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Análise de Custo

Fabiana
Tramontin
Bonho
Índice da margem
de contribuição
Objetivos de aprendizagem
Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados:

„„ Identificar a definição de índice da margem de contribuição.


„„ Demonstrar o cálculo do índice da margem de contribuição.
„„ Explicar a informação que o índice de margem de contribuição agrega
para a tomada de decisão.

Introdução
Você sabe o que é a margem de contribuição unitária? Neste capítulo
serão apresentados vários conceitos de autores diferentes sobre a margem
de contribuição, que, sintetizando, seriam as receitas menos os custos e
as despesas variáveis de uma organização.
Além disso, você conhecerá como se calcula a margem de contribui-
ção e o seu índice com a ajuda de alguns exemplos explicativos. Este
capítulo ainda abordará as informações que o índice de margem de
contribuição agrega para a tomada de decisão.

Definição de índice da margem


de contribuição
A margem de contribuição é a diferença entre a receita, o custo e a despesa
variável de cada produto.
Padoveze (2008) diz que a margem de contribuição representa o lucro
variável, isto é, em cada unidade vendida, a empresa lucrará determinado
valor. Se multiplicarmos pelo total vendido, teremos a contribuição marginal,
isto é, a margem de contribuição total do produto para a empresa.
Para Wernke (2004), a margem de contribuição é definida como o valor
que cada unidade comercializada contribui para, inicialmente, pagar os gastos
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fixos mensais da empresa e, após, é o valor que cada unidade contribui para
gerar o lucro do período.
Os objetivos da margem de contribuição auxiliam os gestores em vários
fatores: na tomada de decisão, mostrando quais produtos necessitam de um maior
esforço de venda; na escolha da linha de produção, a qual deverá ser abandonada
ou recuperada; na avaliação das alternativas que se criam em relação à redução
de preços, descontos, entre outros; na identificação do valor com o qual o produto
contribui na amortização dos gastos fixos e na formação do lucro.
Conforme Crepaldi (2008), a margem de contribuição indica como melho-
rar a utilização da capacidade da empresa, como formular o preço para uma
concorrência e se deve aceitar um pedido, mesmo que o preço de venda seja
menor do que o preço normal, sendo, dessa forma, um conceito de extrema
importância para o custeio variável e para as tomadas de decisão gerencial.
Bernardi (1998, p. 159) comenta que a margem de contribuição é “a diferença
entre o valor das vendas, os custos variáveis e as despesas variáveis de venda.
Isso significa que se pode avaliar o quanto cada venda contribui para pagar
os custos fixos e despesas fixas”. Portanto, ao utilizar esse método, tem-se
um novo conceito de apuração de resultado, pois, em vez de se apurar o lucro
bruto, apura-se a margem de contribuição.
De acordo com Garrison e Noreen (2001), a margem de contribuição é
a quantia restante que resulta das receitas de venda depois da dedução das
despesas variáveis. Essa quantia contribui para cobrir as despesas fixas e,
então, para os lucros do período.
Ponte, Riccio e Lustosa (1999) destacam que a margem de contribuição
normalmente é tratada de duas formas: unitária ou total. A margem de contri-
buição unitária é representada pela diferença entre o preço de venda e a soma
dos custos variáveis unitários de determinado produto/serviço ou área que se
queira custear. Já a margem de contribuição total é o resultado obtido pela
multiplicação da margem de contribuição unitária pela quantidade vendida,
demonstrando a contribuição total de determinado item, no resultado geral
da empresa, em certo nível de venda.

A fórmula para calcular a margem de contribuição é:


MC = PV (preço de venda) – CV (custos variáveis) – DV (despesas variáveis)
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Cruz (2012) fala que a margem de contribuição é a principal medida de


desempenho dos produtos, pois sua base positiva representa que determinado
produto ou serviço contribui efetivamente para o pagamento dos custos e das
despesas fixas, ou seja, o produto se apresenta favorável ao negócio à medida
que sua margem é positiva e se apresenta nula, ou negativa, de acordo com
sua resultante. Dessa forma, há as seguintes regras:

„„ Margem positiva: produto ou serviço favorável ao negócio, isto é, quando


o preço de venda é maior que o somatório dos gastos variáveis.
„„ Margem nula: produto ou serviço indiferente ao negócio, ou seja, quando
o preço de venda equivale ao somatório dos gastos variáveis.
„„ Margem negativa: produto ou serviço não favorável ao negócio, o que
ocorre quando o preço de venda é menor que os gastos variáveis.

