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Copyright © 2008 by Aluízio A. Silva

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Impresso no Brasil
Printed in Brazil
2008
3
Curando a fé em 21 dias
Categoria: Vida cristã / Devocional / Jejum

Copyright © 2008 Aluízio A. Silva


Todos os direitos reservados

Edição: Charleston Fernandes


Revisão: Sidnei Alves
Capa: Julio Carvalho
Diagramação: Michele Araújo

Os textos das referências bíblicas foram extraídos da versão Almeida Revista e


Atualizada (Sociedade Bíblica do Brasil), salvo indicação específica.

Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)

Silva, Aluízio A., 2008-


Curando a fé em 21 dias: Alimento sólido para um jejum vitorioso /
Aluízio A. Silva – Goiânia: Vinha Editora, 2008

ISBN 978-85-98510-62-0

1. Vida Cristã 2. Devocional 3. Jejum 4. Título


CDD: 230/240

Índice para catálogo sistemático

1. Vida Cristã: Devocional: Jejum 230/240

4 Editado e publicado no Brasil pela:


Vinha Editora
Av. T-7, 1361 – Setor Bueno – CEP: 74.210-260
Goiânia-GO – Brasil
Telefone: (62) 3534-8840 – sac@vinhaeditora.com.br

Impresso no Brasil
Sumário
Introdução
Orientações sobre o jejum

15 1º dia Curando a fé ressequida

23 2º dia Princípios de fé

37 3º dia Como desenvolver e guardar a fé

47 4º dia A crise da fé

53 5º dia O caminho da bênção

65 6º dia A vida por um toque

73 7º dia Vencendo a procrastinação

83 8º dia O poder da migalha

97 9º dia A graça de Deus

111 10º dia Obstáculos da oração 1

121 11º dia Obstáculos da oração 2

129 12º dia O poder da Palavra de Deus 1

141 13º dia O poder da Palavra de Deus 2

149 14º dia O que pode me dar esperança

161 15º dia O esconderijo do Altíssimo

171 16º dia Livres do jugo

181 17º dia Os que estão à beira do caminho

191 18º dia Cristo, o mistério de Deus 5


203 19º dia O poder secreto do barro

213 20º dia O treinamento da tribulação

221 21º dia Deus usa o que temos na mão


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Tempo de jejum é tempo de cura

Tempo de jejum é tempo de cura, restauração e renovo. Mas


muitos cristãos sinceros buscam a Deus em jejuns sem propósi-
tos, muitas vezes indo até contra os princípios bíblicos. O jejum
não muda Deus, isso nós sabemos, mas ele nos muda, revoluci-
ona nossa vida espiritual e nos faz mais sensíveis à doce e pode-
rosa presença do Espírito Santo em nossas vidas.
Em busca de um jejum que agrade a Deus, este livro se pro-
põe a ser um devocional prático para seu tempo de jejum. Sabe-
mos que não é o tempo, 21 DIAS, que fará diferença, mas a
intensidade de sua busca pelo Senhor.
Mais que um livro, estas páginas são provimento genuíno da
Palavra de Deus para este tempo de oração e jejum. O desejo de
nosso coração é que, ao final de seu jejum, sua fé seja curada, 7
restaurada e fortalecida em Jesus Cristo, autor e consumador da
nossa fé.
Como alimento espiritual para um tempo de jejum, este li-
vro não deve ser lido todo de uma vez. Leia um capítulo por
dia, cada um corresponde a um dia do jejum e trata de um
assunto específico relacionado à fé.
Ao final de cada dia, sugerimos um pequeno devocional, que
pode ser tomado como um desafio espiritual. Leia este livro
com o coração aberto, com fome de Deus em seu coração, e
você verá sua fé e sua vida espiritual sendo transformadas pelo
poder de Deus.
Muitos oferecem mudanças radicais e repentinas, não é esse o
nosso propósito. O que propomos é que você gaste um tempo
diário diante de Deus para rever conceitos simples da fé que são
o sustento de nossa vida cristã. Cada capítulo lhe ajudará – as-
sim como o homem que tinha a mão mirrada – a crer no mila-
gre de ter a fé curada e a receber a cura no toque de Jesus.
Dentro destas páginas você encontrará alimento para sua fome
espiritual, remédio para os males da alma e ferramentas para
consertar áreas defeituosas em sua vida.
Desenvolvido para ser um devocional diário durante três se-
manas, queremos desafiá-lo a lê-lo com mais uma pessoa. Você
conhece alguém que precisa ter a fé curada, que necessita de um
milagre de Deus nestes dias? Chame essa pessoa para ler o livro
com você e, juntos, orem, jejuem e se apóiem nesta gratificante
jornada pelo Caminho, pela Verdade e pela Vida, que é Jesus
Cristo.

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Orientações sobre o jejum

O jejum é como uma bomba atômica dada pelo Senhor para


destruir as fortalezas espirituais do diabo e liberar um grande
reavivamento espiritual e uma grande colheita. Eu creio que Deus
derramará uma inundação do Seu poder que resultará na salva-
ção de milhares de vidas. Precisamos receber de Deus um encar-
go para o cumprimento da grande comissão que o Senhor mes-
mo nos deu.
Esses dias de jejum serão tremendos diante de Deus, por isso
tenha uma santa expectativa por um mover do Espírito Santo.
À medida que você avançar no jejum começará a sentir mais
fortemente a presença de Deus. O Espírito Santo encherá você
de uma grande alegria e um refrigério como você provou poucas
vezes antes. Sua fé será grandemente liberada e uma forte sensi-
bilidade espiritual permitirá o fluir de uma nova unção. Na Pa- 9
lavra de Deus, o jejum se refere à abstenção de alimentos para
finalidades espirituais, não é greve de fome com finalidades de
barganha, não é dieta para propósitos físicos, mas sim nos con-
centrar em finalidades espirituais.
1. Por que o jejum é tão criticado?
a) Muitas pessoas o associam a práticas ascéticas
O excesso e o extremismo praticados na idade média produ-
ziram resistência na maioria dos cristãos.
Para alguns está relacionado com o farisaísmo
Toda prática religiosa que perde o seu poder espiritual torna-
se apenas um ritual exterior e vazio. Muitos – temendo o
legalismo – evitam o jejum.

b) Muitos têm medo de terem problemas físicos no jejum


Vivemos em um mundo onde a busca do prazer e do con-
forto é o alvo máximo, e muitos temem morrer de inanição se
não comerem pelo menos três refeições por dia.

b) Uma compreensão errada da graça de Deus


Muitos associam o jejum com a penitência praticada por
algumas religiões que visa aplacar a ira de um deus mesquinho
ou convencê-lo a nos dar alguma dádiva. Tal impedimento se
esvai quando entendemos que o jejum é para nós mesmo e
não para Deus.

2. O jejum é obrigatório?
O ensino de Jesus (Mt 6) veio acompanhado do ensino
sobre oração e oferta. Jamais passou pela cabeça de nenhum
líder religioso a idéia de que a oração e a oferta sejam opcionais,
por que o jejum seria? Não era intenção do Senhor rejeitar ou
desprezar o jejum. Sua intenção era restaurar o jejum à sua
forma adequada.
10 Jesus disse que depois que o noivo fosse tirado os discípulos
jejuariam (Mt 9.15). Essa é a mais importante declaração sobre
se os cristãos devem ou não jejuar. Não podemos dizer que Cristo
nos tenha ordenado que jejuemos, mas está evidente que Ele
esperava que o fizéssemos.
3. A motivação do jejum
Quando Jesus tratou do jejum, Ele se preocupou com a ques-
tão dos motivos (Mt 6.16-18). Não podemos pensar que o
jejum tenha o poder de mudar a Deus ou de forçá-lO a fazer
algo que Ele já disse que não faria.
Precisamos entender que o jejum está centrado em Deus: a
profetiza Ana adorava com jejum (Lc 2.37), os profetas e mes-
tres de Antioquia jejuavam (At 13.2), Deus pergunta para quem
jejuamos (Zc 7.5), no jejum nos libertamos de coisas que ten-
tam nos escravizar (1Co 6.12), aprendemos a disciplinar o nos-
so corpo (1Co 9.27) e é uma forma de nos humilharmos diante
de Deus (Sl 35.13).

4. Orientações sobre Jejum


a) Estabeleça seus objetivos
Por que você está jejuando? Há alguma crise pessoal? Você está
buscando renovação, direção de Deus ou solução de algum pro-
blema? Estabeleça os seus alvos com clareza e escreva-os. Ore pela
igreja e pelo mover do Espírito em nosso meio. Ore pela salvação
das vidas.

b) Defina um tipo de jejum


Há muitos tipos de jejum. Defina um que seja mais apropri-
ado para você:
• Jejum com uma refeição por dia - apenas o jantar ou
o almoço.
• Jejum de Daniel – de todo tipo de carne, doces, refri-
gerantes, sucos com açúcar ou adoçante e qualquer tipo de
manjar.
• Jejum parcial – abstenção de apenas algum tipo de 11
comida, definida em um voto pessoal diante de Deus. Geral-
mente alguma comida especialmente importante para nós.
• Jejum de dieta líquida – jejum apenas com sopas e sucos.
• Jejum completo – jejum de 24 horas apenas com
água. Sugiro que seja feito por um período máximo de 3
dias e, depois, volta-se para um dos tipos de jejum acima.
c) Prepare-se espiritualmente
Peça ajuda ao Espírito e faça uma lista dos seus pecados. Co-
mece o jejum com arrependimento.
Confesse cada pecado que o Espírito mostrar e creia no per-
dão do Senhor.
Perdoe a qualquer um que o tenha ofendido. Não jejue com
o coração amargurado.
Se o seu pecado exige restituição ou concerto com alguém,
faça-o antes do começo do seu jejum.
Busque o enchimento com o Espírito Santo. Se você fala em
línguas, invista tempo orando em línguas.
Reconheça a Jesus como Senhor e recuse-se a fazer sua pró-
pria vontade.
Coloque uma expectativa no seu coração pelo mover de Deus.
Se não houver uma expectativa em fé, o jejum perde o sentido.
Creia pelo milagre de Deus. Confesse a Palavra e gaste tempo
louvando a Deus.
Faça guerra espiritual. Identifique e resista a todos os demô-
nios que trabalham contra você.

d) Prepare-se fisicamente
Se você possui alguma doença crônica, procure o seu médi-
co. Mulheres grávidas não podem jejuar. Nesses casos, recomen-
damos que se abstenha apenas de algumas coisas, como chocola-
tes, doces e certos tipos de carnes.
Não se precipite em seu jejum. Não faça porque outros estão
fazendo. Sinta a direção de Deus.
12 Um jejum completo, somente com água, deve ser iniciado
aos poucos. Um jejum com uma refeição por dia não exige um
preparo tão grande.
Evite comidas gordurosas e açucaradas antes de iniciar o jejum.
Prepare-se comendo frutas e vegetais.
e) Enquanto estiver jejuando
Evite ingerir qualquer medicamento sem orientação médica.
Existem remédios que não podem ser ingeridos com o estôma-
go vazio.
Limite sua atividade física de acordo com as suas possibilidades.
Somente faça exercícios moderados.
Dentro de suas possibilidades descanse o máximo possível.
Espere algum desconforto físico como tonturas, dores rápi-
das de fome, mau hálito, dores de cabeça, fraqueza, sonolência,
cansaço e algumas vezes enjôos.
Defina quais atividades você irá suprimir. Evite ver televisão,
praticar esportes ou fazer muito esforço físico
Defina quanto tempo você vai separar para oração. Estabeleça
um tempo de oração. Você não precisa orar o dia todo, mas separe
um bom tempo para oração de acordo com suas possibilidades.

f) Sintomas espirituais
Durante o jejum coisas ocultas do coração poderão aflorar
como mau humor, lascívia, sensualidade, impaciência, ansieda-
de e irritação.
Haverá muito maior sensibilidade ao mundo espiritual e ao
Espírito Santo. Fique atento.
Um nível diferente de fé será liberado. Exercite bastante a
confissão da Palavra de Deus.
Muitos irmãos têm visões, sonhos e outras manifestações es-
pirituais. Espere por elas.
Espere por muita resistência espiritual principalmente no iní-
cio do jejum. É comum pressões na mente, acusações, senti- 13
mento de condenação e de desânimo com o fim de nos resistir.

g) Faça um programa diário


Se for possível, comece o dia orando. Se o seu jejum é de
almoço a almoço, separe o seu tempo do almoço para ler e
meditar na Palavra de Deus. Se o seu jejum é de janta a janta,
separe o período da noite. Mas em todo caso comece o dia
orando.
Corte a TV durante o jejum.
Encontre-se com os irmãos para orar junto com eles. O je-
jum feito em comunidade é mais fácil e também mais agressivo
no mundo espiritual.

h) O que evitar
Não tome café nem chá preto. A cafeína dá dor de cabeça.
Não masque chicletes nem chupe balinhas, mesmo que o
hálito esteja ruim, pois estimulam o suco gástrico no estômago.
Se tomar suco de laranja, dilua em 50% de água.
Jamais deixe de tomar bastante água. Pelo menos dois litros
por dia.
Nunca faça jejuns sem água.

i) Como quebrar o jejum


Quebre o jejum gradualmente. Principalmente se for um je-
jum prolongado apenas com água.
Comece tomando sopas.
Em seguida, passe para saladas cruas e, depois de algumas
horas, coma batatas cozidas e comida com pouca gordura.
É melhor comer um pouco várias vezes do que quebrar o
jejum com muita comida.

14
1ºdia
Curando a fé ressequida

Tendo Jesus partido dali, entrou na sinagoga deles. Achava-se


ali um homem que tinha uma das mãos ressequida; e eles,
então, com o intuito de acusá-lo, perguntaram a Jesus: É lícito
curar no sábado? Ao que lhes respondeu: Qual dentre vós será
o homem que, tendo uma ovelha, e, num sábado, esta cair
numa cova, não fará todo o esforço, tirando-a dali? Ora, quan-
to mais vale um homem que uma ovelha? Logo, é lícito, nos
sábados, fazer o bem. Então, disse ao homem: Estende a mão.
Estendeu-a, e ela ficou sã como a outra. Retirando-se, porém,
os fariseus, conspiravam contra ele, sobre como lhe tirariam a
vida. (Mt 12.9-14)

No texto acima, Mateus nos conta a história de como Jesus


curou um homem que tinha a mão ressequida. Creio que nessa
passagem Deus tem muito a nos falar a respeito de nossas mãos
espirituais. 15
Primeiro, vejamos o significado das mãos. As mãos são os
nossos instrumentos para criarmos, para fazermos, pegarmos,
nos apropriarmos de algo, lutarmos e nos defendermos. Sem as
mãos nos sentimos impotentes. Com as mãos amarradas para
trás nos sentimos dominados e subjugados. Não por acaso a
polícia subjuga um criminoso amarrando-lhe as mãos. Agora,
CURANDO A FÉ EM 21 DIAS

com a mão atrofiada não conseguiremos produzir coisa alguma


de valor. Essa é a história do que Jesus fez com um homem que
tinha a sua mão natural ressequida. Com as mãos atrofiadas, ele
certamente se sentia impotente e incapaz.
Agora, entendamos a expressão “ressequida”, que é diferente
de “ressecada”, é mais grave. Dizemos que a pele seca pelo tempo
ou pelo sol está ressecada. Mas a mão que está ressequida perdeu
os movimentos, se engrunhiu, ficou atrofiada e retorcida.
Assim podemos dizer que a mão é um símbolo de algo mui-
to sério no mundo espiritual. Assim como no mundo natural
tudo é conquistado com as mãos; no mundo espiritual, a nossa
fé exerce o papel de mão, ou seja, é por meio da fé que conquis-
tamos as bênçãos de Deus e O agradamos.
O problema é que a nossa mão espiritual pode também se
tornar ressequida, ou seja, a nossa fé pode estar enferma. Com a
fé ressequida você não conseguirá produzir muita coisa, se senti-
rá incapaz e impotente diante das circunstâncias. Vejamos então
as lições tiradas dessa passagem bíblica.

1. A mão ressequida é como a fé ressequida


Ter uma mão espiritual ressequida é ter uma fé que não se
abre para receber as bênçãos e as provisões de Deus, que estão
ao nosso dispor. Precisamos ter mãos espirituais para nos apro-
priar das bênçãos, para pegar e dizer: “É meu, eu tomo posse,
isso me pertence”.
A parte de Deus é dar, mas a nossa parte é apropriar. Uma
mão ressequida, porém, já não pode se apropriar das promessas.
Além de não poder se apropriar das promessas, a mão ressequida
também já não pode lutar no meio da batalha pois é incapaz de
16 empunhar a espada. No meio da luta, a fé ressequida é comple-
tamente indefesa.
Em terceiro lugar a mão ressequida não tem forças para reter
as promessas de vitória. Deus é tão gracioso que muitas vezes
nem lutamos por algo, Ele vem e põe nas nossas mãos. Já viu
bênçãos assim? Você nem foi atrás, a bênção correu atrás de você.
Mas quem tem fé ressequida nem consegue reter essas bênçãos.
CURANDO A FÉ RESSEQUIDA

Deus lhe dá a bênção nas mãos, mas falta fé para retê-la, para
segurá-la. Creio que nestes dias a sua fé será restaurada para reter
e segurar as bênçãos do céu.
Em quarto lugar, a mão ressequida perde sua forma saudável,
vira uma deformidade, perdendo sua aparência original. Ela
distorce a sua maneira de ser, a sua postura, tudo em sua vida
gira em função de proteger e esconder a mão doente. O mesmo
acontece com quem tem a fé doente e ressequida, essa pessoa
tem a sua condição espiritual deformada. Quem tem a fé resse-
quida anda debaixo de opressão sendo livre, se conforma com o
fracasso sendo um vencedor, vive na miséria espiritual sendo
herdeiro com Cristo.

2. Por que Jesus quer curar a sua fé ressequida?


Hoje é dia de um milagre do Senhor em sua vida, é dia da
sua fé ser curada. Se você está desiludido, sua fé era forte e, por
alguma razão, ela não opera mais como antes, hoje é dia da sua
fé ser curada. Por que Jesus quer curar a sua fé ressequida? Como
ele fará isso? No texto que nós lemos há três razões:

a) Porque você pertence a Jesus


Ao que lhes respondeu: Qual dentre vós será o homem que,
tendo uma ovelha, e, num sábado, esta cair numa cova, não
fará todo o esforço, tirando-a dali? Ora, quanto mais vale um
homem que uma ovelha? (Mt 12.11)

Naquele instante Jesus olhava nos olhos daquele homem que


tinha a mão ressequida e dizia: “essa ovelha é minha, ela me
pertence”. Saiba de uma coisa: você não é seu, você não pertence
a si mesmo, você pertence a Deus. Ele criou você, Ele tem o
direito de criação, de fabricação e de patente. Ele fez você. Você
pertence a Ele. Mas, se não bastasse o direito de criação, que já 17
era dEle, Jesus comprou você de novo, lhe resgatou e pagou o
preço. Você pertence a Ele. Você é dEle. E o Senhor diz: “Quan-
to mais vale o homem!”. Você pertence ao Senhor por isso você
tem valor. Joga fora essa atitude de menos valia, de se achar
incapaz e pensar que não é merecedor do amor de Deus.
CURANDO A FÉ EM 21 DIAS

b) Porque a fé mirrada coloca você em uma cova


Jesus disse que a ovelha – o homem da mão ressequida –
estava caída numa cova. Em seguida, Ele afirmou: “ainda que
seja num sábado, seja que dia for, eu farei todo o esforço para
tirá-la do buraco”. Todas as vezes que a sua fé fica ressequida,
você cai em uma cova, em um buraco. O buraco vira o seu
lugar, a sua condição.
Os fariseus perguntaram para Jesus se era lícito curar o ho-
mem da mão ressequida no sábado. O que eles não sabiam é
que uma coisa é ter o sábado, outra coisa é ter o descanso. Eles
descansavam fisicamente todos os sábados, mas não tinham des-
canso de alma. O Senhor Jesus deixou claro para os fariseus que
o sábado era dia de trazer descanso e aquele homem com a mão
ressequida estava cansado, sua alma estava cansada.
O crente com a fé ressequida fica cansado, sua alma fica can-
sada, seu semblante fica cansado, suas palavras se tornam cansa-
das e cansativas porque está faltando descanso de Deus. Quando
Deus curar a sua fé ressequida, o descanso entrará em sua vida,
pois todo descanso vem pela fé.

c) Porque você tem um grande valor


Quanto mais vale um homem do que uma ovelha. (Mt 12.12)

Jesus quer curar sua fé porque você é muito precioso para


Ele, o que não depende de sua convicção ou de como você se
enxerga. Deus enxerga além do que qualquer um pode enxergar
em você. Quando Deus nos olha, Ele tem olhos de lapidador,
que não vêem apenas a pedra bruta, mas vêem o diamante lapi-
dado, a jóia perfeita, com um valor tremendo. Quando nos vê,
Ele nos enxerga na glória reinando com Cristo.
18 Uma das coisas que tornam uma peça preciosa é o fato de ela
ser única. Não há outro igual a você, você é único. Deus sabe
disso e não quer perder você. Ele quer completar a obra que
iniciou, renovar a sua fé para crer por coisas tremendas em Deus.
Deus têm pensamentos bons ao seu respeito. O olhar de Deus
para você não é de ira, mas de graça e de amor sobre a sua vida.
E você pode estender a sua mão para Ele, ainda que ressequida,
CURANDO A FÉ RESSEQUIDA

ainda que seja uma fé débil e pequena. Se você ao menos fizer


menção de erguer sua mão para o Senhor, Ele virá sobre a sua
vida. Deus espera apenas uma atitude de sua parte, porque Ele
enxergou valor em você.
Talvez você possa dizer: “Eu não consigo entender como Deus
pode enxergar valor em mim. Eu não tenho valor! Você não
sabe as coisas que eu já fiz, você não sabe os pensamentos mes-
quinhos que eu tenho, você não sabe as atitudes mórbidas que
povoam a minha mente e o meu coração. Não, eu sei quem eu
sou. Eu sei que não tenho valor”. Deixe eu lhe dizer algo muito
sério: Deus enxergou mais valor em você do que você pode pen-
sar; o seu valor não reside nas coisas que você faz ou fez, mas em
quem você é. Você foi criado à imagem e semelhança de Deus.
Veja este exemplo. Uma pessoa pega uma nota de cem reais –
novinha, cheirosa e que acabou de sair do Banco Central – e
outra pessoa recebe uma outra nota de cem reais – que já foi
amassada, rabiscada, pisoteada, remendada. Se ambas forem co-
locadas juntas, que nota terá maior valor, a novinha ou a reben-
tada? Elas tem obrigatoriamente o mesmo valor. O valor não
está na aparência, não está em ser nova ou ser gasta, ser intacta
ou ter sido abusada. O seu valor é intrínseco, é o que está estam-
pado nela, não as condições em que ela se apresenta. O mesmo
acontece com você; o seu valor diante de Deus é o mesmo da
pessoa que você julga mais sensacional, mais maravilhosa e me-
recedora das bênçãos de Deus. O seu valor é exatamente igual ao
dela, uma vez que o seu valor não se dá por obras de justiça
praticadas, mas pelo olhar amoroso de Deus em nossa direção,
por causa de Sua graça.

3. Como Jesus cura a fé ressequida?


Então, disse ao homem: Estende a mão. Estendeu-a, e ela
ficou sã como a outra. (Mt 12.13)
19

Talvez agora você esteja se perguntando sobre como Jesus


fará para curar a sua fé ressequida, qual é a fórmula, de que ma-
neira Deus irá lhe curar.
Assim como Jesus disse para o homem da mão mirrada es-
tender a mão, Ele apenas diz para você estender a sua mão. É a
CURANDO A FÉ EM 21 DIAS

sua postura de crer, de pisar na água que define o que acontecerá


com você. Quando Deus nos manda pisar sobre as águas, no
começo nossos pés podem até se molhar, mas, depois, ou o mar
se abre ou andaremos sobre ele, essa é a promessa do Senhor.
Preste atenção, ter fé é simplesmente crer sem questionar a
Deus. É responder à Palavra de Deus agindo de acordo com o
que ela diz. Da mesma forma é como o Senhor nos cura. O
Senhor apenas disse ao homem: “Estende a sua mão”. O mesmo
serve para você: Estenda a sua mão, estique, ponha para fora,
corra o risco, mostre-se.
Se a sua mão está ressequida, estenda-a e o Senhor a encherá
dos tesouros do céu. Que bênçãos você deseja neste jejum? Es-
tenda a sua mão! Você consegue crer? Vejamos então os signifi-
cados de estender a mão.

a) Estender a mão é se abrir para Deus e Suas bênçãos


Talvez você ainda esteja pensando: “Eu não consigo crer, a
minha mão está mirrada, a minha fé está ressequida”. Mas o
Senhor apenas diz: “Estenda-a”. Estender significa se abrir, que-
rer receber. Se você se abre para Deus, Ele entra em você. Se você
se achega a Deus, Ele, por sua vez, também se achegará a você.

b) Estender a mão significa se apropriar das bênçãos


Estender a mão significa se apropriar, pegar algo. A fé é isso:
é tomar posse, é dizer: “Agora essa bênção é minha”. A parte de
Deus é dar, a sua é se apropriar da bênção. Hoje é um dia de
milagre. A sua fé será alargada para coisas grandes.
A sua oração agrada a Deus. Por isso, não tenha receio de orar
por grandes coisas, porque o nosso Deus é grande e tem prazer
em fazer coisas grandes. Se você orar, pedir e crer por coisas
20 grandes, você verá coisas grandes. Você determina o tamanho da
bênção. Nada é maior do que o nosso Deus. Nossa necessidade
é um conta-gotas, a provisão dEle é um oceano inteiro.

c) Estender a mão mostra disposição de exercitar a fé


Hoje, meu querido, é dia de você estender a sua mão – ainda
que mirrada, mesmo com a fé pequena – para crer por coisas
CURANDO A FÉ RESSEQUIDA

grandes, porque o Senhor é poderoso para fazer infinitamente


mais. Ele pode fazer além. Se você pensa que sua bênção é algo
muito grande, Deus é ainda muito maior.
Saia da pequenez e da mediocridade, pare de limitar Deus,
pare de colocá-lO em sua forminha incrédula. Creia em coisas
grandes, porque Deus é grande. Deus é honrado quando nós
oramos por coisas grandes, com sonhos grandes e profundos.
Não falo de sonhos da carne, cheios de presunção, de orgulho
ou de arrogância humana, mas de corações cheios, desejosos de
ver a glória de Deus, de ver o poder de Deus manifestando-se.
Quem estender a mão para o Senhor nestes dias terá a sua fé
restaurada. Sem fé nada acontecerá. Se você não crer, não recebe-
rá nada de Deus. Sem fé é impossível agradar a Deus.
Hoje é um dia em que você deve exercitar sua fé. O Senhor
apenas lhe diz: “Estenda a sua mão”. Estender é apropriar-se,
mas também é entregar-se. É dizer: “Senhor eu não posso, mas
o Senhor pode”. Quando você faz apenas menção de estender a
mão, o Senhor vem ao seu encontro e estica cada um dos dedos
da sua mão da fé. E esses dedos se tornam como tentáculos,
grandes e poderosos. Sua mão se torna forte, robusta, capaz de
segurar, reter, conter a bênção de Deus. Se a sua mão da fé está
mirrada, ela será curada hoje no nome de Jesus. Hoje é dia de
exercitar a fé, para restaurar sonhos, restabelecer alvos, retomar
projetos e avançar.
E a palavra de Deus que fica para nós hoje é essa: “Estenda a
mão”. Quando você estender a mão, ela será curada em nome
do Senhor Jesus.

Como está sua fé? Ela tem estado ressequida? Em que sua 21
vida não tem sido abundante? Em sua vida espiritual, tem
havido frutos?
Você acredita nas promessas de bênçãos que Deus tem para
sua vida? Você crê em Sua Palavra?
Exerça a fé e declare, em oração, que cada uma das promes-
sas de Deus pertence a você. Aproprie-se de cada uma delas
para a sua vida hoje e caminhe em vitória.
CURANDO A FÉ EM 21 DIAS

22
PRINCÍPIOS DE FÉ

2ºdia
Princípios de fé

E esse viver que, agora, tenho na carne, vivo pela fé no Filho


de Deus, que me amou e a si mesmo se entregou por mim.
(Gl 2.20)

Em tempos de jejum precisamos aprender a exercitar a nossa


fé. Fé é algo extremamente importante. A batalha para a qual
nós somos chamados é a batalha da fé. O bom combate é o
bom combate da fé. Toda a estratégia do diabo contra a sua vida
consiste em minar a sua fé, o que ele faz lançando dúvidas na sua
mente. Mas o diabo não lhe lança dúvidas à mente aparecendo
para você com um tridente na mão. Antes, ele fala em seu ouvi-
do, como se fosse você falando consigo mesmo. Ele faz isso para
que você pense que aquele pensamento, que ele está soprando,
procede de você mesmo.
23
A fé é chave. Se você não tem fé, como você pode avançar?
Quando o diabo consegue lançar dúvidas em seu coração, por
exemplo, a respeito do amor de Deus, o resultado é que você
ficará paralisado. Já não conseguirá orar mais, não conseguirá
crer por milagres porque agora há dúvida do amor de Deus.
Quem tem dúvidas do amor de Deus não conseguirá ter fé para
pedir coisa alguma.
CURANDO A FÉ EM 21 DIAS

Outras vezes a voz maligna atacando nossa mente tenta nos


levar a olhar para nós mesmos e a esquecermos da nossa justifi-
cação em Cristo. Nesse momento, você conclui falsamente que
precisa ser perfeito para receber algo de Deus e, naturalmente,
você se sente desqualificado e o resultado será a falta de fé para
ministrar diante de Deus. Tudo porque você aceitou a mentira
do diabo que diz ser necessário merecer para receber algo do céu.
Paulo diz coisas interessantes sobre a fé:
O viver que agora temos no corpo, devemos vivê-lo pela fé no
filho de Deus. (Gl 2.20) O justo vive pela fé, porque sem fé é
impossível agradar a Deus. (Hb 11.6)

A fé é a chave. Não estamos autorizados a julgar ninguém,


nem presumir quem tem fé ou não. Julguemo-nos a nós mes-
mos. Uma coisa, porém, é fato, é a incredulidade que nos impede
de recebermos mais de Deus. Há um oceano de provisões celestiais
à nossa disposição, mas não desfrutamos delas porque cedemos à
incredulidade em nossa mente. Aprender a exercitar fé é, portan-
to, vital para o nosso crescimento espiritual e para entrarmos na
posse de todas as bênçãos que já nos foram dadas por Deus. Veja-
mos então uma visão geral sobre a fé na Palavra de Deus.

1. O que é fé?
A verdadeira fé procede do coração e não da mente. Não
basta um mero assentimento mental é preciso aplicar o coração
para crer na Palavra de Deus. A Carta aos Hebreus, 11.1, diz que
“fé é a certeza de coisas que se esperam, a convicção de fatos que
se não vêem”. Portanto quem crê, não tem que forçar para crer.
A fé é simplesmente uma convicção, uma certeza. É como o pai
que, estando embaixo, diz ao filho, que está sobre o muro: “Pule,
filho! Pule!”. O filho precisa crer que o pai vai segurá-lo. Se seu
24 pai for digno de confiança, então ele pulará. Toda criança fica se
questionando: “Será que ele consegue me segurar? Será que ele é
forte o suficiente?”.
Esse é um bom teste para você fazer com o seu filho. Se o
garoto pular, será um bom sinal, significa que ele confia em
você o bastante para também aceitar sua instrução. Aquele que
não confia, também não aceita instrução. Você também terá
PRINCÍPIOS DE FÉ

que pular nos braços de Deus. Enquanto você não pular nos
braços dEle, você não conseguirá seguir Suas instruções. O Se-
nhor jamais decepcionou aqueles que esperam nEle. No verso 3
da Carta aos Hebreus, lemos:
Pela fé, os antigos obtiveram bom testemunho. Pela fé, enten-
demos que foi o universo formado pela palavra de Deus, de
maneira que o visível veio a existir das coisas que não aparecem.
(Hb 11.2,3)

É pela fé que você entende que o Universo foi formado pela


Palavra de Deus. Para o homem sem Deus, a vida foi simples-
mente um acidente cósmico e o Universo surgiu de uma explo-
são cósmica. Essa teoria é conhecida como teoria do Big Bang.
Eu vi um adesivo de carro muito interessante que dizia: “Deus
disse big e, então, bang”. Esse é o poder da Palavra de Deus.
Pela fé, Abel ofereceu a Deus mais excelente sacrifício do que
Caim; pelo qual obteve testemunho de ser justo, tendo a apro-
vação de Deus quanto às suas ofertas. Por meio dela, também
mesmo depois de morto, ainda fala. Pela fé, Enoque foi trasla-
dado para não ver a morte; não foi achado, porque Deus o
trasladara. Pois, antes da sua trasladação, obteve testemunho
de haver agradado a Deus. (Hb 11.4,5)

Enoque foi trasladado, não por ser melhor do que os outros,


mas porque, antes da sua trasladação, obteve testemunho de haver
agradado a Deus. E como ele agradou a Deus? Crendo. Agrada-
mos a Deus quando cremos.
De fato, sem fé é impossível agradar a Deus, porquanto é ne-
cessário que aquele que se aproxima de Deus creia que ele existe
e que se torna galardoador dos que o buscam. Pela fé, Noé,
divinamente instruído acerca de acontecimentos que ainda
não se viam e sendo temente a Deus, aparelhou uma arca para
a salvação de sua casa; pela qual condenou o mundo e se tor- 25
nou herdeiro da justiça que vem da fé. Pela fé, Abraão, quando
chamado, obedeceu, a fim de ir para um lugar que devia rece-
ber por herança; e partiu sem saber aonde ia. Pela fé, peregri-
nou na terra da promessa como em terra alheia, habitando em
tendas com Isaque e Jacó, herdeiros com ele da mesma promes-
sa; porque aguardava a cidade que tem fundamentos, da qual
Deus é o arquiteto e edificador. Pela fé, também, a própria Sara
CURANDO A FÉ EM 21 DIAS

recebeu poder para ser mãe, não obstante o avançado de sua


idade, pois teve por fiel aquele que lhe havia feito a promessa.
Por isso, também de um, aliás já amortecido, saiu uma posteri-
dade tão numerosa como as estrelas do céu e inumerável como
a areia que está na praia do mar. Todos estes morreram na fé,
sem ter obtido as promessas; vendo-as, porém, de longe, e
saudando-as, e confessando que eram estrangeiros e peregrinos
sobre a terra. Porque os que falam desse modo manifestam estar
procurando uma pátria. E, se, na verdade, se lembrassem da-
quela de onde saíram, teriam oportunidade de voltar. Mas,
agora, aspiram a uma pátria superior, isto é, celestial. Por isso,
Deus não se envergonha deles, de ser chamado o seu Deus,
porquanto lhes preparou uma cidade. (Hb 11.6-16)

Deus certamente se envergonha de algumas pessoas. Jesus disse


que “todo aquele que o confessar diante dos homens também Ele
o confessará diante do Pai” (Mt 10.32), mas aquele que se enver-
gonhar dEle, o Senhor também se envergonhará dele naquele dia.
Todavia, a Palavra de Deus diz que o Senhor não se envergonha de
alguns. E quem são estes? Aqueles que crêem. Quem crê honra a
Deus, porque que a fé honra a Deus chamando-O de verdadeiro.
Fé é simplesmente levar a sério o que Deus diz. Fé é tomar como
verdade o que Deus falou nas Escrituras, que é onde estão registradas
as Palavras de Deus. Em toda a Bíblia, por sete mil vezes se men-
ciona que Deus disse ou que Jesus disse. Se Ele disse, é promessa;
se é promessa, Ele cumprirá!
Deus se agrada daqueles que crêem. Talvez você deseje agra-
dar a Deus fazendo coisas, mas só agradamos a Deus realmente
quando cremos. Crer em quê? Crer nas Suas Palavras. Ao con-
trário do que muitos pensam, o primeiro pecado do homem
não foi a desobediência. Deus ordenou a Adão que não comesse
do fruto, caso contrário ele morreria. O diabo, porém, disse a
Eva: “É certo que não morrereis”. Eles tinham então duas vozes.
26 A serpente diz que não morre e o Senhor afirma que morre.
Assim o primeiro pecado do homem não foi só desobediência,
foi incredulidade. Adão não levou a sério o que Deus disse. E
você, crerá no que Deus diz ou no que a serpente diz? Eu já fiz a
minha escolha, se Deus diz eu creio.
Pela fé, Abraão, quando posto à prova, ofereceu Isaque; esta-
va mesmo para sacrificar o seu unigênito aquele que acolheu
PRINCÍPIOS DE FÉ

alegremente as promessas, a quem se tinha dito: Em Isaque


será chamada a tua descendência; porque considerou que
Deus era poderoso até para ressuscitá-lo dentre os mortos, de
onde também, figuradamente, o recobrou. Pela fé, igualmente
Isaque abençoou a Jacó e a Esaú, acerca de coisas que ainda
estavam para vir. Pela fé, Jacó, quando estava para morrer,
abençoou cada um dos filhos de José e, apoiado sobre a extre-
midade do seu bordão, adorou. Pela fé, José, próximo do seu
fim, fez menção do êxodo dos filhos de Israel, bem como deu
ordens quanto aos seus próprios ossos. Pela fé, Moisés, apenas
nascido, foi ocultado por seus pais, durante três meses, por-
que viram que a criança era formosa; também não ficaram
amedrontados pelo decreto do rei. Pela fé, Moisés, quando já
homem feito, recusou ser chamado filho da filha de Faraó,
preferindo ser maltratado junto com o povo de Deus a usu-
fruir prazeres transitórios do pecado; porquanto considerou
o opróbrio de Cristo por maiores riquezas do que os tesouros
do Egito, porque contemplava o galardão. Pela fé, ele aban-
donou o Egito, não ficando amedrontado com a cólera do
rei; antes, permaneceu firme como quem vê aquele que é
invisível. (Hb 11.17-27)

Essa frase é loucura para o mundo. Moisés estava firme por-


que ele estava vendo o invisível. Você consegue ver o invisível?
Só pela fé. Pela fé eu sei que eu estou Nele, me movo Nele e
existo Nele.
Pela fé, celebrou a Páscoa e o derramamento do sangue, para
que o exterminador não tocasse nos primogênitos dos israeli-
tas. Pela fé, atravessaram o mar Vermelho como por terra seca;
tentando-o os egípcios, foram tragados de todo. Pela fé, ruíram
as muralhas de Jericó, depois de rodeadas por sete dias. Pela fé,
Raabe, a meretriz, não foi destruída com os desobedientes,
porque acolheu com paz aos espias. E que mais direi? Certa-
mente, me faltará o tempo necessário para referir o que há a 27
respeito de Gideão, de Baraque, de Sansão, de Jefté, de Davi,
de Samuel e dos profetas, os quais, por meio da fé, subjugaram
reinos, praticaram a justiça. (Hb 11.28-33)

O Senhor diz que eles praticaram a justiça. Até a vida cristã


só pode ser praticada por fé. Incrédulos vivem na carne, estão
sempre afirmando que ninguém consegue praticar a justiça,
CURANDO A FÉ EM 21 DIAS

vivem reclamando que a mensagem da Igreja é difícil demais.


Essas atitudes são um sinal de incredulidade, pois é pela fé que
praticamos a justiça. Como posso ter uma atitude perdoadora?
Pela fé. Como posso ter o amor pelos homens? Pela fé. Como
posso ter uma conduta santa? Pela fé.
Obtiveram promessas, fecharam a boca de leões, extinguiram a
violência do fogo, escaparam ao fio da espada, da fraqueza
tiraram força, fizeram-se poderosos em guerra, puseram em
fuga exércitos de estrangeiros. Mulheres receberam, pela res-
surreição, os seus mortos. Alguns foram torturados, não acei-
tando seu resgate, para obterem superior ressurreição; outros,
por sua vez, passaram pela prova de escárnios e açoites, sim, até
de algemas e prisões. Foram apedrejados, provados, serrados
pelo meio, mortos a fio de espada; andaram peregrinos, vesti-
dos de peles de ovelhas e de cabras, necessitados, afligidos,
maltratados (homens dos quais o mundo não era digno), er-
rantes pelos desertos, pelos montes, pelas covas, pelos antros da
terra. Ora, todos estes que obtiveram bom testemunho por sua
fé não obtiveram, contudo, a concretização da promessa, por
haver Deus provido coisa superior a nosso respeito, para que
eles, sem nós, não fossem aperfeiçoados. (Hb 11.34-40)

Nós estamos na plenitude dos tempos. Vivemos hoje o tem-


po do cumprimento das promessas nas quais esses homens cre-
ram há milhares de anos e pelas quais morreram, crendo e con-
fessando. A promessa que eles criam era a volta do Senhor. Aos
ouvidos de alguns, parece estranho essa frase que diz: “Ele vem,
Ele vem!”. Mas preste atenção, querido, Ele vem mesmo, e toda
a Terra se encherá do conhecimento e da glória de Deus, assim
como as águas cobrem o mar.
Deus, porém, tem algo para nós hoje também. Muitos não
têm porque não pedem; outros, porém, pedem, mas não rece-
28 bem porque não crêem; imaginam que seus pedidos sejam gran-
des demais e, dessa forma, diminuem o tamanho de Deus,
desonrando-O diante do mundo espiritual. Fale coisas grandes
a respeito do seu Deus. Peça coisas grandes e nobres que O
honrem. Creia por coisas que deixem as pessoas boquiabertas,
creia e as receberá. Que o chamem de louco, mas nunca dimi-
nua Deus aos olhos dos homens. Apenas a nossa fé honra a
Deus completamente.
PRINCÍPIOS DE FÉ

2. Você pode ter a fé de Abraão ou a fé de Tomé


A Bíblia mostra que podemos ter dois tipos de fé: a verda-
deira fé – que procede do coração – e a fé falsa – que não passa
de uma concordância mental. Alguns ouvem algo e apenas con-
cordam com o que dizemos. Se eu afirmar: “Deus cura!”, você
responderá: “Cura mesmo!”. Você concordou. Mas fé é algo
diferente, é mais que concordar. A verdadeira fé é algo que pro-
cede não meramente da mente, mas do coração.
Fé é uma atitude do coração, uma convicção. Quem sabe
que Deus cura tem uma postura, mas quem tem a convicção de
que Deus realmente cura manifesta outra atitude, que procede
do coração. Você pode ter a fé de Abraão ou a fé de Tomé. Qual
é a fé de Abraão? A Carta aos Romanos diz:
Ao que é da fé que teve Abraão (porque Abraão é pai de todos
nós, como está escrito: Por pai de muitas nações te constituí.),
perante aquele no qual creu, o Deus que vivifica os mortos e
chama à existência as coisas que não existem. (Rm 4.17)

Abraão esperou contra a esperança, contra a lógica, pois nin-


guém nunca havia ressuscitado. Mas, ainda assim, ele creu, para
vir a ser pai de muitas nações, segundo lhe fora dito. E o texto
de Romanos continua:
Abraão, esperando contra a esperança, creu, para vir a ser pai
de muitas nações, segundo lhe fora dito: Assim será a tua des-
cendência. E, sem enfraquecer na fé, embora levasse em conta
o seu próprio corpo amortecido, sendo já de cem anos, e a
idade avançada de Sara, não duvidou, por incredulidade, da
promessa de Deus; mas, pela fé, se fortaleceu, dando glória a
Deus, estando plenamente convicto de que ele era poderoso
para cumprir o que prometera. (Rm 4.18-21)
29
Abraão não viu, mas creu contra as evidências, esperou con-
tra a esperança, foi contra a lógica e até as leis naturais. Ele creu
contra tudo. Não viu nada e tampouco sentiu coisa alguma. A
Bíblia diz que ele até precisou se fortalecer na fé, glorificando a
Deus. Apesar de todas as evidências contrárias – ele sendo ve-
lho, sua esposa com o ventre já amortecido, não podendo ge-
rar – ainda assim ele creu e honrou a Deus. Essa é a fé dos que
CURANDO A FÉ EM 21 DIAS

recebem de Deus. Abraão creu sem ver. Isso honra a Deus, por-
que Abraão creu somente no que Deus havia dito. Mas há um
outro tipo de fé, a fé de Tomé. Tomé fez exatamente o oposto.
Ele disse que só creria se visse e tocasse a Jesus ressuscitado.
Ora, Tomé, um dos doze, chamado Dídimo, não estava com
eles quando veio Jesus. Disseram-lhe, então, os outros discí-
pulos: Vimos o Senhor. Mas ele respondeu: Se eu não vir
nas suas mãos o sinal dos cravos, e ali não puser o dedo, e
não puser a mão no seu lado, de modo algum acreditarei.
(Jo 20.24,25)

Depois de colocar o dedo nas feridas dos cravos e no lado de


Jesus, você não precisa mais de fé. A fé é a convicção de coisas
que se não vêem, mas aquele que é do time de Tomé tem que
ver primeiro para começar a crer.
Alguém outro dia me disse: “Pastor, eu vi um milagre! Agora
eu sei que Deus cura!”. Eu lhe respondi: “Espera aí, agora que
viu a cura, você resolve crer que Deus cura?”. Essa não é a fé do
Novo Testamento. Eu não creio em curas porque eu vi alguém
sendo curado, mas porque Deus disse que é o “Senhor que nos
cura”. Eu creio é na Sua Palavra. Há coisas que eu não vi ainda, e
mesmo assim, eu creio. Ainda não vi um morto sendo ressusci-
tado, todavia eu creio que Deus é poderoso para fazê-lo. Eu sei
que sempre haverá o pessoal do tipo de Tomé na igreja, aqueles
que ficam esperando que algo aconteça para então começarem a
crer, mas os vencedores são aqueles que manifestam a fé do tipo
de Abraão.

3. Há três tipos de fé na Bíblia


Há três tipos de fé na Palavra de Deus: a fé para salvação, o
30 dom da fé e a fé para a vida cristã.

a) A fé para a salvação
O primeiro tipo de fé é a que recebemos para a salvação.
Porque pela graça sois salvos, mediante a fé; e isto não vem de
vós; é dom de Deus; não de obras, para que ninguém se glorie.
(Ef 2.8,9)
PRINCÍPIOS DE FÉ

A salvação é um dom de Deus, mas essa fé inicial para a salva-


ção também é parte da graça maravilhosa de Deus plantada em
nós. Você não poderia ter crido para a salvação, pois você estava
morto no pecado. Apesar de não ter provas ou evidências, al-
guém pregou para você e aquelas palavras de alguma forma to-
caram você, levando-o a crer. E, então, por ter crido em Cristo,
você foi salvo. Essa fé inicial é a fé para salvação.

b) O dom da fé
O segundo tipo de fé é o dom da fé. Paulo diz que o Espírito
concede muitos dons e um deles é o dom da fé (1Co 12.9).
Muitos irmãos possuem esse dom.
Que características possui quem tem o dom da fé? Ele é al-
guém que transmite fé aos outros, ou seja, quando ele ministra,
a fé não fica só com ele, mas passa para os outros; quando eles
crêem, não crêem só para si, eles conseguem levantar a fé dos
outros. Aquele que possui o dom da fé não é necessariamente
alguém que faz milagres, mas é alguém que desperta a fé nos
outros para que recebam o milagre.

c) A fé para a vida cristã


A fé para a vida cristã é a fé para crescer em Deus, para vencer
o diabo e subjugar as obras da carne. É essa fé que nos permite
ver o cumprimento das promessas da Palavra de Deus.
Testemunhamos da nossa fé não somente com nosso caráter
ou nossa conduta santa. Também testemunhamos quando te-
mos fé e as pessoas testemunham que realmente Deus tem ouvi-
do as nossas orações. Alguns crentes vivem uma vida correta,
mas se conformam que ela seja miserável, sem a provisão e as
bênçãos do céu. É um precioso testemunho quando as pessoas
ao nosso redor dizem: “Olha o milagre que Deus fez na vida
dela! Olha como a bênção de Deus tem vindo e como ela tem 31
prosperado!”. Quando isso acontece é testemunho para os in-
crédulos. É importante ter caráter, mas também é fundamental
dar testemunho de fé.
Não fique esperando que outros creiam por você. Levante-se
como vencedor e guerreie as guerras que o Senhor tem colocado
diante de você. Apenas confesse: “Eu sou mais do que vencedor
CURANDO A FÉ EM 21 DIAS

por meio daquele que me amou” (Fp 4.13). Comece a guerra


dizendo: “Eu já venci! O diabo está derrotado, ele não pode me
vencer”. Essa é postura que o Senhor deseja.

4. A diferença entre fé e esperança


Agora, pois, permanecem a fé, a esperança e o amor, estes três;
porém o maior destes é o amor. (1Co 13.13)

Muitos irmãos confundem fé com esperança, mas elas não


são a mesma coisa. Uma coisa é esperar a bênção de Deus, outra
coisa é crer pela bênção. Paulo disse que três coisas permanecem:
a fé, a esperança e o amor. O amor é o caminho pelo qual a fé
caminha. A fé diz respeito ao tempo presente e crê como se já
tivesse acontecido, enquanto a esperança diz respeito ao tempo
futuro. Fé é simplesmente dizer o que Deus diz em Sua Palavra.
Fé é concordar com Deus.
Há três coisas que ficam para a eternidade: fé, esperança e
amor. Mas alguém pode questionar: “Eu vou precisar de fé de-
pois que morrer?”. Certamente vai. Você está sendo treinado
hoje para crescer em fé, porque precisará ter fé também na gló-
ria. Mas alguém ainda pode replicar: “Ah, mas, se os meus olhos
virem a Deus, eu não precisarei mais exercitar a fé”. Raciocine
comigo e imagine que você está agora no céu, diante do trono, e
Deus está ali assentado em Seu trono. É tudo glorioso, maravi-
lhoso, sensacional, é indescritível, é tudo o que você não é nem
capaz de imaginar, todavia você está lá, está vendo Deus. Mas
qual é a prova de que aquele que você está vendo é realmente o
único Deus? Não há prova. Para ter certeza, você precisaria viajar
por todo o universo à procura de outros deuses. Mas, enquanto
você estivesse investigando o lado norte do universo, Deus po-
deria estar ao sul. Então, você precisaria ser capaz de checar todo
32 o universo ao mesmo tempo. Supondo que você conseguisse,
depois de fazê-lo, poderia ainda ser o caso de ter existido um
outro deus no passado ou, quem sabe, poderia ainda vir a surgir
outro no futuro. Aí outro problema, seria necessário conhecer
todas as épocas para ter certeza de que em nenhum tempo hou-
ve ou haverá outro deus. Você percebe que essa é uma impossi-
bilidade? Você teria de ser Deus para provar que há um único
Deus. Ou seja, nem no céu você terá provas, será preciso crer,
PRINCÍPIOS DE FÉ

por isso a fé permanece. Se você não crer hoje, também não


crerá lá na glória.
Vivemos hoje uma época em que muitas pessoas estão
convencidas da existência de seres extraterrestres. O inimigo tem
preparado a mente das pessoas para que, quando Jesus vier nas
nuvens com os seus anjos, as pessoas pensem que se trata de
alguma invasão alienígena. Jesus vem montado em um cavalo
branco, mas honestamente não creio que seja um cavalo natural,
mas um meio de transporte parecido com um. E, quando as
pessoas virem, elas dirão: “Olha lá! É um alienígena, veja a nave
espacial dele!”. É claro que, aos olhos naturais, será meramente
isso. Mas os olhos espirituais daquele que crê verão algo além. A
Bíblia diz que Ele vem e todo olho O verá. Mas nem todo olho
acreditará. Por isso a fé permanece.
Exercitar a fé hoje é fundamental. Um problema que aparece
é apenas uma ocasião de Deus para você exercitar a sua fé. Mas
muitos de nós corremos logo atrás da ajuda do homem, sem
antes buscar a Deus. Fazendo isso, você perde a oportunidade
para crescer em fé e ver o poder de Deus. Busque a Deus!
Sua fé tem que ser fortalecida para você poder responder a
Deus. Eu sei em quem tenho crido. Eu tenho uma história com
Deus. Há memoriais de Deus na minha vida, das vitórias e das
extraordinárias obras que Ele fez em mim e através de mim. Eu
tenho andado com Deus no decorrer dos meus dias e tenho
visto que Ele é Deus, e Ele ouve a oração. Se você não tem um
memorial dos feitos de Deus em sua vida, fica difícil responder
às acusações do maligno. É difícil se apegar à Palavra quando ela
ainda não se fez realidade em sua vida. A Palavra deve se fazer
visível na sua história.

5. Como podemos obter fé?


Deus pode nos ministrar fé de muitas formas, mas basica- 33
mente obtemos fé de três formas: pela Palavra de Deus, pela
oração no espírito e testemunhando os feitos de Deus.

a) Pela Palavra de Deus


E, assim, a fé vem pela pregação, e a pregação, pela palavra de
Cristo. (Rm 10.17)
CURANDO A FÉ EM 21 DIAS

Alguns cristãos acham que é perda de tempo ir ao culto, mas


os cultos são importantes, neles nós ouvimos a Palavra. Se você
ouvir com o coração aberto, a fé será acrescentada ao seu cora-
ção. Muitos querem ser crentes sozinhos em casa. Mas isso não
é apropriado por vários motivos. Primeiro, porque não deve-
mos deixar de nos congregar, o que é um mandamento bíblico,
como diz Hebreus: “não deixemos de congregar-nos, como é
costume de alguns” (Hb 10.25). Precisamos estar juntos para
sermos contagiados com o fogo uns dos outros e também para
sermos guardados pela comunhão. Há uma unção individual e
há uma unção coletiva. A unção individual é uma bênção, mas a
unção coletiva é maior. A provisão de Deus está tanto na unção
individual em sua casa quanto na unção que recebemos quando
nos reunimos.
Há algo que Deus faz quando estamos juntos, que Ele não
faz em você sozinho, na sua casa. Evidentemente não era pro-
pósito de Deus que o cristianismo fosse vivido sozinho, indi-
vidualmente, isolado. O propósito do Senhor é que nós nos
reunamos, porque cada reunião é um testemunho espiritual.
Cada reunião é uma dose de unção e de fé em sua vida. A fé
vem pelo ouvir. Você quer que sua fé cresça? Então comece a
ouvir a Palavra. Compre CDs para ouvir no carro; compre a
Bíblia gravada e ouça, ouça a Palavra nos cultos, nas reuniões,
ouça na célula, ouça no compartilhamento, ouça. É pela Pala-
vra que a fé vem.

b) Orando em línguas
Vós, porém, amados, edificando-vos na vossa fé santíssima,
orando no Espírito Santo. (Jd 20)

A segunda forma de edificarmos a nossa fé é orando no Espí-


34 rito. Orar no Espírito Santo é o mesmo que orar em línguas.
Paulo diz que devemos orar em todo tempo no Espírito (Ef
6.18). A palavra “espírito” usada aqui não tem letra maiúscula
no original. Os tradutores não sabiam se a palavra se referia ao
espírito humano ou ao Espírito Santo. Todavia, isso é irrelevante
pois, quando nos convertemos, o nosso espírito foi unido ao
Espírito Santo, amalgamado, de tal maneira que o nosso espíri-
to e o Espírito de Deus, agora, são um.
PRINCÍPIOS DE FÉ

Mas ainda não está claro se orar no espírito é orar em línguas.


