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Copyright © 2023 Santino Amaro

Esta é uma obra de ficção. Nomes, personagens, lugares e


acontecimentos descritos são produtos de imaginação do autor.
Qualquer semelhança com nomes, datas e acontecimentos reais é
mera coincidência.

Capa: Santino Amaro


Revisão: Maju Sadowski
Diagramação Digital: Autora Jack A. F.

Todos os direitos reservados.


São proibidos o armazenamento e/ou a reprodução de qualquer
parte dessa obra, através de quaisquer meios — tangível ou
intangível — sem o consentimento da autora.
A violação dos direitos autorais é crime estabelecido pela lei nº
9.610/98 e punido pelo artigo 184 do Código Penal.

Edição Digital ǀ Criado no Brasil


1º Edição
Outubro de 2023
Sinopse

Guilherme de Castro Lima é o CEO de uma empresa de cosméticos


de renome, com trinta anos, leva uma vida divertida cercado por belas
mulheres, não tendo a intenção de ter qualquer compromisso com qualquer
uma delas. No entanto, sua mãe insiste que ele se case, pois deseja que
Guilherme deixe para trás sua vida de solteiro. O que Guilherme não
esperava era que sua mãe fosse tão longe a ponto de contratar uma mulher
para ser sua esposa. No início, ele se sente atraído pela mulher tímida e
encantadora, mas logo percebe que tudo faz parte de um plano elaborado por
sua mãe para forçá-lo a se casar, e ele se opõe a ideia.
Isadora Ferreira Santos é uma jovem inocente e órfã, cuja única
família é sua irmã, Aline, de apenas dez anos, que está doente. Quando
Isadora se encontra em um momento desesperador, recebe uma proposta
irrecusável, que é a oportunidade de conseguir dinheiro para os
medicamentos de sua irmã. Ela concorda em seduzir e se casar com um
homem que abomina o casamento, mas o inesperado acontece quando ela
engravida do CEO, que a rejeita como esposa.
Sinopse
Prólogo - ISADORA
Capítulo 1 - GUILHERME
Capítulo 2 - ISADORA
Capítulo 3 - GUILHERME
Capítulo 4 - ISADORA
Capítulo 5 - ISADORA
Capítulo 6 - AURORA DE CASTRO LIMA
Capítulo 7 - GUILHERME
Capítulo 8 - ISADORA
Capítulo 9 - ISADORA
Capítulo 10 - GUILHERME
Capítulo 11 - GUILHERME
Capítulo 12 - ISADORA
Capítulo 13 - ISADORA
Capítulo 14 - ISADORA
Capítulo 15 - ISADORA
Capítulo 16 - GUILHERME
Capítulo 17 - ISADORA
Capítulo 18 - ISADORA
Epílogo - GUILHERME
Agradecimentos
Biografia
Redes sociais
Mais livros
Prólogo - ISADORA
Semanas antes…

— Mana, estou bem, não se preocupe — Aline dá um fraco sorriso,


tentando me animar. Mas eu sei como minha irmãzinha não está bem.
Somos apenas nós duas, nossos pais morreram, nossa mãe, assim que
Aline nasceu, devido a uma complicação no parto, e nosso pai no ano
passado em um acidente de moto. Ele era motoboy, e um carro que não
respeitou o sinal o atropelou, tirando sua vida na hora. O culpado não foi
preso, aqui no Brasil é assim, assassinos e bandidos sempre saem impunes.
— Sempre vou me preocupar com você, mas hoje à noite pensei em
relaxarmos — levanto as sacolas que trouxe.
— Comprei pães, salsichas e batata palha. Noite de cachorro-quente!
— Falo animada para tentar alegrar Aline.
— Eba, adoro cachorro-quente! — Ela diz rindo, me aproximo dela
bagunçando seus cabelos.
— Foi por isso que comprei, sei como você adora — seu sorriso
some, e ela me olha triste.
— O que foi? Está sentindo... — seguro seu rosto entre minhas mãos.
— Não é nada — ela fala olhando para o outro lado, seguro seu
queixo, trazendo-o de volta para mim.
— Diga o que aconteceu, Aline — minha irmãzinha morde os lábios
antes de responder.
— É que a gente quase não tem dinheiro, e você fica comprando
coisas para mim — finjo uma cara de horrorizada.
— O quê? Você achou mesmo que esses cachorros-quentes são para
você? — Bato na minha barriga, fazendo uma cara engraçada.
— Eles são meus, e talvez eu não divida com você — ela ri. — Eu sou sua
única irmã — falo entre risos.
— Sério que você é minha irmã? Acho que você é muito bonita para
ser minha irmã.
— Você é linda também — beijo sua bochecha. — Agora vou lá na
cozinha preparar isso, quer me ajudar?
— Sim, sim, quero — Aline adora cozinhar comigo. Com as sacolas
nas mãos, seguimos para preparar o nosso jantar. Olho para minha irmã,
prometendo silenciosamente que farei de tudo por ela.
Capítulo 1 - GUILHERME
Hoje está sendo mais um daqueles dias na empresa. Estamos em uma reunião
para discutir a próxima linha de creme para a pele. Ser CEO de uma grande
empresa de cosméticos brasileira requer muita dor de cabeça. Já se passaram
cinco anos desde que assumi a presidência da empresa, após meus pais se
aposentarem.
Conseguimos expandir a empresa. No ano passado, abrimos uma filial
no Rio de Janeiro e tenho planos para Minas Gerais. Tenho certeza de que
essa nova linha será um grande sucesso. Claro, se conseguirmos sair desta
sala e colocar as mãos na massa.
— CHEGA, EU PAGO VOCÊS PARA ME DAR UMA SOLUÇÃO,
NÃO PARA ME ENLOUQUECER!
Berro, chamando a atenção de todos. Esta é a terceira reunião que
temos para discutir a fórmula, a embalagem e a estratégia de marketing, e se
eu não chamar a atenção deles, prevejo que encerrará sem uma solução.
Lorenzo, meu amigo e gestor de marketing, argumenta, apontando
para um mock-up brilhante da embalagem.
— Guilherme, eu sei que esta é a embalagem que vai fazer nosso
produto se destacar no mercado. As cores vibrantes vão atrair os
consumidores imediatamente!
Ele tem razão. As cores em tons de laranja, roxo e preto podem
chamar a atenção, considerando que os produtos no mercado têm cores mais
claras.
— Lorenzo, a embalagem é importante, mas não podemos
comprometer a integridade do produto. Precisamos manter a fórmula natural
e eficaz, como prometemos aos nossos clientes.
Carla, a chefe de pesquisa, não está convencida. Ela se inclina para a
frente, gesticulando com as mãos enquanto explica para Lorenzo.
— Minha querida, não estou falando em mexer na fórmula, mas sim
na embalagem — Enzo fala como se estivesse explicando para uma criança, o
que faz Carla o fuzilar com os olhos e apertar as mãos. Por sua vez, meu
amigo sorri. Esses dois estão sempre em pé de guerra.
— Carla, podemos encontrar um equilíbrio entre a embalagem
atraente e a qualidade da fórmula?
Olho para a mulher com óculos de armação delicada, cabelos loiros
presos em um rabo-de-cavalo.
— Podemos sim, Guilherme.
— Perfeito, vamos trabalhar na fórmula, e Lorenzo nas estratégias de
marketing, e os outros ajudam vocês. Esta reunião está encerrada. Vamos ao
trabalho, temos que lançar essa linha.
Tomar as decisões é um fardo que eu carrego como CEO, contudo,
feliz, pois não há nada melhor do que chegar ao final e ver o trabalho feito.
Deixo a sala de reunião, seguindo pelo corredor em direção à minha própria
sala. Antes de entrar, paro na mesa da minha secretária, Silvana.
— Silvana, compre um café com creme na esquina e alguns biscoitos,
por favor. Vou pular o almoço, e quando retornar, você pode ir para o seu
intervalo.
Silvana é uma mulher de quarenta e cinco anos, casada e mãe de dois
adolescentes.
— Tudo bem, chefe — deixo a mesa dela e vou para minha sala. Ao
entrar, sou recebido por um cheiro familiar de comida caseira. Minha mãe,
Aurora, está sentada em uma das poltronas, parecendo ansiosa.
— Mãe, já faz muito tempo que você está esperando? — Chego perto
dela e a abraço. Quando me afasto, noto seus olhos apertados em mim.
— Sim, estou lhe esperando há dois meses — fala debochada, e eu
rio.
— É o trabalho, mãe. A senhora sabe como é. Depois de tanto tempo,
finalmente conseguimos resolver sobre a próxima linha de creme que vamos
lançar.
— Não me venha com essa conversa furada, garoto — ela dá um tapa
no meu braço.
— Acha que não vejo o que sai nas revistas, as noitadas em que você
está sempre envolvido? — Faço cara de inocente.
— Mãe, nem tudo o que se lê nas revistas e jornais é verdade.
— Garoto, você está pedindo para eu te estapear — em um momento,
ela quer me bater, e no outro, apenas me olha com os olhos tristes.
— É pedir demais que meu único filho venha me visitar? — Pergunta
com a voz chorosa.
— Mãe, não comece com essa cara. Foi a senhora que me afastou —
acuso.
— Toda semana que eu ia na sua casa, tinha uma mulher diferente
com quem você tentava me casar. Estava me sentindo como naquela série,
"Casamento às Cegas".
Ela não aguenta e ri.
— Não era bem assim — tenta se defender.
— Era sim, mãe. No entanto, se a senhora prometer parar com isso, eu
volto a almoçar aos fins de semana na sua casa.
— Não se pode culpar uma mãe quando ela só quer uma casa cheia de
netos — dou um sorriso de lado.
— Se a senhora queria uma casa cheia de crianças, por que não teve
um monte quando era mais jovem?
O olhar que dona Aurora me lança faz com que eu dê um passo para longe
dela.
— Garoto, você está pedindo por alguns tapas! — Sou um homem de
um metro e noventa e cinco, peso noventa quilos de puro músculo, e estou
dando a volta da minha mesa para me afastar de uma mulher que tem um
metro e cinquenta de altura e deve pesar uns sessenta quilos. Tudo isso
porque ela é minha mãe e brava pra caramba.
— Volta aqui, Guilherme, quero ver se tem coragem de falar isso de
novo.
— Qual é o problema? Quando é comigo, está tudo bem — corro para
o outro lado da sala.
— Claro que está, filhos precisam dar netos às mães.
— Não eu, sou uma exceção — gargalho com seu olhar furioso.
— Mãe, vamos parar com isso, estou com fome, não venho comendo
direito — uso uma estratégia que sei que fará dona Aurora mudar de ideia.
— Eu sabia, foi por isso que trouxe essa comida. Senta aqui e vem
comer — com cautela me sento em minha cadeira, ela abre os pratos que
trouxe, e o cheiro de carne assada com batata enche a minha sala. Nos outros
dois pratos, tem arroz e feijão. Na outra sacola, ela pega salada.
— Mãe, eu te amo — falo sem tirar os olhos da comida.
— Você ama é a minha comida.
— Que injustiça, com o meu amor… — somos interrompidos quando
a minha porta é aberta.
— Uhum, bem que sabia que esse era o cheiro da comida da tia
Aurora — Enzo entra indo em direção à minha comida, mas antes de pegar,
bato na sua mão.
— Sai fora, ela é minha mãe e trouxe comida para mim, não para
você.
— Larga de ser "fominha," Gui. A tia Aurora não te criou assim —
ele já fala indo em direção à minha mãe, que abraça esse malandro.
— Ela não é sua tia.
— Guilherme, olha como fala, garoto. Trouxe bastante comida, divide
com o "pobrezinho" do Lorenzo.
— Mãe, esse daí não tem nada de pobre, e que ele vá mandar a mãe
dele fazer a comida.
Para me contrariar, minha mãe me ignora, pega a minha carne e dá na
boca do filho da mãe do meu amigo.
— Tá vendo, tia, o que eu passo aqui com o Gui? — Minha mãe me
olha com cara feia.
— Não fica assim, Lorenzo. Não pense que não dei educação a esse
menino, porque dei. Vem almoçar neste fim de semana lá em casa. Vou
mandar fazer comidas gostosas para você.
Fico de pé.
— Ei, e para mim, que sou o seu filho? A senhora estava há pouco
quase chorando para eu ir almoçar em casa.
Dona Aurora enche a boca do Enzo de batata.
— Se você não dá valor à mãe que tem, tem quem dê.
— Mãe! — Grito.
— Tia, se quiser, eu me caso e encho sua casa de bebês — Enzo me
olha por cima do ombro da minha mãe, piscando o olho. Ele escutou nossa
conversa.
— Você é um filho maravilhoso, Lorenzo.
— Ele não é seu filho — a lembro e sou ignorado.
Fico de cara fechada enquanto como, e minha mãe fica mimando o Lorenzo,
que ri de toda a situação. Sabemos que compartilhamos do mesmo desejo
pelo casamento. Mas, para minha mãe, ele fez parecer que está pronto para se
casar.
Capítulo 2 - ISADORA
Cheguei em casa após um dia cansativo de trabalho, com a mente
repleta de preocupações e os ombros curvados pelo peso das
responsabilidades que carrego. Ao abrir a porta, me deparei com Dona Maria,
uma senhora gentil que há um ano cuida da minha querida irmãzinha, Aline.
Sorri e a cumprimentei.
— Boa noite, Dona Maria. Desculpa a demora, precisei passar na
farmácia para comprar o medicamento da minha irmã, acabou esta manhã.
Obrigada por hoje, nos vemos amanhã.
No entanto, meu sorriso morreu quando percebi a expressão
preocupada de Dona Maria.
— Dona Maria, o que aconteceu? Aline está bem? — perguntei,
preocupada.
Ela respirou fundo antes de responder, com os olhos marejados.
— Isadora, Aline está bem, ela está na sala assistindo TV. É que
minha filha está prestes a dar à luz na próxima semana, e eu não poderei mais
cuidar da Aline como costumava, porque minha filha precisa de ajuda com o
bebê.
Ela deu uma risadinha.
— Mãe de primeira viagem — completou.
Meu coração afundou. Dona Maria foi a pessoa que se deu muito bem com a
minha irmã, e Aline a adora. Já contratei algumas meninas, contudo, quando
chegava em casa, as estava com os namorados junto com a minha irmã, ou
com amigas. Maria é uma pessoa doce e responsável; durante este ano que
esteve conosco, nunca tive do que reclamar.
— Por favor, Dona Maria, você poderia ficar conosco pelo menos até
eu encontrar alguém para cuidar dela?
Eu olhei nos olhos cansados da senhora e implorei com um nó na garganta.
— Isadora, eu adoraria poder ajudar, mas infelizmente não será
possível continuar. Minha filha precisa de mim neste momento crucial de sua
vida.
Lutei para manter a compostura, mas minha cabeça estava girando em torno
do que iria fazer.
— Dona Maria, eu entendo, mas por favor, me ajude a encontrar
alguém confiável para cuidar da Aline. Eu não sei o que faria sem você.
Dona Maria assentiu, seus olhos cheios de compaixão.
— Eu prometo, Isadora, vou fazer o meu melhor para ajudar a
encontrar alguém que cuide da Aline com o mesmo carinho que eu dei a ela
durante todo esse ano.
— Obrigada.
— Não precisa agradecer. Me importo profundamente com Aline,
Isadora. Ela é como uma neta para mim, e isso torna essa decisão ainda mais
difícil.
Compreendendo a dor de Dona Maria, eu a abracei e agradeci mais uma vez
por tudo o que ela havia feito por nós.
— Nós também a consideramos parte de nossa família, Dona Maria.
Você sempre será bem-vinda aqui, e Aline nunca esquecerá o amor que você
lhe deu.
Maria sorriu com gratidão e enxugou uma lágrima solitária que escapou de
seus olhos.
— Isadora, você é uma mulher forte e amorosa. Tenho certeza de que
será muito feliz.
Terminei de me despedir dela e a levei até a porta. Maria não quis se despedir
da Aline, falou que não gosta de despedidas e que sempre que der, virá nos
visitar.
Mesmo com o coração pesado, decidi deixar minha tristeza de lado
quando entrei na sala de estar. Aline estava sentada no sofá, completamente
absorta em seu programa de sereias favorito. Com um sorriso forçado, sentei-
me ao lado dela e perguntei carinhosamente:
— O que você está assistindo, querida?
Aline olhou para mim, seus olhos inocentes e curiosos brilhando.
— Estou assistindo à série de sereias, Isa. É tão legal, você precisa
ver!
Tentei forçar um sorriso enquanto meus olhos ainda refletiam um
pouco da preocupação.
— Parece emocionante! Você gosta muito dessa série, não é?
Ela assentiu animadamente.
— Sim, é minha favorita.
Observando sua alegria, eu sabia que não podia deixar minha tristeza
afetá-la. Aline merecia um mundo cheio de sorrisos.
— Que tal nós assistirmos juntas, então?
Aline soltou um suspiro de felicidade e abraçou-me com entusiasmo.
— Isso seria incrível, Isa!
Enquanto assistíamos à série de sereias juntas, minha irmãzinha estava
completamente envolvida na trama mágica. Seus olhos brilhavam de alegria,
e eu podia sentir a felicidade radiante dela preenchendo a sala. Era isso que
eu queria, ver Aline feliz.
Dois dias depois, como prometido, Maria mandou uma vizinha dela
até a minha casa para fazer uma entrevista. Fiquei sem ir à padaria onde
trabalho por dois dias, meu chefe, o Senhor Emanuel, está furioso com as
minhas faltas. Ele acabou de ligar e avisou que, se eu não for amanhã, só
poderei ir buscar o meu pagamento do mês, pois estaria demitida. Mas Deus é
maravilhoso, a segunda ligação foi de Maria avisando que uma mulher viria
fazer uma entrevista esta tarde. Se eu gostasse dela, poderia olhar minha
irmã.
Tenho esperança de que tudo sairá bem, porque Maria não indicaria
qualquer pessoa. Hoje está quente e ainda são onze da manhã. Tirei a roupa
de dormir e vesti um short jeans com regata. Fui até o quarto de Aline, que
brincava no chão com seus brinquedos. Nosso apartamento é pequeno, com
apenas dois quartos, um meu e outro dela. O banheiro fica no corredor, e a
cozinha e a sala são divididas por uma bancada.
O apartamento veio mobiliado quando o alugamos, o que foi uma
mão na roda. E por isso, tem poucas coisas minhas aqui. Quando entrei no
quarto de Aline, ela estava com seus brinquedos espalhados. Entendo que
criança faz bagunça, mas nossa obrigação como adultos é ensiná-los a serem
organizados.
Segurei a mão de Aline enquanto caminhávamos em direção à
sorveteria local. Seus olhos brilhavam de empolgação, e eu sorri ao pensar no
sabor de sorvete que ela adorava. Afinal, quem poderia resistir a uma bola de
sorvete de morango com pedaços de chocolate?
— Vamos, Aline, a sorveteria está logo ali — eu disse, apontando
para o pequeno estabelecimento à nossa frente.
— Tá muito quente — reclamou com as bochechas rosadas.
— Eu sei, mas logo teremos bolas de sorvetes para nos refrescar.
Caminhamos mais um pouco até chegar na sorveteria e entramos
imediatamente. Fomos recebidas pelo aroma doce e gelado que pairava no ar.
Aline olhava para o balcão de sorvetes, com os olhos vidrados na variedade
de sabores. Pedi duas bolas de sorvete de morango com chocolate e pedi um
cone para cada uma de nós. Sabia que esse não seria o último de hoje.
Encontramos uma mesa vazia perto da janela, que dava para a rua.
Nos sentamos e eu entreguei a Aline seu cone de sorvete. Ela pegou com
cuidado, sorrindo amplamente.
— Mmm, Isa, você sempre sabe do que eu gosto! — Aline disse,
dando uma mordida no sorvete e ficando com uma pequena mancha de
sorvete no canto dos lábios.
Ri e peguei meu próprio cone.
— É porque eu te conheço melhor do que ninguém, maninha.
Conversamos enquanto saboreávamos nossos sorvetes. Era incrível como
nossa conexão de irmãs nos permitia compartilhar momentos tão especiais
como esse. Enquanto observava Aline saborear seu sorvete com tanta
felicidade, percebi o quanto esses momentos significavam para mim.
Com nossos sorvetes quase terminados, Aline recostou-se na cadeira e
suspirou de contentamento.
— Isa, você é a melhor irmã do mundo — sorri, sentindo-me grata
por ter Aline na minha vida.
— E você é a melhor irmã do universo, Aline.
Voltamos até o balcão e pegamos mais duas bolas de sorvete.
— Prevejo que pularemos o almoço — falei fazendo Aline ri.
Capítulo 3 - GUILHERME
— Acabei de falar com os investidores, eles estão ansiosos pela nova
linha. Quero saber como está o andamento.
Digo quando olho para o rosto de Carla e Lorenzo esperando por uma
resposta. Marquei uma reunião entre nós para saber como estão indo as
coisas. Carla pegou um dos relatórios e entregou para mim.
— Guilherme, aqui estão todas as pesquisas que foram concluídas. Os
testes de eficácia mostraram resultados impressionantes.
— Perfeito! Era isso que queria ouvir — bati palmas com um sorriso
satisfeito. Era reconfortante saber que o trabalho árduo da equipe de pesquisa
estava dando resultados.
Lorenzo, sempre direto ao ponto, acrescentou:
— E eu estou terminando o plano de marketing para o lançamento,
Guilherme. Na próxima semana, trarei para você dar uma olhada e ver se
aprova. Tenho certeza de que vai adorar.
— Ótimo trabalho, Carla e Lorenzo. Estou ansioso para ver os
detalhes do plano de marketing e avançar com o lançamento da nossa nova
linha de creme.
Falei, olhando para ambos.
— Guilherme, este lançamento pode impactar nosso mercado.
Estamos prestes a redefinir os padrões da indústria de cuidados com a pele.
Sorri.
— É o que quero, meu amigo. Vamos trabalhar juntos para garantir
que tudo corra perfeitamente. Nossa equipe é excepcional, e tenho plena
confiança em todos vocês.
As semanas que se seguiram depois da decisão de que seria essa a marca,
estava indo muito bem. Os investidores estavam animados, e meus pais
estavam felizes com o desempenho da empresa da nossa família.
— Já que tudo está resolvido, poderíamos sair hoje, beber e encontrar
algumas mulheres — Enzo balançou as sobrancelhas, fazendo Carla revirar
os olhos.
— Tem mais alguma coisa para falar, Guilherme? Se não, vou me
retirar. Não preciso ouvir isso.
— Está com ciúmes, Carlinha? — provocou Enzo.
— O único sentimento que você desperta em mim é ódio — o sorriso
que ela deu para o meu amigo foi sinistro. No entanto, ele continuou com a
cara de deboche e colocou uma mão no peito.
— Assim eu vou me apaixonar por você.
— Se apaixonar por mim não é tão difícil. Só que não posso dizer o
mesmo sobre sua pessoa, um homem de mais de quarenta que age como um
menino…
— Ei, tenho trinta e dois — Enzo se defendeu, fazendo Carla colocar
a mão na boca como se estivesse assustada.
— Oh, desculpa, é que sua aparência parece estar quase aos
cinquenta. Aproveita esse lançamento para usar o creme, vai ajudar muito.
— Sua…
— Pode ir, Carla, era só isso que eu queria saber — interrompi Enzo,
seja lá o que ele fosse dizer, não seria legal.
— Até a próxima semana, chefe — Carla falou, pegando suas coisas.
Antes de sair, ela olhou de volta para Lorenzo.
— Tenho um creme na minha bolsa, vou deixar com sua secretária —
dando uma piscada, ela foi embora.
— Que filha da mãe — rosnou Enzo.
— Você acha mesmo que estou parecendo que tenho quase
cinquenta?
Quis saber ele, todo indignado. Gargalhei.
— Ela só está tirando uma com a sua cara, e conseguiu.
— Eu odeio essa mulher, ela se acha melhor que todo mundo com
aquele nariz empinado.
— Você não a odeia, está cheio de tesão. Só está com raivinha porque
Carla não caiu na sua conversa.
Ele riu, passando a mão pelo cabelo.
— Você notou como ela tem uma bela bunda?
— Sim, já. Contudo, não misturo trabalho com prazer. Não transo
com quem trabalha na minha empresa, Enzo, ainda mais com alguém tão
importante como Carla. Se a empresa a perder para encontrar alguém
qualificado como ela, será difícil.
Carla está na minha equipe desde que entrei na presidência e só vem
crescendo com sua ajuda e eficácia.
— Já que não sou CEO, posso imaginar dando algumas palmadas
naquele traseiro até ela respeitar "o pai aqui".
Olhei sério para ele.
— Não faça ela pedir demissão, ou eu demito você.
— Achei que fossemos amigos — ri.
— Você acha que me esqueci o quanto você vem tentando roubar
minha mãe de mim?
Esse safado aparece na casa dos meus pais todo fim de semana, come
e fala mal de mim como se eu não estivesse lá.
— Sua mãe é como uma mãe para mim, cara.
— Dona Aurora só tem um filho.
Minha mãe finalmente parece ter deixado para trás a ideia obstinada
de que eu deveria me casar, e isso está me proporcionando fins de semana
mais relaxantes com minha família.
— Aceita que ela me adora, e pronto — jogo um lápis nele e começo
a rir.
— Vou por pimenta na sua comida, seu filho da mãe.
— Quanta maldade há no seu coração, a tia Aurora vai saber disso.
Fuzilo Enzo.
— Sai da minha sala — rosno, e sorrindo, ele vai.

