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UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS

ESCOLA DE ENGENHARIA CIVIL

CURSO DE GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA CIVIL

ANDRÉ CHACON DE VICENTE

ANDRIELLY CRISTINE RODRIGUES CARRIJO

IGOR NOGUEIRA DE SOUSA

MATHEUS VIEIRA ASSUNÇÃO

EXECUÇÃO DE FUNDAÇÕES DE EDIFÍCIOS

GOIÂNIA - GO

2021
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ANDRÉ CHACON DE VICENTE

ANDRIELLY CRISTINE RODRIGUES CARRIJO

IGOR NOGUEIRA DE SOUSA

MATHEUS VIEIRA ASSUNÇÃO

EXECUÇÃO DE FUNDAÇÕES DE EDIFÍCIOS

Trabalho apresentado ao curso de Engenharia Civil


da Universidade Federal de Goiás, como requisitos
para aprovação na disciplina de Introdução à
Geotecnia (2021.1)

PROFESSORA: Sandra Garcia Gabas

GOIÂNIA - GO

2021
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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ................................................................................................................... 5
2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA .............................................................................................. 6
2.1 CONCEITO DE FUNDAÇÃO ............................................................................................. 6
2.1.1 Classificação das fundações ............................................................................................... 6
2.1.2 Relação entre fundação e geotecnia .................................................................................... 7
2.1.2.1 Plano de investigação geotécnico ..................................................................................... 8
2.2 PREVISÃO E CONTROLE DAS FUNDAÇÕES ................................................................... 8
2.2.1 Parâmetros a serem observados no projeto e execução das estruturas de Engenharia Civil ......... 8
2.3 INVESTIGAÇÃO GEOTÉCNICA E PARÂMETROS PARA FUNDAÇÕES ........................... 9
3 INTERAÇÃO ENTRE SOLO E ESTRUTURA .................................................................. 10
3.1 INFLUÊNCIA DO TEMPO ............................................................................................... 10
3.2 PROCESSO CONSTRUTIVO DE UMA FUNDAÇÃO ........................................................ 11
3.3 RIGIDEZ RELATIVA ENTRE ESTRUTURA E SOLO ....................................................... 12
4 RECALQUES .................................................................................................................... 13
4.1 TIPOS DE RECALQUES .................................................................................................. 13
4.1.1. Recalque do ponto de vista do solo .................................................................................. 13
4.1.2. Recalque do ponto de vista da estrutura ............................................................................ 14
4.2 PREVISÃO DE RECALQUES........................................................................................... 14
4.3 CAUSAS COMUNS DE RECALQUE ................................................................................ 15
4.4 RECALQUE IMEDIATO EM FUNDAÇÕES DE EDIFÍCIOS .............................................. 16
4.5 SOLUÇÃO DE FADUM (1948) ......................................................................................... 16
5 AVALIAÇÃO DA SUSTENTABILIDADE AMBIENTAL NA EXECUÇÃO DE EDIFÍCIOS
............................................................................................................................................ 18
6 ESTUDO DE CASO ........................................................................................................... 20
6.1 ASPECTOS DA REGIÃO ................................................................................................. 20
6.1.1 Aspectos geotécnicos da região ........................................................................................ 21
6.2 PROJETO E COMPOSIÇÃO ESTRUTURAL ..................................................................... 22
6.2.1 Sondagens e ensaios ....................................................................................................... 22
6.3 ESTAQUEAMENTO ........................................................................................................ 22
7 CONCLUSÃO ................................................................................................................... 25
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ................................................................................... 26
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RESUMO

A determinação do melhor tipo de fundação para uma edificação depende da análise de


informações referentes à viabilidade técnica e econômica, fator que viabiliza a aplicação da
Geotecnia na área da Engenharia. A escolha da fundação sujeita-se ao estudo de possíveis
problemas relativos ao solo, da estrutura que será adotada e da sua funcionalidade e porte.
Portanto, este trabalho acadêmico, cuja realização tem o intuito de fornecer conceitos técnicos
de fundações e um estudo de caso a respeito da fundação adotada no Centro de Convergência
CCJE-CFCH-CLA, tem o objetivo de destacar a importância do conhecimento técnico da área
da Geotecnia para a melhor decisão de fundação a ser adotada na construção e fornecer
informações que relacionam a Engenharia à Geotecnia e avaliam a estabilidade e
sustentabilidade na execução dessas edificações.

Palavras-chave: Fundação; edificação; geotecnia; engenharia; solo.


