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CONCRETO ARMADO I
PROF. GUILHERME PEROSSO ALVES
Diretor Geral | Valdir Carrenho Junior
“
A Faculdade Católica Paulista tem por missão exercer uma
ação integrada de suas atividades educacionais, visando à
geração, sistematização e disseminação do conhecimento,
para formar profissionais empreendedores que promovam
a transformação e o desenvolvimento social, econômico e
cultural da comunidade em que estão inseridos.
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Nenhuma parte desta publicação poderá ser reproduzida por qualquer meio ou forma
sem autorização. Todos os gráficos, tabelas e elementos são creditados à autoria,
salvo quando indicada a referência, sendo de inteira responsabilidade da autoria a
emissão de conceitos.
ESTRUTURAS DE CONCRETO
ARMADO I
PROF. GUILHERME PEROSSO ALVES
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO
AULA 1
PRINCÍPIOS E FUNCIONAMENTO
DO CONCRETO ARMADO
Tabela 1 – Composição dos cimentos portland comerciais do Brasil. Fonte: Adaptado de NBR 16697 (2018, p. 20)
Os cimentos portland compostos são os mais empregados na construção civil, sendo que
o tipo de adição varia de região para região do Brasil. Para estruturas de concreto armado,
o CPV-ARI acaba sendo mais utilizado em razão da maior velocidade de endurecimento e
Os agregados também podem ser diferenciados entre si de acordo com a sua origem em
naturais e artificiais. Alguns exemplos destes agregados podem ser visualizados na Figura 1.
(a) agregado natural de rio (cascalho, seixo e areia) (b) agregado artificial proveniente de britagem
Figura 1 – Exemplos de agregados naturais e artificiais. Fonte: (a) https://www.istockphoto.com/br/foto/cascalho-seixo-areia-gm973008822-264804336 e (b) https://www.
istockphoto.com/br/foto/pur%C3%AA-de-pedras-gm611300438-105167781?utm_campaign=srp_photos_noresults&utm_content=https%3A%2F%2Fwww.pexels.com%2Fpt-
br%2Fprocurar%2Fbrita%2F&utm_medium=affiliate&utm_source=pexels&utm_term=brita
Anote isso
Apesar de possuir baixa resistência aos esforços de tração (fct) é possível caracterizar
essa propriedade do concreto simples. Geralmente obtém-se uma resistência média
do concreto à tração (fctm) por média aritmética dos resultados individuais e admite-se
como resistência de projeto, também chamada de resistência característica à tração
(fctk ou ftk) com confiança estatística de 95%, isto é, com a probabilidade de apenas 5%
dos valores não serem alcançados pelos resultados de um mesmo lote de concreto
ensaiado. No Brasil três normalizados são utilizados para a aferição desta propriedade:
tração direta, compressão diametral e tração na flexão.
Fonte: Pinheiro, Muzardo e Santos (2003, p. 13).
Disponível em: http://coral.ufsm.br/decc/ECC1006/Downloads/Apost_EESC_USP_
Libanio.pdf
As vantagens do concreto armado foram discutidas por Pinheiro, Muzardo e Santos (2003),
das quais podem ser elencadas:
• moldabilidade;
• boa resistência mecânica a diversos tipos de solicitação, quando corretamente
dimensionada;
• monolitismo;
• não necessita de mão de obra muito especializada;
• etapas executivas amplamente conhecidas;
• proteção química e mecânica das barras de aço, prevenindo a oxidação.
AULA 2
AÇÕES E COMBINAÇÃO DE
AÇÕES EM ESTRUTURAS DE
CONCRETO ARMADO
Conforme a NBR 8681 (2004, p.01), as ações são “causas que provocam o aparecimento
de esforços ou deformações nas estruturas’’. Do ponto de vista prático, as forças e as
deformações impostas pelas ações são consideradas como se fossem as próprias ações”.
Essas ações podem ser classificadas como permanentes, variáveis, excepcionais e acidentais:
Além da própria NBR 8681:2004 a norma NBR 6120:2019 também deve ser consultada.
Alguns valores mínimos adotados para as cargas acidentais verticais são elencados na
Tabela 1.
Local Carga
(Kgf/m²)
Edifícios Dormitórios, salas, copa, cozinha e banheiro 1,5
residenciais
Despensa, área de serviço e lavanderia 2,0
Cozinha A ser determinada em cada caso, porém no mínimo 3,0
não
residencial
Escadas Com acesso ao público 3,0
Sem acesso ao público 2,5
Escritório Salas de uso geral e banheiro 2,0
Forros Sem acesso a pessoas 0,5
Galeria de A ser determinada em cada caso, porém no mínimo 3,0
arte
Galeria de A ser determinada em cada caso, porém no mínimo 3,0
lojas
Tabela 1 – Valores mínimos das cargas verticais em diferentes edificações. Fonte: Adaptado de NBR 6120 (2019, p. 03).
Pela NBR 6118 (2014, p. 64), as ações são quantificadas por seus valores representativos,
que podem ser:
Tabela 2 – Tipos de combinações de ações. Fonte: Adaptado de NBR 6118 (2014, p. 03)
O cálculo das combinações das ações, últimas e de serviço, devem considerar as equações
presentes nos itens 11.8.2.4 (Combinações últimas usuais) e 11.8.3.2 (Combinações de
serviço usuais) da NBR 6118:2014, conforme as Tabelas 3 e 4.
“Os valores de cálculo Fd das ações são obtidos a partir dos valores representativos,
multiplicando-os pelos respectivos coeficientes de ponderação γf. As ações devem ser
majoradas pelo coeficiente γf, cujos valores encontram-se mostrados nas Tabelas 11.1 e
11.2”. NBR 6118 (2014, p. 64).
AULA 3
A CONCEPÇÃO ESTRUTURAL
A evolução da informática nas últimas décadas trouxe para nós, engenheiros, ferramentas
que revolucionaram a maneira como projetamos estruturas, no entanto, devemos estar
cientes que os computadores não nos substituem. Acerca desse assunto, reflita sobre
o texto do Prof. Emkin.
A locação dos pilares geralmente é iniciada pelos cantos externos da edificação, sendo
acompanhada do posicionamento dos demais pilares em áreas comuns a todos os pavimentos,
como escadas, elevadores e demais espaços internos. Sempre que possível o projetista deve
buscar alocar os pilares no interior das paredes de alvenaria, evitando a sua localização nos
espaços internos dos ambientes.
A composição mais desejada dos pilares é aquela que resulta em um maior alinhamento
destes, formando pórticos com as vigas de respaldo que os unem. Essa composição contribui
de maneira representativa na garantia de estabilidade global do edifício.
Geralmente, recomenda-se que os pilares estejam localizados de modo que resultem em
distâncias entre eixos de 4 m a 6 m. Para distâncias com maiores valores há a necessidade
de pilares e vigas com seções transversais mais robustas, gerando incompatibilidade
dimensional com os demais sistemas (paredes e instalações prediais) que aumentam custos
da construção. Ainda sob essa ótica, pilares que estão muito próximos podem interferir na
fundação prejudicando toda a concepção estrutural.
Como regra é costume adotar 19cm como a medida da menor dimensão da seção
transversal de pilar retangular de concreto armado e escolher a direção da maior dimensão
de modo a garantir maior travamento da estrutura (menores vãos). Deve-se também verificar
a interferência dos pilares posicionados nos demais pavimentos que compõem a edificação
como no caso de garagens, áreas sociais, recepção, sala salão de festas etc.
O pré-dimensionamento dos elementos estruturais é uma etapa necessária para que uma
das suas características mais importantes seja estimada, o peso próprio. O peso próprio
de todo elemento estrutural contribui diretamente no seu dimensionamento, visto que é a
primeira das cargas permanentes que deve ser considerada no cálculo das ações.
3.4.1 Lajes
h = d + (φ/c) + c
onde:
Figura 2 – Exemplo de composição das alturas em uma laje. Fonte: Libânio (2003, p. 36).
c = cmin + Δc
Nas obras correntes, Δc ≥ 10mm, além disso, o valor do cobrimento mínimo deve considerar
também a classe de agressividade do ambiente em que a estrutura está inserida, conforme
a NBR 6118:2014, ver Tabela 5.
Tabela 5 – Correspondência entre a classe de agressividade ambiental e o cobrimento nominal para ∆c = 10 mm. Fonte: Adaptado de NBR 6118 (2014, p. 20).
