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Análise e mensuração de estoques. Apresentação dos sistemas de custeio por absorção, custeio
variável e custeio baseado em atividades (ABC).
PROPÓSITO
Compreender conceitos relacionados à mensuração dos estoques, bem como conhecer os
principais sistemas de custeio utilizados na Contabilidade Gerencial e sua aplicação no dia a dia
das empresas.
OBJETIVOS
MÓDULO 1
Aplicar conceitos relacionados à mensuração de estoques na resolução de problemas
MÓDULO 2
Calcular os custos de uma produção utilizando os sistemas de custeio por absorção e de custeio
variável
MÓDULO 3
Calcular os custos de uma produção utilizando o sistema de custeio baseado em atividades (ABC)
INTRODUÇÃO
Neste tema, veremos como os estoques podem ser mensurados e controlados. Conheceremos
também os principais sistemas de custeio utilizados pela Contabilidade Gerencial: custeio por
absorção, custeio variável ou direto e custeio baseado em atividades ‒ Activity Based Cost (ABC).
Tais conhecimentos são fundamentais para a tomada de decisão de uma empresa em relação aos
seus estoques, tanto de matéria-prima quanto do produto ou da mercadoria comercializada.
MÓDULO 1
na resolução de problemas
CONCEITO DE ESTOQUES
Estoques são ativos que podem estar nas seguintes fases de produção:
FORMA DE MATERIAIS OU SUPRIMENTOS A SEREM
CONSUMIDOS OU TRANSFORMADOS NO PROCESSO DE
PRODUÇÃO OU NA PRESTAÇÃO DE SERVIÇOS
São os estoques de materiais ou matéria-prima adquiridos pela empresa que ainda não sofreram
qualquer transformação decorrente de seu processo produtivo. Foram simplesmente adquiridos e
estocados.
A manutenção de estoques pelas empresas é de extrema importância, pois, por meio deles, é
possível:
DICA
No entanto, manter um estoque muito grande não é sempre recomendado. Além dos custos para a
manutenção desse estoque, há risco de deterioração e, dependendo do tipo de matéria-prima, de
desvalorização tecnológica, por exemplo.
MENSURAÇÃO DO ESTOQUE
De acordo com a Contabilidade Financeira, que segue a norma NBC TG 16 – Estoques, os
estoques devem ser mensurados pelo valor de custo ou pelo valor realizável líquido, dos dois o
menor.
No entanto, para fins de Contabilidade Gerencial, a empresa pode optar por mensurar seu estoque
da forma que achar mais relevante na condução de seus negócios e para seu processo de tomada
de decisão.
Não é obrigatória a utilização dessa norma, apesar de muitas empresas optarem por utilizar o
mesmo normativo para a Contabilidade Gerencial.
O valor de custo dos estoques deve incluir todos os custos de aquisição e de transformação,
bem como outros custos incorridos para trazer os estoques à sua condição e localização atuais.
Já o valor realizável líquido é o preço de venda estimado no mercado, líquido dos custos para
sua conclusão e dos gastos estimados para a realização de sua venda. Em outras palavras, trata-
se do quanto a empresa efetivamente espera realizar quando da venda daquele estoque.
Lembre-se que, como existem três tipos de estoque (matéria-prima, produtos em processo e
produtos acabados), devem ser considerados os custos necessários para finalizar os estoques,
como se todos estivessem prontos para a venda.
Preço de compra;
A alocação de custos indiretos fixos às unidades produzidas deve ser baseada na capacidade
normal de produção. Caso tenha períodos de férias coletivas ou elevada sazonalidade, a
empresa deve ratear seus custos fixos ao longo do ano, considerando a produção média.
Como consequência, o valor do custo indireto fixo alocado a cada unidade produzida não pode
ser aumentado por causa de um baixo volume de produção ou ociosidade.
Os custos fixos não alocados aos produtos devem ser reconhecidos diretamente como
despesa no período em que são incorridos.
Os custos indiretos de produção variáveis devem ser alocados a cada unidade produzida com
base no uso real dos insumos variáveis de produção, ou seja, na capacidade real utilizada.
