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MERGEFORMATINET
VITÓRIA
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2017
IDENTIFICAÇÃO DE PATOLOGIAS NO PAVIMENTO RODOVIÁRIO DA
ARCELORMITTAL TUBARÃO – RB16
RESUMO
Este trabalho tem como objetivo principal identificar as patologias nos pavimentos flexíveis,
fundamentado em bibliografias e em estudo prático de campo. A pesquisa bibliográfica
proporcionou o conhecimento das patologias, suas possíveis causas e as metodologias
aplicáveis para recuperação de pavimentos flexíveis. O estudo prático foi realizado em um
trecho rodoviário da empresa siderúrgica ArcelorMittal Tubarão localizada na cidade de
Serra/ES. A escolha desta via de acesso foi feita devido à mesma ser submetida a um tráfego
sistemático de veículos pesados e por estar exposta as condições de uma área industrial. A
partir das visitas in loco, foram identificadas as principais patologias e avaliado o melhor método
de manutenção de modo a prorrogar a vida útil do pavimento e postergar sua falha.
ABSTRACT
The objective of this work is to identify the pathologies of flexible pavements, based on
bibliographies and practical field study. The bibliographic research provided knowledge of
pathologies, their possible causes and applicable methodologies to recover flexible pavements.
The case study was carried out on a road stretch of the steel company ArcelorMittal Tubarão
located in Vitória/ES. The choice of this access road was made due to it being exposed to a
systematic traffic of heavy vehicles and an industrial area conditions. In the visits, was identified
the main pathologies and evaluated the best application of correction in order to help in
enhancing the life of pavement and delaying of its failure.
INTRODUÇÃO
O pavimento rodoviário é projetado para durar determinado intervalo de tempo. Durante seu
ciclo de utilização, o pavimento migra de uma condição ótima até alcançar uma condição ruim,
caso não ocorra nenhum tipo de intervenção. O decréscimo do índice de serventia do
pavimento ao longo do tempo é o que caracteriza a sua degradação (DNIT, 2011, apud CNT,
2015).
DEFINIÇÃO DE PAVIMENTO
De uma forma geral os pavimentos são classificados em três tipos: flexíveis, semirrígidos e
rígidos, conforme DNIT (2006).
PAVIMENTO FLEXÍVEL
Para o DNIT (2006), pavimento flexível é aquele em que todas as camadas sofrem deformação
elástica significativa sob o carregamento aplicado e, portanto, a carga se distribui em parcelas
aproximadamente equivalentes entre as camadas.
PAVIMENTO SEMIRRÍGIDO
Segundo Marques (2006), pavimentos semirrígidos são uma situação intermediária, onde
podem ocorrer misturas de solo/cimento, solo/cal, solo/betume, que apresentam razoável
resistência à tração.
* Graduando em Engenharia Civil na FAESA.
** Professor do curso de Engenharia Civil na FAESA.
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PAVIMENTO RÍGIDO
Para Marques (2007), pavimentos rígidos são formados por camadas que trabalham à tração.
Seu dimensionamento é baseado nas propriedades das placas de concreto, que são apoiadas
em uma sub-base conforme pode ser observado na Figura 02:
De acordo com Bernucci et al. (2007) para o dimensionamento das camadas do pavimento,
deve ser levado em conta o tráfego previsto no período de projeto e as condições climáticas a
que estará sujeito o pavimento. Cabe a cada camada resistir aos esforços solicitantes e
transmiti-los as camadas sobre as quais estão apoiadas.
Embora o pavimento seja composto por várias camadas, tradicionalmente os pavimentos são
classificados em dois tipos: rígidos e flexíveis, que distribuem a carga pela base e sub-base de
maneiras diferentes (SENÇO, 2007). As Figuras 03 e 04 mostram a resposta mecânica dos
pavimentos flexível e rígido.
Senço (2007) conclui que, enquanto uma dada carga atuante sobre um pavimento flexível
impõe nessa estrutura um campo de tensões muito concentrado, nas proximidades do ponto de
aplicação dessa carga, em um pavimento rígido, verifica-se um campo de tensões bem mais
disperso, com os efeitos da carga distribuídos de maneira semelhante em toda a dimensão da
placa.
PATOLOGIAS EM PAVIMENTOS
AFUNDAMENTO
Moura (2010) define deformação permanente em trilha de roda como “o acúmulo de pequenas
quantidades de deformação não recuperável resultante da aplicação das cargas dos veículos”.
