao tempo que estava com a minha Princesa
me dói demais.
— Max, acho que seria uma boa conversarmos pessoalmente. Que
tal você vir aqui na empresa? A Bela Dona foi apresentar o antivírus dela
para um cliente em outra cidade e a minha Ágatha está trabalhando comigo.
— Estou a caminho. Devo chegar em vinte minutos.
Saio rápido do restaurante, indo para True Security. Chego em
poucos minutos e rapidamente estou na recepção de sua sala. A secretária,
que me conhece há tempos e atualmente está casada com o pseudorrival do
meu melhor amigo, me cumprimenta.
— É bom vê-lo, senhor Marino. Deseja água ou café?
Somente nego com a cabeça.
— Lorenzo está há muito tempo em reunião? — pergunto.
Então, encontro meu amigo falando em italiano com a bebê de um
ano e meio que está em seus braços.
— Minha Joia Preciosa — fala com a criança —, seu padrinho está
aqui. A pequena estica as mãos para mim, mas somente seguro seus dedos.
— Segure-a, Max.
Com muita dificuldade, pego a bebê com vestido cor-de-rosa em
meus braços, fazendo de tudo para não deixá-la cair.
— Gerencia vários restaurantes, mas possui temor em segurar uma
criança? Por essa não esperava.
— Enzo — eu o ameaço.
— Vamos para dentro — convida-me, abrindo a porta.
Toco nos cabelos pretos da menina, tomando cuidado para que não
bata a cabeça na porta, e me sento na cadeira à sua frente. Eu nunca tinha
reparado nessa menininha linda. Ela é muito frágil e me lembra demais
Giovanna. Fazer o quê? É a sobrinha dela e as três irmãs são parecidas.
— Eu já arrumei o cercadinho dela — fala meu amigo, pegando a
criança dos meus braços.
Ele a coloca ali, pegando alguns brinquedos para chamar a atenção
dela. Logo após, volta-se para mim.
— Ela não vai chorar?
— Acredito que não. Ela é muito tranquila — responde. — Se
acontecer, a Ana vai cuidar dela para mim. Não é, Joia Rara do papai? —
fala, olhando para a menina que tem os mesmos olhos verdes que os dele.
Quem diria que o maior sedutor de todos os tempos se tornaria um
grande pai de família?
— Max, me diga então por que resolveu ligar? Não me recordo da
última vez que isso aconteceu.
Dou um sorriso de lado.
— Eu lembro, foi a trabalho. Lembra daquela situação com o dono
do resort?
— Verdade — concorda. — Onde passei o primeiro Natal em
família preso numa nevasca.[10] No entanto, está estampado em sua face
que não é por esse motivo que resolveu me ligar. Ou estou errado?
Inclino-me para a frente antes de começar.
— Está certo, Enzo. Tem outra coisa — afirmo e passo as mãos nos
cabelos. — Eu não sei o que está acontecendo comigo.
— Você está doente? — pergunta, preocupado.
Solto uma risada triste.
— Talvez seja isso, e sua cunhada tem culpa — afirmo. — Porque
quando eu acordo, espero ouvir seus passos pela casa. Durante o dia,
qualquer coisa que acontece, meu primeiro desejo é que ela saiba. Pode ser
uma nova receita de algo que gosta, ver um vestido que é a cara dela. Até
mesmo uma rosa que vejo num jardim me lembra seu sorriso. — Suspiro,
percebendo que minha voz está mais rouca do que o habitual. — Enzo, até
para dormir está complicado, sinto falta do cheio da minha Princesa na
minha cama, e quando o dia começa, tudo se repete.
— Deus do céu! — exclama, colocando as mãos no rosto.
— Sabe que médico procuro? Talvez tenha a ver com algum
transtorno psiquiátrico que...
— Mássimo, você não... compreendeu sozinho?
Junto as sobrancelhas.
— Do que está falando? Eu sei que é tipo uma obsessão por
Giovanna, que...
— Não é isso que está vivenciando, meu amigo...
— Enzo, só sei que preciso esquecê-la — confesso. — Acredito que
ela está bem e feliz com o príncipe da biblioteca como sempre quis e... —
Minha garganta fecha e não consigo expor em palavras o tanto que dói
saber que ela não é minha.
Lorenzo bate na mesa.
— De onde tirou as afirmações de que ela está com outra pessoa?
Volto meus olhos para ele, mas percebo lágrimas nublarem minha
visão. Algo que jamais imaginei derramar por uma pessoa.
— Como assim, Enzo? A Princesa terminou tudo comigo e...
— Não sei muita coisa, porque essas três irmãs são muito próximas,
mas pelo que percebi, Giovanna viajou para longe de São Paulo.
Um riso triste escapa dos meus lábios.
— O casal deve estar comemorando...
— Tenho quase certeza de que ela foi sozinha.
Um fio de esperança cresce em meu peito.
Será?
— Eu vou naquela biblioteca amanhã. Preciso encontrar a minha
Princesa.
— Eu não acredito que estou vivendo para assistir o mais fechado e
complicado dos homens, Mássimo Marino, apaixonado por uma princesa
digna de uma comédia romântica televisiva.
Nego com a cabeça.
— Eu não estou apaixonado — discordo.
— Verdade — concorda Lorenzo, rindo da minha cara. — Está
completamente enamorado pela minha cunhada.
— Enzo... — tento discordar.
— Confesso que fiquei bem semelhante a você quando encontrei a
minha Bela Dona — confessa, sorrindo.
Não consigo acreditar em suas palavras, mas ele prossegue:
— Como nos conhecemos desde a infância e seu pai não foi o mais
amoroso de todos, consigo compreender por que não consegue perceber o
que de fato está sentindo. No entanto, reflita sobre o que digo. Se houvesse
a oportunidade de retomar o seu relacionamento com Giovanna, você a
deixaria ir por ser somente mais uma que conheceu ou a agarraria a ponto
de desejar se casar e constituir família com ela? Permitiria que ela fosse o
centro do seu mundo e não mais a sua carreira, sr. Marino?
Penso por uns instantes e nem preciso ponderar o que falar.
— Se todas as respostas tiverem a sua Princesa como principal, são
fortes indícios que ama aquela mulher e está pronto para abrir mão
completamente do mundo dos solteiros.
Mássimo

Meu coração está batendo mais forte que um tambor, mas preciso
saber se todas as minhas suspeitas eram infundadas. Estou a alguns metros
da entrada da biblioteca e fico somente observando os funcionários
entrando, mas nada dela.
Os minutos se passam e o infeliz do Tomaz entra sozinho. Fecho as
minhas mãos em punho, esperando Giovanna surgir um pouco depois e ir
ao seu encontro, no entanto, não é o que acontece. As horas se passam, mas
não a vejo. Ainda tem um mar de crianças entrando e saindo de lá, contudo,
ela não aparece.
Quando está perto da hora do almoço, tomo a iniciativa de buscar
mais informações sobre seu paradeiro. Porém, quando estou perto das
escadas da entrada, reflito sobre o fato de que se Giovanna não apareceu,
não preciso ir lá e...
— Não sei como teve a coragem de aparecer aqui depois do que fez
com ela.
Olho diretamente para a pessoa que menos gosto neste lugar,
tentando controlar meus sentimentos reprimidos. Eu não a vi com ele, mas
não quer dizer que eles não sejam um casal.
— Para começar, não tenho assuntos com você — afirmo. — Minha
noiva é... — suspiro — era Giovanna e...
— Por causa de alguma merda que fez ou falou, ela precisou se
afastar do que ama para conseguir te esquecer.
Imediatamente, fico sem saber o que dizer. Na verdade, minha
mente processa rapidamente o que esse infeliz falou. Ela está sofrendo? Por
minha causa? Mas como? O que posso ter feito contra a minha Princesa que
lhe causou dor?
— Onde ela está? — pergunto.
— Nem imagino e se soubesse, não te contaria — responde,
cruzando os braços. — Giovanna é uma mulher maravilhosa e não merecia
sofrer em suas mãos, mas você chegou na minha frente. — Ele olha para
longe. — Fiquei anos esperando que ela ao menos me olhasse e do nada,
um chef de cozinha famoso aparece no caminho, mudando todo o seu
destino.
— Agora você confessa que gostava dela, não é?
— Gostar? — questiona. — Eu sempre fui apaixonado por
Giovanna. A bela contadora de histórias que mais parece uma princesa, mas
infelizmente ela nunca me olhou de outra forma. — Ele cerra as mãos em
punho. — A minha vontade é de te arrebentar a cara só por ter feito ela
chorar. Você não a merece e jamais vai merecê-la...
— Eu sei disso, mas...
Então, suas palavras começam a fechar o quebra-cabeça. Giovanna
não está com esse infeliz. Na verdade, mais uma vez está muito chateada
comigo por algo que nem imagino. Só de saber que está sofrendo, meu
peito aperta e a minha vontade é de procurá-la.
— Eu preciso encontrar a minha Princesa — afirmo, indo embora
sem olhar para trás.
Entro no meu carro e a primeira coisa que faço é liga para Lorenzo
ativando a chamada pelo volante do carro.
— Ela não está com aquele infeliz — falo assim que atende.
— Max, do que está falando?
— A Princesa não está com aquele cara! — exclamo, sorrindo com
a esperança se renovando dentro de mim.
— Eu já tinha te dito...
— Eu sei, mas eu precisava ouvir a verdade daquele maledetto, que
por sinal jogou na minha cara que é apaixonado por ela.
— Entendi, mas agora, o que vai fazer? Nem adianta me perguntar
que não sei onde está a sua princesa.
Suspiro e tento pensar em como encontrá-la. Porém, ainda não
consigo compreender o motivo pelo qual resolveu terminar tudo. Outro
ponto. A gente nem se viu naquele dia. Eu senti falta dela e... tudo aquilo
aconteceu.
— Enzo, talvez a sua Bela Dona possa me ajudar...
— Vou chamá-la aqui.
Escuto barulhos do ambiente e encosto o carro, aguardando a
resposta.
— Mio Amore, Mássimo deseja conversar contigo para saber do
paradeiro de Giovanna. Poderia falar com ele?
— Ele tá na linha? — Escuto a voz dela ao longe.
— Sim.
Então a ligação é silenciada e fico aguardando. A pior coisa que
existe é ficar ansioso por respostas, principalmente para uma pessoa que
sempre teve total controle de tudo. Eu preciso falar com a minha Princesa.
Não sei que merda fiz, mas necessito que ela me diga.
Não tenho memória do que pode tê-la magoado tão fortemente. Eu
estava com raiva por... puro ciúme, mas me lembro de seus olhos castanhos
carregados de lágrimas, e saber que tive culpa me fere demais.
Puta, que merda!
Eu preciso vê-la. Alessandra e Diana precisam me dizer onde está a
minha Princesa. Ou terei que...
— Max — Enzo me chama do outro lado da linha.
— Diga — respondo com o coração na boca.
Ele demora uns instantes para falar.
— No fim do dia, você vai para a casa da Alessandra, a Bela Dona
irá te passar o endereço. Lá, as duas vão conversar contigo.
Suspiro, pesaroso, sabendo que terei que esperar. Então, somente
agradeço pela ajuda e vou para meu apartamento.
Só de abrir a porta, a saudade da minha Princesa aperta. As nossas
fotos ainda estão espalhadas pela casa. Mesmo no momento em que estava
com raiva por ela ter escolhido outro, não consegui destruir os porta-
retratos que comprou. Na verdade, por toda casa existe sua marca. Os
paninhos de renda branca nas prateleiras que mandei colocar, os livros de
romance que estão na estante, até as flores artificiais que colocou na mesa
de centro da sala deixam sua marca.
Assim também estou. Minha razão ainda não confirmou, mas meu
peito sabe que as palavras de Lorenzo são as certas. Eu estou
verdadeiramente completamente apaixonado pela minha Princesa. Ela
chegou devagar, movimentando a minha vida de um jeito que jamais
imaginei acontecer.
Paixão. Para mim, sempre foi somente carnal, mas pensando nos
questionamentos de Enzo, está mais do que certo de que não é só desejo que
sinto pela minha linda Giovanna.
Eu imaginei que iria passar a vida somente usando as mulheres por
sexo, mas nada me preparou para uma princesa dos tempos modernos, que
ama crianças, é romântica e sonha em encontrar um príncipe.
A minha principal questão é se poderei ser esse cara um dia. Porque,
de fato, nunca vivenciei um amor real. Deparei-me com alguns próximos se
casando no caminho, mas nunca prestei atenção se realmente existia
sentimento.
Pensando friamente, Fabrízio e Antonella foi mais um acordo de
negócios do que qualquer outra coisa. Lorenzo... Bem, ele engravidou a
Bela Dona dele e depois falou que estava apaixonado. No entanto, será que
o que estou sentindo é isso mesmo?
Não possuo essa resposta. Se for pelo exemplo que tenho em casa, a
situação é das piores, meus pais se separaram na minha infância e o senhor
Nero começou uma rotina de trocar de esposas como se não gostasse nem
um pouco da presença delas em sua vida. Por isso, depois do terceiro
casamento, não me fiz mais presente.
No entanto, não é assim que penso sobre o meu futuro com a minha
Princesa. Eu quero acordar abraçado ao seu corpo e ir dormir sentindo seu
cheiro. Ouvir suas histórias e realizar as cenas quentes de seus livros.
Arrancar seu sorriso com pequenas ou grandes surpresas. Tomá-la em meus
braços até o clímax do prazer e começar tudo outra vez. Porém, tudo isso
parece muito fantasioso para ser de verdade.
Distraio-me com a televisão após almoçar e percebo a chuva
batendo na janela. Começo a me aprontar e vou para a casa da irmã mais
nova da minha Princesa.
Quando paro do lado de fora, vejo uma cena que poderia estar nos
livros quentes de Giovanna. Kalel e Alessandra estão debaixo de chuva, em
beijos apaixonados, como se estivessem gravando um filme. Chego até
mesmo a procurar alguém com uma câmera do lado de fora, mas não vejo.
Os dois estão abraçados quase que devorando um ao outro. Depois, ele a
pega nos braços e leva para dentro. Nem precisa de câmera para saber o que
está acontecendo.
Dou mais meia hora do lado de fora e saio do carro. Dirijo-me à
porta deles. Quem atende é Kalel, me chamando para dentro.
— Fique sabendo que não concordo muito com essa história de
deixar a minha mulher contigo...
— É somente uma conversa — afirmo.
— Sim, mas se você não tivesse feito merda com a Gio, jamais
aconteceria.
Balanço a cabeça, tendo certeza de que está certo.
— A Ousada não me deixou te pressionar o bastante, mas me fala,
você gosta realmente da minha cunhada?
Antes que eu tenha a chance de responder, Alessandra aparece, nos
interrompendo. Eles se beijam e então me questiono o motivo do
relacionamento deles. Qual vantagem? Pelo que pesquisei, Kalel é órfão,
tem somente os filhos como parentes e a esposa, mas não é milionário ou
algo do tipo, com a sua carreira de boxeador. Do outro lado, tem
Alessandra, que é freelancer por opção, que também não tem recursos. Por
que então ficarem juntos?
— Quando Diana chegar, vamos conversar — Alessandra me
informa. — Kalel, você ofereceu alguma coisa para a visita?
— Não.
Ela revira os olhos e vai para dentro. Poucos instantes depois, ele
vai atrás dela. É tão estranho isso, eles têm anos de casados, mas continuam
se amando como adolescentes cheios de hormônios.
Depois de alguns minutos, tocam a campainha e Kalel vai atender
para receber Diana.
— Oi, Mássimo — ela me cumprimenta, sentando-se à mesa e me
chamando para fazê-lo também.
Alessandra aparece, um pouco mais despenteada do que antes. Ela
se despede do marido, que fala que vai dar uma volta para termos
privacidade. Concordo e assim que o boxeador sai, a caçula fala, deixando
uma mesa de frios.
— Eu sei que é sobre a Gio, então começa logo.
— Quero encontrá-la. Me digam o endereço que...
— Não tão rápido, Mássimo — Diana me interrompe. — Por que
quer tanto falar com a nossa irmã depois de magoá-la como fez?
Suspiro.
— Eu não sei do que estão falando. Não fiz nada contra Giovanna.
As duas se olham, torcendo a boca.
— Tem certeza? — Alessandra pergunta, cruzando os braços. —
Você não fez nadinha para entristecer a minha irmã?
Diana balança a cabeça para os lados, com certo ar sarcástico.
— Você está falando como se soubesse de algo que nem ao menos
imagino.
— Mas devia — afirma Diana.
— No entanto, não sei — esclareço.
Jogo a cabeça para trás.
— Vocês não podem me falar onde ela está e eu resolvo o assunto?
Simples assim?
— Claro que não! — exclama Alessandra. — Nunca vi minha irmã
da forma que estava, mas sei que num certo momento, ela vai te procurar...
— Quando?
— Isso é com ela.
— Mássimo, Giovanna está... — Diana olha para a irmã — numa
fase complicada.
No mesmo instante, sinto um calafrio.
— Ela está doente? Por isso resolveu sumir? — pergunto,
preocupado.
— Não! — exclamam as duas.
— Olha só, a gente vai fazer o seguinte — começa Diana —, vamos
passar o aviso de que você quer conversar. Se a Gio decidir que quer te ver,
vamos te passar o endereço. Está bem?
Mais frustrado do que bem, confirmo com a cabeça.
Mássimo

