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Reforço Sísmico de Edifícios de Betão Armado

Pedro Miguel Neves Alegria da Silva

Dissertação para a obtenção do Grau de Mestre em


Engenharia Civil

Júri
Presidente: Prof. Pedro Guilherme Sampaio Viola Parreira
Orientador: Prof. Júlio António da Silva Appleton
Vogal: Prof. Mário Manuel Paisana dos Santos Lopes

Setembro de 2007
AGRADECIMENTOS

Esta dissertação foi desenvolvida no âmbito do Mestrado Integrado em Engenharia


Civil, do Instituto Superior Técnico.
Ao Prof. Júlio Appleton, orientador científico desta dissertação, manifesto a minha
sincera gratidão pelas frutíferas discussões empreendidas e pela disponibilidade demonstrada.
À Cristina Ventura, por toda a assistência e paciência.

ii
RESUMO

Actualmente, existe uma grande preocupação em tornar as construções resistentes às


acções sísmicas. O Eurocódigo 8 parte 3, Avaliação e Reforço de Estruturas sujeitas à Acção
Sísmica, resulta dessa consciencialização.
O objectivo principal desta dissertação é o de caracterizar o comportamento sísmico de
edifícios de betão armado e descrever os procedimentos regulamentares.
Com esse intuito é efectuada uma breve evolução histórica da regulamentação e serão
analisadas as deficiências de dimensionamento e de pormenorização que contribuíram para o
colapso local ou global de edifícios de betão armado.

O Eurocódigo 8 parte 1 é analisado e serão retiradas as disposições regulamentares relevantes


para o reforço sísmico de edifícios existentes. Neste capítulo destaca-se a filosofia de
dimensionamento patente nos Eurocódigos, denominada por “Capacity Design” que tem como
principal objectivo evitar as roturas frágeis, tirando partido da ductilidade da estrutura e da sua
capacidade de dissipar energia.

O objectivo da parte 3 do Eurocódigo 8 é garantir que as estruturas existentes possuam


capacidade resistente suficiente que lhes permita suportar as exigências sísmicas. Para tal, são
definidas exigências de desempenho associadas a estados de dano, regras para avaliação
estrutural que traduzam adequadamente as características do edifício, métodos de análise e
critérios de verificação.

Posteriormente, são definidas as técnicas de reforço sísmico mais correntes, as suas


vantagens e desvantagens, bem como as suas condições de aplicabilidade.

Finalmente, é avaliada a capacidade sísmica de um edifício de betão armado e são analisadas


diferentes alternativas para o seu reforço sísmico.

iii
ABSTRACT

In our days exists a big concern regarding the seismic resistance of structures. Because
of that awkwardness a new set of codes were developed, such as the Eurocode part 3:
Assessment and Seismic Retrofit of Structures.
The main purpose of this dissertation is to define the seismic behaviour of concrete buildings
and to characterize the ruling proceedings.
With that point in mind, a brief historical evolution of the regulations is defined and the damage
regarding misconception in design and in detailing that led to local or global collapse of concrete
buildings, are analysed.

The part 1 of the Eurocode 8 is under examination and the relevant guidelines regarding the
seismic retrofit of existing buildings are underlined.
One of the focuses in this chapter is the design philosophy displayed in the Eurocodes,
referenced as “Capacity Design”. Its main purpose is to avoid the brittle collapse and failure of
structures, taking advantage of their ductility properties and in its ability to dissipate energy.

The objective of the Eurocode 8 part 3 is to guarantee that existing buildings have enough
capacity to endure the seismic demands. For that reason certain guiding principles are defined,
performance requirements corresponding to limit states, rules for structural assessment that
reflect the buildings characteristics, methods of analysis and compliance criteria.

Afterwards, the most standard techniques of seismic retrofitting are described, their advantages
and disadvantages, as well as their applicability conditions.

Finally, the seismic capacity of a concrete building is assessed and the alternatives for the
retrofit are discussed.

iv
PALAVRAS-CHAVE

Eurocódigo
Acção sísmica
Reforço sísmico
Edifícios
Betão armado
Capacidade

KEYWORDS

Eurocode
Seismic action
Seismic retrofitting
Buildings
Concrete
Capacity

v
Notações

NSPT Número de pancadas para atingir uma profundidade de 30 cm no ensaio SPT


υs,30 Velocidade média das Ondas sísmicas secundárias
cu Coeficiente de resistência não drenada do solo
S e (T ) Espectro de resposta elástico horizontal

S De (T ) Espectro de resposta horizontal em deslocamento

SVe (T ) Espectro de resposta vertical

S d (T ) Espectro de cálculo horizontal

dg Deslocamento de cálculo a nível do solo

T Período de vibração de um sistema linear de um único grau de liberdade


ag Aceleração de cálculo para um solo de classe A

TB Limite inferior dos períodos que correspondem ao patamar de aceleração


espectral constante
TC Limite superior dos períodos que correspondem ao patamar de aceleração
espectral constante
TD Valor a partir do qual o deslocamento espectral se torna constante

S Parâmetro do solo
η Coeficiente de correcção do amortecimento viscoso
avg Aceleração vertical de cálculo para um solo de classe A

β Coeficiente que corresponde ao limite inferior do espectro de cálculo horizontal

q Coeficiente de Comportamento

AEd Acção sísmica de dimensionamento

AEk Acção sísmica de referência

γI Factor de Importância

υ Factor de conversão
Gk Valor característico das cargas permanentes

Qk ,i Valor característico da acção variável i

∑ϕ 2 ,i Qk ,i Valor quase permanente da acção variável i

ψ E ,i Coeficiente de combinação associado à acção variável

ξ Coeficiente de amortecimento viscoso

M Massa efectiva total da estrutura


Mi Massa do nó i
g Aceleração de gravidade

vi
Fb Força de corte basal
δi Deslocamento lateral do grau de liberdade i devido a uma análise elástica
linear de uma estrutura
Fi Forças laterais aplicadas ao nível dos pisos i
k Número de modos a considerar
n Número de pisos acima do solo
Tk Período de vibração do modo k
EE Máximo valor do efeito acção sísmica considerada
de* Deslocamento objectivo
S a e (T*) Valor espectral da aceleração correspondente a T*

m* Massa equivalente num sistema de 1 GDL


F* Força no sistema de 1GDL
d* Deslocamento no sistema de 1GDL

M Rd,c Momentos flectores de dimensionamento das colunas que confluem nessa

ligação
M Rd ,b Momentos flectores de dimensionamento das vigas que confluem nessa

ligação
Di Exigências sísmicas
Ci Capacidades resistentes
ρ Rácio entre exigências e capacidades
θE Valores das exigências expressas em deformações
VE Valores das exigências expressas em esforço transverso
VE, CD Valor de esforço transverso relativo
θy Valor da deformação de cedência
θu,m Valor da deformação de colapso
θu,m-σ Desvio face à deformação última
VRd , VRm Resistência ao corte com/sem segurança do material e factores de segurança
VR,,EC2 Resistência ao corte do elemento com carregamento monotónico
VR,,EC8 Resistência ao corte do elemento com carregamento cíclico e após a cedência
por flexão ser atingida
φy Curvatura de cedência na extremidade do elemento

Lv Rácio momento/esforço transverso na secção de extremidade

aV z Variação de tensão no diagrama de momentos flectores

z Braço interno do elemento


h Altura da secção transversal

εy Deformação de cedência

d , d´ Distâncias à armadura de tracção e compressão

vii
db Diâmetro da barra

f y , fb Tensão de cedência no aço e no betão, em MPa

γ el Coeficiente redução elástico

υ Esforço normal reduzido


b Largura da zona comprimida
N Esforço normal de compressão
ω , ω´ Percentagem mecânica de armadura de tracção e compressão

f c , f yw Resistência à compressão do betão (MPa) e a resistência de cedência dos

estribos

ρ sx Percentagem de armadura paralela à direcção x do carregamento

sh Espaçamento dos estribos

ρd Percentagem de armadura de reforço diagonal, em cada direcção diagonal

α Factor de eficácia de confinamento


b0, h0 Dimensões do betão confinado no aro
bi Espaçamento das armaduras longitudinais na zona central, contidas
lateralmente por estribos
θu m Deformação última

ϕu Curvatura última da secção de extremidade

dbL Diâmetro da armadura de tracção


x Altura da zona comprimida

AC Área da secção transversal

µ ∆ pl Representa a exigência de ductilidade (em deslocamento)

ρtot Percentagem de armadura longitudinal

VW Contribuição da armadura de esforço transverso para a resistência ao corte

δ Ângulo entre a diagonal e o eixo da coluna


Vj Esforço transverso adicional exercido pela cinta de aço
tf Espessura das placas/cintas de aço
b Largura das cintas de aço
Vf Contribuição do FRP na resistência ao corte do elemento

ρf Rácio FRP paralelo à direcção de carregamento

fu, f , Ε f A tensão resistente e o módulo de elasticidade do FRP

ε u, f Extensão última do FRP

viii
ÍNDICE

CAPITULO 1. INTRODUÇÃO .....................................................................................................1

1.1. DEFINIÇÃO DO PROBLEMA ............................................................................................1


1.2. OBJECTIVOS E ORGANIZAÇÃO DA DISSERTAÇÃO .............................................................3

CAPITULO 2. COMPORTAMENTO DE EDIFÍCIOS DE BETÃO ARMADO SUJEITOS À ACÇÃO SÍSMICA.......4

2.1. INTRODUÇÃO..............................................................................................................4
2.2. COMPORTAMENTO SÍSMICO DE EDIFÍCIOS DE BETÃO ARMADO ..........................................5
2.2.1. Aspectos relacionados com as condições exteriores ao edifício .......................6
2.2.2. Aspectos relacionados com as condições interiores dos edifícios.....................7
2.2.2.1. Deficiências relacionadas com o sistema estrutural......................................8
2.2.2.1.1. Regularidade em alçado ........................................................................8
2.2.2.1.2. Regularidade no plano horizontal...........................................................9
2.2.2.2. Deficiências relacionadas com os elementos .............................................10
2.2.2.2.1. Diafragmas estruturais.........................................................................10
2.2.2.2.2. Mecanismos de rotura em colunas.......................................................10
2.2.2.2.3. Ligações viga-coluna ...........................................................................12
2.2.2.2.4. Elementos secundários e elementos não estruturais............................12

CAPITULO 3. ANÁLISE E DIMENSIONAMENTO SÍSMICO DE EDIFÍCIOS DE BETÃO ARMADO.

CONSIDERAÇÕES GERAIS ...........................................................................................................13

3.1. OBJECTIVOS ............................................................................................................13


3.2. DIFERENCIAÇÃO DA FIABILIDADE .................................................................................14
3.3. CRITÉRIOS DE VERIFICAÇÃO ......................................................................................15
3.4. ACÇÃO SÍSMICA .......................................................................................................16
3.4.1. Zonas Sísmicas e Fonte Sismogénica............................................................16
3.4.2. Tipos de solos................................................................................................17
3.4.3. Representação da Acção Sísmica..................................................................18
3.4.4. Espectro de resposta elástico horizontal ........................................................18
3.4.5. Espectro de resposta elástico vertical.............................................................20
3.4.6. Espectro de dimensionamento para a Exigência de Não Colapso ..................20
3.4.7. Deslocamento de dimensionamento do solo ..................................................22
3.4.8. Representações alternativas da acção sísmica ..............................................22
3.5. COMBINAÇÃO DE ACÇÕES ..........................................................................................23
3.6. MÉTODOS DE ANÁLISE ...............................................................................................23
3.6.1. Análise Estática Linear...................................................................................24
3.6.2. Análise Dinâmica Linear.................................................................................25
3.6.3. Análise Estática Não Linear ...........................................................................26
3.6.4. Análise Dinâmica Não Linear .........................................................................27
3.7. FILOSOFIA DE DIMENSIONAMENTO ..............................................................................28

ix
3.8. ISOLAMENTO SÍSMICO DE BASE ..................................................................................29

CAPITULO 4. AVALIAÇÃO SÍSMICA E REFORÇO SÍSMICO DE EDIFÍCIOS DE BETÃO ARMADO. ............33

4.1. INTRODUÇÃO............................................................................................................33
4.2. EXIGÊNCIAS DE DESEMPENHO PARA ESTRUTURAS EXISTENTES ......................................33
4.3. CRITÉRIOS DE VERIFICAÇÃO .......................................................................................34
4.4. INFORMAÇÃO SOBRE A AVALIAÇÃO ESTRUTURAL ..........................................................35
4.5. AVALIAÇÃO ESTRUTURAL ..........................................................................................36
4.5.1. Acção sísmica, combinação de acções e modelação estrutural ......................37
4.5.2. Métodos de análise ........................................................................................37
4.6. VERIFICAÇÃO DA SEGURANÇA PARA O REFORÇO DE ELEMENTOS DE BETÃO ARMADO .......38
4.7. MODELOS DE CAPACIDADE PARA A AVALIAÇÃO DO REFORÇO DE ELEMENTOS DE BETÃO
ARMADO ..............................................................................................................................40
4.7.1. Elementos de betão armado sujeitos a flexão simples e composta .................40
4.7.2. Elementos de betão armado sujeitos ao corte ................................................42

CAPITULO 5. TÉCNICAS DE REFORÇO E DE INTERVENÇÃO ........................................................44

5.1. INTRODUÇÃO............................................................................................................44
5.2. TIPOS DE INTERVENÇÕES ..........................................................................................44
5.3. REFORÇO SÍSMICO DE ELEMENTOS DE BETÃO ARMADO EXISTENTES .............................45
5.3.1. Reforço por Encamisamento ..........................................................................45
5.3.2. Reforço por adição de chapas de aços e perfis metálicos...............................49
5.3.3. Reforço por introdução de pré-esforço exterior...............................................50
5.3.4. Introdução de elementos resistentes ..............................................................50
5.3.5. Isolamento sísmico de base ...........................................................................51

CAPITULO 6. CASO DE ESTUDO .............................................................................................53

6.1. APRESENTAÇÃO DO EDIFÍCIO .....................................................................................53


6.2. AVALIAÇÃO SÍSMICA ..................................................................................................54
6.3. MODELAÇÃO E ANÁLISE .............................................................................................58
6.4. AVALIAÇÃO DAS CAPACIDADES ...................................................................................59
6.4.1. Avaliação da capacidade resistente dos pilares ao Corte. ..............................60
6.4.2. Avaliação da capacidade de deformação dos pilares......................................62
6.4.3. Avaliação da capacidade resistente dos pilares à Flexão Composta...............63
6.4.4. Avaliação da capacidade resistente das vigas à Flexão..................................64
6.4.5. Verificação da capacidade resistente actual das lajes. ...................................67
6.5. REFORÇO SÍSMICO DO EDIFÍCIO. INTRODUÇÃO DE PAREDES RESISTENTES ......................68
I. Cálculo dos esforços resistentes. .......................................................................68
II. Definição dos esforços condicionantes. ..............................................................69
III. Verificação da Segurança à Flexão composta. ...................................................69
IV. Verificação ao Corte (rotura frágil)..................................................................70

x
V. Introdução de paredes resistentes 4,0x0,35m2 na direcção transversal. Nova
iteração. .....................................................................................................................70
VI. Verificação à Flexão composta. Pilares. .........................................................70
VII. Verificação ao Corte (rotura frágil). Pilares. ....................................................71
VIII. Verificação da segurança à flexão das vigas. .................................................71
6.6. DIMENSIONAMENTO DAS PAREDES RESISTENTES ..........................................................73
6.7. COMPARAÇÃO COM A SITUAÇÃO INICIAL.......................................................................76
6.7.1. Frequências e modos de vibração..................................................................76
6.7.2. Análise dos deslocamentos............................................................................77
6.7.3. Análise dos esforços nos elementos. .............................................................78
6.8. OUTRAS ALTERNATIVAS PARA O REFORÇO SÍSMICO DO EDIFÍCIO.....................................79

CAPITULO 7. CONCLUSÕES ..................................................................................................80

xi
ÍNDICE DAS FIGURAS

CAPÍTULO 2

Figura 2. 1: Registo da componente horizontal do sismo da cidade do México de 1985 [33].___6


Figura 2. 2: Sismo da cidade do México de 1985: Colapso tipo “pancake” (imagem da
esquerda), choque entre dois edifícios adjacentes (imagem da direita) [33]. _________________6
Figura 2. 3: Sismo da Cidade do México em 1985: A liquefacção do solo originou o
afundamento do edifício (figura da esquerda) [15]._______________________________________7
Figura 2. 4: Sismo de Kobe em 1995: Rotura das fundações (figura da direita) [15]. __________7
Figura 2. 5:Registo da aceleração horizontal registada durante o sismo de Northridge de 1994
com Magnitude de 6,7 [14].___________________________________________________________8
Figura 2. 6: Sismo da Cidade do México 1985: “Soft – Storey” [33]. ________________________8
Figura 2. 7: A colocação das paredes resistentes provoca uma deslocação do centro de rigidez
C.R. relativamente ao centro de massa C.M.____________________________________________9
Figura 2. 8: Sismo de Northridge de 1994: Rotura por corte de uma coluna [14]. ____________11
Figura 2. 9: Sismo de Northridge de 1994: Colapso de coluna interior [14]._________________11
Figura 2. 10: Rotura na ligação entre coluna e viga e espaçamento muito grande das cintas [28].
__________________________________________________________________________________12

CAPÍTULO 3

Figura 3. 1: Zonamento em função da acção sísmica próxima e da acção sísmica afastada,


respectivamente, para um período de retorno de 475 anos [3]. ....................................................16
Figura 3. 2: Avaliação da perigosidade sísmica em PGA (agR) [3]. ...............................................17
Figura 3. 3: Espectros de reposta elástico recomendados para a acção sísmica tipo 1 e tipo 2
[3]. .......................................................................................................................................................18
Figura 3. 4: Acelerograma artificial para a Acção Sísmica do tipo 1, Terreno tipo 1, Zona
Sísmica A do RSA. ............................................................................................................................22
Figura 3. 5: Mecanismos de dissipação de energia em edifícios. .................................................28

CAPÍTULO 5

Figura 5. 1: Encamisamento com betão armado e com aço [18]. .................................................46


Figura 5. 2: Encamisamento/ Reforço com FRP [30]. ....................................................................48
Figura 5. 3: Reforço de uma viga ao esforço transverso [28]. .......................................................49
Figura 5. 4: Aplicação de pré-esforço exterior a colunas [28]........................................................50
Figura 5. 5: Reforço por introdução de contraventamentos metálicos [15]...................................51
Figura 5. 6: Comparação entre uma estrutura de base fixa e uma de base isolada....................51
Figura 5. 7: Sistemas de isolamento base [24]. ..............................................................................52

xii
CAPÍTULO 6

Figura 6. 1: Planta do edifício em estudo. .......................................................................................53


Figura 6. 2: Planta de pilares............................................................................................................53
Figura 6. 3: Planta de vigas. .............................................................................................................54
Figura 6. 4: Pormenorização de um pilar tipo P1............................................................................55
Figura 6. 5: Pormenorização de um pilar tipo P2............................................................................55
Figura 6. 6:Pormenorização de uma laje tipo..................................................................................56
Figura 6. 7: Esquema de pormenorização da viga H1. ..................................................................56
Figura 6. 8: Esquema de pormenorização da viga H2. ..................................................................57
Figura 6. 9: Modelo estrutural...........................................................................................................58
Figura 6. 10: Modos de vibração da estrutura.................................................................................58
Figura 6. 11: Esforços transversos resistentes para os pilares tipo P1 e P2................................60
Figura 6. 12: Avaliação da capacidade resistente à flexão na zona dos apoios da viga H2 no
piso 3. .................................................................................................................................................66
Figura 6. 13: Avaliação da capacidade resistente à flexão da viga V3 no piso 2.........................67
Figura 6. 14: Introdução de paredes resistentes.............................................................................68
Figura 6. 15: Introdução de paredes resistentes na direcção transversal.....................................70
Figura 6. 16: Envolvente dos momentos flectores na viga H2 após a introdução de paredes
resistentes. .........................................................................................................................................72
Figura 6. 17: Comparação dos momentos flectores negativos na viga H2 após a redistribuição
de esforços.........................................................................................................................................72
Figura 6. 18: Paredes resistentes.....................................................................................................73
Figura 6. 19: Distribuição das paredes resistentes e pilares fictícios............................................73
Figura 6. 20:Evolução da resistência ao corte do pilar P2C. .........................................................78
Figura 6. 21:Armadura necessária para verificar a segurança à flexão composta do pilar P2C.78
Figura 6. 22:Comparação dos momentos actuantes e resistentes na viga H2. ...........................79

xiii
ÍNDICE QUADROS

CAPÍTULO 3

Quadro 3. 1: Classes de importância. Valores recomendados......................................................14


Quadro 3. 2: Acção sísmica próxima (tipo 2). .................................................................................21
Quadro 3. 3: Acção sísmica afastada (tipo 1). ................................................................................22

CAPÍTULO 4

Quadro 4. 1: Níveis de análise e correspondentes métodos de análise [2]..................................36


Quadro 4. 2: Critérios de verificação para avaliação do reforço de elementos de betão armado
[2]. .......................................................................................................................................................39

CAPÍTULO 6

Quadro 6. 1: Percentagem de participação de massa modal. .......................................................59


Quadro 6. 2: Coeficientes sísmicos..................................................................................................59
Quadro 6. 3: Quadro resumo dos resultados dos pilares...............................................................61
Quadro 6. 4: Quadro resumo dos resultados dos pilares...............................................................61
Quadro 6. 5: Verificação das condições de aplicabilidade dos métodos lineares........................61
Quadro 6. 6: Verificação das condições de aplicabilidade dos métodos lineares........................62
Quadro 6. 7: Quadro resumo da capacidade de deformação do pilar tipo P1..............................62
Quadro 6. 8: Quadro resumo da capacidade de deformação do pilar tipo P2..............................63
Quadro 6. 9: Cálculo da armadura principal de flexão composta para o pilar P1B......................63
Quadro 6. 10: Cálculo da armadura principal de flexão composta para o pilar P2B....................63
Quadro 6. 11: Quadro resumo das Capacidades e Exigências, ratio ρ= θsd/ θum, para a viga H1.
............................................................................................................................................................64
Quadro 6. 12: Quadro resumo das Capacidades e Exigências, ratio ρ= θsd/ θum, para a viga H2.
............................................................................................................................................................64
Quadro 6. 13: Critérios de aplicabilidade para a viga H1. ..............................................................65
Quadro 6. 14: Critérios de aplicabilidade para a viga H2. ..............................................................65
Quadro 6. 15: Quadro resumo do comportamento à flexão, ρ=Msd/Mrd, da viga H2. ...................65
Quadro 6. 16: Quadro resumo da capacidade de deformação da viga V3 no piso 2. .................66
Quadro 6. 17: Armadura de flexão existente (cm2).........................................................................69
Quadro 6. 18: Esforços actuantes nos pilares P1 e P2. .................................................................69
Quadro 6. 19: Cálculo da armadura principal de flexão composta para o pilar P1. .....................69
Quadro 6. 20: Cálculo da armadura principal de flexão composta para o pilar P2. .....................69
Quadro 6. 21: Análise da resistência ao corte para os pilares P1 e P2. .......................................70
Quadro 6. 22: Cálculo da armadura principal de flexão composta para o pilar P1. .....................71
Quadro 6. 23: Cálculo da armadura principal de flexão composta para o pilar P2. .....................71

xiv
Quadro 6. 24: Análise da resistência ao corte para os pilares P1 e P2. .......................................71
Quadro 6. 25: Características das paredes resistentes..................................................................73
Quadro 6. 26: Esforços de dimensionamento para as paredes resistentes. ................................74
Quadro 6. 27: Armadura adoptada para os pilares fictícios. ..........................................................74
Quadro 6. 28: Armadura longitudinal adoptada para a alma das paredes. ..................................74
Quadro 6. 29: Armadura transversal adoptada para as paredes resistentes. ..............................75
Quadro 6. 30: Verificação de tensão máxima nas bielas. ..............................................................75
Quadro 6. 31: Coeficientes de rigidez..............................................................................................76
Quadro 6. 32: Deslocamentos inter-pisos para a situação inicial. .................................................77
Quadro 6. 33: Deslocamentos inter-pisos para a solução reforçada.............................................77

xv
ÍNDICE ANEXOS

Anexo 1:Parâmetros para a definição da componente horizontal da acção sísmica [3]..............85


Anexo 2: Factores parciais para o estado limite último [4]. ............................................................85
Anexo 3: Valores das propriedades dos materiais e critérios de análise e de verificações de
segurança [2]. ....................................................................................................................................86
Anexo 4: Armadura longitudinal e transversal para o pilar tipo P1................................................86
Anexo 5: Armadura longitudinal e transversal para o pilar tipo P2................................................87
Anexo 6: Esforços resistentes para a viga H1.................................................................................88
Anexo 7:Esforços resistentes para a viga H2..................................................................................89
Anexo 8: Cálculo da capacidade resistente ao corte do pilar P1...................................................90
Anexo 9: Cálculo da capacidade resistente ao corte do pilar P2...................................................91
Anexo 10: Deformações últimas para a viga H1.............................................................................92
Anexo 11: Deformações últimas para a viga H2.............................................................................93
Anexo 12: Deformações últimas para o pilar P1.............................................................................94
Anexo 13: Deformações últimas para o pilar P2.............................................................................95

xvi
Capitulo 1. Introdução

1.1. Definição do problema

A engenharia sísmica constitui um campo de estudo relativamente novo, no qual se


conjuga uma grande quantidade de informação científica que é transversal a diferentes áreas.
Nos últimos 50 anos notou-se uma crescente preocupação relativamente aos riscos inerentes a
acções sísmicas em grandes áreas urbanas. Como resultado directo dessa consciencialização,
novos métodos de análise e de dimensionamento foram criados de modo a tornar as estruturas
sismicamente mais resistentes e seguras.
Contudo, e apesar da melhoria dos níveis de desempenho sísmico de edifícios, estas técnicas
ainda não são suficientes para reduzir as perdas para níveis aceitáveis. Terramotos em
grandes áreas urbanas, como o de Northridge (Los Angeles, 1994), o de Kobe (Japão, 1995) e
os sismos na Turquia, Grécia e Taiwan em 1999, demonstraram a vulnerabilidade de edifícios
que se julgavam resistentes.

