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TRANSFORMAÇÃO – PARTE 3
Você estaria disposto a deixar sua família para ir defrontar-se com o perigo
absoluto e fulminante numa missão ordenada pelo Senhor?
Naasom A. Sousa
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Transformação – Parte 3 (Descobrindo a Verdade) - Naasom A. Sousa
TRANSFORMAÇÃO
PARTE 3
Naasom A. Sousa
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Transformação – Parte 3 (Descobrindo a Verdade) - Naasom A. Sousa
Parte Três
DESCOBRINDO
A VERDADE
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Transformação – Parte 3 (Descobrindo a Verdade) - Naasom A. Sousa
Capítulo 23
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— Apenas leia, por favor. O que contém nesse livro pode ajudá-lo.
— Me ajudar?! — desdenhou Carlos. — Você só pode estar
brincando.
— Você irá fazer alguma coisa agora? Nesse momento?
Carlos pensou no mesmo instante em ligar para Vip e até mesmo se
sentiu tentado a mentir dizendo que iria sair naquele momento. Mas
então fez uma menção negativa com a cabeça.
— Não. Não irei a lugar algum agora.
Vitória deu uma última golada do seu café e retirou-se da cozinha
dizendo:
— Então faça o que lhe pedi. Você não tem nada a perder.
Carlos levou sua xícara à boca e ponderou:
Creio que você tem toda a razão. Nesses últimos dias eu não tenho muita
coisa a perder.
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Levi sorriu e Axel percebeu que ele já se encontrava com uma pasta
na mão. Levi ergueu-a e Axel pôde ler Nick Gradinno escrito com pincel
atômico.
— Sou todo ouvidos — disse Axel para que Levi começasse seu
relatório.
— Como você já viu, o nome dele era Nick Gradinno, descendente
de italiano. Não tinha mulheres, filhos nem casa própria. Foi preso
várias vezes por porte ilegal de armas, agressão, roubo de carros,
extorsão, tentativa de assassinato, assassinato… Resumindo, a ficha é
bem longa. Esse cara era um caso perdido.
— Nada está perdido, meu amigo.
Levi não entendeu.
Axel olhou alguns papéis sobre sua mesa e organizou-os,
colocando-os a seguir para o lado. Abriu a gaveta, pegou outros papéis e
entregou-os a Levi.
— O que é isso?
— São os retratos-falados dos dois suspeitos. Quero que você
espalhe isso por toda a cidade. Pregue em cada poste, em cada vitrine,
em cada banheiro. Também entregue à mídia. Já entreguei para todos os
jornais impressos locais e certamente já prensaram o rosto deles nas
primeiras páginas.
— Isso é muito bom — falou Levi confiante — Quem sabe assim
conseguiremos colocar as mãos nesses dois assassinos.
Axel hesitou.
— É, mas… não sei não. Tem alguma coisa estranha em tudo isso
que não está batendo.
— O que você está pensando?
— Pode ser apenas minha imaginação, mas… primeiro mandam a
Pablo e a Caio para uma emboscada, onde são assassinados. Depois, os
culpados pelo assassinato são capturados, um pouco fácil de mais, e
levados por uma estrada onde dificilmente alguém passa. A viatura bate
por culpa do motorista, porém este era considerado o melhor motorista
da polícia de Melmar. Daí, os suspeitos escapam e, ao invés de fugirem
para uma outra cidade ou país, retornam para cá. O motorista morre
subitamente. O telefonema dado pelos suspeitos que poderia ser a chave
para desvendar esse caso desaparece dos registros da companhia
telefônica e, por fim, há um novo confronto no mesmo endereço onde
tudo isso começou. Há balas, vidros e sangue por toda parte e apenas
um corpo foi encontrado. Pense bem. Há algo muito esquisito aí.
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Alguma coisa nas entrelinhas; algo encoberto. Não tenho a menor idéia
do que seja por enquanto, mas vou descobrir.
O telefone tocou. Era Caroline. Sua voz estava um tanto alterada.
— Axel, queria me encontrar com você mais uma vez no trailer do
George, agora se fosse possível. É algo urgente que queria tratar com
você.
Axel pensou por um momento. Mais uma urgência era tudo o que
não queria. Tina mais uma vez teria que esperar.
— Tudo bem, irei encontrá-la daqui uma hora.
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Diziam os homens de Israel: Vistes aquele homem que subiu? pois subiu para desafiar a
Israel. Ao homem, pois, que o matar, o rei cumulará de grandes riquezas, e lhe dará a sua
filha, e fará livre a casa de seu pai em Israel.
Então falou Davi aos homens que se achavam perto dele, dizendo: Que se fará ao
homem que matar a esse filisteu, e tirar a afronta de sobre Israel? pois quem é esse
incircunciso filisteu, para afrontar os exércitos do Deus vivo? E o povo lhe repetiu aquela
palavra, dizendo: Assim se fará ao homem que o matar.
Eliabe, seu irmão mais velho, ouviu-o quando falava àqueles homens; pelo que se
acendeu a sua ira contra Davi, e disse: Por que desceste aqui, e a quem deixaste aquelas
poucas ovelhas no deserto? Eu conheço a tua presunção, e a maldade do teu coração; pois
desceste para ver a peleja.
Respondeu Davi: Que fiz eu agora? porventura não há razão para isso?
E virou-se dele para outro, e repetiu as suas perguntas; e o povo lhe respondeu como da
primeira vez.
Então, ouvidas as palavras que Davi falara, foram elas referidas a Saul, que mandou
chamá-lo. E Davi disse a Saul: Não desfaleça o coração de ninguém por causa dele; teu servo
irá, e pelejará contra este filisteu.
Saul, porém, disse a Davi: Não poderás ir contra esse filisteu para pelejar com ele, pois
tu ainda és moço, e ele homem de guerra desde a sua mocidade.
Então disse Davi a Saul: Teu servo apascentava as ovelhas de seu pai, e sempre que
vinha um leão, ou um urso, e tomava um cordeiro do rebanho, eu saía após ele, e o matava, e
lho arrancava da boca; levantando-se ele contra mim, segurava-o pela queixada, e o feria e
matava.
O teu servo matava tanto ao leão como ao urso; e este incircunciso filisteu será como
um deles, porquanto afrontou os exércitos do Deus vivo. Disse mais Davi: O Senhor, que me
livrou das garras do leão, e das garras do urso, me livrará da mão deste filisteu. Então disse
Saul a Davi: Vai, e o Senhor seja contigo.
E vestiu a Davi da sua própria armadura, pôs-lhe sobre a cabeça um capacete de
bronze, e o vestiu de uma couraça.
Davi cingiu a espada sobre a armadura e procurou em vão andar, pois não estava
acostumado àquilo. Então disse Davi a Saul: Não posso andar com isto, pois não estou
acostumado. E Davi tirou aquilo de sobre si.
Então tomou na mão o seu cajado, escolheu do ribeiro cinco seixos lisos e pô-los no
alforje de pastor que trazia, a saber, no surrão, e, tomando na mão a sua funda, foi-se
chegando ao filisteu.
O filisteu também vinha se aproximando de Davi, tendo a: sua frente o seu escudeiro.
Quando o filisteu olhou e viu a Davi, desprezou-o, porquanto era mancebo, ruivo, e de gentil
aspecto.
Disse o filisteu a Davi: Sou eu algum cão, para tu vires a mim com paus? E o filisteu,
pelos seus deuses, amaldiçoou a Davi. Disse mais o filisteu a Davi: Vem a mim, e eu darei a
tua carne às aves do céu e às bestas do campo.
Davi, porém, lhe respondeu: Tu vens a mim com espada, com lança e com escudo; mas
eu venho a ti em nome do Senhor dos exércitos, o Deus dos exércitos de Israel, a quem tens
afrontado.
Hoje mesmo o Senhor te entregará na minha mão; ferir-te-ei, e tirar-te-ei a cabeça; os
cadáveres do arraial dos filisteus darei hoje mesmo às aves do céu e às feras da terra; para que
toda a terra saiba que há Deus em Israel; e para que toda esta assembléia saiba que o Senhor
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salva, não com espada, nem com lança; pois do Senhor é a batalha, e ele vos entregará em
nossas mãos.
Quando o filisteu se levantou e veio chegando para se defrontar com Davi, este se
apressou e correu ao combate, a encontrar-se com o filisteu. E Davi, metendo a mão no alforje,
tirou dali uma pedra e com a funda lha atirou, ferindo o filisteu na testa; a pedra se lhe cravou
na testa, e ele caiu com o rosto em terra.
Assim Davi prevaleceu contra o filisteu com uma funda e com uma pedra; feriu-o e o
matou; e não havia espada na mão de Davi.
Com certeza aquilo era uma poesia. Uma vez leu uma para Nicole. Ela
adorou. Pensou por um momento no que estava escrito naquelas linhas. Não
poderia se esconder de Deus? Ele sorriu. Poderia se esconder de qualquer um, até
mesmo de Deus.
Continuou com um sorriso nos lábios e passou as páginas
retrogradamente até quando avistou o número 57. Um pouco acima estava
escrito: Salmo de Davi.
Quem seria Davi? Perguntou-se. Então se lembrou do confronto de Davi
e Golias. Seria o mesmo? Ele leu:
Tem misericórdia de mim, ó Deus, tem misericórdia de mim, por que a minha alma
confia em ti; e à sombra das tuas asas me abrigo, até que passem as calamidades.
Clamei ao Deus altíssimo, ao Deus que por mim tudo executa. Ele enviará desde os
céus, e me salvará do desprezo daqueles que procuram devorar-me. (Selá.) Deus enviará a sua
misericórdia e a sua verdade.
A minha alma está entre leões, e eu estou entre aqueles que estão abrasados, filhos
dos homens, cujos dentes são lanças e flechas, e a sua língua espada afiada.
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Sê exaltado, ó Deus, sobre os céus; seja a tua glória sobre toda a terra. Armaram
uma rede aos meus passos; a minha alma está abatida. Cavaram uma cova diante de
mim, porém eles mesmos caíram no meio dela. (Sela.)…
…Preparado está o meu coração…
…Se exaltado, ó Deus, sobre os céus; e seja a tua gloria sobre toda a terra.
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Caroline suspirou.
— Infelizmente, não houve qualquer alteração no estado dele.
Axel tocou-lhe as mãos.
— Eu lamento.
Um sorriso torto apareceu da face triste da repórter.
— Obrigada, Axel, pelo apoio que você tem me dado nesses
momentos de angústias que tenho passado. Você é um grande amigo. —
Ele apenas sorriu; ela continuou. — Sabe… venho andado com medo…
—Medo? — interrompeu o agente de cor. — Medo de quê?
— Sim… medo de que os homens da quadrilha acabem sabendo do
paradeiro de Pablo, sabendo que ainda esteja vivo e com isso dêem um
fim nele… — Calou-se por um breve instante e tornou a falar. — Nessa
madrugada mesmo, eu estava no quarto de Pablo e o Dr. Stone entrou
e…
— O que aconteceu?
— Ele entrou e eu pensei que fosse alguém da quadrilha ou algo
parecido. Quase tive um troço. Depois conversei com ele a respeito do
perigo que Pablo está correndo. Ele contestou por algum tempo, mas…
— ela fitou o agente, esperando sua reação e completou: — ele
concordou em me ajudar a retirar Pablo de onde está agora.
— O que você falou, Caroline? Você quer tirar Pablo do hospital…?
— Escute bem, Axel. Temos que fazer alguma coisa para continuar
mantendo Pablo em segurança…
— Não acho isso…
— Olhe, vou tirá-lo de lá e preciso de sua ajuda.
Isso deixou Axel ainda mais aturdido. O que poderia fazer para
tirar isso da cabeça de uma mulher apaixonada? Nada, ponderou
finalmente.
— Está bem, vou ajudá-la.
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lado da mulher, que estava de cabeça baixa (como estava desde que
terminara a oração).
— Com licença… oi — a voz de Tina estava trêmula.
A mulher levantou a cabeça rapidamente, as lágrimas ainda
escorrendo dos olhos. Porém, parecia um tanto assustada.
— Oi.
— Desculpe interromper, mas… bem, eu sempre venho aqui e
nunca… assim… nunca vi a senhora. — Tina buscava palavras. — A
verdade é que vim hoje aqui orar, sabe, e… ao chegar aqui eu… eu ouvi
a senhora orando… Isso é estranho, pois nunca fiquei escutando as
orações das pessoas, mas… hoje, não sei porquê, fiquei prestando
atenção às palavras ditas pela senhora enquanto orava.
Tina pausou e observou a mulher que não disse palavra alguma,
apenas ouvia-a. Tina continuou:
— Notei que a senhora está passando dificuldades no seu
casamento, e… eu também estou passando momentos difíceis no meu
relacionamento conjugal. Meu casamento já não é o mesmo de sete anos
atrás. Meu marido está longe de mim e… não estou mais agüentando
essa situação — subitamente, a voz de Tina se transformou em pequenos
soluços. Foi então que sentiu a mão da mulher ao seu lado tocar-lhe o
ombro num gesto confortante.
— Eu compreendo e… sinto muito.
Um leve sorriso brotou nos lábios de Tina, que perguntou:
— Como se chama?
Mulher retribuiu o sorriso e respondeu:
— Melina Xavier. Prazer.
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Era uma construção não muito glamurosa nem grande, mas algo de
encher os olhos. A casa de frente azul-marinho encontrava-se entre
muitas outras que pareciam ter saído da mesma prancheta ou mente
iluminada na rua Largo Jardim.
Axel parou em frente à porta grossa de cedro, apertou a campainha
logo ao lado e esperou. Um minuto depois, sentiu uma presença pelo
olho mágico no meio da madeira. Então, a entrada foi aberta.
— Pois não — uma mulher na casa dos quarenta apareceu. Tinha
uma boa aparência e usava um bom perfume.
— Olá… — Axel tentou ser cordial — Talvez a senhora não me
conheça, mas sou o agente Axel Brendel e desejaria falar com Oliver. Ele
é…
A mulher atropelou-o.
— Sim, ele é mau marido.
— Eu sei. Ele está em casa?
Subitamente um vulto se fez notar por detrás da senhora e disse
rispidamente:
— Estou sim, Axel. O que deseja? Estou muito ocupado, e…
— Oh, não se preocupe — cortou Axel —, não vou me demorar.
Apenas quero fazer algumas perguntas sobre o que realmente aconteceu
na rodovia Três, sabe, esclarecer e entender os fatos.
Axel pôde ver o semblante de Oliver mudar várias vezes durante
dez segundos e percebeu que certamente existia algo ali que ainda não
sabia.
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coisa alguma a não ser mata, pedras e bichos da noite e você sabe muito
bem disso.
Houve um momento de silêncio por parte de Oliver. Então, Axel
aproveitou para fazer outra pergunta:
— Você falou que um deles estava conseguindo abrir a algema com
algum tipo de arame. Pelo que eu me lembro, você prendeu os suspeitos
e não os revistou. Por quê? Eles poderiam estar armados ou estar com
esse arame o qual você mencionou. Você não se preocupou em revistá-
los…
Oliver ergueu-se de sua poltrona e vociferou:
— Olhe aqui, meu amigo, se você está pensando que estou metido
com os caras que apagaram Pablo, está redondamente enganado!
— Espere aí, Oliver, eu não falei isso! Nem ao menos mencionei a
Quadrilha Vip. Por que acha que penso assim?
— Suas perguntas estão revelando isso. Escute aqui! Se você está
pensando em desconfiar em alguém, por que não de Selton? Era ele
quem estava no volante, quem estava no comando da situação.
— Você nunca desconfiou que ele poderia estar envolvido com a
Quadrilha? Como você disse, você eram parceiros…
— E como eu disse, confiava nele. Éramos parceiros antes mesmo
de você vestir um uniforme de tira! Você não sabe de nada.
— Então, se confiava nele, por que acha que eu deveria desconfiar
dele?
— Eu não acho nada, meu amigo. Você é quem está colocando
palavras em minha boca.
Oliver olhou rapidamente para o relógio.
— Olha, Axel, tenho que sair agora. Não tenho mais tempo para
nenhuma de suas perguntas.
Axel pensou e rapidamente reconstituiu uma nova questão.
— Tudo bem, eu só tenho mais uma pergunta.
— Faça-a depressa. — instigou Oliver.
— Bem, quando você foi resgatado, foi achada a sua arma debaixo
do acento da viatura. Agora eu pergunto: se ela estivesse no coldre não
poderia cair. Então, essa arma só poderia estar fora do coldre. Quem
sabe na sua mão…
— Ela estava em cima do painel do carro — explicou Oliver. — No
caminho eu a limpei e achei melhor deixá-la à vista dos suspeitos.
— Então esses caras devem ser muito corajosos para tentar uma
reação vendo que sua arma estava a um palmo de você.
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acredito que Alan vem falando dEle para você, não é mesmo? Ele faz
isso muito bem, e graças ao nosso Pai por isso.
Vitória fez uma pequena pausa para que suas palavras penetrassem
na mente de Carlos.