Será que alguém pode me dizer o motivo pelo qual é tão dolorido
não conseguir falar com ela? Desde ontem, estou esperando alguma
mensagem das irmãs, no entanto, nada de resposta. Até liguei para Lorenzo,
mas ele me jurou que não sabia de muita coisa.
Então, estou mais ansioso do que nunca, pensando no que poderia
ter feito ou dito que magoou minha Princesa. Quanto mais penso, menos
resposta encontro. Do outro lado, falando de sentimentos, me pego
recordando do relacionamento de Kalel e Alessandra. Foi o primeiro no
qual vi verdade e só de lembrar do carinho e amor com que aquele
brutamonte trata a esposa, fico ainda mais intrigado com tudo que aprendi
desde a minha infância.
Meu pai sempre tratou as mulheres como objetos que respiram e
falam, ou seja, sem utilidade real. Não tinha nada do que presenciei.
Atenção, afeto ou algo que pudesse dizer que existia sentimento. Por isso
que nunca mantinha um relacionamento firme com...
Espera um pouco, será que foi isso que aconteceu desde o seu
primeiro relacionamento? Se meu pai tratava Satine como as esposas
posteriores, está mais do que claro por que não deu certo. Isso não justifica
abandonar o filho, mas conhecendo meu pai, pode ter muito mais por
debaixo dessa história do que me falou a vida toda. No entanto, para ter
certeza, somente uma pessoa pode me responder sobre isso.
Pego o telefone, passando pelas chamadas não atendidas, e encontro
o número com código de área da França. Olho para a tela por alguns
instantes e decidido, resolvo fazer a chamada.
Depois de cinco toques, escuto a voz melodiosa do outro lado.
— Alô. Quem está falando? — ela responde em claro francês.
— Satine. Sou eu, Mássimo.
— Meu filho...
— Eu... — engulo em seco antes de continuar — eu estou refletindo
sobre algumas coisas e quero conversar com você. No momento, estou no
Brasil e tem um assunto que gostaria de tratar contigo.
— Sim, filho. Vamos conversar... — ela fala, animada. — Estou
saindo da Colômbia e indo para a Argentina, mas posso pedir para fazerem
uma escala por aí ou até mesmo remarcar o show, querido... — Suspira. —
Você é o mais importante, meu querido.
Suas palavras amorosas me tocam o peito. Sei que são anos de
separação, no entanto, como estou com todas as minhas emoções
bagunçadas, preciso urgentemente me encontrar.

— Nome, por favor? — pede o segurança.


— Mássimo. Eu sou convidado pessoal de Satine...
— Entendemos, senhor...
Não dou tempo para que fique tentando argumentar e envio uma
mensagem para ela, informando em que lugar me encontro. Menos de dois
minutos, estou subindo para a cobertura.
A porta do elevador se abre e dois seguranças me param
imediatamente, até que uma assistente pessoal chega para me receber.
— Ele já foi anunciado...
— Precisamos verificar se... — um deles retruca.
— Mássimo Marino não é um stalker. Satine o aguarda
ansiosamente.
Então, passo para dentro. A moça me olha com um sorriso
estampado nos lábios. Estranho sua atitude, mas prefiro não dizer nada
devido ao quanto estou tenso com esse encontro. Principalmente por ter
escolhido não me aproximar de Satine. No entanto...
— Pode entrar nesse quarto, ela te espera e ninguém vai incomodá-
los.
Agradeço, sentindo o meu coração bater forte no peito. Seguro a
respiração, pensando no quanto é contra a minha natureza estar neste lugar.
Todavia, preciso de respostas.
Então, viro a maçaneta e empurro a porta.
O ambiente é mais frio do que do lado de fora. A luz é mais
amarelada e a decoração, sofisticada. Um tapete claro e macio no chão
chama primeiro a minha atenção. Em segundo, vejo Satine sentada no sofá,
olhando fixamente para mim.
— Ad... Digo, Mássimo. Que bom te ver... Não é isso. — Ela pausa,
respirando fundo. — Estou muito feliz por ter pedido este encontro. — A
mulher se levanta e vem na minha direção, mas para a poucos centímetros
de mim.
Ela estica a mão, tentando me tocar, mas faltando muito pouco para
encostar, paralisa. Seus olhos batem nos meus e ficamos num impasse, sem
saber o que dizer. Então, resolvo passar dela e me sentar na poltrona que
fica próximo ao sofá.
— Satine, eu vim somente em busca de respostas. — Eu a vejo se
acomodando novamente no sofá. — Observei algumas coisas e... gostaria
que me falasse do passado. Da época em que estava casada com meu pai.
Imediatamente, ela aperta os lábios, desviando o olhar do meu.
Respira fundo, devagar, antes de se voltar para mim. Em seus olhos está
presente uma dor latente. Ela nem precisa se expor em palavras para que eu
saiba que é uma lembrança dolorosa. No entanto, necessito de respostas.
— Filho... — ela suspira — eu esperava que um dia você me
perguntasse isso, mas mesmo desejando, não sei como começar a te
explicar o que...
— Eu passei minha vida ouvindo as piores coisas sobre a mãe que
me abandonou para se tornar cantora e nunca mais olhou para trás —
declaro, mirando seus olhos.
— Não foi assim...
— Então, me diga a sua verdade.
Ela ri em seco.
— Não existe minha ou de seu pai. Somente a história que até os
empregados antigos daquela masmorra que Nero chama de casa conhecem
e podem te confirmar.
Satine se levanta, fecha os olhos e começa a falar:
— Tudo começou quando passei a trabalhar com a voz na minha
terra natal. Eu cantava quando criança e sua avó, Liya, sempre me
incentivou. Quando estava no fim da adolescência, comecei a viajar pela
Europa, fazendo pequenas apresentações. Foi assim que conheci o seu pai.
Ela vai contando a história de como meu pai conseguiu conquistar
sua atenção, os primeiros encontros e como foi o início do casamento deles.
— Era mágico. A gente se amava, mas tudo mudou quando descobri
que estava grávida de você. — Ela pausa. — Nero começou a tentar regular
as minhas idas para shows e então as brigas aconteciam. Ele queria que eu
fosse uma esposa caseira e abandonasse a minha vida para viver
exclusivamente na casa, mas eu jamais seria essa mulher.
Seus olhos cruzam com os meus.
— Uma das minhas maiores alegrias foi ter você. Era um menino
maravilhoso e bem tranquilo. Eu levava o meu bebê para os meus ensaios e
todos adoravam o meu filho sorridente. — Ela sorri para mim, mas seu
olhar cai para o chão. — Porém, os ciúmes do seu pai começaram a piorar a
níveis alarmantes. Chegou a ponto de brigar com os músicos e até alguns
homens da plateia.
Enquanto vai falando, realmente reconheço atitudes do meu pai, e
mesmo sem tanto conhecimento de relacionamentos, posso afirmar que o
casamento deles não tinha futuro.
— Tudo piorou quando você completou cinco anos. Eu estava... —
Ela para a fala, meio que ponderando, e depois se volta para mim. — Da
noite para o dia, seu pai desconfiou da sua paternidade e tive que me
sujeitar a ser considerada como uma mulher traidora diante de suas loucuras
sem sentido.
Isso foi péssimo. É muito pior do que imaginei.
— Fiz o exame, que era o pai do atual DNA, mas foi a partir daí que
todo o sentimento que tinha por ele começou a deixar de existir. De início,
eu ainda o amava. Brigávamos, mas ainda éramos um casal com um filho
lindo. Com essas desconfianças de ilusórias traições, nada resistiu. Foi
quando decidi pedir o divórcio e, em represália, Nero me colocou para fora
sem que eu pudesse me despedir de verdade de você.
No mesmo instante, minha mente retorna daquele dia traumático.
Meus pais brigando, minha mãe chorando e meu pai exigindo que ela se
despedisse de mim.
— Eu me recordo desse dia — afirmo, e ela se senta no braço da
poltrona onde estou. — Você e meu pai brigando, suas lágrimas e meu pai
exigindo que desaparecesse para sempre.
— Filho, você tinha somente cinco anos...
— Mas não me esqueci — digo, apertando os lábios. — Lembro de
estar em seu colo e molhar com meu choro seus cabelos vermelhos
enquanto meu pai falava a quantidade de tempo que tinha. Depois, ele te
segurou pelo braço e te levou para fora, mesmo eu pedindo para deixá-la
em paz e com a gente.
Uma lágrima desce por seu rosto.
— Eu nunca quis ficar longe de você, mas quando...
Balanço a cabeça, compreendendo-a.
— Agora eu entendo a verdade. Meu pai nunca soube amar e é por
isso que você não conseguiu nos manter como...
— O que eu mais queria era ter uma família com o seu pai, mas todo
o ciúme dele nos sufocou e ainda teve mais uma questão que não sabia
como te contar, até você me disser sobre suas lembranças.
— Como assim? — pergunto.
Ela levanta a cabeça, limpando a lágrima.
— Naquele dia... quando fui obrigada a me despedir de você — ela
suspira —, eu estava esperando um outro bebê.
— Você quer dizer que...
— Sim, meu filho — afirma. — Você tem uma irmã um pouco mais
nova, chamada Louise.
Puta merda!
— Mas como que... Meu pai sabia?
— Sim, ele sabia, mas também não acreditava que poderia ser o pai
dela por achar que eu tinha amantes. Aquele dia não começou com uma
briga, eu esperava que fosse o nosso recomeço, contei que estava grávida e
a situação mudou de figura. Ele me acusou de tentar dar um golpe e que
jamais iria assumir aquela criança. Eu fiquei tão chateada com tudo que já
acontecia e falei que queria o divórcio. Achei que se existisse algum
sentimento por mim, ele pensaria no que já fomos e voltaria atrás. — Duas
lágrimas descem em seu rosto. — No entanto, Nero ficou ainda mais
revoltado e me colocou para fora, me dando somente... alguns minutos para
me despedir de você. Disse que se eu voltasse a pisar na Itália atrás de você,
pediria a guarda da sua irmã por me considerar tudo aquilo que sabe. Então,
seriam duas crianças sofrendo. Ela, mais ainda, por...
— Meu pai odiar a presença de mulheres — completo.
— Sim. — Ela segura a sua mão. — Preciso que entenda que se eu
pudesse, tiraria você daquela casa no mesmo dia, mas não tinha a força do
dinheiro que a família de Nero possui.
Ela se levanta, pegando um lenço de papel.
— Quando estava com sete meses e sabia da minha garotinha, eu
pedi para um amigo tentar te buscar. Fiquei num hotel próximo à fronteira,
mas soube que seu pai tinha reforçado a segurança e essa pessoa só
conseguiu tirar uma fotografia sua, que guardei com todo meu amor.
Ela vai para sua mala, pega uma caixa de madeira e abre uma foto
um pouco amassada.
— Tanto que chorei olhando o meu garotinho...
Na imagem, eu estava olhando para a floresta, apoiado na janela. Eu
nunca tinha visto essa imagem, mas era eu e o desgaste do papel deixa claro
o quanto essa imagem era tocada.
— Filho, sei que não é o que está procurando, mas preciso que saiba
que eu nunca traí o seu pai. Demorei anos para confiar num homem
novamente e mesmo assim, ainda não me casei outra vez. Minha vida foi
resumida a sofrer pelos meus filhos e cuidar da minha carreira.
Pondero por alguns instantes o que falou.
— Agora eu entendo, Satine. Mas ainda me pergunto, você
realmente me amou ou ao meu pai? — questiono, mais em cunho de
pesquisa do que qualquer outra coisa.
Ela sorri.
— Ainda pergunta? Meu filho, eu sempre vou te amar. Amor de mãe
é incondicional. Você pode ter me renegado por ter me afastado sem saber
de toda verdade, mas o sentimento vai permanecer — argumenta. — Porém,
sobre o seu pai... — suspira — um dia eu o amei demais. Depois de tudo
que fez comigo, com a sua irmã e com você, não mais.
Foco a janela, pensando em tudo que me falou. São muitas
informações. Respostas que mudam todo o curso de tudo que pensei por
anos. Eu tinha uma mãe que me foi negada, uma irmã que desconhecia e...
— Mas, filho, por que resolveu mexer nesse assunto agora?
Realmente esperei que viesse, mas confesso que estou curiosa. — Então ela
sorri. — A sua noiva tem a ver com isso?
Fecho os olhos com pesar, sentindo falta da minha Princesa.
— Ai, não. Você não está mais com aquela menina linda?
— A gente teve uma briga séria e ela terminou comigo — confesso,
sentindo a garganta fechar. — Pelo que as irmãs dela me disseram, eu fiz
alguma merda.
— Você gosta dela?
Bufo, esticando as pernas antes de responder:
— Sim.
— Mas ela sabe? — pergunta. — Nas canções, sempre dizemos o
quanto é importante declarar os sentimentos. Se a sua noiva nunca ouviu,
talvez seja isso que a magoou.
Miro seus olhos.
— Nada pior do que amar e não ser correspondido, meu filho.
Giovanna

“Sinto a sua falta, mamãe.


Aqui em casa está muito quieto, faz dois anos que você não vem aqui e já tô com
sete anos. No meu aniversário, Papai nem lembrou, e foi assim no ano passado
também.
Queria um bolo grande como você fez quando me levou no show. Trazer meus
novos amigos também. Lorenzo, Antonella e Fabrízio. Eles são bem legais e
gostam do jardim secreto que descobri no labirinto.
Você ia gostar, mamãe. Aqui é bem bonito como a senhora.
Eu acho que papai não vai gostar de saber que te contei isso, mas eu o vi
chorando na sala de músicas.
Volta logo da viagem, mãe.
Acho que papai também está sentindo sua falta.
Com amor, Mássimo.”

