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MOHAMED AWADA

DIMENSIONAMENTO DE LAJES ALVEOLARES PROTENDIDAS

São Paulo
2019
ii

MOHAMED AWADA

DIMENSIONAMENTO DE LAJES ALVEOLARES PROTENDIDAS

Trabalho de Conclusão de
Curso apresentado à Escola
politécnica da Universidade
de São Paulo para obtenção
de título de especialista em
Gestão do Projeto Estrutural.

Área de concentração:

Orientador: Prof. Januário


Pellegrino Neto

São Paulo
2019
iii

RESUMO

As lajes alveolares protendidas são elementos estruturais que ainda não dispõem de
ampla literatura nacional especializada e nem de normas técnicas específicas para
seu dimensionamento e execução. Observando essa problemática, este estudo teve
como objetivo geral dimensionar uma laje alveolar protendida. Por meio dos seguintes
objetivos específicos: apresentar os tipos de combinações; demonstrar as perdas de
protensão e criar um roteiro de cálculo para uma laje. Assim, apresentou-se um roteiro
de cálculo e para demonstrar sua eficiência foram utilizadas planilhas em Excel para
apresentar um exemplo numérico. Ao final, comprovou-se a eficiência do roteiro
apresentado e assim, espera-se contribuir com a literatura na área de lajes alveolares
protendidas.

Palavras-chave: Dimensionamento. Lajes. Estruturas. Construção Civil.


iv

ASTRACT

Prestressed honeycomb slabs are structural elements that do not yet have extensive
national specialized literature or specific technical standards for their design and
execution. Observing this problem, this study had as its general objective to dimension
a prestressed alveolar slab. Through the following specific objectives: present the
types of combinations; demonstrate prestressing losses and create a calculation
roadmap for a slab. Thus, a calculation script was presented and to demonstrate its
efficiency, Excel spreadsheets were used to present a numerical example. In the end,
it was proved the efficiency of the presented script and thus, it is expected to contribute
to the literature in the area of prestressed honeycomb slabs.

Keywords: Sizing. Slabs. Structures. Construction.


v

SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ....................................................................................................... 01
2 LAJES ALVEOLARES PROTENDIDAS ............................................................... 03
2.1 HISTÓRICO ........................................................................................................ 03
2.2 DEFINIÇÃO ......................................................................................................... 04
2.3 VANTAGENS E DESVANTAGENS .................................................................... 07
2.4 PROCESSO DE PRODUÇÃO ............................................................................ 08
2.4.1 Produção em formas fixas............................................................................. 09
2.4.2 Extrusão .......................................................................................................... 14
2.5 MARCAÇÃO E RECORTES DOS PAINÉIS........................................................ 17
3 VERIFICAÇÃO DOS ESTADOS LIMITES............................................................. 18
3.1 VERIFICAÇÃO DOS ESTADOS LIMITES .......................................................... 18
3.1.1 Combinações de ações em serviço .............................................................. 19
3.1.2 Níveis de protensão ....................................................................................... 21
3.1.3 Estimativa da força de protensão ................................................................. 21
3.1.4 Verificação das tensões normais no concreto ............................................ 23
3.1.5 Verificação da deformação excessiva .......................................................... 27
3.2 VERIFICAÇÃO DOS ESTADOS LIMITES ÚLTIMOS ......................................... 30
3.2.1 Estado limite último devido a solicitações normais ................................... 30
3.2.2 Estado limite último devido a solicitações tangenciais .............................. 34
4 PERDAS DE PROTENSÃO ................................................................................... 36
4.1. PERDAS POR RETRAÇÃO E FLUÊNCIA DO CONCRETO ............................. 36
4.2 PERDAS POR RELAXAÇÃO E FLUÊNCIA DO AÇO DE PROTENSÃO............ 37
4.3 PERDAS DE PROTENSÃO POR ATRITO DOS CABOS ................................... 38
4.4 PERDA DE TENSÃO NA ARMADURA DECORRENTE DA DEFORMAÇÃO
IMEDIATA DO CONCRETO...................................................................................... 38
4.5 PERDA DE TENSÃO NA ARMADURA DECORRENTE DE ACOMODAÇÃO DAS
ANCORAGENS ......................................................................................................... 39
5 DIMENSIONAMENTO DE PAINEL ALVEOLAR ................................................... 40
5.1 CARACTERÍSTICAS GEOMÉTRICAS E MATERIAIS ........................................ 40
5.2 DADOS DA PROTENSÃO .................................................................................. 41
5.3 PRÉ-DIMENSIONAMENTO ................................................................................ 41
5.4 VERIFICAÇÃO PARA ELU NO ATO DA PROTENSÃO ..................................... 43
vi

5.5 PERDAS DE PROTENSÃO ................................................................................ 43


5.5.1 Perda por ancoragem..................................................................................... 43
5.5.2 Perda por relaxação ....................................................................................... 44
5.5.3 Perda por deformação imediata do concreto .............................................. 44
5.5.4 Perda por fluência .......................................................................................... 44
5.5.5 Perda por retração e fluência ........................................................................ 45
5.5.6 Perdas progressivas ...................................................................................... 46
5.5.7 Perda total de protensão ............................................................................... 47
5.6 VERIFICAÇÃO DOS ESTADOS LIMITES DE SERVIÇO (ELS) ......................... 47
5.7 VERIFICAR O CISALHAMENTO ........................................................................ 48
6 EXEMPLO NUMÉRICO ......................................................................................... 49
6.1 CARREGAMENTOS ........................................................................................... 50
6.2 ESFORÇOS SOLICITANTES ............................................................................. 50
6.3 ÁREA DE ARMADURA ....................................................................................... 50
6.4 VERICAR ELU EM VAZIO .................................................................................. 51
6.5 CALCULAR AS PERDAS .................................................................................... 52
6.6 VERIFICAR FLEXÃO E CISALHAMENTO.......................................................... 54
7 CONSIDERAÇÕES FINAIS ................................................................................... 56
REFERÊNCIAS ......................................................................................................... 57
ANEXOS ................................................................................................................... 60
ANEXO A – KMD E TENSÃO NO AÇO DE ARMADURA ATIVA .............................. 60
1

1 INTRODUÇÃO

A maneira mais eficiente de industrializar o setor da construção civil é transportar


o trabalho executado nos canteiros para fábricas e indústrias especializadas e
modernas. Essa mudança possibilita o desenvolvimento de processos de produção
que acarreta naturalmente em produtos de melhor qualidade técnica e visual, além
permitirem um controle de qualidade ao produto final. Além disso, a industrialização
da construção civil é uma tendência mundial. A procura de simplicidade construtiva,
ao lado de um modelo de projeto simples e realista, é uma necessidade para a
qualidade e a competitividade neste início de século globalizado.
No Brasil, a busca pela racionalização dos processos, e nos custos bem como o
aumento da produtividade e durabilidade são os principais motivos que contribuem
para o aumento da industrialização da construção civil, principalmente na produção
de peças de concreto (BATTAGIN, 2011). Paralelo a isso, o uso da laje alveolar
protendida vem crescendo consideravelmente no país, uma vez que possibilita uma
grande integração entre sistemas estruturais graças à sua elevada capacidade
portante e à sua facilidade em vencer grandes vãos.
Segundo Camillo (2012), o principal benefício em utilizar a laje alveolar para
estruturar um pavimento está no baixo custo da mão de obra utilizada em canteiro,
baixo peso próprio, alta qualidade final, a não necessidade de estruturas de
escoramento e o baixo consumo de cimento.
Empresas especializadas na sua fabricação garantem sua eficiência, uma vez
que, com baixo quantitativo de material, é possível conseguir elementos que possuem
a capacidade de vencer grandes vãos. Uma comparação apresentada por Fellinger
(2004) mostra que as lajes alveolares podem chegar a utilizar 50% menos de aço e
30% menos de concreto com relação às lajes maciças. Pode-se ainda afirmar que as
lajes alveolares protendidas pré-fabricadas representam uma das soluções estruturais
mais avançadas para sistemas de piso, podendo ser utilizadas em todo tipo de
construção.
A execução de painéis alveolares protendidos no Brasil tem se desenvolvido com
base em estudos internacionais, destacando-se os modelos europeus e norte-
americanos. Os maquinários são importados e o concreto aplicado é adaptado as
características que esses equipamentos demandam, sendo que para sua aplicação
2

deve realizar-se um estudo do seu comportamento, já que inexiste que faça uso de
concreto com baixo teor água/cimento como para os equipamentos extrusores. No
Brasil, espessura das lajes executadas têm espessuras pequenas, entre 10 e 30 cm,
gerando grande dificuldade no processo produtivo, já que são elementos mais frágeis
e delicados, enquanto em outros países as lajes chegam a apresentar espessuras de
70 cm.
Trata-se de um elemento pouco considerado na literatura brasileira, além de
existirem poucos profissionais com conhecimento adequado nessa área, que são
capazes de se responsabilizarem por projetos e produção desse tipo de laje. Neste
cenário, as empresas levam em consideração os estudos internacionais, fazendo uso
de tabelas onde são indicados os tipos de lajes e suas características. Por meio
desses dados, os projetistas determinam quais lajes devem ser utilizadas em cada
pavimento.
Assim, torna-se relevante o estudo sobre dimensionamento de lajes alveolares
protendidas para a verificação da capacidade à flexão e cisalhamento, sendo o
segundo normalmente o mais crítico, já que inexiste armadura para combater esse
esforço, além da importância de verificar as deformações que essas lajes sofrem, as
quais apresentam muita variação ao longo do período de exposição tanto no estoque
quanto em obra.
A avaliação do comportamento estrutural de uma peça também deve considerar
o processo industrial de produção e da execução da obra, os quais são poucos
difundidos, sendo que existem diversas premissas que podem facilitar ou atrapalhar
este processo. Esses detalhes valem ser mostrados para que o processo seja
conhecido como um todo, desde a avaliação da situação em projeto até o momento
em que as lajes são entregues e montadas nos canteiros.
Assim, por meio deste estudo espera-se contribuir com as literaturas nacionais
expandindo o conhecimento sobre lajes alveolares protendidas, objetivando um
melhor desenvolvimento de projetos e de metodologias de fabricação.
Neste sentido, o objetivo geral deste estudo foi de dimensionar uma laje alveolar
protendida. Por meio dos seguintes objetivos específicos: apresentar os tipos de
combinações; demonstrar as perdas de protensão e criar um roteiro de cálculo para
uma laje.
3

2 LAJES ALVEOLARES PROTENDIDAS

2.1 HISTÓRICO

O princípio do surgimento das lajes alveolares tem origem na Alemanha (EL


DEBS, 2000). Por volta de 1930, Wilhelm Schaefer e seu parceiro Kuen,
desenvolveram uma placa estrutural isolada comporta por uma peça alveolar de
concreto de concreto pozolânico entre duas camadas de concreto armado normal.
Durante os 20 anos seguintes diversas tentativas e modificações foram sendo
realizadas no modelo de Schaefer, quando em 1950, algum resultado eficiência foi
atingido, vendendo licenças principalmente para Alemanha e nos Estados Unidos
(MIGLIORE, 2008).
Assim, Costa (2009), afirma que que o modelo de laje alveolar mais perto do
que se utiliza hoje surgiu em 1950. De acordo com Gustani (2017), a primeira indústria
a aplicar protensão em lajes alveolares foi a Buderus’sche Eisenwerke, grande
produtora da Alemanha Ocidental. Já em 1955, as placas alveolares eram produzidas
em concreto monolítico, com vãos maiores e capacidade de carga mais elevadas, uma
vez que o modelo inicial não atingia resistência ao cisalhamento do concreto
pozolânico. Além disso, no mesmo ano, foi inventada a linha de produção com
máquina moldadora em fôrmas deslizantes (slip-form), tal e como ainda se utiliza
atualmente.
Em 1961, a máquina moldadora em fôrmas deslizantes, foi patenteada nas
sociedades da Alemanha Ocidental, possibilitando assim, a difusão da produção das
lajes alveolares por todo o mundo. Já a produção por extrusão, foi desenvolvida no
Canadá em 1960, é caracterizada pela aplicação de hélices em concreto com baixo
teor de água/cimento (ASSAP, 2012 apud GUSTANI, 2017).
Na Europa e nos Estados Unidos, as peças alveolares protendidas são
aplicados nos mais variados tipos de edificações, na Suécia e nos países do Benelux,
esses elementos são utilizados em mais de 50% das estruturas de lajes (HOLLOW,
2015).
No Brasil, esse sistema começou a ser utilizado na década de 80 e teve a sua
consolidação a partir do início do século XXI (COSTA, 2009). Apesar de ter se
desenvolvido tardiamente, a laje ou painel alveolar é o elemento de protensão com
4

aderência inicial mais empregado no mercado, uma vez que, pois baixo custo de
produção frente ao desempenho do aço de protensão desencadeia uma grande
benefício em relação a outras metodologias estruturais (CARVALHO, 2012).

