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Prólogo
APENAS UMA CARTA DE ADEUS
CAPÍTULO 1
CAPÍTULO 2
CAPÍTULO 3
CAPÍTULO 4
CAPÍTULO 5
CAPÍTULO 6
CAPÍTULO 7
CAPÍTULO 8
CAPÍTULO 9
CAPÍTULO 10
CAPÍTULO 11
CAPÍTULO 12
CAPÍTULO 13
CAPÍTULO 14
CAPÍTULO 15
CAPÍTULO 16
CAPÍTULO 17
CAPÍTULO 18
CAPÍTULO 19
CAPÍTULO 20
CAPÍTULO 21
CAPÍTULO 22
CAPÍTULO 23
CaPÍTULO 24
CAPÍTULO 25
CAPÍTULO 26
CAPÍTULO 27
CAPÍTULO 28
CAPÍTULO 29
CAPÍTULO 30
CAPÍTULO 31
CAPÍTULO 32
EPÍLOGO
Leia o Spin-off do livro:
Biografia
Série Escolhas
Todos os direitos reservados.
Criado no Brasil.
Edição: Rafa Alves
Diagramação: RP Desing Editorial / Ana Marzzari
Revisão: Tatiane Moro
Ilustração: Nayara Poluca ( @naliterata )
Capa: Mirella Santana
www.mirellasantana.com.br
Modelo por ©VitalikRadko/depositphotos
Por que a gente insiste tanto em algo que está claro que
não terá futuro? Por que lutamos, sofremos, amamos, choramos,
mudamos, e voltamos a repetir inúmeras vezes os mesmos erros?
As mesmas palavras? O mesmo motivo?
Eu deveria sair de tudo isso que me leva para trás, deveria
desejar nunca ter te conhecido, deveria te odiar por mudar meus
planos, meu coração, minhas metas.
Eu deveria fazer tantas coisas, tantas coisas poderiam ter
sido diferentes se eu nunca sequer tivesse tentado me aproximar de
você. Seria mais fácil? Você acha que se eu nunca tivesse dado o
primeiro passo, as coisas entre nós agora poderiam ter sido
diferentes?
Seria mais fácil? Não iríamos nos afastar, ou chorar, ou
lamentar algo que foi nossa escolha?!
Eu iria continuar sozinha, vivendo meus próprios sonhos?
Você continuaria seguindo sua vida e tirando o foco das coisas ruins
com a própria adrenalina que seu corpo produz... Que corre por suas
veias.
Essa sua incapacidade de querer sentir.
Você teve medo? Você não me amava o suficiente? Por
que simplesmente desistiu? Por que foi tão fácil me descartar da sua
vida como se eu fosse apenas papéis de uma reunião antiga que
agora não existe mais? Você me vê assim? Como se eu fosse uma
garota que se pode usar, abraçar, beijar, dizer palavras bonitas e
pronto, estala os dedos que estarei em suas mãos?
Não era essa sua intenção? Pois foi assim que me senti.
Ou... Foi sua intenção? Se for isso mesmo, faz um favor
pra mim? Vá se ferrar!
Engraçado que depois que tudo realmente acabou, mesmo
que a sensação de um fim nunca tenha acontecido, eu realmente
sinto que estou livre.
E isso é incrível, ser livre, e é... Assustador. Uma droga.
Eu tive um tempo para me acostumar com a sensação de
respirar sem você por perto. Eu me encontrei, me redescobri, me
xinguei, me iludi, me odiei, me julguei e tive nojo de mim mesma.
Discordei de muitas atitudes, me amei, chorei, pensei no “E se”... Eu
me culpei.
Me culpei por tudo o que não deu certo entre nós. E talvez,
este, tenha sido o pior sentimento que já me permiti sentir.
Porque eu não tenho culpa de nada, não sozinha.
