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Apresentação da Disciplina e Conceitos Básicos

de Análise das Demonstrações Contábeis

Conteudista: Prof. Me. Ezequiel Bonifácio Leite


Revisão Textual: Esp. Laís Otero Fugaitti

Objetivo da Unidade:

Familiarizar o(a) estudante com a estrutura das demonstrações contábeis e


tornar acessível a percepção dos indicadores que podem ser calculados para
facilitar, ainda mais, a avaliação de informações importantes nas demonstrações
contábeis.

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Utilização de Índices Financeiros


Quando efetuamos análise das demonstrações financeiras, precisamos considerar de três a
cinco exercícios e os índices analisados em conjunto. Em caso de grupo de empresas,
precisamos considerar, também, os balanços consolidados.

Há necessidade de se converter à taxa corrente sempre que houver processo inflacionário. A


análise das demonstrações financeiras decorre do cálculo de índices financeiros com
correspondente interpretação. Ela se destina aos acionistas, credores, governo, bancos,
administradores e, em resumo, a todos os stakeholders.

Na análise por meio de índices, precisamos ter as seguintes cautelas:

Os índices devem ser considerados em conjunto;

As demonstrações devem se referir ao mesmo período e à mesma data. Os meses


iniciais das atividades e os finais com períodos “quebrados” devem ser ajustados
proporcionalmente;

Demonstrações financeiras auditadas são mais confiáveis. Sempre que possível,


cruze as informações a serem analisadas;

Precisa haver uniformidade de procedimentos na geração da informação a se


analisar;
Eliminar os efeitos inflacionários.

Os índices utilizados para efetuar as análises de tendências e de corte transversal estão


normalmente agrupados em (a) índices de liquidez; (b) índices de atividade; (c) índices de
endividamento; e (d) índices de rentabilidade.

Figura 1 – Apresentando indicadores de desempenho


Fonte: Getty Images

#ParaTodosVerem: foto de um painel grande, azul, semelhante ao das bolsas de


valores, no qual aparecem vários indicadores enfileirados. Fim da descrição.
Índices de Liquidez
Os índices de liquidez imediata demonstram o fôlego financeiro da instituição.

Liquidez Imediata (LI) = Disponibilidades / Passivo Circulante: demonstra a


capacidade em pagar as contas hoje, o percentual da corrente que a empresa
consegue pagar no momento. Esse índice é de extrema importância para as
empresas do ramo financeiro que operam com 3% a 6% da captação para o giro dos
negócios;

Liquidez Seca (LC) = (Ativo Circulante – Estoques) / Passivo Circulante: demonstra


a capacidade financeira da empresa em pagar suas contas considerando apenas os
valores financeiros existentes em seu ativo circulante. Nesse índice serão excluídos
os estoques, por não serem ativos financeiros. Os grandes hipermercados e lojas de
departamentos têm muito interesse nesse índice, considerando que mantêm
grandes valores aplicados nos estoques;

Liquidez Corrente = Ativo Circulante / Passivo Circulante: demonstra a capacidade


em pagar as contas dentro do período circulante, que se estende como até o final do
próximo exercício. Esse índice demonstra a situação atual da empresa em base
corrente;

Liquidez Geral = (Ativo Circulante + Realizável a Longo Prazo) / (Passivo Circulante


+ Exigível a Longo Prazo: esse índice demonstra a expectativa da empresa a longo
prazo. As empresas que contraíram empréstimos para investimentos de retorno a
longo prazo têm especial interesse nesse índice.

Índices de Atividade
Há de se imaginar que quanto mais eficiente a empresa for operacionalmente, melhor serão seus

resultados financeiros.