2.2 DEFINIÇÃO

Lajes alveolares, também chamadas de lajes vazadas ou ocas, se constituem


por placas de concreto protendido, com seção transversal de altura constante e
alvéolos longitudinais, Conforme Figura 1. Os alvéolos são núcleos vazios, que podem
ser com seção transversal em forma redonda, oval, retangular, cada fabricante
apresenta um formato específico (Figura 2), e visam reduzir o consumo de material e
o peso da peça de concreto (EL DEBS, 2000).

Figura 1 - Detalhe da seção transversal

Fonte: Costa (2009)

Figura 2 – Exemplo dos formatos dos alvéolos

Fonte: Zago (2016)

Comercialmente as lajes alveolares podem ser produzidas nas dimensões


apresentadas no Quadro 1.
5

Quadro 1 – Seção transversal das lajes alveolares Tatu

Fonte: Tatu, 2014

Costa (2009), complementa que esse sistema surgiu da necessidade de se


reduzir o peso próprio do elemento e dessa forma, consequentemente, reduzir o custo
de fabricação e o preço de venda, permitindo seu uso em grandes vãos. O seu baixo
peso próprio é devido ao uso de vazios ou alvéolos na seção transversal do elemento
de laje.
Zago (2016), explica que as placas alveolares podem ser aplicadas
principalmente para a compartimentação de ambientes, tanto horizontal, como laje de
piso, ou vertical, como painéis. Petrucelli (2009), afirma que peças de lajes alveolares
são uns dos produtos mais modernos da indústria de pré-fabricados. Sua aplicação é
mais extensa em obras com repetitividade em larga escala, entretanto, já foram
aplicadas na execução de pontes.
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Estima-se que sejam produzidos 150 milhões de metros cúbicos de lajes


alveolares por ano em todo o mundo. Sua produção se baseia em um elevado controle
de qualidade industrial. Este controle acontece desde a escolha dos insumos até a
manutenção e verificação do maquinário utilizados para montagem e fabricação
(ARNHOLDT, 2014).
Estes painéis protendidos se constituem por concreto de elevada resistência
característica à compressão, com fck ≥ 40Mpa, e somente armaduras de protensão,
que devem ser em conformidade com as especificações da NBR 6118 (2014),
responsáveis por aumentar a capacidade portante, redução dos deslocamentos
verticais e redução da fissuração do concreto. As cordoalhas podem ser dispostas
tanto nas fibras superiores quanto inferiores, dependendo da solicitação da peça (EL
DEBS, 2000; PETRUCELLI, 2009).
O principal diferencial desse elemento é a utilização apenas de armaduras
ativas ao longo de sua extensão. Essas armaduras são responsáveis tanto pela
capacidade de suporte à flexão quanto à capacidade de suporte ao cisalhamento,
motivo pelo qual apresenta grande preocupação quanto ao desempenho sob altas
temperaturas (ZAGO, 2016).
O processo de instalação é simples e fácil e à possibilidade de atingir grandes
vãos, facilitando o layout e otimizando a estrutura, seja ela de alvenaria estrutural,
metálica ou de concreto, convencional ou pré-fabricado atrelado a isso, o baixo custo
de produção, são os principais motivos para o sucesso do sistema de lajes de piso em
lajes alveolares no mercado da construção civil (MIGLIORE, 2008; ARNHOLDT,
2014).
No Brasil a norma aplicada para lajes alveolares protendidos é a NBR 14861,
entretanto, esta norma é específica para as condições de recebimento e utilização de
lajes alveolares, não descrevendo recomendações para procedimentos de projeto ou
mesmo para a realização de ensaios para controle de qualidade e avaliação de
desempenho deste produto. Assim, o Manual de Controle de Qualidade de Lajes
Alveolares da FIP é que faz recomendações para os procedimentos de ensaios de
controle de qualidade e prova de carga, bem como a EN 1168/2005, que também
possui recomendações e procedimentos de cálculo (COSTA, 2009).
Conforme Melo (2004 apud Migliore, 2008), existem basicamente dois tipos de
lajes alveolares: a extrudada e a moldada. As lajes extrudadas, apresentam como
característica do concreto um fator água-cimento muito baixo, apresentam uma
7

melhor qualidade final, garantindo maior resistência à compressão e menor


porosidade do concreto.

2.3 VANTAGENS E DESVANTAGENS

Uma vez que as lajes alveolares protendidas são produtos industrializados, sua
produção gera menos resíduos sólidos e desencadeia menos impacto, como poluição,
ruídos entre outros. Além disso, diminui a quantidade de serviços na obra, bem como
os riscos de acidentes de trabalho (GUSTANI, 2017).
A produção fora do canteiro de obras torna o local mais limpo e organizado,
assim o processo de transporte e manuseio de materiais é facilitado. No caso das
lajes alveolares somente as placas e, eventualmente o aço para armadura do
capeamento, deverão ser recebidos e descarregados com auxílio de guindaste, ou
pela grua da própria obra, simplificando o recebimento, estoque e manuseio do
produto (TATU, 2014).
Petrucelli (2009), destaca que o processo de execução de montagem é rápido
e simples. Tatu (2014), complementa que uma equipe de três funcionários operários
pode render, sem dificuldade, a 50m2/h, o que correspondente a 400m2 em 8 horas
de trabalho.
A protensão reduz a espessura da laje e os alvéolos o peso do pavimento
(Petrucelli, 2009). Os alvéolos permitem ainda abrigar redes elétricas e hidráulicas,
proporcionando melhor aproveitamento dos espaços, além disso, possuem
excelentes propriedades térmicas e acústicas. A laje alveolar é, ainda, capaz de
alcançar grandes vãos, mesmo com cargas de utilização elevadas, possui ainda o
eficiente controle de deflexão (TATU, 2014).
Por serem autoportantes, as lajes alveolares não utilizam escoramentos em sua
montagem. Mesmo quando e necessária a utilização de capa de concreto, as placas
alveolares tem capacidade para resistir a estas cargas. As lajes alveolares são
produzidas em indústrias modernas que detém todos os matérias, máquinas e
técnicas que asseguram a qualidade das peças. A minimização de materiais e mão-
de-obra no processo de construção e, principalmente, a redução considerável nos
prazos de execução torna a laje alveolar uma solução viável para obras com prazos
curtos e canteiros pequenos (TATU, 2014).
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Como desvantagem, Gustani (2017), apresenta: necessidade de repetição;


estudos e planejamento minuciosos, inexistência de continuidade estrutural nas
uniões ou previsão de nós rígidos para o caso de continuidade; limitação nos
procedimentos construtivo visto a justaposição e superposição de peças; falta de
monolitismo da construção, principalmente em áreas sísmicas; restringe a liberdade
na concepção dos projetos; reduz a disponibilidade de vagas de trabalho, uma vez
que demanda menos mão de obra; necessita uma demanda de volume adequada;
geralmente, o transporte é mais caro que os demais processos. Frente a prontenção
o autor ainda cita: maior risco de vibração por cargas móveis, decorrente da elevada
esbeltez; mão de obra especializada, com o devido domínio das técnicas de
protensão; o projeto estrutural exige uma compreensão clara da ação da protensão, e
nele deve-se dar maior ênfase aos Estados Limites de Utilização.

2.4 PROCESSO DE PRODUÇÃO

De acordo com Grande (2009), as lajes alveolares podem ser produzidas


utilizando formas fixas (moldada) ou, utilizando extrusora ou forma deslizante, em uma
pista de concretagem, sendo este o método mais comum. Em ambos os métodos, as
peças são produzidas utilizando todo o comprimento da pista e, depois de prontas,
serão serradas no comprimento conforme projeto. A limitação da modulação do painel
fica restrita apenas na largura da pista de protensão, com dimensões usuais entre 1 e
1,25 metros.
Tanto Migliore (2008), como Grande (2009), afirma que a primeira etapa, para
ambas as metodologias de produção, consiste na limpeza da pista de protensão,
nesta etapa é essencial que sejam eliminados todos os resíduos e sobras de materiais
da etapa de protensão anterior, bem como é feita aplicação do desmolde, Petrucelli
(2009), afirma que sua aplicação pode ser feita de diferentes maneiras, espalhada
através de pulverizadores (Figura 4), com enceradeiras ou ainda com rodos de
espumas.
9

Figura 4 – Aplicação de desmolde com pulverizador

Fonte: Petrucelli, 2009

O desmolde deve garantir que os painéis saiam da forma com a superfície


inferior lisa, não deixando que a nata de cimento grude na pista e dificulte a limpeza
da forma. É importante ainda escolher um produto desmoldante que não agita o
material que compõe a pista (PETRUCELLI, 2009).
Durante a protensão, para ambas a situações, Petrucelli (2009), explica ainda
que é ideal aplicar a protensão em todo o conjunto de cabos de uma única vez, e não
cabo por cabo como é feito na maioria das fábricas de pré-moldados. Uma vez que
cada cabo influencia no seguinte, desencadeando assim uma diferença entre os
alongamentos, resultando assim em um valore menor que o real. Entretanto essa
diferença é pequena e com isso, os projetistas não consideram quando determinam o
valor de alongamento.

2.4.1 Produção em formas fixas

Com a pista preparada e limpa segue-se com o posicionamento das cordoalhas


sobre a pista (Figura 5), e posteriormente são ancoradas em uma das extremidades
(MIGLIORE, 2008).
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Figura 5 – Fixação de cordoalhas

Fonte: Migliore, 2008

Na outra extremidade da pista devem ser posicionadas as fim de realizar o


estiramento das mesmas. Estas são alongadas por macaco de protensão de
monocordoalha (Figura 6) até que a força de tração determinada em projeto seja
atingida (GRANDE, 2009). A força deve ser verificada através do controle da pressão
visível no manômetro do macaco de protensão (Figura 7) e no alongamento total da
cordoalha. Para cada força de tração em cada tipo de cordoalha ou fio utilizado, já
está padronizada a pressão correspondente a ser obtida no manômetro e o
alongamento desejado (MIGLIORE, 2008).

Figura 6 – Alongamento de cordoalhas

Fonte: Migliore, 2008


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Figura 7 – Manômetro de bomba hidráulica

Fonte: Migliore, 2008

A Figura 8 ilustra o gancho de içamento, que se posiciona junto à armadura de


protensão por arame recozido. Também na Figura 7 é apresentado o pente, um perfil
limitador metálico, que serve para posicionar as cordoalhas e os tubos de laje alveolar.
Os elementos individuais de laje alveolar são separados pelo perfil limitador, uma vez
que não se lança concreto no trecho interior do separador (MIGLIORE, 2008).

Figura 8 – Gancho de içamento e perfil limitador de laje alveolar

Fonte: Migliore, 2008


12

Devem ser posicionadas as forças que formam os alvéolos conformadas por


tubos de aço. Em toda a superfície dos tubos deve-se aplicar desmolde, a fim de
facilitar sua retirada. O posicionamento acontece pela orientação de guias que
asseguram que o posicionamento das faces ocorra conforme especificações de
projeto (GRANDE, 2009). A Figura 9 ilustra o processo.

Figura 9 – Tubos de aço para formação de alvéolos

Fonte: Migliore, 2008

O lançamento de concreto ocorre por gravidade (Figura 10), o espalhamento é


feito manualmente e o adensamento ideal é atingido com o uso de vibrador de
imersão. Os trabalhos de espalhamento, adensamento e acabamento superficial
devem ser realizados simultaneamente (Figura 11) (GRANDE, 2009).
O cimento utilizado na produção do concreto é o cimento Portland de alta
resistência inicial (CP V - AR), uma vez que tem como característica atingir altas
resistências já nos primeiros dias do processo de cura e, por isso, é amplamente
aplicado na indústria de pré-moldados especialmente em peças protendidas (ABCP,
2018).
A resistência média prevista para a dosagem do concreto deve ser definida pelo
Fcj. Para determinação do Fcj deve-se adotar a equação recomendada na NBR
12655:2006 (GERRA, 2013). Para o concreto, o menor desvio padrão será aquele ao
qual o processo produtivo é mais regular possível. Consequentemente, a possibilidade
de resultar um produto com boa regularidade é maior. Controle e desvio baixo são
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aspectos que determinam o domínio do processo e, portanto, garantem bom


desempenho ao concreto (AOKI, 2007).

