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DAMIÃO LIMEIRA DA SILVA

JABSON TAMANDARÉ DA CRUZ


LEANDRO PEREIRA

Custos logísticos
Gestão e aplicação prática

EDITORA SENAC SÃO PAULO - SÃO PAULO - 2020


Sumário
Nota do editor
Apresentação

CAPÍTULO 1
Introdução à contabilidade de custos
O que são custos diretos?
O que são custos indiretos?
O que são custos fixos?
O que são custos variáveis?

CAPÍTULO 2
Economia e finanças aplicadas à logística
Matemática financeira: juros simples e compostos
Ponto de equilíbrio: tipos e aplicações

CAPÍTULO 3
Custos da gestão e aquisição de suprimentos e suas tributações
Por que é importante conhecer esses impostos?
Quais impostos precisamos pagar na aquisição de bens?
Custo de pedido de compra
Modalidades de compra

CAPÍTULO 4
Custos de armazenagem e estoque
Custos de armazenagem
Custos de estoque

CAPÍTULO 5
Custos operacionais de transporte e distribuição
Custos com transporte
Custos com distribuição
Custos com logística reversa
CAPÍTULO 6
Custos com produção
Custos com matéria-prima
Custos com mão de obra direta
Custos indiretos e a importância dos mapas de custos
Métodos de custeio em produção
Controle de operações

CAPÍTULO 7
Formação de preço de venda
Componentes do preço de venda
Custos e despesas fixas
Custos e despesas variáveis
Regime tributário
Formas de determinação do preço de venda
Mark-up
Preço versus concorrência

CAPÍTULO 8
Procedimentos e custos da logística internacional
Procedimentos para atuar no comércio exterior
Custos logísticos internacionais
Formação do preço de venda na exportação
Formação do custo de importação

CAPÍTULO 9
Custos da qualidade: competitividade e resultados econômicos
Custos de controle
Por que mensurar os custos da qualidade?
Efeito da qualidade sobre a receita
Considerações finais
Bibliografia
Sobre os autores
Nota do editor
Ao ter a ideia de abrir um negócio, muitas vezes não nos damos conta de
todas as implicações que envolvem a comercialização de um produto e,
mesmo quando já atuamos no mercado, reduzir custos e otimizar processos
logísticos é sempre uma estratégia vantajosa.
Para dimensionar os custos relacionados a todas as etapas do processo
produtivo e de comercialização de um produto, em território nacional ou
internacional, esta publicação conceitua quais são os principais custos do
fluxo operacional das empresas, mostrando como calculá-los passo a passo.
Com este lançamento, o Senac São Paulo espera contribuir para o apren‐
dizado dos princípios de logística empresarial, bem como sua prática em
situações reais, incentivando o desenvolvimento e a sustentabilidade de
negócios.
Apresentação
Caro leitor! Antes de mais nada, gostaríamos de explicar brevemente o que é
logística, pois, embora esteja muito presente em nosso cotidiano, muitas
pessoas não sabem exatamente o que significa. Pois bem, vamos lá: logística
é uma área da administração que cuida de todo o fluxo operacional das
empresas, que tem basicamente a missão de colocar os produtos certos, no
tempo certo, no lugar correto, sempre ao menor custo possível. Um exemplo
de logística na prática: provavelmente você já fez uma compra pela internet
ou conhece alguém que já fez. Agora imagine que com a praticidade de
apenas alguns clicks tudo estará resolvido, só faltando aguardar a chegada de
seu produto, sem sair do conforto de casa: isso não é fantástico? Aí é que
entra em ação uma série de processos interligados, que fazem parte do
universo da logística: tudo que se refere às atividades de transporte,
manutenção de estoques, armazenagem, produção, gestão da qualidade, fluxo
de pagamento, processamento de pedidos e até mesmo o pós-venda engloba o
processo logístico.
Como podemos observar, logística é, na verdade, um conjunto de ações
operacionais, táticas, estratégicas e econômicas, todas com um único
objetivo: a redução do tempo e do ciclo operacional da empresa para
aumentar a produtividade e melhorar o nível de serviço ao cliente, visando a
redução dos custos e o aumento dos lucros.
Mas a logística necessita de várias outras áreas da administração, que vão
muito além disso, e para tal é preciso conhecer e aplicar técnicas variadas,
como o lote econômico de compras (LEC), a formação de preços e uma série
de custos que permeiam as áreas de compras, armazenagem, estoques,
produção, importação, exportação e qualidade, as quais iremos conhecer
melhor ao longo dos próximos capítulos.
CAPÍTULO 1
Introdução à contabilidade de custos
A contabilidade de custos é uma área da contabilidade que possui grande
influência no processo logístico, porque abrange tanto os gastos necessários
para a produção de bens como para a prestação de serviços.
Sendo assim, em todas as etapas das atividades logísticas precisam ser
apurados os custos, pois somente dessa maneira é possível saber o quanto
estamos gastando, e a partir daí tomarmos decisões, como diminuir custos e
verificar de quanto deve ser essa redução; projetar aumentos nos lucros e
estabelecer de quanto será esse aumento; determinar qual valor investir;
comprar; vender… e assim sucessivamente. Perceba que se não soubermos
exatamente quanto gastamos, fica praticamente impossível saber o quanto
lucramos ou queremos ganhar, ou seja, não conseguimos obter sucesso
financeiro sem fazer a apuração dos custos. Em função disso, identificamos a
importância da contabilidade de custos para a gestão eficaz da logística,
motivo pelo qual iniciaremos este livro com uma abordagem sobre esse tema,
que será a base para a maior parte dos assuntos tratados nesta publicação.
Cada capítulo corresponderá a um cenário específico, de acordo com a
particularidade da subárea da logística, que auxiliará o leitor a apurar e fazer
a gestão de seus custos em vários contextos e situações cotidianas, aplicando
as técnicas e os conceitos dos custos logísticos.
De maneira mais prática, podemos classificar a contabilidade de custos como
o registro detalhado e contábil das operações de uma empresa, tanto no que
diz respeito à produção quanto à prestação de serviços.

