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São Paulo, 05 de Agosto de 2020

A/C
Dr. Marcos Fraga Rodrigues
Diretor Jurídico da BOMBRIL
Marcus.rodrigues@bombril.com.br

DISCUSSÕES RELEVANTES

TRIBUTÁRIA

(1) - PIS e COFINS sobre as Receitas Financeiras – inconstitucionalidade da


majoração da alíquota (se aplica inclusive em caso de créditos oriundos de ações
judiciais na parte relativa à Taxa SELIC). Pedido alternativo de direito ao crédito
sobre as despesas financeiras.

A Lei 10865/04 estabeleceu a possibilidade de que o PIS e a COFINS incidissem sobre


receitas financeiras, fixando, inicialmente a alíquota global de 9,25%. Porém, a mesma
Lei 10865/04 outorgou ao Executivo a faculdade de reduzir ou restabelecer tais
alíquotas por meio de Decreto.
Nos anos de 2004 e 2005 foram editados decretos que reduziram a zero as alíquotas
sobre as receitas financeiras. No entanto, em 2015 o Decreto 8426 restabeleceu a
tributação pela alíquota de 4,65%, sendo 0,65 do PIS e 4% da COFINS.

A tese envolvendo esse assunto é no sentido de que, embora a Lei 10865/04 permita o
restabelecimento de alíquotas por meio de Decreto, o art. 150, inciso I da Constituição
Federal determina que somente a lei poderá majorar tributos.

Na mesma linha, são plenamente constitucionais os Decretos que reduziram a zero as


alíquotas do PIS e da COFINS sobre receitas financeiras, pois o art. 150, I da CF
menciona que compete a lei apenas “instituir ou majorar tributo”.
Desta forma, é possível interpretar que o Decreto 8426/15, que restabeleceu as alíquotas
do PIS e da COFINS não cumulativos sobre as receitas financeiras, é inconstitucional
por ofensa ao princípio da estrita legalidade tributária previsto no art. 150, I da CF.
Repercussão geral no RE 986296

Caso não concedida a segurança para não incidir PIS e COFINS, formulamos pedido
alternativo para que seja autorizado o direito a crédito das contribuições sobre as
despesas financeiras incorridas pela empresa desde a edição do decreto 8426/2015.

(2) - Inconstitucionalidade do adicional de 10% sobre o saldo do FGTS (até


dezembro/2019)

A ação judicial visa o afastamento do adicional de 10% do FGTS quando da demissão


de funcionário sem justa causa, conforme previsto no artigo 1º Lei Complementar n.º
110/2001.

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O adicional foi criado pela Lei Complementar 110/2001 para cobrir uma despesa
específica da União: a recomposição, determinada pelo Supremo, das contas vinculadas
ao FGTS atingidas pelos expurgos inflacionários dos Planos Verão e Collor I, rombo
então orçado em R$ 42 bilhões. 

A cobrança é indevida pois sua finalidade já foi atingida em 2007. Prova disso foi o
ofício veiculado pela Caixa Econômica Federal dando conta que a arrecadação da
contribuição está sendo remetida ao Tesouro Nacional, uma vez que as contas do FGTS
já não são mais deficitárias.

Considerando esse cenário , e ainda que as contribuições sociais devem ter destinação
específica, discute-se que esse adicional é inconstitucional desde o momento em que as
contas do FGTS deixaram de ser deficitárias.  
Repercussão geral reconhecida no RE 878313/SC.

(3) - Inconstitucionalidade da cobrança contribuições destinadas a terceiros”

(SENAC, SENAR, SENAT, SEBRAE, SESC, SESCOOP, SEST), INCRA e Salário-


Educação.

A tese se divide em duas frentes:


1 – visa combater a Emenda Constitucional n. 33/2001, que alterou a redação do art.
149 da CF/1988, estabelecendo que as alíquotas das Contribuições de Intervenção no
Domínio Econômico - CIDES, só poderiam ser “ad valorem” (isto é, fixadas em
percentuais) desde que incidissem sobre o faturamento, receita bruta, valor da operação
ou valor aduaneiro.

Nesse sentido, o STF já reconheceu (no passado) que a natureza tributária do SEBRAE
é justamente de CIDE (REXT 635.682). Da mesma forma, o STJ também reconheceu o
INCRA como uma CIDE (RESP 977.058).

