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A FÓRMULA

DA ARQUITETURA
EM CONTAINERS
Por Felipe Savassi

Felipe Savassi
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Felipe Savassi
Sou Felipe Savassi, arquiteto e urbanista, pós-
graduado em Arquitetura, Construção e Gestão
de Edifícios Sustentáveis, membro do Green
Building Council Brasil, desde 2013, e especialista
em Arquitetura e Construção em Container.
Trabalhei por dez anos em Minas Gerais com
arquitetura e construção sustentável, contribuindo
para o entendimento de que grandes edifícios
corporativos, institucionais e residenciais podem
ser concebidos e construídos de forma sustentável.

Morando em Florianópolis, Santa Catarina, desde


2015, enxerguei a possibilidade de aplicar toda
a minha bagagem e filosofia de trabalho nessa
forte tendência da arquitetura mundial. Foi amor à
primeira vista! Consegui aliar o meu estilo de vida
ao tipo de arquitetura que admiro e acredito.

A paixão é tamanha que, em 2016, decidi projetar e


construir a minha própria casa container, chamada
carinhosamente de Casa Brise. A partir disso, fui
convidado a participar do quadro societário da
empresa Ferraro Habitat, pioneira no Brasil no
segmento de construção em container há mais de
dez anos.

Desde então, concebi, executei e participei de


diversos projetos pelo Brasil, realizei inúmeras
palestras sobre mercado imobiliário e arquitetura
em container, ministrei muitos cursos de formação
e fomentei o engajamento do público por meio das
redes sociais.

INSTAGRAM: @felipesavassi /
FACEBOOK: @felipesavassi.

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O Curso
A cada dia a construção em container conquista
mais espaço no cenário mundial e no Brasil
não poderia ser diferente. Projetos ousados,
inovadores e inspirados pelo design encantam fãs
da arquitetura modular por onde se instalam. Muitas
pessoas acompanham meu trabalho pelas redes
sociais, mas sei que um número ainda maior de
pessoas gostaria de ter contato com metodologias
parecidas com a que eu apresento.
Por isso, desenvolvi um curso com o objetivo de tornar
mais acessível a fórmula desse sistema construtivo.
Essa é a melhor ferramenta que encontrei para
auxiliar as pessoas, onde quer que elas estejam,
arquitetos ou não, por meio de conceitos simples
e muito eficazes de desenvolvimento de projetos
em container funcional, com excelente qualidade,
custo-benefício e de maneira sustentável.

O curso é composto por todas as etapas projetuais


e construtivas da arquitetura em containers
analisados de maneira geral. Eventualmente, como
material extra, disponibilizo arquivos para ajudar
você a atingir os seus objetivos, com técnicas de
projeto, fabricação e instalação de containers,
diretrizes de sustentabilidade e conforto ambiental.
São conhecimentos que acumulo há mais de 10
anos agora à sua disposição, para que você torne
o seu sonho em uma edificação imbatível.

No curso ensino tudo o que sei sobre arquitetura


em container de forma geral para que você se
torne capaz de gerir o processo de construção da
sua edificação. Você vai aprender como funcionam
as técnicas de transformação de um container de
carga em uma habitação adequada às necessidades
humanas e, que vale dizer, é o mesmo em qualquer
parte do mundo. Espero que você aproveite mais
esse conteúdo!

Aproveite!
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QUEM SOU

CONTEÚDO · Felipe Savassi


· Curso

INTRODUÇÃO
· História do container na arquitetura
· Vanguarda no Brasil e no mundo
· Tendência do mercado imobiliário

PLANEJAMENTO

· Programa de necessidades
· Orçamento e cronograma
· Análise do terreno

PROJETO

· Contratação do arquiteto
· Aprovação e documentação
· Implantação e volumetria
· Projetos ecoeficientes e bioclimáticos

· Brises, beirais e persianas

· Película solar para vidros

· Telhado verde ou laje jardim


· Insolação e orientação solar
· Captação, tratamento e reuso de água da
chuva
· Energia fotovoltaica
· Aquecimento solar da água
· Materiais recicláveis
· Ventilação cruzada
· Chaminé térmica
· Espelhos d’água
· Fachadas ventiladas

SELEÇÃO, LOGÍSTICA E TRANSPORTE

· Modelos de containers
· Container carga seca ou Dry
· Container refrigerado ou Reefer
· Estrutura do container
· Dimensões dos principais modelos
· Cuidados na seleção
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· Nacionalização do container ISOLAMENTO TERMO ACÚSTICO
· Laudo de Descontaminação
· Transporte de containers · EPS (isopor)
· Lã de vidro
· Lã de pet
· Lã de rocha
FUNDAÇÃO E INFRAESTRUTURA DO TER-
RENO

· Tipos de fundação ACABAMENTOS E REVESTIMENTOS


· Radier
· Sapata · Gesso acartonado
· Estabilização do container na fundação · OSB (madeira)
· PVC (plástico)
· MDF (madeira)
· Placas cimentícias
SERRALHERIA · Revestimento para áreas molhadas
· Tipos de corte · Revestimento de pisos
· Reforços estruturais
· Tipos de acabamento ESQUADRIAS
· Acoplamento de containers
· Esquadria de PVC
· Esquadria de Alumínio
TELHADO E IMPERMEABILIZAÇÃO · Vidro temperado
· Madeira
· Cobertura original

· Cobertura meia água


MANUTENÇÃO
· Cobertura suspensa
· Cuidados básicos
· Telhado verde

PINTURA

· Etapas do processo de pintura

INSTALAÇÕES ELÉTRICA E HIDROSANITÁRIA

· Infraestrutura das instalações no terreno


· Água
· Esgoto
· Elétrica

· Sitema de instalações no módulo

· Instalação elétrica
· Instalação hidrosanitária
· Instalação hidráulica
· Sistema de esgoto
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INTRODUÇÃO

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História do container na arquitetura

Os containers são uma tendência inovadora na ar-


quitetura do século XXI. As conhecidas caixas de
aço retangulares não servem mais apenas para car-
gas marítimas e depósitos. Elas são uma excelen-
te opção para construções criativas, sustentáveis
e com melhor custo-benefício. É comum ver luga-
res superdescolados e criativos usando a estrutura
desses módulos navais como base para a edifica-
ção, que pode ser residencial, corporativa, comer-
cial ou institucional.

O inventor dos containers é o americano Malcolm


McLean, que deu início a uma grande revolução na
área de transportes de mercadorias nos anos 50. Inglaterra, Holanda e Estados Unidos são os países
No entanto, somente na década de 90, arquitetos que mais se destacam nesse sistema construtivo.
ingleses passaram a utilizar os módulos abandona- Na Holanda, a empresa Tempohousing criou uma
dos. sede para três mil estudantes totalmente feita com
containers, em Amsterdã.

Vanguarda no Brasil e no mundo

Em solo brasileiro essa tendência tem se consoli-


dado na medida em que novos projetos surgem,
principalmente em regiões com portos, onde a dis-
ponibilidade das “caixas” é maior.

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Tendência do mercado imobiliário

Fatores como versatilidade, mobilidade, flexibilida-


de e modularidade fazem da arquitetura em con-
tainer uma tendência que veio para ficar. Isso sem
falar do estilo...

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Container House (2017) – Projeto: C3 UP - realtor.
com

ME:OU (2015) – Projeto AB Design Studio – Foto:


Jim Bartsch

Loft Container (2010) – Casa Cor – Projeto Ferraro


Habitat

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A sustentabilidade deve ser mencionada com re-
levância, uma vez que esse sistema construtivo se
caracteriza pelo reuso de seu principal componen-
te: o container. Trata-se de uma obra seca, limpa
e industrializada, que minimiza o desperdício de
materiais e o uso de recursos naturais, como areia,
brita, cimento e água. A proposta permite amplas
aberturas para iluminação natural e ventilação cru-
zada, brise soleil (quebra-sol), revestimento ter-
moacústico, estudo de insolação e sombreamento,
telhado verde, captação e reuso de águas pluviais, Várias são as possibilidades de uso, que vão des-
além de outras técnicas bioclimáticas de conforto de o residencial ao corporativo, comercial ou ins-
ambiental e eficiência energética. titucional. Eu mesmo moro numa casa container, a
CASA BRISE, e adoro isso!
Já em projeto, itens como amplas aberturas que
permitem iluminação natural e ventilação cruzada,
brise soleil, revestimento termo acústico, estudo de
insolação e sombreamento, laje jardim, captação
e reuso de aguas pluviais além de outras técnicas
bioclimáticas de conforto ambiental e eficiência
energética são itens obrigatórios a serem obser-
vados. Mas que eu explico detalhadamente mais a
frente.
É muito importante lembrar que cuidados de-
vem ser levados em conta ao pensar seu proje-
to em container, pois é um sistema construtivo
relativamente novo no Brasil e demanda mão
Os projetos costumam ser de 10% a 20% mais ba- de obra especializada, seja para concepção ou
ratos que uma construção convencional e levam execução. Trabalhar com profissionais inexperien-
cerca de 1/3 do tempo de execução. No mercado tes pode provocar dor de cabeça e prejuízos. Por-
imobiliário isso significa agilidade de retorno do in- tanto fique atento!
vestimento e, consequentemente, de entrada do lu-
cro. O peso estrutural dos containers é bem menor,
o que gera menos gasto e prazo com a fundação.
Em resumo, tudo isso garante previsibilidade orça-
mentária à sua obra. Ou melhor, à sua montagem.

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PLANEJAMENTO

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Para projetar e construir uma edificação em contai- e completo é preciso que os projetos complemen-
ner, seja ela uma casa, uma loja ou um escritiorio, tares sejam executados, a fim de levantar detalha-
o primeiro passo é planejá-la. Isso significa fazer al- damente os sistemas elétricos, hidrosanitários e es-
gumas perguntas para explorar as necessidades e truturais. Por exemplo: um terreno com forte aclive
considerações práticas, antes de entrar na fase do exige um projeto específico de fundação e estru-
design. Como é o terreno? Qual o tempo de obra turação. Sem isso seria impossível dimensionar o
desejado? Qual o orçamento? E mais uma coisa: orçamento verdadeiro da obra.
esse é um sistema construtivo relativamente novo
no Brasil, que demanda mão de obra especializa-
da. Trabalhar com profissionais experientes evita Pra você acompanhar o que estou falando, disponi-
dor de cabeça e prejuízos. Fique atento! bilizo o o orçamento e cronograma base usados na
constução da casa onde eu moro em Florianopolis.
Programa de necessidades Estes custos podem sofrer variações pra mais ou
pra menos, de acordo com o memorial descritivo
Para começar, uma das coisas mais importantes de de acabamentos e situações especificas de projeto
todo o processo de planejamento é o programa de a serem utilizados.
necessidades. Como o próprio nome diz, ele é o
conjunto de demandas e objetivos do cliente e dos
futuros usuários da edificação. É um documento uti-
lizado em todos os projetos, com a descrição de
funções e usos do espaço, pré-dimensionamentos,
padrões de acabamento, recursos disponíveis e
prazos desejados.

Este documento descreve as funções que serão ali


abrigadas, os pré-dimensionamentos, padrões de
qualidade desejados, recursos disponíveis e pra-
zos desejados.

