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* MINIST~RIO 00 ltESENVOLVIMENTO

.::BNH
• • •
URBANO E MEIO AMBIENTE

BANCO NACIONAL DA HA81TAÇAO

CARTILHA PARA CONSTRUÇÃO

DE PAREDES MONOLÍTICAS EM

SOLO-CIMENTO

4• EDIÇÃO

REVISTA E AMPLIADA

CEPED
CENTHO DE PESQUISAS E DESENVOLVIMENTO
CENTRO DE PESQUISAS E DESENVOLVIMENTO- CEPED

CARTILHA PARA CONSTRUÇÃO DE PAREDES


MONOLÍTICAS EM SOLO-CIMENTO
4ª EDIÇÃO REVISTA E AMPLIADA
VERSÃO DIGITALIZADA (2020)

BNH- DEPEA
Rio de Janeiro
1985
Financiamento do Projeto
BANCO NACIONAL DE HABITAÇÃO (BNH)

Execução do Projeto
CENTRO DE PESQUISAS E DESENVOLVIMENTO (CEPED)
PROGRAMA THABA

Acompanhamento Técnico
DEPARTAMENTO DE ESTUDOS E PESQUISAS APLICADAS (DEPEA)

Centro de Pesquisas e Desenvolvimento.


Cartilha para construção de paredes monolíticas em solo-
cimento. 4. ed. rev. ampl. Rio de Janeiro, BNH/ DEPEA. 1985.
39 p. ilust. (Versão digital, 43 p. ilust., 2020)

1. Construção. 2. Solo-cimento. 3. Material de Construção. I.


Título. II. Banco Nacional da Habitação, Rio de Janeiro.
Departamento de Estudos e Pesquisas Aplicadas.

693.5
SUMÁRIO

Sobre a versão digital 4


Apresentação 5
Escolha do solo a ser usado 6
Confecção da forma e parafuso 7
Confecção dos soquetes 10
Confecção da guia 11
Modulação do projeto 12
Nivelamento do terreno e locação da obra 12
Preparo da mistura de solo-cimento 13
• Peneiramento 13
• Dosagem 13
• Controle da umidade 14
• Controle da compactação 15
Sequência da construção 16
Execução da fundação 17
Assentamento da guia 18
Montagem da forma 21
Nivelamento do piso e camada impermeabilizante da fundação 22
Execução das paredes 23
Encontro de paredes 26
Colocação de esquadrias 28
Execução da verga 29
Execução da empena 30
Cura das paredes 32
Instalações e cobertura 32
Piso 32
Pintura 32
Passeio 32
Exemplo de Projeto 33
1. Quantitavo 33
1.1 – Formas, soquetes e guias 33
1.2 – Fundação 33
1.3 – Camada impermeabilizante 34
1.4 – Contrapiso 34
1.5 – Piso 34
1 6 – Paredes 35
1.7 – Pintura 35
2. Dimensionamento 36
3. Recomendações específicas do Projeto 37
4. Plantas arquitetônicas 37
SOBRE A VERSÃO DIGITAL

A primeira edição da Cartilha para Construção de Paredes Monolíticas de Solo-Cimento, publicada em 1978
pelo Programa THABA do CEPED, representou um dos produtos do projeto de pesquisa “Tecnologias
alternativas para habitação de baixo custo” em desenvolvimento desde 1975, patrocinado pelo Banco Nacional
de Habitação (BNH) e apoiado por outras instituições governamentais do Estado da Bahia.

O projeto abrangia o estudo do material solo-cimento, o desenvolvimento de sistemas construtivos apropriados,


e a transferência da tecnologia, que incluía atividades de capacitação e assessoria técnica. Para esta atividade,
foi elaborada a Cartilha, com o intuito de facilitar a transmissão das técnicas construtivas desenvolvidas e
experimentadas durante a construção monitorada de protótipos.

