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Reflexões
Astrológicas
2023
Pa r t e I I
Rodolfo Miguel de Figueiredo
Astrólogo e Tarólogo. Dá
consultas de astrologia e tarot há
cerca vinte anos e faz
consultadoria astrológica para
empresas há mais de dez anos.
Estudou Filosofia na Universidade
Nova de Lisboa - Faculdade de
Ciências Sociais e Humanas, mas é
como autodidacta que tem
estudado áreas como o Estudo
Comparado das Religiões, a
Cultura Clássica, a Filosofia Antiga
e o Esoterismo. Na astrologia, tem
-se dedicado a especialidades como
a Astrologia Antiga, a Astrologia
Hermética e a Astrologia
Mitológica, tendo orientado a sua
investigação para a tradução e
interpretação de textos
astrológicos gregos e latinos.
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Ref lexões Astrológicas
L IVROS
Rod olf o Mi gue l d e Figueired o
rodolfomigueldefigueiredo@gmail.com
https://rodolfomfigueiredo.wixsite.com/livros
https://rodolfomfigueiredo.wixsite.com/astrologia -e-tarot
Capa: Henry John Stock, The Uplifting of Psyche, 1905. Londres: Royal Institute of
Painters.
Ref lexões
Astrológicas
2023
Parte II
Lisboa
2024
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Índice
ÍNDICE 7
INTRODUÇÃO 9
Introdução
Nota: os mapas astrológicos, apresentados em cada capítulo, foram gerados pelo software
Janus 5.5 (Astrology House, 2021) com um modelo que inclui os decanatos e os termos.
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Ref lexões Astrológicas
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2023
Par te I I
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1
Lua Nova
Sol - Lua
Decanato: L ua
T ermos : J úpiter
M onomoir ia: M ar te
18 Rodolfo Miguel de Figueiredo
Reflexões Astrológicas 2023 19
será perdoado; mas se alguém falar contra o Espírito Santo, não lhe será
perdoado, nem neste mundo, nem no vindouro” (Mateus 12:32), assinalam
esta associação entre o Espírito Santo e a Mãe Divina. Numa
trindade de Pai, Mãe e Filho, como, por exemplo, a de Osíris, Ísis e
Hórus, a ofensa ao feminino será sempre a mais gravosa.
Hoje o que diríamos de alguém de ofende uma mulher,
nomeadamente, a sua mãe, a esposa ou a sua filha? Teria perdão o
homem que ofende a mulher? O novilúnio de Caranguejo,
colocando a luz sobre o feminino, firma também esta questão. Uma
outra de forma de a vermos é se pensarmos no fogo de Héstia, na
chama do feminino que arde no centro do lar.
Menandro afirma que “O verdadeiro escravo do lar é o seu
senhor” (Frag. 760 Kock: εἷς ἐστι δοῦλος οἰκίας ὁ δεσπότης). Ora o fogo
de Héstia/Vesta, ardendo no centro do lar, é a imagem quase
perfeita de um novilúnio no signo de Caranguejo e desta servidão.
Hoje este fogo arde sobre o Poente, mostrando, como uma palavra
que range no caminho (Marte en Virgem), que o fogo do feminino
continua eclipsado por um modo de ser, uma ponte corrompida
entre o carácter e o valor, que tende a rejeitar este fogo primordial.
O pensamento androcêntrico dos últimos séculos, ou
milénios, fez com que colocássemos nas “cadeiras de poder” (o
antigo trono de Ísis, da Terra) figuras masculinos. Zeus/Júpiter,
Ares/Marte ou Apolo são a imagem do poder ou da força, todavia,
Héstia/Vesta é a primogénita de Reia e Cronos/Saturno e tem um
lugar em todos os templos. Sem o fogo de Héstia, os deuses não
receberiam as suas oferendas.