As resultantes da margem de contribuição podem ser vistas na Figura 1.

PV < CV | DV
MC nula
Preço de venda

PV > CV – DV
MC positiva
CV + DV
PV < CV + DV
MC negativa

Figura 1. Representação da dinâmica da margem de contribuição.


Fonte: Cruz (2012, p. 125).
4 Índice da margem de contribuição

Verificamos que a margem de contribuição é o valor que garantirá a co-


bertura do custo fixo e da geração de lucro. Com a margem de contribuição,
é possível definir o índice de margem de contribuição (IMC), que é a relação
entre a margem de contribuição e a receita operacional bruta.

Cálculo do índice da margem de contribuição

As siglas apresentadas na fórmula da margem de contribuição significam:


„„ MC = margem de contribuição.
„„ PV = preço de venda: é o valor que deverá cobrir os custos totais da empresa.
„„ CV = custo variável: equivale aos custos alocados diretamente na produção.
„„ DV = despesa variável: são os gastos relacionados com as vendas dos produtos.

Suponhamos que um produto Z tenha um preço de venda unitário no valor


R$ 16,00, cujos custos variáveis sejam R$ 2,00 de matéria-prima e R$ 5,00 de
mão de obra direta. Além dos custos variáveis, incorreu o valor de R$ 2,50
no pagamento de comissões aos vendedores do produto.
Aplicando a formula no exemplo acima citado, teríamos uma margem de
contribuição de R$ 6,50.

MC = 16 – (2 + 5) – 2,50
MC = 16 – 7 – 2,50 = 6,50

Isso significa que cada unidade vendida contribui com R$ 6,50 para absorver
os custos fixos e gerar lucro. Caso a empresa esteja produzindo e vendendo
280 unidades por período, a margem de contribuição total desse produto
será igual a R$ 1.820,00, isto é, a quantidade 280 multiplicada pela margem
de contribuição unitária R$ 6,50. Assim, o produto Z irá contribuir com R$
1.820,00 para a absorção dos custos fixos e para a formação do lucro.
A margem de contribuição é o fator que representa se a empresa terá
condições de pagar as despesas fixas. O Quadro 1 apresenta um modelo de
resultado do exercício quando ocorre de a margem de contribuição não ser
suficiente para cobrir as despesas fixas, ocasionando um prejuízo no período.
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Quadro 1. DRE com prejuízo.

Demonstração do Resultado do Exercício


Venda de 1 rádio

Total Por unidade

Receita de venda R$ 200 R$ 200

(-) custo variável R$ 100 R$ 100

= Margem de contribuição R$ 100 R$ 100

(-) despesas fixas R$ 15.000

= resultado operacional líquido (prejuízo) R$ 14.900

Fonte: Garrison e Noreen (2001).

Caso a empresa venda 150 rádios, ela irá gerar uma margem de contribuição
no valor de R$ 15.000,00, o que, nesse caso, será suficiente para cobrir o valor
das despesas, gerando, assim, um equilíbrio. Com essa venda, a empresa não
terá lucro e nem prejuízo (Quadro 2).

Quadro 2. DRE em equilíbrio.

Demonstração do resultado do exercício


Venda de 150 rádios

Total Por unidade

Receita de venda R$ 30.000,00 R$ 200

(-) custo variável R$ 15.000,00 R$ 100

= Margem de contribuição R$ 15.000,00 R$ 100

(-) despesas fixas R$ 15.000,00

= resultado operacional líquido (prejuízo) 0

Fonte: Garrison e Noreen (2001).


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Assim, se a empresa vender mais uma unidade do rádio, já estará tendo


lucro, dessa forma, a margem de contribuição nos mostra o ponto ideal, se
a empresa conseguirá ou não cobrir as suas despesas e assim ter o lucro no
período (Quadro 3).

