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faimundo moreno delgado O METODO DOS ELEMENTOS FINTOS NA ANALISE DNA MICA DE BARRA GENS INCLUINDO A INTERACCAO SOLIDO - LIQUDO DISSERTACAO. PARA DOUTO RAMENTO. EM ENGENHARIA CIVIL NA FACULDADE DE EN GENHARIA DA UNIVERSIDADE DO PORTO » QUTUBRO 1984 Publicado subsidiada pelo Instituto Nacional de Investigacao Cientilica A Ana Pedro e Tiago Meus Pais e Irmaos AGRADECIMENTOS Ao apresentar este trabalho nio posso deixar de expressar os meus agradecimentos a todos aqueles que de algum modo contribuiram para que ele se coneretizasse, e de um modo especial: ~ Ao Professor Rogério Martins, pelo estimulo concedido e pelo interesse e amizade que devotou 3 orientasio ¢ acompanhanento deste trabalho; ~ Ao Professor D. R. J. Oven, da Universidade de Swansea, pelas valiosas sugestdes e criticas feitas no decurso do trabatho; ~ Ao Professor Francisco Correia de Arailjo a quem devo os primes ros passos na vida académica; = Ao Professor Joaquim Ribeiro Sarmento pelos indimeros ensinamen tos recebidos ao longo destes anos em que fui seu assistencte; = Ao Eng? Manuel de Azeredo que de uma forma amiga e disponivel contribuiu com um conjunto importante de sugestdes e criticas a0 longo destes anos de convivio diario. = A todos os colegas que por diversos modos concederam o seu apoio e em particular os Eng? Joaquim Azevedo Figueiras, Eng? Carlos Alberto Magalndes Oliveira e Eng? Anténio Silva Cardoso. = Aos Engenheiros Alvaro Azevedo, Fernando Oliveira e Nelson Vila Pouca que, enquanto meus alunos, colaboraram na realizacio de trabalhos de computagao. Ww - K Senhora D, Maria Vitéria Campos Coelho Freitas, pelo trabalho de dactilografia realizado com competéncia e qualidade e tanbém pela disponibilidade demonstrada; = Ao Senhor Joaquim Andrade pelo magnifico trabalho de desenho desenvolvido; - K Empresa de Electricidade de Portugal (EDP), na pessoa do seu rector de Equipamento Hidraulico, Eng? Armando dos Santos Paupério, pela ced@ncia da definigdo da forma da barragem do Alto Lindoso, e aos Eng®s Braga da Cruz e Pinho de Miranda pe~ lo apoio concedido no seu estudo. = Ao Instituto Nacional de Investigagao Cientifica e 3 NATO (Bol~ sa Grant 1779) pelo apoio financeiro concedido. INDICE Pag. caPITULO 1 - ENTRODUGKO. er La CAPITULO 2 - FORMULAGKO GENERICA DO METODO DOS ELEMENTOS FINITOS ... 2.1 2.1 = INTRODUGAO woes eeeeeeee pene 21 2.2 ~ FORMULAGKO GENERICA .. feveeeee 2.2 2.2.1 - Discretizacgao do dominio continuo .... seeeeeeee 23 2.2.2 - Aproximag#o ao nivel do elemento ..sssesesseveeeeeveee eh 2.2.3 ~ Relagdes ao nivel do elemento an 2.2.3.1 ~ Relagdo entre deslocanentos e deformagies a7 2.2.3.2 ~ Relagdo entre deformagies e tensdes 2.8 2.2.3.3 = Relagdes de equilfbrio - Matriz de rigidez do elemento eee 2.10 2.2.3.4 ~ Agrupamento e resolugio do sistema de equagoes seeeeecereeeeseeseeee 2613 2.2.3.5 ~ Determinagio de outras grandezas relevantes .... 2.14 2.3 - ELEMENTOS TSOPARAMETRTCOS ee eee 21S 2.4 ~ INTEGRAGAO NUMERICA sss. co 2.18 2,5 = REFERENCIAS eee eeeeeeeeeee 2.21 CAPTIULO 3 ~ REFORMULAKO E REINTERPRETACKO Do METODO Dos ELEVENTOS PINITOS ....-s005 eens 3.1 - INTRODUGEO 4... eel 3.2 - ELEMENTOS DE ELASTICIDADE PLANA 3.3 3.2.1 - Elemento rectangular de 4 nds 33 3.2.1.1 - Geometria do elemento 3.3 3.2.1.2 - Campo de deslocanentos 34 3.2.1.3 ~ Relagdo entre deformagées e deslocamentos ....... 3.5 3.2.1.4 ~ Relagdo entre tensdes e deformagdes ..e.e.ee000. 347 3.2.1.5 - Matriz de rigider sessecsseeceseesesseeeees 37 3.2.2 - Elemento rectangular de 4 nds (formulacio através gum sistema de barras) sessseeseeeeesseeeeteeeenee 31 3.2.2.1 - 0 elemento como um sistena de barras ...... 31 3.2.2.2 = Matriz de rigidez duma barra 3.12 vr 3.2.2.1 = 0 elemento como um sistema de barras .... 3.11 3.2.2.2 - Matriz de rigidez duma barra .. 3.12 3.2.2.2.1 - Matriz de rigidez correspondente a deslocamentos axiais . 3.12 3.2.2.2.2 ~ Matriz de rigidez correspondente a deslocamentos transversais .......+ 3.15 3.2.2.2.3 ~ Matriz de rigidez global da barra . 3.16 3.2.2.3 - CAleulo do elemento k,, - barras nos pontos de Gauss .. wees 3.17 3.2.2.4 = Cilleulo do elemento ky, sesereeeses 3.23 3.2.2.5 ~ Sistematizagao do cAleulo .. 3.27 3.2.3 - Elemento rectangular de 8 nds (formulacao através dum sistema de barras) .....eeeeeeee coors 3630 3.2.3.1 - Matriz de rigidez duma barra de 3nds ..scesee 3630 3.2.3.1.1 - Matriz de rigidez correspondente a deslocamentos axiais ...eeeesees 3.31 3.2,3.1.2 ~ Matriz de rigidez correspondente a deslocamentos transversais + 3.35 3.2.3.2 - Gilleulo dos elementos k;, da matriz de rigidez do elemento rectangular . 3.36 3.2.3.2.1 - Barras paralelas ao lado da dimensio @ ...... 3.36 3.2.3.2.2 - Barras paralelas ao lado da dimensio b ...... 3.41 3.2.3.3 - Comparagao de resultados «...sseeeees 3.48 3.2.4 Vantagem da integracdo reduzida, ou selectiva, na anflise de certos problemas com materiais quase _incompressfveis. Sua explicagdo .......- + 3.46 B.2.hs1 ~ Cilindro e8pess0 seeeesesseeceeeeeeeenee + 3.46 3.2.4.1.1 - Solugdo tedrica ..... seeeeeeees 347 3.2.4.1.2 - Solugdo com elementos finitos ees 3.2.4.1.3 - Valores proprios da matriz de rigidez ....... 3.48 3.2.4.2 - Placa solicitada axialmente ........ 3.50 B.2.4.2.1 - Solugdo tedrica .eeesseeeeeeeeeees 3.52 3.2.4.2.2 - Solugdo com elementos finitos .. 3.53 3.2.4.2.3 - Valores prdprios da matriz de rigidez 3.54 VIL 3.2.4.3 - Elemento trapezoidal de 4 nds. 3.54 3.2.4.3.1 - Matriz de rigidez do elemento trapezoidal (formulagéo classica) . 3.56 3.2.4.3.2 ~ Aplicagio ao cAlculo do cilindro espesso .... 3.59 3.2,4.3.3 = Matriz de rigidez do elemento trapezoidal (formulacio a partir dum sistema de barras) .. 3.60 3.2.4.3.4 - Interpretagio de resultados . 3.63 3.2,5 - Modos de deformacao espiirios .......eseeee 3.67 3.2.5.1 ~ Elemento de 4 nds 3.68 3.2.5.2 - Elemento de 8 nds 3.68 3.2.5.3 ~ Elemento de 9 nds 3.69 3.3 ~ ELEMENTO DE VIGA . 3.71 3.3.1 ~ Matriz de rigides tedrica duma viga tendo em conta a deformacio por esforgo transverso (solugio tedrica) 3.71 3.3.2 - Elemento de viga de 205s ...sssseecesseeseeeeereeeee 3472 3.3.2.1 - Convergéncia do elemento ¢ influéneia da relagéo 2/t cea 3.75 3.3.2.2 - Andlise da matriz de rigidez com integragao exacta ..... 3.77 3.3.2.3 - Andlise da matriz de rigidez com integragao reduzida . 3.79 3.3.2.3.1 - Aplicagao a uma viga em consola sssseeeeeeers 3-81 3.3.2.4 - Coment&rio a outros estudos .ss+eeee 3.84 3.3.3 - Elemento de viga de 3nds . seeeeses 3685 3.3.3.1 - Matriz de rigidez ... se 3.85 3.3.3.2 ~ Andlise da matriz de rigidez .... 3.89 3.4 - ELEMENTOS DE LAJE oa 3.92 3.4.1 ~ Elemento de laje de 4 nds (formulagio classica) + 3.93 3.4.2 - Elemento de laje de 4 nds (formulagio através dum sistema de vigas) ... fe 3.95 3.4.2.1 - Matriz de rigidez da viga ..... 3.95 3.4.2.2 ~ Matriz de rigidez do elemento ....4- 3.99 3.4.2.2.1 ~ Exemplo. C@leulo do elemento ky) « 3.105 3.4.3 ~ Comportamento do elemento em fungio da orden de_integrag3o 3.4.3.1 ~ Modos de deformagio espiirios 3.4.3.2 ~ Comportanento do elemento em fungdo da razdo entre a espessura © 0 V20 seeeseseeeee 3.4.3.2,1 - Elemento de 4 nds .......8 3.4.3,2,.2 - Elementos de 8e 9 nds ... 3.4.3.3 - 0 elemento “heterosis” s.eeeeeeseesseees OG 3.4.4 ~ Um novo elemento de laje rectangular de 4 nos 3.4.4.1 ~ Estudo numérico do elemento . 3.5 - ELEMENTOS DE CASCA 3.5.1 - Elemento de casca degenerado 3.5.1.1 - Geometria do elemento . 3.5.1.2 ~ Campo de deslocamentos . 3.5.1.3 ~ Definigdo das deformagdes 3.5.1.4 ~ Relagio entre tensdes e deformagies. Matriz de rigidez .. Si CAlculo das tensdes 3.5.2 - 0 elemento de casca reinterpretado como um sistema de barras ... 3.5.3 Andlise da matriz de rigidez do elemento de_casca de 8 nds «14. 3.5.4 ~ Exemplo numérico .... 3.6 - CONCLUSOES .... 3.7 ~ REFERENCIAS . CAPITULO 4 - ANALISE DINAMICA 4.1 = INTRODUGAO «1... 4,2 = MTODOS DE INTEGRAGKO DIRECTA 4.2.1 ~ Método das diferengas centrais . 4.2.2 ~ Método de Houbolt ... 4.2.3 - Método de Wilson 0 . IIT 3.106 3.107 3.109 3.111 3.111 3.115 3.116 3.117 3.122 3.123 3.124 3.126 3.128 3.131 3.131 3.132 3.132 3.141 3.143 3.145 Ix 4.2.4 ~ Método de Newmark .. 4.10 4,3 ~ MBTOD0 DA SOBREPOSIGAO MODAL ee 4.12 4.3.1 - Calculo com matriz de amortecimento nulo .. 4.15 4.3.2 - Galculo com matriz de amortecimento .. senses 4.16 4.4 = ESTABILIDADE E PRECISKO DOS METODOS DE TNTEGRAGAO DIRECTA 4.18 4.5 - DISCUSSKO SUMARIA DO CAMPO DE APLICACKO DOS METODOS .... 4.21 4.6 ~ ANALISE DINAMICA USANDO 0 METODO DOS ELEMENTOS FINITOS .. 4,23 4.6.1 ~ Elomentos de elas! 4.23 4.6.1.1 = Matriz de massa seseseessseeeeees 4.23 4.6.1.2 ~ Matriz de amortecimento 4.24 4.6.1.3 = Solicitacies . ogoaK 4.25 4,25 4.6.2 ~ Elementos de casca 4.6.2.1 - Matriz de massa sssesessseeceeeeeeeasseeeeeeeeees 4426 eet ene 27, 4.6.3 - Filosofia dos programas .. pee eee] 4,7 - APLICAGOES 4.8 ~ CONCLUSOES 4.39 4,9 ~ REFERENCIAS 4.40 CAPITULO 5 - INTERACGAO SOLIDO-PLUTNO SL 5.1 - INTRODUGAO et 5.2 - FORMULAGKO DO ELEMENTO DE FLUIDO ATRAVES DAS PRESSES .. 