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ATIVOS

Conceitos gerais

Prof. Dr. João Paulo Cavalcante Lima


Estrutura conceitual (“CPC 00”)
• Recurso controlado pela entidade;
• como resultado de eventos passados;
• e do qual se esperam que fluam futuros benefícios econômicos
para a entidade. (item 4.4(a) do CPC 00).

Se um dos itens falhar, o elemento NÃO é um ativo.

✓ “Capital intelectual” pode ser reconhecido na contabilidade?


✓ Uma empresa possui diversas máquinas de escrever. Estes
bens estão registrados no balanço patrimonial?
✓ Uma empresa firma contrato de compra de mercadorias para
daqui a um mês junto a seu fornecedor. Há ativo a ser
reconhecido?
Avançando no conceito de ativo
• Não podemos definir, simplesmente, que ativos são bens que a
empresa possui. Há bens não registrados no balanço
patrimonial como ativos, em geral por força de normas
diversas.

Exemplos:

✓ Máquinas de escrever – bem obsoleto (CPC 1 – Redução ao


Valor Recuperável de Ativos – Impairment);
✓ Edifícios totalmente depreciados, que não podem ser
reavaliados (veto pela Lei nº 11.638/07);
✓ Marcas e patentes, que não adquiridas de terceiros (CPC 4 –
Ativo Intangível).
Ativo – grupo de contas
• Base legal: art. 178 da Lei 6.404/76:

§ 1º No ativo, as contas serão dispostas em ordem decrescente de


grau de liquidez dos elementos nelas registrados, nos seguintes
grupos:

I – ativo circulante; e (Incluído pela Lei nº 11.941, de 2009)


II – ativo não circulante, composto por ativo realizável a longo
prazo, investimentos, imobilizado e intangível. (Incluído pela Lei
nº 11.941, de 2009)
Ativo – grupo de contas
• Base legal: art. 179 da Lei 6.404/76:

I - no ativo circulante: as disponibilidades, os direitos realizáveis no curso


do exercício social subsequente e as aplicações de recursos em despesas do
exercício seguinte;

II - no ativo realizável a longo prazo: os direitos realizáveis após o


término do exercício seguinte, assim como os derivados de vendas,
adiantamentos ou empréstimos a sociedades coligadas ou controladas (artigo
243), diretores, acionistas ou participantes no lucro da companhia, que não
constituírem negócios usuais na exploração do objeto da companhia;

III - em investimentos: as participações permanentes em outras sociedades e


os direitos de qualquer natureza, não classificáveis no ativo circulante, e que
não se destinem à manutenção da atividade da companhia ou da empresa;
Ativo – grupo de contas
• Base legal: art. 179 da Lei 6.404/76:

IV – no ativo imobilizado: os direitos que tenham por objeto bens corpóreos


destinados à manutenção das atividades da companhia ou da empresa ou
exercidos com essa finalidade, inclusive os decorrentes de operações que
transfiram à companhia os benefícios, riscos e controle desses bens; (Redação
dada pela Lei nº 11.638,de 2007)

V – (Revogado pela Lei nº 11.941, de 2009)

VI – no intangível: os direitos que tenham por objeto bens incorpóreos


destinados à manutenção da companhia ou exercidos com essa finalidade,
inclusive o fundo de comércio adquirido. (Incluído pela Lei nº 11.638,de 2007)
Ativo – estrutura contas do balanço
ATIVO
Circulante
Caixa e equivalentes de caixa (dinheiro, depósitos
bancários, aplicações financeiras de liquidez imediata)
Contas a receber
Estoque
Adiantamentos concedidos
Despesas antecipadas

Não circulante
Realizável a longo prazo
Investimentos
Imobilizado
Intangível
Curto e longo prazo
• Ativos realizáveis em até doze meses, além do caixa e
equivalentes, são classificados no grupo “circulante”.

• Ativos que se esperam realizar em um prazo superior a doze


meses são classificados no grupo “não circulante”.

• Deve ser feita manutenção, período a período, entre longo


prazo e curto prazo, quando aplicável.
Exemplo:
• Uma empresa efetuou venda de R$ 45.000,oo a prazo, em
18 meses. Desprezando-se os efeitos dos juros / ajuste a
valor presente, a empresa contabiliza 6 parcelas de R$
2.500,00 no longo prazo (R$ 15.00o,00), mas transfere, a
partir do final do primeiro mês, R$ 2.500,oo/mês para o
ativo circulante.
Despesas antecipadas
• Ativos, por que serão realizadas apenas em períodos seguintes.
Pode ter acontecido desembolso financeiro ou não!

Exemplo 1 – despesa antecipada com desembolso financeiro:


contratação de um seguro para veículos com pagamento a vista,
porém a cobertura da apólice é de 12 meses.

Exemplo 2 – despesa antecipada sem desembolso financeiro:


IPTU devido no exercício a ser pago em 4 parcelas (há um passivo
a ser liquidado), porém o exercício que lhe deu origem é de 12
meses.
ATIVOS OPERACIONAIS

Ativos Imobilizado (CPC 27) e


Intangível (CPC 4)
Definições
Ativo imobilizado é o item tangível que:
a) é mantido para uso na produção ou fornecimento de
mercadorias ou serviços, para aluguel a outros, ou para fins
administrativos; e
b) se espera utilizar por mais de um período. (CPC 27)

Ativo intangível é um ativo não monetário identificável sem


substância física. (CPC 4)

(*) No Brasil, um período = 12 meses.