Onde onde será instalada a casa? Esta questão


influencia uma série de outras considerações, in-
cluindo requisitos de zoneamento para a localiza-
ção pretendida, tipo de solo e fundação e planeja- Umas das características da arquitetura em contai-
mento de instalações. ner é a celeridade, pois são possíveis duas frentes
simultâneas de execução. Enquanto a fundação e a
Qual é o seu orçamento? Esta é outra considera- infraestrutura estão sendo executadas no terreno,
ção importante, pois determinará qual o tamanho, os módulos podem ser modificados por meio de
padrao de acabamento e velocidade de obra que serralheria, pintura, isolamento termoacústico, elé-
sua edificação terá. trica, hidraúlica e acabamentos. A fundação con-
cluída pode receber os módulos semiprontos ime-
Qual o prazo você tem? O tempo é crucial quando
diatamente, o que agiliza todo o processo.
se trata de uma edificacao em containers, ja que
podem ser construídas em questão de semanas ou
no máximo alguns meses.
É importante salientar que grandes distâncias entre
a fábrica e a instalação final do container devem ser
observadas, pois alguns itens podem sofrer danos
Orçamento e cronograma
no transporte, como vidros e drywall (painel de ges-
Orçamento é uma consideração importante, pois so). Nesses casos, a sugestão é para que o acaba-
ele determina qual o tamanho, o padrão e a veloci- mento seja feito in loco.
dade da obra. Para que um orçamento seja realista
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Análise do terreno

Para verificar se um terreno está apto a receber de-


terminada edificação, a primeira coisa a ser analisa-
da é o zoneamento em que ele está inserido. Cada
cidade tem um procedimento. Entretanto, o mais
comum é solictar o documento de viabilidade ou
informacões básicas do terreno à prefeitura. No do-
cumento estão contidos parâmetros urbanísticos,
normas e diretrizes de projetos que o zoneamento
possui.

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terreno e dos arredores. Verifique os possíveis obs-
táculos, como fiação aérea, inclinações ou pouca
margem de manobra na rua, pórticos, placas, semá-
foros e árvores.

Exemplo de obstáculo na chegada dos containers.


Neste caso foi necessário o uso de um guindaste
para sobre passar a fiação aérea urbana.

Infelizmente existem cidades onde nao é permitida


a aprovação de projetos utilizando containers, por
ausência de normatização ou de diretrizes do có-
digo de obras que sejam compatíveis ao sistema
com containers. Você deve consultar formalmente
a prefeitura e estudar o zoneamento e o código de
obras para evitar surpresas desagradáveis.

Imagine a seguinte situação: antes de comprar um


terreno, você checa a viabilidade construtiva e tudo
está em conformidade. Então você desenvolve o
projeto do seus sonhos com um arquiteto e o apro-
va na prefeitura. Em seguida, contrata uma empre- Detalhe para o acesso e área de manobra ao terre-
sa para executar o projeto ou decide executá-lo no à carreta de transporte
autonomamente. Contudo, quando você vai levar
os módulos semiprontos para o local de instalação
verifica que o caminhão munk, carreta ou guindaste
não têm acesso ao terreno. E agora?

Por isso é tão importante a avaliação prévia do


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Obstáculos para descarregamento do módulo

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PROJETO

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Contratação do arquiteto mas duvidas. Chegando lá identifiquei os primeiros
erros. O terreno foi murado antes do descarrega-
Quando o assunto é edificação, seja qual for o sis- mento dos containers, o que dificultou o acesso e
tema construtivo, o arquiteto é o profissional mais manobra dos caminhões e com isso foi necessário
importante do processo. Ele é o responsável por mais de um caminhão munk para descarregar os
transformar sonhos, anseios e programa de neces- módulos, ou seja, mais gasto.
sidades em projeto. A contratação de um arquiteto
com experiência em containers é fundamental para Ela me convidou para entrar e de cara já senti o
o sucesso da sua obra. Questões como modulari- desconforto térmico. A casa foi implantada total-
dade, versatilidade, melhor aproveitamento do es- mente de forma equivocada, segundo a orientação
paço, design e economia de tempo e dinheiro são solar e recebia forte incidência de raios solares na
alguns dos pontos fortes dos arquitetos com know- fachada oeste sem nenhuma proteção ou brise. O
-how. isolamento pelo que vi foi subdimensionado pois
as paredes estavam bem finas e quentes. Para pio-
Um sistema construtivo industrializado requer pla- rar havia uma claraboia com teto de vidro entre os
nejamento de obra com etapas e características dis- dois containers sem nenhuma saída para criar o
tintas de uma obra convencional. Tipos de material, efeito chaminé ( que eu vou explicar mais a frente
mão de obra qualificada e técnicas especializadas neste módulo ) o que acabou por criar uma estufa.
são alguns desafios que podem gerar problemas Os raios solares esquentavam o ar que não tinha
durante e após a execução sem o acompanhamen- por onde sair.
to de um especialista.
Pequenas, mal posicionadas e insuficientes, as
Equívocos do profissional podem resultar em uma aberturas nao permitiam a ventilação cruzada de ar.
série de problemas na edificação como desconfor-
to térmico, isolamentos insuficientes, falta de venti- Para completar identifiquei alguns erros projetuais
lação, portas que se chocam quando abertas, dis- como: duas portas que se chocavam quando aber-
tribuição inadequada de ambientes, acabamentos tas, área de serviço no meio da circulação dos
com baixa qualidade, incompatibilidade de execu- quartos e o acabamento era visivelmente de baixa
ção de determinadas diretrizes de projeto com os qualidade.
containers entre outros transtornos.
Para tentar mitigar os problemas, principalmente
Resolver essas questões demanda mais tempo e do conforto térmico, sugeri que ela fizesse uma va-
novos investimentos. randa na fachada oeste, com fechamentos em bri-
se, que inibiriam a incidências dos raios solares na
Vou contar pra vocês uma historia que aconteceu chapa do container que, além de criar um ambiente
comigo e exemplifica bem o que estou falando . mais favorável de integração entre o exterior e inte-
rior da casa. Outra sugestão foi que ela fizesse al-
No final 2016 eu fui procurado por uma provável gumas aberturas na claraboia para que o ar quente
cliente que gostaria de fazer a sua casa em contai- pudesse sair e a ventilação cruzada e efeito chami-
ner. Ela já tinha em mente o projeto bem definido né pudessem acontecer.
e pra minha surpresa era um projeto com layuot
similar ao da casa brise. Conversamos, fizemos o Como ela tinha recursos limitados e já havia gas-
briefing e então passamos nossa proposta comer- to tudo na contratação da empresa executora e
cial. Ocorre que ela priorizava preço, conseguiu retrabalhos na obra, não seria possível naquele
um orçamento menor e acabou fazendo com outra momento executar tais sugestões. Então, afim de
empresa. ajuda-la, sugeri um plano paliativo: que ela fizesse
uma parede jardim com trepadeiras para minimizar
Alguns meses depois a obra foi iniciada e junto vie- os raios solares na fachada exposta, criando uma
ram os problemas. Ela entrou em contato comigo fachada ventilada e doei algumas telhas para que
e me pediu que passasse no local para tirar algu- ela pudesse cobrir a claraboia, evitando assim que
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os raios solares entrassem dentro da casa. · Documento de viabilidade ou informação
básica do terreno;
Resultado: ela gastou mais do que pretendia, teve
que vender seu carro para terminar a casa, a mon- · Escritura ou matrícula do terreno no registro
tagem demorou o mesmo que uma obra conven- de imóveis;
cional e ela acabou ficando com uma casa com · Anotação de Responsabilidade Técnica
problemas de conforto ambiental e qualidade. Isso (ART) de execução da obra;
sem falar na dor de cabeça que ela teve. Um verda-
deiro pesadelo. · Levantamento Planialtimétrico ou topográfi-
co do terreno;
Moral da história: nem sempre o menor orçamento
é a melhor solução. · Documento de posse do terreno(registro,
escritura, matricula, contrato de compra e
Antes de contratar um arquiteto ou empresa de venda ou aluguel do terreno);
execução, verifique questões como tempo de ex-
· CPF ou CNPJ do proprietário;
periência, equipe, referência de outros clientes e
principalmente projetos concebidos e executados. · Inscrição imobiliária;
Se possível visite alguns. · Guias pagas;

Aprovação e documentação · IPTU.

Implantação e volumetria
Quando a pergunta é se os projetos em containers
precisam serem aprovados a resposta é SIM. Para a Lembra do Lego? Conhece o jogo Tetris? Fazendo
aprovação de um projeto em container são neces- uma analogia, é assim que podemos trabalhar a
sários os mesmos documentos e processos que criatividade ao conceber a implantação e a volu-
um projeto de alvenaria convencional. No entanto, metria de um projeto com containers.
é necessário verificar com a prefeitura se esse sis-
tema é permitido na cidade na qual você preten-
de construir e quais são as condicionantes para o
projeto. Por exemplo: em zoneamentos onde o pé
direito máximo é de três metros para edificações
comerciais, você deve avaliar a viabilidade de
modificação na estrutura do container, o que nem inúmeras possibilidades de implantação
sempre é viável.

Você pode solicitar a aprovação como construção


temporária, no caso de um stand de vendas, por
exemplo, ou como alvará definitivo. No Brasil, cada
município tem seu próprio processo de aprovação
de projetos e, com isso, a lista de documentos re-
queridos também difere de cidade para cidade. Al-
guns deles variam a cada caso. Em vias gerais, os
básicos são:

· Projeto legal com Registro de Responsabili-


dade Técnica (RRT);
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Exemplo de possibilidades de implantação
sobreposição dos containers de forma
transversal

container posicionado na diagonal servindo de


estrutura para escada de acesso ao pav. superior

Inumeras possibilidades de implantacao exemplo de container na vertical – estação de


trem na Holanda

Uma das características desse sistema construti-


vo é que ele permite inúmeras possibilidades de
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implantação. As caixas são rígidas, autoportantes, Uma edificação bioclimática pode conseguir gran-
aguentam até 1/3 do seu tamanho em balanço, des economias de energia e, inclusive, ser susten-
têm dimensões padronizadas e podem ser utiliza- tável no seu todo. Embora o custo de construção
das em qualquer orientação, seja na horizontal, na possa ser maior em alguns projetos, o investimen-
diagonal ou na vertical. Um verdadeiro playground to será compensado com o decréscimo de gastos
para a imaginação! em energia. Há muitas técnicas e possibilidades
interessantes.

Projetos ecoeficientes e bioclimáticos

A arquitetura em container é um sistema construtivo


que tem como premissa básica a sustentabilidade.
É inconcebível pensar em um projeto em container
que não leve em consideração técnicas bioclimáti-
cas e ecoeficientes, visto que a construção civil é
responsável pela geração de mais de 70% de todo
o lixo produzido pelas cidades.

