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Universidade Federal de Juiz de Fora

Faculdade de Administração e Ciências Contábeis


FIN 077– Tópicos em Contabilidade Avançada

Contabilidade de Custos

Angelino Fernandes Silva

Juiz de Fora – MG
18/09/2017
Introdução
A Contabilidade de Custos é um instrumento que permite
produzir informações para diversos níveis gerenciais de
uma entidade. Tais informações atendem às demandas
dos usuários da Contabilidade:
Internos: Planejamento, Controle, Produção e
Comercialização de bens e serviços;
Externos: Informações para negociação de preços (escolas
e sindicatos) ou para repasse de recursos (tributos para o
governo).
Terminologias utilizadas na contabilidade de custos
Dependendo de sua aplicação, os gastos podem ser classificados em
investimentos, custos, despesas, perdas ou desperdícios.
Investimento: Ocorre quando a empresa realiza um gasto de modo que
possa constituir-se numa receita futura. Ex: Compras de matérias-primas,
móveis e utensílios e veículos;
Custos: São os gastos essenciais à produção, pois os fatores produtivos são
utilizados com o objetivo de adquirir novos produtos ou serviços.
Ex: Consumo de matéria-prima, Energia, Salários e Encargos Sociais,
Depreciação dos Bens da Fábrica e material de embalagem
Despesas: São os gastos incorridos em um determinado período de tempo
com o objetivo da venda de produtos e serviços para a geração de receitas.
Ex: Salários da Administração, Material de Consumo de outros setores da
empresa que não seja da Produção, Comissões sobre Vendas, Juros
Bancários, Impostos e Contribuição Social sobre o Lucro;
Terminologias utilizadas na contabilidade de custos
Perdas: São gastos de natureza excepcional, já que ocorrem de forma
anormal e involuntária. Ex: Roubos e incêndio de produtos ou matéria-prima;
Desembolsos: São as saídas de dinheiro do caixa ou das contas bancárias das
empresas, como, por exemplo, entrega a terceiros de parte do numerário da
empresa. Ex: Pagamentos de compras à vista ou de uma obrigação assumida
anteriormente.
Desperdícios: São gastos incorridos no processo produtivo ou de geração de
receitas e que possam ser eliminados sem prejuízo da qualidade ou
quantidade de bens, serviços ou receitas geradas;
Subproduto: Nasce de forma normal durante o processo de produção e
origina-se de desperdícios, tendo mercado de venda relativamente estável e
respondem por um faturamento ínfimo em relação ao faturamento global da
empresa.
Sucata: Considerada um item de venda esporádica. Não recebe custos, pois
não compõe os estoques da empresa e sua venda é considerada Outras
Receitas Operacionais.
Análise Comparativa entre Custos e Despesas
Custos Despesas
É um gasto efetuado no setor de É um gasto efetuado fora do setor de
Produção. Produção
É um gasto gerado para obter novo É um gasto gerado para obter
Produto ou Serviço Receitas
É lançado primeiramente no ativo É lançado diretamente no Resultado
em conta do Estoque do Exercício.
Não diminui de imediato o Reduz de imediato o Patrimônio
Patrimônio Líquido, pois o valor está Líquido via Resultado do Exercício.
embutido em conta de Estoque