Giro dos Estoques = Custo dos Produtos Vendidos / Estoque de Mercadorias: esse


índice vai demonstrar maior fidedignidade se considerarmos no denominador o
valor médio dos estoques;
Prazo Médio de Recebimento (PMR) = Contas a Receber / (Vendas Líquidas /
360): esse índice mede quantos dias a empresa demora para receber as vendas
realizadas, em média. Nesse caso, considera-se o total das vendas líquidas. Caso
tenha interesse em conhecer o prazo médio de recebimento das vendas a prazo, será
considerado no denominador o valor das vendas a prazo líquidas / 360;

Prazo Médio de Pagamento = Duplicatas a Pagar / (Compras a Pagar / 360): observe


que, quando calculamos o PMR, consideramos a totalidade das compras, e agora
consideramos apenas as compras a prazo;

Giro do Ativo Total = Vendas Líquidas / Ativo Total: esse índice apura quantas vezes
a empresa renovou seus ativos em base financeira.

Índices de Endividamento

Endividamento Geral = Total dos Passivos / Total dos Ativos: entende-se como

total dos passivos as dívidas para com terceiros a curto e longo


prazos.

Esse índice demonstra o comprometimento percentual dos ativos da empresa em


função das dívidas contraídas;

Índice de Cobertura de Juros = Lucros Antes de Juros e Impostos / Despesas com


Juros: demonstra quantas vezes a empresa tem capacidade de liquidar juros com
utilização dos recursos gerados nas operações.
Figura 2 – Calculando o endividamento
Fonte: Getty Images

#ParaTodosVerem: foto de uma calculadora comum ao lado de um bloco de


anotações e uma caneta preta, com o rascunho dos dispêndios do mês. Fim da
descrição.

Índices de Rentabilidade

Margem de Lucro Bruto = Lucro Bruto / Receita de Venda: demonstra o percentual


bruto de lucros obtido na venda de serviços, mercadorias ou produtos;

Margem de Lucro Operacional = Resultado Operacional / Receita de


Vendas: demonstra o percentual obtido de lucro nas operações sem considerar os
resultados não operacionais;
Margem de Lucro Líquido = Lucro Disponível aos Acionistas Ordinários / Receita de
Vendas: demonstra ao aplicador (acionista ordinário) qual percentual das vendas
brutas será distribuído em relação àquele exercício social;

Retorno do Ativo Total = Lucro Disponível aos Acionistas Ordinários / Ativo Total:
demonstra o percentual de retorno sobre o total de aplicação nos ativos da empresa;

Retorno Sobre Capital Próprio = Lucro Disponível aos Acionistas Ordinários /


Patrimônio Líquido (PL) Acionistas Ordinários: demonstra o percentual de retorno
direto obtido pelos acionistas ordinários;

Lucro Por Ação = Lucro Disponível aos Acionistas Ordinários / Número de Ações
Ordinárias: demonstra o retorno financeiro (remuneração) entregue a cada ação
ordinária existente no PL da empresa;

Índice de Preço e Lucro = Preço de Mercado da Ação Ordinária / Lucro por Ação:
demonstra a relação entre o lucro obtido e o esforço de compra das ações. Quanto
maior o indicador, maior o esforço. Esse indicador perde a eficiência em medir em
caso de prejuízo.

Análise Horizontal e Vertical


A análise horizontal e vertical é interessante para estabelecer as proporções dos elementos da
demonstração de resultado do exercício (vertical) e a evolução ano a ano de tais elementos
(horizontal).

Ela poderá ser aplicada ao balanço patrimonial, todavia tem se mostrado de pouca valia para

avaliação do todo, servindo para exame de situações específicas.

Calculando os Indicadores

Tabela 1 – Distribuidora de Água Artesanal Ltda., balancete de verificação em 31/12/2021