Porque eu realmente estrago muita coisa na minha vida,
complico tudo, eu tenho esse super poder de destruição. Eu
realmente errei, mas... Não fui a única a errar. Não fui a única a não
fazer nada, eu não fui a culpada.
Culpada por qual motivo? Por querer tentar? Por me
humilhar? Por amar demais? Por amar de verdade? Culpada por
sentir?
Você também não foi o único culpado.
Você também foi bom. Me abraçou quando tive medo,
segurou a minha mão com força. Me fez rir e sorrir de vergonha. Me
beijou para me fazer calar a boca, mesmo quando a chuva lavava as
incertezas do meu peito.
Mas é claro que também errou, que teve medo, que se
privou, que não acreditou, que não sentiu.
Então, me libertei de novo, me libertei das dores, das
lembranças ruins, dos medos idiotas, das atitudes infantis.
Me libertei de você.
Chorei quando te expulsei do meu coração para sempre.
Doeu. Doeu muito. Amar dói. Amar de verdade dói.
Agora não existe nada, não existe você aqui dentro, não
existe você em mim, nem na minha vida, nem nos meus sonhos,
nem mesmo nas músicas que antes eu chamava de nossa. Você
sumiu.
Você foi sumindo aos poucos quando, eu, aos poucos, fui
me libertando de você.
E libertar é bom, dói, vicia, devolve o sorriso. Eu me
redescobri, conheci sentimentos que eu nem sabia que existiam. Eu
descobri que eu posso tudo. Você não é perfeito, não é o centro das
atenções. Você não é ninguém especial para mim.
Não mais.
Nunca mais.
Porque de amor em pedaços eu quero distância.
Eu quero o quebra cabeça completo, com todas as peças,
todas as certezas. Todo o amor possível. Eu quero o arriscado, o
errado, o certo, o bobo, o preocupado, eu quero um amor sem
limites. Sem metas, com planos reais. Com borboletas no estômago,
com pés no chão.
Eu sou tão mais feliz assim, me amando acima de qualquer
coisa, acima de tudo.
E eu espero que um dia, você entenda que a vida é bem
mais daquilo que apenas esperamos outra pessoa fazer. A vida não
é questão de espera.
E da sala de espera eu finalmente me levantei, cansei de
esperar. Eu simplesmente fui embora, fui chamada, segui o caminho
que Deus escolheu para mim. E eu espero que um dia você possa
ser chamado também, que encontre o seu lugar no mundo sem
depender de alguém para isso. Sem ter ninguém que decida por
você.
Esta é só uma carta de liberdade. De adeus, de agora você
sumiu pra sempre. De desculpa, mas... O errado era você. De agora
não ouço mais nossas músicas. De agora nunca estou sozinha.
É obrigada por ter feito parte da minha vida.
É adeus.
Quem sabe a gente se esbarre um dia por acaso, e nos
tornemos apenas estranhos que dizem “Ai, desculpa, foi sem
querer”. E sorriem. E então, dão as costas, e vão embora sem olhar
para trás.
Pois seguir em frente é mais empolgante.
E você segue sem perceber.
Assim como eu.
CAPÍTULO 1
Cadu
A última coisa que eu pensei, quando Arthur me ligou hoje
à tarde dizendo que eu teria que entregar alguns papéis para a
funcionária que iria me ajudar na empresa até contratarem outra
pessoa, que estava em uma festa de noivado, e como ele mesmo
disse, é só entregar o envelope e cair fora. A última coisa que eu
pensei foi que eu estaria pressionando os braços dela contra o carro
e meu corpo, sabendo que eu estou noivo!
Cadu
— Você veio! — Ana diz sorrindo, se aproxima de mim e
beija minha bochecha. — Pensei que fosse me enrolar de novo.
Passo meu braço ao redor do seu ombro e a levo em
direção ao meu carro.
— Não vai entrar? — ela me questiona. Olho em direção
ao hospital e sinto um aperto na garganta. Apenas nego com a
cabeça e continuo a puxando junto a mim.
