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URBANO E MEIO AMBIENTE
DE PAREDES MONOLÍTICAS EM
SOLO-CIMENTO
4• EDIÇÃO
REVISTA E AMPLIADA
CEPED
CENTHO DE PESQUISAS E DESENVOLVIMENTO
CENTRO DE PESQUISAS E DESENVOLVIMENTO- CEPED
BNH- DEPEA
Rio de Janeiro
1985
Financiamento do Projeto
BANCO NACIONAL DE HABITAÇÃO (BNH)
Execução do Projeto
CENTRO DE PESQUISAS E DESENVOLVIMENTO (CEPED)
PROGRAMA THABA
Acompanhamento Técnico
DEPARTAMENTO DE ESTUDOS E PESQUISAS APLICADAS (DEPEA)
693.5
SUMÁRIO
A primeira edição da Cartilha para Construção de Paredes Monolíticas de Solo-Cimento, publicada em 1978
pelo Programa THABA do CEPED, representou um dos produtos do projeto de pesquisa “Tecnologias
alternativas para habitação de baixo custo” em desenvolvimento desde 1975, patrocinado pelo Banco Nacional
de Habitação (BNH) e apoiado por outras instituições governamentais do Estado da Bahia.
A quarta edição desta Cartilha, publicada pelo BHN em 1985, foi atualizada com um dos sistemas construtivos
em uso no CEPED (guia recuperável), e já contava de um histórico de mais de 40.000 m2 de área construída,
resultado das mais diversas ações de transferência da tecnologia. No sentido da difusão e transferência dos
sistemas construtivos em desenvolvimento, o Programa THABA construiu casas e equipamentos comunitários
em diferentes municípios do Estado da Bahia, vários protótipos em cursos de capacitação, além de prestar
assessoria técnica para construção de outras edificações. Também participou de projetos de melhorias de
habitação em comunidades, geralmente assessorados por órgãos sociais de municípios.
Além das construções efetivadas pelo THABA, a “Cartilha” proporcionou construções promovidas principalmente
por organizações não governamentais, entidades religiosas e organismos municipais dedicados à produção de
habitações de interesse social. Várias construções executadas em outras regiões do país, fundamentadas nas
instruções da Cartilha, foram registradas no levantamento de edificações de solo-cimento realizado pelo BNH.
Mesmo 35 anos depois da última edição, considera-se que o conteúdo desta Cartilha não está ultrapassado e,
consciente da dificuldade de se encontrar exemplares disponíveis, decidiu-se produzir sua versão digital,
favorecendo sua difusão pelos meios informativos atuais.
Alguns desenhos contêm manchas, têm fundo escurecido ou informações pouco nítidas decorrentes
principalmente do estado físico do exemplar disponível para digitalizar. Algumas intervenções foram realizadas
nos desenhos no sentido de melhorar a visualização de identificações e medidas sem, no entanto, alterar sua
originalidade.
Célia Neves 1
dezembro de 2020
1
Engenheira civil, pesquisadora do Programa THABA do CEPED a partir de 1976.
APRESENTAÇÃO
Chama-se de solo-cimento a uma quantidade de solo (terra natural) em que é colocada uma
pequena parte de cimento e água, cuja mistura parece uma “farofa”. Quando compactada, a
mistura (solo + cimento + água) adquire resistência compatível para seu uso em fundações,
contrapisos, paredes monolíticas, tijolos e blocos.
A presente edição desta Cartilha foi elaborada pela equipe técnica do Departamento de
Estudos e Pesquisas Aplicadas do BNH (DEPEA), e contou a colaboração do Centro de
Pesquisas e Desenvolvimento (CEPED).
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Os solos ideais para a mistura com o cimento são os que possuem teor de areia um pouco
superior a cinquenta por cento, devendo-se evitar solos com matéria orgânica.
medidas em cm
MOLDAGEM DA AMOSTRA
Após este período, faça a leitura da retração nas extremidades e nas fissuras, no sentido do
comprimento da caixa.
Se a soma não ultrapassar 2 cm, o solo pode ser utilizado.
LEITURA DA RETRAÇÃO
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Para a confecção da forma, utiliza-se uma chapa de madeirit plastificado ou uma folha de
compensado naval de 18 mm de espessura. Para melhor aproveitamento da madeira, ela
deve ser serrada, conforme as seguintes instruções:
- Cortando a chapa de madeirit plastificado ao meio, você pode produzir duas bandas,
isto é, uma forma completa.