Em Portugal, o desenvolvimento de regulamentos sísmicos começou em 1955 durante a


celebração dos 200 anos do terramoto de 1755, foi nessa altura que surgiu o RSCCS,
“Regulamento da Segurança das Construções contra os Sismos". O documento explicitava as
exigências que uma estrutura teria que satisfazer de modo a satisfazer a segurança pública.
A sua publicação deu-se em 1958 e as principais novidades que ele introduziu foram:
• Zonamento sísmico do território em 3 zonas.
• Obrigar à realização de uma verificação específica para as forças laterais.
• Estabelecer algumas condições qualitativas para introdução em edifícios de pequeno porte,
de elementos de confinamento, cintagem, da melhoria das ligações, introdução de
montantes de betão armado, etc.

Este documento em conjunto com o RGEU,“ Regulamento Geral das Edificações Urbanas”,
implementado em 1950, estabelecia as condições necessárias às estruturas para resistir aos
sismos [23].
Em 1960, foi publicado o RSEP, “Regulamento de Solicitações em Edifícios e Pontes”, que
definia todas as acções a considerar para as acções dos sismos, sobrecargas, acção do vento,
temperatura, etc.

Por esta altura, em Portugal e no resto da Europa, verificou-se um grande crescimento na


construção em betão armado como um reflexo da fase pós-guerra. Este aparecimento de
edifícios de betão armado foi caracterizado pelo aparecimento de muitos edifícios de 10 a 15
andares, maioritariamente com sistema estrutural porticado.

1
No ano de 1966 é aprovado o REBA, “Regulamento de Estruturas de Betão Armado”, dirigido
para o projecto de estruturas de betão armado e incluindo algumas das disposições descritas
no RSCCS de 1958 [38].
Apesar do aparecimento destes regulamentos as estruturas eram dimensionadas sem
consideração rigorosa das acções sísmicas pois o principal critério de dimensionamento era a
redução da área de compressão mínima.
A reduzida cintagem, as baixas taxas de armaduras longitudinais e transversais, as
insuficientes pormenorizações, a amarração insuficiente das armaduras longitudinais, a
interrupção das armaduras principais em zonas criticas, a baixa capacidade resistente do betão
e caminhos de carga descontínuos, entre outros, são exemplos de deficiências estruturais em
edifícios de betão armado deste período.

Somente em 1983 com o aparecimento de nova regulamentação, RSA e REBAP, são


considerados os efeitos das acções sísmicas de um modo mais próximo das exigências reais.
• O RSA, “Regulamento de Segurança e Acções”, que estabelece os princípios gerais de
segurança a verificar no projecto estrutural das construções e que define as acções a
considerar.
• O REBAP, “Regulamento de Estruturas de Betão Armado e Pré-esforçado”, que substitui o
antigo REBA e contempla também as estruturas de betão pré-esforçado. Este documento
foi baseado no Model Code (1978) preparado pelo Comité Euro Internacional do Betão
Armado e sintetiza um acordo entre os diferentes países europeus estabelecendo um
conjunto de regras comuns a todos os países.

Os edifícios posteriores a 1983 apresentam níveis de desempenho aceitáveis e um


comportamento superior a edifícios de betão armado construídos em períodos anteriores,
embora na maior parte dos casos não sejam alcançados os níveis de desempenho exigidos
pelo Eurocódigo 8, nomeadamente em termos de resistência e de ductilidade.

O conceito dos Eurocódigos, surge com o intuito de permitir a harmonização da


regulamentação e diminuir as barreiras técnicas existentes em cada país europeu e entre eles.
O Eurocódigo 8 vem preencher uma lacuna existente na regulamentação anterior, visto
contemplar um anexo dedicado ao Reforço Sísmico de Edifícios. Também pela primeira vez
são definidas normas para o Isolamento Sísmico de Estruturas na secção 10 do Eurocódigo 8
parte 1 [1].

O objectivo, implícito aos regulamentos de reforço sísmico, é efectuar uma melhoria estrutural
dos edifícios existentes para que atinjam o patamar de segurança exigido a edifícios novos.
Como é óbvio, este objectivo é tecnicamente e economicamente inviável de executar para
todos os edifícios que se encontram em elevado risco de colapso e para aqueles que
apresentam deficiências graves e que necessitam de intervenção. Será por isso necessário

2
identificar os edifícios que merecem ser reabilitados, e, através de técnicas de avaliação,
reconhecer os pontos fracos e fortes da estrutura, e, com base nessa informação, aumentar os
seus níveis de desempenho para níveis aceitáveis [7].

1.2. Objectivos e organização da dissertação

O objectivo desta dissertação é explicar e descrever as metodologias e disposições


regulamentares, versão final do Eurocódigo 8-parte 3: Reforço e Avaliação Sísmica de
Estruturas de Betão Armado, aplicando-as a um caso prático, onde será determinada uma
solução de reforço sísmico. Pretende ainda caracterizar o comportamento sísmico de edifícios
de betão armado e descrever as principais técnicas de reforço sísmico.

A dissertação é constituída por 7 capítulos distintos, onde o capítulo 1 (presente capítulo)


expõe o trabalho e define os objectivos da tese e organização.

O capítulo 2 pretende analisar o comportamento de estruturas de betão armado quando


sujeitas à acção sísmica, as deficiências ao nível da pormenorização e dimensionamento, bem
como os factores condicionantes do comportamento sísmico das estruturas.

O capítulo 3 tem como objectivo a apresentação das considerações gerais preconizadas pelo
Eurocódigo 8, com vista à avaliação e análise de estruturas existentes. Deste modo, recolhe-se
a informação definida na parte 1 do Eurocódigo 8-Dimensionamento de Estruturas à Acção
Sísmica, que seja significativa para a Avaliação e Reforço de Estruturas Existentes.

O capítulo 4 avalia o desempenho de estruturas existentes e analisa as formulações


apresentadas na parte 3 do Eurocódigo 8, Reforço sísmico de estruturas de betão armado.

O capítulo 5 tem como propósito a apresentação das técnicas de reforço e de intervenção.


Descrevem-se as técnicas mais correntes, tais como o isolamento sísmico, o reforço de
elementos e a introdução de elementos resistentes.

No capítulo 6 é avaliada a capacidade resistente de um edifício existente à acção sísmica e é


dimensionada uma solução de reforço sísmico

No capítulo 7 apresentar-se-á a conclusão e algumas considerações finais.

3
Capitulo 2. Comportamento de edifícios de betão armado sujeitos à
acção sísmica

2.1. Introdução

“Perceber e estudar a resposta dinâmica do sistema estrutural, e como essa resposta é


afectada pelas características globais e locais do sistema, melhora a percepção sobre a
avaliação de edifícios existentes e ajuda a desenvolver técnicas de reforço sísmico.” [M. N.
Fardis, 2003]

A acção sísmica pode ser traduzida por um conjunto de deslocamentos dinâmicos ou por uma
quantidade de energia transmitida à estrutura. A este fenómeno corresponde um conjunto de
exigências às quais a estrutura deverá ter capacidade para resistir. Por vezes, essas
capacidades resistentes são excedidas o que torna a estrutura vulnerável.
A vulnerabilidade das estruturas não é um conceito absoluto, pois uma mesma estrutura pode
ser vulnerável a um tipo de acção sísmica e sismicamente resistente a um outro tipo. Logo, a
resposta sísmica de estruturas depende do tipo de acção sísmica e das condições intrínsecas à
estrutura, como o período fundamental de vibração e a capacidade de dissipação de energia. É
fundamental dominar estes conceitos para que a estrutura reforçada apresente os níveis de
desempenho pretendidos.

As estruturas são dimensionadas para que as capacidades resistentes, nomeadamente a


resistência e a rigidez, sejam maiores que as exigências impostas pela acção sísmica. Este
balanço é garantindo, tomando em consideração o princípio da dissipação de energia e o
comportamento inelástico da estrutura.
Ao dimensionar uma estrutura, para que ela permaneça com comportamento elástico durante o
seu tempo de vida, não se beneficia das suas características inelásticas o que encarece
bastante a estrutura. A consideração desse comportamento inelástico permite a redução das
ordenadas espectrais do espectro de dimensionamento, o que possibilita a diminuição da
capacidade resistente de cálculo. Essa redução depende essencialmente da ductilidade
disponível e do período de vibração da estrutura. O Eurocódigo 8 quantifica a ductilidade em
termos do coeficiente de comportamento, que para edifícios de betão armado varia entre 1 e 5
[1] [8].

A influência do período fundamental no comportamento da estrutura é grande e a sua


diminuição implica um acréscimo de aceleração espectral, o que se reflecte num aumento da
exigência.

4
O princípio da capacidade de dissipação de energia subentende que as estruturas devem
possuir capacidade de dissipar a energia transmitida pela acção sísmica, mantendo o nível de
desempenho pretendido. Para que tal suceda as estruturas deverão disponibilizar ductilidade
suficiente, que permita a redistribuição de esforços e capacidade de deformação, para que se
evitem roturas frágeis.
A capacidade de deformação deve estar presente em todo o sistema estrutural e não apenas
nos denominados elementos primários, que têm a função de resistir as acções horizontais. Os
elementos secundários, que têm a função de suportar as cargas verticais, devem ter também
capacidade de se deformarem juntamente com os elementos primários sem perderem a sua
capacidade de suportar as cargas gravíticas.
Estes propósitos são atingidos sobredimensionando as zonas críticas, colunas e nós viga-
coluna, e conferindo-lhes maior capacidade de dissipação de energia. Esta filosofia de
dimensionamento é denominada por Dimensionamento das Capacidades Resistentes
“Capacity Design” e pretende não só garantir a segurança da estrutura mas também prever e
controlar o seu comportamento [9].

2.2. Comportamento sísmico de edifícios de betão armado

O comportamento sísmico de uma estrutura depende de vários factores, entre os quais se


destacam a regulamentação, a concepção e a modelação da estrutura, as características
dinâmicas da estrutura, a idade da estrutura e a história de carregamento, o tipo de solo de
fundação e os aspectos relacionados com o tipo de utilização da estrutura.
As características dinâmicas da estrutura já foram abordadas de modo sucinto na secção
anterior e a regulamentação vigente será exposta nos capítulos seguintes, 3 e 4.
Nesta secção, pretende-se caracterizar o comportamento de edifícios de betão armado
existentes quando sujeitos a acções sísmicas raras e fortes. É interessante observar os efeitos
que acções sísmicas de grande magnitude tiveram em edifícios de betão armado, pois uma
boa percepção dessas deficiências permite o aperfeiçoamento de técnicas e de conhecimentos,
nomeadamente ao nível da concepção do reforço sísmico.
É com essa finalidade que se faz a distinção entre as condições interiores e exteriores ao
edifício, que conduzem ao comportamento deficiente de elementos ou ao colapso total do
edifício, apresentando os mecanismos de rotura mais relevantes.

As condições externas estão relacionadas com as condições da envolvente, da interacção com


edifícios adjacentes, das condições do solo de fundação, etc.
As condições internas estão mais ligadas às características intrínsecas do edifício e não à
envolvente. Para uma melhor caracterização, as condições serão divididas em duas secções
distintas: deficiências ao nível do sistema estrutural e deficiências ao nível dos elementos.

5
2.2.1. Aspectos relacionados com as condições exteriores ao edifício

O sismo da cidade do México em 1985 é um bom exemplo da influência das condições


externas no colapso de edifícios. Esta acção sísmica caracterizou-se pela sua extrema
violência e longa duração, o que suscitou o comportamento frágil de diversos tipos de edifícios,
sobretudo de betão armado, com 6 a 12 pisos, que ficaram muito danificados. Umas das
grandes causas desse comportamento foi a amplificação do movimento do solo pelas camadas
aluvionares que constituem o vale da cidade do México, tendo sido atingidas acelerações
máximas na ordem dos 0,2g com forma sinusoidal e de grande duração [17].

Figura 2. 1: Registo da componente horizontal do sismo da cidade do México de 1985 [33].

O dano típico neste sismo foi o colapso generalizado denominado como “pancake”, como
ilustrado na figura 2.2. A rotura dos pilares, devido às condições exteriores, originou o colapso
de todo o edifício, deixando os escombros sem espaço para sobreviventes. Ficaram patentes
as roturas frágeis de pilares que não permitiram a redistribuição de esforços e cuja resistência
residual não foi suficiente para equilibrar as grandes deformações impostas pela resposta em
ressonância.

Figura 2. 2: Sismo da cidade do México de 1985: Colapso tipo “pancake” (imagem da esquerda),
choque entre dois edifícios adjacentes (imagem da direita) [33].

Neste sismo, verificou-se que as juntas estruturais tinham aberturas insuficientes, tendo sido
notada a grande frequência do choque entre edifícios adjacentes de características dinâmicas
diferentes, “pouding”. A figura 2.2 mostra como a existência de pisos desnivelados em edifícios
adjacentes é particularmente grave, pois os pilares não se encontravam dimensionados para o
choque do diafragma horizontal do edifício adjacente.

6
A irregularidade em planta de um quarteirão de edifícios, situação típica de construções antigas,
é outro exemplo da influência das condições exteriores no comportamento sísmico de edifícios.
Os pilares exteriores do lado do quarteirão virado para a rua são muito mais flexíveis que os
interiores, o que conduz ao colapso desses elementos (irregularidade de rigidez), gerando-se
importantes modos de torção. Este tipo de incidentes, em conjunto com outros tipos de
fenómenos, contribuiu em muito para o agravamento das falhas ao nível da concepção dos
edifícios.

Figura 2. 3: Sismo da Cidade do México em 1985: A liquefacção do solo originou o afundamento do


edifício (figura da esquerda) [15].
Figura 2. 4: Sismo de Kobe em 1995: Rotura das fundações (figura da direita) [15].

As condições de fundação inadequadas originam uma perda da capacidade resistente ao corte


do solo, podendo gerar grandes deformações, rotura das fundações ou fenómenos como a
liquefacção (figura 2.3).
Regra geral quando se verificam estas situações a reabilitação do edifício é inviável, quer
tecnicamente, quer economicamente. A figura 2.4 retrata como as condições de fundação
inadequadas conduziram à rotura das fundações.

2.2.2. Aspectos relacionados com as condições interiores dos edifícios

No âmbito das condições internas de um edifício devem ser considerados os factores que
condicionam o seu comportamento sísmico, como as exigências que a estrutura apresenta ao
nível da capacidade resistente, de ductilidade e de deformação.
Estas exigências requerem capacidade de dissipação de energia sem degradação exagerada
das suas capacidades resistentes, devendo evitar-se as concentrações de tensões em zonas
singulares da estrutura, que não se encontram dimensionadas para absorver cargas
excessivas. Na concepção do reforço sísmico estes aspectos devem ser tomados em
consideração, devendo aproveitar-se ao máximo a ductilidade da estrutura e evitar roturas
frágeis.

7
2.2.2.1. Deficiências relacionadas com o sistema estrutural

O sismo de Northridge em 1994 é exemplificativo de algumas falhas ao nível do sistema


estrutural, como a irregularidade de rigidez e de massa, e a interrupção de caminhos de cargas.
Estas deficiências proporcionam a acumulação de tensões e de deformações em zonas
singulares, que não se encontram dimensionadas para suster tamanhos carregamentos e
deformações, o que, em muitas situações, provocou o colapso da estrutura ou de parte dela.
Porém, somente dois edifícios de betão armado com grande porte atingiram o colapso. Este
facto deve-se às elevadas frequências geradas pelo sismo: 3.5 a 4.0 Hz [15].

Figura 2. 5:Registo da aceleração horizontal registada durante o sismo de Northridge de 1994 com
Magnitude de 6,7 [14].

2.2.2.1.1. Regularidade em alçado

A irregularidade vertical é uma das causas mais usuais para o colapso de edifícios de betão
armado. Está associada à redução abrupta da rigidez e à fraca ductilidade dos elementos
verticais.
As deformações induzidas pelo sismo tendem a concentrar-se no piso menos rígido,
denominado por piso vazado ou “soft-storey”, se existir. Se esse “soft-storey” for constituído por
elementos pouco dúcteis, o piso pode atingir o colapso. Outras deficiências, como a falta de
rigor na pormenorização, ajudam a agravar esta situação.

Figura 2. 6: Sismo da Cidade do México 1985: “Soft – Storey” [33].

Estes “soft-storey” são comuns em edifícios residenciais em zonas urbanas, onde o primeiro
piso é geralmente usado para fins comerciais ou para garagens, razão pela qual as paredes,
estruturais e não estruturais, são geralmente descontínuas.

8
Os recuos de edifícios em altura são outro exemplo de irregularidades verticais. A parte inferior
da estrutura até à parte recuada funciona como se estivesse contraventada, deixando a parte
superior, imediatamente a seguir à parte recuada do edifício, mais susceptível a deformações.
Ao nível da parte recuada existe uma acumulação de tensões importante, que poderá originar
uma grande transferência de forças. Esta transferência para os elementos resistentes inferiores
é feita através do diafragma do piso recuado.
Num caso extremo, a base do edifício pode fornecer energia suficiente para que essa parte
recuada entre em ressonância com a base. A parte recuada pode então entrar em movimento
com amplitudes exageradas e originando a rotura.

2.2.2.1.2. Regularidade no plano horizontal

Além da regularidade em altura é também importante garantir a regularidade estrutural no


plano horizontal. Quando o centro de gravidade e o centro de rigidez não são coincidentes
geram-se excentricidades no plano horizontal e os modos de torção ganham protagonismo
(figura 2.7).

Figura 2. 7: A colocação das paredes resistentes provoca uma deslocação do centro de rigidez C.R.
relativamente ao centro de massa C.M.

Os elementos mais danificados são aqueles que se encontram mais afastados do centro de
rigidez da estrutura, também denominado por lado flexível da estrutura [7]. Estas torções
excessivas poderão originar o colapso de pilares exteriores e provocar fendilhação excessiva
dos elementos, estruturais e não estruturais.
O objectivo do reforço numa estrutura sensível à torção consiste em equilibrar e uniformizar a
rigidez, e assegurar a diminuição dos efeitos dos modos vibratórios de torção, por exemplo,
através da introdução de elementos resistentes.

O Eurocódigo 8 parte 1 estipula que a resistência e a rigidez à torção têm de ser garantidas.
Para além disso, define critérios para a regularidade em planta e em alçado, classificando as
estruturas como sendo Regulares ou Não Regulares. Essa designação irá afectar o

9
dimensionamento sísmico da estrutura, condicionando o tipo de modelo estrutural a utilizar, o
método de análise e o valor do coeficiente de comportamento [1].

2.2.2.2. Deficiências relacionadas com os elementos

As deficiências ao nível dos elementos estruturais e não estruturais têm um papel crucial no
desempenho da estrutura. As deficiências mais comuns registam-se ao nível do
dimensionamento e das pormenorizações de elementos estruturais, como as colunas, ligações
viga-coluna e os diafragmas estruturais.

2.2.2.2.1. Diafragmas estruturais

A função dos diafragmas é assegurar a transmissão de cargas entre o plano horizontal e os


elementos estruturais, e distribuir as cargas entre os elementos verticais. Quando esses
diafragmas se prolongam por grandes extensões entre elementos primários, podem ficar
sujeitos a momentos flectores e a esforços transversos muito elevados, originando o
comportamento inelástico do diafragma.
Como este comportamento inelástico não costuma ser considerado no dimensionamento, pode
surgir um comportamento estrutural que não é o pretendido e originar o colapso do piso.
A rotura destes elementos acontece quando são menos resistentes que os elementos
pertencentes ao sistema estrutural resistente lateral, tornando-os vulneráveis [7].
O Eurocódigo 8 parte 1 preconiza que a condição de diafragma ao nível de cada piso tem de
ser garantida e correctamente dimensionada [1].

2.2.2.2.2. Mecanismos de rotura em colunas

Os mecanismos de rotura mais comuns em colunas são o corte e a flexão. Apesar de distintos,
é por vezes complicado fazer a distinção entre eles, pois ambos têm lugar junto na base do
pilar e envolvem o esmagamento do betão.
As colunas geralmente possuem baixa capacidade de redistribuição de esforços e de
ductilidade. A capacidade de deformação de um pilar é influenciada pelo nível de esforço axial
actuante e pela quantidade de armadura transversal na zona das deformações plásticas.
O nível de esforço axial de compressão pode tornar-se extremamente elevado provocando a
rotura por flexão e a perda da capacidade resistente vertical.

10
Figura 2. 8: Sismo de Northridge de 1994: Rotura por corte de uma coluna [14].

O mecanismo de colapso por corte caracteriza-se pela rotura frágil das colunas e origina o
esmagamento do betão (figura 2.8). Regra geral deve-se à deficiente pormenorização das
armaduras, nomeadamente ao espaçamento das cintas.
O espaçamento das cintas dever ser tal que pelo menos uma ou duas cintas intersectem uma
fenda. As cintas devem ser ancoradas com um dobra de pelo menos 135º ou recorrendo a
soldadura [7].
Estes procedimentos não são comuns em construções antigas, nem em construções novas. A
sua inexistência conduz a deficientes condições de ancoragem que provocam o
desprendimento das cintas e a rotura por corte das colunas.

A rotura frágil de uma coluna conduz à perda da sua capacidade resistente, esta situação
implica uma redistribuição de esforços para outras colunas, o que pode implicar o colapso
sucessivo dessas colunas até se atingir o colapso, total ou parcial, do piso [7].
A figura seguinte é demonstrativa de como o colapso de uma coluna interior provocou o
colapso de parte do edifício.

Figura 2. 9: Sismo de Northridge de 1994: Colapso de coluna interior [14].

As falhas ao nível das pormenorizações, o excessivo espaçamento da armadura transversal, a


insuficiente espessura do betão de recobrimento, a existência de colunas curtas, a assimetria
ao nível da rigidez, são situações a evitar pois promovem os fenómenos de rotura frágil. Uma
adequada pormenorização e um correcto dimensionamento baseado nos regulamentos
correntes ajuda a retardar ou a atenuar as roturas frágeis.

11
2.2.2.2.3. Ligações viga-coluna

As ligações viga-coluna são zonas sensíveis da estrutura pois estão sujeitas a grandes
concentrações de tensões e de deformações. Frequentemente encontram-se mal
dimensionadas em edifícios antigos, sobretudo por falta de armadura transversal.

Figura 2. 10: Rotura na ligação entre coluna e viga e espaçamento muito grande das cintas [28].

As regras de boa concepção sísmica convencionam que se devem evitar elevadas


concentrações de tensões e de deformações em elementos e em zonas limitadas, como é o
caso dos nós viga-coluna. Por exemplo, num caso de numa estrutura porticada, uma
distribuição uniforme de rigidez e resistência, entre elementos horizontais e verticais, aumenta
o número de zonas onde se efectua a dissipação de energia.

As zonas de amarração são também zonas críticas da estrutura por não estarem localizadas
em zonas com esforços baixos como deveriam. Em edifícios mais antigos, estão por vezes
localizadas em zonas com esforços elevados, o que combinado com a acção sísmica pode
provocar a rotura no mecanismo de amarração.

2.2.2.2.4. Elementos secundários e elementos não estruturais

Os elementos secundários devem possuir capacidade de deformação suficiente para


acompanharem o movimento lateral da estrutura. Caso contrário quando forem solicitados para
suster as cargas gravíticas já terão perdido a sua capacidade resistente e a estrutura atingirá o
colapso. A rotura destes elementos origina a perda da capacidade de suster cargas verticais,
que pode conduzir a um colapso progressivo do edifício, total ou parcial.
Esta situação deve ser prevista no projecto, de modo a que se ocorrer o colapso de um
elemento secundário seja possível a redistribuição de esforços para elementos adjacentes.
É igualmente importante considerar na fase de projecto os elementos não estruturais, como
paredes de alvenaria e núcleos de escadas. Estes elementos muito rígidos, se não forem
tomados em consideração, podem alterar o funcionamento do sistema estrutural e suscitar
comportamentos para os quais a estrutura não se encontra dimensionada. A interacção entre
elementos estruturais e não estruturais pode também resultar em danos para ambos [7].

12
Capitulo 3. Análise e dimensionamento sísmico de edifícios de betão
armado. Considerações gerais

3.1. Objectivos

O EN 1998-1: 2004 abrange o dimensionamento e construção de obras em zonas


sísmicas e procura assegurar a protecção de vidas humanas, a limitação dos danos e garantir
que as estruturas mais importantes para a protecção civil permaneçam activas.
As estruturas em regiões sísmicas devem ser dimensionadas e construídas de modo a que as
exigências de comportamento, referentes aos danos da estrutura, sejam cumpridas com o
adequado nível de fiabilidade. Com esse intuito, o Eurocódigo 8 parte 1 preconiza dois níveis
de exigências de desempenho:

• Estado de Dano ou estado Limite de Não Colapso: EDNC.


• Estado de Dano ou estado Limite de Limitação de Danos: EDLD.

O estado de Não Colapso garante a protecção da estrutura quando sujeita a acções sísmicas
raras, através da prevenção do colapso global ou local da estrutura. Deve assegurar a
integridade estrutural e a capacidade de carga residual com deformações moderadas,
mantendo a sua capacidade de suster as cargas verticais, e possuindo suficiente resistência
lateral residual e rigidez de modo a proteger vidas.

O estado de Limitação de Danos garante o controlo e a redução de danos em elementos


estruturais e não estruturais, quando sujeitos a acções sísmicas frequentes. Garante ainda que
o sistema estrutural, ao nível global e local, fique sem deformações permanentes, retendo a
totalidade da sua capacidade resistente e rigidez.

O EN 1998-1: 2004 considera duas acções sísmicas diferentes, a Acção Sísmica de


Dimensionamento definida para o EDNC e a Acção Sísmica de Serviço definida para o EDLD,
sendo que cada estado limite é dimensionado e pormenorizado para resistir à acção sísmica
adequada. Para o EDNC tem que se evitar o colapso da estrutura para a acção sísmica de
dimensionamento e no EDLD a estrutura terá que resistir à acção sísmica de serviço, de maior
probabilidade de ocorrência, sem a ocorrência de danos e a consequente limitação de uso [1].

• Acção Sísmica de Dimensionamento (prevenção do colapso local) com probabilidade


de excedência de 10% em 50 anos (período de retorno médio = 475 anos).
• Acção Sísmica de Serviço (limitação de danos) com probabilidade excedência de 10%
em 10 anos (período de retorno médio = 95 anos).

13
A acção sísmica de referência, para estruturas correntes, é a acção sísmica de
dimensionamento e o seu período de retorno médio é denominado como período de retorno de
referência, TNCR [1].

3.2. Diferenciação da fiabilidade

Os Eurocódigos atribuem às autoridades nacionais a responsabilidade de definir um conjunto


1
de parâmetros, NDP , com o intuito de se reduzirem os custos e melhorar a segurança através
de uma maior adequação dos parâmetros envolvidos.
Esta adequação é alcançada mediante a utilização de níveis de risco específicos a cada
território, quer ao nível da acção sísmica, quer ao nível das propriedades geotécnicas locais.
Com base nesta linha de raciocínio os níveis de risco são deixados ao critério das autoridades
nacionais, sendo que o Eurocódigo 8 recomenda para tais casos valores de referência.

