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CONCRETO ARMADO:
1 INTRODUÇÃO 1
1.1 Considerações iniciais 1
1.2 Tipologia das lajes nervuradas de concreto armado 1
1.2.1 Lajes nervuradas moldadas no local 2
1.2.2 Lajes nervuradas pré-moldadas 6
1.2.3 Lajes nervuradas mistas com fôrma metálica incorporada 7
1.3 Critérios para projeto indicados na ABNT NBR 6118:2003 8
Referências bibliográficas 52
Bocchi Júnior e Giongo – USP – EESC – SET – Concreto armado: Projeto e construção de lajes nervuradas – Agosto de 2010 1
1. INTRODUÇÃO
As lajes nervuradas são constituídas por vigas (nervuras) solidarizadas por uma
mesa de concreto (Figura 1.1), sendo que as nervuras podem ser moldadas no local ou
terem parte das vigas (nervuras) pré-moldadas, com moldagem no local da parte
faltante da nervura e da mesa (Figuras 1.11 e 1.12).
Existem algumas particularidades para o cálculo dos esforços solicitantes, no
dimensionamento das armaduras longitudinais e transversais e na construção. O
conhecimento dessas particularidades, bem como a análise correta desde o projeto até
a construção das lajes nervuradas é fundamental para o bom desempenho das
mesmas, de maneira segura e econômica.
A crescente necessidade de racionalização na construção civil com a minimização
dos custos e prazos vem fazendo das lajes nervuradas uma opção cada vez mais
difundida.
Entende-se por lajes nervuradas aquelas que a mesa de concreto resiste às
tensões de compressão e as barras das armaduras as tensões de tração, sendo que
uma nervura de concreto faz a ligação mesa-armadura, podendo, também absorver
tensões de compressão, conforme pode ser visto na figura 1.1 e seguintes. Portanto, o
comportamento do conjunto nervura (viga) e mesa (laje) é semelhante ao de uma viga
de seção T.
O presente trabalho tem por objetivo servir como roteiro de projeto, desde os
processos empregados no cálculo dos esforços solicitantes, verificação quanto à
segurança (estado limite de serviço e último), diferenciação entre os diversos tipos de
lajes nervuradas, detalhamento do projeto até as recomendações pertinentes à
construção.
Com este texto pretende-se:
- servir como roteiro de projeto para as lajes nervuradas, inclusive com exemplos
de aplicação.
hf
hf
aa
bw
NERVURAS
APARENTES
hhff
bw
INCLINACAO P/ FACILITAR A
RETIRADA DA FORMA
(FORMA METALICA)
h
hff
CAIXAO PERDIDO
(argila expandida ou
concreto celular)
A laje mostrada na figura 1.4, usada para pequenas alturas, é constituída por
lajota cerâmicas, com aba (ou, abas laterais) de pequena espessura, sobre a qual é
posicionada a armadura longitudinal.
ARMADURA
ARMADURA
PRINCIPAL
SECUNDARIA
h h
hf f
LAJOTA CERAMICA
ARMADURA
SECUNDÁRIA
As seções transversais de lajes nervuradas indicadas nas figuras 1.1 a 1.4 são
ditas normais, pois são projetadas para absorver tensões de tração junto à face inferior
causadas por ação de momentos fletores positivos.
Nos casos de lajes submetidas à ação de momento fletor negativo que provoca
tração na face superior, tem-se a necessidade de mesa junto à face inferior, para
absorver as tensões de compressão. Portanto, as barras da armadura de tração ficam
na região tracionada. A figura 1.5 apresenta uma laje nervurada com nervuras
invertidas, isto é, a face inferior da nervura coincide com a face inferior da mesa. Junto
a face superior, se o projeto arquitetônico não previr piso, as nervuras podem ficar
aparentes. No caso da figura 1.6 quando o piso é necessário para o uso da construção,
pode-se projetá-lo em placas pré-fabricadas em concreto armado, ficando as células,
após as retiradas das fôrmas, vazias.
NERVURAS
APARENTES
hhff
h
hff
FORMA PERDIDA
hf,sup
hf,inf
hhf
f
FORMA PERDIDA
hf
hf
Por questões arquitetônicas as faces das nervuras podem ser curvas como
indicadas na figura 1.9. Assim, o projeto das fôrmas precisa prever essa
particularidade. Nessa figura a seção transversal da célula é em meio tubo, ou seja, a
célula é representada em corte por uma meia circunferência, que após a retirada da
fôrma fica vazia.
hf
hf
a bw
A industria da construção civil desenvolveu fôrmas para colunas, que são pilares
de seção transversal circular, em papelão rígido, encapado com filme plástico, que
podem ser usadas em lajes nervuradas, conforme seção transversal de laje nervurada
mostrada na figura 1.10. A fôrma que é perdida propicia a redução do peso próprio da
laje e o papelão é um material inerte.
