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armado
Profa. Ma. Laisa Cristina Carvalho
1ª Edição
Gestão da Educação a Distância
Cidade Universitária - Bloco C
Avenida Alzira Barra Gazzola, 650,
Bairro Aeroporto. Varginha /MG
ead.unis.edu.br
0800 283 5665
Profa. Ma.
Laisa Cristina Carvalho
Possui graduação em Engenharia Civil pela Universidade Estadual de Minas Gerais (2013), mes-
trado em Estruturas e Construção Civil pela Universidade Federal de São Carlos (2016) e dou-
toranda em Estruturas e Construção Civil pela Universidade Federal de São Carlos. Desenvolve
pesquisas relativas ao esforço despendido pelos trabalhadores nas diversas tarefas da constru-
ção civil. Atuando principalmente nos seguintes temas: ergonomia, produtividade e gestão do
canteiro de obras.
142 p.
Unis EaD
Cidade Universitária – Bloco C
Avenida Alzira Barra Gazzola, 650,
Bairro Aeroporto. Varginha /MG
ead.unis.edu.br
5
A disciplina de Estruturas de Concreto Armado, é de extrema importância ao processo
de formação do engenheiro civil, uma vez que se tornou o sistema construtivo mais usado no
país onde utiliza o concreto com barras de aço para garantir a resistência e a durabilidade da
edificação.
Neste guia serão apresentados conceitos iniciais e diversas informações que serão a
base para compreensão do projeto e dimensionamento das estruturas de concreto armado.
De modo geral o estudo das estruturas de concreto seguem as prescrições contidas na NBR
6118/2014, porém cabe destacar que o Concreto Armado é um campo muito vasto, e deve ser
constantemente estudado para a melhoria contínua das atividades do Engenheiro Estrutural.
Assim o projeto estrutural consiste, em algumas etapas principais: concepção, pré-dimensio-
namento dos elementos, determinação e análise dos deslocamentos e e esforços solicitantes
da estrutura, dimensionamento e detalhamento das armaduras e desenhos finais.
A nossa disciplina de Estruturas de Concreto Armado tem por objetivo principal conhe-
cer as principais características do concreto armado e identificar os parâmetros relevantes
ao projeto estrutural. ... Enfim, o mundo que, daqui pouco tempo, os senhores estarão aptos
a desbravar. Espero que ao final da disciplina vocês estejam aptos a iniciar suas atividades no
ramo do projeto estrutural de edifícios, em empresas ou escritórios de cálculo estrutural.
Críticas e sugestões sempre serão muito bem-vindas, pois assim nosso guia poderá ser
melhorado. Sem maiores delongas, vamos lá! Vamos conhecer e amar o fantástico mundo das
Estruturas de Concreto Armado...
Orientações
Ver Plano de Estudos da disciplina, disponível no ambiente virtual.
Palavras-chave
Vigas; Dimensionamento; Pilar; Laje; Detalhamento; Projeto.
Unidade I - Histórico 14
1.1. Histórico 14
1.1.1. Concreto Armado no Mundo 14
1.1.2. Concreto Armado no Brasil 16
1.2. Importância das Estruturas de Concreto Armado 20
1.2.1. Materiais Constituintes das Estruturas de Concreto 21
1.2.2. Vantagens e Desvantagens da Estruturas de Concreto Armado 23
1.3. Definições Básicas 24
1.4. Principais Normas Técnicas 27
Unidade IV - Lajes 71
4.1. Definição 71
4.2. Laje Maciça 72
4.3. Classificação quanto à direção 72
4.4. Vão Livre, Vão Teórico e Classificação das Lajes 73
4.4.1. Vão Efetivo 75
4.5. Espessuras e Cobrimentos Mínimos 75
4.6. Ações a Considerar 76
4.7. Laje Armada em Duas Direções 76
Objetivos da Unidade
Unidade I - Histórico
1.1. Histórico
Fonte: iStock.com
14
A primeira associação de metais à argamassa de pozolana remonta também à época
dos romanos. Mais tarde em 1770 na cidade de Paris na França, para a construção de vigas
adicionou-se ferro com pedras, criando uma estrutura parecida com as vigas que conhecemos
hoje, com barras longitudinais de aço que suportam a tração e barras transversais que supor-
tam os cortantes.
Fonte: iStock.com
Considera-se que o conceito de “cimento armado” surgiu na França, por volta de 1849,
sendo um barco criado pelo francês Lambot a primeira construção registrada pela história, o
qual foi apresentado no ano de 1855. A construção do barco foi realizada com telas que pos-
suíam fios finos de ferro cheios de argamassa. Em 1861, o francês Mounier, que naquela época
era um paisagista, trabalhava no comércio de plantas e horticultura, fabricou um vasto volume
de argamassados para flores, sendo que estes possuíam armadura de arame, reservatórios (25,
180 e 200 m3) e uma ponte com tinha um vão de 16,5 m.
Assim se deu o início do que conhecemos hoje como “Concreto Armado” que até mea-
dos de 1920 era chamado de “cimento armado”. Através de ensaios e experimentos no ano de
1850, o norte americano Hyatt enxergou a função da armadura junto ao concreto. Porém, seus
estudos não tiveram grande repercussão por ausência de publicações e conhecimento dos
demais estudiosos.
15
Os estudos de Hyatt fizeram com que mais tarde na França o estudioso Hennebique
revisasse tais estudos e começasse a compreender o emprego das armaduras no concreto de-
monstrando as contribuições da armadura juntamente ao concreto. A partir daí deu início a
vários estudos e os alemães propuseram uma teoria baseada em experimentos e ensaios.
“O correto desenvolvimento do concreto armado em todo o mundo deu seu início com
Gustavo Adolpho Wayss” que abriu sua organização em 1875, após adquirir as patentes de
Mounier para que ele pudesse utilizar no norte da Alemanha (VASCONCELOS, 1985). Entretan-
to a primeira teoria aceita e consistente como descreviam na época sobre o dimensionamento
de elementos de concreto armado deu início com uma publicação de E. Mörsch, em meados
do ano 1902, exímio engenheiro alemão, docente da Universidade de Stuttgart (Alemanha).
As teorias se comprovaram através de diversos ensaios experimentais, o que acarretou às pri-
meiras normas para a realização dos cálculos e a construção do concreto armado. Tanto que
a treliça de Mörsch clássica, é considerado um dos maiores bens provindos dos estudos em
concreto armado, ainda aceita nos dias atuais, mesmo tendo surgido há mais de 100 anos.
16
de algumas galerias de água utilizando concreto armado, com 47 e 74 metros de comprimento
no ano de 1901, já em 1909 foi construída uma ponte na Rua Senador Feijó, onde tinha um vão
de 5,4 m. Já no ano de 1908, foi construída outra ponte com 9 metros de vão, pelo construtor
Echeverria na cidade do Rio de Janeiro, o idealizador do projeto e cálculo foi o renomado fran-
cês François Hennebique.
Na cidade de São Paulo, em 1910, foi construída uma ponte utilizando concreto armado
com cerca de 28 metros de comprimento, localizada em uma grande avenida que se chamava
Av. Pereira Rebouças, localizada nas proximidades do Ribeirão dos Machados. Com três pa-
vimentos em cimento armado foi construído o primeiro edifício na cidade de São Paulo em
1907/1908, considerado como um dos mais antigos do nosso país.
A partir de 1924 os cálculos estruturais passaram a ser realizados no Brasil, com gran-
de destaque para Emílio Baumgart grande engenheiro estrutural. No mesmo ano houve uma
fusão entre as empresas Wayss & Freytag e a Companhia Construtora em Cimento Armado, o
que possibilitou um enorme desenvolvimento do concreto armado no Brasil e a formação dos
primeiros engenheiros brasileiros em nossas universidades.
As estruturas de concreto foram muito bem recebidas, até hoje e o tipo de estrutura
mais utilizamos em nosso país. No último século o Brasil reuniu alguns recordes, vários deles
mundiais, como vocês podem verificar abaixo:
Fonte: riodejaneiroaqui.com
17
Figura 5: Ponte Presidente Sodré
Fonte: fontecerta.com
Fonte: iStock.com
Fonte: iStock.com
18
Figura 8: Ponte da Amizade
Fonte: iStock.com
Fonte: iStock.com
19
Figuras 11 e 12: Usina Hidroelétrica de Itaipu
Fonte: iStock.com
20
pois é necessário compreender o dimensionamento, parâmetros adotados, armaduras, cargas,
elementos estruturais e o tipo de processo de execução da concretagem para o sucesso e du-
rabilidade da estrutura.
CIMENTO:
O Cimento Portland é um aglomerante obtido pela moa-
gem do clínquer, ao qual são adicionados durante a moagem, de-
terminadas quantidades de gesso. As principais matérias primas
usadas na sua fabricação são o calcário, a argila e o gesso.
Por normatização o cimento tem critérios/parâmetros tanto
para fabricação, quanto estoque e venda. Os sacos de cimento possuem na sua embalagem a
siglas que caracterizam o tipo do cimento, e um número 25, 32 ou 40, indicando sua resistência
mínima a compressão aos 28 dias de idade, ou seja, 25 MPa, 32 MPa ou 40 MPa. Destaca se os
cimentos de alta resistência inicial têm suas resistências medidas aos 7 dias de idade.
