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Duração: 25 horas

Início: 2Setembro2020
Fim: 14Setembro2020

Local: Infordidactica
Vila Nova de Gaia

Formador: Amândio Restivo


Sistemas de Custeio

Objetivos

• Distinguir os diferentes tipos de sistemas de custeio.

Conteúdos

• Sistema de custeio total

• Sistema de custeio variável

• Sistema de custeio racional

• Diferenças entre os sistemas

• Centros de custos

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Sistemas de Custeio

Introdução

A contabilidade analítica

A Contabilidade Analítica ou Contabilidade de Gestão surge nas organizações para responder a


uma necessidade de acompanhamento das atividades dos Gestores aos vários níveis e apoio à
tomada de decisão.

A Contabilidade Geral restringe-se aos valores globais da empresa, sendo os seus mapas e
anexos insuficientes.

• Qual a contribuição de cada sector para o resultado?

• Qual foi o custo dos produtos fabricados?

• Qual foi o custo das matérias-primas incorporadas, dos materiais de embalagem e das
operações de transformação?

• Quais os custos de cada departamento da empresa?

• Será mais económico criar um sector de manutenção ou recorrer ao exterior?

A Contabilidade de Gestão abrange, todos os aspetos referentes à contabilidade de custos ou


interna e ainda a todos os custos e proveitos respeitantes às restantes áreas da empresa
(comercial, aprovisionamentos, administrativos...).

Sistemas de Custeio

Os Sistemas de Custeio são sistemas de apuramento de custos através da sua imputação a


bens e/ou serviços para os quais se pretende determinar um resultado.

Para efeitos de determinação de resultados de cada período não é indiferente a opção do


Sistema de Custeio.

Conceitos económico-financeiros

Custo: Utilização, consumo dos bens ou serviços;


Despesa: Aquisição de bens e serviços;
Pagamento: Pagamento da despesa, da aquisição do bem ou serviço;
Perda: Consumo ou desaparecimento de valor sem a equivalente compensação.
Proveito: Acréscimo no património;
Receita: Venda ou prestação de serviços;
Recebimento: Recebimento da venda ou da prestação de serviços;
Ganho: Acréscimo extraordinário do património da empresa, não proveniente da actividade
normal

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Três Ópticas:

- Óptica Financeira:

Despesas e Receitas

- Óptica Económica ou Produtiva ou Técnica:

Custos e Proveitos

- Óptica de Tesouraria ou de Caixa:

Recebimentos e Pagamentos

Gastos
Figurativos
Gastos
Administrativos
e Financeiros Custo
Gastos de económico
Distribuição ou
e venda económico -
Gastos Custo
técnico
Gerais de Complexivo
Custo ou
Fabrico Comercial completo
Custo
Matéria-
Industrial
Prima Custo Primo
Mão de Obra ou Primário
Direta

Custo Primo = MP + MOD

CI = MP + MOD + GGF

Custo de Transformação = MOD + GGF

CNI – Custos não Industriais

CNI = Custos Administrativos + Custos Distribuição + Custos Financeiros

Os Custos Administrativos respeitam à administração e controlo das actividades da empresa.

Os Custos Comerciais ou de Distribuição respeitam à realização de vendas e à entrega dos


produtos.

Os Custos Financeiros respeitam à obtenção de capitais alheios e à sua aplicação.

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Os Custos Directos são exclusiva e especificamente de determinado objecto de custeio. Estes


custos não ocorreriam se o objecto de custeio não existisse.
Não revestem grande dificuldade de cálculo.

Os Custos Indirectos são comuns a vários objectos de custeio. Apresentam dificuldades na sua
repartição.
Necessidade de definição de critérios de imputação.

Os Custos Fixos são aqueles que se mantêm constantes num determinado período de tempo,
independentemente da actividade desenvolvida ou do nível de utilização da capacidade
instalada.

Os Custos Variáveis são aqueles que variam com o nível de actividade.

Os Custos Semi-Variáveis são aqueles compostos quer por custos fixos quer por custos
variáveis.

Classificação dos gastos quanto à ligação com as quantidades produzidas

Gastos variáveis proporcional: quanto aumenta na razão direta das quantidades produzidas,
sendo portanto, constante por unidade.

Gastos variáveis progressivos: quando aumenta mais rapidamente do que as quantidades


produzidas.

Gastos variáveis degressivos: quando aumenta mais lentamente do que as quantidades


produzidas.

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Os Custos Reais são aqueles que realmente se verificaram.