Ela fica em silêncio. E me deixa lavá-la. Entramos no carro
e colocamos o cinto de segurança.
— Como ela está? — pergunto e seguro o volante.
— Do mesmo jeito. — ela diz e pega seu celular. — O
Henrique falou que ia esperar a gente na casa dele. Então, só tem
que me deixar em casa.
— Não estou muito animado para encontrar todo mundo
hoje.
Ela me olha e solta um suspiro. Dou a partida no carro e
fico em silêncio. Ana é uma das minhas melhores amigas. Ela e
Henrique estudaram comigo desde os tempos do colégio, e ficamos
bem próximos. Eles estiveram comigo nos piores momentos da
minha vida. E mesmo que eu tenha me tornado um cara fechado que
afasta todo mundo da minha vida, eles sempre estão lá.
— Vá quando estiver bem. — ela diz e coloca a mão em
cima da minha coxa. — Como estão as coisas?
Sorrio sem querer ao me lembrar de como estão as coisas
na minha vida ultimamente.
— Para ser sincero me meti em uma furada. — digo e ela
ergue as sobrancelhas.
— O que aprontou agora?
— Meu pai chamou uma funcionária dele de São Paulo
para assumir o comando aqui de BH por enquanto, e tive que
encontrá-la, para passar toda a parte burocrática com os papéis de
alguns fornecedores. Acontece que ela é uma maluca. — começo a
rir. — Para resumir, ela está fugindo do passado, e aí inventou que
tem um noivo falso. E eu acabei me metendo nisso. Agora temos
esse acordo idiota.
— Espera! — ela diz e começa a rir. — Você tá em um
relacionamento?
— De mentira, Ana. — digo e ela revira os olhos.
— Quando acho que você tem solução. — ela resmunga e
dá de ombros. — Por que topou algo assim?
— Eu meio que estou usando ela também. Digamos que
meu pai confia nela. Então estamos nisso de mentira. Eu a ajudo e
ela me ajuda a ganhar tempo para criar o estúdio.
Ana concorda e então se vira de lado e fica de frente para
mim.
— Acho que é bom ter um tempo para se dedicar a isso e
calar a boca do Fábio.
Sorrio e concordo com ela. Ficamos um tempo em silêncio,
e ela coloca uma música para tocar. E volta a dar atenção ao seu
celular. Mas logo em seguida fica pensativa e se vira de lado de
novo.
— Como ela é?
— Ah, ela é teimosa demais. Irritante, adora ser sarcástica
e acho que ela tem um parafuso solto. Mas ela é muito focada,
tralhadora, leal. No fim só está querendo provar a todos o quão
incrível ela é. Ela é linda e...
— Ah, meu Deus! Vocês transaram! — ela revira os olhos.
Solto uma gargalhada e empurro Ana pelos ombros.
— É claro que não, Ana! Nosso acordo não permite sexo.
— E tá tudo bem para você essa regra? — ela pergunta
sorrindo. — E ela? Você é bonitão, ela não vai conseguir resistir.
— Bom... Nós meio que gostamos de nos provocar, mas...
Não quero estragar tudo com ela.
— Ora. — Ana fala e começa a rir. — Parece que nem tudo
está sem solução como eu achei.
— Não entendi.
Ela se vira para mim e franze a testa.
— Cadu! Deixa de ser retardado e perceba os sinais!
Reviro os olhos. Esse papo de mulher eu não entendo
nada. Meu celular apita e o pego assim que paramos no sinal
vermelho.
— Cadu?
O que o ex dela está levando ela para o cinema? E ainda
por cima tentando dar em cima dela? Que eu saiba ele está em um
relacionamento. E por que ele está levando ela para o cinema? Ela
tem carro, tem Mari, tem uber! Não tem que ir de carona com o filho
da puta de um ex-namorado.
