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Revisão técnica

Lilian Martins
Especialista em Controladoria e Planejamento Tributário
Professora do Curso de Ciências Contábeis

A532 Análise de custo /Aline Alves... [et al.]; [revisão técnica : Lilian
Martins]. – Porto Alegre : SAGAH, 2018.
371 p. : il. ; 22,5 cm.

ISBN 978-85-9502-441-0

1. Administração. 2. Contabilidade. I. Alves, Aline.

CDU 658.15

Catalogação na publicação: Karin Lorien Menoncin CRB – 10/2147


Relações de custo,
volume e lucro
Objetivos de aprendizagem
Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados:

 Explicar como as mudanças nas atividades afetam a margem de


contribuição e o resultado operacional.
 Demonstrar a análise de custo, volume e lucro.
 Discutir a análise de custo, volume e lucro.

Introdução
A relação de custo, volume e lucro (CVL) é utilizada para projetar o lucro
que seria obtido em diferentes níveis possíveis de produção e vendas e
para analisar o impacto sobre o lucro, em função das modificações no
preço de venda (PV), nos custos ou em ambos.
A capacidade que a empresa tem de administrar seus custos e despesas
fixas e gerar lucro é chamada de alavancagem operacional (AO). Essa
capacidade possibilita compreender como a variação percentual das
vendas se reflete nos lucros.
Neste capítulo, será apresentada a visão geral de CVL, a análise dessa
ferramenta, a utilização da AO como um poderoso auxílio aos gerentes
para estes compreenderem as relações entre custo, volume e lucro.

Visão geral da relação CVL


O cenário mercadológico em que se encontra a atual economia exige dos
gestores que eles façam uso de ferramentas que sejam capazes de fornecer
pareceres que os auxiliem nas tomadas de decisão, fazendo-as da melhor
forma possível, a fim de estimular seus índices de lucratividade e fomentar
sua participação no mercado. Nesse sentido, surge a função das análises CVL.
2 Relações de custo, volume e lucro

De acordo com Crepaldi (2010), a relação CVL é o processo pelo qual os


administradores da organização examinam e analisam a correlação que ocorre
entre o montante dos custos e a dimensão da atividade operacionalizada, ava-
liando a forma como esses custos intervêm nos índices de lucratividade obtidos.
Wernke (2007, p. 98) traz a concepção de que, “a análise custo, volume e
lucro é um modelo que possibilita prever o impacto, no lucro do período ou no
resultado projetado, de alterações ocorridas no volume vendido, nos preços de
venda vigentes e nos valores de custos e despesas tanto fixos como variáveis”.
Para Bornia (2010), no momento do planejamento das medidas a serem adotadas
pela organização, é necessário que os gestores realizem estimativas acerca do índice
de lucratividade esperado. É nesse âmbito que o autor fundamenta a importância da
aplicação da análise CVL, em consonância com a aplicabilidade do custeio variável
como ferramenta de auxílio na tomada de decisões, principalmente as de curto prazo.
Nesse sentido, Iudícibus; Mello (2013) ressaltam que a interpretação dos
dados obtidos na observação da relação CVL é um dos procedimentos mais
eficazes para que os gestores possam realizar uma observação da maneira
mais adequada para a aplicação dos recursos disponíveis.
Para Wernke (2004, p. 41):

[...] as análises de custo/volume/lucro são modelos que visam demonstrar,


de forma gráfica ou matemática, as inter-relações existentes entre vendas,
os custos (fixos ou variáveis), o nível de atividade desenvolvido e o lucro
alcançado ou desejado.

Alavancagem operacional (AO)


De modo geral, podemos considerar a alavancagem empresarial como a ca-
pacidade de uma empresa utilizar recursos para potencializar resultados.
De acordo com Garrison; Noreen (2001), a AO consiste em uma medida de
sensibilidade do lucro líquido quanto às variações percentuais nas vendas.
Assim, uma pequena variação percentual na receita de vendas pode levar a
uma variação percentual muito mais elevada no lucro líquido.
Na demonstração do resultado do exercício pelo modelo de contribuição,
os gastos fixos consistem na diferença entre a margem de contribuição e o
lucro líquido. Dessa forma, as empresas que têm custos fixos (CF) elevados,
em geral também têm uma AO elevada. Empresas de setores de capital in-
tensivo, como, por exemplo, as indústrias automotivas, têm AO alta. Já uma
AO baixa é muito comum em empresas com mão de obra intensiva, como as
de serviços profissionais.
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Os gestores de custos podem utilizar a AO para medir o impacto das


variações das vendas sobre o lucro operacional. Quando a AO é elevada, isso
indica que um pequeno aumento nas vendas ocasionará um aumento bem maior
no lucro operacional. No entanto, uma AO baixa sinaliza que é necessário um
grande aumento nas vendas para que haja um aumento significativo no lucro
operacional (WARREN; REEVE; FESS, 2008).
A AO será determinada conforme segue:

(Preço de venda – Custo Variável) × Volume


AO =
(Preço de Venda – Custo Variável) × Volume – Custo Fixo

Supondo que a empresa Jambo apresenta o seu demonstrativo de resultados simpli-


ficado conforme a tabela abaixo.

(R$)

PV R$ 150,00

CV R$ 60,00

CF R$ 190.000,00

Volume de vendas 9 mil unidades

Nesse caso, a AO dessa empresa será calculada da seguinte maneira:

(Preço de venda – Custo Variável) × Volume


AO =
(Preço de Venda – Custo Variável) × Volume – Custo Fixo

(120 – 70) × 9.000


AO = = 1,67
(120 – 70) × 9.000 – 180.000

O resultado acima indica que, dado um aumento de 10% no volume de vendas, o lucro
líquido aumentará em 1,31 vezes o número de vendas, ou seja, 13,1%. Caso o volume de
vendas seja reduzido em 10%, o lucro líquido também reduzirá na proporção de 10%.
Diante do exposto, verifica-se que, para a tomada de decisão em um mercado de
acirrada concorrência, torna-se melhor para a empresa reduzir a margem de contribui-
ção (PV - CV), com o intuito de aumentar o volume de vendas, alcançando, assim, uma
maior margem de segurança (MS = PE - quantidade vendida) e, consequentemente,
ter um índice de alavancagem menor, o que representará um menor risco, devido às
alterações negativas no cenário econômico.
4 Relações de custo, volume e lucro

Pode-se também calcular o grau de alavancagem operacional (GAO), que


é uma medida, em um dado nível de vendas, que diz o quanto uma variação
percentual do volume de vendas afetará o lucro de uma empresa, segundo
Garrison; Noreen (2001).
O GAO é determinado pela razão entre a margem de contribuição e o lucro
operacional, ou seja:

Margem de contribuição
GAO =
lucro operacional

Margem de contribuição é o montante restante da receita de vendas depois que


as despesas variáveis foram deduzidas. Dessa forma, a margem de contribuição é o
montante disponível para cobrir as despesas fixas e, então, gerar os lucros do período.
A margem de contribuição é usada para, primeiramente, cobrir as despesas fixas e,
então, o que sobra vai para os lucros. Se a margem de contribuição não for suficiente
para cobrir as despesas fixas, haverá prejuízo no período.
Você pode saber mais sobre margem de contribuição consultando o livro Contabi-
lidade Gerencial, de Garrison; Noreen; Brewer (2013, p. 186).

Análise dos efeitos da AO


O efeito da AO está relacionado com os gastos fixos da empresa, gastos esses
que poderão constituir risco para as atividades operacionais. A AO vem medir
qual será a proporção desse risco.
O impacto da AO diminuirá na proporção do crescimento das vendas acima
do ponto de equilíbrio (PE), resultando em um lucro maior, pois, quanto maior
for o volume de vendas acima do PE, maior será a margem de segurança que
a empresa terá.
No que tange à análise da AO, em um mercado de procura elástica, o
consumidor tem a opção de escolher um produto de outro fabricante, que
tenha um menor preço, ocasionando, assim, uma possível elevação do PE pela
redução do PV para se manter competitivo nesse mercado de procura elástica.
Relações de custo, volume e lucro 5

Mercado de procura elástica é quando a quantidade demandada de um bem no


mercado responde substancialmente às variações no preço.

Se o PE for elevado, a empresa estará vulnerável a possíveis declínios provo-


cados pela economia, consequentemente, a estrutura dos gastos fixos provocará
impactos nos lucros em conformidade com as alterações do volume de vendas.
Caso a empresa tenha uma elevada AO, haverá um risco maior devido
aos gastos fixos que não serão reduzidos pela queda do volume de vendas.