Também são conhecidos por custos históricos.

Os Custos Teóricos são aqueles definidos a priori para valorização interna de matérias,
produtos e serviços prestados.
Também são conhecidos por custos básicos.
São um auxílio ao controlo de gestão.

Custos Teóricos

- Custos padrão
- Custos orçamentados
- Preços de mercado

Custos padrões (ou “standard”) – resultam de se considerarem normas técnicas atribuídas aos
vários fatores da área fabril (MP, MO, Máquinas, ...) para a definição do custo do produto ou
serviço.

Custos orçamentados – custos obtidos em consequência da elaboração dos orçamentos da


empresa para determinado período. Têm mais aderência à realidade, pois têm em
consideração as condições de exploração do período.

Os Custos Controláveis são aqueles que são controlados pelo responsável de determinado
centro.

Os Custos Não Controláveis são aqueles cujo controlo é da responsabilidade de um superior


hierárquico relativamente ao responsável do centro.

Os Custos Relevantes são aqueles que variam mediante a solução que se escolhe, entre as
várias existentes.

Os Custos Irrelevantes são aqueles que se mantêm invariáveis quando se toma uma decisão.

Custo do Produto:
São os custos incorporáveis nos produtos saídos da fábrica.

Custo do Período:
São os que são suportados no período para a obtenção dos proveitos e que não respeitam ao
processo de fabrico.

Determinação do Custo do Produto

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Produto X Produto Y Produto Z Total


Matérias-Primas X X X X
Mão-de-Obra Directa X X X X
Gastos Gerais de
Fabrico
Secção A X X X X
Secção B X X X X
Total Custos
Produção
EIPVF X X X X
EFPVF -X -X -X -X
CIPA X X X X
EIPA X X X X
EFPA -X -X -X -X
CIPV X X X X

As matérias-primas são aquelas matérias que mediante processos de transformação física ou


química constituem a materialidade dos produtos acabados.

Este custo irá depender do valor atribuído às existências em armazém, bem como do critério
valorimétrico utilizado pela empresa (FIFO, CMP, Custo específico).

O consumo de matéria-prima constitui um custo directo do produto.

Mão de obra direta


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Este custo incorpora os custos associados à remuneração dos trabalhadores cuja actividade é
específica da produção de determinado produto ou serviço. Para o cálculo desta componente
terá de considerar-se o número de horas registado por objecto de custeio e o respectivo custo
horário.

O custo horário deverá ponderar não só a remuneração do trabalhador, mas também os


encargos com remunerações que lhe estão associados.

Gastos Gerais de Fabrico

Hoje em dia é inegável a importância desta componente no custo total de produção de uma
empresa.

Inclui-se nesta componente de custo, todos aqueles custos de natureza industrial que não se
enquadram nem nas matérias-primas nem na MOD.

Atendendo à heterogeneidade dos custos incluídos nesta componente do custo de produção e


ao carácter indirecto da sua maioria, o cálculo deste custo torna-se mais complicado que o
cálculo do custo das matérias-primas e da MOD.

Incluímos nos GGF um conjunto de custos de natureza heterogéneas:

Mão-de-obra Indirecta (MOI);


Consumos de água, electricidade e combustíveis;
Consumo de Matérias Subsidiárias (MS);
Amortizações de edifícios e equipamentos industriais;
Conservação e reparação de máquinas e equipamentos industriais;
Ferramentas e utensílios de desgaste rápido;
Impostos não dedutíveis e que não sejam sobre o rendimento;
Seguros;
Rendas;
Embalagens.

As bases de imputação:

Representam a forma como os custos agrupados em cada centro de custos são repartidos
pelos produtos, ou seja, representam uma quantidade ou valor que expressa a actividade do
período a que respeitam os GGF.

Os coeficientes de imputação:

Entende-se por coeficiente de imputação ou quota de imputação a relação entre os gastos


gerais de fabrico de certo período e a base de repartição.

Coeficiente de imputação = GGF/Base de Repartição

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Imputação de base única:


Implica que os custos indirectos industriais sejam repartidos pelos produtos/serviços
proporcionalmente a uma única base de imputação.

Imputação de base múltipla:


Implica que os custos indirectos industriais sejam repartidos pelos produtos/serviços em
função de várias bases de imputação, escolhidas de acordo com a natureza do custo em causa.

Quotas reais:
Se as empresas considerarem os valores reais da contabilidade para efeitos de cálculo da
quota de repartição.