CORRUGAÇÃO OU ONDULAÇÃO
Bernucci et al. (2007) define corrugações como “deformações transversais ao eixo da pista, em
geral compensatórias, com depressões intercaladas de elevações, com comprimento de onda
entre duas cristas de alguns centímetros ou dezenas de centímetros”.
ESCORREGAMENTO
PANELAS OU BURACOS
Buracos ou panelas são cavidades que se formam no revestimento por diversas causas
podendo alcançar as camadas inferiores do pavimento, provocando a desagregação dessas
camadas (DNIT, 2003).
* Graduando em Engenharia Civil na FAESA.
** Professor do curso de Engenharia Civil na FAESA.
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Segundo DNIT (2006) o defeito é muito grave pois afeta estruturalmente o pavimento,
permitindo o acesso das águas superficiais ao interior da estrutura. E a ação do tráfego e
fatores climáticos podem causar ou acelerar a evolução desta patologia.
DESGASTE
Desgaste, de acordo com DNIT (2006) é a perda progressiva do agregado do pavimento, sua
superfície caracteriza-se pela aspereza superficial anormal e é causado pela volatização e a
oxidação do asfalto, sob a ação desgastante do tráfego e do intemperismo, podendo ocorrer
com idades avançadas ou pouco tempo após a abertura ao tráfego.
REMENDOS
O remendo é uma porção do revestimento onde o material original foi removido e substituído
por outro material (similar ou diferente). Remendos existentes são em geral consideradas
falhas, já que refletem o mau comportamento da estrutura original (DNIT, 2006).
TRINCAS
Conforme DNIT (2003) as trincas são facilmente visíveis, e se apresentam em duas classes:
trincas isoladas (trinca transversal, longitudinal e de retração) e trincas interligadas (trinca tipo
“couro de jacaré” e tipo “bloco”).
De acordo com Silva (2008), existem dois tipos de manutenções aplicadas ao pavimento
flexível:
Bernucci et al. (2007) ressalta que quando existe o comprometimento estrutural do pavimento
ou perspectiva de aumento de tráfego, as alternativas de restauração ou reforço compreendem
aquelas que restabelecem ou incrementam sua capacidade estrutural por meio da incorporação
de novas camadas, por exemplo: recapeamento à estrutura e/ou tratamento de camadas
existentes.
METODOLOGIA
Com o auxílio da revisão bibliográfica estudada foi possível definir os termos empregados para
denominar as principais patologias apresentadas na via de acesso escolhida da empresa
siderúrgica ArcelorMittal Tubarão, localizada na cidade de Serra/ES.
A escolha desta via foi feita devido à mesma ser submetida a um tráfego sistemático de
veículos pesados e por estar exposta as condições de uma área industrial. Por esses motivos e
pela facilidade de acesso às informações foi escolhido como local de estudo a via de acesso
RB16.
O trecho estudado possui aproximadamente 400 metros de comprimento que foram analisados
e separados por estacas. A via RB16, indicada pela linha pontilhada na figura 6, inicia-se na via
RC-15 finalizando no encontro com a via LTQ-18.
AFUNDAMENTO
A patologia rodoviária afundamento, foi a terceira mais observada em toda extensão do trecho
estudado da RB16. Apresentando por diversas ocasiões extensões maiores que 6 metros,
sendo assim denominada de afundamento da trilha de roda.
Para Silva (2008) as deformações são causadas devido ao fluxo canalizado dos veículos e a
ação repetida da passagem das cargas de rodas dos pneus. O mesmo finaliza reiterando que
em geral, defeito como afundamento é devido ao solo mal compactado durante a sua execução.
Fonte: Autora
Fonte: Autora
Fonte: Autora
ONDULAÇÃO OU CORRUGAÇÃO
Em todo o trecho estudado da RB16 não foi observada a manifestação patológica rodoviária do
tipo ondulação ou corrugação.
ESCORREGAMENTO
Figura 10 – Escorregamento
Fonte: Autora
PANELAS OU BURACOS
Fonte: Autora
Com a passagem das cargas de tráfego as placas formadas pelas trincas vão sendo
arrancadas, deixando buracos no revestimento, os quais podem evoluir ao ponto de atingir a
base do pavimento. A água superficial, que já possuía acesso até a base através das trincas,
terá ainda maior facilidade de alcançar essa camada. A água sob pressão irá carrear o material
mais fino da base e agravar o problema (DNIT, 2006).
Segundo Silva (2008) os buracos são evoluções das trincas, afundamentos ou degastes.
Geralmente são resultantes da desagregação do revestimento e às vezes de camadas
inferiores (DNIT, 2003).