5.4 5.2.1 - Equagdes da hidrodingmica .., 5,2,2 ~ Condigées fronteira . A 5.2.3 ~ Discretizacio usando o método dos elementos fFinitose ete ee 5.9 5.2.4 - Associagao dos aspectos estruturais e hidrodindmicos s..sseseeseee pos A) 5.3 ~ FORMULAGHO DO ELEMENTO De FLUIDO aTRAVES Dos DESLOCAMENTOS ee 7 + 5.13 5.4 - DOMINIOS DE COMPRIMENTO INFINITO .......00000000+ + 5.16 5.4.1 - Elementos com anortecimento ee 5.16 5.4.2 ~ Recorréncia a intervalos de tempo anteriores 5.18 5.4.3 - Elementos infinitos . pease 5.4.3.1 ~ Elemento unidimensional ...... cee 15021 5.4,3.1.1 - Geometria .. eee vee 5421 5.4.3.1.2 - Campo de deslocamentos .....seeeeeeseeeeeeees 5423 S.4.3.1.3 - Matriz de rigidez ....cccceseeeeseeeseeeeeees 5e2hh 5.4.3.2 - Elementos bidimensionais ... ss 5.26 5.4.3.2.1 ~ Elemento infinito numa direcgio bp CHE) 5.4.3.2.2 - Elemento infinito em duas direcgdes sea 5.4.3.3 - Aplicagdo numérica - carga concentrada num meio elastico semiindefinido ... 5.27 5.5 - ELEMENTOS DE JUNTA ceeeeeeeeeeeneeee 5.30 5.5.1 - Elemento de barra de 2 nds. eer 5.5.2 — Blemento de barra de 3 nés 5.31 5.5.3 - Matriz de rigidez do elemento de junta . esd 5.5.4 - Observacdes ... 5.35 5.6 APLICAGGES . a 5.36 5.6.1 - Propagagao duma onda de pressao num fluido contide num tubo sesseeseseeees 5.36 5.6.1.1 ~ Tubo de comprimento finito 5.36 5.6.1.2 - Tubo de comprimento infinito . es 20 5.6.2 ~ Reservatrio sujeito a uma aceleracio subitamente aplicada = pococn 5.41 5.7 - CONCLUSOES . 5.47 5.8 ~ REFERENCIAS pee 5.49 CAPITULO 6 - APLICAGRO A ANALISE DINAMICA DE BARRAGENS 6.1 6.1 ~ INTRODUGKO nooo 6.1 XI 6.2 = CONSIDERAGOES GERAIS SOBRE O CALCULO DE BARRAGENS 6.2.1 ~ Caracterfsticas geométricas . 6.2.2 - Caracteristicas materiais . 6.2.3 - Accdes 6.2.4 - Métodos e tipos de calculo 6.2.5 - Coeficientes de seguranca . 6.3 ~ ACGORS Stsmrcas pesgqo505050 6.9 6.3.1 - Idealizacio da accdo sfsmica e quantificacio da resposta .eeseeeeseeeees eee e) 6.3.1.1 - Determinagio da resposta usando acelerogramas .. 6,10 6.4 ~ BARRAGENS GRAVIDADE .. 6.15 6.4.1 ~ Barragem de Koyna ..sseeeee 6.15 6.4.1.1 - Resposta a uma acelerago horizontal e constante aplicada na base . 5 6.16 6.4.1.2 ~ Influéneia do comprimento do reservatério na resposta da barragem 6.7 6.4.1.3 ~ Resposta ao sismo de San Fernando 6.20 6.5 - BARRAGENS ABOBODA .. s+ 6.29 6.5.1 ~ Ligacao entre elementos de cascae tridimensionais ... 6.30 6.5.2 - Elementos de junta ...seeeeessseeee eee 6.34 6.5.3 ~ Barragem do Alto Lindoso . 6.36 6.5.3.1 ~ Andlise estatica da barragem solicitada pelo peso préprio da agua do reservatério .. 6.38 6.5.3.2 - Resposta a uma acelerago horizontal constante aplicada na base sesssessseee 6.42 6.5.3.3 ~ Resposta a accdes sismicas «1.0.44. 6.48 6.6 = CONCLUSOES .eeeseeeeeeeee 6.52 6.7 - REFERENCIAS ........ eee eee n6eSA) CAPITULO 7 - CONCLUSGES .... peeeee Tal CAPITULO 1 rvRopugio 0 dimensionamento de barragens tem-se constituido numa area espect- fica dentro da Engenharia Estrutural, quer pela complexidade e diversidade dos fendmenos fisicos envolvidos, quer pelas consequéncias catastroficas que adviriam de eventuais acidentes. De um modo geral,as barragens so estrutu- ras de grandes dimensdes e geonetria complexa que confinan con uma grande massa de Agua,a qual, em conjunto com arocha de fundaglo, influencia acentua damente o seu comportamento. ‘Ao Longo dos tempos tém sido desenvolvidos métodos de andlise deste tipo de estruturas, experimentais, analfticos e nunéricos, que envolvem un conjunto de simplificagées importantes. Assimna pesquisa de modelos analiti- cos ou nunéricos, tem sido corrente a consideragao de geonetrias simplifica~ das para a barragem, @ substituigio da rocha de fundagao por apoios elasticos fe, mo caso de solicitagdes dinamicas, a substituicao do reservatério por um conjunto de massas a adicionar & massa da barragem. © método dos elementos finitos é neste contexto um instrumento pode- roso quer pela sua capacidade em tratar uma grande gana de fendmenos ffsicos, quer pela sua facilidade de aplicacéo. 0 desenvolvimento que este método tem tido a par do crescimento, em termos de capacidade e velocidade de célculo, que se tem verificado nos computadores, permite a obtengdo de solugdes cada vez mais aproximadas, excedendo muitas vezes em preciso o grau de conheci- mento disponivel para os paranetros que intervém como dados. 1.2 A formulagdo de modelos, ¢ a implementagao dos correspondentes pro- gramas, que permitam a andlise dindmica de barragens, gravidade e abdboda, tendo em conta a interacgdo barragem-fundagdo-reservatério constitui um dos objectives principais deste trabalho. A interaccdo entre a fundagdo e a bar- ragem & considerada associando & barragem uma parcela de fundago com uma profundidade tal que as tensdes induzidas nos pontos mais afastados da seccao de contacto com a barragem possam ser consideradas despreziveis. Para ter em conta 0 efeito dinamico da Sgua & inclutdo na an@lise o reservatério, adop~ tando-se na sua discretizagdo elementos que simulam o comportamento de um fluido. A integragdo numérica das equacées diferenciais, que traduzem o com portamento dinfmico duma estrutura, & feita utilizando o método de Newmark. Sendo um método de integragio directa permite assim que as acgdes s{smicas possam ser incluidas directamente através dos respectivos acelerogramas, obtendo-se deste modo a resposta completa da estrutura ao longo do tempo de duragio do sismo. 0s elementos que sio utilizados sio essencialmente os seguintes: elementos planos de 8 nds, na andlise de barragens gravidade; elementos tri- dimensionais de 20 nés e elementos de casca de 8 nés na andlise de barragens abdboda. Este elemento de casca, que traduz adequadanente o comportamento de cascas espessas, apresenta, no entanto, no caso de lajes delgadas, uma ten~ d@ncia para conduzir a solugdes excessivanente rigidas quando se usa uma or- dem de integragdo numérica completa, Contudo, 0 seu comportamentomelhora dras. ticamente quando & utilizada uma ordem de integragao nunérica reduzida ou se lectiva. Para este facto, que & conhecido praticamente desde que este elemento foi desenvolvido pela primeira vez, nao foram ainda encontradas explicagées que 0 esclaregam completamente. Este aspecto do comportanento do elemento sus citou ao autor um conjunto de estudos que, ao que se julga, contribuem para 1.3 uma melhor compreensio do referido comportamento e que, ao serem generaliza~ dos a outros elementos, permitiram o desenvolvimento de um novo modo de form lar e interpretar os elementos finitos. A apresentacdo de alguns elementos finitos, 0 estudo do seu comporta mento e 0 desenvolvimento de um novo modo de formular a respectiva matriz de rigidez, constituen outrodos objectives principais deste trabalho. A ideia ba se do novo procedimento que se apresenta consiste em imaginar o elemento como um sistema de barras convenientemente escolhidas e localizadas, o que permite dar uma interpretacdo fisica a técnica numérica envolvida no método dos ele mentos finitos e, a partir do melhor conhecimento do comportamento do elemen- to de barra, extrair conclusdes quanto ao comportamento global do elemento fi nito. Outro aspecto importante € que, com esta formlagao, 6 possivel o desen volvimento de novos elementos, como é 0 caso de um elemento de laje rectangu- lar de quatro nds que é apresentado e ensaiado. © presente trabalho pode ser dividido em trés partes. A primeira, constituida pelos capftulos 2 e 3, é dedicada a um estudo de caracterfsticas mais tedricas do método dos elementos finitos; a segunda, que inclui os ca~ pitulos 4 e 5, & destinada & apresertacao dos modelos, e correspondente im~ plementacio, para a andlise dinfmica de diversos tipos de estruturas, inclu- Indo os aspectos relacionados com a interaccdo sélido-Iiquido; a terceira, constitutda pelo capftulo 6, tem caracterfsticas mais priticas e & dedicada 4G andlise dindmica de barragens. Le No capitulo 2 sio apresentados os aspectos gerais do nétodo dos ele- mentos finitos, aplicado a problemas de Mec@nica Estrutural, usando uma for- mulagio através dos deslocanentos. Uma particular atengio @ dada aos elementos isoparanétricos, que irdo ser utilizados ao longo de todo o trabalho em dife~ rentes tipos de problemas. Alguns aspectos da integracio nunérica sio também apresentados. 0 capitulo 3 & dedicado @ apresentagao de alguns elementos finitos, ao estudo do seu comportamento e ao desenvolvimento de um novo modo de formy lar a sua matriz de rigidez. A par da apresentacio dos elenentos de elastici dade plana de 4 e8 nds, Zintroduzido 0 novo procedimento para formular a ma~ triz de rigidez, K luz desta nova formulagio feito o estudo e interpretagdo do comportamento dos referidos elementos, os quais, como se sabe, conduzem 2 solugdes excessivamente rigidas (quando se usa uma ordem de integracio numé- rica completa) na andlise de sélidos quase incompressiveis. Os elementos de viga de 2 e 3 nds, em cuja formulagdo se consideram as rotages independentes dos deslocamentos verticais permitindo assim deformacies por esforco transver s0, so estudados em fungio da ordem de integragdo numérica utilizada. A par da descrigdo de um elemento de laje de 4 nés, em que também se consideram es rotagdes independentes dos deslocamentos verticais, & feita a reformlagao da respectiva matriz de rigidez utilizando-se para o efeito os elementos de viga anteriormente referidos. Com base nesta formlacio feita a discussio dos problemas relacionados com este elemento, nomeadamente a excessive rigi- dez no tratanento de Lajes finas,e correspondente melhoria de comportamento quando se utiliza uma ordem de integracio reduzida ou selectiva, e modos de deformagdo de energia nula espiirios. A generalizagio desta discussao é feita ao elemento de laje de 8 nds. & apresentado um novo elemento de laje rectan- gular de 4 nds e realizado um conjunto de ensaios demonstrativos das suas ca~ pacidades. Finalmente & apresentado um elemento de casca espessa e feita a ans) andlise da matriz de rigidez em fungao da ordem de integracao numérica e da sua espessura, No capitulo 4 faz-se uma descrigdo dos métodos mais usuais da andlise dinamica de estruturas seguida duma breve discussdo sobre os seus campos de aplicagio. Apresentam-se as matrizes de massa e amortecinente que véo ser adop- tadas. 