Para lajes com bordas apoiadas ou engastadas, a altura útil pode ser estimada por meio
da expressão:
onde:
3.4.2 Vigas
A estimativa para a altura das vigas pode ser dada pelas expressões:
onde:
• c = cobrimento
• φt = diâmetro dos estribos
• φl = diâmetro das barras longitudinais
Figura 3 – Seção transversal de uma viga. Fonte: Pinheiro; Muzardo; Santos (2003, p. 37).
3.4.3 Pilares
Figura 4 – Determinação das áreas de influência dos pilares. Fonte: Pinheiro, Muzardo e Santos (2003, p. 37).
As áreas do balanço são consideradas acrescidas das respectivas áreas das lajes adjacentes,
tomando-se, na direção do balanço, largura igual a 0,50l, sendo l o vão adjacente ao balanço.
Segundo o mesmo autor, depois que a força nos pilares foi estimada pelo processo das
áreas de influência, o coeficiente de majoração da força normal (α) deve ser determinado:
Sendo possível determinar a área de seção transversal do pilar por meio da expressão:
onde:
Anote isso
Os conceitos relativos à resistência do concreto à tração direta (fct) são análogos aos de
resistência à compressão (fck). Assim, a resistência média do concreto à tração (fctm)
é obtida da média aritmética dos resultados e a resistência característica à tração (fctk
ou ftk) corresponde à probabilidade de 5% dos valores não serem alcançados pelos
resultados de um mesmo lote de concreto ensaiado. “Três normalizados são utilizados
no Brasil para a aferição dessa propriedade: tração direta, compressão diametral e
tração na flexão” (PINHEIRO; MUZARDO; SANTOS, 2003, p. 3).
Fonte: PINHEIRO, L. M.; MUZARDO, C. D.; SANTOS, S. P. Fundamentos do concreto e
projeto de edifícios: Pré-dimensionamento. Notas de Aula do departamento de engenharia
de estruturas da Escola de Engenharia de São Carlos na Universidade de São Paulo.
São Carlos, 2003.
AULA 4
LAJES MACIÇAS
De acordo com Pinheiro, Muzardo e Santos (2003) as lajes armadas em uma direção têm
relação entre o lado maior e o lado menor superior a dois, ou seja:
onde:
lx = vão menor (Figura 5).
ly = vão maior.
Figura 5 – Relação dos comprimentos x e y. Fonte: Pinheiro, Muzardo e Santos (2003, p. 42)
Para as lajes armadas em duas direções, os esforços solicitantes são importantes segundo
as duas direções da laje. A relação entre os lados é menor que dois tais que:
Os vãos efetivos das lajes nas suas principais direções devem seguir as recomendações
do item 14.6.2.4 da NBR 6118 (2014), sendo calculados pela expressão:
lef = lo+a1+a2
sendo: a1 igual ao menor valor entre (t1/2 e 0,3h) e a2 igual ao menor valor entre (t2/2 e
0,3h), conforme Figura 6.
As lajes são apoiadas em três tipos de apoio: paredes divisórias, vigas ou pilares, sendo
mais comum a vinculação em vigas. Diante disso, verifica-se a necessidade de estabelecer
as condições de vinculação da laje nos apoios no cálculo dos esforços solicitantes e das
deformações.
• simplesmente apoiadas: o apoio simples surge nas bordas onde não existe ou não se
admite a continuidade da laje com outras lajes vizinhas, podendo ser uma parede de
alvenaria ou uma viga de concreto.
• perfeitamente engastadas: no caso de lajes em balanço ou nas bordas onde há
continuidade entre duas lajes vizinhas. Além disso, quando duas lajes contínuas têm
espessuras muito diferentes pode ser mais adequado considerar a laje de menor
espessura engastada na de maior espessura e a laje mais espessa é considerada
simplesmente apoiada na borda comum às duas lajes.
Figura 7 – Classificação das lajes em função da vinculação nas bordas. Fonte: Adaptado de Pinheiro, Muzardo e Santos (2003, p. 44)
engastada e parcialmente apoiada (Figura 8). A relação entre os comprimentos de cada tipo
de apoio em uma mesma borda é um critério desses critérios e está indicado na Tabela 6.
Figura 8 – Caso específico de vinculação. Fonte: Pinheiro, Muzardo e Santos (2003, p. 45).
Tabela 6 – Critério para simplificação de bordas parcialmente engastadas e apoiadas. Fonte: Pinheiro, Muzardo e Santos (2003, p. 45).
Anote isso
AULA 5
DIMENSIONAMENTO DE
LAJES MACIÇAS
As lajes, assim como as vigas são elementos que constituem o subsistema horizontal
da supraestrutura e são elas que recebem as ações externas causadas pela utilização do
edifício Elementos horizontais de concreto armado geralmente sofrem maior ação dos
esforços provenientes da flexão simples e o conhecimento acerca de seu comportamento
é fundamental para que o projetista estrutural tenha condições elaborar um bom projeto.
Nesta aula serão abordados conceitos importantes para o dimensionamento de elementos
estruturais de concreto armado passando pela determinação dos esforços atuantes nas lajes,
pelos conceitos iniciais que formam o alicerce para aplicação da Teoria da Flexão Simples
e finalizando com o cálculo das armaduras longitudinais nas lajes e vigas.
Conforme comentado na aula 04, as lajes maciças podem ser classificadas em de acordo
com as suas direções em: armadas em uma direção e armadas em duas direções, sendo
essa classificação resultante da relação entre os seus lados.
Neste ponto já é de seu conhecimento que nas lajes os esforços solicitantes são de
maior intensidade na direção com menor vão. Por este motivo, nas lajes armadas em uma
direção, quando a relação entre os vãos ultrapassa 2, considera-se que a flexão na direção
do menor vão é preponderante a da outra direção. Assim, em lajes armadas em uma direção
supõe-se a laje como uma viga com largura constante de 100 cm (1 m) segundo à direção
principal, conforme a Figura 9.
Figura 9 – Consideração de laje como viga com largura constante de 1 metro. Fonte: Bastos (2015, p. 13)
Sendo assim, em lajes armadas em uma direção o cálculo dos momentos fletores deve
ser realizado como se esta fosse uma viga. Na Figura 9 verifica-se uma viga com vinculação
apoio-engaste, onde o momento máximo negativo ocorre no engaste e é dado por M- =
(p.l²)/8 e o momento máximo positivo é dado por M+= ( p.l²)/14,22.
Os momentos fletores atuantes na laje, sejam eles positivos ou negativos, são determinados
pela expressão:
onde:
Anote isso
Considerando a complexidade no cálculo dos esforços nas lajes uma variedade de tabelas
foram desenvolvidas a fim de simplificar o processo dimensional que foram elaboradas
por Barés (1972) e adaptadas por Pinheiro; Muzardo; Santos (2003) considerando
coeficiente de Poisson igual a 0,20. Neste material didático serão utilizadas as tabelas
(começando pela Tabela 2.3a) presentes a partir da página 367 do material do Prof.
Dr. Libânio M. Pinheiro (2003).
Link: http://coral.ufsm.br/decc/ECC1006/Downloads/Apost_EESC_USP_Libanio.pdf
Assim como na determinação dos momentos fletores atuantes nas lajes, as reações
cortantes máximas são calculadas a partir da classificação da laje.
Para as lajes armadas em uma direção o cálculo das reações nas vigas perpendiculares
à direção principal é realizado tal como uma viga de largura constante de 1 m. Para as vigas
paralelas, quando existirem, pode-se considerar a favor da segurança que uma parcela das
cargas formada por um triângulo adjacente à viga resulte reações na mesma, tal como o
exemplo da Figura 10.
Assim, a carga que atua linearmente na viga paralela à direção principal pode ser determinada
de maneira simplificada através da Equação abaixo:
V(vig,p) = 0,15.p.lx
onde:
Figura 10 – Cargas nas vigas paralelas à direção principal da laje. Fonte: Bastos (2015, p. 19)
Nas lajes armadas em duas direções o procedimento para determinação das cargas que
geram reações nas vigas de borda é baseado no método das charneiras plásticas, sendo
necessário realizar uma análise plástica para determinação precisa da parcela de carga que
caminha na direção de cada uma das vigas de borda. No entanto, para fins de simplificação
a NBR 6118 (2014) no Item 14.7.6.1 recomenda:
Assim, as reações nas vigas que apoiam as lajes podem ser calculadas por meio dos
ângulos acima citados.