22 Rodolfo Miguel de Figueiredo
Vénus Retrógrada
Vénus
Decanato: M ar te
T ermos : M arte
forma: “Os testículos, por sua vez, assim que cortados pelo aço/ e lançados
desde a terra firme ao mar de muitas vagas / foram levados pelo mar, por longo
tempo; à sua volta, uma branca/ espuma se libertou do órgão imortal e dela
surgiu uma / rapariga. Primeiro, foi em direcção aos divinos Citérios/ que ela
nadou, e de lá em seguida chegou ao Chipre rodeada de mar;/ aí aportou a bela
e celebrada deusa que, à sua volta,/ sob os seus pés ligeiros, fazia florescer o
solo, Afrodite/[a deusa nascida da espuma e Citereia de belo toucado]/ esse
é o nome que lhe deram deuses e homens, porque na espuma/ surgira, e ainda
Citereia, por ter aportado junto dos Citérios,/ e Ciprogeneia, por ter nascido
em Chipre rodeada de ondas,/ou ainda Filomedeia, porque surgida dos
testículos.” (188-200, trad. A. Elias Pinheiro & J. Ribeiro Ferreira. 2005: 50.
Lisboa: IN-CM).
to the Study of Greek Religion, 262. Princeton, 1991 (1903): Princeton University
Lua Nova
Sol - Lua
Decanato: M ar te
T ermos : M er cúr io
Júpiter Retrógrado
Júpiter
Decanato: L ua
T ermos : J úpiter
Ribeiro Ferreira. 2005: 74. Lisboa: IN-CM). Depois de Gaia e Reia, Métis é
a primeira a permitir a hegemonia de Zeus/Júpiter. Na verdade,
Atena nasce posteriormente com a condição de filha sem mãe,
anulando o poder matrilinear. Este aspecto determina a forma
como Zeus/Júpiter adquire o seu poder através de uma eliminação
do poder feminino.
A sua segunda esposa é Témis, a mãe das Horas e das Moiras.
Esta concede ao deus o poder da justiça que, com o intelecto de
Métis, vai estabelecer a sua omnisciência. Depois segue-se
Eurínome, com quem teve as Graças e que, segundo a teogonia
pelasga, foi a primeira a reinar no Olimpo, num tempo anterior ao
de Cronos e de Zeus. Com Mnemósine tem as Musas, com
Deméter, Perséfone, e com Latona, Apolo e Ártemis.
Os poderes da memória e poderes sobre a terra, o sol e a lua
são adquiridos assim através destas deusas e passados para a sua
prole. A sua última esposa, aquela que ficou mais marcada na
tradição e mais adulterada pela misoginia dos tempos, é Hera, com
quem terá tido Hebe, Ares e Ilitia. Hera era uma grande deusa,
adorada em Argos, em Samos e na Argólida e venerada em Olímpia
antes do próprio Zeus, mas que a tradição descreve apenas como a
Reflexões Astrológicas 2023 51
Lua Nova
Sol - Lua
Decanato: M er cúrio
T ermos : M arte
insere-se numa via mais extensa que vai de Marte em Balança, junto
ao Ponto Subterrâneo até à Vénus em Leão. Nesta senda, a
harmonia dos opostos vê reforçada o seu imperativo escatológico
de via salvífica de união entre o Deus e a Deusa, entre o Sol e a Lua.
A retrogradação de Mercúrio apresenta, deste modo, uma
certa resistência em interiorizar-se a mensagem do Eterno
Feminino. Esta não é, todavia, uma novidade. Nas últimas décadas,
quando se assistiu a uma expressão dinâmica da mensagem de um
Divino Feminino, independentemente da sua forma, existiu sempre
um qualquer tipo de resistência, ora mais académico, ora menos.
Marte, no seu exílio em Balança, evidencia essa permanência, essa
acção disruptiva, que suspende ou enfraquece a força
transformativa da Mãe Divina.
Já com uma outra manifestação, agora acima do horizonte,
todos os planetas estão retrógrados (Úrano, Júpiter, Neptuno,
Saturno e Plutão) e, num caminho de escalada pela montanha do
céu, qual Monte Ida, ou seja, do Ascendente à Culminação, Júpiter é
o astro mais alto. A mensagem do grande benéfico é aquela que já
abordámos na reflexão acerca da sua actual retrogradação. No
entanto, no tema do novilúnio de Virgem, Júpiter retrógrado em
Touro firma-se no lugar do Bom Espírito (ἀγαθόν δαίμων),
corroborando aqui o sentido profundo da compreensão de um lote
ou parte do destino, pois o termo δαίμων é tanto o espírito como
o destino, como ainda a divindade. A terminologia astrológica
antiga é fértil e revela a especificidade do sistema helenístico,
justificando-se assim a sua continuidade e o seu estudo.
