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1ª Edição

2022
Esposa do CEO: A Vingança

Copyright © 2022 por Chrys Monroe

Todos os direitos reservados. É proibida qualquer reprodução do


material sem autorização prévia da autora. Obra de ficção, qualquer
semelhança com a realidade ou terceiros é mera coincidência.

Revisão & Diagramação: Chrys Monroe


Capa: Mylla Braga
Prólogo

Presídio Feminino de Segurança Máxima, Chicago.

2017.
Uma mulher estava em uma cela escura e gélida sentada em uma
cama feita de pedra, tão dura quanto sua alma e coração, depois de
passar tantos anos presa naquele lugar como se fosse um animal.
Ela observava incansavelmente uma velha foto rasgada por longos
e intermináveis minutos. Parecia que o tempo simplesmente não
passava, mas aquela foto lhe dava forças para continuar
aguentando firme aquele verdadeiro inferno.
Naquela cela reinava um silêncio perturbador, já que a colega de
cela da prisioneira estava na enfermaria. Os únicos sons que se
ouviam por ali eram os da goteira de uma torneira que estava
vazando e as batidas do coração da presa em questão, que atendia
pelo nome de Isabella Adams.
Vestida com o uniforme laranja típico de presidiárias, tinha os
cabelos longos e lisos, porém descuidados e ressecados pela falta
de vaidade. Parecia mais velha do que realmente era e quem a
visse de perto, não acreditaria que ainda estava no começo da casa
dos trinta anos. Seus belos olhos cor de chocolate estavam
ofuscados por olheiras profundas, causadas pelos mais de dez anos
de noites mal dormidas e pesadelos que sempre tinha naquela
cadeia.
Dez anos.
A única coisa que lhe dava força e instigava a continuar vivendo era
justamente aquela foto de um garotinho de olhos castanhos como
os seus e de uma bebê de lindos olhos verdes, seus tão amados
filhos. Ela sabia que hoje em dia, eles já deveriam ser adolescentes
e a curiosidade de conhecer seus rostos, vozes e personalidades
lhe fazia imaginar mil e uma coisas. Mas tudo ficava apenas na
imaginação, já que não tinha ideia de quando e se os veria
novamente em vida.
Sempre que pensava neles se permitia sorrir, coisa muito rara em
um local cheio de dor e solidão. Mas Isabella tinha vivido bons
momentos e por isso, gostava de se lembrar deles. A infância feliz
com seus pais, a adolescência cheia de descobertas. A juventude,
onde conheceu o amor de sua vida, a gravidez, os filhos, as viagens
pelo mundo.
Tudo estava indo tão bem.
Por quê a vida fez aquilo com ela? Por quê foi acusada de trair e
matar uma pessoa tão importante na vida de seu marido? Ou
melhor, ex-marido. Por que estava presa por um crime que não
cometeu? Por quê foi privada de viver ao lado de seus filhos e
família? Por quê tudo aquilo tinha que acontecer justamente com
ela?
Nunca fez mal a ninguém. Era cristã e sempre tentava fazer o bem
ao próximo. Era carinhosa, apaixonada e feliz, mas tudo o que tinha
lhe foi arrancado de forma brusca e brutal e, as perguntas que se
fazia todos os dias talvez nunca fossem respondidas.
Isabella foi tirada de seus pensamentos quando começou a ouvir
passos vindo dos corredores. Foi então que uma mulher de
aparência cansada e carrancuda surgiu e começou a desamarrar as
correntes e em seguida, abriu o cadeado da cela da mulher.
— Isabella, visita para você. - A carcereira de pele morena clara e
aspecto rude, avisou abrindo a porta.
— Quem é? - A presa perguntou guardando a foto debaixo do
travesseiro e indo para fora da cela.
— Sua advogada. - Respondeu segurando e apertando o braço da
morena, que sentiu uma leve ardência mas não reclamou, pois
estava acostumada com a rispidez da carcereira que levou-a até a
sala de visitas.
Assim que chegaram ao local, onde havia apenas uma mesa e
duas cadeiras de tons acinzentados, a funcionária da prisão
algemou Isabella na cadeira e saiu, deixando-a a sós com uma loira
de longos e volumosos cabelos cacheados que usava um tubinho
preto e um casaco comprido da mesma cor.
— Oi Aiden - Isabella a cumprimentou, tentando esboçar um sorriso
de simpatia.
— Bel, tenho uma novidade maravilhosa para você. - A mulher
parecia animada, pois dava um sorriso largo e passava o dedo
indicador no furinho de seu próprio queixo.
Aiden era prima de Isabella por parte de mãe e sua grande amiga.
Uma mulher de cabelos dourados e cacheados, solteira e sem
filhos, mas que sempre parecera fiel a prima, lhe defendendo no
momento em que quase todos lhe viraram as costas.
— O que houve? - Isabella perguntou sem tanto entusiasmo.
Aiden manteve o sorriso, pegou sua bolsa, a abriu e de dentro dela,
pegou um documento.
— Aqui está sua ordem de soltura. Helena conseguiu afrouxar sua
pena e amanhã mesmo você sairá desse maldito lugar! - Ao ouvir
isso, Bella sentiu seus olhos começarem a se encher de lágrimas,
mas em sua mente aquilo não podia ser verdade.
— Está falando sério, prima?
Tanto tempo atrás das grades fez Isabella ficar cada vez mais
incrédula com relação a sonhos e a liberdade, com certeza era um
deles.
— Claro Bel, jamais brincaria com esse tipo de coisa. Você já
cumpriu dez anos da sua pena, teve um excelente comportamento
durante todos esses anos trabalhando na limpeza dos banheiros
daqui e na enfermaria. Também já passou por uma avaliação
psicológica e os psiquiatras constataram que você não representa
perigo algum à sociedade. Portanto, você pode e vai ficar livre. -
Explicou esticando sua mão pela mesa em direção a Bella.
— Céus, não consigo acreditar que isso está acontecendo! - A
senhorita Adams passou a mão entre seus cabelos bagunçando-os
e em seguida, usou a mesma mão para apertar a de Aiden, já que a
outra estava presa a cadeira — Não sei nem como te agradecer,
jamais pensei que ficaria livre um dia. - A jovem não sabia se ria ou
chorava.
— Não fiz nada mais que minha obrigação, sempre tive certeza da
sua inocência. Enfim, se prepare pois amanhã você será uma
mulher livre, prima. - A loira reforçou a novidade e uma sorridente
Isabella sorriu agradecida à ela.
[...]
No dia seguinte...

O céu estava azul naquela segunda-feira que não tinha nada de


pacata. Uma ansiosa Bella andava pelos corredores estreitos da
prisão, com uma velha calça jeans, camiseta verde, sapatilhas
pretas e uma mochila com todos os seus poucos pertences nas
costas.
Era um dos dias mais importantes da vida dela, o dia da liberdade.
Conforme os portões se abriam, seu coração se acelerava mais e
mais. Sempre imaginou que o dia de sua soltura fosse ser de outro
jeito. Que no dia que fosse liberta, toda sua família estaria lhe
aguardando. Seu pai, sua mãe, seus filhos e quem sabe, seu ex-
marido. Mas quando o último e maior portão se abriu, apenas Aiden
lhe aguardava parada em frente a um carro preto.
As coisas nunca acontecem como imaginamos e ela estava
aprendendo isso há muito tempo, da pior maneira possível.
— Bem-vinda a liberdade, Bel! - A mulher abriu os braços e Bella
correu até ela, abraçando-a fortemente — Achei melhor não avisar
seus pais, por isso eles não estão aqui.
— Ainda bem, pois quero fazer uma surpresa à eles. - A morena se
afastou e respirou fundo.
— E o que pretende fazer agora que está livre?
— Ter minha vida de volta. A primeira coisa que farei é voltar para
Nova York. - Afirmou decidida.
— Tem certeza Bella? Não é melhor tentar reconstruir sua vida por
aqui mesmo? Você ainda é jovem, pode começar de novo. - Aiden
tentou aconselha-la pois sabia que o que aguardava sua prima em
NY, eram coisas não muito agradáveis.
— Não há como reconstruir minha vida sem meus filhos. Preciso vê-
los de novo, ter uma relação de mãe e filho com eles. Deve ter sido
tão difícil crescerem sabendo que a mãe estava na cadeia. Quero
ser a mãe que eles sempre sonharam em ter, recuperar o tempo
perdido. Além do mais, quero provar minha inocência para meu
marido. Quer dizer, ex-marido... - Desviou o olhar e mordeu o lábio.
— Ainda ama o Thomas, não é? - A loira questionou vendo o quanto
Bella ficou mexida ao falar do ex-marido.
— Claro que não, não sinto mais nada por ele, nem poderia sentir. -
Negou imediatamente tentando parecer convincente — Quando fui
acusada de assassinato, Thomas sequer me deu o benefício da
dúvida! Pelo contrário, foi o primeiro a me acusar e a única vez que
veio me visitar quando estava na prisão foi para pedir o divórcio!
Como posso amar um monstro desses? - Tentou segurar as
lágrimas — Vou provar a todos que me acusaram que estavam
errados! Que sou inocente e acima de tudo, juro que vou encontrar
o verdadeiro assassino e fazer justiça! E lhe garanto que essa
pessoa vai se arrepender amargamente por todo o mal que me fez.
Capítulo 1 - Inverno

Primeira Fase.

New York, Fevereiro de 2002.

Foi no meio do inverno daquele ano que os caminhos de Isabella


Adams e Thomas Cooper se cruzaram pela primeira vez, em um
dos melhores colégios de Nova York. Apesar de estudarem no
mesmo lugar, ambos viviam em mundos um tanto quanto diferentes.
Thomas era filho adotivo do grande empresário Charles Cooper,
tinha dinheiro e tudo o que qualquer garoto de sua idade poderia ter,
mesmo assim era introspectivo e sonhava viver um grande amor.
Já Isabella era uma jovem de classe média, filha do delegado da
cidade.
Sonhadora, queria conquistar o mundo.
Tinha um sorriso fácil que quando se abria, simplesmente iluminava
tudo e todos ao seu redor. Uma de suas grandes paixões era a
música, os sons. Até o barulho leve da chuva lhe encantava.
Sabia tocar vários instrumentos.
Violino, gaita e sua grande paixão, o piano. Apesar de saber que
sua mãe queria que fosse médica como ela e seu pai, que seguisse
carreira na justiça como ele, ela tinha grande inclinação para a
música e foi através dela que conheceu o amor de sua vida.
O som do piano que Bella tocava atraiu o jovem Cooper a sala de
música após o fim da aula de física do rapaz. Quando ele entrou no
local, se deparou com uma linda garota tocando serenamente a
Quarta Sonata Para Piano em Mi Maior , de Beethoven.
Suas mãos pequenas e macias deslizavam pelo piano
delicadamente mas ao mesmo tempo, com grande maestria, como
se ambos fossem parceiros de longa data.
E eram.
Aquela música acalmou o coração de Cooper.
E quando Bella terminou de tocar e viu que não estava sozinha,
acabou corando, coisa não muito difícil de acontecer com aquela
morena de sorriso fácil.
— Não sabia que tinha plateia. - Isabella falou envergonhada,
afastando sua mão do piano.
— Perdão! - Thomas se aproximou da jovem de olhos cor de
chocolate que ainda estava sentada ao piano — Você toca muito
bem. - Elogiou-a dando um sorriso torto.
— Obrigada. - Desviou o olhar e se levantou, sem saber o que dizer,
muito menos o que viria a seguir.
— Você é nova aqui? - Questionou olhando-a pela primeira vez nos
olhos.
— Sim, vim do Texas. Meu pai foi transferido para a delegacia daqui
e minha mãe e eu viemos morar com ele recentemente. - Colocou a
mão no bolso de sua calça jeans, pois a simples presença daquele
rapaz lhe deixou com as mãos trêmulas.
Mas ela não queria que Thomas percebesse isto.
— E qual seu nome? Desculpe por tantas perguntas. - Se redimiu
tímido, começando a achar que estava sendo invasivo demais,
porém, sem conseguir conter a necessidade de saber mais sobre
ela.
— Isabella Adams e o seu?
— Thomas Cooper. - E assim ambos enfim, se apresentaram.
Parecia que se conheciam há tempos, pois com o passar das
semanas se tornaram grandes amigos, quase que em um passe de
mágica.
[...]
O primeiro beijo foi dado nos fundos do colégio onde tinha um lindo
jardim que ultimamente estava coberto pela neve.
Thomas estava dizendo a Bella o quanto ela lhe fazia bem.
O quanto gostava de conversar ou simplesmente, ficar deitado na
neve olhando para ela.
E Bella se sentou no chão e sorriu.
Ali, ele soube que ela sentia o mesmo que ele.
Thomas se assustou quando a morena deslizou suavemente sua
mão por seu rosto, sentindo sua pele suave. E fechou os olhos
quando sentiu o rosto dela se aproximar do seu e especialmente
quando seus lábios uniram-se aos dela.
Tudo começou com um selinho demorado e tímido.
Era o primeiro beijo dos dois.
Mas logo suas línguas já estavam travando uma prazerosa batalha
e suas mãos, descobrindo pedaços até então desconhecidos do
corpo de ambos.
O beijo foi cessado por falta de ar e Michael puxou Bella para seu
peito, para que sentisse seu calor.
— Quer namorar comigo, Bella? - O ruivo de olhos verdes,
pequenas sardas no nariz e queixo levemente quadrado questionou
fazendo carinho nos cabelos dela.
— Claro que quero, Thomas. Meu príncipe...
E naquela pacata terça-feira, uma intensa história de amor teve seu
início.
~*~
Campbell Communications.

Três homens estavam reunidos na sala da presidência de uma das


empresas mais lucrativas das décadas de 80 e 90.
De um lado, Charles Cooper.
Dono de um casamento feliz de quase vinte anos, pai de três filhos
adotivos, executivo de sucesso.
Do outro, Billy Campbell.
Viúvo, dois filhos, estava a beira da falência e por isso, prestes a
vender sua empresa para o velho amigo de infância.
A terceira pessoa naquela sala era Harry, advogado que estava
tratando dos tramites legais da venda da empresa.
— Meus parabéns senhores, a compra foi efetuada com sucesso. -
O homem rechonchudo de cabelos grisalhos avisou, dando um leve
sorriso — Vou dar sequência a compra, com licença. - E retirou-se
da sala deixando-os a sós.
— A partir de agora sou o dono oficial desta empresa que passará a
se chamar Cooper Enterprises. O que acha do novo nome? -
Charles questionou animado.
Charles era um belo homem prestes a chegar aos quarenta anos.
Alto, bonito, dono de cabelos loiros penteados para trás e com tipo
físico esbelto e musculoso, sempre foi muito desejado pelas
mulheres, mas a dona de seu coração sempre fora a doce
Esmeralda, uma morena de origem latina e beleza tentadora.
— Achei excelente. - Billy respondeu engolindo em seco e se
levantando de sua agora, ex poltrona.
Ao contrário de Charles, Billy era moreno, dono de olhos pretos e
cabelos escuros e compridos, sempre usados em um rabo de cavalo
alto. Seu rosto tinha intensas marcas de expressão causadas pelo
descuido a aparência e o cigarro, seu companheiro de anos.
Billy e Charles se conheciam desde crianças, pois seus pais foram
grandes amigos. Quando Billy tinha quinze anos, perdeu seu pai,
mas seu amigo só foi ficar órfão há cinco meses, no fatídico 11 de
setembro. Foi o pai de Charles que terminou de criar Billy, mas
quando ambos cresceram deixou que cada um escolhesse seu
caminho.
Charles prosperou ainda mais na vida, se tornando um CEO a frente
de diversos negócios pelo mundo todo, casou-se com a bela
Esmeralda e após descobrir que sua esposa era estéril, adotou três
crianças, Brandon, Thomas, Emma e ao lado delas, formou sua
grande família.
Já Billy casou-se e teve um filho, James. Depois que sua esposa
morreu em um acidente de carro onde sua empregada também
morreu, passou a criar Melissa, filha desta última, deixando os
negócios de lado após uma forte crise de depressão.
Quando deu por si, era tarde demais. Estava falindo e para não
perder tudo, inclusive a própria cobertura hipotecada, vendeu seu
maior patrimônio para Charles.
— Espero que não fique chateado comigo. - O loiro foi até sua nova
poltrona e sentou-se — Até para evitar isso, te dei 10% das ações
como cortesia.
— 10% para quem já teve 90% das ações é um grande prêmio de
consolação... - Billy ironizou andando por sua ex sala.
— Foi o que pude te dar no momento, já que ainda dividirei o resto
das ações entre minha família, como faço com todos os meus
empreendimentos. - Se justificou notando que o amigo tinha se
chateado.
— Eu sei. - Billy respondeu secamente ficando de costas para ele e
olhando para a janela.
— Negócios são negócios. Espero que isso não afete nossa
amizade de tantos anos. Fomos criados como irmãos e sempre
tivemos uma relação ótima, não? - Levantou-se ajeitando sua
gravata vermelha que combinava perfeitamente com seu alinhado
terno preto.
— Fique tranquilo! Nada mudará entre nós, Charles. - Manteve-se
de costas para ele — Continuarei sendo seu melhor amigo,
admirando a família perfeita que você tem, com filhos que mesmo
sendo adotivos, te adoram demais, além de uma esposa que te ama
mais que tudo nessa vida.
— Você também tem uma família linda, meu amigo. - Foi até o
homem e pôs a mão sob seu ombro.
— Tenho? - Virou-se para ele de punhos fechados, trincando o
maxilar - Perdi minha mulher há anos, tive que criar meu filho
sozinho e pelo jeito criei mal já que ele repete tanto de ano que
ainda não saiu da escola sendo que há essa hora, já deveria estar é
no fim da universidade. E Melissa, a quem tenho como filha, só me
dá trabalho pois vive dormindo fora de casa.
— Eu sei, mas tenho certeza que você ainda vai ser muito feliz na
vida, Billy. - Sorriu para ele.
— Serei feliz no dia em que tiver esta empresa de volta. - Afirmou
encarando o loiro.
— Desculpe, mas não cogito vendê-la de volta para você. Quero
tornar essa empresa rentável. Aliás, pretendo mudar o segmento
dela, mas uma coisa te garanto. Farei desta empresa uma das
maiores desse mundo! Portanto, acho melhor rever seus conceitos
sobre felicidade, irmão.
~*~
[...]
Dias depois...

A primavera já havia se instalado em Manhattan.


Isabella e Thomas estavam cada vez mais apaixonados, tanto que
ele já cogitava pedir a jovem em namoro para os pais dela. O jovem
de cabelos acobreados sempre foi a moda antiga e para ele, era
muito importante ter a autorização de Bruce para se envolver com
sua filha.
Mas Isabella sempre adiava o momento pois sabia que seu pai não
reagiria muito bem com a novidade. Cooper era seu primeiro
namorado oficial e o xerife sempre fora um pai ciumento e rígido,
ainda mais com sua princesinha.
— Será que não seria melhor ir logo na sua casa? Se seu pai
souber por terceiros do nosso namoro, capaz de me matar. -
Thomas comentou andando de mãos dadas com a jovem pelo pátio
do colégio.
— De um jeito ou de outro, ele vai querer te matar. - Bella brincou
arrancando uma risada do namorado — Preciso prepara-lo melhor
para o momento, mas prometo não demorar muito, certo?
— Combinado pequena. - Ao olhar para o lado, o adolescente de
dezoito anos viu James em uma roda de amigos - Finalmente! -
Sorriu apertando a mão da namorada.
— O que houve, Tom? - Bella questionou franzindo as
sobrancelhas.
— Lembra daquele amigo que estou querendo te apresentar há um
tempo? Olha ele ali, venha! - A puxou até uma rodinha cheia de
garotos.
— Ora, ora, se não é o cara mais boa pinta do colégio? Depois de
mim, é claro. - James falou entre gargalhadas, indo abraçar
Thomas.
— Cara, você sumiu! - O rapaz deu dois tapinhas nas costas dele.
— Esqueceu que fui suspenso por aquela diretora chata? - James
fez uma careta — Mas agora estou de volta! Ei, quem é ela? - Mediu
Isabella de cima a baixo.
— Essa aqui é minha namorada, Isabella. Bella, esse aqui é James,
meu melhor amigo. - Apresentou-os feliz.
— Oi... - Bella sorriu timidamente.
— Muito prazer, Isabella. - O moreno pegou a mão da adolescente e
a beijou, olhando-a nos olhos.
Nenhum dos três sabiam, mas aquele encontro mudaria o destino
de cada um deles algum dia.
Capítulo 2 - Pedido

[...]
A primavera chegou a Nova York e conforme a temperatura da
cidade aumentava, Thomas e Isabella avançavam e esquentavam
cada vez mais naquela nem tão inocente relação.
— Melhor pararmos por aqui. - Thomas falou tirando a mão da coxa
da morena.
Ambos estavam se beijando ardentemente nos fundos do colégio.
Correto, o jovem tentava se controlar mas atrevida, Bella sempre
queria mais.
— Você é tão certinho, Tom Cooper. Aposto que em uma das suas
vidas passadas deve ter sido um príncipe bem careta e virgem. -
Levantou-se da grama, batendo a mão sob si mesma para tirar as
folhas que estavam grudadas em suas roupas.
— Você nem acredita em vidas passadas, senhorita Adams. -
Roubou um último beijo dela que deu risada e juntos, eles foram ao
pátio da frente da escola, onde encontraram Andrew e Emma.
Emma era a irmã mais nova de Thomas e tinha dezessete anos,
enquanto Andrew, tinha vinte e um. Ambos namoravam firme há oito
meses. Se conheceram em uma missa em homenagem as vítimas
do onze de setembro, onde ela perdeu o avô adotivo e ele, os pais.
— Oi casal! - Andrew acenou para eles.
Andrew era magro, pouco musculoso e pálido. Seus cabelos eram
louro cor de mel, além de cacheados, mas ele sempre os deixava
bem curtos. O jovem estava no penúltimo ano da faculdade onde
cursava gastronomia, mas sempre que podia dava uma escapada
para ir até o colégio visitar a namorada.
— Vocês não se desgrudam mais, hein? Parecem até aqueles
casais chatos de comercial de margarina! - Emma ironizou
brincando com eles.
Emma era negra e tinha os cabelos e olhos da cor da noite, além de
estatura mediana, queixo pontudo e maxilar bem pronunciado.
— Mais grudentos que vocês, impossível. - Bella retrucou se
sentando na beira da mesa.
— Até porque de tão fofos vocês chegam a ser irritantes. - Thomas
completou segurando na cintura de Bella.
— E esse grude vai ser pra sempre, né príncipe? - Emma deu um
selinho fofo no rapaz - Até o mesmo curso que meu príncipe já faz,
pretendo fazer também. Somos verdadeiras almas gêmeas.
— Sério? - Bella perguntou surpresa.
— Super sério. - Andrew confirmou bebendo um gole de suco — Ela
vai cursar gastronomia, como eu. Um dia, teremos nosso próprio
restaurante francês, que será um dos melhores de Nova York.
— E nos casaremos, teremos um monte de filhos e seremos muito
felizes, como nos contos de fadas. - Emma disse toda sonhadora - E
vocês? Já decidiram qual curso irão fazer?
— Ainda não. - Thomas negou olhando para a namorada que
também fez sinal de negativo com a cabeça. - Mas é provável que
eu faça algo que me permita assumir os negócios do papai um dia,
pois é o sonho dele e por consequência, o meu.
— E eu pretendo fazer algo relacionado a música que como vocês
sabem, é minha paixão. - Bella afirmou dando um sorrisinho de
canto de boca - Quem sabe eu não vire uma professora de piano ou
uma musicista?
~*~
— Acredita que Charles teve a audácia de me dar 10% das ações
da minha empresa como se fosse uma esmola? Minha vontade
naquele momento era de apertar o pescoço dele até...
— Para com isso, pai. - Melissa, uma ruiva de cabelos longos e
cacheados o repreendeu - O senhor precisa aprender a controlar
seu ódio. Vive me dizendo isso, mas não pratica! - A jovem
completou se deitando no sofá da sala da cobertura que ficava em
um prédio de classe alta de NY.
— Foi muito difícil fingir que adoro aquele imbecil do Charles
durante todo esse tempo, que está sendo um verdadeiro martírio.
Sabe o que Barney me disse? Que além de mudar o nome e o
segmento da minha empresa, aquele idiota mudou toda a decoração
também! - Billy começou a andar de um lado para o outro, ainda
raivoso.
— Normal, já que agora querendo ou não a empresa pertence à ele.
- A ruiva suspirou olhando para o lustre de cristal que brilhava
intensamente no teto.
— Não por muito tempo! Melissa, você precisa conquistar logo o
Thomas, esse é o único modo de conseguirmos que o controle da
empresa volte para as minhas mãos.
— Vai ser difícil, já que Tom só tem olhos para aquela tal de
Isabella. Menina sem sal, sem graça. Não entendo o que aquele
gostoso viu nela. - Colocou o braço atrás da cabeça e suspirou.
— Bella não é nem um pouco sem graça. - James discordou
entrando na sala - Você sim é super sem graça, bastarda. - Olhou
para Melissa com desdém.
— Pare com isso, James. - Billy deu uma bronca no filho. - Temos
que nos unir nesse momento. Só assim iremos conseguir a nossa
empresa de volta, entenderam?
— Entendemos. - O moreno de olhos azuis fingiu concordar, mas
revirou os olhos.
~*~
[Mansão dos Cooper]

— Então quer dizer que nesses meses todos Billy ainda não foi na
empresa? - Esmeralda questionou enquanto se deitava na enorme
cama de casal da suíte que dividia há muitos anos com o marido.
— Não, mas todo mês deposito uma quantia generosa de dinheiro
na conta dele do banco para suas despesas gerais. - O loiro
respondeu vestindo seu pijama de tom acinzentado.
— Não acha estranho ele não frequentar nossa empresa mesmo
sendo um dos acionistas? - A mulher de cabelo marrom
caramelado perguntou, se ajeitando na cama.
Esmeralda tinha uma beleza fora do comum. Além dos cabelos
brilhantes, tinha olhos verdes, grandes e brilhantes.
— Lá vem você de novo. Não adianta né? Você nunca confiará no
Billy. Tem uma implicância gigante com ele há anos, mesmo
sabendo que o tenho como um irmão. - Abriu o armário e pegou
mais um cobertor, pois a noite estava ficando fria.
— Não consigo explicar, mas desde que vi Billy pela primeira vez,
senti que ele não prestava. Percebo que sente inveja do seu
sucesso, Charles. Aliás, não sou só eu que percebo isso, sua mãe
também dizia a mesma coisa. Uma pena que você não consiga
enxergar isso. Mesmo assim, por favor, tome cuidado com ele. -
Pediu enquanto o empresário se deitava e estendia a coberta sob
eles.
— Apesar de não achar necessário, prometo tomar cuidado com
ele, se isso for lhe deixar mais tranquila.
— Vai deixar sim. Boa noite querido. - Despediu-se dando um
selinho nele.
— Boa noite, Esme! - E respirou fundo, virando-se para o outro lado
a fim de dormir também.
~*~
[...]
Mesmo em pleno início do século XXI, lá estava Thomas, vestido
com roupa social composta por terno e gravata preta, cabelos
lambidos de gel e as pernas bambas de nervosismo, prestes a pedir
Isabella em namoro para seus pais.
— Quais são suas intenções com minha filha, rapaz? - Um
desconfiado Bruce questionou medindo o garoto de cima a baixo.
— Intenções? Er... - O ruivo deu uma rápida olhada para Bella que
estava sentada com sua mãe, Lauren, no outro sofá, quase tão
apreensiva quanto ele.
— Bruce... Deixe o menino respirar primeiro antes de enchê-lo de
perguntas! Tom, quer um café? Chá, sanduíches? Sente-se e
relaxe! - Lauren sugeriu sendo simpática e amigável como sempre.
— Não, obrigado. - O jovem se sentou no sofá á frente da poltrona
do delegado — Olha, amo demais a filha de vocês. Tenho certeza
que Bella é a mulher da minha vida. Que é com ela que casarei e
terei filhos em um dia não muito distante. Por isso, garanto que
minhas intenções com ela são as mais sérias possíveis. - Explicou
afrouxando o nó de sua gravata, enquanto suava frio.
Capítulo 3 - Infinito

— Está bem, rapazinho. Pode namorar minha filha, desde que


cumpra algumas regras. - Bruce avisou ainda sério.
— Regras? - Tom perguntou confuso.
— Sim. Vocês namorarão aqui em casa na sala sob supervisão da
Lauren - Bella e Thomas se entreolharam e fizeram caretas —
Quando saírem para o cinema ou para passear como um casal tem
o direito de fazer, terão que voltar pra casa antes das dez da noite.
Nem um minuto a mais, nem um minuto a menos. Depois do último
ataque terrorista essa cidade se tornou ainda mais perigosa e a
segurança da Bella deve ser prioridade sempre.
— Entendo senhor. - Thomas concordou ajeitando seu topete.
— Além do mais, cuidado com essa mão aí. Não ouse ultrapassar
os limites com minha filha ou serás decepado! Não quero a Bella
grávida antes da hora!!
— Pai! - A garota exclamou ficando vermelha.
— Querido, isso lá é coisa que se diga?! - Lauren repreendeu o
marido.
— Só estou deixando tudo as claras. - Olhou para o genro -
Rapazinho, se descumprir alguma das regras, vai se ver comigo!
Lembre-se que tenho uma arma — Se levantou, foi até o garoto e
deu dois tapas em suas costas.
— Po... Pode deixar senhor Adams, sempre respeitarei e protegerei
sua filha. - Thomas prometeu dando um sorriso amarelo — Por falar
em cinema, será que amanhã a noite posso leva-la para ver um
filme? É que Prenda-me Se For Capaz entrou em cartaz e estamos
loucos para assistir!
— Sim pai, o senhor sabe que sou fã do DiCaprio desde Titanice
tenho muitos posters dele na parede do meu quarto. - Bella o
lembrou.
— Podem sim, desde que estejam aqui antes das dez da noite.
Minha filha ainda é adolescente e não pode ficar até tarde na rua,
ainda mais com você.
— Fique tranquilo. Antes das dez, Bella estará na porta de sua casa,
senhor. - Tom prometeu sorrindo.
[...]
Bella e Thomas já estavam no cinema, mas totalmente por fora do
filme.
A morena beijava ardentemente o namorado que no início estava
tímido, mas com o passar dos minutos ficou cada vez mais ousado.
As mãos da garota foram para debaixo da camiseta dele, sentindo
seu abdômen se contrair e sua respiração ficar cada vez mais
pesada. Subindo a mão até o peito do namorado, ela sentiu seu
coração acelerado e sorriu entre os beijos.
Já a mão direita do Cooper repousava na cintura dela, enquanto a
outra deslizava pelas coxas da morena, apertando-as levemente.
Pequenos gemidos escapavam pelos lábios da jovem, instigando o
garoto a prosseguir com as carícias proibidas.
— Tom, vamos parar com isso. Parece até que estamos em um
motel! - Isabella brincou dando risada e afastando-o.
— Desculpe, mas foi você que me provocou. De qualquer forma,
irei me controlar. - Prometeu ofegante tentando voltar a prestar
atenção no filme.
Bella sorriu e encostou sua cabeça no ombro do namorado mas
quando deram por si, já estavam se beijando de novo.
~*~
[Apartamento de Andrew White]

— Opa! Desculpe interromper o casalzinho aí! - Natalie, uma bela


loira de cabelos dourados, lisos e compridos, falou entrando na sala
de estar do apartamento de seu irmão mais velho, após flagra-lo aos
beijos com a namorada, Emma Cooper.
— Céus, que vergonha! - Emma, que estava sentada no colo do
namorado, levantou-se rapidamente cobrindo o rosto toda
envergonhada.
— Ainda bem que fui eu que lhes flagrei, imagina se fosse o
Charles? Você estaria completamente ferrado, maninho. - A loira
começou a gargalhar, ajeitando a bolsa pequena e delicada sob o
ombro.
Andrew a mediu de cima a baixo.
Com um vestido azul que ia até a metade das coxas, maquiagem
forte que deixava seus olhos levemente acinzentados em evidência,
Natalie era muito similar a uma modelo, por conta de seu rosto e
corpo escultural.
— Me deixa, Naty. Onde vai vestida assim? Não acha que a roupa
está curta demais? - O loiro perguntou levantando a sobrancelha.
Andrew e Natalie são irmãos.
Filhos de importantes diplomatas dos EUA, desde que perderam os
pais, no 11 de setembro, o mais velho se tornou tutor legal da irmã
de dezessete anos. E graças a herança deixada por seus pais, os
dois viviam confortavelmente em um apartamento na região nobre
de Nova York.
Naty sempre fora uma boa garota, mas desde a tragédia que sofreu,
estava um tanto quanto rebelde, especialmente depois que
começou a namorar o irmão de Emma, Brandon. Apesar dos
problemas, Andrew e Natalie se amavam e se protegiam como
verdadeiros irmãos.
— Sair com Brandon. Não precisa me esperar porque vou chegar
bem tarde.
— Comporte-se Natalie! Sou seu responsável e não quero que fique
andando até tarde por aí com aquele safado do Brandon!
— Lembre-se que você não é meu pai, Andy! - Naty revirou os olhos
— Aliás, comportem-se também, casalzinho safado. - Foi em
direção a porta, a abriu e foi embora.
— Naty só me dá trabalho. - Andrew resmungou bravo.
— Relaxa príncipe meu irmão vai cuidar bem dela. - Emma piscou
para ele.
— Assim espero. - Olhou para o relógio de pulso — Está na hora de
levar minha princesa para casa. - Ele se levantou do sofá, ajeitando
sua roupa amassada.
— Ah não, Andy! Me dá só mais um beijinho. - Emma pediu o
puxando pelo braço e pulando novamente em seu colo para em
seguida, depositar outro beijo caliente em seus lábios.
~*~
Depois de fazer as atividades da escola, Melissa tomou banho e se
preparou para dormir. Com uma camisola curta preta, a ruiva deitou-
se na cama e apagou a luz do abajur, esperando o sono chegar.
Enquanto o sono não vinha, pensava em Thomas.
Tinha que arranjar um jeito de conquista-lo como seu pai queria,
mas Bella não desgrudava mais do rapaz e a adolescente não tinha
ideia de como faria para se aproximar dele, mas de uma coisa tinha
certeza.
Um dia conseguiria.
Foi quando ouviu a porta do quarto se abrir lentamente. Manteve os
olhos fechados e respirou fundo até sentir beijos em seu pescoço,
que lhe fizeram arrepiar-se.
— Sai James! - A ruiva o empurrou, acendendo o abajur e se
deparando com o rapaz só de cueca à sua frente.
— Para de ser chata, Mel. - Foi para cima dela beija-la, mas a
garota o afastou-o de novo.
— Já estou de saco cheio de você me maltratar na frente do papai. -
Cruzou os braços emburrada.
— Lembre-se que ele não é seu pai, é meu pai. Eu sou filho
biológico dele e você não. E outra, eu só fico fazendo aquilo para
ele não desconfiar que temos um caso. É só um disfarce, não leve a
sério. - Piscou para ela, voltando a beijar seu pescoço.
— Eu sei, mas tem hora que machuca sabia? - Continuou
emburrada.
— Esquece isso e me beija. - O moreno mandou beijando-a
vorazmente e sendo rapidamente correspondido.
~*~
— Já estou de saco cheio do Andrew. Fica me dando bronca e
pegando no meu pé como se fosse meu pai. - Natalie desabafou
com o namorado.
Ela e Brandon tinham acabado de sair de uma lanchonete onde
tinham se alimentado com um delicioso sanduíche de presunto, o
favorito do rapaz.
— Tenho certeza que ele faz isso para seu bem, Naty.
Brandon era alto, corpulento e muito musculoso, sempre com a pele
toda bronzeada de praia. Tinha cabelos escuros e curtos e era
jogador do time de futebol americano da cidade, sendo muito
assediado pelas garotas, o que deixava Natalie morrendo de
ciúmes.
— Vai defender aquele chato também? - Deu uma cotovelada no
namorado que deu risada.
— A única chata aqui é você. - Cheio de pegada, o rapaz a puxou
para si colando seu corpo no dela — Mas te amo mesmo assim. - E
tascou um beijo nela.
~*~
[...]
Dezembro de 2002.

O tempo passou e muita coisa mudou ou pelo menos evoluiu na


vida das pessoas que participavam da vida de Tom e Bella.
A Cooper Enterprises estava crescendo cada vez mais com o afinco
e inteligência de Charles, porém, sob olhares de ódio do mais velho
Campbell.
Melissa até tentou conquistar Thomas para seguir o plano de seu
pai, mas ele só tinha olhos para Isabella e por isso, ambos estavam
cada vez mais apaixonados e unidos.
Thomas percebia que tinha muitas semelhanças com Bella, como se
fossem verdadeiras almas gêmeas e tinha cada vez mais certeza
que ela era a mulher de sua vida.
— Olha que linda, amor! - Bella estava sentada ao lado do ruivo,
folheando uma revista de tatuagens.
— Nossa, muito linda mesmo. Deu até vontade de fazer - Thomas
sorriu apontando para uma tatto com o símbolo do infinito.
— Nós bem que podíamos fazer. O que acha? - A morena sorriu
sapeca.
— Como assim? Fazermos a mesma tatoo?
— Sim, é super romântico fazer tatuagem de casal. - Beijou a
bochecha dele - Está muito na moda.
— Adoraria, mas acho que seus pais não iriam aprovar. - Coçou a
cabeça preocupado.
— Qual é? Está com medinho dos meus pais? Eu me entendo com
eles depois! Ou está com medo da dor que vai sentir fazendo a
tatuagem? - Provocou-o.
— Medo? - Tom sorriu fazendo sinal de negativo com a cabeça. -
Até parece! Esqueceu que já tenho uma tatoo? - Apontou para o
desenho de um leão que tinha na perna esquerda. - Só não quero
que eles fiquem bravos e tentem nos separar de algum jeito, pois
não viveria sem você.
— Preste atenção em uma coisa, Tom. - A jovem fechou a revista e
a jogou na mesinha de centro da sala da mansão dos Cooper —
Absolutamente ninguém vai nos separar, nem hoje nem nunca. -
Afirmou olhando-o nos olhos.
— Não mesmo, minha pequena. Vamos ficar juntos para todo
sempre. - Com o dorso da mão, acariciou delicadamente o rosto
dela.
— Vamos sim, ainda mais se fizermos essa tatuagem juntos. -
Insistiu sorrindo.
— Ok, você venceu. Vamos fazer essa bendita tatuagem de casal! -
E deu um selinho nela.
[...]
Durante todo o processo, Thomas segurou a mão de Bella. Apesar
do desenho ser pequeno e delicado, feito com tinta preta, a garota
sentiu certa dor pois foi feito em seu dedo anelar. Mas com o apoio
e carinho do namorado, conseguiu ir até o fim.
Depois dela ter feito a tatuagem, foi a vez do Cooper fazê-la no
mesmo local que ela. Ele não sentiu tanta dor como a namorada,
levando o processo todo de forma tranquila.
[...]
— Essa tatuagem do infinito significa que nosso amor nunca vai ter
fim. - Thomas disse beijando a mão de Isabella, assim que
estacionou o carro em uma rua de NY para conversarem.
— Já até sei qual será nossa próxima tatuagem! Podia ser uma
âncora, que também tem um significado muito fofo. Significa
fidelidade, segurança e estabilidade no relacionamento. - Comentou
dando um beijo rápido no ruivo.
— Calma, primeiro deixa seu pai nos fuzilar pela tatto que fizemos,
depois pensamos na próxima. - Olhou seu relógio de pulso — Vou te
levar pra casa agora. Daqui há pouco dará o horário que seu pai
quer que você esteja em casa.
— Ainda são nove e meia e não quero ir pra casa agora.
— Não? Então para onde quer ir moça bonita? - Perguntou curioso
olhando-a e vendo os olhos da morena se escurecerem ao serem
tomados pelo desejo.
— Para qualquer lugar em que possa ficar sozinha com você. Quero
me entregar para você esta noite, Thomas.
Capítulo 4 – Primeira ez
V

E foi no banco de trás daquele carro que eles se amaram pela


primeira vez.
Tanto as portas quanto as janelas estavam devidamente fechadas.
Os vidros eram escuros, de modo que não tinha perigo de que
ninguém os visse fazendo aquilo.
Além do mais, a rua em que estavam era completamente deserta.
Lá no fundo ambos sentiram um pouco de medo de que por
exemplo, a polícia aparecesse e lhes desse uma bronca, mas até
que acharam divertida aquela possibilidade.
Sentada no colo de Tom, Bella lhe beijou apaixonadamente, sem
nenhum pudor, sentindo o sabor doce de maçã dos lábios dele.
Deixou que o adolescente deslizasse as mãos por seu corpo,
apalpando lugares em que ninguém jamais tinha tocado até aquele
momento, como seu bumbum.
Autorizou que ele retirasse sua blusa, lhe deixando apenas com um
sutiã preto rendado. Acabou corando por notar que estava seminua,
mas não deixou que a vergonha tomasse conta de sua mente que
estava focada apenas em sentir prazer com ele.
Já Thomas estava totalmente entregue.
Sem camiseta, afundou a cabeça no pescoço de Bella lhe enchendo
de beijos e chupões que certamente deixariam marcas no dia
seguinte. Quanto mais gemidos ele ouvia, mais instigado ficava.
Com seu corpo em cima dela, o ruivo beijou o colo da morena que
mordeu os lábios e jogou a cabeça para trás. Em seguida, tentou
tirar o sutiã dela, sem sucesso.
— Deixa que te ajudo. - Bella sorriu, o ajudando a remover a peça
íntima.
— Você é linda. - A elogiou, olhando atentamente para os seios de
Bella.
Eram pequenos e cabiam perfeitamente em suas mãos. Estavam
eriçados, sinal de que ela estava tão a fim quanto ele de fazer
amor.
— Pode provar se quiser. - Bella o provocou fechando os olhos e
gemendo ao sentir a boca quente do ruivo abocanhar seu seio
direito.
— Gosta assim? Se doer ou incomodar eu paro. - Ele disse
atencioso mordendo levemente o bico do seio dela.
— Gosto muito... - Ela mordeu novamente os lábios sentindo gosto
de sangue pois havia os machucado, mas não se importou nem um
pouco.
Cooper desceu os beijos pela barriga dela sempre mantendo o
contato visual, pois queria muito que ela o visse fazendo aquilo e em
seguida, tirou o short da namorada, deixando-a apenas com uma
calcinha vermelha.
— Vamos com calma senhor pervertido. - A morena o tirou de cima
de si, se sentando no banco.
— Que foi amor? - O ruivo franziu o cenho confuso.
Será que ela iria querer parar justo agora que ele estava ficando
duro feito uma pedra?
— Quero me aproveitar do seu corpinho também. - Falou colando
seus lábios nos dele que sorriu retribuindo o beijo — Você é muito
gostoso, Tom Cooper. - Desligou a mão pelo peitoral e abdômen do
garoto que se arrepiou com seu toque. Depois levou a mão até o
membro do rapaz, apertando-o ainda por cima da calça — Você
deve ser bem grande.
— Está querendo me deixar louco, Isabella? - Ele perguntou com a
voz rouca e olhos escurecidos, também tomados pelo desejo.
— Só porque peguei no seu pau? - Ela sorriu sapeca — Li certa vez
que meninos ficam loucos quando pegamos no pau deles. -
Começou a fazer um vai e vem no membro dele, vendo o prazer no
rosto do homem que amava.
— O único pau que você vai pegar na vida vai ser o meu, senhorita
Adams. - Sorriu abrindo mais as pernas e aproveitando as carícias
— Vem aqui. - A beijou novamente apalpando o seio esquerdo da
morena, enquanto descia a mão direita até sua calcinha — O que
você está sentindo? - A olhou nos olhos.
— Não sei explicar... Só sei que tô pegando fogo. - O beijou
novamente sentindo os dedos dele passearem lentamente por sua
calcinha molhada — Quero ser sua logo. - Puxou os cabelos dele de
leve.
— É o que mais quero agora. - Thomas tirou a calcinha dela e
passou o dedo indicador pela intimidade da morena — Está
molhadinha, que delícia. - Pôs o dedo na boca para sentir o gosto
dela — Mas preciso te preparar primeiro.
— Como sabe disso se também é virgem? - A morena indagou
curiosa.
— Li na internet. - Explicou a penetrando com o dedo indicador e
ouvindo um pequeno grito sair dos lábios dela, que fechou os olhos
com força — Calma baby. - A beijou chupando os lábios dela e
movimentando o dedo dentro da intimidade dela, acariciando seu
clítoris.
— Isso é bom... - Bella beijou a bochecha dele e mordeu o pescoço
do garoto.
— Vai ficar melhor ainda. - Ele respondeu tirando os dedos e
levando as mãos até o zíper de sua calça, abaixando-a até a
metade de sua canela.
— Só por quê você vai ficar pelado? - Ela perguntou não tirando os
olhos do volume da cueca do rapaz que nada respondeu, apenas
tirou a peça revelando seu membro para Bella que arregalou os
olhos surpresa com o tamanho — É mais grande do que eu
imaginava. - Pôs a mão na boca ainda chocada.
— Prometo que não vai se machucar. - Deitou-a no banco em busca
de uma boa posição para penetra-la, mas vendo que daquele jeito
poderia machuca-la pois ela não teria controle, sentou-se no banco
e a colocou em seu colo, deixando-a de frente para ele — Qualquer
coisa é só mandar que eu paro.
— Não vou te mandar parar nunca. E vê se me fode logo, Thomas! -
Disparou louca para senti-lo de vez.
— Definitivamente você me deixa louco, Bella. - E começou a entrar
devagar dentro dela que imediatamente, arranhou suas costas com
força.
— Hum... - Fez uma expressão de dor.
— Está doendo? - Saiu de dentro dela e a olhou preocupado.
— Um pouquinho, mas acho que é como tem que ser. Não desiste,
por favor. Vamos tentar mais uma vez. - Pediu mordendo o lábio
dele e Thomas encaixou-se novamente dentro dela, até preenchê-la
totalmente.
Ficou um tempo parado para que ela se acostumasse com o
tamanho, sentindo ela molhar seu membro, mas sem aguentar mais
deu sua primeira estocada.
— Melhor você comandar. - Decidiu.
Os seios da garota estavam praticamente na cara do Cooper que os
abocanhou e então, a garota começou a subir e descer no membro
dele, controlando os movimentos.
— Como isso é gostoso, Thomas - Ela falou quicando no namorado
que a ajudou, apertando a bunda dela, lhe guiando e aumentando
mais o ritmo.
— Vai ficar mais ainda. - Ele disse trocando de posição, deitando-se
por cima dela no banco. — Se doer...
— Se você repetir isso de novo vou dar na sua cara. - Ela o
repreendeu arrancando uma risada do ruivo que então, recomeçou
o vai e vem, levando-a a um prazer inigualável. Apesar de sentir dor,
o prazer que Bella sentia era maior que qualquer coisa e era nisso
que ela tentava se concentrar durante todo o momento.
Adams entrelaçou as pernas ao redor da cintura dele atacando sua
boca em busca do prazer infinito. Aos poucos, Bella começou a
sentir espasmos, já imaginando que o orgasmo estava próximo.
— Goza pra mim, amor. Acho que você está perto, pois sua buceta
está apertando muito meu pau. - Ele falou com a voz rouca e sexy,
mordendo a ponta da orelha dela.
— Thomas... Eu vou... - Ofegante, a morena não demorou muito a
gozar.
Após mais algumas estocadas, o ruivo também chegou ao
gozo, caindo com seu corpo cansado sob o dela. Ambos ficaram
unidos por longos minutos, esperando que suas respirações enfim,
voltassem ao normal.
[...]
— Temos que voltar pra casa, já passa da meia-noite. - Thomas
olhou para os lados em busca de sua camiseta.
— Como dizem por aí, tudo que é bom dura pouco. - Bella lamentou
suspirando.
— Seu pai com certeza vai me matar. Tatuagem, sexo e ainda por
cima, vou te deixar em casa tarde pra caramba! - Passou a mão
pela testa, suando de nervoso.
— Por acaso se arrepende? Acha que não devíamos ter feito amor?
- Bella se sentou no banco e cruzou os braços chateada.
— Claro que não, só queria que tivéssemos feito como manda o
figurino, nos casando antes de deixar rolar, mas jamais me
arrependerei do que fizemos, meu amor. Hoje foi a noite mais bonita
da minha existência. - E deu um selinho rápido na namorada que
sorriu feliz — Agora vista-se. Temos que ir embora logo. - Apressou-
a.
[...]
— Tatuagem Isabella? Quem te autorizou a fazer uma loucura
dessas? - Bruce estava furioso após ver a tatuagem no dedo da
filha, principalmente porque ela chegou em casa de madrugada,
com a desculpa esfarrapada de que o carro de Thomas tinha
quebrado no meio do caminho.
— Eu me autorizei. Acho que o senhor ainda não percebeu que
cresci e já posso tomar minhas próprias decisões. - A menina
respondeu não dando muita atenção para a bronca dele.
— O que faço com você Isabella? - De punhos fechados, o
delegado ficou andando de um lado para o outro da sala de estar.
— Fique calmo, querido. Sei que nossa filha errou, mas não adianta
mais se estressar. - Lauren argumentou pondo a mão direita sob o
ombro dele, tentando acalma-lo.
— Você está de castigo, Isabella. Por tempo indeterminado! Ou
melhor, pelo resto da sua vida. - Bruce avisou e emburrada, a
adolescente se levantou do sofá e subiu correndo as escadas até
seu quarto, onde bateu a porta com força e se trancou.
Estava chateada por estar de castigo mas ao se lembrar do que
tinha vivido com o namorado, se permitiu sorrir sentindo uma
imensa felicidade em seu coração.
~*~
[...]
Dias depois...

— Que tal uma viagem no final do ano? Poderíamos ir a Disney. -


Emma sugeriu animada durante um jantar de família.
— Super apoio filha. - Esmeralda concordou sorrindo.
— Desde que os casais durmam em quartos separados, não me
oponho. - Charles avisou sério tomando um gole de vinho branco,
sua bebida preferida.
— Mas é claro, papai. - Emma garantiu piscando para Andrew.
— Nunca fui à Disney. Meu pai prometeu que me levaria quando
eu fizesse quinze anos, mas não deu para custear a viagem na
época. - Bella contou passando o guardanapo pelos lábios.
— Essa é uma ótima oportunidade para você conhecer então, meu
amor. Tenho certeza que vai adorar a Disney. - Tom segurou a mão
da namorada e lhe olhou apaixonadamente.
— Também quero ir! Espero que meu pai autorize. - James se
dispôs colocando uma garfada de comida na boca — A última vez
que fui tinha uns dez anos, lembram? - Comentou de boca cheia.
— Claro que lembramos, pagamos o maior mico naquela viagem. -
Brandon fez uma careta.
— Abafem o caso, meninos. - Emma pediu segurando o riso.
— Vou ao toalete, com licença! - Bella se levantou da cadeira e saiu
da sala de jantar.
— Andy, você vai liberar a Naty para ir conosco? - Brandon
questionou o cunhado.
— Desde que você se comporte, libero sim cunhadinho. - Andrew
respondeu dando um sorriso de canto de boca.
— Já volto pessoal, vou pegar minha jaqueta na sala. Estou com
muito frio! - James falou se retirando do local.
— Poderíamos viajar nas festas desse fim de ano mesmo, o que
acham? - Esmeralda sugeriu continuando a conversa.
— Provavelmente não poderei ir por causa da empresa, mas Esme
poderá ir para supervisionar vocês, não é querida? - Charles sugeriu
vendo a esposa fazer sinal de positivo com a cabeça sorrindo.
~*~
No banheiro, após fazer suas necessidades, Bella foi retocar seu
batom vermelho. Desde que perdera a virgindade, seu visual estava
bem mais feminino. Usava roupas curtas e até decotes, o que
deixava Michael ainda mais louco por ela. Depois de pentear os
cabelos, a adolescente saiu do local, tomando um susto ao se
deparar com James do lado de fora escorado na porta.
— Nossa, que susto! - Levou a mão ao peito assustada.
— Perdão! Sabe, essa viagem vai ser ótima para nos conhecermos
melhor, Bella. - Aproximou-se dela — Afinal, você é praticamente
minha cunhada, já que seu namorado é meu irmão de
consideração.
— Verdade. - Respondeu tímida com o olhar intimidador dele que
aos poucos, começou a lhe incomodar.
— Curioso, você parece diferente. - A mediu de cima a baixo e
mordeu o lábio.
A morena usava uma blusa vermelha com decote em V e uma saia
rodada preta, um palmo acima dos joelhos além de botas de tom
escuro.
— Diferente como? - Isabella arqueou a sobrancelha.
— Mais bonita, mais mulher. - Aproximou-se mais.
— Er... Vou voltar para o jantar. - A morena desvencilhou-se dele,
saindo apressadamente do corredor.
[...]
— Está tudo bem Bella? - Thomas perguntou ao vê-la sentando-se
do seu lado um tanto quanto estranha, pois estava inquieta.
— Está sim. - Mentiu vendo James se sentar perto de Brandon
normalmente, como se nada tivesse acontecido minutos atrás.
— Mamãe disse para viajarmos no fim de dezembro para passar as
festas de fim de ano juntos na Disney, o que acha? - Michael falou
bebendo um gole de suco.
— Acho ótimo, Tom! - Segurou a mão dele e olhou para James, que
deu um sorrisinho pra ela que virou o rosto ainda incomodada com a
atitude anterior dele.
~*~
— Não estou gostando nada desse namoro da Isabella. - Bruce
resmungou enquanto analisava uns processos em seu quarto.
— Você está é bravo porque nossa filha cresceu, querendo ou não a
Bella já é uma mulher. É normal namorar, querer se divertir e
descobrir coisas novas, querido. - Lauren constatou se deitando ao
lado dele na cama.
— Só acho que eles estão indo rápido demais com esse namoro. E
você, acobertando os dois! Tanto que me fez acabar com o castigo
que a Bella recebeu por causa daquela tatuagem ridícula.
— Porque era uma bobagem! Você mesmo tem uma tatuagem
enorme nas costas, qual o problema da sua filha ter também? - A
médica argumentou.
— Só que fiz minha tatuagem quando já era adulto!
— Bruce! - A mulher revirou os olhos.
— Ok, fiz quando tinha quinze anos, mas não é porque errei que
vou querer que minha filha cometa os mesmos erros que eu.
— Não tem motivo para toda essa preocupação. Thomas é um bom
menino, vai cuidar bem da nossa filha e é isso que importa. - Mais
uma vez, Lauren tentou acalmar o marido.
— Assim espero querida, assim espero. - Ele concordou meio a
contragosto — Mas algo me diz que esse namoro ainda vai me dar
muitos desgostos.
Capítulo 5 - Gravidez

[...]
— Viajar com seu namorado? Nem pensar! - No café da manhã,
assim que Bella fez o pedido já recebeu uma negativa do pai.
— Não é só com Tom, é com todos os nossos amigos mais
próximos e minha sogra também vai para nos supervisionar. Por
favor paizinho, prometo que me comportarei. - Bella ajoelhou-se
diante do pai — Por favorzinho, vou ficar riste se não for, o senhor
sabe o quanto quero conhecer a Disney! - Suplicou fazendo um
drama básico.
Lauren e Bruce se entreolharam. A filha quase sempre conseguia o
que quer. Com seu jeitinho, era difícil receber um não dos pais para
esse tipo de coisa.
— Ok, você vai. - O xerife da cidade decidiu revirando os olhos.
— Sério? - Bella se levantou e começou a pular de alegria — Vocês
são os melhores pais do mundo, amo muito vocês!!! - Foi até cada
um deles e beijou suas receptivas bochechas, fazendo-os sorrir.
[...]
A viagem a Disney foi inesquecível.
Thomas, Bella, Andrew, Emma, Natalie, Brandon, James e
Esmeralda se divertiram muito, sabendo que aquela seria a primeira
de muitas viagens, pois com certeza iriam repetir a dose. O único
porém foi que certa vez James deu em cima de Bella de forma sútil,
mesmo assim ela não gostou nem um pouco, mas mais uma vez
escondeu o ocorrido do namorado.
Foi nessa viagem que Thomas deu um anel de compromisso
prateado com detalhes em cristais para a senhorita Adams, que
jurou só tirar a mesma do dedo quando fosse substituída pela de
noivado.
Mas nem tudo eram rosas e corações.
Com o passar dos meses, Thomas mostrou a amada um lado seu
que ela ainda não conhecia.
Seu lado ciumento e possessivo.
— Não precisava daquela cena de ciúmes ridícula, Mike. - Bella o
repreendeu assim que ambos entraram na casa dela, que estava
vazia pois Bruce estava na delegacia e Lauren, no pronto-socorro
de Nova York, onde era médica.
— Precisava sim! Aliás, uma pena que não dei um soco mais forte
na cara daquele babaca do Mike. Onde já se viu convidar você para
o cinema sabendo que é minha namorada? - Tom retrucou seguindo
a namorada até a cozinha.
— Ele não convidou só a mim, tinha convidado a Emma e o resto da
galera também. Portanto, aquela histeria sua foi totalmente sem
necessidade. - A morena abriu a geladeira e dela, pegou uma
garrafa de água pois estava com a boca seca.
— Conversa pra boi dormir! Eu já tinha reparado o jeito que esse
cara te olha. É como se quisesse te comer. - Cruzou os braços
bravo, se sentando na beira da mesa.
— Mas isso não importa porque eu só tenho olhos pra você,
Thomas Cooper. - Depois de beber, Bella pôs a garrafa na pia e foi
até o rapaz — Sou completamente sua. - Roubou um beijo dele que
não conseguiu não sorrir. — Uma pena que você não me queira
mais. - Baixou a cabeça triste.
— Que bobagem é essa agora, pequena? - Com o dedo indicador,
Thomas ergueu o queixo dela para que o olhasse nos olhos.
— Desde que fizemos amor naquele dia você não quis mais transar
comigo, nem mesmo durante a viagem. - Explicou vendo as
bochechas do namorado se avermelharem.
— Sei que parece antiquado e até meio careta, mas sempre quis só
fazer amor depois de nos casarmos, você sabe disso.
— Então se arrepende daquela noite? - Questionou ficando triste.
— Claro que não, já te disse isso. - O jovem sorriu - Aquele
momento foi o mais lindo e completo da minha vida, Bella. Eu
estava inteiro e queria aquilo tanto quanto você. - Acariciou o rosto
dela, que mordeu os lábios e sorriu — Mas prefiro que só voltemos
a fazer aquilo depois do nosso casamento, que prometo que não vai
demorar.
— Quer dizer que está pensando em me pedir em
casamento, senhor Cooper? - Provocou-o passando seu dedo pelos
lábios dele, recebendo leves mordidinhas.
— Sim. Vou ser o homem mais feliz do mundo quando você for
minha esposa, Bella. Minha pequena... - Respondeu beijando-a
apaixonadamente.
[...]
Inverno de 2003.

