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DEUS,
CADÊ
VOCÊ?
COMO ENCONTRAR
FORÇA E PROPÓSITO
NO SEU DESERTO
DEUS,
CADÊ
VOCÊ?
COMO ENCONTRAR
FORÇA E PROPÓSITO
NO SEU DESERTO

JOHN BEVERE
Autor best-seller pelo USA TODAY

Rio de Janeiro, 2019


www.edilan.com.br
Deus, Cadê Você?
© 2019 Editora Luz às Nações
Coordenação editorial | Equipe Edilan
Tradução e revisão | Equipe Edilan

Originalmente publicado nos Estados Unidos com o título God, Where Are You?!,
de John Bevere, por Messenger International, INC. 610 South Santa Fe Ridge
Palmer Lake, CO 80133. MessengerInternational.org.
Copyright © 1992, 2002, 2005, 2015, 2019 por John P. Bevere, todos os direitos
reservados. Publicado no Brasil pela Editora Luz às Nações, Rua Rancharia, 62,
parte — Itanhangá — Rio de Janeiro, Brasil. CEP: 22753-070. Tel. (21) 2490-2551.
1ª edição brasileira: fevereiro de 2019. Todos os direitos reservados.
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CIP-BRASIL.CATALOGAÇÃO NA PUBLICAÇÃO
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SINDICATO NACIONAL DOS EDITORES
NACIONAL DE LIVROS,DE
DOS EDITORES RJ LIVROS, RJ

B467d

Bevere, John, 1960-


Deus, cadê você?! / John Bevere ; [tradução Idiomas & Companhia]. - 1. ed. -
Rio de Janeiro : Luz às Nações, 2019.
216 p.

Tradução de: God where are you?!


Inclui índice
ISBN 978-85-5929-041-7

1. Vida cristã. 2. Deus. 3. Crescimento espiritual. I. Título.

19-55165 CDD: 248.4


CDU: 27-584

Meri Gleice Rodrigues de Souza - Bibliotecária CRB-7/6439

12/02/2019 19/02/2019
SUMÁRIO

Prefácio ............................................................. 7

Introdução ........................................................ 9

1 “Cadê Você?” ..................................................... 13

2 Boa Companhia .................................................. 27

3 O Deserto Necessário .......................................... 39

4 Um Relacionamento ............................................ 51

5 Vinho Novo ........................................................ 67

6 O Prêmio Celestial ............................................... 85

7 A Incrível Estrada de Deus .................................... 99

8 Construa Bem .................................................... 117

9 Treinamento de Força .......................................... 135

10 Água no Deserto ................................................. 151

11 Prepare o Caminho do Senhor ............................... 167

12 Vitória no Deserto ............................................... 185

Perguntas para Debate ......................................... 207

Apêndice ........................................................... 213


PREFÁCIO

Com certeza o Senhor consolará Sião e olhará com


compaixão para todas as ruínas dela; Ele tornará seus
desertos como o Éden, seus ermos, como o jardim do
Senhor. Alegria e contentamento serão achados nela,
ações de graças e som de canções.

— Isaías 51:3

Amo o livro de Isaías — meu profeta favorito do Antigo Testamento.


Nessa passagem em particular, Isaías usa imagens para nos garantir
que Deus anseia por transformar nossas vastidões estéreis em
jardins de vida. As palavras Dele revelam que o solo árido das terras
devastadas do deserto é, na verdade, o catalisador para nossa
reconstrução. A remoção do que já foi traz revelação sobre o que
ainda será. Nosso Pai nos leva a passar por esse período de prepa-
ração para poder nos levar ao lugar da nossa promessa.
Tive a honra de andar ao lado de meu esposo enquanto atra-
vessávamos desertos de decepção, durante os quais as dunas do
desânimo ameaçavam nos soterrar. Observei enquanto ele orava,
refletia e clamava: “Deus, cadê você?”.
Ficávamos acordados até tarde por várias noites, nos pergun-
tando onde havíamos errado. Será que demos algum passo errado
ou cometemos alguma falha que pudéssemos consertar?
Pela manhã, antes do nascer do sol, John saía para ouvir Deus
em busca dessas respostas, esperando que aquele fosse um dia de
8 DEUS, CADÊ VOCÊ?

clareza e mudança de cenário. Eu aguardava ansiosamente até ele


voltar para casa. Nossos filhos estavam acordados quando ele voltava.
“Você ouviu Deus dizer alguma coisa?”, eu sussurrava.
John sacudia a cabeça. A tristeza enchia meu coração e ofuscava
minha esperança.
Será que estávamos loucos? Será que havíamos ouvido Deus
mesmo? Como poderíamos ter ouvido? Se Deus levou-nos àquele
lugar, por que Ele estava em silêncio em meio à nossa desolação?
Sim, eu me lamentava no deserto.
Eu gostaria de saber naquele tempo o que sei agora. Eu teria
passado por aquele período com o coração mais leve e com
passos cheios de fé. Teria reconhecido que estava sendo refinada
e preparada.
Diante dessa reflexão, sinto que este livro é um guia e, em
muitos aspectos, um presente. Abrace as lições desse período, e
elas lhe servirão bem na sua próxima fase.
Anime-se, você não está só.

Lisa Bevere
Autora best-seller pelo New York Times
Cofundadora do Messenger International
INTRODUÇÃO

Este livro fala da minha jornada ao deserto, bem como das visitas de
muitas outras pessoas a esse lugar. Eu ainda não “cheguei lá”, nem
alcancei tudo o que Deus tem para mim, mas minha oração é que
nestas páginas você encontre a força e a coragem para avançar em
direção ao seu destino em Deus.
Não estou afirmando que este é um estudo completo e abran-
gente. Muito mais poderia ser escrito sobre o tema. No entanto,
este relato vem do meu coração e aborda os principais aspectos de
um período particular no deserto. A intenção deste livro é apresen-
tar-lhe o assunto, abrindo espaço para o Espírito Santo tornar essa
mensagem pessoal para você e aplicá-la à sua vida.
Este livro discutirá o que é o deserto e o que não é — seu propó-
sito e seus benefícios. Oro para que, por meio dos exemplos, das ilus-
trações e das palavras de instrução deste livro, você possa ver como
andar com sabedoria no tempo da sua permanência no deserto.
Ao ler este livro, você perceberá que muitos dos meus exem-
plos pessoais aconteceram durante as duas primeiras experiências
que tive no ministério. A primeira foi enquanto eu servia ao meu
pastor e aos convidados dele por quatro anos e meio no Texas. Meu
tempo de deserto aconteceu durante os últimos dezoito meses em
que estive nessa posição ministerial. A segunda ocorreu durante o
período de dois anos e meio em que fui pastor de jovens em uma
igreja na Flórida. O deserto que vivi enquanto servia nessa posição
fez com que o primeiro período no deserto no Texas parecesse mais
10 DEUS, CADÊ VOCÊ?