0 método de Newmark, um método de integragdo directa implicito, é utili- zado na implementagao de programas de andlise din’mica de problemas de elasti- cidade plana e tridimensional, lajes e cascas. Finalmente sio feitas diversas aplicacbes, comparando-se as solugdes obtidas, quando possivel, com as de outros autores. © capitulo 5 & dedicado ao estudo dos aspectos relacionados com a in~ teraccdo sdlido-fluido. Duas formulagdes possiveis para tratar elenentos de fluido so apresentades. Para a tradugo de doninios de conprinento infinito so considerados tras procedimentos: elementos com anortecinento, método da recorrencia e elementos infinitos. Com o objectivo de possibilitar a exis- téncia de deslocamentos relativos entre o sdlido e o fluido na direcgdo tan- gencial & superficie que os separa @ formulado um elemento de junta. No £i- nal do capitulo sao apresentados dois exemplos com o objectivo de ensaiar os procedimentos propostos. No capitulo 6 os programas desenvolvidos sdo aplicados & andlise di- namica de barragens, gravidade e abdboda, tendo-se em conta os efeitos hidro- dindmicos do reservatério e a interacco com a fundacio, Na parte iniciel do capitulo sio tecidas umas breves consideragdes sobre o dimensionanento de ber~ ragens e sobre as acgdes sismicas, & efectuada a andlise dindmica da berragen de Koyna ensaiando-se os processos de simulagio de dominios de comprimento in- finito, apresentados no capitulo 5, para diferentes comprimentos do reservaté rio. Descrevem-se as técnicas adoptadas para estabelecer a ligagdo entre ele- 1.6 mentos de casca e tridimensionais, necessdrias para o estudo de barragens abd- boda, bem como o elemento de junta a incluir entre a barragen e 0 reservatério. Finalmente @ feita a andlise de uma barragem abdboda, a barragem do Alto Lindoso, estudando-se a influgneia de alguns pardmetros na sua resposta. So também in- cluidas as respostas aos sismos de San Fernando e El Centro. No capitulo 7 apresentam-se as principais conclusdes e sugerem-se reas para futuros desenvolvimentos. caPITULO 2 FORMULAGAO GENERICA DO METODO DOS ELEMENTOS FINITOS 2.1 = INTRODUGKO Os problemas tratados no Gmbito da Engenharia sio, na sua esséncia, de natureza continua, nao se dispondo para a maior parte deles da respectiva solugdo analitica [1-2]. Tornou-se assim imprescindivel o desenvolvimento e utilizagdo de métodos nunéricos [3], 08 quais se tém tornado cada vez mais populares com o progressivo desenvolvimento dos couputadores. De entre eles, o método dos elementos finitos tem merecido particu~ lar atengio © desenvolvimento [4-11], dada a sua capacidade de adaptago a uma enorme gama de problemas e facilidade de utilizacao. 0s aspectos gerais do nétodo, aplicado a problemas de Mecdnica Es~ trutural e usando uma formulagdo através dos deslocanentos, so apresentados na secgao 2.2. Na secgdo 2.3 & descrita una classe particular, os elementos isopa~ ranétricos, que iréo ser utilizados ao longo deste trabalho em diferentes ti- pos de problemas. Finalmente sio descritos alguns aspectos da integragéo numérica. Apresenta-se assim como objectivo principal deste capitulo passar em revista os aspectos essenciais do método dos elementos finitos como supor- te a0 desenvolvimento de alguns dos capitulos seguintes. 2.2 = FORMULAGKO GENERICA 0s aspectos gerais da formulagao do método dos elenentos finitos, aplicado a problemas de Yecinica Estrutural, vio ser apresentados, sendo certo que a sua aplicagio a outros doninios segue passos sensivelmente idénticos. No Gnbito da MecZnica Estrutural os problemas péeu-se, dum modo ge- ral, com o seguinte aspecto: num dado dominio, com caracteristicas ¢ propri~ edades conhecidas, pretende-se deterninar 0 campo de deslocamentos © tensdes, para um determinado conjunto de solicitagées e condigées fronteira. A sua resolucio, usando 0 nétodo dos elementos finitos, envolve fun damentalmente as seguintes fases: i) ii) Divisio do dominic em varios sub-donimios que passardo a ser designades por elementos. Estabelecimento ao nivel do elemento duma determinada aproxima~ gio para a fungio continua que se procura, em termos dum nimero finito de pardmetros, usualmente as incégnitas do problema. iii) Obtengio de um sistema de equacées algébricas que traduzem 0 iv) v) conportamento do elemento,en funcio dos pardmetros incdgnitos, cando as equagdes que regem 0 fendmeno em estudo, em con- junto com relagdes geonétricas, relacdes constitutivas do mate~ tial e a solicitagdo aplicada. Agrupamento dos sistemas de equagdes dos diferentes elementos, reconstituindo deste modo todo o dominio, e obtendo um sistema de equagdes global. Determinagéo dos pardnetros incdgnitos, através da resolugio do sistema de equagdes global em que se fizeram intervir as condigdes fronteira. 2.3 vi) CBlculo de outras quantidades relevantes. 2.2.1 ~ Discretizagao do dominio continuo © dominio continuo que vai ser analisado é subdividido em n ele- mentos de tal modo que aed | av (Qa) i=l A descrigio do dominio D @ assim obtida através do conhecimento das caracteristicas de cada elemento, geometria e propriedades materiais, L«[| / Fig. 2.1 ~ Divisio do domfnio em elementos das ligagdes entre eles. © niimero e 0 tipo de elementos a utilizar depende essencialmente do grau de aproximagdo com que se pretende resolver o problema em questéo, sen- do obtida uma maior aproximagao através dum refinanento da malha e/ou como veremos mais adiante, utilizando elementos que permitem uma aproximaglo de ordem mais elevada i fungdo que se procura. 2,2,2 - Aproximagao ao nivel do elemento A aproximagao introduzida neste método consiste em substituir, no dominio do elemento, a fungao continua incdgnita f(x,y,z) por uma sua apro ximagao E(x,y,z) = 5 (2.2) em que, sao um conjunto de fungdes convenientenente escolhidas eC, os nm pardmetros incégnitos. Dum modo getal a selecgio destas funces $, esta directamente re~ lacionada com a escolha dos pardnetros incdgnitos, tendo certos conjuntos preferéncia por fornecerem um significado fisico mais claro. Conforme a aproximagio for introduzida no campo de deslocamentos ou no das tenses, ou ainda nos dois simultaneamente, assim teremos diferentes formulagdes do m&todo dos elementos finitos. A formulacao através dos deslocamentos, que tem sido a que tem tide maior desenvolvimento, @ que serd usada ao longo desta tese, impde a aproxi- magdo no campo de deslocamentos sendo as incdgnitas os deslocamentos, ou suas derivadas, em determinados pontos do elenento, os pontos nodais ou nds. Quan~ do a aproximacio & feita no canpo das tensdes téa-se as formulacées através das forgas e as hibridas, e quando introduzida simulteneamente nos campos de deslocamentos e das tensdes as formulagdes mistas. Considere-se entZo que os parfmetros da fungio u, que aproxima o campo de deslocanentos numa direcgio, so os deslocanentos u, nessa direc gdo de n pontos do elemento. Tem-se entdo que (2.3) adoptando-se para N, fungdes do tipo polinonial. Cada funco N, represen ta assim a deformada do elemento quando se impe um deslocamento unitario do ni e zero em todos os outros, como se indica na Fig. 2.2 para o caso dum elemento quadrangular. E por estas fungées terem este significado particular que sdo usual mente designades por fungdes de forna, Designando por {u} 0 vector das componentes do deslocamento dum ponto genrico e {a,} 0 vector das componentes do deslocamento do nd i tem-se que: {a} {ay} {fu} = CoN]. [Ny], sees (y.]] . (= (N] {a} (2.4) fat) em que [1] ((1] @ a matric identidade) (2.5) A escolha do niimero de nds que se deve utilizar por elemento, depen- de essencialmente do grau de eproximagZo com que se pretende a fungdo {u), e também da geometria que interessa modular com 0 elemento. Na Fig. 2.3 apresentan-se os elementos que tém tido utilizagao mais generalizada. Pt 1G GRAS 2.7 2.2.3 - Relagdes ao nivel _do elemento As relagdes especfficas do fendmeno fisico em estudo vao agora ser aplicadas no sub-dominic que é o elemento. Nos problemas de mecnice estrutural tén-se relagdes entre desloca~ mentos ¢ deformagdes (relagdes geométricas), entre deformagdes e tensdes (re lagdes constitutivas) e expressdes que impdem condigdes de equilibrio. 2.2.3.1 ~ Relagdo entre deslocanentos ¢ deformagses Conhecidos os deslocawentos em todos os pontos do elemento, através de consideragées puramente geonétricas pode-se sempre obter una relagio do tipo fe) = (L] (u} (2.6) em que {c} 0 vector das deformagdes dum ponto genérico e [L] um opera~ dor diferencial. No caso geral de problemas de elasticidade tridimensionsis e no do~ ninio das pequenas deformages, 0 operador [L] é bem conhecido: ff A ) « 0 o | | | | | | | | 0 + ° ay |” i: 0 ° 2 | ae | | . \° Qn " cee 7 ay | iw ‘yal ° ie ae ¥ ay Vox a9 a2 ax sendo u, vew as trés componentes do deslocamento dum ponto genérico. Fazendo intervir a aproximagio (2.4) obtém-se fe} = [L) (W] a} = (B] fa} (2.8) sendo a matriz [B] usualmente designada por matriz das deformages. 