Paulo nos esclarece isso: “Porque, se eu orar em outra língua, o
meu espírito ora de fato, mas a minha mente fica infrutífera” (1Co
14.14). Quado oramos em línguas estamos orando no espírito. A
nossa mente não entende, mas o nosso espírito recebe. Judas diz
que, quando você ora no espírito, você edifica a sua fé. Já prova-
mos que orar no espírito é orar em línguas, portanto orar em
línguas tem poder espiritual para edificar a nossa fé.
No dia em que você é batizado no Espírito Santo, você rece-
be a habilidade divina de falar em línguas. A vontade de Deus é
que você ore em línguas freqüentemente e exercite o seu espírito
edificando a sua fé. O seu espírito precisa ser exercitado. Como
é que você terá fé se o seu espírito não é exercitado? Alguns não
conseguem ter fé porque vivem o tempo inteiro no nível natu-
ral. A fé é também edificada pelo orar em línguas.

c) Testemunhando o resultado da fé
Depois de vermos a manifestação do que temos buscado, a
nossa fé cresce para enfrentarmos desafios ainda maiores. A fé é
desenvolvida quando a vemos funcionando. Quanto mais você
exercita a fé, mais a vê funcionando e, conseqüentemente, crerá
por coisas ainda maiores. É como um exercício. Depois de nos
exercitarmos em uma atividade, podemos fazer coisas que antes
não fazíamos e nos sentimos encorajados a coisas ainda maiores.
Este é o círculo virtuoso da fé: quanto mais vemos a fé funcio-
nando, mais temos fé para exercitá-la no futuro.

Há alguma área em sua vida que tem sido atingida pela


incredulidade? Que mentiras o diabo tem falado para para- 35
lisar a sua fé?
Você tem confiado em Deus a ponto de andar segundo os
Seus mandamentos? Você crê e vive de acordo com a Pala-
vra? A sua fé é segundo a fé de Abraão ou de Tomé?
Decida ver o invisível através da fé. Chame à existência em
sua vida as promessas de Deus. Peça, creia e receba o que
você tem pedido ao Senhor.
CURANDO A FÉ EM 21 DIAS

36
COMO DESENVOLVER E GUARDAR A FÉ

3ºdia
Como desenvolver e guardar a fé

A fé não é algo pronto, estático. Ela deve ser desenvolvida e


guardada. Neste capítulo veremos como é possível desenvolver
e guardar a nossa fé para que ela não seja fraca nem seja roubada.

1. Conhecendo a Palavra
E, assim, a fé vem pela pregação, e a pregação, pela palavra de
Cristo. (Rm 10.17)

A nossa fé é proporcional ao nosso conhecimento da Palavra.


Você não pode ter fé a não ser que você tenha a Palavra. A fé é
pelo ouvir, por isso, antes de orar, você deve se embasar na pala-
vra que está escrita. Se não estiver escrito, você não terá fé para
obter o que está pedindo. Se o Senhor não disse em Sua Palavra,
você não pode exercitar a fé naquela direção, porque a fé é sem- 37
pre baseada no que Deus disse.
Você lê a Bíblia todos os dias? Se não a lê, você continuará
sendo um filho amado de Deus do mesmo jeito, mas estará per-
dendo algo. Sua fé não estará se desenvolvendo, virão situações
diante de você e não haverá fé consistente para enfrentar a crise.
Haverá dias em que você carregará pesos e – sem o alimento da
CURANDO A FÉ EM 21 DIAS

Palavra – você fraquejará, por não estar sendo nutrido pelo ali-
mento da Palavra. Por isso é tão importante conhecer a Palavra
de Deus.
Para alguns a Palavra de Deus é apenas um tipo de amuleto,
que deve ser deixada aberta na estante da sala. Outros a usam
como um “baralho de adivinhação”. Quando querem ouvir de
Deus, abrem a Bíblia e julgam que o “versículo tirado” seja uma
Palavra de Deus para eles; são levados a viver um tipo de “quiro-
mancia evangélica”, tirando sempre uma carta de dentro do “ba-
ralho bíblico”. Muitos dirão que ouviram Deus dessa forma.
Possivelmente seja verdade. Deus foi forçado a falar com a pes-
soa assim porque não houve outro meio. Deus falou com Balaão
através da mula, mas, o Senhor agiu assim porque não havia
outro meio.
Mas não é necessário continuar assim. Não é o melhor de
Deus. Quem lê a Bíblia e já está familiarizado com a Palavra não
precisa colocar o dedo a esmo, ele já sabe onde está escrito e sabe
onde está a provisão para sua necessidade. Quando a circunstân-
cia vem, ele vai direto ao texto e o confessa, apropriando-se do
que está escrito, pois sabe que a verdade é para ele. Deus quer
que você se familiarize e conheça as promessas que Ele tem para
você. A Bíblia é também chamada de Testamento por ser a he-
rança de Deus para você. Por isso conheça a sua herança e apro-
prie-se dela.

2. Praticando a Palavra
Portanto, despojando-vos de toda impureza e acúmulo de mal-
dade, acolhei, com mansidão, a palavra em vós implantada, a
qual é poderosa para salvar a vossa alma. Tornai-vos, pois, pra-
ticantes da palavra e não somente ouvintes, enganando-vos a
38 vós mesmos. (Tg 1.21,22)

A salvação mencionada no texto acima não trata da salvação


do inferno. Salvar aqui significa restaurar, edificar, curar e trans-
formar. A ordem bíblica é para que nos tornemos praticantes da
Palavra, não somente ouvintes, enganando a nós mesmos. O
Senhor quer que sejamos praticantes. Quando você pratica a
Palavra a fé aumenta. A obediência tem poder de gerar fé em
COMO DESENVOLVER E GUARDAR A FÉ

você. Quando você obedece, surge uma ousadia enorme em sua


vida. Você se levanta com outra postura. O inferno treme diante
daquele que pratica a Palavra.
Quando falamos sobre praticar a Palavra, não se confunda,
não nos referimos unicamente à prática dos 10 mandamentos.
Muitos imaginam que praticar a Palavra é unicamente não matar,
não roubar, não cobiçar a coisa alheia, não beber, não fumar e
nem trair a esposa. Praticar a Palavra vai mais além. Praticar a
Palavra é fazer tudo o que ela diz faça, e não fazer tudo o que ela
diz para não fazer. Para isso, evidentemente eu preciso conhecê-la.
Andar em linha com os princípios de Deus não é meramente
ser um bom cidadão, não usar drogas, não fumar, não trair a
mulher e nem matar. Essas coisas qualquer bom cidadão faz.
Agora, abençoar os que nos perseguem, dar a outra face a quem
nos bateu ou entregar também o relógio a quem queria roubar a
aliança, essas são coisas que vão além. Somente quem tem fé
pode praticar tais coisas.
Há situações que geram uma fé e uma unção impressionan-
tes em você. Toda tentação é uma oportunidade de você crescer
em unção e autoridade. A obediência gera fé e traz unção. A
verdadeira obediência ocorre quando ninguém está vendo e, ainda
assim, você decide honrar a Deus obedecendo a Sua Palavra.
Qual é a sua postura quando a tentação vem? Quando está
todo mundo vendo, somos protegidos pelos irmãos. Mas e se
você estiver sozinho numa hora dessas? Todos temos a oportu-
nidade de provar que somos homens e mulheres de Deus e que
levamos a sério a nossa fé. É triste a história de quem vive uma
vida dupla. Estão sempre amedrontados e receosos de que al-
guém descubra algo de suas vidas. Eu acordo de manhã, tran-
qüilo, ergo mãos santas para o santuário, não tenho receio de
nada porque tenho escolhido ter uma vida única diante de Deus. 39
Só uma vida diante de Deus, não duas. Não tenho que me pre-
ocupar em ocultar nada.
Como é triste ver irmãos na escravidão do segredo. O segre-
do é uma prisão, um fardo insuportável. Você foi chamado para
viver em paz, dormir tranqüilo, sair pelas ruas sem ter que ficar
olhando para o lado. Não importa onde estou ou o que estou
CURANDO A FÉ EM 21 DIAS

fazendo, eu estou em paz, porque eu quero é praticar a Palavra


de Deus. Estou em paz porque resolvi ter uma vida só. Essa paz
me leva a ter ousadia para exercitar a fé.

3. Confessando a Palavra
Porque com o coração se crê para justiça e com a boca se confes-
sa a respeito da salvação. (Rm 10.10) Porque em verdade vos
afirmo que, se alguém disser a este monte: Ergue-te e lança-te
no mar, e não duvidar no seu coração, mas crer que se fará o que
diz, assim será com ele. (Mc 11.23)

A confissão da Palavra também gera fé, que, por sua vez, é


fortalecida quando você a confessa. A obra de Deus na sua vida
implica em você abrir a boca e falar. O silêncio tem o seu lugar,
quando se relaciona com homens; mas, quando se relaciona com
Deus e o mundo espiritual, há o momento em que você precisa
abrir a sua boca.
A Carta aos Romanos diz que a salvação é para aquele que
confessa (Rm 10.10), ou seja, uma pessoa só pode ser salva se ela
abrir a boca e confessar a Jesus. Pouco antes, Paulo disse: “Se
com a tua boca confessares...” – qual o resultado? – “...serás
salvo” (Rm 10.9). Para ser salvo, é necessário abrir a boca e de-
clarar: “Eu creio que Jesus é o Senhor, creio que Ele morreu na
cruz pelos meus pecados, creio que Ele ressuscitou e me salva
agora!”. Se você confessar isso diante dos homens, diz a Bíblia,
você será salvo. Não há como ser salvo em silêncio. Você pode
até ter uma experiência de convencimento e de convicção de
pecado, mas a salvação genuína só acontece quando você abre a
boca e confessa a Jesus.
O texto bíblico diz: “Com o coração se crê... e com a boca se
40 confessa...”(Rm 10.10). Essa dupla é inseparável. Não adianta
só o coração crer, a boca tem que confessar. Por outro lado, não
adianta só a boca confessar se o coração não crer. As duas coisas
caminham juntas.
Jesus disse: “Se você crer e disser a este monte, ergue-te e lança-
te no mar, assim acontecerá!” (Mc 11.23). Então, é preciso dizer
ao monte, é preciso abrir a boca. Não há como ter espiritualidade
COMO DESENVOLVER E GUARDAR A FÉ

em silêncio. Devemos evitar falar coisas erradas, mas das coisas


certas, que edificam, devemos falar o tempo inteiro.
Confessar a Palavra edifica e enche de fé o ambiente ao seu
redor. Não que a sua palavra humana tenha poder, ela pode poucas
coisas; mas a Palavra de Deus tem muito poder. E ela, na sua
boca, tem um poder miraculoso.
Todavia, algumas pessoas levam a confissão ao extremo.
Minha mãe certa vez viu uma criança subindo em uma árvore e,
então, ela disse à criança: “Desça daí, senão você vai cair”. A mãe
da criança repreendeu minha mãe imediatamente, dizendo que
ela não fizesse tal afirmação pois aquilo era uma confissão e a
filha se machucaria por culpa da minha mãe. Então a mãe da
criança disse: “Minha filha, em nome de Jesus, não suba nesta
árvore. Se você não subir, você não vai cair, em nome de Jesus”.
Esse extremismo é tolo. Não é isso o que a Bíblia ensina. O
Senhor quer que tenhamos uma confissão apropriada a respeito
de nós mesmos e a respeito das circunstâncias. Você precisa ser
homem (ou mulher) de Deus em qualquer circunstância. Quan-
do vier o problema, seja o primeiro a declarar que Deus é maior
que as circunstâncias. A dificuldade é grande, mas há o Deus
vivo. Isso é que muda o ambiente, não apenas ficar se lamuriando.
Alguns não oram, apenas se lamuriamencontra-lá. O que toca a
Deus não é o sua lamúria ou sofrimento, mas sim a sua fé. Você
precisa confessar: “Eu sou filho de Deus, fui justificado pela fé,
eu fui salvo, gerado pela Palavra, eu sou co-herdeiro com Cristo
e vou entrar na posse da minha herança toda”.

4. Compreendendo o novo nascimento


E, assim, se alguém está em Cristo, é nova criatura; as coisas
antigas já passaram; eis que se fizeram novas. (2Co 5.17)
41
Muitos cristãos não crescem mais na fé porque não têm en-
tendimento a respeito do novo nascimento. Não entendem que
em Cristo são novas criaturas.
Você é nova criatura? Porque você afirma que é uma nova
criatura? Você sente isso? Ou você afirma que é nova criatura
porque a Palavra de Deus o diz? Se você está em Cristo, você é
CURANDO A FÉ EM 21 DIAS

nova criatura. Se você creu com o coração e confessou com a


boca, a Bíblia afirma que você foi enxertado em Cristo e, agora,
é uma ramo da videira, um ramo de Cristo. Ele é a videira ver-
dadeira e, estando nEle, você desfrutará da seiva que passa pelo
tronco; a natureza do tronco é a sua natureza. Você está em Cris-
to, então é nova criatura.
Tudo o que diz respeito a Ele, diz respeito a você. A posição
dEle é a sua posição e a autoridade dEle é a sua autoridade. É a
Palavra de Deus que declara que, se nós estamos em Cristo, so-
mos novas criaturas.
Muitos cristãos não têm fé para avançar por ficar o tempo
todo olhando a própria condição e, segundo o que percebem,
nunca estarão qualificados para coisa alguma. Não avançam por-
que estão olhando para o seu próprio mérito. Mas o que você
tem que fazer é dizer o que Cristo já fez, ou seja, que Cristo é a
sua justiça, Ele é a sua santidade.
Quando oramos com base em nossa justiça própria, a nossa fé
se esvai; não conseguimos crer para coisas maiores porque conclu-
ímos que não merecemos. O grande impedimento que o diabo
coloca na mente das pessoas é o merecimento. Saiba que, defini-
tivamente, não merecemos coisa alguma, tudo o que temos é por
Cristo e Sua graça. É uma questão de legalidade, você agora é
filho de Deus. E os filhos têm direito de entrar em todos os cô-
modos da casa, podem entrar na despensa e pegar tudo o que
necessitam. Não porque merecem, mas porque são filhos. Tudo
lhes pertence. Entenda isto, você é herdeiro. Quando você for
orar, vá com essa postura diante de Deus. É essa postura de fé que
O agrada, porque é fé baseada no que está escrito em Sua Palavra.

5. Compreendendo a nossa posição em Cristo


42
Por último, você tem que entender a sua nova posição em
Cristo. Sugiro que pegue a sua Bíblia, vamos passear pela Pala-
vra de Deus. A Bíblia nos fala várias vezes de nossa nova posição,
e faz isso usando a expressão “em Cristo”. Nós estamos nEle, o
que significa que tudo o que diz respeito a Ele também diz res-
peito a nós. Vamos confessar agora alguns versículos que reme-
tem à sua nova posição em Cristo.
COMO DESENVOLVER E GUARDAR A FÉ

Pois nele vivemos, e nos movemos, e existimos, como alguns


dos vossos poetas têm dito: Porque dele também somos gera-
ção. (At 17.28)

Ou, porventura, ignorais que todos nós que fomos batizados em


Cristo Jesus fomos batizados na sua morte? (Rm 6.3)

Agora, pois, já nenhuma condenação há para os que estão em


Cristo Jesus. Porque a lei do Espírito da vida, em Cristo Jesus, te
livrou da lei do pecado e da morte. (Rm 8.1,2)

Porque eu estou bem certo de que nem a morte, nem a vida,


nem os anjos, nem os principados, nem as coisas do presente,
nem do porvir, nem os poderes, nem a altura, nem a profundi-
dade, nem qualquer outra criatura poderá separar-nos do amor
de Deus, que está em Cristo Jesus, nosso Senhor. (Rm 8.38,39)

À igreja de Deus que está em Corinto, aos santificados em Cristo


Jesus, chamados para ser santos, com todos os que em todo
lugar invocam o nome de nosso Senhor Jesus Cristo, Senhor
deles e nosso... (1Co 1.2)

Sempre dou graças a meu Deus a vosso respeito, a propósito da


sua graça, que vos foi dada em Cristo Jesus; porque, em tudo,
fostes enriquecidos nele, em toda a palavra e em todo o conheci-
mento. (1Co 1.4,5)

Mas vós sois dele, em Cristo Jesus, o qual se nos tornou, da parte de
Deus, sabedoria, e justiça, e santificação, e redenção. (1Co 1.30)

Graças, porém, a Deus, que, em Cristo, sempre nos conduz em


triunfo e, por meio de nós, manifesta em todo lugar a fragrân-
cia do seu conhecimento. (2Co 2.14)

E, assim, se alguém está em Cristo, é nova criatura; as coisas


antigas já passaram; eis que se fizeram novas. (2Co 5.17) 43

Aquele que não conheceu pecado, ele o fez pecado por nós;
para que, nele, fôssemos feitos justiça de Deus. (2Co 5.21)

Conheço um homem em Cristo que, há catorze anos, foi arreba-


tado até ao terceiro céu (se no corpo ou fora do corpo, não sei,
Deus o sabe). (2Co 12.2)
CURANDO A FÉ EM 21 DIAS

Para que a bênção de Abraão chegasse aos gentios, em Jesus


Cristo, a fim de que recebêssemos, pela fé, o Espírito prometi-
do. (Gl 3.14)

Pois todos vós sois filhos de Deus mediante a fé em Cristo Jesus;


porque todos quantos fostes batizados em Cristo de Cristo vos
revestistes. Dessarte, não pode haver judeu nem grego; nem
escravo nem liberto; nem homem nem mulher; porque todos
vós sois um em Cristo Jesus. (Gl 3.26-28)

Bendito o Deus e Pai de nosso Senhor Jesus Cristo, que nos tem
abençoado com toda sorte de bênção espiritual nas regiões celestiais
em Cristo, assim como nos escolheu nele antes da fundação do
mundo, para sermos santos e irrepreensíveis perante ele; e em
amor... (Ef 1.3,4)

Para louvor da glória de sua graça, que ele nos concedeu


gratuitamente no Amado, no qual temos a redenção, pelo seu
sangue, a remissão dos pecados, segundo a riqueza da sua
graça... (Ef 1.6,7)

E, juntamente com ele, nos ressuscitou, e nos fez assentar nos


lugares celestiais em Cristo Jesus. (Ef 2.6)

Mas, seguindo a verdade em amor, cresçamos em tudo naquele


que é a cabeça, Cristo. (Ef 4.15)

E o meu Deus, segundo a sua riqueza em glória, há de suprir,


em Cristo Jesus, cada uma de vossas necessidades. (Fp 4.19)

No qual temos a redenção, a remissão dos pecados. (Cl 1.14)

Ora, como recebestes Cristo Jesus, o Senhor, assim andai nele.


(Cl 2.6)
44
Também, nele, estais aperfeiçoados. Ele é o cabeça de todo prin-
cipado e potestade. Nele, também fostes circuncidados, não
por intermédio de mãos, mas no despojamento do corpo da
carne, que é a circuncisão de Cristo. (Cl 2.10,11)

Tu, pois, filho meu, fortifica-te na graça que está em Cristo


Jesus. (2Tm 2.1)
COMO DESENVOLVER E GUARDAR A FÉ

Por esta razão, tudo suporto por causa dos eleitos, para que
também eles obtenham a salvação que está em Cristo Jesus, com
eterna glória. (2Tm 2.10)

Separe um tempo do seu dia de hoje para ouvir a pregação


da Palavra de Deus.
Pratique a Palavra que você ouviu.
Confesse um texto da Palavra, de preferência relativo à vi-
tória sobre os alvos de seu jejum.
Confesse os versículos descritos neste capítulo (compreen-
dendo a nossa posição em Cristo) e se aproprie daquilo que
eles dizem a seu respeito.

45
CURANDO A FÉ EM 21 DIAS

46
A CRISE DA FÉ

4ºdia
A crise da fé

Caminharam e vieram a Moisés, e a Arão, e a toda a congre-


gação dos filhos de Israel no deserto de Parã, a Cades; deram-
lhes conta, a eles e a toda a congregação, e mostraram-lhes o
fruto da terra. Relataram a Moisés e disseram: Fomos à terra
a que nos enviaste; e, verdadeiramente, mana leite e mel; este
é o fruto dela. O povo, porém, que habita nessa terra é pode-
roso, e as cidades, mui grandes e fortificadas; também vimos
ali os filhos de Anaque. Os amalequitas habitam na terra do
Neguebe; os heteus, os jebuseus e os amorreus habitam na
montanha; os cananeus habitam ao pé do mar e pela ribeira
do Jordão. Então, Calebe fez calar o povo perante Moisés e
disse: Eia! Subamos e possuamos a terra, porque, certamente,
prevaleceremos contra ela. Porém os homens que com ele
tinham subido disseram: Não poderemos subir contra aque-
le povo, porque é mais forte do que nós. E, diante dos filhos 47
de Israel, infamaram a terra que haviam espiado, dizendo: A
terra pelo meio da qual passamos a espiar é terra que devora
os seus moradores; e todo o povo que vimos nela são homens
de grande estatura. Também vimos ali gigantes (os filhos de
Anaque são descendentes de gigantes), e éramos, aos nossos
próprios olhos, como gafanhotos e assim também o éramos
aos seus olhos. (Nm 13.26-33)
CURANDO A FÉ EM 21 DIAS

Muitos cristãos pensam que a terra de Canaã tipifique o céu,


que desfrutaremos após a morte. Essa idéia, porém, está longe
da verdade. Se o Egito tipifica o mundo com a sua escravidão,
logo Canaã tipifica a vida cristã abundante. Todavia, entre o
Egito e Canaã, há o deserto. O deserto é inevitável, todos nós
passamos por ele, mas não podemos pensar que a vida cristã seja
vivida no deserto. O deserto tipifica a vida cristã vivida na carne,
segundo o esforço próprio. Os que andam na carne não podem
agradar a Deus e nem desfrutar da vida plena e vitoriosa que Ele
tem para nós. Todos nós passamos pelo deserto e então chega-
mos ao dia no qual nos deparamos com uma crise para poder-
mos entrar em Canaã: é a crise da fé e dependência, a crise de
Cades-Barnéia.
Todos nós estivemos no Egito debaixo da escravidão de Faraó,
o diabo. Todavia, o Senhor nos libertou pelo sangue do Cordei-
ro e pela passagem pelo Mar Vermelho. Agora, o inimigo não
tem mais autoridade sobre as nossas vidas. Depois de sairmos
do Egito, que simboliza o mundo, entramos no deserto. Todos
queremos ir direto para Canaã, mas há um deserto a ser atraves-
sado. O deserto aponta para os tratamentos de Deus sobre a
nossa carne. É inevitável passarmos pelo deserto, mas não preci-
samos viver a vida toda nele. Há uma relação íntima entre a
carne e o deserto. Por isso o deserto simboliza a vida da alma, da
carne e da incredulidade. Somente quando aprendermos a crer e
a depender de Deus entraremos em Canaã, por isso temos de
passar pelo teste da fé em Cades-Barnéia.
Em Cades-Barnéia, Moisés enviou doze espias para observa-
rem a terra e trazerem o seu relatório. Todos eles testificaram
que a terra era boa, que nela manava leite e mel. Uma terra tão
rica que produzia cachos de uva que tinham que ser carregados
48 por dois homens. O Livro de Deuteronômio diz:
A terra era de ribeiros de águas, de fontes, de mananciais pro-
fundos, que saem dos vales e das montanhas, terra de trigo e
cevada, de vides, figueiras e romeiras, terra em que se come o
pão sem escassez, e nada falta nela, terra cujas pedras são ferro
e de cujos montes cava-se cobre. Comemos e nos fartemos na
terra boa que o Senhor nos deu. (Dt 8.7-12)
A CRISE DA FÉ

Canaã é um símbolo das riquezas insondáveis de Cristo. As


águas em abundância nos falam do refrigério do Senhor, o trigo
e a cevada nos falam do “Pão que desceu do céu” para nosso
alimento e as vides e as figueiras nos falam da satisfação plena
que o Senhor tem para nós. Há também a riqueza do ferro e do
cobre, Deus não nos tem chamado para a pobreza e miséria, mas
para a fartura e a abundância.
Os espias confirmaram que a terra era realmente boa e muito
rica. Havia, porém, alguns problemas: o povo que habitava na
terra era poderoso e as cidades eram fortificadas. Os espias, em
vez de olharem para a herança que Deus estava lhes concedendo,
olharam para o inimigo e para si próprios. Eles viram a si mes-
mos como desprezíveis diante dos gigantes. O texto diz: “Vi-
mos gigantes ali e éramos aos nossos próprios olhos como gafa-
nhotos, e assim também o éramos aos seus olhos”. Quem disse
que os inimigos os viam como gafanhotos? Em sua incredulida-
de, deram lugar às mentiras do diabo. O grande problema do
povo de Deus é não saber quem é. Se eu não sei quem sou,
facilmente cederei às ameaças do inimigo; mas, se eu conheço a
minha força, as minhas armas, o poder que está em mim, eu me
encho de coragem e destruo meus inimigos. Nós somos o que
falamos e como nos vemos; se nos vemos fracos, somos fracos;
se nos vemos como gafanhotos, eis no que nos tornamos. Os
espias olharam para si mesmos, não para o que Deus é e para o
que eram em Deus. O seu relatório desonrou ao Senhor.
No Livro de Números, 14.36, lemos que os dez espias, que
não acreditaram na Palavra de Deus, foram feridos com praga
diante do Senhor. Eles morreram porque levaram o povo à in-
credulidade. O pecado deles foi muito grave, afetando não ape-
nas a eles, mas a toda a congregação. Nós, os líderes, devemos
ter muito cuidado para não levarmos o povo ao desânimo por
meio de nossas palavras. Devemos ser como Josué e Calebe, que 49
tiveram palavra de Fé, conclamando o povo para que subisse e
conquistasse a terra. Se lermos toda a história, veremos que
Calebe entrou em Canaã, derrotou os enaquins e tomou posse
da terra. O Livro de Josué, 15.14, nos conta que Calebe viu os
gigantes, mas não os temeu. Também nós, quando nos depara-
mos com as dificuldades, não devemos temer, mas fixar os olhos
nas promessas de Deus e no Seu poder sobre nós. Porque o
CURANDO A FÉ EM 21 DIAS

povo falhou no teste de fé, eles tiveram que permanecer no de-


serto. A condição de Deus para a posse de Canaã é tão-somente
fé e dependência. Muitos vivem na sequidão do deserto por não
crerem em Deus para entrar na posse da herança. Vejamos algu-
mas atitudes que trouxeram derrota ao povo no deserto.

1. Olharam para si mesmos


Porém os homens que com ele tinham subido disseram: Não
poderemos subir contra aquele povo, porque é mais forte do
que nós. (Nm 13.31)

Quem havia dito ao povo que eles teriam de vencer o inimi-


go pela sua própria força? O inimigo pode ser mais forte do que
nós, mas maior é Aquele que está em nós. Se é na força do
Senhor que lutaremos, não importa se o adversário é maior e
mais numeroso que nós.

2. Foram incrédulos
E, diante dos filhos de Israel, infamaram a terra que haviam
espiado, dizendo: A terra pelo meio da qual passamos a espiar
é terra que devora os seus moradores; e todo o povo que vimos
nela são homens de grande estatura. (Nm 13.32)

Por essa passagem podemos ver que o grande problema da-


queles que permanecem no deserto é que eles duvidam da Pala-
vra de Deus. Deus diz que eles são fortes, mas eles insistem em
olhar para suas fraquezas. Deus diz que Cristo já levou as suas
enfermidades, mas eles insistem em olhar para a doença. Deus
diz que eles já foram libertos do pecado, mas eles insistem em
tentar vencer o pecado pela própria força. Deus havia dito que
daria a eles a terra que mana leite e mel, mas os espias duvidaram
50 da fidelidade de Deus.
O incrédulo olha para o problema e não para Deus. Todo
aquele que anda na carne é introspectivo, olha demais para si
mesmo. Fixar os olhos em si mesmo, gerará uma de duas atitu-
des: auto-piedade ou auto-condenação. Ambas são expressões
da incredulidade e procedem do diabo. Diante dos problemas,
não olhe para si mesmo e nem para os problemas, olhe para
A CRISE DA FÉ

Deus. Devemos olhar para o que Deus é, o que Deus tem e o


que Ele faz.

3. Confessaram a derrota
O terceiro problema foi a confissão errada. Em nossas lín-
guas está o poder da vida e o poder da morte, já diz o texto
bíblico (Pv 18.21). O que falamos é o que possuímos. Se con-
fessamos derrota, colhemos derrota, pois palavras são sementes.
Palavras faladas são semente plantadas e palavras repetidas são
sementes regadas. Os espias confessaram que o povo da terra era
mais forte que eles, disseram que era impossível conquistar a
terra. Disseram também que eram como gafanhotos. Devemos
aprender a confessar somente o que Deus diz que somos. Deus
diz que eu posso todas as coisas nEle. Ele diz que eu sou filho,
sou soldado e sou valente. Somente confesse o que Deus diz que
você é, que você tem e que você faz. Qualquer confissão fora da
Palavra certamente gerará morte.
Os espias não creram na Palavra de Deus, olharam para si
mesmos e confessaram a derrota. Eis os três aspectos da derrota
em Cades-Barnéia. Por causa disso, o povo daquela geração foi
rejeitado e Deus disse que eles não poderiam entrar em Canaã.
Iriam morrer no deserto porque não creram em Deus. É triste
ser salvo no Egito e viver uma vida miserável no deserto. Muitos
há, ainda hoje, que saíram do Egito, mas nunca provaram da
abundância de Deus que está em Canaã.

Você tem vivido em Canaã ou no deserto? Que áreas em sua


vida precisam experimentar da abundância de Deus?
Você tem vivido uma vida de naturalidade, incredulidade e 51
confissões erradas? Há algo para se arrepender e pedir per-
dão a Deus?
Hoje é o dia de você decidir ver o mundo com os olhos da
fé, de parar de olhar para as circunstâncias da vida e crer nas
verdades da Palavra de Deus. Decida, pela fé, entrar na
posse da herança que Jesus conquistou na cruz para cada
área de sua vida.
CURANDO A FÉ EM 21 DIAS

52
O CAMINHO DA BÊNÇÃO

5ºdia
O caminho da bênção

Eis que se chegou a ele um dos principais da sinagoga, chamado


Jairo, e, vendo-o, prostrou-se a seus pés e insistentemente lhe
suplicou: Minha filhinha está à morte; vem, impõe as mãos
sobre ela, para que seja salva, e viverá. Jesus foi com ele. Grande
multidão o seguia, comprimindo-o. Aconteceu que certa mu-
lher, que, havia doze anos, vinha sofrendo de uma hemorragia e
muito padecera à mão de vários médicos, tendo despendido
tudo quanto possuía, sem, contudo, nada aproveitar, antes, pelo
contrário, indo a pior, tendo ouvido a fama de Jesus, vindo por
trás dele, por entre a multidão, tocou-lhe a veste. Porque, dizia:
Se eu apenas lhe tocar as vestes, ficarei curada. E logo se lhe
estancou a hemorragia, e sentiu no corpo estar curada do seu
flagelo. Jesus, reconhecendo imediatamente que dele saíra po-
der, virando-se no meio da multidão, perguntou: Quem me
tocou nas vestes? Responderam-lhe seus discípulos: Vês que a
multidão te aperta e dizes: Quem me tocou? Ele, porém, olhava 53
ao redor para ver quem fizera isto. Então, a mulher, atemorizada
e tremendo, cônscia do que nela se operara, veio, prostrou-se
diante dele e declarou-lhe toda a verdade. E ele lhe disse: Filha,
a tua fé te salvou; vai-te em paz e fica livre do teu mal.

Falava ele ainda, quando chegaram alguns da casa do chefe da


sinagoga, a quem disseram: Tua filha já morreu; por que ainda
CURANDO A FÉ EM 21 DIAS

incomodas o Mestre? Mas Jesus, sem acudir a tais palavras,


disse ao chefe da sinagoga: Não temas, crê somente. Contudo,
não permitiu que alguém o acompanhasse, senão Pedro e os
irmãos Tiago e João. Chegando à casa do chefe da sinagoga, viu
Jesus o alvoroço, os que choravam e os que pranteavam muito.
Ao entrar, lhes disse: Por que estais em alvoroço e chorais? A
criança não está morta, mas dorme. E riam-se dele. Tendo ele,
porém, mandado sair a todos, tomou o pai e a mãe da criança
e os que vieram com ele e entrou onde ela estava. Tomando-a
pela mão, disse: Talitá cumi!, que quer dizer: Menina, eu te
mando, levanta-te! Imediatamente, a menina se levantou e
pôs-se a andar; pois tinha doze anos. Então, ficaram todos
sobremaneira admirados. Mas Jesus ordenou-lhes expressamen-
te que ninguém o soubesse; e mandou que dessem de comer à
menina. (Mc 5.22-43)

Neste texto, gostaria de compartilhar com você sobre o ca-


minho para alcançar a bênção de Deus, ou seja, o caminho para
que vejamos a concretização do que o Senhor quer realizar em
nossas vidas. Nesse caminho precisamos entender que na vida
existem fatos e existe a verdade. O fato é o que podemos perce-
ber com os nossos sentidos, a verdade é o que Deus diz.
Não importam os fatos, importa a verdade. Por exemplo, é
fato que certas doenças são incuráveis, todavia a verdade é que
Deus pode todas as coisas. Também é fato que vivemos no meio
de uma crise econômica, mas a verdade é que, para Jesus, o
multiplicador de pães, não há crise.
Todos nós desejamos permanecer na verdade e ignorar os fa-
tos, mas os obstáculos são muitos. Todavia, a fé não nega os
fatos, apenas os transforma pela verdade da Palavra de Deus.
Mas alguém pode dizer: “Os fatos não são verdade?”. Não,
os fatos são apenas o que está acontecendo, e o que está aconte-
54
cendo cada um interpreta à sua maneira. Mas, quanto à verdade,
não cabe interpretação, a verdade é o que é. O Senhor Jesus é a
verdade. Não é questão de interpretar, nem é questão de opi-
nião. A verdade não é o que você vê ou ouve, não é o que você
sente ou toca, a verdade é a Palavra de Deus. Eu quero a verdade
da Palavra de Deus e, embora saiba que os fatos existam, não
quero viver em função dos fatos.
O CAMINHO DA BÊNÇÃO

Há uma ilustração muito conhecida, que explica bem a dife-


rença entre fatos e verdade. Ela fala do elefante e dos cegos. Ha-
via um grupo de cegos em volta de um elefante e cada um deles
tentava descrevê-lo para os outros. Um cego, então, pegou no
rabo do animal e disse: “O elefante é fininho”, o outro pegou na
perna e disse: “Não, ele é largo, parece uma coluna de tão forte”.
Um terceiro cego agarrou a tromba e disse: “Não, ele é flexível,
parece uma mangueira”. Ainda outro tentou abraçar o corpo do
elefante e concluiu: “Todos estão errados, ele é macio e largo,
nem consigo sentir seus limites”. E eles não puderam chegar a
uma conclusão, pois cada um tinha um fato. Em nosso exem-
plo, o elefante é a verdade, mas cada interpretação que deram a
ele é um fato, ou seja, a verdade é absoluta, mas os fatos são uma
questão de interpretação. Fato é o que você consegue enxergar, é
a parte com a qual você tem contato. É o que você consegue
explicar. A verdade, porém, é o que Deus diz.
A fé não nega os fatos, apenas se apega à verdade. A fé tem o
poder de transformar os fatos pela verdade da Palavra de Deus.
Jairo é um exemplo de alguém que teve que ignorar muitos
fatos e ficar exclusivamente com a Palavra de Jesus para, então,
receber o seu milagre. Eu quero compartilhar com você sete
obstáculos que ele enfrentou e teve que ignorar para poder che-
gar ao fim e contemplar o que ele buscava, a verdade da promes-
sa de Deus.

1. Ignore a tradição
E eis que chegou um dos principais da sinagoga, por nome
Jairo, e, vendo-o, prostrou-se aos seus pés. (Mc 5.22)

O texto diz que Jairo era um dos chefes da sinagoga, ou seja,


Jairo tinha uma posição a defender. Posição, às vezes, é um gran-
de obstáculo, algo que tentará impedir você de alcançar a bênção 55
de Deus. Bem-aventurado é aquele que não tem posição nenhu-
ma, porque ele facilmente se humilha para receber. Mas essa não
era a situação de Jairo.
A Bíblia diz que, sendo um dos principais da sinagoga – ou
seja, sendo chefe –, ele tinha muito o que perder, status, salário,
o respeito da comunidade. Tudo porque ele era o chefe, alguém
CURANDO A FÉ EM 21 DIAS

importante, um dos principais da sinagoga. Jairo tinha uma


posição, algo a defender, mas também tinha uma necessidade.
Às vezes, Deus coloca necessidades em sua vida. Se tem havi-
do pressão, ela tem que ser suficientemente forte para que você
abra mão da opinião das pessoas e da posição que você tem.
Alguns homens são tidos como conhecedores e intelectuais, como
podem eles irem a uma reunião e buscar um milagre como qual-
quer pessoa? Simplesmente eles não se vêem algum dia entran-
do em uma igreja evangélica. Outros não se imaginam tendo
que implorar por uma bênção em uma reunião qualquer.
Todavia, Deus permite as pressões e, se quiser receber a bên-
ção de Deus, você terá que abrir mão dessas coisas. Quantas
vezes você sente o fluir de Deus, mas não lhe dá liberdade por-
que você tem uma posição? O que pensarão de você? O que
dirão de você? Não deixe que a opinião dos outros a seu respeito
o impeça de receber a bênção.
O texto segue dizendo que Jairo veio e prostrou-se aos pés de
Jesus (Mc 5.22). Isso era um problema na tradição judaica. Jairo
era uma pessoa importante e prostrar-se diante de um homem
era a atitude própria para escravos, eles é que se curvavam diante
de outros. Pessoas da posição de Jairo jamais se ajoelhariam di-
ante de alguém. Um chefe da sinagoga se curvaria apenas diante
de Deus.
E foi justamente o que Jairo fez: ele adorou a Jesus, como
está registrado em Mateus 9.18. Muitas pessoas buscam coisas
de Deus, mas aqueles que O adoram descobriram a chave do
Seu coração. Jairo adorou a Jesus, reconhecendo-O como Deus.

2. Ignore a posição
56 A Palavra do Senhor diz que Jairo era um dos principais da
sinagoga. Ele, portanto, tinha algo a perder. Ele poderia ser
expulso da sinagoga. Naqueles dias, aquele que confessasse Je-
sus poderia ser expulso da sinagoga. Depois que Jesus curou
um cego de nascença, as escrituras dizem que seus pais estavam
com medo dos judeus; pois estes já haviam assentado que, se
alguém confessasse ser Jesus o Cristo, seria expulso da sinago-
ga (Jo 9.22).
O CAMINHO DA BÊNÇÃO

Outros líderes judeus também procuraram a Jesus, mas o


fizeram às ocultas, como Nicodemos que O procurou à noite,
ou José de Arimatéia que o seguia escondido. Todos eles temi-
am perder suas posições entre os judeus.
Para outros, perder a posição seria perder apenas o status; mas,
para Jairo, significava perder salário, carreira e até o respeito da
sociedade. Posição é a segunda coisa que você terá que ignorar se
deseja receber o toque e a bênção de Deus em sua vida. Jairo
estava disposto a abrir mão de tudo isso. Jairo abriu mão da sua
posição, se prostrou e adorou ao Senhor. Ele não se importou
com nada.
Para receber de Deus, você também precisa abrir mão de sua
imagem, que tanto procura preservar. Como nós nos preocupa-
mos com o que os outros vão pensar, com o que vão dizer! Se
você quer realmente algo de Deus, não meça esforços; ignore
quem está por perto.
Mais adiante, o verso 24 diz que uma grande multidão o
comprimia. Mas sua filha estava à morte. Dá até para imaginar a
situação. Jairo estava em sua casa, ele já tentou de tudo, já bus-
cou ajuda de todo tipo de médico, mas não tem saída. Então,
ele ouve falar que Jesus está na cidade fazendo milagres. Ele se
levanta e diz: “Eu vou ter com o Senhor!”. O médico o adverte
que ela tem poucas horas de vida, ela pode morrer a qualquer
momento. Jairo sai correndo, procurando Jesus e de repente ele
encontra o Salvador. A multidão é grande, mas ele consegue
chegar perto do Senhor. Ele O adora e diz: “Mestre, se o Senhor
for até a minha casa, estender a Sua mão e orar pela minha filha,
eu tenho certeza que ela será curada”. E o Senhor lhe responde:
“Eu vou com você!”. Mas, a essa altura, uma grande multidão
começou a comprimi-lo. Eu fico imaginando a cena. Jairo pega
na mão de Jesus e diz: “Mestre, vamos! Precisamos andar de-
pressa!”. Jesus e ele tentam caminhar em meio à multidão, mas 57
era muita gente. Jairo sabia que tinha pouco tempo. Parece uma
cena de um filme de ação.

3. Ignore a multidão
E foi com ele, e seguia-o uma grande multidão, que o apertava.
(Mc 5.24)
CURANDO A FÉ EM 21 DIAS

A situação da filha de Jairo era realmente grave e cada segun-


do era precioso. Jairo tem pouco tempo, algo tem que aconte-
cer. Mas antes ele teria que enfrentar aquela multidão. A multi-
dão é um obstáculo. Muitas pessoas querem milagres isolados,
muitas pessoas querem que Deus faça algo escondido. Não que-
rem ir a uma reunião da Igreja, não querem se expor no meio da
multidão. Mas às vezes é exatamente isso que Deus quer que
você faça. É num ambiente como este que Deus quer operar o
milagre na sua vida. Há pessoas que querem fugir, não querem
se expor, não querem aparecer, querem o milagre mas não que-
rem se expor. Jairo não fez isso, ele encarou a multidão.

4. Ignore a impaciência
Quando menos se espera surge um outro obstáculo. A Bíblia
diz que apareceu uma mulher hemorrágica no meio do cami-
nho de Jesus até a casa de Jairo (Mc 5.25-34). Justamente quan-
do a multidão os comprimia aconteceu mais um milagre, aque-
la mulher fora curada de uma hemorragia. Jairo está precisando
do milagre, sua filha está morrendo, mas agora aparece alguém
na frente. Não é difícil imaginar a agonia de Jairo.
No meio da multidão o Senhor fala: “Alguém me tocou!”.
Dá para imaginar a reação de Jairo: “Senhor, é claro que alguém
O tocou, olha a multidão que está aqui.”. E o Senhor explica:
“Alguém me tocou de um modo diferente, eu senti que saiu
poder e virtude de mim.”. E a mulher, vendo que não podia se
ocultar, se revelou: “Fui eu, aconteceu comigo!”.
Eu imagino o desespero de Jairo. Jesus pára e um longo tes-
temunho é liberado pela mulher curada. A Bíblia diz que ela lhe
declarou toda a verdade (v. 33). Imagine se aquela mulher fosse
como algumas irmãs que, ao dar o testemunho, contam tudo
nos mínimos detalhes. Eu quase consigo ver Jairo angustiado,
58 pensando: “Esta mulher poderia falar do milagre amanhã, mi-
nha filha pode morrer agora mesmo. Por que o Senhor não trata
dela depois? Por que o Senhor parou?”.
Mas Jairo não fez nada disso. Em nenhum momento ele
tentou interromper o milagre dos outros. Certamente, aos
seus olhos, a sua necessidade era primordial, mas ele soube
vencer a impaciência.
O CAMINHO DA BÊNÇÃO

Muitas vezes nós nos exasperamos porque o Senhor parece


demorar-se para atender-nos. É nesse momento que muitos
desistem, mas, apesar de toda a sua aflição, Jairo superou sua
exasperação. Na verdade, observar como aquela mulher fora
curada deve ter alimentado a fé de Jairo. Se Jesus curou a mu-
lher sem nem orar por ela, muito mais sua filha será curada
quando Jesus impor Suas mãos sobre ela. O seu milagre certa-
mente seria o próximo.
Às vezes ficamos questionando: “Por que Deus não faz na
hora, por que demora tanto?”. Para nós, parece que o Senhor
demora tanto para agir, parece que o Senhor está andando deva-
gar e queremos que Ele se apresse. Mas não sejamos afoitos. A
impaciência é um obstáculo. A impaciência lhe afasta da comu-
nhão com o Senhor. Apenas descanse o seu coração nas mãos
dEle e saiba: Deus está no controle de tudo.
Às vezes Deus permite que você veja outras pessoas receben-
do a bênção antes de você, mas não interprete isso como se Deus
fizesse acepção de pessoas, é só a maneira que Deus usa para
fortalecer a sua fé. Deus às vezes faz na vida de outros primeiro
para lhe mostrar que fará em sua vida também. Mas muitos de
nós temos outra postura: “Eu não entendo, por que Deus fez
nele e não fez em mim! O meu caso é muito mais grave do que
o dessa mulher, a minha filha está morrendo. Por que Ele curou
a ela e não curou a minha filha? Por que fez para ela e ainda não
fez pra mim?”.
Ao encontrar alguém que recebeu o milagre antes de você,
proclame que essa é a prova que o seu milagre também está
chegando, o próximo será você. Ele recebeu e essa é a prova de
que Deus está vivo e está operando.

5. Ignore os fatos 59
Estando ele ainda falando, chegaram alguns do principal da
sinagoga, a quem disseram: A tua filha está morta; para que
enfadas mais o Mestre? (Mc 5.35)

Àquela altura chega alguém dizendo que a menina já havia


morrido. Imagine a situação daquele homem, a sua angústia
naquele momento. Certamente, Jairo deve ter desfalecido com
CURANDO A FÉ EM 21 DIAS

a notícia. Mas Jesus preocupou-se com a fé de Jairo e procurou


protegê-la, do mesmo modo como Ele protege a nossa fé.
Tudo agora parecia sem esperança, pois não havia perspectiva
do ponto de vista humano. Todavia, Jesus é quem tem a palavra
final e Ele diz: “Não temas, crê somente!”. Este é o teste da fé,
está na hora de você aprender a ignorar os fatos. Você vê a evi-
dência natural e diz: “Acabou!”. Acabou para quem? Para Deus
não existe a palavra “impossível”. Talvez você estivesse orando
por uma doença aguda e, de repente, ela se tornou crônica. Você
estava como Jairo, orando pela cura da filha, mas agora ela está
morta. Mas não se esqueça: o Senhor fez questão de mostrar o
poder de Deus naquele dia.
Certa vez disseram a Kathryn Kuhlman: “Você deve ser uma
mulher de grande fé!”. Ao que ela respondeu: “Eu sou uma mu-
lher com uma pequena fé em um grande Deus!”. A principal
questão não é o tamanho da sua fé, a questão é o tamanho de
Deus. Jesus disse que, se tiver uma fé do tamanho do grão de
mostarda, você dirá a este monte, lança-te ao mar, e acontecerá o
que você falou. Um grão de mostarda é menor do que uma
cabeça de alfinete, a minha fé é menor do que um grão de mos-
tarda, mas o meu Deus é grande e eu O tenho visto operar mi-
lagres e sei que Ele pode fazer o mesmo na sua vida também.
As pessoas sempre dirão: “Não adianta orar mais”, ou “Nada
pode ser feito”, mas a palavra “impossível” não está no vocabu-
lário de Deus. Todos diziam que a menina estava morta, mas
Jesus disse que ela apenas dormia. As pessoas preferem crer no
que os sentidos percebem em vez de crer na Palavra de Deus. Se
ficamos com a Palavra de Jesus, receberemos o milagre.
Jairo podia ter ficado amargurado e ter largado o Senhor pelo
caminho. Mas preste atenção! O final da historia é só quando a
60 história acaba, e é Jesus que acaba a história, Ele é o Alfa e o
Ômega. Se a situação está difícil, é porque a história ainda não
acabou, ela só acaba quando Jesus entra. O Senhor está no con-
trole e fará em sua vida quando você menos esperar. Ele é Deus
de grandes emoções.
Jesus mostrou a Jairo que, se quisesse receber o milagre, ele
precisaria ignorar as circunstâncias e crer no poder de Deus.
O CAMINHO DA BÊNÇÃO

Mesmo que a doença já tenha virado óbito, ou o problema


agudo se tornado crônico, ou a ameaça tenha se concretizado;
nós perseveramos em crer no poder de Deus, que traz vida em
meio à morte.
Mais à frente no texto bíblico, o verso 36 narra que o Senhor
não acudiu aquelas palavras, ou seja, Ele as ignorou. Nós tam-
bém temos que ignorar certas coisas para vencer. Temos de igno-
rar tudo isso que Jairo ignorou. Primeiro, ele ignorou sua posi-
ção, depois as tradições, ignorou a multidão ao derredor, a de-
mora e a impaciência. Por fim, agora ele está ignorando o fato.
Jesus lhe disse: “Ignore o fato, crê somente. A história não aca-
bou. Eu não cheguei na sua casa ainda. Eu não orei com a sua
filha. A história não acabou!”.
A mesma coisa acontece com você nas suas circunstâncias.
Jesus já entrou na sua história? A história só acaba de duas ma-
neiras: ou você desiste, o que é um direito seu; ou você vai até o
fim com Deus. Se você vai até o fim com o Senhor, você pode
crer que Ele fará proezas. Todos que esperaram em Deus jamais
foram envergonhados.
Deus tem uma reputação, de sempre ouvir a oração do Seu
povo. Ele não manchará Sua reputação deixando de ouvir uma
oração sua. Ele ouvirá a sua oração. Vá até o fim com Deus. Jairo
podia ter dito ao Senhor: “Muito obrigado, mestre. Desculpe ter
incomodado, eu vou embora, acabou essa história mesmo, va-
mos lá enterrar a menina!”. Ele podia fazer isso, nada de errado,
mas o Senhor o fortaleceu e o incentivou a ignorar os fatos.
Eu sei que isso parece loucura para você, mas o fato é apenas
uma questão de interpretação, a verdade é o que você contará
depois que Deus intervir em sua história.

6. Ignore as emoções 61

E, tendo chegado à casa do principal da sinagoga, viu o alvoro-


ço e os que choravam muito e pranteavam. (Mc 5.38)

O sexto obstáculo que você tem que vencer é a emoção. Há


horas em sua vida em que você terá que escolher entre crer e
sentir. Sentir é muito bom, principalmente arrepios e calafrios.
CURANDO A FÉ EM 21 DIAS

É muito bom sorrir, chorar, é muito bom sentir a ebulição das


emoções, mas haverá horas em sua vida em que você não sentirá
nada. O vento vai parar, o ar ficará pesado e você não sentirá
coisa alguma. Será um ato exclusivo de fé. Você crerá ou não?
Esse é um teste no mundo espiritual. É o momento em que o
mundo espiritual pára para ver sua decisão. No meio do teste
não há ninguém com você; é apenas você, Deus e a circunstância
diante de si.
Ao chegar em sua casa, Jairo encontra um ambiente de triste-
za e desespero no ar. O que fazer? É preciso guardar o próprio
coração, ignorando o ambiente ao nosso redor, para não termos
as nossas emoções contaminadas.
Na hora do teste, ignore as emoções e fique com a Palavra de
Deus. Mesmo que pareça absurdo, mesmo que pareça loucura,
fique do lado da verdade da Palavra de Deus e ignore as emo-
ções. Todos nós temos de enfrentar a batalha das emoções em
algum momento. Nunca permita que as emoções destruam a
sua fé. Lembre-se que é a fé – não suas emoções – que fará o
milagre acontecer.

7. Ignore o ridículo
E, entrando, disse-lhes: Por que vos alvoroçais e chorais? A
menina não está morta, mas dorme. E riam-se dele; porém ele,
tendo-os feito sair, tomou consigo o pai e a mãe da menina e os
que com ele estavam e entrou onde a menina estava deitada.
(Mc 5.39,40)

O texto, então, nos mostra que as pessoas riram de Jesus. É o


momento do ridículo. É o ridículo de alguém que espera em
Deus, de alguém que confessa crer na promessa de Deus. Nós
temos medo do ridículo, mas Jesus honra aqueles que permane-
62 cem com Ele no opróbrio da cruz.
Veja o que diz a Carta aos Hebreus:
Portanto, vamos para perto de Jesus, fora do acampamento, e
soframos a mesma desonra que ele sofreu. (Hb 13.13 - NTLH)

São esses a quem Deus honra. Já outros temem ir até o fim


com Deus. Quando Jesus entrar no seu quarto, haverá muita
O CAMINHO DA BÊNÇÃO

gente rindo. Você entrará no quarto com Ele para ver a ressurrei-
ção? Jesus mandou que todos ficassem de fora. Sabe por quê? O
ambiente ao nosso redor é fudamental para que Deus possa fazer
o milagre. No verso 37 lemos que nem mesmo os discípulos
Jesus permitiu acompanhá-lO para fazer esse milagre, senão Tiago,
Pedro e João. Mesmo os discípulos ainda eram incrédulos.
Por isso, você deve escolher com cuidado as pessoas com quem
você anda. Ande com gente que levanta a sua fé. Se você deseja
ver milagres de Deus, ande com pessoas que têm o mesmo tipo
de fé. Pessoas incrédulas destroem qualquer ambiente de unção
e fé, impedindo o fluir do poder de Deus. Jesus sabia dessa ver-
dade, por isso removeu o empecilho dos incrédulos ao derredor
para poder realizar o milagre.
Se a história parece que acabou para você, é porque você está
no meio do caminho com Jesus, no meio da sua busca. Se al-
guém diz: “Não adianta orar mais, não tem mais jeito!”, lem-
bre-se, a história não acabou. A história só acaba quando Jesus
diz o amém. A história só acaba com o Alfa e o Ômega, o co-
meço e o fim. Mas para ver o Senhor Jesus mudando a sua
história, você terá que vencer os obstáculos no meio do cami-
nho. Como vimos há muitos obstáculos: da posição, da reputa-
ção, da tradição, de esperar para receber oração no meio da mul-
tidão, de ter que esperar em Deus e de ter que ir contra as evi-
dências naturais do que é visível. Você terá que rir dos que riem
de Deus, porque, nesse caso, é verdadeiro o ditado: com o Se-
nhor nós sempre rimos por último.

