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Iraneide
Azevedo
Análise CVL — custo,
volume e lucro
Objetivos de aprendizagem
Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados:
Introdução
Umas das principais funções da contabilidade de custos consiste em for-
necer subsídios para a tomada de decisões. Nesse sentido, a identificação
e a distinção de gastos, conforme sua variabilidade em variáveis e fixos,
torna-se muito mais importante do que a mera separação entre custos
e despesas, por exemplo.
Para auxiliar os gestores na tomada de decisão, existem diversas abor-
dagens para a estimação dos custos dos produtos, uma delas é a análise
de custo, volume e lucro (CVL), que é uma técnica que permite estudar
os inter-relacionamentos entre custos, volume ou nível de atividade e
receitas para medir sua influência sobre o lucro.
A adoção dessa técnica de análise tem grande importância gerencial,
pois é possível identificar e analisar as relações entre custos, volumes e
lucros dos negócios de uma empresa, tornando viável responder per-
guntas relacionadas com a alteração de preços, volumes e custos.
Neste capítulo, você irá ver a definição de margem de contribuição,
o conceito ponto de equilíbrio e ainda a análise CVL com enfoque na
margem de contribuição (MC) e no ponto de equilíbrio (PE).
2 Análise CVL — custo, volume e lucro
Análise CVL
Um dos instrumentos da área de custos que pode ser utilizado nas decisões
gerenciais é a análise CVL. Tal expressão abrange os conceitos de MC, (PE) e
margem de segurança (MS), cujo conhecimento é de fundamental importância
para os gestores de custos em virtude do número de benefícios informativos
que proporcionam. (Figura 1).
Análise
Custo/volume/lucro
Mix de produtos é uma variedade de itens que uma empresa disponibiliza no mercado
para atingir diferentes clientes ou dominar uma fatia maior do seu segmento.
Segundo Guimarães Neto, (2012, p. 88), custo, preço e volume são os fatores
considerados no planejamento e na análise de variação do lucro. O preço de
venda, em geral, é de controle limitado, mas custo e volume têm elementos
mais controláveis. As decisões gerenciais requerem uma análise cuidadosa do
comportamento de custos e lucros em função das expectativas do volume de
vendas. Em curto prazo (menos que um ano), a maioria dos custos e preços
dos produtos da empresa pode ser determinada. A principal incerteza não está
relacionada com os custos e os preços dos produtos, mas com a quantidade
que será vendida. A análise CVL aponta os efeitos das mudanças nos volumes
de vendas na lucratividade da organização.
Sendo que:
Pv(u): preço de venda unitário
cv(u): custo variável unitário
dv(u): despesa variável unitário
MC(u): margem de contribuição unitária
Ponto de equilíbrio
Para alcançar o equilíbrio nas linhas de produção e/ou no serviço do departa-
mento, é preciso calcular o volume de vendas necessário para cobrir os custos,
saber como usar corretamente essa informação e entender como os custos
reagem às mudanças de volume.
Este é o ponto em que os custos totais e as receitas totais se igualam. A
partir deste, a empresa entra na área da lucratividade.
A análise do PE é fundamental nas decisões referentes:
a investimentos;
ao planejamento de controle do lucro;
ao lançamento ou corte de produtos;
às análises das alterações do preço de venda conforme o comportamento
do mercado.
A empresa está no PE quando ela não tem lucro ou prejuízo. Nesse ponto,
as receitas totais são iguais aos custos totais ou às despesas totais.
Tipos de PE
Berti (2006) esclarece que na gestão de custos, como subsídio à tomada de
decisão empresarial, alguns fatores e teorias são importantes de serem avalia-
dos para que as informações sejam seguras e auxiliem a empresa a alcançar
os objetivos essenciais. Existem três formas de calcular o PE em unidades
(contábil, econômico e financeiro), mas estas, normalmente, são atribuídas a
um produto ou mercadoria.
(CD)F (CD)F
PEC =
Pv(u) – cv(u) = MC(u)
6 Análise CVL — custo, volume e lucro
Sendo que:
(CD)F: custos e despesas fixas
Pv(u): preço de venda unitário
cv(u): custo variável unitário
MC(u): margem de contribuição unitária
Determinada empresa tem um custo fixo total de R$ 900,00 e seu custo variável é
de R$ 60.000,00 para uma produção máxima de 20 mil unidades a um preço de
venda unitária de R$ 8,00. Para calcular o PEC da empresa e fazer a conclusão, o
PE será calculado dessa forma:
(CD)F 900.000
PEC = = = 18.000 unidades
Pv(u) – cv(u) 8 – (60.000/20.000)
Essa empresa precisa vender 18 mil unidades para não ter lucro e nem prejuízo.