2.2.3.2 ~ Relagdo entre deformacdes e tensdes Conhecido o estado de deformagdo de un corpo a determinagio do seu estado de tensao depende apenas das caracteristicas mecanicas do material que © constitui. As relagées entre esses dois estados, usvalmente designadas por relagdes constituintes do material, podem ser expressas do seguinte modo: (o} = (D] fe} (2.9) 2.9 designando-se a matriz [D] por matriz de elasticidade. Para o caso de corpos Linearmente elasticos, isotrépicos e tridimen- sionais tem-se que: 1 9 0 0) 1 0 0 0 1 0 0 0 (D] = a) (2.10) 3 0 0 Sim 0 ( “3 em que E(Q-v) 1-2v toa) _, ea 2h (ty) (-2v) 2(-v) sendo E e v respectivanente o médulo de elasticidade e o coeficiente de Poisson do material. Substituindo em (2.9) a expressao obtida em (2.8) resulta que {o} = Cb] [8] (a) (a) expressdo que permite a determinacio do estado de tensio num ponto genérico do elemento a partir do conliecimento dos deslocamentos nodais {a}. 2.10 2.2.3.3 ~ Relagdes de equilfbrio - Matriz de rigidez do elemento Nos problemas do ambito da MecAnica Estrutural, as equagdes que re~ gem o fendmeno fisico envolvido, sio equagdes que estabelecem 0 equilibrio em qualquer ponto do dominio, e, portanto no seu conjunto. A sua introdugio no método dos elementos finitos @ usualmente feita por umes des trés seguin- tes vias ~ Aplicagdo do principio dos trabalhos virtuais, em que os campos de deslocamentos virtuais sao obtidos impondo um deslocamento unitario em cada uma das direccdes nodais de per si. ~ Aplicagdo do método dos resfduos pesados, que partindo das equa~ gbes de equilibrio indefinido dum corpo e do teorema da recipro- cidade das tensdes (equagdes e teorema de Cauchy [1]), validas em qualquer ponto, e nas quais se introduz a funcdo aproximada dos deslocanentos, se obtém um conjunto de equagdes integrais no doninie do elemento. A introdugao da fungio eproximada origina um determinado erro ou residuo. A obtengio do sistema de equacées algébricas que permite a determinacio dos parametros da fungao aproximada & feita impondo que esses residuos obedegam @ um deter minado critério que os limite, usando-se dum modo geral para o efeito um determinado conjunto de fungées de peso. Quer isto di- zer que as equagdes de equilfbrio s6 sao satisfeitas em termos né dios sobre o dominio. Diferentes processos podem ser usados na aplicagao do método dos residuos pesados em conformidade com o conjunto de funcdes de peso seleccionadas, sendo os mais utilizades 0 da colocagao pon~ tual, colocagao por sub-doninio e o nétodo de Galerkin [4, 8]. 2 ~ Aplicagao de métodos variacionais em que se procura que um dado funcional, neste caso a energia potencial total, satisfaca uma condigao de minimo. Esta terceira via vai ser desenvolvida com mais pormenor no que se segue deste ponto. A energia potencial total x dum corpo @ a sona da energia elést: ca interior U e da energia potencial exterior W de posicdo das forgas exteriore: neutwW (2.12) A expressao da energia elastica interior dum corpo linearmente elstico é fol’ {e} av (2.13) Designando por {b} 0 vector das componentes das forgas de vol e num dado ponto do elemento, e por (t} 0 vector das componentes das forcas Ps Pi de superficie, a expressdo da energia potencial exterior W sera f { we | Gl? eve} oT (ep as (2.14) Tem-se assim um funcional 1, definido numa forma integral, em que {u} @ 0 vector das fungdes incdgnitas. 2.12 A solucio para o problema continuo é 0 vector das fungdes {u) que conduzem a um minimo de 1 para pequenas variacdes {éu}. én =0 (2,15) Conduzindo esta expressio ao conhecide princ{pio da energia poten- cial total uinima. Substituindo em (2.13) e (2.14) as equagdes (2.4), (2.8) e (2.11) obtémse t | (a3 poy" pp (3) fa} av + | tad” wg? Go} av + 2 ; NW ‘| tal” pwa (t) as (2.16) s © funcional est agora expresso em teros dun nimero finite de pax Fnetros, os deslocanentos nodais, podendo escrever-se que (2.17) Sendo a expressio anterior vilida para qualquer variagio 6a, entio [too aa, 2220 2a, 2 2.18) on hao de 2.13 Tesultando deste modo um sistema de equagdes que permite a determinasio dos deslocamentos nodais a,. Substituindo (2.16) em (2.18) tense que f [ | ce" (p] flav fa} +) Lx Gy ave | ey? (e) as = 0 v ty s (2.19) fazendo od | (ay (J [6] av (2.20) v {t} -| tT" {0} av -| In” {e} as @.2) v s resulta mais simplesnente que Ik] (a) + {4} = 0 (2.22) em que [Kk] @ a matriz de rigidez do elemento e {f} 0 vector das forcas nodais estaticamente equivalentes As forgas de volume e de superficie aplica- das ao elemento, 2.2.3.4 - Agrupamento e resolugdo do sistens de equacdes A aplicagio da expresso (2.22) 2 cada elemento en que a estrutura foi dividida conduz a um sistema de equagdes para cada um deles, traduzindo cada equacio 0 equilibrio numa determinada direccio nodal. A reconstituigie do doninio inicial € feita impondo o mesmo deslo— camento para os nds que pertencem a mais do que um elemento, pelo que as equa gSes de equilibrio correspondentes a esse deslocanento, resultantes dos elemen tos adjacentes ao nd, so adicionadas, obtendo-se deste modo um sistema de equagdes global (x,] {a} + te.) =o (2.23) A introdugdo das condigdes fronteira, normalmente deslocamentos prescritos em alguns nd e em nimero tal que pelo menos eliminem os movimen- tos de corpo rigido, permite a resolucdo do sistema de equagdes (2.23) e portanto a determinagio dos deslocanentos nodais {a,}. 2.2.3.5 = Determinagdo de outras grandezas relevantes © conhecinento dos deslocanentos nodais, permite finalmente 0 conhe cimento dos deslocanento e tenses en qualquer ponto da estrutura, bem como as reacgdes nos pontos de deslocanento prescrito. 0 cdlculo das tenses tem relevancia particular dada a sua importan cia nos problemas de dimensionanento. Assim pare 0 cilculo do estado de tensao em qualquer ponto basta aplicar a expresso j4 anteriormente definida (B] {a} (2.24) {o} fazendo intervir na matriz [B] as coordenadas desse ponto. 2.15 2.3 - ELEMENTOS ISOPARAMETRICOS Nas primeiras aplicagées do método dos elementos finitos os elemen- tos utilizados tinham uma geometria mito simples, triangulos e rect@ngulos, © que permitia facilmente o cAlculo analftico dos integrais envolvidos na sua formulagao. No entanto a necessidade de estudar problemas com geometrias comple xas © com uma descritizagdo aceitavel, impulsionou o desenvolvimento de novos elenentos, tendo sido 2 introdugio dos elementos isoparamétricos decisive nes, te domfaio [12]. A formulagdo de elementos isoparamétricos assenta em duas ideias chave. A primeira consiste em definir a geometria do elemento usando as coor- denadas dos pontos nodais e as mesmas fungdes interpoladoras utilizadas na aproxinagao da fungéo incdgnita. Ou seja (2.25) em que x, y, 2 so as coordenadas nun dado sistema de eixos dum ponto gené- rico do elenento e x;, yj, 2, as coordenadas do nd i no mesmo sistema. A segunda ideia consiste em expressar as funcdes de forma em termos dum sistema de eixos local €, n, $ adimensional, variando cada uma das coordenadas entre le +1 no dominio do elemento, como se indica na Fig. 2.4. A adopgao deste sistema de eixos permite, como se vera adiante, integrar numericamente, e com toda a facilidade, os integrais sobre o elemento necessarios para a determina~ go da matriz de rigidez e vector solicitacao. 2.16 As fungdes de forma para os elementos de 4, 8 e 9 nds representados na Fig. 2.5 sao: i) Blenenco de 4 nds i sos Late) Genny 4 ii) Elemento de 8 nds (Serendipity) Para os nods de canto G+e6) Geany € 5 4 nn- Ds eee oon) Para os nés do meio dos lados koe tee Gand + 2 2 (lt nnp G-8), iii) Elemento de 9 nds (Lagrange) Para os nds de canto Ne ee £&) (tenn), sels oaoee 7) (2.26) (2.27) (2.28) (2.29) 2.17 Para os nds do meio do Lado 2 = > (nénn,) (1-84) + P66) =n’), 2 2 * N, i= 2,4, 6,8 (2,30) Para o né central Ng = (1-8) (1-n?) Q.3D © caleulo da matriz de rigidez e do vector solicitagio, expressies (2.20) e (2.21), necessita agora de duas transfornagées. Em prineiro lugar, sendo N; fungao das coordenadas locais, témse de expressar as derivadas em relagdo ao sistema global que ocorren em (2,20) om terms das derivadas de N; no sistema local. Em segundo lugar o elemento do volume precisa de ser expresso em termos das coordenadas locais a par de uma mudanca adequada de limites de integragdo (ver 3.2.1.3 e 3.2.1.5). 