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UNIVERSIDADE CEUMA

CURSO DE CIÊNCIAS CONTÁBEIS

ENILDA BATISTA DA SILVA


MARCELLE MATOS CUTRIM
MARLON PEREIRA FRANÇA

A CONTABILIDADE DAS ENTIDADES DO TERCEIRO SETOR: Enfoque na


Contabilidade das Instituições Religiosas

São Luís – MA

2021
ENILDA BATISTA DA SILVA
MARCELLE MATOS CUTRIM
MARLON PEREIRA FRANÇA

A CONTABILIDADE DAS ENTIDADES DO TERCEIRO SETOR: Enfoque na


Contabilidade das Instituições Religiosas

Trabalho apresentado à disciplina Pesquisa em


Contabilidade do Curso de Ciências Contábeis da
Universidade Ceuma, como requisito para a
obtenção de nota.

Orientador: Profº Dr. Hugo Leonardo Menezes de


Carvalho

São Luís – MA

2021
RESUMO

O Terceiro Setor abarca entidades sem fins lucrativos, dentre elas, as Instituições
Religiosas, organizações que buscam suprir demandas que o Governo não
consegue. A presente pesquisa tem como objetivo elencar as especificidades
contábeis destas entidades, mais profundamente da Igreja Católica Romana que é
estabelecido pelo Código do Direito Canônico (CDC). Visto que, segundo autores, o
Terceiro Setor se iniciou por intermédio da Igreja Católica, e, por mais que existem
semelhanças com a Contabilidade Comercial, há diferenças importantes a se
destacar. Os resultados obtidos deste estudo foram encontrados através de
entrevistas e pesquisas bibliográficas, com o intuito de resolver e esclarecer sobre o
assunto tratado.

Palavras-chave: Terceiro Setor. Instituições Religiosas. Contabilidade

ABSTRACT

The Third Sector includes non-profit entities, among them, Religious Institutions,
organizations that seek to meet demands that the Government cannot. This research
aims to list the accounting specificities of these entities, more deeply into the Roman
Catholic Church, which is established by the Code of Canon Law (CCL). Since,
according to authors, the Third Sector was initiated through the Catholic Church, and,
as much as there are similarities with Commercial Accounting, there are important
differences to be highlighted. The results obtained from this study were found
through interviews and bibliographic research, with the aim of solving and clarifying
the subject discussed.

Keywords: Third Sector. Religious Institutions. Accounting


1 INTRODUÇÃO
O Terceiro Setor é composto por associações sem fins lucrativos, como:
Organizações não governamentais, Instituições Religiosas, entidades filantrópicas,
organização da sociedade civil de interesse público. Organizações que têm como
finalidade atender demandas sociais as quais o Estado não consegue suprir.
Segundo Silva (2010, p. 1305), no Brasil, esse setor surgiu por intermédio da
Igreja Católica. As primeiras organizações da sociedade civil nacional foram as
Santas Casas de Misericórdia, que remontam aos meados do século XVI e se
encontram até hoje. Para Ebsen e Laffin (2004), também há participação da Igreja
Católica na origem do Terceiro Setor brasileiro, visto que, as atuais entidades do
Terceiro Setor são dotadas de características que advém de crenças e valores das
instituições religiosas, de suas ações assistenciais nas confrarias, ordens e
irmandades.
Sendo assim, a Contabilidade nas Instituições Religiosas, através do Código
do Direito Canônico estabeleceu diretrizes sobre as normas a serem exercidas
dentro das igrejas, ratificando a importância do Orçamento para o prosseguimento
das atividades religiosas
Diante disso, o estudo feito aponta as diferenças contábeis existentes entre o
terceiro e os demais setores. Visto que, por mais que tenham semelhanças, há
diferenças importantes a se destacar. Tomando isso como base este artigo busca
responder quais seriam as especificidades da Contabilidade das Instituições
Religiosas?
Com uma abordagem qualitativa que possui como objetivo explanar sobre as
minúcias referentes ao Terceiro Setor, apresentar a importância da contabilidade
para as Instituições Religiosas e apontar as diferenças entre a contabilidade normal
e a contabilidade desse setor. E ainda, elaborada a partir de material já publicado,
como livros, artigos, periódicos com o intuito de explorar aqueles que já estudaram
sobre o assunto e a que resultados eles chegaram.
Para a realização da análise desejada houve a elaboração de duas
entrevistas, realizadas com um contador que atua na área do Terceiro Setor e com
um padre da Paróquia do Espírito Santo do Alto Timbira que atua como
Administrador Paroquial na Arquidiocese de São Luis – MA. E assim, esclarecer a
importância da Contabilidade para esse setor, mais precisamente para a Igreja
Católica e tirar dúvidas sobre o assunto.