220 cm
55 cm
110 cm
55 cm
CORTE DO MADEIRIT
- Cortando a folha de compensado naval em três partes, você pode produzir três
bandas de forma. Assim, com duas folhas de compensado naval você faz três formas
completas.
220 cm
53 cm
160 cm
53 cm
53 cm
medidas em cm
VISTA
FORMA COMPLETA
9
São necessários oito furos, pois as formas devem ser montadas alternadamente à medida
que a parede é construída.
PARAFUSO
2
Nota incluída na versão digital: já existe no mercado a “barra rosqueada”, que é geralmente
fornecida com comprimento de 1 m e permite obter 3 parafusos por peça
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Para compactar o solo-cimento, devem ser confeccionados dois tipos de soquetes, feitos de
madeira resistente: um para ser utilizado na fundação e outro na parede. Os cabos dos
soquetes são de madeira roliça, com cerca de 3 cm de diâmetro 3.
15 cm
3
Nota incluída na versão digital: podem-se usar cabos para pás e enxadas, disponíveis em lojas de
materiais de construção
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CONFECÇÃO DA GUIA
Para levantamento da parede é necessário o uso de guias. A guia é uma peça de madeira,
com uma das dimensões correspondente à espessura da parede, neste caso de 12 cm.
Um tubo de PVC cortado longitudinalmente ao meio é fixado à peça de madeira, para deixar
um rebaixo na extremidade da parede. Este rebaixo funciona como junta de retração, tipo
macho-fêmea, e proporciona a amarração com a parede vizinha. O tubo deve ser cortado
com serra fina, para evitar que se estrague.
TUBO DE PVC CORTADO
LONGITUDINALMENTE
12 cm
7,5 cm
ALTURA DA PAREDE
5 cm – CAMADA IMPERMEABILIZANTE
MODULAÇÃO DO PROJETO
Sendo o comprimento da forma 220 cm e a distância para prendê-la nas guias 3 cm de cada
lado, o comprimento útil do painel é de 214 cm.
PAREDE DE
SOLO-CIMENTO
GUIA
A modulação deve ser feita tentando-se utilizar o módulo máximo de 214 cm o maior
número de vezes para aproveitamento de toda a forma. Quando isto não for possível, pode-
se modular com dimensões inferiores.
FORMA PAREDE DE
SOLO-CIMENTO
GUIA
• Peneiramento
O solo, antes de ser misturado com o cimento, deve estar seco, isento de matéria orgânica,
e peneirado numa malha de 5 mm x 5 mm.
• Dosagem
• Controle da umidade
Adicione o cimento ao solo, e misture até que se obtenha uma coloração uniforme. Adicione
água, aos poucos, revolvendo a mistura para evitar a formação de torrões, até atingir a
umidade ideal.
Se isto não ocorrer, é porque a mistura está muito seca. Neste caso, adicione água até que
a marca deixada pelos dedos fique perfeita.
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Em seguida, deixe o bolo cair de uma altura de mais ou menos um metro, sobre uma
superfície dura. O bolo deve esfarelar-se ao chocar na superfície. Se isto não ocorrer, a
mistura está muito úmida. Neste caso, espere a mistura secar, ou adicione mais solo e
cimento nas mesmas proporções e repita os testes até conseguir a umidade ideal.
• Controle da compactação
SEQUÊNCIA DA CONSTRUÇÃO
Para racionalizar o uso de guias, os painéis devem ser construídos de acordo com o
seguinte esquema:
- Após a retirada das guias, procede-se à execução do painel intermediário, tendo como
guias os painéis já prontos (Etapa 2).
- Quando o número de painéis a serem executados for par, o último painel será apoiado de
um lado por uma guia e do outro por um painel pronto (Etapa 3).
MÓDULO DE PROJETO
GUIA FORMA
ETAPA 1
PAINEL PRONTO
ETAPA 2
ETAPA 3
PAREDE PRONTA
EXECUÇÃO DA FUNDAÇÃO
30 cm
50 cm
As linhas de locação das paredes devem passar pelos lados externos das mesmas
permitindo também a locação das guias conforme o desenho abaixo.