Elementos especiais
Ltda

Balancete de
verificação em
31/12/2022

Contas 2019 Débito Crédito

Amortização
 7.188,00  8.788,00
Acumulada

Bancos conta
 256.800,00  258.400,00
movimento

Caixa 4.500,00  6.100,00

Capital social  201.408,00  203.008,00

Depreciações
10.868,00 12.468,00
Acumuladas

Despesas pré
79.850,00 83.050,00
operacionais

Despesas seguros
700,00  2.300,00
antecipados
Elementos especiais
Ltda

Duplicatas a Receber 325.000,00 326.600,00

Duplicatas
88.900,00  90.500,00
Descontadas

Estoque de
45.780,00 47.380,00
mercadorias

Fornecedores 410.500,00  412.100,00

Impostos a Recolher 69.850,00 71.450,00

Lucro no exercício
 159.082,00 160.682,00
2021

Móveis e Utensílios 5.879,50 7.479,50

Participações
 225.892,63 227.492,63
Societárias

Reserva Legal 8.475,00 10.075,00

Reserva para
 4.721,13 6.321,13
Contingências

Salários a Pagar 36.850,00  38.450,00


Elementos especiais
Ltda

Títulos a Pagar
 47.600,00  49.200,00
(Longo Prazo)

Títulos a Receber
72.000,00  73.600,00
(Longo Prazo)

Veículos 29.040,00  30.640,00

Totais  1.063.042,13 1.063.042,13

Tabela 2 – Distribuidora de Água Artesanal Ltda., balanço patrimonial em 31/12/2021

Ativo $ Passivo $

Passivo
Ativo circulante
circulante

Disponibilidades Salários a pagar 41.850,00

Impostos a
Caixa 9.500,00 74.850,00
recolher

Bancos conta
261.800,00 Fornecedores 415.500,00
movimento
Ativo $ Passivo $

Passivo não
Realizáveis
circulante

Duplicatas a Exigíveis a
330.000,00
receber longo prazo

Duplicatas –
Títulos a pagar 52.600,00
descontadas 93.900,00

Patrimônio
Estoques
líquido

Estoque de
50.780,00 Capital social
mercadorias

Despesas do
Capital social 206.408,00
exercício seguinte

Despesas seguros Reservas de


5.700,00
antecipados capital

Ativo não
circulante

Ajustes e
Realizável a longo
avaliação
prazo
patrimonial
Ativo $ Passivo $

Reservas de
Títulos a receber 77.000,00
lucros

Investimentos Reserva legal 13.475,00

Lucro no
Participações
230.892,63 exercício de 164.082,00
societárias
2021

Reservas para
Imobilizado 9.721,13
contingência

Ações em
Veículos 34.040,00
tesouraria

Móveis e Ações
10.879,50
utensílios preferenciais

Depreciações –
acumuladas 15.868,00

Prejuízos
Intangível
acumulados

Despesas pré-
89.850,00
operacionais

Amortização – 12.188,00
Ativo $ Passivo $

acumulada

Totais 978.486,13 Totais 978.486,13

Tabela 3 – Demonstração de Resultados do Exercício (DRE) em 31/12/2021

Discriminação $

Receita bruta de vendas e serviços 1.100.000,00 100%

Deduções de vendas 14.000,00

Abatimentos 9.800,00

Impostos 253.000,00

Receita líquida de vendas e serviços 823.200,00 75%

Custo das mercadorias e serviços 329.000,00

Lucro bruto 494.200,00 45%

Despesas com vendas 58.400,00

Despesas financeiras (líquidas) 6.000,00


Discriminação $

Despesas gerais e administrativas 197.000,00

Outras despesas operacionais 2.190,00

Lucro ou prejuízo operacional 230.610,00 21%

Receitas não operacionais 32.000,00

Despesas não operacionais 14.000,00

Lucro antes do IRPJ e CSLL 248.610,00 23%

Provisão para IRPJ e CSLL 62.153,00

Lucro antes das participações 186.457,00 17%

Participações 22.375,00

Lucro líquido do exercício 164.082,00 15%

Lucro por ação (10.000 ações) 16,41

Obs.: IRPJ = Imposto de Renda Pessoa Jurídica; CSLL = Contribuição Social sobre o Lucro Líquido.

