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Casa Cruzeiro do Sul

LIVRO DE CONSULTA E
INSTRUÇÃO BÁSICA.
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CASA CRUZEIRO DO SUL – LIVRO DE CONSULTA E INSTRUÇÃO BÁSICA.


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LIVRO DE CONSULTA E DE INSTRUÇÃO BÁSICA.


BOOK OF CONSULTATION AND BASIC INSTRUCTION.

Instruído, compilado e lavrado na forma do Regimento Interno da Casa Cruzeiro do Sul.


Instructed, compiled and drafted in the form of the Internal Regulations of Casa Cruzeiro do Sul.

Primeira edição transcrita em seu inteiro teor em 2022.


First edition transcribed in its entirety in 2022.

Este livro foi originalmente concebido, compilado e escrito no ano de 2014 durante a permanência da Casa
(Conventículo da Serpente) no Rosa dos Ventos Conclave de Bruxaria – RVCB. Todo e qualquer conteúdo
produzido por membros que não pertencem atualmente à Casa do Cruzeiro do Sul foi excluído ou modificado.
Houveram inclusões, ampliações e atualizações.

This book was originally conceived, compiled and written in 2014 during the stay of the House (Conventículo da
Serpente) at the Rosa dos Ventos Conclave de Bruxaria – RVCB. Any and all content produced by members who
currently do not belong to Casa do Cruzeiro do Sul has been deleted or modified. There were additions, extensions
and updates.

Disponível em formato digital (somente para membros).


Available in digital format (members only).

Permitida a publicação de novas edições em formato exclusivamente digital, sem prejuízo de versões
impressas.

The publication of new editions in exclusively digital format is permitted, without prejudice to the printed versions.

Proibida a comercialização. Proibido o acesso sem expressa autorização.


Marketing is prohibited. Access without express authorization is prohibited.

Publicado e impresso em Porto Alegre/RS, Brasil, no ano de 2022, ao


Ciclo XVI desde a Fundação da Instituição, sob o L.R. Regnum – Lugus,
Luís Gustavo Pereira, Arquissacerdote.

Published and printed in Porto Alegre/RS, Brazil, in the year 2022, to


Cycle XVI since the Foundation of the Institution, under the L.R. Regnum
- Lugus, Luís Gustavo Pereira, Archpriest.
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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO 5
1.1 Conceito de Bruxaria: Um Ofício Mágico Espiritual 5
1.1.1 Etimologias do Termo “Bruxo” e Possíveis Significados 7
1.2 A Bruxaria e o Sacerdócio 9
1.3 O Fenômeno Bruxa-Sacerdotisa 13
2 A CASA E SUA HISTÓRIA, SUA ESTRUTURA, COSTUMES E CRENÇAS 16
2.1 Histórico da Casa 16
2.2 Orientação e Crenças 17
2.3 Costumes, Celebrações e Calendário Litúrgico 19
2.4 Administração e Estrutura Espiritual 22
2.5 Tabelas e Quadros Elucidativos Erro! Indicador não definido.
3 HISTÓRIA DA BRUXARIA 23
3.1 Introdução ao Fenômeno da Feitiçaria ao Longo do Tempo e do Espaço 23
3.2 Magia em Diferentes Povos 25
3.2.1 Suméria e Babilônia 25
3.2.2 Egito 26
3.2.3 Grécia 26
3.2.4 Roma 27
3.2.5 O pensamento Popular Greco-Romano 28
3.2.6 Terras Nórdicas 29
3.2.7 Terras Celtas 31
3.2.8 África 32
3.3 Idade Medieval, Inquisição e Imaginário Popular 34
3.3.1 Conversão da Europa ao Cristianismo e as sobrevivências pagãs 34
3.3.2 Contexto Social e Religioso da Europa Feudal 35
3.2.3 Heresia Cristã 37
3.2.4 Feiticeiras e Bruxas 37
3.2.5 Imaginário em Relação às Bruxas em um Contexto Feudal 40
3.2.6 Surgimento e características da caças às Bruxas na Idade Média 44
3.3.7 O Declínio da Caça às Bruxas 46
3.4 Século XIX, Século XX e o Fenômeno da Bruxaria Moderna 47
3.4.1 O Fenômeno da Bruxaria Moderna 50
4 CORRESPONDÊNCIAS MÁGICAS E SIMBOLOGIAS 53
4.1 Os Elementos 53
4.1.1 Ar 54
4.1.2 Fogo 55
4.1.3 Água 56
4.1.4 Terra 57
4.1.5 O Espírito 58
4.2 Os Dias da Semana e os Sete Planetas Astrológicos 59
4.2.1 Os Dias da Semana e Correlações Mágicas 62
4.3 Fases Lunares 70
4.3.1 Lua Nova ou Negra 72
4.3.2 Lua Emergente 72
4.3.3 Lua Quarto-Crescente 73
4.3.4 Lua Convexa ou Gibosa 73
4.3.5 Lua Cheia 73
4.3.6 Lua Disseminadora 74
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4.3.7 Lua Quarto-Minguante 74


4.3.8 Lua Balsâmica 75
4.4 Números, Correspondências e Atributos 75
4.5 As Cores, Simbologia e Aplicação 78
4.6 Instrumentos Mágicos 84
4.6.1 Punhal, Adaga, Faca e Espada 84
4.6.2 Foice 84
4.6.3 Sino 84
4.6.4 Bastão 84
4.6.5 Taça 85
4.6.6 Caldeirão 85
4.6.7 Espelho 85
4.7 Pedras e Cristais 86
4.8 Metais 115
4.10 Animais 125
4.11 Correspondências Mágicas (Tabela) 153
5 LEIS HERMÉTICAS 155
5.1 Introdução às Leis Herméticas 155
5.1.1 Lei do Mentalismo 156
5.1.2 Lei da Correspondência 157
5.1.3 Lei da Vibração 158
5.1.4 Lei da Polaridade 158
5.1.5 Lei do Ritmo 159
5.1.6 Lei do Gênero 160
5.1.7 Lei da Causa e Efeito 161
6 ÉTICA E ETIQUETA 161
6.1 Introdução ao Conceito de Ética 162
6.2 Ética no Ofício Mágico e Convicções Pessoais 163
6.3 Etiqueta: Regras Mínimas para o Convívio Mágico Grupal 165
7 CELEBRAÇÕES SAZONAIS: SOLSTÍCIOS E EQUINÓCIOS 168
7.1 Solstício de Inverno 171
7.2 Equinócio de Primavera 173
7.3 Solstício de Verão 175
7.4 Equinócio de Outono 176
8 INTRODUÇÃO AO TRABALHO MÁGICO 179
8.1 O que é Magia 179
8.2 Estados de Consciência e o Alfa 180
8.2.1 O Terceiro Olho e a Glândula Pineal 181
8.2.2 Exercitando a Prática do Alfa 183
8.2.3 Alfa Instantâneo 187
8.3 Transposição Mental 188
8.3.1 Exercitando a Transposição Mental 189
8.4 Ancoramento e Centramento 191
8.4.1 Praticando o Ancoramento e Centramento 191
9 INTRODUÇÃO AOS CENTROS DE PODER 192
9.1 A Imanência e Sincronicidade do Poder 192
9.2 Os Chakras, nossos Centros de Poder 195
9.2.1 Chakra Básico 196
9.2.2 Chakra Umbilical 197
9.2.3 Chakra do Plexo Solar 198
9.2.4 Chakra Cardíaco 199
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9.2.5 Chakra Laríngeo 200


9.2.6 Chakra Frontal 202
9.2.7 Chakra Coronário 203
10 INTRODUÇÃO À PROTEÇÃO MÁGICA E PSÍQUICA 205
10.1 Criação de Escudo Mágico de Defesa 207
10.2 Ervas Associadas a Proteção 208
10.3 Pedras Associadas a Proteção 209
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1 INTRODUÇÃO O CONCEITO DA INSTITUIÇÃO


1.1 Conceito de Bruxaria: Um COMO CASA DE BRUXARIA –
Ofício Mágico Espiritual
Art. 4º do Regimento Interno.
A Casa Cruzeiro do Sul deverá ser
reconhecida interna e externamente,
A Bruxaria é majoritariamente como uma Casa de Bruxaria Livre,
Eclética e Politeísta, cujo os valores,
compreendida como um ofício mágico-
missões e objetivos possuem como
espiritual capaz de trabalhar a energia foco o desenvolvimento saudável da
espiritualidade de seus membros e,
que a tudo permeia moldando as coisas
eventualmente, da comunidade,
no Universo a favor daqueles que com restaurando cultos de divindades
antigas e primordiais, bem como
ela comungam; é esse o conceito adaptando à realidade comum,
adotado pelo CASA CRUZEIRO DO incluindo a veneração de deidades cujo
culto ou adoração se mantiveram
SUL (quadro ao lado). Atualmente, mas ativos e sem interrupção. (Redação
não necessariamente, é considerada dada pelo ATO IIII DO CONSELHO
GERAL DE 29 DE ABRIL DE 2019.)
uma das vertentes do segmento cultural
e espiritual denominado Paganismo – Parágrafo Único – Essa congregação
entenderá o termo Bruxaria como:
diz-se, não necessariamente, pelo fato
de que a Bruxaria em si é e sempre foi I – Um ofício mágico-espiritual capaz de
trabalhar a energia que a tudo permeia
compatível com os mais diversos moldando as coisas no Universo a favor
daqueles que com ela comungam;
sistemas de crenças e culturas já
existentes na humanidade, incluindo o II – Uma religiosidade ou religião, para
aqueles que assim preferirem
próprio Cristianismo, mesmo que de uma
entender;
forma herege.
III – Para alguns, uma das vertentes do
segmento cultural e espiritual
Em alguns segmentos e grupos denominado Paganismo;

como este, a Bruxaria é encarada como IV – Compatível com os mais diversos


um Caminho Iniciático, formada por sistemas de crenças e culturas já
existentes na humanidade, incluindo o
Neófitos, Bruxos, Iniciados, Sacerdotes, próprio Cristianismo;
Ministros, Arautos e Mestres, bem como,
Um Caminho Iniciático, formado por
eventualmente, por simpatizantes sem Bruxos, Iniciados e Sacerdotes - e
compromisso iniciático; voltada para os eventualmente por simpatizantes sem
compromisso iniciático;
princípios da Natureza, com adeptos que
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celebram rituais como uma forma


de entrar em sintonia harmoniosa
VI – Voltada para os princípios da Natureza,
com as Forças da Vida, Seres com adeptos que celebram rituais como uma
forma de entrar em sintonia harmoniosa com
Feéricos, Espíritos Animais, as Forças da Vida, Seres Feéricos, Espíritos
Ancestrais e Deuses, assim como Animais, Ancestrais e Deuses, assim como
com os fluxos sazonais e lunares;
com os fluxos sazonais e lunares.
VII – Possuindo a crença comum que
compreende o Sagrado versando sobre uma
Existe uma máxima entre a natureza imanente, isto é, absolutamente
maioria dos praticantes Bruxos, personificada em toda a Existência, seja ela
física, mental, espiritual, visível ou invisível;
sendo essa, a crença comum que
compreende o Sagrado versando VIII – Singularmente capaz de reconhecer nas
mais diversas deidades e seres mágicos, dos
sobre uma natureza imanente, isto mais diversos panteões culturais da
humanidade, manifestações especiais do
é, absolutamente personificada em
Sagrado, sendo então possível sua
toda a Existência, seja ela física, celebração, de maneira respeitosa a
teofanias desse patamar que compõem o
mental, espiritual, visível ou
Universo;
invisível. De certa forma, se aceita
IX – Fundamentada, invarialmente pela
como verdadeira a afirmativa de efetiva prática, manifestada na capacidade
que a Bruxaria, em seus vários de transformar a realidade em todas as
instâncias, a partir daquilo que se encontra
caminhos, é singularmente capaz disponível na Natureza, dentro e fora de cada
de reconhecer nas mais diversas ser e indivíduo;

deidades e seres mágicos, dos X – Uma prática que leva o adepto a entrar
mais diversos panteões culturais da em profunda comunhão com os elementos
da Natureza e os mais profundos níveis de
humanidade, manifestações consciência para causar transformação na
especiais do Sagrado, sendo então realidade que nos cerca, e, respectivamente,
também um caminho cujo se faz inerente a
possível sua celebração, de transmissão de conhecimento aos peregrinos
que assim buscarem e se mostrarem
maneira respeitosa a teofanias
merecedores.
desse patamar que compõem o
Universo.

Em termos gerais, a espiritualidade fundamentada nas práticas e no ofício da


Bruxaria, geralmente apresenta-se através de estrutura litúrgica e mítica variada,
possuindo adeptos e grupos que se pautam nessas bases diferentes umas das outras,
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mas que podem possuir estruturas litúrgicas e míticas próprias, formando essas,
sendas específicas dentro da Bruxaria – nem toda Bruxaria é igual.

A Bruxaria pode ser entendida de muitas formas. Para alguns, ela é somente
um ofício, uma prática mágica. Isso ao grosso modo significaria que ela existiria como
exercício e/ou conduta espiritual, independente de religião. Exemplo disso são
aquelas pessoas que entendem as curandeiras e benzedeiras católicas como Bruxas,
apesar de cristãs. Entretanto, para grande maioria dos pagãos contemporâneos, a
Bruxaria está intrinsecamente relacionada com a religiosidade, isto é, com algum tipo
de culto não cristão.

O importante é compreender que antes de configurar qualquer tipo de


espiritualidade, a Bruxaria é fundamentada por prática, ofício, arte – capacidade de
transformar a realidade em todas as instâncias, a partir daquilo que se encontra
disponível dentro e fora de nós mesmos. Praticar Bruxaria é entrar em profunda
comunhão com as cores, ervas, sons, pedras, aromas, cantos, versos, batidas, os
elementos da Natureza e os mais profundos níveis de consciência para causar algum
tipo de transformação na realidade e no Universo.

1.1.1 Etimologias do Termo “Bruxo” e Possíveis Significados

Para se formular um bom juízo a respeito do significado real do termo Bruxo,


se faz necessário buscar sua etimologia não somente na língua portuguesa, isto é,
como possivelmente esse vocábulo se formou nesse idioma, mas também como ele
possivelmente ganhou vida em outros idiomas, que são os casos apresentados a
seguir como a palavra “witch” (bruxa, em inglês) e “strega” (bruxa, em italiano).

A palavra portuguesa “bruxa” ou “bruxo” aparentemente tem raízes tanto latinas


quanto celtas, visto que esses últimos também dominaram a Península Ibérica muito
antes dos romanos. Sua raiz latina está fundamentada no vocábulo “pluscius” (plus:
mais; cios: saber), isto é, pode ser traduzido como alguém que sabe muito ou
simplesmente como “sábio”. Quanto aos vocábulos celtas que suscitam suspeitas de
influência sobre a formação da palavra bruxa conjuntamente com a palavra latina já
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mencionada, constam os termos “brixtia” e “brixtom”, oriundos do extinto idioma


gaulês (que era predominantemente falado na atual região da França pré-romana,
muito próxima a Península Ibérica); o termo “brixtia” também deu origem ao nome da
deusa gaulesa Bricta, cujo nome significa “a maior de todos”. Já os vocábulos proto-
celtas que certamente influenciaram sobre a formação da palavra bruxa na língua
portuguesa foram aqueles que certamente já se faziam presentes na Ibéria antes da
chegada dos romanos através dos celtiberos por termos semelhantes: “brixtu”, que
significa “magia”; “brixtã” que significa “feitiço” e “brixto” que significa “fórmula mágica”.
Não é difícil perceber a fusão desses vocábulos com aquele trazido pelos romanos
para a composição daquele que hoje conhecemos como “bruxa”. Em outras palavras,
pode-se formular o conceito primal da palavra “bruxa” como, “alguém sábio,
conhecedor de feitiços e das artes mágicas”.

Na língua inglesa a palavra “witch” possui a mesma raiz germânica (“wit”) de


“wisdow” que significa “sabedoria”. Além disso, a palavra witch simultaneamente pode
estar enraizada no vocábulo “wicce”, oriunda do próprio inglês arcaico que significa
girar, moldar ou dobrar. Dessa maneira, é razoável pressupor um significado original
para a palavra witch, que possivelmente tenha sido algo como “alguém que saiba
moldar as coisas com sabedoria”.

O italiano traz a palavra “strega” como sinônimo de bruxa na língua portuguesa.


Sendo o idioma italiano herdeiro direto do latim, o termo “strega” é derivado do
vocábulo latino “strix”, que significa “ave noturna”. Entretanto, o próprio termo latino
“strix” já é uma derivação grega de στρίγξ (pronuncia-se “strinx”) que significa coruja,
sendo essa palavra em grego arcaico também significa “o ver a totalidade”, ou seja,
ver o consciente e o inconsciente, através da sabedoria. A coruja, como ave noturna
tem a capacidade de ver na escuridão, ampliando os limites da percepção; ela vê o
que os outros não veem. É sabido pela História, que a humanidade vem associando
os conceitos de sensatez e sabedoria às corujas em diferentes épocas e culturas, e
aqui, mais uma vez, deparamo-nos com uma profunda e interessante raiz etimológica
para o termo bruxa, sendo possível formular mais um aproximado significado para a
mesma: “alguém sábio que possui a capacidade de enxergar além dos limites
normais de percepção”.
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Nota-se que em nenhum momento se faz associação desses termos com


religião ou clero, mas parece sim deixar claro, que a prática bruxa sempre esteve
ligada ao ofício e à arte de interagir entre mundos, com sabedoria, magia e avançada
percepção.

1.2 A Bruxaria e o Sacerdócio

O Bruxo não necessariamente precisa seguir uma estrutura religiosa – ou


mesmo uma religião – para assim se identificar como tal. A Bruxaria, antes de tudo, é
um ofício. Isso faz com que se possa entender a mesma como uma prática universal
presente em todas as culturas, nos mais diversos locais e diferentes tempos.

As pessoas tidas como Bruxos, podem assim ser, sem se prenderem


necessariamente a um contexto religioso específico (apesar disso não ocorrer com
frequência no fenômeno do ressurgimento das crenças pagãs). O Bruxo é uma ponte
entre os mundos, que de uma forma mais marginal (ou não, vide a atual liberdade e
exercício de crenças e funções), abençoa através do conhecimento que possui sobre
as plantas, ervas, pedras, planetas e tudo aquilo que há no Universo – não somente
abençoa, mas também amaldiçoa – lembremos que o Bruxo não necessariamente
está ligado a alguma estrutura ética ou código moral.

Ser Bruxo é saber transmutar, através de elementos naturais, se utilizando de


seu próprio PODER (nutrindo-se para tal do PODER da Natureza, seus fluxos e de
todo o Cosmos). Um bruxo molda as coisas ao seu favor ou ao de outrem quando
para isso é solicitado. Ser Bruxo demanda um Poder Pessoal imenso. Não é difícil
dizer que o culto aos Antigos Deuses tenha quase se perdido durante os últimos
séculos no Ocidente. Mas é impossível dizer que a Bruxaria tenha se perdido, visto
que essa se adapta à sua realidade, seu tempo e às necessidades. A Bruxaria, para
sobreviver, se adere à cultura e ao sistema religioso vigente – o conhecimento é
passado, de uma forma ou de outra. Sincretismos acabam por surgirem naturalmente
ou mesmo propositalmente. A egrégora é mantida viva; e alguns ainda, tem a sorte
de receber todo esse Poder através da hereditariedade do sangue e/ou da agregação
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socioafetiva em uma Família, mas, na grande


maioria das vezes, nem sabem ou percebem,
MISTÉRIOS E AXIOMAS DA CASA por não conhecerem a história de seus
CRUZEIRO DO SUL – Art. 6º do antepassados. O fato é que, é bastante comum
Regimento Interno. a existência de Bruxos contemporâneos de
Art. 6º. Acerca dos Mistérios e Axiomas que dão fato, carregarem consigo essa positiva corrente
corpo à Casa, será de comum entendimento a
todos os membros que: de poder e que em algum momento é
despertada novamente.
§ 1º – Possuem enraizamento nas doutrinas e
teorias que ensinam sobre a existência:
Já o Sacerdote e/ou a Sacerdotisa são
I – Das Antigas Tribos e comunidades
Matrifocais Pré-Históricas espalhadas pelo Vale pessoas que caracterizam a existência de uma
do Indo, Oriente Médio, Oriente Próximo, Leste religião, ou ao menos uma espiritualidade.
e Sul Europeu, Grã-Bretanha, Península Ibérica,
Mediterrâneo e Norte da África, cujo a natureza Aliás, são requisitos que caracterizam uma
era de orientação pacifista e não bélica, que religião: um calendário litúrgico, presença de
gradativamente foram sendo incorporadas
pelas culturas de hordas patriarcais invasoras dogmas (não confundir com “dogmatismo”) e a
oriundas do Cáucaso e do Oriente.
existência de um clero, isto é, a instituição do
II – Dos Ancestrais que se tornaram Deuses após sacerdócio.
sua passagem pela forma humana ou mesmo
forma diversa da humana, constituindo culto
inviolável e perpétuo na presente congregação, Tornar sagrado, ou dar sentido de
a saber: a) Hécate, da Trácia, Anatólia e Oriente
Próximo; b) Xangô e Oyá, do Noroeste da África sagrado – SACRIFICAR – é a função primordial
e da Cultura Iorubá; c) Wadjet e Heq, do Norte do sacerdote e da sacerdotisa. O mesmo serve
da África e Egito Pré-Dinástico; d) Kali Má, da
Índia; e) Rhea e Cronos da Grécia; f) Cibele e para a Alta-Sacerdotisa e para o Alto-
Átis, da Frígia; g) Mithra, da Pérsia; h) Solis Sacerdote, com a diferença que esses
Invictus, de Roma.
possuem representatividade hierárquica
III – Dos Espíritos oriundos e exilados de Outros importante perante os primeiros, por terem sido
Mundos, que foram recebidos na forma
humana pelo Espíritos que já habitavam a Terra aqueles que os treinaram, possuindo assim
também nessa forma e que compuseram as
mais experiência e estando aptos a iniciarem
antigas tribos e comunidades descritas no inciso
I desse parágrafo; outros sacerdotes. Parece irônico, mas não é
diferente do Padre e do Bispo. É importante
IV – Da crença e axioma máximo Bruxaria
baseada na doutrina do Eterno Retorno, não esquecer que muito da estrutura de antigos
Nascimento, Morte e Renascimento,
fomentados pela sempre busca dos Espíritos em cultos pagãos fora tomados “emprestados”
encontrarem e reencontrarem para sempre para o Catolicismo.
Àqueles que conheceram e reconheceram, e
que juntos se amaram e se protegeram durante
as mais diversas existências;
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Voltando à função sacerdotal: é dar


V – Do fato de que a presente Casa não é mais sentido de sagrado, aquilo que “parece”
ou menos importante do que as demais que profano, diante daqueles que não estão
baseiam suas crenças nos mesmos
fundamentos e axiomas, sendo Essa e Sua iniciados nos Mistérios. Isso significa que um
Respectiva Coroa, meramente mais uma,
sacerdote necessita passar por toda uma
dentre as muitas que existiram, existem e
existirão Nesse Mundo; experiência mística prévia na religião da Casa

VI – De que todos os membros,


cujo foi ordenado, conhecê-la profundamente,
independentemente de sua graduação ou seus ritos, divindades, sacramentos e
posição nessa congregação, guardam vínculos
afetivos e espirituais de outras existências e que simbologias – ter uma comunhão máxima com
se reencontram e se reencontrarão até a energia que se faz presente naquele culto.
cumprirem todos os desejos e designações de
seus espíritos a fim de alcançarem as formas Isso não inclui a efetiva prática mágica inerente
existenciais mais belas, virtuosas, puras, e à condição da Bruxa, por exemplo. Enquanto o
totalmente despidas de preconceitos e ilusões;
Bruxo molda as coisas ao seu favor através de
VII – De que o Mundo Físico é um reflexo do elementos naturais (Natureza), se utilizando de
Mundo Espiritual e esse é um reflexo do
primeiro. seu próprio PODER, sem necessariamente
estar ligado a uma religião, ou seja, sem
§ 2º – Da Cosmogonia e Cosmologia, segundo a
visão dessa congregação, compreende-se que necessário compromisso litúrgico para com
não é possível traçar uma linha reta de forma
outrem, o Sacerdote e Sacerdotisa já possuem
lógica para ilustrar a Criação do Universo,
preservando a crença de que a existência é feita vínculo iniciático com a fé: são sagrados e
de ciclos que se sucedem infinitamente – sendo
assim, o Universo e toda a existência estão consagrados CONSCIENTEMENTE e
sendo constantemente criados e destruídos; ENTREGUES às divindades de sua religião

§ 3º – Da compreensão acerca da Vida e da como instrumentos de Sua atuação no mundo


Morte, segundo a visão dessa congregação, – instrumentos vivos e conscientes – e isso,
compreende-se que:
NÃO NECESSARIAMENTE INCLUI a prática
I – A Vida é a mais especial de todas as de magia, como aquela que o Bruxo pratica.
manifestações dos Deuses, pois é nela e com ela
que cremos desempenhar nosso papel de co- Para caracterizar o sacerdócio, basta o
criadores conscientes do Universo, enquanto ingresso e aceitação na Fé e no Mistério
manifestações do Sagrado;
Iniciático, o saber tornar/dar sentido de
II – Pela importância que a Vida ganha nesse
sagrado aos olhos daqueles que não veem tal
contexto, compreende-se que ela deve ser
preservada e estimulada, sempre com honradez coisa como tal E A PRÁTICA DEVOCIONAL
e dignidade;
DE CULTO, o que na maioria das vezes,
III – A Vida provém da Sagrada Morte num INCLUI, o ministrar de rituais a outrem, à sua
eterno ciclo de co-existência harmoniosa entre
ambas.
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comunidade e inclusive realizar ritos de


passagem como “batizados”, casamentos,
III – Seres que morrem devem obrigatoriamente
renascer, independente de qual forma isso se dê, funerais e outros.
não fazendo parte do papel dessa congregação
especular os processos misteriosos da existência
de forma lógica, mas sim somente senti-los. Isso significa então que um bruxo não

§ 4º – Acerca da Natureza dos seres humanos, é um sacerdote? Sim. Isso de fato significa,
essa congregação compreende que: em lato sensu, que um bruxo não é um
a) Não possuem maior ou menor sacerdote, vide todo o discursado acima. E
importância diante dos Deuses, em relação às também significa que um sacerdote não é um
outras formas de vida, sejam animais, mineiras
ou vegetais; bruxo. Mas o que essas palavras querem
dizer é que, nunca, em qualquer momento da
b) Pela forma de vida que tomaram,
conclui-se que são os responsáveis pela história da humanidade, o fato de alguém ter
manutenção consciente desse planeta, os
sido iniciado ao sacerdócio o elevou ao status
tornando necessariamente seres mais
responsáveis do que os demais; quo de bruxo e vice-versa. Essas duas

c) Renascem e/ou reencarnam após a


funções sempre foram distintas, e muitas
Morte, de acordo com as premissas, vezes antagônicas.
necessidades e Mistérios do Sagrado;

d) São mulheres e homens, em igual A imagem do Padre versus Bruxa na


importância manifestações do Sagrado;
Baixa Idade Média e início da Idade Moderna
e) Mulheres muitas vezes poderão canalizar é a mais comum que temos se pensarmos
um tipo de força mais ativa e masculina que as
demais, da mesma forma, certos homens em Sacerdócio e Bruxaria sendo vistos como
poderão apresentar características semelhantes práticas antagônicas. Mas pouco é falado do
ou até mesmo iguais as das mulheres no sentido
mágico e espiritual. Nesse caso, certos homens e cotidiano dos antigos povos pagãos, onde
mulheres poderão apresentar a manifestação
essa situação também existia (nem sempre
clitorofálica do Sagrado, fazendo deles seres
especiais e que deverão ser tratados com maior como práticas antagônicas, mas muitas
deferência e atenção.
vezes, convivendo e coexistindo na mesma
localidade).

Assim como nos dias de hoje, no passado as pessoas tinham ofícios –


profissões – haviam os agricultores, os pastores, os artesãos, os taberneiros, os
cuteleiros, os escribas e poetas, os SACERDOTES e as BRUXAS!
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Os sacerdotes viviam em Templos dedicados às suas divindades, onde


trabalhavam exercendo o efetivo sacerdócio: oraculando para fins não individuais
(para o coletivo, vide Pitonisas, Sibila e Oráculo de Delfos), ministrando sacramentos,
estudando, recebendo pessoas para sua especial (re)conexão com aquela específica
divindade, cuidando, limpando e preservando o Santuário/Templo.

Os Bruxos sempre coexistiram nesse contexto. Eles nunca optaram por seguir
uma fé específica (talvez sincretizar várias), mas sim trabalharem por aquilo que
sabiam e queriam fazer. Curar, benzer, oracular para as pessoas em geral. Abençoar,
enfeitiçar, amaldiçoar, preparar poções, pós, filtros, óleos... E passar todo esse
conhecimento para a próxima geração. E quem sabe, além de tudo isso... Participar
SIM dos cultos ministrados pelo Templo de sua região. A atuação do Bruxo, para ele,
nunca foi contrária a qualquer coisa que ocorre ao seu redor. Ele é ponte entre os
Mundos. Para o Bruxo, a Magia é, sempre foi e sempre será, Universal.

1.3 O Fenômeno Bruxa-Sacerdotisa

Alguns afirmam que o fenômeno Bruxa-Sacerdotisa ou Bruxo-Sacerdote é algo


recente e produto da Wicca e dos ramos da Bruxaria Moderna e Contemporânea. Se
levarmos em consideração as palavras anteriores e o contexto histórico dos últimos
quatro mil anos, isso sem sombra de dúvidas é uma verdade.

A Wicca e a Bruxaria Moderna são religiões. São caminhos iniciáticos que


UNEM A MAGIA AO SACERDÓCIO. Isso obrigatoriamente cria a figura da Bruxa-
Sacerdotisa e do Bruxo-Sacerdote, ou seja, “Bruxa = Sacerdotisa”. Mas é preciso ter
muito cuidado porque isso não é o mesmo para as outras religiões, e nem mesmo
para as demais religiões pagãs, assim como para caminhos iniciáticos e mais
singulares, que é o caso da Bruxaria praticada em alguns grupos.

Por outro lado, se pararmos para analisar o período primitivo da cultura


humana, antes da instalação e surgimento das civilizações organizadas, as figuras da
Bruxa-Sacerdotisa e do Bruxo-Sacerdote já existiam, em especial no período
paleolítico. Era uma época onde não haviam religiões estabelecidas, porém havia
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CASA CRUZEIRO DO SUL – LIVRO DE CONSULTA E INSTRUÇÃO BÁSICA.


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RELIGIOSIDADE, o que é suficiente


para se estabelecer algum tipo de
sacerdócio primitivo. Já no neolítico BRUXAS E SACERDOTISAS, BRUXOS E
e com o advento da agricultura, SACERDOTES – Art. 33º e Art. 37º do
desenvolveram-se ainda mais os Regimento Interno.
festivais agropastoris, somando-se
às celebrações equinociais e Art. 33º. Serão reconhecidos(as) como
Bruxos(as) todos os membros que tiverem
solsticiais, o que acabou por dar passado pelo período de treinamento enquanto
Neófitos(as) e se submeteram ao Mistério da
origem aos calendários litúrgicos.
Iniciação.
Templos e religiões não surgiram de
Art. 37º. Serão reconhecidos(as) como
uma hora para a outra. Logo, é
Sacerdotes(isas) de Primeiro Grau todos os
possível afirmar, sem muitas membros que tiverem passado pelo período de
treinamento enquanto Neófitos(as), se
chances de erro, que a figura do submeterem ao Mistério da Iniciação e, tendo
sacerdote e do bruxo naturalmente declarado expressamente o desejo de se
tornarem Sacerdotes(isas) aos(às) Seus(Suas)
se concentravam nas mesmas Iniciadores(as), serem conduzidos à Ordenação
pessoas. Mais do que isso: não Sacerdotal e assim serem consagrados, sem
prejuízo às suas condições enquanto Bruxos(as).
foram poucas as tribos e culturas
que concentraram a função bruxa, Parágrafo Único – A Ordenação Sacerdotal de
Primeiro Grau terá validade e eficácia se
xamânica, sacerdotal e investida por um(a) Sacerdote(isa) de grau
governamental a um mesmo ser superior.

(não à toa, perante o resgate do


sacerdócio paralelo à prática da Bruxaria, traz consigo o conceito de Bruxa-Rainha e
Bruxo-Rei). Essa separação passou a acontecer com o maior desenvolvimento da
civilização, onde um passou a ser institucionalizado e outro marginalizado.

Nesse sentido, se pode afirmar que a figura do Bruxo-Sacerdote da Wicca e/ou


Bruxaria Contemporânea, é algo sim moderno dentro dos parâmetros históricos de
culto, apesar de não totalmente desprovido de fundamentos e embasamento prático
e teórico. O que ocorreu com a religiosidade wiccaniana e bruxa contemporânea foi,
de fato, talvez nem propositalmente, o resgate da espiritualidade primitiva do homem
que unia a função sacerdotal a do Bruxo. E essa é agora, aquilo que chamam de
Bruxaria Moderna.
15

CASA CRUZEIRO DO SUL – LIVRO DE CONSULTA E INSTRUÇÃO BÁSICA.


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Cabe finalizar esse tópico salientando que diante da visão da CASA


CRUZEIRO DO SUL, entende-se que uma Bruxa pode ser também uma Sacerdotisa,
porém, não necessariamente. Existem funções historicamente tipificadas como
sacerdotais que também podem (e muitas vezes na história foram) ser exercidas por
Bruxas, tais como as bênçãos e os ritos de passagem. Aliás, cabe incluir, que uma
das principais atribuições de um Bruxa Hecatina, em um ponto específico, é muito
semelhante àquela do sacerdote: dar sentido de sagrado àquilo que profano parece –
transformar o impuro em puro, dar e abrir caminhos a tudo àquilo que se estagnou –
ser e se fazer ser luz na escuridão.

Atualmente, pode-se afirmar que poderão existir somente Bruxas, somente


Sacerdotisas e ainda, as denominadas Bruxas-Sacerdotisas. A Casa Cruzeiro do
Sul ampara a formação e manutenção de Bruxos(as) que não se sujeitam ao
escalonamento de graus e, também, à formação e manutenção de Bruxos(as)-
Sacerdotes(isas), esses sujeitos ao escalonamento, conforme se pode melhor
discorrer no próximo capítulo do presente livro.
16

CASA CRUZEIRO DO SUL – LIVRO DE CONSULTA E INSTRUÇÃO BÁSICA.


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2 A CASA E SUA HISTÓRIA, SUA


ESTRUTURA, COSTUMES E CRENÇAS

RECONHECIMENTO
2.1 Histórico da Casa
PÚBLICO, HISTÓRICO E
DISTINÇÕES.
A CASA CRUZEIRO DO SUL é uma Na pessoa do Arquissacerdote
Fundador, estendem-se honras à
congregação que reúne praticantes da Bruxaria Casa:
Contemporânea sob o amparo e acolhimento do
Sacerdócio Honorário (Templo da Honorável
SANTUÁRIO FLEUR DE LIS, localizado na Constelação do Sul, Uruguai).

Membro da "Orter Court of The Correllian


região metropolitana da cidade de Porto Alegre- Nativist Tradition of Wicca", EUA.
RS, Brasil. Suas origens remontam à fundação Placa Honorífica pelos 10 anos de Dia do
Orgulho Pagão na cidade de Porto.
do Círculo Serpente de Fogo no ano de 2006,
Tarólogo e Terapeuta Holístico (2001 – 2012).
tendo posteriormente evoluído para o Grove
Secretário da Associação Brasileira da Arte e
Serpente de Fogo em 2009 e se integrado ao Filosofia da Religião Wicca (2003).

Rosa dos Ventos Conclave de Bruxaria em Sócio da Associação Brasileira da Arte e Filosofia
da Religião Wicca (2003 – 2007);
2014, sob o nome de Conventículo da Serpente.
Organizador do Encontro Social Pagão®-RS
Em 2017, após uma longa jornada e profunda (2004-2005);

Coordenador Local do Dia do Orgulho Pagão


evolução, a congregação ganha o nome de (EUA) (2004 – 2015);
Casa Serpente de Cristal, tornando-se Fundador e Coordenador Geral do Projeto
Wicca-RS (2004 – 2008);
absolutamente autônoma e soberana. Com seu
Representante Oficial do Pagan Pride Project®
avanço, conforme previsões regimentais (EUA) na cidade de Porto Alegre (2004 – 2015);

anteriores já datadas de 2007, em 22 de Coordenador da Associação Brasileira da Arte e


Filosofia da Religião Wicca-RS (2005 – 2007);
dezembro de 2019, com a Coroação do Primeiro
Colunista no site da Associação Brasileira da
Arquissacerdote, tornou-se definitivamente Arte e Filosofia da Religião Wicca (2005 – 2007);

assentada sob a nomenclatura de CASA Líder e Fundador do Círculo Wiccaniano


Serpente de Fogo (2006 – 2009);
CRUZEIRO DO SUL. Congressista do evento Bruxos Brasileiros em
Brasília (2006);

Colunista no site 3luas.net (2006-2007);


A instituição possui seus fundamentos
Colunista no site bruxaria.org (2007 – 2008);
arraigados nas experiências e práticas de seus
Organizador do “Merry Meet!” - Porto Alegre
membros, reconhecendo a Bruxaria tanto como (2007 – 2008);

um ofício mágico, quanto um caminho espiritual Sacerdote do Círculo Wiccaniano Serpente de


Fogo (2007 – 2009);
e sacerdotal, permitindo assim, a coexistência
Patrono do Dia do Orgulho Pagão de Porto
entre Bruxos(as), Sacerdotes(isas) e Alegre (2009 – 2015);

àqueles(as) que desejam trilhar o caminho


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CASA CRUZEIRO DO SUL – LIVRO DE CONSULTA E INSTRUÇÃO BÁSICA.


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simplesmente como Bruxos(as), ou seja, sem


Alto-Sacerdote do Coven Serpente de Ouro
estabelecerem um compromisso sacerdotal. (2009 – 2014);

A Liderança do Grove Serpente de Fogo (2009 –


2014);
De culto eclético e politeísta, CASA
Palestrante no Encontro Social Pagão®-Brasil no
CRUZEIRO DO SUL possui seus valores, Rio de Janeiro-RJ (2010);

Sacerdote Honorário do Templo da Honorável


missões e objetivos no desenvolvimento Constelação do Sul (Uruguai) (2010 –
atualmente);
saudável da espiritualidade de seus membros,
Membro da Corte Externa da Tradição
restaurando cultos de divindades antigas, bem Correlliana Nativista (EUA) (2011 – atualmente);

como os adaptando à realidade comum, Colaborador e colunista do Jornal O Bruxo (2009


– 2012)
incluindo a veneração de deidades cujo culto ou
Coordenador Adjunto do Pagan Pride Project®
adoração se mantiveram ativos e ininterruptos para América Latina - Regional Brasil (2012 -
2015);
até a atualidade.
Congressista na 9ª Conferência de Wicca &
Espiritualidade da Deusa em São Paulo-SP
(2013);
Composta por Bruxas e Bruxos, Fundador e Membro do Conselho Regente do
Rosa dos Ventos Conclave de Bruxaria (2014 -
Sacerdotisas e Sacerdotes, a instituição é 2017);

governada por um(a) Arquissacerdote(isa), Arauto Regente do Conventículo da Serpente


(RVCB. 2014-2017);
função eletiva, espiritual e vitalícia. Juntamente
Arquissacerdote da Casa Serpente de Cristal
ao Conselho Geral e ao Conselho de Anciões, (2017-2019);

o(a) Arquissacerdote(isa) possui o dever e a O Arquissacerdote (2019 - Atualidade).

responsabilidade de zelar pela congregação e


por todos os Seus Filhos, preservando assim, a missão e os valores inerentes à cultura
de uma Bruxaria Livre e de um Politeísmo Eclético, sob a luz da contemporaneidade.

2.2 Orientação e Crenças

Conforme visto nos quadros de texto dispostos no capítulo anterior, com


trechos do Regimento Interno da Casa, salienta-se que a casa inspira seus
fundamentos naquilo que se sabe culturalmente sobre as Antigas Tribos e
comunidades Matrifocais Pré-Históricas espalhadas pelo Vale do Indo, Oriente Médio,
Oriente Próximo, Leste e Sul Europeu, Grã-Bretanha, Península Ibérica, Mediterrâneo
e Norte da África, cujo a natureza era de orientação pacifista e não bélica, que
gradativamente foram sendo incorporadas pelas culturas de hordas patriarcais
invasoras oriundas do Cáucaso e do Oriente.
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CASA CRUZEIRO DO SUL – LIVRO DE CONSULTA E INSTRUÇÃO BÁSICA.


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Outrossim, tem-se que esta Casa de Bruxaria manifesta a maior parte de suas
práticas sacerdotais e cultos, por meio de uma veneração notadamente politeísta e
multicultural. A veneração das mais diversas Deidades, leva seus membros ao
entendimento de que as mesmas podem ser cultuadas na forma de Ancestrais que se
tornaram Deuses após sua passagem pela forma humana ou mesmo forma diversa
da humana, constituindo elemento basilar teológico. Há de se mencionar, ainda, a
influência do arcaico sistema de Sucessão Apostólica dos Mistérios Samotracianos e
Lemnianos (não confundir com Sucessão Apostólica Cristã), Mistérios esse
explorados em níveis de escalonamento de graus mais avançados.

Quanto à Cosmogonia da Existência, mantem-se o entendimento de que


Espíritos oriundos e exilados de Outros Mundos, foram recebidos na forma humana
(ou diversa) por Espíritos que já habitavam a Terra, que compuseram as antigas tribos
supramencionadas. Tal postulado não pretende afirmar que os conhecimentos
disseminados pela Casa possuem natureza exclusivamente transcendentais (de
Outros Mundos), mas pelo contrário, busca-se entender e reconstruir a sabedoria
vivida e exercida nesse Mundo, com possíveis influências de Mundos Exteriores.
Mesmo porquê, a Bruxaria é uma prática/espiritualidade de natureza telúrica, isto é,
necessariamente ligada e baseada nos fluxos do Planeta Terra, que pela Casa é
entendida também como um Ser Vivo, ciente e senciente, Nossa Mãe Original.

Por fim, de uma forma generalista, (considerando que a Casa Cruzeiro do Sul
é uma Casa de Bruxaria), a Congregação lança suas bases sobre as crenças antigas
(e contemporâneas), ora amparadas pela filosofia e doutrina do Eterno Retorno. Isso
significa afirmar, que a Casa, preserva Seu Ofício e Espiritualidade Bruxa, baseando-
se no Ciclo do Nascimento, da Morte e do Renascimento (demonstrados de forma
crível e evidente pelos ciclos naturais, sazonais e lunares), crenças essas, fomentadas
pela sempre busca dos Espíritos em se encontrarem e se reencontrarem, para sempre
estarem juntos d’Aqueles que conheceram, de forma que se reconheçam e que juntos
novamente se amem e se protejam (“Merry meet, and merry part, and merry meet
again”).
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2.3 Costumes, Celebrações e Calendário Litúrgico

Considerando que a CASA CRUZEIRO DO SUL deu início aos seus trabalhos
por meio do antigo Círculo Wiccaniano Serpente de Fogo, preservou por vários anos
os costumes, ensinamentos e o próprio calendário litúrgico da Religião Wicca. Tal
calendário consistia na celebração de 8 (oito) festivais sazonais (Solstício de Inverno
– “Yule”, Equinócio de Primavera – “Ostara”, Solstício de Verão – “Litha” e Equinócio
de Outono – “Mabon”, além dos 4 quatro festivais celtas agropastoris, quais sejam,
“Samhain, Imbolc, Beltane e Lughnassadh/Lammas. Deve-se acrescentar, ainda, a
celebração obrigatória dos plenilúnios com os Ritos de Lua Cheia, além das
celebrações optativas da Lua Negra e da Lua Nova. A esse sistema, com o passar do
tempo e desenvolvimento da congregação, outras datas celebrativas foram incluídas
naturalmente e paulatinamente, tornando o Calendário Litúrgico um amplo corpo de
celebrações e de comunhão contínua com as Forças da Natureza.

O sistema acima descrito prosseguiu mesmo com a evolução do antigo Círculo


para o Grove Serpente de Fogo de Bruxaria, tendo sua extinção em maio de 2014. Ao
participar da fundação do Rosa dos Ventos de Bruxaria, teve seu Calendário Litúrgico
reestruturado conforme a nova realidade, adequando-se ao sistema de celebrações
somente dos Festivais Sazonais (Solstícios e Equinócios), ampliando a
obrigatoriedade de observação tanto das Luas Cheias, quanto das Luas Novas, além
de 2 (dois) importantes festivais das tradições bruxas, sendo um deles, o Grande
Festival de Hécate (que já era celebrado ainda nos tempos do antigo Círculo e Grove)
pelos dias próximos de 13 (treze) de agosto e, o outro, sendo o Grande Festival de
Morrighan, ocorrido por volta do dia 31 de outubro, em respeito à poderosa egrégora
desses festivais tradicionais.

Com a restauração da Soberania Absoluta da Casa, ao se desligar


completamente, de forma espiritual e administrativa, do Rosa dos Ventos Conclave
de Bruxaria, manteve o costume da celebração do Calendário Litúrgico por fim
mencionado, acrescido, ainda, de outros festivais menores em honra a Deidades da
Casa, como por exemplo, a Venerália, dedicada à deusa Vênus.
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CASA CRUZEIRO DO SUL – LIVRO DE CONSULTA E INSTRUÇÃO BÁSICA.


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2.3.1 Celebrações Lunares

Existem indícios de que as primeiras formas de espiritualidade entre


hominídeos estavam diretamente ligada aos Ciclos Lunares, bem como aos ciclos
naturais da existência humana – em especial nas mulheres. A mente primitiva dos
Ancestrais não deixou evidências de que era insensível às transformações ocorridas
nos Céus e na Terra, com a passagem do tempo. Pelo contrário, pode-se afirmar que
a observação dos Ciclos Lunares não foi uma exclusividade do homo sapiens sapiens
e nem do homo sapiens neanderthalensis. Muitos teólogos, tealogos e pesquisadores
afirmam que pelo menos algum tipo de observação e reverência já era prestada por
diversos Ancestrais e Hominideos.

As artes, as esculturas, as ferramentas e pinturas rupestres, cujo a autoria é


dedicada a esses Antigos, demonstram que a Lua foi um dos maiores sinalizadores
de transformações, bem como o primeiro astro que possa ter dado origem a algum
tipo de calendário. A Bruxaria, seja enquanto religião, seja enquanto arte ou ofício,
sempre conservou consigo a tradição e a sabedoria de se conectar às transformações
anunciadas pela Lua por meio das mais diversas formas possíveis. A mais notável
demonstração de conexão e respeito às fases da Lua é oriunda de que pouquíssimas
notícias se tem de Casas Bruxas que não pratiquem algum rito de ritual, pelo menos
e no mínimo, uma única vez durante seu ciclo de aproximadamente 28 dias. A CASA
CRUZEIRO DO SUL incorpora em seu aspecto litúrgico as celebrações lunares que
acontecem em todas as Luas Cheias e todas a Luas Novas.

Filiada à corrente astrológica de correlação dos signos zodiacais para com


relação ao Sol e a Lua, a Casa se serva da mesma como profunda inspiração,
motivação e orientação sobre o que de mais pertinente, pode-se, cabe-se ou se deve
celebrar em cada uma das lunações.