Figura 11 – Área de influência para determinação das cargas nas lajes maciças armadas em duas direções segundo a NBR 6118 (2014). Fonte: Bastos (2015, p. 20)
As Tabelas do material do Prof. Dr. Libânio M. Pinheiro apresentam coeficientes que auxiliam
no cálculo das reações que as lajes transmitem as vigas nas duas direções considerando
carregamento uniformemente distribuído, através da Equação abaixo.
V = ν.((p.lx)/10)
onde:
Você poderá encontrar as Tabelas de reação de apoio (iniciando pela Tabela 2.2a), no
material do Prof. Dr. Libânio M. Pinheiro, por meio do seguinte link:
Link de acesso
Link: http://coral.ufsm.br/decc/ECC1006/Downloads/Apost_EESC_USP_Libanio.pdf
Como os cálculos dos momentos fletores são realizados isoladamente para cada laje,
a compatibilização dos momentos negativos entre lajes é uma atividade necessária. Essa
compatibilização é realizada por um método tradicional, onde o momento fletor negativo
(X) entre duas lajes vizinhas será dado por:
Uma vez que a compatibilização dos momentos negativos for realizada faz-se necessário
corrigir os momentos positivos. Quando há redução dos momentos negativos de uma laje, faz-
se o aumento dos positivos, conforme observado na Figura 12. Quando ocorre a diminuição
do momento positivo, este não é considerado.
AULA 6
ESFORÇOS DE FLEXÃO
Quando o eixo em que ocorre a flexão coincide com um dos eixos principais de inércia
da seção transversal do elemento esta é chamada de flexão normal, por outro lado, quando
o eixo de solicitação não coincide com um dos eixos principais de inércia é chamada de
flexão oblíqua. A flexão reta ou oblíqua pode ocorrer tanto no caso de flexão simples como
no caso de flexão composta.
Há ainda a flexão pura que corresponde à situação particular de flexão simples ou composta,
sem a ocorrência de esforços cortantes, necessariamente, nas regiões do elemento estrutural
onde a flexão pura ocorre, o momento fletor é constante. Entretanto, situações ocorrem
muito raramente em situações reais de cálculo estrutural.
Para compreender o processo de colapso de vigas e/ou lajes de concreto armado sob o
efeito de tensões normais, vamos analisar o desenvolvimento do ensaio de uma viga por quatro
pontos, onde tem-se uma viga bi apoiada com duas cargas concentradas (P) crescentes e
aplicadas entre os apoios, neste tipo de situação ocorre flexão pura região central da viga.
Observe na Figura 14 o esquema de um ensaio de quatro pontos.
Figura 14 – Ensaio de viga por quatro pontos e diagramas de momento fletor e esforço cortante. Fonte: Bastos (2019, p. 2) apud Leonhadt & Monning (1982)
A elevação dos valores das cargas concentradas resulta no surgimento de três níveis
de deformação da seção transversal, os quais são denominados estádios e que definem o
comportamento do elemento até o colapso do mesmo.
Inicialmente com cargas baixas a viga se enquadra no Estádio I que significa uma situação
em que as tensões de tração ainda não ultrapassaram a resistência à tração do concreto (fct),
logo, o elemento não apresenta fissuras. A distribuição de tensões em uma viga no Estádio
I pode ser verificada na Figura 15 (a). Posteriormente, com o aumento do carregamento, as
tensões de tração atingem a resistência à tração do concreto, induzindo o surgimento de
fissuras, o que caracteriza o Estádio II.
Figura 15 – Comportamento do elemento sob flexão passando pelos Estádios I e II. Fonte: Bastos (2019, p. 2) apud Leonhadt & Monning (1982)
Hoje em dia estão sendo desenvolvidos concretos de ultra desempenho, com resistências
que ultrapassam os 100 MPa, e este material já vem sendo utilizado no Brasil.
“O UHPC (Ultra High Performance Concrete) é um tipo de concreto de alta performance
tão resistente e durável quanto as rochas. Esse concreto oferece resistência à
compressão maior que 20.000 psi, o que significa 138 MPa. No Brasil, a utilização
ajuda na recuperação das obras de infraestrutura, além da possibilidade de construções
robustas que evitem reparos futuros.”
Link: https://www.tecnosilbr.com.br/uhpc-o-que-e-e-por-que-esse-concreto-deveria-ser-
mais-utilizado-no-brasil/
AULA 7
DOMÍNIOS DE DEFORMAÇÕES
A NBR 6118 (2014, p. 120) apresenta em seu item 17.2.2 as Hipóteses básicas a serem
consideradas no cálculo de elementos de concreto armado sujeitos a tensões normais
em Estado-Limite Último (ELU). A consideração dessas hipóteses é imprescindível para o
dimensionamento dos elementos.
Figura 17 – Diagrama retangular simplificado para concretos do Grupo I. Fonte: Bastos (2019, p. 12)
As lajes de concreto armado são elementos bidimensionais que podem ser tratados como
elementos de placa. A NBR 6118 (2014) no Item 14.7.1 estabelece hipóteses básicas para
a análise desse tipo de elemento.
A NBR 6118 (2014) em seu Item 17.2.2 estabelece que estado-limite último é caracterizado
pela distribuição de deformações na seção conforme os domínios definidos na Figura 18.
Nesta Figura é possível notar uma elevação lateral de um elemento de concreto armado (viga,
laje etc.), onde verifica-se as armaduras comprimidas (As1) e tracionadas (As2) considerando
uma situação de momento atuante positivo. Os domínios de deformação (reta a, domínio
1, 2, 3, 4, 4a, 5 e reta b) definem as possibilidades de deformação da seção transversal
que caracterizam um ELU a cada par de deformações específicas de cálculo (εc) e (εs),
considerando as hipóteses básicas. Reserve alguns minutos para analisar a Figura 18.
Figura 18 – Domínios de deformação segundo a NBR 6118 (2014). Fonte: Bastos (2015, p. 28)
Tendo compreendido o que são os domínios de deformação podemos agora avaliar quais
são as rupturas convencionais representadas por cada um deles:
• Reta a. Tração uniforme com ruptura por alongamento excessivo da armadura tracionada
(εs = 10‰);.
• Domínio 1. Tração não uniforme, sem compressão na seção transversal com ruptura
por alongamento excessivo da armadura tracionada (εs = 10‰).
• Domínio 2. Flexão simples ou composta sem ruptura do concreto à compressão (εc
< εcu) e ruptura caracterizada por alongamento excessivo da armadura tracionada.
A relação x/d que estabelece o limite para o fim do domínio 2 e início do domínio 3
(x2,lim) é dada por x2,lim = 0,259d.
• Domínio 3. Flexão simples (seção subarmada) ou composta com ruptura do concreto (εc
= εcu) e com escoamento do aço da armadura tracionada (εs ≥ εyd) causando grandes
deformações. A relação x/d que estabelece o limite para o fim do domínio 3 e início
do domínio 4 (x3,lim) considerando a utilização de aços CA 50 é dada por x3,lim = 0,628d.
• Domínio 4. Flexão simples (seção superarmada) ou composta com ruptura do concreto
(εc = εcu) e armadura tracionada não plastificada (εs < εyd).
• Domínio 4a. Flexão composta com armaduras comprimidas e ruptura do concreto
(εc = εcu).
• Domínio 5. Compressão não uniforme, sem tração na seção transversal com ruptura
do concreto (εc = εcu).
• Reta b. Compressão uniforme com ruptura do concreto.
Anote isso
Dica de leitura: “Escolha da altura de lajes com nervuras pré-moldadas para pavimentos
de edificações considerando as verificações do estado limite último e de deformação
excessiva”.
Evento: XXIX JORNADAS SUDAMERICANAS DE INGENIERIA ESTRUCTURAL
Autor: Roberto Chust Carvalho, Jasson Rodrigues de Figueiredo Filho, Sydney Furlan
Junior, Vitor Vanderlei Mesquita.
Comentário: Neste artigo os autores procuraram determinar um procedimento de
cálculo em lajes pré-moldadas, considerando a segurança no ELU e a funcionalidade
da estrutura sob cargas de serviço. Para isso, tabelas que permitem obter a altura
da laje com nervuras pré-moldadas, valor de vão e o carregamento atuante foram
elaboradas. Saiba mais acessando o link a seguir:
https://wwwp.feb.unesp.br/pbastos/concreto2/LajeNerv-S8T177.pdf
AULA 8
CÁLCULO DA ARMADURA DE
FLEXÃO EM VIGAS COM SEÇÃO
RETANGULAR
Dica de leitura: “Reforço à flexão em vigas de concreto armado com manta de fibra de
carbono: mecanismos de incremento de ancoragem”
Autor: Vladimir José Ferrari, Ivo José Padaratz e Daniel Domingues Loriggi.