Se os tubos forem deslocados mais para o interior da laje pode-se, à semelhança
das lajes nervuradas das figuras 1.7 e 1.8, considerá-la como laje nervurada dupla.
Capítulo 1 - Introdução 6
hf
hf
bw
Como evolução das lajes nervuradas moldadas no local o meio técnico projetou
lajes nervuradas em que partes das nervuras (as inferiores) são pré-moldadas, assim
facilitando a construção. O processo de pré-fabricação pode ser ao pé da obra ou em
fábricas próprias. As nervuras são posteriormente transportadas para o canteiro e,
posteriormente, posicionadas sobre as fôrmas das vigas e os apoios intermediários
temporários (cimbramentos).
Uma das principais vantagens em se adotarem essas lajes é que não necessitam
de fôrma, junto a face inferior, pois os blocos posicionados entre as nervuras, figura
1.11, não permitem que o concreto recém lançado percole pelas regiões de contato
entre nervuras pré-fabricadas e blocos. Os blocos, como já visto, podem ser de
material cerâmico, isopor, papelão, concreto celular, etc.
As vigas de madeira ou metálicas que compõem o cimbramento são posicionadas
em função da resistência das nervuras pré-fabricadas.
A moldagem (concretagem) da parte das nervuras e da mesa ocorre quando
todas as armaduras adicionais e os dutos para passagens de instalações elétricas e
hidráulicas estiverem posicionados.
Analisando a figura 1.11 pode-se perceber que o elemento pré-fabricado é
constituído em concreto, com as barras da armadura longitudinal posicionada na fôrma
antes do lançamento do concreto. A rigidez do elemento pré-fabricado é obtida pela
forma do elemento.
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ARMADURA
NEGATIVA
hf
hf
TIJOLO FURADO
(CERAMICO OU DE
CONCRETO)
ARMADURA
PRINCIPAL
bw a
bf
Laje mista com fôrma metálica incorporada é aquela em que, antes da cura do
concreto, a fôrma de aço suporta as ações permanentes e as de construção
(equipamentos de construção, trabalhadores, etc.) e, após a cura, o concreto passa a
atuar estruturalmente em conjunto com a fôrma de aço. A fôrma metálica é responsável
por, com a laje em serviço, absorver as tensões de tração geradas pela ação do
momento fletor.
Denomina-se comportamento misto aço-concreto àquele que passa a ocorrer
após a fôrma de aço e o concreto terem-se combinados para formar um único
elemento estrutural. A fôrma de aço deve ser capaz de transmitir o cisalhamento
longitudinal na interface aço-concreto. A aderência natural entre o aço e o concreto não
é considerada efetiva para o comportamento misto, o qual deve ser garantido por
Capítulo 1 - Introdução 8
ligação mecânica por meio de mossas nas fôrmas de aço trapezoidais (Figura 1.13),
ou, ligação por meio do atrito por causa do confinamento do concreto nas fôrmas de
aço reentrantes (Figura 1.14).
Figura 1.13 – Laje mista tipo “Steel deck” com forma trapezoidal
[ABNT NBR 8800:2008]
Figura 1.14 – Laje mista tipo “Steel deck” com forma reentrante
[ABNT NBR 8800:2008]
Este tipo de laje mista tem sido usada com a finalidade de diminuir os custos de
construção, pois não há necessidade de se usarem fôrmas e barras ou fios de aço para
absorver as tensões de tração.
A ABNT NBR 6118:2003 diz que as lajes nervuradas podem ser moldadas no
local ou com nervuras pré-moldadas, cuja zona de tração é constituída por nervuras
entre as quais pode ser colocado material inerte.
As lajes com nervuras pré-moldadas devem atender adicionalmente às
prescrições de norma brasileira específica.
As prescrições relativas às estruturas de elementos de placas (lajes maciças)
podem ser consideradas válidas desde que sejam obedecidas as condições indicadas
na ABNT NBR 6118:2003, conforme será estudado no capítulo 2.
Na falta de resultados mais precisos, a rigidez à torção deve ser considerada nula
na determinação dos esforços solicitantes e deslocamentos.
Quando as indicações da ABNT NBR 6118:2003, que permitem verificar a
segurança de laje nervurada considerando os critérios de lajes maciças, não forem
atendidas, a laje nervurada precisa ser analisada considerando a capa (mesa) como
laje maciça apoiada em grelha de vigas.