Os edifícios são classificados em 4 classes de importância (de I a IV), a cada classe


corresponde um determinado factor de importância γ 1 , consoante as consequências que o seu
colapso terá para a vida humana, na sua importância para a segurança pública e na protecção
civil no período posterior ao sismo, e nas consequências económicas e sociais do colapso.

Quadro 3. 1: Classes de importância. Valores recomendados.


Factor de Factor de
Classes de
Edifícios importância conversão
importância
γ1 υ
I Menor importância para a segurança pública 0,8 0,5
Edifícios correntes que não pertençam às outras
II 1,0 0,5
categorias
Edifícios cuja resistência sísmica é importante no
III ponto de vista das características associadas ao 1,2 0,4
colapso, como escolas
Importância vital para a segurança publica e para
IV 1,4 0,4
a protecção civil como hospitais

Quando se pretende melhorar o comportamento da estrutura multiplica-se a acção sísmica de


referência pelo factor de importância pretendido γ 1 . O Quadro 3.1 indica os valores desse
coeficiente em função da classe de importância do edifício.

1
National Determined Parameters.

14
Em simultâneo é definido um ratio υ , denominado como factor de conversão, que reflecte a
diferença entre níveis de risco e tem como objectivo efectuar a conversão da acção sísmica de
dimensionamento na acção sísmica de serviço [13].

3.3. Critérios de Verificação

Critério de verificação para EDLD

O Eurocódigo 8 preconiza que a verificação da segurança ao estado de dano Limitação de


Danos deve ser expresso em termos de deformações, isto é, através do controlo de
deformações ou dos deslocamentos. O limite da deformação inter pisos permitido, devido à
acção sísmica de serviço, corresponde a:
2
• dΓ υ = 0,005 h , se os elementos não estruturais são frágeis e ligados à estrutura.

• dΓ υ = 0,0075h , se os elementos não estruturais forem dúcteis.

• dΓ υ = 0,010h , se os elementos não estruturais não forem obrigados a acompanhar as

deformações globais da estrutura, ou se não existirem elementos não estruturais. O


limite de 1% serve também para proteger os elementos estruturais de deformações
inelásticas significativas devidos à acção sísmica de serviço [13].

topo
Em que, d Γ = (d s − d s base ) piso . Onde, d s é o deslocamento retirado de uma analise

elástica linear com espectro de dimensionamento e multiplicado pelo coeficiente de


comportamento q , e h a distância entre pisos [1].

Critério de verificação para EDNC

O nível de desempenho “Não Colapso” é considerado como o estado limite último ao qual a
estrutura deve ser dimensionada. Como tal deverão ser verificadas as seguintes condições:
• O sistema estrutural deverá possuir capacidade resistente e de dissipação de energia, de
acordo com as partes relevantes do EN 1998-1: 2004 [1].
• O sistema estrutural deverá verificar os critérios de estabilidade, de acordo com as
partes relevantes do EN 1998-1: 2004 [1], quando sujeito à acção sísmica de
dimensionamento.
• Deve ser verificada a capacidade resistente, das fundações e do solo de fundação, aos
efeitos da acção sísmica na superstrutura.

2
Os elementos dúcteis são aqueles que estão sujeitos à flexão simples ou à flexão composta e os
elementos frágeis são aqueles que são sensíveis aos mecanismos de esforço transverso (ver capítulo 4
desta dissertação).

15
• Devem ser considerados os efeitos de 2ºordem e o comportamento não linear dos
elementos, de acordo com o estipulado nas partes relevantes do EN 1998-1: 2004 [1].

3.4. Acção Sísmica

O objectivo desta secção consiste em definir a acção sísmica que irá ser utilizada na análise
estrutural e no dimensionamento de edifícios de betão armado, de acordo com as regras
especificadas nas partes relevantes do Eurocódigo 8 [1].
A Pré-Norma Portuguesa de 2007 define a acção sísmica, para o território Português, com
base na casualidade sísmica e nas características sismo-genéticas locais. Assim, a acção
sísmica é função da Zona Sísmica, do Tipo de Solo e da Fonte Sismogénica.

3.4.1. Zonas Sísmicas e Fonte Sismogénica

As zonas sísmicas são introduzidas para definir os diferentes níveis de risco em cada zona,
valor que é constante dentro de cada zona, assunto da exclusiva competência das respectivas
autoridades nacionais.
A Pré-Norma Portuguesa [3] estipula as seguintes zonas sísmicas em função da perigosidade
3
sísmica e da fonte sismogénica, para a acção sísmica próxima, tipo 2, e para a acção sísmica
afastada, tipo 1, respectivamente.

Figura 3. 1: Zonamento em função da acção sísmica próxima e da acção sísmica afastada,


respectivamente, para um período de retorno de 475 anos [3].

O nível de risco sísmico local ou perigosidade sísmica pode ser representado por uma curva de
risco, ou casualidade sísmica, que representa a probabilidade de excedência associada aos
diferentes níveis dos parâmetros sismológicos usados.
Geralmente esse grau de risco é descrito em termos da Aceleração de Pico no Solo, PGA,
podendo ser também representado por meio da velocidade PGV, do deslocamento PGD e da
duração para um dado período de exposição [13].

3
A avaliação da perigosidade sísmica é realizada em termos de PGA para as acções sísmicas próxima e
afastada.

16
A figura 3.2 representa a avaliação da perigosidade sísmica, em PGA, para a acção sísmica
próxima e afastada, respectivamente.

Figura 3. 2: Avaliação da perigosidade sísmica em PGA (agR) [3].

3.4.2. Tipos de solos

A influência das condições e do tipo de solo na resposta sísmica de estruturas pode ser
quantificada através da definição de diferentes tipos de solo, cada um com diferentes
propriedades mecânicas. Cinco tipos de solos foram definidos A, B, C, D e E, descritos
segundo os perfis estratigráficas e segundo os parâmetros definidos no EN 1998-1: 2004 [1].
Os parâmetros utilizados para definir e classificar os tipos de solos são:

• Velocidade média das ondas sísmicas secundárias (υs,30)


• Resultados obtidos através do ensaio SPT (NSPT)
• Coeficiente de resistência não drenada do solo (cu)

A classificação abrange solos desde os solo Tipo A, rochas e outros tipos semelhantes de
formações que se caracterizam por velocidades das ondas sísmicas transversais maiores que
800 m/s, até aos solos tipo E, como os aluviões com espessura a variar entre os 5 e os 20
metros. As classes intermediárias apresentam uma diminuição progressiva das características
anteriormente definidas.
Adicionalmente foram definidas duas categorias extras, classes S1 e S2. A classe S1 inclui
camadas de espessuras mínimas de 10 metros de argilas ou areias com elevado índice de
plasticidade. A classe S2 engloba os restantes tipos de solos que não se integram nas
anteriores classes, como argilas sensíveis e solos susceptíveis a comportamento de
liquefacção. Logicamente este tipo de solos é o mais susceptível de atingir a rotura devido à
acção sísmica, produzindo amplificações no solo anómalas e efeitos de interacção solo-
estrutura graves. Este tipo de solos requer estudos especiais segundo o Eurocódigo 8 [1].

17
O uso destes critérios de classificação de solos pode significar uma excessiva simplificação das
características estratigráficas dos solos podendo ser realizados estudos suplementares no
sentido de melhorar e de aproximar os resultados com a realidade presente no local [1].

3.4.3. Representação da Acção Sísmica.

A acção sísmica num dado ponto de Portugal pode ser representada através de 2 tipos de
espectros de resposta elásticos, o espectro de resposta tipo 1 e o espectro tipo 2, de modo a
ter em consideração as diferentes condições sísmicas.

Figura 3. 3: Espectros de reposta elástico recomendados para a acção sísmica tipo 1 e tipo 2 [3].

As estruturas devem ser dimensionadas considerando o tipo de acção sísmica mais


condicionante para o edifício em causa.

3.4.4. Espectro de resposta elástico horizontal

As componentes horizontais da acção sísmica podem ser dadas pelas seguintes equações,
para um amortecimento igual a 5% e com a possibilidade de recorrer a um factor de correcção
4
do amortecimento, η .

 T 
0 ≤ T ≤ TB ⇒ S e (T ) = a g S 1 + (η × 2.5 − 1)
 TB 
TB ≤ T ≤ TC ⇒ S e (T ) = a g Sη × 2.5
T  (E3. 1)
TC ≤ T ≤ TD ⇒ S e (T ) = a g Sη × 2.5 C 
T 
T ×T 
TD ≤ T ≤ 4.0s ⇒ S e (T ) = a g Sη × 2.5 C 2 D 
 T 

4
EN 1998-1: 2004, cláusula 3.2.2.2 (3).

18
Em que S e representa o valor do espectro de resposta elástico para um determinado período
de vibração T de um sistema de um grau de liberdade. Os efeitos do solo são tomados em
consideração no factor de solo S , que por definição é igual a 1 para o solo tipo A.
A aceleração de dimensionamento a g corresponde à situação de referência, para o solo tipo A,

de acordo com a equação seguinte.

ag = γ 1 ×agR (E3. 2)

A acção sísmica de dimensionamento num solo tipo A, para estruturas de importância corrente,
é denominada como acção sísmica de referência. E é representada pelo parâmetro que define
5
o grau de risco de referência, isto é, o valor da aceleração de pico no solo a gR .

A aceleração de pico no solo de referência adoptada pelas autoridades nacionais corresponde


ao período de retorno de referência, TNCR, para a acção sísmica de dimensionamento, para a
exigência de não colapso, para estruturas de importância corrente.

Uma vez definido o valor espectral elástico S e (T ) , a equação seguinte (E3.6) permite obter o

valor espectral do deslocamento elástico S De (T ) .


2
T 
S De (T ) = S e (T )  (E3. 3)
 2π 
Esta relação é apenas válida para estruturas com períodos de vibração menores que 4
segundos, caso essa condição não se verifique deve definir-se um espectro de resposta mais
refinado.

O regulamento permite combinar os efeitos da acção sísmica, em ambas direcções horizontais,


considerando que o sismo nunca ocorre somente numa direcção.
a. E Edx "+"0,30 E Ey (E3. 4)

b. 0,30 E Edx "+" E Ey (E3. 5)

Em que, "+" significa “combinado com”, E Edx e E Edy representam os efeitos da acção sísmica

nas respectivas direcções. Posteriormente, deverá ser considerada a combinação mais


gravosa para a estrutura.
Alternativamente, os efeitos da acção sísmica podem ser considerados através da raiz
quadrada da soma dos quadrados (SRSS):

• EEdx 2 "+" EEy 2 (E3. 6)

5
Clausula 3.2.1 (2) EN 1998-1: 2004.

19
3.4.5. Espectro de resposta elástico vertical

A componente vertical da acção sísmica pode ser determinada pelo espectro de resposta
elástico vertical SVe .

 T 
0 ≤ T ≤ TB ⇒ SVe (T ) = avg 1 + (η × 3,0 − 1)
 TB 
TB ≤ T ≤ TC ⇒ SVe (T ) = a vgη × 3,0
T  (E3. 7)
TC ≤ T ≤ TD ⇒ SVe (T ) = avgη × 3,0 C 
T 
T × T 
TD ≤ T ≤ 4.0s ⇒ SVe (T ) = avgη × 3,0  C 2 D 
 T 

Os tipos de acção sísmicas, tipo 1 e tipo 2, são os mesmos que definidos anteriormente para a
componente horizontal.

A componente vertical deve ser considerada apenas se o valor de aceleração de pico no solo,
avg , for superior a 0,25g e se a estrutura em análise verificar uma das seguintes condições [29]:

1. Elementos estruturais com um desenvolvimento em planta superior a 20 metros


2. Consolas horizontais maiores que 5 metros
3. Elementos horizontais pré-esforçados
4. Elementos porticados
5. Estruturas com isolamento base

Os efeitos da componente vertical da acção sísmica podem ser combinados com os efeitos da
componente horizontal da acção sísmica caso sejam ambos relevantes para o sistema
estrutural.
a. 0,30 E Edx "+"0,30 E Ey "+" E Edz (E3. 8)

b. E Edx "+"0,30E Ey "+"0,30 E Edz (E3. 9)

c. 0,30 E Edx "+" E Ey "+"0,30 E Edz (E3. 10)

Em que, "+" significa “combinado com”, E Edz representa os efeitos da acção sísmica na

direcção vertical.

3.4.6. Espectro de dimensionamento para a Exigência de Não Colapso

O espectro de dimensionamento resulta da afectação do espectro de resposta elástico pelo


coeficiente de comportamento respectivo. Este coeficiente permite efectuar uma redução dos
resultados obtidos numa análise elástica linear para os resultados de uma análise não linear. O
coeficiente de redução é uma medida da capacidade de dissipação de energia da estrutura.

20
Este método permite que se evitem as análises não lineares, muito complexas, e que o
comportamento inelástico da estrutura seja estimado de um modo simples.
As equações que definem o espectro de resposta de dimensionamento S d (T ) , para a direcção
horizontal, são as seguintes:

 2 T 2,5 2 
0 ≤ T ≤ TB ⇒ S d (T ) = a g S  + ( − )
 3 TB q 3 
2,5
TB ≤ T ≤ TC ⇒ S d (T ) = a g S
q
 2,5  TC 
= a g S
q  T 
(E3. 11)
TC ≤ T ≤ TD ⇒ S d (T )
≥ β a
 g

 2,5  TC × TD 
= a g S
TD ≤ T ⇒ S d (T ) q  T 2 
≥ β a
 g

6
Em que, β é o coeficiente que corresponde ao limite inferior do espectro de cálculo horizontal.

O valor mínimo definido para o coeficiente de comportamento é q = 1 e o máximo valor


recomendado, para a componente vertical da acção sísmica, é q = 1,5 . Contudo, a adopção de

valores superiores é possível segundo a cláusula 3.2.2.5 (7) do EN 1998-1: 2004 [1].

Na direcção vertical são usadas as mesmas equações para a definição do espectro de


dimensionamento, apenas substituindo avg por a g e tomando o factor do solo S igual a 1.

Onde, avg é obtido multiplicando a g por 0,9 e por 0,45, respectivamente, para a acção sísmica

próxima e para a acção sísmica afastada [1].


Os restantes parâmetros são definidos de forma idêntica ao referido anteriormente para a
direcção horizontal.
-2
Os valores dos parâmetros das acelerações máximas nominais a g , avg (cm.s ), do factor do

solo S , e dos períodos dependentes das condições geotécnicas ( TB , TC , TD ) são os definidos


nos quadros seguintes, segundo a Pré-Norma Nacional de 2007 [3].

Quadro 3. 2: Acção sísmica próxima (tipo 2).

Zona a g (cm.s-2) TB (s) TC (s) TD (s)


1 150
2 100 0,10 0,25 2,00
3 78

6
Nos Anexos Nacionais deverá constar o valor β a ser definido em cada território. O valor recomendado
é 0,2.

21
Quadro 3. 3: Acção sísmica afastada (tipo 1).

Zona a g (cm.s-2) TB (s) TC (s) TD (s)


1 250
2 180
0,10 0,60 2,00
3 110
4 70

Os valores recomendados pelo Eurocódigo 8 para a análise das componentes horizontal e


vertical, para os dois tipos de espectro de resposta elástico e para as diferentes classes de
solos, encontram-se definidos nas tabelas 3.2 e 3.3 do EN 1998-1: 2004 [1].

3.4.7. Deslocamento de dimensionamento do solo

O deslocamento de dimensionamento do solo pode ser estimado a partir da expressão


seguinte caso não sejam efectuados estudos especiais que indiquem o contrário.

d g = 0,025a g × S × TC × T D (E3. 12)

3.4.8. Representações alternativas da acção sísmica

Os tipos de representação alternativa da acção sísmica são definidos como acelerogramas


artificiais, registados e simulados.
Os acelerogramas artificiais, como ilustrado na figura 3.4, constituem uma opção preconizada
pelo Eurocódigo 8 e devem ser gerados de modo a igualar a resposta elástica, para um
amortecimento viscoso de 5%.

Figura 3. 4: Acelerograma artificial para a Acção Sísmica do tipo 1, Terreno tipo 1, Zona Sísmica A
do RSA.

Os acelerogramas artificiais deverão satisfazer as condições descritas no EN 1998-1: 2004 na


cláusula 3.2.3.1.2 bem como todas as hipóteses inerentes [1].

O EN 1998-1: 2004 preconiza também o recurso a acelerogramas gravados ou simulados,


desde que as amostras utilizadas consigam reproduzir com exactidão as condições
sismológicas e geotécnicas locais, e que os seus valores sejam reduzidos para o valor a gS da

22
zona a considerar. Esta representação deve satisfazer igualmente as condições descritas em
EN 1998-1: 2004 na cláusula 3.2.3.1.2 (4) [1].

No caso de estruturas com características especiais, como estruturas que apresentem


diferentes características dinâmicas nas diferentes direcções, deve ser utilizado um modelo
espacial para definir a acção sísmica [1]. Sendo que estes modelos espaciais devem ser
consistentes com o espectro de resposta elástica utilizado para a definição da acção sísmica.

3.5. Combinação de acções

A acção sísmica deve ser combinada com outras acções de acordo com a seguinte regra:

∑G K , j "+" AEd "+" ∑ϕ 2,i Q k ,i (E3.13)

Em que,
GK, j Valor característico das cargas permanentes.

AEd Valor de dimensionamento da acção sísmica.

Qk ,i Valor característico da acção variável i.

∑ϕ 2,i Q k ,i Valor quase permanente da acção variável i. Os valores recomendados dos

coeficientes ϕ 2, i estão definidos no Anexo A1 da Norma EN 1990 [13].

Os efeitos da acção sísmica devem ser considerados com massas associadas segundo a
combinação seguinte [1]:

∑G K , j "+" ∑ (ψ
i
E ,i * Qk ,i ) (E3. 14)

Em que, ψ E ,i é o coeficiente de combinação associado à acção variável Qk ,i .

3.6. Métodos de análise

No dimensionamento de edifícios sujeitos aos efeitos da acção sísmica e das outras acções
presentes na combinação sísmica, os métodos de análise que se utilizam são:

a. Análise Estática Linear


b. Análise Dinâmica Linear
c. Análise Estática Não Linear
d. Análise Dinâmica Não Linear

23
O método de referência para o dimensionamento sísmico de edifícios novos é o método linear
dinâmico, com recurso ao espectro de dimensionamento e usando um modelo elástico-linear
[10]. Os restantes métodos podem ser utilizados caso se verifiquem as condições de
aplicabilidade.

3.6.1. Análise Estática Linear

A análise linear através de forças estáticas pretende simular as forças de inércia máximas
induzidas pela componente horizontal da acção sísmica, através de um conjunto de forças
laterais aplicadas separadamente nas duas direcções ortogonais horizontais.
A aplicação deste método pressupõe que a resposta dinâmica da estrutura é comandada pelo
primeiro modo de translacção na direcção horizontal, na qual a estrutura está a ser analisada, e
que só é possível proceder a uma simples aproximação desse primeiro modo se a estrutura for
regular em altura [13].
Por conseguinte, o EN 1998-1: 2004 [1] estipula que esta análise só possa ser efectuada para
edifícios novos:
• Se o edifício for regular em altura.
• Se o período fundamental T1 não ultrapassar 2 segundos e 4 vezes o período de

transição Tc do respectivo espectro elástico de dimensionamento.

Esta última condição garante que o primeiro modo tem um papel determinante na resposta
sísmica da estrutura. Caso não se verifique têm que se considerar os modos mais elevados, o
que implica o recurso a uma análise modal com espectro de resposta [13].

O EN 1998-1 preconiza que os modos fundamentais, nas direcções horizontais de análise,


podem ser calculados recorrendo a métodos da dinâmica estrutural ou então ser aproximados
por meio de deslocamentos horizontais, si e s j , que aumentem linearmente ao longo da altura

do edifício.
Os efeitos da acção sísmica devem ser determinados aplicando nos dois modelos planos e em
todos pisos as forças horizontais Fi . Essas forças horizontais devem ser distribuídas pelo
sistema estrutural resistente lateral assumindo que os pisos são rígidos no seu plano.

si mi
Fi = Fb (E3.15)

j
si m j

Em que,
Fb Força de corte basal que deve ser calculada separadamente para direcção
horizontal na qual a estrutura esteja a ser analisada.

24
mi Massa ao nível do piso i.

Fb = S d (Τ1 ) mλ (E3.16)

Em que,
S d (Τ1 ) Valor do espectro de dimensionamento quando é atingido o valor do período

fundamental Τ1 na direcção horizontal considerada.


m Massa total do edifício.
λ Factor de correcção que é função do número de pisos do edifício e do período
fundamental de vibração. Se Τ1 ≤ 2 Τc e se o edifício tiver mais que dois pisos

λ =0,85, caso contrário λ =1.

O Eurocódigo 8 estipula que o período fundamental, Τ1 , pode ser determinado através do

método de Rayleigh,

∑mδ i i
2

Τ1 = 2 Π i (E3. 17)
∑Fδ i i

Em que,
δi Deslocamento lateral do grau de liberdade i calculado através de uma análise

elástica linear numa estrutura sujeita a um conjunto de forças laterais Fi


aplicadas ao nível dos pisos i.

3.6.2. Análise Dinâmica Linear

Este método deve ser aplicado a todos os edifícios que não satisfaçam as condições de
aplicabilidade referidas anteriormente para os métodos estáticos lineares e pode ser aplicado a
todo o tipo de estruturas.
Os modos de vibração que contribuam significativamente para a resposta global da estrutura
devem ser considerados. Para que essa exigência seja satisfeita deve ser verificada uma das
seguintes condições:
• A soma das massas dos modos de vibração considerados deve corresponder a pelo
menos 90% da massa total da estrutura.
• Todos os modos de vibração com massas superiores a 5% da massa total da estrutura
devem ser considerados.

25
No caso de modelos espaciais, essas condições devem ser verificadas para todas as direcções
principais ou em alternativa, o número mínimo de modos de vibração a considerar, quando se
recorre a modelos espaciais, deve satisfazer as seguintes condições:

k ≥ 3. n (E3. 18)

T k ≤ 0, 20 s (E3. 19)

Em que,
k Número de modos a considerar.
n Número de pisos acima do solo.
Tk Período de vibração do modo k .

Combinação de respostas modais

O Eurocódigo 8 define que dois modos (i e j) de vibração podem se considerados


independentes entre eles, se os seus períodos de vibração respeitarem a condição:

Τ j ≤ 0,9 .Τi (E3. 20)

Nessa situação, o máximo valor do efeito acção sísmica considerada, E E , pode ser definido

como a raiz do somatório dos quadrados dos efeitos da acção sísmica, E Ei , nos diferentes

modos de vibração i.

EE = ∑E Ei
2
(E3. 21)

Caso, os modos não sejam considerados como independentes, o Eurocódigo 8 preconiza o


recurso à Combinação Quadrática Completa (CQC).

3.6.3. Análise Estática Não Linear

A análise estática não linear, ou “Pushover Analysis”, constitui o método de referência para a
avaliação e reforço de estruturas existentes. Consiste numa análise estática não linear sujeita a
cargas gravíticas constantes, com um acréscimo monotónico de cargas horizontais aplicadas
no centro de massa ao nível de cada piso. Este método encontra-se incorporado no
Eurocódigo 8, de acordo com a seguinte formulação:
• Não existem condicionantes relativas à aplicabilidade do método derivadas da falta de
regularidade, quer em altura, quer em planta.
• Para a análise de um edifício não-regular é exigido um modelo espacial.
• Para edifícios denominados como regulares dois modelos são aplicados, um modelo
uniforme correspondente a um modo de translacção rígida e outro modelo, modal,
correspondente ao modelo de forças de inércia do primeiro modo da respectiva
direcção considerada.

26
• As verificações são sempre realizadas para a direcção mais desfavorável.

Um dos resultados mais importantes deste tipo de análises é a Curva de Capacidade, que
representa a relação entre o valor do esforço transverso na base da estrutura V, em função do
deslocamento de topo ∆.
Esta curva deve ser determinada por meio de uma análise estática não linear para valores do
deslocamento que variam entre 0 e 150% do valor do Deslocamento Objectivo, que define a
exigência sísmica, em termos de deslocamentos, derivada de um oscilador de um grau de
liberdade (equivalente) a funcionar em regime elástico (espectro de resposta linear).
Este deslocamento objectivo é determinado a partir do Método N2 [20] [21] [22] preconizado no
Anexo B do EN 1998-1: 2004.
No caso de o comportamento ser elástico, o deslocamento objectivo d e * é dado por:

2
 Τ* 
d e * = Sae (Τ*)  (E3. 22)
 2Π 

Em que, S a e (Τ *) é o valor espectral da aceleração correspondente a Τ * .

3.6.4. Análise Dinâmica Não Linear

• A resposta temporal da estrutura pode ser obtida através de integração directa das
equações diferenciais que representam a acção, através dos acelerogramas definidos no
EN 1998-1:2004 na cláusula 3.2.3.1 para representar a acção do solo.
• Os modelos estruturais utilizados devem ser substanciados por regras que descrevam o
comportamento dos elementos quando sujeitos a acções cíclicas de carga e descarga.
Estas regras devem reflectir a capacidade de dissipação de energia dos elementos
estruturais quando sujeitos a acções sísmicas de dimensionamento.
• A resposta sísmica da estrutura pode ser obtida da média das análises dinâmicas não
lineares efectuadas, num número mínimo de sete ou através do valor mais desfavorável
das análises efectuadas.

27
3.7. Filosofia de dimensionamento

As estruturas são dimensionadas sismicamente com a finalidade de possuírem capacidade de


dissipação de energia e ductilidade sem perderem a sua capacidade resistente às cargas
7
verticais e horizontais . O balanço entre resistência e capacidade de dissipação é caracterizado
pelos valores do coeficiente de comportamento e pela respectiva classe de ductilidade.
O Eurocódigo 8 preconiza três classes de ductilidade, que foram essencialmente reduzidas
para duas, Classe de Ductilidade Médio e a Classe de Ductilidade Alta.
A terceira classe, denominada como Classe de Ductilidade Baixa, corresponde a um
dimensionamento baseado nas forças, com baixa ductilidade e excesso de resistência, a que
corresponde um coeficiente de comportamento q = 1,5 . Este nível está limitado para zonas de
baixa sismicidade (PGA ≤ 0,1g), valor recomendado pelo Eurocódigo 8.
A figura seguinte ilustra dois tipos de mecanismos de dissipação de energia distintos para um
mesmo edifício.