2.18 2.4 ~ INTEGRAGKO NUMERICA Viu-se nos pontos anteriores que o calculo dos integrais envolvidos na formulagio dos elementos finitos implicava a adopgio frequente de proces- sos de integragdo nunérica, sendo o mais usual o da regra de Gauss-Legendre, Seja a funcdo duna variavel £(£) de que se pretende 0 caleulo do seguinte integral =| £(6) ab (2.32) Usando a regra de Gauss-Legendre, 0 cAleulo numérico de I & obti- do como o somatério dos produtos do valor da fungio em determinados pontos E, por um correspondente coeficiente Usando n pontos temse T= 4 £6) +o) £6) + 0. +0, €E) = Fw, £(E,) (2.33) sendo a respectiva interpretagio geonétrica dada na Fig. 2.6. Na tabela 2.1 apresentam-se os valores das abcissas e coeficientes para as primeiras trés orden de integrago de Gauss-Legendre. Tabela 2.1 ~ Abcissas e coeficientes da regra de Gauss~Legendre n 6. wy l 0.0 2.0 2 + 1.0 3 0.0 8/9 + ¥375 3/9 y X v bey 5 an 5 teat om —— a) Coordenadas locais b) Coordenadas cartesianas globais Fig. 2.4 ~ Sistemas de eixos nos elementos isoparanétricos Fig. 2.5 - Elementos de 4, 8 9 nds we ter Fig. 2.6 - Interpretagio geonétrica da integrago numérica de Gauss-Legendre 2.20 A integragdo numérica de fungdes polinomiais, como € 0 caso das que intervém nas equagdes (2.20) e (2.21), & feita exactamente até ao grau 2n-1, desde que se use n pontos de Gauss. Ver-se-a no entanto, no capitulo 3, como em certas situagdes, a uti- Lizagdo duma ordem de integragdo mais baixa do que a necessdria para se obter integragdo exacta, conduz a uma melhoria, muitas vezes drastica, dos resulta~ dos obtidos. Sao as designadas integragdes reduzidas e selectivas. A generalizacdo da integracio numérica a fungdes com 2 ou mais var rifveis @ evidente faa Ie fEmd—an= I of £(E,4n,) w, w, (2.34) 1 jerjea * 7 a 2.21 2.5 ~ REFERENCIAS CORRETA DE ARAGIO, ~ Elasticidade e Plastictdade. Inprensa Portuguesa, Porto, 1961. ARANTES E OLIVETRA, E, R. - Foundations of the Theory of Structures. Course 134, LNEC, 1972. ABSI, B. - Methodes de Caleul Mumérique en Elastictté, Editions Byrolles, Paris, 1978. ZIBNKIEWICZ, 0. C. - The Finite Element Method. Me Graw-Hill, London, 1977. ARANTES E OLIVEIRA, E. R. - Theorieal Foundations of the Finite Element Method. Int. J, Solids & Structures, vol. 4, 1968, p. 929-952. BATHE, K. J, e WILSON, E. L. - Moerical Methods in Finite Element Analysis. Prentice-Hall Inc., Englewood Cliffs, N. J., 1976. IRONS, B, e AHMAD, S, - Teeniques of Finite Elements. Ellis Horwood Limited (Publ.), England, 1980, HINTON, E. e OWEN, D. R. J. ~ An Introduction to Finite Element Computatione, Pineridge Press, Swansea, 1979. ROCKEY, K. C.; EVANS, H, R.; GRIFFITHS, D, W. e NETHERCOT, D. A. - The Finite Element Method. William Clowes & Sons, London, 1975. 10. ue 12. 2,22 CLOUGH, R. W. - The Finite Element Method after Twenty-five Years: a Personal View. Computers and Structures, vol. 12, 1980, p. 361-370. HOLLAND, 1. - Fundamentals of the Finite Element Method. Computers and Structures, vol. 4, 1974, p. 315. ERGATOUDIS, J. G.j IRONS, B. M, e ZIENKIEWICZ, 0. C. - Cumved, Ieoparanetric, Quadrilateral Elenenta for Finite Element Analysis. Int. J. Solids Struct., vol. 4, 1968, p. 31-42. CAPITULO 3 REFORMULAGKO E REINTERPRETAGAO DO METODO DOS ELEMENTOS FINITOS 3.1 - INTRODUGAO No capitulo anterior apresentaran-se os aspectos gerais do nétodo dos elementos finitos quando aplicado a problemas de Mecanica Estrutural e usando uma formulagdo através dos deslocamentos. A sua aplicagéo a problemas especificos implica o desenvolvimento de elementos adequados aos fendmenos em estudo, apresentando-se no que se segue a formulagio de elementos de elas ticidade plana, vigas, lajes e cascas. A implenentagio destes elementos com vista i sua utilizagio pratica 86 & possivel, na maioria dos casos, usando técnicas de integragdo numérica, em particular a de Gauss-Legendre j@ referide. A utilizacio de ordens de in tegrasio completa, em que se usa um niimero de pontos de integragio suficiente para integrar de forma exacta as funcdes polinoniais envolvidas, origina em certas situacdes uma tendéncia para uma rigidez excessiva dos elementos.Estao neste caso os problemas de defornagao plana quando o coeficiente de Poisson tende para 0.5 (sdlidos quase incompressiveis) [1, 2] e certo tipo de lajes © cascas delgadas quando a espessura decresce [14, 16, 18, 19]. No entanto a ue: izagio de ordens de integraglo reduzida ou selectiva permite uma melhoria inesperada, e por vezes drastica, do comportamento dos referidos elementos, introduzindo no entanto como inconveniente a possibilidade do aparecimento de modos de deformagio de energia nula espiirios. © objectivo principal deste capitulo consiste em dar uma interpretagio 3.2 fisica & técnica numérica envolvida no método dos elementos finitos form- lando-se a matriz de rigidez dos elementos dum novo ponto de vista, que permitird explicar a referida excessiva rigidez e as melhorias introduzi- das através da integragio reduzida ou selectiva, bem como sugerir um novo ele mento de laje que nao apresente aqueles inconvenientes. A introduglo deste novo procedimento, que idealiza o elemento cono um sistema de barras convenientemente escolhidas localizadas, @ feito na secclo 3.2 no Gmbito dos problemas de elasticidade plana, estudando-se tan bém os problemas da rigidez excessiva em sélidos quase incompressiveis. Na secgdo 3.3 apresentan-se elementos de viga, de 2 e 3 nds, nos quais se consideram as rotagdes independentes dos deslocamentos verticais permitindo-se assim deformagdes por esforgo transverso, estudando-se 0 seu comportamente em fungdo da orden de integragio numérica utilizeda. Estes elementos vao ser usados na secgio 3.4 na generalizacio do procedimento es~ tabelecido em 3.2 20 caso das lajes, e na andlise do seu comportamento para espessuras muito pequenas. Apresenta-se ainda um novo elenento de laje e correspondentes ensaios nunéricos. Na secgdo 3.5 descrita a formulagdo dum elemento de casca e feita a andlise da sua matriz de rigidez. Na secgdo final deste capitulo sao sumariades as principais conclu- sdes. 3.3 3.2 - ELEMENTOS DE ELASTICIDADE PLANA 3.2.1 - Elemento rectangular de 4 nés Usando a metodologia apresentada no capitulo 2 vai-se estabelecer a matriz de rigidez para um elemento rectangular de quatro nos. 3.2.1.1 - Geometria do elemento Considere-se um elemento rectangular de lados 2 e b, referido a um sistema de eixos global x, y paralelos aos lados do rectngulo e com a origem no centro, como se mostra na Fig. 3.1. Fig. 3.1 - Elemento rectangular de 4 nds Considere-se ainda um sistema de eixos local §, nN coincidente com 0 sistema global, mas em que as coordenadas dos pontos do elemento variam en- e + tre Usando uma formlagdo isoparamétrica tem-se, de ecordo com (2.25), 3.4 que (3.1) Fazendo x, e€ y, assumir os valores correspondentes a este caso particular, e sendo as fungdes N, dadas pele expressio (2.26), obtém-se mais simplesmente que (3.2) 3.2.1.2 = Campo de deslocanentos Nos problemas de elasticidade plana 0 deslocanento dum ponto & carac~ terizado por duas componentes u e v. A fungdo aproximada do campo de deslocamento sera entao 3.3) obtendo-se assim a fungdo que se representa na Fig. 3.2. 3.5 Fig. 3.2 - Campo de deslocamentos dum elemento rectangular de 4 nds 3.2.1.3 - Relagdo entre deformages © deslocanentos A relacio entre as deformagSes © os deslocanentos dada por (2.7) assume para o caso plano o seguintes aspecto { ae | “x = | av . 1 (3.4) | au, av Voy Jou enaoel Dispondo-se apenas dos deslocamentos en fungio das coordenadas locais, as derivadas dos deslocamentos em relaglo ao sistema global tém de ser calcu- ladas através da relagio (3.2). Sabendo-se que [au ww) | ax |e ae ae au ay ax [aan an em que [J] @ a matriz Jacobiano, ee yo oe 2 3g tem-se Finalmente que Bu av) {2 ax ax| fa Bey o by By y) (ew ae ox Ox i ay) | mw av an} | ay ay | © que eo; an. o} (2 & BE BE 2} | au b an Obtendo-se as derivadas dos deslocamentos em orden tir da expressdo (3.3), a matriz a 2 a 3& a 38E i=] 0 0 2™ 2 2 lb om 2 8 b a [B] de (2.8) sera: aN, ois an is aN, an aN, a Is e 3.6 (3.5) (3.6) (3.7) n 8 pare 3.7 3.2.1.4 ~ Relaglo entre tensdes e deformagies Amatriz de elasticidade [D] para um material linearmente eldstico e isotrépico e para o caso de tensdo plana é v 0 | 1 0 (3.9) o 2 3.2.1.5 ~ Matriz de rigidez Amatriz de rigidez pode agora ser obtida usando a expressao (2.20) (K) (s]" (p] £8) av (3.10) tendo-se, no entanto, de expressar o elemento de volume dV em termos de coordenadas locais av = t det [5] d& aq (3.11) em que t @ aespessura do elemento e det [3] o determinante da matriz Ja~ cobiano. Em particular 0 elemento kj, sera dado por 1 roc an, )? an, }? wae Bef {df 2 BETS (22) ae bate ce an Jalle 26 b an 2}a 3.8 aN) aN, ou substituinds 2 @ “2 pelos seus valores Be an Bab [ L fr, 1 abe ke eae eo am] +t ae dy otal [1a (sen) a me (3.12) Para integrar numericamente de forma exacta esta expressao bastard utilizar dois pontos de Gauss. Fazendo t=1, e usando os valores da tabela 2,1 obtém-se e 1 Ke = (3.13) a 5 Integrando com um ponto de Gauss wpe bL,ibBial (3.14) via 4 2) bb Os indices superiores e e r indicam elementos obtidos respectivamente com integragio exacta e reduzida. As matrizes de rigidez completas para as duas ordens de integragio estdo dadas nos quadros 3,1 e 3.2. 3.9 Wy wey sly ty - on Ll! : ; uy sete] oe [Es.Es (e1pex9 opSeaBouy) zynSuey99z oguoMeys unp zaptwta ap 2149eK - TE ONaYAD 3.10 (Hz 7 alee : - ty loa. | aa | = | zy eee ee eee see eee eee eee Sp a oee es eee |e ee ee a. | 1 oo a _ ona %_ ey] fe (eee (epyznpex ovSeagequz) Ae[nZuey904 ogUaMETS WNP zaprBT2 op ZEAIEW - z°€ ONAVND 3.11 3.2.2 - Elemento rectangular de 4 nds (formulagio através dum sistema de barras) 3.2.2.1 - 0 elemento como um sistema de barras Considere-se uma estrutura constituida por dois conjuntos de barras, um em cada direccio, de larguras respectivanente dx e dy, preenchendo to- do o dominio e ligadas através das suas extremidades a um contorno rectangular como indica a Fig. 3.3. Admita-se ainda que os lados do contorno apenas podem sofrer desloce~ mentos que variem linearmente entre os nds, e que a lei de variacdo dos deslo- camentos em cada barra & igualmente linear. A deformada da estrutura fica assin dependente de apenas 8 pardmetros, por exemplo as componentes do deslocamento dos 4 nds do contorno da estrutura. Esta lei dos deslocamentos é afinal a mesma que foi adoptada para o campo de deslocamentos na formulagdo clssica e tradu- zida por (3.3). Conhecendo a matriz de rigidez de cada barra, o cAlculo da matriz de rigidez do sistema de barras, referida aos deslocamentos dos 4 nds, pode ser feita sem dificuldade. No que se segue-vai mostrar-se que a matriz de rigidez do sistema de barras que foi deserito, coincide com a que se obteve através da formulago classica para o elemento rectangular de 4 nds. Este procedimento permite ainda obter uma interpretagao fisica, facilmente perceptivel, para o modelo matena~ tico desenvolvido no capitulo 2 ¢ possibilita o esclarecimento de alguns aspec tos menos claros desse mesmo modelo, nomeadamente a vantagem da utilizagao da integragao reduzida em certos problemas. 