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As lajes nervuradas, bem como as lajes maciças, podem ter suas bordas
apoiadas (figura 2.1), contínuas (figura 2.2) e engastadas ou em balanço (figura 2.3).
Entretanto, recomenda-se para as lajes nervuradas de concreto armado evitar
engastes e balanços pois, nestes casos, têm-se forças de tração na face superior, onde
se encontra a mesa de concreto, e forças de compressão na parte inferior, região em
que a área de concreto é reduzida. Sabe-se que o concreto é um material que
apresenta elevada resistência à compressão e baixa resistência à tração sendo,
portanto, necessário aumentarem-se as dimensões das seções, ou utilizar-se mesa na
parte inferior (mesa invertida), implicando em aumento do peso próprio da estrutura e
aumento dos custos da obra (figura 2.3).
A prática usual consiste em projetar lajes nervuradas para vãos maiores que os
previstos para lajes maciças. As lajes nervuradas são apoiadas nas bordas em vigas
mais rígidas que as nervuras. Lembra-se que as lajes nervuradas apresentam inércia
menor que as lajes maciças, de tal modo que as alturas precisam ser maiores para
haver controle das deformações e, por conseguinte, dos deslocamentos. A decisão de
projetarem lajes nervuradas e não maciças é tomada analisando não só os aspectos
estruturais como também os relativos aos custos.
A figura 2.1 apresenta uma situação, já estudada para lajes maciças, em que se
considera a laje nervurada apoiada nas vigas de borda, pelo fato que se ela for
considerada engastada nas vigas, para garantir o equilíbrio das vigas terá que ser
considerado momento uniformemente distribuído no tramo da viga de tal modo que,
para haver o equilíbrio com os pilares surgem momentos de torção nas extremidades
da viga que, por sua vez, gera momentos nos pilares. Como as vigas de concreto
armado têm as suas dimensões limitadas por questões arquitetônicas e como as
tensões tangenciais oriundas da força cortante e da torção se somam, fica
comprometida a sua segurança quando se considera a torção. Assim, é melhor
considerar a laje apoiada nas vigas de bordas.
PLANTA-
B
ESQUEMA ESTATICO
hf
L1
A A
B
hf
ESQUEMA ESTATICO
ESQUEMA ESTATICO
A L1 L2 A
hf
CORTE AA-
ESQUEMA ESTATICO
NERVURA NA BORD
C/ PEQUENA RIGI
L 04
hf
h
V01
ESQUEMA ESTATICO
Figura 2.4 - Laje nervurada em balanço
Capítulo 2 - Considerações para projeto de lajes nervuradas 12
ℓef = ℓ0 + a1 + a2 [2.1]
l l
2.3. PRÉ-DIMENSIONAMENTO
A determinação das dimensões das lajes nervuradas pode ser feita pelos
conhecimentos adquiridos pelo engenheiro de estruturas, com base na experiência
profissional, ou seguindo recomendações indicadas em normas, devendo-se sempre
respeitar as dimensões mínimas exigidas.
b- a espessura das nervuras não podem ser inferior a 5 cm; nervuras com
espessura menor que 8 cm não devem conter armadura de compressão (caso de
armadura dupla).
Para o projeto das lajes nervuradas, isto é determinação dos esforços solicitantes
e verificação da segurança estrutural, precisam ser obedecidas as seguintes
condições:
c- para lajes com espaçamento entre eixos de nervuras menor ou igual a 65 cm,
pode ser dispensada a verificação da flexão da mesa, e para a verificação do
cisalhamento da região das nervuras, permite-se a consideração dos critérios de laje;
d- para lajes com espaçamento entre eixos de nervuras entre 65 cm e 110 cm,
exige-se a verificação da flexão da mesa e as nervuras devem ser verificadas ao
cisalhamento como vigas; permite-se essa verificação como lajes se o espaçamento
entre eixos de nervuras for menor que 90 cm e a espessura média das nervuras for
maior que 12 cm;
e- para lajes nervuradas com espaçamento entre eixos de nervuras maior que
110 cm, a mesa deve ser projetada como laje maciça, apoiada na grelha de vigas,
respeitando-se os seus limites mínimos de espessura.
A Norma Brasileira ABNT NBR 6118:2003 não faz nenhuma recomendação com
relação a estimativa da altura em função dos vãos efetivos das lajes nervuradas, porém
indica as condições que precisam ser atendidas com relação aos deslocamentos
(flechas), dependentes das deformações da seção transversal.
O procedimento de projeto é no sentido de adotar uma altura total e verificar as
condições relativas aos estados limites último e de serviço.
Como estimativa da altura útil (d) pode-se adotar as indicações da ABNT NBR
6118:1978.