A quarta edição desta Cartilha, publicada pelo BHN em 1985, foi atualizada com um dos sistemas construtivos
em uso no CEPED (guia recuperável), e já contava de um histórico de mais de 40.000 m2 de área construída,
resultado das mais diversas ações de transferência da tecnologia. No sentido da difusão e transferência dos
sistemas construtivos em desenvolvimento, o Programa THABA construiu casas e equipamentos comunitários
em diferentes municípios do Estado da Bahia, vários protótipos em cursos de capacitação, além de prestar
assessoria técnica para construção de outras edificações. Também participou de projetos de melhorias de
habitação em comunidades, geralmente assessorados por órgãos sociais de municípios.

Além das construções efetivadas pelo THABA, a “Cartilha” proporcionou construções promovidas principalmente
por organizações não governamentais, entidades religiosas e organismos municipais dedicados à produção de
habitações de interesse social. Várias construções executadas em outras regiões do país, fundamentadas nas
instruções da Cartilha, foram registradas no levantamento de edificações de solo-cimento realizado pelo BNH.

Mesmo 35 anos depois da última edição, considera-se que o conteúdo desta Cartilha não está ultrapassado e,
consciente da dificuldade de se encontrar exemplares disponíveis, decidiu-se produzir sua versão digital,
favorecendo sua difusão pelos meios informativos atuais.

Alguns desenhos contêm manchas, têm fundo escurecido ou informações pouco nítidas decorrentes
principalmente do estado físico do exemplar disponível para digitalizar. Algumas intervenções foram realizadas
nos desenhos no sentido de melhorar a visualização de identificações e medidas sem, no entanto, alterar sua
originalidade.

Célia Neves 1
dezembro de 2020

1
Engenheira civil, pesquisadora do Programa THABA do CEPED a partir de 1976.
APRESENTAÇÃO

Esta cartilha orienta a construção de paredes monolíticas de solo-cimento compactado. Os


resultados obtidos comprovam a boa qualidade e desempenho do processo. Os materiais
são de fácil obtenção, o sistema construtivo é simples, e o investimento em equipamentos é
pouco.

Chama-se de solo-cimento a uma quantidade de solo (terra natural) em que é colocada uma
pequena parte de cimento e água, cuja mistura parece uma “farofa”. Quando compactada, a
mistura (solo + cimento + água) adquire resistência compatível para seu uso em fundações,
contrapisos, paredes monolíticas, tijolos e blocos.

O solo-cimento compactado pode ser aplicado na construção de casas, escolas, postos de


saúde e outras unidades comunitárias.

A presente edição desta Cartilha foi elaborada pela equipe técnica do Departamento de
Estudos e Pesquisas Aplicadas do BNH (DEPEA), e contou a colaboração do Centro de
Pesquisas e Desenvolvimento (CEPED).
6

ESCOLHA DO SOLO A SER USADO

Os solos ideais para a mistura com o cimento são os que possuem teor de areia um pouco
superior a cinquenta por cento, devendo-se evitar solos com matéria orgânica.

Os critérios apresentados nesta cartilha para a escolha do solo, e para o controle da


umidade e da compactação da mistura, referem-se a procedimentos práticos o que você
pode adotar na falta de um laboratório.

Para a obtenção do solo a ser usado, faça o teste da caixa:


- Tome uma porção de solo destorroado e peneirado, (recomenda-se a peneira de
5 mm de abertura de malha) e misture água aos poucos até que o solo comece a
grudar na lâmina da colher de pedreiro.
- Coloque o solo umedecido sem compactar, em uma caixa de madeira com as
dimensões internas indicadas na figura. A caixa deve estar lubrificada com óleo
diesel ou similar.
- Encha a caixa até a borda, e alise a superfície com a colher.

medidas em cm

MOLDAGEM DA AMOSTRA

- Deixe a caixa guardada, em um ambiente fechado, ao abrigo do sol e da chuva,


durante sete dias.

Após este período, faça a leitura da retração nas extremidades e nas fissuras, no sentido do
comprimento da caixa.
Se a soma não ultrapassar 2 cm, o solo pode ser utilizado.

Em caso contrário, adicione areia até obter um solo com as características


desejadas.

LEITURA DA RETRAÇÃO
7

CONFECÇÃO DA FORMA E PARAFUSO

A parede monolítica de solo-cimento é executada através da compactação da mistura em


formas de madeira. Cada forma é constituída de duas bandas.