Praticamente quase um ano depois de ter conhecido o amor da sua


vida, Isabella não estava muito bem. Sentia náuseas, enjoos e
sonolência. Focada em passar na universidade no curso de música,
ela não deu muita atenção para aqueles sintomas até aquela
chuvosa quinta-feira.
— Está melhor? - Natalie perguntou assim que os olhos de Bella se
abriram após seu segundo desmaio em menos de uma semana.
— Estou... - A morena respondeu se ajeitando no sofá do
apartamento da colega.
— Você precisa ir ao médico Bella. Ao médico?! - A loira deu risada
— Esqueci que você é filha de uma. Conversa com sua mãe, peça
pra ela fazer alguns exames em você.
— Farei isso. - Ainda tonta, Bella se levantou do sofá.
— Já disse que não precisa fazer exame nenhum, está na cara que
você está grávida Bella. - Emma falou entrando na sala com uma
bandeja repleta de lanches.
— Lá vem você com esse papo. - Bella revirou os olhos voltando a
se sentar.
— Eu vi você grávida, Bella! Sei que vocês duas não acreditam no
meu sexto sentido, mas é a mais pura verdade. - A morena garantiu
pondo a bandeja na mesinha de centro — Que tal tirarmos a prova?
- Desafiou-as.
— Como assim? - Naty indagou arqueando a sobrancelha.
— Faça um teste de gravidez. Um não, vários. Garanto que todos
darão positivo. - Afirmou segura.
[...]
E não deu outra.
Quatro dos cinco testes que Bella fez deram positivo.
~*~
— Espera... Deixa eu ver se entendi! Você quer casar com a Bella? -
James questionou Thomas assim que chegou na casa do amigo
para se prepararem para uma partida de beisebol que teriam no fim
da tarde, junto de Brandon.
— Exatamente. - O garoto sorriu sentando-se na cama.
— Mas você só tem dezenove anos cara! Tem muito o que viver,
muito o que curtir ainda. Viagens, baladas, faculdade e um monte de
coisas legais!
— E vou curtir tudo isso ao lado da Bella, ué. - Explicou vendo o
amigo andar de um lado para o outro, parecendo nervoso.
— Não Tom! Casamento é forca, você não vai conseguir curtir a vida
como deveria estando casado. Olha, sei que gosta da Bella, mas
não acha que está levando muito a sério o lance de vocês?
— Estou levando a sério porque o que tenho com ela é sério,
James. O que sinto pela Bella é amor, o maior que já senti. É com
ela que quero passar os próximos cinquenta, sessenta anos da
minha vida, não tenho dúvidas disso. Então me diga... Para quê
esperar?
[...]
— Como foi o jogo? - Bella perguntou assim que encontrou Thomas
no shopping, onde tinham marcado de se encontrarem ao anoitecer,
depois da partida.
— Foi ótimo, nosso time venceu! - Tom deu um selinho nela — Mas
e você? Parece tensa. - Notou vendo a morena esfregar um mão na
outra sem parar.
— É... Estou um pouco tensa. - Virou o rosto pondo as mãos no
bolso.
— Por quê? O que houve pequena? - Olhou para ela preocupado.
— Preciso de coragem para te contar. - Deu um meio sorriso,
voltando a encara-lo — Parece feliz, foi só por quê seu time venceu
mesmo?
— Não! - Tom respirou fundo — É por causa disso aqui. - Tirou a
mochila das costas e a abriu, tirando um envelope de dentro da
mesma e entregando para Isabella.
— O que é isso? - Viu que o remetente era da Universidade de
Columbia, uma das vinte maiores do mundo. - Não me diga que...?
— Fui aprovado na Universidade, tô tão feliz! - Puxou-a para si, lhe
abraçando fortemente.
— Parabéns amor, você merece e muito! - Comemorou com ele,
pois a vitória de Thomas também de certa forma era sua.
— Tenho certeza que em breve vai chegar a sua carta de aprovação
também. - Após finalizar o abraço, a beijou carinhosamente.
— Talvez chegue mas acho que não poderei fazer o curso. Não
neste ano. - Engoliu em seco, se preparando para dar a grande
notícia à ele.
— Por quê não? - O ruivo franziu o cenho, já ficando preocupado de
novo.
— É que... Acho que nos próximos meses vou estar muito ocupada.
- Explicou pondo a mão sob a barriga.
Tom entendeu tudo.
Tanto que seus olhos começaram a lacrimejar, enquanto seu
coração simplesmente disparou.
— Eu... Eu... Vou ser papai? - Sua voz quase não saiu de seus
lábios trêmulos, mesmo assim Bella entendeu sua pergunta.
— Sim! - Ela respondeu sentindo algumas lágrimas caírem de seus
olhos — Eu sei que não era o momento. Que atropelamos a ordem
das coisas, mas aconteceu e nada que fizermos poderá mudar isso.
— E quem disse que quero mudar alguma coisa? Vou ser pai, é o
melhor presente que poderia receber na vida. - Abriu um lindo
sorriso abraçando-a forte — Minha Bella. - E a ergueu para o alto
em pleno pátio do shopping rodopiando a namorada no ar, sorrindo
e chorando de alegria. Mas logo a colocou no chão novamente e
ficou sério.
— Que foi?
— Isabella Adams, aceita ser a nova senhora Cooper? - O jovem se
ajoelhou na frente dela e de seu bolso, tirou uma caixinha preta.
— Céus... - Pegou a caixinha e a abriu, vendo um lindo anel de
noivado dourado com uma pedra roxa, que ela reconheceu
imediatamente como uma ametista — Mas é claro que eu aceito me
casar com você, meu príncipe.
— Eu te amo, Isabella. - Ele ficou de pé, pegou o anel e o colocou
no dedo da noiva.
— Também te amo, Thomas. - E ambos se beijaram para selarem o
pedido de noivado.
~*~
[...]
— Só espero que não tenhamos nenhuma surpresa desagradável. -
Bruce resmungou enquanto dirigia por Nova York em direção a
mansão Cooper, onde Tom e Isabella marcaram uma reunião entre
as famílias para contar a grande novidade.
— Imagina querido, é provável que os dois queiram pedir
autorização para fazer alguma coisa, como uma viagem ou
acampamento. - Lauren sugeriu dando de ombros — Que
condomínio chique! - Notou olhando a paisagem pelo vidro do
carro.
— Prefiro mil vezes a nossa casinha que todo esse luxo. - O
delegado retrucou estacionando o carro em frente a mansão.
[...]
— Será que dá pra parar de nos enrolar Thomas? Tenho uma
delegacia inteira pra cuidar. - Bruce disse recebendo uma
cotovelada de sua mulher.
— Desculpe sogro, é que... - O jovem olhou para Bella que mordeu
os lábios nervosa — O que eu e Bella temos a dizer é muito
importante.
— Vocês passaram na Universidade? É isso? - Charles indagou
sorrindo.
— Sim, mas não tem a ver com o que viemos lhes contar hoje. - Dé
pé, Tom olhou para seus pais e sogros, que estavam sentados nos
dois sofás da sala de estar.
— Vamos ser bem diretos porque acho que não tem como dar essa
notícia de outra forma. - Bella segurou a mão do namorado e
respirou fundo — Eu e Tom... Nós dois... - Olhou para o amado e
depois para seus pais novamente — Estamos grávidos, vocês serão
avós! - Revelou sob o olhar de desaprovação de quase todos ali
presentes.
Capítulo 6 - Decisões

— Grávida? Seu canalha, eu disse pra não encostar um dedo na


minha filha. - Furioso, Bruce se levantou e foi para cima de Thomas,
mas Lauren segurou seu braço, impedindo que agredisse o genro.
— Ei, não fale assim do meu filho! - Charles encarou o delegado.
— Acalmem-se por favor! - Esmeralda pediu olhando para ambos —
Eu sei que Tom e Bella erraram, mas não adianta nada brigarmos.
Precisamos resolver essa situação da melhor forma possível, isso
sim. Para o bem de todos.
— Por que vocês ao menos não usaram camisinha? - Charles
passou a mão pelos cabelos, ainda furioso — Eu tinha te
aconselhado, Thomas.
— Eu sei pai, mas foi só uma vez. E olhar senhor... - Olhou para o
sogro — A culpa foi toda minha, me desculpe. - Assumiu tudo
baixando a cabeça.
— Pedir desculpa não vai apagar a merda que você fez! - Bruce
respirou fundo, tentando se acalmar.
— Por favor Bruce, será que pode me acompanhar até o escritório?
- Charles pediu, já pensando em uma solução para aquela situação.
— Vá com ele querido. - Lauren aconselhou o marido pondo a mão
sob seu ombro.
— Hum... - Bruce olhou pra Tom que continuava cabisbaixo,
morrendo de medo de apanhar do xerife — Está bem. - E então,
ambos saíram da sala.
— Vocês foram irresponsáveis, mas sinceramente sempre quis ser
avó! - Esmeralda sorriu indo até os garotos para parabeniza-los pela
grande novidade.
~*~
— O teu filho é a criatura mais irresponsável do mundo! Ele
prometeu que respeitaria a minha filha e na verdade, estava levando
ela pra cama pelas minhas costas! - Nervoso, Bruce deu um soco
na parede do escritório do patriarca da família Cooper.
— Eu sei que meu filho errou mas sejamos sinceros, ambos erraram
em não se protegerem.
— Mas era o teu filho quem tinha que ter respeitado a minha Bella. -
Apontou o dedo na cara do loiro.
— Tenho certeza que Thomas não forçou nada entre os dois. E quer
saber? Aconteceu. Não adianta nada ficarmos procurando um
culpado pra essa história toda porque não tem.
— Tem sim, o seu filho. Por quê foi inventar de tirar a virgindade da
Bella?!
— Eles são jovens, você sabe como é até porque assim como eles,
também já foi adolescente um dia. E não é o fim do mundo a
Isabella estar grávida. É inadequado, mas não é tão grave assim.
— Não Charles? A vida da minha filha acabou! Os sonhos e planos
dela de fazer uma faculdade, como ficam? Porque não é seu filho
que vai carregar uma criança por nove meses. Ele vai poder estudar
e ter a vida dele, já a minha filha não! Mas você está certo, não
adianta mais reclamar.
— Viu? Chegamos há um consenso. - O empresário sentou-se em
sua poltrona.
— O que iremos fazer a respeito da honra da minha filha agora? -
Bruce cruzou os braços.
— Acho que a única coisa que pode e deve ser feita é o casamento
dos nossos filhos o mais rápido possível. Ambos se gostam muito e
acredito que será o melhor para eles. Concorda?
— Claro, é a única forma de resolver essa questão. - Mesmo
contrariado, o xerife sabia que era o certo a se fazer.
— Eles podem vir morar aqui depois da cerimônia, pelo menos até
arrumarem uma boa casa. - O loiro se levantou e foi até Bruce —
Estamos resolvidos? - Estendeu a mão.
— Estamos... - O moreno apertou a mão dele.
[...]
— Então iremos casar mesmo? - Thomas perguntou sorrindo.
Após conversarem bastante, Bruce e Charles voltaram para a sala
onde contaram a todos a decisão que tomaram.
— Sim, irão! - Bruce respondeu olhando secamente para Tom.
— Que maravilha! - Bella comemorou abraçando o agora noivo —
Thomas já tinha me pedido em casamento mesmo. - Mostrou o anel
para todos.
— É o melhor a se fazer, querido. - Lauren passou a mão pelos
cabelos do marido, que continuava sério.
— Então meus parabéns novamente, meus amores! - Feliz,
Esmeralda os abraçou novamente.
~*~
[...]
— Então quer dizer que o perfeito herdeiro dos Cooper engravidou a
namorada e vai ter que casar as pressas? - Billy ironizou após
Charles lhe contar o ocorrido.
— Sim! Bruce ficou possesso de raiva, eu o entendo, aliás. Mas
agora já aconteceu, não adianta reclamarmos ou lamentarmos. - O
empresário falou olhando para o horizonte através do vidro da sala
da presidência.
— Então sua família não é tão perfeita quanto eu imaginava. - O
vilão não conseguiu não sorrir.
— Nenhuma família é perfeita, Billy. - Charles virou-se para ele —
Mas no fundo, confesso que estou feliz por ser avô. Uma criança
correndo pela casa vai ser bom demais! - Sorriu.
— Então meus parabéns... Vovô. - Billy falou dando dois tapinhas
nas costas do amigo e abrindo um sorriso falso para ele.
[...]
— Eu tinha ficado tão feliz enquanto aquele babaca do Charles
contava que o xerife quase deu uma surra no Thomas, mas agora
ele está lá, todo feliz porque vai ser avô. Que ódio, Barney!
Depois de sair da empresa dos Cooper, Billy foi até a casa do seu
grande amigo, Barney Clark.
Barney estava chegando a casa dos cinquenta anos, tinha origem
mexicana e era um dos acionistas minoritários da empresa. Aos
vinte e cinco anos, sofreu um grave acidente que o mantém na
cadeira de rodas há décadas.
— Não adianta, o desgraçado sempre se dá bem. - Barney fechou
os punhos de raiva ao falar de Charles, a quem odiava há anos por
um acontecimento do passado.
— Mas dessa vez não! Não posso deixar que Thomas se case com
aquela garota, pois isso atrapalharia meus planos de recuperar a
empresa que é minha por direito!
— Ainda quer que a Melissa se case com o Thomas?
— Claro, é a única forma de um dia reassumir o controle da
empresa.
— Mas tem outras possibilidades, meu amigo. E se você fizer sua
filha se casar com o Brandon?
— Não valeria a pena! Brandon pouco se importa com os negócios
da família, assim como Emma. E o próprio Charles já me disse que
tem certeza que seu sucessor será Thomas. Portanto, ele é o
candidato ideal para se casar com Melissa. - Analisou.
— Ainda bem que mandei Jack pra Suíça. Vou deixa-lo estudar lá
até se formar. - Comentou se referindo a seu único filho — Assim,
ele fica bem longe dessa sujeirada toda. Mas e aí? O que pretende
fazer?
— Ainda não sei, mas preciso fazer alguma coisa para que esse
casamento não aconteça. Caso contrário, corro o risco de perder de
vez tudo que é meu de direito.
~*~
[...]
Um mês depois...

Era véspera do casamento de Bella e Thomas.


Esmeralda e Lauren se uniram para cuidarem dos preparativos para
a cerimônia e estava tudo quase pronto para o enlace. Bella e Tom
optaram por não fazer despedidas de solteiro, já que o que mais
queriam era justamente unirem-se para ficarem juntos pelo resto da
vida.
Mas será que realmente conseguiriam isso?
Capítulo 7 – Casamento

New York, 11 de Março de 2003.

— Daqui algumas horas, você vai passar por um dos momentos


mais importantes da sua vida. Como se sente Thomas? - Charles
perguntou ao entrar no quarto do filho.
Ainda eram sete da manhã, mas o ruivo já estava em pé. Na
verdade, mal tinha dormido de tanta ansiedade por conta de seu
enlace, afinal, não é todo dia que se casa com a mulher que ama.
— Nervoso, com medo. Medo de dar tudo errado... Medo dela dizer
não na hora do sim e principalmente, de não fazê-la feliz como
prometi. - Desabafou vendo seu pai sorrir.
— Venha filho, sente-se aqui. - Apontou para a cama — Sabe,
sempre imaginei que Emma seria a primeira a se casar e não você.
— E o Brandon? - Thomas questionou sentando-se e pondo uma
almofada sob suas coxas.
— Aquele ali sempre foi doidinho, desde criança. Agora que está
com Natalie deu uma sossegada, mas mesmo assim acho difícil que
se case tão cedo! - Sentou-se de frente para o filho sorrindo —
Enfim, quer ouvir uma história?
— Claro! - E respirou fundo.
— Quando conheci sua mãe éramos um pouco mais velhos que
você e Bella. Eu tinha acabado de passar na universidade quando
nos casamos. Nossos pais não aceitaram muito bem na época por
sermos muito novos, assim como aconteceu com vocês, mas com o
tempo as coisas melhoraram. Um mês depois descobrimos que ela
estava grávida, assim que voltamos da nossa lua de mel que foi em
Paris.
— Então vocês chegaram a ter filhos biológicos? Dessa não sabia,
pai. - Thomas franziu o cenho confuso.
— Foi uma gravidez difícil. Esmeralda perdeu o bebê aos sete
meses e como sequela, ficou estéril para sempre. Nunca contamos
isso a vocês pois é um assunto que ainda magoa muito a sua mãe.
As vezes, durante a madrugada ela ainda chora por isso. E olha que
já fazem mais de vinte anos.
— Imagino... Esme é tão boa, não merecia sofrer assim. - Emotivo,
Thomas deixou uma lágrima cair de seus olhos.
— Depois do ocorrido, ela molhava o travesseiro com lágrimas
todas as noites. Aquilo era como uma facada para mim, pois o amor
que sinto por sua mãe é muito grande. Tudo que queria era vê-la
bem, que sorrisse de novo. Foi quando tive a ideia da adoção.
Diferentemente de outros países em que há orfanatos, no nosso
estado não tem. Os órfãos costumam ficar na casa de pessoas que
se oferecem para cuidar deles temporariamente e foi desse modo
que você, Brandon e Emma vieram parar aqui.
— Eu me lembro. Era muito pequeno, devia ter uns seis anos... Mas
lembro de quando entrei nesta casa pela primeira vez. Achava que
era um palácio e que o senhor era o rei e a Esmeralda, a rainha. -
Sorriu lembrando-se de sua infância.
— Quando Esme viu vocês três, voltou a sorrir. E naquele momento
eu soube que tudo ficaria bem e que seríamos felizes de novo. E foi
exatamente o que aconteceu. Formamos uma família linda, da qual
tenho grande orgulho.
— É... O senhor estava certo. Só espero que a gravidez da Bella
seja calma e tranquila pois não aguentaria vê-la sofrer. Quero
protegê-la de tudo que possa lhe machucar, lhe magoar. O que eu
puder fazer para que ela seja feliz, eu vou fazer.
— Tenho certeza que tudo correrá bem meu filho. Sabe... É curioso
imaginar que daqui alguns meses você será pai. Tem ideia do que
isso representa?
— Confesso que me assusto as vezes quando penso sobre. Mas
pode ter certeza que farei o possível e impossível para ser o melhor
pai que essa criança poderá ter. Eu tive a sorte de ter sido adotado
pelo senhor, que é um grande homem e acho que tenho o principal
para começar bem essa nova fase que é o amor.
— Exatamente filho. Se existe amor, tudo sempre ficará bem. O
amor é como uma semente que deve ser regada todos os dias para
que cresça forte, bonita e com as raízes firmes. Por isso, cuide do
seu amor pois nos momentos mais difíceis da sua vida é ele quem
vai te salvar.
— Eu vou cuidar para que o meu amor e da Bella seja sempre puro,
forte e infinito, como a tatuagem que fizemos tempos atrás.
— Mas para que o amor de vocês seja infinito, é necessário que
você tenha confiança nela e pelo que vejo, deve tomar cuidado com
seus ciúmes. O ciúme é um mau conselheiro, Thomas. Se ele não
for dominado da maneira certa, pode acabar te cegando. Vocês
podem passar pelas piores provações do mundo, mas tendo amor,
união e confiança, irão sempre superar tudo.
— Pode deixar, pai. Tomarei cuidado com o ciúme que sinto por ela.
Que foi? - Perguntou vendo o loiro sorrir.
— É raro você me chamar de pai e toda vez que ouço fico assim...
Meio bobo. - Falou emocionado.
— Eu amo o senhor pai, mesmo não te chamando sempre por esse
nome. É que você e Esme são muito jovens ainda, pareceremos
mais irmãos do que pai e filho. Mas te amo muito, nunca se esqueça
disso. - E o abraçou fortemente, totalmente emocionado com a
conversa deles.
~*~
[...]
A Catedral de St. Patrick, uma das mais famosas de Nova York,
localizada na Quinta Avenida de Manhattan estava em festa.
Toda dourada e decorada com rosas vermelhas, as preferidas de
Isabella.
De estilo gótico e elegante, a igreja tinha longas colunas douradas,
bancos amarronzados com mais de trezentos convidados do círculo
de amizade dos noivos e de seus familiares e um lindo altar onde as
famílias Cooper e Adams aguardavam nervosamente o início da
cerimônia. Apesar de parecer que todos estavam felizes, não era
bem o que realmente estava acontecendo.
— Tomara que a Isabella caia e pague o maior mico quando entrar
nesta igreja. - Melissa praguejou entre os dentes — Que ódio... Era
pra eu estar casando com o Tom, não aquela mosca morta sem
graça.
— Fale mais baixo filha. Ninguém pode perceber que estamos
detestando estar aqui. - Billy a repreendeu entre os dentes — Todos
devem pensar que estamos felizes e contentes com essa cerimônia
cafona. - Acenou para Charles no altar e sorriu falsamente para ele.
— As vezes esse lance de ser hipócrita irrita. - A ruiva resmungou
revirando os olhos — Tenho vontade de jogar tudo para o alto e
fazer um grande escândalo, mas vou me controlar, já que não tenho
saída.
[...]
Thomas estava nervoso.
No altar, mexia em sua gravata borboleta preta de minuto em
minuto. Por mais que Esmeralda cochichasse em seu ouvido que
precisava se manter calmo, o jovem não conseguia se controlar.
Tinha medo que Bella desistisse e que deixasse de lhe amar. Sabia
que se isso acontecesse algum dia, não suportaria. A amava de
uma forma que não conseguiria viver sem ela.
Mas logo descobriu que estava sofrendo a toa pois uma música
começou a tocar e as enormes portas douradas da igreja se
abriram, revelando sua pequena e linda Bella.
Ao lado de Bruce, que vestia um elegante terno preto e
gravata vermelha, Bella usava um vestido longo branco de mangas
compridas liso e delicado, com calda e véu. Seus cabelos estavam
decorados com uma presilha de prata e presos em um elegante
coque. Sua maquiagem era leve e realçava sua beleza com
maestria e em suas mãos, havia um belo buquê de rosas brancas.
Seus lábios finos e delicados tremiam levemente assim como suas
mãos. Estava nervosa quase tanto quanto ele. Tinha medo de
tropeçar enquanto caminhava pelo tapete vermelho da igreja ou de
gaguejar quando tivesse que responder o reverendo, mas mesmo
assim mantinha um sorriso aberto no rosto pois sua felicidade era
maior que seu nervosismo, ainda mais quando seu olhar se
encontrou com os olhos verdes do noivo que brilhavam
intensamente enquanto ela vinha a seu encontro.
A futura senhora Cooper caminhava olhando para os convidados
que eram em sua maioria, pessoas queridas. Aiden, Emma, Andrew,
Brandon, Natalie, seus colegas do colégio, sua mãe, seus sogros no
altar e... Thomas.
Seu querido Thomas estava a sua espera. Parecia até um príncipe e
ela, a princesa de contos de fadas que realizaria enfim o sonho de
viverem juntos para todo sempre. Casar nunca fora exatamente um
sonho para ela. Só queria ficar perto de Tom, se possível
eternamente.
E se casando era a maneira de conseguir isso, pois bem, se
casaria.
— Está entregue. - Ao chegar ao altar, Bruce beijou o topo da
cabeça de sua menina e olhou para Thomas com aquela cara
carrancuda de sempre.
Era seu jeito de pedir para que ele cuidasse bem dela.
O ruivo entendeu o recado e assentiu com a cabeça.
Em seguida, o delegado entregou a filha para ele que sorriu ao vê-la
mais de perto.
— Você está linda. - Cochichou baixinho no ouvido dela, dando seu
habitual sorriso torto.
— Você também. - Respondeu sorrindo para ele.
Dentro de poucos minutos, estaria enfim casada.
Era tanta novidade.
Se casaria e daqui alguns meses seria mamãe de uma criança que
com certeza seria muito amada. O reverendo, Herbert, deu início a
cerimônia.
— Hoje viemos aqui celebrar o casamento de dois jovens
apaixonados com uma vida inteira pela frente. Duas vidas que
querem se unir para seguirem seus caminhos juntos, lado a lado. O
casamento é uma união eterna e que ao longo dos anos
amadurecerá vocês que ainda são crus, mas tem uma coisa muito
importante que é esse sentimento lindo e infinito.
Thomas segurou a mão direita de Bella. A jovem notou que ele
estava bem mais nervoso que ela e se acalmou com isso. Enquanto
ouviam a voz do reverendo, se entreolhavam se sentindo cada vez
mais ansiosos para enfim dizerem o sim. O sim que mudaria suas
vidas de uma vez por todas.
— Se alguém tiver algo contra essa união fale agora ou se cale para
sempre.
Era a deixa para que Billy impedisse o casamento, mas ele não
conseguiu ter nenhuma ideia que pudesse realmente separar o
casal por isso, decidiu se calar.
— Repita comigo. - O reverendo pediu ao noivo e começou a falar
baixinho o que ele deveria dizer, pedindo-o para que ficasse de
frente para a noiva.
— Eu, Thomas Cooper, te recebo como minha esposa e prometo
amar-te e respeitar-te na alegria e na tristeza, na saúde e na
doença, na riqueza e na pobreza enquanto eu viver. - Ele disse
olhando nos olhos dela.
— Eu, Isabella Adams, te recebo como meu esposo e prometo
amar-te e respeitar-te na alegria e na tristeza, na saúde e na
doença, na riqueza e na pobreza enquanto eu viver.
— Thomas, aceita se casar com Isabella?
— Aceito. - Ele afirmou dando um sorriso torto.
— Isabella, aceita se casar com Thomas?
— Claro que sim. - A morena respondeu sem pestanejar.
Emma segurou o buquê da cunhada para que ela pegasse a
aliança, que era feita de ouro maciço e tinha o nome dos noivos
cravados na lateral dela, e colocasse no dedo do marido.
Na vez de Thomas ele se atrapalhou um pouco, mas conseguiu
colocar a aliança no dedo da jovem e então ambos olharam para o
reverendo, que estava prestes a declamar a famosa frase.
— Em nome da igreja eu os declaro casados. Pode beijar a noiva! -
E então, o casal voltou a se olhar.
— Eu te amo. - Bella se declarou.
— Eu também te amo. - E uniu seus lábios aos dela, dando um
selinho carinhoso e uma grande salva de palmas foi ouvida por
todos.
Bella sorriu e levou a mão a nuca dele aprofundando o beijo
e invadindo a boca do rapaz com sua língua atrevida. As palmas
aumentaram e até assovios foram ouvidos. Thomas tinha certeza
que este último, vinha do maluco Brandon.
Após finalizarem o beijo, ambos se viraram para os convidados e
sorriram, sentindo os flashs das fotos sob eles e então, caminharam
de mãos dadas pelo tapete vermelho para fora da igreja junto com
os convidados. Ao chegarem na porta, jogaram arroz sobre eles
seguindo a tradição. Foi quando Bella viu James - que fora um dos
padrinhos - vindo em sua direção.
— Parabéns amigão. - Abraçou Thomas dando uns tapas em suas
costas.
— Obrigada cara. - Thomas sorria feito bobo, tamanha a felicidade
que sentia.
— Parabéns Bella. - James a abraçou e ela retribuiu, mas se
incomodou quando sentiu a mão sacana do moreno deslizar por sua
cintura e aperta-la levemente.
— Obrigada. - Bella o afastou pondo as mãos no peito dele e
fechando a cara.
— Está tudo bem? - Thomas perguntou vendo que sua mulher ficara
estranha.
— Sim. - Bella mentiu, tentando melhorar o semblante para que ele
não desconfiasse de nada.
Era o dia mais feliz da vida dela.
O dia de seu casamento e nada, nem ninguém atrapalharia sua
felicidade.
Capítulo 8 – Festa

[...]
— Não vejo a hora de ficar a sós com você, baby. - Thomas
sussurrou no ouvido da esposa, enquanto dançavam juntinhos na
pista de dança de um salão de festas localizado também na Quinta
Avenida.
— Calma amor, em breve estaremos a sós. - Isabella respondeu
encostando sua cabeça no peito dele — Sem contar que agora
temos a vida toda para ficarmos juntos. - Sorriu feliz.
— Sim, a vida e a eternidade, meu amor. Prometo que nunca vamos
nos separar. - Beijou o topo da cabeça dela carinhosamente.
~*~
— Bella está tão feliz. - Lauren disse observando a filha dançar com
Thomas.
Lauren Adams era médica e fora dela que Bella herdara os olhos e
cabelos castanhos que possuía.
— E espero que continue assim para o bem de todos. - Bruce disse
pegando um doce assim que o garçom passou perto dele com uma
bandeja.
— Quem diria que nossa menina iria se casar tão cedo, que vai ser
mamãe e nós, avós! - A loira tomou um gole de vinho e sorriu.
— Estamos muito novos para ser avós. Se o Cooper não tivesse
tido a audácia de engravidar nossa filha, nada disso estaria
acontecendo. - Murmurou de boca cheia com o jeito carrancudo de
sempre.
— Mas ele engravidou e não adianta chorar pelo leite derramado, né
querido? - A médica retrucou dando uma cotovelada no marido —
Vê se muda essa cara. O que importa é nossa filha estar feliz e se
está, nós também devemos ficar.
— Hum... Ok. - O moreno pôs a mão no bolso e caminhou até onde
os recém-casados estavam — Será que posso dançar um pouco
com minha filha ou você vai rouba-la de vez de mim? - Provocou o
genro.
— Claro senhor, pode sim. - Thomas deu um sorriso amarelo.
— Para pai! - Bella deu risada parando de dançar — Me casei, mas
nunca vou deixar de ser sua filha. - Segurou a mão do xerife que
sorriu e ambos começaram a dançar.
~*~
— Quem é aquele gatinho? - Aiden, prima de Isabella e sobrinha de
Lauren questionou, apontando para um rapaz que estava dançando
com uma garota na pista de dança.
— Se chama James, melhor amigo do Thomas. Estuda na mesma
universidade que nós, é que ele não costuma ir muito já que vive
indo para festinhas e baladas. - Emma respondeu cruzando os
braços — Ele pode até ser gatinho, mas dizem que é um safado de
marca maior.
— Talvez ele seja assim porque não encontrou a mulher certa. - A
loira de rosto quadrado respondeu sorrindo maliciosamente.
— Não acredito nisso e espero que não se aproxime dele, Aiden. - A
morena ficou séria.
— Por quê?
— Porque tenho a sensação que ele não te fará bem. - Emma
explicou passando a mão nos braços para esquenta-los, pois sentiu
um leve calafrio.
— Pois acho que essa sensação está bem errada. - Sorriu ainda
mais ao ver o jovem Campbell vindo em sua direção.
— Oi Emma... Não vai me apresentar sua amiga? - O moreno mediu
Aiden de cima a baixo e mordeu os lábios.
— Er... - Emma revirou os olhos — Aiden, James. James, Aiden. -
Apresentou-os.
— Muito prazer, Aiden. - James pegou a delicada mão da estudante
do segundo ano de direito e a beijou sedutoramente — Quer dançar
comigo? - A loira olhou para Emma que fez sinal de negativo com a
cabeça.
— Claro que quero. - Aiden concordou pegando na mão dele e
caminhando até a pista de dança, sob o olhar de reprovação da
caçula dos Cooper.
~*~
— Bella e Thomas estão tão realizados. Isso me faz lembrar de
quando nos casamos, há quase vinte anos. Lembra querido? -
Esme perguntou enlaçando suas mãos ao redor do pescoço do
empresário.
— Como poderia me esquecer? Foi um dos dias mais felizes da
minha vida. - Apertou a cintura da mulher trazendo-a para mais
perto de si, já que a música da festa agora era lenta e romântica —
Hoje cedo tive uma conversa bem séria com nosso filho. Contei
nossa história a ele, inclusive.
— Espera... Você contou toda a nossa história? - Esmeralda engoliu
em seco parando de dançar.
— Claro que não. Só contei o que ele precisava saber para que não
cometa os mesmos erros que cometi no passado. - Explicou vendo-
a suspirar.
— Ainda bem. - Sorriu ficando mais tranquila.
~*~
— Olha lá os dois dançando. - Billy falou apontando para Charles e
Esme — Mais uma vez seus planos não deram certo, meu amigo.
Tanto que esse casamento está se realizando.
— Eu até pensei em fazer a Isabella pegar o Cooper na cama com a
Melissa, mas o imbecil não fez despedida de solteiro então, não
pude fazer nada! - Sentado em uma das mesas, Billy estava
tomando uma taça de uísque — Mas é como dizem. Perdi a batalha,
mas não a guerra.
— Lembra de quando éramos jovens, Billy? Eu adorava dançar. -
Barney não conseguia tirar os olhos de Esme — Lembra de quando
dancei com Esme no baile do colégio?
— Claro, você passou mais de uma semana falando sobre essa
dança! - O moreno gargalhou.
— Bons tempos. Éramos jovens, nos achávamos inatingíveis e
imortais. Jamais poderíamos imaginar o tanto de coisas ruins que
aconteceriam nas nossas vidas depois disso. Que você ia falir e eu,
ficaria preso nessa porcaria de cadeira de rodas. - Baixou a cabeça
triste.
— É, mas nós vamos virar esse jogo, Barney. - Billy pôs a mão sob
o ombro dele — E o Charles, que hoje está feliz, ainda vai chorar e
sofrer muito, pode ter certeza disso.
~*~
— Thomas... Você dança mal pra caramba! - Natalie resmungou
após levar mais um pisão do cunhado.
— Você que não sabe dançar, Naty. Sou quase um Fred Astaire!¹-
Ele brincou vendo-a se afastar dele — Onde vai?
— Vou retocar minha maquiagem e ver o estado dos meus pés que
você quase destruiu. - A loira mostrou a língua para ele e saiu.
Thomas deu risada e foi até uma das mesas procurar uma bebida.
Pegou uma taça de vinho, a cheirou e em seguida, tomou um gole
do mesmo olhando para a pista e vendo Bella, que agora estava
dançando com Andrew.
— Vem dançar comigo, Tom. - Melissa puxou o rapaz pelo braço.
— Mas Mel... - Ele pôs o copo na mesa.
— Não seja chato, vem. - Ela insistiu e sem graça, o ruivo não teve
como dizer não — Como está se sentindo agora que está casado? -
A garota perguntou levando suas mãos às costas dele.
— Muito feliz e completo. - Thomas respondeu pondo as mãos na
cintura dela.
— Eu acho que você devia ter esperado um pouco mais. Conhece a
Isabella há pouco mais de um ano e já está se casando com ela... -
Aproximou-se um pouco mais.
— Mas é como se a conhecesse da vida toda, Melissa. Eu a amo e
a conheço o suficiente para ter certeza que nosso casamento vai
dar certo. Além do mais, Bella está grávida. De uma forma ou de
outra, não tínhamos como esperar. - Argumentou.
— Pena que você não fez uma despedida de solteiro... - Murmurou
levando sua boca a orelha do rapaz — Poderíamos ter nos divertido
bastante e...
— Atrapalho? - Bella perguntou e eles pararam de dançar.
— Claro que não, amor. - Thomas negou se afastando da ruiva.
— Ótimo. - Bella o beijou na frente de Melissa - Bora dançar mais
um pouquinho? Antes de irmos para a nossa lua de mel. -
Perguntou fazendo Melissa bufar.
— Ele estava dançando comigo, Isabella. - A lembrou.
— Falou bem, estava. Não está mais, querida. Agora o Tom vai
dançar com sua linda esposa. - Deslizou a mão pelo bíceps dele.
— Ninguém vai dançar agora pois está na hora de jogar o buquê! -
Emma falou interrompendo-as. — Aliás, tenho a impressão de que
esse buquê será meu... - Brincou sorrindo e todos se organizaram
para mais um momento.
[...]
— POSSO JOGAR? - Bella estava de costas para as mulheres da
festa, que estavam loucas para pegar o buquê. - EU VOU JOGAR...
— Tenho que pegar esse buquê. - Emma disse com as mãos no alto
— Quem sabe o Andy se anima e já me pede em casamento?
— Pois espero não pegar buquê nenhum pois só pretendo me casar
com o Brandon lá para 2020. - Natalie brincou cruzando os braços.
— Eu também pensava em me casar tarde, mas depois de conhecer
o James estou começando a mudar de ideia... - Aiden falou dando
risada.
— EU VOU JOGAR, HEIN... É UM, É DOIS, É TRÊS! - Bella gritou
jogando o buquê e imediatamente virando-se para ver quem tinha
pego.
Não deu outra.
— Eu não disse que iria pegar o buquê? - Emma disse toda
animada cheirando as flores.
— Então isso pode ser um bom sinal, princesa. - Andrew se
aproximou dela e beijou sua bochecha.
Capítulo 9 – Lua de Mel &
Acidente

Amsterdã, 2003.

Após o fim da festa de casamento, os recém-casados Isabella e


Thomas se trocaram rapidamente e pegaram um voo até o país
onde teriam sua primeira noite de lua de mel, Holanda. Ambos
chegaram já ao anoitecer e foram direto para um dos hotéis mais
elegantes de Amsterdã para viverem sua tão esperada noite, tudo
pago por Charles como presente de casamento.
— Espera... - Assim que abriram a porta da suíte, Thomas pegou a
amada nos braços — Sempre via isso nos filmes e tinha muita
vontade de fazer!
— Seu doido. Precisa mesmo disso? - Bella deu risada dando um
selinho nele que a pôs no chão de volta e fechou a porta —
Caramba, que lugar lindo! - Olhou ao seu redor.
A suíte era ampla e muito elegante. Tinha uma cama de casal
imensa com lençóis de tons branco e vinho e aparentemente, era
muito confortável. A decoração era toda feita de tons nobres, além
do mais, tinha uma estilosa poltrona cinza e a janela era enorme e
dava pra ter uma vista linda da lua e das estrelas.
— Charles caprichou na suíte. - O ruivo foi até o lavabo —Tem até
banheira, amor.
— Tô tão feliz, sabia? - Bella comentou vendo o rapaz se aproximar
dela — Agora sou oficialmente a senhora Cooper - Envolveu as
mãos no pescoço dele.
— Eu tô mais feliz ainda porque a partir de hoje, nada nem ninguém
poderá nos separar. - E colou seu corpo e lábios aos dela.
Ele a beijou sedutoramente, deslizando suas mãos pela cintura de
Isabella e ajudando-a a tirar sua camiseta rosa. Quando o ar se fez
necessário, desceu seus beijos até o pescoço dela, lhe dando dois
chupões enquanto removia o sutiã dela. Em seguida, ficou de
joelhos na frente da garota e a ajudou a retirar a calça e em
seguida, a calcinha deixando-a nua e jogando as vestes em
qualquer lugar dali.
Ainda de joelhos, ele beijou a intimidade dela que arfou e enfiou a
língua nela, lambendo-a. Isabella passou a gemer e quando ele
mordeu seu clítoris, levou as mãos a cabeça dele lhe guiando por
toda sua intimidade.
— Que buceta deliciosa. - Ouviu ele dizer, mas estava tão ofegante
que só conseguia gemer e acariciar os cabelos dele.
Thomas voltou a ficar de pé e a beijou provocantemente, mordendo
e repuxando os lábios dela, que arranhava as costas dele ainda por
cima da camisa. Então ele a deitou na cama e foi até seus seios
começando a chupar o bico do direito, enquanto acariciava o
esquerdo com a mão.
— Bella, esses gemidos me deixam doido. - Mordeu levemente o
seio dela que deu um gritinho.
— Me fode Thomas, eu preciso muito. - Ela pediu delirando.
O jovem então se sentou em cima dela e retirou sua camisa,
mostrando que estava bem mais sarado que a última vez que
transaram. Bella percorreu seu olhar pelo peito e abdômen dele
chegando até seu membro que estava quase pulando pra fora da
calça de tão excitado.
— Repete. - Pediu sorrindo e mordendo o lábio.
— Me fode, Thomas Cooper? - Ela pediu arranhando levemente o
abdômen dele.
— Hum... Você quer que eu coma você? - Ele saiu da cama e de
pé, começou a abaixar suas calças.
— Sim... - Bella lambeu a própria boca que estava seca quando ele
tirou a cueca e revelou o membro para ela — E analisando seu pau,
vejo que está louco para me foder. - Sentou-se na cama e abriu um
pouco as pernas — Aposto que você está doidinho pra entrar aqui
dentro. - Com a própria mão, a morena repuxou o próprio clítoris e
em seguida, enfiou um dedo dentro de si mesma — Está doido pra
fazer esse vai e vem aqui. - Quando ela começou a se masturbar,
Thomas, completamente tomado pelo desejo, a puxou pelas pernas
até a beira da cama e com ela deitada e ele em pé, abriu as pernas
dela e de uma vez só, a penetrou. Isabella gemeu alto e ele urrou
começando a entrar e sair dentro dela rápido e forte.
— Gosta assim? - Perguntou intensificando os movimentos
segurando as mãos dela.
— Mais rápido! - Bella pediu o puxando para que ficasse por cima
dela e atacou sua boca, deslizando sua língua por cada canto da
boca dele e ao mesmo tempo, entrelaçando suas pernas ao redor
da cintura dele, aumentando assim o atrito das estocadas.
— Goza pra mim, sua gostosa. - O jovem pediu sentindo que ela
estava perto do clímax pois seu sua intimidade estava apertando
seu membro.
— Só se você gozar junto. - Ela retrucou mordendo o ombro dele
que grunhiu e teve seu orgasmo, praticamente ao mesmo tempo
que ela.
Totalmente exausto, Thomas continuou conectado a ela por alguns
minutos, esperando que suas respirações voltassem ao normal e
feliz, Bella deu um último beijo nele e ficou fazendo carinho nos
cabelos do marido, até que ele saiu de dentro dela, deitou-se de
barriga para cima ao seu lado e a puxou para seu peito.
[...]
— Hoje foi tão diferente da nossa primeira vez. - Bella
comentou dando um beijo no peito do marido.
— Diferente pra melhor ou pra pior? - Ele questionou deslizando as
mãos pelas costas nuas dela.
— Pra melhor. - Sorriu — Na nossa primeira vez você parecia sei lá,
tímido, como se estivesse se segurando e hoje simplesmente foi um
safado na cama.
— E eu estava. Mas agora somos casados, você é minha e eu sou
seu. Não tenho porque ser tímido, eu quero é fazer amor com você
todos os dias se possível. - Ela deu risada.
— Isso é ótimo porque eu também quero transar com você toda
noite. Mas agora, tô com muito sono. - Bocejou fazendo carinho no
abdômen dele.
— Então descanse, minha pequena - Beijou o topo da cabeça dela
que fechou os olhos e foi adormecendo aos poucos. Depois de velar
os sonhos da amada por alguns minutos, Thomas foi vencido pelo
cansaço e dormiu também.
[...]
No dia seguinte...

Isabella estava deitada de lado na cama dormindo profundamente.


Após sua noite de amor, estava bastante cansada. Já Thomas
estava de pé a meia hora e havia ligado há pouco para o serviço de
quarto a fim de pedir o café da manhã para eles. Depois de colocar
uma camiseta verde e uma bermuda fresca, ouviu batidas na porta e
foi até a mesma pegar a bandeja com o café da manhã.
— Obrigado. - Agradeceu o garçom do hotel dando uma gorjeta
para ele e fechou a porta.
Em seguida, pôs a bandeja no criado-mudo e sentou-se na cama
curvando-se e distribuindo diversos beijinhos no ombro da esposa
para acorda-la.
— Hum... Bom dia. - Ainda de olhos fechados, a morena sorriu
ficando de barriga para cima na cama.
— Bom dia, meu amor. - Thomas sorriu de volta acariciando o rosto
da jovem que abriu os olhos — Dormiu bem?
— Maravilhosamente bem. - Respondeu se ajeitando na cama e
esfregando os olhos — Café da manhã na cama? - Perguntou
virando o rosto e vendo a bandeja cheia de delícias como queijos,
leite, ovos e pães. - Cuidado senhor Cooper posso acabar ficando
mal acostumada — É exatamente o que quero, deixar você muito
mal acostumada. - Roubou um selinho dela. - Quer dizer, vocês —
Olhou para a barriguinha saliente dela.
— Tô vendo que esse bebê vai ser muito mimado. - Manteve o
sorriso feliz no rosto, se ajeitando na cama e enrolando o lençol ao
redor do corpo para cobrir sua nudez.
— Vou tentar não mima-lo demais, mas acho difícil. - Colocou a
bandeja sob o colo dela — Nosso filho é como se fosse a extensão
do nosso amor, entende? Então ele é muito importante pra mim.
— Para mim também. Ele ou ela, já que não sabemos o sexo ainda.
- Tomou um gole do leite.
— Particularmente tenho a impressão que será um menino, mas vou
perguntar a Emma depois, ela sabe das coisas. - Mordeu um
pedaço de pão.
— Acredita mesmo que sua irmã pode prever o futuro?
— Você não disse que ela previu sua gravidez? Além do mais ano
retrasado ela também pressentiu que algo ruim ia acontecer com
meu avô e não deu outra.
— Foi um acontecimento muito triste né? - Bella colocou uma
mecha de seu cabelo atrás da orelha.
— Foi uma verdadeira tragédia. O 11 de setembro marcou a vida de
muitas pessoas. Mesmo assim nossa família continuou unida,
exceto pela minha avó. Essa nunca se recuperou, tanto que se
afastou de nós todos.
— Imagino. Ela perdeu o marido, o que é uma coisa irreparável.
Nem imagino o que seria de mim se te perdesse. - Acariciou o rosto
dele.
— Isso não vai acontecer nunca. - Pegou a mão dela e beijou-a —
Mas vamos logo terminar de comer? Temos muito o que fazer hoje.
— Ah é? E pra onde vamos?
— Aproveitar tudo o que Amsterdã pode nos proporcionar, minha
pequena. - Afirmou sorrindo e dando um beijo leve nela.
~*~
[New York]

— Espero que a viagem do meu filho esteja sendo muito boa. -


Charles disse enquanto analisava alguns documentos em sua
empresa.
— Com certeza deve estar sendo, senhor. Quando era adolescente
viajei para Amsterdã e além de ser uma cidade linda, é cheia de
pontos turísticos incríveis. - Ângela, sua secretária, comentou pondo
mais uma pilha de papéis sob a mesa do loiro.
— Eu sei, já fui lá com Esmeralda quando fizemos dez anos de
casamento. - Deu um sorrisinho de canto de boca, se levantando de
sua poltrona — Acho que vou tomar aquele café que tanto gosto.
— Quer que eu mande o motorista preparar o carro senhor? - A
morena de olhos castanhos perguntou ajeitando seus óculos de
grau.
— Imagina, o Starbucks fica praticamente na frente da empresa e
você sabe que gosto de ir a pé, Ângela. Ultimamente não estou me
exercitando como gostaria então, é bom fazer uma pequena
caminhava para fortalecer meus músculos. - Explicou vestindo seu
paletó e saindo de sua sala — Anote minhas ligações, ok? - Mandou
já no corredor.
— Sim senhor. - A secretária concordou assentindo com a cabeça
ao ver Charles entrar no elevador.
~*~
Após tomarem um delicioso banho e se arrumarem, Isabella e
Thomas pegaram um bonde para passearem pelas ruas da
Holanda. De mãos dadas o tempo todo e trocando muitos beijos e
carícias, eles fizeram um pequeno tour pela cidade.
— Essa cidade é tão linda, amor. Parece até aqueles quadros com
paisagens que pensamos não existir, mas que na verdade são muito
reais. - Bella falou vendo a paisagem pelo vidro da janela.
— Sim, meu pai tinha comentado comigo antes. Mas sabe o que
dizem por aí? Que essa é a cidade do pecado. - Falou baixinho no
ouvido da morena que se arrepiou com sua voz sexy.
— Ué, cadê aquele Thomas virtuoso, certinho e das antigas? -
Brincou olhando-o.
— Esse Thomas ficou lá em Nova York, baby. - Mordeu a ponta da
orelha dela que se arrepiou mais ainda.
— Se controle, senhor Cooper - Deu risada, o afastando e ambos
desceram do bonde e começaram a caminhar pelas ruas de
Amsterdã.
Diferentemente de Nova York, o transporte mais usado naquele
local era a bicicleta. Isso deixava o ar bem mais leve do que
estavam acostumados a sentir, além do mais, a brisa do vento que
batia em seus rostos lhes dava uma sensação maravilhosa.
Era como se estivessem em um paraíso.
— Para onde vamos agora? - Bella perguntou tirando seus óculos
escuros.
— Para o primeiro dos inúmeros museus que iremos visitar. -
Respondeu pegando na mão dela.
— E qual museu vamos visitar primeiro?
— O do Van Gogh.
— Me amarrava nas aulas de artes com aqueles quadros malucos
dele. Aliás, ele por si só já era muito maluco, tanto que cortou a
própria orelha, coitado.
— Pois é, ele teve uma vida curta, triste e difícil, mas foi um
verdadeiro artista e o admiro muito por seu trabalho.
~*~
[New York]

Após cumprimentar os seguranças e porteiros de sua empresa,


Charles caminhava pela calçada concentrado em seu celular, pois
estava mandando uma mensagem para Esmeralda dizendo para ela
se arrumar pois a noite ambos iriam sair para jantar em um
restaurante chinês, um dos preferidos de sua esposa.
Após terminar de enviar o torpedo, o empresário guardou o celular
no bolso e foi até a faixa de pedestres para atravessar a rua que
estava com muito movimento.
Quando o sinal ficou vermelho para os motoristas e verde para ele,
o loiro foi atravessar a faixa de pedestres quando de repente, um
utilitário preto de vidros escuros acelerou em direção à ele. O
homem tentou correr, mas não teve tempo pois quando deu por si,
já tinha sido atropelado, caindo desacordado.
~*~
Depois de visitarem o museu de Van Gogh,
Thomas e Isabella foram para mais um ponto turístico, a Casa de
Anne Frank. Enquanto o taxista arrumava uma vaga para
estacionar, Thomas foi para a fila dos ingressos que era longa e
ocupava quase um quarteirão de lá. Após alguns minutos,
conseguiu comprar os ingressos e acompanhados de uma guia e de
vários turistas, eles adentraram a casa.
No primeiro andar tinha um telão onde passava um vídeo falando a
respeito dos judeus na Holanda, a família Frank e a invasão nazista.
Bella derramou algumas lágrimas assistindo aquilo. Era triste saber
que aquelas pessoas tinham passado por tanto sofrimento e
preconceito durante a vida. E era mais triste ainda saber que nos
dias de hoje as pessoas continuam sofrendo por conta do
preconceito, seja por cor, raça ou sexo.
Para chegar ao próximo andar, onde funcionava a empresa de Otto,
ambos tiveram que subir uma escada íngreme de madeira. E mais a
frente, viram a famosa estante de livros que escondia a entrada do
esconderijo de Anne, sua família e amigos. A estante era aberta até
a metade, e atrás dela tinha uma escada muito mais íngreme que a
primeira. Mesmo sendo um tanto quanto desconfortável, eles
subiram pois estavam adorando a visita aquele lugar. Apesar de
várias pessoas estarem ali, a maioria estavam caladas ou falando
muito baixinho e eles decidiram fazer a mesma coisa.
O cômodo seguinte era minúsculo e todos estavam quase sem
espaço para se mexer. Thomas segurou a mão de Bella firmemente
enquanto a guia falava que o local era onde Anne ficou presa com
um dentista chamado Fritz Pfeffer. Ambos olhavam ao seu redor e
notaram que nas paredes havia fotos de jornais e revistas na parede
colados pela própria Anne. O último cômodo era o qual Van Pel
havia morado e onde Anne viveu bons momentos, inclusive seu
primeiro beijo.
— Ela sofreu tanto. Só de estar aqui é como se pudesse sentir a dor
dela, o que ela passou. - Bella falou encostando sua cabeça no
peito do marido.
— E não teve a chance de viver um grande amor como nós. Não só
ela como muitos durante o holocausto. A segunda guerra foi algo
tão horroroso, mas parece que a humanidade não aprendeu. Tanto
que tivemos o onze de setembro. - Lembrou-se de seu avô,
derrubando uma lágrima.
— Mas eu tenho esperanças. Acredito que nossos filhos vão
crescer em um mundo melhor. - Abraçou-o.
— Ou filha porque acho que vai ser menina. - Falou sorrindo.
— Assim não vale, você muda de ideia o tempo todo. - Bella brincou
sorrindo de volta.
O casal então deixou a área da moradia, mas ainda estavam no
museu passando por um longo corredor com diversas fotos nas
paredes mostrando cada uma das oito pessoas que residiram
naquela casa e descrevendo como, quando e onde tinham falecido.
— Esse foi o único sobrevivente da família Frank, o Otto. - A guia
contou apontando para a foto do pobre homem que perdeu toda sua
família na guerra.
— Nem consigo imaginar como deve ter sido pra ele viver sem sua
família do lado, eu com certeza não conseguiria. - Thomas
cochichou baixinho.
— Muito menos eu. - A morena suspirou acariciando sua barriga.
[...]
Chegando ao fim do corredor, além de mais um vídeo, eles viram
um livro enorme com os nomes dos habitantes holandeses
dizimados pelo holocausto e no ambiente seguinte um cômodo
repleto de cartas que Otto escreverá enquanto estava em busca das
filhas, além do mais um vídeo dele em alguma entrevista.
— "O que passou já não podemos mudar. A única coisa que
podemos fazer é aprender com o passado e compreender o que
significam a discriminação e a perseguição de gente inocente. A
minha opinião é de todos temos a obrigação de combater os
preconceitos."- Otto dizia.
— Sabias palavras. É o que quero ensinar ao nosso filho. - Thomas
comentou acariciando ela.
Na volta, eles virão algumas páginas do diário da Anne e depois de
terminar a visita ao museu, seguiram para o "Adam restaurante"
para almoçarem.
~*~
Esme estava na mansão Cooper dando algumas instruções para o
jardineiro da casa de como cuidar das mudas de tulipas que havia
comprado. A balzaquiana era completamente apaixonada por flores
e sempre gostava de manter seu jardim bonito. Foi quando a
empregada da casa surgiu apavorada dizendo que tinham recebido
uma ligação do hospital.
Esme ficou sem ar por alguns momentos quando a mulher disse que
seu marido tinha sido atropelado. Trêmula e sem saber o que fazer,
pediu que a funcionária avisasse toda a família e amigos mais
próximos do ocorrido e seguiu nervosa para o hospital, a fim de
saber como Charles estava.
— Como ele está Lauren? - Esme perguntou preocupada, assim
que viu a sogra de seu filho, que era médica socorrista.
— Charles está bem, mas farei mais alguns exames para ter certeza
que não sofreu nenhuma fratura. Já o levei para o quarto, se quiser
já pode vê-lo. - A loira deu um pequeno sorriso.
— Ufa... Ainda bem. - A mulher suspirou aliviada — Quero vê-lo sim
doutora, imediatamente.
— Venha, vou te levar até ele. - Pediu e ela o acompanhou até o
local.
[...]
— Meu amor, que bom que você está bem. - Esme abraçou o
marido fortemente.
— Calma querida, foi só um atropelamento bobo. - Charles terminou
de abraça-la e depositou um beijo em seus lábios.
— Como tive medo de te perder. - Ela não conseguiu não chorar,
enquanto sentava na beira da cama dele.
— Mas não me perdeu. - Fez carinho no rosto dela. - Respira fundo,
se acalme — A puxou para seu peito para que ela sentisse seu
coração batendo.
— Já sabe quem fez isso? - Fechou os olhos.
— Não sei, mas foi tão estranho. O sinal estava vermelho e o carro
simplesmente avançou na minha direção. Estou pensando
seriamente em ir até a delegaci... - Antes que Charles completasse
seu raciocínio, Billy e Barney entraram no quarto do hospital.
— Viemos assim que nos avisaram, como está meu amigo? - Billy
perguntou se aproximando dele.
— Você está sentindo suas pernas? - Barney indagou olhando para
as pernas do loiro.
— Mas é claro que estou, que pergunta mais doida. - Charles
mexeu as pernas para provar que estava falando a verdade.
— É que quando sofri aquele acidente, nunca mais voltei a sentir as
minhas. - Barney respondeu cabisbaixo.
— Eu sei, lamento muito. - Charles e Esmeralda se entreolharam e
engoliram em seco.
— Enfim, como está? - Billy mudou de assunto pondo a mão sob o
ombro do inimigo.
— Segundo a Lauren, bem. Aparentemente não sofri nenhuma
fratura, só ralei os joelhos e cotovelos.
— Ainda bem que não foi nada grave. - Billy sorriu, quando mais
alguém entrou no local.
Uma senhora já na terceira idade, cabelos ruivos, olhos azuis e
vestida com roupas muito elegantes olhou para todos eles que
ficaram boquiabertos com sua presença.
— Mãe? - Charles a chamou surpreso — Faz tanto tempo que a
senhora...
— Não vem pra Nova York? É, eu sei meu filho. Esse lugar não me
trás boas lembranças, mas quando sua empregada me ligou
avisando que meu único filho tinha se acidentado, me senti na
obrigação de me deslocar até aqui para ver com meus próprios
olhos se você estava bem, além do mais, a notícia de que terei um
bisneto me deixou muito contente. Sem contar que sinto que preciso
colocar essa família nos trilhos por isso meus queridos, aviso-lhes
que Elizabeth Cooper, mais conhecida como vovó Beth, está de
volta. - Ao terminar de se explicar, sorriu ao ver todos batendo
palmas felizes com sua volta.
~*~
— Amanhã poderíamos fazer um passeio de barco pelos canais, o
que acha? - Thomas perguntou entrando na suíte de mãos dadas
com Bella.
— Acho ótimo, os canais de Amsterdã me parecem lindos, além de
ser um passeio muito romântico! - Bella respondeu tirando seu
casaco e se sentando na cama para tirar os sapatos.
— E a senhorita adora tudo que é romântico né? - Se ajoelhou no
chão na frente dela e pôs a perna dela sob sua coxa, tirando o
sapato da jovem.
— Na verdade, adoro qualquer coisa que possa ser feita ao seu
lado. - Sorriu para ele.
— Pois saiba que faremos milhares de coisas juntos, como
conhecer o mundo inteiro por exemplo. - Massageou o pé dela.
— Hum... Mal nos casamos e já estou sendo mais feliz do que fui
em toda minha vida. - Afirmou jogando a cabeça para trás e
relaxando com a massagem.
— Eu também, você não tem ideia do quanto. - Ouviu o celular
vibrar no criado-mudo. - Nossa, esqueci o celular aqui.
— Putz, é mesmo... - Isabella esticou o braço até o móvel para
pegar o celular do marido e o entregou à ele.
— Ligaram lá de casa. - Thomas comentou vendo que tinha
algumas ligações internacionais perdidas — E tem alguns torpedos
também, deixa eu ver. Oh céus! - Ficou pálido de repente.
— O que houve? - Isabella perguntou preocupada.
— Charles foi atropelado há algumas horas. - Engoliu em seco —
Disseram que passa bem, mas enquanto não vê-lo com meus
próprios olhos, não vou acreditar! - O ruivo desabafou ficando de
pé.
— É, acho que nossa lua de mel chegou ao fim, amor. - Bella
deduziu fazendo uma careta.
Capítulo 10 – Nascimento