Já os seguintes itens devem ser reconhecidos como despesa do período em que são incorridos:
PRODUÇÃO MÉDIA
Fonte: / Shutterstock
Gastos com armazenamento, a menos que sejam necessários ao processo produtivo entre
uma e outra fase de produção (neste caso, devem ser reconhecidos como custo do processo
produtivo), como, por exemplo, câmaras frigoríficas para armazenamento de estoques
perecíveis;
Despesas administrativas que não contribuem para trazer o estoque a seu local e sua
condição atuais;
ATENÇÃO
Da mesma forma, a utilização ou não desse critério para fins de Contabilidade Gerencial é uma
escolha da administração. É ela que deve considerar esse custo como parte integrante de seu
estoque para fins de tomada de decisão ou não.
ATIVO QUALIFICÁVEL
Aquele que, necessariamente, demanda um período substancial para ficar pronto para uso ou
venda pretendidos. Exemplos: avião, navio etc.
Tal regra é aplicável à Contabilidade Financeira, que deve, obrigatoriamente, para fins de reporte
de demonstrações financeiras, aplicar um desses critérios de mensuração de estoques.
Além disso, a entidade deve usar o mesmo critério de custeio para todos os estoques que tenham
natureza e uso semelhantes. Para os estoques que tenham outra natureza ou uso, podem
justificar-se diferentes critérios de valoração. Da mesma forma, essa regra é aplicável para fins de
reporte de demonstrações financeiras (Contabilidade Financeira).
Já para fins de Contabilidade Gerencial, o custo dos estoques pode ser mensurado utilizando um
dos três critérios a seguir.
O custo é mensurado pelos preços mais antigos, permanecendo os adquiridos mais recentemente
em estoque.
Assim, se considerarmos uma economia com preços crescentes, levaremos para a produção a
matéria-prima com os preços mais antigos (mais baixos) e manteremos no estoque de matéria-
prima as aquisições com preços mais recentes (mais altos).
Dessa forma, o custo da produção fica menor comparado ao custo do estoque da matéria-prima. O
resultado apurado vai ser maior (visto que o custo é menor), e o valor do ativo fica maior se
compararmos com o critério Último a Entrar, Primeiro a Sair (UEPS) – Last-In, First-Out (LIFO) –,
que veremos mais adiante.
EXEMPLO
Uma empresa apresentou, no fim de determinado período, um saldo final de matéria-prima de 400
litros, adquiridos a R$1,20 o litro. No período exatamente subsequente, ocorreram as seguintes
movimentações:
VERIFICAR
Valor
PEPS Quantidade Valor total
unitário
Dia 6 -
300 $1,40 $420,00
aquisição
Dia 10 -
150 $1,50 $225,00
aquisição
Dia 15 -
240 $1,80 $432,00
aquisição
50 $1,20 $60,00
De forma contrária ao PEPS, se considerarmos uma economia com preços crescentes, levaremos
para a produção a matéria-prima com os preços mais recentes (mais altos) e manteremos no
estoque de matéria-prima as aquisições com preços mais antigos (mais baixos).
Dessa forma, o custo da produção fica maior comparado ao custo do estoque da matéria-prima. O
resultado apurado vai ser menor (visto que o custo é maior), e o valor do ativo fica menor se
compararmos com o PEPS.
EXEMPLO
Uma empresa tinha o seguinte estoque inicial: 125 unidades com o valor total de $1.585,00.
VERIFICAR
UEPS Quantidade Valor unitário Valor total
Móvel
Que considera o preço ou custo médio do material em estoque com controle constante.
Fixo
Que considera o preço ou custo médio do material em estoque com controle ao final do exercício.
DICA
A legislação brasileira apenas aceita o último método (preço ou custo médio ponderado fixo), caso
seja mensurado com base em compras de um período menor do que a rotação do estoque. Caso
contrário, não é aceito.
No caso do preço ou custo médio ponderado, se considerarmos uma economia com preços
crescentes, levaremos para a produção a matéria-prima com os preços médios e manteremos no
estoque de matéria-prima as aquisições com preços iguais (médios).
Assim, o custo da produção fica equiparado ao custo do estoque da matéria-prima. Notem que ele
não fica igual, mas fica mais equilibrado do que no UEPS e no PEPS.
EXEMPLO
Uma indústria apresentou a seguinte movimentação de matéria-prima no mês de janeiro:
Dia 7 = pago frete para transporte da matéria-prima até a fábrica por R$6.000,00;
A indústria utiliza o método do preço ou custo médio ponderado móvel para avaliar seu estoque.