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1 INTRODUÇÃO

Uma das decisões mais importantes e difíceis para o construtor em seu empreendimento
é a escolha do tipo de fundação para sustentação da edificação. Essa decisão deve ser tomada,
cautelosamente, após o estudo das características do solo, da existência de lençóis freáticos na
área, da análise de custos e dos esforços atuantes sobre a construção.
A fundação de uma edificação representa a interação entre o solo local e a estrutura, a
qual será construída. Essa estrutura é responsável por receber as cargas da edificação e
transmitir ao solo. Portanto, o tipo e a forma de fundação devem ser escolhidos conforme a
viabilidade técnica e econômica.
Com o advento da globalização e, consequentemente, das inovações industriais de
materiais e componentes, o mercado tem exigido das empresas processos de gestão de qualidade
e produtividade mais rigorosos na área de construção de edifícios. O desempenho de uma
fundação tem influência dos parâmetros de garantia mínima como segurança, durabilidade e
funcionalidade, estabilidade, e essa fundação só pode ser desenvolvida através de um projeto
de qualidade e das etapas de controle e execução.
Além disso, no Brasil, a porcentagem de desperdício na Construção Civil é muito alta.
Isso ocorre devido à ausência de projetos adequados, o que resulta em erros e falhas de
execução, desperdício de materiais e de mão-de-obra e custo excessivo. (CAMBIAGHI, 1992).
Como instrumento fundamental para o início de qualquer construção, a geotecnia age no
estudo do solo e das rochas relacionado às ações humanas. Portanto, no que tange à escolha
técnica do melhor tipo de fundação para uma edificação, a geotecnia é um dos fatores
influenciadores de decisão por interpretar a interação entre o solo e a estrutura; solo este que
apresenta instabilidade de acordo com cada região.
Nesse sentido, este trabalho acadêmico tem o intuito de expor os principais tipos de
fundação, os parâmetros a serem observados no projeto e execução da estrutura, a investigação
geotécnica e o estudo de caso de um tipo de fundação.
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2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

2.1 CONCEITO DE FUNDAÇÃO

A fundação é um elemento da estrutura de uma edificação responsável pelo repasse da


carga da estrutura ao solo. Existem diversos tipos de fundações e, para a escolha do tipo de
fundação mais adequado em uma determinada construção, é necessário que haja um estudo das
respectivas etapas: projeto do edifício, cálculo das cargas atuantes sobre essa edificação e
investigação do terreno para análise das características do solo. Assim, é possível definir o tipo
de fundação e seus elementos estruturais para a construção. (VELLOSO, D. & LOPES, 2010).

Fundações bem projetadas correspondem de 3% a 10% do custo total do edifício;


porém, se forem mal concebidas e mal projetadas, podem atingir 5 a 10 vezes o custo
da fundação mais apropriada para o caso. (BRITO, 1987 apud MARANGON,2018).

Do ponto de vista estrutural, a resistência à carga, a natureza da estrutura e a carga da


fundação devem ser o material de análise. Do ponto de vista da engenharia geotécnica, é
necessário estudar a natureza geotécnica do terreno, as condições geotécnicas do local, a forma
de entrada no terreno e a viabilidade técnica e econômica de implementação. (MARANGON,
2018).

2.1.1 Classificação das fundações

As fundações, classificadas em relação à transmissão de cargas, podem ser de natureza


direta ou indireta. As fundações diretas são aquelas que transferem a carga diretamente pela
base por compressão, por exemplo, as sapatas e as tubulações. Por outro lado, as indiretas
transferem a carga por atrito lateral e pela base por compressão. (MOURA, 2021 apud
MARANGON, 2018).
As fundações diretas são subdivididas em rasas ou profundas. As rasas são constituídas
pelas sapatas (corrida, associada, isolada ou alavancada), pelas grelhas, pelos blocos e alicerces
e pelos radiers. Já as fundações diretas profundas são compostas pelas estacas, pelos caixões e
tubulões (a ar condicionado ou a céu aberto). (VELLOSO, D. & LOPES, 2010).
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Figura 1 - Principais tipos de fundações (NEWS, 2020)

2.1.2 Relação entre fundação e geotecnia

A Geotecnia é de extrema importância em toda construção civil por facilitar ao homem a


compreensão dos fenômenos geológicos de formação e a solução de alguns problemas advindos
das áreas da engenharia. A Geotecnia, através do material recolhido nos ensaios de campo, é
fundamental para o desenvolvimento e execução do projeto. (BRITO e GOMES, 2018 apud
MARANGON, 2018).
A boa execução e o bom desenvolvimento de um projeto de execução sofrem influência
direta da competência e conhecimento do projetista a respeito do solo no qual será construído.
Ou seja, é necessário o estudo profundo das condições do subsolo, a considerar as realidades
da natureza e possíveis patologias em questão.
De acordo com Alonso (1991) apud Marangon (2018), as garantias mínimas de uma
fundação devem ser segurança, durabilidade e funcionalidade. Portanto, a Geotecnia está
inserida nas engenharias e, sobretudo na Engenharia Civil, como um instrumento de estudo das
características do solo e de decisão do tipo de fundação adequada. Afinal, o trabalho é realizado
com o solo; matéria não fabricada. O solo, portanto, apresenta todas as características impostas
pela natureza.
De acordo com Souza e Reis (2008) apud Marangon (2018), em relação aos cálculos
considerando o apoio das fundações sobre vínculos indeslocáveis, o estudo da deformabilidade
do solo, os cálculos dos edifícios e a escolha das fundações receberam um panorama mais
inovador e ilimitado. A realização dessa hipótese mais condizente à realidade física,
considerando aspectos do solo, recebe o nome de Interação Solo-Estrutura (ISE), porém, ainda
é executada em poucos lugares.
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2.1.2.1 Plano de investigação geotécnico