— Cadu? O sinal abriu.
Jogo meu celular em meu colo e dou a partida no carro.
Minha mente não para.
— O que aconteceu? — Ana pergunta.
— Por que alguém elogia e tenta se aproximar da noiva de
outra pessoa?
Ana me olha sem entender.
— Bom... Sei lá, elogiar a sós ou...
— A sós, um ex namorado.
— Vai ver se arrependeu e tá tentando voltar, ou... Espera,
o que isso tem a ver?
Como assim tentando voltar? Não tem mais nada para rolar
entre eles.
— A Mand me mandou mensagem. Disse que está indo
com o ex de carona para o cinema. Eles todos irão juntos. E ela
disse que ele a chamou de gostosa e quis conversar com ela.
Ana fraze a testa e sorri.
— O cara deve estar desesperado. Isso incomoda você?
Olho para ela com raiva e ela só sorri e olha para a rua a
nossa frente.
— Só acho que ela poderia muito bem não ir. Ou ir com
seu próprio carro.
— Mentira! Tá mesmo com ciúmes?
Ciúmes. Essa palavra me faz freiar o carro com força assim
que chego na rua da casa dela. Estaciono o carro e solto um
suspiro.
— Que ciúmes, Ana! Claro que não, só acho que não se
deve agir assim com alguém comprometida.
Ela solta uma gargalhada e eu percebo. Eu realmente
estou puto por esse motivo? Amanda e eu estamos mentindo para
todo mundo, principalmente sobre nossa situação. Não nos
importamos um com o outro.
E imediatamente minha mente me traz lembranças dela
desesperada me pedindo um beijo. Do que senti ao beijá-la. De
como ela me entende, e parece se preocupar comigo. Me lembro do
quanto ela me enlouquece com aquele corpo sexy. De como daria
tudo para quebrar a porra do acordo e só ter uma noite perfeita com
ela.
— Ei. — Ana chama minha atenção e fecha a porta do
carro ao sair. — Se ela está no cinema... Tá fazendo o que aqui
ainda?
— Tchau, Ana. — reviro os olhos e ela só ri e eu dou a
partida no carro.
E mesmo sem querer parecer um idiota controlador, me
vejo pegar o caminho do cinema. Fico a imaginando sozinha no meio
daqueles casais. Não acredito que fui tão estúpido de deixá-la
sozinha em algo que me comprometi em ajudá-la. E me vejo
querendo estar perto dela.
Entro no estacionamento. Tranco o carro e vou até o
elevador. E quase piro quando ele desce ao invés de subir para o
andar do cinema.
Cadu, tem que apertar a porra do botão!
O elevador desce vários andares, para então começar a
subir em direção ao cinema. Se tivesse ido de escadas seria melhor.
Assim que a porta abre, ando em direção ao cinema. Parece a
sensação da merda de um primeiro encontro. Meu corpo treme e
meu coração acelera. Coloco as mãos no bolso e os vejo de longe.
Ela está ao lado de Mari, ambas estão perto de uma tv que
passa o trailer de um filme. Vejo Eduardo em um canto com Vanessa,
mas está olhando para a Amanda sem disfarçar. Meu sangue sobe à
cabeça. Me aproximo deles, e faço questão de o olhar da pior
maneira possível.
E o pior é que ela está linda pra cacete!
Usa um short, suas pernas bronzeadas de fora.
Enlouqueço só de olhar. Mari é a primeira a me ver. Ela sorri e
aponta para mim, e Amanda vira com a testa franzida, e quando seu
olhar se encontra o meu ela fica em choque ao ver que estou
realmente ali.
E não quero saber de nada, não me importo com mais
nada. Vou em sua direção, a puxo pela cintura e beijo sua boca com
força. Seu cheiro me deixa completamente louco. Ela se assusta a
princípio, mas então a sinto se aproximar de mim e ela puxa meu
quadril para mais perto. E então suas mãos sobem por meu corpo.