Para a confecção da forma, utiliza-se uma chapa de madeirit plastificado ou uma folha de
compensado naval de 18 mm de espessura. Para melhor aproveitamento da madeira, ela
deve ser serrada, conforme as seguintes instruções:

- Cortando a chapa de madeirit plastificado ao meio, você pode produzir duas bandas,
isto é, uma forma completa.

220 cm
55 cm

110 cm
55 cm

CORTE DO MADEIRIT

- Cortando a folha de compensado naval em três partes, você pode produzir três
bandas de forma. Assim, com duas folhas de compensado naval você faz três formas
completas.

220 cm
53 cm

160 cm
53 cm
53 cm

CORTE DO COMPENSADO NAVAL


8

As placas de madeira são reforçadas com ripões no sentido horizontal e no vertical. As


bandas são presas entre si por seis parafusos. Assim, na direção dos reforços verticais, faça
furos de 19 mm (3/4") para passagem dos parafusos, conforme o desenho. A fim de evitar
erro na furação, junte as faces internas (lisas) das bandas, furando-as ao mesmo tempo.

medidas em cm
VISTA

VISTA LATERAL DA BANDA

FORMA COMPLETA
9

São necessários oito furos, pois as formas devem ser montadas alternadamente à medida
que a parede é construída.

PAFUSOS CENTRAIS COLOCADOS DE FORMA ALTERNADA

Os parafusos devem ser confeccionados conforme o desenho abaixo 2:

PARAFUSO

2
Nota incluída na versão digital: já existe no mercado a “barra rosqueada”, que é geralmente
fornecida com comprimento de 1 m e permite obter 3 parafusos por peça
10

CONFECÇÃO DOS SOQUETES

Para compactar o solo-cimento, devem ser confeccionados dois tipos de soquetes, feitos de
madeira resistente: um para ser utilizado na fundação e outro na parede. Os cabos dos
soquetes são de madeira roliça, com cerca de 3 cm de diâmetro 3.

SOQUETE PARA SOQUETE PARA


FUNDAÇÕES PAREDES
15 cm

15 cm

3
Nota incluída na versão digital: podem-se usar cabos para pás e enxadas, disponíveis em lojas de
materiais de construção
11

CONFECÇÃO DA GUIA

Para levantamento da parede é necessário o uso de guias. A guia é uma peça de madeira,
com uma das dimensões correspondente à espessura da parede, neste caso de 12 cm.

Um tubo de PVC cortado longitudinalmente ao meio é fixado à peça de madeira, para deixar
um rebaixo na extremidade da parede. Este rebaixo funciona como junta de retração, tipo
macho-fêmea, e proporciona a amarração com a parede vizinha. O tubo deve ser cortado
com serra fina, para evitar que se estrague.
TUBO DE PVC CORTADO
LONGITUDINALMENTE
12 cm

7,5 cm

A fixação do tubo na guia é indicada nas figuras abaixo

ALTURA DA PAREDE

5 cm – CAMADA IMPERMEABILIZANTE

30 cm – PARTE A SER ENTERRADA PARA


FIXAÇÃO NO TERRENO
12

MODULAÇÃO DO PROJETO

Para facilitar a construção e obter maior economia de material, é necessário que, na


elaboração do projeto, faça-se a modulação dos painéis que formam as paredes.

Sendo o comprimento da forma 220 cm e a distância para prendê-la nas guias 3 cm de cada
lado, o comprimento útil do painel é de 214 cm.

PAREDE DE
SOLO-CIMENTO

GUIA

A modulação deve ser feita tentando-se utilizar o módulo máximo de 214 cm o maior
número de vezes para aproveitamento de toda a forma. Quando isto não for possível, pode-
se modular com dimensões inferiores.