Você tem andado por fatos ou pela verdade? Há algo (tradi-


ção, religião, reputação, status, imagem) que impede você 63
de receber a bênção de Deus em sua vida?
As pessoas ao seu lado ajudam você a perseverar em Deus
ou tentam lhe afastar do propósito que você tem com Ele?
Vença o temor de homens e prostre-se diante de Deus,
reconheça que você vive para o louvor de Sua glória. Con-
sagre-se e prepare-se para vencer os obstáculos entre você e
sua bênção.
CURANDO A FÉ EM 21 DIAS

64
A VIDA POR UM TOQUE

6ºdia
A vida por um toque

Certa mulher que, havia doze anos, vinha sofrendo de uma


hemorragia, e a quem ninguém tinha podido curar e que gasta-
ra com os médicos todos os seus haveres, veio por trás dele e lhe
tocou na orla da veste, e logo se lhe estancou a hemorragia. Mas
Jesus disse: Quem me tocou? Como todos negassem, Pedro
com seus companheiros disse: Mestre, as multidões te apertam
e te oprimem e dizes: Quem me tocou?. Contudo, Jesus insis-
tiu: Alguém me tocou, porque senti que de mim saiu poder.
Vendo a mulher que não podia ocultar-se, aproximou-se trê-
mula e, prostrando-se diante dele, declarou, à vista de todo o
povo, a causa por que lhe havia tocado e como imediatamente
fora curada. Então, lhe disse: Filha, a tua fé te salvou; vai-te em
paz. (Lc 8.43-48)

Cada vez que nos reunimos, em Seu nome, o Senhor Jesus se 65


faz presente entre nós. Ele é fiel e disse: “onde estiverem dois ou
três reunidos em meu nome, ali estou no meio deles” (Mt 18.20).
O Senhor também disse: “Eis que estou convosco todos os dias
até a consumação dos séculos” (Mt 28.20).
A coisa mais preciosa na vida do cristão é a unção e a presen-
ça viva do Senhor Jesus. Há quem goste da pregação, outros
CURANDO A FÉ EM 21 DIAS

gostam de cantar corinhos, muitos gostam de comunhão, de


estar junto aos irmãos, mas o que me interessa é a presença viva
do Senhor Jesus. Sem Ele, essas coisas são completamente vazias
e destituídas de sentido. Todavia, a presença e a unção do Se-
nhor Jesus não é a mesma para todos entre nós.
O texto bíblico nos mostra uma mulher e também uma mul-
tidão ao redor de Jesus. Essa passagem aconteceu no auge de Seu
ministério, no ápice de Sua fama, que corria por toda a Terra
naqueles dias. Havia, com certeza, muita gente ao redor de Jesus
para vê-lO e ouvi-lO. A maioria era de curiosos que queriam ver
algum milagre, alguma coisa especial. Mas apareceu uma mu-
lher em meio à multidão. E, para ela, o toque de Jesus foi dife-
rente dos demais.
Também hoje muitos erguem as mãos nos cultos, cantam
corinhos, mas quantos tocam o Senhor? Estão ao redor do Se-
nhor, mas estão recebendo virtude do céu? Deus não faz acepção
de pessoas, mas nem todos O tocam ao ponto de receberem po-
der. Todavia, aquela mulher O tocou, diferente de todos os ou-
tros que encostavam e pegavam no Senhor Jesus. Somente quan-
do aquela mulher tocou em Jesus saiu virtude do Senhor.
Hoje, milhões de pessoas cantam reunidas no nome de Jesus e
o Senhor se faz presente no meio delas. É algo precioso, maravi-
lhoso, mas quantos vão para casa tendo recebido da virtude de
Deus? Quantos saem diferentes de como entraram? Quantos têm
recebido algo da parte de Deus? Há um toque que faz diferença.
Se o fluir da bênção não depende do Senhor, mas sim de nós;
o que houve de especial naquela mulher? Qual era o seu segre-
do? Vejamos agora uma descrição do que estava acontecendo no
momento, essa descrição nos desvendará o segredo da bênção
daquela mulher, que será para nós a chave para descobrirmos o
66 toque que faz diferença. E, assim como a vida daquela mulher, a
sua vida pode ser completamente transformada. Basta que você
toque no Senhor.

1. Ela não encontrou obstáculos em sua busca


Esse é um dos segredos da bênção dela e pode ser o nosso
também.
A VIDA POR UM TOQUE

Buscar-me-eis e me achareis quando me buscardes de todo o


vosso coração. (Jr 29.13)

Muitos não recebem porque não procuram realmente, não


aplicam o coração em uma decisão resoluta e irreversível, não
empenham sua alma na busca.
Aquela mulher tinha hemorragia há doze anos, era como uma
menstruação que nunca passava. Você faz idéia do que seja para
uma mulher esgotar sangue durante doze anos? Você consegue
imaginar a sua aparência? Ela certamente não era assim como eu
e você, robusta, corada e forte. Não é difícil imaginá-la como
uma mulher franzina, anêmica, sofrida e, provavelmente,
envelhecida pelo sofrimento que a doença produzia nela. A fra-
queza e a debilidade física eram as suas marcas.
Mas essa mulher fraca, frágil, enfrentou a multidão – prova-
velmente grande, com gente de todo tipo – para tocar em Jesus.
Ela encarou o obstáculo e disse: “Eu vou tocar nEle! Ninguém
vai me impedir de tocar nEle!”.
A multidão estava cheia de pessoas agressivas e ásperas, empur-
rando e acotovelando uns aos outros. Ela poderia retroceder dian-
te dessa multidão. Ela tinha tudo contra si, mas não retrocedeu.
Muitos não tocam em Deus por falta da atitude definida e
resoluta de tocá-lO pela fé. Não importa onde estou, que músi-
ca está tocando, que pregador está falando, não importa coisa
alguma, eu simplesmente tocarei no Senhor. Não importa a mi-
nha condição, se estou fraco, débil, com dificuldades. Nada dis-
so importa. Eu tocarei no Senhor.
Essa atitude foi o segredo dela. O que agradou o coração de
Deus foi ver que ela não se intimidou diante da dificuldade que
estava à sua frente. Ela se propôs a tocar no Senhor dizendo: “Se
eu apenas tocar nas suas vestes eu serei curada”. 67
O Senhor Jesus não parou para facilitar que ela O tocasse.
Ele certamente sabia de todas as coisas e poderia ter ido ao
encontro dela, vendo a sua condição de fraqueza. O Senhor
Jesus deixou que ela se esforçasse. Todos sabemos como é difí-
cil enfrentar uma multidão, mas aquela mulher desconsiderou
sua fraqueza e embrenhou-se no meio do povo. Talvez tenha
CURANDO A FÉ EM 21 DIAS

recebido cotoveladas, chutes e empurrões, mas nada a impediria


de receber a cura do Senhor.
Até onde vai a sua disposição de receber de Deus, de tocar em
Deus? O Senhor deseja ver até onde você está disposto a ir. Ao
chegar no ponto certo, você tocará o Senhor e receberá as virtu-
des das vestes dEle. Esse tempo de jejum pode mudar a sua vida,
a sua história, a sua situação e o seu problema. Não há nada que
o poder de Deus não possa resolver.

2. Ela enfrentou a morte para ter vida


Aquela mulher perdia sangue diariamente. Ela tinha uma ane-
mia profunda e uma fraqueza constante. O sangue é símbolo da
vida. Seu diagnóstico era sombrio. Ela parecia morrer pouco a
pouco; a vida parecia esvair-se aos borbotões do seu corpo. Ela
não apenas estava perdendo sua vida, como também não podia
gerar vida. Seu ventre, em vez de ser um canteiro de vida, havia
se tornado o deserto da morte.
Além de enfrentar a morte, a mulher hemorrágica enfrentou
a segregação por causa de sua enfermidade. Em primeiro lugar,
ela enfrentou a segregação conjugal. Segundo a lei judaica, a mu-
lher com fluxo de sangue não podia se relacionar com ninguém.
Se ela era solteira, não poderia se casar; se era casada, não poderia
se relacionar com o marido.
Em segundo lugar, a segregação social. Uma mulher com he-
morragia não podia se relacionar com as pessoas; antes, devia
viver confinada, na caverna da solidão, no isolamento, sob a
triste realidade do ostracismo social. Essa mulher era tratada quase
como se estivesse com lepra. Por doze anos ela não pudera abra-
çar nenhum familiar sem causar-lhe dano. Doze anos sem ir ao
68 culto. Ela vivia na agonia da vergonha, a auto-estima destruída.
Por isso, chegou anonimamente para tocar em Jesus, com medo
de ser rejeitada, pois quem a tocasse ficaria impuro.
Em terceiro lugar, havia a segregação religiosa. Uma mulher
com fluxo de sangue não podia entrar no templo nem na sina-
goga para adorar. Ela estava proibida de participar do culto
público, visto que estava em constante condição de impureza
A VIDA POR UM TOQUE

ritual (Lv 15.25-33). Ela era considerada impura, portanto im-


pedida de participar das festas e dos cultos.
Segundo a lei, qualquer mulher que padecesse de fluxo era
considerada imunda. Uma pessoa nessas condições não poderia
misturar-se na multidão sob pena de ser apedrejada se fosse des-
coberta. Mas ela não fez caso da própria vida. É como se ela
dissesse: “Eu prefiro morrer a continuar vivendo assim.”.
Alguém poderia ponderar: é melhor suportar uma hemorra-
gia, mas continuar viva. Mas, na concepção dela, era preferível
morrer a continuar vivendo aquela vida.
Ela pensou: “Não importa o que venha a acontecer, eu não
vou viver assim. Eu vou enfrentar a multidão e vou receber do
Senhor. Eu vou correr o risco. Pode ser que, antes que eu toque
nEle, eu seja apedrejada, mas prefiro morrer do que continuar
nesse sofrimento”.

3. Ela não se conformou em ser infeliz


A atitude dela mostrou sua imensa indignação com aquela
condição de vida. Muitos não recebem de Deus porque se acos-
tumaram com a infelicidade, com o casamento ruim, o empre-
go ruim, a saúde ruim.
Ela tinha hemorragia e gastou tudo com os médicos. Ela não
era conformada, ela tentou, bateu em todas as portas, forçou
todas as entradas. Ela tentou tudo, foi ao médico durante doze
anos e os médicos tomaram tudo o que ela tinha. Ela não pou-
pou dinheiro e nem esforços para se livrar daquele desconforto.
Ela não se acostumou com sua condição miserável.
Uma das mais impressionantes características do ser humano
é a sua imensa capacidade de se adaptar. Nós nos acostumamos 69
a tudo, com a enfermidade, com a dor, com a violência e, até
mesmo, com a morte.
Em 1994 um conflito político em Ruanda levou à morte
quase um milhão de pessoas em apenas cem dias. Eu fiquei com-
pletamente consternado, nunca vi nada parecido. Em determi-
nado momento do genocídio, não havia como enterrar tantas
CURANDO A FÉ EM 21 DIAS

pessoas. Então tratores abriam valas e empurravam montanhas


de corpos para dentro, cobrindo-os em seguida.
Assisti a uma reportagem que mostrava um homem cami-
nhando até a vala carregando um embrulho, chegando à beira,
ele simplesmente o jogou lá dentro, virou-se e foi embora. O
fotógrafo Sebastião Salgado, que estava fazendo o documentário,
perguntou aos outros que estavam presentes quem era o ho-
mem e por que jogou ali aquele embrulho. Eles disseram: “Não
era um embrulho, era uma criança e o homem era pai da criança
morta”. O fotógrafo não se conformou: “Ele chegou aqui, jo-
gou a criança e foi embora? Não houve luto, não fez nada?”. Os
moradores responderam: “Depois que você perde um, dois, três,
quatro, cinco, dez familiares em poucos dias, você não faz luto
mais, você se acostuma, os seus olhos secam e você já não chora
mais”. Esse triste exemplo nos mostra algo terrível: é possível se
acostumar até com a morte.
Depois de doze anos, a mulher hemorrágica bem que pode-
ria já estar adaptada e conformada com a sua situação. Depois de
gastar tudo com a medicina, seria de se supor que ela se confor-
masse com a situação. Na verdade, o fato de gastar tudo mostra
a sua disposição de não se conformar com a enfermidade. Mui-
tos cristãos têm se conformado com casamentos ruins por um,
dois, três, dez, doze anos. Uma mulher com doze anos de he-
morragia poderia se acostumar, arrumar um absorvente especial,
se habituar, ir levando a vida. Mas aquela mulher não se acostu-
mou. Quantos têm se acostumado com uma vida ruim, uma
vida angustiada, uma vida triste e miserável? O tempo passa e as
pessoas se adaptam, se acostumam com a infelicidade, se habi-
tuam com a tristeza. Mas preciso alertá-lo: recuse acostumar-se
com o que não é a vontade de Deus, recuse conformar-se com o
que não é o propósito de Deus para você, para o qual você não
70 foi criado. Jesus veio para nos dar vida, e vida em abundância.
Não aceite menos que isso (Jo 10.10).
Esse era o seu segredo, dia após dia ela dizia: “Eu não vou me
conformar com isso. Não vou morrer assim. Não nasci com
isso e não irei morrer com isso. Não vou aceitar”. Tocamos nas
vestes de Jesus quando dizemos: “Eu prefiro a morte a continu-
ar vivendo assim.”
A VIDA POR UM TOQUE

Talvez esse possa ser o seu segredo. Esse também é o tempo


de você dar um basta. Chega de viver infeliz.

4. Ela tocou na orla da veste de Jesus


O texto de Mateus 9.20-22 nos conta um detalhe a mais.
Aquela mulher tocou na orla da roupa de Jesus. Ela não tocou
em qualquer lugar, ela não tocou na manga, no peito ou na
perna, mas sim tocou na barra, “na orla da veste”.
Lendo Números 15.37, entendemos que a orla tem um
significado.
Disse o SENHOR a Moisés: Fala aos filhos de Israel e dize-lhes
que nos cantos das suas vestes façam borlas pelas suas gerações;
e as borlas em cada canto, presas por um cordão azul. E as
borlas estarão ali para que, vendo-as, vos lembreis de todos os
mandamentos do SENHOR e os cumprais; não seguireis os
desejos do vosso coração, nem os dos vossos olhos, após os
quais andais adulterando, para que vos lembreis de todos os
meus mandamentos, e os cumprais, e santos sereis a vosso Deus.
(Nm 15.37-40)

O texto nos mostra três aspectos: todo judeu devia usar rou-
pas com a barra ou a orla azul. Com certeza a roupa de Jesus
tinha a orla azul porque Ele cumpriu toda a lei. E por que azul?
O azul nos aponta para o céu, o nosso destino, mas também nos
lembra de onde vem o nosso socorro. O salmista diz: “Para os
montes vou erguer o meu olhar, porque Deus vem de lá me
ajudar” (Sl 121.1). Não basta ficar insatisfeito e inconformado,
é preciso tocar no lugar certo, olhar para a direção certa e a dire-
ção certa é o céu. É de lá que virá o seu socorro, é de lá que virá
a sua cura, é de lá que virá a sua restauração e a sua mudança.
Basta tocar na orla da veste, que é azul e aponta para o céu. A
Bíblia diz: 71

... e as orlas vos serão para que vendo-as vos lembreis [lembrar-
se de quê?] de todos os mandamentos do Senhor e os cum-
prais; não seguireis os desejos do vosso coração, nem os dos
vossos olhos, após os quais andais adulterando, para que vos
lembreis de todos os meus mandamentos, e os cumprais, e
santos sereis a vosso Deus. (Nm 15.39)
CURANDO A FÉ EM 21 DIAS

A roupa de Jesus tinha uma orla azul para que nos lembre-
mos de todo mandamento do Senhor e que não devemos seguir
os desejos do nosso coração e dos nossos olhos. Pode ser que a
causa da sua hemorragia seja porque você não tem tocado na
orla, para lembrar-se de que você não pode ficar andando segun-
do os desejos de seus olhos, segundo o desejo do seu coração.
Ela não podia tocar em outro lugar, porque a cura está na
obediência, a cura está na santidade, a cura está na fidelidade, na
pureza, na obediência à Palavra de Deus. Quando obedecemos e
nos lembramos de praticar, há cura, libertação e mudança. Por
isso ela tocou na orla que era azul.

5. Ela tocou pela fé


Há o toque da emoção, o toque da curiosidade e o toque do
conhecimento intelectual. Mas somente o toque da fé libera a
virtude e o poder de Deus sobre nós. Jesus disse que a fé daquela
mulher foi a chave de sua bênção.
A fé genuína possui todos os quatro elementos anteriores. A
fé genuína desconsidera os obstáculos e as dificuldades, se dis-
põe a pagar até o preço da própria vida, não se conforma e se
dispõe ao arrependimento e à obediência.
Há um poder disponível para mudar a sua vida. Basta um sim-
ples toque. Um toque de fé. A sua história pode ser completamente
mudada por causa de um único toque. Outros estarão apenas er-
guendo as mãos, mas pela fé você pode tocar nas vestes do Senhor.

72 Há alguma “hemorragia” em sua vida? Você se sente como a


mulher hemorrágica?
Que obstáculos têm impedido você de tocar no Senhor
Jesus?
Decida-se a tocar no Senhor Jesus. A Bíblia diz que pelo
Sangue nós temos acesso ao Trono da Graça de Deus. Creia
que hoje o poder e a virtude de Jesus Cristo transformarão
sua vida.
VENCENDO A PROCRASTINAÇÃO

7ºdia
Vencendo a procrastinação

Depois, disse o SENHOR a Moisés: Chega-te a Faraó e dize-


lhe: Assim diz o SENHOR: Deixa ir o meu povo, para que me
sirva. Se recusares deixá-lo ir, eis que castigarei com rãs todos os
teus territórios. O rio produzirá rãs em abundância, que subi-
rão e entrarão em tua casa, e no teu quarto de dormir, e sobre o
teu leito, e nas casas dos teus oficiais, e sobre o teu povo, e nos
teus fornos, e nas tuas amassadeiras. As rãs virão sobre ti, sobre
o teu povo e sobre todos os teus oficiais. Disse mais o SE-
NHOR a Moisés: Dize a Arão: Estende a mão com o teu bor-
dão sobre os rios, sobre os canais e sobre as lagoas e faze subir
rãs sobre a terra do Egito. Arão estendeu a mão sobre as águas
do Egito, e subiram rãs e cobriram a terra do Egito. Então, os
magos fizeram o mesmo com suas ciências ocultas e fizeram
aparecer rãs sobre a terra do Egito. Chamou Faraó a Moisés e a
Arão e lhes disse: Rogai ao SENHOR que tire as rãs de mim e 73
do meu povo; então, deixarei ir o povo, para que ofereça sacri-
fícios ao SENHOR. Falou Moisés a Faraó: Digna-te dizer-me
quando é que hei de rogar por ti, pelos teus oficiais e pelo teu
povo, para que as rãs sejam retiradas de ti e das tuas casas e
fiquem somente no rio. Ele respondeu: Amanhã. Moisés disse:
Seja conforme a tua palavra, para que saibas que ninguém há
como o SENHOR, nosso Deus. (Êx 8.1-10)
CURANDO A FÉ EM 21 DIAS

A Bíblia é um livro maravilhoso e possui situações extraordi-


nárias. Sendo um livro perfeito, a Palavra de Deus tem respostas
para todas as nossas necessidades e também trata com todos os
tipos de problemas, com todos os tipos de impedimentos para
o agir de Deus em nossa vidas.
Em toda a Bíblia há histórias extraordinárias que mostram o
poder de Deus e Sua misericórdia com Seu povo. Uma das mais
interessantes histórias da Bíblia está no Livro de Êxodo, é a co-
nhecida Praga das Rãs. Esse texto tem muito para nos ensinar.
O Espírito Santo quer agir e não há nada que possa impedir
o Seu mover nas nossas vidas. Você pode pensar que o diabo
possa impedi-lo, mas é um engano, não há diabo, nem circuns-
tâncias, nem ninguém que possa impedir o mover de Deus em
sua vida. Na verdade, só uma pessoa pode impedir o mover de
Deus, você.
Eu sei que muitos gostam de culpar o diabo, ou as circuns-
tâncias, mas, na verdade, nos devemos ter a postura honesta de
olhar para nós mesmos e dizer: “Eu mesmo fui impedimento,
eu mesmo fui um obstáculo para receber de Deus!”. Esse é o
único obstáculo que Deus não pode transpor porque Ele respei-
ta a sua liberdade, Ele respeita a sua escolha.
Deus deu a você a liberdade de escolha, você pode escolher,
você pode decidir. Deus espera que nós façamos nossas escolhas e
nós tomamos decisões constantemente. Mas, muitas vezes, faze-
mos escolhas indevidas, tolas e sem a sabedoria dada por Deus.
Voltando à história da Praga das Rãs, vemos algo muito inte-
ressante acontecendo com Faraó e que, hoje, pode estar aconte-
cendo também na sua vida. O que impediu a bênção na vida de
Faraó – e que pode estar acontecendo em sua vida – chama-se
procrastinação, o que significa “deixar para amanhã o que se po-
74 deria fazer hoje”, significa estar sempre adiando, deixando para
depois. Foi isso o que aconteceu na vida de Faraó.
No começo do Livro de Êxodo, Deus está em demanda com
o Faraó e, através de Moisés, o Senhor mandou dez pragas. A
Praga das Rãs é a segunda praga.
No episódio das dez pragas, Deus estava zombando dos deu-
ses egípcios. Porque o nosso Deus tem bom humor, Deus zomba
VENCENDO A PROCRASTINAÇÃO

das obras do diabo. Os egípcios cultuavam um deus em forma


de piolho, então Deus mandou a Praga dos Piolhos.
Outro deus adorado pelos egípcios tinha a forma de rã. Logo,
quando Deus mandou a Praga das Rãs, Ele estava zombando do
deus das rãs: “Já que vocês adoram rãs, Eu darei muitas rãs para
vocês. Casas, panelas, guarda-roupas, todo lugar que vocês fo-
rem estará repleto de rãs”.
E no meio da Praga das Rãs, a Bíblia diz que Faraó chamou
Moisés e lhe pediu que retirasse as rãs do meio do Egito. Moisés
lhe pergunta, então, quando Faraó quer que as rãs acabem. O
que Faraó respondeu? Amanhã! Isso não assusta você? Faraó dis-
se: “Hoje não, hoje eu não quero a bênção. Amanhã você ora,
Moisés. Amanhã”.
Isso é assustador. Faraó queria passar mais uma noite com rãs
na cama? Ele queria sentar-se à mesa e comer e o prato estaria
cheio de rãs? Ele queria passar mais um dia com as rãs?
Hoje Deus também pergunta a você: “Quando você quer
receber a bênção?”. Hoje Deus lhe diz: “Eu estou com as minhas
mãos estendidas e, agora mesmo, Eu posso estender o meu bra-
ço de poder e mudar sua história. Agindo Eu quem poderá im-
pedir-me? A minha mão não está encolhida para não poder aben-
çoar, nem o meu braço está fechado para não poder liberar a
bênção. Eu estou com a mão estendida. Eu quero abençoar a sua
vida, mas quando você quer ser abençoado?”. A sua resposta será
a mesma de Faraó? Você dirá a Deus: “Amanhã, hoje não!”?
Muitas vezes não temos mais de Deus porque sempre estamos
deixando para amanhã, sempre planejamos fazer algo amanhã.
As pessoas vivem dizendo: “Amanhã é o dia que eu vou começar
o regime, amanhã eu vou entrar na academia de ginástica, ama-
nhã eu vou começar a estudar inglês, amanhã eu vou começar a
gastar mais tempo com a minha família, com os meus filhos, 75
amanhã eu quero separar mais tempo para orar, amanhã eu que-
ro começar a ler a Bíblia!”. E o amanhã nunca chega, sempre
amanhã, sempre amanhã.
Quem deixa as coisas sempre para amanhã vê a vida passando
sem vivê-la. Não vive, dia-a-dia o diabo vai roubando dele a
existência. Ele deixa de desfrutar da bênção do Senhor porque
CURANDO A FÉ EM 21 DIAS

deixou para amanhã, porque não quis naquela hora, porque não
foi naquele dia, porque não recebeu naquele momento.
Nós somos muito voltados para o futuro. Não que não de-
vamos olhar para o futuro, pois é melhor olhar para frente do
que para trás. Se temos que escolher olhar para algum lugar é
melhor olhar para frente do que para trás. Todavia, nós sempre
achamos que Deus ainda fará, sempre dizemos que o mover de
Deus vem, que Deus ainda agirá, que a obra de Deus ainda pros-
perará, que ainda acontecerá isso.
Mas o que o Espírito Santo está dizendo hoje é: “Eu já estou
agindo na Terra, eu já estou agindo no meio da minha Igreja, eu
já estou operando, eu já estou caminhando”. Mas muitos de nós
estamos aguardando, esperando que algo aconteça, que algo ve-
nha, que uma chuva caia, que o mover aconteça.
Deixe-me dizer uma coisa: “Saia dessa postura de espera, de adi-
ar, de deixar para amanhã. O tempo da bênção do Senhor é hoje!
Por que Faraó adiou? Que motivos nos fazem gostar tanto
de adiar decisões importantes? Por que nós adiamos tanto o que
deveria ser feito imediatamente? Por que adiamos nos mover
em Deus se podemos fazer agora? Por que adiamos receber a
bênção se precisamos dela hoje? Por que o Faraó, mesmo pas-
sando tantas adversidades com as rãs, rejeitou receber a bênção
na hora em que Moisés ofereceu? Talvez pelos mesmos motivos
alguns cristãos têm rejeitado receber a bênção do Senhor hoje,
porque sempre deixam para amanhã.

1. Orgulho
O primeiro motivo pelo qual Faraó não quis receber a benção
é o orgulho. Talvez ele tenha pensado: “Eu não quero mostrar
que estou tão incomodado, eu não quero demonstrar que estou
76 tão infeliz e angustiado.”. Talvez, Faraó tenha dito a Moisés:
“Ora Moisés, eu não quero que você pense que sua oração é
tudo o que eu preciso na vida, que eu estou no fim da história.
Eu quero que você ore, mas eu quero amanhã.”.
Isso é orgulho e orgulho impede a bênção de Deus. Sabe
quem mais recebe de Deus? Quem se despe do orgulho, quem
não está preocupado com o que dirão ou pensarão dele.
VENCENDO A PROCRASTINAÇÃO

2. Acomodação
Muitas pessoas adiam receber a bênção de Deus porque já se
acostumaram a viver uma vida ruim. É provável que Faraó já
estivesse acostumado com as rãs. O ser humano se acostuma
com tudo. Deus nos criou com a capacidade de adaptação. A
parte boa de termos a capacidade de nos adaptarmos para sobre-
viver é que conseguimos viver nas mais adversas circunstâncias
climáticas, sociais, emocionais etc.
A parte ruim é que perdemos a capacidade de ficar indigna-
dos também. Acabamos nos acostumando com a violência, per-
demos a capacidade de ficar chocados, indignados e, infelizmen-
te, adquirimos a capacidade de nos acostumarmos com vida
ruim. Você se acostuma com casamento ruim e, o mais incrível,
tem gente que se acostuma até com doença, vai convivendo com
aquilo e se adaptando à situação.
Mas Deus não quer que você se acostume com vida ruim.
Jesus veio para que tenhamos vida e vida em abundância. O
propósito de Deus é que tenhamos uma vida plena. Você não
tem que se acostumar com uma vida de miséria, angústia, priva-
ção, enfermidade, pois essas coisas não vêm de Deus, não são
propósito de Deus para você, pois você foi criado para a vida e
não para a morte, você foi criado para saúde e não para a enfer-
midade, para o sucesso e não para o fracasso, para a abundância
e não para a privação, você foi criado para a vida plena.
Por isso, quando foi criado, você foi colocado no Jardim do
Éden, que significa “Jardim de Delícias”. Deus colocou você lá
para que entendesse o que Ele tinha em mente a seu respeito.
Deus queria que você provasse o melhor dEle. Mas alguns de
nós já nos acostumamos com as rãs e deixamos para receber a
bênção amanhã. Aquela praga, mesmo tendo sido enviada por
Deus, tinha um dia certo para acabar. Aquele dia extra que Faraó 77
sofreu, ele sofreu porque quis, porque rejeitou a bênção de Deus.
Talvez você esteja passando por dificuldades e pense que seja
a vontade de Deus. Realmente, há momentos difíceis em nossas
vidas, tempo para as guerras, para as lutas, para as dificuldades e
que são vontade de Deus. Todavia, nós não devemos ficar em
tribulações nem um dia a mais além do que Deus planejou.
CURANDO A FÉ EM 21 DIAS

Não devemos sofrer nem um dia a mais além da vontade de


Deus. Quando o Senhor lhe perguntar: “Quando você quer que
Eu lhe abençoe?”, não diga: “Amanhã”, diga: “Senhor, ontem,
agora mesmo, agora, eu quero ser tocado por Ti hoje, eu quero
o Teu poder hoje, eu quero a Tua bênção hoje e não amanhã”.
Mas alguns querem um dia a mais e amanhã Faraó chega
para Moisés e diz: eu quero um dia a mais, e depois de amanhã
ele chega e diz um outro dia a mais, e é assim que muitos têm
vivido porque já se acostumaram com as rãs, a comer com elas,
a banhar-se com elas, a vestir-se com elas. Mas não é o propósito
de Deus, não é a vontade de Deus, portanto recuse-se a aceitar,
recuse-se a viver.
Você pode estar se questionando se eu, como pastor, não de-
veria estar ensinando você a ser uma pessoa mais conformada
com a vida, mais abnegada, a aceitar o seu “carma”, que, segun-
do algumas religiões, é o sofrimento que você tem que padecer
a vida toda e que supostamente teria sido determinado por Deus.
Eles dizem: “Você tem que agüentar esse sofrimento a vida toda,
você foi criado para ser desse jeito, Deus quer que você viva
assim”.
Mas a verdade da Palavra de Deus diz que “para isso se mani-
festou o filho de Deus, para desfazer as obras do diabo”. Se o
diabo tem oprimido, o Senhor Jesus quer libertar, pois Ele mes-
mo disse que “o ladrão vem somente para roubar, matar e des-
truir”, mas Ele veio para que todos tenham vida, e vida em abun-
dância. Deus tem o melhor para você.
Talvez você esteja pensando que eu estou ensinando as pesso-
as a serem ambiciosas. Não quero ensinar as pessoas a desejarem
além do que precisam, mas também não quero que quem está
sofrendo sofra além do que precisa, uma vez que o dia de rece-
78 ber a bênção chegou.
Mas como saber se já chegou o dia de receber a bênção?
Pelo simples fato de você estar recebendo esta palavra, hoje é o
dia da sua oportunidade, hoje é o dia de você receber a sua
bênção. Você não está lendo este livro por acaso. O Espírito
Santo quer lhe mostrar essa verdade, Ele quer que você receba
a sua bênção hoje.
VENCENDO A PROCRASTINAÇÃO

3. Medo
Um outro motivo que nos faz deixar para receber a bênção
amanhã é o medo. Medo de que porventura não dê certo, de
receber a oração e nada acontecer. Alguns se sentem inseguros e
tem medo do que pode vir a acontecer, medo dos desafios que
poderão vir, medo de pensar numa vida diferente da que têm
hoje, medo de sair da sua zona de segurança. O medo ocorre
porque as pesoas se acostumaram com suas vidas como estão.
Então eles têm medo de sair. Todavia, o Senhor está lá fora
do barco dizendo para Pedro: “Vem andar comigo nas águas!”.
Mas nós – na posição de Pedro – dizemos que não dá, nin-
guém nunca fez isso, isso não é possível; ficamos com medo.
Mas hoje eu quero lhe dizer, não tenha medo de receber a bên-
ção de Deus, não fuja da bênção de Deus.

4. Medo de Deus
Muitos não compreenderam ainda o amor de Deus e, por
isso, estão adiando a bênção. Eles não imaginam que pode haver
algo melhor, não imaginam que podem viver a vida sem as rãs
incomodando. Todavia, as rãs são enviadas por causa do pecado.
Para nos vermos livres das rãs, precisamos nos arrepender de
nossos pecados e crer no amor de Deus, nos aproximarmos dEle
sem medo, mas com ousadia. Se você ouvir a voz do Senhor
hoje, não endureça seu coração, antes o abra para o Senhor, por-
que hoje é o tempo da sua oportunidade.

5. Complacência
Uma outra causa pode ser também a complacência, ou seja,
a postura de achar que não está assim tão ruim, de achar que 79
podemos ir levando assim mesmo, de achar que “eu não estou
feliz, mas poderia ser até pior”. Mas Deus não quer que você se
console dizendo que poderia ser pior, Ele quer que você tenha
a motivação de dizer que pode ser melhor do que está, que
pode ser melhor com o Senhor, que há um nível além, um
degrau além, que Deus pode operar em sua vida. Jogue fora a
sua complacência.
CURANDO A FÉ EM 21 DIAS

Quantos estão acostumados com o nível espiritual que pos-


suem, contentes com o nível espiritual que têm vivido, adapta-
dos a um nível raso de vida cristã? A vida cristã deve ser ascen-
dente como uma escada, onde cada degrau nos leva mais próxi-
mo da glória do Senhor. Não se contente com o que você tem,
sempre queira algo mais de Deus. Ele sempre tem algo a mais
para nós, portanto não tenha complacência, aprenda a reconhe-
cer, a se agradar e a querer o que Deus tem para você.

6. Preguiça
O último motivo que nos faz deixar de receber a bênção de
Deus hoje é a preguiça. Muitos cristãos não têm mais de Deus
porque eles têm preguiça mesmo. Há quem sinta preguiça de
fazer regime. Só de ouvir falar no assunto, já se desanima. Mas
quantos não sentem preguiça também diante de um jejum, di-
ante do desafio de buscar a Deus, de orar todos os dias, de ter
um tempo devocional com o Senhor para ouvir a Sua voz, para
buscar a face dEle? Quantos, quando pensam em orar ou jejuar,
também ficam com preguiça, com indisposição. Muitos não
recebem de Deus porque dizem que receber de Deus dá traba-
lho, para receber de Deus tem que aplicar o coração. Muitos
têm preguiça até de louvar a Deus e sentem até alívio quando
acaba o louvor.
Se você quer ser abençoado em uma reunião da igreja, vá
disposto a trabalhar com Deus, a buscar a Deus, a aplicar seu
coração. Em certos dias parece que o céu está logo acima da
gente, que é só estender a mão e tocar em Deus. Mas há dias em
que parece que tudo está tão longe, que é tão difícil tocar no
Senhor. Mas Deus fez os dias assim para produzir em nós esta
disposição, para ver se realmente O queremos, se estamos dis-
postos a buscá-lO de todo o nosso coração. Ele até se afasta um
80 pouco e diz: “Vêm, eu estou aqui te esperando!”. Mas alguns
dizem: “Senhor, está muito longe, chegue mais perto!”. Deus
então responde: “Não. Vem você, te espero!”. E você precisa se
dispor a andar até Ele.
Deus quer ver em nós essa disposição de não deixar para
amanhã, de não deixar para outro dia, de querer hoje. A Bíblia
finalmente nos diz:
VENCENDO A PROCRASTINAÇÃO

Assim, pois, como diz o Espírito Santo: Hoje, se ouvirdes a sua


voz, não endureçais o vosso coração como foi na provocação,
no dia da tentação no deserto [...] pelo contrário, exortai-vos
mutuamente cada dia, durante o tempo que se chama Hoje, a
fim de que nenhum de vós seja endurecido pelo engano do
pecado. (Hb 3.7,8;13)

O tempo da bênção de Deus é hoje. O tempo da oportuni-


dade é hoje. Se você ouvir a voz do Senhor hoje, abra o seu
coração. Muitas vezes não recebemos mais de Deus porque
estamos fechados, porque, de alguma maneira, nós resistimos a
Deus, há uma demanda em nosso coração contra Deus e fica-
mos fechados. Você pode até se perguntar: “Por que tenho que
responder a Deus hoje?”. Devo lhe dizer que a principal razão é
porque não sabemos o dia de amanhã, não sabemos se estare-
mos vivos amanhã. Ninguém gosta de falar da morte, pois ela
nos incomoda. Não temos em nossa cultura o costume de falar
da morte, não é polido nem de bom-tom. Mas devemos enca-
rar a realidade: não sabemos o dia em que iremos partir e nin-
guém poderá fugir da morte. Por isso, devemos responder ao
Senhor hoje.
O Senhor nos diz que o dia da nossa oportunidade é hoje.
Devemos aproveitar essa grande bênção que Deus quer nos dar
hoje, pois não sabemos o dia de amanhã.

Você tem alcançado as bênçãos do Senhor em sua totali-


dade? Ou as bênçãos têm ficado para amanhã? As bên-
çãos e as promessas de Deus em sua vida têm sido sempre
adiadas? Você se acostumou a sofrer e acha que a situação
não mudará? 81
Seu coração tem sido orgulhoso, você acha que não precisa
da bênção de Deus? Ou você tem perdido as bênçãos por
ter se acomodado, por ter medo ou preguiça?
Tome a decisão de mudar de atitude. Aproprie-se das pro-
messas de Deus e lute contra a procrastinação para alcançá-
las. Lute contra o orgulho, a acomodação, o medo e a pre-
guiça. Creia que hoje é o dia que o Senhor lhe dará a vitória.
CURANDO A FÉ EM 21 DIAS

82
O PODER DA MIGALHA

8ºdia
O poder da migalha

Partindo Jesus dali, retirou-se para os lados de Tiro e Sidom. E eis


que uma mulher cananéia, que viera daquelas regiões, clamava:
Senhor, Filho de Davi, tem compaixão de mim! Minha filha está
horrivelmente endemoninhada. Ele, porém, não lhe respondeu
palavra. E os seus discípulos, aproximando-se, rogaram-lhe:
Despede-a, pois vem clamando atrás de nós. Mas Jesus respon-
deu: Não fui enviado senão às ovelhas perdidas da casa de Israel.
Ela, porém, veio e o adorou, dizendo: Senhor, socorre-me! En-
tão, ele, respondendo, disse: Não é bom tomar o pão dos filhos
e lançá-lo aos cachorrinhos. Ela, contudo, replicou: Sim, Senhor,
porém os cachorrinhos comem das migalhas que caem da mesa
dos seus donos. Então, lhe disse Jesus: Ó mulher, grande é a tua
fé! Faça-se contigo como queres. E, desde aquele momento, sua
filha ficou sã. (Mt 15.21-28)
83
Há coisas poderosas na Palavra de Deus, mas talvez você nunca
tenha ouvido falar do poder da migalha e de como uma mulher
surpreendeu Jesus. Essa mulher estava buscando algo, não para
si mesma, mas para sua filha. Ela clama a Jesus por sua filha. Ela
própria não tinha problema, mas o problema de sua filha era
duas vezes dela própria. Certamente a dor de sua filha doía mui-
to mais nela. Aquela mulher tinha um compromisso com sua
CURANDO A FÉ EM 21 DIAS

filha. O exemplo dela nos mostra que temos um compromisso


com a próxima geração, temos compromisso com os nossos
filhos naturais e com os filhos espirituais que temos gerado.
A mulher estava intercedendo e houve grande poder na sua
intercessão. Por isso, você pode aplicar esse texto tanto para seus
filhos naturais quanto para os filhos espirituais. Todos nós ire-
mos prestar contas de nossos filhos a Deus. Você escolhe: quer
prestar contas de seus filhos como esta mulher, que não mediu
esforços, mas pagou o preço; ou você quer prestar contas como
Eli, cuja história está no Primeiro Livro de Samuel?
Porque já lhe disse que julgarei a sua casa para sempre, pela
iniqüidade que ele bem conhecia, porque seus filhos se fizeram
execráveis, e ele os não repreendeu. (1Sm 3.13)

Eli não praticava coisas erradas. Seus filhos é que cometiam


abominações diante de Deus. Mas, quando Deus foi tratar, Ele
primeiro tratou com Eli. Por que Deus fez isso? Simplesmente
porque os pais possuem responsabilidade diante de Deus pelos
seus filhos.
Os pais têm a responsabilidade de chorar diante de Jesus e
dizer como aquela mulher: “Quero as migalhas da mesa, mas
livre meu filho. Não interessa o que tenho que fazer, quanto
tempo terei de clamar. Mas livre o meu filho”.
Ou você terá a postura de Eli. Ele viu que seus filhos estavam
errados, fazendo coisas terríveis, mas não os repreendeu. Você
não é responsável pelos pecados de ninguém desde que você o
repreenda em seu erro. Mas, se você se calar, você se torna cúm-
plice, você viu e concordou.
Talvez seus filhos já sejam adultos e não há muito que você
possa fazer. Mas, pelo menos, não se omita. Não é porque seu
84 filho é adulto que você deixará de denunciar o seu pecado e dizer-
lhe: “Filho, você prestará contas diante de Deus, mude sua atitu-
de, mude sua vida, mude seu comportamento”. Pais que fazem
isso são justificados diante de Deus. Mas há pais que se omitem.
A maneira como aquela mulher orou e a atitude que ela teve
servem para nós como modelo, que, à semelhança dela, deseja-
mos ver nossos filhos diante de Deus.
O PODER DA MIGALHA

1. O poder da persistência
O clamor mais tocante concebível é o apelo de uma mãe
aflita. Jesus curou a tantos, mas, surpreendentemente, pareceu
ignorar o clamor daquela mulher por horas a fio.
Mas aquela mulher manifestou o poder da persistência. Ela
era habitante das regiões de Tiro e Sidom – cidades fenícias onde
hoje há um país chamado Líbano.
Jesus sabia que Ele não havia sido chamado para pregar ali,
mas havia algo que atraia Jesus àquele lugar, àquelas pessoas, a
quem não foi dado o reino primeiro.
Diz a Bíblia que ela foi ter com Jesus clamando: “Filho de
Davi, tem compaixão de mim, tem misericórdia de mim!”. Je-
sus andava rápido e ela anda mais rápido o seguia e continuava
dizendo: “Filho de Davi, tem misericórdia de mim!”.
Eles tentavam mudar de lugar, talvez entrar na casa de al-
guém, mas ela continuava indo atrás e gritando: “Filho de Davi,
tem misericórdia de mim!”.
Eu não sei como aquele clamor soou para Jesus, creio que foi
um poema celestial. Mas, aos discípulos, soou como algo enfa-
donho e cansativo. Eles estavam com os nervos à flor da pele.
Por fim, eles disseram: “Mestre, por favor faça alguma coisa.
Despede-a, pois vem clamando atrás de nós”. Os discípulos, com
certeza, já haviam tentado mandá-la embora, já haviam tentado
despistá-la, mas nada iria demovê-la do seu propósito.
O Senhor apenas lhe diz: “Não fui enviado senão às ovelhas
perdidas da casa de Israel”. Eu não fui enviado para você, a prin-
cípio; fui enviado primeiro aos judeus que são os filhos do rei-
no. Mas a mulher chegou e adorou o Senhor dizendo: “Socor-
re-me! Eu insisto, socorre-me!”.
É como se ela dissesse: “Como eu vou orar? Eu não tenho 85
base para orar. Como é que eu vou receber, se todos me apon-
tam e dizem para eu parar de orar?”. Mas ela não parou. Dou
graças a Deus por irmãos que não param, que insistem. Eles
batem na porta uma, duas, três vezes; batem na porta um ano,
dois anos. Eles insistem batendo na porta: “Eu não irei para a
glória sozinho, aqueles que são meus irão comigo, em nome de
Jesus”. Tais pessoas verão a glória de Deus.
CURANDO A FÉ EM 21 DIAS

Há alguns anos, em nossa igreja, tínhamos um líder, um dos


primeiros líderes de célula e também um dos primeiros convi-
dados ao teste como obreiro, para ser pastor. Logo que ele foi
colocado no teste como obreiro, começaram a surgir boatos de
que ele estava apaixonado por uma outra mulher. Diziam que
ela estava seduzindo-o. Eu chamei aquela mulher e disse: “Se
você me disser que não é verdade, eu acredito”. Ela enfaticamen-
te me disse que não era verdade. Mas, no outro dia, aquele ir-
mão saiu de sua casa, abandonou sua esposa, e foi morar com
ela. Eu fiquei completamente decepcionado!
Mas a esposa dele permaneceu na igreja e vinha orar todos
os dias pela manhã. Todos os dias. Às vezes éramos só dois,
mas ela também estava lá. Todos os dias a oração dela era a
mesma. Ela me pedia para orar com ela e eu lhe dizia que, se
cresse, Deus faria um milagre na vida de seu marido e ele vol-
taria para casa. Eu dizia a ela: “Vamos continuar orando por-
que não é a vontade de Deus que lares sejam destruídos”. Foi
assim até o dia em que ela me trouxe a notícia de que ele havia
se casado com a outra diante do juiz. O divórcio havia sido
homologado e ele se casou com a outra legalmente. Naquele
dia eu lhe disse: “Irmã, acho melhor você parar de orar, ele já se
casou. Não sei se é apropriado você continuar orando por ele,
já que está casado com outra”. No entanto, ela me resistiu:
“Ele é meu marido. Ele se casou primeiramente comigo”. Eu
tentava dissuadi-la, houve um dia em que ela ficou muito bra-
va comigo, até pensei que ela nunca mais iria conversar comi-
go. Eu só queria poupá-la de sofrer mais, uma vez que seu
marido já havia se casado com outra. Mas ela me dizia: “Pas-
tor, eu posso até morrer, mas até o dia de minha morte eu vou
crer que Deus respondeu a minha oração”. Ela insistiu. Passa-
ram-se um ano, dois, três e ela continuou orando.
86 Toda vez que a encontrava, eu perguntava: “Você continua
orando?”. Sua resposta era sempre a mesma: “Eu vou continuar
orando, não vou parar de orar”.
Ela havia se juntado com outras irmãs cuja fé era do tama-
nho da dela. Dou glória a Deus pelas irmãs, muitas vezes elas
têm muito mais fé do que os pastores. Eu nem sou digno de ser
pastor dessa irmã.
O PODER DA MIGALHA

Passaram-se cinco, seis anos. De repente ficamos sabendo que


seu ex-marido estava tendo problemas no segundo casamento.
Apesar de ter se divorciado, ele não havia se afastado do Senhor
e freqüentava outra igreja. Então, ele teve um acidente de moto.
Ali, com fratura exposta, vendo seus filhos caídos da moto, san-
grando com dentes quebrados – fiquei sabendo depois – ele
percebeu que Deus estava tratando com ele. Naquela hora ele
disse: “Eu vou voltar, não interessa o que tenha que fazer, eu vou
voltar!”. Era o Espírito inquietando seu coração. E, nesse ínte-
rim, ele descobriu que sua atual esposa o estava traindo. Então
ele resolveu se separar. Alguns meses depois ele me procurou. Eu
lhe perguntei: “E aí, irmão. Você vai voltar com sua esposa?”.
Ele foi honesto: “Pastor, eu não sinto mais nada por ela. Para
mim, ela é como uma irmã, uma amiga”. Eu continuei: “Ela
ainda está orando”. “Sim, eu sei que ela ora” – ele disse – “mas
será preciso um milagre de Deus”.
Passaram-se mais alguns meses. Ele estava em sua casa oran-
do e teve uma experiência com Deus. Uma luz do céu veio sobre
ele e Deus começou a lembrá-lo dos filhos e da primeira esposa.
Algo começou a brotar de dentro dele. Ele começou a sentir
uma ternura como nunca havia sentido na vida. E, naquela hora,
ele resolveu que iria voltar para casa, para sua família.
Hoje eles estão novamente casados para a glória de Deus.
Foram seis anos. Eu nunca pensei que isso pudesse acontecer.
Sabe por que aconteceu? Porque alguém não se deixou desmotivar
pela demora e pela aparência das circunstâncias, não desistiu no
meio do caminho dizendo: “Não tem mais jeito!”. Alguém foi
até o fim com Deus. Sei que alguns morrem sem ver o cumpri-
mento da promessa. Abraão foi um deles. A Bíblia diz que ele
morreu sem ver cumprida a promessa de contemplar todas as
famílias da terra sendo abençoadas. Mas ele morreu crendo.
Pode ser que você não veja tudo se cumprindo nos dias da
sua vida. Mas creia. Você pode passar, mas Deus não passa. Você 87
pode morrer. Mas o que Ele lhe disse se cumprirá. E Ele dirá:
“Eu sou fiel ao meu servo. O que lhe prometi aqui está!”. Deus
não passa.
Em Lucas há uma história semelhante. A perseverança é a
maior expressão da fé. Na verdade, o vencedor é aquele que
continua crendo e persevera até o fim.
CURANDO A FÉ EM 21 DIAS

Disse-lhes Jesus uma parábola sobre o dever de orar sempre e


nunca esmorecer: Havia em certa cidade um juiz que não te-
mia a Deus, nem respeitava homem algum. Havia também,
naquela mesma cidade, uma viúva que vinha ter com ele, di-
zendo: Julga a minha causa contra o meu adversário. Ele, por
algum tempo, não a quis atender; mas, depois, disse consigo:
Bem que eu não temo a Deus, nem respeito a homem algum;
todavia, como esta viúva me importuna, julgarei a sua causa,
para não suceder que, por fim, venha a molestar-me. Então,
disse o Senhor: Considerai no que diz este juiz iníquo. Não fará
Deus justiça aos seus escolhidos, que a ele clamam dia e noite,
embora pareça demorado em defendê-los? Digo-vos que, de-
pressa, lhes fará justiça. Contudo, quando vier o Filho do
Homem, achará, porventura, fé na terra? (Lc 18.1-8)

A fé a que o Senhor se refere nesse texto é a fé perseverante. É


como se Ele dissesse: “Porventura quando vier o Filho do Ho-
mem achará uma fé perseverante na terra? Achará pessoas que
irão até o fim com Deus?”. Ainda que o Senhor possa parecer
demorado em atender, Ele não é esse juiz iníquo. Ao contrário,
Ele é o juiz de toda a terra, santo e justo.
Se o juiz iníquo resolveu se dobrar diante da insistência da
mulher, muito mais o Senhor, que é justo. “Pastor, por que as
vezes demora?”, você me pergunta. Eu não sei, Jesus não fez
questão de explicar. Há muitas coisas entre o céu e a terra que
nós não entendemos, mas persevere em crer. Hoje, nas regiões
celestiais, uma batalha espiritual começou a ser travada.
Muitos estão orando por cura, outros tantos oram por pros-
peridade. Há quem esteja orando por restauração e outros ainda
por emprego e casamento. Tantos motivos!
Mas o princípio dessa mulher é esse: “Filho de Davi, tem
88 misericórdia de mim.” – Ele não ouviu? – “Filho de Davi, tem
misericórdia de mim!” – Parece distante ainda. Gritarei mais
alto ainda: “Filho de Davi!!! Tem misericórdia de mim!!!”.
Se parece que Ele não lhe ouve, apenas diga: “Socorro, Se-
nhor. Socorra-me! Eu não tenho forças nem para orar mais. Eu
não tenho argumentos. Eu não sei o que dizer, mas eu não largo
o Senhor!”.
O PODER DA MIGALHA

Talvez, como os discípulos, também haja em nosso meio


irmãos que digam: “Irmã, pare de orar. Conforme-se com a si-
tuação. Esqueça esse assunto”. Talvez haja muitos como aqueles
discípulos entre nós. Todavia, não ligue se alguém percebe, ou se
fica incomodado com seu pedido de socorro, continue gritando
diante de Jesus, Ele ouvirá sua oração.
Tempo de jejum é tempo de, com toda a reverência, impor-
tunarmos. Repetirmos. Falarmos. Pedirmos uma vez, duas ve-
zes, três vezes, dez vezes. Com as mesmas palavras: “Filho de
Davi, tem misericórdia de mim!”. Há poder na perseverança.

2. O poder da migalha
O Senhor disse para aquela mulher: “Não é bom tomar o
pão dos filhos e lançá-lo aos cachorrinhos”. Após perseguir o
Senhor por horas a fio, com pessoas tentando dissuadi-la, ela
ouviu de Jesus uma frase que, para muitos, é completamente
desanimadora. O que você faria se ouvisse a mesma coisa?
Agora, o que significam essas migalhas? É como se Ele tivesse
dito: “Olha, filha. Eu não posso tirar da mesa a comida dos
filhos para dar aos cachorrinhos”. Naquela hora ela entendeu.
Todavia, ao invés de ficar amargurada, ofendida por ser compa-
rada a um cachorrinho, ir para casa e nunca ver a sua filha liberta,
ela pensou: “Agora eu peguei o Senhor. Agora Ele me deu uma
base para eu poder orar”. E ela disse ao Senhor: “De fato, eu não
quero o pão dos filhos, eu não quero nem o pão dos servos. Eu
só quero as migalhas porque eu sou esse cachorrinho. E, sabe,
Senhor, eu tenho fé para crer que mesmo as migalhas que caem
da mesa têm poder para fazer milagres lá onde eu estou!”.
Se há poder suficiente em uma migalha para curar o en-
fermo e para destruir o poder do diabo, se há poder suficien-
te em uma migalha para liberar o poder do céu, imagine quan- 89
to poder há no pão inteiro! Nós somos filhos e hoje não
precisamos comer mais das migalhas, mas o pão que está co-
locado à nossa disposição.
A mulher, porém, comeu das migalhas e o milagre aconte-
ceu. Você hoje é filho. Você tem o pão inteiro na sua mão. Se
migalhas fazem milagres, imagine o que desfrutam os filhos que
CURANDO A FÉ EM 21 DIAS

estão sentados ao derredor da mesa recebendo do pão da vida,


do pão que desceu do céu.
As migalhas também são a expressão da graça de Deus, mas o
filho tem acesso ao pão inteiro. Se há poder nas migalhas, há
mais poder no pão que está posto à mesa dos filhos. Você pode
se agarrar a isso, você precisa ter revelação. Se você apenas com-
preender isso, não haverá restrição para você como filho de Deus.
Aquela mulher se colocou na posição de um cachorrinho.
Talvez você diga: “Isso é ofensivo”. Na verdade, Jesus deu a ela
uma brecha. Uma porta. Um lugar para ela entrar. E ela se ape-
gou àquilo com unhas e dentes. Ao se comparar com um ca-
chorrinho, ela estava, antes de tudo, demonstrando humildade.
Gente arrogante não recebe nada de Deus.
Lá em Lucas, 16.22, lemos a história de um pobre chamado
Lázaro. Jesus disse que ele comia das migalhas que caiam da
mesa do rico. Lázaro não ficava ali sentado comendo migalhas
revoltado com Deus, clamando por vingança contra os ricos ou
algo assim. Ele comia as migalhas porque confiava na provisão
de Deus. E diz a Bíblia que ele morreu e foi levado até o trono
de Deus, mas daquele rico se diz que apenas morreu, nada mais
do que isso. Foi o fim para ele, mas foi o começo para o Lázaro.
Humilhe-se diante de Deus. Não haja no seu coração arro-
gância ou soberba. Não haja no seu coração a atitude de quem se
julga ser ou ter alguma coisa. Só Ele é. Só Ele é o EU SOU. Ele
é a fonte e a provisão, Ele é o El Shadai – o Deus Todo-Podero-
so. Quanto a mim, eu quero me assentar à mesa e comer do pão
da vida.
Há um poder na palavra de Deus e há um poder nas palavras
que não foram ditas. Jesus disse para ela que os cachorrinhos
90 comem das migalhas. Ela disse: “É verdade, é verdade. Eu con-
cordo com o Senhor. Amém. Isso é a verdade. Essa é a palavra
do Senhor pra mim. E eu me apego a ela”.