As ações que atuam nas lajes nervuradas podem ser divididas em ações
permanentes diretas e ações variáveis normais. Estas ações precisam seguir as
prescrições das Normas Brasileiras ABNT NBR 6118:2003 e ABNT NBR 6120:1980.
mais rígidas que as outras, elas absorverão maiores parcelas dos esforços solicitantes,
e a transmissão dos mesmos ocorrerá em uma única direção.
Os esforços solicitantes nas grelhas são calculados por processos estáticos, entre
eles podem ser citados o processo dos esforços e o processo dos deslocamentos. Este
trabalho não tem como objetivo a análise desses processos, sendo que existe na
bibliografia técnica trabalhos que tratam do tema, entre eles Sussekind (1979) e
Antunes (1992).
Bocchi Júnior e Giongo – USP – EESC – SET – Concreto armado: Projeto e construção de lajes nervuradas – Agosto de 2010 17
Quando a mesa é toda comprimida, ou seja, a linha neutra está contida na alma
da seção T, caso de dimensionamento de seções T (seção T verdadeira) o
dimensionamento segue rotina já estudada por ocasião de dimensionamento de vigas
de seção T.
hf
h h
bw
bw a
Para lajes com espaçamento entre eixos de nervuras (a) entre 65cm e 110cm, a
verificação das tensões tangenciais atuantes nas nervuras é feita com os critérios
indicados na ABNT NBR 6118:2003 para vigas. A verificação pode ser feita com os
critérios aplicados para lajes maciças desde que o espaçamento entre eixos de
nervuras seja menor que 90 cm e a espessura média das nervuras seja maior que12
cm.
hf
deformacao da mesa
entre nervuras
mesa entre as nervuras. Nesse caso o cálculo dos esforços solicitante é feito
considerando uma laje de vãos efetivos iguais às distâncias entres eixos de nervuras
apoiada nas nervuras e submetida à uma ação uniformemente distribuída na mesa.
Quando a distância entre eixos de nervuras (a) ficar entre 65 cm e 110 cm é
obrigatória a verificação da mesa à flexão, ou seja, precisa ser calculada armadura em
duas direções com a finalidade de absorver as tensões de tração oriundas da ação dos
momentos fletores atuantes na mesa. Sugere-se que as tensões tangenciais na mesa
sejam verificadas.
A ABNT NBR 6118:2003 indica que nos casos de lajes nervuradas com
espaçamento entre eixos maior do que 110 cm, a mesa precisa ser projetada como
lajes maciça, apoiada na grelha de vigas, sendo que nesse caso se aplicam as
hipóteses especificadas para lajes maciças, inclusive os valores de espessuras
mínimas.
A ABNT NBR 6118:2003 indica que os planos de ligação entre mesas e almas
(nervuras) ou talões e almas de vigas precisam ser verificados com relação aos efeitos
tangenciais decorrentes das variações de tensões normais ao longo do comprimento
da viga, tanto sob o aspecto da resistência do concreto, quanto das armaduras
necessárias para resistir às forças de tração decorrentes desses efeitos.
As barras das armaduras para absorver os momentos fletores das lajes maciças
no caso das ligações destas com vigas, como também as das mesas da lajes
nervuradas, existentes no plano de ligação, podem ser consideradas como parte da
armadura de ligação, complementando-se a diferença entre ambas, se necessário. A
área mínima da seção transversal dessa armadura, estendendo-se por toda a largura
útil e ancorada na alma é igual a 1,5 cm2/m.
4.1 CONSTRUÇÃO
A construção das lajes nervuradas de concreto armado moldadas “in loco” requer
alguns cuidados, além de várias etapas como as descritas sucintamente à seguir:
4.1.1 Fôrmas
As fôrmas utilizadas nas estruturas de concreto armado têm por finalidade dar
forma e sustentação antes que o concreto atinja resistência suficiente para se auto
suportar. As fôrmas podem ser de diversos materiais, entre eles destacam-se: madeira
compensada, chapas de aço, chapas de fibra de vidro e blocos de concreto celular, ou
cerâmicos.
O material empregado nas fôrmas depende de uma análise econômica que
precisa levar em consideração o tamanho e o planejamento da obra com o prazo
disponível para a construção, a quantidade de reaproveitamentos das fôrmas, a
quantidade do material a ser empregado nas fôrmas, a mão-de-obra necessária para
montagem, além do custo do material propriamente dito.