Particularmente, técnicas e diretrizes de projeto Exemplos de técnicas bioclimaticas


sustentáveis são obrigatórias em meus projetos.
O sistema construtivo em containers exige essas
técnicas de projeto não só pela questão da susten- · Brises, beirais e persianas
tabilidade, visto que reutiliza caixas metálicas que
muitas vezes iriam ser abandonadas no meio am- Elementos arquitetônicos em forma de placas ho-
biente, mas também o pelo conforto ambiental que rizontais ou verticais, fixas ou móveis, aplicadas
é fundamental em um bom projeto. sobre fachadas, telhados ou janelas. Barram a in-
cidência direta dos raios solares e melhoraram o
O conceito de ecoeficiência, segundo o World conforto ambiental do projeto, com sofisticação e
Business Council for Sustainable Development, é design. Podem ser executados em diversos mate-
“competitividade na produção e na inserção de riais, como alumínio, madeira, metal, entre outros.
bens ou serviços no mercado, que satisfazem as
necessidades humanas, proporcionam qualidade
de vida, minimizam os impactos ambientais e o uso
de recursos naturais, considerando o ciclo inteiro
de vida da produção e reconhecendo a ecocapaci-
dade planetária”. Ou seja, ecoeficiência é produzir
mais com menos recursos, resíduos e riscos.

Já a arquitetura bioclimática consiste na concepção


de edifícios com base nas condições climáticas, uti-
lizando os recursos disponíveis na natureza, como
sol, vegetação, chuva e vento, para minimizar os
impactos ambientais e reduzir o consumo energé- Beiral que protege a abertura contra incidência de
tico. Exemplos: capitação de água de chuva, ener- raios solares
gia fotovoltaica, aquecimento solar de água, uso de
ventilação cruzada, iluminação natural, sombrea-
mento, entre outros.
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Beiral/pergolado que protege a abertura contra in-
cidência de raios solares

Brises que protegem as aberturas contra incidência


de raios solares, conferindo ainda privacidade, so-
fisticação e design nos projetos

brises metálicos no container vertical

· Película solar para vidros

A película é um tecido de policarbonato usado so-


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bre a superfície de vidros automotivos ou arquitetô- escoamento, a água começou acumular no teto, o
nicos, com a finalidade de escurecê-los ou de mo- que impactou no funcionamento das esquadrias. A
dificar suas propriedades de  transparência  ou de solução foi retirar o telhado jardim, reestruturar o
cor. Proporciona redução de calor por meio do con- teto do container e daí então reinstalá-lo
trole de raios infravermelhos, ultravioletas e de luz
visível. Excelente para a climatização de ambientes,
no calor ou no frio.

Película solar low-e

· Telhado verde ou laje jardim

Técnica arquitetônica para a criação de novas áreas


verdes, diminuição de poluição ambiental, amplia-
ção do conforto termoacústico, aumento da umida-
de relativa do ar, melhora do aspecto visual do pro-
jeto e possibilidade de captação de água da chuva.
A instalação da laje ou telhado, principalmente em
containers, exige atenção para alguns detalhes téc-
nicos, como peso e vedação.
A instalação de telhado jardim, principalmente em
containers exige atenção para alguns detalhes téc-
nicos. Falo isso porque ao instalar o meu primeiro
telhado verde, sem a devida estruturação necessá-
ria para suportar o peso que é adicionado, surgiram
problemas.

O peso do telhado jardim, por conta dos seus vários


componentes, sobrecarregou a estrutura do teto
container, uma vez que ele tinha grandes aberturas
em seus painéis laterais. Aí o que aconteceu? Sem
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exemplo de cisterna vertical para armazenamento
de agua de chuva

· Insolação e orientação solar

O estudo da insolação e orientação solar em um


projeto é fundamental para o conforto térmicos nos
ambientes. Como vimos na história anterior a não
atenção a esta técnica de projeto pode jogar por
água a baixo todo seu trabalho e investimento.Uma
boa orientação solar prioriza o sol da manhã nos
quartos e protege a fachadas norte e oeste dos
raios solares, por exemplo.

· Captação, tratamento e reuso de água da


chuva

Consiste na captação de águas pluviais de telha-


dos, lajes, pátios e outros, por meio de calhas ou
sistemas coletores que direcionam a água a uma
cisterna para o reuso doméstico.

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o maior vilão do consumo de energia em uma resi-
dência.
· Energia fotovoltaica

Energia fotovoltaica é a energia elétrica produzida


a partir da luz solar. Placas fotovoltaicas instaladas
no teto ou telhado das edificações produz energia
mesmo em dias nublados ou chuvosos. Quanto
maior a radiação solar maior é a quantidade de ele-
tricidade.

Esquema completo de sistema de captação de


agua de chuva e abastecimento de agua de uma
residência em container

exemplo de sistema fotovoltaico em uma residên- placas de aquecimento solar de agua


cia container

· Materiais recicláveis
· Aquecimento solar da água

O container por si é um produto sustentável. O sis-


Um sistema básico de aquecimento de água por tema industrializado de construção utiliza recursos
energia solar é composto de coletores solares (pla- naturais em mínima quantidade, poupando água,
cas) e reservatório térmico (boiler). Seu maior bene- areia, aço e cimento. O desperdício de materiais
fício é eliminar a necessidade do chuveiro elétrico, e de entulho é baixíssimo. Elementos como lã de
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pet, painel de OSB e madeiras com certificado de
origem FSC, são alguns dos materiais de origem re-
ciclada.

selo de certificado de origem de madeira de reflo-


restamento

OSB(tiras de madeira recicladas prensadas e resi-


nadas)

· Ventilação cruzada

Para a ventilação cruzada existir é necessário que


se façam amplas aberturas em lados opostos den-
tro de um ambiente, de acordo com o estudo de
ventos predominantes. A recomendação é para ha-
ver, pelo menos, duas aberturas por ambiente. O
resultado é o mais absoluto conforto ambiental.

la de pet(feitas de garrafas pet recicladas)

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Esquemas de ventilação cruzada
Esquema de efeito chaminé

· Espelhos d’água
· Chaminé térmica
Espelhos d’agua além de ser um complemento pai-
sagistico, é um importante amenizador climático.
O efeito chaminé é gerado por meio da convecção Geralmente utilizado em regiões secas, podendo
térmica, que é um processo físico de transferência ficar dentro ou fora das edificação é capaz de umi-
de calor através da movimentação de fluídos. O ar dificar o ar ambiente, gerando assim melhor confor-
quente sobe e o ar frio desce, criando uma ventila- to térmico.
ção no ambiente. Não deixa de ser uma forma de
ventilação cruzada, porém essa movimentação de
ar acontece de maneira vertical, devido a diferença
de temperatura e pressão. A chaminé térmica pode
ser composta pela elevação do container acima do
nível do solo, por aberturas no piso, pela presença
de claraboias ou janelas altas, entre outras técni-
cas.
Segundo a arquiteta Monica Dolce “qualquer am-
biente que apresente carga térmica interna - com
a presença de pessoas, equipamentos e/ou ilumi-
nação artificial - tende a ter a temperatura do ar in-
terno maior do que a do externo. Quando existem
aberturas inferiores o ar externo mais frio entra e, Exemplo de espelho dagua
naturalmente, o interno mais aquecido sobe, crian-
do uma ventilação no ambiente.” · Fachadas ventiladas

Na maioria de meus projetos posiciono os containers Fachada ventilada é um sistema que cria uma se-
elevados cerca de 50 cm acima do solo e o forro com gunda pele em relação à fachada principal do edi-
brita, criando um colchão de ar mais fresco do que fício, auxiliando na melhoria do conforto térmico e
o ambiente externo. No piso do container é criado reduzindo entre 30% e 50% do consumo de ener-
uma abertura em forma de grelha, permitindo que o gia do edifício. O revestimento é fixado em uma ar-
ar mais fresco entre no ambiente pressionando o ar mação de alumínio ou aço inoxidável que se anco-
quente que sobe. Essa movimentação de ar chama- ra na estrutura da edificação, mantendo a fachada
mos de ventilação natural, onde o ar quente é dire- afastada. O princípio fundamental dessa solução é
cionado naturalmente para as saídas posicionadas que uma lâmina de ar é criada na cavidade entre
em claraboias ou janelas altas, gerando fluxo de ar. as duas paredes, o que produz o efeito chaminé
e protege a fachada do container da incidência de
Felipe Savassi
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raios solares.

Exemplos de fachada ventilada: Jardim vertical e


painel de ripas de madeira
Esquema de fachada ventilada

Exemplo de fachada ventilada metálica móvel

Felipe Savassi
30
Felipe Savassi
SELEÇÃO, LOGÍSTICA
E TRANSPORTE

31
Modelos de containers dos nele são alimentos, roupas e móveis, podendo
também funcionar como almoxarifado e depósito
geral.
Antes de começar a programar o seu projeto é im-
portante entender quais são os tipos de containers
existentes no mercado e como são suas estruturas.
Alguns modelos de containers são bem específi-
cos, utilizados no transporte de cargas especiais,
como é o caso dos containers Open Top ou Flat
Rack. Os principais tipos de containers aplicados
na arquitetura e construção são os Dry e os Ree-
fer, que variam de proporções entre o Standard e o
High Cube (HC).

Container Dry 20’

É muito importante prestar atenção ao tipo de ma-


Basicamente, eles são divididos em duas catego- terial que foi transportado no container durante sua
rias: vida útil enquanto módulo de transporte de carga,
pois elementos químicos, radioativos ou contami-
nantes os desqualificam para uso habitável.
· Container carga seca ou Dry

Esse é o modelo mais comum e versátil. Fabricado


com aço corten, conhecido como aço patinável –
75% mais resistente que o aço comum –, o Dry é
composto por cobre e fósforo, o que o torna três
vezes mais seguro contra a corrosão. Esse tipo de
aço é perfeito para resistir às mais diversas e seve-
ras intempéries. Inclusive, em ambientes com mare-
sia esse material desenvolve uma película de óxido
com cor avermelhada, chamada de pátina, altamen-
te aderente e protetora, atuando reduzindo a ação
da corrosão.

O piso original é de compensado naval, que pode


ser utilizado como acabamento final, após lixado e
envernizado. Esse container é um dos mais usados
na modificação de containers para escritórios e ca-
sas. Os produtos que geralmente são transporta-
Felipe Savassi
32
Container Reefer 20’

Características do container Reefer:


· Container refrigerado ou Reefer
- estrutura em aço e painéis de fechamento em aço
inox ou duralumínio;
A principal característica desse modelo é que ele já
- painéis e portas do container são de aço inoxidá-
vem com isolamento térmico de fábrica. Por possuir
vel;
dez centímetros de revestimento em todo o con-
tainer, funciona literalmente como uma geladeira. -
É ideal para o transporte ou acondicionamento de
cargas que exigem condições de temperatura con- - isolamento térmico entre paredes é feito com po-
trolada. O motor próprio fornece refrigeração sufi- liuretano de alta densidade com 8 cm de espessura
ciente para manter a temperatura da carga entre
-25º e +25ºC, de acordo com o produto. - piso em alumínio em forma de grelha

Quando modificado, o motor deve ser retirado e o


vão vedado com uma placa do mesmo material do Estrutura do container
container. O Reefer é fabricado com aço inoxidável
ou duralumínio e o isolamento térmico entre pare-
des é feito com poliuretano de alta densidade. O
piso é em forma de grelha, também em alumínio. O container é uma caixa com grandes dimensões,
também conhecido como cofre de carga. Entre os
seus dispositivos de segurança, as portas são es-
teticamente incríveis! Elas são mantidas em muitos
Fazendo um comparativo entre os dois modelos, o projetos de arquitetura. Abertas elas criam novos
Dry, possui design externo corrugado nas paredes, ambientes, seja uma varanda, um armário locker,
o que confere mais autenticidade e design às edifi- um pranchário ou uma área de serviço.
cações. O acabamento interno do Dry, com gesso,
OSB e placa cimentícia, proporciona um aconche-
go maior do que as paredes frias do Reefer. Em
compensação, o Dry precisa de revestimento e o
Reefer já vem pronto, mas custa um pouco mais.
Felipe Savassi
33
REEFER STANDARD 20 pés 40 pés
COMPRIMENTO (m) 6,058 12
LARGURA (m) 2,44 2,44
ALTURA (m) 2,62 2,62
TARA (kg) 2990 3193

REEFER HIGH CUBE


(HC) 20 pés 40 pés
COMPRIMENTO (m) X 12
LARGURA (m) X 2,44
ALTURA (m) X 2,92
TARA (kg) X 4520

Cuidados na seleção

Chegou a hora de escolher o seu container? Mara-


vilha! Mas preste atenção aos aspectos que você
deve avaliar quanto à integridade estrutural. São
eles: grau de corrosão, amassamentos e compo-
nentes, como longarinas, portas e travamentos.
Existem dois tipos de corrosão. A mais profun-
da é estrutural e deve ser evitada. A superficial é
facilmente tratável. Vale lembrar que muita corro-
são significa mais gastos com tratamento e pintura.