As Normas Brasileiras Regulamentadoras (NBR) apresentam os diversos tipos de cimen-
tos, suas propriedades e parâmetros de aceitação, cabe ainda ressaltar que alguns tipos de
cimento possuem normas especificas em função de processo de produção e execução.
AGREGADOS:
Agregados são materiais que usualmente são inertes, ou seja, não reagem com o ci-
mento e adentram na composição desse concreto com intuito de melhorar a resistência, dimi-
nuir a retração e reduzir custos. O volume de agregados no traço de concreto pode representar
até 70% de seu total.
A NBR 7211 intitulada Agregados para concreto – Especificação, com data de 2009 e com
errata de 2019 fixa as características exigíveis na recepção de agregados: faixas recomendáveis
de composição granulométrica, teor máximo de substâncias nocivas e impurezas orgânicas e
21
outros dados de importância prática. Segundo o tamanho, os
agregados devem ser denominados em graúdos e miúdos. A
areia natural ou a artificial denominamos de agregados miúdos
que é a união do britamento de rochas estáveis, onde deve-se ter diâmetros máximos igual ou
menor que 4,8 mm.
Já o pedregulho natural ou a pedra britada, denominamos de agregados graúdos onde
deve-se ter diâmetros máximos igual ou maiores que 4,8 mm.
ÁGUA:
Durante o amassamento do concreto, a água utilizada deverá ser isenta de quaisquer
impurezas que possam vir a inutilizar as reações químicas entre ela e o cimento. Recomenda
se o uso de água potável para garantir parâmetros satisfatórios para o uso em concreto. A NBR
6118:2014 especifica os teores máximos toleráveis de substâncias nocivas para a água.
A reação química entre a água e o cimento é, muito importante para garantir ao concre-
to suas propriedades mais relevantes:
• Resistência;
• Durabilidade;
• Trabalhabilidade;
• Impermeabilidade, entre outros.
ADITIVOS:
Aditivos são substâncias acrescidas ao concreto, com intuito de reforçar ou melhorar
22
certas características e propriedades, inclusive facilitando seu preparo e execução. Os casos
mais comuns da utilização de aditivos são: aumento de resistência; aumento da durabilidade;
melhora na impermeabilidade; melhora na trabalhabilidade; desforma em curto prazo; retar-
damento ou aceleração da pega; diminuição da retração, dentre outros.
24
Dado o fato de o cimento ser um insumo caro, a utilização do agregado tem como
função reduzir os custos sem que a qualidade seja prejudicada. Sob um aspecto estrutural, o
concreto (argamassa + agregado graúdo) atuando de maneira isolada não é satisfatório visto
que possui boa resistência à compressão, enquanto resiste muito pouco à tração (cerca de 10%
de sua resistência à compressão). De maneira a aumentar a resistência dessa peça estrutural
faz-se necessário associá-la a um material com boa resistência à tração e seja mais deformável,
no caso, o aço, que deve então ser colocado na região tracionada da peça constituindo então
o concreto armado (CARVALHO e FILHO, 2014).
Podemos então definir concreto armado como um material estrutural composto pela
associação do concreto (argamassa + agregado graúdo) com armaduras passivas (não proten-
didas) que tem como função resistir de maneira solidária aos esforços a que a peça estrutural
esteja submetida. A associação destes materiais é possibilitada graças a alguns fatores, dentre
eles:
25
Figura 15: Comportamento de uma viga de concreto simplesmente apoiada
Figura 16: Seção transversal e longitudinal de viga submetida à flexão pura – comportamento estrutural
A NBR 6118/2014 ainda nos apresenta algumas importantes definições que serão ne-
cessárias para compreendermos melhor os assuntos que se seguirão:
27
ciação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT) sendo a norma de estruturas de concreto já publi-
cada pela ABCP a receber o número 1 constituindo-se, portanto, na Norma Brasileira número 1
(NB 1).
A ABNT padroniza o desenvolvimento de projetos, a execução e o controle de obras
e materiais através de uma série de normas técnicas, as quais citaremos a seguir as principais
para o desenvolvimento da nossa disciplina:
28
II
Unidade II -
Características e
Propriedades do
Concreto
Objetivos da Unidade
Unidade II - Características e Propriedades do Concreto
Consistência
A consistência concebe à facilidade ou dificuldade do concreto fresco em se deformar
e está ligada a diversos fatores como lançamento, transporte, adensamento e dimensão de
agregados, A consistência do concreto pode ser medida através do ensaio de slump test que
avalia o abatimento (deformação) vertical do concreto no momento da retirada do tronco de
cone.
Fonte: iStock.com
30
Trabalhabilidade
A trabalhabilidade do concreto está ligada ao seu lançamento e adensamento. Um con-
creto com slump alto, ou seja, com elevado abatimento facilita seu lançamento e adensamen-
to. Tal propriedade do concreto é atendida através da Figura 19: Água x Resistência
dimensão dos agregados, utilização de aditivos (com-
postos químicos que alteram determinadas proprie-
dades do concreto) e, especialmente da relação água/
cimento. É notório que a resistência do concreto se Desing Unis EAD
reduz gradualmente quando existe uma grande elevação da relação água/cimento.
Homogeneidade
A homogeneidade é um critério muito relevante na qualidade do concreto. Os agrega-
dos devem apresentar boa granulometria e devem estar totalmente abarcados pela pasta. Para
que seja garantida a homogeneidade, faz-se necessário uma boa mistura durante o proces-
so de produção, cuidados no transporte e no lançamento do concreto (CARVALHO e JÚNIOR,
2014). Tais aspectos são evidenciados nos itens 9.4 e 9.5 da NBR 14931/2004.
Adensamento
No processo de concretagem o adensamento é uma das etapas cruciais e normalmente
é realizado através da aplicação de energia manual ou mecânica. O processo mais comum é a
vibração mecânica que busca neutralizar a formação das bolhas de ar, vazios e consequente-
mente a segregação de materiais e deve garantir que o concreto preencha totalmente o inte-
rior das fôrmas de modo homogêneo.
Pega do concreto
A pega concebe o momento inicial do endurecimento do concreto, ou seja, dá início ao
ganho de resistência. Normalmente a pega é diagnosticada pelo momento em que a consis-
tência do concreto não mais possibilite que este seja moldado (trabalhável). A NBR 14931/2004
31
aponta que: “Salvo em condições muito específicas, pré-definidas no projeto, ou quando existe
a influência de condições climáticas ou quando da composição do concreto, aconselha-se que
exista um intervalo de tempo decorrido entre o momento em que a água de amassamento
entre em contato com o cimento e que não ultrapasse a 2 h. e 30 min. o final da concretagem.
Quando a temperatura ambiente estiver muito alta, ou sob algumas condições que possam
contribuir para apressar a pega do concreto, este intervalo de tempo deve ser diminuído, a não
ser que se tome algumas medidas especiais, como a utilização de aditivos retardadores, que
fazem com que aumentem o tempo de pega, lembrando que não pode prejudicar de maneira
nenhuma a qualidade do concreto. ”
Cura do concreto
Conforme apresentado por Carvalho e Júnior (2014), a hidratação do concreto ocorre
de maneira bem rápida após o início da pega, e nesse momento a água presente na mistura
tende a sair pelos poros do concreto e evaporar.
A evaporação não controlada pode danificar e muito as re-
ações quanto a hidratação do cimento, isso faz com que o concre-
to tenha uma diminuição do volume (retração) maior que o usual,
essa retração pode ser evitada parcialmente pela utilização de fôr-
mas e armaduras, que causam tensões de tração, as quais o con-
creto tende a não resistir, isso devido sobretudo por causa da pouca idade, isso causa fissuras
que acarretam na diminuição da resistência estimada final do concreto.
Assim a cura, é o conjunto de medidas que evitam essa evaporação e conservam e/ou
repõem a umidade necessária à hidratação do concreto. Nos elementos de concreto armado
convencionais, principalmente nas lajes, é muito comum a cura molhada (“regar a laje”).
32
priedades as mecânicas mais relevantes são:
Carvalho e Júnior (2014) demonstram que ainda não foi possível estabelecer um único
modelo matemático para que se possa determinar a resistência dos materiais e que seja válida
para diversos tipos de solicitação. Contudo, é admitido de maneira aproximada que a resistên-
cia do concreto em diversos tipos de solicitação seja em função da sua resistência a compres-
são.
O item 8.2 da NBR 6118/2014 versa sobre uma série propriedades do concreto onde irei
apresentar para vocês abaixo:
É válido ressaltar que a NBR 6118/2014 no item 8.2.1 evidencia: “Esta Norma se aplica
aos concretos compreendidos nas classes de resistência dos grupos I e II, da ABNT NBR 8953,
até a classe C90. A classe C20, ou superior, se aplica ao concreto com armadura passiva e a clas-
se C25, ou superior, ao concreto com armadura ativa. A classe C15 pode ser usada apenas em
obras provisórias ou concreto sem fins estruturais, conforme a ABNT NBR 8953. ” Para entendi-
mento deste item expresso na NBR competem alguns comentários:
O prefixo “C” indica concreto e o número que se segue indica a resistência à com-
pressão apontada em MPa para o tempo de 28 dias;
35
e é conhecida por sua alta resistência, o que proporciona estruturas de concreto armado
bem mais leves. De acordo com o índice de escoamento para este tipo de vergalhão é de 60
kgf/mm² ou 600 MPa para o CA-60.