VERIFICAR
Segundo o método do preço ou custo médio ponderado móvel, a cada movimentação do estoque
devemos calcular o custo que permanece nele da seguinte forma:
Valor
CMPM Quantidade Valor total
unitário
Estoque
5.000 $5,00 $25.000
inicial
Valor
CMPM Quantidade Valor total
unitário
Dia 7 -
20.000 $5,50 $110.000
aquisição
Dia 10 -
25.000 $5,50 $137.500
aquisição
Dia 20 -
20.000 $3,00 $60.000
aquisição
EXEMPLO
Suponha que uma empresa movimentou seu estoque de matéria-prima da seguinte forma no último
mês:
Com base nesses dados, qual seria o custo final do estoque e qual o custo da matéria-prima
utilizada na produção?
VERIFICAR
Quantidade Valor unitário Valor total
Valor
PEPS Quantidade Valor total
unitário
Dia 5 -
500 $18,00 $9.000,00
aquisição
Dia 10 -
400 $19,00 $7.600,00
aquisição
Valor
UEPS Quantidade Valor total
unitário
Dia 5 -
500 $18,00 $9.000,00
aquisição
Dia 10 -
400 $19,00 $7.600,00
aquisição
Valor
CMPM Quantidade Valor total
unitário
Dia 5 -
500 $18,00 $9.000,00
aquisição
Dia 10 -
400 $19,00 $7.600,00
aquisição
Valor
CMPM Quantidade Valor total
unitário
Por fim, se a administração utilizar o critério do preço ou custo médio ponderado fixo para a
mensuração de seus estoques, não precisará contabilizar seu estoque a cada movimentação
ocorrida nele. No final do período, ela verificará todas as entradas de material (compras e estoque
inicial) e contabilizará o valor do estoque médio.
Valor
CMPF Quantidade Valor total
unitário
Dia 5 -
500 $18,00 $9.000,00
aquisição
Dia 10 -
400 $19,00 $7.600,00
aquisição
Repare que, em cada um dos quatro métodos escolhidos, os valores finais dos estoques de
matéria-prima e, consequentemente, do custo da matéria-prima levada à produção (que comporá o
custo dos produtos elaborados) são distintos:
Com base nesse exemplo e nos valores diversos alcançados, fica clara a necessidade de buscar o
melhor critério que permita, para fins de tomada de decisão, a alocação mais adequada dos custos
do estoque e da matéria-prima consumida na produção.
Apesar de ser uma escolha da administração, é necessária uma constância nessa seleção do
método para permitir que haja a possibilidade de comparação e de elaboração de orçamentos.
Com base nessas regras, o custo do material utilizado na produção respeita a seguinte lógica:
UEPS
PREÇO OU CUSTO MÉDIO
PEPS
PEPS
PREÇO OU CUSTO MÉDIO
UEPS
TRIBUTOS
Os impostos são considerados custos quando a empresa não possui nenhum tipo de isenção ou
suspensão deles (impostos não recuperáveis).
Os impostos não são considerados custos quando a empresa é contribuinte deles (impostos
recuperáveis).
EXEMPLO
Uma empresa revendedora de mercadorias, que possuía um saldo inicial da conta de estoques de
mercadorias de R$25.000,00, apurou os seguintes dados no final do período:
VERIFICAR
Primeiro, encontraremos o valor que deve ser contabilizado como custo de aquisição da
mercadoria. Como o ICMS é um imposto por dentro da Nota, está incluído no valor de
R$80.000,00. Logo, temos:
Compras
Valor NF R$ 80.000
ICMS R$ (12.000)
Compras R$ 68.000
Vendas R$ 63.000
DRE
Vendas R$ 125.000
Fonte: / Shutterstock
INDÚSTRIA NAVAL
Fonte: / Shutterstock
FABRICANTES DE AVIÕES
Fonte: / Shutterstock
Fonte: / Shutterstock
CONSTRUÇÃO CIVIL
Fonte: / Shutterstock
SERVIÇOS DE CONSULTORIA E AUDITORIA
O custo dos estoques desses itens, que não são normalmente intercambiáveis, e de bens ou
serviços produzidos e segregados para projetos específicos deve ser atribuído pelo uso da
identificação específica de seus custos individuais (produção por ordem ou encomenda).