· Dimensões dos principais modelos

DRY STANDARD 20 pés 40 pés


COMPRIMENTO (m) 6,058 12
LARGURA (m) 2,438 2,44
ALTURA (m) 2,62 2,62
TARA (kg) 2180 3630
exemplo de container sucateado(amassamentos,
DRY HIGH CUBE (HC) 20 pés 40 pés remendos e corrosão estrutural)
COMPRIMENTO (m) X 12
LARGURA (m) X 2,44
ALTURA (m) X 2,92 Como se tratam de containers usados é importan-
TARA (kg) X 3880 te que você tenha o projeto definido, para utilizá-
-los da melhor maneira. Por exemplo, uma lateral
que esteja danificada pode ser usada para colocar
Felipe Savassi
34
grandes aberturas, como portas e janelas. A par-
te mais conservada e bonita do container deve ser
priorizada como o lado que será exposto.

Um ponto muito importante a ser avaliado é o teto,


pois muitas vezes no momento da escolha, os con-
tainers estão empilhados e não temos acesso vi-
sual à superfície externa, que pode ter pontos de
corrosão. O simples fato de haver amassamentos
no teto implica em acúmulo de água e indica a
existência de corrosão. Sempre peça para baixar o
container da pilha para vistoriá-lo por completo. En-
tretanto, não se atenha apenas à estética. Escolha
o container também com base na procedência e na
documentação.
container amassado, com estrutura comprometida

· Nacionalização do container

Após selecionar o seu container, o segundo passo


é descobrir a procedência dele. É um processo im-
portante, que tem início com o documento de trans-
porte e a licença de importação. Esse é o meio de
conhecer a “identidade” de cada container. Você
deverá confrontar a placa de identificação com a
numeração da Convenção pela Segurança dos
Containers (CSC – Container Safety Convention) e
conferir com a Câmara Brasileira de Contêineres
Exemplo de teto amassado e com pontos de corro- (CBC).
são estrutural

Mas fique tranquilo, os bons fornecedores traba-


lham com caixas nacionalizadas e fornecem toda
essa documentação a você.

A placa CSC (CSC Plate) é como a placa de um veí-


culo. A numeração precisa ser a mesma e em to-
das as faces do container. Confronte todas elas. O
órgão que nacionaliza os containers é a Receita Fe-
deral. Tenha em mente que se ele for estrangeiro e
não for nacionalizado estará irregular e, portanto,
você terá problemas com a sua construção. Há mul-
Felipe Savassi
35
tas previstas em lei. Por isso, exija a documentação!

Modelo de placa CSC

A numeração da placa consta em todas as laterais


do container.

CSC- Placa de identificação que contém, dentre ou-


tras informações, a numeração e ano de fabricação A numeração da placa consta em todas as laterais
do container. do container.

Felipe Savassi
36
Todas as laterais possuem esta numeração. Você
deve confrontar todas elas.

· Laudo de Habitabilidade

Com o container regularizado, o próximo passo é


averiguar a possível contaminação radioativa e bio- Laudo de habitabilidade
lógica. Rastrear o que cada container transportou
ao longo do tempo é praticamente impossível, por
isso é necessário que os laudos sejam feitos. A em-
presa que comercializa os containers pode provi-
denciar esse laudo ou você contrata um profissio-
nal para fazê-lo.

Em Santa Catarina, o serviço de inspeção custa em


média R$250,00. Ele é feito por um técnico com
conhecimento em critérios internacionais de ins-
peção de containers marítimos. O Institute of Inter-
national Container Lessors (IICL) possuiu os parâ-
metros mais abrangentes e detalhados. Sem essas
informações não feche negócio!

Exemplo de contaminação no container

Uma dica valiosa para saber se o container já trans-


Logomarca da IICL portou carga tóxica é procurar marcas de adesivos
em forma de losangos e triângulos nas laterais, que
Felipe Savassi
37
são os símbolos deste tipo de carga. Muitas vezes,
afim de tentar esconder o histórico de carga do
container e com isso aumentar sua liquidez e valor
de revenda na comercialização, os armadores reti-
ram estes adesivos.

Carreta carregada com container Dry de 40’

Exemplo de marcas de adesivos que indicam histó-


rico de transporte de carga tóxica

Transporte de containers

O transporte dos containers é feito prioritariamente Guindaste erguendo um container reefer de 40’
por munk, que variam de acordo com o tamanho e por cima da fiação urbana
o peso das caixas. Para carregar e descarregar os
containers, utilizam-se empilhadeiras, que podem
ou não serem equipamentos do próprio caminhão.
O acesso ao terreno é um fator que deve ser avalia-
do na escolha do equipamento que vai transportar
e carregar o seu container. Alguns caminhões não
acessam terrenos mais acidentados, por exemplo.
Fatores como barreiras, obstáculos, peso ou dis-
tância exigem o uso de guindaste ou de mais um
caminhão.

Felipe Savassi
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Caminhao munk trucado erguendo container dry
de 20’

Empilhadeira movimentando o container no pátio


do armador

Felipe Savassi
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Felipe Savassi
FUNDAÇÃO E INFRAESTRUTURA
DO TERRENO

40
Tipos de fundação

Ao construir uma casa ou módulo em container,


você precisa de uma fundação sobre a qual os
mesmos serão colocados. O tipo vai depender do
orçamento, dos requisitos estruturais de carga e do
perfil do solo. Tomar a decisão errada sobre o tipo
de fundação pode levar todo o projeto para o bu-
raco. Esse é um dos maiores erros que as pessoas
cometem ao construir uma casa em container, por
isso é importante consultar um engenheiro calcu-
lista.

Exemplo de radier de concreto armado


Se você está construindo em um tipo de solo suave,
então você precisará de uma base profunda, como
a fundação com tubulões. Considerando que o solo
seja duro, você pode utilizar bases mínimas, pois
a maior parte do peso será distribuída no terreno
firme. Normalmente, as fundações são as mesmas
da construção tradicional. Para as edificações tér-
reas existem dois tipos de fundações mais comuns:
radier e sapata. Para projetos complexos ou com
mais de um pavimento, contrate um especialista.

· Radier

O radier é uma escolha popular quando o solo é


macio e requer uma distribuição igualitária de peso.
A fundação de radier parece uma laje de concre- Exemplo de radier de concreto armado
to, geralmente um pouco maior do que a projeção
da casa, para que haja uma borda. Você tem duas
opções: ou prevê a infraestrutura das instalacões
elétricas e hidraúlicas antes da concretagem ou
opta por passá-las pela estrutura inferior aos con- · Sapatas
tainers. Atenção, nesse último caso pode ser que
você precise cortar algumas vigas transversais, ge-
rando custos, maior prazo de obra e alteração na As sapatas são a escolha mais popular para a cons-
estrutura do container. trução em containers por inúmeros motivos. Elas
são econômicas, práticas​, rápidas de construir e
permitem a ventilação embaixo dos containers. Po-
dem ser de formato quadrado, retangular, circular,
trapezoidal, entre outros. As sapatas geralmente
são colocadas em cada canto dos containers.

Felipe Savassi
41
As sapatas geralmente são colocados uma em
cada canto dos containers, como no caso do con-
taner de 20’. Já eu prefiro prever 6 sapatas para os
containers de 20 e 8 para os de 40’.

Para projetos térreos, pode-se usar sapatas de 80


cm X 80 cm de base, 60 cm de altura, confome
imagem abaixo, e com altura de pilar de no mínimo
30cm acima do nível do solo, para manter o projeto
elevado, com ventilação e longe do solo húmido.

Exemplo de sapatas com altura de 30cm, prontas


para receber o módulo

Sapata de concreto armado em execução

Modelo de sapata para casa térrea

Felipe Savassi
42
utilizadas também neste sistema construtivo, con-
forme imagens abaixo.

Side Twistlock

Exemplo de outras possibilidades de sapatas ou


blocos de fundacão

Estabilização do container na fundação


Exemplo de container afixado no radier por side
twistlock

O próprio peso do container é suficiente para encai-


xar firmemente o mesmo sobre a base. No entanto,
o mais indicado é que seja previsto chapas de aço
na superfície da fundação para que os containers
sejam soldados ou aparafusados. Um parafuso em
cada canto do container garante que eles fiquem
sólidos e seguros.

Outra opção e especifica para containers, é o uso


do twistlock ou side twistlock, que são peças para
acoplagem de containers nos navios e podem ser
Felipe Savassi
43
Esquema demostrando como afixar container na
fundaçãoo utilizando os twistlocks

Twistlock plate para fixação na base/fundação

Existe também a opção de utilizar pilares metálicos


como superestrutura com o twistlock soldado no
topo.

Twistlock plate chumbado na base a espera do


container
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SERRALHERIA

Felipe Savassi
45
A serralheria e demais etapas de preparação do controlado(fábrica)
container podem ser executadas simultaneamente
à fundação e à infraestrutura no terreno. A serra-
lheria é a primeira intervenção pela qual o contai-
ner passa. Nessa etapa são feitas as aberturas de Tipos de corte
paredes, portas, janelas e tubulações, assim como
os requadros de acabamento e reestruturação do
container. Quanto mais cortes, mais material e mão de obra
você gasta, o que aumenta o custo da obra. Entre-
tanto, a sugestão é não economizar nesse item. As
Essa fase é realizada no local da obra ou em am- aberturas agregam valor e design ao projeto, além
bientes controlados, que é o recomendado. Esses de serem fundamentais para o conforto ambiental
espaços são empresas especializadas, com toda a da edificação, visto que permitem a ventilação cru-
estrutura necessária para as transformações, sem zada e a entrada de luz natural nos ambientes.
riscos ao container e com mais qualidade na en-
trega do trabalho final. Depois de ter todas as me-
didas de acordo com o projeto, passamos para a As ferramentas mais comuns para essa etapa são
etapa de corte. os maçaricos, as lixadeiras de corte e a esmerilha-
deira angular. Porém, existem métodos que garan-
tem cortes com qualidade superior, como as máqui-
nas de corte a plasma. O corte é perfeito, o tempo
de trabalho é muito menor, mas elas são mais caras.