De acordo com a NBR 6122 (Projetos e execução de fundações), as atividades que


fazem parte de um plano de investigação podem ser: caracterizar as solicitações;
avaliar as unidades geológicas presentes em função dos dados existentes, de
reconhecimento geológico e outros métodos; selecionar os métodos de investigação
aplicáveis em função das solicitações, unidades geológicas, fase dos estudos,
logística, resolução, prazo, custo e outras variáveis e distribuir as investigações na
área através de critérios geométrico e geológico; elaborar especificações executivas,
procedimentos de fiscalização, critérios de medição e pagamento, contrato e licitação;
acompanhar os resultados e ajustar o plano de investigação; interpretar os resultados
e elaborar os modelos geológico e geomecânico; elaborar seções geológicas e outras
formas de apresentação de dados conforme requerido; acompanhar a escolha da
solução e o desenvolvimento do projeto. (BRITO e GOMES, 2018 apud
MARANGON, 2018).

Na projeção de uma fundação, quando a região é totalmente desconhecida, faz-se


necessário, através da geologia, o estudo do subsolo. No caso das fundações, os ensaios de
campo são preferíveis aos de laboratório.

2.2 PREVISÃO E CONTROLE DAS FUNDAÇÕES

A previsão e o controle das fundações podem ser descritos pelos critérios de projeto,
controles de qualidade e aspectos geotécnicos atrelados à Engenharia Civil.

2.2.1 Parâmetros a serem observados no projeto e execução das estruturas de


Engenharia Civil

O desempenho da fundação obedece, diretamente, aos parâmetros de garantia mínima já


citados anteriormente. O desenvolvimento e execução da fundação de um edifício também são
influenciados pela garantia e qualidade dos executores do projeto e execução.
De acordo com Alonso (1991), toda fundação, para ser executada e classificada com
garantia de qualidade, deve seguir três etapas: o projeto, o controle e a própria execução.
Na primeira etapa, são estudadas as características geotécnicas da obra e das cargas e
definidos os métodos construtivos e o controle operacional e organizacional de suporte à
execução. Através do projeto, as equipes, o construtor e o engenheiro chefe da obra têm acesso
à previsão de desenvolvimento e conclusão do empreendimento, além da necessidade de
conferimento do controle das etapas de controle de qualidade.
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Por exigência da norma NBR 6122, não se deve elaborar qualquer projeto de
fundações sem que a natureza do subsolo seja conhecida, através de ensaios
geotécnicos de campo, tais como sondagens de simples reconhecimento, ensaios de
penetração estática, provas de cargas em protótipos, entre outros. (MARANGON,
2018).

Na segunda etapa, o controle da qualidade durante a fundação é realizado por 3 etapas


diferentes: a de materiais, a de cargas e a de recalques. No controle de qualidade dos materiais
devem ser estudadas a resistência e a durabilidade dos mesmos. Já no controle de cargas, devem
ser analisadas as cargas admissíveis dos elementos estruturais que serão instalados.
E, na terceira e última etapa, a etapa de execução e observação do comportamento da
fundação. O cronograma e os parâmetros a serem cumpridos obedecem a um período mínimo
de análise consonante à finalidade da edificação.

2.3 INVESTIGAÇÃO GEOTÉCNICA E PARÂMETROS PARA FUNDAÇÕES

Segundo o livro “Fundações: teoria e prática” terceira edição, a elaboração de projetos de


fundações e projetos geotécnicos exige que o engenheiro responsável tenha um conhecimento
prévio do solo no qual o edifício será instalado. Uma profunda análise se faz necessária das
diversas camadas que compõem o substrato e também de suas propriedades de engenharia, a
fim de determinar a resistência, composição química, nível de água, dentre outros fatores que
são determinantes para uma construção adequada e segura.
Através das técnicas de sondagem é possível determinar as características primordiais do
solo em análise, e com isso classifica-lo, a fim de enquadrá-lo em uma predefinição de
parâmetros que melhor caracterizam sua formação do ponto de vista de Geologia de
Engenharia. (NUNES, 2012 apud MARANGON, 2018).
Segundo BornSales Engenharia (2018), o principal intuito de realizar uma investigação
geotécnica é determinar o comportamento do terreno na qual será realizada a fundação. Por isso
a participação do engenheiro projetista de fundações na definição de como se dará a
investigação geotécnica será determinante para se obter uma boa análise do solo e do maciço
rochoso do local. (MARANGON, 2018).
Segundo o livro “Fundações: teoria e prática”, terceira edição, dentre os tipos de ensaios
que existem, alguns são comumente mais utilizados e por isso recebem destaque, são eles: o
SPT (Standard Penetration Test), CPT (Ensaio de Penetração de Cone), Vane Test e o ensaio
geofísico de Cross-Hole. No Brasil, o ensaio mais executado é o SPT, para uma análise mais
detalhada do terreno a análise do tipo CPT é a mais recomendada, já entre as análises geofísicas
o método de Cross-Hole é o mais importante para a engenharia de fundações. É através dele
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que será obtido o módulo de cisalhamento máximo, que é o principal parâmetro geotécnico para
caracterizar a rigidez do solo.
Portanto, uma investigação adequada do terreno de fundação deverá ter definido um
programa base de objetivos a serem alcançados, esses objetivos estão diretamente atrelados à
conhecer as principais características do terreno, definir sua estratigrafia, caracterizar as
propriedades das camadas mais importantes do solo e por fim confirmar as condições de projeto
em áreas críticas da obra. (MARANGON, 2018).

