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Questão 1

Uma sociedade empresarial apresentou os dados a seguir, referentes ao seu


Balanço Patrimonial em 31/12/2014.

Saldos em
Contas
31/12/2014 (R$)
Obras de arte 15.000,00
Móveis e utensílios 25.000,00
Assinaturas e anuidades a apropriar 1.500,00
Mercadorias para revenda 26.000,00
Bancos c/ movimento 9.300,00
Móveis e utensílios – depreciação 2.500,00
Duplicatas a receber (para recebimento em 6 meses) 50.000,00
Empréstimos para sócios 7.500,00
Ajuste a valor presente de duplicatas a receber (para recebimento
22.000,00
em 14 meses)
Duplicatas a receber (para recebimento em 14 meses) 100.000,00
Direitos autorais 5.100,00
Instrumentos financeiros para negociação imediata 10.000,00

Com base nos dados apresentados, conclui-se que o valor do Ativo Não
Circulante em 31/12/2014 foi de
A. R$120.600,00.
B. R$128.100,00.
C. R$138.100,00.
D. R$172.100,00.
E. R$182.100,00.

1. Introdução teórica

Estrutura do Balanço Patrimonial (BP)

O Balanço Patrimonial (BP) é uma demonstração contábil que evidencia


os ativos, os passivos e o patrimônio líquido da entidade.
De acordo com o Pronunciamento Técnico CPC 26 (R1) – Apresentação
das Demonstrações Contábeis –, item 54, o Balanço Patrimonial deve
apresentar, respeitada a legislação, as seguintes contas:
(a) caixa e equivalentes de caixa;
(b) clientes e outros recebíveis;
(c) estoques;
(d) ativos financeiros (exceto os mencionados nas alíneas
“a”, “b” e “g”);
(e) total de ativos classificados como disponíveis para
venda (Pronunciamento Técnico CPC 38 – Instrumentos
Financeiros: Reconhecimento e Mensuração) e ativos à
disposição para venda de acordo com o Pronunciamento
Técnico CPC 31 – Ativo Não Circulante Mantido para
Venda e Operação Descontinuada;
(f) ativos biológicos dentro do alcance do Pronunciamento
Técnico CPC 29 (alterada pela Revisão CPC 08);
(g) investimentos avaliados pelo método da equivalência
patrimonial;
(h) propriedades para investimento;
(i) imobilizado;
(j) intangível;
(k) contas a pagar comerciais e outras;
(l) provisões;
(m) obrigações financeiras (exceto as referidas nas alíneas
“k” e “l”);
(n) obrigações e ativos relativos à tributação corrente,
conforme definido no Pronunciamento Técnico CPC 32 –
Tributos sobre o Lucro;
(o) impostos diferidos ativos e passivos, como definido no
Pronunciamento Técnico CPC 32;
(p) obrigações associadas a ativos à disposição para venda
de acordo com o Pronunciamento Técnico CPC 31;
(q) participação de não controladores apresentada de
forma destacada dentro do patrimônio líquido;
(r) capital integralizado e reservas e outras contas
atribuíveis aos proprietários da entidade.

Os ativos são recursos controlados pela empresa como resultado de


eventos passados e dos quais se espera que fluam benefícios econômicos
futuros para a empresa. Em outras palavras, os ativos compreendem os bens e
os direitos da empresa.
A entidade deve apresentar ativos circulantes, ativos não circulantes,
passivos circulantes e passivos não circulantes como grupos separados de
contas no balanço patrimonial, exceto quando uma apresentação baseada na
liquidez proporcionar informação confiável e mais relevante (CPC 26, item 60).
O ativo deve ser classificado como circulante quando satisfizer qualquer
um dos seguintes critérios:
(a) espera-se que seja realizado, ou pretende-se que seja vendido ou consumido
no decurso normal do ciclo operacional da entidade;
(b) espera-se que seja mantido essencialmente com o propósito de ser
negociado;
(c) espera-se que seja realizado até doze meses após a data do balanço; ou
(d) espera-se que seja caixa ou equivalente de caixa, a menos que sua troca
e/ou seu uso para liquidação de passivo se encontrem vedados durante pelo
menos doze meses após a data do balanço.
Todos os demais ativos devem ser classificados como não circulantes.
Ainda de acordo com o Pronunciamento Técnico CPC 26 – Apresentação
das Demonstrações Contábeis –, item 67, utiliza-se a expressão “não circulante”
para incluir ativos tangíveis, ativos intangíveis e ativos financeiros de natureza
de longo prazo. Não se proíbe o uso de descrições alternativas desde que seu
sentido seja claro.
O ativo não circulante divide-se em realizável a longo prazo,
investimentos, imobilizado e intangível.
De acordo com o disposto no Art. 179 da Lei Nº 6.404/76, as contas serão
classificadas do modo a seguir.

I - No ativo circulante: as disponibilidades, os direitos


realizáveis no curso do exercício social subsequente e as
aplicações de recursos em despesas do exercício seguinte.
II - No ativo realizável a longo prazo: os direitos realizáveis
após o término do exercício seguinte, assim como os
derivados de vendas, adiantamentos ou empréstimos a
sociedades coligadas ou contratadas (Art. 243), diretores,
acionistas ou participantes da companhia, que não
constituírem negócios usuais na exploração do objeto da
companhia.
III – Em investimentos: as participações permanentes em
outras sociedades e os direitos de qualquer natureza, não
classificáveis no ativo circulante, e que não se destinem à
manutenção da atividade da companhia ou da empresa.
IV – No ativo imobilizado: os direitos que tenham por objeto
bens corpóreos destinados à manutenção das atividades
da companhia ou da empresa ou exercidos com essa
finalidade, inclusive os decorrentes de operações que
transfiram à companhia os benefícios, riscos e controle
desses bens (redação dada pela Lei Nº 11.638 de 2007).
VI – No intangível: os direitos que tenham por objeto bens
incorpóreos destinados à manutenção da companhia ou
exercidos com essa finalidade, inclusive o fundo de
comércio adquirido (incluído pela Lei Nº 11.638 de 2007).
Parágrafo único. Na companhia em que o ciclo operacional
da empresa tiver duração maior que o exercício social, a
classificação no circulante ou no longo prazo terá por base
o prazo desse ciclo.

2. Resolução da questão
Dentre as contas apresentadas no exercício, compõem o ativo não
circulante as citadas a seguir.
Contas R$
Obras de arte 15.000,00
Móveis e utensílios 25.000,00
Móveis e utensílios – depreciação (2.500,00)
Empréstimos para sócios 7.500,00
Ajuste a valor presente de duplicatas a receber (para recebimento em
(22.000,00)
14 meses)
Duplicatas a receber (para recebimento em 14 meses) 100.000,00
Direitos autorais 5.100,00
Total 128.100,00

Alternativa correta: B.