Tabela 4 – Custo das mercadorias vendidas


Estoque inicial 139.000,00

Compras 250.000,00

Estoque final 60.000,00

Custo da mercadoria vendida 329.000,00

Tabela 5 – Distribuidora de Água Artesanal Ltda., valores agrupados para cálculos em


31/12/2021

Saldos do balanço + DRE

Ativo circulante 563.880,00

Passivo circulante 532.200,00

Ativo realizável a longo prazo 77.000,00

Passivo exigível a longo prazo 52.600,00

Patrimônio líquido 393.686,13

Estoques 50.780,00

Disponibilidades 271.300,00

Endividamento total 584.800,00


Saldos do balanço + DRE

Ativo total 978.486,13

Custo dos produtos vendidos 329.000,00

Vendas líquidas 823.200,00

Duplicatas a pagar 415.500,00

Compras 250.000,00

Lucro antes de juros e impostos 254.610,00

Despesas com juros 6.000,00

Lucro bruto 494.200,00

Receita de vendas 1.100.000,00

Resultado operacional 230.610,00

Lucro disponível 164.082,00

Duplicatas a receber 236.100,00

Tabela 6 – Distribuidora de Água Artesanal Ltda., indicadores para análise em 31/12/2021


Liquidez

LI 51%

LC 96%

Liquidez corrente 106%

Liquidez geral 110%

Tabela 7 – Atividade

Giro dos estoques 6,48

Prazo médio de recebimento 103

Prazo médio de pagamento 598

Giro do ativo total 0,84

Tabela 8 – Endividamento

Endividamento geral 60%

Índice de cobertura de juros 42,44


Tabela 9 – Rentabilidade

Margem de lucro bruto 45%

Margem de lucro operacional 21,0%

Margem de lucro líquido 15%

Retorno do ativo total 17%

Retorno sobre o capital próprio 42%

Lucro por ação (10.000) R$ 16,41

Passemos à análise dessa demonstração sem comparar com os demais exercícios financeiros.

 Podemos afirmar sobre a LI:

Que a empresa tem disponíveis em caixa e bancos R$ 0,53 para cada real de dívida
corrente – vencíveis até o final do próximo ano financeiro;

Que a empresa tem capacidade financeira – fôlego financeiro – para girar seus
estoques sem pagar juros.

Sobre a LC:

A empresa apresenta uma situação no ativo circulante financeiro que corresponde a


96% do passivo circulante, o que indica uma capacidade de pagamento das dívidas
vencíveis até o final do próximo exercício social. Essa relação é de R$ 0,96 para cada
R$ 1,00 de dívida vencível até o próximo exercício social.

Quando à liquidez corrente:

A capacidade de pagamento dessa empresa é de R$ 1,06 para cada R$ 1,00 do passivo


circulante. Podemos afirmar que, se a empresa tornar disponíveis todos os bens e
direitos que estão no ativo circulante e liquidar os passivos circulantes, ainda
sobrarão R$ 0,06 para cada R$ 1,00 dispendido.

Já a liquidez geral:

Significa que, caso a empresa liquide todos os seus ativos e pague todas as suas
dívidas para com terceiros, sobrarão R$ 0,10 para cada real dispendido.

Com relação à atividade, podemos afirmar que a empresa apresenta índices altos em relação ao

mercado, segundo a mesma fonte:

A empresa demora, em média, 103 dias para receber as suas vendas e 598 dias para
pagar seus fornecedores. Essa é uma situação bastante confortável para a
administração dos recurso;

Os estoques giraram 6,48 vezes no período, indicando que foram renovados em


menos de dois meses em um ano;

O ativo total girou 0,84 vez no período, significando quase a renovação total no
mesmo período analisado.

Com relação ao endividamento, podemos afirmar que:


O endividamento geral representa 60% do ativo total, o que indica que os sócios
aplicaram 40% dos valores existentes no ativo da empresa;

A empresa tem capacidade de liquidar juros de 42 vezes o valor pago no exercício sob
exame. Quando essa capacidade se reduz, a empresa tende a perder o fôlego
financeiro.

Com relação à rentabilidade, podemos afirmar que:

Os sócios tiveram um ganho de 15% sobre o valor aplicado na empresa. Podemos


considerar satisfatório o ganho acima de 12%, que vence a desvalorização dos
recursos;

A taxa de retorno sobre o ativo total foi de 17%. Isso significa que, sobre o total
aplicado no ativo (recursos + riscos), a empresa obteve R$ 0,17 para cada R$ 1,00
aplicado;

A taxa de retorno sobre capital próprio foi de 42%, o que supera, em muito, qualquer
remuneração paga pelo mercado atual.

