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UNOESC - Universidade do Oeste de Santa Catarina

Planejamento e Controle Orçamentário 1

3 - ORÇAMENTO DE PRODUÇÃO

Consiste basicamente em um plano de produção para o período considerado,


visando atender as vendas orçadas e aos estoques preestabelecidos.
O orçamento deve conciliar os seguintes fatores:
a) o atendimento ao orçamento de vendas;
b) a minimização dos custos de produção;
c) a minimização dos investimentos em estoques.
Há “n” formas de se elaborar um orçamento de produção, devemos considerar que
o setor produtivo necessita de vários componentes para o seu funcionamento, os quais:
a matéria-prima, máquinas e instalações, mão de obra e custos indiretos. Para cada um
destes componentes pode-se fazer um orçamento diferente.
A princípio veremos o orçamento de produção estritamente voltado à quantidades,
e a partir deste veremos caso a caso os orçamentos que envolvem os componentes da
produção e por fim chegaremos a um global. Objetiva tornar o estudo mais sistemático.
Existem condicionantes para a formação de um orçamento de produção, os quais:
- objetivos e metas de produção;
- orçamento de vendas;
- políticas de estoque;
- políticas de pessoal.

3.1 - Programação da Produção

Consiste em se programar uma quantidade de produto “x” a ser produzida. A


programação deve ser dividida por produto, se considerarmos uma empresa com um
mix muito grande de produtos, devemos dar prioridade aos produtos que representam
maior volume para a empresa, os quais podem ser identificados por uma curva ABC.
Há três métodos de se fazer uma programação de produção:
- Produção constante;
- Produção ao nível das vendas;
- Produção por ciclos.
A programação da produção deve ser constituída pela previsão de vendas,
conciliada com a política de estoques adotada pela organização.

Produção Constante

Conforme demonstra o gráfico, o nível de produção é uma constante, geralmente


dada por uma média na previsão das vendas, relacionado com a política de estoques
da empresa.
Deste método podemos concluir as seguintes vantagens:
a) menor capacidade produtiva = se compararmos com os outros métodos;
b) maior produtividade = a estabilidade de produção deve resultar em baixa rotatividade
de mão de obra;
c) redução de custos com mão de obra = redução de custos com seleção, recrutamento,
treinamento, etc.;
d) redução nos estoques de matéria-prima = se compararmos com os outros métodos.
Inconvenientes:
a) maiores áreas para estocagem;
b) despesas com seguros e armazenagem;
c) maiores riscos de obsolescência física ou técnica;
d) maiores custos financeiros de investimentos em estoques.
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Produção ao Nível das Vendas

É um método bastante utilizado por empresas de produtos perecíveis ou empresas


cujos produtos sejam de difícil estocagem.
É vantajosa no que diz respeito a estoques, pois a uma minimização de
investimentos neles, bem como nas despesas operacionais de sua decorrência.
Possuí inconvenientes como:
a) requer maior capacidade produtiva, que deverá ficar ociosa durante períodos de
baixa;
b) o nível de emprego de mão de obra é muito variável, o que implica em grandes custos
com pessoal.

Produção por Ciclos

Este método consiste na fabricação contínua de determinado produto para se


atingir a quantidade total anual, é utilizado quando o custo de substituição de
equipamentos torna proibitivas alterações freqüentes da composição dos produtos
fabricados.
Dificilmente utilizada em indústrias de produtos perecíveis e bastante utilizada nas
indústrias de vidro, por exemplo, onde para se fazer um vidro diferente de outro há a
necessidade de se alterar o maquinário, desta forma, produz-se a quantia necessária
de determinado tipo de vidro para suprir a demanda pelo período, e muda-se as
máquinas para fabricar outro tipo.
As vantagens são: minimização com custos de substituição de equipamentos e
tempo perdido com ajuste de máquinas para a fabricação de outros produtos.
As desvantagens são: formação de estoques, áreas de estocagem, custo de
manutenção de estoques, risco de obsolescência e custo do capital investido.

3.2 - Determinação das Quantidades Totais e Distribuição por Período de


Tempo

A determinação das quantidades necessárias à produção deve ser feita


individualmente por produto, como é representado a seguir:

Produtos
A B C D
Quantidade necessária para 5.800 3.000 1.600 7.800
atender ao orçamento de vendas
Mais: estoque final de produtos 1.450 500 270 1.950
acabados
Menos: estoque inicial de 1.700 580 320 2.800
produtos acabados
Produção Prevista 5.550 2.920 1.550 6.950

3.3 - Consumo de Materiais

O orçamento de consumo de materiais tem por objetivo uma orientação ao


departamento de compras e o planejamento das necessidades de materiais para a
execução do orçamento de produção.
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A elaboração de um Orçamento de Materiais requer o cumprimento das
seguintes fases:
a) determinação das quantidades de materiais exigidos para o atendimento da
produção;
b) estabelecimento das políticas de estocagem de materiais;
c) determinação do custo dos materiais necessários à produção.