Revista: Acta Scientiarum. Technology
Comentário: em alguns casos, seja por um dimensionamento negligenciado ou por
alterações de carregamentos não previstos em projetos, as estruturas de concreto
armado podem vir a sofrer com problemas decorrentes de insuficiência de armaduras
de flexão, resultando em deformações excessivas, fissuração das peças estruturais e
até mesmo o colapso das edificações. Para estes casos, uma possível solução é a
realização de um reforço estrutural que consiste na elevação da capacidade resistente
do elemento em questão. Neste artigo, os autores avaliaram o comportamento de
nove vigas de concreto armado que foram reforçadas aos esforços de flexão com
a utilização de uma manta de fibra de carbono, avaliando-se inclusive, a incorporação
Figura 19 - Distribuição de tensões e deformações em viga retangular com armadura simples para concretos do Grupo I. Fonte: Adaptado de Bastos (2019, p. 13)
Md = 0,68fcd. x.bw.(d-0,4x)
As = Md / (fyd.(d-0,4x) )
Na maioria dos casos, a opção mais viável é aumentar a seção da viga, desde que não
existam limitações arquitetônicas que impeçam.
Kc = (bw.d²) / Md
As = Ks.(Md / d²)
A tabela 1.1 do material criado pelo Professor Dr. Libânio M. Pinheiro pode ser acessada
por meio do seguinte link:
Link de acesso
http://coral.ufsm.br/decc/ECC1006/Downloads/Apost_EESC_USP_Libanio.pdf
Os valores da Tabela 1.1 que você acessa pelo link supracitado são encontrados na
página 343 do material do Professor Dr. Libânio M. Pinheiro e são válidas para concretos
do Grupo I (fck≤50 MPa). O procedimento de cálculo através dos coeficientes K consiste
basicamente em:
Anote isso
A evolução da informática nas últimas décadas trouxe para nós engenheiros, ferramentas
que revolucionaram a maneira como projetamos estruturas, no entanto, devemos estar
cientes que os computadores não nos substituem. Acerca desse assunto, reflita sobre
o texto do Prof. Emkin.
AULA 9
CÁLCULO DA ARMADURA DE
FLEXÃO PARA LAJES DE SEÇÃO
RETANGULAR
Nas lajes maciças devem ser respeitados os seguintes limites mínimos para
a espessura:
a) 7 cm para cobertura não em balanço;
b) 8 cm para lajes de piso não em balanço;
c) 10 cm para lajes em balanço;
d) 10 cm para lajes que suportem veículos de peso total menor ou igual a 30 kN;
e) 12 cm para lajes que suportem veículos de peso total maior que 30 kN;
f) 15 cm para lajes com protensão apoiadas em vigas, com o mínimo de 42
para lajes de piso biapoiadas e 50 para lajes de piso contínuas;
g) 16 cm para lajes lisas e 14 cm para lajes-cogumelo, fora do capitel (NBR
6118, 2014, p. 74).
Esses limites mínimos de espessura são estabelecidos para assegurar adequado cobrimento
da armadura, permitir passagem de instalações, além da segurança estrutural. Segundo
Bastos (2015) as espessuras de lajes maciças de concreto armado variam entre 7 e 15 cm,
espessuras maiores que 15 cm levam a lajes muito pesadas.
d ≅ (2,5 - 0,1.n).l*/100
Onde:
l* ≤ { lx ou 0,7.ly
Determinada a altura útil da laje (d), pode-se determinar a espessura da laje (h) por meio
da Equação abaixo:
h = d + (∅l/2) + c
Onde:
h : Espessura da laje (cm);
∅l: Diâmetro da armadura longitudinal (cm);
c: Cobrimento nominal da laje
As + A’s ≤ 4%.Ac
Onde:
As: Armadura longitudinal de tração;
A’s: Armadura longitudinal de compressão;
Ac: Área de concreto.
Classe do 20 25 30 35 40 45 50 55 60 65 70 75 80 85 90
concreto
0,15 0,15 0,15 0,164 0,179 0,194 0,208 0,211 0,219 0,226 0,233 0,239 0,245 0,251 0,259
Os valores de apresentados na Tabela consideram o uso do aço CA50, =1,4, =1,15 e relação d/h=0,8.
Tabela 7 - Taxas mínimas de armadura de flexão em lajes. Fonte: Adaptado de Bastos (2015, p. 32)
A taxa de armadura nas lajes (ρs) não deve ser inferior à taxa de mínima (ρmín), ou seja:
ρs = (As/(bw.h)) ≥ ρmín
Essa regra é válida apenas para as armaduras longitudinais negativas e positivas (principal).
Anote isso
AULA 10
DIMENSIONAMENTO NA
FLEXÃO SIMPLES
A flexão simples pode ser entendida como o esforço de flexão sem que haja uma força
normal. Quando a flexão ocorre com a atuação de força normal, a flexão é denominada
composta. As solicitações normais são aquelas que produzem tensões normais às seções
transversais das peças, isto é, esforços que sejam perpendiculares às seções. Estes
normalmente são os esforços de momentos fletores e a forças normais.
Nas estruturas de concreto armado, a análise de três elementos é importante, sendo elas:
as lajes, as vigas e os pilares. A flexão normal simples incide principalmente sobre as lajes e
vigas que também podem ser submetidas à flexão composta. Por isso, o dimensionamento
e verificação das seções transversais retangulares e seções “T” quando da flexão normal
simples é a atividade mais comum aos projetistas.
O estudo desse esforço objetiva proporcionar ao aluno o melhor entendimento dos
mecanismos resistentes proporcionados pelo concreto comprimido e pelo aço tracionado
em diferentes tipos de seções transversais para que se preveja o comportamento das peças
solicitadas.
gpp = bw.h.γconc
Onde:
gpp = kN/m;
γconc = 25 kN/m3;
bw = largura da seção (m);
h = altura da seção (m).
Quanto às paredes considera-se que estas possuem espessura e altura constantes. Assim,
a sua carga pode ser considerada uniformemente distribuída pela expressão:
gpar = e.h.γalv
Onde:
gpar = kN/m;
γalv = peso específico da parede (kN/m3);
e = espessura final da parede (m);
h = altura da parede (m).
Os valores de peso específico encontram-se na NBR 6120 (2019). Além disso, as reações
das lajes sobre as vigas de apoio também precisam ser conhecidas.
Anote isso
A NBR 6118 (2014, p. 146), item 18.3, estabelece algumas prescrições relativas às armaduras
que se referem às vigas isostáticas com relação l/h ≥ 2,0 e às vigas contínuas com relação
l/h ≥ 3,0, em que l é o comprimento do vão teórico (ou o dobro do comprimento teórico, no
caso de balanço) e h é a altura total da viga. Vigas com relações l/h menores devem ser
tratadas como vigas-parede. Segundo a mesma norma:
Armaduras que referem-se às vigas isostáticas com relação l/h ≥ 2,0 e às vigas contínuas
com relação l/h ≥ 3,0, em que l é o comprimento do vão teórico (ou o dobro do comprimento
teórico, no caso de balanço), e h é a altura total da viga.
Md,mín = 0,8.W0.fctk,sup
Onde:
W0: módulo de resistência da seção transversal bruta de concreto, relativo à fibra mais
tracionada;
Tabela 8 - Taxas Mínimas de Armadura de Flexão para Vigas. Fonte: NBR 6118 (2014, p. 130)
A soma das armaduras de tração e de compressão (As + A’s) não pode ter valor maior que
4% Ac, calculada na região fora da zona de emendas devendo ser garantidas as condições
de ductilidade requeridas em 14.6.4.3 (NBR 6118, 2014, p. 132).
De acordo com Bastos (2019), a escolha dos diâmetros e da quantidade de barras admite
várias possibilidades, sendo que mais de um diâmetro pode ser adotado. A composição de
barras escolhida pelo projetista deve, obviamente, atender à área de armadura calculada.
O projetista também deve atentar-se à dimensão dos agregados graúdos e ao trabalho de
dobra e montagem das armaduras, uma vez que barras com maiores diâmetros demandam
mais trabalho.
As Tabelas 1.3a e 1.3b, que constam nas páginas 345 e 346 do material do Professor Dr.
Libânio M. Pinheiro podem ser utilizadas para auxílio na escolha dos diâmetros. Clique no
link a seguir para acessar essas Tabelas.