Observe que não efetuamos a análise horizontal, que consiste em comparar vários exercícios
sociais para concluir sobre a evolução dos indicadores (de três a cinco anos).
Figura 3 – Calculando indicadores financeiros
Fonte: Getty Images

#ParaTodosVerem: desenho em preto e branco do perfil de uma pessoa com um


desenho de duas setas circulares e um cifrão no cérebro, demonstrando,
figurativamente, o movimento do pensamento financeiro. Fim da descrição.

Outras demonstrações contábeis e financeiras poderão auxiliar na avaliação de determinada


empresa.

Demonstração de Mutações do Patrimônio Líquido


(DMPL)

“Art. 186. A demonstração de lucros ou prejuízos acumulados discriminará:


§ 2º A demonstração de lucros ou prejuízos acumulados deverá indicar o montante
do dividendo por ação do capital social e poderá ser incluída na demonstração das

mutações do patrimônio líquido, se elaborada e publicada pela companhia.”

- BRASIL, 1976, n.p.

A DMPL apresenta o cruzamento de informações entre os sete subgrupos do PL nos dois últimos

exercícios sociais. Apresenta os efeitos das transações acontecidas internamente no PL e das


transações externas a ele e que alteraram saldos de contas do PL.

Essa demonstração apresenta as mutações dos lucros acumulados (subgrupo reserva de lucros)
e dos prejuízos acumulados (subgrupo prejuízos acumulados), podendo substituir a
Demonstração de Lucros e Prejuízos Acumulados (DLPA) por força do art. 186, §2º, da Lei
6.404/1976 e alterações.

Estrutura da DMPL
Verticalmente, a DMPL vai contemplar os subgrupos do PL.

Quadro 1 – Subgrupos do PL

Patrimônio líquido

Capital social

Reservas de capital

Ajustes e avaliação patrimonial


Reservas de lucros

Ações em tesouraria

Prejuízos acumulados

Horizontalmente, as operações com efeito sobre o total do PL são:

Acréscimo pelo lucro ou redução pelo prejuízo líquido do exercício;

Acréscimo pelo recebimento de valor que exceda o valor nominal das ações
integralizadas ou o preço de emissão das ações sem valor nominal;

Acréscimo pelo valor da alienação de partes beneficiárias e


bônus de subscrição;

Acréscimo ou redução por ajuste de exercícios anteriores;

Acréscimo por doações e subvenções para investimentos recebidos;

Acréscimo por prêmio recebido na emissão de debêntures;

Acréscimo por reavaliação de ativos (quando o resultado for credor);

Acréscimo por subscrição e integralização de capital;

Redução por ações próprias adquiridas ou acréscimo por sua venda;

Redução por dividendos.


Horizontalmente, operações sem efeito sobre o total do PL são:

Apropriações do lucro líquido do exercício, reduzindo a conta lucros acumulados


para formação de reservas, como reserva legal, reserva de lucros a realizar, reservas
para contingências e outras;

Aumento de capital com utilização de lucros e reservas;

Compensação de prejuízos com reservas;

Reversões de reservas patrimoniais para a conta de lucros ou prejuízos acumulados.

Essa demonstração é de grande interesse para os acionistas no que se refere à evolução do PL


dos últimos anos. Nesse demonstrativo, o interessado a aplicar tem a composição do capital
social, reservas e lucros da empresa, por avaliar, inclusive, as possibilidades de forçar uma
compra no mercado.

A análise se dá pela comparação dos saldos apresentados (dois anos) e, quando se encaminha
para aplicação o investidor, buscam-se mais dois ou três anos para comparação das DMPL.