um piquenique. Por incrível que pareça, esse deserto intenso também


atravessou os últimos dezoito meses da minha posição no cargo.
Houve outros períodos de deserto em minha vida? Sim. Mas,
quando vieram, eu já havia chegado a um entendimento maior do
que eles representavam. Por isso, eu não clamava o tempo todo:
“Deus, o que está acontecendo?” ou “Deus, cadê você?”. Eu havia
aprendido o suficiente nos períodos anteriores para saber o que
estava sendo processado e qual era a reação adequada.
Conversei com várias pessoas que estão enfrentando esse
período. Nas nossas conversas, tive a oportunidade de ouvir sobre a
confusão e a frustração que sentem. Muitas não fazem ideia do que
está acontecendo. Minha esposa Lisa e eu gravamos dois podcasts
recentemente sobre esse assunto, e a reação dos ouvintes ao tópico
foi a maior que já tivemos. Isso me fez voltar a dar uma olhada no
primeiro livro que escrevi: Vitória no Deserto.
Escrevi esse livro há aproximadamente trinta anos. Relendo com
atenção, percebi que era uma mensagem profética mais apropriada
para os fins dos anos 1980 e princípios dos 1990. Assim, minha
editora e eu extraímos as verdades atemporais, acrescentamos
percepções adquiridas nos últimos trinta anos e o reescrevemos
na íntegra. Portanto, este não é um livro atualizado e revisado,
mas uma mensagem inteiramente nova. Creio que o livro que está
em suas mãos agora é uma mensagem atemporal que ajudará as
pessoas — tanto agora quanto nas futuras gerações — a atraves-
sarem esse período tão importante.
Aprendemos que “Para tudo há uma ocasião certa; há um tempo
certo para cada propósito debaixo do céu” (Ec 3:1). Há várias fases
em nossa vida, e toda fase tem um propósito. É importante entender
o propósito de cada uma para agir corretamente. Seria estranho
INTRODUÇÃO 11

se um homem usando casaco de neve entrasse em um teleférico e


subisse uma montanha com seu equipamento de snowboarding só
para cair com a cara no chão ao descer. Por quê? Porque é verão e
não há neve! A iniciativa dele é perfeita para o inverno, mas terrível
na estação errada.
Neste livro, desejo compartilhar a compreensão sobre esse
período importante de poda e fortalecimento. Qual é o propósito?
Preparação. Você logo verá que trato em grande parte do minis-
tério. Todos nós somos chamados, alguns ao mercado de trabalho,
outros para o campo da educação, outros para a área da saúde,
outros para o governo, e a lista continua. Meu chamado é para os
cinco ministérios, de modo que minhas histórias refletem isso. No
entanto, os princípios se aplicam independentemente de qual seja a
área da vida para a qual Deus o chamou. Os que estão no mercado
de trabalho precisam de tempo de preparação para o chamado,
assim como os ministros do Evangelho. E isso é verdade para todas
as demais áreas da vida.
Mais um detalhe: incluí o conteúdo extra intitulado “Dicas de
Sobrevivência para Sua Jornada”. São percepções breves e isoladas
e palavras de encorajamento relevantes para tornar seu tempo no
deserto tão produtivo quanto possível. Minha esperança é que esta
mensagem traga clareza — para que você não tenha de sofrer, como
eu, ao ignorar o momento que está passando, e encorajamento na
sua busca contínua por Aquele que é o Único que pode nos satisfazer.

Sinceramente,
John Bevere
Janeiro de 2019
1
“CADÊ
VOCÊ?”
Quando sofremos a aridez e a desolação com
serenidade, testificamos do nosso amor a Deus;
mas quando Ele nos visita com a doçura da Sua
presença, Ele testifica do Seu amor por nós.
— Madame Guyon/Jeanne-Marie Bouvier
de la Motte-Guyon

Mas, se vou para o oriente, lá Ele não está; se


vou para o ocidente, não O encontro. Quando
Ele está em ação no norte, não O enxergo;
quando vai para o sul, nem sombra Dele eu vejo!
— Jó 23:8-9
E
u estava zangado com todos. E, na verdade, não sabia bem
por quê.
Nada parecia estar indo bem.
Meu primogênito Addison tinha dezoito meses — e eu estava
impaciente com ele.
Estava gritando com minha esposa Lisa.
Estava decepcionado com meu pastor.
Estava irritado com as pessoas com quem trabalhava.
Para ser sincero, provavelmente estava decepcionado e sentido
com Deus também. Eu choramingava:
“O que o Senhor está fazendo?”
“Por que o Senhor não está Se movendo na minha vida?”
“Onde está o cumprimento das promessas que o Senhor me fez?”
“Por que as coisas estão ruins desse jeito?”
“Por que o Senhor não fala comigo?”
Repetidamente, eu me via resmungando a mesma reclamação:
“Onde o Senhor está?”.
“CADÊ VOCÊ?” 15