3 INTERAÇÃO ENTRE SOLO E ESTRUTURA

A interação solo-estrutura, aplicada à estrutura, analisa a capacidade de deformação do


solo ou da rocha, fator que altera os esforços atuantes nos elementos estruturais e nas reações
do terreno. Essa interação entre os planos do sistema visa garantir a durabilidade, estabilidade
e funcionalidade da obra. Para tal, foi proposta uma ferramenta que considera este fenômeno
na análise global de estruturas de rede de fundação profunda para verificar o impacto dos
recalques de apoio neste tipo de estrutura e a possibilidade de geração de componentes
estruturais de esforço adicionais. (ANTONIAZZI, 2011).

3.1 INFLUÊNCIA DO TEMPO

A influência do tempo ocorre em qualquer obra estrutural, mesmo sendo ela um edifício
de vários andares, residência familiar, pontes, barragens ou até mesmo uma estrutura de
contenção. Esses mesmos elementos contribuem para o comportamento do outro, ou seja, o
solo influencia na ação da estrutura. Dessa maneira, ambos os elementos contribuem para o
comportamento do outro; logo, o tipo de solo influencia na resposta da estrutura, bem como o
tipo de estrutura exerce influência direta na resposta do solo. Com o tempo, a estrutura pode
sofrer alterações se o solo não for perfeitamente preparado para aquele tipo de ação. Estruturas
infinitamente rígidas apresentam recalques uniformes por causa da tendência do solo de
deformar mais no centro do que em suas extremidades, devido às distribuições de pressões de
contato nos apoios serem menores no centro e máximos nos cantos extremos.
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Figura 2 -Fissura de tração em pilar recalcado. (THOMAZ, 2003).

3.2 PROCESSO CONSTRUTIVO DE UMA FUNDAÇÃO

A fundação é a primeira etapa da obra realizada após a terraplenagem e a localização do


terreno. A execução se resume, respectivamente, à escavação de fundações ou estacas e blocos,
à colocação das ferragens e ao preenchimento dos furos e das valas com o concreto.
(CONSTRULINO, 2016).

Figura 3- Fundação pré-moldada. (FETZ, 2013).

Essa fundação é responsável por absorver as cargas da edificação e distribuí-las ao solo;


ela suporta as tensões resultantes da ação das cargas dos pilares e as transferem adequadamente
ao solo para não haver rupturas ou deformações na construção. Quanto mais rígida a estrutura
é verticalmente, mais andares ela tem, pois ocorre uma interação das cargas nas fundações da
estrutura, na qual se distribui por todo o seu extremo. Seus momentos fletores diminuem cada
vez mais quando se tem um aumento de andares, portanto, os primeiros pavimentos têm seus
fletores maiores.
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Se o número de pavimentos aumentar, o impacto da interação solo-estrutura diminuirá


até ser quase desprezível. Ou seja, é uma relação inversamente proporcional. Os momentos das
forças atuantes dos elementos estruturais nos primeiros pavimentos são mais evidentes e vão
diminuindo proporcionalmente ao aumento do número de andares. Esse fenômeno pode ser
explicado pelo fato do primeiro andar ter maior rigidez, lembrando que a rigidez não apresenta
comportamento linear em todo o edifício. (MUÑOZ,2001).

3.3 RIGIDEZ RELATIVA ENTRE ESTRUTURA E SOLO

Utilizando o Método da Rigidez, o qual é amplamente empregado para análise de


estruturas reticulares, ao observar os parâmetros da infraestrutura, superestrutura e do terreno
de fundação, afirma-se que a rigidez dos elementos estruturais tem influência na redistribuição
dos esforços, portanto, o comportamento físico dessa edificação real é a condição de seus apoios
deformáveis, sendo assim, uma transição entre solo e estrutura. Esta variável estipula o processo
de desenvolvimento da construção conforme aos recalques total e diferencial. Os recalques
diminuem com o aumento da rigidez relativa entre o solo e a estrutura. Os recalques diferenciais
são mais sensíveis a esta relação do que os totais (MUÑOZ,2001).

Figura 4 – Adaptação de GUSMÃO (1994).

Na avaliação do desempenho da construção em relação ao recalque total e ao recalque


diferencial analisado este comportamento físico tem papel determinante. Assim, ele diminui à
medida em que a rigidez relativa entre o solo e a estrutura aumenta. A utilização das cintas
tende a uniformizar os recalques e seu movimento decresce à medida em que os pavimentos
vão sendo construídos.
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4 RECALQUES

Segundo Rebello (2008), recalques são as transformações resultantes no solo quando este
é submetido a cargas que ocasionam movimentação e que, dependendo da intensidade, podem
gerar graves prejuízos à estrutura. Assim, entende-se o recalque como a penetração da estrutura
no solo com uma construção criando uma carga adicional sobre ele e, este não sendo maciço,
será naturalmente compactado ao longo do tempo. A análise de recalques busca a garantia da
estabilidade, somando os recalques imediatos e os primários, da estrutura final.

4.1 TIPOS DE RECALQUES

É possível distribuir os tipos de recalque em dois pontos de vista: solo e estrutura.