3. O poder do sussurro
Nestes dias de jejum você precisa de uma palavra da parte de
Deus. Eu sei que todos nós queremos algo espetacular, quem
O PODER DA MIGALHA

sabe extraordinário. Mas o que nós precisamos mesmo é de ter a


Palavra de Deus. Podemos perder o sobrenatural tentando ver o
extraordinário.
Há no Primeiro Livros dos Reis, 19.11, um exemplo de uma
voz suave. Jesus não liberou uma palavra retumbante para aque-
la mulher. Foi tão suave. Foi um sussurro e ela entendeu. Mas
todos os outros perto dela não entenderam. Enquanto, para os
demais discípulos, aquela palavra era de condenação, para ela era
uma Palavra de salvação e de oportunidade. Foi a Palavra do
Senhor que lhe deu a base onde se apegou com mais firmeza.
Agora ela tinha uma base sólida para se firmar. Ela tinha uma
Palavra de Deus.
Tudo o que nós precisamos é de uma Palavra de Deus. Você
precisa orar até sentir que Deus liberou uma Palavra de confir-
mação e de convicção de que Ele operará na sua casa, que Ele
operará através de sua vida, que Ele o levará à posição que Ele
tem para você, que o propósito – que um dia Ele sonhou e
planejou a seu respeito – se cumprirá em nome de Jesus. Eu
creio nisso.
Há ocasiões em que temos uma Palavra de Deus, mas há
outras em que O ouvimos nas entrelinhas. Aquela mulher teve
ouvidos para ouvir o que a maioria de nós ignoraria. Quando
Elias foi a Horebe houve terremoto, ventania e fogo, mas o
Senhor estava no cicio suave.
Disse-lhe Deus: Sai e põe-te neste monte perante o SENHOR.
Eis que passava o SENHOR; e um grande e forte vento fendia
os montes e despedaçava as penhas diante do SENHOR, po-
rém o SENHOR não estava no vento; depois do vento, um
terremoto, mas o SENHOR não estava no terremoto; depois
do terremoto, um fogo, mas o SENHOR não estava no fogo; e,
depois do fogo, um cicio tranqüilo e suave. Ouvindo-o Elias,
envolveu o rosto no seu manto e, saindo, pôs-se à entrada da 91
caverna. Eis que lhe veio uma voz e lhe disse: Que fazes aqui,
Elias? (1Rs 19.11-13)

O fato de Deus não ter aparecido a Elias nessas forças não


significa que Ele nunca esteja na ventania, pois houve uma
ventania no pentecostes. Ou nunca se mostre num terremoto,
pois Paulo foi liberto da cadeia por meio de um terremoto.
CURANDO A FÉ EM 21 DIAS

Nem significa que Ele não possa vir no fogo, porque Ele é
fogo consumidor.
A questão não é padronizar e dizer que Deus está sempre no
cicio suave. A grande questão é: Você é capaz de identificar onde
está a voz de Deus? Você é capaz de perceber quando Deus está
falando? Você é capaz de perceber a Deus sem precisar de fórmu-
las, apenas percebendo-O em seu espírito?
Eu já vi Deus agindo em lugares – que no meu conceito –
seriam os mais improváveis. Há cerca de quinze anos, fui a São
Paulo participar de uma reunião de jovens numa segunda-feira à
noite. Não havia cadeiras para sentar e havia uma sala com vi-
draças e cheia de fumaça. Alguém me explicou que a sala era
para os visitantes, alguns iam às reuniões e não suportavam ficar
sem fumar, então eles fumavam lá dentro, ou seja, era um
fumódromo dentro do prédio da igreja. Confesso que fiquei
assustado. Então, começou o louvor, era completamente dife-
rente do meu habitual, um pessoal com o cabelo alaranjado e
roxo, balançando a cabeça e tocando guitarra freneticamente.
De repente, algo surpreendente aconteceu. Comecei a perce-
ber que a unção estava no meio deles, a unção de Deus estava
naquela música – que eu não gosto e nem ouço –, e Deus estava
agindo. Eles fizeram um apelo para salvação e centenas de jovens
vieram à frente. Deus estava naquilo. Mas não pense que isso é
uma regra porque também já assisti a shows de rock em que
Deus não estava presente.
Uma vez ouvi um quarteto – cantavam a quatro vozes em
harmonia – numa igreja pentecostal. Quando eles começaram a
cantar, demônios se manifestaram e pessoas foram libertas. Eu
fiquei perplexo pensado: “Mas com essa música?”. Deus estava
ali naquela música. Mas também já ouvi quartetos cantando
92 sem um pingo de unção. Portanto, a questão não é o que nós
fazemos. A questão é: onde está Deus falando com você agora?
Onde Deus está liberando a Palavra para você?
Elias podia estar cheio de idéias preconcebidas. Ele já tinha
visto muitos milagres e poderia pensar que Deus estava no terre-
moto, mas o terremoto passou e Deus não estava lá. Ou talvez
tenha pensado que Deus estivesse na ventania, mas Deus não
O PODER DA MIGALHA

estava lá. Nós aceitamos o espetacular como substituto do so-


brenatural. Muitos crentes estão atrás do espetacular, mas Deus
quer se manifestar no sobrenatural. Todavia, o sobrenatural não
é sempre espetacular. O sobrenatural às vezes é tão comum que
as pessoas olham e nem percebem. O sobrenatural é a presença
de Deus. O sobrenatural só acontece onde Deus está presente e
Sua Palavra está sendo liberada.
Portanto, neste jejum, o que você precisa é que o Senhor fale
com você. A Palavra dEle será a sua âncora, será o alimento da
sua fé. Quando tudo parecer contrário, as pessoas discordarem
de você e até mesmo lhe pedirem para desistir, você perseverará
porque Deus falou ao seu coração.
Como Deus falou com Elias? Não foi em um terremoto ou
em uma ventania. Nem foi fazendo cair fogo do céu. Havia
uma voz suave e, quando uma voz suave falou, Elias percebeu a
presença de Deus. A Palavra de Deus é tão poderosa que não
precisa de meios. Ela por si só tem o poder de mudar a história.
O que nós precisamos é de um toque sobrenatural de Deus.
Não fique preso buscando o espetacular e correndo o risco de
não perceber o sobrenatural.

4. O poder da adoração
Por fim, há poder na adoração. O que aquela mulher fez? A
Bíblia diz que “ela, porém, veio e o adorou...” (Mt 18.25). Hoje
estamos comprometidos com a excelência. Mas eu temo o
profissionalismo. Eu temo os profissionais da adoração, os pro-
fissionais da música, os profissionais do púlpito. O profissionalismo
se torna morto quando perde o foco no Senhor.
Eu tenho medo de ficarmos atrás de profissionais. Quando
Deus quer mandar a Sua unção, Ele a envia sobre todos. Tam- 93
bém tenho receio de outros acharem que o nosso louvor é mero
entretenimento. Louvor não é para ser diversão. Grande parte
das músicas evangélicas são carnais e naturais. Procedem de pes-
soas que não têm o menor encargo pela presença de Deus. Que-
rem apenas fazer uma “diversão de crente” para ganhar alguns
trocados. É uma pena. Estão perdendo a oportunidade de serem
instrumentos de Deus.
CURANDO A FÉ EM 21 DIAS

Não vá às reuniões com esse espírito. Não vá aos cultos ou às


células para ver alguém cantar bonito, para se entreter. Vá para
adorar Aquele que é digno. Êxodo, capítulo 30, nos fala a res-
peito do óleo da unção.
Tu, pois, toma das mais excelentes especiarias: de mirra fluida
quinhentos siclos, de cinamomo odoroso a metade, a saber,
duzentos e cinqüenta siclos, e de cálamo aromático duzentos e
cinqüenta siclos, e de cássia quinhentos siclos, segundo o siclo
do santuário, e de azeite de oliveira um him. Disto farás o óleo
sagrado para a unção, o perfume composto segundo a arte do
perfumista; este será o óleo sagrado da unção. (Êx 30.23-25)

A unção de Deus não podia ser aplicada no corpo. O que


significa isso? A unção não pode ser colocada na carne. Há um
óleo da unção que é um perfume, mas o Senhor não quer que
esse perfume seja usado apenas para ser apreciado.
Era proibido ao povo de Israel fazer um perfume com a mes-
ma composição do óleo da unção, porque a unção de Deus é
para ser santificada diante de Deus. Não é para ficarmos nos
banqueteando com nossos sentidos físicos.
Sua postura deve ser: “Deus, fale comigo nesta canção inde-
pendentemente de quem seja o autor ou de quem esteja cantan-
do. Deus, eu quero Te adorar através dela. Seja ela instrumento
da unção diante de Ti”.
Não misture as coisas de Deus. Uma coisa comum hoje é a
mistura.
Não semearás a tua vinha com duas espécies de semente,
para que não degenere o fruto da semente que semeaste e a
messe da vinha. Não lavrarás com junta de boi e jumento.
Não te vestirás de estofos de lã e linho juntamente.
(Dt 22.9-11)
94
Não vamos trazer fogo estranho diante de Deus e nem pegar
as coisas lá de fora. Vamos adorar com corações simples. Isso
tem o poder de liberar a Palavra de Deus.
Ele disse àquela mulher: “Que se faça conforme a sua fé!”.
Porque o que ela queria estava em linha com a adoração. Não
havia mistura.
O PODER DA MIGALHA

Semear com duas sementes é misturar. Não pode haver mistu-


ra em nosso meio. A Palavra é Palavra de Deus, não é entreteni-
mento. Não é uma maneira de você se distrair ouvindo uma pre-
gação em casa. É a Palavra de Deus. Não misture as sementes.

Ultimamente você tem se sentido como um filho ou como


um cachorrinho? Você tem comido à mesa do Senhor ou
tem se alimentado de migalhas?
Você tem persistido em oração diante de Deus para que
Suas promessas se cumpram? Você crê que o Senhor está
diante de você como um pai amoroso?
Reserve alguns momentos no seu dia para cantar um louvor
e adorar ao Senhor. Declare a Deus que você esperará nEle
o milagre e que não misturará as sementes, nem trará fogo
estranho diante dEle.

95
CURANDO A FÉ EM 21 DIAS

96
A GRAÇA DE DEUS

9ºdia
A graça de Deus

Sobreveio a lei para que avultasse a ofensa; mas onde abundou


o pecado, superabundou a graça. (Rm 5.20)

Esse versículo da Carta de Paulo aos Romanos coloca em


cheque os conceitos religiosos de muitas pessoas. O religioso
pensa que Deus deve gostar mais dos “bonzinhos”, dos
“santinhos”, que Deus deve derramar mais do Seu amor e da
Sua graça sobre quem merece mais. Mas a Bíblia diz o oposto:
onde havia mais pecado, Ele derramou mais da Sua graça.
A palavra “abundar” significa “ter algo sobrando, saindo pe-
las beiradas”. Se há na sua vida uma grande quantidade de peca-
do, quero lhe dar uma boa notícia: há uma quantidade ainda
maior da graça do Senhor disponível para você.
Deus é gracioso. Nós falamos muito da graça, mas nem to- 97
dos compreendem o seu significado. As palavras tendem a per-
der o seu sentido com o uso excessivo. A palavra “caridade”, por
exemplo, originalmente significava “o amor mais profundo de
Deus”, mas hoje não passa de “esmola”. Renove o sentido da
palavra graça no seu coração.
CURANDO A FÉ EM 21 DIAS

1. O que é a graça
Philip Yancey disse: “Graça significa que não há nada que eu
possa fazer para Deus me amar mais e graça significa também
que não há nada que eu possa fazer para Deus me amar menos”.
Segundo essa definição, nada, nem entregar o próprio corpo
para ser queimado, fará com que você seja mais amado por Deus.
E, mesmo que você cometa o pecado mais terrível, o amor dEle
por você permanecerá inalterado.
Você faz bem em querer agradar a Deus. Mas nada do que
você fizer mudará o amor dEle por você. Você não precisa correr
e se esforçar para conseguir o favor de Deus. Deus já está sorrin-
do para você.
É a graça de Deus que qualifica você. Graça é uma coisa louca
mesmo, é para quem não merece. A definição teológica de graça
é “favor imerecido”, é Deus dando e fazendo tudo para quem
não merece nada.
Os romanos interpretaram mal o conceito bíblico de que,
onde abundou o pecado, superabundou a graça de Deus; logo,
eles concluíram que se há mais graça onde há mais pecado, então
quanto mais se pecar, mais graça se receberá. Mas Paulo quis
dizer que, se você tropeçar ou falhar, sua falta não mudará o
amor de Deus. Ele continuará com os olhos voltados para você,
com a mão estendida e o coração escancarado para perdoá-lo.
Sempre ouço irmãos dizendo: “Ah, você não sabe quem eu
sou! Você não sabe o que eu fiz!”. Eu não sei quem você é, eu sei
quem Deus é, eu não sei o que você fez – e nem me interessa
muito –, mas eu sei o que Jesus fez e continua fazendo. A Sua
graça está estendida a nós.
Precisamos ser o povo da graça, que é gracioso, que é genero-
so, que estende a mão, que dá gratuitamente, que não cobra,
98 que não exige merecimento nenhum, o povo que está com o
braço estendido para quem quer que seja, não importando a
condição em que venha.
Não vemos nos evangelhos Jesus usando a palavra “graça”,
mas Ele a viveu e a expressou completamente. Um judeu jamais
encostaria em um leproso, para não ser imundo cerimonialmente,
mas Jesus curou o leproso impondo a mão. Uma prostituta
A GRAÇA DE DEUS

jamais tocaria em um sacerdote ou fariseu, mas Jesus deixou


que ela lavasse os Seus pés com suas lágrimas. Jesus ia a banque-
tes nas casas de políticos corruptos, comia com pecadores. Jesus
era amigo de pecadores, Ele é seu amigo também! É por isso que
Ele é nosso amigo, é por isso que Ele pôde morrer por nós,
porque Ele é amigo de pecadores. Ele mesmo disse que nin-
guém tem maior amor do que este: dar a vida por outro amigo.
Ele deu a vida por você que é pecador! Isso é graça!
Nós merecíamos a condenação, mas Ele veio e nos deu algo
que jamais mereceríamos. Essa graça nos atinge e também atin-
ge a Deus, ela muda a maneira de Deus fazer as coisas, ela altera
a lógica dos homens.
No dia em que o homem pecou, Deus ficou em um dilema.
Deus é justo e a Sua justiça diz: “O homem deve morrer!”. Mas
Deus é amoroso e Seu amor diz: “Eu quero salvar o homem!”.
Todavia, o amor não pode contradizer a justiça. Mas houve um
dia, lá na cruz do calvário, que a graça e a justiça se encontraram e
se beijaram! A graça de Deus, o Seu amor, que Ele tanto quis
expressar ao homem lá na cruz se encontrou com a Sua justiça.
Na cruz, a justiça de Deus foi satisfeita: o homem Jesus morreu a
morte de todos os homens. Assim, a Sua justiça foi satisfeita, mas
sem negar o Seu amor.
Que você possa entender o quanto você é amado! Nosso pai
ama você com eterno amor (Jr 31.3). Quando você conhece a
graça de Deus, você não quer fazer coisas para conquistar a Deus.
Antes, você fica constrangido com tanto amor e deseja mostrar
gratidão, você quer retribuir, mostrar que também O ama. Esse
é o verdadeiro cristianismo: o desejo de corresponder ao amor
de Deus.

2. A graça e a matemática de Deus 99


Sobreveio a lei para que avultasse a ofensa; mas onde abundou
o pecado, superabundou a graça. (Rm 5.20)

Todos sentem que, diante da injustiça, algum preço tem


que ser pago. Um estuprador de criancinhas não pode simples-
mente sair livre; um assassino não pode simplesmente dizer:
“sinto muito”.
CURANDO A FÉ EM 21 DIAS

A graça é baseada no preço que Jesus pagou na Cruz. E, por-


que já foi pago, Deus não cobra coisa alguma. A graça de Deus
altera a Sua matemática. Pela lógica, onde há mais erro, mais
injustiça e mais crime precisa haver mais polícia, mais punição,
mais castigo. Mas a graça não é humana, não é deste mundo. A
graça veio do céu, ela desceu com Jesus. Jesus é a encarnação da
graça de Deus, do amor de Deus por nós.
Porque a lei foi dada por intermédio de Moisés; a graça e a
verdade vieram por meio de Jesus Cristo. (Jo 1.17)

O filme “O Último Imperador” conta a história do último


imperador da China. Narra o filme que, em sua infância, se o
imperador fizesse algo errado, ele não poderia ser castigado. En-
tão um servo apanhava em seu lugar. A mesma coisa aconteceu
conosco. Nós havíamos pecado, mas Jesus Se fez servo e sofreu
a punição em nosso lugar. Ele Se fez servo para fazer de você um
filho do imperador. Se você nasceu de novo, você agora é filho
do imperador.

A parábola da ovelha perdida


Aproximavam-se de Jesus todos os publicanos e pecadores
para o ouvir. E murmuravam os fariseus e os escribas, dizen-
do: Este recebe pecadores e come com eles. Então, lhes pro-
pôs Jesus esta parábola: Qual, dentre vós, é o homem que,
possuindo cem ovelhas e perdendo uma delas, não deixa no
deserto as noventa e nove e vai em busca da que se perdeu,
até encontrá-la? Achando-a, põe-na sobre os ombros, cheio
de júbilo. E, indo para casa, reúne os amigos e vizinhos,
dizendo-lhes: Alegrai-vos comigo, porque já achei a minha
ovelha perdida. Digo-vos que, assim, haverá maior júbilo
no céu por um pecador que se arrepende do que por noven-
100 ta e nove justos que não necessitam de arrependimento.
(Lc 15.1-7)

Jesus sempre mostrou muito maior simpatia por pessoas ho-


nestas. Pecadores, sim, mas pecadores que honestamente assu-
miam seus erros e procuravam mudança. Ele rejeitava os fariseus
certinhos, bonitinhos, santinhos, enganando a si próprios (e ten-
tando enganar a Deus), pensando não terem erros.
A GRAÇA DE DEUS

A graça de Deus foge completamente da nossa visão comer-


cial. Ninguém deixaria noventa e nove ovelhas no deserto para
buscar apenas uma que se perdeu. Enquanto estivesse procuran-
do a ovelha perdida, um lobo ou um ladrão viria e levaria as que
ficaram. Mas essa não é a lógica de Deus. Jesus, o bom pastor,
está atrás dessa ovelha perdida.
Se você fosse o único pecador na face da Terra, Jesus ainda
assim viria morrer em seu lugar, porque Ele o ama e lhe conhece
pelo nome. Você consegue perceber esse amor em sua vida?
Quando conseguimos compreender esse amor, ele nos cura e
altera completamente a nossa vida.

A oferta da viúva
Assentado diante do gazofilácio, observava Jesus como o povo
lançava ali o dinheiro. Ora, muitos ricos depositavam grandes
quantias. Vindo, porém, uma viúva pobre, depositou duas pe-
quenas moedas correspondentes a um quadrante. E, chamando
os seus discípulos, disse-lhes: Em verdade vos digo que esta
viúva pobre depositou no gazofilácio mais do que o fizeram
todos os ofertantes. Porque todos eles ofertaram do que lhes
sobrava; ela, porém, da sua pobreza deu tudo quanto possuía,
todo o seu sustento. (Mc 12.41-44)

A graça tem uma matemática diferente. Jesus estava olhando


as pessoas ofertando no gazofilácio. Algumas lançavam grandes
ofertas, mas veio uma viúva e colocou lá dentro duas moedas.
Ele disse que a viúva pobre depositou no gazofilácio mais do
que o fizeram todos os ofertantes. Imagine como se sentiram os
grandes doadores! Todavia, Deus não olha o valor absoluto do
que é material, mas sim o valor que aquilo tem para nós.
A graça de Deus nos ensina que nada que diz respeito a nós é 101
tão grande que Deus não possa fazer, mas também que nada é
tão pequeno que não seja importante para Ele. Deus se importa
com o sapato que você calça, com a roupa que você veste. Ele se
importa com o seu trabalho e mesmo com o carro que você
dirige. Deus se importa se você ficar doente, se importa se você
passar necessidade. Ele se importa com tudo que diz respeito à
sua vida. Porque se nós, que somos maus, damos importância a
CURANDO A FÉ EM 21 DIAS

tudo que diz respeito aos nossos filhos, muito mais Deus cuida-
rá dos Seus próprios filhos.
Eu tenho duas filhas e tive que aprender a valorizar tudo o
que elas valorizam. Como homem, não ligava para a maioria
das coisas de menina, mas hoje valorizo até um prendedor de
cabelo. A questão é que, se é importante para elas, então é im-
portante para mim também. Não é para meu uso, pois nem
cabelo para usar prendedor eu tenho, e cada dia tenho menos;
mas, se para elas é importante, é importante para mim também.
Há algo que seja importante para você? Saiba que é importante
para Deus também.
Alguns religiosos dizem: “Não fique incomodando Deus com
essas coisinhas insignificantes”. Mas essa postura é maligna. Deus
tem prazer em ouvir você orar a respeito das suas coisas, em
ouvir suas histórias e ajudar nas suas lutas. Ora, eu, como pai,
tenho prazer de ver a minha filha estudar para a prova na primei-
ra série. Ela fica ansiosa no dia, tento acalmá-la e estudo com ela.
Mas jamais desvalorizo sua luta, porque é algo importante para
ela. Deus age da mesma forma conosco.
Deus não é apenas Deus, Ele é o nosso pai. Você pode chamá-
lO de pai, você pode dizer: “Pai, é o seguinte, eu estou com
medo de fazer a prova de matemática”. Então o pai responde:
“Vamos estudar juntos então, vamos desenvolver essas equações”.
Não importa o que você tem passado, não importa se as pessoas
digam que seja insignificante. A graça de Deus é do tamanho da
sua necessidade.
É maravilhoso chamar Deus de pai, é mais que retórica teo-
lógica, é mais do que uma expressão bonita para ser usada em
orações solenes. É um fato. Conheço pessoas que oram o Pai-
Nosso todos os dias, mas quantas percebem de fato que têm
um pai que cuida delas? Quantas descansam na graça, na genero-
102 sidade e na abundância da casa desse pai? Quantas se sentem
aconchegadas em saber que estão juntas do pai?

A parábola dos trabalhadores da vinha


Porque o reino dos céus é semelhante a um dono de casa que saiu
de madrugada para assalariar trabalhadores para a sua vinha. E,
A GRAÇA DE DEUS

tendo ajustado com os trabalhadores a um denário por dia, man-


dou-os para a vinha. Saindo pela terceira hora, viu, na praça,
outros que estavam desocupados e disse-lhes: Ide vós também
para a vinha, e vos darei o que for justo. Eles foram. Tendo saído
outra vez, perto da hora sexta e da nona, procedeu da mesma
forma, e, saindo por volta da hora undécima, encontrou outros
que estavam desocupados e perguntou-lhes: Por que estivestes
aqui desocupados o dia todo? Responderam-lhe: Porque nin-
guém nos contratou. Então, lhes disse ele: Ide também vós para
a vinha. Ao cair da tarde, disse o senhor da vinha ao seu adminis-
trador: Chama os trabalhadores e paga-lhes o salário, começan-
do pelos últimos, indo até aos primeiros. Vindo os da hora un-
décima, recebeu cada um deles um denário. Ao chegarem os
primeiros, pensaram que receberiam mais; porém também estes
receberam um denário cada um. Mas, tendo-o recebido, mur-
muravam contra o dono da casa, dizendo: Estes últimos traba-
lharam apenas uma hora; contudo, os igualaste a nós, que supor-
tamos a fadiga e o calor do dia. Mas o proprietário, responden-
do, disse a um deles: Amigo, não te faço injustiça; não combinas-
te comigo um denário? Toma o que é teu e vai-te; pois quero dar
a este último tanto quanto a ti. Porventura, não me é lícito fazer
o que quero do que é meu? Ou são maus os teus olhos porque eu
sou bom? Assim, os últimos serão primeiros, e os primeiros serão
últimos porque muitos são chamados, mas poucos escolhidos.
(Mt 20.1-16)

Na parábola dos trabalhadores da vinha, vemos a matemáti-


ca da graça funcionando quando o senhor da vinha foi remune-
rar os trabalhadores e, começando pelo que trabalhou oito ho-
ras, pagou o mesmo salário também para o que trabalhou ape-
nas uma hora. A graça possui um conteúdo de injustiça aos olhos
do homem natural.
O senhor da vinha é o Senhor Jesus. Ele contratou trabalha-
dores para a colheita. Uns Ele contratou às oito horas da manhã, 103
outros ao meio-dia, às três horas contratou outro grupo e às
cinco horas, faltando apenas uma hora para encerrar o expedien-
te, ele contratou um outro grupo. Todos eles foram contratados
pelo mesmo salário. Mas, quando chegou a hora de acertar o
salário, o que aconteceu? Aqueles que começaram a trabalhar às
oito horas da manhã acharam que iriam ganhar mais. Mas não
foi o que aconteceu. Todos receberam o mesmo salário. Tanto
CURANDO A FÉ EM 21 DIAS

os que começaram às oito da manhã quanto os que começaram


às cinco da tarde ganharam o mesmo salário, o que não agradou
os que trabalharam o dia inteiro.
Se fossemos nós, também iríamos questionar. A matemática
parece torta, injusta aos nossos olhos. É isso o que a graça parece
aos olhos das pessoas: algo injusto. Nessa parábola o Senhor se
refere ao crente que se converteu no começo de sua vida, é o
trabalhador da primeira hora. Aquele outro irmão que se con-
verteu depois de velho é o trabalhador da última hora. Então
qual deles terá o maior galardão? Quem se converteu aos sessen-
ta, ou quem se converteu aos dezessete? Poderão ter ambos o
mesmo galardão porque a lógica de Deus não é a nossa.
Deus chamou você com vinte anos? Sirva-O a partir dos vin-
te anos, mas foi chamado aos sessenta, não fique desanimado.
O Senhor diz que o salário de todos será o mesmo, ou seja o
critério será o mesmo para todos. Deus não olha o quanto faze-
mos, olha o quanto somos fiéis. Seja fiel ao Senhor e você terá a
mesma recompensa. Observe que até a recompensa de Deus é
baseada na Sua graça.

2. A graça faz Deus cego de amor


Certo homem tinha dois filhos; o mais moço deles disse ao pai:
Pai, dá-me a parte dos bens que me cabe. E ele lhes repartiu os
haveres. Passados não muitos dias, o filho mais moço, ajuntan-
do tudo o que era seu, partiu para uma terra distante e lá
dissipou todos os seus bens, vivendo dissolutamente. Depois
de ter consumido tudo, sobreveio àquele país uma grande
fome, e ele começou a passar necessidade. Então, ele foi e se
agregou a um dos cidadãos daquela terra, e este o mandou para
os seus campos a guardar porcos. Ali, desejava ele fartar-se das
104 alfarrobas que os porcos comiam; mas ninguém lhe dava nada.
Então, caindo em si, disse: Quantos trabalhadores de meu pai
têm pão com fartura, e eu aqui morro de fome! Levantar-me-
ei, e irei ter com o meu pai, e lhe direi: Pai, pequei contra o céu
e diante de ti; já não sou digno de ser chamado teu filho; trata-
me como um dos teus trabalhadores. E, levantando-se, foi
para seu pai. Vinha ele ainda longe, quando seu pai o avistou,
e, compadecido dele, correndo, o abraçou, e beijou. E o filho
A GRAÇA DE DEUS

lhe disse: Pai, pequei contra o céu e diante de ti; já não sou
digno de ser chamado teu filho. O pai, porém, disse aos seus
servos: Trazei depressa a melhor roupa, vesti-o, ponde-lhe um
anel no dedo e sandálias nos pés; trazei também e matai o
novilho cevado. Comamos e regozijemo-nos, porque este meu
filho estava morto e reviveu, estava perdido e foi achado. E
começaram a regozijar-se. (Lc 15.11-32)

No capítulo quinze de Lucas, primeiro Jesus conta da ovelha


perdida, depois Ele fala da dracma perdida e, no verso onze,
narra a parábola do filho pródigo, o filho que havia se perdido.
Na parábola do filho pródigo, nós podemos ver com muito
mais clareza o coração do pai. É a minha parábola predileta,
porque é onde Deus mais se mostra. Muitos pensam que Jesus
está falando do filho pródigo. A intenção de Jesus não era falar
do filho pródigo, mas falar do pai. O pai é o centro da parábola,
é o pai que perdeu a ovelha e a encontrou, é o pai que perdeu a
moeda e a achou, é o pai que perdeu o filho, que depois foi
encontrado. A grande verdade dessa parábola diz respeito ao co-
ração do pai.
Jesus disse que o filho pródigo pediu a herança para poder
gastar. Para um oriental, é algo muito sério: quando um filho
pede a herança ao pai, ele está desejando que seu pai morra. É
como se ele dissesse: eu queria que você morresse, mas como
você não morre, pelo menos me dê a minha parte da herança.
Quando um filho pede ao pai a herança antes da hora, ele jamais
poderia voltar à casa do pai, ele é um filho que amaldiçoou o
próprio pai.
Esse jovem da parábola, que pediu a herança antes da hora,
não tinha amor pelo pai e seu pai sabia disso, mas, mesmo as-
sim, ele resolve dar a herança ao filho. O filho parte para desfru-
tar da herança, mas perde todos os seus bens, chegando ao pon-
to de se tornar um porqueiro – o que, para um judeu, era a 105
posição mais humilhante que um homem podia chegar. E ali,
desejando se alimentar das bolotas dos porcos, ele se lembrou de
seu pai e resolveu voltar para casa. Ele vinha ao longe, o pai o viu
e saiu correndo ao seu encontro: o pai estava cego de amor.
A graça faz Deus cego de amor. É o único lugar da Bíblia
onde vemos Deus correndo. No Oriente, um homem depois
CURANDO A FÉ EM 21 DIAS

dos quarenta anos de idade jamais manifesta algum tipo de emo-


ção publicamente. Um homem jamais sai correndo para abraçar
sua mulher ou abraçar um filho ou quem quer que seja. O má-
ximo que um ancião faz é caminhar pausadamente, muito com-
penetrado, sem expressar nada.
Mas o pai não foi compenetrado. Quando ele viu o filho,
não foi o garoto que saiu correndo, foi ele quem correu atrás do
filho. Ele não estava preocupado com o que iam pensar dele,
afinal é o seu filho que está vindo ali e ele tinha que ir encontrá-
lo. Deus também corre atrás de nós. Deus tem mais sede de ter
comunhão com você do que você algum dia poderá ter desejo
de ter comunhão com Ele. É Deus que vem ao nosso encontro
e corre até nós, porque Ele nos ama.
Essa história se repete hoje em muitas circunstâncias. Certa
vez li um testemunho de uma moça, filha de evangélicos. Quan-
do ela completou quinze anos, surgiu um desejo enorme de
fugir de casa. Ela começou a achar tudo antiquado, para ela os
pais eram opressores e a igreja, um lugar terrível. Ela então
fugiu de casa e foi morar a mil quilômetros de distância. Ali
ela conheceu um homem com um carrão, começaram um ro-
mance e esse homem começou a drogá-la e usá-la como pros-
tituta. Rapidamente, ela se tornou uma prostituta viciada.
Aquilo tudo a fazia mais cheia de ódio ainda. Seu pai, porém,
nunca desistiu de encontrá-lá.
Nos Estados Unidos há o costume de se usar as caixinhas de
leite para se colocar anúncios de crianças desaparecidas. E a filha
conta que, certo dia, foi ao supermercado comprar leite, e viu
sua fotografia na caixinha. Na foto ela estava linda, mas ela se
olhava no espelho e via uma outra mulher. Uma mulher já
envelhecida, a cara pintada, os cabelos descoloridos, totalmente
diferente. Ninguém nunca a reconheceria. Mas ela fazia questão
106 de fugir. A foto na caixinha de leite a fazia ficar mais cheia de
ódio. Seu pai, porém, nunca desistiu de encontrá-la.
Depois de dez anos, ela pegou uma doença terrível. Aquele
homen que a usou, a abandonou. Ela foi morar literalmente na
sarjeta. Viciada em drogas, prostituta e doente, ela resolveu vol-
tar para a casa dos pais, resolveu pedir ajuda, já que estava à beira
da morte.
A GRAÇA DE DEUS

Até amor de pai e mãe tem limite. Até mesmo os pais po-
dem chegar ao ponto de dizer: “Chega, você abusou, extrapolou,
você passou dos limites”. E o que diriam as pessoas que virem
esse pai e essa mãe recebendo sua filha de volta? Certamente
diriam: “É por isso que não presta. Não sabem disciplinar.”. O
que você faria numa situação assim?
Mas o fato é que aquela moça ligou para a casa de seus pais, a
secretária eletrônica atendeu e ela apenas deixou um recado di-
zendo que estava voltando, que iria passar de ônibus pela cidade
dos seus pais em tal hora e, se eles quisessem vê-la, ela estaria na
rodoviária. Ela conta em seu testemunho que viajou mil quilô-
metros de ônibus, uma noite inteira de viagem, só imaginando
como iria encarar o seu pai, como olharia nos olhos de sua mãe,
que desculpa iria inventar, o que poderia dizer.
E qual não foi a sua surpresa? Quando chegou à rodoviária e
desceu do ônibus, ela viu toda a sua família, primos, tios, avôs,
bisavôs, pai, mãe, todos com chapéus de festa, balões nas mãos,
e vieram gritando para ela. Desceu então aquela moça destruída,
esquelética, deformada pelo pecado, ela criou coragem disse aos
seus pais: “Eu preciso falar algo para vocês”. Mas os seus pais,
interrompendo-a, disseram: “Não, você não tem que dizer nada.
Há uma festa esperando você lá em casa. Você é a nossa filhinha
que se perdeu, mas foi achada!”.
Assim é o coração de Deus. As pessoas podem duvidar e di-
zer que ninguém pode ser tão amoroso assim. Mas nós, que
temos o Espírito de Deus, conhecemos a graça do Pai. Nós so-
mos esse filho pródigo.

A história de Oséias e sua esposa


Outra história que mostra o coração de Deus é a história do 107
profeta Oséias. Um dia, Deus disse a Oséias: “Eu quero que
você se case com uma mulher chamada Gômer”. E Oséias se
casou com a mulher. Aconteceu, porém, que depois de terem
três filhos, Gômer resolveu abandoná-lo. Mas ela não abando-
nou Oséias por causa de um outro homem, ela abandonou Oséias
para se prostituir. Então Deus disse a Oséias: “Agora vá até o
prostíbulo e traga sua esposa de volta para dentro de casa”.
CURANDO A FÉ EM 21 DIAS

O que você acha que um homem sente numa hora dessa?


Um homem ser traído já é doloroso, mas Oséias foi muito mais
do que traído, ele foi totalmente humilhado. Ao mesmo tempo
que ele amava Gômer, ele queria agora matá-la. Ao mesmo tempo
que ele a queria de volta, ele também desejava livrar-se dela.
Oséias virou motivo de piada, de chacota na vizinhança da pe-
quena cidade onde morava. Todo mundo falava mal de Oséias.
Quando Oséias estava sozinho com os filhos, tudo parecia ir
bem, mas só até o dia que ele resolveu ir atrás dela. Ele queria a
sua mulher de volta. Será que os vizinhos iriam falar mal de
Gômer? Penso que falaram de Oséias. Disseram: “Esse Oséias
não presta mesmo, mas que homem safado, a mulher apronta
todas e ele ainda vai lá e a traz de volta.”. Oséias não foi justo
com sua mulher, ele foi apenas gracioso. O mundo não conhece
a graça. Ela é uma loucura incompreensível para o homem natu-
ral. Nós somos Gômer, Oséias é o Senhor Jesus.
Quantas vezes temos nos prostituído espiritualmente?
Quantas vezes temos nos desviado? Mas Jesus não desiste, a gra-
ça dEle sempre vem atrás de nós. O homem pode estar arreben-
tado, prostituído, doente, viciado. Mas Ele sempre diz: “Vem
assim mesmo, eu vou cuidar de você. Vou mudar você!”. Deus
nos aceita em qualquer circunstância.

Conclusão
Até a conversão nos parece loucura. Imagine um jovem de
dezessete anos. Você prega para ele, mas ele rejeita Jesus porque
está novo ainda, quer deixar para mais tarde. Esse jovem desper-
diça sua vida no pecado, e só vem aos trinta, quarenta, ou até aos
oitenta. Nessa hora, quando está no final da sua vida, alguém
diz a ele: “Por que você não vem para Deus agora?”. Ele pensa
consigo: “A minha vida já acabou mesmo, não tenho mais nada
108 a perder”. Se você fosse Deus, você o aceitaria? O que você faria?
Mas nós não somos Deus! Só há um Deus e esse Deus é
gracioso. Aquela pessoa aceita a Jesus e o Senhor a recebe com os
braços abertos dizendo: “Por oitenta anos eu te esperei”. Deus
sabe que essa pessoa está vindo só porque tem medo do inferno,
mas Ele a aceita assim mesmo, porque o ama tanto. Essa é a
graça de Deus.
A GRAÇA DE DEUS

Eu sirvo a Deus porque essa graça me conquistou. Eu amo o


Senhor. Eu amo a Sua presença. Eu amo o Seu amor. Para mim
não há gozo maior que a Sua unção e a Sua voz suave sussurran-
do ao meu coração. Eu amo a Sua Palavra, as Suas promessas, a
Sua vida residente em mim. Eu amo o Senhor. O que eu quero
é Ele. Eu quero estar ligado à Sua divindade, enxertado nEle,
bebendo dEle, comendo dEle. A Sua graça me fascina, é amor
demais, está acima do que a lógica humana pode aceitar.
Gosto de pensar que meu destino era a condenação, mas Ele
me trouxe para Sua festa. Nós não merecemos nada, mas a Sua
graça nos alcançou. Há uma história interessante e muito pecu-
liar que ilustra esse aspecto da graça de Deus. Um casal estava
com o casamento marcado. Eles reservaram um grande salão
para a festa do casamento e contrataram um buffet famoso para
servir a comida. Pagaram tudo antecipadamente. Alguns dias
antes do casamento, porém, o noivo ficou em dúvida e resolveu
não se casar mais.
A noiva foi até o buffet para desfazer o contrato, mas o dono
do buffet não aceitou, porque já estava tudo preparado. “No dia
marcado haverá uma festa ou, então, você pega todo o material
da festa e leva para a sua casa”, disse ele. Aquela moça resolveu
fazer algo inusitado, decidiu usar aquela festa para falar de Jesus.
Ela tinha reservado um buffet muito rico, os garçons serviriam
com fraque e gravata borboleta. Os talheres eram de prata e o
lugar muito elegante. Ela saiu, convidou todos os mendigos,
abandonados, rejeitados e os que perambulavam pelas ruas para
que fossem à sua festa. No dia da festa, os garçons nunca tinham
visto tantos miseráveis reunidos e os mendigos nunca haviam
comido tão bem na vida, com talheres de prata, servidos por
garçons vestido de fraque. O mesmo contrato que não permitia
pegar o dinheiro de volta, obrigava os garçons a servir qualquer
convidado que estivesse ali. 109
Foi exatamente o que Jesus fez. Nós não merecíamos estar
na festa, mas Ele colocou os melhores talheres e a melhor comi-
da diante de nós e nos convidou para a melhor festa. É disso que
o coração de Deus está cheio. Nós temos que sair e convidar as
vidas para virem festejar com o Senhor, porque o nosso Deus já
preparou a ceia.
CURANDO A FÉ EM 21 DIAS

Eu quero desafiar você a se ver naquela ovelha perdida que o


pastor foi atrás. Seja aquela mulher perdida que foi encontrada,
seja como aquele filho pródigo que gastou tudo dissolutamen-
te, mas que foi aceito de volta pelo pai. Você é amado de Deus.
No seu evangelho, João não menciona o seu próprio nome.
Todas as vezes que ele tem que se referir a si mesmo, ele diz:
“aquele discípulo que Jesus amava” (Jo 13.23; 20.2; 21.7 e
21.20). João não se identifica como sendo apóstolo, o discípulo
de Jesus ou o autor do evangelho. Ele apenas diz: “Eu sou aquele
que Jesus amava”. E quem é você? Tenha a mesma resposta de
João: “Você é aquele que Jesus ama”.
O amor romântico é a experiência mais próxima da graça
pura de Deus. É aquela situação em que alguém sente ser a pes-
soa mais desejável, mais atraente, mais companheira do planeta.
Ele sabe que alguém fica acordado à noite pensando nele. Al-
guém que lhe perdoa antes que peça, que organiza sua vida em
torno da dele. Alguém que lhe ama exatamente como ele é.
Assim são o amor e a graça de Deus.

Você tem vivido debaixo da graça de Deus? Ou é preciso


voltar aos braços do Pai?
Como filho, você crê que lhe Deus ama pelo que você é não
pelo que você faz?
Desfrute da intimidade do Pai. Creia que Deus está de
braços abertos para recebê-lo hoje, com todo carinho e amor
de um pai que anseia pela volta de um filho.

110
OBSTÁCULOS DA ORAÇÃO 1

10ºdia
Obstáculos da oração 1

Bendito seja Deus, que não me rejeita a oração, nem aparta de


mim a sua graça. (Sl 66.20)

Tantas vezes oramos, buscamos a Deus, queremos algo tan-


to, mas não alcançamos, não há uma resposta de Deus. Deus
por acaso é limitado? A resposta é óbvia, não. Então, o que faz
com que nossas orações não sejam respondidas?
Neste capítulo examinaremos as causas de não termos nossas
orações respondidas. Para que nossas orações alcancem resposta,
precisamos perseverar o tempo suficiente, precisamos conhecer
o caminho e os mistérios da oração. Uma vez que tenhamos
aprendido os princípios a seguir, seremos bem-aventurados em
nossas orações, ou seja, nunca mais faltará nada para nós.
Graças a Deus, posso lhe dar meu testemunho pessoal. Nun- 111
ca houve uma oração que eu fizesse ao Senhor, com todo o meu
coração e clamor, em concordância com a Sua Palavra, que Ele
não me ouvisse. Ele me ouviu todas as vezes. Eu me alegro em
Deus porque Ele me ouve.
Todavia, há também orações que sei que Deus não me ou-
viu. São orações nas quais não coloquei meu coração, que fiz
CURANDO A FÉ EM 21 DIAS

para agradar alguém, fiz porque me pediram para orar e eu orei


sem encargo, sem concordância com a Palavra do Senhor, ou
que foram feitas contrárias aos princípios da Palavra de Deus.
Essas orações não passaram do teto, não chegaram aos ouvidos
de Deus. Essas orações eu nem ponho na minha lista de orações.
Mas as orações que faço com seriedade diante de Deus, que
não faço para agradar ou por pressão de ninguém, essas eu sei
que serão ouvidas por Deus. Ainda que Deus tenha que me tra-
tar, me ensinar algo ou me corrigir, sei que Ele me ouvirá e, ao
Seu tempo, eu verei o milagre de Deus em minha vida.
Agora entenda duas coisas muito importantes: toda resposta
de oração é fruto de um milagre e só cresce na vida espiritual
quem aprende a orar.
Muitos irmãos querem crescer espiritualmente estudando e
aprendendo nos livros. Eles, então, leêm livros e apostilas, fa-
zem cursos, seminários etc. Mas eles se esquecem que o grande
curso que Deus requer que façamos é o curso da oração.
Entenda, você só cresce na vida cristã quando vê Deus agindo
em sua vida; quando vê que o que você aprendeu funciona real-
mente, quando você percebe que a oração é algo real e que Deus
é vivo, está agindo e operando.
Agora, se a oração é a base da vida espiritual, por que nem
todos oram? Por que muitos começam e param pelo caminho,
como se diante de si se erguessem obstáculos a impedir a cami-
nhada na fé?
Realmente em nossa caminhada, há muitos obstáculos,
coisas que podem bloquear as respostas de nossas orações. Eu
quero compartilhar com você alguns desses obstáculos para
que você possa ter vitória superando cada um deles. Sugiro
112 até que você anote, que você escreva até na contracapa da sua
Bíblia, para você nunca se esquecer das chaves da vitória em
nossa vida de oração.
Nós precisamos estar conscientes desses obstáculos a cada vez
que vamos orar porque, se houver obstáculos, devemos resolvê-
los primeiro para depois orarmos. Vamos começar lendo uma
promessa tremenda da Palavra de Deus para nossa vida de oração.
OBSTÁCULOS DA ORAÇÃO 1

Pedi, e dar-se-vos-á; buscai e achareis; batei, e abrir-se-vos-á.


Pois todo o que pede recebe; o que busca encontra; e, a quem
bate, abrir-se-lhe-á. (Mt 7.7,8)

Você crê nisso, que todo o que pede recebe? Que Jesus é
verdadeiro e o que Ele disse é verdade? Portanto qual deveria ser
a resposta de nossas orações? Deveria ser sempre “Sim!”. Faz
sentido Deus responder “Não!”? O “não” não está no plano de
Deus. O “não” acontece quando há bloqueios; na verdade, Deus
não nos diz ‘não”. O que acontece é que a oração nem chegou a
ser ouvida, ela foi bloqueada, foi impedida de chegar até Deus.
A oração que chega até Deus é respondida, é guardada em
cálice de ouro, é como incenso, como aroma agradável diante de
Deus. A oração tem um poder tremendo, mas para que esse
poder se manifeste precisamos orar, ou seja, precisamos pedir.
Certa vez vi um cartaz com uma poesia agradecendo a Deus:
“Obrigado por isso. Obrigado por aquilo outro...”. E no final
ela dizia assim: “Obrigado porque tenho muito a agradecer e tão
pouco a pedir!”. Achei até bonito! Realmente temos mais para
agradecer do que para pedir, mas passava uma impressão errada,
de que pedir é algo ruim.
Conheço irmãos que dizem: “Pastor, eu não gosto de pedir!
Quem pede é carnal, é o crente pidão, do olho comprido, que
fica pedindo o tempo inteiro! Eu não, eu sou espiritual!”. Em
suas cabeças, pedir é algo ruim, é uma ofensa para Deus.
Deixe eu dizer algo para você: Deus tem prazer quando nós
pedimos. Ele mesmo diz: “Pedi e dar-se-vos-á, porque todo o
que pede recebe.”. É a promessa de Deus. Você consegue imagi-
nar os limites dessa promessa? Quer uma coisa extraordinária,
uma coisa muito grande? Apenas peça!
Mas há princípios para que nossas orações sejam respondidas e 113
também há obstáculos que nos impedem de termos as respostas.

1. Relacionamentos errados na família


Maridos, vós, igualmente, vivei a vida comum do lar, com
discernimento; e, tendo consideração para com a vossa mulher
como parte mais frágil, tratai-a com dignidade, porque sois,
CURANDO A FÉ EM 21 DIAS

juntamente, herdeiros da mesma graça de vida, para que não se


interrompam as vossas orações. (1Pe 3.7)

Por que algumas pessoas oram e parece que o céu está fecha-
do, que suas orações estão interrompidas? O céu parece de bron-
ze, oram e não acontece nada, repreendem os demônios do in-
ferno inteiro, mandam sair e não acontece nada. Sabe por que
não acontece nada? Porque suas orações estão interrompidas.
Mas não são os demônios que impedem. Demônios não po-
dem segurar as orações feitas no nome de Jesus. Pelo contrário,
eles têm medo. Os nossos maiores inimigos não são os demôni-
os, somos nós mesmos, nós é que bloqueamos a oração. E como
fazemos isso?
O primeiro fator são relacionamentos com problemas. Quan-
do marido e mulher brigam e resolvem alimentar mágoas mú-
tuas, isso vai obstruindo a oração. É por isso que muitos jovens,
quando estão solteiros, rompem, crescem, estão entusiasmados.
Mas, quando eles se casam, parece que acontece alguma coisa,
eles freiam, esfriam na fé, parece que estão com mais problemas.
Os jovens solteiros pensam: “Se eu fosse casado, eu teria mais
unção, eu não teria mais que lutar contra os desejos do corpo.”.
Mas, então, eles se casam achando que não terão mais ne-
nhum problema, e o Senhor lhes diz: “Se você não estiver bem
com a sua esposa, eu não vou lhe ouvirei”. Aí as coisas ficam
complicadas, você pensa. Aí tem que ter cuidado. A carne ficou
salgada, mas se você disser que ficou salgada e sua esposa embur-
rar, se ela se entristecer, Deus lhe diz: “Também não vou lhe
ouvir, vai resolver o problema!”. Você responde: “Mas, Senhor,
só foi uma carne!”. “Vai resolver!”, diz o Senhor. E você pensa:
“Ai! Deus não deixa passar mais nada! Acabou!”.
A solução para superar esse obstáculo é simples, ore com a sua
114 esposa. Só orando com ela, você resolve na hora os seus problemas.
Converse com ela e pergunte: “Amor, posso orar? Estou libe-
rado?”. Se ela dizer que não, que está magoada com você, nem
ore, nem adianta orar. Converse com ela, peça perdão, conserte
as coisas.
Preste atenção, você que é casado. Se você quer crescer em
Deus, ande em linha com seu cônjuge, ou seja, pare de alimentar
OBSTÁCULOS DA ORAÇÃO 1

picuinhas, não deixe nada debaixo do tapete, escondido. Você,


que é homem, não ache que sua mulher é melindrosa, não igno-
re o que ela sente. Você, que é mulher, não pense que seu marido
não sente nada só porque ele não diz. Cuidem do seu casamen-
to, porque a sua oração pode ser interrompida. Rejeite todo
impedimento à sua oração, declare que seu cônjuge é abençoado
e perdoado em nome de Jesus. Você sentirá que sua oração já
sobe mais alto e a coisa vai melhorando.
Mas preste atenção. Tanto o solteiro quanto o casado devem
ser cuidadosos com relação ao ressentimento.

2. Falta de perdão
E, quando estiverdes orando, se tendes alguma coisa contra
alguém, perdoai, para que vosso Pai celestial vos perdoe as
vossas ofensas. Mas, se não perdoardes, também vosso Pai ce-
lestial não vos perdoará as vossas ofensas. (Mc 11.25,26)

Se você não perdoar quem lhe ofendeu, melhor nem conti-


nuar orando. Se você estiver magoado com alguém não adianta
orar. Se você orou estando magoado com alguém ou sabendo
que alguém está magoado com você, sua oração não chegou até
Deus. Há um obstáculo, um bloqueio criado pelo ressentimen-
to. E o perdão precisa ser liberado.
Alguém certa vez me perguntou: “Pastor, não é possível. En-
tão faz anos que estou orando e não está adiantando nada. É que
tem um sujeitinho que eu não perdôo por nada neste mundo e
eu já ando com essa magoa há anos.”. Tive que lhe responder:
“Pois então faz anos que Deus não ouve a sua oração!”.
Que coisa triste. É por isso que muitos vivem atrás de pastor,
atrás de líder, sempre atrás de alguém para orar porque eles mes-
mos não podem orar. Eles oram e Deus diz: “Eu resisto a sua 115
oração. Não vou ouvi-lo porque você não quer perdoar, tam-
bém não posso lhe perdoar. Você não quer ouvir o outro, tam-
bém não posso lhe ouvir!”. Perdão é coisa séria.
Sabe por que Deus age assim? Porque, ao perdoar, você reco-
nhece a dor do outro e que não tem direito de cobrar nada de
ninguém. E assim você diz: “Reconheço que não sou melhor do
CURANDO A FÉ EM 21 DIAS

que ninguém. Reconheço que sou tão pecador quanto ele!”.


Então, Deus lhe diz: “Agora Eu abençôo você!”.
Deus só abençoa quem reconhece que é pecador. Quem se
acha “bonzinho”, quem se acha “santarrão” está fora da bênção
de Deus. Por isso, se em seu coração há mágoa, perdoe hoje. Há
algo que você quer muito de Deus? Perdoe. Perdoe e o Senhor
ouvirá você.
Todo o que pede recebe, mas, se houver mágoa, Deus não
nos ouve. Muitos não oram nem meia hora, nem dez minutos
por dia. Ele não ora porque sente lá no fundo que está perdendo
tempo. Que o Senhor tenha misericórdia.
A mágoa vem do senso de justiça, de vingança, um espírito
maligno que tenta nos oprimir, que diz que devemos nos vingar.
Você já viu filmes em que o herói é alguém que parte em
busca de justiça com as próprias mãos? Eles conseguem desper-
tar dentro de nós um terrível senso de justiça.
No começo do filme, o mocinho apanha como um conde-
nado, o vilão ri, bate no mocinho, seqüestra a mocinha, apronta
horrores. E nós começamos a pensar “Miserável, alguém tem
que fazer algo com esse sujeito”. Isso é um espírito maligno, que
se manifesta todas as vezes que alguém faz algo contra você. Ele
vem à tona na hora e traz aquele mesmo desejo de esganar, par-
tir, picar miudinho.
E, no final do filme, o mocinho faz o quê? Espanca, bate e,
às vezes, até mata o vilão. O mocinho faz tudo igual o vilão e faz
até pior. O mocinho é melhor ou pior que o vilão? Tudo farinha
do mesmo saco. São igual por quê? Porque a justiça do moci-
nho jaz no maligno.
Se você trata o vilão como ele o tratou, em que você é me-
116
lhor do que ele? Para ser melhor, você precisa ser nobre, ser aquele
que perdoa, que estende a mão e diz: “Eu perdôo você, esqueço
a sua dívida, esqueço o que você me fez! Vão dizer que eu sou
um sem-vergonha, que eu não tenho vergonha na cara, vão falar
mal de mim, mas eu perdôo você porque sou nobre!”. Quem é
filho de Deus é nobre porque Deus é nobre e isso faz parte da
Sua nobreza.
OBSTÁCULOS DA ORAÇÃO 1

Se há magoa em seu coração, ponha a mão sobre ele onde


você estiver agora e diga: “Em nome de Jesus, eu rejeito todo
espírito de vingança, todo espírito de justiça, todo espírito ma-
ligno de ressentimento, de amargura, de mágoa contra quem
quer que seja. Em nome de Jesus, eu te expulso, saia da minha
vida, solte a minha mente. Eu sou livre para servir a Deus com o
coração puro”.
Há pessoas com mágoas profundas do pai, da mãe. Há pes-
soas magoadas com Deus, decepcionadas com o Senhor. Seu
coração é livre para perdoar, você é capaz de fazê-lo?