3.12 3.2.2.2 - Matriz de rigidez duma barra As barras introduzidas no ponto anterior admiten dois tipos de defor- magio: axial, com deformagio transversal inpedida, e distorsional. Por se considerar impedida a deformagdo transversal, a aplicacéo de forgas axiais N origina forgas na superficie lateral da barra, as quais vio ser substituidas por outras equivalentes N,, como se indica na Fig. 3.4a). A deformagio por distorsao @ obtida aplicando um conjunto de tenstes nas extremidades e nas superficies laterais da barra como se indica na Fig. 34d), cujas respectivas resultantes sio T e T, Na Fig. 3.4c) e d) indica~se a numeragio adoptada para as direccdes dos deslocamentos ¢ forgas na barra. Assim as direcges 1, 2 ¢ 3, 4 correspon dem deslocamentos e forgas respectivamente axiais e transversais (Fig. 3.4c), Bs 5, 6 7, 8 correspondem sistemas de forgas gerados por deslocamentos res~ pectivamente nas direcgdes 1, 2 3, 4 (Fig. 3.44). 3.2.2.2.1 - Matriz de rigidez correspondente a deslocamentos axiais Amatriz de rigidez que relaciona os deslocanentos com as forcas nas direcgdes 1 2,e que se vai designar por [K_.], & conhecida Est [ce ee (3.15) wavy em que s @ a largura de barra, t a espessurae £ 0 seu comprimento. 0 factor —2_ decorre de se considerar impedida a deformagio transversal. iv ae Fig. 3.3 - Decomposigdo dum elemento num sistema de barras me me A y ne Ne 8 ® joes ar j BaF rt ey 6. " Fig. 3.4 ~ Deslocamentos e forgas nodais da barra 3.14 A imposigdo de um deslocanento unitério na direcgdo 1 origina, como se indica na Fig. 3.5, uma tenséo 0, nas facetas normais ao eixo da barra 1 k, 3° ee (3.16) ts (ev?)t e nas faces laterais, por efeito de Poisson, uma tensio ppv ee (3.17) (vk Asforgas ks, € kg, estaticamente equivalentes tensio o, dis~ tribufda nas faces laterais serao Kis 7 Ryge- ta, 2 t= -2YE (3.18) 2 2Q.-v2) Odtendo~se do mesno modo Kg © keys pode-se escrever que Fs 1 +1) 8 | { 8 -~-—- | = (K,} 2(1-v?) | | Fe “1 a} [6 Ls, | (3.19) sendo, portanto, [K,,] @ matriz que relaciona os deslocamentos axiais com as forgas transversais desenvolvidas por efeito de Poisson. 3.15 3.2.2,.2,2 - Matriz de rigidez correspondente a deslocamentos transversais A matriz de rigidez correspondente As direcgses 3 e 4 e que designa~ renos por [K,,] 6 id&ntica a (K,,], j@ que a lei de variagdo de deslocanentos & igualmente linear, diferindo apenas na constante elastica que relaciona ten sdes com deformacdes, que é para este caso 0 médulo de elasticidade transver- sal G = B/2(1+) (j= S (3.20) A imposigo dum deslocamento unitario na direcgdo 3 origina uma ten- sao tangencial 1 nas seccées normais ao eixo da barra igual a E33 + tT £ (3.21) a Pela lei da reciprocidade das tenses ten-se nas faces paralelas ao eixo da barra uma tensdo t igual, que vai ser substitufda pelo sistema de forgas estaticanente equivalente k,, © kgs akg tS. eee 3.28) 22 Calculando de modo andlogo kj, ¢ kg, pode-se escrever a matriz 74 [Kyy) (ue relaciona deslocamentos transversais com as forgas resultantes da reciprocidade de tensées tangenciais, 3.16 r, 271) [6) - HP p= | 6.23) le, a | v3) 8, 3.2.2.2.3 - Matriz de rigidez global da barra Associando as matrizes definidas nos pontos anteriores tem-se que \2 tk] 0 % 3 ok a P Ww Ane | (3.24) F, | ST fom oo | | 3 *6 L 9 Oy ou mais simplesmente {Fh = (x, 1s} (3.25) Amatriz (K,,.] a parcela da matriz de rigidez da barra que rela~ ciona as forgas nas direcgdes de 1 a 8 com os deslocamentos de 1a 4. A outra parcela, que relaciona as forgas com os deslocanentos relativos nas direcgdesde 5 a 8 nao vai ser necessaria porque estes deslocamentos sao sempre nulos. Observe-se desde j4 que sendo nestas barras o campo de deslocamentos linear, as deformagies e tensdes sao constantes e, portanto, se se quiser 3.7 calcular a matriz de rigidez numericanente, bastard utilizar um ponto de Gauss (fungGo a integrar constante), 3.2.2.3 - CAleulo do elemento k,, - Barras nos pontos de Gauss 0 calculo da matriz de rigidez do elemento rectangular de 4 nés vai ser efectuado do seguinte modo: i) imposigdo dum deslocamento unitario nuna dada direcgao nodal ii) determinagio dos esforgos desenvolvidos no sistema de barras devidos a esse deslocamento )determinagdo atravée da aplicagio do principio dos trabalhos virtuais das forgas nodais equivalentes as forgas desenvolvi- das no sistema de barras. Para o cdlculo de k,, aplica~se o deslocamento unitario u, MW 1 como se indica na Fig. 3.6, A extremidade da barra de largura elenenter dy sofre um deslocanento 6, ty. Operando com a matriz (3.15) 0 esforgo na direcgo do eixo da barra (3.26) Aplicando o principio dos trabalhos virtuais, usando como deslocamen- tos virtuais os mesuos deslocanentos que originaran as forgas F,, obtémse a parcela do elemento kj, devida as barras paralelas & direcgdo a; 3.18 5 (3.27) Para que se possa extrair uma conclusao importante vai-se efectuar a integracao numérica da expressio (3.27). Usando dois pontes de Gauss de coor- denadas 5, e J, €coeficientes wv, © w, tense que ki = . (3.28) Mas a parcela 3, Bei, (3.29) 3 a forga que se desenvolveria numa barra de largura w; ¢ colocada ao nivel do ponto de Gauss i (y;/b @ 0 seu deslocamento axial), Quer isto dizer que para o ciilculo do elemento kj, basta usar duas barras colocadas ao nivel dos pontos de Gauss © com larguras correspondentes aos coeficientes de peso associados a esses mesmos pontos. Generalizando pode concluir-se que para a obteng&o da matria de dea do elemento rectangular, basta considerar un sistema de n barras em cada divecgio, cotocadas ao nivel dos pontos de Gauss @ con Largunas correspondentes aoe coeficientes de peao associadoa a eases pontos. Na Fig. 3.7 apresentamse os sistenss de barras correspondentes as or- dens de integragio de 2x2 e 1x1, designando-se por ia e ib respectiva- mente as barras paralelas & dimensio a e i dimensio b, e as correspondentes larguras por st# e 3i?, fe o bee dew Fig. 3.5 - Forgas transversais devidas a um deslocamento axial unitario I fe Fig. 3.6 - Deslocamento unitario a} integragdo 2x2 DI integrase x1 Fig. 3.7 - Sistema de barras de um elemento rectangular 3.20 0 elemento ky vai entao ser calculado com este sistema de barras simplificado considerando-se duas barras em cada direcgao, ou seja,o caso correspondente & utilizacio da integragio exacta na formulagio classica, e que se designou anteriornente por k¢, A determinagéo dos deslocamentos nodais das barras pode ser feito a partir da expressao (3.3) fazendo u, © 08 demais deslocanentos nodais iguais a zero + ae) Gam (3.30) 4 Estando a barra la colocada num ponto de Gauss, tem-se, de acorde com 1 a tabela 2.1,que n= + 0s deslocamentos nodais sio obtidos fazendo respec~ % la. Le &= 41, Designando por {8 “}, 0 vector dos deslocamen- 1 1, tense que tivamente & tos nodais da barra 1a na configuracéo (ju = {0 0 oy G3) Fazendéo n= -1/¥3 resulta para a barra 2a que 4} = fo 2a-4) o ot (3.32) 1 20 Para as barras ib vai estabelecer-se que Gs extremidades inferiores correspondem as direcgdes 1 e 3. Entéo o sistema de eixos local da barra est rodado de 90° em relacdo ao sistema de eixos global, implicando que os deslocamentos trensversais da barra sio iguais a -u (expressio (3.30)). Colocando as barras 1b e 2b respectivamente nos pontos £ =-1/7V3 e E~=+1/¥3, pode-se escre~ 3.21 ver que wey = fo 0 0» -2G-4)37 (3.33) 1 2 rey wy) = (0 0 0 (3.34) 1 Sendo a largura das barras s@ = b/2 e si? = a/2, podem calcular- ~se as forgas nodais em cada barra aplicando a expresso (3.24). Designando por (f, ] a matriz constituida pelo vectores das forgas das quatro barras na 1 configuraczo u,=1 tense que 1 ° 0 eee + & ° ° ~ sta = 4b a, Yardy 0 | 4 8 | a+t o | | | ° 0 -€a-4) 4 rE 3.22 Bt (1-v*) em que a, = Aplicando © principio dos trabalhos virtuais, em que os deslocamentos virtuais sio os da configuragio u,=1, obtémse o elemento ky). L Na aplicagio do P.T.V. @ necessario calcular o trabalho produzide pe~ las forgas F,, Fg, F, € Fg no campo de deslocamentos virtuais, sendo portan- to necessario fazer intervir o deslocamento relativo entre os pontos de aplica~ gio dos pares de forgas que constituen cada uma das forgas generalizadas F, a Fg: Bntdo aos vectores {6'*} e {6°} vio acrescentar-se vectores de deslocamentos relatives, que se designarao por (A6'“} e (Aé?”), constituindo- “se assim osvectores de deslocamentos virtuais {3'#} e {81>}, que envolvem todas as direcgdes em que existem forgas. Entio epee on celayt @igy ct i) G.36) ist 1 1 1 1 Neste campo de dealocamentos virtuaie as forgas nae direcgées 5 a 8 no realizam trabalho, pelo que substituindo em (3.36) os vectores anterior~ mente calculados resulta eee Sea | av’ a Bt by ge 8 G37) 1-v? 3a 3b que coincide com 0 valor expresso no quadro 3.1. 0 caleulo de &],, correspondente 4 utilizagao duma ordem de inte- LL? gragio reduzida na formilagdo clissica, @ feito usando apenas una barra em 3.23 cada direcgio. Os deslocanentos e forgas nodais serio agora la t (i, =f 0 2 0 0} 1 o o -237 (3.38) 2 oo 0, 9. 