FORMA PAREDE DE
SOLO-CIMENTO

GUIA

NIVELAMENTO DO TERRENO E LOCAÇÃO DA OBRA

As operações referentes ao nivelamento do terreno, quando necessárias, e as de locação


da obra são feitas como nas construções convencionais.
13

PREPARO DA MISTURA DE SOLO-CIMENTO

• Peneiramento

O solo, antes de ser misturado com o cimento, deve estar seco, isento de matéria orgânica,
e peneirado numa malha de 5 mm x 5 mm.

• Dosagem

Para a construção das paredes e contrapiso a proporção indicada para a mistura é, em


média, de 1:15 (uma porção de cimento para quinze porções de solo).
TO
EN
CIM
14

• Controle da umidade

Adicione o cimento ao solo, e misture até que se obtenha uma coloração uniforme. Adicione
água, aos poucos, revolvendo a mistura para evitar a formação de torrões, até atingir a
umidade ideal.

O controle da umidade pode ser feito conforme o seguinte procedimento prático:

- Tome um punhado da mistura e aperte-a entre os dedos e a palma da mão.

- Ao abrir a mão, o bolo deve ter a marca deixada pelos dedos.

Se isto não ocorrer, é porque a mistura está muito seca. Neste caso, adicione água até que
a marca deixada pelos dedos fique perfeita.
15

Em seguida, deixe o bolo cair de uma altura de mais ou menos um metro, sobre uma
superfície dura. O bolo deve esfarelar-se ao chocar na superfície. Se isto não ocorrer, a
mistura está muito úmida. Neste caso, espere a mistura secar, ou adicione mais solo e
cimento nas mesmas proporções e repita os testes até conseguir a umidade ideal.

• Controle da compactação

A mistura estará bem compactada quando o soquete produzir um som seco.

Pode-se também verificar a compactação pressionando a mistura compactada com os


dedos.

Outro fator fundamental para o controle da compactação é a espessura das camadas de


mistura quando lançada na forma. Elas devem ter, no máximo, 20 cm de solo-cimento solto.
16

SEQUÊNCIA DA CONSTRUÇÃO

Para racionalizar o uso de guias, os painéis devem ser construídos de acordo com o
seguinte esquema:

- Executam-se painéis alternados até sua altura total (Etapa1).

- Após a retirada das guias, procede-se à execução do painel intermediário, tendo como
guias os painéis já prontos (Etapa 2).

- Quando o número de painéis a serem executados for par, o último painel será apoiado de
um lado por uma guia e do outro por um painel pronto (Etapa 3).

MÓDULO DE PROJETO

2,14 cm 2,14 cm 2,14 cm 2,14 cm

GUIA FORMA

ETAPA 1

PAINEL PRONTO

ETAPA 2

ETAPA 3

PAREDE PRONTA

Na montagem da sequência, deve-se observar a amarração dos painéis para maior


segurança na construção, principalmente nos encontros de paredes.
17

EXECUÇÃO DA FUNDAÇÃO

A fundação também é feita utilizando-se a mistura de solo-cimento compactada numa


proporção, em média, de 1:12. A fundação em solo-cimento é corrida sob as paredes,
extremamente simples e de fácil execução.

As cavas da fundação devem ter as dimensões projetadas, como se fossem executadas


com materiais convencionais. Normalmente para uma casa popular, as dimensões da cava
de fundação são de 30 cm de largura por 50 cm de profundidade. A locação e abertura das
cavas também são feitas como nas construções convencionais.

30 cm

50 cm

As linhas de locação das paredes devem passar pelos lados externos das mesmas
permitindo também a locação das guias conforme o desenho abaixo.

LINHA DE LOCAÇÃO

LOCAL DA GUIA

LIMITE DA FUNDAÇÃO

LLIMITE DA PAREDE
18

Execute a fundação, lançando a mistura de solo-cimento solta em camadas de, no máximo,


20 cm e compactando com o soquete apropriado.

ASSENTAMENTO DA GUIA

Faça a cava da guia com 30 cm de profundidade.


19

Assente a guia de modo que o tubo de PVC fique voltado para o lado em que será
executado o painel.

Para a fixação da guia no chão, lance solo solto ao redor da mesma e compacte.
20

A guia deve estar aprumada durante a compactação.