O PEE ocorre quando existe lucro na empresa e esta busca comparar e de-
monstrar o lucro da empresa em relação à taxa de atratividade que o mercado
financeiro oferece ao capital investido.
O PEE, portanto, mostra a rentabilidade real que a atividade escolhida
traz, confrontando-a com outras opções de investimento.
O PEE será calculado pela seguinte fórmula:
(CD)F + k (CD)F + k
PEE =
Pv(u) – cv(u) = MC(u)
Sendo que:
k = retorno desejado de lucro
(CD)F: custos e despesas fixas
Pv(u): preço de venda unitário
cv(u): custo variável unitário
MC(u): margem de contribuição unitária
Análise CVL — custo, volume e lucro 7
Qual é o PEE (volume de vendas) para uma empresa que pretende ter um lucro de R$
3.000,00, tendo como base as seguintes informações:
Venda total: 22 mil unidades;
Custo fixo total: R$ 42.000,00;
Custo variável total: R$ 33.000,00;
Preço de venda unitário: R$ 2,00.
O PEE será calculado dessa forma:
42.000 + 3.000,00
(CD)F + k = = 45.000,00
PEE =
Pv(u) – cv(u) 2 – (33.000 / 22.000) 2 – 1,5 = 90.000 unidades
Para que empresa possa ter um lucro de R$ 3.000,00, ela deverá, portanto, produzir
e vender 90 mil unidades.
Sendo que:
GF = gastos fixos
Gf = gastos fixos não desembolsáveis
Pu = preço unitário
GVu = gastos variáveis unitários
Gastos fixos não desembolsáveis são aqueles valores que diminuem o lucro, mas não
representam uma saída de caixa, como amortização e exaustão de ativos.
No ano passado, a Fábrica Azul do Céu produziu 30 mil unidades de um único produto,
que é a tinta para paredes Colorfix (fictícia), a qual é comercializada a um preço unitário
igual a R$ 25,00. Sabe-se que os gastos incorridos pela empresa no ano analisado
poderiam ser descritos de acordo com o Quadro 1. Com base nesses números, qual
seria o PEF da empresa?
Gasto Valor
Embalagens R$ 150.000,00
Matérias-primas R$ 250.000,00
Para estimar o PEF na soma dos gastos fixos, não devem ser incluídos os não de-
sembolsáveis. A soma dos gastos fixos desembolsáveis seria igual à soma dos salários
administrativos e dos outros gastos fixos, ou seja, R$ 120.000,00 + R$ 80.000,00 = R$
200.000,00.
Análise CVL — custo, volume e lucro 9
Aplicando a fórmula:
O volume financeiro das vendas no PEF seria igual às quantidades vendidas multi-
plicadas pelo preço, ou 20.000 x R$ 25,00 = R$ 500.000,00.
Benefícios do PE
Segundo Wernke (2004), “[...] a utilização do PE e respectiva análise proporcio-
nam diversos subsídios aos gerentes. A informação do PE da companhia, tanto
do total global, como por produto individual, é importante porque identifica
o nível mínimo de atividade que a entidade ou cada divisão deve operar”.
Ainda segundo Wernke (2004), o cálculo do PE atende às decisões em-
presariais relacionadas com:
O custo marginal representa o acréscimo de custo total que ocorre quando se aumenta
a quantidade de bens produzida em uma unidade (ou a redução de custo total após
a redução em uma unidade na quantidade produzida).
Exemplo com Produtos com MC iguais: calcular o PE dos seguintes dados, supondo
que os custos e as despesas fixos mensais são de R$ 30.000,00 (Quadro 2).
Custos +
Margem de
Preço Despesas
Produtos contribuição Produtos
unitário variáveis
unitária
unitárias
Exemplo com produtos com MCs diferentes: calcular o PE dos seguintes dados, supondo
que os custos e despesas fixos mensais são de R$ 45.300,00 (Quadro 3).