Assim, partindo-se da premissa de que as contribuições destinadas ao financiamento do


INCRA e do SEBRAE são, na essência, CIDES, elas não poderiam incidir sobre a folha
de salários, já que esta base de cálculo deixou de ser admitida após a EC 33/2001.

Repercussão - RE 630.898 para o INCRA e RE 603.624 para o SEBRAE), ambas


recebidas com repercussão geral, cujos resultados influenciarão todas as decisões
judiciais sobre a mesma matéria.

2 – Alternativamente, pleiteamos que a base de cálculo para as contribuições destinadas


a terceiros seja limitada a apenas 20 salários mínimos, em cumprimento à Lei n°
6.950/81 (alterada pelo Decreto 2.318/86).

O pedido é fundamentado em recente decisão do STJ, de fevereiro/2020 (doc. anexo),


em que a 1ª Turma julgou (em decisão unânime) que o limite máximo da base de
cálculo para contribuições de terceiros é de 20 salários mínimos.

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Logo, é possível a impetração de um Mandado de Segurança para obter a declaração
incidental de inconstitucionalidade das contribuições destinadas a terceiros e, mais que
isso, (i) o direito de não mais se sujeitar a elas no futuro; (ii) alternativamente, requerer
a limitação da base de cálculo das contribuições para 20 salários mínimos; e (iii) a
restituição/compensação de tudo o quanto se pagou a este título nos últimos 5 anos
anteriores à distribuição da ação, devidamente corrigido pela Selic.

(4) - Inconstitucionalidade da majoração da COFINS Importação em 1% sem o


direito ao respectivo crédito:

A majoração da COFINS-Importação em 1% pela Lei nº 12.715/2012, seria legítima se


não tivesse vedado o direito a crédito.

Mas como a RFB, por meio do conforme Parecer Normativo RFB nº 10/2015, tem
entendido pela vedação, há violação à não cumulatividade do COFINS e acordos
internacionais, como o GATT, na medida em que coloca o produto importado em
situação de grande desvantagem em relação ao nacional.
Repercussão geral reconhecida no RE 559937 RS

(5) - Exclusão do PIS e da COFINS das próprias bases de cálculo

O fundamento da discussão que envolve a exclusão do PIS e da COFINS das próprias


bases de cálculo (receita bruta) é, resumidamente, a inconstitucionalidade da incidência
de contribuições sobre valores que não representam faturamento.

A esse respeito, o Supremo Tribunal Federal decidiu que o valor de impostos


repassados ao contribuinte não pode ser contabilizado como faturamento e, por isso, não
deve servir de base de cálculo para esse tipo de tributo. A tese foi definida quando o
Supremo declarou inconstitucional a inclusão do ICMS na base de cálculo do PIS e da
COFINS (RE 574.706 – repercussão geral). Naquela oportunidade, o Supremo definiu
que a o ICMS não poderia integrar a base de cálculo do PIS e da COFINS por
representar mero ônus fiscal a cargo do contribuinte, sendo, por essa razão, receita de
terceiros, desconexa de quaisquer reflexos obtidos na receita auferida com a venda ou
prestação de serviços, ou mesmo com sua receita bruta.

No mesmo sentido, se é verdade que o ICMS não deve compor a base de cálculo do PIS
e da COFINS, o ordenamento jurídico vigente também vedaria que qualquer
importância tida como “entrada” na contabilidade induzisse a existência de receita
tributável. Em outras palavras, o PIS e a COFINS, por não representarem acréscimos
patrimoniais, não seriam uma variação positiva do patrimônio da empresa, já que o
contribuinte não fatura contribuições, mas apenas as repassa a União.
Repercussão geral reconhecida no RE 1233096

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(6) - Não incidência de IRPJ e CSLL sobre a atualização da Taxa Selic incidente
sobre créditos tributários reconhecidos em ações judiciais.

Há muito doutrina e jurisprudência sedimentaram entendimento de que as indenizações


não estão sujeitas à incidência do IRPJ (art. 153, III, da CF/88) e, consequentemente da
CSLL (art. 195, I, “c”, da CF/88), posto que, tendo por finalidade a reparação de uma
perda, elas não implicam num acréscimo patrimonial, mas na sua recomposição.

E isto é exatamente o que ocorre com os juros de mora que no caso da restituição do
indébito possuem natureza própria de verba indenizatória, posto que têm por finalidade
a compensação das perdas sofridas em virtude da mora do devedor (dano emergente).