Figura 3. 5: Mecanismos de dissipação de energia em edifícios.

No primeiro mecanismo, sistema do tipo “viga fraca – coluna forte”, as rótulas plásticas formam-
se nas vigas. Devido à grande capacidade de redistribuição de esforços existente nas vigas,
este mecanismo exibe uma grande capacidade de dissipação de energia. No segundo
mecanismo, sistema do tipo “viga forte – coluna fraca”, as rótulas plásticas formam-se nas
colunas. Como nesse mecanismo formam-se menos rótulas plásticas, a sua capacidade de
dissipação de energia é menor do que no mecanismo anterior.
É, portanto, possível controlar e prever o comportamento de uma estrutura, definindo as zonas
onde se vão formar as rótulas plásticas e a sua sequência de formação. Estes propósitos são
alcançados atribuindo valores diferentes de ductilidade e de resistência às diferentes partes da
estrutura.
Para evitar que se formem rótulas plásticas em zonas onde isso não está previsto, essas zonas
devem possuir uma sobreresistência relativamente aos valores de cálculo. Esse excesso de
resistência em zonas críticas vai fazer com que as rótulas plásticas se formem nas zonas
pretendidas.

7
Devendo ser respeitadas as disposições preconizadas pelo EN 1998-1: 2004 em termos de capacidade
resistente e de capacidade de deformação.

28
As zonas elásticas são dimensionadas para que as máximas acções plausíveis,
correspondentes à sobreresistência nas rótulas plásticas, não provoquem deformações
inelásticas e para que permaneçam sempre em regime elástico.
Para que isso aconteça, em todos os edifícios de dois ou mais pisos, as ligações viga-coluna
são sobredimensionadas em relação às vigas, através de um factor de segurança de 1,3
aplicado à capacidade de dimensionamento de flexão das vigas.

∑M Rd,c ∑M
≥ 1.3 Rd,b (E3. 23)

A expressão anterior deve ser satisfeita para ambos os sentidos da acção sísmica e ao longo
das direcções principais de curvatura. Na expressão 3.23, M Rd,c e M Rd ,b , são respectivamente,

os momentos flectores de dimensionamento das colunas e vigas que confluem nessa ligação.

Os elementos estruturais primários devem ser dimensionados e pormenorizados para


possuírem capacidade de dissipação de energia enquanto os restantes elementos estruturais
são dimensionados de modo a possuírem capacidade resistente suficiente para que não
inviabilizem a dissipação de energia do sistema.

O objectivo da filosofia de dimensionamento em estruturas porticadas é transferir as rótulas


plásticas para as vigas, deixando as colunas livres dos mecanismos de rotura, para que se
formem mecanismos mais hiperstáticos. Estabelece-se assim uma configuração hierárquica de
rótulas plásticas evitando os mecanismos de rotura frágil e as concentrações de tensões em
zonas singulares e em zonas críticas [1] [29].

3.8. Isolamento Sísmico de Base

O Eurocódigo 8 aborda pela primeira vez o assunto do isolamento sísmico de base, Secção 10
– Isolamento de Base. Este sistema encontra-se localizado sob a massa da estrutura e tem
como objectivo a redução da resposta sísmica do sistema às forças horizontais.
Essa redução pode ser efectuada incrementando o período fundamental da estrutura
sismicamente isolada, modificando a configuração do seu modo fundamental, alterando o
amortecimento da estrutura ou por uma combinação desses procedimentos [24] [25].

3.8.1. Critérios de verificação

• Estado de Dano Não Colapso (EDNC): associado ao colapso total ou parcial da estrutura.
• Estado de Dano Limitação de Danos (EDLD): associado com a ocorrência de danos que
ultrapasse as exigências da estrutura em serviço.

29
Para o estado LD, quaisquer ligações ou tubagens (“lifelines”) que cruzem ligações na
vizinhança da estrutura isolada devem permanecer em regime elástico e o deslocamento inter-
pisos deve ser limitado a 0,50 a 0,75% da altura do piso, dependendo das propriedades dos
elementos não estruturais [29].
Para o estado NC, a capacidade última, em termos de capacidade resistente e de deformação
dos dispositivos de isolamento sísmico, não deve exceder os coeficientes de segurança
relevantes.

3.8.2. Requisitos gerais de dimensionamento

Dispositivos e controlo de movimentos indesejáveis


8
Os dispositivos devem estar fixos à estrutura e à subestrutura . Todas as condições
necessárias ao seu funcionamento e manutenção devem ser garantidas de acordo com a
cláusula 10.5.1 do EN 1998-1: 2004 [1].

Controlo dos deslocamentos diferenciais do solo


Os elementos estruturais, localizados devem possuir rigidez suficiente em ambas as direcções,
vertical e horizontal, de modo a que os efeitos dos deslocamentos diferenciais do solo sejam
minimizados. Para que tal condição se verifique a estrutura deve apresentar comportamento de
diafragma rígido, acima e abaixo do sistema de isolamento e os dispositivos de isolamento
sísmico devem estar ligados aos diafragmas estruturais directamente ou através de elementos
verticais.

3.8.3. Acção sísmica e coeficiente de comportamento


As três componentes da acção sísmica devem ser consideradas simultaneamente e definidas
por um espectro de resposta elástico em função das condições geotécnicas locais e da
aceleração de dimensionamento do solo. O valor do coeficiente de comportamento deve ser
q = 1 [1].

3.8.4. Propriedades do sistema de isolamento


Os valores utilizados na análise da estrutura devem ser os mais desfavoráveis durante o tempo
de vida da estrutura e devem reflectir a velocidade do carregamento, o valor da carga vertical
simultânea, os valores das cargas horizontais simultâneas, a temperatura e a variação das
propriedades ao longo do tempo de vida da estrutura.

8
Parte da estrutura localizada abaixo da interface do isolamento, incluindo as fundações.

30
3.8.5. Análise estrutural
A resposta dinâmica do sistema deve ser analisada em termos de acelerações, forças de
inércia e de deslocamentos.
O modelo do sistema de isolamento deve reflectir, com suficiente precisão, a distribuição
espacial dos dispositivos e o comportamento dos mesmos.
Os efeitos da torção devem ser considerados, incluindo o efeito da excentricidade acidental.

Análise linear equivalente

O comportamento do sistema de isolamento pode ser considerado como linear equivalente se


as seguintes condições forem satisfeitas:

a. A rigidez efectiva do sistema, para a deformação de dimensionamento, é pelo menos 50%


da rigidez para 20% da deformação de dimensionamento.
b. O coeficiente de amortecimento efectivo é inferior a 30%.
c. A curva força-deslocamento não apresente variações superiores a 10% devido à taxa de
aplicação das cargas ou devido à variação das cargas verticais.
d. O aumento da força de restituição, quando a deformação varia entre 50% e 100% do
9
deslocamento de dimensionamento, deve ser superior a 2,5% do peso da superestrutura .

Se for utilizado um modelo linear equivalente, a energia dissipada pode ser expressa em
função do amortecimento viscoso equivalente.
Caso o sistema de isolamento seja considerado como linear equivalente e a acção sísmica
definida através do espectro elástico, um coeficiente de correcção do amortecimento deve ser
definido de acordo com as partes relevantes do Eurocódigo 8 – parte 1.

Análise linear simplificada


A análise linear simplificada considera dois movimentos horizontais de translacção e um
movimento de rotação em torno de um eixo vertical.
Assume-se que a estrutura se comporta como um corpo rígido, movendo-se sobre a superfície
de isolamento. O período da estrutura, Teff , é definido por:

M (E3. 24)
Teff = 2π
K eff

Em que,
M Massa da superestrutura.
K eff Rigidez horizontal do sistema de isolamento.

9
Parte da estrutura que é isolada e localizada acima da interface do isolamento.

31
O método simplificado pode ser aplicado ao sistema de isolamento, com comportamento linear
equivalente amortecido, se respeitar as condições definidas nas partes relevantes do
Eurocódigo 8 parte 1: Secção 10.

Análise modal linear simplificada


Se os dispositivos de isolamento base apresentarem comportamento linear equivalente e a
totalidade das condições anteriores não for respeitada, pode proceder-se a uma análise modal.

Análise dinâmica não linear


Se o sistema de isolamento não poder ser representado por um modelo linear equivalente a
sua resposta deve ser calculada através de uma análise dinâmica não linear, recorrendo a leis
constitutivas dos dispositivos que traduzam correctamente o seu comportamento, no raio de
deformações e velocidades previstas no processo de dimensionamento sísmico.

3.8.6. Verificações de segurança ao Estado Limite Último

• A subestrutura deve ser verificada às forças de inércia directamente aplicadas e às


forças e momentos transmitidos pelo sistema de isolamento.
• As verificações de segurança, na superestrutura e na subestrutura, devem ser realizadas
de acordo como o ponto 4.4. do EN 1998-1:2004 [1]. As condições de ductilidade,
globais e locais, e o “Capacity Design”, não precisam de ser satisfeitas.
• Os elementos estruturais da superestrutura e da subestrutura podem ser designados
como Não-Dissipativos e a classe de ductilidade adoptada como Baixa.
• A condição resistente dos elementos estruturais da superestrutura pode ser satisfeita
dividindo os efeitos da acção sísmica por um coeficiente de comportamento de 1,5.
• As verificações de segurança ao estado limite último devem ser efectuadas considerando
a possível rotura dos dispositivos. A capacidade resistente do sistema de isolamento
deve ser calculada majorando os deslocamentos produzidos pela acção sísmica por um
coeficiente γ x , cujo valor recomendado é de 1,2.

• Conforme o tipo de dispositivo considerado, a resistência do sistema de isolamento deve


ser calculada, para o estado NC, em termos de forças ou em termos de deslocamentos
horizontais [1] [24].

32
Capitulo 4. Avaliação sísmica e reforço sísmico de edifícios de betão
armado.

4.1. Introdução

A regulamentação actual de avaliação e reforço sísmico, Eurocódigo 8 parte 3, constitui


a versão final da pré-norma Europeia. Reflecte as orientações mais recentes do
dimensionamento sísmico e pretende a compatibilização com a parte 1 do Eurocódigo 8.

Os objectivos a que se propõem são a avaliação e análise detalhada de edifícios individuais e o


dimensionamento sísmico do seu reforço. Estes objectivos são alcançados, segundo a filosofia
do “Capacity Design”, que pretende ainda evitar o aparecimento de roturas frágeis, tirando
partido da ductilidade da estrutura e da sua capacidade de dissipar energia.

4.2. Exigências de desempenho para estruturas existentes

As exigências fundamentais referem-se ao estado de dano da estrutura e são definidas por três
estados de dano ou estados limites, caracterizados da seguinte forma:

• Estado Limite de Colapso Eminente (ELCE) – A estrutura está fortemente danificada e


próxima do colapso. Apresenta fraca resistência e rigidez residuais, grandes deformações
permanentes e é, provavelmente, incapaz de suportar a acção de outro sismo, de
intensidade moderada. Contudo, a maior parte dos elementos verticais mantêm a
capacidade de suportar cargas gravíticas.

• Estado Limite de Danos Severos (ELDS) – A estrutura apresenta danos significativos com
alguma resistência e rigidez residuais. Os elementos estruturais são ainda capazes de
suportar cargas verticais. Os elementos não estruturais apresentam danos, não se
verificando colapsos fora do plano de paredes divisórias e de enchimento. Observam-se
deformações permanentes moderadas. A estrutura ainda pode suportar acções sísmicas de
intensidade moderada.

• Estado Limite de Limitação de Danos (ELLD) – A estrutura apresenta danos ligeiros, sem
cedência significativa dos elementos estruturais, que mantêm as suas características de
resistência e de rigidez. Os elementos estruturais apresentam fendilhação difusa, sendo de
reparação fácil e económica. Não se observam quaisquer deformações permanentes.

As Autoridades Nacionais são responsáveis pela definição do nível de protecção, essa


informação deve ser definida nos Anexos Nacionais de cada pais.

33
Os níveis de protecção correspondem à selecção, para cada um dos Estados de Dano, de um
período de retorno e de uma acção sísmica de dimensionamento [1] [2]. A norma sugere os
seguintes valores para o período de retorno:

• ELCE: 2475 anos, correspondente a uma probabilidade de excedência de 2% em 50 anos.


• ELDS: 475 anos, correspondente a uma probabilidade de excedência de 10% em 50 anos.
• ELLD: 225 anos, correspondente a uma probabilidade de excedência de 20% em 50 anos.

A adopção desses valores garante o mesmo nível de protecção relativamente às estruturas


novas. As Autoridades Nacionais devem definir igualmente que Estados de Danos devem ser
simultaneamente verificados [1] [2].

4.3. Critérios de verificação

Os critérios de verificação incluem a escolha da acção sísmica, do método de análise e dos


procedimentos de dimensionamento apropriados aos diferentes materiais estruturais. Estes
critérios são estabelecidos com base na comparação entre as exigências sísmicas e as
capacidades dos elementos estruturais, de modo a que as exigências não excedam as
capacidades correspondentes.

Os elementos são diferenciados como dúcteis e frágeis. Os elementos dúcteis são elementos
sujeitos a mecanismos de flexão composta e/ou simples, os elementos frágeis são elementos
estruturais sujeitos a mecanismos de esforço transverso.
Nos elementos dúcteis importa assegurar que a capacidade de deformação não é excedida,
nos elementos frágeis deve assegurar-se que a capacidade resistente não é excedida [10] [12].

As exigências sísmicas são definidas em termos da excedência de determinados estados limite,


ou estados de dano, para níveis de protecção considerados apropriados pelas Autoridades
Nacionais.
As exigências são definidas tendo por base a acção sísmica relevante para cada Estado de
Dano previamente definido, e considerando os resultados da análise. As capacidades deverão
ser avaliadas de acordo com os Estados de Dano considerados e com base nos valores
médios das propriedades dos materiais, obtidos em ensaios in-situ e adequadamente
modificados por coeficientes de confiança em função do nível de conhecimento, e
adicionalmente, no caso de elementos frágeis, pelos coeficientes parciais de segurança
definidos na Parte 1 do Eurocódigo 8.

As capacidades devem basear-se, para o ELCE, em deformações ou resistências últimas


apropriadamente definidas, para o ELDS, em deformações associadas aos danos em

34
elementos dúcteis e em resistências estimadas para os elementos frágeis, e para ELLD, na
resistência de cedência tanto em elementos dúcteis como frágeis [10].

4.4. Informação sobre a avaliação estrutural

A parte 3 do Eurocódigo 8 define critérios de avaliação do comportamento sísmico de


estruturas individuais existentes, estabelecendo critérios para os projectos de reparação e de
reforço, incluindo as fases de concepção, análise e dimensionamento.

Na avaliação sísmica de estruturas existentes, a informação necessária deve ser obtida a partir
de registos disponíveis, de informação relevante existente, de inspecções locais e através de
ensaios in-situ ou laboratoriais [1]. O cruzamento desta informação proveniente de diferentes
fontes deve ser feito de modo a reduzir as incertezas.

O Eurocódigo 8 preconiza três Níveis de Conhecimento (NC) para a informação de base, que
reflectem a qualidade e quantidade da informação obtida.
O nível global de conhecimento é definido como uma combinação de conhecimento disponível
ou adquirido nas seguintes categorias: geometria, detalhe e materiais.
No caso de estruturas de betão armado, a geometria refere-se às propriedades geométricas do
sistema estrutural resistente, sendo essa informação obtida através da análise dos desenhos
originais ou através de pesquisa.
O detalhe é traduzido pela pormenorização das armaduras e ligações, e a respectiva
informação obtém-se através de inspecções.
Finalmente, os materiais são definidos pelas suas propriedades mecânicas, sendo essa
informação obtida por meio de ensaios experimentais.

A informação de base deve focar-se nos seguintes pontos:


• Critérios de regularidade expostos em EN 1998-1: 2004[1].
• Tipo de solo e de fundação EN 1998-1: 2004 [1].
• Dimensões e propriedades dos elementos estruturais.
• Características dos materiais constituintes e estado de conservação.
• Eventuais defeitos dos materiais ou pormenorização inadequada.
• Critério de dimensionamento usado no projecto original, descrição do tipo de utilização
actual ou futura da estrutura de acordo com a classificação da EN 1998-1: 2004.
• Reavaliação e quantificação das acções variáveis em função tipo de utilização.
• Tipo e extensão de danos estruturais existentes, incluindo reparações anteriores.

35
Os termos apresentados no quadro 4.1; Limitado, Normal e Completo, são definidos da
seguinte forma:
• Conhecimento Limitado: inspecções realizadas a 20% dos elementos e teste de uma
amostra de material por piso.
• Conhecimento Normal: inspecções realizadas a 50% dos elementos e teste de duas
amostras de material por piso.
• Conhecimento Completo: inspecções realizadas a 80% dos elementos e teste de três
amostras de material por piso.

Quadro 4. 1: Níveis de análise e correspondentes métodos de análise [2].


Nível de
Geometria Detalhe Materiais Análise CF10
conhecimento
Desenhos
Dimensionamento de
NC1 originais de Valores de defeito e
acordo com a prática
Conhecimento projecto e ensaios in-situ Lineares 1,35
relevante e inspecções in-
Limitado inspecção visual limitados
situ limitadas
limitada
Desenhos originais Especificações
NC2 Inspecção visual
incompletos associados a originais e ensaios
Conhecimento completa e Todas 1,2
inspecções in-situ in-situ limitados ou
Normal detalhada
limitadas ou mais extensas mais extensos
Testes originais e
NC3 Inspecção visual Desenhos originais
ensaios in-situ
Conhecimento completa e associados a inspecções Todas 1
limitados ou mais
Completo detalhada in-situ limitadas
extensos

Os três níveis de conhecimento são definidos em ordem crescente de qualidade e quantidade


de conhecimento, associados a cada nível está um Factor de Confiança (confidence factor CF).
O nível de conhecimento determina o tipo de análise que é permitida e o valor do coeficiente de
confiança a utilizar, esta informação encontra-se sumariada no quadro 4.1.

4.5. Avaliação Estrutural

A avaliação estrutural é um processo quantitativo no qual se verifica se uma estrutura existente,


danificada ou não, resiste à combinação sísmica de dimensionamento. Este processo de
avaliação deverá ser levado a cabo para edifícios individuais, com base nos métodos gerais de
análise definidos em EN 1998-3: 2005, na secção 4.3 [2]. Posteriormente, e caso haja

10
CF: factor de confiança, valores recomendados. Sendo que os valores devem ser encontrados nos
anexos nacionais.

36
necessidade de uma intervenção estrutural, definem-se quais as técnicas de reforço e de
reabilitação a implementar.
Estas metodologias deverão ser sempre completadas pela informação derivada de casos de
estudos similares e de experiência adquirida [1].

4.5.1. Acção sísmica, combinação de acções e modelação estrutural

• A acção sísmica a considerar nas análises lineares é a correspondente ao espectro de


resposta elástico com um amortecimento viscoso de 5%.
• O método do coeficiente de comportamento recorre ao espectro de resposta de
dimensionamento. O valor do coeficiente de comportamento para estruturas de betão
armado é de q = 1,5 . Pode no entanto adoptar-se um valor do coeficiente de comportamento
mais elevado no caso de estruturas mais dúcteis EN 1998-1: 2004 [1].
• As combinações de acções processam-se de igual modo ao definido para o
11
dimensionamento de estruturas novas .
• No que diz respeito à modelação estrutural, importa realçar que a rigidez e resistência dos
elementos secundários deve ser desprezada na análise às acções laterais. Se for aplicada
uma análise não linear, é aconselhável que se tomem em consideração os elementos
secundários [2].

4.5.2. Métodos de análise

Os efeitos da acção sísmica combinados com as restantes cargas, de acordo com a


combinação sísmica, podem ser avaliados utilizando um dos seguintes métodos de análise, se
aplicáveis:
a. Análise Estática Linear
b. Análise Dinâmica Linear
c. Análise Estática Não Linear
d. Análise Dinâmica Não Linear

Regra geral, os métodos de análise utilizados no reforço de edifícios existentes são os mesmos
que os utilizados no dimensionamento de edifícios novos, embora em algumas situações,
nomeadamente em métodos lineares, existam condições de aplicabilidade suplementares que
necessitam ser verificadas. Caso essas condições não se verifiquem, recorrer-se-à a métodos
de análise não lineares. Contudo, a aplicação desses métodos revela-se bastante mais
complexa que os anteriores e necessita de uma maior quantidade de informação para que
possam ser aplicados.

11
Capítulo 3 desta dissertação.

37
Os métodos de análise linear podem ser aplicados a edifícios existentes se, adicionalmente às
condições existentes para edifícios novos, se garantir que as exigências de ductilidade estão
distribuídas de modo uniforme por toda a estrutura. Esta condição, cláusula 4.4.2 (1) EN 1998 -
12
3: 2005 , é concretizada garantindo que o rácio ρ i = ρ máx. / ρ min. , para todos os elementos
primários, não excede um valor fixado no intervalo entre 2 e 3. O valor recomendado pelo EN
1998-3: 2005 é de 2,5.
Em que, ρ máx. e ρ min .. , são os valores máximos e o valor mínimo do ratio ρ , respectivamente.

Este rácio é definido pelo quociente ρ máx. = Di / C i , em que Di é a exigência do esforço

retirado da análise elástica e C i a capacidade do elemento i, que representa a ductilidade local

do elemento.
Os elementos primários e as zonas próximas da ligação pilar-viga, onde as rótulas plásticas
não se vão formar, têm de verificar a seguinte condição: ρ i ≥ 1 .

O EN 1998-1:2004 preconiza que quando as condições definidas para edifícios novos não são
respeitadas pode recorrer-se à análise dinâmica linear.
No caso de a cláusula 4.4.2 (1) [2] não se verificar, recorre-se a um método de análise não
linear. As análises não lineares podem ser realizadas de acordo com a formulação exposta
para edifícios novos, não estando sujeitas a condições de aplicabilidade suplementares quando
se procede à avaliação e reforço de estruturas existentes.

4.6. Verificação da Segurança para o reforço de elementos de betão armado

A verificação de segurança é realizada no âmbito do “Capacity Design”, através da comparação


entre as exigências da acção sísmica e as capacidades dos elementos.

As exigências Di são determinadas de diferente forma, consoante os elementos sejam dúcteis

ou frágeis [2].
As exigências relativas aos elementos dúcteis são quantificadas em termos de deformações
nos extremos das vigas e das colunas, obtidas directamente da análise. Por outro lado, as
exigências em elementos frágeis são calculadas através das equações de equilíbrio,
13
considerando as acções transmitidas pelos elementos dúcteis.

No ponto de vista da capacidade C i , os elementos dúcteis devem ser verificados em termos

de deformação e os valores das suas capacidades, para os diferentes estados limite, são

12
Condição 4.4.2 (1) EN 1998-3: 2005.
13
Essas acções são as que advêm da análise considerada.

38
obtidos das equações apropriadas, usando os valores das suas propriedades mecânicas
divididos pelos factores de confiança apropriados.
Os elementos frágeis são verificados em termos de resistência, de esforço transverso, e os
valores das suas capacidades são obtidos das expressões pertinentes, utilizando os valores
das propriedades mecânicas divididos pelos factores de confiança e pelos factores parciais de
segurança.
A avaliação das capacidades, independentemente do tipo de elemento, dúctil ou frágeis, deve
ser efectuada de acordo com a informação que consta no Anexo respectivo a cada tipo de
material [9] [10].
• Se os elementos dúcteis satisfizerem a condição ρ . = Di / C i ≤ 1 , os elementos frágeis

não atingem a cedência e encontram-se em regime elástico.


• No caso de ρ . = Di / C i > 1 , a capacidade Ci é atingida e os elementos encontram-se

em regime plástico.

A informação relativa aos valores das propriedades dos materiais, a serem adoptados em
função das suas capacidades e exigências para todos os tipos de análise, e o critério que deve
ser seguido para a verificação de segurança, em elementos dúcteis e frágeis para todos os
tipos de análise, encontra-se na Tabela 4.3 do EN 1998-3: 2005 (Anexo 3).

O quadro seguinte apresenta os critérios de verificação para a avaliação e reforço de


elementos de betão armado em função das exigências de desempenho.

Quadro 4. 2: Critérios de verificação para avaliação do reforço de elementos de betão armado [37].
Danos Colapso Eminente (ELCE)
Limitação de
Elementos Significativos
Danos (ELLD) Análise linear Análise não linear
(ELSD)
Primários θE≤ 0,75 θu,m-σ θE≤ θu,m-σ
Dúcteis θE≤ θy
Secundários θE≤ 0,75 θu,m θE≤ θu,m
Verificar somente se ELCE não VE,CD≤VRd,EC2, VE,max ≤ VRd,EC2,
Primários
verificar. Aplicar critério ELCE VRd,EC8/1,15 VRd,EC8/1,15
Frágeis com VE,max. obtido da análise ou
VE,CD≤VRm,EC2, VE,max ≤ VRm,EC2,
Secundários com VE,CD da análise linear no
VRm,EC8 VRm,EC8
ELDS

Em que,
θE Valores das exigências em deformações retirados da análise.
VE Valores das exigências de esforço transverso retirados da análise.
VE, CD Valor de esforço transverso de dimensionamento obtido da análise
efectuada segundo o “Capacity Design”.

39
θy Valor da deformação de cedência.
θu,m Valor da deformação de colapso.
θu,m-σ Desvio face à deformação última (= θu,m/1.5 ou = θy + θplu,m/1.8).
VRd ,VRm Resistência ao corte com/sem factores de segurança.
VR,,EC2 Resistência ao corte do elemento sujeito a um carregamento
monotónico.
VR,,EC8 Resistência ao corte do elemento com carregamento cíclico e após a
cedência por flexão ser atingida.

4.7. Modelos de Capacidade para a Avaliação do Reforço de Elementos de Betão


Armado

4.7.1. Elementos de betão armado sujeitos a flexão simples e composta

Deformações de cedência em elementos de betão armado θ y . Para o Estado Limite Limitação

de Danos (ELLD)

Lv + aV z  h  ε y db f y
Vigas e colunas: θ y = φy + 0,001351 + 1,15  + (E4. 1)
3  Lv  d − d` 6 fc

Lv + aV z  h  ε y db f y
Paredes: θy = φy + 0,0021 + 0,135  + (E4. 2)
3  Lv  d − d` 6 fc
Em que,
φy Curvatura de cedência na extremidade do elemento.

Lv Ratio momento/esforço transverso na secção de extremidade.

aV Variação de tensão no diagrama de momentos flectores14 . aV =1 se as fendas


por corte são esperadas posteriormente à cedência por flexão, caso contrário
aV =0.

z Braço interno no elemento (≈0.9d).

h Altura da secção transversal.