3. Indicações bibliográficas

 BRASIL. Lei Nº 6.404, de 15 de dezembro de 1976. Dispõe sobre as


Sociedades por Ações. Disponível em
<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L6404compilada.htm>. Acesso em
08 set. 2016.
 COMITÊ DE PRONUNCIAMENTOS CONTÁBEIS - CPC. Pronunciamento
Técnico CPC 26 – Apresentação das Demonstrações Contábeis. Disponível
em <http://static.cpc. mediagroup.com.br/Documentos/312_CPC_26_R1_re
Questão 2
Uma empresa que utiliza o método de custeio de absorção para a apuração dos
custos dos produtos fabricou, em determinado período, 50.000 unidades de um
dos produtos de sua linha, com custo total de produção de R$1.000.000,00 e
custo unitário variável de R$8,00. A empresa estima que, para o próximo
período, haverá aumento na produção de 20% do referido produto, mantida a
estrutura atual de custos, sem necessidade de modificação da capacidade de
produção já instalada.
Nessa situação, dado o novo volume de produção, o custo unitário de produção,
mantido o método do custeio por absorção, será de
A. R$8,00.
B. R$9,60.
C. R$18,00.
D. R$20,00.
E. R$21,60.

1. Introdução teórica
1.1. Classificação dos custos
Os custos são todos os gastos relativos à atividade de produção.
Compreendem os gastos com bens e serviços utilizados na produção de outros
bens e serviços.
Para Megliorini (2012), os custos são classificados de várias formas para
atender às diversas finalidades para as quais são apurados. Há duas
classificações básicas que permitem determinar o custo de cada produto
fabricado e o seu comportamento em diferentes níveis de produção em que uma
empresa opere, conforme segue.
(a) Quanto aos produtos fabricados: para alocar os custos aos produtos,
classificados como Custos Diretos e Custos Indiretos.
(b) Quanto ao comportamento em diferentes níveis de produção: para determinar
os custos de vários níveis de produção, classificados em Custos Fixos e Custos
Variáveis.
Os custos diretos são os custos que podem ser diretamente apropriados
aos produtos fabricados de acordo com uma medida objetiva de seu consumo
na fabricação desses produtos. São exemplos de custos diretos matéria-prima
consumida e mão de obra direta utilizada. No caso da matéria-prima, a empresa
sabe a quantidade exata consumida, e, no caso da mão de obra direta, quantas
horas foram utilizadas na fabricação de cada unidade produzida. Os custos são
incluídos diretamente no cálculo dos produtos sem que haja a necessidade do
uso de critérios de rateio para serem devidamente alocados.
Os custos indiretos são os custos que não podem ser diretamente
alocados ao produto. Segundo Martins (2010), eles não oferecem condição para
uma medida objetiva, e qualquer tentativa de alocação tem de ser feita de
maneira estimada e, muitas vezes, arbitrária. Conforme Megliorini (2012), a base
de rateio deve guardar uma relação próxima entre o custo indireto e o objeto de
custeio, a fim de se evitarem distorções no resultado final.
São exemplos de custos indiretos, dentre outros:
 a mão de obra indireta caracterizada pelos salários dos chefes de supervisão
de equipes de produção;
 a depreciação de equipamentos utilizados na fabricação de vários produtos;
 a energia elétrica, pela dificuldade de mensuração do quanto pode ser
associada ao produto.
Os custos fixos são custos que não sofrem variações em função do
volume de produção, em uma unidade de tempo, ou seja, independem da
quantidade a ser produzida dentro de determinada faixa de produção. Os custos
fixos fazem parte da estrutura do negócio: são gastos necessários para a
manutenção de um nível mínimo de atividade operacional.
São exemplos de custos fixos:
 o aluguel da fábrica, que terá o mesmo valor qualquer que seja o nível de
produção;
 a mão de obra indireta, incluindo o valor dos salários no mês, definida
independentemente das unidades produzidas;
 a depreciação dos equipamentos pelo método linear, calculada por
percentuais de acordo com a vida útil econômica.
Os custos variáveis são os custos que variam de acordo com o volume de
produção, em uma unidade de tempo. Para Martins (2010), o valor global de
consumo dos materiais diretos por mês depende do volume de produção. Quanto
maior a quantidade fabricada, maior o seu consumo. Portanto, em uma unidade
de tempo, o valor do custo com tais materiais varia de acordo com o volume de
produção.
Esses custos variam proporcionalmente às mudanças no nível da
atividade, como, por exemplo, o custo da matéria-prima (o consumo da matéria-
prima aumenta à medida que aumenta a produção) e o custo da energia elétrica
(quanto maior a produção, maior o uso dos equipamentos e, consequentemente,
maior o consumo de energia elétrica).

1.2. Métodos de custeio


Os métodos de custeio são as diferentes formas de apropriação dos
custos aos produtos fabricados. Geram informações relevantes para tomada de
decisões e devem ser utilizados de forma que sejam atendidos os objetivos e as
características de cada empresa.
A literatura de contabilidade de custos aponta a existência de dois
métodos básicos de custeio: custeio por absorção e custeio variável (também
denominado de custeio direto). A diferença entre os dois métodos está na
alocação dos custos fixos.
No custeio por absorção, a valoração dos estoques contempla todos os
custos de produção. Megliorini (2012) afirma que o método de custeio por
absorção caracteriza-se por apropriar os custos fixos e os custos variáveis aos
produtos. Desse modo, os produtos fabricados “absorvem” todos os custos fixos
e variáveis de um período. O primeiro passo para a apuração dos custos é
separar os gastos do período em despesas, custos e investimentos. As despesas
não são apropriadas aos produtos, mas sim lançadas na demonstração de
resultados do exercício, por estarem relacionadas à geração de receita e à
administração da empresa; os custos são apropriados aos produtos; e os
investimentos são ativados. Para Crepaldi (2010), o custeio por absorção é o
método derivado da aplicação dos princípios de contabilidade e é, no Brasil,
adotado pela legislação comercial e pela legislação fiscal.
Ainda no custeio por absorção, os custos diretos são apropriados ao
produto de forma direta e objetiva, e os custos indiretos de fabricação são
apropriados por meio de rateios de acordo com os critérios estabelecidos pela
empresa. Esse método nem sempre é útil como ferramenta para a tomada de
decisões, pois, como a atribuição dos gastos gerais de fabricação é feita por
rateios invariavelmente subjetivos e arbitrários, esse custeio pode gerar
distorções ao distribuir os custos entre os diversos produtos.
O custeio variável, também conhecido como custeio direto, considera
como custo de produção do período apenas os custos variáveis. De acordo com
Migliorini (2012), os custos fixos não são apropriados aos produtos, e vários
motivos contribuem para isso, entre eles, o fato de os custos fixos serem custos
correspondentes aos recursos necessários para manter a estrutura da produção
e não custos decorrentes dos recursos consumidos pelos produtos em
fabricação. Pelo método do custeio variável, os produtos recebem somente os
custos decorrentes da produção, ou seja, os custos variáveis. Os custos fixos
são tratados como custos do período e encerrados diretamente contra o
resultado do exercício.
Esse é o método de custeio mais apropriado para fins gerenciais e o mais
eficiente como ferramenta de auxílio na tomada de decisões. O método variável
corrobora a obtenção da margem de contribuição, um dos elementos gerenciais
mais importantes para auxiliar o gestor na tomada de decisões, fornecendo
informações sobre o potencial de lucro da empresa.