Ela segura meu rosto com suas mãos.
E isso de alguma forma, consegue acalmar o turbilhão de
sensações dentro de mim.
Isso antes de começar outras sensações que me pegam de
surpresa.
CAPÍTULO 15
Cadu
Acordo com o celular tocando na maior altura. Ainda estou
exausto da festa. Tive que levar o Arthur e a Gisele para um hotel
aqui perto, e depois vim embora e apaguei. Não estou cansado
apenas fisicamente, mas emocionalmente também.
Me estico na cama e alcanço meu celular e o atendo
rapidamente.
— Oi.
— Cadu, onde você está? — Arthur berra do outro lado da
linha.
— Dormindo.
— Abre a porra dessa porta! — e desliga a ligação.
Oi? Ele está aqui? Me levanto da cama, e visto minha
blusa, vou até a porta e a abro, Arthur e Gisele entram em disparada
dentro da minha casa.
— Que isso? Invasão? — brinco.
Arthur me olha furioso e aponta o sofá para eu me sentar.
— A gente precisa conversar! — ele diz com raiva.
Gisele está toda sem jeito. E vai para minha cozinha na
intenção de nos deixar a sós.
— Arthur cara, você me acordou apenas para a gente
conversar?
— Você ficou com a sua ex? Tá ferrando as coisas com ela
por culpa da porra do que o Fábio pensa? — ele grita.
— Não, não é bem assim.
— Seu desgraçado! — Arthur berra, vem em minha direção
e segura minha blusa. Se ele me bater não vou impedir, eu mesmo
queria me encher de porrada. — Cadu, eu vou ser bastante sincero
com você! Eu não estou aguentando mais essa situação!
— Ah, e você acha que eu estou por acaso? — grito.
Ele me solta, e solta um suspiro com raiva.
— Escuta, eu sei que você nunca gostou de ninguém, pelo
menos até agora, mas vai por mim, agir desse jeito, como se não se
importasse com nada não é a solução. Ela não é como a falsa da
Nathália, Carlos!
— Eu não preciso que diga isso, eu sei exatamente como
ela é.
— Então já que você sabe... Você compreende que ela
ficou muito magoada com o que viu. E principalmente depois que
você disse que não é o cara certo para ela! Dê onde diabos você
tirou uma coisa dessas?
— Porque ela merece alguém melhor que eu, Arthur! — me
sento no sofá.
— Mas é de você que ela gosta, seu otário. É com você
que ela quer ficar e não com esse alguém melhor que nem existe! —
ele diz e senta do meu lado.
— Ela me evitou desde aquele dia. — digo.
— Você é mesmo um otário. — ele sussurra. — Quando
você vai entender que ela não quer distância de você, Cadu?
— Mas ela disse que...
— Não importa o que ela disse. Mulheres dizem coisas
com enigmas ocultos, à gente só tem que saber enxergar, e sentir o
que o coração delas realmente quer.
— Arthur...
— Eu odiei quando ela me contou que vocês estavam
noivos de mentira. Era uma ideia estúpida eu sei, e eu queria
realmente a levar para longe de você... Mas com o tempo eu vi que
você estava mudando por causa disso, e eu gosto dessa mudança
em você. Gosto da pessoa que você se tornou, e eu não quero
perder isso em você, Cadu. — ele diz. — Você não pode perder esse
lado em você que desde o acidente da sua mãe, parou de se
importar com as pessoas. Você nunca se abriu para ninguém depois
disso, e a maluca é o mais perto do seu coração que alguém sequer
já conseguiu chegar.
— Eu sei. — digo. — Mas é que ela disse para eu ficar
longe dela.
— O que significa que ela te quer por perto.
O celular da Gisele toca e ela atende rapidamente.