O mesmo pode ser dito com relação à correção monetária que visa tão-somente a
recomposição do valor da moeda.

Todavia, a Receita Federal do Brasil tem exigido o pagamento de IRPJ e CSLL sobre a
taxa SELIC (que possui natureza híbrida de correção monetária e juros de mora) quando
da restituição do indébito tributário, em que pese ela não possua qualquer conotação de
riqueza nova (acréscimo patrimonial), ensejando verdadeiro locupletamento indevido
pela União Federal, pois permite que esta se beneficie da própria desídia (resistência à
devolução dos tributos sabidamente indevidos).

Levada a controvérsia ao Supremo Tribunal Federal, a matéria teve a repercussão geral


reconhecida no RE nº 1.063.187/SC, o qual encontra-se pendente de julgamento:

“RECURSO EXTRAORDINÁRIO. REPERCUSSÃO GERAL. TRIBUTÁRIO. IRPJ.


CSLL. JUROS DE MORA. TAXA SELIC. REPETIÇÃO DO INDÉBITO.
DECLARAÇÃO DE INCONSTITUCIONALIDADE DE LEI FEDERAL POR
TRIBUNAL REGIONAL FEDERAL.
A interposição do recurso extraordinário com fundamento no art. 102, III, b, da
Constituição Federal, em razão do reconhecimento da inconstitucionalidade do art. 3º,
§ 1º, da Lei nº 7.713/1988, do art. 17 do Decreto-Lei nº 1.598/1977 e do art. 43, II, §
1º, do CTN por tribunal regional federal constitui circunstância nova suficiente para
justificar, agora, seu caráter constitucional e o reconhecimento da repercussão geral
da matéria relativa a incidência do imposto de renda das pessoas jurídicas (IRPJ) e da
contribuição social sobre o lucro líquido (CSLL) sobre a taxa SELIC na repetição do
indébito.”

(7) - Momento da tributação pelo IRPJ, CSLL, PIS e COFINS sobre os créditos
reconhecidos em ações judiciais de repetição do indébito ou mandado de
segurança. Afastamento da tributação no trânsito em julgado

Empresas que obtiveram decisões judiciais que reconheceram indébitos tributários OU


o direito à recuperação dos valores pagos indevidamente por meio de compensação
precisam agora enfrentar um dilema sobre o momento da ocorrência do fato gerador
do IRPJ, CSLL, PIS e COFINS incidentes sobre o indébito reconhecido e ou pago
nessa ação.

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O indébito tributário que retorna ao caixa das pessoas jurídicas optantes pelo regime
do lucro real está sujeito à incidência de IRPJ e CSLL e, consequentemente do PIS e da
COFINS incidentes sobre a Taxa Selic aplicada sobre o indébito. E o motivo é
relativamente simples: se os tributos em geral, por expressa autorização legal, já foram
deduzidos da apuração do lucro real nos respectivos períodos de competência, os
valores que reingressam ao patrimônio dos contribuintes na forma de restituição ou
compensação obviamente devem ser oferecidos à tributação de IRPJ e CSLL, de modo a
evitar o benefício em duplicidade.

Além disso, no que se refere ao PIS e COFINS, sabemos que, embora o indébito, em si,
não seja tributado, a parcela referente à Taxa Selic será, inevitavelmente, tributada
como “receita financeira” pela alíquota global de 4,65%, nos termos do Decreto nº
8.426/2015.

Ocorre que o Ato Declaratório Interpretativo SRF n. 25/2003 indica que o fato gerador
dos tributos incidentes sobre o indébito tributário ocorre na data do trânsito em
julgado da respectiva decisão judicial que o reconheceu em caráter terminativo,
sob o argumento de que é neste momento que o contribuinte adquire a disponibilidade
jurídica sobre a nova renda, ainda que, eventualmente, ela ainda não esteja quantificada.

No entanto, o simples trânsito em julgado da decisão judicial que reconheceu o seu


direito ao indébito, não lhe traz a disponibilidade jurídica e muito menos econômica
sobre a renda a ser reincorporada ao seu patrimônio, seja porque esta mesma renda,
embora protegida pela coisa julgada material, ainda não reúne os atributos mínimos de
certeza e liquidez necessários para sofrerem o impacto do IRPJ, CSLL, PIS e COFINS.