Demonstração do Fluxo de Caixa (DFC)

“Art. 188. As demonstrações referidas nos incisos IV e V do caput do art. 176 desta

Lei indicarão, no mínimo: (Redação dada pela Lei nº 11.638,de 2007)


I – Demonstração dos fluxos de caixa – as alterações ocorridas, durante o

exercício, no saldo de caixa e equivalentes de caixa, segregando-se essas


alterações em, no mínimo, 3 (três) fluxos: (Redação dada pela Lei nº 11.638,de
2007)

a) Das operações; (Redação dada pela Lei nº 11.638, de 2007)

b) Dos financiamentos; e (Redação dada pela Lei nº 11.638, de 2007)

c) Dos investimentos. (Redação dada pela Lei nº 11.638, de 2007).”

- BRASIL, 1976, n.p.

A DFC tem a função de demonstrar o movimento de caixa (dinheiro) em determinado período. É


uma demonstração obrigatória para empresas de capital aberto (ações na bolsa) ou cujo PL é
maior que R$ 2 milhões a partir de 2008, conforme dispõem a Lei 11.638/2007 e a Deliberação da
Comissão de Valores Mobiliários (CVM) 547/2008 – Pronunciamento Técnico do Comitê de

Pronunciamentos Contábeis (CPC) 03 do Conselho Federal de Contabilidade (CFC). O CFC


estendeu a obrigatoriedade para as pequenas e médias empresas, pelo menos anualmente.

Estrutura da DFC
As entradas e saídas de dinheiro estarão separadas em três áreas, a saber:

1 Atividades operacionais: decorrentes de compra e vendas de mercadorias e


serviços;

2 Atividades de investimentos: vinculadas a aplicações no realizável a longo prazo,


investimentos, imobilizado e intangível. Vendas de ativos, recuperação de
investimentos;
3 Atividades de financiamento: advindas do passivo não circulante (financiamentos e
refinanciamentos de longo prazo) e PL. Saídas relativas ao pagamento de dividendos
e amortização de empréstimos.

Figura 4 – Fluxo de caixa


Fonte: Getty Images

#ParaTodosVerem: foto de uma moça com uma calculadora na mão direita e


dólares na esquerda, induzindo à ideia de planejamento de caixa. O fundo da foto
é amarelo. Fim da descrição.

Demonstração do Valor Adicionado (DVA)


“Art. 188. As demonstrações referidas nos incisos IV e V do caput do art. 176 desta

Lei indicarão, no mínimo: (Redação dada pela Lei nº 11.638,de 2007)

II – Demonstração do valor adicionado – o valor da riqueza gerada pela

companhia, a sua distribuição entre os elementos que contribuíram para a geração


dessa riqueza, tais como empregados, financiadores, acionistas, governo e outros,
bem como a parcela da riqueza não distribuída. (Redação dada pela Lei nº 11.638, de

2007).”

- BRASIL, 1976, n.p.

É o demonstrativo contábil que apresenta a formação da riqueza da empresa com base na


informação da contabilidade de maneira sintética. Ao contrário da DFC, essa demonstração toma

por base o CPC da competência contábil.

O valor adicionado será obtido pelo valor total da riqueza auferida pela empresa ao líquido da
riqueza produzida por outra empresa e utilizada por ela no processo produtivo.

Quadro 2 – Modelo de DVA

Demonstração do Valor Adicionado


Cia. Cativa

em R$ mil 20X2 20X1

Descrição
Demonstração do Valor Adicionado
Cia. Cativa

1. Receitas

1.1 Vendas de mercadoria, produtos e


serviços

1.2 Provisão para devedores duvidosos –


reversão/(constituição)

1.3 Não operacionais

2. Insumos Adquiridos de Terceiros


(inclui ICMS e IPI)

2.1 Matérias-primas consumidas

2.2 Custos das mercadorias e serviços


vendidos

2.3 Materiais, energia, serviços de


terceiros e outros

2.4 Perda/recuperação de valores ativos

3. Valor Adicionado Bruto (1 – 2)

4. Retenções
Demonstração do Valor Adicionado
Cia. Cativa

4.1 Depreciação, amortização e exaustão

5. Valor Adicionado Líquido Produzido


Pela Entidade (3 – 4)

6. Valor Adicionado Recebido em


Transferência

6.1 Resultado de equivalência patrimonial

6.2 Receitas financeiras

7. Valor Adicionado Total a Distribuir (5 +


6)

8. Distribuição do Valor Adicionado

8.1 Pessoal e encargos

8.2 Impostos, taxas e contribuições

8.3 Juros e aluguéis

8.4 Juros sem capital próprio e dividendos

8.5 Lucros retidos / prejuízo do exercício


Demonstração do Valor Adicionado
Cia. Cativa

* O total do item 8 deve ser exatamente


igual ao do item 7.