Esta é a terceira carta que leio de Mássimo e todos elas me tocam o


coração. Com aquele infeliz do Nero pôde destruir uma família por puro ciúme?
Só de cogitar ficar longe do meu bebê, que ainda nem nasceu, me dilacera...
Imagino Satine, que teve que viver dessa forma.
Agora dá para ver por que o homem que amo é bem diferente desse
menino de sete anos que escreveu essas cartas para a mãe. Foi o pai dele. Por isso
me pergunto: Como um homem que nunca foi ensinado a amar poderia
demonstrar sentimentos?
Guardo a carta na minha bolsa e me levanto da cadeira localizada na praça
da pequena cidade em que estou. Vim para o interior do Rio de Janeiro, cheguei
desolada por tantos sentimentos que ainda me destroem por dentro. Todos os meus
sonhos caíram por terra e nem sei se um dia voltarei para São Paulo.
Aqui tem uma boa biblioteca, mas não estou interessada em trabalhar.
Como passei meses sem gastar nada do meu salário, ainda tenho algum conforto
por um tempo. Terei que trabalhar em breve, tenho um bebê a caminho e vou criá-
lo sozinha se for preciso.
Que ironia do destino! Há pouco tempo, Diana estava com a mesma ideia
por ter engravidado de um desconhecido e tinha os mesmos pensamentos, mas
quem vai viver realmente assim sou eu.
Caminho até a pensão onde estou morando e cumprimento a dona da casa
que me abrigou.
— Bom dia, Giovanna. Já tomou o seu café da manhã?
Nego com a cabeça.
— Vem aqui, você precisa se alimentar, esse bebê precisa de uma mãe
forte e saudável.
Caminho para dentro da sua casa e recebo pão, bolo e café. Sorrio,
agradecida, e me alimento. Conheci a dona Neuzette no dia seguinte ao que
cheguei aqui. A proprietária da pousada me indicou, mas antes de ser aceita, tive
que contar algumas coisas sobre mim. A principal foi sobre a minha gravidez e se
o pai era alguém ruim ou não — e se era casado ou algo do tipo. Depois de
esclarecer a situação com toda verdade em meu ser, comecei a ser alimentada e
cuidada por ela.
Não cheguei a falar a real identidade de Mássimo, mas falei que tínhamos
brigado sério e que sabia que não queria a mim, e muito menos um filho. Cruel, eu
sei, mas não deixa de ser a realidade.
Tenho passado meus dias passeando pela praia, lendo livros e cartas,
refletindo sobre minhas escolhas e planejando o meu futuro daqui por diante. Até
por ser uma cidade muito longe da capital, tem também alguns cowboys; um deles
até me convidou para dar um passeio em seu cavalo, mas recusei por dois motivos.
Primeiro, por não estar aberta para novos relacionamentos, e o segundo e mais
importante, pela segurança do meu bebê, que não tinha culpa alguma dos meus
erros.
— Hoje você está menos tristonha.
— Acho que estou começando a me recuperar — comento, tentando
esboçar um sorriso. — Foram duas semanas, mas ainda doí demais.
— Imagino, ser abandonada grávida...
Desço a xícara no pires antes de falar mais uma verdade.
— Ele não sabe da minha gravidez ainda. Em breve, vou mandar uma carta
ou uma mensagem.
— O pai precisa saber, não acha?
— Sim, ele vai saber, mas desde o princípio, quando achou que poderia
ter... acontecido, falou palavras tão duras que...
No mesmo instante, me recordo do dia no jardim secreto, onde, ao me
olhar com certa revolta, disse: “Você não pode ficar grávida, Giovanna. A gente
não tem futuro e você sabe disso.”.
— Não chore, meu amor — ela me pede.
Não consigo evitar. Os hormônios estão acabando comigo. Já sou emotiva,
mas agora...
— Eu vou evitar falar dessas coisas. Se preciso, vamos te ajudar a ganhar
um dinheiro para se sustentar e cuidaremos do seu filho. Ele ou ela vai ser uma
criança muito sortuda por ter uma mãe tão valente.
Agradeço, terminando o meu café da manhã. Então, volto para o meu
quarto e assim que abro a porta, escuto o som do vibrar do meu telefone e vejo ser
uma chamada de Diana.
— Graças a Deus, você atendeu! Estou te ligando desde ontem...
— Oi, Di. Eu estou com saudades.
— Tem internet nesse lugar? Vira para videochamada que a gente precisa
ver você.
— A gente?
— Alê tá entrando na chamada — informa, convertendo a ligação em
vídeo.
— Oi, irmãzinha princesa. Tá tudo bem contigo? — pergunta Alessandra.
— Você tá bem? — pergunto para ela. — Que humor tranquilo é esse?
Eu a vejo sorrindo e nem preciso pensar muito para saber o motivo, que
tem a ver demais com seu marido.
— Gio, a gente tem que te falar uma coisa — começa Di.
— Verdade — concorda Alessandra.
Olho para o rosto das duas e elas ficam paradas. Não dizem nada. Curiosa,
pergunto ouvindo a seguinte resposta:
— Irmã, o Mássimo veio nos procurar e quer conversar contigo... —
começa Di.
— Não tenho muito o que falar com ele...
— Tem, sim, dona Giovanna. Já esqueceu do...
— Verdade — concorda Diana, interrompendo-a e gesticulando algo que
não entendo.
— Você tem que pensar no bebê e...
— De que bebê vocês estão falando, amore?
Meu corpo congela quando escuto a voz de Lorenzo do outro lado da linha.
— Lorenzo, fora daqui! Estou conversando com as minhas irmãs...
— Bela Dona...
Não acredito nisso. O melhor amigo dele sabe.
— Quem de vocês está grávida? — ele pergunta.
A imagem no telefone dela está para o teto, mas dá para ouvir tudo.
— Lorenzo, você não pode falar uma vírgula do que ouviu ou vamos ter
um problema sério.
— Diana... Espere um pouco, é a Giovanna. Dios mio...
— Enzo...
— Mas...
Os dois vão brigando e eu e Alessandra escutamos. Agora, a situação
mudou de figura, principalmente por saber que Lorenzo não vai conseguir guardar
um segredo como esse de Mássimo.
— Alê.
Chamo a atenção da minha irmã, que ainda está ouvindo.
— Diga.
— Eu preciso respirar um pouco. Fala para o Mássimo que vou voltar para
conversarmos. Me dê três dias para acertar as coisas por aqui que vou pegar um
ônibus.
— Está bem. Mais tarde eu falo com Diana e nós duas vamos dar um jeito
de fazer Lorenzo ficar quieto por esse período. Está bem?
Concordo e depois saio da chamada, ainda escutando a briga dos dois.

Olho no telefone e faltam vinte minutos para o meu ônibus com destino a
São Paulo. Não queria ir embora, mas seria muito pior que Mássimo descobrisse a
verdade pelo meu cunhado. Diana me falou que Lorenzo está controlado, mas não
sabe por quanto tempo vai conseguir mantê-lo assim. Conforme o próprio falou,
prejudicaria a amizade deles guardar esse segredo, e isso foi o principal incentivo
para voltar pra casa.
Confesso que foi uma despedida muito complicada, mas deixei informado
que, no momento certo, retornaria. De presente, recebi umas roupinhas de bebê
lindas de tom amarelo e verde. Não sei por que, mas acho que estou esperando um
menininho, contudo, somente quando minha barriga crescer é que vou saber se
minha intuição está certa.
— Primeira chamada para São Paulo, capital. Plataforma 2.
Puxo minha mala, colocando-a no bagageiro, e subo para o meu lugar com
a minha bolsa de mão. Sento-me um pouco mais atrás para não ter dificuldade
para ir ao banheiro, já que minha bexiga está bem pequena ultimamente. Abro o
meu kindle para ler a continuação do livro do Adrian, que a autora lançou, e relaxo
até chegar em casa.

Depois de quase um dia de viagem, desembarco na rodoviária morta de


cansada devido às paradas. O que mais quero neste momento é uma cama. Assim
que saio do terminal, encontro com Alessandra, que me abraça forte.
— Está com uma cara de cansada.
— Sim. Eu preciso dormir, Alê.
— Gravidez também deixa a gente assim. Não se preocupe, tem um quarto
pronto para você. Falamos para o seu ex que somente amanhã vai poder conversar
com ele. Então, se recupere, pois temos tempo.
Eu a aperto em meus braços e saímos juntas no seu Celta vermelho,
apelidado de Chapolin Colorado.
Mássimo

Quatro dias. Esse foi o tempo que elas pediram para que Giovanna
viesse ao meu encontro. É hoje e já mandei que arrumassem a casa inteira
para que pudesse ver, como Satine me falou, os meus sentimentos.
Algo tem começado a mudar referente ao meu contato com a mulher
que me trouxe ao mundo. Escuto as mensagens dela diariamente e até
respondo de maneira menos agressiva. Foram anos pensando que ela era o
absoluto oposto do que é, e por isso jamais poderia ser hipócrita de falar
que já consegui passar por cima de tudo.
Estou começando aos poucos e saber que tenho uma irmã deixa as
coisas um pouco mais fácil. Entender que Satine o fez para protegê-la do
sádico que me criou, mesmo sendo dolorido para o meu “eu” criança, é
realmente algo bom. Estou curioso para conhecê-la, mas, em primeiro lugar,
tenho que resolver a situação com a minha Princesa.
Mandei fazer uma decoração romântica de um jeito que jamais
conseguiria fazer sozinho. A assistente pessoal de Satine me ajudou,
contratando algumas pessoas que deixaram tudo assim. Tem velas
espalhadas nas prateleiras e pétalas de rosas vermelhas no sofá, no quarto e
em boa parte do chão. Não sei se é demais, mas preciso que Giovanna
acredite em mim e me perdoe — do que seja lá o que fiz que a magoou
tanto.
Recebi uma mensagem, há dez minutos, de que estava saindo da
casa de sua irmã Alessandra, mas estou tão ansioso que até pensei em ir
para o térreo, a fim de esperá-la na recepção do prédio.
No entanto, a Princesa tem a chave daqui. Ela pode entrar e sair no
momento que quiser, por isso, melhor esperar que venha até a porta.
— Esqueci do vinho.
Levanto-me da cadeira e corro para a adega. Escolho duas taças de
cristal e levo para a sala, junto com os frios que separei. Nunca soube ser
um desses homens que apreciam grandes gestos, mas quero fazer de tudo
para a minha Princesa.
Quando estou voltando para a sala, escuto o barulho da porta se
abrindo e meu coração quase para quando a vejo entrando.
— Princesa.
Ela se vira para mim e a luz que sempre existia em seu olhar está
ofuscada. Giovanna repara na arrumação e dá um passo para trás, quase que
saindo do apartamento.
— Tem alguém aqui? — pergunta, receosa.
— Estamos só nós.
— Mas isso...? — questiona, juntando as sobrancelhas, e deixo tudo
que estava em minhas mãos no sofá, mantendo foco em seu rosto.
— Fiz para você, Princesa.
Eu a coloco para dentro, percebendo o estranhamento presente em
seus olhos.
— Mássimo, mas por que...? — Então, sua expressão muda para
chateação. — Ai, meu Deus! Ele te contou?
— Quem me contou? O quê? — questiono, confuso.
Ela começa a balançar a cabeça para os lados, em negativa.
— Giovanna, me diga, o que está acontecendo...
— Eu pedi para guardar segredo.
Sua ação de somente piscar faz com que duas lágrimas desçam por
seu rosto.
— Só não quero que você me odeie — argumenta, me deixando
preocupado e ainda mais confuso.
— Por que eu faria isso?
Minha mente tenta processar o que poderia fazer com que a odiasse,
e só de cogitar, as piores ideias me surgem. Melhor parar com isso e ser
direto.
— Eu não sei de nada, mas espero que seja lá o que tenha feito, não
se refira ao fato de ter encontrado outro homem ou que esteja doente com
algo grave. Eu não suportaria uma vida sem você, Princesa. Te quero
comigo, fiz tudo isso e farei mais para provar que falo a verdade.
Seus olhos cruzam com os meus e mais lágrimas descem por seu
rosto. Trago-a para meus braços, mas ela parece uma estátua.
— Por favor, não minta para mim — ela pede.
Suas palavras estão tão sofridas que meu peito se aperta.
— Princesa, eu não estou mentindo.
— Está, sim. Eu sei a verdade. — Afasto-me, mirando seus olhos
vermelhos. — Eu ouvi o que falou de mim para o seu pai neste
apartamento.
De imediato, não entendo o que meu pai tem a ver com...
Então, a memória me assalta. Merda!
— Princesa, tenho certeza de que não é o que está pensando —
argumento.
Ela aperta os lábios e morde a boca antes de falar:
— Você falou que não sente nada por mim e que fui somente um
meio para um fim.
Fecho os olhos, arrependido.
— Princesa...
— Não ouse falar que é mentira. — Aponta para o meu rosto. —
Ninguém me contou. Eu estava aqui e escutei você dizendo essas palavras,
Mássimo. — Ela limpa o rosto. — Eu me apaixonei por você, mas nunca
foi real. Era tudo somente a ilusão de uma boba romântica.
— Não diga isso, Princesa. — Tento tocá-la, mas ela se afasta. —
Mas é um fato que tudo que falei para o Nero era, sim, uma mentira —
afirmo. — Meu pai tinha vindo da Itália somente para me trazer à razão
para agir como ele. Falei aquilo para que parasse de nos importunar.
Ela limpa o rosto.
— Por que não me falou disso antes de resolver terminar, Giovanna?
Toco seu rosto, fazendo de tudo para que não desvie de mim.
— Mássimo, a gente vivia uma fachada que estava com dias
contados. Meus sentimentos... que deveriam ser somente falsos, se tornaram
real e...
— Eu amo você, Princesa.
Ela para de falar, somente me encarando, e então deixo meus
sentimentos falarem mais alto.
— Demorei para entender, mas estou completamente apaixonado
por você, Giovanna. Eu não sabia o que sentia, mas é em você que penso
durante o dia todo. Do meu despertar e até na hora em que vou dormir.
Sinto falta do seu cheiro, do seu sorriso, até de suas reclamações sobre o
meu comportamento. Eu sei que não sou o mais romântico de todos, mas
quero ser o príncipe que sempre quis. Desejo estar ao seu lado em todos os
momentos. Nos bons e maus. Te apoiar nos seus sonhos e ajudar a realizá-
los e...
— Por favor, pare! — ela me pede e não sei o que fazer. — É
melhor eu ir embora daqui.
Ela chora mais forte e não sei o que fazer, principalmente quando a
vejo se encaminhar para a porta. Num ato desesperado, seguro seu braço.
— Giovanna...
— Mássimo, não dá.
— Como assim não dá? — indago, mais confuso do que antes. —
Me fala o que eu tenho que fazer para que possamos ficar juntos.
— Você não entende.
— Claro que não entendo. Porque, para mim, a conta é simples.
Principalmente porque eu te amo e você já falou que sente o mesmo. Onde
está o problema que realmente não compreendo?
— Eu tô grávida — fala de uma única vez. — Estou esperando um
filho seu e você também falou para mim que jamais poderia acontecer.
Meu agarro diminui e ela se solta de mim, parando encostada na
porta do apartamento.
Eu poderia pensar em muitas coisas, mas jamais que...
— Giovanna...
— Aconteceu naquela viagem para a Grécia — começa. — Eu
atrasei o meu anticoncepcional por três dias e no dia em que fui na minha
médica, descobri. Vim na manhã seguinte para te contar e ouvi você falando
aquelas coisas horríveis sobre mim. — Ela suspira. — Você é bastante
intransigente quando as coisas não acontecem do seu jeito, mas eu vou
assumir essa criança e...
— De onde você tirou que eu não quero um filho com você? —
pergunto.
— Você falou!
Suspiro, relembrando minhas palavras naquela discussão que
tivemos no jardim secreto. Coço o rosto e começo a falar:
— A verdade é que jamais imaginei que poderia sentir algo tão forte
— confesso, deixando minhas emoções fluírem. — Pensei que nunca me
apaixonaria e que tudo se resumiria a sexo... Em meio aos meus
sentimentos confusos, eu só pensava no seu futuro, sem cogitar um lugar
para mim no seu mundo...
— Eu já gostava de você, seu doido insensível — responde, batendo
no meu peito com as mãos em punho. — Eu já estava me apaixonando pelo
seu jeito mais frio e difícil, mas que me olhava como se eu fosse a única e
me chamava de Princesa.
— Mas você é. Tudo isso e muito mais. — Passo as mãos em seus
longos cabelos negros. — Eu morri aos poucos sem te ter por perto, minha
amada Princesa. Eu quero você, meu amor. — Toco em seu rosto. — Não
aprendi a falar essas coisas, mas vou fazer um intensivo só para que saiba
que é a primeira e única mulher pela qual me apaixonei.
Ela ri e duas lágrimas descem por seu rosto.
— Como senti falta do seu sorriso. — Toco em sua cintura. — Do
seu gosto doce, esses vestidos rodados que me tiram o juízo... — Beijo seu
pescoço. — Do seu cheiro que me remete lar... Eu te amo, Princesa. Quero
ser o seu príncipe, o pai dos seus filhos — toco em sua barriga plana — e
seu amante ardente em todos os dias de nossa vida. Você aceita?
Miro seus olhos e novas lágrimas se formam.
— Eu fiz merda?
— Não, meu amor — responde, rindo. — Estou chorando de
alegria. Você não é o príncipe que eu pedi, mas o que a vida me trouxe.
Porém... Só estou na dúvida. Isso tudo é um pedido de casamento?
Junto as sobrancelhas.
— Ainda não, mas de namoro/noivado — afirmo. — Te quero
comigo, Princesa. Somente diga que sim.
Ela sorri.
— Sim. Muito sim, meu amor.
Aliviado, tomo seus lábios num beijo apaixonado, que soma
saudade e desejo. Eu a levanto em meus braços, bagunçando seus cabelos
enquanto permitimo-nos amar.
Eu a seguro pelas pernas e levo para a cama, que está coberta de
pétalas de rosas. Lanço seus sapatos longe e tiro minhas roupas, indo nu ao
seu encontro. Ela senta de costas para que eu tire o seu vestido. Jogo seus
cabelos para o lado e deposito beijos de sua nunca até seu pescoço.
Enquanto isso, desnudo seu corpo.
Quando ela se vira para mim, não consigo deixar de dizer:
— Seus seios estão...
— Sim — concorda. — Estão bem maiores que...
— Estão lindos como você, meu amor — afirmo, beijando seu colo
e acariciando com cuidado enquanto a deito na cama. Tomo cada seio em
meus lábios, ouvindo seus gemidos que mais me excitam.
Tiro seu vestido, encontrando sua calcinha. Beijo seu ventre e puxo
o tecido por suas pernas, deixando-a nua para mim.
— Como senti falta disso aqui — afirmo.
— Só isso? — pergunta, em tom de brincadeira.
— Não, mas de chupar a sua boceta, foi uma das que mais senti.
Ela joga a cabeça para trás e abro suas pernas, expondo o seu sexo
molhado para mim. Exalo seu cheiro e beijo lentamente sua entrada.
Giovanna se joga para trás e tomo o cuidado de segurá-la na cama. Começo
a chupar seu clitóris e mergulho um dedo dentro dela. Percebo o quanto está
molhada e meto o segundo, fodendo-a. A minha Princesinha toca minha
cabeça, pedindo mais, e faço até sentir que está quase chegando no seu
clímax.
— Max — reclama.
— A gente vai gozar junto, amor.
Posiciono meu pau em sua entrada e penetro de uma única vez.
Meto fundo e ela me abraça, pedindo mais. Estamos no ritmo de uma transa
apaixonada, com os olhos colados enquanto nos amamos, a caminho de um
prazer totalmente indescritível.
Como eu amo essa mulher. Não me canso de falar isso. Giovanna
me enlouquece e me vicia. Jamais irei desejar outra que não seja a minha
Princesa.
— Eu estou quase...
— Goza comigo, minha linda.
Estoco fundo, esporrando dentro dela enquanto seu canal se aperta
contra meu pau. Espero até que se recupere enquanto a cubro de beijos.
Então saio dela, trazendo-a para o meu peito. Não quero que fique longe ou
que sequer se afaste.
Giovanna