3. Motivação errada
... pedis e não recebeis, porque pedis mal, para esbanjardes em
vossos prazeres. (Tg 4.3b)

Qual é a motivação do seu pedido diante de Deus? Por que


você está pedindo isso para Deus? Deus está muito interessado
no porquê das coisas, no motivo real do seu coração. A motiva-
ção do coração é algo tão sério, há pessoas que não são sinceras
nem consigo mesmas, não falam a verdade nem para si mesmas.
Quantas pessoas têm motivação errada. Quantas pessoas dão
ofertas e dízimos fazendo negócio com Deus. De Deus não se
zomba, com Deus não se brinca. Não é assim que se pede algo
para Deus, não é assim que as coisas de Deus são tratadas. Se você
for sério em sua oração, sério na motivação, Deus lhe ouvirá.
Por qual motivo você tem buscado a Deus? Por qual motivo
você quer um carro melhor? Só porque fulano comprou um
carro novo e você não pode ficar para trás? Por que você quer o
dom de cura ou outro dom da parte de Deus? Você quer ver o
avivamento, o mover de Deus, estádios lotados, gente se con-
vertendo, curas, sinais? Ou você quer ser um superstar, alguém 117
reconhecido, famoso como “grande homem de Deus”? Se essa é
a motivação, Deus não ouvirá, Ele não concorda com motiva-
ções erradas. Para sermos atendidos, devemos ter corações puros
e sinceros diante dEle.
Quando Deus mandou Samuel à casa de Jessé para ungir o rei
de Israel, Samuel olhou apenas para os irmãos de Davi, homens
CURANDO A FÉ EM 21 DIAS

fortes e guerreiros. Mas Deus disse a Samuel que fosse e ungisse


Davi, o menino franzino, feio e magricelo. Deus disse a Samuel:
“Não olhe o exterior, Eu não vejo como vê o homem; o ho-
mem vê o exterior, mas Eu vejo o coração!”.
A Bíblia diz que “os olhos do Senhor passam por toda a Terra
procurando o homem cujo o coração seja inteiramente dEle”
(2Cr 16.9). Quando Deus encontra um homem de coração sin-
cero e puro diante dEle, não há limites ao que Deus possa fazer.
Desde que haja uma santa pureza em seu coração, que seja até
ingênuo nas coisas de Deus, que não haja malícia, maldade, in-
teresses escusos. Quantos líderes têm procurado interesse finan-
ceiro, quantos têm procurado apenas a glória pessoal, a fama e o
reconhecimento. Mas aqueles que honestamente buscam o rei-
no de Deus, esse Deus houve e faz prosperar o seu caminho.
Peça ao Senhor Jesus que purifique seu coração, que Ele en-
contre em você um coração puro, sincero, com motivações santas
diante dEle, que Ele livre você de toda motivação errada, que Ele
tire esse obstáculo que bloqueia seu canal de comunhão com Ele.

4. Pecados não confessados


Eis que a mão do SENHOR não está encolhida, para que não
possa salvar; nem surdo o seu ouvido, para não poder ouvir.
Mas as vossas iniqüidades fazem separação entre vós e o vosso
Deus; e os vossos pecados encobrem o seu rosto de vós, para
que vos não ouça. (Is 59.1,2)

A oração que Deus ouve, Ele sempre responde “Sim!”. A


oração que não foi respondida não foi ouvida. Deus não respon-
de “Sim!”, “Não!” ou “Espere!”. Deus responde sempre “Sim!”.
Se não houve resposta, Deus nem ouviu, não chegou ao ouvido
dEle. Não estamos em uma queda de braço com Deus. Se não
118 foi liberada a bênção, os bloqueios estão em nós e não em Deus.
Deus é sempre santo e verdadeiro. Se há falha, ela está em nós e
não no Senhor.
Muitos dizem que estão embirrados: “Ah, eu orei e Deus não
me ouviu”. Devemos ter temor de Deus. Quem somos para
ficarmos magoados com Deus? Quem somos para requerer algo
de Deus, para cobrar algo de Deus? Somos vestidos em pecados
OBSTÁCULOS DA ORAÇÃO 1

cheios de trapos e queremos falar o quê para Deus que é Santo.


Não discutimos com Deus. Ele é o Senhor, o Oleiro, nós so-
mos apenas vasos. Vaso não discute, vaso se arrepende, porque,
se Deus não fez, a culpa é nossa, é nossa a responsabilidade.
O quarto obstáculo é o pecado não confessado. Pecar, todos
nós pecamos. A Bíblia nos diz que quem afirma não ter pecado
é mentiroso. Todo homem peca, escorrega, se equivoca. Agora,
pecar é algo que acontece às vezes, mas pecado não pode ficar
escondido. Há cristãos, porém, que escondem o pecado, têm
vida dupla. No fundo, sabem que estão errados, mas ficam se
convencendo de que não estão fazendo nada demais. Sabem que
é pecado, mas escondem, não confessam, não deixam e não aban-
donam. O Senhor não é surdo, é a nossa iniqüidade que serve
como um tampão ao Seu ouvido. Não é Deus que está com a
mão encolhida, é a nossa iniqüidade que produz separação entre
Ele e nós. Iniqüidade no texto de Isaías é o pecado não confessa-
do. Os pecados que confessamos são apagados diante de Deus e
deles não há mais memórias.
O que você confessou em arrependimento e lágrimas diante
de Deus – não importa se você pecou dez mil vezes, não impor-
ta se você caiu e levantou dez mil vezes – Ele já lhe perdoou.
Muitos irmãos se questionam por que todos sentem a pre-
sença de Deus nos cultos, nas reuniões e eles não sentem nada. A
resposta é simples, pecado gera insensibilidade. Outros pergun-
tam por que todos são abençoados e eles não? Deus não faz
acepção de pessoas, mas o pecado nos afasta dEle, nos impede
de ter comunhão com Ele. Você quer que sua oração seja res-
pondida? Então confesse seus pecados a Ele. A Palavra declara
que quem diz não ter pecado é mentiroso, então devemos pedir
que Ele nos mostre nossos pecados, mesmo os que fizemos sem
ver, ou os que nos esquecemos.
119
Eu quero ser um canal desimpedido diante de Deus. E você?
Para sermos desbloqueados, não podemos nos esconder de
Deus, antes devemos nos abrir diante dEle. É o Seu sangue que
nos cobre e nos purifica. A comunhão é restaurada pelo sangue
do Senhor Jesus. Há pecado oculto na sua vida? Há coisas que
você não está querendo falar para Deus? Fale agora. Fale em
nome de Jesus.
CURANDO A FÉ EM 21 DIAS

5. Atitude deliberada de desobedecer a Deus


O que desvia os ouvidos de ouvir a lei, até a sua oração será
abominável. (Pv 28.9)

A atitude consciente de desobedecer a Palavra de Deus torna


nossa oração abominável. Esse versículo é tão sério.
Muitos ouvem a Palavra, sabem que é a voz de Deus, mas
deliberadamente dizem: “Não concordo com isso, não acho que
seja assim. Não, vou embora, não concordo e não quero!”.
Sabe o que acontece? A Palavra do Senhor diz que quem
desvia os ouvidos para não ouvir, Deus lhe dirá: “Eu não quero
a sua oração, não vou ouvir a sua oração, não vou guardá-la,
porque não há disposição de obedecer, de ouvir e de fazer; você
quer obedecer o que é confortável, você quer fazer o que é cô-
modo, não quer fazer o que a Minha Palavra diz!”.
Devemos responder “Sim!” para tudo o que Deus disser
“Sim!” e rejeitar tudo o que Deus disser “Não!”. Não devemos
discutir com Deus, ou comparar as coisas de Deus com as do
mundo. Devemos rejeitar o mundo e querer a Lei e a vontade
de Deus.

Suas orações têm sido atendidas? Há obstáculos impedindo


as respostas de suas orações?
Há alguém que você deva perdoar? Como está seu relacio-
namento conjugal? E com sua família? Que atitude deve-
mos tomar diante desses obstáculos?
Coloque-se diante do Senhor, arrependa-se dos pecados
não-confessados, perdoe quem magoou você e conserte a
120 motivação do seu coração. Creia que Deus já lhe perdoou.
OBSTÁCULOS DA ORAÇÃO 2

11ºdia
Obstáculos da oração 2

Neste capítulo continuaremos tratando dos obstáculos que


impedem que nossas orações cheguem até Deus. Além das cinco
anteriores, há mais seis impedimentos que compartilharemos
a seguir.

6. Uma vida dominada pela impureza


Porque basta o tempo decorrido para terdes executado a von-
tade dos gentios, tendo andado em dissoluções, concupiscên-
cias, borracheiras, orgias, bebedices e em detestáveis idolatrias.
Por isso, difamando-vos, estranham que não concorrais com
eles ao mesmo excesso de devassidão, os quais hão de prestar
contas àquele que é competente para julgar vivos e mortos;
pois, para este fim, foi o evangelho pregado também a mortos,
para que, mesmo julgados na carne segundo os homens, vi- 121
vam no espírito segundo Deus. Ora, o fim de todas as coisas
está próximo; sede, portanto, criteriosos e sóbrios a bem das
vossas orações. (1Pe 4.3-7)

O sexto obstáculo que devemos superar para que, quando


orarmos, tenhamos resposta de Deus é abandonar a dissolução,
a impureza, o que é sujo aos olhos de Deus, a pornografia, a
CURANDO A FÉ EM 21 DIAS

obscenidade, a luxúria, a fofoca, os falatórios, as blasfêmias, as


piadas com o nome de Deus. Rejeite essas coisas para o bem de
sua oração, para que a sua oração seja ouvida. Quantos querem
ter suas orações ouvidas, mas estão contaminados. Se esse é o
obstáculo que lhe prende, purifique agora sua vida, restaure o
altar do Senhor em sua vida e suas orações serão atendidas.

7. Ídolos no coração
Filho do homem, estes homens levantaram os seus ídolos
dentro do seu coração, tropeço para a iniqüidade que sempre
têm eles diante de si; acaso, permitirei que eles me interro-
guem? (Ez 14.3)

Deus não aceita concorrentes em seu coração. Ou Ele é o


único Deus em sua vida ou, então, Ele não será Deus de forma
alguma nela.
Há quem diga que a Palavra é exigente demais, que fazemos
escândalo por coisas pequenas, à toa. É assim que funciona com
você também? Você deixa coisinhas pequenininhas passar? Se
pegarmos um litro de água mineral, limpíssima, e jogarmos só
uma gota de cocô, só uma gotinha, coisa à toa, você tomaria a
água? Mas você quer que Deus tome?
Com Deus é tudo ou é nada, ou trabalha a favor ou traba-
lha contra, não há em cima do muro, ou é por Ele ou é contra
Ele, ou é dEle ou não é dEle, ou é puro ou é impuro. Ou a
água é pura ou é impura, ou você tem andando em pureza ou
não tem. Deus não aceita coração dividido, ou o seu coração é
de Deus ou não é.
Alguns ainda dizem: “Meu coração é todo de Deus, só uma
área do meu coração que eu ainda não abri para Deus!”. Então
122 Deus não entrou nos corações dessas pessoas. Ou Deus é o Se-
nhor do coração inteiro ou Ele não entra. Deus é assim, e alguns
ficam se enganando dentro das igrejas, achando que estão fazen-
do negócios com Deus, mas se esquecem que de Deus não se
zomba. Deus é Deus de 100%, Ele não divide nada com o dia-
bo. Já imaginou alguém dizendo: “Não, a casa inteira é Sua,
Deus, mas tem uma sacadinha que é do diabo, só uma sacadinha”.
OBSTÁCULOS DA ORAÇÃO 2

Cuidado com ídolos. O dinheiro pode ser um ídolo, a pro-


fissão pode ser um ídolo, o esporte pode ser um ídolo. Para
muitos, os filhos, a esposa, o marido podem ser ídolos em suas
vidas. Minha esposa sabe que eu a amo, mas ela sabe que nin-
guém está na frente de Deus; eu amo os irmãos, mas ninguém
está na frente de Deus. Deus é o único Deus. Não me interessa
agradar a homens, me interessa agradar a Deus. Não posso dizer
o que você gosta de ouvir, não pregarei o que você acha maravi-
lhoso. Direi o que Deus quer que eu diga.
Muitos reclamam que não geram frutos, mas eles enganam
as pessoas, não pregam o evangelho direito, não confrontam
com a verdade. A pessoa pode até ficar assustada com você,
mas, pelo menos, você foi honesto, não pregou para agradar,
não fez para agradar os homens. Não pode haver ídolos em
nossos corações, porque nós servimos a Deus. E precisamos
saber quem é o Deus da minha vida, para quem vamos prestar
conta. Não vale a pena ficar agradando homens, melhor é agra-
dar a Deus, que não muda. Ele me amou ontem, me amou
hoje e continuará me amando amanhã. Não dá para viver em
função do homem. Que o homem não seja ídolo para você.
Deus é único em nossas vidas.
Talvez, a essa altura, você esteja pensando: “Pastor, é compli-
cado demais orar”. Eu não falei que fosse fácil orar, a questão é
que muitos acham que orar seja simplesmente começar a falar
alguma coisa para Deus. Todavia, há princípios, oração é coisa
séria, santa, lidar com Deus não é qualquer bobagem, lidar com
Deus é lidar com alguém que á maravilhoso, excelente, extraor-
dinário e misterioso. Seus caminhos são amplos, mais altos do
que os nossos. Não pense que as coisas de Deus são tão simples
e banais, porque não são.

8. Falta de generosidade 123

O que tapa o ouvido ao clamor do pobre também clamará e


não será ouvido. (Pv 21.13)

O dinheiro não compra tudo, não resolve todos os proble-


mas. Quem tapa o ouvido para o pobre é porque tem dinhei-
ro, mas não se compadece de quem clama por ajuda. Todavia,
CURANDO A FÉ EM 21 DIAS

mesmo quem tem dinheiro um dia terá que clamar a Deus por-
que o dinheiro não compra tudo. Os ricos sabem disso. Mas
quem confia no dinheiro e não se compadece de quem está ne-
cessitado, um belo dia terá que clamar a Deus e, quando clamar,
não será ouvido. Quem tapou o ouvido ao pobre, quando cla-
mar, não será ouvido.
Então, nos perguntamos: “Isso significa que devemos dar es-
mola a todo mundo que pedir?”. Eu não sei, mas nem que se-
jam centavos eu dou. Sei lá, de repente é um pobre precisando
realmente. Sei que há muitos aproveitadores, pessoas que pe-
dem ajuda para alimentar vícios, pedem cestas básicas e vendem
em troca de cachaça.
Um dia um rapaz foi até nossa igreja, pediu uma cesta e nós
lhe demos a sexta. Pouco depois, o zelador veio e disse: “Pastor,
o rapaz está vendendo a cesta, está trocando a cesta por pinga”.
Eu fiquei com dó, mas não posso sustentar a cachaça de nin-
guém, não foi para isso que fui chamado por Deus. Tenho dó de
sua escravidão, mas, se ele quiser, sei que o Senhor o liberta. Mas
nunca mais demos cestas básicas para aquele rapaz. Ele queria
nos enganar.
Há pessoas desonestas, mas há pessoas que precisam mesmo.
E, para esses, não tapemos nossos ouvidos, não façamos de con-
ta que não ouvimos.
Agora o foco não é o pobre, mas sim a generosidade. Se você
é alguém que nunca oferta na igreja, nunca colabora com nada,
nunca se envolve financeiramente em coisa alguma, provavel-
mente em seu coração não há generosidade, talvez você seja ava-
rento e esse pode ser um bloqueio em sua vida. Se você sempre
ouviu o clamor do necessidado e fechou seus ouvidos, bancan-
do o surdo, quando você clamar a Deus, nada acontecerá.
124 Muitas pessoas têm clamado e não são curadas. Elas põem a
culpa em Deus e se esquecem que a Bíblia condena os que a vida
inteira tamparam seus ouvidos ao clamor do empregado que
queria um salário melhor, o clamor do encarregado que precisa-
va de ajuda para o parto da esposa, do vizinho que precisava de
auxílio. Deus é justo e Seus ouvidos também estarão tapados
para essas pessoas.
OBSTÁCULOS DA ORAÇÃO 2

Por isso, abra o seu ouvido, avalie bem antes de dizer “Não!”
para alguém. Veja se você não tem condições mesmo de ajudar.
Você não tem que dar quando não tiver, mas, se você tem con-
dição, avalie bem, pode ser que quem está pedindo precise, este-
ja mesmo necessitado.

9. Dúvida e incredulidade
Se, porém, algum de vós necessita de sabedoria, peça-a a Deus,
que a todos dá liberalmente e nada lhes impropera; e ser-lhe-á
concedida. Peça-a, porém, com fé, em nada duvidando; pois o
que duvida é semelhante à onda do mar, impelida e agitada
pelo vento. Não suponha esse homem que alcançará do Se-
nhor alguma coisa. (Tg 1.5)

A Bíblia nos diz que o justo viverá pela fé e que sem fé é


impossível agradar a Deus. Realmente, sem fé não recebemos
nada de Deus. Se não houver convicção de que Deus faz, de
que Ele é poderoso, uma convicção inarredável que Ele cum-
pre Suas promessas, nada acontecerá. Não pense que Deus abre
mão de Seus princípios porque você chorou, porque está de-
sesperado ou porque você é mais bonitinho do que os demais.
Deus não faz acepção de pessoas, ou seja, ou você cumpre os
princípios ou nada acontece. E a fé é o primeiro deles. É preci-
so crer. Quem se aproxima de Deus precisa crer que Ele existe,
que é real e está presente; se não há essa fé, não adianta orar, é
oração bloqueada.

10. Coração cheio de mentiras, fraude e ódio


Ó Deus do meu louvor, não te cales! Pois contra mim se desa-
taram lábios maldosos e fraudulentos; com mentirosa língua
falam contra mim. Cercam-me com palavras odiosas e sem
causa me fazem guerra. Em paga do meu amor, me hostilizam; 125
eu, porém, oro. Pagaram-me o bem com o mal; o amor, com
ódio. Suscita contra ele um ímpio, e à sua direita esteja um
acusador. Quando o julgarem, seja condenado; e, tida como
pecado, a sua oração. (Sl 109.1-7)

Se seu coração estiver assim, sujo, cheio de maldade e peca-


do, mentiras, fraude e ódio, sua oração será tida como pecado
CURANDO A FÉ EM 21 DIAS

diante do Senhor. Se sua oração sair de um coração cheio de


mentira, cheio de fraude, cheio de ódio, não adianta orar, essa
oração é até pecado diante de Deus. Para que nossas orações
sejam aceitas diante de Deus, temos que ter um coração aceitá-
vel, puro, purificado e lavado diante do Senhor.

11. Oração sem sinceridade


E, quando orardes, não sereis como os hipócritas; porque gos-
tam de orar em pé nas sinagogas e nos cantos das praças, para
serem vistos dos homens. Em verdade vos digo que eles já
receberam a recompensa. Tu, porém, quando orares, entra no
teu quarto e, fechada a porta, orarás a teu Pai, que está em
secreto; e teu Pai, que vê em secreto, te recompensará. E, oran-
do, não useis de vãs repetições, como os gentios; porque presu-
mem que pelo seu muito falar serão ouvidos. Não vos asseme-
lheis, pois, a eles; porque Deus, o vosso Pai, sabe o de que
tendes necessidade, antes que lho peçais. (Mt 6.5-8)

Algumas pessoas criam fórmulas de oração. Elas começam a


repetir coisas e nem prestam atenção no que estão falando, fi-
cam ali e, por fim, nem sabem mais o que estão dizendo. Essas
pessoas não estão orando, não estão envolvidas com Deus. Ou-
tros fazem a “oração show”, oração para agradar o ouvinte. Deus
também não ouve oração religiosa e mecânica.
Não significa que você tem que orar escondido, significa
que você não deve orar para homens verem, você deve orar
para Deus vê-lo.
Então, preste atenção, Deus sabe de todas as coisas antes que
você peça. Mesmo os evangélicos correm o risco de repetir a
mesma coisa muitas vezes. Isto é vã repetição: fazer a mesma
126 oração dez, quinze, vinte, trinta vezes e achar que, pelo muito
falar, será ouvido. Outros dizem: “A oração só funciona se for
longa; se for curta, não acontece nada!”. E ficamos enganando a
nós mesmos. Não é o tamanho da oração que importa, é a in-
tensidade do coração que agrada a Deus.
Para encerrar, quero que você medite em um versículo que é
uma promessa de Deus para nós.
OBSTÁCULOS DA ORAÇÃO 2

Se permanecerdes em mim, e as minhas palavras permanece-


rem em vós, pedireis o que quiserdes, e vos será feito. (Jo 15.7)

O Senhor quer que peçamos o que quisermos e Ele nos dará.


A condição para que isso aconteça é permanecermos nEle e a
Palavra dEle permanecer em nós. Então peçamos o que quiser-
mos, mas permaneçamos no Senhor e deixemos que a Palavra
dEle permaneça em nós, então sempre que pedirmos algo, Sua
resposta será “Sim!”.
Essas são as chaves para que sua oração seja respondida.
Agora depende de você. Você quer ter um “Sim!” de Deus
para suas orações?

Você tem vivido uma vida realmente santa? Ou há pe-


quenas impurezas dominando seu coração? Quem é Deus
em sua vida, o trabalho, a pessoa que você ama, o esporte
ou Deus?
Como está seu coração? Você tem sido generoso? Você tem
crido nas promessas do Senhor para você? Ou há mentiras,
fraude e ódio? Suas orações diante de Deus têm sido sinceras?
Ore pedindo a Deus restauração em sua fé. Limpe de seu
viver tudo o que a Palavra condena, a fim de que nada
impeça suas orações. Restaure o altar diante de Deus e con-
sagre todo o seu ser ao propósito do Senhor.

127
CURANDO A FÉ EM 21 DIAS

128
O PODER DA PALAVRA DE DEUS 1

12ºdia
O poder da Palavra de Deus 1

No princípio era o Verbo, e o verbo estava com Deus, e o


verbo era Deus. Ele estava no princípio com Deus. Todas as
coisas foram feitas por intermédio dele, e sem ele nada do que
foi feito se fez. (Jo 1.1-3)
Tudo o que Deus faz Ele o faz por meio de Sua Palavra.
Tanto a velha quanto a nova criação vieram à existência por meio
da Palavra de Deus. No primeiro capítulo de Gênesis, vemos
Deus trazendo todas as coisas à existência apenas chamando, fa-
lando. Em certo sentido, podemos dizer que Deus não fez nada,
Ele tão-somente chamou. Muito embora não houvesse coisa
alguma como luz, quando Deus disse: “Haja luz!”, esta veio à
existência pela Sua Palavra.
Isso deve fortalecer e confirmar a nossa fé. Uma vez que você
tenha a Palavra, você tem tudo. Sempre que você tomar a pala- 129
vra viva de Deus (Rhema), algo não existente virá à existência.
Isso é realmente tremendo! Nunca diga que você é fraco, quan-
to mais disser mais fraco se tornará. Mas, se você tomar a Pala-
vra de Deus e disser: “Eu sou forte segundo a Palavra de Deus!
Aleluia!”, então você verá o poder se manifestando.
As coisas não existentes vêm à existência pela Palavra de Deus.
Se você está com alguma enfermidade, não se conforme com
CURANDO A FÉ EM 21 DIAS

ela, olhe para a Palavra de Deus que diz: “Pelas suas pisaduras eu
fui sarado!”. Pela Palavra de Deus, você pode então declarar:
“Sou uma pessoa saudável!” (Sl 107.20).
No universo há duas realidades: a realidade do mundo visível
e a realidade do que a Palavra de Deus diz. Há momentos em
que a Palavra de Deus diz uma coisa e o mundo visível diz outra.
Nessas circunstâncias, devemos fechar nossos olhos e ficar com
a Palavra de Deus. A Palavra de Deus diz, por exemplo, que eu
sou nova criatura. Mesmo que eu não veja algo novo, ainda
assim declararei a Palavra, pois se Deus diz que sou, então eu
sou. Quando agimos assim, a Palavra de Deus operando em nós
trará à existência o que não podíamos ver.
Que tremendo poder tem a Palavra de Deus. A Palavra viva
de Deus em sua boca tem o poder de trazer à existência coisas
invisíveis. A Palavra de Deus em sua boca é o sopro de Deus que
habita em seu espírito e realizará exatamente aquilo para o que
foi designada (Is 55.10,11).
Podemos confiar plenamente na fidelidade de Deus. Se o
Senhor disse, é certo que Ele fará, pois Deus não pode mentir
(Nm 23.19; Hb 6.18). Nenhuma Palavra que sai da boca de
Deus voltará para Ele vazia. A Palavra de Deus é a Sua aliança
conosco. Devemos conhecer claramente essa aliança e nos apro-
priar de tudo o que nos é dado gratuitamente mediante a fé.

1. A Palavra como sendo Deus


A Palavra é a definição de Deus, é a Sua explicação. Tudo
aquilo que está em nosso interior somente pode ser expressado
adequadamente por meio de palavras. Quanto mais falamos mais
nos tornamos conhecidos. O Senhor Jesus é a Palavra de Deus.
Por meio de Jesus podemos conhecer a Deus.
130
No princípio era o Verbo, e o Verbo estava com Deus, e o
Verbo era Deus. (Jo 1.1)

A palavra “verbo” no verso acima seria melhor traduzida por


“palavra”. No original a expressão usada é “Logos”, que significa
“palavra”. O Senhor Jesus é a Palavra que se fez carne e habitou
entre nós, com o objetivo de nos revelar o Pai.
O PODER DA PALAVRA DE DEUS 1

Observe que, no princípio, a Palavra estava com Deus. A


palavra sempre esteve com Deus, nunca esteve separada dEle.
Quando recebemos uma carta de alguém que amamos, pode-
mos dizer que aquela carta seja uma palavra da pessoa para nós.
Entretanto, essa palavra não pode ser uma com a pessoa que a
enviou, ou seja, a nossa palavra está separada de nós. Todavia, o
mesmo não acontece com o Senhor como sendo a Palavra de
Deus. Toda palavra é sopro de nossa boca, mas, quando sai de
nossa boca, ele deixa de fazer parte de nós. Também Deus, quando
fala, Ele sopra – e o seu sopro é o Espírito –, mas acontece que o
sopro de Deus é o próprio Deus. Quando Deus fala comigo, ao
ouvi-lO, eu estou recebendo-O para dentro de mim.
Mas a Palavra não está apenas com Deus, ela é Deus. Ele e a
Sua Palavra são um. Essa é exatamente a forma como somos
gerados de Deus. Quando a Palavra sai de Sua boca e nós a rece-
bemos, estamos recebendo o próprio Deus dentro de nós. Não
podemos admitir viver um dia sequer sem ter uma palavra quei-
mando em nossos corações. Cada vez que a Palavra está quei-
mando no coração é porque Deus está falando conosco; e, toda
vez que Deus fala, algo do Seu próprio ser é acrescentado a nós.
Deus e a Sua Palavra são um. Quando a Palavra de Deus é libe-
rada, Deus também é liberado na Sua Palavra. A compreensão desse
princípio espiritual traz pelo menos duas implicações práticas.

a. Eu conheço a Deus conhecendo a Sua Palavra


Em primeiro lugar, se Deus e a Sua palavra são um, então
eu devo conhecer a Deus conhecendo a Sua Palavra. Amar a
Deus é amar a Sua Palavra, crer em Deus é crer em Sua Palavra
e conhecer a Deus é conhecer a Sua Palavra. Certa vez uma
pessoa me disse: “Eu realmente creio em Deus, mas não creio
na Bíblia.”. Então eu lhe respondi: “Se a sua namorada disser
que o ama, você também terá de responder: ‘eu creio em você, 131
mas não creio no que você diz.’”. Percebe como é absurdo?
Como posso crer em uma pessoa e não crer em sua palavra?
No Evangelho de João lemos:
Aquele que tem os meus mandamentos e os guarda, esse é o
que me ama; e aquele que me ama será amado por meu Pai, e eu
também o amarei e me manifestarei a ele. (Jo 14.21)
CURANDO A FÉ EM 21 DIAS

Em outras palavras, Jesus disse: “Se alguém me ama guardará


as minhas palavras”. Nunca se esqueça de que Deus e a Sua Palavra
são inseparáveis. Quem ama a Deus ama também a Sua Palavra.

b. Eu me encho de Deus me enchendo de Sua Palavra


A segunda implicação é que, se Deus e a Sua Palavra são um,
então eu me encho de Deus na medida em que me encho de Sua
Palavra. Em Efésios, 5.18,19, encontramos a ordem bíblica: “E
não vos embriagueis com vinho, no qual há dissolução, mas
enchei-vos do Espírito falando entre vós...”. Nessa passagem en-
contramos a maneira bíblica de sermos cheios de Deus: falando.
Mas não é um falar qualquer, é um falar espiritual, podemos
dizer que seja “falar a Palavra de Deus”. Quanto mais a minha
boca estiver cheia da Palavra, mais o meu espírito será transbor-
dante do Senhor. Isso acontece porque, quando falamos a Pala-
vra crendo com o coração, algo de Deus é acrescentado a nós,
pois Deus e a Sua Palavra são inseparáveis.
Lembre-se que a palavra deve estar em nossa boca e em nosso
coração (Rm 10.8-10). Quando eu abro a minha boca e confes-
so a Palavra de Deus, o Espírito Santo é liberado na minha vida.
Devemos, portanto, retirar de nossas vidas toda expressão nega-
tiva e derrotista, toda palavra frívola e profana, toda expressão
de pessimismo. Devemos confessar o que a Palavra de Deus diz
que somos, possuímos e podemos fazer. Não precisamos ver,
apenas crer.

2. A Palavra gerando Fé
E assim a fé vem pelo ouvir e o ouvir pela Palavra de Cristo.
(Rm 10.17 - Trad. revista e corrigida)

Não precisamos pedir Fé a Deus, precisamos apenas entrar


132 na Sua Palavra, praticá-la e a fé naturalmente se manifestará. Fé
é simplesmente pôr em prática a Palavra de Deus, é agir à altura
de Sua Palavra. Comumente as pessoas substituem fé por uma
mera concordância mental, concordam que a Palavra de Deus é
verdadeira e chamam isso de fé. Crer na Palavra é praticá-la. Não
me refiro somente a praticar os mandamentos, mas a agir de
acordo com o que a Palavra de Deus diz. Por exemplo, se a
O PODER DA PALAVRA DE DEUS 1

Palavra diz que eu estou assentado com Cristo nos lugares


celestiais acima de todo principado e poder, então é nessa posi-
ção que eu me vejo e entro nessa realidade. Isso é praticar a Pala-
vra. Se um demônio aparece na minha frente, baseado na Pala-
vra de Deus, eu direi: “Eu estou acima de você, pois estou com
Cristo assentado nos lugares celestiais”. Quando nós tomarmos
a Palavra de Deus dessa forma, veremos a Sua manifestação.
As crises da vida vêm sobre todos nós. Se não soubermos agir
à altura da Palavra de Deus quando vier a crise, então seremos
derrotados. Não importa qual seja o problema, a Palavra de Deus
tem algo a nos dizer a respeito. Descubra o que a Palavra diz e aja
à altura.

3. A Palavra como arma


Tomai também o capacete da salvação e a espada do Espírito,
que é a Palavra de Deus... (Ef 6.17)

Tinha na mão direita sete estrelas, e da boca saia-lhe uma afiada


espada de dois gumes. O seu rosto brilhava como o sol na sua
força. (Ap 1.16)

Então foi conduzido Jesus pelo Espírito ao deserto, para ser


tentado pelo Diabo. E, tendo jejuado quarenta dias e quarenta
noites, depois teve fome. Chegando, então, o tentador, disse-
lhe: Se tu és Filho de Deus manda que estas pedras se tornem
em pães. Mas Jesus lhe respondeu: Está escrito: Nem só de pão
viverá o homem, mas de toda palavra que sai da boca de Deus.
Então o Diabo o levou à cidade santa, colocou-o sobre o piná-
culo do templo, e disse-lhe: Se tu és Filho de Deus, lança-te
daqui abaixo; porque está escrito: Aos seus anjos dará ordens a
teu respeito; e: eles te susterão nas mãos, para que nunca trope-
ces em alguma pedra. Replicou-lhe Jesus: Também está escrito: 133
Não tentarás o Senhor teu Deus. Novamente o Diabo o levou
a um monte muito alto; e mostrou-lhe todos os reinos do
mundo, e a glória deles; e disse-lhe: Tudo isto te darei, se,
prostrado, me adorares. Então ordenou-lhe Jesus: Vai-te, Sata-
nás; porque está escrito: Ao Senhor teu Deus adorarás, e só a ele
servirás. Então o Diabo o deixou; e eis que vieram os anjos e o
serviram. (Mt 4.1-11)
CURANDO A FÉ EM 21 DIAS

Eles pois, o venceram por causa do sangue do Cordeiro e por


causa da palavra do testemunho que deram e, mesmo em face
da morte, não amaram a própria vida. (Ap 12.11)

Você está numa guerra espiritual; quer saiba ou não, ainda


assim, você está dentro dela. Sendo assim, é melhor você se ar-
mar e sair para a peleja, pois o inimigo está rodeando, procuran-
do uma brecha para atacar a sua vida.
Você pode estar pensando: “Como posso me armar?”. A res-
posta é muito simples: com a maior de todas as armas, a Palavra
de Deus. Você talvez me responda: “Bom, eu já tenho uma Bí-
blia.”. Mas ouça-me, ter uma Bíblia apenas não resolve. A Pala-
vra é uma arma que não funciona na mão, funciona apenas na
boca. Quando João viu a Jesus, no Livro de Apocalipse, da Sua
boca saía uma espada afiada. Não pense que Jesus seja um
engolidor de espadas. A visão era um símbolo de que a espada
do Espírito deve estar colocada em nossa boca. A Palavra na sua
boca produzirá o que ela diz, gerará vida e, ainda mais, arrasará
com o diabo.
A morte e a vida estão no poder da língua, o que bem a utiliza
come do seu fruto. (Pv 18.21)

Aí está! Palavras são sementes. Nós colhemos exatamente


aquilo que plantamos. É preciso que você separe um tempo do
seu horário devocional para confessar a Palavra. Na verdade, você
deve aprender a confessá-la à medida que estiver lendo. Após ler
os versículos, faça uma confissão na primeira pessoa.
Quando você falar a Palavra, terá sido afetado mental, emo-
cional, física e espiritualmente. A Palavra é o poder de vida, e o
confessar lhe trará vida para qualquer situação em que você esti-
ver. Muitas vezes você não verá o resultado imediato de sua con-
fissão, mas lembre-se: a confissão é uma semeadura. A palavra é
134 a semente. Leva um certo tempo para a semente germinar, cres-
cer e frutificar.
Em Mateus, capítulo 4, Jesus nos deu o exemplo de como
deve ser usada a Palavra de Deus contra o diabo. Jesus estivera
no deserto por quarenta dias jejuando e, ao final, satanás veio
para tentá-lO. E o que fez Jesus? Ele disse: “Está escrito!”. Ele
apenas falou a Palavra de Deus. O diabo então logo o deixou
O PODER DA PALAVRA DE DEUS 1

dizendo: “Ok, Jesus! Você venceu!”? Não! Ele ainda voltou


para tentar Jesus, não uma, mas duas vezes mais. E, a cada vez
que ele vinha, Jesus dizia: “Está escrito!”. E fazia uma tremenda
confissão da Palavra de Deus.
Ouça-me, o diabo é um demente! Ele não desiste facilmen-
te. Todavia devemos atacá-lo com a mesma arma que Jesus usou:
a Palavra de Deus. Jesus sabia do poder da Palavra em Sua boca
tanto para atacar como para defender.
Observe bem a atitude de Jesus diante da persistência do di-
abo. Ele não disse: “Parece que isso não funciona. Eu confesso, o
diabo se vai, mas depois torna a voltar. Preciso buscar uma outra
estratégia.”. Ouça-me, Jesus não desistiu porque o diabo vol-
tou. Ele não voltou para o deserto para jejuar novamente pen-
sando que talvez não estivesse ainda em condições espirituais
para enfrentar o diabo. Ele permaneceu firme apenas confessan-
do a Palavra, dizendo: “Está escrito!”.
Apesar de Jesus ser perfeito e sem pecado, ainda assim preci-
sou de fazer a confissão por três vezes. Não se preocupe se o
inimigo ainda insiste em atacar algum ponto de sua vida. Persis-
ta confessando a Palavra e dizendo para ele: “Está escrito!”.
Em Apocalipse, lemos que “eles o venceram por causa do
sangue do Cordeiro e por causa da Palavra do Testemunho que
deram” (Ap 12.11). A sua própria força é insuficiente para der-
rotar o diabo, você precisa do poder da Palavra de Deus.
Lembre-se que a Palavra de Deus é a verdade. A verdade não
é o que você vê, nem o que você sente, a verdade é o que a
Palavra de Deus diz. Ainda que você não veja, nem sinta, ainda
assim confesse a Palavra de todo o seu coração. A confissão gera-
rá fé em você e esta produzirá a realidade e a experiência daquilo
que a Palavra de Deus diz.
Confesse o que Deus diz que Ele é, o que Deus diz que faz, o 135
que Deus diz que tem, o que Deus diz que você é, o que Ele diz
que você faz e o que Ele diz que você tem. Brevemente você
colherá resultados tremendos.
Confessar a Palavra é desembainhar a espada, usando-a. Na
Carta aos Hebreus, 4.12, vemos que essa espada é a Palavra.
Assim, descobrimos que a Palavra de Deus só funciona como
CURANDO A FÉ EM 21 DIAS

arma sendo verbalizada, isto é, falada. É uma espada que deve


estar em nossa boca. Aprender a confessar a Palavra é fundamen-
tal para uma vida vitoriosa. Jesus é o nosso modelo. Como Ele
venceu a Satanás? Confessando a Palavra. Como destruímos os
dardos inflamados do maligno? Confessando a Palavra. Então,
como confessar a Palavra?

a) Com fé
Devo crer de todo o coração no que falarei. A Bíblia ensina
que o que não procede do nosso coração não têm valor algum.
Deus respeita somente o real consentimento dos homens. Daí
Ele sondar os nossos corações, pois só damos real permissão
quando o que os lábios professam está em linha com o nosso
coração. O que é dito da boca para fora não tem valor algum, é
pura religiosidade morta. Jesus dizia dos fariseus: “Este povo me
honra com os lábios, mas seu coração está longe de mim” (Mt
15.8). A confissão deve partir do coração.

b) Com autoridade
Devemos confessar com ousadia e autoridade. Daí a Pala-
vra dizer que com o coração se crê e com a boca se confessa.
Confesse a Palavra. Fazendo assim, você a usa como uma po-
derosa arma.

4. A Palavra como água purificadora


O Evangelho de João registra um acontecimento que so-
mente ele preservou para nós. Refiro-me ao incidente do capí-
tulo 13, no qual nosso Senhor Jesus cinge-se com uma toalha,
e tomando de uma bacia, lava os pés de Seus discípulos. Esse
feito de Jesus tem lições para nos ensinar, as quais não me
proponho a analisar totalmente aqui. Ao invés disso, desejo
136 que contemplemos particularmente o Seu mandamento que
acompanha o feito.
Ora, se eu, sendo o Senhor e Mestre, vos lavei os pés, também
vós deveis lavai os pés uns dos outros. Porque eu vos dei o
exemplo, para que, como eu vos fiz, façais vós também ...
Ora, se sabeis estas coisas, bem aventurados sois se as praticar-
des. (Jo 13.14-17)
O PODER DA PALAVRA DE DEUS 1

O que é esse mútuo lavar de pés? O que significa o fato de


que eu devo lavar os pés de meu irmão e que meus pés devem
ser lavados por ele?
A Palavra do Senhor diz que o homem foi feito do pó da
terra. Na verdade, o corpo foi feito do pó. Depois do pecado, o
corpo se tornou parte do que a Palavra de Deus chama de carne.
Também quando Deus amaldiçoou a serpente, Ele disse que ela
comeria pó todos os dias. Todavia, todos sabemos que quem
come pó é minhoca e não cobra, por isso esse pó deve estar
relacionado à carne. Carne é comida de serpente. Todos nós
estamos em contato com o mundo. Nossos pés tocam o mun-
do e, por isso, somos contaminados com a poeira da carne. Esse
é o aspecto principal quanto à poeira em nossos pés, pois cami-
nhando pelo mundo – não importando quem somos ou quão
cuidadosos possamos ser – é inevitável que nossos pés se sujem
com alguma coisa. Muitas vezes você não está em pecado mas,
depois de ficar todo o dia ouvindo piadas de seu colega de traba-
lho, você se sente sujo. Ou quem sabe, depois de conviver em
um ambiente tão mundano e tenso quanto o de um banco,
você se sente sem condições de estar diante de Deus. Isso é a
poeira do mundo que gruda em nossos pés.
Em João, 13.10, Jesus diz que quem já se lavou somente
precisa lavar os pés. Glória a Deus porque já fomos lavados pelo
sangue, mas como podemos lavar os pés? Usando a água da
Palavra. A Palavra de Deus tem realmente o poder de purificar.
Jesus disse: “Vós já estais limpos pela palavra que vos tenho
falado” (Jo 15.3). E, também em João 17.17, se diz que a Pala-
vra é a verdade que nos santifica.
Assim sendo, lembre-se de que o refrigério mútuo de João
13 não está relacionado com pecados cometidos, para os quais
há sempre perdão através do Sangue. Não, antes está relaciona- 137
do ao nosso caminhar diário pelo mundo, durante o qual é ine-
vitável que algo se apegue a nós. “Vós estais limpos”, disse Jesus.
O precioso Sangue providencia isso. “Quem já se banhou não
necessita...”. E, no que diz respeito ao pecado, a sentença pode-
ria terminar aqui. Mas nós nos movimentamos no reino de
satanás e algo com certeza se apegará a nós. Tal como uma pelí-
cula, a sujeira vai ficando entre nós e o nosso Senhor – não pode
CURANDO A FÉ EM 21 DIAS

ser evitado – simplesmente porque estamos tocando as coisas


do mundo todo o tempo, seu comércio e prazeres, sua escala de
valores corrupta e toda a sua aparência pecaminosa. Essa é a ra-
zão das palavras com que Jesus conclui: “...de lavar senão os pés”.
Mas qual o resultado prático de tudo isso? Com certeza você
tem que sair para trabalhar em escritórios ou lojas por oito horas
diárias. Não é errado que você o faça. Não é pecado trabalhar em
uma loja ou fábrica. Mas, quando você volta de seu emprego para
casa, não se sente cansado, desanimado e desafinado com as coisas
de Deus? Você encontra um irmão, mas não consegue conversar
facilmente com ele sobre coisas divinas. É como se houvesse uma
capa ou algo contaminando-o. É que o seu contato com o mun-
do depositou sobre você uma película de sujeira. Você não pode
deixar de senti-la, parece haver uma incapacidade de elevar-se de
imediato até o Senhor. O contato luminoso que você teve pela
manhã com Ele, antes de ir para o serviço, parece ter escurecido; o
frescor desapareceu de você. Todos nós conhecemos essa experiên-
cia. Isso nos ilustra a necessidade de lavar os pés.
Muitas vezes estamos cansados e fatigados por nossos deveres
seculares e, quando nos ajoelhamos para orar, descobrimos que
temos que esperar por algum tempo. Parece que levamos dez ou
vinte minutos para voltar àquele lugar onde podemos realmente
tocar em Deus. Ou, se nos sentamos para ler a Palavra, descobri-
mos que é preciso um grande esforço para restaurar aquela sensi-
bilidade. Mas como é bom quando no caminho para casa, en-
contramos um irmão com um coração transbordante, saído
recentemente da comunhão com Deus! Sem qualquer intenção,
ele apenas aperta nossa mão espontaneamente e diz: “Irmão, lou-
vado seja o Senhor!”. Ele pode não saber, mas é como se tivesse
chegado com um espanador e limpado tudo. Imediatamente
nos sentimos refrigerados, percebemos que o nosso contato com
138 Deus foi restaurado.
Precisamos aprender a lavar os pés uns dos outros em nossas
reuniões gerais, nas reuniões de células e mesmo em simples
encontros casuais. E como fazemos isso? Ministrando a Palavra,
que é água, que limpa. Precisamos declarar e confessar a Palavra
uns aos outros com frescor e vida. Declarar o poder de Deus e o
Seu louvor entre nós.
O PODER DA PALAVRA DE DEUS 1

O apóstolo Paulo diz que somos santificados e purificados


pela lavagem de água pela Palavra (Ef 5.26). E qual é a conseqü-
ência disso? São retiradas as rugas e as manchas. Rugas nos falam
de morte e envelhecimento. O Senhor deseja que sua Igreja seja
constantemente renovada pela Palavra. Ela é como um santo
cosmético que tem o poder de tirar as rugas e a morte em nosso
meio. Muitos não entendem porque precisam ir às reuniões
freqüentemente. O motivo é que a Palavra de Deus precisa ser
liberada sobre nós, primeiro porque é ela que gera fé (a fé vem
pelo ouvir a Palavra) e, segundo, porque precisamos ser purifica-
dos das manchas e das rugas que vêm do mundo sobre nós.
Se estamos andando com Deus, precisamos ser refrigério para
nossos irmãos. Precisamos lavar os pés uns dos outros pela água
da Palavra. Precisamos ser refrigério para o nosso irmão, ou nos-
so cônjuge. Quando ele estiver abatido e nas trevas, quando
houver um peso no coração dele ou uma película diante dos
seus olhos, quando ele estiver sujo e manchado, então ele virá a
nós. Pode ser que não fique por muito tempo, talvez só por
alguns minutos. Procure por esse ministério. Descubra a graça
de Deus para ajudar seu irmão. Freqüentemente pensamos que
seria bom se pudéssemos todos pregar longos sermões que te-
nham grande audiência, mas poucos têm esse dom e muitos não
são alcançados por aqueles poucos que o têm. Refrigerar o cora-
ção dos santos é o tipo de ministério que todos podem preen-
cher e que pode alcançar todos os lugares.

Você crê que a Bíblia é a Palavra de Deus? Você tem se


alimentado dela? Você tem usado a Palavra de Deus como
alimento, como arma de defesa e como proteção?
Você tem sido lavado e santificado pela Palavra? Há algo em
139
sua vida que está contra a Palavra de Deus? Você tem anda-
do conforme a Palavra?
Leia a Bíblia e confesse suas verdades durante todo o dia,
buscando ser cheio de Deus. Confesse-as na primeira pes-
soa, apropriando-se de suas verdades. Escolha um versículo
e pratique-o neste dia, trazendo a Palavra à realidade de
sua vida.
CURANDO A FÉ EM 21 DIAS

140
O PODER DA PALAVRA DE DEUS 2

13ºdia
O poder da Palavra de Deus 2

5. A Palavra como poder para nos transformar


Certo dia o Senhor Jesus chegou a Seus discípulos e lhes per-
guntou: “Quem diz o povo ser o Filho do homem?”. Eles res-
ponderam que uns diziam que Jesus seria Elias, outros achavam
que era João Batista, Jeremias ou algum dos profetas. Mas o
Senhor insistiu: “E vós, quem dizeis que eu sou?”. Pedro, então,
com sua atitude peculiar, se levanta e faz uma grande declaração:
“Eu sei quem Tu és, Tu és o Cristo, o Filho do Deus vivo!”.
Depois dessa declaração, o Senhor Jesus disse a Pedro: “Você
antes era Simão, mas agora será Pedro. Antes era um junco pe-
queno e frágil, agora será pedra!”.
A confissão mudou Pedro. A Palavra de Deus na boca de Pedro
teve o poder de mudá-lo de Simão para Pedro. O mesmo precisa 141
acontecer conosco. É a Palavra de Deus em nosso coração e em
nossa boca que tem o poder de nos transformar.
Tiago diz que a Palavra de Deus em nós implantada é pode-
rosa para salvar as nossas almas (Tg 1.21). A salvação no nível
do espírito já aconteceu, é o que chamamos de novo nascimen-
to. Mas a salvação no nível da alma é um processo que chama-
CURANDO A FÉ EM 21 DIAS

mos de transformação. Essa transformação então acontece pela


Palavra que é semeada em nós.
Jesus também disse que o reino de Deus é como se um ho-
mem lançasse a semente na terra (Mc 4.26-29). A semente é a
Palavra e a terra é o coração. Esse homem dorme e se levanta, de
noite e dia, até que, sem saber ele como e sem nenhum esforço, a
semente germina e cresce. Assim acontece conosco, não precisa-
mos nos mudar, precisamos apenas semear a semente no coração
e ela por si só germinará em nossas vidas, nos transformando.
A Carta aos Romanos diz que devemos ser transformados
pela renovação da nossa mente (Rm 12.2). Como podemos re-
novar a nossa mente? Através da Palavra de Deus. Precisamos
comer a Palavra e ruminá-la até que a nossa mente seja renovada.
Os velhos padrões de pensamento e opinião devem ser agora
conformados, ou colocados na forma da Palavra.
O nosso espírito foi regenerado, agora a nossa alma está sen-
do transformada. A mente é a função mais importante da alma.
Mudar a mente é mudar a alma. A nossa mente é mudada quan-
do a conformamos com a Palavra de Deus. A nossa vida só será
transformada pela Palavra de Deus e pelo Espírito Santo. Se me
encho da Palavra, sou transformado de glória em glória.

6. A Palavra como poder de cura


A Palavra de Deus é tão variada e maravilhosa em seu funci-
onamento que provê não só saúde espiritual e força para a alma,
mas também saúde física e força para o corpo.
Enviou-lhes a sua Palavra, e os sarou e os livrou do que lhes era
mortal. (Sl 107.20)

Lado a lado com essa passagem podemos colocar o seguinte


142 verso que está em Isaías:
Assim será a palavra que sair da minha boca: não voltará para
mim vazia, mas fará o que me apraz e prosperará naquilo para
que a designei. (Is 55.11)

No verso 20 do Salmo 107, vemos que Deus enviou a Sua


Palavra para nos curar e, no verso 11 de Isaías 55, o Senhor diz
O PODER DA PALAVRA DE DEUS 2

que a Sua Palavra realizará aquilo para o que Ele a enviou. As-
sim, Deus nos dá garantias de que Ele nos dá provisão de cura
pela Sua Palavra. Essa verdade é colocada ainda mais completa
em Provérbios 4, onde Deus diz:
Filho meu, atenta para as minhas palavras; aos meus ensinamen-
tos inclina os ouvidos. Não os deixes apartar-se dos teus olhos;
guarda-os no mais íntimo do teu coração. Porque são vida para
quem os acha e saúde, para o seu corpo. (Pv 4.20-22)

Pode haver uma promessa de cura mais abrangente do que


essa: “Saúde para todo seu corpo”? Todas as partes de nosso cor-
po estão incluídas nessa frase, nada é omitido. Além disso, a
palavra “saúde”, no hebraico, também pode ser traduzida por
“medicamento”. Assim, Deus se comprometeu a prover com-
pleta cura física e saúde.
Nós podemos considerar essa afirmação feita em Provérbios,
4.20-22, como sendo a Palavra de Deus, que é saúde e medica-
mento para todo o nosso corpo. Nós poderíamos chamar esses
três versos de “o grande medicamento de Deus”. Eles contêm
um medicamento que nunca foi composto por nenhum
bioquímico sobre a terra – uma garantia de cura para todas as
doenças.
Porém, quando um médico prescreve um medicamento,
ele normalmente prescreve as condições para o uso do remédio,
o que implica dizer que nenhuma cura pode ser esperada a me-
nos que o medicamento seja tomado regularmente, de acordo
com as direções dadas. O mesmo é verdade com o “medicamen-
to” de Deus em Provérbios. As direções estão “na garrafa”, e
nenhuma cura está garantida se as direções não forem seguidas.
E que direções são essas? Elas são quatro.

a) “Atenta para as minhas palavras” 143


Essa direção bíblica nos fala simplesmente de darmos priori-
dade para a Palavra de Deus. Precisamos entender a importância
e a primazia da Palavra em nossas vidas. Ela é como se o próprio
Senhor Jesus estivesse falando conosco em carne e osso.
CURANDO A FÉ EM 21 DIAS

b) “Inclina os ouvidos”
A fé vem pelo ouvir a Palavra. Muitos não são curados por
que não gastam tempo suficiente ouvindo as promessas da Pala-
vra de Deus. Inclinar os ouvidos também significa assumir uma
atitude de humildade diante de Deus.

c) “Não os deixe apartar-se dos teus olhos”


Muitos de nós temos a atenção dividida: com um olho olha-
mos para as promessas de Deus e com o outro esperamos nos
homens. Lembre-se do texto bíblico:
E olhando eles a ninguém viram senão a Jesus. (Mt 17.8)

d) “Guarda-os no mais íntimo do coração”


Do coração procedem as fontes da vida. O nosso coração foi
criado para amar a Deus e para crer. Essas duas coisas procedem
do coração. Quando nos enchemos com a Palavra, tanto o amor
como a fé devem crescer.
Se seguirmos essa prescrição médica de como tomar o remé-
dio, podemos crer que ele é poderoso para fazer com o que os
efeitos de cura e saúde se manifestem em nossas vidas.