1.3. Margem de contribuição


A margem de contribuição é a diferença entre o preço de venda depois da
dedução dos custos e as despesas variáveis. É a parcela que “sobra” para a
empresa cobrir os custos e as despesas fixos e obter lucro.
Segundo Megliorini (2012), a margem de contribuição representa a
parcela excedente dos custos e das despesas gerados pelos produtos. Caso o
preço de venda de um produto seja inferior aos seus custos e às suas despesas
variáveis, temos uma situação de margem de contribuição negativa, que deve
ser revista ou por condições comerciais (suportada) ou por razões estratégicas
(a empresa poderá manter produtos com essa situação).
A organização só começa a ter lucro quando a margem de contribuição
dos produtos vendidos supera os custos e as despesas fixos do exercício.
A margem de contribuição total resulta da seguinte equação:

MC  PV – CV  DV 
Na equação, temos o que segue.
 MC = margem de contribuição.
 PV = preço de venda.
 CV = custos variáveis.
 DV = despesas variáveis.
Portanto, da margem de contribuição, deduzindo-se os custos fixos,
obtém-se o lucro líquido, como pode ser mostrado na demonstração de
resultados a seguir.

Vendas
(-) Custos e Despesas Variáveis
(=) Margem de Contribuição
(-) Custos e Despesas Fixos
(=) Lucro Líquido

A margem de contribuição também pode ser expressa em porcentagem.


O índice de margem de contribuição indica a porcentagem de cada
unidade monetária de vendas disponível para cobrir os custos fixos e gerar lucro,
conforme a expressão a seguir.

Vendas – Custos Variáveis


IMG 
Vendas

Outra forma de cálculo da margem de contribuição é fazê-lo em relação


às unidades. Para Padoveze (2010), a margem de contribuição representa o
lucro variável. É a diferença entre o preço de venda unitário do produto e os
custos e as despesas variáveis por unidade de produto. Isso significa que, em
cada unidade vendida, a empresa lucrará determinado valor.
Warren et al (2007) explicam que a margem de contribuição unitária é a
quantia disponível de cada unidade vendida para cobrir os custos fixos e gerar
lucro operacional. O índice de margem de contribuição é mais útil quando a
variação do volume de vendas é medida em unidades vendidas (quantidade), e
é calculada pela seguinte expressão:

MCU  PVU   CVU  DVU 


2. Resolução da questão
Conforme o enunciado da questão, foram produzidas 50.000 unidades de
um dos produtos da empresa a um custo total de produção de R$1.000.000,00.
O custo unitário do produto é, portanto, de R$20,00, que é o resultado da divisão
de R$1.000.000,00 por 50.000 unidades.
Sabe-se que, no custeio por absorção, todos os custos, sejam fixos ou
variáveis, compõem o custo da produção do período. Assim, se temos custo
variável unitário igual a R$8,00 e custo unitário igual a R$20,00, o custo fixo por
unidade de produto deve ser igual a R$12,00. Desse modo, do custo total de
produção de R$1.000.000,00, R$400.000,00 são custos variáveis
(R$8,00x50.000 unidades), e os R$600.000,00 restantes são, portanto, custos
fixos.
Como a empresa estima que haverá aumento de 20% na produção no
próximo período, sem modificação na estrutura atual de custos, a apuração do
custo unitário de produção deve ser realizada na forma a seguir.

Custo fixo total = R$600.000,00


Custo variável total = R$480.000,00 (R$8,00x60.000 unidades)
Custo total = R$1.080.000,00
Custo unitário = R$18,00 (R$1.080.000,00/60.000 unidades)

Alternativa correta: C.

3. Indicações bibliográficas
 CREPALDI, S. A. Curso básico de contabilidade de custos. 5. ed. São Paulo:
Atlas, 2010.
 MARTINS, E. Contabilidade de custos. 10. ed. São Paulo: Atlas, 2010.
 MEGLIORINI, E. Custos: análise e gestão. 3. ed. São Paulo: Pearson
Prentice Hall, 2012.
 PADOVEZI, C. L. Contabilidade gerencial: um enfoque em sistema de
informação contábil. 7. ed. São Paulo: Atlas, 2010.
 WARREN, C. S. et al. Contabilidade gerencial. 2. ed. São Paulo: Cengage
Learning, 2007.
Questão 3
É muito importante que o empreendedor conheça o próprio negócio, para não
deixar, nas mãos de terceiros, cuidados essenciais como a boa gestão de custos.
O conhecimento do assunto auxilia o proprietário do negócio a ter uma boa
gestão financeira: administrar e controlar os custos gerados na produção e
comercialização de serviços ou produtos. O preço final de um serviço prestado
ou produto vendido depende do quanto é investido para que ele exista. Caso a
gestão de custos não seja eficaz, corre-se o risco de a empresa cobrar valores
que não condizem com a realidade, o que pode afetar as margens de lucros, o
volume de vendas ou o andamento geral do negócio.
Disponível em <http://www.exame.abril.com.br>. Acesso em 27 jul. 2015 (com
adaptações).

Considerando essas informações, avalie as asserções a seguir e a relação


proposta entre elas.
I. Quando o preço de venda de um produto ou serviço é determinado pelo
mercado, a empresa só ampliará sua margem de lucro por meio da redução
de custos e aumento de produtividade.
PORQUE
II. Praticar preços acima do mercado, quando os produtos ou serviços não
agregam valores que os diferenciem de outros produtos similares, provocará
queda da demanda esperada, uma vez que os consumidores tenderão a
comprar dos concorrentes.
A respeito dessas asserções, assinale a opção correta.
A. As asserções I e II são proposições verdadeiras, e a II é uma justificativa
correta da I.
B. As asserções I e II são proposições verdadeiras, e a II não é uma justificativa
correta da I.
C. A asserção I é uma proposição verdadeira, e a II é uma proposição falsa.
D. A asserção I é uma proposição falsa, e a II é uma proposição verdadeira.
E. As asserções I e II são proposições falsas.

