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4.3.

Relações Custo/Volume/Lucro

É uma ferramenta de planejamento de curto prazo ao correlacionar as variáveis: custo,


receita, volume de saída e lucro. Além do que pode facilitar o processo gerencial na
busca da capacidade de pagamento da empresa.

A análise da relação Custo x Volume de vendas envolve os processos de fixação de


preço, estratégia de vendas, e melhor definição do mix de vendas quer por níveis e
regiões na busca de maior lucratividade dos produtos.

Se o mix de vendas for estruturado considerando também a interação dos diferentes


nichos e ambientes, poderá trazer um maior lucro, porém muitas vezes a empresa
pode optar por um mix menos lucrativos buscando maior penetração no mercado, ou
solidificar a sua presença no mercado.

4.3.1. Margem de Contribuição

É a diferença entre o preço de venda de uma unidade e os custos e despesas variáveis


da respectiva unidade:
MC = Pv un – CDv un.

É a fatia em $ do preço de venda destinado a cobertura/pagamento:


Dos custos fixos, das despesas fixas, tributação,
Retorno para os proprietários/amortização de empréstimos.

Sempre que calculamos o PE utilizando o conceito de MC, deve-se elaborar uma DRE
o que permite verificar se os resultados estão corretos.
A estrutura dessa DRE é um pouco diferente da convencional, a saber:
(+) Receita Total (Pv x quantidades)
(-) Custos Variáveis (Cv x quantidades)
(-) Despesas Variáveis (Dv x quantidades)
(=) Margem de Contribuição
(-) Custos Fixos
(-) Despesas Fixas
(=) Lucro líquido/Superavit

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Em outras palavras, margem de contribuição pode ser entendida como o excesso de
receitas de uma atividade sobre os custos relevantes que estão disponíveis para cobrir
os custos fixos, contribuindo dessa maneira, para a formação do lucro empresarial. O
lucro somente aparecerá quando os custos fixos forem totalmente cobertos.

4.3.2. Ponto de Equilíbrio (breakeven point)

Uma das finalidades da análise da relação custo-volume-lucro é calcular o ponto de


equilíbrio, isto é, o ponto no qual as receitas das vendas são iguais aos custos e
despesas e o lucro é zero (nulo).

Premissas iniciais:

a. Ausência de estoques de produtos acabados ou de mercadorias, tudo é vendido;


b. Tanto custos quanto às despesas: fixas e variáveis são considerados no
processo de cálculo
c. As fórmulas utilizadas trarão como resultado o número de unidades a serem
vendas para atender a proposta do PE.

Legenda:
PE = ponto de equilíbrio c - contábil e - econômico f - financeiro
RT - receita total Pv – preço de venda U = Unitário
CF – custo fixo Cv – custo variável Q = Quantidade
DF – despesa fixa Dv – despesa variável
CDF – custo fixo + despesa fixa
CDv – custo variável + despesa variável

Lembrete:
Os custos e despesas fixas não se alteram em função de um volume determinado de
produção.
Favor verificar o gráfico no texto fornecido
Linearidade e Intervalo de Relevância: ponto de vista dos economistas.

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$ Receita Total (RT)

Custo e Despesa Total

(CDVunit. x Qtde +CDFT)

Ponto de Equilíbrio (PE)

Custo e Despesa Fixa Total (CDFT)

Qtde

Ponto de Equilíbrio Contábil (PEc)

PEc corresponde a versão clássica de PE, isto é, o RESULTADO encontrado


pela aplicação da fórmula indica quantas unidades a empresa precisa vender
para que suas receitas sejam iguais os seus custos e despesas gerando um
resultado nulo.

PEc = CDF ÷ MCunit (MC = Pvunit – Cdvunit)

Ponto de Equilíbrio Econômico (PEe)

Sabe-se que a empresa dentre as suas finalidades é a de ter lucro.


PEe é calculado considerando o retorno que os proprietários querem obter sobre
o patrimônio líquido da empresa.

PEe = (CDF + Lucro) ÷ MCunit

Ponto de Equilíbrio Financeiro (PEf)

A gestão financeira preocupa-se com a liquidez da empresa, isto é, ela quer


saber quanto precisa vender para gerar caixa e ter dinheiro para pagar os
compromissos.

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Nesse sentido, existem duas situações distintas dentro da empresa quanto aos
compromissos:
a. Os operacionais (mínimo) – PEf 1, e
b. Os operacionais + empréstimos/financiamentos – PEf 2.

PEf1 = (CDF – Depreciação *) ÷ MCunit

PEf2 = (CDF – depreciação* + empréstimos**) ÷ MCunit

(*) existem outras contas econômicas na DRE que não representam saída de
recurso.
(**) outros valores podem ser incorporados à fórmula se representarem saídas
de recursos da empresa.