Nesses casos, os custos dos estoques devem ser acumulados na conta específica de cada
ordem ou encomenda, que somente se encerrará quando sua produção for concluída. Depois
disso, seus valores serão transferidos para Estoque de Produtos Acabados ou Custo dos
Produtos Vendidos (CPV), conforme o caso.
A produção por ordem ou por encomenda se diferencia da produção contínua ou em série, uma
vez que, nesta última, há produção contínua de produtos iguais (padronizados).
Exemplos:
Fonte: / Shutterstock
Fonte: / Shutterstock
Fonte: / Shutterstock
INDÚSTRIA AUTOMOBILÍSTICA*
Fonte: / Shutterstock
INDÚSTRIA DE SIDERURGIA
No caso da produção contínua, os custos são acumulados nas contas específicas de cada linha
de produção, encerradas periodicamente. Dependendo do estágio de produção, seus valores serão
transferidos para Estoque de Produtos em Processo, Estoque de Produtos Acabados ou
Custo dos Produtos Vendidos (CPV), conforme o caso.
Produção
Necessidade do Específica do
Geral do mercado Geral do mercado
produto cliente
Fornecedor ou
Local de produção Fornecedor Fornecedor
cliente
Padrões de
Fácil Difícil Muito difícil
serviços
Estoque de
Permanente Temporário Temporário
matéria-prima
Produção
Período de
Início / término do Início / término do Início / término
apuração dos
período contábil lote da encomenda
custos finais
COMENTÁRIO
Nem sempre um produto consegue passar por todos esses processos ao longo de um mês. Muitas
vezes, parte da produção ainda está em elaboração no final do período de análise. Outras tantas, a
produção terminada iniciou-se em meses anteriores.
EQUIVALENTE DE PRODUÇÃO
Para os produtos que ainda estão em fase de elaboração, atribui-se o conceito de equivalente de
produção: uma forma utilizada para calcular o preço ou custo médio unitário quando há produtos
em elaboração (inacabados) ao término de cada período.
Nesse caso, consideramos as unidades totalmente iniciadas e acabadas para a apuração do custo.
Assim, por exemplo, 80 unidades com um grau de acabamento de 75% equivalem a 60 unidades
100% acabadas.
EXEMPLOS
1. Uma indústria fabrica termômetros e toda a produção passa por dois departamentos. Em
determinado mês, a indústria apurou os seguintes dados:
Custos:
Com base nessas informações, a administração dessa indústria de termômetros quer calcular o
custo unitário da produção acabada nesse mês. Como existem unidades não acabadas, ela
precisará utilizar o conceito de equivalente de produção.
VERIFICAR
Primeiro, devemos calcular o custo dos produtos que foram acabados no departamento 1 e levados
ao departamento 2.
De acordo com os dados apresentados, essas 6.000 unidades estão no estágio de produção de
50%, ou seja, estão concluídas pela metade. Então, 6.000 unidades no estágio de produção de
50% equivalem a 3.000 unidades a 100%, ou seja, prontas.
De acordo com os dados apresentados, essas 30.000 unidades estão no estágio de produção de
40%, ou seja, é como se as 30.000 unidades a 40% fossem 12.000 unidades a 100%. Assim,
30.000 unidades no estágio de produção de 40% equivalem a 12.000 unidades prontas.
Somando os custos do departamento 2 (R$34.100,00) aos custos dos produtos que vieram do
departamento 1 (R$79.900,00), chegamos ao custo total dos produtos acabados no departamento
2 de R$114.000,00. Dividindo o total dos custos pela quantidade, chegamos a um custo unitário
da produção acabada no mês de R$1,50 (R$114.000,00 / 76.000).
Abril/2020
Estoque inicial = 0;
Maio/2020
VERIFICAR
Mês 1 Mês 2
VERIFICANDO O APRENDIZADO
A) R$31.000,00
B) R$30.500,00
C) R$30.000,00
D) R$29.500,00
A) 31.000 unidades
B) 30.000 unidades
C) 29.600 unidades
D) 41.000 unidades
GABARITO
Com base nessas informações, qual é o lucro bruto apurado pela companhia?
Compras
Valor NF R$ 100.000
Estoque de mercadoria
Compras R$ 85.000
Vendas R$ 65.000
DRE
Vendas R$ 130.000
(-)Devolução R$ (15.000)
Mês 1 Mês 2
Mês 1 Mês 2
MÓDULO 2
O QUE É CUSTEIO?