[...]
— Sinto muito que tenham largado a lua de mel por minha causa. -
Charles lamentou já de volta a mansão Cooper.
Por recomendação médica, estava em absoluto repouso em seu
quarto, sendo mais que mimado por sua esposa e filhos.
— Não tem problema. Precisava ver se o senhor estava bem
mesmo e fico feliz que esteja mesmo. - Thomas disse pondo a mão
sob o ombro do loiro.
— Mas até que aproveitamos um pouco da lua de mel, visitamos
alguns pontos turísticos bem legais. - Bella, que estava ao lado do
marido, contou sorrindo.
— Tiraram fotos? - Esme perguntou se levantando da beira da cama
e a morena assentiu com a cabeça — Venha, quero ver tudinho. -
Foi em direção a morena, segurou sua mão e juntas, caminharam
para fora do quarto deixando pai e filho sozinhos.
— Como está se sentindo filhão? - Charles perguntou curioso.
— Feliz demais! Bella é maravilhosa, carinhosa e hoje, mais do que
nunca tenho certeza que ela é a mulher da minha vida. - Respondeu
ficando corado quando Bruce entrou no quarto.
— Charles, eu... Thomas? Já voltaram da lua de mel? - O moreno
perguntou franzindo o cenho.
— Sim senhor Adams. - O ruivo respondeu indo até ele e apertando
sua mão.
— E onde Bella está? - Olhou para os lados.
— Saiu com minha mãe agora há pouco.
— Ah sim. Bem, chequei as câmeras de segurança das ruas pois
desde o onze de setembro, estamos implantando um sistema
moderno na cidade toda para que possamos vigiar tudo e todos. Até
conseguimos uma boa imagem do carro que te atropelou, mas a
placa infelizmente era fria. - Revelou olhando para o empresário.
— Já imaginava, mas obrigado por ter investigado, Bruce. - Charles
agradeceu.
— Vou continuar investigando, esse caso vai ficar aberto até
encontrarmos quem te atropelou, prometo. - Garantiu e o loiro
assentiu com a cabeça.
~*~
— Este será o quarto de vocês enquanto estiverem morando aqui,
Isabella. Como pode ver, não está totalmente decorado pois não sei
direito qual seu gosto pessoal. - Esme explicou entrando em uma
das suítes da mansão.
— É enorme e muito lindo! Olha o tamanho dessa cama! - A morena
levou as mãos a boca, totalmente impressionada e Esme deu
risada.
— Espero que seu tempo nesta casa seja feliz e agradável, querida.
- A abraçou — Mas onde estão as fotos?
— Na minha bolsa! Daqui a pouco o motorista subirá com as malas,
daí te mostro. - Sentou-se na cama.
— Ah, preciso te contar uma coisa. Não sei se você sabe que
Thomas tem uma avó. - Sentou-se ao lado dela e cruzou as pernas.
— Sei sim, ele me contou que desde o acidente com o pai do seu
marido, ela se afastou da família.
— É, mas ela está de volta e hospedada nesta casa.
— Sério? - A morena indagou surpresa.
— Sim querida. Elizabeth é uma grande mulher, forte, decidida.
Acredito que tem muito a ensinar não só a você, mas a mim
também. No passado tivemos alguns problemas, pois ela sempre foi
muito apegada ao Charles e acabava se intrometendo um pouco
além da conta na minha relação com ele, mas espero que a partir de
agora tudo fique bem entre nós todas. E olha Bella, estou aqui para
o que você precisar. - Segurou a mão dela — Sei que parece
assustador se casar e vir morar com a família do marido, mas tenho
certeza que vai se adaptar.
— Com o apoio da senhora? Tenho certeza. - Bella afirmou sorrindo
e apertando a mão dela.
~*~
— Filho, precisamos conversar. - Elizabeth disse entrando no quarto
de Charles após o jantar.
— Claro, venha. - Ela sentou-se na beira da cama dele e respirou
fundo — Parece tensa, o que houve mãe?
— É sobre esse atentado que você sofreu.
— Não sabemos ainda se foi um atentado ou um simples acidente.
Não tire conclusões precipitadas. - Ele a alertou passando a mão
por seu topete.
— Nós dois sabemos muito bem que foi atentado. Tem muita gente
que quer seu mal, Charles. Você precisa tomar cuidado, andar
sempre com seus guarda-costas.
— Mas eu ando sempre com eles, mãe. Só que o Starbucks é
pertinho da empresa, achei que não tinha necessidade.
— Depois do que aconteceu ontem, você já deve ter notado que há
sim necessidade. Eu já perdi seu pai, não posso te perder também. -
A senhorinha disse com os olhos lacrimejando.
— A senhora não vai me perder dona Beth, eu prometo. - O loiro fez
carinho no rosto dela.
— Então tome mais cuidado. Vivemos em um covil de cobras, os
Campbell fingem que nos adoram, mas na verdade nos odeiam.
— Já vai começar? - O loiro revirou os olhos.
— Eu criei o Billy, meu filho. Sei muito bem que a essência dele não
é boa, que sempre sentiu inveja de você por ser mais bonito,
inteligente e interessante que ele, assim como Barney que tem
motivos de sobra para te odiar e sabemos disso.
— Os meus problemas com Barney já foram superados há muito
tempo, mãe. Hoje somos amigos e Billy nunca fez nada de mal
contra mim e duvido que atentaria contra minha vida. Por favor, pare
com essa implicância!
— Não vou parar coisa nenhuma, Charles. E algum dia você
descobrirá que estive certa o tempo todo sobre esses trambiqueiros.
Só espero que quando se der conta disso, não seja tarde demais.
[...]
Meses Depois...

O fim de 2003 estava próximo e Bella estava com trinta e oito


semanas de gravidez. Há meses morando na casa do marido,
sentia-se praticamente adaptada. Seu quarto estava decorado ao
seu rosto, assim como o de seu bebê que se chamará Benjamin, em
homenagem ao pai de Charles.
Thomas estava indo muito bem na universidade ao lado de sua
irmã, Emma, e seu melhor amigo James. Naquele ano Melissa
começou a cursar publicidade e durante os intervalos da aula,
costumava ficar conversando animadamente com Thomas.
Emma sempre contava a Bella o que sua rival sabia e de vez em
quando a morena acabava brigando com o marido por ciúmes.
Thomas sempre argumentava que não fazia nada demais com
Melissa e que como ela era irmã de seu melhor amigo, não tinha
coragem de trata-la mal. Apesar de brigarem constantemente, tudo
sempre acabava em beijos e declarações afetivas do ruivo mais
belo de New York.
Bruce continuava tentando encontrar pistas do atropelamento do
sogro de sua filha, mas a investigação esfriou e por falta de provas
teve que arquivar o caso. Lauren estava feliz com a vinda do neto,
mas a única coisa que lhe incomodava era o tempo que o marido
estava trabalhando demais pois desde que sua filha foi embora,
tinha que passar seus dias e as vezes, noites sozinha.
Com muito esforço Barney conseguiu comprar mais três porcento
das ações da empresa de Charles e Billy já estava tentando
arquitetar um jeito de conseguir tudo que acreditava ser seu, de
volta.
Voltando a mansão Cooper, Bella estava se dando muito bem com a
matriarca dos Cooper que lhe dava, todos os dias, diversas dicas de
como cuidar de seu bebê que naquela fria sexta-feira estava prestes
a nascer.
Bella passou mal enquanto estava tomando banho e foi rapidamente
socorrida por Brandon que a levou imediatamente ao hospital.
Thomas estava fazendo uma prova da faculdade quando lhe ligaram
avisando que sua mulher estava entrando em trabalho de parto e
quase bateu o carro dirigindo loucamente pelas ruas até a clínica
central para encontrar a esposa.
— Como ela está?! - Perguntou assim que chegou a recepção onde
seus pais, sogros e amigos já estavam lhe aguardando.
— Parece que vai ser parto normal, filho. - Esme se aproximou dele
— Pretende assistir o parto?
— Assistir? - Arregalou os olhos — Eu... Não sei. Estou tão nervoso,
mãe. - A abraçou — Tenho medo de deixa-la mais nervosa ainda.
— Quer que eu fique com ela, Thomas? - Lauren perguntou
esfregando uma mão na outra pois também estava nervosa.
— O correto é que o marido esteja ao lado da esposa durante o
parto. - Elizabeth argumentou se aproximando do ruivo — Seja forte
meu neto e vá auxiliar sua esposa. - Sorriu segurando as mãos
dele.
— A senhora está certa como sempre, vovó Luz. - Respirou fundo e
beijou a testa dela — O correto é que eu esteja ao lado da Bella
quando meu filho chegar ao mundo e é isso que irei fazer.
[...]
— AHHHHHHHHHHH.... Eu... Não aguento mais. - Isabella falou
jogando a cabeça para trás.
Ela estava há mais de uma hora na sala de parto tentando gerar seu
bebê. Thomas estava ao seu lado, tendo a mão quase esmagada de
tão apertada que estava sendo por sua mulher.
— Acho que estou vendo a cabeça! Tente mais um pouco, Bella. - O
médico insistiu.
— Vamos, só mais um pouco meu amor, você vai conseguir. - A
encorajou unindo sua testa a dela.
— Está bem - Bella concordou ofegante e mais uma vez, fez força
para empurrar a criança, gritando com toda sua força.
Nesse momento um choro foi ouvido e então, toda a dor que
Isabella sentia se tornou pequena perto da imensa felicidade que
sentia dentro de seu peito.
Benjamin chegou ao mundo em seis de outubro, pesando três quilos
e medindo cinquenta e um centímetros. Após cortarem seu cordão
umbilical e o enrolarem em uma manta, Isabella sentiu o calor de
seu filho pela primeira vez.
— Ele é tão lindo. - Falou com os olhos marejados de lágrimas.
— E tão pequenino, parece um anjo. Obrigado por me dar um filho
perfeito e saudável, te amo tanto. - Thomas deu um selinho nela.
— Eu também te amo muito, você e esse pequeno príncipe aqui. -
Fez um leve carinho no rosto de Benjamin.
Depois, a criança foi levada para o berçário e exausta, Bella acabou
adormecendo.
[...]
No outro dia...

Isabella já estava no quarto e Thomas, dormindo em uma poltrona


ao seu lado. Toda a família Cooper e Adams estava no hospital e de
tempos em tempos, alguém ia no berçário ver Benjamin, que dormia
tranquilamente.
— Hum... - Bella murmurou acordando e se ajeitando na cama.
— Bom dia, meu amor! - Thomas acordou rapidamente e após
esfregar os olhos, foi até a esposa — Como se sente? - Questionou
dando um beijinho na bochecha dela.
— Ainda cansada e dolorida, mas com aquela sensação de dever
cumprido. - Sorriu — Onde Benjamin está?
— Daqui a pouco a enfermeira vai trazê-lo para a mamada, mas
agora vou buscar um café da manhã bem reforçado pra você, minha
pequena. - Disse ficando de pé e curvando-se para dar um beijo na
testa dela.
Em seguida, o rapaz saiu do quarto e com cuidado, Bella se
levantou e foi até o banheiro onde fez suas higienes e lavou o rosto.
Ao se olhar no espelho, notou o quanto estava cheinha, mas
prometeu mentalmente para si mesma que ia se esforçar para
emagrecer o quanto antes, desde que fosse com saúde e que não
interferisse em sua amamentação. Ao voltar para o quarto, voltou-se
a se deitar na cama e ficou aguardando o retorno do jovem Cooper.
Minutos depois, o ruivo surgiu com uma bela bandeja de café da
manhã e ambos se alimentaram e logo, a enfermeira apareceu com
seu bebê para que Bella o amamentasse, enquanto recebiam
diversas visitas de amigos e parentes.
[...]
— Que bebê mais lindo, sério, ele é a minha cara! - Emma disse e
todos deram risada.
— Mentira, ele não tem esse seu nariz de batata. - Thomas brincou
e a irmã mostrou a língua para ele.
— Amor, pergunta aquele negócio pra eles. - Bella pediu dando uma
cotovelada nele.
— Er... Andrew e Emma, eu e Bella conversamos muito e decidimos
que queremos que vocês sejam padrinhos do Ben. - Thomas
sugeriu sorrindo e o casal se entreolhou.
— Mas isso é maravilhoso! - Emma bateu palmas animada — Vou
adorar ser madrinha do meu sobrinho fofo.
— Ficamos muito honrados com esse convite e claro que
aceitamos. - Andrew sorriu timidamente.
— Vocês também serão nossos padrinhos quando tivermos filhos,
né príncipe? - Emma deu um selinho no loiro.
— Mas é claro que sim! A meta é que daqui quinze anos, tenhamos
uns sete filhos. - Brincou passando a mão ao redor da cintura da
namorada.
— Pelo jeito a família Cooper ainda vai crescer e muito! - Bella
brincou dando risada.
[...]
Alguns dias depois...

Isabella e Benjamin receberam alta do hospital e foram para a


mansão. Os primeiros dias foram os mais difíceis pois o casal teve
que trocar o dia pela noite já que durante as madrugadas, o filho
não conseguia dormir e durante o dia dormia feito anjo. Mesmo
sendo puxado, eles estavam felizes pois já amavam demais aquela
criança, mas nem tudo eram flores e a morena acabou certo dia
recebendo uma visita indesejada.
— O que faz aqui? - Bella fechou a cara quando Melissa entrou em
sua suíte.
— James veio visitar seu marido e resolvi vir junto. Parabéns pelo
filho, Isabella. Finalmente conseguiu dar o golpe do baú! - Melissa
mediu a rival de cima a baixo e bateu palmas ironicamente.
— Não me confunda com você. Querer casar por dinheiro é da sua
índole, não da minha. E por favor, baixe o tom de voz, não quero
que acorde meu filho. - Fez um carinho na cabecinha de Benjamin
que dormia tranquilamente ao seu lado na cama.
— É o cúmulo que uma sem requinte como você esteja casada com
o garoto mais cobiçado da cidade. O cara que em menos de dez
anos, segundo as previsões, vai ser o maior CEO dos Estados
Unidos - Lamentou toda invejosa.
— Sem requinte? Nada contra, mas você também não tem sangue
azul. Pelo contrário, é a filha da empregada que foi criada pelo
patrão simplesmente porque ele sentiu pena de você. - Humilhou-a
sorrindo.
— Vamos ver até quando você vai continuar feliz, Isabella. Tenho a
impressão que sua felicidade não vai durar muito. - Pegou uma
mecha do próprio cabelo e enrolou em seu dedo.
— Pois acho que está muito enganada, Melissa Campbell. Se
depender de mim, vou ser muito feliz e vou esfregar minha
felicidade na sua cara feia todos os dias. Agora retire-se do meu
quarto, preciso descansar. - Bocejou sentindo sono — Essa vida de
mãe de primeira viagem cansa tanto... - Ajeitou seu travesseiro e
deitou-se na cama de lado — Quando sair, bata a porta.
Melissa fechou os punhos completamente enfurecida pela
humilhação que acabara de sofrer. Por mais que não fosse tão a fim
de Thomas cobiçava a vida de luxo que a morena levava naquela
mansão, sem contar que Benjamin era um dos herdeiros dos
Cooper e já nascera em berço de ouro, diferentemente dela. Mesmo
a contragosto, ela saiu do quarto deixando a garota sozinha com
seu bebê.
[...]
Ao anoitecer, logo depois do jantar, Isabella foi para o quarto de
Benjamin que era todo decorados nas cores branca e verde, cheio
de brinquedos e lá deu de mamar a criança, a colocou para arrotar
e o ninou até que seu pequeno adormecesse.
— Boa noite, meu anjinho. - Deu um beijinho na testa de Ben e o
colocou lentamente no bercinho.
Em seguida, viu se as janelas estavam bem fechadas para que a
criança não tomasse sereno e apagou a luz, deixando a do abajur
acesa. Ao voltar para seu quarto, encontrou Thomas parado em
frente a janela olhando para as estrelas.
— Ben já dormiu? - Perguntou sem tirar os olhos do céu.
— Sim, mas é provável que como sempre, vá acordar de
madrugada chorando. - Retirou o roupão, ficando apenas com uma
camisola cinza.
— Mesmo sendo cansativo, estou tão feliz. - A puxou pelo braço e a
mesma envolveu as mãos em seu pescoço — Não poderia me
sentir mais completo. Casado com a mulher mais linda do mundo e
com o filho mais fofo do mundo.
— E tudo vai ser ainda mais perfeito quando tivermos a nossa
casinha. Não me leve a mal, mas é como diz o ditado, quem casa
quer casa. Hoje mesmo tive que aturar a visita inconveniente da
água de salsicha, já que ela é infelizmente, frequentadora dessa
casa há séculos.
— Que ciúme bobo, amor. A Melissa nem dá em cima de mim, isso
é coisa da sua cabeça. E mesmo se desse, eu só tenho olhos para
você e é isso que importa. - Deu um sorriso torto, deslizando as
mãos pela cintura dela — Mas tudo bem, vamos fazer um trato?
— Que trato?
— Vamos esperar alguns meses, até que Benjamin esteja mais
crescido. Aqui você tem muito mais assistência do que teria se
estivéssemos morando sozinhos. Depois, quando as coisas se
acalmarem, vamos comprar uma casa bem bonita para nós três
vivermos, combinado?
— Ok amor, combinado. - Concordou dando um beijo carinhoso
nele.
Capítulo 11– Senhor Jingles

[...]
Um ano depois...

Nova York, final de 2004.

— Você prometeu que só seriam alguns meses Thomas, mas já


se passou um ano e ainda estamos aqui! - Bella reclamou com a
cara amarrada.
— Calma, pequena. - O rapaz, que já estava estagiando na
empresa da família, tentou acalma-la enquanto se arrumava em
frente ao espelho — Você não está pensando em entrar na
universidade? - Tentou fazer um nó em sua gravata, sem sucesso.
— O que tem isso? - A morena foi até ele para fazer o nó.
— Com quem o Ben vai ficar enquanto você estiver estudando?
Aqui em casa tem minha mãe, a vovó, as empregadas.
— Já ouviu falar em babá, senhor Cooper? - Apertou o nó e se
afastou.
— Sim, mas nunca é a mesma coisa.
— Na boa, não aguento mais morar nesta casa e ter que conviver
com pessoas que não gosto. - Revirou os olhos, cruzando os braços
e indo até a janela olhar o jardim, onde estavam Charles, Esme e
Bruce brincando com o pequeno Benjamin que já estava dando
seus primeiros passos.
— Está se referindo a Melissa, não é? - Colocou seu terno e olhou
para os lados em busca de sua maleta — Bella, essa sua
implicância com ela faz cada vez menos sentido porque a Mel nunca
mais deu em cima de mim e ultimamente, você sempre está ao meu
lado quando ela está aqui.
— Não adianta, você nunca vai acreditar que aquela vadia não
presta. - Riu, mas era de nervoso.
— Amor, sei que a Melissa talvez não preste, mas até hoje ela
nunca nos fez mal. Por isso, não tenho porque ter raiva dela. - Foi
até a esposa e pôs as mãos sob os ombros dela, os massageando
— Para com esse ciúme bobo e vamos focar em nós dois, no nosso
filho e no novo integrante da nossa família. - Beijou o topo da
cabeça dela.
— Novo integrante? - Bella virou-se para ele com uma cara de
interrogação — De quem está falando? Quem está grávida?
— Ninguém está grávida, meu amor. A noite, quando eu voltar você
vai entender, ok? - Deu um selinho nela.
— É sério que pretende me deixar curiosa o dia inteiro, Thomas
Cooper? - Indagou batendo o pé e o ruivo sorriu indo pegar sua
maleta que estava sob a cômoda.
— Super sério. Te amo, fui! - Piscou para ela, abriu a porta do
quarto e saiu deixando a morena ainda mais curiosa.
~*~
— Poxa Naty, pensei que quando começasse a namorar o
Brandon fosse acabar com essa vida de balada, mas já se
passaram dois anos e você está cada vez pior. - Andrew reclamou
vendo a irmã chegar em casa de manhã, após uma noite inteira em
boates bebendo e dançando.
— Não é porque estou namorando que sou obrigada a viver
trancada dentro de casa, comandante White. - A loira ironizou se
escorando na parede e tirando seus sapatos.
— Você tem dezoito anos, já terminou o colégio e sequer decidiu o
que vai cursar na faculdade. Como acha que vai conseguir entrar
em uma universidade?! - Desligou a televisão e ficou em pé
medindo a irmã de cima a baixo.
— Essa parte de ser a ovelha branca e pura da família eu deixo
para você, Andy! O garoto prodígio, que está finalizando o curso de
gastronomia para em breve se tornar o chef de cozinha número um
de Nova York. - Jogou a bolsa no chão e sentou-se no sofá toda
esparramada.
— Sei que você zomba por eu ser "careta"... - Fez aspas com as
mãos — Mas tudo que tô fazendo é para o nosso bem pois a fortuna
dos nossos pais não vai durar pra sempre e temos que nos manter.
Além do mais, fazer uma faculdade, trabalhar, casar e ter filhos é
normal, não sei porque você implica tanto com isso.
— Por quê implico? - Ficou séria — Nossos pais seguiram toda essa
cartinha clichê e olha o que aconteceu com eles? Mal paravam em
casa, viviam para o trabalho e quando deram por si, já estavam
mort... Você sabe. Eu só quero curtir a vida e cada minuto como se
não houvesse amanhã. Será que estou tão errada assim?! -
Perguntou cobrindo o rosto com as mãos para que ele não visse
suas lágrimas.
— Ainda não superou a perda deles, não é? - Aproximou-se dela,
sentando-se ao seu lado e segurando sua mão.
— Por acaso você superou? - Perguntou olhando para o loiro que
engoliu em seco.
— Não, mas estou seguindo em frente e tentando fazer as coisas do
jeito certo. Não é porque eles tiveram aquele fim que você também
terá, maninha. - E deu um beijo carinhoso na bochecha dela e a
puxou para seu peito, onde Natalie se permitiu chorar.
~*~
— Ele está crescendo tão rápido, querida. Há pouco tempo era um
bebê de colo e agora já está andando, daqui a pouco já vai estar na
escola, depois na faculdade. É, estamos ficando velhos. - Charles
disse observando Bruce jogando bola com Benjamin.
— Por favor, acabamos de chegar aos quarenta. Não estamos
ficando velhos, não ainda. - Esmeralda retrucou tirando os óculos
escuros e olhando para o marido que estava ao seu lado em uma
mesa que tinha no quintal — Você continua um lorde, como quando
te conheci. - Piscou para ele.
— E você está cada vez mais maravilhosa, Esme. - Segurou a mão
dela e beijou.
— Esse rapazinho aqui não tem nem um metro e meio, mas já tem
uma energia danada. - Bruce falou se aproximando deles com Ben
em seu colo.
— E pensar que vocês dois eram contra a gravidez da Isabella. -
Vovó Beth comentou se aproximando deles. Charles se levantou
rapidamente e puxou uma cadeira para que sua mãe, já idosa, se
sentasse — Agora estão aí, babando pelo meu bisneto. - E deu
risada.
— Vovô Chalie... Baba? - Benjamin perguntou para o xerife que riu
ao ver que o garotinho continuava pronunciando seu nome errado.
— Sua bisavó quis dizer que você é muito amado por cada um de
nós. - Deu um beijinho na testa do neto.
— Sabe o que devíamos fazer? - A matriarca dos Cooper pegou um
copo de suco e bebeu um pouco do mesmo — Uma viagem, como
aquelas que fazíamos quando seu pai era vivo. - Sugeriu olhando
para Charles que assentiu com a cabeça concordando —Essas
viagens sempre ajudam a estreitar e fortalecer nossos laços de
família.
— Aquelas viagens eram muito agradáveis, mãe. Nos divertíamos
tanto! - O loiro comentou sorrindo — Quer saber? É uma ótima
ideia. Vamos todos viajar! - Decidiu.
— Vou pedir para que uma das empregadas nos tragam algumas
revistas de viagens para que possamos ver os pontos turísticos. -
Esme falou tocando um sininho. Logo uma das domésticas
apareceu e a mulher fez seu pedido.
~*~
— Seu irmão me contou que você passou a noite na balada. -
Brandon estava em seu quarto na mansão e após acordar, ligou
para a casa de sua namorada, mas antes de passar o telefone para
ela, Andrew avisou o cunhado sobre a irmã ter aprontado na noite
anterior.
— Que dedo duro. - A jovem revirou os olhos — De qualquer forma,
já ia te contar. Fui com algumas meninas que estudavam comigo no
colégio, mas juro que não fiz nada de errado. - Deitou-se em sua
cama e bocejou, pois estava com muito sono.
— Naty, não estou preocupado se você me traiu ou não e sim, com
essa vida sem regras que você anda levando. Não acha que está na
hora de estabilizar? Veja o caso da sua amiga Bella. Está casada
com meu irmão, tem um filho lindo e está muito feliz.
— Está sugerindo que nos casemos? Gatinho, você acabou de fazer
vinte e dois anos, é novo demais, assim como eu. Não quero
apressar as coisas como eles fizeram, muito menos morar aí nessa
casa com todos os seus parentes.
— Qual o problema? Pensei que gostasse da minha família.
— E gosto pra caramba, mas ainda quero viver muita coisa antes de
me amarrar em um casamento. Mas que fique claro que quero viver
tudo isso com você, te namorando e te curtindo.
[...]
— Brandon? Não vai me responder? BRANDON?
— Vou me arrumar para o treino, até mais Naty.
— Não vai me mandar nem um beijinho?
— Está certo... Beijo.
— Beijos, te amo.
Depois de desligar o telefone, o rapaz se levantou da cama e
suspirou. Era maluco de paixão por Naty, mas tinha medo que ela
pirasse de vez e acabasse fazendo uma grande besteira com sua
vida.
~*~
— Estou em semana de provas, já sei que vou sofrer. - Aiden
comentou enquanto comia no refeitório da universidade ao lado de
Emma.
— Imagino, as provas do curso de direito devem ser bem mais
difíceis que as minhas de gastronomia, que normalmente são mais
práticas. - Comentou pondo uma garfada de comida na boca.
— Mas vai valer a pena. Tenho certeza que ainda vou ser uma
grande advogada de defesa. - A loira de cabelos cacheados sorriu,
olhando para James que estava em sua rodinha de amigos do outro
lado do salão — Minha vida anda maravilhosa, tanto no profissional
quanto no pessoal.
— Continua namorando o James? Te falei que ele não prestava. -
Emma ficou séria lembrando-se da visão que teve.
— Sim, James e eu estamos muito bem, obrigada. - Bebeu um
pouco de suco pelo canudinho vendo a amiga revirar os olhos — Se
vai falar daquela visão que teve outro dia, melhor nem começar.
— Mas eu tive mesmo e nela você e ele discutiam e depois, você
chorava muito. Provavelmente, isso significa que vocês serão
infelizes juntos.
— Isso é totalmente normal amiga! Ou vai dizer que nunca brigou
com o Andy? Não dizem por aí que amar é sofrer? Pois então! Para
de implicar com o James, isso está ficando chato demais, amiga. - A
repreendeu e Emma nada disse, apenas continuou comendo.
~*~
[...]
Já era noite e Bella estava no quarto de Benjamin com o mesmo no
colo. Seu filho lembrava muito Thomas por conta dos cabelos
ruivos. Já os olhos castanhos foram puxados dela e as feições
quadradas, de Charles. Após cantarolar uma música de ninar, a
jovem o deitou no berço.
— Sabe filho, quando conheci seu pai e me apaixonei por ele,
pensei que não existia amor maior que o que senti naquele
momento, mas depois que tive você sinto um amor infinito aqui
dentro, uma vontade de te proteger que não consigo explicar. -
Lágrimas caíram de seus olhos enquanto ela pegava na mãozinha
dele — Vamos estar sempre juntos Ben. A mamãe promete, viu?
— Boa noite, pequena - Thomas saudou abrindo a porta do quarto e
entrando.
Em suas mãos estava um objeto grande coberto com uma manta.
— Boa noite, meu amor. - Bella disse baixinho apontando para o
bebê para que ele sacasse que Ben estava dormindo.
— Hum... - Deu um selinho nela.
— O que é isso nas suas mãos? - Bella franziu o cenho e ele se
afastou e tirou a manta do objeto, revelando uma gaiola bege com
um bichinho dentro. — O que é isso? Um rato? - A morena deu
risada — Onde você arrumou isso, Tom?
— Comprei. Amor, dê as boas vindas para o mais novo integrante
da nossa família! E não é um rato, é um hamster. Fala sério, fui
super criativo com nosso pet de estimação, não? - Entregou a gaiola
para ela.
— Realmente você foi criativo mesmo. Normalmente, as pessoas
compram animais de estimação comuns como cachorro, gato e
papagaio. - Ergueu o objeto para o alto, reparando no ratinho que
era pequeno, branco e tinha os olhos bem pretos.
— Não quis ser clichê. - Piscou para ela — Precisamos arrumar um
nome para ele. Se Ben fosse maiorzinho poderia sugerir, mas o
máximo que ele fala é papá e mamã. - Brincou gargalhando.
— Cuidado, não quero que Ben acorde pois custou muito coloca-lo
para dormir. - Deu um tapa no braço de Thomas —Que tal senhor
Jingles?
— Igual no filme À Espera De Um Milagre?
— Você também assistiu? Lembro que chorei pra caramba no final
do filme, quando aquele cara tão bonzinho foi para a cadeira elétrica
e disse que tinha medo do escuro. Deve ser horrível ser acusado de
um crime que não cometeu, não sei se suportaria... - A jovem ficou
triste ao pensar no assunto.
— Nem eu, mas gostei do nome! Está decidido, nosso hamster vai
se chamar senhor Jingles. Agora nossa família está completa de
vez. Eu, você, o Ben e o senhor Jingles - A puxou para si
abraçando-a.
— Depois podíamos comprar uma ratinha para o senhor Jingles não
ficar tão sozinho. - Sugeriu arrancando uma risada dele.
— Ótima ideia. Agora venha, vamos dormir. - Entrelaçou sua mão a
dela.
— Onde o senhor Jingles vai ficar? - Bella perguntou saindo do
quarto lado a lado com ele.
— Por enquanto no nosso quarto. Amanhã falo com a mamãe e
pergunto onde podemos deixa-lo. - O ruivo respondeu entrando no
quarto deles e fechando a porta.
— Ok, mas então hoje vamos só dormir. Não pretendo transar na
frente do senhor Jingles. - Bella pôs a gaiola sob a cômoda.
— Não seja por isso. - Cooper colocou a manta sob a gaiola —
Pronto, agora ele não vai ver nada. - Agarrou a morena por trás e
beijou seu pescoço.
— Sabia que você anda cada vez mais safado, senhor Cooper? -
Virou-se para ele e começou a desabotoar sua camisa.
— É que a cada dia que passa, te amo e te desejo mais e mais. -
Respondeu enquanto ela tirava sua gravata.
— Eu também te amo cada vez mais, Thomas. E vou te amar pra
todo sempre. - Prometeu e seu marido lhe beijou apaixonadamente.
Capítulo 12 – Assédio

Grécia.
Janeiro de 2005.

Os mais jovens das famílias White, Cooper e Campbell estavam


viajando pela Grécia sob a supervisão de Esme, em mais uma
viagem de férias, desta vez na Ilha De Creta. Charles, Bruce,
Lauren, Billy, Barney e Elizabeth ficaram de fora. Aliás, esta última
estava com pneumonia e por conta da idade avançada foi proibida
de viajar.
Os demais não foram por conta de compromissos profissionais e
pessoais, assim como Benjamin que ficou aos cuidados dos avós e
da bisavó.
Creta era simplesmente a ilha mais conhecida do país,
especialmente por conta da mitologia grega, que aponta que aquele
era o lugar de origem de Zeus. O local também era conhecido pela
famosa lenda do Minotauro, monstro metade homem, metade touro,
preso em um labirinto construído pelo arquiteto Dédalo e seu filho
Ícaro, a pedido do rei Minos. Foi Emma quem escolheu o destino de
viagem, pois era simplesmente apaixonada por lendas, mitologia e
todo esse universo místico. Depois de visitarem um museu pela
manhã, Thomas e Bella estavam trancados no quarto de hotel,
vivendo momentos de intensa paixão e desejo.
— Você merece um presentinho sabia? Afinal, é o melhor marido do
mundo. - Thomas estava deitado de barriga para cima da cama
totalmente nu e Bella estava somente de calcinha, sentada ao lado
dele.
— Que presente? - O jovem perguntou sorrindo maliciosamente.
— Que eu faça uma coisa que você adora. - Pôs a mão sob o
membro dele que mordeu os lábios.
— Vai me chupar? - Perguntou enquanto ela começava a fazer um
vai e vem com a mão.
— Você quer que eu chupe seu pau, Thomas? - Dobrou e abriu as
pernas dele, se enfiando no meio delas.
— Claro que quero essa boquinha gostosa no meu pau. -
Respondeu entre gemidos.
Thomas sorriu quando ela aproximou sua boca de seu membro e
arfou quando ela abocanhou a cabecinha do mesmo. Enquanto
deslizava sua língua por toda a extensão do pênis dele, Bella o
olhava nos olhos pois não queria quebrar o contato visual.
Estando casada há dois anos, sabia bem do que ele gostava e não
gostava no sexo. Depois de abocanhar mais da metade do membro
de Thomas, Bella começou a chupa-lo puxando levemente suas
bolas. O ruivo gemia alto e sem o menor pudor, falando diversas
sacanagens e palavrões e com sua mão esquerda, guiava a cabeça
dela por seu membro. Não demorou muito para que ele gozasse e
ela, engolisse tudo. Após o gozo, Isabella se levantou e foi ao
banheiro se limpar. Quando voltou, foi para perto dele que ainda
estava ofegante, mas muito feliz e satisfeito.
— Será que Benjamin está bem? - Ela questionou se sentando na
cama.
— Claro que está amor, ligamos pra Esme hoje cedo e ela mesma
disse que ele está ótimo e brincando muito com o senhor Jingles. -
O ruivo respondeu dando um beijo no pescoço dela.
— Ele deve estar sendo muito mimado pelo meu pai. Bruce, um dos
que mais reclamou da minha gravidez, é totalmente louco pelo neto
hoje em dia. - A morena cobriu os seios com o lençol.
— Ainda bem que o Bruce sossegou e não me ameaça mais. Na
época, fiquei morrendo de medo dele. - Deu uma mordidinha na
orelha de sua esposa.
— Não sei como ele não te deu uma surra, sabia? Bravo do jeito
que sempre foi - Riu — Mas o que importa agora é que somos
plenamente felizes e vamos continuar assim por muitos e muitos
anos. - E sorriu dando um selinho carinhoso no marido.
~*~
— Que viagem dos sonhos, Brand. - Natalie comentou andando de
mãos dadas com o namorado por uma das praias paradisíacas da
ilha.
— Sim, foi bom viajarmos para voltarmos as boas. - O moreno parou
e pôs as mãos sob o ombro dela — Não gosto de ficar brigado com
você.
— Nem eu. - Enlaçou as mãos ao redor do pescoço dele, se
aproximando mais — Mas espero que entenda meu lado, só quero
curtir a vida intensamente, mas como sempre digo, quero curtir com
você. - Roçou seu nariz no dele que sorriu, deslizando a mão pela
cintura fina dela.
— Eu sei, mas ainda sim gostaria que nos casássemos logo! Ok,
desculpa, eu tinha prometido não tocar mais nesse assunto. - Fez
uma careta quando a loira fechou a cara - Por enquanto.
— Então cumpra sua palavra, Brandon Cooper - E deu um rápido
beijo nele e saiu correndo para o mar, sendo seguida por ele e lá,
começaram a brincar e namorar muito.
~*~
— Finalmente os dois safados saíram do quarto. Quer dizer, só um
dos safados. - Andrew brincou ao ver o cunhado vindo em sua
direção no restaurante do hotel.
— Bella preferiu comer lá em cima pois a cansei muito, se é que me
entende. - Thomas deu um sorriso torto — Mas logo volto para
continuarmos. Temos que aproveitar esse tempo juntos, sem nosso
filho, para matar as saudades. - Sentou-se na frente deles e acenou
para o garçom.
— Então a Bella não vai descer? - James questionou tomando um
gole de suco e o amigo fez sinal de negativo com a cabeça,
enquanto fazia seu pedido ao garçom.
— Se comporta, hein James? A Aiden não veio na minha viagem
porque está cuidando do TCC dela, mas mandou que eu ficasse de
olho em você e assim o farei. - Emma o alertou fazendo-o dar
risada.
— Fique tranquila Emma, só tenho olhos para a Aiden mesmo, juro.
- Passou o guardanapo por sua boca e levantou — Galera, vou
pegar umas roupas de banho pra ficar curtir um pouco a piscina,
com licença. - E retirou-se dali.
— Hum... Como amo frutos do mar. - Thomas lambeu os beiços —
Não vejo a hora de trazerem minha lagosta.
— Como você é fominha, maninho. - Emma gargalhou.
— Estou gostando de ver vocês todos comportados. - Esmeralda
disse se aproximando deles.
— Onde a senhora estava mãe? - Emma perguntou curiosa.
— No telefone com seu pai, ele disse que está tudo ótimo lá em
casa e que está morrendo de saudades de todos nós. Foi uma pena
ele não poder vir desta vez. - Sentou-se ao lado de Thomas e
continuou a conversa com todos.
~*~
Isabella tinha acabado de tomar um banho relaxante. Depois de
colocar seu roupão, a garota saiu do banheiro de sua suíte e foi até
a penteadeira pegar um hidratante para passar por seu corpo, pois
queria estar muito cheirosa para que quando seu esposo voltasse,
continuassem se amando.
— Seu jantar, senhora Cooper! - Um garçom exclamou batendo na
porta do quarto dela que foi até a mesma e a abriu.
— Obrigada. - Sorriu enquanto ele colocava o carrinho com a
bandeja do jantar em seu quarto. Bella foi até sua carteira que
estava na cômoda e pegou alguns dólares — Aqui - E deu a gorjeta
ao homem.
— 100 dólares? Muito obrigado senhora, com licença! - O garçom
agradeceu animado e saiu do quarto.
Bella encostou a porta e destampou a bandeja, sorrindo ao ver que
era um dos seus pratos prediletos.
— Aposto que foi coisa do Thomas. - Suspirou apaixonada.
Então, a morena tirou seu roupão ficando completamente nua e
colocou uma perna sob a cama. Com o hidratante em mãos,
começou a aplica-lo e massageá-lo por suas pernas, subindo até as
coxas enquanto sentia um aroma delicioso de morango no ar, por
causa do cheirinho do creme. Depois de se hidratar, se cobriu
novamente com o roupão e foi até o armário escolher uma lingerie
para usar com o marido.
— Vermelha ou roxo? Qual cor o Thomas vai gostar mais? -
Perguntou-se indo até o espelho com as peças íntimas nas mãos.
Distraída, Bella não percebeu que uma fresta de sua porta estava
sendo aberta lentamente por alguém. A morena retirou o roupão
ficando nua novamente e colocou a calcinha vermelha.
Se olhou no espelho novamente e ficou observando seus seios que
eram medianos, mas muito atraentes e que seu marido
simplesmente adorava.
Foi quando ouviu um barulho e ao olhar para a porta, viu que a
mesma estava entreaberta e alguém estava de joelhos no chão,
com a mão sob a genitália como se estivesse se masturbando. Bella
sentiu um nojo tremendo, ainda mais quando reconheceu quem era
aquela pessoa.
— James! - Rapidamente ela colocou o roupão e foi para fora do
quarto, totalmente indignada — O QUE VOCÊ ESTAVA FAZENDO
SEU IMUNDO?! - Perguntou tremendo de raiva.
— Desculpa Bella, eu não... - Antes que ele terminasse de falar,
levou uma grande bofetada da morena.
— Eu sempre desconfiei que você fosse um tarado e que não
prestasse, assim como toda sua família, mas nunca pensei que
tivesse coragem de fazer uma coisa dessas comigo mesmo
sabendo que sou a mulher do seu melhor amigo, você é um
canalha, James! - Deu dois empurrões nele — Mas sabe o que vou
fazer? Vou te denunciar para o Thomas agora mesmo. Ele vai
acabar contigo, vai quebrar sua cara! Ele vai fazer você se
arrepender de ter nascido, seu porco nojento!
— Não Bella, isso não! - Ajoelhou-se em frente à ela — Se você
contar o que fiz, seu marido vai me matar. Você sabe que Thomas
tem um ciúme descontrolado por você. Por favor, evite que uma
tragédia aconteça! - Suplicou chorando e tentando sensibiliza-la de
qualquer forma, pois estava com medo de que sua vida fosse
totalmente destruída pelo grave crime que havia cometido.
Capítulo 13 – Ciúmes

— Vou contar sim! - Bella cruzou os braços e bateu o pé.


— Pensa bem, Isabella! Lembra do que aconteceu naquela viagem
que você e Thomas fizeram ao Brasil? Quando ele espancou aquele
cara que quase morreu? Se ele fez aquilo com um desconhecido,
imagina o que faria comigo? Poxa, estou tão arrependido. Por favor,
me perdoa e esquece tudo o que houve aqui. Prometo que isso
nunca mais vai acontecer. - Pediu ficando de pé.
— Não vou esconder nada do Thomas, pensasse nas
consequências antes de bancar o tarado comigo. - Bella retrucou
entrando de volta no quarto, deixando o rapaz do lado de fora
totalmente apavorado.
Após entrar no quarto e fechar a porta, Bella se jogou na cama, se
permitindo chorar. Estava se sentindo muito envergonhada e até
culpada com o que houve, pois acreditava que devia ter trancado a
porta antes de se trocar pois assim, aquele constrangimento todo
não teria acontecido.
A morena se levantou, pegou um vaso que estava sob a cômoda e o
arremessou contra a parede, partindo-o em mil pedaços. Queria
contar o que houve a Thomas, mas James estava certo. Seu marido
sempre demonstrou ser ciumento e talvez, seria capaz de matar o
amigo quando soubesse que ele a assediou, assim como quase fez
na viagem de segunda lua de mel que fizeram em meados de 2003.
Bella andava de um lado para o outro do quarto, descalça, sentindo
um leve tremor no corpo por conta do forte estresse que estava
enfrentando.
— Céus, o que faço? - Perguntou-se passando a mão pelos cabelos
quando Thomas entrou no quarto.
— Oi pequena! - Sorriu indo em direção a ela e lhe dando um
selinho — Está tão cheirosa. - Mordeu o pescoço dela que o afastou
imediatamente — Que foi? - Franziu o cenho confuso.
— É que...

"Não deixe que uma tragédia aconteça."

A voz de James ecoou por sua mente.


— Bella? - A chamou fazendo-a voltar a si.
— Não é nada. - Negou virando o rosto — Vamos dormir? Estou
muito cansada. - Foi até a cama, se deitando na mesma.
— Vai dormir de roupão? - Deu risada.
— Não, vou me trocar. - Ficou em pé de novo.
— Pensei que íamos fazer amor de novo. - Thomas foi até o
banheiro para escovar os dentes.
— É que você me cansou muito durante o dia. - Abriu o guarda-
roupa e pegou uma camisola.
— Que pena. - Lamentou começando a lavar a boca. Quando voltou
ao quarto encontrou Bella já deitada de lado na cama, coberta com
o edredom — Pequena, por que não jantou? - Indagou
destampando a comida e vendo que tudo ainda estava no mesmo
lugar.
— Estou sem fome. - Fechou os olhos e tentou controlar a vontade
de chorar.
— E esse vaso quebrado?
— Foi sem querer, amanhã mando alguém limpar.
— Está se sentindo bem? - Perguntou enquanto se trocava — Você
estava tão animada e agora está assim, toda estranha. Por acaso
alguém te aborreceu? Se sim, diga quem foi para eu matar logo o
desgraçado.
— NÃO FALE ASSIM, THOMAS! - Virou-se pra ele alterada — Não
quero que você mate ninguém! Nem hoje, nem nunca!
— Calma, eu só estava brincando. - Ergueu as mãos paro o alto e
se aproximou dela, indo até a cama — Houve alguma coisa? Você
está muito estranha.
— Não é nada, deve ser minha TPM. - Desviou o olhar e deitou-se
novamente de lado e de costas para ele — Só me deixa dormir,
tenho certeza que amanhã estarei melhor.
— Ok, desculpe. - Apagou a luz do abajur - Boa noite, amor.
— Boa noite. - Respondeu secamente, mas ele se encaixou nela e
pôs a mão sob sua cintura.
— Desculpe se fiz algo que te incomodou, baby. - Sussurrou no
ouvido dela com uma voz triste — Não gosto quando você fica fria
comigo.
— Thomas... - Ela virou-se para ele com os olhos cheios de
lágrimas — Desculpe ter sido grossa contigo, você não merece.
Quero que saiba que tudo que faço é sempre pensando em você,
em te ver bem.
— Você é a mulher mais linda e maravilhosa desse mundo, Bella. E
agradeço todos os dias por ter você ao meu lado. - Passou o dorso
de sua mão pelo rosto dela — Te amo. - E uniu seus lábios aos dela,
lhe dando um beijo carinhoso para selar a paz entre os dois.
~*~
— GRÁVIDA? COMO VOCÊ DEIXOU QUE ISSO ACONTECESSE
MELISSA?! - Depois do problema com Isabella, James esperou que
todos dormissem para ir até o quarto de sua irmã adotiva, mas ao
chegar lá teve uma grande surpresa.
— Como deixei que acontecesse? Não seja hipócrita James, muitas
vezes deixamos de nos precaver por sua causa que vivia com
aquele papo de camisinha incomoda e blá, blá, blá! - A ruiva
retrucou apontando o dedo na cara dele.
— Você precisa se livrar dessa coisa o mais rápido possível!!
— COISA? JAMES, ESTAMOS FALANDO DE UMA CRIANÇA. DE
UM FILHO MEU E SEU, NÃO É ALGO QUE SE POSSA
SIMPLESMENTE SE LIVRAR DE UMA HORA PARA A OUTRA.
OLHA AQUI, SE ESTÁ PENSANDO QUE VOU TIRAR ESSE FILHO
ESTÁ MUITO ENGANADO. - Afirmou decidida — Eu posso ter
milhões de defeitos, mas não tenho coragem de tirar fazer um
aborto há essa hora, já estou com quase cinco meses! Daqui alguns
dias minha barriga vai começar a aparecer. Aliás, já era para estar
aparecendo.
— Faça o que quiser com essa criança, desde que meu nome não
seja incluído nisso. Desculpa, mas não quero, nem tenho vontade
de ser pai, isso estragaria minha vida de forma irreversível. Além do
mais, meu pai me mataria por ter desonrado você.
— Você é um covarde, James.
— Se você contar a alguém sobre a paternidade dessa criança, juro
que acabo com você. - Ameaçou-a segurando o braço da jovem
com força.
— Fique tranquilo porque não vou contar a ninguém, mas que fique
claro que não é por medo e sim, porque tenho vergonha de você
James Campbell. Mas saiba de uma coisa, você acaba de ganhar
uma grande inimiga. - Avisou empurrando-o — Saia do meu quarto
agora! - O rapaz então foi embora — Você me paga James, pode
passar um milhão de anos, mas você ainda vai pagar caro pelo que
está me fazendo agora. - Ameaçou baixinho entre os dentes.
~*~
— Quer dizer que você tem visões mesmo? - Andrew perguntou
surpreso conversando com a namorada na sacada do hotel,
enquanto olhava para a noite estrelada de lua cheia — Você sabe
que não acredito muito nessas coisas, mas nesse tempo todo que
estamos juntos já percebi que de tempos em tempos, você acerta
algumas coisas.
— Tenho sim, desde criança. - Emma revelou pondo sua cabeça no
ombro dele — Quando era pequena, previ a morte do meu tio que
foi quem sempre cuidou de mim. Tive uma visão dele sendo
assaltado perto do mercado, mas ele não acreditou. Ninguém
acreditou. - Suspirou triste — Naquela mesma tarde a polícia
apareceu em casa e me contou o ocorrido. Me levaram para a
delegacia e procuraram meus parentes, mas não tinha nenhum.
Então, fui levada para a adoção.
— Nossas histórias são tristes. - Comentou segurando a mão dela
— Mas juntos vamos superar tudo. - Beijou o topo da cabeça dela
que sorriu levemente.
— Eu sei que vamos, Andy. Eu sei.
~*~
[...]
No outro dia...

— Você quer voltar de viagem? - Thomas perguntou surpreso com o


pedido de sua esposa assim que acordaram.
— Estou com muitas saudades do Ben. - Bella desviou o olhar,
afinal, estava mentindo — E por isso, não estou conseguindo me
divertir como queria com você.
— Também tô com saudade do nosso filho. - A abraçou ainda na
cama — Ok, se você quer que voltemos é isso que iremos fazer,
certo?
— Obrigada. - Sorriu agradecida acariciando o peito dele — Com
você me sinto amada e protegida, nunca saia de perto de mim, Tom.
- Pediu o abraçando com mais força.
— Sempre estarei aqui, para cuidar e proteger você de tudo e de
todos. - Garantiu fazendo-a sorrir mais aliviada.
[...]
New York.