Figura 10 – Lançamento do concreto

Fonte: Migliore, 2008

Figura 11 – Espalhamento, adensamento e acabamento superficial

Fonte: Migliore, 2008

O processo de cura pode ser a vapor ou om manta e pode ser automatizado ou


não, a temperatura pode variar entre 40 a 50 ºC, durante um período de seis a oito
horas, para que o concreto atinja resistência suficiente para a desprotensão
(MIGLIORE, 2008).
De acordo com Grande (2009), a de protensão é o processo de corte das
extremidades das cordoalhas, pode ser executada com disco abrasivo ou maçarico.
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Migliore (2008), complementa que o corte deve ser rentes à face das lajes pré-
moldadas.

2.4.2 Extrusão

Conforme Grande (2009) várias indústrias produzem os painéis alveolares por


extrusão, processo que garante maior resistência e menor porosidade do concreto.
Gustani (2017) complementa que esse método permite a formação de um único bloco,
no qual é executado apenas um estágio de lançamento e compactação, fazendo uso
de um baixo fator água-cimento e garantindo elevada resistência à compressão e
menor porosidade.
Para realização deste processo as instalações industriais devem ser providas
de equipamentos e recursos necessários para assegurar um alto controle de
qualidade, bem como um bom local para estocagem das peças (GRANDE, 2009). A
Figura 12 ilustra uma máquina extrusora para produção de lajes alveolares
protendidas.

Figura 12 - Máquina extrusora para produção de lajes alveolares protendidas

Fonte: Gustani, 2017

Na extrusão, as cordoalhas de protensão são posicionadas sobre as pistas de


concretagem e, em posteriormente, protendidas com carga estipulada em projeto,
antes da concretagem (Figura 13). Em seguida, se realiza a ancoragem das
cordoalhas em cabeceiras destinadas a este fim, que se localizam na extremidade da
pista (Figura 14). Finalizada a protensão, o desmoldante deve ser aplicado sobre a
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pista, se encapando progressivamente os cabos evitando o contato do produto com


os mesmos (CATOIA, 2011).

Figura 13 – Detalhe da cabeceira da pista e aplicação de protensão na cordoalha

Fonte: Grande, 2009

Figura 14 – Pista preparada para concretagem

Fonte: Grande, 2009

O molde das placas é realizado em equipamentos modernos que através da


vibração energética permite a aplicação de concretos dosados em centrais com
excelentes condições de traços com baixa relação água/cimento, que garante alta
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resistência a compressão, protege a armadura com mais eficiência, uma vez que
conta com baixa porosidade e adensamento ideal (GRANDE, 2009).
Após a concretagem na pista, é realizado o acabamento superficial (Figura 14)
e a peça segue para a cura (a vapor ou por lona, idêntica a cura do método em formas
fixas) e, quando o concreto adquire resistência suficiente, é feito o corte das lajes com
uma serra de disco diamantado (Figura 15), de acordo com o estabelecido em projeto.
A protensão passa a atuar no elemento a partir desse instante (CATOIA, 2011).

Figura 14 – Acabamento superficial da peça

Fonte: Grande, 2009

Figura 15 – Corte do painel

Fonte: Grande, 2009


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2.5 MARCAÇÃO E RECORTES DOS PAINÉIS

De acordo com Petrucelli (2009), as exigências arquitetônicas levam a


necessidade de criar modulações adequadas para cada projeto, com isso, são
necessários recortes e marcações nos painéis, entretanto essa situação deve
respeitar algumas regras a fim de não prejudicar a funcionalidade e segurança dos
painéis. São três os tipos de recortes mais comuns realizados para atender a
arquitetura. O mais usual é o recorte junto ao pilar.
É importante respeitar o tamanho máximo desses cortes, principalmente por
que são feitos na extremidade lateral da laje. Por se localizar comumente junto aos
apoios, não existe um limite pré-estabelecido para seu comprimento., desde que o
apoio seja de no mínimo 2/3 do valor da largura. Com isso, aceitam cortes em ambas
as extremidades de apoio. Para facilitar o processo as fábricas têm realizado o corte
dos pilares nas lajes ainda na pisca com o concreto fresco (PETRUCELLI, 2009).
Outro corte comum nos painéis alveolares é no sentido longitudinal, é
considerado o pior tipo de corte, o qual deve ser evitado, pois pode desencadear uma
distribuição não sistêmica de cordoalhas, além de retirar uma das laterais que contém
a chave de cisalhamento. Para isso, deve-se adequar o corte para que seja efetuado
nos alvéolos, pois se realizado na nervura pode atingir o aço. Caso haja necessidade
de recorte para adequação do pilar, deverá ser feito na lateral já cortada, desde que
permaneça 75% da largura da laje como apoio (PETRUCELLI, 2009).
O terceiro tipo de corte é um realizado diagonalmente nos painéis, existe uma
grande dificuldade em realizar este corte, assim, é necessário fazer um pré-corte na
laje durante a produção, facilitando assim o corte total depois da protensão.
18

3 VERIFICAÇÃO DOS ESTADOS LIMITES

Se faz importante durante processo de cálculo de uma peça de concreto


protendido, garantir a segurança no estado limite último (ELU) assim como verificar
as condições de utilização, ou seja, além das verificações no estado limite último, faz-
se necessário verificar a estrutura durante serviço ou uso. Essas verificações são
correspondentes aos estados limites de serviço (ELS) de fissuração e deformação
excessiva. Além de segurança contra a ruptura, é preciso que apresente
funcionamento adequado e durabilidade compatível à que foi projetada
(PETRUCELLI, 2009).
Conforme a NBR 6118 (2014) os estados limites de serviço de especial
interesse para as vigas protendidas são: estado limite de formação de fissuras (ELS-
F); estado limite de abertura de fissuras (ELS-W); estado limite de deformações
excessivas (ELS-DEF); estado limite de descompressão parcial (ELS-DP); estado-
limite de compressão excessiva (ELS-CE); estado-limite de vibrações excessivas
(ELS-VE).
O ELS-F é o estado o primeiro estado do desenvolvimento de fissuras. O ELS-
F é atingido quando a máxima tensão de tração na seção transversal for idêntica à
fct.f (NBR 8118, 2014). Araújo (2007) ressalta que em peças com esforços de
protensão altos, a pré-compressão do concreto cessa as tensões de tração
ocasionada pelas cargas. Contudo, em situação limitada de protensão, demanda-se
impedir fissuras e o ELS-F deve ser verificado; estado limite de descompressão (ELS-
D).
O ELS-W, conforme NBR 6118 (2014) é o estado em que as fissuras
apresentam aberturas dentro dos limites que não comprometem as condições de
durabilidade e aparência estrutural. Este estado deve ser considerado em elementos
com protensão parcial.

3.1 VERIFICAÇÃO DOS ESTADOS LIMITES

A NBR 6118 (2014) esclarece que o ELS-DEF se refere a fase em que as


deformações atingem os limites determinados para a utilização normal. Araújo (2007)
19

complementa que o estado que limita os deslocamentos máximos (flechas) e deve ser
verificado em qualquer tipo de estrutura.
O ELS-D corresponde ao estado no qual a tensão normal é nula em pelo menos
um ponto da sessão transversal, inexistindo tração no resto da seção. Verificação
usual em concreto protendido (NBR 6118, 2014).
O ELS-DP refere-se ao estado onde garante-se a compressão na seção
transversal, na região onde existem armaduras ativas. Essa região deve se estender
até uma distância ap da face mais próxima da cordoalha ou da bainha de protensão
(Figura 16) (NBR 6118, 2014).

Figura 16 – Estado-limite de descompressão parcial

Fonte: NBR 6118, 2014

No ELS-CE a tensão de compressão alcança o limite convencional


estabelecido. Comum em estruturas protendidas no momento da aplicação da
proteção. De acordo com Hanai (2005) que quando o concreto é submetido a cargas
compressivas superiores a 50% de sua resistência, o desenvolvimento de
microfissuração interna por compressão se torna mais acentuado. O avanço do
processo de fissuração tem origem na pasta de concreto endurecida e na sua interface
com os agregados.
Já no ELS-VE as vibrações atingem os limites determinados para uso normal
da edificação (NBR 6118, 2014).

3.1.1 Combinações de ações em serviço

O estudo e dimensionamento de painéis alveolares protendidos estão


relacionados diretamente às verificações dos ELS. Assim, para projetar elementos
protendidos demanda-se considerar as combinações de serviço (ARAÚJO, 2007).
20

Conforme descreve a NBR 6118 (2014) as combinações de serviço são as


seguintes: combinações quase permanentes (CQP); combinações frequentes (CF); e
combinações raras (CR).
Nas CQP de serviço, todas as ações variáveis são consideradas com seus
valores quase permanentes (NBR 6118, 2014). Araújo (2007) explica que essas
combinações atuam em boa parte do período de vida útil da edificação e sua
consideração é importante para verificar o estado limite de deformações excessivas.
Nas CF a ação variável principal é tomada com seu valor frequente e todas as
demais ações variáveis são tomadas com seus valores quase permanentes (NBR
6118, 2014). Essa combinação acontece durante todas as fases da vida útil da
edificação, assim, suas considerações são relevantes durante análise dos estados
limites de formação e abertura de fissuras bem como de vibrações excessivas, além
de efeitos de ventos ou temperatura (ARAÚJO, 2007).
As CR ocorrem apenas algumas vezes durante o período de vida da estrutura,
como isso, cabe considerá-las na verificação do estado limite de formação de fissuras
(ARAÚJO, 2007). Conforme a NBR 6118 (2014) nas CR a ação variável principal é
tomada com seu valor característico e todas as demais ações são tomadas com seus
valores frequentes.
A Tabela 1 apresenta as equações pertinentes aos cálculos das
combinações citadas de acordo com a NBR 6118 (2014).

Tabela 1- Combinações de serviço

Combinações de serviço (ELS) Cálculo das solicitações


Combinações quase permanentes 𝐹𝑑,𝑠𝑒𝑟 = ∑𝐹𝑔𝑖,𝑘 + ∑Ψ2𝑗 𝐹𝑞𝑗,𝑘
de serviço (CQP)
Combinações frequentes de 𝐹𝑑,𝑠𝑒𝑟 = ∑𝐹𝑔𝑖,𝑘 + ∑Ψ1 𝐹𝑞1𝑘 + ∑Ψ2𝑗 𝐹𝑞𝑗𝑘
serviço (CF)
Combinações raras de serviço 𝐹𝑑,𝑠𝑒𝑟 = ∑𝐹𝑔𝑖,𝑘 + 𝐹𝑞1𝑘 + ∑Ψ1𝑗 𝐹𝑞𝑗𝑘
(CR)

Fonte: NBR 6118, 2014

Onde:
Fd,ser: valor de cálculo das ações para combinações de serviço;
Fq1k:valor característico das ações variáveis principais diretas;
1: fator de redução de combinação frequente para ELS;
2: fator de redução de combinação quase permanente para ELS.
21

Determina-se as ações por meio de seus valores representativos podendo ser


valores característicos, convencionais ou reduzidos. Este último determina-se pela
ponderação dos valores característicos através dos coeficientes 1 e 2, que
correspondem aos valores frequentes e quase permanentes uma ação que
acompanha a ação principal, respectivamente (ARAÚJO, 2007).

3.1.2 Níveis de protensão

Três níveis de proteção devem ser considerados: protensão completa,


protensão limitada e protensão parcial. Os níveis relacionam-se diretamente às
classes de agressividade ambiental determinada para a edificação e às exigências
estabelecidas sobre a fissuras e as combinações de serviço. Assim, devem estar em
conformidade com as recomendações feitas nas Tabelas 6.1 e 13.4 da NBR 6118
(2014).
Os elementos pré-tracionados são projetados, em geral, por meio de protensão
completa ou limitada e uma vez que as armações pré-tracionadas conferem
significativa influência no controle da fissuração, elas são dimensionadas com taxas
de armadura suplementares baixas ou nulas. Vale ressaltar que conforme a classe de
agressividade ao qual a estrutura se classifica, devem ser determinados cobrimentos
específicos, atendendo as prescrições feitas na Tabela 7.2 da NBR 6118 (2014),
devem ainda, atender aos limites de cobrimento determinados na NBR 9062 (2017).