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Sol - Lua
Decanato: Vénus
T ermos : Saturno
por uma única razão: o amor é luz e não existe sombra sem luz.
Na subida da montanha, o canto XX do Purgatório, anterior a
este que aborda a amizade, termina com um terramoto. Os
desastres naturais e, em certa medida, os desastres humanos
(guerras, revoluções, assassinatos, etc.) têm uma relação íntima com
os eclipses. Entre a sombra e a ruína, existe um caminho e, por
vezes, é nos estilhaços, como um vestígio de vida, que a luz pode
ser encontrada.
A observação do tema de eclipse para cada localidade, e em
especial se manto umbral a cobrir, é fundamental. Não devemos
temer as previsões. Se um luminar tiver a preponderância de bons
aspectos, especialmente dos benéficos, e se estiver no seu domicílio
ou exaltação, os efeitos negativos serão minimizados, mas não
anulados. Já se estiver no seu exílio ou queda ou junto dos
maléficos, produzirá uma acção negativa aumentada. Os eclipses
tendem assim a gerar mudanças, redistribuições e desastres.
No caso específico dos desastres naturais, os eclipses são
indicadores importantes. Por exemplo, as conjunções ou oposições
de Marte, Júpiter ou Saturno são sinais indiscutíveis, sobretudo em
certos signos ou sobre os pólos (κέντρα). Antes de avançar nesta
questão, convém fixar-se a influência temporal e geográfica do
eclipse de 14 de Outubro. Se utilizarmos uma técnica que me é cara,
e um pouco diferente da ptolemaica, e que concilia a duração do
eclipse com os tempos de ascensão, chegamos a uma influência que
se estende até cerca de um ano e oito meses.
Quanto a área geográfica, o eclipse ocorre ao longo do
70 Rodolfo Miguel de Figueiredo
T-E
Lu a
Decanato: M er cúrio
T ermos : Vénus
M onomoir ia: M ar te
Sol
Decanato: M ar te
T ermos : M arte
luz, seja ela directa (Sol) ou reflectida (Lua), sobre esforço. Desta
forma, se o eixo do eclipse lunar cair sobre o eixo da VI-XII este
sentido sai reforçado, sobretudo se se conjuga com o sentido
negativo ou obscurecido dos conceito de τύχη e δαίμων. A
fortuna e o destino são colocados assim, não perante a dualidade
dos acontecimentos, mas sob a potencialidade da acção humana e o
modo como esta apreende os acontecimentos. Para ascender ou
descender, como diz Manílio, a luz terá de passar por esse pórtico
penoso onde o seu espectro se sujeita à dificuldade e ao esforço. Os
eclipses, face ao estender da sombra a partir da própria luz, são
necessariamente tempos de angústia e agrura.
Nas Meditações, Marco Aurélio diz-nos seguinte: “Abandona-te
de boa mente a Cloto; deixa-a tecer a tua vida com os acontecimentos que lhe
aprouver.” (IV, 34, trad. J. Maia. Lisboa: Relógio D’Água, 1995). No que aos
acontecimentos concerne, a acção humana é determinada pela
aceitação do fio das Meras, do destino, todavia, existe liberdade na
forma como acolhemos, ou não, a luz e a sombra. O imperador
romano continua, afirmando: “Considera de contínuo que o mundo é como
um ser único, contendo uma substância única e uma única alma; e que tudo vai
desaguar à mesma e única percepção que é a sua; ele tudo realiza por força do
mesmo impulso; todas as coisas ao mesmo tempo concorrem para causar o que
acontece e que trama cerrada e complicada é o que elas produzem” (IV, 40).
Esta causalidade não só é natural como é provida de sentido, de
finalidade, contudo, a sua interiorização exige esforço. Para tudo e
para cada um, existe um trabalho que lhe é devido. As portas do
trabalho são portanto os desafios desta causalidade.