— Oi senhor Jingles. - Bella cumprimentou o hamster ao entrar no


quartinho da bagunça, que Esme tinha reservado apenas para o
animalzinho — Vim trazer sua comida, hoje serão sementes. - Deu
um sorriso triste abrindo a gaiola — Sabe, gosto muito de você
porque como você não fala, sempre consigo desabafar contigo sem
ser julgada. Sabe senhor Jingles, fiz uma coisa muito errada. Há
anos omito as péssimas atitudes que James tem comigo e a cada
dia que passa, tudo fica pior. Tenho medo de contar ao Thomas e
sei lá, ele surtar e acabar fazendo uma besteira com aquele que
acredita ser seu melhor amigo. Sei que é muito feio esconder isso
dele, mas sinto que não tenho outra alternativa. Se eu contar, irei
causar um grande conflito entre os Cooper e os Campbell, mas se
continuar escondendo a verdade, continuarei sentindo esse peso
nos ombros que me incomoda tanto. Se ao menos eu pudesse
desabafar com alguém para pedir um conselho, mas não consigo
confiar nem nas minhas amigas pois sei que se a Naty ou Emma
souberem do que James faz comigo, contarão ao Tom
imediatamente. A verdade mesmo é que eu deveria ter contado tudo
lá atrás, quando Thomas e eu ainda éramos namorados. Meu pai
sempre me disse que mentira é como uma bola de neve, que temos
que ter cuidado com ela. Uma pena que não dei ouvidos a seus
conselhos. Definitivamente, não sei o que fazer. Talvez, o melhor
fosse nos mudarmos pra bem longe daqui, para longe do James. Aí
sim eu teria um pouco de paz... - Suspirou.
— Bella? - Charles a chamou fazendo-a tomar um susto —
Desculpe se te assustei.
— Imagina sogro, estava só dando comida ao senhor Jingles. - A
morena explicou se levantando.
— Gostaria de pedir que tocasse piano para mim, faz tanto tempo
que você não faz isso e eu amo tanto as sinfonias que você toca.
— Claro sogro, tocarei sim. Estou morrendo de saudades do piano
já. - Sorriu para ele e ambos saíram de lá, indo até a sala de estar
onde ficava o piano para que ela o tocasse para o sogro.
~*~
— Grávida Melissa? De quem?! - Assim que voltou de viagem, a
ruiva contou a novidade ao pai.
— O senhor não conhece. Mas essa pessoa não vai assumir a
criança, nem eu quero que assuma. Se o senhor quiser me expulsar
de casa eu vou entender. - A garota falou cabisbaixa, vendo o
homem andar de um lado para o outro na sala de estar.
— Nunca pensei que algum dia isso fosse acontecer comigo. -
Passou a mão pelos cabelos, tenso — Não vou te expulsar, talvez
este filho sirva para alguma coisa.
— Do que está falando? - Melissa franziu a testa olhando fixamente
para ele.
— Poderíamos armar algo e você poderia fingir que está grávida do
Thomas. - Respondeu estalando os dedos e sorrindo.
— Infelizmente não tem como. Já estou com quatro meses, logo a
barriga vai aparecer, não dá tempo de armar mais nada. Me
desculpe, pai. - Sentou-se no sofá e começou a chorar.
— Oh, minha filha. - Billy foi até ela e sentou-se ao seu lado — Não
chore, sei que cometeu um erro mas vamos dar um jeito nisso, está
bem? Eu prometo. - Ele garantiu segurando as mãos dela.
~*~
— O que está fazendo Thomas? - Bella indagou ao entrar no quarto
e se deparar com o marido com seu celular em mãos.
— É por causa disso que você quis voltar de viagem mais cedo,
Isabella? Por causa do babaca do Mike? - Ele perguntou com a cara
amarrada.
— Do que está falando? - A garota fechou a porta.
— "Bella, querida, que tal sairmos com o pessoal da escola no
sábado para matar as saudades?"— O ruivo leu a mensagem do ex-
colega de classe com ar de ironia.
— Quem te deu autorização para ler meus torpedos, Thomas? -
Furiosa, Bella fechou a cara e levou as mãos a cintura.
— Eu não preciso de autorização pra mexer no teu celular, você é
minha mulher. - Ele deu de ombros.
— Sou sua esposa, não sua propriedade. Tenho direito a
privacidade, sabia?
— Privacidade pra falar com o Mike? - A provocou.
— Ah, vá se ferrar. - Ela revirou os olhos — Ele só está me
convidando para um encontro com toda a galera da escola, faz o
maior tempão que não nos vemos.
— Se é um encontro com toda a galera, por quê ele não me
chamou? Não recebi nenhum torpedo no meu celular.
— Por quê? Já se esqueceu que você quase bateu no Mike diversas
vezes na época da escola? Que eu não podia sequer conversar com
ele que você já partia para a ignorância?
— Fazia isso porque ele dava em cima de você. - Se justificou.
— Dava nada. Nenhum homem pode se aproximar de mim que você
já deduz que está dando em cima.
— Claro, pois nenhum homem deveria se aproximar de você. - O
ruivo jogou o celular na cama e se aproximou dela — Você é minha,
só minha. - A prensou contra a parede e começou a beija-la, mas a
morena o empurrou.
— Para, detesto quando você é possessivo assim. Pare com esse
ciúme Thomas, você quase matou aquele cara no Brasil por causa
disso, se não fosse o Charles intervir dando dinheiro para que
aquele cara não te denunciasse por agressão ou até por tentativa de
homicídio, você tinha ferrado com a nossa vida.
— Ei, nós não tínhamos jurado não tocar mais neste assunto?
Lembra da nossa promessa? O que aconteceu no Brasil ficou por
lá.
— Sim, mas acho bom te lembrar de vez em quando pra você ver
até onde esse ciúme é capaz de te levar. Nós estávamos tão felizes
naquela noite no Rio de Janeiro, nossa segunda lua de mel. Você se
ausentou por alguns minutos para buscar uma bebida e quando
voltou, um rapaz estava conversando comigo. Você estava um
pouco bêbado, confundiu as coisas e acabou batendo nele, mas no
meio da briga, o rapaz bateu a cabeça e desmaiou. Socorremos o
rapaz, ligamos para seu pai e se ele não tivesse ido contornar tudo,
você poderia estar preso há essa hora. As vezes, esse amor que
você diz sentir por mim me dá medo. - Desabafou.
— Medo? - O rapaz a olhou confuso — Sou capaz de qualquer
coisa para defender nossa família e as pessoas que amo, sem
moralidade. Sou protetor sim, ciumento e sei que as vezes passo do
ponto, mas esse é o meu jeito de amar, lamento se você não me
compreende. - Baixou a cabeça triste — Sei que foi errado mexer no
teu celular, mas não engoli a história de que você adiantou nossa
volta só por saudades do Benjamin. Você estava tão estranha
naquela noite que pensei que tivesse acontecido algo grave. - Ela
desviou o olhar — Por acaso aconteceu? Está me escondendo algo
sobre aquela noite, Isabella?
— Não, não estou. - Negou novamente.
— Então repita isso olhando nos meus olhos. - Ergueu o queixo dela
para que o olhasse nos olhos.
— Está certo. - Ela o olhou e engoliu em seco, procurando forças
para mentir — Não aconteceu nada naquela noite, Thomas. Nada.
— Acredito em você. - Ele afirmou sorrindo e mostrando um
semblante mais tranquilo.
— Acredita? - O olhou surpresa.
— Claro, você não mentiria olhando nos meus olhos.
— É... Não mesmo. - Concordou ficando de costas pra ele e se
sentindo a pior pessoa do mundo por tê-lo enganado.
— Hum... - Ele a agarrou por trás e deu dois beijos em seu pescoço
— Agora o que não acredito é nesse safado do Mike, ele deve ter
marcado esse encontro com a galera do colégio só pra dar em cima
de você sim. - Ela lhe deu uma cotovelada — Ok, parei. Faça as
pazes comigo? - Beijou o ombro dela.
— Só se você prometer nunca mais mexer no meu celular.
— Então eu prometo, juro nunca mais invadir sua privacidade dessa
maneira imbecil, certo?
— Certo. - Concordou lhe dando um beijo carinhoso no amado.
[...]
Março de 2005.

Thomas já estava praticamente formado e trabalhando na empresa


da família como um dos principais diretores. Charles estava muito
orgulhoso do filho, pois sempre imaginou que um dia trabalhariam
lado a lado e ele seria seu sucessor. Enquanto o ruivo estava em
uma reunião de negócios com seu pai em um restaurante italiano,
Isabella estava preparando uma bela surpresa à ele.
A morena ainda estava abalada por causa do que aconteceu com
James na Grécia e estava o evitando o máximo que podia. O
próprio James estava com medo de se ferrar e por isso quase não ia
a mansão dos Cooper, se limitando a falar com o amigo na
faculdade, na empresa e por mensagens de celular.
Melissa estava com sete meses de gravidez e não tinha revelado a
ninguém a paternidade de seu filho, que seria um menino.
Aiden continuava namorando James, que pelas costas dela, ficava
com outras garotas nas baladas. Mas a loira era cega de paixão por
ele e sequer desconfiava de suas escapadinhas.
Voltando a Bella, a morena estava na sala do marido terminando de
preparar a surpresinha dele com a ajuda de Ângela, uma das
secretárias da empresa. Feliz e ansiosa, seu coração estava um
tanto quanto disparado querendo a todo custo dividir a emoção que
sentia com o amor de sua vida.
Quando Thomas abriu a porta de sua sala e foi até sua mesa se
deparando com dois sapatinhos de bebê da cor rosa, imediatamente
soube do que se tratava e antes que pudesse balbuciar algo, seus
olhos já estavam cheios de lágrimas.
— Eu vou ser pai outra vez? - Perguntou com um lindo sorriso no
rosto assim que viu sua mulher.
— Sim e ao que tudo indica teremos uma menininha desta vez. -
Bella respondeu indo até ele que a pegou no colo.
— Isabella Cooper, eu te amo tanto! - Deu um beijo nela a
rodopiando no ar — Amo tanto ser pai. É a melhor coisa do mundo!
- A pôs no chão, acariciando seu rosto e lhe enchendo de beijinhos.
— É tão bom te ver feliz, amor! - Ela disse deslizando as mãos pelo
rosto dele.
Thomas estava cada vez mais lindo.
Fazia academia três vezes por semana e estava ficando cada vez
mais musculoso e com um abdômen tanquinho de cair o queixo. A
barba por fazer estava lhe dando um ar mais sério e sexy, assim
como suas novas vestimentas que eram cada vez mais compostas
por ternos e gravatas bem alinhadas. A cor de seus olhos estava
mais intensa e seu sorriso, cada vez mais iluminado.
Era a felicidade.
Felicidade que daqui há poucos anos, seria completamente
arrancada de sua vida.
Capítulo 14 – Natalie

Setembro de 2005.

Depois de Alex, filho de Melissa chegar ao mundo em junho, no


outono foi a vez de Pérola nascer. Diferentemente do nascimento de
Benjamin, Bella teve alguns problemas durante a gravidez de sua
segunda filha pois passou a sofrer de pressão alta. E foi por esse
motivo que teve que optar por fazer uma cesariana ao invés de
parto normal.
Thomas, mais uma vez, esteve ao seu lado segurando sua mão
durante todo o procedimento. Bella recebeu uma anestesia parcial e
estava acordada durante quase todo o tempo. Quando o choro de
Pérola foi ouvido, lágrimas de alegria e felicidade se misturaram
entre eles.
— Obrigado por me dar uma filha linda e saudável. - Thomas
agradeceu dando um beijo carinhoso na amada que sentiu a filha
em seus braços por apenas alguns momentos pois exausta, logo
acabou adormecendo.
[...]
No dia seguinte, como da outra vez, o casal recebeu a visitas de
amigos e parentes, mas naquele momento apenas Benjamin,
Thomas, Bella e Pérola estavam no quarto vivendo seus primeiros
momentos com a nova integrante da família.
— Papá, o vovô disse que minha imãzinha tem carinha de joelho. -
Benjamin comentou se referindo a Bruce.
— Dizem por aí que todos os bebês nascem com cara de joelho
filho, mas se isso é verdade esse joelhinho aqui é o mais lindo do
mundo. - Bella brincou dando um beijinho na testa de sua filha que
estava em seus braços enrolada por uma manta lilás.
Pérola puxou os olhos verdes do pai e os cabelos escuros da mãe.
— E você também já foi um joelhinho, meu filho. - Thomas apertou
as bochechas do garotinho, que deu uma risada gostosa.
— Vou poder brincar de bola com ela mamã? - A criança perguntou
apertando os pezinhos de Pérola.
— De bola, de boneca, do que você quiser meu amorzinho. Amo
tanto vocês, me sinto a mulher mais completa desse mundo agora. -
Declarou-se para a família e todos sorriram felizes.
[...]
— Então vocês querem que eu seja a madrinha dela? - Natalie
perguntou emocionada com Pérola em seus braços. Depois do
treino de Brandon, ele e a namorada foram visitar seu irmão mais
novo e a cunhada no hospital.
— Exatamente. Se algo acontecer comigo ou com Thomas, são
vocês quem estarão incumbidos de fazer essa mocinha chegar em
Harvard. - Bella brincou sorrindo.
— Pois pode deixar que vamos cuidar muito bem dessa menininha,
né gatinho? - A loira sorriu olhando para o namorado — Prometo ser
a madrinha mais presente desse mundo. - Falou beijando o topo da
cabeça da criança.
— E vamos mima-la pra caramba, vou encher minha afilhada de
presentes e no futuro, tenho certeza que ela será a capitã do time
de beisebol da escola. - Brandon começou a fazer planos para a
menina.
— Acho que acertamos mais uma vez nos padrinhos, não? - Bella
riu dando um cutucão no Cooper que sorriu de volta.
[...]
Dias depois...

— Família, eu e Andrew temos uma grande novidade. - Emma


reuniu toda a família na sala de estar da mansão para ter uma
conversa importante.
— Sim, mas fiquem tranquilos porque é coisa boa. - Andrew avisou
vendo que Esmeralda suspirou aliviada, pois temia que fosse algo
grave.
— Nem precisam falar, só pelo brilho no olhar de vocês dois já dá
pra saber que estão noivos. - Elizabeth deduziu batendo palmas.
— É sério? Teremos outro casamento na família? - Charles
perguntou boquiaberto — Não acredito que minha caçulinha vai
casar! - Fez bico.
— Iremos sim papai e eu e o Andy queremos sua benção e da
mamãe. - A morena segurou a mão do loiro — Além da vovó, é
claro.
— Pois não me oponho, vocês fazem um casal lindo e tenho certeza
que serão muito felizes. - Vovó Beth elogiou sorrindo.
— Muito menos nós, não é mesmo querido? - Esme afirmou
olhando para Charles — Querido?!
— Desde que o Andrew faça da minha filhinha a mulher mais feliz
do mundo, também não me oponho. - Charles respondeu com a
cara meio amarrada.
— Pois ela vai ter que competir este título comigo sogro. - Bella
falou dando um selinho no amado que sorriu para ela.
— Então vai ser uma competição bem acirrada pois vai ter que
disputar comigo também. - Esme concordou pondo o braço no sofá
ao redor do marido e todos gargalharam.
~*~
— James ficou chateado porque não o escolhemos como padrinho.
Prometi que quando tivermos nosso terceiro filho, ele será o
padrinho. - Thomas comentou tirando sua camisa já no quarto.
— Isso nunca - Bella fechou a cara imediatamente. - Nunca vou
deixar que ele seja padrinho de um filho meu!
— Não acredito que depois de tanto tempo você continua com essa
implicância boba. - O ruivo revirou os olhos — Por quê não gosta
dele? Por acaso James te fez algo? - Perguntou fazendo-a engolir
em seco. - Anda Bella, responde!! - Insistiu batendo o pé.
~*~
— Visão de mim chorando? Emma, você está piradinha. - Natalie
murmurou dando risada — Faz um bom tempo que não choro.
A herdeira dos Cooper estava no apartamento de Andrew no quarto
da cunhada, que estava se arrumando para ir há uma balada.
Natalie estava bem maquiada, com os olhos bem delineados e um
vestido curto verde que contrastava muito bem com seus exóticos
olhos acinzentados.
— Estou falando sério, quando acordei hoje cedo essa foi a primeira
coisa que vi. - A jovem contou nervosa — Estou com um mau
pressentimento. Não é frescura, será que não entende?!
— Entendo que você deveria ir ao psicólogo fazer uma consulta,
sabia? Sua mente anda vendo umas coisas muito loucas. Na real,
se você realmente conseguisse prever alguma coisa, teria visto
quando o Charles foi atropelado anos atrás, por exemplo. - Passou
um batom vermelho por sua boca carnuda.
— Eu não controlo minhas visões, Naty. Se controlasse poderia ter
evitado a morte do meu avô e tio. - Emma baixou a cabeça triste e
uma lágrima escorreu de seus olhos.
— Ei, não fique assim. - Natalie foi até ela lhe consolar — Você sabe
que sou cética para essas coisas, mas se te deixa mais calma vou
tomar cuidado, ok? E outra, vou com Brandon, ele vai cuidar de
mim. - Deu um beijo na bochecha dela quando ouviu algumas
buzinas — Opa, seu irmão chegou. Beijo cunhadinha e aproveite a
casa vazia pra usar e abusar do meu irmão. - Brincou arrancando
uma gargalhada de Emma que já não estava mais triste, apenas um
pouco apreensiva pela amiga.
~*~
— Não exatamente, mas ele me incomoda muito Thomas. - Bella
respondeu indo até o banheiro se olhar no espelho.
— Bella, será que você poderia ao menos fazer um esforço? - Pediu
indo até o banheiro e ficando atrás dela — Conheça um pouco mais
o James, vai perceber logo que ele é do bem. Somos amigos desde
a infância, poxa. - Pôs as mãos sobre o ombro dela lhe
massageando.
— E se ele não fosse o que você pensa? E se você descobrir que
na verdade, ele é um verdadeiro canalha? - Questionou séria,
olhando para ele através do espelho.
— Duvido que isso vá acontecer algum dia, mas se acontecesse
não sei o que seria capaz de fazer. - Respondeu levando sua boca
até o pescoço dela e lhe depositando um beijo.
~*~
[...]
A festa rolava em uma boate chique e badalada da zona sul de
Nova York. Brandon e Natalie dançavam e se divertiam juntos, mas
a segunda estava abusando um pouco demais da bebida e em certo
momento, Brandon percebeu e começou a se incomodar com isso.
— Como é bom ficar aqui! - A loira sorriu dando mais um beijo no
namorado — Essa música me faz ter cada vez mais vontade de
dançar. - E começou a dançar ao redor do moreno, rebolando seus
quadris e se esfregando nele.
— Gatinha, melhor irmos embora, já são quatro da manhã. - Sugeriu
indo até o balcão — A conta, por favor. - Pediu para o barman.
— Não quero ir embora, quero dançar até o amanhecer! - A loira
negou seguindo ele e tomando mais um gole de vodca.
— Mas vamos embora agora. - Pagou a conta e segurou o braço
dela.
— Vá você, eu quero ficar.
— Naty! - Ficou sério — Vamos logo, está tarde.
— Pra mim está cedo e já disse, vou ficar! - A jovem retrucou se
desvencilhando dele — Se quiser ir embora, fique a vontade. - E foi
até a pista voltando a dançar.
— Argh! - Brandon grunhiu, dando as costas para ela e indo
embora.
[...]
Natalie dançou por mais uma hora até que se cansou e resolveu ir
embora. Bêbada, saiu da casa noturna tonta e caminhou até o ponto
de táxi. A rua estava deserta, mas ela estava alcoolizada demais
para se preocupar com isso. Só se deu conta que tinha algo errado
quando um homem segurou seu braço com força e a arrastou para
um beco escuro.
— Me solta! - Empurrou o homem, mas ele era muito mais forte que
ela.
— A gatinha estava rebolando pra mim na boate e agora não me
quer?! - Perguntou a prensando contra a parede.
Natalie sentiu nojo ao sentir o hálito fétido dele em seu rosto, mais
ainda quando ele afundou a cabeça em seu pescoço e começou a
morde-la.
— ME SOLTA! SOCORRO! - Gritou quando ele rasgou sua roupa e
mais ainda quando lhe deu um tapa na cara que a fez cair no chão.
— Cala a boca vadiazinha. - Mandou desabotoando os botões de
sua calça.
Naty tremia dos pés a cabeça. Apesar de bêbada, tinha plena
consciência do que estava acontecendo, o que lhe faltava era força
para se defender.
Brandon, onde estaria? Onde estaria seu namorado que a deixou
sozinha no meio da madrugada? Será que ele a salvaria? Não, não
iria porque aquele homem asqueroso já estava em cima dela,
puxando seus cabelos e tentando beija-la, mas ela jamais deixaria
que ele conseguisse aquilo então, mordeu o lábio dele que gemeu
de dor.
— SOCORRO! - Conseguiu gritar, mas ele calou sua boca com uma
mão e com a outra, tirou uma navalha de seu bolso.
— Fica quietinha. Se for uma boa menina, prometo que sairá viva
disso tudo, mas se gritar de novo vou te cortar todinha com isso
aqui. - A ameaçou e com medo, ela se calou.
— SOLTE ELA AGORA. - Uma voz ordenou. Por um momento,
Natalie pensou que fosse Brandon, mas na verdade era outra
pessoa — Se você não solta-la agora, vou estourar sua cabeça. -
Ao virar-se, o algoz da garota viu que o homem em si estava
armado e pela vestimenta, parecia ser policial.
— O homem então ficou em pé e virou-se para o policial, enquanto
a vítima chorava amargamente. De repente, o policial foi empurrado
pelo bandido, fazendo a arma cair no chão e então, o homem saiu
correndo.
O policial pensou em ir atrás do meliante, mas...
— Por fa...vor, não me deixe sozinha. - Foi a única coisa que a loira
conseguiu dizer.
— Calma moça, vai ficar tudo bem. - O homem colocou a arma de
volta na cintura e foi até ela e se agachou — Natalie? - Perguntou
surpreso ao reconhecê-la.
— Bruce? - O abraçou com força — Ele ia... Ele tentou...
— Calma, vai ficar tudo bem. - A puxou para seu peito, acariciando
seus cabelos desgrenhados — Vou te tirar daqui, venha. - Ajudou-a
a levantar-se — Olha, vou ligar para seu irmão, ok? - Avisou
caminhando lado a lado com a jovem para fora do beco.
— Não, meu irmão não, muito menos o Brandon. Chame a Bella ou
a Emma, por favor. - Pediu chorando cada vez mais.
[...]
Bruce levou a menina até o hospital e enquanto ela era atendida,
ligou para a filha e avisou o ocorrido. Assustada, Isabella se
levantou com cuidado para não acordar o marido, se vestiu e deixou
um bilhete para ele em cima do criado-mudo.
Passou no quarto de seus filhos e deu um beijo em cada um deles
que dormiam tranquilamente e foi ao quarto de Emma. A garota
quase surtou quando Bella lhe contou o que houve, mas se arrumou
rapidamente e ambas saíram de casa, pegaram um táxi e foram
para o pronto-socorro da cidade.
[...]
— Foi horrível! Ainda consigo ouvir a voz daquele desgraçado
dizendo aquelas coisas nojentas no meu ouvido e ainda sinto
aquelas mãos sujas em mim. - Natalie desabafou abraçando Bella
com força — Se o Bruce não tivesse chegado, não sei o que seria
de mim...
— Brandon não tinha nada que ter te deixado sozinha lá, que droga.
- Emma resmungou passando a mão sob o braço arranhado da
cunhada.
— A culpa é toda minha! Você tinha me dito da sua visão e eu idiota,
não acreditei. - Soluçou, sentindo uma dor inexplicável dentro de
seu peito — Nunca vou conseguir ficar com outro homem, nem
mesmo com Brandon.
— Naty, vocês vão conversar e ele vai entender seu trauma e te dar
o tempo que você precisa. Tenho certeza que com nosso apoio você
vai melhorar logo. - Bella disse acariciando o rosto dela.
— Não, ele não pode saber. - Se ajeitou na cama do hospital
secando suas lágrimas com os dedos — Não ia suportar a
vergonha. Meninas, preciso que vocês duas me prometam uma
coisa. - As duas se entreolharam.
— Que coisa? - Bella perguntou preocupada.
— Não quero que contem a ninguém sobre o que me aconteceu
esta noite, ninguém pode saber o que aconteceu comigo, muito
menos meu irmão e o Brandon. Por favor meninas, respeitem minha
decisão e façam um juramento. Em nome da nossa amizade, jurem
que não vão dizer nada para nenhum deles.
— Está bem, eu juro. - Emma concordou olhando para Isabella.
— Obrigada Emma. E você Bella, também vai jurar?
— Não acho certo o que você quer fazer, mas sei o que é ter
vergonha e medo. - Baixou a cabeça lembrando-se do que
aconteceu com James — Então, também juro que pela minha boca
ninguém vai saber do que aconteceu com você esta noite, Natalie.
Capítulo 15 – Convite

New York, 2007.

O tempo passou e as coisas mais uma vez, mudaram.


Emma e Andrew se casaram em uma linda cerimônia na mesma
catedral que Bella e Thomas se uniram e agora, estavam morando
juntos no apartamento dele que foi todo reformado e decorado a
gosto da caçula dos Cooper. Além do mais, tinham acabado de abrir
um elegante restaurante francês juntos.
Natalie nunca mais foi a mesma desde que fora atacada. Todos
notaram a mudança repentina no comportamento da jovem, mas
suas amigas cumpriram o juramento e nunca contaram a ninguém o
que houve com ela, que cada vez mais se distanciada de Brandon.
O jogador, que não entendia porque a namorada estava lhe evitando
e atarefado por seus compromissos profissionais, ficou feliz quando
ela marcou de encontra-lo na lanchonete favorita dele, mas quando
a loira começou a conversar, percebeu que tinha algo muito errado
acontecendo.
— Está terminando comigo? Por quê Naty, o que fiz? Onde errei? -
O moreno perguntou confuso, não querendo terminar com a loira de
jeito nenhum.
— Eu mudei, Brandon - Natalie colocou uma mecha de cabelo atrás
da orelha e desviou o olhar — Não gosto mais de você como antes
e por isso, acho melhor cada um ir para seu lado.
— Você não me ama mais? - Indagou cabisbaixo, não suportando
aquela afirmativa.
— Não. - Mentiu passando a mão em uma lágrima que insistia em
cair de seu olho — Sem contar que estou com novos planos para
minha vida. Vou entrar para a academia de polícia e não vou ter
tempo para você, nem para a nossa relação, lamento muito.
— Então está certo, se é assim que você quer, desejo que seja
muito feliz, Natalie! - Com raiva pelas palavras frias dela, Brandon
se levantou da cadeira e foi embora.
Quando viu que ele já estava longe o suficiente, a jovem começou a
chorar copiosamente, magoada por ter terminado com o amor de
sua vida.
~*~
[...]
— Família, tenho um convite para fazer a todos vocês. - Charles
avisou durante um almoço de domingo dos Cooper.
— Que convite filho? - Beth perguntou curiosa tomando uma taça de
vinho tinto, sua bebida predileta.
— Como sabem, gosto de comprar empreendimentos quase falidos
para reformula-los e fazê-los ressurgir das cinzas. É um desafio que
me instiga muito. Fiz isso com a empresa de Billy e recentemente
adquiri um hotel em Chicago que está passando por uma grandiosa
reforma que fará com que em breve, se torne um dos hotéis de luxo
mais famosos e mais visitados por turistas nos Estados Unidos. É
um hotel completo com piscina, cassino, pista de esportes, grandes
salões de festa. Como já faz anos que não tiramos férias juntos,
achei que seria interessante que viajássemos e passássemos as
férias por lá, o que acham?
— É uma ideia ótima, pai. E aproveitamos essa viagem para
comemorar minha formatura, como Esme queria e acabou não
dando no fim do ano passado. - Thomas falou recebendo um beijo
da mãe em sua bochecha levemente corada.
— Sim e também é um modo de unir ainda mais nossas famílias,
pois também quero convidar os White e os Campbell. - Charles
comentou e Esme, Bella e Beth murcharam, já que nunca gostaram
de nenhum membro dos Campbell. - Já conversei com Bruce e
infelizmente, ele não poderá ir. Mesmo assim, tenho a impressão de
que essa viagem será a melhor de todas! - Exclamou todo animado.
— Não sei se irei, ainda estou muito chateado pelo fim do meu
namoro com a Naty. - Brandon comentou triste.
— Por isso mesmo, filho. Essa viagem vai ser boa para te animar
também. - O patriarca dos Cooper disse pondo a mão no ombro do
filho mais velho, que esboçou um sorriso triste.
~*~
— Não quero viajar, quero ficar com as crianças. - Bella
avisou entrando em seu quarto — Você sabe o quanto sou apegada
aos nossos filhos e Pérola está muito pequena para ficar longe de
mim.
— Eu sei minha pequena, mas será só por alguns dias, acho que
uma semana no máximo. Vai passar rápido e seus pais e minha vó
ficarão cuidando deles o tempo todo. - Thomas argumentou
puxando-a para si e colando seu corpo no dela — Vai ser bom pra
termos um tempo só nosso e também, pra você conhecer Chicago.
Lembra que prometi que ao meu lado você conheceria o mundo
inteiro? Tudo bem que Chicago é aqui do lado, mas é mais uma
linda cidade para conhecermos juntos.
— Está cumprindo sua promessa muito bem pois amo viajar com
você e conhecer novos países e culturas. - Bella sorriu deslizando a
mão pelo peito sarado dele — Mas de todas as nossas viagens,
minhas favoritas foram de longe a que fomos a Holanda e aquela
romântica ao Brasil que foi nossa segunda lua de mel, já que a
primeira foi interrompida pelo acidente do teu pai.
— E posso saber por quê gostou mais dessas duas? - O ruivo
arqueou a sobrancelha curioso.
— A primeira porque apesar de ter sido bem curta, estávamos
sozinhos e a segunda, apesar dos pesares, fui muito feliz. Você
estava todo romântico e fizemos amor pra caramba no mar, naquela
cachoeira, no chão daquela pousada. Resumindo, você estava
muito sexy e gostoso.
— Estava? Não me acha mais gostoso? - Fez biquinho.
— Amor, você é como vinho, só melhora com o tempo. - Arranhou
levemente as costas dele e lhe beijou — Mas voltando ao assunto,
não acho que essa viagem vai dar certo.
— Por quê não daria certo? Só porque é uma viagem em família?
Pensei que também gostasse das nossas viagens em família
também.
— Se fosse só com sua família adoraria, mas sempre tem que
chamar os Campbell e você sabe que não simpatizo com nenhum
deles.
— Mesmo sabendo que Billy é praticamente meu tio e James, meu
melhor amigo. - Thomas se afastou da mulher, ficando bravo —
Sinceramente, vou ficar muito triste se você não for. Não só eu
como todos os outros. Espero que repense e tome a decisão certa,
baby. - Aconselhou-a fazendo-a suspirar frustrada —Ah, tenho uma
surpresa para você. - Foi até a cômoda, abriu uma gaveta, pegou
um envelope e o entregou à esposa.
— O que é isso? - Bella perguntou se sentando na cama e cruzando
as pernas.
— Abra e saberá. - Ele sorriu vendo-a abrir o envelope e dele, tirar
uns documentos.
— Amor, não entendi quase nada. Isto são ações? - Perguntou
franzindo a testa enquanto lia os papéis.
— Sim, são algumas ações da empresa da família que estavam em
meu nome e agora, estão no seu.
— Por quê isso? - A morena indagou confusa.
— Não sou tão ingênuo quanto alguns pensam. Em breve vou
assumir a vice-presidência na empresa, um cargo de prestígio,
responsabilidade e que gera muita cobiça, sei que muitos queriam
estar no meu lugar, que tem inveja do CEO que estou me tornando.
Enfim, essas ações são para você se proteger, para que caso algum
dia eu falte, você fique em segurança. - Sentou-se ao lado dela.
— Obrigada Tom, mas você nunca vai me faltar. - Pegou a mão dele
e a beijou — Você sabe que não viveria sem você.
— Eu também não viveria sem você, minha pequena. - Falou dando
um beijo carinhoso na testa dela que fechou os olhos e deu um
sorriso breve.
~*~
— Filho, como está? - Esme perguntou entrando no quarto de
Brandon, que era amarelo e todo decorado com os troféus e
medalhas que o grandão ganhou jogando no time da cidade — Quer
colo de mãe, não quer?
— Quero sim. - O moreno confirmou assoando o nariz — Nunca
pensei que sofreria tanto. - Ajeitou-se na cama — Naty e eu
estávamos juntos há tanto tempo, era louco por ela, ainda sou. Mas
de um ano pra cá ela mudou da água para o vinho. Antes era
baladeira, mas me amava e agora abandonou a vida de festas, mas
não me ama mais e me deu um pé na bunda. Dói tanto... - Voltou a
chorar.
— Oh filho. - Esme sentou-se ao lado dele e pôs um travesseiro em
seu colo para que o jovem colocasse a cabeça e ela pudesse
acarinha-lo — Realmente tenho notado que ela está diferente, mas
quando Naty te olhava eu via amor. Vejo até hoje. - Acariciou os
cabelos dele.
— Pois acho que a senhora precisa de óculos, pois ela disse na
minha cara que não me ama mais. Mas quer saber? Não vou ficar
sofrendo por quem não me quer, eu vou é dar a volta por cima e a
partir de hoje, sou eu quem vou curtir a vida como se não houvesse
amanhã. - Afirmou decidido.
~*~
Bella estava tocando piano na sala de estar dos Cooper para
Elizabeth. A senhorinha estava sentada em sua poltrona ouvindo
uma sonata de Beethoven, uma de suas favoritas.
— Bella, será que podemos conversar?
— Claro senhora. - Após terminar de tocar a canção, a morena foi
até a matriarca da família e sentou-se ao seu lado no sofá.
— Notei que você não ficou muito animada com a viagem a
Chicago.
— Pois é... Queria que a viagem fosse somente com os Cooper e os
White.
— Você é das minhas, também não gosta daquela família horrorosa!
— Não entendo como meu marido e seu filho não percebem que
aqueles três só estão interessados no dinheiro da família. - Bella
desabafou pois confiava muito na mulher.
— Charles sempre foi louco para ter um irmãozinho, desde
pequeno, mas eu e o avô dele decidimos não ter mais nenhum
herdeiro, deixando-o como filho único. O pai de Billy era muito
amigo do meu marido e aquele sim era um homem de bem,
honesto, de caráter. Com o tempo, meu filho foi ficando cada vez
mais próximo daquele invejoso e depois que o pai dele morreu, o
trouxemos para cá e eles cresceram como verdadeiros irmãos.
Brigavam de vez em quando, mas na frente de Charles, Billy nunca
mostrou sua verdadeira face, nem pra mim aliás, mas sou uma
mulher vivida, sei reconhecer um mentiroso de longe. E acho que
tanto meu neto quanto meu filho só vão se dar conta disso quando
aquela família realmente for desmascarada.
— Sabe vovó, percebo a inveja que Billy tem do meu sogro e temo
por ele. Até hoje aquele acidente não foi bem explicado e
sinceramente, não duvido nada que tenha sido coisa deles ou do
próprio Barney, que é outro em quem não confio nada.
— Barney é um caso a parte. - Elizabeth desviou o olhar.
— Por quê seu filho o trata tão bem? Thomas disse que as ações
que ele possui na empresa foram dadas por ele, o que é um
presente e tanto.
— Existe um motivo muito forte para que meu filho tenha feito isso
mas este é um assunto do passado, daqueles que preferimos nunca
comentar.
— Entendo, desculpe se fui indiscreta. - A jovem engoliu em seco.
— Não foi, um dia você saberá tudo, tenho certeza. Mas na verdade
iniciei esta conversa porque gostaria de te alertar sobre algumas
coisas e te dar alguns conselhos.
— Pode falar vovó, sou toda ouvidos. - Falou atenta.
— Ser uma Cooper te trás muitas vantagens como o fato de ter
muito dinheiro e conforto, mas também te torna alvo de muita inveja.
Melissa, por exemplo, sempre sonhou em entrar para a família
influenciada pelo pai adotivo, assim como James. Mas com o seu
casamento e o de Emma, é provável que ela vá tentar algo com
meu neto mais velho.
— A senhora quer que eu fique de olho no Brandon, né?
— Sim, não só nele mas peço que fique atenta aos Campbell. Se
eles derem um passo em falso, poderemos nos beneficiar disso os
desmascarando para todos os outros que ainda não perceberam
que eles não prestam.
— Pode deixar, durante a viagem tentarei fazer algo vovó, prometo.
E lhe manterei informada sobre tudo. - Bella afirmou sorrindo — E
obrigada pelos conselhos. - Agradeceu beijando a bochecha dela
que sorriu de volta.
~*~
— Essa viagem caiu como uma luva para meus novos planos. - Billy
murmurou assim que terminou a ligação em que falava com
Charles.
— Como assim pai? - James perguntou confuso.
— Viajaremos para Chicago na semana que vem, filho. Iremos com
toda a família Cooper, como sempre. - Sentou-se em sua poltrona
— E é durante essa viagem que você vai conquistar a Emma.
— Conquistar a Emma? Do que o senhor está falando? - James se
levantou rapidamente do outro sofá com os olhos arregalados.
— Você vai ter que conquistar aquela garota e com isso, provocar a
separação dela e Andrew. Se casando com a Emma, você herdará a
empresa em um futuro não muito distante. - Raciocinou.
— Mas Emma nem liga para os negócios do pai dela!
— Por isso mesmo! É o marido dela quem cuidará dos negócios em
seu lugar. - Deduziu.
— Pai, o senhor está esquecendo de um pequeno grande detalhe.
Esqueceu que Emma não é a única herdeira dos Cooper? Que
também temos Thomas e Brandon no páreo?
— Não esqueci disso em momento algum. Foca na Emma, o resto
deixe por minha conta. - Avisou misterioso.
— O que quer dizer com isso? Não me diga que pretende matar os
dois?!
— Não te interessa, James. Ao invés de me encher com perguntas
desnecessárias deveria estar pensando em como vai conquistar
aquela menina chata, não? Por favor, pense apenas nisso, o resto
vou resolver de uma forma que seja interessante para todos nós.
— Está certo pai. - O jovem concordou olhando para Aro bastante
desconfiado do que ele ainda seria capaz de fazer pelo poder.
~*~
Quando Bella entrou no quarto dos filhos com uma câmera
fotográfica, viu uma cena que classificou como fofa.
O marido estava sentado no chão e Benjamin ao lado dele
brincando com seu carrinho de brinquedo. Sentado na coxa direita
do rapaz estava Pérola, com um ursinho nas mãos e dando
gostosas gargalhadas ao receber cócegas de seu pai.
— Papá, vocês vão demorar muito pra voltar dessa viagem? - O
garotinho perguntou parando de brincar com o carrinho e fazendo
biquinho.
— Não filhote, vamos demorar uma semana, mas passa rapidinho. -
O ruivo respondeu bagunçando os cabelos lisos de Ben - Mas vocês
vão ficar com os vovôs e a bisavó.
— Quelo i juto. - Pérola balbuciou batendo o pezinho e Bella deu
risada achando engraçada a situação e só então os três notaram
sua presença por lá.
— Não vai dar meu amor, mas na próxima prometemos que vamos
levar vocês dois, combinado?
— Ta bom mamã! - Ben concordou sorrindo.
— Agora digam X! - Bella pediu começando a tirar diversas fotos de
sua linda família.
Ela não sabia, mas aquele momento seria um dos últimos que teria
ao lado de seus filhos e uma daquelas fotos, seria sua companheira
na cadeia por muitos e muitos anos.
Capítulo 16 – Nova Fase

Segunda fase.

Chicago, 2007.

Emma, Andrew, Melissa, Aiden, Billy, James, Barney, Brandon,


Thomas, Bella, Esme e Charles estavam no novo imóvel adquirido
pelo magnata. O hotel ainda estava em reforma, mesmo assim o
loiro levou toda a família e amigos para lá a fim de se divertirem com
mais privacidade do que se estivessem em qualquer outro hotel
daquela bela cidade.
— Que dia maravilhoso. - Bella comentou enquanto tomava sol de
biquíni em frente a piscina do hotel — E eu achava que seria um
saco viajar para cá, mas está tudo tão bom. Thomas está tão feliz,
se divertindo e o vendo assim me sinto tão bem. - Sorriu.
— Está tudo incrível mesmo. - Emma concordou sorrindo de volta e
se virando de barriga para cima para tomar sol na barriga, braços,
coxas e pernas — Mas tenho certeza que está com saudade das
crianças, não?
— Estou sim. - A jovem concordou ajeitando seu biquíni que era
amarelo e fio dental. - Mas sei que meus pais e a vovó Beth estão
cuidando muito bem deles, os mimando muito assim como você
faz.
— Não consigo não mimar meus sobrinhos. - Emma riu tirando seus
óculos escuros por um momento para coçar os olhos — Eles são
tão lindos e fofos. E sou perdidamente encantada por crianças,
aliás, não vejo a hora de ter meus próprios filhos.
— Você os terá, tenho certeza que será uma ótima mãe. - Bella
afirmou olhando para a piscina e dando uma olhada em Thomas
que estava nadando.
Ela adorava ver o amado se divertindo com seu cunhado Andrew e
o irmão, Brandon. Mas ao olhar para ela que abaixou os óculos e
piscou para ele, o ruivo riu e decidiu sair da piscina para namora-la
um pouquinho.
— Oi pequena. - Thomas disse a olhando com desejo e Bella ficou
em pé, indo até ele para beija-lo.
— Oi meu príncipe. - Deslizou a mão pelo peito molhado e sarado
do esposo — Estou tão feliz de estar aqui com você. - Envolveu as
mãos ao redor do pescoço dele.
— E eu? Tô feliz pra caramba por você estar aqui comigo. Não
disse que a viagem seria legal? - Apertou levemente a cintura dela e
colou seus corpos.
— Sim, tenho que acreditar mais em você. - Roçou seus lábios nos
dele.
— Quer ir para o quarto? Você está tão gostosa com esse biquíni,
que já estou com vontade de te foder. - Sussurrou afundando a
cabeça no pescoço da morena e lhe cobrindo de beijos e chupões.
— Hum... É uma ideia muito interessante. - Arranhou levemente as
costas dele — Mas que tal deixarmos pra depois do almoço?
Sabemos que depois que entrarmos no quarto não sairemos tão
cedo de lá e é um pecado se trancar no quarto há essa hora da
manhã com um sol lindo desses no meio do inverno, não? -
Sussurrou baixinho no ouvido do ruivo.
— Combinado. - Deu outro beijo nela.
— Okay, então vou ao toalete, daqui a pouco volto. - Avisou se
afastando dele, pegando um roupão e indo para dentro do hotel,
mas no corredor foi surpreendida por James.
— Isabella... - O moreno a mediu de cima a baixo e mordeu os
lábios — Estava te observando na piscina e esse biquíni ficou ótimo
em você.
— Vá para o inferno, James. - Bella revirou os olhos, ficando
estressada.
— Você viu que nunca mais mexi com você desde que aconteceu
aquele lance lá, né? - A lembrou se referindo ao que ocorreu na
viagem a Grécia.
— Claro, você ficou com medo que eu contasse ao Thomas sobre o
canalha que você é. - O encarou cruzando os braços.
— Mas quer saber? Não tenho mais tanto medo assim dos ciúmes
do seu marido e fala sério Bella, será que não tem a menor vontade
de ficar com outro homem ao menos pra saber como é? Sei que até
hoje você só transou com o Thomas. - Questionou se aproximando
dela.
— Não, pois ele me completa e jamais ficaria com outro cara, muito
menos com um imbecil como você! - Exclamou ríspida apontando o
dedo na cara dele.
Distraída, ela não percebeu que Melissa estava passando pelo
corredor e ao vê-los, se escondeu para que justamente eles não a
vissem
— Outra coisa, da próxima vez que me falar absurdos como os de
hoje, vou contar tudo ao meu marido e aí sim, vamos ver se você
tem ou não medo dele.
— Está me ameaçando Isabella?
— Entenda como quiser. - A jovem deu de ombros e passou por
ele indo até o banheiro e se trancando por lá.
— Merda. - James resmungou fechando os punhos quando Melissa
saiu de seu esconderijo batendo palmas — Que foi garota?!
— É impressão minha ou você e a Bella tem alguma coisa muito
estranha juntos? - Questionou sorrindo — Será que a Aiden sabe
disso? - O provocou.
— Se temos ou não, tenha certeza que não é da sua conta. E o que
a Aiden pensa ou não, não me interessa nem um pouco. - Deu de
ombros indo para fora do hotel.
— Isso é o que você pensa, irmãozinho. - A ruiva ironizou sozinha
— Ainda vou ferrar com você, ah se vou.
~*~
— Que pena que Natalie não veio. Ainda tinha esperanças que
pudéssemos reatar nessa viagem, como aconteceu da outra vez,
quando fomos a Grécia. - Brandon desabafou saindo da piscina e
indo vestir sua bermuda.
— Cara, você precisa seguir em frente. Se a Naty não te quer, tem
um monte de garotas por aí que com certeza querem. - Thomas o
aconselhou pulando na piscina novamente.
— Você faria isso? - O moreno perguntou se sentando na beira da
piscina e deixando seus pés na água.
— Como assim? - O ruivo parou de nadar e olhou para o irmão com
a sobrancelha arqueada.
— Se a Bella te desse um pé na bunda você seguiria em frente e
ficaria com outras mulheres? - O jogador indagou passando uma
toalha por seus cabelos para seca-los.
— Isso não vai acontecer. Mas se a Bella me largasse minha vida
não faria mais sentido. Sem ela, não sou nada meu irmão,
absolutamente nada. - Respondeu suspirando e voltando a nadar.
~*~
— Casar? Mas o James te pediu em casamento? - Esme perguntou
curiosa enquanto tomava um lanche no restaurante do hotel com
Aiden.
— Não, mas sinto que ele vai pedir em breve. - A loira respondeu
sorrindo — Estamos namorando há anos, me formei como
advogada e ele também já se formou. Não temos mais o que
esperar, não acha?
— Acho que talvez você esteja se precipitando. James sempre foi
digamos um tanto quanto mulherengo, desde a adolescência.
— Mas ele me conheceu e mudou. Agora é um rapaz bem mais
sossegado que antes e sou apaixonada e capaz de tudo para ser
feliz com ele, tia Esme. - A mulher afirmou sorrindo e tomando mais
um gole de seu delicioso suco de melancia.
~*~
— Bella, você demorou! Vim saber o por quê. - Emma disse
entrando no banheiro e encontrando a cunhada parada em frente ao
espelho.
— É que não estou me sentindo bem. - A morena mentiu apoiando
as mãos na pia.
— O que você tem? - Emma pôs a mão sob o ombro dela — Não
me diga que é mal estar de grávida? Vou ter outro sobrinho?
— Não. - Bella riu olhando para ela — Minhas regras vieram
semana passada e conversei com seu irmão, vamos esperar um
bom tempo para termos um terceiro filho. Agora quero me dedicar
aos estudos e... - Notou que de repente, Emma levou a mão ao
peito e quase caiu no chão — Ei, você está bem? - Perguntou
segurando a mão trêmula da cunhada.
— Tive outra visão. - A mulher de Andrew explicou se agachando no
chão, pois estava com as pernas bambas — Vi você algemada. -
Olhou para a garota assustada.
— Que? - A jovem sorriu — E por quê eu estava algemada?
— Não sei... - A morena coçou a cabeça confusa.
— Normalmente as pessoas são algemadas porque estão sendo
presas por cometer algum tipo de crime. Agora me diga... Que crime
eu poderia cometer? Já sei, roubar comida da geladeira da cozinha
do hotel! Faço isso quase todas as noites, mas até hoje ninguém
descobriu. - Acabou arrancando uma risada da garota — A não ser
que essas algemas tenham sido coisa do Thomas. De repente, ele
está preparando alguma surpresa bem quente para mim. - Mordeu o
lábio toda maliciosa.
— Não Bella, você não está entendendo. Eu vi você algemada sim,
mas não era por nenhuma brincadeira porque você estava
chorando. - Explicou fazendo a senhora Cooper ficar muito séria.
~*~
— O que disse James? Você assediou a Isabella? - Billy perguntou
furioso em uma conversa com o filho na suíte dele.
— Sim, isso tem anos já. - O moreno sorriu ao se lembrar da cena
— Vi os seios dela, foi tão bom. Que peitos! De tão excitado que
fiquei, até bati uma e...
— CALA ESSA BOCA JAMES! - O pegando pelo colarinho, Billy o
prensou contra a parede — Como teve coragem de fazer isso? Já
imaginou se a Isabella conta isso ao Thomas? Ele mataria você e o
Charles romperia relações comigo imediatamente acabando com
tudo que planejei durante todos esses anos. Se você fizer uma
besteira dessas de novo, acabo com você.
— Acabaria comigo? Espera... Está me ameaçando pai? - O vilão
indagou chocado.
Capítulo 17 – Ameaças

— Não, estou apenas te avisando por enquanto. - Billy se afastou


dele, o soltando. - Tome muito cuidado com o que faz a partir de
agora, James. Concentre-se em conquistar a Emma porque é dessa
maneira que vamos conseguir o que queremos.
— O que o senhor quer né? - O moreno ajeitou sua roupa
amassada e revirou os olhos — Porque esse sonho de ter a
empresa de volta é seu, não meu. - Deixou claro.
— Você diz isso porque ainda é jovem, mas quando chegar na
minha idade vai se dar conta de que dinheiro e poder são uma das
coisas mais importantes da vida de um homem, pode ter certeza
disso.
~*~
— É uma pena que você tenha colocado Jack em um colégio
interno, Barney. Ele poderia estar aqui brincando e se divertindo
com as crianças. - Charles comentou olhando para o outro lado da
piscina onde seus filhos se divertiam muito.
— Eles não são mais crianças, Charles. E prefiro que Jack continue
na Suíça, lá ele está protegido de tudo. - O homem explicou se
ajeitando em sua nova cadeira de rodas motorizada.
— Protegido do quê? Por acaso ele corre algum perigo? - O CEO
questionou passando protetor em sua perna.
— De nada, foi modo de falar. Ah, estive dando uma volta pelo hotel
e fiquei assustado com a quantidade de câmeras. Esse lugar está
parecendo aquele reality, o Big Brother. - Comparou fazendo o loiro
dar risada.
— Você sabe o quanto prezo a segurança, ainda mais depois que
sofri aquele atropelamento que até hoje desconfio que possa ter
sido um atentado. Enfim, a maioria das câmeras de segurança não
estão funcionando corretamente pois por conta da reforma do
prédio, estamos trocando o sistema de segurança atual por outro
muito mais moderno e eficaz. - O empresário contou se sentando na
cadeira para tomar banho de sol.
— Então quer dizer que nem todas aquelas câmeras estão
funcionando? Como posso saber quais estão? - Barney perguntou
tirando seus óculos escuros e olhando para o loiro que estava
colocando um boné na cabeça para proteger o rosto dos raios de
sol, dica de Esmeralda que sempre se preocupou muito com a
saúde do marido.
— Exatamente! As com luz vermelha estão funcionando, as que
estão sem luz alguma, não. - Explicou pondo o braço atrás da
cabeça e relaxando.
— Entendi... - Barney suspirou calando-se e ficando pensativo.
~*~
— Baby,, meu pai disse que se eu continuar trabalhando do jeito
que estou logo vou chegar presidência da empresa, que graças ao
nosso empenho já é uma das maiores do país. - Thomas comentou
saindo do banheiro coberto somente por uma toalha branca da
cintura para baixo.
— Mas é isso que realmente quer? Ser um homem de negócios? - A
morena perguntou colocando uma perna em cima da cama e
começando a passar hidratante na mesma para deixar sua pele
mais macia e cheirosa.
— Por quê está me perguntando isso? - O ruivo perguntou franzindo
o cenho e mantendo os olhos na bunda da mulher que por estar de
camisola, dava pra ver perfeitamente o contorno de seu belo corpo.
— Porque você só escolheu administração porque sabia que
Charles sempre quis que você o substituísse na empresa, mas já se
perguntou se é isso que realmente quer pra sua vida? - Indagou o
olhando de relance e em seguida, voltando a atenção à outra
perna.
— Sinceramente, nem sei mais. O que importa pra mim é ver as
pessoas que amo felizes e amo meu pai. Se ele quer que eu seja
um CEO como ele, é o que serei. - Respondeu tirando sua toalha e
jogando na cama.
— É uma atitude muito nobre da sua parte, sabia? - Sorriu, mas ao
olhar para a cama fechou a cara — Thomas Cooper, já
conversamos sobre essa palhaçada de deixar toalha molhada em
cima da cama todo dia, não? - Guardou o hidratante na cômoda e
colocou a mão na cintura.
— Só você mesmo pra se importar com uma mera toalha molhada
tendo um corpinho maravilhoso como o meu para se deliciar, né? -
Brincou e ao olhar para o marido e ver que ele estava
completamente nu, a morena mordeu os lábios.
— Quem disse que você tem um corpo maravilhoso? Prefiro os
atores de Hollywood. - O provocou sorrindo e vendo o rapaz vindo
em sua direção.
— Ah é? E por acaso esses caras aí ficam de pau duro pra você? -
A puxou pela cintura, colando o corpo dela ao seu para que sentisse
sua ereção.
— Claro que não. - Bella riu acariciando as costas largas dele que a
jogou na cama, ficando por cima dela.
— Ninguém nessa vida vai te amar mais do que eu, Isabella. -
Declarou-se acariciando delicadamente o rosto da amada, com o
dorso de sua mão direita.
— Ninguém vai te amar mais do que eu, Thomas Cooper. - O olhou
nos olhos e quando viu desejo neles, o beijou apaixonadamente.
Bella invadiu a boca do marido com sua língua atrevida, chupando
os lábios dele e descendo as mãos até o bumbum dele o apertando
levemente, arrancando um sorriso entre os beijos.
— Eu te amo. - O ruivo levou sua mão para debaixo da camisola
dela, apalpando seu seio esquerdo — Eu amo tanto fazer filhos com
você. O que acha de fazermos nosso terceiro bebê agora?
— Não tínhamos combinado que esperaríamos mais um pouco? -
Ela o lembrou mordendo sua orelha.
— Você quer mesmo esperar? - Perguntou esfregando seu membro
na coxa dela.
— Thomas, seu tarado, me faça sua agora. - Mandou e ele assim o
fez, abrindo as pernas da garota e lhe penetrando de uma vez só.
— Dessa vez vou te foder com força. - Avisou começando a se
movimentar.
— Como isso é bom... - A morena mordeu o ombro dele que
grunhiu, intensificando os movimentos — Mais rápido, Tom. - Pediu
arranhando as costas dele.
— Assim? - Thomas perguntou saindo de dentro dela, a virando de
costas e penetrando-a novamente por trás, com mais velocidade
ainda, enquanto levava as mãos ao clítoris dela e lhe acariciava.
— Não para... - Bella pediu rebolando no membro dele e o
enlouquecendo mais e mais.
Não demorou muito para que a jovem gozasse e depois de mais
algumas estocadas Thomas se liberou dentro dela, chegando ao
clímax também.
[...]
— Amor, acho que está na hora de arrumarmos uma namorada para
o senhor Jingles. - Isabella sugeriu acariciando o peito do namorado
e mantendo os olhos fechados, pois estava quase dormindo.
— Sim, o Ben disse isso semana passada pra mim. - O homem
sorriu fazendo carinho nos cabelos lisos e macios dela — Quando
voltarmos pra Nova York vou comprar uma hamster bem bonita para
o senhor Jingles. Viver sem amor deve ser muito chato, até mesmo
para os animais.
— Também acho Tom... - Ela concordou, sendo dominada
finalmente pelo sono.
~*~
— Mas que saco, Brandon! Joga direito! - Andrew reclamou durante
uma partida de vôlei na água com o cunhado.
— Desculpa, estou tentando me animar mas definitivamente, não
consigo. - O moreno desabafou indo para a borda da piscina e se
sentando, mantendo os pés na água fria. - Não paro de pensar na
Natalie.
— Minha irmã mudou tanto durante esse último ano. - Andrew
constatou jogando a bola na água e sentou-se lado a lado com o
atleta — Está mais calada, centrada e agora com essa loucura de
ser policial. Não sei mais o que fazer com ela. - Passou a mão por
seus cabelos — As vezes acho que alguma coisa aconteceu para
que ela ficasse assim.
— E o que poderia ser? - Brandon o olhou confuso.
— Não sei, mas vou tentar descobrir cara. - O chef de cozinha
prometeu pondo a mão sobre o ombro do ex-cunhado fortão.
~*~
Emma tinha acabado de tomar um relaxante banho na
hidromassagem e estava se preparando para tomar o lanche da
tarde com o marido e a mãe no restaurante do hotel, quando ouviu
algumas batidas na porta de seu quarto. Depois de colocar um
roupão e fazer um coque em seus cabelos pretos que agora eram
longos, foi até a porta e a abriu.
— James? - A irmã mais nova dos Cooper arqueou a sobrancelha,
curiosa com a presença do amigo de seu irmão ali.
— Podemos conversar? - O cafajeste pediu mordendo os lábios.
Sem saber o que fazer, a menina deu passagem para que ele
entrasse no local e fechou a porta.
— Aconteceu alguma coisa? - Perguntou preocupada esfregando
uma mão na outra.
— Sim. Aconteceu que não é de hoje que meus sentimentos por
você mudaram. - Mentiu se aproximando dela, que deu dois passos
para trás se assustando com o jeito ousado dele.
— Não estou entendendo James. O que há com você? - A chef
perguntou mas ele não respondeu com palavras e sim, com atos.
O vilão simplesmente segurou os braços de Emma e lhe beijou com
força. Imediatamente, a morena tentou se desvencilhar mas não
conseguiu pois ele manteve os lábios grudados aos dela, apertando
ainda mais seus braços.
Sem saber o que fazer, mas querendo afastar o rapaz a todo custo,
Emma deu uma joelhada no meio das pernas do herdeiro dos
Campbell e em seguida, mordeu seu lábio com toda a força que
tinha chegando a arrancar sangue dele.
— Ai... Sua louca! - James rosnou nervoso, empurrando-a e levando
a mão a boca sangrando.
— Nunca mais encoste em mim, seu sem vergonha! - A mulher de
Andrew exclamou dando um tapa na cara dele — Sai daqui, anda!
Vá embora e nunca mais volte!! - Gritou indo até a porta e batendo o
pé.
— Merda, fiz tudo errado mais uma vez. - James resmungou
frustrado ao sair da suíte dela.
~*~
— Está gostando de relaxar? Fazia tanto tempo que não viajávamos
juntos, querida. - Charles comentou de joelhos na cama atrás de
sua mulher, fazendo uma deliciosa massagem em seus ombros.
— Muito querido... - Esmeralda respondeu de olhos fechados
sentindo seus músculos relaxarem. - Estávamos precisando de um
tempo só nosso. Nos últimos anos estamos tão focados em cuidar
da felicidade dos nossos filhos que estamos esquecendo de nós
mesmos.
— Verdade querida! Prometo me dedicar a ti com mais afinco afinal,
você é o grande amor da minha vida. - Prometeu depositando um
beijo no pescoço dela quando de repente, notou que sua mulher
mudou totalmente de expressão parecendo assustada e se
afastando dele — O que houve? - A virou para si.
— Estou com um mau pressentimento. - Esme contou levando a
mão ao peito — Sentindo uma coisa estranha, um arrepio na
espinha, como se algo muito ruim fosse acontecer com nossa
família. - Explicou trêmula.
— Calma querida, isso não deve ser nada demais. - Acariciou o
rosto dela, tentando tranquiliza-la.
— Será? - Engoliu em seco — Na dúvida, vou ligar para sua mãe
para saber se nossos netos estão bem. - Estendeu a mão em
direção ao telefone, que estava sob o criado mudo.
— Se isso te acalmará, o faça. - Aconselhou-a.
~*~
— Por quê está dando em cima da Emma agora?! - Melissa
perguntou entrando a passos largos na suíte de James.
— Porque é o que meu pai quer. - O moreno respondeu virando-se
e ficando de barriga para cima na cama de casal.
— Nosso pai! - A ruiva o corrigiu — Sou mais filha dele do que você.
Aliás, querendo ou não pertenço a família já que temos um filho
juntos ou já se esqueceu que sou mãe do Alex, um legítimo
Campbell?
— Cala essa boca Melissa! - James se levantou rapidamente da
cama e foi até ela tapando a boca da ruiva com a mão — Ninguém
pode saber disso jamais. - Avisou sendo empurrado por ela.
— Já imaginou se essa história chegasse aos ouvidos da Aiden?
Pior ainda, se nosso pai ou a família Cooper soubessem? Será que
eles iriam continuar gostando de você e passando a mão na sua
cabeça? Eu duvido muito. - Ironizou dando risada e o provocando,
coisa que adorava fazer.
— Se isso chegar aos ouvidos de qualquer um deles, mato você e
ainda me livro dessa criança. - Ao ouvir a ameaça dele, Melissa o
esbofeteou.
— Se encostar um dedo no meu filho sou eu quem vou matar você,
James Campbell. Aliás, se um dia eu tiver a chance de me livrar de
você pode ter certeza que o farei sem dó nem piedade! - Devolveu a
ameaça possessa de raiva.
— Digo o mesmo de você, Melissa. - Foi em direção a porta e a
abriu — Agora saia do meu quarto, já tomei bofetadas demais por
hoje. - Ordenou e jovem foi embora indignada pelas atitudes do
homem por quem um dia, fora apaixonada.
~*~
— Não sei se vou poder ficar aqui até semana que vem pois tenho
um caso para resolver em Nova Orleans. - Aiden disse a Emma
entrando em seu quarto — Ainda não está pronta para o jantar? E
depois fala da Bella que demora pra se arrumar. - Zombou vendo
que a morena estava de roupão ainda sentada na cama cobrindo o
rosto com as mãos, pois estava com vergonha pelo ocorrido com
James — Andrew já está nos esperando no restaurante. Ei, está
tudo bem? - A loira se aproximou da amiga e sentou-se ao seu
lado.
— Não, não está. - Emma respondeu ainda de cabeça baixa —
Aconteceu uma coisa muito grave. - Olhou para a advogada que
notou os olhos inchados da jovem.
— O que aconteceu? - Aiden engoliu em seco — Por quê estava
chorando?
— Porque o seu namorado deu em cima de mim e me beijou, Aiden.
- Revelou e dolorosas lágrimas caíram dos olhos da doce advogada.
Capítulo 18 – Assassinato

[...]
No dia seguinte...