2.3.2 Festivais Sazonais

Celebrar os Festivais Sazonais é um costume presente em praticamente em


todas as culturas antigas, ou, ao menos, na maioria delas. Além disso, são celebrados
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por Casas Bruxas e outras sendas mágicas, pois são momentos de conexão profunda
com os Ciclos da Terra e de seu Sistema Energético.

Tratam-se de fenômenos astronômicos, astrológicos e telúricos sempre


observados e celebrados em formato de Festivais:

Solstício de Inverno;
Equinócio de Primavera;
Solstício de Verão;
Equinócio de Outono.

2.3.3 Outros Festivais e Celebrações

Imprescindível mencionar, o fato de que existem 2 (duas) celebrações anuais


que fogem do escopo lunar-sazonal até aqui exposto. Tratam-se do Grande Festival
de Hécate (13 de agosto) e do Grande Festival de Morrighan e Honra aos Mortos (31
de outubro). Tais datas não são orientadas por fluxos sazonais ou lunares, mas sim
honradas por tradição reconhecida de forma mitológica e histórica por meio de suas
fortíssimas egrégoras, independentemente do Hemisfério em que se estiver.

2.3.3.1 Grande Festival de Hécate

Possuindo fortemente Orientação Hecatina, a Casa celebra o Grande Festival


de Hécate, anualmente, desde o seu Primeiro Ciclo (2006-2007). Hécate tem sido foco
divino praticamente central o culto desde o princípio, seguindo de Xangô e Oyá (e
mais atualmente também de Rhea.

Tradicionalmente, a maior parte das Casas de Bruxaria das mais diversas


orientações, incluindo Tradições de Wicca, preserva o costume de honrar de forma
especial Hécate, respeitando a data histórica e tradicional de 13 de agosto, sem que
isso tenha, necessariamente, alguma ligação aos fluxos lunares, zodiacais, sazonais
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ou planetários. A egrégoras trazida por essa data demonstra que desde tempos muito
remotos na parte mais ocidental da Eurásia

2.3.3.2 Grande Festival de Morrighan e Honra aos Mortos

Trata-se da celebração do período em que a egrégora ancestral sobre as


festividades relativas aos Mortos se apresentam. Independentemente do Hemisfério,
ocorre durante os dias que antecedem e/ou sucedem a data de 31 de outubro.

Guarda profunda similaridade com o Festival Celta de Samhain e inclui as


Tradições do Dia de Todos os Santos e do Dia de Finados.

Sendo Morrighan uma das divindades madrinhas da Casa e dada sua relação
com esse antigo e complexo Festival, o mesmo é devotada à Ela e aos Mortos,
conjuntamente.

2.4 Administração e Estrutura Espiritual

Realizar leitura completa do Regimento Interno.

Em caso de dúvidas, procurar o instrutor responsável.


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3 HISTÓRIA DA BRUXARIA

Durante esse capítulo os termos Magia, Feitiçaria e Bruxaria poderão ser


utilizados e entendidos como sinônimos, da mesma forma que os termos Bruxo e
Feiticeiro devem ser compreendidos como fazendo referência àquela pessoa que
pratica Bruxaria/Feitiçaria, salvem exceções elucidadas no próprio texto.

3.1 Introdução ao Fenômeno da Feitiçaria ao Longo do Tempo e do Espaço

A Feitiçaria, através de certos pontos comuns e significativos, pode ser


afirmada como uma prática que ocorre em quase todas as sociedades do mundo.
Alguns historiadores a identificam como o mais profundo componente da bruxaria
europeia, que teve seu embasamento em religiosidade pagã, folclore, heresia cristã e
teologia.

Para entendermos a Feitiçaria, precisamos entender a mentalidade do


Feiticeiro: esse atribui aos fatos do cosmos ligações, ocultas ou não, que podem
influenciar direta ou indiretamente uma cadeia de eventos entrópicos. Qualquer ação
que fizermos na Terra afetará a mais distante estrela do Universo. Sintetizemos isso
à teoria do caos, cujas condições iniciais podem influenciar eventos futuros: o Efeito
Borboleta. O bater de asas de uma simples borboleta poderia influenciar o curso
natural das coisas e, eventualmente, provocar um tufão do outro lado do mundo.

A Feitiçaria é tida como a arte de manipular ou influenciar ligações cósmicas


através do conhecimento e poder do Feiticeiro, realizando resultados práticos
favoráveis ou desfavoráveis a um fator específico. Podemos ou não ligar a prática de
Feitiçaria à religião. A Feitiçaria que não está ligada à religião serve, em suma, para
satisfazer desejos pessoais e não comunitários: um sacerdote que promove chuva ou
sucesso para as colheitas de sua aldeia, êxito em uma batalha e bênção divina, está
promovendo um feitiço de ação comunitária, religiosa e de bem-ver social. Se o
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mesmo Feiticeiro realiza um feito sem fins comunitários, de alcance e com fins
pessoais, não é bem visto e é julgado socialmente.

A simples Feitiçaria consiste em realizar atos físicos, mecânicos, para causar


efeitos desejados, como a magia simpática, que utiliza a simples projeção
representativa da imagem (um boneco de vodu). A Feitiçaria mais complexa também
envolve a invocação de espíritos.

O pensamento mágico da Feitiçaria é muito mais intuitivo e menos analítico,


deriva da observação individual de incidentes cruciais (situações com grande carga
emocional envolvida). Pode ser, por exemplo, algo como o desejo de matar alguém
que se esteja odiando, seguido do fato do óbito daquela mesma pessoa. Esse fato
visto com a visão de quem não possui crença sobre ligações entrópicas ou magia,
encararia o ocorrido como uma infeliz coincidência, diferente de quem possui a visão
mágica necessária para tomar uma posição diferente quanto ao mesmo.

Não é possível traçar uma história linear para a Feitiçaria, pois a mesma não
existe. O que existe, existiu e continuará existindo, são manifestações variadas de
práticas místicas em diversas culturas diferentes da humanidade. Cada cultura possui
o seu próprio quadro de referências e valores e a magia se insere nisso, estando
impregnada culturalmente. Pensar a história da magia em uma linha do tempo é um
grande erro, ao invés disso, pensemos diferentes planos históricos de manifestação
das práticas feiticeiras. Não é de nosso interesse utilizar um método comparativo entre
as diferentes formas de magia, visto que elas são únicas, ainda que algumas
apresentem regularidades semelhantes e outras não.

Deve-se ter em mente que o ofício Feiticeiro nunca foi totalmente aceito em
muitas sociedades e constantemente possuía um caráter marginal. A religião e o
sacerdócio possuíam uma posição mais central nas sociedades. A religião é uma
instituição social, está na axis da cultura, no centro do quadro de valores e referências,
guardando-o – o que confere a religião um caráter normativo e disciplinar, projetando
nos indivíduos os valores e normas daquela sociedade. Sendo assim, o papel da
religião é vital para a manutenção da sociedade, uma vez que promove que os
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indivíduos ajam e pensem adequadamente para manter a coesão e a ordem social.


Este não é o local da Feitiçaria, ela sempre esteve a margem, nas sombras. Ora
aceita, ora renegada, mas sempre reconhecida, temida e respeitada. Com isso em
mente, podemos analisar as manifestações da magia e da Feitiçaria em diversas
culturas ao longo do tempo. Focamos em culturas que influenciam de maneira direta
e indireta as práticas e crenças do CASA CRUZEIRO DO SUL.

“As histórias populares, assim como os sonhos, expressam


as preocupações do inconsciente em símbolos; significado
da palavra bruxa, como o de qualquer símbolo, varia com
a história. Geralmente, porém, ela representa uma força
natural, elementar, detentora de enormes inesperados,
poderes contra os quais uma pessoa normal é incapaz de
se preparar ou defender-se, uma força não
necessariamente maléfica, mas tão alheia e remota ao
mundo dos homens, que constitui uma ameaça à ordem
social, ética e até física do cosmo. Essa maneira de retratar
a bruxa é muito antiga e provavelmente arquetípica. Essa
bruxa não é uma simples feiticeira, nem uma demonólatra,
nem uma pagã. É uma presença hostil oriunda de um outro
mundo. O terror visceral inspirado por essa bruxa
arquetípica ajuda a explicar o excesso de ódio e o medo
acumulados durante a caça às bruxas.” 1

3.2 Magia em Diferentes Povos

3.2.1 Suméria e Babilônia

Os povos mesopotâmicos possuíam uma complexa demonologia, acreditando


estarem em um mundo repleto de espíritos, em sua maioria hostis. Tal cosmovisão
aterradora faria com que cada pessoa tivesse o seu espírito tutelar, que lhe protegeria

1
RUSSEL, B. Jeffrey; ALEXANDER, Brooks – História da Bruxaria, p. 54.
26

CASA CRUZEIRO DO SUL – LIVRO DE CONSULTA E INSTRUÇÃO BÁSICA.


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a partir do plano espiritual. Dentre os espíritos mais hostis estariam Lilitu (ou Lilith,
para os hebreus) e Labartu, ambos espíritos femininos. Lilitu era frígida, estéril,
possuía garras nas mãos e nos pés e asas, voava de forma veloz pela noite,
acompanhada por corujas e leões, seduzindo homens; Labartu andava com uma
serpente em cada mão, atacando crianças e suas mães.

Este universo mágico hostil e aterrador reflete-se nas práticas mágicas de tais
povos. A magia mesopotâmica era rica em amuletos, encantamentos e rituais de
proteção, bem como em exorcismos. Além disso, como já mencionado, cada pessoa
deveria ter um espírito tutelar.

3.2.2 Egito

O mundo egípcio, ao contrário do mesopotâmico, era menos hostil e a


cosmovisão se centrava na existência de um cosmo único e vivo, onde a divisão entre
natural e sobrenatural era um conceito estranho. Espíritos, homens, deuses e demais
seres seriam elementos deste cosmo coeso e simpático. A partir dessa forma de
enxergar a realidade, os Feiticeiros egípcios desconsideravam a existência de
espíritos “maus”, no sentido que essa palavra obteve no ocidente cristão, portanto
vários caminhos poderiam ser tomados para influenciar o fluxo das coisas, garantindo
o acontecimento de seus interesses ou de seus clientes.

3.2.3 Grécia

Aqui surge a filosofia, que viria a influenciar fortemente a Feitiçaria grega e um


refinado sistema de classificação de magia. A magia e a espiritualidade grega
possuíam poucos elementos xamânicos, se comparadas com outros povos da Europa
pré-cristã, como os nórdicos. Na Grécia vamos encontrar uma classificação de magia
em teurgia, uma alta magia, mais próxima da religião, que lidava com aquilo que era
pertinente aos deuses, e uma baixa magia, mais próximo da Feitiçaria. A saber, o
termo “magia” tem sua origem aqui. “Magos” era o nome que os gregos atribuíam ao
astrólogo iraniano. Os magos tinham a reputação de praticar Feitiçaria maléfica e
Platão via-os como uma ameaça a sociedade, visto que eram conhecedores de
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técnicas mágicas para abençoar ou amaldiçoar, conforme os seus interesses ou de


seus clientes. Havia ainda uma classificação inferior de praticantes de magia, os
goetes, conhecidos como gritadores, por literalmente gritarem seus encantamentos,
estes possuíam grande conhecimento mágico, acerca de poções e feitiços.

Duas figuras na mitologia grega merecem destaque: Circe e Medeia. Mulheres


que possuem traços característicos do arquétipo da feiticeira. Circe é a sedução, o
encanto, o feitiço cativante, Medeia é a assassina, o feminino indomável, as emoções
turbulentas e negativas, a louca. Além de Circe e Medéia, podemos citar Dipsias,
Oenotéia, Canídia e Sagana, “aquelas que com seus rostos lívidos e hediondos,
descalças, cabelos desgrenhados e roupas andrajosas, reuniam-se de noite num local
ermo [...]”. Tal imagem da feiticeira influenciou fortemente o imaginário medieval da
bruxa.

3.2.4 Roma

Dentro da nação romana, as autoridades tornavam uma ameaça social


inaceitável qualquer tipo de prática mágica que não fossem os rituais públicos,
apoiados politicamente e ligados à prática religiosa oficial de Roma, uma colagem
politeísta de crenças, dentre elas as etruscas, as gregas e as orientais, como as da
Pérsia, de onde veio o deus Mitra e o título Invictvs.

Os imperadores sempre guardavam desconfiança contra qualquer tipo de


conspiração contra sua vida política ou atentado às suas vidas, e temiam a Feitiçaria
como a mais discreta e, portanto, menos identificável de todas elas. Sua perseguição
era explícita e opressora. Jeffrey B. Russel e Brooks Alexander, em seu livro História
da Bruxaria, citam um jovem que foi capturado, torturado e executado após ter feito
um ritual prescrito para aliviar distúrbios gástricos: tocar no ladrilho e no peito,
repetindo as sete vogais gregas. Tem-se o direito romano como um alicerce para a
perseguição medieval da Bruxaria.
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3.2.5 O pensamento Popular Greco-Romano

A tradição popular da época também associou a Feitiçaria com a demonologia,


característica dominante da bruxaria europeia. De fato, a palavra Demônio teve suas
variações com o passar do tempo.

Como o contato com espíritos é uma característica frequentemente citada na


prática mágica, e mais especificamente na bruxaria e Feitiçaria, o praticante
consultava daimones antes de praticarem seus trabalhos. Daimon, palavra grega que
origina a palavra “demônio”, foi usado por Homero primeiramente, como um sinônimo
de theos, ou “deus”. A palavra passou a ser considerada um espírito ou deidade
inferior a um deus. O termo seguiu sendo amplamente utilizado como um espírito que
pode ser bom ou mau, e estendeu-se para eudaimons (os bons espíritos) ou
kakodaimons (os maus espíritos). Na época, ser feliz significava viver sob a influência
de um eudaimon, e a palavra que descreveria melhor Felicidade em grego é
Eudaimonia. Sócrates refere-se a seu daimon como seu gênio pessoal, declarando
ser ele quem provia bons conselhos e segredava a seu ouvido. Foi quando
Xenócrates, discípulo de Platão, dividiu o mundo entre deuses e demônios, transferiu
as características malevolentes dos deuses aos espíritos malignos, tornando-os
integralmente maus, e fazendo do contato das bruxas com os espíritos algo
estritamente maligno e ligado às trevas.

Outras características da crença greco-romana contribuem para a imagem da


bruxa, como as Lamias, espíritos noturnos que, assim como Lilitu, seduziam e
matavam homens durante suas escoltas, e as harpias, mulheres aladas que vagavam
com a ajuda do vento, que emprestaram suas características para o imaginário
medieval acerca das bruxas.

Outra contribuição na sociedade greco-romana para o imaginário popular da


Idade Média são os rituais de fertilidade para Dioniso, que serviam para a
caracterização do Sabá, que possuía uma gama de elementos considerados heréticos
na época.
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“Os Ritos dionisíacos tinham lugar à noite,


frequentemente numa caverna ou gruta, locais
relacionados com a fertilidade e os poderes do
mundo inferior. Seus participantes eram usualmente
mulheres lideradas por um sacerdote. A procissão
empunhava archotes e uma imagem fálica, e
conduzia um bode negro ou sua imagem. O bode,
símbolo da fertilidade, representava Dionísio, que
era geralmente retratado com pelos e chifres. O rito
concluía com libações de vinho, danças extáticas e
sacrifício de animais. ” 2

3.2.6 Terras Nórdicas

O Seidhr era uma prática mágica ligada à Feitiçaria ou bruxaria na Idade do


Ferro Germânica. Ambos os sexos costumavam praticar o Seidhr, embora houvesse
uma participação mais feminina dentro das sociedades (cujas praticantes eram
denominadas vǫlur, seiðkonur e vísendakona), e alguns praticantes do sexo
masculino (denominados seiðmenn) corriam o risco de perseguição social, como
ocorreu na Edda¹ Lokasenna², em que Loki acusa Odin de praticar Seidhr, e o ofende,
chamando o deus de afeminado (Ergi).

“Odin:
Sabes que eu dei
para aqueles que eu não deveria -
vitória para os covardes?
Tu tinha oito invernos
embaixo na terra,
vaca ordenhada como uma mulher,
e te lá ter filhos.
Agora que, me parece,

2
RUSSEL, B. Jeffrey; ALEXANDER, Brooks – História da Bruxaria.
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prenuncia uma natureza de base

Loki:

Mas, diz-se, foste


com passos vacilantes em Samsö,
e bateu em casas como uma Vala3.
Em semelhança de uma cartomante,
subiste entre as pessoas;
Agora que, me parece,
prenuncia a natureza base.”

LOKASENNA – TRADUÇÃO LIVRE

É sabido que as völvas (ou, como dito na Edda, Vala) vão de casa em casa
para revelar o futuro dos homens, prever o tempo, a qualidade das colheitas, etc.

As Eddas citam Freyja, dos Vanir, como a instrutora de Odin na arte do Seidhr,
e também citam a Seidhr sendo feita à noite, quando os homens dormem, por völvas
(feiticeiras) que rondam montadas em javalis, lobos ou tábuas. Se reuniam com
companheiros nos trolla-things, ou assembleias de espíritos.

“Ketil foi despertado durante a noite por um


grande ruído no bosque; correu para fora a
tempo de ver uma feiticeira de cabelos
flutuando ao vento; ao ser interrogada, ela
implorou que não a prendesse, pois estava a
caminho de uma assembléia mágica, na qual
compareceria Skelking, rei dos espíritos, que
vinha de Dumbshaf (e outros espíritos).” –
KETIL SAGA.

3
Vala: vidente.
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Muitos elementos dentro da própria mitologia de Odin se assemelham às


práticas xamânicas asiáticas que, na época da caça às bruxas, eram tidos como
heréticas. Referindo-se à capacidade de mudar de forma, Snorri descreve:

“Seu corpo jaz como se dormisse ou


estivesse morto, mas ele se transforma em
pássaro ou animal selvagem, em peixe ou em
um dragão, e viaja num piscar de olhos para
terras longínquas [...].” – YNGLINGA SAGA.

Nessa citação temos estímulos do imaginário popular quanto à transformação


do praticante em animais. Outras crenças escandinavas falam de espíritos auxiliares
em forma de animais, em que pode-se indagar sobre os dois corvos míticos que
ficavam nos ombros de Odin, Huginn (“Pensamento”) e Munnin (“Memória”), que o
deus enviava aos quatro cantos do mundo. Remete-nos aos Familiares, animais
auxiliares para as bruxarias da Idade Média.

Também há a necromancia, que Odin vivencia através de sua descida a Hel


(submundo nórdico) em seu cavalo de oito patas, Sleipnr, em que ordena a uma
profetisa, morta há muito tempo, que se levantasse do túmulo e respondesse às suas
perguntas sobre o que teria acontecido a Baldr (Baldrs Draumar).

3.2.7 Terras Celtas

Aqui não discorremos muito sobre os celtas, uma vez que suas práticas
mágico-religiosas, que poderiam influenciar a caça às bruxas na idade média, já foram
muito abrangidas entre os tópicos antecessores e, principalmente, entre os nórdicos.
Podemos, entretanto, citar um hábito comum entre os germânicos e os celtas para a
adivinhação. Torna-se profeta quem senta-se sobre túmulos; torna-se “poeta”, ou seja,
inspirado, quem dorme sobre túmulos. O fili (poetas e videntes entre os celtas) comia
carne crua de touro, bebia seu sangue e adormecia envolto em sua pele; durante o
sono, “amigos invisíveis” comunicavam-lhe a resposta para a pergunta que o
atormentava. Ou então, para tornar-se profeta, era preciso dormir diretamente sobre
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o túmulo de um parente ou antepassado. Tipologicamente, esses costumes se


aproximam da iniciação ou da inspiração dos futuros xamãs e magos que passam a
noite ao lado de cadáveres ou em cemitérios. A idéia subjacente é a mesma: os mortos
conhecem o futuro, podem revelar fatos ocultos, etc. Tal hábito liga-se ao costume
preso no imaginário popular da época da caça às bruxas, de interação com corpos de
mortos.

3.2.8 África

Uma das primeiras investigações antropológicas minuciosas de Feitiçaria foi


empreendida por E.E. Evans-Pritchard, que estudou os Azande, uma tribo do Sudão
Meridional. Eles dividem as magias e suas práticas (ngua) em 3 tipos:

 Magia Boa;
 Feitiçaria;
 Bruxaria.

Magia Boa (Wene ngua): A magia benevolente e justa. Envolve oráculos,


adivinhos, amuletos de proteção, ritos de fertilidade e um conceito muito específico
deles: o bagbuduma, uma espécie de magia homicida, aplicada como vingança a um
assassino de um parente de alguém. Tal feitiço torna-se ineficaz se direcionado de
forma injusta a alguém. A Wene Ngua é a magia branca, aceita em sociedade, para
fins de benefício social e justiça.

Feitiçaria (Gbegbere/gbigbita ngua, kitikiti ngua): A magia negra, utilizada para


fins ilícitos ou imorais. Evans-Pritchard a define como uma prática que utiliza objetos
materiais para infringir danos a quem se odiava sem razões justas, “decorrente de
ciúmes, inveja, cobiça ou outros desejos humanos desprezíveis.” Utilizada de forma
anti-social, a Feitiçaria era condenada pela sociedade Azande.

Bruxaria (Mangu): Evans-Pritchard denomina a terceira forma de magia em sua


pesquisa como Bruxaria. A Bruxaria seria o poder passado de pai para filho ou de mãe
para filha dentro da comunidade Azande. Há a crença de que um bruxo ou bruxa
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Azande (Boro/Ira Mangu) possui a origem de seus poderes em uma região interna do
corpo, entre o fígado e o estômago, sendo um inchaço oval e escuro onde
encontravam-se vários objetos pequenos, ou uma bola redonda e peluda com dentes.

Segundo os Azande, os Bruxos celebravam reuniões e banquetes, e


praticavam juntos a magia maléfica. Citam um unguento especial que eles esfregam
na pele, a fim de tornarem-se invisíveis. Vagavam de noite em espírito ou em corpo
físico. Dizia-se que os bruxos, enquanto dormiam com suas esposas, uniam-se em
espírito com outros bruxos, para comerem almas de vítimas. Por vezes, atacavam a
vítima fisicamente, arrancando-lhe pedaços de carne para devorá-los em reuniões.
Qualquer pessoa que tivesse uma doença que demorasse demais ou debilitante
poderia ser vítima de um bruxo. Os gatos bruxos tinham relações sexuais com
mulheres, um elemento de zoofilia. Segundo os Azande, os bruxos tinham muito
poder:

“Se uma praga ataca a colheita de amendoim, foi


bruxaria; se o mato é batido em vão, em busca de
caça, foi bruxaria; se as mulheres esvaziam
laboriosamente água de um poço e conseguem
apenas uns míseros peixinhos, foi bruxaria; [...] se
uma pessoa está mal humorada e trata seu marido
com indiferença, foi bruxaria; se um príncipe se
mostra frio e distante com seu súdito, foi bruxaria; se
um rito mágico não teve êxito, foi bruxaria; de fato,
se um insucesso ou um infortúnio qualquer se abater
sobre qualquer pessoa, a qualquer hora, em relação
a qualquer das múltiplas atividades de sua vida,
pode ser atribuído à bruxaria. ” 4

Os Azande empregavam adivinhos e xamãs (Abinza/Avule) para protegê-los e


curá-los dos efeitos da bruxaria.

4
EVANS PRITCHARD, E.E. Witchcraft, Oracles and Magic among the Azande. 24 Ed. Oxford, 1950, P.63-64.
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3.3 Idade Medieval, Inquisição e Imaginário Popular

Esse subcapítulo tratará do fenômeno da expansão do Cristianismo e da


sobrevivência de resquícios de culturas pagãs pela Europa, assim como discursará
brevemente sobre o tão polêmico período da Caça às Bruxas, a Inquisição, e como a
imagem da Bruxaria passou a ser vista no imaginário popular, passado esse período.

3.3.1 Conversão da Europa ao Cristianismo e as sobrevivências pagãs

Através da Idade Média, uma gama de costumes pagãos sobreviveu, o que não
significa que o Paganismo tenha sobrevivido. Não houve uma religião pagã da
fertilidade que sobrevivera ao longo dos séculos, como viria a dizer Margaret Murray
– o que sobreviveu foram alguns costumes folclóricos, que foram delegados à
classificação de superstições, pela Igreja Católica. Até o século XII, a Igreja focava
principalmente na conversão das crenças centrais do Paganismo e na aceitação da
mitologia e da cosmologia cristã, ao passo que não se atentava para a profundidade
dessa conversão. Ao invés de combater os costumes, a Igreja se apropriou deles,
transformando Deuses pagãos em Santos católicos, revestindo as antigas tradições,
não enfrentando e nem se antepondo, mas sim inserindo e incluindo, fundindo
coletividades em um mesmo rebanho cristão.

A conversão do Paganismo para o Cristianismo foi feita de forma fluida e coesa,


a nova religião foi apresentada como uma superação da antiga. A substituição das
antigas crenças nos antigos Deuses por um novo e único Deus, que parecia possuir
todos os atributos dos antigos foi feita fundamentada numa ideia de continuidade do
Sagrado. A catequização se desenvolveu sob o signo de um duelo entre Jesus Cristo
e os antigos Deuses, onde o Cristo sairia vencedor, superando as antigas crenças.

Dessa postura clerical, observa-se o surgimento de datas cristãs como o Dia


de Todos os Santos, a Candelária, o Natal, entre outros. Anteriormente, foram
festividades pagãs, que poderiam conter rituais, sacrifícios, culto aos Deuses pagãos,
entre outros. Além das datas sagradas, é observável a conversão de Deuses em
Santos, como por exemplo, São Hélio, São Bacolo de Sorrento e Santa Brígida, que
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anteriormente seriam, respectivamente, Hélios, Baco e Brigid. Além dessas


apropriações, a postura relativamente tolerante por parte da Igreja acarretava num
quadro em que só se podia controlar as crenças e práticas místicas dos povos
europeus enquanto os mesmos estavam nas Igrejas e em redutos católicos, onde se
poderia vigiar e disciplinar. Porém, a Igreja não tinha controle sobre as práticas no
seio da vida privada e é nesse âmbito que as superstições, crenças e até mesmo
certos cultos oriundos de períodos pré-cristãos sobreviveram.

O Cristianismo não aboliu ou extirpou irredutivelmente o Paganismo, o que


gerou um cenário folclórico ao longo de toda a Idade Média, de superstições e de
práticas desconexas em fragmentos dispersos, que estariam embebidos em uma
lógica cristã.

Por outro lado, houve um grande esforço por parte da Igreja em demonizar, na
medida do possível, ritos, práticas e crenças pagãs. Isso era feito de maneira oportuna
e estratégica: não se afirmou que uma divindade qualquer seria demoníaca, mas
criou-se um Diabo com características idênticas àquela divindade. Tornou-se herético
e contrário ao plano de salvação certos costumes folclóricos, as liberdades sexuais, a
crença nos Deuses, as oferendas, os prazeres da carne, entre outros elementos vivos
nas culturas pagãs. É válido mencionar que, em cada região conquistada, a Igreja
tornou pecaminoso um conjunto específico de práticas que, obviamente, tinham a ver
com os costumes da região em questão.

3.3.2 Contexto Social e Religioso da Europa Feudal

Após a queda do Império Romano do Ocidente, a Europa viria a se organizar


em feudos – enormes propriedades de terras, isoladas entre si, com uma cultura de
subsistência e altamente protegidas por muralhas. Feudos se reuniam em reinos
medievais, acarretando em uma complexa rede de laços hierárquicos entre reis e
senhores feudais. A Idade Média abarcou um cenário de guerra, medo e miséria. A
nobreza medieval era um exército de guerreiros, os Chefes de Estado também eram
chefes de guerra, organizavam e direcionavam as forças coercitivas, a fim de manter
e expandir seus territórios. As fronteiras nunca estiveram bem delimitadas por muito
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tempo, elas oscilavam ao sabor das guerras entre as nobrezas feudais. Poucos
nobres concentravam uma vasta riqueza, vide a fartura de suas vidas em palácios, ao
passo que uma multidão de servos miseráveis vivia nas vilas medievais, circunscritas
pelas muralhas do feudo. A Igreja Católica surge como a maior instituição da época,
legitimando essa realidade.

Aqui é importante que observemos imparcialmente. Religiões de um modo


geral vão além das crenças espirituais, sendo instituições normativas, que se
empenham para manter e reproduzir a ordem vigente da sociedade em que elas se
inserem, além do mais, elas se encontram no centro nevrálgico do quadro de
referências e valores de uma cultura, servindo de guardiã e aplicadora dos mesmos.
Esses atributos conferem às religiões um caráter normativo, conservador e essencial
em muitas culturas – a cultura medieval não foge disso, a Igreja Católica não fez nada
que muitas outras instituições religiosas ou laicas não tenham feito em maior ou menor
grau. Tendo isso em mente, compreendendo a Igreja Católica como uma instituição
de seu tempo, criada em um contexto específico e conservadora do mesmo contexto,
podemos observar mais sobriamente os casos medievais. A Igreja Católica era a
guardiã da cultura e a mantenedora da ordem medieval, tinha o papel de introjetar os
valores da época nos indivíduos para que aquela sociedade não entrasse em colapso
e continuasse sobrevivendo (todas as sociedades têm suas instituições normativas,
que propiciam a continuidade, a ordem e a coesão social).

Assim como existem as normas, existem os desvios e, para estes, existem os


mecanismos de coerção social – a tolerância com desvios varia de sociedade para
sociedade. Em sociedades menores e mais frágeis a tolerância é muito pequena,
havendo uma grande dose de coerção para qualquer tipo de desvio. A sociedade
feudal era frágil, vivia sob a égide do medo – medo da miséria, da fome, da morte, das
guerras, da eternidade no inferno, entre outros – assim sendo, a tolerância para com
os desvios era quase nula. Dentre os maiores desvios estaria a heresia.
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3.2.3 Heresia Cristã

Orgias, sacrifícios humanos, infanticídios, canibalismo, entre outras acusações


foram utilizadas pela Igreja católica para atacar os hereges, assim como pelos sírios
para atacar os judeus, pelos romanos para atacar os cristãos primitivos e pelos
cristãos primitivos aos gnósticos. São acusações antigas, que foram largamente
utilizadas ao longo da história.

Como se pode perceber, os primeiros hereges eram os gnósticos, aqueles que


professavam crenças dualistas, porém, com o declínio do gnosticismo, as acusações
de heresia se esgotam por séculos. É no início do século XI, na França, que novas
acusações de heresias dualistas surgem, gerando uma grande comoção clerical e
popular, que expurgaram os desviantes através da fogueira – aqui está o início da
perseguição aos hereges, que é a raiz da caça às bruxas.

A heresia e a bruxaria eram os mais hediondos desvios para a sociedade


medieval. Em uma sociedade cujo quadro de valores está centrado na cosmologia
cristã, que persegue o ideal de uma salvação empreendida por Cristo, práticas
heréticas, que pervertam a moral católica, que profanem símbolos e ritos
considerados sagrados e axiais para a cultura medieval, eram inaceitáveis e a única
saída era a expurgação. Hereges e bruxas eram vistos como inimigos da ordem social,
ameaças ao plano de salvação de cristo, portanto eram ameaças para a própria
cristandade, eram o grande mal a ser extirpado.

3.2.4 Feiticeiras e Bruxas

Há a necessidade de se diferenciar as muitas formas de trabalho adotadas


pelos praticantes de magia. Isso é algo um tanto quanto delicado e tênue, mas
tentaremos prezar pela objetividade.

A feiticeira é associada à mulher que executa feitiços, existindo todo um


imaginário acerca das operações mágicas vinculadas aos desejos, emoções e
paixões, o que confere à feiticeira o papel de intermediária em situações amorosas.
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Além disso, ela possui os atributos de curar e envenenar, abençoar com uma mão e
amaldiçoar com a outra, carregando uma imagem dúbia. A imagem popular da
feiticeira tem suas origens no mundo clássico, as encontraremos nas feiticeiras da
Tessália, que se relacionavam com espíritos ctônicos e noturnos, e nas figuras
mitológicas de Circe, a feiticeira sedutora – talvez aqui esteja a origem das palavras
com forte teor sensual presentes no vocabulário Feiticeiro – e Medeia, a tragédia
feminina e as emoções desenfreadas, extremadas e vingativas.

“O mundo da feiticeira é o mundo do desejo


passional, que a tudo se sobrepõe para conseguir
uma resposta para uma paixão não correspondida
ou proibida. Suas atividades trazem consigo a
utilização de ervas e unguentos, dos quais resultam
conhecimentos positivos [...]”5

Até o século XI, a Feitiçaria era considerada uma superstição inofensiva,


sobrevivente dos antigos tempos pagãos. A Igreja tentava argumentar sobre a ilusão
acerca disso, punindo a crença, mas não a prática.

“Mas, apesar das condenações, os homens da


Idade Média necessitam da presença da feiticeira
como terapeuta de seus males físicos e sociais.
Atuando na aldeia, a feiticeira sobe ao castelo do
nobre, ao palácio do bispo e inclusive ao próprio
paço real. A consciência medieval resgata da
Antiguidade a ideia da ação mágica benéfica, que
justifica a existência da boa feiticeira [...]”6

5
NOGUEIRA, R. F. Carlos – Bruxaria e História.
6
Idem, ibidem.
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Por muito tempo, presença de “boas feiticeiras” era tolerada e solicitada no


mundo medieval. Aquelas que fossem fieis a fé cristã, ao longo de sua prática
feiticeira, não seriam condenadas. Se uma feiticeira adicionasse elementos heréticos
em sua prática, ela seria um alvo de condenação e punição. Tanto é que no século
XIII, o Papa Alexandre IV aconselha que os inquisidores não se ocupem com a
investigação acerca das divinações e Feitiçarias caso não haja manifestação de
heresia. A mesma postura é tomada por diversos reis e mesmo entre as massas.
Assim sendo, a Feitiçaria chegou a experimentar um caráter legal por muitos séculos
medievais. Tanto é que a Feitiçaria apresenta um caráter tipicamente urbano, seja no
interior dos feudos, na urbana Roma Imperial, ou na reurbanização da Europa na
Baixa Idade Média – além do status legal da Feitiçaria, o que a torna um fenômeno
tipicamente urbano é que neste local “os problemas humanos, os ódios, as paixões,
avolumam-se e ganham densidade, reclamando a presença de um intermediário no
qual depositam as suas esperanças e desejos”. Isso ressalta o caráter da feiticeira
enquanto agente e promotora do equilíbrio.

A partir do século XII assiste-se uma transformação nos mitos sobre as


feiticeiras. Até então elas estavam associadas com um ar místico e feérico, ligado aos
mistérios e encantamentos. Nessa transformação, encontra-se a aproximação das
feiticeiras à figura do Diabo na tradição literária, que viria a se difundir nas camadas
populares, deflagrando a crença em um culto generalizado de bruxas diabólicas.
Nesse mesmo processo, temos o auge da filosofia escolástica, que aumenta
consideravelmente a ênfase no papel do Diabo, ressalta a ideia do pacto entre bruxas
e o Diabo, como a fonte de seus poderes, dos rituais diabólicos praticados pelas
bruxas, associa as mulheres à prática da bruxaria, “porque são mais frágeis, mais
estúpidas, supersticiosas e sensuais”, entre outros elementos.

As acusações contra a Feitiçaria se caracterizam por tratá-la como um crime


civil, capaz de causar um mal a outrem. Quando bruxaria passa a ser tratada com as
leis contra a heresia, ela é formalmente separada da Feitiçaria e passa a configurar
um crime religioso, um atentado contra a cristandade.
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Basicamente, associava-se a bruxaria ao meio rural, à distância da ortodoxia,


à ignorância e à miséria causada pelo medievalismo. Além disso, o que é próprio da
bruxaria diabólica europeia e que a diferencia das outras formas de magia é a ideia
do pacto deliberado com o Diabo, conferindo, obviamente, todo um caráter herético à
bruxaria.

“O termo bruxaria aparece pela primeira vez no ano


de 589, diz respeito às campinas e é
fundamentalmente no meio rural que permanecerá
localizado, levando a que Charles Lancelin, em sua
obra La sorcellerie des campagnes, afirme: “Por sua
própria essência, a bruxaria só pode evoluir em um
meio carente de instrução como a população
camponesa. Não é na cidade que se encontra a
verdadeira bruxa, mas sim nos campos” [...] a
bruxaria encontra-se em franca rebelião contra a
ortodoxia, o que a diferencia e afasta da Feitiçaria e
da magia, apesar dessas práticas viverem lado a
lado, quando não estreitamente interligadas. ”7

Além disso, existe um conceito muito difundido de que o ato mágico da bruxa é
psíquico, fruto de poderes sobrenaturais, enquanto a feiticeira possui seus poderes
baseados nos seus feitiços, fórmulas e insumos. Ao passo que a feiticeira aprende
seus conhecimentos em livros e através da passagem oral do saber, a bruxa aprende
tudo do Diabo, recebendo dele seus conhecimentos e poderes, dando-lhe em troca a
sua alma.

3.2.5 Imaginário em Relação às Bruxas em um Contexto Feudal

Muitas ideias se criaram no imaginário medieval acerca das práticas das


bruxas, onde pouca coisa, ou quase nenhuma pode ser comprovada historicamente.

7
Idem, ibidem.
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Os registros históricos possuem uma visão a partir do imaginário popular e dos


documentos clérigos, mas pouco se sabe sobre as práticas internas das bruxas. O
que se pode afirmar é que certas práticas mágicas sobreviveram em forma de
simpatias e superstições nas massas populares e que nas florestas, além dos muros
dos feudos, muita coisa permaneceu, crenças e práticas aconteciam sob um véu de
mistério e longe da vigilância eclesiástica – nunca saberemos do que, de fato, se
tratavam tais práticas, mas o simples fato de existirem, ainda mais num reduto
marginal, além dos muros seguros do feudo, e na floresta, abrigo dos mais hediondos
seres do imaginário europeu, foi motivo para a constituição de uma aura de apreensão
e insegurança nos vilões medievais.

“Estas crenças e tradições refugiam-se as


montanhas, onde permanecem vivas e intocadas;
corpos estranhos no seio de uma “Europa
cristianizada”. Regiões montanhosas e
comunidades remotas permanecem quase
impermeáveis à religiosidade oficial. A conversão
das montanhas ao Cristianismo estava muito longe
de ser completa no século XVI [...].”8

Os rumores presentes no senso comum medieval acerca das práticas de


bruxaria continham os seguintes itens: cavalgadas e vôos noturnos, pacto com o
Diabo, repúdio formal ao Cristianismo, reuniões secretas e noturnas, profanação dos
símbolos e ritos cristãos, orgia, sacrifício humano, infanticídio e canibalismo. Tais
elementos estariam sintetizados no que se convencionou a chamar por Sabbat (assim
como a sinagoga, o sabbat é um componente oriundo do judaísmo que foi associado
às bruxas. Houve um forte movimento da Igreja para demonizar os judeus, que eram
vistos como hereges, bloqueadores do plano de salvação de Cristo e assassinos do
mesmo.).

8
Idem, ibidem.
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O Sabbat seria uma assembleia festiva, ritualística e diabólica praticada pelas


bruxas. Não existem registros históricos de que ele realmente tenha ocorrido, todavia,
durante séculos, teve uma vasta influência sobre a visão acerca da bruxaria.

O Sabbat seria uma comunhão com o Diabo, onde bruxas praticariam orgias,
sacrifícios, feitiços, danças obscenas, se deliciariam em mesas fartas de alimentos,
se entregariam aos prazeres carnais, entre outras práticas. Observa-se que ele é a
antítese da realidade medieval: tudo o que era proibido e reprimido na sociedade cristã
feudal, aqui é largamente praticado; em contraposição a toda miséria presente, que
trazia inúmeras mazelas ao povo medieval, o Sabbat apresentava mesas fartas e
belas; enquanto na realidade, as mulheres eram subjugadas e seus corpos eram
considerados pecaminosos, no Sabbat a mulher gozava de liberdade sobre seu corpo
e sobre sua sexualidade, e mais, além de livres, eram cultuadas. Estudiosos do
assunto interpretam que a criação do Sabbat no imaginário medieval fala de um sonho
reprimido e não aceito por parte da população que, por não poder realizá-lo, por conta
de preceitos morais, ou até mesmo da miséria, prefere reprimi-lo e atacar os outros –
este é um dos elementos do processo de transformação da bruxa em bode expiatório,
que será abordado a partir de agora.

“As diferentes partes do Sabbat realçam, de


um lado, o desejo de opor-se aos costumes
habitualmente impostos; do outro lado, de
fartar-se do que sempre faltava”9

Carlos Roberto Figueiredo Nogueira, em “Bruxaria e história”, coloca que “o


malogro da tentativa de viver o cotidiano nas pegadas do Redentor ameaça a
sobrevivência comunitária, gerando um caos emocional, uma atmosfera de
insegurança e terror, derivada da convivência com a contradição entre o acreditado e
o real ”. Para manter a coesão da ordem social, a coletividade necessita projetar em
certos membros a culpa coletiva, oriunda da frustração em seguir os passos do
comportamento ideal e sagrado do Cristianismo.

9
FINNÉ, Jacques. Erotisme et sorcellerie. Paris, 1973. p. 33.
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“Ao sacrificar-se alguns de seus membros, a


comunidade procura “purificar-se” e, assim, manter
a sua integridade e a sua sobrevivência [...] A
transferência de nossas culpas e desgraças físicas
e mentais a um determinado ser penitencia a
coletividade, restabelecendo o equilíbrio mental
ameaçado. [...] As suas contradições internas [dos
indivíduos medievais] são projetadas no imaginário
e passam a possuir uma existência autônoma. [...]
Se um homem não pode ser bom, transferindo para
si a culpa dos outros, pode ao menos ser bom ao
culpar os outros, atribuindo a alguém a sua parcela
de culpa. Através do mal atribuído ao outro, o
perseguidor se autentica como virtuoso. ” 10

Aqui temos explicitamente manifesta a cultura do bode expiatório. Para sanar-


se de seus males e pecados, a sociedade elege culpados e pune-os, buscando
purificar, na verdade, a si própria. Extirpar o desviante significa extirpar o próprio mal
social, restabelecendo a ordem e a coesão. Em uma sociedade com tão estreitos
limites para desvios, como a medieval, o terror coletivo acerca da ameaça que
hereges, bruxas e demonólatras representavam, enquanto renunciadores da fé cristã
– fé esta que representava o caminho para a salvação e para a purificação espiritual,
além de guardar os valores e códigos normativos inerentes à sociedade – e inimigos
internos da sociedade, gera um quadro em que “as massas clamam por culpados,
buscando restabelecer a segurança mental da comunidade [...]”. 11

Este foi o comportamento popular que precedeu a Inquisição e inflamou-se


durante ela. Juntamente a isso, os tribunais eclesiásticos “preenchem junto ao
imaginário a função de, como organismos de poder, tranquilizar as angústias maciças,
aumentando a coesão do grupo e canalizando, por propaganda sistemática,

10
NOGUEIRA, R. F. Carlos – Bruxaria e História.
11
Idem, ibidem.
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acompanhada pelo uso de uma brutal manifestação de força, o ódio coletivo para uma
atacante simbólica ao qual se atribui a iminente desintegração social. ”12

3.2.6 Surgimento e características da caças às Bruxas na Idade Média

A transformação de feiticeiras em bruxas diabólicas, a associação cada vez


maior da bruxaria com a heresia e a aproximação do direito canônico com o romano,
que renascia a partir do século XII e tratava com grande rigidez a heresia, foram os
processos iniciais para a instauração da inquisição medieval.

A partir do século XI, a morte de hereges na fogueira tornou-se cada vez mais
comum e, uma vez associada à heresia, a bruxaria se torna um crime de religião,
tendo a fogueira como penitência. Até o final do século XII, a única maneira de uma
pessoa ser condenada por praticar Feitiçaria era através da acusação pessoal. Mas,
quando os bispos passam a organizar inquisições em suas dioceses e, ao invés de
aguardar passivamente por denúncias de bruxas, passam a persegui-las ativamente,
se inicia a caça às bruxas, em meados do século XIII.

Não é nosso intuito descrever os jogos políticos e o aparato burocrático que


regeu a Inquisição, apenas nos focaremos em temas mais centrais. É importante
contextualizar a Inquisição Medieval na Baixa Idade Média, um período de colapso do
feudalismo, de grande fome causada pelo esgotamento do solo europeu, por conta de
séculos de mau uso da terra – terra que, naturalmente, não apresenta grande
fertilidade – e de uma “pequena era do gelo” que assolou a Europa entre os séculos
XII e XIV. Existem relatos de miséria e fome extrema, de aterramento de pântanos
para o plantio, de canibalismo em larga escala e do consumo do pão negro, um pão
feito a partir de barro. Enfim, foi um período de fortíssimas tensões sociais e políticas,
de um grande terror presente o tempo todo, de uma presença constante da morte,
além, é claro, do surgimento do flagelo da peste negra, onde cidades eram dizimadas
em pouquíssimos dias, assassinando mais da metade da população europeia daquele
período.

12
Idem, ibidem.
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Esse foi o contexto da caça às bruxas. O desespero da cristandade a fazia


compreender que aquilo era a ira divina se abatendo sobre os homens, e Satã
dominando a humanidade e que os culpados, obviamente, seriam os hereges, os
desviantes, os opositores do projeto de salvação. Numa tentativa de purificação
coletiva da comunidade, a sede popular pela morte dos culpados era enorme.

“Cada condenação cristalizava a imagem da bruxa


mais concretamente na consciência popular e
estabelecia mais um precedente para as gerações
de futuros inquisidores. O palco estava agora
totalmente montado para a inauguração da grande
caça às bruxas. ”13

É interessante notar que até o início do século XIV as acusações e


condenações por bruxaria possuíam um visível componente político, aonde clérigos,
adversários políticos e pessoas letradas eram apontados como hereges. Apenas
depois dessa data é que as acusações se estendem a pessoas comuns, pobres e
iletradas, assolando principalmente mulheres, em especial as idosas, as solitárias, as
pobres e as loucas. Essa expansão das acusações aumenta consideravelmente a
caça às bruxas no século XIV. Não por acaso, neste período temos anos em que “os
conflitos religiosos, os movimentos populares e as guerras provocadas pela Reforma
exacerbaram as tensões sociais [...]”. Tendo como pano de fundo as tensões
crescentes entre católicos e protestantes, os séculos XV, XVI e início do XVII
abrigaram o auge da Inquisição europeia, onde milhares de indivíduos acusados de
heresia e bruxaria foram acusados, condenados, torturados e mortos.

“Desse modo, o caráter essencial da bruxaria não é


o dano que ela causa às outras pessoas, mas o seu
caráter herético, o culto ao Demônio, que as
transforma no maior dos pecados, pois renunciando
a Deus e adorando o Diabo, ameaça toda a

13
RUSSEL, B. Jeffrey; ALEXANDER, Brooks – História da Bruxaria.
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cristandade que se vê ameaçada da impossibilidade


de conclusão da obra do Redentor e tenta purificar-
se, purgando os pecadores através do fogo.” 14

É importante salientar que a Inquisição teve seus picos de atividade. Tais picos
ocorrem em épocas de maior tensão social, seja qual for o motivo. Para nós, é óbvio
que isso não ocorre por acaso, pois a cultura do bode expiatório, muito presente na
humanidade em geral, sempre buscará eleger um culpado, projetar as mazelas sociais
em um inimigo interno, desejando a sua expulsão – esta expulsão é quase simbólica:
uma vez que o indivíduo em questão seja eliminado, a sociedade como um todo se
sente purificada e livre; sensação altamente efêmera, pois não atua sobre as
estruturas sociais.

