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DIÁLOGO MAÇÔNICO – Nº 060

EQUINÓCIO DE OUTONO DE 2023 – Hemisfério Sul

EQUINÓCIO (do latim: aequinoctiu = noite igual; aequale = igual + nocte =


noite) é o ponto da órbita da Terra onde a duração do dia e da noite são iguais.
Dessa forma, pode ser dito que por ocasião do equinócio os raios solares estão
com maior incidência nas regiões próximas da linha do Equador, fazendo com
que o dia e a noite tenham o mesmo período (aproximadamente 12 horas
cada).

Assim, a partir do dia em que ocorre o equinócio de outono as noites começam


a crescer, até que se chegue ao solstício de inverno, que é o ponto da órbita da
Terra onde existe a maior disparidade entre a duração do dia e da noite,
ocorrendo, no caso do solstício de inverno, a noite mais longa do ano (vide o
DIÁLOGO MAÇÔNICO Nº 0361).

Vejamos o que nos diz Joaquim Gervásio de Figueiredo2 em seu Dicionário de


Maçonaria para o verbete equinócio:
“EQUINÓCIOS (do latim aequinoctiu = aequus, igual + nox, noite).
Pontos da órbita da Terra ao redor do Sol, em que a inclinação polar forma ângulo
reto com uma linha traçada entre a Terra e o Sol, resultando, nessa ocasião, ser
igual a extensão do dia e da noite em todas as regiões terrestres.
Isto ocorre em dois pontos da eclíptica terrestre, chamados, no hemisfério norte,
respectivamente, Equinócio Vernal, quando o Sol entra no signo de Aries em 21
de março, e Equinócio Outonal, quando entra no signo de Libra em 22 de
setembro.
Também se diz, popularmente, que é a ocasião em que o Sol corta o Equador,
em sua marcha do hemisfério sul para o norte (Primavera), e em seu regresso do
hemisfério norte para o sul (Outono).
Esse período tem sido simbolicamente representado, desde a mais remota
antiguidade, por mitos e lendas religiosas e maçônicas, cultuando-se então a
morte e glorificação de deuses, heróis ou instrutores, entre os quais está Hiram
Abiff.
O nascimento deles era e é comemorado por ocasião do solstício do inverno: 25
de dezembro para o hemisfério norte. A data de sua morte não é fixa como a do
seu nascimento, pois é celebrada segundo as posições relativas do Sol e da Lua
no equinócio da primavera, as quais variam cada ano.
A morte de todos os heróis Solares era celebrada nesta época (25 de março ou
próximo). Os capítulos Rosa-Cruz celebraram solenemente a data do Equinócio
Vernal em data mais ou menos coincidente com as comemorações da morte de
Cristo.”

1
DIÁLOGO MAÇÔNICO Nº 036, de 27 de junho de 2021, quando abordamos sobre o SOLSTÍCIO
DE INVERNO do ano de 2021 no Hemisfério Sul.
2
A edição que possuímos é a 2ª Edição (revista e ampliada), da Editora Pensamento, São
Paulo, sem identificação do ano da edição. Foi um presente de nosso genitor Affonso Plínio
Noronha, nosso Irmão, que partiu muito cedo para o Oriente Eterno, em 11/09/1995, com
apenas 68 anos de idade.
Rizzardo da Camino, por sua vez, no Grande Dicionário Maçônico3, para o
verbete equinócio, traz a seguinte descrição:
“O Sol ao descrever a elíptica, passa pelo Equador, igualando os dias com as
noites. Dois são os Equinócios formados pela elíptica do Sol: o da Primavera, que
ocorre a 20 de março e o do Outono que acontece a 22 de setembro.
Não se confunda o Equinócio com o Solstício.
Na maçonaria filosófica, certos corpos reúnem-se obrigatoriamente nas datas
equinociais.”
Observação: evidentemente que Rizzardo da Camino ao afirmar que o Equinócio
da Primavera ocorre em 20 de março e que o de Outono em 22 de setembro, ele
está se referindo ao Hemisfério Norte.