Link de acesso
http://coral.ufsm.br/decc/ECC1006/Downloads/Apost_EESC_USP_Libanio.pdf
AULA 11
PRÁTICA DE DIMENSIONAMENTO
Com base naquilo que vimos até este momento, você saberia informar quais alternativas
a seguir, qual melhor representa o detalhamento da seção transversal?
1) 5 Φ 16 mm
2) 4 Φ 20 mm
3) 4 Φ 10 mm
4) 5 Φ 20 mm
5) 5 Φ 12,5 mm
Para encontrar a melhor situação nós iremos resolver este exemplo considerando as
Tabelas dos coeficientes K que constam a partir da página 343 do material do Prof. Dr.
Libânio M. Pinheiro, que você encontrará no link a seguir.
Link de acesso
http://coral.ufsm.br/decc/ECC1006/Downloads/Apost_EESC_USP_Libanio.pdf
com Kc = 2,5, concreto C20 e aço CA-50, na Tabela 1.1 do material criado pelo Professor
Dr. Libânio, determina-se os coeficientes bx = 0,52, Ks = 0,029 e domínio 3.
A posição da linha neutra pode ser determinada por:
Posteriormente, a armadura calculada (9,67 cm²) deve ser comparada à armadura mínima
longitudinal prescrita pela NBR 6118/2014. Para viga em concreto C20 e seção retangular,
a armadura mínima de flexão será:
Entre dadas opções possíveis nota-se que aquela mais próxima do valor de As (igual ou
imediatamente superior) é aquela que considera 5 barras de 16 mm.
com Kc = 2,63 (considera-se Kc = 2,70) além dos demais dados: concreto C20 e aço
CA-50, na Tabela 1.1 que pode ser visualizada no link de acesso a seguir, determina-se os
coeficientes bx = 0,46, Ks = 0,028 e domínio 3.
Link de acesso
http://coral.ufsm.br/decc/ECC1006/Downloads/Apost_EESC_USP_Libanio.pdf
Posteriormente, a armadura calculada (10,00 cm²) deve ser comparada à armadura mínima
longitudinal prescrita pela NBR 6118/2014. Para viga em concreto C20 e seção retangular,
a armadura mínima de flexão será:
• 5 Φ 16 mm = 10,05 cm²
• 4 Φ 20 mm = 12,56 cm²
• 2 Φ 20 mm + 2 Φ 16 mm = 10,30 cm²
Entre dadas opções possíveis no início deste exemplo, nota-se que aquela mais próxima
do valor de As (igual ou imediatamente superior) é aquela que considera 5 barras de 16 mm.
Anote isso
AULA 12
ARMADURA LONGITUDINAL DE
VIGAS DE SEÇÃO RETANGULAR
(ARMADURA DUPLA)
Uma viga com armadura dupla é aquela que, além da armadura resistente na região
tracionada da seção transversal, contém também uma armadura longitudinal resistente na
região comprimida, auxiliando o concreto na resistência dessa tensão.
De acordo com Bastos (2019, p. 32), a armadura dupla é um artifício que permite dimensionar
as seções cujas deformações encontram-se no domínio 4, sem que haja a necessidade de se
alterar algum dos parâmetros inicialmente adotados. Normalmente, este domínio é evitado
em função da peça estar mais propensa à ruptura do tipo frágil, isto é, a ruptura não avisada.
Assim como em vigas de seção retangular com armadura simples, a formulação deverá
ser desenvolvida com base nas duas equações de equilíbrio da estática (SN = 0 e SM = 0).
A seção retangular de uma viga, com armadura tracionada (As) e armadura comprimida (A’s),
podem ser verificadas na Figura 20.
Figura 20 - Seção Retangular com Armadura Dupla, para Concretos do Grupo I. Fonte: Bastos (2019, p. 33).
De acordo com Bastos (2019, p. 33), na flexão simples não ocorre a força normal, existem
apenas as forças resultantes relativas aos esforços resistentes internos, que devem se
equilibrar de tal forma que:
Onde:
Considerando que:
O momento fletor solicitante tem que ser equilibrado pelos momentos fletores
internos resistentes, proporcionados pelo concreto comprimido e pelas
armaduras, a tracionada e a comprimida, tal que: Msolic = Mresist = Md. Fazendo o
equilíbrio de momentos fletores em torno da linha de ação da força resultante
Rst, o momento resistente à compressão será dado pelas forças resultantes de
Figura 21 - Decomposição da Seção com Armadura Dupla. Fonte: Bastos (2019, p. 34).
O momento fletor M1d corresponde ao momento interno resistente proporcionado por As1
e pela área de concreto comprimido como verificado na Figura 21 b.
Onde o valor de x pode ser aplicando-se a seguinte recomendação da NBR 6118 (2014):
Uma vez que M1d tenha sido determinado, pode-se calcular M2d como:
M2d = Md - M1d
A armadura A’s equilibra a parcela As2 da armadura tracionada total (As), e surge do equilíbrio
de momentos fletores na seção da Figura 21 c (BASTOS, 2019), assim:
O dimensionamento das vigas simplesmente fletidas também pode ser realizado com
equações simples, utilizando-se os coeficientes K, mostrados nas tabelas gerais que constam
a partir da página 343 do material do Prof. Dr. Libânio M. Pinheiro, que você encontrará no
link a seguir.
Link de acesso
http://coral.ufsm.br/decc/ECC1006/Downloads/Apost_EESC_USP_Libanio.pdf
M2d = Md - M1d
Os valores de K’s podem ser encontrados na Tabela 1.2, disponível na página 344 do
material do Prof. Dr. Libânio M. Pinheiro, que você encontrará no link a seguir.
Link de acesso
http://coral.ufsm.br/decc/ECC1006/Downloads/Apost_EESC_USP_Libanio.pdf
AULA 13
DETALHAMENTO DE ARMADURA E
VIGAS T
Uma vez que as armaduras necessárias à seção transversal para a resistência dos esforços
solicitantes foram calculadas, a próxima etapa consta do detalhamento e disposição dessas
armaduras, objetivando facilitar a dobra e montagem destes elementos, garantir um correto
posicionamento das barras de aço e que as especificações normativas sejam atendidas,
compatibilizar o espaçamento das barras às dimensões dos agregados graúdos, obedecer
ao valor de cobrimento mínimo preconizado por norma e ao mesmo otimizar o desempenho
estrutural do sistema.
A mínima armadura lateral deve ser 0,10 % Ac,alma em cada face da alma da viga
e composta por barras de CA-50 ou CA-60, com espaçamento não maior que 20
cm e devidamente ancorada nos apoios, respeitado o disposto em 17.3.3.2, não
sendo necessária uma armadura superior a 5 cm2/m por face. Em vigas com
altura igual ou inferior a 60 cm, pode ser dispensada a utilização da armadura
de pele. As armaduras principais de tração e de compressão não podem ser
computadas no cálculo da armadura de pele (NBR 6118, 2014, p. 132).
Figura 22 - Disposição da Armadura de Pele com espaçamento E £ 20 cm na Seção Transversal de uma Viga. Fonte: Bastos (2019, p. 10)
A NBR 6118 (2014), no seu item 18.3.2.2, estabelece os seguintes espaçamentos mínimos
entre as faces das barras longitudinais:
• 20 mm;
• diâmetro da barra, do feixe ou da luva;
• 1,2 vez a dimensão máxima característica do agregado graúdo.
• 20 mm;
• diâmetro da barra, do feixe ou da luva;
• 0,5 vez a dimensão máxima característica do agregado graúdo.
ah,mín = espaçamento livre horizontal mínimo entre as faces de duas barras da mesma
camada;
av,mín = espaçamento livre vertical mínimo entre as faces de duas barras de camadas
adjacentes;
Figura 23 - Espaçamentos Livres Mínimos para uma Viga de Seção Transversal Retangular. Fonte: Bastos (2019, p. 11).
Esses espaçamentos mínimos são adotados a fim de garantir que a massa de concreto
se espalhe facilmente pela fôrma, envolvendo completamente as barras de aço e levando a
ocorrência de vazios ao mínimo possível.
Uma viga de seção T é assim chamada devido ao formato geométrico da sua seção
transversal, que forma um T como pode ser verificado na Figura 24. Uma seção transversal
T é composta pela nervura e pela mesa. Elas podem ser peças pré-moldadas ou moldadas
in loco, quando se considera uma viga de seção transversal retangular trabalhando em
conjunto com as lajes vizinhas, originando uma seção fictícia T.