Contabilidade de custos de serviços: trata-se da apuração dos gastos


envolvidos na prestação de serviços. É aplicável a serviços jurídicos,
contabilidade e tecnologia da informação, bem como a outros serviços
especializados, tais como reparos de equipamentos, manutenção de
máquinas, montagens de kits e transportes, entre outros tipos de serviços
que podem ser terceirizados, dependendo do segmento de atuação da
empresa.
Contabilidade de custos industriais: consiste no levantamento e
apuração dos gastos envolvidos na produção de produtos. Nesse
processo, é feito o levantamento geral dos dados, que podem ser tanto
monetários como físicos e operacionais na produção e comercializa-ção
dos produtos e/ou serviços, como: unidades produzidas, horas
trabalhadas, quantidade de requisições de materiais, mão de obra
utilizada, tipo de maquinário para atender às ordens de produção, entre
outros. Por esse motivo, a contabilidade de custos industriais é uma
ferramenta de gestão financeira importantíssima para a composição e
formação de preços, além de auxiliar os dirigentes a tomarem decisões
estratégicas para os negócios. Logo, é importante que seja feita de
maneira correta e prática, para que se obtenha sucesso na administração
dos custos logísticos.

Pois bem, agora vamos entender na prática como funciona a divisão dos
custos. Independentemente do tipo e das características do negócio, os custos
podem ser diretos ou indiretos.
O que são custos diretos?
São os valores gastos que estão diretamente ligados à produção de um
produto ou à prestação de um serviço.
Exemplo: para fazer um bolo, classificamos os custos diretos como aqueles
que envolvem a compra dos itens indicados na receita, como o açúcar, o leite,
os ovos, a farinha de trigo, etc., ou seja, todos os componentes que estão
diretamente ligados à produção do bolo, gerando os custos diretos, pois sem
esses ingredientes a fabricação do bolo ficaria comprometida.
O que são custos indiretos?
São os valores envolvidos nas atividades que dão apoio, e com materiais
diversos, que auxiliam na execução de um produto ou serviço, porém, sem
estar relacionados de forma direta ao resultado final do produto ou serviço.
Exemplo: para fazer esse mesmo bolo, classificamos como custos indiretos
os valores gastos com divulgação, propaganda e marketing do produto, que
nesse caso é o bolo. Porém, podemos perceber que essas ações de divulgação
não têm ligação direta na fabricação desse bolo, ou seja, se elas não forem
feitas, não afetam a produção em si, por isso os valores gastos com essas
ações são chamados de custos indiretos.
Esse mesmo conceito pode ser adotado para qualquer tipo de produto ou
serviço, independentemente do tamanho do negócio, que pode ser micro,
pequeno, médio ou de grande porte.
Também na contabilidade de custos existem outros dois elementos muito
comuns, que são os chamados custos fixos e variáveis.
O que são custos fixos?
São os valores financeiros gastos (que não mudam) e que não dependem da
produção, pois são custos que a empresa terá, mesmo que altere a quantidade
produzida. Ou seja, independentemente do volume de produção, esses valores
precisam ser desembolsados.
Exemplo: ainda pensando no bolo, podemos identificar e apurar os custos
fixos para a produção desse produto. Assim, para essa fabricação, devemos
levantar os seguintes valores: aluguel, água, luz, salário da pessoa que faz o
bolo, etc. Perceba que, independentemente de que seja feito um único bolo ou
500 bolos, esses valores devem ser pagos e praticamente são iguais para 1 ou
500 bolos.
O que são custos variáveis?
São os valores gastos pela empresa para produzir ou oferecer seus serviços,
que variam de acordo com a produção – nesse caso, diferentemente dos
custos fixos (que não mudam), esses sim podem “variar” para mais ou para
menos, dependendo da quantidade de produtos ou serviços vendidos.
Exemplo: imagine que seja necessária a compra de embalagens para esses
bolos; nesse caso, o custo será equivalente ao número de produtos vendidos,
ou seja, se forem comercializadas 20 unidades, o valor gasto será
correspondente ao de 20 embalagens; se forem 50, o valor será referente a 50,
e assim sucessivamente. Observe que, conforme as vendas aumentam ou
diminuem, os custos com as embalagens também variam, por esse motivo são
chamados de variáveis.
Para entender melhor o funcionamento da contabilidade de custos e evitar
possíveis prejuízos, é importante conhecer as quatro principais dicas:

1. Elaborar uma lista com todos os itens que compõem os custos da


produção de um bem (produto) ou na elaboração de um serviço.
2. Fazer a separação e a classificação dos custos e despesas, dividindo-os
em custos diretos, indiretos, fixos e variáveis.
3. Fazer uma subdivisão desses custos entre os setores envolvidos, que se
trata de uma prática conhecida como “rateio”.
4. Realizar comparações desses custos em relação aos preços de vendas
que estão sendo praticados e verificar se tudo está conforme o planejado
para a obtenção da margem de lucro, que é a porcentagem adicionada
aos custos totais de um produto ou serviço, formando o preço final da
comercialização e definindo a porcentagem do ganho que a empresa
espera obter.

Essas são as principais dicas da contabilidade de custos para iniciar com


sucesso a gestão dos custos logísticos. Vale lembrar que existem várias outras
técnicas para auxiliar essa gestão, que serão apresentadas ao longo dos
próximos capítulos. Essas dicas trazem informações gerais, para auxiliar um
leigo no assunto a fazer de forma básica a gestão de custos do seu negócio.
A aplicação da contabilidade de custos na gestão dos custos logísticos e
industriais tem ampla abrangência, sendo importante para: o fornecimento de
dados relativos aos custos para a medição dos lucros e a avaliação dos
estoques; obter informações para subsidiar os gestores; o desenvolvimento do
planejamento estratégico e tático, bem como de todas as atividades
operacionais das empresas, aumentando a assertividade nas tomadas de
decisões.
Veja no quadro a seguir alguns dos principais pontos que serão identificados
pela contabilidade de custos e abordados de forma prática ao longo dos
capítulos, na composição e administração dos custos logísticos:

Quadro 1 – Custos, gastos e despesas relacionados à composição e


administração dos custos logísticos

NOMENCLATURA TIPO

Custos Fatores de produção

Custos Quaisquer naturezas

Custos Setores de uma organização

Custos Quaisquer atividades empresariais

Custos Desperdícios

Custos Tempo ocioso dos operários

Custos Tempo ocioso de máquinas/equipamentos

Custos Produtos danificados

Custos Trabalho desnecessário

Consumo de bens e serviços diversos, que ocorrem em todos os setores de


Gastos
uma empresa

Compra de um produto ou serviço qualquer, que gera desembolso financeiro


Gastos para o negócio

Gastos Material utilizado pelo setor administrativo

Gastos Serviços de fretes de venda

Despesas Impostos sobre vendas

Despesas Comissões de vendedores

Agora, vejamos um exemplo de custos de um determinado negócio e como


devemos fazer a separação e classificação dos custos:

Tabela 1 – Tipo de gasto × valor

TIPO DE GASTO VALOR (R$)

Matéria-prima 500.000,00

Salários administrativos 45.000,00

Comissões 30.000,00

Postagens 5.000,00

Materiais de uso administrativo (escritório) 4.000,00

Energia elétrica 45.000,00

Salários da manufatura 80.000,00

Depreciação de equipamentos 18.000,00

Consumo de água 30.000,00

Manutenção de fabril 37.000,00

Contas/telefonia 3.000,00

Despesas financeiras 50.000,00

Transporte/distribuição 42.000,00

Seguros 18.000,00
Total de gastos no mês 907.000,00

Nesse ponto, destacaremos os custos relacionados à produção:

Tabela 2 – Custos de produção × valor

CUSTOS DE PRODUÇÃO VALOR (R$)

Matéria-prima 500.000,00

Energia elétrica 45.000,00

Salários da manufatura 80.000,00

Depreciação de equipamentos 18.000,00

Consumo de água 30.000,00

Manutenção fabril 37.000,00

Seguros 18.000,00

Total de custos no mês 728.000,00

Nesse ponto, o destaque serão as despesas administrativas:

Tabela 3 – Despesas administrativas × valor

DESPESAS ADMINISTRATIVAS VALOR (R$)

Salários administrativos 45.000,00

Contas/telefonia 3.000,00

Postagens 5.000,00

Materiais de uso administrativo (escritório) 4.000,00

Total de gastos no mês 57.000,00

Agora, faremos a separação das despesas envolvidas nas questões comerciais:


Tabela 4 – Despesas comerciais × valor

DESPESAS COMERCIAIS VALOR (R$)