— E quanto à pergunta do por quê Deus não move um só dedo para
ajudá-lo… Bem, temo em dizer que você está completamente enganado
ao fazer essa indagação. Primeiro: Deus sempre o ajudou poupando a
sua vida até hoje. Você tem enfrentado diversos perigos, mas sempre
escapou com vida. Sabe por quê? O Senhor te guardou. Sempre. Mais
uma prova disso foi quando mandou Alan te encontrar e entrar de
cabeça nessa confusão toda. Talvez você já se tenha perguntado por que
ele estava se dando ao trabalho de entrar numa confusão como esta; por
que fez isso. Ele está fazendo isso por Deus, e… por você também.
Porque Deus te ama, mesmo que você não sinta o mesmo por Ele. Ele te
ama e tem te guardado. Mostrou isso ao mandar Alan até você para
salvar sua vida e, sinto que não foi só essa vez. Já o salvou antes
também.
Um filme começou instantaneamente a rodar na mente de Carlos,
que pôde ver Oliver conversando com Alan e debochando por ele crer
em Deus. Houve um flash e a imagem seguinte foi a dos dois policiais
gargalhando incontrolavelmente, o carro patrulha dando de encontro
com o poste e por fim, ele e Alan fugindo. Aquilo teria sido um escape de…
Deus? Perguntou-se Carlos.
— E por último — falou Vitória —, às suas vistas, mais uma vez,
Deus provou que o ama, fazendo com que Alan interceptasse a bala
destinada para você. Tudo isso foi por você, Carlos. O nosso Deus, o
nosso Senhor Jesus Cristo ama você. E sabe o que mais? A única coisa
que Ele quer de você é que você passe a percebê-lo, a pensar nEle, e
principalmente a abrir seu coração para que Ele possa habitar dentro de
você. Para terminar: Deus te ama e te ajuda. E você? O que você pode
fazer por Ele?
Os olhos de Carlos permaneciam fixos na jovem mulher à sua
frente. As palavras não fluíam para que pudesse se desvencilhar nem
coisa alguma vinha-lhe à cabeça para que conseguisse desmontar a
intrepidez de Vitória com uma frase de desdém ou descrédito. Isso
contribuiu para que ela dissesse algo mais:
— A resposta está com você, Carlos. Está em você. Pense e decida-
se.
Subitamente, pôde-se ouvir a porta do quarto ser aberta e a voz de
Fábio soar estridente para todos, euforicamente:
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queira que tudo esteja bem com ele. Que isso não cause nenhuma
seqüela.
Carlos tentou deixar seus devaneios causados pelas palavras de
Alan e perguntou:
— E isso é tudo o que podemos fazer? Ficar parados e esperar?
— No momento sim… ou não — falou Andrey. — Podemos todos
orar. A oração remove montanhas.
— Muito bem, então vamos todos orar — concordou prontamente
Vitória.
Todos os olhares se fixaram em Carlos novamente. Foi Fábio quem
propôs:
— Se você não quer ficar mesmo de braços cruzados e quer
realmente fazer alguma coisa por Alan, pode formar essa corrente de
oração e interceder pelo nosso amigo, Carlos. Isso é com você. O que
decide?
Carlos prendeu a respiração. Estava num beco sem saída mais uma
vez. E agora, o que fazer? Perguntou-se. Queria realmente fazer algo pelo
homem que há um dia atrás não tinha a mínima idéia de quem era e que
acabara salvando sua vida por um motivo o qual não tinha
conhecimento? Queria se envolver com um bando de lunáticos e fazer
parte de uma… corrente de oração, uma coisa que não tinha consciência
do que era? Um grande dilema estava diante de si.
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pessoas haviam naquele lugar. Teria que passar por todos eles de um
modo ou de outro para sair. O que não iria acontecer era voltar a estar
presa naquela prisão; uma solitária privilegiada que para ela não
significava nenhuma maravilha.
Passou pela porta e nada a deteve. Com a arma firme entre as mãos,
Nicole podia ouvir as batidas aceleradas do seu próprio coração.
Observou um grande corredor diante de si que dobrava à esquerda mais
adiante. Tentou não tremer e apressou seus passos.
De repente, ouviu um barulho às suas costas e virou-se consternada
com a arma de prontidão apontada para frente e o olho na mira.
Ninguém estava ali. Soltou a respiração aliviada, mas com as pernas
ainda trêmulas como uma bandeira no mastro.
Virou-se de volta e sentiu imediatamente um cano frio de aço
encostar-se ao meio de sua testa no mesmo momento em que a arma foi
arrematada de si por uma mão ágil e forte.
Nicole contemplou aturdida o rosto petrificado de Lucas por detrás
da pistola reluzente apontada para sua cabeça. A esperança de se libertar
havia escorrido pelo ralo numa fração de segundos; o pesadelo iria
começar novamente: o terror, a solidão, a angústia, o medo… Não!
Decidiu ela. Aquilo teria que acabar naquele exato momento. Fechou os
olhos diante do silêncio de Lucas e aos berros ordenou:
— Acabe com isso de uma vez por todas! Atire! Vamos, seu
miserável, atire logo, pois para aquele quarto eu não volto mais!
Atiiireeee!!!
Em menos de um segundo, o gatilho foi puxado e a arma estava
pronta para disparar.
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que como uma cristã, você deve fazer aquilo que é certo, porém, eu
saberei compreender se desejar apoiar seu marido nessa hora em que
está diante de você uma decisão tão importante.
— Como eu disse, é uma coisa muito… bem, é um impacto muito
forte tudo isso que estou ouvindo agora, pode ter certeza. Mas posso
adiantar que não posso deixar de ajudar uma pessoa que realmente
precisa de uma mão e que está sendo injustamente culpado de um crime
que não cometeu.
Uma leve expressão de alívio surgiu nas faces de Melina.
— Então isso quer dizer que você…
— Não exatamente, Melina — desta vez cortou Tina. — Antes tenho
que lhe pedir desculpas e também fazer algumas perguntas, e quero que
deixe seu amor de lado; seu lado esposa. Responda sem titubear, porém
com a verdade na ponta dos lábios.
Melina não pestanejou ao responder:
— Dou-lhe minha palavra de que responderei com a mais pura
verdade.
— Certo. Então responda-me: em todo esse tempo em que está ao
lado do seu marido, dias e noites em sua companhia, você pode me
garantir, Melina, que ele não seria capaz de cometer um crime sequer em
sua vida? Um deslize qualquer e se afundar nele sem querer? Ele nunca
fez algo que pudesse colocá-lo em suspeita?
A expressão do rosto de Melina em sua tranqüilidade, confiança e
força já adiantava a resposta.
— Não sei se você vai acreditar, Tina, mas Alan é o homem mais
sincero que já conheci em toda a minha vida, e se há uma pessoa em que,
não somente eu, mas o mundo inteiro pode confiar além de Jesus Cristo
nosso salvador, essa pessoa é Alan. Ele não seria capaz de cometer crime
algum. Seria sim, capaz de cometer um deslize, mas não afundaria nele,
porque ele é um vaso de Deus e o Senhor está ao seu lado. E nunca ele
foi um suspeito para mim, pois jamais me deu algum motivo para que
isso viesse a acontecer. Como eu já afirmei para você antes: Alan é
inocente.
Tina tentou enxergar nos olhos de Melina algum resquício de
dúvida ou até mesmo de mentira. Não encontrou nada. Então, decidiu
fazer o que tinha que ser feito:
— Muito bem — disse Tina —, diante da sua plena certeza, devo
admitir que estou convencida. Pode ficar segura de que farei o que
estiver ao meu alcance para ajudar você e ao seu marido Alan. — ao
final, ela abriu um bonito sorriso de conforto.
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— Como assim? Eu não chamei ninguém! Por que acha que estou
precisando de algo?
— O senhor não me chamou? Mas… o painel mostrou que…
— Então aquele painel está biruta, querida, pois estava num ótimo
cochilo até você me acordar!
A enfermeira coçou levemente a cabeça, confusa e ligeiramente
aborrecida. Mal sabia ela que suas colegas de trabalho recebiam naquele
momento a mesma resposta negativa.
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— Você bem que poderia levar pelo menos uma sacola destas, não é
mesmo? — reclamou Fábio com quatro sacolas penduradas nas mãos
para Vitória acabando de sair do supermercado.
Ela sorriu.
— Agüente, estamos quase chegando ao carro. Eu sei que você é
forte, meu amor. Da outra vez você levou sei sacolas!
Fábio fez uma careta.
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Transformação – Parte 3 (Descobrindo a Verdade) - Naasom A. Sousa
— Mas é porque vi que você já levava duas delas. Não são vocês
que fazem questão de direitos iguais? Então está na hora de provar se
realmente merecem ou não.
— Ora, vamos! Deixe de reclamar e…
— Vitória! Fábio! — a voz ressoou alta ao longe.
Os dois jovens voltaram os olhos para a pessoa que os havia
chamado e levaram um tremendo choque. Melina caminhava a passos
largos na direção deles.
Fábio se apressou em sussurrar à esposa:
— Fique calma e lembre-se: ela não pode ficar sabendo que Alan
está em nossa casa. Ele certamente não iria gostar de vê-la envolvida no
que está acontecendo. Não podemos “dar na vista”.
Vitória concordou com a cabeça e sorriu para Melina, que ao se
aproximar os abraçou calorosamente no mesmo instante em que
lágrimas de alegria e dor escorreram de seus olhos.
— Que bom tê-los encontrado nesse momento, meus queridos.
O casal trocou um olhar rápido e vitória adiantou-se:
— Melina, você está chorando! Você está bem? Está acontecendo
alguma coisa?
A Sra. Xavier fez um gesto positivo com o cenho.
— Está sim, queridos. Algo muito grave e acho que vocês podem
me ajudar. Graças a Deus os encontrei, pois preciso muito conversar
com os dois. Mas se estiverem ocupados é claro que irei entender…
Vitória segurou a mão de Melina enquanto Fábio declarou:
— Melina, estamos livres pra você a qualquer hora do dia ou da
noite. Espere só um momento. Vou deixar as compras no carro e
conversaremos no restaurante logo aqui ao lado do supermercado…
— Não… — adiantou-se Melina. — Não acho que seja muito seguro
falarmos em ambientes públicos. Eu… eu gostaria muito de ir até a casa
de vocês, sabe…
O casal mais uma vez trocou um olhar e prendeu a respiração.
Estavam encurralados e acuados diante dos olhos meigos e tristes de
Melina e da situação inusitada que acabava de lhes pregar uma terrível
peça. Em seus rostos quase se podia ver claramente a pergunta: O que
faremos agora?
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Capítulo 29
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o que tinha para nos dizer. Falei que era louco e que iria morrer de toda
forma. Foi nessa hora que ele me quebrou no meio com um só olhar e
me falou que, se morresse, morreria com honra não deixando que nos
destruíssemos uns aos outros. Falou que honra não era ser o mais forte,
não era conquistar o seu espaço destruindo as coisas ou denegrindo as
pessoas, não era morrer por coisas banais como por um território que
não era nosso e sim de uma população inteira. Falou que honra não era
viver sendo preso, mal visto ou odiado por outras pessoas. Honra não
era ser espancar e ser espancado, maltratar e ser maltratado, estuprar e
ser estuprado. Onde estava a honra nisso.
Joás mordeu o lábio olhando para Carlos e notou que ele fitava-o
com olhar de quem pedia para que não parasse. Joás não estava nem um
pouco com vontade de parar.
— Alan falou uma coisa que me irritou ainda mais: “Ter honra
significa ser respeitado, mas acima de tudo respeitar.” Naquele
momento eu puxei meu canivete e cortei-o no peito, dizendo que saísse
imediatamente da nossa frente. Mesmo sangrando ele não se moveu um
tanto sequer, e ainda falou que ninguém precisaria mais morrer, pois
alguém já havia morrido por todos nós da forma mais vergonhosa do
mundo e isso já bastava para que tivéssemos honra e andássemos de
cabeça erguida, sem termos que morrer ou matar por isso.
Por um instante Joás se calou e fechou os olhos, emocionado.
— Eu posso me lembrar como Alan estivesse falando a um minuto
atrás as palavras que mudaram a minha vida e a de todos nós: “ Sei que
nenhum de vocês têm paz. Alguns até mesmo não conseguem dormir à
noite. Não sabem o que acontecem e o que fazem para que isso venha a
cessar é roubar, mentir, destruir… Porém eu tenho a solução para todos
esses e os demais problemas de todos vocês, sem distinção de raça, cor,
pensamento. Vocês podem deixar isso que chamam de vida para trás e
tornarem-se pessoas realmente honradas, que podem dizer sem
vergonha o que são sem nada temer. Quero que saibam de uma coisa: sei
que no fundo vocês querem mudar, mas não encontram apoio para isso.
Tenho o verdadeiro apoio para dar a cada um. Eu prometo que
mudarão. Agora… Quem será que é realmente corajoso para mudar? Sei
que muitas vezes pedem para morrer quando estão no fundo do poço.
Mas a melhor saída não é morrer e sim tomar um rumo diferente, o
rumo certo. Perguntem agora a si mesmo: Será que ainda quero matar
ou morrer por uma honra que não existe? Quem de vocês quer
experimentar a verdadeira honra que um homem ou uma mulher pode
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Capítulo 30
— O que está acontecendo? Por que ele não liga de uma vez? Será
que o maldito entregou a prova aos tiras? Se isso aconteceu…
Lucas estava impaciente. Andava de um lado para o outro no
grande salão de reuniões onde estava a sós com Vip. Carlos não ligara
mais e isso o deixava nervoso.
— Acalme-se, Lucas. Se você conhece Carlos bem deveria saber que,
enquanto houver um pingo de esperança nele de que sua noiva ainda
está viva, não se precipitará a fazer qualquer coisa contra nós. Entregar a
fita será a última coisa que ele fará.
— Mas depois do que aconteceu no último encontro, não sei mais se
é correto ter tanta certeza disso.
— Mas o que está em jogo é o amor, meu caro — ponderou o chefe.
— Não se preocupe. Ele irá ligar de novo.
Vamos esperar mais um pouco. Mais um pouco, disse Vip a si mesmo,
sabendo que no fundo vivia atormentado com a idéia de seu império
estar nas mãos de um simples homem cujo trabalhara para ele, ou seja,
estivera em suas mãos, porém agora estava fora de seu alcance.
Subitamente o telefone tocou e Rodolfo trouxe para o aparelho para
as mãos de Vip e este sorriu antes mesmo de colocá-lo ao ouvido.
— Eu falei que ele ligaria — gabou-se.
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“PRECISO FALAR COM VOCÊ O MAIS RÁPIDO POSSÍVEL. VENHA PARA CASA”. TINA.
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Porque és povo santo ao Senhor teu Deus, e o Senhor te escolheu para lhe
seres o seu próprio povo, acima de todos os povos que há sobre a face da terra.
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Carlos abriu os olhos e a surpresa que teve foi uma das maiores da
sua vida. Alan estava com os olhos arregalados em sua direção. Não se
controlou e imediatamente indagou se aproximando ainda mais:
— Pastor… Como você está?
Alan esboçou um leve sorriso por contempla-lo ali. Em seu interior
glorificou ao Senhor pelo milagre de fazer com que aquele homem de
coração duro permanecesse junto aos filhos de Deus.
— Você quer que eu chame os seus amigos? Acho que eles podem
fazer mais por você do que eu…
— Não! — falou Alan com a voz fraca. — Quero falar a sós com
você. Sente-se, por favor.
Carlos sentou na cadeira ao lado da cama onde Fábio havia
permanecido enquanto doava o seu sangue para Alan.
— Eu sei… Carlos… que você tem muitas perguntas sem respostas
dentro de si: por que exatamente fui ao seu encontro? Como posso saber
quase tudo sobre você? Como sei o conteúdo da fita?
O homem ao lado da cama balançou positivamente a cabeça.
— Sim. Aliás, vocês todos sabem muito sobre mim. Por quê?
Alan respondeu vagarosamente:
— É bom que entenda que eu não sabia tudo desde o princípio… Eu
sabia como encontrá-lo e qual o seu nome, mas não sabia que estava
metido naquilo tudo… Fiquei um pouco surpreendido quando descobri
que você era… Bem, acima de tudo te encontrei. E sabe por quê? Porque
Deus quis assim. Ele te ama e não quer que viva desta forma tão sem
sentido. Afinal, qual é o sentido da vida? Muitas pessoas não sabem
responder essa pergunta. Será que você é uma delas?
Diante do silêncio de Carlos ele continuou:
— Deus tem algo pra lhe entregar, mas você continua a rejeitá-lo.
Sabe o que você está rejeitando? O sentido da vida.
— Não fale besteira, pastor! O sentido da minha vida nesse
momento está sendo refém do Vip, se é que ela continua viva!
— E o que você está fazendo aqui? Está se sentido obrigado por eu
ter recebido aquela bala em seu lugar? Não precisa se sentir assim. Há
alguém que fez algo muito maior por você, e foi Ele quem me enviou
para que eu pudesse testemunhar dEle para você. Tomei aquela bala
para que hoje você pudesse estar nesse lugar e recebesse um recado.