Foi a melhor reconciliação da história. Estamos novamente juntos


e... ele me ama. Não canso de repetir para mim mesma que sou
correspondida e amada pelo meu Príncipe Desencantado.
Porém, eu acho que ele foi muito repentino em aceitar que teremos
um filho daqui a alguns meses. Eu preciso de mais respostas. Então, depois
de meia hora após fazemos amor pela primeira vez, tento tirar um pouco
das minhas dúvidas.
— Max, você realmente entendeu que vai ser papai?
Sinto seus braços sobre mim ficarem tensos e ele então respira
fundo, deixando-me completamente apreensiva. Por Deus, espero que
Mássimo não me faça escolher entre ele e o nosso filho.
— Eu entendi, sim, mas... — ele torce o lábio antes de continuar —
me sinto preocupado em... não ser bom para o nosso filho.
— Como assim? — pergunto, me sentando na cama.
Ele dá uma risada sem alegria.
— Você sabe que minhas referências paternas não são as melhores...
— Sim, mas teremos ajuda. Sobre o Nero, o que diz é um fato, ele
só não chega a ganhar prêmio de pior pai da Terra por faltar algumas
maldades na sua lista, e sobre a sua mãe...
— Eu tenho que te falar uma coisa sobre a minha mãe — ele suspira
— e também um grande segredo que descobri nesses últimos dias.
Inclino-me na cama, olhando para ele.
— Eu fiz o que tanto você queria, amor. Fui conversar com a minha
mãe — declara — Descobri que meu pai mentiu muito e ainda por cima
que... eu tenho uma irmã.
Coloco a mão no rosto, totalmente chocada.
— Verdade?
— Sim, ela me contou que minha irmã é quase seis anos mais nova
do que eu e se chama Louise. Eu ainda não a conheço, mas Satine vai
marcar um encontro.
Meu sorriso se expande.
— Fico muito feliz por você ter mais alguém na sua família. Quem
sabe ela seja mais como sua mãe e queira juntar todos?
Ele suspira e, em seguida, me abraça.
— Tem mais coisas que vou precisar te contar, mas agora estou
interessado em foder novamente com a minha noiva/namorada gostosa.
Caio na gargalhada com a sua fala pervertida.
— Você é um verdadeiro Príncipe Desencantado. O meu Príncipe
Fera.
Max pensa por alguns instantes.
— Gostei disso — fala sorrindo
Depois, gira na cama e me coloca abaixo dele. Antes que prossiga,
eu o paro, tocando em seu rosto.
— Meu amor, você vai ser um pai maravilhoso. Eu tenho certeza
disso.
Ele sorri de forma plena e meu coração quase explode de alegria.
— Eu já falei que te amo hoje, Princesa?
— Sim, mas eu não me canso de ouvir, meu Príncipe Fera.
Max beija meu corpo falando “Te amo” várias vezes, me fazendo
transbordar de felicidade e depois, voltamos a fazer amor.

— Princesa, seu telefone está tocando. — Max me acorda e nem


percebi que o tempo passou e já está de noite.
Saio da cama, pegando o aparelho, e vejo ser uma videochamada de
Alessandra. Estou sem condição nenhuma de atender essa chamada, toda
descabelada e bagunçada desse jeito.
Faço a chamada de voz e o que escuto é uma bronca daquela.
— Por que você desapareceu, Giovanna? Cadê a sua
responsabilidade em pelo menos avisar que chegou na casa do seu ex? Está
pior que a Mia, que só apronta. — Escuto no fundo da chamada um grito
reclamado de “Mãe”. — Fica quieta, ou não vai para o cinema no sábado
com aquele contatinho que seu pai não sabe.
— Oi, Alê. Desculpa não ter atendido, mas... — Sorrio antes de
continuar. — Eu e Mássimo nos entendemos...
— Então, vocês estavam transando e a gente, preocupado. Puta que
merda, Giovanna! — Eu a escuto respirar fundo. — Resolve seus assuntos
aí, vou falar com a Diana. Espera um pouco, falou com ele sobre tudo? Até
do bebê?
— Sim, falei tudo e ele ainda está no processo de deixar a ficha cair
sobre o assunto de ser papai — comento, vendo-o deitado na cama, sem
roupa. — Estamos bem, Alê. Obrigada por nos ajudar.
— De nada. Vou falar com a Di. Tenho certeza de que vai tirar a
coleira do Lorenzo.
Rio, entendendo completamente o que a minha outra irmã vai
liberar.
— Te amo, maninha romântica.
— Te amo, maninha doidinha.
Então, encerramos a chamada. Volto para a cama, mas desta vez,
quem sai é Mássimo, falando que tem algo para resolver do trabalho. Fico
rolando no colchão por alguns minutos e acabo adormecendo.
Quando acordo, com o estômago roncando de fome, visto um robe e
corro para a cozinha. Como seu escritório fica do lado, dá para escutar seus
gritos com algum funcionário que não fez algo que queria.
Faço uma omelete para mim e quando estou parada no fogão,
virando a frigideira, escuto a porta se abrir.
— Tem que ficar pronto para daqui a dois dias! Se acontecer um
atraso, vocês sofrerão as consequências.
— Nossa. Está tudo bem, meu amor? — pergunto. Ele deixa o
aparelho na bancada e vem ao meu encontro, me roubando um beijo.
— Sim, minha amada Princesa. Só um... projeto meu que ficou
atrasado. Infelizmente, alguns tipos de pessoas só trabalham sob pressão.
Ele abre a geladeira.
— Deixei uma comida para nós. Camarão com molho de...
— Amor, grávidas não podem comer camarão ou frutos do mar.
Também, nada de cafeína ou derivados.
Ele joga a cabeça para trás.
— Eu não estou acertando uma...
— Mas vai. Eu sei disso. — Sorrio, o incentivando.
— Princesa... — Ele me cerca.
— Você descobriu sobre o bebê ontem, não é tão rápido que vai
saber de tudo. — Coloco sua mão em minha barriga. — Ele ainda é
pequenininho, mas já o amo tanto. É o fruto do nosso amor.
Ele enruga a sobrancelha.
— Você fala tanto ele...
— Eu sinto que é um menino tão bonito quanto o pai.
Ele então se abaixa, tocando minha barriga, e fala:
— Oi, garotão. Eu nem imaginava que você estava vindo e por isso
te peço perdão pelos erros que já fiz e que vou cometer nesse caminho. A
sua mãe é uma princesa muito linda. Quando você crescer, ela vai te contar
histórias como faz para muitas crianças. Eu... não sei ainda, mas vou me
esforçar em ser o melhor pai de todos para você, meu filho.
As lágrimas brotam nos meus olhos e sinto seu beijo em meu ventre.
Depois, Mássimo me beija e não quero mais sair de seus braços.
— Por que está chorando, Princesa? — indaga, preocupado.
— São os hormônios da gravidez. Vou ficar chorona mais do que já
sou.
— E eu vou estar aqui para cuidar de você. Melhor dizendo, dos
meus dois amores.

— Princesa, vou ter que ir para o restaurante. Deu um problema por


lá, mas assim que resolver, volto para você.
Concordo, me espreguiçando na cama. Mássimo deixa um beijo em
meus lábios e vai embora, todo engravatado, no estilo social gostoso. Até
quero ir lá para dar um beijo de verdade no meu namorado/noivo, mas
minha bexiga minúscula me leva para outra direção.
Tem duas semanas que nos entendemos e estamos organizando a
nossa rotina com o bebê a caminho. Meus pais já sabem que voltei e meu
namorado foi falar com eles que eu ficaria definitivamente aqui. Eles
entenderam, mas Mássimo deixou para ir comigo para contar sobre o nosso
bebê, e hoje iremos fazer isso.
Sinto-me tão feliz que decidi voltar a trabalhar. Recebi muitas
mensagens de mães que me conhecem pedindo o meu retorno, e estou
interrompendo a minha licença para voltar a trabalhar na outra semana.
Mássimo ainda está se acostumando com a ideia, mas já afirmei que não
abro mão disso. Vou trabalhar até o fim da gravidez e depois terei cinco
meses para me focar exclusivamente no nosso bebê.
Estou tão feliz que já consigo ver o meu pequeno em meus braços e
Mássimo junto a mim. Não estamos casados ainda, mas esse foi o romance
de contos de fadas com o qual o destino me presenteou. Um Príncipe Fera,
uma gravidez não planejada e muitos problemas do passado. No entanto,
jamais trocaria o meu Desencantado por um outro sem sal que não me irrita,
que não é todo complicado, e muito menos um que não sabe me fazer feliz
no quarto e fora dele.
Para conseguir isso tudo, tem que ser o meu Mássimo.
Mássimo

— Sim, realmente está resolvido, mas ainda tem o meu outro projeto
que está em andamento — respondo para a pessoa.
— Está tudo nos conformes, Mássimo.
— Assim espero. Quero pronto com todas as especificações que
pedi.
— Antes do fim do prazo, estará pronto.
Afirmo, desligando a chamada.
Toc Toc
Estranho, principalmente por não saber de alguém que estaria vindo.
Mesmo assim, peço que entre.
— Oi, filho.
Satine entra na minha sala e a primeira coisa que faço é me levantar
para abraçá-la. Nessas últimas semanas, estamos nos aproximando bastante
e ela me apoiou demais nesse recomeço que estou tendo com Giovanna.
Elas se encontraram somente uma vez, mas todos os dias trocam
mensagens.
— O que Satine Roux está fazendo em São Paulo de novo?
— Ela veio em curtíssima temporada visitar o filho e a futura nora.
— Gostaria de um almoço conosco?
— Jamais recusaria.
Rimos e conversamos por alguns momentos. Ela sabe do neto que
está a caminho e está mais animada do que nunca. Hoje entendo o quanto
foi difícil resistir a tudo e ainda subir num palco encantando pessoas, no
entanto, ainda não consigo chamá-la de mãe como fiz na minha infância.
Na hora do almoço, Giovanna veio nos encontrar e deixei as duas na
mesa e fui para a cozinha fazer um frango ao molho de cogumelos para nós.
Fiquei assistindo às duas conversando, mas quase me corto quando
Giovanna entrega umas cartas antigas para Satine que sei bem de quem são.
— Patrão, vai queimar...
— Cazzo! — exclamo, tentando dar minha atenção para a cozinha,
no entanto, estou bastante curioso com a reação de Satine.
Eu joguei todos aqueles papéis, mas Giovanna resolveu ficar com
eles. São delas, mas falam de mim de um jeito que...
— Cazzo!
Olho para Satine, que cobre o rosto com a mão e se levanta para ir
embora. Giovanna chama a minha atenção e peço para o chef continuar meu
prato. Vou ao encontro dela na entrada do restaurante.
— Satine, venha aqui — eu a chamo para o corredor.
— Seu pai nunca me entregou nenhuma delas. Eu sabia que tinha
sofrido, mas jamais poderia imaginar que foi dessa forma, filho. — Ela
chora. — Me perdoe por não ter lutado mais por você.
Eu a abraço com força.
— Você não teve culpa. Foi o meu pai que... afastou a gente. —
Foco seus olhos e deixo que as palavras fluam de mim. — Eu te perdoo,
minha mãe.
Ela chora mais ainda, porém, é possível ver um sorriso em seu rosto.
— Filho...
— Eu estou aqui, Dona Satine — falo, pegando um lenço de uma
das mesas.
— Eu esperei por tanto tempo te ouvir me chamando assim de novo,
filho. — Ela soluça, bastante emocionada. — Eu amo ainda mais o homem
que você se tornou. — Ela limpa o rosto, evitando retirar a maquiagem. —
Fico muito feliz por estar conseguindo conquistar sua felicidade. Giovanna
é tudo aquilo que desejei para você.
— Ela é muito mais do que poderia imaginar — confesso. — Mas
eu também tenho você e a minha irmã, que ainda não tive a chance de
conhecer...
— Você vai. Louise ainda está resolvendo algumas questões, mas
está se preparando para te conhecer e também tem a questão de que vou ser
avó de um bebê dela também.
— Puta merda! Nem sei como reagir a isso — afirmo. — Eu vou ser
tio e pai. Vai ter dois netos, dona Satine.
— Sim, por isso vai demorar um pouco para que esse encontro
aconteça.
— Ela é casada?
— Senhor Marino, desculpe interromper, mas o prato está pronto.
O chef da minha cozinha nos chama.
— Vamos almoçar. Depois falamos mais de Louise — comenta ela,
enlaçando seu braço no meu.
Nos alimentamos e não me recordo de um momento no qual estive
tão feliz. Ter minha mãe e a minha Princesa do meu lado é uma felicidade
que jamais poderia cogitar vivenciar.
Pena que após o nosso encontro, Satine precisou voltar para a sua
turnê, mas pelo menos Giovanna passou a tarde comigo. Depois do fim da
tarde, fomos para a casa dos pais dela. No entanto, durante o trajeto,
percebo que está muito silenciosa para o meu gosto.
— Amor, o que foi? — Viro, olhando para ela. — Alguém te
desrespeitou na cozinha ou algo assim?
— Não, mas... — Eu a escuto suspirar. — Mássimo, você demitiu
uma aprendiz de cozinheira somente porque errou no molho de uma massa?
Cacete!
— Foi numa época complicada... — começo.
— Aconteceu quando estávamos separados e todos falaram que
você foi um poço de grosseria.
— Giovanna...
— Isso está errado e se eu fosse você, readmitiria a moça e ainda
dava um bônus como pedido de desculpas.
— Mas ela serviu um prato terrível — argumento. — Você sabe
bem que não tem espaço na minha cozinha para incompetência...
— E para aprendizado? — questiona. — Você não tem somente um
restaurante, por que não implanta uma cozinha-escola ou somente treinos
para estudantes de gastronomia?
Olho rapidamente para ela, que continua com sua ideia.
— Transforme essa moça em exemplo. Uma estudante na cozinha
de Mássimo Marino, seria perfeito. Pode selecionar vagas anuais e escolher
alguns mais promissores para estudar e trabalhar na sua cozinha. Claro que
receberão pagamento, mas será menos do que os funcionários. Terão
certificados e todos os futuros chefs irão adorar contratar um ex-aluno seu.
O que acha, meu amor?
Paro na frente da casa dos pais dela e solto o meu cinto.
— Eu adorei, mas tenho uma pergunta.
— Fala.
— Já falei que te amo hoje? — pergunto.
— Sim, mas quero ouvir mais — responde abrindo um lindo sorriso.
— Te amo. Te amo. Te amo, minha Princesa. — Tomo seus lábios.
— Tive a sorte grande quando meu amigo resolveu casar com sua irmã e
me chamou para padrinho.
— Fui eu quem tive quando fui obrigada a trabalhar com o chef de
cozinha famoso mais complicado e grosseiro deste planeta. — Beijo seus
lábios. — Te amo, meu príncipe desencantado.
— Princesa, se continuarmos assim, eu vou te comer neste carro, na
frente da casa dos seus pais e...
Ela abre a porta na hora, fugindo dos meus braços.
— Amor, a gente continua em casa.
Seguimos para dentro da casa de seus pais de mãos dadas. Seu
Afonso fica nos olhando com firmeza.
— O que vocês vieram fazer aqui no meio da semana? — meu pai
pergunta.
— A gente quer conversar contigo e com a mamãe — Giovanna
avisa.
Entramos e nos sentamos à mesa da cozinha.
— Você é o genro que pedi para Deus.
— Vitória! — o pai dela chama a atenção. — Se os dois vieram
juntos para falar alguma coisa, não é coisa boa.
— Está bem, mas não é mentira o que falei — confessa minha
futura sogra, mandando uma piscada cúmplice. — Então diga, por que
vieram?
Giovanna me olha, ponderando.
— Bem, é que...
— A filha de vocês está grávida e a criança é minha — falo de uma
única vez.
— Mássimo! — reclama Giovanna.
— O que foi, amor? — questiono.
— Não era para você dizer assim — explica.
— Mas a gente não veio para falar...
— Como vamos resolver essa situação, sr. chef de cozinha famoso?
— seu Afonso me questiona. — Minha filha é de família e...
— Não precisa se preocupar, senhor. Giovanna está comigo e vou
assumir todas as responsabilidades perante ela e o nosso filho...
— Mais uma filha grávida antes do casamento — murmura dona
Vitória, não tão amistosa quanto antes. — Giovanna...
— Mãe, está tudo bem...
— Começou com Alessandra, que esperou as crianças nascerem
para casar, então veio Diana, que casou praticamente ganhando... Por fim,
veio você, que... nem sei o que vai acontecer.
— Dona Vitória — falo para ela —, eu amo a sua filha e quero
constituir família com ela. Não precisa ficar preocupada, tudo será
resolvido.
Ela confirma sem verdade. Em seguida, nos serve um pedaço de
bolo e seu Afonso vai para fora. Giovanna vai ao encontro dele, me
deixando sozinho com a minha futura sogra. Tomo um café caseiro,
esperando que retorne, e escuto a voz embargada da minha futura sogra me
chamando a atenção:
— Giovanna é a minha última menina e também está indo embora.
— Ela suspira. — Eu sei que filhos são para o mundo, mas não posso deixar
de ficar triste e também feliz por ela estar seguindo o seu caminho com um
rapaz que a ama.
Ela se vira para mim.
— Eu me lembro quando ela era somente uma bonequinha em meus
braços — comenta, nostálgica. — Giovanna nunca deu trabalho. Sempre foi
amorosa e tranquila. — A senhora senta e segura minha mão. — Você está
levando a minha preciosa princesa, mas preciso que me prometa que irá
fazê-la feliz.
— Prometo que farei de tudo para que ela tenha uma vida
maravilhosa ao meu lado, Dona Vitória.
— Sei que numa hora vão se casar, pois existe em ambos o mesmo
amor nos olhos que encontro quando estou com o meu Afonso. Então, com
meu coração apertado de saudade, eu dou a bênção a vocês. Que sejam
felizes e tenham bastante filhos, porque a minha Giovanna adora crianças...
— Vamos pensar nisso, Dona Vitória — respondo, apertando seus
dedos juntos aos meus. — Eu vou fazer o meu excelente para que Giovanna
seja a mais feliz das mulheres. Pode ter certeza disso.
Pouco depois, me levanto e caminho em direção ao lado de fora.
Encontro a minha Princesa abraçada ao pai e acabo a ouvindo dizer:
— Pai, o que mais queria, eu consegui. Pode acreditar em mim.
— Eu sei que está certa, minha menina.
Coço a garganta, chamando a atenção deles, e depois nos
despedimos de seus pais. Assim, seguimos para nosso apartamento.
Giovanna