Comissões 30.000,00

Transporte/distribuição 42.000,00

Total de despesas no mês 72.000,00

E, por fim, destacaremos as despesas financeiras que ocorreram ao longo


desse processo produtivo:

Tabela 5 – Despesas financeiras × valor

DESPESAS FINANCEIRAS VALOR (R$)

Despesas financeiras 50.000,00

Total de gastos no mês 50.000,00

Pronto! Dessa forma, acabamos de realizar de maneira bem simples a


separação dos custos de uma empresa. A partir desse processo, é possível
visualizar exatamente onde e como fazer a gestão financeira do negócio, pois
é possível saber onde e como o dinheiro está sendo gasto e, a partir daí, tomar
as devidas decisões sob vários aspectos estratégicos, táticos ou operacionais.
Porém, é necessário conhecer e aplicar os regimes tributários, os quais
influenciam muito nos custos, e uma boa gestão desses regimes pode gerar
grandes economias para as empresas, como veremos no decorrer dos
capítulos.
CAPÍTULO 2
Economia e finanças aplicadas à
logística
Matemática financeira: juros simples e compostos
A matemática financeira tem como principal objetivo quantificar as
transações que envolvem valores, considerando basicamente o tempo e a
quantidade de dinheiro envolvido nas compras ou vendas de produtos e
serviços, sendo uma importante ferramenta na gestão dos custos logísticos,
pois conhecendo as técnicas e conceitos é possível aumentar a lucratividade
e, assim, evitar possíveis prejuízos.
Entre as várias fórmulas da matemática, abordaremos as duas mais básicas:
os juros simples e os compostos.

Mas, enfim, o que é o juro?


É uma espécie de remuneração de um determinado capital (quantidade de
dinheiro), que pode ser definido como um tipo de aluguel pago pelo uso do
dinheiro durante um período de tempo.
Exemplo prático de cálculo de juro simples:
Suponhamos que foi realizada uma aplicação financeira no valor de R$
1.000,00 durante um período de 3 meses, com juros (simples) de 10% ao
mês. Veja a evolução do dinheiro.
Para isso, usaremos a seguinte fórmula:

J=C×i×n

Onde:
J = valor dos juros
C = capital, principal ou valor presente
i = taxa de juros
n = prazo

Tabela 6 – Valor acumulado × mês

N CAPITAL JUROS DE CADA


VALOR ACUMULADO
(MÊS) APLICADO PERÍODO

R$ 1.000,00 × 10% = R$ R$ 1.000,00 + R$ 100,00 = R$


1 R$ 1.000,00
100,00 1.100,00

R$ 1.000,00 × 10% = R$ R$ 1.100,00 + R$ 100,00 = R$


2 R$ 1.000,00
100,00 1.200,00

R$ 1.000,00 × 10% = R$ R$ 1.200,00 + R$ 100,00 = R$


3 R$ 1.000,00
100,00 1.300,00

Perceba que em cada mês houve um rendimento de R$ 100,00 e no final do


terceiro mês o valor da aplicação que era de R$ 1.000,00 passou para um
total de R$ 1.300,00 ao final do período.
Obs.: As taxas de juros são apresentadas na forma percentual, porém, quando
forem utilizadas em fórmula (álgebra), devem ser representadas na forma
decimal.
Exemplo:

FORMA PERCENTUAL TRANSFORMAÇÃO FORMA DECIMAL

15% a.a. 15/100 0,15

0,7% a.m. 0,7/100 0,007

Agora, vamos usar um exemplo prático, utilizando a fórmula dos juros


compostos, que também são conhecidos como “juros sobre juros”.
Fórmula base:
FV = PV (1 + i × n)

Onde:
FV = valor futuro ou future value
PV = valor presente ou present value
i = taxa
n = prazo ou tempo ou períodos
Para esse exemplo, usaremos os valores do caso anterior.
PV = R$ 1.000,00
i = 10% a.m.
n = 3 meses

FIQUE ATENTO!
Lembre-se de transformar a taxa de juros em decimal para usar na fórmula: para isso, é necessário
dividir a taxa por 100.

1º mês
O capital é de R$ 1.000,00
FV = R$ 1.000,00 × (1 + 0,10 × 1) = R$ 1.100,00
2º mês
O capital agora é R$ 1.100,00
FV = R$ 1.100,00 × (1 + 0,10 × 1) = R$ 1.210,00
3º mês
O capital nesse instante é R$ 1.210,00.
FV = R$ 1.210,00 × (1 + 0,10 × 1) = R$ 1.331,00
Perceba que o que ocorreu foi a seguinte situação:
FV = PV × (1 + i) × (1 + i) × (1 + i)
FV = R$ 1.000,00 × (1 + 0,10) × (1 + 0,10) × (1+ 0,10)
Daí, teremos:
FV = R$ 1.000,00 (1 + 0,10) = R$ 1.331,00.
3

Observe que nesse caso houve um aumento de R$ 31,00 a mais de juro, em


relação ao exemplo anterior de juros simples.
Obs.: essa fórmula pode ser simplificada assim:

FV = PV (1 + i)
n

Conhecendo essas duas fórmulas, é possível aplicá-las na gestão dos custos


logísticos, assim determinando várias possibilidades de identificação de
ganhos financeiros e também o custo de oportunidades.
Ponto de equilíbrio: tipos e aplicações
Existem vários tipos de pontos de equilíbrio, e cada um deles serve para
auxiliar na tomada de decisão conforme a necessidade do negócio. A seguir,
detalharemos a fórmula para calcular cada um deles e sua aplicação prática.