3.1.3 Estimativa da força de protensão

O cálculo de elementos estruturais em concreto protendido pode ser feito com


base nos ELS ou no ELU. Independente do caso, a quantidade de armadura deve ser
definida previamente, uma vez que para o dimensionamento demanda-se o cálculo
das perdas de protensão e para calcular as perdas de protensão é necessário definir
a quantidade de armadura adotada. Esse processo é o pré-dimensionamento
(ARAÚJO, 2007).
A metodologia apresentada por Araújo (2007) é por meio dos estados limites
de serviço. Conforme o autor o pré-dimensionamento se inicia com o cálculo da
protensão necessária, que será função dos seguintes parâmetros: dados geométricos
da peça (que leva em consideração a experiência do profissional ou de dados
22

computados em outros pré-dimensionamentos), característica dos materiais, ações


que atuam na estrutura, forças oriundas das cargas variáveis e permanentes, nível de
protensão aplicado de acordo com a Tabela 13.4 da NBR 6118 (2014), estimativas de
perdas de tensão na armadura ativa e outras limitações de esforços impostas por
normas técnicas peculiares ao tipo de estrutura considerada ou dadas pela
experiência profissional.
A carga de protensão, para protensão completa ou limitada, deve ser definida
levando em consideração a seção não fissurada e com as fórmulas da resistência dos
materiais. Na Equação 1 se dá a fórmula genérica para o cálculo da força de protensão
demandada aplicando verificação da tensão na borda inferior (ARAÚJO, 2007).
𝑀𝑔1 𝑀𝑔2 𝑀𝑞
(𝜎𝑎𝑑𝑚 + + +Ψ. )
𝑊𝑖 𝑊𝑖 𝑊𝑖
𝑃𝑒𝑠𝑡 = 1 𝑒𝑝
(Equação 1)
−( + )
𝐴𝑐 𝑊𝑖

Onde:
𝑃𝑒𝑠𝑡 : força de protensão estimada;
𝜎𝑎𝑑𝑚 : é a tensão admissível, que depende da combinação de serviço e do nível
de protensão;
𝑀𝑔1 : momento fletor devido ao peso próprio;
𝑀𝑔2 : momento fletor devido ao carregamento permanente adicional;
𝑀𝑞 : momento fletor devido ao carregamento acidental;
𝑊𝑖 : momento resistente inferior da seção transversal;
Ψ: coeficiente de ponderação, que depende da combinação de serviço;
𝐴𝑐 : área de concreto da seção transversal;
𝑒𝑝 : excentricidade do fio de protensão.
A 𝜎𝑎𝑑𝑚 correspondente da Equação 1 é dependente da combinação de serviço
a ser analisada, que deve estar em conformidade com o nível de protensão prescrito
na Tabela 13.4 da NBR 6118 (2014). Assim, a carga de protensão determinada deve
corresponder ao valor absoluto mais elevado entre as cargas de protensão calculadas
com cada combinação de serviço. Após o cálculo da proteção estimada, calcula-se o
número de fios, para cada tipo de aço. O número de fios deve ser determinado em
razão a carga de protensão estimada e a proteção de cada fio. A proteção para cada
fio deve ser definida por meio da Equação 2.
𝑝𝑖 = 𝜎𝑝𝑖 𝐴𝑝 . (1 − 𝑃𝑒𝑟𝑑𝑎𝑠) (Equação 2)
Onde:
23

𝜎𝑝𝑖 : tensão de protensão limite de operação;


𝐴𝑝 : área de aço de cada fio ou cordoalha;
𝑃𝑒𝑟𝑑𝑎𝑠: perdas de protensão estimadas.
A NBR 6118 (2014) determina os valores de operação de protensão, para o
caso de pré-tração e aço com relaxação normal na Equação 3.

0,77. 𝑓𝑝𝑡𝑘
𝜎𝑝𝑖 =≤ { } (Equação 3)
0,90. 𝑓𝑝𝑦𝑘

E para aços com baixa relaxação na Equação 4.


0,77. 𝑓𝑝𝑡𝑘
𝜎𝑝𝑖 =≤ { } (Equação 4)
0,85. 𝑓𝑝𝑦𝑘

Onde:
𝑓𝑝𝑦𝑘 : valor característico da resistência de escoamento convencional do aço
de protensão;

𝑝𝑡𝑘: valor característico da resistência à tração do aço de protensão.

3.1.4 Verificação das tensões normais no concreto

Concluído cálculo da força e das perdas de protensão, demanda-se realizar a


verificação de tensões normais no concreto. As verificações de tensões no concreto
devem ser executadas para todas as combinações de ações necessárias e para todas
as etapas dos processos de fabricação, transporte, montagem e utilização (ARAÚJO,
2007).
A NBR 6118 (2014) lista os limites estabelecidos para as verificações:
compressão para o ato da protensão, onde a norma permite uma verificação simples,
assim as tensões no concreto devem ultrapassar 70% da resistência característica
prevista para a idade de aplicação da protensão; tensão admissível de tração para o
ato da protensão, se dá em consideração ao tipo de seção e da data de protensão e
será igual à menor resistência à tração do concreto na data da verificação, majorada
em 20% para seções T e duplo T e em 50% para seções retangulares; tensão
admissível para o estado limite de compressão excessiva, a norma limita as tensões
no concreto em 70% da resistência característica prevista para a idade de aplicação
24

da protensão; tensão admissível para o estado limite de descompressão, o estado


limite de descompressão não admite esforços de tração no concreto. Assim, o limite
de tensões corresponde a zero; tensão admissível para o estado limite de fissuração:
a tensão limite para este estado é igual à tensão admissível de tração para o ato da
protensão.

a) Verificação para o Ato da Protensão

Araújo (2007) explica que este tipo de verificação deve ser feita quando os
cabos de protensão forem liberados. A Equação 5 determina o cálculo das tensões
para o ato da protensão.
1 𝑒𝑝 𝑀𝑔1
𝜎𝑎𝑡𝑜 = 𝑃0 . (𝐴 + 𝑊 ) − 𝑊
(Equação 5)
𝑐

Ainda de acordo com o autor, o valor encontrado na Equação 5, deve respeitar


os limites impostos nas Equaçoes 6 e 7.

𝜎𝑏𝑜𝑟𝑑𝑎−𝑠𝑢𝑝𝑒𝑟𝑖𝑜𝑟 ≤ 𝜎𝑇𝐴𝑃 (Equação 6)

𝜎𝑏𝑜𝑟𝑑𝑎−𝑖𝑛𝑓𝑒𝑟𝑖𝑜𝑟 ≥ 𝜎𝐶𝐴𝑃 (Equação 7)

Onde:

𝜎𝑏𝑜𝑟𝑑𝑎−𝑠𝑢𝑝𝑒𝑟𝑖𝑜𝑟 : tensão normal na borda superior do elemento;

𝜎𝑏𝑜𝑟𝑑𝑎−𝑖𝑛𝑓𝑒𝑟𝑖𝑜𝑟 : tensão normal na borda inferior do elemento;

𝜎𝑇𝐴𝑃 : tensão de tração admissível para o ato da protensão;

𝜎𝐶𝐴𝑃 : tensão de compressão admissível para o ato da protensão.

Em alguns casos a verificação do ato da protensão na região dos apoios


poderá ser desprezada, uma vez que se trata de uma região descontínua e as
hipóteses adotadas para a verificação apresentadas são inválidas (ARAÚJO, 2007).

b) Verificação para o Final da Construção

Esta verificação é executada após conclusão da obra, antes do início da


utilização, quando só existir cargas devido ao peso próprio do elemento e do
revestimento. Como simplificação, nesta fase da obra, considera-se que ocorrem
25

metade das perdas progressivas, bem como perdas imediatas. A Equação 8


determina as tensões.

1 𝑒𝑝 𝑀𝑔1 𝑀𝑔2
𝜎𝐹𝐶 = 𝑃50 . (𝐴 + 𝑊 ) − − (Equação 8)
𝑐 𝑖 𝑊 𝑊

Onde:
𝑃50 : é a força inicial de protensão, desconsiderando as perdas iniciais e 50%
das perdas progressivas.
Ao final da construção, as tensões devem obedecer aos limites apresentados
nas Equações 9 e 10.

𝜎𝑏𝑜𝑟𝑑𝑎−𝑠𝑢𝑝𝑒𝑟𝑖𝑜𝑟 ≤ 𝜎𝐸𝐿𝑆−𝐹 (Equação 9)


𝜎𝑏𝑜𝑟𝑑𝑎−𝐼𝑁𝐹𝐸𝑅𝐼𝑂𝑅 ≥ 𝜎𝐸𝐿𝑆−𝐶𝐸 (Equação 10)

c) Verificação para o Estado Limite de Serviço

Conforme prescrito na Tabela 13.4 da NBR 6118 (2014), a protensão limitada


deve ser realizada para as combinações frequente e quase permanente; e a protensão
completa, para combinações frequente e rara.

A Equação 11 deve ser utilizada para todos os casos de ELS, onde será
modificado apenas o valor do coeficiente de ponderação .
1 𝑒𝑝 𝑀𝑔1 𝑀𝑔2 𝑀𝑞
𝜎 = 𝑃∞ . (𝐴 + 𝑊 ) − − − Ψ. (Equação 11)
𝑐 𝑊 𝑊 𝑊

Onde:
𝑃∞ : é a protensão para o tempo infinito.
As verificações efetuadas para a protensão limitada combinação frequente
são apresentadas nas Equações 12 e 13.
𝜎𝑏𝑜𝑟𝑑𝑎−𝑠𝑢𝑝𝑒𝑟𝑖𝑜𝑟 ≥ 𝜎𝐸𝐿𝑆−𝐶𝐸 (Equação 12)

𝜎𝑏𝑜𝑟𝑑𝑎−𝐼𝑁𝐹𝐸𝑅𝐼𝑂𝑅 ≤ 𝜎𝐸𝐿𝑆−𝐹 (Equação 13)


As verificações realizadas para a protensão limitada com combinaão
permanente são expressas nas Equações 14 e 15.
26

𝜎𝑏𝑜𝑟𝑑𝑎−𝑠𝑢𝑝𝑒𝑟𝑖𝑜𝑟 ≥ 𝜎𝐸𝐿𝑆−𝐶𝐸 (Equação 14)

𝜎𝑏𝑜𝑟𝑑𝑎−𝐼𝑁𝐹𝐸𝑅𝐼𝑂𝑅 ≤ 𝜎𝐸𝐿𝑆−𝐷 (Equação 15)

As verificações feitas para a protensão completa com combinações frequentes,


devem atender ao expresso nas Equações 15 e 17.