Suponha que duas empresas, a Indústria Mona e a Indústria Lisa, atuem em mercados
diferentes, mas apresentem vendas, CV e margem de contribuição idêntica, conforme
evidenciado na tabela a seguir.

Mona Lisa

Vendas R$ 800.000,00 R$ 800.000,00

CV R$ 600.000,00 R$ 600.000,00

Margem de contribuição R$ 200.000,00 R$ 200.000,00

CF R$ 160.000,00 R$ 100.000,00

Lucro operacional R$ 40.000,00 R$ 100.000,00

De acordo com os resultados, como a Indústria Mona incorre em CF maiores, ela


aufere menos lucros e, portanto, deve ter uma maior AO do que a Indústria Lisa. Veja:
Margem de contribuição (Alfa) 200.000,00
GAO (Alfa) = = =5
lucro operacional (Alfa) 40.000,00
Margem de contribuição (Beta) 200.000,00
GAO (Beta) = = =2
lucro operacional (Beta) 100.000,00

A AO da Indústria Mona indica que a variação de um ponto percentual no volume


de vendas implicará em uma variação cinco vezes maior no lucro. Com relação à
Indústria Lisa, a cada ponto percentual de variação nas vendas, o lucro operacional
irá variar duas vezes essa porcentagem.
6 Relações de custo, volume e lucro

A margem de contribuição e o resultado operacional


Um gerente de uma empresa que fabrica televisores verifica a demonstração
de resultados da empresa com a margem de contribuição. Essa demonstração
enfatiza o comportamento dos custos e, portanto, é extremamente útil para
os gerentes ao julgar o impacto sobre os lucros de mudanças nos preços de
venda, custos ou volume. Veja na Tabela 1 a demonstração de resultados do
gerente dessa empresa que foi preparada no mês Z.

Tabela 1. Empresa Jota — Demonstração de resultados com margem de contribuição


do mês Z.

Total Por unidade

Vendas (400 televisores) R$ 100.000,00 R$ 250,00

Despesas variáveis R$ 60.000,00 R$ 150,00

Margem de contribuição R$ 40.000,00 R$ 100,00

Despesas fixas R$ 35.000,00

Receita operacional líquida R$ 5.000,00

Observe que as vendas, as despesas variáveis e a margem de contribuição


são expressas por uma base de unidade, bem como pelo total nessa demons-
tração de resultados com a margem de contribuição. Os valores por unidade
serão muito úteis ao gerente em alguns de seus cálculos. Observe que essa
demonstração de resultados com margem de contribuição foi preparada para
ser usada pela gerência dentro da empresa e, normalmente, não seria dispo-
nibilizada para aqueles que estão fora dela.
Relações de custo, volume e lucro 7

Para ilustrar como algumas mudanças nas atividades afetam a margem


de contribuição e o resultado operacional, suponha que a empresa Jota tenha
vendido apenas um televisor durante determinado mês, conforme a demons-
tração de resultados na Tabela 2.

Tabela 2. Demonstração de resultados com margem de contribuição — Venda de 1 te-


levisor.

Total Por unidade

Vendas (1 televisor) R$ 250,00 R$ 250,00

Despesas variáveis R$150,00 R$ 150,00

Margem de contribuição R$ 100,00 R$ 100,00

Despesas fixas R$ 35.000,00

Receita operacional líquida (prejuízo) - R$ 34.900,00

Para cada televisor adicional que a empresa vender durante o mês, uma
margem de contribuição de R$ 100,00 a mais ficará disponível para ajudar a
cobrir as despesas fixas. Se um segundo televisor for vendido, por exemplo,
a margem de contribuição total (MCT) aumentará em R$ 100,00 (chegando
a um total de R$ 200,00) e, com isso, o prejuízo da empresa irá diminuir em
R$ 100,00, chegando a R$ 34.900,00.

A MCT pode ser calculada pela multiplicação entre a margem de contribuição unitária
(MCU) e o PV do produto.
8 Relações de custo, volume e lucro

Veja a Tabela 3 para compreender melhor a demonstração de resultados


com a margem de contribuição.

Tabela 3. Demonstração de resultados com margem de contribuição — Venda de 2 te-


levisores.