2a ones Ctepmecrerctags 2b 2b Aplicando 0 P.T.V, obtémse r a yy +Gt— (3.39) 1-v* 4a 4b que igualmente coincide com o valor expresso no quadro 3.2. © que se acabou de estabelecer tem una correspondente tradugéo grafi~ cana Pig. 3.8. 3.2.2.4 ~ Célewlo do elemento kp, A determinagio do elemento kp,, forga desenvolvida na direcgao 2 para um deslocamento unitario na direcgao 1, vai ser feita aplicando o P.T.V. a0 sistema de forcas obtido no ponto anterior mas em que agora o campo de deslo- vepresentada na Fig. 3.9. camentos virtuais @ a configuragdo v, 3.24 Nesta configuragio as forgas de 5 a 8 j4 realizam trabalho, pelo que se torna necessario 0 calculo dos vectores {Aé} de deslocamentos relativos. Seja o caso geral representado na Fig. 3.10 em que a lei de variacgao v(y) dos deslocanentos na direcedo normal ao eixo da barra, da sua secgdo ex- trena, @ a indicada. A diferenga de deslocanentos v,-v, entre os pontos de aplicagdo do par de forcas F pode ser obtida do seguinte modo (3.40) Desde que a fungio v(y) seja no maximo do 19 grau, pode-se obter o valor exacto integrando nunericamente com apenas um ponto de Gauss. Ou seja = (2) aXe G.4D ex)y a A partir desta conclusdo vao ser calculados os vectores {5}, . 1 0 catupo de deslocenentos da configuragéo v,=1 obtido partir de (3.3) v= +a+9 Gem (3.42) a As devivadas de v emordema x e y témde ser calculadas atra~ vés da relagao (3.2) Hee Mllasty. dy an dy 4 (3.43) lb ; : rio po Pig. 3.8 - Sistemas de forcas que originan ki) | og Kor Fig. 3.9 ~ Configueagio v, =1 " “ 7 g Fig. 3.10 - Deslocamentos dos pontos A e B_pertencentes B secgdo da extremidade duna barra 3.26 lL ayy 2 bx 0G ax 4 a (3.44) Para a barra le os deslocanentos 63° ¢ 6! obtémse fazendo en (3.42) n= 1/V3 e@ G=241, Os deslocanentos relatives Ad/* © As!* sio nulos eos ASr* © A6s* slo calculados de acordo con (3.41) ase = [2 xbeo (3.45) ay feel 2 alt = *) xbal (3.46) By) E=1 202 Procedendo de modo andlogo para as outras barras e designando por (8, ] a matriz constitufda pelo vectores dos desiocanentos e deslocanentos 1 relatives das quatro barras resulta que: aT gla, Gla. (6 = fe“), er" 1 0 oO 0 0 ° 0 tat 2 % 0 0 0 oO | JBasty 0 0 | (2 8 0 oO 0 0 | | loa a2 0 o | 0 0 oO 0 | 0 ° “1/2 “12 (3.47) 3.27 Aplicando o P.T.V. 2 pig? gi 2 ibyT git wey be E celgt coley 4 Beeb T pity (3.48) isl at 1 4 %) Substituindo, obtémse finalmente Bev 1 1 ie 2e lla. 4yra+4y} - 1s wo 8} = Ee(l4y) (3.49) 8(1-v?) que coincide como obtido pela formulagao classica. 3.2.2.5 = Sistematizagio do cleulo Aplicando a teoria desenvolvida nos pontos antecedentes pode-se efectuar o cdlculo da matriz de rigidez do elenento duma forna sistematica, que permita a sua facil implementagio em computadores. Assim, para cada uma das n barras que constituem o sistema caleu- lavse a sua contribuigao para cada termo da matriz de rigidez do elemento, sendo esta, finalmente, obtida pelo somatério das n contribuicdes. Entao para cada barra tém-se os seguintes passos: i) c@lculo da matriz de rigidez tee, a partir da expressao (3.24), em que o indice superior ix refere a barra i na direcgfo x (a ou b). 3.28 ii) CAlculo do vector de deslocamentos nodais {4'*} e de desloca~ mentos relativos {46°*} da barra, para cada um dos deslocamen- tos unitarios dos nés do elemento rectangular, constituindo-se assim a matriz { ts**) ] six. xa eee t6**) tna em que as colunas so os deslocamentos da barra em cada uma das 8 configuragdes unitdrias do elemento. No quadro 3.3 apresentan-se os valores desta matriz para o caso de uma barra em cada direcclo (integragio reduzida). iii) Clculo das forgas nodais da barra. Basta pare isso efectuar 0 a cgi ix . produto da matriz (K* ] pela matriz (6), em que apenas estdo inclufdos deslocanentos nas direcgdes de 1 a 4. aaeaae Na matriz [F*], as colunas so os vectores das forgas nodais da barra ix em cada configuracio unitiria do elenento. iv) Efectuando o produto de cada vector {F™} por cada um dos vec~ tores de deslocamentos {5'*}, obtém-se a contribuigdo da barra ix para cada um dos elementos da matriz de rigidez do elemento cei) = cei? (gig (3.52) oxo x8 x8 3.29 *Te00T soxye ep eusasts o ered eSuepnm ep varnser oaTqesou TeUTS O (T) | 40 of ej etfs z of of cro t wan 2.) amen $ pam o| o of} t] ojo} o/oj ols 2-) wne-v * ° o 2 wen 2 C e wen | + leven + 2 o a [op op 2 i : Yl waa? fre a o a won 2 teats " ae | *yuop % o-3 o=u alg] — a P2364 aleyg) — et ete (eprznpea ogSeadozut) sezteq senp op ose9 o vzed [9] soztaaen - EE oxpend 3.30 Efectuando o somatério das n matrizes [K™*] obtém-se a matriz de rigidez [K] para o elemento tK]= 5 cxity 3.53) 3.2.3 ~ Blemento rectangular de 8 nds (formulagio através dum sistena de barras) A formulagao que foi desenvolvida para o elemento de 4 nds vai ser agora generalizada a um elemento de 8 nds, que, por razdes de simplicidade, se considera rectangular. A formulagao classica para este elemento & id@ntica A do elemento de 4 nds, pelo que apenas se apresenta a sua geonetria na Fig. 3.11 ea rela~ go entre os sistemas de eixos (3.54) em que as fungdes so as escritas em (2.27) e (2.28). 3.2.3.1 - Matriz de rigidez duma barra de 3 nds © sistema de barras a considerar para a obtencio da matriz de rigi- dez de um elemento de 8 nds sera constitufdo por 2 ou 3 barras em cada direc~ Gio, como se indica na Fig. 3.12, conforme se pretenda a solugdo corresponden- te & integragio reduzida ou 3 exacta. A partir das fungdes N, pode-se verificar que o campo de desloca- mentos em cada barra é do 29 grau, o que implica que tenha de se considerar 3 nés por barra. 3.31 3.2.3.1.1 - Matriz de rigidez correspondente a deslocamentos axiais A barra que vai ser considerada e as respectivas direcgdes nodais est representada na Fig. 3.13. A relagio entre os dois sistenas de eixos & 3 x= DON x, 3.55) jet > * em que «-lgae ; =e; al yy A BC) 3 Nye Les 5 & (1+E) (3.56) Usando uma formulagdo isoparanétrica tem-se que a expresso do campo de deslocamentos é dada por re (3.37) Para a relacdo entre defornacdes ¢ deslocamentos tem-se que eet (3.58) * ox Mas du,dude 2 ek (3.59) BE ax aE ve 2 3.32 Fig. 3.11 - Elemento rectangular de 8 nds 3 = a) integraco reduzida b) integragao exacta Fig. 3.12 - Sistema de barras para o elemento de 8 nds Se i 2 a + Th 4 a tn (" Fs Fig ey Fra uF sat Sus —— four fos.rs frs-re “Fo Fi Fie Fr a Fa Fig. 3.13 - Barra de 3 nds 3.33 Pelo que fu, 2 {2% % ay) | | gre l=, =, = uy } = (B] {ub (3.60) ae eee “3 Anatriz de elasticidade [D], para 0 caso de deformagdes transversaie impedidas, @ (3.61) Resultando Finalmente para a matriz de rigidez [KJ que relaciona deslocanentos com forgas axiais da barra: 1 ik] | (aJ" Cp] (BI se © ae (3.62) 2 Exenplificando para 0 elemento k,,, obtemse : kt tt] Cheeta - Pet (3.63) I, 2 Iv? 32 Sendo a fungao a integrar de 2? ordem, para a integrar numericamente de forma exacta basta usar dois pontos de Gauss. Efectuando as operacdes envolvidas em (3.62) obtémse 3.34 fz 8 2) 3 3 3| | [pee] eee eee a (3.64) we isvi gt 3 3 3 ee 64 il 3 3 Sendo a deformagdo transversal da barra impedida, a imposigio de des- locamentos nas direcgdes 1 a 3 gera forgas nas direccdes 7 a 9, Vai agora cal- cular-se a matriz [K,,,] que relaciona estas forgas com aqueles deslocanentos. A tenséo Oy, nas facetas paralelas ao eixo da barra é igual a vo,, entio para o caso de u,=1 tense que o = 21. gy (3.65) Yi g 2 Esta tensio, distribuida nas faces laterais da barra, pode ser substi- tulda por forgas concentradas nos nés, aplicando-se o principio dos trabalhos virtuais para a sua determinagio. (3.66) 1 al t+ oe heap) a Iv? 2 2 2 2 1-v? 2 ln (3.67) 3.35 Calculando todos os outros elementos do mesmo modo obtém-se a seguin- te expressao para a matriz Tk. 1 eer 3 6 0 2 (3.68) 3 3.2.3.1.2 - Matriz de rigidez correspondente a deslocanentos transversais A matriz de rigidez que relaciona deslocamentos com forcas transver- sais pode ser obtida de modo andlogo ao descrito no ponto anterior, resultan- do que amatriz [K,,] sé difere de [K,,] no que decorre da matriz de elas~ ticidade Ets 2CLv)e (Kk J= 54 S 3 i ag (3.69) 3 3 oot L 7 7 Amatriz [K,] que relaciona os deslocamentos transversais com as forgas nas direcges de 10 a 12 & idéntica a (3.68) bastando susbtituir Ev/(1-v?) por E/2(1+v). 3.36 3.2.3.2 = C@leulo dos elenentos k;, da matriz de rigidez do elenento rectangular de 8 nds No que se segue apenas se refere o calculo da matriz de rigidez cor~ responde & integracio com 3x3 pontos de Gauss, pelo que se vai considerar o sistema de trés barras em cada direcgio representado na Fig. 3.12. Para aquele sistema de barras comega~se por determinar os deslocamen- tos e forgas nodais de cada barra na configuragdo u,=1. 0s elementos k. L li sero determinados por aplicacio do P.T.V., em que os campos de deslocamentos virtuais so as configuragdes u, ou v, =1. Como objective de salientar os aspectos principais deste procedimento detalhar-se~a 0 cAlcule dos elenentos ue Kar 3.2.3.2.1 - Barras paralelas ao lado de dimensio a K semelhanga do que foi convencionado para o elemento de 4 nés, vei de~ signar-se as barras por ia e o deslocamento ou forga na direcgao j da barra ia ia respectivamente por 3S eB? (ig. 3.14). De acordo com (2.27) quando u,=1 obtémse w= 2 G8) (a Ce) (3.70) 4 Fazendo intervir nesta expresso es coordenadas dos nds das barras obtémse o vector {6"}, que contém os deslocamentos dos nés, nas direccdes 1 1 a3, de todas as barras paralelas i dizecgio a, na configuracio u, =1 os, 1 to), =} (079), a.m) i 1 3a, {o""}, t yy em que -q-4 wy 4-2 ts 10 1 4 ° ° t/+3]| avs s}j | (es ef -4 \ (3.72) “4 10 ° © respectivo vector das forcas nodais nas direcgies 1 a 3 tr) -{ als? » ey gptayt ¥ G.73) 4 ei 4 4 pode ser calculado através da matriz (3.64) ry = [iyl {6 a (3.74) 3.38 em que (fe es 3 3 3 | cops 18a 3 3 3 | 2.8 7 | 3 3 3 are 1 3 3 3 (x2 = Ee a8 w 8 wey? 9a | 3 3 Lol8 o21 | 3 3 ay) | | ee | 3 E! 7 Jby/. 