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Carolina R.

Silva

Angeline

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Angeline

Prólogo................................................................................................... 5
Capítulo 1................................................................................................7
Capítulo 2..............................................................................................19
Capítulo 3............................................................................................. 26

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Carolina R. Silva

Prólogo

Angelina

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Angeline

Prólogo............................................................................................................5

Capítulo 1........................................................................................................ 7

Capítulo 2..................................................................................................... 19

Capítulo 3.................................................................................................... 26

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Carolina R. Silva

Prólogo

E se tudo o que ela queria era uma vida tranquila, por que

era tão difícil? Ela já havia morrido uma vez, será que teria que

morrer novamente para ter aquilo que desejava? Não que está

reclamação fosse realmente algo a ser levado a sério, já que

desta vez, nesta vida, a qual havia transmigrado a um livro, o

último ao qual leu, ela era uma miséria extra, uma personagem

sem importância que nunca apareceu, mas foi citada uma ou

outra vez, seu nome foi dito apenas uma vez, ela era apenas “A

terceira filha da família Bryston, que morreu ao ser atropelada por

cavalos, ao empurrar a Lilibeth, do caminho da carruagem,

supostamente desgovernada, de Keliny”.

Pode não ser fácil de acreditar, mas está foi a maior linha que já

foi escrita para sua personagem no livro, três linhas dizendo sua morte.

Que na opinião da mesma era desumano e humilhante. Ao servir

apenas de estopim para o início das tramas que enlaçavam a

protagonista, Lilibeth, da vilã Keliny, por um homem que em sua opinião

não valia a pena; ele era apenas uma marionete dos pais, e fazia tudo

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Angeline

que lhe era mandado. Por este motivo, houve diversos males

entendidos. A protagonista quase morreu e a vilã foi mandada à

guilhotina.

Em sua opinião, ambas as mulheres eram fortes e não

precisavam estar em tal situação, ainda mais por um homem que nem

sabia cuidar de si mesmo. Era vergonhoso para toda uma raça.

Não que sua vida anterior tivesse sido uma maravilha, ela tão

pouco sentia falta daquela vida miserável….

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Carolina R. Silva

Capítulo 1

Alice escutava atentamente o que o reitor da universidade

estava dizendo. Não que ela se importasse muito, nunca foi de sua

vontade cursar direito, tão pouco ficar limitada a uma pilha de contratos,

ou em um tribunal de justiça tentando defender um criminoso. Em

outros casos poderia ser que ela estivesse ali, para defender uma

pequena causa de processo relacionado a um aluguel não pago por

seis meses.

Não. sempre desejou fazer coisas a mais. ficar presa em um

escritório cuidado de problemas dos outros, não era o que ela desejava.

Mas seus pais, dois grandes e renomados advogados da cidade Y,

desejavam que ela traçasse os mesmos passos que eles, ambos

criminalistas, já se enfrentaram diversas vezes no tribunal, Alice até

suspeitava que isso foi o que provavelmente levou o casamento deles

ao fim, não só isso, uma das séries de fatores serviu de influência para

o divórcio

As pessoas eram assim. Não!

O reitor a minha frente era um exemplo. Apenas ele e aqueles a

quem ele passou por cima, poderiam dizer o que foi passado, ninguém

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Angeline

é cem por cento bom ou cem por cento mal. Acredito que há uma

média, a pessoa pode ser oitenta por cento boa, mas vinte por cento

má, ou sessenta e sete por cento má e trinta e três por cento boa.

Como aqueles que são bons apenas com os animais.

Quando a palestra de boas-vindas e instrutora termina, todos

saem do auditório. Alice sacou seu celular de sua bolsa e o ligou, a tela

antes escura, brilhou com a logo e o modelo do aparelho brilhando.

Antes de entrar foi orientado que todos desligassem os celulares para

que não lhe fossem causar distrações, ela o fez, mas não esperava que

teriam mais de dez ligações perdidas de seus pais e cerca de quarenta

e três mensagens não lidas, de cada um. Ela já desconfiava do que

poderia se tratar, eles nunca se resolviam, mesmo após o divórcio

estavam sempre brigando.