A contribuição proporcionada pelas lajes maciças, que normalmente têm altura variando
entre 7 cm e 12 cm deve ser sempre verificada. No caso das lajes nervuradas e pré-fabricadas,
como a espessura da mesa é, geralmente, de 4 cm, a contribuição da mesa pode ser desprezada
e o cálculo das vigas considera apenas a seção retangular normal.
As principais vantagens de se considerar o formato das seções transversais em T estão
na possibilidade de menores alturas e, consequentemente, da economia tanto de concreto
quanto de armadura e forma.
As vigas de seção T simplesmente armadas, assim como no caso das vigas de seções
retangulares são aquelas cuja armadura longitudinal de flexão resiste apenas às tensões de
tração, dispostas próximas à borda tracionada da seção transversal.
13.3.2.1 0,8x ≤ hr
Figura 26 - Seção T com 0,8x ≤ hf, para Concretos do Grupo I. Fonte: Bastos (2019, p. 53)
Quando 0,8x é maior que hf, a área da seção comprimida de concreto (A’c) não
é retangular, mas sim composta pelos retângulos I, II e III. Neste caso, não se
pode aplicar a formulação desenvolvida para a seção retangular, tornando-se
necessário desenvolver uma nova formulação. A fim de simplificar a dedução
das equações para a seção T com 0,8x > hf, a seção será subdividida em duas
seções equivalentes (BASTOS, 2019, p. 53).
Na flexão simples não há força normal externa solicitante. Assim, a força resultante do
concreto comprimido é equilibrada pela força resultante da armadura tracionada, isto é, Rcc
= Rst.
Com relação aos momentos fletores as forças internas resistentes (concreto comprimido
e armadura tracionada) formam um binário oposto ao momento fletor solicitante, isto é:
Figura 27 - Decomposição da Seção T com Armadura Simples. Fonte: Bastos (2019, p. 53)
Md = M1d + M2d
De acordo com Bastos (2019), com o equilíbrio de momentos fletores em torno do centro de
gravidade das áreas de concreto comprimido nas seções b e c da Figura 27 e considerando-
se o dimensionamento nos domínios 2 ou 3, as parcelas de armadura As1 e As2 serão:
Com o diagrama retangular simplificado, quando 0,8x ≤ hf, o cálculo pode ser realizado
como no caso de uma viga retangular. A armadura tracionada será:
De acordo com Bastos (2019, p. 55), “quando 0,8x > hf, o dimensionamento deve ser feito
com as equações desenvolvidas para a seção T. O valor de x inicialmente determinado em
função de Kc não é verdadeiro e serviu apenas para definir que o dimensionamento deve ser
feito com as equações desenvolvidas para a seção T”. Para encontrar o valor do momento
fletor resistente M1d, proporcionado pela área da mesa comprimida, adotar-se-á 0,8x* = hf,
de modo que:
Lembre-se que as tabelas gerais que constam a partir da página 343 do material do Prof.
Dr. Libânio M. Pinheiro podem ser acessadas por meio do seguinte link:
Link de acesso
http://coral.ufsm.br/decc/ECC1006/Downloads/Apost_EESC_USP_Libanio.pdf
AULA 14
LAJES TRELIÇADAS
Antes de falar sobre as lajes treliçadas vamos relembrar o conceito e a função das lajes.
As lajes são elementos planos e bidimensionais, cuja espessura é muito menor que as outras
duas dimensões. Nos pavimentos de edifícios, esses elementos funcionam simultaneamente
como placa e chapa.
Nos edifícios, as lajes de concreto armado podem ser maciças, cuja seção transversal
é completamente preenchida por concreto e aço, ou por lajes nervuradas, em que a parte
da seção é preenchida por concreto e aço, e parte por material inerte, tendo como principal
vantagem à redução do peso próprio da laje. O material inerte utilizado não é considerado no
cálculo da resistência da laje e, atualmente, os elementos mais utilizados para preencher as
regiões sem concreto das lajes são as lajotas cerâmicas, lajotas de concreto e o poliestireno
expandido (EPS).
A NBR 6118 (ABNT, p. 97) define as lajes nervuradas como “lajes moldadas no local ou
com nervuras pré-moldadas, cuja zona de tração para momentos positivos esteja localizada
nas nervuras, entre as quais pode ser colocado material inerte”.
As lajes treliçadas são formadas por nervuras e sua armadura de aço é composta por
uma treliça, por isso o nome de “lajes treliçadas”. Veja um exemplo de nervura pré-moldada
com armadura treliçada na Figura 29.
Na maioria das vezes, as lajes do tipo treliçada são formadas por vigotas de concreto
pré-moldadas combinadas a elementos cerâmicos, como verificado na Figura 29. Essas
peças, no entanto, também podem ser moldadas no local.
Ou seja, as lajes nervuradas podem ser calculadas simplificadamente como lajes maciças
no regime elástico, desde que atendidas as especificações citadas acima. Quanto ao projeto
das lajes, a NBR 6118, ainda em seu item 13.2.4.2, especifica que:
Para o projeto das lajes nervuradas, devem ser obedecidas as seguintes condições:
a) para lajes com espaçamento entre eixos de nervuras menor ou igual a 65
cm, pode ser dispensada a verificação da flexão da mesa, e para a verificação
do cisalhamento da região das nervuras, permite-se a consideração dos critérios
de laje;
b) para lajes com espaçamento entre eixos de nervuras entre 65cm e 110cm,
exige-se a verificação da flexão da mesa, e as nervuras devem ser verificadas
ao cisalhamento como vigas; permite-se essa verificação como lajes se o
espaçamento entre eixos de nervuras for até 90cm e a largura média das nervuras
for maior que 12 cm;
c) para lajes nervuradas com espaçamento entre eixos de nervuras maior que
110 cm, a mesa deve ser projetada como laje maciça, apoiada na grelha de vigas,
respeitando-se os seus limites mínimos de espessura (NBR 6118, 2014, p. 75).
Em suma, segundo a NBR 6118 (2014), temos três situações de projetos que podem ser
resumidas da seguinte forma:
No caso em que a laje atenda à condição “a” (lcc ≤ 65 cm), pode-se realizar o cálculo
simplificado da laje, em que os esforços solicitantes (momentos e reações) podem ser
determinados por meio do mesmo procedimento utilizado para lajes maciças.
É importante ressaltar ainda que a NBR 6118 (2014), em seu Item 14.7.7, especifica que
nas lajes unidirecionais deve-se realizar o cálculo somente para a direção das nervuras,
desprezando qualquer rigidez transversal e a torção, e as lajes bidirecionais podem ser
calculadas para efeitos de esforços solicitantes, como lajes maciças.
Ao se determinar os momentos nas nervuras através das tabelas, conforme procedimento
de lajes maciças obtém-se o momento por faixa de largura unitária.
Para as lajes nervuradas deve-se encontrar o momento atuante em cada nervura, o que
depende da distância entre os eixos dessas lajes.
Para um projeto mais preciso quando é desejado um maior refino no cálculo dos esforços
solicitantes em relação ao proporcionado pelo cálculo simplificado pode-se realizar os cálculos
dos esforços solicitantes nas lajes através de uma grelha, ou então a partir de modelos
numéricos, tais como o Método dos Elementos Finitos.
As ações que atuam nas lajes nervuradas são as mesmas que atuam em uma laje maciça,
sendo compostas basicamente pelas cargas permanentes e pelas cargas acidentais. A grande
diferença consiste no cálculo do peso próprio, em que deve-se levar em conta o material
inerte que reduz o peso das lajes.
Uma opção para a determinação do peso das lajes nervuradas é fazer o cálculo do peso
para uma região conhecida, calculando o volume de concreto e de enchimento dessas
regiões, podendo ser determinadas as respectivas espessuras médias. Esse procedimento
será demonstrado com um exemplo extraído de Bastos (2015) para uma situação de laje
nervurada bidirecional.
Considere uma laje nervurada com 24cm de espessura total e 4cm de espessura de
capa, bidirecional e com distância entre os eixos das nervuras de 48cm para ambas as
direções. O procedimento consiste em separar uma região da laje com centroide localizado
no cruzamento das nervuras e com lados iguais à distância entre os eixos das nervuras,
conforme pode-se observar na Figura 30.
