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INSTITUTO SUPERIOR DE TRANSPORTES E COMUNICAÇÕES

Texto de Apoio

SISTEMAS DE CUSTEIO

Sistemas de Custeio

O custeio dos produtos ou dos serviços realizados pode ser organizado de diversas formas – técnicas de
custeio. Aquando da organizacão do custeio é fundamental não olvidar as suas implicações na elaboração e
apresentação das demonstrações financeiras – Balanço e Demonstração de resultados por natureza e por
funções.

A literatura contabilística apresenta diversas cambiantes para o custeio. No entanto, os mais abordados
centram-se, por um lado, na imputação dos custos totais – custeio total e, por outro, nos custos variáveis –
custeio variável. Qualquer deles pode ainda apoiar-se nos custos efectivos ou reais – custeio real ou nos
custos preestabelecidos – custeio básico.

O modelo definido em alguns países para o apuramento do custo de produção admite ainda o custeio
racional que se baseia na imputação dos custos fixos da fábrica tendo em conta a capacidade normal
utilizada. O tratamento dos custos não incorporados deve seguir o modelo aplicável aos desvios
contabilísticos.

A diferenca entre os sistemas de custos totais e sistemas de custos variáveis fundamentais-se na imputação
dos custos fixos. No primeiro caso, os custos fixos da fábrica são integralmente imputáveis aos produtos e,
no segundo, apenas os custos variáveis são afectos aos custos dos produtos ou serviços. Naturalmente que
neste último caso os custos fixos são totalmente imputados aos resultados do período.

Custeio Total
É um método de apuramento do custo dos produtos que considera quer os custos fixos quer os custos
variáveis industriais como custos de produção.

Assim:
 O custo industrial dos produtos compreende os custos fixos e variáveis dos custos de
aprovisionamento e de transformação;
 O custo comercial abrange o custo industrial dos produtos vendidos (CIPV) e ainda os custos fixos e
variáveis dos custos de distribuição e de administração.

Por este método, as existencias de produtos acabados são avaliadas pelo custo total da produção, fazendo
com que os custos industriais fixos e variáveis sejam custos dos produtos. Estes custos serão custos do
período à medida que a produção é vendida.

Custo de Produção = MP + MOD + GGF variáveis + GGF fixos


Custeio Variável
É um método de apuramento do custo dos produtos que consiste em se considerarem somente os custos
variáveis industriais como custos de produção. Os custos fixos de produção são na sua totalidade
classificados como custos do período.

Os principais objectivos do custeio variável estão relacionados com as necessidades de informação dos
gestores para efeitos de tomada de decisões, nomeadamente as seguintes:

 Melhor utilização a curto prazo da capacidade instalada;


 Análise de sensibilidade dos resultados face à variação do volume de actividade;
 Análise dos resultados dos diferentes produtos e das diferentes estratégias do marketing.

As principais características deste sistema podem resumir-se no seguinte:

 Somente os custos variáveis industriais são considerados custos dos produtos, enquanto os custos
fixos de produção são, na sua totalidade, classificados como custos do período;
 A valorização das existencias de produtos acabados é feita a custos de produção variáveis. Os custos
fixos não são inventariáveis e são considerados custos do período;
 Todos os custos variáveis de produção, incluindo a parte variável dos custos semivariáveis, são custos
dos produtos;
 Os custos fixos de aprovisionamento e de transformação não são incluídos no custo industrial e, por
conseguinte, não são considerados no apuramento das margens industriais. Os gastos fixos de
distribuição e de administração também não são considerados no apuramento das margens
comerciais;
 Admite-se a identidade entre os custos fixos e indirectos, pelo que este sistema resolve a
arbitrariedade das repartições.

Nos paises altamente industrializados é muito aplicável o método do custeio variável, tendo como
vantagens:

 Simplificação do trabalho, dado que não é necessário repartir os custos fixos:


 São custos mais fidedignos, pois a repartição dos custos fixos são estimativas;
 Dado que são proporcionais, é mais rápida e segura a determinação do ponto crítico das vendas;
 Utilização da análise marginal para tomada das decisões.

O método do custeio variável também apresenta alguns inconvenientes:

 Difícil distinção entre custos fixos e variáveis;


 A existencias de custos semivariáveis, que variam às escalas;
 A avaliação das existencias peca por defeito;
 O custo variável é sempre um custo incompleto, ilusório e perigoso.

Custo de Produção = MP + MOD + GGF variáveis

Custeio Racional
É um método de apuramento do custo dos produtos em que se consideram custos de produção não só os
custos variáveis industriais mas também a parte dos custos fixos industriais proporcional à actividade real em
relação à actividade normal.
Custo de Produção = MP + MOD + GGF variáveis + GGF fixos *Qr/Qn

Qr = Produção Real
Qn = Produção Normal

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Exemplo
A Empresa Industrial "Kapa", Lda, dedica-se à fabricação de chapas de fibramento de certo tipo, tendo
um nível de actividade normal mensal de 2 500 toneladas.