36
Figura 21: Etapas fundamentais do projeto estrutural
Bom pessoal, pensando no que foi exposto até aqui vamos entender que para facilitar
nosso dia a dia de trabalho, temos os softwares para dimensionamento com intuito de agilizar
nosso trabalho. Mas devemos lembrar sempre que o software não substitui e jamais substituirá
o papel do Engenheiro.
O software não é capaz de balizar uma estrutura boa de outra ruim – seu intuito é ape-
nas automatizar os cálculos e refinar nossas análises. A má utilização de um software pode
trazer consequências e prejuízos gravíssimos a sociedade.
Os estados limites são condições em que a estrutura não atende aos requisitos necessá-
rios para utilização. Tais conceitos são abordados nos itens “3.2 Definições de estados-limites” e
“10 Segurança e estados-limites” da NBR 6118/2014.
38
Segundo Carvalho e Júnior (2014), no método dos estados limites, a segurança é garan-
tida perpetrando que as solicitações que se referem às cargas majoradas (solicitações de cál-
culo) sejam menores do que as últimas solicitações, sendo que estas foram as que induziriam à
ruptura da estrutura (ou tenha atingido o estado limite último). Se os materiais possuíssem as
resistências reais (resistências características) minoradas por coeficientes de ponderação das
resistências (resistências de cálculo).
As condições analíticas de segurança instituem que as resistências não podem ser me-
nores que as solicitações e devem ser verificadas em relação a todos os estados-limites e todos
os carregamentos especificados para o tipo de construção considerado, ou seja, em qualquer
caso deve ser respeitada a condição (ABNT NBR 6118/2014):
Rd ≥ Sd
O estado-limite último pode ser verificado pela de perda de equilíbrio como corpo rígi-
do, onde Rd e Sd devem adotar os valores de cálculo das ações estabilizantes e desestabilizan-
tes (ABNT NBR 6118/2014).
Conforme Carvalho e Júnior (2014), o método dos estados limites é um processo simpli-
ficado de verificação da segurança, visto que uma análise probabilística completa seria muito
complicada e/ou até mesmo impossível, e por isso é chamado semi probabilístico. Admite-se
que a estrutura seja segura quando as solicitações de cálculo forem, no máximo, iguais aos va-
lores que podem ser suportados pela estrutura no estado limite considerado. Resumidamente,
o método consiste em:
41
2.6. Resistências de cálculo e coeficientes de ponderação
A seguir será apresentada uma série de definições de parâmetros e critérios que são
aplicados em projetos de estruturas de concreto armado.
Onde:
fk = resistência característica;
γm = coeficiente de ponderação da resistência.
42
b) Quando a verificação acontece em uma data j inferior a 28 dias, é necessário adotar a
expressão abaixo:
Onde:
s = 0,38 para concreto de cimento CPIII e IV;
s = 0,25 para concreto de cimento CPI e II;
s = 0,20 para concreto de cimento CPV-ARI;
t é a idade efetiva do concreto, expressa em dias.
Coeficientes de ponderação das resistências (γm) conforme o item 12.4 da NBR 6118/2014,
as resistências devem ser minoradas pelo coeficiente:
Em que:
γm1 – Parte do coeficiente de ponderação das resistências γm, que considera a varia-
bilidade da resistência dos materiais envolvidos;
γm2 – Parte do coeficiente de ponderação das resistências γm, que considera a dife-
rença entre a resistência do material no corpo de prova e na estrutura;
43
γm3 – Parte do coeficiente de ponderação das resistências γm, que considera os des-
vios gerados na construção e as aproximações feitas em projeto do ponto de vista das
resistências.
Para o estado limite último (ELU), os coeficientes de ponderação são dados de acordo
com a Tabela 1:
Tabela 1: Valores dos coeficientes γc e γd (de ABNT NBR 6118/2014, tabela 1.4)
A norma ainda reforça que para a execução de elementos estruturais onde pode ocor-
rer condições desfavoráveis previstas, o coeficiente γc deve ser multiplicado por 1,1.
Para situações normais e obras usuais, temos que:
2.7. Ações
44
zir estados de tensão ou deformação em uma estrutura (CARVALHO e JÚNIOR, 2014). A NBR
6118/2014 traz no item 11.2.1, que na análise estrutural precisa levar em consideração a influ-
ência de todas as ações que produzam efeitos significativos para a segurança da estrutura em
análise, devemos levar em consideração os possíveis estados limites últimos e também os de
serviço. De acordo com a ABNT NBR 8681 as ações que devemos considerar são classificadas
em, em permanentes, variáveis e excepcionais.
Ações permanentes - Ocorrem com valores praticamente sem alteração durante todo a ciclo
de vida útil da construção. As ações permanentes necessitam ser consideradas em seus valo-
res representativos mais desfavoráveis para toda a segurança (NBR 6118/2014). Consideram-se
como ações permanentes (NBR 8681/2004):
Ações variáveis - Conforme a NBR 8681/2004, consideram-se como ações variáveis as cargas
acidentais, bem como efeitos, tais como forças de frenação, de impacto e centrífugas, os efeitos
do vento, das variações de temperatura, do atrito nos aparelhos de apoio e, em geral, as pres-
sões hidrostáticas e hidrodinâmicas. Em função de sua probabilidade de ocorrência durante a
vida útil. As ações variáveis poder ser classificadas em normais ou especiais:
45
um dado tipo de construção;
b) ações variáveis especiais: nas estruturas em que devam ser consideradas certas ações
especiais, como ações sísmicas ou cargas acidentais de natureza ou de intensidade espe-
ciais, elas também devem ser admitidas como ações variáveis. As combinações de ações em
que comparecem ações especiais devem ser especificamente definidas para as situações
especiais consideradas.
• Valores característicos das ações - Os valores característicos Fk das ações são estabe-
lecidos em função da variabilidade de suas intensidades. Para as ações permanentes,
os valores característicos devem ser adotados iguais aos valores médios das respecti-
vas distribuições de probabilidade, sejam valores característicos superiores ou inferiores
(ABNT NBR 6118/2014). Esses valores estão definidos em normas brasileiras específicas,
como a ABNT NBR 6120. Segundo a NBR 6118/2014, os valores característicos das ações
variáveis, Fqk, estabelecidos por consenso e indicados em Normas Brasileiras específi-
cas, correspondem a valores que têm de 25 % a 35% de probabilidade de serem ultra-
passados no sentido desfavorável, durante um período de 50 anos, o que significa que o
valor característico Fqk é o valor com período médio de retorno de 174 anos a 117 anos,
respectivamente. Esses valores estão definidos nesta seção ou em Normas Brasileiras
46
específicas, como a ABNT NBR 6120.
• Valores de cálculo das ações - Os valores de cálculo Fd das ações são obtidos a partir
dos valores representativos, multiplicando-os pelos respectivos coeficientes de ponde-
ração γf, item 11.6.3 da NBR 6118/2014.
Coeficientes de ponderação das ações - A NBR 6118/2014 em seu item 11.7 indica
que as ações devem ser majoradas pelo coeficiente γf, dado pela expressão matemática se-
guinte:
Onde:
γf1 – parte do coeficiente de ponderação das ações γf, que considera a variabilidade
das ações;
γf2 – parte do coeficiente de ponderação das ações γf, que considera a simultaneidade
de atuação das ações;
γf3 – parte do coeficiente de ponderação das ações γf, que considera os desvios gera-
dos nas construções e as aproximações feitas em projeto do ponto de vista das solici-
tações.
47
∙ ABNT NBR 6118/2014, tabela 1.5)
Tabela 2: Valores dos coeficientes γf = yf1 γf3 (de
Tabela 3: Valores dos coeficientes γf2 (de ABNT NBR 6118/2014, tabela 1.6)
48
Fonte: Adaptado por Design Unis EAD
Onde:
ψ0 – fator de redução de combinação para ELU;
ψ1 – fator de redução de combinação frequente para ELS;
ψ2 – fator de redução de combinação quase permanente para ELS.
Onde:
γf2 tem valor variável conforme a verificação que se deseja fazer (Tabela 1.6 - Tabela
3 neste guia): γf2 = 1 para combinações raras;
γf2 = ψ1 para combinações frequentes;
γf2 = ψ2 para combinações quase permanentes.
Onde:
Fd = valor de cálculo das ações para combinação última; Fgk = ações permanentes
diretas;
Fεk = ações indiretas permanentes como a retração Fεgk e variáveis como a tempera-
tura Fεqk; Fqk = ações variáveis diretas das quais Fq1k é escolhida principal;
γg, γq, γε = verificar Tabela 1.5 (Tabela 2 neste guia) da NBR 6118.