Hoje é o dia em que vou voltar ao trabalho e Mássimo parece que


está se esforçando em me atrapalhar.
— Esse seu vestido está uma delícia. — Ele coloca a mão na minha
cintura, falando baixo no meu ouvindo e me impedindo de ter paz no meu
preparo da minha única dose de café do dia. — A minha vontade é de
levantar sua saia, tirar sua calcinha e te foder gostoso...
— Max, você vai me atrasar — reclamo, me virando para ele e o
vendo ainda de cueca com uma ereção daquelas.
Eu sei que ele só se levantou da cama para vir atrás de mim. Está me
atentando o juízo e esses meus hormônios estão acabando com o que sobra.
— Uma foda rapidinha vai deixar o nosso dia maravilhoso, meu
amor. — Ele morde a ponta da minha orelha e sua mão vai por baixo da
minha saia.
Eu não queria ceder, mas confesso que está difícil.
— Você já está molhada — fala ele, passando o dedo em cima da
minha calcinha. Ele a puxa para o lado, tocando no meu centro e me
excitando mais.
Eu o beijo e ele me levanta, sentando na bancada e se colocando
entre as minhas pernas. Max me puxa para frente pelo quadril, tirando
minha calcinha do caminho, baixando sua cueca e entrando em mim em
estocadas fundas e fortes. Ele me aperta, mantendo um ritmo acelerado.
Não trocamos de posição, temos pouco tempo e devido à intensidade,
chegamos rápido ao clímax.
— Eu te amo, minha Princesa gostosa.
— Também te amo, meu Príncipe Fera.
Ele sai de mim e sinto seu sêmen sair do meu corpo. Corro para o
banheiro a fim de me limpar e troco a calcinha. Então, corro para fora de
casa, desejando ao meu noivo um bom-dia.
Quinze minutos de atraso e não posso dizer que esse tempo foi
pouco aproveitado. Vi no espelho do carro de aplicativo que estava um
pouco bagunçada e fiz o meu melhor para ficar apresentável. Hoje, vou
matar a saudade das minhas crianças, e tem que ser um dia maravilhoso.
Entro no prédio e cumprimento os meus colegas de trabalho. Logo
em seguida, vou para a minha sala com um livro infantil nos braços e me
acomodo na minha cadeira diante de vários rostinhos curiosos.
— Vamos começar uma nova história?

Está perto da hora do almoço e já ganhei vários presentes. Alguns


mais espertos me deram coisas de bebê, e eu amei demais.
— Gio, que bom que voltou.
— Tomaz, eu não tinha te visto mais cedo...
— Sim. Eu acabei me atrasando, mas está tudo bem. Se recuperou
daquele cara?
Mordo o lábio, pensando no que dizer.
— Na verdade, nos acertamos e...
— Princesa. — Vejo Mássimo na porta e ele se aproxima, segurando
na minha cintura, mas não diz nada. Eu sei o quanto sente ciúme dele, e é
por isso que resolvo contar mais coisas para o meu amigo.
— Tomaz, eu e Mássimo vamos ter um bebê.
— Um pequeno Marino chegando daqui a alguns meses —
Mássimo afirma, dando uma alfinetada no concorrente imaginário dele.
Percebo que um brilho some de seus olhos e somente neste
momento percebo que Max pode estar certo em achar que Tomaz realmente
sente algo por mim. No entanto, jamais poderia corresponder. Nunca o vi
diferente de um grande amigo. Todavia, nada nesta vida é impossível. Eu
vou arranjar uma amada para ele. Já consegui antes e tenho certeza de que
irei encontrar a moça ideal.
— Parabéns aos dois — fala, mas não vejo verdade em suas
palavras —, estou... indo almoçar.
— Até mais tarde — digo, me despedindo, e me viro para o meu
amor.
— Não entendi essa sua animação de ver esse cara...
Fico na ponta dos pés e beijo seus lábios.
— Quem é o homem que eu amo? Quem é aquele que estava
comigo hoje de manhã e acordou do meu lado?
— Acho que sou eu.
— Acha? — indago.
— Posso perder esse posto para o nosso filho, meu amor.
Rio, concordando.
— Mas ele ainda não nasceu e você não tem motivos para ter
ciúmes do Tomaz. Meu coração é seu, amor.
— Te amo, minha Princesa — nos beijamos ao sair —, e eu tenho
uma surpresa para você.
Lanço meus olhos para ele e faço como as crianças com quem
trabalho.
— É de comer?
— Espero que não.
— É muito longe daqui?
— Não, e pode parar com as perguntas que já chegamos.
Olho para a porta de madeira vermelha e não entendo nada.
— Aqui está a chave.
Ele coloca na minha mão e bastante curiosa, viro a chave, abrindo-a
imediatamente.
— Meu Deus! — exclamo, colocando a mão em minha boca,
completamente chocada. — Max, de onde veio isso tudo que eu não...
— É sua biblioteca, meu amor. Essa biblioteca e o prédio ao lado.
Eu mandei fazerem a reforma para te dar de presente.
— Mas como? O nosso acordo é de somente ajudar na reforma...
— Eu decidi comprar, Princesa. Agora, vá lá conhecer, minha linda.
Caminho para a maior biblioteca que já vi e são tantas prateleiras
que fico extasiada. São mais de quatro andares de livros. Corredores amplos
e no maior deles, vejo o meu nome escrito no topo.
Caminho quase que correndo e encontro um ambiente solar com
paredes em tons verdes e muitas poltronas, puffs e cadeiras dos mais
diferentes tipos. A principal é uma poltrona grande de cor clara, com uma
mesinha ao lado com um livro.
Olho para trás e vejo Mássimo somente me observando com um
sorriso contido nos lábios. Volto para o livro e vejo que é um dos meus
favoritos, “A Bela e a Fera”.
— Você fez uma escolha perfeita, amor — comento.
— Abre na última página — ele me pede, chegando mais perto, e
encontro um anel preso em um adesivo que diz:
“Para a minha Princesa Bela, do seu apaixonado Príncipe
Fera.”
Meus olhos ficam marejados e só sei sorrir, emocionada.
— Giovanna. — Volto meus olhos para ele. — Eu sei que
começamos do jeito mais errado de todos. Um brigando com o outro por
causa de um casamento que não era o nosso. Fomos nos aproximando e
calhou de você ser a princesa que um Sheik de Dubai queria ao meu lado. A
gente foi se aproximando e quando percebi, eu já te amava. Não quero que
você saia da minha vida jamais e é por isso que faço e farei de tudo para
que seja a mulher mais feliz de todas.
Estou rindo e me beliscando por não acreditar que isso realmente
esteja acontecendo.
— Meu maior desejo é ser o príncipe dos seus sonhos. O que vai te
amar, cuidar de você, ter filhos contigo e também te irritar algumas vezes.
— Uma risada me escapa. — Mas iremos nos entender e tudo vai se repetir,
porque isso é vida real e não conto de fadas.
— Sim...
Ele se ajoelha na minha frente.
— Giovanna Soares, de todo o meu coração, digo para o mundo que
quero você como a minha eterna Princesa, e então te pergunto: quer se casar
comigo?
— Sim.
— Você disse sim?
— Sim, meu amor — ajoelho-me e nos beijamos apaixonadamente
—, eu quero ser sua esposa, Mássimo.
— Você não imagina o quanto estou feliz e... — ele aponta para
cima — todos os seus colegas da biblioteca.
Olho para cima e vejo que alguns dos meus amigos estão
comemorando o meu lindo e mágico pedido de casamento.
— Eu amo você, minha Bela Princesa.
— Te amo demais, meu Príncipe Fera.
Mássimo

Ela disse sim. Agora é só marcar a data do casamento e pronto.


— Eu ainda não acredito que me deu uma biblioteca...
— Você merece. — Aponto para a placa. — E terá o nome “Era uma
vez”. Embaixo vou deixar a frase: “Os sonhos podem ser reais”. Mandei o
construtor abrir uma porta para a pública e a escritura estará em suas mãos
em breve.
Eu não me canso de sorrir ao ver a minha Princesa feliz. Seu horário
de almoço está quase no fim e umas três vezes, Giovanna fugiu de mim
para ver uns livros que a deixou curiosa. Não falei nada, somente deixei que
fosse e depois voltasse para meus braços.
Quando chegou a hora de retornar, com muita dificuldade a deixei
por ali, porque também tinha outros assuntos para resolver. Prometi que a
buscaria no fim do dia e resolvi meus problemas correndo para que
chegasse antes dela sair, no início da noite.
Fui na biblioteca “Era uma vez”, que deixamos fechada até acertar
quem e como seria o funcionamento dela, e voltei para a recepção no intuito
de esperar pela minha Princesa.
Um mar de crianças veio na frente e depois surgiu ela com aquele
sorriso lindo em seus lábios. Roubo um beijo de seus lábios e ouço os
gritinhos das crianças. Viro-me para eles e vejo alguns comemorando e
outros menores fazendo carinha de nojo. Somente rio e saímos os dois, a
caminho do nosso apartamento.
Assim que a porta se fecha, ela vai para o banheiro e a acompanho.
— Max, o que foi? Não diga que é ciúme...
— Não, amor — respondo, a esperando. — Somente uma coisa que
tenho pressa e espero que concorde comigo.
Ela sai do banheiro enrolada na toalha e caminha até o closet.
— Sobre a biblioteca? Você falou que contrataria uma empresa para
fazer o recrutamento...
— Não é sobre isso, Princesa.
Ela veste um short e uma camisa que evidencia seus seios, que
parecem crescer diariamente, e se volta para mim.
— Diga, meu amor. Não é bom deixar uma grávida curiosa.
Giovanna vai no meu closet e pega minhas roupas, colocando-as no
banheiro.
— Está bem. Meu amor, o que acha de a gente marcar para casar
mês que vem? Antes da sua barriga aparecer?
Ela se assusta com a minha pergunta.
— Tem certeza?
Balanço a cabeça.
— Eu quero estar casado contigo quando o nosso bebê nascer e sei
que é seu sonho se casar de branco como uma linda princesa. O que acha?
—pergunto, apoiando na porta.
— Mas não acha que é pouco tempo? Tem muita coisa para
organizar...
— A gente fez em menos, lembra?
Ela sorri em concordância.
— E ainda temos uma vantagem, meu amor. Te conhecendo, tenho
certeza de que já imaginou o seu casamento dos sonhos, não é verdade? —
Ela confirma com a cabeça sorrindo mais ainda. — Então, vamos
transformar sonho em realidade: mês que vem você será a nova senhora
Marino. A minha esposa.
Seus braços param no meu pescoço.
— Vamos nos casar, amor.

— Tem certeza que quer fazer isso? — Giovanna me pergunta, no


aeroporto.
— Sim, meu amor. Preciso resolver esse assunto e mostrar que, para
mim, a nada mais será como antes.
Estamos no aeroporto e faltam poucos minutos para que eu
embarque para Roma.
— Só não peço que venha comigo por causa do nosso filho. — Toco
em sua barriga. — Não sei o que ele poderia fazer para tentar me impedir
de me casar, e é por isso que acho melhor que fique aqui no Brasil.
Ela concorda, me abraçando.
— Vou morrer de saudades, meu amor — fala.
— Também, mas já te falei que vou demorar uns três dias, no
máximo, Princesa.
Beijo seu rosto.
— Nem sei como vou conseguir dormir sem seu cheiro, Princesa.
— E eu sem seu calor. Nós vamos sentir saudades — declara, com
lágrimas nos olhos.
Beijo seus lábios.
— Eu também, mas se mantenha ocupada, pois temos um
casamento para finalizar.
— Disso eu dou conta. Só não queria que viajasse para falar com
aquele homem — confessa, com desgosto.
— Você sabe que é preciso. Prometo te avisar quando chegar lá.
Está bem?
Então, as turbinas do avião são ligadas.
— Está chegando a hora, melhor ir...
— Max, me beija de um jeito que eu pense só em você pelos
próximos três dias.
Nem me demoro para prender a minha Princesa em meus braços,
tomar seus lábios e mergulhar minha língua em sua boca. Provo seu sabor,
me perdendo em tantos sentimentos que nos une de um jeito perfeito e
único. Nem quero terminar, mas sou chamado para entrar.
— Eu te amo demais, Princesa.
— Também te amo, meu Príncipe Fera.
Então, nos afastamos e vou para o avião, mandando beijos para ela
antes de entrar rumo a uma das conversas mais tensas da minha vida.
Quando chegamos em Roma, pago um dos manobristas de um dos
meus restaurantes para me levar até lá. Já é noite quando chego e vejo duas
moças jovens na entrada, segurando perucas vermelhas.
Eu sabia do costume de mulheres jovens virem aqui, mas graças aos
céus, da última vez, Giovanna não teve o desprazer de ver essa cena.
— Sr. Marino — a governanta fala comigo em italiano. — Nós
não...
— Sei que não sabia — eu a interrompo. — Eu vim falar com meu
pai. Peça que ele pause sua orgia e venha me receber.
Passam mais duas mulheres com perucas vermelhas e somente
então, consigo compreender essa fantasia. Satine. O velho Nero nunca
esqueceu a primeira esposa e usa outras mulheres como se elas fossem a
minha mãe.
Que doentio!
No entanto, não estou interessado em ficar ouvindo gemidos e
gritos. Muito menos assistir essas sósias jovens que não chegam aos pés da
verdadeira Satine Roux. Então, entro no escritório e me sento na cadeira,
esperando que venha.
Quase vinte minutos depois, ele aparece de cabelo molhado e roupas
amassadas.
— Você deveria ter me avisado que viria, Mássimo — fala ao entrar
e bate forte a porta.
— Não fez o mesmo quando chegou no meu apartamento? —
retruco com ironia.
— Era uma situação importante — argumenta, indo para a sua
cadeira.
Suspiro.
— A minha também é.
— Então, diga de uma vez. Não sou de rodeios e...
— Quer continuar trepando com mulheres jovens usando perucas
ruivas deixando uma prova para qualquer um de que nunca esqueceu a
minha mãe? É isso?
— Olhe como fala com o seu pai...
Reviro os olhos.
— Eu me encontrei com ela — afirmo — e também descobri toda a
verdade, Nero. Motivo pelo qual destruiu tudo que tocou e ainda por cima,
renegou a minha irmã.
— Satine mentiu! — exclama, revoltado.
— Claro que não e você sabe disso! — retruco no mesmo tom. —
Você teve a coragem de destruir o que poderia ser a nossa família por um
ciúme insano. Colocou a sua mulher grávida para fora, me deixou crescer
sem minha mãe e ainda criou uma fantasia totalmente irreal de uma mulher
sedutora que nunca esqueceu.
— Mássimo!
— Você me negou o direito de ter a minha mãe comigo a vida toda.
Sabia da minha irmã e escolheu me criar longe delas por puro preconceito.
— Aquela criança não é mi...
— Pare de mentir. Você sabe que ela é sua. Só não quer aceitar ter
uma filha mulher por ser tão sexista.
— Você confia demais nelas. Elas mentem...
— Minha mãe me contou que você pediu um teste de paternidade e
confesso que é uma pena saber que sou realmente seu filho. Não sou
semelhante a você em nada e me orgulho demais disso.
— O que quer dizer?
— Eu consigo acreditar mais nelas do que no pai que me criou, que
fez de tudo para destruir a imagem de uma mãe em minha mente, mas você
não conseguiu. — Pego na minha pasta um papel. — Aqui está um dos
motivos pelo qual vim te ver. Eu vou me casar com uma mulher que amo.
Seus olhos estão arregalados.
— Mássimo, não faça uma merda dessas...
— Merda? — pergunto, confuso. — Casar com aquela que me
ajudou a ver toda a minha vida de um jeito diferente, que claramente você
considera errado?
Ele tenta me interromper, mas falo mais alto:
— Sabe aquela que você insultou debaixo deste teto? Ela vai ser a
mãe do seu neto, que já está a caminho. Outra coisa: não precisa se
preocupar com a grande herança dos Marino. Eu abro mão de tudo.
Giovanna não vai encostar em nada que te pertence e jamais irá precisar.
Tenho riqueza suficiente para manter a minha família por gerações.
Pego minha mala, vou para a porta e paro.
— Se quiser que um herdeiro assuma seu império, reveja seus
conceitos e procure se retratar com sua filha que não quis. Seria um bom
começo. Quem sabe ainda exista compaixão nela para te perdoar de toda
maldade que fez? — Abro a porta. — De mim, isso você não tem. Até
nunca mais, Nero Marino.
Então, mais leve do que jamais imaginei, saio de sua casa e do mar
de ruivas de peruca. Assim, voltarei para a capital para rever meus
negócios. No meio do caminho, recebo uma chamada da minha Princesa.
— Amor, já chegou na casa do seu pai?
— Sim, Princesa. Está tudo resolvido. Não tenho mais vínculo com
esse passado terrível.