1. Introdução teórica
1.1. Formação do preço de venda com base nos custos

O sucesso de uma empresa pode ser atribuído à administração eficiente


de seus negócios. Tornar uma empresa mais competitiva envolve cuidados
especiais, principalmente, na gestão e no controle de custos gerados na
produção e na comercialização de seus produtos e serviços. A gestão de custos
assume papel preponderante no processo de tomada de decisões, contribuindo,
diretamente, para a adequada determinação do preço de venda, questão
fundamental para a sobrevivência e o crescimento de qualquer empresa.
De acordo com Horngren et al (2004), custos influenciam preços por
afetarem a oferta. Quanto mais baixo o custo de produção de um produto em
relação ao preço pago pelo cliente, maior a capacidade de fornecimento por
parte da empresa. Administradores que entendem o custo de produção de suas
empresas estabelecem preços atrativos para os clientes, maximizando o lucro
operacional de suas empresas.
Os processos de definição de preços baseados nos custos buscam, de
alguma forma, adicionar algum valor aos custos, acrescentando-lhes margem de
lucro. Diversas razões poderiam ser apresentadas como justificativas ao
emprego do método de definição de preços com base nos custos (BRUNI e
FAMÁ, 2008):
 simplicidade (ajustando-se preços aos custos, não é necessário preocupar-
se com ajustes em função da demanda);
 segurança (vendedores são mais seguros quanto a custos incorridos do que
quanto a aspectos relativos à demanda e ao mercado consumidor);
 justiça (muitos acreditam que o preço acima dos custos é mais justo tanto
para consumidores quanto para os vendedores, que obtêm retorno correto
por seus investimentos, sem tirar vantagens do mercado quando ocorrem
elevações da demanda).
Segundo Viceconti e Neves (2013), há vários métodos utilizados para
determinar o preço de venda com base em considerações de custo, indicados a
seguir.
 Preços com base no custo por absorção (custo pleno): nesse método, os
preços de venda são iguais ao custo total da produção (determinado pelo
custeio por absorção) mais um acréscimo porcentual para cobrir as despesas
operacionais e proporcionar a margem desejada de lucro.
 Preços com base no custo de transformação: o custo de transformação é
a soma da mão de obra direta e indireta e dos custos indiretos de fabricação.
Esse custo não inclui os custos da matéria-prima e de outros produtos
adquiridos prontos para o consumo. Por esse método, os produtos que têm
maior custo de transformação representam um esforço produtivo mais
intenso da empresa. A margem de lucro deve ser calculada sobre o custo de
transformação, e não sobre o custo pleno.
 Preços com base no custo variável: nesse método, a margem de lucro é
calculada sobre a soma dos custos e das despesas variáveis, e não sobre a
soma total de custos e do total das despesas, como ocorre no custo pleno. A
taxa de mark-up será aplicada sobre os custos e sobre as despesas variáveis.
 Preços com base no rendimento sobre o capital empregado: trata-se de
uma variante do método com base no custo pleno, no qual, em vez de se fixar
uma margem de lucro sobre vendas, essa margem é determinada como
porcentagem do capital empregado pela empresa.
Um conceito importante na formação do preço de venda é o de margem
de lucro. Trata-se da porcentagem de lucro que a empresa obtém de retorno
sobre as vendas. É um dos principais fatores para formar o preço de venda dos
produtos ou serviços. Quanto maior a margem de lucro, maior a rentabilidade
das vendas.
A margem de lucro pode ser medida de duas formas, conforme segue.

Lucro Bruto
Margem Bruta   100
Vendas

Lucro Líquido
Margem Líquida   100
Vendas

Conclui-se, portanto, que os custos influenciam diretamente a fixação do


preço de venda e, se não forem adequadamente apurados, provocam efeitos
desastrosos na geração dos resultados das empresas.
1.2. Formação do preço de venda com base na concorrência e no cliente
Além dos custos, outros processos podem ser empregados na formação
do preço de venda, como a concorrência.
Pelo processo de concorrência, a empresa avalia os preços que os
concorrentes praticam no mercado e usa esses elementos como referência para
fixar seu preço de venda. Para Horngren et al (2004), nenhuma empresa opera
no vácuo e todas precisam estar sempre alertas quanto às ações do concorrente.
Em um extremo, produtos alternativos ou substitutos podem afetar a demanda e
forçar a empresa a baixar os preços. No outro extremo, a empresa livre de
concorrência pode praticar preços mais altos.
Ao aplicar esse processo, a empresa deve tomar certos cuidados, pois,
se o preço praticado pela concorrência for menor do que o preço encontrado a
partir dos custos apurados internamente, a organização deve avaliar o impacto
que essa estratégia pode causar na apuração de seus resultados. É fundamental
que a empresa refaça seus próprios custos para manter a margem de lucro
desejada e acompanhar o preço de venda adotado pelo concorrente.
Bernardi (2004), ao analisar uma política de preços de acordo com a
concorrência, alerta que é preciso que essa análise não se torne uma paranoia,
uma vez que diferentes condições de acesso a insumos, a tecnologias, a
estruturas e a portes, por exemplo, podem levar a avaliações erradas.
Há, também, o processo relativo aos clientes, baseado nas características
do consumidor, em suas influências, em suas necessidades e, principalmente,
em sua disponibilidade financeira para pagar o produto ou serviço oferecido.
Para Horngren et al (2004), os clientes influenciam os preços à medida que
promovem a demanda por um produto ou serviço.
A utilização desse processo gera a necessidade de se determinar, com
precisão, a percepção do consumidor em relação ao valor ofertado, sendo
necessário realizar pesquisas de mercado para orientar a fixação do preço de
venda. A empresa, ao oferecer produtos e serviços exclusivos e de boa
qualidade, garante boa oportunidade de se diferenciar no mercado e,
consequentemente, aumentar seu preço de venda, pois o cliente estará disposto
a pagar mais para receber produtos ou serviços que melhor atendam às suas
necessidades.
Bernardi (2004) enfatiza que, pela variedade de escolhas, de informações
e de muitas ofertas, o mercado e os clientes tornaram-se mais abertos a novas
alternativas e marcas. Essas possibilidades de escolha propiciam aos clientes
sofisticação e, também, impaciência, tornando-os mais exigentes. Diz, ainda,
que uma política de preços depende de vários aspectos e processos que
determinam seu sucesso e sua viabilidade, o que deve ser constantemente
monitorado e questionado.

2. Análise das asserções


I – Asserção verdadeira.
JUSTIFICATIVA. A margem de lucro é a relação entre lucro e vendas. Quanto
maior a margem de lucro, maior a rentabilidade das vendas. Há três maneiras
principais para ampliar a margem de lucro: aumentar os preços de vendas,
reduzir os custos e as despesas e elevar a produtividade. Quando o preço de
venda do produto é determinado pelo mercado, aumentar preços não é uma
decisão fácil. Isso depende de vários fatores externos, principalmente do preço
praticado pelos concorrentes. Descartada a possibilidade de aumentar preços
por restrições dos fatores de mercado, restam, então, as opções de diminuir
custos e despesas e de aumentar a produtividade pela otimização dos fatores
de produção (recursos utilizados para a obtenção de um produto). A redução de
custos e o melhor aproveitamento dos recursos utilizados na produção, com
redução de desperdícios, geram aumento de lucro e, consequentemente, elevam
a margem de lucro.

II – Asserção verdadeira.
JUSTIFICATIVA. Para atrair clientes em um mercado altamente competitivo, as
empresas procuram oferecer produtos diferenciados, agregando valor para o
cliente, na tentativa de superar a concorrência. Ao oferecer produtos e serviços
totalmente inovadores, a empresa conquista novos clientes que estão dispostos
a pagar preços mais altos para obter produtos e serviços diferenciados. Por outro
lado, quando os produtos e serviços não agregam valor, o aumento de preços
provoca dois impactos: o consumidor substitui o consumo (ou simplesmente
consome menos) ou passa a comprar do concorrente. Segundo Horngren et al
(2004), as empresas precisam sempre avaliar as decisões de precificação a
partir da ótica dos clientes, pois preços excessivamente altos podem fazer com
que eles rejeitem os produtos ou serviços ou os substituam por outros oferecidos
por um concorrente.