Nas construções de edifícios convencionais a solução que pode ser adotada é
usar blocos de concreto, comum ou leve, semelhante aos usados em paredes de
alvenaria, sendo que o bloco leve tem como vantagem o reduzido peso específico,
ocorrendo assim uma redução no peso próprio da laje acabada e por conseqüente a
redução das ações atuantes na estrutura. Na realidade os blocos servem como fôrma
perdida para a laje, sem função de resistir aos esforços solicitantes, visto que de modo
geral sua resistência é muito pequena se comparada com a do concreto da mesa e
nervuras. Os blocos de concreto leve, são assim chamados, pois durante a sua
moldagem é usado um aditivo incorporador de ar para aumentar o volume de vazios
com conseqüente redução de massa.
Os blocos são colocados sobre plataformas (figura 4.1), as quais são sustentadas
pelos cimbramentos, corretamente contraventados e apoiados em base firme que pode
ser o contrapiso de pavimento térreo ou a laje de andar inferior. As plataformas e
cimbramentos podem ser de madeira ou aço.
Capítulo 4 - Lajes nervuradas moldadas “in loco” 24
Figura 4.1 - Montagem dos blocos para as lajes nervuradas moldadas “in loco”
[Bocchi Junior, 1995]
4.1.2 Armaduras
em projeto. A vibração é feita com vibradores de imersão (Figura 4.2) manuseado por
operários capacitados evitando-se a desagregação do concreto e com dimensões dos
agregados compatíveis com as medidas da seção transversal.
A retirada das fôrmas e escoramentos das lajes nervuradas deve ser feita quando
o concreto se achar suficientemente endurecido para resistir às ações atuantes sobre a
laje e que estas não produzam deformações inaceitáveis, tendo em vista que o
pequeno módulo de elasticidade do concreto (Ec) nas primeiras idades, permite maior
deformação do concreto.
No caso de edifícios de múltiplos pavimentos, a moldagem das lajes de um
determinado pavimento é feita quando o andar inferior apresentar condições favoráveis
de resistência às ações de construção, ou sejam: peso próprio do cimbramento e das
fôrmas, peso próprio do concreto fresco, ações de pessoas e equipamentos
necessários para a concretagem.
Capítulo 4 - Lajes nervuradas moldadas “in loco” 26
A laje nervurada L11, cuja forma estrutural está mostrada pela figura 4.3, faz parte
da estrutura do pavimento de um edifício residencial, sendo que as demais lajes são
maciças. Optou-se por construir a laje L11 nervurada em virtude das dimensões dos
vãos efetivos exigirem espessura maior do que o estimado para as outras lajes
maciças. Como o edifício é residencial optou por laje nervurada com forro plano para
permitir acabamento adequado com o projeto arquitetônico, escolhendo-se, portanto
enchimento de tijolos cerâmicos furados entre nervuras, pois este material já está
disponível no canteiro de obra por ser utilizado nas paredes de fechamento e divisórias.
A figura 4.3 é o desenho da forma estrutural da laje nervurada L11, lembrando-se
que este desenho representa a vista da forma da laje segundo um plano horizontal,
com o observador posicionado no andar i e olhando para o andar i + 1. Para o
entendimento do projeto por parte do engenheiro construtor são necessários dois
cortes transversais, um paralelo aos eixos D e E (Corte AA’) e outro paralelo aos eixos
8 e 9 (Corte BB’). Nos desenhos da planta de forma e nos cortes são indicadas as
medidas todas necessárias para o projeto e para a construção.
8 9
770
748
22
B'
22
VT03 (22x60)
D
P07
22/120
123
36
5
36
P10
22/120
5
L11
515
498
h = 23cm
A A'
VT12 (22x60)
VT09 (22x60)
Corte BB'
P13
22/80
E
VT06 (12x60) P14
11
22/80
B
5
19
4
5 19
Corte AA'
t1 12
a1 = menor valor entre: = = 6 cm e 0,3 ⋅ hlaje = 0,3 ⋅ 23 = 6,9 cm
2 2
portanto, a1 = 6 cm
t 2 22
a2 = menor valor entre: = = 11cm e 0,3 ⋅ hlaje = 0,3 ⋅ 23 = 6,9 cm
2 2
portanto, a2 = 6,9 cm
Como ℓef,y é maior do que ℓef,x o módulo do momento fletor na direção do eixo x
(mx) será maior que o módulo do momento na direção y (my), portanto, é conveniente
que as nervuras paralelas a ℓef,x fiquem mais próximas entre si do que as da direção y.
Para o enchimento do vazio entre nervuras optou-se por usar os mesmos tijolos
cerâmicos furados considerados para as paredes de alvenaria, com dimensões de 9cm
de largura, 19 cm de comprimento e 19 cm de altura.