Ela resolveu que não lhes daria atenção agora. Já se sentia

cansada e esgotada apenas de imaginar a situação desgastante que

ocorreria após ligar ou responder uma mensagem, de um dos dois. Mas

parecia que eles possuíam um rastreador nela, pois antes que pudesse

se esquivar, outra mensagem apareceu.

Mãe: Já saiu?

Mãe: O seu pai está…

Por ler a mensagem pela barra de notificações não conseguiu

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ler o restante, ela apenas suspirou e arrastou para o lado,

descartando-as. Em contrapartida, ela abriu o aplicativo de livros, ao

qual continha sua história favorita nos últimos tempos “A rosa-branca”.

Ela se encontrava havida para ler aquela história. Estava na metade e

rezava para que as duas mulheres parassem de brigar, e que o Grande

e majestoso duque saísse do livro para comê-la. Mas era apenas um

sonho, o Duque era maravilhoso, ele sim deveria ser o personagem

principal, não o príncipe herdeiro que era uma pessoa que se existisse,

ela teria batido duas vezes em sua cara.

Ela estava em uma parte quente no livro, onde o protagonista

masculino havia sido envenenado com algum tipo de afrodisíaco pela

vilã. Ela iria meter-se em seu quarto para que ele fosse forçado a

casar-se com ela, mas ele a expulsou, como estava planejado que Lili

os encontrasse, esqueceram de avisá-la.

Alice ficou com vergonha de que alguém a visse lendo tal coisa,

que abaixou mais a cabeça, e apressou-se para atravessar a rua.

Seu celular começou a vibrar constantemente, e os pop UP da

mensagem apareceram no topo da tela, seus pais, novamente. Ela

suspirou, mas não esperava que um carro ultrapassasse o sinal

vermelho e batesse nela, ela sentiu extrema dor, seu corpo foi lançado

alguns metros a frente, seu celular caiu a sua frente. Nas notificações, o

nome “mãe” brilhava intensamente. Uma lágrima escorreu por seu rosto

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pálido e caiu no asfalto frio. Ela deseja ter sido uma boa filha, uma

melhor, se ela tivesse outra chance. Teria feito aquilo que desejava,

talvez este tivesse sido seu maior arrependimento, não poder ser quem

realmente era, mas ainda assim, dar orgulho aos seus pais.

***

A primeira coisa que sentiu ao recobrar sua consciência, foi uma

extrema dor, como se todos seus ossos tivessem se partido e reposto,

a dor do crescimento da adolescência, mas, mil vezes pior.

O corpo da jovem já se mexeu, o que assustou e surpreendeu a

jovem mulher que estava se ocupando da limpeza. Mas foi apenas

quando a jovem na cama resmungou e levou a mão vagamente a testa

que ela teve uma verdadeira reação.

— SENHORITA!

Ela correu até a jovem dama e a inspecionou, a mesma apertou

os olhos, parecia não ter forças para abri-los.

— Á-água. — ela disse fracamente.

A criada apressou-se em ajudá-la a beber o líquido, que

pareceu revitalizar a jovem.

— Aguarde um momento, irei chamar o médico.

Após dizer isso, saiu correndo do quarto.

Deitada na cama, Alice não entendia o que estava acontecendo,

sua cabeça doía e suas memórias estavam confusas e embaralhadas.

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Ao tentar abrir seus olhos novamente, sua visão embaçada lhe

causava mais dor, mas aos poucos foi se acostumando.

"Jovem Senhorita." Ela se lembrava de a enfermeira ter se

referido a ela assim, que hospital era aquele que seus pais a haviam

internado? Era algum lugar de medicina tradicional e conservadora?

Quando as coisas começaram a se tornar mais nítidas ao seu

redor, notou que a cama onde se encontrava deitada estava coberta por

um dossel rosa límpido, que se encontrava atado as pilastras da cama,

mas não era apenas isso, conforme seu corpo ia se adaptando ao seu

despertar ela pode olhar ao redor e notou que tudo era estranho, como

se estivesse em um quarto vintage em cores rosa, dourado e branco,

como um quarto de princesa.

Com um pouco de esforço ela se sentou na cama.