50
Tabela 4: Classes de agressividade ambiental (de ABNT NBR 6118/2014, tabela 1.7)
Tabela 5: Correspondência entre a classe de agressividade e a qualidade do concreto (de ABNT NBR 6118/2014,
tabela 1.8)
51
Fonte: Adaptado por Design Unis EAD
52
III
Unidade III -
Dimensionamento
da Armadura de
Flexão
Objetivos da Unidade
Unidade III - Dimensionamento da Armadura de Flexão
Vamos imaginar agora uma viga biapoiada de concreto armado que esteja submetida a
um carregamento crescente que a leve à flexão pura, conforme a Figura 24:
54
Figura 25: Pontos de estudo de deformação na região central da viga
A figura acima representa uma viga submetida a um momento fletor crescente, até a
sua ruína, passando por três níveis de deformação os quais chamamos de estádios e estes de-
terminarão o comportamento da peça. A Figura 26 indica o comportamento da seção transver-
sal da viga em cada um destes estádios.
Figura 26:Comportamento da seção transversal de uma viga de concreto armado na flexão normal simples
55
Os três estádios de deformação de uma viga de concreto armado definidos por Carva-
lho e Filho (2014) são:
• Estádio III: aumenta-se o momento fletor até um valor próximo ao de ruína (Mu) e, para
concretos até C50:
- A fibra mais comprimida do concreto começa a plastificar a partir da deformação
específica εc2 = 0,2%, chegando a atingir, sem aumento de tensão, a deformação
específica de εcu = 0,35%;
- O diagrama de tensões tende a ficar vertical (uniforme), com quase todas as fibras
trabalhando com sua tensão máxima, ou seja, praticamente todas as fibras atingiram
deformações superiores a εc2 = 0,2% e chegando até εcu = 0,35%;
- A peça está bastante fissurada, com as fissuras se aproximando da linha neutra, fa-
zendo com que sua profundidade diminua e, consequentemente, a região comprimi-
56
da de concreto também;
- Supõe-se que a distribuição de tensões no concreto ocorra segundo um diagrama
parábola-retângulo.
O item 17.2.2 da NBR 6118/2014, faz a análise dos esforços resistentes de uma seção de
viga ou pilar em concreto armado simples, onde devem ser consideradas as seguintes hipóte-
ses básicas:
58
b) a deformação das barras passivas aderentes ou o acréscimo de deformação das barras
ativas aderentes em tração ou compressão deve ser a(o) mesma(o) do concreto em seu en-
torno;
c) considera-se a solidariedade perfeita entre o concreto e a armadura, admitindo-se então
que a deformação específica de uma barra da armadura, em tração ou compressão, é igual
à deformação específica do concreto adjacente, reforçando o exposto em b;
d) as tensões de tração no concreto, normais à seção transversal, devem ser desprezadas no
ELU;
e) a ruína da seção transversal (ações majoradas e resistências minoradas) para qualquer
tipo de flexão no estado limite último fica caracterizada pelas deformações específicas de
cálculo do concreto (εc) na fibra menos tracionada e do aço (εc), próximo à borda mais
tracionada, que atingem (uma delas ou ambas) os valores último das deformações especí-
ficas desses materiais; os casos possíveis de distribuição das deformações do concreto e do
aço na seção transversal definem os domínios de deformação (CARVALHO e FILHO, 2014);
f ) para concretos de classe até CA50, os encurtamentos últimos (máximos) do concreto no
ELU para os parâmetros εc2 (deformação específica de encurtamento do concreto no
início do patamar plástico) e εcu (deformação específica de encurtamento do concreto
na ruptura) são:
Figura 28: Para concretos de classe até CA50 e para concretos de classe CA50 até CA90
59
g) o alongamento máximo permito ao longo da armadura tracionada (alongamento último)
é:
h) para concretos até a classe C50, admite-se que a distribuição de tensões no concreto seja
feita de acordo com o diagrama parábola- retângulo da Figura 30, com tensão máxima igual
a 0,85fcd.
Figura 30: Diagramas de tensões no concreto no ELU, para concretos com fck ≤ 50 MPa
60
- 0,85fcd, para zonas comprimidas de largura constante, ou crescentes no sentido das fibras
mais comprimidas, a partir da linha neutra (Figura 31);
Figura 31: Seções onde a largura não diminui da linha neutra em direção à borda comprimida
- 0,80fcd, para zonas comprimidas de largura decrescente no sentido das fibras mais com-
primidas, a partir da linha neutra (Figura 32)
Figura 32: Seções onde a largura diminui da linha neutra em direção à borda comprimida
3.4. Cálculo da armadura longitudinal em vigas sob flexão normal para con-
cretos de classe até C50
61
Tabela 6: Definições e nomenclaturas empregada pela disciplina de Estruturas de Concreto Armado e pela
NBR 6118/2014
62
altura do diagrama retangular de tensões de compressão no con-
y
creto, na seção transversal de peças fletidas; é uma idealização que
(altura da linha
simplifica o equacionamento do problema e conduz a resultados
neutra convencio-
próximos daqueles que seriam obtidos com o diagrama parábola-
nal)
-retângulo (y = 0,8 x).
Fonte: Design Unis EAD
63
a) Análise do equilíbrio da seção transversal da Figura 33
A força mobilizada na compressão (Fc) é dada pela tensão σc multiplicada pela área
do diagrama, ou seja:
64
c) Cálculo da área necessária de armadura (As)
, portanto:
Conforme Carvalho e Filho (2014), admitindo se que a peça esteja trabalhando nos domí-
nios 2 ou 3, para um melhor aproveitamento da armadura, tem-se εs ≥ εyd, resultando
para tensão na armadura a de escoamento (fs = fyd), então:
Segundo Carvalho e Filho (2014), obtido o valor de x que define a posição (profundidade)
da linha neutra, é possível verificar em que domínio a peça atingirá o ELU. Na flexão simples,
que está sendo considerada, os domínios possíveis são o 2, 3 e o 4. No início do domínio 2
tem-se εc = 0, e no final do domínio 4 tem-se εs = 0, que são as piores situações que podem
ocorrer (um dos materiais não contribui na resistência). O melhor é que a peça trabalhe no
domínio 3; o domínio 2 é aceitável e o domínio 4 deve ser evitado. Conhecido o momento
e as demais variáveis é possível saber se a seção está trabalhando no domínio 3 e se a arma-
65
dura já atingiu a deformação de escoamento.
A relação entre deformações pode nos fornecer a posição da linha neutra através de uma
semelhança de triângulos, conforme a Figura 34:
É importante reforçar que pelo item 14.6.4.3 da NBR 6118/2014 temos que a capacidade
de rotação dos elementos estruturais é função da posição da linha neutra no ELU. Quanto me-
nor for x/d, tanto maior será essa capacidade. Para proporcionar o adequado comportamento
dútil em vigas e lajes, a posição da linha neutra no ELU deve obedecer ao seguinte limite: x/d ≤
0,45, para concretos com fck ≤ 50 MPa.
EXERCÍCIO RESOLVIDO
66
Figura 35: Exercício Resolvido
Resolução:
67
Fonte: Arquivos do Autor
Observe que o resulta de x1 indica que a LN passa fora da seção transversal, por-
tanto, o valor correto é 0,055m.
- Verificação do domínio:
Conforme falado anteriormente, para que a peça se encontre entre os domínios 2
e 3, temos que x > 0,259 d e x < 0,45 d, então:
Observe que a posição da linha neutra é inclusive inferior a 0,259d, ou seja, indi-
cando que o problema ocorre no domínio 2.
68
- Cálculo da área de armadura longitudinal (As):
69
IV Unidade IV -
Lajes
Objetivos da Unidade
Unidade IV - Lajes
4.1. Definição
É importante lembrar que também podem ocorrer ações externas na forma de momen-
tos fletores, normalmente aplicados nas bordas das lajes, mesmo não sendo tão comuns.
As ações são geralmente transmitidas para as vigas de apoio nas bordas da laje, mas
também podem ser transmitidas diretamente aos pilares, dependendo do tipo de estrutura
adotada.
71
4.2. Laje Maciça
Laje maciça é toda a espessura composta por concreto, contendo armaduras longitu-
dinais de flexão e armaduras transversais, e apoiada em vigas ou paredes ao longo das bordas.
Laje com borda ou bordas livres é um caso particular de laje apoiada nas bordas. A laje lisa e
a laje cogumelo são também lajes maciças de concreto, porém, nessas lajes as cargas e outras
ações são transferidas diretamente aos pilares, sem intermédio de apoios nas bordas. As lajes
maciças de concreto, tem espessuras que variam de 7 cm a 15 cm, são projetadas para os mais
variados tipos de construção.
As lajes maciças podem ser classificadas segundo diferentes critérios, como em relação
à forma geométrica, dos tipos de vínculos nos apoios, quanto à direção, etc. As formas geomé-
tricas podem ter as mais variadas formas pos-
Figura 39: Lajes maciças
síveis, porém, a forma retangular é a grande
maioria dos casos da prática.