Para que as paredes não fiquem desalinhadas, as guias devem estar corretamente
escoradas. Este escoramento pode ser feito de madeira nos três lados da guia,
acompanhando a execução da parede.

Após a execução do painel e retirada as guias, as cavas das mesmas devem ser
preenchidas com solo-cimento compactado com o mesmo traço da fundação.
21

MONTAGEM DA FORMA

Para um bom acabamento da parede, as superfícies da forma em contato com o solo-


cimento (superfícies internas) devem estar sem imperfeições e, sempre antes de serem
usadas, devem ser limpas, removendo-se as incrustações, e lubrificadas com óleo
lubrificante ou óleo diesel sempre que necessário.

Para montar a forma, encoste, externamente, as superfícies lisas nos lados das guias e
aparafuse-as. Na colocação dos parafusos centrais use pedaços de tubos de PVC de
20 mm de diâmetro e comprimento igual à espessura da parede. Eles servirão de
espaçadores, evitando deformação na forma, quando do aperto dos parafusos.
22

NIVELAMENTO DO PISO E CAMADA IMPERMEABILIZANTE DA FUNDAÇÃO

A elevação das paredes pode processar-se imediatamente à compactação da fundação,


devendo-se, no entanto, aplicar uma camada impermeabilizante de concreto no traço 1:2:8
(uma parte de cimento, duas de areia e oito de brita zero ou gravilhão) ou outro
impermeabilizante convencional. Esta camada deve ter 5 cm de altura.

O nivelamento do piso é feito através de aterro, da maneira convencional.

PAREDE

12 cm

CAMADA IMPERMEABILIZANTE

NÍVEL DO TERRENO NÍVEL DO CONTRAPISO

5 cm

50 cm
FUNDAÇÃO
30 cm

Observação: Em terrenos inclinados é necessário, algumas vezes, efetuar cortes e aterros.


Neste último caso é importante engrossar a parede na sua base até o nível do contrapiso,
utilizando o mesmo traço da fundação. Isto é conseguido com a colocação de um barrote
junto à guia existente.
23

EXECUÇÃO DAS PAREDES

Após a execução da camada impermeabilizante, comece a executar o painel. Para facilitar a


aderência do solo-cimento à camada impermeabilizante, faça ranhuras na camada com um
prego ou coma parte afiada da colher de pedreiro.

Coloque a mistura de solo-cimento em camadas de 20 cm no máximo, compactando


uniformemente ao longo de toda a forma.

Tenha cuidado especial com os cantos e locais onde o soquete não penetra. Nestes casos,
use o cabo do soquete ou utilize um soquete menor.
24

No caso de paralização da obra durante o levantamento da parede, faça ranhuras na


superfície da camada pronta para que a próxima tenha boa aderência.

Se a interrupção for por um período maior que 4 horas, deve-se também umedecer a
superfície e polvilhar cimento.

A forma pode ser retirada imediatamente após completar sua compactação. Desmonte a
forma e retire os tubos que foram colocados nos parafusos centrais.

Em seguida, monte a forma para execução da camada seguinte.

No caso de trabalhar com solo muito arenoso só faça a desmoldagem de uma forma após a
compactação da forma superior.

Com a mesma mistura usada para compactação na forma, acrescente mais água e, com a
colher de pedreiro, preencha superficialmente os furos deixados pelos parafusos.
25

Ao terminar o painel, alise-o uniformizando o acabamento entre as juntas. Esta operação é


feita calcando a colher de pedreiro, e não raspando.

Nas juntas entre os painéis, para evitar o aspecto de fissura, pode-se fazer um fazer um
friso para destacar as juntas de retração.
26

ENCONTRO DE PAREDES

Para o encontro de paredes faça três rebaixos na parede já construída, utilizando-se uma
colher de pedreiro.