O Irmão Gilberto Lyra Stuckert Filho em seu Dicionário Maçônico - Cristão4, traz
o seguinte para o termo Equinócio:
“Palavra originária do latim. Ponto ou momento em que o sol traça a eclíptica
separando o equador, fazendo com que o dia seja noite em todo planeta. Os
Equinócios, assim como os Solstícios, são passagens comemoradas na Maçonaria:
o primeiro nos meses de março e setembro; e, o segundo, nos meses de junho e
dezembro.”

No Dicionário Online de Português5, o Significado de Equinócio está assim


definido:
“Substantivo masculino - Período do ano em que o Sol, em seu movimento próprio
aparente, corta o equador, fazendo com que o dia e a noite tenham a mesma
duração; as épocas em que esse movimento ocorre.
Etimologia (origem da palavra equinócio). Do latim aequinoctium.ii, "dias
iguais".”

O equinócio de outono no Hemisfério Sul, onde está o Brasil, neste ano de 2023
ocorreu no dia 20 de março às 18hs25min.

No Brasil, não é comum a comemoração dos equinócios, mas, entendemos que


seria oportuno escrever, ou melhor dizendo, reescrever6 sobre o tema, com o
objetivo de ressaltar este importante fenômeno da astronomia, haja vista que
o equinócio é definido como o instante em que o Sol, em sua órbita aparente,
cruza o equador celeste.

3
Da Camino, Rizzardo. Dicionário Maçônico. 2ª Edição. Rio de Janeiro: Editora Aurora Ltda.,
1991.
4
Stuckert Filho, Gilberto Lyra. Dicionário Maçônico – Cristão. 1ª Edição. João Pessoa: Ideia
Editora Ltda., 2011.
5
Disponível em:
https://www.dicio.com.br/equinocio/#:~:text=substantivo%20masculino%20Per%C3%ADod
o%20do%20ano,ii%2C%20%22dias%20iguais%22.
6
Em 21 de março de 2021, escrevemos e divulgamos o DIÁLOGO MAÇÔNICO Nº 022 com o
título “Equinócio de Outono – Hemisfério Sul”, agora também disponível em livro impresso:
DIÁLOGOS MAÇÔNICOS – Volume 1. 1ª Edição, Londrina: Editora Maçônica A TROLHA Ltda.,
2022.
No referencial da Terra, o Sol se move ao longo do ano sobre a Eclíptica, que
se estende sobre as treze constelações que formam o Zodíaco incluindo a
constelação de Ofiúco.

O início do outono tanto no Hemisfério Norte do planeta Terra (que em regra,


ocorre no dia 21 de setembro), onde nasceu a Maçonaria, quanto no hemisfério
Sul, representa na astronomia, como dito, o Equinócio (equidistante).

O equinócio de Outono, que é também conhecido por "Ponto Libra", ocorre em


oposição ao equinócio de Primavera, pois as estações do ano são diferentes em
cada hemisfério da Terra. Em outras palavras, quando o Hemisfério Norte está
no equinócio de Outono, no Hemisfério Sul é equinócio de Primavera e vice-
versa.

Esse fenômeno ocorre porque o Sol projeta seus raios perpendicularmente


sobre o equador terrestre, fazendo com que os dias e as noites tenham igual
duração. Sob o ponto de vista da meia-esfera norte do nosso Planeta, o astro
rei aparenta seu deslocamento para o Sul. Logo depois, as noites no setentrião
passam a ser mais longas do que os dias. Esse teatro da Natureza foi base
elementar para os cultos solares da antiguidade.

Sob o ponto de vista do Norte, a Natureza se prepara para completar seu ciclo,
qual seja, morrer para renascer. Essa alegoria é amplamente aplicada sobre a
jornada iniciática na Sublime Ordem. É tempo de reflexão. É tempo de
compreensão. O iniciado ingressa no Sul. E completa a metade da caminhada.
O tempo sinaliza a maturidade e o fenecimento. Logo tu dirás: "essa idade não
me agrada". É outono no Norte. O fruto disponibilizará as sementes. Estas
então, seguindo a Lei do Universo, morrerão para produzir bons frutos. Esta
mesma reflexão vale para o Sul. Portanto, é momento de atenção, quiçá de
meditação, para a evolução com amadurecimento.