SÁBADO À NOITE

Depois de uma semana de muito trabalho, quando chegou o sábado, vim para
uma casa noturna, uma balada de São Paulo, junto com meus dois amigos,
Enzo e Luan. Levo a sério o meu trabalho e minhas obrigações, mas quando
chega o fim de semana, não quero outra coisa que não seja uma bela mulher e
bebidas. Estamos na área VIP bebendo um uísque caro enquanto observamos
as meninas dançando.
— A loira não para de olhar para você — disse Luan.
— Já notei ela, mas a que eu quero é a morena que está no bar.
Na VIP, tem um minibar e um barman atendendo. A mulher que ri
com as amigas chamou minha atenção desde que se sentou no banco.
— Escolheu bem, meu amigo — Enzo falou rindo.
Ela é atraente, seus cabelos pretos vão até o comprimento dos ombros,
pernas longas e definidas. A morena usa um vestido brilhante que facilita
muito o que quero fazer com ela. Seu rosto é delicado e tem um sorriso
divertido; ela é o tipo de mulher que veio se divertir com as amigas.
No entanto, ela está disponível se alguém interessante aparecer. Desde
que chegou, bebeu dois drinks, mas não quer ficar bêbada como a loira que
Luan mencionou, que já está alta e não para de pedir para o garçom trazer
mais bebida.
— Vou pegar uma bebida — falei para eles. Viemos cada um no seu
carro, bebemos juntos e curtirmos, mas quando encontramos alguém
interessante, nos separamos.
— Espera, aquela ali é a Carla! — Lorenzo cuspiu a bebida. Sigo seu
olhar para a pista lá embaixo, vendo Carla descer até o chão.
— Poxa, ela está gostosa — Luan exclamou.
— Pare de falar assim dela — Enzo falou com Luan, e nos
entreolhamos.
— Você está caidinho por ela, Enzo — Luan acusou, rindo.
— Vai se foder, Luan, eu vou lá antes que alguém tente se aproveitar
daquela tonta.
Seguro seu braço antes dele correr para a pista.
— Não aja como um namorado ciumento, Carla odeia isso.
— Não estou com ciúmes — respondeu a contragosto.
— Claro que ele não está, Gui — Luan debochou.
— Vão à merda, vocês dois — Enzo saiu às pressas, fazendo com que
déssemos risada.
— Vou atrás dele, sinto que será divertido, você vem?
— Não, tenho uma mulher para seduzir — com o copo vazio,
caminho até o bar, coloco o copo no balcão e fico de costas para a mulher,
mas perto o suficiente para ela sentir minha presença.
— Outro uísque, e para ela, outro do que está bebendo — o garçom se
afasta, e no mesmo momento a mulher vira para mim sorrindo.
— Eu posso pagar pela minha bebida — falou quando seus olhos
passaram pelo meu rosto e corpo. Ainda há quem diga que só os homens
olham para uma mulher assim.
— Não duvido que não possa pagar, no entanto, preciso de um
pretexto para ter sua atenção voltada para mim.
Sua sobrancelha se ergueu.
— Hum, agora que já tem minha atenção, o que quer?
Nossas bebidas chegam, dou um gole e abro um sorriso de lado, passo
minha perna sobre a dela como se quisesse, mas sabemos que não é bem
assim.
— Quero te levar para minha casa... abrir suas lindas pernas, lamber
sua boceta até você gozar na minha boca e então te foder. Alguma dúvida?
Sua boca se abre, e ela me olha com os olhos arregalados; em seguida,
ri.
— Você é sempre direto assim? — Encolho os ombros.
— Não gosto de perder tempo, e então? — Ela morde o lábio.
— Fique sabendo que só vou aceitar porque ninguém nunca me fez
uma proposta assim.
— E porque eu sou gostoso — completei, gosto de mulheres
decididas.
— Isso também — saio do banco.
— Vamos? — Estendo a mão.
— Sim — a guio para a escada que dá para o primeiro piso.
A viagem até a minha casa não demorou, e a mulher passou todo o
caminho trocando mensagens com alguém, o que foi bom, pois não
precisamos conversar. Não quero saber como foi o seu dia, nem o que ela faz
ou sua profissão. A única coisa que quero é suas pernas abertas para mim.
Conversas assim são para casais; nós queremos apenas sexo.
Logo que a porta do elevador que nos levaria para o meu apartamento
se fecha, seguro a mulher pela cintura, coloco ela na parede e, em seguida,
abaixo a cabeça e beijo sua boca pintada de vermelho. Abaixo a alça da blusa
dela, desço minha boca passando por seu pescoço até o ombro macio. Estou
quase chegando aos seus seios fartos quando o barulho da porta se abrindo
chama nossa atenção.
— Uau, você não perde tempo mesmo — ela deu uma risadinha
quando me acompanhou para dentro do apartamento. A abracei por trás e a
guiei para o meu quarto.
— Para que perder tempo quando tenho uma delícia como você?
— Ainda nem falamos nossos nomes.
— Não precisamos de nomes, delícia — voltei a beijá-la, calando
qualquer coisa que ela fosse dizer. Fiz um trabalho rápido para despi-la, em
seguida, tirei minhas próprias roupas também. Ela subiu na cama, arrebitando
a bunda quando me encaixei até o meio. Olhando por cima do ombro, ela deu
um sorriso sexy.
— E aí, vai só olhar? — Mordo o lábio, segurando meu pau duro
entre as mãos e me masturbando enquanto observo ela na cama.
— A visão está maravilhosa, mas não vou apenas olhar — subo na
cama, abro suas pernas e coloco cada uma delas no meu ombro. Abaixo a
cabeça na sua boceta, lambendo demoradamente. Empurro três dedos,
fodendo sem parar de lamber. A mulher geme, os sons que ela faz são como
os de uma atriz pornô. Porra, é broxante, quero enfiar meu pau na
sua boca e calar.
Com um berro, ela goza.
— Oh, sua boca é maravilhosa — diz. Apenas sorrio quando enrolo
uma camisinha no meu pau. Viro seu corpo e a coloco de quatro, em seguida,
me encaixo na sua boceta. Com um único empurrão, a penetro, seguro seus
cabelos e os enrolo na minha mão enquanto transo com ela.
— Que boceta gostosa — murmuro no seu ouvido, a mulher rebola,
empurrando para trás.
— Mais rápido e forte, por favor — ela pede.
— Tudo que você quiser — aumento os movimentos, fazendo a cama
bater na parede e o quarto encher de gemidos e gritos. Em seguida, ela goza e
cai mole na cama. Não gozei ultimamente, vem acontecendo isso, não
consigo gozar e parece que não estou excitado o suficiente para isso. Algo
está faltando.
Tiro a camisinha e a jogo no chão, em seguida, subo na mulher, coloco meu
pau em seu rosto.
— Abre a boca e me chupa — seus olhos se abrem, ela ri antes de
abrir e sugar meu pau para dentro da sua boca. Ela tem uma boca muito
gostosa. Seguro sua cabeça e fodo sua boca como quero. Em algum
momento, ela se engasga, mas não paro até gozar em sua garganta.
Saio de cima dela e vou para o banheiro tomar um banho. Essa noite
eu vou gozar dentro de uma boceta, porra. Seja o que estiver acontecendo,
comigo vai acabar.
Capítulo 4 - ISADORA
Meus pés estão me matando, hoje a cafeteria parecia o epicentro da
agitação da cidade. Mesas cheias, conversas animadas e o aroma do café no
ar. Peguei o bloquinho para anotar os pedidos, pronta para continuar por mais
algumas horas.
Avancei até a mesa de canto onde a senhora Aurora, uma cliente fiel,
aguardava pacientemente. Seus olhos brilharam quando ela me viu se
aproximando, e um sorriso amável iluminou seu rosto.
— Boa tarde, Isadora. Como você está, minha querida?
Retribuí o sorriso, genuinamente contente por vê-la.
— Boa tarde, senhora Aurora. Estou bem, obrigada. E a senhora?
A senhora Aurora sempre tem histórias fascinantes para contar, e hoje
não foi diferente. Enquanto ela começava a compartilhar suas últimas
aventuras, eu anotava seu pedido com atenção, tentando não perder nenhum
detalhe. Fazia questão de oferecer o melhor atendimento a ela, afinal, ela era
uma das poucas pessoas que me tratava como gente.
As pessoas têm a tendência de tratar um trabalhador como um ser
inferior, mas essa senhora, pelas joias e roupas, dava para perceber que é
alguém com muito dinheiro. Contudo, ela sempre me tratava bem.
— Vai querer mais alguma coisa? — Ela sempre pedia uma fatia de
bolo de laranja e chá, mas ocasionalmente pedia algo diferente.
— Não, só isso mesmo — estava virando para sair quando meu
celular vibrou. Puxei-o rapidamente do bolso e, ao ver que era uma
mensagem da menina que está cuidando da Aline, meu coração se apertou.
A menina estava me informando que Aline havia sido levada para o
hospital. Um sentimento de pânico se instalou em mim.
— Com licença, senhora Aurora. Preciso sair um momento — mal
consegui articular as palavras enquanto meu coração disparava.
Não esperei por uma resposta e me apressei em tirar o avental e
deixei-o cair sobre a bandeja. No meu caminho para a saída, meu chefe se
aproximou, franzindo a testa.
— O que está acontecendo, Isadora? — Ele perguntou, claramente
irritado com a minha pressa. Olhei para ele, meu rosto refletindo meu
desespero.
— Minha irmã foi levada para o hospital. Preciso ir até lá — ele
bufou, sua impaciência evidente.
— Você não pode simplesmente sair assim. Se você for embora, não
precisa mais voltar. Não quero uma funcionária que falta mais do que
trabalha.
Não podia acreditar no que estava ouvindo, na insensibilidade de suas
palavras naquele momento. No entanto, não tinha tempo para discutir. Engoli
minha raiva e apenas balancei a cabeça.
— Tudo bem, não preciso voltar — minha voz estava firme apesar da
emoção. Aline sempre estará acima de tudo e de todos. Preciso desse
trabalho, claro que sim, entretanto, não o colocarei acima da minha irmã.
Deixei meu chefe furioso, sem olhar para trás. Precisava chegar ao
hospital o mais rápido possível. O medo pelo estado da minha irmã pesava
sobre mim. Na calçada, lágrimas de preocupação enchiam meus olhos
enquanto eu olhava desesperadamente em busca de um táxi. Minha mente
estava turva com pensamentos angustiantes.
— Isadora, querida, o que aconteceu? Posso ajudar de alguma forma?
Não havia percebido a aproximação da senhora Aurora, sua expressão
carregando preocupação genuína.
— A minha irmã… — minha voz falhou, então ela estendeu a mão e
tocou meu braço suavemente. — Minha irmã deu entrada no hospital, preciso
chegar até ela — coloco as mãos na cabeça olhando para os lados. — Porra,
quando você mais precisa, nenhum táxi passa por aqui — esbravejei.
— O motorista está do outro lado da rua, esperando por mim. Posso
levá-la ao hospital, Isadora. Vamos lá, não perca tempo.
— Oh, meu Deus, muito obrigada.
— Não precisa agradecer Isadora, vem vamos— caminhei ao lado
dela até o carro. O motorista abriu a porta para nós, e eu me acomodei no
banco de trás enquanto a senhora Aurora falava o endereço ao motorista.
Durante o trajeto até o hospital, lágrimas caíam livremente pelo meu
rosto. Meus pensamentos estavam tumultuados, eu não estava lá quando
Aline precisou de mim. Jesus Cristo, não deixa nada de mal acontecer à
minha irmã.
A senhora Aurora colocou uma mão gentil sobre a minha e começou a
falar em um tom reconfortante:
— Isadora, eu entendo o quanto isso é assustador para você, mas
tenha fé. Sua irmã vai ficar bem.
— Eu não estava com ela quando tudo aconteceu. Aline deve ter
ficado assustada — falei com a voz cortada.
— Não pense assim, foca que tudo irá ficar bem — suas palavras
eram como um bálsamo para minha alma ferida, e eu me permiti encontrar
um pouco de conforto naquelas palavras tranquilizadoras.
Finalmente, o carro parou em frente ao hospital. Estava prestes a pular
para fora quando Aurora segurou minha mão e colocou dentro dela um
cartão.
— Se você precisar de qualquer coisa, me ligue, vou adorar ajudá-la
— agradeci e, sem pensar duas vezes, saí correndo do carro, deixando a
senhora Aurora para trás. Entrei no hospital com lágrimas ainda rolando pelo
meu rosto e abordei a recepcionista com um tremor na voz.
— Por favor, minha irmã foi internada. Preciso saber o que está
acontecendo.
A recepcionista pegou minhas informações e tentou me acalmar.
— Fique calma, senhorita. Vou verificar as informações e avisar o
médico. Logo ele virá falar com você.
Não tinha ideia de quanto tempo tinha passado desde que entrei no
hospital. Minha mente estava dominada pela ansiedade enquanto esperava.
Finalmente, o médico apareceu, com olhos gentis e um sorriso tranquilizador.
— Você é a irmã da pequena Aline? — Ele perguntou.
Assenti com a cabeça, minha voz ainda um pouco trêmula.
— Sim, sou eu. Como ela está? — O médico explicou que Aline
havia tido uma crise de asma e que eles já haviam iniciado o tratamento. Ele
explicou os procedimentos que haviam feito para estabilizá-la e disse que ela
estava dormindo agora.
— Você pode entrar para vê-la.
— Obrigada, Doutor, mas tenho uma pergunta antes. Minha irmã já
estava fazendo um tratamento e tomando medicamentos. Quero saber se
houve alguma mudança.
— Sim, senhorita, sua irmã não podia estar próxima de fumantes, e
pela fumaça que ela inalou, o tratamento não ia ter resultado, nem os
medicamentos.
— Como assim, fumante? Ela está sempre na minha presença, e eu
não fumo, e a cuidadora dela também não.
Ele me olhou como se eu fosse uma mentirosa e encolheu os ombros.
— Não sei lhe informar quem é que fuma perto de sua irmã,
entretanto, ela estava com o pulmão cheio de fumaça. Agora, preciso ir, tenho
outros pacientes para ver.
Fiquei ali na sala de espera por um tempo, tentando processar tudo
que foi me dito. Então, me lembrei que Daniela, a mulher que está cuidando
de Aline por indicação de dona Maria, havia mandado mensagem. Fui até a
recepção.
— Oi, a pessoa que trouxe Aline Ferreira Santos, ela está por aqui?
— Ela avisou que estava indo embora, que logo a senhora chegaria —
fechei as mãos em punhos.
— Obrigada — vou dar atenção a minha irmã e depois lido com
Daniela.
Entrei no quarto de hospital com o coração batendo forte no peito. Lá
estava minha irmãzinha, de apenas dez anos, deitada na cama, com uma
máscara de oxigênio cobrindo seu rosto. Seu peito subia e descia em um
ritmo regular, e eu senti alívio.
Me aproximei da cama, meu corpo tremendo enquanto eu segurava a
mãozinha frágil dela. Lágrimas rolaram dos meus olhos enquanto eu olhava
para ela, tão pequena e vulnerável naquela cama de hospital.
— Aline, minha princesa, você vai ficar bem — sussurrei, minha voz
embargada pelo choro. — Sua irmã está aqui agora, e eu vou cuidar de você.
Prometo que tudo ficará bem.
Continuei segurando sua mão, minha cabeça inclinada para beijar sua
testa delicadamente. Mesmo em seu sono, ela parecia se acalmar com minha
presença, e isso trouxe um pouco de paz ao meu coração atribulado.
Meus olhos encheram-se de lágrimas novamente enquanto eu pensava
em como minha irmãzinha havia passado por um momento tão assustador.
Prometi que cuidaria dela, e essa era uma promessa que eu estava
determinada a cumprir. Depois de um tempo que mais pareceu uma
eternidade, o médico retornou ao quarto para verificar Aline. Ele examinou
os sinais vitais dela e fez algumas anotações em seu prontuário.
— Ela está respondendo bem aos medicamentos — ele me
tranquilizou. — Continuaremos monitorando-a de perto, mas a crise de asma
parece estar sob controle agora.
Respirei aliviada ao ouvir essas palavras. Agradeci ao médico pela
atenção e cuidados com Aline. Ele sorriu e saiu do quarto, me deixando
sozinha novamente com minha irmã. Meu coração ainda estava pesado de
preocupação, mas a certeza de que Aline estava recebendo os cuidados
necessários me trouxe algum conforto. Me inclinei sobre ela e dei um beijo
suave em sua bochecha.
— Você é forte, minha pequena guerreira — sussurrei para ela. —
Vou estar aqui ao seu lado, não importa o que aconteça.
Sentei-me em uma cadeira ao lado da cama, decidida a esperar até
que Aline acordasse. O silêncio do quarto era quebrado apenas pelo suave
som dos aparelhos médicos e a respiração serena de minha irmã. Eu tinha fé
de que ela ficaria bem, e estava disposta a fazer tudo ao meu alcance para
garantir que isso acontecesse.
Capítulo 5 - ISADORA
Duas semanas se passaram após aquela terrível tarde no hospital, onde
Aline lutou pela vida devido a um ataque de asma, o mundo ao meu redor
parecia mais sombrio. Não sabia que a cuidadora de Aline, Daniela, era
fumante. Confiei nela, perguntei-lhe diretamente, e ela assegurou que não
tinha esse hábito. Mas, enquanto estava no trabalho, ela fumava na presença
da minha irmã, e Aline inalou a fumaça, piorando sua condição.
E desde então ela não deu mais as caras por aqui. Liguei, no entanto,
mas Daniela não atende as minhas ligações, pensei em ligar para dona Maria,
mas deixei pra lá, talvez essa mulher não tenha mentido apenas para mim,
como pode tê-lo feito para Maria também. Porque tenho certeza de que ela
não deixaria alguém como Daniela cuidar da minha irmã, sabendo das
condições de Aline.
Deixei Aline no quarto descansando, o médico deu duas semanas de
atestado para ela ficar em casa. Por conta dos novos medicamentos, ela anda
cansadinha. Coloco um pouco de café e me sento no sofá, pegando o celular e
entrando em alguns sites de trabalho. Mesmo que ainda não possa trabalhar
porque não tem ninguém para cuidar de Aline. Uma vez ao dia, dou uma
olhada no mercado de trabalho.
Estou tão distraída que acabo me assustando quando alguém bate à
porta. Saio do sofá e vou atender a pessoa. Ao abrir a porta, dou tudo de mim
para não socar a mulher que está cara a cara comigo. Ninguém menos que
Daniela.
— O que você está fazendo aqui? — pergunto, e ela levanta o queixo
como se tivesse motivos para estar na minha porta depois de tudo.
— Vim buscar o dinheiro dos dias que trabalhei — minha paciência
se esgota nesse momento.
— Você... Daniela! — exclamo, minha voz tremendo de raiva. —
Você quase matou a minha irmã! Ela estava no hospital por sua causa! Você
deveria estar presa por isso!
— Eu não fiz nada, cuidei dela como fui instruída a fazer — seu rosto
permanece impassível, como se nada daquilo a afetasse.
— Tenho certeza de que não lhe instruí a fumar, sua cadela. Você
deixou minha irmã no hospital sozinha.
Ela dá de ombros.
— Eu não estava sendo paga para ficar no hospital, Isadora. Meu
trabalho era cuidar dela em casa.
Essa resposta me enfurece ainda mais. Como ela pode ser tão
insensível? Como pode justificar suas ações dessa maneira?
— A Aline é uma criança, e você tinha a responsabilidade de protegê-
la, de cuidar dela independentemente de onde estivessem.
— Tá, já passou, me dê o meu dinheiro que vou embora — estou
prestes a explodir, minhas mãos cerradas em punhos.
— Não passou, você mentiu para mim, Daniela! Você mentiu sobre
não fumar, pelo amor de Deus, você não consegue ver a gravidade da
situação?
A discussão continua a esquentar, nossas vozes se sobrepondo em um
turbilhão de acusações. Minha raiva cresce a cada palavra que sai dos lábios
de Daniela, que parece indiferente à gravidade do que fez.
— Só me dê o meu dinheiro que saio daqui — Daniela insiste, com
um gesto impaciente das mãos.
— Não irei lhe pagar um centavo, você sabia que Aline tem asma e
ainda assim acendeu esse maldito cigarro na frente dela!
Estamos quase chegando ao ponto de não retorno, prontas para nos
confrontar fisicamente, quando ouço a voz fraca e cansada de Aline
chamando meu nome.
— Isa, o que está acontecendo? — A preocupação com ela me faz
recuar por um instante. Suspiro, tentando manter a calma, mas a chama da
raiva ainda queima intensamente.
— Não está acontecendo nada, está tudo bem, minha pequena. Vou
resolver isso, volta para o quarto.
Me coloco na porta para que ela não veja o que está acontecendo.
— Tudo bem — ela fala antes de virar e voltar para o quarto.
Voltando minha atenção para Daniela, minha voz está impregnada de
fúria.
— Daniela, vá embora agora e nunca mais volte, se insistir, chamarei
a polícia.
Em seguida, fecho a porta na cara de Daniela, mas isso não a impede
de gritar no corredor que quer seu pagamento. Minha prioridade é proteger
Aline, e não permitirei que nada nem ninguém a coloque em perigo
novamente.