εy Deformação de cedência (= f y / Ε s ).

d , d´ Distâncias à armadura de tracção e compressão, respectivamente.

db Diâmetro da barra.

f y , fb Tensão de cedência no aço e no betão, respectivamente, em Mpa.

14
Consultar EN 1992-1-1: 2004,9.2.1.3(2).

40
Deformações últimas em elementos de betão armado θ um . Para o Estado Limite Colapso

Eminente (ELCE)

0, 225 0,35  f 
 max(0,01; ω `)   αρ sx yw
(1,25 )

1  Lv    100 ρ d
θ um = + 0,016.(0,3 ) v
fc    25  fc 
(E4. 3)
γ el  max(0,01; ω )   h 
Ou,

θ um = θ y + θ um pl (E4. 4)

Com,

0, 3 0,35  f 
 max(0,01; ω `)   αρ sx yw 
θ um = pl 1
γ el
+ 0,0145.(0,25 )  v

0, 2  L 
. f c . v  25

 f c 
(1,275 100 ρ d
) (E4. 5)
 max(0,01; ω )   h

γ el Coeficiente de redução elástico. Igual a 1,5 para elementos sísmicos primários

e a 1,0 para elementos sísmicos secundários.


υ Esforço normal reduzido (= N / bhf c ).

b Largura da zona comprimida.


N Esforço axial de compressão positivo.
ω , ω´ Percentagem mecânica de armadura de tracção e compressão.

f c , f yw Resistência à compressão do betão (MPa) e resistência de cedência dos

estribos.

ρ sx Percentagem de armadura paralela à direcção x do carregamento

( = A sx / b w s h )

sh Espaçamento dos estribos.

ρd Percentagem de armadura de reforço diagonal, em cada direcção diagonal,

caso exista.

s h  ∑ bi 
2
 s h 
Factor de eficácia de confinamento. α = 1 −
α
 2b 1 − 2h 1 − 6h b 
 0  0  0 0 

(E4. 6)

b 0 , h0 Dimensões do betão confinado.

bi Espaçamento das armaduras longitudinais na zona central.

Para a avaliação da deformação última θ u m pode ser usada a seguinte expressão alternativa:

41
 0,5L pl 
θ um =
1
(θ + (ϕ u − ϕ y )L pl 1 − 
 (E4. 7)
γ el
y
 LV 

Em que, ϕ u é a curvatura última da secção de extremidade.

d bL f y (MPa )
L pl = 0,1LV + 0,17h + 0,24 (E4. 8)
f c (MPa )
Em que, d bL é o diâmetro da armadura de tracção.

4.7.2. Elementos de betão armado sujeitos ao corte

Esforço Transverso Resistente (cíclico) VR, controlado pelos estribos, após a cedência por
flexão. Para o Estado limite Colapso Eminente (ELCE)

h − x
(
 2L min(N ;0,55AC f C ) + 1 − 0,05 min 5; µ ∆ ⋅ (
pl
)) 

1  V 
VR = (E4. 9)
γ el     L   
0,16 max(0,5;100ρ tot )1 − 0,16 min 5; V   f C AC + VW  
   h   

Em que,
γ el Igual a 1,15 para elementos sísmicos primários e 1,0 para elementos sísmicos
secundários.
x Altura da zona comprimida.
N Esforço normal de compressão positivo. É igual a 0 se for de tracção.
AC Área da secção transversal.

µ ∆ pl ( )
Exigência de ductilidade em deslocamento, µ ∆ pl = θ − θ y / θ y .

ρ tot Percentagem de armadura longitudinal.

VW Contribuição da armadura de esforço transverso para a resistência ao corte

dado pelas equações (A.13) e (A.14) no anexo A do EN 1998-3: 2005.

O esforço transverso de uma parede de betão armado, VR , não pode ser superior ao valor que

corresponde ao esmagamento da alma devido à compressão diagonal, V R,máx.. , que se sujeito

a um carregamento cíclico pode ser calculado a partir da seguinte expressão:

42
VR ,max =
( (
0,85 1 − 0,06 min 5; µ∆ pl )) 
1 + 1,8 min 0,15;
N  
.
γ el 
  AC fC  
(E4. 10)
(1 + 0,25 max(1,75;100ρtot ))1 − 0,2 min(2; LV  fCbW z
 h 

LV
No caso de uma coluna de betão armado, se o ≤ 2 , na secção de extremidade, a
h
resistência ao corte VR não pode ser superior a V R,máx.. , que devido a um carregamento cíclico

pode ser calculado através da seguinte fórmula:

VR , max =
( (
4 / 7 1 − 0,02 min 5; µ ∆
pl
)) 1+1,35 N 
(1 + 0,4500ρ tot ) min(40; f C )bW z sin 2δ (E4. 11)
γ el  AC f C
 
Em que,
LV
Ratio de corte.
h
V R,máx.. Esforço transverso máximo devido ao esmagamento do betão.

δ Ângulo entre a diagonal e o eixo da coluna ( tan δ = h / 2LV ).

43
Capitulo 5. Técnicas de reforço e de intervenção

5.1. Introdução

Existe actualmente uma grande variedade de técnicas de reforço sísmico, dependendo


a sua utilização do tipo de condicionantes, resultados e conclusões da avaliação da estrutura.
A selecção do tipo de intervenção é, portanto, um processo complexo cujo objectivo é
assegurar que as exigências sísmicas do edifício reforçado são menores que as capacidades
resistentes modificadas.
Consoante a extensão dos danos deve ser tomada uma decisão sobre a intervenção que
minimize os custos de intervenção e que tome em linha de conta os interesses sociais
inerentes. Essa decisão deve ser suportada por critérios técnicos, como descrito na Cláusula
5.1.2 do EN 1998-3: 2005 [2].
A selecção do tipo de técnica de reforço, da sua extensão e da sua urgência deverá ser
baseada na informação estrutural recolhida durante a avaliação do edifício e deverá reflectir a
natureza das deficiências e a sua extensão.
Logo, os seguintes aspectos devem ser tomados em consideração:

• Os erros locais devem ser apropriadamente corrigidos.


• As irregularidades muito grandes, em termos de rigidez e de resistência, devem ser
diminuídas na medida do possível, quer em altura, quer em planta. Essas características
podem ser melhoradas através da modificação de resistência e rigidez de um número
apropriado de elementos existentes ou através da introdução de novos elementos
estruturais.
• Se necessário deve aumentar-se a ductilidade localmente. O aumento da resistência,
após a intervenção, não deverá reduzir a ductilidade global da estrutura.

5.2. Tipos de intervenções

O Eurocódigo 8 parte 3 [2] estabelece as seguintes técnicas de intervenção que podem ser
utilizadas isoladamente ou em conjunto:

• Modificação local ou global de elementos danificados ou não danificados (reparação,


reforço ou substituição), em termos de rigidez, resistência e/ou ductilidade.
• Adição de novos elementos estruturais, elementos de contraventamento ou paredes de
alvenaria, entre outros.
• Modificação do sistema estrutural; eliminação ou alargamento das juntas estruturais,
eliminação de elementos vulneráveis, melhoria da regularidade, aumento da ductilidade.

44
• Adição de um novo sistema estrutural para suster parte ou a totalidade da acção sísmica.
• Transformação de elementos não estruturais em elementos estruturais.
• Introdução de dispositivos de protecção passiva, por meio de dissipação ou de
isolamento base.
• Redução de massa, mudança de uso do edifício ou demolição parcial.

Em qualquer das situações supracitadas devem ser considerados os efeitos estruturais ao nível
da fundação.
Com o intuito de condensar a informação, as técnicas de reforço sísmico podem agrupar-se em
duas grandes categorias: o reforço local a nível dos elementos e o reforço do sistema
estrutural na sua globalidade.
O reforço local corresponde a um reforço dos elementos estruturais ou à introdução de novos
elementos resistentes.
As técnicas de intervenção globais mais correntes são o isolamento sísmico de base, os
mecanismos de dissipação de energia e a introdução de elementos resistentes.
As técnicas de intervenção, sejam ao nível local ou global, devem ser sempre consideradas no
âmbito do sistema estrutural global evitando as concentrações de tensões em zonas singulares
e melhorando o comportamento sísmico da estrutura.

5.3. Reforço Sísmico de Elementos de Betão Armado Existentes

Regra geral, esta técnica aplica-se às estruturas que possuam uma boa concepção sísmica e
quando os resultados da avaliação revelem que a capacidade de deformação de alguns
elementos isolados apresente deficiências.
O reforço de elementos é utilizado em pilares, com o objectivo de melhorar o seu
comportamento sísmico através de um aumento de ductilidade e de capacidade resistente.
Pode ser também utilizado em lajes e em vigas para melhorar o comportamento à flexão e ao
esforço transverso.

5.3.1. Reforço por Encamisamento

O reforço por encamisamento consiste em envolver a secção transversal dos elementos de


betão armado com uma camada de argamassa ou de betão, na qual se insere o material de
reforço. É importante garantir a ligação dos componentes para que o encamisamento seja
eficiente e que os dois materiais se comportem monoliticamente. Esta ligação pode ser
efectuada por aderência ou por meios mecânicos. A aderência que se gera entre as armaduras
de reforço (por exemplo) e o betão existente produz uma transferência de forças entre os
materiais, a ligação é resultante dessa transferência de forças.

45
Por vezes, os mecanismos de aderência não são suficientes para garantir a ligação e tem que
se recorrer a meios mecânicos tais buchas metálicas e aplicação de resinas [23].

Figura 5. 1: Encamisamento com betão armado e com aço [18].

O encamisamento com betão armado tem sido bastante usual nas últimas décadas,
principalmente pelas suas vantagens económicas e pelo “know-how” que existe acerca do
betão armado. Para além disso, apresenta vantagens ao nível da sua aplicação devido à sua
versatilidade e à sua capacidade de assumir as formas desejadas [7].
Estas suas características permitem que a cintagem com betão armado se estenda para além
do elemento até às zonas das ligações viga-coluna. Esta técnica garante também uma maior
protecção ao fogo e à corrosão das armaduras comparativamente à utilização de armaduras
exteriores.
O encamisamento com betão armado é frequentemente aplicado a colunas e a paredes de
betão armado com as seguintes finalidades:
• Aumentar a capacidade resistente à flexão e ao corte.
• Aumentar a capacidade de deformação.
• Melhorar a resistência em zonas de amarração ou em ligações deficientes.
• Conversão de um sistema “coluna fraca-viga forte” num de “coluna forte-viga fraca”.

Todavia, apresenta alguns inconvenientes que devem ser ponderados aquando da selecção do
tipo de intervenção:
• Um grande aumento da secção transversal dos elementos reforçados que nem sempre é
admissível do ponto de vista arquitectónico e que pode causar restrições à manutenção
do tipo de utilização da construção.
• Possibilidade de rotura por corte na zona de ligação entre os betões.

Para conseguir avaliar a capacidade resistente e de deformação dos elementos, são


consideradas as seguintes hipóteses simplificativas [2]:
• O elemento, betão existente, que vai ser reforçado comporta-se monoliticamente e
funciona como compósito juntamente com o betão novo.
• O valor fC do elemento monolítico é igual ao valor de fC da camisa de reforço, com o
propósito de evitar diferenças de valor entre o betão novo e o antigo.
• A força axial actua na totalidade da secção do compósito.

46
• As propriedades da camisa de reforço aplicam-se à totalidade da secção do elemento.

O Encamisamento com aço é, juntamente com a técnica anterior, uma solução tradicional
para o reforço de elementos estruturais. O objectivo desta técnica é aumentar a resistência ao
corte em colunas e melhorar a resistência em zonas de amarração deficientes. Para além disso
a sua utilização aumenta o confinamento e pode aumentar a ductilidade.

A contribuição da cinta, para a resistência ao corte pode ser aditiva em relação à resistência
existente desde que a cinta permaneça com comportamento elástico. No caso de apenas 50%
da resistência à cedência da cinta de aço ser mobilizada a expressão seguinte define o esforço
transverso adicional V j produzido pela cinta [2] [18]:

2t f b 1
V j = 0,5 f yj,d (E5. 1)
s cosα

Em que,
tf Espessura das cintas de aço.

b Largura das cintas de aço.


s Espaçamento das cintas (b/s = 1 no caso de cintas de aço continuas).
f yj,d Resistência de cedência da cinta de aço, que é igual ao seu valor nominal a

dividir pelo factor de segurança parcial do aço.

As camisas de aço permitem uma eficaz fixação nas zonas de amarração, melhorando a
capacidade de deformação devido a cargas cíclicas. Para obter este resultado as seguintes
condições têm de ser verificadas [2]:
• O comprimento da camisa deve exceder 50% do comprimento da zona de amarração, no
mínimo.
• A camisa tem de ser pressionada contra as faces da coluna por pelo menos duas filas de
parafusos em cada lado, normal à direcção do carregamento.
• Quando ocorrem fendas ao nível da base da coluna, as duas filas de parafusos devem
estar localizados, uma na zona de amarração e a outra a 1/3 dessa região, começando a
partir da base.

No entanto, apresenta alguns inconvenientes, nomeadamente:


• Devido à corrosividade do aço há grande probabilidade da zona da colagem se
deteriorar.
• Dificuldade de manipulação de pesadas chapas de aço no local da obra.
• Necessidade de suportes durante o tempo de cura do adesivo e limitação do
comprimento das chapas, por restrições do seu transporte, podendo dar origem à
necessidade de execução de emendas.

47
Alternativamente às técnicas tradicionais, cintagem com betão e cintagem com aço, pode
recorrer-se a materiais compósitos de FRP (Polímeros Reforçados com Fibras) no reforço
estrutural. A sua utilização está não só associada às propriedades dos materiais compósitos
mas também ao facto de se pretender evitar os aspectos negativos associados às técnicas de
reforço tradicionais.

Figura 5. 2: Encamisamento/ Reforço com FRP [30].

As principais características dos materiais compósitos de FRP são as que se seguem:


• Os materiais apresentam elevada rigidez e resistência à tracção, baixo peso específico e
bom comportamento à fadiga. O reduzido peso específico dos compósitos de FRP facilita
o seu transporte e manuseamento.
• A disponibilização destes materiais com dimensões quase ilimitadas em termos de
comprimento, ao contrário do que acontece com as chapas de aço, elimina a
necessidade de executar emendas no reforço.
• A elevada resistência à corrosão dos compósitos de FRP permite a sua utilização em
ambientes agressivos como, por exemplo, zonas costeiras.
• As elevadas potencialidades dos materiais compósitos em termos mecânicos
proporcionam soluções de reforço que poucas alterações introduzem na arquitectura
inicial das estruturas pois conseguem-se obter consideráveis aumentos da capacidade
resistente dos elementos estruturais com recurso a pequenas quantidades de reforço.
• As técnicas de reforço utilizando materiais compósitos são de fácil e rápida execução [28]
[30].

As principais finalidades da utilização de FRP no reforço sísmico de elementos de betão


armado existentes são:
• Melhoria da capacidade de resistente ao corte de colunas e paredes, através da
aplicação externa de uma liga de FRP.
• Melhoria da ductilidade existente na extremidade dos elementos através do
confinamento produzido pelas cintas de FRP. Esse confinamento deve ser maior nas
zonas de amarração de modo a prevenir a rotura nessa zona [2].

48
A resistência ao corte de um elemento encamisado com FRP pode ser definida a partir da
seguinte fórmula [2] [18]:

VR =
h−x
2 Ls
( (
min(N ,0.55 AC f C ) + 1 − 0.05 min 5, µθ pl • ))
(E5. 2)

(
0.16 max 0.5,100ρ tot )  L
1 − 0.16 min 5, s
 
  f C AC + VW  + V f
   h  

( )
V f = min ε u , f Εu , f , f u , f ρ f bw z / 2 (E5. 3)

Em que,
Vf Contribuição do FRP na resistência ao corte do elemento.

z Braço interno.
ρf Representa o rácio de FRP paralelo à direcção de carregamento ( = 2t f / bw ).

fu, f , Ε f Tensão resistente e o módulo de elasticidade do FRP, respectivamente.

ε u, f Extensão última do FRP.

5.3.2. Reforço por adição de chapas de aços e perfis metálicos

O reforço por adição de armaduras exteriores é aplicável, a vigas e lajes, quando existem
deficiências ao nível das armaduras existentes ou quando se pretende incrementar a
capacidade resistente à flexão e ao esforço transverso. As dimensões dos elementos e a
qualidade do betão devem ser adequados para os esforços existentes [23].

Figura 5. 3: Reforço de uma viga ao esforço transverso [28].

As chapas de aço podem ser colocadas nas faces da viga e ao longo de todo o seu
desenvolvimento. A sua adição permite limitar as deformações existentes e melhorar a
capacidade resistente do elemento.
A adição de chapas metálicas é bastante usual em lajes fungiformes, a sua colocação na face
superior da laje permite um aumento do braço o que se traduz num aumento da capacidade
resistente da laje.

49
Esta técnica também é aplicável a pilares quando estes apresentam um défice de armadura
transversal. A introdução destas chapas permite um aumento do confinamento e da cintagem
dos elementos, o que se traduz num aumento de ductilidade e numa melhoria do
comportamento sísmico [23].

Para que esta técnica de reforço seja eficiente tem que se garantir a existência de uma boa
ligação entre o aço e o betão. Esta ligação pode ser conseguida através de colagem com
resina epóxi e, nas situações em que se justifique, em conjunto com a introdução de buchas
metálicas. As chapas também poderão ser soldadas a cantoneiras, que posteriormente serão
ligadas ao betão através de buchas metálicas.

5.3.3. Reforço por introdução de pré-esforço exterior

O reforço por introdução de pré-esforço exterior é geralmente utilizado para melhorar a


capacidade resistente, de vigas e pilares, à flexão.
Regra geral, adoptam-se armaduras de pré-esforço constituídas por cabos de alta aderência e
devem ser tomadas medidas para garantir a protecção anti-corrosiva dos cabos de pré-esforço.
A eficácia desta técnica depende essencialmente da eficiência da ligação das armaduras de
pré-esforço ao elemento resistente. Essa ligação deve ser assegurada por meio de
mecanismos eficazes de transferência de esforços [23].

Figura 5. 4: Aplicação de pré-esforço exterior a colunas [28].

A introdução de pré-esforço exterior constitui uma boa alternativa à cintagem com aço ou betão
pois permite melhorar a ductilidade e a resistência do elemento sem aumentar a sua rigidez.
Essa melhoria no comportamento é alcançada devido ao confinamento do elemento.

5.3.4. Introdução de elementos resistentes

A introdução de elementos resistentes, tais como paredes resistentes ou contraventamentos


metálicos, aplica-se as estruturas que não cumprem as regras da boa concepção sísmica, em
especial os critérios de regularidade regulamentares, ou quando os elementos verticais são em
número insuficiente.

50
Figura 5. 5: Reforço por introdução de contraventamentos metálicos [36].

A falta de regularidade do sistema estrutural conduz à concentração de deformações numa


parte da estrutura que pode resultar no aparecimento de um piso vazado ou numa estrutura
muito sensível à torção. A adição de elementos estruturais, de modo a eliminar a irregularidade
da estrutura, pode constituir uma alternativa viável para o reforço sísmico.

5.3.5. Isolamento sísmico de base

O isolamento base é uma estratégia de reforço sísmico que se justifica em casos muito
particulares, nos quais a segurança do edifício existente é de importância fundamental para a
protecção civil, como é o caso dos hospitais. A situação mais comum de utilização consiste no
isolamento da superestrutura do edifício em relação às fundações.
Esta técnica apesar de eficaz e de conseguir preservar a segurança do edifício quando sujeito
a acções sísmicas fortes e raras, é bastante dispendiosa e de difícil execução. Razão pela qual
esta técnica de reforço é vista com algum cepticismo por parte de alguns engenheiros. Contudo,
e como em qualquer projecto, a decisão final deverá ser baseada numa análise custos-
beneficios [24] [25].

Figura 5. 6: Comparação entre uma estrutura de base fixa e uma de base isolada.

As principais características de um sistema de isolamento base são:


• Capacidade de suporte para as cargas verticais.
• Baixa rigidez horizontal.
• Capacidade de dissipação de energia (ζ> 5%).
• Capacidade de restituição à posição inicial.

51
Os sistemas de isolamento base mais correntes apresentam-se de seguida:
• Blocos de borracha de alto amortecimento (HDRB)
• Blocos de elastómero com núcleo de chumbo (LRB)
• Apoio pendulares com atrito (FPS)
• Blocos de apoio de borracha em associação com dissipadores.

Figura 5. 7: Sistemas de isolamento base [24].

A aplicação do isolamento base, no reforço de estruturas existentes, depara-se com problemas


relativamente à dificuldade de implantação e colocação em funcionamento. Para que o
isolamento base funcione é necessário que não existam ligações exteriores que condicionem o
movimento horizontal da estrutura em relação ao solo e que o edifico se encontre isolado de
outros edifícios. É portanto necessário cortar as ligações existentes e, simultaneamente,
suportar o edifício até que o sistema de isolamento esteja pronto a funcionar [24,25]. Essa
operação pode ser realizada com recurso a macacos hidráulicos.

52
Capitulo 6. Caso de estudo

6.1. Apresentação do edifício

O edifício em estudo localiza-se em Lisboa e o seu projecto inicial data de 1960.


2
A área de implantação é de 477 m com um desenvolvimento em planta de 30x15,9 metros. É
constituído por cinco pisos, com uma altura total de 23,75 metros. O pé-direito é de 3,75 metros
em todos os pisos com a excepção do piso térreo, onde é 5 metros.
O regulamento utilizado para a sua concepção foi o Regulamento de Betão Armado de 1935.
Posteriormente o projecto foi modificado com base no Regulamento de Estruturas de Betão
Armado de 1966, REBA, e no Regulamento de Solicitações em Edifícios e Pontes de 1960,
RSEP.O edifício não foi objecto de quaisquer modificações posteriores à sua construção.

Figura 6. 1: Planta do edifício em estudo.

Figura 6. 2: Planta de pilares.

53
Figura 6. 3: Planta de vigas.

6.2. Avaliação sísmica

Da informação de base sobre o edifício constam algumas plantas de arquitectura originais e


pormenorizações de alguns elementos estruturais. Para efeitos de realização deste estudo,
assume-se a realização de inspecções a 50% dos elementos (inspecção intensa ao edifício) e
testes a 2 amostras de materiais por piso (testes extensos aos materiais).
Da combinação dessa informação assume-se que o edifício apresenta um nível de
conhecimento normal (NC2), sendo possível recorrer a qualquer método de análise e a que
corresponde um factor de confiança CF=1,2.

Informação base para a avaliação estrutural:

• Critérios de regularidade
O sistema estrutural é do tipo pórtico de betão armado. O edifício cumpre os critérios de
regularidade, em altura e em planta, definidos no regulamento [1].

• Tipo de solo e de fundação


A classe de solo é do tipo C, a que correspondem areias de média a elevada
consistência e argilas com uma espessura de várias centenas de metros [1].
O edifício possui fundações directas, do tipo sapata isolada por cada pilar.

• Dimensões e propriedades dos elementos estruturais


As secções dos elementos estruturais são idênticas às patentes nos desenhos originais.
Existem dois tipos de pilares, P1 e P2, ambos apresentam uma secção transversal
rectangular equivalente de 0,35x0,90 metros.

54
As vigas constituintes enquadram-se em dois tipos, as vigas exteriores VE1 e VE2
(0,30x0,60 m) e as vigas tipo H1 e H2, e V1 a V6 (0,30x0,85m).
A laje vigada apresenta uma espessura de 0,15 metros. A estrutura é constituída por
betão C20/25 e armaduras A400.

• Características dos materiais constituintes, estado de conservação


Os materiais, C20/25 (fck=20 MPa; E=30GPa) e A400 (fsyd=348 MPa), apresentam boas
condições de conservação, sem existência de fendilhação excessiva, corrosão das
armaduras ou deterioração do betão de recobrimento.

• Eventuais defeitos dos materiais ou pormenorização inadequada


Os materiais utilizados na construção não apresentam quaisquer deficiências na sua
constituição, concepção ou aplicação em obra. Os elementos estruturais foram
dimensionados e pormenorizados de acordo com os princípios regulamentares em vigor
nos anos 60, RSEP e REBA. Da análise realizada à estrutura destacam-se as seguintes
deficiências:

Figura 6. 4: Pormenorização de um pilar tipo P1.

Os pilares encontram-se fracamente cintados e com espaçamentos muito elevados. A


armadura transversal tem somente funções construtivas e é insuficiente para evitar
fenómenos de rotura frágil, e o elemento é pouco dúctil (figuras 6.4 e 6.5). A armadura
principal é insuficiente para suportar a acção sísmica regulamentar.

Figura 6. 5: Pormenorização de um pilar tipo P2.

55
! A zona de ligação pilar-viga apresenta graves deficiências ao nível da pormenorização.
Os comprimentos de amarração são inferiores aos valores recomendados e as zonas
das emendas localizam-se muito próximas da ligação pilar-viga, originando a
acumulação de tensões nessas zonas.
! As vigas H1 e o alinhamento de pilares P1 não se encontram com os centros de
gravidade alinhados.

Figura 6. 6:Pormenorização de uma laje tipo.

! A pormenorização é inadequada nas vigas. Existe uma redução muito grande de


resistência entre a secção do apoio e a secção a 1,15 metros do pilar. Nessa secção,
como se poderá concluir mais à frente, os momentos flectores provocados pela acção
sísmica são bastante superiores à capacidade resistente da viga dando origem a uma
concentração de tensões nessa secção. Adicionalmente as armaduras principais são
fracamente cintadas, o que confere pouca ductilidade a essas secções (figura 6.7 e 6.8);

Figura 6. 7: Esquema de pormenorização da viga H1.

56
Figura 6. 8: Esquema de pormenorização da viga H2.

Assumiu-se que a distribuição de armaduras indicadas nas figuras 6.7 e 6.8, para as
vigas H1 e H2, é idêntica em todos os pisos do edifico.

Concluindo, a estrutura não foi dimensionada e pormenorizada de modo a garantir o seu


comportamento dúctil e a permitir a redistribuição de esforços. Como tal, os pilares
encontram-se vulneráveis a fenómenos de rotura frágil devido ao esforço transverso.

• Critério de dimensionamento usado no projecto original


O dimensionamento da estrutura, baseado no RSEP e no REBA, considera a acção
sísmica através de métodos de dimensionamento sísmico que ficam muito aquém das
exigências actuais.