“[...] essa sociedade naturalmente volta seus olhares


para o estereótipo do inimigo em seu meio; e uma
vez que a bruxa se converteu em um clichê social, a
bruxaria seria elevada à condição de acusação
universal. ” 15

3.3.7 O Declínio da Caça às Bruxas

Esse processo, nem de longe, foi homogêneo. O século XVII é uma época
cravada para se começar a pensar no declínio – até então o processo não teria
ocorrido em nenhum lugar. Neste mesmo século, encontramos na Escandinávia e nos
Estados Unidos da América o auge de suas respectivas Inquisições. Não vamos nos
ater aos processos específicos de cada região, apenas é importante ter em mente que
tal declínio só pode ser pensado a partir do século XVII e que em países protestantes,
bem como em regiões periféricas, a caça tendeu a tardar mais para encontrar seu
declínio.

14
NOGUEIRA, R. F. Carlos – Bruxaria e História.
15
TREVOR-ROPER, H. R. The European witch-craze of the sixteenth and seventeenth century and other essays.
1969.
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O fato é que até os fins do século XVIII e início do XIX não haveriam mais casos
de perseguição e tanto a casta intelectual, quanto a mentalidade popular, viriam a
considerar a bruxaria como uma fantasia que não existe no mundo real. Tal mudança
no pensamento pode ser atribuída ao positivismo cientificista muito inflamado na
cultura ocidental neste período, que não abria espaço para a preocupação com
questões que não poderiam ser provadas empiricamente. A Feitiçaria simples
continuou, assim como a publicação de grimórios e livros de ocultismo voltados para
a Kabbalah e para o Hermetismo, mas a bruxaria diabólica voltara ao reino das
fantasias, de onde inicialmente brotara.

3.4 Século XIX, Século XX e o Fenômeno da Bruxaria Moderna

Nesse tópico, faz-se importante salientar que há um divisor de águas quanto à


história da Bruxaria, antes e depois da metade do século XIX. Isso pelo fato de que
passamos a perceber fatores importantes sobre ela: a retomada de seu estudo por
parte de pesquisadores, isto é, a publicização da mesma enquanto objeto de estudo,
além de não mais ignorar sobre sua real existência, algo que ocorreu nos últimos dois
séculos (XVII e XVIII), pelo movimento de descrédito de tudo aquilo que era tido como
“irracional” ou “fantasioso” propagado pelo Iluminismo e pela Modernidade.

Na metade do século XIX houve o ressurgimento do Druidismo, resgatando


antigos festivais célticos e uma espiritualidade mais centrada na Terra. Esse
movimento que ocorreu principalmente nas Ilhas Britânicas, apesar de não ter uma
ligação direta com a Bruxaria, serviu indubitavelmente de propulsor para todo e
qualquer outro tipo de movimento semelhante que insurgiria nas décadas seguintes.

Em 1890, o folclorista, escritor e jornalista norte-americano Charles G. Leland,


publicou sua obra denominada “Aradia: The Gospel of Witches” (Aradia: O Evangelho
das Bruxas), onde dissertou sobre algumas crenças e práticas da Stregheria, a
Bruxaria Italiana, que atesta ter fundamentado seus escritos baseados no relato de
uma legítima strega da Toscana, chamada Maddalena. Logo em seguida, o autor
publicou sua segunda obra: “Etruscan and Roman Remains”, onde descreve as
crenças Bruxas e lendas mágicas dos camponeses da Romanha (região histórica da
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Itália setentrional que atualmente é parte da região da Emília-Romanha), devido ao


recém-movimento, na época, de unificação da nação e língua italiana.

Sem dúvidas, a mais famosa obra de Leland foi Aradia: O Evangelho das
Bruxas, onde a suposta bruxa Maddalena lhe transmite oralmente conhecimentos
antigos a respeito das crenças da Bruxaria Italiana e o autor compila parte dos
mesmos em sua obra. Basicamente, descreve importantes resquícios da Bruxaria
Italiana pré-cristã que sobreviveram ao mesclarem-se com o ambiente já cristianizado.
Também relata um possível culto das Bruxas italiana à deusa romana Diana e a uma
personagem que mais tarde teria uma importância grandiosa na Bruxaria Moderna:
Aradia, que segundo a obra de Leland, teria sido uma grande bruxa enviada
diretamente por Diana a Terra, considerada filha da própria deusa, por volta do século
XIV em Volterra, na Toscana, norte da Itália – trata-se de praticamente um avatar
feminino da Bruxaria Italiana que teria vindo para que ensinasse aos homens a antiga
arte da Bruxaria e trouxesse o reflorescimento da Antiga Religião Pagã. De acordo
com Leland, Maddalena o relatou que essa é uma história que foi transmitida de
geração para geração; da mesma forma, foram relatados feitiços e magias
compatíveis com a prática conhecida da Stregueria.

A obra de Charles G. Leland não obteve grande impacto quando da época de


sua publicação, mas influenciou fortemente aqueles que viriam décadas a seguir,
servindo, pelo menos como fonte bibliográfica e de inspiração para a criação de novos
modelos de Bruxaria.

Também em 1890, Sir James Frazer, antropólogo escocês lançou o famoso


livro “The Golden Bough” (O Ramo de Ouro), o que trouxe bastante à tona antigas
crenças pagãs, onde reuniu mitos, relatos, espiritualidade e magia dos mais diversos
povos e culturas da humanidade. Sua obra fez tanto sucesso que teve mais de dez
edições, sendo que sua última ocorreu em 1935. Frazer, com “The Golden Bough”
além de influenciar outros escritores e autores sobre o tema, influenciou
personalidades em seus escritos, como James Joyce, Wittgeinsten e o próprio Freud.
Assim, como Leland, mas em uma proporção maior, Frazer serviu como fonte
bibliográfica para muitos escritores de Bruxaria que viriam a seguir.
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No início do século XX, a antropóloga e egiptóloga Margaret Alice Murray


escreveu dois trabalhos sobre a Bruxaria na Europa Antiga. Um deles é “The God of
the Witches” ("O Deus das Bruxas") e “The Witch's Cult on the Earsten of Europe” (O
Culto das Bruxas na Europa Ocidental), trabalhos esses que, apesar de
desacreditados pela comunidade acadêmica, sustentam a existência ininterrupta do
culto bruxo desde o período pré-cristão até a Modernidade. Murray utilizou-se de
diversos registros e documentos da época da inquisição (depoimentos, relatos etc.)
para descrever o quão real era sua teoria e que inclusive, membros da realeza e
nobreza britânica em diversos momentos do início da Inglaterra como Reino,
estiveram ligados à Bruxaria como prática mágica.

Já em 1948, o poeta inglês Robert Graves influenciaria o ressurgimento da


Feitiçaria moderna com a divulgação de seu livro “The White Goddess” (A Deusa
Branca), trazendo de volta à tona a parte Feminina do Sagrado, e de que apesar da
repressão cristã e patriarcal, o culto ao Feminino teria sobrevivido de maneira
camuflada. Poucos anos mais tarde, alguns autores que se insurgiram como
praticantes de Bruxaria Moderna tomaram Graves como excelente referência
bibliográfica.

É impossível falar de reflorescimento das práticas mágicas abertas ao grande


público sem mencionar Franz Bardon, um grafologista, naturopata e professor de
magia nascido na antiga Tchecoslováquia. Em 1956, Bardon publicou sua primeira e
mais importante obra: “Initiation into Hermetics” (“Iniciação ao Hermetismo”, publicado
em português como “Magia Prática - O Caminho do Adepto”). O autor ainda teve mais
quatro obras publicadas, sendo que em todas elas dissertou sobre temas essenciais
para a magia e bruxaria como os quatro elementos, a lei da causa e efeito, o plano
mental, o plano astral, o espírito, o princípio etérico, a polaridade, a alma e o corpo
astral, o plano material etc. O legado de Bardon para Bruxos e magos
contemporâneos é inquestionável e seu trabalho também serviu de base para muitos
outros escritores e fundadores de ordens e tradições que nasceriam na segunda
metade do século XX.
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3.4.1 O Fenômeno da Bruxaria Moderna

Após inúmeras publicações tratando de temas referentes à Bruxaria Antiga,


mitologia, magia, tradições mágicas, Paganismo e afins, acompanhado do recém
revogado “Atos de Bruxaria de 1735”, substituído pelo Parlamento Britânico pelo “Atos
Contra os Médiuns Fraudulentos” em 1951, Gerald Brosseau Gardner, um funcionário
público britânico alfandegário, que trabalhou nos mais diferentes locais do Império
Britânico, antropólogo amador e muito curioso por tudo aquilo que envolvesse práticas
mágicas de povos antigos, publicou em 1954 o conhecido livro “Witchcraft Today” (A
Bruxaria Hoje). Na introdução dessa obra, a própria antropóloga e egiptóloga Margaret
Murray fora convidada para prefaciar, onde, em outras palavras, disse que Gardner
afirmava (no livro) ter encontrado, em várias partes da Inglaterra, grupos de pessoas
que ainda praticavam os mesmos ritos das Bruxas da Idade Média e que os ritos ali
mencionados não pareciam um mero renascimento copiado de livros, mas sim uma
verdadeira sobrevivência do culto bruxo daquela região.

De toda forma, não existe nenhum tipo de comprovação histórica razoável que
sustente as teorias de Margaret Murray da forma que ela as descreveu. O fato, é que
Gerald Gardner, ao mais tarde publicar seu segundo livro “The Meaning of Witchcraft”
(O Significado da Bruxaria), e logo em seguida, costurando e emendando elementos
oriundos do Neo-Druidismo, da Thelema de Aleister Crowley e da Magia Cerimonial,
assim como das próprias sugestões históricas e antropológicas dos livros que
pesquisara até então, aparentemente passou a “dar vida” ao culto das Bruxas descrito
por Murray, entretanto, formulando em si só, um sistema próprio, o qual o denominou
de Wica (com somente um “c”), a Bruxaria Moderna. Mais tarde, com o advento de
novas vertentes que surgiram a partir da própria Bruxaria de Gardner, como a Tradição
fundada por Alex Sanders que ficou conhecida como “Alexandrina”, àquela original de
Gardner passou a ser denominada como “Gardneriana”, isso após a morte dele, em
1964, somente para diferenciar um caminho do outro.

Raymond Buckland foi o primeiro bruxo a manifestar-se de fato, publicamente


como praticante de Wicca (nessa época, o termo já havia evoluído para conter dois
“c”). Ele foi iniciado pelo próprio Gardner através de sua última sacerdotisa conhecida,
Lady Olwen. Como passou a residir nos EUA, Buckland muito se distanciou do
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tradicionalismo adotado por seus precursores e foi o responsável por disseminar na


América do Norte durante os anos de 1960 a Wicca como sinônimo de Bruxaria,
incentivando a auto Iniciação, além de em 1973 ter fundado a Tradição Saxônica de
Bruxaria (ou “Seax Wicca”). Para Buckland, até hoje não há diferenças entre Wicca e
Bruxaria.

O fenômeno espalhou-se de tal maneira pelos EUA e Canadá que na década


de 1970 o número de praticantes de “Wicca” era enorme. Militantes feministas como
Zsuzsana Budapest, Starhawk e outras personalidades Bruxas como Selena Fox,
Macha Nightmare, entre outras, utilizavam-se da nomenclatura Wicca livremente, pois
era de entendimento geral que a mesma era sinônimo de Bruxaria, independente da
vertente que seguissem, até que, praticantes gardnerianos ortodoxos passaram a
reivindicar para si a utilização do termo “Wicca”, isto é, só poderiam ser denominados
“wiccans”, aqueles que possuíssem uma linhagem iniciática até Gerald Gardner;
nesse caso, gardnerianos e alexandrinos. Após isso, a grande maioria dessas Bruxas
e grupos passaram a se denominar simplesmente como “witches” (Bruxas) e até hoje
seguem seus trabalhos da mesma forma.

A “Wicca” chegou ao Brasil entre a década de 1970 e 1990, tendo sido


fortemente influenciada por obras como "Spiral Dance" (A Dança Cósmica das
Feiticeiras) da autora norte-americana Starhawk, e "The Power of Witch" (O Poder da
Bruxa), da famosa bruxa de Salém, Laurie Cabot e principalmente através das obras
do autor Scott Cunningham, que expôs sua forma de trabalhar com a Wicca, causando
uma certa sensação de que a religião poderia ser praticada de qualquer maneira - não
que essa fosse a intenção do autor, mas infelizmente foi o que acabou acontecendo.
No final da década de 1990 e início da década 2000, a Wicca sofreu uma grande
expansão no Brasil, devido ao início da publicação de livros de alguns autores
brasileiros e também pelo início da expressão do trabalho público envolvendo a
comunidade. Ao contrário do que ocorreu nos EUA, foram pouquíssimos os grupos
que deixaram de rotularem-se como praticantes de “Wicca” em respeito à linhagem
gardneriana. No Brasil e na América Latina em geral, é muito comum encontrar
praticantes de Wicca que desconhecem a legitimidade do termo com relação aos seus
precursores e abundam as “tradições” que alegam a desnecessidade da ligação para
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com Gardner para se ostentarem como tradições de Wicca. Alguns raríssimos grupos
passaram a se denominar praticantes de Bruxaria Moderna ou simplesmente Bruxaria
Contemporânea.

É importante salientar que esse subtópico tratou exclusivamente da Bruxaria


enquanto fenômeno moderno e público. Isso não significa que a mesma, não tenha
sido mantida oculta por diversos grupos que jamais tenham se exposto à luz da
contemporaneidade e que preservem suas tradições como os seus ancestrais o
faziam há séculos, seja na Europa, ou mesmo dentre aqueles imigrantes que de lá
vieram para as Américas.
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4 CORRESPONDÊNCIAS MÁGICAS E SIMBOLOGIAS

Faz-se indispensável para o ofício bruxo o conhecimento sobre as


correspondências e simbologias mágicas, o significado dos elementos da Natureza e
seus atributos, as Fases Lunares e suas influências sobre nossas vidas e sobre a
magia, assim como, para o estágio do neófito, o mínimo no que diz respeito a cores,
alguns cristais e ervas, dias da semana e suas regências planetárias, números,
animais, entre outros, o que servirá de introdução, para aquilo que será visto nos
módulos pós-iniciatórios.

4.1 Os Elementos

Historicamente, a Teoria dos Quatro Elementos no Ocidente baseia-se nos


ensinamentos dos filósofos pré-socráticos (Parmênides e Heráclito), ou seja, teoria
esse que teria como berço a Grécia Antiga Pré-Clássica. Entretanto, é sabido que
esses conhecimentos já eram do domínio de sacerdotes e Bruxas existentes muito
anteriores a esse período e o que ocorreu por parte dos filósofos foi uma tentativa de
cientificar uma sabedoria misteriosa já há tanto conhecida.

Há quem diga que o conhecimento sobre os Elementos não nasceu na Grécia


e sim foi trazido sistematicamente de lugares como a Índia, China, Oriente Médio,
parte do Oriente Próximo e que fora readequado para a cultura e local onde os gregos
estavam instalados.

Independente disso faz-se importante saber que a teoria dos quatro elementos
é base para todo o ofício mágico-espiritual da Bruxaria antiga e moderna. Eles são a
expressão essencial de tudo aquilo que existe nesse e em todos os mundos, inclusive
nos corpos dos seres vivos. Na verdade, os elementos dentro da simbologia mágica
são os componentes básicos de tudo aquilo que existe. Os quatro elementos: Ar,
Fogo, Água e Terra, são ao mesmo tempo visíveis e invisíveis, espirituais e físicos.
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São a partir desses elementos que todas as coisas foram formadas e


construídas de acordo com o pensamento mágico. Tanto, que a ciência atualmente
ao sustentar que existem muitas outras formas de “matéria” ainda desconhecida, não
exclui o princípio aqui discursado.

Não é adequado, nem sábio encarar o Ar, o Fogo, a Água e a Terra como
elementos puramente físicos – o Fogo, por exemplo, é muito mais que uma labareda
e da mesma forma a Terra não refere-se apenas ao planeta em que vivemos, mas às
características terrenas, sólidas e estáveis que tudo possa ter ou adquirir.

Estudar os elementos é estudar a própria Natureza, conhecendo peculiaridades


de seus especiais poderes e sua simbologia natural. O sistema elemental estudado
atualmente foi elaborado durante o período da Renascença, mas obviamente como
supramencionado, suas raízes perdem-se na história. Ele é, sem dúvidas, um dos
principais sistemas de poderes que podem ser acessados para auxiliar em
encantamentos e rituais.

4.1.1 Ar

Sendo o Elemento do intelecto, é a realidade do pensamento que é o primeiro


passo para a criação. Também é o movimento, o ímpeto que manda a visualização
na direção da concretização. Ele governa os feitiços e rituais que envolvem viagens,
instrução, liberdade, obtenção do conhecimento. Governa o Leste, pois essa é a
direção da maior luz.

3.1.1.1 Correspondências mágicas

Direção: Leste.
Estado físico da matéria: Gasoso.
Verbo: Querer.
Momento do Dia: Amanhecer.
Estação do Ano: Primavera.
Cores: Branco, amarelo, azul claro e tons pastéis.
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Signos: Gêmeos, Libra e Aquário.


Pedras: Citrino, quartzo branco.
Incensos: Alecrim, violeta, olíbano, jasmim e mirra.
Lugares: topos de montanhas e colunas, onde se venta muito.

Exercícios de Conexão: Sacudir objetos no ar ou pendurá-los ao vento, suspender


algo em lugares altos, deixar que o vento carregue folhas, flores, ervas, papel picado
ou cinzas.

Rituais: Todo trabalho mental, intuitivo e psíquico, o conhecimento, aprendizagem, o


vento, inspiração, viagem, liberdade, revelação da verdade, encontrar coisas
perdidas, habilidades psíquicas, instrução, memória, meditação, iluminação.

4.1.2 Fogo

É o elemento da mudança, vontade e paixão. Este é o reino da sexualidade e


da paixão. Ele não representa apenas o fogo sagrado do sexo, mas também a
centelha da divindade que brilha dentro de nós e de todas as coisas vivas. Ele é ao
mesmo tempo o mais físico e o mais espiritual dos elementos.

4.1.2.1 Correspondências Mágicas

Direção: Sul.
Estado Físico da Matéria: Plasma
Verbo: Ousar.
Momento do Dia: Meio-Dia.
Estação do Ano: Verão.
Cores: Vermelho, laranja e dourado.
Signos: Áries, Leão e Sagitário.
Pedras: Jaspe sanguíneo, pedras vulcanizadas, topázio, pedra do sol e rubi.
Incensos: Canela, junípero, cravo, rosas vermelhas, sangue de dragão, gengibre,
laranja.
Lugares: Deserto, fontes termais e vulcões.
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Exercícios de Conexão: queimar, passar na fumaça ou derreter um objeto, ervas e


imagens. O uso de velas e fogueiras.

Rituais: Espírito, vida, vontade, cura, destruição, purificação, amor, paixão,


sexualidade, criatividade, lealdade, transformação, proteção, coragem, sucesso,
vitalidade, autoconhecimento e poder.

4.1.3 Água

É o elemento da purificação, da mente subconsciente e de todas as emoções.


Assim como a água é fluída, constantemente mudando, fluindo, também são assim
nossas emoções. A água é o elemento da absorção e germinação. É por excelência
também, um elemento de fertilidade, quando bem dirigido e intencionado, e gestado
com todos os demais elementos.

4.1.3.1 Correspondências Mágicas

Direção: Oeste.
Estado da Matéria: Líquido.
Verbo: Saber.
Momento do Dia: Anoitecer
Estação do Ano: Outono
Cores: Azul, branco e prata.
Signos: Câncer, escorpião e peixes.
Pedras: água marinha, topázio azul, lápis-lazúli, pedra da lua, quartzo azul.
Incensos: camomila, lírio, alfazema, rosa branca, sândalo, lavanda.
Lugares: lagos, rios, fontes, poços, praias, mar, oceano e cachoeiras.

Exercícios de Conexão: diluir, colocar na água, lavar e untar objetos com óleo.
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Rituais: Emoções, sentimentos, amor, ternura, tristeza, intuição, inconsciente, o


ventre, geração, cura, comunicação com o espiritual, purificação, simpatia, reflexão,
marés e correntes da vida, poder de ousar e purificar as coisas, visão interior.

4.1.4 Terra

Este é o elemento ao qual somos mais próximos, já que é a nossa casa, nosso
corpo, nosso chão. A TERRA não necessariamente representa a terra física. Ela é o
reino da abundância, prosperidade e riqueza. É o mais físico dos elementos, pois
sobre ela todos os outros três elementos se apoiam.

4.1.4.1 Correspondências Mágicas

Ponto cardeal: Norte.


Estado da Matéria: Sólido.
Verbo: Calar.
Momento do Dia: Meia-Noite.
Estação do Ano: Inverno.
Cores: Preto, marrom e verde.
Signos: Touro, Virgem e Capricórnio.
Pedras: Todos que têm as cores da terra. Ex.: Esmeralda e ônix.
Incensos: Estoraque e Benjoim.
Lugares: Cavernas, vales, florestas, jardins, cozinha e montanhas.
Exercícios de conexão: Enterrar, plantar, fazer imagens no solo, magia de nós e
cordas.

Rituais: Crescimento, sustentação, prosperidade, nascimento, morte, força de


vontade, empatia, emprego, estabilidade, sucesso, fertilidade, cura e abundância.
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4.1.5 O Espírito

O Espírito, também chamado de “O QUINTO ELEMENTO” ou “ÉTER” é a soma


e ao mesmo tempo a “liga” entre os quatro elementos. Ele é aquilo que elevamos
quando estamos gerando um Cone de Poder e/ou de Energia. Ele é o Feminino e o
Masculino em profunda comunhão, aquilo que é formado quando as polaridades
comungam. Ele é e está por trás de absolutamente todas as coisas. Se o Universo é
um show de marionetes, o quinto elemento é aquele que por trás dos panos faz com
que tudo aconteça e com que as peças se mexam, sem que ele seja diretamente visto.

4.1.5.1 Correspondências Mágicas

Direções: Centro, Acima, Abaixo, todos os Lados.


Signos: Todos.
Cores: Branco e Preto.
Pedras: quartzo branco.
Incensos: mirra, espiritual, lírio.
Lugares: Interior dos corpos, ventre, abismos, espaço sideral, mente, céu, submundo.

Exercícios de Conexão: Silêncio absoluto, meditação e/ou grande euforia ritual.


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Rituais: Profunda conexão com o self. Iluminação máxima. Destruição. Despir de


máscaras. Misericórdia.

4.2 Os Dias da Semana e os Sete Planetas Astrológicos

Há muito, os antigos e sábios Caldeus decidiram associar os dias em grupos


de sete de modo a facilitar a sua organização e associação planetária com os astros
conhecidos até então (visíveis a olho nu). Estes possíveis antecessores dos
Babilônios basearam-se no seu sistema planetário, e nos sistemas enumerativos dos
Judeus e Árabes. Escolheram o número sete, pois, nesse tempo, era tido como
sagrado, por se manifestar em várias situações importantes, como por exemplo, e já
supramencionado, nos sete planetas conhecidos até então. Sete dias são igualmente
a duração de cada uma das quatro fases da Lua. Desta forma se criou a semana como
um período de sete dias. A semana caldeia, em analogia com a semana judaica,
divulgou-se desde o século II a.C. na Ásia Menor, Egito e Grécia.

Na Grécia foi onde se fizeram os maiores avanços, sendo depois reproduzidos


pelas outras culturas. À semana foi dado o nome hebdomas que indica a divisão em
períodos de sete manhãs, ou dias, baseada nas fases da Lua. Mas, para que qualquer
um pudesse aprender e saber qual o dia em questão, os sábios gregos adotaram um
método: deram-lhes nomes alusivos aos deuses. Assim, passaram a chamar a esses
dias de Theon hemerai, ou seja, dias dos deuses (Theon = deuses, hemerai = dias).

Aos primeiros dois dias foram atribuídos o Sol e a Lua; aos restantes, os deuses
Ares, Hermes, Zeus, Afrodite, e Cronos. Então, os dias passaram a chamar-se hemera
Heli(o)u, hemera Selenes, hemera Areos, hemera Hermu, hemera Dios, hemera
Aphrodites e hemera Khronu.

Os critérios de escolha destes deuses são desconhecidos; mas não as suas


representações. O Sol não tinha nenhuma específica, sendo somente um deus
herdado de povos anteriores. Por vezes era representado como estando em oposição,
outras em união, com a Lua. Os outros deuses tinham uma representação mais
concreta: Ares era o deus da guerra; Hermes, deus do comércio e dos viajantes; Zeus,
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deus dos Céus e dos deuses (o deus grego supremo); Afrodite, deusa do amor e da
beleza. Cronos foi o deus que governou o Universo até ser destronado pelo seu filho
Zeus; julga-se que aquele representava, depois de destronado, o tempo atmosférico.

Mais tarde, quando o Império Romano invadiu a Grécia, aquele absorveu


grande parte da cultura deste. No caso do método da divisão do tempo, somente a
nomenclatura dos deuses foi substituída, sem alteração das suas representações. Os
dias passaram, assim, a chamar-se Solis dies (Sol), Lunae dies (Lua), Martis dies
(Marte), Mercurii dies (Mercúrio), Jovis dies (Júpiter), Veneris dies (Vénus), Saturni
dies (Saturno).

Esta nomenclatura conservou-se nas línguas românicas (francês, italiano,


espanhol etc.) com exceção da portuguesa e nalgumas das celtas, anglo-saxônicas e
germânicas (nestas últimas, foi seguido o mesmo método utilizado pelos romanos
relativamente à alteração da nomenclatura dos deuses).

Por influência judaica e cristã, Saturni dies foi substituído por sabbatum
(Sábado), e Solis dies por dies dominica (Domingo). Sábado vem do hebreu Shabbat
e significa "cessar" ou "descansar", sendo o 7º dia no calendário judaico. Domingo,
com o significado de "Dia do Senhor", ou seja, da "Ressurreição de Cristo",
fundamenta-se unicamente na Bíblia, em que é tido, em várias passagens, como o 1º
dia da semana. No mesmo contexto, hebdomas foi traduzido para septimana.

Mas os Hebreus, por seu lado, alteraram radicalmente a nomenclatura, fazendo


uma contagem entre cada dois sábados consecutivos: prima sabbati, secunda
sabbati, etc. Este sistema único foi adotado por diversos cristãos desde fins do século
II. O Papa S. Silvestre (314-335) oficializou-o, inclusive, nas funções litúrgicas,
substituindo, porém, sabbat por feria, esta com o significado de "festa", "feira" ou
"dia de oração", o que posteriormente originou na língua portuguesa os nomes dos
dias da semana.

Apesar deste sistema enumerativo, com a palavra feria, ter sido consagrado
pelo calendário eclesiástico, e de Santo Agostinho ter criticado a nomenclatura pagã
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com deuses (In Psalmum XCIII, 3), apenas vingou na língua portuguesa (até aos
nossos dias) e, em parte, para o galego antigo (daqui apenas sobreviveu o Sábado
no Espanhol e no Português).

Em inglês, os nomes dos dias da semana constituem uma volta direta aos
antigos deuses pagãos:

Sunday, o Sol
Monday, a Lua
Tuesday, Tiu, deus da guerra e do céu
Wednesday, Wotan, rei dos deuses
Thursday, Thor, deus do trovão
Friday, Freya, deusa da paz e das colheitas
Saturday, Saturno, o deus romano do tempo e dos festejos

O inglês e as outras línguas norte-germânicas honram Sunday. As línguas


latinas, porém, homenageiam o Senhor Deus judaico-cristão com o nome desse
mesmo dia (domingo, domenica, dimanche = dia do Senhor).

Os planetas astrológicos antigos, dispostos na sequência geocêntrica (Sol, Lua,


Marte, Mercúrio, Júpiter, Vênus e Saturno), segundo vértices de heptágono estrelado
(3\3), fornecem a origem de nomes dos dias da semana em vários idiomas. Essa
sequência coincide, dentro do simbolismo da astrologia, com características de
diferentes idades cronológicas do ser humano. Dias da semana em inglês: Sunday,
Monday, Tuesday (do anglo-saxão Tiw, deus da guerra), Wednesday (Woden na
Germânia ocidental equivalente ao deus grego Hermes Trimegisto e ao romano
Mercúrio), Thursday (Thor, deus nórdico da trovoada, equivalente a Júpiter romano,
ou Jove), Friday (Frigga ou Freya, deusa nórdica do amor e da fertilidade) e Saturday.
Em francês e espanhol, além do dia do Senhor (Dimanche e Domingo), há Lundi e
Lunes, Mardi e Martes, Mercredi e Miercoles, Jeudi e Jueves, Vendredi e Viernes, e
Samedi e Sábado. Outras palavras usuais, como "desastre" (dos astros), "jovial",
"marcial", "lunático", "saturnismo", circulação "venosa" e doenças "venéreas", também
são de origem astrológica.
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É importantíssimo transcorrer sobre a introdução acima, para compreender a


essência mágica e energética dos dias da semana e compreender o porquê cada um
deles está diretamente ligado a cada um dos planetas astrológicos clássicos.

4.2.1 Os Dias da Semana e Correlações Mágicas

Como explanado no tópico acima, os dias da semana, não só estão geralmente


nomeados em diversos idiomas de acordo com os planetas astrológicos clássicos e
seus deuses equivalentes em respectivas e diferentes mitologias, como estão
organizados e dispostos de acordo como esses astros influenciam cada um dos dias;
isso se dá, como já dito, a partir da sequência geocêntrica, ou seja, segundo os
vértices de heptágono estrelado, o sistema setenário de planetas.

Após essa importante exposição teórica sobre o tema, serão abordadas agora
as correspondências mágicas e simbólicas de cada dia da semana, de acordo com
suas influências planetárias.

DOMINGO

Planeta Regente: Sol


Elemento Predominante: Fogo
Signos Zodiacais: Leão
Afirmação: Eu Sou
Cores: Amarelo, Branco e Dourado
Ervas, Árvores, Perfumes e Incensos: olíbano, eucalipto, açafrão, louro, noz-
moscada, arruda, crisântemo, limão, freixo, hissopo, visgo, abeto, girassol, figueira,
angélica, calêndula, oliveira, romãzeira, laranjeira, anis, pessegueiro, videiro, pinheiro,
sicômoro, malva, canela, hibisco, agrião, erva-doce, camélia, verbasco, betônica,
endro, sálvia, hena, cardo-santo, dente-de-leão, guaraná, milho, abacaxi, tangerina,
cacau.
Pedras e Cristais: Diamante, crisólita, topázio e jade amarelo.
Metal: Ouro
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Princípio Hermético: Mentalismo


Número: 6

Dia favorável para trabalhos mágicos que propiciem:


Desenvolvimento espiritual, poder, ambição, dinheiro, heranças, negócios,
prosperidade, amizades, relações fraternais, casamentos, curas, medicina,
associações, religiões, paz, prazer e bem-estar, harmonia, equilíbrio, crescimento,
segurança e sucesso.

Favorável para se trabalhar os aspectos da psicologia humana no que tocam:


Consciência desperta, esperança, nobreza de sentimentos, honra, amizade,
generosidade, idealismo, coragem, lealdade, autoridade, inteligência, espiritualidade,
felicidade, alegria, grandeza moral, criatividade, vontade, compreensão, auto-estima,
vaidade, presunção, orgulho, arrogância, ambição, exibicionismo, egocentrismo e
extroversão.

Dia que favorece as seguintes áreas do conhecimento humano:


Artes plásticas, belas artes, música, musicologia, musicoterapia, estética, decoração,
astronomia, astrologia, angeologia, teologia, antropologia, cosmologia, tarologia,
radiologia, ótica, cardiologia, medicina holística, enfermagem, oftalmologia,
imunologia, cromoterapia, pediatria e higiene.

SEGUNDA-FEIRA

Planeta Regente: Lua


Elemento Predominante: Água
Signos Zodiacais: Câncer
Afirmação: Eu Sinto
Cores: Branco, prata, roxo e violeta.
Ervas, Árvores, Perfumes e Incensos: jasmim, artemísia, cânfora, acácia, gengibre,
sabugueiro, arnica, papoula, salsa, nenúfar, arroz, algas, plantas de folhas macias,
aquáticas, flores brancas, ginseng e coco.
Pedras e Cristais: Pedra-da-Lua, pérola, madrepérola, opala, quartzo-branco.
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Metal: Prata
Princípio Hermético: Polaridade
Número: 9

Dia favorável para trabalhos mágicos que propiciem:


Fantasias, psiquismo, poderes latentes, mudanças, viagens, eliminação de coisas
ruins, afastamento de inimigos, aumento de boa saúde, harmonia e tranquilidade no
lar, recepção, receptividade, artes e romances.

Favorável para se trabalhar os aspectos da psicologia humana no que tocam:


Imaginação, compreensão, memória, paciência, bom senso, silêncio, serenidade,
tranquilidade, sonhos, instintos, modéstia, sensibilidade, lentidão, passividade,
inconstância, inconsciência, inconstância, capricho, psique instável, desilusões,
desejos, vícios, preguiça, depressão, instabilidade emocional, medo, inquietudes,
obsessões, receios, insanidade, falsidade, apego ao lar e à família.

Dia que favorece as seguintes áreas do conhecimento humano:


Artes, psicologia, psiquiatria, psicoterapia, saúde mental, sexologia, hipnologia,
genética, obstetrícia, fisiologia, endocrinologia, oceanologia, ictiologia, hidrologia,
hidráulica, saneamento, enologia, zoologia, zootecnia e veterinária.

TERÇA-FEIRA

Planeta Regente: Marte


Elemento Predominante: Fogo
Signos Zodiacais: Áries e Escorpião
Afirmação: Eu Desejo, Eu Posso
Cor: Vermelho.
Ervas, Árvores, Perfumes e Incensos: alho, café, lavanda, cravo-da-Índia, sangue-
de-dragão, pimenta, espinheiro, ipérico, urtigão, abrunheiro, gerânio, sorveira,
amoreira, cerejeira, dragoeiro, cactos, cebola, noz-de-cola, mamona, plantas
espinhosas, picantes e irritantes.
Pedras e Cristais: Rubi, pirita, hematita e jade vermelho.
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Metal: Ferro
Princípio Hermético: Causa e Efeito
Número: 5

Dia favorável para trabalhos mágicos que propiciem:


Poder, proteção, força, decisão, empreendimento de coragem, aventuras,
pioneirismo, cirurgias, incêndios, guerras, aventuras, exércitos, polícia, justiça,
processos, disputas, luta, vitórias, condenações, prisões, castigos e punições.

Favorável para se trabalhar os aspectos da psicologia humana no que tocam:


Vontade, autoridade, ânimo, entusiasmo, estímulo, ímpeto, coragem, honestidade,
poder, valor, compreensão completa, análise, iniciativa, exaltação, impaciência,
violência, brutalidade, ambição, autoritarismo, dominação, orgulho, tirania, injustiça,
agressividade, impulsividade, egoísmo, paixão sem amor, grosseria, ira, conflito,
imaturidade, desejo sexual exaltado e desejo de destruição.

Dia que favorece as seguintes áreas do conhecimento humano:


Artes marciais, heráldica, forças armadas, artilharia, infantaria, engenharia bélica,
naval e nuclear; metalúrgica, siderurgia, ferramentaria, cutelaria, cirurgia,
hematologia, urologia, imunologia, máquinas agrícolas e agronomia, vulcanologia,
astronáutica, ciências exatas, computação, matemática, criminologia e criminalística.

QUARTA-FEIRA

Planeta Regente: Mercúrio


Elemento Predominante: Ar
Signos Zodiacais: Gêmeos, Aquário e Virgem
Afirmação: Eu Penso, Eu Comunico, Eu Sei, Eu Analiso
Cor: Amarelo e Laranja
Ervas, Árvores, Perfumes e Incensos: beijoim, estoraque, aveleira, freixo, hissopo,
hammaméllis, valeriana, junípero, alecrim, figueira, louro, acelga, álamo, lótus, bambu,
orégano, manjerona, funcho, coentro, cominho, tomilho, endro, cardamomo, tília, trigo.
Pedras e Cristais: Cornalina, citrino e berilo.
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Metal: Mercúrio
Princípio Hermético: Vibração
Número: 8

Dia favorável para trabalhos mágicos que propiciem:


Desenvolvimento intelectual, exercício do discernimento e da perspicácia, raciocínio
científico, capacidade de expressão, auto cura, desenvolvimento da telepatia, poderes
de cura, psiquismo, divinação, clarividência, conhecimento de línguas e ciências,
criação e elaboração de talismãs, prática da Radiestesia, leitura do tarô, das runas e
oráculos em geral, estudos, tecnologia, literatura, cálculos, comércio, negócio,
comunicações em geral, furtos, viagens, cerimônias e ritos.

Favorável para se trabalhar os aspectos da psicologia humana no que tocam:


Imaginação, inteligência, razão, sabedoria, consciência, astúcia, criatividade,
iniciativa, vontade, esforço, dedicação, inquietação, habilidade, agilidade, perspicácia,
prudência, otimismo, agitação, nervosismo, desonestidade, hipocrisia, insatisfação,
infidelidade, inabilidade, timidez e pobreza de espírito.

Dia que favorece as seguintes áreas do conhecimento humano:


Comércio, publicidade, comunicação, relações públicas e internacionais, idiomas,
literatura, filologia, grafologia, simbologia, mitologia, numerologia, tarologia,
Radiestesia, pedagogia, sociologia, jornalismo, biblioteconomia, informática, turismo,
transporte, logística, enfermagem, aromaterapia, neurologia, pediatria, pneumologia,
meteorologia.

QUINTA-FEIRA

Planeta Regente: Júpiter


Elemento Predominante: Espírito
Signos Zodiacais: Sagitário e Peixes
Afirmação: Eu Aspiro, Eu Observo, Eu Creio
Cor: Azul Royal
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Ervas, Árvores, Perfumes e Incensos: olíbano, canela, noz-moscada, violeta,


hortelã, amor-perfeito, carvalho, bétula, oliveira, samambaia, canela, faia, castanheira,
abacateiro, palmeira, seringueira, azevinho, cedo, eucalipto, centáurea, verbasco,
betônia, arruda, tabaco, sálvia, trevo, videira, lírio, anis-estrelado, manjericão, nozes
e amêndoas.
Pedras e Cristais: safira, ametista, turquesa e lápis-lazúli
Metal: Estanho
Princípio Hermético: Correspondência
Número: 4

Dia favorável para trabalhos mágicos que propiciem:


Trabalho, dinheiro, riqueza, farturas, prosperidade, aquisições, progresso, honra,
honestidade, paz, fidelidade, grandeza, esportes, jogos olímpicos, sociedades,
cooperação, governos, ordem, justiça, poder, força, decisão, empreendimentos de
coragem, organização, educação, saúde, religiões, espiritualidade, respeito,
filantropia, amizades, êxitos no geral.

Favorável para se trabalhar os aspectos da psicologia humana no que tocam:


Sentido de justiça, amor, alegria, jovialidade, generosidade, espiritualidade,
inteligência, sabedoria, poder, disciplina, serenidade, temperança, discernimento,
clareza de ideias, autocontrole, lealdade, bondade, caridade, benevolência,
tolerância, sinceridade, constância, franqueza, decisão, orgulho, descontrole,
hipocrisia, avareza, gula, fanatismo, machismo e autoritarismo.

Dia que favorece as seguintes áreas do conhecimento humano:


Teologia, advocacia, diplomacia, administração, magistério, belas artes, gastronomia,
nutrição, educação física e atletismo, entretenimento, ciência política, economia,
contabilidade, estatística, sociologia, urbanismo, edificações, engenharia civil,
arquitetura, paisagismo, geografia, engenharia elétrica e eletrônica, imunologia.

SEXTA-FEIRA

Planeta Regente: Vênus


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Elemento Predominante: Fogo, Terra e Água


Signos Zodiacais: Touro e Libra
Afirmação: Eu Tenho, Eu Amo, Eu Equilibro
Cor: Verde e Rosa
Ervas, Árvores, Perfumes e Incensos: rosas, verbena, sândalo, limão, baunilha,
gengibre, jacinto, mandrágora, murta, macieira, pessegueiro, feno-grego, erva-doce,
hera, orquídea, margarida, acanto, pereira, bananeira, ameixeira, abacateiro, cajueiro,
morangueiro, mangueira, goiabeira, laranjeira, cerejeira, videira, ipê, melissa,
Damiana, passiflora, erva-cidreira, camélia, cominho, patchouli, algodão, trevo,
cânhamo, cardamomo, pimenta rosa, ginseng, gergelim, amaranto, bromélia.
Pedras e Cristais: esmeralda, jade verde, quartzo-rosa, turmalina rosa, turmalina
verde.
Metal: Cobre
Princípio Hermético: Gênero
Número: 7

Dia favorável para trabalhos mágicos que propiciem:


Amor, afetividade, beleza, luxo, sexo, prazeres, desfrutes, harmonia, paz, concórdia,
casamentos, relacionamentos, prosperidade, criatividade, crescimento, vontade livre,
fertilidade, artes, música, sociedade, realizações, ideais, dedicação, devoção.

Favorável para se trabalhar os aspectos da psicologia humana no que tocam:


Harmonia interior, amor, simpatia, honestidade de sentimentos, entusiasmo, intuição,
felicidade, bondade, talento natural, maturidade, autoconfiança, paz interior,
esperanças, rebeldia, satisfação, imaginação, bom humor, pacifismo, gentileza,
sensibilidade, sensualidade, vaidade, atração pelos prazeres e luxo, desejo, luxúria,
libertinagem, infidelidade.

Dia que favorece as seguintes áreas do conhecimento humano:


Artes plásticas, música, artes cênicas, design de moda, estética, decoração, têxtil,
nutrição, gastronomia, culinária, hotelaria, botânica, paisagismo, ecologia, engenharia
florestal, recursos florestais, fitotecnia, fitoterapia, naturopatia, herbalismo, ornitologia
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(estudo das aves), história natural, museologia, ginecologia, sexologia, advocacia,


secretariado.

SÁBADO

Planeta Regente: Saturno


Elemento Predominante: Terra e Água
Signos Zodiacais: Capricórnio
Afirmação: Eu Construo, Eu Realizo
Cor: preto, marrom
Ervas, Árvores, Perfumes e Incensos: mirra, salsa, madressilva, almíscar, musgo,
assa-fétida, salgueiro, cipreste, nogueira, teixo, mandrágora, meimendro, beladona,
estramônio, acônito, mimosa, dulcâmara, carqueja, lírio, cicuta, boldo, fungos, musgos
e raízes.
Pedras e Cristais: ônix, turmalina negra, basalto, pedra-ímã.
Metal: Chumbo
Princípio Hermético: Ritmo
Número: 3

Dia favorável para trabalhos mágicos que propiciem:


Trabalhos mágicos de expansão da consciência, tanatologia esotérica, criação,
confecção e energização de pantáculos, obras de maldição e morte, necromancia,
tempo, idade, antiguidade, estudo, introspecção, segredos, vida e morte, início e fim
de todas as coisas, matéria, bens materiais, conservação de posses, terras e
propriedades, heranças, tesouros, concretização, realização, estabilidade, progresso
(lento, porém seguro), disciplina, densidade, obscuridade, esterilidade, solidão,
obstáculos, dor, sofrimento, tristeza, mágoas, desgraças, inimizades, ódio,
blasfêmias, opressão, depressão, pobreza, materialismo, materialidade e restrição.

Favorável para se trabalhar os aspectos da psicologia humana no que tocam:


Pensamento, inteligência, silêncio, compreensão, seriedade, responsabilidade, frieza,
prudência, modéstia, concentração, vontade persistente, sobriedade, sabedoria,
reflexão, lucidez, raciocínio frio, lentidão, restrição, depressão profunda, avareza,
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teimosia, intolerância, ceticismo, rancor, angústias, melancolia, aflições, opressões,


desconfiança, depravação, intrigas, vícios, ódio contido, crueldade sutil e contínua,
hostilidade, ignorância, grosseria.

Dia que favorece as seguintes áreas do conhecimento humano:


Filosofia, teologia, astrofísica, arqueologia, antropologia, paleontologia, geologia,
espeleologia, geofísica, mineralogia, petrologia, sismologia, micologia, história antiga,
tanatologia, demonologia, física, matemática, mecânica, anatomia, geriatria,
morfologia, osteologia, odontologia, fisioterapia, reumatologia, dermatologia,
patologia, parasitologia, infectologia, toxicologia.

4.3 Fases Lunares

É impossível desassociar a Lua e suas fases da prática da Bruxaria, sendo ela


Hecatina ou de qualquer outro segmento. Incontestavelmente, ela é um marcador
natural, um calendário ostentado no céu noturno, que assinala mudanças periódicas
que ocorrem tanto no reino vegetal, animal, quanto mineral (vide as marés). Seus
ciclos repetitivos imitam o eterno padrão vida-morte-vida e disso nossos antepassados
bem se aproveitaram como conhecimento, para ter a Lua como norteadora, desde
para saber o momento certo para a colheita, o plantio, o acasalamento dos animais, a
caça e a pesca, até as viagens e mudanças climáticas.
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Segundo Mirela Faur, em “O Anuário da Grande Mãe”:

“Os estudos e as pesquisas modernas comprovam,


de forma científica, o efeito das fases lunares sobre os
organismos vivos. Durante a Lua Cheia, por exemplo, há
um aumento na tensão superficial dos líquidos. Sendo 70%
do nosso organismo composto de líquido, há uma retenção
maior de fluidos em nosso corpo, um aumento da tensão
molecular produzindo um efeito bioquímico. Como o
cérebro não pode se expandir dentro da caixa craniana, a
pressão formada age sobre os neurônios, resultando em
mudanças comportamentais; a palavra ‘lunático’, por
exemplo, vem da raiz latina ‘luna’ ou lua. Durante a Lua
Cheia, há uma ionização positiva na atmosfera,
aumentando a circulação e a temperatura do corpo e
ativando, assim, o cérebro. Estatísticas comprovam a
maior incidência de desequilíbrios mentais e emocionais
durante a Lua Cheia, aumentando a frequência com que
ocorrem acidentes, crimes e suicídios. ”16

É imprescindível ao bruxo conhecer profundamente a energia que a Lua emana


sobre a Terra e sobre todos os seus seres – mais do que isso, é imprescindível que
os bruxos conheçam as diferentes nuances energéticas que emanam de cada uma
de suas fases, para com Ela poderem sintonizarem seus corpos, suas mentes e
obterem sucesso e resultados positivos em seus trabalhos mágicos.

Aqui serão apresentadas oito fases da Lua trazidas pelos ensinamentos


mágicos e Bruxos, entretanto, focaremos maior atenção em suas quatro fases mais
clássicas que são a Lua Nova ou Negra, a Quarto-Crescente, a Cheia e a Quarto
Minguante. Se faz importante salientar que a Lua Emergente e a Lua Convexa ou

16
FAUR. Mirella. O Anuário da Grande Mãe: Guia Prático de Rituais para celebrar a Deusa. Editora Gaia, São
Paulo, 1999. Página 345.
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Gibosa também na verdade, nada mais são que subfases da Lua Crescente, assim
como a Lua Disseminadora e a Lua Balsâmica são subfases da Lua Minguante.