Relação entre as asserções. A asserção II é uma justificativa correta da asserção


I.

Alternativa correta: A.

3. Indicações bibliográficas
 BERNARDI, L. A. Manual de formação de preços: políticas, estratégias e
fundamentos. 3. ed. São Paulo: Atlas, 2004.
 BRUNI, A. L.; FAMÁ, R. Gestão de custos e formação de preços. 5. ed. São
Paulo: Atlas, 2008.
 HORNGREN, C. T. et al. Contabilidade de custos: uma abordagem gerencial.
11. ed. São Paulo: Prentice Hall, 2004. v. 1.
 VICECONTI, P. E. V.; NEVES, S. das; Contabilidade de custos: um enfoque
direto e objetivo. 11. ed. São Paulo: Saraiva, 2013.
 WARREN, C. S. et al. Contabilidade gerencial. 2. ed. São Paulo: Cengage
Learning, 2007.
Questão 4
As Características Qualitativas Fundamentais, previstas na Estrutura
Conceitual para Elaboração e Apresentação das Demonstrações Contábeis,
são a relevância e a representação fidedigna.

No que diz respeito a essas características, avalie as afirmativas a seguir.

I. A informação contábil-financeira é relevante quando capaz de fazer


diferença, com valor preditivo e/ou confirmatório, nas decisões.
II. A informação pode ser capaz de fazer diferença em uma decisão ainda que
alguns usuários decidam não a levar em consideração.
III. Para ser representação fidedigna, a realidade retratada deve ser completa e
neutra, e estar livre de erro.
É correto o que se afirma em

A. I, apenas.

B. II, apenas.

C. I e III, apenas.

D. II e III, apenas.

E. I, II, III.

1. Introdução teórica

1.1. Aspectos gerais da Estrutura Conceitual


O Comitê de Pronunciamentos Contábeis emitiu, em 2011, o
Pronunciamento Conceitual Básico (R1), que trata da Estrutura Conceitual para
Elaboração e Divulgação de Relatório Contábil-Financeiro, também denominado
de CPC 00.
De acordo com o prefácio desse pronunciamento, o International
Accounting Standards Board (IASB), organização internacional que publica e
atualiza as normas internacionais de contabilidade, está em pleno processo de
atualização de sua Estrutura Conceitual, cujo projeto está sendo conduzido em
fases, como reproduzido abaixo.

À medida que um capítulo é finalizado, itens da Estrutura


Conceitual para Elaboração e Apresentação das
Demonstrações Contábeis, que foi emitido em 1989, vão
sendo substituídos. Quando o projeto da Estrutura
Conceitual for finalizado, o IASB terá um único documento,
completo e abrangente, denominado Estrutura Conceitual
para Elaboração e Divulgação de Relatório Contábil-
Financeiro (The Conceptual Framework for Financial
Reporting).

A Estrutura Conceitual está dividida em quatro capítulos, conforme segue.


 Capítulo 1 – Objetivo do relatório contábil-financeiro de propósito geral.
 Capítulo 2 – A entidade que reporta a informação (dado a ser acrescentado
futuramente).
 Capítulo 3 – Características qualitativas da informação contábil-financeira útil.
 Capítulo 4 – Estrutura Conceitual para elaboração e apresentação das
demonstrações contábeis (1989): texto remanescente.
O objetivo das demonstrações contábeis, segundo as determinações do
Pronunciamento Conceitual Básico (R1) – (CPC 00), é fornecer informações que
sejam úteis na tomada de decisões econômicas e nas avaliações por parte dos
usuários em geral, não tendo o propósito de atender à finalidade ou à
necessidade específica de determinados grupos de usuários. Essas
regulamentações satisfazem, portanto, as necessidades comuns da maioria dos
seus usuários.
Segundo o Pronunciamento (CPC 00), os usuários utilizam as
demonstrações contábeis para tomadas de decisões econômicas, tais como:

a. decidir quando comprar, manter ou vender instrumentos


patrimoniais;
b. avaliar a administração da entidade quanto à
responsabilidade que lhe tenha sido conferida e quanto à
qualidade de seu desempenho e de sua prestação de conta;
c. avaliar a capacidade de a entidade pagar seus empregados
e proporcionar-lhes outros benefícios;
d. avaliar a segurança quanto à recuperação dos recursos
financeiros emprestados à entidade;
e. determinar políticas tributárias;
f. determinar a distribuição de lucros e dividendos;
g. elaborar e usar estatísticas da renda nacional; ou
h. regulamentar as atividades das entidades.

Cabe ressaltar que a Estrutura Conceitual apresentada nesse


pronunciamento estabelece conceitos que fundamentam a elaboração e a
apresentação de demonstrações contábeis destinadas a usuários externos e não
define normas ou procedimentos para qualquer questão particular sobre
aspectos de mensuração ou divulgação. Nada nessa Estrutura Conceitual
substitui qualquer Pronunciamento Técnico, Interpretação ou Orientação. Se
algum conflito for observado, sempre as exigências do Pronunciamento Técnico,
da Interpretação ou da Orientação específicos devem prevalecer sobre a
Estrutura Conceitual.

1.2. Elementos das demonstrações contábeis


O capítulo 4, Estrutura Conceitual para a Elaboração e a Apresentação
das Demonstrações Contábeis do Pronunciamento Conceitual Básico (R1) –
(CPC 00), determina que

as demonstrações contábeis retratam os efeitos


patrimoniais e financeiros das transações e outros eventos,
por meio do grupamento dos mesmos em classes amplas
de acordo com as suas características econômicas. Essas
classes amplas são denominadas de elementos das
demonstrações contábeis. Os elementos diretamente
relacionados à mensuração da posição patrimonial e
financeira no balanço patrimonial são os ativos, os
passivos e o patrimônio líquido. Os elementos diretamente
relacionados com a mensuração do desempenho na
demonstração do resultado são as receitas e as despesas.

Os elementos das demonstrações contábeis são definidos do modo a


seguir.
 Ativo: é um recurso controlado pela entidade, como resultado de eventos
passados, e do qual se espera que fluam futuros benefícios econômicos para
a entidade. O benefício econômico futuro incorporado a um ativo é o seu
potencial em contribuir, direta ou indiretamente, para o fluxo de caixa ou
equivalentes de caixa para a entidade.
 Passivo: é uma obrigação presente da entidade, derivada de eventos
passados, cuja liquidação se espera que resulte na saída de recursos da
entidade capazes de gerar benefícios econômicos.
 Patrimônio Líquido: é o interesse residual nos ativos da entidade depois de
deduzidos todos os seus passivos. É representado pelo capital social
(recursos aportados pelos sócios), pelas reservas de retenções de lucros e
pelas reservas que representam ajustes para manutenção do capital.
 Receitas: são aumentos nos benefícios econômicos durante o período
contábil, sob a forma de entrada de recursos ou de aumento de ativos ou
diminuição de passivos, que resultam em aumentos do patrimônio líquido.
 Despesas: são decréscimos nos benefícios econômicos durante o período
contábil, sob a forma de saída de recursos ou de redução de ativos ou
acréscimos de passivos, que resultam em decréscimo do patrimônio líquido.