4.1.1. Recalque do ponto de vista do solo

São três os tipos de recalques sucedidos:

● Recalque imediato:
Ocorre imediatamente devido à aplicação de carga na superfície do solo. O volume de
argila não se altera e não há drenagem, por isso, é denominado não drenado. Geralmente, este
tipo de recalque é de pequena significância quando comparado ao recalque por adensamento,
no caso de aterros com grandes dimensões (comprimento e largura), e por essa razão são
desconsiderados. (ALMEIDA E MARQUES, 2010). Este tipo de assentamento só é processado
após a aplicação da carga e, portanto, apresenta comportamento elástico.

● Recalque primário:
Com o tempo, no processo de transferência de força entre a água e a estrutura sólida, está
relacionado ao escoamento da água do vazio. O recalque equivale à variação de altura da
camada do solo. (GERSCOVISH, 2016). À medida em que é adicionado peso ao solo, ele
começa a ceder gradualmente. Esse processo pode durar por tempo indeterminado até que o
solo atinja o equilíbrio com a estrutura.

● Recalque secundário:
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Quando a tensão efetiva se estabiliza, ela está diretamente relacionada à deformação que
ocorre no final do processo de adensamento primário. Neste processo, as partículas buscam um
posicionamento para formar um arranjo mais estável, tendo em vista que no final do
adensamento primário ainda se encontram posicionadas num equilíbrio instável.
(GERSCOVISH, 2016). Portanto, essa supressão se deve ao deslocamento de partículas que
reduz o volume do solo.

Figura 5 - Evolução dos recalques através do tempo. (GERSCOVISH, 2016).

4.1.2. Recalque do ponto de vista da estrutura

O recalque uniforme ocorre em solos suficientemente homogêneos, fazendo com


que a estrutura afunde de forma equivalente sem causar danos significativos à estrutura;
é o caso do recalque esperado (projetado). (GERSCOVISH, 2016).
Já o recalque diferencial ocorre em solos que se modificam ao longo de uma direção
linear. Fazendo com que o solo apresente uma capacidade de carga decrescente ao longo
de uma extensão (GERSCOVISH, 2016), levando a inclinação da estrutura. Exemplos
desse recalque são os prédios do litoral de Santos-SP.
E, por fim, o recalque distorcional ocorre devido às variações pontuais do solo
causando trincas angulares em 45° nas alvenarias (GERSCOVISH, 2016), podendo
comprometer a estrutura da construção.

4.2 PREVISÃO DE RECALQUES


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A previsão de recalques é feita levando em consideração a reação da força


distribuída pela estrutura estudada, prevendo o carregamento total da estrutura. Para
obter uma precisão maior é preciso avaliar o nível de recalque em cada etapa do
processo construtivo.
Dessa maneira, o valor do recalque de cada fundação será proporcional ao
seu carregamento, assumindo a hipótese de um comportamento linear-
elástico. (ALVES, 2013).

Interferem na exatidão do resultado, segundo Fabricio e Rossignolo (2002), fatores como:

• Heterogeneidade do solo:
Feita considerando um perfil de solo formado por alguns pontos investigados,
devem ser analisados para fatores que não foram encontrados durante a prospecção.

• Variações nas cargas previstas para a fundação:


Cargas acidentais que não foram previstas e como serão distribuídas pelo solo.

• Imprecisão dos métodos de cálculo:


Mesmo com todo o desenvolvimento tecnológico e a mecânica dos solos, ainda
não fornece métodos exatos.

4.3 CAUSAS COMUNS DE RECALQUE

Além da carga imediata, segundo Alves (2013), há outros fatores que provocam
deformações no solo. São eles:

• Rebaixamento do lençol freático:


Quando as camadas do solo sofrem compressão e causam um aumento de tensão efetiva
que independe do carregamento externo.

• Solos colapsíveis:
Quando o solo possui vazios que podem sofrer uma ruptura súbita da cimentação
intergranular, sendo causada pelo contato do solo com água.
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• Escavações em áreas adjacentes à fundação:


Com algumas obras vizinhas à fundação, mesmo tendo realizado a contenção do solo,
este pode sofrer alterações devido à essa mudança próxima.

• Vibrações:
Geradas pela movimentação de maquinários e alto tráfego próximos.

4.4 RECALQUE IMEDIATO EM FUNDAÇÕES DE EDIFÍCIOS

Como citado, o recalque imediato ou elástico acontece através das deformações elásticas
do solo cuja maneira ocorre imediatamente (em dias ou até em poucas horas) sobre o
carregamento da estrutura.
Segundo Das (2007), para o cálculo do recalque imediato, algumas hipóteses da Teoria
da Elasticidade devem ser levadas em consideração:
• A carga ser na superfície do solo;
• A área carregada ser flexível;
• O solo ser homogêneo, elástico e isotrópico, estendendo-se a uma grande
profundidade.
Se a fundação for perfeitamente flexível, no caso da carga uniformemente distribuída, a
pressão de contato será homogênea e o perfil do recalque será curvado. No caso de uma
fundação perfeitamente rígida, o perfil do recalque será homogêneo e a pressão de contato será
redistribuída (DAS, 2007).