Você já passou por um período no qual parecia que o Senhor


estava tão perto que tudo o que você tinha de fazer era sussurrar
Seu nome e Ele estava bem ali e respondia bem na hora?
Porém, chegou um tempo em que você enviava uma mensagem
atrás da outra para Ele, e não havia resposta. Deus parecia ter desa-
parecido completamente da sua vida. Talvez você esteja assim agora
e sua pergunta, aquela que você quer gritar no silêncio, é a mesma
que eu estava fazendo: “Deus, onde o Senhor está?”.
Eu estava no deserto, mas não sabia disso. Morava no Texas,
e pensava que eu era um bom seguidor de Jesus que havia sido
esquecido por Deus. Como um jovem cristão, creio que essa foi
minha primeira real visita ao deserto.
Antes disso, tudo que eu precisava fazer era clamar e o Senhor
respondia instantaneamente. Lembro que Ele respondia rapida-
mente aos pedidos mais triviais. Sua presença era muito próxima,
evidente e forte. Agora, eu simplesmente não conseguia entender
o que estava acontecendo. Eu ficava de joelhos, dia após dia,
clamando: “Deus, o que está acontecendo? Parece que o Senhor
está a um milhão de quilômetros de distância!”.
Eu revisava minha vida e questionava: “Que pecado terrível eu
cometi?”.
Bem, a verdade, é claro, era que assim como todas as outras
pessoas do planeta, eu costumava cair em pecado de tempos em
tempos, mas também me arrependia rapidamente e buscava o
perdão que Jesus oferece. Que eu soubesse, não havia nenhum
pecado persistente e voluntário em minha vida.
“Deus, por que você não fala mais comigo?”, eu perguntava dia
após dia, em plena sequidão.
16 DEUS, CADÊ VOCÊ?

Com certeza eu não estava no mesmo time daquele grande


homem de Deus da Bíblia chamado Jó, mas eu estava tendo algumas
das mesmas reações. As palavras de Jó, que antes me pareciam
estranhas, agora faziam sentido. Alguns versículos expressavam
muito bem esses sentimentos de alguém que parecia ter sido aban-
donado no deserto:

Mas, se vou para o oriente, lá Ele não está;


se vou para o ocidente, não O encontro.
Quando Ele está em ação no norte, não O enxergo;
quando vai para o sul, nem sombra Dele eu vejo!
— Jó 23:8-9, grifo nosso

Eu continuava orando, mas os céus pareciam ser feitos de


bronze.
Então, o Senhor me mostrou que a vida cristã tem algumas
semelhanças com a maneira como uma criança cresce. Eu havia
sido um bebê espiritual, mas agora estava passando para uma nova
fase. Naquela época eu tinha um ótimo exemplo natural diante de
mim. Addison tinha pouco mais de um ano. Lisa era uma ótima mãe,
de modo que quando nosso bebê chorava, ela estava logo ali para
cuidar dele. Em um segundo ele estava nos braços da mãe sendo
alimentado e consolado durante a amamentação.
Addison, assim como toda criança, precisava crescer e amadu-
recer. E exatamente como aconteceu com todos os nossos meninos
— temos quatro — chegou a hora em que ele precisava se alimentar
sozinho. Ah, puxa, que sujeira! Você sabe... Eles tentam comer e
metade da comida fica espalhada na cadeirinha e no chão.
“CADÊ VOCÊ?” 17

As crianças ficam muito frustradas por você não querer


alimentá-las como fazia no passado, mas o que você está fazendo
é sendo uma mãe ou um pai responsável. Quando nossos filhos
estavam espalhando comida para todos os lados, queríamos entrar
em cena e assumir o comando, mas sabíamos que isso impediria
o progresso deles. Estávamos permitindo que crescessem.
Certamente não íamos querer alimentá-los com uma colher aos
dezoito anos!
À medida que vão deixando de ser bebês, o nível de ajuda que
eles recebem muda, passando a ser encorajamento para crescer e
se desenvolver. Deus faz algo semelhante conosco para podermos
amadurecer e nos desenvolver espiritualmente. Logo no começo,
quando nascemos de novo e somos cheios do Espírito Santo, durante
algum tempo Ele se manifesta toda vez que choramos e clamamos.
Mas, depois, à medida que o tempo passa — quando esperamos ir
além de apenas querer tomar leite (Hb 5:12) — para nos ajudar a
crescer e amadurecer, Ele permite que passemos por períodos nos
quais não responde instantaneamente sempre que chamamos.
Quando o Senhor me ajudou a entender que crescer em
maturidade espiritual era algo semelhante ao processo que cada
pessoa deve passar da infância à idade adulta, comecei a refletir
muito mais sobre o assunto, e me perguntei: Será que estou
errando? O que estou enfrentando não é algum tipo de castigo
do Senhor? É possível que eu tenha sido levado ao deserto para
aprender alguma coisa, para crescer de alguma forma que me faça
estar melhor equipado para seguir e servir a Jesus?
Então, me lembrei de que foi exatamente isso que aconteceu
com Jesus. Quase imediatamente depois de João batizá-lo e de
ter sido elogiado pelo Pai, Jesus foi levado pelo Espírito Santo ao
18 DEUS, CADÊ VOCÊ?

deserto. Ele não estava sendo repreendido, e certamente não havia


cometido nenhum pecado.
Assim, durante meu acesso de raiva e de sentir pena de mim
mesmo, finalmente caí na real: Será possível que esta experiência
no deserto não seja tão terrível quanto eu a estou vendo?

Nossa Percepção do Deserto


Se quisermos ser como Jesus, nosso caráter precisa se desen-
volver. E, em grande parte, o deserto é a escolha de Deus para que
isso aconteça. Muitas vezes enquanto estamos lá, Deus parece estar
a quilômetros de distância e Suas promessas parecem vazias. Mas
essa é apenas a sensação que temos, e não a realidade. Na verdade,
Ele está bem perto, pois prometeu nunca nos deixar ou nos aban-
donar (Hb 13:5).
O deserto é um período no qual parece que você está indo na
direção oposta a dos seus sonhos e das promessas que um dia teve
certeza de que Deus lhe havia feito. No deserto você não sente
crescimento ou desenvolvimento espiritual. Na verdade, você pode
achar que está regredindo. A presença de Deus parece diminuir, em
vez de aumentar. Você pode até sentir que não é amado e que é
ignorado. Mas isso não é verdade.
A realidade é que o deserto é um destino comum para os segui-
dores sinceros de Cristo — embora você possa se sentir muito só
quando está nele. É um destino necessário para todo filho de Deus.
De fato, para progredir na direção de uma maturidade saudável
como discípulo de Jesus, você pode ter várias jornadas pelo deserto.
Gostaria de poder dizer que é possível escolher uma rota no
Google Maps que mostra um atalho ou um contorno ao redor desse
“CADÊ VOCÊ?” 19

lugar estéril, mas não posso. E, meu amigo, isso é bom, porque a
jornada pelo deserto — nossa aceitação desse período — é neces-
sária se quisermos chegar à terra prometida!