Arthur tem razão, eu não posso deixar o meu medo de
perder as pessoas me impedir de deixar alguém entrar em minha
vida. E também não posso deixar meu pai controlar tudo. Eu tenho
que fazer o que eu quero, e ficar longe da gostosa não é nem de
longe uma boa opção para mim.
Minhas tentativas de afastá-la para eu mesmo não me
machucar, acabaram ferindo ela. E eu estou disposto a qualquer
coisa para que ela possa me perdoar.
— Você está certo. Eu vou atrás dela. — digo me
levantando.
— Ah, tá bom, nos vemos lá então amiga, beijos. — Gisele
diz, e depois de desligar o celular vem até nós.
— Gente, não dá tempo, a Amanda está no setor de
embarque já!
— O quê? — digo incrédulo. — Mas ontem ela me disse
que tinha que resolver umas coisas antes de ir!
— Ela já está lá! — Gisele repete.
Saio correndo e pego a chave do meu carro, ouço Arthur
me chamar, mas eu não paro. Vou correndo até o estacionamento e
pego meu carro, o ligo em tempo recorde e já vou dirigindo em
direção ao aeroporto.
Puta que pariu! Esses sinais de trânsito é para ferrar com a
vida de qualquer um!
Pego todos os atalhos possíveis e depois de vinte minutos
consigo finalmente chegar ao aeroporto. Fecho meu carro, e
enquanto eu entro só consigo pensar em uma coisa “Setor de
embarque”.
Gisele disse que ela está lá.
Vou sem parar naquela direção. E assim que chego, um
segurança barra a minha entrada.
— Sua passagem, por favor. — ele diz.
— Não eu não tenho passagem, eu só preciso falar com
uma pessoa que está ai! — tento ir, mas os braços dele me barram
novamente.
— Desculpe senhor, mas sem passagem não pode passar.
Cacete!
Saio correndo já pego meu celular, e ligo para Amanda,
enquanto me dirijo até a fila enorme de passageiros. Ele toca três
vezes e ela desliga na minha cara. Ligo de novo e ela novamente
desliga. Merda, Amanda! Droga!
Ligo mais uma vez, e ouço uma maldita voz dizer “Esse
celular encontra-se desligado ou fora da área de cobertura”.
Porra!
— Próximo! — diz a atendente.
— Eu preciso de uma passagem para o voo de São Paulo
que vai sair agora! — digo apressadamente.
Ela me olha de um jeito estranho, e então checa algo em
seu computador.
— Desculpe senhor, o voo para São Paulo já está prestes a
decolar.
— Porra! — grito, e ela me olha incrédula.
Saio de lá, e vou novamente até o setor de embarque.
— Cara, por favor, eu preciso muito ir até lá!
O segurança me olha com raiva.
— Senhor, sem passagem não entra.
— EU PRECISO PARAR AQUELE MALDITO AVIÃO!
SERÁ QUE DÁ PRA ME ENTENDER PORRA?!
Um braço me puxa para trás.
— Cadu não é assim que as coisas funcionam. — Arthur
grita. — Fica calmo! Custei te alcançar com o carro.
— É... Você teve tempo de sobra para ir atrás dela. Então
não adianta bancar o arrependido agora! — Gisele diz ríspida.
Não posso culpá-la, ela está mais do que certa.
— Droga Arthur, mas que droga!
— Calma, a gente dá um jeito. — ele diz.
Jeito? Que jeito? A gostosa está naquele maldito avião
indo para longe de mim, e eu precisei da bronca do Arthur para
perceber a chance que eu desperdicei aquele dia. Meu medo de
perder alguém foi tão forte que eu não deixei ela se aproximar.
Agora meu medo continua, e eu percebi que não preciso
dele. Pois o único jeito de não perder alguém é trazendo a pessoa
para perto de você.
Mas eu não fiz isso.
Eu a afastei.
E agora ela está indo para longe de mim. E eu não posso
fazer nada para impedir.
CAPÍTULO 30
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Série Escolhas