Carlos estreitou os olhos.
— Recado? Que recado é esse?
— Preste atenção: Não há nada que você possa fazer… para tentar
sair desse inferno em que está sem que venha reconhecer que você não é
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nada sem Deus e que sem Ele não conseguirá escapar das garras do
inimigo. Deus te ama, Carlos, e… Ele quer te ajudar a sair da cova que
você cavou para si mesmo. Ele está com as mãos estendidas para você,
mas não pode fazer nada enquanto você não fizer nada. Ele irá mover a
mão dEle quando você mover a sua e pedir-lhe que tome conta da sua
vida, reconhecendo que sem Ele você não é nada, e com Ele você é mais
que vencedor.
Carlos passou os dedos pela barba por fazer e declarou:
— Não vou lhe mentir, mas não acredito muito nessas suas
palavras.
Com o mesmo olhar de tranqüilidade e confiança Alan acrescentou:
— Não há nada de errado em se dizer a verdade, mas é um erro
muito grande não acreditar no poder de Deus, Carlos. Olhou bem para
os jovem que estão nesta casa? Precisava vê-los antes de conhecer
verdadeiramente a Deus… O olhar deles era mesmo que estar olhando
os seus olhos agora. Basicamente estavam na mesma situação… Não
tinham mais vida… para viver! Mas apresentei a eles o autor da vida
assim como estou lhe apresentando agora, e veja no que eles se
tornaram! Andrey retomou os estudos e tornou-se num médico, Joás é
gerente de banco e… Fábio e Vitória é o casal mais feliz que conheço.
Enfim, são pessoas livres e felizes como muitos não podem ser. Agora…
me responda com sinceridade: você não quer que estas duas qualidades
básicas, mas essenciais entrem em sua vida?
Carlos percebeu que estava com um nó do tamanho do mundo no
meio da garganta e com lágrimas que queriam fluir de seus olhos.
Nunca sentira uma tal felicidade a qual Alan estava a prometer-lhe e
aquilo era uma coisa que realmente faltava em sua vida: uma verdadeira
felicidade e sentido para levar uma vida verdadeiramente livre.
Subitamente ele ouviu um barulho atrás de si e voltou-se para ver
quem era. Estavam ali na porta Andrey, que estava de volta, Joás e Sônia
e Fábio e Vitória ainda com as sacolas de compras nas mãos. Todos
fitavam seus olhos mareados. Sentiu-se novamente encurralado e saber
se haveria explicações a dar sobre sua emoção.
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Capítulo 31
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— E é isso mesmo que ele e todos nós queremos. Mas essa decisão é
só sua.
— Ninguém pode me ajudar — falou Carlos com olhar inexpressivo
—, nem mesmo algum Deus que possam me apresentar. Enquanto
tentam me convencer minha noiva pode estar sendo executada!
— É verdade que Vitória lhe deu a Bíblia para que lesse?
— Sim.
— E o que leu?
Pensou por um breve momento.
— Algumas coisas que não lembro muito bem agora, mas… havia
uma… ou melhor, de um… Salmo. Dizia que Deus sondava os
pensamentos.
Joás explicou o que quer dizer:
— Isso que dizer que Deus o conhece e sabe o que se passa em sua
vida, Carlos. Ele está a olhar você onde quer que vá e o que quer que o
aconteça. E se você está com problemas basta que lhe dê uma chance
para que Ele aja em sua vida e certamente o perigo passará como uma
tempestade que se transforma em brisa suave. Jesus falou que estaria
conosco todos os dias da nossa vida. E Ele está contigo; ao teu lado.
Basta autorizá-lo a intervir em toda essa confusão.
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Axel olhou para seu relógio de pulso. Ele marcava nove horas em
ponto. Tudo estava saindo conforme o planejado. Pensou que, com isso,
Pablo estava mais protegido.
Todo o cenário estava armado. Caroline estava com seus óculos
escuros e numa mão segurava um lenço e na outra uma foto de Pablo
em que estava trajado com seu uniforme policial.
O capitão falou baixinho próximo ao ouvido de Axel:
— Espero que tudo esteja a contento, Sr. agente. Foi difícil, ou
melhor, quase impossível arranjar um corpo indigente e colocá-lo
naquele caixão. Vai ficar me devendo uma.
Axel apenas acenou com a cabeça para não atrair olhares
especulativos. A urna se aproximava enquanto os flashes espocavam por
todos os lados. Ele sentiu que começava a suar.
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— Agora não tem jeito, Pablo Tavares — disse Vip com voz
estridente em tom de comemoração. — Hoje sua sorte acaba
definitivamente e você irá morrer… de verdade.
O riso foi imediato e sua alegria foi compartilhada com Lucas e Tito.
Depois disso concluiu:
— Daí, então, restará apenas Carlos. Esse também logo estará à sete
palmos abaixo da terra.
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Não. Para mim não existe mais volta ou saída, conjecturou Carlos
consigo mesmo. Vou ter que dar um jeito em toda essa situação… e sei que
terei que matar ou morrer para conseguir isso.
Porém, ele preferia matar. Principalmente ter bem diante da mira
Vip e Lucas como alvos.
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tivera que sedá-la e Axel levara uns cinco minutos para convencê-la de
que o corpo dentro do veículo não era o de Pablo.
Agora, ela parecia estar mais calma e repousava sonolenta dentro
do carro de Axel.
O agente negro chegou-se ao capitão Sander e fitou-o por um
momento.
— O que foi, Axel?
Nada, apenas estou suspeitando de você.
— Nada, capitão, apenas estou… pensando em fazer algumas
perguntas ao Dr. Stone e a enfermeira Elis.
Sander passou a mão pela barriga e então alisou o bigode. Meneou
a cabeça para falar.
— Infelizmente a enfermeira está sob cuidados médicos. Ela foi
acertada por um forte golpe. O cara parecia saber de algum tipo de artes
marciais.
— E o doutor?
— Está lá na recepção. Já mandei o policial Regis fazer algumas
perguntas…
Axel tomou um leve susto.
— Desculpe, capitão, mas eu mesmo queria interrogá-lo.
— Porquê? — indagou Afonso Sander.
— Questões de segurança — disfarçou. — Coisa minha. Acho que
tenho alguma culpa no que aconteceu por aqui.
O capitão fez uma careta e resmungou:
— A coisa está começando a feder, Axel. Espere o pior daqui por
diante. — dito isso ele deu-lhe as costas e se distanciou.
O agente apenas o observou com a mente povoada de maus
presságios.
Vou esperar, capitão. Vou esperar.
&&&
Axel estava com o Dr. Stone na recepção e fizera questão para que
ninguém ficasse por perto para interromper ou espionar.
— Que caldeirão está esse hospital, hein, doutor? — indagou o
agente lançando um olhar especulativo sobre o médico.
O Dr. Stone passou a mão pelo cabelo, tentando aparentar
tranqüilidade.
— Já é um a cada dia; imagine agora. — Fez uma breve pausa e
acrescentou: — Sinto muito pelo que aconteceu aqui, agente, e fico feliz
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pela vida do Sr. Pablo Tavares, isso graças a você. Mas, agora… ou
melhor, há poucos instantes fui despedido deste hospital e…
— Não se preocupe, doutor. Caroline lhe garantiu que arranjaria
um novo emprego se necessário. Se ela prometeu certamente o senhor
estará trabalhando logo-logo. Pode confiar nela.
Será que pode mesmo? Axel pegou-se repentinamente em dúvida.
— Como ela está?
— Está muito abalada. Tomou um choque ao pensar que Pablo
tivesse sido assassinado. Ela o ama muito.
Ama ou finge que ama?
— Parece realmente amá-lo — reconheceu o médico.
Axel respirou fundo e forçou o novo assunto:
— Ouça, doutor, tenho que fazê-lo algumas perguntas e gostaria
que as respondesse o mais diretamente possível.
O Dr. Stone estreitou os olhos de repente.
— Claro.
— Onde o senhor estava quando tudo aconteceu?
— Fazendo minha ronda. Tenho outros pacientes que precisam ser
supervisionados. Tenho que medicá-los, instruir os enfermeiros…
— Mesmo sabendo que aquela hora seria a mais perigosa para
deixar o seu paciente só?
— Ele não estava só; Elis estava com ele…
— Mas o que Elis poderia fazer contra um homem…
— E o que eu poderia ter feito contra um assassino armado, policial
Brendel? — interrompeu o Dr. Stone com voz alterada.
Axel calou-se por um momento tentando amenizar o clima Antônio
Gonzaga e olhou para o nada.
— Desculpe-me, doutor, estou um pouco transtornado, mas… tenho
só mais uma pergunta a fazê-lo: para quem o senhor telefonou ontem
quando o seu pager tocou, ou melhor, quem o chamou?
— Minha esposa. Ela estava grávida e telefonei para saber o que
tinha acontecido. A bolsa dela tinha estourado naquele exato momento e
estava prestes a dar a luz — respondeu sem hesitar, transmitindo ar de
convicção.
Axel fez um aceno com a cabeça e puxou um bloquinho de
anotações. Anotou algumas informações e guardou-o de volta. Disse:
— Obrigado, doutor. Desculpe pelo que aconteceu. Espero que
compreenda que as perguntas são apenas rotina e… se precisar de
alguma coisa ou se lembrar de algo que possa nos ajudar… não tarde em
entrar em contato.
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— Droga, eu não acredito nisso! — esbravejou Vip, irritado por
saber pelo noticiário de plantão que Pablo Tavares estava vivo. — Isso já
tá virando baderna! Será que meus planos e minhas ordens nunca serão
atendidos por aqui?
Na sala em que estavam uma grande parte de sua quadrilha não se
ouviu uma respiração sequer. Vip fitou a cada um e então fazendo uma
expressão de descontentamento mandou que lhe trouxessem o telefone.
Imediatamente entregaram-lhe o aparelho. Ele digitou rapidamente um
número.
— Alô?
— Oliver, você precisa fazer um serviço pra mim e não aceitarei um
não como resposta. De uma vez por todas mate Pablo Tavares. Não o
quero mais respirando. Não quero mais ouvir falar que ele está vivo,
está me entendendo?
— Mas… como eu… Isso é impossível! Eu…
— Não quero saber, Oliver. Faça isso ou pode dar adeus à sua
mulherzinha.
Vip apertou a tecla que pôs fim à ligação.
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Oliver olhou para o fone ainda em sua mão e começou a suar frio.
Como poderia matar Pablo com um pelotão inteiro dando-lhe proteção?
Devolveu o fone ao gancho e pensou em sair da quadrilha e fugir. Mas
agora era tarde demais. Se fugisse com certeza o achariam, e se não
fizesse o que Vip ordenara sua mulher morreria. Ele teria que matar
outro tira para sair de mais uma enrascada.
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Ao chegar à central, Axel foi abordado por um oficial recém-
formado na academia. Seu nome era Túlio Dantas.
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Melina discou ansiosamente o número no console do telefone e
esperou que o pastor Cross ou alguém na PIEM atendesse ao toque.
Ficou contente quando a voz grave de Nilton soou.
— Oh! Pastor, que bom que o senhor atendeu. Tenho boas notícias:
o agente que está à frente do caso em que Alan está envolvido veio até
em minha casa e conversamos.
— Isso é muito bom, minha filha…
— Pois é, pastor. Tive que contar tudo o que Alan me falou sobre
sua missão e o que certamente ele estava fazendo no local em que ouve
toda aquela confusão onde mataram aquele agente… Caio Vieira…
— E o que ele disse a respeito? Ele acreditou nas suas palavras?
— E não era pra acreditar? Eu só falei a verdade! Ele disse uma
coisa muito confortante no final: que faria o possível para trazer Alan de
volta para casa.
— Isso é um bom sinal — anuiu Nilton Cross.
— Estou confiante, pastor Cross…
— Isso é bom, minha filha, mas, melhor que confiar nos homens, é
confiar em Deus.
Melina sorriu. Sim, acima de tudo ela confiava em Deus, e por isso
mesmo sabia que seu marido voltaria para casa rapidamente.
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— Olhe, Carlos, não pareço estar melhor? Peço-lhe obrigado porque
me trouxe para cá… — a voz de Alan parecia mais regulada e firme.
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Estava sentado no sofá. Fora deixado ali a seu pedido por Andrey e Joás,
depois pediu para que o deixasse a sós com Carlos. Todos os jovens
respeitaram seu pedido e se enclausuraram na cozinha.
Carlos suspirou e fitou Alan. Ele realmente parecia estar melhor.
Era incrível como podia ainda estar vivo. Era um… milagre? Não, não
acreditava naquilo.
— É, parece estar se recuperando bem.
— E você, como está? Dissera-me que andou um pouco nervoso e
impaciente…
— Como não estaria? — disse Carlos jogando as mãos ao alto. —
Nicole ainda está nas mãos de Vip e eu estou aqui de mãos atadas.
Alan sentiu uma leve pontada de dor e então indagou:
— E você pensa em fazer alguma coisa a esse respeito?
— Já telefonei para Vip e aconselhei-o para que não fizesse nada a
Nicole. Vou tentar trocá-la pela fita novamente, mas agora vou até a toca
da raposa. Vai ter que ser ele o que fará a troca comigo. Agora vai ser
tudo ou nada. De algum jeito eu a tirarei das mãos dele. — Carlos levou
a mão aos olhos e os esfregou. — É isso mesmo, pastor, não penso em
outra coisa senão resgatá-la de uma forma ou de outra e… se puder…
fugir, viajar para longe. Tão longe que ninguém possa nos encontrar.
Isso é… — ele hesitou por um doloroso momento. — Isso é, se ela ainda
tiver algum sentimento bom por mim.
Alan se esforçou para tocar o ombro de Carlos.
— Veja bem, Carlos… posso ter uma solução para o seu problema.
Quer ouvir qual é?
Por um segundo diria não, pois sabia que certamente viria uma
coisa louca de religião, porém, algo dentro de si pediu para que
dissesse…
— Sim.
— Ótimo — alegrou-se Alan. Apontou para uma pequena mesa. —
Quer pegar aquele livro preto que está ali em cima para mim, por favor.
Carlos esticou o braço e alcançou a Bíblia. Entregou-a a Alan.
— Escute, Carlos, não quero que pense que isso é um truque de
minha parte, pois não é. Isso é puro poder de Deus. Quero que saiba que
Deus quer o melhor para sua vida. Eu também quero. Por isso quero
orar por você e queria que aceitasse essa oração.
Carlos ficou em silêncio e Alan aproveitou para fechar os olhos e
clamar a Deus:
— Senhor, sei que Tu me ouves e que estás comigo, pois Tu És
poderoso e nem um outro Deus há além de Ti, que se preocupa com os
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teus e peleja por eles. Senhor, também sei que tens algo preparado para
Carlos porque Tu assim me disseste. Por isso, venho Te pedir para que
fales com ele através da Tua poderosa palavra, e que ele possa
compreender o significado daquilo que queres para ele, ó Deus. É em
nome de Jesus que assim te peço. Amém.
Alan abriu os olhos e voltou-se para Carlos, percebendo que ele
estava de cabeça baixa. Quando ele percebeu que a oração havia
terminado, projetou o olhar na direção do homem à sua frente
esperando o que viria em seguida. Surpreendeu-se quando Alan
ofereceu-lhe a Bíblia que minutos atrás tinha pedido para si.
— Pegue-a. Não vou fazer nada. Agora é entre você e Deus — Alan
estava fazendo o que o Espírito o mandava fazer. Não sabia o que viria a
seguir. Somente esperava que Deus falasse ao seu coração como deveria
agir.
— O que você quer que eu faça? — podia-se ver uma nítida
expressão de confusão e insegurança da parte de Carlos. — Quer que eu
esfregue este livro para que um gênio apareça e atenda a três pedidos
meus?
Alan fechou os olhos mais uma vez, baixou a cabeça e orou em
espírito rapidamente. Carlos, olhando o movimento do outro homem,
esperou uma resposta. A voz de Alan se fez ouvir novamente:
— Não, você não vai fazer isso. O que vai fazer é perguntar alguma
coisa… O que quer saber a respeito da sua vida, dos seus problemas, o
que deve fazer para sair deles, o que você quiser. Para tudo Deus tem
uma resposta. Como eu disse, agora é entre você e Deus. Pergunte e Ele
responderá.
Carlos estava cético. Meneou a cabeça sem saber o que pensar
daquilo que acabara de ouvir.
— Só isso?
— Não. Tudo isso. Apenas pergunte e terá sua resposta ao abrir a
Bíblia que está em sua mão e ler aonde seu olho bater.
Carlos cruzou os braços, descruzou e então passou a mão pela boca.
Não podia acreditar que por um minuto pensara que aquele homem
realmente pudesse ter a solução para os seus problemas.
— Vamos lá, Carlos. Não quer a solução para os seus problemas?
Ela está nas suas mãos!
Olhou para Alan, para a Bíblia em suas mãos, suspirou
profundamente.