Custeio é a apropriação de custos. Existem diversos sistemas de custeio que podem ser utilizados
pelas empresas para apropriar seus custos aos produtos. Os principais são:
No entanto, para fins de Contabilidade Gerencial, a empresa pode optar por qualquer um dos tipos
de custeio. Para utilizar o custeio por absorção, devemos seguir estes procedimentos:
De acordo com esse sistema, a receita deve ser reconhecida apenas na transferência do bem ou
serviço. As despesas e receitas devem ser reconhecidas nos períodos a que competirem.
Para entendermos melhor o sistema de custeio por absorção, vejamos alguns exemplos:
EXEMPLOS
1. Uma indústria produziu 2.000 unidades de maçanetas de alumínio em agosto. Seus custos fixos
desse mês foram de R$10.000,00, seus custos variáveis foram de R$5,00 por unidade e as
despesas incorridas no mesmo período foram de R$5.000,00. Foram vendidas 1.500 unidades pelo
preço de R$30,00 cada.
VERIFICAR
Com base nesses dados, a contabilidade foi apurar o resultado de agosto:
Custo da produção = custos fixos (R$10.000,00) + custos variáveis (R$5,00 × 2.000 unidades) =
R$20.000,00
R $ 20 . 000 , 00
Custo da produção unitária = = R$10,00/unidade
2 . 000
Com base nas informações apresentadas, qual é o valor do estoque final da empresa, utilizando o
critério do custeio por absorção?
VERIFICAR
Esse sistema parte do princípio de que os custos fixos e as despesas, por não terem relação direta
com a produção (eles existem independente de produção) e por serem apropriados aos produtos
por meio de rateios (implicando sempre um grau de arbitrariedade), são menos gerenciáveis pela
empresa do que os custos variáveis.
Assim, temos:
Custos fixos + despesas (Resultado do período (despesa))
Esse custeio é muito usado pela Contabilidade Gerencial para fins de tomada de decisão, pois
emprega o conceito de margem de contribuição. No entanto, ele não é permitido pela
Contabilidade Financeira, pois fere a realização da receita, a confrontação e a competência, já
que todos os custos fixos são reconhecidos como despesas, independentemente de seus produtos
correspondentes terem sido vendidos.
SAIBA MAIS
Tais conceitos estão presentes na NBC TG – Estrutura Conceitual para a Elaboração e Divulgação
de Relatório Contábil-Financeiro – norma utilizada pela Contabilidade Financeira.
Para entendermos melhor o sistema de custeio variável ou direto, vejamos alguns exemplos:
EXEMPLOS
1. Vamos retomar o exemplo anterior, da indústria que produziu 2.000 unidades de maçanetas de
alumínio.
É possível observar que, no custeio por absorção, o lucro líquido é maior do que no custeio
variável. Isso acontece porque, nesse sistema de custeio, todos os custos são apropriados à
produção e apenas levados ao resultado na efetiva venda deles, proporcionalmente.
Note que a diferença entre os lucros líquidos apurados é exatamente a mesma (com sinal
contrário) dos custos do estoque de produtos acabados entre os dois sistemas de custeio.
2. Uma empresa, que utiliza o custeio direto, apresentou os seguintes resultados no mês de
outubro de 2019:
VERIFICAR
VERIFICANDO O APRENDIZADO
A) R$37,00
B) R$38,00
C) R$39,00
D) R$40,00
A) Lucro de R$5.000,00.
B) Lucro de R$10.000,00.
C) Prejuízo de R$5.000,00.
D) Prejuízo de R$10.000,00.
GABARITO
1. Uma empresa industrial, que utiliza o custeio por absorção, incorreu nos seguintes gastos
para produzir 2.500 unidades de seu produto:
O preço de venda praticado é de R$100,00 por unidade, e foram vendidas 700 unidades. Qual
é o custo unitário da produção?
2. Uma indústria, que utiliza o sistema de custeio variável, vende seu produto por R$24,00 a
unidade e apurou os seguintes custos no mês:
Considerando que a indústria produziu 30.000 unidades e vendeu 20.000, qual é o resultado
obtido?
Vendas $480.000
MÓDULO 3
Calcular os custos de uma produção utilizando o sistema
Esse sistema busca reduzir as discrepâncias que ocorrem na alocação dos custos indiretos, de
forma arbitrária, por meio de rateios pelas empresas. Ele também é uma importante ferramenta
para o gerenciamento dos custos da organização, não apenas dos custos indiretos.