O Que é o Deserto?
Felizmente, a maioria de nós não teve de sobreviver fisica-
mente em um lugar estéril, como um deserto real, no qual há muito
pouca água e onde é difícil encontrar abrigo. Os dias são quentes;
as noites, frias, e estamos sozinhos, sedentos e famintos. Estamos
perdidos e não temos ideia de como encontrar a saída. Podemos
não ter passado por essa experiência, mas vivemos as emoções do
deserto. Neste livro, compartilharei alguns incidentes cruciais das
minhas próprias visitas ao deserto — já fiz algumas e nenhuma
delas parecia um piquenique!
A boa notícia é que o deserto não precisa ser um período negativo
se nossa vontade for obedecer a Deus. Sei que isso parece contradi-
tório, mas o propósito do deserto é exatamente o contrário: treinar,
purificar, fortalecer e preparar cada um de nós para um novo mover
do Seu Espírito, para que o resultado seja nos tornarmos pessoas
mais frutíferas.
Inconscientemente, quando chegam ao deserto, muitas pessoas
entram em pânico e se comportam de maneira nada sábia. Sem
entendimento, elas procuram e fazem coisas erradas. Um exemplo
disso poderia ser uma mudança radical na carreira ou trocar de uma
igreja para outra — qualquer mudança drástica na vida que elas
pensam que irá trazer felicidade ou restaurar a situação à norma-
lidade anterior. Para uma pessoa solteira, por exemplo, pode ser
entrar rapidamente em um novo relacionamento logo após a dor de
um rompimento doloroso.
20 DEUS, CADÊ VOCÊ?

Se você procurar uma rota de fuga antes de entender por que


Deus o levou a determinada situação de sequidão, inconscien-
temente prolongará seu tempo no deserto. Isso pode gerar mais
dificuldades, frustração e até derrota, porque você não entende o
período ou o lugar para onde Deus o levou.
Foi o que aconteceu com os filhos de Israel durante os quarenta
anos em que passaram no deserto. A falta de entendimento acerca
do que estava acontecendo com eles fez uma geração inteira não
estar apta a herdar a Terra Prometida. Que tragédia! O propósito de
Deus ao levá-los ao deserto era testá-los, treiná-los e prepará-los
para serem guerreiros poderosos capazes de tomar posse e ocupar
a promessa divina — uma nova terra onde habitar. Mas, em vez
disso, os filhos de Israel encararam erroneamente o deserto como
uma punição; de modo que eles murmuravam, reclamavam e se
entregavam constantemente ao pecado.
Quando chegou o momento de sair do deserto e conquistar e
ocupar a Terra Prometida, depois que os espias retornaram e deram
o resumo das informações, o povo deu ouvidos ao relatório nega-
tivo dos que murmuravam e reclamavam. Ao ter a escolha entre
as promessas e a capacitação de Deus e as percepções e a inca-
pacidade do homem, eles escolheram acreditar no homem, e não
em Deus. Compraram a mentira de que iriam ser derrotados e não
receberiam a terra de onde fluíam leite e mel. A ignorância acerca
da natureza e do caráter de Deus fez com que eles agissem mal.
Então, Deus disse explicitamente: “Tudo bem, façam como
quiserem”. O que deveria ter sido uma breve jornada de um ano
pelo deserto tornou-se a experiência de uma vida inteira.
Ui! Não queremos uma decisão como essa no nosso currículo!
Mas podemos aprender com os erros deles, como o apóstolo Paulo
“CADÊ VOCÊ?” 21

indica: “Essas coisas aconteceram a eles como exemplos e foram


escritas como advertência para nós...” (1 Co 10:11).
Se pudermos aprender a reconhecer quando entramos em uma
experiência no deserto, em vez de cerrar os dentes e reclamar,
podemos ser gratos, sabendo que além deste lugar está uma “terra
prometida” de nova maturidade, poder, bênçãos, oportunidade e
promessas cumpridas. Isso não tornaria os tempos difíceis menos
difíceis? Então, concordaremos com Tiago, que escreveu:

Meus irmãos, considerem motivo de grande alegria o fato de


passarem por diversas provações... E a perseverança deve ter
ação completa, a fim de que vocês sejam maduros e íntegros,
sem lhes faltar coisa alguma.
— Tiago 1: 2, 4

Uma Visita ao Deserto Significa que


Eu Estraguei Tudo?
Boa pergunta!
Faz sentido que muitos de nós, quando estamos passando
por um período no deserto, perguntemos: “O que fiz de errado?
Como foi que desagradei tanto a Deus?”. Esse tipo de pergunta
reflete a falta de entendimento quanto ao significado ou propó-
sito do deserto.
Na Bíblia, e ao longo da história, homens e mulheres desco-
briram que o deserto foi um tempo de preparação para o destino
deles em Deus. Assim, o deserto não representa a rejeição de
Deus, mas sim o lugar para onde Ele nos leva a fim de sermos
preparados.
22 DEUS, CADÊ VOCÊ?

Dicas de Sobrevivência Para Sua Jornada

No 1: Entenda Seu Momento


A maioria das pessoas fica surpresa com o deserto. Deus é
tão bom, e nós nos acostumamos com Suas bênçãos, Sua
presença e Suas promessas. Simplesmente nunca esperamos
que os bons tempos cessem. Mas, um dia, percebemos que
alguma coisa mudou. Então, em vez de entrar em pânico, é
importante recuar para conseguir alguma perspectiva. Você
precisa entender o que está atravessando, porque se não
entender o momento em que está e onde está, você reagirá
da forma errada.
Seria como sair do clima tropical da América do Sul para
o norte do Canadá. Quando chega o inverno e o termômetro
desce até a temperaturas negativas, é bom saber onde se está
para não sair sem casaco!
O mesmo se aplica ao deserto. Se você não prestar
atenção às pistas que sinalizam uma estada em um lugar
estéril, sentirá muita frustração e poderá até cometer um erro
que custará muito caro. No Antigo Testamento, lemos que os
filhos de Issacar eram “destros na ciência dos tempos, para
saberem o que Israel devia fazer” (1 Cr 12:32, ACF).
Quando entender seu tempo no deserto, você também
saberá o que fazer.