𝜎𝑏𝑜𝑟𝑑𝑎−𝑠𝑢𝑝𝑒𝑟𝑖𝑜𝑟 ≥ 𝜎𝐸𝐿𝑆−𝐶𝐸 (Equação 16)

𝜎𝑏𝑜𝑟𝑑𝑎−𝐼𝑁𝐹𝐸𝑅𝐼𝑂𝑅 ≤ 𝜎𝐸𝐿𝑆−𝐷 (Equação 17)


As verificações feitas para a protensão limitada com combinação rara são feitas
por meio das Equações 18 e 19.
𝜎𝑏𝑜𝑟𝑑𝑎−𝑠𝑢𝑝𝑒𝑟𝑖𝑜𝑟 ≥ 𝜎𝐸𝐿𝑆−𝐶𝐸 (Equação 18)

𝜎𝑏𝑜𝑟𝑑𝑎−𝐼𝑁𝐹𝐸𝑅𝐼𝑂𝑅 ≤ 𝜎𝐸𝐿𝑆−𝐹 (Equação 19)

Em caso de pré-tração, a verificação de tensões pode também ser realizada


por meio de metodologias gráficas. Para elementos pré-fabricados em que existe
considerável variação da intensidade da carga de protensão ao longo do vão, por
interrupção das cordoalhas por eliminação da aderência ou por encurvamento e
ancoragem antes do apoio, é relevante o gráfico da quantidade mínima e máxima de
cabos. Este gráfico oferece benefícios, destacando-se para a disposição da armadura
ativa ao longo do vão. A elaboração do gráfico é realizada com o cálculo da quantidade
mínima e máxima de cabos para cada seção transversal definida (ARAÚJO, 2007).
A quantidade mínima de cabos é determinada, para cada seção, por meio da
carga de protensão estimada com as combinações de ações necessárias para cada
nível de protensão, conforme prescrito na Tabela 13.3 da NBR 6118 (2014). A
Equação 20 apresenta a fórmula geral para cálculo da quantidade de cabos, fios ou
cordoalhas. Com a equação observa-se que a quantidade de cabos é variável em
cada seção visto à variação dos momentos fletores, da excentricidade e da força de
protensão.
𝑀𝑔1 𝑀𝑔2 𝑀𝑞
(𝜎𝑎𝑑𝑚 + + +Ψ. )
𝑊𝑖 𝑊𝑖 𝑊𝑖
𝑁º 𝐶𝑎𝑏𝑜𝑠 = 1 𝑒𝑝
(Equação 20)
−( + ).𝑝𝑖𝑖𝑛𝑓
𝐴𝑐 𝑊𝑖
27

Onde:
𝑝𝑖𝑖𝑛𝑓 : protensão por fios com as perdas;
𝑊𝑖 : momento resistente inferior da seção transversal.
Araújo (2007) explica que a Equação 20 pode ser adaptada a fim de calcular a
quantidade máxima de cabos, aplicada com os carregamentos atuantes no ato da
protensão.

3.1.5 Verificação da deformação excessiva

As deformações das estruturas devem se manter sob controle, dentro de limites


que não coloquem em risco a segurança da edificação e não comprometam sua
durabilidade, funcionamento e o conforto dos usuários. Os limites admissíveis são
prescritos na Tabela 13.2 da NBR 6118 (2014).
A determinação das flechas em vigas pode ser feita por meio do cálculo de
processos analíticos simplificados, determinados na NBR 6118 (2014), ou por meio
de metodologias mais precisas, como o método dos prismas equivalentes.
A metodologia para determinação das flechas prescrita na NBR 6118 (2014),
possibilita o cálculo das flechas em vigas com armadura ativa levando em
consideração a rigidez equivalente (El)eq igual a Ecslc, desde que o estado limite de
formação de fissuras não seja superado. Assim, as deformações nas vigas podem ser
definidas pela equação da linha elástica, sendo que a protensão é substituído por um
carregamento externo equivalente. A consideração da deformação diferida no tempo
é obtida multiplicando a parcela permanente da flecha imediata por (1 + 𝜑), onde 𝜑
é o coeficiente de fluência.
Já a metodologia dos prismas equivalentes possibilita a determinação de
tensões na armadura e no concreto, geradas pela fluência e retração do concreto.
Com as variações de tensões na armadura e no concreto obtêm-se a variação de
tensões ao longo de toda a altura da seção. A Figura 17 ilustra a deformação na seção.
Definidas as variações de tensões nos prismas equivalentes, as deformações
específicas podem ser definidas por meio das Equações 21 e 22 (FERRAZ, 1988).
28

Figura 17 – Deslocamento da seção

Fonte: Ferraz, 1988

𝜎𝑐𝑜,1 Δ𝜎𝑐𝑡,1
𝜀𝑐,1 = 𝜑𝑡𝑡0 + 𝑞2 (Equação 21)
𝐸𝑐 𝐸𝑐

𝜎𝑐𝑜,2 Δ𝜎𝑐𝑡,2
𝜀𝑐,1 = 𝜑𝑡𝑡0 + 𝑞2 (Equação 22)
𝐸𝑐 𝐸𝑐

Onde:

𝜀𝑐 : deformação específica na altura do prisma de concreto;

𝜎𝑐𝑜 : tensão inicial no prisma de concreto;

𝜑𝑡𝑡0 : coeficiente de fluência;

𝐸𝑐 : módulo de elasticidade do concreto;

Δ𝜎𝑐𝑡 : variação de tensão no prisma de concreto;

𝑞2 : 1 + 0,5. 𝜑𝑡𝑡0 de acordo com Ferraz (1988);

𝑞2 : 1 + 0,82. 𝜑𝑡𝑡0 pelo método de Trost-Bazant.

O valor adotado para o coeficiente de carga q2 irá depender do tempo em que


aconteceram as perdas de protensão progressivas. De acordo com a metodologia de
Trost-Bazant estabelece que as perdas progressivas ocorram com intensidade mais
elevada no início do intervalo considerado. Já os estudos de Ferraz (1988) permitem
admitir as perdas progressivas aconteçam com intensidade mais altas até a metade
inicial do intervalo (ARAÚJO, 2007).
Com as deformações da seção, pode-se definir a variação angular do plano da
seção por unidade de comprimento, conforme Equação 23. Determinado as seções
transversais, afastadas convenientemente de uma distância 𝜆, supondo-se que a viga
é substituída por uma barra que flexionará apenas nestas seções adotadas, com
rotações concentradas (Figura 18).
29

𝜀𝑐2 −𝜀𝑐1
Δ𝜃 = (Equação 23)
𝑎+𝑏

Onde a e b correspondem as distâncias do centro de gravidade ao primas 1 e


2, respectivamente.

Figura 18 – Barra flexionada

Fonte: Ferraz, 1988

A Equação (24) apresenta a variação angular adimensional.

(𝑖) (𝑖)
𝜀𝑐2 −𝜀𝑐1
Δ𝜃𝑖 = .𝜆 (Equação 24)
𝑎+𝑏

Por meio das considerações citadas, a flecha em qualquer seção transversal


definida pode ser calculada por meio da Equação 25, que apresenta a analogia de
Mohr, conforme Ferraz (1988), sendo que neste caso a rotação 𝜃0 é a reação de apoio
de uma viga carregada com cargas concentradas Δ𝜃1 , Δ𝜃2 .... Δ𝜃𝑛−1 e a flecha v(x) é
o momento fletor na posição das cargas concentradas.
𝑣(𝑥) = 𝜃0 𝑥𝜆 − ∑𝑛−1
𝑖=1 Δ𝜃𝑖 (𝑥 − 1)𝜆 (Equação 25)

Onde:
1
𝜃0 = 𝑛 ∑𝑛−1
𝑥−1 (𝑛 − 𝑥)Δ𝜃𝑥 (Equação 26)
30

3.2 VERIFICAÇÃO DOS ESTADOS LIMITES ÚLTIMOS

O estado-limite último representa ao estado em que a viga não tem mais


capacidade estrutural e com isso é inutilizável, por ter sofrido deformações plásticas
excessivas ou ocorrido colapso (ARAÚJO, 2007). Complementando, conforme a NBR
6118 (2014) é o estado correspondente ao colapso ou ruína estrutural, de impossibilite
a utilização da edificação.

3.2.1 Estado limite último devido a solicitações normais

O estado limite último em elementos protendidos, referindo-se às solicitações


normais, pode ser verificado por meio dos mesmos processos de cálculo aplicados
em concreto armado, atentando-se apenas para o fato de que a armadura em
elementos protendidos têm um alongamento prévio (ARAÚJO, 2007).
Os pré-alongamentos devem ser definidos com cálculos baseados nas tensões
iniciais de protensão com valores de cálculo e considerando as perdas até a idade
examinada. Assim, no estado limite último, todas as ações podem ser afetadas por
coeficientes de segurança, incluindo cargas de protensão (NBR 6118, 2014).
Conforme a protensão tenha efeito favorável ou desfavorável, devem ser
considerados os valores = 0,9 p ou 1,2 p  como coeficientes segurança, conforme
a Tabela 11.1 da NBR 6118 (2014).
Conforme a NBR 6118 (2014) durante análise das forças resistentes nos
elementos lineares, devem se considerar as hipóteses de interesse para o concreto
protendido com pré-tração e armadura aderente:
a) após deformações as seções transversais se mantêm planas;
b) a deformação das barras passivas aderentes ou o acréscimo de deformação
das barras ativas aderentes em tração ou compressão deve ser o mesmo do concreto
em seu entorno;
c) as tensões de tração no concreto, normais à seção transversal, podem ser
desprezadas, obrigatoriamente no ELU;
d) a distribuição de tensões de compressão no concreto varia de acordo com o
diagrama parábolaretângulo;
e) a tensão nas armaduras deve ser obtida a partir dos diagramas tensão-
deformação, com valores de cálculo;
31

f) a distribuição das deformações na seção transversal caracteriza o domínio


de deformação do estado limite último da peça (Figura 19);

Figura 19 – Domínio de estado-limite último de uma seção transversal

Fonte: NBR 6118, 2014

Para o estado limite último no ato da protensão, ainda devem ser consideradas:
a) a resistência característica do concreto será igual àquela correspondente à
idade fictícia no ato da protensão;
b) para esta verificação, admite-se os seguintes valores para os coeficientes de
ponderação, com as cargas que efetivamente atuarem nessa ocasião, conforme as
Tabelas 11.1 e 12.1 da NBR 6118 (2014).
Vale ressaltar que no ELU a armadura ativa já está pré-dimensionada, assim o
ELU é utilizado para análise das seções. Verificando os ELU, chega-se as seguintes
considerações: que armadura previamente calculada é suficiente por si só para as
condições adotadas ou será necessário calcular uma armadura passiva complementar
(ARAÚJO, 2007).
O momento fletor resistente pode ser dimensionado através de metodologias
iterativas, com convergência rápida e valores satisfatórios.
Estes processos de verificação são iterativos devido ao comportamento dos
aços de protensão, que apresentam um diagrama tensão-deformação caracterizado
por um trecho inicial elástico-linear bem definido e, a partir de um certo valor, um
trecho plástico inclinado. A NBR 6118 (2014) estabelece que o diagrama tensão-
deformação do aço de protensão deve ser fornecido pelo fabricante ou obtido através
de ensaios executas em conformidade com a NBR 6349. A norma ainda estabelece
32

que os valores característicos da resistência de escoamento convencional 𝑓𝑝𝑦𝑘 , da


resistência à tração 𝑓𝑝𝑡𝑘 e o alongamento após ruptura 𝜀𝑢𝑘 das cordoalhas devem
satisfazer os valores mínimos prescritos pela NBR 7483. Os valores de 𝑓𝑝𝑦𝑘 , 𝑓𝑝𝑡𝑘 e
do alongamento após ruptura 𝜀𝑢𝑘 dos fios devem atender as recomendações da NBR
7482.
Para calcular os estados-limite de serviço e último pode-se aplicar um diagrama
simplificado fornecido pela NBR 6118 (2014), ilustrado na Figura 20.

Figura 20 – Diagrama tensão-deformação para aços de armaduras ativas

Fonte: NBR 6118, 2014

Araújo (2007) apresenta um processo para a elaboração do diagrama momento


x curvatura de vigas e lajes protendidas pré-tracionadas com armadura aderente. A
verificação do ELU pode ser realizada comparando o último ponto do diagrama com
o momento solicitante.
O autor complementa que os diagramas momento x curvatura são relações
obtidas para uma seção transversal qualquer, com armadura determinada e esforço
normal pré-estabelecido. Estas relações são obtidas por meio das equações de
equilíbrio, equações de compatibilidade, das peculiaridades dos materiais e
características geométricas dos componentes da seção. Assim, cada ponto do
diagrama representa uma curvatura no eixo das abscissas correspondente a um
momento fletor no eixo das ordenadas.
O procedimento descrito a seguir é baseado nos estudos de Loriggio (2006).
No desenvolvimento dos diagramas, devem ser consideradas as hipóteses de cálculo
33

para o ELU. A execução do diagrama, por meio do processo semi-analítico, deve


atender as seguintes etapas:
1. Determina-se o valor do esforço normal, no caro de vigas e lajes considera-
se zero;
2. Determina-se um valor para a curvatura. No diagrama momento x curvatura
será considerado o valor de 𝜃, que relaciona-se a curvatura pela Equação 27;
1
𝜃 = 1000. ℎ. 𝑟 (Equação 27)

3. Define-se um valor para a deformação do concreto fixando-se assim, um


posicionamento para a linha neutra;
4. Calcula-se a resultante de compressão no concreto;
5. Calculam-se as deformações em cada camada de armadura e as suas forças
resultantes;
6. Calcula-se o valor fixado para o esforço normal resultante na seção
transversal, assim compara-se este valor com o valor fixado para o esforço normal.
Sendo esses valore iguais, determina-se o valor do momento fletor correspondente.
Caso os valores sejam diferentes, deve-se retornar a terceira etapa, realizando uma
nova iteração, completando a análise hipotética;
7. Para cada valor de esforço normal será obtida uma curva, finalizando o
diagrama.
A NBR 6118 (2014) estabelece as tensões no concreto e na armadura
conforme os diagramas de tensão – deformação prescritos na norma, conforme Figura
21, que pode ser aplicado em verificações no ELU.