LINHA DE LOCAÇÃO
LOCAL DA GUIA
LIMITE DA FUNDAÇÃO
LLIMITE DA PAREDE
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ASSENTAMENTO DA GUIA
Assente a guia de modo que o tubo de PVC fique voltado para o lado em que será
executado o painel.
Para a fixação da guia no chão, lance solo solto ao redor da mesma e compacte.
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Para que as paredes não fiquem desalinhadas, as guias devem estar corretamente
escoradas. Este escoramento pode ser feito de madeira nos três lados da guia,
acompanhando a execução da parede.
Após a execução do painel e retirada as guias, as cavas das mesmas devem ser
preenchidas com solo-cimento compactado com o mesmo traço da fundação.
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MONTAGEM DA FORMA
Para montar a forma, encoste, externamente, as superfícies lisas nos lados das guias e
aparafuse-as. Na colocação dos parafusos centrais use pedaços de tubos de PVC de
20 mm de diâmetro e comprimento igual à espessura da parede. Eles servirão de
espaçadores, evitando deformação na forma, quando do aperto dos parafusos.
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PAREDE
12 cm
CAMADA IMPERMEABILIZANTE
5 cm
50 cm
FUNDAÇÃO
30 cm
Tenha cuidado especial com os cantos e locais onde o soquete não penetra. Nestes casos,
use o cabo do soquete ou utilize um soquete menor.
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Se a interrupção for por um período maior que 4 horas, deve-se também umedecer a
superfície e polvilhar cimento.
A forma pode ser retirada imediatamente após completar sua compactação. Desmonte a
forma e retire os tubos que foram colocados nos parafusos centrais.
No caso de trabalhar com solo muito arenoso só faça a desmoldagem de uma forma após a
compactação da forma superior.
Com a mesma mistura usada para compactação na forma, acrescente mais água e, com a
colher de pedreiro, preencha superficialmente os furos deixados pelos parafusos.
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Nas juntas entre os painéis, para evitar o aspecto de fissura, pode-se fazer um fazer um
friso para destacar as juntas de retração.
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ENCONTRO DE PAREDES
Para o encontro de paredes faça três rebaixos na parede já construída, utilizando-se uma
colher de pedreiro.
Os rebaixos das extremidades servem para fixar a forma que vai moldar a parede no outro
sentido, enquanto o intermediário permite a amarração tipo macho-fêmea das paredes. Para
isso, é necessário locar a parede que se vai construir, fazendo-se um risco na parte inferior
e obtendo-se a vertical com o auxílio do prumo. Faça esses rebaixos vinte e quatro horas
após o levantamento da parede, para facilidade dos cortes.
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Quando o encontro de paredes é na extremidade, faça apenas dois rebaixos, pois uma das
bandas da forma apoia-se diretamente em uma das faces da parede já pronta.
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COLOCAÇÃO DE ESQUADRIAS
- Não se esqueça de fazer reforços nos caixões para evitar deformação nas esquadrias.
- Para manter o prumo e o alinhamento corretos, use uma régua provisória, que será
retirada quando a parede estiver compactada até meia altura da esquadria.
- Compacte os dois lados da esquadria simultaneamente, para evitar que saia do prumo.
- Quando a esquadria for provisória, coloque calços para facilitar depois a retirada. No caso
da esquadria definitiva substitua os calços pela soleira ou peitoril.
Para melhorar a aderência da esquadria definitiva pregue-a ao painel e passe óleo para
evitar deformações.
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EXECUÇÃO DA VERGA
A verga é feita com arame farpado, conforme recomendações da tabela e figuras abaixo.
O
VÃO LIVRE N DE FIOS DE
(m) ARAME FARPADO
<0,50 -
0,50 a 1,00 2
1,25 3
1,50 4
ARAME FARPADO
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PAREDE
medidas em cm
EXECUÇÃO DA EMPENA
Para execução da empena marque na forma, com o auxilio de uma linha de pedreiro, a
inclinação desejada. Compacte as camadas em degraus e corte o painel recém-compactado
conforme essa inclinação.
A
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Para alinhamento das formas nas partes altas, utilize guias de alturas normais, com um
prolongamento provisório de até 50 cm.