— Oi gatona! Por quê não veio dormir comigo como tínhamos


combinado ontem? - James perguntou ao se deparar com a
namorada na porta de sua suíte.
— Cafajeste! - Aiden deu um tapa no rosto dele e entrou no quarto,
com uma mala na mão direita que rapidamente foi colocada no
chão.
— Está virando moda agora? Todo mundo está me agredindo. - O
moreno resmungou levando as mãos a bochecha avermelhada pela
agressão — Por quê está me chamando de cafajeste, gata?
— Já sei que você beijou a Emma, minha melhor amiga! Você é um
canalha, um sem vergonha, James! - Empurrou o rapaz, dando
socos em seu peito — Mas foi melhor assim. - Tentou se acalmar,
secando as lágrimas do rosto com o dorso das mãos — Agora já sei
o cara podre que você é e posso seguir em frente com a minha vida.
Vou embora desse hotel ainda hoje e vou focar na minha carreira,
que é o que realmente importa para mim.
— Quer saber de uma coisa? Eu já estava de saco cheio do nosso
namoro mesmo. - Deu de ombros — Você é muito grudenta e
ciumenta, já estava cansado de ficar com você. E já que é pra lavar
roupa suja, saiba que nunca gostei de você, apesar de ser boa de
cama, a única coisa que senti por você nesses dois anos foi tesão e
mesmo assim não foi suficiente, já que te traí diversas vezes.
— Não sei como fui me apaixonar por um imbecil como você, estou
é com raiva de mim mesma, mas fique sabendo de uma coisa
James. - O encarou, olhando-o nos olhos e deixando que várias
lágrimas caíssem deles — Você vai se arrepender de tudo que fez
comigo. - Garantiu apontando o dedo na cara dele e em seguida,
pegando a mala e indo embora.
~*~
— James é um incompetente Barney. Mandei que ele conquistasse
a Emma, mas era para ser aos poucos. Só que o idiota a agarrou
ontem e óbvio que a menina deu um tapa na cara dele e o esnobou.
- Billy desabafou tomando café da manhã com seu melhor amigo.
— E agora? Já pensou se a Emma conta ao Andrew sobre o
assédio? Seria o fim para você. - Barney raciocinou.
— Exatamente, esse garoto não serve pra nada, não dá uma
dentro, só me dá desgosto! - Desabafou tomando uma xícara de
café — Mas as coisas vão mudar, meu amigo. Vou mudar de tática
a partir de hoje e juro que ainda vou conseguir tudo o que quero.
— A esperança é a última que morre, Billy. Vamos ver se da
próxima vez você, enfim, se dará bem!
~*~
— Princesa, está tudo bem? - Andrew perguntou se ajeitando na
cama logo depois de acordar — Ontem no jantar você estava tão
quieta e isso é muito, mas muito estranho já que você é uma
matraquinha linda.
— Sim Andy. - A morena afirmou se maquiando na penteadeira —
Estava muito cansada ontem, por isso estava calada.
— A quem está tentando enganar? - O loiro perguntou esfregando
os olhos, se levantando vestido apenas com uma bermuda verde e
indo até a esposa — Você está me escondendo alguma coisa.
Nunca tivemos segredos. Então, por favor, me diga o que está
acontecendo.
— Está certo. - Emma respirou fundo e virou-se para ele — Mas não
quero que fique nervoso, Andy. - Segurou as mãos dele.
— Pare de me enrolar, está me deixando preocupado.
— Ontem James veio até aqui, se declarou pra mim e me beijou a
força.
— COMO É QUE É? FILHO DA MÃE, VOU MATAR ESSE
DESGRAÇADO! - Andrew se afastou dela e deu um soco na
parede.
— Fique calmo, por favor. - Ela pediu assustada com o jeito raivoso
dele.
— Só vou ficar calmo quando quebrar a cara do James. - White
avisou fechando os punhos e dando outro soco na parede —Nunca
fui muito com a cara dele, mas jamais pensei que teria coragem de
fazer isso comigo, que daria em cima da minha mulher!!
— Por favor, não faça nada Andy. Prometa para mim que não vai
fazer nada contra ele. Anda, promete! - Emma suplicou se
aproximando dele e segurando novamente suas mãos — Não quero
nenhuma tragédia na nossa família.
— Ei, não chore. Eu... Não vou fazer nada. - Garantiu abraçando-a
forte — Vai ficar tudo bem, prometo. - Beijou o ombro dela
carinhosamente, consolando-a.
~*~
[...]
— Cachorrão, vou ligar para o Bruce pra saber como estão as
crianças. - Bella avisou pegando o celular na mão e se sentando na
cama.
— Mas não tem nem meia hora que ligamos para ele, tigresa. - O
ruivo a lembrou, sentando-se ao lado dela e beijando sua
bochecha.
— É que estou com muitas saudades dos nossos bebês. - Suspirou
— E não me chame de tigresa, é muito cafona.
— Como se "cachorrão" não fosse, né? - Ambos gargalharam —
Esse negócio de apelido de casal é tão esquisito. Melhor
continuarmos com os de sempre mesmo.
— Seria pior se eu te chamasse de cachorrinho, não? No
diminutivo... - Mordeu o lábio ainda mantendo o sorriso no rosto.
— Sim, até porque eu não tenho nada pequeno em mim. -
Sussurrou no ouvido dela, mordendo levemente a ponta da orelha
de sua mulher.
— Nem vem, Thomas. - Levantou-se rapidamente se afastando dele
— Ainda estou dolorida por ontem, preciso de mais algumas
horinhas pra me recuperar. - Piscou para ele, guardando o celular
na cômoda.
— Você decide. - Deitou-se de barriga para cima na cama.
— Vou no quarto da Aiden pegar a máquina fotográfica para
tirarmos algumas fotos amanhã, já volto. - Avisou mandando um
beijo no ar para ele e saindo da suíte.
[...]
— Você de novo? Mas que merda... - Isabella resmungou ao se
deparar com James no corredor.
— Estou precisando conversar. Aiden terminou comigo e foi
embora. Estou meio mal com isso afinal, foram anos de namoro. Um
namoro morno, mas foi. - Fez-se de coitado.
— Anos em que você sequer conseguiu se manter fiel à ela, mas
fico muito feliz que minha prima tenha te dado um pé na bunda! Ela
merece coisa muito melhor. - Arqueou a sobrancelha, encarando o
homem pelo qual sentia verdadeira repulsa.
— Merece porcaria nenhuma e quer saber? Eu quero você agora. -
Falou segurando o braço da garota, a empurrando e prensando-a
contra a parede — Te quero tanto, Bella. - E beijou-a no mesmo
momento em que Emma estava passando por ali ao lado de
Melissa.
— O que é isso? - Emma perguntou-se mas a ruiva a puxou pelo
braço correndo até seu quarto.
Ambas não viram quando Bella empurrou James e arranhou sua
cara com as unhas, lhe enchendo de tapas.
— Pra mim chega, James! Vou contar ao Thomas quem você é de
verdade e torço muito para que ele acabe com sua raça de uma vez
por todas! - A morena esbravejou saindo correndo.
~*~
— Você viu Emma? Os dois tem um caso mesmo. - Melissa trancou
a porta para que ela e a morena não fossem incomodadas por
ninguém.
— Eles estavam se beijando, mas seu irmão é um canalha, não
duvido nada que tenha agarrado minha amiga a força. - Emma
argumentou andando de um lado para o outro, nervosa.
— Pois posso te contar um segredo? Não é a primeira vez que vejo
os dois juntos. Anos atrás, também os vi se agarrando.
— Tem certeza Melissa? Ou está inventando isso porque ainda quer
conquistar meu irmão? - Emma encarou-a.
— Jamais inventaria uma coisa tão séria como essa, Emma. Sei
que James é safado, mas eu o vi sim com Isabella e um dia ainda
vou provar isso para todos vocês.
~*~
— Andrew, por quê está com essa cara amarrada? - James
perguntou ao chegar no bar do hotel e se deparar com o loiro
sentado no banco, de cara amarrada tomando um drink — Uma
taça de vodca, por favor. - Pediu ao barman que assentiu com a
cabeça e foi preparar a bebida.
— Já sei sobre o que você fez com minha mulher. - Andrew avisou
sem tirar os olhos de seu copo.
— Andrew, eu...
— Cala essa maldita boca. - O olhou cheio de raiva — E fique
tranquilo porque não vou surrar você, não agora. Mas vou te dar
uma lição James e você vai ter o que merece, eu juro. - Avisou
sorrindo diabolicamente para o vilão que engoliu em seco.
— É melhor eu ir. - James constatou, dando alguns passos para trás
e saindo praticamente correndo do bar.
— Senhor White, cadê o rapaz que pediu a vodca? - O barman
perguntou surgindo com a bandeja e o copo.
— Ele teve uma pequena indisposição e precisou ir. - O loiro mentiu
— Mas deixa que eu tomo e pago o drink dele. - Avisou pegando a
taça e bebendo todo o líquido que continha nela.
~*~
— Oi pequena, você demorou! - Thomas foi em direção a amada
assim que ela voltou ao quarto.
— É que precisei dar uma volta lá fora para tomar um ar. - Bella
explicou indo até a janela, ficando de costas para o marido.
— E cadê a câmera?
— Que câmera? - Virou-se para ele com as sobrancelhas franzidas.
— A câmera que você ia pegar para tirar umas fotos, baby. -
Explicou se aproximando dela.
— Acabei não pegando. - Respirou fundo — Tom, preciso te contar
uma coisa muito importante.
— Ok amor, mas por favor, vamos conversar sobre isso depois do
jantar pois estou com uma fome daquelas agora. - Deu um selinho
nela e a puxou pela mão, saindo do quarto rapidamente para irem
até o restaurante do hotel.
[...]
— Onde a Aiden está? - Charles perguntou olhando para os lados
em busca da prima de sua nora — Só falta ela para começarmos a
jantar.
— Espero que venha logo pois estou morrendo de fome. - Thomas
disse fazendo uma careta e arrancando uma risada de Esmeralda,
que estava sentada ao seu lado.
— Ela não virá, foi embora hoje mais cedo. - Emma avisou a todos.
— Sem avisar nada? O que houve? - Billy perguntou curioso.
— Aiden e eu terminamos. - James contou tomando um gole de
vinho.
— Sorte da Aiden. - Andrew provocou, mas Emma o olhou de cara
feia e lhe deu uma cotovelada para que parasse de destilar seu
veneno.
— Er... Sinto muito pelo fim do seu namoro. - Barney tentou
apaziguar as coisas.
— Obrigado tio Barney - James agradeceu dando uma olhada para
Bella que mantinha a expressão séria e calada.
— Er... Vamos mudar de assunto? Barney, Brandon comentou
comigo que você está com dificuldades com a nova cadeira
motorizada, é verdade? - Charles perguntou enquanto comia uma
garfada de sua comida.
— Sim, esse controle remoto está me confundindo todo e até
falhando as vezes, mas vou me acostumar com o tempo. Foi
presente do Jack, veio lá da Suíça.
— Falar nisso, também pedi ao arquiteto que está reformando o
hotel para que melhore ainda mais a acessibilidade dos deficientes
que frequentarem nosso hotel nos próximos anos.
— Parabéns Charles, você é tão bondoso. - Billy o elogiou sendo
hipócrita — Sempre pensando no bem estar de todos, chego a ficar
emocionado com suas belas atitudes. - Bateu palmas.
— Imagina, obrigado meu amigo. - Charles sorriu ficando sem graça
com tantos elogios, não percebendo que eram falsos.
— E como andam os negócios, sogro? - Andrew questionou
mudando de assunto mais uma vez.
— De vento e popa. - O CEO respondeu pondo uma garfada de
comida na boca — Estive conversando com Thomas e decidimos
que vamos fazer uma auditoria na empresa mês que vem.
— Audi...toria? Pra que is...so Charles? - Billy indagou engasgando
com a comida.
— Porque não fazemos uma há um bom tempo, desde que o senhor
voltou a trabalhar na empresa, tio. - Thomas explicou e Billy e
Barney se entreolharam e engoliram em seco — E é sempre bom
ter certeza de que está tudo certo com as nossas finanças.
— Tem algo contra essa auditoria, Billy? - Esme perguntou
encarando o moreno.
— Mas é claro que não! - O vilão sorriu — É uma ideia ótima,
inclusive. Quero acompanhar essa auditoria bem de perto!
[...]
— Se aquele imbecil fizer realmente uma auditoria temos muito a
perder, Barney. - Billy comentou conversando com o amigo em seu
quarto, após o jantar.
— Eu sei. Não podemos deixar que isso aconteça, algo tem que
acontecer para que Charles deixe a empresa de lado por um bom
tempo até que possamos apagar os vestígios do que fizemos... - O
homem sugeriu arqueando a sobrancelha.
— E o que poderia ser? Estou sem ideia alguma.
— Não sei, mas precisamos arrumar um problema para ele o mais
rápido possível!
~*~
[...]
— Pronto, agora podemos conversar sobre aquele assunto que
você queria tanto falar comigo, pequena. - Thomas lembrou abrindo
a porta e Bella entrou no quarto, sendo seguida por ele.
— É um assunto muito sério, Thomas. Não sei nem por onde
começar... - A morena desabafou esfregando a mão no braço, pois
sentiu calafrios ao se lembrar de James.
— Começa do começo! - Ele falou indo até o banheiro e pegando
sua escova de dente — Não me diga que está grávida? - Colocou a
pasta na escova e a levou a boca.
— Não, Tom! Não sou chocadeira para engravidar toda hora. -
Revirou os olhos, pegando o celular nas mãos e vendo que tinha
uma mensagem de James.
— Não te chamei de chocadeira, minha tigresa. - Enxaguou a boca.
— Dá pra parar de me chamar de tigresa? - Bella sentou-se na
cama e acabou sorrindo.
— Está bem pequena, parei. - O ruivo gargalhou, secando a boca
com uma toalha e saindo do banheiro — E o tal assunto importante,
não vai falar? Estou ficando curioso. - Cruzou os braços parado em
frente à ela.
— Será que poderíamos conversar sobre isso amanhã cedo? Não
me sinto preparada ainda, desculpa. - Baixou a cabeça ficando séria
— É uma coisa muito grave. Entende?
— Não tem problema amor, eu posso esperar. - Respondeu tirando
a camisa — Então vamos nos preparar pra dormir? O dia foi pesado
e estou louco para dormir agarradinho com minha linda mulher.
— Está certo, vamos sim. - Ela concordou sorrindo para ele.
[...]

"Bella, sei que não mereço mas por favor, estou arrependido por
tudo que te fiz e gostaria de me desculpar pessoalmente e também,
te contar uma coisa muito importante, do seu interesse e do seu
marido. Depois que Thomas dormir , venha até meu quarto, por
favor. Prometo que não farei nada de errado com você, venha sem
medo."

Isabella já estava deitada na cama quando resolveu enfim, ler o que


James tinha escrito para ela. Ao olhar para o lado, viu que Thomas
estava dormindo profundamente. Com os cabelos bagunçados e
peitoral todo exposto, dormia feito um anjo.
— Eu te amo, meu amor. - Bella se declarou deslizando sua mão
delicada pela bochecha do rapaz, que apenas se mexeu na cama,
sem acordar.
Então, a morena se levantou indo até o guarda-roupa e pegando um
casaco pesado para vesti-lo. Em seguida, foi até o amado, lhe deu
um selinho e foi até a porta do quarto.
Depois de olhar mais uma vez para Cooper, saiu do local.
~*~
James tinha acabado de tomar um banho e estava secando os
cabelos em frente o espelho, quando alguém bateu na porta de seu
quarto. Depois de jogar a toalhinha na cama, se olhou no espelho
de novo notando que estava apenas de cueca, mas sem se
importar, girou a maçaneta e abriu a porta.
— Você? - Perguntou dando passagem para que o indivíduo
entrasse no local — Estou surpreso com sua presença aqui. -
Coçou a cabeça e fechou a porta — O que quer? - Perguntou
confuso, quando sentiu uma ardência muito forte e ao olhar para
sua barriga, viu que tinha uma faca cravada nela, faca esta que foi
girada causando uma dor extrema dentro de si — Por quê...
Vo...cê... Fez Is...so comigo? - Questionou caindo de joelhos no
chão.
Capítulo 19 – Pesadelo

[...]
— Hum... - Emma se virou na cama, esticando a mão e não
encontrando o marido ao seu lado — Andy? - Abriu um dos olhos,
vendo que ele não estava ali — Andrew? - O chamou com um tom
mais alto na voz, na esperança de que ele ouvisse enquanto
acendia a luz do abajur, que estava no criado-mudo, ao lado da
cama — Andrew, onde está? - Levantou-se, calçou sua rasteirinha e
foi até o banheiro, constatando que ele realmente não tinha dormido
com ela.
Confusa com a ausência do loiro, ela saiu do quarto e no corredor,
tomou um susto ao se deparar com Esme.
— Mãe, o que faz aqui? - A jovem perguntou coçando a cabeça.
— Vim ver onde Charles estava. Ele disse que iria até o cassino,
mas até agora não voltou. E você, filha? - A mulher fez carinho nos
cabelos da garota.
— Andrew também não está no quarto, fiquei preocupada e vim
procura-lo. - Emma explicou bocejando.
— Eles devem estar juntos, se divertindo no cassino do hotel. Vai
dormir meu amor e descanse bastante, certo? Eu vou fazer o
mesmo. - Esmeralda aconselhou-a beijando a testa da menina que
sorriu.
— Está bem mãe, boa noite para a senhora também. - Despediu-se
voltando para seu quarto, onde se deitou e voltou a adormecer.
~*~
Bella estava sozinha na beira da piscina do hotel, olhando as
estrelas. Estava sem sono e mesmo tentando, não conseguia tirar
da cabeça a mensagem de James.
O que será que ele queria com ela? Será que iria enrola-la ou queria
realmente dizer algo importante? Independentemente disso, ela
tinha uma única certeza.
Falaria com Thomas ao amanhecer e contaria tudo que James fez à
ela durante todos esses anos. Estava arrependida por não ter
contado antes, mas sabia que o amado iria perdoa-la, afinal, fez isso
justamente para que ele não sofresse ou se estressasse.
Mas Bella já tinha chegado em seu limite e não queria mais
continuar assim. Não queria continuar aturando o assédio de James.
Queria ser completamente feliz com sua família e filhos, mas para
isso não podia mais guardar aquele grave segredo. As pessoas
tinham que saber o canalha que James era de verdade e seria
justamente através dela.
Molhando seus pés na água morna da piscina, Bella lembrou-se
mais uma vez do torpedo de James. Algo lhe dizia que não deveria
ir, mas a curiosidade falou mais alto e ela se levantou, respirando
fundo e decidindo ir até o quarto dele. Mas não iria desprotegida
como das outras vezes, pois sabia que James era um tarado e
poderia machuca-la, por isso, passou na cozinha do hotel onde
pegou uma faca, guardou-a no bolso do casaco e em seguida,
pegou o elevador até o vigésimo-oitavo andar, onde estavam
hospedados Melissa e Brandon, além do próprio James.
~*~
— Merda de cadeira, dando problema de novo... - Barney
resmungou saindo do elevador especial e vendo que o controle
remoto de sua cadeira de rodas não estava funcionando muito bem.
Olhou para cima e viu que a luz da câmera de segurança não
estava vermelha, ou seja, estava desligada. Ao olhar para o outro
lado do corredor onde tinha outro elevador, viu alguém correndo em
direção as escadas, ao invés de pegar o tal elevador, como a
maioria das pessoas faziam para ir embora, afinal, eles estavam em
um dos andares mais altos do prédio
— Mas o que esta pessoa veio fazer aqui? - Perguntou-se franzindo
as sobrancelhas — Bom, não importa. Preciso ir até meu andar,
mas sozinho não vou conseguir.
O homem então resolveu ligar para que a segurança do hotel viesse
lhe socorrer e enquanto estava ao telefone, viu o elevador se
abrindo e dele saindo Isabella que distraída, não viu Barney e
seguiu diretamente até o quarto de James, onde bateu na porta
duas vezes.
— James? - Ao tocar na maçaneta, notou que a porta estava
encostada — James, estou entrando... - Avisou acendendo a luz e
tomando o maior susto de sua vida ao se deparar com o rapaz caído
no chão, com a mão sob o abdômen que sangrava muito, assim
como seu nariz e boca — James, o que houve com você? - Indagou
correndo em direção à ele — Céus... É muito sangue! SOCORRO! -
Gritou começando a tremer.
Ela não sabia o que fazer.
Jamais pensou que um dia encontraria alguém moribundo no chão,
muito menos que este alguém seria o seu pior inimigo.
— Be... Bella... A faca... - Ele murmurou revirando os olhos pela dor
e cuspindo muito sangue, a cada vez que tossia.
— Faca?? - A morena indagou olhando para o chão e vendo o
objeto, pegando-o em mãos — Você foi esfaqueado com essa faca
aqui! Quem fez isso com você, James? Quem?! SOCORRO! -
Gritou mais uma vez pondo a mão no bolso e vendo que tinha
esquecido o celular em algum lugar.
— Não vai dar tempo... Isabella... - Ele avisou sabendo que sua
hora de partir estava próxima.
— Eu posso tentar. - Bella disse indo até o telefone que estava no
criado-mudo e o pegando em mãos. Ela discou para a emergência,
mas sequer chamou — O que está acontecendo? - Ao olhar para o
telefone viu que os fios do mesmo tinham sido cortados — Quem
fez isso? - Perguntou-se jogando o telefone no chão e olhando para
James — Olha James, vou buscar ajuda. - Avisou se aproximando
dele e jogando a faca no chão — Você vai ficar bem viu? - Tentou
tranquiliza-lo sentindo suas pernas bambas de tanto tremer — Mas
antes me diga, quem fez isso com você? - Questionou olhando para
as próprias mãos e vendo que estavam sujas de sangue por conta
da faca.
— Foi... - O moreno cuspiu mais sangue, tossindo porque estava se
engasgando — A... - Virou o rosto para o lado — O... - Não
aguentando mais tanta dor, James simplesmente se foi, ao mesmo
tempo em que a porta do quarto foi escancarada e Barney surgiu ao
lado de dois seguranças.
— ISABELLA, O QUE VOCÊ FEZ COM ELE?! - Barney a olhou
horrorizado.
— Eu? Eu não fiz nada! - A morena negou ficando de pé e se
afastando do corpo de James — Quando entrei aqui ele estava
assim, caído no chão. Eu só tentei ajuda-lo. - Explicou saindo de
perto do corpo do jovem Campbell.
— Sua assassina maldita. - Barney a mediu de cima a baixo,
fazendo sinal de negativo com a cabeça — Como teve coragem de
fazer isso com um rapaz tão bom quanto o James? Seguranças,
prendam essa bandida imediatamente! - Ordenou apontando para
Isabella que só naquele momento, percebeu que o maior pesadelo
de sua vida estava prestes a se iniciar.
Capítulo 20 – Inocência

— Vocês não podem me prender, sou inocente! - Bella exclamou


quando um dos brutamontes segurou o braço dela — Já disse que
quando cheguei aqui James já estava ferido.
— Ele está morto. - Um dos seguranças avisou checando o pulso do
vilão — Vou chamar o gerente e o dono do hotel, com licença. -
Avisou saindo da cena do crime.
— O que vai ser do Billy? Céus... - Barney murmurou cobrindo o
rosto com as mãos.
— O que está acontecendo aqui? - Melissa questionou entrando no
quarto apenas de roupão — JAMES? O QUE ACONTECEU COM
ELE? - Levou a mão trêmula a boca, sufocando um grito.
— Ele foi esfaqueado. - Barney respondeu — E quando entrei aqui
encontrei essa bandida aí! - Apontou para Bella.
— Vá para o inferno, Barney! Já disse que não fiz nada! - Bella se
defendeu com a cara amarrada.
— Sua assassina! Como teve coragem de fazer isso com ele? -
Melissa perguntou começando a chorar.
— Eu não fiz nada, POR ACASO VOCÊS ESTÃO SURDOS? - Bella
gritou mais nervosa ainda.
— Que saco, parem de fazer barraco há essa hora da madrugada...
- Brandon entrou no quarto e arregalou os olhos ao se deparar com
o corpo de James — Ele está... Morto? - Engoliu em seco.
— Sim. - Barney confirmou olhando para a janela — Foi a sua
cunhada que o matou.
— Brandon, eu não fiz isso, juro. - Bella garantiu segurando o choro,
pois sabia que precisava ser forte.
— Então quem fez? - Brandon olhou para os lados.
— Eu é que não fui! Mas saibam que a Isabella tinha um caso com
James. Caso não acreditem em mim, perguntem a Emma. Agora
preciso sair daqui ou vou vomitar. - Melissa se retirou do quarto, ao
mesmo tempo em que Charles entrava ao lado do gerente e de um
segurança.
— Tem certeza que ele está mesmo morto? - O loiro perguntou
passando a mão por seus cabelos e o segurança confirmou com a
cabeça — Isabella, o que ouvi foi verdade? Você e James eram
amantes? - Perguntou incrédulo ao se aproximar dela.
— Claro que não sogro, jamais trairia meu marido. - A morena
respondeu prontamente.
— Chame a polícia! - Ordenou para o gerente que também saiu do
quarto para obedecer suas ordens — Não sei se você matou o
James, mas o fato é que ele está morto. - Charles foi até a cama e
retirou o lençol da mesma para cobrir o corpo no chão.
— Isso só pode ser um pesadelo. - Bella se agachou pois não
conseguia mais ficar em pé.
— O que aconteceu aqui? Ele está mesmo morto, pai? - Emma
perguntou entrando no quarto.
— Está sim filha. - O CEO confirmou abraçando a filha mais nova —
Me diga uma coisa. Melissa disse que você sabia do caso da Bella
com James, isso é verdade? - Perguntou acariciando o rosto da
garota.
— Eu os vi se beijando mais cedo, mas eu não tenho certeza se foi
mesmo um beijo consentido. Espera... - Olhou para o lado e viu
Bella — Vocês estão achando que foi ela quem o matou? Isso é o
maior absurdo que já ouvi nessa vida!
— Mas quando Barney chegou aqui a encontrou com as mãos
ensanguentadas. - Brandon explicou olhando para a janela.
— Mas isso não prova nada! - Emma deu de ombros.
— Mesmo sabendo que eles tinham um caso? - Barney destilou seu
veneno e de repente, Billy entrou no local e todos se calaram.
— É meu filho que está debaixo desse lençol? - Ele questionou com
os olhos marejados de lágrimas.
— Billy, tente não se descontrolar. - Charles foi até ele e pôs a mão
em seu ombro — Não consigo imaginar a dor que você deve estar
sentindo, meu amigo. Eu sinto muito.
— Realmente você não consegue mesmo imaginar. - Billy tirou as
mãos do homem de si e foi até o filho, caindo de joelhos em frente
ao corpo — Por quê meu filho? Por quê? Você tinha um futuro
brilhante pela frente... - E pegou o corpo sem vida do garoto, o
abraçando forte e chorando copiosamente.
~*~
— Hum... - Thomas murmurou ao ouvir batidas na porta de seu
quarto — Bella? - Olhou para o lado e viu que a amada não estava
ali — JÁ VAI! - Gritou ao ouvir as batidas novamente — Argh... -
Resmungou esfregando os olhos, se levantando e indo até a porta
— JÁ VAI, CACETE! - Xingou quando bateram novamente e depois
de revirar os olhos, girou a maçaneta e abriu a porta, tendo uma
estranha surpresa. - Melissa?
— Oi Thomas! Acho melhor você ir até o andar de baixo, no quarto
do James. Sua esposa foi acusada de um crime terrível e daqui a
pouco a polícia vai chegar para prendê-la.
— O QUÊ? - Confuso, o ruivo foi até o guarda-roupa pegar um
roupão — Eu não sei do que a Bella foi acusada, mas tenho certeza
que é inocente.
— Certeza? - A mulher riu — Sua querida esposa foi acusada de
matar James Campbell, seu melhor amigo com quem mantém um
caso há anos bem debaixo do seu nariz. Ainda tem certeza que ela
é inocente? - Indagou com ar de ironia, cruzando os braços e
encarando o rapaz.
— Isso é mentira sua. - Thomas se apoiou na cômoda para não
desabar após ouvir todos aqueles absurdos.
— Então vá ver com seus próprios olhos. - O desafiou e ele saiu em
disparada de lá.
~*~
— Tem gente demais nesse quarto, quero que todos se retirem
imediatamente da cena do crime. - O delegado Rudolf ordenou e
Barney saiu do quarto seguido por Brandon e Emma — O gerente
do hotel me disse que foi essa garota que o matou. - Olhou para
Bella que continuava sentada no chão, não acreditando que aquilo
realmente estava acontecendo.
— Nós não temos certeza, mas quando Barney entrou a viu junto ao
corpo do meu sobrinho de consideração. - Charles explicou.
— Hum... - O delegado coçou a cabeça— Logo os peritos irão
chegar. Vocês alteraram a cena do crime?
— Não, só coloquei o lençol sob o corpo pois sabia que o pai do
garoto entraria aqui. - O CEO respondeu respirando fundo.
— Delegado? - Um dos policiais o chamou — Olha o que estava no
bolso da suspeita. - Mostrou uma faca mediana de cozinha.
— Que interessante. - Rudolf sorriu — Essa não é a faca do crime,
mas se a suspeita estava armada é porque realmente não tinha
boas intenções. Vamos levar o elemento para se explicar na
delegacia.
— Estou sendo presa, é isso? - Bella ficou em pé — Vocês não
podem fazer isso comigo, eu sou inocente! - Falou se debatendo e
sendo levada para fora do quarto por dois policiais, quando se
deparou com Thomas - Amor, que bom que você chegou, eles
estão me acusando da morte do James. - Contou sendo algemada
por um dos guardas.
— Então James está mesmo morto. - O ruivo deduziu deixando que
as lágrimas dominassem seus olhos.
— Você não está acreditando nessa mentira de que fui eu né?
Thomas, acredite em mim. Juro por nossos filhos que não matei
aquele cara. Confia em mim, por favor. - Suplicou sendo levada até
o elevador para em seguida, ir sob custódia da justiça para a
delegacia de Chicago.
— Filho, você tem que acreditar na sua esposa. - Esme o
aconselhou fazendo carinho nos cabelos dele.
— Eu... Eu... Preciso ficar sozinho. - Thomas falou saindo correndo
até seu quarto, onde se trancou para tentar organizar seus
pensamentos.
[...]
— O que houve pessoal? Thomas passou por mim como foguete há
pouco. - Aiden perguntou se aproximando dos Cooper que estavam
do lado de fora do quarto de James, já ao amanhecer.
— Você não tinha ido para Nova Orleans Aiden? - Emma questionou
arqueando a sobrancelha.
— Meu voo atrasou, daí aproveitei para vir buscar alguns pertences
que esqueci aqui. - A loira explicou desfazendo o coque que tinha
no cabelo.
— Aiden, você precisa ser forte. - Esme se aproximou dela e
segurou suas mãos.
— Por quê? Alguém morreu por acaso? - Olhou para todos ali
presentes — Eu fiz só uma piada, gente. Espera, alguém morreu
mesmo?
— Sim amiga e foi o James. - Emma revelou vendo as pupilas da
loira se dilatarem.
— Nossa... - Pigarreou — Por essa não esperava. Mas quer saber?
Não vou chorar por ele coisa nenhuma. Para mim, o James já foi
tarde. - Desabafou vendo todos a olharem chocados com sua
atitude — Qual é? James era um verdadeiro crápula, não vou
bancar a hipócrita não!
Capítulo 21 – Dúvidas

Thomas se trancou no quarto por intermináveis duas horas.


Sua cabeça estava um verdadeiro caos.
Assim que se trancou por lá, a primeira coisa que vez foi chorar a
morte do melhor amigo. Ele adorava James, tinha crescido junto
com ele e vivido bons momentos, mas de uma hora para outra
aquela tragédia aconteceu e ele nunca mais veria o amigo com
vida.
Nunca mais conversaria, trabalharia ou daria risada com aquele a
quem tinha como um verdadeiro irmão.
E aí estava a questão.
Se James e Isabella tinham um caso ele era um verdadeiro amigo
da onça e ao pensar que talvez, ele tivesse se deitado com sua
mulher, seu coração se encheu de mágoa e ódio.
E Isabella?
Sua esposa era uma verdadeira incógnita.
Pelo pouco que entendeu, ela tinha sido a culpada por aquela
morte, mas Thomas não conseguia acreditar. Viveu cinco anos
felizes ao lado dela, dividindo sua vida, seus medos, seus sonhos,
criando duas lindas crianças e não fazia sentido que o amor de sua
vida fosse simplesmente uma assassina fria e cruel, não podia ser
verdade.
Mas baseado em que ela estaria sendo acusada? Nas palavras de
Melissa que nunca foi flor que se cheire? Eram muitas perguntas
mas nenhuma resposta, pelo menos não até aquele momento.
— Thomas, abra essa porta.
A voz de Charles o fez se levantar do chão.
Seu pai sempre lhe deu bons conselhos e lhe acudiu nos momentos
mais difíceis de sua vida e aquele dia era simplesmente, o pior de
sua existência.
Seu coração estava completamente despedaçado e por mais que
caminhasse até a porta não conseguia sentir o chão, pois o mesmo
tinha desabado diante de si. Mesmo assim ele abriu a porta, pois
sabia que se sentiria melhor quando conversasse com seu querido
pai.
— Entre Charles. - Pediu dando passagem para que o loiro entrasse
em seu quarto.
— Você vai continuar assim? Chorando e se lamentando ou vai
resolver sua vida? - O homem indagou o encarando.
— Só quero entender o que aconteceu. - O ruivo desabafou,
sentando-se na cama e passando a mão pelo rosto para limpar suas
lágrimas — Fui atropelado por um monte de notícias ruins, tentei
colocar a cabeça no lugar, mas não consigo.
— Simplificarei para você, filho. Barney ouviu gritos vindo do quarto
de James e quando entrou lá, encontrou Bella com... O corpo dele e
as mãos ensanguentadas. Fui avisado alguns minutos depois e
chamei a polícia, como tinha que ser. - Explicou se sentando ao lado
dele.
— Acha que foi ela mesmo que matou meu ami... O James? -
Thomas indagou sentindo um vazio dentro de seu peito.
— Não sei. Mas sua mulher afirma que não e se a ama de verdade,
deve lhe conceder ao menos o benefício da dúvida, não acha? -
Segurou a mão dele.
— Mas e se ela for culpada mesmo? O que vou fazer com a minha
vida, pai? Com as crianças? - Questionou apertando a mão do CEO
— Não sei viver sem ela, não consigo.
— Você é forte, vai arrumar um jeito de sobreviver a tudo isso. De
qualquer forma já conversei com o delegado e vamos abafar o crime
para a imprensa, tanto para preservar nossa família, quanto para
cuidar da imagem do hotel que nem foi inaugurado e já poderia levar
má fama. Agora resta torcemos para que tudo se esclareça o mais
rápido possível. - Deu um beijo no topo da cabeça do ruivo e
levantou-se — Pense bem no que vai fazer Tom, mas pense rápido
pois a cada minuto que passa, sua esposa está na delegacia e ela
pode sim ser inocente. Faça tudo o que tiver ao seu alcance para
não ser injusto com ela. - Aconselhou-o indo até a porta e em
seguida, indo embora deixando o jovem mais uma vez sozinho.
— Não tenho ideia do que fazer... - Thomas murmurou passando a
mão por seus cabelos quando bateram na porta novamente. - Está
aberta, Charles. - Avisou.
— Não é seu pai, sou eu. - Melissa disse entrando no local. -
Precisamos ter uma conversa bem séria antes de você tomar
qualquer atitude, meu querido.
~*~
— Minha filha foi presa por assassinato durante a madrugada?
Como você só me avisa disso agora Esme?! - Lauren perguntou
furiosa ao receber a ligação da sogra de sua filha.
— Desculpe, sou mãe também e imagino o que deva estar sentindo,
mas as coisas estavam confusas demais por aqui. Estava tentando
amparar meus filhos que estão muito tristes com a morte do James
e também, acalmando os ânimos de todos que estão bem
exaltados.
— Minha filha ter sido presa foi o maior absurdo do mundo! Vou
avisar o Bruce e iremos para Chicago imediatamente! - Avisou
decidida.
— E nossos netos?
— Ficarão com Elizabeth e também pedirei a Natalie que fique com
eles, já que ela é madrinha de Pérola e parece amar muito as
crianças.
— Ok Lauren, boa viagem e por favor, tente manter a calma. Sinto
que Bella vai precisar muito de você daqui em diante, por isso
mantenha-se forte como você sempre foi. - Aconselhou-a.
~*~
— Está dizendo que Isabella realmente estava me traindo? Por
acaso tem provas disso?
— É só você pensar um pouco Thomas, usando a cabeça e não, o
coração. - Melissa se aproximou dele — Anos atrás, você comentou
comigo que sua mulher nunca foi com a cara do James, certo?
— Sim, mas se raciocinarmos isso é mais um indício de que ela
nunca teve caso algum com ele.
— Ou que fez um jogo muito interessante. Fingir não gostar do
James acabaria com uma possível suspeita de traição porque você
nunca desconfiaria dos dois. Além do mais, já os flagrei juntos
tempos atrás. Mas não te contei nada porque sabia que não
acreditaria em mim. - Ele a olhou desconfiado — Sei que não está
acreditando, mas então pergunte a sua irmã. Nela você terá que
acreditar.
— A Emma?
— Exatamente. Nós duas vimos a Isabella beijando o James,
querido. E era beijo na boca, de língua, com tudo o que tinha direito.
Se não confia em mim, confie ao menos na sua irmã. Além do mais,
fiquei sabendo que ela teve uma visão da sua mulher algemada dias
atrás. Você não pode ignorar todas essas provas e simplesmente
fingir que nada disso aconteceu. Lamento que tenha sido traído,
mas se eles tinham um caso é possível que Bella tenha o matado
por ciúmes ou sei lá, talvez tenha decidido terminar e meu irmão
teimoso como era, negou. Outra coisa, me disseram que ela estava
com uma faca no bolso do casaco. Agora me diz, o que sua esposa
foi fazer de madrugada munida de uma faca no quarto do seu
melhor amigo? Abra os olhos querido, não seja enganado mais uma
vez!
— Por favor, saía do meu quarto. - Thomas pediu abrindo a porta e
apontando a saída para ela.
— Mas Thomas...
— Quero ficar sozinho, em paz. Por favor Melissa, retire-se daqui. -
Pediu e depois de suspirar, a vilã saiu do quarto dele com a certeza
de que tinha plantado a semente da dúvida em seu coração.
~*~
[...]
— O que estava fazendo no quarto de James Campbell ontem a
noite, senhora Cooper? - O delegado indagou a interrogando em
sua sala, já na delegacia.
— Você não pode me manter presa aqui, não fiz nada com James. -
Bella respondeu enquanto um dos policiais retirava suas algemas —
E quer saber? Só vou falar na presença do meu advogado. E outra,
tenho direito a um telefonema. Não tenho?
— É só uma conversa informal, senhora. - Rudolf a lembrou — Mas
não querer responder me parece uma espécie de atestado de
culpa.
— Culpa? - Ela gargalhou — Estou há horas dizendo que sou
inocente, mas parece que o senhor não está me escutando. Sendo
assim, só vou falar na presença do meu advogado e quero fazer
meu telefonema agora mesmo. - Rebateu encarando a autoridade
fingindo estar sem medo, mas na verdade estava apavorada a
respeito do que ia acontecer de agora em diante em sua vida.
~*~
— Meu filho Barney... Meu único filho! - Já em seu quarto, o
rancoroso Billy estava sendo consolado por seu melhor e único
amigo — Como vai ser minha vida sem meu garoto? - Questionou
chorando — Acabou Barney, acabou tudo!
— Não, não acabou. - Barney pôs a mão no braço do moreno —
Você ainda tem Melissa e pode dar a volta por cima.
— Como assim? - Campbell o olhou curioso.
— Seu filho foi morto pela Isabella, lembra? A nora do Charles -
Sorriu — Entende onde quero chegar?
— Meu único consolo é saber que não foi só minha vida que foi
destruída. Charles nunca mais vai ser feliz também. - Fechou os
punhos — Isabella vai ficar presa o resto da vida na cadeia porque
vou garantir isso e com osso, os netos do maldito vão crescer sem
mãe. O filho predileto dele nunca vai ser feliz de novo, já que era
louco pela assassina e aquela família perfeita nunca mais vai ser a
mesma depois de toda essa tragédia!
— E lembre-se, é provável que Thomas vá se separar daquela
bandida, ficando assim solteiro! E Melissa poderá consola-lo. Como
disse antes, você vai sofrer muito agora, mas ainda tem chances de
dar a volta por cima, Billy.
Capítulo 22 – Confiança

[...]
Horas depois...

— Andrew, onde você estava? - Emma perguntou assim que o


marido chegou ao quarto deles visivelmente de ressaca — Já são
duas horas da tarde, você nunca tinha passado a noite fora!
— Desculpe, estava muito nervoso por causa do que houve ontem.
Daí fui no bar do hotel e depois, saí com alguns amigos. Mas já
estou sabendo o que houve com o desgraçado lá. - Jogou sua
jaqueta na cama e sentou-se na mesma para desamarrar os
sapatos.
— Não fale assim príncipe. Por mais que James tenha agido de
forma errada, não merecia ser morto daquela maneira. - Esfregou os
braços ao sentir um calafrio.
— Por falar nisso, preciso te pedir uma coisa. - Descalço, andou até
ela e segurou suas mãos, olhando-a nos olhos — Ninguém pode
saber sobre o beijo que James te deu, ok?
— Por quê? - Emma questionou confusa, notando os olhos
cansados do marido.
— Porque posso acabar me tornando um suspeito assim como
Isabella e, isso pode acabar com a imagem do nosso Bistrô para
sempre. Por isso, não podemos nos meter em escândalos tão cedo.
— E tem chances de você ser um suspeito, Andrew?
— Mas é claro que não. - O loiro respondeu virando o rosto por
alguns segundos — E é por ser inocente que quero tomar todo o
cuidado justamente para não ser acusado a toa, princesa. Confia
em mim. - Pediu a puxando para si e lhe abraçando forte.
~*~
— Você tem que ir à delegacia o mais rápido possível, mano! -
Brandon disse entrando na suíte do filho do meio dos Cooper.
— Para Brandon, me deixa em paz. - Thomas pediu virando-se de
lado na cama e se cobrindo com o cobertor.
— Sei que esteve conversando com Melissa e tenho certeza que
aquela bruaca te envenenou contra a Bella. Mas cara, eu fui um dos
primeiros a chegar na cena do crime e independentemente das
circunstâncias, em nenhum momento sua mulher admitiu a culpa.
Pelo contrário, disse o tempo todo que era inocente e se você a ama
de verdade como sempre me disse, isso deveria bastar para você.
Não deixe esse ciúme desgraçado te cegar. - Tirou o cobertor de
cima dele — Anda, venha comigo até a delegacia e cumpra seu
papel de marido. É o que a vovó diria se estivesse aqui.
— Está certo, vamos. - Thomas concordou se levantando e abrindo
o guarda-roupa para se trocar.
[...]
Minutos depois...

— Pronto. - Thomas avisou terminando de escovar os dentes —


Agora podemos ir. - Pegou uma toalha e limpou sua boca.
Em seguida saiu do banheiro, pegou sua carteira e chaves do
carro.
— Vamos maninho. - Brandon abriu a porta e ambos saíram de lá,
mas tiveram uma surpresa desagradável ao se encontrarem com o
pai da vítima no corredor.
— Está indo a delegacia, Thomas? - Billy questionou se
aproximando deles — Vai ver a assassina?
— Estou sim, mas não aceito que se refira a minha esposa assim. -
O repreendeu sério.
— E como quer que me refira a ela? - Billy sorriu — É uma
assassina sim e se mesmo depois de tudo você ficar ao lado dela,
peço que nunca mais olhe na minha cara!
— Como quiser, senhor Campbell. - Thomas deu de ombros,
entrando no elevador com o irmão e indo embora para o
estacionamento.
~*~
— Nós íamos direto para a delegacia, mas resolvemos deixar
nossas malas aqui primeiro. - Lauren comentou com Esme na
recepção do hotel — Tem alguma notícia sobre a Bella? - Indagou
aflita.
— Não, mas meu filho foi a delegacia e meu marido também.
Sinceramente, acho que deveria contratar um advogado pra Bella,
tenho medo que ela vá até a julgamento por esse crime. - Esme
desabafou caminhando para fora do hotel com eles.
— É o que tem que acontecer com assassinas como a Isabella,
devem ficar presas para sempre. - Billy disse surgindo na recepção
de óculos escuros, já que chorou a noite inteira por causa do filho e
estava com os olhos bem inchados.
— Lave essa boca pra falar da minha filha!! - Bruce rosnou nervoso
indo para cima do homem, mas foi impedido por Lauren.
— Chega de confusões, Bruce. - Ela pediu respirando fundo —
Lamento muito por sua perda Billy, mas tenho certeza que minha
filha é inocente e não vou admitir que fale mal dela na minha
presença. - Deixou claro.
— Lamentar não vai trazer meu filho de volta. James foi um grande
homem e um ótimo filho, que tinha um futuro brilhante pela frente
mas...
— Chega de hipocrisia, Billy! - Aiden exclamou indo para perto de
sua tia — James era um cafajeste, um canalha interesseiro, não
valia nada. Não é porque está morto que você vai endeusa-lo, pelo
menos não na minha frente! - A loira falou revirando os olhos —
Vamos tios, temos que ir a delegacia ver como está a situação da
minha prima.
— Você vai defendê-la, não é? - Lauren indagou dando um abraço
na sobrinha.
— Por enquanto sim, mas se ela for indiciada vou entregar o
caso para a Helena pois podem alegar conflito de interesses, já que
infelizmente fui namorada daquele imbecil e sou prima da possível
suspeita. O que importa é que minha amiga é uma excelente
advogada e com certeza vai tirar a Bel da cadeia, tia. Fique tranquila
quanto a isso.
~*~
— Vai realmente se manter calada? Isso só prova que realmente é
culpada pra mim. - Rudolf raciocinou andando de um lado para o
outro de sua sala enquanto interrogava Isabella.
— Não sei, tenho medo que tentem usar o que eu disser aqui contra
mim. - A morena explicou confusa.
— Senhor, tem um rapaz fazendo um escândalo lá fora querendo
falar com a senhora Cooper. - O policial chamado Aaron avisou,
entrando na sala do delegado.
— Thomas... - Bella sorriu ao ouvir a voz do marido.
— ME DEIXEM FALAR COM ELA, MAS QUE MERDA! - Thomas
rosnou entrando na sala. — Bella?
— Thomas! - Bella foi até ele e lhe abraçou, não sendo muito
correspondida já que o ruivo estava muito confuso.
— Quebra essa pra nós, delegado. Deixe meu irmão conversar com
a esposa a sós pelo menos um pouco. - Brandon interviu — Eles
precisam se acertar.
— Cinco minutos. - Rudolf avisou saindo da sala seguido pelo
escrivão, o outro policial e Brandon.
— Thomas, que olhar é esse? - Bella se afastou dele — Você está
duvidando da minha inocência, não é? - Questionou com os olhos
marejados de lágrimas.
— Isabella, seja sincera comigo. - Aproximou-se dela, a olhando nos
olhos. - Você tinha um caso com James?
— Não. - Ela negou deixando uma lágrima cair. - Eu nunca tive nada
com ele.
— Então o que estava fazendo no quarto dele no meio da
madrugada sem sequer me avisar?
— James me mandou uma mensagem dizendo que precisava falar
comigo. - Desviou o olhar, mordendo o lábio.
— Sobre o que? - Thomas trincou o maxilar.
— Sobre... - O olhou novamente e engoliu em seco — Ele tinha
tentado me agarrar outra vez e provavelmente, estava querendo dar
um jeito de evitar que eu contasse isso aos outros, principalmente a
você.
— Sei... - Ele passou a língua em seus lábios secos — E por que
estava com uma faca? Foi o que me disseram!
— Porque estava com medo que ele voltasse a me assediar, amor.
Ele faz isso há muitos anos, precisava me defender caso fosse
atacada de novo, mas não iria mata-lo.
— Ah é? - Thomas deu risada — E por que nunca me contou que
meu melhor amigo fazia isso com você? Desculpa Bella, mas está
muito difícil acreditar nessa tua historinha.
— Não está não. Se confiasse e me amasse de verdade,
você acreditaria. - O desafiou cruzando os braços.
— Não venha me falar de confiança, até porque você não tem moral
para isso! Se realmente for verdade o que está dizendo, quem não
confiou em mim para contar o que estava acontecendo durante anos
foi você! - A acusou apontando o dedo na cara dela — De uma
forma ou de outra você me traiu, mentiu pra mim e eu detesto
mentiras.
— Não contei porque não queria que você se decepcionasse com
aquele idiota ou que fizesse coisa pior com ele, como fez na nossa
viagem ao Brasil com aquele cara. Ou já se esqueceu que quase
matou de tanto bater naquele cara que achou que estava dando em
cima de mim?! Jamais pensei que as coisas um dia fossem chegar
nesse ponto, Thomas.
— O tempo acabou. Preciso levar a senhora Cooper daqui. - O
delegado avisou entrando novamente na sala e interrompendo o
casal.
— Eu... Eu vou ser presa mesmo? - Bella perguntou engolindo em
seco.
— Pela lei, posso te manter aqui por 72 horas antes te acusar
formalmente de algo. Então sim, você vai ficar presa por enquanto,
senhora Cooper.
Capítulo 23 – 72 horas

Dizem que ao ser preso os primeiros dias são muito difíceis, mas os
de Isabella estavam se tornando um verdadeiro inferno.
E aquilo era só o começo.
— Quando vou poder sair daqui, Aiden? - A morena indagou na
primeira visita de sua advogada.
— Olha prima, o delegado pode te manter aqui sem te acusar por 72
horas.
— É, ele me disse isso. Prima, antes de mais nada, quero que saiba
que sou inocente e nunca tive nada com seu namorado.
— Ex-namorado. - A loira o corrigiu — Não se preocupe, acredito na
tua inocência. Precisamos focar no que vai acontecer daqui pra
frente, você não pode errar em nada.
— Como assim? - A jovem indagou engolindo em seco.
— Você precisa se preparar psicologicamente para esses primeiros
dias pois passará por interrogatórios exaustivos, dia e noite, pois o
delegado espera que você entre em contradição enquanto os laudos
preliminares da perícia não saem para que assim, ele possa te
acusar. É necessário que tente agir com naturalidade. Porém, que
preste muita atenção no que está falando pois tudo que disser pode
e vai ser usado contra você, caso se torne ré e vá a julgamento.
— Julgamento? Tem chances que minha filha passe por esse
vexame? - Lauren questionou horrorizada.
— Infelizmente sim, tia. Por isso é necessário que todas as
precauções sejam tomadas. De qualquer forma, ficarei ao lado da
Bel durante quase todo o tempo para aconselha-la.
— Obrigada, não sei o que seria de mim sem você. - A garota
agradeceu apertando a mão da prima — Alguma notícia do
Thomas? Ele disse alguma coisa sobre mim?
— Ainda não o vi querida. - Lauren desviou o olhar — Mas pelo que
ouvi dizer, Melissa está se aproveitando da situação pra te
envenenar contra ele.
— Eu já imaginava. - Bella deu de ombros — Thomas deve estar
pensando o pior de mim, mas se realmente estiver é porque não me
ama de verdade. E meus filhos?
— Estão com a vovó Beth - A mãe da morena pôs a cabeça no
ombro da filha — Eles estão bem, não se preocupe com isso agora.
— Exatamente, foca na sua defesa... Juntas vamos conseguir te
tirar daqui. - A advogada garantiu esperançosa.
[...]
— Senhora Isabella, preciso que me diga tudo que aconteceu no dia
da morte de James Campbell com riqueza de detalhes. - O
delegado pediu já na sala de depoimentos.
— Bem, não me lembro de exatamente tudo que fiz, mas passei boa
parte do dia com meu esposo, meus amigos, até que James deu
em cima de mim, no corredor do hotel mais ou menos no começo da
noite.
— O que ele fez com você?
— Não tenha vergonha, Bella. Pode responder. - Aiden pediu.
— Ele me agarrou a força no corredor e me beijou. E não foi a
primeira vez.
— Então vocês tinham um caso? - Rudolf questionou.
— Não ponha palavras na boca da minha cliente, delegado. Ela
disse que foi agarrada a força, ou seja, tudo aconteceu contra sua
vontade.
— Exatamente. - Bella concordou — Há anos, James dá, quer dizer
dava em cima de mim sutilmente e as vezes, de forma explícita e
agressiva mesmo, como na nossa viagem a Grécia, em 2005,
quando o peguei me observando nua e se masturbando.
— James fez isso com você?! Filho da mãe!! - Aiden deu um soco
na mesa nervosa.
— Controle-se senhorita Adams. - Rudolf a alertou e a loira puxou
ar, tentando se acalmar e pediu desculpas — E por quê nunca
contou isso ao seu marido, senhora Cooper?
— Foi erro meu, não queria magoa-lo. Sem contar que Thomas
sempre foi ciumento e possessivo, tinha medo do que ele faria com
o amigo se soubesse que fui assediada. Por isso, resolvi me calar,
mas jamais pensei que um dia as coisas fossem chegar a esse
ponto, se pudesse voltaria no tempo e mudaria tudo, eu juro.
— E ninguém nunca soube do que acontecia entre vocês? Não
existe alguém que possa comprovar esta história?
— Infelizmente nunca contei a ninguém sobre mim e James. - Olhou
para a prima — Mas a minha palavra deveria bastar, não?
— Estamos em uma delegacia, Isabella. Aqui o que vale são provas
e álibis e até agora a coisa não está nada boa para a senhora. -
Rudolf avisou fazendo uma careta — Continuando, por que foi até o
quarto de James?
— Porque ele mandou uma mensagem no meu celular marcando
um encontro. Isso, meu celular! Tem muitas mensagens do James,
essas mensagens podem provar minha inocência. - A morena sorriu
esperançosa — Lá mostra claramente que ele estava me
assediando.
— Então precisamos achar este celular. Onde está Bel? - A loira
perguntou se levantando.
— Acho que no meu quarto... No hotel. - A morena sorriu de novo
sentindo que sua liberdade estava próxima.
— Vou pedir para que uma pessoa da minha equipe vá até lá buscar
este celular.
— Delegado, posso pedir para uma amiga minha procura-lo para
acelerar esse processo. A Emma, irmã do Thomas e cunhada da
minha cliente. Ela está hospedada lá e é de extrema confiança.
— Pode ser, mas peça que ela pegue o objeto e aguarde até que
um policial meu apareça pra buscar, certo?
— Ok senhor. - A loira concordou sorrindo.
~*~
[...]
— Thomas está arrasado. Nunca vi meu irmão com um olhar tão
perdido, distante. Ele nem quis falar comigo ainda. - Emma
desabafou almoçando com Melissa no restaurante do hotel.
— Coitado! Também, não deve ser nada fácil saber que além de ter
sido corno, foi...
— Melissa, você deve estar muito feliz com tudo o que está
acontecendo, não? Mas Pare de colocar lenha na fogueira! Bella
presa ou não, continuará sendo a senhora Cooper se depender de
mim.
— Isso se o Thomas não se divorciar dela. E outra, não depende de
você. - A ruiva retrucou tomando um gole de refrigerante quando o
celular de Emma tocou.
— Alô? Aiden? Como assim celular? Espera, não estou entendendo.
O que tem o celular da Bella? Sério? - Sorriu — Pode deixar, assim
que eu terminar de almoçar, irei procura-lo. Beijos! - E desligou.
— O que houve? - Melissa questionou vendo que a morena estava
praticamente devorando a comida.
— Acho que Isabella será libertada muito em breve para a sua
tristeza, queridinha. - Emma respondeu abrindo um lindo sorriso.
~*~
— Reage Thomas! - Brandon exclamou puxando ele da cama pela
perna até que o rapaz caísse no chão.
— Merda, me deixa cara. - No chão, ele cobriu a cabeça com o
cobertor — Eu quero dormir e só acordar quando souber o que o
delegado vai fazer com a minha, com aquela mulher.
— Aquela mulher? Está falando da tua esposa? Que você apenas
acha que te traiu? Por que não há provas de que ela realmente
tenha feito isso.
— E o beijo que ela deu no James? - Ele se levantou jogando o
cobertor no chão, com raiva — Só de imaginar que eles se beijaram,
me vem uma raiva aqui dentro, um ódio, uma vontade de... Argh! -
Grunhiu dando um soco na parede — Que inferno!
— Esse beijo não prova nada. Esqueceu que ela te explicou que era
assediada por aquele babaca? - O moreno argumentou sentando-se
na cama.
— É fácil falar isso agora que ele está morto, sem poder se
defender. Mesmo se ela estivesse falando a verdade, mano. O que
a Bella fez foi muito grave. Me esconder uma coisa dessas, isso é
falta de confiança e confiança é como cristal, quando quebra não
tem mais solução. - Afirmou dando um suspiro triste — Sei que
muitos vão me julgar por minhas atitudes, mas ninguém está se
colocando no meu lugar. Eu sou a maior vítima dessa história toda
porque acabaram com a minha vida sem que eu sequer pudesse
fazer algo para evitar... - Lamentou voltando a chorar nos braços do
irmão.
~*~
[Nova York]