Com base neste entendimento, e em estrito respeito ao princípio da contabilidade do


reconhecimento das receitas pelo regime de competência, os contribuintes buscam no
Judiciário amparo para oferecer esses valores à tributação somente quando se verificar a
disponibilidade jurídica e econômica sobre tais valores, qual seja, no momento da
habilitação do crédito perante a Receita Federal ou, dependendo do caso, a cada
compensação.

(8) - Revisão de Parcelamentos Federais, Estaduais e Municipais

Recorrentemente a Receita Federal, Procuradoria da Fazenda Nacional e Fazendas


Estaduais e Municipais incorrem em erros nos cálculos para a consolidação de
parcelamentos, especialmente naqueles que foram objeto de migração. Essa situação
pode ser verificada em qualquer modalidade de parcelamento (simplificado, ordinário
ou especial) e normalmente os erros são de duas ordens:

1) erro ou falta de abatimento das parcelas pagas nos parcelamentos anteriores nos
respectivos saldos residuais. Ou seja, o transporte do saldo residual deste
parcelamento está maior do que deveria;
2)  capitalização dos juros nas migrações, isto é, cobrança de juros sobre juros.

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No âmbito estadual e municipal, o trabalho de revisão dos parcelamentos pode ser
aplicado seja em caso de migração, seja em caso de primeira adesão, pois os erros da
Fazenda do Estado resumem-se à cobrança indevida de juros e acréscimos financeiros.

Considerando essas incorreções no cálculo, nosso trabalho cinge-se na recomposição


dos valores dos débitos consolidados desde o primeiro parcelamento em que foi inserido
o que poderá resultar tanto na redução ou liquidação de eventual saldo de parcelamento
existente, como na apuração de que além de já haver liquidado os débitos, a empresa
ainda possui um crédito a ser recuperado perante a União.

Por isso é recomendável que os contribuintes que possuam parcelamentos estaduais ou


parcelamentos federais em que houve migração de uma para outra modalidade, realizem
esse trabalho de revisão dos saldos consolidados, especialmente considerando-se que é
muito comum haver cobranças à maior.

(9) - Revisão do IPTU

É comum que os valores lançados nos carnês do IPTU e das Taxas de Conservação e
Limpeza e de Combate a Sinistros exijam valores indevidamente majorados em razão de
distorções na base de cálculo do imposto no momento do enquadramento do imóvel nos
critérios previstos na legislação.

Isso porque o valor venal do IPTU é calculado pela Municipalidade de acordo com o
tipo e padrão de construção do imóvel, data da edificação e fator de obsolescência,
critérios estes que uma vez indevidamente classificados vem gerando a cobrança
indevida do imposto pela Municipalidade.

Os casos mais comuns de cobranças indevidas advém de erro no valor do metro


quadrado da construção, calculado de acordo com o tipo-padrão do imóvel, e na
determinação de seu fator obsolescência.

Por exemplo, erro na classificação de um imóvel que possui instalações construtivas


simples como se fosse um imóvel de instalações altamente sofisticadas. Ou seja, o
enquadramento do imóvel em determinado “tipo-padrão” sofisticado eleva
sobremaneira o valor do metro quadrado da construção e, consequentemente, o valor do
IPTU.

Outro exemplo muito comum é o erro na determinação do fator obsolescência do


imóvel. Segundo esse critério, quanto mais antiga a construção, menor deve ser seu
fator de obsolescência. Nesse sentido, é comum que imóveis antigos sejam classificados
fatores de obsolescência superiores ao devido, sem a devida análise da idade e
destinação do imóvel, o que, por consequência, também gera distorções no cálculo do
IPTU.

Desta forma, lastreado em laudo pericial que aponte as irregularidades nos lançamentos,
é possível o ajuizamento de medida judicial a fim de obter o correto enquadramento do

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IPTU lançado (base esta que será utilizada para os anos posteriores), bem como a
repetição dos valores pagos a maior nos últimos 5 anos.

(10) - Ilegalidade das Taxas de Juros e Mora Previstas em Programas de


Parcelamento Especiais do ICM/ICMS em São Paulo

A da ilegalidade da taxa de juros de mora do art. 96 da Lei nº 6.374/89 (com alterações


da Lei estadual nº 13.918/2009), já declarada inconstitucional pelo STF em sede de
repercussão geral (ARE nº 1.216.078/SP – Tema nº 1.062), as taxas de juros de mora
previstas pelos Programas Especiais de Parcelamento (PEP-ICMS) do Estado de São
Paulo também podem ser questionadas judicialmente.
 