É lançado no Resultado quando da É lançado no Resultado do período


Venda do Produto Estocado ou quando da ocorrência do seu fato
serviço, transformando-se numa gerador.
Despesas.
Quanto à forma de Apropriação ou Variabilidade
Quanto à Apropriação
Custos Diretos: Mão de obra, Matéria-Prima (fáceis de serem identificados)
Custos Indiretos: Gastos que necessitam de um critério de rateio, pois não
são fáceis de serem identificados.
Quanto à variabilidade – Face aos Diferentes volumes de Produção dos
bens e serviços, os custos podem ser Fixos ou Variáveis
Custos Fixos: Independem do volume de produção, permanecendo
constantes dentro de um determinado intervalo de volume de produção.
Quanto maior for o volume de produção, menor será o custo fixo por
unidade. Ex: Aluguel, Manutenção, Seguros da Fábrica.
Custos Variáveis: Dependem da quantidade produzida. Estão diretamente
ligados ao volume de produção. O custo unitário é constante.
Ex: Matéria-Prima e Mão de Obra
Quanto à forma de Apropriação ou Variabilidade
Semifixos
Quando os custos são fixos em uma determinada faixa de produção,
mas variam quando ocorre uma mudança nessa faixa. Ex: Aluguel de
um galpão para aumentar a capacidade produtiva.

Semivariáveis
São os custos que variam com nível de produção de bens ou serviços,
tendo uma parcela fixa existente mesmo que não ocorra uma
produção.
Ex: Conta de Energia Elétrica da Fábrica – Deverá haver um
pagamento mínimo mesmo que não gaste nada no período.
Quadro 6.2 – Dados dos custos da produção do bem. Pág. 187
Quant CF CFu CV CVu CT CTu
0 200,00 - - - 200,00
1 200,00 200,00 38,00 38,00 238,00 238,00
2 200,00 100,00 76,00 38,00 276,00 138,00
3 200,00 66,67 114,00 38,00 314,00 104,67
4 200,00 50,00 152,00 38,00 352,00 88,00
5 200,00 40,00 190,00 38,00 390,00 78,00
6 200,00 33,33 228,00 38,00 428,00 71,33
7 200,00 28,57 266,00 38,00 466,00 66,57
8 200,00 25,00 304,00 38,00 504,00 63,00
9 200,00 22,22 342,00 38,00 542,00 60,22
10 200,00 20,00 380,00 38,00 580,00 58,00
Gráficos
Gráficos
Custo Semivariável
Gráficos
Sistemas de Custos
Para elaboração de sistemas de Custos, é necessário que a
empresa tenha na Contabilidade um elenco de contas
relacionadas ao estoque.
 Matérias-Primas – representam todos os produtos que
sofrerão transformação para se tornarem produtos acabados
 Materiais de acondicionamento e embalagem
 Manutenção e Suprimentos Gerais – Materiais para manutenção
de máquinas, equipamentos ou edificações para uso em consertos,
manutenção, lubrificação, pintura.
 Mercadorias para revenda – Todos os produtos adquiridos de
terceiros para revenda
 Produtos em Elaboração
 Produtos Acabados
Outras Nomenclaturas da Contabilidade de Custos
 Custos Primários = MD + MOD
 Custo de Transformação (CT)– Representa o esforço da empresa
para transformar material em produto acabado = MOD + CIF
 Custo da Produção do Período (CPP)– Somatório de todos os
custos ocorridos no período determinado na fabricação do bem ou
do serviço. MD+MOD+CIF
 Custo dos Produtos em Elaboração (CPE)– Somatório do Estoque
dos Produtos em Elaboração e dos Custos da Produção do Período.
 Custo da Produção Acabada (CPA)– Representa a soma dos custos
dos produtos acabados em um determinado período.
 Custo da Produção Vendida (CPV)- Representa os valores dos bens
produzidos e vendidos no período
 Custos das Mercadorias Vendidas (CMV) – Representa o somatório
do estoque inicial de mercadorias para revenda + compras do
período – as devoluções e abatimentos e – o estoque final.
Outras Nomenclaturas da Contabilidade de Custos