Apesar de também ser possível empregá-lo para a alocação de custos diretos, sua utilização não
apresenta muitas diferenças em relação aos demais sistemas de custeio apresentados.
O custeio ABC foi desenvolvido para diminuir os problemas de alocação dos custos indiretos aos
produtos, buscando refletir mais precisamente as proporções efetivas dos custos indiretos
consumidos pela atividade produtiva.
RESUMINDO
O custeio ABC tem por objetivo avaliar com precisão as atividades desenvolvidas em uma empresa
por meio de direcionadores que distribuem os custos indiretos aos produtos. Seu fundamento é que
os custos não são utilizados pelos produtos propriamente ditos, mas pelas atividades
desempenhadas por empresas, que culminam, consequentemente, em sua produção.
Isto deve ser feito por meio das seguintes ações, nesta ordem:
1. Alocação direta
A prioridade é sempre buscar a alocação direta dos custos. Não devemos confundir alocação direta
de custos com os custos diretos – estes sempre diretamente atribuíveis aos produtos. A alocação
direta trata de custos indiretos, mas que podem ser objetiva e diretamente atribuíveis às
atividades dentro do departamento.
2. Rastreamento
Trata de atribuir os custos com base na causa e no efeito entre a atividade e o custo incorrido para
possibilitar essa atividade. Para isso, são utilizados os direcionadores de custos como, por
exemplo, a quantidade de quilowatt-hora (kWh) consumida pela atividade, a quantidade de
empregados alocados em determinada atividade, a área ocupada etc. O rastreamento apenas deve
ser aplicado caso a alocação direta não seja possível.
3. Rateio
Alocação de custos com base em uma premissa subjetiva da empresa, que não indica
obrigatoriamente uma relação de causa e efeito entre a atividade e o custo. Caso apenas utilize
rateios dos custos indiretos, a empresa não está adotando o custeio ABC propriamente dito, mas
algo mais semelhante à departamentalização de seus custos indiretos. O rateio apenas deve ser
aplicado caso a alocação direta ou o rastreamento não sejam possíveis.
Estes direcionadores atribuirão os custos às atividades. É nesta etapa que o custeio ABC mais se
diferencia dos custeios tradicionais (variável e por absorção).
Os direcionadores de custos podem variar entre as empresas (mesmo entre aquelas que possuem
processos produtivos semelhantes).
Os custos dos departamentos são levados a todos os produtos elaborados em cada departamento
por meio do direcionador de custo de cada uma das atividades. Para isso, é necessário que a
administração levante informações quantitativas e qualitativas sobre os direcionadores das
atividades. Tais direcionadores representam, de forma mais precisa, a relação entre a atividade e o
produto.
SAIBA MAIS
Cada uma das quatro etapas anteriormente descritas pode também ser visualizada no esquema a
seguir:
Departamento Atividades
Total $900.000
Atenção! Para visualização completa da tabela utilize a rolagem horizontal
Administração
$110.000
Manutenção
$90.000
Almoxarifado
$19.000
$400.000
Pintura
$243.000
Controle de qualidade
$38.000
TOTAL $900.000
Programar a Quantidade
200 250 300 750
produção de produtos
Administração
Quantidade
Supervisionar
de lotes de 20 25 30 75
a produção
produtos
Realizar
Tempo de
manutenção 700 400 900 2.000
manutenção
periódica das horas horas horas horas
periódica
máquinas
Manutenção
Realizar Tempo de
200 150 350 700
reparos reparos
horas horas horas horas
emergenciais emergenciais
Receber
Quantidade
matéria-
de pedidos 450 720 830 2000
prima
recebidos
adquirida
Almoxarifado
Movimentar Quantidade
matéria- de
300 400 700 1400
prima para requisições
produção recebidas
Tempo de
Montagem 1.800 1.200 2.000 5.000
montagem
dos móveis horas horas horas horas
dos móveis
Pintura
Verificar a Quantidade
produção de produtos 200 250 300 750