2 REFERENCIAL TEÓRICO
2.1. Terceiro Setor
O Terceiro Setor está relacionado às organizações que atuam em áreas sociais,
educacionais e na saúde. Atuam na sociedade de forma autônoma e voluntária com o
intuito de diminuir desigualdades sociais, sem nenhum retorno financeiro e com o bem
coletivo como sua finalidade. Este setor é composto por quatro tipos de personalidades
jurídicas segundo o Código Civil Brasileiro, são elas: Associações, Fundações, Partidos
Políticos e Organizações Religiosas, na qual tem sua finalidade o objetivo social, que ao
invés de buscarem gerar lucros tem o objetivo de reaplicar todo o seu saldo financeiro
nos serviços que oferecem ou na própria organização, pois estes são independentes dos
Estados, administrados por um grupo privado de pessoas que investem com a finalidade
de corroborar com essa classe que almeja suprir as lacunas que o Primeiro Setor por
algum motivo não consegue executar, porém o mesmo como forma de incentivar
promulgou o art.150 da Constituição Federal Brasileira que cita em seu texto, o seguinte:

“Sem prejuízo de outras garantias asseguradas ao contribuinte, é vedado à


União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios: [...]”III - cobrar tributos:
[...]

c) patrimônio, renda ou serviços dos partidos políticos, inclusive suas fundações,


das entidades sindicais dos trabalhadores, das instituições de educação e de
assistência social, sem fins lucrativos, atendidos os requisitos da lei.

Mesmo com o incentivo oferecido às Organizações sem fins lucrativos que


aumenta a performance e o desenvolvimento uma vez que a carga tributária brasileira
chega a alcançar cerca de 33 % da receita bruta obtida pelas empresas, nem sempre o
mesmo é capaz de subsidiar a permanência dessas instituições devido as suas grandes
demandas, pois “O financiamento dos projetos das OTS decorre principalmente de
recursos financeiros que são levantados por doações voluntárias ou também por
entidades financiadoras” (Paula; Brasil; Mário, 2009). Este por sua vez vem se
mostrando cada vez mais escassos, o que de fato leva a uma incerteza de até quando
será possível continuar promovendo ações em nome do bem social.

Paula, Brasil e Mário (2009, p. 131) reconhece:


Um dos maiores desafios das entidades do Terceiro Setor diz respeito à sua
sustentabilidade, principalmente em termos financeiros, posto que muitas
dessas organizações foram criadas como esforços pessoais e, à medida que
foram crescendo em escala e complexidade, depararam-se com vários
problemas de sobrevivência, principalmente considerando-se que um maior
número de organizações que têm que competir para obter recursos cada vez
mais escassos.

De acordo com Cruz et al. (2010), a gradativa procura das Organizações do


Terceiro Setor por parte das comunidades com o objetivo de complementar as ações de
mando coletivo é impactada de modo direto pela exigência de suporte, precipuamente
pecuniário, o que conduz a uma competição entre as instituições pela procura de
patrocínio para seus programas e projetos.

Para Salamon e Anheier (1992), apud Portulhak, Delay e Pacheco (2015, p. 40), as
entidades enquadradas dentro do Terceiro Setor devem ter como características os
seguintes atributos:

 Formais: institucionalizadas e com medidas que assegurem sua permanência;


 Privadas: não devem ter ligação institucional com o Governo;
 Não distribuídas de lucros: não devem ter o lucro como objetivo, contudo
podem gerar resultados superavitários;
 Autônomas;
 Voluntárias;
 Ter fins públicos.

Outrossim, a contabilidade dentro das entidades religiosas e irredutivelmente


imprescindível, pois somente através dos serviços prestados pelo profissional
contábil será possível conhecer o passado e fazer estimativas seguras para seu
futuro, atuando não somente como fonte reguladora das suas obrigações acessórias
e sim como uma forte aliada para a execução de suas atividades operacionais o que
de fato pode contribuir para que as mesma possam conseguir delongar suas
atuações por um período de tempo maior.