7. A Palavra como Alimento


Porque não só de pão viverá o homem, mas de toda palavra que
sai da boca de Deus. (Mt 4.4)

Quando um bebê nasce, a sua necessidade mais imediata é


tomar leite para se alimentar. Sem alimento, a criança nova não
somente deixará de ter um crescimento normal, mas brevemen-
te virá a ser fraca e eventualmente poderá até morrer. Depois que
144 somos salvos e nascidos de novo, a nossa necessidade mais ime-
diata é aprendermos a comer do Senhor como nosso leite e ali-
mento espiritual. Sem esse alimento espiritual, nós também não
temos o crescimento normal e, em pouco tempo, estaremos
espiritualmente mortos.
Nos Evangelhos, o Senhor Jesus Se apresenta como um ban-
quete para nós bebermos e comermos. Jesus diz que Ele é “a
O PODER DA PALAVRA DE DEUS 2

água viva” para nós bebermos (Jo 4.10). No sexto capítulo do


mesmo livro, Jesus diz que Ele é “o pão da vida” para ser comi-
do. Depois, a Bíblia diz em 1 Coríntios 12: “E a todos nós foi
dado beber de um só Espírito” (1Co 12.13). Nós O bebemos e
comemos, e, em conseqüência disso, nos deleitamos nEle e O
recebemos como o nosso alimento espiritual. Temos que louvá-
lO por Jesus Cristo se apresentar a nós como um banquete para
satisfazer todas as nossas necessidades e ser nosso suprimento.
Todos nós sabemos que o Seu nome é o grande “EU SOU”, o
qual significa: “EU SOU tudo quanto Meu povo precisa”. O
apóstolo Pedro nos diz:
Desejai ardentemente, como crianças recém-nascidas, o ge-
nuíno leite espiritual, para que por ele vos seja dado cresci-
mento para a salvação, se é que já provastes que o Senhor é
bom. (1Pe 2.2,3)

Esses versículos nos dizem claramente como experimentar


o Senhor: bebendo o “leite genuíno (puro) da Palavra”. Assim
seremos nutridos para o crescimento espiritual. Dou glória ao
Senhor porque a Bíblia diz “provastes!”. O modo para nós
provarmos o Senhor é simplesmente tomando o leite da Pala-
vra. A Palavra não é somente para a estudarmos e aprender-
mos, mas para provarmos. O Senhor Jesus alimenta o Seu
Corpo pela Sua Palavra.
Todos os cristãos sabem que a função da Palavra de Deus é
revelar Deus para nós. Ainda que seja verdade, essa não é sua
principal função. A principal função da Bíblia é acrescentar algo
de Deus dentro de nós como vida e como alimento. Sempre
que lermos a Bíblia, não devemos somente tentar conhecê-la ou
entendê-la, mas sim nos apropriar de alguma coisa da essência
de Deus para dentro de nós, assim como fazemos ao comer
nossa comida. Igual à comida, essa substância será absorvida den- 145
tro de nosso ser.
A Primeira Carta a Timóteo, 4.6, diz que somos “alimenta-
dos com as palavras de fé”. Você notou a palavra “alimentados”?
O conceito do apóstolo Paulo era que a Palavra de Deus é comi-
da para alimentar os filhos de Deus. Nós também devemos ter a
mesma percepção a respeito da Palavra de Deus. Não devemos
CURANDO A FÉ EM 21 DIAS

considerá-la só como conhecimento, mas como comida para


alimentar-nos e suprir-nos a toda hora.
As Escrituras revelam no mínimo três casos de homens que
comeram a Palavra de Deus. O primeiro é Jeremias, que disse:
“Achadas as tuas palavras, logo as comi” (Jr 15.16). Comer al-
guma coisa não é meramente recebê-la, mas absorvê-la. Absor-
ver é receber alguma coisa dentro de você, digerir e fazer dessa
coisa parte de você mesmo.
O segundo caso na Palavra de Deus de alguém que comeu a
Palavra é narrado no livro de Ezequiel, onde o profeta Ezequiel
comeu o rolo que tinha a Palavra de Deus (Ez 3.1-3).
Finalmente, em Apocalipse 10 nós vemos que o apóstolo
João também comeu a Palavra de Deus. Jeremias disse: “As
tuas palavras me foram gozo e alegria para o coração” (Jr
15.16b). A Palavra, depois de ter sido comida, vem a ser gozo
e também alegria.
A Palavra de Deus é prazer. Depois de estar em nós e ser absor-
vida bem dentro de nós, ela torna-se alegria em nosso interior e
regozijo exterior. Davi disse: “Quão doces são as tuas palavras ao
meu paladar! Mais que o mel à minha boca” (Sl 119.103). A
Palavra na verdade é uma satisfação: ela é até mais doce e agradável
do que o mel para o nosso paladar. Desses versículos, percebemos
que a Palavra de Deus não é somente para nós a aprendermos, mas
ainda para nós a provarmos, comermos, nos deleitarmos nela e a
digerirmos. O Senhor Jesus também fala da Palavra de Deus como
alimento espiritual: “Não só de pão viverá o homem, mas de toda
palavra que procede da boca de Deus” (Mt 4.4). “Toda palavra
que procede da boca de Deus” é comida espiritual para nos ali-
mentar. Essa é a comida pela qual devemos viver.
146 A Segunda Carta a Timóteo diz que “Toda Escritura é ins-
pirada por Deus...” (2Tm 3.16). O significado original é “sopra-
da por Deus”. Toda Escritura é o sopro de Deus. Nós sabemos
que “Deus é Espírito” (Jo 4.24); o Espírito é a essência e a natu-
reza de Deus. Deus é Espírito, assim como uma mesa é madeira.
Visto que a Palavra é o sopro de Deus, e “Deus é Espírito”, tudo
que é soprado por Deus tem que ser Espírito! Então, a essência
ou a natureza da Palavra de Deus é Espírito. Não é somente um
O PODER DA PALAVRA DE DEUS 2

pensamento, revelação, ensino ou doutrina, mas Espírito. O Es-


pírito é a profunda essência da Palavra de Deus. Agora nós pode-
mos ver porque o Senhor Jesus disse que as palavras que Ele
disse “são Espírito e são vida” (Jo 6.63). A natureza da Bíblia é
a essência do próprio Deus. Toda vez que nós lidamos com a
Bíblia, devemos saber que estamos tocando Deus mesmo.
Ainda que nós saibamos tudo sobre comida, devemos nos
alimentar diariamente. Não é o caso de aumentar o conheci-
mento sobre determinado alimento, mas sim comê-lo. Conhe-
cer é uma coisa, comer é outra.

Você crê que a Palavra tem poder para lhe transformar?


Você crê que nela há cura para a sua vida?
Você tem se apropriado da Palavra como alimento espiritu-
al? Você tem conhecido a Deus pela Palavra?
Selecione alguns versículos da Palavra sobre vitória e con-
fesse-os. Separe um texto da Palavra e medite nele, rumi-
nando-o, buscando ter revelação dele para sua vida.

147
CURANDO A FÉ EM 21 DIAS

148
O QUE PODE ME DAR ESPERANÇA

14ºdia
O que pode me dar esperança

As misericórdias do SENHOR são a causa de não sermos con-


sumidos, porque as suas misericórdias não têm fim; renovam-
se cada manhã. Grande é a tua fidelidade. A minha porção é o
SENHOR, diz a minha alma; portanto, esperarei nele. Bom é
o SENHOR para os que esperam por ele, para a alma que o
busca. Bom é aguardar a salvação do SENHOR, e isso, em
silêncio. Bom é para o homem suportar o jugo na sua mocida-
de. Assente-se solitário e fique em silêncio; porquanto esse jugo
Deus pôs sobre ele; ponha a boca no pó; talvez ainda haja
esperança. Dê a face ao que o fere; farte-se de afronta. O Se-
nhor não rejeitará para sempre; pois, ainda que entristeça a
alguém, usará de compaixão segundo a grandeza das suas mi-
sericórdias; porque não aflige, nem entristece de bom grado os
filhos dos homens. Pisar debaixo dos pés a todos os presos da
terra, perverter o direito do homem perante o 149
Altíssimo,subverter ao homem no seu pleito, não o veria o
Senhor? (Lm 3.21-36)

Neste capítulo, quero lhe trazer à memória o que pode nos


dar esperança. Precisamos entender que o nosso Deus é o
confortador. Ele é o nosso “Paracleto”, o nosso ajudador. O Es-
pírito Santo é quem nos assiste em nossas dificuldades. Todos
CURANDO A FÉ EM 21 DIAS

nós passamos por momentos de luta, e às vezes sentimos triste-


za, dor e cansaço.
Por vezes, fantasiamos que a nossa vida poderia ser como um
êxtase contínuo, sem oscilações. Mas a verdade é que a nossa vida
possui verões e invernos, dias e noites, desertos e mananciais. Nin-
guém vive só de festa. Todos esses momentos são importantes
para o desenvolvimento de nossa musculatura espiritual. Na ver-
dade, a vida seria monótona e insípida se todos os dias fossem
sempre ensolarados e nunca viesse a chuva. São os dias nublados
que nos fazem valorizar o sol. Mas, quando o sol se torna
causticante, ansiamos por dias frios e chuvosos. A vida ganha sa-
bor e ganha gosto por essas diferenças, por esses contrastes.
A nossa vida é cheia de circunstâncias e situações imprevistas.
Há dias em que nos levantamos e somos verdadeiros matadores
de gigantes. Em outros, porém, ficamos tão sensíveis que qual-
quer inseto nos assusta. Há dias em que somos como um vulcão
em erupção, expelindo fogo de Deus por toda parte. Em ou-
tros, nos tornamos traques, sem poder algum.
A angústia sempre vem e angústia prolongada causa prostração,
desânimo e acomodação. Mas não podemos deixar nossa esperança
se esvair. Se perdemos a esperança, perdemos os nossos sonhos, a
empolgação, a motivação, a fé diante do impossível, a confissão
profética diante dos ossos secos das nossas circunstâncias.
Se você está vivendo um tempo assim, eu quero lhe dizer:
Há esperança para o coração ferido. Há esperança para o coração
abatido porque o nosso Deus é chamado o Consolador. Todos
nós estamos sujeitos a tempos de luta. Nenhum de nós é imu-
ne. Portanto, a grande questão é: O que fazer nesses dias?
Quero compartilhar com você sobre o texto no início deste
capítulo, que se encontra no Livro das Lamentações de Jeremias.
150 Poucos de nós o lemos e, quando o fazemos, é só porque é parte
de algum plano de leitura bíblica. Mas, nesse Livro, nós temos a
história de muitos de nós, um déjà-vu de muitas situações pelas
quais passamos.
No texto, Jeremias, o profeta de Deus, está passando por
dias tão difíceis. A descrição que ele faz é repleta de ilustrações
vívidas e tocantes.
O QUE PODE ME DAR ESPERANÇA

No capítulo 3.14 ele diz: “Fui feito objeto de escárnio para


todo o meu povo e a sua canção, todo o dia”. Fazer canções
zombando ao seu respeito, escarnecendo e diminuindo, há algo
mais doloroso que isso? É o que ele estava passando.
Nos versos 15 e 16, ele diz: “Fartou-me de amarguras, sa-
ciou-me de absinto. Fez-me quebrar com pedrinhas de areia os
meus dentes, cobriu-me de cinza.”. Essa é a sensação de tristeza
que ele estava sentindo. Dá gastura o só imaginar as pedrinhas
entre os dentes. É um quadro vívido da angústia que Jeremias
estava passando. Depois disso, ele diz no versículo 17: “Afastou
a paz de minha alma; esqueci-me do bem”.
É como se ele dissesse: “Não acredito em ninguém, perdi
completamente a esperança. Este mundo está perdido e com-
pletamente imerso no mal”. Ele havia se tornado pessimista,
negativista, uma pessoa sombria e sofrida. Talvez seja esse tam-
bém o quadro da sua vida. No verso 18 ele continua:
Então, disse eu: já pereceu a minha glória, como também a
minha esperança no Senhor”. Lembra-te da minha aflição e do
meu pranto, do absinto e do veneno. Minha alma, continua-
mente, os recorda e se abate dentro de mim. (Lm 3.18)

Ele está dizendo: “Não agüento mais viver assim. Minha vida
não pode ser desse jeito, não posso continuar nessa condição
extrema de desconforto!”. A vida não tem sentido se não há
empolgação, motivação, desejo, sonhos e nem esperança. A es-
perança é vida dentro da vida da gente.
Quando a esperança se vai, vão-se embora os sonhos, a
empolgação de esperar pelo dia seguinte, a expectativa por dias
melhores. É a esperança que nos permite desejar, comprar e des-
frutar das coisas. É ela que nos gera expectativas de ir a lugares,
conhecer pessoas, provar comidas diferentes, festejar, sonhar com 151
a vida. Quando a esperança vai embora, não há mais combustí-
vel e a vida apenas vai levando, vai passando.
Pessoas sem esperança não querem mais edificar coisa alguma.
Se a casa está suja, para que limpar? O cabelo está desarrumado,
mas que importa a aparência? Se a esperança se perde, a vida perde
o sabor. Talvez você não tenha chegado a um ponto tão fundo
CURANDO A FÉ EM 21 DIAS

assim, mas a sua luta foi suficiente para fazer você sentir a boca
amarga, com pedrinhas que quebram os seus dentes.
Jeremias estava vivendo uma situação de desmoronamento
quando escreveu esse texto. O exército de Babilônia havia
destruído Jerusalém e a vida parecia um caos. No meio dos es-
combros da cidade incendiada e destruída, ele exclamou: “Que-
ro trazer à memória o que possa me dar esperança!”.
No meio da sua tribulação pessoal, é necessário que você se
posicione e, como Jeremias, diga: “Quero trazer à memória o
que possa me dar esperança, quero trazer à memória coisas que
me façam bem. Chega de lembranças ruins, chega de coisas ne-
gativas. Eu quero encher meu coração de coisas que podem me
dar esperança, de coisas que alimentam meus sonhos. Eu quero
encher meu coração de coisas que alimentam meu desejo de
viver, quero encher meu coração de coisas que me motivem, me
empolguem. Quero encher meu coração de coisas que sejam
combustível para o meu espírito, que possam produzir uma ex-
plosão e me levar adiante. Quero encher meu coração da espe-
rança de Deus.”.
Já é hora de parar de comer amargura de manhã, de beber o
fel no almoço e o absinto à tarde, de ter um anoitecer angustio-
so. Chega! É possível colocar um fim nisso. Como? Trazendo à
memória coisas que possam lhe dar esperança.
Jeremias não ficou sentado lembrando como eram bons os
dias passados. Não se lambuzou de um saudosismo amargura-
do, mas olhou para frente, procurando algo para alimentar a sua
esperança, o seu sonho.
Jamais digas: Por que foram os dias passados melhores do que
estes? Pois não é sábio perguntar assim. (Ec 7.10)
152 Não fique olhando para o passado com saudosismo. Se há
algo em seu passado que possa trazer esperança para o futuro,
pegue-o emprestado e diga: “Eu sei que foi assim no passado e
será assim novamente!”.
Lembre-se dos dias em que você tinha fome de Deus, dos
dias que você buscava a face do Senhor e tudo era tão vivo.
Lembre-se da época em que você ficava empolgado só de ir às
O QUE PODE ME DAR ESPERANÇA

reuniões da igreja. Como era bom o seu desejo pela comunhão


com os irmãos, o amor que fluía na célula. Lembre-se da época
em que você chegava nos cultos e as canções entravam dentro de
você, lhe contorciam por dentro e você chorava, clamava e bas-
tava ouvir um cântico para que seu coração estremecesse. Traga à
memória coisas que lhe encham de esperança. Em seguida,
Jeremias passa a enumerar coisas que podem nos dar esperança.

1. As misericórdias do Senhor
As misericórdias do SENHOR são a causa de não sermos con-
sumidos, porque as suas misericórdias não têm fim. (Lm 3.22)

Sua vida não tem que ser assim para sempre, porque o Se-
nhor é Deus misericordioso. Talvez você tenha se deprimido
por causa do pecado que o assedia. Você tem tentado vencê-lo,
mas, qual uma cola, ele tem se grudado em você. Vez após vez
você tem prometido mudar, para outra vez se decepcionar con-
sigo mesmo.
As misercórdias de Deus não têm fim, o que não significa
que Ele aprove o seu pecado, mas sim que Ele não desiste de
você. Hoje mesmo a misericórdia do Senhor se renovou em seu
favor. Isso significa que o nosso Deus não está olhando para
você com um olhar irado; pelo contrário, há tolerância e paciên-
cia. Mais uma vez Ele diz: “Tem jeito, Eu vou transformá-lo!”.
Graça e misericórdia são dois lados de uma mesma moeda.
De misericórdia preciso quando errei e mereço a punição, mas
em vez disso recebo a misericórdia. A graça ocorre quando, além
do perdão, Ele me concede um grande presente.
A misericórdia sempre diz respeito a algo ruim que fizemos.
A necessidade de misericórdia se faz porque nós falhamos e trans-
gredimos o mandamento de Deus. O texto diz que as miseri-
córdias do Senhor não têm fim. Talvez você pense que já esgo- 153
tou a paciência do Pai, já aprontou todas. Se você é alguém que
tem lutado contra o pecado, eu quero lembrá-lo: “há esperança
para você”. A misericórdia do Senhor não tem fim e ela é maior
que o seu pecado.
O outro lado da moeda é a graça. Graça é diferente de mise-
ricórdia. Na verdade, a graça é ainda melhor que a misericórdia.
CURANDO A FÉ EM 21 DIAS

A graça é inteiramente positiva. Pela misericórdia eu não sou


condenado, mas pela graça eu me torno filho. A graça é algo tão
incrível que chega a ser quase inacreditável.
Vamos entender a graça através de um exemplo. Suponha
que você viva em uma casa com um belo muro em uma rua
tranqüila. Você, da sua varanda, observa que o filho do vizinho
está tentando aprender a dirigir sem o conhecimento do pai.
Em dado momento, o garoto perde o controle e bate contra o
seu muro. Numa situação assim você pode ter três atitudes.
Em primeiro lugar você pode ser justo. Você processa o pai
do garoto e o obriga a pagar todas as despesas e prejuízos causa-
dos pelo garoto. Isso é justiça, qualquer um pode fazer.
Uma segunda possibilidade é ser misericordioso. Você perce-
be que o garoto não tem como pagar e você se compadece pela
surra que ele levará caso o pai fique sabendo. Então você arca
com o prejuízo do muro e manda o garoto embora. Isso é mise-
ricórdia e poucos seriam capazes de exercê-la.
Mas há ainda uma terceira possibilidade. Você poderia ser
gracioso. E ser gracioso nessa situação significa que você perdo-
ará o garoto e pagará o muro, e ainda pagará o conserto do carro
dele e lhe dará o seu próprio carro, além de ensiná-lo a dirigir.
Isso é graça.
Considere que foi isso o que Deus fez conosco. Nós éramos
como criminosos que matamos Seu único Filho. Ele, além de
nos perdoar, nos fez Seus próprios filhos e, mais ainda, nos deu
toda a herança que era do Seu Filho. Esse é um mistério para os
anjos e demônios.
É por isto que os demônios no inferno ficam de cabelo em
pé, se é que eles têm cabelo. Eles pensam: “Como é que pode
154 um negócio assim? O homem é pecador, merece o inferno, mas,
em vez disso, Deus o perdoa e ainda faz dele um herdeiro do
trono junto com Cristo?”.
Eu imagino que Deus um dia pensou: “Eu poderia criar um
planeta para meus filhos”. Depois, Ele pensou melhor e decidiu
dar uma estrela. Mas por fim Ele criou toda uma galáxia para os
Seus filhos. Então, Ele percebeu que ainda era pouco, deveria
O QUE PODE ME DAR ESPERANÇA

haver uma forma de expressar completamente o Seu amor. “Eu


os amo tanto!”, o Senhor pensou. Aí Deus teve uma idéia: “Já
sei, há algo que é tão grande que ninguém poderia ter” – Ele
concluiu – “Eu mesmo!”. Aí Deus diz: “Eu me darei para eles de
presente. Eu serei deles. É por isso que podemos dizer: “Tu és a
porção da minha herança e do meu cálice!”. O próprio Senhor é
a nossa herança (Sl 16.5). Apesar disso, ainda há irmãos sonhan-
do em andar em ruas de ouro no céu. Outros querem morar em
mansões celestiais de 3 quartos com carro de fogo na garagem. É
muito pouco. Eu sonho com algo maior, eu quero a Ele e eu sei
que Ele me quer.
Ao ler estas palavras, sei que a esperança já está começando a
brotar em seu coração.

2. A fidelidade de Deus
A segunda coisa que Jeremias trouxe à mente foi a fidelidade
de Deus. Para ter esperança, é preciso conhecer o Deus que é fiel.
Jeremias disse: “Grande é a Tua fidelidade” (Lm 3.23). Em ou-
tro texto bíblico o Senhor nos diz: “Porque eu, o Senhor, não
mudo” (Ml 3.6).
A fidelidade de Deus está baseada no fato de que Ele é imu-
tável, Ele jamais muda. NEle, não há variação de mudança.
Nossos pecados não podem mudá-lO e, mesmo que sejamos
infiés, Ele continua fiel. Ele é eternamente fiel.
Um dos nomes de Deus é “O Eterno”. Eterno significa algo
que o tempo não altera, que as circunstâncias não mudam. O
Deus que você está buscando é o Deus que não muda.
Já parou para pensar que o mesmo Deus com quem Abraão
conversava está presente agora mesmo enquanto você lê este livro?
Para Ele, os últimos quatro mil anos foram como um dia que 155
passou. O mesmo Deus que apareceu para Moisés na sarça arden-
te e, depois, no monte Sinai no meio do fogo, é o mesmo Deus
que está presente hoje em sua vida. O mesmo Deus que derrubou
as muralhas de Jericó, que era com Davi e com os profetas, o
mesmo Deus que pisou nas areias da Galiléia, está presente em sua
vida. Ele é o mesmo, não mudou em nada. Seu poder é o mes-
mo, Seu caráter é o mesmo, Sua Palavra é a mesma. Mesmo que
CURANDO A FÉ EM 21 DIAS

sejamos infiéis, Deus permanece fiel a nós. Ele é fiel ao que Ele
disse para você. Ele é fiel.
Se Deus foi com Davi, Ele será com você também. Se Deus
foi com Paulo, que perseguiu a Igreja, Ele será com você tam-
bém. Se Deus foi com Pedro, que até negou a Jesus, Ele será fiel
a você também. É o mesmo Deus. Esses homens eram como
nós, cheios de falhas. Se Deus foi com eles, Ele será com você
também porque Ele não pode mudar. Ele é fiel.
Portanto, lance fora toda roupa de tristeza e toda vestimenta
de amargura. Rejeite todo sentimento de desesperança e toda
prostração porque Deus é fiel e mudará a sua história hoje! Ele
mudará o seu coração e a sua condição hoje! Assim como
Jeremias, eu quero trazer à memória o que pode lhe dar esperan-
ça. Você tem esperança quando entende a fidelidade de Deus.

3. Se eu apenas buscar o Senhor


A minha porção é o Senhor , diz a minha alma; portanto,
esperarei nele. Bom é o Senhor para os que esperam por ele,
para a alma que o busca. (Lm 3.24,25)

Não vale a pena ficarmos parados, enchamos nossos corações


de fé e busquemos ao Senhor. Eu sei quantas vezes Ele tem ou-
vido a minha oração e sei quantos homens já buscaram e têm
buscado a Deus com testemunhos de que foram atendidos. Eu
serei também.
O que Jeremias está dizendo é que, se nós simplesmente O
buscarmos, se simplesmente O invocarmos e chamarmos por
Ele de todo coração, com todo o nosso ser, Ele atenderá a
nossa oração e mudará a nossa história. Só temos que buscá-
lO. Se a situação está ruim, é porque não O buscamos ainda!
156 É porque ainda não investimos tempo esperando diante da
face de Deus.
As escrituras dizem que Deus é galardoador daqueles que O
buscam (Hb 11.6). O Senhor faz isso porque Ele é bom! O pro-
blema de muitos é que estão sempre duvidando de Sua bondade.
Deus não tem prazer nas suas tristezas. Ele não tem alegria no
seu sofrimento. Deus é bom! Ele tem um plano para você. O
O QUE PODE ME DAR ESPERANÇA

problema é que os pensamentos dEle são tão mais altos que os


nossos e os Seus caminhos tão mais elevados que às vezes não
conseguimos entender.
Todavia, continuemos esperando nEle. Nossas vidas são como
um quadro sendo pintando em uma tela. No início, você não
distingue bem as figuras, parecem borrões de tinta feitos aleato-
riamente sem nenhuma intenção. Da mesma maneira, você não
consegue enxergar propósitos naquela situação de dor e sofri-
mento. Mas à medida que a obra do pintor avança, você percebe
que a coisa começa a ganhar forma. E, depois de um momento,
num instante só, uma única pincelada, num toque final, tudo
toma forma, tudo faz sentido. Você pode então dizer: “Agora eu
entendo esse quadro, agora eu sei o que Deus queria pintar. Hoje
eu entendo o porque daquelas tintas todas!”. Tudo estava claro
na mente do pintor. Na mente de Deus tudo já está claro a seu
respeito. Ele planejou tudo, só que, do nosso ponto de vista, a
tela ainda está disforme e difícil de entender.
Confiemos na bondade de Deus. A obra de arte que Ele está
fazendo em nossas vidas é inigualável. Ele é o artista supremo e
fará algo tremendo em sua vida. A situação, que hoje parece tão
terrível, lá no final se mostrará perfeitamente inserida em um
plano maior.
Não tente entender a pintura antes de estar terminada. Não
tente entender o livro antes do autor terminar a história. Espere
o momento certo, quando Ele dará a pincelada final, a palavra
final e tudo fará sentido.

4. Deus tem um propósito no meu sofrimento


Bom é aguardar a salvação do Senhor, e isso, em silêncio.Bom
é para o homem suportar o jugo na sua mocidade.Assente-se 157
solitário e fique em silêncio; porquanto esse jugo Deus pôs
sobre ele. (Lm 3.26-28)

Deus permite situações difíceis para enriquecer nossas vidas.


Quando as provações parecem tão difíceis, tendemos a perder a
esperança, mas tudo muda quando entendemos que Deus go-
verna todas as circunstâncias.
CURANDO A FÉ EM 21 DIAS

Esperemos no Senhor em silêncio, não murmuremos, não


reclamemos, não blasfememos, não falemos palavras que pos-
sam destruir coisas em nossas almas.
O tratamento de Deus tem um propósito. Bom é para o
homem suportar o tratamento na sua mocidade e isso em silên-
cio. Bom é para o homem suportar no tempo da aflição, as
dificuldades, as lutas, a tribulação, a dor, os dias escuros e chu-
vosos. Bom é para o homem suportar tempos de aflições mes-
mo que não entenda o porquê. Deus está nos enriquecendo. Ele
está depositando um suprimento celestial em nossas vidas.
Deus está fazendo algo em você. Ele está coordenando as
circunstâncias ao seu redor, nada está acontecendo por acaso. A
sua vida está no controle de Deus e nem um fio de seu cabelo
cai de sua cabeça sem a permissão dEle. Deus tem um propó-
sito em sua vida, por isso não se entregue à amargura nem ao
desespero. Encha seu coração de verdades que possam trazer
esperança. Deus é bom e está fazendo uma obra tremenda em
sua vida.

5. O tratamento de Deus um dia acaba


O Senhor não rejeitará para sempre. (Lm 3.31)

O tratamento de Deus um dia acaba. Não há tribulação per-


manente, as coisas acabam. Há um tempo determinado para o
tratamento de Deus em sua vida. Há um tempo determinado
para o Senhor forjar a imagem dEle em você, por isso não desa-
nime, espere no Senhor. O salmista já cantava: “Porque a sua ira
dura só um momento; no seu favor está a vida; o choro pode
durar uma noite, mas a alegria vem pela manhã!” (Sl 30.5).
A noite pode parecer longa, mas ela acaba. Não há noite sem
158 fim para os filhos de Deus. O caminho pode parecer longo, mas
uma hora ele finda. Então, você poderá entender os caminhos
de Deus e louvá-lO por tudo o que passou.
Encha o seu coração de coisas que possam lhe dar esperança.
O Senhor, agora mesmo, já está lhe enchendo de lembranças e
marcos de sua vida que são a garantia de que Ele continuará
operando. A mão do Senhor se levantará em seu favor.
O QUE PODE ME DAR ESPERANÇA

O Espírito Santo diz: “Consolai o meu povo, consolai o meu


povo, diz o Senhor”. Há uma palavra de consolo para você por-
que Deus lhe ama. Sonhos antigos ressuscitarão, anseios perdi-
dos serão renovados e coisas que você julgava esquecidas serão
renovadas pelo Espírito de Deus.

Há áreas em sua vida em que você perdeu a esperança? Há


desafios ou problemas pelos quais você já desistiu de lutar?
Você confia no Senhor, em Suas misericórdias, Sua fidelida-
de e em Seu amor?
Decida confiar no Senhor, lembre-se das grandes coisas que
Deus já fez em sua vida. Encha seu coração de coisas com os
sonhos de Deus para você. Declare a graça de Deus sobre a
sua vida. Confie na fidelidade de Deus e Sua Palavra, bus-
que-O e desfrute do Seu favor em sua vida.

159
CURANDO A FÉ EM 21 DIAS

160
O ESCONDERIJO DO ALTÍSSIMO

15ºdia
O esconderijo do Altíssimo

O que habita no esconderijo do Altíssimo e descansa à sombra do


Onipotente diz ao SENHOR: Meu refúgio e meu baluarte,
Deus meu, em quem confio. Pois ele te livrará do laço do passa-
rinheiro e da peste perniciosa. Cobrir-te-á com as suas penas, e,
sob suas asas, estarás seguro; a sua verdade é pavês e escudo. Não
te assustarás do terror noturno, nem da seta que voa de dia, nem
da peste que se propaga nas trevas, nem da mortandade que
assola ao meio-dia. Caiam mil ao teu lado, e dez mil, à tua direita;
tu não serás atingido. Somente com os teus olhos contemplarás e
verás o castigo dos ímpios. Pois disseste: O SENHOR é o meu
refúgio. Fizeste do Altíssimo a tua morada. Nenhum mal te suce-
derá, praga nenhuma chegará à tua tenda. Porque aos seus anjos
dará ordens a teu respeito, para que te guardem em todos os teus
caminhos. Eles te sustentarão nas suas mãos, para não tropeçares
nalguma pedra. Pisarás o leão e a áspide, calcarás aos pés o leãozi-
nho e a serpente. Porque a mim se apegou com amor, eu o livra- 161
rei; pô-lo-ei a salvo, porque conhece o meu nome. Ele me invo-
cará, e eu lhe responderei; na sua angústia eu estarei com ele,
livrá-lo-ei e o glorificarei. Saciá-lo-ei com longevidade e lhe mos-
trarei a minha salvação (Salmo 91).

O Salmo 91 é fascinante e extraordinário! No primeiro


versículo o salmista faz uma das afirmações mais fortes e
CURANDO A FÉ EM 21 DIAS

confortadoras da Palavra de Deus: podemos habitar no esconde-


rijo do Altíssimo. Nos versos seguintes, ele chega mesmo a dizer
que “necessitamos desesperadoramente habitar no esconderijo
do Altíssimo”.
Há nesse salmo uma promessa maravilhosa para nós, que
gostaria de desvendar junto com você: é possível habitarmos no
esconderijo do Altíssimo e descansarmos à sombra dAquele que
tudo pode. Todo mundo sabe que Deus é onipotente, mas esse
saber é mental – com o entendimento natural apenas. Na práti-
ca, o que vemos é muito medo por parte das pessoas de depen-
der de Deus e de crer no Seu poder. E limitamos Deus, impe-
dindo-O de usar o Seu grande poder, visto que Ele só se mani-
festa à medida da nossa fé. Por exemplo, certa vez, uma mãe
levantou-se à noite para dar remédio ao filho. Com sono, ela
não quis acender a luz, e, no escuro, acabou pegando o remédio
errado, dando à criança um raticida. Chamado às pressas, o pas-
tor os confrontou: “Jesus disse que, se bebermos alguma coisa
mortífera, não sofreremos dano algum. Vocês crêem nessa pro-
messa?”. A família, unânime, disse que sim e Deus honrou a
postura de fé, curando a criança do efeito do veneno. Esse exem-
plo é simples, mas nos ajuda a compreender que Deus somente
pode operar dentro do limite de fé que liberamos.
Se você acha que pode prescindir de habitar ou descansar à
sombra do Onipotente, você está muito equivocado! Todos pre-
cisamos, desesperadamente, da sombra do Onipotente, do es-
conderijo do Altíssimo, porque o mundo em que vivemos é
um lugar terrivelmente perigoso. Toda vez que vou a um enter-
ro, penso muito na vida e na morte. Salomão disse que é me-
lhor ir a um enterro do que a uma festa. Por quê? Porque lá
podemos meditar a respeito da brevidade da vida e da certeza
inescapável de todo ser humano: a de que iremos morrer um dia
162 e que prestaremos contas diante desse Deus Onipotente de tudo
o que fizemos.
Conta-se que, num belo dia, a Morte encontrou uma pessoa
em um mercado lá na Arábia. Quando viu o homem, ela se
assustou muito e gritou! O homem, pensando que ela quisesse
levá-lo, desesperado, saiu correndo. Foi para casa, arrumou as
malas, pediu as contas no emprego e partiu para Bagdá. Pouco
O ESCONDERIJO DO ALTÍSSIMO

depois, a Morte encontrou-se com o patrão do homem que


fugira. O patrão lhe perguntou: “Por que você assustou o meu
empregado daquele jeito?”. Ao que ela respondeu: “Eu não tive
a intenção de assustá-lo; pelo contrário, fui eu que me assustei
ao vê-lo aqui ainda hoje porque amanhã tenho um encontro
com ele em Bagdá.”. Essa historinha traz uma grande verdade:
nós vamos ter um encontro com a morte e – mais cedo ou mais
tarde, ainda que fujamos – cairemos em seus braços. O mundo
é um lugar cheio de perigos; se não aprendermos a habitar no
esconderijo do Altíssimo, viveremos assustados.

1. Os riscos e perigos da vida


a) Os perigos biológicos
Pois ele te livrará do laço do passarinheiro e da peste perniciosa
(v. 3). Nem da peste que se propaga nas trevas, nem da mor-
tandade que assola ao meio-dia (v. 6).

O Salmo 91 nos mostra cinco tipos de perigos. O primeiro


deles é o biológico. Estamos rodeados de perigos biológicos. O
versículo 3 nos diz que o Senhor nos livrará do laço do passarinheiro
e da peste perniciosa (contagiosa, infecciosa, a peste que se pega no
ar). O versículo 6 ainda nos lembra de outra peste, a que se propa-
ga nas trevas. Corremos constantemente o risco de contrair inú-
meras doenças. Há um universo de germes, microorganismos e
bactérias ao nosso redor. Podemos estar em um ônibus e sermos
contaminados. Podemos estar apenas conversando e sermos agre-
didos por microorganismos. Podemos comer um prosaico san-
duíche vencido e pegarmos uma intoxicação.
O mundo é um lugar perigoso. As possibilidades de doen-
ças, contágios e contaminações são muito grandes. Um vizinho
meu, certa vez, contraiu uma simples virose e, depois de sofrer
uma forte dor de cabeça seguida de febre, não resistiu: um dia 163
apenas de sintomas e fui convidado para o seu enterro.

b) Os perigos psicológicos
Não te assustarás do terror noturno, nem da seta que voa de dia
(v. 5). Ele me invocará, e eu lhe responderei; na sua angústia eu
estarei com ele, livrá-lo-ei e o glorificarei (v. 15).
CURANDO A FÉ EM 21 DIAS

Em segundo lugar, há os perigos psicológicos, os meandros


da mente humana. O terror noturno, mencionado no verso 5, é
uma expressão mais rebuscada para pesadelos. Quem nunca so-
nhou que estava caindo em um buraco sem fim, ou que estava
preso e não conseguia sair, ou coisas desse tipo? Ou quem nunca
dormiu com medo intenso de perder o emprego, de ficar doen-
te, ou até mesmo inválido? Há dias em que a angústia vem. Ela
pode vir por mil temores, por mil receios de perigos que tor-
nam a vida um risco. O versículo 15 traz um tranqüilizante
santo: “Ele me invocará, e eu lhe responderei; e na sua angústia
eu estarei com ele”.

c) Os perigos do acaso
Não te assustarás do terror noturno, nem da seta que voa de
dia (v. 5).

A seta que voa de dia simboliza o acidente, os contratempos


das circunstâncias da vida. A seta que voa de dia também pode
ser uma bala perdida. A gente está em casa sentado no sofá e de
repente uma bala nos atinge. Quase todos os dias alguém é víti-
ma de bala perdida no Rio de Janeiro. Não pensamos que essas
coisas possam acontecer conosco, não é mesmo? No máximo,
pode acontecer com o nosso vizinho! Em muitos lugares as pes-
soas atiram para cima talvez para comemorar alguma coisa. O
problema é que tudo o que sobe desce.

d) Os perigos sociais
Somente com os teus olhos contemplarás e verás o castigo dos
ímpios (v. 8).

E há ainda os perigos sociais. “Somente com os teus olhos


contemplarás e verás o castigo dos ímpios” é o que diz o verso 8.
164
Nós moramos rodeados de ímpios. Muitos inocentes há que
morrem vítimas da correria e da angústia da vida moderna. Uma
reportagem mostrou um homem que foi morto por causa de
um simples acidente de trânsito. Morre-se por motivos fúteis.
A vida não tem mais valor. Nós nos tornamos reféns do medo
social. A ONU diz que uma em cada 20 pessoas possui um
distúrbio mental ou pode ter um acesso de loucura a qualquer
O ESCONDERIJO DO ALTÍSSIMO

momento. Em um carro ao seu lado pode estar um louco, que


pode “jogar” o carro em cima de você. O motorista do ônibus
pode ter um surto psicótico repentino. De fato, precisamos ha-
bitar no esconderijo do Altíssimo, porque este mundo é perigo-
so demais! Só na eternidade saberemos quanto trabalho os anjos
tiveram para nos livrar, dia-a-dia, de tantos riscos. O fato de
estarmos livres, hoje, é um grande milagre!
Os riscos sociais envolvem um outro aspecto, ainda. A Pala-
vra do Senhor diz que “mil cairão ao teu lado, e dez mil, à tua
direita; tu não serás atingido” (v. 7). Quantas vezes, nessa eterna
crise brasileira, têm caído mil desempregados ao nosso lado, dez
mil falidos à nossa direita. O desemprego deixa a muitos em
grande angústia. Falta-nos segurança. Vemos amigos, parentes e
vizinhos perdendo o emprego e logo imaginamos que a nossa
vez está chegando. Muitos donos de empresas vêem amigos fa-
lindo e pensam quando chegará a sua vez. Viver assim é muito
difícil! Com certeza, Davi, antes de escrever esse salmo, olhou à
sua volta e viu todos esses riscos. Entretanto, com certeza tam-
bém, ele se tranqüilizou, entendendo que a saída é permanecer
num lugar inatingível: o esconderijo do Altíssimo.

e) Perigos espirituais
Para finalizar temos ainda os perigos espirituais. Diz o
salmista: “Pois ele te livrará do laço do passarinheiro e da peste
perniciosa” (v. 3). Quem é o passarinheiro? É o diabo. É ele
quem arma arapuca ao nosso redor e quem põe laço para nos
prender. Se não bastassem os riscos de doenças, de acidentes,
de catástrofes, há o risco espiritual, invisível. Mas o Senhor
nos faz uma promessa no verso 10: “Nenhum mal de sucede-
rá, praga nenhuma chegará à tua tenda”. Praga é um mal espi-
ritual. No original, praga significa maledicência. É quando al-
guém deseja o mal para você gratuitamente.Você está dando o 165
melhor, mas isso incomoda o seu colega, e ele, então, passa a
desejar a sua destruição. Na sua frente ele está rindo, mas atrás
está praguejando para atingir a sua casa. Pragas são espaços para
demônios. Talvez você ache que não, mas essas coisas existem.
Talvez você pense que é apenas misticismo popular, a exemplo
de mau olhado, inveja, quebranto. Não importa o nome que
se dê, há uma brecha espiritual nas palavras de maldição ditas
CURANDO A FÉ EM 21 DIAS

com ódio e com inveja amargurada. E quantas vezes somos


sujeitos a isso!
Depois de ler estas páginas, você pode estar chocado com a
dureza da vida e pensando no que fazer então! Aqueles que não
crêem, que não têm o privilégio de poder descansar aos pés do
Onipotente, diante dos perigos biológicos, transformam-se
muitas vezes em hipocondríacos, tomando todo tipo de remé-
dio, vitaminas, proteínas, cálcio, ferro, minerais etc.
O cantor Michael Jackson não conversa com ninguém sem
uma proteção na boca, para não respirar o mesmo ar. Ele é al-
guém que não habita no esconderijo do Altíssimo e vive com
medo de tudo e de todos. Um antigo conhecido meu lavava as
mãos sete vezes por dia e escovava os dentes dez. Ele tinha um
prato só dele, um garfo só dele; sua vida era um inferno, uma
miséria, porque queria se proteger. Não há proteção a não ser no
esconderijo do Altíssimo. Hoje, muitas pessoas vivem amedron-
tadas, querendo se proteger dos perigos sociais; por isso não se
relacionam, não têm amizades, e quando as têm, olham antes a
ficha de bons antecedentes e investigam se o candidato a amigo
não tem doença contagiosa. Outros se fecham com medo dos
perigos do acaso. Ou ainda, por causa do perigos sociais, se ape-
gam a uma fonte de subsistência para não correr risco algum.
Não aceitam desafios.
Quem habita no esconderijo do Altíssimo é livre, vai a qual-
quer lugar, come em qualquer lugar. Os outros ficam à mercê
de fobias e medos, como, por exemplo, não andar de elevador e
não viajar em avião, para fugir do perigo.
Como então viver num mundo tão perigoso assim? Só tendo
um refúgio, um abrigo muito forte, senão estaremos condenados.

166 2. Como entrar no esconderijo do Altíssimo


a) Morando no esconderijo do Altíssimo
A primeira evidência de que entramos no esconderijo do
Altíssimo é o descanso. Na Bíblia há fatos que ilustram o escon-
derijo do Altíssimo. O primeiro está em Êxodo 12, quando
aconteceu a Páscoa do povo de Israel e a morte dos primogênitos
egípcios. O povo de Deus deveria ficar dentro de casa e a manei-
O ESCONDERIJO DO ALTÍSSIMO

ra de transformar as casas em esconderijos do Altíssimo era apli-


cando sangue nas portas. Hoje, qual é a maneira de habitarmos
no esconderijo do Altíssimo? Colocando o sangue sobre a nossa
casa, sobre a nossa vida. É crer e andar debaixo desse descanso,
dessa promessa, dessa aliança, que é o sangue de Jesus. Quando
colocamos o sangue sobre a nossa vida, ou seja, nos colocamos
no esconderijo do Altíssimo, a vida de Deus passa a nos fazer
sombra, e descansamos nela.
Em Mateus, 23.37, Jesus disse: “Quantas vezes eu quis
arrebanhar vocês, do mesmo jeito que uma galinha pega os
seus pintinhos e os coloca debaixo das suas asas!”. Quando é
que somos guardados no esconderijo do Altíssimo? Quando
estamos debaixo das asas do Senhor. Estar debaixo das asas do
Senhor é se deixar guiar por Ele; é se permitir ser comandado e
dirigido por Ele. Quando você está no centro da vontade de
Deus, você está como um pintinho debaixo das asas da gali-
nha, quente e protegido.
No Segundo Livro dos Reis, capítulo 6, lemos a história de
Eliseu. O rei da Síria queria atacar Israel, mas tudo o que o rei da
Síria pensava, Deus contava para Eliseu e este contava ao rei de
Israel. O rei da Síria ficou pensando que havia um delator no
meio do seu exército, até descobrir que a causa de tudo era Eliseu,
o profeta. Decidiu, então, matá-lo. Seus soldados cercaram a
casa de Eliseu. Eles não sabiam que a casa de Eliseu era um es-
conderijo do Altíssimo. Geasi, o servo de Eliseu, temeu muito.
Eliseu orou para que os olhos de Geasi fossem abertos e, então,
ele pôde ver que mais eram os que lutavam por eles do que os
inimigos em volta da casa!
Você habita no esconderijo do Altíssimo quando é capaz de
enxergar além do natural; quando não fica assustado e sai cor-
rendo diante da primeira ameaça, pois você sabe que o Altíssimo,
está ao seu lado. Muitos não experimentam a proteção de Deus 167
porque não têm fé e, sem fé, limitam a Deus. Quantos crêem
nesse Deus Todo-Poderoso? Se você crê, então descanse.

b) Confessando e falando a verdade


O segundo princípio para estarmos nesse esconderijo está nos
versos 2 e 9 do salmo 91: “Diz ao Senhor: Meu refúgio e meu
CURANDO A FÉ EM 21 DIAS

baluarte, Deus meu, em quem confio. Pois disseste: O Senhor é


o meu refúgio. Fizeste do Altíssimo a tua morada” (vv. 2 e 9).
Os versos acima nos mandam falar, confessar, proclamar, de-
clarar, abrir a boca, concordar, não apenas crer lá dentro, silenci-
osamente. É abrir a boca e falar. O verso 9 diz: “Pois disseste”. É
preciso falar. Deus não faz as coisas simplesmente porque cre-
mos, mas porque cremos e falamos. Não é falar qualquer coisa.
O poder não está no falar em si; está em se falar a Palavra. “Co-
brir-te-á com as Suas penas, e sob as Suas asas estarás seguro” é a
promessa do verso 4. O texto segue: “A verdade é pavês e escu-
do”. Pavês era um grande escudo que era levado nas guerras e
protegia muitos homens de uma só vez até contra flechas incen-
diárias. O escudo protegia o peito; o pavês o corpo inteiro. A
proteção no salmo em questão é a verdade. Quando você con-
fessa a verdade, essa confissão tem poder na sua vida.
A verdade tem pelo menos três dimensões. Em primeiro lu-
gar, ela é a doutrina, aquilo que está escrito. O segundo aspecto
fala de coerência entre o que eu falo e o que eu vivo. Muitos
falam e até confessam, mas não vivem. Isso é incoerência e, onde
há incoerência, não há verdade e, onde não há verdade, não há
proteção. Em terceiro lugar, a verdade é transparência, honesti-
dade; é falar de algo que, de fato, você crê. Não apenas ficar
repetindo frases de efeito.
No versículo 9, lemos: “Pois disseste: O Senhor é o meu
refúgio. Fizeste do Altíssimo a tua morada”. Não é automático.
O Senhor não é morada automática para ninguém; você tem
que fazer dEle a sua morada. É porque você declarou e creu na
verdade – e viveu em linha com ela – que as santas conseqüênci-
as virão: nenhum mal lhe sucederá, as pragas jogadas contra você
não chegarão à sua casa, porque os anjos do Senhor estarão ao
seu lado e lhe sustentarão em suas mãos; se você tropeçar, não
168 cairá, e ainda pisará no leão e na serpente sem sofrer dano.

c) Apegando-se a Deus com amor


Porque a mim se apegou com amor... (v. 14)

O terceiro princípio para que o Senhor se torne o nosso escon-


derijo é nos apegarmos a Ele com amor. No original, “apegar”
O ESCONDERIJO DO ALTÍSSIMO

significa “grudar e não largar mais” de Deus, como Jacó no vau


de Jaboque: “Eu não te deixo enquanto não me abençoares”.
Muitos não estão habitando no esconderijo do Altíssimo por-
que ainda não grudaram no Senhor. Se você se apegar a Ele com
amor, Ele, por sua vez, se apegará a você. Você nEle e Ele em
você: aí não há espaço para o diabo. Se alguém tentar tocar em
você, terá que tocar em Deus primeiro. É por isso que posso
dizer que nem um fio de cabelo cai da minha cabeça, a não ser
pela permissão dEle, e ninguém pode tocar em mim se Deus
não deixar. E, se Deus deixa, não me preocupo pelo que o ho-
mem pode fazer, não me preocupo pelo que pode vir, porque eu
sei que estou nas mãos do Senhor. Essas coisas têm que ser vivas
em nosso espírito!
O mundo é um lugar perigoso e os riscos são muitos, mas há
um lugar de descanso. A vida só tem sentido se for à sombra do
Onipotente. Se não for lá, não dá; nos tornamos neuróticos,
angustiados e temerosos. Mas, se estamos à sombra do Onipo-
tente, temos a proteção do Senhor.

Você tem vivido atemorizado pelos perigos da vida? Sua


alma está sufocada pelo medo e pela angústia?
Você tem morado no esconderijo do Altíssimo? Você conse-
gue ver Deus como seu refúgio e fortaleza?
Confesse o Salmo 91 (em primeira pessoa) como escudo e
proteção para sua vida. Decida-se hoje descansar em Deus,
fazendo do Senhor a sua morada. Apegue-se a Deus com
amor. Separe um tempo para adorá-lO.

169
CURANDO A FÉ EM 21 DIAS

170
LIVRES DO JUGO

16ºdia
Livres do jugo

Vinde a mim, todos os que estais cansados e sobrecarregados, e


eu vos aliviarei. Tomai sobre vós o meu jugo e aprendei de
mim, porque sou manso e humilde de coração; e achareis des-
canso para a vossa alma. Porque o meu jugo é suave, e o meu
fardo é leve. (Mt 11.28)

O fardo do Senhor é leve. Se você está com algum fardo


pesado sobre suas costas, o Senhor o desatará. Não é da vontade
de Deus que você ande com a sua alma cansada. A unção que-
brará todo jugo na sua vida e você sentirá o descanso do Senhor.
Há muitos tipos de cansaço. Alguns estão cansados por causa
da ansiedade. Outros estão de baixo do jugo do medo e do
pânico. Não tenha medo, você é guardado pela mão do Senhor.
Para atingir você, é preciso passar primeiro por ela.
171
Veja esta história. Havia um bandoleiro muito perigoso
numa cidade do faroeste americano. O nome dele era cara-
cortada. Todos ali tinham medo dele. Um dia chegou um fo-
rasteiro na cidade, entrou no bar e sentou-se no banco que só o
cara-cortada sentava. O dono do bar insistiu para que ele não
sentasse ali porque era é o banco exclusivo do cara-cortada. E o
homem lhe disse: “Eu não tenho medo do cara-cortada”. O
CURANDO A FÉ EM 21 DIAS

outro retrucou: “Você não sabe o que está falando. Todo mun-
do tem medo do cara-cortada”. O forasteiro respondeu: “Eu
não tenho medo do cara-cortada. Eu tenho medo de quem cor-
tou a cara do cara-cortada”.
Você já entendeu a moral da história. O cara-cortada é o dia-
bo, mas Jesus é aquele que cortou a cara do diabo. Ele pisou na
cabeça da serpente. Então não tenha medo da serpente, alguém
mais poderoso pisou na cabeça dela. Esse mesmo alguém, Jesus,
hoje está no seu time, joga do seu lado, é seu advogado, luta
com você. E vocês juntos são uma dupla imbatível. Nós, em
nós mesmos, não podemos muita coisa, mas o nosso parceiro é
grande e poderoso.

O jugo do Senhor é suave e leve


Jesus disse: “Tomai sobre vós o meu jugo e aprendei de
mim, porque sou manso e humilde de coração”. Normalmen-
te o jugo é colocado sobre dois animais. E, assim, os dois pas-
sam a caminhar juntos. É desse jeito que você está caminhan-
do ao lado de Jesus. Entretanto Ele é muito maior do que
você e carrega o peso inteiro. Quando dois cavalos são jugados,
não há como um querer andar na frente do outro, ou um que-
rer soltar-se do outro, eles estão ligados. A mesma coisa acon-
tece entre você e o Senhor Jesus: não há como você separar-se
dEle. E, enquanto caminhamos juntos levando o jugo, pode-
mos aprender dEle que é humilde e manso de coração.
Há pessoas carregando o jugo do medo noturno e do pânico,
dormem já assustadas com medo do pesadelo que terão. Outros
carregam jugos de culpa, o peso insuportável da condenação.
Hoje o Senhor quer trocar de carga com você; Ele quer tomar
todo o seu peso e lhe dar uma carga suave e leve.
172 Muitos não acreditam que a vida cristã possa ser algo leve.
Ser crente tem que ser bom. A vida cristã pode ser leve e gostosa.
Se está pesado, se apareceu um jugo, há algo errado.
Há uma diferença entre o jugo e o encargo de Deus. O encar-
go é algo gerado por Deus em nosso espírito de tal forma que nos
sentimos gratificados e felizes quando fazemos aquilo que o Se-
nhor nos encarregou. O jugo, por outro lado, é o peso que foi
LIVRES DO JUGO

colocado por outros em nossos ombros e tira o nosso prazer de


viver. Vejamos agora os três jugos mencionados na Palavra de Deus.

1. O jugo do pecado
O jugo das minhas transgressões está atado pela sua mão; elas
estão entretecidas, subiram sobre o meu pescoço, e ele abateu a
minha força; entregou-me o Senhor nas mãos daqueles contra
os quais não posso resistir. (Lm 1.14)

No Livro das Lamentações vemos o primeiro jugo do qual o


Senhor quer nos livrar, o pecado, um jugo terrível. Ele faz mal
para os ossos, traz doenças para o corpo.
Você não é obrigado a carregar esse jugo; há algo que quebra
o jugo do pecado: o perdão da cruz do Senhor Jesus. Ele já
carregou o peso da cruz para que você não tenha mais que carre-
gar o jugo de pecado algum. Infelizmente muitos ainda o carre-
gam, não entendem que não precisam carregar o jugo do pecado
porque já foram libertos de toda escravidão na cruz de Jesus.
Você talvez se pergunte por que ainda sente o peso do pecado
sobre você? É porque o diabo, que é mentiroso, tenta manter
sobre as suas costas um jugo que não existe mais. Jesus já carregou
a condenação, a culpa, a penalidade, todas as maldições. Se você já
confessou o seu pecado para o Senhor, você não tem que aceitar
nenhum jugo. Você pode erguer mãos santas para o santuário,
porque o sangue do Cordeiro apagou toda a sua iniquidade.
Há algum tempo uma irmã que trabalha em um presídio me
convidou para ir lá pregar para as presidiárias. Quando acabei de
pregar, ela trouxe uma mulher que acabara de se converter. Era
uma mulher negra, alta, bem forte e, naquele momento, chora-
va copiosamente. Ela então me perguntou: “Pastor, você conhe-
ce está mulher?”. Eu falei: “Nunca vi, não sei de quem se trata.”. 173
E ela explicou: “Esta mulher é aquela que fazia sacrifícios de
crianças numa cidade do interior de Goiás. Eles participaram de
um ritual de magia negra em que serravam crianças de sete anos
ao meio e comiam o coração ainda batendo num ritual macabro.
Ela foi presa e veio parar nesse presídio. Aqui ninguém conver-
sava e nem chegava perto dela, ninguém queria ter amizade com
CURANDO A FÉ EM 21 DIAS

ela. As outras detentas se achavam melhores do que ela e muitas


tinham medo porque sabiam que ela era envolvida com magia.”.
Mas nós fomos até o presídio falar do amor de Jesus, ela se
converteu, confessou a Jesus, confessou o seu pecado e foi per-
doada. Agora ela morará no céu junto com você, será nossa vizi-
nha nas mansões celestiais. Após conversar com ela, o Senhor
falou ao meu coração: “Você nunca cometerá um pecado que
sequer chegue perto dos que esta mulher cometeu”.
E eu digo o mesmo para você. Provavelmente você não co-
meteu ou cometerá um crime ou um pecado como o daquela
mulher. Se Jesus foi poderoso para perdoar aquela mulher, Ele
perdoa qualquer um, perdoa você também. Você é perdoado
por causa do sangue dessa cruz maravilhosa. Não há pecado
maior, nem pecado tão grande que não possa ser lavado pelo
sangue do Cordeiro.
Hoje é dia de jogar o jugo fora é ficar leve. Hoje é dia de
saltarmos. Ninguém pode saltar com jugo nas costas. Quando
jugos são tirados das costas nós nos sentimos tão leves. Você se
sente leve? Se não, hoje você se sentirá.