Um mês mais tarde…


Nunca havia ficado tanto tempo desempregada, e agora estou há um
mês sem trabalho, e a situação é desesperadora. Depois de deixar Aline na
escola, comecei a fazer as tarefas domésticas, tentando me acalmar e lidar
com as contas que continuam se acumulando.
O novo tratamento de Aline é mais caro, e estou sem emprego. Nem
posso procurar outro, porque não tenho ninguém para cuidar dela, e confio
cada vez menos em deixá-la com estranhos. Enquanto eu estava colocando
roupas sujas na máquina de lavar, encontrei o cartão que a senhora Aurora
me deu quando me levou ao hospital. Suspiro e murmuro para mim mesma:
— Será que o universo está olhando para mim? Depois de tudo que
passei, Deus está me abençoando?
Uma lágrima escorre pelo meu rosto, e percebo que há uma chance de
encontrar ajuda, mesmo nas circunstâncias mais difíceis.
Na manhã seguinte, depois de dar o café da manhã para Aline, pego o
celular e ligo para a senhora Aurora.
— Alô, aqui é a Isadora, a garota do café — minha voz está cheia de
ansiedade.
A senhora Aurora ri do outro lado da linha.
— Claro que me lembro de você, Isadora. Como está a sua irmã?
Tento manter a voz firme.
— Ela está bem, obrigada. Eu estava pensando se poderíamos nos
encontrar.
A senhora Aurora concorda de imediato.
— Claro, adoraria. Que tal almoçar na minha casa?
Minha esperança cresce.
— Seria ótimo, mas só vou se Aline puder ir comigo. Não tenho
ninguém para cuidar dela.
Aurora responde com gentileza.
— Adoraria conhecer a Aline. Às onze, nosso motorista passará para
buscá-las. Pode me passar o endereço?
Passei o endereço em seguida desligamos o telefone e respirei
aliviada.
Às onze em ponto, o motorista chegou para nos buscar. Aline estava
animada, enquanto eu tentava não demonstrar meu nervosismo, pois minha
situação financeira me deixava à beira de um colapso. Durante a viagem, meu
pensamento se concentrava em como abordar a senhora Aurora e pedir sua
ajuda.
Quando chegamos à casa da senhora Aurora, ficamos impressionadas.
A mansão era um verdadeiro espetáculo, com jardins exuberantes e uma
fachada imponente. Aurora nos recebeu calorosamente na porta e nos levou
ao jardim.
Tudo aquilo parecia muito distante da nossa realidade. Olhei para
Aline e percebi que seus olhos também refletiam o espanto, imaginando que
o meu rosto estava da mesma forma.
— Pensei que vocês gostariam de almoçar aqui, com essa vista linda
— Aurora nos conduziu até a mesa, onde uma toalha branca e delicada estava
posta. Havia comida que duraria meses na minha casa. De mãos dadas com
Aline, nos aproximamos da mesa.
— Sente-se e fique à vontade — Aurora falou para nós.
Aline estava maravilhada com o lugar, enquanto eu sentia uma
gratidão profunda por essa oportunidade. Nos sentamos à mesa, e Aurora
serviu um almoço delicioso, repleto de pratos saborosos. Enquanto
desfrutávamos da refeição, finalmente encontrei coragem para falar sobre
minha situação.
— Senhora Aurora, quero agradecer por nos receber aqui e por ser tão
generosa. Eu realmente não sei como expressar minha gratidão. Mas também
quero compartilhar algo com a senhora. Minha situação com minha irmã...
Aurora interrompeu com um sorriso caloroso.
— Aline, agora que terminamos, você quer um pedaço de bolo? —
Aline ficou encantada e animada.
— Quero, tem sorvete também? — Meu rosto corou.
— Aline! — a repreendi.
— Deixa a menina, Isadora — Aurora riu. — Se tiver na cozinha,
podem te dar.
— Obrigada, senhora — disse minha irmã.
— Apenas Aurora, Aline.
— Tudo bem, Aurora — Aline se levanta da cadeira e corre pelo
jardim. Depois que ela sai, limpo a garganta e começo a explicar minha
situação.
— Aurora, não está sendo fácil me abrir assim, e não quero que pense
que sou interesseira, no entanto, a senhora falou que se eu precisasse de algo,
poderia ligar. Estou enfrentando dificuldades financeiras e…
Aurora me interrompe novamente com aquele sorriso.
— Nunca irei pensar isso, Isadora. Sou boa em julgar o caráter de
alguém e sei que você é uma pessoa honesta e trabalhadora.
Fico feliz que ela me veja assim.
— Se a senhora pudesse me contratar para limpar o jardim ou até
mesmo limpar o banheiro, não estou pedindo dinheiro, estou querendo um
trabalho que eu possa levar a minha irmã junto.
Conto a ela sobre o que aconteceu com Aline e o motivo de sua
hospitalização.
— Eu sinto muito por tudo o que passou, Isadora. Hoje em dia,
precisamos ter o máximo de cuidado com as pessoas que estão próximas de
nós.
— Esse é o meu medo ao contratar alguém para cuidar de Aline.
— Eu entendo, e posso te ajudar — ela faz uma pausa e olha nos
meus olhos.
— Você não vai precisar trabalhar, como mencionou antes, mas
preciso que faça algo.
— O que precisa que eu faça? Só não posso matar ninguém — dou
uma risadinha.
— Não, não chegará a esse ponto. Mas você se casaria com o meu
filho?
Sorrio achando que é uma brincadeira, mas quando percebo que ela
não está rindo, fico perplexa.
— Está falando sério? — Aurora assente.
— Sim, estou falando.
— Isso é... uma proposta surpreendente, senhora Aurora. Eu
realmente aprecio sua generosidade e a oportunidade que está me oferecendo.
Mas casar-se com o seu filho... eu não sei o que dizer. Preciso pensar nisso.
Aurora assente compreensivamente.
— Claro, Isadora, eu entendo que seja uma decisão importante. Leve
o tempo que precisar. O que importa é que estou disposta a ajudá-las de
qualquer maneira que puder.
Nesse momento, Aline volta da cozinha com um sorriso no rosto,
segurando um pedaço de bolo de chocolate.
— Olha, Isa, eles têm o melhor bolo do mundo aqui! — Aline diz
com entusiasmo.
Sorrio para ela e depois volto a olhar para Aurora.
— Vou pensar na sua proposta com cuidado. E novamente, obrigada
por nos receber e por ser tão gentil.
— Você é uma mulher incrível, Isadora. Não importa qual seja sua
decisão, estou aqui para apoiá-las. E vou dar o dinheiro de que precisa.
— Não posso aceitar o dinheiro... — ela segura minha mão.
— Aceite, por favor. Não estou te forçando a se casar, mas não
preciso de nada além disso.
Não sei qual é o motivo de Aurora querer que eu me case com seu
filho; será que ele tem algum problema? Fico sem graça para perguntar. Mas
não posso aceitar o dinheiro; o trabalho, sim.
Três semanas se passaram desde que Aurora fez a surpreendente
proposta. Minha vida continua sendo uma luta constante, com as contas se
acumulando. Naquela quarta-feira, depois de deixar Aline na escola, tomo
uma decisão. Com um coração cheio de esperança, pego o telefone e ligo
para Aurora.
— Aurora, eu pensei muito sobre a sua proposta…
— Sim, Isadora? O que você decidiu? — Aurora pergunta do outro
lado da linha.
Respiro fundo antes de responder com determinação:
— Eu aceito a proposta de me casar com o seu filho — Aurora solta
um suspiro de alívio e alegria.
— Isadora, você não sabe como isso me deixa feliz — Aurora disse
com gratidão.
Eu não sei o que me espera nesse casamento, mas estou disposta a
fazer o que for necessário para proporcionar um futuro melhor para mim e
minha amada irmã.
Capítulo 6 - AURORA DE CASTRO LIMA
Seguro o celular na mão, ainda sem acreditar que Isadora aceitou
minha proposta. Ela será a esposa que Gui precisa. Desde a primeira vez que
estive naquele café, notei a simplicidade e ternura dela quando atende as
pessoas. Alguns contam suas histórias de vida e como foi o seu dia, e Isadora
escuta com atenção. Foi por ela que continuei indo ao café, imaginando se
algum dia o destino nos daria uma ajudinha e meu filho conhecesse essa
adorável garota.
— O que tem de especial nesse celular que você está tão agarrada a
ele? — girei para encontrar meu marido me olhando com um sorriso. Suspirei
apaixonada. Estamos casados há mais de duas décadas, e toda vez que ele me
olha com esses olhos castanhos, me vejo suspirando.
— Estou feliz, pois alguém aceitou a minha proposta — ele caminhou
até mim e parou diante de mim. Seus braços circularam ao meu redor.
— Espero que não envolva um homem mais jovem nessa proposta —
ri.
— Meu amor, eu sempre terei olhos apenas para você — Miguel
abaixou a cabeça e beijou meus lábios. Meu marido é lindo, e a idade apenas
o deixou ainda mais atraente. Ele é alto, os cabelos que um dia foram pretos
agora são grisalhos, barba cheia grisalha como seu cabelo, maçãs do rosto
forte, lábios grossos.
— Posso saber qual é a proposta que minha esposa fez? — Miguel me
olhou com curiosidade.
— Consegui uma moça para se casar com nosso filho — ele levantou
a sobrancelha.
— Amor, o casamento não é assim. O que você fez? — Segurei sua
mão e o levei para o escritório. Chegando lá, ele se sentou no sofá comigo em
seu colo.
— Guilherme tem trinta anos, uma boa idade para encontrar alguém,
contudo ele só pensa em sair por aí, envolvendo-se com qualquer uma.
Meu marido riu.
— Eu, na idade dele, era terrível — dei um tapa em seu braço.
— Não preciso saber das suas conquistas. O foco aqui é o nosso filho.
Pensei em... ajudar um pouco nesse aspecto.
Miguel franziu a testa.
— Você quer arranjar um casamento para ele? — Balancei a cabeça
com determinação.
— Não exatamente. Quero que ele conheça alguém especial, alguém
que o faça desejar se casar. E já tenho a pessoa perfeita, ela se chama Isadora.
Miguel suspirou, dando um apertinho na minha cintura.
— Aurora, ele é adulto. Deveríamos deixar que nosso filho tome suas
próprias decisões quanto ao casamento.
Sabia que Miguel tinha razão, mas minha vontade de que meu filho se
casasse e construísse uma família me impelia a agir.
— Miguel, você não conhece o nosso filho. Ele nunca vai tomar essa
decisão por conta própria. Só quero que ele seja feliz.
Miguel refletiu por um momento e, finalmente, disse:
— Não vou interferir, mas saiba que ele pode não gostar da ideia. Gui
não é mais um garoto que aceita que a mãe faça escolhas por ele.
— Obrigada, amor. Preciso de uma coisa.
— O quê? — suspirou.
— Quero que você faça um contrato para Isadora manter isso em
sigilo, entre outras coisas que vou falar. Pode fazer isso por mim?
— Sim, eu faço tudo por você — sorriu, beijando-me. O plano estava
quase pronto.

ISADORA
Quando voltei à casa de Aurora, não estava diferente da outra vez que
estive aqui. O nervosismo estava tomando conta de mim. Entretanto, ela me
recebeu com um sorriso acolhedor e me conduziu até a sala. O aroma do chá
recém-preparado dançava no ar, e eu me acomodei no sofá enquanto ela
servia as xícaras.
— Como tem passado, Isadora? E a Aline? — bebi um gole do chá
antes de responder.
— Estamos bem. E a senhora?
— Bem, e muito contente que tenha aceitado minha proposta —
mordi minhas bochechas nos lados de dentro da boca.
— Falando sobre isso, o que tenho que fazer? Presumo que já precise
começar — ela soltou uma risadinha antes de tomar um gole de chá.
— Você não quer comer alguns biscoitos? Eles são deliciosos —
balancei a cabeça.
— Aurora, sendo sincera, estou muito nervosa e ansiosa. Até se
quisesse, não conseguiria comer nada.
— Oh, Isadora, não fique assim. Para lhe tranquilizar, vamos
conversar mais antes de entrarmos em qualquer detalhe…
Aurora disse, apontando para um papel que repousava sobre a mesa de
centro.
— Gostaria que você lesse e assinasse esses documentos, tanto para a
sua segurança como para a minha.
Deixando minha xícara de lado, peguei o papel e comecei a ler. O que
vi ali me surpreendeu. Entre as cláusulas, uma proibia estritamente que eu
revelasse qualquer detalhe desse acordo a qualquer pessoa. Eu estaria
ganhando uma quantia de dinheiro e depois do casamento teria uma parte dos
bens de Aurora. Nunca mais estaria desamparada, mas o que chamou minha
atenção é o fato de eu ter filhos.
— Preciso ter filhos? — quis saber.
— Estas são algumas das condições que precisamos seguir. Quero ser
avó, Isadora.
Sorri.
— É que já tenho Aline, e uma criança agora não estava nos meus
planos — fui sincera.
— Não precisa ter filhos logo que se casar, mesmo que eu tenha por
mim que não vai demorar muito. E já tenho Aline como se fosse minha neta.
Vou adorar passar mais tempo com ela.
Fiquei grata por ela receber a minha irmã e a ter como neta.
— Além do sigilo absoluto, o acordo estipula que o casamento só
pode terminar se uma das partes estiver genuinamente infeliz, ou houver
traição — continuou ela, seus olhos fixos nos meus.
— Isso significa que não podemos simplesmente nos separar por
desentendimentos triviais? — perguntei.
Levantei os olhos dos documentos, encontrando o olhar de Aurora.
— Tudo bem — fiquei em silêncio por um momento, refletindo.
Finalmente, assenti e peguei a caneta para assinar. Após assinar os
documentos, eu olhei para Aurora.
— O que devo fazer agora? — perguntei a ela, curiosa sobre os
próximos passos desse acordo.
Aurora sorriu gentilmente, levando a xícara de chá novamente aos
lábios antes de responder.
— Você vai começar a trabalhar para mim — franzi a testa.
— Como? A senhora havia dito que não precisa de mim para nada.
— E não preciso, Isadora, mas quero que você trabalhe como minha
assistente pessoal. Guilherme só vai querer se envolver com você se se
aproximar dele, e se eu os apresentar, ele vai desconfiar.
Ainda não entendia aonde ela queria chegar com aquilo.
— Você trabalhar para mim lhe dará a chance de conhecê-lo e ser um
desafio para ele.
— Como?
— Mesmo que não admita, os homens adoram um desafio. Você não
o quer, está entrando nesse acordo pelo dinheiro. Gui vai perceber que você
não o quer e vai levar isso como uma competição. E quando menos esperar,
estará apaixonado.
— Vou seguir como deseja — Aurora sorriu calorosamente.
— Apenas seja você mesma e deixe que o destino cuide do resto.
— E se ele não me quiser, vou ficar sem ganhar?
— Não, você vai ter o seu dinheiro, nada vai faltar para você e Aline.
— Também não tem ninguém para cuidar dela por mim.
— Não se preocupe, Isadora. Podemos providenciar para que Aline
fique aqui enquanto você trabalha. Ela estará segura e bem cuidada.
Senti um alívio profundo diante dessa oferta.
— Isso seria ótimo. Obrigada, Aurora — eu não sabia nada sobre o
filho dela, preciso pelo menos saber de uma coisa.
— Aurora, eu sou o tipo de mulher com o qual ele costuma sair? —
Com vinte e um anos, quase não tive namorado, e pode parecer estranho, mas
ainda sou virgem. Quando se tem as preocupações que tenho, romance é a
última coisa em que penso.
— Ele está acostumado com modelos e celebridades. — Respondeu.
Ela colocou uma mão gentil sobre a minha.
— Portanto, Isadora, você é linda de uma maneira diferente. E, mais
importante, Guilherme vai ver o que vejo em você.
— E se ele não ver? — Ela piscou.
— Não seja pessimista, ele verá — eu não tinha tanta certeza quanto
ela.
Capítulo 7 - GUILHERME
Durante duas semanas, não consegui ir almoçar na casa dos meus
pais. Estive no Rio de Janeiro, apresentando a nova linha de produtos. Mas
hoje, ao voltar, imaginei que minha mãe poderia aparecer na empresa, como
aconteceu da última vez. Enquanto o almoço estava sendo preparado, me
acomodei na sala com meu pai e Lorenzo, aquele sujeito que insiste em
frequentar a casa dos meus pais. Enzo sempre aparece sem aviso para o
almoço, como se minha mãe tivesse um radar secreto que o direcionasse até
aqui.
Sentados no sofá da sala, com copos de uísque em mãos, começamos
a conversar e, é claro, as provocações de praxe começaram. Lorenzo e eu
tínhamos essa relação peculiar de cutucar um ao outro, como irmãos que
nunca tivemos.
— Enzo, você não tem casa e mãe para fazer um almoço pra você? —
perguntei com um sorriso de canto.
Ele me olhou por cima do copo, os olhos cintilando com um brilho
travesso.
— Tenho, claro, Gui. Mas sabe o que eu não tenho em casa? A
comida da tia Aurora.
Lorenzo fez uma pausa dramática antes de dar um gole no uísque,
como se estivesse apreciando cada gota.
Meu pai apenas riu, balançando a cabeça. Ele já estava acostumado
com nossas brincadeiras incessantes.
— Pai, o senhor deveria proibi-lo de estar aqui — meu pai bebeu de
seu copo antes de responder:
— Vocês nunca vão crescer, hein? — meu pai disse, levantando a
sobrancelha enquanto observava nossa troca de olhares e risos.
— Crescer é superestimado, meu caro Miguel. A juventude está no
coração, não na idade.
Lorenzo fez uma careta, dramatizando sua expressão.
— Com vocês está nas atitudes infantis — meu pai respondeu, me
fazendo gargalhar da cara de Enzo.
— Toma essa, idiota — provoquei, e ele me olhou com os olhos
furiosos.
— Talvez eu vá lembrar a tia Aurora sobre casamento — agora os
dois riram de mim, sabendo da aversão que tenho por casamentos. Meu
amigo adora me provocar com esse assunto.
— Posso convencê-la de que você pode dar os netos que ela tanto
quer.
— Não brinque com coisa séria, Gui — seu rosto deu lugar ao medo,
a mesma vontade que tenho de casamento Enzo tem de ter filhos, nenhuma.
— Garotos, chega desse assunto, antes que minha mulher escute e
realmente vocês estarão em maus lençóis.
Meu pai falou e, em seguida, me olhou.
— Guilherme, como foi a viagem? — ele perguntou.
— Foi excelente, não era o planejado, mas consegui fechar um acordo
que será muito bom para a empresa.
Meu pai me olhou com orgulho. Não importa que eu seja um homem
de trinta anos; ainda gosto de saber que meus pais se orgulham do filho que
criaram.
— Você sempre teve esse dom para os negócios, uma pena que nunca
quis ser advogado como eu.
Meu pai é um advogado brilhante, tem sua própria empresa de
advocacia, que cuida de todas as questões jurídicas da minha. Tentei cursar
direito, mas logo percebi que não era o que queria e segui os passos da minha
mãe, formando-me em administração e, depois, tornando-me CEO da
empresa de cosméticos da dona Aurora.
— Não era para mim, pai — ele assentiu.
— Sim, não era. Pode ser para um neto.
— Ah, o senhor também não — ele riu.
— Só estou dizendo que há esperança para alguém desta família
seguir os meus passos.
— É, Gui, a esperança é a última que morre.
— Vai se lascar, Enzo — Lorenzo apenas encolheu os ombros, um
sorriso de canto nos lábios. Ele gostava de testar os limites, mas todos nós
sabíamos que ele também estava aqui para mim, não importando o quão
brincalhão fosse.
— Olha essa boca, garoto — minha mãe entrou na sala me
repreendendo.
— Ele que começou, mãe.
— Conheço vocês — ela falou com diversão.
— O almoço já está servido, venham logo antes que esfrie — ela
disse com um sorriso caloroso.
Deixei minha bebida de lado e me levantei.
— Claro, mãe, já estou indo. Ninguém é louco o suficiente para
deixar dona Aurora esperando. Deixamos nossas bebidas e a seguimos para a
outra sala, a mesa estava posta, e, quando puxei o ar, sorri.
— Feijoada — me animei, adoro feijoada.
— Também adoro feijoada, tia Aurora — Enzo entrou na conversa.
— Ninguém perguntou — resmunguei, recebendo um tapa no braço.
— Nem parece que lhe dei educação — nos sentamos, e quando olhei
para Enzo, ele estava rindo.
Fiquei quieto por enquanto, nos servimos e começamos a comer.
Minha mãe fez perguntas sobre a empresa e a viagem. Fiquei tenso quando as
perguntas começaram, pois já esperava que ela falasse algo sobre eu
encontrar uma mulher e me casar. Estava pegando mais um pouco de feijoada
quando a porta se abriu e uma mulher entrou.
Parei no que estava fazendo e fiquei congelado observando-a entrar
na sala. Seus passos eram tão suaves que não faziam qualquer barulho. Se
não tivesse de frente para a porta, nem teria notado a sua entrada.
Minha reação deve ter despertado o interesse de Enzo, porque ele se
virou e ficou olhando para a mulher com a boca ligeiramente aberta. Seus
cabelos ondulados estavam soltos, mas o penteado prendia as mechas da
frente, deixando seu rosto angelical em evidência. Seus lábios eram cheios e
rosados, e mesmo de longe podia perceber que era sua cor natural. Os olhos
castanhos, nariz empinado. Desci meu olhar pelo seu corpo. Ela era baixinha,
com seios grandes, que não passavam despercebidos. Estava usando um
vestido de verão solto.
— Quem é ela? — perguntei, ainda sob o efeito da presença daquela
mulher, que simplesmente me ignorou e caminhou até a minha mãe, que
estava rindo para ela.
— Quero que vocês rapazes conheçam Isadora. Isadora, este é meu
filho, Guilherme, e seu amigo Lorenzo.
Isadora agradeceu com um sorriso gentil e um aceno de cabeça.
— Prazer em conhecê-los — levantei a sobrancelha, olhando para
minha mãe.
— Não, não é nenhuma armação — eu ainda não acreditava na minha
mãe. Ela riu de forma descontraída, lançando um olhar afetuoso para Isadora.
— Isadora é minha assistente pessoal, Guilherme. Decidi convidá-la
para se juntar a nós hoje, ela e a irmã.
Nesse momento, uma garotinha entrou correndo e agarrou o vestido
de Isadora.
— Já falei para não ficar correndo, Aline — ela repreendeu a
garotinha, que fez bico.
— Desculpa, Isa — a menina respondeu e abaixou a cabeça.
— Deixa ela, Isadora — minha mãe interveio entre elas.
— Aurora, ela pode quebrar alguma coisa e ainda se machucar —
observando a interação entre elas, descartei a ideia de que minha mãe estava
tentando me casar com essa mulher. Ela não é o tipo de mulher com a qual
estou acostumado a sair, e as mulheres que minha mãe arrumava eram do
jeito que eu queria, exceto pela parte de casamento.
— Você está certa, senta aí e vamos almoçar — Isadora se sentou
bem longe de mim, e a menina perto de Enzo, que não parava de olhar para a
mulher.
— Assistente? Desde quando você tem uma assistente, mãe? —
perguntei, curioso.
— Desde que eu precise de uma, Gui. Não é porque não estou na
empresa que não tenho minhas obrigações. Isadora é o meu anjo da guarda,
ela tem me ajudado.
— Que anjo, tia — Enzo fez uma piadinha, fazendo a mulher rir. Ela
era linda sorrindo.
— Oi, eu sou Aline, quem é você? — a menina perguntou para mim.
Nunca tive contato com crianças, então fiquei olhando para ela.
— Este é o Guilherme, e eu, o mais bonito, me chamo Lorenzo —
Enzo respondeu no meu lugar.
— Você é engraçado — a menina falou sorrindo.
— Obrigado, princesa — limpei a garganta.
— Você gosta de feijoada? — perguntei à menina. Ela me olhou,
fazendo uma cara engraçada.
— Não, mas gosto de sorvete e bolo de chocolate — minha mãe
olhou para nós.
— Também gosto de sorvete e bolo de chocolate, mas feijoada é uma
delícia. Que tal você comer um pouco de feijoada, e eu te trago bolo junto
com duas bolas de sorvete?
— Misturado, o bolo com sorvete?
— Sim.
— Não vai ficar ruim?
— Garanto que era o que amava comer quando tinha sua idade — ela
me olhou desconfiada.
— Você nem sabe qual é a minha idade.
— Você tem 10 anos — o rostinho dela entregou sua idade.
— Uau, tenho 10 mesmo.
— Então vamos fechar esse acordo — ela balançou a cabeça saindo
da sua cadeira para se sentar em uma próxima a mim.
— Fechou! — apertei a mãozinha dela. Peguei uma concha e servi um
pouco de feijoada no prato e entreguei a Aline, fiz o mesmo com o meu prato.
Esperei ela comer primeiro, e quando levantei a cabeça, todos na mesa
estavam olhando para nós. Dei de ombros e comecei a comer.
Capítulo 8 - ISADORA
Depois do almoço, fui para a varanda e me sentei em um banco. Meu
coração estava acelerado, e minhas mãos repousaram na minha barriga,
tentando acalmar o frio estranho.
Nunca imaginei que Guilherme seria tão atraente. Quando ele me
olhou, faltou-me o fôlego. Seus olhos intensos pareciam penetrar a minha
alma, e senti como se ele pudesse ver muito mais do que eu gostaria.
Quando Aurora fez a proposta, imaginei que seu filho teria algum
problema, talvez não fosse alguém atraente. Contudo, todo cenário que
imaginei nem um me preparou para conhecer o homem lindo sentado à mesa,
olhando-me como se eu fosse a única naquela sala. Esforcei-me para
continuar andando até Aurora e fingi que não sentia nada com a sua
presença.
Porém, minha mente berrava que mal conseguia acreditar que ele era
o homem que eu teria que seduzir. Como diabos conseguiria fazer isso
quando mal podia ficar perto dele sem minhas pernas tremerem? Cada gesto
dele, cada movimento dos seus lábios, era hipnotizante.
Tentei disfarçar meu nervosismo, mas minhas mãos tremiam, e meus
lábios secavam enquanto eu lutava para manter a compostura. Guilherme
estava me levando à loucura sem sequer dizer uma palavra.
— Oi — dei um pulo do banco quando a voz rouca falou próximo de
mim. Estava tão distraída que não notei Guilherme se aproximando. Seu
timbre de voz profundo fez meu coração dar um salto.
— Oi, você me assustou — dei uma risadinha nervosa.
— Me desculpa, não foi minha intenção, só vi falar que sua irmã é
uma criança bem esperta.
Ri.
— Sim, Aline é muito esperta — Guilherme parecia genuinamente
interessado em prosseguir com essa conversa e continuou:
— Como você conheceu a minha mãe? — Ajeitei uma mecha do meu
cabelo nervosamente antes de responder, pois esperava que ele fizesse essa
pergunta. Aurora me preparou para essa situação.
— Trabalhava em um café que a senhora Aurora costumava
frequentar. Foi lá que nos conhecemos.
Falei a verdade, não quero começar a mentir e ele me pegar no meio
de uma mentira.
— Minha mãe anda me surpreendendo muito... então você saiu e
começou a trabalhar para ela?
— Não fui demitida — ele levantou a sobrancelha apertando os olhos.
— O que você fez para ser demitida? — A arrogância com que ele
falou não me desceu bem.
— Por que eu teria que ter feito alguma coisa, estou passando por
uma entrevista, senhor Guilherme?
Ele me avaliou, então levantou as mãos como um sinal de paz.
— Só estou querendo conhecer a assistente da minha mãe, se não
esconde nada, não tem por que ficar na defensiva.
Fechei meus punhos, tá aí o motivo desse babaca não se casar, quem é
louca em querer ser sua esposa.
— Pode ser que eu esteja escondendo algo, mas isso não é da sua
conta, se estou trabalhando para sua mãe, devo explicação a ela, não a você.
— Não sou mais o senhor Guilherme — ele debochou, rindo. Me
levantei rapidamente, me limitando a dizer apenas:
— Bem, preciso ir — Guilherme concordou com um aceno, sorrindo.
— Tudo bem, acho que nos encontraremos mais vezes e então
descobrirei qual é o seu segredo.
Deu vontade de mandá-lo ser f...de, mas continuei caminhando para
longe desse babaca arrogante. Me afastei, sentindo a tensão daquele breve
encontro ecoar em mim enquanto me distanciava da varanda.
Nunca fui do tipo que não gosta de alguém, achei que seria difícil ser
indiferente ao filho da Aurora, mas agora o conhecendo, tenho certeza de que
não será nenhum sacrifício.
GUILHERME