Com essa idéia as nervuras na direção y ficam espaçadas de 19 cm (1 tijolo) e na
direção y de 36 cm (4 tijolos), conforme mostrado na figura 4.3. Os tijolos, durante a
moldagem da laje nervurada ficarão posicionados sobre o tablado horizontal da fôrma e
depois da cura os tijolos ficarão fixos entre as nervuras, em virtude da aderência entre
o concreto e os tijolos, além dos agregados graúdos que ficaram posicionados nos
furos dos tijolos.
A medida da largura das nervuras, nas duas direções foi adotada igual a 5cm
(figura 4.3), que é o valor mínimo indicado na ABNT NBR 6118:2003. Lembra-se que,
como as medidas dos eixos das nervuras nas duas direções são menores do que
65cm, as verificações de resistência da laje com relação a força cortante são feitas
seguindo os mesmos critérios de lajes maciças e, portanto, pode não haver a
necessidade de se usarem estribos para absorver as tensões de tração.
A altura da laje foi adotada igual a 23 cm (figura 4.3), pois o tijolo furado tem 19cm
de altura e a medida mínima da espessura da mesa é de 4cm, conforme indica a ABNT
NBR 6118:2003, para o caso da mesa receber tubos de passagem de fios elétricos de
diâmetros menores do que 12,5 mm.
Capítulo 4 - Lajes nervuradas moldadas “in loco” 28
4
23
23
19
19
5 19 5 36
1 tijolo 4 tijolos
gpp,nervuras =
( 2 × 0,025 × 0,41× 0,19 + 2 × 0,025 × 0,19 × 0,19 ) × 25 = 1,45kN m2
0,24 × 0,41
gtijolos =
( 0,19 × 0,36 × 0,19 ) × 13 = 1,72kN m2
0,24 × 0,41
Total = 6,67kN m2
ly 761,8
λ= = = 1,49
lx 510,9
5,109
v x = 3,33 × 6,67 × = 11,4kN m
10
5,109
v y = 2,5 × 6,67 × = 8,5kN m
10
sendo que νx atua nas bordas paralelas a ℓy e νy atua nas bordas paralelas a ℓx.
5,1092
mx = 7,72 × 6,67 × = 13,41kN ⋅ m m
100
5,1092
my = 3,89 × 6,67 × = 6,77kN ⋅ m m
100
sendo que mx atua na região central da laje L11 com direção paralela a borda de
vão efetivo ℓx e o momento fletor my atua na região central e tem direção paralela a ℓy.
Do mesmo modo que se fez para cálculo das reações de apoio por nervura têm-
se:
- nas nervuras paralelas a direção x o momento fletor por nervura é:
4.2.5. Dimensionamento das áreas das barras das armaduras por nervura
A verificação das seguranças estruturais das nervuras se faz com os critérios já
estudados para vigas de seção T, portanto aqui segue-se o mesmo roteiro apresentado
naquela oportunidade.
a. Cálculo da área de barras longitudinais (Asx) para as nervuras paralelas a ℓx
O momento fletor atuante na nervura central paralela ao vão efeito ℓx é igual a:
Mx = 3,22 kN⋅m
As medidas geométricas da seção transversal das nervuras paralelas ao vão
efetivo ℓx estão mostradas na figura 4.6 sendo que foi adotado altura útil d igual a 21
cm, portanto, o cobrimento da armadura está de acordo com o indicado na ABNT NBR
6118:2003.
24
Viga de seção T
d 23 d = 23 – 2
d = 21cm
As
5
Figura 4.6 - Seção transversal das nervuras paralelas ao vão efetivo ℓx
(Corte transversal realizado por um plano vertical paralelo a ℓy)
Bocchi Júnior e Giongo – USP – EESC – SET – Concreto armado: Projeto e construção de lajes nervuradas – Agosto de 31
2010
24 × 212
k =
*
c = 23,5 ⎯⎯⎯
C25
CA −50
⎯→ βx = 0,04
322 × 1,4
ks = 0,023
1,4 × 322
A s = 0,023 × = 0,49cm2 → 1φ8 p/ nervura
21
A s,ef = 0,50cm 2
My = 2,78kN⋅m
41
d = 21cm
d 23 bf = 41cm; hf = 4cm
bw = 5cm
As
41× 212
k c* = = 46,5 ⎯⎯⎯
C25
CA − 50
⎯→ β x = 0,02
278 × 1,4
ks = 0,023
1,4 × 278
A s = 0,023 × = 0,43cm2 → 1φ8 p/ nervura
21
A s,ef = 0,50cm2
Para as duas nervuras às áreas de armaduras têm que ser maiores que as áreas
mínimas indicadas na ABNT NBR 6118:2003, conforme já estudado no
dimensionamento de vigas submetidas a ação de momento fletor.
Para o caso de vigas de seção T com mesa comprimida, tendo sido adotado
concreto C25 e aço categoria CA-50, é necessário considerar a taxa geométrica
mínima (em porcentagem) igual a 0,150.