A título de exemplo, o Convênio CONFAZ nº 152/2019, que autorizou o Estado de São
Paulo a instituir o PEP-ICMS no ano passado, além de autorizar a redução do montante
dos juros de mora já apurado (60% ou 40%, a depender da modalidade escolhida),
estabeleceu que, após a adesão pelo contribuinte, os percentuais de atualização
incidentes sobre o valor consolidado do débito serão calculados nos seguintes termos:
 
“§ 1º Para fins do disposto no inciso II, serão aplicados os juros mensais de até:
I - 0,64% (sessenta e quatro centésimos por cento) para liquidação em até 12 (doze)
parcelas;
II - 0,80% (oitenta centésimos por cento) para liquidação de 13 (treze) a 30 (trinta)
parcelas;
III - 1,00% (um por cento) para liquidação de 31 (trinta e uma) a 60 (sessenta)
parcelas.
 
Neste sentido, à semelhança do que ocorre com a taxa de juros utilizada antes da
adesão, que já foi objeto de questionamento pela BOMBRIL, o referido acréscimo
também está sujeito ao art. 24, inciso I, da CF/88, sendo indevida sua fixação acima do
limite máximo da SELIC, conforme já teve oportunidade de se manifestar o Órgão
Especial do E. TJSP, quando do julgamento da Arguição de Inconstitucionalidade nº
0016136-82.2017.8.26.0000, verbis:
 
“Arguição de Inconstitucionalidade. Análise do art. 100, da Lei Estadual nº 6.374/89
(ICMS), com redação que lhe foi empregada pela Lei nº 13.918/09. Encargos
financeiros aplicáveis em regime de parcelamento de débito. Matéria de competência
concorrente suplementar do Estado (acréscimos financeiros incidentes sobre créditos
tributários). Impossibilidade de se estabelecer índices e taxas superiores aos fixados
pela União na cobrança de seus próprios créditos. Taxa referencial SELIC (Sistema
Especial de Liquidação e de Custódia) traduz o patamar máximo a ser adotado pelos
índices estaduais. Precedentes deste colegiado no mesmo sentido. Exigência de
acréscimos financeiros às parcelas em patamar “sempre superior ao praticado no
mercado” (§3º e §7º). Impossibilidade. Onerosidade excessiva. Inobservância aos
princípios da razoabilidade, proporcionalidade e do não confisco. (arts. 5º, LIV, e 150,
IV, da CF, e art. 111, da CE). Valores fixados por ato do Secretário da Fazenda.
Simples aplicação da expertise para modular os valores de acréscimo mais
apropriados ao parcelamento. Ato limitado ao parâmetro estabelecido pela União.

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Arguição procedente para declarar a inconstitucionalidade da expressão “sempre
superior ao praticado no mercado” dos §§ 3º e 7º, ambos do art. 100 da Lei Estadual
nº 6.374/89.”
 
Como visto, em qualquer hipótese (antes ou após a adesão), as taxas estipuladas pelo
Estado de São Paulo não podem ser superiores à taxa SELIC (atualmente na faixa
mensal de ~0,2%), utilizada pela União Federal para atualização dos seus débitos, o que
justifica a adoção da medida judicial.
 
No mais, caso exista parcelamento especial em curso, entendemos que o
questionamento judicial não implica na exclusão do contribuinte, conforme já decidiu o
STJ em sede de recurso repetitivo:
 