Quem diria que fazer um casamento em trinta dias seria a maior


loucura de todas? No entanto, foi pior do que eu poderia imaginar.
Giovanna entrou no modo noivazilla e deixou a família inteira irritada com
tantas coisas. Seu caderno dos sonhos era muito maior do que imaginei e
gastei uma pequena fortuna para que tudo acontecesse do jeito que ela
queria. Amanhã será o grande dia.
Ela decidiu passar a sua última noite de solteira na casa de seus pais,
então hoje eu vou dormir sozinho. Amanhã, vou passar o dia brigando com
pessoas por telefone para que cumpram tudo no prazo, mas, no fim, vou me
casar com a mulher da minha vida.
Então, hoje, a noite se resumirá a rolar na cama, esperar as horas
passarem e...
Toc toc
Abro a porta e encontro ninguém menos que Lorenzo e Fabrízio
com uma sacola com garrafas e algumas embalagens de comida de viagem.
— Chegou a sua despedida de solteiro, meu amigo! — Fabrízio me
cumprimenta, entrando em casa.
Bufo, irritado, não gostando muito dessa ideia.
— Fiquem sabendo que não quero prostitutas ou casa de stripper —
aviso. — Estou contando os minutos para chegar no meu casamento...
— Sabemos disso — afirma Lorenzo, colocando as coisas na mesa
de centro. — Confesso que não seria positivo para a minha saúde se eu
adentrasse um lugar desses. Por muito menos a minha Bela Dona mandaria
me castrar.
Rio do comentário.
Então, do nada, Fabrízio para, me encarando.
— Dessa novidade eu não sabia. — Ele puxa o braço do irmão. —
Enzo, desde quando Mássimo descobriu que consegue sorrir?
— Não sei, mas sempre me assusta vê-lo dessa forma.
— E eu achando que ele se casar já era surpresa suficiente.
Balanço a cabeça, pegando alguns copos na cozinha.
— Tenho mais novidades, mas primeiro preciso saber qual era o
plano de vocês para esta noite.
Os irmãos se olham.
— Ver um jogo na tv — comenta Enzo.
— Pode ser um filme de ação também — continua Fabrízio.
— E o mais importante: conversar pra caralho e relaxar para o dia
de amanhã — finaliza Enzo.
— Nada de infartar na hora do sim... — Brízio me avisa.
— Isso não vai acontecer — afirmo, dando o controle da tv para
Enzo.
— A prepotência não muda nunca. — Brízio ri.
— Não dá para ele se transformar em outra pessoa.
Balanço a cabeça e vou para a cozinha. Pego pratos, copos e gelo
para esses dois.
— Mássimo, o todo poderoso Nero vai vir no casamento? — Brízio
pergunta.
— Não, mas minha mãe vai entrar comigo — respondo, deixando os
dois completamente chocados. — Talvez minha irmã também apareça.
Tento tomar a primeira cerveja, mas Fabrízio não deixa.
— Como você solta uma bomba dessas como se não fosse nada e
fica mudo? Sua mãe, a Satine Roux? Aquela francesa ruiva linda?
— Ei! Olha como você fala dela — reclamo.
— Sim. E que história é essa de irmã? Seu pai engravidou uma das
meninas jovens que ele leva para aquele castelo?
Inclino-me para a frente.
— Não, mas... eu vou explicar para vocês. Apenas saibam que estou
vivendo um bom momento com minha mãe e exijo o máximo de respeito.
Eles concordam e então, começo a falar para eles sobre toda a
conversa que tive com Satine e o motivo pelo qual aconteceu. A parte que
precisei de mais detalhes foi quando fui para a Itália conversar com meu
pai. Depois, entramos em outros assuntos e a noite prosseguiu
tranquilamente, até que ficamos bêbados demais e dormimos espalhados
pela casa.
Giovanna

Tinha que ser aqui. A minha última noite de solteira. No meu quarto
de infância com minhas irmãs. Amanhã, todos os serviços contratados vão
vir aqui. Terei banho de noiva para mim e minhas irmãs/madrinhas, mas a
minha arrumação vai ser aqui. Está tudo pronto e Mássimo fez tudo como
sempre sonhei.
— Será que a princesinha vai conseguir dormir? — Diana me
pergunta.
As minhas irmãs estão comigo bem do jeito que era antes de
Alessandra encontrar Kalel, Diana topar com Lorenzo, e agora eu descobrir
Mássimo.
— Só sei sorrir e chorar de alegria. É amanhã e estou com saudades
do meu noivo, mas também sei que só devo vê-lo no fim do dia.
As duas se olham de suas camas.
— Irmãzinha, já deu tudo certo. Aquele homem te ama demais. Eu
vi quando foi lá em casa pedir para te encontrar de novo — afirma Alê.
— Verdade, Gio. Mássimo mudou da água para o vinho quando se
apaixonou por você. Enzo vive dizendo que nem o reconhece como o amigo
de infância que era fechado demais.
— Vocês vão ser felizes, pode acreditar.
Corro e abraço Alê, e Di se junta a mim, tornando este um abraço
coletivo.
— Não podemos apertar demais a nossa princesa gravidinha —
lembra Diana.
— Sim. Aquela que nunca tinha sentado e gostou tanto do assunto
que engravidou rapidinho.
— Alê! — eu e Di reclamamos do comentário.
No entanto, em seguida, nós três rimos. Pegamos os colchões e
forramos o chão para dormirmos juntas, como fazíamos quando éramos
crianças. Foi uma noite maravilhosa.
— Eu amo demais ter vocês como minhas irmãs. — Viro-me e olho
para as duas. — Mesmo Alessandra sendo louca sem filtro e Diana sendo a
mais tranquila e ponderada. Vocês são minhas melhores amigas e não sei
como seria minha vida se não nascesse nessa família.
— Assim eu vou chorar — Diana comenta. — Eu perdi o último
Natal com vocês[11] e...
— A gente sabe que ficou presa em uma nevasca — Alê comenta.
— No entanto, passamos o Ano Novo juntas. Esqueceu?
— Verdade, Di. Ninguém ficou chateado — comento, me
recordando. — Queríamos que voltasse em segurança. Você, Lorenzo e a
Ágatha. — Seguro a mão das duas. — Vocês são especiais demais. São as
minhas fadas-madrinhas. Eu agradeço a Deus todos os dias por ter irmãs tão
maravilhosas e lindas.
Nos abraçamos, rimos e choramos ao relembrar o passado. Então,
dormimos agarradinhas.
— Tem certeza de que está tudo certo? — pergunto pela terceira vez
para minha mãe.
— Sim, eu tenho. O carro já está aqui na frente e... — Logo,
percebo lágrimas em seu rosto. — Minha princesinha está se casando.
Eu choro junto.
— Mãe...
— Vou ficar sem filhas na minha casa...
— Oh, mãe...
Ela se afasta para ajeitar o meu corpete, que não ficou tão apertado,
mesmo com minha gravidez. Um estilista chamado Gil Costa desenhou o
meu vestido do jeito que tinha imaginado desde a minha adolescência.
Possui renda, alguns pontos de brilho, cauda, véu mais curto, decote
coração com alça canoa em transparência e uma saia ampla e bem
volumosa.
Nos cabelos, pedi o estilo meio preso e meio solto. Na parte de
cima, está mais preso, mas atrás, o comprimento está presente em uma bela
cascata de cachos. Tem uma tiara linda que prende o véu, que já está no
lugar.
— Você está a noiva princesa mais linda da história, filha.
— Vitória. — A voz do meu pai atrapalha o nosso momento.
— Eu vou ver seu pai, mas desejo que seja muito feliz.
Eu a abraço e depois que se vai, me viro para o espelho e tento não
chorar ao ver o início dos meus sonhos se realizando.
— Lembra quando te falei que um dia você iria conhecer o seu
príncipe e ser a última a fechar a porta deste quarto, Gio?
Olho para a entrada e encontro Diana num belo vestido azul, nas
cores que escolhi para o meu casamento.
— Chegou o meu dia, Di — falo, com a voz embargada.
— Sim, chegou, Gio.
Ela entra e me abraça com cuidado para não me sujar de maquiagem
ou amassar o meu vestido.
— Eu estava procurando pelo mundo e por causa do seu casamento,
o encontrei mais perto do que poderia imaginar.
— Precisou de algumas lapidações, não é?
Rimos.
— Muitas, não acha? Mas eu sei que estou fazendo a coisa certa. Eu
amo Mássimo Marino com todos seus defeitos, e ele é o príncipe que a vida
me deu.
— E eu sei que ele te ama demais também. Você e essa pessoazinha
que ainda não chegou no mundo.
Sorrio, acariciando minha barriga.
— Está pronta para fechar a porta, Princesa Giovanna? — ela me
pergunta.
— Sim. — Limpo as lágrimas com cuidado. — Chegou a minha vez
de viver o meu “felizes para sempre”.
Diana me ajuda com o vestido e lentamente fecho a porta do meu
quarto, sabendo que, a partir de hoje, essa casa não é mais o meu lar, mas
sim ao lado do meu futuro marido.
Mássimo

Olho para meu traje e tenho certeza de que escolhi certo em mandar
fazer algo no estilo do casamento. Foi um pouco complicado convencer o
estilista, mas ele o fez e ainda o chamou de obra-prima da moda masculina.
Ficou do jeito que eu queria. Sóbrio e nem um pouco fantasioso. Escolhi na
cor preto, com alguns detalhes em branco.
Estou acabando de me aprontar quando Lorenzo entra com a sua
filha no meu quarto.
— Ágatha, olha o seu padrinho. Hoje ele vai se casar com a princesa
dele. A sua tia Giovanna — ele fala com a menina.
— Imaginei que sua filha ficaria com a mãe.
— A Bela Dona resolveu ajudar sua noiva. Falando no assunto —
ele pega algo no bolso —, as alianças estão aqui e esteja pronto, porque
recebi a mensagem de que estão saindo da casa dos pais...
Toc Toc.
Ele abre a porta e a mãe do noivo, a mais linda de todas, aparece
num belo vestido de gala vermelho-fogo.
— Boa noite, senhora Satine — ele a cumprimenta.
— Você deve ser Lorenzo, não é? — ela pergunta. — Meu filho, se
não estiver falando da noiva ou do meu neto, comenta demais sobre a
amizade que possuem.
Ele manda uma piscada para mim.
— Aprecio que diga, principalmente porque foi por causa do meu
casamento que ele encontrou a Princesa dele.
— Verdade?
— Sim, ele quase tirou a minha vida por decidir me casar rápido e
ainda ser obrigado a interagir com a minha cunhada princesinha, lembra?
Sorrio, confirmando ser tudo verdade.
— Eu fico feliz em saber que esses dois se acertaram,
principalmente porque Mássimo necessitava de uma grande mudança de
vida e uma família de verdade. Agora, vou descer com a minha Joia Rara.
Encontro ambos no altar. — Ele abre a porta. — Felicidade, meu amigo.
Assim que a porta se fecha, Satine me abraça rapidamente e começa
me ajeitar.
— Você está tão lindo. O noivo mais maravilhoso de todos.
— Obrigado, mãe. Está pronta para entrar comigo?
Ela sorri, exultante.
— Eu poderia caminhar cantando de felicidade ao seu lado somente
por estar participando do seu casamento, filho.
Meu peito se anima e aperto forte a sua mão.
— Vamos entrar juntos, mãe. Você só não vai ser a mais linda da
noite porque a minha noiva será.
— Verdade. Tenho certeza de que Giovanna irá arrebatar olhares.
Toc Toc.
— Cinco minutos para a entrada do noivo! — alguém da
organização grita.
— Está chegando a hora.
Neste momento, começo realmente a ficar nervoso. Desço para o
salão de festas que locamos. Tem espaço para mais de 1000 pessoas e
chegamos bem perto desse número de convidados.
Juntamos o meu ciclo de famosos, pessoas da mídia e grandes
empresários com o dela, composto de casais e crianças, bem como alguns
funcionários da biblioteca que lhes são próximos. Confesso que para mim
tem muita gente, mas é assim que a minha princesa deseja.
— Prontos? — perguntam e após confirmarmos, eles abrem as
cortinas.
Paramos no corredor para as fotos e começamos a caminhar. Está
muito cheio e muitos falam sobre a cantora famosa que está do meu lado.
Quando meu olhar avança para onde está localizado o altar, reconheço duas
pessoas que imaginei que não poderiam comparecer. O Sheik Mohammed
Al Sabah e sua neta Malika, que acabaram sendo os pivôs da nossa união.
Eu o cumprimento com a cabeça e minha mãe se acomoda no lugar
dos pais dos noivos. Dona Vitória, que escolheu entrar com um dos amigos
de Giovanna, já está ali, e as duas conversam com tranquilidade.
— Já está nervoso o suficiente para casar? — Fabrízio me pergunta.
— Se ela demorar mais de cinco minutos...
Então, a cortina se abre e meu coração erra a batida quando vejo a
minha Princesa. Está tocando uma música melosa que não conheço e eu só
quero observar a minha noiva. Não ouço mais nada e só tenho olhos pra
Giovanna, que está mais linda que qualquer princesa desta terra.
Seu Afonso para próximo do altar e me aproximo deles.
— Cuida da minha menina — pede, me abraçando.
— Prometo ao senhor que o farei com excelência.
Ela segura a minha mão, sorrindo para mim. Subimos o altar
praticamente num mundo particular que está sendo assistido por
praticamente mil pessoas. Por fim, o padre que minha mãe convidou inicia
nossa cerimônia. Não escuto muita coisa, somente quando tenho que fazer
os juramentos e os votos.
— Giovanna Soares, promete amar e respeitar, na saúde e na
doença, na riqueza e na pobreza, até que a morte os separe? — pergunta o
padre.
— Sim.
— Mássimo Adrian Roux Marino...
— Como é que é? — Giovanna questiona, interrompendo a
cerimônia.
— Está tudo bem, amor? — pergunto ao pé do seu ouvido.
Ela somente sorri e confirma:
— Desculpe, padre. Mássimo Adrian Roux Marino — ela se vira
para mim com um sorriso nervoso —, é a sua hora dos juramentos.
Não entendi muita coisa, mas depois vou descobrir.
— A noiva tem alguma objeção? — pergunta o padre.
— Não! — exclama. — Continua.
Estranho, mas deve ser algo bem engraçado, porque minha noiva
não para de sorrir.
— Mássimo Adrian Roux Marino, promete amar e respeitar, na
saúde e na doença, na riqueza e na pobreza, até que a morte os separe?
— Prometo até o fim dos meus dias.
Depois, trocamos as alianças e um alívio daquele chega quando
escuto:
— Eu os declaro marido e mulher. Pode beijar a noiva.
Beijo seus lábios com todo meu coração.
— Que príncipe mais lindo que é o meu marido.
— Que princesa maravilhosa que é a minha esposa.