Figura 21 – Diagrama tensão – deformação idealizado

Fonte: NBR 6118, 2014


34

3.2.2 Estado limite último devido a solicitações tangenciais

Conforme Araújo (2007) o estado limite último devido a solicitações tangenciais


de elementos protendidos é parecido com o estudo aplicado no concreto armado,
tendo como diferença somente a o fato da aplicação de protensão por meio de
armaduras ativas.
O efeito favorável de protensão nas solicitações tangenciais relaciona-se às
tensões de compressão longitudinais geradas pela protensão, que minimizam as
cargas principais de tração, de maneira que a fissuração de cisalhamento caracteriza-
se com inclinação menor que no caso do concreto armado (LEONHARDT, 1983).
O cálculo e verificação dos esforços resistentes para lajes e lineares com 𝑏𝑤 =
≥ 5𝑑 (sendo bw a largura da seção e d a altura útil) é prescrito pela NBR 6118 (2014).
Conforme a norma, lajes nervuradas ou maciças, podem prescindir de armadura
transversal para suportar as solicitações de tração decorrentes da força cortante,
quando a força cortante de cálculo obedecer à Equação 28.

𝑉𝑆𝑑 ≤ 𝑉𝑅𝑑1 (Equação 28)


sendo
Sd V: força cortante de cálculo;
Rd1 V: resistência de projeto ao cisalhamento.
Por meio da Equação 29 determina-se a resistência ao cisalhamento do projeto
(NBR6118, 2014).

𝑉𝑅𝑑1 = [𝜏𝑅𝑑 𝑘(1,2 + 40𝑝1 ) + 0,15𝜎𝑐𝑝 ]𝑏𝑤 𝑑 (Equação 29)

Onde:
𝜏𝑅𝑑 = 0,25𝑓𝑐𝑡𝑑
𝑓𝑐𝑡𝑑 = 𝑓𝑐𝑡𝑑,𝑖𝑛𝑓 /𝛾𝑐
𝐴
𝑝1 = 𝑏 𝑠1𝑑, não superior que |0,02|
𝑤

𝜎𝑐𝑝 = 𝑁𝑆𝑑 /𝐴𝑐


𝑘 corresponde ao coeficiente, que pode ter os seguintes valores:
 Para peças onde 50% da armadura não chega até o apoio: 𝑘 = |1|;
35

 Para os demais casos 𝑘 = |16 − 𝑑|; não menor que |1|, com d em
metros;
Onde:
𝜏𝑅𝑑 : tensão resistente de cálculo do concreto ao cisalhamento;
𝐴𝑠1 : área da armadura de tração que se estende até não menos que 𝑑 + 1𝑏,𝑛𝑒𝑐
além da seção considerada;
𝑏𝑤 : largura mínima da seção ao longo da altura útil d;
𝑁𝑆𝑑 : força longitudinal na seção devida à protensão ou carregamento
(compressão positiva).
As seguintes recomendações devem ser consideradas, conforme prescreve a
NBR 6118 (2014):
a) Na zona de ancoragem de elementos com protensão com aderência prévia,
a equação que define Rd1 V só se aplica quando os requisitos de ancoragens são
satisfeitos;
b) No caso da pré-tração deve ser levada em conta a redução da protensão
efetiva no comprimento de transmissão;
Neste ponto, é válido ressaltar que a região de apoio é uma região de
descontinuidade.
Assim, casos onde o comprimento da ancoragem e as perdas de proteção
nestas áreas devem ser analisados mais profundamente para um melhor
entendimento da análise do esforço cortante (ARAÚJO, 2007).
36

4 PERDAS DE PROTENSÃO

As cargas de protensão, as quais estão submetidos elementos de concreto


protendido, são permanentes e estão sujeitas a variações de intensidade, para mais
e para menos. Quando a intensidade da força de protensão é reduzida chama-se esse
fenômeno de perdas de protensão (CAZZO, 2008).

4.1. PERDAS POR RETRAÇÃO E FLUÊNCIA DO CONCRETO

A retração é o processo de redução de volume na massa de concreto,


desencadeada principalmente pela perda de água por exsudação, com isso acaba
resultando no encurtamento do concreto ao longo do seu período de vida útil (AOKI,
2017).
A fluência é o aumento de uma deformação com o tempo sob a ação de cargas
permanentes (JÚNIOR, CARLOS e FREITAS, 2013). De acordo com Cazzo (2008) a
fluência provoca deformações elásticas e plástica progressivas das fibras na área
solicitada.
Cazzo (2008) explica assim que se o elemento estrutural sobre encurtamento
a de protensão também sofrerá efeitos deste fenômeno, desencadeando assim, a
perda de proteção por retração e fluência, a Figura 22 ilustra os fenômenos.

Figura 22 – Encurtamento do concreto e perda de tensão da armadura de protensão

Fonte: Hanai, 2005


37

4.2 PERDAS POR RELAXAÇÃO E FLUÊNCIA DO AÇO DE PROTENSÃO

Cazzo (2008) esclarece que relaxação e fluência do aço de proteção são


fenômenos diferentes, Awa (2018) explica que a relaxação do aço é a perda gradual
de tensão e é natural quando um sistema está em um estado de deformação
constante. Já a fluência consiste no aumento de deformação do aço, a medida que a
tensão é mantida constante (CAZZO, 2008). Conforme ilustra as Figuras 23 e 24.

Figura 23 – Deformação quanto à relaxação

Fonte: Hanai, 2005

Figura 24 – Deformação quanto à fluência

Fonte: Hanai, 2005


38

4.3 PERDAS DE PROTENSÃO POR ATRITO DOS CABOS

As perdas por atrito ocorrem em peças protendidas com pós-tensão, e variam


ao longo do comprimento da peça. Com isso, a força de protensão resultante num
elemento protendido com pós-tração varia não apenas com o tempo, mas também
com a posição considerada. Essas perdas são causadas pelo fato de os fios roçarem
contra as bainhas ao ser aplicada força de protensão. Essas perdas podem ser
elevadas principalmente em cabos de grandes extensões, assim, devem ser
consideradas nos cálculos e aplicadas medidas especiais para atenuar a problemática
(VERÍSSIMO e JUNIOR, 1998).
Cazzo (2008) ressalta que em trechos curtos, as perdas também podem ser
consideráveis, conforme ilustra Figura 25.

Figura 25 – Perdas de protensão devido ao atrito nos cabos

Fonte: Hanai, 2005

4.4 PERDA DE TENSÃO NA ARMADURA DECORRENTE DA DEFORMAÇÃO


IMEDIATA DO CONCRETO

Quando há a protensão com aderência inicial, a armadura de protensão é


prétracionada, e na pista de protensão da armadura, quando a mesma é liberada das
ancoragens a protensão é transmitida ao concreto, e o mesmo se deforma. Tal
39

deformação ocasiona na perda de tensão da armadura, pois está se encontra aderida


ao concreto (CAZZO, 2008).
No concreto de protensão com aderência posterior, o macaco de protensão
apoia-se em parte da própria peça a ser protendida. Portanto, à medida que se
traciona a armadura, está se comprimindo o concreto, não havendo, portanto, queda
de tensão por deformação imediata do concreto, quando se tem apenas um cabo de
protensão (CAZZO, 2008).
Quando se tem mais de um cabo, se eles forem tracionados um de cada vez,
como é usual, a deformação no concreto provocada pelo cabo que está sendo
tracionado acarreta perda de tensão aos cabos já ancorados. Neste caso deve-se
calcular um valor médio (CAZZO, 2008).

4.5 PERDA DE TENSÃO NA ARMADURA DECORRENTE DE ACOMODAÇÃO DAS


ANCORAGENS

Dependendo do dispositivo de ancoragem utilizado, no momento da liberação


dos cabos dos macacos e consequente transferências dos esforços de protensão para
a peça de concreto ocorre uma acomodação das peças de ancoragem. Os
deslocamentos que ocorrem originam as chamas perdas de ancoragem. Essas perdas
são mais significativas em sistemas que utilizam cunhas, sendo inclusive, usual
chamar de perda por encurtamento. A cunha penetra na ancoragem quando entra em
carga. Nos demais sistemas, a transferência do esforço se faz sem perda de
alongamento dos fios (VERÍSSIMO e JÚNIOR, 1998).
40

5 DIMENSIONAMENTO DE PAINEL ALVEOLAR

Este capitulo está o dimensionamento do painel alveolar, será retratado em


etapas para melhor apresentação e didática ao leitor.
Para tanto definidos as características geométricas e os materiais do painel,
com as combinações das ações externas atuantes pode-se obter os esforços
solicitantes para o pré-dimensionamento em (ELU), calcular as perdas de protensão
e verificar os ELU/ELS.

5.1 CARACTERÍSTICAS GEOMÉTRICAS E MATERIAIS

No dimensionamento de uma laje alveolar, deve-se definir sua seção


transversal, como a sua espessura, capeamento e o comprimento.
Para isso, existe uma relação entre seu comprimento (l) e altura (h).
Conhecendo suas características é possível obter os momentos de inercia e
respectivamente os módulos de resistência.

Ic
Wi = yi (Equação 30)

Ic
Ws = ys (Equação 31)

Onde:
Wi: módulo resistente da seção em relação à fibra inferior
Ws: módulo resistente da seção em relação à fibra superior
Ic: momento de inércia da seção bruta de concreto
yi: distância da fibra inferior em relação ao CG
ys: distância da fibra superior em relação ao CG
Deve-se escolher o tipo de concreto e aço que serão usados no painel pois são
fatores limitantes a resistência a tração e compressão. Em peças pré-fabricadas é
comum utilizar cimento de classe CP-V-ARI, de alta resistência inicial e armadura ativa
inferior CP-190 e CP-210.
41

5.2 DADOS DA PROTENSÃO

A força de protensão causa esforços, assim precisa verificar se a peça é segura


ou não.
Segundo a NBR 6118 (2014), a tensão de tração para aços de relaxação baixa
tem os valores limitados:
𝜎pi = 0,77 ∗ fptk (Equação 32)

𝜎pi = 0,85 ∗ fpyk (Equação 33)

A força inicial de protensão, Pi, é encontrada através da relação básica que:


𝐹
𝜎pi = 𝐴 (Equação 34)

Assim, Pi é igual a multiplicação da 𝜎pi pela área de aço da bitola utilizada. A


deformação inicial ou pré- alongamento, 𝜀𝑝𝑖 , é encontrado pela relação entre tensão
inicial e o módulo de elasticidade da protensão (RAMALHO, 2013).

5.3 PRÉ-DIMENSIONAMENTO

Deve se conhecer os carregamentos a se considerar no dimensionamento.


Para obter os valores pode se fazer uso da norma ABNT NBR 6120:2019 e catálogos
de fabricantes para levantamento de cargas permanentes e acidentais.
Com os carregamentos definidos os esforços solicitantes são obtidos por meio
de combinações ultimas.
No dimensionamento de um elemento isolado e isostático ABNT NBR 14861
(2011), os principais esforços que atuam são momentos fletores (M) e forças cortantes
(V) que devem ser obtidos na seção mais solicitada da peça.
Para verificar a força cortante deve-se considerar a seção transversal mais
crítica ao longo do vão da peça, a partir da distância 0,5h da extremidade de apoio,
onde h é a altura da laje. Assim, o valor de 𝑉𝑠𝑑 é definido a partir da Equação 35 (NBR
14861, 2011).

𝐹𝑑 .𝐿
𝑉𝑠𝑑 = − 𝐹𝑑 . 0,5ℎ (Equação 35)
2
42

Onde:
Fd: carregamento distribuído solicitante;
L: comprimento do painel alveolar.
O momento fletor pode ser obtido no meio do vão pela simples Equação 36.