Total Por unidade

Vendas (2 televisores) R$ 500,00 R$ 250,00

Despesas variáveis R$ 300,00 R$ 150,00

Margem de contribuição R$ 200,00 R$ 100,00

Despesas fixas R$ 35.000,00

Receita operacional líquida (prejuízo) - R$ 34.800,00

Se um número suficiente de televisores puder ser vendido, de modo


que sejam gerados R$ 35.000,00 em margem de contribuição, todas as
despesas fixas serão cobertas e a empresa chegará ao PE naquele mês, isto
é, ela não terá lucro nem prejuízo, apenas irá cobrir todos os seus custos.
Para chegar ao PE, a empresa deverá vender 350 televisores em um mês,
pois cada um deles produz R$ 100,00 de margem de contribuição. Veja a
Tabela 4 a seguir.

Conforme Warren; Reeve; Fess (2008, p. 100), “o ponto de equilíbrio é o nível de ope-
rações no qual as receitas e os custos expirados (despesas) de uma empresa são exa-
tamente iguais. Em equilíbrio, uma empresa não tem lucro nem prejuízo operacional”.
Relações de custo, volume e lucro 9

Tabela 4. Demonstração de resultados com margem de contribuição — Venda de 350


televisores.

Total Por unidade

Vendas (350 televisores) R$ 87.500,00 R$ 250,00

Despesas variáveis R$ 52.500,00 R$ 150,00

Margem de contribuição R$ 35.000,00 R$ 100,00

Despesas fixas R$ 35.000,00

Receita operacional líquida (prejuízo) 0

Observe que a empresa chegou ao PE, ou seja, chegou ao nível de vendas em


que o lucro é zero. Uma vez tendo alcançado o PE, a receita operacional líquida
aumentará no valor da margem de contribuição para cada unidade adicional
vendida. Por exemplo, se 351 televisores forem vendidos em um mês, a receita
operacional líquida do mês será de R$ 100,00 porque a empresa terá vendido
1 televisor a mais do que o número necessário para alcançar o PE (Tabela 5).

Tabela 5. Demonstração de resultados com margem de contribuição — Venda de 351


televisores.

Total Por unidade

Vendas (351 televisores) R$ 87.750,00 R$ 250,00

Despesas variáveis R$ 52.650,00 R$ 150,00

Margem de contribuição R$ 35.100,00 R$ 100,00

Despesas fixas R$ 35.000,00

Receita operacional líquida (prejuízo) R$ 100,00

Se 352 televisores forem vendidos (2 televisores acima do PE), a receita


operacional líquida do mês será de R$ 200,00. Se 353 televisores forem ven-
didos (3 televisores acima do PE), a receita operacional líquida do mês será
de R$ 300,00 e assim por diante.
10 Relações de custo, volume e lucro

Para estimar o lucro de qualquer volume de vendas acima do PE, multiplique


o número de vendas unitárias além do PE pela margem de contribuição por
unidade. O resultado representa os lucros previstos.

A importância da execução da análise CVL


Crepaldi (2010) aponta que a importância da execução das análises CVL está
fundamentada no fato desta ser capaz de apontar a melhor decisão a ser tomada
sobre a manutenção ou não da comercialização de determinado produto na
entidade, a determinação de lucros e o estímulo à contenção de gastos. O autor
indica ainda que essa análise é uma importante ferramenta de controle, uma
vez que está relacionada com o desenvolvimento de orçamentos, os quais irão
balizar a execução de investimentos.
A separação dos custos entre fixos e variáveis é um fator imprescindível
para a aplicação da análise CVL. Os autores mencionam que é a partir dessa
distinção que os gestores se tornam capazes de decidir a destinação dos recursos
disponíveis, com base na lucratividade almejada.
Na análise CVL, são aplicados os conceitos de custo fixo, o qual não se
altera conforme o montante produzido, custo variável, que apresenta modi-
ficação de acordo com o volume de produção, e custo semivariável, o qual
demonstra variação apenas em uma determinada parcela de seu valor, de
acordo com as alterações na quantidade produzida.
O desenvolvimento de uma análise CVL fornece pareceres capazes de ex-
plicitar qual será o comportamento do lucro em determinadas situações, como
alterações dos custos e variação do montante comercializado pela entidade, bem
como modificações relativas aos valores de comercialização de mercadorias.
A necessidade do estudo de terminologias relativas à análise das relações de
CVL é ilustrada pelos conceitos de margem de contribuição, PE e MS.
Segundo Carmo (2011), a margem de contribuição é obtida pelo cálculo
da diferença entre as receitas obtidas pela comercialização de determinada
mercadoria e os seus respectivos custos.
Quanto ao PE, Martins (2010) aponta que este é proveniente da análise
comparativa dos valores relativos à totalidade de custos e despesas em con-
frontação ao montante de receita absoluta, a qual evidencia o índice em que
determinado item opera sem fornecer lucros ou prejuízos à organização.
O PE pode ser contábil, econômico ou financeiro. Crepaldi (2010) expõe que
o ponto de equilíbrio contábil (PEC) é aquele no qual o montante existente é
capaz de sanar completamente os custos e as despesas fixas. Quanto ao ponto
Relações de custo, volume e lucro 11