4.3.1 Lua Nova ou Negra

É o momento em que há escuridão plena no céu, exceto pela suave luz das
estrelas. A Lua está escondida por trás da Terra, de maneira que a sombra dessa faça
com que aquela fique sob a mais repleta penumbra. Há a diminuição do campo
magnético e o vazio se faz presente na atmosfera mágica. É um momento entre
mundos, onde só há vida em estado latente – é preciso plantar uma semente e
transformar através da ação mágica e do impulso, esse potencial latente em um
possível e futuro algo a ser concretizado. Aqui, o instinto prevalece. A intuição é mais
clara e está livre de ruídos.

4.3.1.1 Correspondências Mágicas

Cores: branco e preto


Ervas e Incensos: mirra, olíbano, sangue-de-dragão.
Pedras e Cristais: hematita, turmalina negra, obsidiana, ônix.
Rituais e Feitiços para: Fundamentação de projetos, proteção, ocultação, plantar as
sementes, fundações, limpezas.

4.3.2 Lua Emergente

A Lua Emergente é o primeiro traço da Lua Crescente e é o tempo da


manifestação, do germinar das sementes. É um excelente momento para alimentar
suavemente aquilo que se edificou na Lua Nova, agindo magicamente como um sábio
jardineiro, examinando sua plantação e arrancando possíveis ervas daninhas ou
aquelas plantas que simplesmente não se desenvolveram.
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4.3.3 Lua Quarto-Crescente

Trata-se da Lua Crescente por excelência, estágio que rege o crescimento de


todas as coisas. Já existe magnetismo suficiente no ambiente para ser trabalhado e
moldado com propriedade e fluxo lunar incide em aumentar energias que são geradas,
assim como propiciar inícios de coisas mais concretas, diferentemente da Lua Nova
onde as coisas ainda estavam em forma de semente.

4.3.2.1 Correspondências Mágicas

Cores: cor-de-rosa suave, branco, amarelo-claro.


Ervas e Incensos: rosas brancas, rosas amarelas, margaridas.
Pedras e Cristais: esmeralda, jade, quartzo-rosa.
Rituais e Feitiços para: Consagração de uma nova residência, planos para
engravidar, amor, sorte, bonança, prosperidade, companheirismo, lealdade,
fortalecimento da saúde, proteção de crianças, proteção para casamentos etc.

4.3.4 Lua Convexa ou Gibosa

Nessa fase, chamada de Convexa ou Gibosa, a energia crescente da Lua está


chegando ao fim e preparando para ingressar em seu ápice. É o momento mais
adequado para o bruxo verificar se suas magias, interesses e desejos não estão sendo
obstados por qualquer tipo de problema, para que venha então a intervir com seu
poder. Na Lua Convexa, as vezes, para que se atinja certos resultados com sucesso
na magia, é o momento para se abrir mãos de certas coisas, para que o desejo se
realize e a plenitude se concretize.

4.3.5 Lua Cheia

A Lua Cheia em si, é um claro aviso dos Deuses de que naquela noite, quando
Ela brilha Soberana nos Céus, os Bruxos e Feiticeiros devem se reunir para celebrar
o esplendor das Forças da Vida, beber da plenitude de sua luz, e trabalhar com a
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abundância de seu Poder. A Lua Cheia é momento de grandes trabalhos na Bruxaria.


No passado, foram incontáveis as culturas que celebraram a Lua Cheia para
reverenciar a força geradora e sustentadora do Universo, a Grande Força Vital
Criativa. Por motivos óbvios, a Lua Cheia sempre foi aquela que mais fascinou a
humanidade desde o princípio, o mais acessível e compreendido. A Lua Cheia sempre
esteve ligada ao ápice da energia vital, ao pleno potencial de atingir todas as coisas.
É nesse momento que a Lua alcançou sua luz plena e seu campo magnético influencia
os líquidos dos corpos vivos e exalta a manifestação do potencial total. É o momento
de fazer os projetos atingirem seu auge.

4.3.5.1 Correspondências Mágicas

Cores: branco, azul, vermelho, verde


Ervas e Incensos: rosas vermelhas, anis-estrelado, sangue-de-dragão, lírio, jasmim.
Pedras e Cristais: quartzo-branco
Rituais e Feitiços para: plenitude em todos os sentidos, conclusões, paz, poder,
desenvolvimento psíquico, conservação, manutenção e proteção da vida,
preservação da saúde, aumento e potencialização de todas as coisas, prosperidade,
justiça, vitória, bênçãos, criação, misericórdia.

4.3.6 Lua Disseminadora

Passada a acelerada e frenética fase da Lua Cheia, chega-se a fase


Disseminadora, momento adequado para introspecção e avaliação dos frutos que já
se obteve. Resultados devem ser avaliados com clareza. Erros devem ser assumidos,
caso tenham ocorrido. E é aqui, nesse momento, que se deve colher os frutos oriundos
de trabalhos mágicos lançados principalmente na Lua Nova, ou eles apodrecerão.

4.3.7 Lua Quarto-Minguante

É aquela que normalmente chamamos de Lua Minguante, estágio que


representa o cumprimento dos prazos, os acertos de contas, as tarefas completadas.
O magnetismo lunar está fluindo para o decair, o minguar, como o próprio nome já diz.
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Inicia-se o processo de transformação daquilo que já não mais serve, para o total
extermínio e renascimento de algo novo na próxima lunação.

4.3.7.1 Correspondências Mágicas

Cores: preto, violeta, roxo.


Ervas e Incensos: arruda, guiné, benjoim, sálvia, menta, verbena.
Pedras e Cristais: quartzo-esfumaçado, âmbar, azeviche.
Rituais e Feitiços para: banimento, proteção, exorcismo, redução de pragas,
diminuição de doenças, afastamento de inimigos, maldições, desfazimento de feitiços,
contra-ataques, relações que estejam terminando, divórcios, aceleração para
desfecho de processos judiciais, mudança de trabalho.

4.3.8 Lua Balsâmica

Eis o último estágio da Lua Minguante, denominada Balsâmica, e por alguns


praticantes neo pagãos de Bruxaria de “Lua Negra”, título o qual reservamos
tradicionalmente para a Lua Nova, e não para a Lua Balsâmica. É um estágio da Lua
em que sua energia sobre o campo magnético da Terra já é quase nulo, sendo
momento de recomposição, retração, silêncio e meditação. Em meio a escuridão da
Lua Balsâmica, é possível mergulhar em seu bálsamo para introspectivamente
reavaliarmos nossos aspectos interiores e curarmos nossas feridas, abrindo caminho
para o novo ciclo, a nova lunação, limpos e livres de qualquer influência que nos
impeça de atingir a plenitude.

4.4 Números, Correspondências e Atributos

Um - O primeiro número representa o princípio, a unidade, o poder, a objetividade e o


ímpeto que leva a realização. Está relacionado com as forças criativas, com a
originalidade e a individualidade.

Palavras Chave: Início, Força, Liderança, Individualidade, Independência, Coragem,


Ousadia, Iniciativa e Conquista.
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Dois - O segundo número representa a dualidade, a polaridade, a complementação e


a convivência harmoniosa. Está relacionado com as forças mediadoras, cooperativas,
conciliadoras, pacificadoras e amáveis por sua capacidade de equilibrar forças
opostas.

Palavras Chave: Associação, Dualidade, Cooperação e Diplomacia.

Três - O terceiro número representa a expressão, a expansão e a comunicação. É o


resultado da união entre o 1 e o 2, portanto a frutificação e a multiplicidade. Está
relacionado com a interação social e o poder da unidade entre corpo, mente e alma.

Palavras Chave: Expressão, Comunicação, Criatividade, Sociabilidade e Múltiplos


talentos.

Quatro - O quarto número representa a estabilidade, a firmeza, a segurança, o


conservadorismo e a fidelidade. Está relacionado com a lei, a ordem, a segurança, a
autodisciplina, o mundo material, o senso prático e o poder de concretizar.

Palavras Chave: Ação, Estabilidade, Firmeza, Segurança, Conservadorismo,


Organização e Honestidade.

Cinco - O quinto número representa a liberdade, o espírito aventureiro e a


transgressão. Está relacionado com a possibilidade de mudanças, a versatilidade, as
viagens, as sensações e os sentidos.

Palavras Chave: Liberdade, Evolução, Curiosidade, Entusiasmo, Ousadia,


Empreendedorismo, Versatilidade.
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Seis - O sexto número representa o equilíbrio, a compreensão, a honestidade e o


intelecto. Está relacionado com o perfeccionismo, a generosidade e a caridade.

Palavras Chave: Harmonia, Equilíbrio, Verdade e Justiça.

Sete - O sétimo número representa a espiritualidade, a perfeição, a interação entre os


mundos e a transformação. Está relacionado com a introspecção, a pesquisa, o
ocultismo e a reflexão.

Palavras Chave: Transformação, Análise, Investigação, Lógica, Misticismo e


Reflexão.

Oito - O oitavo número representa a vitória, a regeneração, a prosperidade, a


responsabilidade e o prestígio. Está relacionado com a riqueza material, a ambição
legítima, perseverança e o senso ético.

Palavras Chave: Vitória, Responsabilidade, Riqueza Material e Reconhecimento.

Nove - O nono número representa a totalidade, a conclusão, a fraternidade e a


plenitude espiritual. Está relacionado com o amor universal incondicional e a
sabedoria.

Palavras Chave: Realização, Universalidade, Abnegação e Compaixão.


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4.5 As Cores, Simbologia e Aplicação

VERMELHO

A cor vermelha significa paixão, energia e excitação. É uma cor quente. Está
associada ao poder, à guerra, ao perigo e à violência. O vermelho é a cor do elemento
fogo, do sangue e do coração humano. Simboliza a chama que mantém vivo o desejo,
a excitação sexual e representa os sentimentos de amor e paixão. Além disso, essa
cor estimula o sistema nervoso, a circulação sanguínea, dá energia ao corpo e eleva
a autoestima. Suas palavras-chave são também amor, magnetismo, saúde física,
sexualidade, força, poder da vontade, vitalidade, movimento e calor.

Um ambiente pintado de vermelho se torna vibrante, com glamour, requinte e


estimula a sexualidade. Em excesso, pode provocar inquietação, nervosismo e
confusões. Na sala e cozinha, o vermelho estimula o apetite e deixa o ambiente mais
convidativo. O vermelho está associado aos signos de Áries e Escorpião.

LARANJA

A cor laranja significa alegria, vitalidade, prosperidade e sucesso. É uma cor


quente resultado da mistura das cores primárias vermelho e amarelo. Está associada
à criatividade, pois o seu uso desperta a mente e auxilia no processo de assimilação
de novas ideias. Energia, entusiasmo, comunicação e espontaneidade são palavras
chave associadas ao laranja. O laranja é uma das tonalidades que lembra verão, calor,
diversão, liberdade e atitudes positivas. Algumas vibrações negativas da cor laranja
são o nervosismo, ansiedade e descontentamento, motivo pelo qual não deve ser
usada por pessoas estressadas ou que se irritam com facilidade.

Um ambiente com a cor laranja pode provocar os mesmos efeitos que a cor
vermelha no que se refere a estímulos do apetite e propensão para os diálogos. É
recomendável para cozinhas, salas de jantar e salas de visitas, sempre sem haver
excesso no seu uso. É uma cor forte e associada ao signo de Leão.
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AMARELO

A cor amarela significa luz, calor, descontração, otimismo e alegria. O amarelo


simboliza o sol, o verão, a prosperidade e a felicidade. É uma cor inspiradora e que
desperta a criatividade. Estimula as atividades mentais e o raciocínio.

Um ambiente pintado de amarelo traz mais calor e iluminação. É ideal para dar
a sensação de calor em ambientes frios e escuros. Também proporciona
concentração e atenção, por isso, é recomendável para escritórios e salas de estudo.
Em excesso, pode provocar distração e ansiedade. O amarelo é a cor dos signos de
Gêmeos, Touro e Virgem. O signo de Leão está associado ao amarelo-ouro. A cor
amarelo-ouro (dourado) representa a riqueza, o dinheiro e o ouro. Está associada à
nobreza, à inteligência e ao luxo.

VERDE

A cor verde significa esperança, liberdade, saúde e vitalidade. O verde


simboliza a natureza, o dinheiro e a juventude. É cor da natureza viva. Está associada
ao crescimento, à renovação e à plenitude. O verde acalma e traz equilíbrio ao corpo
e ao espírito. O seu uso em momentos de depressão e tristeza pode ser reconfortante
e estimulante.

O verde é uma cor que harmoniza qualquer ambiente e traz boas energias. É
recomendável o uso desta cor no banheiro para aumentar a energia do local. Apesar
de ser uma cor neutra, não se aconselha a sua mistura com cores como vermelho ou
amarelo para não criar um ambiente muito quente, em que predominam os
sentimentos de inveja, posse ou mesmo raiva. Está associada aos signos de Touro,
Libra, Virgem. Os tons mais escuros estão associados ao signo de Capricórnio e os
tons mais claros, aos signos de Aquários e Peixes.
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ROSA

A cor rosa está associada romantismo, ternura, ingenuidade e está


culturalmente associada ao universo feminino. Aliás, outras características como
beleza, suavidade, pureza, fragilidade e delicadeza manifestadas pela cor rosa,
geralmente, são também atribuídas às mulheres.

Existem muitas tonalidades de rosa quando se mistura a cor branca ao


magenta ou vermelho. Aos tons de rosa claro são atribuídas conotações ligadas ao
amor e ao romantismo. Os tons de rosa escuro estão associados à sensualidade e à
sedução feminina. Rosa é a cor das emoções, dos afetos, da compreensão, do
companheirismo e do romance. Representa os sentimentos ligados ao coração, como
o amor verdadeiro. Está associada ao signo de Libra.

AZUL

A cor azul significa tranquilidade, serenidade e harmonia, mas também está


associada à frieza, monotonia e depressão. Simboliza a água, o céu e o infinito. É a
cor da realeza (sangue azul) e da aristocracia. É uma cor fria, considerada a mais fria
entre os tons frios de azul, verde e violeta. Dentre os diferentes efeitos na saúde
destaca-se a diminuição da circulação sanguínea, a redução da temperatura corporal
e a baixa da pressão arterial.

Um ambiente azul favorece o exercício intelectual e tranquiliza. É a cor ideal


para ambientes formais, escritórios ou mesmo para o quarto de crianças ou
adolescentes agitados, devido ao seu efeito calmante. O uso da cor azul em excesso
pode trazer sonolência. Por isso, é aconselhável que seja combinada com outras
cores para evitar a monotonia. A cor azul estimula a criatividade. É a cor preferida de
grande parte do povo ocidental. Os signos do Zodíaco associados à cor azul são
Aquário, Libra, Sagitário e Peixes.
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ÍNDIGO

O índigo é uma cor muito poderosa para a psique. Está associado com o
funcionamento do cérebro e é um estimulante para a imaginação e a intuição.
Também é um forte sedante. Suas demais correspondências assemelham-se as da
cor violeta, abaixo apresentada.

VIOLETA

O violeta está ligado ao mundo místico e significa espiritualidade, magia e


mistério. Essa cor transmite a sensação de tristeza e introspecção. Estimula o contato
com o lado espiritual, proporcionando a purificação do corpo e da mente, e a libertação
de medos e outras inquietações. É a cor da transformação.

O ambiente violeta é misterioso e místico, sendo a cor apropriada para um local


de meditação. Pode ser uma cor depressiva e melancólica, se usada em excesso. A
cor violeta é obtida através da mistura das cores primárias azul e vermelho. Os tons
de roxo, violeta e índigo estão associados aos signos de Sagitário, Aquário e Peixes.

BRANCO

A cor branca significa paz, pureza e limpeza. É também chamada de "cor da


luz" porque reflete todas as cores do espectro. A cor branca reflete todos os raios
luminosos proporcionando uma clareza total.

O branco é símbolo da paz, da espiritualidade, da inocência e da virgindade.


Na cultura ocidental a cor branca está associada à alegria, enquanto no oriente está
associada à morte, ao luto e à tristeza. Contudo, é uma cor que sugere libertação, que
ilumina o lado espiritual e restabelece o equilíbrio interior.
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Um ambiente branco proporciona frescura, calma e dá ideia de maior espaço,


proporcionando a sensação de liberdade. Em excesso, pode dar a impressão de
frieza, vazio e impessoalidade. O signo de Câncer está associado à cor branca.

MARROM

O marrom é a cor da Mãe Terra. Nos transmite a sensação de estabilidade e


afasta a insegurança. No entanto, está relacionado à repressão emocional e ao medo
ao mundo exterior, também à estreiteza de planos para o futuro. Com frequência se
relaciona o marrom com a carência de auto valoração, uma falta de conhecimento
sobre si mesmo. São palavras chaves da cor marrom: estabilidade, realismo, cautela,
fertilidade. A cor marrom está associada aos signos de Touro e Virgem.

CINZA

A cor cinza está associada à independência, à autossuficiência, ao


autocontrole: é uma cor que atua como escudo contra as influências externas. No
entanto, o cinza pode gerar sentimentos negativos; densas e escuras nuvens cinzas,
o nevoeiro e a fumaça. O cinza é a cor da evasão, independentemente de ser um
cinza claro ou escuro. Isto se relaciona com separar-se de tudo, permanecer à
margem e fugir de compromissos impostos. São palavras chaves da cor cinza:
estabilidade, generosidade, grandes dotes organizativos, dotes humanitários,
isolamento, independência.

Inevitavelmente, esta cor nos leva a ser demasiado autocríticos. Não obstante,
quando conseguimos aprender com isso e tomamos medidas, podemos conseguir
resultados positivos tanto do ponto de vista da organização como da capacidade de
compromisso com os demais. A cor cinza está associada aos signos de Gêmeos e
Aquário.
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PRETO

A cor preta consiste na cor mais escura de todo o espectro das cores e para a
maioria do povo ocidental simboliza respeito, morte, isolamento, medo, solidão. Ela
pode ser obtida através da mistura das três cores primárias: vermelho (magenta),
amarelo e azul (ciano).

Para algumas pessoas, a cor preta é classificada como ausência de cor,


enquanto para outras é ausência de luz. A cor existe graças à luz, e uma substância
é preta porque absorve todos os comprimentos de onda do espectro solar.

A cor preta também significa tristeza e reverência e por esse motivo pessoas
que estão em luto muitas vezes vestem roupa preta, sendo uma cor preponderante
em muitos funerais ocidentais.

Além disso, também pode significar elegância, dignidade, luxo e sofisticação.


É bastante comum ver pessoas vestidas de preto em eventos de gala, porque a roupa
preta pode ser um sinal de classe.

As cores podem despertar diferentes sensações, o que é usado muitas vezes


no âmbito da publicidade. Neste caso, quando a cor preta está associada a uma
empresa ou marca, ela indica nobreza e transmite uma sensação de seriedade.

A coloração preta significa que existe a absorção de todas as cores da radiação


luminosa. Assim, a coloração preta absorve a radiação solar. Por esse motivo, se
usarmos roupa preta em um dia de sol e de calor, a sensação de calor será maior. A
palavra “preto” tem origem no termo em latim pressus, que remete para o ato da
compressão. Isto significa que na cor preta existem vários pigmentos estão
comprimidos.
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4.6 Instrumentos Mágicos

4.6.1 Punhal, Adaga, Faca e Espada

Simbolizam o poder mental em sua forma mais direcionada, cortando e abrindo


caminhos. Punhais, adagas, facas e espadas são instrumentos rituais utilizados para
o direcionamento da vontade da bruxa e da energia ritual. Eles carregam uma
simbologia ancestral relacionada ao poder e à autoridade e, portanto servem de
auxiliares na subjugação de objetos, espíritos e forças.

4.6.2 Foice

A foice representa a morte e a ceifa do velho e do decrépito. Seu uso está


associado a ritos voltados para banimentos, rupturas, abertura de caminhos e afins.

4.6.3 Sino

O toque do sino emite vibrações sonoras absolutamente convenientes à magia.


O seu som promove movimento e fluidez, o que o torna útil em casos de estagnação
e em purificações em geral. Tocar o sino em um ambiente é provocar ondas que
afetam toda a estrutura vibracional – é análogo à ação de lançar uma pedra em um
lago e provocar ondas.

4.6.4 Bastão

Feito, usualmente, a partir de um galho ou de uma raiz, o bastão é como um


microcosmo desde a árvore originária e carrega seu simbolismo. Se as raízes e galhos
servem de ponte entre os nutrientes do solo e a fertilidade manifesta em folhas, flores
e frutos, bastões são caminhos entre nossa vontade interior e a concretização da
mesma. Em suma, é um instrumento de canalização de energia.
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4.6.5 Taça

A taça é um receptáculo de energia e uma representação do Princípio


Feminino. É utilizada para conter a bebida ritual, que pode ser impregnada de energia
e então compartilhada entre os participantes do rito e/ou libada.

4.6.6 Caldeirão

Outra representação do Princípio Feminino, o caldeirão tem uma poderosa


simbologia uterina, o que lhe confere a propriedade de servir como um elo entre este
e o outro lado, isto porque o seu interior negro representa a escuridão da noite primal,
o inconsciente individual e coletivo e o mundo além dos véus. Morte e renascimento
se fundem nesse instrumento alquímico e, não por acaso, quando é utilizado, está
constantemente no centro físico e simbólico do ritual, no ponto onde todas as forças
convergem, se fundem, onde a transformação se dá, a magia acontece, a realidade
indesejada é dissolvida e uma nova pode ser moldada.

4.6.7 Espelho

Além do cotidiano vidro com uma camada de prata, a lua também é um espelho,
assim como a água e certas pedras. Tudo aquilo que reflete a luz pode ser
considerado um espelho, ao menos para o uso feiticeiro. Espelhos são uma ponte
entre este e o outro lado o que os torna absolutamente úteis para a prática de “ver
através de”, ou “scrying”, ou seja, com ele podemos contemplar a nós mesmos, em
práticas voltadas ao autoconhecimento, além de servir como um oráculo, através do
qual é possível observar acontecimentos do passado, do presente, ou do futuro, bem
como obter respostas dos Espíritos.
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4.7 Pedras e Cristais

Nessa compilação17 de pedras, resinas e cristais etc., há uma seleção daquelas


que são mais utilizadas na prática da magia. Nem todas estão largamente
classificadas como algumas, pelo simples fato de não se encaixarem em
determinadas correspondências e/ou classificações. Aqui é importante entender que
quando tratarmos da classificação “emissora”, isso significa que estamos referindo-
nos a pedras que são energizantes e úteis para cura, proteção, exorcismo,
inteligência, sorte, sucesso, força de vontade, coragem e confiança em si mesmo.
Quando tratarmos da classificação “receptora”, estaremos nos referindo a que pedras
são reconfortantes e acabam com as tensões; relacionam-se ao amor, sabedoria,
compaixão, eloquência, sono, sonhos, amizade, crescimento, fertilidade,
espiritualidade, sensitividade e misticismo.

ÁGATA
Nomes vulgares: ágata vermelha, ágata de sangue
Energia: várias (veja abaixo)
Planeta: Mercúrio (de maneira geral)
Elementos: vários (veja abaixo)
Poderes: força, coragem, longevidade, jardinagem, amor, cura, proteção

ÁGATA BANDADA
Energia: emissora.
Elemento: Fogo.
Poderes: Proteção. Restaura a energia corporal e alivia situações de tensão.

ÁGATA NEGRA
Energia: emissora.
Elemento: Fogo.
Poderes: Outra pedra protetora. Use-a para ter coragem e vencer competições.

17
CUNNINGHAM, Scott. Enciclopédia de Pedras Preciosas, Cristais e Metais. Editora Gaia. São Paulo, 2005.
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ÁGATA BRANCA E PRETA


Energia: receptora.
Elemento: Terra.
Poderes: Usada como amuleto, essa pedra protege contra perigos físicos.

ÁGATA RENDILHADA AZUL (BLUE LACE AGATE)


Energia: receptora.
Elemento: Água.
Poderes: Use-a ou tenha-a consigo para ter paz e felicidade. Segure-a para se livrar
do stress. Deixe uma sobre a escrivaninha ou no local de trabalho, e fixe-a com o olhar
quando estiver em situações tensas. Em casa, a ágata rendilhada azul cercada de
velas azuis acesas acalma o ambiente extra-sensorial e reduz as brigas em família.

ÁGATA CASTANHA OU FULVA


Energia: emissora.
Elemento: Fogo.
Poderes: Outrora levada pelos guerreiros para vencer batalhas, a ágata castanha é
usada atualmente para ter sucesso nos empreendimentos. Era um precioso guardião
na Itália e na Pérsia contra o mau-olhado. É também um talismã para se ter saúde.

ÁGATA VERDE
Energia: receptora.
Elemento: Terra.
Poderes: Usada para melhorar a saúde dos olhos. No passado, a mulher que bebesse
a água onde fora colocado um anel de ágata verde estava magicamente protegida
contra a esterilidade.

ÁGATA VERMELHA
Energia: emissora.
Elemento: Fogo.
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Poderes: Também conhecida como "ágata de sangue". Essa pedra era usada na
Roma antiga para proteger contra picadas de insetos, purificar o sangue e promover
calma e paz.

ÁGUA-MARINHA
Energia: receptora
Planeta: Lua
Elemento: Água
Poderes: sensitividade, paz, coragem, purificação

ALEXANDRITA
Poderes: sorte, amor
Usos mágicos: Essa é uma gema rara e cara. Ao ser usada, a alexandrita atrai sorte
e prosperidade. Também serve para encantamentos de amor.

ALÚMEN
Energia: receptora
Planeta: Saturno
Elemento: Terra
Poder: proteção

AMAZONITA
Nome vulgar: pedra das amazonas
Energia: receptora
Planeta: Urano
Elemento: Terra
Poderes: Jogos de azar, sucesso
Usos mágicos: Esse feldspato verde-azulado é usado por jogadores para atrair sorte
e dinheiro, bem como por quem esteja tentando a sorte para ser bem-sucedido.

ÂMBAR
Energia: emissora
Planeta: Sol
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Elementos: Fogo, Espírito


Poderes: sorte, cura, força, proteção, beleza, amor
Saber e ritual mágico: O âmbar é talvez a substância mais antiga já usada como
adorno pelo homem. Contas e pingentes desse material foram encontrados em
túmulos no norte da Europa e datam de 8.000 A.E.C. (antes da era comum, o
equivalente não religioso de a.C). Não se trata de uma pedra, mas de uma resina
fossilizada de árvores coníferas (como a moderna pinha) do período Oligoceno.
Contém frequentemente fragmentos ou exemplares completos de insetos e plantas
que caíram acidentalmente na resina viscosa há milhões de anos.
Usos mágicos: O âmbar, em comum com umas poucas pedras, tem sido utilizado
para quase toda finalidade mágica, aparecendo em inúmeros encantamentos e rituais.
Apesar de seu alto preço, é um investimento seguro. Compre sempre de um
negociante conhecido, pois muito vidro, plástico ou "âmbar reconstituído" é vendido
como âmbar verdadeiro. Insista no genuíno âmbar não industrializado e esteja
preparado para pagar caro. Os colares de âmbar são a forma mais comum de sua
utilização em magia. São protetores e um poderoso amuleto contra a magia negativa,
e muito eficazes para defender as crianças.

AMETISTA
Energia: receptora
Planeta: Júpiter, Netuno
Elemento: Água
Poderes: sonhos, alcoolismo, cura, sensitividade, paz, amor, protege de ladrões,
coragem, felicidade

AVENTURINA
Energia: emissora
Planeta: Mercúrio
Elemento: Ar
Poderes: poderes mentais, visão, jogos de azar, dinheiro, paz, cura, sorte.

AZEVICHE
Nomes vulgares: âmbar-de-bruxa, âmbar negro, lenhito
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Energia: receptora
Planeta: Saturno
Elementos: Terra e Espírito
Poderes: proteção, anti-pesadelos, sorte, divinação, saúde.

AZURITA
Nomes vulgares: lapis linguis, lapis língua
Energia: receptora
Planeta: Vênus
Elemento: Água
Poderes: sensitividade, sonhos, divinação, cura
Usos mágicos: A azurita, uma bela pedra de azul profundo, há muito tem sido usada
na magia para desenvolver os poderes extra-sensoriais.

BERILO
Energia: receptora
Planeta: Lua
Elemento: Água
Poderes: sensitividade, cura, amor, energia, contra bisbilhotice.

CALCEDÔNIA
Energia: receptora
Planeta: Lua
Elemento: Água
Poderes: paz, anti-pesadelos, viagem, proteção, lactação, sorte.

CALCITA
Nome vulgar: espato-da-Islândia
Energias: várias (veja abaixo)
Planetas: vários (veja abaixo)
Elementos: vários (veja abaixo)
Poderes: espiritualidade, paz, amor, cura, purificação, dinheiro, proteção, energia.
Usos mágicos: A calcita, um cristal transparente, é encontrada numa grande
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variedade de cores, incluindo o transparente, o verde, o rosa, o laranja e o azul. Tem


uma qualidade ótica única de refração dupla. Trace uma linha com a caneta num
pedaço de papel e coloque uma calcita sobre a linha. Quando olhar através da pedra
a linha aparecerá dupla. Essa propriedade é responsável por seu uso nos
encantamentos para "dobrar" o poder do ritual, sendo colocada no altar ou usada
durante o ritual mágico com essa finalidade.

CALCITA TRANSPARENTE
Energia: receptora.
Planeta: Lua.
Elemento: Água.
Poderes: Essa pedra é usada em rituais de espiritualidade. É perfeita como foco de
contemplação durante a meditação.

CALCITA ROSA
Energia: receptora.
Planeta: Vênus.
Elemento: Água.
Poderes: Segura na mão, é calmante, centraliza e alinha. Também é empregada em
rituais de amor.

CALCITA AZUL
Energia: receptora.
Planeta: Vênus.
Elemento: Água.
Poderes: A calcita azul é uma pedra de cura junto ao corpo ou colocada entre velas
azuis ou violetas acesas. Durante as cerimônias de purificação, use a calcita azul.

CALCITA VERDE
Energia: receptora.
Planeta: Vênus.
Elemento: Terra.
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Poderes: Esta pedra atrai o dinheiro e a prosperidade para o lar, principalmente


quando cercada de velas verdes acesas todas as manhãs por alguns minutos.

CALCITA LARANJA
Energia: emissora.
Planeta: Sol.
Elemento: Fogo.
Poderes: A calcita laranja é uma pedra emissora e, segura na mão, introduz energia
física no corpo.

CARVÃO
Energia: receptora.
Planeta: Saturno
Elemento: Terra
Poderes: absorção de energias negativas.

CELESTITA
Energia: receptora
Planetas: Vênus, Netuno
Elemento: Água
Poderes: compaixão, cura, usada para criar eloquência e promover compaixão pela
Terra e nossos semelhantes. Serve para aliviar dores de cabeça e tensão, pois
remove o estresse do corpo físico.

CITRINO
Energia: emissora
Planeta: Sol
Elemento: Fogo
Poderes: anti-pesadelos, proteção, sensitividade
Usos mágicos: O citrino usado à noite remove o medo, evita pesadelos e garante
uma boa noite de sono. Sendo uma forma de quartzo, também facilita a percepção
extra-sensorial.
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CORAL
Energia: receptora
Planeta: Vênus
Elementos: Água, Espírito
Metais associados: prata, cobre
Poderes: cura, regulador da menstruação, agricultura, proteção, paz, sabedoria

CORNALINA
Energia: emissora
Planeta: Sol
Elemento: Fogo
Poderes: proteção, paz, eloquência, cura, coragem, energia sexual

CRISOCOLA
Energia: receptora
Planeta: Vênus
Elemento: Água
Poderes: paz, sabedoria, amor (segurar na mão uma crisocola já foi outrora o meio
de livrar-se de ilusões e medos irracionais. É uma pedra da paz e tem um efeito
calmante sobre as emoções).

CRISOPRÁSIO
Energia: receptora
Planeta: Vênus
Elemento: Terra
Poderes: felicidade, sorte, sucesso, amizade, proteção, cura.

CRISTAL DE QUARTZO
Nomes vulgares: cristal, espelho de bruxa, pedra estelar, Íris (do efeito prismático
dos cristais de quartzo), Zaztnn (Maia)
Energias: emissora, receptora
Planetas: Sol, Lua
Elementos: Fogo, Água
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Metais associados: prata, cobre, ouro


Ervas associadas: copal, artemísia, chicória, salva, capim-cidreira.
Poderes: proteção, cura, sensitividade, lactação.
Saber e ritual mágico: O cristal de quartzo, considerado pelos povos antigos como
água solidificada ou gelo, há milhares de anos têm sido usado em sistemas religiosos
e xamânicos. Devido à sua ligação com a água, tem sido utilizado para fazer chover
magicamente em várias partes do Pacífico, incluindo Austrália e Nova Guiné. O
quartzo foi empregado tradicionalmente nos Mistérios Eleusinos para produzir o fogo
sagrado por meio da concentração do calor do sol utilizado para acender lascas de
madeira. Era bastante comum entre os índios norte-americanos nos rituais,
encantamentos e nas varinhas cerimoniais com pontas de cristal de quartzo que foram
encontradas no sul da Califórnia. Os xamãs iroqueses conheciam o poder dos cristais
e os mantinham embrulhados em pele de veado quando não estavam em uso. De
tempos em tempos eram "alimentados" com sangue de cervo. Era um elemento
comum na bolsa de poder ou trouxa de medicamentos do xamã. Usos mágicos: Os
cristais de quartzo atualmente são muitíssimo populares. Seu uso na cura, para
chegar aos estados alterados de consciência, e na magia, ligou-o ao espírito da Nova
Era. Há muito negligenciado pelos povos na maior parte do mundo, a não ser por suas
aplicações industriais, atualmente constitui um imenso empreendimento comercial.

DIAMANTE
Energia: emissora
Planeta: Sol
Elemento: Fogo
Metais associados: platina, prata, aço
Poderes: espiritualidade, problemas sexuais, proteção, coragem, paz, reconciliação,
cura, força.

ENXOFRE
Nome vulgar: súlfur
Energia: emissora
Planeta: Sol
Elemento: Fogo
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Poderes: proteção, cura

ESFÊNIO
Nome vulgar: titanita
Energia: emissora
Planeta: Mercúrio
Elemento: Ar
Poderes: poderes mentais, espiritualidade

ESMERALDA
Energia: receptora
Planeta: Vênus
Elemento: Terra
Metais associados: cobre, prata
Poderes: amor, dinheiro, poderes mentais, sensitividade, proteção, exorcismo, visão

ESPINÉLIO
Energia: emissora
Planeta: Plutão
Elemento: Fogo
Poderes: energia, dinheiro
Usos mágicos: O espinélio é encontrado em cristais negros, azuis, verdes e rosas, e
é bastante raro. É empregado em magia para fornecer energia física ao corpo. Usado
com esse propósito, impulsiona a força física durante períodos de esforço excessivo.
Em encantamentos, atrai riqueza e prosperidade.

ESTALAGMITES, ESTALACTITES
Energia: estalagmite: emissora; estalactite: receptora
Elemento: Terra
Saber e ritual mágico: As estalactites (que pendem dos tetos das cavernas) e as
estalagmites (que crescem do solo) são produzidas por água rica em calcário, que
pinga nas cavernas vindo de cima. Com a passagem de muitíssimo tempo, produzem
macias de calcita conhecidas por qualquer um que já tenha entrado numa caverna
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desse tipo. Quando se encontram, formam colunas de pedra. No passado, achava-se


que era terra petrificada. Há um século, era comum os visitantes das cavernas
quebrarem seus pedaços para levar como lembrança. Essa destruição desnecessária
e insensível felizmente terminou. Historicamente, as pequenas estalagmites e
estalactites eram carregadas como amuletos contra a negatividade e o "mal". Sua
forma fálica provavelmente contribuiu para suas propriedades protetoras na mente
popular. Trata-se de magia antiga e está incluída nesta obra devido a seu interesse
histórico. Não há motivo para destruir a beleza das cavernas para propósitos mágicos.
Substitua por qualquer outra pedra protetora.

ESTAUROLITA
Nomes vulgares: cruz encantada, lágrimas encantadas, estaurotida, pedra-cruz
Elementos: Terra, Ar, Fogo e Água
Poderes: proteção, saúde, dinheiro, poderes dos elementos

FLUORITA
Energia: emissora
Poderes: poderes mentais e purificadores

FÓSSEIS
Nomes vulgares: esponja, pedra-da-bruxa, amonite, pedra-cobra, draconitas
Energia: receptora
Elemento: Espírito
Poderes: poder dos elementos, regressão a vidas passadas, proteção, longevidade

GEODOS
Nomes vulgares: Aetites, Echites, pedra-da-águia, ovo-do-trovão
Energia: receptora
Elemento: Água
Poderes: meditação, fertilidade, parto

GRANADA
Energia: emissora
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Planeta: Marte
Elemento: Fogo
Poderes: cura, proteção, força

HELIOTRÓPIO
Nomes vulgares: jaspe de sangue, hematita (que é uma pedra diferente)
Energia: emissora
Planeta: Marte
Elemento: Fogo
Erva associada: heliotrópio (Heliotropum europaeum) Poderes: anti-hemorrágico,
cura, vitória, coragem, riqueza, força, poder, assuntos legais, negócios, invisibilidade,
agricultura

HEMATITA
Nome vulgar: cuspe de vulcão
Energia: emissora
Planeta: Saturno
Elemento: Fogo
Poderes: cura, centramento, divinação
Saber e ritual mágico: A hematita é uma pedra estranha. É pesada, sólida e negro-
prateada. Seu nome já é um mistério. Para os antigos, a hematita era o que
conhecemos como heliotrópio, logo, quase todas as informações mágicas que se
referem à "hematita" nos velhos livros dizem respeito ao heliotrópio. Essa hematita,
porém, quando lapidada, "sangra" e, segundo dizem, produz manchas muito
parecidas com sangue.
Usos mágicos: Diz-se que é poderosa para eliminar doenças do corpo. Como todas
as pedras, deve ser segurada na mão durante a visualização e depois colocada sobre
a pele na área doente. Também se pode usar um pequeno colar para a cura. É
empregada também para centramento e estabilização e para concentrar a atenção no
plano físico.

JADE
Nome vulgar: piedra de hijada (em espanhol, "pedra do flanco")
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Energia: receptora
Planeta: Vênus
Elemento: Água
Poderes: amor, cura, longevidade, sabedoria, proteção, jardinagem, prosperidade,

JASPE
Nomes vulgares: Gug (assírio antigo), fazedor-de-chuva (índio americano) Energias:
várias (veja abaixo)
Planetas: vários (veja abaixo)
Elementos: vários (veja abaixo)
Poderes: cura, proteção, saúde, beleza
Usos mágicos: O jaspe é uma pedra comum, uma variedade opaca da calcedônia,
que é uma forma de quartzo. Encontrada numa vasta gama de cores - vermelha,
marrom e verde sendo bastante comuns - tem sido usada em magia desde os tempos
primitivos. Geralmente é empregada ou usada como adorno para fomentar a
inteligência e controlar desejos perigosos ou lamentos que possam levar a situações
de risco. Também é uma pedra protetora nos casos de perigos físicos e não-físicos.
Um pedaço seguro na mão da parturiente ampara a mãe e a criança. Empregada
também para aliviar a dor, principalmente durante o parto. Pontas de flecha
perfeitamente esculpidas são usadas para atrair a sorte para o usuário. Cada cor tem
sua própria natureza e usos mágicos:

JASPE VERMELHO
Energia: emissora.
Planeta: Marte.
Elemento: Fogo.
Poderes: O jaspe vermelho era gravado com imagens de leões ou arqueiros e
carregado para proteger de venenos e curar febres. Uma bela pedra protetora, é
empregada na magia defensiva porque envia de volta a quem a mandou. Também é
empregada ou usada durante encantamentos de cura e para a saúde. O jaspe
vermelho é usado por jovens mulheres para promover a beleza e a graça.

JASPE VERDE
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Energia: receptora.
Planeta: Vênus.
Elemento: Terra.
Poderes: Este é um amuleto de cura e um talismã da saúde. Faça um círculo de jaspe
verde ao redor de velas verdes para promover a cura do corpo ou guardar da doença.
Use no corpo para interromper alucinações e fomentar um sono repousante. Também
é usado para ter maior compreensão dos estados mentais e emocionais dos outros.

JASPE CASTANHO
Energia: receptora.
Planeta: Saturno.
Elemento: Terra.
Poderes: O jaspe castanho é empregado para o centramento e ancoramento,
principalmente depois de um ritual mágico pesado ou de um trabalho espiritual ou
sensitivo. Se você tende a viver com a cabeça nas nuvens a ponto de colocar em
perigo sua vida, use um jaspe castanho.

JASPE MOSQUEADO
Energia: emissora.
Planeta: Mercúrio.
Elemento: Ar.
Poderes: Use essa pedra para protegê-lo de afogamentos. Diz-se que é muito
poderoso para esse fim quando gravado com a imagem de uma cruz de braços iguais,
representando os quatro elementos básicos e de controle.

KUNZITA
Energia: receptora
Planetas: Vênus, Plutão
Elemento: Terra
Poderes: relaxamento, paz, centramento

LÁGRIMA DE APACHE
Energia: emissora
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Planeta: Saturno
Elemento: Fogo
Poderes: proteção, sorte
Usos mágicos: A lágrima de apache, um glóbulo de obsidiana translúcido, é
carregado como amuleto de boa sorte. Também é usado para fins de proteção além
de todos aqueles atribuídos à obsidiana.

LÁPIS-LAZÚLI
Energia: receptora
Planeta: Vênus
Elemento: Água
Metal associado: ouro
Poderes: cura, alegria, amor, fidelidade, sensitividade, proteção, coragem
Saber e ritual mágico: O lápis-lazúli tem associações eternas com reis e rainhas.
Usos mágicos: O lápis-lazúli, uma pedra bastante cara, cura e reconforta. Só de se
tocar o corpo com essa pedra melhora sua condição mental, física, espiritual, psíquica
e emocional. É empregada especificamente para diminuir febres e doenças do
sangue. Se for usada habitualmente, reforça a visão. Segura na mão durante um ritual
de cura, ou colocada ao redor de velas azuis ou violeta, ajuda a focalizar a energia
mágica no objetivo desejado. Se executar um ritual de cura para um amigo, segure a
pedra e visualize a pessoa já curada, saudável, um ser humano completo. Visualize a
energia fluindo para o interior da pedra, aumentada e específica, indo para a pessoa.
O lápis-lazúli é uma pedra estimulante e espiritual. Seu azul profundo reflete suas
vibrações calmantes. É útil para aliviar a depressão e promover a espiritualidade,
sendo também uma ótima pedra para a meditação, estimulando a suavidade em seu
usuário. É empregada em rituais para atrair amor espiritual. Pegue um pedaço de
lápis-lazúli bruto com um lado cortante. Impregne a pedra e uma vela cor-de-rosa com
sua necessidade de amor. Grave um coração com a pedra na vela, deixe o lápis-lazúli
junto dela, acenda-a, visualizando um amor entrando em sua vida. Ela é considerada
um amuleto de fidelidade poderoso e usada para reforçar os laços entre os que se
amam. Talvez hoje em dia seja mais comum reforçar a percepção extra-sensorial.
Essa pedra rompe o domínio da mente consciente sobre o subconsciente
(sensitividade) e permite que os impulsos intuitivos sejam conhecidos. Usar um colar
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de contas de lápis-lazúli, ou segurar na mão um pedaço, realça sua percepção desses


impulsos tão difíceis de serem percebidos. Para aumentar sua sensitividade em geral
(por exemplo, sua capacidade de se aproveitar dessas informações), use a pedra
todos os dias, ou
apenas quando estiver fazendo divinações, concentrando o olhar, consultando o Tarô
das pedras ou utilizando de alguma forma símbolos que falam à mente extra-sensorial.
Lembre-se: tais atos divinatórios e os rituais associados são geralmente "truques" com
a finalidade de relaxar a mente consciente. O lápis-lazúli também é uma pedra
protetora, principalmente para as crianças. Na Índia contemporânea, suas contas são
enfiadas num fio de ouro e o colar é usado pelas crianças para garantir sua saúde,
crescimento e proteção. Outrora servia para expulsar medos e fantasias
perturbadoras. Essa qualidade de induzir coragem também é aproveitada pelos
adultos e talvez se deva às propriedades protetoras e extra-sensoriais da pedra.
Apesar de cara, é uma pedra que todo mago deveria possuir e usar.

LAVA
Energia: emissora
Planeta: Marte
Elemento: Fogo
Poder: proteção
Saber e ritual mágico: O vulcão é um antigo símbolo da criação. Sua erupção
representa os quatro elementos agindo: Terra e Fogo se misturam para criar a lava,
que é líquida (Água), e a fumaça (Ar) sobe da cratera. Quando a lava entra em contato
com a água, cria solo novo ao se esfriar e estende a massa de terra para dentro do
mar. Em muitas partes do mundo esses atributos impressionantes provocaram um
culto da lava com poderes mágicos.

LEPIDOLITA
Nome vulgar: pedra da paz
Energia: receptora
Planetas: Júpiter, Netuno
Elemento: Água
Poderes: paz, espiritualidade, sorte, proteção, anti-pesadelos, sensitividade, amor
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MADEIRA PETRIFICADA
Energia: receptora
Elemento: Espírito
Poderes: longevidade, regressão a vidas passadas, cura, proteção.
Usos mágicos: A madeira petrificada consiste de antigas árvores que, em eras
passadas, foram cobertas por água rica em minerais. A água dissolveu lentamente a
madeira e a substituiu com os vários minerais. Esse processo produziu o que
conhecemos como "madeira petrificada". Devido à sua imensa antiguidade (a madeira
fossilizada tem milhões de anos), é empregada nos encantamentos com a finalidade
de estender a duração da vida ou aumentar seu gozo e a evolução interna de nossas
vidas. Também devido à sua idade, emprega-se para reviver encarnações passadas.
A "pedra" é carregada como um amuleto protetor devido à sua dureza e aparência
estranha. Nos tempos primitivos, achava-se que "espantava" o diabo. Atualmente, a
vemos como estabelecendo barreiras de energia que repelem a negatividade. A
madeira petrificada também serve como talismã contra o afogamento.

MADREPÉROLA
Energia: receptora
Planetas: Lua, Netuno
Elementos: Água, Espírito
Metal associado: prata
Poderes: proteção, riquezas
Saber e ritual mágico: A madrepérola é aquela parte lustrosa, opalescente no interior
de vários moluscos marinhos. Embora não seja uma pedra, foi incluída aqui devido a
seu longo uso em magia. Ela sempre tem sido empregada como joia em rituais. As
conchas eram o meio de troca (dinheiro) em muitas partes do mundo em que os metais
eram escassos ou ausentes, como na Polinésia. Já que essa substância é produto de
uma criatura viva - o esqueleto exterior ou concha - relaciona-se com o quinto
elemento, o Espírito.
Usos mágicos: A madrepérola é colocada em bebês para protegê-los dos perigos de
sua nova existência. É também uma ótima substância para usar-se em
encantamentos para riquezas, dinheiro e prosperidade. Outorgue poderes com sua
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necessidade mágica de dinheiro. Unte com água do mar (que contém ouro) ou um
óleo que atraia dinheiro, como cedro ou patchuli. Coloque uma moeda de prata ou
qualquer pedaço de prata junto da concha. Envolva bem apertado com uma nota de
dólar, ou papel verde e amarre com um barbante verde. Ponha esse talismã em seu
altar entre duas velas verdes e deixe-as acesas enquanto visualiza durante uns dez
ou quinze minutos. Depois, tenha o amuleto com você.