Os rebaixos das extremidades servem para fixar a forma que vai moldar a parede no outro
sentido, enquanto o intermediário permite a amarração tipo macho-fêmea das paredes. Para
isso, é necessário locar a parede que se vai construir, fazendo-se um risco na parte inferior
e obtendo-se a vertical com o auxílio do prumo. Faça esses rebaixos vinte e quatro horas
após o levantamento da parede, para facilidade dos cortes.
27

Quando o encontro de paredes é na extremidade, faça apenas dois rebaixos, pois uma das
bandas da forma apoia-se diretamente em uma das faces da parede já pronta.
28

COLOCAÇÃO DE ESQUADRIAS

As esquadrias (portas e janelas) são assentadas simultaneamente à compactação das


paredes, observando o seguinte:

- Não se esqueça de fazer reforços nos caixões para evitar deformação nas esquadrias.

- Para manter o prumo e o alinhamento corretos, use uma régua provisória, que será
retirada quando a parede estiver compactada até meia altura da esquadria.

- Compacte os dois lados da esquadria simultaneamente, para evitar que saia do prumo.

- Quando a esquadria for provisória, coloque calços para facilitar depois a retirada. No caso
da esquadria definitiva substitua os calços pela soleira ou peitoril.

Para melhorar a aderência da esquadria definitiva pregue-a ao painel e passe óleo para
evitar deformações.
29

EXECUÇÃO DA VERGA

A verga é feita com arame farpado, conforme recomendações da tabela e figuras abaixo.
O
VÃO LIVRE N DE FIOS DE
(m) ARAME FARPADO
<0,50 -
0,50 a 1,00 2
1,25 3
1,50 4
ARAME FARPADO

12

PAREDE

medidas em cm

Para executá-la, compacte uma camada de solo-cimento de mais ou menos 5 cm sobre o


caixão da esquadria. Em seguida, fixe a armação nesta camada, tendo o cuidado de esticá-
la bem.
30

EXECUÇÃO DA EMPENA

Para execução da empena marque na forma, com o auxilio de uma linha de pedreiro, a
inclinação desejada. Compacte as camadas em degraus e corte o painel recém-compactado
conforme essa inclinação.

A
31

Para alinhamento das formas nas partes altas, utilize guias de alturas normais, com um
prolongamento provisório de até 50 cm.

A ATÉ 50 cm
ATÉ 50 cm

OU
32

CURA DAS PAREDES

Um fator importante para a resistência das paredes é a cura. Ela deve ser iniciada doze
horas após a execução das mesmas, molhando-as bem, três vezes ao dia, durante oito dias.

INSTALAÇÕES E COBERTURA

As instalações hidráulicas, elétricas e sanitárias em uma casa com paredes de solo-cimento


são executadas exatamente como nas construções convencionais; apenas é conveniente
que, no caso de instalações embutidas, os sulcos nas paredes sejam feitos até vinte e
quatro horas após a compactação das mesmas.

Qualquer tipo de cobertura pode ser utilizado em construções de solo-cimento.

PISO

Na construção em solo-cimento pode ser colocado qualquer tipo de piso. No entanto, pode-
se fazer um "cimentado", que é mais barato e não traz problemas na execução. Para tal,
compacte uma camada de solo-cimento para servir de base e regularizar o piso, sendo a
espessura da camada compactada de 5 cm. Executado o contrapiso, aplique um
"cimentado" numa espessura de 1,5 cm e no traço 1:6 (argamassa de cimento e areia).

PINTURA

Recomenda-se pintar, pelo menos externamente, as paredes de solo-cimento com tintas à


base de pó mineral (Supercimentol, Conservado "P", etc.). Estas tintas proporcionam
aderência e impermeabilização excelentes, sendo necessário, para sua aplicação, molhar
antes a parede.

PASSEIO

Para proteger a fundação da ação das chuvas, é conveniente construir um passeio ao redor
da casa.
33

EXEMPLO DE PROJETO

Como complemento ao estudo sobre a técnica de paredes monolíticas de solo-cimento,


apresenta-se um projeto para construção de uma unidade habitacional (embrião) com 29 m2
composta de sala/quarto, banheiro, cozinha e serviço com alternativas de ampliação até 3
quartos e varanda, com área total de 65 m2.

Faz-se o detalhamento do quantitativo de materiais e mão de obra e do dimensionamento


das paredes, além de apresentar algumas recomendações sobre o processo construtivo.