CPP = MAT + MOD + CIF

CPA = EIPP + CPP - EFPP

CPV = EIPAC + CPA - EFPAC

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Levantamento e Avaliação de Estoques
O CFC através da NBC T4 estabelece critérios de avaliação de
estoques.
a) Os estoques deverão ser avaliados pelo custo de aquisição,
atualizado monetariamente, ou pelo de valor de mercado, quando
este for menor
b) Os estoques de produtos acabados e em elaboração são avaliados
pelo custo de produção, atualizado monetariamente, ou valor de
mercado quando este for menor
c) Os estoques obsoletos ou inservíveis são avaliados pelo valor
líquido de realizado e os estoques invendáveis devem ser baixados.
d) Os estoques de animais e de produtos agrícolas e extrativos,
destinados à venda, poderão ser avaliados pelo valor de mercado,
quando atendidas as seguintes condições:
Levantamento e Avaliação de Estoques
 que a atividade seja primária
 que o custo de produção seja de difícil determinação
 que haja um efetivo mercado que possibilite a liquidez imediata
desse estoque e que valide a formação do seu preço;
 que seja possível estimar o montante das despesas de realização da
venda.
A Lei 6.404/76 e suas modificações estabelece que os estoques
serão avaliados pelo custo de aquisição ou produção, deduzido de
provisão para ajustá-lo ao valor de mercado, quando este for
inferior. Valor de Mercado = preço pelo qual possam ser repostos,
mediante a compra no mercado.
Para os bens ou direitos destinados à venda, os mesmos devem ser
avaliados pelo preço líquido de realização mediante venda
deduzidos dos custos para essa venda.
Levantamento e Avaliação de Estoques
A CVM estabelece que os critérios para avaliação de estoques devam
ser consoantes com a Lei 6.404/76.
Diferentes métodos são usados na prática para atribuição de custo aos
estoques.
 PEPS
 UEPS
 MP
O UEPS não é aceito no Fisco do Brasil!
Para o Fisco Federal:
Sistema de inventário permanente: Custo Médio ou PEPS
Sistema de inventário periódico: Somente o PEPS é aceito
Sistema de Acumulação de Custos