Cocei a barba enquanto observei Isadora se afastando, intrigado. Ela


era um enigma que não consegui decifrar. Quando a vi inicialmente, pensei
que ela fosse parte de algum plano de minha mãe para me casar, mas agora
ficou claro que Isadora não gosta de mim.
Na verdade, era nítido que ela não tinha nenhum interesse em mim, o
que a tornava ainda mais fascinante. Sinto que tem mais nessa mulher, e irei
descobrir.
Enquanto ela caminhava para longe de mim, notei a maneira como
Isadora carregava seu corpo, cheia de graça e confiança, apesar de sua
aparente relutância em estar perto de mim. A expressão em seu rosto parecia
esconder segredos profundos, e seus olhos revelavam uma história que eu não
conseguia decifrar.
Contudo, sabia que precisava descobrir mais sobre ela, desvendar o
que a tornava tão diferente de todas as outras mulheres que haviam cruzado o
meu caminho. E, à medida que a vi se afastar, a curiosidade e o desejo de
conhecê-la melhor cresceram dentro de mim.
— Ela é gostosa e tem belos peitos, não me importaria de me casar
com uma mulher como ela.
Enzo, se jogou no meu lado no banco, rolei os olhos, reagindo com
um certo ceticismo.
— Sim, acho ela gostosa, mas isso não significa que eu queira me
casar com Isadora ou qualquer outra mulher.
Virei para ele depois que Isadora sumiu de vista.
— Bem, se você não quer, eu estou mais do que disposto a tentar a
sorte.
— Pensei que estava interessado em Carla — ele fez uma careta
quando toquei no nome de Carla.
— Meu coração, assim como meu pau é grande, sempre cabe mais
uma.
— Você é um idiota, fala tanto dessa salsicha fina como se fosse uma
calabresa — provoco.
— Tá me confundindo com você — eu dei de ombros.
— Nunca tive nenhuma reclamação — continuamos com as
provocações.
Entretanto, minha mente estava longe. Eu não podia deixar de pensar
em Isadora, a mulher misteriosa que parecia tão diferente de todas as outras.
Havia algo nela que me intrigava profundamente, algo para além de sua
aparência atraente.
Enquanto Enzo continuava com suas provocações, eu me perdi em
pensamentos, tentando decifrar o enigma que era Isadora.
Capítulo 9 - ISADORA
Depois do almoço, encontrei Guilherme duas vezes. Embora não
tenhamos conversado, senti seus olhares curiosos sobre mim. Me senti um
objeto de estudo. Aurora mencionou que estou me saindo bem, mas ainda
estou incerta.
Pelo menos, não preciso me preocupar com dinheiro e os
medicamentos da Aline. Eu levo Aline para a escola, depois vou para a casa
de Aurora, cuidando de sua agenda e acompanhando-a em alguns
compromissos.
Ser assistente é algo novo para mim, e passo a mão em minhas roupas
simples. Em circunstâncias normais, eu não estaria aqui, mas foi um pedido
de Aurora, então me sinto obrigada.
Ao entrar no impressionante edifício, fico admirada com a arquitetura
imponente e os detalhes sofisticados. Minha pulsação acelerou à medida que
me aproximei da recepção. A recepcionista, uma mulher elegante com
cabelos perfeitamente arrumados, me cumprimentou com um sorriso
profissional.
— Bom dia! Como posso ajudá-la, senhorita? — Gaguejei antes de
responder:
— Gostaria de falar com o senhor Guilherme, por favor.
— Você tem uma hora marcada? — Ela perguntou.
— Na verdade, não, não tenho — o canto dos seus lábios subiu,
franzindo.
— Sinto muito…
— Isadora — virei para encontrar Lorenzo, sempre falador. Aline ri
muito com ele.
— Lorenzo, oi, tudo bem?
— Apenas Enzo. Você veio ver o Guilherme?
— Sim, mas não sabia que precisava de hora marcada — olhei para a
recepcionista que parecia envergonhada. Enzo se inclinou levemente em
direção à recepcionista e disse:
— Oh, não se preocupe, Paula. Eu vou levá-la até a sala do
Guilherme.
Paula assentiu com um sorriso e me entregou um cartão de visitante,
desejando-nos um ótimo dia.
— Obrigada — agradeci, porque sem ele, não teria conseguido.
— Não precisa agradecer, eu já estava subindo — Enzo me conduziu
até o elevador. Enquanto as portas se fechavam, limpei a garganta.
— Você trabalha aqui? — perguntei para quebrar o clima tenso.
— Sim, sou o gestor de marketing, meu trabalho é fazer com que as
pessoas queiram comprar nossos produtos.
Lorenzo parecia orgulhoso.
— Não entendo muito sobre o trabalho de um gestor de marketing.
Até ontem, estava servindo café — dei uma risadinha. — Isso é novo para
mim — Lorenzo me olhou como se não esperasse por essa resposta.
— Vou tentar ser o mais claro possível sobre o que faço. Meu
trabalho envolve estratégias, planejamentos, entre outras coisas. Sou o cara
que identifica e quantifica as necessidades dos clientes.
— Interessante — realmente estou impressionada.
— Estranhamente, nunca falei para mulher nenhuma sobre o que faço.
— Talvez seja porque você nunca teve uma conversa com uma
mulher que se importasse mais com o que sai da sua boca do que com seus
peitos.
Eu e Lorenzo olhamos para o canto do elevador, e lá estava uma
mulher bonita. Seu cabelo loiro estava preso em um rabo de cavalo, ela usava
pouca maquiagem, destacando sua beleza natural, e seu traje tinha um toque
de secretária sexy.
— Carla — Enzo a chamou com um tom de rosnado.
— A própria — ela riu e se aproximou, estendendo a mão para mim.
— Sou Carla — apertei sua mão.
— Isadora, é um prazer conhecê-la — Lorenzo resmungou que não
era um prazer.
— Se precisar de alguma coisa, você me encontra no terceiro andar.
— Obrigada — as portas se abriram, e ela saiu. Enzo ficou olhando
para ela enquanto ela se afastava balançando os quadris. Quando as portas se
fecharam e ele notou que eu estava observando, ele fez uma careta.
— O que foi? — perguntou.
— Nada — falei rindo. Esses dois têm alguma coisa. O elevador
parou, e saímos em um corredor igualmente luxuoso.
— Chegamos — disse Enzo.
— Não precisa me levar até lá, Enzo, só me diga onde fica a sala do
Guilherme que eu sigo sozinha. Não quero incomodar.
— Você não incomoda, faço questão de acompanhá-la.
— Tudo bem — continuamos pelo corredor. Enzo é engraçado, estou
rindo de uma piada que ele contou. Quando viramos o corredor e paramos ao
encontrar Guilherme, que nos observava com curiosidade. Seus olhos se
moviam entre mim e Enzo, questionadores.
— O que você está fazendo aqui, Isadora? — Ele inclinou a cabeça
levemente, sua expressão séria.
— Vim a mando de Aurora. Ela me pediu para entregar um
documento pessoalmente.
Guilherme estava acompanhado por três homens de terno, então eu
menti que vim trazer documentos, pois, um convite parecia um motivo bobo
para vir até a empresa. No entanto, eu sabia que Aurora fez isso para que eu
pudesse encontrar Guilherme sozinha.
— E por que minha mãe não mandou por e-mail? — Ele deu um
sorriso forçado.
— Ela queria que fosse entregue pessoalmente — Guilherme assentiu.
— Bem, então, venha comigo. Vamos para a sala, e você pode me
entregar tudo lá.
Girei para olhar para Lorenzo.
— Obrigada.
— De nada, precisando é só me chamar.
— Pode deixar — Guilherme começou a caminhar à minha frente, sua
postura elegante e decidida. Segui-o, e entramos no escritório sofisticado.
Guilherme se sentou em sua cadeira oposta e me olhou do outro lado da
mesa.
— Quer beber algo? — perguntou.
— Não, obrigada.
— Sente-se — ele indicou a cadeira em sua frente.
— Não, obrigada, só vim entregar isso mesmo — abri a bolsa e
peguei o envelope, estendendo-o para ele. Guilherme me pegou e deu uma
olhada.
— É um convite — ele disse. Dei de ombros como se não soubesse,
porque lá fora eu tinha dito que era um documento.
— É? — Perguntei, e ele abriu e tirou o papel de dentro, lendo
rapidamente.
— Minha mãe está dando uma festa solidária. Todos os anos ela faz
isso.
— Eu sei, estou ajudando ela — apertei os dedos, me sentindo
deslocada.
— Era só isso, já vou indo — virei, pronta para sair.
— Espera — meu estômago se apertou quando Guilherme pediu para
que eu esperasse.
— O que foi? — Ele se levantou da cadeira e passou a mão pelo
cabelo.
— Aceita tomar café comigo? — Levantei a sobrancelha.
— Como? — Com certeza não ouvi direito.
— Saí de casa bem cedo e não consegui tomar café. Você me
acompanha?
— Obrigada, mas tenho que ir — Girei nos calcanhares e andei em
direção à porta.
— Eu insisto.
— Não... — Ele me interrompeu.
— Por favor, aceite. Quero discutir uma coisa com você — meu
estômago gelou, imaginando se ele descobriu algo. Balancei a cabeça.
— Tudo bem.
GUILHERME

Levei Isadora para um café que ficava na esquina da empresa. Assim


que nos sentamos, perguntou:
— Então, o que você queria falar?
— Quero me desculpar com você — ela me olhou com suspeita.
— Pelo que você quer se desculpar?
— Pelo ocorrido no seu trabalho. Fui um babaca. Falei com a minha
mãe, e ela explicou que seu ex-chefe a demitiu porque você precisou ir ao
hospital, onde Aline estava.
Seus ombros relaxaram.
— Está tudo bem agora, graças à sua mãe. Sou capaz de tudo pela
minha irmã — eu não estava contando toda a verdade. Minha mãe mencionou
a demissão, mas sobre Aline, eu soube por outra fonte que mandei verificar a
vida de Isadora. Estou impressionado que não há nada de errado com ela.
A única família que Isadora tem é sua irmã. Sem pais, avós, ninguém.
Ela é uma pessoa esforçada que trabalha duro para cuidar de sua irmã. Esta
mulher é uma guerreira, e eu deveria respeitá-la. Mas sinto que falta algo, há
mais sobre Isadora do que eu sei.
— Quando você descobriu que Aline tinha asma? — Talvez se
conversássemos mais, eu descobriria.
— Aline nasceu com asma. É uma condição genética. Nossa mãe
tinha, e desde então temos lutado contra a doença — ela baixou a cabeça e
olhou para o colo. — Meu pai era um bom homem, trabalhava muito para
não nos faltar nada, e depois de sua morte, as coisas ficaram complicadas.
— Sinto muito por tudo o que você passou. Fico feliz que, mesmo
com todas as dificuldades, Aline é uma criança alegre.
A imagem da garotinha sorridente me veio à mente.
— Às vezes, acho que ela é mais forte do que eu — ela olhou para
mim.
— Você é forte. Nem todos suportariam o que você passou.
— Já amou alguém que não fossem seus pais, Guilherme?
— Não — não precisei pensar para responder.
— Então, você pode não entender quando eu digo que não sou forte.
Minha irmã me faz ser forte.
Fiquei em silêncio quando o garçom serviu os nossos pedidos.
— Falei que não queria nada — Isadora olhou para o que foi servido.
— Só prove. Este é o melhor pão de queijo que você vai comer —
sorri, pegando um para mim.
— Ok — ela fez como a irmã, cedendo ao meu pedido. Não falamos
mais. O silêncio foi bem-vindo, e quando chegou a hora de Isadora ir embora,
quis inventar uma desculpa para passar mais tempo em sua companhia. Não
me pergunte o motivo, pois eu não sei. Gosto de estar perto dela.
Voltei para a empresa e encontrei Enzo em minha sala.
— Onde está Isadora? — Me sentei atrás da mesa e olhei para ele,
interrogativo.
— O que você quer com ela? — O canto de sua boca subiu em um
sorriso. — Vai à merda, Enzo. Você está cheio de sorrisos para ela. Isadora
trabalha para minha mãe, você não quer dor de cabeça com a Dona Aurora.
— Não é nada disso, cara. Ela é gostosa, mas estou saindo com
alguém. Só gosto de conversar com a Isadora.
Apertei os olhos para ele.
— Desde quando você recusa mulheres por causa de uma? — Ele deu
de ombros.
— Desde agora — ele então perguntou: — Cadê ela?
— Foi embora — peguei o outro convite que Isadora me entregou.
— Minha mãe mandou um para você e você pode levar um
acompanhante.
— Tia Aurora dá as melhores festas — ele falou animado.
— Dá, e você não se esqueça de levar um cheque bem gordo este ano.
— Todo ano eu levo — essas festas que minha mãe dá são para
arrecadar fundos para doar para ONGs. Minha empresa ajuda doando todos
os anos, tanto dinheiro como produtos.
Capítulo 10 - GUILHERME
Não sou muito fã de festas beneficentes. Normalmente, assino um
cheque e o envio como doação, mas dessa vez minha mãe insistiu que eu
comparecesse, então estou aqui. Estacionei o carro na garagem e fiquei lá por
um tempo, tentando elaborar uma desculpa para minha mãe e planejando uma
saída estratégica.
Percebendo que nada adiantava ficar aqui, finalmente, saí do carro e
caminhei para o salão. Assim que entro no jardim, meus olhos se prendem em
Isadora, paro com o impacto que a sua beleza me causa. Sempre que a vejo,
ela está com roupas simples, mesmo quando está na empresa.
Dá para ver que suas roupas são de uma pessoa humilde, no entanto,
essa noite Isadora está deslumbrante, usando um vestido amarelo que realça
sua pele. O vestido é longo e esvoaçante, com detalhes delicados que brilham
sob a luz.
Ela anda com cuidado, não consigo ver seus pés, mas está mais alta,
indicando que está usando saltos. Tenho certeza de que minha mãe tem dedo
nisso.
— Por que mãe, a senhora não arrumava as mulheres que tentava me
casar assim? — resmungo enquanto a sigo.
Decido manter uma distância discreta e observá-la. Logo percebo que
Isadora parece nervosa, não para de apertar a bolsa na mão. Quando chega à
entrada do salão, ela hesita e fica parada.
Um momento depois, Isadora vira pronta para fugir daqui, está escrito
em seu rosto, contudo, estou bem atrás dela. Me aproximo de Isadora e
levanto a mão, esperando que ela pegue.
Não sei o que está acontecendo comigo, mas há uma inexplicável
necessidade de tocá-la, é como se um ímã nos atraísse. E não posso deixar
Isadora enfrentar essa noite sozinha.

ISADORA

ALGUMAS HORAS ANTES…

— É muito caro, Aurora, não posso aceitar — hoje é a festa


beneficente que Aurora está dando. Cheguei na casa dela esta manhã, e
quando Aurora questionou o que estaria usando hoje à noite, mostrei um
vestido que era de minha mãe e que depois de uma lavada ficou legal.
Aurora se desculpou e disse que aquele não era o tipo de vestido para
usar nas festas como a de hoje à noite. Então ela me trouxe para uma
boutique no centro de São Paulo, não sabia que existia um lugar chique como
este, parece um daqueles filmes em que a mulher entra para ter uma
transformação.
— Você vai aceitar, Isadora. Guilherme é um homem importante, e
eventos como esses estarão sempre presentes em sua vida. Alguns você
mesma organizará, por isso quis que acompanhasse de perto a organização e
as equipes que contratei.
Mordo o lábio.
— Tudo para me preparar — falo, e ela sorri.
— Sim, um dia será a senhora De Castro Lima, e vestidos como esse
serão abundantes em seu closet.
Viro para o espelho, olhando meu reflexo, e Aurora está lá atrás,
assinto.
— Tudo bem, eu aceito — ela bate palmas.
— Perfeito, quando terminarmos aqui, vamos passar no salão para
fazer suas unhas e cabelos. Não podemos esquecer de comprar uma lingerie
nova.
Um sorriso toma conta de meus lábios, e permito-me aproveitar esse
momento. Durante toda a minha vida, ninguém nunca cuidou de mim, e agora
Aurora está fazendo isso, e eu me sinto diferente.

— Isa, deixa eu ir para o baile — pela décima vez, Aline está pedindo
para ir comigo na festa. Caminho até sua cama, Aurora deu um quarto para
cada uma de nós. Subo na cama, tomando cuidado para não amassar o
vestido.
A equipe que arrumou Aurora passou em meu quarto mais cedo e fez
o mesmo por mim, deixando apenas para que eu me vestisse sozinha.
— Amor, crianças não podem entrar nessas festas, se pudesse, não há
dúvida de que te levaria.
Ela faz bico.
— Você parece uma princesa com esse vestido, quando eu crescer, ele
pode ser meu?
— Claro que pode, e você já é uma princesa sem usar um desse —
olho as horas e percebo que tenho que ir.
— Vá dormir, e se precisar de alguma coisa, fale com algum
funcionário.
— Tudo bem, Isa — beijo a testa de Aline e me levanto, colocando os
sapatos. O salão de festas fica dentro da propriedade da família De Castro
Lima, e Aurora tem plena confiança nas pessoas que trabalham para ela, por
isso estou indo para essa festa sem me preocupar com o que Aline vai fazer.

