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CAPÍTULO 2 - COMO SE DÁ A
INTEGRAÇÃO DOS CUSTOS AOS
DIVERSOS SISTEMAS CONTÁBEIS?
Sandra Figueiredo
INICIAR
Introdução
Neste capítulo você estudará como se dá a integração dos custos aos diversos
sistemas contábeis. Considerando sua natureza, a empresa é um sistema aberto que
interage com diversos sistemas, entre eles o sistema contábil. O sistema de custos,
um dos subsistemas do sistema contábil, tem papel fundamental para
planejamento do lucro e para sobrevivência da empresa.
No sistema de custos, em especial o sistema dos custos da produção, as entradas
são os gastos feitos com matéria-prima, mão de obra e custos indiretos que visam
produzir informação sobre a fabricação dos produtos, no caso das empresas
industriais e dos serviços nas empresas de serviço.
Para começar este estudo você fará algumas reflexões importantes para estabelecer
a relação entre os sistemas de custos e a contabilidade. Quais as nomenclaturas de
custos usadas para a análise da relação dos custos com o volume de produção?
Como se classificam os custos quanto à sua integração com a contabilidade
financeira? O que dizem as normas brasileiras de contabilidade e como elas se
aplicam aos estoques, o CPC 16? Quais os sistemas que apoiam o sistema de custos?
A partir destas reflexões, neste capítulo você estudará o impacto dos custos dos
estoques de matérias-primas no custo do produto e como pode ser feito o controle e
o planejamento do lucro através do conhecimento dos custos fixos e variáveis, além
de conhecer como os impostos impactam no custo e na formação do lucro.
Na tabela acima podemos ver que a estrutura de custo e preço não sofreu nenhuma
modificação, apenas o que modificou foi o volume vendido, a despesa fixa (o salário
do vendedor) se manteve constante, independente da quantidade vendida, mas a
comissão aumentou no mesmo sentido em que aumentou o volume das vendas.
VOCÊ SABIA?
Que conhecendo o comportamento dos custos fixos e variáveis a empresa tem possibilidade de
receber encomendas mesmo por valores menores que os preços praticados, quando possui
capacidade ociosa e os seus custos fixos estão cobertos? Daí a utilidade do conhecimento do
comportamento dos custos para que a empresa não tome decisões equivocadas.
Tabela 2 -
Tabela de receitas de custos e lucro. Fonte: Elaborado pela autora, 2018.
Sendo assim, como demonstrado na figura acima, os custos fixos e despesas fixas se
mantêm constantes mesmo com o aumento do volume produzido e vendido, já os
custos e despesas variáveis acompanham a trajetória de crescimento das vendas e
seu aumento tem efeito imediato no aumento destes custos.
Figura 2 - Ponto de Equilíbrio das Vendas. Fonte: Elaborado pela autora, 2018.
Esta análise é muito importante para o planejamento do lucro. Veja que, se você
planeja um evento como uma palestra, por exemplo, você tem o custo fixo do
palestrante e o custo variável das pastas e crachás que serão distribuídos. Aplicando
a análise do ponto de equilíbrio é possível saber para quantas pessoas você deverá
vender sua palestra para não ter prejuízo no seu evento.
Existem outras variações para aplicação da análise do Ponto de Equilíbrio (PE). A
análise feita até agora se refere ao ponto de equilíbrio contábil onde os custos e
despesas se igualam à receita e, consequentemente, os custos e despesas estão
cobertos pelas vendas.
Uma outra variação da análise do PE é o PE Econômico (PEE), onde além dos custos
e despesas se planeja uma remuneração pelo capital investido:
Existe também o Ponto de Equilíbrio Financeiro. Esta análise considera para o
cálculo somente os gastos que geram desembolso, extraindo, assim, a depreciação
que está incluída nos CF, por exemplo:
PL R$ 100,00
Remuneração desejada de 15% s/PL
Ponto de Equilíbrio Contábil será PE = PE = 6
Neste sentido, em termos dos princípios do sistema que apontam os caminhos para
elaboração das informações e dos métodos utilizados para tratamento destas
informações, eles seguem as mesmas determinações feitas para os sistemas
contábeis, pois as informações geradas no sistema de custos serão integradas ao
sistema contábil.