Reflexões Astrológicas 2023 83
Translation with Notes and Introduction., ed. M. D. Litwa, 2018: 315 . Cambridge:
Lua Nova
Sol - Lua
Decanato: Vénus
T ermos : J úpiter
negativo, seja pela sua própria natureza, seja pela sua dinâmica
relacional, a um conceito ou entidade que reúne em si a divindade, o
espírito ou génio e o destino.
O facto da XII não se relacionar por envio de raios ou
aspecto com a I revela a dificuldade da vida, do carácter ou do
temperamento (leia-se personalidade ou consciência da vida) em
aceitar as vicissitudes do destino que contrariam a vontade, ou seja,
os acontecimentos, tanto internos como externos. Uma relação com
a XI ou com XII implica sempre esta interacção existencial com o
destino, a necessidade e a providência. O conceito de δαίμων
traduz esta relação entre a vida e o destino, mas obriga sempre a um
processo de mediação, neste caso, espiritual ou divina.
Ao colocar-se a luz perante a morte e o destino, o que, para
Escorpião, conduz a um desafio, o conceito filosófico de
ἐγκράτεια adquire um valor de revelação, pois cada um terá de se
tornar mestre de si mesmo. Séneca, nas Cartas a Lúcilio, diz-nos que
“O cúmulo da felicidade consiste numa perfeita segurança, numa inabalável
confiança no seu valor; ora o que as fazem é arranjar preocupação, é percorrer a
traiçoeira estrada da vida ajoujadas de pesados fardos. Deste modo vão-se
sempre distanciando cada vez mais da meta que procuram alcançar, e quanto
mais se esforçam por atingi-la mais se embaraçam e retrocedem. Sucede-lhes
como a alguém que corra num labirinto: a própria velocidade faz perder o
norte.” (Ep.44.7; Cartas a Lucílio, 2ª ed,, trad. J. A. Segurado e Campos. Lisboa,
2004: Fundação Calouste Gulbenkian ). O destino que, na sua própria
urdidura, a astrologia apresenta tão bem obriga, e essa é agora a
lição de Escorpião, a uma reflexão radical e que, em certo
Reflexões Astrológicas 2023 95
responsabilidade).
Lua Nova
Sol - Lua
Decanato: Satur no
T ermos : M er cúr io
refundação.
Paralelamente, existem outros dois aspectos que se
relacionam com esta via luminar. A oposição ou diâmetro, como
diriam os antigos astrólogos, entre Vénus em Escorpião e Júpiter (e
Úrano) em Touro marca uma época quase solsticial e natalícia. Ora,
seguindo a lição de Petosíris, uma oposição ou quadratura entre os
benéficos nunca é má, excepto se acompanhada pelos maléficos, o
que não é o caso. Assim, esta ligação de Vénus a Júpiter tem um
efeito de dádiva e de uma atribuição positiva de valor ao eixo de
sentido que se estende entre a vida e a morte.
De uma outra forma, o sextil entre Vénus em Escorpião e
Saturno e Neptuno em Peixes vai colocar o amor e a morte na roda
da necessidade. Face ao destino, o amor possuirá ou deverá possuir
um carácter universal. Este é a teia que une tudo e todas numa
simpatia universal, na Anima Mundi. Na astrologia esotérica,
Neptuno tem um tom similar ao de Vénus, mas numa oitava acima,
ou seja, na música das esferas, o amor ecoa pelo universo. Na
verdade, para o astrólogo tradicional que siga o saber antigo e
hermética, esta é somente uma expressão da exaltação de Vénus em
Peixes.
Júpiter e Úrano em Touro acompanham, também em sextil, a
ligação da Vénus de Escorpião a Saturno e Neptuno em Peixes.
Porém, a retrogradação de ambos vai restringir ainda a efectivação
das suas bênçãos. Elas surgem no horizonte, mas não se tornam
acção. Podemos ver aqui a situação dos civis palestinianos. Todos,
com bom senso, vêem nos actos praticados crimes de guerra,
Reflexões Astrológicas 2023 109
Especialização:
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Astrologia Hermética
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Astrologia