8 16 18 18a] 3 3 | 2.8 2) t 3 3 3) (3.75) 0 calculo de ip parcela devida as barras na direccao a do elemen- to kj, da matriz de rigidez do elemento de 8 nés, & feito aplicando o P.T.V. em que os deslocamentos virtuais sao iguais a (8°), . Assim 1 a ayT a. ky, obtém-se da seguinte expressio . al ia 2 ia asi® =| . st. | ¥ Qyt | 77 Gen) 5 8 men 7 (an an ay nen (3.82) Procedendo de modo andlogo para as outras direccdes pode obter-se o vector {48°} (08%) oc [2-2 LA toe Si AL 3 At 1 18 5 18v 5 9 1g 5 bY 5 que @ constituido pelos deslocamentos relatives nas direcces 7 a 9 das barras paralelas 4 direccdo a. Finalmente, pode-se escrever que wf, = (807 oe8 1 (084), (3.84) 21 u, Kew 1 1 Efectuando as operagdes envolvidas tem-se que way = - Be 2 (3.85) 1-v? 36 3.41 3.2.3.2.2 - Barras paralelas ao lado de dimensao b Os deslocamentos nodais {6°}, , nas direcgdes 4 a 6 © represen- tados na Fig. 3.15, so obtidos fazendo intervir as coordenadas dos nds das barras na expressao (3.70) e trocando de sinal aos valores obtidos, j4 que o sistema de eixos local da barra esta rodado de 90° em relacdo ao sistema de eixos do elemento. © vector das forgas nodais {F°}, nas mesmas direcgdes @ dado por (PP) = (3.87) a en que sk 3 w te 1 = Cootta al (3.88) se e (K,] € a matric (3.69) dividide por s. O elemento kK}, @ entdo igual a we = CPOE (xP 7 ch), (3.89) 1 1 3.42 m 5) ag BOE oy MER fie & een g Fig. 3.14 - Barras paralelas ao lado de dimensio a ep |si 5 2 ay oP co oP Fig. 3.15 - Barras paralelas ao lado de dimensdo 3.43, Efectuando 0 calculo obtémrse Ea 26 (3.90) 2(14v) b 45 Para a obtencio do elemento k3, @ necessArio determinar o vector das forgas nodais {F°} nas direcgdes 10 a 12. 1 (Ph, = CHR 16"), G91) em que 1 | (3.92) Para se aplicaroP.T.V. necessario calculer na configuragéo v,=1 os vectores de deslocamentos relativos nas direcgdes 10 a 12 a fim de se obter 0 vector (A8"), 1 Partindo da expressdo (3.81) e fazendo em particular n=1 resulta que sal croeiy 25 (3.93) 2 a sendo o sinal negative resultante da mudanga para o sistema de eixos local. 3.46 Procedendo de modo anilogo para 46; e Asi) obtém-se (3,94) Entio > by? by (aie kp, = (6 7 Gey) 146°), (3.95) Conparando com {64} — expressio (3.71) u a Tx] com [K2,] — expresso (3.80) ew cu com — expressao (3.83) pode concluir-se que de modo analogo a (3.85) se tem que ey a met eneL a G.96) 2y) 36 3.2.3.3 ~ Comparagio de resultados Com o objectivo de ensaiar os valores anteriormente obtidos, efectuou- -se 0 célculo da matriz de rigidez dum elemento de 8 nés usando um programa ba~ seado na formilagao classica. 3.45 Os resultados obtidos para um elemento com a=b, E=3*10’ e v=0.3, encontram-se no quadro 3.4, Quadro 3.4 - Elementos da matriz de rigidez de elementos de 8 nds Elem. Expressao analitica Valores numéricos (Presente formulagao) Presente formulagao | Formulago el ky eee 025714286 x10° 0.257141 x10° 2C14v) b 45 w, -RE- BE = 0,10119048 «10° 0.101190 x10* lev? 36 -2(14v) 36 kay eC eee eee et) = 0.80586081 x10” = 0,805858 x10” lve als 2(14v) bg ky 0.42124542 «107 0.421244 x107 « - —Bt_ a 1 | ~0,28534799 108 = 0.285346 x10% 1) vag 214y) db 15 kg} 7b t+ ht 0,53113553 x10” 0.531134 x10? avi 9 2(1H) 9 3.46 3.2.4 ~ Vantage da integracio reduzida, ou selectiva, na andlise de certos problemas com materiais quase incompressiveis. Sua explicagéo A vantagem da utilizagdo duma ordem de integragio mais baixa que 2 necessatia (reduzida ou selectiva) no cilculo da matriz de rigidez, em proble~ mas com materiais préximos da incompressibilidade, tem merecido a atengao de muitos autores [1,2] mantendo-se no entanto insuficientemente explicadas as razdes deste comportanento. Os exemplos que neste contexto tém sido predominantemente considerados consistem em cilindros Scos e espessos, ou esferas, sujeitos a uma pressao interior. Nesta seccao, para além do estudo dum cilindro espesso, apresentamse 0s calculos de uma placa solicitada axialmente, bem como os valores préprios da matriz de rigidez para cada um dos dois casos. Para a andlise de estes resulta~ dos deduz-se em seguida a matriz de rigidez dum elemento trapezoidal de 4 nds, através da formulagdo classica e através da analogia com um sistema de barras, apresentando-se por fim uma interpretagdo e explicagao para os resultados obti- dos, com incid@neia particular nas vantagens da integragio reduzida ou selectiva. 3.2.4.1 ~ Cilindro espesso Vai sex considerado um cilindro de raios interior e exterior respecti- vamente iguais a 0.5 mel me sujeito a uma pressio interior de 1 kN/m”, impon- do-se que os topos do cilindro no sofrem deslocanentos relatives, ou sej uma situagdo de defornagio plana. © wédulo de elasticidade € E=1 kN/m? @ 0 coeficiente de Poisson assumiré valores sucessivamente mais proximos de 0.5, tendendo deste modo o ma~ terial para a incompressibilidade. 3.47 3.2.4.1.1 - Solugdo tedrica Para o cilindro em estudo, e representado na Fig, 3,16), a teoria da elasticidade fornece a seguinte expressdo para os deslocamentos radiais bye, wa (3.97) 3 em que r @o raio da superficie cilfndrica a que pertence o ponto que sofre © deslocamento radial u, 3.2.4.1.2 ~ Solugao com elementos finitos Para o cAlculo do cilindro usaram-se as malhas indicadas na Fig. 3.16b) ec) respectivamente com elementos de 4 8 nés, e, para cada um dos casos, uti- Lizando ordens de integraciio exacta e selectiva. No caso da integragao exacta tem-se 22 ou 3x3 pontos de Gauss, respectivamente com elementos de 4 e 8 nds. Na selectiva a matriz de rigidez @ dividida nuna parcela distorsional e em outra volunétrica usando-se 22 ou 3x3 na parcela distorsional e 1X1 ou 22 na parcela volunétrica. Os resultados so apresentados nos quadros 3.5 ¢ 3.6 e na Fig. 3.17. Quadro 3.5 - Deslocamentos radiais dum cilindro espesso com elementos de 4 nds [ r= 0.5 reo BET estvieo | v2 | 2 | tedrico| 0.963 | 0.9833 | 0.471 | 0.518 | 0.5166 0.971 | 0.9983 | 0.231 | 0.489 | 0.5017 9.972 | 0.9998 | 9.039 | 0.486 | 0.5002 3.48 Quadro 3,6 ~ Deslocamentos radieis dum cilindro espesso com elementos de 8 nds = 0.5 = 1.0 v | x0 | 2B | ecdetea | 90 | 33 | easeten 0.45 0.988 0.991 0.9833 0,530 0.532 0.5166 0.495 [0.973 | 1.000 | 0.9983 | 0.491 | 0.504 | 0.5017 0.4995 | 0.779 1,004 0.9998 0.378 0,502 0.5002 | e.49995 [0.245 ] 9.995*[ 0.9999 | 0.108 ] 9.391") 0.000 L 1 7 ~ Da andlise dos resultados constata-se que com a integragéo selectiva se obtém uma solucdo praticanente exacta enquanto que com a integragdo exacta muito cedo se verifica uma solugdo excessivamente rigida. Verifica-se ainda que, @ partir de certos valores de V, ocorrem problemas numéricos na resoluco do sistema de equacdes, cono pode observar-se nos valores do quadro 3.6 assinalados com um asterisco, que representan os des~ locamentos dos pontos A e B do cilindro (Fig. 3.16) que deveriam ser iguais (na Fig. 3.17 usaram-se os valores médios). 3.2.4.1.3 - Valores préprios da matriz de rigidez Para melhor se analisar 0 comportamento da matriz de rigidez dos ele~ mentos envolvidos nos cAlculos anteriores, foi feita a determinagao dos respec- tives valores e vectores préprios. Para isso considerou-se um finico elemento de 4 nds, em que a matriz de rigidez @ expressa em termos dos deslocamentos nodais indicados na Fig. 3.18, € 3.49 b) ) f M1 I pz f 1 a) Fig. 3.16 - Cilindro espesso Enos fondamenta tm) 10 pp teria eo tnbs (2x2) Abnés (232 © bx1) oa ost xBoés (3x3) | +8065 (33 © 242) al 02} * Le y 70, iF 10 ioe i Wav 0 ous. 0.435, aisss nutes ust9s =v u(m) 08. Abnés (22 1x1) | x8nds (x3) % + 8née (3x2 © 242) r 3, i 1 oe i Wii 0 aus oles, 04895 04995 o.4s8995, y Fig. 3.17 ~ Deslocamento radial de um cilindro espesso, sujeito a uma pressdo interior, em fungao do coeficiente de Poisson 3.50 com as Ligases af representadas. Este esquena traduz o que se passa nos elemen tos, quando integrados no calculo do cilindro espesso, ja que apenas se obtém deslocanentos na direcgio radial. Os valores obtidos pare os valores prdprios ¢ respectivos modos de deformagio encontram-se no quadro 3.7. Dos modos de deformagio representados 0 Gnico que intervém na defor- magao do cilindro espesso é aquele em que se verifica uma translacio no mesmo sentido, enbora com valores diferentes, dos dois lados paralelos do elemento. Analisando este modo de deformagdo para os diferentes casos estudados, verifi-~ ca-se que os correspondeates valores préprios, ou seja,a rigidez associada a cada modo de deformagio, séo afectados com a variagio do médulo de elasticida~ de volunétrica quando se usa a integragio exacta e independentes dessa variacio quando se usa a integraco selectiva. Conclui-se assim que sera na andlise des te modo de deformago que se encontrardo as razdes para a excessiva rigidez da solugdo obtida com a integragdo exacta, quando o nddulo de elasticidade volumé- trica tende para infinito. 3.2.4.2 = Placa solicitada axialmente Para poder verificar-se 2 influéncia da geometria do elemento neste tipo de problemas efectuaram-se cdlculos id@nticos aos anteriores para una pla- « z : 2 ca rectangular de dimensdes a e b, médulo de elasticidade igual a 1 kW/m? e solicitada por forcas uniformemente distribuidas e normais aos lados como se in- dica na Fig. 3.19,

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