2.2. Contabilidade nas Instituições Religiosas – Igreja Católica Romana


As Instituições Religiosas contemplam toda a diversidade religiosa constituída
por grupos de indivíduos que vivem com o propósito comum de devoção ao sagrado
e são orientados com a mesma visão de fé. São organizadas conforme estruturas
hierárquicas com fundamentos criados sob a perspectiva de uma religião, doutrina
filosófica e/ou espiritual.
De acordo com o Art. 44 do Código Civil pela Lei nº 10.825 de 2003, as
entidades religiosas não possuem interesse em ganhos financeiros. Com essa lei as
organizações foram definidas como pessoas jurídicas de direito privado,
assegurando-as liberdade para criação e funcionamento, vedando ao Poder Público
negar a essas entidades o reconhecimento e o auxílio necessário para que possam
existir e se desenvolver no âmbito social.
Suas atividades são tipicamente públicas, apesar de serem pessoas
jurídicas de direito privado. Ocorre que o Estado não consegue
desempenhar seu papel social de maneira satisfatória. Daí, a sociedade se
organiza em associações e fundações, buscando, ao menos, amenizar a
inoperância do Estado. Muito ainda precisa ser feito, mas a sociedade
organizada tem desempenhado um papel da mais alta importância social
(CONSELHO FEDERAL DE CONTABILIDADE, 2003, p.37).

No Brasil, o Terceiro Setor se iniciou por intermédio da Igreja Católica, no


século XVI, através de ações realizadas de teor social, fato que pode ser confirmado
de acordo com Silva (2010, p. 1305):
Nos alicerces do terceiro setor brasileiro estão os princípios da filantropia e
da caridade religiosa. As primeiras organizações da sociedade civil nacional
foram as Santas Casas de Misericórdia, que remontam aos meados do
século XVI e se encontram até hoje.

Ainda, conforme Paes (2013, p.94):

Nas últimas décadas, com as grandes mudanças que aconteceram no


mundo, a Igreja Católica também mudou e, principalmente no Brasil, passou
a dar prioridade à remoção das causas que geravam milhões de pessoas
necessitadas de esmolas. Passou a denunciar as injustiças sociais, o
“pecado estrutural” presente nas formas de organização da sociedade.

Os trabalhos realizados pela Igreja Católica se iniciaram com a intenção de


prestar assistência às comunidades, ações que são exercidas até os dias de hoje.
Com o advento do século XX, outras organizações também começaram a exercer
esses papéis sociais, pois com os avanços industriais e a crescente urbanização
surgiram cada vez mais carências sociais e a necessidade de poder saná-las.
Para Oliveira, Perez Jr. e Silva (2008, p. 119), o Orçamento nessas
instituições é uma forma de controle e gestão para conduzir com mais eficiência as
atividades que as mesmas exercem, sendo assim, é uma forma de alavancar os
seus desempenhos, o que posteriormente resultará em uma gestão mais
estruturada, portanto, a contabilidade para este segmento assumiu papel
preponderante para o desenvolvimento e a expansão dessas atividades.

Horngren, Sundem e Stratton (2004, p.230) atribuem três benefícios do orçamento:

1. Os orçamentos compelem os gestores a pensar no futuro pela


formalização de suas responsabilidades para planejar.

2. Os orçamentos fornecem expectativas definidas, que são a melhor


estrutura para julgar o desempenho subsequente.

3. Os orçamentos ajudam os gestores na coordenação de seus esforços, de


modo que os planos das subunidades da organização satisfaçam os
objetivos da organização como um todo

Segundo Paula, Brasil e Mário (2009, p. 131) acredita-se que devido as


Organizações do Terceiro Setor serem instituições na qual o interesse principal não
é a geração de lucro, e sim o desenvolvimento de suas atividades para que possam
atingir o máximo possível dos objetivos elencados, tais organizações deveriam
prevalecer com o conceito de transparecia sobre suas atividades e propostas.

A Igreja Romana Apostólica com o intuito de ser perceptível em suas


atividades elaborou o Código do Direito Canônico (CDC), onde tonou-se obrigatório
o Orçamento dentro dessa parcela que comtempla o terceiro setor, sendo assim: “Os
orçamentos canônicos são peças técnicas de grande importância para o cotidiano
da contabilidade e de grande utilidade prática para a transparência administrativa tão
exigida na organização católica”. (DELAMEA, 2001, p.166).

Para Slomski et al. (2012, p.39):

Os benefícios da apresentação de informações orçamentárias pelas


entidades de interesse público e social (terceiro setor) compreendem o
cumprimento das obrigações de prestação de contas dos executivos sobre
a gestão e uso dos recursos junto aos doadores, conselhos curadores,
mantenedores, órgãos de fiscalização e sociedade.