Realmente penso que é possível acabar em um lugar árido na


vida em resultado das más escolhas. A verdade é que, independente-
mente de até onde chegamos em nos parecermos com Jesus, ainda
“CADÊ VOCÊ?” 23

temos pecados com os quais temos de lidar e temos o potencial para


errar. Desse modo, é possível que uma decisão muito má ou uma
série de escolhas não tão boas possam nos lançar em um poço.
Mas eis a verdade: temos um Deus perdoador e um Sumo
Sacerdote que entende nossas fraquezas. Assim, o primeiro passo
para sair desse poço, ou talvez ir em direção à saída do deserto
que causamos a nós mesmos, é ir ao nosso amoroso Pai e dizer:
“Pai, pequei ao ______________ (preencha a lacuna). Por favor,
perdoa-me. Eu me arrependo deste pecado, e agora, pela Tua graça,
viverei de maneira diferente”.
Assim, o que estou dizendo é que ainda que você esteja em um
lugar estéril na sua vida por causa de alguns erros, conserte-se com
o Senhor e permita que Ele conclua o que quer lhe ensinar e siga
em frente — com a esperança de sair mais cedo do deserto. Natu-
ralmente, o tempo depende Dele; o salmista escreveu: “Os meus
tempos estão nas Tuas mãos...” (Sl 31:15, ACF). Dito isso, porém,
é muito provável que você esteja no deserto porque esse é o lugar
exato onde Deus quer que você esteja agora. Você não cometeu
nenhum erro que justifique ser levado a esse lugar de dificuldades.
Sei que, em alguns aspectos, isso torna a experiência ainda mais
difícil de lidar. Esta é uma das principais razões pelas quais escrevi
este livro: para ajudá-lo a entender como Deus vê o deserto e o
quanto Ele quer usar esse lugar para nos ajudar a crescer e a nos
tornar mais semelhantes a Jesus!
Outro ponto que precisa ser entendido claramente é que Deus
não levou você ao deserto para abandoná-lo aos desígnios de
Satanás e se esquecer de você. Antes que a segunda geração de
filhos do Êxodo tivesse permissão para entrar na Terra Prometida,
Deus lembrou a eles:
24 DEUS, CADÊ VOCÊ?

Lembrem-se de como o Senhor, o seu Deus, os conduziu por


todo o caminho no deserto, durante estes quarenta anos,
para humilhá-los e pô-los à prova, a fim de conhecer suas
intenções, se iriam obedecer aos Seus mandamentos ou não.
— Deuteronômio 8:2

Assim, embora os israelitas tivessem falhado muito e ampliado


grandemente a estada no deserto por causa de sua loucura, ingra-
tidão e rebelião, Deus ia transformar tudo aquilo em algo bom! É isso
que Ele faz, e isso me alegra muito! E você, também se alegra?
Não ignore este fato: o Senhor não para de trabalhar em nossa
vida só porque estamos no deserto. Ele nos conduz através dele;
sem Ele jamais conseguiríamos atravessá-lo. Nesse lugar, não
somos colocados dentro de uma concha até que Deus queira nos
usar. Não é assim que nosso Pai compassivo age. Ao contrário, esse
é um lugar e um tempo no qual Ele opera poderosamente.
Você talvez esteja familiarizado com a expressão: “Não se pode ver
a floresta por causa das árvores”. Bem, o deserto é muito semelhante
— é difícil ver Deus se movendo quando você está no meio dele.
Esta importante verdade precisa ser dita claramente: o
deserto não é um lugar de derrota, pelo menos não para aqueles
que obedecem a Deus. Jesus, enfraquecido pela fome, sem
nenhum ser humano em quem pudesse confiar ou de quem
pudesse receber encorajamento, sem conforto físico ou qualquer
manifestação sobrenatural por quarenta dias, foi atacado pelo
diabo no deserto. Jesus derrotou-o com a Palavra do Senhor! O
deserto não é um período em que os filhos de Deus são derro-
tados: “Mas graças a Deus, que sempre nos conduz vitoriosa-
mente em Cristo...” (2 Co 2:14).
“CADÊ VOCÊ?” 25

Enquanto o povo de Israel permaneceu no deserto, eles foram


assediados pelas nações daquela região. O Senhor disse a Israel
para resistir. Os filhos de Israel derrotaram os amorreus (Nm 21:21-
25), os midianitas (Nm 31:1-11) e o povo de Basã (Nm 21:33-35).
Se o propósito de Deus fosse o fracasso, Ele não teria dito a eles
para defenderem suas posições. Embora não houvesse a intenção
de que aquele fosse um tempo de derrota, a maioria deles morreu
sem entrar na Terra Prometida. Não era assim que Deus queria que
as coisas acontecessem, mas, infelizmente, esse foi o triste resul-
tado da desobediência.
Espero que isso defina no seu coração que o motivo por trás do
deserto não é a reprovação ou o castigo de Deus. O deserto não é
um lugar onde Deus abandona e esquece as pessoas. Nem é um
lugar onde nós nos sentamos e aceitamos a derrota!

Deus Está Fazendo Algo Bom!


Esse não é um período de buscar sinais, bênçãos, abundância ou
maravilhas, mas um tempo para buscar o coração de Deus, que vai
produzir caráter e força em você. É tempo de sustentar a visão. Do
contrário, sem a clara visão da promessa em nosso coração, esse
período parecerá desanimador e poderá promover murmuração.
Se tiver o entendimento da sua posição na vida, isso lhe dará a pers-
pectiva correta adiante. Você poderá ver a mão de Deus até mesmo
quando não sentir o toque Dele. Esse é um período durante o qual o
seu amor por Ele amadurece para além de “O que Ele fará em meu
benefício?”, e passa a ter a atitude de “O que Ele deseja de mim?”.
Falei antes sobre a frustração que o antigo santo Jó expressou,
de como ele simplesmente não conseguia entender o que Deus
26 DEUS, CADÊ VOCÊ?

estava fazendo. Para onde quer que se virasse, ele não conseguia
encontrar Deus! Se esse fosse o fim da análise acerca de Jó, seria
realmente deprimente. Mas Jó não cedeu ao desespero e disse as
seguintes palavras de fé e esperança:

Mas Ele conhece o caminho por onde ando; se me puser à


prova, aparecerei como o ouro.
— Jó 23:10

Que ideia arrebatadora! Por mais que tentemos entender onde


Deus está nos levando, Ele conhece o caminho. Podemos confiar
Nele completamente, porque, como o apóstolo Paulo escreveu:
“Estou plenamente convencido de que Aquele que começou
esta gloriosa expressão da graça em vocês, continuará fielmente
o processo de amadurecê-los através da sua união com Ele e o
completará” (Fp 1:6, TPT, tradução nossa).
E sabemos que essa é a verdade, até mesmo no deserto.
2
BOA
COMPANHIA
À medida que os cristãos enfrentam tempestades de
adversidade, eles podem se erguer com mais beleza.
São como as árvores que crescem nas cristas dos
penhascos — fustigadas pelos ventos, porém aquelas
em que a madeira é mais forte.
— Billy Graham

Jesus, cheio do Espírito Santo... foi levado pelo


Espírito ao deserto.
— Lucas 4:1
B
em-vindo ao deserto! Você está surpreso com uma saudação
tão alegre? Normalmente, não esperamos que passar algum
tempo em um deserto espiritual seja algo bom, mas você
precisa saber que nosso Pai amado tem alto apreço por esses
lugares e você agora está em boa companhia.
Se você acha que o deserto pode ser um local para não visitar
na sua jornada de fé, eu o incentivo a reconsiderar essa ideia! A
verdade é que no deserto encontramos as pegadas de inúmeros
santos — até do Filho de Deus — que passaram um tempo signifi-
cativo em suas visitas.
Em outras palavras — quando vamos para o deserto, estamos
em boa companhia... e não estamos sozinhos.
Por favor, não me acuse de citar nomes, mas a lista dos que
passaram um tempo no deserto é bastante impressionante.
É claro que já mencionei Jó, a quem a Bíblia descreve como “o
homem mais rico do Oriente” (Jó 1:3). Ele perdeu tudo — bens,
filhos, saúde, apoio da esposa. Um grande homem justo, Jó também
foi acusado por seus amigos próximos de pecados secretos. Ele ficou
BOA COMPANHIA 29

tão desanimado em seu deserto que afirmou que seria melhor se


nunca tivesse nascido.
No deserto você anda por onde andou Abraão, um homem rico
de Ur com uma vida confortável, que recebeu ordens de Deus para
deixar tudo para trás e iniciar uma jornada a fim de encontrar uma
nova terra prometida. E Sara, sua esposa, estava bem ali ao lado
dele a cada passo! Grande parte da jornada deles se passou em
desertos.
Moisés era muito familiarizado com o deserto. Ele havia sido
criado na corte do Faraó como um príncipe, mas depois de matar
um egípcio, se viu no interior do deserto, cuidando de ovelhas por
quarenta anos, quando Deus revelou-se a ele na sarça ardente:

Moisés pastoreava o rebanho de seu sogro Jetro, que era


sacerdote de Midiã. Um dia levou o rebanho para o outro
lado do deserto e chegou a Horebe, o monte de Deus. Ali
o Anjo do Senhor lhe apareceu numa chama de fogo que
saía do meio de uma sarça. Moisés viu que, embora a sarça
estivesse em chamas, não era consumida pelo fogo. “Que
impressionante!”, pensou. “Por que a sarça não se queima?
Vou ver isso de perto.” O Senhor viu que ele se aproximava
para observar. E então, do meio da sarça Deus o chamou:
“Moisés, Moisés!”. “Eis-me aqui”, respondeu ele.
— Êxodo 3:1-4

Depois, como sabemos, Moisés voltou ao Egito e conduziu seu


povo para fora de lá — é claro — rumo ao deserto!
No deserto também encontramos José, filho favorecido pelo
pai, que foi lançado em um poço pelos próprios irmãos e depois
vendido como escravo e traficado para o Egito. Mais tarde, ele foi
30 DEUS, CADÊ VOCÊ?

lançado na prisão, depois de ser condenado por um crime que não


cometeu. Ali, na masmorra de Faraó, Deus se revelou a José e ele
começou a interpretar os sonhos do padeiro e do copeiro. Sem
que José soubesse, isso o preparou para interpretar o sonho do
próprio Faraó.
Sabemos do deserto do rei Davi. Samuel profetizou que ele seria
o próximo rei, mas, pouco depois, Davi se viu sendo preparado para
o trono habitando em cavernas e perambulando pelo deserto. Ali,
Deus se revelou a Davi como seu Pastor, sua Força, seu Escudo e sua
Fortaleza.
João Batista foi chamado para ser um grande profeta — seu pai
havia lhe falado sobre a visão que revelou isso. Mas foi no deserto, e
não em um seminário bíblico, que o Senhor se mostrou a João, que
acabou vivendo nos desertos da Judeia, vestindo peles de animais
e comendo insetos. Lucas 3:2-3 diz: “... veio a palavra do Senhor
a João, filho de Zacarias, no deserto. Ele percorreu toda a região
próxima ao Jordão, pregando um batismo de arrependimento para
o perdão dos pecados”.
Foi no deserto da Arábia que Deus revelou os mistérios do que
se tornaria grande parte do Novo Testamento ao apóstolo Paulo,
o qual escreveu que foi propósito de Deus “revelar o Seu Filho em
mim para que eu o anunciasse entre os gentios”. Quando isso acon-
teceu, ele disse ainda: “não consultei pessoa alguma. Tampouco
subi a Jerusalém para ver os que já eram apóstolos antes de mim,
mas de imediato parti para a Arábia...” (Gl 1:16-17).
Onde estava o apóstolo João quando recebeu o livro de Apoca-
lipse, a revelação de Jesus Cristo?
BOA COMPANHIA 31

Eu, João, irmão vosso e companheiro convosco na aflição,


no reino, e na perseverança em Jesus, estava na ilha
chamada Patmos por causa da palavra de Deus e do teste-
munho de Jesus.
— Apocalipse 1:9

Patmos era uma ilha deserta — um local perfeito para uma


experiência no deserto.
E, o mais importante, você está na companhia de Jesus, que depois
de receber a bênção do Pai e do Espírito Santo em público, foi enviado
divinamente ao deserto para enfrentar as tentações de Satanás.
Observei que este muitas vezes é o padrão: Deus nos mostra
grandes coisas que Ele pretende fazer através de nós no futuro, para
depois nos levar direto para o deserto a fim de nos preparar.
Se o deserto foi necessário para os grandes santos e para o
nosso Senhor Jesus, então posso entender a ideia de que será bom
que eu passe algum tempo ali, embora sem dúvida eu desejasse
um caminho mais fácil. O deserto é o lugar onde Deus nos prova,
nos humilha, nos fortalece e nos refina. É onde Ele molda o caráter
divino em nós. É o solo de preparação para a obra frutífera futura
no Seu Reino.
O mais empolgante acerca do deserto é que ali é o lugar onde
Deus se revela de maneiras totalmente novas! O profeta Isaías
escreveu:

Porque o Senhor consolará a Sião; consolará a todos os seus


lugares assolados, e fará o seu deserto como o Éden e a sua
solidão como o jardim do Senhor; gozo e alegria se acharão
nela, ação de graças, e voz de cântico.
— Isaías 51:3, AA
32 DEUS, CADÊ VOCÊ?