Exemplo de serralheria executada no terreno final

Exemplo de serralheria executada em ambiente


Felipe Savassi
46
um bom profissional pode gerar economia em ou-
tras fases essenciais do projeto, além de ser garan-
tia de qualidade.

Exemplo de cortes executados com lixadeira de


Esquema que demonstra a deformação estrutural
corte
nos containers se feitos de forma incorreta

Exemplo de corte executado com maquina de corte


a plasma Exemplo de reforço estrutural para grande vãos
com vigas metálicas

Nas imagens a seguir podemos verificar como deve


ser feita as aberturas de grandes vãos nas paredes
Reforços estruturais dos containers. Deve-se deixar cerca de 30cm do
painel a ser aberto ou prever uma viga metálica de
reforço, afim de evitar a deformação estrutural cita-
Os painéis de fechamento do container desempe- da acima.
nham uma função estrutural e são responsáveis
pela amarração e pelo contraventamento da estru-
tura. Ao fazer as aberturas no container é preciso
redobrar a atenção para executar somente o que é
realmente necessário. Alguns cortes enfraquecem
a estrutura do container. Cada abertura precisa ser
compensada de alguma forma para que a estrutura
permaneça estável, o que requer um cálculo estru-
tural e um responsável técnico. O investimento em
Felipe Savassi
47
As aberturas feitas em containers são arrematadas
com requadros, geralmente feitos de tubos de aço
metalon, perfis metálicos ou chapas dobradas. Os
tubos podem ter sessões quadradas, retangulares
ou redondas, com diferentes dimensões e espes-
suras, dependendo do orçamento e, especialmen-
te, do design pretendido.

Exemplo de abertura de grandes vãos da forma


correta com manutenção de parte do painel lateral
do próprio container como reforço estrutural

Quando o projeto pede que o container seja divi-


do ao meio ou em partes distintas, um requadro de
reforço estrutural deve ser implementado nas ex- Exemplo de requadro tubular(à esquerda) e abertu-
tremidades. Pode-se dizer que novos containers ra sem requadro(à direita)
independentes são criados e, portanto, devem ter
a capacidade individual de suportarem possíveis
cargas futuras.

Exemplo de requadro com chapa dobrada

Exemplo de reforço estrutural ao dividir um módulo


original em duas ou mais partes

Requadros

Felipe Savassi
48
twistlocks, parafusos, solda ou abraçadeiras, ape-
sar de existirem outras. O mais barato e menos se-
guro é a união por abraçadeiras.

Parafusar os containers é uma boa escolha. Há


pontos de encaixe entre um container e o outro,
as chamadas castanhas. Você também pode utilizar
uma chapa de aço para reforçar essa conexão. Uma
boa alternativa é a soldagem, que deixa a estrutura
geral da edificação mais rígida e estável. Contudo,
Exemplo de requadro tubular essa possibilidade limita ou dificulta a desmonta-
gem futura dos módulos.

Exemplo de requadro com chapa dobrada

Um padrão aconselhado é o requadro de 16 cm x 4


cm, com dois tubos de 8 cm x 4 cm soldados lado a
lado. Para requadros mais robustos, utilize chapas
dobradas criando um elemento de 25 cm x 4 cm ou
mais. Há quem opte por deixar as aberturas sem
requadros, porém não é indicado já que a chapa
do container é muito fina e pode ficar instável sem
o acabamento. Exemplos de como utilizar chapas metálicas solda-
das nos containers para então serem aparafusadas
para acoplamento dos módulos

Acoplamento de containers A melhor e mais indicada opção é o uso de twistlo-


cks, que são peças desenvolvidas especificamente
para acoplamento de containers e com isso garan-
Uma vez que os containers foram estabilizados tem ótima estabilização, além de permitirem que
na fundação, é hora de conectá-los um ao outro sejam desacoplados casa seja necessário futura-
de maneira segura. As opções mais comuns são: mente.
Felipe Savassi
49
Exemplos de acoplamento vertical de containers
utilizando twistlocks. Estes mesmo sistema pode
ser utilizado na horizontal também.

Felipe Savassi
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Exemplo de acoplagem dos containers com barra
de cantoneira metálica soldada no teto dos dois
módulos e revestida com manta impermeabilizante
de alumínio + PU

O acoplamento de dois containers com pilares de


reforço por barras garante solidez estrutural, além
de ser fundamental no transporte e na elevação,
pois garantem que o container não retorça. Após
a instalacao no local os pilares de reforço sao reti-
Exemplo da utilização de twistlocks com chapas de
rados.
aço para acoplamento dos containers de diversas
maneiras. Este sistema pode ser utilizado tanto na
vertical quanto na horizontal.

Os containers devem ser soldados na união do


teto, do piso e das paredes finais. Isso garante que
todos os pontos de contato estejam presos um ao
outro. Para evitar ferrugem, a dica é colocar algu-
mas camadas de tinta látex sobre cada uma das
barras de aço plana. Certifique-se de cobrir com-
pletamente a área da solda.

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Detalhe dos pilares de reforço para transporte dos
containers. Antes do transporte e depois da obra
acabada

Detalhe da estrutura de conexao feita em madeira


entre dois containers

Detalhe de um projeto que utilizou dois containers


de 40’. Módulos semi prontos e com reforço es-
trutural na fabrica à espera do carregamento para
transporte

O uso de uma plataforma de conexão em madeira


em metal entre os containers é uma ótima sugestão
de acomplamento e um excelente recurso para ga-
nhar espaço.
Felipe Savassi
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Exemplo de acoplagem e estabilização de 04 con-
tainers com barras metálicas atirantadas em forma
de X

Felipe Savassi
53
Felipe Savassi
TELHADO E
IMPERMEABILIZAÇÃO

54
Adicionar um telhado ao seu container é uma ques-
tão de preferência e budget ($). Existem possibili-
dades para diferentes objetivos, gostos e bolsos.

Cobertura original

A solução mais fácil, rápida e barata é usar a co-


bertura plana do próprio container. Se a opção for
por deixar o teto original, a sugestão é aplicar tinta
à base de poliuretano (PU), manta asfáltica em rolo
ou líquida e para assegurar a longevidade do seu
container.

Exemplo de aplicacao de tinta epoxi impermeabi-


lizante.

No entanto a solução mais eficaz são as mantas


térmicas liquidas de nano tecnologia, que tem pro-
priedades reflexivas, térmicas e acústicas.

Exemplo de aplicacao de manta asfaltica imperme-


abilizante

Exemplo de teto de container impermeabilizado


com manta liquida reflexiva termo-acustica de nano
tecnologia

Embora manter a cobertura de fábrica economize


tempo e dinheiro em sua obra, deixa o container
suscetível a possíveis acúmulos de água em alguns
pontos, o que pode gerar ferrugem e perda de in-
tegridade estrutural ao longo do tempo. Por isso, é
fundamental protegê-lo. O telhado plano também
Exemplo de aplicacao de manta asfaltica aluminiza- oferece pouco isolamento, visto que o container é
da impermeabilizante feito de aço, e por isso transfere o calor e o frio para
o interior. Sem isolamento apropriado ou abrigo ex-
terno, você terá menos conforto na habitação.
Felipe Savassi
55
Quando a opção for deixar o telhado plano, a previ-
são de forro de isolamento termo-acústico interno
de no mínimo 10cm de espessura é obrigatória para
um bom conforto ambiental.

Cobertura meia água

As coberturas ajudam a criar o isolamento adicio-


nal e fornecem uma camada de proteção contra o
acúmulo de água, pois oferecem beirais para evitar
o gotejamento em janelas e portas. Esse tipo de
cobertura pode ter uma única inclinação ou mais,
dependendo do que o projeto demanda.

A meia água é uma opção barata, simples e rápida Exemplos de telhados com estrutura metalica e
de executar, além de ser ideal para alojar painéis telhas tipo sanduiche “meia água”
solares. O primeiro passo na instalação é definir
qual o tipo de telha e material serão usados. A op-
ção mais assertiva é a telha sanduíche, que é leve, Cobertura suspensa
resistente, bonita, com cores variadas e detém ca-
racterístcas termoacústicas.
Soltar o telhado da estrutura do container, criando
um efeito de telhado suspenso, é uma boa dica
Essa cobertura requer uma estrutura também com para quem deseja aliar design e conforto ambiental
pouco peso. Os materiais são diversos, desde o ao projeto. Essa solução permite, ainda, que haja
metal e a madeira, que são os mais comuns, até o fluxo de ar no telhado, evitando que se forme um
bambu. Um bom carpinteiro telhadista ou serralhei- colchão de de ar quente sobre o teto.
ro pode realizar o serviço com facilidade.

Felipe Savassi
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Exemplos de telhados suspensos que permitem o
fluxo de ar entre a cobertura e o container

Telhado verde
Detalhe dos rufos de acabamento nas bordas do
A laje jardim, como também é conhecida, é a op- telhado e na calha(detalhe) de captação de águas
ção favorita de muitas pessoas, mas também é a pluviais
mais complexa. É a cobertura mais cara e a que re-
quer mais manutenção. Os benefícios justificam o
investimento e o cuidado. O telhado verde facilita A indicação é para que o telhado verde seja insta-
a drenagem do terreno, pois reduz a velocidade lado sobre uma plataforma apoiada nas extremida-
do escoamento de água da chuva; fornece inér- des do container e inclinada entre 3 e 5%, para que
cia térmica ao container, diminuindo a temperatura a água seja escoada e captada, e não se acumule
interna nos dias quentes e mantendo o calor nos sobre o container, o que poderia causar excesso de
dias frios; propicia diferencial estético; aumenta peso e deformação estrutural.
a biodiversidade; compensa a área impermeável
que foi ocupada no térreo, permitindo a criação de
áreas de lazer, como terraços e hortas; capta águas
pluviais; contribui para melhoraria da qualidade do
ar; e minimizar os efeitos das ilhas de calor.

Exemplo de telhado verde com estrutura metálica


apoiada nas extremidades do container

Felipe Savassi
57
3) Camada filtrante: para reter partículas, é feita com
um geotêxtil;

4) Membrana de proteção contra raízes: para con-


trolar o crescimento da vegetação em profundida-
de;

5) Solo e vegetação. 

Telhado verde instalado sobre estrutura de madei-


ra, com sistema de captação de água de chuva(-
detalhe) e beiral.

Esquema para telhados verde


Os telhados verdes, segundo a Internacional Green
Roof Association (IGRA), podem ser de três tipos: Existem outros sistemas menos comuns que tam-
bém merecem serem mencionados. Sao placas
que são instaladas como módulos sobre o teto do
container, com a vantagem de serem práticas na
A) Extensivo: com plantas rasteiras de pequeno
montagem e com a possibilidade de remontagem
porte, geralmente com grama, pela durabili-
em outro local. No entanto, não permitem pisoteio.
dade. Altura média de 6 cm a 20 cm e peso
Calhas e rufos de acabamento servem para prote-
entre 60 kg/m² e 150 kg/m². A manutenção
ger o aço do container e captar as águas pluviais.
pode ser feita uma ou duas vezes por ano;
Outra sugestão é utilizar plantas locais, pois elas
B) Intensivo: com  plantas de nível médio e
são mais resistentes e demandam pouca rega e
grande. Altura de 15 cm a 40 cm e peso en-
poda. A última dica para a execução do telhado
tre 180 kg/m² e 500 kg/m². Requer mais ma-
verde é a contratação de um especialista, porque
nutenção;
são muitos as especificidades e detalhes a serem
C) Semi-intensivo: com plantas de porte médio.
considerados.
Altura de 12 cm a 25 cm e peso entre 120 kg/
m² e 200 kg/m².