— Muito bem, então — disse pensando em mais essa loucura que
iria fazer. — Vejamos… se é como você fala, pastor, que tenho todas as
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Transformação – Parte 3 (Descobrindo a Verdade) - Naasom A. Sousa
Desta vez ele ficou sem palavras. Fechou o livro novamente. Olhou
para Alan e perguntou:
— Isso é real, não é? Não é nenhuma brincadeira sua…
Alan cortou asperamente:
— Isto pelo que você… pelo que nós estamos passando é bem real
para você? Da mesma forma a palavra de Deus é real e verdadeira para
mim e para todos aqueles que crêem. Ele citou I Tm 4:9: Fiel é esta palavra
e digna de toda aceitação.
Mais uma vez Carlos ficou em silêncio. Mordeu o lábio e fitou o
livro preto em suas mãos. Uma certa confusão e uma ponta de receio
preencheram-lhe de forma surpreendente que não conseguiria explicar a
quem quer que fosse. Alan falou mais uma vez:
— Se quiser… perguntar em silêncio… Ele também pode te ouvir.
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Transformação – Parte 3 (Descobrindo a Verdade) - Naasom A. Sousa
Eu, o Senhor, esquadrinho a mente, eu provo o coração; e isso para dar a cada
um segundo os seus caminhos e segundo o fruto das suas ações.
Como a perdiz que ajunta pintainhos que não são do seu ninho, assim é aquele
que ajunta riquezas, mas não retamente; no meio de seus dias as deixará, e no
seu fim se mostrará insensato. (Jr 17:10-11)
O Senhor vosso Deus, que vai adiante de vós, ele pelejará por vós, conforme
tudo o que tem feito por vós diante dos vossos olhos, no Egito,como também no
deserto, onde vistes como o Senhor vosso Deus vos levou, como um homem
leva seu filho, por todo o caminho que andastes, até chegardes a este
lugar. (Dt 1:30-31)
Então ele foi enviado por Deus para trazer-me até este lugar? …até
este momento? Fechou os olhos e suspirou profundamente. Pensou:
Acho que estou ficando doido. Abriu os olhos e fitou o livro preto. Você é um
Deus realmente? O que quer comigo? Por que não me deixa em paz! A
resposta a seguir o fez tremer:
Olhai para mim, e sereis salvos, vós, todos os confins da terra; porque eu sou
Deus, e não há outro. (Is 45:22)
Não temas, porque eu sou contigo; não te assombres, porque eu sou teu Deus; eu
te fortaleço, e te ajudo, e te sustento com a destra da minha justiça. Eis que
envergonhados e confundidos serão todos os que se irritam contra ti; tornar-se-
ão em nada; e os que contenderem contigo perecerão. (Is 41:10-11)
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Transformação – Parte 3 (Descobrindo a Verdade) - Naasom A. Sousa
Responderam eles: Crê no Senhor Jesus e serás salvo, tu e tua casa. (At 16:31)
De longe o Senhor me apareceu, dizendo: Pois que com amor eterno te amei,
também com benignidade te atraí. (Jr 31:3)
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Transformação – Parte 3 (Descobrindo a Verdade) - Naasom A. Sousa
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Transformação – Parte 3 (Descobrindo a Verdade) - Naasom A. Sousa
Capítulo 35
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Transformação – Parte 3 (Descobrindo a Verdade) - Naasom A. Sousa
&&&
Ligeiramente boquiaberto, Carlos fitava Alan com olhar cético.
Enquanto isso, o servo do Senhor mantinha uma expressão serena, mas,
no entanto espelhava um misto de alegria e tristeza. Ele suspirou ao
declarar:
— Posso dizer que não me orgulho do que fiz um dia e muito
menos gosto de recordar disso tudo, mas essa é a verdade. Uma verdade
que me machuca, mas ao mesmo tempo me traz um resquício de alegria,
pois foi desse modo que encontrei a salvação — os olhos de Alan
encheram-se de lágrimas novamente. Diante da atenção de Carlos,
continuou: — Eu tinha vinte e três anos na época e me lembro bem que
vivia nos bares e boates. Já não morava com meus pais e sim numa
pensão barata. Quase todas as noites eu ficava embriagado junto com
meus “amigos”, se é que se pode chamar de amigos um bando de
aproveitadores que só gostavam do dinheiro que eu ganhava fazendo
alguns bicos aqui e ali. Essa rotina de bebedeiras estava me deixando
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Transformação – Parte 3 (Descobrindo a Verdade) - Naasom A. Sousa
louco. Já não conseguia pensar com tudo o que se passava à minha volta.
Houve um tempo que não consegui mais trabalho e, na pensão, passei a
me misturar com todo tipo de pessoas ruins: ladrões, cafetões,
prostitutas… Ahh… as prostitutas… Foi quando enlouqueci de vez.
Minha sede por mulheres explodiu. Virei um animal insano que queria
se satisfazer a qualquer preço e a bebida aguçava ainda mais essa
necessidade. Então foi quando aconteceu pela primeira vez.
Alan fez mais uma pausa, pôs o rosto entre as mãos e balbuciou: Oh,
Senhor! Só Tu és tão grande em misericórdia…
Carlos estava abalado com o que ouvia. Nunca pensara que um
homem como aquele pudesse ter passado por tudo aquilo de fato.
Esperou o que mais Alan iria contá-lo. Ele ouviu atentamente quando o
outro continuou:
— Eu estava alcoolizado como de costume e… queria uma mulher
desesperadamente. Como já não tinha dinheiro pala alugar uma e muito
menos porte para conversar decentemente, resolvi que era hora de fazer
algo drástico e demoníaco: Eu partiria para a força.
A voz de Alan parecia sufocada pelas lágrimas que desciam de seus
olhos. O aperto no peito e o arrependimento feria-o sagazmente, mas
teria que contar tudo, para que o nome do Senhor fosse glorificado.
— Passei a procurar minha vítima — tornou ele a dizer. —
Encontrei-a numa praça não muito longe dos bares onde costumava
freqüentar. Ela deveria ter uns vinte e dois anos de idade. Estava
sozinha lendo e foi fácil imobilizá-la com um estilete que peguei no bar.
Levei-a para um local escuro e deserto e então eu… — ele abanou a
cabeça, tentando afastar a dor das lembranças. — Oh, Deus! Eu… eu fiz
o que queria e… depois… deixei-a largada, ferida e inconsciente.
Carlos continuou atônito. Não conseguia criar uma imagem em sua
mente daquele homem fazendo tal atrocidade. Tentou fitar Alan nos
olhos e tentar ler neles algo que pudesse denunciar uma mentira,
entretanto Alan continuava com a face entre as mãos e os pingos de
lágrimas gotejavam de seu queixo para o chão. Com voz trêmula ele
voltou a falar:
— Quando voltei a ficar sóbrio e tomei consciência do tinha feito eu
fiquei louco e também quis morrer. Bebi até cair. Entrei em depressão,
mas um mês depois toda a minha insanidade voltou e logo estava
traçando planos para abordar outra mulher.
— Você era um monstro — não se conteve Carlos.
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Transformação – Parte 3 (Descobrindo a Verdade) - Naasom A. Sousa
— Sim, eu era. Acho que mais do que isso. Ataquei mais duas
mulheres e acabei matando uma por estrangulamento… e o sentimento
de culpa que eu sentia já não existia mais.
“O álcool estava me consumindo e minha insanidade ajudava nesse
trabalho. Depois de algum tempo eu já estava fraco e percebi que eu não
conseguiria mais segurar uma mulher adulta foi então que a idéia mais
monstruosa se apossou da minha mente: “atacar uma criança”. E então
logo eu estava à procura de uma inocente menina.
Alan suspirou sentindo um aperto indescritível no coração, mas
continuou:
— Encontrei-a numa noite escura, saindo de sua casa com um
pequenino livro debaixo do braço. Apressei-me até postar-me andando
ao seu lado para conversar e prometer algo. Perguntei onde ela ia e
contente me respondeu que ia para a igreja, me mostrou o livrinho que
carregava e disse que era um NOVO TESTAMENTO. Falou também que
estava se adiantando na frente dos seus pais e seu irmão, que iriam
depois, porque ela fazia parte de um conjunto infantil e tinham que
ensaiar para cantar. Perguntei seu nome e ela disse ser Leandra Salazar.
Então passei a contar-lhe sobre o lindo presente que tinha para lhe dar e
que estava num lugar próximo dali. Ela disse que iria receber um
presente na igreja também e não poderia se atrasar. Disse-lhe que seria
bem rápido, mas mesmo assim não aceitou ir comigo. Fiz muitas
tentativas de iludi-la, mas ela era irredutível.
Nesse momento Alan olhou para Carlos e seus olhos brilharam.
— Ela tinha apenas oito anos e ninguém lhe tiraria da cabeça que
haveria coisa mais importante naquele momento do que ir para a igreja.
Isso me aborreceu de tal forma que a tomei em meus braços e corri para
o local escolhido para a brutalidade acontecer. Quando chegamos lá a
larguei no chão e comecei a desabotoar minhas calças. Surpreendeu-me
o fato de ela não gritar por socorro e sim sussurrar: “Jesus, me ajude!
Jesus, me ajude!” Não entendi aquilo ou talvez não quisesse entender.
Quando me pus de joelhos e peguei-a pelos ombros ela abriu os
olhinhos negros e olhou dentro dos meus e me disse: “Moço, não faça
isso! Jesus te ama! Te ama e quer te salvar!” Recebi aquelas palavras
como um soco no meio da cara. Como alguém poderia me amar apesar de
tudo o que eu havia feito? Perguntei-me. Então a ordenei que se calasse,
mas ela não se calou. “Não importa o que você fez, não importa o que
você é. Ele é Deus de amor e perdoa você. Jesus te ama e você não
precisa mais fazer isso.” Continuava ela a dizer sem parar. “Por que
Deus amou o mundo de tal maneira que deu seu único filho para que
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Transformação – Parte 3 (Descobrindo a Verdade) - Naasom A. Sousa
todo aquele que n’Ele crer não pereça, mas tenha a vida eterna. Ele te
perdoa, moço, Ele te ama”.
Alan enxugou as lágrimas do rosto e abriu um leve sorriso.
Reconstituindo-se terminou:
— Todas aquelas palavras me pegaram desprevenido e me
abalaram por completo. Uma menina que certamente morreria dizia que
alguém me amava e que eu não precisava mais fazer aquilo. Não pude
mais me mexer do lugar onde estava e toda a vergonha e sentimento de
culpa voltaram para dentro de mim numa fração de segundos. Não tive
mais ousadia de tocar naquela menina. Minha estrutura interior fora
quebrada.
“Ela estava assustada, ainda, mesmo assim, de sua pequena
garganta saiu um convite: “Você quer ir à igreja comigo?” Quando…
quando dei por mim, estava caminhando para a igreja com a menina do
meu lado. Ela ainda olhava-me desconfiada. Naquele momento uma voz
grossa surgiu atrás de nós. Era o pai de Leandra chamando-a. Ele estava
junto com a esposa e o filho. Perguntou-a porque ainda estava ali, se já
tinha saído de casa há algum tempo. Ela simplesmente disse-lhe que
tinha me encontrado e que agora eu ia com ela para a igreja. Leandra se
aproximou de sua mãe e grudou no longo vestido que ela usava. Seus
olhos ainda demonstravam desconfiança e medo. Mesmo assim,
Ancelmo Salazar, o pai de Leandra, concordou, pegou-me pelo braço e
guiou-me até a igreja.
Fez uma pequena pausa.
— Ao chegar lá me assustei com tanta gente. Fiquei com medo que
soubessem quem eu realmente era. Mais nenhum deles tinha a menor
idéia do monstro que acabava de entrar no templo. Sentei-me junto com
a família Salazar e ouvi o pregador falar dessa Palavra — apontou para a
Bíblia — que você está segurando em suas mãos. Nela estava toda a
minha vida e a solução para ela: Jesus Cristo. Ele foi a solução para mim.
Quando o pastor perguntou quem queria aceitá-lo, não vacilei e corri me
ajoelhando. Aceitei-o e no mesmo momento senti que tudo de podre
dentro de mim começava a sair de forma inexplicável. Senti-me leve. O
que aconteceu a seguir foi espantoso: Leandra correu até mim e me
abraçou dizendo que não tinha mais medo de mim, pois eu tinha
aceitado a Cristo e Ele tinha me transformado. Acho que pôde ver quando
o Senhor retirou tudo de ruim da minha vida. E aqui estou, livre graças a
Jesus Cristo.
Carlos não piscava os olhos diante de toda a estória. Perguntou,
ainda petrificado:
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Transformação – Parte 3 (Descobrindo a Verdade) - Naasom A. Sousa
— E quanto à vida que você tirou, o que fez para pagar isso?
— Fui à polícia, mas não tinha nenhum caso de mulheres
estupradas ou desaparecidas registrado naquele ano, eles não fizeram
nada sem provas nem queixas. Até hoje peço perdão pelo que fiz,
mesmo sabendo que Deus já me perdoou no momento que dobrei os
joelhos e O aceitei. A Palavra de Deus diz: Se confessarmos os nossos
pecados, Ele é fiel e justo para nos perdoar e nos purificar de toda a
injustiça. Eu confio nesta Palavra e eu confio em Jesus quando Ele falou
que aqueles que forem a Ele, de maneira nenhuma os lançará fora. Essas
palavras serviram um dia para mim, e hoje elas estão servindo para
você, amigo.
Os olhos de Carlos novamente de marejaram de lágrimas.
&&&
Estavam todos na cozinha. Conversando e se alegrando, mas acima
de tudo tensos e curiosos com o que poderia estar acontecendo a poucos
metros de onde estavam.
— O que Alan pode estar falando? Ele está em condições de
conversar assim por tanto tempo? — indagou Vitória para Andrey à sua
frente.
— Mesmo não podendo, você acha que Alan iria me obedecer em se
tratando de resgatar uma alma para Deus? Sem chance.
— Numa coisa Vitória está certa: eles estão lá já há bastante tempo
— disse Joás com tom de preocupação.
— Vocês não acham melhor irmos até lá e checar se está tudo em
ordem? — propôs Fábio.
— Pessoal, acho que devemos confiar em Deus e no que Ele planeja
para a vida de Carlos. Se Alan pediu para ficar a sós com ele é porque
mais uma vez sabe o que está fazendo, e o mais importante, é que
certamente deve estar sendo guiado pelo Senhor como sempre foi.
— Amém! — responderam todos em coro com sorriso nos rostos.
&&&
Levi entrou na sala de Axel e entregou em suas mãos uma pequena
pasta. Informou em voz acentuada:
— Este é um pequeno relatório do que encontramos no apartamento
do cara. Nada de incomum. Parecia a residência de alguém normal e não
de um assassino. Fizemos uma vistoria geral. Não encontramos drogas
ou qualquer coisa roubada. Ele tinha um telefone.
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Transformação – Parte 3 (Descobrindo a Verdade) - Naasom A. Sousa
&&&
Carlos enxugou mais uma vez as lágrimas quentes dos olhos e
suspirou. O peito parecia impregnado de algo que não conseguia
identificar. Sabia somente que, à medida em que Alan falava do amor de
Deus aquilo aumentava de volume. Alan continuava a declarar:
— Este é o meu Deus, Carlos. O Deus verdadeiro, capaz de tirar o
mais vil homem do fundo do poço e erguê-lo, transformando-o a seguir
numa nova criatura, que poderá andar com a cabeça erguida e seguir
sempre em frente, com uma verdadeira alegria que nunca terá fim.
Carlos mordia o lábio inferior, remoendo cada palavra dita por
aquele homem que parecia saber exatamente o que ele queria: andar de
cabeça erguida, tendo uma alegria que procurara em vão nas mulheres,
bebidas e até mesmo no mundo do crime, e ser verdadeiramente livre.
— Agora, quero lhe fazer uma pergunta — voltou a falar Alan, seus
olhos incondicionalmente vidrados no semblante quebrantado de
Carlos. — Talvez esta seja a mais importante que alguém já lhe fez na
sua vida ou que ainda alguém fará. Diante de todas essas provas de que
Deus é amor e que Ele o ama de maneira especial, de tal forma que tem
lhe conservado a vida até o dia de hoje para que nesse momento você
saiba de tudo isso. Carlos… você quer aceitar, assim como um dia eu
aceitei e até hoje o sirvo… Quer aceitar a Jesus cristo como o seu Senhor
e Salvador?
A respiração de Carlos era abafada e um tanto acelerada. Seus
lábios tremiam novamente.
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Transformação – Parte 3 (Descobrindo a Verdade) - Naasom A. Sousa
— Eu… eu…
Subitamente o telefone tocou. Os dois olharam sobressaltados para
o aparelho. Os demais jovens, sabendo que nenhum dos dois poderia
atender qualquer ligação, voltaram à sala. Fábio atendeu, levou o fone
ao ouvido. Voltou-se para Joás.
— É sua esposa. Quer falar com você.
Envergonhado por certamente estar interrompendo a conversa
entre os dois homens, Joás deu de ombros olhando para Alan.
— Desculpe… ela foi visitar os pais e… deve ter acontecido algo…
— Não precisa se desculpar, Joás. Atenda tranqüilamente sua
esposa — apaziguou o homem de Deus.