Consumo dos ativos
• Periodicamente, os ativos imobilizado e intangível (com
algumas exceções)1 precisam ter seu valor reduzido para
refletir o seu uso nas operações da empresa.

• Depreciação: consumo dos ativos imobilizados;


• Amortização: consumo dos ativos intangíveis;
• Exaustão: consumo de recursos naturais (ex.: jazidas de
petróleo, minas de pedras ou metais preciosos etc.).

1Observações:

• Terrenos não sofrem depreciação;


• Ativos intangíveis de vida útil indefinida não sofrem
amortização.
Métodos
• Método linear (quotas constantes): calculada em base
sistemática, sempre pelo mesmo valor;
• Método da soma dos dígitos: calculada em base de fator
(frações), em que o denominador é dado pela soma dos dígitos
e o numerador de cada ano é o maior dígito no primeiro ano,
decaindo ao longo do tempo.
• Método das unidades produzidas: calculada em função do
volume de produção do período;
• Método de horas de trabalho: calculada em função das horas
de uso da máquina como proporção das horas estimadas de
vida útil total;
Definições essenciais
• Valor residual: é o valor pelo qual a empresa espera vender o
ativo imobilizado ou intangível após o término de sua vida útil;
• Vida econômica: é o período estimado de vida total de um ativo
imobilizado ou intangível;
• Vida útil: é o período que a empresa pretende utilizar o ativo
imobilizado ou intangível. Não necessariamente é igual à vida
econômica.
✓ Fiscal: tempo pré-estabelecido pelo Governo no
Regulamento do Imposto de Renda para abatimentos fiscais
sobre o lucro tributável;
✓ Societária: tempo estimado pela Administração das
companhias para uso dos ativos.

𝑉𝑎𝑙𝑜𝑟 𝑑𝑒𝑝𝑟𝑒𝑐𝑖á𝑣𝑒𝑙 𝑜𝑢 𝑎𝑚𝑜𝑟𝑡𝑖𝑧á𝑣𝑒𝑙 = 𝐶𝑢𝑠𝑡𝑜 − 𝑣𝑎𝑙𝑜𝑟 𝑟𝑒𝑠𝑖𝑑𝑢𝑎𝑙


Método linear
Uma empresa adquiriu veículos por R$ 270.000,00, pretendendo utilizá-los por
por 6 anos. Ao final deste período, a empresa estima conseguir vender os veículos
por R$ 30.000,00.

Valor depreciável = custo – valor residual


Valor depreciável = 270.000 – 30.000 = 240.000
𝑣𝑎𝑙𝑜𝑟 𝑑𝑒𝑝𝑟𝑒𝑐𝑖á𝑣𝑒𝑙 240.000
𝐷𝑒𝑝𝑟𝑒𝑐𝑖çã𝑜 = = = 40.000/𝑎𝑛𝑜
𝑣𝑖𝑑𝑎 ú𝑡𝑖𝑙 6
Depreciação
Ano Depreciação acumulada Saldo
0 0,00 0,00 270.000,00
1 (40.000,00) (40.000,00) 230.000,00
2 (40.000,00) (80.000,00) 190.000,00
3 (40.000,00) (120.000,00) 150.000,00
4 (40.000,00) (160.000,00) 110.000,00
5 (40.000,00) (200.000,00) 70.000,00
6 (40.000,00) (240.000,00) 30.000,00
Método da soma dos dígitos
Uma empresa adquiriu veículos por R$ 270.000,00, pretendendo utilizá-los por
por 6 anos. Ao final deste período, a empresa estima conseguir vender os veículos
por R$ 30.000,00.

Valor depreciável = custo – valor residual


Valor depreciável = 270.000 – 30.000 = 240.000
𝐷𝑒𝑝𝑟𝑒𝑐𝑖çã𝑜 = 𝐹𝑎𝑡𝑜𝑟 𝑑𝑜 𝑎𝑛𝑜 × 𝑉𝑎𝑙𝑜𝑟 𝑑𝑒𝑝𝑟𝑒𝑐𝑖á𝑣𝑒𝑙

Depreciação
Ano Fator Depreciação acumulada Saldo
0 - 0,00 0,00 270.000,00
1 6/21 (68.571,43) (68.571,43) 201.428,57
2 5/21 (57.142,86) (125.714,29) 144.285,71
3 4/21 (45.714,29) (171.428,58) 98.571,42
4 3/21 (34.285,71) (205.714,29) 64.285,71
5 2/21 (22.857,14) (228.571,43) 41.428,57
6 1/21 (11.428,57) (240.000,00) 30.000,00
Baixa
Os ativos devem ser baixados:
• Por ocasião da alienação;
• Quando não esperados benefícios econômicos futuros
(impairment – CPC 01).

Ganhos e perdas na baixa dos ativos são registrados no resultado


do período em que ocorrer.
Referências
MARTINS et al. Manual de contabilidade societária:
aplicável a todas as sociedades de acordo com as normas
internacionais e do CPC. 3. ed. São Paulo: Atlas, 2018.

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