Assim, a área de armadura mínima resulta:
0,150
A s,min = ρ s,min ⋅ A c = ρ s,min ⋅ b w ⋅ h = ⋅ 5 ⋅ 23 = 0,17cm 2
100
Bocchi Júnior e Giongo – USP – EESC – SET – Concreto armado: Projeto e construção de lajes nervuradas – Agosto de 33
2010
As áreas das barras das armaduras para as duas nervuras resultaram maiores
que a calculada considerando a taxa geométrica mínima.
Como as distâncias entre os eixos das nervuras nas duas direções são menores
do que 65 cm, a ABNT NBR 6118:2003 permite que a verificação da segurança com
relação a força cortante seja feita usando os critérios adotados para lajes maciças.
Como neste projeto de laje nervurada tem-se bw = 5 cm, h = 23 cm e d = 21 cm
para as nervuras em ambas as direções, verificar-se-á a nervura sob ação da força
cortante para Vy = 3,49 kN, maior valor de força cortante que atua na laje nervurada e
em nervuras paralelas ao vão efetivo ℓy.
A ABNT NBR 6118:2003 indica que se a força cortante solicitante de cálculo VSd
for menor ou igual a VRd1 que é a força cortante resistente de cálculo do concreto não
há necessidade de armadura transversal.
A força cortante solicitante de cálculo VSd é, portanto:
⎡ ⎤
VRd1 = ⎢ τRd ⋅ k ⋅ (1,2 + 40 ⋅ ρ1 ) + 0,15 ⋅ σcp ⎥ ⋅ bw ⋅ d
⎢⎣ Zero
⎥⎦
sendo:
fctk,inf 1
fctd = = ⋅ 0,7 ⋅ 0,3 ⋅ fck2 3 como fck = 25MPa
γc 1,4
0,50
ρ1 = = 0,00476 < 0,02 (ok!!)
5 × 21
Portanto, como VRd1 = 6,49kN é maior do que VSd1 = Vyd = 4,89kN não há
necessidade de adotar estribos verticais nas nervuras, pois a resistência do concreto é
suficiente para resistir as tensões de tração nas nervuras oriundas da força cortante.
Capítulo 4 - Lajes nervuradas moldadas “in loco” 34
Conforme visto no capítulo 3, a mesa pode ser considerada apoiada nas nervuras
acarretando esforços solicitantes de flexão (momento fletor e força cortante). A ABNT
NBR 6118:2003 indica que nos casos de distâncias entre eixos de nervuras menores
ou iguais a 65 cm não há necessidade de se verificarem as seguranças com relação a
esses esforços solicitantes. Entende-se, portanto, que só a resistência do concreto é
suficiente para absorver as tensões de tração e compressão oriundas desses esforços.
Portanto, não há necessidade de disporem-se barras de aço na mesa da laje
nervurada. O projetista pode entender necessária a colocação de barras de armadura
na mesa com a finalidade de limitar as aberturas de fissuras por causa dos efeitos da
retração do concreto.
788
528
5.1 PREÂMBULO
Figura 5.1 - Fôrmas para vigas das lajes tipo “Volterrana” [Bocchi Junior (1995)]
Figura 5.2 - Fôrmas para vigas com treliças [Bocchi Junior (1995)]
As fôrmas (figura 5.3) precisam ser limpas depois de cada uso, utilizando-se uma
espátula de aço, raspando-se as crostas de concreto que ficam após a desforma. Para
facilitar a desforma, após a limpeza aplica-se o desmoldante químico.
Figura 5.3 - Limpeza das fôrmas [Lima, 1991, apud Bocchi Junior (1995)]
Figura 5.4 - Lançamento do concreto [Lima, 1991, apud Bocchi Junior (1995)]
As armaduras barras ou fios das armaduras das vigas podem ser colocadas antes
ou após o lançamento de parte do concreto dependendo do processo de fabricação
adotado, conforme figura 5.5.
Figura 5.5 - Colocação das armaduras [Lima, 1991, apud Bocchi Junior (1995)]
A cura acelerada do concreto consiste na cura à vapor, a qual tem por objetivo
acelerar o endurecimento do concreto por meio de calor, sem que com isso tenha-se
perda de água, o que paralisa a hidratação do concreto. Mesmo eficiente a cura à
vapor não é muito difundida, em virtude da necessidade de equipamentos como
câmara de vapor ou manta térmica, e de mão-de-obra especializada, encarecendo o
processo produtivo.