MALAQUITA
Nome vulgar: Malaku (do grego "malva")
Energia: receptora Planeta: Vênus
Elemento: Terra
Erva associada: malva
Poderes: poder, proteção, amor, paz, sucesso nos negócios
Saber e ritual mágico: Uma peça de malaquita é usada para detectar um perigo
iminente. As lendas dizem que essa pedra, em comum com muitas outras, se quebra
em pedaços para avisar seu usuário de um perigo iminente.

MÁRMORE
Nome vulgar: Nicomar
Energia: receptora
Planeta: Lua
Elemento: Água
Poderes: proteção, sucesso
Usos mágicos: O mármore é um carbonato de calcário. O coral, a calcita, as
estalagmites, o gesso, as conchas do mar e os ossos são todos de calcário, embora
tenham usos mágicos variáveis. Especificamente, o mármore é empregado nos
encantamentos de proteção. Um altar feito de mármore, no todo ou em parte, é um
local ideal para encantamentos de proteção. (Alguns magos utilizam uma placa de
mármore para o topo de seus altares). As mesas e os enfeites desse material
protegem o lar. Ele pode ser levado consigo ou usado para proteção pessoal como na
Índia. Também é útil nos encantamentos envolvendo sucesso pessoal num sentido
geral.
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MICA
Energia: emissora
Planeta: Mercúrio
Elemento: Ar
Poderes: divinação, proteção
Usos mágicos: Mica, um termo geral para os minerais que possuem cristais na forma
de folhas flexíveis e finas como papel, é uma pedra comum.

OBSIDIANA
Energia: emissora
Planeta: Saturno
Elemento: Fogo
Poderes: proteção, centramento, divinação, paz
Saber e ritual mágico: A obsidiana é a lava que se resfriou tão rápido que os minerais
contidos não tiveram tempo de formar-se. É vidro natural. Os antigos astecas faziam
espelhos quadrados e achatados desse vidro negro para usá-los em divinação. De
acordo com a lenda, o famoso Dr. Dee, um mago e alquimista contratado pela Rainha
Elisabeth I da Inglaterra, pode ter usado um deles em suas sessões de leitura. Era
um material popular para fabricar facas de pedra, pontas de lança e de flechas e,
quando usada para tal, era conhecida muitas vezes por "flint" (sílex). Tais pontas de
flechas têm propriedades mágicas.
Usos mágicos: A obsidiana é uma pedra para centramento e ancoramento. Segure-
a em suas mãos, ou apoie seus pés nus em duas peças polidas e pequenas quando
estiver dispersivo ou não conseguir pôr em ordem sua vida física. Lembre-se: o físico
faz parte do espiritual. Um é reflexo do outro. Ela é eficaz quando levada ou
empregada em rituais protetores. Pode-se cercar uma vela branca com quatro pontas
de flechas de obsidiana, cada uma apontando numa direção. Isso estabelece energias
agressivas que defendem o lugar onde você se encontra. Esferas de obsidiana, ainda
em voga no México, são ótimos instrumentos de leitura. Se não obtiver resultados com
o cristal de quartzo, experimente um pedaço ou bola de obsidiana. Para alguns, o
negrume da pedra permite acesso mais fácil à mente subconsciente.

OLHO-DE-BOI
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Nomes vulgares: pedra furada, pedra sagrada, pedra de Odin


Energia: receptora
Elemento: Água
Poderes: proteção, anti-pesadelos, saúde, sensitividade, visão

OLHO-DE-GATO
Energia: emissora
Planeta: Vênus
Elemento: Terra
Poderes: riquezas, beleza, jogos de azar, proteção, cura, contra inveja.

OLHO-DE-TIGRE
Energia: emissora
Planeta: Sol
Elemento: Fogo
Metal associado: ouro
Poderes: dinheiro, proteção, coragem, energia, sorte, divinação, contra olho-gordo
Saber e ritual mágico: Os soldados romanos usavam o olho-de-tigre gravado com
símbolos para se protegerem nas batalhas.
Usos mágicos: O olho-de-tigre é uma bela pedra para promover riqueza e dinheiro.
Um encantamento simples para obtê-los: energize vários olhos-de-tigre com sua
necessidade de dinheiro e coloque-os ao redor de uma vela verde. Acenda-a e
visualize. Também são carregadas para proteger de todas as formas de perigo. Um
cabochão em ouro cria um anel ou pingente muito protetor. Regido pelo Sol e
possuindo uma faísca de luz dourada, o olho-de-tigre é usado para reforçar
convicções e criar coragem e segurança. É uma pedra cálida, promove o fluxo da
energia física pelo corpo, é também benéfica para os fracos ou doentes. Sente-se ao
ar livre num dia de sol. Segure um olho-de-tigre nas mãos e fixe seu olhar nas faíscas
de luz. Acalme sua mente consciente e olhe para o futuro, ou empregue a pedra como
instrumento para regressar a vidas passadas.

OLIVINA
Nomes vulgares: crisólito, chiysolithus, Lumahai (havaiano)
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Energia: receptora
Planeta: Vênus
Elemento: Terra
Metais associados: ouro, magnetita
Poderes: dinheiro, proteção, amor, sorte

ÔNIX
Energia: emissora
Planetas: Marte, Saturno
Elemento: Fogo
Divindade: Marte
Pedra associada: diamante
Poderes: proteção, magia defensiva, redução de desejo sexual

OPALA
Energias: emissora, receptora
Planetas: todos os planetas
Elementos: todos os elementos
Erva associada: louro
Poderes: projeção astral, sensitividade, beleza, dinheiro, sorte, poder
Saber e ritual mágico: Para muitos, a opala é a pedra da desgraça, da tristeza e do
azar. No entanto, essa ideia moderna é falsa. Uma referência na Lista Enciclopédica
das Principais Pedras Mágicas feita por Sir Walter Scott, em seu romance Anne of
Gierstein, às desventuras ligadas à opala causou essa idéia sem fundamento.
Usos mágicos: A opala contém as cores bem como as qualidades de qualquer outra
pedra. Assim, pode ser "programada" ou energizada, virtualmente, com qualquer tipo
de energia e empregada nos encantamentos relacionados às necessidades mágicas.
No passado, foi empregada para criar a invisibilidade. A gema era envolta numa folha
fresca de louro e levada com esse propósito. Normalmente, as pedras (e ervas)
ligadas à invisibilidade eram empregadas para promover a projeção astral, e a opala
é ideal para isso. Não há espaço neste livro para descrever as várias técnicas
empregadas para separar conscientemente o corpo físico do astral. As opalas são
usadas durante a projeção astral para proteção, assim como para facilitar o processo.
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Também servem para recordar encarnações passadas. Geralmente empregadas em


joalheria ritualística com a finalidade de aumentar a quantidade de poder despertado
e liberado do corpo durante a magia. Finalmente, devido a suas cores faiscantes e
belas e sua aparência original, a opala é uma pedra que dá sorte.

PEDRA-CRUZ
Nomes vulgares: pedra-cruz, cruz encantada
Energias: emissora, receptora
Poderes: magia dos elementos, poder dos elementos, sorte
Usos mágicos: A pedra-cruz, aparentemente um tipo de andaluzita, é encontrada em
cristais brutos. Quando são abertos ou cortados, mostram um desenho de cruz
simétrica alternando luz e cores escuras. Devido à sua forma, a andaluzita é usada
ou levada por aqueles que praticam magia dos elementos ou desejam equilibrar os
quatro elementos em seu interior. É usada ou colocada no altar para atrair poder
durante rituais mágicos de qualquer tipo. Como todas as pedras com desenhos ou
formas originais, a pedra-cruz é usada para atrair sorte.

PEDRA-DA-LUA
Energia: receptora
Planeta: Lua
Elemento: Água
Pedra associada: cristal de quartzo
Metal associado: prata
Poderes: amor, divinação, sensitividade, sono, jardinagem, proteção, juventude,
regimes
Usos mágicos: Essa pedra é receptora e atrai o amor. Use-a, ou leve-a consigo, para
trazer o amor para sua vida. Numa noite de Lua Cheia e à sua luz, ponha cabochões
de pedra-da-lua ao redor de uma vela cor-de-rosa, acenda-a e visualize-se num
relacionamento amoroso. Também é apreciada pela capacidade de resolver
problemas entre enamorados, principalmente aqueles que tenham brigado
amargamente. Segurando uma, energize-a com vibrações de amor e a dê a seu
parceiro aborrecido. Melhor ainda, compartilhem esse ritual e troquem pedras. Devido
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a suas associações com a Lua, aquela que traz o sono, muitas vezes é deixada
debaixo do travesseiro ou se usam contas na cama para garantir um sono repousante.

PEDRA-DO-SOL
Energia: emissora
Planeta: Sol
Elemento: Fogo
Pedra associada: pedra-da-lua
Metal associado: ouro
Poderes: proteção, energia, saúde, energia sexual
Saber e ritual mágico: Existem pelo menos duas pedras com o nome de pedra-do-
sol. Uma é um tipo de quartzo translúcido que possui um matiz ligeiro de laranja. Essa
é a pedra-do-sol do Oregon. Antigamente, uma forma de feldspato importado da Índia
era conhecido por esse nome. De certa forma, se assemelha a uma opala laranja com
uma faísca ardente multicolorida. Essa é a única usada em magia no passado. Na
Renascença, essa pedra era freqüentemente associada ao Sol devido a seus tons
brilhantes de laranja-dourado. Era incrustada em ouro e usada para trazer as
influências do Sol para o mago. Simbolicamente, a pedra-do-sol é ligada à pedra-da-
lua.
Usos mágicos: A pedra-do-sol, como a maioria das pedras brilhantes e com reflexos,
é protetora. Coloque uma de frente para uma vela branca em casa para espalhar as
energias protetoras na casa toda. Colocada numa bolsa de ervas curativas, reforça as
energias destas. Também é levada para fornecer energia física extra ao corpo durante
tempos de tensão ou de falta de saúde. Se usada próximo à região sexual, estimula a
excitação e aumenta a energia sexual. Infelizmente, seu emprego em magia parece
ter sido esquecido e nenhum livro moderno de magia com pedras refere-se a ela,
mesmo que só de passagem. Se encontrar uma pedra-do-sol, guarde-a como um
tesouro.

PEDRA-POMES
Energia: emissora
Planeta: Mercúrio
Elemento: Ar
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Poderes: auxilia no parto, expulsão, proteção

PERIDOTO
Nomes vulgares: crisólito, crisólita, peridoto
Energia: receptora
Planeta: Vênus
Elemento: Terra
Metal associado: ouro
Poderes: proteção, saúde, riqueza, sono

PÉROLA
Nomes vulgares: Margan (Pérsia antiga), Neamhnuid (gálico)
Energia: receptora
Planeta: Lua
Elementos: Água, Espírito
Metal associado: prata
Pedra associada: rubi
Poderes: amor, dinheiro, proteção, sorte

RODOCROSITA
Energia: emissora
Planeta: Marte
Elemento: Fogo
Poderes: energia, paz, amor

RODONITA
Energia: emissora
Planeta: Marte
Elemento: Fogo
Poderes: paz, anticonfusão
Usos mágicos: Tenha uma rodonita com você para ser calmo, livrar-se de confusões,
dúvidas e incoerências. Também é uma pedra ótima para fechar os centros psíquicos.
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RUBI
Nome vulgar: carbúnculo
Energia: emissora
Elemento: Fogo
Poderes: riqueza, proteção, poder, alegria, anti-pesadelos

SAFIRA
Nomes vulgares: pedra sagrada, safira astérica: Astrae
Energia: receptora
Planeta: Lua
Elemento: Água
Poderes: sensitividade, amor, meditação, paz, magia defensiva, cura, poder, dinheiro

SAL
Energia: receptora
Elemento: Terra
Poderes: purificação, proteção, centramento, dinheiro
Saber e ritual mágico: O sal tem sido uma substância sagrada há muito tempo.
Encontrado em minas no solo ou evaporado da água do mar em bacias rasas, está
intimamente ligado à vida e à morte, à criação e à destruição, aos aspectos feminino
e masculino das energias da Terra. É um mineral de estrutura cristalina e por isso tem
seu lugar nesse livro. Examine o sal no microscópio. É composto de cubos regulares
de seis lados. Essa estrutura quadrada relaciona o sal à Terra. Seu uso na religião é
antiquíssimo. Era frequentemente oferecido às divindades, considerado aceitável
devido à sua escassez e pureza. Em algumas partes do mundo, como na Roma antiga
e na Abissínia, o sal era usado como moeda. O sal é necessário à vida e, no entanto,
seu excesso causa a morte. Da mesma forma, salgar os campos destrói sua
fertilidade. Ele é esterilizador, purificador e limpador. Sendo relacionado ao elemento
Terra (bem como à água do mar, que é a combinação dos dois elementos), é um
instrumento poderoso de magia.
Usos mágicos: O sal é um ótimo material para centramento e limpeza.

SARDO
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Energia: emissora
Planeta: Marte
Elemento: Fogo
Poderes: amor, proteção, coragem, auxilia no parto

SARDÔNICA
Energia: emissora
Planeta: Marte
Elemento: Fogo
Metais associados: prata, platina, ouro
Poderes: proteção, coragem, felicidade conjugal, eloquência, paz, sorte
SELENITA
Energia: receptora
Planeta: Lua
Elemento: Água
Poderes: reconciliação, energia
Usos mágicos: A selenita é um mineral transparente, em camadas, superficialmente
parecido com a calcita. Seu nome deriva de Selene, a deusa antiga da Lua. É trocada
entre enamorados para a reconciliação. A pedra também é usada para fornecer
energia física ao corpo.

SERPENTINA
Nome vulgar: Za-tu-mush-gir (assírio)
Energia: emissora
Planeta: Saturno
Elemento: Fogo
Poderes: proteção, lactação

SÍLEX
Nomes vulgares: pedra-de-raio, golpe-de-elfo, golpe-de-duende, flecha-de-duende,
pedra-serpente
Energia: emissora
Planeta: Marte
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Elemento: Fogo
Metal associado: prata
Poderes: proteção, cura, divinação

SODALITA
Energia: receptora
Planeta: Vênus
Elemento: Água
Poderes: cura, paz, meditação, sabedoria
Usos mágicos: A sodalita é uma pedra de azul profundo com veios brancos. Muitas
vezes é confundida com o lápis-lazúli, mas não possui as pintas douradas da pirita de
ferro contida nesta última. Na cura, é usada principalmente nas doenças de origem
emocional ou causadas pela tensão, nervosismo, raiva ou medo. Use-a ou esfregue-
a no corpo para dispersar o medo e a culpa, acalmar a mente, relaxar o corpo e aliviar
a tempestade interior. É uma ótima pedra para meditação e, se usada
conscienciosamente, promove a sabedoria.

SUGILITA
Energia: receptora
Planeta: Júpiter
Elemento: Água
Poderes: sensitividade, espiritualidade, cura, sabedoria
Usos mágicos: A sugilita é uma pedra relativamente nova, seus usos em magia
também, e muita pesquisa e experimentação está sendo feita atualmente. E uma
pedra arroxeada, densa, cara e de bom peso.

TOPÁZIO
Energia: emissora
Planeta: Sol
Elemento: Fogo
Metal associado: ouro
Pedra associada: olho-de-tigre
Poderes: proteção, cura, perda de peso, dinheiro, amor
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Saber e ritual mágico: As pedras que conhecemos por peridoto e olivina no passado
distante chamavam-se topázio. Era usado outrora para se conseguir a invisibilidade.
Usos mágicos: O topázio é outra das gemas empregadas com a finalidade de
proteção. Considerada específica para inveja, intriga, doença, ferimentos, morte
súbita, feitiçaria, magia negativa e loucura.

TURMALINA
Energia: várias (veja abaixo)
Planeta: vários (veja abaixo)
Elemento: vários (veja abaixo)
Poderes: amor, amizade, dinheiro, negócios, saúde, paz, energia, coragem, viagem
Usos mágicos: A turmalina era desconhecida dos antigos magos e atualmente ainda
é pouco usada, embora sua popularidade esteja crescendo. É uma pedra única sob
vários aspectos. É transparente quando vista do lado do cristal, opaca de qualquer
extremidade. Quando aquecida ou esfregada para criar fricção, polariza-se, ou seja,
uma extremidade ficará positiva e atrairá cinzas e partículas minúsculas leves, ficando
a outra negativa. É encontrada numa variedade de cores, cada uma com seus
atributos mágicos. Alguns cristais possuem dois ou três matizes.

TURMALINA ROSA
Energia: receptora.
Planeta: Vênus.
Elemento: Água.
Poderes: A turmalina rosa atrai o amor e a amizade. Use-a para promover a simpatia
dos outros.

TURMALINA VERMELHA (RUBELITA)


Energia: emissora.
Planeta: Marte.
Elemento: Fogo.
Poderes: A rubelita, ou turmalina vermelha, é usada para trazer energia para o corpo
e também em rituais protetores. Promove a coragem e reforça a força de vontade.
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TURMALINA VERDE
Energia: receptora.
Planeta: Vênus.
Elemento: Terra.
Poderes: Essa pedra é usada para atrair dinheiro e sucesso nos negócios. Coloque
uma em seu cofrinho ou porta-níqueis. A turmalina verde também estimula a
criatividade.

TURMALINA AZUL (INDICOLITA)


Energia: receptora.
Planeta: Vênus.
Elemento: Água.
Poderes: Use-a para livrar-se das tensões, para ter paz e um sono repousante.

TURMALINA NEGRA (SCHORL)


Energia: receptora.
Planeta: Saturno.
Elemento: Terra.
Poderes: Empregada em centramento e para representar a Terra nos encantamentos
relativos a esse elemento. Também é protetora, pois absorve a negatividade quando
energizada com esse fim por meio da visualização.

TURMALINA MELANCIA
Energias: emissora e receptora.
Planetas: Marte e Vênus.
Elementos: Fogo e Água.
Poderes: A turmalina melancia tem o interior vermelho ou rosa cercado de verde,
Uma turmalina melancia quebrada ou fatiada parece-se muito com a fruta que lhe dá
o nome. Usada para equilibrar as energias emissoras e receptoras (masculinas e
femininas) dentro do corpo. Também atrai o amor e funciona melhor para esse fim
quando usada por pessoas equilibradas.

QUARTZO TURMALINADO
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Energia: receptora.
Planeta: Plutão.
Poderes: Use-a ou coloque-a debaixo do travesseiro para promover a projeção astral.
Ou obtenha uma bola de quartzo turmalinado e, fixando o olhar nela, acalme a mente
e projete seu corpo astral no cristal.

TURQUESA
Nomes vulgares: Fairuz (pedra da sorte, em árabe), pedra turca, pedra da Turquia,
Thyites (grego antigo), pedra-de-Vênus, talismã do cavaleiro
Energia: receptora
Planetas: Vênus, Netuno
Elemento: Terra
Metal associado: ouro
Poderes: proteção, coragem, dinheiro, amor, amizade, cura, sorte

ZIRCÃO
Energia: emissora
Planeta: Sol
Elemento: Fogo
Metal associado: ouro
Poderes: proteção, beleza, amor, paz, energia sexual, cura, contra roubos

4.8 Metais

A compilação18 a seguir, segue o mesmo sistema descrito no subcapítulo


anterior (Pedras e Cristais), no que diz respeito às correspondências, propriedades e
utilização mágica.

AÇO
Energia: emissora
Planeta: Marte

18
CUNNINGHAM, Scott. Enciclopédia de Pedras Preciosas, Cristais e Metais. Editora Gaia. São Paulo, 2005.
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Elemento: Fogo
Poderes: proteção, antipesadelos, cura
Saber e ritual mágico: Houve um tempo em que se achava que o aço protegia contra
duendes, que pareciam ser malvados.
Usos mágicos: O aço é um metal relativamente moderno e não tem muita história na
magia. Todavia, foram descobertos e preservados alguns usos. Por exemplo,
pedacinhos de aço são levados para proteger contra negatividade. Um anel de aço
também serve como um amuleto protetor.

ALUMÍNIO
Nome vulgar: alumínio
Energia: emissora
Planeta: Mercúrio
Elemento: Ar
Poderes: inteligência, viagem, magia com imagem
Usos mágicos: Na magia, pedacinhos de alumínio podem ser carregados para
estimular as atividades mentais (inteligência). Devido às suas modernas associações
com viagens, também é empregado nos encantamentos que envolvem jornadas a
terras distantes.

ANTIMÔNIO
Energia: emissora
Planeta: Sol
Elemento: Fogo
Poderes: proteção
Usos mágicos: Use um pedacinho de antimônio para proteger-se contra vibrações
negativas. O metal branco também pode ser levado consigo para o mesmo fim.
Pedacinhos acrescentados a combinações de pedras protetoras reforçam seus
poderes.

BRONZE
Energia: emissora
Planeta: Sol
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Elemento: Fogo
Metal associado: ouro
Poderes: cura, dinheiro, proteção
Usos mágicos: O bronze há muito tem sido empregado como um substituto do ouro
em magia. Embora não possua todos os atributos do ouro, serve para os rituais que
atraem dinheiro. O bronze também tem sido usado em rituais de cura. Um anel de
bronze, por exemplo, acaba com as cãibras estomacais. Uma chave de bronze posta
na nuca, ou atirada para trás, é um encantamento antigo para acabar com
hemorragias nasais. Esse metal dourado e amarelado é também protetor. Joias de
bronze são usadas para proteger a pessoa. Também em magia defensiva devolve a
negatividade para quem a enviou. Objetos de bronze energizados na casa a
protegem.

CHUMBO
Energia: receptora
Planeta: Saturno
Elemento: Terra
Ervas associadas: rosa, urtiga, arruda, cominho
Poderes: divinação, proteção, magia defensiva
Saber e ritual mágico: O chumbo tem sido usado em magia há muito tempo. Na
Grécia antiga, lâminas desse metal eram energizadas em rituais e inscritas com
"palavras de poder". Geralmente eram empregadas nos conjuros negativos porque o
chumbo garantia a continuidade do encantamento. Durante o século XI na Índia,
amuletos e figuras feitas com o objetivo de provocar a concepção ou aumentar a
fertilidade dos jardins e pomares eram gravadas em tabuinhas de chumbo.
Usos mágicos: O chumbo é um metal pesado que provoca a morte quando absorvido
pelo corpo. É usado ou empregado em encantamentos de proteção. Pode ser posto
perto da entrada da casa para evitar que a negatividade entre.

COBRE
Energia: receptora
Planeta: Vênus
Elemento: Água
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Pedras associadas: cristal de quartzo, esmeralda


Ervas associadas: mimosa
Poderes: direcionamento da energia, cura, sorte, amor, proteção, dinheiro
Saber e ritual mágico: O cobre, um metal laranja-avermelhado, há muito tem sido
ligado ao divino. Durante os tempos antigos na Mesopotâmia, era atribuído à Rainha
dos Céus bem como às deusas associadas ao planeta Vênus. Estas incluem Ishtar,
Astarte e, talvez, Inanna, a predecessora sumeriana das primeiras duas deusas
mencionadas. Também foi consagrado ao Sol na Babilônia, bem como pelos antigos
habitantes do noroeste do Pacífico, nos EUA.
Usos mágicos: Um de seus usos modernos é a fabricação de bastões com tubos de
cobre. Estes possuem no topo cristais de quartzo e são envolvidos com couro ou outro
material de proteção. Tais bastões são empregados em rituais mágicos para
direcionar a energia. Esse metal também é trazido junto ao corpo durante o ritual com
a mesma finalidade: intensificar a capacidade do mago de direcionar a energia ao
objetivo. Há muito tem sido empregado para estimular a cura. Isso se dá devido à
capacidade do cobre de equilibrar a polaridade do corpo, ou o fluxo das energias
emissoras e receptoras. Bloqueios no padrão dessas energias, de acordo com xamãs
ou curadores, leva a desiquilíbrios e, por isso, a doenças. Suas aplicações em cura
são ilimitadas. O cobre puro de qualquer tipo é geralmente usado para a cura em geral
e na prevenção de doenças. Para ser mais eficaz nas aplicações relacionadas à
saúde, é levado do lado esquerdo do corpo daqueles que são destros, e ao contrário
nos canhotos. É um metal que dá sorte, talvez devido às suas atribuições solares
passadas, e pode ser empregado com qualquer gema que atraia a sorte. Como um
metal, de Vênus, é usado para atrair o amor. Esmeraldas, se puder comprá-las, podem
ser incrustadas no cobre e usadas para tal fim. Antigamente, as sementes da mimosa
(Acacia dealbata) eram incrustadas em anéis de cobre, usados especialmente durante
confrontos, para proteção contra qualquer tipo de mal e negatividade. Finalmente, o
cobre é empregado para atrair dinheiro.

ESTANHO
Energia: emissora
Planeta: Júpiter
Elemento: Ar
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Poderes: divinação, sorte, dinheiro


Usos mágicos: O metal de Júpiter é levado como um objeto que dá sorte e pode
tomar a forma de um talismã que atraia o dinheiro contendo imagens minúsculas de
notas de dinheiro gravadas na superfície.

FERRO
Energia: emissora
Planeta: Marte
Elemento: Fogo
Pedras associadas: cristal de quartzo, olho-de-boi
Metais associados: magnetita, meteorito
Poderes: proteção, magia defensiva, força, cura, centramento, recuperação de bens
roubados
Saber e ritual mágico: Pelo fato do ferro ser raramente encontrado puro, exceto nos
meteoritos, o mais antigo à disposição do homem foi obtido desses estranhos objetos
celestiais. Os meteoritos, que eram vistos caindo dos céus, eram empregados em
instrumentos simples do homem primitivo, complementando o osso e a pedra. Em
quase todo o mundo, os homens aprenderam eventualmente a remover o ferro do
minério, tornando-o mais disponível para um largo emprego. Depois que isso se deu,
o ferro foi logo limitado a aplicações puramente físicas e, restritamente, na magia e na
religião. Na Grécia antiga, por exemplo, o ferro não entrava nos templos. Os
sacerdotes romanos não podiam fazer a barba ou raspar-se com ferro durante a
limpeza do corpo. Irlanda, Escócia, Finlândia, China, Coréia, Índia e outros países têm
tabus severos contra o ferro. Vezes sem conta o fogo era feito nos rituais antigos sem
o ferro, os altares construídos sem ele e os rituais mágicos executados somente
depois de retirar do corpo todos os traços desse metal. As ervas eram geralmente
colhidas com facas sem ferro, devido à crença de que as vibrações desse metal
podiam "bloquear" ou "confundir" as energias da erva. Os hindus já acreditaram que
seu emprego em construção espalharia as epidemias e, mesmo hoje em dia, um
presente de ferro de qualquer tipo é visto como algo azarado. Todavia, o ferro teve
seu lugar na magia. Era empregado ou usado particularmente em rituais de proteção.
Suas vibrações emissoras poderosas eram vistas como capazes de espantar
demônios, fantasmas, duendes, gênios e outras criaturas fantásticas. Na China,
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pensava-se que os dragões temessem o ferro. Quando se precisava de chuva,


atiravam-se pedaços do metal nas "poças dos dragões" para aborrecer as criaturas e
enviá-las aos céus na forma de nuvens de chuva. Na antiga Escócia, o ferro era
empregado para desviar o perigo quando ocorria uma morte na casa. Pregos de ferro
ou agulhas de tricô eram enfiados em cada alimento - queijo, grãos, carne etc. - para
atuarem como para-raios, atraindo as vibrações confusas que a morte podia evocar
dentro dos vivos, e assim salvar o alimento de possível contaminação. Os romanos
do período clássico introduziam pregos nas paredes das casas para conservar a
saúde, principalmente durante épocas de pestes. Por outro lado, devido a seus efeitos
protetores, o ferro era visto às vezes como sagrado, e os ladrões na Irlanda antiga
não se atreviam a roubá-lo. Usos mágicos: O ferro - poder emissor puro, ativo,
perseguidor, ofuscante, embaralhador, protetor. Para uma proteção potente, coloque
pedacinhos de ferro em cada cômodo da casa ou enterre-o nos cantos de sua
propriedade. Antigamente, empregavam-se cercas de ferro para deter o fluxo de
negatividade no lar. Também é empregado em rituais de cura. Um pedacinho é posto
debaixo do travesseiro à noite. Isso era feito originalmente para espantar os
"demônios" que tinham causado a doença, mas pode ser visto como um reforço da
capacidade de auto cura do corpo. Anéis ou braceletes desse metal para expulsar
doenças do organismo datam, pelo menos, da Roma antiga. Também é empregado
para centramento, para fechar os centros psíquicos e suspender o fluxo de energia do
corpo. Isso, naturalmente, não é bom durante os rituais mágicos, mas é bastante útil
quando o indivíduo se encontra sob um ataque psíquico ou emocional, está
fisicamente enfraquecido ou deseja se concentrar em assuntos materiais. Ferraduras
de cavalo e pregos de ferro são instrumentos antigos de magia.

MAGNETITA
Nomes vulgares: magneto, pedra-guia, magnetis (grego antigo), shadanu sabitu
(assírio antigo), pedra Hércules, ímã.
Energia: receptora
Planeta: Vênus
Elemento: Água
Ervas associadas: sândalo, rosa, milefólio, lavanda
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Poderes: poder, cura, atração, amizade, amor, fidelidade, problemas sexuais


masculinos, vontade, proteção, negócios, dinheiro, jogos de azar.
Saber e ritual mágico: A lenda conta que os romanos antigos possuíam uma estátua
de Vênus feita de magnetita e uma de Marte em ferro. Quando as duas eram postas
uma perto da outra no templo, Vênus atraía Marte. Seu emprego na cura de problemas
sexuais masculinos e no reforço da virilidade é antiquíssimo. Na Assíria antiga, era
empregada num ritual sexual de pura magia de empatia. O homem colocava uma
magnetita no óleo e esfregava a "infusão" resultante no corpo e no pênis, para garantir
uma relação sexual satisfatória. A mulher esfregava parzilli, ou ferro em pó, em seu
corpo para realçar sua atração. Assim preparados, os casais há três mil anos
libertavam-se de suas inibições, mágica ou psicologicamente, e compartilhavam o
prazer.
Usos mágicos: A magnetita é uma pedra de poder empregada para reforçar os
encantamentos. É adicionada aos sachês ou amuletos de ervas, posta no altar, usada
para aumentar a capacidade do bruxo de invocar e liberar energia. Quanto maior mais
poder inerente possui. Embora isso seja verdadeiro para todas as pedras, é
especialmente importante com a magnetita, porque quanto maior mais forte sua força
magnética. Ela é usada basicamente na magia de atração. Por ser um magneto
natural, é manipulada no ritual para atrair objetos ou energias para seu usuário. Assim,
pode ser empregada em qualquer tipo de encantamento. A magnetita também é usada
para fazer as pazes num relacionamento, principalmente quando houve discussões.
Sua função básica é refrescar os ânimos para permitir a comunicação. Por ser uma
pedra de atração, é empregada para trazer dinheiro e sucesso nos negócios. Ponha
uma magnetita numa bolsinha verde com uma moeda de prata, um bocadinho de ouro
(se tiver) ou ervas que atraem o dinheiro como patchuli, cravos ou cumaru.
Negociantes podem pôr uma magnetita energizada na caixa registradora ou no cofre,
ou queimar velas verdes ao redor da pedra para atrair fregueses. Finalmente, ela é
considerada por alguns como um talismã poderoso para os jogos. É usada para se ter
sorte durante as apostas.

MERCÚRIO
Nome vulgar: azougue
Energias: emissora, receptora
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Planeta: Mercúrio
Elementos: Água, Terra, Ar
Saber e ritual mágico: Mercúrio - aquela estranha "prata" brilhante que nunca se
solidifica. Mágica e misticamente, é um metal complexo. Possui uma natureza dupla -
emissor e receptor, yin e yang, metal e líquido. Devido a seu peso denso, o mercúrio
é regido pelo elemento Terra. Por aparecer no estado líquido, também é regido pela
Água, e seu movimento rápido significa Ar. Ele é tão venenoso que esse seu aspecto
poderia, talvez, ser regido pelo Fogo. Convenhamos que o mercúrio é estranho. Tem
sido empregado em magia, em parte, devido à sua aparência única e às suas
propriedades. Porções de mercúrio, por exemplo, eram outrora seguras nas mãos e
usadas como veículos de leitura. Com essa mesma finalidade, também se
empregavam esferas transparentes de vidro hermeticamente fechadas, com rolhas
cheias de mercúrio e colocadas de cabeça para baixo num aparador. É levada para
ter boa sorte em jogos de cartas, dados, cavalos e números. Porém, o mercúrio é
perigoso se for inspirado, ingerido ou mesmo tocado por períodos prolongados.
Seus empregos mágicos são por isso limitados e, talvez nem se precise dizer,
arriscados.

METEORITO
Nome vulgar: aerólito
Energia: emissora
Planeta: nenhum, os meteoritos são associados ao Universo
Elementos: Espírito, Fogo
Pedras associadas: peridoto, diamante
Poderes: proteção, projeção astral
Saber e ritual mágico: Os meteoritos há muito fascinam o homem. Têm sido vistos
como presentes dos deuses e das deusas. Alguns, como a pedra da Kaaba em Meca,
e aquela que se pensa representar a Grande Mãe na Frígia, têm sido objeto de
adoração como símbolos da divindade. Uma pedra de quatro toneladas vinha sendo
reverenciada na China como um objeto sagrado desde 1200. Ela tem a forma de um
boi agachado e fica num santuário budista. Os meteoritos, simbolicamente, podem ser
encarados como o espiritual penetrando o material, como poder astral, de ordem
divina ou capricho.
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Usos mágicos: Os meteoritos são literalmente coisas extraterrestres. Possuem os


poderes do voo intergaláctico, do movimento, da velocidade e da energia liberta da
gravidade. Use-o em rituais de proteção e ponha um no altar perto de velas brancas.
Ou tenha-o na mão. Também são utilizados para promover a projeção astral. Use um
pequeno meteorito, ou um seu fragmento, colocado debaixo do travesseiro durante
tentativas de projeção astral consciente.

OURO
Energia: emissora
Planeta: Sol
Elemento: Fogo
Pedras associadas: cristal de quartzo, lápis-lazúli, olivina, peridoto, sardônica, pedra-
do-sol, topázio, turquesa, zircão (veja os itens sobre essas pedras para aplicações
específicas)
Metais associados: magnetita, pirita
Poderes: poder, cura, proteção, sabedoria, dinheiro, sucesso, problemas sexuais
masculinos
Saber e ritual mágico: O ouro está intimamente ligado a divindades, principalmente
a deuses associados ao Sol. Ao longo dos tempos, quando encontrado ou obtido por
meio de troca, era muitas vezes o material preferido para fazer imagens sagradas e
decorar altares. Era também considerado como a melhor oferenda às divindades.
Usos mágicos: O ouro, talvez o metal mais potente em magia, é empregado para
emprestar sua energia aos rituais. As joias de ouro realçam a capacidade do bruxo
em evocar e enviar poder. Usar joias de ouro na vida normalmente aumenta seu poder
pessoal, promovendo a coragem, a segurança e a força de vontade. Usam-se
correntes de ouro no pescoço para conservar a saúde e bandas de ouro para aliviar a
artrite. Usá-lo normalmente dizem que garante a longevidade. Devido a seu brilho
solar, é um metal protetor. O ouro puro pode ser empregado ou trazido consigo como
um guardião. Um anel especial de ouro e cravado com tachas de ouro também é
protetor. Durante a magia protetora e defensiva, ponha objetos ou joias de ouro no
altar. Como símbolo do Sol, o ouro é empregado em rituais que buscam o sucesso.
Usar ouro especialmente energizado também auxilia no alívio de problemas sexuais
masculinos (impotência).
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PIRITA
Nomes vulgares: ouro de tolo, marcassita, pirita de ferro
Energia: emissora
Planeta: Marte
Elemento: Fogo
Poderes: dinheiro, divinação, sorte
Saber e ritual mágico: A pirita era usada pelos mexicanos antigos em forma de
espelhos polidos que podem ter servido para adivinhar o futuro. Pedaços desse
estranho mineral também eram postos nas bolsas de medicamentos dos xamãs dos
índios americanos. Na China antiga, essa pedra era usada para proteger-se de
ataques de crocodilos, um problema que, felizmente, a maioria de nós parece evitar
sem a pedra.
Usos mágicos: Popularmente conhecida como "ouro dos tolos", a pirita aparece
muitas vezes associada ao ouro verdadeiro. Devido ao amarelo tremeluzente e à
natureza brilhante dessa "pedra", ela é empregada para atrair riqueza e dinheiro.

PRATA
Energia: receptora
Planeta: Lua
Elemento: Água
Pedras associadas: esmeralda, pérola, jade, lápis-lazúli
Poderes: invocação, amor, sensitividade, sonhos, paz, proteção, viagem, dinheiro
Saber e ritual mágico: A prata é o metal da Lua. Por ser encontrada na forma pura,
era um dos melhores metais a ser usado pelo homem. Sua beleza e escassez fizeram
com que fosse empregada em imagens divinas e em peças de oferenda. É o metal
das emoções, do mundo psíquico, do amor e da cura.
Usos mágicos: Joias de prata ou pedras energizadas, como esmeraldas, pérolas,
jade ou lápis-lazúli, incrustadas em anéis de prata, são usados para atrair o amor. A
prata também é um metal que influencia o psíquico. Quando usada, estimula a
percepção extra-sensorial enquanto aquieta a mente consciente. Muitos sensitivos
usam constantemente a prata para evocarem mais facilmente o subconsciente. A
prata também é usada como proteção. Conforme a Lua reflete a luz do Sol, assim
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também esse metal reflete a negatividade para longe do usuário. É particularmente


poderosa para proteger viajantes de perigos, principalmente no mar. Quase dois
terços da população do mundo usam a prata (ou moedas banhadas em prata) como
dinheiro. É muito empregada na magia para atrair prosperidade.

4.10 Animais

Esse importante apanhando de trechos e compilações das obras de John


Matthews19, Jamie Sams & David Carson20, Brenda Mallon21 e Raven Grimassi22,
procura trazer ao neófito do CASA CRUZEIRO DO SUL palavras a respeito da energia
e essência de diversos animais, em sua maioria, tidos como Animais de Poder ou
Totens, nas mais diversas culturas, tendo sido objeto de vivência e comunhão por
bruxas, feiticeiros e xamãs ao longo dos tempos, desde a aurora da humanidade.

Nem todos os animais aqui elencados possuem tão larga explanação,


características e simbolismos mágicos quanto outros. Foram considerados os
aspectos mais relevantes de cada animal, o que faz variar a quantidade de conteúdo
sobre cada um.

ABELHA

Na Mitologia Grega, Zeus foi nutrido com leite e mel; a abelha era associada à
deusa Ártemis e à fertilidade da deusa Deméter, cujas sacerdotisas nos Mistérios de
Elêusis eram conhecidas como “abelhas”.

Símbolo de uma alma, abelha significa a habilidade de entrar no mundo inferior


como Deméter faz e retornar de lá. O mel da abelha representa palavras doces de
filósofos como Platão e Sófocles. Platão dizia que as almas dos homens bons e morais
reencarnavam como abelhas.

19
MATTHEWS, John. Xamanismo Celta. Editora Hi-Brasil. São Paulo, 2002.
20
SAMS, J. & CARSON, D. As Cartas Xamânicas. Editora Rocco. Rio de Janeiro, 2000.
21
MALLON, Brenda. Os Símbolos Místicos. Editora Larousse. São Paulo, 2009.
22
GRIMASSI, Raven. Enciclopédia de Wicca e Bruxaria. Editora Gaia. São Paulo, 2004.
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A conhecida escultura neolítica, “Vênus de Willendorf”, retrata uma mulher-


deusa de seios fartos, quadris largos e cabeça em formato de uma colmeia de
abelhas, denotando símbolo de fertilidade e indicando que a Abelha é reconhecida há
muitos milênios como um dos animais que mais explicitamente manifesta o poder
gerador e criativo referente ao divino feminino.

ÁGUIA

A energia da Águia representa a força do Grande Espírito, a conexão direta


com o Sagrado. É a capacidade de viver na esfera espiritual e, ainda assim, ter os pés
no chão, continuar ligado, equilibradamente, à vida nesta Terra. Próxima das alturas,
em meio às nuvens, a Águia está perto do firmamento, em profunda conexão com o
Sagrado. Voando sempre nas alturas, a Águia percebe rapidamente todo e qualquer
movimento de evolução na trajetória geral da Vida.

As penas de Águia são consideradas os mais sagrados instrumentos de cura,


tendo sido empregadas há séculos por bruxos e xamãs para limpar a aura das
pessoas que os procuram em busca de remédios para seus males. Dentro do sistema
de crenças das tribos indígenas norte-americanas, a Águia simboliza o estado de
graça obtido por intermédio do trabalho árduo, a compreensão da mecânica da
existência e a coroação dos testes iniciáticos destinados a liberar os poderes
individuais latentes no âmago de cada ser. Somente depois de ter experimentado os
altos e baixos da existência, sem esmorecer na fé de sua conexão pessoal com o
Sagrado, é que o indivíduo pode obter o direito de aprender e utilizar a magia de cura
da Águia.

ALCE

O Alce possui uma curiosa espécie de energia guerreira, porque, exceto


durante a estação de acasalamento, ele sabe honrar a amizade dos companheiros do
mesmo sexo. Os Alces sempre podem apelar para a energia da fraternidade, para a
energia de cura dos irmãos do mesmo sexo.
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Quando você descobrir a energia que decorre do amor pela própria espécie,
conseguirá sentir um novo tipo de camaradagem nascendo em seu coração. Esta
energia amorosa faz com que a amizade entre as pessoas do mesmo sexo não seja
conspurcada por sentimentos de ciúme, inveja ou de competitividade.

ALCE AMERICANO

O Alce Americano é o maior animal da família dos cervos. O som do chamado


do Alce Americano macho é uma coisa impressionante de se ouvir numa almiscarada
noite de primavera. O orgulho de sua masculinidade e sua ânsia em compartilhar sua
semente com uma fêmea de sua espécie são signos evidentes de sua forte
autoestima. A parte inferior do corpo de um Alce Americano pode ser encarada como
uma força positiva, pois representa sua vontade de gritar ao mundo todos os seus
sentimentos.

Essa vontade de comunicar a todos sua felicidade é decorrente de um


sentimento de auto realização. Não há satisfação maior do que aquela proporcionada
por um trabalho bem-feito. Esta ânsia em comunicar ao mundo suas realizações,
presente na personalidade do Alce Americano, não é sinal da busca de
reconhecimento e de aplauso, e sim a espontânea explosão de alegria que emerge
das profundezas de cada um de nós. A sabedoria implícita no comportamento do Alce
Americano é a Consciência de que a criação constantemente traz à tona novas idéias
e novas realizações. O que o Alce Americano está tentando nos dizer é que a alegria
deve ser orgulhosamente proclamada aos quatro ventos. Nisto reside a sabedoria de
que a alegria é contagiante, beneficiando a todas os que entram em contato com ela.
Num certo sentido, aquele que festeja ruidosamente suas próprias vitórias está nos
convidando a fazer o mesmo também, a saber comemorar os nossos sucessos e os
sucessos dos outros.

ANDORINHA
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O pássaro sem pés representa o voo contínuo e veloz e também as qualidades


do soldado resoluto que não descansará até que a vitória seja alcançada. Simboliza
o valor da vitória, sobre guerras e tempestades, de todos os tipos.

ANTÍLOPE

O Antílope é um símbolo da antena constituída por seus cabelos, que o


interligam com o Grande Mistério por intermédio de longos fios de luz. Observando o
Antílope, você toma consciência de sua própria mortalidade e da brevidade do tempo
que lhe foi concedido neste planeta. Tendo isto em mente, você precisa agir de modo
consequente, realizando apenas boas ações capazes de agradar ao Grande Mistério.
Os poderes do Antílope foram procurados e empregados pelos bruxos e xamãs desde
a aurora dos tempos.

Se você está se sentindo pressionado e encurralado, invoque a energia do


Antílope e ela o orientará a respeito da melhor ação a ser tomada para liberá-lo de
seus opressores.

AVESTRUZ

O Avestruz simboliza a fé, contemplação, verdade e justiça. Foi domesticado


pelos romanos que usavam avestruzes para puxar suas carruagens triunfais. Desde
aquele tempo, o Avestruz tem sido associado a obediência voluntária e serenidade.

BORBOLETA

O poder que a Borboleta nos traz é oriundo do ar. É a mente e a capacidade


de conhecer a mente e de mudá-la. É a arte da transformação. Para poder usar o
poder de cura da Borboleta você precisa começar a observar cuidadosamente sua
própria posição no ciclo de autotransformação. Assim como a Borboleta, você está
sempre passando por alguma etapa em suas atividades da vida. Você pode, por
exemplo, estar no estágio do ovo, que simboliza o começo de todas as coisas. É o
estágio no qual as idéias nascem, mas ainda estão longe de se materializar. Já o
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estágio da larva é o ponto no qual você decide inserir esta idéia no mundo físico que
o cerca. O estágio do casulo significa o movimento de "ir para dentro", desenvolvendo
algum projeto, alguma idéia ou, ainda, determinado aspecto de sua personalidade. O
estágio final da transformação é o abandono da crisálida. É a etapa do nascimento.
Este último passo - o da Borboleta esvoaçando - significa que agora você já está em
condições de compartilhar as cores e a alegria de sua criação com as outras pessoas.

Se você olhar atentamente para a lição que a Borboleta está tentando lhe
ensinar, verá que a vida está sempre em processo de transformação. É um ciclo sem
fim de autotransformação.

BÚFALO

Todos os animais são sagrados, mas em muitas tradições o Búfalo Branco é o


mais sagrado, pois sua aparência é sinal de que as preces foram respondidas, de que
o cachimbo sagrado foi louvado e todas as promessas e profecias foram cumpridas.

O Búfalo era a maior fonte de subsistência para os índios das planícies norte-
americanas. Ele fornecia carne para a alimentação, pele para roupas e agasalhos para
os longos invernos, ossos para a confecção de diversos instrumentos, além dos
cascos, a partir dos quais se produzia uma substância adesiva usada como cola. À
cura do Búfalo é realizada por prece, louvor e gratidão pelos inúmeros dons que nos
foram concedidos. À energia do Búfalo também nos ensina que a abundância sempre
estará presente desde que todas as relações sejam honradas como sagradas e desde
que saibamos expressar nossa verdadeira gratidão pela existência de cada ser vivo
da criação.

CACHORRO

Estes nobres animais frequentemente alertavam seus donos sobre a


aproximação dos inimigos e dos perigos iminentes, desde os mais antigos tempos.
Eles ajudavam os caçadores e eram uma preciosa fonte de calor nas longas noites de
inverno.
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O Cachorro sempre foi considerado o servidor ideal do mundo animal ao longo


de toda a história. O Cachorro era o guardião que protegia a tribo de um ataque
surpresa. À figura arquetípica do Cachorro tanto engloba o amor carinhoso do melhor
amigo, quanto a energia parcialmente selvagem do protetor que defende
valentemente o seu território. Assim como Anúbis, o cão-chacal protetor do antigo
Egito, o Cachorro sempre foi um guardião ao longo dos tempos. O Cachorro tanto foi
o guardião do inferno quanto dos segredos e dos tesouros secretos, ou de indefesos
bebês - enquanto suas mães estavam cozinhando ou trabalhando nos campos.