O jovem colocou o fone à altura da boca.
— Olá, querida, tudo bem… — foi interrompido e seus olhos se
estreitaram e então se arregalaram numa expressão de espanto e
incredulidade absoluta. — Você tem certeza disso? Passou na TV e todos
viram… Sim, ele está bem, mas… Certo, certo. Está bem, querida, volte o
mais breve possível, está bem? Eu te amo.
Desligou e encarou a todos com os mesmos olhos de espanto.
— O que foi, Joás? O que aconteceu para você ficar desse jeito?
— Minha mulher… Ela falou que estava assistindo TV com a mãe e
o plantão do jornal local entrou no ar e… deu a notícia de que o
policial…
— Ele já foi enterrado, já sabemos — Fábio tentou ajudar.
— Não… Ele não foi enterrado.
Carlos ergueu-se num salto.
— O quê?
— A notícia dizia que ele não morreu… Ainda está vivo em um
coma profundo. Parece que um agente da polícia armou todo o esquema
do enterro para livrá-lo de um outro atentado. Porém, parece que
descobriram onde o policial estava e tentaram matá-lo… pra valer.
Carlos levou as mãos ao rosto. Um suspiro demorado saiu de suas
narinas e então um gemido escapuliu lúgubre de sua boca.
— Essa não… Essa não! Vip está querendo acabar de vez comigo!
Esse policial é minha chance de ficar limpo. Mas ele não quer deixar nem
um fio de esperança que seja — baixou os braços e fitou Alan. — Tenho
que sair daqui. Não há mais tempo para mim. Não posso ficar parado
sem me defender enquanto ele está trabalhando contra mim.
— Deus trabalha pra você, Carlos. Aprenda isso!
O outro abanou a cabeça com pesar.
— Desculpe, pastor, mas… não posso. Não agora… Não posso.
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Transformação – Parte 3 (Descobrindo a Verdade) - Naasom A. Sousa
&&&
Como o Habitual, Axel deu duas pequenas batidas na porta da sala
do Capitão Sander antes de entrar.
— Pois não, capitão. Queria falar comigo?
Afonso Sander balançou afirmativamente a cabeça com o ar de
superioridade de sempre.
— Sim, Axel, queria muito lhe falar a respeito de tudo o que
aconteceu nesse bendito enterro e as conseqüências que ele acarretou
para a minha reputação…
Axel suspirou imaginando o que viria a seguir, entretanto se
equivocou.
— Mas tenho uma coisa mais urgente para tratar com você — ele
tirou uma pasta de uma das gavetas de sua mesa e ofereceu-a para Axel.
— Já sabe o que é isso?
— Sim. Levi já me entregou uma e me relatou o que encontrou.
— É, mas… me aprofundei mais nisso, Axel, e… tenho uma notícia
que acho que vai chocá-lo.
— O senhor mandou investigar o telefone?
— Exatamente. E adivinhe o que encontramos: Existiam quatro
ligações recentes na lista que obtivemos, e elas foram feitas… pela
namorada de Pablo, Caroline Lima.
Axel não pareceu tão abalado. Afinal, Caroline era um dos seus
suspeitos. Apenas meneou a cabeça lamentando.
— Coitado do Pablo. Ele a amava cegamente.
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Transformação – Parte 3 (Descobrindo a Verdade) - Naasom A. Sousa
— Dizem que o amor é cego, meu caro, mas às vezes essa cegueira
pode nos matar.
— Sem dúvida. E agora, o que faremos?
— O próximo passo é saber onde ela se encontra no momento e
mandar alguém com o mandado de prisão que já pedi assim que recebi a
investigação sobre os telefonemas. Ela não irá escapar.
— Espero que não, senhor.
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Transformação – Parte 3 (Descobrindo a Verdade) - Naasom A. Sousa
Capítulo 36
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Transformação – Parte 3 (Descobrindo a Verdade) - Naasom A. Sousa
Vip, sabendo que o tempo lhe era precioso por demais, foi direto ao
assunto:
— Como quer que tudo seja feito?
— Suas brincadeiras já me desgastaram. Quero um encontro. Um
último encontro, com você e com ninguém mais. Ou você estará presente
com ela ou nada feito, aí você dança de vez.
Vip esboçou um sorriso Sarcástico.
— Estamos falando da sua noivinha, estou enganado? Você quer
que ela morra? Sabe que se eu dançar, ela segue o mesmo caminho.
— É um risco que tenho que correr, já que não tenho mais nada a
perder. A cidade inteira está atrás de mim. Estou me esgueirando pela
escuridão para não ser visto por ninguém, e isso por uma coisa que eu
não fiz, uma acusação de assassinato de um policial, coisa que não
ocorreu. Se matá-la, será apenas algo a menos nessa minha vida
miserável, não é mesmo? Mas… e quanto a você? Você tem tudo aos
seus pés. Se as coisas esquentarem para o seu lado o seu mundo ruirá.
Ou seja, tem muito mais a perder do que eu, Vip.
O silêncio de Vip apenas demonstrou que Carlos estava coberto de
razão. Carlos não tinha nada, ao contrário dele, que tinha tudo e um
pouco mais. Entre a moça morrer e a fita cair nas mãos da polícia, quem
sairia perdendo imensamente era o chefão do crime de Melmar.
— Certo — concordou Vip. — Onde quer o encontro? No mesmo
lugar de antes?
— Não. Não seria prudente de minha parte. Os tiras devem estar
passando por lá freqüentemente agora e também eu daria uma brecha
pra você e Lucas armar outra das suas armadilhas.
— Então me diga, meu caro, onde você quer que nos encontremos
desta vez?
Houve um momento de silêncio por parte de Carlos que deixou Vip
um tanto nervoso. Carlos respondeu secamente:
— Vamos nos encontrar no seu restaurante, e isso ainda vai ser hoje,
às onze da noite. Quando…
— No meu restaurante, e ainda hoje? — Vip interrompeu-o
ligeiramente transtornado. — Você é louco? Não posso…
— No seu restaurante ou tudo estará acabado pra você. Às onze é
uma hora bem movimentada, não é? Assim tudo correrá bem, para a
felicidade dos seus cliente, espero.
Vip ficou quieto. Carlos continuou:
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Transformação – Parte 3 (Descobrindo a Verdade) - Naasom A. Sousa
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Cinco homens estavam à frente da mesa de puro mogno onde Vip
sentava imponente. Encarou cada um deles com olhar inquiridor e
perguntou sem suspense:
— O que vocês estão fazendo para encontrar Carlos e o outro
homem que estava com ele?
Os capangas trocaram olhares antes de um deles responder com a
voz entrecortada pelo receio:
— Temos procurado os dois, senhor, mas infelizmente não vimos
tendo sucesso. Estamos continuando as buscas e sei que logo teremos
uma boa notícia para lhe dar. Logo o senhor vai saber onde ele está.
— Como é o seu nome, filho?
— Gilson, senhor.
— Ouça aqui, Gilson, quero que você e esses quatro sumam da
minha frente. São uns incompetentes! Ele acabou de me ligar enquanto
vocês estavam se divertindo em vez de fazer um trabalho decente. Da
próxima vez que eu pedir para fazerem um trabalho, é melhor que
façam ou não sei o que poderá acontecer a vocês.
Fez uma pausa para que aquilo ficasse gravado na mente de cada
um deles. Disse finalizando:
— Vocês entenderam? — todos fizeram um sinal positivo com a
cabeça. — Podem ir agora.
Quando todos saíram Vip ligou para Tito.
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Transformação – Parte 3 (Descobrindo a Verdade) - Naasom A. Sousa
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Carlos desligou o telefone e ficou encostado ao telefone, pensando
que aquela era a sua última oportunidade de ver Nicole com vida e sua
última esperança para tê-la ao seu lado. Seus olhos umedeceram
rapidamente ao pensar na possibilidade de viver com ela e ter uma vida
comum, com um emprego comum.
Lembrou que mentira ao dizer, em outras palavras, que ele não se
importava mais tanto com ela, pois ele não tinha muito o que perder já
que sua vida estava um caos. Não, aquilo não era verdade. Ele a queria
desesperadamente e faria de tudo para resgatá-la e recuperar seu amor,
se fosse preciso.
Subitamente alguém se aproximou do telefone público onde estava.
Ele deu as costas rapidamente, escondendo o rosto.
— O senhor já acabou com o telefone? — perguntou uma voz
feminina. — Eu preciso usá-lo e…
— Oh! Sim, claro. Eu já estava de saída, fique à vontade.
Imediatamente se esgueirou para longe dali, novamente
caminhando pelas sombras.
&&&
Depois de um rápido telefonema, Melina e Tina resolveram
conversar pessoalmente. Encontraram-se na biblioteca da cidade e
sentaram em um banco largo reservadas àqueles que quisessem se
deliciar com uma boa leitura.
— Contei o que sabia e o que achava para o seu marido. Não sei
explicar bem como reagiu, mas o que importa é que falei o que estava
entalado na minha garganta. Meu marido não pode estar sendo
procurado por uma coisa que não cometeu!
Tina concordou com um meneio de cabeça.
— Eu sei, Melina. Tenha calma que tudo se resolverá. O que foi que
ele disse?
— Não falou muita coisa. Pediu que repetisse tudo umas duas vezes
e no final disse que, se depender dele, Alan estará logo de volta para
casa. O que acha?
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Transformação – Parte 3 (Descobrindo a Verdade) - Naasom A. Sousa
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Caroline estava na redação, editando uma fita de sua mais recente
reportagem. Logo mais a matéria estaria em destaque no telejornal das
oito horas.
Era começo de tarde. Ainda teria um bom tempo para deixá-la no
capricho e isso a animava, pensou; ainda mais porque…
Subitamente a porta foi aberta atrás de si e ela girou sentada na
cadeira. Axel e outros dois policiais estavam parados fitando-a com
olhar inquiridor. Caroline se levantou e mostrou-se confusa ao
perguntar com voz entrecortada:
— Axel… Algum problema? Descobriu algo mais que pode ajudar
no caso de Pablo? Você sabe que pode contar comigo…
Axel interrompeu-a brandamente:
— Descobri, sim, Caroline. Você está presa por ser a co-autora da
tentativa de assassinato de Pablo Tavares — Um dos policiais mostrou
um mandato de prisão e caminhou até a repórter. Algemou-a a seguir.
— Espere, deve haver algum engano! Um grave engano, Axel!
Como eu poderia ajudar a assassinar o homem que eu amo? Deus! Isso é
um absurdo.
Entretanto o policial começava a levá-la para fora da sala de edição
enquanto lia seus direitos. Ao passar pela sala de redação Caroline viu
todos os olhares voltados para ela. As lágrimas começaram a descer de
seus olhos e o desespero a tomar conta de si.
— Tem que me escutar, Axel. Não fui eu! Não fui eu!
O policial falou:
— Tudo o que disser será usado contra você no tribunal…
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&&&
— Como se sente? — indagou Andrey ao preocupado homem
sentado ao seu lado no sofá. O olhar de Alan estava distante, perdido em
algum ponto na parede. O médico insistiu na pergunta: — Alan… Como
se sente? Ainda dói, ou sente náuseas?
O transe de Alan foi quebrado e seus sentidos voltaram à casa de
Fábio e Vitória. Tentou sorri e falou:
— Estou me sentindo bem, apesar de ter a sensação de estar sempre
cansado.
— Isso é normal. O importante agora é que você não faça qualquer
esforço. Tente relaxar e descanse, pois e pior já passou.
Alan suspirou e pareceu voltar a fixar o olhar na parede.
— Estava justamente pensando, Andrey, que o pior ainda não
passou, e… acho que não posso descansar ou relaxar por muito tempo,
porque ainda tenho algo a fazer. Algo que ainda não sei, mas estarei
esperando a voz do Senhor novamente me dizer do que se trata. Creio
que agora tenho apenas que orar. — Voltou-se para o jovem médico. —
Você pode orar comigo?
Andrey sorriu e assentiu com a cabeça.
— Claro. Vamos orar, então.
&&&
Dolorosamente, Axel escoltou Caroline — que continuava insistindo
que era inocente — até uma das celas da Central de polícia de Melmar e
trancou-a atrás das grossas grades de ferro de cor escura — escura como
a dor que sentia no peito por estar prendendo a mulher que há dois dias
atrás pensara ser uma aliada, e há duas horas, somente, descobrira que
se tratava de uma criminosa sem escrúpulos.
Pensou em alguns momentos em que Caroline se mostrara
inegavelmente abalada com o que havia acontecido com Pablo. Como
ela pode mentir tão descaradamente? O pior é que ele não percebera
nada nela que pudesse denunciá-la e isso o chateou ainda mais.
Voltou à sala e deixou-se afundar na poltrona atrás da mesa repleta
de papéis de relatórios. Aquele trabalho estava lhe custando alguns
cabelos brancos, sem dúvida alguma.
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Tinha de ser uma invenção. Mas então se lembrou de que uma vida
tinha sucumbido por causa daquelas linhas, daquelas verdades.
Sem agüentar mais ler o conteúdo do relatório descoberto por
Alberto Linhares, Axel balbuciou súplice:
— Oh, Deus! Que o Senhor tenha misericórdia de nossas vidas!
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Transformação – Parte 3 (Descobrindo a Verdade) - Naasom A. Sousa
Capítulo 37
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Transformação – Parte 3 (Descobrindo a Verdade) - Naasom A. Sousa
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Transformação – Parte 3 (Descobrindo a Verdade) - Naasom A. Sousa
&&&
Carlos olhou para o relógio de pulso e contou as horas. Faltavam
cinco horas para encontrar-se com Vip e… com Nicole. A lembrança dela
fez seu coração disparar. Aquilo era inevitável. Respirou fundo tentando
recompor as emoções e pensou em todas as possibilidades que tinha de
sair daquele encontro ileso e com ela ao seu lado. Tinha consciência de
que isso era quase impossível. Podia confiar em Vip e Lucas? Podia ter
certeza de que o medo de perderem seu império de crime pudesse fazê-
los esquecer a fúria que sentiam por ele e deixá-los partir?
Decidiu que o melhor seria bolar um plano para cada situação
adversa que pudesse surgir. Então começou a colocar a mente para
funcionar.
Olhai para mim, e sereis salvos, vós, todos os confins da terra; porque eu sou
Deus, e não há outro.
Droga! Exclamou. Por que não podia esquecer tudo o que leu
naquele livro? Levou as mãos à cabeça e tentou mais uma vez distanciar
o versículo da mente.
&&&
— Deus, onde Carlos pode estar nessa hora? O que ele está
fazendo? — quis saber Alan, esperando uma resposta do alto.
Fábio, Vitória e Joás estavam a olhá-lo, sem nenhuma resposta para
dar. A mulher se sentou ao seu lado e pegou-lhe a mão.
— Alan, não se preocupe com ele. Se Deus tem algo para sua vida
certamente o protegerá — disse ela.
— As coisas não funcionam assim, Vitória — replicou Alan. — Já
falei da Palavra para ele. Se ele não se convencer de que nada pode sem
Deus ao seu lado, talvez venha acontecer algo de ruim a ele, e então o
Senhor nada poderá fazer, pois ele já sabe a verdade e mesmo assim não
se rende a Ela. Se… pelo menos eu pudesse saber onde ele estava
poderia ir ao seu encontro e falar mais sobre o amor de Deus…
— Você já fez tudo o que estava ao seu alcance, Alan —
tranqüilizou-o Fábio —, e além do mais, o que poderia fazer no estado
em que se encontra?
Uma lágrima rolou dos olhos de Alan enquanto falou:
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Transformação – Parte 3 (Descobrindo a Verdade) - Naasom A. Sousa
— Não sei, meu irmão, mas pelo menos eu estaria fazendo o que o
Senhor me mandou: Estar ao lado de Carlos e falar-lhe sobre aquele que
pode todas as coisas: Jesus Cristo.
Andrey se agachou à frente do velho amigo e falou com voz suave:
— O que resta pra você fazer agora é apenas esperar o que Deus irá
fazer, amigo. Tente compreender que o seu tempo já acabou e que o
tempo agora é o de Deus.
Alan abanou a cabeça de um lado para o outro, como se não
concordasse com o que o jovem médico acabara de falar.
— Não sei, Andrey, mas ainda acho que o Senhor está me
reservando uma última coisa. Não sei exatamente o que é, mas sei que
Ele há de me dizer.
&&&
Os olhos de Caroline denunciavam o seu cansaço e desespero.
Como podiam acusá-la de tramar a morte do homem a quem amava?
Aquilo era impossível! Lágrimas correram novamente pelo seu rosto. Ela
fechou os olhos e os limpou. Ao abri-los enxergou Axel à sua frente.
— Como você está? — perguntou ele.
— Como acha que estou, trancada aqui por uma coisa que jamais
faria?
— As provas caíram sobre você; te incriminam, sem sombra de
dúvida…
— Mas eu nunca faria mal a ninguém, Axel, principalmente ao
Pablo… Meu Deus! Como eu poderia querer matar o homem com quem,
quero casar e ter filhos!