A festa está acontecendo e estamos há mais de meia hora tirando


fotos. Já estou cansado de sorrir e Giovanna não pode se cansar tanto.
— Princesa, já chega.
Ela olha para a frente.
— Vamos tirar uma pausa — avisa.
Nos afastamos e é neste instante que as crianças a cercam. Nessa
hora, procuro Daniel Santoro[12] e pergunto sobre meu projeto.
— Está dentro do prazo, não se preocupe com isso.
— Preciso de pronto para daqui a cinco meses, antes do meu filho...
— Vai estar pronto, como te falei por telefone. Nesse dia,
pessoalmente vou deixar a chave na recepção do seu prédio e irei te ligar
para ir ver a construção.
Confirmo, agradecendo e caminhando pela festa. Encontro com
Rafael Mass[13], ator e cineasta, que me parabeniza. Ele está acompanhado
da dra. Tiana Rodrigues, que é obstetra e poderá nos ajudar.
— Doutora, poderia me passar o seu cartão?
— Claro. Estão pensando em ter um bebê em breve? — ela me
pergunta.
— Na verdade, já temos um filho a caminho.
Eles ficam surpreendidos, mas a médica reitera a conversa:
— Parabéns novamente, peça para sua esposa me ligar.
Agradeço, me afastando.
Quando estou perto da minha esposa, ouço meu nome sendo
chamado no palco.
— Confesso que não falo tanto do português quanto meu filho, que
é poliglota, mas consegui aprender algumas frases — fala Satine,
misturando francês com português. — Adrian, essa canção é para você e
sua linda esposa.
Trago minha princesa para a pista de dança e por não ter tanto
costume, exceto pelas aulas que tive às escondidas com Lorenzo, não fica
tão bonito.
— Onde você aprendeu, Adrian? — Giovanna me pergunta.
— Segredo, mas acredito que já tenha percebido que fiz de tudo
para que o nosso casamento fosse como nos seus sonhos.
— Está muito acima do que imaginei, meu amor. Para variar, você
fez tudo com excelência.
Sorrio, girando-a em minhas mãos. A música finaliza com ela
colada em meu corpo e com um coro de aplausos.
— Agora me conta uma coisa que ainda não entendi. Por que está
me chamando pelo segundo nome?
Ela sorri mais ainda.
— Você vai rir, mas...
— Mas?
— Quando te conheci, comparei a sua aparência e personalidade
com um personagem de um livro. Ele era bem sedutor e fazia a mocinha
chegar ao auge do prazer. Um pouco diferente do príncipe com que me
casei, porque o mocinho era um mafioso, mas o nome é o mesmo. Adrian.
Sacudo a cabeça, enfim compreendendo.
— A propósito, eu adorei que você veio como as vestes de um
príncipe desencantado. Obrigada por transformar meu sonho em realidade.
Toco seu rosto.
— Sabe que sempre faria isso por você. No entanto, agora estou
sabendo que tenho que ser um outro Adrian, porque a minha Princesa tem
mais uma fantasia a realizar.
— Sim, Adrian. — Ela ri e me dá um beijo.
— Será que falta muito do planejamento para irmos embora?
— Falta Cebrián Castillo[14] cantar — comenta, animada, mas é o
oposto que acontece comigo. — Mássimo, não seja ciumento — ela me
repreende.
— Prometo que irei tentar — afirmo.
— Sua mãe falou que essa é a última música dela, mas ainda falta o
brinde e cortar o bolo. Depois, podemos ir embora para...
— Não é que consegui assistir o casamento desses dois
apaixonados? — O Sheik aparece acompanhado de sua neta.
— Nos agrada que tenha vindo — eu os cumprimento.
— Malika. Eu não tinha te visto — fala Giovanna para a criança
após cumprimentar o Sheik.
— Você está tão bonita. Igualzinha uma princesa no fim da história.
— Depois a pequena se vira para mim. — Os dois estão.
Agradecemos.
— Tenho um belo presente para o casal. — Ele se vira para a
menina, que entrega para minha esposa uma caixa grande bonita.
Ajudo Giovanna a abrir e fico surpreso com um grande colar de
diamantes em ouro amarelo.
— Max, você está vendo...?
— Embaixo, deixei um outro presente em comemoração do
casamento para que possam fazer uma boa viagem de lua de mel. Que
sejam felizes.
Ele se afasta, nos cumprimentando.
— Agora, com esse novo presente, estou na dúvida do que vamos
fazer a partir de amanhã. — Ela segura minha roupa.
— Depois pensamos nisso, Princesa. Vamos adiantar o seu
planejamento que estou louco para te levar para o hotel cinco estrelas para a
nossa primeira noite de casados. Quero fazer amor contigo até o dia clarear,
mas ainda tem muita gente para falarmos.
— Tem mesmo — confirma, rindo.
— Sim... — Aponto para o lado, reconhecendo o meu ex-sócio. —
Não é que Fellipo veio com a esposa?
— Fellipo?
— O que colocou a nossa foto na internet, meu amor. Vou te
explicar melhor depois...
Então, continuamos a recepcionar a nossa lista grandiosa de
convidados.
Giovanna

Tem cinco meses que estamos casados e Mássimo virou um paizão


daqueles. Minha barriga está enorme e o nosso meninão está chutando
bastante. Sim. Teremos mesmo um menino. Mássimo está todo bobo e
agora que falta pouco, ficou excessivamente zeloso.
O nosso ninho está montado. O berço de madeira clara com todo o
acolchoado de aviãozinho, um trocador no lado. O armário com vidro na
frente e uma cadeira grande para que eu possa amamentar.
Eu ainda não acredito que Mássimo exigiu vale-presente ao invés de
fraldas e presentes físicos pessoais no nosso chá de bebê. Eu sei que não
precisamos de muita coisa, mas bem que ele poderia deixar as pessoas nos
agradarem. O que ele não sabe é que mesmo com as suas ordens, minhas
irmãs e minha mãe me deram um álbum de bebê, que ele pensa que
comprei.
São nessas horas que me lembro que meu príncipe é o meu amor, no
entanto, jamais será do jeito que imaginei. Porque Mássimo tem seus
defeitos, mas todos os dias faz de tudo para me fazer feliz ao seu lado.
Agora mesmo, ele está gravando a temporada do programa de culinária, e
todas as vezes que volta para casa, retorna com alguns doces para mim e um
ramalhete de flores com um grande cartão de agradecimento da produção,
pelo bom comportamento do meu marido. Mássimo fica revoltado em trazê-
lo, mas se não o fizer e alguém me perguntar, serei eu quem vou ficar
chateada com ele.
Conseguimos fazer funcionar a biblioteca “Era Uma Vez”. Na
maioria dos dias eu vou lá para dar uma olhada e todas as vezes fico
encantada com o meu presente de noivado maravilhoso.
Falando daquele lugar, consegui um amor para o meu amigo Tomaz.
A nossa maravilhosa, e um pouco impaciente, organizadora de casamentos.
Eles se conheceram nas vezes que precisei chamá-la no trabalho e, aos
pouquinhos, consegui juntar esses dois. Confesso que são dois pombinhos
lindos.
Caminho para me sentar no sofá, mas na hora que me acomodo com
a minha barriga ampla, me recordo de que Mássimo mandou uma
mensagem avisando que, quando chegar, vamos dar um passeio.
Estou diminuindo a minha rotina de contadora de histórias, mas a
gravidez ainda está pesando bastante. Todas as vezes que chego em casa,
tiro um sono antes de começar a dar um jeito nas coisas.
Claro que meu marido não permitiu que tomasse conta da casa
sozinha. Duas vezes por semana, uma diarista vem aqui e deixa tudo
limpinho, mas ela não encosta na minha dieta regrada pela dra. Tiana.
Mesmo a minha médica sendo do Rio de Janeiro, ela falou que em
caso de emergência, vai vir para nos ajudar com o nosso filho.
— Calma, meu amor. A mamãe já vai te dar comida — falo,
apertando um ponto onde o meu bebê deu um chute bem forte.
Saio do sofá, vou para a geladeira e pego um pote com frutas que
Mássimo deixou preparado para mim hoje à tarde.
— Ui! — exclamo, sentindo mais um chute forte na costela.
Tenho toda certeza de que meu bebê vai puxar o pai. Nem nasceu e
já está cheio de vontades. À noite, eu quase não durmo de tanto que ele se
mexe. Mássimo acaricia minha barriga, falando com o bebê, e na grande
maioria das vezes, nosso filho se aquieta.
— Princesa, cheguei. — Escuto ele me chamando.
— Estou na cozinha, amor — respondo.
Ele aparece na entrada e me dá um beijo.
— Gosto de manga — comenta.
— É o que o nosso estressadinho quer. Ou isso ou sabe que não vai
se acalmar aqui dentro, né?
Ele ri e depois se abaixa, falando com o nosso bebê com a mão no
meu ventre.
— Não é que o meu filho está de novo dando trabalho?
Seus olhos azuis batem nos meus e sorrimos.
— Só não machuca a mamãe, que é a nossa Princesa. Daqui a
pouco, você vai estar conosco, mas já pode ouvir daí que já te amamos,
filho. — Então, deposita um beijo em meu ventre e me sinto a mulher mais
feliz do mundo. Porém...
— Meu amor? — eu o chamo.
— Diga — responde, colocando a louça na pia.
— A gente tem mesmo que sair hoje? Estou tão cansada.
Ele joga a cabeça para cima, respirando fundo.
— Sim, mas você vai gostar. Acredita no seu marido.
Faço cara de choro, mas não adianta. Quando Mássimo encasqueta
uma coisa na cabeça, não há quem tire.
— Princesa, coloca uma roupa linda que prometo que vai adorar o
lugar para onde vamos.
Bastante decepcionada, vou para o meu quarto vestir as poucas
roupas que me cabem. Quanto a meus vestidos que adoro, ficam curtos na
frente e com o vento, chegam a ficar indecentes. Por esse motivo, tive que
usar coisas mais justas e confortáveis. Mássimo se mantém neutro, mas sei
que não gostou nem um pouco de que eu tenha parado de usar meus
vestidos rodados. Às vezes, coloco um deles em casa para apimentar um
pouco a relação, e sempre dá certo.
Escolho um macacão listrado e vou tomar um banho. Porém,
quando saio, tem um pacote de uma loja de roupa na pia. Retiro de dentro
do embrulho um lindo vestido azul, que é bem mais comprido na frente que
os meus comuns. Sabendo que ele tem algum plano, visto a peça e me sinto
novamente eu mesma.
Solto meus cabelos, que ando deixando presos em tranças, e os
escovo, deixando-os ondulados. Passo somente um batom leve e um rímel
nos olhos.
— Tô pronta — falo e, em seguida, bocejo de cansaço.
— Tá linda como sempre. — Ele me dá um beijo casto. — Já falei
que te amo hoje?
— Acho que só de manhã — respondo, sorrindo.
— Te amo. Te amo. Te amo, minha Princesa.
Nos beijamos e saímos, nos encaminhando para seu carro
superesportivo. Estamos conversando sério sobre esse assunto. Ele está
realmente relutando em comprar um outro, no qual podemos levar o nosso
bebê, mas estou insistindo porque nem para cadeirinha este carro tem
espaço.
— Princesa, eu já estou resolvendo isso.
— Verdade? — pergunto com ironia, cruzando os braços, irritada.
— Não faz assim, amor. Você e o nosso filho são as maiores
prioridades da minha vida.
— Quero ações, Mássimo — argumento. — Falta muito pouco para
o parto...
— Eu sei, Princesa — ele me interrompe e prefiro não começar o tal
do passeio brigando.
Ficamos em silêncio e quase em quarenta minutos de viagem,
entramos numa estradinha de terra e começamos a subir uma ladeira.
— Pra onde estamos indo? — pergunto, preocupada.
— Você vai ver.
Paramos na frente de uma portaria e Mássimo sai do carro, me
deixando preocupada.
— Max, volta.
— Só um minuto, amor.
Então, ele puxa uma chave e, em instantes, tudo se ilumina. A
estrada se direciona para uma casa que mais parece um castelo de tão
grande. Tem mais de dois andares, torres laterais, chafariz iluminado, e isso
é o que posso ver somente daqui.
— Vamos entrar na nossa nova casa?
— Nossa...? Mássimo! — Espero que entre no carro e começo
interrogá-lo. — Você comprou uma casa/castelo?
— Não, meu amor. — Fico até triste em ouvi-lo dizer, mas ele
finaliza com: — Mandei fazer.
Então, toda a alegria e surpresa me toma, principalmente quando
paramos na entrada da casa e um mordomo abre a porta.
— Senhora Marino, seja bem-vinda ao Castelo “Era Uma Vez”.
Olho para Mássimo, que só sabe sorrir para mim.
— Como aqui é o nosso novo lar, nada melhor que entrar com a
minha esposa em meus braços.
Ele me carrega para dentro e vejo o nosso novo lar por dentro. É
muito mais lindo do que eu poderia imaginar. As paredes são brancas e o
chão no tom de cinza-claro. Mássimo me coloca no chão e vislumbro ponto
deste lugar.
— Princesa, vamos ver os quartos? — Ele estica a mão para mim e
aceito. Subimos juntos as escadas que ficam no meio da sala.
No fim do corredor, vejo uma porta grande, mas antes de ir lá, Max
abre uma ao meu lado.
— Aqui é o quarto do nosso filho. — Está vazio, mas nas paredes há
desenhos de pequenos aviões. — Vou fazer a mudança de nossos móveis,
mas vamos poder colocar mais coisas por aqui. Na porta do canto, é um
banheiro completo. No entanto, tem outros lugares que gostaria que visse.
— Pra onde, meu amor?
— Me acompanhe, minha amada Princesa.
Caminhamos para o último quarto e as paredes estão em tom de
marfim, e é bem maior do que poderia imaginar. Tem uma cama grande,
mas não tão grande quando a que vimos em Dubai, uma escrivaninha, dois
closets e um banheiro maravilhoso.
— Quer ver a varanda?
Somente sorrio, vendo a casa de um dos extremos.
— Estamos na torre?
— Sim, vamos dormir na torre norte, mas você vai amar o que tem
na torre sul.
— Por quê? — pergunto, curiosa.
— Quando você entrar, vai descobrir.
— Você fez outra biblioteca, Mássimo?
Ele sorri de lado e saio do nosso quarto, indo para o outro extremo
da casa e caminhando na velocidade que consigo com a minha barriga. Nem
espero que venha para me ver abrir a porta entrando num rompante.
Fico completamente maravilhada ao ver que é, sim, uma biblioteca,
mas não igual a qualquer outra. Ela é levemente descontruída. Tem
prateleiras de todas as alturas e formatos e dois andares de livros. Tem
muitas cadeiras e almofadas. Dá até para trazer crianças aqui que iriam
adorar.
Sinto as mãos do meu marido em minha cintura acariciando o meu
ventre.
— Está de noite, mas também temos algumas coisas do lado de fora.
Entre elas, um labirinto e o nosso novo jardim secreto.
Viro-me para ele, sorrindo ao vê-lo entre meus livros como se fosse
um personagem que fugiu de um deles.
— Eu não devia, mas vou te recordar da nossa briga...
Torço o lábio.
— Mássimo, eu só...
— Essa foi a última vez que usei o meu Porsche. Já tinha comprado
um carro novo, mas fazia parte da sua surpresa. Estou pronto para o nosso
filho que está chegando e para os outros que também teremos.
Sorrio, emocionada.
— Você é muito mais do eu poderia sonhar.
Ele acaricia o meu rosto, sorrindo para mim, e aproveito para roubar
um beijo apaixonado. Porém, ainda tenho uma dúvida.
— Max — eu o chamo, sentindo seu beijo em meu pescoço. — Só
uma coisa que eu ainda não entendi. Por que uma casa nova, amor?
— Porque todas as princesas merecem um castelo. A minha, mais
ainda.
Sorrio para ele e voltamos para os beijos. Dormimos somente depois
de fazer amor, pela primeira vez, na nossa nova casa, digo, no nosso castelo
de conto de fadas.
Mássimo