Figura 30 - Região considerada para o cálculo do peso da laje. Fonte: Bastos (2015, p. 73)
Com as espessuras médias, o cálculo do peso próprio da laje por unidade de área pode
ser facilmente realizado pela multiplicação da espessura média pelo peso específico do seu
respectivo material. Considerando γc = 25 kN/m³ e γench = 6 kN/m³,
O cálculo do peso para uma laje unidirecional pode ser realizado apenas considerando a
nervura em uma direção e o lado paralelo à direção da nervura pode ter comprimento unitário.
Com a determinação dos momentos, cortantes e reações nas lajes deve-se realizar o
dimensionamento das lajes.
As nervuras são tratadas como vigas e, para tanto, seu dimensionamento à flexão obedece
a Teoria da Flexão Simples. Deve-se atentar à direção do momento fletor, pois quando o
momento atuante comprime a mesa pode-se considerar a contribuição das mesas, sendo,
portanto, como o cálculo da armadura de flexão (As) realizado para uma seção T. Quando
a mesa encontra-se tracionada, despreza-se sua contribuição e o cálculo da armadura de
flexão é realizado para uma seção retangular.
Como qualquer procedimento de dimensionamento à flexão é importante observar algumas
questões, tais como fissuração, taxas máximas e mínimas de armaduras, ancoragem das
armaduras nos apoios etc.
O cisalhamento nas nervuras deve ser verificado em função do espaçamento das nervuras,
conforme apresentado anteriormente. No caso em que as nervuras estejam espaçadas de
comprimentos menores que 65cm, as nervuras são verificadas à força cortante como lajes
maciças, que consiste em garantir que a força cortante de cálculo (Vsd) não ultrapasse o
valor da força cortante máxima (VRd1), conforme as equações a seguir.
Vsd ≤ VRd1
• Para elementos em que 50% da armadura inferior não chega até o apoio: k = I1I;
• Para os demais casos: k = I1,6 – dI, não menor que I1I com d em metros;
• As1: área de armadura que se estende até não menos que (d+lb,nec) além da seção
considerada.
AULA 15
COMPORTAMENTO DE VIGAS DE
CONCRETO ARMADO SUBMETIDAS
A TENSÃO DE CISALHAMENTO
Na grande maioria das vezes, as vigas estão submetidas à flexão e esforço cortante. Os
esforços cortantes devem ser avaliados cuidadosamente nos elementos lineares, pois sua
atuação pode levar os elementos ao colapso de maneira frágil.
Geralmente, no dimensionamento de vigas de concreto armado, o primeiro passo é o
cálculo das armaduras longitudinais e, após isso, procede-se do cálculo das armaduras
transversais para resistir aos esforços cortantes.
O comportamento de uma viga sob flexão simples já foi discutido, entretanto, é importante
retomarmos este assunto para avaliarmos as tensões de cisalhamento que ocorrem nas vigas.
A trajetória das tensões principais em uma viga bi apoiada e submetida a um carregamento
uniformemente distribuído, pode ser observado na Figura 31 ainda no estádio I. Na região
próxima à linha neutra (L.N.), as tensões principais têm inclinação de 45° ou 135° com o eixo
longitudinal da viga, e em outras alturas essa inclinação varia entre 0° e aproximadamente 90°.
Como se sabe, com o aumento das tensões de tração, surgem fissuras perpendiculares
a essas (quando a tensão de tração ultrapassa a tensão resistente à tração do concreto).
Na região central da viga, as tensões principais na região inferior da viga apresentam
inclinações de aproximadamente 0° com o eixo longitudinal, justificando o emprego de
armadura longitudinal nessa região. Próximo aos apoios, onde há menor influência do
momento fletor, as tensões principais encontram-se inclinadas e as fissuras que ocorrem
nessas regiões são causadas basicamente pelas tensões de cisalhamento, por isso são
chamadas de “fissuras de cisalhamento”.
Anote isso
Figura 31 - Tensões principais em viga bi apoiada com carregamento uniformemente distribuído. Fonte: Adaptada de Bastos (2017, p. 4).
Por mais abstrato que este assunto possa parecer conhecer a distribuição das tensões
principais nas vigas é muito importante para que o projetista saiba posicionar corretamente
as armaduras de tração, assim como conhecer as posições das bielas de compressão.
Nas regiões próximas aos apoios, com o aumento das tensões de tração inclinada surgem
as “fissuras de cisalhamento”. Com a continuidade de aumento do carregamento e por
consequência das tensões, surgem novas fissuras fazendo com que haja uma redistribuição de
esforços internos no elemento, os quais dependem da posição e da inclinação das armaduras
transversais.
Com a abertura das fissuras, o aço das armaduras transversais passa a ser solicitado.
Quando a armadura é insuficiente, o aço alcança a tensão de escoamento e atinge grandes
deformações, o elemento apresenta ainda resistência a força cortante devido aos mecanismos
dos estádios de comportamento, principalmente pelo engrenamento dos agregados quando
as fissuras apresentam ainda pequenas aberturas. Observe a situação da Figura 33.
Figura 33 - Esquema de ruptura de viga com armadura transversal insuficiente ao cisalhamento. Fonte: Pinheiro; Muzardo; Santos (2003, p. 6).
Com o aumento da abertura das fissuras, o atrito entre as faces acaba e, assim, o banzo
comprimido passa a necessitar transferir uma parcela cada vez maior da força cortante.
Além disso, com o aumento das fissuras, o banzo comprimido vai reduzindo a seção e, dessa
forma, chega-se à ruptura do banzo comprimido.
Hoje em dia estão sendo desenvolvidos concretos de ultra desempenho, com resistências
que ultrapassam os 100 MPa, material que já vem sendo utilizado no Brasil.
“O UHPC (Ultra High Performance Concrete) é um tipo de concreto de alta performance
tão resistente e durável quanto as rochas. Esse concreto oferece resistência à compressão
maior que 20.000 psi, o que significa 138 MPa. No Brasil, sua utilização ajuda na
recuperação das obras de infraestrutura, além da possibilidade de construções robustas
que evitem reparos futuros”.
Para saber mais, acesse o link a seguir.
https://www.tecnosilbr.com.br/uhpc-o-que-e-e-por-que-esse-concreto-deveria-ser-mais-
utilizado-no-brasil/
AULA 16
DIMENSIONAMENTO DE
ELEMENTOS LINEARES À
FORÇA CORTANTE
O cálculo ficou dividido em dois modelos: o Modelo de Cálculo I e o Modelo de Cálculo II.
O primeiro cálculo é baseado na Treliça Clássica de Ritter-Mörsh, com ângulo de inclinação
das bielas fixo e igual a 45°, e o segundo baseado na chamada Treliça Generalizada, com o
ângulo de inclinação das bielas comprimidas variando entre 30° e 45°.
A segurança ao Estado-Limite Último é satisfeita quando são atendidas, simultaneamente,
as duas condições a seguir:
Vsd ≤ VRd2
Vsd ≤ VRd3 = Vc + Vsw
Em que:
Figura 34 - Biela comprimida com tração transversal. Fonte: Adaptada de Bastos (2017, p. 19)
A NBR 6118:2014 limita a tensão de compressão nas diagonais comprimidas pelo valor
de fcd2 para considerar esse efeito.
Com as duas equações anteriores, podemos determinar a máxima força cortante resistente
da seção (VRd2), substituindo σcb por fcd2, considerando que o braço de alavanca z é dado por
0,9d (sendo d a altura útil da seção). Considerando que os estribos têm inclinação de 90° (α
= 90°) e fazendo V como a força cortante máxima resistente da seção VRd2 , encontramos:
Vimos que para satisfazer a segurança da armadura transversal tracionada, deve-se atender
ao seguinte critério: Vsd ≤ VRd3. Fazendo com que Vsd seja igual à maior força cortante
resistente de cálculo com relação à ruptura da armadura transversal tracionada, temos:
Segundo a NBR 6118:2014, a parcela Vc deve ser definida em função do tipo de solicitação
existente no elemento, sendo:
Vc = 0
• Elementos em flexão simples ou flexo-tração com linha neutra passando pela seção
transversal:
Em que:
Elementos em flexão-compressão:
Em que:
M0: Momento fletor que anula a tensão normal de compressão na borda da seção tracionada
por MSd,máx
MSd,máx: Momento fletor de cálculo máximo no trecho em análise.
Com a parcela Vc, deve-se calcular a força cortante Vsw a ser resistida pela armadura
transversal, fazendo:
Considerando que o braço de alavanca z é dado por 0,9.d, substituindo V por Vsw e fazendo
que a tensão na armadura σsw,α seja definida pela tensão máxima admitida na armadura fywd,
temos:
O ângulo α corresponde à inclinação dos estribos, que varia entre 45°≤ α≤ 90°, e como
comentado, na maior grande maioria das vezes, os estribos são verticais, portanto, α = 90°.