Ponto de equilíbrio contábil (PEC)

O ponto de equilíbrio contábil é a quantidade financeira que equilibra a


receita total, com a soma dos custos e despesas relativos aos produtos
vendidos. É a partir desse ponto que a empresa começa a ter lucro; caso não
atinja o valor determinado como ponto de equilíbrio, ela tem prejuízo, pois
não conseguirá cobrir sequer suas próprias despesas e custos, por isso essa é
uma ferramenta muito importante para administrar os custos de todo o fluxo
logístico.

Margem de contribuição unitária (MCu)


MCu = preço de venda – (custo variável unitário + despesa variável unitária)
Conceito fundamental para o cálculo dos distintos pontos de equilíbrio que serão apresentados, a
margem de contribuição unitária é o valor que cada unidade produzida e vendida contribui para a
lucratividade da empresa. Seu valor equivale ao preço de venda menos o custo e a despesa variável
unitária.
Ponto de equilíbrio financeiro (PEF)

O ponto de equilíbrio financeiro é a quantidade que iguala a receita total com


a soma dos custos e despesas que representam efetivamente o desembolso
financeiro para a empresa.

Ponto de equilíbrio econômico (PEE)

Já nesse caso, o ponto de equilíbrio econômico é a quantidade do valor


financeiro que iguala a receita total com a soma dos custos e despesas,
acrescida de uma remuneração mínima sobre o capital investido pela
empresa. Essa remuneração equivale à taxa de juros pagos pelo mercado
financeiro, e é conhecida como custo de oportunidade, que equivale à
remuneração que a empresa obteria se aplicasse seu capital no mercado
financeiro, em vez de aplicar no seu próprio negócio. Ou seja, seriam os juros
gerados pela aplicação financeira.

Ponto de equilíbrio em unidades


O ponto de equilíbrio PE (Q), em unidades, resulta da divisão da soma dos
custos e despesas fixas pela margem de contribuição unitária, e serve para
indicar a quantidade de unidades a serem produzidas para cobrir os custos.

Ponto de equilíbrio em unidades monetárias

PE ($) = PE (Q) × preço de venda

O ponto de equilíbrio em unidades monetárias é a multiplicação do ponto de


equilíbrio em unidades vezes o preço de venda, sendo útil para calcular
financeiramente quanto de dinheiro será necessário para cobrir os custos.
CAPÍTULO 3
Custos da gestão e aquisição de
suprimentos e suas tributações

Por que é importante conhecer esses impostos?


Primeiramente, é de extrema importância entender a resposta para essa
pergunta, por conta da complexa carga tributária brasileira, que é, por si só,
muito elevada, causando enormes preocupações aos empresários.
Além disso, também é necessário calcular e recolher os devidos valores de
maneira correta para evitar problemas fiscais junto à receita federal, que
podem levar os negócios à falência.
Outro motivo importante para saber mais sobre impostos é que a apuração
dos custos tributários tem influência direta nos custos logísticos.
Quais impostos precisamos pagar na aquisição de
bens?
Conforme os tipos de segmento em que a empresa atua, esses tributos podem
variar. Por exemplo: há empresas que importam e exportam produtos e
serviços, outras comercializam em sua própria cidade ou entre diferentes
estados, e assim sucessivamente, porém existe uma pequena lista de impostos
mais comuns:

ICMS: Imposto sobre Operações Relativas à Circulação de Mercadorias


e sobre Prestações de Serviços de Transporte Interestadual e
Intermunicipal e de Comunicação (obs.: as alíquotas dependem do
estado de origem e destino).
IPI: Imposto sobre Produtos Industrializados.
II: Imposto de Importação.
IE: Imposto de Exportação.
ISS: Imposto sobre Serviços de Qualquer Natureza.
COFINS: Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social.
PIS: Programa de Integração Social.

Basicamente, esses são os impostos que abordaremos ao longo dos capítulos,


considerando um contexto específico, de acordo com as necessidades de
apuração. Vale lembrar que alguns deles podem ser recuperáveis ou não, a
depender dos cálculos em questão.
São impostos pagos no ato da compra e recuperados posteriormente:

IPI, pago na compra de matéria-prima pela indústria.