MOMENTO ATUAL

Saio da casa principal e sigo pelo jardim em direção ao salão. As


luzes indicam onde é a festa, e sou guiada pelo barulho da música. Saio do
jardim e ando por um caminho iluminado por luminárias na grama, fazendo
um caminho até a entrada do salão.
Fico nervosa quando paro na entrada da festa. Nunca estive em um
lugar tão elegante como esse. Meu coração bate descompassado enquanto
fico ali parada, sem realmente saber o que fazer. Tudo parece tão
impressionante, e me sinto como um peixe fora d'água.
No último momento, percebo que não posso entrar naquele lugar.
Depois direi a Aurora que passei mal e darei qualquer desculpa. Viro pronta
para fugir, e foi quando me deparei com Guilherme.
— Oi — ele fala, e seus olhos se voltam para trás de mim. —
Tentando fugir, Isadora? — seu sorriso de lado indica que ele sabe a resposta.
— Só ia tomar um ar — murmuro. Guilherme dá três passos
diminuindo a distância entre nós e estende a mão elegantemente.
— Aceita ser minha acompanhante esta noite? — pergunta.
Guilherme está diferente do que normalmente vejo nos almoços. Hoje ele usa
um smoking azul escuro, sua barba está aparada, e seus cabelos molhados
estão penteados para trás. Ele é lindo e está tentando me ajudar.
— Será um prazer — alcanço sua mão com a minha e sinto uma
corrente elétrica percorrer-me quando nossos dedos se tocam.
— Oh! — faço um barulho, e seu olhar encontra o meu.
— Tudo bem? — Guilherme pergunta.
— Você não sentiu isso? — olho para nossas mãos juntas.
— Senti o quê? — pergunta com indiferença, será que fui a única?
— Nada, vamos entrar — ele assente, mas percebo algo em seus
olhos que não sei como descrever. Mantenho minha mão na de Guilherme e,
em silêncio, ele me conduz suavemente em direção ao salão.
Antes de entrar, mordendo os lábios nervosamente, sussurro um
agradecimento. Sua simples presença me faz sentir mais segura, algo que me
pega de surpresa. Não esperava por isso. Desde que nos conhecemos,
Guilherme despertou muitos sentimentos em mim, mas nenhum foi
"segurança".
— Não precisa agradecer, eu também estava prestes a dar o fora daqui
— murmura apenas para eu ouvir.
O salão é deslumbrante, com lustres cintilantes que espalham uma luz
suave e dourada. As pessoas estão vestidas com trajes elegantes, como se
tivessem saído de uma revista de moda. Vestidos longos e impecáveis,
smokings, e todos seguram taças de champanhe.
— Por que você não foi embora? — pergunto, enquanto caminhamos
pelo salão.
Guilherme inclina a cabeça levemente, seu olhar capta o meu.
— Eu a vi — diz.
Baixo os olhos para seu peito, sem saber o que dizer.
— Você está fascinante esta noite, Isadora — seu galanteio me faz
sorrir timidamente.
— Você está diferente — falo sentindo minhas bochechas corarem.
— Vou levar esse comentário seu como "você está muito lindo e
gostoso, Guilherme."
Ele imita minha voz, e não aguento, acabo abrindo um sorriso.
— Não foi isso que eu quis dizer.
— Claro que foi — paro de rir quando ele me olha tão intensamente.
— O que foi? — questiono, e ajeito uma mecha de cabelo atrás da
orelha, esse gesto talvez demonstre meu nervosismo.
— Seu sorriso é lindo — sem saber o que responder, olho ao redor e
vejo o olhar curioso de outras pessoas sobre nós.
— Vamos dançar — balanço a cabeça.
— Não sei dançar.
— É fácil, vou te ensinar.
— Não, vou cair e vai ser uma vergonha.
— Não se preocupe, se cair eu te pego — Guilherme nos leva até a
pista de dança, e coloco minhas mãos em volta do pescoço dele, sentindo-me
mais nervosa do que nunca. Ele suavemente pousa as mãos na minha cintura,
guiando-me com delicadeza enquanto a música preenche o salão.
— Está vendo? Você está dançando — sorrio.
— Sim, eu estou — continuamos a dançar, nossos corpos se movendo
em sintonia como se já tivéssemos feito isso muitas vezes.
— Você mentiu quando disse que não sabia dançar.
— Claro que não, minha vida é complicada, Guilherme. Não tenho
tempo para dançar.
— Quantos anos tem? — dançamos enquanto conversamos entre
murmúrios.
— Vinte e um — Guilherme me olha, parecendo surpreso.
— Você parece tão madura. Com essa idade, eu estava viajando e
festejando muito. Mesmo agora, com trinta anos, continuo fazendo isso.
Dou uma risada.
— Somos diferentes. Eu precisei amadurecer cedo, porque tinha
responsabilidades e meu pai não era rico. Temos realidades diferentes.
— Pareço um idiota quando estou perto de você. Somente amadureci
ou algo parecido quando me tornei CEO.
Dou uma risadinha.
— Não se cobre, como falei, temos vidas diferentes.
— Sim, mas agora minha mãe vai ajudar você e sua irmã.
— Ela já está ajudando — espero que Guilherme nunca descubra o
que estou fazendo, mas se por acaso ele descobrir, que possa entender meus
motivos.
Enquanto dançamos, percebo que algumas pessoas continuam
olhando para nós. Sinto meu rosto corar e inclino a cabeça para sussurrar para
Guilherme:
— As pessoas estão olhando para nós — minhas palavras soam
inseguras. Será que são capazes de notar que não pertenço a este lugar?
— Elas estão olhando porque você é a mulher mais deslumbrante
daqui.
— Não sabia que era tão galanteador.
— Não sou, e não minto quando digo que você está linda — um
arrepio percorre minha espinha, e um sorriso se forma em meus lábios.
— Obrigada — sinto meu rosto esquentar novamente e digo a
Guilherme, com uma risada nervosa:
— Eles realmente não conseguem tirar os olhos de nós, não é? —
Guilherme sorri, seu olhar nunca deixando o meu.
— Eles não são os únicos que não conseguem afastar os olhos de você
— quando levanto a cabeça, ele está me olhando.
Como se estivéssemos hipnotizados, movemos a cabeça em direção
um do outro. Posso sentir o hálito quente de Guilherme quando a magia do
momento acaba…
— Gui, aí está você — viramos para encontrar Enzo.
— Uau, Isadora — Lorenzo me olha de cima a baixo com um sorriso.
— O que você quer, Enzo? — Guilherme resmunga para o amigo.
— Só vim dizer oi.
— Já falou, agora cai fora — o rosto de Guilherme, antes alegre, deu
lugar a uma feição dura. —Ou melhor, pode ficar, preciso ver uma pessoa —
do nada, Guilherme me deixa com seu amigo e se afasta às pressas. Fico
parada, olhando.
— O que aconteceu com ele? — Enzo dá de ombros, mas eu sei que
ele faz alguma ideia do que aconteceu.
— Não sei, você quer uma bebida? — assinto, ainda incomodada
com a reação de Guilherme.
Capítulo 11 - GUILHERME
Precisei fugir de Isadora, ou faria algo que poderia me arrepender. Em
toda a minha vida em que estive com mulheres, nenhuma me fez sentir tanto
desejo de beijá-la em uma pista rodeado de pessoas. Não me importo de
beijar em público, no entanto, desde que seja em uma casa noturna, balada.
Hoje estou em um evento que a minha família está promovendo e eu
ia beijar Isadora como um príncipe beija uma princesa, o que diabos estava
passando pela minha cabeça para quase fazer essa loucura?
Graças à interrupção de Enzo, não fiz isso. Culpa dela, dos seus olhos
de cobra, olhando para mim como se eu fosse perfeito e não tivesse nenhum
defeito. Depois que a afastei, fui para um canto escuro e esperei para colocar
meus pensamentos em ordem antes de voltar para dentro.
Era para ser apenas um momento, mas acabou demorando mais do
que planejei. Vi Enzo no bar sozinho e me aproximei dele.
— Onde está Isadora? — olhei em volta.
— Ela disse algo do tipo: preciso dormir, não sei — seus olhos me
perfuraram.
— O que aconteceu que você agiu como um babaca? — encolhi os
ombros.
— Sempre sou um babaca — fiz sinal para um barman me trazer um
uísque.
— Sim, é, mas você parecia… não sei, envolvido com Isadora,
quando você foi embora ela acabou ficando desconfortável.
Merda, não sei como, mas quando eu e Isadora estávamos juntos, eu
conseguia fazê-la relaxar, até ir.
— Hei, chefe — virei para Carla, que se aproximou de nós. —
Obrigada pelo convite — olhei para Enzo, que ficou com cara de paisagem.
O meu convite está em casa, não dei para ninguém. Algumas mulheres têm a
capacidade de interpretar as coisas erradas, trazer uma aqui seria o mesmo
que um pedido de casamento.
E depois que uma revista do mês passado publicou uma matéria
dizendo que eu era o solteirão mais cobiçado, acabei virando um desafio.
Quem iria conseguir me levar ao altar?
— Na verdade, agradeça a Enzo, o convite era dele — sorri para o
meu amigo, que me xingou baixo.
— Agora tenho que ir — sinto um desconforto no meu estômago,
como uma comida que não desceu bem. Mas sei que não é isso, essa sensação
é a necessidade de ver como Isadora está.
— Que horas chegou e por que não veio falar comigo? — sou parado
por minha mãe.
— Não tem muito tempo que cheguei mãe, a senhora viu a Isadora?
— ela me olha como se eu fosse aprontar algo, como quando era criança. —
Só preciso falar algo com ela.
— Ela passou por mim dizendo que está com dor de cabeça e vai se
deitar, ela está no terceiro quarto de hóspedes.
Agradeci dando um beijo em sua testa. Me dirigi para a casa
principal. Quando cheguei no quarto em que Isadora estava, dei duas batidas
na porta. Passou um tempo, ninguém respondeu, voltei a bater, ela não sabe
que sou eu, então não tem como fingir que não está.
Não tendo nenhuma resposta, abri a porta e entrei, o quarto estava um
pouco escuro. E quando a porta do banheiro se abriu, a luz de lá de dentro
clareou Isadora. Ela entrou no quarto e, quando me viu, parou segurando a
toalha apertada contra seu corpo.
Seus cabelos estavam molhados e ela estava me olhando como na
pista de dança, ao invés de fugir como fiz horas antes. Caminhei para ela,
colocando uma mão em cada lado do seu rosto.
— O que você está fazendo aqui? — Isadora perguntou em um
sussurro.
— Eu tentei resistir a você até que não foi mais possível — meus
lábios anseiam pelos dela, me atraindo com uma paixão incontrolável.
Nossos olhos se encontram, faiscando com desejo, e então, lentamente,
nossos lábios se tocam.
Sua língua dança contra a minha, criando um fogo ardente que nos
consome. Isadora solta a toalha e agarra minha camisa, passo meus dedos por
seus ombros e desço pelo seu corpo, e então noto que ela está nua.
— Esse seria o momento que eu deveria agir como um cavalheiro e
sair do quarto, mas não sou um e quero você como nunca quis ninguém.
Murmuro contra sua boca e me afasto para olhar em seus olhos.
— Você quer que eu fique? Posso não ser um cavalheiro, entretanto,
se pedir para eu sair, eu vou.
Seus dedos, que estavam na minha camisa, sobem, parando no meu
rosto.
— Não quero que vá, fique e passe a noite comigo — nunca passo a
noite depois do sexo, porém, com ela, não sei o que esperar, por isso apenas
balanço a cabeça, voltando a beijar seus lábios, que são deliciosos.
ISADORA

O último e único homem que me viu nua foi Júnio, quando eu tinha
dezenove anos. O havia conhecido na escola, começamos a namorar, e um
dia decidi me entregar a ele. Fomos para um motel com o carro da mãe dele.
Júnio foi carinhoso e cuidadoso, mas como todas as primeiras vezes, doeu, e
não cheguei a ter um orgasmo.
Namoramos por mais um mês, e então ele terminou comigo, sem
explicação. Uma semana depois, descobri que ele estava com outra garota, e
ela estava grávida dele havia dois meses. Desde então, não quis saber mais de
garotos, e quanto mais o tempo passava, mais minha vida se complicava.
Aurora falou que eu não precisava transar com Guilherme sem sentir
nada. Sexo ele tem de monte, transar com ele não iria me fazer diferente das
outras. No entanto, eu não sabia que poderia me apaixonar por ele tão
rapidamente e sentir essa forte atração.
O corpo grande e quente de Guilherme está por cima do meu, e ele me
beija como eu nunca havia sido beijada.
— Estou tão viciado na sua boca, Isadora — sua voz grave murmura.
— Não achava graça em beijar, porém, você está mudando minha
forma de pensar.
Sua cabeça se ergue, e Guilherme me olha com uma linha entre suas
sobrancelhas.
— Você é virgem? — dou uma risadinha corando.
— Não, contudo, só estive com um homem — ele geme.
— O que foi? — pergunto com medo de ter feito algo errado.
— Você é praticamente virgem, quer mesmo continuar? Podemos ir
com calma.
— Eu quero, estou atraída por você, e o meu corpo nunca reagiu
como quando você me beija ou me toca.
Os bicos dos meus seios estão tão duros que estão doloridos, minha
boceta está molhada. Achei que estivesse excitada quando estive com Júnio,
mas agora com Guilherme, sei o que é uma mulher excitada, e olha que ele
apenas me beijou.
— Também quero que saiba que nunca estive tão atraído por
nenhuma mulher como estou por você, Isadora.
Seus olhos se demoram nos meus por alguns segundos, antes da sua
língua viajar pelo meu pescoço, onde seus dentes beliscam minha pele. O
calor se espalha entre as minhas pernas e escorre para a cama.
— Uhum — sua boca desce, em seguida, se fecha no meu mamilo.
— Oh, Guilherme — olho para seu rosto quando sua boca lambe e
morde meus seios, o sorriso está estampado em seus lábios. Guilherme fica
por um tempo em meus seios, e então sua boca viaja pelo meu corpo
novamente.
— O que você está fazendo? — dou um grito quando sinto seu hálito
quente próximo à minha boceta, Gui levanta a cabeça, olhando para mim,
seus olhos estão quase negros.
— Estou indo chupar a sua boceta molhada, Isadora, não vou
perguntar se alguém já esteve aqui, pois, já tenho a resposta estampada em
seu rosto.
Não estou preparada quando sua língua provoca minha carne quente,
gemo seu nome, empurrando meu corpo para sua boca e fechando meus
dedos nos seus cabelos.
Meu corpo que antes estava quente, parece estar em chamas, me
contorço gemendo e murmurando para que ele não pare. Algo indescritível
vai crescendo dentro de mim, e uma última chupada me faz cair do penhasco.
Guilherme sai da cama, e aguardo ofegante observando-o se despir.
Seu pau é enorme, com veias salientes. Não sei de onde ele tirou uma
camisinha, mas logo vejo Guilherme enrolar uma no seu pau e retornar para a
cama. Ele pincela seu pau na minha boceta.
— Vai doer, pois é sua segunda vez, mas você está bem molhada e
vai facilitar para eu entrar.
— Tudo bem — sinto quando seu pau procura minha entrada e, ao
encontrar, Guilherme empurra devagar, sem pressa, minhas unhas afundam
nos seus ombros e nossos olhos não se afastam. Seu maxilar está rígido, e
uma gota de suor escorre por sua testa.
— Porra, você é tão apertada — sua respiração está rápida, e posso
senti-lo todo dentro de mim. — Vou me mover — avisa.
— Por favor — anseio por aquela sensação que tive quando sua boca
estava na minha boceta.
Seus movimentos são lentos, à medida que grito e gemo seu nome
para ele ir mais rápido, as estocadas são mais frenéticas e urgentes. Nossas
bocas batem uma na outra em um beijo desajeitado e carnal.
— OH, GUILHERME, VOU GOZAR — a deliciosa sensação que
senti antes percorre meu corpo se alojando entre minhas pernas, mas dessa
vez é cem vezes mais intensa. Afasto a boca de Guilherme para seu ombro e
mordo, gozando e sentindo o seu corpo tremer em cima do meu. Não sei
quanto tempo ficamos assim, mas quando levantamos o rosto, os olhos dele
estão selvagens e ambos respiramos fundo enquanto continuamos grudados.
— Você foi feita para ser minha — Guilherme fala com a voz
ofegante.
Capítulo 12 - ISADORA
— O que estou fazendo aqui? — murmuro para Guilherme que me
tem na dispensa, vim tomar um pouco de água quando braços me puxam para
dentro. Ia gritar quando percebi ser o Gui, sorri.
— Vim buscá-la, quero levá-la a um lugar — minha testa se franze.
— Que lugar? Você não deveria estar trabalhando para o lançamento
da sua linha de cosméticos?
Guilherme segura minha cintura, encostando nossos corpos.
— Não vou falar para onde estamos indo, é surpresa.
— Não gosto de surpresa — sempre que tenho surpresas, geralmente
são ruins, aprendi a não gostar.
— Dessa você vai gostar, e sobre meu trabalhar, nunca tiro folga, um
dia curtindo minha namorada não vai matar ninguém.
Me derreto nos seus braços.
— Adoro quando me chama de sua namorada — o canto da sua boca
se curva em um sorriso quando aproxima nossos rostos e me beija, sua língua
mergulha na minha boca e geme com o contato. Sinto-o ficar duro. No mês
passado me entreguei a Guilherme, e desde então estamos juntos.
Ele acha que seus pais não sabem sobre o nosso namoro. No entanto,
eles sabem de tudo. Guilherme não fez um pedido de namoro como aqueles
de filmes. Continuamos nos encontrando, e ele falou que daquele momento
em diante, a única mulher que ele tocaria seria eu, e ele tem me chamado de
sua namorada.
— E eu adoro sua boca — passo a língua sobre meus lábios quando
nos afastamos.
— Vai ao quarto e pega uma peça de roupa, depois me encontra na
garagem.
— E sua mãe?
— Eu cuido da minha mãe, e não se preocupe com Aline, minha mãe
vai cuidar dela.
Ele sai da despensa me puxando para fora. Guilherme me dá mais um beijo
antes de bater na minha bunda e mandar novamente, eu buscar as roupas.
Sorrio enquanto caminho para o meu quarto.

Andar com os olhos vendados não é tarefa fácil de se fazer, mas aqui
estou, morrendo de medo de tropeçar nos meus pés e cair.
— Isadora, você precisa relaxar — Guilherme fala, e sua voz sai de
trás de mim.
— Tente andar com uma venda nos olhos e depois me diga se
conseguiu relaxar — ele ri.
Quando saímos de casa, metade do caminho passei admirando a
paisagem até quando chegamos a uma parada, e Guilherme me entregou uma
venda, falando que fazia parte da surpresa. Puxo o ar pelo nariz, franzindo a
testa.
— Isso é cheiro de mar — estou completamente no escuro, enquanto
Guilherme me guia.
— Talvez sim, talvez não — brinca, porém, o som da água começa a
preencher meus ouvidos, e meu coração acelera.
— Já chegamos? — pergunto.
— Sim — paramos, e Guilherme finalmente remove a venda dos
meus olhos, revelando a vista da doca.
— Bem-vinda, Isadora. Chegamos — abro os olhos e fico boquiaberta
ao ver uma lancha à nossa frente, brilhando sob o sol.
— Uau, que vista linda — exclamo, meu rosto iluminado de surpresa
e empolgação.
— Topa velejar comigo?
— Sim! — Gui estende a mão para mim, não hesito em segurá-la e
subir a bordo da lancha que, na lateral, tem seu nome escrito.
Sinto a brisa salgada acariciar meu rosto enquanto agarro-me ao
corrimão de aço inoxidável e subo.
Guilherme me leva para dentro. Nunca estive em uma lancha antes,
não sei qual é o modelo, mas posso afirmar que deve ser bem cara. Há sofás
de couro branco, detalhes de madeira brilhante ao redor. Gui vai até o que
parece ser um bar e pega uma garrafa de água.
— Quer beber alguma coisa, Isa?
— Refrigerante, por favor — deixo Guilherme e vou explorar o barco,
curiosa.
Sinto como se estivesse em um quarto de hotel de luxo. Depois de dar
uma olhada em volta, me acomodo em um dos assentos, com uma visão
panorâmica do oceano à minha frente.
— Aqui — Gui entrega o refrigerante.
— Vem para a cabine comigo, você será minha capitã — sorrio,
ansiosa.
Facilmente como se já tivesse feito isso várias vezes, tenho certeza de
que sim. Guilherme liga a lancha, seguro na lateral com medo dela ir com
tudo e me jogar para fora, no entanto, nossa saída é suave.
Quando estamos longe da doca, ele me entrega o volante, e eu me
sinto uma verdadeira capitã.
— Não se afasta, não sei como pilotar essa coisa — falo temerosa.
— Relaxa, é como dirigir um carro.
— Então estamos ferrados, não sei dirigir — Guilherme se coloca
atrás de mim, e suas mãos ficam no timão com as minhas, nossas bebidas
foram esquecidas no assento.
— Nada vai lhe acontecer, confie em mim — fala próximo ao meu
ouvido.
— Para onde você quer ir, comandante? — pergunto com um sorriso,
divertindo-me com a situação.
— Vamos explorar o mar, capitã. Quem sabe o que encontraremos!
— me distraio quando sua mão deixa o volante para segurar minha cintura. A
lancha deixa para trás um rastro de espuma cintilante. Acelero a lancha, e o
vento bagunça meus cabelos. Rio, sentindo a brisa suave acariciar meu rosto.
— Hum, amo quando está molhada assim — Guilherme abre meu
short e empurra a mão dentro enquanto estou pilotando a lancha. Ele acaricia
minha vagina.
— Guilherme, para onde estamos indo? — pergunto, quando empurro
minha bunda para trás, enroscando-me em seu pau duro coberto pela cueca e
bermuda, enquanto mantenho a lancha em movimento.
— Estamos indo para a Praia de Guaiúba, em Guarujá — ele sorri e
aponta adiante, na direção do horizonte.
— Guaiúba? Já ouvi falar que é maravilhosa! Nunca estive lá antes —
Guilherme acena com a cabeça, seu cabelo balançando com o vento.
— Tenho certeza de que você vai adorar — seus dedos não me
deixam quieta, quando estou perto de gozar, ele para.
— Por que você está fazendo isso? — resmungo aborrecida com essa
brincadeira dele.
— Te preparando, sobre o que irei fazer, você precisa estar bem
molhada — me contorço quando ele volta a me atormentar, essa viagem está
se transformando em uma tortura para mim.

A praia de Guarujá começa a aparecer à vista.


— Deixa eu pilotar agora — com as pernas bambas, afasto-me para
que ele tome a liderança.
Guilherme atraca a lancha na pequena doca próxima à praia. Pegamos
nossas coisas e seguimos para a faixa de areia. Não sei dizer, mas ela não está
cheia, há bem pouca gente.
De mãos dadas, seguimos pela areia dourada e pedras enormes ao
nosso redor, até estarmos em uma parte da praia isolada. A água cristalina
molha nossos pés.
— Isso é para você — abro a sacola que ele me deu, e dentro há um
par de biquínis.
— Comprou para mim? — adoro deixar Guilherme sem jeito.
— É o que parece — ele fala enquanto tira a roupa. Fico ali como se
não visse ele sem roupa frequentemente. No entanto, nunca vou me
acostumar com esse homem lindo. A praia está vazia e onde estamos acho
bem difícil de alguém vir para cá.
Por isso, visto o biquíni por baixo da roupa rapidamente. Quando me
viro, pego Guilherme me olhando. Ele se aproxima, coloca os braços em
volta de mim e levanta o meu corpo. Coloco meus braços em volta do seu
pescoço, e ele caminha comigo para a água.

GUILHERME

Se alguém me perguntasse três meses atrás se eu pensaria em me


casar um dia, a resposta estaria na ponta da língua, e seria um não. Nunca me
casaria. Posso afirmar que não sei qual foi o segundo, minuto, dia que me
apaixonei por Isadora. Tenho plena certeza de que não foi na noite que
transamos; ali, eu já sentia algo por ela.
Talvez tenha sido no fim de semana em que ela entrou na sala, e me
vi hipnotizado por sua beleza. Pode ter sido ali. Mas não importa agora.
Isadora se tornou uma parte de mim que não saberia como viver sem ela. Não
sou romântico, e achei que nem saberia por onde começar, contudo, quero
que hoje seja especial para ela. Passamos o dia na praia, comemos uma
porção de peixe. Depois de um tempo, voltamos para o mar. Já era tardezinha
quando a levei de volta para a lancha.
Não é querendo me gabar, mas quando se tem dinheiro, nossas vidas
se tornam mais fáceis. Paguei alguém para preparar um jantar especial na
lancha. Isadora estava no banho quando arrumei tudo. Tomei banho primeiro
e a deixei lá, para dar tempo de colocar tudo no lugar. Escuto seus passos se
aproximando. Seguro a respiração, e meu coração bate rápido. Me ajoelho e
abro a pequena caixa de veludo.
Quando ela me vê parado com as mãos na boca e os olhos fixos em
mim.
— Casa-se comigo? — falo, implorando mentalmente que ela diga
um sim.
— O que? — ela dá uma risada.
— Sim, é surpreendente para mim também. Tem pouco tempo que
nós nos conhecemos. Achei que essa coisa de amor à primeira vista não
existia, mas aqui estou, completamente apaixonado por você e desejando que
você diga sim ao meu pedido, porque quero que seja a minha esposa, Isadora.
Ela se aproxima, abaixa-se e fica de joelhos também.
— Sim, sim, eu aceito me casar com você — ela sorri quando afasta
todo medo que estava. Coloco o anel no seu dedo e a puxo para mim,
beijando Isadora.
— Eu te amo, Guilherme, muito mesmo — ela fala quando nos
afastamos.
— Também te amo, Isadora — ajudo-a a se levantar e a levo para a
mesa.
— Como você fez tudo isso? — Isadora parece impressionada.
— Não fiz, alguém veio e preparou tudo — ela ri.
— Está lindo — ela levanta a mão, olhando para o anel, seus olhos
brilhando de alegria. Essa imagem quero guardar no fundo da minha mente
para sempre.
Capítulo 13 - ISADORA
3 meses depois

— A senhora não acha que estamos indo rápido demais? — olho para
Aurora pelo espelho, ela segura o meu ombro, dando um sorriso caloroso.
— Você não está apaixonada, não quer se casar? — fecho meus
olhos, vendo a imagem de Guilherme, esse rosto amassado de quem está
dormindo.
— Estou apaixonada por ele, mas me sinto mal por mentir…
— Shh, você não está mentindo, Isadora, você o ama e meu filho está
apaixonado, Guilherme nunca ficou assim antes, mas se você não quer se
casar, apenas fale.
É isso que me pega, eu quero me casar. Meses atrás, quando
Guilherme me pediu em casamento, não pensei no contrato que assinei, nem
no motivo de ter me aproximado dele. O único pensamento era: eu quero ser
sua esposa porque o amo e nada mais importa. Mas será que é o certo
começar um casamento com mentiras?
— Eu o amo e quero me casar.
— Então pare de pensar, querida, e se case. Você está linda.
— Obrigada por tudo, Aurora.
— Não agradeça, Guilherme mandou que eu entregasse isso, você
entenderia.
Luto para não chorar quando Aurora me entrega o buquê de flores de
cerejeira. Estivemos em um festival de cerejeira, falei que quando me
casasse, queria que meu buquê fosse de flores de cerejeira.
— Como ele conseguiu? Não estamos na época das cerejeiras — me
remexo para falar, e Aurora encolhe os ombros.
— Não sei, você já está pronta?
— Me dê um minuto, por favor — depois que a porta se fecha atrás
da Aurora, fecho os olhos.
"Pai e mãe, queria muito que vocês estivessem aqui hoje, que a
mamãe me arrumasse e o papai me levasse ao altar. Onde quer que estejam,
sei que estão felizes por mim. E quero que saibam que estou feliz, e a Aline
também. Encontramos pessoas boas que nos tratam bem, e agora temos uma
família."
Um mês foi o tempo que levou para preparar o casamento. Ainda não
me acostumei a estar em uma família tão rica. As coisas que para mim seriam
coisa do outro mundo, para eles é preciso apenas uma ligação. Aurora me
ajudou a escolher o vestido, embora quisesse que viajássemos para fora do
Brasil apenas para comprá-lo.
Falei que não, que aqui mesmo encontraríamos um vestido lindo, e
foi o que aconteceu. Ao me olhar no espelho, fico mais uma vez encantada
com o vestido que escolhi para o meu grande dia. É simplesmente
deslumbrante. Ele abraça suavemente o meu corpo, realçando minhas curvas
de forma elegante. O tecido de cetim é macio ao toque.
O corpete é ricamente adornado com delicados detalhes de renda, que
se estendem até as mangas curtas. O decote em forma de coração realça
minha clavícula, enquanto a saia longa e fluída se espalha graciosamente ao
redor de mim. Cada ponto, cada costura, é uma obra-prima. O véu que cobre
meu rosto apenas acrescenta um toque de beleza.
Minha maquiagem foi feita por uma equipe. Começando pelos olhos,
um esfumado suave em tons de nude e marrom emoldura meus olhos,
realçando a minha íris. O delineador preto, aplicado com precisão, cria um
olhar cativante e profundo. Os lábios, finalizados com um batom de tom
nude, é uma maquiagem clara que me deixa linda ao mesmo tempo natural.
— Uau — viro para encontrar a minha irmã parada na porta com a
boca aberta, me olhando. Dou uma volta para que ela me veja, então paro
diante de Aline sorrindo.
— E aí, como estou? — Pergunto.
— Você está linda, Isa — ela está com um vestido de dama de honra
e seus cabelos estão presos em um penteado.
— Você também — abraço minha irmã.
— Isadora, está na hora — Miguel entra no quarto, ele vai me levar
até o altar.
— Aurora já foi tentar acalmar Guilherme, que não para de ligar
querendo saber se você já está indo.
— Vamos então — segurando a mão de Aline, saio do quarto.
O carro para em frente à igreja. Aurora vem buscar Aline, pois ela vai
entrar jogando as rosas. Fico com Miguel.
— Você está linda, Isadora. Quero que saiba que estou muito feliz por
estar entrando na família, e a Aline já é uma neta para mim.
— Obrigada — deu a hora, e saímos do carro. Quando estamos na
porta da igreja, a música começa a tocar. Com um braço em volta do meu,
Miguel me leva até o altar. Enzo, Carla e outros amigos de Guilherme são
nossos padrinhos.
Não tenho amigos. O casamento é para poucas pessoas que são
próximas ao Gui e à sua família. Conheço mesmo seus pais, Enzo e Carla.
Foi por isso que não quis fazer festa. Não quero ter uma festa grande e ficar
olhando para os rostos das pessoas que nunca vi na minha vida. Por muita
insistência, aceitei apenas reunir quem veio à igreja e estourar um champanhe
no salão de festas da família.
— Cuide bem dela, meu filho — Miguel me entrega ao meu futuro
marido.
— Irei, pai — Guilherme está de terno com uma flor de cerejeira no
bolso.
— Você está linda — murmura para mim antes de nos virarmos para
o padre.