Simultaneamente, pode ouvir passos corridos se aproximarem, quando

a porta se abriu ela não pode deixar de fazer uma careta, um casal

estava parado ali vestindo roupas de época em estilo ocidental, coisa

de século dezenove.

Eles aproximaram-se dela com cautela, mas ela ergueu uma

mão, eles param, pois podia ver certa cisma e medo em seus olhos e

rosto.

— Onde... onde estou e quem são vocês? Por que estão se

vestindo assim? Por acaso é algum evento temático? Eu...

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Antes que pudesse continuar, sua cabeça doeu, o que a fez se

encolher.

A mulher, que estava petrificada com o que ela havia dito,

correu até a mesma e a abraçou

— Calma, meu amor, mamãe está aqui, tenha calma

Ela disse ao abraçá-la e deslizar sua mão pela cabeça da

jovem, de alguma forma aquilo havia funcionando, a dor havia passado.

O abraço da mulher era tão acolhedor que Alice não desejava sair dele.

— Tudo vai ficar bem, o médico está chegando.

Disse e olhou o homem que ainda estava em pé, ambos

continham um olhar preocupado.

— Angelina, tudo vai ficar bem, respire minha filha. — o homem

disse, sentou-se perto das duas e pôs sua mão em cima do joelho

coberto da jovem. — Você é uma Bryston, vamos cuidar de você.

Quando ele disse tais palavras, Alice não pode deixar de rir, ele

não poderia estar mais errado. Ela não é Angelina Bryston, este era o

nome de uma personagem do livro que Alice estava lendo. Uma

personagem que morreu e teve um péssimo final, ela era Alice

Maltevanrra, não Angelina Bryston.

As lembranças de seu sonho antes de acordar, vieram a sua

mente. Seu sangue gelou.

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"Eu não queria isso, sabia? Por algum motivo, nós duas

morremos de formas tão semelhantes... Eu não posso mais voltar, mas

você pode, cuide deles para mim Alice e tenha uma boa vida, prometo

que farei o melhor que poder para ajudá-la, de onde estiver."

Essa fala ecoava em sua mente...

Neste momento o médico apareceu e a examinou.

A jovem continuou petrificada no mesmo lugar, sem acreditar.

Ela havia morrido, uma morte trágica. Mas Angelina, a personagem

cujo ela havia transmigado, havia lhe dado uma chance de viver, uma

vida nova, viver seus sonhos e desejos.

Quando o médico terminou, todos saíram do quarto. Ella

permaneceu em silêncio, deitada, olhando para a janela. O médico da

família havia diagnosticado uma perda de memória temporária devido a

queda da árvore. Todos teriam que ter paciência até que ela se

recuperasse, as memórias voltariam com o tempo. Eles achavam isso,

ela era a única que sabia a verdade...

Ela se levantou da cama e a passos lentos se encaminhou até o

espelho mais próximo, receosa, pois não sabia como Angelina era,

nunca se havia descrito sua aparência, ela era apenas uma extra, que

tinha um papel definido. E se fosse feia? E se os olhos fossem muito

separados? ou o nariz muito grande e se o rosto dela fosse deformado?

Ela levou a mão ao rosto e não sentiu nada, nenhuma deformidade. Até

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que chegou ao espelho e pode respirar com calma. Ela era bonita, uma

beleza simples e pura. Seu rosto estava um pouco pálido, mas por ter

ficado muito tempo enferma, mas em plena saúde deve ser uma beleza

de cabelos castanhos consulados, rosto pequeno e redondo, olhos

grandes, nariz arrebitado e lábios carnudos. Ela tinha uma testa lisa,

era uma beleza normal e pura, nada do que imaginava sobre como

seria era real.

A porta do quarto se abriu abruptamente fazendo Alice… não,

Angelina pular em um susto.

Ao se virar viu um jovem alto e forte, ele era bonito, tinhas as

mesmas feições que ela, mas as dele era máscula e angulosa. Porém

os olhos… mesmo ao longe ela podia ver. Eles queimavam como algo

que ela não poderia descrever, mas continha também, preocupação e

alívio.

— Angel! — disse de maneira forte e foi até ela, passando um

braço sobre suas pernas e a erguendo. — O médico disse que seu

corpo precisa se recuperar, você caiu do cavalo, tem sorte de não ter se

fraturado! Não devia ter concordado em te ensinar a montar! — ela já

não sabia se ele repreendeu a si mesmo ou a ela.