Uma classificação muito importante
das lajes maciças é aquele referente à direção
ou direções da armadura principal. Existem
dois casos: laje armada em uma direção ou
laje armada em duas direções. Fonte: Design Unis EAD
72
4.4. Vão Livre, Vão Teórico e Classificação das Lajes
No projeto de lajes, a primeira etapa consiste em determinar os vãos livres ( λ 0), os vãos
teóricos ( λ ) e a relação entre os vãos teóricos. Vão livre é a distância livre entre as faces dos
apoios. No caso de balanços, é a distância da extremidade livre até a face do apoio (Figura 40).
O vão teórico ( λ ) é denominado vão equivalente pela NBR 6118:2014, que o define como a
distância entre os centros dos apoios, não sendo necessário adotar valores maiores do que:
Nas lajes armadas em duas direções, as duas armaduras são calculadas para resistir os
momentos fletores nessas direções. As denominadas lajes armadas em uma direção, na reali-
dade, também têm armaduras nas duas direções. A armadura principal, na direção do menor
vão, é calculada para resistir o momento fletor nessa direção, obtido ignorando-se a existência
da outra direção. Portanto, a laje é calculada como se fosse um conjunto de vigas-faixa na dire-
ção do menor vão.
Na direção do maior vão, coloca-se armadura de distribuição, com seção transversal
mínima dada pela NBR 6118:2014. Como a armadura principal é calculada para resistir à totali-
dade dos esforços, a armadura de distribuição tem o objetivo de solidarizar as faixas de laje da
direção principal, prevendo-se, por exemplo, uma eventual concentração de esforços.
74
4.4.1. Vão Efetivo
Os vãos efetivos das lajes nas direções principais (NBR 6118, item 14.6.2.4), consideran-
do que os apoios são suficientemente rígidos na direção vertical, devem ser calculados pela
expressão:
As espessuras das lajes e o cobrimento das armaduras devem estar de acordo com as
especificações da NBR 6118:2014, as espessuras das lajes devem respeitar os seguintes limites
mínimos:
12 cm para lajes que suportem veículos de peso total maior que 30 kN;
15 cm para lajes com protensão
As ações ou carregamentos a serem consideradas nas lajes são as mais variadas, desde
pessoas até móveis, equipamentos fixos ou móveis, divisórias, paredes, água, solo, etc. As lajes
atuam recebendo as cargas de utilização e transmitindo-as para os apoios, geralmente vigas
nas bordas.
Para determinação das ações atuantes nas lajes deve-se recorrer às normas NBR 6118,
NBR 8681 e NBR 6120, entre outras pertinentes. As ações peculiares das lajes de cada obra tam-
bém devem ser cuidadosamente avaliadas. Se as normas brasileiras não complementarem de
cargas específicas, pode-se recorrer a normas estrangeiras, na bibliografia especializada, com
os fabricantes de equipamentos mecânicos, de máquinas, etc.
Nas construções de edifícios correntes, geralmente as ações principais a serem conside-
radas são as ações permanentes (g) e as ações variáveis (q), chamadas
pela norma de carga acidental, termo esse inadequado. As principais
ações permanentes diretas que devem ser verificadas e determinadas
são: Peso Próprio, Contrapiso, Revestimento do Teto, Piso e Paredes.
76
Onde:
γ alv = peso específico da unidade de alvenaria que compõe a parede (kN/m3 );
gpar = carga uniforme da parede (kN/m2 );
e = espessura total da parede (m);
h = altura da parede (m);
λ = comprimento da parede sobre a laje (m);
Alaje = área da laje (m2 ) = λ x . λ y
Para blocos cerâmicos furados a NBR 6120 recomenda o peso específico ( γ alv) de 13
kN/m3 e para tijolos maciços cerâmicos 18 kN/m3 . Ao se considerar o peso específico da uni-
dade de alvenaria para toda a parede está se cometendo um erro, pois os pesos específicos das
argamassas de revestimento e de assentamento são diferentes do peso específico da unidade
de alvenaria. O peso específico das paredes correto pode ser calculado considerando-se os
pesos específicos dos materiais individualmente. Para a argamassa de revestimento pode-se
considerar o peso específico de 19 kN/m3 (NBR 6120).
Não se conhecendo o peso específico global da parede pode-se determinar a sua carga
com os pesos específicos individuais da parede, calculando-se a carga da parede por metro
quadrado de área:
77
Onde:
gpar = carga uniforme da parede (kN/m2);
h = altura da parede (m);
= comprimento da parede sobre a laje (m).
Alaje = área da laje (m2) = x . y
Para a espessura média dos revestimentos das paredes recomenda-se o valor de 2 cm,
nos dois lados da parede.
Para laje armada em uma direção há dois casos a serem analisados, em função da dis-
posição da parede sobre a laje. Para o caso de parede com direção paralela à direção principal
da laje (direção do menor vão), considera-se simplificadamente a carga da parede distribuída
uniformemente numa área da laje adjacente à parede, com largura de 2/3 x, como mostrado
na Figura.
Figura 43: Parede com direção paralela à direção principal da laje (direção do menor vão)
78
A laje fica com duas regiões com carregamentos diferentes. Nas regiões I não ocorre a
carga da parede, que fica limitada apenas à região II. Portanto, dois cálculos de esforços solici-
tantes necessitam serem feitos, para as regiões I e II. A carga uniformemente distribuída devida
à parede, na faixa 2/3 x é:
Onde:
gpar = carga uniforme da parede na laje (kN/m2);
Ppar = peso da parede (kN);
x = menor vão da laje (m).
Em que:
P = força concentrada representativa da parede (kN);
yalv = peso específico da parede (kN/m3);
e = espessura da parede (m);
h = altura da parede (m).
79
Figura 44: Parede com direção perpendicular à direção principal
80
V
Unidade V -
Dimensionamento e
detalhamento das ar-
maduras longitudinais
Objetivos da Unidade
Unidade V - Dimensionamento e detalhamento das armaduras longitudi-
nais – critérios normativos relativos ao projeto executivo de Laje
Como foi mostrado anteriormente há várias formas de cálculo para as lajes, em um dos
modelos de dimensionamento são obtidos os esforços e os deslocamentos de lajes isoladas
pelo método elástico por meio da teoria das placas delgadas, e também o cálculo de um pa-
vimento constituído por várias lajes, classicamente, é feito admitindo cada uma trabalhando
isoladamente. Este último modelo é o que será adotado na disciplina, ressaltando se, porém,
que, com processos como o de grelha equivalente ou dos elementos finitos, os pavimentos
podem ser analisados como um todo.
Para o cálculo de lajes isoladas, é aconselhado seguir o seguinte roteiro:
82
5.2. Discretização do pavimento
83
5.4. Cálculo das cargas atuantes
As cargas atuantes em uma laje maciça são calculadas da maneira comum, e devem ser
consideradas, geralmente, as seguintes:
84
5.5. Verificação das flechas
A verificação do estado limite de deformação excessiva deve ser feita para as combina-
ções de ações de serviço, de acordo com o item 11.8.3.1 da ABNT NBR 6118:2014 sendo classifi-
cadas de acordo com sua permanência na estrutura e devem ser verificadas como estabelecido
a seguir:
a) quase permanentes: podem atuar durante grande parte do período de vida da estrutu-
ra, e sua consideração pode ser necessária na verificação do estado-limite de deformações
excessivas;
b) frequentes: repetem-se muitas vezes durante o período de vida da estrutura, e sua con-
sideração pode ser necessária na verificação dos estados-limites de formação de fissuras, de
abertura de fissuras e de vibrações excessivas. Podem também ser consideradas para verifi-
cações de estados-limites de deformações excessivas decorrentes de vento ou temperatura
que podem comprometer as vedações;
c) raras: ocorrem algumas vezes durante o período de vida da estrutura, e sua consideração
pode ser necessária na verificação do estado-limite de formação de fissuras.
Os deslocamentos não poderão atingir valores que possam resultar em danos a ele-
mentos da construção apoiados na estrutura ou situados sob elementos da mesma, preven-
do-se, nestes casos, quando necessário, dispositivos adequados para evitar as consequências
indesejáveis.
A situação ideal, seria na verdade, considerar a soma dos deslocamentos das lajes com
os das vigas que as sustentam, para assim verificar a deformação final da estrutura.
É importante destacar novamente que os momentos são determinados para uma faixa
85
unitária de laje e para lajes isoladas. Também é interessante observar que os coeficientes in-
dicados na NBR 6118 levam a valores extremos dos momentos; não ·expressando, portanto, a
variação de esforços ao longo da placa. ·
No caso de momentos negativos com face comum às duas lajes, é usual considerar o
maior valor entre a média e 8.0% do maior; entretanto, a favor da segurança, recomenda-se
tomar, para cálculo das armaduras negativas, o maior dos dois momentos nessa face.
O cálculo da armadura das lajes, nas direções x e y, é feito como no caso de vigas, ob-
servando-se que para a largura da seção é tomada uma faixa unitária e, portanto, a armadura
encontrada deve ser distribuída ao longo dessa largura.