2. O jugo da lei
Agora, pois, por que tentais a Deus, pondo sobre a cerviz dos
discípulos um jugo que nem nossos pais puderam suportar,
nem nós? (At 15.10)

O segundo jugo que a Palavra de Deus nos mostra é o jugo


da lei, um jugo que muitos crentes têm carregado.
O jugo da lei é o conceito de que temos de fazer algo para
agradar a Deus e sermos aceitos por Ele, que temos que realizar
alguma obra para que Deus fique contente conosco, de ter obras
174 para ser usado por Deus. Quando estamos sob o jugo da lei, as
próprias disciplinas espirituais, como orar e meditar, tornam-se
pesado jugo sobre nós. Até o trabalho da Igreja torna-se um
jugo em nossos ombros.
Há inúmeros crentes que se sentem indignos de serem usa-
dos por Deus, sentem constantemente que estão fora do pa-
drão, que nunca oram o suficiente, nunca lêem o suficiente,
LIVRES DO JUGO

nunca são bons o suficiente. Vivem debaixo da lei sem entende-


rem que é pela graça que agradamos a Deus.
Quando Deus criou o homem, Ele não o colocou em uma
fábrica, linha de montagem, ou mesmo em uma lavoura; mas
sim no Jardim do Éden, que significa “delícias”! Muito sugesti-
vo, não? Além disso, o homem foi criado no sexto dia. E, no
sétimo dia, Deus descansou. Logo, o primeiro dia do homem
na face da Terra foi um feriado, o sábado. É por isso que gosta-
mos tanto de feriado. É uma coisa da criação. É como se Deus
dissesse: “Olha, Adão, eu arrumei a casa para você, agora Eu
quero que você tenha comunhão comigo, vamos curtir um ao
outro no jardim. Eu fiz tudo para você, Adão. Está vendo as
estrelas, as galáxias, a lua? Foi tudo feito para você. Para você e
para os seus descendentes. Quando vocês olharem para o céu,
saberão que tudo foi feito para vocês”.
Você pode retrucar dizendo que tudo foi feito para Jesus,
conforme Romanos 11.36. Mas lembre-se, Deus resolveu virar
homem em Jesus. Deus era só espírito. Mas Deus em Cristo
também se tornou homem. Agora há um homem no céu senta-
do à destra de Deus. Ele é plenamente Deus, mas também é
plenamente homem. Deus nos amou tanto que nos deu tudo o
que era de Cristo. Somos hoje co-herdeiros com Ele. Quando
você olhar para o céu hoje, diga: “Isso tudo aí é meu e eu vou
tomar posse um dia”. A Palavra diz que tudo é nosso e nós so-
mos de Cristo e Cristo é de Deus (1Co 3.21-23). Deus lhe
salvou para que você tenha uma vida abundante e gostosa. Deus
está olhando com um sorriso para você nesta hora e você só terá
vida abundante se perceber o sorriso de Deus (Jr 29.11).
Mas quantos têm transformado a vida cristã em jugo? Mui-
tos querem ser líderes para que Deus fique contente com eles.
Saia dessa, meu irmão. Você não tem que fazer coisa alguma
para agradar a Deus, pois Ele já está contente com você. Antes 175
que Jesus fizesse qualquer coisa, o Pai lhe disse do céu: “Este é
meu filho amado, em quem tenho todo o meu prazer.” (Mt
3.17). Não transforme o ministério em um jugo; não transfor-
me o serviço a Deus em um jugo.
Servir a Deus tem que ser uma alegria e privilégio para você.
Trabalhar para Deus é fruto da graça, afinal o nosso Deus não
CURANDO A FÉ EM 21 DIAS

precisa de ninguém. Ele, na verdade, nem é servido por mãos


humanas. Mas esse Deus nos deu a graça de sermos chamados
seus cooperadores. Imagina só, somos ajudantes de Deus. Isso é
muita graça, e não um jugo. Quanta gente dizendo: Deus me
leva logo para o céu porque eu não agüento mais ser um líder.
Para muita gente servir a Deus tornou-se um jugo.
Jesus disse: Uma comida tenho para comer que vocês não
conhecem e está comida consiste em fazer a vontade de meu pai
(Jo 4.34). O ministério tem que ser comida para você. Depois
de um dia servindo a Deus você chega em casa alimentado. Fisi-
camente pode ficar cansado mas nunca exaurido na alma.
Liderar uma célula deve ser uma alegria, prazer e motivo de
honra e glória. Gerar um filho para o Senhor deve ser motivo
de celebração. Não quero ter líderes andando com um peso
nas costas, exaustos, clamando: “Como é difícil liderar uma
célula”. Na presença de Deus nós andamos alegres e livres. Quan-
do vamos para as células, nós vamos cheios do amor e da graça
de Deus, porque não vamos na nossa força, mas vamos na
graça de Deus.
Se servir a Deus for lei, será jugo; mas se for graça, será glória.
A lei já passou para nós, não estamos mais debaixo dela. Nós
fazemos a obra não porque temos que fazer; mas porque é uma
comida para nós e, também, porque amamos o Senhor. Quere-
mos servir ao Senhor porque Ele nos atraiu e nos conquistou,
nos amou primeiro; nosso coração é dEle.
Servir a Deus é bom! Eu sei que Jesus disse que se eu quiser
ser Seu discípulo, tenho que tomar a cruz dia após dia e seguir
após Ele, mas esquecemos que essa cruz é o jugo de Jesus, leve
e suave (Mt 11.28). A cruz pesada e doída, Ele já carregou por
nós. Precisamos acabar com a idéia de que ser cristão seja viver
176 uma vida horrível e miserável. Muitos ímpios pensam assim
porque observam crentes andado debaixo de jugo. Mas esses
crentes são pessoas que saíram do jugo do diabo lá fora e fo-
ram para dentro das igrejas, onde outras pessoas colocaram
outros jugos pesados sobre elas. Mas não em nosso meio.
Estamos debaixo da graça. Não é trocar de jugo e ficar com o
jugo ainda mais pesado. É pegar o jugo leve do Senhor, o jugo
que é gostoso.
LIVRES DO JUGO

Há uma diferença entre cargo e encargo. Encargo vem de


Deus e é leve, mas o cargo é pesado. liderar não pode ser um
cargo, mas um encargo. Todo cargo é humano, é lei, é pesado; é
natural. Mas o encargo é dado por Deus. A gente dorme pen-
sando nisso. Não somos obrigados a coisa alguma, mas o Se-
nhor coloca um desejo, um anseio, um sonho tão grande em
nosso coração que não podemos resistir Seu chamado. É encar-
go quando Deus lhe chama e você tem prazer de fazer. Quando
você faz, há até um alívio; pesado aí é não fazer!

3. O jugo desigual
Não vos ponhais em jugo desigual com os incrédulos; por-
quanto que sociedade pode haver entre a justiça e a iniqüida-
de? Ou que comunhão, da luz com as trevas? Que harmonia,
entre Cristo e o Maligno? Ou que união, do crente com o
incrédulo? Que ligação há entre o santuário de Deus e os
ídolos? Porque nós somos santuário do Deus vivente, como ele
próprio disse: Habitarei e andarei entre eles; serei o seu Deus, e
eles serão o meu povo. (2Co 6.14-16)

Certa vez alguns monges estavam à beira de um lago quan-


do um deles viu um escorpião se debatendo na água. Para ten-
tar salvar o bicho, o monge tentou pegá-lo, mas o escorpião
imediatamente o ferroou. O monge não desistiu, pegou uma
pedaço de madeira e salvou o animal. Um outro monge se
espantou e perguntou: “Como você pode tentar salvar de novo
um bicho que tentou envenená-lo?”. Ao que ele respondeu:
“Ele agiu de acordo com a natureza dele, eu agi de acordo com
a minha.”.
O terceiro jugo que o Senhor quer quebrar em sua vida é o
jugo desigual. E tem sido nos casamentos que o percebemos de
forma mais nítida. Evidentemente não é apropriado que você se 177
case com alguém que possui uma natureza diferente da sua.
Quando coisas de natureza distintas se encontram não há har-
monia e o resultado é jugo. Seres de natureza distinta não po-
dem se unir verdadeiramente e nós temos a natureza de Deus.
Mas o jugo desigual não acontece só nos casamentos. Há ou-
tros jugos desiguais. Uma amizade íntima, por exemplo. Nunca
CURANDO A FÉ EM 21 DIAS

faça de uma pessoa ímpia seu confidente íntimo. Você pode ter
amizade com todo mundo, mas você não deve ter uma amizade
íntima – de abrir seu coração inteiramente – com alguém que não
tem o mesmo coração que você. Isso é jugo desigual.
Sociedades e alianças comerciais que nós fazemos também se
constituem em jugo desigual e se transformam em peso na sua
vida. A vontade de Deus é que você não carregue pesos e a soci-
edade com ímpios é jugo desigual.

Como quebrar o jugo


a) Pela unção
Acontecerá, naquele dia, que o peso será tirado do teu ombro,
e o seu jugo, do teu pescoço, jugo que será despedaçado por
causa da gordura (unção). (Is 10.27)

A primeira maneira pela qual Deus quebra os jugos é pela


unção. A unção do Espírito faz você livre. Se você estiver se
sentindo pesado, busque a unção do Senhor. Sempre que nos
reunirmos deve haver unção do Senhor, seja nos cultos ou
nas células. É a unção que tira o jugo, que faz que alguns
irmãos venham aos cultos, saiam mais leves e nem entendam
o porquê.

b) Tendo a atitude de rejeitar


Para a liberdade foi que Cristo nos libertou. Permanecei, pois,
firmes e não vos submetais, de novo, a jugo de escravidão.
(Gl 5.1)

Você foi chamado para a liberdade, então resista a todo jugo


de escravidão em sua vida. A ordem bíblica é simples: Resista.
Apenas diga: “Eu não aceito jugo na minha vida”. Não aceite
178 ninguém colocar peso em suas costas. Só aceite carregar o que o
Senhor colocou sobre você. Nenhum pastor, nenhum irmão,
ninguém pode colocar peso nas suas costas. Você não pode mais
caminhar debaixo de escravidão; você foi chamado para liberda-
de. Há pessoas que querem colocar jugo sobre nós o tempo
todo: “Não veja aquilo, não encoste nisso, não pegue naquilo,
não coma aquilo outro, cuidado com a transferência!”. Você é
LIVRES DO JUGO

livre para ir, vir, sentar, sair. Você foi chamado para liberdade; só
carregue o jugo do Senhor Jesus.

c) Pelo jejum
Porventura, não é este o jejum que escolhi: que soltes as ligadu-
ras da impiedade, desfaças as ataduras da servidão, deixes livres
os oprimidos e despedaces todo jugo? (Is 58.6)

A terceira maneira de Deus quebrar o jugo em sua vida é pelo


jejum. Há jugos que são muito antigos, alguns foram colocados
em tom espiritual, até mesmo profético; entregam uma profe-
cia que se torna uma tonelada nas suas costas, então vão embora
e deixam você sozinho. Profecia tem que vir para aliviar jugo.
Profecia que põe jugo não é profecia de Deus. Profecia alivia,
traz descanso, gera paz.
Certos jugos só caem pelo jejum. Se você tem sentido um
jugo, um peso em seu coração ultimamente, separe um tempo
de jejum para estar diante de Deus. Isaías diz que o jejum é para
despedaçar todo jugo. No jejum você sentirá paz e descanso.

d) Tendo um companheiro de jugo


Levai as cargas uns dos outros e, assim, cumprireis a lei de
Cristo. (Gl 6.2)

A ti, fiel companheiro de jugo, também peço que as auxilies,


pois juntas se esforçaram comigo no evangelho, também com
Clemente e com os demais cooperadores meus, cujos nomes se
encontram no Livro da Vida. (Fp 4.3)

Algumas vezes o Senhor alivia o nosso jugo nos dando um


irmão ou companheiro que possa carregá-lo junto conosco. A
vida cristá é um empreendimento que deve ser enfrentado em 179
grupo, em família. Não podemos ir sozinhos, precisamos de
outros que nos ajudem a levar nossos pesos.
Para finalizar, lembre-se que você foi chamado para a liberda-
de. Você não precisa viver cansado interiormente. Muitos ir-
mãos carregam jugos que não são o de Cristo. Mas hoje todo
jugo é quebrado pelo poder miraculoso de Deus.
CURANDO A FÉ EM 21 DIAS

Eu sou o SENHOR, vosso Deus, que vos tirei da terra do


Egito, para que não fôsseis seus escravos; quebrei os timões do
vosso jugo e vos fiz andar eretos. (Lv 26.13)

Você sente que há algum jugo sobre sua vida? Em que área?
Você fez algo que acabou virando um jugo sobre sua vida?
O que prende você debaixo de jugo?
Ore ao Senhor para que Ele, com Sua unção, despedace
todo jugo. Compartilhe suas necessidades com seu pastor
ou líder espiritual para que ele possa dividir seu fardo com
você. Orem juntos para que você receba o jugo leve do
Senhor Jesus.

180
OS QUE ESTÃO À BEIRA DO CAMINHO

17ºdia
Os que estão à beira do caminho

Saindo eles de Jericó, uma grande multidão o acompanhava. E


eis que dois cegos, assentados à beira do caminho, tendo ouvi-
do que Jesus passava, clamaram: Senhor, Filho de Davi, tem
compaixão de nós! Mas a multidão os repreendia para que se
calassem; eles, porém, gritavam cada vez mais: Senhor, Filho de
Davi, tem misericórdia de nós! Então, parando Jesus, chamou-
os e perguntou: Que quereis que eu vos faça? Responderam:
Senhor, que se nos abram os olhos. Condoído, Jesus tocou-lhes
os olhos, e imediatamente recuperaram a vista e o foram se-
guindo. (Mt 20.29-34)

A passagem nos mostra dois cegos sentados à beira do cami-


nho. Depois que o Senhor Jesus os curou, eles recuperaram a
visão e O foram seguindo pelo caminho. Antes, estavam à beira,
à margem, agora estavam no caminho.
181
Certa vez, me questionei por que há pessoas que, mesmo den-
tro das igrejas, não desfrutam das coisas do Senhor genuinamen-
te, não experimentam o melhor de Deus em todas as áreas de suas
vidas. O Espírito Santo então me lembrou da passagem de João,
14.6, em que Jesus diz: “Eu sou o caminho, e a verdade, e a vida...”.
Ele não é um dos muitos caminhos, Ele é O caminho. Ele conti-
nuou afirmando: “... ninguém vem ao Pai, senão por mim”. Ao
CURANDO A FÉ EM 21 DIAS

fazer essa afirmação, Jesus mostrou que a vida cristã não é uma
questão de aprender fórmulas, de se descobrir a fórmula do su-
cesso, do casamento feliz, da prosperidade, ou para vencer esse
ou aquele pecado. Na vida cristã não há muitos caminhos para
você aprender. Só há um caminho, o Senhor Jesus.
Sei que pode parecer estranho, estamos habituados a pensar
no cristianismo como um conjunto de fórmulas: 5 passos para
alcançar aquilo, 10 passos para vencer aquilo outro. Estamos tão
habituados a pensar no cristianismo como um conjunto de fór-
mulas, que parece estranho para nós que ele não seja uma fór-
mula, mas uma pessoa. Se você quer saber qual é o caminho da
prosperidade, o caminho da prosperidade é Cristo. O caminho
para um casamento feliz é Cristo. Não é algo que Ele ensinou,
mas Ele mesmo, a pessoa dEle na nossa vida.
Se você tem apenas uma ótica natural, enxergará apenas fór-
mulas: eu dei um e recebi dez. Mas você precisa entender que o
cristianismo não é fórmula, mas o relacionamento com a pessoa
do Senhor Jesus. Ele é O Caminho. Muitos querem saber a
fórmula para um bom casamento. Não há fórmula para isso, o
que você precisa é de um relacionamento com Cristo, porque
Ele é O Caminho para um casamento bom. Ele é o caminho
para a vitória sobre o pecado. Ele é o caminho. Pare de correr
atrás de fórmulas, pare de pensar que há algo: “Há algo que não
me ensinaram, o pastor sabe e não me contou, eu preciso saber o
que é.”.
Os homens querem fórmulas, mas Deus nos dá O Caminho.
É esse caminho – o relacionamento seu com Jesus – que lhe con-
duzirá à vitória. Como está o seu relacionamento com Ele? Você
tem tratado com Ele? Tem sido tratado por Ele? Ele toca em
você? Você toca nEle? Há um relacionamento envolvido? Cristia-
nismo é relacionamento com aquele que é O Caminho.
182
Há cristãos que não conseguem achar o caminho para cer-
tas coisas. Ele é crente, é salvo, está no caminho da salvação,
mas não está no caminho da vitória. Por exemplo, ele ainda
não entendeu o caminho para ser um líder abençoado, para ser
um pai ou uma mãe abençoados, para ser vencedor no traba-
lho. Há casos em que os dois são salvos, marido e mulher,
estão no caminho da salvação, mas não estão no caminho de
OS QUE ESTÃO À BEIRA DO CAMINHO

um casamento abençoado, não compreenderam que Cristo é a


provisão completa para seu casamento.
O problema é que os que não estão no caminho, como diz a
Palavra de Deus, estão à beira do caminho. Há cristãos que, em
muitas áreas da sua vida, estão à beira do caminho, sujeitos a tudo
o que a Bíblia diz a respeito dos que estão à beira do caminho.
Há pelo menos cinco significados espirituais de estar à beira
do caminho. Ou, ainda mais, cinco sinais visíveis, segundo a
Bíblia, de que você pode estar à beira do caminho em alguma
área da sua vida. Você crê no caminho, você sabe que Jesus é o
caminho, mas você não entrou nEle completamente, você está
apenas à beira.

1. A beira do caminho é lugar de ciladas


Os soberbos ocultaram armadilhas e cordas contra mim, esten-
deram-me uma rede à beira do caminho, armaram ciladas con-
tra mim. (Sl 140.5)

Jesus disse que Ele é o caminho. Estar à beira é estar próxi-


mo, mas sem entrar nEle. Os que estão à beira do caminho
conhecem a Jesus, mas não andam no caminho.
Quando estamos próximos ao caminho, mas não entramos
nele, o inimigo encontra meios de nos prender em suas ciladas e
em suas redes. Estando à beira do caminho, nós estamos sujeitos
às ciladas, arapucas e laços do inimigo. Quando estamos no ca-
minho tudo coopera para o nosso bem, mas, se estamos à beira,
podemos ter perdas.
O caminho, o padrão, é Cristo. E, como Cristo e a Palavra
são um só, logo o caminho é a Palavra de Deus. Crer em Deus é
crer na Palavra. Conhecer a Deus é conhecer a Palavra. Qualquer 183
área da sua vida que não está em linha com a Palavra de Deus
também não está em linha com Cristo, que é O Caminho.
Todas as vezes que estiver à beira, à margem, lembre-se que
os seus pés estão sujeitos ao tropeço, o inimigo colocará armadi-
lhas. A Bíblia nos diz que o diabo armou ciladas à beira do
caminho (Sl 140.5).
CURANDO A FÉ EM 21 DIAS

Entre no caminho hoje, se há alguma área da sua vida fora


dele. Para alguns, é o casamento que está fora do caminho. E
você pode discernir que ele está fora do caminho pelo tanto de
ciladas do diabo, armadilhas e arapucas malignas ao derredor do
seu casamento, tirando sua paz e alegria. Por que você não tem
desfrutado da vida abundante que o Senhor lhe prometeu? Por-
que você não está no caminho. Coloque seu casamento em li-
nha com o caminho.
Para outros tantos é a vida financeira. Sua vida financeira está
em linha com o caminho? Se você estiver no caminho, não há
armadilhas ao seu derredor. Alguns estão o tempo inteiro cain-
do em arapucas porque não estão no caminho.
Um dia li uma reportagem e fiquei penalizado pela quanti-
dade de adolescentes e crianças mutiladas em Angola e no
Afeganistão. Angola é o lugar que mais tem gente sem perna no
mundo. Impressionante! Tudo por que? Porque pisaram em lu-
gares que não deveriam, pisaram em lugares onde alguém não
tinha pisado antes.
A beira do caminho é terreno minado. Parece mais bonito,
mais confortável, mais simples, mais fácil. Mas, na hora em que
você pisar na mina, vai estourar. Minas terrestres são terríveis; quan-
do alguém pisa, explode. Já o caminho é seguro. Alguém pisou
nele primeiro, Jesus de Nazaré, Ele já as desarmou lá na cruz. Se
você pisar onde Ele pisou, não há mais o que estourar na sua vida.
Mas se você resolve trilhar o caminho diferente, se você não
quer pisar onde Jesus pisou, você correrá os riscos da beira do
caminho, que é um lugar de ciladas. Você quer ser livre de cila-
das? Então, saia da beira e ande no caminho.

184 2. À beira do caminho nos roubam as sementes


A todos os que ouvem a palavra do reino e não a compre-
endem, vem o maligno e arrebata o que lhes foi semeado
no coração. Este é o que foi semeado à beira do caminho.
(Mt 13.19)

Quando estamos à beira do caminho o maligno vem para


nos roubar a semente de Deus. A semente de Deus é a Sua
OS QUE ESTÃO À BEIRA DO CAMINHO

vida, vida de abundância, prosperidade e saúde, é a Sua Palavra


em nós para recebermos toda a Sua provisão. Se temos uma
Palavra de Deus, então temos tudo o que necessitamos, é arma
contra o inimigo, é alimento para a nossa alma, é saúde para os
nossos ossos, é o poder para nos transformar e gerar fé em
nosso coração.
Estar à beira do caminho significa estar fora da vontade de
Deus, mas pode significar também um compromisso superfici-
al e imperfeito.
Quem está à beira do caminho, ouve mas não entende, o
maligno vem e rouba a semente dele. Ele não teve revelação, não
entendeu as coisas de Deus. Só é possível estar no caminho se
você tem revelação. O texto diz: “ouvem a Palavra, mas não a
compreendem”.
Se todas as vezes que a Palavra for semeada em seu coração
vier o maligno e roubá-la, você nunca desenvolverá fé suficiente
para ter uma vida de vencedor. Por que você não tem fé? Porque
a semente foi roubada.
A Palavra também é alimento. Se todas as vezes que a palavra
for servida como alimento para você vier o maligno e roubá-la,
você se sentirá subnutrido, enfraquecido. Por quê? Porque está à
beira do caminho.
Ainda segundo a Bíblia, a Palavra é arma contra o inimigo.
Alguns não conseguem pelejar contra o adversário por não sabe-
rem manusear a Palavra de maneira prática, funcional, em sua
vida. Por quê? Porque o maligno roubou a semente, que tem
valor muito maior do que se imagina. Essa palavra muda você,
ela tem o poder de transformá-lo e levá-lo a crescer. Essa palavra
é o alicerce, é a rocha em cima da qual você está caminhando. Se
você não tem essa semente, se o maligno a roubou, não há como
você avançar em Deus. Mas quem o maligno tem poder para 185
roubar? Só os que estão à beira do caminho. Quem são esses?
São os que ouvem, mas têm muitas justificativas para dar: “Não
é bem assim. Isso aí já é fanatismo”.
A idéia de quem está à beira do caminho é que você tem de ser
uma pessoa flexível, uma pessoa diplomática, nada de
fundamentalismo, nada de radicalismo ou definições. Todavia,
CURANDO A FÉ EM 21 DIAS

foi Jesus quem disse: “Quem não é por mim é contra mim; e
quem comigo não ajunta espalha” (Mt 12.30). Não há meio
termo, não há como ser só simpatizante, ou você ajunta, ou
você espalha. Ou você ama a Deus, ou você ama o mundo, e
quem ama o mundo é inimigo de Deus. E quem ama a Deus é
inimigo do mundo. Eu quero me posicionar 100% ao lado
do Senhor, eu não quero estar à beira do caminho em área
nenhuma da minha vida. Antes, em todas elas, quero andar no
caminho, olhando firmemente para frente, para pisar onde Je-
sus pisou.

3. A beira do caminho é lugar de sequidão


E, vendo uma figueira à beira do caminho, aproximou-se dela;
e, não tendo achado senão folhas, disse-lhe: Nunca mais nasça
fruto de ti! E a figueira secou imediatamente. (Mt 21.19)

Foi à beira do caminho que a figueira secou. O terceiro sinal


de quem está à beira do caminho é que ele tem aparência, mui-
tas folhas, luxuriante de tanto verdor. Todavia, Jesus não está
interessado em aparência, Ele quer saber da realidade.
Não é possível ter realidade com a vida sendo um fiasco. Há
quem diga: “Ah pastor, eu oro muito, mas depois que acabo de
orar a minha vida pessoal é arrebentada”. Quem está assim é
uma árvore com muita aparência, mas sem frutos. Há irmãos
que têm muita aparência espiritual. No louvor, aquela aparência
toda, mas sua vida é um buraco, na área financeira, no casamen-
to, em tudo.
Se sua vida não tem sido uma vida cheia de satisfação, cheia
de alegria em Deus, você não tem estado no caminho. Quem
está no caminho desfruta da alegria e da vida abundante em
186 Deus. Não que não haja tribulação, que não haja dificuldade,
mas, no meio delas, você encontra com Jesus, toca no caminho,
tocando na vida dEle.
Jesus, ao ver a figueira à beira do caminho, disse: “Cadê o
fruto? Onde está o fruto?”. Mas não havia fruto e o Senhor
então a amaldiçoou dizendo: “Nunca mais dar-se-á fruto de
você”, e ela secou.
OS QUE ESTÃO À BEIRA DO CAMINHO

Gente que está à beira do caminho é gente seca, ou seja, não


há rios de vida saindo do seu interior para suprir ninguém. Jesus
disse que, se nós crêssemos, do nosso interior fluiriam rios de
água viva. Se do seu interior não fluem rios, talvez você seja uma
figueira seca plantada à beira do caminho.
Mas todos nós passamos por desertos, você responde. Estar
no deserto, porém, é estar fora do caminho. Ele vem quando
você está fora do caminho em alguma área. O deserto é uma
sequidão que nunca passa. É normal haver sequidão de vez em
quando porque há dias de chuva e dias de sol, mas quem está à
beira do caminho é seco o tempo inteiro, está plantado longe do
rio, só está à beira do caminho.
Estou mostrando a você sinais pelos quais você poderá avaliar
sua condição espiritual. Talvez você esteja à beira do caminho em
muitas áreas de sua vida. Entre no caminho hoje, querido, res-
ponda ao padrão de Deus. Se você caminhar no caminho, o resul-
tado será vida, será o reino, que é paz, justiça e alegria no espírito.
À beira do caminho você não consegue atravessar os rios e os
abismos, porque há lugares no caminho em que não há beira,
ou seja, em certos lugares ou você está no caminho ou está no
precipício. Há lugares no caminho sem beirada, só há a estrada,
só tem a ponte, Jesus. E, quando você entra na ponte, não há
beira do caminho, ou está no caminho ou está no buraco. Não
fique a vida inteira assistindo aos cultos, contemplando outros
irem no caminho e você mesmo ficando de fora.

4. A beira do caminho é lugar de acomodação


Estar à beira do caminho também é fazer parte de uma torci-
da, ou seja, assistem outros na corrida da fé, algumas vezes aplau-
dem, outras vezes vaiam, mas não participam dela. A crítica é
sinal de estar à beira do caminho, porque, quando se está junto 187
na caminhada, todos se empenham em motivar uns aos outros.
Quem está envolvido na corrida não tem tempo de criticar o
companheiro, ele só pode dizer para o outro: “Rapaz, corre que
você consegue, vamos lá, força, ânimo!”.
Quem está no caminho motiva o outro a entrar, quem está à
beira do caminho sempre está falando: “Eu não vou porque esse
CURANDO A FÉ EM 21 DIAS

pessoal não corre como eu gosto. Eu não vou andar com eles
porque eles não fazem do jeito que eu acho bom, então prefiro
não andar!”. E ficam à beira do caminho, como torcida, ou pior,
como alguns comentaristas esportivos: parecem entender tudo,
mas não cooperam com nada. E ficam a vida inteira só assistin-
do, enquanto outros avançam e eles ficam para trás,
desqualificados, ressequidos, presos nas armadilhas que estão
armadas à beira do caminho.
Alguns não criticam, até torcem: “Ah, eu torço por vocês,
sua célula vai multiplicar. Eu estou torcendo por vocês, gente,
continuem andando. Glória a Deus!”. Mas eles cruzarão a linha
de chegada no Dia? Não haverá recompensa para a melhor torci-
da. Vencedor é quem entra na corrida, quem em tudo se domi-
na, quem até mesmo esmurra o próprio corpo para chegar ao
fim da corrida e receber a coroa da vida, o galardão e a recom-
pensa. Quer ser vencedor, em Nome de Jesus? O vencedor é
quem está no caminho. Entre agora na corrida! (1Co 9.24-27).
Se é difícil estar na corrida, imagine correr com a torcida
contrária ao seu lado. Quantos maridos estão à beira do ca-
minho e às vezes atrapalham suas esposas a avançar? A torcida
é sempre cruel, quem está de fora sempre tende aos extre-
mos. Ou é maravilhoso e sensacional, ou então não presta,
não vale nada.
Outro dia alguém me disse: “Pastor, foi muito bom o tem-
po que estive com você, mas estou indo embora.”. Perguntei
para onde ele estava indo. “Não sei ainda” – me respondeu –
“Estou procurando”. Eu fiquei pensando em como ele sabe que
o tempo acabou se o outro tempo nem começou. Como come-
çar algo novo, se nem encerrou direito o atual? Com certeza,
alguma coisa o desagradou e, como ele está na torcida – a torci-
188 da desagradada não volta no outro jogo, torcida quando está
chateada boicota o time – ele resolveu sair. Quem está à beira do
caminho é como torcedor que só olha de longe.

5. A beira do caminho é lugar de exclusão


Estar à beira do caminho é ver outros progredindo e você não.
É se sentir excluído da comunhão dos que vão pelo caminho. É
OS QUE ESTÃO À BEIRA DO CAMINHO

ver outros caminhando em direção ao sonho e ao alvo enquanto


se fica parado ou sem rumo algum.
Ficar à beira do caminho é desperdiçar a vida sem ter um
propósito em Deus. Os que estavam à beira do caminho eram
cegos. Este é o principal motivo de estarmos à margem da vida,
a nossa cegueira.
Jesus, porém, ouve o clamor dos que estão à beira do cami-
nho. Você pode clamar a Ele como fizeram os cegos e Ele o
ouvirá, abrirá seus olhos e, então, você fará como aqueles cegos,
entrará no caminho e seguirá a Jesus.
E imediatamente recuperaram a vista e o foram seguindo [pelo
caminho]. (Mt 20.34)

A quinta coisa que vemos à beira do caminho são os cegos.


Eles não conseguem andar sozinhos. Na verdade, os que estão à
beira do caminho não estão andando, ficam parados e só perce-
bem os outros passando. Gente que começou a corrida agora
mesmo já passou por ele, que está aqui há tanto tempo e deveria
estar lá na frente, mas ainda está aqui atrás. Por quê? Porque não
entrou para valer no caminho.
Mas o Senhor é bom, o Senhor ouve o clamor daqueles
que estão à beira do caminho. Chega uma hora que é insupor-
tável continuar lá e você começa a clamar: “Filho de Davi, tem
misericórdia de mim! Não quero ficar mais na beira, na mar-
gem. Filho de Davi, tem misericórdia de mim!”. E Jesus está
no caminho, Ele ouve e você começa a gritar mais alto: “Filho
de Davi, tem misericórdia de mim! Chega de viver assim, eu
não quero mais estar aqui à beira, à margem, excluído do mo-
ver de Deus”.
O mover de Deus é pelo Caminho. Se Jesus está caminhan-
do, o mover de Deus vai junto com Ele, na direção dEle, pisan- 189
do nas pegadas dEle. Se o seu clamor é genuíno, Jesus pára e
vem até você, Ele estende a mão nos seus olhos e cura você.
Talvez hoje você precise de cura de Deus para a sequidão,
para a apatia, para a insensibilidade, para a indiferença. Talvez
você esteja com os pés machucados de tantos laços em que pi-
sou. E você não quer ficar à beira do caminho, conformado,
CURANDO A FÉ EM 21 DIAS

dizendo: “Não tem jeito, é assim que vai ser”. Clame ao Senhor
hoje, o Senhor virá, tirará você da margem e o colocará no cami-
nho de novo.
Erga suas mãos para o Senhor, abra sua boca e chame por Ele
como aqueles dois cegos chamaram. Hoje é dia de cura, hoje é
dia do Senhor abrir seus olhos, hoje é dia de ser livrado da exclu-
são, hoje é dia de você colocar seus pés nas pegadas dEle, cami-
nhar no caminho dEle em todas as áreas. Hoje é dia de cura, dia
de cura para corações feridos, para a sequidão na alma. Hoje é o
dia do Senhor colocar você no caminho.

Você tem estado à beira do caminho? Por que você não está
no caminho?
Que áreas de sua vida têm sido roubadas pelo inimigo?
Casamento, família, vida financeira etc.?
Decida render-se ao Senhor, dobre-se diante de Sua vontade
e volte a andar no caminho. Reconheça que Jesus é o único
caminho para uma vida abundante, próspera e abençoada.

190
CRISTO, O MISTÉIO DE DEUS

18ºdia
Cristo, o mistério de Deus

Jesus é tão grande e tão amplo que seria impossível fazer um


quadro dEle – mesmo escrevendo muitos livros – que mostras-
se tudo o que Ele é, que relatasse tudo o que Ele fez e ainda faz,
operando entre nós. Neste capítulo não quero falar de Suas múl-
tiplas faces, apenas compartilhar sobre pontos que me chamam
a atenção em Sua maravilhosa personalidade.
O texto bíblico O mostra de inúmeras formas. Ele é ao mes-
mo tempo o pão da vida e a água da vida. Já era a ressurreição
mesmo antes de ter vencido a morte. Ele é o alfa e o ômega, é o
princípio e o fim. Ele é o amém, é o cabeça e o cavaleiro do
Apocalipse. Ao mesmo tempo, Ele é o Cordeiro de Deus que,
desde Gênesis, já morria pelo pecado do homem, Ele é a arca lá
no Tabernáculo no meio do deserto. Ele é a exata expressão de
Deus. NEle tudo subsiste. Ele sustenta todas as coisas pela Pala- 191
vra do Seu poder. Mas ainda assim é homem, e tem, na mente
de Deus a exata expressão do homem. Como podemos falar de
alguém assim? É maravilhoso demais!
Somos preocupados com tantas coisas, mas uma só real-
mente importa, qual seja, conhecer o Senhor Jesus. Somos
envolvidos com tanto trabalho, tanta obra. Somos preocupados
CURANDO A FÉ EM 21 DIAS

com tantos projetos e organizações, mas o Espírito do Senhor


diz expressamente que apenas uma coisa importa: que conheça-
mos o Senhor.
E a vida eterna é esta: que conheçam a ti só por único Deus
verdadeiro e a Jesus Cristo, a quem enviaste. (Jo 17.3)

Jesus Cristo é o Filho de Deus, o unigênito que estava no


seio do Pai e que nos foi enviado para revelar o coração de Deus.
Somos tão preocupados em discutir teologia, defender doutri-
nas e pontos de vista. Mas a experiência espiritual é como uma
lupa. Você pega a lupa e foca em um objeto. O que está no meio
do foco você enxerga bem, mas, à medida que vai olhando, as
bordas ficam desfocadas e distorcidas. Assim também acontece
com as coisas espirituais: quando nós focamos Jesus no centro,
as coisas são claras. Mas, quando começamos a fugir para os
lados e começamos a discutir doutrinas, teologia e pontos de
vista, as coisas ficam confusas e distorcidas. Jesus é tão simples e
ao mesmo tempo tão complexo. Nas escrituras há pelo menos
cento e cinqüenta expressões que traduzem o que Ele é. Por isso
é tão difícil falar dEle, pois Ele é maravilhoso, aliás este é um
dos nomes de Jesus: Maravilhoso!
Como podemos manifestar Jesus? Como podemos expressá-
lO ou, mesmo, representá-lO? Às vezes penso no Jesus dos car-
tões, dos vitrais das catedrais; no Jesus das estátuas erigidas; na-
quelas pinturas tão distantes de um Jesus, por vezes, quase
efeminado; naquela figura plácida e mórbida, meio domestica-
da que as pessoas contemplam. Não se parecem com o Jesus da
Palavra de Deus.
Todos sempre falam coisas boas de Jesus. Muitos afirmam
que Ele foi um exemplo de vida, mas nada pode estar mais fora
da realidade do que isso! Jesus não foi um exemplo de vida. Ele
192 é a própria vida! É a verdade. Ele veio para deixar as pegadas,
mas Ele veio para ser muito mais do que um bom exemplo. Ele
é a própria vida que desceu do céu e se fez gente.
Gostaria de apresentar um vislumbre de Jesus, fazendo um
quadro tosco e desfocado de Sua sublime majestade, mostrando
algumas facetas daquilo que Ele é.
CRISTO, O MISTÉIO DE DEUS

1. O amigo dos pecadores


Ele resolveu elogiar um publicano pecador, comparando-o a
um fariseu temente a Deus “bonitinho” e bem-vestido com sua
túnica maravilhosa. E Jesus diz que o publicano pecador desceu
do monte justificado, mas o fariseu foi rejeitado por Deus.
Quando Jesus veio ao mundo, os demônios O reconhece-
ram, os enfermos afluíram, os pecadores vieram e alguns
encharcavam os Seus pés com suas lágrimas. Outros simples-
mente O banharam com perfume, pois os pecadores eram sim-
plesmente atraídos para estar perto de Jesus.
Não era fácil estar perto de Jesus, pois Sua presença confron-
tava, Sua Palavra era como espada penetrante, Seu olhar era pro-
fundo e desnudava tudo, mostrando tudo o que havia no ínti-
mo. Ninguém poderia ocultar coisa alguma diante do olhar
dAquele homem, que não era meramente homem, mas Deus
habitando no meio dos homens na forma de um homem. Sen-
do assim, talvez fosse de se esperar que Ele se unisse à classe
religiosa, mas a quem Ele foi procurar? Ele foi atrás dos doentes,
dizendo que os sãos não precisam de médicos, mas sim os doen-
tes: “Eu não vim chamar os justos, e sim pecadores ao arrepen-
dimento” (Lc 5.32).
A primeira pessoa a quem Jesus se revelou como Messias não
foi para um doutor da lei, não foi para um escriba ou fariseu,
mas para uma mulher imoral, que já tinha tido cinco maridos e
aquele com o qual ela vivia também não era o seu marido. Foi
para ela que Ele disse com todas as letras: “Eu o sou, eu que falo
contigo. Eu sou o Messias. Eu sou o Prometido” (Jo 4.26).
Por que Jesus se revelou a ela e não aos estudiosos da lei? É
porque Jesus era amigo dos pecadores. Hoje, a igreja não é ami-
ga de pecadores. Temos medo de sermos contados entre eles. 193
Temos medo de ser confundidos com eles. Na verdade, temos
medo deles. Todavia, é melhor que sejamos rejeitados pelos reli-
giosos. Se alguém tiver que nos elogiar, que seja porque somos
amigos de pecadores e sejam eles que digam: “Esse pessoal é
amigo da gente!”. Jesus foi assim. O grande problema é que nos
esquecemos de como é se sentir errado, acusado e condenado.
Mas, quando apareceu Jesus em cena, não condenou ninguém,
CURANDO A FÉ EM 21 DIAS

nenhuma vez. Às vezes nos parece tão estranho Ele não ter con-
denado a prostituta e o pecador. Ele não condenou nenhum
deles, mas Jesus sempre reservou palavras duras para os religio-
sos, para aqueles que conheciam a Palavra, para aqueles que, te-
oricamente, eram os guardiães dos oráculos de Deus, do conhe-
cimento de Deus. E Jesus se referiu a eles como “raça de víbo-
ras”, “sepulcros caiados” (Mt 23.27).
Mas os pecadores, Jesus aceitava que lavassem os Seus pés.
Com os pecadores, Ele se assentava para comer. Ele foi a uma
festa na casa de Mateus, o publicano, onde só havia publicanos e
pecadores. Ele se assentou à mesa e comeu com eles.
Mas há uma diferença: Jesus nunca pecou. E, para nós, isso é
um grande mistério: Como podemos ser amigos de pecadores
sem concordar com o pecado? Como podemos ser amigos de
pecadores sem fazer o que eles fazem? Como podemos ser ami-
gos de pecadores e não apontar o dedo, sem fazê-los sentirem-se
culpados entre nós?
Esse é o grande desafio da Igreja no decorrer dos séculos. Na
história da Igreja, ela sempre se arvorou a ser a consciência moral
da sociedade. Ela mesma era a que julgava e que também conde-
nava. Na Idade Média, a Igreja fez isso. Na Inglaterra, a Igreja
Anglicana fez isso. Na Rússia, a Igreja Ortodoxa fez isso. No
Oriente, a Igreja Grega fez isso. E, hoje, muitas igrejas ditas
evangélicas fazem a mesma coisa.
Quantos pastores vêem nos aidéticos apenas um sinal do juízo
de Deus? Quantos pastores apontam para cada enfermidade que
aparece como o juízo da mão de Deus? Mas Jesus disse: “Eu não
vim para condenar, Eu não vim para julgar! Eu vim para defen-
der, para ser o Advogado”.
Nós também deveríamos ser advogados dos pecadores dian-
194 te de Deus. Deveríamos levar suas causas diante dEle. Esse é o
sentido de Deus ter-se feito homem, ter habitado no meio de
nós e ser chamado de amigo de pecadores. O próprio Jesus disse
que já não mais nos chama de servos e sim de amigos. Se somos
amigos dEle, Ele com certeza revelará a nós o Seu próprio cora-
ção e manifestará a nós a Sua graça.
CRISTO, O MISTÉIO DE DEUS

2. O Homem-Deus
Ninguém jamais viu a Deus, o Deus unigênito que está no seio
do Pai e que o revelou. (Jo 1.18)

E quem é este Deus unigênito? Jesus! Jesus é Deus. Houve


um dia que Deus se fez homem. Cristo Jesus era inteiramente
homem e era inteiramente Deus! Procure se colocar no lugar
daqueles homens nos dias de Jesus. Como você poderia identi-
ficar nEle Deus? Ele era apenas uma galileu como qualquer ou-
tro: tinha endereço, tinha pai e mãe, e tinha um local de nasci-
mento, e, se fosse hoje, teria até certidão de nascimento.
Como alguém poderia dizer que esse homem fosse Deus?
Mas Ele era! E o Evangelho nos mostra isso de várias formas.
Pedro adorou a Jesus. Muitos outros também O adoraram. E
Jesus nunca rejeitou a adoração. Os judeus eram tremendamen-
te radicais com relação a isso: “Só ao Senhor teu Deus adora-
rás!”. O judeu do tempo de Jesus era radical com relação à ido-
latria e jamais adoraria um homem. Mas Pedro, um judeu, ado-
rou a Jesus. E Jesus aceitou a adoração porque Ele era Deus.
Para um homem aleijado e para uma mulher adúltera, o Se-
nhor Jesus disse: “Estão perdoados os vossos pecados”. Quem
poderia perdoar pecados senão Deus? A Palavra de Deus diz que
Jesus, ao ver Jerusalém, disse: “Quantas vezes quis eu acolhê-los
como a galinha acolhe os seus pintinhos debaixo das suas asas...”.
E Ele diz mais: “Eu vos enviei profetas!”. Como assim, Jesus os
enviou profetas? Dá para imaginar o que os fariseus imaginaram
ao ouvi-lO dizendo essas coisas: “Você está aqui, Jesus, na nossa
frente, e não enviou ninguém ainda.”.
Ali, Jesus não estava falando como homem, mas como Deus!
Como Deus, Ele havia enviado profetas. Mas o povo de Jerusa-
lém não quis ouvi-lO. Certa vez, quando desafiado, o Senhor 195
falou: “Eu e o Pai somos um!” (Jo 10.30). E o evangelho afirma
que os judeus pegaram pedras para apedrejá-lO. Os judeus enten-
deram plenamente as verdadeiras implicações daquela expressão:
Jesus se fez igual a Deus. Você consegue imaginar o que era para
aqueles homens, naqueles dias, ouvir um galileu, com sotaque
interiorano, com um nome comum, dizer: “Eu e o Pai somos
um”? Que escândalo não fôra para eles as reivindicações de Jesus!
CURANDO A FÉ EM 21 DIAS

É isso o que diferencia o cristianismo de outras religiões. Um


mulçumano não pode conceber a idéia de Maomé dizer: “Eu e
Alá somos um”. Também um judeu não concebe a imagem de
Moisés dizendo: “Eu e Jeová somos um”. Nenhuma religião
concebe tal possibilidade, só o cristianismo. Jesus não veio para
ser um bom exemplo. Embora você ouça essa afirmação nas
rádios, na TV, nos filmes, Jesus não veio ser um bom exemplo,
mas sim para ser Deus no meio dos homens.
Qualquer outro conceito é natural, limitado e muito pe-
queno. Depois de se tornar homem, Jesus jamais deixou de sê-
lo. Ele continua sendo homem e será homem eternamente.
Ele ressuscitou e a morte não tem mais poder sobre Ele. Há
um homem sentado à destra de Deus. Até a vinda de Jesus,
Deus era só Deus. Mas, hoje, Ele é Deus e também é homem.
A humanidade foi inserida para dentro da Divindade. Jesus é
Deus que se encarnou.
O espiritismo, o budismo, o hinduísmo e várias outras
religiões crêem nas reencarnações, mas nenhuma delas conce-
be a encarnação. Reencarnação para eles é concebível, mas,
para eles, a encarnação é loucura, para eles é impossível que
Deus se faça gente.
Cristo Jesus é Deus! Todavia, a Carta aos Hebreus, 5.8, diz
que “embora sendo Filho, aprendeu...”. Mas Jesus não é Deus?
E Deus pode aprender alguma coisa? Há alguma coisa que Ele
não saiba? Há algo que Ele não entenda? Há algo que Ele não
perscrute ou não conheça? Houve um tempo em que Deus era
apenas Deus e não havia nEle humanidade alguma. Mas, há dois
mil anos, aconteceu um fato misterioso: Deus se fez gente! Deus
se fez homem em Cristo Jesus.
Mas o que Ele aprendeu? Ele aprendeu o que é ser humano.
196 Deus, até então, não sabia o que era ser humano. Aprendeu acer-
ca da pobreza, das discussões de família; aprendeu a respeito das
crises, humilhações, das rejeições, das traições. Essas coisas não
faziam parte da Sua experiência como Deus.
Mas, em Cristo, Deus aprendeu o que é ser humano. Aprendeu
o que é ter os calos nas mãos, o cuspe do agressor no Seu rosto. Ele
aprendeu o que era sentir o martírio; o que era ser tentado.
CRISTO, O MISTÉIO DE DEUS

Por isso mesmo Ele está habilitado para ser o nosso Advoga-
do, pois Ele sabe o que passamos. Ele pode manifestar graça a
nós, pois sabe o que é ser tentado, sabe das crises e das angústias,
porque um dia se fez homem. Por isso, lá na cruz, Ele pôde
dizer com tanta convicção: “Pai, perdoa-lhes, pois não sabem o
que fazem! Estou aqui, vendo da ótica deles, convivendo com
eles. Estou sendo um homem como eles são; e eles são cegos,
não sabem o que fazem!”.
Era preciso que Ele se fizesse homem para vencer a morte.
Ele tinha que entrar dentro da morte para vencer o pecado. Ele
tinha que se fazer pecado por nós. Para poder nos dar Sua glória,
Ele tinha que provar da nossa humilhação. Para que pudéssemos
compartilhar da Sua divindade, Ele teve que compartilhar da
nossa humanidade.
Deus, hoje, possui um elemento humano em Si, para que
nós homens possamos ter o elemento divino dentro de nós.
Nós possuímos algo de Deus dentro de nós, que é a própria
natureza Divina. Isso é o Evangelho, as Boas Novas. Jesus ven-
ceu o pecado, a morte e ressuscitou.
Mas não parou por aí. Jesus fez profundas afirmações sobre
Si. Sendo Deus, Ele nunca contemporizou com ninguém. Jesus
nunca cedeu espaço para ninguém. Jesus não fazia concessões
diplomáticas. Jesus dizia: “Eu sou antes de Abraão. Eu Sou.”
Em nossos dias de diplomacia excessiva, Jesus seria politica-
mente incorreto, uma vez que Ele disse: “Eu sou o caminho, a
verdade e a vida, não há outro!”. E, ainda hoje, todo homem
deve se posicionar em relação a essa afirmação. Não há nada
mais hipócrita do que afirmar que Jesus era um bom homem e
não crer nas afirmações que Ele fez a respeito de Si mesmo.
Se você não reconhece a Jesus como Deus, Ele não pode ser
um bom exemplo para ninguém. Ou Ele é Deus, ou era um 197
megalomaníaco, um louco na melhor das hipóteses. Jesus disse
que Ele era o Unigênito do Pai, que Ele e o Pai eram um. Ele
disse, em outras palavras, “Eu sou um com Deus, Eu sou Deus!”.
Jesus não disse que veio ensinar um caminho, uma doutrina.
Ele disse: “Eu sou o caminho, a verdade e a vida”, e não: “Eu vou
dar uma vida a você”. Se Ele disse a verdade, então Ele é Deus.
CURANDO A FÉ EM 21 DIAS

Mas se você não crê no que Ele diz, você O considera um


mentiroso. Logo, não diga que Ele é um bom exemplo. Você
deve ter um veredicto sobre Ele. Que tipo de homem Ele era?
Era um louco, um grande mentiroso ou, realmente, era Deus.
Todas as promessas de Jesus dependem de aceitarmos Sua
divindade. Se Ele não é Deus, não posso aceitar o perdão que
Ele oferece. Não posso receber a autoridade que Ele me confere.
Não posso ter esperança de que Ele nos preparará um lugar.
A encarnação é o grande mistério. De uma maneira incom-
preensível e misteriosa, o próprio Deus se fez gente e provou a
cruz por nós.

3. Exata expressão de Deus


Uma pergunta que eventualmente me fazem é: “Por que você
é cristão?”. Eu sou cristão porque Jesus é fascinante. Não é só
porque Ele me ama, ou faz milagres. É porque, lendo os Evange-
lhos, percebo o quanto Ele é fascinante. Jesus é inteiramente atra-
ente e fascinante e não houve ninguém na Terra como Ele. Ele é a
exata expressão de Deus. Você quer saber como Deus é? Olhe na
Palavra, veja como é Jesus. Ele veio para nos revelar o Pai.
Para nós, hoje, é difícil imaginar o impacto que Jesus signifi-
cou para os judeus daqueles dias. Para eles, Deus era apenas o
Onipotente, o que transcende, e qualquer contato com Ele os
colocava em perigo.
As instruções de Levítico nos levam a pensar em material
radioativo: levar apenas animais imaculados, não tocar na arca,
sempre deixar a fumaça subindo. Nunca entrar ou olhar dentro
do Santo dos santos, senão morrerá. E segue, o sacerdote so-
mente poderia entrar ali uma vez por ano e amarrado com uma
corda para o caso de fazer alguma coisa errada e morrer, assim
198 outros poderiam puxá-lo para fora. O culto a Deus era um as-
sunto perigoso.
Os discípulos cresceram em um ambiente assim. Nunca pro-
nunciavam o nome de Deus, agiam de acordo com um intrincado
sistema de purificações, o culto sempre incluía um sacrifício, al-
guém tinha que morrer. A cada ano, durante a páscoa judaica,
duzentas e cinqüenta mil ovelhas eram sacrificadas em Jerusalém.
CRISTO, O MISTÉIO DE DEUS

Mas, de repente, aparece Jesus dizendo que Deus é Pai. Di-


zendo que o Pai cuidava até dos lírios dos campos, dos pardais e
que Ele contava até os fios de cabelo da nossa cabeça.
Quando foi ensinar os discípulos a orar, Jesus começa dizen-
do: “Pai nosso...”, trazendo perplexidade aos judeus, e apresen-
tando a imagem de um Deus sensível, próximo e que se impor-
ta. Ninguém, até então, havia se atrevido a chamar a Deus de
Pai, e muito menos de “Aba Pai”, ou paizinho: a maneira mais
carinhosa de se referir ao Pai, a mesma maneira com a qual o
judeu ainda quando criança chamava o seu pai.
Jesus estava revelando Deus de uma maneira como ninguém
O conhecia. Por isso, lá na cruz, o véu do templo se rasgou de
alto a baixo, porque Deus saiu do Santos dos santos. Nin-
guém jamais poderia ali adentrar, mas Deus saiu e veio ao nos-
so encontro.
Jesus mudou completamente a imagem de Deus. Os judeus
criam em um Deus distante e inefável. Mas Jesus nos mostrou
que Deus cuida dos pássaros, dos lírios do campo, que não ape-
nas põe as mãos sobre a nossa cabeça, mas até conta os fios de
nossos cabelos.
Jesus proclamou: “Vinde a mim os que estais cansados e so-
brecarregados e eu vos aliviarei” (Mt 11.28), demonstrando o
amor e o cuidado do Deus que se importa. E Jesus, como a
exata expressão de Deus, O expressa em amor, aceitação e per-
dão. E nós podemos amá-lO. Por isso, para experimentarmos o
Evangelho, devemos nos desarmar de tudo o que possa ser bar-
reira à aceitação e ao amor do Deus presente.
Hoje a única morte presente no culto é o pão e o vinho, que,
na verdade, são símbolos de vida. Deus já não é apenas o inefá-
vel, o impronunciável; agora Ele é o Pai, o paizinho. Agora, há
comunhão, aconchego e intimidade. 199
Quer conhecer a Deus? Conheça a Jesus. Após os três anos e
meio de Seu ministério junto aos discípulos, Jesus se depara
com o pedido de Felipe: “Jesus, mostra-nos o Pai e isso nos
basta!”. Ao que Jesus responde: “Há quanto tempo estou
convosco e tu me pedes, mostra-me o Pai? Quem vê a mim, vê
o Pai, e quem vê o Pai, vê a mim”(Jo 14.8).
CURANDO A FÉ EM 21 DIAS

A Bíblia é o livro mais extraordinário do mundo, ela revela a


pessoa mais fascinante do universo: Jesus de Nazaré, a exata ex-
pressão de Deus.