• Descrição do tipo de utilização actual ou futura da estrutura de acordo com a


classificação da EN 1998-1: 2004. Reavaliação e quantificação das acções variáveis em
função tipo de utilização
O edifício encontra-se actualmente ocupado por escritórios ( ψ0=0,7; ψ1=0,5; ψ2=0,3) e é
da classe de importância II (γ1=1), não estando previstas quaisquer alterações, quer à
utilização da estrutura, quer à estrutura.

• Tipo e extensão de danos estruturais existentes, incluindo reparações anteriores


O edifício não apresenta danos estruturais de relevo, à excepção de fendilhação nas
faces superior e inferior das lajes, que não representa uma perda de capacidade
resistente, e ao nível das fachadas.
Nunca sofreu alterações ou reparações significativas, excepção feita à reparação
efectuada ao nível das fendas na fachada.

57
6.3. Modelação e análise

A modelação da estrutura foi realizada através do programa de cálculo automático SAP2000


[19], já que a necessidade de conhecer o comportamento da estrutura com um elevado grau de
exactidão justifica a utilização de um modelo tridimensional.

Figura 6. 9: Modelo estrutural.

Com base na localização do edifício, Lisboa, e no tipo de solo de fundação, solo tipo C, foi
definido o espectro de resposta e a zona sísmica. Para acção sísmica afastada (Tipo 1)
corresponde a zona sísmica 2 e para a acção sísmica próxima (Tipo 2) corresponde a zona
sísmica 1. Os parâmetros necessários ao seu cálculo, bem como o procedimento, encontram-
se definidos na Pré-Norma Nacional, na parte 1 do Eurocódigo 8 e no capítulo 3 desta
dissertação [1,3].

O método de análise utilizado foi a análise modal através de espectro de dimensionamento


definido na Pré-Norma Nacional e na parte 1 do Eurocódigo 8 [3] [1]. Foi adoptado um valor de
1,5 para o coeficiente de comportamento (q).
A componente vertical do espectro de resposta foi tida em consideração na definição da acção
sísmica de dimensionamento, visto as características geométricas do edifício e a aceleração do
solo nessa direcção assim o exigirem [1] [13].
Desta forma foi possível conhecer o comportamento dinâmico da estrutura e identificar os
modos de resposta dominantes.

Figura 6. 10: Modos de vibração da estrutura.

58
A estrutura apresenta uma frequência fundamental de 0,69 Hz, a que corresponde um período
de 1,46 segundos. Como seria de esperar o modo fundamental verifica-se na direcção
longitudinal, direcção x. Pode-se também verificar que a participação de massa modal da
torção é relativamente elevada.

Quadro 6. 1: Percentagem de participação de massa modal.

Modo 1 Translacção segundo X (TX) TX= 92,21% + RZ=16,30%


Modo 2 Translacção segundo Y (TY) TY= 84,34% + RZ=48,24%
Modo 3 Rotação segundo Z (RZ) RZ=21,30%

O sismo condicionante é o sismo tipo 1 como se pode concluir através do cálculo do coeficiente
sísmico (quadro 6.2). O valor desse coeficiente β foi calculado dividindo, o somatório das forças
sísmicas em cada direcção, pelo valor quase permanente do peso da estrutura.
Foram adoptadas as combinações sísmicas que envolvem o sismo condicionante para a
avaliação e para o dimensionamento da solução de reforço.

Quadro 6. 2: Coeficientes sísmicos.

Sismo Direcção Coeficiente Sísmico β


x 0,16
Tipo 1
y 0,19
x 0,05
Tipo 2
y 0,08

Devido à falta de elementos resistentes na direcção longitudinal e por ser essa a direcção de
menor inércia dos pilares, a estrutura é muito flexível nessa direcção e os elementos estruturais
são pouco resistentes, como se pode concluir mais à frente.

6.4. Avaliação das capacidades

A avaliação da capacidade do edifício para suportar um sismo foi realizada segundo o método
descrito na parte 3 do EC8 – Reforço de Estruturas Existentes, onde o valor das exigências é
retirado directamente da análise. Este método, embora relativamente complexo, permite obter
um conhecimento bastante preciso do comportamento da estrutura e das suas deficiências.
Para cada elemento barra e para cada nó de extremidade dos elementos estruturais, foram
retirados da análise os valores dos esforços condicionantes e dos deslocamentos relativos. Foi
obtida a capacidade de rotação última, para os elementos dúcteis, e o esforço transverso
resistente, para os elementos frágeis.
Considera-se que os mecanismos dúcteis correspondem os esforços de flexão e que os
mecanismos frágeis correspondem ao esforço transverso. Para além disso procede-se à
verificação da segurança face as exigências resultantes da acção sísmica.

59
Outro aspecto retirado da análise é o valor do coeficiente ρ i = Di / C i e a verificação do

rácio ρ i = ρ máx / ρ min que não pode exceder um valor fixado no intervalo entre 2 e 3 para que
possam ser aplicados os métodos de análise linear.
Posteriormente é avaliada a capacidade resistente dos pilares à flexão composta e das vigas à
flexão simples.

6.4.1. Avaliação da capacidade resistente dos pilares ao Corte.

Os pilares apresentam fraca ou inexistente ductilidade, pelo que são condicionados por
mecanismos de esforço transverso e são denominados elementos frágeis. A verificação de
segurança destes elementos ao esforço transverso é efectuada com recurso à fórmula (E6.1)
para determinação da capacidade resistente, sendo as exigências retiradas directamente da
análise.
Os valores das propriedades dos materiais para o cálculo das capacidades resistentes são
minorados pelo factor de confiança (CF=1,2) e pelos factores parciais de segurança (1,2 para o
betão e de 1,0 para as armaduras ordinárias) [2] [4].

h − x
 ( ( ))
min (N ;0 ,55 AC f C ) + 1 − 0 ,05 min 5; µ ∆ pl ⋅


1  2 LV  (E6. 1)
VR =
γ el     L  
  0 ,16 max (0 ,5;100 ρ tot )1 − 0 ,16 min  5; V   f C AC + VW 
    h   

Os parâmetros intervenientes já se encontram definidos no capítulo 4 desta dissertação e os


valores adoptados estão dispostos no anexo respectivo a cada pilar (Anexo 8 e Anexo 9).
Assume-se que os pilares tipo P1 e tipo P2 apresentam todos a mesma distribuição de
armaduras transversal e longitudinal.

70,06
piso 6 69,39

piso 5 75,29
75,90

piso 4 93,50
87,15

piso 3 150,55
150,30

232,18
piso 2 161,40
344,69

piso 1 291,35

VR [KN]
Pilar P1 Pilar P2

Figura 6. 11: Esforços transversos resistentes para os pilares tipo P1 e P2.

60
A comparação realizada para os pilares P1 e P2, entre as capacidades e as exigências, indica
que a capacidade resistente destes elementos fica muito aquém das exigências sísmicas
regulamentadas no Eurocódigo 8. Pode observar-se que estes elementos estruturais garantem,
em média, apenas 50% da capacidade resistente necessária para assegurar a segurança ao
esforço transverso.

Quadro 6. 3: Quadro resumo dos resultados dos pilares.

Pilar P1A P1B P1C P1D P1E P1F


ρ VSD / VRD VSD / VRD VSD / VRD VSD / VRD VSD / VRD VSD / VRD
Direcção x y x y x y x y x y x y
Piso 1 0,83 1,22 0,91 1,22 0,90 1,20 0,90 1,20 0,91 1,22 0,83 1,22
Piso 2 1,19 2,23 1,57 2,36 1,51 2,32 1,51 2,32 1,57 2,36 1,19 2,23
Piso 3 1,17 2,08 1,41 2,18 1,37 2,16 1,37 2,16 1,39 2,18 1,17 2,08
Piso 4 1,59 2,92 1,86 3,14 1,81 3,10 1,82 3,10 1,82 3,14 1,59 2,92
Piso 5 1,34 2,56 1,46 2,74 1,42 2,73 1,43 2,73 1,38 2,74 1,34 2,56
Piso 6 0,75 1,67 0,65 2,45 0,63 2,46 0,66 2,46 0,57 2,45 0,75 1,67

Quadro 6. 4: Quadro resumo dos resultados dos pilares.

Pilar P2A P2B P2C P2D P2E P2F


ρ VSD / VRD VSD / VRD VSD / VRD VSD / VRD VSD / VRD VSD / VRD
Direcção x y x y x y x y x y x y
Piso 1 0,75 1,04 0,82 1,01 0,81 0,98 0,81 0,98 0,82 1,01 0,71 1,04
Piso 2 0,87 1,91 1,43 1,86 1,38 1,81 1,38 1,81 1,44 1,86 1,12 1,91
Piso 3 1,03 2,31 1,66 2,24 1,64 2,19 1,63 2,19 1,69 2,24 1,40 2,30
Piso 4 1,11 2,85 1,90 2,79 1,91 2,72 1,90 2,72 1,98 2,79 1,68 2,85
Piso 5 1,58 2,59 1,58 2,59 1,65 2,53 1,63 2,53 1,69 2,59 1,53 2,72
Piso 6 0,92 1,97 0,79 2,19 0,78 2,15 0,78 2,15 0,79 2,19 0,92 1,97

Verificação das condições de aplicabilidade dos métodos lineares


O rácio ρ i = ρ máx / ρ min que representa o quociente entre o valor máximo e mínimo do rácio ρ
para um determinado pilar, deve ser inferior a um valor máximo de 3 para que a avaliação do
15
reforço sísmico possa ser efectuada através de uma análise linear.

Quadro 6. 5: Verificação das condições de aplicabilidade dos métodos lineares.

Pilar P1A P1B P1C P1D P1E P1F


Direcção x y x y x y x y x y x y
ρ máx 1,59 2,92 1,86 3,14 1,81 3,10 1,82 3,10 1,82 3,14 1,59 2,92
ρ min 0,75 1,22 0,65 1,22 0,63 1,20 0,66 1,20 0,57 1,22 0,75 1,22
ρ i = ρ máx / ρ min 2,12 2,40 2,87 2,56 2,87 2,59 2,76 2,59 2,91 2,56 2,12 2,40

Este rácio é definido pelo quociente ρ i = Di / C i , onde Di é a exigência de esforço retirado da análise
15

elástica e C i a capacidade do elemento i.

61
Quadro 6. 6: Verificação das condições de aplicabilidade dos métodos lineares.

Pilar P2A P2B P2C P2D P2E P2F


Direcção x y x y x y x y x y x y
ρ máx 1,58 2,85 1,90 2,79 1,91 2,72 1,90 2,72 1,98 2,79 1,68 2,85
ρ min 0,75 1,04 0,79 1,01 0,78 0,98 0,78 0,98 0,79 1,01 0,71 1,04
ρ i = ρ máx / ρ min 2,10 2,73 2,40 2,77 2,45 2,77 2,44 2,77 2,50 2,77 2,37 2,73

As condições de aplicabilidade destes métodos são verificados, nos quadros 6.5 e 6.6, apesar
de alguns pilares apresentarem comportamento muito diferenciado ao longo da sua altura. Este
facto deve-se à desadequada pormenorização da armadura transversal no seu
desenvolvimento vertical (ver figuras 6.4 e 6.5).

6.4.2. Avaliação da capacidade de deformação dos pilares

Apesar de serem condicionados pela capacidade resistente e denominados de elementos


frágeis, é interessante analisar a capacidade de deformação dos pilares.

A expressão (E6.2) define a deformação última, de um elemento de betão armado, quando


sujeito a flexão composta ou simples:

0, 225 0,35  f 
 max(0,01; ω `)   αρ sx yw
(1,25 )

1  Lv    100 ρ d
θ um = + 0,016.(0,3 ) 
v
fc    25  fc 
(E6. 2)
γ el  max(0,01; ω )   h 

Os parâmetros envolvidos nesta expressão encontram-se definidos no capítulo 4 desta


dissertação e os valores adoptados estão dispostos no anexo respectivo a cada pilar (Anexo 12
e Anexo 13). Os valores das propriedades dos materiais são afectados pelo factor de confiança,
CF= 1,2.
Esta análise foi efectuada para os pilares P1A e P2A, pois os valores das deformações
impostas pela acção sísmica são semelhantes em todos os restantes.

Quadro 6. 7: Quadro resumo da capacidade de deformação do pilar tipo P1.


Cota
Piso 1 Piso 2 Piso 3 Piso 4 Piso 5 Piso 6
Deformações
θ um 0,0002507 0,0002902 0,0002860 0,0003425 0,0003578 0,0003578
θ sd 0,00323 0,00331 0,00299 0,00245 0,00180 0,00132
Percentagem em
92,24% 91,23% 90,44% 86,02% 80,12% 72,89%
défice

62
Quadro 6. 8: Quadro resumo da capacidade de deformação do pilar tipo P2.
Cota
Piso 1 Piso 2 Piso 3 Piso 4 Piso 5 Piso 6
Deformações
θ um 0,0001853 0,0003120 0,0003486 0,0004703 0,0005017 0,0005017
θ sd 0,00293 0,00311 0,00278 0,00225 0,00163 0,00103
Percentagem em
93,68% 89,97% 87,46% 79,10% 69,22% 51,29%
défice

Como se pode concluir da análise dos quadros anteriores, os pilares não têm capacidade de
acompanhar as deformações impostas pela acção sísmica e em algumas situações
apresentam um défice de 90% em relação às exigências sísmicas.

6.4.3. Avaliação da capacidade resistente dos pilares à Flexão Composta.

A capacidade resistente dos pilares, à flexão composta, pode ser quantificada em termos da
armadura longitudinal existente. Comparando esses valores com esforços retirados da análise
é possível verificar se a armadura existente é suficiente para assegurar a segurança à flexão
composta. Esta análise é efectuada para os pilares P1B e P2B, cujos resultados são
apresentados nos quadros seguintes.

Quadro 6. 9: Cálculo da armadura principal de flexão composta para o pilar P1B.


Msd Asl (cm2)
Cota Nsd [KN] υsd µsd ωsd
[KN.m] Necessária Existente
Piso 1 4030,06 1206,091 0,96 0,32 0,85 102,33 29,45
Piso 2 3412,37 699,8252 0,81 0,19 0,5 60,19 29,45
Piso 3 2669,39 656,154 0,64 0,17 0,32 38,52 29,45
Piso 4 1983,71 611,1147 0,47 0,16 0,2 24,08 19,63
Piso 5 1279,53 487,2914 0,31 0,13 0,14 16,85 19,63
Piso 6 579,48 472,1438 0,14 0,13 0,18 21,67 19,63

Quadro 6. 10: Cálculo da armadura principal de flexão composta para o pilar P2B.
Msd Asl (cm2)
Cota Nsd [KN] υsd µsd ωsd
[KN.m] Necessária Existente
Piso 1 4519,28 1286,7 1,08 0,34 0,86 103,53 39,27
Piso 2 4043,64 700,164 0,97 0,19 0,64 77,05 39,27
Piso 3 3096,89 647,65 0,74 0,17 0,36 43,34 39,27
Piso 4 2257,86 601,65 0,54 0,16 0,20 24,08 29,45
Piso 5 1525,48 491,22 0,36 0,13 0,10 12,04 29,45
Piso 6 799,22 424,99 0,19 0,11 0,12 14,45 29,45

Da análise efectuada nos quadros acima pode concluir-se que a armadura longitudinal
existente é insuficiente para garantir a segurança à flexão composta. Os esforços actuantes
considerados são os condicionantes, que ocorrem segundo a direcção longitudinal do edifico.

63
6.4.4. Avaliação da capacidade resistente das vigas à Flexão.

Os elementos dúcteis, sujeitos a mecanismos de flexão, são analisados através da


comparação das deformações últimas (EDCE) e das deformações obtidas da análise. A
seguinte expressão (E6.3) define a deformação última, de um elemento de betão armado,
quando sujeito a flexão composta ou simples, e representa a capacidade, de deformação, dos
elementos viga.

0, 225 0,35  f 
 max(0,01; ω `)   αρ sx yw
(1,25 )

1  Lv    100 ρ d
θ um = + 0,016.(0,3 ) 
v
fc    25  fc 
(E6. 3)
γ el  max(0,01; ω )   h 
Os parâmetros envolvidos nesta expressão encontram-se definidos no capítulo 4 desta
dissertação e os valores adoptados estão dispostos no anexo respectivo a cada viga (Anexo 10
e Anexo 11). Os valores das propriedades dos materiais são divididos pelo factor de confiança,
CF=1,2.

A direcção de menor inércia dos pilares corresponde à direcção do modo fundamental da


estrutura, como tal as rotulas plásticas formam-se nos pilares e não nas vigas. Para tirar partido
da ductilidade das vigas os pilares terão de ser reforçados.

O rácio Exigência / Capacidade, ρ = θ sd / θ um , é utilizado para caracterizar a capacidade de


deformação das vigas. Esta análise foi efectuada para as vigas H1 e H2, segundo o seu
desenvolvimento longitudinal e para cada piso. Os resultados estão dispostos nos quadros 6.11
e 6.12. Os valores das exigências, deformações θsd, são retirados directamente da análise.

Quadro 6. 11: Quadro resumo das Capacidades e Exigências, rácio ρ = θ sd / θ um , para a viga H1
nas diferentes secções.

Secção P2A P2B P2C P2D P2E P2F


Piso 1 4,55 5,97 3,21 3,21 5,97 6,07
Piso 2 6,22 6,09 5,97 5,97 6,09 6,20
Piso 3 5,62 5,52 5,43 5,43 5,52 5,62
Piso 4 4,89 4,80 4,72 4,72 4,80 4,89
Piso 5 4,25 4,18 4,11 4,11 4,18 4,25
Piso 6 2,48 2,78 2,76 2,76 2,78 2,48
Quadro 6. 12: Quadro resumo das Capacidades e Exigências, rácio ρ = θ sd / θ um , para a viga H2
nas diferentes secções.

Secção P2A P2B P2C P2D P2E P2F


Piso 1 1,85 1,82 1,79 1,79 1,82 1,85
Piso 2 1,96 1,82 1,90 1,90 1,93 1,96
Piso 3 1,75 1,73 3,67 1,71 1,73 1,61
Piso 4 1,52 1,51 1,49 1,49 1,51 1,40
Piso 5 1,33 1,31 1,29 1,29 1,31 1,22
Piso 6 1,04 1,17 1,16 1,16 1,17 1,04

64
A análise permite concluir que as capacidades de rotação existentes ao nível das vigas
asseguram apenas 30% das exigências sísmicas e que em algumas situações esse valor é
bastante inferior a esse valor.

Verificação das condições de aplicabilidade dos métodos lineares


As condições de aplicabilidade dos métodos lineares não são verificadas (quadro 6.13 e 6.14),
nomeadamente o rácio ρ i = ρ máx / ρ min que não respeita os valores máximos definidos. Este
rácio é de 6,99 (último piso) para a viga H1 e de 23,69 para a viga H2 (último piso), superando
em muito o limite de 3 estipulado no regulamento.

Quadro 6. 13: Critérios de aplicabilidade para a viga H1.

Piso ρ máx ρ min ρi


Piso 1 20,18 3,21 6,28
Piso 2 19,62 5,97 3,28
Piso 3 18,94 5,43 3,49
Piso 4 16,47 4,72 3,49
Piso 5 14,32 4,11 3,49
Piso 6 17,32 2,48 6,99
Quadro 6. 14: Critérios de aplicabilidade para a viga H2.

Piso ρ máx ρ min ρi


Piso 1 17,10 1,79 9,58
Piso 2 17,81 1,82 9,76
Piso 3 40,37 1,61 25,09
Piso 4 15,31 1,40 10,95
Piso 5 13,31 1,22 10,94
Piso 6 24,66 1,04 23,69

Contudo, este aspecto não é condicionante para aplicação do método pois, segundo a filosofia
de dimensionamento do “Capacity Design”, os pilares devem ser sobredimensionados
relativamente às vigas. O reforço da estrutura terá como principal objectivo a melhoria da
capacidade resistente das colunas para os mecanismos de esforço transverso e de flexão.

Outro aspecto indicativo das deficiências das vigas relativamente ao seu comportamento à
flexão é o rácio entre os momentos actuantes e os momentos resistentes.
O quadro 6.15 apresenta esse rácio para a viga H2, ao longo do seu desenvolvimento
longitudinal e por piso. Este exemplo é demonstrativo do nível de resistência à flexão que se
encontra generalizado por toda a estrutura, para os elementos viga.

Quadro 6. 15: Quadro resumo do comportamento à flexão, ρ =Msd/Mrd, da viga H2.

Posição P2A Vão P2B Vão P2C Vão P2D Vão P2E Vão P2F
Piso 1 2,88 1,00 2,37 0,43 2,07 0,37 2,14 0,43 1,98 1,00 2,88
Piso 2 2,24 0,83 1,85 0,41 1,76 0,38 1,77 0,41 1,70 0,83 2,24
Piso 3 1,90 0,80 1,51 0,42 1,52 0,38 1,52 0,41 1,46 0,79 1,90
Piso 4 1,48 0,74 1,18 0,42 1,22 0,38 1,24 0,41 1,14 0,74 1,48
Piso 5 0,95 0,65 0,83 0,44 0,85 0,38 0,88 0,43 0,69 0,65 0,95
Piso 6 0,32 0,60 0,28 0,42 0,46 0,34 0,42 0,41 0,43 0,60 0,32

65
Verifica-se, da análise do quadro anterior, que as carências de armadura longitudinal nas vigas
são piores na armadura superior, ou seja para os momentos negativos na zona dos pilares. A
figura 6.12 demonstra que, para além da insuficiência de armadura superior na zona dos
pilares, a dispensa dessa armadura é realizada demasiado próxima da zona dos apoios.

-550

-450

-350
M[KN.m]

-250

-150

-50

P2A P2B P2C P2D P2E P2F

momentos actuantes momentos resistentes

Figura 6. 12: Avaliação da capacidade resistente à flexão na zona dos apoios da viga H2 no piso 3.

As vigas V1 a V6 também não têm capacidade de deformação suficiente para suportar as


exigências sísmicas. Tal como para as vigas anteriores, o valor das exigências foi retirado da
análise, enquanto a capacidade de deformação foi calculada através da expressão (E6.3).

Quadro 6. 16: Quadro resumo da capacidade de deformação da viga V3 no piso 2.


Deformação
Distância Exigência θ sd ρ = θ sd / θ um
última θ um
P2 0,0028171 0,0014000 0,50
Meio-vão 0,0001423 0,0015200 10,68
P1 0,0028171 0,0016100 0,57

Ao nível da flexão, a sua capacidade resistente é igualmente insuficiente. A figura seguinte


ilustra a envolvente de momentos flectores para a viga V3 no piso 2.
2
A armadura superior existente é de 15,71 cm e, consequentemente, o momento resistente de
2
351,67 KNm. A armadura inferior é de 12,06 cm e representa uma capacidade resistente à
flexão de 277,21 KNm.
Conclui-se facilmente que, na zona dos pilares, os momentos actuantes são muito superiores
aos momentos resistentes.

66
-1200
-1000
-800
-600
15,71 cm2 15,71 cm2
-400
M[KNm]

-200 1/2
P2 vão P1
0
200
400 12,06 cm2

600
800
distância (m)

Figura 6. 13: Avaliação da capacidade resistente à flexão da viga V3 no piso 2.

6.4.5. Verificação da capacidade resistente actual das lajes.

A necessidade do reforço das lajes é condicionada pela utilização actual e futura da estrutura,
e não pelas acções horizontais derivadas da acção sísmica. Por conseguinte, o reforço destes
elementos encontra-se fora do âmbito desta tese e não será objecto de mais discussão.

A avaliação da capacidade resistente do edifício permite concluir que as deficiências são


bastante graves e generalizadas ao longo da estrutura. Pode constatar-se que a capacidade
resistente à acção sísmica dos elementos estruturais é, em algumas situações, bastante
inferior a 50% dos valores regulamentares exigidos.
Conclui-se que os pilares, na sua maioria, não tem capacidade de acompanhar as deformações
impostas pela acção sísmica e que a sua capacidade resistente ao esforço transverso é
insuficiente para suportar as exigências sísmicas. De facto, estes elementos apresentam um
défice de resistência ao esforço transverso na ordem dos 50% e em algumas situações esse
valor chega aos 75%. Somente 10% dos pilares existentes têm capacidade para suportar as
exigências sísmicas, em termos do esforço transverso.
A segurança à flexão composta não é verificada em cerca de 60% dos pilares, chegando a
haver secções que apresentam défices de armadura de flexão na ordem dos 80%.
Os elementos viga também não têm capacidade para acompanhar as deformações impostas
pela acção sísmica. Somente uma pequena percentagem, cerca de10%, apresenta uma
capacidade de deformação superior às exigências sísmicas.
A sua capacidade de resistência à flexão é muito débil especialmente nas zonas dos momentos
negativos onde a armadura longitudinal existente assegura apenas 70% das exigências
sísmicas.

67
O reforço local de elementos corresponde a uma opção que, para além de ser tecnicamente e
economicamente pouco viável, não se justifica em função do nível de deficiências presentes na
estrutura. A opção recairá num reforço global da estrutura através da introdução de paredes
resistentes.
Porém, como se poderá concluir na secção seguinte, o recurso a uma solução de reforço global
é praticamente impossível para garantir a segurança em todos os pilares e vigas, ao nível das
deformações e dos esforços transversos. A opção poderá recair num reforço local dessas
secções ou na consideração de uma acção sísmica reduzida.

6.5. Reforço sísmico do edifício. Introdução de paredes resistentes

2
A primeira iteração será efectuada com paredes de 3,0x0,35m introduzidas na direcção
longitudinal, como ilustrado na figura 6.14. Os pilares P1 e P2 são os escolhidos para a
verificação dos critérios de segurança.

Figura 6. 14: Introdução de paredes resistentes.

Esta alternativa permite melhorar o comportamento sísmico da estrutura, tornando-a mais


rígida e minorando os efeitos da torção. A frequência fundamental aumenta para 0,91Hz, a
direcção predominante do 1º Modo é a translacção na direcção transversal, segundo y. Os
deslocamentos inter-pisos e de topo são reduzidos, sobretudo na direcção longitudinal.

I. Cálculo dos esforços resistentes.

A capacidade resistente à flexão composta segundo a direcção x é quantificada em termos da


armadura longitudinal existente (quadro 6.17).

68
2
Quadro 6. 17: Armadura de flexão existente (cm ).
Elemento/
Piso 1 Piso 2 Piso 3 Piso 4 Piso 5 Piso 6
Piso
Pilar P1 29,45 29,45 29,45 19,63 19,63 19,63
Pilar P2 39,27 39,27 39,27 29,45 29,45 29,45

II. Definição dos esforços condicionantes.

Os valores dos esforços condicionantes são obtidos directamente do programa de cálculo


automático SAP2000.