É recomendado ainda, que seja tomada como altura útil da laje a < distância entre a
borda comprimida superior e o centro das barras da camada superior da armadura positiva,
pois isso acarreta um valor menor para a mesma, e a camada junto à face inferior da laje (que
tem altura útil real maior) estará com uma área pouco maior que a necessária; isso garante o
posicionamento correto das barras, pois na obra não é possível garantir se a armadura de cada
direção será colocada na camada correta, respeitando o cálculo.
A reação das lajes nas vigas de apoio pode ser obtida utilizando-se a expressão funda-
mental, contudo, não existem referências bibliográficas em que se encontre um modo prático
de calcular essas reações de forma correta.
A ação das lajes nas vigas, no estado elástico, ocorre por meio de um carregamento
com intensidade variável ao longo do seu comprimento, e não uniforme, o que não é simples
de determinar, além de dificultar o cálculo dos esforços nas vigas.
De modo simplificado, pode-se considerar que a ação das lajes maciças nas vigas se
86
faça de maneira uniforme. A NBR6118:2014, no item 14.7.6.1, traz que para o cálculo das rea-
ções de apoio das lajes maciças retangulares com carga uniforme, podem ser feitas as seguin-
tes aproximações:
87
VI
Unidade VI - Verifica-
ção da necessidade
de armadura transver-
sal em lajes maciças
Objetivos da Unidade
Unidade VI - Verificação da Necessidade de Armadura Transversal em Lajes
Maciças
6.1. Dimensionamento
A NBR 6118:2014 especifica no item 19.2 que “Na determinação dos esforços resisten-
tes das seções de lajes submetidas a forças normais e momentos fletores, devem ser usados
os mesmos princípios estabelecidos nos itens 17.2.1 a 17.2.3. Nas regiões de apoio das lajes,
devem ser garantidas boas condições de ductilidade, atendendo-se às disposições de 14.6.4.3.”
O item 17.2 da norma refere-se aos “Elementos lineares sujeitos a solicitações normais
– Estado-limite último”, já o item 14.6.4 trata da “Análise linear com ou sem redistribuição”, e o
item 14.6.4.3 apresenta os “Limites para redistribuição de momentos e condições de ductilida-
de”, válidos para vigas e lajes, onde a norma afirma que “a capacidade de rotação dos elemen-
tos estruturais é função da posição da linha neutra no ELU.
Cabe ressaltar que, quanto menor for x/d, tanto maior será essa capacidade. E para pro-
porcionar o adequado comportamento dútil em vigas e lajes, a posição da linha neutra no ELU
deve obedecer aos seguintes limites:
A normativa ainda diz que “Esses limites podem ser alterados se forem utilizados de-
talhes especiais de armaduras, como, por exemplo, os que produzem confinamento nessas
regiões. ” Quando for realizada uma redistribuição, diminui-se um momento fletor de M para
δM, em uma determinada seção transversal, a profundidade da linha neutra nessa seção x/d,
89
para o momento reduzido δM, deve ser limitada por:
Tabela 11: Profundidade da linha neutra na seção x/d, para o momento reduzido δM - limites
Pode ser adotada redistribuição fora dos limites prescritos pela norma, “desde que a
estrutura seja calculada mediante o emprego de análise não linear ou de análise plástica, com
verificação explícita da capacidade de rotação das rótulas plásticas. ”
A NBR 6118 (item 14.7.1) estabelece duas hipóteses básicas para a análise das placas
(lajes):
Na determinação dos esforços solicitantes nas lajes, deverá ser avaliada a necessidade
da consideração da aplicação da alternância das sobrecargas. Para estruturas de edifícios em
que a carga variável seja de até 5 kN/m2 e que seja no máximo igual a 50 % da carga total, a
90
análise estrutural pode ser realizada sem a consideração de alternância de cargas.
Segundo a NBR 6118 (17.2.2), “o estado-limite último é caracterizado quando a distri-
buição das deformações na seção transversal pertencer a um dos domínios [...]”. Os domínios
de deformações estão apresentados a seguir.
Tabela 14: Ruptura convencional por deformação de encurtamento do concreto comprimido pode
A análise das lajes pode ser feita segundo a “Análise linear com ou sem redistribuição”
(item 14.7.3), “Análise plástica” (item 14.7.4) ou “Análise não linear” (item 14.7.5). As análises
plástica e não linear não serão apresentadas. A análise linear com ou sem redistribuição “Apli-
ca-se às estruturas de placas os métodos baseados na teoria da elasticidade, com coeficiente
de Poisson igual a 0,2. ”
6.2. Flexão
92
Figura 46: Determinando o coeficiente Kc
VSd ≤ VRd1
93
Onde:
σ cp = NSd /A
NSd = força longitudinal na seção devida à protensão ou carregamento (compressão
com sinal positivo).
• para elementos onde 50 % da armadura inferior não chega até o apoio: k = |1|;
• para os demais casos: k = |1,6 – d|, não menor que |1|, com d em metros.
Onde:
Rd = tensão resistente de cálculo do concreto à força cortante (ou cisalhamento con-
forme a norma);
As1 = área da armadura de tração que se estende até não menos que d + lb,nec além
da seção considerada; com lb,nec definido como (NBR 6118, 9.4.2.5).
No caso de se projetar a laje com armadura transversal para a força cortante, a NBR 6118
recomenda que sejam seguidos os critérios apresentados em 17.4.2, que trata do dimensiona-
mento de vigas à força cortante. A tensão nos estribos deve ser (NBR 6118, 19.4.2):
94
A resistência dos estribos pode ser considerada com os seguintes valores máximos, sen-
do permitida interpolação linear:
95
VII
Unidade VII -
Pavimentos com La-
jes Nervuradas Uni-
direcionais
Objetivos da Unidade
Unidade VII - Pavimentos com lajes nervuradas unidirecionais
A laje pré-fabricada ou também conhecida no meio técnico como laje nervurada unidi-
recional é uma alternativa de laje estrutural com um bom custo/benefício para edificações com
pequenos e médios vãos e, portanto, é muito empregada em todo o país.
O primeiro processo do dimensionamento do pavimento consiste em avaliar o carre-
gamento do piso, que é dado em função da utilização do mesmo e do revestimento do piso/
forro. Em função deste carregamento e da concepção estrutural é possível desenvolver a aná-
lise estrutural da laje, dimensionar a área de armadura necessária (análise no ELU) e efetivar a
verificação da laje na situação de serviço, avaliando se há deformação excessiva do elemento
estrutural.
A laje nervurada unidirecional é um elemento estrutural composto por vigotas (nervu-
ra), elementos de enchimento, concreto e armadura complementar (quando necessário).
A ABNT NBR 14859-1/2002 faz importantes definições para o desenvolvimento da pre-
sente unidade:
97
zadas para compor as lajes de concreto armado (LC);
c) treliçadas (VT): com seção de concreto formando uma placa, com armadura treli-
çada (conforme NBR 14862) parcialmente englobada pelo concreto da vigota. Quan-
do necessário, deverá ser complementada com armadura passiva inferior de tração
(fat) totalmente englobada pelo concreto da nervura; utilizadas para compor as lajes
treliçadas (LT);
98
Figura 49: Vigotas pré-fabricadas treliçadas
• Altura da vigota (hv): Distância entre o plano inferior e o plano superior da vigota. No
caso de vigota treliçada, o topo do banzo superior determina o plano superior.
• Altura do elemento de enchimento (he): Distância entre o plano inferior e o plano su-
perior do elemento de enchimento. Em função das alturas padronizadas dos elementos
de enchimento, as alturas totais das lajes pré-fabricadas.
100
Fonte: ABNT NBR 14859/2002
101
Figura 50: Elementos que compõem o enchimento
• Quanto à capa de concreto: deve ser considerada como parte resistente se sua espes-
sura for no mínimo igual a 3,0 cm. No caso da existência de tubulações, a espessura mí-
nima da capa de compressão acima destas deve ser de no mínimo 2,0 cm, complemen-
tada quando necessária com armadura adequada à perda da seção resistente.
102
• Com relação à armadura de distribuição: deve haver uma armadura de distribuição
descrita em colocada na capa de concreto complementar, com seção de no mínimo 0,9
cm²/m para aços CA 25 e de 0,6 cm²/m para os aços CA 50 e CA 60, contendo pelo menos
três barras por metro.
Tal processo admite que as vigas perpendiculares às nervuras recebam todo o carrega-
mento da laje e nas vigas paralelas atuem 25% desse carregamento. As expressões para cálculo
são dadas por:
Onde:
lx = valor do vão na direção paralela às nervuras;
ly = valor do vão na direção perpendicular às nervuras.
O processo racional admite que as reações são dadas pelas seguintes equações:
Onde:
104
Para ly ≥ 2 . lx, considerar λ = 2,0.
Tabela 21: Vãos livres máximos (em metros) para laje pré-moldada tipo trilho – apoio simples
– intereixo de 33 cm
105
Tabela 22:Altura inicial das lajes pré-fabricadas em função de carga e vãos livres máximos
a) Escolher uma laje pré-moldada para a laje do terraço, cuja planta de forma está apresentada
abaixo. Supor que o terraço não tem acesso ao público e que o revestimento inferior e superior
da laje (γ = 19,0 kN/m³) é de 1,5 cm de espessura. (Carvalho e Filho, 2014)
106
• Direção das nervuras: a direção usual para as nervuras é a menor, no caso l = 3,0 m.