DESGASTE
Fonte: Autora
REMENDOS
Remendos, segundo DNIT (2003), são resultados do preenchimento dos buracos ou panelas,
em operações chamadas “tapa-buraco”. Estes remendos são considerados como patologia
quando executados de forma incorreta, vindo a gerar um transtorno ainda maior, ocasionando
desconforto e prejuízos devido às imperfeições.
Figura 19 – Remendo
Fonte: Autora
TRINCAS ISOLADAS
A selagem de fissuras seria uma possível medida preventiva para essa patologia afim de evitar
a penetração da água no pavimento e postergar sua falha.
TRINCAS INTERLIGADAS
As trincas interligadas do tipo “bloco” e “couro de jacaré” foram as patologias observadas com
maior frequência no pavimento da RB16. Existindo trechos em que os dois tipos ocorriam
simultaneamente.
As trincas “Couro de Jacaré” estão associadas à repetição das cargas do tráfego, concentram-
se nas trilhas de rodas. As trincas “Bloco” não estão relacionadas com tráfego, logo elas
aparecem em qualquer lugar, até em locais de pouco tráfego (Silva, 2008).
Os pavimentos flexíveis podem desenvolver trincas de fadiga ou couro de jacaré quando são
estruturalmente inadequados para as cargas de tráfego que estão sujeitos. Estes pavimentos
requerem melhoria estrutural, frequentemente através de camada asfáltica adicional, reforço ou
recapeamento espesso (DNIT, 2006).
Em diversos pontos que apresentam trincas tipo “couro jacaré” alguns já estavam desgastados
e apresentando o estágio inicial de buraco devido, principalmente, a constante permanência de
água na superfície do pavimento.
Com o apoio da bibliografia estudada, foi possível identificar diferentes tipos de manifestações
patológicas no pavimento asfáltico analisado. E, classificá-las conforme a incidência da
patologia, podendo variar de 0 a 3, sendo inexistente, pontual, algumas ou generalizada,
atribuindo assim uma variável quantitativa para a observação da ocorrência.
Então, foi verificada a ocorrência das manifestações listadas e ainda o seu nível de incidência,
podendo afirmar que as três manifestações patológicas mais recorrentes foram as trincas do
tipo “bloco”, afundamento e trincas do tipo “couro de jacaré”.
Através da análise das informações obtidas no Gráfico 2, foi possível identificar o percentual de
patologias em cada estaca analisada da RB16.
No gráfico acima, o pavimento estudado apresenta falhas patológicas ao longo de todo o trecho
não havendo, portanto, a observação de trecho crítico.
Diante das possibilidades de recuperação apresentadas para cada patologia e tendo em vista
que as deteriorações avançam e progridem de forma acentuada. As intervenções de
conservação tornam-se extremamente custosas e conferem pequena sobrevida ao pavimento.
CONCLUSÃO
Esse estudo possibilitou uma análise da condição estrutural do pavimento rodoviário existente
da via de acesso RB16, localizada na empresa siderúrgica ArcelorMittal Tubarão. Ao mesmo
Através da análise dos resultados obtidos no estudo de caso pode-se destacar as Trincas tipo
“Bloco”, Trincas Isoladas, Afundamentos e Remendos como as principais patologias
encontradas, devido a recorrência em todo o trecho estudado. E, as Trincas no geral
representaram cerca de 51% das patologias identificadas.
Além disso, existe um momento crítico na vida de um pavimento que, se ultrapassado sem que
uma restauração tenha sido executada, ocorrerá uma perda total do pavimento existente, na
medida em que não será mais economicamente viável aproveitar a estrutura existente por meio
dos processos convencionais de restauração, sendo necessário reconstruir o pavimento.
Dessa forma, com o estudo realizado e os resultados obtidos tornou-se possível categorizar,
com o auxílio do questionário feito in loco, a criticidade dos trechos estudados, de acordo com a
frequência de manifestações patológicas.
REFERÊNCIAS
BALBO, J.T. Pavimentação asfáltica: materiais, projeto e restauração. São Paulo: Oficina de
Textos, 2007.
BERNUCCI, L.B. et al. Pavimentação asfáltica: Formação básica para Engenheiros. 3. Ed. Rio
de Janeiro: Petrobras: Abeda, 2007.
MT; DNIT; IPR. Manual de gerência de pavimentos. Rio de Janeiro: IPR, 2011.
SENÇO, Wlastermiler de. Manual técnico de pavimentação: volume 1. 2. ed. São Paulo: Pini,
2007.