— Meus queridos... - Elizabeth entrou no quarto de seus bisnetos


que dormiam tranquilamente, Benjamin na cama e Pérola no berço
— O que eu mais temia aconteceu. Sempre senti que uma tragédia
abateria nossa família novamente, mas nunca pensei que fosse ser
tão grave. - A senhorinha caminhou até o berço, cobrindo a
garotinha com um cobertor — Vocês são tão pequenos, não podem
ficar sem a mãe. Vou rezar para que tudo fique bem mas se não
ficar, não sei o que será da nossa família. - Desabafou derrubando
algumas lágrimas.
~*~
[Chicago]

— Thomas! Onde está o celular da sua mulher? - Emma perguntou


invadindo o quarto dele.
— O quê? - O ruivo a olhou espantado.
— Maninha, já falei pra bater na porta do quarto das pessoas antes
de entrar. Imagina se eu e o Thomas estivéssemos pelados?! -
Brandon a repreendeu, mas a chef revirou os olhos.
— Não enche, Brand. Preciso do celular da Isabella, dentro dele tem
a prova que pode inocenta-la de uma vez por todas. - Ela disse
vendo um fio de esperança brotar nos olhos de seu querido irmão.
— Então vamos procurar esse bendito celular. Se a Bella for
inocente, vai ser a melhor coisa do mundo pra mim! - O ruivo
exclamou animado.
~*~
— Agora nossa família diminuiu mais uma vez. Sinto tanto a falta do
seu irmão. - Billy disse olhando para uma foto do filho.
— Não fique assim, pai. O senhor ainda tem a mim e ao Alex, que
vamos te dar muito orgulho. James sempre foi burro e olha no que
deu? Meteu os pés pelas mãos, a Isabella não aguentou e acabou
matando ele. - Melissa deu de ombros, segurando a mão do pai e se
sentando ao seu lado.
— Ainda não estou convencido de que meu filho tenha sido morto
por aquela menina. Isabella é uma mosca morta, não tem perfil para
matar alguém a facadas. - O moreno analisou apertando a mão da
garota.
— Mas o tio Barney a viu entrar no quarto do meu irmão e todas as
pistas apontam para aquela ridícula. E na boa, é muito conveniente
para nós que ela tenha o matado ou que pelo menos, todos
acreditem nisso.
— Melissa... - Billy soltou a mão dela imediatamente e a olhou
espantado — Por acaso sabe de alguma coisa que não sei?
— Não exatamente. Acredito na culpa daquela idiota, porém,
aproveitei para dar uma ajudinha para que ela se ferre ainda mais. -
Contou dando um sorriso de canto de boca.
— O que você fez Melissa? Filha, seja sincera. Quero que me olhe
nos olhos e jure que não matou seu irmão. - Ordenou e a ruivinha
desviou o olhar, apreensiva.
~*~
— O que você fez antes de ir para a suíte do senhor James
Campbell? - O delegado questionou na sala do interrogatório.
— Eu fui tomar um ar lá fora e depois passei na cozinha, onde
peguei uma faca.
— E por quê pegou a faca? Já estava premeditando matar o
Campbell?
— Claro que não delegado! Foi só para me defender caso ele me
agarrasse. - Explicou quando o celular da prima tocou e ela afastou-
se para atender — Mas não ia mata-lo, jamais tiraria a vida de um
ser humano.
— E o que aconteceu em seguida?
— Fui até o quarto dele. Estranhei que a porta estava entreaberta,
mesmo assim entrei. Foi quando encontrei James quase morto,
moribundo no chão. Tentei pedir ajuda, mas a linha do telefone
estava cortada. Gritei, mas ninguém me ouviu. Foi quando ele
apontou para a faca e tentou dizer algo. Fui burra ao pegar a
mesma em mãos quando Barney entrou no quarto e entendeu tudo
errado, me acusando injustamente.
— Não pode ser... - Aiden murmurou desligando o telefone.
— O que houve prima? - Bella questionou com as sobrancelhas
franzidas.
— Emma não encontrou seu celular. - A advogada respondeu
fazendo a morena desabar mais uma vez.
~*~
— Jamais teria coragem de matar o James, pai! - Melissa negou se
levantando e ficando de costas para ele — Mas fiz sim uma coisa
que com certeza prejudicará a Isabella.
— Do que está falando?
— Durante esses dias fui várias vezes ao quarto do Thomas
envenena-lo contra a mulher e em uma dessas visitas vi o celular da
Isabella sob o criado-mudo. Como o senhor mesmo disse, ela é uma
mosca morta e está na cara que não teve nenhum caso com teu
filho e que o matou tentando se defender ou algo do tipo. Pelo que
ouvi dizer, ele a assediava há tempos e fiquei com medo que dentro
daquele celular tivesse alguma pista que pudesse acabar atenuando
a pena dela.
— Você pegou o celular? - O moreno indagou sorrindo.
— Exatamente. - Ela virou-se para o pai sorrindo de volta — Peguei
o celular quando Thomas estava distraído, fui até meu quarto, tirei o
chip e cartão de memória dele e os escondi muito bem. Depois
destruí o aparelho, tudo usando luvas, é claro. Em seguida saí do
hotel e caminhei pelas ruas de Chicago por alguns quarteirões até
encontrar uma lixeira onde o joguei fora e neste momento, é
provável que o celular esteja em algum lixão.
— Definitivamente te criei maravilhosamente bem, Melissa
Campbell. - Billy afirmou e a fez sorrir ainda mais ao ver que mesmo
depois de tamanha maldade, ainda tinha a aprovação do pai.
~*~
[...]
Bella continuava trancada na sala de interrogatório.
Cansada e com fome, se recusava a comer. Não era por frescura e
sim porque nada realmente conseguia descer para seu estômago. O
nervosismo tomava conta de sua mente e o medo de ser presa de
vez crescia mais e mais. Andava de um lado para o outro da sala de
tempos em tempos, esfregando as mãos nos braços e mordendo os
lábios com força, quase arrancando sangue deles.
— Senhora Cooper... - O delegado a chamou entrando na sala — Já
se passaram as setenta e duas horas.
— Já? Então posso ir embora? - A garota perguntou esfregando
uma mão na outra.
— Não. Decidimos te acusar por homicídio e por isso, você está
presa Isabella. Pelo menos até sua advogada conseguir um habeas
corpus para te tirar daqui.
[...]
— Aiden, você precisa me tirar daqui. - Bella suplicou segurando o
choro e se mantendo o mais forte possível, por seus filhos. - Não
quero, não posso ficar presa.
— Bel, infelizmente o pedido de liberdade provisória que fiz foi
negado.
— COMO É?!
— Também fiquei muito surpresa. Você tem filhos pequenos,
residência fixa, pensei que fosse ser liberta. - A abraçou para
conforta-la — Mas vou fazer outro pedido daqui alguns dias. Talvez
quando o resultado da perícia sair, você tenha mais sorte e consiga
ser solta, mas por enquanto você ficará sob custódia nesta
delegacia, sem data para sair, infelizmente.
Capítulo 24 – Dia D

Chicago, 2007.

Dias depois...

Durante doze dias Bella ficou presa na delegacia em uma cela


individual, apenas por cortesia do delegado e consideração a
Charles pois nem esse direito a presa possuía, já que não tinha
ensino superior. Seus dias e noites eram praticamente iguais, exceto
pelas visitas que recebia. Emma, Lauren, Bruce, Esme e Aiden
foram as únicas pessoas que lhe visitaram durante esse período,
mas não era nenhum deles que ela queria realmente receber.
Isabella ansiava que seu marido lhe visitasse, mas isso não
aconteceu.
Cada vez mais confuso, Thomas começara a se retrair, se afastando
de todos cada dia mais. Tudo o que aconteceu ainda doía no fundo
de seu coração. Sentia como se tivesse perdido tudo, e havia
perdido mesmo. Perdera sua mulher, assim como seu melhor
amigo. De uma forma ou de outra, James lhe enganara. Não
prestava pois se envolveu com sua esposa mesmo sabendo que ele
era completamente fanático por Isabella.
Abatido, Thomas passava seus dias e noites trancados no quarto de
outro hotel, já que o de sua família fora esvaziado pela polícia,
observando suas fotos com Isabella e seus filhos. Eles foram uma
família feliz ou era tudo uma farsa? Bella o amava de verdade ou
realmente tinha lhe traído? Todas as primeiras evidências
apontavam para sua culpa mas ele não queria ser injusto, mesmo
sabendo que já estava sendo.
Não visitar a garota que tanto amava estava lhe corroendo por
dentro, mas a raiva que estava sentindo por uma possível traição
lhe impedia de enxergar as coisas com a clareza que deveria
possuir. E depois de pensar em tudo aquilo decidiu que se Bella
fosse julgada culpada, iria terminar de vez com ela, mas se fosse
considerada inocente lhe pediria desculpas e lutaria com unhas e
dentes por seu perdão.
~*~
[...]
— O que foi princesa? - Andrew perguntou ao entrar no quarto e se
deparar com Emma sentada na cama, parada e pensativa — Está
tudo bem? - Aproximou-se preocupado.
— Talvez se eu contasse a polícia que James me beijou naquele
dia, minha cunhada poderia ser ajudada de alguma forma. - Ela
respondeu ainda sem olhar pra ele.
— Já conversamos sobre isso. - A lembrou sentando-se ao seu lado
— Você pode até contar que James te beijou, mas não pode dizer
que eu sabia disso. Caso contrário, capaz de sobrar pra mim a culpa
desse crime. E outra, encontrei com Aiden e ela me disse que os
laudos preliminares da perícia já saíram.
— Sério? E o que dizem esses laudos? - A chef de cozinha indagou
curiosa.
~*~
— Apenas as digitais de Isabella estavam na faca que matou
James, meu filho. No telefone que havia sido cortado não tem digital
alguma além da Bella e James. Além do mais, as fitas das câmeras
de segurança estavam péssimas e no corredor onde ficava a suíte
do seu amigo, estavam desligadas. - Charles contou ao filho antes
que ele soubesse por terceiros.
— E o que isto significa? - Thomas perguntou coçando sua barba
por fazer — Que Isabella realmente é culpada?
— Não, até porque sua mulher não passou por nenhum julgamento.
Mas a falta de provas que atestem sua inocência nos mostra que vai
ser difícil que consiga uma absolvição. - O empresário explicou
cruzando os braços — Thomas, está na hora de tomar uma atitude.
Precisa decidir se apoiará ou não a Bella nessa grande jornada.
— Eu já me decidi, pai. - Ele afirmou se levantando da cama — Não
vou apoiar aquela mulher, de uma forma ou de outra fui traído e não
vou bancar o corno manso. Ela que se vire sozinha. Eu vou é
pensar nos meus filhos e no que direi a eles sobre a mãe. Pérola e
Benjamin são muito pequenos para saberem e principalmente,
entenderem a verdade.
— Apesar de não ter certeza se você está agindo bem, respeito sua
decisão filho e vou te apoiar sempre.
— Obrigado pai. - O rapaz agradeceu o abraçando.
~*~
— Meu habeas corpus foi negado outra vez? Mas que merda! -
Bella resmungou batendo com a mão na mesa da sala de visitas —
Como isso é possível, Aiden?
— Prima, infelizmente o resultado dos laudos agravou a situação te
tornando a única suspeita desse crime por causa das digitais na
faca. Quem fez aquilo com o desgraçado do James ou limpou muito
bem a cena do crime ou usou luvas.
— Sim, mas quem fez isso armou pra mim. Está engasgado até
agora na minha garganta o que foi feito do meu celular. Acredito que
a mesma pessoa que matou James se livrou do celular pois sabia
que ele era a prova de que eu não tinha um caso com ele e assim,
essa teoria de crime passional iria por água baixo. - A garota
raciocinou mordendo o lábio.
— Não necessariamente. Talvez a pessoa que deu sumiço no seu
celular o tenha feito por outro motivo. Bel, você é mulher de um dos
homens mais cobiçados de Nova York, tem muita gente com inveja
de você e da sua posição social.
— Eu sei prima. - Sentou-se de volta na cadeira — Melissa, por
exemplo, tem uma inveja danada de mim e se beneficia muito com
minha prisão, não duvido que tenha sido coisa dela. Enfim, como vai
ser daqui pra frente? Vou parar em um presídio? Sinceramente, não
sei se aguentaria viver em um lugar desses.
— Precisamos traçar sua linha de defesa pois você já foi indiciada e
vai a júri popular. Posso atrasar sua ida ao presídio pelo menos até
lá, mas como tinha lhe dito tempos atrás vou ter que deixar seu
caso. Mas te deixarei nas mãos da Helena, uma das melhores
advogadas que conheço e tenho certeza que ela vai conseguir te
tirar daqui.
— Ótimo, mas já tem ideia de qual será minha linha de defesa,
Aiden?
— Não, mas quer um conselho? - A loira questionou e ela assentiu
com a cabeça — Talvez seja melhor se declarar culpada. - Bella
arregalou os olhos ao ouvir aquilo — Sua pena seria pequena se a
gente usar a teoria de legítima defesa. Que o James tentou abusar
de você e para se defender, você o esfaqueou.
— Me declarar culpada de um crime que não cometi e deixar o
verdadeiro assassino livre por aí? Isso está totalmente fora de
cogitação, Aiden. Com que cara olharia para meus filhos depois
disso?! Não, isso não aceito.
— Está bem prima, só quis ajudar. Vou falar com Helena para que
apresse seu julgamento o mais rápido possível, certo? Ei, porque
está chorando?
— Thomas nunca mais veio me visitar. Queria tanto que ele
acreditasse na minha inocência, isso me machuca tanto. É tão
doloroso saber que o homem que dizia me amar simplesmente não
acredita em mim. - Respondeu limpando suas lágrimas.
— Tente entender o lado dele, prima. Seu marido também deve
estar sofrendo.
— E o meu lado? Ninguém tenta entender? Quem está privada de
liberdade, quem está realmente sofrendo aqui sou eu, não ele. Mas
tudo bem, Thomas Cooper ainda vai ter o que merece. Pode
demorar, mas juro que vai.
~*~
[...]
— Que bom que você deu uma pausa na academia de polícia para
vir nos visitar, Naty. - Esme estendeu as mãos.
Desde que terminou com Brandon a loira se afastou da família
Cooper, mas diante daquele grave momento que estavam vivendo a
garota resolveu visitar a família e ver novamente sua querida
afilhada, Pérola.
— Precisava vê-los, saber como estão depois de toda essa tragédia.
- A loira disse segurando as mãos dela.
— Todos já voltamos da viagem e ontem James foi enterrado. Foi
uma cerimônia muito triste, os Campbell estão sofrendo muito com
toda essa tragédia. - Ambas se sentaram no sofá da sala — Apesar
de não ir com a cara de nenhum deles me solidarizo com tamanha
dor.
— Pior é a Bella que está sendo acusada injustamente de um crime
que não cometeu. Fico pensando... O que serão dos filhos dela? Da
minha afilhada? Já liguei para ela na cadeia e estou muito triste pelo
que está acontecendo com minha amiga. Ah, e o Brandon? Ele está
em casa?
— Não, meu filho já voltou aos treinos do time. Fico triste que
estejam separados, sinto que ainda se amam, mesmo depois de
todo esse tempo.
— Esmeralda, gostaria de não falar sobre esse assunto. - Natalie se
esquivou, desviando o olhar — O problema mesmo é o que está
acontecendo com a Bella, ela disse que Helena está tentando
adiantar logo esse julgamento e temos que ficar atentas para não
prejudica-la com nossos depoimentos.
— Só tenho coisas boas para dizer a respeito da minha nora, tenho
certeza de sua inocência, mas ao mesmo tempo em que isso me
alivia, me assusta.
— Como assim?
— Se Bella é inocente, significa que há um assassino impune entre
nós, querida. E se ela for condenada, esse criminoso ainda pode
fazer algo contra todos nós. - Deduziu apreensiva.
[...]
Meses depois...

— Papá, quando mamã vai voltar de viagem? Tô com tanta saudade


dela. - Benjamin perguntou enquanto Thomas acariciava os cabelos
do filho no quarto de brinquedos da mansão dos Cooper.
Sem saber o que fazer, o CEO inventou a primeira mentira das
muitas que ainda dominariam sua vida.
Disse para Benjamin e Pérola que Isabella estava fazendo uma
viagem a Europa com a mãe para tratar um pequeno problema de
saúde e fazer um curso de piano.
— Eu não sei ainda, filho. Bella está muito ocupada com o curso,
mas talvez volte antes do que imaginamos. - Respondeu ao pensar
que talvez, sua mulher fosse declarada inocente — Mas enquanto
ela não volta o papai continuará aqui cuidando de você e da Pérola
em período integral. Não gosta de ficar com o papai o dia todo?
— Claro que goto. - O garotinho sentou-se no colo do pai — Mas
com a mamã é muito mais legal. - Explicou vendo Thomas dar um
sorriso triste quando seu celular tocou — Um momento, filho. - A
criança saiu de seu colo e o rapaz tirou o celular do bolso e
enquanto via Benjamin brincar com vários brinquedos, ele atendeu o
telefone.
— Alô?
— Oi senhor Cooper, aqui é Helena, advogada de sua esposa.
— Helena? O que quer? Se é mais um recado da Isabella para que
eu vá visita-la, diga a ela que isso não vai acontecer tão cedo.
Enquanto não souber se ela é inocente ou não, continuarei me
recusando a vê-la.
— Olha senhor Cooper, não é recado nenhum desta vez. Aliás,
minha cliente desistiu de pedir que o senhor a visitasse, ela já
entendeu que não vai apoia-la nesse processo. Só liguei mesmo
para avisa-lo que em breve o senhor e todos os envolvidos naquela
viagem, além das testemunhas de defesa receberão uma intimação
para depor.
— Outra intimação? Já perdi as contas de quantas vezes nesses
últimos meses tive que viajar para Chicago para dar esses malditos
depoimentos ao xerife!
— Mas agora é diferente. Este será seu último depoimento porque o
julgamento da sua esposa foi marcado para 15 de julho e neste dia,
provarei a inocência dela para o senhor e todos os que duvidaram
dela. - Revelou fazendo o homem engolir em seco.
Capítulo 25 – Julgamento – Parte
I

15 de julho, Chicago.

Todos estavam reunidos no tribunal, preparando-se para dar início


ao julgamento que mudaria completamente a vida de Isabella
Cooper, para o bem ou para o mal. O juiz, Patrick, já estava há
postos assim como os sete jurados, a promotora Hilary, o advogado
de acusação Phillip Brawn e a advogada de defesa da ré, Helena
Richards.
— Senhoras e senhores, está aberta a primeira sessão que dará
início ao julgamento da ré Isabella Adams Cooper, acusada de
homicídio qualificado por motivo fútil contra a vítima James
Campbell, assassinado em janeiro deste ano, aos vinte e cinco anos
de idade. - O juiz falou batendo um martelo duas vezes sob a mesa
— Podem sentar-se. - Ordenou e todos obedeceram.
Os Campbell estavam presentes na primeira fila ansiosos por uma
possível condenação da acusada. Já a família Adams queria sua
absolvição e Lauren não parava de rezar por isso, com um terço nas
mãos. Os Cooper estavam divididos, mas a maioria queria também
que a jovem fosse liberta para que talvez, ambos conseguissem
voltar a ser uma família feliz, como foram algum dia.
Isabella estava sentada do lado esquerdo do tribunal ao lado de sua
advogada e do outro lado estava a família Cooper, inclusive
Thomas.
Quando a morena olhou para o marido viu raiva em seu olhar.
Thomas parecia cansado, tenso, confuso, mas mesmo estando com
muita mágoa, no fundo queria que Bella fosse declarada inocente.
Mesmo que nunca mais voltassem a ficar juntos, não queria que ela
passasse a vida inteira em um presídio.
— Como a ré se declara perante a acusação diante do tribunal? -
Patrick perguntou e já em pé, Isabella olhou para Helena que fez
sinal de positivo com a cabeça, para que ela respondesse.
— Me declaro inocente, meritíssimo. - Afirmou engolindo em seco.
— Cara de pau! - Melissa a xingou em voz alta.
— Assassina! - Billy gritou parecendo revoltado.
— Ei, não fale assim da minha filha, seu desgraçado! - Bruce rosnou
nervoso quase indo para cima do pai da vítima, mas fora contido por
Aiden.
— Calma tio... - A loira pediu — Se o juiz se estressar vai te retirar
daqui.
— Ordem no tribunal. - O juiz mandou batendo seu martelinho na
mesa e todos se calaram por respeito à ele e se sentaram.
Após a promotoria e a defesa fazerem uma rápida apresentação do
caso, a primeira testemunha de acusação entrou no local.
Era Emma White, que antes de sentar-se onde os depoentes
ficavam, teve que fazer seu juramento.
— Senhora Emma Cooper White, jura dizer a verdade, somente a
verdade, nada mais que a verdade neste tribunal, sabendo que
omitir informações é crime?
— Sim, eu juro. - Ela afirmou com a mão direita erguida.
— Pode sentar-se. - O juiz ordenou e a morena assim o fez — Com
a palavra, a acusação.
— Obrigada meritíssimo. - Hilary foi até o centro do tribunal —
Senhora White, é verdade que horas antes do homicídio do
Campbell, a senhora viu a acusada em momentos íntimos com a
vítima desse crime cruel? Se sim, como foi?
— Vi James e Bella se beijando no corredor do hotel da minha
família sim, mas quem garante que ele não a beijou a força, já que é
algo do feitio dele?
— Por acaso a vítima já te beijou a força ou a senhora o viu tendo
esse tipo de atitude lamentável com alguma mulher para estar
afirmando isso?
— Protesto meritíssimo! - Helena interviu. — A promotoria está
constrangendo a testemunha.
— Protesto negado. - Patrick negou o pedido e a advogada de
defesa revirou os olhos — Responda a pergunta da promotoria,
senhora White. - Ordenou e Emma olhou para Andrew.
Disfarçadamente o loiro fez sinal de negativo com a cabeça para
que a esposa não dissesse nada sobre o dia em que James lhe
atacou.
Emma sabia que mentir em juízo era crime, mesmo assim tomou
sua decisão.
— Não... Nunca vi senhora.
— Então vamos prosseguir. É verdade que a senhora teve uma
visão da vítima algemada dias antes do crime acontecer?
— Protesto senhor juiz. - Helena interviu novamente e Hilary a olhou
com raiva — Estamos em um tribunal. Aqui misticismo e afins não
pode ser levado em conta, muito menos anexado em um processo.
Este tribunal trabalha com provas cabais, com ciência, não assuntos
relacionados a espiritualidade ou religião. Além do mais, a senhora
White afirma ter tido uma visão da acusada algemada no momento
da prisão, não matando a vítima.
— Protesto aceito. - Helena e Bella sorriram com a resposta do juiz
— Peço que a promotoria faça perguntas baseadas em fatos
concretos.
— Perdão senhor, sem mais perguntas. - Hilary disse voltando para
seu lugar.
— Com a palavra, a defesa.
— Obrigada senhor. - Helena levantou-se e foi até o centro do
tribunal iniciar seu interrogatório.
— Senhora White, como conheceu minha cliente?
— Conheci a Bella através do meu irmão na escola, há cinco anos.
Na verdade já tinha lhe visto de longe, mas só começamos a ser
amigas mesmo quando ela se tornou minha cunhada.
— Hum... E ela e Thomas? Como definiria o relacionamento deles
nestes cinco anos?
— Durante o namoro, noivado e casamento sempre foi ótima.
Ambos sempre foram apaixonados um pelo outro e formaram uma
família linda com meus dois sobrinhos. Claro que discutiam de vez
em quando, mas eram por coisas banais, como ciúmes. - A chef
respondeu e Thomas olhou rapidamente para a esposa e deu um
sorriso triste, lembrando-se dos bons momentos que viveram juntos
e que em sua visão, jamais seriam vividos novamente.
— Durante estes cinco anos que você manteve proximidade da
senhora Cooper, alguma vez ela lhe confidenciou que tinha um
amante?
— Não, pelo contrário. Sempre se mostrou muito apaixonada pelo
meu irmão. - Emma mais uma vez, tentou ajudar a cunhada.
— E a vítima James? Qual sua relação com ele?
— Cresci junto com ele, mas nunca fomos amigos, ele sempre foi
mais próximo do Thomas do que de mim.
— E sobre a índole de James? Ele era uma boa pessoa?
— Na minha opinião, não. James era egoísta, só pensava em si
próprio. Além do mais, vivia correndo atrás de qualquer rabo de saia
que aparecia, por diversas vezes o impedi de trair a Aiden, minha
amiga e prima da Bella. E outras vezes, não consegui impedir.
— Pra completar, gostaria que dissesse se acredita na culpa ou
inocência da nossa ré.
— Acredito na inocência da Bella, ela é uma boa pessoa, uma boa
garota, uma mãe que ama muito seus filhos. Acho que se vocês a
condenarem, cometerão uma grande injustiça.
— É isso, sem mais perguntas meritíssimo. - Helena disse voltando
a sentar-se, totalmente satisfeita com o primeiro depoimento.
[...]
— Vamos chamar a segunda testemunha chamada pela acusação
desta tarde, o senhor Barney Clark. - O juiz anunciou e um policial
entrou no tribunal empurrando a cadeira de rodas do acionista da
empresa de Charles — Levante a mão direita. - O moreno obedeceu
— Jura dizer a verdade, somente a verdade, nada além da
verdade?
— Eu juro.
— Espero mesmo que ele diga a verdade. - Bella murmurou
emburrada.
— Antes de iniciar minhas perguntas gostaria de dizer a todos aqui
presentes que este pobre cadeirante não é uma testemunha
qualquer. É uma testemunha ocular e esse depoimento dele é muito
importante por isso, senhores jurados, prestem muita atenção no
que este homem tem a dizer. - Hilary disse e todos se calaram —
Qual era sua relação com a vítima, senhor Clark?
— James era como um sobrinho para mim pois sou muito amigo do
pai dele desde a adolescência, o que como podem ver já fazem
muitos anos. - Sorriu — Sempre foi um garoto bom, esforçado, se
não tivesse sido morto por essa mulherzinha de quinta... - Apontou o
dedo para Bella — Teria ido muito longe na vida, não tenho dúvidas
disso.
— Para de ser hipócrita, Barney! - A garota se alterou ao ouvir tais
ofensas — Você e os Campbell são um bando de hipócritas que
sempre quiseram o poder que os Cooper tem. Não entendo porque
está mentindo para me prejudicar pois nunca te fiz nada de mal,
mas juro que um dia descobrirei e você vai se arrepender por isso.
— Ordem, ordem no tribunal. - O juiz mandou — Senhorita Helena,
controle sua cliente e senhor Clark, evite ofensas a ré.
— Desculpe. - Barney baixou a cabeça.
— Clark, qual sua opinião sobre a acusada?
— Nunca tive nada contra essa menina, por isso fiquei muito
surpreso por ela ter matado o James de uma forma tão cruel, foi um
dos piores dias da minha vida, um dos mais tristes.
— Ah, gostaria que nos narrasse como Isabella estava naquela
noite.
— Ela parecia um tanto quanto nervosa no jantar, trocava olhares
estranhos com James, mas jamais imaginei que estivesse tramando
a morte dele naquele momento.
— Certo... Agora nos conte o que aconteceu naquela noite, com
riqueza de detalhes.
— Sim, senhora. Depois do jantar, fiquei um tempo conversando
com meu amigo Billy e depois, estava tentando chegar ao meu
quarto quando minha cadeira de rodas deu problema. Por isso,
liguei para que alguém da equipe de segurança do hotel me
socorresse. Foi quando vi Isabella entrando na suíte de James.
Minutos depois, ouvi alguns gritos ao mesmo tempo que a
segurança do hotel apareceu e quando invadimos o quarto,
encontramos essa mulher com as mãos cheias de sangue e o
James morto no chão cheio de facadas, foi uma cena muito triste.
Pior que a bandida se fez de santa, negando tudo mesmo estando
toda ensanguentada.
— Sem mais perguntas meritíssimo. Esse homem deve estar
sofrendo muito ao lembrar de tudo o que aconteceu naquela terrível
madrugada. - A promotora dramatizou voltando ao seu lugar.
— A defesa tem alguma perguntar a fazer?
— Sim, senhor juiz. - Helena afirmou indo para o centro do tribunal. -
Senhor Clark, tem certeza que não viu ninguém mais naquele
corredor naquela madrugada?
— Certeza absoluta.
— Ok e quem garante que o senhor está falando a verdade? Já que
estava sozinho no momento em que afirmou ter visto minha cliente
entrar no quarto?
— Sou um homem íntegro e muito sofrido, senhorita. Não tenho
motivos para mentir nesse tribunal. Pelo contrário, tudo que queria
era que todo aquele horror não tivesse acontecido. - Começou a
chorar.
Certamente, eram lágrimas de crocodilo.
— Não tenho mais nenhuma pergunta a fazer, meritíssimo.
— A acusação tem mais testemunhas à trazer?
— Tenho muitas ainda, senhor. - Hilary afirmou segura.
[...]
Depoimento de Charles Cooper .

— Senhor Charles, como o senhor soube do crime? - Desta vez era


Phillip, advogado de acusação, quem estava fazendo as perguntas.
— Estava no cassino do hotel quando um segurança me avisou
sobre o que estava havendo no quarto de James. Cheguei lá em
poucos minutos e ao ter certeza que ele estava morto, mandei que
chamassem a polícia. Foi tudo confuso, muito mesmo. Alguns no
local acusavam minha nora, outros a defendiam. Lembro que peguei
um lençol para cobrir o corpo de James, enfim, foi um dia muito
cansativo, não lembro de tudo com tantos detalhes.
— Entendo. Naquela noite o senhor se lembra se a ré estava
alterada ou teve algum tipo de comportamento duvidoso?
— Não e não consigo entender porque estão acusando-a desse
crime. Bella é uma boa garota, sempre foi apaixonada pelo meu filho
e confio nela, se ela está dizendo que é inocente é porque
simplesmente é. Não entendo porque fui convocado pela acusação,
afinal, a última coisa que quero é acusar essa menina. - O loiro
desabafou olhando para Bella que sorriu agradecida à ele.
— A acusação não tem mais perguntas, meritíssimo. - Phillip voltou
para sua cadeira.
— Mas a defesa tem. - Helena retrucou já no centro do tribunal —
Senhor Cooper, nos conte um pouco sobre o que pensa a respeito
de sua nora. Acha que ela seria capaz de esfaquear uma pessoa?
— Bella sempre foi muito gentil, educada, prendada, toca piano
incrivelmente bem. - O empresário sorriu lembrando-se de quando
ela tocava para ele — Sempre foi muito carinhosa com todos ao seu
redor, especialmente com os filhos e o marido. Apesar de jovem,
sempre foi responsável, sempre prezou pela família. Não tenho
dúvidas de que ela jamais faria qualquer coisa que pudesse
prejudicar nossa família.
— Acho que depois disso, não há mais o que perguntar. Obrigada
senhor! - Helena finalizou satisfeita.
— Faremos um recesso, senhores. Amanhã continuaremos ouvindo
as testemunhas chamadas pela acusação. Tenham uma boa noite. -
O juiz se despediu batendo o martelo e se levantando de sua
poltrona, enquanto Bella respirava o fundo, preocupada com o que
iria acontecer dali em diante.
Capítulo 26 – Julgamento Parte II

Durante o recesso...

— E então Helena? Como definiria esse primeiro dia de julgamento?


Acha que temos chance? - Bella perguntou ansiosa, bebendo um
pouco de água.
— Olha Bella, chances nós temos sim. Apesar da Emma ter te
elogiado e até te defendido em alguns momentos, o fato dela ter
afirmado ter visto o beijo que James te deu agravou um pouco as
coisas pois em tese, confirmou a teoria da promotoria de que vocês
tiveram um caso. Além do mais o depoimento de Barney foi muito
firme, o que também te prejudica muito, já que ele foi a única
testemunha ocular do crime.
— Argh, que merda. - A morena resmungou cobrindo o rosto com as
mãos.
— Mas nem tudo foi ruim, o depoimento do seu sogro também foi
bem verdadeiro e talvez, possa ter criado uma empatia dos jurados
por você. - Helena deduziu fazendo a jovem sorrir — Temos que
mostrar aos jurados que você seria incapaz de cometer esses
crimes. Portanto, depoimentos como o de Charles podem fazer a
diferença.
— Ótimo! Quem vai depor amanhã e o que preciso fazer pra ficar
livre logo? - Questionou animada.
— Amanhã teremos um dia difícil. O pai da vítima irá depor e
provavelmente, não vai falar nem um pouco bem de você.
— Não tenho dúvidas disso.
— Além do mais, Melissa irá depor e pelo que me disse, ela te odeia
e não duvido nada que minta no tribunal.
— Se ela mentir, sou capaz de avançar no pescoço dela e arrancar
aqueles cabelos de água de salsicha. - Bella fechou os punhos —
Porque ela não é ruiva de verdade não, ela pinta aqueles cabelos de
vermelho só porque meu marido é ruivo. - Revirou os olhos.
— Esse é outro ponto que você deve ficar muito atenta, Isabella.
Você não pode se alterar, temos que passar aos jurados uma
imagem de que você é inofensiva. Se mostrar seu lado agressivo,
quem tem a ganhar é só a promotoria.
— Eu sei. É que é difícil ouvir um monte de desaforos calada, sabe?
Mas vou tentar me controlar. - A garota prometeu respirando fundo.
~*~
— Barney, tenho que saber de uma coisa antes de tomar minhas
providências amanhã no depoimento. Você tem certeza que
realmente foi Isabella que matou meu filho?
— Por que está me perguntando isso?
— Aquela menina não tem perfil de assassina. James dava sim em
cima dela mas até onde sei, ela nunca cedeu as suas investidas.
— Pode ser que ela tenha o matado justamente por conta do
assédio que sofria. - Barney sugeriu dando de ombros.
— Sim, pode ser. O que quero saber é se realmente foi ela que o
matou ou se você está se aproveitando do momento apenas pra
ferrar o Charles. Necessito saber se você viu outra pessoa suspeita
naquele corredor. Barney, se você sabe quem é o verdadeiro
assassino do meu filho, tem que me falar, essa pessoa tem que
pagar pelo que fez e...
— Eu vi a Isabella entrando no quarto do James. - O moreno o
interrompeu — Depois ouvi gritos e quando cheguei lá ela estava
com a faca ensanguentada nas mãos porque tinha acabado de
matar seu filho. Essa é a verdade, não pense bobagens. - Mentiu
sem o menor pudor.
— Ótimo, então essa mulherzinha vai pagar muito caro amanhã pelo
que fez ao meu filho.
~*~
— Acha que Isabella tem chances de sair dessa pai? - Thomas
questionou apreensivo dirigindo de volta para o hotel onde ele e boa
parte dos Coopers estavam hospedados.
— Gosto de ser otimista, então acredito que sim. - O loiro respondeu
tentando sorrir — Mas e se ela for condenada? Já sabe o que fará?
Meus netos não são bobos, especialmente Benjamin que já é
maiorzinho. Essa história de viagem não vai colar por muito tempo,
filho.
— Eu sei. - O ruivo mordeu o lábio — Sinceramente não tenho ideia
do que vou fazer se minha mulher for condenada. A única certeza
que tenho é que vou proteger meus filhos de tudo e de todos,
inclusive da Isabella se for necessário.
[...]
16 de julho de 2007.

— Está aberta a segunda sessão do julgamento da ré Isabella


Cooper. Vamos continuar com os depoimentos das testemunhas
chamadas pela acusação. - Patrick avisou batendo o martelinho na
mesa.
Então, entraram na sala o perito e o legista que cuidaram do caso
de James. O legista contou que ele morreu em consequência da
hemorragia por conta das diversas facadas que sofreu no estômago
e o perito avisou que não tinha digital alguma no telefone que fora
cortado e que havia uma digital de Isabella na faca que matou a
vítima. Depois, os seguranças e gerentes do hotel também
deporão.
Após esses testemunhos, Hilary chamou o pai da vítima para depor
e fazer seu juramento.
Billy estava muito abalado.
Com os olhos inchados e um lenço em mãos, ainda chorava a morte
do filho, além do mais, estava disposto a tudo para que Isabella
fosse condenada a pena máxima e por isso, estava pronto até para
mentir se fosse necessário.
— Senhor Campbell, nos fale um pouco sobre seu filho.
— James era um bom garoto. - O moreno sorriu — Era brincalhão,
animado, festeiro. Mesmo tendo perdido a mãe cedo, era uma
pessoa alegre. Inteligente e aluno exemplar, tinha se formado ano
passado em administração e tenho certeza que um dia cuidaria da
minha, quer dizer, ajudaria Thomas a cuidar da empresa de meu
grande amigo, Charles.
— E a ré? Nos diga o que acha dela?
— Olha, mesmo não tendo dito a ninguém, sempre achei essa
garota muito oportunista. - Olhou com raiva para Bella — Mal
conheceu Thomas e já deu um jeito de engravidar para dar o golpe
do baú nele.
— Hipócrita, mentiroso! - Bella exclamou batendo na mesa e se
levantando — Quem sempre quis dar o golpe no meu marido foi a
vagabunda da sua filha. Aliás, tenho certeza que ela fazia isso a seu
mando pois vocês dois são podres e...
— Ordem, ordem no tribunal. - O juiz interviu — - Senhorita
advogada, acalme sua cliente.
— Desculpe senhor. - Helena puxou a garota para se sentar — Por
favor Bella, se controle. Lembre-se do que conversamos ontem.
— Desculpe. - Ela pediu tentando se acalmar.
— Continuando... - Billy prosseguiu — Não demorou muito e ela já
estava casada com Thomas, desfrutando de todo o luxo que a
família tinha a oferecer. Logo depois já estava grávida de novo,
provavelmente para garantir mais um herdeiro. Mas como jurei que
diria a verdade aqui, eu vou dizer.
— Do que está falando? - Hilary perguntou confusa.
— É que aconteceu uma coisa há alguns anos que me deixou muito
sem graça.
— Do que ele está falando, Esme? - Thomas questionou confuso.
— Não sei, meu filho. - A morena respondeu não entendendo nada.
— Essa Isabella certa vez deu em cima de mim.
— COMO É QUE É? - Bella se levantou novamente — ISSO É
MENTIRA, MAS QUE VELHO SEM VERGONHA, JAMAIS DARIA
EM CIMA DE VOCÊ, SEU NOJENTO.
— Senhorita Helena, acalme sua cliente ou ela será retirada desse
tribunal.
— Bella! - Helena a repreendeu.
— Não pode ser... - Thomas trincou o maxilar, sentindo seu coração
se acelerar — Bella não faria isso comigo.
— Mano, é melhor sairmos daqui, você precisa tomar um ar. -
Brandon sugeriu segurando o braço dele.
— Não! Quero ouvir o que ele tem a dizer. - O ruivo afirmou
engolindo em seco.
— Senhor Campbell, gostaria que nos desse detalhes a respeito do
dia em que a acusada lhe assediou. - A promotora pediu.
— Claro. Foi... Em uma noite, depois de um jantar na mansão dos
Cooper. Como sempre fazia, a assassina tocava piano para todos
nós e depois todos começávamos a conversar. Era muito tarde e
certa vez, fui a cozinha pegar um pouco de gelo para o uísque
quando no meio do caminho ela segurou meu braço e disse com
todas as letras que eu era um coroa muito atraente.
— Ele está mentindo, Helena! Não posso deixar que ele faça isso, o
que Thomas vai pensar de mim?! - Bella estava se controlando para
não pular no pescoço de Billy.
— Ele já pensa o pior de você. Bella, se fizer outro escândalo o juiz
vai te tirar daqui, aí sim você vai estar ferrada. Por favor, controle-
se. - Helena pediu mais uma vez.
— E qual foi sua reação ao ouvir o que ela disse? - Hilary
questionou.
— Me fiz de desentendido e mudei de assunto, não sabia lidar com
aquele tipo de situação, entende?
— Depois dessa noite ela voltou a dar em cima do senhor?
— Não, nunca mais porque aí ela ficou foi interessada no meu filho,
coitado. Olha, não queria expor os Cooper, tão queridos por mim,
nesse tribunal, mas precisava desabafar para mostrar a todos vocês
o quão promíscua essa menina é.
— Por falar em James, acredita que ele teria um caso com
Isabella?
— Não duvido. Essa garota apesar de mal caráter é muito bonita e
como dizem, a carne é fraca. Meu filho era um bom garoto, tenho
certeza que se culpava muito por estar tendo um caso com a
esposa de seu melhor amigo.
— O senhor acredita que a ré realmente matou seu filho? - A
promotoria questionou e Billy olhou fixamente para Isabella.
— Não tenho dúvidas disso, senhores. O meu filho, meu único filho
de sangue foi morto por aquele monstro ali. - Apontou para Bella
que revirou os olhos — Essa mulher o matou com requintes de
crueldade e destruiu o pouco que ainda restava da minha família.
Quando jovem perdi meu pai e anos atrás, minha amada esposa.
Agora, perdi meu filho. Se vocês, senhores jurados não pararem
essa mulher, vou acabar perdendo minha filha de criação e meu
neto, que são a únicas coisas que me restam. - Fez drama chorando
por fora e rindo por dentro.
— A defesa tem alguma pergunta a fazer?
— Tenho, tenho sim, senhor juiz. Duas perguntas apenas. - Helena
foi para o centro do local. - Senhor Campbell, o senhor declarou a
todos aqui presentes que James era um aluno exemplar e
inteligente, certo? - Billy assentiu com a cabeça. - Pois bem, então
como explica o histórico tanto escolar quanto universitário do seu
filho com notas péssimas e advertências pelas brigas que arrumou
durante todos esses anos? Aliás, na mesa de todos os jurados há
uma cópia destes documentos para comprovar minhas colocações. -
Desmascarou-o.
— Eu... - Billy não sabia o que dizer.
— Protesto meritíssimo! A defesa está usando de artifícios baixos
para deixar a testemunha confusa e envergonhada. - A acusação
tentou intervir.
— Protesto negado, responda a pergunta senhor Campbell - O juiz
ordenou.
— Eu... James era esforçado. Claro que arrumava alguns problemas
e tinha algumas dificuldades, afinal, era órfão de mãe, mas era sim
um bom garoto.
— Deu pra notar. - Helena ironizou — Minha outra pergunta é... O
senhor confirma que a ré lhe assediou, não?
— Sim, ela me assediou. - O homem manteve a mentira.
— Por acaso há alguma testemunha que possa comprovar esta
grave acusação?
— Er... Como assim? - Billy pigarreou.
— Alguém viu a acusada te assediando?
— Não, ninguém viu.
— Pois bem, senhores. - A advogada virou-se para os jurados —
Como podem ver, é a palavra da minha cliente contra a desse
homem pois ninguém pode provar essas acusações sem
fundamento. Por isso, senhor juiz... - Virou-se para ele — Peço que
tal acusação seja retirada dos altos do processo.
— Pedido aceito. - O juiz concordou deixando Billy extremamente
furioso — O tribunal fará um breve recesso de uma hora. - Avisou e
todos deixaram o local, mais uma vez.
[...]
— Billy? - Thomas o chamou já no corredor do fórum.
— Oi Tom. - O vilão o cumprimentou assoando seu nariz com um
lenço.
— É verdade tudo aquilo que você disse lá dentro? A Isabella, ela...
- Controlou-se para não chorar, pois era muito difícil para ele
imaginar que fora traído mais de uma vez — Ela deu em cima de
você?
— Sim, jamais mentiria a respeito de algo tão grave, Thomas. Juro
pelo que você quiser que ela deu sim em cima de mim uma vez.
— Está bem. - O empresário se aproximou dele — É bom que esteja
dizendo a verdade porque se eu descobrir que é mentira, juro pelos
meus filhos que acabo com você. - Thomas ameaçou fazendo-o
engolir em seco.
~*~
— Que ódio Helena... É horrível saber que aqueles desgraçados
estão mentindo e não poder fazer nada para impedir porque se
retruco á altura, posso ser punida. - Bella resmungou andando de
um lado para o outro da sala onde estava trancada com sua
advogada — Queria tanto poder conversar com o Thomas para
deixar claro pra ele que aquele velho asqueroso mentiu.
— Bella, para de pensar no seu marido! Ele não está te apoiando.
Então, o que ele pensa ou deixa de pensar não nos interessa.
— Como ele vai me apoiar se tô sendo detonada por todo mundo? -
Ela parou e começou a chorar.
— Se ele confiasse de verdade em você estaria do teu lado, não
cheio de dúvidas quanto a sua inocência. - A loira argumentou.
— Pior é que você está certa. - A morena concordou baixando a
cabeça — Se Thomas me amasse de verdade, teria mesmo me
apoiado. E se eu for condenada, aí sim é que nunca mais poderei
ficar com ele.
~*~
— Por quê você mentiu lá dentro, Billy? - Charles questionou o
moreno que estava no estacionamento do fórum.
— Do que está falando, amigo? - Se fez de desentendido.
— Eu sei que aquela história de que minha nora te assediou é
mentira e nem adianta tentar me enganar! - O CEO aproximou-se
dele que engoliu em seco — Sei que você inventou isso para
prejudicar ainda mais a Isabella justamente para diminuir as
chances dela sair livre daquele tribunal. Sabe... Eu tinha planejado
te dar um presente no seu aniversário, no fim de ano.
— Sério? - Billy começou a esboçar um sorriso.
— Sim, te daria um cargo alto na diretoria da Cooper Enterprises.
Um cargo em que só eu e Thomas estaríamos acima de você.
— Nossa, não sei nem como agradecer meu amigo, estou tão feliz,
eu...
— Ei, não terminei de falar. - Charles o interrompeu — Como estava
dizendo, daria esse cargo a você, mas você só vai recebe-lo se
Isabella for declarada inocente.
— O quê? - Ele arregalou os olhos.
— Isso mesmo, se minha nora for declarada culpada você vai ter
sua parcela de culpa por ter mentido e por isso, não conseguirá o
cargo que sei que almeja muito. Por isso meu amigo, reze para a
Isabella ser declarada inocente, caso contrário você não realizará
esse sonho jamais - Pôs a mão sob o ombro dele.
— Pois saiba que minha torcida é para que aquela desgraçada seja
presa para sempre e que mesmo assim, te garanto que um dia
ainda terei muito mais que um mero cargo na diretoria na minha
empresa. - O Campbell se afastou, encarando Charles.
— A empresa é minha Billy e você só conseguirá tomar o poder dela
se me matar. Por acaso pretende fazer isso?
— Imagina, meu amigo. - Ele sorriu — Mas é que a vida dá tantas
voltas.
— Nesse caso te garanto que não dará. Que fique claro que aquela
empresa vai ficar na minha família pra sempre ou pelo menos
enquanto houver um Cooper vivo na terra.
[...]
— Agora vamos ouvir mais uma testemunha chamada pela
acusação, Melissa Campbell - O juiz a chamou e a ruiva entrou no
tribunal — Jura dizer a verdade, somente a verdade, nada mais que
a verdade?
— Juro. - Ela confirmou com a mão direita erguida.
— Com a palavra, a acusação.
— Senhorita Campbell, nos conte um pouco sobre seu irmão mais
velho, James. - Phillip pediu e a mulher assentiu com a cabeça.
— James era um jovem muito... Feliz. Ele sempre implicou comigo
mas isso era por ciúmes do papai que com o passar dos anos
acabou se apegando muito a mim. Quando perdi minha mãe, James
e Billy se tornaram a minha família e mais uma vez, estou sofrendo
uma perda.
— E sobre a Isabella? O que tens a dizer?
— Nunca fiz nada contra ela, mesmo assim ela sempre implicou
comigo, me ofendeu e me tratou com preconceito. Me humilhava por
eu ser filha da empregada, me acusava de coisas que nunca fiz, não
entendo porque me odeia tanto.
— Que vaca... - Bella murmurou fazendo uma careta.
— E sobre o relacionamento dela com Thomas?
— Ah, era um pouco estranho. Thomas sempre foi o marido perfeito
para ela, o marido dos sonhos... Mas vendo de fora percebia que ela
não era lá muito feliz com ele, que estava interessada mais no
dinheiro do marido do que ter uma família com ele. A assassina veio
de uma família de classe média, quando viu o luxo dos Cooper virou
a cabeça. O típico gole do baú.
— E sobre James e a Isabella? Você sabia que eles tinham um
caso?
— Sempre soube e não é de hoje, tem muitos anos isso. Já os vi em
situações suspeitas outras vezes, mas ambos sempre disfarçavam.
Beijo mesmo e foi daqueles de cinema vi dias antes da morte do
James, no corredor, junto com a Emma. É muito triste ver uma
garota que tinha tudo pra ser feliz ferrar com sua vida como essa
meliante fez. Tenho pena é dos filhos dela que vão crescer sem mãe
porque ela tem que ser condenada, não podemos deixar a
impunidade rolar solta nesse caso.
— NÃO FALE DOS MEUS FILHOS, SUA VAGABUNDA! QUE
VONTADE DE QUEBRAR ESSA SUA CARA, QUE ÓDIO! - Bella
gritou mais uma vez.
— Bella, senta. - Helena a puxou — Por favor.
— Desculpe senhor juiz. - A ré lamentou cabisbaixa.
— Prossiga com as perguntas. - Patrick mandou e Phillip obedeceu.
— Então a senhorita confirma que viu a vítima e a acusada se
beijando?
— Confirmo!
— Acredita na culpa dela? - Apontou para Bella.
— Sem sombra de dúvidas. Tenho certeza que estamos diante de
uma assassina cruel e totalmente desequilibrada. - A ruiva
confirmou tentando segurar o riso.
— Sem mais perguntas. - O advogado de acusação voltou para sua
cadeira.
— A defesa tem alguma pergunta a fazer?
— Sim. - Helena respondeu — Senhorita Melissa, é verdade que
você tem interesse amoroso em Thomas Cooper?
— Eu? Imagina, somos só bons amigos. Isso é tudo coisa da
cabeça da Isabella. Ela fica fingindo ter ciúme do marido para dar
suas escapadas com os amantes sem causar suspeitas.
— Casos... No plural? Por acaso tem provas de que a senhora
Cooper tinha amantes?
— Não.
— Mais uma vez, estão acusando minha cliente sem provas. Peço
que isso não seja acrescentado aos altos. - Sugeriu e o juiz assentiu
com a cabeça, concordando — Sem mais perguntas, meritíssimo.
— O tribunal fará mais um recesso. Voltaremos amanhã com as
testemunhas chamadas pela defesa. Obrigado a todos. - Patrick
avisou batendo o martelo.
Capítulo 27 – Julgamento Parte III

17 de julho, Chicago.

— Senhoras e senhores, vamos abrir esse terceiro dia de


julgamento ouvindo os depoimentos das testemunhas convocadas
pela defesa. - Patrick avisou a todos e a primeira testemunha entrou
no recinto e fez seu juramento.
— Senhor Brandon, o que tem a dizer sobre a Isabella? - Helena
iniciou as perguntas.
— Bella é uma garota muito legal, sempre nos damos muito bem e
ela sempre foi muito apaixonada pelo meu irmão. - O jogador a
elogiou fazendo a morena sorrir — Não entendi quando cheguei
naquele quarto e a encontrei sendo acusada desse crime horrível,
mas uma coisa acho que todos vocês devem saber. Fui um dos
primeiros a entrar naquele quarto e durante todo o tempo, minha
cunhada assegurou que era inocente.
— Ela pareceu sincera?
— Ao meu ver, sim.
— E James?
— Gostava do James, mas ele sempre foi muito encrenqueiro,
bagunceiro e mulherengo. Não duvido que tenha arrumado inimigos
que possam ter feito isso com ele.
— Sem mais perguntas. - Helena disse ao juiz.
— A acusação quer fazer alguma pergunta a testemunha?
— Não meritíssimo. - Phillip negou.
[...]
Depoimento de Andrew White.

— Andrew, qual sua relação com James?


— Eu sou amigo e cunhado do Thomas que era bem próximo do
James, mas particularmente nunca fomos amigos, não confiava
nele.
— E por que não confiava? - Helena indagou curiosa.
— Porque nunca fui muito com a cara dos Campbell, é aquela coisa,
o santo não bateu. - O loiro respondeu passando a mão por seus
cabelos.
— E sobre a Isabella? Acredita que eles tinham um caso?
— Não sei, mas acredito que não. Bella é uma boa pessoa, uma
boa mãe e somos compadres. Gosto muito dela e não acredito que
trairia o marido. Pra mim, ela foi vítima de uma armação, mas não
tenho ideia de quem além dos Campbell, teria coragem de tentar
prejudica-la.
[...]
Depoimento de Esmeralda Cooper .

— Esme, a senhora acredita na inocência da sua nora?


— Sim, não tenho dúvidas de que tudo isso é um grande mal
entendido. Bella não tem coragem de matar uma mosca, quanto
mais uma pessoa.
— E sobre James? Nos conte um pouco sobre o que achava dele.
— James cresceu lá em casa, junto com meus filhos. Mas nunca
simpatizei muito com os Campbell, sempre os achei ambiciosos e
invejosos demais.
— Então James tinha inveja do seu filho?
— Não sei, Helena. - A morena respondeu — Mas o pai deles, Billy,
sempre desejou ter tudo que meu marido tem, se ele passou essa
inveja aos filhos ou não, não posso afirmar.
[...]
Depoimento de Aiden Adams.

— Aiden, nos fale um pouco sobre a Isabella.


— Bel é minha prima querida! Apesar deu ser um pouco mais velha
que ela, crescemos juntas e sempre fomos muito próximas, quase
como irmãs mesmo. Estive no casamento dela e vi em seus olhos a
felicidade de estar casando com o amor de sua vida. Posso afirmar
sem medo de errar que minha prima é inocente e não matou o
James.
— Sem mais perguntas, senhor. - Helena voltou para seu lugar.
— Acusação?
— Tenho algumas perguntas. - Hilary se levantou indo até o centro
do tribunal — Senhorita Aiden, é verdade que a vítima e você foram
namorados?
— Sim. - A loira confirmou engolindo em seco.
— Por quanto tempo estiveram juntos?
— Quase quatro anos.
— E como era a relação de vocês?
— Eu achava que era boa, até descobrir que ele... Que ele não era
o que eu pensava.
— Como assim? Nos dê mais detalhes.
— Protesto meritíssimo. - Helena interviu. - A promotoria está
invadindo a privacidade da testemunha.
— Protesto negado. Responda a pergunta da promotoria, senhorita.
— Sim senhor. - Aiden lambeu os lábios secos — Ele não me dava
atenção, não ligava pra mim, então decidi terminar nosso namoro. -
Falou omitindo as traições que sofrera.
— É verdade que a senhorita terminou o relacionamento pouco
antes da morte da vítima?
— É. - Inquieta, a advogada desviou o olhar.
— E não acha estranho estar defendendo a acusada de matar o
homem com quem namorou por tantos anos? Será que não está
fazendo isso por despeito a ele?
— Mas é claro que não. - Ela fechou a cara— Estou fazendo isso
porque acredito na inocência da minha prima e ponto. - Afirmou e
Hilary sorriu irônica.
— Sem mais perguntas, senhor juiz!
[...]
Depoimento de Natalie White.

