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À G\D\G\A\D\U\

A\ R\ L\ S\ “Colunas de Piratininga nº 3780”


Federada ao Grande Oriente do Brasil
Jurisdicionado ao Grande Oriente do Brasil – São Paulo

R\E\A\A\

Solstícios e a Maçonaria

TRABALHO EM ELEVAÇÃO

Kleber de Souza Menezes

CIM 317951

A\ M\

Or∴ de São Paulo, 23 de fevereiro 2020 da E∴ V∴


Solstício é um acontecimento astronômico que ocorre duas vezes ao ano para
anunciar o início do Verão ou do Inverno nos Hemisférios Norte e Sul. A palavra deriva do
Latim “solstitium”, e é composta das palavras “sol” e “strare” e significa “Sol Parado”. É
a época do ano em que o Sol incide com uma maior intensidade em um dos dois
hemisférios.

O solstício corresponde ao momento em que o sol atinge a sua declinação mínima


ou máxima, de acordo com o Hemisfério em questão. No solstício de Verão o Polo Norte
apresenta uma inclinação de 23,5º em direção ao Sol, enquanto no solstício de Inverno o
Polo Norte fica afastado do Sol com uma inclinação de 23,5º.

O solstício ocorre nos meses de junho e dezembro, marcando o início das estações,


que são contrárias em cada hemisfério, ou seja, no mês de junho comemora-se o solstício de
verão no hemisfério norte e o solstício de inverno no hemisfério sul, enquanto em dezembro
comemora-se o solstício de verão no hemisfério sul e o solstício de inverno no hemisfério
norte.

O solstício de verão determina que a duração do dia será mais longa do que a noite,
pois o sol assume sua máxima declinação relativa à Terra e incide perpendicularmente sobre
o Trópico de Capricórnio (Hemisfério Sul) ou o Trópico de Câncer (Hemisfério Norte),
enquanto o solstício de inverno determina que a duração da noite mais longa do que o dia.

Antigamente, as iniciações no hemisfério norte ocorriam durante o solstício de


inverno, pois simbolizava que o neófito estava na escuridão em busca da Luz.

A relação dos solstícios com a Maçonaria dá-se pela proximidade das datas de seus
acontecimentos e comemorações, pois em 21 de junho comemora-se o solstício de inverno,
enquanto dia 21 de dezembro comemora-se o solstício de verão.

Durante o período da Santa Inquisição, que persistiu em investigar e punir os crimes


de heresia, perseguiram em períodos distintos da história judeus e mulçumanos, cujo foco
em particular fora os converter forçosamente em catolicismo, acusando-os de continuarem
praticando suas antigas religiões. Na Idade Média, a igreja temendo a ascensão da
maçonaria junto a sociedade, cujo os motivos não apresentavam nada que realmente
pudesse ser apontado como heresia (ou que colocasse a Ordem em xeque), tendo como
única acusação “manter segredo”, que em sua teoria, não teria como ser algo bom.

Com predominância cristã e preocupados com a imagem da Maçonaria na “Santa


Inquisição”, os maçons aproveitaram-se da feliz coincidência das datas comemorativas de
São João Batista (24/06) e São João Evangelista (27/12) serem próximas dos Solstícios,
para relacionarem a observância deles com os Santos de nome João, e assim, abrandarem a
pressão da igreja, protegendo a instituição e sua observação dos Solstícios da ignorância,
tirania e fanatismo.

Também existe uma influência Romana nos solstícios, ela associa-se ao Deus
Romano Janus, que era bicéfalo, com duas faces simetricamente e opostas, sendo uma das
faces olhando para frente representando o futuro, e a outra olhando para trás representando
o passado, ou seja, o futuro deverá ser construído sob à luz do passado. Seu nome deriva de
Janua, palavra em latim que significa porta, por onde penetra o Sol. É representado com
uma chave em uma das mãos e uma vara na outra, para demonstrar que é o guardião das
portas e preside os caminhos.

Ao analisarmos de forma simbólica, a dualidade de São João Batista e de São João


Evangelista com o Deus romano Janus e suas faces encontram-se num momento de
transição, com o fim de um grande ano cósmico e o começo de um novo, que marca o
nascimento de Jesus, sendo que João Batista anuncia a sua vinda e João Evangelista propaga
a sua palavra. Já a semelhança entre as palavras Janus e Joannes (João, que, em hebraico é
Ieho-hannam e significa graça de Deus) facilitou a troca do Janus pagão pelo João cristão,
com o intuito de extinguir a crença “pagã”, conflitante com o cristianismo.