O Irmão Pedro Juk nos chama a atenção, na peça de arquitetura “Qual o sentido
da Pascoa para a Maçonaria e para os Maçons?”7, que “as datas e períodos
solsticiais e equinociais sempre estiveram ligados aos procedimentos
maçônicos, sejam eles de conduta operativa, sejam eles de conduta
especulativa. Assim eles permaneceriam mais tarde também na decoração dos
espaços de trabalhos maçônicos – Templos, Lojas, ou Salas das Lojas – de
acordo com os diversos sistemas praticados, seja como um símbolo específico,
seja como uma alegoria iniciática.”

É de conhecimento que a Maçonaria não é uma religião, mas ela é religiosa (nós
devemos sempre buscar nossa ligação com o Divino, representado pelo Grande
ou Supremo Arquiteto do Universo); contudo, é sabido a influência religiosa
sobre os Canteiros Medievais que deram origem à Franco-Maçonaria e depois à
Moderna Maçonaria, com o propósito de estimular o aprimoramento e a

7
Disponível em:
http://iblanchier3.blogspot.com/2022/04/pascoa-o-que-um-macom-deveria-saber.html
evolução principalmente espiritual do Homem, como elemento principal da sua
matéria-prima.

Também é de domínio dos Maçons que a Maçonaria foi constituída de forma


que cada um de seus membros possa seguir, de acordo com o seu livre arbítrio,
a crença que melhor lhe convier ou até não seguir crença alguma, desde que
creia na existência de um Criador do Universo.

É interessante recordar que a Páscoa (do hebraico pesach, pelo grego Páscha,
pelo latim clássico Pascha), na época pré-mosaica era considerada a festa da
primavera dos pastores nômades; a festa anual dos hebreus, transformada em
memorial de sua saída do Egito e para os Cristãos é a festa anual que comemora
a ressurreição de Cristo e é celebrada no primeiro domingo depois da lua cheia
do equinócio de março.

Com a devida licença do leitor deste DIÁLOGO MAÇÔNICO, uma vez mais,
citamos o Irmão Pedro Juk, na mencionada peça de arquitetura, quando ele
afirma: “Em linhas gerais a ‘Ressurreição de Jesus’, ou o triunfo do Espírito
ressuscitado destaca a imortalidade espiritual. Não é por acaso que a festa
pascal obedecendo à tradição dos cultos solares da antiguidade ocorre no
primeiro mês (Nissan) do ano religioso hebraico que coincide com o período
equinocial ou a ‘passagem do Sol’ do hemisfério Sul para o Norte (primavera –
ressurreição da vida – a Natureza revive após o inverno – a passagem do
inverno para a primavera). Assim, a festa cristã é celebrada no primeiro
domingo após o plenilúnio (lua cheia) ocorrido após o dia 21 de março (data do
equinócio de primavera no hemisfério boreal). Dentro desse limite a data pascal
ocorrerá sempre entre 22 de março e 25 de abril.”

A Maçonaria é uma Ordem Solar, que tradicionalmente atua (ou deveria atuar)
na sociedade visando “tornar feliz a humanidade”, razão pela qual não poderia
deixar de se “alimentar” das mais elevadas energias e consciências espirituais
que nos vêm dos planos superiores exatamente nos Solstícios e Equinócios.

Mais ainda, se nosso mister é “tornar feliz a humanidade”, é exatamente na


Deusa Natureza que encontraremos nossa fonte para recarregar as forças. É na
natureza que temos condições de ir ao encontro de Deus em sua forma
Manifesta. É onde Ele está próximo e “tangível”.”

Por fim, salientamos que por ocasião dos Equinócios, assim como dos Solstícios,
há uma redução do distanciamento entre o denominado mundo físico e o plano
espiritual o que gera um facilitamento da conexão entre eles, oportunizando,
no instante em que o Sol, em sua órbita aparente, cruza a Eclíptica, de também
nos conectarmos com uma dimensão espiritual mais elevada. Com certeza
muitos de nós tivemos oportunidade de passar por essa experiência.

Brasília, 26 de março de 2023.

Autor: Irm∴ Marcos A. P. Noronha – Mestre Instalado.

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