final acabados
Controle de
Qualidade Realizar
Quantidade
testes por
de testes 20 25 30 75
amostragem
realizados
nos produtos
Para chegar aos custos unitários dos produtos (mesas, cadeiras e sofás), a administração teve de
proceder aos seguintes cálculos, nesta ordem:
EXEMPLO
Para exemplificar o cálculo, demonstraremos o detalhamento da atividade Receber matéria-prima
adquirida para os produtos mesas:
R $ 7 . 000 , 00
Custo do direcionador e quantidade de pedidos recebidos = R $ 2 . 000 , 00 = R$3,50 por pedido
R $ 3 , 50 × 450 pedidos
Custo da atividade ao produto mesa = = R$0,79
2 . 000 unidades
Programar a
$8,27 $5,17 $24,80
produção
Supervisionar a
$6,40 $4,00 $19,20
produção
Realizar
manutenção
$10,50 $3,00 $27,00
periódica das
máquinas
Atividades Mesas Cadeiras Sofás
Realizar reparos
$4,29 $1,61 $15,00
emergenciais
Receber matéria-
$0,79 $0,63 $2,91
prima adquirida
Movimentar
matéria-prima $1,29 $0,86 $6,00
para produção
Montagem dos
componentes $41,67 $22,92 $75,00
acessórios
Montagem dos
$27,00 $9,00 $60,00
móveis
Lavagem da
$9,30 $11,63 $27,90
produção
Pintura da
$15,00 $15,94 $56,25
produção
Verificar a
$2,40 $1,50 $7,20
produção final
Atividades Mesas Cadeiras Sofás
COMENTÁRIO
Nos módulos 2 e 3, detalhamos a diferença entre cada um dos principais custeios utilizados pela
Contabilidade Gerencial. O esquema a seguir resume cada um desses métodos e suas distinções:
Custeio por absorção:
Custos totais
Custo do produto
Custeio variável:
Custos variáveis
Custo do produto
Custeio ABC:
Custos totais
Custo do produto
No vídeo a seguir, vamos explorar o tema Sistema de Custeio Baseado em Atividades - o ABC.
VERIFICANDO O APRENDIZADO
A) R$9.000,00 e R$14.000,00
B) R$10.800,00 e R$12.200,00
C) R$11.400,00 e R$11.200,00
D) R$12.200,00 e R$10.800,00
CORTINA ALMOFADA
ATIVIDADES CUSTOS
A) R$18,40 e R$22,60
B) R$25,70 e R$28,40
C) R$27,60 e R$21,80
D) R$28,60 e R$20,40
GABARITO
1. Uma indústria de confecção de roupas produz dois artigos: camisas e saias. Para isso,
possui três departamentos: corte, costura e administração. Cada um desses departamentos
tem gastos totais no mês de R$ 10.000, R$ 8.000 e R$ 5.000, respectivamente.
No departamento de corte, são consumidas 60% das horas de trabalho para o corte das
camisas e 40% para o corte das saias.
Considerando que a indústria utiliza o sistema de custeio ABC para o rateio dos custos
indiretos, quais são os custos totais alocados aos produtos camisas e saias no mês
corrente?
Serviços da Administração
Departamento Corte Costura Administração TOTAL
Custos alocados da
$3.000 $2.000
administração
$23.000
2. Uma indústria fabrica cortinas e almofadas. No mês corrente, produziu 20.000 cortinas e
10.000 almofadas com os seguintes custos unitários:
Cortina Almofada
Além disso, para completar a produção, a indústria incorreu nos seguintes gastos relativos
ao desempenho de algumas atividades:
Atividades Custos
Atividades Custos
A indústria usa o sistema de custeio ABC. Quais são os custos unitários da cortina e da
almofada, respectivamente?
$552.000 $218.000
$27,60 $21,80
CONCLUSÃO
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Ao longo do conteúdo, vimos de que forma os estoques podem ser controlados e mensurados, seja
por produção contínua, seja por ordem ou encomenda.
REFERÊNCIAS
IUDÍCIBUS, S; MELLO, G. Análise de custos – uma abordagem quantitativa. São Paulo: Atlas,
2013.
EXPLORE+
Para aprofundar mais seu conhecimento em Contabilidade Gerencial e Contabilidade de Custos,
sugerimos, respectivamente, a realização de exercícios propostos e a leitura de alguns capítulos
das seguintes obras que já constam na lista de referências do tema:
MARTINS, E. Contabilidade de Custos. São Paulo: Atlas, 2010. cap. 8; 10; 12; 13; 17.
CONTEUDISTA
Renata Sol Leite Ferreira da Costa
CURRÍCULO LATTES