“Asher!” — pensou a jovem enquanto era carregada.

Ele era um dos personagens importantes da história, um

cavaleiro templário do norte, que carregava consigo a insígnia do

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templo. Ele era alguém que, por muitas vezes, salvou a protagonista,

mas sempre se culpou pela morte da irmã, pois era ela quem a

acompanhava quando tudo acontecia

— Você é tão dramático Asher. — outro jovem apareceu na

porta e adentrou o quarto, Luke. Ele aparentava ter seus dezesseis

para dezessete anos — Você não deveria estar defendendo o norte?

— E você não deveria estar na academia, estudando? — Asher

disse enquanto colocava a jovem na cama e a cobria.

— Consegui uma licença, minha irmã sofreu um acidente,

precisava conferir como ela se encontrava.

— Acredito que papai e mamãe lhe informaram que ela estava

bem!

O jovem ergueu as sobrancelhas.

Ambos eram tão parecidos, se não fosse pela altura, Luke era

apenas alguns centímetros mais baixo que Asher, e tinha o tom mais

mais claro dos olhos. Tendo Asher cabelos e olhos escuros como a

noite e Luke olhos num tom cinzento nebuloso, como uma noite de

tempestade. Poderia até se dizer que eram irmãos gêmeos, isso a fez

rir.

Os dois se viraram para ela e ela deu um sorriso amoroso, se

era essa sua nova vida, ela só poderia aceitar.

— Continuem, acho que ainda desejo saber como Asher

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conseguiu licença do norte para vir aqui?

— Ahm, o duque, assim que soube de seu acidente me deu a

licença, não precisei pedir.

Ambos a olhavam com determinada curiosidade, Angelina,

mesmo com uma cara dócil e um bom coração, pouco sorria era

sempre séria e direta no que fazia jamais mediando meias palavras.

— Você realmente se sente bem? — Luke se aproximou da

cama e tocou a testa da jovem.

— Sim, estou. — piscou sem saber o motivo de tal agitação.

— Acho que deveríamos deixá-la descansar. — se pronunciou

Asher.

— Sim, concordo.

Ambos se aproximaram da irmã, deixaram um beijo em sua

testa e saíram com calma do quarto fechando a porta.

Angelina esperou alguns minutos antes de se levantar da cama

e ir até uma escrivaninha que ficava ao lado direto de sua cama.

Pegou na gaveta, papel, frasco com tinta e uma caneta tinteiro. Com

um pouco de dificuldade, escreveu alguns rabiscos até conseguir pegar

um pouco de prática para escrever algo coerente e traçou a trajetória

do livro. Ela sabia os fatos que aconteceriam, mas nada influenciava

mais do que a sua morte, seu único propósito era evitá-la. Ela não

sabia nem onde ou quando, mas entendia que não poderia deixar a

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protagonista morrer, isso poderia mudar a história e causar um caos.

Uma existência tão pequena quanto a dela só tinha um propósito:

salvar Lilibeth. Apenas isso, e após fazer seu papel, nada mais a

afetaria.

Poderia ser ganancioso de sua parte, mas ela deseja viver uma

vida completa. Namorar, ter amigos, casar, ter filhos… — suspiro — ela

não deixaria que sua vida fosse roubada dela novamente.

***

Já havia se passado uma semana, mesmo que sua família

dissesse que ela deveria ficar na cama de repouso, ela insistiu em ao

menos ficar nos jardins, sol faria bem a sua saúde, e acredite, ela

precisava. Estava tão pálida que poderia confundi-la com um fantasma.

Seus irmãos não poderiam ficar muito tempo, por isso, iriam

embora naquele dia e ela os esperava para um chá no jardim. Ambos

não tardaram muito para chegar, corriam e se empurravam, típico de

garotos.

— Meninos, nobres não correm. — ela disse doce e

gentilmente.

Os irmãos não puderam deixar de sorrir para ela, sua irmã havia

mudado, ela era mais amorosa e aceitava suas demonstrações de

carinho. Sorria mais, era mais aberta, eles gostavam desta nova versão

dela, não que a anterior não os agradasse, mas não se parecia com a

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Angeline

doce Angelina quando pequena.