Na prática, a instalação das camadas do telhado


verde deve respeitar a seguinte ordem:

1) Camada impermeabilizante: para proteger o teto


das infiltrações, normalmente feita com mantas sin-
téticas;

2)  Camada drenante: para drenar e filtrar a água,


pode ser feita de argila expandida e mantas dre-
nantes de poliestireno ou de brita e seixo, que me- Sistema de telhado verde com uso de placas
nos indicadas por causa do peso;
Felipe Savassi
58
- Autolimpante

PINTURA

Modelo de fossa com biodigestor da marca Tecni-


par

Detalhe de como funciona o modelo de fossa com


biodigestor da marca Tecnipar

· Elétrica
Felipe Savassi
59
Chegamos a uma etapa muito importante e diver- container apresente muitos pontos, o jatea-
tida. A pintura protege o container e dita a estéti- mento completo é o ideal, apesar de ser um
ca do projeto. A grande maioria dos containers é processo custoso;
comprada com alguma avaria, que pode ser sujeira,
corrosão ou amassamento. O container é fabrica-
do com aço corten, que é um tipo de aço com ele-
mentos que têm propriedades anticorrosivas, como
fósforo e cobre.

Embora este aço seja mais resistente à corrosão,


ele ainda precisa ser tratado para mantê-lo em
boas condições por mais tempo. A pintura poder
ser feita in loco, mas a indicação é para que você
contrate uma empresa de pintura que execute o
trabalho em um ambiente controlado, livre de poei- Container sendo lixadom com lixadeira elétrica
ra e intemperes. (Imagem do curso A FORMULA DA ARQUITETURA
EM CONTAINERS – versão online)

Etapas do processo de pintura

1) Lavar o container com uma lavadora de alta


pressão para retirar a sujeira grossa. Após a
limpeza, excluir os números de identificação
e a logomarca. Utilize estilete ou faca, pois
os números são adesivados no container;

Container sendo jateado com esferas metalicas


(Imagem do curso A FORMULA DA ARQUITETURA
EM CONTAINERS – versão online)

Container sendo lavado (Imagem do curso A FOR-


MULA DA ARQUITETURA EM CONTAINERS – ver-
são online)

2) Tratar todos os pontos enferrujados no con-


tainer. Há duas técnicas: a) lixamento dos
pontos corroídos; e b) jateamento de areia/
esferas metálicas nos pontos corroídos. Am-
bas devem deixar o material original à mos- Container sendo jateado com esferas metalicas
tra, sem nenhum ponto de corrosão. Caso o
Felipe Savassi
60
Container com aplicação de massa plástica nos
pontos lixados

4) Com a massa seca, passar uma lixa fina em


Container totalmente jateado com esferas metáli- todo o container, assim como em uma funi-
cas laria;

3) Aplicar massa plástica nos pontos onde ha- 5) Com uma pistola de ar comprimido ou com
via corrosão, para regularizar a superfície e um rolo, aplicar a base anticorrosiva (primer)
a textura do painel, assim como na pintura em toda a superfície do container, inclusive
automotiva; internamente;

Container com aplicação de massa plástica nos Exemplo de aplicação de primer anticorrosivo em
pontos lixados (Imagem do curso A FORMULA DA toda a superfície do container, incluindo interna-
ARQUITETURA EM CONTAINERS – versão online) mente (Imagem do curso A FORMULA DA ARQUI-
TETURA EM CONTAINERS – versão online)

6) Com a base seca, lixar o container nova-


mente com a lixa fina;

Felipe Savassi
61
7) Momento da tinta. Pode-se utilizar a auto-
motiva, a epóxi, o esmalte ou a antitérmica. Muito importante lembrar pessoal, que para esse
Entre a pistola de ar comprimido e o rolo, a mesmo processo de pintura existem três categorias
primeira opção tem sempre o melhor resul- de tinta, que vão variar entre preço e durabilidade.
tado. Tá, mas qual escolher?

Vamos tomar como base a pintura de um container


DRY HC de 40’, sem contar a aplicação de massa
plástica.

Você tem 3 opções de tinta, sendo a primeira com


uso de esmalte sintético, tanto primer , quanto aca-
bamento, a segunda com uso de primer PU e aca-
bamento PU e a terceira com primer epox e acaba-
mento PU.

Os valores e a durabilidade de cada umas des-


sas opções é diretamente proporcional. Na opção
com esmalte sintético você vai gastar em média
Exemplo de pintura com utilização de pistola de ar
R$950,00 de material com previsão de durabilida-
comprimido (Imagem do curso A FORMULA DA AR-
de de 2 anos, enquanto nas demais opções com
QUITETURA EM CONTAINERS – versão online)
PU e Epox você gastará em torno de R$2.000,00
com material e durabilidade entre 4 e 5 anos.

O resultado satisfatório do seu projeto e a vida útil


de seu container dependerá muito do tipo e quali-
dade do processo de pintura, incluindo a tinta utili-
zada. Fique ligado! .

Exemplo de pintura com pistola de ar comprimido

Exemplo de container pintado com tinta epóxi anti- Exemplo de container pintado com tinta epóxi anti-
térmica de nanotecnologia no teto do container térmica de nanotecnologia
Felipe Savassi
62
Felipe Savassi
INSTALAÇÕES ELÉTRICA
E HIDROSANITÁRIA

63
Nenhuma habitação está completa sem serviços
básicos. Duas etapas envolvem as instalações elé-
trica e hidrosanitária de uma edificação em contai-
ner: a) a infraestrutura das instalações no terreno; e
b) o sistema de instalações no módulo.

Infraestrutura das instalações no terreno

· Água

Exemplo de sistema de fossa séptica


A infraestrutura de água envolve basicamente a co-
nexão entre o ponto de chegada da água no ter-
reno e o ponto de recebimento no container, que
abastece a caixa d’água.

· Esgoto

Para o esgoto existem duas situações que depen-


dem da existência de rede de esgoto pública no
local. Caso exista, você deve construir a caixas de
passagem e de gordura e fazer a ligação até a rede
de esgoto publica. Caso não exista, você precisa Exemplo de sistema de fossa séptica
providenciar a fossa, o filtro anaeróbico e o sumi-
douro, para então fazer a ligação até o container.
O tipo de fundação que você escolher impacta em
como será executada a infraestrutura da instalação
hidrosanitária, uma vez que elas podem ser incom- Existe a fossa com biodigestor. Sua tecnologia reú-
patíveis. ne em um só produto os processos da fossa sép-
tica com filtro anaeróbio! O sistema de tratamento
de esgoto é prático, compacto e eficiente porque
É importante lembrar que no caso das fundações elimina até 80% da matéria orgânica presente no
com radier, sapata corrida ou viga baldrame, você efluente.
precisará prover a tubulação antes da concretagem
- Melhor custo-benefício
ou utilizar o espaço entre as vigas transversais do
container para passá-la. Nesses sistemas o con- - Mais eficiente
tainer fica apoiado diretamente nessas estruturas,
não restando espaço entre o container e a funda- - Sistema completo de tratamento
ção, o que impede a possibilidade de manuseio da
tubulação, seja elétrica ou hidrosanitária. Nas fun- - Dispensa caminhão-fossa
dações com sapatas, blocos ou tubulões você tem - Pronto para funcionar
a possibilidade de executar as conexões entre as
instalações depois de assentar o container. - Maior garantia do mercado
Felipe Savassi
64
- Autolimpante
Tudo do que você precisa é de um ponto com ener-
gia para o container, que geralmente será ligado ao
padrão de energia de seu terreno. Como sugestão,
utilize o sistema plug and play e simplifique a edifi-
cação. Deixe-a apta para ser desconectada e mo-
vida de lugar sem a necessidade de um eletricista.

Modelo de fossa com biodigestor da marca Tecni-


par

Exemplo de tomadas do sistema plug&play

Sitema de instalações no módulo

Detalhe de como funciona o modelo de fossa com


biodigestor da marca Tecnipar Antes de iniciar esta etapa, você deve estruturar o
drywall (parede de gesso) de revestimento e sepa-
ração de ambientes.

· Elétrica
Felipe Savassi
65
Primeiramente, você precisa alimentar o quadro de
distribuição com a energia que chega da rede, que
como sugeri anteriormente, pode ser feito com o
sistema plug&play. Em seguida, através das pare-
des e do forro do container, é necessário dividir os
circuitos por meio de mangueiras corrugadas e/ou
eletrocalhas. Existem duas maneiras de fazer isso:
internamente ou externamente. Na primeira, você
passa as mangueiras e os conduites pelas paredes
e forros. É o método mais barato e se assemelha
ao acabamento de uma casa convencional. Já na
opção externa, os eletrodutos, interruptores e to-
madas ficam aparentes e conferem um estilo mais
industrial ao projeto. Os materias podem ser de
Estruturação do Drywall montada e que irá receber PVC (plástico), alumínio ou aço galvonizado.
o sistema elétrico e hidráulico interno

· Instalação elétrica

Assim como em uma alvenaria convencional, a pri-


meira pergunta que deve ser feita ao planejar as
instalações elétricas é “onde você pretende insta-
lar o quadro de distribuição?”. Também tenha em
mente que os cotainers são caixas metálicas e que
o metal é um ótimo condutor de eletricidade. Por
isso, um sistema de aterramento, com mangueiras
corrugadas e materiais certificados é primordial.

Conduites eletricos(mangueiras corrugadas)passa-


das internamente na estrutura do drywall

Nesse quesito observamos uma das grandes di-


ferenças do sistema construtivo em container. Em
uma obra convencional todas as paredes, muitas
vezes já rebocadas, sofrem o famoso quebra-que-
bra para a inserção das tubulações elétricas e hi-
draúlicas. No sistema construtivo em containers
isso não é necessário, gerando muito dispercício
tanto de material quanto de mão de obra e conse-
quentemente mais tempo e dinheiro.

Quadro de distribuição

O processo, apesar de não parecer, é muito fácil.


Felipe Savassi
66
Conduites elétricos (tubos de alumínio pintados de
preto) externos afixados à placa de OSB, conferin-
do estilo industrial ao projeto
O tipo de acabamento desta opção fica idêntico
ao sistema tradicional como pode ser verificado na
imagem acima

· Instalação hidrosanitária

O sistema de instalação hidrosanitária em container


é, basicamente, o mesmo usado na alvenaria con-
vencional. O que muda é que, ao invés da tubula-
ção passar por dentro das paredes de alvenaria, os
tubos passam por dentro das paredes de drywall.
O processo é mais limpo, seco e com desperdício
mínimo. Para facilitar a manutenção, utilizar shafts
é o melhor recurso para centralizar a prumada hi-
dráulica em um mesmo local.

Felipe Savassi
67
Parede hidráulica, passada internamente pelo é o mais indicado, pois o corte das paredes para
drywall passagem da tubulação não permite um acaba-
mento muito bem feito.

· Instalação hidráulica

A instalação hidráulica também é simples e fácil de


ser executada. Na maioria das vezes, a tubulação
é prevista para passar por dentro da parede de
drywall, assim como a parte elétrica.