ICMS, pago na compra de matéria-prima pela indústria.
ICMS, pago na compra de mercadorias pelo comércio.
Custo de pedido de compra
Esse custo abrange a mão de obra utilizada para emitir e processar as
informações envolvidas nas compras, além de todos os materiais necessários
nos setores administrativos relacionados aos processos de compras, como:
papéis, lápis, canetas, impressões, cópias de documentos e itens diversos de
escritório, além das despesas inerentes ao setor, como: luz, telefone, internet,
etc.
Somando todos esses custos, o próximo passo é identificar quantos pedidos
foram efetuados pelo setor durante um determinado período; em seguida,
deve ser feita uma divisão entre esses números.
Exemplo: imaginemos que o setor de compras apresentou um gasto para a
empresa de R$ 30.000,00 no ano e que foram feitas 50.000 compras ao longo
desse período. Logo, dividimos os custos com o setor pela quantidade de
itens comprados e obteremos o seguinte resultado:

R$ 30.000,00 / 50.000 = R$ 0,60

Ou seja, cada pedido de compras custou para a empresa R$ 0,60.


Modalidades de compra

Lote econômico de compras (LEC)


A proposta do lote econômico de compras é determinar qual a quantidade
ideal a ser adquirida, bem como quando e como comprar, considerando os
custos de aquisição, pedido, armazenagem e falta.
Para estabelecer o LEC, devemos considerar a relevância dos custos
mencionados anteriormente. Para isso, devemos estabelecer um quadro que
nos permita refletir sobre o que aconteceria com um determinado custo se
tivéssemos um aumento de demanda.

Quadro 2 – Relação entre tipo de custo e demanda

TIPO DE COMPORTAMENTO EM RAZÃO DA


HIPÓTESE
CUSTO DEMANDA

Custo varia de acordo com a


Aquisição ou Constante, independentemente da quantidade
quantidade
fabricação comprada/fabricada.
comprada/fabricada.

Reposição imediata no
Redução: o custo é dividido por uma quantidade
Pedido momento em que o estoque é
maior do item comprado.
zero.

Demanda ou consumo Aumento: quanto maior a quantidade estocada,


Armazenagem constante durante o período de maior a necessidade de espaço, segurança e
estocagem. controles.

Análise específica quando houver falta de


Falta Falta de estoque previsível.
estoque.

Para calcular o LEC, é necessário ter algumas informações prévias, como


demanda, custo de pedido e custo de armazenagem. A fórmula para a
realização do cálculo é descrita a seguir:

Onde:
LEC = lote econômico de compras
Cp = custo de pedido
D = demanda
Ca = custo de armazenagem
Exemplo I: Qual o LEC de um produto com demanda anual de 3.600
unidades, que possui um custo de pedido de R$ 5,80 e um custo de
armazenagem anual de R$ 2,60?
Resolução:

Portanto, o ideal seria realizar as aquisições em lotes de 127 unidades.

Modelo de reposição contínua


Também conhecido como lote padrão, o modelo de reposição contínua tem
como objetivo estabelecer um ponto de pedido para o reabastecimento de
estoque. Ele atua conforme demonstra o gráfico a seguir:

Gráfico 1 – Modelo de reposição contínua.

Vamos interpretar melhor esse gráfico.


Emax = estoque máximo
Q = quantidade
EM = estoque médio
PP = ponto de pedido
ES = estoque de segurança
TA = tempo de atendimento
IP = intervalo de pedidos
A linha que representa o ponto de pedido (PP) indica o momento em que
deve ser feito um pedido de compra de material, porém, esse material demora
um certo tempo para chegar (TA). Assim, os materiais continuam sendo
consumidos, como mostra a linha azul, até atingir a linha do estoque de
segurança (ES), que é quando finalmente chega uma quantidade de material
(Q) e eleva o nível do estoque ao máximo (Emax), como mostra a linha azul
novamente, que é o limite total que a empresa consegue estocar. Esse fluxo se
repete diversas vezes, conforme os materiais são consumidos. O intuito de se
fazer esse controle é saber exatamente quando efetuar o pedido de compra, de
maneira que a linha azul não ultrapasse o estoque de segurança (ES), zerando
o estoque.
Exemplo: uma fábrica de bicicletas deseja adotar o modelo de reposição
contínua para melhorar o desempenho de seu estoque. Essa empresa trabalha
em média 20 dias/mês e tem uma demanda de 800 rodas/mês para sua linha
de produção. Sabendo-se que o custo de pedido para esse tipo de material é
de R$ 10,00 por pedido e que o custo de armazenagem mensal dessa matéria-
prima é de R$ 6,00: Qual o seu LEC? Qual o ponto de pedido para esse
material, caso o fornecedor leve três dias para o atendimento do pedido e se a
empresa mantiver 100 unidades em seu estoque de segurança?
Para resolvermos o problema de modo correto, devemos executar dois
passos.

Passo 1: cálculo do lote econômico de compras


Conforme já apresentado anteriormente, o LEC tem por objetivo demonstrar
quantas unidades devem ser solicitadas a cada pedido. Para isso, serão
considerados os custos de pedido e de armazenagem, bem como a demanda
mensal, aplicando a fórmula:
No nosso exemplo, temos:

Concluímos que a empresa deve gerar pedidos de compra com


aproximadamente 52 unidades/pedido. Mas ainda é necessário saber em que
momento será disparada a solicitação de compra.