CASTOR

O Castor é o construtor ao mundo animal. A energia do Castor tem afinidade


com a da água e da terra, incorporando ainda um forte sentimento de família e de vida
caseira. Se você observar suas represas, capazes de bloquear fortes torrentes de
água, verá que existem diversas entradas e saídas. Quando constrói sua casa, o
Castor sempre se preocupa em preparar diversos pontos de escape. Esta prática é
uma lição para cada um de nós, para que não nos deixemos encurralar, pois se não
nos concedermos algumas alternativas, estaremos represando o fluxo de experiências
em nossas vidas. Um produtor é caracterizado por sua operosidade, e o Castor sabe
que a limitação impede a produtividade.

O Castor tem dentes muito afiados, sendo capaz de derrubar grandes árvores.
Imagine, portanto, o estrago que seus dentes são capazes de fazer no lombo dos
inimigos. Para ser capaz de compreender o simbolismo do Castor, deve-se
reconhecer o poder do trabalho e conscientizar-se da satisfação proporcionada pelo
bom cumprimento de uma tarefa. É preciso aprender que, para concretizar um sonho,
é necessário contar com o apoio do grupo e que, para trabalhar com os outros, você
precisa ter o espírito de grupo. O espírito de grupo simboliza a harmonia em seu mais
perfeito estágio, não conspurcada pelos egos individuais.

CAVALO
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O Cavalo representa o poder tanto no mundo físico quanto na esfera espiritual


e, em diversas práticas xamânicas ao redor do mundo, o Cavalo possibilita que os
xamãs voem pelos ares para chegar aos céus.

Quando o Cavalo foi domesticado, a humanidade deu um grande salto,


correspondente apenas àquele dado quando o fogo foi dominado. Antes do Cavalo,
os seres humanos tinham pouca mobilidade, enormes pesos a carregar, eram lentos.
No momento em que montaram no dorso de um Cavalo, tomaram-se tão leves e
velozes quanto o vento, além de serem capazes de transportar fardos por longas
distâncias com muito mais facilidade. O Cavalo foi o primeiro animal totêmico da
civilização, e foi por meio do relacionamento ímpar que estabeleciam com o Cavalo
que os humanos modificaram o conceito que tinham de si mesmos. A humanidade
tem uma dívida incalculável para com o Cavalo, pelos novos poderes que ele nos
concedeu.

Ao compreender o poder do Cavalo, você irá sentir-se compelido a


confeccionar um escudo de equilíbrio. O verdadeiro poder é a sabedoria e, esta,
somente é obtida quando se mantém viva a lembrança de tudo o que ocorreu com
você ao longo de sua jornada aqui na Terra. A compaixão, a bondade, o amor, e a
disposição em ensinar e compartilhar os dons e os talentos que lhe foram concedidos
constituem as verdadeiras sendas para o poder.

CISNE

O Cisne nos ensina a nos rendermos à graça do ritmo do Universo e a


abandonarmos nosso corpo físico para penetrarmos na Dimensão dos Sonhos. À
energia do Cisne nos toma capazes de transitar por todos os planos da consciência e
a acreditar na proteção do Grande Espírito.

COIOTE

O Coiote possui muitos poderes de cura, mas nem sempre eles funcionam em
seu próprio benefício, pois seu espírito trapaceiro às vezes acaba iludindo a si mesmo.
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Ninguém Fica mais surpreso com o resultado de seus próprios truques do que o
Coiote, que se toma então capaz de cair na armadilha que ele mesmo criou.
Entretanto, de um jeito ou de outro, ele sempre sobrevive, muito embora seja incapaz
de aprender com os próprios erros e logo esteja se encaminhando para um erro ainda
maior.

Ele pode perder uma batalha, mas nunca se considera derrotado. O Coiote é
um animal sagrado e, na insensatez de seus atos, vemos o reflexo de nossa própria
insensatez. Ao caminhar de um desastre para outro, o Coiote vai aprimorando seus
recursos de auto sabotagem até chegar às raias da perfeição neste campo. Ninguém
pode cegar os outros ou a si mesmo para a realidade com mais graça e facilidade do
que este trapaceiro sagrado. As vezes o Coiote se leva tão a sério que se toma
incapaz de ver o óbvio: a locomotiva que está prestes a atropelá-lo. E por isso que ele
não acredita quando o desastre ocorre, e nem mesmo depois... A figura do Coiote
simboliza o humor de todos os tempos, de todos os povos e de todas as eras.

CORÇA

A Corça nos ensina a usar o poder da gentileza para tocar os corações e as


mentes de todos os seres machucados pela existência, e que estão sempre tentando
nos manter longe do Sagrado. Assim como existem pequenas manchas brancas e
negras na pelugem da Corça, devemos aceitar a amar tanto a luz quanto a escuridão
para sermos capazes de criar um mundo de amor e segurança para todos aqueles
que buscam a paz.

CORVO

O Corvo sempre foi o portador da magia. Este seu papel foi reconhecido pelas
mais diversas culturas, ao longo dos tempos, em todo o planeta. É considerado
sagrado honrar o Corvo como sendo o portador da magia. Se esta magia for ruim, ela
inspirará muito mais medo do que respeito. Àqueles que trabalham com a magia de
forma errada tem razoes para temer o Corvo, pois isto é sinal de que estão se
imiscuindo em áreas que não dominam, e os feitiços que estão fazendo certamente
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acabarão retomando contra eles. Em vez de deplorar o lado negro da magia,


conscientize-se de que você só irá temer o Corvo quando necessitar aprender algo
sobre os seus temores secretos ou sobre os demônios criados por sua própria
imaginação.

A magia do Corvo é poderosa e pode lhe infundir a coragem necessária para


penetrar nas trevas do Vazio no qual residem todos os seres que ainda não tem forma
definida. O Vazio é denominado "Grande Mistério". O Grande Mistério já existia antes
que todas as outras coisas viessem a existir. O Sagrado é oriundo do Grande Mistério.
O Corvo é o mensageiro do Vazio. A cor do Corvo é a cor do Vazio – o buraco negro
no espaço sideral que congrega todas as energias criadoras. A cor negro-azulada do
Corvo possui uma luminosidade que simboliza a magia da escuridão e uma
mutabilidade de forma que simboliza os nossos processos de transformação.

O Corvo é também o guardião da magia cerimonial, e um curador que opera à


distância, e que está sempre presente em qualquer Roda de Cura Xamânica. O Corvo
guia a magia curativa para promover uma mudança de consciência capaz de
manifestar uma nova realidade na qual não há mais lugar para a doença e a
ignorância. O Corvo nos traz diretamente do Vazio do Grande Mistério. Ele é o
mensageiro que conduz o fluxo de energia de uma cerimônia mágica, guiando-a até
o seu objetivo final. Seu papel é o de interligar as mentes dos praticantes do ritual com
as mentes daqueles que estão necessitando daquele trabalho.

CORUJA

A energia da Coruja é simbolicamente associada a clarividência, projeção astral


e magia, tanto em sua vertente branca quanto na negra. Na tradição indígena norte-
americana, a Coruja é chamada de Águia da Noite por diversas tribos. Segundo a
tradição, a Coruja mora no Leste - o lugar da iluminação. Desde os tempos imemoriais
a humanidade tem temido a noite e a escuridão, aguardando ansiosamente pelo
advento das primeiras luzes da madrugada. Inversamente, a noite é amiga da Coruja.
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A Coruja caça suas presas à noite, porque ela pode enxergar perfeitamente no
escuro, assim como é capaz de discernir e identificar com precisão qualquer som
ouvido em suas expedições noturnas, o que faz dela uma grande caçadora. As plumas
da Coruja são silenciosas, de modo que é impossível escutar seu voo - mas a presa
percebe imediatamente quando a Coruja a captura, porque tanto seu bico quando
suas garras são afiadíssimos.

A energia da Coruja é utilizada por bruxos e feiticeiras. Pessoas que afinam-se


com esse animal, são possivelmente também atraídas pelas ciências ocultas e às
práticas de magia. A Coruja é tida como um símbolo de sabedoria em diversas
culturas, pois ela pode ver o que os outros não conseguem: a essência da verdadeira
sabedoria. Onde outros se iludem, a Coruja percebe com precisão o que realmente ali
se encontra.

Atenas, a deusa grega da sabedoria, possuía uma Coruja de estimação que


permanecia sempre em seu ombro e lhe revelava as verdades invisíveis. Essa Coruja
tinha o poder de iluminar o lado obscuro da deusa, capacitando-a a perceber toda a
verdade e não apenas aquela parcela da verdade que podia discernir sem seu auxílio.

DONINHA

A Doninha é bastante engenhosa e possui muita energia, mas comungar com


sua energia não é nada fácil. Não é por acaso que as peles do Arminho e da Doninha
são empregadas como símbolos distintivos pela realeza. Os ouvidos da Doninha
realmente escutam o que está sendo dito e seus olhos são capazes de enxergar
através da superfície aparente das coisas para prever os possíveis desdobramentos
futuros de um acontecimento, características que constituem preciosos dons.

Algumas pessoas não apreciam os talentos da Doninha porque ignoram o fato


de que não existem dons nefastos. Todos nós temos nossos próprios poderes e
habilidades, caso contrário não estaríamos aqui ajudando a curar a Mãe Terra. O
poder da Doninha pode ser usado para descobrir as razões ocultas de todas as coisas
e de todos os acontecimentos.
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ELEFANTE

Esse grande mamífero simboliza força, lealdade, longevidade, felicidade e


ambição. Elefantes sempre carregaram Reis e Rainhas no Oriente e, dessa maneira,
estão associados à Nobreza e à Realeza. Conectar-se com a energia do Elefante,
leva o indivíduo a tornar-se uma pessoa digna, sábia e confiável.

O Elefante tem uma energia muito promissora, estando ligado ao Poder e a


determinação de vencer todos os obstáculos.

ESQUILO

O Esquilo nos ensina a armazenar para o inverno, quando todas as árvores


estarão nuas e as nozes já terão desaparecido no tempo. Como o esquilo tem a
personalidade muito irrequieta, sua energia manifesta-se de diferentes formas. Seu
comportamento extravagante e imprevisível, aliado à sua incrível rapidez, ajuda-o a
escapar dos predadores. O poder de armazenar implícito na energia do Esquilo é um
grande dom, pois ele pode nos ensinar a poupar e armazenar para futuros tempos
difíceis. O Esquilo é o verdadeiro escoteiro do reino animal - sempre alerta e
precavido.

O que o Esquilo lembra é a importância de ser precavido sem ansiedade,


demonstrando autoestima suficiente para reservar para uso futuro coisas das quais
possamos vir a necessitar, mesmo que tal necessidade nunca chegue a se manifestar.

FALCÃO

O Falcão é aparentado com Mercúrio, o mensageiro dos deuses. A energia do


Falcão pode ensinar-nos a sermos mais contemplativos, a observar melhor o mundo
que nos cerca.
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Os Antigos encaravam esta magnífica ave de rapina como um mensageiro que


trazia notícias sobre nossa jornada nesta Terra, a caminhada pela Vida, enviadas do
mundo que viveram antes de nós. Se alguém invocasse magicamente o grito do
Falcão, este tanto poderia ser um sinal de bom ou de mau agouro, de acordo com a
natureza da consulta feita.

Assim, o grito do Falcão tanto podia anunciar o nascimento de um bebê quanto


à aproximação de uma tribo guerreira ou, ainda, a celebração do ritual de Contar os
Golpes.

A imagem do Falcão revela um totem repleto de responsabilidade, porque ele


enxerga mais longe do que as outras criaturas. O Falcão não é como o Rato, que
enxerga tudo através de uma lente de aumento. Comungar com a energia do Falcão
é estar sempre alerta para perceber os presságios e as mensagens do mundo
espiritual.

FORMIGA

A Formiga é capaz de levar uma pesada tolha nas costas por quilômetros a tio,
se isto for necessário, e existe uma espécie de Formiga na África que é capaz de
devorar porções inteiras de densa mata, pois a estratégia da Formiga é a da paciência.
A Formiga é uma construtora, como o Castor, possui a agressividade do Texugo, a
vitalidade do Alce e a minúcia do Rato.

A Formiga possui uma "mente coletiva" e trabalha devotadamente sob as


ordens da Formiga Rainha para suprir as necessidades do formigueiro e armazenar
víveres para uso futuro. O auto sacrifício é parte da energia da Formiga, mas sua
verdadeira fonte de poder é a paciência.

Entrar em contato com a energia da Formiga nos possibilita desenvolver um


senso comunitário muito desenvolvido e nos leve a sermos capazes de prever com
grande antecedência as futuras necessidades de nossas comunidades. A Formiga
trabalha para o bem do Todo.
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GAMBÁ

O Gambá se protege fingindo-se de morto. Ele confunde os predadores,


convencendo-os de que o jogo terminou. Muitas vezes um oponente confuso se
afasta, ou olha para outro lado por um instante, o que é suficiente para que o Gambá
fuja em segurança.

A energia do Gambá utiliza sempre a estratégia. Se tudo mais falhar, o Gambá


se finge de morto. Ele tem a capacidade de lutar com unhas e dentes, mas raramente
chega a este ponto. Ao contrário, sua estratégia predileta de fingir-se de morto é
empregada a cada vez que as coisas ficam difíceis, o que o toma um ator digno de
ganhar o Oscar do reino animal. O cheiro da morte é segregado por ele à vontade,
dando um toque de mestre a uma representação capaz de confundir seus inimigos.

Os guerreiros utilizam a energia do Gambá há séculos, tingindo-se de mortos


quando o inimigo é mais numeroso do que eles. A seguir, rapidamente, quando o
inimigo menos espera, ouve-se um grito de guerra. O medo causado pelo grito
confunde ainda mais o inimigo perplexo.

GAMBÁ AMERICANO

O Gambá Americano possui um estilo de vida único, que consegue manter os


seres humanos à distância. A palavra-chave que serve para sintetizar a sua
personalidade é: respeito.

Ao contrário dos animais predadores, o Gambá Americano não ameaça a sua


vida, mas ameaça os seus sentidos. Todos os que já estiveram por perto de um
Gambá quando ele resolve exalar o seu cheiro sabem o quanto isto é verdade!
Quando estudamos os hábitos e o comportamento do Gambá Americano podemos
observar que o seu estilo de vida é leve e brincalhão.
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Porém, sempre que é necessário, esta pequena criatura de quatro patas


consegue impor uma atitude de "Alto lá! Sabe com quem está falando?". Ele obriga o
observador a respeitar o seu espaço, e consegue isto, simplesmente, com sua
reputação.

O Gambá Americano nos ensina a honrar nossas verdades e a respeitar nossos


próprios princípios, para criar em torno de nós mesmos um ambiente de respeito e
uma reputação de força e de honradez.

GATO

O Gato é um animal há muito tempo associado com a Bruxaria e a Magia. Ele


aparece como criatura mágica em várias culturas, desde o Egito até Roma e o Norte
Europeu. Durante os julgamentos das Bruxas no século XVII, era uma acusação
comum que as Bruxas possuíam o poder de se transformarem em gatos. O gato preto
com seu óbvio simbolismo ligado aos poderes ctônicos, era frequentemente
selecionado como um espírito familiar das Bruxas. Assim como era comum em antigos
rituais pagãos usar máscaras animais; as Bruxas usavam máscaras de gatos, bodes,
lebres e outros disfarces de animais.

Os Egípcios associavam o Gato com a Lua e ele era consagrado a Deusa Ísis
e Bast. Entre os Celtas haviam diversos monstros em forma de gatos. O gato
encantado da Tradição Gaélica-Escocesa é descrito como sendo tão grande quanto
um cachorro. Ele é preto com uma macha branca no peito e mostra-se com as costas
arcadas e os pelos levantados. Esse gato da Tradição Gaélica-Escocesa pode estar
relacionado com os gatos demoníacos algumas vezes conhecidos como “Orelhas
Grandes” que era invocado em uma cerimônia de adivinhação celta e selvagem,
durante os quais os gatos eram assados vivos.

GOLFINHO

O Golfinho fala-nos do sopro da vida, a única coisa da qual nós só podemos


prescindir por uns poucos minutos. Nós podemos viver vários dias sem comida ou
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mesmo sem água, mas o oxigênio é a base indispensável de nossa subsistência.


Assim, se mudarmos o padrão e o ritmo de nossa respiração, seremos capazes de
nos comunicar com qualquer outra forma de vida. Esta mudança de ritmo também nos
permite entrar em contato com nossos próprios ritmos pessoais internos, bem como
com a energia emanada Sagrado.

Esse animal é considerado o guardião do sopro sagrado da vida que nos ensina
a modular nossas emoções pelo ritmo de sua respiração. O Golfinho com seu próprio
ritmo vital ao nadar em meio às ondas, emergindo a intervalos regulares para respirar
e submergindo novamente, mantendo o fôlego enquanto permanece sob a água.
Quando o Golfinho emerge outra vez, expele o ar de forma vigorosa, como o estourar
da rolha de uma garrafa de champanhe. Nós também podemos empregar a mesma
técnica para expelir nossas tensões e obter o relaxamento total antes de penetrarmos
no silêncio para meditar.

O Espírito, ou Quinto Elemento, a essência Sagrado, está presente em cada


átomo. O Golfinho nos ensina a usar a energia contida no Espírito por meio de nossa
respiração, o que revitaliza cada célula de nosso corpo, rompendo os limites e
expandindo as dimensões da realidade tísica de modo a nos facultar o acesso à
Dimensão dos Sonhos.

GRALHA

A Gralha é a guardiã das leis sagradas, podendo superar as leis do mundo


físico, possuindo a rara capacidade de mudar de forma. Os xamãs do que trabalham
com a energia da Gralha são mestres nas artes ilusionistas.

Entre os povos xamânicos norte-americanos, todos os textos sagrados são


colocados sob a custodia da Gralha. Nessa mesma cultura, sua lei afirma que "todas
as coisas nasceram das mulheres", e essas são especialmente guardadas pela
Gralha.
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A Gralha nos permite discernir que o mundo físico e mesmo o mundo espiritual,
tal como a humanidade os interpreta, não passam de ilusões. Existem bilhões de
mundos e uma infinidade de criaturas, e o Sagrado manifesta-se em todas elas.

Diz-se que se um indivíduo obedecer escrupulosamente as leis da Gralha, tal


como definidas pelo Universo, ele poderá beneficiar-se de uma boa morte que lhe
permita passar para a próxima encarnação com a lembrança clara de sua vida
anterior.

A Gralha traz também presságios de mudança. A Gralha vive no Vazio e não


está sujeita às leis do tempo. Os Antigos Chefes Xamânicos advertiram de que a
Gralha é capaz de ver simultaneamente as três dimensões temporais: passado,
presente e futuro. A Gralha funde a luz e as trevas, percebendo tanto a realidade
interior quanto a exterior. Se você usar a energia da Gralha, sua voz será forte quando
sugerir soluções para o que estiver desequilibrado, fora de harmonia, for
despropositado ou injusto.

Lembre-se de que a Gralha olha o mundo primeiro com um olho e, em seguida,


com o outro olho enviesado, como os vesgos. Na cultura maia, as pessoas vesgas
tinham o privilégio e o dever de olhar para o futuro. Isso deve nos estimular a deixar
de ter medo de ser uma voz no deserto e passar a grasnar bem alto as verdades
quando as vislumbrar.

JAVALI

O Javali é conhecido por sua bravura e capacidade de lutar até a morte. É um


combatente feroz e foi sempre utilizado em brasões para simbolizar os guerreiros mais
valorosos.

Na Irlanda, o Javali é um símbolo popular, provavelmente porque sua carne era


considerada alimento dos Deuses Celtas. Emblemas de Javali eram usados como
feitiços contra ferimentos durante as batalhas. A cabeça do Javali representa a
hospitalidade ou alguém que é hospitaleiro.
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LEÃO

O Leão é conhecido como o Rei da Selva e sem dúvidas um dos mais


expressivos animais no que toca o simbolismo heráldico das mais diferentes nações
e culturas. Ele está associado a valentia inflexível, à majestade, aos Reis e Rainhas,
Imperadores e Imperatrizes, a destreza em todos os assuntos e a inteligência.

Simboliza o soldado corajoso que tem certeza de sua causa e luta com
diligência, cautela e muita energia.

LEBRE

A Lebre simboliza um gosto por uma vida pacífica e resguardada, longe dos
temores e perigos. No entanto, o fato de Lebres – assim como os Coelhos – serem
conhecidos por sua reprodução abundante fez com que elas se tornassem símbolo
de fertilidade e luxúria.

LIBÉLULA

A energia da Libélula relaciona-se com os sonhos e as ilusões que aceitamos


como sendo realidade concreta. A iridescência das asas da Libélula nos desvela cores
fascinantes, bastante diversas daquelas que sempre encontramos na vida cotidiana.
A energia, a forma e as cores sempre cambiantes da Libélula explodem na mente do
observador, evocando um tempo pretérito em que imperava a magia.

Algumas lendas afirmam que a Libélula foi um dia um Dragão, com escamas
coloridas similares àquelas encontradas nas asas da Libélula. O Dragão era muito
sábio e voava pela noite escura, espargindo a luz com seu hálito de fogo. Foi seu
hálito de fogo que trouxe para nosso mundo a arte da magia e a ilusão de mudar de
forma. Todavia, chegou o dia em que o Dragão sucumbiu à própria ilusão ao deixar-
se enganar pelo ardiloso Coiote, que o convenceu a mudar de forma para provar que
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possuía de fato poderes mágicos. O Dragão aceitou o desafio do Coiote, adquirindo a


forma que tem hoje a Libélula, mas, ao aceitar este desafio movido pela vaidade, o
Dragão perdeu seus poderes mágicos e não pôde mais retomar à sua forma
primordial.

A Libélula expressa a essência dos tempos de mudança, das mensagens de


iluminação e sabedoria, e a comunicação com o mundo dos elementais - composto
por uma miríade de pequenos espíritos da natureza, presentes nas plantas, na terra,
no fogo, na água e no ar.

LINCE

Segundo algumas tradições, quem deseja desvendar um segredo deve


conectar-se a. energia do Lince. O Lince possui a capacidade de mover-se através do
tempo e do espaço. Ele consegue mergulhar no Grande Silencio e trazer qualquer
mistério à tona, tomando-se, assim, o detentor dos segredos dos sistemas mágicos
esquecidos e dos conhecimentos ocultos. O Lince não é o guardião destes segredos,
e sim o detentor destes segredos, o que é bem diferente. O problema é fazer com que
o Lince nos revele estes mistérios. Ele prefere sair caçando pássaros ou se divertir
jogando areia na sua cara. Depois, se guarda em seu silencio, encobrindo os
mistérios...

A energia do Lince é coligada a um tipo muito especial de clarividência. As


pessoas que se conectam a Lince conseguem vislumbrar imagens mentais sobre os
segredos de outras pessoas e são capazes de descobrir tudo o que elas escondem
das demais e até mesmo de si próprias. Elas detectam facilmente os medos, as
mentiras, assim como as autoilusões presentes nas mentes alheias. Elas descobrem
se alguém tem um tesouro escondido, quando existe algum. Se você se esqueceu de
onde escondeu seus próprios tesouros, poderá obter esta informação de uma
conectando-se com a energia do Lince.
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Alguns autores acreditam que a grande esfinge do antigo Egito não seja um
Leão e sim um Lince. Este Lince não fala muito. Com seu sorriso enigmático, este
grande felino vigia silenciosamente as areias da eternidade.

LOBO

O Lobo é o desbravador, o precursor de novas idéias. E aquele que sempre


retoma ao seu clã para ensinar e compartilhar os conhecimentos adquiridos. O lobo
tem apenas uma companheira durante toda a sua vida e possui o espírito fiel como o
do Cachorro. Quando observamos de perto os Lobos, notamos de imediato que eles
possuem um grande sentimento de família em relação aos demais membros da
alcateia, sem que isto afete, no entanto, o forte individualismo característico da
espécie. Este comportamento faz com que os Lobos se assemelhem muito a nós, os
humanos, pois também conjugamos a capacidade de integrar uma sociedade sem
que isto afete nossa individualidade ou impeça a existência de nossos sonhos e
anseios pessoais.

Para algumas culturas, o Lobo está representado pela Estrela do Cachorro,


Sirius, da qual, segundo antigas tradições, vieram “nossos mestres”. Para os egípcios
do tempo dos faraós, assim como para a tribo africana Dogan na época atual, Sirius
é a morada dos Deuses. É uma coincidência impressionante o fato de que os índios
norte-americanos também pensassem o mesmo e tenham adotado as pessoas do
totem do Lobo como professores.

O Lobo tem os sentidos muito aguçados e tem na lua a sua aliada de poder. À
lua simboliza a energia psíquica, e também o inconsciente que guarda os segredos
da sabedoria e do conhecimento. Ao uivar para a lua, o Lobo manifesta seu desejo de
entrar em contato com as novas ideias que se ocultam sob a superfície da mente
consciente. À magia do Lobo fortalece e estimula o professor que existe dentro de
cada um de nós. O a energia do Lobo nos estimula a ensinar as crianças da Terra a
viver em harmonia e a compreender o Sagrado e o sentido da vida.

LONTRA
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O significado da Lontra engloba uma série de lições sobre energia feminina,


lições aplicáveis tanto ao homem quanto à mulher, pois todos nós temos um lado
feminino e outro masculino em nossa personalidade. A pele da Lontra é
frequentemente utilizada para talismãs de poder para mulheres, porque simboliza a
energia feminina em seu perfeito ponto de equilíbrio.

A Lontra é uma mãe devotada, que é capaz de passar horas brincando com os
seus filhotes, fazendo as mais fantásticas acrobacias. Ela vive na terra, mas sua
morada é sempre próxima da água. Os elementos Terra e Água são os elementos
femininos por excelência. Como a Lontra se sente em casa em ambos, ela é a
personificação da feminilidade: esguia, suave e graciosa.

A Lontra está sempre em movimento e é bastante curiosa. Ao contrário da


maioria dos animais, ela jamais começa uma briga e só reage depois de ser atacada.
Isto porque, com seu espírito alegre e aventureiro, a Lontra considera que todos em
volta são seus amigos, até que eles provem o contrário.

A Lontra também nos ensina o desapego aos bens materiais, que possuem o
poder de nos deixar presos e amarrados, podendo se transformar num verdadeiro
fardo. Observando cuidadosamente os hábitos da Lontra você pode aprender a se
abrir para a felicidade contida no lado mais receptivo de sua natureza.

PATO

Patos fogem de seus inimigos ao voar, correr, nadar ou mergulhar e simbolizam


uma pessoa com muitos expedientes e bastante talentosa na batalha. Como todos os
pássaros, simboliza mediação entre o Céu e a Terra, assim como entre o mundo
material e espiritual.

PAVÃO
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O Pavão é associado à beleza, poder e conhecimento. No simbolismo cristão,


ele representa a alma e a ressurreição, já que em tempos antigos acreditava-se que
a carne do Pavão não apodrecia.

Esse belo animal está profundamente associado à deusa Hera, Rainha do


Olimpo, Senhora do Matrimônio e a da Soberania. Os “cem olhos” na cauda do Pavão
simbolizam os olhos de Hera que habitam todos os lugares.

PORCO

Há milênios associado com divindades femininas ligados à Maternidade,


Criação e Submundo, o Porco, em especial na figura da Porca, foi associado à sujeira
pelas culturas patriarcais. Entretanto, esse animal foi e é considerado sagrado para
diversos povos que o consideram um poderoso símbolo do Outro Mundo.

Na Mitologia Celta, a Porca está intimamente associada à deusa Cerriwen,


iniciadora de poetas e videntes, e cujo os ensinamentos xamânicos deram origem a
Taliesin. A Porca também é considerada detentora de grande conhecimento e
sabedoria por ter ingerido sementes de bétula (a Árvore da Sabedoria), também na
Mitologia Celta.

PORCO ESPINHO

O Porco-espinho possui muitas qualidades e uma energia muito poderosa: o


poder da fé e da confiança. O poder da fé traz em si a possibilidade de remover
montanhas. O poder de confiar na vida envolve a confiança no plano divino traçado
pelo Sagrado. A sua tarefa é a de encontrar o caminho que lhe possa ser mais
benéfico e lhe permita usar o maior número possível de seus dotes pessoais para
ajudar na elaboração desse plano divino. A confiança e a verdade podem abrir as
portas para a criação de um novo espaço. Um espaço que permita aos outros abrirem
seus corações para você, compartilhando as dádivas da alegria, do amor e da
camaradagem. Quando você olha para um Porco-espinho, a primeira coisa que
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percebe são seus espinhos, mas estes espinhos somente são utilizados quando se
rompe a confiança entre o Porco-espinho e outra criatura. O Porco-espinho é um ser
gentil, amoroso, brincalhão e amistoso, assim como a Lontra.

Quando não existe medo, uma pessoa pode alimentar tranquilamente um


Porco-espinho com suas próprias mãos sem se machucar com os seus espinhos. Por
meio da compreensão da natureza real deste animal, você será capaz de perceber
sua própria necessidade de voltar a ser como uma criança, reaprendendo a confiar e
a acreditar novamente.

PUMA

A energia do Puma une ensina a usar bem a sua capacidade de liderança,


sobretudo no que concerne à habilidade de liderar sem obrigar os outros a que
aceitem sua liderança. Isto só é possível quando a pessoa compreende que todos os
seres humanos são líderes em potencial. À energia do Puma também lida com os
abusos do poder e a incapacidade de liderar com correção e justiça. Ela nos ensina a
respeitar a capacidade de liderança que existe em cada indivíduo.

Ao observar os movimentos graciosos do Puma, você aprendera a equilibrar


suas metas, seus poderes, sua força e sua elegância. Isto corresponde, na dimensão
humana, ao perfeito equilíbrio entre o corpo, a mente e o espírito. Este felino gigante
jamais desperdiça nada. Ele mata somente aquilo de que necessita para a sua
sobrevivência. E a fêmea quem caça para aumentar a família, com uma boa vontade
toda maternal.

Se um Puma apareceu em seus sonhos, isto é prenuncio de que é chegada a


hora de seguir suas próprias convicções e deixar-se levar para onde o coração o
conduz. Pode ser que outros o sigam e então as lições serão ainda mais produtivas.
Talvez você precise descobrir que seus planos podem incluir uma ninhada de filhotes
que desejam partilhar seus sonhos e ser iguais a você. Caso você já seja um líder,
isto pode ser sinal de que já é tempo de enxotar os filhotes da caverna e liberá-los de
sua influência.
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Ao assumir o lugar de poder reservado ao Puma, você deverá se esforçar


constantemente para manter a paz. No entanto, você só conseguirá contentar a todos
se mentir de vez em quando para si mesmo ou para os outros. Assim é a natureza
humana. Portanto, o papel do líder não é o de contentar a todos, mas o de trazer a
verdade à luz. Conheça a verdade, viva a verdade, seja a verdade, e todos desejarão
segui-lo e ser como você.

RAPOSA

A astuta Raposa possui muitos aliados na floresta, entre os quais as folhagens,


que lhe proporcionam proteção e energia. À Raposa é capaz de desaparecer
completamente em meio à luxuriante vegetação rasteira da floresta, sua maior aliada.
Esta capacidade de confundir-se com o ambiente e tomar-se desta forma
imperceptível aos demais é um dom precioso quando pretendemos observar as
atividades alheias. Outro talento natural da Raposa é sua capacidade de adaptação
para o inverno, pela mudança de sua cor, como ocorre com o Camaleão. Quando
chega o inverno e todas as folhas já caíram, a Raposa reveste-se de uma pelugem
branca que a toma capaz de confundir-se com a neve, tomando-se invisível desta
forma.

A capacidade da Raposa de passar despercebida faz com que ela possa ser a
guardiã da unidade familiar, pois percebe facilmente a aproximação do perigo e sabe
precisamente o que fazer para se defender. Ela tem a virtude de observar sem ser
percebida e sem incomodar os outros. Como a Raposa está sempre muito preocupada
com a segurança dos membros da família, ela representa um excelente talismã para
todos aqueles que são obrigados a empreender longas viagens.

A magia da Raposa ensina a arte da Unidade pela compreensão do processo


de camuflagem. Isto é aplicável em todos os níveis, desde uma simples pedra até
mesmo ao Sagrado como um todo. Por meio da energia da Raposa, você será capaz
de aprender todas as utilidades que a Unidade pode ter. Assim como os palhaços que
distraem os touros bravos num rodeio para proteger os vaqueiros caldos, a Raposa
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também é capaz de encontrar os mais inesperados e astuciosos recursos para


proteger os seus. Ela pode até empregar táticas consideradas idiotas pelos outros,
mas elas sempre funcionarão e corresponderão às expectativas da esperta Raposa.

RATO

O Rato tem muitos inimigos predadores, entre os quais os gatos, as Serpentes


e os pássaros. Como pode servir de alimento para tantos outros animais, o Rato tem
um senso muito aguçado do perigo e um grande senso de autopreservação. O que
chamamos de civilização é uma estrutura incrivelmente
complexa que exige um nível de organização cada vez mais sofisticado e muita
atenção aos detalhes, para poder acompanhar todas as novidades que surgem a cada
ano. O Rato é um remédio poderoso nestes tempos modernos. Coisas que parecem
insignificantes para outros tem enorme importância para o Rato.

Foi o Rato quem extinguiu o homem renascentista e inaugurou a era da


especialização. O Rato sempre soube que "há muito mais para aprender", e que ê
sempre possível cavar mais fundo.

Entrar em comunhão com a energia do Rato, em um primeiro momento, é


possível que a vida o amedronte, mas certamente você será experimentará como ser
pessoa muito organizada, com um compartimento para cada coisa. Passará a
vislumbrar uma realidade maior do que aquela situada diante do seu nariz.

SAPO

O Sapo canta a canção da chuva que limpa os campos e faz assentar a poeira
da estrada. Esse animal tem afinidade com a energia da água, ensinando-nos a louvar
nossas lágrimas, pois estas purificam nossa alma. Todos os rituais e as invocações
envolvendo o uso da água pertencem ao Sapo. A água purifica nosso corpo,
preparando-o para as cerimônias sagradas ao nos colocar em conexão com a pureza
primordial intrauterina. Assim como ocorre conosco, que vivemos primeiro no meio
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líquido do útero, o Sapo também só aprende a saltar e a mover-se em terra firme


depois de passar o primeiro estágio de sua vida no mundo da fluidez - a água.

A passagem para a idade adulta concede ao Sapo o poder de invocar as águas


do céu - a chuva - pois como ele conhece bem a água, é capaz de cantar a canção
que chama a chuva para a Terra. Podemos aprender com o Sapo a discernir quando
é chegado o momento de purificar, refrescar e encher os reservatórios de nossas
almas.

SERPENTE

O poder de cura da Serpente representa o poder da criação, porque engloba a


sensualidade, a energia psíquica, a alquimia, a reprodução e a ascensão (ou
imortalidade).

O ciclo de transmutação, que consiste em viver-morrer-renascer, é simbolizado


pela troca de pele da Serpente. A energia da Serpente é a energia da totalidade da
consciência cósmica e da capacidade de viver todas as experiências de peito aberto,
sem oferecer resistência.

É a consciência de que todos os elementos da criação possuem o mesmo valor.


Assim, se a pessoa estiver centrada, no estado de espírito correto, saberá que aquilo
que é normalmente encarado como veneno pode ser comido, digerido, assimilado e
transmutado. O veneno sempre pode ser transformado em energias positivas – o
antídoto.

Hermes Trimegisto - o pai da Alquimia - criou o símbolo de duas Serpentes


enroladas em uma espada para representar o processo de cura. Cada organismo vivo
possui uma porção masculina e uma porção feminina. O processo de fusão da energia
masculina com a energia feminina gera uma energia divina, a energia da criação e da
transmutação.
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Quando aceitamos a idéia de que possuímos estas duas energias em nós,


podemos criar um espaço para que elas se mesclem e convivam em harmonia. A
energia da Serpente é sempre muito poderosa, o que nos permite elevar o nosso nível
de consciência, transmutando nossa energia e aceitação de todo o Poder do Fogo em
nosso interior.

TARTARUGA

Nos ensinamentos dos índios norte-americanos, a Tartaruga é o símbolo mais


antigo do planeta Terra. É a personificação da energia das deusas e também da Mãe
Terra, da qual derivam nossas vidas. Nós nascemos das entranhas da Terra e nossos
corpos retomarão para seu solo quando morrermos. A Tartaruga nos alerta para a
necessidade de honrar a Terra e respeitar a necessidade de dar e receber, dando
para a terra aquilo que dela recebemos.

A Tartaruga possui uma carapaça similar àquela empregada há milênios pela


Terra para proteger-se das profanações das quais é vítima. A proteção da Mãe Terra
manifesta-se nas mudanças que ocorrem em sua superfície, nos abalos sísmicos, na
atividade vulcânica, que faz surgir novas porções de terra, e nas alterações climáticas.

Assim como a Tartaruga, você também possui carapaças que o protegem da


inveja, do ciúme, das agressões e da inconsciência alheia. A energia da Tartaruga o
ensina, por seus padrões de comportamento, a saber se proteger. Se você está sendo
incomodado pelas palavras e ações dos outros, é tempo de se recolher dentro de sua
carapaça para honrar seus próprios sentimentos. Se está sendo agredido, é hora de
demonstrar que você não pretende aceitar estes ataques passivamente.

A Tartaruga é uma excelente professora da arte de encontrar uma ligação maior


com a Terra. Usando o poder de cura da Tartaruga, você será capaz até mesmo de
superar sua tendência de viver no mundo da lua. Aprendendo a manter os pés no
chão, você será capaz de focalizar melhor seus pensamentos e suas ações,
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aprendendo a relaxar, a desacelerar e a encontrar a paz que possibilitará a


concretização de seus ideais.

A Tartaruga enterra seus pensamentos na areia, como faz com seus ovos,
deixando ao sol a missão de chocá-los. Isto a ensina a amadurecer suas idéias antes
de deixá-las virem à luz. Lembre-se da antiga fábula da Lebre e da Tartaruga e decida
por si mesmo se você vai se alinhar com a Tartaruga ou com a sua oponente. Ser
grande, forte e rápido não são necessariamente os melhores requisitos para se atingir
um objetivo, pois quando você chegar à sua meta podem lhe perguntar onde esteve,
e talvez você não seja capaz de responder a essa pergunta. Neste caso, chegar
prematuramente à meta pode fazê-lo sentir-se muito imaturo. Siga o fluxo da
correnteza do rio.

TEXUGO

O Texugo é traiçoeiro e extremamente agressivo. O Texugo irrita-se com


facilidade e ataca à menor provocação. O poder do Texugo é a agressividade e o
desejo de lutar pelo que se quer. A simples idéia de ter que enfrentar o Texugo faz
com que os outros animais furam apavorados. Como o Gambá, sua reputação sempre
o precede. Seus dentes afiados são capazes de lacerar um oponente com facilidade.
Muitas mulheres curandeiras pertencem ao totem do Texugo, pois ele é o protetor das
raízes. Em sua morada subterrânea, o Texugo vê todas as raízes das ervas curativas
produzidas pela Mãe Natureza. Estas raízes são o segredo da cura rápida. As raízes
podem neutralizar a energia negativa ao permitir que a doença passe através do corpo
e penetre no solo como energia neutra.

Conectar-se com a energia do Texugo faz com que o indivíduo crise resistência
a entrar em pânico e passa a desenvolver pronta reação e eficientemente às crises.
Assim como a mãe, que é capaz de permanecer dias a fio à cabeceira do filho doente,
o Texugo está sempre determinado a perseverar.

TOURO
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O Touro ou Boi representa coragem, bravura e generosidade. Os chifres


simbolizam força e energia. Esse é um símbolo do Sol e da energia masculina.

URSO

A força de cura do Urso reside em seu poder de introspecção. O Urso sai em


busca do mel, da doçura da verdade, buscando-o no buraco do tronco de uma velha
árvore. No inverno, quando a frio começa a reinar e a face da morte parece recobrir a
Terra, o Urso recolhe-se à sua caverna-ventre para hibernar e assimilar as
experiências do ano que passou.

Para atingirmos nossos objetivos, concretizando os sonhos que carregamos no


coração, devemos dominar a arte da introspecção. Para nos tomarmos como o Urso
e penetrarmos na segurança da caverna-ventre, temos que nos sintonizar com as
energias da Mãe Terra e passarmos a receber os alimentos da placenta do Grande
Vazio. O Grande Vazio é o local no qual residem todas as soluções, em perfeita
harmonia com todas as questões e os problemas que fazem parte da nossa vida. Se
escolhemos acreditar que existem muitas perguntas a respeito da vida, precisamos
acreditar também que existem respostas para essas questões em nosso interior. Todo
e qualquer ser humano possui a capacidade de aquietar sua mente, de penetrar no
silêncio para buscar as respostas e, por fim, de saber.

A energia receptiva feminina que durante séculos concedeu o dom da profecia


aos místicos, aos visionários e aos xamãs está contida nesta energia tão especial do
Urso. Na Índia, as cavernas simbolizam a caverna de Brahma, e a caverna de Brahma
simboliza a glândula pineal, situada bem no centro dos quatro lobos do cérebro
humano.

Quando tentamos visualizar o cérebro por cima, vemos um círculo em seu topo
- o sul situa-se na fronte, o norte na parte traseira do crânio, o oeste no hemisfério
direito e o leste no hemisfério esquerdo, O Urso está a oeste, no lado direito, e,
portanto, na porção intuitiva do cérebro. Quando sai para hibernar, o Urso procura a
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caverna: o centro dos quatro lobos, onde se situa a glândula pineal. Enquanto o Urso
hiberna e sonha na sua caverna, está buscando as respostas às suas questões e as
soluções para seus problemas. Encontrando-as, o Urso renasce na primavera, com o
mesmo frescor das flores que agora se abrem ao calor do sol. Esta é a força do Urso.

4.11 Correspondências Mágicas (Tabela)

Nesse subcapítulo está incluído uma pequena tabela com correspondências


mágicas que auxiliarão na compreensão e correlação de planetas, dias, luas, cores e
outros elementos que foram apresentados no decorrer desse capítulo. Essa tabela
não possui natureza exaustiva, isto é, o mundo mágico é riquíssimo e não se restringe
àquilo que está contido nela. Trata-se muito mais de um apoio exemplificativo ao
neófito que pretende avançar na Arte e Ofício da Bruxaria. Utilize-se desse recurso
quando necessitar encontrar a correspondência e correlação mágica para algo
rapidamente, caso contrário, busque estudar passo a passo as correspondências
mágicas.
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Planeta Dia Cores Regência Intenções Elemento


Vigor físico, sucesso, saúde,
Sol Domingo Amarelo, branco Leão. vitória, criatividade, riqueza, Fogo
e dourado. iluminação, glória, poder.

Lua Segunda Branco, Câncer. Equilíbrio psicológico, aptidão Água.


prateado, roxo, psíquica, sonhos, proteção,
lilás. intuição.
Ação, força, guerra, parceria, Fogo.
Marte Terça Vermelho Escorpião paixão, sexo, coragem,
e Plutão. determinação.
Sabedoria, movimento,
Mercúrio Amarelo e Gêmeos, comunicação, transporte,
Quarta laranja. Aquário e velocidade, motivação, Ar.
Virgem. criatividade, inspiração.
Riqueza, poder, sucesso,
Júpiter Sagitário e influência sobre pessoas de
Quinta Azul Royal. Peixes. alto escalão, leis, justiça, Espírito.
negócios, honrarias, expansão.
Amor, crescimento, fertilidade,
Vênus Touro e sexualidade, sensualidade, Fogo,
Sexta Rosa e verde. Libra. beleza, prazer, cosméticos, Terra e
tratamentos estéticos, amizade, Água.
prosperidade.
Testar, ligar, manifestar,
cristalizar coisas, ciência,
Saturno Sábado Preto e Marrom. Capricórnio concentração, maturidade, Terra
. inventar, pragmática,
neutralizar intenções malignas,
disciplina, ordem, longevidade.
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5 LEIS HERMÉTICAS

Esse capítulo abordará algo que essa Casa considera indispensável para o
agregar de conhecimento ao neófito, pois tratam-se das leis e dogmas universais no
que toca a prática mágica-espiritual. São paradigmas que instruem de forma
relativamente clara como funcionam os mecanismos energéticos, mágicos e
espirituais no Universo, que possibilita o norteamento do ofício bruxo para um trabalho
consciente, ético e livre de eventuais dificuldades oriundas de ações mal instruídas.

5.1 Introdução às Leis Herméticas

As sete Leis Herméticas são assim chamadas por serem atribuídas a Hermes
Trimegisto. Apesar da fonte escrita mais recente sobre elas serem de 1908 quando
da publicação do livro “O Caibalion”, a Tradição aponta que esses conhecimentos
foram preservados no decorrer dos tempos por magos, Bruxas e Feiticeiros
ocidentais, desde os tempos em que
eram ensinados no Egito, na Grécia e
em Roma.

Não existe uma unanimidade


sobre a natureza de quem foi Hermes
Trimegisto. Há quem especule que foi
um homem de carne e osso que
ensinou a humanidade sobre os
princípios universais que receberam
seu nome. A versão mais coerente e
aceita é a de que Hermes Trimegisto,
isto é, Hermes “Três Vezes o Grande” seja a persona divina do deus grego Hermes,
do deus egípcio Thoth e do deus romano Mercúrio. Isso poderia significar que essa
poderosa divindade de fato manifestou-se com nomes diferentes nessas três distintas
culturas e que, em algum momento, possa ter se personificado em carne, uma ou mais
vezes, em diferentes lugares e/ou regiões do planeta, como ser humano. Os filósofos
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neoplatônicos referiam-se ao deus Hermes como “Logos” o que significa “Verbo-de-


Deus-Feito-Carne”, o que confirma essa relevante hipótese.

O fato é que Hermes Trimegisto remonta suas origens a uma figura mítica indo-
europeia que ensinou alquimia, astrologia e quase todas as demais práticas que até
hoje formam a base da prática da Bruxaria enquanto ofício. Na verdade, se buscarmos
o conhecimento e cultura de povos muito distantes dos indo-europeus, encontraremos
evidências da manifestação dos Ensinamentos Herméticos até mesmo entre os
nativos norte-americanos, na essência dos deuses Coiote, Corvo e Lebre.

Não é possível deixar de mencionar que o famoso filósofo Pitágoras era


versado nos Ensinamentos Herméticos. Evidências recentes afirmam que o mesmo
recebeu esses ensinamentos de sacerdotes oriundos da região da Trácia. Isso é de
uma relevância ímpar para aqueles Bruxos que praticam a Bruxaria inspirada nas
práticas tradicionais daquela região e do Leste Europeu, visto que fundamenta
coerentemente a presença das Sete Leis Herméticas, na formação da base
sistemática que deve ser estudada, observada e absorvida por todo aquele que deseja
seguir o caminho da Bruxaria Hecatina, aos moldes da CASA CRUZEIRO DO SUL.

Veremos logo abaixo, cada uma das Sete Leis Herméticas, seus respectivos
ensinamentos e princípios.

5.1.1 Lei do Mentalismo

“O Todo é Mente, o Universo é Mental.”