“PROCESSUAL CIVIL. TRIBUTÁRIO. Recurso Especial representativo de
controvérsia (art. 543-C, §1º, do CPC). AUTO DE INFRAÇÃO LAVRADO COM BASE
EM DECLARAÇÃO EMITIDA COM ERRO DE FATO NOTICIADO AO FISCO E NÃO
CORRIGIDO. VÍCIO QUE MACULA A POSTERIOR CONFISSÃO DE DÉBITOS
PARA EFEITO DE PARCELAMENTO. POSSIBILIDADE DE REVISÃO JUDICIAL.
1. A Administração Tributária tem o poder/dever de revisar de ofício o lançamento
quando se comprove erro de fato quanto a qualquer elemento definido na legislação
tributária como sendo de declaração obrigatória (art. 145, III, c/c art. 149, IV, do
CTN).
2. A este poder/dever corresponde o direito do contribuinte de retificar e ver retificada
pelo Fisco a informação fornecida com erro de fato, quando dessa retificação resultar
a redução do tributo devido.
3. Caso em que a Administração Tributária Municipal, ao invés de corrigir o erro de
ofício, ou a pedido do administrado, como era o seu dever, optou pela lavratura de
cinco autos de infração eivados de nulidade, o que forçou o contribuinte a confessar o
débito e pedir parcelamento diante da necessidade premente de obtenção de certidão
negativa.
4. Situação em que o vício contido nos autos de infração (erro de fato) foi transportado
para a confissão de débitos feita por ocasião do pedido de parcelamento, ocasionando
a invalidade da confissão.
5. A confissão da dívida não inibe o questionamento judicial da obrigação tributária,
no que se refere aos seus aspectos jurídicos. Quanto aos aspectos fáticos sobre os
quais incide a norma tributária, a regra é que não se pode rever judicialmente a
confissão de dívida efetuada com o escopo de obter parcelamento de débitos
tributários. No entanto, como na situação presente, a matéria de fato constante de
confissão de dívida pode ser invalidada quando ocorre defeito causador de nulidade
do ato jurídico (v.g. erro, dolo, simulação e fraude). Precedentes: REsp. n.
927.097/RS, Primeira Turma, Rel. Min. Teori Albino Zavascki, julgado em 8.5.2007;
REsp 948.094/PE, Rel. Min. Teori Albino Zavascki, Primeira Turma, julgado em
06/09/2007; REsp 947.233/RJ, Rel. Min. Luiz Fux, Primeira Turma, julgado em
23/06/2009; REsp 1.074.186/RS, Rel. Min. Denise Arruda, Primeira Turma, julgado em
17/11/2009; REsp 1.065.940/SP, Rel. Min. Francisco Falcão, Primeira Turma, julgado
em 18/09/2008.

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6. Divirjo do relator para negar provimento ao recurso especial. Acórdão submetido ao
regime do art. 543-C, do CPC, e da Resolução STJ n. 8/2008.” (STJ, REsp nº
1.133.027/SP, Primeira Seção, Rel. Min. LUIZ FUX, DJe 16.03.2011)
 
(11) - Exclusão do ICMS-ST para Produtos de Limpeza no Estado de São Paulo

Estruturação técnico-jurídica e de relações governamentais com as autoridades do


Estado de São Paulo, para retomada do pleito de exclusão de itens do regime da
substituição tributária do ICMS, constantes do Art. 313-L, do RICMS/SP (Decreto nº
45.490/00) e da Portaria CAT nº 84, de 27 de dezembro de 2019, a exemplo da adoção
de outras Unidades da Federação (Goiás e Santa Catarina).

(12) - Isonomia Tributária de IPI – Esponja Sintética e de Aço

Estruturação técnico-jurídica e de relações governamentais junto à Receita Federal do


Brasil, para apresentação de pleito, visando equiparação da tributação de esponjas
sintéticas (10%) em relação às esponjas de aço (5%), como forma de medida isonômica
para os produtos fabricados pela empresa (TIPI – NCM 7323).
(20) –

COMEX

(13) - Gastos com Capatazia

As duas Turmas do STJ decidiram que os gastos computados com a capatazia


desrespeitam os limites impostos pelo acordo de valoração e legislação aduaneira, 
tendo em vista que tais procedimentos ocorrem apenas após a chegada da
embarcação, ou seja, após a chegada das mercadorias ao porto alfandegado (REsp
1239625 julgado pela Primeira Turma e REsp’s 1.434.650 e 1626971 julgados pela
Segunda Turma).

O trabalho portuário de capatazia trata da movimentação de mercadorias nas instalações


dentro do porto, compreendendo o recebimento, conferência, transporte interno,
abertura de volumes para a conferência aduaneira, manipulação, arrumação e entrega,
bem como o carregamento e descarga de embarcações, quando efetuados por
aparelhamento portuário. A RFB possui legislação que obriga a inclusão de tal despesa
no valor aduaneiro.

Sob este aspecto, o Acordo de Valoração Aduaneira (GATT) e o Regulamento


Aduaneiro são claros no sentido de que podem ser computadas somente as despesas
até o local de importação, excluindo-se aquelas ocorridas entre a chegada da
mercadoria no porto brasileiro e o seu efetivo desembaraço aduaneiro.