Quando se usa cura a vapor recomenda-se o emprego do cimento ARI com
escórias e alguns cuidados precisam ser tomados, tais como: a) incremento máximo de
temperatura: 20°C/hora; b) temperatura máxima no elemento submetido a tratamento à
vapor sob pressão atmosférica: 70°C; c) decréscimo de temperatura no resfriamento de
no máximo 30°/hora.
Antes de iniciar-se a desforma, as peças devem ser identificadas, recebendo
etiquetas com códigos de fabricante. A codificação das vigas é essencial para a
montagem da laje, visto que, no projeto de construção fornecido pelo fabricante, todo o
posicionamento das vigas é definido com base na codificação das mesmas.
A desforma e estocagem das vigas podem ser feitas manualmente ou com o
auxílio de pontes rolantes, dependendo das dimensões das peças, do porte e
produtividade da empresa. A estocagem (figura 5.6) precisa ser feita de maneira
cuidadosa a fim de evitar-se que as peças danifiquem-se, sendo permitido o
empilhamento, intercalando-se dispositivos de apoio, evitando-se o contato das
superfícies de concreto de duas peças superpostas.
Figura 5.6 - Estocagem das vigas [Lima, 1991, apud Bocchi Junior (1995)]
V1
20/20
P1 P2
.10
V1
P1
.80
.10
V5 V6 V7
1 -1 P3 P4
,5
29
4.90
.10
CORTE BB-
.80
20/20
V2
P3 P4
P3
.10
LISTA DE FERROS
.80 .80
.10 .10 .10 .10
V2
COMPRIMENTO (m)
N QUANT.
(mm) UNITARIO TOTAL
N1 5,0 14 4.90 68.60
2
3.24
-2
N2
N3 5,0 19 4.90 93.10
N4 5,0 20 1.00 20.00
N5 5,0 11 3.24 35.64
V6
V3
VOLUME DE CONCRETO=2.12m 3
PESO DE FERRO=40,47kg.
40 3
-3
4.90
LAJE
(cm) (cm)
L1
CORTE AA-
12 0
V7
L2 12 0,5
.80
V5
L3
V4 16 0,5
20/20
P7
P7 P8
Figura 5.7 - Projeto para a construção [Lima, 1991, apud Bocchi Junior (1995)]
As vigas das lajes nervuradas pré-fabricadas (figura 5.9) devem ser colocadas
empregando-se uma lajota em cada extremidade, para espaçá-las corretamente. A
primeira carreira de lajotas deve apoiar-se de um lado sobre parede ou a fôrma (tábua)
e de outro sobre a primeira viga.
1-VIGOTA PRÉ-MOLDADA
2-CANALETA
3-LAJOTA
4-ARMADURA
As lajotas são colocadas entre as vigas (figura 5.11) e cuidados precisam ser
tomados para que não ocorram folgas, e o esquadro seja mantido. Nas nervuras de
travamento e extremidades devem ser colocadas lajotas a fim de evitar consumo
desnecessário de concreto.
Figura 5.12 - Distribuição das barras da armadura posicionada junto a face superior
da mesa [Bocchi Junior, (1995)]
A figura 5.14 apresenta uma perspectiva de laje nervurada com parte da nervura
pré-moldada em forma de T e com parte da concretagem no local realizada.
Figura 5.14 - Perspectiva da laje acabada [Borges, 1972, apud Bocchi Junior (1995)]
As fissuras que por ventura ocorrerem na laje pré-moldada em serviço podem ser
resultado de erros de dimensionamento da laje ou da estrutura, da incorreta construção
ou do uso não previsto no projeto estrutural. Entre estas destacam-se as fissuras por
falta de travamento transversal, por falta de barras das armaduras posicionadas junto à
face superior na região dos apoios, deformação excessiva da laje, armadura
posicionada junto à face inferior insuficiente, má aderência entre os materiais (lajotas e
vigas com o concreto lançado na obra). Outro fato importante que pode prejudicar o
bom desempenho das lajes consiste em se utilizar a laje para ações maiores que
aquela para a qual foi projetada.
Além das condições expostas, muitos outros fatores podem interferir e prejudicar
o bom desempenho das lajes nervuradas pré-fabricadas, fatores que não estão ligados
diretamente às lajes, como por exemplo: projeto de fundações incorreto ou com erros
de construção, vigas com pouca rigidez, entre outros.
Bocchi Júnior e Giongo – USP – EESC – SET – Concreto armado: Projeto e construção de lajes nervuradas – Agosto de 2010 45
3
.2
22 classe da viga
trelicada
5
/2
74
sentido de colocacao
da laje trelicada
A
comprimento da
viga trelicada
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
PINHEIRO, L.M. Concreto Armado: Tabelas e Ábacos. São Carlos, EESC – USP,
1993.