Quadro 6. 18: Esforços actuantes nos pilares P1 e P2.


Elemento Esforços Piso 1 Piso 2 Piso 3 Piso 4 Piso 5 Piso 6
Nsd [KN] 2879,57 2416,78 1884,10 1366,04 875,10 426,92
Pilar P1 Msdx [KNm] 937,09 710,87 645,93 604,37 478,34 481,30
Msdy [KNm] 108,11 237,18 271,55 272,55 251,02 240,04
Msdx [KNm] 3477,40 2862,98 2248,47 1646,70 1068,83 524,11
Pilar P2 Msdy [KNm] 969,07 701,40 625,20 585,00 456,64 446,14
Msdx [KNm] 92,35 206,23 235,22 239,39 223,80 217,72

III. Verificação da Segurança à Flexão composta.

A verificação à flexão composta é realizada comparando a armadura longitudinal existente,


capacidade resistente, com a necessária para os esforços actuantes, exigências sísmicas.
Para o valor dos esforços actuantes é considerado o seu valor condicionante, esse valor
verifica-se segundo a direcção x (plano de flexão principal).

Quadro 6. 19: Cálculo da armadura principal de flexão composta para o pilar P1.
AsL (cm2)
Cota υsd µsd ωsd
Necessária Existente
Piso 1 0,69 0,30 0,70 84,27 29,45
Piso 2 0,58 0,19 0,37 44,54 29,45
Piso 3 0,45 0,17 0,20 24,08 29,45
Piso 4 0,33 0,16 0,15 18,06 19,63
Piso 5 0,21 0,13 0,12 14,45 19,63
Piso 6 0,10 0,15 0,25 30,10 19,63
Quadro 6. 20: Cálculo da armadura principal de flexão composta para o pilar P2.
AsL (cm2)
Cota υsd µsd ωsd
Necessária Existente
Piso 1 0,83 0,31 0,80 96,31 39,27
Piso 2 0,68 0,19 0,40 48,16 39,27
Piso 3 0,54 0,17 0,25 30,10 39,27
Piso 4 0,39 0,16 0,20 24,08 29,45
Piso 5 0,26 0,12 0,10 12,04 29,45
Piso 6 0,13 0,13 0,27 32,50 29,45

Pode verificar-se que, em alguns pisos, os esforços actuantes são superiores a capacidade
resistente dos pilares. Portanto, não se verifica a segurança à flexão composta.

69
A armadura necessária para resistir aos esforços actuantes é calculada através dos ábacos da
flexão composta, considerando o aço A400 e d/h≈0,05 [39].

IV. Verificação ao Corte (rotura frágil).

Apesar desta solução não verificar a segurança à flexão composta, o próximo passo consiste
na verificação da segurança ao esforço transverso para efeitos de comparação.
Na situação actual (quadro 6.21), os pilares também não verificam a segurança ao corte.

Quadro 6. 21: Análise da resistência ao corte para os pilares P1 e P2.

Elemento Esforços Piso 1 Piso 2 Piso 3 Piso 4 Piso 5 Piso 6


VRD [KN] 291,35 161,40 150,30 87,15 75,90 69,39
Pilar P1
VSD [KN] 334,39 359,55 305,53 263,67 192,40 163,26
VRD [KN] 344,69 232,18 150,55 93,50 75,29 70,06
Pilar P2
VSD [KN] 328,10 350,67 299,83 256,25 184,64 149,94

Serão, portanto, introduzidas novas paredes resistentes com o intuito de melhorar o


comportamento sísmico da estrutura.

2
V. Introdução de paredes resistentes 4,0x0,35m na direcção transversal. Nova iteração.

Os esforços condicionantes ocorrem agora na direcção transversal do edifício, segundo y.


Deste modo são colocadas novas paredes resistentes nessa direcção.

Figura 6. 15: Introdução de paredes resistentes na direcção transversal.

VI. Verificação à Flexão composta. Pilares.

É repetido o processo anterior e são comparadas as armaduras principais existentes com os


valores das armaduras calculados a partir dos resultados da análise.
Como se pode constatar, quadros 6.22 e 6.23, esta alternativa verifica segurança à flexão
composta.

70
Quadro 6. 22: Cálculo da armadura principal de flexão composta para o pilar P1.
AsL (cm2)
Cota υsd µsd ωsd
Necessária Existente
Piso 1 0,65 0,24 0,16 18,19 29,45
Piso 2 0,56 0,08 0,13 14,78 29,45
Piso 3 0,45 0,08 0,12 13,64 29,45
Piso 4 0,33 0,09 0,12 13,64 19,63
Piso 5 0,22 0,08 0,11 12,51 19,63
Piso 6 0,11 0,15 0,12 13,64 19,63

Quadro 6. 23: Cálculo da armadura principal de flexão composta para o pilar P2.
AsL (cm2)
Cota υsd µsd ωsd
Necessária Existente
Piso 1 0,79 0,27 0,15 17,05 39,27
Piso 2 0,66 0,05 0,11 12,51 39,27
Piso 3 0,53 0,06 0,12 13,64 39,27
Piso 4 0,39 0,06 0,11 12,51 29,45
Piso 5 0,26 0,06 0,10 11,37 29,45
Piso 6 0,13 0,11 0,09 10,23 29,45

VII. Verificação ao Corte (rotura frágil). Pilares.

Os fenómenos de rotura frágil nos pilares continuam a ser um problema nos pisos superiores
devido à diminuição de armadura transversal em altura (ver quadro 6.24). A solução poderá
passar por um reforço local dessas secções.

Quadro 6. 24: Análise da resistência ao corte para os pilares P1 e P2.

Elemento Esforços Piso 1 Piso 2 Piso 3 Piso 4 Piso 5 Piso 6


VRD [KN] 291,35 161,40 150,30 87,15 75,90 69,39
Pilar P1
VSD [KN] 229,75 133,15 137,81 151,15 136,21 202,60
VRD [KN] 344,69 232,18 150,55 93,50 75,29 70,06
Pilar P2
VSD [KN] 250,55 75,70 109,30 112,55 100,35 158,78

VIII. Verificação da segurança à flexão das vigas.

A figura 6.16 é ilustrativa da verificação da segurança ao Estado Limite Último de Flexão para
as vigas, neste caso a viga H2 no piso 2.

71
-800

-700

-600

M [KN.m] -500

-400

-300

-200

-100

0
P2A PA1 P2C P2D PA2 P2F

momentos actuantes momentos resistentes

Figura 6. 16: Envolvente dos momentos flectores na viga H2 após a introdução de paredes
resistentes.

A introdução das paredes resistentes, PA1 e PA2, provoca um grande acréscimo de momentos
flectores negativos, como se pode ver na figura anterior. Para resolver este problema reduz-se
a inércia das vigas na direcção principal em 50%, de modo a permitir a redistribuição de
esforços para as paredes resistentes. Em rigor, dever-se-ia verificar que as vigas possuem
ductilidade suficiente que permita essa redistribuição de esforços, essa ductilidade é garantida
através do reforço desses elementos viga.

-500
-450
-400
-350
-300
M [KN.m]

-250
-200
-150
-100
-50
0
P2A PA1 P2C P2D PA2 P2F

momentos actuantes momentos resistentes

Figura 6. 17: Comparação dos momentos flectores negativos na viga H2 após a redistribuição de
esforços.

A figura 6.17 ilustra a distribuição de momentos flectores negativos na viga H2 após a


redistribuição de esforços. Contudo, na zona das paredes resistentes esses momentos
continuam a ser superiores à capacidade resistente da viga.
A figura acima permite ainda concluir que as dispensas de armaduras superiores são
efectuadas prematuramente.
A opção de uma maior redistribuição de esforços não foi adoptada devido à insuficiente
ductilidade das vigas e pelo excesso de esforços que isso iria originar nas paredes resistentes.

72
Para viabilizar uma solução de reforço razoável pode-se adoptar uma acção sísmica reduzida
com um período de retorno inferior ao estipulado pelo Eurocódigo 8 para o estado de Colapso
Eminente ou reforçar localmente essas secções.

6.6. Dimensionamento das paredes resistentes

Figura 6. 18: Paredes resistentes.

Foram escolhidas as paredes PA1 e PE1 para proceder ao dimensionamento, uma vez que as
restantes apresentam valores de esforços muito semelhantes.

Figura 6. 19: Distribuição das paredes resistentes e pilares fictícios.

Quadro 6. 25: Características das paredes resistentes.

L pilarfictício = h / 10
Elemento b [m] h [m] h / 10 [m] 2b [m] z [m]
≥ 2b
PA1 0,35 3,50 0,35 0,70 0,90 2,60
PE1 0,35 4,00 0,40 0,70 1,20 2,80

Definição dos esforços de dimensionamento.


O programa de cálculo obtém, para a combinação sísmica, 4 valores para cada um dos
elementos: 2 valores por ser combinação sísmica (Comb. Min. e Máx.) e outros 2 por
extremidade (imediatamente acima – Secção 2 – e abaixo – Secção 1 – da laje). Deste modo,
consideraram-se os seguintes esforços de cálculo para as paredes resistentes:

73
Quadro 6. 26: Esforços de dimensionamento para as paredes resistentes.

N sd M sd N c, máx. N T , máx.
Parede Secção Cota [m] Comb.Sísmica z [m]
[KN] [KN.m] [KN] [KN]
1(piso0) 5 Min -3057,98 -4625,27 2,60 -3307,94 249,96
1(piso0) 5 Max 847,11 3971,82 2,60 -1104,07 1951,18
PA1
2(piso1) 5 Min -2404,39 -4909,56 2,60 -3090,49 686,10
2(piso1) 5 Max 693,54 3774,82 2,60 -1105,08 1798,62
1(piso0) 5 Min -2040,28 -3958,32 2,80 -2433,83 393,55
1(piso0) 5 Max 519,08 2982,49 2,80 -805,64 1324,72
PE1
2(piso1) 5 Min -1756,78 -4438,41 2,80 -2463,54 706,76
2(piso1) 5 Max 180,79 3028,28 2,80 -991,13 1171,92

N sd M sd N M
Em que, N T = + e N c = sd − sd (E6. 4)
2 z 2 z

Cálculo da armadura principal para a flexão composta.


Verificou-se a compressão no betão e calcularam-se as armaduras longitudinais para os pilares
fictícios, utilizando as seguintes expressões:

Min( N C )
σc = (E6. 5)
L pilarficticio × b

Máx( N T ) As
As = , ρ= ×100 (E6. 6)
f syd L pilarficticio × b

ρ min = 0,15% ; Ac = 0,15%bh [6]. (E6. 7)

Quadro 6. 27: Armadura adoptada para os pilares fictícios.

Parede σ c [Mpa] AS [cm2] ρ AS Adoptado [cm2]


PA1 -5,91 56,07 1,78% 12Φ25 58,90

PE1 -4,40 38,07 0,91% 8Φ25 39,27

Calculou-se a armadura longitudinal para a alma de cada parede, tendo em conta as condições
dispostas no artigo 125º do REBAP [6]:

ρ min = 0,3% AC' = 0,3%b × (h − 2 × L pilarficticio ) (E6. 8)

AC' × ρ min
As. min = (E6. 9)
100

Quadro 6. 28: Armadura longitudinal adoptada para a alma das paredes.


Parede AS , min .. [cm2] AS [cm2]
PA1 10,62 Φ12//0,10 (11,31)
PE1 9,41 Φ12//0,10 (11,31)

74
Cálculo da armadura transversal.
Tal como para os momentos flectores, também se obtiveram 4 valores para o esforço
transverso de dimensionamento para cada elemento. Deste modo tem-se:

Quadro 6. 29: Armadura transversal adoptada para as paredes resistentes.

Asw / s Asw / s
Asw / s
Parede Secção Cota [m] Comb.Sísmica Vsd [KN] Adoptado Adoptado
[cm2/m]
[cm2/m] [cm2/m]
1(piso0) 5,00 Min 327,24 1,74
1(piso0) 5,00 Max 327,94 1,74
PA1 Φ10//0,125 6,28
2(piso1) 5,00 Min 755,22 4,02
2(piso1) 5,00 Max 710,59 3,78
1(piso0) 5,00 Min 271,88 1,26
1(piso0) 5,00 Max 255,65 1,19
PE1 Φ10//0,125 6,28
2(piso1) 5,00 Min 658,63 3,06
2(piso1) 5,00 Max 699,78 3,25

Asw V sd
Em que, ≥ e θ = 30 º [4] (E6. 10)
s z cot gθ × f syd

De acordo com o artigo 94º do REBAP [6], a armadura de esforço transverso mínima a
considerar deve ser:

 Asw  ρ w, min × b 0,15 × 0,35


  = = = 5,25cm 2 / m (Φ10//0,125). (E6. 11)
 s  min 100 100

Verificação de tensão máxima nas bielas.

Quadro 6. 30: Verificação de tensão máxima nas bielas.

Parede Secção Cota [m] Comb.Sísmica σ c [MPa] 0,6×fcd [MPa]


1(piso0) 5,00 Min 0,68 10,02
1(piso0) 5,00 Max 0,69 10,02
PA1
2(piso1) 5,00 Min 1,58 10,02
2(piso1) 5,00 Max 1,49 10,02
1(piso0) 5,00 Min 0,50 10,02
1(piso0) 5,00 Max 0,47 10,02
PE1
2(piso1) 5,00 Min 1,20 10,02
2(piso1) 5,00 Max 1,28 10,02

Vsd
Em que, σ c = ≤ 0,6 f cd [4] e θ = 30 º . (E6. 12)
0,9(h − 0,05)bsenθ cos θ

75
O solo de fundação não tem capacidade para absorver os esforços que lhe são transmitidos
pelos elementos resistentes, considera-se a deformabilidade do solo com recurso aos
coeficientes de rigidez de rotação Kθx e Kθy.

Quadro 6. 31: Coeficientes de rigidez.

Coeficiente de rigidez Kθx K θy


PA1 393750 2143750
PE1 1350000 337500

Em que,
Kv × B× H 3 K × B3 × H
K θx = ; K θy = v (E6. 13)
12 ×η 12 × η
BeH Dimensões da sapata.

Kv Coeficiente de dilatação do solo, admitido tendo em conta o tipo de solo.

K v = 50000 kN / m 3

η=2 Factor para ter em conta o efeito da não-linearidade do solo, devido à não
resistência deste à tracção.

6.7. Comparação com a situação inicial.

O edifício existente e o reforçado são comparados segundo os seguintes critérios: Frequências


e modos de vibração, Deslocamentos inter-pisos e Esforços.

6.7.1. Frequências e modos de vibração.

1º Modo de vibração: Translacção na direcção longitudinal.


O período fundamental de vibração diminui de 1,46 s para 0,75 s, o que reflecte um grande
aumento de rigidez do edifício na direcção longitudinal.
A participação de massa diminui de 92, 2%, na situação inicial, para 76% após a introdução
das paredes resistentes. A torção, rotação segundo z, diminui de 17% para 13%.

2º Modo de vibração: Translacção na direcção transversal.


Este modo, translacção segundo a direcção transversal, apresenta um período inicial de 1,16 s.
Após a introdução das paredes, a estrutura fica mais rígida na direcção transversal devido aos
elementos resistentes colocados nessa direcção. O período de vibração é de 0,64s.
A participação de massa para a torção é reduzida em 8% relativamente à situação inicial.

3º Modo de vibração: Rotação segundo z.


O período de vibração diminui de 1,06 s, na situação inicial, para 0,47 s depois do reforço da
estrutura. A participação de massa modal para a rotação segundo z mantém-se nos 20%.

76
6.7.2. Análise dos deslocamentos.

Analisaram-se os deslocamentos inter-pisos de forma a determinar a instabilidade do conjunto


da estrutura. Segundo o Eurocódigo 8 considera-se que o deslocamento inter-pisos não deve
exceder 1,0% da distância entre os mesmos pisos [1].
Como tal determinaram-se os deslocamentos para um pilar de canto para o sismo de serviço.
Os deslocamentos inter-pisos para o sismo de serviço são calculados minorando os
deslocamentos obtidos para o sismo de dimensionamento pelo coeficiente de redução υ , que
neste caso é de 0,5 [1].
δ relativo,totali
δ relativo,totali = δ 2 relativoi , X + δ 2 relativoi ,Y ; δ % relativo ,totali = x100% (E6. 14)
h

Quadro 6. 32: Deslocamentos inter-pisos para a situação inicial.

Altura δ 2 absolutoi , X δ 2 absolutoi ,Y δ 2 relativoi , X δ 2 relativoi ,Y δ relativo ,totali δ % relativo,totali


0 0 0 0 0 0 0
5,00 0,03945 0,01755 0,03945 0,01755 0,09 1,73%
8,75 0,05925 0,03675 0,0198 0,0192 0,06 1,47%
12,5 0,07545 0,0546 0,0162 0,01785 0,05 1,29%
16,25 0,08805 0,06915 0,0126 0,01455 0,04 1,03%
20,0 0,09615 0,0795 0,0081 0,01035 0,03 0,70%
23,75 0,09975 0,08565 0,0036 0,00615 0,01 0,38%

Numa primeira instância são analisados os deslocamentos inter-pisos no edifício existente.


Como se pode observar, quadro 6.32, os deslocamentos inter-pisos excedem o limite de 1% da
distância entre pisos para o sismo de serviço.
Seguindo o mesmo procedimento para a solução reforçada, pode concluir-se que o limite de
1% é respeitado e como tal é verificado o Estado de Limite de Limitação de Danos.

Quadro 6. 33: Deslocamentos inter-pisos para a solução reforçada.

Altura δ 2 absolutoi , X δ 2 absolutoi ,Y δ 2 relativoi , X δ 2 relativoi ,Y δ relativo ,totali δ % relativo,totali


0 0 0 0 0 0 0
5,00 0,00675 0,00435 0,00675 0,00435 0,02 0,32%
8,75 0,01665 0,0117 0,0099 0,00735 0,02 0,66%
12,5 0,0282 0,021 0,01155 0,0093 0,03 0,79%
16,25 0,03975 0,0315 0,01155 0,0105 0,03 0,83%
20,0 0,05055 0,0423 0,0108 0,0108 0,03 0,81%
23,75 0,06 0,05295 0,00945 0,01065 0,03 0,76%

77
6.7.3. Análise dos esforços nos elementos.

Resistência ao Esforço Transverso


O pilar P2C foi o escolhido para se proceder à comparação da capacidade resistente do edifico,
antes e depois do reforço, uma vez que os campos de esforços são similares aos dos restantes
pilares. Como se pode observar na figura 6.20, a capacidade resistente ao esforço transverso
melhora significativamente após a introdução das paredes resistentes, com a excepção do
último piso.
600,00

500,00

400,00
V [KN]

300,00

200,00

100,00

0,00
Piso 1 Piso 2 Piso 3 Piso 4 Piso 5 Piso 6

Capacidade resistente Vsd Edificio Existente Vsd Edíficio Reforçado

Figura 6. 20:Evolução da resistência ao corte do pilar P2C.

Resistência à Flexão Simples e Composta


A introdução das paredes resistentes permite que os esforços sejam redistribuídos e que os
pilares fiquem menos esforçados. A armadura longitudinal existente nos pilares é agora
suficiente para suportar as exigências sísmicas e para verificar a segurança à flexão composta.
A figura seguinte ilustra a evolução da quantidade de armadura longitudinal para o pilar P2C
para os diferentes cenários.
120

100

80 Armadura existente (cm2)


As (cm2)

Armadura Necessária(cm2)
60
Edifício Existente
Armadura Necessária(cm2)
40 Edifício Reforçado

20

0
Piso 1 Piso 2 Piso 3 Piso 4 Piso 5 Piso 6

Figura 6. 21:Armadura necessária para verificar a segurança à flexão composta do pilar P2C.

Ao nível da resistência à flexão das vigas, a introdução das paredes resistentes e a


redistribuição de esforços, permitiram que o edifício reforçado melhorasse o seu
comportamento à flexão. Porém estas alterações são insuficientes para verificar a segurança
ao Estado Limite Último de flexão das vigas.

78
A figura seguinte é ilustrativa disso mesmo e reflecte a evolução dos momentos flectores, antes
e depois do reforço, para a viga H2 no piso 2.
-550

-350
M [KN.m]

-150

P2A PA1 P2C P2D PA2 P2F

Momentos resistentes
Envolvente dos momentos actuantes antes Reforço
Envolvente momentos actuantes depois Reforço

Figura 6. 22:Comparação dos momentos actuantes e resistentes na viga H2.

6.8. Outras alternativas para o reforço sísmico do edifício.

Introdução de contraventamentos metálicos


Esta alternativa foi inicialmente testada com o intuito de melhorar o comportamento sísmico da
estrutura e de minimizar os efeitos da torção.
Chegou-se à conclusão de que os resultados são muito semelhantes à alternativa com paredes
resistentes, quer em termos da verificação à flexão composta, quer em termos da verificação
ao esforço transverso. Todavia, a introdução destes contraventamentos induz esforços de
tracção muito elevados nos pilares adjacentes e origina importantes esforços de torção, o que
dificulta a fixação dos contraventamentos na estrutura. Para que fosse viável a sua aplicação
teriam de se reforçar os pilares e as vigas adjacentes, de modo a suportarem esses esforços.
Esta solução apesar de ser interessante em termos teóricos exibe uma série de problemas que
não aconselham a sua utilização.

Cintagem dos pilares com materiais compósitos de FRP


Esta alternativa é bastante eficaz na melhoria da ductilidade e da resistência ao corte de pilares
e vigas. Apesar de apresentar grandes vantagens devido as suas propriedades mecânicas das
fibras, nomeadamente uma elevada resistência ao corte, esta solução não resolve as graves
deficiências da estrutura. É ineficaz na verificação da segurança ao estado limite de flexão
composta, no controlo dos deslocamentos inter-pisos e é praticamente insignificante para
melhorar o comportamento sísmico do edifico à torção. A sua aplicação é mais aconselhada
em zonas singulares da estrutura, é portanto uma boa opção para o reforço local do edifício.
Adicionalmente, a forma irregular da secção transversal dos pilares poderá originar dificuldades
na aplicação desta técnica de reforço e seria, provavelmente, necessário recorrer a uma
fixação mecânica das cintas.

79
Capitulo 7. Conclusões

A avaliação efectuada ao edifício em estudo permite concluir que as principais


deficiências no dimensionamento e pormenorização são a reduzida cintagem dos elementos
estruturais, as baixas taxas de armaduras longitudinais e transversais, as insuficientes
pormenorizações, a amarração insuficiente das armaduras longitudinais e a interrupção das
armaduras principais em zonas criticas.
Julga-se que estas deficiências são características dos edifícios de betão armado do período
que vai de 1960 até 1983, data de aplicação do RSA. A análise efectuada permite concluir que
os edifícios desse mesmo período, apresentam, em alguns casos, uma capacidade resistente
às acções sísmicas bastante inferior a 50% em relação as exigências regulamentares actuais.
Os critérios de dimensionamento nesse período não sofreram qualquer evolução e não tinham
em consideração as acções sísmicas face as exigências de desempenho do Eurocódigo 8.
A solução de reforço sísmico adoptada (introdução dos elementos resistentes) torna a estrutura
menos flexível e melhora a sua capacidade resistente às acções sísmicas, em termos da
resistência ao esforço transverso e à flexão.
A intervenção de reforço sísmico poderá não ser viável, tecnicamente e economicamente, pois
além da introdução das paredes resistentes alguns elementos necessitam de um reforço local
das suas secções. Alternativamente, pode ser considerada uma acção sísmica reduzida para
que sejam verificadas as exigências de desempenho preconizadas no Eurocódigo 8 parte 3.

80
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82
[23] – CARREIRA A. – “ Concepção do Reforço Sísmico em Edifícios com Estrutura de Betão
Armado”, Dissertação para obtenção do grau de Mestre em Engenharia de Estruturas; 2000

[24] – GUERREIRO L. – “Isolamento Sísmico de Estruturas, Análise do Panorama Actual”;


2004

[25] – GUERREIRO L. – “ Isolamento Sísmico de Edifícios”, Tese para obtenção do grau de


doutor em Engenharia Civil: 1996

[26] – MOUTINHO C., CUNHA A., CAETANO E. – “ Análise Experimental da Eficiência de


TMDS para a Atenuação da Resposta Sísmica de Estruturas de Edifícios”, 6º Congresso
Nacional de Sismologia e Engenharia Sísmica; Sísmica 2004

[27] – APPLETON J., SILVA J., MARTINS C. – “ A Utilização de um novo sistema de


dissipadores e cabos de pré-esforço para protecção sísmica de edifícios”, Projecto de
investigação europeu (EV GI – CT – 199-00013); 2002

[28] – ACI 440.2R-02 – “Guide for the Design and Construction of Externally Bonded FRP
Systems for Strengthening Concrete Structures”; 2002

[29] – CALVIO E., FACCIOLI G. – “Model Building Code for Earthquakes”, – Association of
Caribbean States; 2003

[30] – CRC Construction Innovation – “Review of Strengthening Techniques Using Externally


Bonded FRP Composites”, Report 2002-005-C-01; 2002

[31] – CHRYSOSTOMOU C. – “Retrofitting of a 1960 building using EC8 part 3”, SPEAR
International Workshop, Seismic Performance Assessment and Rehabilitation of Existing
Buildings; 2005

[32] – OLIVETO G., MARLETTA M., “Seismic retrofitting of reinforced concrete buildings using
traditional and innovative techniques”, ISET Journal of Earthquake Technology, Paper No. 454,
Vol. 42, No. 2-3, June-September 2005, pp. 21-46 ;2005

[33] – National Earthquake Information Center – http://neic.usgs.gov

[34] – LANG K. – “Seismic vulnerability of existing buildings”, A dissertation submitted to the


Swiss Federal Institute of Technology Zurich for the degree of Doctor of Technical Sciences;
2002

83
[35] – RIPPER T. – “ Sistemas Especiais para Reforço de Estruturas de Betão”, Seminário ISEL;
2005

[36] AMIR-MAZAHERI Darius ; “ Conception et dimensionnement des structures pour leur


résistance au EN 1998” : PX-DAM Consultants; 2002

[37] – FARDIS M.N. – ETEK-CYS Course: “Eurocodes: Building Codes For Europe”, Cyprus
International Conference, 2005

[38] – Engenharia e Vida, Revista mensal de engenharia civil, construção e desenvolvimento,


nº17, Especial engenharia sísmica; 2005

[39] – GOMES A., MARTINS C. – Tabelas de cálculo das cadeiras de betão armado e pré-
esforçado; IST 2003

84
Anexos

Anexo 1:Parâmetros para a definição da componente horizontal da acção sísmica [3].