Na história, temos vários Santos ou Padroeiros de alguma religião ou entidade com


o nome de João, porém em nossa ordem são três vertentes e que divergem-se sobre qual
João aclamamos e invocamos sua proteção na abertura e encerramento de nossos trabalhos.

São João Batista foi chamado de percursor porque preparou o caminho para Jesus
e foi chamado de Batista, pois batizava no rio Jordão. Pregava a renúncia e o
arrependimento. Benemerente, dividia sua comida e suas roupas e teve sua cabeça decepada
por ser fiel aos seus princípios.

São João Evangelista foi um dos doze apóstolos de Jesus Cristo e foi autor de três
importantes livros da Bíblia, sendo eles o Evangelho segundo João, as três epístolas de João
e o livro do Apocalipse. Morador de Betsaida, pescador de profissão, consertava as redes de
pesca e trabalhava com seu irmão Tiago Maior.

Segundo alguns intérpretes, João era o apóstolo mais amado por Jesus, e nutriam
um afeto muito grande, um pelo outro.

A terceira e última vertente trata-se de São João Esmoler ou São João de


Jerusalém, como era conhecido é um santo cristão de família nobre do Chipre, foi Patriarca
de Alexandria e ficou famoso por sua santidade e caridade, dedicando-se a benevolência e
ajuda aos mais necessitados. É o padroeiro da Ordem de São João de Jerusalém que mais
tarde fora convertida na Ordem dos Cavaleiros de Malta.
Conclusão

Existem divergências entre textos e as teorias de quem foi o São João, patrono de
nossa sublime ordem, mas também coincidências e inspirações.

São duas as festas anuais que os Franco Maçons comemoram em honra a São João,
o nosso padroeiro, sendo o dia 24 de junho dedicado a São João Batista enquanto no dia 27
de dezembro dedicado a São João Evangelista e correspondem as datas dos solstícios.

Uma outra ligação de São João Batista com a Maçonaria deve-se a forma como ele
foi morto tendo a garganta degolada a revelar os mistérios, tal e qual como o nosso
juramento.

Embora a Maçonaria transcenda a religião, a primeira Grande Loja, chamada de


Grande Loja de Londres e Westminster foi fundada em 24 de junho de 1717, data em que
se celebra a São João Batista, são realizados eventos como a pose dos Grãos Mestres das
Potencias e dos Veneráveis Mestres e das Lojas, bem como a adoção dos Lowtons ocorrem
no mês de junho.

Ressalto que os Santos protetores da maçonaria não têm um valor religioso, mas
sim, simbólico pois a Maçonaria Universal não é uma religião, e sim uma instituição
eclética que recebe homens livres e de bons costumes, convivendo fraternalmente como
irmãos.

Como maçons não devemos nos guiar por qual São João é o verdadeiro padroeiro da
nossa ordem, mas sim levar a cabo seus ensinamentos e os exemplos de vida de cada um
dos Joãos, buscando sempre o caminho da Luz durante nossa jornada e no desbaste da nossa
Pedra Bruta.

Bibliografia

Castellani, José. Maçonaria e Astrologia – 3ª Ed. Revisada, São Paulo – Ed. Landmark

Camino, Rizzardo da. Breviário Maçônico – 6ª Ed.; São Paulo – Ed. Madras, 2014

Camino, Rizzardo da. Dicionário Maçônico – 3ª Ed.; São Paulo – Ed. Madras, 2010

Camino, Rizzardo da. Lendas Maçônicas – 3ª Ed.; São Paulo – Ed. Aurora, 1985

Alabarce Mathias, Almicar. Aprendiz: O Início da Jornada; São Paulo – Ed. Hercules, 2019

Ritual Escocês Antigo e Aceito – 1º Grau - Apr∴ M∴

Site: Arte Real – Trabalhos Maçônicos

Site: https://www.todamateria.com.br/solsticio/
Site: https://www.significados.com.br/solsticio/

Site: pt.wikipedia.org

Site: https://madras.com.br/blog/wagner/sao-joao-e-tradicao-maconica/

Site: https://www.freemason.pt/secmaconaria/simbolismo/solsticio-e-equinocio-o-significado/

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