𝐹𝑑 .𝐿2
𝑀𝑠𝑑,𝑣ã𝑜 =
8
(Equação 36)

Os valores de pré-alongamento (pi.), devem ser estimados por fabricantes ou


referências bibliográficas, Carvalho (2012) adota um valor de 1000MPa para aços
190-RB o que resulta em um pré- alongamento de 5%. Petrucelli (2009) adota uma
perda de protensão total igual a 25%.
Para descobrir o valor da deformação de protensão (pi) pode se utilizar da
tabela em Anexo A.

𝑝
𝜎p∞ = (1 − 100) . 𝜎pi (Equação 37)

Para calcular a área de armadura de protensão pode se fazer uso dos


parâmetros adimensionais, assim através de uma equação faz-se o cálculo do KMD
e na tabela no apêndice pode-se obter os valores de KX, KZ, cd e pd.

𝑀
𝐾𝑀𝐷 = 𝑏.𝑑2𝑠𝑑
𝑓
(Equação 38)
𝑐𝑑

Deformação total é dada pela soma do pré-alongamento com a deformação


ativa.
𝜀𝑝𝑑 = ∆𝜀𝑝𝑑 + ∆𝜀𝑝𝑑 (Equação 39)

Assim a área de armadura ativa pode ser calculada pela Equação 40

𝑠𝑑 𝑀
𝐴𝑝 = 𝐾𝑍.𝑑.𝜎 (Equação 40)
pd
43

5.4 VERIFICAÇÃO PARA ELU NO ATO DA PROTENSÃO

De acordo com a ABNT NBR 6118 (2014, p. 123), em seu item 17.2.4.3 o ELU
no ato de protensão pode ser verificado através de hipóteses suplementares ou por
meio de um processo simplificado que determina limites para tensões de tração e
compressão. A Equação 5 determina o cálculo das tensões para o ato da protensão e
a equação calcula a força de protensão inicial.
1 𝑒𝑝 𝑀𝑔1
𝜎𝑎𝑡𝑜 = 𝑃0 . ( + )− (Equação 41)
𝐴𝑐 𝑊 𝑊

𝑁𝑝0 = 1,1. 𝐴𝑝 . 𝜎𝑝0 (Equação 42)

Ainda de acordo com o autor, o valor encontrado na Equação 5, deve respeitar


os limites impostos nas equações 6 e 7.

𝜎𝑏𝑜𝑟𝑑𝑎−𝑠𝑢𝑝𝑒𝑟𝑖𝑜𝑟 ≤ 𝜎𝑇𝐴𝑃 (Equação 43)

𝜎𝑏𝑜𝑟𝑑𝑎−𝑖𝑛𝑓𝑒𝑟𝑖𝑜𝑟 ≥ 𝜎𝐶𝐴𝑃 (Equação 44)

5.5 PERDAS DE PROTENSÃO

As perdas de protensão devem ser calculadas para as armaduras ativa, tais


perdas podem ser estimadas segundo a NBR 6118 (2014) que descreve o cálculo
para as perdas por retração e fluência do concreto especificamente no anexo A.

5.5.1 Perda por ancoragem

𝜎𝑎𝑛𝑐 = 𝐸𝑝 . 𝜀𝑙 (Equação 45)

Onde:
∆𝑙
𝜀𝑙 = Deformação decorrente do aço conforme a pista de protensão e
𝐿

sistema de ancoragem;
∆𝑙 – Acomodação ou recuo característico da ancoragem (valor que pode ser
medido nas fábricas);
𝐿 – Comprimento da pista de protensão;
44

𝐸𝑝 – Módulo de elasticidade do aço.

5.5.2 Perda por relaxação

𝜎𝑟 = 𝜎𝑝𝑖 . 𝑙(𝑡,𝑡0 ) (Equação 46)

Onde:
𝑡−𝑡 0,15
𝑙(𝑡,𝑡0 ) = 1000 . (41,67
0
) - Coeficiente adimensional;

1000 coeficiente obtido pela tabela 8.3 da NBR6118:2003, fazendo-se a


relação entre a tensão no instante t0 e a tensão última de protensão no aço;
𝜎𝑝𝑖 :tensão do aço no instante considerado.

5.5.3 Perda por deformação imediata do concreto

∆𝜎𝑝𝑑 = 𝜎𝑐𝑔𝑐𝑎𝑏𝑜 . 𝛼 (Equação 47)

Onde:
𝑁𝑝 𝑁𝑝 .𝑒 2 𝑀.𝑒
𝜎𝑐𝑔𝑐𝑎𝑏𝑜 = + − − tensão no centro de gravidade dos cabos;
𝐴 𝐼 𝐼
𝐸𝑝
𝛼= - relação entre os módulos de elasticidade do aço e do concreto;
𝐸𝑐

M – soma dos momentos fletores na seção devido às ações atuantes;


Np – esforço normal de protensão;
e – excentricidade do cabo na seção;
A – área da seção transversal de concreto;
I – inércia da seção.

5.5.4 Perda por fluência

𝜎𝑝,𝑐 = ∆𝜎𝑐𝑔𝑐𝑎𝑏𝑜,𝑐 . 𝛼 (Equação 48)


45

Onde:
𝑁𝑝 𝑀𝑝 .e 𝑀.𝑒
𝜎𝑐𝑔𝑐𝑎𝑏𝑜 = ( 𝐴 + ) φ(𝑡,𝑡0 ) − . φ(𝑡,𝑡0 ) - tensão no centro de gravidade dos
𝐼 𝐼

cabos;
φ(𝑡,𝑡0 ) - coeficiente de fluência dado pelo período do carregamento
considerado,
Mp – momento devido à força de protensão na seção;
M – soma dos momentos fletores na seção devido às ações atuantes;
Np – esforço normal de protensão;
e – excentricidade do cabo na seção;
A – área da seção transversal de concreto;
I – inércia da seção.

5.5.5 Perda por retração e fluência

Segundo NBR6118 (2014) entre os instantes t0 e t, a retração é dada por:

𝜀𝑐𝑠 (𝑡, 𝑡0 ) = 𝜀𝑐𝑠∞ . [𝛽𝑠 (𝑡) − 𝛽𝑠 (𝑡0 )] (Equação 49)

Onde:
𝜀𝑐𝑠 = 𝜀1𝑠 𝜀2𝑠 
𝜀𝑐𝑠∞ − é o valor fi nal da retração;
𝜀1𝑠 é o coefi ciente dependente da umidade relativa do ambiente e da
consistência do concreto (ver Tabela A.1);
𝜀2𝑠 é o coefi ciente dependente da espessura fictícia da peça:
33+2ℎ
𝜀2𝑠 = 20,8+3ℎ𝑓𝑖𝑐 (Equação 50)
𝑓𝑖𝑐

Onde:
ℎ𝑓𝑖𝑐 : espessura fictícia, expressa em centímetros (cm) (A.2.4);
𝛽𝑠 (𝑡) ou 𝛽𝑠 (𝑡0 ): coeficiente relativo à retração, no instante t ou t0 (Figura A.3);
t: idade fictícia do concreto no instante considerado, expressa em dias;
t0: idade fictícia do concreto no instante em que o efeito da retração na peça
começa a ser considerado, expressa em dias.
46

𝑡 3 𝑡 2 𝑡
( ) +𝐴( ) +𝐵( )
100 100 100
𝛽𝑠 (𝑡) = 𝑡 3 𝑡 2 𝑡
(Equação 51)
( ) +𝐶( ) +𝐷( )+𝐸
100 100 100

onde
A = 40;
B = 116h3 – 282h2 + 220h – 4,8;
C = 2,5h3 – 8,8h + 40,7;
D = −75h3 + 585h2 + 496h – 6,8;
E = –169h4 + 88h3 + 584h2 – 39h + 0,8;
h é a espessura fictícia, expressa em metros (m); para valores de h fora do
intervalo (0,05 ≤h ≤1,6), adotam-se os extremos correspondentes;
t é o tempo, expresso em dias (t ≥3).

Figura 26 – Variação de 𝛽𝑠 (𝑡)

Fonte: Figura A.3, ABNT NBR 6118, 2014

5.5.6 Perdas progressivas

Para calcular as perdas progressivas de protensão, decorrentes da retração,


fluência do concreto e da relaxação do aço, devem ser consideradas as interações
entre as perdas. Segundo NBR 6118:2014 deve ser calculada por meio da Equação
51.
47

(𝑡,𝑡 )𝐸   (𝑡 ,𝑡 ) (𝑡,𝑡 )


𝜀𝑐𝑠 0 𝑝 𝑝 𝑐,𝑝0𝑔  0 𝑝𝑜 0
∆𝜎𝑝 (𝑡, 𝑡0 ) = (Equação 51)
 

Onde:
(t,t0 )  -ln[1- (t,t0 )]

c 10,5(t,t0)

p 1(t,t0)
𝐴𝑐
𝜂 = 1 + 𝑒𝑝2
𝐼𝑐
𝐴𝑝
𝜌𝑝 =
𝐴𝑐
𝐸𝑝
𝛼𝑝 =
𝐸𝑐𝑖28

5.5.7 Perda total de protensão

Segundo GUSTANI (2017) a perda de protensão total pode ser calculada em


porcentagem somando todas as tensões das perdas e dividindo pela tensão inicial.

Δ𝜎𝑎𝑛𝑐 +Δ𝜎𝑝𝑟1 +Δ𝜎𝑐𝑠1 +Δ𝜎𝑝𝑒 +Δ𝜎𝑝 (∞,𝑡0 )


𝑝(%) = (Equação 52)
𝜎𝑝𝑖

5.6 VERIFICAÇÃO DOS ESTADOS LIMITES DE SERVIÇO (ELS)

O momento de fissuração é o que separa o comportamento de um elemento


linear sujeito a solicitações normais do estádio I e estádio II.
Devem ser feitas as verificações para os estados limites de serviço dependendo
do tipo de protensão adotada que como anteriormente citado dependem diretamente
do tipo de agressividade do ambiente e fissuração, no caso de painéis alveolares
como são pre moldados e tem um controle alto de qualidade,geralmente é adotada a
protensão completa ou limitada.
A Equação 53 deve ser utilizada para todos os casos de ELS, onde será
modificado apenas o valor do coeficiente de ponderação , as tensões normais
máximas ocorrem junto aos pontos mais afastados do centro de gravidade da seção.

1 𝑒𝑝 𝑀𝑔1 𝑀𝑔2 𝑀𝑞
𝜎 = 𝑃∞ . (𝐴 + 𝑊 ) − − − Ψ. (Equação 53)
𝑐 𝑊 𝑊 𝑊
48

ELS-F:
0,85.𝑓𝑐𝑘
−𝑓𝑐𝑡,𝑓 ≤ 𝜎 ≤ (Equação 54)
𝛾𝑐

ELS-D:
0,85.𝑓𝑐𝑘
0≤𝜎≤ (Equação 55)
𝛾𝑐

5.7 VERIFICAR O CISALHAMENTO

A resistência de projeto ao cisalhamento para lajes sem armadura para força


cortante pode ser dada pela Equação (29) conforme apresentada anteriormente.

𝑉𝑅𝑑1 = [𝜏𝑅𝑑 𝑘(1,2 + 40𝑝1 ) + 0,15𝜎𝑐𝑝 ]𝑏𝑤 𝑑


Onde:
𝜏𝑅𝑑 = 0,25𝑓𝑐𝑡𝑑
𝑓𝑐𝑡𝑑 = 𝑓𝑐𝑡𝑑,𝑖𝑛𝑓 /𝛾𝑐
𝐴
𝑝1 = 𝑏 𝑠1𝑑, não superior que |0,02|
𝑤

𝜎𝑐𝑝 = 𝑁𝑆𝑑 /𝐴𝑐

Verificação da compressão diagonal do concreto:

VRd2 = 0,27𝛼𝑣2 .v2. fcd .bw .d


Onde:

𝛼𝑣2 = (1 − fck / 250) e fck, expresso em megapascal (MPa).
49

6 EXEMPLO NUMÉRICO

A seguir será exposto um exemplo numérico para melhor entendimento do


dimensionamento. Para auxílio foi desenvolvido uma planilha de cálculo afim de
automatizar e otimizar o dimensionamento. Será apresentado algumas imagens com
os detalhes da resolução.
Dimensionar e verificar a laje alveolar de altura h=200 mm com seção simples
e composta, juntamente com as características geométricas dados na tabela 6.1, para
um vão livre de 5 m sendo simplesmente apoiada, concreto com fcj =35 MPa (sendo
j=20 horas – introdução da protensão) e fck=50 MPa, capa de 5 cm com fck=35 MPa,
aço CP190RB e Ep=2,05*105 MPa. Considerar sobrecarga de revestimento de 2
kN/m² e sobrecarga acidental de 5 kN/m². Dados complementares: Ψ1 =0,6, Ψ2 =0,4,
cimento do tipo ARI (α=3 para fluência), CAA II, umidade relativa do ar U=70% e
temperatura ambiente média T=20ºC, protensão completa. As equações necessárias
utilizadas encontram-se no capítulo 5 deste trabalho.