de equilíbrio econômico (PEE), o autor menciona que este é obtido quando


a empresa deseja confrontar e manifestar o seu resultado frente à taxa de
atratividade que o cenário financeiro expõe ante os recursos aplicados. Fina-
lizando, o autor indica que o ponto de equilíbrio financeiro (PEF) é expresso
pelo montante de comercialização necessária para que a organização tenha
capacidade de saldar seus débitos financeiros.
Em relação à MS, Wernke (2004) cita que esta é representada pelo montante
de vendas superior ao PE. Nesse sentido, o autor indica que a MS evidencia o
decréscimo aceitável nas vendas antes que ocorra detrimento à lucratividade
da organização (WERNKE, 2004).

Demonstração da relação CVL


A demonstração da relação CVL será feita pelo PE, de acordo com o método
aritmético, a qual perderá em relação ao procedimento gráfico em temos de
expressão visual, mas proporcionará a quem estiver analisando, uma maior
simplicidade para seu entendimento (Tabela 6).

Tabela 6. Análise pelo método aritmético.

Vendas R$ 100.000,00

Gastos variáveis R$ 30.000,00

Gastos fixos R$ 60.000,00

% dos gastos variáveis sem as vendas 30.000/100.000 = 30%

Os resultados da Tabela 6 indicam que, para cada R$ 1,00 de venda, 30%


são destinados à recuperação dos gastos variáveis, ficando o restante 70%,
para a cobertura do gasto fixo e para a geração de lucro. A partir desse ponto,
pode-se calcular a receita necessária para garantir a recuperação dos gastos
totais da empresa, ou seja, a receita de equilíbrio (RE).
12 Relações de custo, volume e lucro

Sabendo-se que os gastos variáveis são de 30% das vendas e que os 70%
finais são para a recuperação dos gastos fixos, determina-se a receita de
equilíbrio dividindo o valor dos gastos fixos pelo percentual dos gastos fixos,
conforme o exemplo a seguir:

RE = 60.000/0,70 = R$ 85.714,29

A comprovação do cálculo pode ser demonstrada mediante elaboração de


uma demonstração de resultado do exercício (DRE) (Tabela 7).

Tabela 7. Demonstração de resultado do exercício.

PV R$ 5,00

RE R$ 85.714,29

(–) Gastos variáveis (30% da RE) R$ 25.714,29

(–) Gastos fixos R$ 60.000,00

(=) Lucro/Prejuízo R$ 0,00

A RE equivale ao PE. A Margem de Segurança (MS) da empresa será o


valor que estiver acima do PE, podendo ser determinado em %, conforme segue:

Receita Total 100.000,00


Margem de segurança =
Receita Equilíbrio = 85.714,29
= 1,17 – 1 × 100 = 17%

A empresa tem 17% de MS, o que significa dizer que as suas vendas po-
derão cair em até 17% sem que haja prejuízo. Poderemos também determinar
o PE em unidades de vendas, para isso, basta utilizarmos a seguinte fórmula:

Gasto Fixo Total


Ponto de Equilíbrio (em volume) =
Preço de Venda – Gasto Variável

60.000,00
= = 17.143 unidades
5 – 1,50
Relações de custo, volume e lucro 13

Análise da meta de lucro


As fórmulas da análise CVL também podem ser utilizadas para determinar o
volume de vendas necessário para se atingir uma certa meta de lucro, também
conhecida como lucro visado.
Para demonstrar a meta de lucro, suponhamos que a alta administração
de uma indústria de alto-falantes esteja estudando algumas medidas para
incrementar os resultados da empresa. Para isso, é solicitado que o seu gestor
de custos faça um estudo sobre o impacto das mudanças propostas. A indústria
fabrica apenas um tipo de alto-falante. A Tabela 8, a seguir, evidencia a MCU
atual do seu produto.