Desta forma, a Corte Superior concluiu que a Instrução Normativa 327/03 da Secretaria
da Receita Federal do Brasil, ao permitir a inclusão dos gastos com descarga da
mercadoria do veículo de transporte internacional no território nacional no valor
aduaneiro, desrespeita os diplomas legais supracitados.

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Diante desses precedentes favoráveis, recomenda-se que os importadores proponham
medida judicial requerendo a restituição dos valores pagos nos últimos cinco anos a
título de taxa de capatazia, bem como a redução da base de cálculo do Imposto de
Importação (com a exclusão da taxa de capatazia) para as operações futuras.

Vale destacar que a economia também abrange os demais tributos incidentes na


importação.

(14) - Taxa Siscomex

No âmbito do Supremo Tribunal Federal e Tribunais Regionais Federais, existem


precedentes que consideram inconstitucional o reajuste da Taxa Siscomex nos
moldes trazidos pela Portaria MF n° 257/2011.
A Taxa Siscomex foi criada objetivando a cobertura dos custos do sistema, com valores
fixos, à época, de R$ 30,00 por Declaração de Importação e de R$ 10,00 para cada
adição de mercadorias à Declaração de Importação.

Com o advento da referida Portaria, a taxa por Declaração de Importação foi majorada
para R$ 185,00. A adição de mercadorias à Declaração de Importação, por sua vez, foi
majorada R$ 29,50, o que representa um aumento de mais de 500% por Declaração de
Importação e mais de 400% no valor total da Taxa no caso de até duas adições.

Devido à ausência de comprovação da variação dos custos de operação e investimentos


no Siscomex, verificou-se que o aumento não observou os critérios legais necessários
para sua validade, sendo considerado inconstitucional por alguns Tribunais.

Recomenda-se, portanto, que os importadores proponham medida judicial requerendo o


afastamento da majoração da Taxa nos moldes ora mencionados, bem como a
restituição dos valores indevidamente pagos a maior nos últimos 5 (cinco) anos.

Nessa lógica, é o entendimento no âmbito do STF e Tribunal Regional Federal da 4ª


Região:
Decisões judiciais: STF, RE 1.095.001 – SC, TRF4 APELAÇÃO CIVEL n° 5023254-
21.2017.4.04.7000

ENERGIA ELÉTRICA

(15) - Exclusão de algumas parcelas que compõem a CDE

A Conta de Desenvolvimento Energético - CDE exerce dois papéis no setor de energia


elétrica:

 fundo setorial para cobrir determinadas despesas do setor


 encargo cobrado dos consumidores e incorporado na Tarifa de Uso de Sistema
de Distribuição - TUSD.

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Em decorrência de diversas determinações legislativas, a ANEEL definiu que o custo da
CDE de 2015 de R$ 22 bilhões seria suportado pelos consumidores (orçamento total de
aproximadamente R$ 25 bilhões) - Resolução Normativa nº 650/2015 e Resolução
Homologatória nº 1.857/2015.

Ao analisar a composição da CDE, os consumidores observaram algumas ilegalidades,


dentre elas:
(a) deslocamento de custos nos ambientes de contratação (Ambiente de Contratação
Livre - ACL e Ambiente de Contratação Regulada - ACR) – o que descumpre os
preceitos legais da Lei nº 10.848/2004;

(b) transferência dos valores de políticas públicas (cuja obrigação é exclusiva do


Governo Federal), para os consumidores; e

(c) desrespeito ao Princípio da Reserva Legal, pois a alteração do encargo CDE não
poderia ocorrer por meio de decreto, dar-se-á exclusivamente por lei, por respeito ao art.
37 da CF, sob pena de inconstitucionalidade da cobrança.

Em decorrência dessas ilegalidades, algumas associações e consumidores ajuizaram


medidas judiciais e obtiveram decisões favoráveis para excluir algumas parcelas que
compõem a CDE.

A ANEEL ao dar cumprimento às decisões judiciais: (i) excluiu alguns dos custos da
CDE ao calcular o encargo suportado pelos consumidores amparados pelas decisões
judiciais, e (ii) transferiu o ônus financeiro para os demais consumidores.