• Ações atuantes:
De acordo com a NBR 6120, para terraços sem acesso ao público q = 2,0 kN/m².
Revestimento inferior e superior da laje (3,0 cm): g2 = 0,03 .19,0 = 0,57 kN / m²;
Portanto, ptotal = 2,0 + 0,57 = 2,57 kN/m² .
- Escolha da laje: para carga entre 2,0 e 5,0 kN/m² e vão de 3,0 m, resulta em laje de altura de
12,0 cm (chamada β12), com as seguintes características: altura total h = 12,0 cm; espessura
da capa = 4,0 cm; peso próprio g1 = 1,41 kN/m².
b) Calcular a reação da laje nas vigas pelo processo simplificado e racional e compará-los (Car-
valho e Filho, 2014).
Processo simplificado:
lx = 3,00m (paralela às vigotas) e ly = 5,00m (perpendicular às vigotas).
107
- Vigas V103 e V104:
- Verificação: teoricamente a carga total da laje deve ser igual a soma do carregamento das
reações das lajes nas vigas, portanto:
- Verificação: teoricamente a carga total da laje deve ser igual à soma do carregamento das
reações das lajes nas vigas, portanto:
108
VIII
Unidade VIII -
Pilares usuais
em edificações
Objetivos da Unidade
Unidade VIII - Pilares usuais em edificações: Compressão simples, flexão nor-
mal composta, flexão obliqua composta
8.1. Pilares
Figura 53: Caminho das cargas Em estruturas habituais, compostas por lajes, vigas e pilares,
o caminho das cargas começa nas lajes, delas vão para as vigas e, em
seguida, para os pilares, que as transportam até a fundação. As lajes
recebem as cargas permanentes (peso próprio, revestimentos etc.) e
as variáveis (pessoas, máquinas, equipamentos etc.) e as transmitem
para as vigas de apoio.
As vigas, por sua vez, além do peso próprio e das cargas das
lajes, recebem também cargas de paredes dispostas sobre elas, além
de cargas concentradas provenientes de outras vigas, levando todas
essas cargas para os pilares em que estão apoiadas.
Assim, os pilares são responsáveis por receber as cargas dos
andares superiores, acumular as reações das vigas em cada andar e
Fonte: Design Unis EAD conduzir esses esforços até as fundações.
110
Pessoal é bom ressaltar aqui que estruturas constituídas por la-
jes sem vigas, os esforços são transmitidos diretamente das lajes para
os pilares. Nessa situação, deve-se dedicar atenção especial à verifica-
ção de punção.
Dimensões mínimas
Com o objetivo de evitar um desempenho inadequado e propiciar boas condições de
execução, a NBR 6118, no seu item 13.2.3, estabelece que a seção transversal dos pilares, qual-
quer que seja a sua forma, não deve apresentar dimensão menor que 19 cm.
Em casos especiais, permite-se a consideração de dimensões entre 19 cm e 14 cm, des-
de que se multipliquem os esforços solicitantes de cálculo a serem considerados no dimensio-
namento por um coeficiente adicional gn, de acordo com o indicado na Tabela 13.1 (tabela 23
neste guia) e na Seção 11. Em qualquer caso, não se permite pilar com seção transversal de área
inferior a 360 cm2.
111
Fonte: NBR 6118
Comprimento equivalente
Segundo a NBR 6118, item 15.6, o comprimento equivalente le do pilar, suposto vincu-
lado em ambas extremidades, é o menor dos valores:
Onde:
Lo - é a distância entre as faces internas dos elementos estruturais, supostos horizon-
tais, que vinculam o pilar;
h - é a altura da seção transversal do pilar, medida no plano da estrutura;
l - é a distância entre os eixos dos elementos estruturais aos quais o pilar está vincula-
do.
112
Figura 54: Pilar engastado na base e livre no topo
Raio de giração
Define-se o raio de giração i como sendo:
113
Índice de esbeltez
O índice de esbeltez é definido pela relação:
Serão considerados pilares internos aqueles em que se pode admitir compressão sim-
ples, ou seja, em que as excentricidades iniciais podem ser desprezadas.
114
Nos pilares de borda, as solicitações iniciais correspondem a flexão composta normal,
ou seja, admite-se excentricidade inicial em uma direção. Para seção quadrada ou retangular, a
excentricidade inicial é perpendicular à borda.
Pilares de canto são submetidos a flexão oblíqua. As excentricidades iniciais ocorrem
nas direções das bordas.
Em estruturas usuais de edifícios, ocorre um monolitismo nas ligações entre vigas e pi-
lares que compõem os pórticos. A excentricidade inicial, oriunda das ligações dos pilares com
as vigas neles interrompidas, ocorre em pilares de borda e de canto.
A partir das ações atuantes em cada tramo do pilar, as excentricidades iniciais no topo
e na base são obtidas com as expressões:
115
Figura 56: Excentricidades iniciais do topo e na base
De acordo com a NBR 6118, na verificação do estado limite último das estruturas reticu-
ladas, devem ser consideradas as imperfeições do eixo dos elementos da estrutura descarrega-
da. Essas imperfeições podem ser divididas em dois grupos: imperfeições globais e imperfei-
ções locais.
Muitas das imperfeições podem ser cobertas apenas pelos coeficientes de ponderação,
mas as imperfeições dos eixos das peças não. Elas devem ser explicitamente consideradas por-
que têm efeitos significativos sobre a estabilidade da construção.
a) Imperfeições globais - análise global das estruturas reticuladas, sejam elas contraventa-
das ou não, deve ser considerado um desaprumo dos elementos verticais conforme:
116
Figura 57: Imperfeições globais
Esse desaprumo não precisa ser superposto ao carregamento de vento. Entre os dois,
vento e desaprumo, pode ser considerado apenas o mais desfavorável (que provoca o maior
momento total na base de construção). O valor máximo de θ 1 será de 1/200.
117
Figura 58: Imperfeições locais
Admite-se que, nos casos usuais, a consideração da falta de retilinidade seja suficiente.
Assim, a excentricidade acidental ea pode ser obtida pela expressão:
Segundo a NBR 6118, o efeito das imperfeições locais nos pilares pode ser substituído
em estruturas reticuladas pela consideração do momento mínimo de primeira ordem, dado
por:
Nas estruturas reticuladas admite-se que o efeito das imperfeições locais seja atendido
se for respeitado esse valor de momento total mínimo. A este momento devem ser acrescidos
os momentos de segunda ordem.
No caso de pilares submetidos à flexão oblíqua composta, esse mínimo deve ser aten-
dido em cada uma das direções principais separadamente, isto é, o pilar deve ser verificado
sempre à flexão oblíqua composta onde, em cada verificação, pelo menos um dos momentos
respeitem o valor mínimo indicado.
Excentricidade de forma
Nas edificações, as posições das vigas e dos pilares dependem especialmente do proje-
to arquitetônico. Assim, é comum em projetos a coincidência entre faces (internas ou externas)
das vigas com as faces dos pilares que as apóiam. Quando os eixos baricêntricos das vigas não
passam pelo centro de gravidade da seção transversal do pilar, as reações das vigas apresen-
tam excentricidades que são denominadas excentricidades de forma.
119
Excentricidade suplementar
A excentricidade suplementar leva em conta o efeito da fluência. A consideração da
fluência é complexa, pois a duração de cada ação tem que ser levado em conta, ou seja, o his-
tórico de cada ação precisaria ser conhecido.
O cálculo da excentricidade suplementar é obrigatório em pilares com índice de esbel-
tez 2→
λ >≤90.
120
b) Pilares biapoiados com forças transversais significativas, ao longo da altura
c) Pilares em balanço
121
8.8.1. Método geral
Figura 59: Pilar engastado na base e livre no topo, sujeito à força excêntrica de compressão Nd
Sob a ação do carregamento, o pilar apresenta uma deformação que, por sua vez, gera
nas seções um momento incremental Nd.y, provocando novas deformações e novos momen-
tos. Se as ações externas (Nd e Md) forem menores que a capacidade resistente da barra, essa
interação continua até que seja atingido um estado de equilíbrio para todas as seções da barra.
Tem-se, portanto, uma forma fletida estável. Caso contrário, se as ações externas forem maiores
que a capacidade resistente da barra, o pilar perde estabilidade. A verificação que se deve fazer
122
é quanto à existência da forma fletida estável.
123
8.8.3. Cálculo simplificado
124
Flexão composta oblíqua
Nas situações de flexão simples ou composta oblíqua, pode ser adotada a aproximação
dada pela expressão de interação:
Serão considerados nas disposições construtivas o cobrimento das armaduras dos pila-
res e alguns aspectos relativos às armaduras longitudinais e às transversais.