— Bella é uma super amiga, uma grande mulher. Confio em sua


inocência. - A loira dizia sorrindo para sua confidente.
— Naty está tão linda... - Brandon murmurou baixinho — Que
saudades dela.
— Acredita que ela foi vítima de uma armação? - Helena
questionou.
— Não tenho dúvidas disso. - A loira confirmou olhando para a
amiga.
[...]
Após um recesso de quase uma hora, já no meio da tarde, era a vez
de Thomas, o possível marido traído, depor.
O empresário estava nervoso, evitando olhar para Isabella.
Com as mãos trêmulas, sabia que seu depoimento teria peso na
condenação ou absolvição da esposa. Mesmo assim estava
disposto a ser sincero e falar somente a verdade, como prometera a
todos ali presentes.
— Senhor Cooper, nos conte como conheceu sua mulher. - Helena
pediu em busca de fazer com que ele dissesse coisas boas sobre a
garota que tanto amou, amava, nem ele mesmo sabia.
— Conheci a Isabella no colégio, no fim da nossa adolescência.
Ficamos amigos e começamos a namorar dias depois. Um ano
depois nos casamos e tivemos nosso primeiro filho, Benjamin. -
Manteve a cabeça baixa.
— E como Isabella era como esposa, como mãe?
— Ela... Ela... - Por um momento, o rapaz ergueu a cabeça e seu
olhar se encontrou com o de Bella.
Ela estava com os olhos marejados e os dele não estavam
diferente, pois lacrimejavam muito. Isabella estava com o olhar
cansado, quase exausto. Ele sabia que tudo aquilo que estava
acontecendo era pesado demais para ela e desejava estar em seu
lugar, só para não vê-la passando por tanto constrangimento.
Mas quando se lembrou que ela estava presa por ter tido um caso e
ainda por cima, matado o seu melhor amigo, seu olhar mudou. Seus
olhos verdes se escureceram de raiva e seus punhos se fecharam.
— Senhor Cooper, responda minha pergunta.
— Ela era uma boa mãe... - Desviou o olhar— Sempre dedicada as
crianças, cuidava muito bem deles e era uma esposa dedicada,
carinhosa... Fui muito feliz com ela. - Admitiu deixando que uma ou
outra lágrima caísse.
— Alguma vez o senhor desconfiou que ela poderia ter um caso
com seu melhor amigo?
— Nunca, jamais. - Negou prontamente — Eu acho, achava que ela
só tinha olhos para mim, assim como eu só tinha olhos pra ela.
— Você viveu cinco anos com a Isabella, teve dois filhos com ela,
então deduzo que a conheça muito bem. Acha que ela teria
coragem de matar um homem?
— A minha Bella... - Olhou novamente para sua pequena que
chorava com o depoimento dele — A Bella que conheço jamais faria
uma coisa dessas. Só que não sei se eu realmente conhecia minha
esposa porque ela mentiu pra mim.
— Er... Sem mais perguntas. - Vendo que a coisa iria desandar, a
loira resolveu finalizar logo o interrogatório.
— Com a palavra, a acusação.
— Obrigada excelentíssimo. - Hilary deu uma olhada em alguns
papéis sob sua mesa e foi até o depoente — Thomas, é verdade
que Isabella não se dava bem com James?
— Sim, ela nunca foi com a cara dele.
— E ela te explicava o por quê?
— Não exatamente, só dizia não confiar nele, essas coisas.
— E nunca desconfiou do por quê ela tinha tanta antipatia por seu
amigo?
— Não, vivia com a cabeça cheia. Sou pai de família, trabalhava,
estudava, nunca me importava muito com esses assuntos que
classificava na época como não importantes.
— Então é possível que sua esposa fingia não gostar dele para
disfarçar e fazer você não desconfiar que tinha um caso com ele?
— Sim, é possível.
— Você confia na sua irmã, Emma? Acha que ela seria capaz de
mentir?
— Claro que confio, minha irmã tem um grande coração.
— Então acredita que ela disse a verdade ao afirmar que viu sua
mulher beijando a vítima?
— Acredito. - Respondeu ficando ainda mais sério.
— Como o senhor reagiu ao saber que Bella tinha matado seu
grande amigo?
— Fiquei muito surpreso, horrorizado e triste. - Disse cabisbaixo.
— Muito se falou sobre o celular da acusada. Você se recorda de tê-
lo visto nos dias seguintes ao crime?
— Desde que nós fizemos um trato, não mexi mais no celular da
minha mulher então, não ficava reparando onde estava.
— Que acordo?
— Um dia tive uma crise de ciúmes por causa de uma mensagem
que ela recebeu de um colega de escola. Nessa época, mexi no
celular dela sem autorização, nós brigamos e prometi não invadir
mais o espaço dela. - Explicou.
— Os homens costumavam assediar muito a Isabella?
— Protesto meritíssimo! A promotoria está desviando o assunto. -
Helena interviu.
— Protesto negado! Responda a pergunta da acusação, senhor
Cooper. - Patrick ordenou.
— Não muito, mas quando saíamos ou viajávamos eles davam sim
em cima dela.
— E como ela se comportava? Fazia como fez com James? Fingia
não gostar para depois pelas costas, te enganar?
— Eu... Eu não sei. - O ruivo deu de ombros, confuso.
— Acabo aqui minhas perguntas, senhor. - Hilary encerrou o
interrogatório.
— Agora vamos chamar a última testemunha chamada pela defesa.
— Como assim? Pensei que Thomas fosse a última testemunha. -
Phillip sussurrou baixinho.
— E era. - Hilary franziu as sobrancelhas não entendendo nada.
— Que a testemunha Elizabeth Cooper entre.
— Vó? - Emma arregalou os olhos — Ela não estava proibida de
viajar pelos médicos?
— Sim, mas Elizabeth sempre fez só o que quis. - Esme murmurou
esboçando um sorriso.
— Vovó... - Bella abriu um lindo sorriso para ela.
— Jura dizer a verdade, somente a verdade, nada mais que a
verdade?
— Sim senhor Juiz, eu juro. E ao contrário de muitos que juraram
aqui e mentiram descaradamente, não minto. - A ruiva garantiu se
sentando.
— Com a palavra, a defesa.
— Senhora, nos diga o que pensa sobre a acusada. - A advogada
de defesa indagou.
— Isabella é uma boa menina. Ingênua, não estava preparada para
viver em um covil de cobras como o nosso. Devia tê-la preparado
mais, quem sabe assim ela não tivesse caído nessa armadilha. -
Falou suspirando.
— Armadilha?
— Sim, tenho certeza que os Campbell estão por trás disso tudo.
— Protesto! A depoente está fazendo acusações sem fundamento
contra a família da vítima. - Hilary interviu.
— Não são sem fundamento. Eu, mais do que ninguém conheço
bem essa gente. - Olhou para Billy com nojo — São medíocres,
egoístas, que só pensam em dinheiro e poder. Os Campbell podem
até enganar o tonto do meu filho e o trouxa do meu neto, mas a mim
jamais enganaram.
— Essa velha ainda me paga. - Billy disse cheio de raiva.
— Devíamos acelerar a ida dela para o cemitério, pai. - Melissa
sugeriu baixinho dando um sorriso de canto de boca.
— Por que não simpatiza com essa família, senhora Elizabeth?
— Porque os membros dela não prestam. Pelo menos os adultos já
que o filho da Melissa ainda é só um bebê. Aliás, vou começar por
ela. Essa mulher sempre quis se casar com meu neto Thomas e, é
por isso que inventou toda essa mentirada para prejudicar sua rival.
Billy é uma ave de rapina que tem muita inveja do Charles porque
ele comprou a empresa falida que ele não teve a competência de
cuidar. Já James, a quem muitos endeusaram nos depoimentos, era
um idiota que não conseguia enxergar nada além do próprio
umbigo. Minha família é integra, honesta, a Isabella é honesta, boa,
jamais faria mal a uma mosca. Dou minha palavra que ela é
inocente e peço a todos vocês... - Olhou para os jurados. — Que
acreditem em mim e que não caiam nesta armadilha covarde dos
Campbell.
Capítulo 28 – Julgamento Parte
IV

Durante o recesso...

— Fiquei muito surpreso com as coisas que a senhora disse, Dona


Elizabeth. - Billy comentou já no corredor do fórum — A senhora fez
acusações muito graves contra minha pessoa.
— Acusações totalmente verdadeiras. - A ruiva respondeu se
aproximando dele ao lado do filho e da nora — Não retiro uma
palavra do que disse.
— Eu sei. - Ele sorriu — Desde que fui morar na sua casa percebi
que nunca gostou de mim.
— Não se faça de vítima. - Ela revirou os olhos — Não gosto de
porque sei a cobra peçonhenta que você é. Fiquei chocada quando
Esme me ligou contando as atrocidades que você, sua filha e
Barney falaram da minha neta. E mesmo debilitada resolvi vir depor,
não vou deixar que uma injustiça dessas aconteça no seio da minha
família.
— A senhora está ficando a favor da assassina do meu filho! Por
acaso está declarando guerra contra mim?
— Estou. - Elizabeth confirmou o encarando — Errei muito em não
ter feito isso antes. Depois que perdi meu marido passei um tempo
depressiva e quando voltei fiquei empurrando com a barriga toda
essa situação imaginando que vocês não fossem tão traiçoeiros,
mas depois de hoje a única coisa que consigo sentir por vocês todos
é pena e ódio.
— A senhora está passando dos limites. - Barney fechou a cara.
— Quem está passando dos limites são vocês, seus sem
vergonhas! E você Barney, se aproveita da culpa que meu filho
sente para fazer o que quer e assim, espalhar seu veneno em todos
nós, mas isso tudo acaba aqui.
— Mãe! - Charles o repreendeu.
— Cale a boca você também, Charles. Eu sou a autoridade máxima
dessa família, sei o que estou fazendo. - O loiro então baixou a
cabeça por respeito a mãe — Enquanto eu viver, não quero vocês
na minha casa, muito menos na minha empresa.
— Nossa empresa, vovó Beth. - Billy a corrigiu — Eu e Barney
temos uma parte das ações e por isso, direito a participar de todas
as reuniões da diretoria.
— Não por muito tempo. - Elizabeth rebateu o encarando — Eu
ainda vou ter o prazer de assistir de camarote a queda de vocês
dois. - Falou dando as costas para eles e indo embora, seguida por
Charles e Esme.
— Essa velha está se tornando cada vez mais incômoda. - Billy
resmungou entre os dentes.
— Acho que vamos ter que tirar ela do nosso caminho, meu amigo. -
Barney sugeriu e ambos se entreolharam, esboçando um sorriso
maldoso.
~*~
[...]

18 de julho de 2007, Chicago.

Último dia de julgamento.

— Hoje é o dia de decidirmos o futuro da ré Isabella, mas antes


vamos ouvir o último depoimento dela. - Patrick anunciou —
Isabella Cooper jura dizer a verdade, somente a verdade, nada mais
que a verdade?
— Sim, eu juro. - A morena respondeu com a mão erguida.
— Com a palavra, a defesa.
Helena foi até o centro do tribunal e respirou fundo.
Bella estava de cabeça erguida, pensando em tudo que tinha
conversado com sua advogada.
Não podia errar.
E não iria.
— Senhora Cooper, nos diga como era seu relacionamento com a
vítima.
— Eu nunca gostei do James. Logo no dia em que Thomas me
apresentou à ele... - Olhou para o ruivo que não tirava os olhos dela
— Senti que ele não era do bem.
— Você disse no seu depoimento oficial que sofria assédio do
James. Por acaso se lembra de quando isso começou?
— No começo eram só piadinhas, indiretas e olhares um tanto
quanto maldosos. Até que certa vez na mansão dos Cooper, ele
disse umas coisas que me incomodaram, pouco antes da nossa
viagem a Disney. Até que na nossa viagem a Grécia quando eu
estava... - Baixou a cabeça envergonhada, sentindo seus olhos se
encherem de lágrimas ao lembrar do ocorrido — Me arrumando
para Thomas, vi que ele estava me espionando, se masturbando, foi
horrível!
— Desgraçado... - Thomas fechou os punhos de raiva. - Será que
isso é verdade?
— Em partes, né querido? Se ele a viu nua foi porque ela quis e não
duvido nada que eles tenham transado na sua cama, aliás. - Melissa
o envenenou mais uma vez.
— E depois, o que houve?
— Ele parou de me assediar por um tempo, até porque fiquei
grávida da minha filha mais nova, enfim, na nossa viagem a esta
cidade ele... Me agarrou no corredor do hotel.
— E o que você fez?
— Dei um tapa na cara dele e disse que contaria tudo ao Thomas.
— Entendo. E na noite do crime, o que foi fazer no quarto da vítima?
— James disse que tinha algo muito importante para me dizer e que
não devia falar ao Thomas sobre as coisas feias que ele andava
fazendo comigo. Eu tive medo, estava confusa, mas resolvi ir até lá.
E quando cheguei, ele estava caído no chão do quarto todo
ensanguentado. Tentei pedir ajuda, mas não deu tempo, quando vi
ele já estava morto.
— A vítima tentou te dizer quem era o assassino?
— Sim, tentou, mas não deu tempo.
— Então você afirma não ter matado o James?
— Sim Helena, por tudo que é mais sagrado.
— Sem mais perguntas meritíssimo. - A advogada voltou para seu
lugar.
— Acusação?
— Tenho muitas perguntas meritíssimo. - Hilary se levantou com um
ar de deboche — Senhora Isabella, por quê passou cinco anos
sendo assediada e não tomou atitude alguma?
— Eu tive medo, não queria arrumar conflitos entre os Cooper e
Campbell, já que ambos sempre foram muito próximos.
— E se está falando a verdade, por que não contou ao seu marido
que o melhor amigo dele estava lhe atacando?
— Thomas sempre foi muito, mas muito ciumento.
— Espero que ela não cite o que aconteceu no Brasil aqui. - Charles
murmurou entre os dentes.
— Ela não vai meu filho, ela não vai. - Elizabeth afirmou
suspirando.
— Ciumento como? - A promotoria indagou.
— Ah, ele não gostava de me ver com outros homens, era
possessivo e poxa, o James era o melhor amigo dele. Fiquei com
medo do meu esposo fazer uma besteira caso soubesse o que eu
estava passando.
— Ai, ai... - Hilary deu risada — Está dizendo que passou cinco
anos calada por medo de uma possível tragédia? Essa história está
bem difícil de engolir, mas vamos continuar. Uma das testemunhas,
Emma, disse que lhe viu beijando a vítima. Você confirma isso?
— Confirmo, mas quem me beijou foi James e foi a força! - Deixou
claro.
— E por quê foi ao quarto dele com uma faca no bolso naquele
noite?
— Eu tive medo dele tentar abusar de mim, então resolvi me
precaver antes de ir lá.
— Estava disposta a mata-lo então caso se aproximasse de você?
— Claro que não.
— Ninguém anda com uma faca se não está disposta a matar.
Agora nos diga porque suas digitais foram as únicas que estavam
na faca do crime?
— Porque peguei a faca. James estava tentando me dizer algo e
apontou para a faca, eu nem lembrei na hora que minhas digitais
ficariam lá.
— E no telefone que estava cortado para impedi-lo de conseguir
ajuda. Como explica isso?
— Estava sem meu celular, daí tentei pedir ajuda pelo telefone, só
depois percebi que o verdadeiro assassino o tinha cortado
justamente para que eu não pedisse ajuda. Olha, sou inocente,
vocês precisam acreditar em mim. Eu nunca tive um caso com
James, o único homem que tive na minha vida foi o Thomas. - Olhou
para o amado — E nunca tiraria a vida de uma pessoa.
— Sem mais perguntas, senhor juiz. - Hilary disse voltando para seu
lugar.
— Antes dos jurados votarem, vamos para as considerações finais e
debates da acusação e defesa. Com a palavra, a defesa. - O juiz
anunciou e mais uma vez, Helena voltou a falar.
— Senhoras e senhores, estamos diante de um caso muito
complicado. Isabella, mais conhecida como Bella por seus amigos, é
uma jovem mãe de dois filhos. Um filho de três anos e meio e outra,
que só tem um ano e meio. Casada com um bom marido, tem uma
família linda. Agora me digam, quem em sã consciência colocaria
uma vida maravilhosa como essa a perder? Bella como todo ser
humano, errou sim, errou feio. Mas seu erro não foi matar e sim
priorizar as pessoas que amava e com isso, omitindo tudo o que
estava passando na mão da vítima que muitos tentaram pintar como
um bom garoto, mas que na verdade é um tremendo mal caráter.
James Campbell não tinha escrúpulos e como foi dito aqui, tinha
outros inimigos que podiam muito bem tê-lo matado naquela noite.
Agora vamos as provas. A maior delas são as digitais na faca. -
Aproximou-se dos jurados — Ela estava nervosa e por mais um
erro, acabou pegando no objeto do crime. Se ela realmente queria
matar o James, para que levaria duas facas? Uma já não bastaria?
A verdade senhores jurados é que não há provas concretas contra a
ré. Os testemunhos contra essa menina vieram de pessoas
ressentidas e invejosas, como confiar? A verdade mesmo é que
Isabella está sendo vítima de uma grande armação. Se essa jovem
for condenada, vocês estarão cometendo um erro grave, muito mais
grave que os que a própria cometeu. Sabe por quê? Porque vocês
deixarão o verdadeiro assassino a solta.
[...]
— A acusação tem a palavra agora. - E Hilary foi para o centro do
tribunal — Senhores jurados, não estamos diante de um caso
complicado. Estamos diante de um crime hediondo, terrível, que
merece justiça. Um crime passional motivado por ciúme, por
vingança ou por qualquer outro motivo já que mesmo com tudo
contra ela, a ré insiste em mentir descaradamente alegando ser
inocente. - Isabella revirou os olhos ao ouvir isso — Essa mulher
que chorou lágrimas de crocodilo é fria, cruel e calculista. Sim,
calculista porque entrou naquele quarto com duas facas, disposta a
matar. Além do mais a senhora Cooper se envolveu com o melhor
amigo de seu marido. Tem ato mais desonesto que esse? Me
digam, o que importa se James foi mulherengo? Isso o faz
merecedor de ser massacrado a facadas? Isso justifica um crime? -
Olhou para os jurados — Não se deixem enganar pelo rosto
angelical desta mulher. Criminoso não tem cara, muito menos
coração. Se deixarem esta mulher livre cometerão uma injustiça
sem tamanho e todas as noites antes de dormirem, sentirão suas
consciências pesadas por terem deixado uma bandida livre.
— O tribunal entrará em recesso por uma hora para os jurados
votarem e decidirem o destino da ré. Quando retornarmos, a
sentença será dada. - O juiz avisou.
Capítulo 29 – Sentença

— Estou tão esperançosa, Helena - Bella desabafou sorrindo —


Acho que você foi bem convincente e por isso, os jurados vão
acreditar em mim.
— É, só que a promotoria também foi convincente, argumentou
muito bem, não estou tão convencida assim de que fomos bem. Mas
não perca as esperanças, resta torcer para que tenhamos
conquistado a simpatia dos jurados, afinal, são eles que decidirão
seu destino.
— Tomara porque não vou aguentar ficar nem mais um dia presa. -
A morena avisou respirando fundo.
~*~
— Filho, como está? - Charles perguntou se aproximando do ruivo
que estava no banheiro do fórum se olhando no espelho.
— Estou péssimo como sempre, Charles - Thomas respondeu
apoiando as mãos sob a pia - Acho que nunca mais vou ficar bem
de novo.
— Tenha esperanças, a Bella vai...
— Não quero saber da Isabella, por mim ela pode apodrecer na
cadeia. Sabe, estive pensando, mesmo se ela for declarada
inocente não dá mais.
— Como assim? - O CEO arqueou a sobrancelha.
— Eu fui enganado, traído, feito de idiota por aquela mulher. Não dá
pra voltarmos a ficar juntos, não quero mais a Bella, pai.
— Você está falando da boca pra fora, você a ama, tenho certeza
disso.
— Sim, eu a amo. - Admitiu — Mas eu vou sufocar, vou matar esse
amor dentro do meu peito para o bem da nossa família e
principalmente, dos meus filhos. Ainda não sei como, mas eu vou
fazer isso sim.
~*~
— Senhoras e senhores estamos aqui para depois de quatro
dias, dar fim a este julgamento. - Patrick anunciou.
— É bom que essa maldita seja condenada caso contrário, vou
fazer justiça com minhas próprias mãos. - Billy disse entre os
dentes.
— Que a ré fique de pé para ouvir sua sentença.
— Sim senhor. - Bella concordou se levantando e respirando fundo.
— Isabella Adams Cooper, este tribunal a condena há dezessete
anos de prisão pelo crime de homicídio qualificado por motivo fútil.
— O QUÊ? - A garota levou a mão ao peito — Não, isso não está
acontecendo. Eu fui condenada?! - Olhou para Helena que baixou a
cabeça decepcionada com a decisão do júri — Não posso ficar vinte
anos presa, não!! Não posso!
— Dezessete anos. - Os olhos de Thomas se encheram de
lágrimas. - Céus... O que vou fazer da minha vida agora?!
— Não, minha filha não... - Lauren acabou desmaiando.
— Querida, fale comigo! - Bruce exclamou desesperado, segurando
a esposa nos braços.
— Mãe!! - Bella foi segurada por dois policiais e começou a se
debater.
— Calma, vou cuidar da sua mãe, Bella. - Charles falou indo
socorrer a médica.
— Bem feito pra você, sua assassina. - Billy se aproximou da jovem
e começou a gargalhar junto de Melissa.
— Bella... Bella... - Melissa se aproximou dela — Há muitos anos
você disse que ia esfregar sua felicidade na minha cara. Viu só
como o jogo virou? - Sorriu ironicamente.
— Você vai pagar caro Melissa, juro pelos meus filhos que vai. -
Bella prometeu se segurando para não chorar, enquanto via Charles
e Bruce levarem Lauren ainda desmaiada para fora do tribunal.
— Quando? Daqui vinte anos? - Melissa deu risada e saiu junto do
pai - Até lá você pode estar até... Morta.
— Estamos com você amiga. - Natalie falou se aproximando da
morena que estava sendo algemada ai ficar tudo bem.
— Cuida dos meus filhos. - Foi a única coisa que Bella conseguiu
dizer e Natalie nada disse, apenas assentiu com a cabeça, dando
um meio sorriso.
— Querida... - Elizabeth se aproximou de Bella que já estava quase
sendo levada de lá — Hoje é um dia triste porque o mal triunfou,
mas não perca as esperanças, tenho certeza que ainda sairá livre
daqui. - Fez carinho no rosto da garota, limpando suas lágrimas.
— Obrigada vovó. - Bella agradeceu — Cuide do Benjamin e da
Pérola, por favor.
— Mas é claro que vou cuidar. - A velhinha respondeu chorosa.
[...]
Era muita dor.
Isabella sentia como se seu coração estivesse simplesmente
despedaçado.
Passaria quase vinte de sua vida privada da liberdade.
Não veria seus filhos crescerem, nem viveria mais sua história de
amor com Thomas.
Sua família, seus amigos, seus sonhos... Estava tudo acabado.
— O que vai acontecer comigo agora, Helena? - Isabella perguntou
se preparando para o pior.
— Agora você irá para a delegacia e ficará na cela por algumas
horas e depois, será transferida para um presídio feminino daqui
mesmo. Olha, vou fazer o possível para que você passe o menos
tempo possível presa.
— Eu sei, obrigada por tudo. - Agradeceu abraçando a jovem
advogada — Me avisa depois se minha mãe está bem, ok?
— Pode deixar. - A loira a abraçou — E desculpe não ter
conseguindo te livrar disso tudo.
— Você não tem culpa de nada, você fez o possível e é isso que
importa. - Retribuiu o abraço.
[...]
Isabella já estava de volta a sua cela na delegacia.
E só quando teve certeza que estava sozinha, se permitiu chorar.
Chorava de tristeza, de raiva, de mágoa, de saudades e
principalmente de ódio.
Ódio por ter sido boba, por ter sido burra.
— Isabella? - Um dos policiais a chamou.
— Chegou a hora da minha transferência para o presídio? - A presa
indagou se levantando.
— Ainda não, mas tem uma visita esperando você. - Explicou
abrindo a cela.
— Quem é? - A morena franziu o cenho.
— Veja com seus próprios olhos.
[...]
— Thomas? - Bella arregalou os olhos ao se deparar com o marido
na sala de visitas da delegacia.
— Vim conversar com você Isabella, para... Tratarmos do nosso
divórcio.
Capítulo 30 – Inferno

— Divórcio? - Bella se aproximou dele. - Está brincando, né?


— Eu tenho cara de quem está brincando? - Thomas manteve o
semblante sério a olhando nos olhos — Você foi condenada há
quase vinte anos de prisão. Não quero, nem vou ficar casado com
uma assassina.
— Não sou assassina, mas quer saber? Eu cansei. Cansei de me
humilhar pra você acreditar em mim. Passei meses te mandando
recados para me visitar e você foi tão canalha que nem isso fez. Se
é o divórcio que quer pois bem, eu vou te dar Thomas. - Deu de
ombros se sentindo cada vez mais chateada com aquele a quem
amara muito um dia.
— Ótimo. - O ruivo trincou o maxilar.
— Nosso casamento já era, agora preciso saber sobre meus filhos.
Como vamos fazer? Quando eles irão me visitar?
— Te visitar? - Thomas sorriu irônico — Meus filhos não irão entrar
em uma cadeia nem por cima do meu cadáver.
— Você não pode fazer isso. Pérola e Benjamin são meus filhos
também, tenho direitos sobre eles.
— Você perdeu todos os seus direitos no dia em que me traiu e
destruiu a família que lutamos tanto para construir!
— Você não pode fazer isso, Thomas - Com os olhos cheios de
lágrimas, Bella fez sinal de negativo com a cabeça — Nem que eu
tenha que entrar na justiça, vou ver sim meus filhos.
— Ah, você quer entrar na justiça? Fique a vontade! Quero ver que
juiz vai ficar a favor de uma, de uma adúltera e assassina como
você!
— Já chega! - Bella deu um tapa no rosto dele — Não vou admitir
que faça isso comigo, você é um monstro! Maldito dia em que te
conheci e me apaixonei por você.
— Pode ter certeza que também me arrependo muito de ter casado
com você, Isabella. - Retrucou levando as mãos a bochecha
avermelhada pelo tapa — Você destruiu minha vida e pode ter
certeza que vou fazer o possível pra que nunca mais se aproxime
das crianças, você não é boa influência pra elas.
— Como pode ser tão cruel? Usar as crianças pra se vingar de mim
é tão mesquinho, é tão podre. - O olhou enojada.
— Cada um usa as armas que tem e saiba que não estou fazendo
isso para me vingar pela sacanagem que você fez comigo e sim,
para proteger meus filhos do vexame de terem que conviver com
uma condenada. - Falou indo em direção a porta — Acho que não
temos mais nada a falar.
— Não temos mesmo, nossos advogados resolverão tudo para nós
a partir de agora. - Bella cruzou os braços, se controlando para não
chorar.
— Exatamente. - Concordou cabisbaixo — Adeus, Isabella. -
Despediu-se e assim que Thomas saiu por aquela porta, Bella
simplesmente desabou, começando a chorar desesperadamente.
[...]
Algumas horas depois ela já estava parada ao lado de vários
policiais em frente ao presídio feminino de Chicago.
Os portões e grades do local se abriam seguidamente para ela
trancando-a cada vez mais naquele lugar horroroso. A cada passo
que dava, a cada porta que se fechava, Bella sentia que estava
cada vez mais distante da liberdade, até que uma funcionária do
local começou a lhe dar diversas ordens.

"Tire todas as joias e acessórios


"

Foi a primeira ordem e a morena então se desfez de seus brincos,


seu colar e sua aliança.

A única coisa a qual não quis se separar foram das fotos de sua tão
amada família.
"Tome um banho e vista seu uniforme"

Bella tomou uma ducha fria para em seguida colocar um macacão


laranja, uniforme oficial do presídio.
— Para onde está me levando? - Perguntou assustada enquanto a
carcereira apertava seu braço de forma rude pelos longos e escuros
corredores da cadeia.
— Para a sua nova morada, oras. Sua cela onde você terá muitas
amiguinhas para conversar por muitos e muitos anos. - Falou
sarcástica enquanto ambas caminhavam pelos corredores, já na ala
das celas.
— Tem carne nova no pedaço! - Uma voz rouca vinda de outra cela
disse.
— E não é que é uma gostosa? - Outra prisioneira falou.
Bella caminhava cabisbaixa sem a menor coragem de olhar para o
lado.
Só se deu conta de que estava em sua cela quando foi empurrada
com força para dentro da mesma, caindo no chão e ralando
levemente o cotovelo.
— Mais uma, que merda. - Jane, uma loira de olhos claros
resmungou fazendo uma careta — E aí gata, foi presa por quê?
Roubo? Assassinato?
— Deixe a menina em paz Jane, por favor. - Jéssica, outra colega
de cela de Bella respondeu se levantando do chão.
— Não vou deixar, quero saber qual o crime que essa garota
cometeu pra estar com essa cara tão desanimada! - E deu risada —
Pelo jeito a pena foi pesada.
— Olha, me deixa em paz. - Bella pediu se sentando em um colchão
velho no canto do chão.
— Se não responder minha pergunta, vou achar uma desfeita muito
grande e não sou muito legal com aqueles que me fazem desfeitas,
sabia? - Jane ameaçou apontando o dedo para a cara de Isabella.
— Fui condenada por homicídio, mas sou inocente. - A morena
contou se deitando de lado quando a vilã começou a gargalhar.
— Inocente? Aqui todas somos inocentes, queridinha. Todas somos!
- Jane ironizou rindo ainda mais dela.
~*~
[Nova York]

— Enfim, de volta para casa. - Esmeralda murmurou sentando-se no


sofá da sala de estar da mansão dos Cooper.
— E pensar que estávamos tão felizes meses atrás e agora, não
temos ideia do que será do nosso futuro. - Charles desabafou vendo
Thomas subir as escadas correndo — Filho?
— Deixe-o Charles. Thomas precisa ficar um tempo sozinho para
por a cabeça no lugar. - Elizabeth disse suspirando e sentando-se
na poltrona.
— É... Precisa mesmo. Vou ver meus sobrinhos, com licença. -
Brandon disse indo para o quarto das crianças.
— O que vai ser de nós, querido? O que vai ser dos nossos filhos e
netos? - Esme perguntou deixando que uma lágrima caísse de seus
olhos.
— Sinceramente? Não sei... - O loiro respondeu completamente
confuso.
~*~
Assim que entrou em seu quarto, Thomas começou a chorar.
Sentia como se estivesse sem chão.
Há sete meses era o homem mais feliz do mundo e agora, o mais
infeliz deles.
— Por que Bella? - Perguntou-se encolhido no chão do quarto onde
já fora muito feliz — Por que fez isso comigo? Por que mentiu pra
mim? Eu te amo tanto, como vou viver sem você? O que farei com
nossos filhos? Que ódio de você por ter feito isso com a gente... -
Murmurou passando a mão sob o rosto inchado pelo choro — Minha
vida acabou por sua causa. Por sua causa...
~*~
— Essa menina vai ficar aí jogada neste colchão até quando? - Jane
perguntou com a mão na cintura.
— Deixa ela! - Jessica pediu novamente.
— Pare de defendê-la ou vai sobrar pra você. - A bandida a
ameaçou fechando a cara — Ei, o que é isso? - Perguntou ao ver
que Bella segurava uma foto nas mãos.
— Não interessa, deixa eu ficar na minha, ok? Não quero confusão.
- Estressada, a morena guardou a foto no bolso e ficou em pé,
encarando a presa.
— Me deixa ver o que tem nessa foto. - Jane foi para cima dela e
tentou colocar a mão em seu bolso, mas levou um empurrão.
— Me deixa em paz! - Bella avisou novamente.
— Ah, sua vadia, agora você me paga! - Jane a empurrou de volta.
— PAREM MENINAS! - Jessica tentou interferir gritando quando a
carcereira apareceu.
— EI, O QUE TA ACONTECENDO AQUI?! - As presas se calaram e
baixaram a cabeça. - Ah... A novata já está dando problema?
— Eu? Mas é claro que não! - Bella negou prontamente.
— Deu sim, essa garota é uma problemática. - Jane a acusou de
propósito.
— Cala a boca, Jane. E você novata, vai levar uma lição pra
entender que nesse presídio o buraco é bem mais embaixo, venha.
- A puxou pelo braço novamente, com mais agressividade do que da
primeira vez.
— Pra onde está me levando? - A jovem indagou apavorada.
— Para um lugar onde vai ter muito tempo pra pensar no que fez,
sua ridícula. A solitária... - Parada em frente a uma porta de ferro, a
mulher que atendia pelo nome de
Julie abriu a mesma e jogou Bella lá dentro, fechando a porta e
deixando a menina na mais completa escuridão.
— NÃO FAZ ISSO, POR FAVOR! ME TIRA DAQUI! Eu não quero
ficar nesse lugar, não mereço isso... - Desesperada, Bella se
debulhava em lágrimas batendo as mãos naquela porta enorme e
dura — Alguém me ajuda, por favor! Não quero ficar aqui... - Pediu
já jogada no chão.
Se ela não conhecia o inferno ainda, estava prestes a conhecer
agora.
Capítulo 31 – Pacto

— SOCORRO!! - Bella gritou pela janelinha que tinha na porta


acinzentada de ferro — ALGUÉM ME TIRA DAQUI! - Gritou
tentando abrir a porta, sem sucesso — Não sei porque estou
pedindo socorro, ninguém vai me salvar mesmo. - Sentou-se no
chão gelado — Esse lugar tem um cheiro horrível... - Fez uma
careta — Aquela desgraçada nem disse quanto tempo vou ficar
aqui. - Ouviu um barulho — Tem alguém aí? - Forçou a vista
tentando enxergar algo — Um rato? - Suspirou ao ver que o
bichinho estava ao seu lado. - Ei, vem cá. - Pegou o animal nas
mãos — Você está bem sujo, hein? Qual seu nome? - Fez carinho
nos pelos do animal - Hum... Acho que você é uma ratinha. Sabia
que tenho um hamster de estimação? - Sorriu — Se chama senhor
Jingles, em homenagem há um filme muito triste que vi anos atrás.
Vou te chamar de senhora Jingles, aí quando sair daqui vou te levar
pra casar com meu hamster. Sabe, eu conversava muito com meu
bichinho, mas como ele não está aqui você vai ser minha nova
amiga. Quer ser minha amiga? - A ratinha fez outro barulho— É,
acho que quer sim. - Deu risada — Hoje foi um dia difícil, o pior da
minha vida. Além de estar condenada, o cara que eu mais amava
nesse mundo simplesmente me pediu o divórcio. E agora estou
sozinha. Quer dizer, não exatamente. Sou grata a cada um que me
ajudou nos depoimentos como a vovó Beth, mas outros como o
Billy, esses tenho muito ódio e vontade de dar o troco. E vou dar,
não duvide disso. Mas o pior de tudo é saber que por culpa do
desgraçado do Thomas, vou ficar sem meus filhos por muitos anos,
talvez para sempre. - Algumas lágrimas escorreram de seus olhos
— Meus filhos, tão lindos. Não os vejo há sete meses. Será que um
dia ainda os verei? Vou sim, tenho fé nisso! Pode demorar dez, vinte
anos mas um dia ainda abraçarei Pérola e Benjamin.
[...]
Dias depois...

[New York]

— Já faz 15 dias que Thomas está nesse estado. Passa os dias e


noites trancado no quarto, mal come, mal fala com as crianças.
Estou tão preocupada, não seria melhor chamar um médico? -
Esme indagou durante o café da manhã da família Cooper.
— Um médico comum não poderá ajuda-lo porque a doença do meu
irmão é na alma. - Brandon respondeu tomando um gole de suco.
— Está difícil para todos nós. - Charles comentou enquanto passava
geleia em seu biscoito — Perdi muito dinheiro durante esses meses,
ainda mais porque estou tendo que me virar sozinho, sem meu filho
do lado. Para pagar favores a pessoas da imprensa e assim,
esconder esse escândalo todo tive que vender algumas empresas e
atualmente, nosso maior bem é a Cooper Enterprises. Até nossa
casa de campo, fazenda e casa de praia estou tendo que alugar
para não vender. Enfim, não está fácil. - Desabafou.
— Nossa... - Elizabeth comentou surpresa com todas aquelas
novidades ruins — Vou te dar um auxílio, filho.
— Obrigado mãe! - O loiro agradeceu beijando a mão dela.
— Bom dia. - Todos arregalaram os olhos ao se depararem com
Thomas.
De terno e gravata pretas, bem vestido, barba feita e cabelos
alinhados, o ruivo carregava sua maleta de trabalho nas mãos.
— Filho? Que bom que está aqui. - Esme sorriu ao ver que o filho
parecia bem mais animado.
— Acho que já chorei e sofri o suficiente, não? - Indagou tomando
um gole de leite — Liguei pra Emma e pedi pra que marcasse uma
reunião com todos, incluindo os Campbell. A reunião será as oito da
noite, no bistrô do Andrew.
— Por que chamou os Campbell? - Beth questionou incomodada.
— Porque o anúncio que farei valerá pra eles também, vó. Sei que
rompemos com aquela família, mas querendo ou não eles ainda
farão parte do nosso convívio por causa da empresa.
— E que anúncio será esse, maninho? - Brandon perguntou
curioso.
— Todos saberão hoje a noite. - O homem respondeu misterioso —
Ah Charles... Voltarei para a empresa hoje.
— Ótimo filho, estou precisando muito da sua ajuda. - O CEO
respondeu aliviado.
~*~
— Olha, não sei se vou poder participar dessa tal reunião, pois os
exames para entrar na polícia me tomam muito tempo. - Natalie
avisou se arrumando para sair.
— O que será que Thomas quer conosco? - Andrew questionou
mordendo o lábio.
— Não sei, mas sinceramente senti meu irmão tão frio, nem parece
o Tom de antes. - Emma comentou fazendo uma careta.
— Também, depois de tudo que meu cunhado passou vai ser muito
difícil que ele volte a ser o mesmo Thomas de antes.
— Pior é a Bella que está presa e toda ferrada. - Naty lembrou da
amiga — Coitada, deve estar sofrendo muito. Vou visita-la assim
que tiver um tempinho livre. - Fez planos.
~*~
— Viajar? Por que isso agora, Brandon? - Esme indagou surpresa
com a decisão do filho.
— Mãe, não consigo esquecer a Naty e ficar aqui não vai me ajudar.
Meu empresário disse que recebi uma proposta de um time muito
importante de Londres e vai ser bom me afastar um pouco de todos
esses problemas.
— Vou sentir tanto sua falta. - A morena abraçou o filho fortemente.
— Também sentirei falta de todos vocês, mas não importa onde eu
esteja, os Cooper sempre poderão contar comigo. - Brandon
prometeu retribuindo o abraço.
~*~
— O que será que aquele povo quer conosco? Não tinham cortado
relações? - Melissa perguntou ao pai enquanto dava papinha para
Alex.
— Aposto que aquela velha se arrependeu das grosserias que me
fez no julgamento e vai pedir desculpa com o rabo entre as pernas.
Vai ser bom porque é péssimo para meus planos que nos afastemos
daquela família chata. - Billy respondeu sentando-se no sofá —
Depois do julgamento, nem o imbecil do Charles tem falado comigo
direito.
— Só espero que possamos tirar alguma vantagem dessa reunião,
pai. - Melissa falou mordendo os lábios — Do contrário, vai ser pior
pra eles.
[...]
Anoiteceu.

No horário marcado todos estavam reunidos no restaurante de


Emma e Andrew, que foi fechado exclusivamente para esta reunião
a pedido de Thomas.
— Obrigada por terem vindo.
Enquanto todos estavam sentados em uma enorme mesa de jantar,
o jovem Cooper era o único que estava em pé.
— Estou muito curiosa com o que tem a dizer, mano. - Emma disse
tomando um gole de vinho.
— Imagino que todos estejam, mas vou lhes explicar. Todos vocês
sabem do que passei nesses últimos meses, todos viram minha dor,
dor essa que não existe mais. Durante esse tempo tomei decisões
importantes que serão ditas a vocês agora.
— De que tipo de decisão está falando? - Barney perguntou
curioso.
— A partir de hoje tudo que aconteceu de janeiro até aqui será
apagado da mente de cada um de vocês.
— Quê? Não entendi nada. - Melissa deu risada.
— Estão vendo essa mulher aqui? - Thomas pegou uma foto de
uma jovem loira de olhos azuis e cabelos longos até o meio das
costas — Essa mulher é Catherine, minha esposa que faleceu em
julho deste ano em um grave acidente de carro durante uma viagem
a Rússia.
— Como é que é?! Você enlouqueceu Thomas? - Bruce perguntou
com as sobrancelhas franzidas.
— Pelo contrário, estou mais lúcido do que nunca. Catherine foi uma
boa mulher, uma grande mãe... - Deu um sorriso triste.
— Thomas, você só pode estar louco sim. O nome da sua esposa é
Isabella e é minha filha! - Bruce fechou a cara — Se isso é uma
brincadeira, é de muito mau gosto.
— Não, não é brincadeira. Vou me divorciar da Isabella muito em
breve e ela será apagada da minha vida e dos meus filhos. Não
pensem que foi fácil tomar esta decisão. Na verdade foi a mais difícil
que tomei na vida, mas agora vou até o fim com ela.
— Espera... Deixa eu ver se entendi. - De pé, Lauren olhava para o
genro incrédula — Você vai fingir que minha filha não existiu e irá
forjar uma mãe de mentira para meus netos?
— Exatamente. - Ele confirmou e todos o olharam chocados —
Meus filhos não vão passar a infância e adolescência visitando
aquela mulher na cadeia. Muito menos vão crescer com o peso de
saberem que a própria mãe é uma assassina, que traiu o marido
com o melhor amigo dele.
— Você não tem o direito de fazer isso, Thomas. - Beth interviu
nervosa.
— Tenho sim vó. Olha, te amo e te respeito muito, mas essa decisão
é minha e os filhos são meus, eu os crio e decido o que é melhor
pra eles. - Respondeu e a contragosto, Elizabeth se calou.
— E qual seria nossa vantagem nisso tudo? Agora que os Cooper e
os Campbell romperam, não tenho motivos para me calar. - Billy
avisou sorrindo.
— Sei que não vai ser de graça. Sei que minha família vai respeitar
e aceitar minha decisão, mas que os interesseiros não vão. Por isso,
Billy, Barney e Melissa, vocês receberão uma boa quantia mensal
para que fiquem de boca fechada.
— Só que eu e Lauren não aceitamos dinheiro, muito menos
compactuar com essa mentira. - Bruce deixou claro e o ruivo engoliu
em seco.
— Eu já imaginava. Por isso, infelizmente vocês terão que cortar
relações com meus filhos, pelo menos até mudarem de ideia. Me
desculpem, lamento muito mas prometo que sempre receberão
notícias constantes sobre as crianças.
— O que vai fazer é desumano, Thomas. - Lauren o olhou enojada.
— É para o bem da Pérola e do Ben. É para que tenham uma vida
tranquila e feliz. Se vocês querem realmente a felicidade das
crianças, aceitarão isso. Senhores, peço que façamos um pacto de
silêncio esta noite. Que juremos por tudo que é mais sagrado que
não iremos revelar as crianças sobre o que aconteceu com minha
ex-mulher.
— E no futuro? Daqui vinte anos minha filha sairá da cadeia.
— Eu sei Bruce, mas até lá eles já estarão crescidos, maduros. Aí
sim entenderão minha mentira e talvez, quem sabe, possam
construir uma relação com Isabella. Mas com ela livre, na cadeia
jamais. Sei que muitos de vocês não concordam com minha ideia,
nem esperava que concordassem. Só peço que respeitem e que
tentem entender que tudo isso será feito por amor aos meus filhos,
que são a coisa mais importante da minha vida. E aí, juram?
— Eu juro. - Melissa foi a primeira a concordar, seguida de Billy e
Barney.
— Também juro. - Emma disse e Andrew assentiu com a cabeça.
— Juramos. - Charles falou por si e por Esme.
— Não concordo, mas te apoio irmão. - Brandon pôs a mão sob o
ombro dele.
— Você é um monstro Thomas, como me arrependo de ter
concedido a mão da minha filha a você. - O xerife falou de punhos
fechados — Mas Lauren e eu não poderemos impedir essa loucura,
só espero que isso realmente seja o melhor para meus netos.
— Desculpe senhor. - Thomas baixou a cabeça sem conseguir
encara-lo — E você vó? - Virou-se para a senhorinha.
—Tenho certeza que você está cometendo o maior erro da sua vida
meu neto, mas por amor te apoiarei. - A velhinha disse e o rapaz
beijou sua mão carinhosamente.
— Muito obrigado a todos por jurarem. - Agradeceu satisfeito.
Capítulo 32 – Mentiras

No dia seguinte...

— Esse plano não vai dar certo, meu filho. E os nossos empregados
daqui e da empresa? Como fará com que aceitem essa mentira?
Logo pela manhã, Esme tentou abrir os olhos de Thomas a respeito
do pacto que tinham feito na noite anterior.
— Já pensei em tudo. Vou dar uma boa quantia para que estas
pessoas não falem nada, uma quantia bem menor que a dos
Campbell, só para calarem a boca mesmo. - Respondeu fazendo
um nó em sua gravata. — Vou comprar o mundo inteiro se for
necessário, mas esconderei a verdade das crianças. Aliás, tenho
que falar sobre a morte da Catherine para elas ainda hoje. Ah, outra
coisa mãe... - Foi até ela — Peça para a empregada preparar outro
quarto pra mim?
— Outro quarto? Por que? - Questionou arrumando a gola da
camisa dele.
— É que esse lugar me trás muitas lembranças. - Suspirou ao
lembrar-se de Bella.
— Não tem medo que as crianças não acreditem em você? Que se
lembrem da Isabella no futuro?
— Esme, eles são praticamente bebês, é impossível que se
lembrem do que aconteceu quando tinham dois, três anos, estou
tranquilo quanto a isso. Agora venha, vamos tomar café logo porque
antes de ir para o trabalho vou conversar com meus filhos. - E
caminharam para fora do quarto dele.
[...]
Após o café da manhã, Cooper trancou-se por um tempo em seu
quarto. Ficou andando de um lado para o outro, pensando se
realmente deveria fazer aquilo com os próprios filhos.
— Não tenho outra solução. - Murmurou secando uma lágrima que
caiu de seus olhos — E agora é tarde demais para voltar atrás, já fiz
tudo errado mesmo, não tem mais volta. - Se enchendo de coragem,
o ruivo saiu do quarto indo até o quarto de brinquedos.
— Oi filhotes. - Sorriu ao ver seus dois filhos brincando com
bichinhos de pelúcia — Podemos conversar?
— Vem bincar papá. - Benjamin falou e o ruivo sentou-se no chão
colocando as crianças em seu colo.
— O que preciso falar com vocês é muito importante, é sobre a
mamãe de vocês. - Respirou fundo.
— Má vai volta? - Pérola perguntou batendo palmas.
— Pelo contrário filhos, ela não vai voltar nunca mais. A mãe de
vocês sofreu um acidente e agora está no céu. - Olhou para o teto
— No céu junto com anjinhos e com o bisavô de vocês.
— Não entendi papá... - Ben fez uma carinha de choro — Mamã
virou estrelinha?
— Sim filho, ela... Ela morreu. - Ao ouvir isso, os bebês começaram
a chorar e ele os abraçou forte — Mas fiquem tranquilos filhos,
vocês nunca vão ficar sozinhos, papai está aqui. - Os abraçou ainda
mais — Papai vai cuidar de vocês, lhes educar, dar amor, vou dar
tudo pra vocês. - Beijou o topo da cabeça de cada um — Sei que
não estão entendendo direito porque são muitos pequenos, mas
sempre que quiserem conversar com a mamãe é só olharem para o
céu, para as estrelas. Ela é uma delas agora. - E debulhou-se em
lágrimas junto com eles, só que as de Thomas eram de culpa.
[...]
Pérola e Benjamin choraram muito a perda da mãe.
E Thomas ficou ao lado deles por longas horas.
Depois que as crianças enfim dormiram, ele as deixou sob os
cuidados de Esme e em seguida foi para o escritório da mansão
onde ligou para seus advogados, pedindo que acelerassem ao
máximo o processo de divórcio.
Queria simplesmente apagar Bella de sua vida, mesmo sabendo
que jamais a apagaria de seu coração.
Após terminar as ligações o homem passou na cozinha e pediu a
Aurora, sua empregada, para que mais tarde, enviasse todas as
roupas e objetos pessoais da esposa para Lauren e Bruce.
Depois voltou para seu quarto e revirou-o procurando todas as fotos
que tinha ao lado de Isabella.
— Caramba, são tantas. - Disse olhando uma por uma delas. - Nós
éramos tão felizes, por que foi fazer isso comigo? Por sua culpa
estou sendo forçado a fazer o que mais detesto na vida que é
mentir. Ah Bella... Minha Bella... Por que acabou com minha vida? E
por que fiz tudo errado? Por quê ao invés de fazer o que fiz não
fiquei simplesmente do seu lado?! - Rasgou uma das fotos e em
pedaços, a jogou no chão.
— Não faça isso, Thomas - Elizabeth, que já o observava há alguns
minutos, entrou no quarto e fechou a porta — O que pensa que está
fazendo?
— Estou me livrando de tudo que possa me fazer lembrar dela, vó.
Não quero que daqui alguns anos, meus filhos vejam essas fotos. -
Explicou e depois de dar um sorriso triste, a mulher sentou-se ao
lado dele na cama — Por isso irei queimar todas, para que nunca ou
pelo menos pelos próximos vinte anos, descubram minha mentira.
— Não as queime, as guarde no cofre. Você não pode queimar uma
memória que não é só sua, que pertencem também aos meus
bisnetos. O cofre é seguro, até hoje nunca tivemos problemas com
ele.
— Boa ideia vó. - Devolveu o sorriso com mais tristeza que ela.
— Até porque você iria arrepender-se se as queimasse. Quando
essa raiva passar, só restará a culpa e o amor no seu coração
porque sei que por trás desse ressentimento todo, você ainda nutre
sentimentos por ela. - Colocou a mão no peito dele — E a culpa por
ter mentido, por ter sido injusto com sua mulher vai te corroer muito
e aí, você vai querer olhar pra essas fotos para lembrar que um dia
já foi feliz.
— Vó, não começa tá? Quem tem que sentir culpa é a Isabella, não
eu. Tudo que estou fazendo é pelo bem da Pérola e do Ben.
— Pretende se enganar por quanto tempo Thomas? Sei que
realmente está preocupado com o futuro de seus filhos, que acha
que eles não saberiam lidar com a tragédia que nos aconteceu e por
isso inventou esta mentira, mas você não o fez só pelas crianças.
Sei que quer esquecer sua mulher e esse foi o único jeito que
encontrou para conseguir isso na sua cabeça, além de aproveitar
para punir uma suporta traição da Isabella. Mas uma farsa não vai
fazer você se sentir bem e no fundo, sei que sabe disso. Só espero
que quando realmente perceba o quanto errou, não seja tarde
demais.
Capítulo 33 – Tarde Demais?

New York, Agosto de 2007.

Thomas acabara de assumir a vice-presidência da Cooper


Enterprises.
Estava em sua sala assinando documentos importantes, mas por
mais que tentasse não estava conseguindo prestar atenção no
trabalho pois as lembranças não conseguiam sair de sua mente.

"Eu te amo, Bella."

"Vou te proteger e sempre estarei ao seu lado."

"Jamais deixarei que mal algum aconteça a você meu amor


, nem
aos nossos filhos."

Essas palavras ecoavam pela mente do rapaz, provocando uma


culpa enorme em seu coração.
Ele amava Isabella.
Isso não podia negar, não para si mesmo.
Tinha lhe prometido proteção mas desde que ela fora presa, a
deixou sozinha, a própria sorte.
Seria certo fazer isso?
— O senhor me chamou? - Jones, um funcionário de confiança do
Cooper, perguntou entrando na sala do rapaz.
— Sim Jones. Preciso que me faça um favor. -
Respondeu respirando fundo e tomando forças para tomar aquela
decisão.
— Sou todo ouvidos. - O loiro de olhos claros disse
atenciosamente.
— Quero que resolva algumas coisas para mim em Chicago.
Preciso que torne a vida da minha mulher, quer dizer, ex-mulher o
menos dura possível na cadeia. Quero que Isabella tenha tudo do
bom e do melhor lá dentro. Na medida do possível, claro. - Explicou
quando seu pai entrou na sala — Molhe a mão de quem for
necessário, mas faça com que a Bella não sofra durante sua estadia
naquele lugar. Mas tem uma coisa importante. Minha ex-mulher
nunca poderá saber que fiz isso, ok?
— Sim senhor, com alguns telefonemas resolvo isso. - O segurança
concordou fazendo sinal de positivo com a cabeça.
— Ótimo, pode ir. - O ruivo esboçou um pequeno sorriso e o homem
o obedeceu, retirando-se ao mesmo tempo em que Charles entrou
naquela sala.
— Você vai ajudar mesmo a Isabella? Por que fará isso?
— Porque acima de tudo, ela ainda é mãe dos meus filhos e precisa
manter sua integridade, não? Só por isso mesmo. - Desviou o olhar
e deu de ombros.
— Confessa Thomas. Você está fazendo isso porque está se dando
conta do quanto errou a deixando sozinha nessa história toda.
Coloca pra fora, vai te fazer bem. Sou seu pai, comigo você pode
desabafar.
— Está bem - Afrouxou o nó de sua gravata pois se sentia sufocado
— Quer saber a verdade? Pois bem, admito. Fiz tudo errado, tudo
mesmo. Deveria ter confiado na Bella, se ela disse que não me
traiu, tinha que ter acreditado nela, mas não consegui, não sei se
consigo. Tudo está contra ela, as digitais, o testemunho da Emma
sobre aquele maldito beijo, o comportamento dela com o James!
Anos atrás ela olhou nos meus olhos pai e negou, jurou que não
tinha acontecido nada na nossa viagem a Grécia. Daí no julgamento
ela diz que foi assediada pelo James naquela época?! Se ela mentiu
olhando nos meus olhos aquele dia, como posso confiar nela?
Como posso acreditar que está falando a verdade agora? Isso tudo
está me deixando louco, pai. - Desabafou completamente
desesperado.
~*~
[Chicago]

— Pode sair garota. - A carcereira avisou abrindo a porta da solitária


para Bella que estava jogada no chão, exausta e com fome, já que
mal conseguia comer a comida da cadeia por ser muito ruim.
— Pensei que tivesse esquecido de mim. - A morena ironizou se
levantando e caminhando para fora do lugar.
— Quase esquecemos, mas ao que parece a senhorita tem as
costas quentes. - A carcereira respondeu fechando a porta.
Isabella piscou os olhos várias vezes tentando se acostumar com
tanta luz, já que a solitária era escura, especialmente a noite. Ajeitou
os cabelos no caminho de volta até sua cela e estranhou quando viu
que apenas Jéssica estava lá.
— Oi... - A garota a cumprimentou guardando algo em seu sutiã.
— Oi. - Bella respondeu sentando-se em seu colchão — Cadê a
outra garota?
— A Jane teve que mudar de cela. Ou você tem muita sorte ou tem
as costas quentes. - Jéssica brincou vendo a cela ser trancada.
Jessica era negra e tinha os olhos cor de mel, cabelos cacheados e
era muito magra.
— Engraçado, você é a segunda pessoa que me diz isso hoje. -
Bella franziu o cenho dando um meio sorriso.
— É difícil a solitária, né? Quando cheguei aqui também fui
colocada lá por uns dias. Foi bem tenso no começo, mas logo você
se acostuma.
— Não queria me acostumar com tudo isso. - Bella disse dando um
sorriso triste — Ah, por que está presa? Acabei não perguntando
aquele dia.
— Fui presa por tentativa de assassinato do meu ex-namorado. Ele
me batia todos os dias até que não aguentei e atirei no abdômen
dele. Ele não morreu, mas me denunciou e cá estou. Mas me
arrependo do que fiz. Ao invés de ter feito aquilo deveria tê-lo
denunciado a polícia simplesmente. E você?
— Homicídio, na verdade fui vítima de uma grande armação. Algum
desgraçado armou pra mim... - Fechou os punhos de raiva — Mas
sou inocente, sua colega não acreditou em mim, mas juro que sou.
— Eu acredito em você. - Jessica sorriu para ela.
— Obrigada Jessica. - Bella sorriu de volta.
— Me chame apenas de Jess. - A menina pediu piscando para sua
nova amiga.
~*~
— Filho, esquece tudo que os outros disseram ou insinuaram. Olhe
para dentro de você, para seu coração. Você acreditou na sua
mulher quando ela disse que não te traiu e que não matou o James?
O que seu coração lhe diz? - Charles indagou analisando o filho.
— Que ela é inocente. Mas não dizem que o coração sempre nos dá
uma rasteira? Não posso me deixar levar por ele somente, tenho
que usar a cabeça, a lógica e se eu os usa-los não dá para acreditar
100% na Isabella e é isso que me mata.
— Mas preste atenção, você está entrando em um caminho sem
volta. A mentira que contou para meus netos quase partiu meu
coração. Como acha que Bella vai se sentir quando sair e descobrir
a mentira horrível que você inventou? - O CEO questionou
sentando-se na cadeira.
— Sei que a atitude que tive de inventar a morte da Bella é
monstruosa, não pense que me orgulho disso. Pelo contrário, sinto
nojo de mim, mas se não fizesse isso o que seria dos meus filhos?
Agora que são pequenos visitariam a mãe e ficaria tudo bem, pois
não entenderiam a situação. Quando já tivessem oito, nove anos,
começariam a entender o porque Bella está presa. E na
adolescência? Imagina o preconceito que sofreriam dos
coleguinhas por terem uma mãe acusada e condenada
por homicídio? Quando entendesse o que é um crime, o que é
matar alguém a facadas e o quanto isso é cruel? O que seria da
cabecinha deles? Eles sofreriam mais ainda. É muito fácil falarem
que o que estou fazendo é podre e realmente é, mas poucos
entendem que só estou querendo poupar meus filhos de uma dor
que sempre vou sentir aqui dentro pois apaguei a Bella da vida
deles, mas nunca vou apagar da minha, mesmo que tente. -
Desabafou se levantando e começando a andar por sua sala —
Desde que ela foi presa tudo aqui se escureceu. - Apontou para o
coração — Perdi minha base, porque ela era tudo pra mim. Eu tinha
bom coração, sentia tanto amor, mas agora tenho uma raiva, uma
vontade de sumir da face da terra que não sei explicar, é como se a
vida tivesse acabado pra mim. A Bella está presa fisicamente, mas
eu estou preso dentro de mim mesmo, dentro dessa criatura
amargurada que me tornei. Não quero ser assim pai, me ajuda a
não virar um monstro. - Se desesperou, começando a chorar
deliberadamente.
— Calma Thomas. - Charles o puxou para um forte abraço.
— Sabe o que queria pai? Voltar no tempo, isso! - Afastou-se —
Queria poder ter feito tudo diferente no dia em que soube da morte
do James. Queria ter defendido minha mulher, deveria ter
contratado o melhor advogado de defesa do mundo pra cuidar do
caso e ter ficado com ela, mesmo se fosse culpada mesmo, deveria
ter lhe perdoado e apoiado. Se tivesse feito isso estaria com a
consciência limpa e quem sabe, ainda seria feliz?
— Então por que não o faz? Por quê não liga pra Isabella e diz tudo
que está sentindo? Filho, ainda dá tempo de reconstruir sua vida
com ela, é só você querer. - Encorajou-o.
— Ela não vai me perdoar, nos dissemos coisas pesadas, coisas
horríveis em todas as poucas vezes que nos vimos durante esses
meses todos.
— Tente!
— Tentar? Será que ainda temos uma chance? Se eu disser que
estou disposto a esquecer tudo que houve e pedir perdão, será que
Bella voltaria pra mim? - Perguntou esboçando um sorriso — Não ia
ser fácil ficarmos juntos por conta dessa maldita prisão, ainda mais
por tanto tempo. Mas posso visita-la sempre, posso levar as
crianças, quem sabe até nos mudar para Chicago se necessário e
assim, poderemos voltar a ser uma família. Não como antes, mas
estando juntos é o que importa, não é? - Começou a fazer planos
esperançoso.
— Faça isso Thomas, ainda dá tempo sim! Anda! - O loiro bateu
palmas apressando-o.
— Está certo! - O ruivo foi até o telefone e respirou fundo — Ângela,
quero que ligue imediatamente para o presídio feminino de Chicago
e procure pela detenta Isabella Cooper, diga que quero falar com ela
e depois, transfira a ligação para mim. Obrigado. - E pôs o telefone
no gancho —Pai, se der tudo certo, vou ser feliz de novo! -
Exclamou sorrindo sem parar.
[...]
Alguns minutos depois...