A ATÉ 50 cm
ATÉ 50 cm
OU
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Um fator importante para a resistência das paredes é a cura. Ela deve ser iniciada doze
horas após a execução das mesmas, molhando-as bem, três vezes ao dia, durante oito dias.
INSTALAÇÕES E COBERTURA
PISO
Na construção em solo-cimento pode ser colocado qualquer tipo de piso. No entanto, pode-
se fazer um "cimentado", que é mais barato e não traz problemas na execução. Para tal,
compacte uma camada de solo-cimento para servir de base e regularizar o piso, sendo a
espessura da camada compactada de 5 cm. Executado o contrapiso, aplique um
"cimentado" numa espessura de 1,5 cm e no traço 1:6 (argamassa de cimento e areia).
PINTURA
PASSEIO
Para proteger a fundação da ação das chuvas, é conveniente construir um passeio ao redor
da casa.
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EXEMPLO DE PROJETO
1. QUANTITATIVO
Esse levantamento refere-se apenas aos itens com participação do solo-cimento; os demais
como locação, cobertura e instalações devem ser cotados de maneira convencional.
Para este projeto são necessários: 2 formas, 2 guias de madeira, 12 parafusos, 4 tubos de
PVC (separadores com 12 cm de comprimento) e 4 soquetes (2 para fundação e 2 para
parede), que devem ser feitos segundo instruções desta Cartilha.
A guia deve ter uma seção de 7,5 x 12 cm com 3,65 m de comprimento sendo:
1.2 Fundação
1.4 Contrapiso
- Dimensões: o contrapiso tem 5 cm de espessura
- Volume: área do piso (incluindo passeio ao redor da casa com 0,50 m de largura) x
espessura
- Mão de obra: 1 servente executa 0,19 m2/h
1.5 Piso
Para acabamento do piso pode-se fazer um cimentado liso no traço 1:4 (cimento:areia)
- Dimensões: o cimentado liso tem 1,5 cm de espessura
- Volume: área do piso (incluindo passeio ao redor da casa com 0,50 m de largura) x
espessura
- Mão de obra: 1 pedreiro executa 1 m2/h; 1 servente executa 0,87 m2/h
1.5 Paredes
1.5 Pintura
A pintura externa e interna é feita com tinta a base de pó mineral, que também serve como
impermeabilizante.
RESUMO DE MATERIAIS
2. DIMENSIONAMENTO
O dimensionamento é feito pela esbeltez (λ) da peça. Com base nas experiências das obras
realizadas, a esbeltez máxima foi fixada em 80. Sendo:
𝐿 𝑑
λ= e 𝑟=
𝑟 √12
Onde: λ – esbeltez
L – altura da parede
Lf – comprimento de flambagem
r – raio de giro
d – espessura da parede
Para λ = 80 d = 0,043 x L
- Deve-se procurar modular a planta de maneira a racionalizar o uso das formas e guias sem
prejudicar a qualidade e segurança.
- A caixa d'água é apoiada em duas peças de madeira fixadas nos painéis 16 e 17. Os
rasgos para fixação das peças devem ser executados no máximo até 24 horas após a
moldagem dos painéis.
- Nas paredes mais altas com 3,80 m, utilizar um prolongamento provisório nas guias com
50 cm, segundo instruções desta Cartilha.
A ampliação 1 compreende a construção do quarto-1 com 9,14 m2. São 3 painéis cuja
sequência é indicada na planta 4.5.
A ampliação 2 compreende a construção do quarto-2 com 11,98 m2. São 3 painéis cuja
sequência é indicada na planta 4.5.
A ampliação 3 abrange a construção do quarto-3 com 9,00 m2 e da varanda com 6,17 m2.
São 6 painéis cuja sequência é indicada na planta 4.5.
4. PLANTAS ARQUITETÔNICAS
4.2 Cortes AA e BB
4.3 Fachadas
4.2 Cortes AA e BB
40
4.3 Fachadas
41
2 8
20
1 6 19
5 9 7 24
4 22
23
14
11
25
3 13 12 21
10
18 15 27
17 16 28 26
29
30
31
42
EMBRIÃO
5 13 12 2
6 16 15 1
14
4
7 8 11
9
10 17 3
AMPLIAÇÃO 1
18 19
21 23
20 22
43
AMPLIAÇÃO 2
24
26
25
AMPLIAÇÃO 3
30
31
32
27
28
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