GUILHERME

Desde que estava na faculdade, nunca imaginei que me veria em um


altar, vestido de terno, com meu coração batendo forte no peito. O casamento
era algo distante, quase abstrato em minha mente, até que conheci Isadora.
Ela entrou na minha vida e mudou tudo. Enquanto o padre profere as palavras
da cerimônia, mal consigo prestar atenção.
Meu olhar está fixo em Isadora, minha futura esposa. Seus olhos
encontram os meus, e naquele momento, eu sei que estou tomando a decisão
certa. Chega o momento de falarmos os votos, e eu sou o primeiro a falar.
Olho nos olhos de Isadora e digo:
— Isadora, você entrou na minha vida de uma forma surpreendente,
não estava nos meus planos, mas chegamos ao altar, e aqui estou, nunca
estive mais feliz na minha vida. Eu te amo e sempre amarei. Eu prometo
amar, respeitar e cuidar de você pelo resto da minha vida.
Os aplausos e sorrisos ecoam ao nosso redor. Então é a vez de
Isadora.
— Guilherme, eu não te amei à primeira vista, mas sua gentileza,
cuidado e esse sorriso me ganharam. Eu te amo e sou a mulher mais feliz do
mundo. Prometo amar e respeitar pela eternidade.
Quando o padre finalmente diz as palavras: "eu vos declaro marido e
mulher," levanto o véu de Isadora e a beijo. Nos afastamos ao escutar os
aplausos.
— Te amo. — Sussurro.
— Também te amo. — Isadora responde.
Saímos da igreja, e os convidados jogam pétalas de rosas em nós.
Entramos no carro para ir ao salão onde brindamos nosso casamento e depois,
seguiremos para a lua de mel, a parte que eu mais estou ansioso.
Chegamos ao salão depois de dar uma volta pela cidade.
— O que é isso? — Isadora pergunta, olhando para o salão cheio de
gente.
— Dona Aurora, você achou mesmo que ela ia se contentar com um
coquetel?
— Não ia mesmo, meu menino está se casando, precisamos celebrar.
Não chamei nenhum jornalista, apenas amigos da família, que você, Isadora,
irá encontrar sempre agora que entrou para a família.
Minha mãe vem nos cumprimentar.
— Mãe, o casamento é da Isadora, se ela não queria festa, não deveria
ter feito uma.
Eu sei como minha mãe age e não gosto, não quero que ela faça isso
com a minha esposa.
— Não, está tudo bem, Guilherme, gostei muito, Aurora, obrigada —
Isadora é muito gentil. Não quero ser grosseiro, mas não quero que nossa
vida comece com minha mãe se intrometendo.
— Não está tudo bem, vamos abrir o champanhe, assim como você
queria, e ir para a nossa viagem.
No salão, os convidados nos cumprimentam. Circulamos, bebemos, e
depois brindamos. Depois de nos despedirmos dos meus pais, seguimos para
conversar com Aline, que estava triste.
— Vou levar sua irmã para uma viagem, mas quando retornarmos,
vamos dar uma volta para lanchar.
Ela sorri.
— Sério? — Pergunta animada.
— Sim, agora vou deixá-la com a sua irmã — dou um beijo na testa
de Aline e me afasto. Entendo que Isadora tem uma relação com a irmã como
se fosse mãe, por isso está tão preocupada em deixar Aline enquanto
viajamos, mesmo que seja por apenas alguns dias.
— Vamos cuidar bem dela — meu pai fala quando se aproxima.
— Gosto muito daquela garotinha — Aline me conquistou rapidinho.
— Aline é a alegria da casa — continuamos conversando, até Isadora
se aproximar com Aline ao seu lado. Depois de nos abraçarmos, saímos do
salão para o carro que nos levará para Campos do Jordão, a escolha da minha
esposa.
Capítulo 14 - ISADORA
— Espera, deixe-me fazer as honras — Guilherme se abaixa e me
pega no colo. Depois de quase três horas de viagem de carro, chegamos no
chalé em Campos do Jordão onde passaremos nossa lua de mel. Coloco o
braço em volta do seu ombro, rindo.
— Como a tradição — falo rindo, pois ele entra comigo no colo; já
tínhamos visto o chalé por dentro quando Gui estava mostrando qual eu
queria. Por isso, ele sabe onde é o nosso quarto.
Só não estava esperando um quarto decorado para recém-casados.
Meu marido me coloca no meio do quarto, ficando diante de mim com um
sorriso lindo e contagiante.
— Minha esposa.
— Meu marido — Guilherme levanta uma mão e passa pelo meu
rosto. Lambo os lábios nervosa; já transamos muitas vezes, mas essa é a
nossa primeira vez como casados.
— Me ajuda com o vestido — sussurro, o cansaço da viagem dá lugar
à excitação.
— Será um prazer — ele fala com a voz baixa. Viro e sinto suas mãos
descerem e subirem pelas minhas costas, e logo escuto o barulho do zíper.
O vestido cai suavemente aos meus pés. Dou um passo para longe,
deixando o vestido para trás. Coloco a mão no peito de Guilherme, sentindo
seus batimentos rápidos. Vejo que não sou a única a estar nervosa.
— Deixa que eu te ajudo com o seu — solto a gravata e abro os
botões da camisa. Faço o trabalho meio atrapalhado, mas consigo despir
Guilherme. Seu olhar cheio de desejo deixa arrepios por todo o meu corpo.
Em um movimento rápido, ele me leva para a cama. Estou de lingerie;
suas mãos viajam pelo meu corpo quando sua boca beija onde suas mãos
estavam. Me remexo embaixo dele cheia de necessidade. Suspiro aliviada
quando sua boca está onde anseio que esteja.
— Uhum — fecho as mãos no lençol, erguendo o quadril enquanto
meu marido me dá prazer com a boca. Não demoro para gozar, gemendo o
nome dele. Guilherme termina de tirar a lingerie que ele havia apenas
afastado; agora estou nua, e ele se livra da cueca.
Olhando nos meus olhos, Guilherme entra em minha boceta. Abro a
boca sem deixar nenhum som escapar.
— Eu te amo, Isadora — ele fala com cada estocada. Nos abraçamos,
e nossos corpos se movimentam juntos. Nunca fizemos amor, e não sei como
sei que ele está me amando agora. Não há pressa, estamos em uma bolha. O
tempo não importa, e somos apenas nós dois. O suspiro e o murmúrio de
amor enchem o quarto.
Não tivemos tempo de acender as velas que estavam espalhadas pelo
quarto ou a lareira. Estamos nos aquecendo com o corpo um do outro.
Chegamos ao nosso clímax, mas não paramos. Continuamos fazendo amor, e
toda culpa que sentia por mentir para o meu marido some.
DE VOLTA DA VIAGEM…

GUILHERME

Achei que nunca iria chegar o dia em que eu me casaria, ainda mais,
estar feliz por estar casado. Mas estou mais feliz do que já estive algum dia.
Queria ter ficado mais tempo em viagem na lua de mel, no entanto, tenho
uma empresa para administrar. Isadora, minha linda esposa, não reclamou
sobre termos que voltar.
Ela apenas riu e falou que temos muitas viagens para fazer. Logo que
cheguei em casa, recebi uma ligação de Carla. Ela deixou um recado que
precisava me ver com urgência. Preocupei-me se era algo referente à fórmula.
Entrei na sala e a encontrei sentada na cadeira em frente à minha
mesa.
— Qual é a urgência que precisou me tirar de casa no fim de semana,
logo que cheguei da minha lua de mel?
Meu tom foi descontraído, pois notei como Carla estava tensa.
— Eu não sabia como te dizer isso, e nem sei por onde começar,
chefe — suas sobrancelhas se juntaram.
— Fala de uma vez o que está acontecendo, Carla? — ela empurrou
um envelope pardo em cima da mesa. Olhei para o envelope e depois para
ela.
— O que é isso? — perguntei.
— Antes da viagem, você falou que a empresa do seu pai mandaria os
documentos do registro da fórmula que criamos para o lançamento do
próximo ano.
— Sim, ele mandou — ela assentiu.
— Mandou, e esse documento veio junto. Só quero que saiba, chefe,
que eu não queria ser a pessoa a lhe mostrar isso.
Carla apontou com o dedo para o documento antes de se levantar.
— Vou indo, você precisa estar sozinho quando ler esse documento
— não falei nada. Depois que ela saiu, peguei o envelope e abri. De dentro,
puxei um papel branco. Bastou apenas ler o que estava escrito para que todo
o meu mundo desmoronasse.
Capítulo 15 - ISADORA
Não sei quanto tempo se passa desde que estou congelada no banheiro
com um teste de gravidez na mão e nele sinalizado positivo. Só faz duas
semanas que estou casada, e namorei Guilherme por quatro meses; algumas
pessoas esperam muito tempo para subir ao altar, mas para nós, tudo foi
rápido.
Sim, fui paga para seduzi-lo e me casar com ele, isso foi antes de
conhecer Gui e me apaixonar. O que estamos vivendo é real, o que sinto por
ele é amor. Estávamos planejando esperar para ter um bebê, porém, o destino
ou nós mesmos transando sem proteção mudou o rumo dos planos.
Estaria feliz em contar essa notícia para Guilherme, no entanto, algo
mudou depois que voltamos da nossa lua de mel. Ele parece fechado, e de
repente, Guilherme volta para casa tarde da noite, quase não o vejo, e ele mal
olha em meu rosto. Será que se arrependeu do casamento? Será que ele está
infeliz?
Lágrimas enchem meus olhos, escorrendo pelas minhas bochechas.
Eu e Aline estamos morando na casa dele, mas acho que em breve terei que
procurar um lugar para morar se Guilherme não me quiser.
O amo tanto que chega a doer no meu peito. Os quatro meses que
ficamos juntos são como um sonho. Coloco a mão na barriga, não sinto nada,
mas o simples fato de saber que carrego uma criança aqui já é o bastante para
um sentimento de proteção nascer dentro de mim.
— Isa, você vai passar o resto do dia aí? O Gui ligou... — Aline grita
dentro do meu quarto, e o simples nome do meu marido me faz sair do
banheiro.
— O que ele queria? — falei quando secava o rosto. Comprei esse
teste ontem, pois, faz três dias que venho sem conseguir comer de tão enjoada
que estou. Olhei o calendário e notei que o meu ciclo está atrasado. E agora
sei qual é o motivo.
— Gui avisou que marcou um jantar na casa da vovó e somente para
vocês — Aline começou a chamar Aurora de avó e Miguel de avô.
Perguntei para eles se estava tudo bem com isso. Eles falaram que
sempre quiseram ter uma netinha. Fiquei feliz por minha irmã, não tinha
percebido como ela queria uma família.
— Ele falou o horário? — ela balançou a cabeça.
— Sim, às oito. Eu quero ir — Aline cruzou os braços, batendo o pé.
— É um jantar para adultos. Amanhã te levo para sair.
Me animo pensando em que roupa irei usar, talvez Guilherme esteja
planejando uma surpresa, e eu, tola, imaginei que ele não estava feliz no
casamento.
— Me ajuda a escolher uma roupa e a me maquiar?
— Ajudo sim, Isa — ela adora essas coisas.
Deixei Aline com a babá que Aurora contratou para cuidar dela e
peguei um táxi até a casa dos meus sogros. Quando cheguei lá, o carro do
Guilherme estava estacionado. Pensei que ele iria passar na nossa casa para
me buscar.
Mas quando liguei, ele respondeu com uma mensagem: "Estou indo
direto do trabalho para a casa dos meus pais, te encontro lá." Não me arrumei
muito, estou de calça jeans, blusa branca e por cima uma jaqueta jeans, botas,
e fiz uma maquiagem suave.
— Boa noite — falei assim que entrei na sala e todos estavam
reunidos. Guilherme não olhou para mim quando entrei, pois, estava tomando
um gole de sua bebida.
— Boa noite, Isadora, estava somente te esperando — Aurora veio me
cumprimentar.
— O táxi precisou vir devagar por conta da chuva.
— Você precisa de um carro. Não é legal ficar pegando táxi. Se
soubesse que meu filho não iria te trazer, teria mandado meu motorista ir te
buscar.
— Tá tudo bem, Aurora…
— Vamos para a mesa logo — Guilherme rosnou indo para a sala.
Nos entreolhamos e não falamos nada. Na mesa, como de costume,
cada um ocupou seu lugar, o jantar foi servido. Porém, não toquei no meu, o
enjoo havia voltado, e eu estava me segurando para não fazer uma bagunça à
mesa.
Olhei para Guilherme, que não tocou em seu prato. Escorreguei uma
mão e coloquei na sua perna, mas no mesmo instante ele tirou. Quando seus
olhos encontraram os meus, estavam frios e sem qualquer emoção.
— Vocês devem estar muito felizes, não é mesmo, mãe? — De
repente, Guilherme falou. Sua mãe riu.
— Estou feliz sim, por minha família estar reunida — Guilherme
balançou a cabeça sorrindo, não era um sorriso feliz.
— Imagino que todos estão felizes. Não era para menos. A senhora
me casou com a nora dos seus sonhos.
O sorriso de Aurora sumiu, e eu fiquei tensa, pois senti uma sensação
ruim.
— O que está acontecendo, amor? — murmurei para Gui.
— O que está acontecendo, ATÉ QUANDO VOCÊS FICARIAM ME
ENGANANDO? — Guilherme gritou, me assustando.
— Do que você está falando, Guilherme? — perguntei, levantando-
me junto com ele, que parecia estar prestes a explodir.
— Mentirosa do caralho, quando eu estava te fodendo, você também
tinha aquela sensação?
Seus olhos cheios de ódio me olharam antes de jogar um papel
amassado em cima da mesa. Quando olhei, reconheci sem precisar pegá-lo.
Meus lábios se abriram, e quando me aproximei dele.
— Nada foi mentira, eu te amo, por favor, amor — Guilherme se
afastou antes que eu pudesse tocá-lo, virando-se para seu pai.
— Eu poderia esperar isso da minha mãe, mas do senhor, pai, você
me decepcionou — em seguida, Guilherme olhou para sua mãe, e a dor no
rosto de Aurora não pode ser descrita.
— Espero que esteja feliz, pois a senhora conseguiu uma nora e
perdeu o seu filho.
Com isso, Guilherme saiu da sala. Corri atrás dele, mas quando o
alcancei, ele já estava entrando no carro. Sem parar para pensar, me joguei na
frente do carro, debaixo da chuva forte, minhas lágrimas se misturando com a
chuva.
— POR FAVOR, ME ESCUTA, EU TE AMO, GUILHERME —
berrei, e vendo que eu não sairia, ele saiu do carro, parando diante de mim.
— Chega desse show, já conseguiu, Isadora. Tem dinheiro, não era
isso que queria? — passei a mão pelo rosto, tirando o excesso de água para
conseguir vê-lo.
— Eu posso explicar... — Guilherme me interrompeu, segurando os
meus ombros.
— Só me diga uma coisa, Isadora, você só se aproximou de mim por
causa do dinheiro da minha família?
Soluço.
— Preciso saber, se a única mulher que amei me quis por causa do
dinheiro da minha família.
Não posso mentir, me apaixonei por Guilherme, mas o início foi pelo
dinheiro. Porém, quando me entreguei a ele, foi real, aquela noite eu fiz por
mim.
— O início sim, mas…
— Não tem mas, nunca mais se aproxime de mim, você não passa de
uma prostituta barata.
Ele me soltou e voltou para o carro. Depois que o carro partiu, fiquei
ali na chuva chorando. Não sei quanto tempo passou até Miguel me ver e me
levar para dentro da casa.
Capítulo 16 - GUILHERME
Quando Carla me entregou o documento que veio errado para ela, foi
há uma semana. Eu não conseguia acreditar que meus pais haviam feito
aquilo, e que a doce e tímida mulher que me casei e prometi amar pelo resto
dos meus dias tinha me traído. Tudo o que vivemos não passou de mentira e
manipulação.
As lágrimas de Isadora de ontem eram falsas, ela agora tinha tudo o
que queria: dinheiro e meu sobrenome. Não precisava de mais nada. Uma
semana depois da descoberta, me afoguei em bebidas. Como poderia lidar
com o que estava acontecendo? Porém, chegou o momento em que estava
cansado de receber as ligações de Isadora e fingir que estava tudo bem,
quando não estava.
Marquei o jantar de ontem, achei que depois de olhar na cara deles e
falar iria me sentir melhor. Não foi bem assim. Continuei furioso, indignado,
e não posso fazer nada a respeito. Querendo ou não, eles são meus pais e ela,
minha esposa.
Como poderia pensar em vingança e fazê-los pagar por tudo? A
resposta era simples: não podia. Então tomei a decisão de cortar os três da
minha vida para sempre.
Afasto desse pensamento ao ouvir duas batidas na porta, e minha
secretária entra.
— O senhor havia me avisado para não passar nenhuma ligação, mas
sua mãe tá na linha.
Apertei a caneta, e cheguei a ouvir o barulho dela se partindo ao meio.
— Responda como das outras vezes: eu não estou disponível para
ninguém, sem exceção — ela assentiu e saiu. Voltei a mergulhar no trabalho,
que está sendo um ótimo refúgio para minha dor.
Pelo resto do dia, saí de uma reunião para outra, trabalhei nas
planilhas, e por volta das quatro saí da empresa para me encontrar com o
corretor de imóveis que havia ligado na semana passada.
Dirigi até o local marcado, estacionei próximo à calçada e caminhei
pela rua, virando a esquina onde o encontro estava marcado. Avistei o
corretor de imóveis, um rapaz com aparência de dezenove, vinte anos. Ele
passava a mão pela testa, parecendo nervoso; tenha certeza de que essa é sua
primeira venda.
— Almar? — perguntei quando me aproximei dele.
— Isso, o senhor deve ser o Guilherme.
— Sim, sou eu. Podemos ver o apartamento? — ele passou as costas
da mão pela testa, limpando o suor que se acumulava ali. Hoje o dia no centro
de São Paulo estava nublado e abafado, não era necessário ter sol para o dia
estar tão quente.
— Vamos fazer a visita do apartamento que o senhor está interessado;
se não agradar, podemos ver outro.
Assenti, entramos no prédio, e Almar não parava de falar; sei que faz
parte do trabalho dele, portanto, já estava à beira de mandá-lo se calar.
— A cidade tem visto um crescimento constante nos últimos anos, e
há muitas opções interessantes. Espero que possamos encontrar algo que
atenda às suas necessidades.
— Sim, sim, sou daqui meu amigo, sei de tudo isso, podemos ver o
apartamento?
— Claro — caminhamos pelo corredor, e o som dos nossos passos
ecoava. Quando chegamos à porta do apartamento, Almar retirou a chave do
bolso e a inseriu na fechadura com um movimento; ele girou a maçaneta e
empurrou a porta para dentro. Entramos, e Almar começou a mostrar o
apartamento.
— Senhor Guilherme, à esquerda, temos a sala de estar. À direita,
encontramos o primeiro quarto, que pode ser usado como um escritório ou
um quarto de hóspedes. Este apartamento tem dois quartos, o que é uma
vantagem, caso você precise de espaço extra.
Seguimos adiante pelo corredor, e Almar continuou a mostrar os
detalhes com animação.
— A cozinha é uma das joias deste lugar, embora não seja uma
cozinha espaçosa. Possui bancadas de mármore, e os eletrodomésticos são de
última geração.
Não estou procurando um lar, mas um lugar para dormir que não seja
um quarto de hotel. O apartamento que dividia com Isadora, vou deixar para
ela e Aline. Apesar de tudo, Aline é apenas uma criança e não poderia tirá-la
de seu lar, por isso estou comprando esse apartamento.
— Vou ficar com ele — falei, indo até a janela e olhei para fora,
vendo a cidade se estendendo diante de mim. O apartamento era de fato
impressionante, e o corretor havia feito um ótimo trabalho destacando seus
atributos.
— Fico feliz que tenha gostado, Guilherme. Estou à disposição para
qualquer dúvida que possa surgir.
— Não tenho dúvidas. Onde posso assinar? — Almar abriu a pasta
rapidamente, pegou um papel, e assinei, deixando o resto para o meu
advogado cuidar.
ISADORA

Levanto a cabeça do vaso sanitário, escovo os dentes e lavo o rosto,


começando o dia mais uma vez com enjoo matinal, que está se tornando um
costume. Levanto uma hora antes, coloco tudo que fiz esforço para comer no
dia anterior para fora e começo um novo dia.
Me sinto fraca e sem disposição, caminho até a cozinha para preparar
o café da Aline, que logo estará acordando. Quando mudamos para o
apartamento do Guilherme, ele queria contratar alguém para trabalhar em
tempo integral, pois a sua faxineira só vem uma vez na semana.
Eu não, porque conseguia dar conta de tudo. O que não esperava era
estar grávida e sozinha. Ele me deixou faz aproximadamente um mês. Aurora
e Miguel falam que Guilherme vai me perdoar, mas sei que isso não vai
acontecer. O olhar que ele me deu naquela noite foi de desprezo.
Ele nunca vai entender o porquê fiz isso e não acredita que realmente
me apaixonei. Passo a mão por minha barriga; estou entrando para o terceiro
mês de gestação. Não dá para ver muito, entretanto, só de saber que um filho
nosso crescerá na minha barriga me dá força para continuar.
Estou numa tristeza sem fim, mas preciso forçar o sorriso quando
Aline está por perto para ela não notar. Termino de preparar o suco de
laranja, que o médico falou que me ajudaria com os enjoos, e ao me virar
deparo-me com Guilherme parado, me olhando no meio da cozinha.
Seus olhos percorrem meu corpo; estou com uma fina camisola e
roupão por cima, nada sexy, e sei disso pelo jeito que ele me olha.
— Você voltou — sinto a picada de lágrimas encher os meus olhos,
mas as engulo, mantendo a compostura.
— Não, comprei um apartamento e vim pegar minhas coisas — ele já
havia mandado sua secretária pegá-las; quase não tem nada.
— Guilherme, não vá, por favor me escute — arrasto meu corpo pela
cozinha até ele, que se afasta para não me tocar.
— Nada que fale vai mudar o que você fez, Isadora. Me admira que
não a tenha encontrado feliz.
Ele ri.
— Como pode falar isso? Se quer me ver feliz, fique comigo, eu te
amo — ele está lindo, não tem nada fora do lugar, enquanto eu estou acabada.
— Pare com esse show Isadora, vou pegar o resto das minhas coisas e
ir embora.
Guilherme vai se afastando, e sigo ele pela casa.
— Estou grávida — não pensei em dar a notícia de que Guilherme
seria pai dessa forma, mas depois de tudo, será que existe uma forma
diferente de dizer que vamos ser pais? — Você vai ser pai — repito.
Ele se vira, e seus olhos se fixam na minha barriga. Em todas as
reações que imaginei, não previ que Guilherme iria sorrir.
— Meus pais devem estar muito felizes, e você garantiu uma grana.
A amargura em seu tom de voz me arrepia.
— Ninguém sabe, você foi o primeiro a quem contei, porque é o meu
marido e pai do nosso filho.
Guilherme gargalha, chegando a escorrer lágrimas nos olhos.
— Não bastou querer que eu me casasse, agora acha que pode me
enganar, dizendo que sou pai dessa criança.
Seu nariz se enruga, e ele me olha de cima a baixo com um olhar
zombeteiro.
— Se é mais dinheiro que quer, vou fazer um exame de DNA, e se
esse filho for meu, pagarei uma quantia todo mês…
Uma raiva tão intensa toma conta de mim, e antes que possa me
impedir, dou um tapa na cara de Guilherme, que o faz virar para o lado.
— Não quero o seu dinheiro, estou dizendo que será pai para ter a
chance de estar presente na vida do nosso filho. Mas se não quer, tudo bem,
eu o crio sozinha.
Dou um passo para trás, agora sou eu que o olho com desprezo.
— Vou alugar um lugar e desocupar seu apartamento; se quiser, nem
precisa pegar suas coisas, pois eu irei sair daqui.
— Não há necessidade, o apartamento é seu e da Aline. Comprei um.
— Prefiro não ter mais nada seu — ele aperta os olhos.
— Prevejo que seja impossível. Não tem mais nada meu… — Seus
olhos seguem para minha barriga, não dizendo mais nada; giro e volto a
preparar a mesa do café.
GUILHERME