Custos +
Quantidade Preço Margem de
Despesas
Produtos Vendida em unitário contribuição
variáveis
unidades (R$) unitária
unitárias
Mix de produtos
A 50 25
B 30 15
C 120 60
Margem de
Margem de
% nas contribuição
Produtos contribuição
vendas média
unitária
ponderada
A 160,00 X 25 40,00
B 250,00 X 15 37,50
C 500,00 X 60 300,00
R$ 45.300,00
PE =
R$ 377,50
PE = 120 unidades
Relação entre MC e PE
Uma empresa, em dado momento circunstancial, pode não estar dando prejuízo,
mas também não está dando lucro. Isto é, o seu negócio é capaz de gerar
dinheiro para cobrir suas despesas, mas não está lucrando. Para que essa
empresa lucre, é preciso aumentar sua margem de contribuição e diminuir
seu ponto de equilíbrio.
14 Análise CVL — custo, volume e lucro
Imagine que quando uma empresa aumenta a MC dos produtos que vende,
ela está diminuindo os custos e as despesas associados a cada produto e
aumentando a quantidade de receita que cada produto dessa empresa gera. O
resultado é a diminuição do seu PE. Isso significa que essa empresa pode gerar
menos receita para obter lucro depois de aumentar a MC para seus produtos.
Margem de segurança
De acordo com Crepaldi (2002): “A margem de segurança é um indicador de
risco que aponta a que quantidade as vendas podem cair antes de ter prejuízo”.
É a parcela de produção e vendas que a empresa tem que estar acima do PE.
Análise CVL — custo, volume e lucro 15
A MS representa quanto das vendas pode cair sem que a empresa tenha
prejuízo e esta pode ser expressa em valor, unidade ou percentual.
Quantidade de Vendas – PE
MS = Quantidade de Vendas
Uma comerciante resolveu produzir e vender camisetas com pinturas. Para tanto, ela
gasta R$ 10,00 com as tintas para pintar e R$ 400,00 por mês com uma auxiliar para
lhe ajudar. A comerciante pretende vender a camiseta por R$ 50,00. Assim, qual seria
a MS, nesse caso, com a venda de 30 camisetas?
Custo fixo total: R$ 400,00
Preço de venda: R$ 50,00
Custo variável: R$ 10,00
MC(u) = preço de venda – gasto variável unitário
MC(u) = 50 – 10 = R$ 40,00
400
O PE foi de: PE = = 10
40
Quantidade vendida: 30 camisetas
O cálculo da MS é assim calculado:
30 – 10
MS = = 0,66 × 100 = 66%
30
WERNKE, R. Gestão de custos: uma abordagem prática. 2. ed. São Paulo: Atlas, 2004.
Leituras recomendadas
BORNIA, A. C. Análise gerencial de custos: aplicação em empresas modernas. 3. ed.
São Paulo: Atlas, 2010.
BRUNI, A. L.; FAMÁ, R. Gestão de custos e formação de preços: com aplicações na cal-
culadora HP 12C e Excel. 5. ed. São Paulo: Atlas, 2011.
HORNGREN, C. T.; FOSTER, G.; DATAR, S. M. Contabilidade de custos. Rio de Janeiro:
LTCA, 2000.
LEONE, G. S. G. Curso de contabilidade de custos. 2. ed. São Paulo: Atlas,1997.
LEONE, G.. S. G. Custos: planejamento, implantação e controle. 3. ed. São Paulo: Atlas,
2000.
PADOVEZE, C. L. Contabilidade gerencial: um enfoque em sistema de informação
contábil. 7. ed. São Paulo: Atlas, 2010.
REZENDE, D. A. Sistemas de informações organizacionais: guia prático para projetos
em cursos de administração, contabilidade e informática. São Paulo: Atlas, 2005.
SANTOS, J. J. Contabilidade e análise de custos: modelo contábil, métodos de deprecia-
ção ABC – Custeio baseado em atividades de encargos sociais sobre salários, custos
de tributos sobre compras e vendas. 6. ed. São Paulo: Atlas, 2011.
SOUZA, A.; CLEMENTE, A. Gestão de custos: aplicações operacionais e estratégicas:
exercícios resolvidos e propostos com utilização do excel. 2. ed. São Paulo: Atlas, 2011.
Encerra aqui o trecho do livro disponibilizado para
esta Unidade de Aprendizagem. Na Biblioteca Virtual
da Instituição, você encontra a obra na íntegra.
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