Estabelecimento das Políticas de Estocagem de Materiais

A estocagem de materiais será definida pelo setor de suprimentos, pois ele é


responsável pelo fornecimento de materiais para a produção e ainda é responsável pela
otimização da atividade de compra e estoque dos materiais.
Como já vimos, o estoque tem um custo, cabe ao departamento de suprimentos
adotar uma política de estoques de materiais que otimize a relação custo-benefício.
Como ela deve, obrigatoriamente, não deixar faltar materiais para a linha de
produção, deverá agir a fim de conseguir uma redução de custos tendo uma quantidade
orçada para atender.
Ela deverá reduzir custos através do controle de estoques. Existem dois sistemas
básicos de controle de estoques:

- Sistema de reposição por quantidade fixa = consiste em repor o estoque cada


vez que atinja um nível predeterminado, denominado nível de ressuprimento ou
estoque mínimo.
- Sistema de reposição por período fixo = consiste no reabastecimento, em datas
prefixadas, nas quais se faria a reposição necessária para atender ao consumo até a
próxima data de abastecimento.

Também são utilizadas combinações desses dois sistemas, podendo ser feitas em
consonância com a curva ABC, resultando na utilização de quantidade fixa para produtos
mais importantes e o sistema de períodos fixos para os demais.
Em ambos sistemas é possível utilizar o princípio do LEC (Lote Econômico de
Compras).

3.4 - Mão de Obra Direta

Orçar a mão de obra significa: a) estimar a quantidade de mão de obra que


será necessária para cumprir o programa de produção, b) projetar a taxa horária que
será utilizada, e c) calcular o custo total de mão de obra.
A mão de obra direta é representada pelos salários pagos aos trabalhadores
ocupados em operações produtivas ou que tem a seu cargo o controle de operações
específicas de fabricação.

3.5 - Despesas Indiretas de Produção

Os custos indiretos de produção abrangem todos os custos que estão ligados


a produção, porém, que não podem ser classificados como mão-de-obra direta ou
matéria-prima ou materiais.
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Podemos considerar como custos indiretos de produção, materiais indiretos,
como combustíveis; mão de obra indireta, depreciação, material de escritório entre
outros.
Este orçamento pode ser tornar um tanto heterogêneo em seus itens, o que lhe
confere um certo grau de dificuldade em sua execução.
Ao montarmos o orçamento com as despesas indiretas de produção deveremos
optar por um meio de classificar os custos conseqüentes destas despesas, há três
classificações dos custos de produção, quanto a sua variabilidade em relação à
produção, que em geral são utilizados:
a) Custos fixos;
b) Custos variáveis;
c) Custos semivariáveis.
Custos Fixos - são aqueles que incorrem quer haja produção ou não, em maioria
dos casos, independem da produção. Exemplo: depreciações, aluguéis, entre outros.
Custos Variáveis - são aqueles que oscilam numa proporção à variabilidade da
produção, se esta for nula, eles não existirão. São compostos por itens da categoria de
materiais e mão de obra direta.
Custos Semivariáveis - são aqueles que variam com a produção, mas não em
proporção direta, são compostos por uma parcela fixa e a outra parcela variável.

É bastante abrangente a quantidade de custo que podem ser considerados como


indiretos, e vai depender muito da estrutura e atividade da organização.

3.6 - Custo de Produção

A determinação do custo de produção é feita tirando-se os dados dos orçamentos


de materiais, da mão de obra direta e dos custos indiretos de produção.
Da união destes três orçamentos poderemos chegar ao cálculo dos custos dos
produtos vendidos.
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Simulação – parte 2

Dando continuidade ao plano de análise de viabilidade econômico financeira para


a implantação de uma empresa industrial genérica, seguem dados para elaboração do
orçamento de produção.

Para a elaboração das quantidades produzidas, considere como política de


estoque da empresa, manter como estoque final a proporção de 20% da venda prevista
para o período.

Depois de elaborados os orçamentos dos investimentos iniciais, vendas e


quantidades produzidas, é necessário projetar o orçamento de produção. Considere os
seguintes dados para a projeção:
- Matéria Prima
• Cada produto P1 consome 0,23 quilos de MP 01, com quebra de 10% e 3 unidades
de MP 05, com quebra de 5%.
• Cada produto P2 consome 0,45 quilos de MP 02, com quebra de 10% e 8 unidades
de MP 04, e 2 unidades de MP 06, ambas com quebra de 5%.
• Cada produto P3 consome 0,66 quilos de MP 03, com quebra de 10% e 4 unidades
de MP 05, com quebra de 5%.
• Cada produto P4 consome 0,18 quilos de MP 01, com quebra de 10% e 2 unidades
de MP 04, com quebra de 5%.
- Mão de obra direta
• Quatro funcionários com salário mensal de R$ 850,00 cada.
• Encargos sociais na ordem de 55% sobre o salário.
- Despesas indiretas de Produção
• Manutenção Equipamentos – Higienização = R$ 6.000,00 / ano.
• Energia Elétrica = R$ 12.000,00 para o primeiro e segundo anos, crescendo em
10% ao ano, para todos os demais anos, em função do aumento da quantidade a ser
produzida.
• Equipamentos de segurança = R$ 2.350,00 / ano

Modelos

Com o objetivo de demonstrar e padronizar a elaboração do trabalho, segue


abaixo modelos para elaboração das planilhas a serem projetadas.
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