Abalado com a notícia de que serei pai, caminho em direção às


escadas. Porém, parada no topo está Aline, me olhando com os olhinhos
cheios de lágrimas.
— Por que você tá brigado com a minha irmã, Gui? — Engulo em
seco, subindo até ela e me agachando na sua frente.
— Não estamos brigados, é conversa de adulto — sorrio.
— Então por que você não mora com a gente? Sabia que quando Isa
pensa que não estou vendo, ela vai no banheiro e vomita muito.
Não vou mentir para ela, mas não direi a verdade.
— As coisas são complicadas, Aline. Vou passar um tempo morando
em outro lugar, mas nós podemos nos ver sempre que você quiser.
— Mas vocês se casaram.
— Sim, casamos. A vida de adulto é chata, por isso é bom ser criança
— bato o dedo na ponta do seu nariz, fazendo-a rir. — Quer que eu a leve
para a escola? Podemos passar em um lugar e tomar um café delicioso.
— Já fiz o café, Aline. Desça e vá para a mesa antes de perder a hora
— escuto a voz de Isadora atrás de mim, mas não a olho; custou muito vê-la
na cozinha e não a puxar para os meus braços.
— Por favor, Isa, deixa eu ir com o Gui — Aline faz uma carinha
fofa.
— Aline, é melhor você fazer o que sua irmã falou. Amanhã passo
aqui e te levo.
Não quero tirar a autoridade de Isadora.
— Tudo bem — dou um beijo na sua testa e desço a escada, parando
a uma boa distância de Isadora.
— Mandarei alguém pegar as coisas — ela não me olha, e é melhor
assim.
Capítulo 17 - ISADORA
UM MÊS DEPOIS…

No dia seguinte à visita de Guilherme, ele veio buscar Aline e desde


então, ele passou a levar minha irmã para a escola todos os dias. Eles têm
uma ligação especial, e mesmo que não estejamos juntos, não quero afastá-
los. Não quis mais procurar por Guilherme, não importa o que fale, ele nunca
vai acreditar ou me ouvir.
Vou ter o meu filho, darei muito amor, e tenho certeza de que ele ou
ela terá avós amorosos que irão amá-lo muito. Termino o meu banho, visto
uma roupa confortável e vou almoçar na casa da Aurora.
— Aline, já está pronta? — grito da sala, e ela não demora a descer as
escadas correndo. Não adianta reclamar e mandá-la não correr.
— Isa, o Guilherme já chegou? — franzo a testa.
— É fim de semana, ele não vem.
— Ele vem. Gui falou que vai me levar ao aquário para ver os peixes.
— Pensei que nós iríamos para a casa de Aurora — seu rosto fica
triste, e ela olha para baixo.
— Tudo bem, vou ligar para ele e dizer que não poderei ir — me
aproximo dela, pegando seu rosto entre as mãos.
— Vá se divertir, outro dia almoçamos juntas.
— Obrigada, Isa — Aline me abraça, a campainha toca, e sei que é
ele.
— Vá buscar suas coisas, Guilherme já chegou — Aline sai correndo,
vou até a porta e abro.
— Antes de marcar qualquer coisa com a minha irmã, quero que me
consulte primeiro.
Falei assim que abri a porta. Guilherme não olhou para mim.
— Tudo bem…
— Gui, Gui — seja o que ele iria falar foi interrompido com a
chegada de Aline.
— Oi, princesa, vamos.
— Sim, sim, a Isa pode ir com a gente?
— Não tem como, Aline. Lembra que tenho um almoço? — fazendo
biquinho, ela aceita.
— Tudo bem, vamos, Gui. — Depois que eles saem, pego minha
bolsa e chamo um táxi.

— Oh meu Deus, você está falando sério, Isadora? — Aurora me


puxa para um abraço apertado.
— Sim, sim, estou grávida — coloco a mão sobre o vestido, sentindo
minha barriga esticada.
— Miguel, vamos ser avós, esperei tanto por esse dia que não posso
acreditar — lágrimas enchem seus olhos, abraço e logo sinto os braços do
meu sogro envolvendo nós duas.
— Parabéns, Isadora, você está nos trazendo muita felicidade. Aline é
nossa netinha, e agora essa criança, graças a você, nossa família só crescerá.
Miguel dá um beijo na minha testa. Curtimos esse momento, eles
fazem muitas perguntas, como estou, se estou comendo, desde quando sei
que estou grávida. Rio enquanto respondo, contudo o sorriso some do meu
rosto quando Aurora pergunta se Guilherme já sabe.
— Guilherme é o filho de vocês. Não quero falar nada desagradável a
respeito dele. Só quero que saibam que Guilherme sabe que estou grávida.
Pisco os olhos rapidamente para afastar as lágrimas.
— Meu filho será criado apenas por mim e terá vocês, não tenho
dúvida disso — Miguel olha para sua esposa, e seu rosto fica vermelho.
— Ele não quer o bebê. Juro, se Guilherme se atreveu a pedir que
fizesse um aborto, eu nem sei o que faço com meu filho.
Pela reação deles, não vou dizer que Guilherme não acredita que é pai
desse bebê.
— Ele só não quer, mas tudo bem. Posso criar sozinha. Não serei a
única mulher a ter um filho sem pai.
Agora é a vez de Aurora dizer:
— Meu neto não vai nascer sem pai. Irei falar com Guilherme, e se
ele insistir, darei as palmadas que não lhe dei quando ele era criança.
Seguro a mão deles, olhando para o rosto de cada um.
— Sou muito grata por tudo que fizeram por mim e minha irmã. No
entanto, esse é um assunto entre seu filho e eu. Fiz minha escolha, e agora ele
está fazendo a dele. Se erramos, o tempo irá dizer, mas prefiro que não se
envolvam, Aurora.
— Isadora, você não pode me pedir isso — olho para Miguel em
busca de ajuda.
— É o que quero, Aurora.
— Amor, essa é a escolha de Isadora. Vamos respeitar — Miguel fala
para sua esposa, que relutantemente assente.
— Tudo bem, Isadora. Vou deixar vocês tomarem as suas decisões.
Estou muito feliz que meu neto está aqui.
Aurora acaricia minha barriga enquanto rio e choro ao mesmo tempo.
Suspiro aliviada. Sabia que ela tentaria interferir e já me preparei para pedir a
ajuda de Miguel. Guilherme me odeia porque sua mãe me pagou para me
casar com ele. Se ela tentar agora, se ainda existe uma chance para nós,
acabaria com a intromissão de Aurora.
ISADORA

SEMANAS DEPOIS

Depois de saber da gravidez, Aurora me liga todos os dias. Ela quer


que eu e Aline moremos com ela, mas não aceitei. Gosto do meu cantinho.
Então, numa manhã, a campainha tocou, e quando fui atender, havia um total
de sete pessoas que vieram a mando da minha sogra para me ajudar nos
afazeres domésticos.
Mandei todos irem embora e liguei para ela, dizendo que estou
grávida, não doente. Ela não quer mais que eu seja sua assistente, pois acha
que anotar compromissos é muito esforço e que eu preciso descansar. Já não
suporto mais ouvir essa palavra. Cozinhar e limpar o apartamento são o que
me ajuda a não surtar. Hoje, Aline foi ficar na casa dos meus sogros.
Preferi ficar em casa. Adoro Aurora, mas às vezes ela exagera, e com
a chegada do neto, está piorando ainda mais.
Deixo uma torta de pêssego no forno, pois estou com um desejo
insano de comê-la, e sigo para a sala para ver a correspondência que chegou
mais cedo. Separo a de Guilherme e a deixo para a sua secretária buscar na
segunda-feira.
No meio dos envelopes, encontro um em particular, diferente dos
demais. Ele é bronze, com letras delicadas, e está no meu nome. Abro e vejo
que é um convite para o lançamento da empresa de Guilherme, para esta
noite. Estou decidida a jogá-lo no lixo, mas lembro do que Aurora me falou
dias atrás.
O fim do meu casamento com Guilherme não é público, então
algumas obrigações eu preciso cumprir, como ir a eventos como esse.
Querendo ou não, esse evento faz parte da empresa de Guilherme.
"Não acredito que vou fazer isso, filha", sim, tenho intuição de mãe
que o bebê que espero é uma menina. Se é para fazer isso, que seja rápido.
Pego o telefone e ligo para a mesma equipe que arruma Aurora para eventos
como esse. Ele fala que logo estará chegando, pois nunca deixará a nora da
Aurora esperando. Sorrio e agradeço.
Volto para a cozinha. Com essa equipe, não tenho que me preocupar
com nada. Tenho em mente o vestido que vou usar.

A NOITE...

Os flashes me cegam quando saio do carro em frente ao evento. Não


estava preparada para a quantidade de jornalistas e paparazzi.
— Senhora de Castro Lima, diga para nós onde está seu marido?
— A senhora está grávida?
— Como a família do Guilherme recebeu a notícia? — Fico tonta
com a quantidade de perguntas que são jogadas sobre mim. Estou prestes a
entrar em pânico quando sinto um braço ao meu redor. O perfume é a
primeira coisa que reconheço antes dele falar:
— Estamos curtindo o momento. Logo daremos uma matéria com
mais informações.
Em seguida, Guilherme me leva para dentro do evento. Essa festa é
cinco vezes maior que as festas na casa da Aurora. Se estivesse aqui sozinha,
tenho certeza de que pediria para ir embora. As pessoas com suas roupas
elegantes passam por nós. Vejo mesas espalhadas com pessoas e outras
vazias. Tudo isso fica para trás quando estamos em uma parte ensolarada.
— O que você está fazendo aqui? — Guilherme pergunta. Fico sem
reação por um instante, pois ele não está falando com raiva, mas sim curioso.
Engulo antes de responder.
— Recebi o convite — encolho os ombros, e seus olhos observam
meu rosto antes de descer pelo meu corpo. Estou usando o vestido que ele me
deu. Deslizo os dedos sobre o tecido sedoso do vestido cor de rosa claro. O
corte impecável abraça as minhas curvas com elegância, a saia flui
graciosamente ao meu redor, e o decote nas minhas costas, sutilmente
drapeado. Ele é belíssimo.
Tive sorte que coube no meu corpo, que vem passando por mudanças
por causa da gravidez. A minha barriguinha fica linda no vestido, e a
maquiagem que fizeram em mim combina com o vestido.
— Mesmo que tenha recebido o convite, não precisava ter vindo —
ele responde seco.
— Só estou fazendo o meu papel de esposa — devolvo com o mesmo
tom.
— Não faça, eu a rejeito como esposa — Guilherme se vira e vai
embora, me deixando parada ali.
Não sei quanto tempo passou desde que fiquei ali parada, mas uma
coisa que meu marido precisa saber é que eu não sou de ficar calada. Já
aguentei muito porque me sentia culpada. Agora já chega. Procuro por
Guilherme, vejo alguns rostos conhecidos, mas não o rosto que estou
procurando. Caminho para o bar, esse foi o único lugar que ainda não havia
ido.
O bar é uma forma de círculo. Não o encontro de um lado, e ao dar a
volta, paro. Rindo e todo feliz está Guilherme ao lado de uma mulher que
parece que saiu de uma capa de revista. Ele diz algo que a faz rir, colocando
uma mão no seu peito. Estou me sentindo traída. Nem sei quando foi a última
vez que meu marido riu assim comigo, e agora, logo ali, ele se diverte com
uma mulher que não sou eu.
Virando ainda rindo, os olhos de Guilherme se encontram com os
meus, mas não dura muito tempo porque eu giro o calcanhar e vou embora.

GUILHERME
Só vim para esse lançamento porque não havia outra alternativa, e
trabalhamos duro para que tudo saísse perfeitamente. Não poderia não estar
aqui. Porém, não imaginava que Isadora estaria também.
Ela está mais linda do que da última vez que a vi, e já dá para ver sua
barriga pelo vestido. Eu sabia que aquele vestido seria minha ruína, e está
sendo. Me afastei dela antes que a pegasse nos meus braços e nunca mais a
deixasse ir. Eu a amo, e não importa o que faça, o tempo a mantém enraizada
no meu coração.
— Olha se não é o meu amigo sumido — virei para encontrar com
Laura, uma antiga amiga.
— Não sou o único a estar sumido — cumprimento Laura, e pedimos
uma bebida quando conversamos. A empresa dela compra os produtos da
minha empresa, mas quase não nos encontramos.
— Se casou e não fui convidada, fiquei magoada — ela coloca a mão
no peito, em um gesto dramático.
— Foi tudo rápido — me limitei a dizer isso sobre o meu casamento.
— Quem diria que o grande Guilherme de Castro Lima se casaria —
Laura ri, me fazendo sorrir também.
— Oh, e pelo jeito será papai e não me falou também — sigo o olhar
dela, me deparando com Isadora. Ela se vira, mas ainda posso ver suas
lágrimas.
— Preciso ir, Laura, minha esposa precisa de mim — ela fala algo
atrás de mim, mas não escuto, pois estou focado em Isadora, que se afasta
rapidamente. Me desvio das pessoas e vou atrás dela. Fiz o meu papel como
CEO aqui, agora vou fazer o de marido.
Capítulo 18 - ISADORA
— Onde você pensa que está indo? — uma mão forte agarrou meu
braço, girando meu corpo, e logo me vejo de cara no peito duro e forte do
Guilherme. A princípio, fico congelada olhando para ele sem reação, e
Guilherme volta a falar:
— Então, onde pensa que está indo? — Tento me afastar dele, mas
seus braços em volta de mim me impedem.
— Para bem longe de você — luto furiosamente para não chorar em
sua frente, respiro fundo antes de levantar a cabeça e encontrar com seus
olhos. — Não me importo mais em admitir que o verdadeiro motivo que me
trouxe até aqui essa noite foi a esperança que eu ainda tinha em nós.
Contudo, depois de vê-lo rindo com aquela mulher, vejo que você nunca irá
me perdoar.
Guilherme me olhou por alguns segundos e, quando acho que ele vai
me deixar ir, suas mãos me agarram firmemente e nos leva na direção oposta
da entrada.
— Para onde estamos indo? — falo, mas ele não para. — Estou de
saltos e grávida, se não percebeu, não consigo andar rápido assim...
A fala fica presa na minha garganta quando ele me pega no colo como
fez naquela manhã.
— Precisamos conversar, e aqui não é o lugar que quero ter essa
conversa com a minha esposa.
— E o lançamento… — Um suspiro escapa dos meus lábios, e ele
olha para mim, sem sorrir ou qualquer expressão que indique seu
comportamento.
— Já fiz o que tinha que fazer aqui, Enzo pode tomar conta do resto.
Com uma mão em volta do meu corpo, Guilherme me guia para uma
saída que imagino ser da dos funcionários.

Chegamos no apartamento que dividimos, e agora é meu, e só aí que


Guilherme me coloca no chão. Mesmo dentro do carro, ele não me tirou do
seu colo.
— Você mentiu para mim, Isadora, armou um casamento pelas
minhas costas, e depois de tudo isso, eu ainda te amo, e me custa a acreditar
que você não seja uma interesseira.
Guilherme fica a dois passos de mim, esperando por uma explicação.
Ele realmente vai me ouvir. E acabou de dizer que me ama.
— No dia do nosso casamento, pensei em dizer a verdade a todos,
mas desisti. Eu te amo, e era só isso que importava. Errei quando te enganei,
mas quero que saiba que faria tudo novamente.
Sua testa enruga.
— Faria tudo de novo, é isso que você tem para me dizer? Realmente
achei que teria uma explicação, qualquer coisa, mas olha aí, você orgulhosa
de tudo.
Dando uma risada amarga, ele se vira para sair. Digo antes que
Guilherme dê dois passos:
— Sim, faria. Se esse fosse o único jeito de pagar os medicamentos da
minha irmã e ter comida no prato, eu faria, Guilherme. E como lhe falei, você
nunca vai entender o que passei.
Ele volta a olhar para mim, mas não se aproxima.
— Sua mãe me propôs que me casasse com você, em troca, ela
pagaria os medicamentos da minha irmã. Nós estávamos passando por um
momento delicado, e não tinha como eu trabalhar, pois não tinha ninguém
para cuidar de Aline. Aceitei a proposta porque sou capaz de tudo por ela. Só
não contava que me apaixonaria por você. Essa é a verdade.
Guilherme passa a mão pelo cabelo.
— Como minha mãe fez isso? Ela poderia simplesmente ter te dado o
dinheiro.
— Eu não aceitei. Se ela não poderia me dar um emprego, eu não iria
aceitar o dinheiro. Até porque os medicamentos precisam ser comprados
todos os meses, uma quantia naquele momento não duraria por muito tempo.
Seus passos o aproximam de mim, e no minuto seguinte, eu estava
nos braços do meu marido. Meu coração batia rápido, suguei uma respiração,
sentindo o cheiro do seu perfume e, depois de meses, senti que estava em
casa. Guilherme é o meu lar, mas só agora que percebi.
— Me perdoe, Isadora, por tudo que falei. Eu sei que o bebê é meu.
Só falei aquilo para te magoar, assim como eu estava magoado. Por favor, me
perdoe.
Suas mãos seguram meu rosto, e vejo o desespero nos seus olhos.
— Nós devemos nos perdoar, Guilherme. Você não foi o único a
errar. Tenho uma parcela nisso.
Guilherme aproxima nossos rostos, colando nossas testas.
— Eu te amo, Isadora. Você não faz ideia de como foi difícil estar
longe de você.
— Tenho uma ideia. Porque, cada dia que acordei sozinha naquela
cama, era mais um dia sem você.
Nossos olhos se prendem em um desejo mútuo. O toque suave de sua
mão no meu rosto envia arrepios por todo o meu corpo. Nossos lábios se
aproximam lentamente, como se o tempo tivesse desacelerado. E então,
quando nossos lábios se encontram, a paixão explode. É um beijo ardente,
cheio de emoção e anseio.
— Me leva para o nosso quarto e prometa que agora será para sempre
— falo com a respiração rápida.
— É para sempre, Isadora. Eu prometo — mais uma vez, à noite,
estou em seu colo, mas dessa vez ele me leva para o nosso quarto.
Nossos dedos são rápidos ao nos despir. Um minuto depois,
Guilherme me coloca na cama. Sua boca deixa a minha para beijar todo o
meu corpo até chegar onde eu mais ansiava por sua atenção. Minha boceta
está quente e úmida quando ele passa a língua entre meus lábios.
Levanto o quadril, gemendo seu nome. Me conhecendo tão bem, meu
marido lambe, chupa e mordisca os lugares que sabe que me levam ao limite.
Quando tenho meu orgasmo, fico como uma gelatina, suspirando
pesadamente.
Olho para Guilherme, que me olha com os olhos repletos de paixão e
desejo.
— Posso te machucar se eu a penetrar? — Sua testa se franze com
uma expressão de preocupação.
— Não, o bebê vai ficar bem — o tempo de gravidez que eu estava já
dava para saber o sexo, entretanto, preferi esperar. Talvez eu soubesse que,
quando tivesse o resultado, estaria com meu marido.
Virei de lado, e Guilherme se posicionou atrás. Com cuidado, ele
entrou na minha boceta. Joguei uma perna por cima da sua, e ele virou o meu
rosto ao mesmo tempo que sua boca tomava a minha. Seus dedos brincavam
com meu clitóris, e seu pau entrava e saía. Fizemos amor, nos entregando à
paixão.
A saudade era tanta que, estando nos seus braços, não consegui
segurar e deixei que as lágrimas molhassem nossos rostos. Quando afastei
meus olhos para olhar os de Guilherme, os deles estavam cheios de lágrimas,
assim como os meus.
— Você é minha vida — ele falou.
— E você é a minha — sem afastar os olhos um do outro, gozamos,
suspiros e sussurros deixaram nossas bocas.

GUILHERME
A traição por parte de Isadora foi dolorosa, não vou mentir.
Entretanto, a dos meus pais foi muito pior. Eu sabia que minha mãe adorava
se meter na minha vida, a maioria das vezes achava isso engraçado e relevava
tudo. Mas pagar uma pessoa, ela passou de todos os limites impostos na vida
de alguém.
Passaram-se duas semanas desde que voltei com a minha mulher, e
estamos felizes. Porém, querendo ou não, meus pais fazem parte dessa
família, e não posso simplesmente cortá-los das nossas vidas, principalmente
com a chegada da nossa filha. O perdão pode demorar, mas vale a pena, e
hoje vim à casa dos meus pais para deixar tudo o que aconteceu para trás e
ser feliz.
— Pronto? — Isadora pergunta ao meu lado quando estaciono o carro
na garagem.
— Sempre, amor — ajudo ela a sair, e Aline já sai correndo na frente.
Minha esposa tem um barrigão e mal consegue andar, pois seus pés estão
muito inchados. Todas as noites, faço massagem nela até ela dormir.
Quando entramos na sala de estar dos meus pais, vejo minha mãe e
meu pai sentados à mesa. O rosto de surpresa deles me encara. Minha mãe
tem uma expressão tensa, e meu pai para o que estava fazendo com Aline e se
levanta.
— Guilherme... — minha mãe começa, sua voz trêmula. — Estamos
tão felizes que você tenha vindo.
Assinto, tentando sorrir.
— Eu também, mãe — Isadora está ao meu lado, sua mão suavemente
entrelaçada à minha. Meu pai se aproxima de nós, parando na minha frente,
fazendo um gesto de cabeça.
— Estou muito feliz que está de volta em casa, filho — puxei meu pai
para um abraço e depois minha mãe.
— O que aconteceu, estou deixando para trás. Quero vocês próximos
a mim e à minha filha que logo estará chegando ao mundo. Vocês foram
ótimos pais, e tenho certeza de que avós serão excelentes.
Minha mãe começa a chorar, e beijo sua testa.
— Meu coração está transbordando de felicidade — ela fala entre
lágrimas. Eu também estou assim, e quando olho para Isadora, ela chora
enquanto sorri.
Epílogo - GUILHERME
— Oh, meu Deus, não imaginei que doeria tanto — Isadora aperta
minha mão quando curva o corpo, emitindo um grunhido de dor.
— O que posso fazer para ajudá-la? Tem como dar algo para ajudar
na dor da minha esposa? — Olho desesperada para o doutor em busca de
qualquer ajuda para Isadora.
— Senhor, sua esposa está com contrações, é normal — o doutor
tenta me tranquilizar. Olhei para Isadora, suada e com cara de dor, o que não
me faz ficar menos preocupado.
— Amor, apenas segure a minha mão — ela murmura, e eu aperto sua
mão.
— Eu nunca irei soltar — os próximos minutos são agonizantes.
Nunca me senti tão impotente como nesse momento. Se eu pudesse tirar toda
a dor que Isadora está sentindo, eu faria sem pestanejar. Mas esse é um
processo da vida no qual não posso fazer nada, além de segurar a mão dela e
transmitir toda a minha força.
— Só mais um pouco, Isadora, nossa filha está chegando — sussurro
em seu ouvido. O médico avisa que o bebê está corado e que Isadora só
precisa colocar mais um pouco de força. E foi o que ela fez.
E então, finalmente, o momento que tanto esperávamos chegou.
Nossa filha veio ao mundo com um choro doce e agudo. O médico trouxe
nossa filha para Isadora segurar, elas ainda estão conectadas.
— Ela é linda — falo, com os olhos marejados de emoção. Isadora me
olha com um sorriso fraco.
— É a nossa filha — diz.
— Sim, é a nossa filha — choro, beijando a testa da minha esposa e
da nossa bebê.
— Você quer cortar o cordão umbilical? — o médico pergunta.
— Não, prefiro não fazer — Isadora me olha e depois assente. Ela vê
o quanto é doloroso para mim vê-la sofrer e não poder fazer nada, tenho
medo de machucar a nossa filha. O médico corta o umbigo e diz que os
enfermeiros vão cuidar da nossa bebê enquanto ele cuida da minha esposa.
— Logo vocês vão estar no quarto — avisa, Isadora está exausta, mas
com um olhar de alegria que ilumina todo o seu rosto. Lágrimas rolam pelo
meu, e eu não consigo evitar sorrir amplamente.