4. O Deus de amor
Não há em nenhuma cultura uma noção de Deus como
sendo alguém amoroso. Nenhum nativo se refere a seu deus
tribal dessa forma. Mas Jesus nos mostra o Deus pródigo em
Seu amor.
Em Lucas 15, Jesus nos conta três parábolas para ilustrar esse
amor. Na primeira vemos uma mulher procurando uma moeda
muito valiosa que havia se perdido. A segunda parábola é a do
pastor que tinha cem ovelhas, mas uma se perdeu. Entretanto, o
pastor, por amar todas elas, foi atrás daquela uma que havia se
perdido, indo pelos buracos, meandros, vielas, de dia ou de noi-
te, com chuva ou sol escaldante; ele foi atrás dela porque a ove-
lha lhe era importante.
E vemos o Senhor chegando ao ponto mais alto do Seu amor
na parábola do filho pródigo, a história do filho que, pegando
sua herança, parte rumo a um país distante onde prodigamente
esbanja tudo o que possui, e, ficando em miséria, resolve voltar.
Mas para sua surpresa, ele encontra um pai igualmente pródigo
em amor, um pai transbordante em amor, o qual, quando vê o
filho, sai correndo para abraçá-lo e o envolve em ternura. Isso é
o que Jesus veio mostrar do coração do Pai.
Às vezes fico pensando se Jesus – no bom sentido – não fez
como o filho pródigo. Ele veio à Terra, um lugar distante do
céu, para gastar todo o Seu melhor e depois retornar, juntamen-
te conosco, para o Seu lugar de origem: o colo, o abraço e o
aconchego do Pai. Tudo Ele fez não como filho rebelde, mas
200 como filho obediente enviado para levar para casa todos os fi-
lhos desviados do Pai. E esse Pai fará naquele Dia uma grande
festa ao nos encontrar.
Embora Ele já tenha nos encontrado e esteja dentro de nós,
hoje ainda estamos a caminho porque ainda não temos a Sua
glória em nossos corpos. Mas no Dia em que Ele nos glorificar,
nós O veremos e seremos como Ele é.
CRISTO, O MISTÉIO DE DEUS

No Éden, o Senhor criou o homem à Sua imagem e seme-


lhança, mas lá na glória os Seus filhos serão assim como Jesus é:
a exata expressão da glória de Deus! Não significa dizer que sere-
mos deuses, mas seremos tal qual Jesus é. O autor de todas as
coisas nos ama e nos deseja. Nós somos a Sua obra-prima.

Quem é Jesus para você? Você realmente O conhece e en-


tende o valor de Sua obra para sua salvação?
Você consegue ver o Senhor Jesus como seu amigo? Você,
assim como Jesus, é amigo de pecadores? Como você pode-
ria expressá-lO a outras pessoas? Como podemos manifes-
tar o Seu amor em nossas vidas?
Decida ser a expressão de Jesus na Terra, andar como Ele
andou, viver como Ele viveu. Testemunhe para seus amigos
como Deus manifesta o Seu amor por você.

201
CURANDO A FÉ EM 21 DIAS

202
O PODER SECRETO DO BARRO

19ºdia
O poder secreto do barro

Palavra do SENHOR que veio a Jeremias, dizendo: Dispõe-te,


e desce à casa do oleiro, e lá ouvirás as minhas palavras. Desci à
casa do oleiro, e eis que ele estava entregue à sua obra sobre as
rodas. Como o vaso que o oleiro fazia de barro se lhe estragou
na mão, tornou a fazer dele outro vaso, segundo bem lhe pare-
ceu. (Jr 18.1-4)

Fomos feitos do pó da terra. Desde o princípio fomos sepa-


rados como vaso na mão do oleiro. Quando eu me converti, em
nossa igreja havia uma irmã que sempre se apresentava para can-
tar uma música nos cultos. Mas seu repertório era muito peque-
no e, volta e meia, ela cantava a mesma música, uma canção
chamada Sombras, cuja letra dizia que Deus estava nas sombras.
Naquele tempo eu não gostava muito da música, me parecia
estranho dizer que o Deus que é Luz se movia nas sombras.
Mas, com o passar dos anos, eu entendi o que a afirmação signi- 203
ficava. O compositor queria dizer que Deus se oculta no meio
das circunstâncias, mas Ele está sempre presente, ou seja, que
Deus age de forma que nem sempre percebemos por caminhos
que nos parecem misteriosos.
A Palavra do Senhor diz em Jeremias que nós, como povo,
somos a casa de Israel e, individualmente, somos como vasos
CURANDO A FÉ EM 21 DIAS

de barro nas mãos do Senhor, que é o oleiro. Essa ilustração –


que entrou para o inconsciente coletivo – todos entendem es-
pontaneamente. Cada um de nós é um vaso que o Senhor está
moldando. Nesse processo, Deus usa de meios misteriosos,
passa por meandros ocultos e, às vezes, esconde Sua mão atrás
das circunstâncias.
Todos nós eventualmente passamos por situações de trata-
mento para sermos moldados como um vaso. Deus permite e
coordena situações ao nosso redor para tocar o nosso coração. A
Palavra diz que “perto está o Senhor dos que têm o coração
quebrantado e salva os de espírito oprimido” (Sl 34.18).
Por isso Deus permite que você seja quebrantado e, então,
basta uma circunstância aparecer, uma aflição, uma tribulação, e
você se torna inteiramente sensível e quebrantado. Você então
ora como já não orava antes, louva como já não louvava antes,
sua postura torna-se diferente porque naquele momento Deus
tocou em você.
É o oleiro moldando o vaso. Mas para permitir ser moldado,
você precisa se sentir insatisfeito consigo mesmo. Não tem nada
a ver com crise de auto-estima, mas com querer ser mudado por
Deus como foi Jacó. Há momentos em que você precisa soltar
um clamor profundo dizendo: “Deus, ou o Senhor me trans-
forma ou me leva, mas eu não quero mais ser o que tenho sido,
eu quero ser transformado à Sua imagem!”.
Esse clamor é fundamental, mas é possível que o diabo, aos
poucos, vá nos enredando e nos transformando em bons religi-
osos, indiferentes ao tratamento do Espírito Santo.

1. O poder de vir a ser está no barro


204 O mais poderoso oleiro não pode moldar um barro que se
recuse ser modelado. O poder de se tornar e o poder de resistir
está no barro. Se o barro se recusa ser moldado, será difícil para
o oleiro transformá-lo em um vaso. Não é raro vermos o barro
questionando: “Por que Deus tem de fazer assim? Por que Deus
não faz de outro modo?”. Quando o barro rejeita o propósito
do oleiro e se revolta com a maneira como o oleiro age, ele está
se recusando a ser moldado.
O PODER SECRETO DO BARRO

O barro, porém, que o Senhor molda é aquele que é flexível,


é o barro cujo coração se derrete em Suas mãos. É aquele que
diz: “Faz de mim o que Tu queres e não o que porventura eu
mesmo queira. Faça a Tua vontade e não a minha!”.
O alvo de Deus não é apenas colocar um cabresto em nós
para domesticar a nossa carne, mas sim nos transformar. Sempre
que viajo de avião, convivo com pessoas aparentemente muito
educadas. Tenho visto como essas pessoas “educadas” repentina-
mente mostram seu lado selvagem. Basta uma pequena altera-
ção no curso normal da vida e o sujeito mostra tudo o que vai lá
dentro. De repente, o executivo de terno no aeroporto se torna
como um qualquer brigando por causa de um tomate estragado
na feira. É a natureza humana. Não importa o quanto você estu-
de, ou o quanto foi educado; mesmo colocando cabrestos e ten-
tando prendê-la com correntes para evitar que se manifeste, não
tem jeito, um dia a sua verdadeira natureza se manifesta.
Às vezes fico pensando se o nosso cristianismo não é apenas
isso, o resultado de palestras de auto-ajuda, nas quais aprende-
mos um amontoado de técnicas para nos civilizarmos, nos edu-
carmos, para segurarmos lá dentro aquelas reações, aqueles im-
pulsos terríveis que estão no nosso íntimo. Não estou dizendo
que todos deveriam sair por aí mostrando os seus monstros in-
teriores. Mas cristianismo também não deve ser uma questão de
reprimir e prender o monstro lá dentro. Não podemos pensar
que o cristianismo seja como uma técnica de relaxamento, em
que respiramos fundo, ou um mantra que repetimos dez mil
vezes dizendo: “Eu sou calmo, eu sou calmo, eu sou bom, eu
não vou explodir”. A proposta do Senhor é incomparavelmente
mais radical, Ele propõe uma transformação completa.
Mas é necessário que haja um poder sobrenatural operando
em sua vida para mudar você. Evidentemente, o barro deve co-
operar com o oleiro, mas não tentando se mudar na força do 205
braço, antes permitindo que o oleiro o molde. Precisamos nos
fazer como Jacó, cair de joelhos e dizer: “Deus, muda-me, por-
que, se o Senhor não o fizer, ninguém poderá fazê-lo. Se o Se-
nhor não alterar as minhas predisposições, quem o fará?”.
Muitos se acomodam na expressão de Paulo: “Eu sei que na
minha carne não habita bem nenhum.”. Mas a ordem bíblica
CURANDO A FÉ EM 21 DIAS

não é para que acomodemos passivamente pensando: “Eu sou


assim mesmo, meu pai era assim, meu avô era assim!”. Antes
devemos explodir no clamor de Paulo: “Quem me livrará do
corpo dessa morte? Quem me livrará dessa condição?”. Aqueles
que, como Jacó, lutam com Deus e dizem: “Eu não Te largo
enquanto não me mudares”, esses são os que estão na mão do
oleiro e serão transformados.
O Senhor fará o que for necessário para moldar o vaso, mas
tudo depende do barro. Existe barro que é flexível, mais maleável,
mas há outros que estão cheios de cascalho por dentro. Alguns
acabam de ser moldados e começam a trincar, outros se desman-
cham na mão do oleiro. Para cada tipo de barro o Senhor usa
métodos diferentes de modelagem.
Alguns são tratados pelo vexame. Depois de passar pelo se-
gundo ou terceiro vexames, você cria aversão por aquele com-
portamento que lhe levou à vergonha. Deus permite que algu-
ma coisa marque aquele momento. Em certa ocasião, Pedro dis-
se a Jesus: “Nunca vou Te deixar!”. E o Senhor lhe respondeu:
“Pedro, você não sabe o que vai aí dentro, rapaz, você pensa que
é forte, mas você não agüenta a pressão! Na hora “H”, você vai
retroceder.”. E Pedro responde perplexo: “Eu não! Todos po-
dem retroceder, mas eu, jamais.”. “Antes que o galo cante, tu me
negarás três vezes”, vaticinou Jesus. E Pedro O negou uma, duas
vezes, e, na terceira vez, ele ouviu o galo cantando. Depois da-
quilo, acho que ele teve uma síndrome do canto do galo, acho
que a vida inteira ele acordava de manhã sobressaltado com o
galo cantando e dizendo: “Eu não nego, eu não nego!”.
Pedro nunca mais se esqueceu. Deus permite situações de
vexame. É o Senhor moldando o barro. Deus pressiona e
você nunca mais se esquece. O barro deve ser amassado antes
206 de ser moldado.

2. O poder da rotina e do hábito


O oleiro trabalha usando a roda, o que nos mostra um se-
gundo aspecto do trabalho do oleiro: o poder da repetição. Pa-
rece estar dando volta em círculos, mas o oleiro está moldando
assim o vaso. Alguma coisa que nós fazemos todos os dias em
O PODER SECRETO DO BARRO

algum momento mudará as nossas vidas. Há um poder na roti-


na, nos ciclos, nas voltas. A maneira como o oleiro molda o
barro é girando-o. O povo de Israel ficou quarenta anos dando
voltas, mas o que estava fazendo na verdade? Era só o barro
girando, girando. É nas voltas dos ciclos que Deus molda você.
Às vezes ser moldado parece ser tão cansativo! Mas a obra é
de Deus. Não se preocupe se você tem voltado à mesma situa-
ção várias vezes. Isso acontece porque aquela situação não foi
totalmente resolvida. Já perceberam como voltamos ao mesmo
teste várias vezes? Por quê? Porque cada vez que a roda passa, ela
remove uma aresta, uma sobra ou um desequilíbrio.
Os ciclos de crescimento são como uma espiral. Nós damos
uma volta, mas Deus espera que, na próxima vez que tornamos
àquele ponto, seja em um nível diferente, mais alto. Maturida-
de é ter a nossa capacidade expandida por Deus. Antes eu perdo-
ava uma vez, depois passei a perdoar sete vezes, agora eu perdôo
setenta vezes sete. Você voltará ao teste do perdão muitas vezes,
mas a cada vez será em um nível diferente. Na primeira vez,
você perdoou cem reais, da próxima vez será mil reais. É a roda
do oleiro girando. Ninguém pode alcançar maturidade sem ser
expandido por Deus. Para expandir a nossa capacidade, Deus
permite que passemos por situações difíceis várias vezes.
A diferença entre um fruto maduro e um verde está no seu
sabor. O fruto verde é azedo, mas o maduro é doce. Todavia um
fruto não pode ser amadurecido artificialmente, ele acaba apo-
drecendo mais rápido também. Isso pode até ser feito com ba-
nanas, mas não com crentes. A nossa doçura deve ser desenvol-
vida espontaneamente.
Nós podemos retardar a obra de Deus em nossas vidas, mas
certamente não podemos acelerá-la. A roda do oleiro não pode
ser acelerada. Certos materiais possuem a propriedade física de
serem expandidos e não mais voltarem ao tamanho original. 207
Foram alargados. O oleiro usa a roda para alargar o vaso ao seu
tamanho ideal.
Não devemos buscar tratamentos de Deus, mas, quando ele
vier, não devemos fugir deles ou estaremos perdendo a oportu-
nidade de sermos largueados por Deus. Precisamos aceitar os
tratamentos do Espírito Santo em nossas vidas. A maturidade é
CURANDO A FÉ EM 21 DIAS

a soma dos tratamentos de Deus em nossa vida. Conhecimento


intelectual acumulado sem o tratamento de Deus possui muito
pouco valor espiritual.
Todavia, ser transformado não é colocar maquiagem de crente.
Não é porque você se educou e está se segurando que agora é
outra pessoa. Preste atenção, Deus não quer fazer de você um
monstro enjaulado. Deus quer mudar completamente o seu in-
terior e a sua constituição. Quando Deus mudá-lo, você não
terá que se lembrar o tempo inteiro que precisa ser diferente.
Você não terá que ficar se segurando o tempo inteiro para não
estourar. Quando Deus mudá-lo, você talvez nem saiba explicar
como aconteceu. Você somente dirá: “Eu não sei como mudei,
só sei que eu era de um jeito e, depois do toque de Deus, eu
fiquei diferente do que eu era!”.
Não somos nós que nos mudamos, todavia podemos coo-
perar com Deus nesse processo de transformação. Você pode
cooperar pedindo para ver a mão oculta no meio das sombras.
Você coopera parando de enxergar apenas o homem e procuran-
do ver a mão dEle por detrás do homem. Muitos conseguem
ver apenas o fulano que não gosta dele! Ou o ciclano que o
persegue! É o chefe que não presta! O vizinho é que é um terror!
É o seu líder que não o entende! Você quer ser mudado? Enxer-
gue a mão que está escondida atrás dessas pessoas. Deus está
usando aquela pessoa para tratar com você e está usando aquela
outra para lhe ensinar algo.
Nada acontece com você por acaso, a mão de Deus lhe
cerca por trás e por diante. Deus coordena circunstâncias ao
seu redor para que, de alguma maneira, elas cooperem para o
seu crescimento.
Não tente estabelecer um padrão para Deus. Para alguns,
Ele quer ensinar a ser mais manso, mas, para outros, Ele quer
208 ensinar a ser mais colérico. Alguns têm que aprender a ficar
mais parados, mas para outros Deus cria situações para que
saiam do lugar.
Para quem está indo devagar, Deus põe o fogo atrás; para
quem está indo depressa demais, Deus põe fogo na frente. Deus
é quem sabe o que você precisa. Ele é que sabe o que está sobran-
do e o que está faltando nesse vaso. Basta lembrarmos que Ele
O PODER SECRETO DO BARRO

nos está moldando de acordo com o molde. Ele tem diante de


Si um vaso que é o padrão, o Senhor Jesus.
Você é a obra prima de Deus. Deus está operando em você de
tal maneira que, no futuro, pela eternidade, haja milhões de
filhos de Deus, todos semelhantes a Jesus. Ele completará a obra
que Ele tem começado. Mas você precisa cooperar porque o
poder da mudança está no barro.

3. O Deus da segunda chance


Deus não desiste, Ele é o Deus da segunda chance. No verso
quatro lemos:
Como o vaso que o oleiro fazia de barro se lhe estragou na
mão, tornou a fazer dele outro vaso, segundo bem lhe pare-
ceu. (Jr 18.4)

O que o oleiro fez? Jogou o vaso fora? Desistiu dele? Não.


Ele tornou a fazer outro. Talvez Deus estivesse trabalhando em
você, mas, por alguma razão, houve um retrocesso. Tudo estava
indo tão bem, já se podia perceber a forma do vaso, quando de
repente o vaso se quebrou.
Isso pode acontecer quando o vaso se recusa a tomar a forma
que o oleiro está querendo dar a ele. Quando o barro se recusa,
o vaso estoura. O que é isso na prática? São irmãos que estão
seguindo na jornada com o Senhor, Deus está operando na vida
deles, moldando-os a cada dia. A gente percebe o crescimento, o
desejo de aprender, de cooperar na obra como líderes. Mas aí
vêm as pressões sobre eles e, ao invés de responderem ao oleiro,
eles dizem: “De que adianta ser fiel? Estou fazendo tudo certo, e
o que acontece comigo? Olha a minha situação!”. Esses são va-
sos se desfazendo nas mãos do oleiro. Eles terão que começar
tudo de novo! 209
Quantos têm repetido ciclos interminavelmente? Já é tempo
de encerrar esse ciclo de repetição na sua vida. Responda a Deus
e seja o vaso que Ele espera de você. Mas não esqueça, o mais
maravilhoso a respeito disso é que Deus não desiste.
Como o Senhor é paciente! Ele sempre se dispõe a começar
de novo. O Senhor é incansável nessa obra. Porque Deus é o
CURANDO A FÉ EM 21 DIAS

Deus da segunda oportunidade! Na escola de Deus, há recupera-


ção. Mais ainda, Ele é o Deus dos repetentes. Ele não expulsará
você da escola se não alcançar o padrão, a média, Ele simples-
mente repetirá a lição com você. Há grande consolo nisso, “o
oleiro não desiste do vaso.”.
Eu louvo a Deus porque em minha vida há áreas em que eu
pensava já estar pronto, mas Deus me disse: “Ainda não, você
precisa ser escavado mais!”. Há horas em que oleiro enfia a mão
dentro do vaso, para lhe dar profundidade, para alargá-lo, para
que ele possa conter mais do óleo, do perfume que ele deseja
colocar lá dentro. Se o vaso, ao ser moldado, vier a se quebrar ou
se tornar algo diferente da intenção do oleiro, Ele pode quebrá-
lo e moldá-lo novamente.

4. O barro deve ser amaciado


Algumas vezes o oleiro precisa amaciar o barro com a água da
Palavra e com o óleo do Espírito. Naqueles dias os oleiros em
Israel amaciavam a argila misturando-a com água e óleo. A água
é um símbolo da Palavra de Deus colocada dentro de nós. Quan-
to mais você receber a Palavra, mais você é transformado.
Todos nós devemos ter a Palavra queimando em nossos co-
rações constantemente. A igreja primitiva se reunia todos os dias,
para que pudessem continuamente receber uma Palavra viva. É a
Palavra que espevita a brasa e reacende o fogo em nós. Quanto
mais a Palavra é colocada em você, mais você é quebrantado e
amaciado para que a mão de Deus possa operar.
O óleo aponta para a unção. Unção é fruto de oração. Quem
não ora não tem unção. O óleo é resultado de intimidade, por
estarmos aos pés dEle. Não podemos ignorar a oração diária, o
jejum, a adoração contínua. É preciso investir tempo na presen-
210 ça de Deus. Ore para que a TV não ganhe do Senhor na sua
vida, para que o cinema não ganhe do Senhor na sua vida, para
que o futebol não ganhe do Senhor na sua vida, mas que haja
óleo sobrando para poder amaciar você e encharcá-lo de Deus.
O PODER SECRETO DO BARRO

5. O vaso deve ser levado ao fogo


Todos gostamos do produto acabado, mas nem sempre apre-
ciamos o processo.
O último estágio no processo de modelagem ocorre quando
o vaso é colocado no fogo. O fogo é a maneira do Senhor nos
trazer consistência e solidez, tornando-nos vasos realmente úteis
para o serviço.
É no fogo que a imagem desenhada por Deus no vaso fica
impregnada e, então, não sairá mais. É no fogo que os elemen-
tos se fundem e o que era só uma argila se transforma em algo
sólido, forte e útil nas mãos de Deus.
Deus já tem operado em você, mas você tem respondido ao
oleiro? Ou a cada vez que Ele o espreme, ou aperta, você estoura
na mão do oleiro, levando-o a começar tudo de novo? Será que
ano após ano você tem patinado no mesmo estágio? É tempo de
respondermos a Deus.
Deus também nos muda mudando nossas mentes. Paulo diz
que somos transformados pela renovação da mente (Rm 12.1,2).
Deixe eu lhe dar um exemplo de como é importante renovar
nossa mentalidade. Você sabia que elefantes são animais que che-
gam a pesar seis toneladas? Na Índia e na Tailândia, os habitantes
usam elefantes para carregar grandes toras de madeiras, que che-
gam a pesar duas ou três toneladas. Os elefantes são capazes de
carregar todo esse peso apenas com a tromba, são capazes de
empurrar caminhões ou tratores por muitos metros, tal é a força
desse animal. Mas algo interessante acontece. Esses animais tão
poderosos são presos com correntes frágeis, que eles poderiam
arrebentar facilmente. Por que os Elefantes, que conseguem le-
vantar toras tão grandes, não arrebentam essas correntes? Tudo é
resultado de um método usado pelos treinadores quando os ele- 211
fantes ainda são pequenos. Nessa fase ele não tem força suficien-
te para arrebentar as correntes e os treinadores amarram os pés
dos filhotes com essas correntes. Os animais ficam presos, se
debatendo, até que concluam que não conseguem rompê-las.
No dia em que o filhote pára de se debater e se conforma que
não consegue romper a corrente, então ele é solto. Depois disso,
todas as vezes que quiserem prendê-lo é só colocar a corrente.
CURANDO A FÉ EM 21 DIAS

Ele nem tentará arrebentá-la. Elefantes não sabem que cresce-


ram, eles não sabem que ficaram fortes e, quando eles vêem os
treinadores colocando as correntes, eles se lembram apenas do
tempo que tentaram arrebentar e não conseguiram. Eles não
podiam no começo, mas, depois de um processo de crescimen-
to e fortalecimento, hoje eles poderiam, mas não arrebentam
porque foram condicionados em suas mentes.
O que eu quero dizer com isso é que há irmãos que foram
condicionados em suas mentes a viverem escravos de coisas das
quais poderiam se livrar facilmente. O problema é que o diabo
os convenceu de que não há jeito. E muitos cristãos nem perce-
bem que já cresceram em Deus, que a força dEle em suas vidas
hoje é muito grande, capacitando-os a arrebentar qualquer cor-
rente do inferno em suas vidas.
O oleiro já tem trabalhado em sua vida e você tem crescido,
você tem alcançado outro patamar. Hoje se veja livre das amar-
ras da infância, das garras do passado, das cadeias do diabo que
aprisionam você.
Deus quer mudar nossas motivações. Ele quer mudar nossas
reações e o nosso caráter. Deus quer mudar nossos conceitos e
moldar a nossa vida para parecermos com Jesus.

Você consegue se enxergar como um vaso de barro nas


mãos de Deus? Você entende a importância de deixarmos
Deus nos moldar para que possamos crescer conforme o
Seu propósito?
Você tem visto Deus moldá-lo por meio das circunstâncias
de sua vida? Em que áreas de sua vida Deus tem se mostra-
212 do como oleiro para lhe moldar?
Coloque-se diante do Senhor, peça que Ele sonde seu cora-
ção. Disponha-se a ser um vaso em Suas mãos, cooperando
para o cumprimento do Seu propósito. Entenda que o Se-
nhor não desiste de você e está sempre disposto a começar
de novo. Reconheça que hoje é o dia de um novo começo
para sua vida.
O TREINAMENTO DA TRIBULAÇÃO

20ºdia
O treinamento da tribulação

Tudo o que Deus faz Ele o faz pela Palavra e pelo Espírito. A
nossa dieta espiritual consiste basicamente em comermos a Pala-
vra e bebermos do Espírito. Deus também nos trata pela Palavra
e pelo Espírito Santo. Quando a unção do Espírito e a revelação
da Palavra são liberadas, nós somos tratados e transformados
por Deus. O problema é que algumas vezes ignoramos a Palavra
e a voz suave do Espírito. Deus então se vê obrigado a usar as
circunstâncias para nos instruir. Nenhum de nós jamais chegará
ao ponto de não precisar mais ouvir de Deus nas circunstâncias.
Deus, em Sua soberania, permite situações para tratar conosco
e nos levar a atingir níveis novos diante dEle. Podemos dizer
com toda ousadia que nada acontece conosco por acaso. Para
nós, não há coincidência, há providência de Deus.
Muitos ficam desanimados quando passam por situações de 213
tribulação ou de deserto, mas tudo fica mais fácil quando enten-
demos os propósitos de Deus. Não podemos exaurir todas as
intenções de Deus, mas cremos que estas são as mais comuns a
todos nós.
CURANDO A FÉ EM 21 DIAS

1. Transformar-nos à imagem de Jesus Cristo


Esse processo é relatado na Segunda Carta aos Coríntios.
E todos nós com o rosto desvendando, contemplando, como
por espelho, a glória do Senhor, somos transformados de glória
em glória, na sua própria imagem, como Senhor. (2Co 3.18)

A palavra “transformados’’ no verso acima, no original grego,


é “metamorphos”, que significa “mudança completa de um for-
mato em outro”. É a raiz da palavra científica usada para descre-
ver o processo de transformação de uma lagarta em borboleta –
de um formato para um outro completamente diferente –, a
metamorfose, um processo que leva tempo e gasta energia.
O cristão também precisa passar por uma metamorfose. A
cada dia, o cristão que segue ao Senhor e responde positivamen-
te aos tratamentos de Deus tem mais e mais da sua natureza
restaurada e transformada à imagem do Senhor Jesus.
Lembre-se que Jesus aprendeu a obediência pelas coisas que
sofreu (Hb 2.10 e 5.8). Nós sempre temos algo a aprender nas
circunstâncias que nos fazem sofrer.

2. Limpar toda sujeira


Deus quer nos tornar puros. Ele está constantemente levando
Seu povo ao fogo através dos Seus tratamentos. Em todo o mun-
do, está havendo muita pressão e calor sobre o povo de Deus. Esse
calor está ordenado por Deus, para purificar o Seu povo. Essa
purificação significa “refinar, tornar puro, mudar pelo calor”.
O povo de Deus, como o metal, é preparado para uso. Toda
a sujeira e sobras são trazidas à superfície para serem lançadas
fora. Escória é “aquilo que é lançado fora”, matéria que sobra, a
214 parte que não é aproveitável. Deus está nestes dias removendo
todo o excesso e escória do Seu povo. Ele quer o desenvolvi-
mento do caráter em todos os Seus filhos (Is 1.22-25; Ez
22.18,19; Mt 3.12; 2Tm 2.21).
O pisoeiro era um artesão que limpava todas as fibras de um
pano, para que o tecido pudesse se tornar um lindo traje.
Freqüentemente, ele estabelecia seu negócio perto de riachos e,
O TREINAMENTO DA TRIBULAÇÃO

depois de lavar os tecidos várias vezes, os estendia sob pedras


achatadas. Depois ele batia os panos crus com um bastão de
pisoeiro, um bastão enorme, com dentes de ferro que serviam
para extrair sujeira dos panos. Conforme ele batia nos panos
crus, todos os fragmentos e sujeiras iam à superfície e a água os
varria. Por esse processo, o material era limpo. Após a limpeza,
o material estava pronto para o artífice, para transformá-lo em
um magnífico traje.
Malaquias 3.1-3 diz que Jesus é como “o fogo do ourives e
como a potassa (detergente) dos lavandeiros”. Ele sabe como
nos bater sem machucar. Deus tem um bastão, que Ele usa para
extrair toda a sujeira da vida dos cristãos. Deus não usa Seu bas-
tão simplesmente para ostentar o poder, mas para purificar os
Seus filhos.

3. Produzir frutos em nossas vidas


Em João 15 temos a videira e os ramos. O agricultor que
poda a vinha deverá, às vezes, usar a tesoura de podar. Os galhos
mortos devem ser cortados de maneira a não extrair a seiva ne-
cessária aos galhos vivos. Os galhos que não dão frutos são cor-
tados. Mas as varas que dão frutos são podadas para dar mais
frutos ainda. Deus irá podar, refinar e cortar as varas que dão
frutos para produzirem mais frutos. O propósito de Deus é sem-
pre positivo e redentor. Aqueles que desejarem mais frutos serão
os mais podados.

4. Produzir quebrantamento
Entretanto, o firme fundamento de Deus permanece, tendo
este selo: O Senhor conhece os que lhe pertencem. E mais:
Aparte-se da injustiça todo aquele que professa o nome do
Senhor. Ora, numa grande casa não há somente utensílios de 215
ouro e de prata; há também de madeira e de barro. Alguns,
para honra; outros, porém, para desonra. (2Tm 2.19,20)

A partir do momento em que o vaso é formado do barro


até o momento em que é retirado do forno, ele é submetido a
um processo definido de formação. A aplicação das mãos do
oleiro sobre o vaso às vezes é dura e firme. A roda do oleiro, o
CURANDO A FÉ EM 21 DIAS

forno, tanto quanto as mãos do oleiro, são todas partes vitais


na preparação do vaso. O propósito de Deus nessa situação é ter
o vaso para Sua honra (veja Jr 17.1-10).
As circunstâncias produzem quebrantamento e, quando
estamos quebrantados, somos como a rocha ferida de onde flui
a água do Espírito. Os padrões de Deus são completamente di-
ferentes dos padrões do mundo. Para Deus, o vaso útil não é
aquele inteiro e bonito, antes é aquele que foi quebrado, pois
somente este pode manifestar a beleza do tesouro que estava
escondido. E nós sabemos que o tesouro é Cristo. De certa ma-
neira, quando somos quebrantados, temos a oportunidade de
manifestar Cristo ao mundo.

5. Alargar as nossas vidas


O profeta Isaías proclama: “amplia o espaço de tua tenda” (Is
54.2). Figuradamente, o verso mostra que Deus quer ampliar a
experiência de Seus filhos a fim de que recebam mais do Senhor
e também possam ser mais úteis a Ele.
Romanos, 5.3,4, diz que a tribulação produz experiência.
Precisamos de fé, de unção e de conhecimento, mas nada subs-
titui a experiência. Deus quer que tenhamos experiências com
Ele no meio das tribulações.
É gostoso ouvir um aconselhamento cheio de conhecimento
e unção, mas somos refrigerados e recebemos graça quando ou-
vimos: “Eu te entendo, eu também já passei por isso!”. Pessoas
que não foram “alargadas” em suas experiências não são tão úteis
nas mãos de Deus.
O propósito do tratamento de Deus é nos alargar de muitas
maneiras e não apenas em nossa experiência. Deus deseja expan-
dir o nosso ministério e a nossa função na casa do Senhor, assim
216 como o nosso caráter.
Há algumas áreas em nossas vidas que Deus quer alargar:
• Nossa Visão – quando passamos por circunstâncias
difíceis, nós enxergamos coisas que antes não víamos e ou-
tras enxergamos de uma maneira diferente.
O TREINAMENTO DA TRIBULAÇÃO

• Nossos corações – tendemos a ser muito mais pacien-


tes e tolerantes com os outros quando somos tratados por
Deus.
• Nossas fronteiras – passamos a valorizar e nos relacio-
nar com pessoas que antes não toleraríamos.
• Nossa força – quando passamos pela tribulação nos
tornamos muito mais fortes e resistentes na luta espiritual.
• O nosso conhecimento de Deus – não poderíamos
conhecer a Deus como o Senhor que cura se não passásse-
mos pela enfermidade.
• Alargar a nossa fé – a nossa fé se desenvolve e é testada
pelas circunstâncias.

6. Levar-nos a uma busca intensa de Deus


Todos nós já aprendemos que as circunstâncias produzem
pressão e a pressão produz oração e clamor. O primeiro princí-
pio da oração eficaz é a necessidade.
O Senhor trará as pressões e o calor sobre Seus filhos em
períodos específicos, para motivá-los a buscá-lO. A pressão
não é para desviá-los de Deus, mas para colocá-los na direção
do Pai. Muitas vezes, os tempos difíceis e as circunstâncias duras
são mal interpretadas pelo crente. Todos esses tratamentos são
para motivar o homem a se voltar para Deus como a sua única
força. Um filho de Deus deve aprender a buscá-lo em tempos
difíceis, para que aprenda a ajudar outros a fazer o mesmo.
Jesus aprendeu pelo que sofreu. É a experiência que nos capa-
cita a ajudar os outros.
Todas as pressões, aflições e provas que vem sobre nós agora
são para operar algo eterno (2Co 4.16-18). Não devemos olhar
apenas para o presente, analisando aquele momento. Precisa-
mos encarar o futuro, pensando no fruto eterno que estará em 217
nós, e, através de nós, na vida de outros. Dons são dados, mas o
caráter é desenvolvido. O caráter tem valor eterno, irá conosco
para a Eternidade (1Co 13.8;13).
Embora Deus não produza todas as circunstâncias, Ele faz
com que todas elas cooperem para o nosso bem (Rm 8.28).
CURANDO A FÉ EM 21 DIAS

7. Para produzir em nós perseverança


Meus irmãos, tende por motivo de toda alegria o passardes por
várias provações, sabendo que a provação da vossa fé, uma vez
confirmada, produz perseverança. Ora, a perseverança deve
ter ação completa, para que sejais perfeitos e íntegros, em nada
deficientes. (Tg 1.2-4)

As provações por que passamos são motivo de júbilo diante


de Deus. Elas são parte do plano de Deus para nos levar à perse-
verança e a Palavra de Deus diz que é na perseverança que ganha-
remos nossas almas. Além disso, a perseverança nos leva à perfei-
ção, ou seja, a sermos imagem e semelhança de Jesus Cristo.

8. Para dar experiência


E não somente isto, mas também nos gloriamos nas próprias
tribulações, sabendo que a tribulação produz perseverança; e a
perseverança, experiência; e a experiência, esperança. (Rm 5.3,4)

As provações e tribulações nos permitem sermos experien-


tes. Já percebeu como o conselho de alguém experiente tem
muito mais impacto do que o de outra pessoa teórica no as-
sunto? Glorifique a Deus pelas tribulações, elas farão de você
um cristão experiente.

9. Para conhecermos a Deus e o Seu poder


Então, ele me disse: A minha graça te basta, porque o poder se
aperfeiçoa na fraqueza. De boa vontade, pois, mais me gloriarei
nas fraquezas, para que sobre mim repouse o poder de Cristo.
Pelo que sinto prazer nas fraquezas, nas injúrias, nas necessida-
des, nas perseguições, nas angústias, por amor de Cristo. Por-
218 que, quando sou fraco, então, é que sou forte. (2Co 12.9,10)

Quem nunca passou por provações nunca precisou conhecer


o poder de Deus. Quando você passa por uma tribulação e de-
pende do Senhor, Ele se mostrará a você e você conhecerá o Seu
maravilhoso poder. Você será mais íntimo de Deus por estar
buscando-O com mais intensidade.
O TREINAMENTO DA TRIBULAÇÃO

10. Para conhecermos a nós mesmos


Muitos cristãos acham que são supercrentes e acabam criando
uma independência espiritual até mesmo de Deus. As tribulações
são um meio de Deus nos mostrar como somos dependentes do
Seu amor e, assim, Ele nos afasta da arrogância e da soberba. Só
sabemos quem é o homem na hora da crise. Nessa hora mani-
festamos nosso caráter e mostramos se o nosso coração está real-
mente no Senhor.

Que áreas de sua vida você sente que Deus tem tratado
com você? Você consegue ver a mão de Deus por trás das
circunstâncias?
As situações que Deus tem permitido em sua vida têm leva-
do você a conhecê-lO em um nível mais profundo? Ou
você tem se afastado e ido rumo ao Egito? Você crê que sua
vida está nas mãos de Deus e que tudo está debaixo do Seu
governo?
Faça uma oração de entrega ao Senhor, expresse sua grati-
dão por ser Seu filho e por crer que Deus está no controle de
todas as coisas.

219
CURANDO A FÉ EM 21 DIAS

220
DEUS USA O QUE TEMOS NA MÃO

21ºdia
Deus usa o que temos na mão

Há um princípio muito interessante na Palavra: Deus sem-


pre começa a partir do que temos nas mãos. Muitas vezes fica-
mos esperando uma provisão sensacional ou um dom extraor-
dinário para avançarmos diante de Deus, mas a bênção de Deus
começa com o que temos, ou seja, Deus pega as coisas simples e
aparentemente insignificantes e as usa de forma sobrenatural.
Alguns esperam grande anjos resplandecentes com espadas à mão,
outros buscam um homem de Deus sensacional que apenas le-
vante a mão para que o poder desça do céu. Mas, quase sempre,
isso não acontecerá. Deus usará o que está à sua mão, assim
como Deus fez com Moisés.
Antes de enviá-lo a Faraó, o Senhor perguntou a Moisés:
“Que é isso que tens na mão?” (Êx 4.2). Moisés ouviu essa per-
gunta um tanto perplexo, afinal ele era um pastor de ovelhas e o 221
que ele tinha às mãos era uma vara – um bordão – usada para
apascentar o rebanho. Com a vara, Moisés apartava as ovelhas e
lhes mostrava o caminho. Mas obedecendo a Deus, Moisés jo-
gou a vara no chão e a vara virou uma cobra. Moisés pegou a
cobra pelo rabo e ela se transformou em vara novamente. Deus
fez isso com a vara de Moisés para mostrar que o que está em
nossas mãos nem sempre é só o que estamos vendo.
CURANDO A FÉ EM 21 DIAS

O que você tem em sua mão que possa ser útil a Deus? O
que está em sua mão pode ser muito maior, muito mais útil,
muito mais versátil do que imaginamos. O que você tem em
sua mão não é tão desprezível e sem valor como você supõe.
Pode ser que Deus use de maneira nova o que Ele tem colocado
em suas mãos.
Não que aquela vara fosse uma varinha mágica dos contos de
fada. Não havia poder especial naquela vara, todo o poder estava
nas mãos de Deus. Ao Senhor pertence a força e o poder.
Vejamos, então, três situações em que Deus usou o que os
Seus filhos tinham nas mãos.

1. Para mudar as circunstâncias


Na ocasião em que o povo hebreu estava diante do mar ver-
melho, tendo o exército de Faraó atrás deles, Moisés clama ao
Senhor, mas Ele lhe responde: “Por que clamas a mim? Diz aos
filhos de Israel que marchem. E tu, levanta o teu bordão, esten-
de a mão sobre o mar e divide-o, para que os filhos de Israel
passem pelo meio do mar em seco” (Êx 14.16). Mais uma vez
Deus usa a vara que estava na mão de Moisés. A pergunta que
Deus fez a Moises é a mesma que Ele nos faz hoje.
Eu quero lhe mostrar três situações na Bíblia em que Deus
usou o que estava à mão – o que parecia improvável e sem sen-
tindo – de maneira extraordinária para nos mostrar o Seu poder.
Ao fazer uma analogia da situação de Moisés, vemos que
Faraó estava atrás dele. Faraó simboliza o nosso passado, o que
está atrás de nós. Assim como Faráo, o passado faz algumas coi-
sas conosco.
222 a) O passado nos escraviza
Moisés estava esmagado em meio a duas pressões. Atrás do
povo, Faraó vinha galopando com seu exército, à frente de
Moisés estava o mar. Nesse contexto, Faraó simboliza o passado
e o mar simboliza o futuro. E nós na praia, espremidos por dois
gigantes: atrás o passado, que nos puxa para um estilo de vida
antigo; e à frente o mar, com todo o medo do desconhecido.
DEUS USA O QUE TEMOS NA MÃO

Quando nos encontramos no meio de uma situação angustian-


te, temos a tendência de retroceder para os velhos padrões, os
velhos amigos e as práticas antigas. A nossa atitude diante da
pressão de um futuro incerto é quase sempre voltar a algo co-
nhecido, mesmo que tenha sido ruim. O problema é que, ao
voltar ao passado, nós retrocedemos à escravidão de Faraó, ao
passado que nos escraviza.
Muitos estão presos à culpa, à condenação, à acusação e a um
eterno desejo de reparação. O resultado disso é que vivem olhan-
do para trás.

b) Destrói o nosso potencial


O povo de Israel, como escravos no Egito, estava condenado
à mediocridade. Se somos presos ao passado, não temos desafi-
os novos e, por isso, também não temos crescimento.
Voltar ao passado destrói o nosso potencial porque o passado
nos escraviza em uma rotina que já conhecemos, então repetimos
o que já sabemos dia após dia. Não há desafios, não há nada novo.
Dessa forma o nosso potencial fica limitado e restrito.
O passado é importante, ele nos dá um referencial, a base de
nossas experiências. Os erros e os acertos do passado nos dão um
norte para o que desejamos no futuro. Todavia, apesar de ser
importante, não podemos voltar ao passado. Nós fomos cria-
dos para desafios. É hora de soltar as amarras do passado, entrar
no mar e sair da zona de segurança.

c) Dá-nos uma falsa segurança


O passado é uma rotina conhecida. Sempre que vivemos na
rotina temos uma ilusão de segurança. No deserto, o povo re-
clamou que, apesar de terem sido escravos, havia sempre pão
para comer (Êx 16.3). 223
A maior razão para voltar ao passado é o desejo equivoca-
do de segurança, de ter completo controle sobre tudo, de
não correr riscos. Nosso receio é de ficarmos sem saída na
caminhada até Canaã e termos de recorrer a Deus. Ficar preso
ao passado, ainda que não seja algo declarado, é não precisar
depender de Deus.
CURANDO A FÉ EM 21 DIAS

d. Suga as energias sem produzir nada significativo


Moisés queria avançar, mas para onde? Diante dele só havia
um grande mar, que simboliza o futuro, algo misterioso, peri-
goso, mas profundamente irresistível.
Aqueles que vivem presos ao passado trabalham muito, mas
realizam pouco. Quando a escravidão do passado e o desafio do
futuro nos prendem como dois gigantes, nós clamamos a Deus e
o Senhor nos responde dizendo que a saída está em nossas mãos.
Moisés está diante do mar e ouve uma pergunta
desconcertante de Deus: “Por que clamas a mim?” (Êx 14.15).
Esse, talvez, seja um dos únicos momentos em que Deus man-
dou Seu servo parar de orar. O Senhor está na verdade dizendo:
“Agora não é hora de clamar, agora é hora de atacar”. Há tempo
para tudo, há a hora de parar de orar e a hora de avançar. Deus
disse a Moisés: “Avance! Lembre-se do que Eu coloquei em suas
mãos. Use a vara e o mar vai se abrir”.
Se não avançarmos para fora da zona de segurança não expe-
rimentaremos o melhor de Deus em nossas vidas. Se não tiver-
mos a ousadia de pisar no mar, de sair da terra firme, crendo que
o mar vai mesmo se abrir e que algo acontecerá, nossa vida está
fadada à mediocridade, a ser um projeto insignificativo aos olhos
de Deus e aos dos homens.
Será que já não chegou o tempo de você avançar? Assim como
Deus usou a vara nas mãos de Moisés, Ele usará o que você tem
na sua mão hoje. Você enfrentará o que vier pela frente com o
que tem nas mãos. Lembre-se do que Deus perguntou a Moisés:
“O que você tem nas mãos?”.

2. O que está em nossas mãos fará o mar se abrir


224 Para abrir o mar à nossa frente, Deus usará o que está em
nossas mãos. Mas, antes disso, precisamos cumprir algumas con-
dições de Deus.

a. Precisamos ter visão espiritual


Quem imaginaria que uma vara pudesse ter tamanha utilida-
de? Precisamos atribuir o valor correto a cada coisa. Um irmão
DEUS USA O QUE TEMOS NA MÃO

trabalhava como amolador de alicates de unhas. Uma profissão


aparentemente insignificante. Mas Deus abençoa o que temos
nas mãos. Aquele irmão começou a descobrir formas de avançar
e prosperar a partir daquilo. Ele começou a vender para as mani-
cures produtos para salão de beleza. As manicures vinham para
amolar alicates e saiam com outros produtos. Depois de algum
tempo, ele se tornou um grande fornecedor desses produtos.
Mas tudo começou com o que ele tinha nas mãos.

b. Precisamos ter fé
É difícil crer que possamos avançar somente com uma vara.
O que é uma vara contra o mar? As portas do inferno são gran-
des e poderosas, mas uma simples chave é maior do que ela. É
exatamente isso que o Senhor nos deu, as chaves. Não importa
quão grandes sejam as portas, nós temos as chaves. Ainda que as
chaves sejam pequenas, elas prevalecem contra a porta. Ainda
que em suas mãos esteja algo aparentemente insignificante, é a
chave para destravar o seu futuro. É preciso fé para ver a mão de
Deus em nosso pequeno suprimento.

c. Uma atitude de radicalidade


A fé é extremamente radical, é correr riscos com Deus. Se o
mar não se abrir, morreremos afogados, mas não voltaremos ao
passado com Faraó.
Diante de nós há um grande desafio. Há algo a ser realizado,
um futuro a ser conquistado, um potencial a ser desenvolvido.
Tudo isso pode parecer um mar grande e ameaçador. Nós temos
de começar com o que Deus colocou em nossas mãos ainda que
seja uma pequena vara.

3. Deus usa o que está em sua mão para vencer o 225


inimigo
Saul vestiu a Davi da sua armadura, e lhe pôs sobre a cabeça
um capacete de bronze, e o vestiu de uma couraça. Davi
cingiu a espada sobre a armadura e experimentou andar, pois
jamais a havia usado; então, disse Davi a Saul: Não posso andar
com isto, pois nunca o usei. E Davi tirou aquilo de sobre si.
CURANDO A FÉ EM 21 DIAS

Tomou o seu cajado na mão, e escolheu para si cinco pedras


lisas do ribeiro, e as pôs no alforje de pastor, que trazia, a saber,
no surrão; e, lançando mão da sua funda, foi-se chegando ao
filisteu. (1Sm 17.38-40)

Aqui está uma outra pessoa, em outra circunstância, diante


de outro desafio. O desafio de Moisés era vencer uma circuns-
tância, mas o de Davi era vencer um inimigo. O que Deus usou
para que Davi vencesse o gigante não seria a armadura de Saul.
Davi enfrentou o gigante com o que tinha na mão, cinco pe-
dras, que ele levou para a peleja. Você iria para uma guerra com
cinco pedras? Golias até disse: “Você acha que eu sou algum
cachorro para você vir contra mim com pedras?”. Mas Davi foi
com o que estava em suas mãos. Mesmo que o que esteja em
suas mãos pareça ridículo, mesmo que pareça pequeno; se é o
que Deus lhe deu, então é com isso que você derrubará o gigante
no nome de Jesus.
Por exemplo, nós temos as cinco pedrinhas, as células.
Olhando ninguém acredita, mas com essas pedras ganharemos
nossa cidade. Elas parecem uma estrutura frágil, pequena. Pa-
rece que não atingiremos coisa alguma, mas, daqui a algum
tempo, você verá como avançamos e derrubamos o gigante.
Para Saul, Deus deu uma armadura mas, para nós, Ele deu
cinco pedras, que eram poucas, mas já são milhares. Uma sim-
ples pedra bem atirada na cabeça do gigante o fez cair. Essa
pequena pedra pode virar uma bomba atômica pelo poder de
Deus. O segredo não estava nem em Davi, nem na pequena
pedra, mas no poder de Deus.
Se o que você tem parece pequeno para abrir o mar ou der-
rubar o diabo, não tenha receio. Ouço constantemente as pesso-
as se desculpando: “Pastor, eu conheço tão pouco de Bíblia para
ser um líder”. Você não precisa conhecer toda a Bíblia, basta
226 apenas uma pedra para derrubar Golias. Cada versículo é como
uma pedra e você tem muito mais que uma pedra para ser usa-
da. Eu creio que toda circunstância pode ser vencida com aquilo
que está na sua mão.
DEUS USA O QUE TEMOS NA MÃO

4. Deus usa o que está em sua mão para lhe fazer


prosperar
Então, Jesus, erguendo os olhos e vendo que grande multidão
vinha ter com ele, disse a Filipe: Onde compraremos pães para
lhes dar a comer? Mas dizia isto para o experimentar; porque
ele bem sabia o que estava para fazer. Respondeu-lhe Filipe:
Não lhes bastariam duzentos denários de pão, para receber
cada um o seu pedaço. Um de seus discípulos, chamado An-
dré, irmão de Simão Pedro, informou a Jesus: Está aí um rapaz
que tem cinco pães de cevada e dois peixinhos; mas isto que é
para tanta gente? (Jo 6.5-9)

O resto da história nós sabemos: com cinco pães e dois


peixinhos, Jesus alimentou uma multidão. Havia a necessidade
de dinheiro suficiente – mais de 200 denários – para comprar
pão. Talvez o seu problema seja a falta de recursos e você precise
de muito mais do que tem. Deus, porém, mudará a sua circuns-
tância apenas com o que você tem. Deus usa o que está na sua
mão para mudar a sua situação financeira. Deus fará com que
você prospere através do que está em sua mão. Você está cla-
mando ao Senhor do mesmo jeito que Moisés clamou a Deus à
beira do mar. E Deus disse para Moisés o mesmo que diz para
você hoje: “Pare de clamar e aja”.
Prosperar – ter uma vida financeira equilibrada – é a vontade
de Deus para você. De acordo com o seu padrão, com o seu nível
e o seu sonho, Ele dará para você usando aquilo que você tem nas
suas mãos. O que Jesus tinha nas mãos naquele momento? Ape-
nas cinco pães e dois peixinhos (Jo 6.9). Aquilo não era nada
diante da necessidade de milhares. Todavia, é o que temos nas
mãos que será o instrumento do milagre da multiplicação de Deus.

5. Ponha o seu foco nos que está em suas mãos 227


Certa mulher, das mulheres dos discípulos dos profetas, cla-
mou a Eliseu, dizendo: Meu marido, teu servo, morreu; e tu
sabes que ele temia ao SENHOR. É chegado o credor para
levar os meus dois filhos para lhe serem escravos. Eliseu lhe
perguntou: Que te hei de fazer? Dize-me que é o que tens em
casa. Ela respondeu: Tua serva não tem nada em casa, senão
uma botija de azeite. (2Rs 4.1,2)
CURANDO A FÉ EM 21 DIAS

Quando colocamos a nossa atenção nos problemas, tudo o


que vemos é o que nos falta. A viúva havia perdido o marido,
sua situação era desesperadora, seus filhos estavam quase sendo
vendidos como escravos para os credores.
Observe que a viúva não conseguia ver nada além do proble-
ma. Ela disse: “Tua serva não tem nada em casa”. A atenção dela
estava focalizada no nada. Todavia, fé é ver alguma coisa atrás do
nada. A fé vê possibilidades ao invés de impossibilidades; poten-
cial ao invés de impotência; adição ao invés de subtração; colhei-
ta ao invés de fome, multiplicação ao invés de divisão.
Não se pode multiplicar o nada. Zero vezes qualquer coisa é
igual a zero. Eliseu ajudou aquela mulher a ver que ela tinha em
suas mãos uma botija de azeite. Quando a atenção dela se des-
viou para o que estava em suas mãos, a sua fé fluiu para tomar
posse do suprimento de Deus.
Deus não vem a nós perguntando o que não temos. Ele per-
gunta o que temos nas mãos. O milagre começa a acontecer
quando desviamos a atenção do que não temos para o que te-
mos. O que aquela viúva chamou de nada, uma botija de azeite,
foi o instrumento para o milagre de Deus. Pare de ficar lamen-
tando tudo o que você não tem ou perdeu. Abra os seus olhos e
veja o que você tem, o que está nas suas mãos. Esse será o instru-
mento do milagre de Deus.

As circunstâncias estão oprimindo sua vida? Você tem se


sentido sem provisão e desamparado? Você tem se sentido
acusado pelos erros do passado?
228 Há algo em suas mãos que Deus possa usar para mudar sua
história? Você crê na provisão de Deus? Você tem disposi-
ção de ter, a partir de hoje, uma atitude de fé?
Avalie diante de Deus o que Ele tem colocado em suas
mãos. Declare em fé que o que está em suas mãos é o sufici-
ente para Deus fazer o milagre acontecer. Profetize. Assuma
a atitude de crer, de agir pelas promessas de Deus em sua
vida e “pise na água’.
Sobre o Livro

Categoria • Devocional - Jejum


Fim de execução • Abril de 2007

Formato • 14 x 21 Cm
Mancha • 11 x 18,4 Cm
Tipo e corpo/entrelinha • AGaramond • 12/12,2 (texto);
AGaramond • 24/28,8 (títulos); AGaramond • 14/16,8 (subtítulos);
AGaramond • 12/14,4(tópicos)

Papel • Sulfite 70g/m² (miolo); Supremo 250 g/m² (capa)

Tiragem • 7 mil exemplares


Impressão • Gráfica e Editora Renascer
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