1. QUANTITATIVO

Esse levantamento refere-se apenas aos itens com participação do solo-cimento; os demais
como locação, cobertura e instalações devem ser cotados de maneira convencional.

1.1 Formas, soquetes e guias

Para este projeto são necessários: 2 formas, 2 guias de madeira, 12 parafusos, 4 tubos de
PVC (separadores com 12 cm de comprimento) e 4 soquetes (2 para fundação e 2 para
parede), que devem ser feitos segundo instruções desta Cartilha.

A guia deve ter uma seção de 7,5 x 12 cm com 3,65 m de comprimento sendo:

 3,30 m – parte que recebe o PVC


 0,05 m – altura da camada impermeabilizante
 0,30 m – parte a ser enterrada.

1.2 Fundação

- Dimensões: as cavas de fundação têm 30 cm de largura por 50 cm de profundidade

- Volume: comprimento total da parede x largura da cava x profundidade

- Estimativa do consumo: 1 m3 de solo-cimento compactado corresponde a 2 m3 de solo

- Mão de obra: 1 servente executa 0,094 m3/h

Discriminação Unidade Quantidade


3
Fundação – traço 1:12 m 8,28
- cimento sc (50 kg) 30
3
- solo m 17
servente homem/hora 88,08
34

1.3 Camada impermeabilizante

É executada em concreto no traço 1:2:8 (cimento: areia: brita zero ou gravilhão)


- Dimensões: a camada impermeabilizante tem 12 cm de largura por 5 cm de espessura
- Volume: comprimento total das paredes x largura da parede x espessura da camada
- Mão de obra: 1 servente executa 0,05 m3/h

Discriminação Unidade Quantidade


3
Camada impermeabilizante m 0,33
- cimento sc (50 kg) 2
3
- areia m 0,07
3
- brita zero ou gravilhão m 0,27
servente homem/hora 7

1.4 Contrapiso
- Dimensões: o contrapiso tem 5 cm de espessura
- Volume: área do piso (incluindo passeio ao redor da casa com 0,50 m de largura) x
espessura
- Mão de obra: 1 servente executa 0,19 m2/h

Discriminação Unidade Quantidade


3
Contrapiso – traço 1:15 m 4,21
- cimento sc (50 kg) 13
3
- solo m 7
servente homem/hora 443,16

1.5 Piso

Para acabamento do piso pode-se fazer um cimentado liso no traço 1:4 (cimento:areia)
- Dimensões: o cimentado liso tem 1,5 cm de espessura
- Volume: área do piso (incluindo passeio ao redor da casa com 0,50 m de largura) x
espessura
- Mão de obra: 1 pedreiro executa 1 m2/h; 1 servente executa 0,87 m2/h

Discriminação Unidade Quantidade


2
Piso m 84,23
- cimento sc (50 kg) 8
3
- areia m 2
servente homem/hora 96,82
pedreiro homem/hora 84,23
35

1.5 Paredes

- Dimensões: as paredes têm 12 cm de espessura

- Volume: área total das paredes x espessura

- Mão de obra: 1 servente executa 0,19 m2/h

Discriminação Unidade Quantidade


3
Parede – traço 1:15 m 18,5
- cimento sc (50 kg) 56
3
- solo m 37
servente homem/hora 811,4

1.5 Pintura

A pintura externa e interna é feita com tinta a base de pó mineral, que também serve como
impermeabilizante.

- Mão de obra: 1 pintor executa 2,86 m2/h

Discriminação Unidade Quantidade


2
Pintura m 308,32
- tinta lata (20 kg) 5
pintor homem/hora 107,80

RESUMO DE MATERIAIS

Discriminação Unidade Quantidade


Cimento sc (50 kg) 109
3
Solo m 61
3
Areia m 2,07
3
Brita zero ou gravilhão m 0,27
Tinta kg 100
36

2. DIMENSIONAMENTO

As paredes monolíticas de solo-cimento são dimensionadas para resistirem a esforços de


compressão. Para tanto, admite-se as seguintes hipóteses:

1ª – considera-se a parede como um pilar largo;

2a – as condições de apoio da parede são de engaste na fundação e livre na parte superior.