Isadora volta para o quarto depois de um tempinho, uma enfermeira


entrega nossa pequena, e eu a seguro nos braços, com cuidado e ternura. Ela é
perfeita, e um amor indescritível invade meu coração. Isadora e eu nos
olhamos, compartilhando um momento de pura felicidade. Estávamos com
medo e nervosos, mas juntos tínhamos trazido uma nova vida ao mundo, e
nada poderia superar essa sensação.
— Eu te amo, obrigada pela família que me deu — curvo-me e dou
um beijo na minha esposa.
— Também te amo, e seja bem-vinda à família, Isabela — Isadora
fala para a bebê. Com cuidado, entrego a nossa filha a ela. Isabela começa a
chorar, então minha esposa afasta a camisola e coloca o seio para fora,
alimentando a pequena que estava faminta.
Fico ao seu lado, impressionado e, ao mesmo tempo, encantado. Uma
esposa e uma filha não estavam em meus planos, entretanto, ganhei duas
filhas porque tenho Aline como uma filha e uma esposa, e todos os dias sou
grato por ter tido a sorte de tê-las em minha vida.

FIM
Agradecimentos

Obrigado a você que chegou até aqui, minha mais profunda gratidão.
Estou muito feliz por ter conseguido terminar esse livro. Passei por um
processo de bloqueio e, quando comecei a escrever "A ESPOSA
REJEITADA DO CEO", sem querer apaguei mais de 10 mil palavras.
Precisei começar tudo de novo, e, para a sua felicidade e a minha, acho que
esta versão ficou ainda melhor. Algumas coisas acontecem por um motivo.
Valeu, até a próxima.
S.A
Biografia

Santino Amaro se aventurou no universo literário quando suas histórias


não couberam apenas em rabiscos no caderno, decidindo assim dividir com o
público que pudesse dar a chance de ler o que ele escreve.
Escreve romances envolventes, com trama que lhe prende do início ao
fim, com finais surpreendentes embora um feliz para sempre seja garantido.
Com a licença poética para ESCREVER o que quiser, sem medo.
Redes sociais

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Twitter
Tiktok
Página da Amazon
Mais livros

Como resistir à você (Adquira aqui)


CAPÍTULO 01
Decisão difícil tem que ser tomada
“Não devemos ficar em um casamento por ter medo de estar sozinho.
A estrutura do casamento é o amor
e quando não tem,
é o momento de sair a
procura do que te faz feliz.”
(Santino Amaro)

ANIKA
Este não está sendo o momento mais feliz da minha vida, estou triste e
com medo do desconhecido.
Depois que estes papéis estiverem assinados, o que irá acontecer?
Eu vou conseguir criar o Zaki, sozinha?
Ele vai me culpar por separá-lo do pai?
Muitas perguntas rondam minha mente quando estou sentada na bancada
da cozinha esperando por Ted que logo chegará, afinal liguei mais cedo
pedindo que ele não chegasse tão tarde.
Ele vem fazendo muito isso ultimamente e quando chega está com
cheiro de perfume feminino e álcool, o que me deixa triste por ver como
nosso casamento se desgastou.
Deixei Zaki na casa de um amiguinho da escola, pois não o quero aqui
quando tiver essa conversa com seu pai e espero que não aconteça mais uma
discussão desnecessária, pois nós não merecemos mais isso.
Meu corpo se endurece quando escuto o barulho das suas chaves sendo
deixadas no móvel da entrada de casa e em seguida seus passos vindo na
minha direção. Bebo um pouco de água e logo que deixo o copo na bancada,
meu marido entra na cozinha.
Ele olha em volta parando seu olhar em mim.
— Você está bem? — Sua voz soa preocupada.
Uma lágrima escorre pelo meu rosto e balanço a cabeça negando.
— Não, não estou bem.
Ted se aproxima e se senta ao meu lado.
— O que está acontecendo com você, Anika?
Empurro lentamente os papéis para ele que pega e vejo pelo canto dos
olhos que ele começa a ler. Quando termina, deixa de volta os papéis na
bancada, fica em silêncio e espero seu tempo.
Eu me preparei para tomar esta decisão, já Ted não. Ele foi pego de
surpresa porque por mais que nosso casamento não estivesse bem, acredito
que ele não pensou que eu poderia pedir o divórcio.
Quando finalmente diz algo, percebo que sua voz é triste.
— Anika, podemos tentar outra vez? Jesus, são dez anos juntos, não
podemos acabar assim! Vamos nos dedicar mais para dar certo, não sei, uma
viagem, algo que podemos fazer e…
Ted para quando seguro sua mão.
Não impeço que lágrimas escorram por meu rosto e sussurro:
— Não funcionamos mais, Ted, já estamos muito danificados para
continuarmos juntos. Chegou o momento de cada um seguir seu caminho
separado, uma viagem não vai adiantar, estamos tentando há um ano e nada
mudou. — Faço uma pausa e fungo. — É melhor nos separarmos quando
ainda amamos um ao outro... Não quero virar uma mulher amarga, que todas
as noites vê seu marido chegar em casa com perfume de outra, porque não
temos relação sexual há meses... Merecemos ser felizes, Ted, mesmo que
para isso tenha que ser com outra pessoa.
Ted começa a chorar baixinho.
— Um de nós dois teria que tomar essa decisão e essa pessoa fui eu. Fiz
isso pensando no nosso bem e no bem do nosso filho. Quero que sejamos
amigos por Zaki, e por nós. Antes de tudo éramos amigos e espero que
continue assim.
Nos abraçamos enquanto choramos, pois, o fim de um casamento não é
fácil.
Imagina viver anos com uma pessoa, com quem planeja passar a velhice
e um tempo depois você percebe que precisa deixá-la para ser feliz longe de
você, porque os dois não funcionam mais juntos.
Nos casamos muito jovens e pode ser esta a causa do desgaste no nosso
casamento. Eu tinha vinte e dois anos e Ted vinte e três, não tínhamos
aproveitado a vida, logo que nos formamos, nos casamos e não demorou
muito estava grávida de Zaki. Seguro Ted em meus braços assim como ele
me segura, choramos e sentimos a dor um do outro.
— Eu te amo — murmura no meu ouvido.
Cria uma bola na minha garganta, mas me esforço a falar.
— Eu também te amo, Ted.
Eu realmente o amo, e é por isso que dói tanto.
Planejamos, construímos uma vida e nasceu um fruto do nosso amor,
Zaki, meu menino de nove anos.
Não sei quanto tempo passou, portanto, quando nos afastamos não
estávamos mais chorando e sorrimos um para o outro quando assinamos os
papéis.
Um ciclo foi fechado hoje, mas outro se abriu, um novo ciclo que nos
deixa cheios de possibilidades.

O meu vizinho idiota (Adquira aqui)

CAPÍTULO 1
KIM CARTER
Eu odeio o meu vizinho!
Eu odeio cada coisa nele.
Seu sorriso debochado, o jeito de passar as mãos pelo seu cabelo
bagunçado e seu peito que está sempre nu.
Não importa se está frio ou calor, ele não sabe o que é uma camisa.
Eu odeio o simples fato de Caleb existir.
Posso parecer uma louca amarga, mas tenho motivos para odiar
o meu vizinho idiota.
Vamos lá, há três meses me mudei para este apartamento, um lugar
próximo a minha faculdade e meu trabalho, estava tudo indo às mil
maravilhas. Isso até um mês atrás quando um ser maligno veio morar no
apartamento em frente ao meu.
Todas as noites, ele leva mulheres para a sua casa e seus encontros são
barulhentos, se isso não fosse o suficiente, ainda tenho que aguentar o som da
sua fodida guitarra.
Viu?
Eu tenho motivos de sobra para odiar o meu vizinho.
Poxa, será que ele não trabalha?
Será que não há algo para se ocupar que não seja foder e tocar guitarra?
Estudo de manhã, trabalho em uma lanchonete à tarde e à noite só queria
estudar e ter uma noite tranquila de sono.
Porém, parece que é pedir demais.
São quase meia-noite e aqui estou, com um travesseiro em volta da
cabeça, tapando os ouvidos para abafar o som que vem do apartamento da
frente.
Juro, se eu tivesse uma bomba, jogaria dentro do apartamento dele.
“Filho da puta!”
Afasto o travesseiro lentamente, abro os olhos e percebo que o barulho
cessou. Faço um biquinho surpresa, olho para a mesa ao lado da minha cama
e vejo o horário.
É meia-noite e meia, e está cedo, já que Caleb costuma parar apenas às
seis horas da manhã.
Algumas vezes, saio para a faculdade às sete da manhã e ele ainda está
tocando.
“Algo está errado...”
Salto da cama quando a campainha começa a tocar, o que acho estranho,
pois não estou esperando ninguém.
Mas pode ser alguma vizinha que finalmente teve bom senso e irá me
apoiar na expulsão de Caleb do prédio.
Levanto com um sorriso no rosto devido esse pensamento que me deixa
feliz.
Enfim, vou conseguir me livrar dele.
Há dois dias houve a reunião do condomínio e aproveitei para reclamar
do barulho que aquele indivíduo fazia durante a noite, porém, as outras
moradoras afirmaram que não escutavam nada.
Adivinha...
Caleb estava lá, o único homem sem camisa, com aquele sorriso de lado
e logo entendi o motivo delas não ouvirem nada.
Balanço a cabeça me afastando destes pensamentos e abro a porta
sorrindo.
— Então, vai me apoiar em tirar aquele… — Paro de falar e arregalo os
olhos ao ver a criatura parada em frente à minha porta.
“Será que você consegue adivinhar quem é?”
Uma dica, ele é alto, com aproximadamente um metro e noventa, olhos
azuis, cabelo loiro desgrenhado e está sem camisa.
Se pensou no meu vizinho idiota, que se chama Caleb, acertou.
— O que você está fazendo aqui? — Dou um grunhido.
Com um sorriso de menino levado, Caleb levanta a xícara branca.
— Você teria açúcar para me dar uma xícara, vizinha?
“Ele tá de sacanagem?”
Fuzilo o homem com os olhos.
Como ele ousa vir na minha porta pedir açúcar, ainda mais uma hora
dessa?
— Se você pedir para qualquer uma nesse prédio, tenho certeza que vão
te dar até mais que açúcar. — Estou prestes a fechar a porta quando Caleb
coloca o pé na frente, impedindo de fechar.
— Será que não é por este motivo que não pedi a ninguém além de
você?
Caleb me mede de cima a baixo com seus olhos ardentes, mordendo o
lábio de uma forma provocante.
— Pode ser que eu queira mais que açúcar de você, vizinha.
Rubor sobe pelo meu rosto, afinal não é todo dia que um ser idiota e
gostoso, na mesma proporção, flerta comigo.
“Porém, as coisas não serão tão fáceis assim.”
Levanto uma sobrancelha para o homem que seu segundo nome deveria
ser pecado e forço um sorriso.
— Comigo não terá açúcar, muito menos outra coisa… — Tento
novamente fechar a porta.
— O açúcar em troca de parar de tocar guitarra por esta noite, é
claro. Agora, se quiser que eu pare de tocar nas outras terá que me distrair.
Coloco as mãos na cintura.
— Você está tentando me chantagear? Porque não está funcionando.
Não vou te distrair e outra, posso fazer uma coisa boa para nós dois
quebrando a guitarra na tua cabeça.
Caleb joga a cabeça para trás em uma gargalhada.
“Ele é tão lindo...”
Agito a cabeça.
"Não, ele não é lindo.”
Me repreendo, mentalmente.
— Seria interessante se você quebrasse a minha guitarra e depois
terminássemos enrolados nos meus lençóis.
Rosno.
— O quê?
Caleb aproxima o rosto do meu, sussurrando:
— Relaxa, gatinha, pode ser nos seus lençóis também. Eu não ligo para
o lugar desde que esteja fundo dentro de você, Kim.
Todo o meu corpo esquenta com suas palavras sujas, mas tento não
transparecer.
— Vou dar a você a xícara de açúcar e nunca mais chegue perto da
minha porta — falo me dando por vencida, pois cada um sabe seu limite e eu
conheço o meu.
Ter esse Deus do pecado, flertando comigo por mais tempo, pode me
fazer cair em tentação.
Minha voz e meu corpo estremecem, mas me mantenho firme quando
puxo a xícara da sua mão. Vou até à cozinha e encho a xícara com o açúcar.
Viro em direção à porta quando meu rosto bate em um peito duro, ergo a
cabeça e dou de cara com Caleb que entrou na minha casa e está com toda
sua estrutura dentro da minha cozinha.
Perto dele não pareço ter um metro e sessenta e cinco de altura, pois ele
é bem mais alto do que eu e me sinto menor do que realmente sou.
Molho os lábios antes de pronunciar:
— Eu não o deixei entrar, deveria ter esperado na porta onde
estava. — Estendo a mão com a xícara para ele. — Aqui seu açúcar, pode ir
agora.
Caleb pega a xícara da minha mão, porém, seus olhos não afastam dos
meus seios que estão cobertos por uma fina camisa de pijama. Lentamente
sua língua passa sobre seus lábios enquanto seus olhos devoram meu
corpo que reage com seu olhar intenso.
Meus mamilos ficam duros e minha boceta pulsa, então mordo os lábios
para não gemer de frustração.
“Não é possível que meu corpo esteja correspondendo a Caleb.”
Como posso sentir desejo por meu vizinho idiota?
Caleb pode ser um grande babaca, mas o seu corpo é um pecado e seus
lábios são uma tentação.
Ele coloca a xícara na bancada da cozinha e sem afastar os olhos dos
meus, levanta a mão passando os dedos por cima dos meus mamilos
sensíveis, em seguida belisca as pontas endurecidas.
— Oh… — Solto um gemido e dou um passo para trás.
Mas seu corpo quente me acompanha, me deixando presa entre ele e a
minha geladeira.
— Você me quer e estou louco para te foder desde que a vi, então vamos
facilitar nossas vidas. Hoje é sexta, gata, e nas sextas vale tudo até trepar com
o vizinho idiota. — Ele balança as sobrancelhas e dá um sorriso de lado.
Chupo meu lábio inferior.
— Eu não te quero. Na verdade, quero expulsá-lo do prédio e tê-lo bem
longe de mim.
Caleb abaixa o rosto próximo ao meu e penso que irá me beijar, mas no
último momento sua boca raspa na minha, indo para minha orelha, onde ele
morde, me fazendo arrepiar toda.
— Diga que seus seios não estão duros tanto que chega a ser doloroso e
que a sua boceta está tão encharcada que se escorregar a mão dentro do seu
short, meus dedos facilmente a penetraria.
Ele volta a morder meu lóbulo da orelha, fazendo meu corpo se arrepiar
todo.
— Diga, Kim, que estou errado, que desde que nos encontramos não
sente um tesão louco pelo meu pau. Diga que não me deseja que irei embora.
O calor que irradia do seu corpo é como um chamado para o meu desejo
mais secreto.
Caleb afasta o rosto do meu pescoço para olhar em meus olhos e tenho
certeza que ele está vendo todas as suas respostas nas minhas íris.
— Diga — cantarola.
Mordo os lábios sentindo o gosto de sangue, enquanto minhas pernas
esfregam uma na outra. Em resposta, a sua mão segura a minha e coloca no
seu peito.
Ele é duro e quente e quero passar minha mão por todo seu corpo.
— Eu te acho um idiota — falo arrancando um sorriso dele. — Tenho
um forte desejo de quebrar a sua guitarra na sua cabeça.
— Sim, e mais o quê?
— Sinto um tesão louco por você, Caleb, satisfeito?
Odeio admitir, mas a raiva que sinto por esse homem é a porra do tesão
enrustido.
E ele não ajuda em nada desfilando por aí com nada mais que uma
bermuda de cintura baixa.
— Não, não estou satisfeito.
Com a mão por trás da minha cabeça, puxa meu rosto para ele e
sua boca sedenta fode a minha.
Sim, ele não beija, ele fode a minha boca e meus miolos.
Sua língua mergulha duelando com a minha.
Suas mãos descem apertando a polpa da minha bunda, me levantando e
minhas pernas voluntariamente circulam sua cintura. Sou colocada entre a
minha geladeira e seu corpo quente, enquanto seus dentes mordem meus
lábios, me arrancando suspiros e gemidos.
Minhas unhas arranham seus bíceps e começo a esfregar minha boceta
na dureza da sua bermuda à procura de alívio.
— Por favor — choramingo como uma gatinha.
— Eu vou te comer, mas primeiro me deixa aproveitar essa sua boca.
Ele volta a me beijar enquanto sua mão corre entre nossos corpos, se
aventurando dentro da minha calcinha.
— Porra, tão molhada, baby! Você é uma tentação, Kim. — Acaricia
seus dedos lambuzados do meu pré-gozo, esfregando meu clitóris como se
desenhasse o número oito, ao mesmo tempo, em que sua boca me beija
selvagemente.
— OH, CALEB, ESTOU PERTO, POR FAVOR, NÃO PARE.
Quando sou tomada por espasmos, grito na sua boca e gozo nos seus
dedos.
Estou ofegante quando ele tira os dedos da minha boceta levando até
seus lábios, chupando até estarem limpos, em seguida, olha para mim, com
um sorriso de lado, daquele bem cafajeste.
— Você tem um gosto bom pra caralho. Agora quero provar da fonte,
onde fica seu quarto?
Aponto com o queixo para o corredor.
Ainda grudada em seu corpo, ele me afasta da geladeira, nos levando
para o meu quarto.
Assim que chega, Caleb me deita no meio da cama e seus dedos puxam
meu short molhado junto com a calcinha para fora do meu corpo. Em
seguida, tira a minha camisa e logo estou nua diante dos seus olhos famintos.
— Porra, você é perfeita! Nunca tive dúvida que não seria.
Minhas bochechas ficam ruborizadas.
Não pensem que sou como essas menininhas que ficam coradas por
qualquer coisa.
Mas, vamos lá, estou nua, com meus pneuzinhos à vista e Caleb todo
definido, me olhando como se eu não tivesse um defeito sequer.
— Você fala isso para todas que vão ao seu apartamento?
Caleb abre o botão da bermuda, abaixa o zíper e seus olhos brilham em
diversão.
— Você está falando do barulho de mulheres que vem do meu
apartamento?
Encolho os ombros.
— Você não é o senhor discreto.
— Bem, não tenho uma mulher desde que me mudei, aquilo foram
vídeos. — Dá uma piscadela. — Queria te perturbar, assim você ia no meu
apartamento e eu teria a chance de ter seu traseiro no meu território para
foder a sua doce boceta.
— Você é um idiota — falo, arremessando um travesseiro nele que pega
no ar.
— Sim, eu sou e sou também o cara que vai comer a sua boceta. — Ele
diminui a distância entre nós, usando apenas a cueca que mal segura a fera.
Seu pau está quase pulando fora.
Caleb sabe o quanto é gostoso, barriga de gominhos com um rastro de
pelos que se encontra abaixo do seu umbigo, sumindo no cós da cueca. Sem
tirar seus olhos dos meus, segura cada lado da cueca e abaixa o tecido
enquanto meus lábios se abrem.
Já estive com alguns homens, mas nada se compara ao pau dele que é
grosso com veias salientes, a cabecinha é rosa e aponta para mim, com
líquido de pre-sêmen escorrendo.
Ele fecha o punho no seu pau, bombeando da base a ponta enquanto
seus olhos famintos me observam.
Abro as pernas levando uma mão para minha boceta onde acaricio,
imitando seu gesto. Ele solta um grunhido subindo na cama e se ajoelha entre
as minhas coxas. Ele afasta a minha mão e choramingo, mas sou
recompensada com seus lábios que beijam minha boceta como ele beijou
minha boca. Sua língua mergulha dentro da minha intimidade, voltando para
meu clitóris onde seus dentes mordiscam.
Ergo o corpo agarrando o lençol à minha volta e não me importo do
prédio estar ouvindo meus gritos e gemidos.
Caleb fode a minha boceta e um arrepio sobe por minha espinha, se
alojando entre minhas coxas.
— SIM, SIM, SIM — grito gozando na sua língua.
Ele rosna e lambe até a última gota do meu prazer.
— Sua boceta é viciante, gatinha. — Ele se afasta com a boca molhada,
sorrindo e então me beija.
Sinto o meu gosto na sua língua.
Nunca me provei, aliás, não sinto nem um pingo de nojo por estar
fazendo isso, afinal é minha boceta que estou provando.
Ele veste uma camisinha, em seguida se posiciona entre minhas pernas e
seu corpo curva para estar sobre o meu.
— Vai com calma, eu também já tenho um tempo sem ninguém — falo
ao sentir seu pau na minha entrada.
— Irei, mas se quiser parar, diga.
Assinto jogando os braços em volta do seu pescoço, beijando sua boca.
Lentamente seu pau vai me esticando, me deixando entre a dor e o
prazer.
Sua boca me distrai até ele estar tão fundo dentro de mim, que poderei
senti-lo por dias.
— Tudo bem? Posso me mexer? — pergunta com a voz entrecortada.
— Sim, estou bem, pode se mexer.
Caleb puxa para fora uma polegada, voltando em seguida a mergulhar
em mim, me arrancando gemidos.
Ele repete esses movimentos por mais um tempo, me deixando louca.
— Não se segura, me dá tudo de você. — Sua cabeça afasta do meu
pescoço para o meu rosto. — Não esqueça que você pediu. — Coloca uma
das minhas pernas no ombro, ficando meio de joelho enquanto suas mãos têm
acesso aos meus seios onde massageia, as enchendo com a minha carne.
Caleb invade minha boceta sem resistência e seus golpes são firmes,
penetrando até o talo, saindo para voltar em seguida.
Suor molha nossos corpos, os deixando escorregadios, quando nos
fundimos em um, sem afastar nossos olhos.
Sinto seu membro pulsando dentro de mim e seus olhos vidrados me
encaram dizendo sem palavras que está perto de gozar.
Seus lábios se abrem emitindo alguns sons, o que é sexy para caralho, e
seus olhos acompanham minha mão se aventurando para frente até encontrar
o meu clitóris onde massageio.
— Pode vir, estou pronta.
Caleb entende o que estou falando, pois, minha boceta aperta ao seu
redor no momento em que sinto o primeiro jato de sêmen investido no meu
interior.
Mesmo com a camisinha, posso senti-lo gozar dentro de mim.
Caímos na cama, ofegantes e um sorriso toma conta do meu rosto
enquanto Caleb dá uma piscadela.
— Essa foi a melhor troca de xícara de açúcar na minha vida.
Gargalho dando um tapa no seu peito.
Table of Contents
Sinopse
Prólogo - ISADORA
Capítulo 1 - GUILHERME
Capítulo 2 - ISADORA
Capítulo 3 - GUILHERME
Capítulo 4 - ISADORA
Capítulo 5 - ISADORA
Capítulo 6 - AURORA DE CASTRO LIMA
Capítulo 7 - GUILHERME
Capítulo 8 - ISADORA
Capítulo 9 - ISADORA
Capítulo 10 - GUILHERME
Capítulo 11 - GUILHERME
Capítulo 12 - ISADORA
Capítulo 13 - ISADORA
Capítulo 14 - ISADORA
Capítulo 15 - ISADORA
Capítulo 16 - GUILHERME
Capítulo 17 - ISADORA
Capítulo 18 - ISADORA
Epílogo - GUILHERME
Agradecimentos
Biografia
Redes sociais
Mais livros

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