1.3. Características qualitativas da informação contábil-financeira útil


Conforme Pronunciamento Conceitual Básico (R1) do Comitê de
Pronunciamentos Contábeis (CPC 00), as características qualitativas da
informação contábil-financeira útil identificam os tipos e as informações
importantes nas decisões de investidores, de credores por empréstimos e de
outros credores existentes ou em potencial.

Para que a informação contábil-financeira seja útil, ela precisa ser


relevante e representar com fidedignidade o que se propõe a representar. A
utilidade da informação contábil-financeira será melhorada se ela for
comparável, verificável, tempestiva e compreensível. As características
qualitativas dividem-se, portanto, em fundamentais e de melhoria.

1.3.1. Características qualitativas fundamentais


As características qualitativas fundamentais são a relevância e a
representação fidedigna, descritas abaixo.

 Relevância: de acordo com o item QC6 do CPC 00, a informação contábil-


financeira é relevante quando é capaz de fazer diferença nas decisões que
possam ser tomadas pelos usuários, ainda se eles decidirem não a levar em
consideração ou se já tiverem tomado ciência de sua existência por outras
fontes. O item QC7 complementa que a informação contábil-financeira é
capaz de fazer diferença nas decisões se tiver valor preditivo, valor
confirmatório ou ambos. A informação contábil tem valor preditivo se puder
ajudar os usuários a aumentarem a probabilidade de predizer futuros
resultados e tem valor confirmatório se retroalimentarem ou servirem de
feedback para a confirmação ou a alteração das avaliações prévias.
 Representação fidedigna: a realidade é representada fidedignamente,
segundo o item QC12 do CPC 00, quando apresenta três atributos: é
completa, neutra e livre de erros.
o Completa: o retrato da realidade econômica é completo quando inclui
toda a informação necessária para que o usuário compreenda o
fenômeno que está sendo retratado, incluindo todas as descrições e
as explicações necessárias.
o Neutra: um retrato neutro da realidade econômica, de acordo com o
item QC14 do CPC 00, é desprovido de viés na seleção ou na
apresentação da informação contábil-financeira. A realidade
econômica não pode ser manipulada de modo que seja recebida pelos
usuários de modo favorável ou desfavorável.
o Livre de erros: a realidade econômica é livre de erros quando não há
omissões ou erros no fenômeno retratado e quando o processo
utilizado para produzir a informação reportada foi selecionado e
aplicado também livre de erros.

1.3.2. Características qualitativas de melhoria


As características qualitativas de melhoria são a comparabilidade, a
verificabilidade, a tempestividade e a compreensibilidade, conforme explicações
a seguir.

 Comparabilidade: permite que os usuários identifiquem e compreendam


similaridades e diferenças entre os itens.
 Verificabilidade: significa que diferentes observadores chegam a um mesmo
consenso sobre determinada informação reportada, embora não cheguem
necessariamente a um completo acordo. Segundo o Pronunciamento
Conceitual Básico (R1), a verificação pode ser direta ou indireta. A verificação
direta está relacionada à constatação fidedigna do montante ou está
relacionada a outra representação por meio de uma observação direta, como,
por exemplo, por meio da contagem de caixa. A verificação indireta implica
checar os dados de entrada do modelo ou da fórmula e recalcular os
resultados obtidos pela aplicação do mesmo método. O exemplo dado por
Santos et al (2015) é a verificação do valor contábil dos estoques pela
verificação dos dados de entrada (quantidades e custos) e pelo recálculo do
saldo final dos estoques, utilizando a mesma premissa adotada no fluxo do
custo (por exemplo, usando o método PEPS).
 Tempestividade: nos termos do item QC29 do CPC 00, tempestividade
significa ter informação disponível para tomadores de decisão a tempo de ser
possível influenciá-los em suas decisões. Em geral, a informação mais antiga
é a que tem menos utilidade. Contudo, certa informação pode ter o seu
atributo tempestividade prolongado após o encerramento do período contábil
em decorrência de alguns usuários que, por exemplo, necessitarem
identificar e avaliar tendências.
 Compreensibilidade: segundo o item QC31 do CPC 00, classificar,
caracterizar e apresentar a informação com clareza e concisão tornam-na
compreensível. Certos fenômenos são inerentemente complexos, mas a
exclusão de informações sobre tais fenômenos dos relatórios contábil-
financeiros, apesar de tornar a informação mais facilmente compreendida,
implicaria relatórios incompletos e potencialmente distorcidos. Desse modo,
o item QC32 do Pronunciamento Conceitual Básico (R1) explica que os
relatórios contábil-financeiros são elaborados para usuários que têm
conhecimento razoável de negócios e de atividades econômicas.

2. Resolução da Questão.
I – Afirmativa correta.
JUSTIFICATIVA. De acordo com o item QC6 do Pronunciamento Conceitual
Básico (R1), a informação contábil-financeira relevante é aquela capaz de fazer
diferença nas decisões que possam ser tomadas pelos usuários. O item QC7
completa essa justificativa ao determinar que a informação contábil-financeira é
capaz de fazer diferença nas decisões se tiver valor preditivo, valor
confirmatório ou ambos.

II – Afirmativa correta.
JUSTIFICATIVA. De acordo com o item QC6 do Pronunciamento Conceitual
Básico (R1), a informação pode ser capaz de fazer diferença em uma decisão
mesmo no caso de alguns usuários decidirem não a levar em consideração ou
se já tiverem tomado ciência de sua existência por outras fontes.
III – Afirmativa correta.
JUSTIFICATIVA. De acordo com o item QC12 do Pronunciamento Conceitual
Básico (R1), para a informação contábil-financeira ser útil, ela não deve apenas
representar com fidedignidade o fenômeno. Para ser representação
perfeitamente fidedigna, a realidade retratada precisa atender a três atributos:
ser completa, neutra e livre de erro.

Alternativa correta: E.

3. Indicações bibliográficas
 COMITÊ DE PRONUNCIAMENTOS CONTÁBEIS. Estrutura conceitual para
elaboração e divulgação de relatório contábil-financeiro. Disponível em
<http://static.cpc.mediagroup.com.br/Documentos/147_CPC00_R1.pdf>.
Acesso em 17 nov. 2016.
 SANTOS, J. L. dos, et al. Manual de práticas contábeis: aspectos societários
e tributários. 3. ed. São Paulo: Atlas, 2015.
Questão 5
O gráfico a seguir representa a situação de liquidez de determinada empresa
de 2010 a 2014, com os valores dos indicadores de liquidez corrente e geral
para esse período.

Com base no gráfico, avalie as afirmativas a seguir.