Exemplo de sistema hidráulico tipo PEX, passado


internamente no drywall

Uma a outra opção que vem sendo bastante tra-


balhada nos containers é o sistema PEX. Esse é
um sistema com tubulação de plástico, que pode
ser utilizado nas instalações hidráulicas para água
quente e fria. A resistência térmica e a facilidade de
instalação são algumas das razões que atraem os
engenheiros.

Tubulação hidráulica passada internamente ao · Sistema de esgoto


drywall

No sistema de esgoto o principal a ser lembrado é


que ele funciona com a força da gravidade. O que
significa que você precisa permitir uma queda en-
tre os drenos e a saída da tubulação. É necessário
perfurar o piso do container em cada um dos pon-
tos sanitários para permitir que os tubos dos ralos,
vasos sanitários e demais pontos sejam conecta-
dos à rede.

É importante prever a inclinacão dos tubos do sis-


tema de esgoto devido à resistência causada por
viagens horizontais dos dejetos. Uma dica: para
evitar a distância entre duas linhas de esgoto, tente
Tubulação hidráulica passada externamente às pa- organizar a sua planta para que todos os drenos
redes possam se conectar na mesma rede. Ou seja, co-
zinha e banheiro pertos um do outro minimizam o
Outra possibilidade é a passagem externa dessa
impacto visual do sistema do lado de fora da edifi-
tubulação, coferindo um aspecto industrial ao pro-
cação e reduzem os custos do projeto.
jeto. Com container Reefers esse tipo de instação
Felipe Savassi
68
Felipe Savassi
ISOLAMENTO
TERMOACÚSTICO

69
O isolamento termoacústico é, sem dúvida, a maior é a estruturação do drywall, a partir da instalação
objeção para a construção com containers. “É mui- dos montantes e guias, que podem ser metálicos
to quente? Dá para morar?”. Claro que dá! O iso- ou de madeira. Caso sejam metálicos, podem ser
lamento térmico nos containers é o responsável soldados no próprio container. Se forem de madei-
por manter a temperatura interna ideal, sem que as ra, precisam ser parafusados e os furos devem ser
temperaturas externas invadam o ambiente. Vamos vedados, para evitar infiltrações e corrosão no con-
nos referir ao container Dry, visto que o Reefer é tainer. Após a estruturação do drywall, os espaços
originalmente revestido termicamente. Pelo fato criados em meio aos montantes terão a função de
do Dry ser feito com aço corten, um material com armazenar as tubulações elétrica e hidráulica, além
condutividade extremamente alta, o isolamento do isolamento termoacústico.
termoacústico é obrigatório. A exceção é para os
casos em que os módulos ficam acondicionados
internamente em outras edificações, os chamados
“Inside Containers”, que ficam assim protegidos das
intempéries.

Detalhe da estrutura do container reefer, que já


vem originalmente isolado termicamente

Exemplo de “Inside Containers”

Quem procura por um isolamento térmico de qua- Exemplo de estruturação do drywall, que recebe-
lidade deve, antes de tudo, procurar uma empresa rão as mantas termoacusticas
especializada e escolher o material mais resisten-
te, seguro e de fácil aplicação. O primeiro passo
Felipe Savassi
70
A espessura final da parede de isolamento é direta- mo de energia do ar condicionado. Ela é leve e fácil
mente proporcional ao seu desempenho. Ou seja, de cortar, não deteriora ou apodrece, não favorece
quanto mais espessa mais isolante. O mercado dis- a proliferação de fungos ou bactérias, não prejudi-
ponibiliza as espessuras de 48, 70 e 90 milímetros. ca as superfícies com as quais está em contato, não
Dê preferência aos de 90 mm, para garantir um é atacada por roedores, não diminui a capacidade
acabamento final de 11,5 cm na parede, o que re- isolante com o tempo e, ainda, possui alto poder de
presenta máxima eficiência. No Brasil, os materiais isolação térmica e absorção acústica.
de isolamento mais utilizados são: EPS (poliestireno
expandido ou esopor), lã de vidro, lã de pet e lã de
rocha.

EPS

O EPS ou Isopor, como é conhecido no país, é um


material muito leve e fácil de transportar. Ao ser
utilizado como isolante térmico, atua como uma
barreira na transferência de calor entre o ambiente Detalhe rolo de lã de vidro
externo e o interno. Assim, no inverno o ambiente
mantém a temperatura interna e no verão o calor
não invade a edificação. Preenchendo muito bem
esses requisitos, o EPS se apresenta como um dos
principais materiais utilizados para o isolamento tér-
mico na construção civil.

Exemplo de isolamento com lã de vidro

Lã de pet
Isolamento com eps

A Lã de pet, também conhecida como Isosoft, é


Lã de vidro uma opção ecologicamente correta. Ela substitui as
demais alternativas com muita competência e tem
muita sintonia com o conceito de sustentabilidade
do sistema construtivo em container. É bastante
A lã de vidro é uma ótima opção para isolamen- utilizada por seu grande potencial em isolamento
tos termoacústicos em paredes, telhados, portas, acústico e térmico, pela durabilidade e por ser mui-
coberturas e containers. Instalando esse material to resistente às ações do clima.
você melhorar a acústica do container e gera eco-
nomia na climatização, porque a lã reduz o consu-
Felipe Savassi
71
Produzida com 100% de poliéster, matéria-prima
derivada das garrafas pets, a lã preserva o meio
ambiente por meio da reutilização de milhares de
garrafas que seriam despejadas na natureza. Por
ser de um material totalmente atóxico e hipoalergê-
nico, a instalação não exige o uso de Equipamento
de Proteção Individual (EPI), o que reduz o custo
da obra e diminui a preocupação com as pessoas
envolvidas.

Exemplo de isolamento com lã de pet


Detalhe rolo de lã de pet Lã de rocha

A lã de rocha garante conforto termoacústico, além


de ser um material ambientalmente correto e se-
guro. Composta basicamente de rocha diábase, as
fibras são ligadas a uma resina e prensadas para
que tomem a forma desejada. A principal vantagem
da lã de rocha em relação aos outros materiais é a
alta resistência ao fogo.

Felipe Savassi
72
Detalhe rolo de lã de rocha

Exemplo de isolamento com lã de rocha

Comparando os materiais, o que importa não é


somente a densidade (peso por m³), mas a perfor-
mance e os coeficientes de absorção acústica e
resistência térmica. A lã de rocha e a de vidro, por
exemplo, são de duas a três vezes mais pesadas
que a de pet. Entretanto, todas proporcionam exce-
lentes resultados de isolamento térmico e acústico.
Ainda assim, a lã de pet é muito mais leve, o que e
reduz os custos com transporte, pois ela pode ser
compactada sem perder suas características origi-
nais.

Felipe Savassi
73
Felipe Savassi
ACABAMENTO E
REVESTIMENTO

74
Os tipos de acabamentos para edificações em
containers são praticamente os mesmos utilizados Tipos de placas Gesso acartonado:
em construções convencionais, podendo comple- · chapa ST (Standard) - uso geral;
mentar também a eficiência termoacústica, com o · Chapa RU (Resistente à umidade) - área mo-
diferencial da função estética e decorativa. Para o lhadas;
revestimento da estrutura de isolamento, o drywall, · Chapa RF (Resistente ao fogo) - utilizadas
existem diversos materiais que podem ser encon- em saídas de emergência e área enclausu-
trados no mercado. radas. Possui material retardante de chamas.
· Chapa para áreas externas - Chapas cimen-
ticias - utilizadas para áreas externas
· Chapa Flexível - para fazer superfícies cur-
Gesso acartonado vas;
· Chapa perfurada - para absorção acústica;
O gesso acartonado é uma placa de gesso mistu- · Chapa de alta dureza;
rada com papel cartão, utilizada em vários projetos
de design e arquitetura para interiores. Por ser um
material versátil e prático, é a principal escolha para
containers. Quando pintado, apresenta as mesmas
características visuais de uma alvenaria convencio-
nal. Demais vantagens: pouco peso, alta resistência
ao fogo e compatibilidade com outros materiais de
revestimento, como cerâmicas, pastilhas, porcela-
natos, tintas e papel de parede.

Exemplo de acabamento utilizando placa de gesso


acartonado (Imagem do curso A FORMULA DA AR-
QUITETURA EM CONTAINERS – versão online)

Detalhe placas de gesso acartonado

Mas atenção! Esse acabamento deve ser evitado


em áreas que tenham contato com a água. Para
ambientes como banheiros e cozinha existem as
placas resistentes à umidade (RU), que geralmen-
te são encontradas na cor verde. Para uso geral,
a chapa Standard (ST) é suficiente. Em saídas de
emergências a ideal é a resistente ao fogo (RF), que
também retarda as chamas. Em áreas externas uti-
lize as chapas cimentícias. Para superfícies curvas
existem as flexíveis. Caso necessite de absorção
acústica, aposte na chapa perfurada. Para garantir
vida longa sem rupturas ao material invista na cha-
pa de alta dureza.
Felipe Savassi
75
Projeto de loja com dois containers Dry de 40’ que
utilizou gesso acartonado em seu acabamento. As
imagens mostram o antes e depois de transportado
e finalizado.

No entanto alguns cuidados devem ser tomados


principalmente com relação ao contato com a água.
Para este fim, nas áreas molhadas de seu proje-
to como banheiros e cozinha, existem as placas
RU(resistentes à umidade). Geralmente vem na cor
verde como na imagem abaixo. Exemplo de reforço no drywall com OSB para ins-
talação de prateleiras

OSB

O Oriented Strand Board é um tipo de painel


estrutural utilizado em construções de steel e
wood frame, muito versátil, durável e resistente.
É sustentável, pois é composta por material de
reflorestamento e reciclagem. Essas tiras de madeira
são prensadas com resina em várias camadas, sob
altas temperaturas e pressão.

Placa de gesso RU antes e depois de pronta

Outra questão importante mas nem sempre realiza-


da é quanto aos reforços que devem ser feitos nos
pontos onde forem demandados resistência como
no caso de instalação de barras de apoio, banca-
das ou prateleiras. Nestas situações, uma placa de
OSB ou madeira deve ser colocada atrás como re-
forço.
Detalhe placa de OSB

O material é passível de ser usado como acaba-


mento final, sem a necessidade de massa ou pin-
tura. É estiloso e pode ser aplicado com aço, vidro,
Felipe Savassi
76
madeira e concreto. Diferente do gesso acartona-
do, o OSB não necessita de reforço estrutural no
drywall para instalação de prateleiras, bancadas,
armários, barras de apoios para instalações PNE
entre outros .

Tipos de OSB no mercado:


· OSB Multiuso - ideal para construção civil,
embalagens, moveis e decorações;
· OSB Home - vem com sela TECO TESTED
em uma de suas faces e tinta verde nas bor-
Com o uso de OSB, nao há a necessidade de
das que indicam resistência à umidade;
reforço estrutural no drywall
· OSB lixado - pronto para o uso e com acaba-
mento mais fino;
· OSB Home M&F - painel que possui sistema
de encaixe tipo macho e fêmea, sendo ideal PVC
para estrutura pisos e aceita qualquer tipo
de revestimento. Os forros em PVC são uma solução prática, econô-
· OSB Tapume - painel com características e mica, durável, lavável e ecológica para containers.
dimensões(1,22 x 2,20m) ideias para tapu- Contudo, esteticamente é a que menos me agrada.
mes. Seu material é de alta resistência, imune aos cupins
e à umidade, dispensa pintura, não propaga fogo
e tem boa durabilidade. Por ser mais barato, com
fácil instalação e manutenção, o material é utilizado
amplamente em projetos de edificações em contai-
ners de linha popular e baixo custo.