Por Ordem de Produção – Os custos são acumulados de acordo


com a encomenda específica ou em ordem de serviço. Ex: Produção
em empresas gráficas, estaleiros, indústrias ou montadoras.
Por Processo – Os custos são acumulados de acordo com cada
departamento, centro de custos ou processo. É utilizado quando os
produtos são fabricados sob métodos de produção em massa ou em
processo contínuo. Ex: Indústria de Papel, Aço, Produtos Químicos e
Têxteis.
Departamentalização e Centro de Custos
Departamento = Unidade administrativa da empresa por onde
ocorre gastos. Ex: montagem, pintura, almoxarifado, manutenção,
refinaria e administração da fábrica.
Centro de Custos = É a unidade mínima de acumulação de custos,
para posterior alocação aos produtos, podendo ser classificado em
produtivo ou de serviço (auxiliar).
Centro de Custos Produtivo = Unidades ou setores da empresa por
onde obrigatoriamente o bem ou o serviço deverá ser processado.
Centro de Custos Auxiliar = Unidades da empresa em que a função
é fornecer serviços para outros centros, como por exemplo, controle
de qualidade, almoxarifado e administração da fábrica.
Centro de Custos
Métodos de Custeio
Custeio por Absorção – Consiste na Apropriação de todos os
custos de Produção de forma direta ou indireta aos produtos
adquiridos e elaborados ou aos serviços prestados.
A apropriação dos custos indiretos necessitará da definição de
um critério de rateio. Ex: Hs/Máquina, Hs/homem, etc...
Primeiro separa-se os custos das despesas até chegar à DRE.
É o método aceito pela Legislação do Imposto de Renda e pela
Lei das Sociedades por Ações.
Processo de Alocação dos Custos pelo Método de
Absorção
Métodos de Custeio
Custeio Variável = Todos os custos variáveis são alocados aos
bens e serviços, sejam eles diretos ou indiretos. Somente os
custos variáveis são considerados no valor do bem sem a
utilização de métodos de rateio. Os custos fixos são
considerados despesas do Exercício.
É um método utilizado para fins gerenciais, pois a legislação
brasileira não permite seu uso para fins fiscais.
A principal vantagem deste método é encontrar a margem de
contribuição unitária de cada produto, servindo como
instrumento de decisão de curto prazo.
Métodos de Custeio
Custeio Baseado em Atividades (ABC) Os custos são
apropriados não mais às unidades produtivas, mas sim nas
atividades realizadas em um estabelecimento.
Assemelha-se ao método de custeio por absorção, porém a
forma de alocação dos gastos ocorre por meio da identificação
das atividades significantes relacionadas ao objeto de custeio.
O objetivo do ABC é reduzir o custo por meio da eliminação
dos desperdícios, através do corte nos geradores de custos que
não agreguem valor ou naqueles fatores causadores do
consumo de atividades evitáveis ou desnecessárias.
Para cada atividade significante, deve-se ter um direcionador
de custos que é um fator que influencia na quantidade de
trabalho da empresa.
Custos Padrão
Pode ser do tipo ideal, estimado e corrente.
O custo ideal é uma espécie de custo de laboratório, não levando em
consideração as condições normais de operação da empresa.
O custo estimado ocorre por meio de estimativas com base em
informações passadas da empresa ou mesmo em suposições
decorrentes de dados do mercado.
O custo corrente é o valor que a empresa acha difícil de ser
alcançado, mas não impossível, levando em consideração as
condições normais de operação da entidade.
O custo padrão é um método que auxilia na formação do
custeamento, tendo a finalidade de identificar responsabilidades, de
avaliar o desempenho e eficácia operacional e determinar o custo
real.
Custos Padrão
Ao analisar o custo padrão com o custo real poderemos detectar as
variações ocorridas.
Se o Real > Padrão = Situação Desfavorável;
Se o Real < Padrão = Situação Favorável
Para os materiais Diretos = variações de quantidade, preço e mista
Para Mão de Obra = Variação de Eficiência, quantidade, taxa e mista
Para os custos Indiretos = Variações de Volume, de Eficiência e de
Custo.
Custo-Volume-Lucro
Os principais indicadores na análise custo-volume-lucro são a margem
de contribuição e o ponto de equilíbrio, formulados a partir dos
componentes custo fixo, despesa fixa, custo variável, despesa variável
e preço de venda.
Margem de Contribuição Unitária
MCu = PVu – (CVu + DVu)
Onde:
MCu = Margem de Contribuição Unitária
PVu = Preço de Venda Unitário
CVu = Custo Variável Unitário
DVu = Despesa Variável Unitária
Custo-Volume-Lucro
Ponto de Equilíbrio
Ocorre quando a receita total é igual ao gasto total, gerando resultado
nulo, pois não há lucro ou prejuízo.
O principal objetivo é conhecer o nível mínimo de venda ou produção
que deve ser praticado na empresa para se obter um lucro desejado.
PE = GF/PVu – CVu ou GF/MCu
Onde:
PE = Ponto de Equilíbrio
GF = Custos Fixos + Despesas Fixas
Ponto de Equilíbrio
Custo-Volume-Lucro
Ponto de Equilíbrio
Pode ser classificado em Contábil, Econômico e Financeiro.
O Ponto de Equilíbrio Econômico = É o ponto onde a empresa deseja
obter um lucro mínimo ou um retorno desejado do lucro. A margem
de contribuição deverá cobrir os custos e despesas fixas e
proporcionar um lucro mínimo desejado.
O Ponto de Equilíbrio Financeiro = É o ponto quando são extraídos
valores não desembolsáveis, como depreciação, amortização e
exaustão.
Preço de Venda

 Depende de diversos fatores como:


 Número de concorrentes, clientes, fornecedores
 Ciclo de vida do produto
 Avaliação do mercado de atuação (monopólio,
oligopólios, concorrência perfeita)
 Devem levar em consideração também os tributos que
são incidentes sobre as operações da empresa.
 PVU = CTu X Markup
 Markup = representa o fator multiplicador que será
acrescido ao custo da mercadoria.

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