Isso significa que tudo aquilo que existe, seja físico, emocional, mental ou
espiritual só existe por ser pensamento do Todo. E o Todo, isto é, o Universo e todos
os seus planos e dimensões, nada mais são que o resultado expresso e contínuo do
Pensamento do Sagrado. A matéria, por exemplo, é entendida como se fosse os
neurônios dessa Grande Mente Divina (que alguns chamam de Deus, Deusa, Deuses,
Divindade), nos levando a compreender também a imanência do Sagrado não
somente nos planos espirituais, como também no plano da matéria. Tudo aquilo que
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existe, inclusive seres humanos, além de existirem por serem vontade e pensamento
da Grande Mente, são Co-Criadores e Co-Pensadores de toda a Existência, o que
explica claramente a possibilidade de se fazer magia e se obter resultados. Todo o
conhecimento inimaginável para a mente humana está presente na Mente Divina, mas
temos acesso àquilo que conseguimos tomar consciência, manusear e processar,
através de nosso cérebro e de nossos cinco sentidos. O Universo e toda a matéria
são consciência em processo de evolução23; os Bruxos diriam que essa inteligência
objetiva, essa consciência em evolução é a Mente do Sagrado24.

5.1.2 Lei da Correspondência

“Como está acima é como está embaixo; como está embaixo é como está
encima”

Sendo esse, sem dúvidas um dos princípios mais importantes para a prática da
Bruxaria, visto que nos lembra que vivemos em mais de um mundo, essa Lei nos diz
que a perspectiva muda de acordo com o referencial. Como nossa perspectiva é presa
à Terra, ela nos impede de ver com clareza os outros domínios da existência, sendo
os que estão “acima” ou “abaixo” de nós. Nossa intenção, naturalmente fica focada
em nosso microcosmo, que é a nossa realidade aparente. Entretanto, o princípio da
correspondência ensina que aquilo que é e existe no microcosmo, também assim o é
e existe no macrocosmo e vice-versa. É dessa forma que os Bruxos, ao extrapolarem
os limites da consciência comum humana, ao se utilizarem de seu conhecimento,
sabedoria e outras técnicas, fazem ser possíveis as correlações mágicas entre
planetas, signos e objetos materiais da Terra que utiliza-se para Magia, pois entende-
se que o que há aqui é o mesmo que há lá; a cor é uma das principais ferramentas
quando falamos em correspondência: sabemos que uma flor de coloração branca é
regida pela energia da Lua, assim como uma pedra de coloração amarela ou dourada
é regida pelo Sol. Em suma, tudo que está acima, pode ser encontrado, conhecido e
reconhecido abaixo, assim como o contrário.

23
BENTOV, Itzhak. Stalking the Wild Pendulum: On the Mechanics of Consciousness, E. P. Dutton, 1977.
24
CABOT, Laurie. O Poder da Bruxa. Editora Campus. São Paulo, 1990. Página 150.
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5.1.3 Lei da Vibração

“Nada é estático, tudo se move, tudo vibra”

Essa Lei Hermética diz que nada absolutamente está em repouso. Tudo se
movimenta e vibra, de acordo com seu próprio regime e sistema vibracional, desde as
partículas subatômicas até os sistemas solares, galáxias e buracos negros. Tudo é
movimento e a matéria, assim como as demais dimensões, não são passivas nem
inertes, são cheias de ritmo e movimento, dançando perpetuamente a música da
Criação. Segundo Fritjof Capra, todos os objetos são feitos de átomos e a enorme
variedade de estruturas moleculares não são rígidas nem imóveis, mas oscilam de
acordo com as vibrações térmicas de seu ambiente25. Esse princípio hermético é uma
das bases para os Bruxos explicarem e compreenderem alguns fenômenos, como por
exemplo, o campo vibratório em torno de objeto, seres e pessoas (aura) que
transcendem a questão da própria matéria. Mesmo os objetos inanimados imprimem
em si uma concentração única de energia no campo que o circunda, sendo possível
descobrir de onde ele veio ou o que aconteceu em sua presença, por um bruxo ou
sensitivo, através da vibração que ele emanará. Dessa forma, pelo princípio da
vibração, nenhum evento no Universo está perdido: desde o Big Bang até o último
acesso de fúria que alguém teve ou o nascimento de mais uma criança e a emoção
sentida por sua mãe.

5.1.4 Lei da Polaridade

“Tudo é dual e tudo tem o seu oposto; os extremos se tocam”

Entendendo que tudo é duplo, que tudo contém o seu oposto, que todas as
verdades são meias-verdades, a polaridade é considerada a chave do poder no
sistema hermético. Ter a ciência da Lei da Polaridade, isto é, que os opostos são
realmente apenas dois extremos da mesma coisa, com muitos variáveis graus entre
eles, é ter nas mãos a chave para sempre fazer com que o Universo trabalhe ao nosso
favor e não contra nós. Isso significa compreender que só existe luz, se houver

25
CAPRA, Fritjof. O Tao da Física. Editora Cultrix. São Paulo, 2000.
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escuridão, só existe positivo se existir negativo, só existe vida se existir morte – são
extremos que se tocam, paradoxos que se reconciliam constantemente para que
permitam a continuidade dos ciclos. Os Bruxos utilizam o princípio da polaridade, pois
sabem que a carga energética de qualquer coisa pode ser alterada, isto é, todos os
objetos, estados de ânimo, físicos e mentais tem suas polaridades negativas e
positivas e muitos feitiços e magias nada mais são que a transferência de energias
positivas e/ou negativas através de seu poder. Ao empossar-se do conhecimento da
Lei da Polaridade, é possível transformar medo em coragem, ódio em amor, fracasso
em sucesso. Eles fazem parte da mesma moeda – basta saber vira-la.

5.1.5 Lei do Ritmo

“Tudo que sobre, desce; tudo tem seu fluxo; o ritmo é sua compensação”

Como supramencionado através da exposição dos conceitos das outras Leis


Herméticas, tudo está em constante mudança, movimento e todas as coisas possuem
seus opostos. A Lei do Ritmo emerge para elucidar COMO esses opostos de
movimentam. As coisas andam, possuem seu caminho, nada fica parado: tudo possui
seu fluxo e refluxo, tudo que sobe, desce; elas giram em círculos ou em espirais. Os
opostos fluem juntos de maneira intrínseca, se interpenetrando, convergindo-se
continuamente em seu oposto. O Universo inspira e expira, como já provado pelos
cientistas (seu movimento de expansão pós Big Bang e o de retração que iniciará
quando atingir seu ápice); nós respiramos e expiramos, para que nosso organismo
funcione devidamente – e tudo isso ocorre em um ritmo próprio, sistematizado. O
mesmo ocorre com um pêndulo que oscila sempre: é a clara manifestação da Lei do
Ritmo. É da natureza das Bruxas viverem em harmonia com a Lei do Ritmo,
respeitando-a e com ela comungando-a, pois entendem que o RITMO de criação e
destruição é não só manifesto na mudança das estações, as quais celebramos, mas
também no nascimento e morte de tudo aquilo que vive, assim como na essência da
própria matéria inorgânica. É importante compreender a Lei do Ritmo também, além
de sua manifestação no macrocosmo, mas em nosso microcosmo. Através de nossas
palavras, gestos e atitudes, geramos vibrações. Essas vibrações transformam-se em
padrões que consequentemente transformam-se em ritmo. Isso significa que uma
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pessoa que vibra determinada energia, irá gerar um ritmo de acordo com aquela
vibração e é aquele ritmo que irá “tocar” em seu ambiente. Da mesma forma, quando
se trata da prática de Bruxaria em grupo, por exemplo, é preciso entrar no ritmo
daquele corpo de pessoas ou automaticamente, pela própria Lei do Ritmo, essa
pessoa não conseguirá seguir seu curso, acompanhando as cheias, marés, idas e
vindas daqueles. Na Magia, quanto mais se souber sobre o ritmo daquilo que se
pretende atingir, melhor são as chances de tocá-lo e obter sucesso.

5.1.6 Lei do Gênero

“Tudo tem o seu princípio feminino e masculino”

A Lei do Gênero diz que absolutamente todas as coisas do Universo possuem


seu princípio masculino e feminino, ou seja, estão presentes em todos planos da
Criação. No que diz respeito ao ser humano, essa Lei aplica-se ao fato de que tanto
homens, quanto mulheres, possuem seus aspectos masculinos e femininos, como já
apresentou Jung em seu trabalho sobre Animus e Anima. E aqui não se trata de
orientação sexual ou qualquer outro tema semelhante. Trata-se de gênero em sua
natureza subjetiva (não física). Energias masculinas e femininas estão
constantemente dançando para criar e recriar o mundo, dentro e fora de nós. Elas
operam em diversos níveis, atuando de acordo com seus respectivos papéis, fazendo
com que a existência de se torne absoluta e concreta realidade. Além disso, é muito
importante compreender que as figuras daquilo que representa ser “homem” ou
“mulher” são produzidas pela cultura que o sujeito está inserido. Isso significa, que
não há como dizer que atributos são necessariamente femininos ou masculinos,
exceto para uma sociedade específica, e, ainda assim, não será possível extrair de
uma mulher toda sua essência masculina e de um homem toda sua essência feminina.
Só há criação na interação desses dois gêneros, e um único ser é capaz de criar
coisas, sejam elas mágicas ou não. Isso significa que um Bruxo que reconhece admira
sua essência masculina e feminina, terá mais sucesso ao criar e elaborar um
sortilégio, feitiço, magia ou encanto, ou qualquer outra coisa no mundo, do que alguém
que renegue sua real natureza, que possui as polaridades. Uma Bruxa deve nutrir e
amar o seu “animus”, assim como um Bruxo deve cortejar, mimar e amar sua “anima”.
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Assim, será sempre mais fácil conhecer como funcionam os muitos poderes da Vida
e da Criação.

5.1.7 Lei da Causa e Efeito

“Todo efeito tem sua causa; toda causa tem seu efeito”

A última e talvez mais importante das Leis Herméticas e a da Causa e Efeito,


ensinando que todo o efeito tem sua causa e toda causa tem seu efeito, e que, apesar
de existirem muitos planos de causalidade, nenhum deles escapa à essa Lei. Nada
ocorre por acaso – sempre existe uma provocação para que esse algo ocorra e
consequentemente, aquilo que causou o efeito para que esse algo ocorresse, também
sofreu causa para que acontecesse sua provocação. Obviamente, esse é o princípio
que nos alerta para o fato de que para todos os nossos atos existe uma reação, um
impacto, um efeito. E pela grandiosidade do Cosmos, nem sempre podemos prever
com precisão essa reação, visto que a Lei da Causa e Efeito não vem para nos dizer
que funciona como o efeito dominó, mas sim que estamos inseridos e que somos parte
de um Universo interconectado como uma Grande Teia, que, onde quer que ela seja
mexida, poderá repercutir movimento em muitos e muitos de seus fios. Infelizmente,
muitos Bruxos acreditam que podem fazer acontecer qualquer coisa, sem que haja
um retorno. Ledo engodo, pois a mais poderoso de todos as Bruxos está sujeita à Lei
da Causa e Efeito, sem poder escapar dele. Um movimento que repercuta positividade
no universo, certamente gerará efeito de positividade, mas o mesmo será com a
negatividade. Cada evento gerado no Universo é uma encruzilhada na Teia de tudo
que veio antes e de tudo que virá depois.

6 ÉTICA E ETIQUETA
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Esse capítulo pretende introduzir aos neófitos princípios gerais de ética,


incluindo principalmente, sua aplicação na prática da Magia e na convivência com
outrem, assim como discorrer sobre típicas regras de etiqueta no que também diz
respeito ao convívio grupal e comunitário de um Conventículo, Conclave, ou até
mesmo em público quando se tratam de assuntos pertinentes às práticas mágico-
rituais e da Casa pertencente, nesse caso, o CASA CRUZEIRO DO SUL.

6.1 Introdução ao Conceito de Ética

A palavra ética é proveniente do vocábulo grego ethos que tem como


significado costumes, modo de ser e hábitos. Entretanto, é impossível conceituar o
significado de ética sem relacioná-la com a moral, palavra essa que advém do latim
mos ou mores, significando regras, hábitos, costumes e normas oriundas da
própria cultura. Indubitavelmente, em sua raiz etimológica, moral e ética apresentam
aparentemente o mesmo significado, apesar de que ambas, se avaliarmos as
observações de renomados autores que dissertam sobre o tema, podem tomar
interpretações mais complexas.

Segundo Vasquez26, a moral pode ser definida como o conjunto de regras,


normas e costumes que norteiam ou regulam a relação dos indivíduos numa
comunidade. Já ética – para o mesmo autor – seria uma teoria, ou seja, uma ciência
que estuda o comportamento moral do ser humano em sociedade. Aqui então,
entendemos que a ética vem como disciplina para se estudar a moral.

José Roberto Nalini27 nos faz entender que a ética é uma disciplina normativa
por elucidar as normas e que seu conteúdo revela aos seres humanos os princípios
que devem conduzir suas vidas. Nesse caso, a Ética, enquanto disciplina, vem com o
objetivo de aperfeiçoar o sentido moral do comportamento, trazendo ao mesmo um
maior desenvolvimento e consequentemente uma boa influência sobre a conduta dos
indivíduos.

26
VASQUEZ, Adolfo Sanchez. Ética. Ed. Civilização Brasileira, 2003.

27
NALINI, José Roberto. Ética Geral e Profissional. Ed. Rt, 2008.
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Com essas constatações, é possível afirmar que moral e ética se confundem


fazendo emergir o conceito de que ética, além de também ser uma disciplina que
possui como foco o estudo da moral, também é a qualidade que denominamos sobre
todas as ações e comportamentos sociais dos indivíduos e seu impacto moral (bom
ou ruim) na vida dos demais.

6.2 Ética no Ofício Mágico e Convicções Pessoais

Muitos autores definem a ética como sendo um conjunto de normas de conduta


que deverão ser postas em prática no exercício de qualquer prática.

Considerando o parágrafo acima, podemos afirmar então que a ética seria a


ação reguladora agindo no desempenho das funções, no caso do bruxo, fazendo com
que ele, respeite seu semelhante quando no exercício da seu ofício.

Segundo Nair de Souza Motta28, a ética é ainda indispensável àquele que está
investido de alguma função ou atividade, porque na ação humana "o fazer" e "o agir"
estão interligados. O fazer TAMBÉM diz respeito à competência, à eficiência que todo
bruxo deve possuir para exercer bem o seu ofício.

O “agir” se refere à conduta do bruxo, ao conjunto de atitudes que deve assumir


no desempenho de suas práticas. A Ética baseia-se em uma filosofia de valores
compatíveis com a natureza e o fim de todo ser humano, por isso, "o agir" da pessoa
humana está condicionado a duas premissas consideradas básicas pela Ética: "o que
é" o homem e "para que vive", logo toda capacitação técnica precisa estar em conexão
com os princípios essenciais da Ética.

28
MOTTA, Nair de Souza. Ética e vida. Rio de Janeiro: Âmbito Cultural Edições, 1984.
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Os autores Kierkegaard e Foucault29, no seu artigo denominado “Ética” ao


fazerem menção à ética dos gregos, afirmam que essa possui um aspecto poético e
estético, onde a arte de viver é a preocupação de maior relevância, sendo sempre
com a preocupação de uma vida bela e boa.

Aristóteles em sua obra “Ética à Nicômaco” diz que “ética é tudo aquilo que
todos querem”30. Isso nos leva a entender que, o comportamento ético, quando
pautado na em uma boa conduta de vida – para si e para os outros – é aquele que
fará do convívio social – e aqui, voltando-se novamente ao âmbito de convívio, mas
tentando encaixá-lo no que diz respeito as ações mágicas em um todo repleto de
pessoas interligadas pela Teia do Universo – um arranjo harmonioso onde todos os
envolvidos possam sentir-se confortáveis no ambiente em que estiverem inseridos.

Faz-se indispensável levar a compreensão do neófito que o uso de magia


implica em ter responsabilidade para fazê-lo, como bem discorrido no Capítulo 4 –
Leis Herméticas e Espirituais. Toda ação, gera uma reação, tudo possui um caminho
e cada movimento pode gerar uma série de outros movimentos positivos ou negativos
na Grande Teia Cósmica. Há de se atentar também que na prática do ofício bruxo,
assim como na prática de qualquer outro ofício ou trabalho, há de se considerar as
convicções pessoas versus aquilo que está para ser feito ou realizado. Existem
momentos em que o Universo cobra ações diretas, expressas ou tácitas do Bruxo no
que diz respeito a esse servir como instrumento para a realizações de bênçãos e/ou
maldições. Estará você disposto a lançar maldição ou estar ciente de que alguém
poderá ser amaldiçoado por ter quebrado juramentos de seu clã? Ou, estará você
disposto a abençoar alguém que detesta?

Saber lidar com o Poder é chave para o sucesso do trabalho e da vida de


qualquer Bruxo. E é importante deixar claro que as Bruxas e os Bruxos SÃO
ABSOLUTAMENTE LIVRES para fazerem o que quiserem com o Poder, seja algo

29
KIERKEGAARD e FOUCAULT (apud Goldin, 1997-2000, p.2), GOLDIN, José Roberto; Ética. p.1.Disponível em:
URL:http://www.ufrgs.br/HCPA/gppg/etica.htm. Acesso em 16.04.2012, 15h50.

30
ARISTOTELES - Ética a Nicômaco. Texto Integral, São Paulo; Coleção Obra Prima de cada Autor, v. 53, Ed. Martin
Claret, Trad. Pietro Nassetti, 2002.
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construtivo ou destrutivo – as Leis da Causa e Efeito, da Vibração e do Ritmo, assim


como outras Leis Espirituais serão implacáveis e é impossível escapar dela. Só existe
uma palavra-chave para saber lidar com tudo isso: RESPONSABILIDADE. O preço
da liberdade é a responsabilidade.

6.3 Etiqueta: Regras Mínimas para o Convívio Mágico Grupal

Praticar a Bruxaria em grupo é sem sombra de dúvidas uma experiência bem


mais enriquecedora do que a prática solitária. Entretanto, diferente da prática solitária,
é indispensável fazer valerem regras de etiqueta para que exista um mínimo de bom
convívio entre as pessoas e haja a manutenção de um ambiente agradável e
organizado, pelo zelo e bem estar de todos.

Por esse motivo, seguem abaixo algumas regras mínimas de etiqueta para o
convívio mágico grupal, dentro e fora da prática ritual, isto é, também para o convívio
social do grupo:

 Mantenha estrito respeito pelo local ritual e pelas divindades presentes.

 Zele sempre pelo espaço concedido para a realização de um ritual,


mantendo-o limpo e organizado e sempre agradeça o anfitrião pela gentileza.

 Não interrompa conversas sérias para falar bobagens ou perguntar


coisas fúteis.

 Jamais interfira no andamento de um ritual, a não ser em casos


extremos.

 Não faça nada que não lhe seja solicitado em um ritual.

 Não faça perguntas durante um ritual, a não ser que seja de extrema
necessidade.
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 Mantenha sua atenção quando as outras pessoas falam e jamais pareça


indelicado.

 Se algo estranho ou diferente estiver ocorrendo com você durante um


ritual, avise o responsável pelo mesmo, sem gritos ou estardalhaços.

 Quem chega a um local sempre deve cumprimentar os demais.

 Sorrir e ser amável é essencial em qualquer cumprimento.

 A pessoa mais velha e mais experiente ou hierarquicamente superior,


sempre terá preferência, jamais o contrário.

 Olhar muito ao redor: demonstra que a pessoa está ansiosa e


desinteressada pelo assunto numa aula importante.

 Muito cuidado ao fazer piadas: elas podem não agradar os outros.

 Tenha certeza que é o momento adequado antes de abrir qualquer coisa


para comer ou beber.

 Se estiver em um momento de descontração e sentir-se mal e realmente


precisar dormir, diga a verdade e peça licença.

 Quando tiver dúvida sobre algum assunto mágico, pergunte em


particular para o responsável por seu treinamento.

 Evite situações constrangedoras.

 O que é dito entre membros de um grupo de Bruxaria JAMAIS deve ser


dito ou repetido fora dele.

 Jamais revele segredos ou experiências obtidos no grupo com outrem.


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 Na dúvida se deve ou não deve fazer algo, não faça. Pergunte, questione
e aguarde instruções de seu orientador.
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7 CELEBRAÇÕES SAZONAIS: SOLSTÍCIOS E EQUINÓCIOS

A tradição de celebrar os ritos sazonais na Bruxaria emerge do profundo desejo


de nos conectarmos com as forças da Natureza em nosso interior e à nossa volta.
Como Bruxas e Bruxos, estamos sempre na busca pelo comungar consciente com os
fluxos energéticos que emanam naturalmente no local e na época em que nos
encontramos. Isso ocorre há milhares de anos – ritos sazonais como Solstícios e
Equinócios foram celebrados pelas mais diferentes culturas e mais diversos períodos
de tempo, da Pré-História a Contemporaneidade, da Eurásia e África às Américas.

Esse desejo de nos conectarmos com as forças da natureza é algo bastante


ancestral e primitivo, visto que, mesmo fazendo parte de seu corpo, não somos
capazes de domar as forças da Terra – nosso papel é outro: além de guardiões e
vigilantes que somos, enquanto Bruxos, o que mais podemos fazer é compreendê-la
enquanto nossa Mãe e com ela cooperar.

É fato indubitável, que mesmo hoje a colheita é essencial e crucial para a


manutenção de nossa existência, e consequentemente de toda nossa cultura,
independentemente se vivemos no campo ou na cidade. Os movimentos que a Terra
faz em torno do Sol produzindo as Estações do Ano, são os responsáveis pela nossa
vida e por tudo aquilo que conhecemos de belo e rico em nosso mundo. Ao
despertarmos atenciosamente para o fluxo das estações, podemos nos alinhar com
suas marés e seguir suas correntes, sem precisar lutar contra elas. Segundo Emma
Restall Orr:

“Quanto mais conscientes do meio ambiente


que nos circunda, quanto mais estivermos em
contato com os ciclos naturais, mais nos
aproximamos de suas subidas e descidas. Nós nos
recolhemos no inverno para junto do círculo de
nossa tribo, sentindo a energia, suavemente,
voltando a crescer quando o sol volta a aquecer a
terra na primavera, para abrirmos novamente no
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verão com flores vibrantes, nossas folhas banhando-


se na luz do sol até que nossas pétalas caiam e os
frutos comecem a avolumar-se, amadurecendo,
prontos para cair de volta para terra quando chegar
o outono e novamente nos pomos, a recolher nossas
vidas, preparando-se para a escuridão do inverno. A
prática de viver afinado com as estações climáticas,
estabelecendo uma conexão mais profunda e uma
congruência entre nossos meios interno e externo,
não é um retrocesso: essa prática somente nos
ajuda a reduzir nosso passo para um ritmo mais
natural de vida. Desperdiçamos menos energia;
facilitamos a empatia e fortalecemos a comunidade.
”31

Quando nossos Ancestrais ainda viviam sem calendários, buscavam


indicadores para orientá-los durante o ano, o que lhes permitia os melhores momentos
para plantio e colheita, migração de animais, prever mudanças sazonais, e assim o
faziam através da observação dos Solstícios e Equinócios. O mesmo servia para
práticas mágicas inerentes a cada período do ano em que obtivessem melhores
benesses. Mesmo que hoje, dispensemos alguns desses parâmetros tidos como
primitivos, as celebrações dos Solstícios e Equinócios por parte dos Bruxos ainda são
indicadores poderosos – mais do que isso, são momentos potencializadores em que
fluxos específicos de energia circulam pela Terra. Além de comungar com todas essas
poderosas marés de fluxos e energias, é função do ofício bruxo dar sentido de sagrado
àquele momento especial em que a Natureza se encontra, o que o faz durante suas
celebrações.

Ao celebrar a safra colhida no Equinócio de Outono, por exemplo, nós


podemos, além de entrar em comunhão com esse fluxo sazonal, compreender o valor
e a abundância de tudo aquilo que criamos.

31
RESTALL ORR, Emma. Ritual: Um Guia para o Amor, a Vida e a Inspiração. Editora Hi-Brasil. São Paulo, 2002.
Pág. 146.
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“Os mundos que nos rodeiam nos oferecem um fluxo


constante de correntes orientadoras, que nos auxiliam a
mudar e a crescer em nossa jornada rumo à alegria e à
realização. Se na Antiguidade, os festivais costumavam
expressar a ligação direta da tribo com o meio, reforçando
e celebrando os poderes da luz, da fertilidade, da
abundância e da morte, para nós, que vivemos em
ambientes urbanos, eles são muito mais simbólicos. O
poder mágico de cada celebração dos ciclos do ano refere-
se muito mais à psique do que à terra. Contudo, é
importante não esquecer que os rituais estão ligados a
imagens da Natureza, agindo assim como lembrete de que
somos ainda totalmente dependentes da Mãe Natureza. ”32

Talvez se pode ser até um pouco mais ousado que a citação supramencionada,
e afirmarmos que não somente somos totalmente dependentes da Mãe Natureza,
como também formamos parte importante de seu próprio Corpo. Isso traz uma bela
importância a celebração dos Festivais Sazonais: vibrar junto com a Terra e com a
energia de nosso lugar, compondo a grande sinfonia da vida e da existência como
coautores ou coadjuvantes da realidade natural.

Nos subtópicos abaixo, discursaremos brevemente sobre como os Solstícios e


Equinócios eram celebrados pelos diferentes povos e culturas da humanidade,
trazendo uma visão pancultural e universal, de que tais festivais são de importância
ímpar ao ofício mágico-religioso, assim como a espiritualidade, quando intrínseca a
prática da Bruxaria.

32
Idem, ibdem.
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7.1 Solstício de Inverno

Milhares de anos se passaram, desde que os primeiros homens passaram a


observar, parar e reverenciar o momento em que o Sol se torna mais fraco, abrindo
espaço para as longas noites, os dias curtos e o frio que junto a Ele trazia o
recolhimento e a introspecção. Inúmeros mitos das mais diversas culturas da
humanidade sacralizaram esse momento de Poder, e geraram, na forma de festivais
que de forma geral, surgem com o objetivo de renovar as esperanças entre a fria
escuridão, de que o Sol renascerá, trazendo, dia após dia, o aumentar de seu
esplendor e firmando assim o inabalável ciclo do Renascimento, em todos os sentidos
que essa palavra possa tomar.

No Hemisfério Norte, local onde a maior parte das culturas que hoje influenciam
os cultos pagãos contemporâneos, o Solstício de Inverno ocorre entre os dias 19 e 23
de dezembro do Calendário Gregoriano, sendo que a partir do dia 25 desse mesmo
mês, visivelmente os dias que até então encurtavam, passam então novamente a ter
sua durabilidade aumentada. No Hemisfério Sul, o Solstício de Inverno ocorre entre
os dias 19 e 23 de junho.

Esse é o festival que marca a época mais escura e fria do ano, assim como o
também o renascimento do Sol. É nesse dia que acontece o Solstício de Inverno, o
rápido momento em que um dos hemisférios terrestres atinge de forma culminante
sua máxima distância da energia solar e quando imediatamente volta a aproximar-se
do Sol até atingir seu ápice no Solstício de Verão. Desde tempos imemoriáveis é
observado como um dia de poder, reservado à contemplação diante à esperança do
retorno da Luz e às celebrações em honra ao nascimento daquilo que muitas culturas
chamaram de “Criança Divina” (o próprio Deus-Sol renascido).

Entre alguns povos nativos norte-americanos, este dia marca o período de


“Regeneração da Terra”, ou seja, o Ano Novo, quando são dedicados jejuns, rituais
de fortalecimento e orações. Na Europa e na Ásia, celebrações eram feitas em honra
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aos nascimentos de diversos deuses, dentre eles, Lugh, Mabon, Bel, Frey, Balder,
Apolo e Mithra.

Por serem oriundas do extremo norte europeu, entre antigas tradições nórdicas
haviam celebrações que duravam doze dias, o período em que não havia nascer do
Sol e seu mundo ficava mergulhado na escuridão. A véspera do solstício era
denominada como “A Noite da Mãe”, sendo dedicada à deusa Freya, como criadora
do Universo e responsável pelo renascimento do Sol-Menino.

Entre os antigos Druidas, o Solstício de Inverno servia de palco para a encenação


da morte do Rei Azevinho (que regia a parte decrescente do ano), vencido pelo Rei
Carvalho que regia a parte crescente que se iniciava a partir de então. Nesse dia, a
tradicional colheita druídica do visco era feita com foices de ouro e distribuído à
comunidade como talismã de proteção e boa sorte.

Em Roma, o deus Saturno era celebrado no festival da Saturnália, onde se


tornaram comuns as distribuições de presentes entre amigos e familiares. Em
algumas partes da África, é celebrado o festival Kwanza considerando os princípios
da vida.

Pinheiros verdes, pequenas chamas e objetos coloridos marcaram as


celebrações do Solstício de Inverno na Europa pré-cristã - as folhas verdes,
representando o vigor da Natureza que se restabeleceria com o retorno do Sol e as
chamas o retorno da Luz.

No ano de 270 da Era Comum, o Imperador Aureliano instituiu em Roma o culto


oficial ao deus "Solis Invictus", fazendo do dia 25 de dezembro o "Natalis Solis
Invictus", em português, "O Nascimento do Sol Invencível". O Cristianismo viu-se
obrigado a sincretizar essa data com o nascimento de Jesus Cristo, visto a enorme
força folclórica que existia em torno dessas celebrações envolvendo a temática do
renascimento do Sol, enquanto Deus-Menino. Segundo as escrituras da Igreja, Jesus
Cristo teria nascido no vigésimo quinto dia de um mês que não fora determinado,
brecha aproveitada para a instituição da data próxima ao Solstício de Inverno, o que
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tornou-se celebração oficial da Cristandade, quando no ano de 313, o Imperador


Constantino legalizou as crenças cristãs no Império Romano.

Atualmente, vários pagãos e bruxos ao redor do mundo celebram Solstício de


Inverno incorporando em suas comemorações os elementos clássicos natalinos, já
que o próprio festival inspirou a comemoração cristã. Outros fazem suas próprias
adaptações e inovações. É o dia de clamar pelo retorno da Luz e homenagear o
Renascimento.

7.2 Equinócio de Primavera

O Equinócio é celebrado no Hemisfério Norte Entre os dias 19 e 23 de março e


no Hemisfério Sul entre os dias 19 e 23 de setembro, marcado pela igualdade entre
os dias e as noites. Para os povos europeus, esta data marcava a transição da metade
escura para a metade clara do ano, sendo considerado o primeiro dia da primavera.
Festejado antigamente como o tempo da concepção de inúmeros deuses pagãos tidos
como “criança solar” que nascem no Solstício de Inverno, este festival foi cristianizado
como a Festa da Anunciação, em 25 de março e como a Páscoa.

A terra está novamente mostrando todo seu vigor e as flores resplandecem no


auge da beleza e vitalidade, personificando o renascer da natureza (externa e interna)
e transformando tudo que toca.

Os povos antigos comemoravam, nesta data, a morte e o renascimento de


vários deuses como Tammuz e Dumuzi, na Suméria; Attis, na Caldéia; Osíris, no
Egito; Adônis e Dionísio, na Grécia; Baldur e Odin, na Escandinávia e de algumas
deusas, como Perséfone e Inanna. A Igreja Católica celebra a Ressurreição de Jesus
no domingo seguinte à primeira Lua Cheia após o equinócio, continuando, assim, a
antiga tradição.
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Considerado o início do Ano Novo Zodiacal33, o equinócio vernal festeja a


ressurreição da luz com o deus solar, o aquecimento da terra, a germinação das
sementes após a hibernação, o desabrochar da vegetação e a renovação da vida. No
Ciclo Solar, o Equinócio de Primavera é o oposto do Equinócio de Outono, marcando
o despertar da natureza e o aumento da luz solar.

A atmosfera deste festival é de renovação, regeneração, expectativas e


esperanças. Ostara ou Eostre é o nome da deusa saxã da primavera e um dos nomes
dados por algumas tradições a esse festival. Seu nome também é relacionado aos
nomes de outras deusas antigas, como Astarte, Ishtar e Astoreth, regentes da
fertilidade, do amor e da criatividade. Seus símbolos são a lebre, um animal
extremamente fértil e os ovos, representando o potencial da vida e o novo início. Há
um mito muito mais antigo, descrevendo a formação do mundo a partir do Ovo
Primordial, posto pela Deusa Pássaro e chocado pelos raios do Sol. Tanto o ovo –
pelo fato da ovulação ser estimulada pelos raios da Lua – quanto a lebre – pelo fato
de ser relacionada às deusas lunares em vários mitos – são atributos lunares. Da
combinação destes antigos símbolos místicos resultou o costume atual de se
presentear as crianças com ovos de chocolate trazidos pelo Coelho da Páscoa, animal
este que não tem nenhuma explicação plausível, não fazendo sentido nem mesmo
quando contado às crianças.

A lebre tem outro significado esotérico mais profundo, o da imolação ou auto


sacrifício, lembrando que os antigos rituais de transformação em que se sacrificava
algo de si para conseguir um favor divino ou propiciar uma mudança. Não é o sacrifício
visto como um castigo, mas sacrificar algum prazer em prol do crescimento do Eu
Maior.

O Equinócio de Primavera coincidia com outras celebrações antigas, como as


festas de Ísis e Osíris, de Cibele e Attis, de Astarte, de Deméter e Perséfone e de
Athena, entre outros. Também outras divindades são relacionadas a este festival,
como Chalchiuhtlique, Gaia, Hina, Kwan Yin, Oxum, Parvati e A Mulher Que Muda.

33
No Hemisfério Norte o Equinócio de Primavera coincide com o início do Ano Novo Zodiacal, por volta de 20
de março. No Hemisfério Sul, o Equinócio de Equinócio de Primavera ocorre por volta de 20 de setembro.
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Celebravam-se também o retorno de Perséfone do mundo subterrâneo e a


alegria de sua mãe Deméter, enchendo a terra com folhas e flores. É uma data
propícia a rituais celebrando o encontro mãe e filha, a cura da criança interior e a
bênção de sementes e da terra.

São elementos ritualísticos desse festival, além das muitas flores, as cestas de
vime com ovos pintados ou inscritos com símbolos rúnicos. Estes ovos, chamados
“pysanky” nos países eslavos, são considerados amuletos mágicos de fertilidade,
proteção e prosperidade. Sem seus conteúdos, eles podem ser guardados no altar;
crus e galados, podem ser ofertados à Terra e, se cozidos antes de seres pintados,
podem ser comidos. Por representar um símbolo de renascimento, os ovos podem ser
enterrados nos túmulos dos familiares falecidos ou na terra, antes do plantio. Os rituais
celebram a vida, o renascimento, a criança interior, o equilíbrio e a harmonia. A
comemoração é feita com pães especiais, bolos de frutas, gelatinas coloridas e ovos
de chocolate.

7.3 Solstício de Verão

Esse é o momento de esplendor do Sol. Celebrado entre 19 e 23 de junho no


Hemisfério Norte e entre 19 e 23 de dezembro no Hemisfério Sul, os povos antigos
festejavam a noite mais curta e o dia mais longo do ano com diferentes celebrações:
Vestália, em Roma; o Dia dos Casais, na Grécia; festa de Epona, no País de Gales;
Thing-Tide, na Escandinávia; Alban Helflin, na tradição anglo-saxã ou a Dança do Sol,
dos nativos norte-americanos.

O auge da luz solar marca o Poder Máximo do Sol, porém também


prenunciando, o começo de seu declínio. Por isso o Solstício de Verão é um marco,
assinalando o início da parte decrescente do ano, ao contrário do Solstício de Inverno.

A Terra é plena em abundância e êxtase, demonstrada através da beleza de


suas flores, luz e abundância de seus frutos. O calor predomina, indicando que o Rei
dos Astros impera nesse momento de esplendor.
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Apesar de ser considerado um festival de fogo, no Solstício de Verão, a água


tem grande importância como elemento de transformação. A imagem do Sol refletido
sobre a água simboliza fusão do masculino e do feminino e, em sua transformação
pela água, o reflexo dourado da luz no cálice sagrado. A atmosfera desse festival é
de plenitude, realização, manifestação e mudança. Todos os desejos podem ser
realizados, pois a Terra está plena de possibilidades e a força vital está em seu auge.

Em Creta, o Ano Novo começava no Solstício de Verão, marcando o fim da


colheita do mel. Para os cretenses, o zumbido das abelhas era a voz da Deusa das
Serpentes anunciando a regeneração. O touro representava o princípio masculino, e
ritualisticamente era sacrificado para simbolizar o início do declínio da luz solar a partir
de então. A lenda do Minotauro representa, simbolicamente, a descida para a
escuridão, encarando os medos e encontrando os meios de regeneração, ao seguir o
fio da vida tecido pelos Deuses.

Nos tempos antigos, os casamentos eram celebrados nessa época para


garantir a fertilidade, sendo essa uma data muito propícia. Na Europa, as celebrações
desse festival foram absorvidas pela festa cristã de São João, cujo nome originou-se
no da erva usada com fins curativos ou mágicos, como proteção ou para proporcionar
sonhos e presságios. As homenagens aos Seres da Natureza e às Divindades
também foram substituídas pelas populares e folclóricas festas juninas.

7.4 Equinócio de Outono

Sendo celebrado no Hemisfério Norte entre 19 e 23 de setembro e no


Hemisfério Sul entre 19 e 23 de março, o Equinócio de Outono coincide com a entrada
do Sol no signo de Libra (A Balança) no Hemisfério Norte, reforçando, assim, a
temática de equilíbrio entre o dia e a noite, a luz e a escuridão, o indivíduo e a
comunidade.

Sendo um festival de colheita, entre os celtas, essa festividade recebeu seu


nome do deus galês Mabon e representa o tempo de colheita dos frutos, a preparação
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para o inverno e a tristeza (para alguns a alegria) pelo fim do verão. No Ciclo Solar,
Equinócio de Outono é o oposto de Equinócio de Primavera e marca o fim da
vegetação e a diminuição da luz solar. No Mabinogion, uma antiga coletânea de mitos
celtas, descreve-se a derrota de Llew (uma versão galesa do irlandês Lugh e do
gaulês Lugus), deus da luz, por seu irmão Goronwy, deus da escuridão, esse último
sendo então derrotado por Llew em no Equinócio de Primavera, perpetuando assim o
ciclo.

Em outras culturas celebravam-se, nesta data, as mortes de deuses solares


como Adonis, Attis, Osísis e Tammuz, o final da colheita de arroz, o festival grego de
Dionísio, o deus do vinho e do êxtase, e também as festas judaicas Rosh Hashanah
e Yom Kippur.

Mas a mais famosa das celebrações antigas nesse período era dos Mistérios
Eleusinos. Durante nove dias, e estando centrada no culto às deusas Deméter e
Perséfone, a comemoração dos Mistérios revivia a interligação da morte com a vida.
Apesar dos rituais terem sido mantidos sob o mais absoluto silêncio e mistério, sabe-
se que sua finalidade era a expansão da consciência, mudando o nível de percepção
e compreendendo o mistério da vida e da morte, indo além dos medos e das
limitações.

O Equinócio de Outono sempre representou o tempo de armazenar os cereais,


frutas e tubérculos para garantir a sobrevivência das cidades, dos animais, dos clãs e
das tribos durante o inverno vindouro.

Esse festival era a festa pagã de Ação de Graças, perpetuada no “Thanksgiving


Day” cristão. Durante os festejos antigos, consumiam-se pães frescos, batatas
assadas, uvas e nozes e bebia-se sidra recém-preparada. As pessoas dançavam,
cantavam e elegiam o Rei e a Rainha da Colheita, agradecendo aos deuses pela
abundância da terra. Uma reminiscência moderna dessas comemorações é a Festa
da Uva e da Cerveja.
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Os Ancestrais também eram reverenciados, levando-se uma parte dessas


comidas para seus túmulos ou altares. Esse costume ainda é perpetuado no México
e em alguns países da América Central, China e Tailândia. Os povos nórdicos
jejuavam no dia anterior, meditando a respeito das possíveis injustiças que tinham
cometido no ciclo que se esvaía, repensando suas atitudes e refletindo acerca de
prejuízos causados ao próximo. Depois, despejavam vinho no chão, homenageando
a Mãe Terra e os Ancestrais.

Da mesma forma que no Equinócio de Primavera, o Equinócio de Outono é


uma data propícia para buscar o equilíbrio e, pela introspecção, avaliar tudo que foi
“plantado e colhido” no ano que passou – sucessos e realizações profissionais,
relacionamentos, filhos, compras, estudos, viagens, projetos ou práticas espirituais -,
agradecendo todos os frutos – os doces ou os amargos, provenientes dos
aprendizados – sem pedir nada nesta ocasião.

Os temas desse festival são a gratidão à Mãe Terra, Aquela que nutre todos os
seus filhos, demonstrada por orações, oferendas e rituais de cura em benefício do
planeta, assim como a preparação para ingressar em um período de recolhimento,
introspecção e reavaliação pessoal. É o último festival sazonal antes do renascimento.
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8 INTRODUÇÃO AO TRABALHO MÁGICO

É indispensável introduzir o neófito ao básico daquilo que é necessário


conhecer e experimentar na Magia antes de passar pela sua Iniciação. Por esse
motivo, esse capítulo abordará de forma prática e teórica, tópicos inerentes à Bruxaria
enquanto ofício mágico, possibilitando assim, ferramentas para a realização de
feitiços, rituais e aprofundamento na Arte da Magia.

8.1 O que é Magia

Numa primeira definição, Magia é a utilização de um conjunto de forças internas


e externas capazes de promover mudanças. Trata-se do ato de manipular as Forças
da Vida através de objetos e ações de qualquer natureza, com o intuito de alcançar
um objetivo sobre algo.

Afim de intensificar e direcionar tais forças o Bruxo pode valer-se de


instrumentos e correspondências, tendo sempre em mente que para um ato mágico
bem sucedido, três fatores se fazem indispensáveis: a necessidade, a emoção e o
conhecimento.

No Bruxo, a necessidade pode ser entendida como o impulso orgânico que o


leva a buscar aquilo que precisa ser feito, sanado e atendido, de forma rápida, porém
segura e eficaz. Todavia, deve-se ter cuidado para que não se confunda necessidade
com desejo: a primeira possui natureza indispensável, é algo realmente útil –
enquanto a outra costuma ser passageira, tratando-se geralmente de meros
caprichos.

A emoção faz-se indispensável na geração de poder no que toca a manipulação


de forças, pois é ela quem fornece a energia necessária para a realização do ato
mágico; em Magia, ela age como combustível para a movimentação, intensificação e
elevação de quaisquer tipos de forças e energias.
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Por fim, o conhecimento é o domínio das práticas empregadas na confecção


do ato mágico, ou seja, o conjunto de técnicas necessárias para a realização dos
encantamentos.

8.2 Estados de Consciência e o Alfa

O ofício mágico-espiritual da Bruxaria utiliza-se dos estados alterados de


consciência para a realização de suas práticas há milênios, nas mais diferentes
culturas que se possa imaginar. Esses estados alterados de consciência, por alguns
também chamados de transe, têm sido alcançados através dos tempos pelos mais
diferentes povos e seus respectivos xamãs, Feiticeiros, sacerdotes e bruxos etc., com
técnicas distintas, incluindo dança, canto, meditação, batidas de tambor e uso de
plantas de poder (ervas alucinógenas).

Através desse estado alterado de consciência é que se faz possível o contato


e a viagem por outros mundos, a conexão com alguém ou algo que está fisicamente
distante, o diagnóstico psíquico de uma doença ou patologia, a manipulação de
energias em um trabalho mágico-ritual e até mesmo a cura de outros seres, quando a
psique encontra-se bem treinada e direcionada para tal. O rol de atividades e
experiências que pode-se experimentar e executar através do estado alterado de
consciência é imenso, sendo o aqui apresentado somente exemplificativo.

Bruxos e bruxas, mais do que acreditarem no poder psíquico, SABEM de sua


existência e o utilizam diariamente em suas práticas, em seus ritos, feitiços, proteção
mágica, na leitura de oráculos. E esse poder psíquico é acessado e trabalhado quando
atinge-se um nível de consciência denominado ALFA, isto é, quando as ondas
cerebrais registram de 7 a 14 ciclos por segundo.

O estado ALFA de consciência é aquele que atingimos quando estamos


profundamente relaxados e praticamente desfocados da realidade ao redor, quando
meditamos profundamente e quando estamos tendo alguma atividade onírica
(referente a sonhos). Os outros estados de consciência são o DELTA, quando as
ondas cerebrais atingem de 1 a 3 ciclos por segundo (sono profundo sem sonho),
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TETA, quando atingem 4 a 7 ciclos por segundo (estado misterioso de profundo


relaxamento em que se beira a entrada do sono) e BETA que é o próprio estado de
vigília, quando estamos acordados, quando as ondas cerebrais atingem de 14 a 30
ciclos por segundo.

É no ALFA que acessamos nosso potencial psíquico latente e quando esse


pode ser explorado, pois a mente se abre para as formas alternativas de comunicação,
como a clarividência, a telepatia e a precognição. Nesse estado, podemos
experimentar sensações extracorporais e receber informações divino-espirituais, as
quais não seria possível caso estivéssemos nos utilizando somente de nossos cinco
sentidos. Os filtros racionais que processam toda a realidade ordinária e cartesiana
são naturalmente removidos quando estamos em alfa, possibilitando a mente estar
receptiva e aberta aos outros tipos de realidades e planos espirituais.

As possibilidades imaginativas no Alfa são geralmente focadas com maior


nitidez, assim como a compreensão intuitiva das coisas são muito mais claras.
Quando ingressamos no estado Alfa de consciência há de fato uma alteração em
nossas percepções, de maneira que nos liberta da forma que nossa mente em estado
Beta está habituada a trabalhar, sempre condicionada a um cenário de espaço-tempo
único e limitador. No Alfa temos a liberdade de podermos captar a experiência de
qualquer tempo, lugar e espaço.

8.2.1 O Terceiro Olho e a Glândula Pineal

Existe certo consenso de que toda a informação e experiências não-ordinárias


são captadas durante o Alfa, pelo fato de que a informação, assim como a maioria dos
outros fenômenos no Universo é constituída de energia luminosa. Dessa forma, a luz
penetra na glândula pineal (o conhecido “terceiro olho”), localizada no centro da
cabeça, entre as sobrancelhas, onde muitos sensitivos alegam terem sensações
físicas quando recebem alguma informação extra-sensorial. De fato, quando algumas
pessoas entram em estado de transe, seus olhos voltam sua órbita para cima, como
que buscando informação e conexão com a pineal.
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A glândula pineal é composta de cristais de apatita, e, além de suas funções


características conhecidas pela ciência tradicional, também é responsável por ser o
órgão sensor que capta as informações extra-sensoriais através de ondas luminosas
e eletromagnéticas, devido as propriedades dos cristais, que as convertem em
estímulos neuroquímicos, facilitando assim a compreensão do ser humano sobre
aquilo que é recebido/percebido espiritualmente.

Além disso, segundo Laurie Cabot34:

“... o termo ‘Terceiro Olho não é mera metáfora fantasiosa


inventada pelas Bruxas e os psíquicos para se darem um ar
misterioso. Os anatomistas acreditam que a glândula (pineal) é,
com efeito, o remanescente de um terceiro olho que nunca se
desenvolveu no transcurso da evolução. Desde as mais recuadas
eras, sábios, magos e bruxas têm falado do terceiro olho como a
porta de acesso para todo o conhecimento. Os povos antigos
entenderam intuitivamente a importância desse local de poder e
reverenciaram-no de várias maneiras. No Oriente é um dos sete
chakras. Os monarcas egípcios usavam um ornamento com
cabeça de cobra no centro da testa. As sacerdotisas célticas
pintavam a área de azul. As culturas que usam pintura ritual nos
rostos realçam frequentemente essa área em frente da glândula
pineal para que atraia uma atenção especial. ”

É importante salientar que as informações que obtemos através da luz que


captamos não é somente convertida em imagem, mas também em sons. Algumas
pessoas são mais propensas a sensitividade auditiva e outros a visual (a dita “visão”).