Quadro 2 – Seção
Seção genérica de uma laje de 200 mm de altura Propriedades Geométricas

Área = 0,1427 m²

Perímetro = 5,87 m
bwi=0,04m
I = 0,0007 m4
bwe=0,05m
ys = 0,0995 m
0,0007
Ws = = 0,007𝑚3
0,0995
0,0007
Wi = = 0,0069𝑚3
Seção simples 0,1005
es = 0,11005-0,031=0,069m
Área = 0,2017 m²

Perímetro = 5,97 m

I = 0,0013 m4

ys = 0,1131 m
0,0013
Ws = = 0,0115𝑚3
0,1131
0,0013
Wi = = 0,0095𝑚3
0,1369
es = 0,1369-0,031=0,1059m
Seção composta
Fonte: Autor, 2019
50

6.1 CARREGAMENTOS

Para o pré dimensionamento no ELU,considera-se que a seção trabalha no


tempo infinito com a seção composta e está simplesmente apoiada. Como se trata
de estruturas pré-moldadas os coeficientes de majoração para cargas de peso
próprio, permanentes e acidentais são 1,3, 1,4 e 1,5 respectivamente, conforme
Quadro 3.

Quadro 3 - Aç
Ação PESO ESPECÍFICO Calculo Intensidade (kN/m) γ Fd
Peso próprio 25(kN/m3) 0,1427*25 3,5675 1,3 4,63775
Capa 25(kN/m3) 0,05*1,2*25 1,5 1,4 2,1
Revestimento 2(kN/m2) 1,2*2 2,4 1,4 3,36
Acidental 5(kN/m2) 5*1,2 6 1,5 9
Total 19,09 kN
Fonte: Autor, 2019

6.2 ESFORÇOS SOLICITANTES

𝑉𝑠𝑑 Sem capa = 45,83kN


𝑉𝑠𝑑 Com capa = 45,36 kN
Msd=59,68 kN.m

As tensões de tração no cabo:


𝜎pi = 0,77 ∗ fptk = 0,77* 1900=1463Mpa
𝜎pi = 0,85 ∗ fpyk = 0,85 * 0,90* 1900 = 1453,5 MPa

6.3 ÁREA DE ARMADURA

1,4.59,68
𝐾𝑀𝐷 = 1,25.(0,25−0,031)2 ∗30000=0,0465

Interpolando
KX=0,7031
KZ=0,9719
εs = 10‰ – domínio 2
51

 Posisão da linha neutra

X=KX*d=0,2134*0,219=1,53 cm<5cm portanto Linha neutra passa na capa.

Adotando 25% de perdas


𝜎p∞ = 1453,5 ∗ 0,75 = 1090𝑀𝑃𝑎
Interpolando a tabela: εp = 5,60‰
Então a deformação total é
𝜀𝑝𝑑 = ∆𝜀𝑝𝑑 + ∆𝜀𝑝𝑑
𝜀𝑝𝑑 = 10‰ + 5,60‰ = 15,6‰
Assim novamente interpolando a tabela em anexo A
𝜎pd = 1509𝑀𝑃𝑎
Com isso é possível determinar a armadura:
1,4.59,68
𝐴𝑝 = = 2,601𝑐𝑚2
0,9719.0,219.150,9
Considerando cordoalha de 9,5mm = 0,55cm2
2,601
𝑛= =5 cordoalhas CP190 resultando uma área total de 2,75cm 2
0,55

6.4 VERICAR ELU EM VAZIO

Calcular a força inicial de protensão estimando perda inicial e imediata de 5%


𝑁𝑝0 = 1,1.2,75. (0,95.145,3) = 417,7𝑘𝑁
As tensões normais máximas no meio do vão
417,7 417,7.0,069 44,59
𝜎𝑠 = − + = 0,40𝑀𝑃𝑎
0,1427 0,007 0,007
𝜎𝑖 = 5,45𝑀𝑃𝑎
Tensão Limite
fckj 21,2 [Mpa]
fctm 2,297974 [Mpa]
σct,j> -1,91498 [Mpa]
σc,j< 12,87143 [Mpa]
52

6.5 CALCULAR AS PERDAS

Devem ser consideradas etapas para a perda de protensão de acordo com a


introdução de novos carregamentos respeitando o tempo de cada uma, conforme
Quadro 4.

Quadro 4 - Perdas

Tempo decorrido da
Etapa Ação Seção Perdas
concretagem

Deformação imediata, Deformação


t=24 horas (aplicação
1 p+g1 Simples por ancoragem e Relaxação da
da protensão)
armadura

Retração e fluência do concreto e


2 t= 15 dias p+g1+g2 Simples
Relaxação da armadura

Composta Retração e fluência do concreto e


3 t= 45 dias p+g1+g2+g3
(laje+capa) Relaxação da armadura

p+g1+g2+g3+ Composta Retração e fluência do concreto e


4 t= 60 dias
Ψ2*q (laje+capa) Relaxação da armadura

p+g1+g2+g3+ Composta Retração e fluência do concreto e


5 t= ∞ dias
Ψ2*q (laje+capa) relaxação da armadura

Fonte: Autor, 2019


53

O cálculo foi feito na planilha desenvolvida, onde foi utilizado as equações e


rotina de dimensionamento apresentada, conforme apresentado a seguir.

9 PERDAS

ANCORAGEM ε=Δl/L 0,00004


Δσ= 8,2

RELAXAÇÃO σ/fptk 0,76


tabelaψ1000 3,07
ψ(t,t0) 1,75 %
Δσ(t,t0) 25,36 Mpa

Encurtamento Imediato σa 1470,66 Mpa


Npa 404,4311598 kN
Δσpe 29,00 Mpa

Perdas etapa 1 1390,94 4,3% de perdas inicias e imediatas


Npa 382,5095016 kN
RETRAÇÃO
ação descrição perimetro em contato com o ar

g1 pp (5,87+3,866+2,616+1,25)/4 3,4005

g2 capa (3,866+2,616+1,25)/3 2,577333333

g3 revestimento (2,616+1,25)/2 1,933


q carga acidental 1,25 1,25
media 2,255
hfic 0,183503067
ε1 -4,98E-04
ε2 1,563
εinfinito 7,78E-04
β(t=3) 0,1
εcs(t,t0) 4,06E-04
Δσpc2 81,275 Mpa

COEFICIENTE DE RELAXAÇÃO ψ(t,t0) 0,732


ψinfinito 2,732
ψ 6,83 %
54

FLUENCIA ETAPAS periodo área perimetro ϕ(t,t0) hfic


2 1,00 0,17 3,40 3,04 0,07
3 15,00 0,21 2,58 1,85 0,12
4 45,00 0,21 1,93 1,44 0,15
5 60,00 0,21 1,25 1,38 0,24

ETAPAS fc(t0) fc ϕa ϕc1 ϕc2 ϕf


2 0,42 1,18 0,90 2,00 1,72 1,55
3 0,93 1,18 0,30 2,00 1,55 3,10
4 1,07 1,18 0,13 2,00 1,47 2,94
5 1,09 1,18 0,11 2,00 1,35 2,70

ETAPAS A B C D B ϕf
2 154,68 200,21 263,78 4378,39 0,08 2,61
3 176,16 310,16 308,45 5590,91 0,30 2,31
4 195,41 405,31 350,45 6644,99 0,46 1,51
5 233,60 583,33 440,25 8632,67 0,47 1,25

ETAPAS M ep Ix
2 11,15 0,069 0,007
3 4,69 0,069 0,007
PROGRESSIVAS 4 7,50 0,1059 0,0013
(t ,t 0 )  -ln[1- (t ,t 0 )] 0,0707 5 18,75 0,1059 0,0013
 c 10,5(t ,t 0 ) 2,307
 p 1(t ,t 0 ) 1,0707 εcc= 1,03E-04
Δσ 20,57942239 Mpa
1,971

1,93E-03

4,21

Δσ 178,89 Mpa

PERDA TOTAL DE PROTENSÃO


P(%) 17% DE PERDAS

6.6 VERIFICAR FLEXÃO E CISALHAMENTO

Calculada as perdas, pode-se recalcular o pré-alongamento e a tensão no aço


da armadura ativa. Feito isso pode-se recalcular armadura e a força final de protensão.
Com esses valores faz se as combinações de esforços para o tipo de estado
limitem, no caso do exemplo, como se trata de protensão completa, as combinações
das solicitações são do tipo frequente e a rara para verificar o ELS-F e o ELS-D.
Conforme demonstrado a seguir.
55

RECALCULANDO O PRÉ ALONGAMENTO

σpinfini 1212,053468
utilizando o apendice descobre-se o pré alongamento Δε 6,0616
16,0616
σpd 1530,51

RECALCULAR ÁREA DE ARMADURA


Ap 3,323663038
cordoalhas de 9,5 7
portanto a Área de Aço será 3,85 cm2

FORÇA FINAL DE PROTENSÃO


Npinfi 466,7432 Kn

O ELS DE PROTENSÃO ADOTADO (COMPLETA)

Para protensão completa, o


tipo de combinação utilizada
é a frequente e a rara para as
verificaçoes do ELS-D e ELS-F
Ação Intensidade Mk Mk/Wc,inf Mk/Wc,sup
PESO PROPRIO 3,5675 11,15 1615,71558 1592,633929
CAPA 1,5 4,69 679,3478261 669,6428571
REVESTIMENTO 2,4 7,50 1086,956522 1071,428571
ACIDENTAL 6 18,75 2717,391304 2678,571429
CF
fd,i -5012,45 σ,i 2,86 Mpa
fd,s 1726,56 σ,s 9,60 Mpa VERIFICAR ELS-F
CR σct> -3,42 OK!
fd,i -6099,41 σ,i 1,77 Mpa σct< 30,36 OK!
fd,s 6012,28 σ,s 13,88 Mpa

Faz-se a verificação a flexão comparando com as tensões normais nas bordas


onde é mais solicitada e depois verifica-se o cisalhamento através da força cortante.

VERIFICAR
RESISTENCIA A FLEXÃO
Cálculo para tensoes normais nas
bordas
σ,i 4,97 Mpa
σ,s 8,70 Mpa

VERIFICAR FLEXÃO
-
σct> 2,980714286 OK!
σc< 21,25 OK!
VERIFICAR
RESISTENCIA AO
CISALHAMENTO
fctd 1604,981221 kN/m2
τrd 401,2453052 kN/m2
ρt 0,006603774 <0,02 OK!
K=1,6-d 1,38 >1
σcp1 3270,80028 kN/m2
Vrd1 75,86856142 kN
αv2 0,8
Vrd2 314,82 kN
Vsd<Vrd OK!
56

7 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Este estudo se propôs a apresentar um roteiro de cálculo para


dimensionamento de lajes alveolares protendias e complementar com um exemplo
numérico, que comprovou a validade do método apresentado.
É possível concluir através desse estudo que as lajes alveolares protendidas
tem a vantagem de vencer grandes vãos suportando elevados carregamentos o que
ocorre devido a suas propriedades geométricas que permitem um peso próprio menor
e a armadura de protensão.
Com o exemplo numérico pode se observar todas etapas de cálculo, as perdas
de protensão que ocorrem com o tempo, a força de protensão necessária e as
verificações.
Por meio desse estudo foi possível contribuir com literatura sobre lajes
alveolares protendidas, facilitando processo de dimensionamento e orientado melhor
possíveis estudantes e projetistas da área.
Em futuros estudos recomenda-se um estudo com a análise da continuidade
das lajes, já que este trabalho analisou um painel alveolar bi apoiado.
57

REFERÊNCIAS

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60

ANEXOS
ANEXO A – KMD E TENSÃO NO AÇO DE ARMADURA ATIVA
61

Fonte: Carvalho e Figueiredo Filho (2004)

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