4.5 SOLUÇÃO DE FADUM (1948)

Segundo Alves (2007), o perfil do solo abaixo da estrutura carregada é dividido em


camadas finitas de espessura "Δz". Partindo desse conceito e tomando como base um solo
elástico com carregamento uniformemente distribuído em uma área retangular, Fadum (1948)
determinou que as tensões podem ser avaliadas para medir o recalque num ponto da vertical
que passa pelo vértice da área carregada, conforme a figura a seguir:
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Figura 6 – Elementos para o método de estimativa de recalques de Fadum para uma área
retangular. (POULOS E DAVIS 1974).

Sabendo que os valores dos fatores “m” e “n” estão dados na imagem, interpreta-se que
"z" é a profundidade média de cada camada e "a" e "b" são as dimensões da área carregada,
sendo"σ0" a tensão inicial no solo na área de contato com a fundação. E, em seguida, determina-
se a constante "Iσ" a partir da Equação (1) apresentada por Poulos e Davis (1974):

Em seguida é feito o acréscimo de tensão "Δσ" pela Equação (2):

Este método desenvolvido por Fadum aplica-se para fundações flexíveis. Assim, para as
fundações rígidas, os valores de recalque devem ser corrigidos através de um Fator de redução
"Fr", conforme a Equação (3).

Com ρr sendo o recalque para uma fundação rígida; Fr o fator de redução (0,8<x<0,85);
e ρ0 dado pela Solução de Fadum para o centro da placa flexível. (PERLOFF, 1975 apud
VELLOSO e LOPES, 2002).
Para calcular a tensão em um ponto que esteja fora da área carregada, tomando o efeito
da teoria da elasticidade do solo, é feita uma análise de área maior com um dos seus vértices
abrangendo o ponto desejado. Assim, analisando todos os fatores já citados para as duas regiões,
e tomando a figura 6 como base, o cálculo de "Δσ" toma a área ACGI, subtraem-se os efeitos
das áreas BCHI e DFGI e soma-se o efeito da área EFHI, que foi subtraído duas vezes nos
retângulos anteriores (PINTO, 2006). Desse modo, entende-se que o método pode ser utilizado
para um ponto que não corresponda ao espalhamento da área completa.
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Figura 7 - Aplicação da Solução de Fadum para qualquer posição.

Tendo calculado "Δσ", encontra-se o recalque "Δρ" para cada camada do solo a partir da
Equação (4).

Com Δρ sendo o recalque em cada camada; Δσ o acréscimo de tensão em cada camada;


Δz a espessura da camada; e E o Módulo de Elasticidade do solo.
Por fim, com a soma dos recalques em camadas, encontra-se o recalque total da fundação.

5 AVALIAÇÃO DA SUSTENTABILIDADE AMBIENTAL NA EXECUÇÃO DE


EDIFÍCIOS

Segundo Fossati (2008), o tema sustentabilidade tornou-se o centro de debates políticos


e passou a fazer parte das estratégias das grandes empresas ao redor do mundo, deixando de ser
um assunto restrito apenas às universidades. A necessidade de se construir uma sociedade mais
sustentável está atrelada a uma mudança das relações entre homem e natureza, principalmente
quanto ao consumo, ou seja, quanto à forma como se utilizam os recursos naturais. (C.P.C.
SILVA, 2013).
No setor da construção civil, nota-se uma crescente tendência na adoção de hábitos
sustentáveis motivados pelo desafio de crescer economicamente e preservar os recursos
ambientais. A adoção de edifícios sustentáveis implica no melhor bem-estar da sociedade, uma
vez que aumenta a produtividade dos usuários e reduz o impacto ambiental. (TEIXEIRA, 2010).
A necessidade de avaliar o modo como se é construído um edifício e como são captados os
recursos (materiais) advém exatamente da necessidade que surgiu de verificar o tamanho do
impacto que as mesmas provocam tanto no âmbito local quanto no meio ambiente como um
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todo, devido ao fato de se terem extraído recursos dele e, durante a obra, despejado lixo nele
também. (SILVA, 2007).
Uma das principais iniciativas para adoção da sustentabilidade no nível de edifícios está
nas normas ISO (International Organization for Standardization) de números 21929-1 e 21929-
2 de 2011, que tem como foco estruturar e desenvolver os indicadores de sustentabilidade dos
edifícios. A norma aponta os aspectos ambientais que devem ser considerados no
desenvolvimento de um edifício, são eles: uso de recursos energéticos; uso de recursos
materiais; consumo de água; uso da terra; emissões de poluentes; ruídos e vibrações; emissões
de poluentes no solo; gestão de resíduos; dentre outros. (C.P.C. SILVA, 2013).
Anterior às normas ISO, foi criado, em 1995, o projeto Sustainable Development and the
Future of Construction, que definiu o que seria construção sustentável, as futuras consequências
de se adotar esse novo tipo de construção, dentre outros temas, e contou com a participação de
11 países europeus, os Estados Unidos, o Japão e a Malásia (BOURDEAU et al., 1998). Para a
criação de indicadores de sustentabilidade para o setor da construção, a CIB W82 (Working
Commission W82), criadora do projeto Sustainable Development and the Future of
Construction criou outro projeto chamado CRISP (Construction Related Sustainability
Indicators), que classificou os indicadores de sustentabilidade em tipo, escala de impacto,
aspecto de desenvolvimento sustentável e categoria de construção. (CRISP, 2001).
Outra forma de se avaliar a sustentabilidade de edifícios é através dos indicadores de
sustentabilidade desenvolvidos pela CIRIA (Construction Industry Research and Information
Association), que através de discussões sobre o tema, fez-se emergir dez novos temas chaves
para a construção ambiental, sendo os principais: evitar poluição, proteção e melhoria da
biodiversidade, uso eficiente de recursos e melhor eficiência energética. (CIRIA, 2001).
Segundo Oliveira (2012), uma obra possui três etapas principais: a de entrada, a de
execução e a de saída. Nessas três etapas é fundamental a aplicação de princípios de
racionalização para que se tenha um edifício sustentável. O “pensar sustentável” deve estar
presente desde os primórdios da construção e deverá permear até mesmo no pós-obra.
A necessidade de criação dos projetos desenvolvidos pela CIRIA e também pelo CRISP
advém, principalmente, do fato da indústria da construção ter como referência para suas obras
apenas o triângulo de custo, qualidade e tempo, como mostra a figura 8 abaixo. Entretanto,
devido ao tamanho e complexidade do processo de construção de edifícios e obras de grande
porte, fez-se necessário a mudança de paradigma e a inclusão de fatores ambientais como
relevantes no processo construtivo. Uma vez que há um intenso uso de matéria-prima cada vez
mais escassa, também há impactos ambientais provocados pela implementação de um novo
20