O jardim do Éden era onde Deus se revelava a Adão, o lugar no


qual eles tinham comunhão.
No deserto, você passa a ter fome e sede do Senhor. Assim,
quando Deus se prepara para se revelar a você, nesse momento
de privação e de maior foco, você consegue se afastar mais facil-
mente das coisas desta vida e se voltar para Ele. Se quisermos
responder ao chamado de Deus para nós, nossa experiência será
assim. É no deserto que o Senhor se revela a nós de uma maneira
nova. Isaías 45:15 diz: “Verdadeiramente Tu és um Deus que Te
ocultas, ó Deus de Israel, o Salvador” (grifo nosso). Para aqueles
que O desejam profundamente, Ele faz isso para criar uma fome
maior pelo êxtase da comunhão íntima. O Senhor também se
esconde daqueles que não têm fome Dele. Ele não permitirá que
O consideremos como algo certo e garantido. Ele nunca se permi-
tirá ser visto como algo comum.

Dicas de Sobrevivência para Sua Jornada

No 2: Por Mais Solitário que Você se Sinta,


Deus está Presente
Muitas vezes, uma experiência significativa no deserto é algo
que parece ser a ausência total de Deus! Exatamente quando
você parece precisar sentir mais a presença Dele, Deus parece
estar a um milhão de quilômetros.
É importante você entender as duas manifestações da
presença de Deus. A primeira se baseia nestas palavras da
Bíblia: “Não te deixarei, nem te desampararei” (Hb 13:5, ACF).
Essa é a onipresença de Deus. É a isso que o rei Davi se referiu
BOA COMPANHIA 33

quando disse: “Se subir ao céu, Tu aí estás; se fizer no Seol a


minha cama, eis que Tu ali estás também” (Sl 139:8, AA). Se
você crê no que a Bíblia diz e confia em Deus, então a reali-
dade é que independentemente de como você se sinta ou do
que aconteça, Deus está com você.
A outra presença de Deus, que todos nós amamos e
também faz parte da vida cristã, é a presença manifesta.
“Manifestar-se” significa sair do invisível e entrar no visível,
sair do que não é ouvido e entrar no que é ouvido, sair do
desconhecido e entrar no conhecido. É quando Deus se torna
real aos nossos sentidos físicos reais. É maravilhoso desfrutar
esse encontro, que pode acontecer durante a adoração, a
oração individual, em uma caminhada pela floresta, nas ativi-
dades comuns da vida diária, enfim, de várias formas.
Assim, quando você está no deserto, faminto e sedento
espiritualmente, se Deus não vier e abençoá-lo com Sua linda
e arrebatadora presença, simplesmente relaxe e confie nas
Suas promessas — sendo a principal delas: “Não te deixarei
nem te desampararei”. Quando O celebramos na ausência da
Sua presença manifesta, isso transmite de forma ainda mais
forte o nosso amor infalível por Ele.

Fome de Deus
Aos que buscam a Deus de todo o coração, Ele vai se revelar.
Lembre-se: Deus disse que levou os filhos de Israel ao deserto
para humilhá-los e para fazê-los sentir fome. No entanto, em vez de
ter fome de Deus como Josué, o povo sentiu fome pelas coisas que
34 DEUS, CADÊ VOCÊ?

o Senhor havia tirado deles. Assim, quando Deus foi se revelar a


eles, como havia feito com Moisés, eles não tinham apetite por Ele.
Na verdade, rejeitaram-No. Em Deuteronômio, lemos:

Quando vocês ouviram a voz que vinha do meio da escuridão,


estando o monte em chamas, aproximaram-se de mim todos
os chefes das tribos de vocês, com as suas autoridades. E vocês
disseram: “O Senhor, o nosso Deus, mostrou-nos sua glória e
sua majestade, e nós ouvimos a sua voz vinda de dentro do
fogo. Hoje vimos que Deus fala com o homem e que este ainda
continua vivo! Mas, agora, por que deveríamos morrer? Este
grande fogo por certo nos consumirá. Se continuarmos a ouvir
a voz do Senhor, o nosso Deus, morreremos. Pois, que homem
mortal chegou a ouvir a voz do Deus vivo falando de dentro do
fogo, como nós o ouvimos, e sobreviveu? Aproxime-se você,
Moisés, e ouça tudo o que o Senhor, o nosso Deus, disser; você
nos relatará tudo o que o Senhor, o nosso Deus, lhe disser. Nós
ouviremos e obedeceremos”.
— Deuteronômio 5:23-27

Mais uma vez, Deus queria se revelar a eles no deserto, como


havia feito com Moisés, mas eles recuaram e fizeram este pedido a
Moisés: “Aproxime-se você, Moisés, e ouça tudo o que o Senhor, o
nosso Deus, disser; você nos relatará tudo o que o Senhor, o nosso
Deus, lhe disser. Nós ouviremos e obedeceremos”.
Infelizmente, o povo nunca conheceu Deus, eles só conheciam
coisas sobre Deus. Portanto, nunca podiam agir conforme Ele lhes
ordenava. Por não conhecê-Lo, eles nunca viram a terra que lhes foi
prometida e morreram no deserto.
Quando Deus nos leva para o deserto, como fez com João,
Moisés, Davi, José, Paulo, entre outros, é para nos provar, para
ver se teremos fome Dele ou se teremos fome dos confortos e dos
prazeres que nos têm enganado. Tiago escreveu:
BOA COMPANHIA 35