Para Bornia (2002, p. 53), “o princípio determina qual informação o sistema deve
gerar e está intimamente relacionado com o objetivo do sistema. O método diz
respeito a como a informação será obtida e relaciona-se com os procedimentos do
sistema.” Dentro deste contexto, o custeio por absorção, o custeio variável e outros
são princípios dos sistemas de custos.
A apuração e o reconhecimento dos custos nas empresas obedecem aos princípios e
normas da contabilidade justamente porque existe a necessidade de sua integração
com o sistema contábil para fins de apuração do resultado do exercício.
Mesmo que a empresa utilize um sistema de apuração de custos independente da
contabilidade com objetivos de esclarecer melhor o processo decisório, por ocasião
do fechamento do exercício, esta integração se faz necessária e, muitas vezes, passa
por algumas adaptações para atender à legislação vigente. Muitos dos sistemas
contábeis informatizados já preveem estas adaptações.
Figura 3 - Fluxo do Custeio por Absorção. Fonte: Elaborado pela autora, 2018.
Por ser um método adotado pela contabilidade financeira, é, portanto válido tanto pra
fins de balanço patrimonial e demonstração dos resultados como também para o
Imposto de renda na apresentação dos lucros fiscais; traz melhores informações à
gerência, para estabelecimento dos preços de venda, visando a recuperação de todos
os custos incorridos na empresa.
As desvantagens consideradas pela maioria dos estudiosos de custos são as
alocações dos custos indiretos fixos, pois os critérios de rateio muitas vezes
possuem arbitrariedades. Existem outras formas de custeio muito frequentemente
utilizadas nos sistemas de custo: o custeio variável.
Por outro lado, o custeio variável atribui aos produtos somente os custos variáveis,
isto é, os custos que variam de acordo com o volume de produção. Os custos fixos
são atribuídos aos períodos em que incorreram e, por isso, são reconhecidos em sua
totalidade diretamente no resultado do exercício.
Este sistema de custeio considera que existem certos custos que incorrem numa
base periódica e que o benefício derivado desse custo não é afetado pelo volume de
produção durante um período de tempo. Considerando que custos como aluguel,
seguros e salários são itens que incorrem em uma base mensal ou anual, o seu
efeito no caixa da empresa não está necessariamente ligado às receitas.
Uma vantagem do custeio variável sobre o custeio por absorção é sua utilidade para
o processo de tomada de decisão, porque introduz no sistema contábil a distinção
entre custo fixo e variável e auxilia no planejamento do lucro.
Somente farão parte do CPV o custo relativo aos produtos que foram vendidos os
outros custos permanecerão no estoque final. A figura acima, do livro
“Contabilidade de Custos” (2010), de Elizeu Martins, mostra de forma gráfica como
se dá o fluxo de formação dos custos.
VOCÊ O CONHECE?
Zulmir Breda, o presidente do Conselho Federal de Contabilidade? Do Rio Grande do Sul, ao assumir a
presidência do CFC, em janeiro de 2018, afirmou que o processo de convergência ao padrão internacional
IFRS já completou sua etapa principal e está atualmente em uma fase de consolidação e atualização de
algumas normas importantes. Mais informações em: <http://cfc.org.br (http://cfc.org.br/)>.
VOCÊ SABIA?
Que o Comitê de Pronunciamentos Contábeis (CPC) foi idealizado a partir da união de esforços e
comunhão de objetivos das seguintes entidades: ABRASCA; APIMEC NACIONAL; BOVESPA; Conselho
Federal de Contabilidade;FIPECAFI; IBRACON.. Conheça mais em:
<http://www.cpc.org.br/CPC/CPC/Conheca-CPC (http://www.cpc.org.br/CPC/CPC/Conheca-CPC)>.
A análise de um sistema de custos pode ser efetuada sob dois pontos de vista. No
primeiro, analisamos se o tipo da informação gerada é adequada às necessidades da
empresa e quais seriam as informações importantes que deveriam ser fornecidas.