Também, o Cân. 1284 § 3 coloca que “muito se recomenda que todos os


anos os administradores façam orçamentos das receitas e despesas; deixa-se ao
direito particular prescrevê-los e determinar mais concretamente o modo como
devem ser apresentados”. Esta é uma forma de incentivar as práticas corretas
dentro das instituições religiosas que segundo Delaméa (2001 P. 153), refere-se a
uma sugestão que tem caráter indispensável.
2.3. Obrigações e Normas Contábeis para as Instituições Religiosas
Nota-se que os demonstrativos aplicáveis ao terceiro setor são semelhantes
àqueles utilizados na contabilidade comercial. Contudo, existem diferenças
relevantes de nomenclaturas de contas e utilidade da informação, conforme síntese
contida no Quadro a seguir:

Contabilidade do Terceiro
Contabilidade Normal
Setor
Finalidade das
Com fins lucrativos Sem fins lucrativos
entidades
Apresentação Receita e despesa com e sem
Receita e despesa
das contas gratuidade
Nomenclatura Capital Social do Patrimônio
Patrimônio Social
das contas Líquido
Demonstração do Resultado Demonstração do Superávit ou
Demonstrativo
do Exercício Déficit do período
Quadro 1: Principais diferenças entre a contabilidade normal e terceiro setor
Fonte: Elaborado pelos autores (2021).

No caso da DRE, Bulgarim et al. (2011) expõem que nas organizações do


Terceiro Setor esse relatório é intitulado de Demonstração do Superávit ou Déficit do
período e ainda que as expressões lucro ou prejuízo devem ser alteradas para
superávit ou déficit. Isso porque as Instituições Sem Fins Lucrativos não buscam
lucro e sim, o superávit, obrigando-se a reinvesti-lo na própria Instituição.
Esta demonstração tem por objetivo principal, nas entidades sem fins
lucrativos, evidenciar todas as atividades desenvolvidas pelos gestores relativas a
um determinado período de tempo, denominado de “Exercício”. Quanto às despesas
e receitas, é de suma importância a orientação dada pela NBCT 10.16, para a
adequada elaboração da Demonstração do Superávit ou Déficit.
Suas receitas e despesas devem ser apresentadas de forma mensal, em
consonância com o regime de competência, ou seja, conforme o fato gerador.
Já através do Balanço Patrimonial, as entidades religiosas devem apurar
anualmente seus resultados. Com o intuito de manter uma contabilidade organizada
de acordo com as normas contábeis vigentes e poder comparar seus resultados com
anos anteriores.
Importante ressaltar que os registros contábeis devem apresentar as contas
de receita e despesa, com e sem gratuidade, e o fato de que algumas contas
possuem nomenclaturas próprias, ao contrário dos registros da contabilidade
mercantil, como a conta Capital Social do Patrimônio Líquido, que no terceiro setor
denomina-se Patrimônio Social.
Stephano et al. (2013), destaca a importância dessas demonstrações para as
entidades religiosas. Visto que, a contabilidade serve de ferramenta auxiliadora para
poder comprovar as movimentações financeiras de entrada e saída de recursos
ocorridos nessas instituições.
E ainda, segundo Ebsen e Laffin (2004, p. 18):
[...] na existência de uma entidade, independente de sua
classificação e dos seus objetivos, a contabilidade se faz presente,
registrando e acompanhando as alterações no patrimônio ao longo do
tempo, gerando informações úteis à tomada de decisão e à sua
continuidade.
A grande parte das entidades sem fins lucrativos são financiadas por
terceiros. E esses financiadores desejam saber se os recursos por eles investidos
foram aplicados nos projetos institucionais de forma eficaz. Dessa forma, o processo
de prestação de contas se volta a atender as necessidades dos stakeholders a fim
de demonstrar o atendimento de suas expectativas ou do alcance dos resultados por
eles esperados e quando realizado de forma proativa é um fator importante para
essas organizações (PORTULHAK, DELAY E PACHECO, 2015).