— Bella, aqui é o Thomas. - Ele disse assim que ela atendeu seu
telefonema.
— Como teve coragem de me ligar seu desgraçado?! - Bella rosnou
cheia de raiva.
— Precisamos conversar sobre nosso divórcio. - Sentou-se na
poltrona e respirou fundo.
— Não temos nada a falar sobre isso, nossos advogados é que vão
resolver. Mas se pensa que vai me fazer abrir mão de alguma coisa,
está muito enganado. Quero todo o dinheiro que é meu por direito,
nem um centavo a menos.
— Não, não é sobre dinheiro que quero falar contigo.
— Nós dois não temos nada a falar, Thomas. Aliás, só de ouvir sua
voz já sinto um ódio. Você é um monstro, uma das piores pessoas
que já conheci na vida e quero você o mais longe possível de mim.
— Me deixa falar, Isabella, por favor!
— Não, vou avisar o pessoal daqui que não quero receber mais
nenhuma ligação sua.
— Se não me deixar falar, vou viajar pra Chicago para falar
pessoalmente com você.
— Pode vir, mas saiba que vou me recusar a te receber. Esse direito
ninguém pode me tirar, sabia? Eu decido com quem quero falar e na
boa, não quero mais te ver, muito menos falar com você. Será que
não entende que te detesto?!
— Me detesta a ponto de me odiar?
— Se te odeio? - A morena engoliu em seco — Mas é claro que sim,
te odeio com todas as minhas forças, Thomas Cooper. E um dia,
pode demorar mas vou me vingar de você, acabando com sua vida.
Agora faça o favor de não me procurar nunca mais, vá para o quinto
dos infernos e me deixe em paz! - Gritou desligando bruscamente o
telefone na cara dele.
— É, me enganei Charles - Thomas murmurou com a voz
embargada e os olhos lacrimejando — Bella me odeia, não há mais
solução pra nós dois. Me dei conta do meu erro tarde demais e
agora estou condenado a ser infeliz para o resto da vida por ter sido
um idiota com o amor da minha vida.
— Não sabe o quanto lamento, filho. - Foi até ele e acariciou seus
cabelos — Mas e aí, o que pretende fazer?
— Sei lá, nada mais importa agora. - Deu de ombros desanimado —
Vou deixar tudo como está e aguardar o dia em que como ela disse,
vai acabar com a minha vida de uma vez, porque se ela fazer isso
vai até ser bom pra mim. Assim, acaba logo com meu sofrimento de
uma vez.
~*~
— Você deveria ter ao menos ouvido o que seu marido tinha a dizer.
Será que não era algo importante? - Jessica questionou a garota
quando ela voltou à cela.
— Nada, ele deve ter ligado pra me humilhar, pra rir do meu
sofrimento. Não deixei ele falar mesmo, não estou com saco pra
ouvir asneiras agora. - Sentou-se no canto da cela e suspirou — Ele
me perguntou se eu o odiava e afirmei que sim.
— E você o odeia?
— Não sei se toda essa mágoa e raiva que sinto por ele realmente é
ódio, mas estava tão nervosa na hora que falei sem pensar. Só que
é estranho porque assim que coloquei aquele telefone no gancho,
senti uma coisa estranha. Uma sensação como se eu tivesse
deixado algo passar, sabe? Como se fosse uma intuição de que se
eu tivesse agido diferente, minha vida teria mudado completamente.
Mas já passou, deixa isso pra lá. - Se manteve firme — Tenho
coisas mais importantes para pensar e me preocupar agora.
— Tipo o quê?
— O futuro. Daqui a pouco vou pedir para ligarem pra minha
advogada e pedirei pra que ela apresse logo esse divórcio e tire
quanta grana puder do Thomas. Também direi para que cuide
pessoalmente das minhas ações e que sempre que possível,
participe das reuniões da diretoria e concorde com todas as
decisões que Thomas e Charles tomarem.
— Espera! Ele te ferra e mesmo assim pretende apoia-lo?
— Mas é claro que não, essas ações me serão úteis lá na frente,
quando eu finalmente sair daqui. Mas conversaremos sobre isso em
outro momento, Jess.
— Hum... Certo. Ah, enquanto você esteve ausente a carcereira te
trouxe essa carta aqui. - Foi até ela, estendeu a mão e entregou-lhe
o envelope.
— Obrigada! Ah, é da minha cunhada, Emma. Quer dizer, ex-
cunhada. - Abriu o envelope, pegou a carta e a leu em silêncio.

"Olá Bella, tudo bom? É, acho que não comecei a carta do jeito
certo, afinal, já sei a resposta.
ocêV não está bem, quem estaria
vivendo nesse lugar horrível, né? Demorei pra te escrever porque
estou muito abalada ainda com os últimos acontecimentos e me
sentindo culpada por algumas coisas que não vem ao caso neste
momento. Enfim, quero que saiba que apesar de tudo, estou e
sempre estarei aqui, do seu lado, te apoiando o máximo que puder
.
Não poderei te visitar sempre, mas se e quando estiver se sentindo
sozinha, escreva para mim para desabafar e saiba que sempre,
sempre mesmo estarei aqui torcendo por você amiga. Beijos,
Emma."
Capítulo 34 – Cartas para Emma

Três anos depois...

Chicago, 2010.

"Querida Emma, os primeiros dias nesta prisão com certeza foram


os piores para mim. Logo no primeiro dia briguei com uma detenta e
fui mandada para a solitária. Passei dias lá, nem sei exatamente
quantos, mas não foi fácil ficar sozinha naquele escuro, naquele
silêncio todo. Se bem que me ajudou um pouco a entender e
assimilar tudo o que aconteceu até aqui na minha vida.
ambém
T fiz
uma amizade com uma ratinha que conheci aqui, a senhora Jingles.
Foi bom ter alguém para desabafar
, sabe? Mas estranho foi que
depois que saí da solitária algumas coisas mudaram. A presa que
estava me enchendo o saco simplesmente parou de pegar no meu
pé e apesar de ainda me sentir no inferno, tenho um problemas a
menos, além da comida ter melhorado. De resto, tudo está como eu
imaginava, colchão duro, pessoas duras e tão marcadas pela vida
quanto eu. Preciso me acostumar a essa nova realidade, mas sei
que não vai ser nada fácil."

"Querida Emma, tenho uma nova amiga aqui. O nome dela é


Jessica, é uma boa garota, quase da minha idade e nos damos
muito bem. Ela tem sido um grande suporte para mim, muito
importante mesmo. Quando penso muito nos meus filhos, ela me
distrai com brincadeiras e altos papos, me impedindo de chorar
tanto, porque chorava quase todos os dias aqui. Sinto falta da
Pérola e do Benjamin nos meus braços, do cheirinho, da gargalhada
gostosa deles. Dói tanto saber que enquanto eles crescem estou
trancada aqui, é uma dor tão grande que parece que nunca vai ter
fim e as vezes, acho que realmente não vai. Fico pensando em
como deve estar o rostinho deles, mas me recuso a ver as fotos que
minha mãe queria me dar , muito menos saber informações sobre
eles porque sei que me sentiria pior assim. Prefiro continuar
pensando que eles ainda são bebês."

"Querida Emma, sinto que estou enlouquecendo. Sinto falta de me


sentir livre, de ir onde quero a hora que quero. De passear
, de sentir
a brisa do vento batendo no meu rosto. Até das broncas do meu pai,
Bruce, sinto saudades. Pérola já deve estar falando como uma
matraquinha, Benjamin também. Meus amigos, minha família, eu só
consigo chorar , estou em uma fase difícil ultimamente. Eu quero sair
daqui, eu preciso. Sinceramente... Não aguento mais tanta ,dorsinto
que se continuar aqui acabarei pirando de vez."

"Querida Emma, ontem Helena me trouxe os últimos papéis do


divórcio e assinei sem titubear
. Agora não sou mais uma Cooper,
nem esposa do Thomas como fui durante quatro anos, os melhores
da minha vida, mesmo com os pesares. Hoje percebo que na
verdade, ele nunca me amou de verdade. Quem ama, confia. Fico
olhando para essa maldita tatuagem que fiz no dedo e fico com mais
ódio ainda de ter acreditado nas juras de amor do teu irmão. Ele
acreditou naquela farsa toda... Só espero um dia ter o prazer de
provar e esfregar minha inocência na cara dele. Dessa forma sim
me sentirei vingada de vez."

"Querida Emma, estou trancada aqui há mais de mil dias, caramba,


como passa rápido. E pensar que ainda ficarei outros milhares
trancada aqui dentro. Sabe, essa prisão não me fez tanto mal assim.
Hoje consigo enxergar coisas que não via antes. O quanto fui burra
ao esconder o que James fazia comigo, que deveria ter sido mais
firme com Melissa. Que naquela viagem deveria ter ficado de olho
nos Campbell como a vovó me pediu, mas não, fui a maior idiota do
mundo. Se tivesse a cabeça que tenho agora antes, não teria caído
nessa cilada. Mas não vou mais chorar pelo leite derramado, pelo
contrário, estou planejando tudo que vou fazer quando sair daqui.
Vou me vingar de cada pessoa que me fez mal, que me prejudicou,
serei implacável com cada um deles e...

— Oi Bella... - Jessica disse sentando-se ao lado dela no banco do


pátio do presídio — Desculpa te atrapalhar.
— Não tem problema, depois termino a carta. - A morena disse
guardando a caneta no bolso do macacão e a carta no sutiã — Só
estava escrevendo para minha ex-cunhada.
— Como sempre né? - A garota esboçou um sorriso — Quer? -
Ofereceu um cigarro a mulher.
— Quero. - Bella pegou o mesmo e o colocou na boca — Fumar
ajuda a passar o tempo.
— Exatamente, por isso fumo também. - Deu um isqueiro à ela —
Argh, a Jane está vindo! - Avisou revirando os olhos.
— Jane, se quer brigar, garanto que vai ser pior pra você. - Isabella
avisou ficando de pé e encarando a loira que sorriu para ela.
— Calma, vim em paz e você sabe que não te encho o saco há
muito tempo. - Jane garantiu levantando as mãos em sinal de
rendição — Senta mulher. - Falou e Isabella se sentou — Preciso
conversar com vocês, meninas. - Sentou-se ao lado de Bella — O
assunto é sério. - Tirou o cigarro da boca da rival e o tragou.
— Como assim? - Jess indagou curiosa.
— Eu e outras detentas estamos planejando uma fuga em massa.
— FUGA EM MASSA? VOCÊ ESTÁ MALUCA? - Bella questionou
com os olhos arregalados.
— Cala a boca Isabella. - A loira deu uma cotovelada nela e olhou
para os lados, suspirando aliviada por nenhuma carcereira ter
ouvido a colega de prisão — Não estou maluca, pelo contrário.
Esses idiotas nos trancaram nesse inferno e jogaram a chave fora!
Ou você foge ou vai passar o resto da sua vida nesse lugar imundo.
Você tem filhos, não tem? - Devolveu o cigarro para ela — Não quer
vê-los outra uma vez? Pensa bem, talvez essa fuga seja a última
oportunidade de ter sua vida de volta, Isabella.
Bônus - Emma

Narrado por Emma Cooper White

Minha vida é marcada por uma sucessão de segredos e mistérios.


A começar por minha origem, pois não sei quem são meus pais, já
que ambos me entregaram para meu tio quando eu tinha apenas
três meses de vida.
Meu tio, que atendia pelo nome de Christopher, me criou com
dificuldades pois era muito pobre, mas jamais faltou amor em nossa
pequena casa. Estávamos felizes até que um dia, tive uma visão
dele sendo assaltado na saída do mercadinho que tinha perto de
nossa casinha. Christopher não acreditou em mim e naquele
mesmo dia, fiquei sabendo de sua morte.
A polícia não encontrou nenhum parente meu, por isso, passei a ser
criada em diversas casas de adoção até ser acolhida pelo casal
Cooper, que se tornaram meus pais do coração.
Esmeralda e Charles são os melhores pais que qualquer ser
humano poderia ter. São carinhosos, amigos e muito bons, me
passando princípios ótimos que infelizmente não levei para minha
vida, não como deveria. Também tem a vovó Beth, a mulher mais
sábia que conheço e meus irmãos, Brandon e Thomas, com quem
sempre me dei bem e sou muito apegada.
Conforme crescia, continuava tendo aquelas visões. Previa o futuro,
o que iria acontecer dias ou até mesmo horas antes. Mas sempre
eram coisas ruins, o que me fez ter certa raiva desse dom, que está
mais para uma maldição. Não consigo entender porque isso
acontece justamente comigo e acho que até meus últimos dias,
jamais entenderei.
O tempo passou, crescemos e aos dezesseis anos comecei a
namorar o homem da minha vida, que atende pelo nome de Andrew.
Pouco depois meu irmão, Thomas, conheceu Isabella que se tornou
uma grande amiga minha também. Nunca vi meu ruivinho tão feliz
como foi durante o namoro e casamento com aquela linda morena.
Ambos me deram meus afilhados e lindos sobrinhos que atendem
pelo nome de Benjamin e Pérola, o que aguçou ainda mais minha
vontade de ser mãe.
Após quatro anos de namoro, me casei com Andrew em uma linda e
romântica cerimônia em 2006, no dia mais feliz da minha vida.
Estávamos muito felizes com o casamento e nosso recém
inaugurado restaurante até que tudo começou a desandar, no final
daquele ano.
Primeiro Natalie foi atacada pouco antes deu ter uma visão terrível
com ela e tempos depois, terminou o namoro com meu irmão mais
velho, Brandon, que de tão desolado, resolveu se afastar de todos
nós para morar e trabalhar em Londres. No começo de 2007
fizemos aquela maldita viagem à Chicago no hotel do meu pai,
viagem esta que só nos trouxe mais dor e sofrimento.
Logo nos primeiros dias, notei que James estava tentando se
aproximar de mim, até que certo dia me beijou a força. Fiquei em
um grande dilema por algumas horas pois não sabia se deveria ou
não contar a verdade a Aiden, minha melhor amiga, mas decidi pela
primeira opção e ao saber de tudo, a bela advogada terminou o
relacionamento com ele.
Não consegui guardar segredo e contei ao meu marido a canalhice
que James fez comigo e Andrew ficou muito nervoso, possesso de
raiva, tanto que encheu a cara a noite toda. Além disso, ao lado de
Melissa flagrei James e Bella se beijando em um dos corredores do
hotel e também tive uma visão dela algemada, chorando muito.
Naquela mesma madrugada, James foi assassinado e Isabella,
acusada desse crime horrendo.
Nunca acreditei na culpa da minha cunhada, mas não pude mentir
sobre o beijo que vi pois Melissa também tinha visto a cena comigo
e se eu omitisse esse fato, ela desmentiria imediatamente. Foram
dias difíceis e antes do julgamento Andrew me pediu que não
contasse sobre o assédio de James a ninguém, pois isso o
prejudicaria já que viraria suspeito e poderia manchar a imagem do
nosso amado bistrô.
Não tenho palavras para expressar o quanto fiquei dividida no dia
do meu depoimento no julgamento, na frente de todos. Por mais que
tivesse certeza que Andrew não matou James pois o amo e confio
em sua palavra, omitir aquela situação diminuiria as chances da
Bella ser declarada inocente.
Fiquei entre a cruz e a espada, mas decidi por não prejudicar meu
marido. Ajudei Bella o máximo que pude no depoimento, falando
mal de James e elogiando-a, mas mesmo assim ela foi declarada
culpada e teve uma pena de quase vinte longos anos de prisão.
Depois da condenação, Thomas surtou, inventou aquele pacto,
enfim, cometeu diversos erros. Mas quem sou eu para julga-lo se
errei feio também? Omitir o que houve na véspera da morte do
James me faz mal, me trás um peso diário nos ombros muito difícil
de carregar, mas tenho medo de contar a verdade e ser odiada pela
Bella e pelo meu irmão, o que seria perfeitamente compreensível.
Imagino que Bella deva estar passando o inferno naquela cadeia,
por isso decidi mandar uma carta para ela dias depois dela ser
transferida ao presídio. Pensei em contar a verdade, mas isso só a
faria sofrer mais, de que adiantaria? Bella precisa de apoio agora e
foi isso que tentei lhe dar, mesmo sabendo que um dia terei que
contar toda minha omissão à ela, pois não aguentarei passar a vida
toda guardando mais esse segredo.
Na carta, disse que Isabella poderia desabafar comigo e ela assim o
fez. Durante três anos, recebi dezenas de cartas mensais contando
um pouco de tudo que está sentindo e acontecendo em seu período
na prisão.
Cada carta que recebo é uma verdadeira paulada.
Ver que Bella está triste, amargurada, infeliz e com desejo de
vingança me machuca tanto, ainda mais sabendo que poderia ter
feito mais por ela naquela droga de julgamento. As vezes não
reconheço aquela Bella feliz e sorridente de tempos atrás pois a que
vejo nas cartas, não tem mais bondade alguma em seu coração.
Por isso tento responder suas cartas sempre com mensagens de
esperança, dizendo que meus sobrinhos estão crescendo felizes e
saudáveis para ver se ela se anima e se tranquiliza um pouco.
Pensei em mostrar as cartas para meu irmão, mas Cooper já está
sofrendo e tem seus demônios.
Por isso resolvi não contar nada e poupa-lo, ao menos um pouco.
A culpa me corrói, dia após dia.
E isso afeta minha vida pessoal também, pois por mais que Andrew
seja o melhor marido que poderia ter, não consigo ser inteiramente
feliz. É como se uma nuvem negra estivesse sempre atrás de mim,
me lembrando das minhas falhas e me definhando aos poucos por
dentro.
Estou há quatro anos tentando engravidar e realizar o sonho da
minha vida de ter minha própria família com Andrew, mas não
consigo e tenho medo de jamais ser mãe. As vezes, acho que isso é
um castigo que a vida me deu por ter, de certa forma, contribuído
para que Bella também não pudesse exercer seu papel de mãe.
Capítulo 35 – Rebelião

— Pensando por esse lado... - Bella mordeu os lábios jogando a


bituca de cigarro no chão — Tenho o dinheiro das ações, o que
ganhei por conta do divórcio e mais uma grana guardada. Daria pra
viver confortavelmente em outro país por um bom tempo caso
roubasse meus filhos.
— Exatamente, Isabella. - Jane sorriu para ela.
— Roubar seus filhos? Saí dessa Bella, é roubada se meter nisso.
Eu não vou topar essa fuga, e se a gente morrer no meio dela? -
Jess indagou preocupada.
— Ninguém vai morrer, vai dar tudo certo. A ideia é boa, se
tomarmos cuidado e fizermos nossa parte, vai dar tudo certo.
Pensem bem e depois me digam se topam ou não! - Jane se
levantou — Mas não se esqueçam que se por um acaso não
toparem, não ousem contar a ninguém do plano ou vou acabar com
vocês. - Ameaçou apontando o dedo para elas — Até breve gatas. -
Piscou para as duas que se entreolharam e foi embora.
~*~
[Nova York]

— Trabalhando há essa hora da manhã, Thomas?! - Melissa


questionou entrando no escritório da mansão, onde o rapaz não
parava de analisar documentos.
— É porque não irei a empresa hoje. - O ruivo, que estava usando
uma barba mais longa do que de costume, respondeu não dando
muita atenção a garota — As crianças pediram que eu ficasse em
casa e passasse mais tempo com elas. Mas e você... O que veio
fazer aqui? Minha vó não gostará nada de te ver aqui outra vez.
— Ela nunca gosta. - Melissa deu risada — Mas não tenho culpa se
meu filho adora brincar com os seus. Alex acabou me convencendo
de trazê-lo aqui e as crianças estão lá no jardim se divertindo, lindos
como sempre.
— Entendi - Thomas concordou olhando para ela — Agora pode me
dar licença? Preciso trabalhar.
— Você só pensa em trabalho, querido. - Aproximou-se dele, se
debruçando na mesa e deixando seu decote mais em evidência —
Deveria aceitar meu convite para badalarmos. É tão jovem, mas se
comporta como um velho!
— Não quero saber de balada, só de trabalhar e criar meus filhos
com todo o amor e atenção que eles precisam e merecem. -
Limitou-se a dizer.
— Melissa, deixe meu neto trabalhar. - Vovó Beth ordenou entrando
no escritório — Não cansa de dar em cima dele, não?
— Não, dona Elizabeth. Como diz o ditado, água mole em pedra
dura... - Piscou para a senhorinha que fechou a cara para ela — Vou
beber um suco, estou com muito calor, com licença queridos. -
Despediu-se saindo de lá.
— Não ligue para ela vó - Thomas se levantou e foi até a
senhorinha, dando um beijo carinhoso em sua bochecha.
— Não quero que ceda aos encantos desta mulher, Tom. - Elizabeth
continuou séria.
— Não vou ceder, fique tranquila. Como eu disse a própria Melissa,
só pretendo trabalhar e criar meus filhos para o resto da vida. Não
quero saber de relacionamentos, nem nada do tipo.
— Até porque a Isabe...
— Vó, não quero falar sobre isso. - Afastou-se dela — Já pedi
dezenas de vezes para não tocar nesse assunto, mas vez ou outra
a senhora ainda toca no nome daquela mulher.
— Aquela mulher é mãe dos seus filhos e a mulher que você ama
pois por mais que negue, sei que ainda não a esqueceu, mesmo
depois de três anos.
— Isso não importa mais. Fiz minha escolha anos atrás quando
decidi matar meu passado e estou satisfeito com o rumo que minha
vida está levando, pois as crianças estão bem. Por isso vó, ao invés
de ficar me lembrando dessas coisas ruins, que tal fazer um cafuné
no seu neto? Estou precisando de colo, sabia? - Fez biquinho —
Aquele Thomas carente de anos atrás ainda existe lá no fundo do
meu coração e hoje acho que ele veio dar as caras.
— Está bem Tom, vem cá que você vai ganhar uns cafunés bem
gostosos da sua querida vovó. - Elizabeth concordou dando risada e
sentando-se no sofá.
O rapaz então deitou a cabeça no colo dela, fechou os olhos e ficou
sentindo o carinho de sua amada vovó Beth.
~*~
Em Chicago, Bella estava de volta a sua cela após o banho de sol.
Não conseguia parar de andar de um lado para o outro do local,
pensando na interessante proposta de Jane.
Jamais pensou em fugir da prisão, mas sabia que ainda tinha quase
quinze anos de pena a cumprir e que a justiça só lhe soltaria quando
seus filhos já fossem adultos.
— Está pensando em aceitar a ideia da Jane, não é? - Jess
perguntou fitando a amiga.
Depois de três anos de convivência diária, uma já conhecia muito
bem a outra.
— Sinceramente? - Bella parou de frente para a detenta — Estou!
Tenho muitos anos de pena pra cumprir ainda e não aguento mais
esse lugar, quero minha vida de volta.
— Também quero minha vida de volta ou ao menos uma chance de
recomeçar. - Jéssica se levantou — Olha, se você topar fugir, eu
também toparei.
— Então fugiremos juntas daqui amiga. - Bella confirmou sorrindo e
apertando a mão dela.
~*~
[...]
— Como vai o restaurante, Andrew? - Charles questionou durante o
almoço dos Coopers.
— De vento e popa, sogro. Figuras importantes andam
frequentando nosso bistrô, não é princesa? - Olhou para Emma.
— Sim, outro dia mesmo atendemos o governador de Nova York. - A
morena contou sorrindo.
— E filhos? Quando terei mais bisnetos? - Elizabeth perguntou
curiosa.
— Não sei, mas estamos tentando bastante.
— Andrew! - Emma o repreendeu lhe dando uma cotovelada e
ficando vermelha.
— Quero ter primos para poder brincar. - Benjamin disse bebendo
um gole de suco.
— Você os terá em breve, amorzinho. - Esme prometeu fazendo
carinho nos cabelos do menino de quase sete anos, mas ao olhar
para Emma, percebeu que tinha algo de estranho com ela — Filha?
O que você tem? Está tão pálida.
— Céus... Bella... Não! - Emma murmurou levando a mão ao peito e
desmaiando.
— O que tem a Bella? - Thomas perguntou preocupado, indo
amparar a irmã - O que será que ela viu?
— Tire as crianças daqui, Charles. - Elizabeth pediu e o loiro a
obedeceu pegando a netinha nos braços e o neto pela mão.
— O que a titia tem? - Pérola perguntou fazendo biquinho.
— Nada querida. - O avô respondeu indo embora dali com as
crianças.
— Por que a Emma desmaiou?! Será que teve alguma visão? -
Andrew caminhou com a esposa nos braços até a sala de estar —
Há tempos ela não as tinha.
— E será que Bella estava mesmo nessa visão? - Thomas indagou
engolindo em seco vendo a irmã ser colocada no sofá.
— Não sei, só saberemos quando Emma acordar. - Esmeralda
respondeu apreensiva.
~*~
— Vamos fugir hoje? - Bella perguntou boquiaberta.
— Exatamente. - Jane respondeu entre os dentes durante o lanche
das presas no refeitório — Daqui alguns minutos fugiremos, tudo foi
combinado com as outras garotas. A única coisa que vocês
precisam fazer é ficar de olho em mim, atentas aos meus comandos
e claro, estarem prontas para lutarem se preciso for.
— Mas por onde vamos fugir? - Jessica perguntou curiosa.
— Por um túnel que foi cavado em uma das celas. - A loira
respondeu comendo mais um pouco de sua marmita e olhando para
os lados — Gente de fora vai nos ajudar. - Sorriu — Dentro de
instantes esse inferno aqui vai se tornar cinzas. - Gargalhou
misteriosa.
— Cinzas? - Bella mordeu os lábios.
— FOGO!! - Uma mulher passou correndo pelo salão apavorada.
— Está na hora do show garotas. Vai começar a rebelião. - Jane
avisou subindo em cima da mesa e abrindo um sorriso sacana.
~*~
— Emma? Até que enfim acordou princesa... - Andrew abraçou a
esposa forte — Já estava ficando preocupado. - Beijou o topo da
cabeça dela.
— Ai minha cabeça... - A chef de cozinha fez uma careta.
— Por que desmaiou, maninha? - Thomas questionou cruzando os
braços.
— Porque tive uma visão. - Emma se afastou do marido e se ajeitou
no sofá —Uma visão terrível da Isabella.
— O que você viu? - O ruivo perguntou sentindo seu coração se
acelerar.
— A Bella... A Bella no meio das chamas... - Fechou os olhos
— Caída no chão do presídio, pálida, sangrando muito, parecia... -
Começou a chorar — Acho que Isabella está morta.
Capítulo 36 – Morte

Presídio Feminino De Chicago, 2010.

— Fogo? Céus... O que está acontecendo aqui?! - Isabella


questionou apavorada vendo que uma confusão acabara de se
iniciar.
— Foi coisa de uns parceiros meus que colocaram fogo em uma das
salas da diretoria pra distrair todo mundo enquanto fugimos. Agora
calem a boca e me sigam! - Jane ordenou saindo correndo e sendo
seguida pelas duas garotas.
Algumas presas aproveitaram a situação para iniciar uma rebelião
brigando com as carcereiras. Outras seguiam até a cela onde
estava o tal túnel de fuga enquanto funcionárias corriam com
extintores até onde o incêndio começara.
O problema é que o incêndio começou na sala dos arquivos e por
conta dos papéis, começou a se espalhar rapidamente para outras
alas do presídio, chegando em pouco tempo até o Bloco D, onde
ficavam as primeiras celas.
— Jane, onde o tal buraco vai dar? - Jessica questionou notando
que tinha muita fumaça no corredor, onde ambas corriam sem olhar
para trás.
— Do lado de fora do presídio, em um bueiro. - Jane parou e
começou a tossir — Inferno! O fogo está se espalhando muito
rápido, não era pra ser assim. Venham, vamos correr. - As
encorajou saindo, mas Jess tropeçou e caiu no chão.
— Eu te ajudo. - Bella parou para ajudar a amiga a se levantar
enquanto Jane prosseguia para longe — Jess, não posso ir ainda.
— Quê? Mas como assim Bella?
— Preciso voltar a nossa cela pra pegar as fotos dos meus filhos,
não quero ir sem elas. Até porque se tudo der errado, quero estar
com elas junto de mim.
— É mesmo... As fotos da minha mãe também estão lá. - A detenta
coçou a cabeça — Certo, vamos até lá rapidinho, depois
alcançamos a Jane, vem! - Chamou dando meia volta com a
morena até o local.
Dentro de poucos, minutos elas já estavam na cela que já estava
cheia de fumaça tóxica, o que aumentou ainda mais a tosse delas.
— Merda, cadê essas fotos? - Isabella questionou-se mexendo em
suas coisas.
— Achei as minhas, vou te ajudar. - Jess tossiu e foi até ela — Onde
será que está? Não dá pra ver direito, tudo está tão embaçado.
— Eu tinha colocado no rasgo do colchão, tem que estar aqui. -
Bella enfiou a mão no buraco, mais a fundo — Opa, achei. - Tossiu
pegando a foto e guardando-a no bolso do uniforme — Pronto,
vamos. - Quando viraram-se as garotas se deparam com duas das
piores carcereiras da cadeia.
— Onde as vadias pensam que vão? - Julie indagou pegando seu
cassetete.
— Embora daqui. - Bella respondeu fechando os punhos.
Mesmo assustada, estava disposta a tudo para fugir.
Jessica atacou uma das carcereiras dando um soco na mulher com
toda a força que tinha, fazendo-a cair no chão. Já Bella empurrou
Julie contra a parede, mas a corpulenta a empurrou de volta, lhe
dando um soco e batendo com o cassetete nela. A jovem retrucou
socando a cara da mulher, que tinha a levado pra solitária há três
anos, e jogando o cassetete longe.
— Vamos ver se sem essa porcaria você me vence! - Bella
provocou a rival, lhe dando um soco no queixo desta vez.
Enquanto Isabella brigava, Jessica fazia o mesmo com a outra
carcereira que aspirando muita fumaça, estava mais fraca. Mesmo
com a mulher já no chão, a garota chutava seu corpo e não
demorou muito para que ela desmaiasse.
— Yes! - Jess comemorou, mas ao olhar para o lado viu Bella ainda
brigando com Julie.
Para ajuda-la, a menina também atacou a carcereira, lhe dando um
soco na barriga enquanto Bella socava o rosto da mulher que caíra
no chão toda dolorida.
— Conseguimos. - Bella disse vitoriosa, dando as costas para a rival
e não vendo quando Julie pegou o cassetete, tirou do bolso um
canivete, juntou todo o resto de energia que possuía e a atacou,
esfaqueando a morena na barriga e batendo com o objeto na nuca
dela, que caiu com tudo no chão desacordada e talvez, morta.
~*~
— Bella não pode estar morta, é mentira sua Emma! - Thomas
rosnou nervoso sentindo seu corpo todo tremer.
— Não estou mentindo, foi o que vi. - A morena começou a chorar
— Bella não merecia isso, eu tinha que ter feito mais por ela. -
Lamentou chorando ainda mais.
— Vamos ver se na televisão está falando algo sobre isso. -
Esmeralda foi até a TV, ligou-a e colocou no canal de notícias.

"- Boa noite! O presídio feminino de Chicago foi alvo de uma


rebelião das presas acompanhada de incêndio e está em chamas
nesse exato momento. Os bombeiros estão tentando controlar o
fogo do lado de fora, mas segundo nossas fontes, duas funcionárias
e diversas detentas já estão mortas. Houve uma tentativa de fuga
por um túnel construído pelas próprias prisioneiras, mas todas as
que tentaram fugir já foram capturadas pela polícia, muitas delas já
sem vida."

Após ouvir o que a repórter disse, Thomas levou a mão ao peito e


deixou que lágrimas rolassem de seus olhos.
Bella poderia estar morta mesmo.
Se aquilo era verdade, seria o fim para ele.
— Filho? - Antes que Esme pudesse dizer qualquer coisa, Thomas
saiu correndo para seu escritório onde se trancou por intermináveis
minutos.
~*~
— Rebelião no presídio onde a Isabella está e muitas detentas
morreram. É, acho que a vida fez justiça por si mesma, meu pai. -
Melissa ironizou assistindo à TV com Billy.
— Tomara que aquela maldita tenha morrido queimada. Ela não
matou meu filho? Pois bem, olho por olho, dente por dente. Espero
que queime no fogo do inferno para sempre. - O moreno falou cheio
de ódio.
— Thomas deve estar arrasado neste momento pois querendo ou
não, ainda ama aquela vadia. Acho que ele vai precisar muito do
meu apoio. Finalmente vou ter a chance que precisava para
conquista-lo e aí sim, vou conseguir realizar todos os nossos planos,
meu pai. - A ruiva sorriu vitoriosa.
~*~
— Bella, Bella, acorda! - Jessica exclamou sacudindo o corpo de
sua colega que continuava inerte — Céus... Será que ela está
morta? - Perguntou-se enchendo os olhos de lágrimas e olhando
para quem atacou sua amiga — Quanto sangue... Devia ter tirado
da sua cabeça essa ideia maluca de fugir... - Abraçou o corpo da
morena — Não morre Bella, por favor! - Pediu começando a se
desesperar — SOCORRO!! ALGUÉM NOS AJUDE! - Gritou mais
uma vez, vendo Julie sair correndo e olhando para o lado e vendo
que a carcereira continuava desmaiada — SOCORRO! ALGUÉM! -
Gritou de novo completamente desesperada quando Jane
apareceu.
— Quase me pegaram, droga! Ei, que isso, o que houve com
Isabella? - Olhou para o corpo inerte da morena no chão.
— Ela foi atacada pela carcereira. Diz que ela está viva Jane, por
favor. - A garota suplicou vendo a loira checar o pulso de Bella e
engolir em seco.
~*~
— Thomas está demorando muito, estou ficando preocupado. Vou
até o escritório ver como ele está. - Charles avisou se levantando do
sofá e sendo seguido por Esme.
A porta do escritório estava entreaberta e ao entrar no local, o casal
tomou um grande susto. Haviam vários vasos e objetos quebrados e
revirados e o ruivo estava sentado no chão, no canto da sala com a
arma do pai nas mãos, prestes a cometer suicídio.
— Thomas, o que está fazendo com minha arma? - Charles indagou
sendo paralisado pelo medo de perder o filho.
— Fui um canalha durante todos esses anos com a Bella. - Thomas
murmurou deslizando seus dedos pela arma — Não devia ter
deixado ela sozinha, se tivesse ficado do lado dela essa tragédia
não teria acontecido. - Mais uma lágrima caiu de seus olhos — Sabe
qual é a verdade? Eu sou um babaca orgulhoso. - Sorriu triste
olhando para os pais — E a outra é que sou covarde, um fraco,
mereço morrer. Sabe... Não consigo viver em um mundo sem a
Isabella. É difícil explicar mas por mais que estejamos separados há
anos, eu sabia que ela estava viva, que estava bem e isso me
bastava para continuar vivendo. Mas agora que ela não existe mais,
sinto que é injusto estar vivo. Por isso, acho que chegou a hora de
deixar essa vida miserável pra trás.
Capítulo 37 – Vida

— Thomas pense nos seus filhos. Em nós, sua família, não nos faça
sofrer sua perda, por favor, eu não resistiria... - Esmeralda suplicou
com os olhos cheios de lágrimas.
— Me dê essa arma, filho. - Charles pediu se aproximando dele e
estendendo a mão.
— Não! Saíam daqui, me deixem em paz, quero morrer sozinho. - O
rapaz pediu apontando a arma para si mesmo na mesma hora em
que Elizabeth entrou no local.
— Thomas? - Vovó Beth entrou no local e mediu o neto de cima a
baixo — Pare com essa palhaçada imediatamente e dê essa arma
para o Charles.
— Desculpa vó, mas...
— Cale essa boca e para de drama! - A senhorinha o interrompeu
revirando os olhos — Andrew telefonou para o presídio. Isabella
está viva e mesmo se não estivesse, você tem seus filhos, não tem
o direito nem de pensar em fazer uma besteira com a sua vida.
— Viva? - Thomas jogou a arma no chão e abriu um sorriso.
— Sim, mas em estado grave, gravíssimo aliás. Não entendemos
direito, parece que aconteceu uma briga durante a rebelião e ela
ficou muito ferida. - A ruiva explicou enquanto o filho guardava a
arma de volta no cofre.
— Isso é um milagre, só pode ser. Vou mandar que preparem o
jatinho, viajarei pra Chicago imediatamente. Preciso vê-la com meus
próprios olhos. - Thomas disse todo eufórico.
— Ótimo, vou com você filho. - Charles avisou pondo a mão sob o
ombro do rapaz que não parava de sorrir, em um breve e raro
momento de felicidade.
[...]
Depois de uma hora de voo, Thomas chegou ao hospital de
Chicago acompanhado do pai e, logo ambos foram em busca de
notícias sobre o estado de saúde de sua ex-esposa, mas assim que
chegaram lá se depararam com Bruce e Lauren.
— É muita cara de pau sua aparecer aqui depois de tudo que fez! -
Furiosa, Lauren foi para cima do rapaz mas foi contida pelo marido.
— Só quero saber como a Bella está, senhora. Sei que não tenho
esse direito, mas peço que seja benevolente comigo, ao menos por
hoje.
— Assim como você foi com minha filha? - Ironizou — Retire-se
daqui, não te quero nesse lugar!
— Acompanhantes da senhorita Adams?
— Somos nós, doutora. Por favor nos diga, como a Bella está? -
Bruce indagou desesperado, cortando a discussão.
— Isabella aspirou muita fumaça por isso, seus pulmões estão
fracos. Além do mais, sofreu uma batida muito forte na cabeça e
infelizmente, ainda não acordou. Estamos preocupados com a
possibilidade de ter sofrido traumatismo craniano ou que tenha se
formado algum coágulo em seu cérebro, mas só teremos respostas
após os resultados dos exames preliminares dos exames saírem. -
A médica que atendia pelo nome de Nicole respondeu pondo as
mãos no bolso de seu jaleco — Mas o que mais nos preocupa no
momento é o esfaqueamento que lhe causou uma séria hemorragia,
além de ter atingido diretamente seu fígado que está comprometido.
Diante disso, nossa única saída é fazer um transplante ou ela não
irá sobreviver.
— É um pesadelo, só pode ser. - Thomas disse afundando a cabeça
no ombro do pai, sendo consolado pelo mesmo.
— Não tem problema, posso doar uma parte do meu fígado para
ela. - Bruce sugeriu.
— Não, você não pode querido, pois você sofre de diabetes,
lembra? Seu tratamento é a base de insulina e nesses casos, não é
permitido doar órgãos. E eu também não, pois sofro de artrite há
anos. Temos que procurar meus irmãos, seus primos, achar alguém
compatível o mais rápido possível ou a Bella pode acabar... Prefiro
nem dizer. - Lauren levou as mãos a boca, sufocando um grito de
dor.
— Meu sangue e o da Bella são compatíveis. Anos atrás, ficamos
sabendo disso durante alguns exames de rotina que minha mãe
sempre nos obrigava a fazer. - Thomas contou respirando fundo —
Acho que posso ser o doador, doutora.
— Você não. - Lauren fechou a cara.
— Seja razoável, Lauren. Deixe nossos problemas pessoais de
lado, ao menos neste momento. O que importa agora é salvar a vida
da Isabella e todos nós queremos isso, inclusive meu filho. - Charles
interviu tentando fazê-la voltar a razão.
— O fato de você ser compatível é ótimo Thomas, mas essa cirurgia
é complexa e muito invasiva. Não é tão simples como um
transplante de rim. Fazer doação de fígado em vida é arriscado,
você pode sofrer muitas complicações e...
— Não importa, doutora. Assumo o risco que for. - O ruivo afirmou
seguro — Se tiver que assinar algum papel me responsabilizando
pelos meus atos, assim o farei. Mas não podemos, nem devemos
perder tempo. A vida da Bella está em risco e quanto mais
enrolamos aqui, menos chances ela terá de sobreviver. -
Argumentou esfregando uma mão na outra.
— Pior que é verdade. - Nicole concordou passando a mão por seus
cabelos que eram crespos na altura dos ombros, mas estavam
presos devido a um coque — E vocês? Concordam que ele faça o
transplante?
— Como não temos nenhuma alternativa, sim. - Lauren bufou de
raiva e Bruce nada disse, apenas assentiu com a cabeça.
— Então me acompanhe senhor, vamos fazer alguns exames de
compatibilidade e se tudo der certo, já iniciaremos os preparativos
para a operação.
— Sim senhora. - O rapaz concordou acompanhando-a.
[...]
Thomas fez vários exames e após ter certeza da compatibilidade e
de que a saúde dele estava em dia, Nicole iniciou a operação.
Lauren e Bruce sentaram-se lado a lado na recepção do hospital de
mãos dadas enquanto do outro lado, Charles se encontrava
sozinho. Decidiu não contar a família sobre o que estava
acontecendo, principalmente para não preocupar Elizabeth, mas
suas pernas tremiam feito vara verde pois estava com medo que
algo desse errado e que o filho ficasse com alguma sequela grave
ou tivesse complicações.
Antes de entrar na anestesia, Thomas olhou rapidamente para Bella
e sorriu.
Iria salvar a vida da mulher que amava, mesmo que para isso
tivesse que perder a sua.
[...]
Durante a cirurgia, Nicole teve alguns problemas pois Isabella
acabou sofrendo outra hemorragia, que foi rapidamente estancada
pela equipe competente e dedicada da médica.
Foram quase quatro horas de angústia, de apreensão, de mãos
suadas e corações acelerados, mas quando a doutora surgiu na
recepção e disse que o transplante tinha sido um sucesso e que os
dois estavam bem, todo aquele medo passou e belos sorrisos
saíram dos lábios dos familiares de Bella e Thomas.
[...]
Após os efeitos dos sedativos passarem, Thomas acordou e seu pai
estava, como sempre, ao seu lado, já no dia seguinte a cirurgia.
— Como a Bella está? - Foi a primeira coisa que perguntou, ainda
com a visão turva e sonolento.
— Ei, calma. Primeiro preciso saber como você está. - Charles
segurou a mão dele.
— Com algumas dores, mas bem. Como a Bella está? - Repetiu a
pergunta e Charles sorriu.
— Ainda sedada. Talvez pela cirurgia, ou pela pancada na cabeça,
não se sabe ainda. Mas o transplante foi um sucesso e segundo a
doutora, ela tem grandes chances de se recuperar sem sequelas se
acordar logo.
— Ouvir isso acalmou meu coração. - Sorriu de volta, lambendo
seus lábios secos — Agora por favor pai, chame a doutora e peça
que venha aqui me dar logo alta porque tenho que voltar à Nova
York para cuidar das crianças. Mas antes de ir, quero ver a Isabella,
se ela ainda estiver desacordada.
[...]
Depois de o examinar e ter certeza que Thomas estava bem, Nicole,
depois de muita insistência aceitou o pedido do homem de ver
Isabella, mas não concordou com sua alta, dizendo que ele teria
que ficar ao menos dois dias internados para depois, ficar mais
algum tempo de repouso em casa e só assim, ser liberado para
suas atividades normais.
Munido de uma cadeira de rodas e acompanhado pela médica, o
coração de Thomas disparava cada vez que notava que estava
mais perto do quarto da mulher.
Fazia três anos que não a via e a última vez que se viram foi
terrível, pois foi no dia em que ele tinha pedido o divórcio à ela e
durante a última conversa, ouvira palavras muito duras de sua ex-
mulher.
— Pode entrar, mas a visita durará apenas dez minutos, certo? - A
doutora abriu a porta — Fique a vontade, daqui a pouco venho lhe
buscar.
— Sim senhora. - O ruivo concordou assentindo com a cabeça e
entrando naquele lugar ao mexer nas rodas de sua cadeira para
pegar impulso.
Quando Thomas encontrou a amada em uma cama de hospital
cheia de aparelhos respiratórios, sentiu seu coração se apertar e
seus olhos, se encheram novamente de água.
— Bella... - Se aproximou da cama onde ela estava e segurou sua
mão.
As mãos de Isabella agora eram ásperas, bem diferente do tempo
em que eram casados, quando eram macias e delicadas. Seu rosto
estava com marcas de expressão, mas ainda sim era sua Bella, a
mulher com quem sonhara passar o resto da vida junto anos atrás.
— Não sabe o quanto fico feliz em saber que vai se recuperar e ficar
bem, saber disso já me deixa mais leve. Você precisa viver para que
eu consiga viver. Precisa sair dessa cama, pelos nossos filhos pois
um dia você os terá de volta, não tenho dúvidas disso. Quero que
saiba que você sempre será meu amor, sei que te amei de uma
forma errada, de um jeito torto, mas não foi por mal. Foram três
anos sendo desprezado por você e sei que muitos anos ainda virão,
isso me apavora, me machuca e caramba, dói tanto. Dói mais do
que imaginei que doeria. Pior é saber que você está mais do que
certa em me detestar, que mereço todo esse ódio que você sente
por mim. Só que estar aqui do seu lado agora é tão bom, sentir seu
calor... - Sorriu passando a mão dela por seu rosto e fechando os
olhos — Já consigo renovar minhas forças para o que está por vir.
Sei que jamais vai me perdoar e que nunca mais te terei nos meus
braços, nunca mais vou poder te tocar, beijar, te sentir, mas me
contento por ao menos saber que você está viva. Prometo que
quando você sair da cadeia irei fazer de tudo para que seja feliz e
reconquiste nossos filhos. E prometo também que vou cuidar para
que você não passe nenhum tipo de necessidade durante o tempo
que estiver presa. - Beijou a mão da amada e suspirou, quando
percebeu que ela começou a se mexer e quando piscou os olhos,
teve certeza que estava perto de despertar — Bella?
Se afastou rapidamente e mesmo com dificuldades para se
locomover, conseguiu sair para chamar a médica e assim, avisa-la
da mudança do quadro da paciente.
~*~
Enquanto Nicole cuidava de Isabella, Thomas foi a recepção e
avisou seus ex-sogros que a garota tinha despertado.
— Não pense que o que fez aqui apagará seus pecados, Thomas.
— Lauren, por favor. - Charles pediu sem graça — O que está feito,
está feito. Vamos pensar apenas na recuperação da Bella nesse
momento.
— Não estou querendo apagar nada, só fiz o que achei correto. -
Thomas explicou quando a médica apareceu.
— Como está minha filha? - Lauren perguntou aflita.
— Isabella finalmente despertou. Está com algumas dores e um
pouco fraca, mas vai ficar bem, graças ao transplante que fizemos e
a boa resposta dela aos medicamentos. - Todos suspiraram de
alívio com a resposta de Nicole — Podem vê-la, mas só um por vez.
Aliás, ela chamou pelo senhor, Thomas.
— Doutora, a senhora disse para ela que estou aqui?
— Não.
— Então por favor, não digam a Isabella que estive aqui, muito
menos que fui o doador dela.
— Por que isso, filho? - Charles perguntou confuso.
— Porque é o melhor para ela. - Respondeu dando um sorriso triste
— O importante é que Isabella está bem, é só isso que importa
agora. Daqui dois dias irei voltar para Nova York, onde terminarei de
me recuperar.
— Se quer receber alta daqui dois dias e não ter uma infecção,
precisa voltar para o quarto imediatamente, senhor Cooper. - Nicole
o alertou.
— Ótimo, é melhor minha filha não saber de nada mesmo! - Lauren
virou o rosto para o lado, tentando evitar o ex-genro.
— Apesar de tudo, gostaria de agradecer pelo que fez por minha
filha, Thomas - Bruce se mostrou grato.
— Não tem que me agradecer por nada, senhor Adams. Vamos logo
para o quarto, pai. - Pediu e o loiro começou a empurrar sua cadeira
de rodas — Adeus. - Thomas se despediu saindo da recepção ao
lado do pai com a certeza de que talvez, aquela seria a última vez
que teria visto o grande amor de sua vida.
~*~
— Como está se sentindo, meu bem? - Lauren perguntou
acariciando o rosto da filha, que estava no CTI.
— Estou bem. - Bella respondeu respirando fundo — A doutora
disse que precisei de um transplante de fígado, quem foi meu
doador? Gostaria de agradecer essa pessoa por ter salvo minha
vida. - Esboçou um sorriso.
— Seu doador foi... - Desviou o olhar — Um rapaz que morava em
Miami, veio passar as férias aqui, sofreu um acidente e morreu. A
família decidiu doar os órgãos. Enfim, você teve muita sorte, filha.
— Tive mesmo. Sabe mãe, ouvi a voz do Thomas há pouco. - Sorriu
— Ele dizia que me amava, que não queria me perder. Que devia
acordar pelos nossos filhos. Parecia tão real! Por um momento me
senti feliz de novo. Mas quando acordei, não tinha ninguém aqui e
logo a doutora apareceu e só aí percebi que estava no hospital e
que... Tudo tinha sido um sonho. - Contou desanimada.
— Oh minha querida, não pense nisso agora. - Lauren desviou o
olhar mais uma vez.
— Mãe, e a desgraçada que me atacou? a carcereira?
— As detentas a denunciaram e ela foi presa, acusada de tentativa
de homicídio. Espero que passe muitos anos presa e vou falar para
a Helena cuidar disso. Fique tranquila.
— Tomara, mas essa aí ainda vai me pagar muito caro um dia. O
que ela fez comigo, também não será esquecido. Mas como estão
as outras detentas?
— Não sei direito, mas Helena disse que acha que essa rebelião e
tentativa se fuga vai te prejudicar um pouco.
— Como assim?
— A justiça vai mandar você e as outras presas que quiseram fugir
para um presídio de segurança máxima. Mas graças aos céus sua
pena não será aumentada.
— Segurança máxima? Droga... - Fez uma careta — Mas já
imaginava que se tudo desse errado, isso poderia acontecer.
— Não se preocupe, foque em se recuperar primeiro, o resto
resolvemos depois. - Beijou a testa dela — Te amo muito, filha.
— Também te amo, mãe!
~*~
[...]
Dois dias depois...

— Filho, por que não conversou com a Bella? E por que não quer
que ela saiba que você foi seu doador? - Charles questionou
Thomas enquanto eles viajavam de volta para Nova York de
jatinho.
— Porque Bella me odeia e jamais me perdoará pelo que fiz. Saber
que fui seu doador poderia influenciar e até atrapalhar sua
recuperação. Tudo que ela precisa agora é de sossego e paz.
— Entendo. E o que pretende fazer de agora em diante?
— Continuar cuidando das crianças e trabalhando na empresa
como fiz esses anos todos. E esperar o dia em que irei ser
castigado por tudo que fiz porque se tenho uma certeza na vida é
que este dia ainda vai chegar, pai.
— Quando esse dia chegar, estarei do teu lado filho. - Charles pôs a
mão sob a dele.
— Eu sei que vai. - Thomas concordou apertando a mão do pai e,
olhando para a janela do avião e observando as nuvens brancas
como a neve.
~*~
[...]
Tempos depois...

Assim que recebeu alta, Bella foi transferida junto com as outras
detentas para o presídio feminino de segurança máxima de Chicago
onde, por sorte e por influência de Thomas, ficou em uma cela
novamente com Jessica.
— Toma. - A morena falou estendendo a mão para Isabella.
— A foto dos meus filhos! Como conseguiu ela? - Perguntou
sorrindo.
— Quando você foi ferida, peguei a foto e a guardei junto com
minhas coisas. Sabia que iria querê-la de volta quando se
recuperasse. - Sorriu de volta.
— Obrigada Jess. - Bella beijou a bochecha da amiga e olhou para
a foto — Estava com muita saudade de olhar para meus bebês. -
Foi para o canto da cela e sentou-se no chão — Meus filhos
queridos, mamãe ama muito vocês viu? Quando sair daqui, provarei
minha inocência custe o que custar. Vou limpar meu nome e me
vingar de cada um dos que me colocaram aqui, eu juro. Vai ter
troco, não vou deixar barato o que fizeram comigo. - Prometeu
apertando a foto contra seu peito.
Isabella estava disposta a suportar absolutamente tudo naquela
cadeia pois sabia que demoraria muito tempo, mas um dia a vida
lhe daria a chance de enfim, fazer justiça.

Continua...
O livro 2 de Esposa do CEO: A
Vingança chega em novembro
na Amazon/Kindle, não percam!
Se você gostou desse livro, por favor,
deixe sua avaliação, é muito
importante para mim e para a
continuação do livro! Aliás, aproveite
a avaliação para me dizer as teorias
sobre a morte que rolou no livro 1. Na
sua opinião, quem é o assassino?
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