— Angel! O…

Antes que Luke pudesse falar, foi calado por seu irmão. O

mesmo perdeu o equilíbrio e caiu estatelado no chão.

— Sua alteza, o príncipe herdeiro, mandou presentes para você,

para sua recuperação

Angelina que havia acabado de beber o chá, não pode deixar de

cuspi-lo.

Ela não sabia por que ele havia mandado presentes, no livro

não havia qualquer menção deles serem próximos, o rapaz nem sequer

havia mencionado a jovem.

— Acredito que há um engano, sua alteza, jamais mandaria algo

a para mim, nós nem nos conhecemos.

Ela disse se recuperando e bebendo o chá.

— Como não? Vocês são noivos!

Tudo parou, Angelina acreditou que iria morrer novamente.

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Capítulo 2

“Não, não não” — ela repetia para si mesma em desespero.

Ela não queria morrer, mas parecia que a morte não desejava

deixá-la em paz.

— Devolva tudo, irei falar com papai.

Dito isso ela correu apressadamente como se sua vida

dependesse disso e dependia.

— Angel, moças nobres não correm! — brincou e ambos os

irmãos riram.

Angelina, ergueu uma das mãos e mostrou o dedo do meio para

ambos sem olhar para trás, o que os calou.

— Ela anda muito ousada. — disse Luke.

— Ela é a Angel, não sou eu que vou julgá-la. — respondeu o

irmão.

— Nem eu.

Com isso colocaram as mãos no bolso e se encaminharam para

o jardim da frente, onde os criados do príncipe esperavam para

entregar os presentes à jovem dama.

Enquanto isso, Angelina foi até o escritório de seu pai e entrou

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sem bater.

Duque Bryston ao ver a face branca e desesperada de sua filha,

levantou-se e foi até a mesma para ampará-la.

— Meu amor, você se sente bem? Dói em algum lugar?

— Papai! — Ela disse tentando recuperar o fôlego. — Preciso

que cancele o noivado com o príncipe.

Surpreso, ele teve que pensar por um momento.

— Angelina Bryston, esse noivado foi um pedido seu. Desde

seus cincos anos, você sempre foi apaixonada por ele! Agora deseja

cancelar o noivado?

— Sim!

— Tudo bem. — o duque se encaminhou até sua mesa e

sentou-se. — Sente-se e me explique o por que de não querer mais

estar com o príncipe.

“Eu vou morrer se ficar com ele!” — ela desejou gritar, mas

sabia que não era possível, ele não entenderia e não lhe daria o

crédito.

Ela caminhou até a mesa de seu pai e suspirou ao se sentar.

— Eu não o amo. Eu cresci, sei o que isso custará a nossa

família, farei o possível para reparar qualquer erro que surja. Mas não

posso pai, não quero entrar em um casamento, onde meu marido

amará outra. Eu mereço um coração por inteiro e não os restos de

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alguém. — ela respirou fundo — Ele nem ao menos se dignou a vir aqui

me ver enquanto estiver acamada. Presentes não vão preencher o

espaço vazio em meu coração.

O duque não pode deixar de limpar a garganta. Ele se sentia

orgulhoso de sua filha. Desde jovem ela nutria sentimentos pelo

príncipe. Ele sempre teve receio quanto ao envolvimento de sua filha

com sua alteza, poderia ser pelo fato de ele ser o pai da jovem, mas ele

sentia que ela não seria feliz naquele relacionamento. Ele tentou

protegê-la dos males do palácio real, mas não esperava uma intimação

do príncipe herdeiro para noivar com Angelina

Não obstante, agora que sua filha desejava terminar o noivado,

ele o faria. Não importa o que tiver que ser feito. Sua majestade lhe

devia alguns favores, claro que ele pretendia usá-los em algum outro

momento, mas sua filha valia mais do que qualquer outra coisa, sua

felicidade era seu maior tesouro.