I. A empresa apresentou folga financeira de curto prazo de 2010 a 2014.


II. Há tendência de melhora da liquidez corrente para 2015.
III. Há indícios de que, em 2014, a empresa tenha trocado dívidas de longo prazo
por dívidas de curto prazo, ou de que recursos recebíveis a curto prazo
passaram a ser recebíveis a longo prazo.
É correto o que se afirma em

A. I, apenas.
B. III, apenas.
C. I e II, apenas.
D. II e III, apenas.
E. I, II e III.
1. Introdução teórica
1.1. Análise por indicadores

Uma das técnicas usualmente utilizadas na análise das demonstrações


contábeis é a análise realizada por índices indicadores. Os indicadores são
instrumentos básicos para um diagnóstico sobre a evolução da situação
econômico-financeira da empresa, em determinado momento, e são
amplamente utilizados para o auxílio na tomada de decisões gerenciais,
permitindo conhecer, de forma mais profunda, o perfil financeiro das empresas
em análise.

Para Iudícibus (2014), a finalidade da utilização de indicadores é permitir


que o analista extraia tendências e compare valores a padrões pré-
estabelecidos. Isso é mais do que retratar o que aconteceu no passado: são
fornecidas bases para inferir sobre o que poderá acontecer no futuro.

Matarazzo (2010) destaca que o importante não é o cálculo de grande


número de indicadores, mas a realização de cálculos de um conjunto de
indicadores que possibilitem conhecer a situação da empresa, segundo a
profundidade da análise que se deseja realizar.

Como forma adicional de análise das demonstrações contábeis, também


é usual a utilização da análise horizontal (AH) e da análise vertical (AV). Nessas
formas de análise, dois importantes aspectos devem ser considerados: a
comparação dos valores atuais com valores de períodos anteriores e a
representação desses valores em relação a uma base definida de acordo com
os objetivos estabelecidos na análise.

Assaf Neto (2015) afirma que qualquer conta, ou grupo de contas, quando
tratada isoladamente não retrata adequadamente a importância do valor
apresentado, e muito menos o seu comportamento ao longo do tempo.

Somente por meio da comparação dos valores do mesmo período entre


si e com valores de outros diferentes períodos, a análise oferecerá informações
esclarecedoras sobre a posição dos elementos apresentados nas
demonstrações contábeis.

Matarazzo (2010) explica que o indicador é a relação entre contas, ou


grupo de contas, das Demonstrações Financeiras, que evidencia determinado
aspecto da situação econômica e financeira da empresa.

Os indicadores tradicionalmente usados na análise das demonstrações


contábeis são os que seguem.

 Indicadores de liquidez.
 Indicadores de estrutura de capital e de endividamento.
 Indicadores de atividade.
 Indicadores de rentabilidade.

1.1.1. Indicadores de liquidez


Os indicadores de liquidez medem a capacidade da empresa em pagar
suas dívidas, ou seja, avaliam se a empresa tem condições de honrar o
pagamento de seus compromissos com terceiros a curto prazo e a longo prazo.
São extraídos exclusivamente do balanço patrimonial, por isso são considerados
indicadores estáticos.

A interpretação desses indicadores é “quanto maior, melhor”.


Os principais indicadores de liquidez são: liquidez imediata, liquidez
corrente, liquidez seca e liquidez geral.

A liquidez imediata (LI) revela quanto a empresa dispõe, de imediato, para


pagar o passivo circulante. Ao considerar apenas o caixa e os equivalentes de
caixa, torna-se um indicador altamente rígido em relação ao pagamento das
dívidas de curto prazo. Normalmente, é um indicador que desperta pouco
interesse das empresas em manter altos recursos no caixa, que preferem aplicá-
los em operações mais rentáveis. Indica quanto a empresa tem de dinheiro em
caixa e em equivalentes de caixa para pagar cada R$1,00 de passivo circulante.

A liquidez imediata (LI) é obtida pela expressão a seguir.

Disponível
LI 
Passivo Circulante

A liquidez corrente (LC) é obtida pela razão entre o ativo circulante e o


passivo circulante, e também é conhecido como indicador de liquidez a curto
prazo.

Por relacionar ativos realizáveis a curto prazo com passivos a pagar


também a curto prazo, a LC é o indicador mais divulgado e, frequentemente,
considerado como o melhor indicador da situação de liquidez da empresa. Mas
é preciso ter alguns cuidados ao se interpretar esse indicador. Em primeiro lugar,
ao relacionar dados extraídos do balanço patrimonial em determinada data, o
indicador reflete a situação da empresa naquela mesma data, que pode ser
modificada logo no dia seguinte. Em segundo lugar, em relação ao problema dos
prazos dos vencimentos das contas a receber e das contas a pagar que nem
sempre são coincidentes, as dívidas podem vencer em prazo mais curto do que
os ativos.
A liquidez corrente (LC) é obtida pela expressão a seguir.

Ativo Circulante
LC 
Passivo Circulante

A liquidez corrente indica quanto a empresa tem no ativo circulante para


cada R$1,00 de passivo circulante. A partir do indicador apurado, chega-se às
interpretações a seguir.

 Indicador maior do que 1: mostra que o ativo circulante é suficiente para


cobrir o passivo circulante e ainda permite uma folga financeira, o que revela
situação favorável. Ou seja, o Capital Circulante Líquido (CCL) é positivo.
 Indicador igual a 1: mostra que o ativo circulante é exatamente igual ao
passivo circulante. Há suficiência para se cobrir o passivo circulante, mas
não existe folga financeira, o que revela situação nula.
 Indicador menor do que 1: mostra que o ativo circulante não é suficiente para
cobrir o passivo circulante, o que revela situação desfavorável. Ou seja, o
Capital Circulante Líquido (CCL) é negativo.
Para o cálculo da liquidez seca (LS), excluem-se os valores dos estoques
e das despesas antecipadas do total do ativo circulante, o que o torna o indicador
mais conservador na análise de liquidez das empresas. Ao eliminarem-se os
estoques, removem-se prováveis incertezas quanto à venda desses estoques,
assim como o impacto que os diferentes critérios de avaliação dos estoques
podem provocar no cálculo desse indicador. O LS mostra quanto a empresa tem
de ativos circulantes, desconsiderando-se os estoques e as despesas
antecipadas, para pagar cada R$1,00 de passivos circulantes.
A liquidez seca (LS) é obtida pela expressão a seguir.

Ativo Circulante - Estoques - Despesas Antecipadas


LS 
Passivo Circulante

A liquidez geral (LG) é obtida pela da razão entre a soma do Ativo


Circulante e do Realizável a Longo Prazo e a soma do Passivo Circulante e do
Passivo Não Circulante, conforme expresso abaixo.
Ativo Circulante + Realizável a Longo Prazo
LG 
Passivo Circulante + Passivo Não Circulante

A LG é utilizada para medir a saúde financeira da empresa a longo prazo.


Mais uma vez, deve-se atentar para os prazos de vencimento, pois os prazos de
recebimento dos ativos podem ser os mais diferenciados possível dos prazos de
pagamento dos passivos, principalmente porque, aqui, estão sendo
considerados ativos e passivos de longo prazo. A Liquidez Geral indica quanto
a empresa tem de ativo circulante e realizável a longo prazo para cada R$1,00
de dívida total.
A interpretação desse indicador é semelhante à interpretação do indicador
de Liquidez Corrente, considerando-se, entretanto, a existência de ativos e
passivos realizáveis a longo prazo.