Axel se interpôs:
— Caroline, escute…
— Não, Axel! Eu nunca mataria Pablo Tavares, será que ninguém
entende isso!!!
— Eu entendo, Carol! — falou ele em voz alta. — Foi para isso que
vim aqui. Tenho uma prova que a inocenta e que incrimina o verdadeiro
responsável: o capitão Afonso Sander.
Os olhos da repórter arregalaram ao receber a confidência.
— Não acredito… O capitão?!
Axel apenas meneou com a cabeça e fez um gesto com a mão para
que ela falasse baixo.
— Então agora eu posso sair daqui — comemorou Caroline.
— Não é tão fácil assim. Primeiro tenho que levar as provas até
meus superiores e então expedirão um mandado de sua soltura — ele
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Transformação – Parte 3 (Descobrindo a Verdade) - Naasom A. Sousa
esticou a mão para ela, que tomou-a nas suas. Ele falou: — Tenha fé em
Deus e tudo se resolverá. Enquanto isso deve manter isso em segredo.
— Tudo bem, pode confiar em mim. Axel… como está Pablo?
Axel sorri confortadoramente.
— Não se preocupe, ele tem a proteção de um esquadrão inteiro
vinte e quatro horas por dia, agora. Dessa vez a quadrilha se deu mal.
Você ficará bem?
— Vou ficar… Por Pablo Tavares.
&&&
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Transformação – Parte 3 (Descobrindo a Verdade) - Naasom A. Sousa
&&&
Axel chegou em casa e procurou imediatamente por Tina.
Encontrou-a no quarto dobrando algumas roupas sobre a cama.
Abraçou-a de maneira que a deixou surpresa. Olhou-a nos olhos e falou
compassadamente:
— Oh, Tina, meu mundo está tão conturbado ultimamente…
Preciso que me escute um pouco e… —ele suspirou. — Vou contar-lhe o
que aconteceu hoje na central.
Os dois se sentaram sobre a cama e Axel relatou tudo o que se havia
passado em sua sala. A conversa com Manoel, o relatório e todas as
provas que incriminavam o capitão Sander.
— Oh, meu Deus, isso é pior do que eu pensei! — exclamou Tina.
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Transformação – Parte 3 (Descobrindo a Verdade) - Naasom A. Sousa
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Transformação – Parte 3 (Descobrindo a Verdade) - Naasom A. Sousa
&&&
Após a oração de Tina, Axel sentiu-se melhor, ainda que se sentisse
sujo e maltrapilho. Ao tentar dormir um pouco recebeu um chamado de
Kátia pelo seu pager. Um minuto depois ele estava ligando para ela.
— Alô, Kátia, você me bipou?
— Sim, Axel, é que eu queria que soubesse que já descobri de onde
é o número que me deu.
— Sim, e de onde é?
— É do restaurante típico chinês, Quaid’s.
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Transformação – Parte 3 (Descobrindo a Verdade) - Naasom A. Sousa
Capítulo 38
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Transformação – Parte 3 (Descobrindo a Verdade) - Naasom A. Sousa
&&&
Passou rapidamente pela entrada e caminhou direto à recepção
onde Kátia já o aguardava.
— Tem certeza de que se trata do Restaurante Quaid’s? —
perguntou Axel.
— Tenho, sim. O número não se encontrava na lista, então contatei
um amigo na Melmartel. Ele localizou de onde era, mas ele falou algo
estranho: falou que esse número deveria estar desativado, pois não
constava chamada alguma há mais de um ano.
Axel se lembrou do dia em que esteve na empresa com Alberto
Linhares e não conseguiram encontrar o número discado da casa de
Edson Kruller. Concluiu:
— Não consta nenhuma chamada porque alguém está manipulando
esse número; certamente está apagando as chamadas dadas e recebidas.
Mas pelo menos agora sabemos a fonte, graças a Deus e ao Alberto. Se
ele não tivesse descoberto isso jamais saberíamos para onde os dois
fugitivos tinham telefonado.
— O que você quer que eu faça agora?
O agente pensou por um momento.
— Reúna alguns policiais e diga que iremos fazer uma diligência,
mas não fale que é nesse restaurante, está bem? Tenho que fazer uma
coisa agora, mas logo irei retornar.
&&&
Axel discou o número de Sandra Evans de sua sala e esperou que
ela atendesse. Logo uma voz feminina fez ouvir:
— Alô?
— Oi, Sandra… é Axel quem está falando. Eu liguei pra dizer que…
que não poderemos nos encontrar hoje… Eu…
— Axel, você está bem?
— Como?
— Você está bem? — insistiu ela. — Desde a última vez em que nos
vimos notei que você estava estranho. Principalmente na hora em que
nos despedimos.
Ele pigarreou querendo ter a certeza de que sua voz não sairia fraca.
— Estou bem, não se preocupe — tranqüilizou ele.
— Então, quando poderá me ver novamente?
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Transformação – Parte 3 (Descobrindo a Verdade) - Naasom A. Sousa
— No momento não posso lhe dizer isso com certeza, mas assim
que eu puder irei vê-la.
A voz dela se transformou num timbre sensual.
— Você promete isso?
Ele hesitou por um momento ante de dizer:
— Prometo.
Desligou e devolveu o fone no aparelho telefônico. Pensou se
realmente queria ver Sandra Evans e perguntou-se por que sentia que
ela já não era tão especial para ele. Foi então que se lembrou da oração
de Tina. Suas palavras fluíram fazendo-o ficar mais tranqüilo e
amparado por Deus, ainda que se sentisse o mais impuro dos homens.
Tina era uma mulher especial; uma mulher de Deus.
Como pude traí-la, meu Deus, Como? Questionou-se por fim.
&&&
Oliver se aproximou da entrada principal do hospital Norton
Ramos. Estava acompanhado de outro policial uniformizado e se
aproximaram dos tiras que estavam de apostos, de plantão. Oliver e o
outro homem apresentaram seus distintivos, mas os homens já os
conheciam.
— Ei, Oliver, já de volta à ativa? Sentimos muito por Selton,
sabemos o quanto vocês eram amigos.
— Obrigado — o veterano policial falou rápido e com expressão
séria.
— O que fazem por aqui? Não me diga que já os colocaram num
turno?
Oliver agradeceu mentalmente o policial pela ajuda, aquela era uma
boa desculpa para se aproximar de Pablo.
— Isso mesmo — sorriu despistando. — Justo numa noite bonita
como estas, maravilhosa pra se curtir com a família, me colocam de
guarda num hospital, não é mesmo? — Perguntou para o parceiro que o
acompanhava. Este apenas balançou a cabeça concordando.
Um dos homens de guarda ressaltou:
— Mas pelo menos estamos preservando a vida de um bom policial
e também um bom amigo.
— É, sim — disse apenas Oliver. Mas, assim como Selton, terá que
morrer, articulou caminhando junto ao outro tira na direção do elevador.
&&&
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Transformação – Parte 3 (Descobrindo a Verdade) - Naasom A. Sousa
Joás e sua esposa, Sônia, ficaram em casa orando por Alan. Ele
havia saído com os demais jovens para o hospital Norton Ramos há
momentos atrás. Falara para um deles ficar e continuar orando por eles,
fazendo uma cobertura espiritual, para que o Senhor movesse Sua
poderosa mão e removesse todo empecilho. Joás se candidatou e sua
esposa ficou ao seu lado.
O casal orava:
— Senhor, não sei o que Alan foi fazer naquele lugar, mas estende
Tuas asas e o proteja junto com os demais…
&&&
O carro de Andrey parou em frente ao movimentado hospital e
todos espiaram ao redor.
— Têm policiais na entrada e com certeza deve haver muito mais lá
dentro — comentou o médico. — É um risco muito grande pararmos
aqui, Alan.
Alan estava no banco de trás. Tentava ser forte para se movimentar,
mesmo sentido alguma dor que vinha atormentá-lo uma vez por outra.
Ao seu lado estava Vitória com o olhar fixo nele, tentando fazer com que
se sentisse um pouco melhor. Fábio, ao lado de Andrey no banco da
frente voltou-se para trás e fitou Alan.
— O que viemos fazer aqui, Alan? O que quer que a gente faça,
agora?
— Não sei o que vocês têm que fazer, mas sei o que eu tenho que
fazer: tenho que entrar no hospital e encontrar o agente Pablo Tavares…
O susto foi geral e todos expressaram no rosto a confusão que
representou aquelas palavras.
— Do que você está falando? — os três jovens falaram
simultaneamente.
— Tenho que ir até ele e orar. Orar por ele, pela sua vida; para que
Deus o restaure e o desperte. Quando eu fizer isso, minha hora estará
finda e então o Senhor agirá.
— Mas como entraremos lá dentro? — Andrey quis saber.
— Fábio e Vitória serão as chaves para que eu possa passar.
O casal tocou um olhar sem saber o que viria a seguir.
&&&
Caroline estava sentada na cama da cela, com o rosto entre as mãos.
Pensava em Afonso Sander e em como o mataria de milhares de formas
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Transformação – Parte 3 (Descobrindo a Verdade) - Naasom A. Sousa
&&&
Alguns homens do destacamento da central de polícia estavam
diante de Axel prontos para receberem dele uma explicação para uma
convocação tão urgente. Alguns ele conhecia; outros nunca tinha tido
intimidade nenhuma. Fitou cada um antes de pronunciar:
— Bem… convoquei-os aqui porque tenho algumas coisas para
dizer, ou melhor… revelar… — Hesitou por alguns instantes e pensou:
Quem dentre aqueles à sua frente poderia estar fazendo “jogo duplo?” Em quem
poderia confiar?
Kátia, repentinamente, chamou a atenção de Axel.
— Agente Brendel, acabaram de me informar algo estranhíssimo…
Axel puxou-a pelo braço e fez um gesto para que os homens lhe
dessem um minuto. Tomava o cuidado para que ela não falasse na frente
de todos. Levou-a para sua sala.
— Que coisa estranhíssima é essa? — indagou Axel, curioso.
— Dois policiais, Cícero e Diego, acabaram de me informar que
encontraram o corpo de José Nogueira.
— José Nogueira? — Axel parecia confuso e cético.
— Isso mesmo.
— Não pode ser! Ele não é o irmão morto de Antônio Gonzaga?…
Pelo que eu sei ele também foi carbonizado pela quadrilha Vip há meses
atrás…
— Exatamente — disse Kátia. — É por isso que disse que era muito
estranho.
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Transformação – Parte 3 (Descobrindo a Verdade) - Naasom A. Sousa
Axel não sabia mais o que pensar. A confusão agora em sua mente
não dava para se medir ou descrever.
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Capítulo 39
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Transformação – Parte 3 (Descobrindo a Verdade) - Naasom A. Sousa
Melina quase não acreditou quando Jéssica disse que Alan estava ao
telefone querendo falar-lhe. Ela correu como nunca tinha antes corrido
na vida até a sala e pegou o fone com tanta rapidez que se impressionou
consigo mesma.
— Alan? É você mesmo?
— Sim, amor.
— Oh! Graças a Deus!! — As lágrimas foram fluindo naturalmente
dos olhos de Melina. A emoção e gratidão ao Senhor era algo que não
cabia dentro de si. A voz de Alan era música para seus ouvidos. —
Como você está, Alan? Meu Deus, como orei por você todos esses dias…
Tudo o que tem saído nos noticiários tem me deixado maluca…
— Escute, minha flor, estou muito bem. O Senhor está comigo e é
isso que importa. Mas eu queria estar do seu lado agora.
— Oh, meu querido… Como eu gostaria de tê-lo aqui do meu lado
também…
Houve alguns segundo de silêncio e Alan pode ouvir um pequeno
soluçar de Melina. Ele conteve uma lágrima fechando apertado os olhos.
— Melina, preciso fazer uma última coisa e quero que me ajude.
Aquilo pegou-a de surpresa.
— Ajudá-lo? Como? Que coisa é essa?
— Pode-se dizer que é a última parte da minha missão e… quero
que me ajude orando por mim e por Carlos, Melina. Pode fazer isso por
mim?
Ela enxugou as lágrimas do rosto.
— Claro que sim, meu querido.
— Obrigado, minha flor. Também quero que ligue para o pastor
Nilton Cross e para nossos irmãos na igreja. Preciso da oração de todos
eles, entendeu?
— Sim… Alan?
— Sim?
— Você vai voltar para casa, não vai?
— Creio que sim, minha flor, se for isso o que o Senhor realmente
quiser. Tudo vai se esclarecer.
— Estamos esperando por você.
— Tenho que desligar agora, certo? Não se esqueça do que lhe pedi.
Ore por mim.
A ligação foi encerrada e Melina deixou a pequena Jéssica
brincando na sala enquanto se encaminhou ao quarto onde dobrou os
joelhos e orou.
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Transformação – Parte 3 (Descobrindo a Verdade) - Naasom A. Sousa
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Desligou o celular e o devolveu para Andrey. Respirou
dolorosamente e olhou novamente para o casal Fábio e Vitória. Alertou:
— Que Deus esteja conosco daqui para frente como tem sido até
agora, porque até aqui tem nos ajudado o Senhor. Podem ir, vocês já
sabem o que devem fazer.
Fábio e Vitória saíram do carro e após alguns instantes Alan seguiu
o mesmo caminho.
&&&
A reunião com os homens na central foi adiada por mais algumas
horas. Axel pediu que todos os policiais permanecessem ali por mais
algum tempo até que ele retornasse do local onde haviam encontrado o
corpo de José Nogueira. A murmuração foi geral, mas depois que caíram
em si que se tratava de um homem que já havia sido considerado morto,
todos queriam saber mais a respeito. Por fim acabaram aceitando ficar a
espera de Axel.
O caminho até o local do corpo fora percorrido por Levi. A
chegarem lá, já havia algumas pessoas, incluindo repórteres. Axel se
lembrou de Caroline trancafiada na central. Levi interrompeu suas
lembranças.
— As pessoas aqui da redondeza o conheciam e encontraram o
corpo. — comentou Levi. — Dizem que foi dívida.
— Mas como dívida, Levi?! O homem estava morto até… até agora.
— Acho que voltou a morrer.
— Isso está ficando cada vez melhor — resmungou Axel.
— Você acha mesmo? Mas melhor para quem? Porque eu não estou
conseguindo entender mais nada. Uma quadrilha é investigada; os
investigadores são atraídos para uma emboscada; os dois morrem; dois
suspeitos são pegos no local do crime; são levados para um lugar que
não era pra serem levados; conseguem escapar; um dos policiais que os
levava morre; um dos investigadores que foi declarado assassinado na
verdade está vivo, e novamente queriam matá-lo; agora encontramos
outro policial que foi morto pela quadrilha morrendo outra vez. Sem
falar nas coisas estranhas que aconteceram como aquele mar sangue sem
corpos lá na rua Clintel com a Treze. Bem, até aqui está tudo muito
confuso, pelo menos para mim!
— É. É um pouco confuso, sim.
— Um pouco? Cara, olhe ao seu redor! Em se tratando dessa
maldita quadrilha nada faz sentido.
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Transformação – Parte 3 (Descobrindo a Verdade) - Naasom A. Sousa
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Vip estava à espera de Carlos no lugar especificado por ele: no meio
do seu próprio restaurante, próximo a muitas pessoas que seguramente
o reconheceriam se não estivesse disfarçado. Nicole estava ao seu lado,
nervosa, apreensiva, quase num colapso. Porém, ela se comportava bem
mesmo com uma arma apontada em sua direção por debaixo da mesa.
Ele segurava a arma dentro do bolso do seu casaco preto, mas ainda
assim se sentia vulnerável onde se encontrava, como nunca havia se
sentido antes. Mas Carlos pagaria caro por aquela insolência. No seu
pensamento podia ver o futuro: o corpo de Carlos explodindo numa
enorme mancha rubra e a morte vindo encontrá-lo.
Vip conteve o sorriso sórdido e malévolo. Olhou para o relógio na
parede. Carlos não iria demorar.
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Transformação – Parte 3 (Descobrindo a Verdade) - Naasom A. Sousa
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O casal chegou à entrada principal cambaleando. Fábio sustentava
seu peso em Vitória. Uma mão estava sobre o ombro dela e a outra
apertando o peito esquerdo. Aparentava estar agonizando. Ela dava a
entender que estava nervosa e aturdida. Ela gritou na direção dos dois
policiais de guarda na entrada:
— Ajudem-nos, por favor, meu marido sofre do coração e está
tendo um infarto! Ajude-nos!
Num lance teatral, vitória fez parecer que já não agüentava o peso
do marido e o largou no chão. Os policiais não se contiveram e correram
para ajuda-los. Quando os homens se agacharam para pegar Fábio nos
braços, Alan passou sorrateiramente pelas largas portas da entrada
principal onde segundos atrás os policiais estavam.
Já dentro do estabelecimento, pôde ver alguns policiais andando
pelos corredores e outros ao lado do elevador um deles olhou-o por um
momento. Alan baixou a cabeça e pediu para que o Senhor tirasse a
visão de todos os que o perseguiam e sem empecilho ou barreiras subiu
lentamente pela escadaria.