O cobrimento das armaduras é considerado no item 7.4.7 da NBR 6118:2014, onde o co-
brimento mínimo é o menor valor que deve ser respeitado ao longo de todo o elemento con-
siderado. Para garantir o cobrimento mínimo (cmin), o projeto e a execução devem considerar
125
o cobrimento nominal (cnom), que é o cobrimento mínimo acrescido da tolerância de execução
(∆c). Assim, as dimensões das armaduras e os espaçadores devem respeitar os cobrimentos
nominais, estabelecidos pela NBR 6118, para ∆c = 10 mm.
cnom = cmin + ∆c
Tabela 24: Correspondência entre a classe de agressividade ambiental e o cobrimento nominal para ∆c = 10 mm
126
Nas obras correntes, o valor de ∆c deve ser maior ou igual a 10 mm. Quando houver um
adequado controle de qualidade e rígidos limites de tolerância da variabilidade das medidas
durante a execução, pode ser adotado o valor ∆c = 5 mm, mas a exigência de controle rigoroso
deve ser explicitada nos desenhos de projeto. Os cobrimentos são sempre referidos à super-
fície da armadura externa, em geral à face externa do estribo. O cobrimento nominal deve ser
maior que o diâmetro da barra. A dimensão máxima característica do agregado graúdo utiliza-
do não pode superar em 20% o cobrimento nominal, ou seja:
A escolha e a disposição das armaduras devem atender não só à função estrutural como
também às condições de execução, particularmente com relação ao lançamento e adensa-
mento do concreto. Os espaços devem permitir a introdução do vibrador e impedir a segrega-
ção dos agregados e a ocorrência de vazios no interior do pilar (item 18.2.1 da NBR 6118:2014).
As armaduras longitudinais colaboram para resistir à compressão, diminuindo a seção
do pilar, e também resistem às tensões de tração. Além disso, têm a função de diminuir as de-
formações do pilar, especialmente as decorrentes da retração e da fluência.
O diâmetro das barras longitudinais não deve ser inferior a 10 mm e nem superior a 1/8
da menor dimensão da seção transversal (item 18.4.2.1 da NBR 6118:2014).
127
IX Unidade IX -
Torção em vigas de
concreto armado
Objetivos da Unidade
Unidade IX - Torção em Vigas de Concreto Armado
9.1. Introdução
Um combinado que tende a torcer uma peça fazendo-a girar sobre o seu próprio eixo
é chamado “momento de torção”, momento torçor ou torque. O caso mais comum de torção
ocorre em eixos de transmissão.
A torção simples também conhecida como torção uniforme ou torção pura (não atua-
ção simultânea com M e V) ocorre raramente na prática. Na maioria das vezes a torção ocorre
combinada com momento fletor e força cortante, mesmo que esses esforços sejam causados
apenas pelo peso próprio do elemento estrutural. De modo aproximado, os princípios de di-
mensionamento para a torção simples são aplicados às vigas com atuação simultânea de mo-
mento fletor e força cortante (LEONHARDT & MÖNNIG, 1982).
Nas estruturas de concreto, a ligação monolítica entre vigas e lajes e entre vigas com
vigas de apoio origina momentos de torção, que podem ser desprezados por não serem essen-
ciais ao equilíbrio dos elementos. Contudo, no caso da chamada “torção de equilíbrio”, como
se verá adiante, a consideração dos momentos torçores é imprescindível para garantir o equi-
líbrio do elemento.
Casos comuns de torção nas vigas de concreto ocorrem quando existe uma distância
entre a linha de ação da carga e o eixo longitudinal da viga, como mostrado na próxima Figura.
129
Figura 61: Casos comuns de torção nas vigas de concreto
Tal situação apresentada pode ocorrer durante a fase de execução ou mesmo quando
atuarem os carregamentos permanentes e variáveis, se estes forem diferentes nas estruturas
que se apóiam na viga pré-moldada.
Um dos casos mais comuns a torção, geralmente ocorrem com lajes em balanço, engas-
tadas em vigas de apoio, como por exemplo lajes (marquises) para proteção de porta de en-
trada de barracões, lojas, galpões, etc. Pois o fato da laje em balanço não ter continuidade com
outras lajes internas à construção faz com que a laje deva estar obrigatoriamente engastada na
viga de apoio, de modo que a flexão na laje passa a ser torção na viga. A torção na viga torna-se
flexão no pilar, devendo ser considerada no seu dimensionamento.
130
Figura 62: Torção em lajes em balanço
Um outro caso de torção em viga comum nas edificações, ocorre em vigas com mu-
dança de direção, nesse ponto de mudança de direção um tramo aplica sobre o outro um mo-
mento de torção. A torção também ocorre em vigas curvas, com ou sem mudança de direção.
Caso a torção seja necessária ao equilíbrio da viga e não for apropriadamente considerada no
seu dimensionamento, pode se desenvolver intensa fissuração, prejudicando a segurança e a
estética da construção.
131
Figura 64: Torção em vigas com mudança de direção
Após a fissuração, a ruptura de uma viga sob torção pura pode ocorrer de alguns mo-
dos:
132
No caso de vigas superarmadas à torção, o concreto comprimido compreendido entre
as fissuras inclinadas pode esmagar pelo efeito das tensões principais de compressão, antes do
escoamento das armaduras.
A ruptura brusca também pode acontecer por efeito de torção, através do surgimento
das primeiras fissuras. Podemos evitar a ruptura brusca pela colocação de uma armadura míni-
ma, para resistir às tensões de tração por torção.
Conforme apresenta LEONHARDT & MÖNNIG (1982) sendo as armaduras longitudinal
e transversal diferentes, a menor armadura determinará o tipo de ruptura. No entanto, uma
pequena diferença nas armaduras, pode ser compensada por uma redistribuição de esforços.
Ao contrário do esforço cortante, onde a inclinação do banzo comprimido pode dimi-
nuir a tração na alma da viga, na torção essa diminuição não pode ocorrer, dado que na analo-
gia de treliça espacial não existe banzo comprimido inclinado.
A mudança de direção das tensões de compressão nos cantos, origina uma força que
pode levar ao rompimento dos cantos da viga. Os estribos e as barras longitudinais dos cantos
contribuem para evitar essa forma de ruptura. Vigas com tensões de cisalhamento da torção
muito elevadas devem ter o espaçamento dos estribos limitados a 10 cm para evitar essa forma
de ruptura.
Figura 66: Possível ruptura do canto devida à mudança de direção das diagonais comprimidas
134
X
Unidade X - Estru-
turas de Fundações
Superficiais (Sapa-
tas): definição e tipos
Objetivos da Unidade
Unidade X - Estruturas de Fundações Superficiais (Sapatas): Definição e Ti-
pos
10.1. Introdução
136
A sapata é definida na NBR 6122 (item 3.2) como o “elemento de fundação superficial, de
concreto armado, dimensionado de modo que as tensões de tração nele resultantes sejam resisti-
das pelo emprego de armadura especialmente disposta para esse fim.” Na NBR 6118 (item 22.6.1),
sapata é definida como as “estruturas de volume usadas para transmitir ao terreno as cargas de
fundação, no caso de fundação direta.”
a) A sapata isolada é a mais comum nas construções, sendo que esta transmite ao solo as
ações de um único pilar. As formas que a sapata isolada pode ter, em planta, são muito va-
riadas, mas a retangular é a mais comum, devido aos pilares retangulares.
c) A sapata associada é definida pela NBR 6122 (3.5) como aquela “comum a mais de um
pilar”. Geralmente esse tipo de sapata se dá quando ocorre à proximidade entre os pilares,
não é possível projetar uma sapata isolada para cada pilar. Nessa situação, uma única sapata
pode ser projetada como a fundação para dois ou mais pilares.
138
modo a transmiti-las centradas às fundações. Da utilização de viga de equilíbrio resultam car-
gas nas fundações diferentes das cargas dos pilares nelas atuantes.”
As sapatas rígidas têm a preferência no projeto de fundações, por serem menos de-
formáveis, menos sujeitas à ruptura por punção e mais seguras. Enquanto as sapatas flexíveis
são caracterizadas pela altura “pequena”, e segundo a NBR 6118 (item 22.6.2.3): “Embora de uso
mais raro, essas sapatas são utilizadas para fundação de cargas pequenas e solos relativamente
fracos. ”
A tensão de apoio que a área da base de uma sapata desempenha no solo é o fator mais
139
importante relativo à interface base-solo. Vários estudos demonstram que a pressão ou tam-
bém chamada de tensão exercida no solo não é necessariamente distribuída uniformemente,
e depende de vários fatores, como:
140
Assim, devido à sua complexidade de análise ao se considerar a pressão como não uni-
forme, é comum adotarmos a uniformidade sob carregamentos concêntricos, onde dessa ma-
neira o erro cometido com a facilitação não é significativo.
141
Referências Bibliográficas
PINHEIRO, Libânio Miranda. Concreto Armado – Tabelas e Ábacos – Apostila. Escola de Enge-
nharia de São Carlos/USP – Departamento de Estruturas, S.P., 1986.
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 6120. Cargas para o Cálculo de Estrutu-
ras de Edificações. São Paulo: Associação Brasileira de Normas Técnicas, 1980.
FUSCO, Péricles Brasiliense. Estruturas de Concreto. São Paulo: Guanabara Dois S/A, 1981.