Quotas teóricas:
Valores que se prevêem para o ano, na medida em que há determinados GGF que necessitam
de ser mensualizados ou periodizados, não se tornando prático aguardar pelos valores reais.

Será necessário regularizar os valores imputados teoricamente com os que se verificaram em


termos reais. Para o efeito, recorre-se à conta

“Diferenças de Incorporação ou de Imputação”.

As quotas teóricas podem ser normais ou ideais, se considerarem, respectivamente, as


condições normais de funcionamento ou as condições ideais de funcionamento.

O Método das Secções Homogéneas:

- É um dos métodos mais utilizados para o cálculo e repartição dos GGF;


- Procura relacionar os custos com a sua localização;
- Baseia-se na divisão da empresa em segmentos organizacionais relativamente aos quais se
determinam os custos de funcionamento, procedendo-se posteriormente à sua imputação aos
objectos de custeio – matérias, produtos, serviços.

Uma secção homogénea é uma divisão real da empresa, correspondente a um agrupamento


de meios que concorrem para um objectivo comum, e cuja actividade é quantificada em
unidades de obra.

Características das secções homogéneas:

Responsabilização: só pode existir um único responsável pelo controlo dos custos de uma
secção;

Homogeneidade de funções: os centros de uma secção devem respeitar a funções, tarefas ou


actividades idênticas/homogéneas;

Existência e identificação de uma unidade de medida da actividade do centro: esta deve ser
uma unidade de obra, que funciona simultaneamente como uma unidade de controlo e de
imputação dos custos.

Objectivos das secções homogéneas:


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Apuramento dos custos de funcionamento inerentes aos diferentes segmentos organizacionais


da empresa para efeitos de controlo;

Determinação, o mais razoavelmente possível, do custo dos produtos/serviços;

Compatibilização entre as vantagens de dispor de determinada informação e os custos


inerentes à obtenção da mesma – custos associados à pormenorização.

Vantagens do método das secções homogéneas:

- A segmentação da empresa em centros menos complexos e mais homogéneos.


- A medida da actividade de cada secção por intermédio de chaves adaptadas à respectiva
secção.
- Uma melhor repartição dos gastos gerais pelas secções.
- A imputação por unidades de obra dos elementos indirectos e semidirectos aos produtos.
- Mostra bem o contributo de cada secção para o apuramento do custo dos produtos.
- Apuramento mais correcto do custo dos produtos.
- Uma análise pormenorizada do custo das secções.
- Uma boa tomada de decisões.
- Eficiente controlo da gestão.

Inconvenientes do método das secções homogéneas:

- Dificuldade em decompor a empresa em secções homogéneas.


- Arbitrariedade das repartições e da sub-repartição entre secções.
- Dificuldade em transferir os custos entre secções principais em casos de prestações
recíprocas.

SISTEMAS DE CUSTEIO
Sistema de Custeio Total
Sistema de Custeio Variável
Sistema de Custeio Racional

Sistemas de Custeio Total

Considera todos os custos industriais (quer variáveis quer fixos), como custos
independentemente do seu nível de atividade.

As Existências Finais de Produtos Acabados são avaliadas pelo custo total de produção.

Os custos fixos de um produto relativos a um período, só se tornam efectivamente custos na


altura que são vendidos.

Custo do Produto

CIPA = CIV + CIF

Custo Industrial dos Produtos Acabados = Custos Industriais Variáveis + Custos Industriais Fixos

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Cipa = CIPA / Quant. Produzida

Custo Industrial Unitário dos Produtos Acabados = Custo Industrial dos Produtos Acabados /
Quantidade produzida

Custo do Período

CIPV = cipa x Quant. Vendidas

Custo Industrial dos Produtos Vendidos = Custo Industrial Unitário dos Produtos Acabados x
Quantidades Vendidas

CP = CIPV + CNI

Custo do Período = Custo Industrial dos Produtos Vendidos + Custos Não Industriais

Vantagens

• Não minimiza a importância e indispensabilidade dos custos fixos


• Evita perdas fictícias
• Consistência com a informação externa

Desvantagens

• Arbitrariedade das repartições dos gastos indirectos


• Instabilidade dos custos ao longo do exercício
• Um aumento das vendas pode ser acompanhado por uma diminuição do lucro

Exercicio1:

A empresa Produzir Mais Lda., apresenta a seguinte estrutura de custos e proveitos relativa à
produção do produto X:

Vendas = 50.000 Unidades


Produção = 80.000 Unidades
Custos Industriais Variáveis = 800.000€
Custos Industriais Fixos = 700.000€
Custos Não Industriais = 400.000€
Preço de Venda = 40€ /Unidade
Nota: Não há existências iniciais de produtos acabados

a) Calcular o custo de cada produto X e os custos do período, em Sistema de Custeio Total

Sistema de Custeio Variável (direct costing)

Considera apenas os custos variáveis associados à produção como custos dos produtos.