34
CABOT, Laurie. O Poder da Bruxa. Editora Campus. São Paulo, 1990. Página 175.
183

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8.2.2 Exercitando a Prática do Alfa

Para praticar Bruxaria e desenvolver os próprios poderes psíquicos, de maneira


que se possa aprender outras técnicas mais avançadas inerentes ao ofício, faz-se
imprescindível aprender a controlar o Alfa. O exercício aqui apresentado é o clássico
para se atingir de forma consciente o estado Alfa de consciência, com objetivo de
instruir o neófito a iniciar sua prática psíquica e será necessário dominá-lo para outros
exercícios que virão a seguir.

Trata-se de algo simples, mas é de EXTREMA IMPORTÂNCIA, pois ter


domínio e controle sobre o Alfa é fundamental para uma série de feitiços, rituais,
leituras oraculares e contatos com o Outro Mundo, assim como todas as demais
práticas que já foram supramencionadas nos subtópicos anteriores.

Sente-se ou deite-se, como preferir, isto é, da maneira que sentir-se mais


confortável possível. Certifique-se que não será interrompido durante o exercício e
que o local escolhido para realiza-lo é tranquilo e livre de influências externas. Feche
os olhos, respire e inspire profundamente até sentir totalmente relaxado.

Com o seu “olho mental”, isto é, seu terceiro olho, visualize a uns 30
centímetros de distância de si uma tela totalmente branca. Na verdade, não deve ser
uma exatamente uma tela no sentido cartesiano, mas sim em um estado em que
assemelhe-se a um capacete que envolva toda sua cabeça, em 360º. É totalmente
possível atingir essa percepção através do olho mental. Lembre-se que durante todo
o Alfa você estará vendo com o olho da mente e não com olhos físicos.

Logo em seguida, visualize à sua frente o número 7 (SETE) na cor VERMELHA.


Fixe-o por aproximadamente 10 segundos e então visualize o número 6 (SEIS) na cor
LARANJA, fixando-o por aproximadamente 15 segundos em sua tela mental. Logo em
seguida, visualize o número 5 (CINCO) na cor VERDE e o detenha por uns 20
segundos sua atenção sobre ele. Vá gradativamente aumentando o tempo de fixação
de atenção sobre os números e as cores. Em seguida visualize o número 4 (QUATRO)
na cor AMARELA, o número 3 (TRÊS) na cor AZUL, o número 2 (DOIS) na cor azul e
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finalmente o número 1 (UM) na cor VIOLETA. Esse último fixe em sua tela mental por
aproximadamente 50 segundos ou 1 minuto.

Para aprofundar o estado de consciência e atingir um Alfa pleno, conte


mentalmente em sua tela mental, agora sem as cores, visualizando somente os
números: 10, 9, 8, 7, 6, 5, 4, 3, 2, 1. Mentalmente, diga a si mesmo: “nesse momento
estou em Alfa e tudo aquilo que o fizer correto e para o bem maior – assim é e assim
será”.

A partir desse momento você perceberá que, apesar de estar em Alfa, mantém
todo o controle sobre seu próprio corpo e tem plenas condições de saber o que está
acontecendo em torno de si. Entretanto, também estará profundamente aberto para
todas as formas alternativas de comunicação, como a clarividência, a telepatia,
precognição, visitação a outros lugares, a transposição mental, a investigação, a
realização de poderosas magias e feitiços e o recebimento de mensagens de
divindades e espíritos.
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Quando tiver encerrado suas tarefas durante o período em que esteve Alfa, é
chegando o momento de retornar ao estado de vigília. Para isso, com suas próprias
mãos, apague tudo aquilo que está em sua tela mental. Ainda em alfa e de olhos
fechados, abençoe-se com uma desobstrução total de sua saúde da seguinte
maneira: coloque a mão uns 15 centímetros da cabeça com a palma voltada para
baixo – num suave movimento, abaixe a mão diante do rosto, peito e estômago, ao
mesmo tempo que volta a palma para fora e estende o braço para frente. Diga a si
mesmo: “estou me curando e a minha saúde está totalmente desobstruída”. É
importante que isso seja feito todas vezes em que esteja saindo do Alfa para que
restem quaisquer energias perniciosas que possa ter absorvido durante os trabalhos
e viagens realizados nesse período.

Para retornar ao estado de vigília é necessário realizar o mesmo procedimento


que foi feito para entrar em Alfa, só que ao contrário. Comece a contar de 1 a 10,
lentamente, e depois de 1 a 7, sem a necessidade de visualizar as cores, pois ao
retornar para a luz as cores convergirão por conta própria assim que abrir os olhos.

É muito importante que o neófito exercite DIARIAMENTE o Alfa por


aproximadamente seis semanas seguidas para alcançar um estágio satisfatório de
controle do mesmo.

SUGESTÕES PARA EXERCITAR


Entre em Alfa e:

1. Escolha um objeto para visualizar. Pode ser uma fruta ou um objeto


qualquer. Detenha-o em sua tela mental. Procure vê-lo com atenção, tocá-lo, sentir
seu cheiro. Tenha certeza que esse objeto existe em algum lugar do planeta.

2. Faça uma viagem mental a algum local em sua cidade. Pode ser uma
loja, por exemplo. Veja como as peças estão dispostas e tudo mais aquilo que puder
ver. Vá até a loja e veja como as coisas realmente estão dispostas. Veja tudo aquilo
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que você conseguiu acessar sua mente. Refaça esse exercício até atingir no mínimo
80% de acertos quanto ao conteúdo e disposição interna da loja.

3. Ao invés de usar um oráculo convencional, como tarô ou runas, busque


informações e orientações sobre determinadas coisas. Você poderá tentar, inclusive,
jogar oráculo mentalmente.

8.2.3 Alfa Instantâneo

Os estados Alfa descritos acima, são os mais profundos e certamente exigem


locais apropriados para serem praticados. O fato é que necessitamos utilizarmos o
Alfa diariamente em muitas situações, desde lançar um escudo mágico de proteção,
comunicar-se com alguém quando não existem outros meios físicos para fazê-lo, além
de outras coisas mais comuns, como conseguir uma vaga no estacionamento ou
achar um táxi.

Um excelente método para isso é, desde o início que começar a praticar o Alfa
como acima descrito é deixar cruzado o dedo médio da mão esquerda sobre o dedo
indicador e mentalmente programa-lo para que toda vez que fizer isso em estado de
vigília, automaticamente você ingressar no estado Alfa e poder fazer suas
visualizações, sem a necessidade de transcorrer todo o procedimento habitual. Sendo
assim, em uma situação de premente necessidade para se fazer uso do alfa, ao fazer
esse cruzamento com os dedos, automaticamente sua mente entenderá que deve
entrar em Alfa – faça o que deve ser feito, relaxe e descruze os dedos.

Cabe salientar que essa prática é eficaz para pessoas que tem total domínio
da prática e controle do Alfa. Mas, caso queira um dia poder dela se utilizar, é
importante desde já posicionar os dedos dessa maneira, toda a vez que for ingressar
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8.3 Transposição Mental

A chamada Transposição Mental ou Transposição de Consciência (conhecida


também como “Shapeshinfting”) é uma técnica necessária na utilização de certos
feitiços, magias e outras finalidades mágico-espirituais. Trata-se da transferência (ou
parte dela) da consciência ou mente para um objeto ou mesmo para outro ser vivo.
Essa técnica só pode ser alcançada com qualidade, no mínimo, através de um neófito
que já tenha praticado exercícios no estado Alfa de consciência e para ser
devidamente mantida sob controle, recomenda-se que o neófito já esteja em um
estágio avançado da prática de exercícios que envolvam a consciência.

Existem quatro estágios de Shapeshinfting, entretanto, apesar de


transcorrermos teoricamente por todos eles, no que toca a prática, nesse módulo,
veremos somente os três primeiros, através do exercício proposto.

No primeiro estágio da transposição mental, você experimenta as formas do


objeto ou ser para qual moveu sua consciência, isto é, o espaço que ocupa, suas
dimensões e limitações físicas. Nesse momento ainda não há uma conexão com
aquilo que o objeto ou ser realmente sente ou pensa – é a forma mais rasa de
transposição mental.

No segundo estágio, além de já experimentar aquilo que é possível no primeiro


estágio, você já é capaz de saber de forma clara o que o objeto ou ser está sentindo
ou vivenciando, embora não o sinta diretamente como se fosse ele mesmo. No caso
de um ser vivo, por exemplo, você já pode supor ou saber como ele pensa e quais
emoções sente.

O terceiro estágio é aquele em que a transposição mental ocorreu de forma


plena, ou seja, você já é capaz de sentir COMO o objeto/ser sente, pensar como o ser
pensa. Aqui é possível experimentar como é ser/estar tal ser/objeto, incluindo
pensamento, sensações, percepções, sentimentos, em um estágio físico e emocional.
Exemplo: se o ser for uma águia, você poderá experimentar perfeitamente seu vôo e
todas suas sensações como se de fato assim estivesse, pois sua consciência naquele
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momento estará transposta ao ser. No que toca a transposição de consciência para


outros humanos, orienta-se que nunca se divulgue emoções e pensamentos internos
desses para outros, pois isso viola sua privacidade e os nega o direito de escolha de
escolherem por si mesmos o que desejam ou não expor de suas próprias vidas com
outras pessoas. É nesse terceiro estágio da transposição mental que é possível fazer
a “leitura da mente”, por exemplo. Ao alcançar esse nível, você terá uma profunda
compreensão do ser, mas não será capaz de influenciá-lo diretamente de dentro.
Entretanto, terá uma profunda compreensão sobre o ser, de modo que você saiba
exatamente como influenciá-lo de fora, através de ritos, conselhos, e outros métodos
que julgar adequado, sempre visando a ética na prática mágica.

O quarto estágio, o mais avançado de todos, e obviamente, o mais difícil de ser


alcançado e que pode levar um bruxo a treinamento e tentativa de muitos anos, é
aquele em que, além de experimentar todos os três estágios já aqui descritos, você
transpor sua consciência ao ser, de maneira que o faz por inteiro, isto é, faz-se uno
com ele. É uma prática perigosa e que demanda uma conduta ética e moral
elevadíssima, pois você sai do ponto de mero observador e experimentador de
sensações para um participante ativo da vida. Isto significa que você transpõe seu
corpo mental para e sobre o corpo mental do ser, fazendo com que atinja um grau
quase que de controle absoluto sobre a vida, pensamento, sensações e as ações do
ser. Entretanto, o ser para o qual você transferiu a sua consciência a esse grau terá
também acesso ao seu ser de dentro para fora. Nesse sentido, é importante salientar
que o ser para o qual você se transpõe no quarto estágio, caso perceba sua presença
e tenha essa habilidade, poderá tomar vantagem da conexão que você estabeleceu.
Por isso o quarto estágio trata-se de uma prática avançadíssima de “Shapeshinfting”
e nunca ou raramente deve ser utilizada.

8.3.1 Exercitando a Transposição Mental

Procure relaxar ficando em uma posição que lhe seja confortável e desde já
tenha um objeto de sua escolha para qual realizará a Transposição Mental. Nesse
primeiro momento, a sugestão é que seja um objeto tido como inanimado, isto é, uma
pedra, uma caneta, uma fruta, uma relíquia, uma nuvem etc. Siga os passos descritos
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abaixo, que nada mais são, que um dos métodos mais simples para a realização de
Transposição Mental:

1. Limpe sua mente. Fixe absolutamente TODA sua atenção sobre o objeto (e
isso não é a mesma coisa que simplesmente ter o objeto em sua tela
mental). É necessário que você realmente direcione sua atenção para
FORA de si, como um feixe de luz na direção do objeto.

2. Após alguns segundos, transponha, isto é, transfira, coloque SUA


CONSCIÊNCIA no objeto. Sinta-se abandonando as sensações de ser o
que é e passe a sentir-se como o próprio objeto. Isso inclui sua forma, seu
tamanho, seu material, sua utilidade, o espaço que ocupa (sem dúvidas
essas sensações se tornarão muito mais poderosas quando exercitar a
transposição mental com seres como animais por exemplo).

3. Continue mantendo sua consciência no objeto. Em certo momento, notará


sua consciência OSCILANDO consideravelmente, como se praticamente
estivesse em um PULSANTE processo de alteração de estado (e estará).
Você saberá claramente que isso está acontecendo, pois nessa pulsante
oscilação, experimentará momentos intercalados de meramente sentir-se
como o objeto e de ser o próprio objeto, isto é, além das sensações descritas
no passo 2, irá se sentir fisicamente como o objeto. Isso significa que estará
experimentando aquilo que o objeto de fato estará experimentando. Talvez,
não atinja essa fase na primeira vez que pratique o exercício, portanto
poderá praticar quantas vezes o necessário para alcança-la.

4. Para fazer sua consciência retornar ao estado normal, fixe sua atenção
sobre alguma parte de seu corpo. Concentre-se sobre a parte de seu corpo
escolhida, mantendo o foco e restabeleça seu domínio sobre a mesma e
aos poucos sobre todo o corpo. Mexa-se. Ao sentir-se absolutamente em
seu corpo, dominando-o completamente, a ligação com o objeto estará
encerrada e seu estado de consciência estará de volta ao normal.
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8.4 Ancoramento e Centramento

Tendo como objetivo preparar a mente para o trabalho mágico, o Ancoramento


e Centramento visam o relaxamento, ao mesmo tempo em que reforçam o foco da
ação pretendida. Além disso, essa técnica serve também como defesa primária contra
qualquer tipo de ataque psíquico.

8.4.1 Praticando o Ancoramento e Centramento

Coloque-se da maneira mais reta e mais confortável possível, seja em pé ou


sentado e feche os olhos. Respire profundamente, sentindo o ar entrando dentro de
si, acalmando sua mente, seu corpo e seu espírito. Respire e inspire por três vezes
ou mais se achar necessário para sentir-se extremamente relaxado e concentrado.
Sinta sua coluna se transformando no tronco de uma árvore e raízes saindo dela ou
mesmo de seus pés em direção às profundezas da Terra. Aterre e absorva toda a
energia que seu corpo achar necessária e deixe na Terra aquilo que é desnecessário
para ele. Volte aos poucos e abra os olhos.
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9 INTRODUÇÃO AOS CENTROS DE PODER

Perpetuada e jamais esquecida como símbolo de poder vital, cura e


regeneração, a imagem da Serpente – apesar do significado imposto pela cultura
judaico-cristã – atravessou os milênios, persistindo desde os primórdios da
espiritualidade humana, passando pelos antigos mitos ocidentais e orientais, o
simbolismo alquímico e hermético, o renascimento do Ocultismo e do Paganismo em
nossa Era, permitindo-nos alcançá-la como a chave para entendermos profundamente
a energia vital que movimenta nosso planeta e cada um de nós.

A imagem daquela que rasteja já cultuada como divindade antes mesmo do


surgimento da Escrita, tornou-se entre os povos hindus o símbolo perfeito para
expressar aquilo que eles chamam de KUNDALINI, isto é, o impulso energético
primordial que habita tudo aquilo que existe e vive. Mais do que isso, mesmo em sua
forma silenciosa e latente, também é a bomba cósmica prestes a explodir, dando
movimento e ritmo ao Universo, em todas as suas esferas.

Entre os povos antigos da Velha Europa, encontramos significado semelhante,


sendo a representação no Caduceu de Hermes ou de Asclépio. Isso nos dá margem
para tentar compreender a universalidade desse conhecimento e a persistência de
seu simbolismo.

A Palavra KUNDALINI é oriunda do antigo sânscrito e literalmente quer


expressar “enrolada como uma serpente”, dessa forma mais uma vez, dando sentido
ao potencial de vida e insurgência da mesma no mundo. Nos seres humanos e grande
parte dos mamíferos, a Serpente de Fogo, como chamamos a Kundalini, se encontra
no Primeiro Centro de Poder dos corpos, também conhecido como Chakra Básico
como veremos além.

9.1 A Imanência e Sincronicidade do Poder

“...Assim como é Acima, É Abaixo...”


193

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A Terra é repleta de mistérios em toda sua extensão e em cada um de seus


pontos, vales e recôncavos. Infelizmente, nem todas as pessoas conseguem
reconhecer a grandiosidade dessa natureza, deixando todas essas expressões
passarem despercebidas. Entretanto, para aqueles que no decorrer dos milênios,
dedicaram suas vidas ao seu estudo dos Deuses e de alguma forma, mesmo que
subliminar, no ofício bruxo, foi necessário perceber que o Poder e diferentes níveis de
energia costumam se organizar em diferentes tipos de padrões, que se encontram
manifestados nas mais diversas formas de vida, planos e existência.

O planeta Terra é uma das expressões do Sagrado que nós humanos mais
conhecemos e certamente mais temos a oportunidade de explorar, depois de nossos
próprios corpos, sentidos e almas. Desde o passado, nossos ancestrais têm
reconhecido a Terra como um ser vivo, uma persona individual, um corpo imbuído em
uma alma própria, exatamente assim como nós cremos sermos cada um de nós
enquanto indivíduos. Os gregos deram a Terra o nome de “Gaia” e inspirado nesse
conceito, até mesmo um pesquisador ambientalista chamado James E. Lovelock
desenvolveu a chamada “Hipótese Gaia”, defendendo a teoria de que nosso planeta
é um ser vivo consciente e que cada ser vivo contido nela, mesmo em sua
individualidade, seria uma de suas células.

É importante iniciar esse assunto falando sobre a Terra, exatamente para trazer
de uma maneira clara o conceito de divino e de corpo para o Paganismo, assim como
a percepção de que o padrão macrocósmico é sempre repetido em suas versões
menores e mais profundas. O Universo é repleto de planos vibracionais diferentes,
cada um expressando um determinado tipo de energia, vertentes da mesma fonte do
Poder. Cada galáxia, cada sistema estelar e planetário, expressa uma individualidade
baseada na característica do Todo. Cada planeta do sistema solar condensa em si
uma energia encontrada em níveis correspondentes, maiores ou menores em
diferentes partes do Cosmos, assim como alguns pontos de nosso planeta, e é claro,
de nosso próprio corpo – chegando ao cerne do propósito dessa leitura.

Diversas vertentes espirituais, do Ocidente ao Oriente, nos falam da existência


de pontos de poder nos corpos. Esses pontos foram mais explorados e documentados
nos corpos de animais, seres humanos e na própria Terra. Segundo Raven
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Grimassi35, “de acordo com os Ensinamentos Misteriosos, a Terra possui centros de


poder, exatamente como no corpo humano. A mérito de conhecimento segue-se uma
lista desses centros, como compilados pelos Ocultistas Ocidentais:

1. A colina sagrada de Arunachala, no sul da Índia.

2. A região trans-himalaia do deserto de Gobi.

3. Cairo, Egito.

4. Uma montanha a cerca de 100 milhas do litoral do Peru, na região dos Andes,
imediatamente oposta a Arunachala.

5. Glastonbury, na Inglaterra.

6. Antigo local da Suméria, no Baixo Eufrates.

7. Monte Shasta, na Califórnia.”

Apesar desses Centros de Poder já terem se locomovido para outros locais do


Corpo da Terra, o que poderá será visto nos próximos ciclos de forma própria e
aprofundada, esses servem como exemplo da correspondência de funcionamento
sobre os corpos e seus respectivos centros de Poder, seja o da Terra, sejam os corpos
humanos.

No corpo humano é possível encontrar centenas ou milhares de pontos de


poder que concentram determinados tipos de energia. Cada um de desses pontos age
como um vórtice, um centro de força e poder que gira captando e enviando energia,
exatamente como uma pequena galáxia. Os mais conhecidos, trabalhados e utilizados
são os sete pontos principais distribuídos ao longo da coluna até o topo da cabeça e
será nesses que fixaremos nossa atenção. Pontos importantes, porém secundários,
são encontrados nas palmas das mãos, na sola dos pés, atrás dos mamilos e nas
pontas dos dedos (esses últimos que são potencialmente ativados quando apontamos
para algo ou até mesmo quando projetamos energia para criar o Círculo Mágico sem
o auxílio de um punhal ou um bastão).

35
GRIMASSI, Raven. Os Mistérios Wiccanos. Editora Gaia. São Paulo, 2001, página 136.
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9.2 Os Chakras, nossos Centros de Poder

Os pontos de poder, também conhecidos como “chakras” (do sânscrito, que


significa “roda”, exatamente a forma que tomam quando não estão expandidos e
estão funcionais da maneira correta) são receptáculos, transmissores e fontes de
energia que regem cada tipo de ação, cada parte de nosso corpo e até mesmo ligados
a nossas glândulas endócrinas. Quando bem harmonizados com suas funções, estão
em constante vibração e numa saudável troca de energia com o restante do Universo
(este que também é pura vibração e energia). Normalmente, não é possível ver ou
perceber os chakras, porque esses trabalham e atuam em um nível mais sutil da
realidade, fazendo com que pessoas não-sensitivas ou não-treinadas para conhecê-
los não percebam que a origem de muitas das falhas, incômodos, desgostos e até
mesmo doenças, estão diretamente ligadas às disfunções de algum desses pontos.

Antes de treinarmos a visualização, aprendermos a manutenção e cuidado com


cada um desses pontos é importante saber o que cada um deles significa, por quais
padrões são regidos e o que em nós eles regem, assim como a interação de todo o
conjunto. O estudo e trabalho consciente com os chakras surgiram no Oriente, mas
foram vastamente explorados no Ocidente dando um reconhecimento compatível para
com a nossa realidade. Cada chakra é percebido sensitivamente vibrando através de
uma determinada cor, que no sistema hindu é percebido de outra forma e inclusive
ganhando um nome diferente. Apesar de ter sido baseado no sistema oriental, o
sistema ocidental tem seu próprio meio de visão e trabalho para com os pontos de
poder, menos complexo, porém bastante útil e funcional, além de ser o utilizado na
Bruxaria.

Por partes, vamos conhecer cada um dos pontos, desvendando suas funções,
descobrindo seus padrões energéticos e estabelecendo ligações com partes do corpo,
glândulas endócrinas, sons, pedras, cristais signos e Deuses que regem tal energia,
salientando que as correspondências aqui encontradas são fruto da aliança dos
conhecimentos tradicionais somados experiência que o Caminho da Bruxaria tem
proporcionado ao autor do texto sentir, intuir e vivenciar:
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9.2.1 Chakra Básico

É o primeiro ponto de poder e está localizado numa área que abrange a base
da coluna, o cóccix, o períneo e os órgãos genitais. É o vórtice ligado a energia mais
bruta da Existência, ao próprio Submundo enquanto fonte nutridora da Vida,
fornecendo sustentação aos demais pontos e regendo as funções ligadas a
estabilidade, aos órgãos sexuais, reprodutores e excretores. Está diretamente ligado
aos nossos instintos mais primitivos de sobrevivência, aos nossos impulsos. É onde
reside a Serpente de Fogo adormecida (a também conhecida “Kundalini”), que quando
desperta, se eleva de uma maneira colossal pelos demais chakras potencializando
suas funções, atingindo o topo e alcançando uma intensa ligação das energias da
Terra com as do Céu. Trabalhar com esse chakra incentiva a vitalidade, a força, o
vigor, a longevidade e a sexualidade.

Outros nomes para o ponto: Muladhra (sânscrito), Chakra Raiz, Chakra


Fundamental, Centro de Fogo, Centro da Serpente.

Cor: Vermelho (sentimentos como ódio, desgosto e raiva, assim como doenças,
podem tingi-lo de marrom ou castanho-avermelhado; o cansaço, o estresse e a fatiga
tendem a torná-lo um vermelho mais pálido).

Órgãos e partes do corpo: Ânus, rins, pés, coluna vertebral, órgãos reprodutores,
sexuais e excretores.

Glândulas endócrinas: Supra-renais.

Elementos: Terra e Água

Signos: Câncer, Peixes e especialmente Escorpião.

Planetas: Saturno e Plutão.

Som ou mantra: “Lam”.


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Deusas: Kali, Baba Yaga, Ereshkigal, Tiamat, Inanna, Oyá, Hécate, Nanã Burukê,
Perséfone, Pele, Medusa, Ceridwen, Morrighan, Freya, Cailleach, Sheelah Na Gig,
Baubo, Hel, Sekhmet, Néftis, Ísis, Macha, Eríneas, Coatlicue, Selkhet e Sedna.

Deuses: Cernunnos, Herne, Poseidon, Netuno, Dagda, Osíris, Seth, Hades, Plutão,
Odin, Arawn, Gwyn Ap Nudd e Baal.

Pedras e cristais: granada, rubi, quartzo esfumaçado, jaspe sanguíneo, âmbar


(escuro), obsidiana e turmalina negra.

Alimentos que o nutrem: Acerola, amora, cereja, carnes vermelhas, feijão preto,
maçã, goiaba, melancia, morango, tomate, rabanete, uva vermelha, pimentão
vermelho, pimentas, vinho, alimentos ricos em carotenoides e raízes comestíveis em
geral.

9.2.2 Chakra Umbilical

O segundo ponto de poder está localizado logo abaixo do umbigo e um pouco acima
da cintura. Esse chakra está ligado às necessidades não tão imediatas como a do
primeiro, mas ainda assim a necessidades extremamente importantes e vitais para a
nossa existência, como a purificação, a imunidade, o metabolismo e a capacidade de
criação e realização de coisas a nível material. Como o chakra básico, é responsável
pela manutenção do sistema urinário e por alguns órgãos internos do sistema
reprodutor, entretanto, atuando de uma maneira mais específica. É um ponto
extremamente ligado às energias telúricas que proporcionam a abundância, a
fertilidade e o crescimento e um bloqueio nesse chakra pode se manifestar inclusive
em deficiências no setor financeiro e outros ligados à prosperidade. Uma profunda e
constante ligação, assim como uma boa manutenção do chakra umbilical, proporciona
uma vida bastante estável, equilibrada e aberta aos mais saudáveis prazeres.

Outros nomes para o ponto: Svadhishtana (sânscrito), Chakra do Sacro, Chakra


Esplênico e Centro Pessoal.

Cor: Laranja (de preferência intenso; negativismos e doenças o tornarão um laranja


turvo; cansaço e desgastes o deixarão um laranja pálido ou mais fraco).
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Órgãos e partes do corpo: Vias urinárias, útero e próstata.

Glândulas endócrinas: Ovários e testículos.

Elementos: Água e Terra

Signos: Capricórnio, Touro e Virgem.

Planeta: Júpiter

Som ou mantra: “Vam”

Deusas: Gaia, Deméter, Oxum, Ceres, Pachamamma, Gaia, Bona Dea, A Mãe do
Milho, Nerthus, Tellus Mater, Danu, Lakhmi, Habondia, Afrodite, Hathor, Tailtu, Eostre
e Sulis.

Deuses: Dionísio, Pã, Fauno, Shiva, Ganesha e Baco.

Pedras e cristais: Topázio laranja, citrino, âmbar de tom intenso e cornalina.

Alimentos que o nutrem: Líquidos, em especial água e sucos de cor alaranjada,


frutas e hortaliças como: abóbora, tangerina, damasco, cenoura, mamão, laranja,
pêssego, tudo aquilo rico em Vitamina B (Beta-Caroteno).

9.2.3 Chakra do Plexo Solar

O plexo solar se encontra situado na região da boca do estômago, entre a


cintura, a região inferior das omoplatas e a seção do diafragma do esterno. É assim
chamado porque é percebido como um disco luminoso amarelo, semelhante a um
pequeno sol. É o centro responsável pela manutenção e circulação de nossa energia
e de nosso alimento (físico e sutil), assim como pelo ânimo e também pelo humor.
Sendo um chakra extremamente ativo, é um dos principais responsáveis pelo envio
de energia como, por exemplo, quando traçamos o Círculo Mágico. Está ligado a
regência do estômago, do fígado, da vesícula biliar e ao sistema nervoso autônomo.
Esse chakra fica no local onde sentimos aquele “frio na barriga” diante de algum susto,
alguma grande emoção ou liberação de adrenalina e é diretamente afetado por nossas
emoções positivas ou negativas, alterando substancialmente seu estado. Estando
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pleno em sua função, evita a depressão, o desânimo, a fraqueza e o mau humor,


assim como colabora diretamente para com nossa defesa física, mágica e espiritual,
aumentando nosso brilho pessoal e percepção positiva do ambiente para conosco.

Outros nomes para o ponto: Manipura (sânscrito), Centro de Poder ou


simplesmente Plexo Solar.

Cor: Amarelo (luminoso, intenso e radiante; o cansaço e fraqueza o deixará mais


pálido enquanto a doença poderá torná-lo verde-oliva escurecido).

Órgãos e partes do corpo: Estômago, fígado, vesícula biliar, sistema nervoso


autônomo.

Glândula endócrina: Pâncreas

Elemento: Fogo

Signos: Áries, Leão e Sagitário.

Planetas: Marte e Sol.

Som ou mantra: “Ram”

Deusas: Ártemis, Diana, Amaterasu Omi Kami, Bast, Saule, Sunna, Etain e Andraste.

Deuses: Ogum, Marte, Ares, Tyr, Nuada, Indra, Lugh, Bel e Wotan.

Pedras e cristais: Diamante amarelo, citrino amarelo e topázio amarelo.

Alimentos que o nutrem: Alimentos ricos em carboidratos, frutas e verduras


amarelas: batata inglesa, batata doce, banana, abacaxi, milho, melão etc.

9.2.4 Chakra Cardíaco

O chakra do coração está localizado no meio do peito, entre os seios. Ele é o


responsável pelos nossos mais profundos sentimentos e emoções, assim como
também a nossa ética pessoal. É um chakra totalmente relacionado à compaixão, à
ternura, ao carinho e ao amor. É regente das funções do sistema circulatório e do
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coração e ligado ao Tino. Está ligado a intuição, no momento em que essa está ligada
a um sentimento; é através dele que sentimos como uma pessoa está e é ele que,
aliado ao próximo chakra, produzem aquele sentimento de aperto no peito e na
garganta, quando estamos pressentindo algo desagradável ou magoados e não
conseguimos expressar isso. Trabalhar com o chakra cardíaco desenvolve um
saudável sentimento de amor pelo próximo, por nós mesmos e traz equilíbrio para
agirmos nem tão instintivamente, nem tão racionalmente.

Outros nomes para o ponto: Anahata (sânscrito), Chakra do Coração, Centro


Emocional e Centro Cardíaco.

Cor: Verde (verde esmeralda ou verde grama intenso quando bem funcional; a tristeza
o deixa cinzento, o cansaço o deixa verde pálido e os sentimentos negativos, assim
como perdas o deixam turvo e escuro).

Órgãos e partes do corpo: Coração, sangue e sistema circulatório.

Glândula endócrina: Tino

Elemento: Água

Signos: Câncer, Escorpião e Peixes.

Planeta: Vênus

Som ou mantra: “Yam”

Deusas: Vênus, Hera, Juno, Kwan Yin, Branwen e Ailinn.

Deuses: Krishna, Eros, Dumuzzi, Angus Mac Óg, Adonis e Vishnu.

Pedras e cristais: Esmeralda, quarzto rosa, jade, turmalina verde, rosa ou melancia,
peridoto, diopstásio e kunsita.

Alimentos que o nutrem: Folhas, legumes e frutas verdes.

9.2.5 Chakra Laríngeo


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O Chakra da Garganta encontra-se acima da clavícula, na cavidade que fica na


base do pescoço. É o responsável direto por todo o sistema de comunicação física e
expressão verbal. Ele governa os pulmões, assim como todos os órgãos que
compõem o sistema respiratório; as cordas vocais, a mandíbula, os maxilares, a língua
e a boca. Quando bloqueado, impede que possamos expressar nossos sentimentos,
opiniões e tudo aquilo que consideramos ser o correto e verdadeiro. É exatamente ali
que sentimos o famoso e conhecido “nó na garganta”, sensação física que prova sua
disfunção temporária ou recorrente. A dor de garganta seja a bacteriana (placas) ou
viral (laringite) também é manifestação física comum e indicativa de distúrbios.
Quando estamos expressando palavras ou fazendo gestos que reflitam profunda
emoção, pode se tornar da cor do azul como presente nas penas de pavão, visto que
o verde do Chakra Cardíaco estará energeticamente acompanhado o movimento de
expressão. Trabalhar e desenvolver esse Centro de Poder é essencial para
desempenharmos nossas funções enquanto sacerdotisas e sacerdote, especialmente
no que diz respeito às invocações, orações e o ministrar correto dos ensinamentos.
Quando absolutamente funcional, temos plenas condições de defender nossas
verdades, expressar nossas palavras, conduzir leituras e se dirigir ao público.

Outros nomes para o ponto: Vishuddha (sânscrito), Chakra da Garganta e Centro


Vibracional.

Cor: Azul

Órgãos e partes do corpo: Boca, cordas vocais, esôfago, faringe, pulmões e


brônquios.

Glândula endócrina: Tireoide

Elemento: Ar

Signos: Aquário, Gêmeos e Libra.

Planetas: Mercúrio e Urano

Som ou mantra: “Ham”

Deusas: Atena, Minerva, Sarasvati, Durga, Musas, Pallas, Maat e Themis.


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Deuses: Xangô, Mercúrio, Hermes, Thot, Nuada, Lugus e Taliesin.

Pedras e cristais: Água-marinha, safira azul, topázio azul e lápis-lazúli.

Alimentos que o nutrem: Frutas em todas suas variedades.

9.2.6 Chakra Frontal

Sem dúvidas o mais famoso e conhecido por leigos, o Chakra Frontal


largamente chamado de “Terceiro Olho”, é assim conhecido por situar-se entre e
ligeiramente acima dos olhos físicos, entre as sobrancelhas, na base do crânio. É o
ponto responsável por toda nossa intuição, leitura e desenvolvimento oracular.
Governa os olhos, o nariz, os ouvidos e grande parte do sistema nervoso, assim como
a criatividade. Com o Terceiro Olho, somos capazes de transcender a visão física e
alcançarmos a capacidade de ver e enxergar o Universo sob uma perspectiva única e
nada cartesiana. Não é adequado trabalhar em excesso esse Chakra quando não se
deseja ter acesso constante àquilo que a maioria das pessoas não percebe ou não
enxergam, pois tendo esse ponto super desenvolvido, estamos propensos a ouvir,
sentir e ver tudo aquilo que emana em uma vibração mais sutil, como personificações
elementais, a aura dos seres e objetos, espíritos e afins. É comum pessoas que
tenham esse Chakra bem desenvolvido sofrerem de episódios de tontura, labirintite e
dor de cabeça, sendo o indicado nesses casos, diminuir as atividades mediúnicas até
o equilíbrio ser retomado. Ao absorver energias e pensamentos negativos de outros
seres, esse ponto pode adquirir uma cor cinzenta ou roxo-avermelhada, da mesma
forma que quando muito cansados, ele pode se tornar um azul muito escuro ou um
violeta apagado. Estudos mágicos indicam que, a glândula pituitária poderia ser a
reminiscência da possibilidade dessa ter se tornado um terceiro olho físico.

Outros nomes para o ponto: Ajna (sânscrito), Terceiro Olho, Chakra do Terceiro
Olho e Centro Psíquico.

Cor: Índigo
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Órgãos e partes do corpo: Olho esquerdo, nariz, ouvidos, parte média do cérebro.

Glândula endócrina: Pituitária

Elemento: Éter ou Espírito

Signos: Aquário

Planetas: Mercúrio e Urano

Som ou mantra: “Ohm”

Deusas: Maia, Mnemosyne, Iemanjá, Sophia e Ix Chel.

Deuses: Oxalá, Oghma, Urano e Apolo.

Pedras e cristais: Safira anil, azurita, lápis-lazúli, sodalita, luvulita e ametista.

Alimentos que o nutrem: Carnes, ovos, leite, berinjela, alface roxa, uva roxa, alho
roxo, beterraba, figo, azeitona preta, amora, cebola roxa e chá de hortelã.

9.2.7 Chakra Coronário

O Chakra Coronário é o único dos sete grandes centros de poder que se situa
além do corpo físico, nesse caso, pouco acima da cabeça, compondo assim nosso
corpo energético-espiritual. Alternando entre o branco e a cor violeta, é o ponto
máximo atingido na dança da Serpente por nosso corpo, irradiando luz, plenitude e
conectividade consciente e inconsciente com o conhecimento do Cosmos, dos
Deuses, fechando assim o Ciclo que nasce no “ninho da serpente”, no Chakra Básico.
Ele governa o cérebro e junto ao primeiro Centro de Poder, mantêm a vida-existência
fluindo constantemente. Quando em Alfa, estamos profundamente envolvidos pela
energia desse Chakra e é através dele que a maioria das canalizações ocorrem, sendo
então também responsável direto pelas ações espirituais e do corpo sacerdotal
enquanto instrumento dos Deuses agindo de forma especial no Mundo. Enxaquecas,
dores de cabeça, tonturas, fobias e distúrbios psico-motores ou psicossomáticos
podem indicar tanto uma deficiência quanto uma super atividade do Sétimo Ponto de
Poder de nossos corpos. Quando temos esse Chakra bloqueado, é comum a
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sensação de aprisionamento, a falta de atitude, de certezas e de coragem. Quando


em pleno funcionamento, é o responsável por nos conscientizar daquilo que somos e
para que servimos, nos dando a legítima sensação de pertencer de fato ao Corpo do
Sagrado, sendo capazes de sentirmos a certeza de todas as coisas e administrar
assistência sem medo ou receio aos demais seres que de nossas existências
necessitam. Quanto à coloração, raramente pode variar das cores supracitadas,
exceto quando estamos sofrendo ataques mágicos violentos, de entidades prejudiciais
ou absorvendo o negativo de outros seres.

Outros nomes para o ponto: Sahasrara (sânscrito), Chakra da Coroa e Centro


Divino.

Cor: Violeta e Branco

Órgãos e partes do corpo: Olho direito e parte superior do cérebro.

Glândula endócrina: Pineal

Elemento: Todos

Signos: Todos

Planeta: Todos

Som ou mantra: Todos os sons e nenhum som.

Deusas: Todas

Deuses: Todos

Pedras e cristais: Ametista, topázio branco, diamante, quartzo-branco, safira branca


e jade branco.

Alimentos que o nutrem: Aipim, Alho, Banana, Cebola, Cogumelo, Couve-Flor,


Inhame, Nabo, Pera e Pinha.
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10 INTRODUÇÃO À PROTEÇÃO MÁGICA E PSÍQUICA

É fundamental para um bruxo cuidar de sua proteção mágica e psíquica. Mas


o fato é que cuidar dessa proteção mágica exige uma série de ações, algumas
relativamente simples, mas que precisam ser executadas com atenção, disciplina e
regularidade. Vale salientar que esse material trata-se somente de uma introdução ao
neófito na arte de proteção mágica e psíquica, portanto, o que será visto a seguir é o
básico do básico no que diz respeito ao assunto.

A primeira coisa para garantir sempre a proteção mágica são os cuidados para
com a saúde: a aura de uma pessoa saudável repele por si só uma grande quantidade
de energia negativa. Mas, para uma proteção mágica é imprescindível a criação de
um escudo psíquico. O Escudo psíquico é uma esfera de luz-energia que permanece
constantemente ao nosso redor com a função de nos proteger contra energias
negativas e intenções hostis.

O mais simples e fácil escudo psíquico que pode ser criado é visualizar ao seu
redor uma esfera de luz-energia que cerca seu corpo 24 horas por dia e lhe protege.
Você precisa saber constantemente que ele está lá e reforçá-lo sempre que possível.
Logo de início, você precisará pensar nele conscientemente; depois de um tempo, ele
estará tão entranhado em sua mente que sempre estará lá, mesmo quando você não
mais pensar nele. Ao criá-lo especifique de onde ele deve tirar energia para se manter.
A fonte de energia do escudo pode ser seu próprio corpo, luz, a Terra, etc. Você é
quem determina sua aparência e isso deve ser feito no momento de criar o escudo.

É deveras importante criar um escudo para sua casa e seu meio de transporte,
se o tiver. O escudo para a casa segue o mesmo princípio do escudo pessoal. Ele
será uma esfera que irá cercar totalmente a residência. Se você mora em um
apartamento, crie o escudo em forma de esfera depois faça-o aderir às paredes
externas de seu apartamento, de modo a não invadir os apartamentos vizinhos. O
escudo da casa também deve ser alimentado energeticamente a partir de alguma
fonte. O escudo para o meio de transporte segue a mesma teoria dos escudos
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pessoais e para a casa. Existem muitas formas de se criar um escudo para seu meio
de transporte e sua alimentação pode seguir no mesmo padrão dos demais. Será
possível ver mais sobre escudos mágicos no sub-tópico específico abaixo.

É possível também protegermos nossos sonhos. Eles são extremamente


vulneráveis a ataques mágicos e mesmo a técnicas de espionagem e manipulação.
Para protegê-los você pode programar-se para acordar imediatamente se seu sonho
sofrer qualquer tipo de ataque ou visita inesperada, dormir sempre com um círculo
mágico traçado ao seu redor (este círculo deverá ser traçado todas as noites e
destraçado todas as manhãs). Um FILTRO DOS SONHOS colocado perto de sua
cama também atuará como um excelente protetor, protegendo contra pesadelos,
inclusive.

Já quanto a melhor forma de proteger sua casa contra incêndios é realizar


periodicamente um ritual para deuses associados ao fogo como Vesta, Héstia,
Vulcano ou Hefesto.

Quanto ao local de trabalho existem ações simples que podem garantir que seu
local de trabalho seja livre de acidentes e você, protegido contra inveja, maledicência,
fofocas, ações de pessoas que querem lhe destruir, ações de pessoas que não
gostam de você. Para proteger seu local de trabalho, ser discreto é o que importa,
assim sendo, tente: Use algo que possa servir como chocalho, quando estiver só ou
quando ninguém possa vê-lo. Abençoe o conteúdo para uma divindade associada ao
trabalho e comece a chacoalhar, banindo a negatividade do ambiente. Desenhe runas
ou símbolos de proteção sob sua cadeira, sob sua mesa, sob seu crachá e por dentro
de suas gavetas e armários. Se não puder desenhar, coloque ou cole pedaços de
papel com os símbolos. Coloque um guardião em sua mesa. A morada deste guardião
pode ser qualquer coisa, desde uma estátua a um pequeno cristal. Faça uso de
decorações de datas festivas e consagre-as com intenções mágicas, como paz,
harmonia, espírito de equipe, etc. Mantenha uma ampulheta consagrada em sua
mesa. Quando as coisas ficarem muito tensas ao seu redor, ou você estiver muito
estressado, vire a ampulheta. Enquanto a areia escorre, imagine e sinta as tensões e
o estresse se dissipando.
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Ás vezes nós necessitamos proteger outras pessoas, quer seja por um dia
apenas, quer seja por todo o tempo, neste caso devemos seguir algumas regras:
Lembre-se de que a pessoa tem o direito a fazer suas próprias escolhas, mesmo
erradas, sua proteção não deve restringir o livre arbítrio da pessoa. Jamais tente
proteger uma pessoa contra a vontade dela, salve raras exceções. Nunca mande seu
guardião pessoal proteger outra pessoa. Você só vai ficar seriamente desprotegido. E
também não se arme de direito de criar um guardião para esta pessoa, a não ser que
ela peça.

Animais domésticos também devem ser protegidos. Magicamente, a melhor


forma de proteger um animal é consagrá-lo a uma divindade que cuide deste tipo
específico de animal, como Bastet para gatos e Hécate para cães, por exemplo.

10.1 Criação de Escudo Mágico de Defesa

Indispensável para a defesa mágica é a criação e alimentação do Escudo de


Defesa. Plasmar psiquicamente esse escudo consiste em criar uma camada
energética em torno de seu campo pessoal, impedindo que ataques e energias
maléficas e destruidoras possam lhe atingir. Aliado ao Guardião, deverá se tornar uma
barreira intransponível para qualquer inimigo que venha lhe atingir - seja mágica ou
mesmo fisicamente.

De pé, sentado ou mesmo confortavelmente deitado, entre em estado de


profundo relaxamento e vá até a uma imensa fonte de energia, pode ser de preferência
uma estrela, por exemplo. Visualize uma luz muito intensa vinda do Universo - de
alguma estrela como já dito ou mesmo do Sol - mentalmente, atraia essa luz
abundante e intensa na sua direção, penetrando no seu corpo e lhe tornando
plenamente capaz de fazer todas as coisas. Perceba-se absolutamente iluminado, por
dentro e por fora... Uma luz intensa, branco-alaranjada. A partir de então, passe a
moldar seu escudo ao redor de si. Mentalmente, faça-o com que ele se torne
intransponível para qualquer energia destrutiva e/ou maléfica. Visualize também ele
lhe protegendo de perigos físicos, como assaltos e doenças. Perceba pequenas
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energias tendenciosas, como inveja ou raiva, não lhe atingindo, mas sendo absorvidas
pelo seu escudo de luz que automaticamente transforma esses sentimentos externos
na mais pura luz e poder, alimentando e dando cada vez mais força para seu escudo.
Visualize grandes perigos e ataques mágicos, simplesmente não conseguindo lhe
atingir, tamanha intensidade de sua Luz. Ela deverá CEGAR qualquer malfeitor, não
permitindo saber como lhe atingir.

Feito isso, retorne para o estado comum de consciência. Sempre que sentir
necessidade, proceda com Ancoramento e Centramento.

Caso sentir alguma falha no seu escudo energético e se sentir afetado por
algum mal, siga o mesmo procedimento da alimentação do escudo, mas ao final,
cristalize-o mentalmente, tornando-o reflexível como um espelho para qualquer
energia que possa estar lhe atingindo.

Observação: não mantenha seu escudo cristalizado por muitos dias, e sim
somente o período que julgar necessário. Ele terá cortado a ligação de seu corpo
astral com o Universo, não permitindo a fluidez e troca natural de energia.

10.2 Ervas Associadas a Proteção

Podem ser usadas como ervas, óleos e incensos:

Alecrim, alfazema, algodão, alho, amora preta, anis, arruda, babosa, bambu, bardana,
beladona, bétula, camomila, canela, cardo-santo, cardamono, cáscara sagrada,
ciclâmen, cipreste, cominho, cravos da índia, crisântemo, erva doce, estragão,
eucalipto, framboesa, freixo, gerânio, ginseng, hera, lírio, losna, louro, mamona,
manjericão, manjerona, milho, mostarda, olíbano, oliveira (folhas, raiz), orégano,
pimenta negra, papoula negra, patchouli, pinheiro (folhas e a pinha), poejo, salgueiro
(folhas, raiz, casca), rosa, salsa, sândalo, tanchagem, tomate, trigo, valeriana, vetiver,
violeta, visco, zimbro.
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10.3 Pedras Associadas a Proteção

Podem ser usadas em poções, talismãs, amuletos e filtros:

Ágata, âmbar, lágrima de apache, asbesto, calcita, carnélia, calcedônia, citrino, coral,
cristal de quartzo, diamante, esmeralda, granada, hematita (bruta), jade, jaspe, lápis-
lazúli, lava, lepidolita, madeira petrificada, malaquita, mármore, mica, obsidiana, olho
de gato, olho de tigre, ônix, pedra da lua, pérola, peridoto, rubi, topázio, turmalina
melancia, turmalina negra, turmalina vermelha, turquesa, zircônia branca, zircônia
vermelha.

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