— A panela daquela menina nova está com um cheiro péssimo —


fala a minha colega de programa, Lola de La Cruz.
— Foi o óleo que queimou. Tente imaginar o que vai ser servido
para nós — comento.
Neste momento, estamos longe do estúdio principal, somente
observando as coisas. A temporada ainda está na metade e ainda tem muitos
participantes para sair, e confesso que estou querendo demais a chegada da
grande final.
— Vinte minutos — gritam para eles e somente espero, mexendo no
telefone.
Depois do nosso casamento e retornar da nossa lua de mel dupla, no
qual fomos para a Disney e depois voamos para o norte da Europa,
consegui colocar nossos planos de negócios em ação. Recontratei a
aprendiz de chef e comecei o projeto da minha esposa.
Está mais certo do que eu poderia prever. Foram mais de mil
inscrições nos primeiros dias e tivemos que criar um método rápido de
seleção para conseguir escolher um pequeno grupo de dez aprendizes que
são ensinados por mim durante um período de oito meses. A primeira turma
está quase concluindo o curso e contratei uma empresa de seleção para me
ajudar nas próximas.
Na biblioteca, compartilhamos os funcionários da pública com a
“Era Uma Vez” e contratamos mais novos para deixar tudo limpo e bem-
cuidado. Porém, o projeto que está causando um problema no meu
casamento é o que fiz com o Sheik.
Consegui expandir para aquele mercado, mas não pude ir visitar
porque minha linda esposa não quer que eu fique distante. Por isso, comecei
uma sociedade com Fabrízio, que já estava em busca de entrar no mercado
alimentício, e estamos evoluindo juntos.
— Cinco minutos, pessoal!
— Mássimo, está na hora de entrarmos.
Concordo, mas quando me levanto, meu telefone começa a tocar e
vejo ser o nome da minha Princesa.
— Meu amor...
— Mássimo, tá nascendo. — A voz de Giovanna me paralisa
imediatamente. — Liga para a médica. — Então, a chamada fica muda, me
causando desespero.
— Giovanna! — eu a chamo aos gritos.
— Oi, Mássimo. Aqui é a Júlia. — A voz da recepcionista surge do
outro lado. — Estamos levando a Gio para o hospital. A bolsa dela se
rompeu.
— Cazzo! Eu estou indo.
Logo, percebo que as pessoas estão me olhando.
— O que foi? — Lola me pergunta.
— Meu filho tá nascendo. Eu estou indo...
Coloco a chave do carro no bolso e sigo para fora do estúdio, um
pouco desnorteado. Lembro-me de chamar a dra. Tiana e enquanto estou
dirigindo, faço a chamada.
— Estou a caminho, Mássimo. Estava aguardando meu voo para
voltar ao Rio depois de um congresso do qual participei em São Paulo, mas
estou saindo do aeroporto para fazer o parto da Giovanna. Fique calmo,
pois para uma criança nascer, demora algumas horas.
Somente concordo e desligo. Entro no hospital, agitado, e encontro a
mãe dela e minhas cunhadas. Elas me cumprimentam, mas quero ver a
minha mulher. Uma enfermeira me encontra e me coloca para dentro
indicando o caminho. Quando encontro a minha Princesa, ela está de pé,
caminhando apoiada na parede.
— Meu amor, eu fiquei louco de nervoso.
— Eu estou preocupada, Mássimo. A bolsa rompeu e...
— Calma, Princesa. A médica já estava em São Paulo e está
chegando. Se for preciso, a gente faz uma cesariana e pronto. Vai dar tudo
certo. — Beijo seus cabelos suados e ela somente confirma com a cabeça.
Passamos algumas horas esperando aumentar a tal da dilatação, mas
nada acontece. Então, Dra. Tiana chega no hospital e examina Giovanna.
— Olha só, papais. — Só de começar a sua fala, o estresse sobe a
níveis absurdos. — Teremos que fazer uma cirurgia.
— Tem certeza? — ela pergunta.
— Sim, Giovanna. Já era hora de você estar com sete ou oito de
dilatação, mas ainda está com quatro. Então, vamos te preparar.
Ela se afasta e tento acalmar a minha esposa, por mais que esteja tão
nervoso ou até mais do que ela. Sou direcionado para trocar a minha roupa
por uma que possa entrar no centro cirúrgico. Assim, vou para dentro ficar
perto dela.
— Fica de olho nele, amor — ela me pede, com a expressão um
pouco sonolenta.
— Eu vou vigiar vocês dois, minha Princesa — falo, depositando
um beijo em sua testa.
Concentro-me em seu rosto, esperando o avanço da cirurgia, e
alguns minutos depois, ouvimos o choro do nosso bebê.
— Nasceu, é um lindo e grande menino!
Levanto-me para vê-lo e meus olhos nublam de emoção. A pediatra
me entrega meu filho, que pego com todo cuidado para levá-lo até
Giovanna, para que veja.
— Ele é tão lindo, meu amor — comenta, deixando lágrimas
descerem por seu rosto. — Meu coração fora do peito.
— Te amo, minha Princesa. Você me fez o homem mais feliz deste
mundo.

Agora estamos no quarto e Giovanna não pode falar, mas já deixou


o recado no meu telefone dizendo “Se comporte. Toda a família vai querer
pegar o nosso bebê. Não reclame por causa disso.”.
— Está bem, Princesa. Eu vou tentar.
Toda a família dela surgiu no hospital. Dona Vitória ficou ninando o
nosso bebê e os filhos de Alessandra ficaram curiosos com tudo, menos
com o novo primo. Mia, que há um bom tempo me odiava, está
conseguindo me olhar com menos desprezo. Minha mãe mandou mensagem
dizendo estar vindo, mas que vai demorar algumas horas.
— Qual será o nome desse meninão lindo? — pergunta Diana,
balançando-o em seus braços.
— Adam — responde Giovanna, e nem preciso pensar muito que
tem a ver com a nossa história de a Princesa Bela e o Príncipe Fera.
Pouco mais tarde, depois que todos foram embora, minha mãe
chegou.
— Meu netinho é tão parecido com você, filho. Ele tem seus olhos e
vai ser loirinho — declara.
— Ele é o marco do recomeço de nossa família, mãe.
— Sim, e é uma pena que Louise ainda não tenha conseguido sair da
França, e agora, com a bebê, vai ser um pouco mais complicado.
— Espero o momento dela para me encontrar. Quando minha irmã
estiver pronta, me avise.
— Prometo que irei, meu filho. Quero muito que vocês se
aproximem.

— Vamos ver o papai, meu amor? — Giovanna entra no meu


escritório com o nosso Adam nos braços.
— A minha realeza — comento, deixando o computador e me
levantando para pegar o nosso filho de seus braços.
Faz dois meses desde que ele nasceu e estamos nos adaptando à
rotina. Temos funcionários na casa, mas ainda temos nossas atribuições de
pais. Giovanna está muito cansada com os intervalos das mamadas e eu
faço de tudo para ajudar.
Ontem à tarde, fui com o nosso bebê para o jardim secreto e
passamos um momento maravilhoso em família. Giovanna já tinha ido, mas
foi a primeira vez de Adam e ficamos até o sol se pôr.
— Eu jamais imaginei que poderia ser tão feliz — confesso,
olhando para ela. — Para quem cresceu pensando coisas horríveis sobre
mulheres, sou uma prova viva de que pessoas podem mudar se quiserem.
— Sim. E eu amo o marido, pai, irmão e filho que você se tornou.
Somos diferentes, mas estamos aprendendo diariamente com as nossas
diferenças. O nosso amor cresce mais a cada dia.
— O que acha de darmos uns irmãos para o Adam, meu amor?
Seu sorriso lindo se expande.
— Adorei a ideia, meu amor. Quero muito encher este castelo de
pequenos frutos do nosso amor.
Eu a beijo.
— A gente só espera o Adam crescer um pouquinho e
recomeçamos. Agora eu acredito que seremos uma linda e grande família.
— Para sempre, meu Príncipe Fera.
— Sim, minha amada Princesa Rainha.
Epílogo – Giovanna

— E então, eles viveram, na grande maioria do tempo, felizes para


sempre. — Olho para a razão da minha felicidade e digo: — Fim da
história!
— Que lindo, mamãe — fala a minha Bella.
— Eu também adolei — comenta a minha caçula, Ariel.
— Eu tô cansado de histórias de meninas — reclama Adam, o meu
mais velho, que é tão parecido com pai —, queria uma que tivesse dragões
e...
— Mas teve dragões, só que eles estavam nas entrelinhas. —
Mássimo entra no quarto das crianças e se senta ao meu lado. — Todos os
percalços que atrapalharam o príncipe e a princesa foram como dragões.
— O príncipe não era o mais fácil de todos — Bella dispara e não
consigo disfarçar a risada.
— Sim, mas vocês entenderam a grande moral da história?
Os três se olham, sem responder, e Mássimo continua:
— Que se quiserem, podem se tornar uma pessoa muito melhor? —
Ele olha para mim e não consigo evitar sorrir. — Se tiver um motivo muito
importante como o amor por uma pessoa, ou um grande objetivo
profissional, podemos nos permitir mudar e nos adaptar a essa nova
realidade.
Ele me rouba um beijo casto.
— Volta para as crianças, amor — peço.
— Entenderam ou não? — Max pergunta.
— Sim, papai — respondem em uníssono.
— O que quer dizer é que ninguém nos muda, a gente pode escolher
ser o que quisermos.
— Mas papai. Eu quelo ser uma rainha, não uma plincesa — fala
Ariel, que tem somente três aninhos e a única que puxou os cabelos
vermelhos da avó Satine.
Rimos e ele pega a pequena em seus braços.
— Você já é, realeza da sua cama. Agora já deu a hora de vocês
dormirem, pois amanhã Adam e Bella têm aula.
Colocamos os três na cama e saímos do quarto, encostando a porta.
Passo na cozinha completa, que é território de Mássimo, e pego
somente algumas frutas e garrafas de água. A casa já está decorada para o
Natal e por termos mais espaço, as festas estão acontecendo por aqui. Toda
a família vem para cá e confesso que faltam quartos dos 20 que possuímos.
É tanto parente que tem horas que me tranco no quarto com as crianças para
tentar pensar.
Mássimo pouco se importa, entra no modo “fera raivosa” e dá
ordens para todos, que atendem sem reclamar.
Depois de um bom tempo, consegui conhecer a minha cunhada.
Mássimo me contou que o encontro dos dois foi bastante complexo e foi um
pouco difícil trazê-la para o nosso mundo. Para Louise, meu marido e Nero
não queriam que ela existisse, e mesmo a minha sogra falando que não era
dessa maneira, a mulher demorou um pouco para aceitar.
O gênio dos Marino; ela parece o meu Mássimo de saias, mas não
chega a ser grosseira com as pessoas, no entanto, é muito cabeça-dura. Ela
está vindo em família e deve chegar depois de amanhã. Estou curiosa com a
sua última mensagem, que tem a ver com Nero Marino. Espero que não seja
algo ruim, já que Mássimo nunca mais voltou a falar com o pai.
Com as minhas irmãs, as coisas estão um pouco diferentes. Di e
Lorenzo saíram do Brasil e Alê e Kalel já estão na América, por conta da
minha sobrinha. Confesso que não tê-las por perto me entristece um pouco.
Ainda estamos pensando em seguir a família, mas não tomamos
uma decisão. Mássimo pode trabalhar em qualquer lugar do mundo, e eu
não tenho tantos impedimentos de sair de São Paulo, mas temos as crianças
e toda a logística que envolve uma mudança desse porte.
Falando em lugares, um pouco depois do nascimento de Adam, fui à
cidade onde me hospedei quando terminei com Mássimo. A dona da pensão
ficou muito feliz de me ver e mais animada ainda em saber que meu marido
era o chef de cozinha bonitão da televisão.
— Está demorando muito, Princesa — fala ele, me trazendo para o
mundo real.
— Estou indo. Só estava pegando algumas coisinhas para animar a
nossa noite.
Ele me beija.
— Pegou chantilly? — pergunta. — Estou com uma receita
maravilhosa de Princesa com Morangos e Chantilly. Pena que o prato é
somente para um.
Rio, pegando o que pede na geladeira, e voltamos para o nosso
quarto. Estamos tentando ter mais um bebê e sempre que podemos,
inovamos na cama e em todo nosso quarto da torre norte.
Se vamos ficar eternamente por aqui? Do futuro, eu não sei.
Somente que a minha felicidade se resume à minha família, meu Príncipe
Fera e os frutos do nosso amor.
— Já falei que te amo? — pergunta, me jogando na cama.
— Sim, mas eu amo ouvir.
— Te amo. Te amo. Te amo, minha Princesa.
Então, nos entregamos ao amor de mais uma noite apaixonada, e
assim será para sempre.
Fim!
Cap. Bônus – Louise

Eu sabia que cedo ou tarde aconteceria e até aceitei ser no dia hoje.
Minha mãe não falava dele, mas sempre soube quem era e como era.
Trabalhar no mundo dos famosos permite essas vantagens. Sabemos quem
são boas pessoas e aqueles que têm péssima fama, e é ao encontro de um
desses últimos que estou indo.
Subo as escadas do restaurante que precede o seu sobrenome e bato
na porta que me foi indicada. Eu tive que aprender português por causa da
profissão, mas a resposta vem na minha língua natal, francês.
Viro a maçaneta e paro diante de um homem loiro, alto e de olhos
azuis, tão parecidos com os meus.
— Boa tarde. É um prazer te conhecer, Louise.
Meu corpo treme como se eu nunca tivesse conhecido um famoso na
vida, mas a situação é completamente diferente, principalmente porque
estou diante do meu irmão mais velho, Mássimo Marino.
Agradecimentos

Com lágrimas de alegria, entrego esta história linda para vocês.


Giovanna e Mássimo encerra a série das irmãs Soares e a duologia Italianos
Apaixonantes. Foram momentos prazerosos dar vida a essas três
personagens únicas, que mesmo sendo tão distintas, conquistaram as
leitoras e o grande amor de suas vidas.
Confesso que este último casal deu bastante trabalho e fico muito
feliz em saber que chegaram até aqui. Muito obrigada, meus amados
leitores.
À minha família, sou muito grata pelo apoio. É difícil falar que “Eu
tenho data para lançar” e ter que dizer “não” quando muitas vezes quis
dizer “sim”. Obrigada demais.
Venho agradecer às mãos da KF Assessoria, que me ajudaram nessa
história densa. Primeiro, falo da minha parceira de todas as horas, Carla
Freitas. Obrigada por me dar as dicas de como prosseguir, chegando até
aqui. Grazi Kras, agradeço pelo apoio de hoje, ontem e sempre.
Ao meu Waltinho das madrugadas. Meu revisor porreta! Obrigada
pelas conversas e pela amizade, sempre me socorrendo até tarde da noite.
Eu sei que você me ama. Muito obrigada por tudo. Coraçãozinho para você.
Às minhas amigas e amigos. Eu sei que é tensa essa rotina de
escritora. Obrigada demais por todo apoio. Amo vocês.
Obs. Louise virá na minha próxima série. Nem te conto com que par
romântico...
Sobre a Autora

Carla Arine, carioca de Madureira, sempre se viu envolta com o


mundo artístico. Começou no teatro ainda adolescente, depois aprendeu
canto, desenvolveu poesias e roteiros. Quando viu seus escritos encenados,
desejou que as pessoas levassem a sua arte para seus lares. Então se
embrenhou no mundo da escrita.
Seu primeiro livro, lançado em 2018 no formato ebook,
proporcionou-lhe grande conhecimento da nova carreira e muitos prêmios
na plataforma Wattpad. Porém, ela não parou por aí, e continua escrevendo
novas histórias.
Atualmente, ela mora no interior do Rio de Janeiro com sua mãe e
seus pets. Carla estuda escrita dramática até hoje e tem o apoio na carreira
de sua família, amigos e leitores.
Outras Obras

Romances

O Pai do Meu Bebê é um CEO Italiano (Duologia: Italianos


Apaixonantes. Livro 1)

Inusitado Apaixonante (Novela da Série: Uma Esposa Para o Meu Pai.


Livro 3)

O Meu Carnaval com o Magnata (Série: Um Amor de Carnaval)

Um Contrato com o Bilionário – Casamento por Conveniência


Grávida do Homem Errado
Inesperado Irresistível (Novela da Série: Acordo com o Cupido. Livro
2)

Novamente Nós: Divórcio: fim ou recomeço?

Novamente Nós: Natal em Família


CEO’s: A Disputa.
Uma Namorada Para o Meu Chefe.

Um presente do meu (ex) Chefe


As Noites nas Baladas

Eu e o Mar: Um conto sobre o amor, a saudade e o tempo.

Fantasias

As Sete Luas. (A Origem das Irmãs Bruxas)


Asas na Tempestade
Redes Sociais

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Whasapp:
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Não se esqueça de avaliar a história.

[1] Profissional responsável pela preparação dos pratos servidos frios ou em temperatura

ambiente (saladas, molhos, antepastos e conservas), pela chacuteria (linguiças, terrines, galantines e
patês);
[2] Puta que pariu!
[3] Programa de fofoca de famosos do livro “Grávida do Homem Errado”.
[4] Boa noite
[5] Que lindo!
[6] Senhora.
[7] Personagem da série “Irmãos Castillo”.
[8] Casal de protagonistas do conto “Eu e o Mar”.
[9] Responsável pela confeitaria e doces.
[10] História que acontece no conto Novamente Nós: Natal em Família.
[11] História que se passa em Novamente Nós: Natal em Família.
[12] Protagonista de “Uma Namorada para o Meu Chefe”.
[13] Personagem de “Grávida do Homem Errado”.
[14] Um dos mocinhos da Série dos “Irmãos Castillo”.

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