A medida judicial a ser proposta possibilitará (a) a exclusão de algumas parcelas que
compõem a CDE, e (b) afastar o ônus financeiro de outras decisões judiciais.
Decisões judiciais nos processos: (Seção Judiciária do Distrito Federal – Processo nº
0006370-53.2016.4.01.3400); 2ª Vara Federal da Seção Judiciária do Distrito Federal 
- Processo nº 24648-39.2015.4.01.3400)
 

(16) - Incidência do ICMS na Tarifa de Energia

A tese está amparada na legislação vigente e em jurisprudência do Superior Tribunal de


Justiça – STJ, e possui diversos precedentes favoráveis, principalmente em São Paulo. 

Segundo a Lei Complementar nº 87/1996 a incidência do ICMS está limitada a parcela


de energia elétrica. Pois bem, em consonância com tal posicionamento, o STJ firmou o
entendimento de que a incidência do ICMS está limitada à parcela de energia elétrica,
conforme decisão a seguir:

 “É firme a Jurisprudência desta Corte de Justiça no sentido de que não incide ICMS
sobre as tarifas de uso do sistema de distribuição de energia elétrica, já que o fato
gerador do imposto é a saída da mercadoria, ou seja, no momento em que a energia
elétrica é efetivamente consumida pelo contribuinte, circunstância não consolidada na

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fase de distribuição e transmissão. Incidência da Súmula 166 do STJ. Precedentes
jurisprudenciais.” (STJ, Segunda Turma, AgRg no REsp  1.075.223-MG, j. 04.06.2013,
Rel. a Min. ELIANA CALMON)
 
Atualmente, a matéria é objeto de incidentes processuais que visam uniformizar a
jurisprudência nos diversos tribunais do país, incluindo o TJ/SP e o STJ. Desta forma,
as ações judiciais que versam sobre o tema ficam suspensas até que os Tribunais se
manifestem, de maneira conclusiva, a respeito do entendimento que deve ser adotado de
forma uniforme.
Porém, a suspensão não impede o ajuizamento da ação para a obtenção de tutela de
urgência com o objetivo de excluir provisoriamente a TUSD e TE da base de cálculo do
ICMS-energia.

(17) - REINTEGRA

O Governo Federal reduziu alíquota para aproveitamento dos créditos no âmbito do


REINTEGRA de 2% para 0,1%.

A medida, que foi instituída pelo Decreto nº 9.393/2018, passou a valer a partir de 1º de
junho de 2018, ainda sem prazo definido para se restabelecer o percentual anterior.

Com isso, os exportadores perdem um importante benefício para a promoção de seus


produtos no exterior, já que o REINTEGRA permite a recuperação de parte da carga
tributária incidente na cadeia de produção dos bens exportados, com base na apuração
de crédito sobre as receitas de exportação, em percentuais definidos pelo Governo.

De antemão, informamos que há fundamentos jurídicos para se questionar a validade da


medida, uma vez que, segundo orientações do STF, a restrição de benefícios fiscais
pode constituir majoração indireta de tributos e, assim, deve respeitar o princípio da
anterioridade, de modo que o Decreto nº 9.393/2018 não poderia surtir efeitos logo após
sua publicação.

Além disso, é importante mencionar que outros princípios podem ter sido violados na
edição do Decreto nº 9.393/2018, tais como a irretroatividade da lei e, em especial, a
segurança jurídica, afinal a alíquota de 2% dantes prevista teria vigência até o final de
2018, de modo que a redução imediata do benefício do REINTEGRA frustra as
expectativas dos exportadores e pode afetar as condições comerciais já negociadas com
os clientes estrangeiros.

Assim, orientamos as empresas a avaliarem os impactos da redução do REINTEGRA


nas suas exportações e a viabilidade de ajuizar medida judicial para reverter de imediato
a alíquota para 2%.

(20) - GÁS

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1 - Análise de contratos de fornecimento de gás, a fim de verificar a possibilidade de
obter-se alguma economia quando de sua renegociação. Esse trabalho é feito com base
apenas no êxito, cobrando-se um percentual sobre o benefício eventualmente apontado.

2 – Novo mercado de gás: assessoria jurídica às empresas que tenham interesse em


entender o mercado de gás que está se abrindo com a desestatização da participação
acionária da Petrobrás na distribuição do gás natural.

O conhecimento desse novo mercado é de grande relevância, para que a indústria possa
adquirir o gás com custo menor e em melhores condições contratuais.

Permanecemos à inteira disposição.

Atenciosamente,

HONDA, Teixeira, Araújo, Rocha


Advogados

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