Anexo 2: Factores parciais para o estado limite último [4].


γs γs
Situação de dimensionamento γc (betão)
(armaduras ordinárias) (aço de pré-esforço)
Permanente e quase permanente 1,5 1,15 1,15
Acidental 1,2 1,0 1,0

85
Anexo 3: Valores das propriedades dos materiais e critérios de análise e de verificações de
segurança [2].
Abordagem coeficiente de
Modelo linear (ML) Modelo não linear (MNL)
comportamento (q)
Exigência Capacidade Exigência Capacidade Exigência Capacidade
Condições de aplicabilidade do
ML: Verificação do ratio ρ=Di/Ci
Verificação a efectuar se o Em termos de
modelo poder ser aplicado deformação.
Em termos de Utilizar os
Dúctil
deformações, valores das Da análise
utilizar os propriedades
Da análise valores das divididos pelo
propriedades CF.
divididos pelo Em termos de
CF resistência.
Utilizar os
Verificação a efectuar se o Utilizar os
valores das
Tipo de modelo poder ser aplicado valores das
propriedades
elemento Se ρi ≤1, da propriedades
retirados da
analise divididos pelo
análise Em termos de
Se ρi > 1, CF e pelo factor
Em termos de resistência. De acordo
retirar valores parcial
resistência. Utilizar os com a
das equações
Utilizar os valores das secção
Frágil de equilíbrio
valores das propriedades relevante do
com a
propriedades divididos pelo EN 1998-
resistência do
divididos pelo CF e pelo 1:2004
elemento. E
CF e pelo factor factor parcial
dividir as
parcial
propriedades
dos materiais
pelo CF

Anexo 4: Armadura longitudinal e transversal para o pilar tipo P1.

86
Asw/s
Piso Cota [m] Asl [cm2] ω Nsd [KN] υ µ Mrd [KN] Vrd [KN]
[cm2/m]
Piso 0 0 29,45 3,93 0,20 2879,57 0,99 0,05 130,92 87,19
2,5 29,45 3,93 0,20 2879,57 0,99 0,05 130,92 87,19
Piso 1 5 29,45 3,93 0,20 2116,78 0,73 0,13 340,40 87,19
6,875 29,45 3,93 0,20 2116,78 0,73 0,13 340,40 87,19
Piso 2 8,75 29,45 3,93 0,20 1884,10 0,65 0,15 392,77 87,19
10,625 29,45 3,93 0,20 1884,10 0,65 0,15 392,77 87,19
Piso 3 12,5 19,63 2,51 0,14 1366,04 0,47 0,16 418,95 55,68
14,375 19,63 2,51 0,14 1366,04 0,47 0,16 418,95 55,68
Piso 4 16,25 19,63 2,51 0,14 875,10 0,30 0,15 392,77 55,68
18,125 19,63 2,51 0,14 875,10 0,30 0,15 392,77 55,68
Piso 5 20 19,63 2,51 0,14 426,92 0,15 0,10 261,84 55,68
21,875 19,63 2,51 0,14 426,92 0,15 0,10 261,84 55,68
Cob. 23,75 19,63 2,51 0,14 426,92 0,15 0,10 261,84 55,68

Anexo 5: Armadura longitudinal e transversal para o pilar tipo P2.


Cota Asl Asw/s
Piso ω Nsd[ KN] υ µ Mrd [KN] Vrd [KN]
[m] [cm2] [cm2/m]
Piso 0 0 39,27 3,93 0,27 3477,40 1,20 0,04 104,74 87,19
2,5 39,27 3,93 0,27 3477,40 1,20 0,04 104,74 87,19
Piso 1 5 39,27 3,93 0,27 2862,98 0,98 0,07 183,29 87,19
6,875 39,27 3,93 0,27 2862,98 0,98 0,07 183,29 87,19
Piso 2 8,75 39,27 3,93 0,27 2248,47 0,77 0,15 392,77 87,19
10,625 39,27 3,93 0,27 2248,47 0,77 0,15 392,77 87,19
Piso 3 12,5 29,45 2,51 0,20 1646,70 0,57 0,16 418,95 55,68
14,375 29,45 2,51 0,20 1646,70 0,57 0,16 418,95 55,68
Piso 4 16,25 29,45 2,51 0,20 1068,83 0,37 0,19 497,50 55,68
18,125 29,45 2,51 0,20 1068,83 0,37 0,19 497,50 55,68
Piso 5 20 29,45 2,51 0,20 524,11 0,18 0,12 314,21 55,68
21,875 29,45 2,51 0,20 524,11 0,18 0,12 314,21 55,68
Cob. 23,75 29,45 2,51 0,20 524,11 0,18 0,12 314,21 55,68

87
Anexo 6: Esforços resistentes para a viga H1.

Cota [m] As+ [cm2] ω µ Mrd+ [KN.m] As- [cm2] ω µ Mrd-[KN.m] Asw/s [cm2/m] zcotgθ [m] Vrd (zcotgθ) [KN] σc [Mpa] σ<σrc
P1A 4,65 3,39 0,037 0,036 82,76 5,65 0,062 0,059 135,84 2,62 0,765 58,125 0,52 6,40
1,2 4,52 0,049 0,048 109,51 2,26 0,025 0,024 55,60 1,68 0,765 37,271 0,33 6,40
P1B 0,3 3,39 0,037 0,036 82,76 5,65 0,062 0,059 135,84 2,62 0,765 58,125 0,52 6,40
1,2 3,39 0,037 0,036 82,76 5,65 0,062 0,059 135,84 2,62 0,765 58,125 0,52 6,40
3,3 4,52 0,049 0,048 109,51 2,26 0,025 0,024 55,60 1,68 0,765 37,271 0,33 6,40
1,2 3,39 0,037 0,036 82,76 5,65 0,062 0,059 135,84 2,62 0,765 58,125 0,52 6,40
P1C 0,3 3,39 0,037 0,036 82,76 5,65 0,062 0,059 135,84 2,62 0,765 58,125 0,52 6,40
1,2 3,39 0,037 0,036 82,76 5,65 0,062 0,059 135,84 2,62 0,765 58,125 0,52 6,40
3,3 4,52 0,049 0,048 109,51 2,26 0,025 0,024 55,60 1,68 0,765 37,271 0,33 6,40
1,2 3,39 0,037 0,036 82,76 5,65 0,062 0,059 135,84 2,62 0,765 58,125 0,52 6,40
P1D 0,3 3,39 0,037 0,036 82,76 5,65 0,062 0,059 135,84 2,62 0,765 58,125 0,52 6,40
1,2 3,39 0,037 0,036 82,76 5,65 0,062 0,059 135,84 2,62 0,765 58,125 0,52 6,40
3,3 4,52 0,049 0,048 109,51 2,26 0,025 0,024 55,60 1,68 0,765 37,271 0,33 6,40
1,2 3,39 0,037 0,036 82,76 5,65 0,062 0,059 135,84 2,62 0,765 58,125 0,52 6,40
P1E 0,3 3,39 0,037 0,036 82,76 5,65 0,062 0,059 135,84 2,62 0,765 58,125 0,52 6,40
1,2 4,52 0,049 0,048 109,51 2,26 0,025 0,024 55,60 1,68 0,765 37,271 0,33 6,40
P1F 4,65 3,39 0,037 0,036 82,76 5,65 0,062 0,059 135,84 2,62 0,765 58,125 0,52 6,40

88
Anexo 7:Esforços resistentes para a viga H2.
+
As Mrd+ As Mrd- Asw/s
Cota [m] ω µ ω µ zcotgθ[m] Vrd(zcotgθ)[KN] σc [Mpa] σ<σrc
[cm2] [KN.m] [cm2] [KN.m] [cm2/m]
P2A 0,3 2,26 0,025 0,024 55,60 12,57 0,137 0,126 287,88 3,93 0,765 87,187 0,78 6,40
1,3 2,26 0,025 0,024 55,60 12,57 0,137 0,126 287,88 3,93 0,765 87,187 0,78 6,40
3,1 8,04 0,088 0,083 190,13 2,26 0,025 0,024 55,60 1,68 0,765 37,271 0,33 6,40
1,3 2,26 0,025 0,024 55,60 12,57 0,137 0,126 287,88 3,93 0,765 87,187 0,78 6,40
P2B 0,3 2,26 0,025 0,024 55,60 12,57 0,137 0,126 287,88 3,93 0,765 87,187 0,78 6,40
1,3 2,26 0,025 0,024 55,60 12,57 0,137 0,126 287,88 3,93 0,765 87,187 0,78 6,40
3,1 8,04 0,088 0,083 190,13 2,26 0,025 0,024 55,60 1,68 0,765 37,271 0,33 6,40
1,3 2,26 0,025 0,024 55,60 12,57 0,137 0,126 287,88 3,93 0,765 87,187 0,78 6,40
P2C 0,3 2,26 0,025 0,024 55,60 12,57 0,137 0,126 287,88 3,93 0,765 87,187 0,78 6,40
1,3 2,26 0,025 0,024 55,60 12,57 0,137 0,126 287,88 3,93 0,765 87,187 0,78 6,40
3,1 8,04 0,088 0,083 190,13 2,26 0,025 0,024 55,60 1,68 0,765 37,271 0,33 6,40
1,3 2,26 0,025 0,024 55,60 12,57 0,137 0,126 287,88 3,93 0,765 87,187 0,78 6,40
P2D 0,3 2,26 0,025 0,024 55,60 12,57 0,137 0,126 287,88 3,93 0,765 87,187 0,78 6,40
1,3 2,26 0,025 0,024 55,60 12,57 0,137 0,126 287,88 3,93 0,765 87,187 0,78 6,40
3,1 8,04 0,088 0,083 190,13 2,26 0,025 0,024 55,60 1,68 0,765 37,271 0,33 6,40
1,3 2,26 0,025 0,024 55,60 12,57 0,137 0,126 287,88 3,93 0,765 87,187 0,78 6,40
P2E 0,3 2,26 0,025 0,024 55,60 12,57 0,137 0,126 287,88 3,93 0,765 87,187 0,78 6,40
1,3 2,26 0,025 0,024 55,60 12,57 0,137 0,126 287,88 3,93 0,765 87,187 0,78 6,40
3,1 8,04 0,088 0,083 190,13 2,26 0,025 0,024 55,60 1,68 0,765 37,271 0,33 6,40
1,3 2,26 0,025 0,024 55,60 12,57 0,137 0,126 287,88 3,93 0,765 87,187 0,78 6,40
P2F 0,3 2,26 0,025 0,024 55,60 12,57 0,137 0,126 287,88 3,93 0,765 87,187 0,78 6,40

89
Anexo 8: Cálculo da capacidade resistente ao corte do pilar P1.

Pilar P1 VR [KN] γel h [m] Lv N [KN] Ac [m2] fc [KN] µ∆pl ρtot Vw ρw bw [m] Z [m] fyw[KN]
291,35 1,15 0,90 1,50 2879,57 0,315 9236,111 1,0 0,010 96,87 0,0012 0,35 0,765 290000
Piso 0
291,35 1,15 0,90 1,50 2879,57 0,315 9236,111 1,0 0,010 96,87 0,0012 0,35 0,765 290000
161,40 1,15 0,90 3,90 2116,78 0,315 9236,111 1,0 0,010 96,87 0,0012 0,35 0,765 290000
Piso 1
161,40 1,15 0,90 3,90 2116,78 0,315 9236,111 1,0 0,010 96,87 0,0012 0,35 0,765 290000
150,30 1,15 0,90 4,50 1884,10 0,315 9236,111 1,0 0,010 96,87 0,0012 0,35 0,765 290000
Piso 2
150,30 1,15 0,90 4,50 1884,10 0,315 9236,111 1,0 0,010 96,87 0,0012 0,35 0,765 290000
87,15 1,15 0,90 7,52 1366,04 0,315 9236,111 1,0 0,006 61,87 0,0008 0,35 0,765 290000
Piso 3
87,15 1,15 0,90 7,52 1366,04 0,315 9236,111 1,0 0,006 61,87 0,0008 0,35 0,765 290000
75,90 1,15 0,90 7,05 875,10 0,315 9236,111 1,0 0,006 61,87 0,0008 0,35 0,765 290000
Piso 4
75,90 1,15 0,90 7,05 875,10 0,315 9236,111 1,0 0,006 61,87 0,0008 0,35 0,765 290000
69,39 1,15 0,90 4,70 426,92 0,315 9236,111 1,0 0,006 61,87 0,0008 0,35 0,765 290000
Piso 5
69,39 1,15 0,90 4,70 426,92 0,315 9236,111 1,0 0,006 61,87 0,0008 0,35 0,765 290000
Cobertura 69,39 1,15 0,90 4,70 426,92 0,315 9236,111 1,0 0,006 61,87 0,0008 0,35 0,765 290000

pl
0,85 1 − 0,06 min 5; µ ∆
( ( )) 1 + 1,8 min 0,15; N   L 
V R , max = 
 (1 + 0,25 max (1,75;100 ρ tot ))1 − 0,2 min(2; V  f C bW z
γ el  AC f C 
 h  (E6.1)
  

90
Anexo 9: Cálculo da capacidade resistente ao corte do pilar P2.

Pilar P2 VR [KN] γel h [m] Lv N [KN] Ac [m2] fc [KPa] µ∆pl ρtot Vw ρw bw [m] z[m] fyw[KPa]
344,69 1,15 0,90 1,20 3477,40 0,315 9236,111 1,0 0,013 96,87 0,0012 0,35 0,765 290000
Piso 0
344,69 1,15 0,90 1,20 3477,40 0,315 9236,111 1,0 0,013 96,87 0,0012 0,35 0,765 290000
232,18 1,15 0,90 2,10 2862,98 0,315 9236,111 1,0 0,013 96,87 0,0012 0,35 0,765 290000
Piso 1
232,18 1,15 0,90 2,10 2862,98 0,315 9236,111 1,0 0,013 96,87 0,0012 0,35 0,765 290000
150,55 1,15 0,90 4,50 2248,47 0,315 9236,111 1,0 0,013 96,87 0,0012 0,35 0,765 290000
Piso 2
150,55 1,15 0,90 4,50 2248,47 0,315 9236,111 1,0 0,013 96,87 0,0012 0,35 0,765 290000
93,50 1,15 0,90 7,52 1646,70 0,315 9236,111 1,0 0,010 61,87 0,0008 0,35 0,765 290000
Piso 3
93,50 1,15 0,90 7,52 1646,70 0,315 9236,111 1,0 0,010 61,87 0,0008 0,35 0,765 290000
75,29 1,15 0,90 8,93 1068,83 0,315 9236,111 1,0 0,010 61,87 0,0008 0,35 0,765 290000
Piso 4
75,29 1,15 0,90 8,93 1068,83 0,315 9236,111 1,0 0,010 61,87 0,0008 0,35 0,765 290000
70,06 1,15 0,90 5,64 524,11 0,315 9236,111 1,0 0,010 61,87 0,0008 0,35 0,765 290000
Piso 5
70,06 1,15 0,90 5,64 524,11 0,315 9236,111 1,0 0,010 61,87 0,0008 0,35 0,765 290000
Cobertura 70,06 1,15 0,90 5,64 524,11 0,315 9236,111 1,0 0,010 61,87 0,0008 0,35 0,765 290000

pl
0,85 1 − 0,06 min 5; µ ∆
( ( N   L 
(E6.1)
V R , max =
)) 1 + 1,8 min 0,15;  (1 + 0,25 max(1,75;100 ρ tot ))1 − 0,2 min(2; V  f C bW z
  
γ el   AC f C   h 

91
Anexo 10: Deformações últimas para a viga H1.
Cota [m] θum [rad.] γel υ h [m] fc [KN] w´c wt Lv fyw [KN] α ρsx ρd
P1A 4,65 0,0005322 1,00 0,00 0,85 11083,33 0,06 0,04 2,34 290000,00 0,43 0,004367 0,0006
1,2 0,0001660 1,00 0,00 0,85 11083,33 0,02 0,05 1,68 290000,00 0,43 0,002483 0,0006
P1B 0,3 0,0005322 1,00 0,00 0,85 11083,33 0,06 0,04 2,34 290000,00 0,43 0,004367 0,0006
1,2 0,0005322 1,00 0,00 0,85 11083,33 0,06 0,04 2,34 290000,00 0,43 0,004367 0,0006
3,3 0,0001660 1,00 0,00 0,85 11083,33 0,02 0,05 1,68 290000,00 0,43 0,002483 0,0006
1,2 0,0005322 1,00 0,00 0,85 11083,33 0,06 0,04 2,34 290000,00 0,43 0,004367 0,0006
P1C 0,3 0,0005322 1,00 0,00 0,85 11083,33 0,06 0,04 2,34 290000,00 0,43 0,004367 0,0006
1,2 0,0005322 1,00 0,00 0,85 11083,33 0,06 0,04 2,34 290000,00 0,43 0,004367 0,0006
3,3 0,0001660 1,00 0,00 0,85 11083,33 0,02 0,05 1,68 290000,00 0,43 0,002483 0,0006
1,2 0,0005322 1,00 0,00 0,85 11083,33 0,06 0,04 2,34 290000,00 0,43 0,004367 0,0006
P1C 0,3 0,0005322 1,00 0,00 0,85 11083,33 0,06 0,04 2,34 290000,00 0,43 0,004367 0,0006
1,2 0,0005322 1,00 0,00 0,85 11083,33 0,06 0,04 2,34 290000,00 0,43 0,004367 0,0006
3,3 0,0001660 1,00 0,00 0,85 11083,33 0,02 0,05 1,68 290000,00 0,43 0,002483 0,0006
1,2 0,0005322 1,00 0,00 0,85 11083,33 0,06 0,04 2,34 290000,00 0,43 0,004367 0,0006
P1D 0,3 0,0005322 1,00 0,00 0,85 11083,33 0,06 0,04 2,34 290000,00 0,43 0,004367 0,0006
1,2 0,0001660 1,00 0,00 0,85 11083,33 0,02 0,05 1,68 290000,00 0,43 0,002483 0,0006
P1E 4,65 0,0005322 1,00 0,00 0,85 11083,33 0,06 0,04 2,34 290000,00 0,43 0,004367 0,0006

0 ,3  f 
0,35  αρ sx yw 
pl 1 v max(0,01; ω `)  0, 2 L   fc 
  100 ρ d (E6.2)
θ um = + 0,0145.(0,25 )  . fc . v  25 (1,275 )
γ el  max(0,01; ω )   h 

92
Anexo 11: Deformações últimas para a viga H2.
Cota [m] θum [rad.] γel υ h [m] fc [KN] w´c wt Lv fyw [KN] α ρsx ρd
P2A 0,3 0,0015856 1,00 0,00 0,85 11083,33 0,14 0,02 3,30 290000,00 0,43 0,00655 0,0006
1,3 0,0015856 1,00 0,00 0,85 11083,33 0,14 0,02 3,30 290000,00 0,43 0,00655 0,0006
3,1 0,0001415 1,00 0,00 0,85 11083,33 0,02 0,09 1,49 290000,00 0,43 0,0028 0,0006
1,3 0,0015856 1,00 0,00 0,85 11083,33 0,14 0,02 3,30 290000,00 0,43 0,00655 0,0006
P2B 0,3 0,0015856 1,00 0,00 0,85 11083,33 0,14 0,02 3,30 290000,00 0,43 0,00655 0,0006
1,3 0,0015856 1,00 0,00 0,85 11083,33 0,14 0,02 3,30 290000,00 0,43 0,00655 0,0006
3,1 0,0001415 1,00 0,00 0,85 11083,33 0,02 0,09 1,49 290000,00 0,43 0,0028 0,0006
1,3 0,0015856 1,00 0,00 0,85 11083,33 0,14 0,02 3,30 290000,00 0,43 0,00655 0,0006
P2C 0,3 0,0015856 1,00 0,00 0,85 11083,33 0,14 0,02 3,30 290000,00 0,43 0,00655 0,0006
1,3 0,0015856 1,00 0,00 0,85 11083,33 0,14 0,02 3,30 290000,00 0,43 0,00655 0,0006
3,1 0,0001415 1,00 0,00 0,85 11083,33 0,02 0,09 1,49 290000,00 0,43 0,0028 0,0006
1,3 0,0015856 1,00 0,00 0,85 11083,33 0,14 0,02 3,30 290000,00 0,43 0,00655 0,0006
P2D 0,3 0,0015856 1,00 0,00 0,85 11083,33 0,14 0,02 3,30 290000,00 0,43 0,00655 0,0006
1,3 0,0015856 1,00 0,00 0,85 11083,33 0,14 0,02 3,30 290000,00 0,43 0,00655 0,0006
3,1 0,0001415 1,00 0,00 0,85 11083,33 0,02 0,09 1,49 290000,00 0,43 0,0028 0,0006
1,3 0,0015856 1,00 0,00 0,85 11083,33 0,14 0,02 3,30 290000,00 0,43 0,00655 0,0006
P2E 0,3 0,0015856 1,00 0,00 0,85 11083,33 0,14 0,02 3,30 290000,00 0,43 0,00655 0,0006
1,3 0,0015856 1,00 0,00 0,85 11083,33 0,14 0,02 3,30 290000,00 0,43 0,00655 0,0006
3,1 0,0001415 1,00 0,00 0,85 11083,33 0,02 0,09 1,49 290000,00 0,43 0,0028 0,0006
1,3 0,0015856 1,00 0,00 0,85 11083,33 0,14 0,02 3,30 290000,00 0,43 0,00655 0,0006
P2F 0,3 0,0015856 1,00 0,00 0,85 11083,33 0,14 0,02 3,30 290000,00 0,43 0,00655 0,0006

0 ,3  f 
0,35  αρ sx yw 
pl 1 v max(0,01; ω `)  0, 2 L   fc 
  100 ρ d (E6.2)
θ um = + 0,0145.(0,25 )  . fc . v  25 (1,275 )
γ el  max(0,01; ω )   h 

93
Anexo 12: Deformações últimas para o pilar P1.
Cota [m] θum [rad.] γel υ h [m] fc [KN] w´c wt Lv fyw [KN] α ρsx ρd
Piso 0 0 0,0001309 1,50 0,99 0,90 11083,33 0,10 0,10 1,58 290000,00 0,53 0,005348 0,0000
2,5 0,0001309 1,50 0,99 0,90 11083,33 0,10 0,10 1,58 290000,00 0,53 0,005343 0,0000
Piso 1 5 0,0002507 1,50 0,73 0,90 11083,33 0,10 0,10 4,10 290000,00 0,53 0,005343 0,0000
6,875 0,0002507 1,50 0,73 0,90 11083,33 0,10 0,10 4,10 290000,00 0,53 0,005343 0,0000
Piso 2 8,75 0,0002902 1,50 0,65 0,90 11083,33 0,10 0,10 4,73 290000,00 0,53 0,005343 0,0000
10,625 0,0002902 1,50 0,65 0,90 11083,33 0,10 0,10 4,73 290000,00 0,53 0,005343 0,0000
Piso 3 12,5 0,0002860 1,50 0,47 0,90 11083,33 0,07 0,07 7,55 290000,00 0,53 0,003571 0,0000
14,375 0,0002860 1,50 0,47 0,90 11083,33 0,07 0,07 7,55 290000,00 0,53 0,003571 0,0000
Piso 4 16,25 0,0003425 1,50 0,30 0,90 11083,33 0,07 0,07 7,08 290000,00 0,53 0,003571 0,0000
18,125 0,0003425 1,50 0,30 0,90 11083,33 0,07 0,07 7,08 290000,00 0,53 0,003571 0,0000
Piso 5 20 0,0003578 1,50 0,15 0,90 11083,33 0,07 0,07 4,72 290000,00 0,53 0,003571 0,0000
21,875 0,0003578 1,50 0,15 0,90 11083,33 0,07 0,07 4,72 290000,00 0,53 0,003571 0,0000
Cob. 23,75 0,0003578 1,50 0,15 0,90 11083,33 0,07 0,07 4,72 290000,00 0,53 0,003571 0,0000

0 ,3  f 
0,35  αρ sx yw 
pl 1 v max(0,01; ω `)  0, 2 L   fc  (E6.2)
  100 ρ d
θ um = + 0,0145.(0,25 )  . fc . v  25 (1,275 )
γ el  max(0,01; ω )   h 

94
Anexo 13: Deformações últimas para o pilar P2.
Cota [m] θum [rad.] γel υ h [m] fc [KN] w´c wt Lv fyw [KN] α ρsx ρd
Piso 0 0 0,0001181 1,50 1,20 0,90 11083,33 0,14 0,14 1,26 290000,00 0,53 0,005348 0,0000
2,5 0,0001181 1,50 1,20 0,90 11083,33 0,14 0,14 1,26 290000,00 0,53 0,005343 0,0000
Piso 1 5 0,0001853 1,50 0,98 0,90 11083,33 0,14 0,14 2,21 290000,00 0,53 0,005343 0,0000
6,875 0,0001853 1,50 0,98 0,90 11083,33 0,14 0,14 2,21 290000,00 0,53 0,005343 0,0000
Piso 2 8,75 0,0003120 1,50 0,77 0,90 11083,33 0,14 0,14 4,73 290000,00 0,53 0,005343 0,0000
10,625 0,0003120 1,50 0,77 0,90 11083,33 0,14 0,14 4,73 290000,00 0,53 0,005343 0,0000
Piso 3 12,5 0,0003486 1,50 0,57 0,90 11083,33 0,10 0,10 7,55 290000,00 0,53 0,003571 0,0000
14,375 0,0003486 1,50 0,57 0,90 11083,33 0,10 0,10 7,55 290000,00 0,53 0,003571 0,0000
Piso 4 16,25 0,0004703 1,50 0,37 0,90 11083,33 0,10 0,10 8,97 290000,00 0,53 0,003571 0,0000
18,125 0,0004703 1,50 0,37 0,90 11083,33 0,10 0,10 8,97 290000,00 0,53 0,003571 0,0000
Piso 5 20 0,0005017 1,50 0,18 0,90 11083,33 0,10 0,10 5,67 290000,00 0,53 0,003571 0,0000
21,875 0,0005017 1,50 0,18 0,90 11083,33 0,10 0,10 5,67 290000,00 0,53 0,003571 0,0000
Cob. 23,75 0,0005017 1,50 0,18 0,90 11083,33 0,10 0,10 5,67 290000,00 0,53 0,003571 0,0000

0 ,3 0 , 35  f 
 αρ sx yw 
pl 1 v
 max(0,01; ω `)  0,2  L   fc  100 ρ d (E6.2)
θ um = + 0,0145.(0,25 )   . f c . v  25 (1,275 )
γ el  max(0,01; ω )   h

95

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