A 2a hipótese reduz a tensão crítica de flambagem de 4 vezes e as restrições laterais entre


os painéis aumentam de 4 vezes esta tensão. Portanto, uma condição anula a outra,
podendo-se considerar para efeito de cálculo a parede como um pilar bi-rotulado, onde o
comprimento de flambagem é igual a altura da parede (L = Lf).

O dimensionamento é feito pela esbeltez (λ) da peça. Com base nas experiências das obras
realizadas, a esbeltez máxima foi fixada em 80. Sendo:

𝐿 𝑑
λ= e 𝑟=
𝑟 √12

Onde: λ – esbeltez
L – altura da parede
Lf – comprimento de flambagem
r – raio de giro
d – espessura da parede

Para λ = 80 d = 0,043 x L

Considerando o pé direito de 2,80 m, tem-se:

d = 0,043 x 2,80 = 0,12 m d = 12 cm

Este dimensionamento é válido para construções de um pavimento em que as cargas não


ultrapassam 0,1 MPa.

No caso de grandes vãos com a existência de tesouras de telhado (cargas concentradas) é


necessário dimensionar os painéis que irão receber essas cargas, assim como os apoios
para distribuição.
37

3. RECOMENDAÇÕES ESPECÍFICAS DO PROJETO

Algumas observações a respeito do Projeto merecem destaque visando facilitar a execução


das paredes.

- Deve-se procurar modular a planta de maneira a racionalizar o uso das formas e guias sem
prejudicar a qualidade e segurança.

- A sequência de construção para a execução do embrião é seguida de 3 ampliações (planta


4.5). Pode-se, no entanto, construir a unidade habitacional em uma só etapa, cuja
sequência de construção dos painéis é também detalhada (planta 4.4).

A 1a etapa constitui o embrião com 29 m2 (sala, banheiro, cozinha, serviço e circulação).


São 17 painéis com sequência conforme a planta 4.5.

- Nos painéis 9 e 10 devem deixar as vergas de concreto e no painel 12 a verga de arame


farpado para abertura das portas na época da ampliação.

- A caixa d'água é apoiada em duas peças de madeira fixadas nos painéis 16 e 17. Os
rasgos para fixação das peças devem ser executados no máximo até 24 horas após a
moldagem dos painéis.

- Nas paredes mais altas com 3,80 m, utilizar um prolongamento provisório nas guias com
50 cm, segundo instruções desta Cartilha.

A ampliação 1 compreende a construção do quarto-1 com 9,14 m2. São 3 painéis cuja
sequência é indicada na planta 4.5.

A ampliação 2 compreende a construção do quarto-2 com 11,98 m2. São 3 painéis cuja
sequência é indicada na planta 4.5.

A ampliação 3 abrange a construção do quarto-3 com 9,00 m2 e da varanda com 6,17 m2.
São 6 painéis cuja sequência é indicada na planta 4.5.

- Observar os painéis 30, 31 e 32 para perfeita execução de suas inclinações.

As instalações elétricas e hidráulicas devem ser aparentes.

4. PLANTAS ARQUITETÔNICAS

4.1 Planta baixa de arquitetura

4.2 Cortes AA e BB

4.3 Fachadas

4.4 Planta de modulação com sequência de construção dos painéis

4.5 Planta de sequência de construção dos painéis a partir do embrião


38

4.1 Planta baixa


39

4.2 Cortes AA e BB
40

4.3 Fachadas
41

4.4 Planta de modulação com sequência de construção dos painéis

2 8

20

1 6 19

5 9 7 24

4 22
23
14
11
25

3 13 12 21

10

18 15 27

17 16 28 26

29
30

31
42

4.5 Planta de sequência de construção dos painéis a partir do embrião

EMBRIÃO

5 13 12 2

6 16 15 1

14

4
7 8 11

9
10 17 3

AMPLIAÇÃO 1

18 19

21 23

20 22
43

AMPLIAÇÃO 2

24

26

25
AMPLIAÇÃO 3
30

31

32

27

28

29

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