&&&
Oliver marchou pelo corredor até ficar diante de mais dois homens
uniformizados que estavam de guarda à porta do quanto em se
encontrava Pablo. Ele olhou para os nomes nos distintivos: Osmar
Cunha e Everton Passos. Disse:
— O Capitão Sander me deu ordens para que substituísse você e,
pela cara de vocês precisam descansar mesmo. Há quanto tempo estão
aqui?
— Quase doze horas — disse um deles.
O outro indagou:
— Precisam ser dois homens para ficar aqui. Cadê o outro?
— Estava meio apertado e teve que ir ao banheiro. Ele já está a
caminho, podem ir tranqüilos.
Osmar e Everton trocaram um olhar. Ninguém havia informado
nada a eles sobre uma mudança de turno, mas estavam ali há muito
tempo e com um único lanche no estômago. Por fim eles sorriram.
Enfim, era um descanso.
— Valeu, Oliver, esse descanso veio bem na hora — agradeceram
eles se distanciando com satisfação nos lábios por existirem homens tão
bons quando Oliver no distrito.
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Transformação – Parte 3 (Descobrindo a Verdade) - Naasom A. Sousa
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As passadas pela escadaria eram curtas e contidas. O Espírito
impulsionava Alan ao andar onde Pablo estava em coma. O ferimento
doía, mas tinha que continuar e finalizar a missão. Orava ao Senhor sem
cessar para que não houvesse nenhum policial à espreita pelas escadas e
até agora estava indo bem. Mais alguns degraus e chegou ao andar
correto. É Aqui! Viu quando a porta do elevador se fechou e dois homens
em traje policial desapareceram lá dentro. Sentiu-se mais aliviado.
Prendeu um pouco a respiração e caminhou pelo corredor sendo guiado
para mais adiante. O silêncio era um tanto assustador.
Repentinamente ouviu uma voz familiar balbuciar de dentro de um
dos quartos à frente:
— Droga, Pablo! Não queria fazer isso com você, mas não tenho
alternativa. Por que você não deixou essa quadrilha de mão enquanto
podia? Quem sabe não viveria uma vida feliz com Caroline… teria
filhos…
Alan se aproximou e se colocou à entrada do quarto. Viu que a voz
era da mesma pessoa que tentara lhe matar junto com Carlos. Ele
estremeceu por dentro. Oliver continuou sem notar a presença de Alan:
— Chegou a sua hora, Pablo…— o corpulento policial se precipitou
para frente e alcançou o aparelho que fazia o bombeamento de oxigênio
para levar o ar até os pulmões de Pablo.
Alan olhou ao redor rapidamente e enxergou uma cadeira ao seu
alcance. Calculou que não seria tão pesada para erguê-la e acertar Oliver
com ela. Andou lentamente até suas mãos tocarem o acento e ergueu-o.
Entretanto, antes que pudesse se mover mais à frente, uma pistola
automática foi encostada na sua nuca e então engatilhada.
O barulho chamou a atenção de Oliver, que assustado virou-se
rapidamente. Seus olhos se arregalaram ainda mais quando reconheceu
o homem com a cadeira erguida na mão.
— Você!
Antônio Gonzaga empurrou Alan para frente fazendo-o soltar a
cadeira e disse com ele ainda sob a mira de sua arma:
— Você o conhece? Eu o vi quando subiu pela escada e o segui até
aqui.
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Transformação – Parte 3 (Descobrindo a Verdade) - Naasom A. Sousa
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Transformação – Parte 3 (Descobrindo a Verdade) - Naasom A. Sousa
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— Senhor, não sei o que está preparado para a vida de Alan ou de
Carlos, mas somente te peço, meu Deus: não deixe que eu venha a
perder o meu marido, por favor! Proteja-o, cubra-o com o Teu sangue,
salve-o de qualquer cilada do inimigo…
Melina se encontrava ajoelhada, orando com todo o fervor. Sabia
que algo estava preste a acontecer. Talvez perigoso, pois, para Alan pedir
que orasse por ele e ligasse para o pastor e outros membros da igreja
para que fizessem o mesmo, é um sinal de que ele deve estar
enfrentando algo ameaçador. Sua oração continuava junto com as dos
demais membros espalhados pela cidade. Era uma grande cobertura
espiritual.
&&&
Axel rompeu pelas portas da central de polícia e perguntou
imediatamente por Afonso Sander. A resposta que lhe deram foi a de
que ele ainda não voltara. Observou que todos os policiais que ele
mandara permanecer ainda se encontravam à sua espera. Antes que
dissesse qualquer coisa a eles Kátia dirigiu-lhe a palavra:
— Axel, acabaram de passar uma mensagem pelo rádio do Norton
Ramos. Disseram que capturaram um dos fugitivos. Ele penetrou no
hospital e tentou assassinar Pablo.
Todos os policiais presentes balbuciaram preenchendo o lugar de
som. Axel perguntou:
— Ainda estão na linha?
— Sim.
O agente pegou o rádio das mãos dela e o colocou junto à boca.
— Atento quem falou do NR, ainda está na escuta?
— Sim estamos na escuta.
— Quem modula, por favor?
— Policial Osmar Cunha, senhor.
— Policial Cunha, como vai? Acabaram de me informar que
capturaram um dos fugitivos… Já sabem sua identidade?
O policial do outro lado da linha hesitou até que tivesse um
relatório em suas mãos.
— O nome é Alan Xavier — respondeu Osmar Cunha.
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Transformação – Parte 3 (Descobrindo a Verdade) - Naasom A. Sousa
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Transformação – Parte 3 (Descobrindo a Verdade) - Naasom A. Sousa
Capítulo 40
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— Senhor, a vida do meu marido e Teu servo está em Tuas mãos!
Acampa Teus anjos ao redor dele, meu Pai, proteja-o — a súplica de
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Transformação – Parte 3 (Descobrindo a Verdade) - Naasom A. Sousa
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Alan, Vitória e Fábio estavam mais uma vez reunidos num só lugar.
Eles se entreolhavam enquanto estavam sendo fuzilados pelo olhar de
Oliver. Alan podia notar a expressão de intranqüilidade em Vitória,
enquanto o marido da moça continuava de feição inalterada. Estava frio
como há muito tempo atrás, quando ainda era líder de gangue. Alan
sentia seu ferimento doer e dificultar-lhe a respiração. O senhor tinha
que o sustentar.
Oliver estava inquieto. Começou a caminhar de um lado para o
outro e então, não agüentando mais a aflição que se acumulava dentro
de si, falou:
— Por que não levamos estas pessoas logo para a cadeia. Eles estão
juntos num complô para matar Pablo e não podem ficar aqui!
Antônio Gonzaga se adiantou e num tom sutil disse:
— Nós podemos levá-los e depois voltamos para tomar nosso posto.
— Não sairemos ninguém daqui até que o Osmar retorne — disse
Everton Passos. — Ele está falando com o agente Brendel para saber o
que devemos fazer…
Oliver se interpôs:
— Que droga! Nós já sabemos o que devemos fazer, policial Passos.
Eles são assassinos e…
— Não somos assassinos — interrompeu Alan, atraindo os olhares
para si. — Não viemos aqui para matar Pablo Tavares; viemos para fazê-
lo despertar do coma.
A incredulidade no rosto dos policiais tornou-se incrivelmente
visível.
— Não seja louco! — exclamou Oliver.
— Não precisam acreditar. Quero apenas colocar minha mão sobre
ele e orar. Se querem o bem dele e querem saber a verdade, deixem-me
fazer isso.
— Cuidado, isso pode ser um truque! — alertou Antônio Gonzaga
demonstrando um quê de nervosismo.
Osmar Cunha passou pela porta e olhou para todos.
— O que Axel falou? — indagou Oliver. — Creio que ele mandou
levarmos estes assassinos para a cadeia, não?
Osmar meneou a cabeça.
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Transformação – Parte 3 (Descobrindo a Verdade) - Naasom A. Sousa
— Não, ele não deu esta ordem. Disse para todos o esperarmos
aqui. Mas… há mais uma coisa que devo fazer.
— O quê? — quis saber os demais policiais.
— Oliver e Antônio Gonzaga… — Osmar puxou a arma do coldre.
— Vocês estão presos e não devem sair deste quarto. Bem devagar,
coloquem suas armas no chão.
Alan sorriu às vistas de todos e disse:
— Justiça Divina. Deus é fiel.
&&&
&&&
Lucas estava de olho em seis pequenas telas de sete polegadas onde
Vip e Carlos apareciam em todas elas. Uma agora estava com o foco
fechado em Carlos. Lucas estava apreensivo e ansioso para vê-lo tirando
a fita do terno. Ele apertou um pequeno botão no painel perto das telas
de vigilância e falou:
— Fiquem atentos à minha ordem. Quando ele mostrar a fita
entramos.
Todos os capangas da quadrilha estavam na espreita. Alguns deles
estavam disfarçados, sentados à mesa como se fossem clientes normais.
Outros estavam aguardando na escadaria. Lucas também podia vê-los
pelo sistema. Ele sorriu diabolicamente e disse:
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Transformação – Parte 3 (Descobrindo a Verdade) - Naasom A. Sousa
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A velocidade do carro estava muito acima da permitida. A sirene
berrava e fazia com que os carros à sua frente abrissem para lhes dar
passagem Axel estava com os olhos vidrados na pista e pensava em
ritmo frenético dando a impressão que estava em transe. Olhou
subitamente para Levi.
— Tudo bem aí?
— Nunca pensei que esse carro pudesse chegar a essa velocidade
algum dia.
Axel abriu um leve sorriso.
— E você, como está? Estou vendo que anda meio pensativo. Não
falou nada desde que saímos da central!
— Estou estudando as possibilidades. Tentando pegar o fio da
meada, entende? Mas ainda está um pouco confuso… ainda não
consigo…
Axel parou de repente e estreitou os olhos. Seu sobrolho ergue-se
rapidamente.
— O que foi?
— Acho… acho…
— Acha o quê, homem?
— Achou que montei o quebra-cabeça.
— Como assim, Axel? — Levi parecia não acreditar. — Explica isso.
Axel respirou fundo e voltou o olhar para a pista, tentando manter
o volante firme e equilibrado enquanto esclarecia.
— Tudo isso me pareceu um quebra-cabeça desde o princípio. Pablo
e Caio recebem uma informação que levava a um traficante da
Quadrilha Vip. A esperança deles era a de que Vip aparecesse, pois se
sabia que ele fazia questão de fazer as maiores transações. Ele não
apareceu e Caio foi assassinado; Pablo, por um milagre, não.
Permaneceram no local do crime dois homens que logo foram taxados
como suspeitos. Quando dois policiais os levavam para a central
desviaram o caminho misteriosamente para fora da cidade e então
bateram o carro. Os dois suspeitos se tornaram fugitivos.
“Mais tarde os suspeitos reaparecem e travam uma batalha
ninguém sabe com quem. Há sangue no lugar para abastecer um
hemocentro inteiro, porém não há corpos. Nem um sequer.
Levi continuava de ouvidos atentos. Axel continuava:
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&&&
— Vamos… mostre-me a fita — pediu Vip novamente.
Carlos pareceu não ligar para o pedido imediatamente. Voltou-se
para Nicole e fitou-a nos olhos. Como queria levá-la daquele lugar,
ampará-la em seus braços e acariciar-lhe o rosto…
— Você está bem? — perguntou-a.
— Sim — reservou-se ela a dizer mordendo os lábios demonstrando
inquietação e nervosismo.
Carlos puxou de dentro do bolso o cassete e pôs à vista.
— Muito bem, Caio Vieira, estou aqui com sua valiosa fita. Agora
deixe que ela parta…
— Atenção — anunciou Lucas —, ele está entrando agora. Fiquem
nas posições.
&&&
Alan, Vitória, Fábio, Oliver e Antonio Gonzaga estavam todos
literalmente sob a mira das armas de Osmar Cunha e Everton Passos.
Agora todos se entreolhavam.
— Ora, isso é ridículo! — exclamou Oliver diante a ordem de prisão.
— Quem vocês tem que prender são esses três aí, que são os assassinos
de Caio e Pablo, e não nós, que somos tiras como vocês.
— São ordens de Axel, Oliver. Até ele chegar aqui temos que ficar
de olho em vocês. Todos vocês.
Subitamente uma pequena mancha de sangue começou a aparecer
na camisa de Alan. Vitória observou aquilo e com cautela chamou a
atenção dos policiais.
— Ele foi operado recentemente, de modo precário, há pouco tempo
e acho que os pontos abriram. Precisa de cuidados médicos — alertou
ela.
— Ninguém pode sair desta sala, moça — falou Passos.
— Então mande chamar alguém, pelo amor de Deus! — suplicou
Vitória.
Oliver deu um passo à frente e foi parado pela mira da arma de
Osmar Cunha. Ele recuou novamente e disse:
— Deixe-o morrer. Assim receberá o que merece pelo que fez a Caio e
Pablo.
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&&&
— Dê-me essa fita! — ordenou Caio Vieira voltando uma das mãos
para debaixo da mesa.
— Não tente nada, Vip. Estou com uma arma debaixo da mesa
apontada para você, então é melhor acalmar seus ânimos. Essa fita não
vai sair das minhas mãos antes de você soltar a garota. Também sei do
que é capaz. Nem seu parceiro escapou dessa sua escalada sangrenta ao
poder, e veja só, nem você mesmo escapou.
— Se não matasse Pablo ele continuaria desmantelando meus
negócios, e quanto ao policial Caio Vieira, ele fez sua parte que era fazer
negócios com outros traficantes que “prendia”, desviar quilos e mais
quilos de entorpecentes, fazer negócios direto da fonte… Bem, então
chegou o momento em que eu não precisava mais disso, da rotineira
vida de tira de Caio Vieira. Tornei-me Vip de uma vez por todas da
maneira mais ilusionista possível, planejando a própria morte.
— Mas lhe digo que não foi tão fácil colocar a culpa pra cima de
mim, não é mesmo?
— Tenho que admitir que não. Você tem sido uma pedra no meu
sapato desde então. Você me surpreendeu.
— E estou aqui agora aponto de arruinar sua vida.
— Arruinar minha vida? — Vip fez cara de incredulidade. — Qual
é! Você nem ninguém será capaz de fazer com que meu mundo caia.
Carlos riu sarcasticamente e sussurrou:
— Algum dia, Vip, todo esse seu império irá ruir e creio que esse
dia não está longe. Se não for por minhas próprias mãos será pelas de
outra pessoa.
Subitamente, um frio cano de revólver calibre 38 foi pressionado
contra a nuca de Carlos, deixando-o imóvel. A voz do capitão Sander
soou grave pelo recinto:
— Está tudo sob controle. Sou capitão da polícia da cidade de
Melmar — ergueu o distintivo ao alto onde todos puderam visualizar. —
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Jesus te ama e quer que você o ame também… Ele quer te ajudar…
Para que fazer justiça com as próprias mãos, quando se tem alguém que faz isso
por você?
Este é o meu Deus, Carlos. O Deus verdadeiro, capaz de tirar o mais vil
homem do fundo do poço e erguê-lo…
&&&
Os pastores Nilton e Tatiane Cross estavam ainda de joelhos e
sabiam que uma corrente de oração estava sendo feita por alguns
membros da Igreja. O pastor suplicava enquanto sua esposa louvava.
— Glória ao Teu nome, Senhor! — glorificava Tatiane.
— Pai, dê graça a Alan e que ele venha a obter vitória em sua vida.
No que estiver acontecendo agora com ele… que Tu estejas ao seu lado.
Opera através de sua vida…
&&&
O policial Passos se sensibilizara e acionara o chamado da
enfermagem. Alan agora estava sendo atendido ainda sob a mira dos
dois tiras por uma jovem enfermeira com a idade na casa dos vinte anos.
Alan leu no crachá seu nome: Isadora Andrade.
— Isso é uma idiotice — reclamou Oliver. — Deixar que um
assassino seja atendido numa situação dessas…
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&&&
O quarto andar do Quaid’s foi invadido apenas por Carlos, Nicole,
Vip, Lucas e Afonso Sander, enquanto os demais homens permaneceram
fora do recinto de guarda. Carlos olhou em volta. Era a sala de
conferências de Vip, ou melhor, Caio Vieira. Não havia como escapar
dali diante da mira de Afonso sander. A voz de Alan surgiu numa viva
lembrança mais uma vez:
— Preste atenção: Não há nada que você possa fazer… para tentar sair
desse inferno em que está sem que venha reconhecer que você não é nada sem
Deus e que sem Ele não conseguirá escapar das garras do inimigo. Deus te ama,
Carlos, e… Ele quer te ajudar a sair da cova que você cavou para si mesmo. Ele
está com as mãos estendidas para você, mas não pode fazer nada enquanto você
não fizer nada. Ele irá mover a mão dEle quando você mover a sua e pedir-lhe
que tome conta da sua vida, reconhecendo que sem Ele você não é nada, e com
Ele você é mais que vencedor!