Ponto de Equilíbrio Empresarial (PEE)

PEE – considera os aspectos econômicos e financeiros relativos aos


empréstimos e financiamentos. Pretende mostrar a ponto de equilíbrio real nas
empresas.

PEE = (CDF + lucro + empréstimos**) ÷ MCunit

4.3.2.1 Exemplo

Uma indústria de televisores tem a seguinte estrutura de custos e despesas:

Custos fixos: 1.600.000


Custos variáveis: 300 unid
Despesas Fixas: 400.000
Despesas variáveis: 55,5 unid
Preço de venda unitário: 555,5 unid

Sabendo-se que a empresa deseja um retorno mínimo de 10% ao ano sobre o PL de


$ 24 milhões e que 20% dos seus fixos são depreciações, pede-se:

a. Calcule o ponto de equilíbrio contábil


b. Calcule o ponto de equilíbrio econômico
c. Calcule o ponto de equilíbrio financeiro

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Resolução:

a. Ponto de equilíbrio contábil:

PEc = CDF ÷ MC → PEc = (1.600.000 + 400.000) ÷ (555,5 - (300+55,5))


PEc = 10.000 Unid

b. Ponto de equilíbrio econômico

PL = 24.000.000
Lucro
= PL x 10% = 2.400.000

PEe = (CDF + Lucro) ÷ MC → (1.600.000 + 400.000 + 2.400.000) ÷ (555,5 - (300+55,5))

PEe = 22.000 unid.

PEe valor: Pee qtde x Pvu = 12.221.000

c. Ponto de equilíbrio financeiro

Depreciação: 20% custos fixos = 320.000

PEf = (CDF - depreciação) ÷ MC → (1.600.000 + 400.000 - 320.000) ÷ (555,5 - (300+55,5))

PEf = 8.400 unid.

PEf valor = Pef qtde x Pvu = 4.666.200

4.3.3. Alavancagem Operacional

Pode ser definida como o uso potencial de custos operacionais fixos para aumentar os
efeitos das mudanças nas vendas sobre os lucros da empresa antes dos juros e do
imposto de renda.

4.3.3.1 Exemplo

A Empresa Piracicabana S.A., ao aumentar sua produção e vendas em 20%,


Passando para 6.000 unidades mensais, teve seus custos aumentado de $ 350
mil para $ 400 mil. Considerando que o preço de venda unitário é de $ 100.

Qual foi o grau de alavancagem operacional (GAO)?


Qual a margem de contribuição unitária do produto (MCunit)?

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Resolução
ANTES ATUAL TT
∆ % volume 20%
QTDE 5.000 6.000 1.000
PV 100 100
RECEITA 500.000,00 600.000,00 100.000,00
(-) CUSTO TT 350.000,00 400.000,00 50.000,00
(=) LUCRO 150.000,00 200.000,00 50.000,00

∆ % Receita = 500 E 600 ∆ % (HP)


∆ % Lucro = 150 E 200 ∆ % (HP)

GAO = ∆%Lucro 33,33 % = 1,67 vezes


∆%Receita 20,00 %

MCunit = ∆ do custo fixo = 50.000,00 = 50


1.000

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Alavancagem financeira

1 É o efeito da alocação de recursos financeiros de terceiros, a determinado


custo “x”, a projeto ou ativo de uma empresa que opera à taxa “y” de
retorno.

2 A título de exemplificação, e considerando-se as informações de exercício


anteriores (Exercício seqüenciado), consideremos os seguintes dados:

Demonstração projetada de resultado: (em R$)

Vendas 28.333,33
CMV (custo de mercadoria vendida) (14.702,16)
Lucro bruto 13.631,17
Despesas de vendas (4.867,66)
Despesas administrativas (7.027,66)
Lucro 1.735,85

2.1 Se o investimento total ou ativo total do projeto fosse constituído de


recursos próprios (R$ 98.000,00 no caso), então o Retorno Sobre Ativo
(RSA) seria:

RSA = lucro/Ativo Total x 100

RSA = R$ 1.735,85 / R$ 98.000,00 x 100 = 1,77%

2.2 Observe-se que, conforme enunciado do "exercício seqüenciado ", a taxa


mínima pretendida no projeto daquele estudo era de 1,77% am.