Quadro 3. DRE em equilíbrio.

Demonstração do resultado do exercício


Venda de 151 rádios

Total Por unidade

Receita de venda R$ 30.200,00 R$ 200

(-) custo variável R$ 15.100,00 R$ 100

= Margem de contribuição R$ 15.100,00 R$ 100

(-) despesas fixas R$ 15.000,00

= resultado operacional líquido (lucro) R$ 100,00

Fonte: Garrison e Noreen (2001).

A margem de contribuição também pode ser analisada em forma de per-


centual, chamado de índice de margem de contribuição. A sua fórmula é:

Índice da margem de contribuição =


margem de contribuição/vendas

Conforme o demonstrativo de resultado do exercício, tem-se um total de


receitas de R$ 30.200,00 e uma margem de contribuição de R$15.100,00.
Aplicando, na fórmula, teremos:

IMC = 15.100 / 30.200 = 0,50 x 100 = 50%.

Esse índice de 50% significa que, para cada real de aumento nas vendas,
a margem de contribuição total aumentará em 50 centavos (vendas de R$ 1 x
índice MC de 50%), assim, a receita operacional líquida também aumentará
em 50 centavos, supondo que os custos fixos não sejam afetados pelo aumento
nas vendas.
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A informação que o índice de margem de


contribuição agrega para a tomada de decisão
Com as informações obtidas pela margem de contribuição, é possível saber
exatamente quanto sua empresa precisa vender para chegar ao lucro ou para
atingir um limite preestabelecido. Com a MC, também é possível avaliar
separadamente qual é a contribuição de um determinado produto ou serviço,
especialmente um lançamento. Dessa forma, é possível comparar, por exemplo,
a margem de contribuição de um produto com o da empresa toda para ter
melhores resultados.
A ferramenta margem de contribuição possibilita que seja avaliada a efici-
ência da implantação de determinadas estratégias. Por exemplo: uma estratégia
foi ajustada para um aumento de preço, porém, a margem de contribuição não
chegou ao mínimo pretendido, desse modo, identifica-se a necessidade de
novos ajustes até que os resultados pretendidos sejam obtidos, sendo assim,
a margem de contribuição é fundamental para saber como anda a saúde da
empresa e se ela está ou não gerando lucro. Quando calculado da maneira
certa, esse indicador pode mostrar a necessidade de adaptações importantes
na estratégia.
A margem de contribuição é uma importante ferramenta que auxilia o gestor
no momento da geração dos preços dos produtos. São muitas as vantagens que
essa ferramenta oferece para a empresa, como geração de tabelas de preços,
aumento da negociação, média de margem de contribuição, decisão da quan-
tidade a ser produzida e decisão por qual produto a empresa intensificaria as
vendas ou até mesmo deixaria de comercializar algum produto.
De acordo com Horngren (1985, p. 336-388), a utilização da margem de
contribuição proporciona muitas vantagens, como: os índices de margem de
contribuição ajudam a decidir quais produtos merecem maior esforço secun-
dário ou se devem ser tolerados pelos benefícios de vendas que puderem trazer
a outros produtos; a margem de contribuição ajuda a decidir se uma linha de
produtos deve ser parada ou não; ajuda a decidir como utilizar recursos de
maneira mais lucrativa.
Santos (1990) afirma que, entre as vantagens do conhecimento da margem
de contribuição, tanto em reais, quanto em percentual, destacam-se:

a) Ajudar a administração a decidir quais produtos devem merecer maior


esforço de venda, serem colocados em planos secundários ou simples-
mente tolerados pelos benefícios de vendas que possam trazer aos
outros produtos.
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b) Auxiliar os administradores a decidirem se um segmento produtivo


(ou de comercialização) deve ser abandonado ou não.
c) Avaliar alternativas que se criam com respeito a reduções de preços,
descontos especiais, campanhas publicitárias especiais e uso de prê-
mios para aumentar o volume de vendas. As decisões desse tipo são
realmente determinadas por uma comparação dos custos adicionais,
visando ao aumento na receita de venda. Normalmente, quanto maior
for o índice de margem de contribuição, melhor é a oportunidade de
promover vendas; quanto mais baixo o índice, maior será o aumento
do volume de vendas necessário para recuperar os compromissos de
promover vendas adicionais.
d) Auxiliar os gerentes a entenderem a relação entre custos, volumes e
lucros, levando a decisões mais sábias sobre os preços.