1.1.2. Indicadores de estrutura de capitais e de endividamento


Os indicadores de estrutura de capitais e de endividamento revelam o
grau de endividamento e a estrutura de recursos próprios e de terceiros utilizados
para financiar os ativos da empresa.

Iudícibus (2014) destaca que esses quocientes relacionam a posição do


capital próprio com o capital de terceiros e tornam-se indicadores importantes ao
mostrarem a relação de dependência entre a empresa e o capital de terceiros.

A interpretação desses indicadores é “quanto menor, melhor”.

Os principais indicadores de estrutura de capitais e endividamento são:


participação de capitais de terceiros, grau de endividamento geral, composição
do endividamento, custo de capital de terceiros e imobilização do patrimônio
líquido.

A participação de capitais de terceiros (PCT) mostra a relação percentual


entre capital de terceiros e capital próprio. Revela a dependência financeira da
empresa em relação aos recursos externos. Indica quanto a empresa tomou de
capital de terceiros para cada R$ 1,00 de capital próprio.

A participação de capitais de terceiros (PCT) é obtida pela expressão a


seguir.

Capital de Terceiros
PCT 
Capital Próprio
O grau de endividamento geral (EG) mede a proporção dos ativos totais
financiada por capital de terceiros. Quanto maior o valor desse indicador, maior
a dependência financeira de capital de terceiros e maior o risco de não
pagamento a credores. No entanto, a elevação desse indicador pode apresentar,
sob o ponto de vista gerencial, um resultado interessante para a empresa quando
a taxa de juros paga sobre os passivos for menor do que a taxa de retorno
proporcionado pelos ativos. Esse indicador está diretamente relacionado à
alavancagem financeira da empresa, ou seja, quanto mais capital de terceiros
for usado para financiar os ativos, maior o nível de alavancagem financeira.
Gitman e Madura (2003) explicam que a alavancagem financeira é a ampliação
do retorno e do risco obtido por meio do uso de financiamentos. A utilização de
capital de terceiros eleva os riscos, mas gera retorno mais elevado.
O grau de endividamento geral (EG) mede quanto a empresa captou de
capital de terceiros para cada R$1,00 aplicado em ativos.

O grau de endividamento geral (EG) é obtido pela expressão a seguir.

Capital de Terceiros
EG 
Ativo Total

A composição do endividamento (CE) mostra a composição da dívida, ou


seja, quanto do total das dívidas está concentrado a curto prazo. Indica quanto
a empresa deve pagar a curto prazo para cada R$ 1,00 de dívidas totais.

A composição do endividamento (CE) é obtida pela expressão a seguir.

Passivo Circulante
CE 
Capital de Terceiros

Resolução da questão e análise das afirmativas

I – Afirmativa correta.

JUSTIFICATIVA. O gráfico mostra que, nos períodos analisados, de 2010 a


2014, o indicador de liquidez corrente (LC) encontra-se acima de 1,0. Isso revela,
portanto, a existência de folga financeira de curto prazo.

II – Afirmativa correta.

JUSTIFICATIVA. Para analisar o desempenho financeiro de uma empresa,


utilizam-se os indicadores verificados no passado e no presente para projetar o
futuro. O gráfico mostra que o indicador de liquidez corrente (LC) aumentou nos
últimos dois anos. Em 2012, o indicador era de 1,1, passou para 1,2 em 2013 e
chegou a 1,6 em 2014. A evolução desse indicador permite inferir que a
tendência é de continuar melhorando em 2015.

III – Afirmativa incorreta.

JUSTIFICATIVA. Para a análise da afirmativa, devem ser considerar a liquidez


corrente (LC) e a liquidez geral (LG) em conjunto. O gráfico mostra que o
indicador de liquidez corrente (LC) subiu de 1,2 em 2013, para 1,6 em 2014,
enquanto o indicador de liquidez geral (LG) manteve-se estável em 1,5.

Se a empresa trocar dívidas de longo prazo por dívidas de curto prazo, ou se


passar recebíveis a curto prazo para recebíveis a longo prazo, isso não altera a
liquidez geral (LG), mas diminui a liquidez corrente (LC). Essa conclusão pode
ser justificada pelas explicações a seguir.

1) Posição inicial da empresa.


2013 2014 2013 2014
Ativo Circulante 1.300 1.600 Passivo Circulante 1.000 1.000
Realizável a Longo
2.000 2.000 Passivo Não Circulante 1.200 1.400
Prazo

2) Cálculo dos indicadores.

Liquidez Corrente Liquidez Geral

AC 1.300 AC  RLP 1.300  2.000


2013    1,3 2013    1,5
PC 1.000 PC  PNC 1.000  1.200

AC 1.600 AC  RLP 1.300  2.000


2013    1,6 2014    1,5
PC 1.000 PC  PNC 1.000  1.400

3) Troca de dívidas de longo prazo por dívidas de curto prazo.

Caso a empresa troque dívidas de longo prazo por dívidas de curto prazo, em
2014, no valor de 600, partindo-se da situação inicial, a situação final ficará
como segue.
Liquidez Corrente Liquidez Geral

AC 1.600 AC  RLP 1.600  2.000


2014    1,0 2014    1,5
PC 1.600 PC  PNC 1.600  800

4) Troca de recursos recebíveis a curto prazo para recebíveis a longo


prazo.

Caso a empresa passe recursos recebíveis a curto prazo para recebíveis a


longo prazo, em 2014, no valor de 600, partindo-se da situação inicial, a
situação final ficará como segue.

Liquidez Corrente Liquidez Geral

AC 1.000 AC  RLP 1.000  2.600


2014    1,0 2014    1,5
PC 1.000 PC  PNC 1.000  1.400

Portanto, se a empresa trocar dívidas de longo prazo por dívidas de curto prazo,
ou passar recebíveis a curto prazo para recebíveis a longo prazo, a liquidez geral
continua com o mesmo valor, (1,5) como mostra o gráfico, mas a liquidez
corrente diminui de 1,3 para 1,0. O gráfico mostra exatamente o contrário: a
liquidez corrente apresenta aumento de 1,3 para 1,6, o que descarta indícios da
existência dessas operações.

Alternativa correta: C.

3. Indicações bibliográficas
 ASSAF NETO, A. Estrutura e análise de balanços. 11. ed. São Paulo: Atlas,
2015.
 ASSAF NETO, A.; LIMA, F. G. Fundamentos de administração financeira. 3.
ed. São Paulo, Atlas, 2017.
 IUDÍCIBUS, S. de. Análise de balanços. 10. ed. São Paulo: Atlas, 2014.
 MÁLAGA, F. Análise de demonstrativos financeiros e da performance
empresarial. 2. ed. São Paulo: Saint Paul, 2012.
 MARQUES J. A. V. et al. Análise financeira das empresas. 2. ed. Rio de
Janeiro: Freitas Bastos, 2015.
 MATARAZZO, D. C. Análise financeira de balanços. Abordagem gerencial. 7.
ed. São Paulo: Atlas, 2010.
 PERES JUNIOR, J. H; BEGALI, G. A. Elaboração e análise das
demonstrações contábeis. 4. ed. São Paulo: Atlas, 2009.

Você também pode gostar