3 Supondo que o investimento total do projeto (R$ 98.000,00) fosse


constituído de 50% (R$ 49.000,000) de capital de terceiros, ao custo de 1%
am, a nova demonstração projetada de resultados seria:

Vendas 28.333,33
CMV (custo de mercadoria vendida) (14.702,16)
Lucro bruto 13.631,17
Despesas de vendas (4.867,66)
Despesas administrativas (7.027,66)
Lucro 1.735,85
Despesas financeiras ( 490,00) (Juro de 1% sobre R$ 49.000,00).
Lucro depois de desp. Financeiras 1.245,85
.
3.1 O Retorno sobre Capital Próprio ou Retorno Sobre Patrimônio Líquido
(RSPL) da empresa, que seria de R$ 49.000,00 (observe-se que a outra
metade do investimento seria oriunda de recursos de terceiros), seria
calculado da seguinte forma:
RSPL = Lucro / Patrimônio Líquido, ou

RSPL = 1.245,85 / 49.000,00 x 100 = 2,54%

Conclusões:

a) o retorno aumentaria de 1,77% para 2,54% do capital próprio investido;


b) sem financiamento, o lucro seria de R$ 1.735,85 e o investimento
próprio de R$ 98.000,00;
c) com financiamento, o lucro seria reduzido para R$ 1.245,85 (redução de
28,23%), mas o capital próprio seria reduzido para a metade
(R$ 49.000,00);

3.2 O Grau de Alavancagem Financeira (GAF) ficaria assim:

RSPL 2,54%
GAF = --------, -------- = 1,4
RSA 1,77%

Observe-se que foi considerado o RSA de 1,77% porque o exercício


objetiva mostrar o efeito da participação de capital de terceiros em um
projeto, comparativamente a participação com capital próprio somente.

3.2.1 Esse grau de alavancagem financeira significa que, mantida a estrutura de


capital citada no item 3 (metade de capital de terceiros e metade de capital
próprio), o capital próprio da empresa (patrimônio líquido) teria taxa de
retorno 40% maior do que obteria se financiasse seu ativo total com
recursos próprios.

4 Supondo que o empresário tomasse emprestado 70% do valor do


investimento (R$ 68.600,00), a nova demonstração projetada de resultado
seria:

Vendas 28.333,33
CMV (custo de mercadoria vendida) (14.702,16)
Lucro bruto 13.631,17
Despesas de vendas (4.867,66)
Despesas administrativas (7.027,66)
Lucro 1.735,85
Despesas financeiras ( 686,00) (juro de 1% sobre R$ 68.600)
Lucro depois de desp. Financeiras 1.049,85

4.1 O retorno sobre capital próprio (patrimônio líquido) RSPL seria:

2
RSPL = Lucro/capital próprio

RSPL = 1.049,85 / 29.400,00 x 100 = 3,57

Já o GAF seria:

RSPL 3,57%
GAF = --------, -------- = 2,01
RSA 1,77%

4.2 Este GAF significa que, mantida a estrutura de capital citada no item 4, a
empresa teria taxa de retorno 101% maior do que obteria se financiasse
seu ativo total com recursos próprios.

5 Se o empresário financiasse metade do investimento total (R$ 49.000,00)


ao custo de 2% am, a nova demonstração projetada de resultado, o RSPL
e o GAF seriam:

Demonstração projetada:

Vendas 28.333,33
CMV (custo de mercadoria vendida) (14.702,16)
Lucro bruto 13.631,17
Despesas de vendas (4.867,66)
Despesas administrativas (7.027,66)
Lucro 1.735,85
Despesas financeiras ( 980,00) (juro de 2% sobre 49.000,00)
Lucro depois de desp. Financeiras 755,85

RSPL (sobre capital próprio) = 755,85 / 49.000 x 100 = 1,54%

RSPL 1,54%
GAF --------- = GAF = -------- = 0,87
RSA 1,77%

5.1 Neste caso não haveria alavancagem financeira, indicando que, mantida a
estrutura e custo de capital citados no subitem 5, cada unidade monetária
de terceiros alocada geraria apenas 0,87 do valor, ou seja, insuficiente para
pagar o valor do empréstimo.

Isso já seria facilmente percebido tendo em vista que a empresa opera a


uma taxa de retorno de 1,77% am quando investe somente capital próprio.
Com o ingresso de capital a 2%, am a taxa de retorno será reduzida,
indicando inexistência de alavancagem financeira.
A alavancagem ocorrerá quando o quociente entre a Retorno Sobre
Patrimônio Líquido (RSPL) e o Retorno Sobre Ativo for maior que 1.

3
6 As regras de análise de alavancagem financeira são:

GAF maior que 1: é interessante para o empresário trabalhar com capitais


de terceiros, dada certa estrutura e custo de capital.

GAF igual a 1: é indiferente para o empresário trabalhar com capitais de


terceiros, dada certa estrutura e custo de capital.

GAF menor que 1: não é interessante para o empresário trabalhar com


capitais de terceiros, dada certa estrutura e custo de capital.

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