Nesse caso, tem-se:
Lembrando que os estribos são, na maioria das vezes, formados por dois ramos, portanto
Asw equivale, neste caso, a dois ramos. Entretanto, em casos específicos pode-se utilizar
estribos com três ou quatro ramos, conforme pode-se observar em Figura 35.
Anote isso
Esse modelo foi introduzido na norma NBR 6118:2003 e considera a utilização da Treliça
Generalizada, em que as diagonais comprimidas podem ter inclinações que variam entre
30° e 45°.
A tensão atuante na diagonal comprimida é dada pela equação:
A NBR 6118:2014 limita a tensão de compressão nas diagonais comprimidas pelo valor
de fcd2 para considerar esse efeito.
Com as duas equações acima podemos determinar a máxima força cortante resistente
da seção (VRd2), substituindo σcb por fcd2, considerando que o braço de alavanca z é dado por
0,9d (sendo d a altura útil da seção). Considerando que os estribos têm inclinação de 90° (α
= 90°) e fazendo V como a força cortante máxima resistente da seção VRd2 , encontramos:
Vimos que para satisfazer a segurança da armadura transversal tracionada, deve-se atender
ao seguinte critério: Vsd ≤ VRd3. Fazendo com que Vsd seja igual à maior força cortante
resistente de cálculo em relação à ruptura da armadura transversal tracionada, temos:
Segundo a NBR 6118:2014, a parcela Vc deve ser definida em função do tipo de solicitação
existente no elemento, sendo:
Vc = 0
• Elementos em flexão simples ou flexo-tração com linha neutra passando pela seção
transversal:
Vc = Vc1
Elementos em flexão-compressão:
Em que:
Mo: Momento fletor que anula a tensão normal de compressão na borda da seção
tracionada por MSd,máx ;
MSd,máx: Momento fletor de cálculo máximo no trecho em análise.
Com a parcela Vc, deve-se calcular a força cortante Vsw a ser resistida pela armadura
transversal, fazendo:
Considerando que o braço de alavanca é dado por 0,9.d, substituindo V por Vsw e fazendo
que a tensão na armadura σsw,α seja definida pela tensão máxima admitida na armadura fywd,
temos:
AULA 17
DIMENSIONAMENTO DE PILARES
Para cada um dos tipos básicos de pilares ocorre uma situação de projeto diferente,
dependente do tipo de solicitação que atua no pilar (Compressão Simples e Flexão
Composta Normal ou Oblíqua).
Saiba mais no item 11 da apostila do Prof. Dr. Bastos
https://wwwp.feb.unesp.br/pbastos/concreto2/Pilares.pdf
O comprimento equivalente (le) está relacionado com a flambagem que pode levar uma
peça submetida à compressão, à ruptura antes de esgotar sua capacidade resistente e deve
ter como parâmetros de comparação a distância entre as faces dos elementos estruturais
e a distância entre eixos, conforme a Figura 37.
Figura 37 – Valores de lo e l
Fonte: Adaptada de Bastos (2020, p. 52).
Onde:
o = distância entre as faces internas dos elementos estruturais, supostos horizontais,
que vinculam o pilar;
h = altura da seção transversal do pilar, medida no plano da estrutura em estudo;
= distância entre os eixos dos elementos estruturais aos quais o pilar está vinculado.
Para pilares em balanço (engastados na base e livres no topo) a NBR 6118:2014 recomenda
utilizar le = 2l. Ainda segundo a norma, o índice de esbeltez deve ser calculado pela seguinte
expressão:
Onde:
e = comprimento equivalente;
i = raio de giração da seção geométrica da peça (seção transversal de concreto, não se
considerando a presença de armadura);
I = momento de inércia;
A = área da seção;
h = dimensão do pilar na direção considerada.
O comprimento equivalente depende do tipo de vínculo localizado nas extremidades de
uma barra. Considerando o índice de esbeltez máximo, os pilares podem ser classificados
como:
• Curto: se <
_ 35;
• Médio: se 35 < <
_ 90;
• Medianamente esbelto: se 90 < <
_ 140;
• Esbelto: se 140 < _< 200.
• Na maioria das vezes os pilares curtos e médios ( <
_ 90) são os mais empregados,
os demais casos são menos frequentes.
Considerando:
35 < 1 < 90;
e1 = 0 para pilar intermediário;
Caso o resultado leve a um valor de esbeltez menor ou igual à esbeltez limite ( <
_ 1) não
se considera o efeito local de 2ª ordem na direção considerada, caso contrário ( > 1) se
considera o efeito local de 2ª ordem na direção admitida.
O dimensionamento da armadura para pilares pode ser realizado em função tanto do
momento fletor mínimo quanto da excentricidade acidental. A verificação do momento fletor
total em cada direção da seção transversal do pilar pode ser feita por meio dos diagramas
de momentos fletores e das excentricidades, e com a aplicação da equação de Md,tot ,
segundo os processos aproximados da NBR 6118:2014, sendo estes:
• Método do pilar-padrão com curvatura aproximada;
A NBR 6118 (2014, p.58), por meio do item 11.3.3.4 estabelece que, na verificação do
estado-limite último “devem ser consideradas as imperfeições geométricas do eixo dos
elementos estruturais da estrutura descarregada. Essas imperfeições podem ser divididas
em dois grupos: imperfeições globais e imperfeições locais”.
Na análise global dessas estruturas o desaprumo, isto é, a falta de alinhamento vertical
(ou inclinação dos elementos construtivos) deve ser considerada conforme a Figura 38.
Onde:
θ1min = 1/300 para estruturas reticuladas e imperfeições locais;
θ1máx = 1/200;
H é a altura total da edificação, expressa em metros (m);
n é o número de prumadas de pilares no pórtico plano.
Quanto à distribuição na seção transversal, segundo a NBR 6118 (2014, p.151), as barras
longitudinais devem ser posicionadas para
garantir a resistência adequada do elemento estrutural. Em seções poligonais
deve existir pelo menos uma barra em cada vértice; em seções circulares,
no mínimo seis barras distribuídas ao longo do perímetro. O espaçamento
mínimo livre entre as faces das barras longitudinais, medido no plano da
seção transversal, fora da região de emendas, deve ser igual ou superior ao
maior dos seguintes valores:
• 20 mm;
• diâmetro da barra, do feixe ou da luva;
• 1,2 vez a dimensão máxima característica do agregado graúdo.
•
Para feixes de barras deve-se considerar o diâmetro do feixe: n = √n , onde n é o número
de barras do feixe.
Esses valores se aplicam também às regiões de emendas por traspasse das
barras. Quando estiver previsto no plano de concretagem o adensamento
através de abertura lateral na face da fôrma, o espaçamento das armaduras
deve ser suficiente para permitir a passagem do vibrador (NBR 6118, 2014,
p.151).
O espaçamento máximo entre eixos das barras, ou de centros de feixes de barras, deve ser:
Em que:
Nd = força normal de cálculo;
fyd = resistência de cálculo de início de escoamento do aço;
Ac = área da seção transversal do pilar.
Quanto à armadura máxima essa pode ser calculada conforme o item 17.3.5.3.2 e é dada
por:
As,máx = 0,08 Ac
“A máxima armadura permitida em pilares deve considerar inclusive a sobreposição de
armadura existente em regiões de emenda, devendo ser também respeitado o disposto em
18.4.2.2” (NBR 6118, 2014, p.132).
Um exemplo de detalhamento das barras longitudinais para pilares contraventados,
bastante típico em projetos estruturais, pode ser visualizado na Figura 39.
CONCLUSÃO
ELEMENTOS COMPLEMENTARES
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REFERÊNCIAS
BALBO, J. T. Relations between indirect tensile and flexural strengths for dry and
plastic concretes. Revista IBRACON de Estruturas e Materiais, São Paulo,
v.6, n.6. Dec. 2013. Disponível em: http://www.scielo.br/scielo.php?pid=S1983-
41952013000600003&script=sci_arttext&tlng=pt. Acesso em: 30 abr. 2021.
BATTAGIN, A. F. Cimento Portland. In: ISAIA, G.C. (Ed.). Concreto: Ciência e Tecnologia.
São Paulo, Instituto Brasileiro do Concreto (IBRACON), 2011, v. 1, p. 184-232.
FUSCO, P.B. Técnica de armar as estruturas de concreto. São Paulo, Ed. Pini, 2000,
382 p.