Detalhe placa de PVC

OSB usado como acabamento para o ambiente


interno

Felipe Savassi
77
natura) e também com uma ou com as duas faces
revestidas por melamínico (BP) ou finish foil (FF). O
MDF é um produto desenvolvido especialmente
para uso interior e não deve ser exposto à ação
da água. Ou seja, deixe-o longe de ambientes com
umidade excessiva. O MDF é fabricado com um
composto que cria uma barreira protetiva ao ata-
que de insetos furadores. Porém, o risco existe. O
melhor é tratar preventivamente o local no qual ele
será instalado.

Módulo habitacional com acabamento do drywall


em placas de PVC

MDF

O painel de fibras de média densidade, feito com


madeira, tem uma composição homogênea em
toda a superfície, diferentemente do OSB. Resis-
tente e estável, é uma boa opção de acabamento
Exemplo de casa que uniu dois containers Dry de
interno para o seu container, que também pode ser
40’, com uso de MDF no acabamento do drywall
usado na criação de painéis e móveis. Ele pode ser
pintado ou laqueado, cortado, lixado, entalhado,
perfurado, colado, pregado, parafusado, encaixado
e moldurado, tanto por equipamentos industriais
quanto por ferramentas convencionais para madei- Placas cimentícias
ra.

A placa cimentícia é a alternativa de acabamento


mais bonita e mais cara, para uso interno e externo.
Os componentes são produzidos industrialmente,
com alto padrão de qualidade e prontos para o
uso. Produzidas com a tecnologia Cimento Refor-
çado com Fio Sintético (CRFS), as placas são ideais
para projetos que exijam versatilidade, rapidez na
montagem e excelente acabamento. Podem ser so-
luções em áreas úmidas e secas, fachadas, módu-
los construtivos, beirais e oitões, dutos, construção
steel framing, entre outras.

O MDF pode ser encontrado sem revestimento (in


Felipe Savassi
78
áreas molhadas

Detalhe placas cimentícias

Produzidas com a tecnologia CRFS - Cimento Re-


forçado com Fio Sintético, são ideais para projetos
que exijam versatilidade, rapidez na montagem e
um excelente acabamento.

É característica primordial deste material, a ampla


versatilidade de uso: paredes internas e externas, Detalhe para necessidade de instalação da placa
áreas secas e úmidas, fachadas, beirais e oitões, de gesso RU posicionada 1cm acima do piso que
shafts, módulos construtivos, construção steel fra- receberá aplicação do selante
ming, entre outras.

Vantagens:

• Quando utilizada como cortina (“parede diafrag-


ma”) proporciona ao container uma melhor aeração
das paredes originais, aumentando o isolamento
termoacustico, além de ocultar paredes amassa-
das ou avariadas.

• Ótimo comportamento à umidade: fator prepon-


derante para uso em áreas molhadas ou externas;
• Possui grande durabilidade e resistência a impac-
tos;
Exemplo de base de chuveiro em fibra de vidro
• As paredes/fechamentos permitem que seu in-
terior possa receber diversos isolamentos termo-
-acústico, tais como: lã de rocha, lã de vidro, EPS,
PU, proporcionando conforto termoacústico ao am-
biente;

• Possui uma superfície que aceita diversos ti-


pos de revestimentos, tais como: laminado
melamínico, cerâmica, verniz acrílico e pin-
tura e massa texturizada com base acrílica;
Felipe Savassi
79
• A praticidade e rapidez da montagem dos siste-
mas proporcionam redução da mão-de-obra e do
desperdício de materiais, agilizando os prazos de
entrega da obra.

Uso de placa cimenticia no revestimento externo


de módulos habitáveis em container
Revestimento para áreas molhadas

Banheiros, cozinha e área de serviço combinam


com porcelanatos, cerâmicas, pastilhas, louças e
metais. Mas cuidado! Na construção em containers
o piso do banheiro deve ser impermeabilizado cer-
tificando de . O recomendado é que seja feito um
contrapiso de concreto impermeabilizante, com
caimento para o(s) ralo(s). Outra opção seria utilizar Exemplo do uso de porcelanato em áreas molha-
a base de chuveiro pronta em fibra de vidro. das

Revestimento de pisos

A maioria dos acabamentos tradicionais da cons-


trução civil também podem ser utilizados no piso
dos containers. O mais comum é o próprio piso do
container Dry, que pode ser lixado e envernizado.

Esquema ideal de impermeabilização do piso de


Felipe Savassi
80
Detalhe do piso do container reefer concreta-
do(Imagem do curso A FORMULA DA ARQUITETU-
Exemplo de piso original do container lixado e en- RA EM CONTAINERS – versão online)
vernizado

No caso dos Reefers, o piso original é uma grelha


de alumínio, que pode ser retirada e vendida, pois O piso vinílico e laminado podem ser instalados di-
não tem utilidade. Nesse caso, aplica-se um con- retamente sobre o piso original do container. Porem
trapiso de concreto ou uma base niveladora, que o mais indicado é que seja utilizada uma base nive-
pode ser de chapas de compensado ou de madei- ladora que pode ser liquida ou chapa tipo madeirite
rite. A mesma indicação vale para o caso de você ou placa cimentícia. O uso dessa solução e espe-
manter a grelha. É imprescindível cobri-la. Todavia, cialmente indicado nos casos em que há união de
como ela é alta, você vai consumir mais material. mais de um módulo.
O preenchimento da grelha com argila expandida,
antes da finalização, pode ser uma boa solução.

Detalhe da grelha do piso do container reefer(Ima-


gem do curso A FORMULA DA ARQUITETURA EM
CONTAINERS – versão online) Exemplo de uso de piso vinílico

Felipe Savassi
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Exemplo de uso de piso laminado e parede original
do container Dry

O contrapiso também pode ser de concreto com


acabamentos, como porcelanato e cerâmica. Aten-
ção à espessura: ela não deve ser menor do que 3
cm e, ainda assim, utilize uma tela de ferro com 4,2
mm para melhorar a resistência.

Exemplo de uso de cimento queimado com juntas


de dilatação

Exemplo de uso de piso porcelanato

O cimento queimado e o concreto polido podem


ser aplicados com muito requinte, desde que você
entenda que fissuras e trincas podem vir a apare-
cer, pois a estrutura do container se comporta de
maneira diferente da construção convencional.

Exemplo de uso de base epóxi sobre o piso original


do container

Felipe Savassi
82
ESQUADRIAS

Felipe Savassi
83
Os modelos de portas e janelas internas e externas
também variam de acordo com o projeto, o estilo
do cliente, a função da edificação e, logicamen-
te, do orçamento. As opções são praticamente as
mesmas existentes para a alvenaria.

Esquadria de PVC

O PVC é um conceito muito utilizado em países de-


Exemplo de aberturas com esquadrias de PVC
senvolvidos. São muitas as características e vanta-
gens das esquadrias em PVC, como a possibilidade
de se aplicar vidros duplos, que possuem proprie-
dades acústicas; podem ser produzidas sob medi- Esquadria de alumínio
da; se encaixam em qualquer tipo de abertura; são
modernas e cheias de design; possuem um sistema
que não permite a entrada de vento e poeira; fáceis As esquadrias de alumínio são muito leves e
de limpar; com grande longevidade; e segurança versáteis. Podem se adaptar a diversos projetos
e são a escolha nº1 de muitos profissionais. Entre
Os modelos de portas e janelas internas e externas os benefícios, elas têm facilidade de limpeza,
também variam de acordo com o projeto, o estilo manutenção com baixo custo, possuem modelos
do cliente, a função da edificação e, logicamente, de pronta entrega, também podem ser feitas sob
do orçamento. As opções são praticamente as medida, são encontradas em opções com vidros e
mesmas existentes para a alvenaria. espessuras que variam bastante, têm vasta gama de
acessórios para vedação contravento e antirruídos,
além de haver a possibilidade de pintá-las com tinta
Esquadria de PVC eletrostática em qualquer cor.

O PVC é um conceito muito utilizado em países


desenvolvidos. São muitas as características
e vantagens das esquadrias em PVC, como a
possibilidade de se aplicar vidros duplos, que
possuem propriedades acústicas; podem ser
produzidas sob medida; se encaixam em qualquer
tipo de abertura; são modernas e cheias de design;
possuem um sistema que não permite a entrada
de vento e poeira; fáceis de limpar; com grande
longevidade; e segurança.

Exemplo de aberturas com esquadrias de alumínio

Felipe Savassi
84
Vidro temperado

Popularmente conhecidas pela marca Blindex,


são feitas totalmente de vidro com apenas alguns
filetes de alumino para a sustentação. O vidro
temperado é produzido termicamente, agregando
maior durabilidade e resistência à peça. Essas
esquadrias integram esteticamente os ambientes
e o acabamento do container fica melhor, mais
imperceptível. Em comparação às demais
esquadrias, o vidro temperado possui o custo mais
baixo, porém a segurança contra arrombamentos
e a vedação contra vento e chuva também são
menores.

Exemplo de Casa container que utilizou um Reefer


e esquadrias de madeira

Exemplo de estande de vendas com vidro tempe-


rado.

Madeira

No sistema construtivo em containers as esqua-


drias em madeira são as menos comuns. Porém,
o desempenho técnico é tão bom quanto das de-
mais. Os preços variam bastante, de acordo com o
modelo e com os acessórios, como as venezianas.

Felipe Savassi
85
MANUTENÇÃO

Felipe Savassi
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Cuidados básicos -los pode ressecar com o tempo e, com isso, gerar
infiltrações. Verifique o encanamento, as redes de
drenagem e as conexões elétricas regularmente.
Todas as casas, convencionais ou em containers, Conserve bem o seu container e comprove ano
exigem cuidados ao longo dos anos. Algumas após ano os privilégios dessa tendência do merca-
questões são particulares nas edificações em con- do imobiliário.
tainers e precisam de monitoramento. A pintura é o
ponto que requer mais atenção! Por isso é tão im-
portante investir nesse item. O tipo de pintura que
você utilizar vai ditar o rítimo da manutenção.

Mesmo utilizando a melhor técnica, a recomenda-


ção é para que anualmente você faça uma vistória
rápida para identificar possíveis pontos de ferrugem
no container, principalmente se você morar em uma
cidade litorânea. Para pintá-lo, dê uma boa lavada
na estrutura com bomba de pressão para remover
toda a sujeira.

O local mais importante a ser vistoriado é o teto,


caso não haja telhado. Geralmente há muitos amas-
sados nessa área que acumulam água da chuva e
provocam corrosão.

Amassados no teto do container que podem acu-


mular água e gerar corrosão.

O próximo passo é examinar o restante do con-


tainer, inclusive a base, para identificar possíveis
pontos com ferrugem. Analise os locais onde foram
feitos cortes e soldas para a modificação do con-
tainer, incluindo os furos para passagem das insta-
lações elétrica, hidraulica, telefônica, internet, gás
e outras. Esses buracos devem ser checados com
cautela,
Felipe Savassi
pois o material usado para impermeabilizá-
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