Em Abril último verificou-se o seguinte movimento:


Produção: 2 000 ton.
Vendas: 2 300 ton. ao preço de 40 MT. @;
Custo de produção:
 Matérias-primas: 7,5 MT/ton. de chapa;
 Custos de transformação:
Variáveis: 10 MT./ton. de chapa;
Fixos: 25 000 MT
Existências iniciais de produtos acabados: 500 ton. Valorizadas aos seguintes custos unitários:
 Custeio Total: 25 MT;
 Custeio Variável: 15 MT;
 Custeio Racional: 20 MT;
Outros Custos:
 Custos de Distribuição:
Variáveis: 3 MT/ton. de chapa;
Fixos: 8 000 MT;
 Custos Administrativos:
Fixos: 12 000 MT

Nota: Não havia produção em curso de fabrico tanto no início como no fim do período, Critério
valorimétrico FIFO

Pretende-se:

1. Custo de Produção pelos três sistemas de custeio (total, variável, racional);


2. Mapa de demonstração de resultados pelos três sistemas de custeio.
3. Justifique a diferença de resultados encontrado entre o SCT e SCV

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Ponto Crítico de Venda

Qualquer empresa tem sempre como principal objectivo no desempenho da sua actividade obter resultados
positivos e isto não está apenas nas intenções das empresas industriais, mas de todas as empresas,
independentemente do seu ramo de actividade.
É assim relevante para os gestores determinarem e saberem quais as quantidades a produzir ou a
vender, para atingirem um ponto em que não tenham lucro, nem prejuízo, a fim de delinearem as
estratégicas que lhes permitam ultrapassar esse ponto e produzirem ou venderem quantidades que
lhes dêem lucro. O mesmo se dá em relação ao valor das vendas, procurando saber o valor das quantidades
vendidas que não dá lucro nem prejuízo, a fim de, após este conhecimento, actuarem em vendas cujo valor
ultrapasse o resultado zero e passe a ter o lucro desejado que se considere possível.

Sempre que as quantidades ou o valor das vendas não permitam haver lucros nem prejuízos, ou seja, o
resultado ser zero, diz-se que foi atingido o ponto crítico. Nas vendas, o ponto crítico é também designado
por ponto morto ou apenas por ponto crítico.

Para determinar numa empresa fabril a quantidade mínima de unidades a produzir para que a empresa não
tenha lucro nem prejuízo, vamos considerar:

VV = Volume de vendas
Qv = Vendas (em quantidades)
Pv = Preço de venda
Cf = Custos fixos
CVT = Custos variáveis totais
Cv = Custo variável unitário
L = Lucro
CT = Custos totais
Q’ = Ponto crítico (em quantidade)
V’ = Ponto crítico (em valor)

O volume de vendas é-nos dado pela seguinte igualdade:

VV = Qv*Pv = Cf + (Cv*Qv) + L = Ct + L
Sendo o ponto crítico o volume de vendas que não proporciona lucro, nem prejuízo, isto é L = 0 temos:

Q’*Pv = Cf + (Cv*Q’)

(Q’*Pv) – (Q’*Cv) = Cf

Q’ (Pv – Cv) = Cf

Donde:

Q’ = Cf /(Pv-Cv)

Para obter o ponto crítico em valor deve-se multiplicar o ponto crítico em quantidade pelo preço de venda.

V’ = Cf /(Pv – Cv)*Pv

V’ =Cf /(1 – Cv/Pv)

Ou seja:
V’ = Q’*Pv
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A Margem de Segurança é dada pelo quociente da diferença entre as vendas previstas e o seu ponto
crítico a dividir pelo ponto crítico.

MS = (V – V’)/V’

Quanto maior elevado for o número obtido no cálculo da MS, melhor é a posição dos resultados da
empresa.

Exemplo

A Empresa "JOTA" dedica-se à fabricação do produto A, tendo um nível de actividade normal de 16.000
unidades/ano.

Em Abril último verificou-se o seguinte:


Vendas 10.000 unidades a 20,0 MT
Produção 12.000 unidades
Custos Industriais (em MT)
Fixos 25 000,0
Variáveis 96 000,0
Custos não industriais (em MT)
Distribuição 25 000,0 MT, dos quais 20 000,0 MT variáveis
Administrativos 30 000,0
Juros e custos similares 12 000,0

Pretende-se:

1. Custo de produção pelos 3 sistemas de custeio (total, variável e racional)


2. Mapa de demonstração de resultados pelos 3 sistemas de custeio
3. Ponto crítico de vendas (em quantidade e valor), algébrica e graficamente;
4. Margem de segurança;

Product Mix
A maior parte das empresas fabrica e vende mais do que um produto. Veremos seguidamente o
impacto das alterações do “product mix” nos resultados dos diferentes produtos e da empresa no
seu conjunto.
Exemplo 1
De uma empresa que fabrica 3 produtos, designados por A, B e C, dispõe-se dos seguintes
elementos em relacão ao mês de Junho último:

Produto A Produto B Produto C


Quantidades vendidas (unidades) 12.500 10.000 10.000
Preço de venda (em MT) 2,0 1,0 0,5
Custo variável unitário 1,5 0,6 0,2
Margem de contribuicao
Valor 0,5 0,4 0,3
Percentagem 25% 40% 60%
Os custos fixos do mês foram de 8.000,0 MT.

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