edifício e a grande geração de resíduos, e o triângulo, que antes tinha três pilares básicos, passou
a ter nove pilares para uma construção sustentável. (BLUMENSCHEIN, 2004).

Figura 8: Triângulo de referência da construção civil. (MATEUS, 2004).

6 ESTUDO DE CASO

6.1 ASPECTOS DA REGIÃO

Inicialmente formada por oito ilhas, o campus Cidade Universitária, na Ilha do Fundão,
abriga a Universidade Federal do Rio de Janeiro na Baía de Guanabara. Estas passaram por um
aterramento que a transformou em uma das maiores ilhas do local tornando-a conhecida.
Mesmo após o processo de aterro, o arquipélago ainda conta com zonas de afloramentos
rochosos em diversos pontos da região que evidenciam o passado das ilhas, antes das alterações.

Os principais tipos de rocha encontrados na ilha são: (a) os granitóides mapeados no


Catalão, na Pedra da Macumba e no Quartel do Exército; (b) ortognaisses também
existentes no Quartel do Exército; e (c) os migmatitos em frente à biblioteca do
CCMN e no morro do IEN. (VALENÇA, 2013).

A Figura 9 elucida as ilhas anteriormente e posteriormente ao processo de aterro da atual


Cidade Universitária.
21

Figura 9 – Foto aérea do conjunto de ilhas antes e depois do processo de aterro da atual Cidade Universitária.
(VALENÇA, 2013).

Como mostra na figura 9, as ilhas foram interligadas, na década de 1950, formando uma
superfície de 5,6 milhões de metros quadrados, onde foi instalada a Cidade Universitária
(ETUB, 1952 apud SOUZA, 2013).

6.1.1 Aspectos geotécnicos da região

A Cidade Universitária foi projetada sobre diversos trechos de aterro. Assim, segundo
ETUB 1952 apud SOUZA, 2013, os aterros são constituídos por recalque e dragagem das areias
oriundas da Baía de Guanabara e por solos de alteração de gnaisses provenientes do desmonte
de colinas existentes na área, enquanto as ilhas são constituídas por afloramentos de gnaisses,
mais ou menos decompostos, circundados de bancos de areias de extensões variáveis.
O subsolo, também segundo ETUB 1952 apud SOUZA, 2013, passou por diversas etapas
de sondagens, feitas pelo Instituto Nacional de Tecnologia, tendo como resultado um subsolo
arenoso e areno-argiloso de capacidade crescente de acordo com a profundidade no eixo
Fundão-Sapucaia. Enquanto nas ilhas de Bom Jesus e Sapucaia foram encontradas formações
de sedimentos arenosos fofos na região superficial e de solo compactado nas regiões mais
profundas. Na ilha de Sapucaia foram observadas áreas com aterro de lixo e superfícies lodosas.
22

6.2 PROJETO E COMPOSIÇÃO ESTRUTURAL

O complexo a ser analisado (Centro de Convergência CCJE-CFCH-CLA) é constituído


por 5 prédios e foi destinado à Faculdade de Administração e Ciências Contábeis (FACC), ao
Instituto de Economia (IE), à Faculdade de Educação (FE), à Decania do Centro de Ciências
Jurídicas e Econômicas (CCJE) e aos cursos do Centro de Filosofia e Ciências Humanas
(CFCH). (MAZZARONE, 2017).
O Centro de Convergência foi composto por aço e concreto armado. As vigas e pilares
foram projetadas por perfis metálicos de características I e H. Além disso, foram utilizadas lajes
do tipo steel deck, ou seja, mistas de aço e concreto. (MAZZARONE, 2017).