Obs.: ICMS = Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços; IPI = Imposto sobre Produtos
Industrializados.

A DVA se mostra como instrumento de gestão porque demonstra o quanto a empresa agrega ao
processo produtivo global, a distribuição da riqueza gerada e a participação dos empregados,
governo, agentes financiadores e acionistas.

Demonstração do Resultado Abrangente (DRA)


A DRA ou demonstração do valor abrangente apresenta a alteração acontecida no PL com
exclusão de valores de integralizações de recursos por parte dos sócios, como também as
distribuições a eles pagas.

A Financial Accounting Standards Board (FASB) determinou, em 1997, que as empresas com sede

nos Estados Unidos passassem a publicar tal demonstrativo. A Resolução CFC 1.185/2009 e o CPC
26 tornaram obrigatória a apresentação no Brasil, mesmo não sendo prevista na Lei 6.404/1976.

Demonstra os resultados do investimento na empresa que permaneceram no PL, apurados pelo


período da competência do exercício. Considera valores que entram diretamente no PL sem
passar pelo resultado do exercício, como doações recebidas, ágios na venda de ações e ajustes de
valores de ativos, entre outros.
Estrutura:

1 Resultado líquido do período;

2 Cada item dos outros resultados abrangentes classificados conforme sua natureza;

3 Parcela dos outros resultados abrangentes de empresas investidas reconhecida por


meio do método de equivalência patrimonial; e

4 Resultado abrangente do período.

Com a globalização do mercado, os investidores espalhados pelo mundo dependem dessas


informações geradas com o mesmo modelo e critério. Os investidores corporativos, como os
fundos de pensões, têm determinados índices mínimos apurados com base nos demonstrativos.
📄 Material Complementar
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Indicações para saber mais sobre os assuntos abordados nesta Unidade:

  Livros  

Administração: Teoria, Processo e Prática


CHIAVENATO, I. Administração: teoria, processo e prática. 5. ed. São Paulo: Manole, 2015.

Teoria Geral da Administração


LACOMBE, F. J. M. Teoria geral da administração. São Paulo: Saraiva, 2009.

Administração de Empresas
MASIERO, G. Administração de empresas. 3. ed. São Paulo: Saraiva, 2012.

Administração Estratégica na Prática: A Competitividade para


Administrar o Futuro das Empresas
OLIVEIRA, D. P. R. Administração estratégica na prática: a competitividade para administrar o
futuro das empresas. 8. ed. São Paulo: Atlas, 2013.

A Nova Administração
ROBBINS, S. P.; DECENZO, D. A.; WOLTER, R. M. A Nova Administração. São Paulo: Saraiva, 2014.

Introdução à Administração
DRUCKER, P. F. Introdução à administração. 1 ed. São Paulo: Thomson Pioneira, 1984.
📄 Referências
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BRASIL. Lei 6.404, de 15 de dezembro de 1976. Dispõe sobre as Sociedades por Ações. Diário
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<https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Leis/L6404consol.htm>. Acesso em: 07/03/2023.

BRIGHAM, E. F.; EHRHARDT, M. C. Administração financeira: teoria e prática. 14. ed. São Paulo:
Cengage Learning, 2016.

GITMAN, L. J. Princípios da administração financeira. 12. ed. São Paulo: Pearson, 2010.

HOJI, M. Administração financeira e orçamentária. 12. ed. São Paulo: Atlas, 2017.

ZANLUCA, J. C. Demonstração do Valor Adicionado – DVA. Portal de Contabilidade, [S.l.],


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