Essa discussão está intimamente relacionada com os objetivos do sistema, pois a
relevância das informações depende de sua finalidade.
nos termos do item 25 do pronunciamento técnico CPC 16 (RI), o custo dos estoque
que não possam ser valorados pelo critério do custo específico ou identificado, devem
ser atribuído pelo uso do critério Primeiro a Entrar Primeiro a Sair (PEPS) ou pelo
critério do custo ponderado. A entidade deve usar o mesmo critério para os estoque
que tenham o uso semelhante.
Para compor o custo dos materiais que será incorporado aos produtos, além da
matéria-prima pelo valor pago ao fornecedor, os materiais de embalagem, os
materiais intermediários, os custos dos seguros, fretes e impostos irrecuperáveis, já
que os impostos recuperáveis, como o ICMS, devem ser excluídos e seu valor
contabilizado em separado, em uma conta própria (conta do ativo) para posterior
apuração. Isto faz com que material entre nos estoques como insumo da produção
pelo valor líquido, sem o ICMS do valor da nota.
Quanto ao IPI, o valor correspondente deve ser incorporado ao custo de aquisição
salvo nos casos em que a empresa possua algum crédito. Os descontos comerciais e
abatimentos são reduções ao preço de aquisição do material. Os descontos
financeiros, por pagamento antecipado, por exemplo, não modificam o valor bruto
do material, pois são considerados receita financeira na apuração do valor das
mesmas na DRE.
O ICMS e o IPI incidirão sobre os gastos com frete e seguros quando estes forem
incluídos na nota fiscal, nos casos de serem feitos pelo fornecedor do transporte.
CASO
Ricardo Lira é o contador da empresa Trevo Ltda. que produz cadeiras para escritório. Ele utiliza o
Custeio Variável para fins gerenciais, mas no momento de elaborar as demonstrações contábeis ele
as converte para o Custeio por Absorção e as variações dos ajustes são lançadas no CPV do exercício.
As informações para contábeis do ano 2016 e 2017 apresentaram os seguintes dados
respectivamente:
Obs: nos dois anos, a capacidade produtiva considerada para fins de custeio por absorção é de
28.000 unidades.
Foram preparadas as demonstrações contábeis pelo custeio variável e por absorção para determinar
a diferença.
Os dois resultados (Lucro líquido) apresentam uma diferença de R$ 2.495,00 referente ao seguinte
fato: o resultado obtido pelo custeio por absorção contém transferência de parte do custo fixo do
ano de 2016 incorporado nos estoques (6,07 × 2.000 = 12.140) e também transfere para o exercício
seguinte, uma parte do custo fixo do período (6,43 × 1.500 = 9.645). Vale ressaltar que a mesma
variação contida em estoques, (12.140 – 9.645 = 2.495) é devida aos custos fixos.
O Custeio por Absorção é o único aceito pelo Fisco, sendo o custeio variável de muita
utilidade para o processo decisório. As empresas que optam pela utilização do
Custeio Variável precisam fazer, no final dos exercícios, os lançamentos de ajuste na
Contabilidade Financeira.
Síntese
Você concluiu os estudos sobre a forma como se dá a integração dos custos aos
diversos sistemas contábeis. Com essa discussão esperamos que você sinta-se
competente para entender as nomenclaturas dos custos em relação ao volume de
produção. Esperamos, ainda, que você tenha refletido sobre o fluxo de formação do
custo e da integração com a contabilidade financeira, entendido sobre as normas
brasileiras de contabilidade e aplicação do CPC 16 na formação dos estoques, bem
como sobre os sistemas de apoio ao sistema de custos.
Neste capítulo, você teve a oportunidade de:
definir custos fixos e variáveis e utilizar as técnicas da margem de contribuição
e do ponto de equilíbrio para planejamento do lucro nos projetos sobre sua
responsabilidade;
compreender o custeio por absorção e sua utilidade, além do fluxo básico da
formação dos custos;
definir fluxo físico da produção e sua relação com o fluxo financeiro;
apresentar exemplos práticos do custo de materiais e os impostos legados a
seu custo para melhor entendimento do conteúdo.
Bibliografia
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