— Tudo bem, falarei com sua majestade, creio que ele

entendera nossos anseios. — seu pai lhe sorriu docemente — Mas, o

que pretende fazer após o término, espero que não esteja pensando

em namo…

— Pretendo ir ao norte, papai. — seu pai se calou estupefato —

Sei que está tendo uma guerra, mas não podemos deixar, há muitos

cidadãos e cavaleiros de nosso reino feridos. Não posso deixar que

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isso fique assim. Como parte desta sociedade, desejo ajudar quem for

preciso.

— Não! — ele disse ríspido — Não deixarei que um filho meu vá

aonde está acontecendo uma guerra.

— Então diga para Asher voltar, pois é para lá que ele retornará

hoje!

— Seu irmão é um cavaleiro é o dever dele.

— E quanto a mim, pai? Não achei um propósito, não quero ser

uma simples nobre que vai a festas e frequenta a alta sociedade

regularmente. Quero ser alguém que ajuda os outros e não apenas com

dinheiro, mas gestos e razões.

Ela estava exasperada, precisava ir embora da capital, sabia

que o príncipe iria atrás dela, afinal o que ele precisava era o apoio do

duque.

O mesmo olhava para sua filha e não podia dizer o que se

passava em seus olhos, uma mistura de emoções, ele entendia sua

filha, mas não desejava tê-la longe, ele precisava dela por perto.

— Angelina eu…

— Pai, por favor. Nunca fui uma filha exigente, jamais causei

qualquer problema, juro que irei me proteger e ficarei longe da zona de

guerra.

O silêncio reinou no ambiente do escritório, ambos se

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encaravam, ela em busca de uma resposta e ele em busca de uma

razão.

No fim ela venceu.

— Me dê um tempo, irei encaminhar uma carta para o

Grã-duque através de seu irmão, acredito que em meio mês teremos

uma resposta, você só irá caso ele aceite-a como hóspede em seu

castelo.

Bem, era uma meia vitória, mas ainda sim, algo para se agarrar.

— Peço que o término do noivado seja dado início após a minha

partida, e se sua alteza procurar por mim, diga que estou muito enferma

e que não poderei recebê lo. — pediu ao pai, ela deu a volta na mesa e

o abraçou. — Obrigada pai, juro que não irá se arrepender.

Com isso ela saiu eufórica da sala, enquanto saia o mordomo

entrou apressadamente e ao subir as escadas ela ouviu a gargalhada

de seu pai.

— Essa é a minha garota. — ele disse bem alto.

Apressadamente ela foi até seu quarto, trancou a porta e pegou

papel e a caneta tinteiro, ela precisava escrever para o Grã-duque.

“Sua Excelência,

Sei que pode lhe parecer repentino escrever a ti uma carta, logo quando

recebe uma também de meu pai, já lhe adianto que ambas são pelo mesmo motivo,

desejo ir ao norte e ajudar o povo, porém, creio que já que pisarei em suas terras

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nada mais do que ser justa e contar-lhe a verdade.

Em Breve meu noivado com sua alteza será cancelado, preciso de sua ajuda,

sabemos que o que ele mais preza é o poder e que na verdade ele não passa de uma

marionete de seus pais e eles desejam se e ter todo o poder, como se uma coroa em

suas cabeças não fosse o suficiente…

Rogo, em boa fé para que me aceite por livre e espontânea vontade em suas

terras, prometo me manter longe da zona de guerra e não causar quaisqueres danos

ou prejuízo, Ajudarei no povoado os feridos e famintos, as crianças que precisaram

de aconchego, segurança conforto.

Este é um pedido amigável.

Atenciosamente,

Angelina Marian Bryston.

P.S: A tropa inimiga pretende atacar pelo centro-oeste, entre as colinas escarlate.

Se deseja saber como sei, terá que me levar até você”

Após escrever a carta ela a colocou em um envelope e pediria

encarecidamente que seu irmão entregasse ao duque.

Claro, ela sabia como e onde as tropas inimigas atacaram. Ela

havia lido isso no livro, pois foi onde o Grã-duque se machucou e ficou

gravemente ferido, pois suas tropas foram atacadas em uma

emboscada.

Ela não deixaria que isso acontecesse com ele, não enquanto

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ela vivesse.

Ela se levantou e foi até a porta e chamou sua criada.

— Precisamos sair. — Sorriu maliciosamente.

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