Tabela 8. Exemplo de cálculo da MCU de uma empresa.

Por unidade Percentual

PV R$ 250,00 100%

(–) Gastos variáveis (R$ 150,00) - 60%

= Margem de contribuição R$ 100,00 40%

Os administradores têm como meta auferir lucros de R$ 40.000,00 mensais


e precisam saber o volume de vendas que devem atingir para que alcancem
seus objetivos.
Portanto, o volume de vendas deve ter uma quantidade específica que seja
capaz de cobrir todos os gastos variáveis e fixos e ainda gerar um excedente
de R$ 40.000,00. Ou seja:

Vendas = Gastos variáveis + Gastos fixos + Lucro

Sabemos que:

 Vendas = Preço/un. X Quantidade (Q) = R$ 250,00. Q


 Gastos variáveis = Gastos variáveis/un. X Quantidade (Q) = R$ 150,00.
Q
 Gastos fixos = R$ 35.000,00
14 Relações de custo, volume e lucro

Logo, aplicando a fórmula, temos:

Vendas = Gastos variáveis + Gastos fixos + Lucro


R$ 250,00.Q = R$ 150,00.Q + R$ 35.000,00 + R$ 40.000,00
R$ 250,00.Q - R$ 150,00.Q = R$ 35.000,00 + R$ 40.000,00
R$ 100,00.Q = R$ 75.000,00

R$ 75.000,00
Q= = 750 auto-falantes
R$ 100,00

Portanto, para atingir o lucro mensal de R$ 40.000,00, a indústria de alto-


-falantes precisa vender, no mínimo, 750 unidades por mês. Para determinarmos
a receita mensal necessária, basta multiplicarmos a quantidade pelo preço
unitário do alto-falante.

Receita = PV x Q = R$ 250,00 x 750 unidades = R$ 187.500,00


16 Relações de custo, volume e lucro

BORNIA, A. C. Análise gerencial de custos: aplicação em empresas modernas. 3. ed.


São Paulo: Atlas, 2010.
CARMO, L. P. F. do. Análise de custos. Rio de Janeiro: Edição do Autor, 2011. Disponível
em: <https://books.google.com.br/books?id=GqdEBQAAQBAJ&printsec=frontcove
r&hl=pt-BR&source=gbs_ge_summary_r&cad=0#v=onepage&q&f=false>. Acesso
em: 03 maio 2018.
CREPALDI, S. A. Curso básico de Contabilidade de custos. 5. ed. São Paulo: Atlas, 2010.
GARRISON, R. H.; NOREEN, E. W.; BREWER, P. C. Contabilidade gerencial. Tradução
Christiane de Brito. 14. ed. Porto Alegre: AMGH, 2013.
GARRISON, R. H.; NOREEN, E. W. Contabilidade gerencial. 9. ed. Rio de Janeiro: LTC, 2001.
IUDÍCIBUS, S. de; MELLO, G. R. de. Análise de custos: uma abordagem quantitativa.
São Paulo: Atlas, 2013.
MARTINS, E. Contabilidade de Custos. 10. ed. São Paulo: Atlas, 2010.
WERNKE, R. Gestão de custos: uma abordagem prática. 2. ed. São Paulo: Atlas, 2004.
WARREN, C. S.; REEVE, J. M.; FESS, P. E. Contabilidade gerencial. 2. ed. São Paulo: Thom-
son Learning, 2008.

Leituras recomendadas
BERTI, A. Contabilidade e análise de custos. Curitiba: Juruá, 2006.
BRUNI, A. L.; FAMÁ, R. Gestão de custos e formação de preços: com aplicações na cal-
culadora HP 12C e Excel. 5. ed. São Paulo: Atlas, 2011.
HORNGREN, C. T.; FOSTER, G.; DATAR, S. M. Contabilidade de custos. Tradução José Luiz
Paravato. 9. ed. Rio de Janeiro: LTCA, 1999.
PADOVEZZE, C. L. Contabilidade gerencial: um enfoque em sistema de informação
contábil. 7. ed. São Paulo: Atlas, 2010.
Encerra aqui o trecho do livro disponibilizado para
esta Unidade de Aprendizagem. Na Biblioteca Virtual
da Instituição, você encontra a obra na íntegra.

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