6.2.1 Sondagens e ensaios

No que diz respeito às sondagens, foram realizadas 30 percussões iniciais, sendo que, de
acordo com a área da projeção em planta de 2.316m², deveriam ser realizadas 9 sondagens.
Portanto, devido ao número de sondagens além do exigido por norma, a situação indicou uma
provável variação das camadas do subsolo em questão. (MAZZARONE, 2017).

As 30 primeiras sondagens foram realizadas à percussão, sendo realizado no


transcorrer da mesma o ensaio SPT (Standard Penetration Test) para a obtenção do
índice de resistência à penetração, totalizando 514,20 m perfurados. As perfurações
foram feitas pelo processo de circulação de água e protegidos por um revestimento de
2 ½” (63,6mm) de diâmetro nominal; a extração de amostras foi feita com cravação
de amostrador padrão, de 1 3/8” (34,9mm) e de 2” (50,8mm) de diâmetro interno e
externo respectivamente. (MAZZARONE,2017).

Após a realização das sondagens, foi necessária a mudança do tipo de estacas. Logo, o
projeto de fundações sofreu alteração; a escolha do tipo de estaca hélice contínua necessitou ser
alterada para estaca raiz. Essa alteração se deu justamente pela heterogeneidade do terreno,
visto que, essa última escolha é capaz de atravessar camadas de solo ou de rocha.

6.3 ESTAQUEAMENTO

Segundo Júnior (2007, p. 124) as estacas podem ser descritas como elementos esbeltos
que são implantadas no solo por meio da perfuração ou pela percussão, podendo ser estacas
escavadas ou estacas cravadas, é um tipo de fundação muito comum em obras. O processo de
perfuração consiste simplesmente em fazer girar a haste de perfuração e força-la para baixo
para que perfure cada vez mais fundo. (VELLOSO & LOPES et al, 2010).
23

O projeto de estaqueamento do Centro de Convergência CCJE-CFCH-CLA foi elaborado


pela empresa Espectro Engenharia LTDA. O estaqueamento do tipo raiz é capaz de perfurar e
atravessar terrenos com características heterogêneas que possuem camadas de solo e rochas
com a utilização de um martelo de fundo, quando necessário, em seu equipamento de
perfuração. Do total de 409 pontos de fundação, 95 tiveram de ser alteradas para estacas do tipo
raiz, a fim de atender os requisitos de segurança que o terreno exigiu. (MAZZARONE, 2017).
Dentre as alterações realizadas sobre o projeto inicial, ficaram decididas duas soluções
distintas. A primeira foi caracterizada pela manutenção de uma das estacas do tipo hélice
contínua prevista no projeto inicial, entretanto, outras 4 estacas do tipo raiz necessitaram de
acréscimo, alterando a configuração do arranjo inicial. As figuras 10 e 11 ilustram essa alteração
realizada nos pilares com números P92 e P94. (MAZZARONE, 2017).

Figura 10 - Configuração inicial do pilar P92 (à direita) e a nova configuração após as alterações (à esquerda).
(MAZZARONE, 2017).
24

Figura 11 - Configuração inicial do pilar P94 (à direita) e a nova configuração após as alterações (à esquerda).
(MAZZARONE, 2017).

Na segunda solução apresentada, os demais grupos não tiveram suas configurações de


posições alteradas, a simples substituição das estacas do tipo hélice contínua para estacas do
tipo raiz foi necessária para garantir uma correta fundação. (MAZZARONE, 2017).
25

7 CONCLUSÃO

Contata-se, após os conceitos descritos, ser necessário um estudo detalhado antes da


implantação da fundação em um edifício, sobretudo de investigação do subsolo, visando
diminuir os recorrentes imprevistos na execução das fundações. Como fator negativo,
evidencia-se, com a intenção de redução de custos na obra, a falta de investimento por parte da
indústria da construção civil em recursos de investigações geotécnicas. Por meio de ampla
revisão bibliográfica, exemplificou-se os estudos e análises necessárias para a execução de
fundações em edifícios.
Além disso, notou-se que, quanto menor a rigidez dos apoios, maior é a variação obtida
neste parâmetro, já que a estabilidade global de uma edificação é a rigidez à rotação dos apoios,
pois quanto mais livre for a rotação do apoio, maiores serão os deslocamentos horizontais.
Quando o solo apresenta maior rigidez, a sua rotação tende a aumentar, isso porque suas sapatas
são idênticas aos solos diferentes, sendo assim, os resultados são próximos aos da fundação
real. A consideração da deformabilidade do solo nos projetos estruturais gera uma distribuição
nos esforços ao longo da estrutura, sendo assim, essa distribuição pode trazer mudanças
significativas no dimensionamento das peças estruturais.
Doravante a isso, temos o caso estudado do Centro de Convergência CCJE-CFCH-CLA,
no qual o engenheiro projetista não levou em consideração as características do solo que
predominantes na região, o que influenciou na necessidade de alteração de projeto de fundação
ao decorrer da obra.
Portanto, é possível concluir que a Geotecnia tem aplicação direta na Engenharia. E, na
execução de edificações, o engenheiro responsável deve estar sempre apto a analisar a
viabilidade técnica e orçamentária para cada tipo de fundação em específico a ser aplicada em
uma construção.
26

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