Quando pedem, não recebem, pois pedem por motivos


errados, para gastar em seus prazeres. Adúlteros, vocês não
sabem que a amizade com o mundo é inimizade com Deus?
Quem quer ser amigo do mundo faz-se inimigo de Deus.
Ou vocês acham que é sem razão que a Escritura diz que o
Espírito que Ele fez habitar em nós tem fortes ciúmes? Mas
Ele nos concede graça maior. Por isso diz a Escritura: “Deus
se opõe aos orgulhosos, mas concede graça aos humildes”.
Portanto, submetam-se a Deus. Resistam ao Diabo, e ele
fugirá de vocês. Aproximem-se de Deus, e Ele se aproximará
de vocês! Pecadores, limpem as mãos, e vocês, que têm a
mente dividida, purifiquem o coração.
— Tiago 4:3-8

Quando nos aproximarmos de Deus buscando-O de todo o


coração, então Ele se aproximará de nós. Os filhos de Israel estavam
mais interessados nos próprios desejos (concupiscências) do que
nos de Deus. Eles eram adúlteros, buscando o conforto e a segu-
rança que os caminhos do mundo podiam lhes dar. Logo se esque-
ceram de que todos esses luxos e provisões não puderam salvar os
egípcios ou o exército deles.
Deus diz que para aproximarmo-nos Dele, precisamos fazer
duas coisas. Primeiro, precisamos limpar as nossas mãos. 2 Coríntios
7:1 diz: “Amados, visto que temos essas promessas, purifiquemo-
-nos de tudo o que contamina o corpo e o espírito, aperfeiçoando a
santidade no temor de Deus”. O pecado nos separa de Deus, “mas as
suas maldades separaram vocês do seu Deus; os seus pecados escon-
deram de vocês o rosto Dele, e por isso Ele não os ouvirá” (Is 59:2).
Em segundo lugar, precisamos purificar os nossos corações.
A chave para isso é o que Tiago diz: “Vocês, que têm a mente divi-
dida, purifiquem o coração” (Tg 4:8). As pessoas que têm a mente
36 DEUS, CADÊ VOCÊ?

dividida ficam indo de um lado para o outro, do Espírito para a


carne. Elas não colocaram a mente e os afetos nas coisas de Deus.
Colossenses 3:1-2 diz: “Portanto, já que vocês ressuscitaram com
Cristo, procurem as coisas que são do alto, onde Cristo está assen-
tado à direita de Deus. Mantenham o pensamento nas coisas do
alto, e não nas coisas terrenas”.
O que você busca com diligência é aquilo onde você colocou seu
afeto. A palavra-chave é colocar. Quando uma mulher faz perma-
nente nos cabelos, eles são alterados quimicamente e colocados
em forma de cachos. Agora ela tem cabelos encaracolados porque
cada mecha foi colocada de determinada forma. Você pode esticar
o cabelo, mas quando a tensão for liberada, ele voltará à forma
como havia sido arrumado.
As pessoas podem ir à igreja, cantar na equipe de louvor e parti-
cipar das atividades cristãs, mas onde está a mente delas quando
não estão fazendo alguma coisa “cristã”? Estará onde ela foi colo-
cada. Assim que a pessoa sair do prédio da igreja ou da atmosfera
cristã, a mente dela voltará para onde ela estava focada, ou colo-
cada, assim como aquele cabelo com permanente.
Em diversas igrejas do meu país, conversei com pessoas que
cantam canções de adoração, fazem anotações no celular durante
as mensagens e até dedicam tempo aos diversos ministérios da
igreja. Essas coisas não são erradas, é lógico, mas entre os cultos
e as oportunidades de servir como voluntárias, tudo o que elas
conversam é sobre dinheiro, esportes, roupas, novidades das redes
sociais, hobbies, sexo oposto, comida, compras, aplicativos favo-
ritos no celular etc. Elas ficam animadas quando conversam sobre
isso, porém ler a Bíblia, orar, sair para ministrar a outros e até ir à
igreja são coisas que elas fazem por obrigação.
BOA COMPANHIA 37

Quando um homem se apaixona por uma mulher e fica noivo,


não precisamos dizer a ele para pensar e falar sobre a noiva. Ela está
constantemente na mente dele, e há suavidade na sua voz quando
diz o nome dela. A razão para isso é que o afeto dele — ou seu
coração — está voltado para ela. A mente dele não está dividida. Ele
não está pensando em outras mulheres. Ele está apaixonado!
Davi diz no Salmo 16:8: “Sempre tenho o Senhor diante de
mim”. A mente dele não estava dividida. Seu coração era puro. Ele
não tinha no coração um amor por outras coisas como era com o
Senhor. Seu amor a Deus excedia em muito qualquer coisa boa que
este mundo tinha a oferecer. As coisas que amamos, gostamos ou
nas quais confiamos mais do que em Jesus são chamadas de ídolos.
Davi escreveu:

Quem poderá subir o monte do Senhor? Quem poderá


entrar no Seu Santo Lugar? Aquele que tem as mãos limpas
e o coração puro, que não recorre aos ídolos nem jura por
deuses falsos.
— Salmos 24:3-4

A pessoa que não tem amor, prazer ou confiança em nada ou em


ninguém mais do que em Jesus é aquela que tem um coração puro.
Jesus disse em Mateus 10:37: “Quem ama seu pai ou sua mãe mais
do que a Mim não é digno de Mim; quem ama seu filho ou sua filha
mais do que a Mim não é digno de Mim”.
Em nosso tempo de deserto, não sejamos como os filhos de
Israel, que amavam tanto suas vidas terrenas que não aproveitaram
a oportunidade de conhecer a Deus.
Isaías 35:1-2 diz:
38 DEUS, CADÊ VOCÊ?

O deserto e a terra ressequida se regozijarão; o ermo exultará


e florescerá como a tulipa; irromperá em flores, mostrará
grande regozijo e cantará de alegria. A glória do Líbano
lhe será dada, como também o resplendor do Carmelo e
de Sarom; verão a glória do Senhor, o resplendor do
nosso Deus.

É no deserto que a glória do Senhor é revelada!


Vamos nos unir a todos os grandes santos que vieram antes de
nós! Vamos nos aproximar de Deus com mãos limpas e coração
puro, como Davi, Moisés, Paulo, José e outros grandes homens e
mulheres de Deus fizeram!
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