3 FUNDAMENTOS METODOLÓGICOS
O presente estudo tem como problema norteador verificar quais seriam as
especificidades da contabilidade das Instituições Religiosas. Assim sendo, a
pesquisa buscou solucionar esse problema através de um estudo de caso, método
utilizado para fins intrínsecos, objetivando maior conhecimento sobre o assunto em
questão e assim possibilitar novos estudos a partir da pesquisa realizada.
A investigação se deu em duas etapas, a primeira consistiu em um
levantamento de pesquisas bibliográficas específicas apresentando as informações
mais relevantes para o embasamento da pesquisa; a segunda foi à parte técnica na
qual estabelecemos a entrevista, com abordagem qualitativa por meio de
questionário aberto. Deste modo, foi aplicado o método de comparação a partir da
experiência e interpretação do profissional de contabilidade com o Administrador
paroquial (sacerdote).
Para a realização da análise desejada um conjunto de perguntas foram
elaboradas e em seguida direcionadas aos entrevistados, as perguntas foram
desenvolvidas de acordo com cada entrevistado, delimitando-as de acordo com a
experiência adquirida por meio da ciência ou da prática. Logo, fez-se necessário
adaptações para que ambos recebessem o questionário, percebessem como algo
simples e entendível.
A entrevista foi realizada em São Luís no Estado do Maranhão, ao contador
Rubenilson Sousa da Ascenção da empresa Expande Contabilidade, ele presta
serviço para empresas comerciais, mas, sobretudo para entidades do terceiro setor,
como por exemplo: para Paróquias, Congregações Religiosas da Igreja Católica
Romana e ainda, Igrejas de Denominações Evangélicas. E a Padre Hamilton
Sobreira Silva da Paróquia do Espírito Santo do Alto Timbira que atua como
Administrador Paroquial há anos na Arquidiocese de São Luís – MA.

4 ENTREVISTA
Resultados da entrevista segundo respostas dadas pelo profissional contábil:

As entidades que compõem o Terceiro Setor são as associações, fundações


e as organizações religiosas. Associações, assim como organizações religiosas tem
semelhanças, são pessoas jurídicas formadas, por indivíduos que se unem para a
realização de atividade voltada à religiosidade e a profissão de fé, muitas vezes
realizando atividade voltada para a coletividade, já as fundações são pessoa jurídica
que tem como fator preponderante o patrimônio e ainda detém finalidades
estipuladas pelo instituidor.
Sem dúvida, o Estado muitas das vezes faz contribuições através das
parcerias, além do incentivo no campo tributário. E ainda, o desafio para o
profissional que atua nessa área é trazer confiança a um setor que por muitos anos
ficou praticamente a margem da legislação. Além disso, com o surgimento do novo
Código Civil as obrigações acessórias se tornaram cada vez mais presentes.
Fazendo-se necessário a confiabilidade dessas organizações a um profissional
contábil.
As instituições religiosas têm como peculiar a classificação das despesas que
em muitas das vezes se confunde com despesas domésticas de um lar, mas em
razão de suas atividades é amparada no direito canônico, onde se compreende a
razão de ser.

Resultados da entrevista segundo respostas dadas pelo administrador paroquial:

A Igreja é uma instituição da paróquia, um ente como pessoa jurídica sem fins
lucrativos. Então goza de fato, de alguns benefícios, algumas isenções dentro de
suas atividades, como uma forma de incentivo que o Estado assegurou às entidades
religiosas, mas nem todas são desobrigadas, pois mesmo sendo isentas das
obrigações principais (pagamento), as igrejas devem cumprir com as obrigações
acessórias de forma a obedecer às normas indispensáveis a este setor.
A Igreja como instituição tem responsabilidades públicas a cumprir. A
contabilidade torna-se uma ferramenta essencial nesse processo, pois ajuda a
organizar e manter de fato essas obrigações em dia, além de corroborar para um
desenvolvimento cada vez maior das ações que a igreja possui, afetando
diretamente as diversas classes que estão incorporadas à estas entidades.

5 ANÁLISE DOS RESULTADOS


Figura 01: Nuvem de palavra sobre a importância da contabilidade para as Igrejas.
Através das entrevistas elaborada com um padre e um contador foi
personificado a nuvem de palavra abaixo, conforme a figura 01 em que se pode
constatar que entre as inúmeras palavras das entrevistas algumas foram repetidas
com maior frequência, tais como: religiosa (12 vezes), contabilidade (11 vezes),
entidades (10 vezes), setor (10 vezes) e obrigação (7 vezes).
Fonte: Autores (2021)
Ressalta-se que entre as palavras mais frequentes a expressão “obrigação”
mencionada por ambos os entrevistados, tem a finalidade de salientar que as
instituições do Terceiro Setor, como: a Igreja vem sendo cada vez mais cobradas
sobre suas ações, o que demonstra a importância do profissional contábil para
essas instituições, uma vez que as obrigações vêm sendo cada vez maior. Stephano
et al. (2013), destaca a importância dessas demonstrações para as entidades
religiosas. Visto que, a contabilidade serve como ferramenta auxiliadora para poder
comprovar as movimentações financeiras de entrada e saída de recursos ocorridos
nessas instituições.
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