As Existências Finais de Produtos Acabados são avaliadas pelo custo variável de produção.
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Os custos fixos de um produto relativos a um período são, na sua totalidade, custos dos
períodos onde ocorrem.

Os custos fixos são registados como Custos Industriais Não Incorporados (CINI)

Vantagens:

• Evidencia a variabilidade dos Lucros


• Evidencia a existência de Custos Fixos
• Maior interesse para a análise da situação económica da empresa
• Simplifica o trabalho contabilístico
• Os resultados não são influenciados pelas variações no volume de produção

Desvantagens:

• Dificuldade na separação dos custos em fixos e variáveis


• Custo incompleto dos produtos

Custo do Produto

CIPA = CIV

Custo Industrial dos Produtos Acabados = Custos Industriais Variáveis

Cipa = CIPA / Quant. Produzida

Custo Industrial Unitário dos Produtos Acabados = Custo Industrial dos Produtos Acabados /
Quantidade produzida

Sistema de custeio Racional

Imputam-se aos produtos os custos variáveis e os custos fixos são imputados tendo em conta a
capacidade normal dos meios de produção, para que sejam evitadas as flutuações de
actividade da empresa

Coeficiente de actividade

Produção efetiva
Ca =
Produção normal

Ca < 100% Ci = (1- Ca) => Custos de inatividade

Ca > 100 Ci = (1- Ca) => Proveitos de sobre atividade!

NCRF Nº 18 - Inventários

§ 13 —A imputação de gastos gerais de produção fixos aos custos de conversão é baseada na


capacidade normal das instalações de produção. A capacidade normal é a produção que se
espera que seja atingida em média durante uma quantidade de períodos ou de temporadas

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em circunstâncias normais, tomando em conta a perda de capacidade resultante da


manutenção planeada. O nível real de produção pode ser usado se se aproximar da capacidade
normal. A quantia de gastos gerais de produção fixos imputada a cada unidade de produção
não é aumentada como consequência de baixa produção ou de instalações ociosas. Os gastos
gerais não imputados são reconhecidos como um gasto no período em que sejam incorridos.
Em períodos de produção anormalmente alta, a quantia de gastos gerais de produção fixos
imputados a cada unidade de produção é diminuída a fim de que os inventários não sejam
mensurados acima do custo. Os gastos gerais de produção variáveis são imputados a cada
unidade de produção na base do uso real das instalações de produção.

Custos Fixos Industriais Incorporados

Produção efetiva
CFI = CF X
Produção normal

Custos Fixos Industriais Não Incorporados

Produção efetiva
CFNI = CF 100% -
Produção normal

Vantagens:

• Neutraliza no custo total do produto os efeitos das variações da actividade.


• Bom instrumento de orientação da política de vendas.

Desvantagens:

• Dificuldade em definir a capacidade normal ou actividade normal


• Custos Indirectos

Centros de custos

A gestão por centros de custos também conhecida por centros de responsabilidade, é a gestão
baseada na imputação de custos pertencentes aos mesmos departamentos ou secções.

A centralização de custos por responsabilidades dá-nos em tempo oportuno indicadores das


diversas atividades existentes numa empresa. São exemplos de centros de
custos/responsabilidade usados nas empresas, o administrativo, produtivo, comercial,
auxiliares, entre outros, dependendo da empresa.

As empresas surgem custos com várias origens, que podemos classificar como custos directos
e custos gerais.

Custos Directos – estão directamente afectos exclusivamente a um centro de origem

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Custos Auxiliares – são os gastos ocorridos para dar auxílio a toda a actividade da empresa,
estes devem ser imputados aos centros de custos principais através de um método de custeio
fiável, que permita a imputação o mais real possível.

Vantagens da utilização de gestão por centro de custos/responsabilidade:

• A centralização de custos possibilita a responsabilização por sector ou gestor,


• Identifica em tempo oportuno os gastos elevados,
• Permite um controlo periódico regular,
• Serve de base à tomada de decisões pelos gestores,
• É muito importante o individualiza o Resultado por cada secção.

Exemplo de Centro de Custo que pode ser utilizado numa empresa comercial:

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