— … Fábio e Vitória é o casal mais feliz que conheço. Enfim, são pessoas
livres e felizes como muitos não podem ser. Agora… me responda com
sinceridade: você não quer que estas duas qualidades básicas, mas essenciais
entrem em sua vida?
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&&&
A arma de Osmar Cunha estava engatilhada e apontada para Alan,
enquanto este caminhou com certa dificuldade até o leito de Pablo.
Oliver suava frio ao lado de Antonio Gonzaga que tentava disfarçar
o nervosismo demasiado.
A enfermeira Isadora estava ao lado de Alan enquanto Everton
Passos olhava-os atentamente, mas continuava atento aos movimentos
de Oliver e seu parceiro.
Alan parou sobre o leito de Pablo e fitou-o por algum tempo. Então
estendeu a mão direita e tocou a testa de Pablo. Fechou os olhos e
pronunciou brandamente:
— Senhor, estou aqui, onde Tu querias. Faz a Tua obra e opera
através da minha mão. Tua és a ressurreição e a vida; quem crê em Ti,
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Os olhos de Afonso Sander e dos demais presentes não
compreenderam porque o revólver não funcionou. O capitão apertara o
gatilho, mas ele não havia acionado o tambor nem a bala.
— O que você está fazendo? — indagou Vip impacientemente.
— Minha arma não está funcionando — disse o capitão apertando
mais vezes. O tambor não girava.
De olhos ainda fechados, as lágrimas começaram a descer pelos
olhos de Carlos de forma espontânea e irreprimível. Sabia que aquilo
estava acontecendo por causa do que havia pedido. Abriu os olhos e
olhou para cada um dos traficantes ali presente. Falou audaciosamente:
— Sinto muito, pessoal, mas creio que hoje não será o meu dia de
morrer.
Ao ouvir aquilo Lucas se precipitou à frente e puxou sua arma
automática 9mm.
— Vamos ver, então, se isso é verdade — disse. Apontou a arma
para Carlos e sorriu. — Adeus.
Naquele mesmo instante, subitamente, uma voz metálica se fez
ouvir lá fora:
— Aqui é a polícia de Melmar, o prédio está cercado…
A voz fez com que os reflexos de todos fossem acionados. Eles se
voltaram para uma grande janela de vidro que permanecia entreaberta
no fundo da sala de reuniões do quarto andar. Era o momento de que
Carlos precisaria.
Num movimento rápido segurou a arma ainda na mão de Lucas e
se ergueu levando a mão fechada no meio do nariz do traficante. Lucas
se desnorteou por um instante, tempo bastante para que Carlos tomasse
a arma de sua mão.
Alguns tiros foram disparados lá embaixo. Os tiras estavam
invadindo o quartel-general de Vip. A voz de um policial ressoou
novamente de um alto-falante:
— Não há como escapar. Entreguem-se!
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— Acorde, Pablo — disse Alan mais uma vez.
O silêncio e incredulidade no recinto foram quebrados quando as
pálpebras de Pablo mexeram.
— Para a Tua glória, Senhor. Para a Tua glória — proclamava Alan.
Uma respiração profunda saiu das narinas do agente sobre o leito.
— Eu não acredito nisso — balbuciou Oliver.
Os dedos das mãos de Pablo se moveram e então os pulsos. Enfim,
seus olhos se abriram lentamente.
— Meu Deus! — exclamou Osmar Cunha.
— Esse é o Senhor que eu sirvo, que prova a fé do justo e dá a
vitória aos seus servos — proferiu Alan. — Somos inocentes e essa é a
prova.
Pablo fitou a todos com expressão de quem não estava
compreendendo o que se passava à sua volta. Esfregou os olhos e
indagou:
— Onde estou?… O que está acontecendo? — uma luz de
lembrança de acendeu em sua mente. — Caio… como ele está? Ele está
bem?
Everton Passos se adiantou:
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— Largue a arma! — gritava o policial para Carlos.
— Eu quero apenas que ele a largue, droga!!! — bradou Carlos
novamente.
Axel pediu para que o policial tivesse calma. Tentou transmitir
calma e sobriedade quando falou para Vip:
— Acabou, Caio. Largue a garota e esse canivete e tudo ficará bem
pra você.
— Não vou largar coisa nenhuma! — gritou Vip. — Vou sair daqui,
e se tentarem me impedir ela morre! Ela morre!
— Antes eu acabo com você, desgraçado — garantiu Carlos.
Axel deu mais um passo à frente tentando se aproximar mais dos
dois. Olhou para o tira ao seu lado e fez um gesto com a mão para que
relaxasse. Ele entendeu o recado. Um outro policial se aproximou da
porta e sacou a arma. Axel acenou para que ele permanecesse onde
estava. Voltou-se para Carlos e Vip.
— Escutem — disse o agente negro tentando atenuar o momento
tenso instalado no ar, — por que os dois não esfriam a cabeça e ambos
abaixam as armas. Ninguém mais precisa sair ferido daqui hoje, então…
para o bem de todos joguem as armas no chão… agora.
Com a mão firme no canivete pressionando-o contra o pescoço de
Nicole, Vip estava com respiração ofegante e transparecia frieza
incondicional em seus atos. Apertou mais ainda a lâmina contra a refém
e um filete de sangue escorreu ao encontro da camisa da jovem mulher.
Nicole retorceu o rosto de dor.
— Droga! Droga! — desesperava-se Carlos, incapaz de pôr Nicole a
salvo. — Não! Não faça isso!
— Caio, não faça isso — falou Axel, tentando ganhar tempo. — fale
suas reivindicações e faremos o possível para que elas sejam
cumpridas…
Os olhos penetrantes de Vip estavam vidrados em Axel. Ele abanou
com a cabeça e proferiu:
— Você não pode fazer mais nada por mim. Ninguém mais pode.
Está tudo acabado. Sei que não há mais esperança.
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horrendos. Ela sabia que ele não iria alcançá-la. Isso seria possível
apenas por um milagre.
Deus, ajude-me! Rogou ela intimamente. A gravidade puxava-a para
baixo. Já não existia qualquer esperan…
— SEGURE-SE!
Como um relâmpago as mãos de Carlos apareceram e segurou-a
firme pelo colarinho da sua jaqueta.
— Segure firme nos meus braços! — gritou Carlos.
O peso era demais. Ele olhou para baixo. Vip estava pendurado nas
pernas de Nicole e fazia força para puxá-la para a morte juntamente
consigo.
— Deus! Não! — bradou Carlos.
Uma gargalhada incomum saiu da boca de Vip. Ele pôs à mostra a
lâmina do canivete.
— Vai ter que ser do jeito mais difícil, Carlos! — berrou ele
erguendo o canivete para cravar nas costas de Nicole.
Repentinamente um vulto apareceu ao lado de Carlos empunhando
uma arma que foi apontada rapidamente para Vip. Um estrondoso tiro
fez com que o braço do ex-policial se tornasse em puro sangue. O
canivete voou para longe. A dor súbita o fez largar Nicole e seu corpo
despencou até o chão. Todos viram quando a cabeça de Caio Vieira se
abriu quando bateu violentamente contra o asfalto.
Carlos puxou Nicole para dentro do prédio e abraçou-a fortemente.
Ficaram assim por um longo tempo até que ele a afastou um pouco de si
e mostrou-lhe sua corrente com o anel de noivado preso a ela. Ela pegou
a jóia por entre os dedos, sorriu e abraçou Carlos novamente.
— Nicole… Desculpe-me pelo que fiz… — sussurrou Carlos com
emoção impregnada na voz.
— Não tem do que se desculpar — falou ela. — Tudo já passou. Eu
te amo, e mais ainda porque você fez tudo para me salvar.
Eles se beijaram mais uma vez mas foram interrompidos quando
Axel falou:
— Carlos… você está preso.
&&&
— Não posso acreditar no que você está falando! — exclamou Pablo
quando ouviu de Alan todo o verdadeiro relato. — Eu vi Caio ser morto
pela quadrilha Vip.
Alan balançou a cabeça, compreendendo que não era fácil para
ninguém compreender.
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— Sei que é algo que não posso provar agora, mas tudo já está
sendo esclarecido e logo todos saberão a verdade. Mas… queremos que
nos responda agora duas coisas…
— Duas coisas?
— Sim. Por favor, responda se fui eu quem tentou mata-lo ou ao seu
parceiro, Caio Vieira?
Pablo fitava Alan sem ao menos piscar. Respondeu:
— Não. Lembro que você apareceu e gritou para que aquele
homem… Carlos não atirasse em mim.
Alan apenas virou para encarar Oliver. Indagou novamente:
— Carlos atirou em Caio ou em você?
Pablo estreitou os olhos e abanou com o cenho negativamente.
— Não. E pela conversa dele com Lucas deu para perceber que
estava sendo chantageado para atirar em mim, mas não fez isso.
Alan se aproximou de Oliver e falou com convicção.
— Nada há encoberto, que não haja de ser descoberto; nem, que não
haja de ser conhecido. Aprenda uma coisa, Oliver, o Senhor é Deus e
grande é a Sua justiça.
&&&
— Vasculhem os outros cômodos do andar — ordenou Axel para os
dois policiais que estavam com ele dentro da sala de reuniões.
Eles saíram com arma em punho e deixaram o agente a sós com
Carlos e Nicole. Axel estava com a algema nas mãos. Fitou Carlos sem
saber o que falar. Não sabia se ele era culpado de algo, pois não tinha
prova alguma de que ele pudesse estar realmente envolvido com a
Quadrilha Vip. Mas o fato de ele estar ali, no lugar errado e na hora
errada já era um atenuante para ao menos detê-lo para averiguações.
Fitou o casal e viu o imenso amor que existia entre os dois. Era algo
irrefutável e que saltava aos olhos. Carlos certamente não ficaria abalado
simplesmente em ir preso, mas sim em ter que deixar Nicole mais uma
vez só.
Deus, o que faço? Perguntou Axel.
Ouviu-se um barulho vindo de fora da sala de reuniões até que Levi
entrou alvoroçado no recinto com um rádio-comunicador na mão. Sua
respiração era acelerada quando falou:
— É Everton Passos no rádio. Você não vai acreditar, mas Pablo
Tavares acabou de acordar do coma.
— O quê? — indagou Axel.
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Axel entrou pela porta do quarto junto com Levi e logo avistou
Pablo ainda sentado na cama ladeado por um médico e uma enfermeira.
Passos e Cunha estavam de guarda enquanto Oliver, Antonio Gonzaga,
Alan, Vitória e Fábio estavam num canto do aposento.
Oliver adiantou-se rapidamente.
— Axel, você não sabe o que está acontecendo aqui…
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— Com certeza, agente Axel. E esteja certo de que a magia negra que
a advogada fazia para te seduzir não funcionará mais.
Axel arregalou os olhos diante da revelação de Deus e então chorou.
Sentiu todo o peso do adultério sobre suas costas como se fosse um
imenso fardo e no mesmo instante se ajoelhou não suportando mais
permanecer de pé.
A Enfermeira Isadora Andrade, que estava com o médico
atendendo Pablo também se ajoelhou se rendendo a Deus naquele
mesmo momento. Pablo desceu da cama e ajoelhou-se também às vistas
do médico e de Levi que permaneceram em pé.
Vitória e Fábio se curvaram no chão em seguida e começaram a
adorar o Rei.
Alan olhou para Levi e o médico e apenas sorriu para eles. Não
podiam entender o que Deus queria fazer em suas vidas. Mesmo assim
pediu para que eles fechassem os olhos.
O que se seguiu foi um grande momento de oração pelas vidas ali
presentes. Alan intercedeu pelas vidas de Pablo, Isadora e Axel. Dois
que entregavam suas vidas a Cristo e o outro que retornava ao aprisco.
Pediu para que o Senhor escrevesse seus nomes do Livro dos Justos e
que os sustentasse. Alan também pediu a bênção do Senhor para Levi e
para o médico de plantão ali presente, e, por fim, agradeceu pela vida de
Vitória e Fábio. Ainda em contato direto ao Trono do Criador agradeceu
pela oportunidade de fazer a obra de Deus incondicionalmente e pelas
grandes maravilhas que o Senhor operara.
Todos disseram “Amém”.
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Epílogo
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O noticiário do Canal Sete anunciou através de Caroline Lima:
—Alan Xavier, um dos suspeitos, fará cerimônia religiosa como ação de
graças. Segundo ele, é uma forma de agradecimento a Deus. O culto será
realizado amanhã…
&&&
Axel desta vez estacionou o carro em frente à casa amarela com
jardim florido e grama viçosa que se localizava no meio do quarteirão da
rua 12 do conjunto Orquídea. Eram 18:00 hs. Ele estava à paisana, mas
bem vestido dentro de um terno azul-marinho. Como de costume bateu
na porta e foi recebido por Sandra Evans. Ela usava uma sensual
camisola de seda.
— Estava com saudades — disse ela à porta. — Entre.
Ele fitou nos olhos da advogada por um momento antes de dizer:
— Não vamos mais nos encontrar, Sandra. Passei aqui apenas para
lhe dizer isso. Acabou.
Uma expressão de espanto se acendeu no rosto dela.
— O quê? O que aconteceu? É assim… você me usa e depois me
joga fora?
Axel estreitou os olhos.
— Como assim? Deixei-me seduzir por você! A culpa foi de
ambos…
— Não podemos terminar agora! Não depois de…
— De você ter feito magia negra para acabar de vez com o meu
casamento? Eu já sei de tudo, Sandra. — cortou ele.
Sandra Evans estremeceu.
— Como… como você soube?
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— Isso não vem ao caso, Sandra. Adeus — ele virou as costas para
ela, mas foi seguro pela manga do terno.
— Se você me deixar, Axel, eu vou contar tudo para sua mulher. Eu
acabo com o seu casamento do mesmo jeito!
Axel suspirou e conscientizou-se ainda mais da idiotice que havia
feito ao trair sua esposa. Ele fixou o olhar em Sandra, deu um passo para
o lado e então apontou na direção do carro estacionado na frente da
casa.
Sandra enxergou Tina no banco do passageiro olhando para os dois.
Leonardo estava no banco de trás.
— Eu já contei tudo a ela, Sandra — disse Axel. — Minha esposa já
me perdoou e nada que você venha a acrescentar para ela irá mudar o
que ela sente por mim.
A advogada ficou sem palavras.
— Estamos indo à Primeira Igreja Evangélica de Melmar. Quer vir
com a gente? Se quiser te levamos. Isso é idéia da Tina, ela…
Sandra não deixou que Axel continuasse. Entrou mais que depressa
para a sala e bateu a porta se trancando dentro da casa.
&&&
A Primeira Igreja Evangélica de Melmar estava repleta de pessoas.
Ilustres e não-ilustres aos olhos da sociedade. A imprensa encontrava-se
em peso com suas câmeras e microfones para registrar aquele momento.
O pregador da noite, como não poderia ser diferente, era Alan Xavier.
&&&
Alan estava no escritório do pastor Nilton Cross. Este o chamara
rapidamente antes do culto começar.
— Chamei-lhe aqui no escritório por três motivos, Alan —
confessou Nilton Cross sorridente.
— Pode dizer, pastor.
O pastor pigarreou e sentou em sua poltrona atrás da escrivaninha.
Ofereceu uma cadeira para Alan e este se sentou também. O pastor
começou.
— Bem… o primeiro motivo é que quero lhe agradecer por ter
conseguido trazer tanta gente até nosso templo. Sinto que hoje vai haver
muitas conversões, e também… — Nilton começou a rir do que ele
próprio iria dizer em seguida. — uma boa oferta!
Alan não pode conter a risada e então falou:
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&&&
O culto de ações de graça começou com uma breve oração e depois
com um grande momento de louvor com os músicos e adoradores locais.
Depois de meia hora de pura festa a palavra foi dada ao pastor Nilton
Cross. Este fez um breve comentário sobre a alegria que sentia por todas
aquelas pessoas estarem ali presentes, principalmente o Pai, o Filho e o
Espírito Santo. Pediu para que todos se sentissem à vontade e abrissem o
coração para Deus e Suas palavras que seriam transmitidas através do
pregador daquela noite. Em seguida chamou a Alan para subir ao
púlpito.
Houve um grande aplauso para o momento em que Alan segurou o
microfone e falou que aquelas palmas eram para o Senhor.
Alan olhou as primeiras filas dos bancos da igreja. Pode ver que ali
estavam Melina e seus filhos. Ao lado deles estavam Leonardo com seus
pais Axel e Tina Brendel. Ele sorriu para cada um deles.
No banco logo atrás estavam Pablo e Caroline que certamente
estava de férias, pois do contrário estaria por detrás de uma câmera do
lado de fora da igreja. Alan sorriu para eles também. Em outro banco os
olhos de Isadora Andrade cintilaram.
Foi naquele momento que Alan procurou dentre os demais bancos
uma pessoa em especial. Vasculhou rápida, mas cautelosamente cada
banco, mas ela não estava presente.
Deus, onde ele estará? Perguntou-se Alan. Traze-o até Tua presença.
O culto decorreu de forma magnífica. A mensagem escolhida por
Alan foi tirada de Marcos 4:35-41, onde Jesus cessou a tempestade e fez o
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O Autor
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