Um relatório que é de suma importância para os gestores e que apresenta a


margem de contribuição é a Demonstração de Resultado do Exercício (DRE),
a qual se torna uma ferramenta de planejamento e tomada de decisões internas.
Sua ênfase sobre o comportamento dos custos auxilia a análise custo/volume/
lucro, as avaliações da gerência e o orçamento. Essa abordagem da contribuição
ajuda os gerentes a organizar dados pertinentes a inúmeras decisões.
A margem de contribuição se tornou um instrumento de fundamental
importância para análise gerencial, pois permite à entidade obter, de forma
clara e precisa, informações imprescindíveis para a tomada de decisão. Como
exemplo, possibilita ao gerente verificar o momento certo em que a linha de
produção deve ser expandida ou reduzida, além de auxiliar a formar estratégias
de preços e a avaliar o desempenho operacional.
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BERNARDI, L. A. Política e formação de preços: uma abordagem competitiva e siste-


mática e integrada. 2. ed. São Paulo: Atlas, 1998. 355 p.
CREPALDI, S. A. Contabilidade gerencial: teoria e prática. 4. ed. São Paulo: Atlas, 2008.
406 p.
CRUZ, J. A. W. Gestão de custos: perspectivas e funcionalidades. Curitiba: InterSaberes,
2012. 164 p.
GARRISON, R. H.; NOREEN, E. W. Contabilidade gerencial. 9. ed. Rio de Janeiro: LTC,
2001. 643 p.
HORNGREN, C. T. Introdução à contabilidade gerencial. 5. ed. Rio de Janeiro: Prentice-
-Hall, 1985.
PADOVEZE, C. L. Contabilidade gerencial: um enfoque de sistema de informação
contábil. 5. ed. São Paulo: Atlas, 2008. 625 p.
PONTE, V. M. R.; RICCIO, E. L.; LUSTOSA, P. R. B. Uma análise comparativa entre a “con-
tabilidade de ganhos – throughput accounting” e o “método do custeio variável”.
In: CONGRESSO BRASILEIRO DE CUSTOS, 6., 1999, São Paulo. Anais... São Leopoldo,
Associação Brasileira de Custos, 1999. Disponível em: <https://anaiscbc.emnuvens.
com.br/anais/article/view/3157>. Acesso em: 6 abr. 2018.
SANTOS, J. J. Análise de custos: um enfoque gerencial com ênfase para custeamento
marginal. 2. ed. São Paulo: Atlas, 1990. 192 p.
WERNKE, R. Gestão de custos: uma abordagem prática. 2. ed. São Paulo: Atlas, 2004.
175 p.

Leituras recomendadas
FERNANDES, L. Contabilidade gerencial: Indaial: Uniasselvi, 2011. 236 p.
FERREIRA, R. J. Contabilidade de custos: teoria e questões comentadas. 5. ed. Rio de
Janeiro: Ferreira, 2009. 192 p.
HANSEN, D. R.; MOWEN, M. M. Gestão de custos: contabilidade e controle. São Paulo:
Pioneira Thomson Learning, 2001. 783 p.
KAPLAN, R.; COOPER, R. Custo e desempenho: administre seus custos para ser mais
competitivo. São Paulo: Futura, 1998. 376 p.
LUNKES, R. J. Contabilidade gerencial: um enfoque na tomada de decisão. Florianopólis:
Visual Books, 2007. 234 p.
MARTINS, E. Contabilidade de custos. 9 ed. São Paulo: Atlas, 2006. 370 p.
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esta Unidade de Aprendizagem. Na Biblioteca Virtual
da Instituição, você encontra a obra na íntegra.
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