Passo 2: definição do ponto de pedido


O ponto de pedido pode ser calculado por meio da seguinte fórmula:

Onde:
PP = ponto de pedido
LT = lead time
DM = quantidade de dias trabalhados no mês
D = demanda
ES = estoque de segurança
Portanto:

Ao analisarmos as respostas dos passos 1 e 2, concluímos que o ideal para


essa fábrica seria comprar as rodas em lotes de 52 unidades/pedido, e estes
seriam solicitados no momento em que o estoque apresentasse 220 unidades,
indicando a necessidade de reabastecimento.

Modelo de reposição periódica


A reposição periódica, diferentemente do modelo contínuo, estabelece
tempos fixos de reposição. Em outras palavras, o profissional do almoxa‐
rifado vai determinar de quanto em quanto tempo deve ser realizada a compra
de materiais. Isso quer dizer que, diferentemente do modelo anterior, em que
havia um ponto de pedido estabelecido e previamente calculado, neste
cenário compra-se material em intervalos de tempo padrão – por exemplo, de
dois em dois meses –, conforme mostra o gráfico a seguir:
Gráfico 2 – Modelo de reposição periódica.

Ao observarmos o gráfico, notamos que os lotes de compra (Q) são


estabelecidos pela diferença entre o estoque máximo (Emax) e o estoque
disponível no dia da compra (Q1, Q2, Q3 e Q4). Também podemos concluir
que os intervalos entre pedidos (IP) são iguais e fixos, e que o tempo de
atendimento (TA) não é tão relevante como no modelo contínuo.
A empresa, em alguns momentos, por conta de variações de mercado, corre o
risco de que seu estoque fique abaixo no nível de segurança (ES, ou estoque
de segurança).
Exemplo: uma confecção precisa comprar rolos de linha para abastecer sua
linha de produção. Sabe-se que são consumidas, em média, 500 unidades
desse produto/mês, e que o custo para realização de cada pedido desse
material é de R$ 10,00. Considerando que a empresa mantenha 50 unidades
em estoque de segurança e que o custo de armazenagem mensal desse
produto seja de R$ 0,20 por unidade, como a empresa poderia adotar um
modelo de reposição periódica?
Para estabelecer a reposição periódica, devemos seguir 3 passos:

Passo 1: cálculo do lote econômico de compras


O LEC possibilita que saibamos a quantidade de material a ser solicitado em
um pedido. Para isso, utilizamos a seguinte fórmula:

Portanto:

Nesse caso, o ideal, segundo o LEC, é comprar aproximadamente 224


unidades/pedido.

Passo 2: definição do estoque máximo (Emax)


O estoque máximo demonstra para a empresa a quantidade máxima que um
produto pode ocupar em seu estoque. Seu papel é evitar compras excessivas.
Para calcular o estoque máximo, devemos utilizar a fórmula a seguir:

Emax = ES + Q

Onde:
Emax = estoque máximo
ES = estoque de segurança
Q = tamanho do lote (definido no LEC)
Portanto:

Logo, compreendemos que, no máximo, o estoque deve ter 274 unidades.

Passo 3: definição do intervalo entre pedidos (IP)


O intervalo entre pedidos (IP) indica o momento para fazer a reposição de
estoque, ou seja, de quanto em quanto tempo isso deve ser feito. A fórmula
para o cálculo do intervalo entre pedidos é apresentada a seguir:
Onde:
IP = intervalo entre pedidos
Q = tamanho do lote (valor do LEC)
D = demanda do produto
Portanto:

Ao analisarmos os resultados, observamos que, para estabelecer a reposição


periódica, é necessário calcular incialmente o LEC, que serve para mostrar o
quanto de matéria-prima deve ser comprado em um lote.
Em um segundo momento, busca-se conhecer o nível máximo de estoque
para o material, com o intuito de evitar o acúmulo de produtos, por meio da
fórmula do estoque máximo.
E, por último, calculamos o intervalo entre pedidos. Ele estabelecerá de
quanto em quanto tempo a empresa fará o reabastecimento de estoque.
Portanto, é correto afirmarmos que o ideal é realizar a aquisição de materiais
em lotes de 224 unidades/pedido, lembrando sempre que esse tipo de material
em estoque não deve ultrapassar a quantidade máxima de 274 unidades.
Os pedidos de reposição devem ser realizados a cada 13 dias, em função do
resultado de IP convertido em dia (0,45 mês entre pedidos × 30 = 13 dias).
Supondo que, ao final de 13 dias, a empresa ainda disponha de um estoque de
100 unidades, esse valor deve ser abatido do LEC (224 unidades) antes do
processamento de pedido. Isso quer dizer que a empresa deve adquirir apenas
124 unidades (224 – 100), pois a compra do LEC completo somado ao
estoque restante (100 + 224 = 324) faria ultrapassar a quantidade desejável do
estoque máximo (274 unidades).
CAPÍTULO 4
Custos de armazenagem e estoque
Custos de armazenagem
Para analisar os custos referentes ao armazenamento de materiais, iremos
separá-los em grupos, de acordo com suas naturezas. São eles:

Custos de capitais: englobam juros provenientes de operações finan‐


ceiras e depreciações dos bens utilizados na armazenagem.
Custos de pessoal: abrangem todos os valores pertinentes à mão de
obra, ou seja, despesas com salários e encargos sociais, de maneira
geral.
Custos com edificações: reúnem os gastos com aluguéis, impostos
prediais, seguros, água, luz e taxas administrativas para manter a
conservação.
Custos de manutenção: dizem respeito aos custos decorrentes da ação
do tempo e também por meio do uso, gerando a deterioração e a
obsolescência das máquinas, dos equipamentos e das instalações.

Essas são as principais variáveis a serem consideradas na composição dos


custos com armazenagem, porém outros fatores ainda podem influenciar
significativamente o aumento ou a diminuição desses custos, como a
quantidade de materiais e o período em que eles ficam guardados no estoque.
Isso porque pode ser necessário aumentar o número de funcionários e,
consequentemente, a quantidade de máquinas e equipamentos, gerando assim
maiores despesas.
Logo, o custo de armazenagem é um fator muito importante dos custos
logísticos, em virtude de sua complexa composição, que é um misto de
equipamentos, instalações e questões administrativas, e deve ser apurado
corretamente. Vejamos agora as fórmulas e o passo a passo para calcular o
que chamaremos de parcelas:
1) Parcela de retorno de capital
P1 = lucro / valor do estoque × 100

2) Parcela de armazenamento físico

P2 = a × b / c × d × 100

Onde:
a = área ocupada pelo estoque
b = custo por metro quadrado ao ano
c = consumo anual
d = preço unitário
3) Parcela de seguro

P3 = custo anual de seguro / valor do estoque + edificações × 100

4) Parcela de manuseio e movimentação

P4 = depreciação anual do equipamento / valor do estoque × 100

5) Parcela de obsolescência

P5 = perdas anuais por obsolescência / valor de estoque × 100

6) Parcela de diversos. Ex.: água, luz, etc.


P6 = despesas anuais / valor do estoque × 100

Após levantar e calcular individualmente cada uma das parcelas, o próximo


passo é reunir os resultados de todas elas e somá-los. Essa somatória é o que
chamamos de custos de armazenamento, simplificado da seguinte forma:

CA = P1 + P2 + P3 + P4 + P5 + P6

É importante ressaltar que os valores gastos em cada composição das


chamadas parcelas variam e dependem de empresa para empresa, e também
do tamanho e tipo de segmento. A dica é procurar fazer um levantamento
desses gastos junto à contabilidade da empresa, no caso das questões
administrativas, e com o gerente de logística, no que diz respeito aos fatores
operacionais.
O custo com falta de estoque é gerado quando ocorrem alguns tipos de
problemas na operação de armazenagem – que, por sua vez, afetam o
funcionamento de outros setores da própria empresa ou de organizações
externas –, como: interrupção de fornecimento, gerando paradas em linhas de
produção; cancelamento de pedidos; pagamentos de multas geradas pelas
faltas; custos extras para a compra de material similar e demais prejuízos
financeiros ocasionados em razão da falta de estoques.

DICA!
É muito importante manter os estoques sempre controlados, pois isso pode evitar perdas gigantescas.
Custos de estoque
Qual a importância de se controlar os custos de estoque? Quais itens devem
ser levados em consideração? Como proceder? A proposta desta parte do
livro é demonstrar com exemplos práticos como controlar um estoque, por
isso responderemos essas questões considerando o dia a dia de um
almoxarifado.
Quando nos referimos ao controle de custos de estoque, temos como objetivo
estabelecer um equilíbrio entre a quantidade e o custo certos para qualquer
tipo de negócio.
Imaginemos uma farmácia: como poderíamos classificar sua política de
estoque como correta? Se refletirmos sobre o assunto, observaremos que a
farmácia faz uso de recursos financeiros para aquisição de medicamentos
para revenda, bem como necessita de espaço físico para armazená-los de
forma adequada, até que seja feito um pedido, por parte do cliente.
Entretanto, se essa farmácia adquirir muitos medicamentos para a revenda,
pode não possuir espaço físico correto para armazenamento ou, além de
gastar mais no momento de compra, correrá também o risco desses materiais
terem o seu prazo de validade expirado rapidamente, sem nenhum
comprador. Neste caso, todo esse medicamento deverá ser descartado pela
farmácia, o que ocasionará perdas e prejuízos financeiros.
O cenário desfavorável pode se repetir caso a farmácia compre pouca
quantidade de um material que tenha muita procura: nesta situação, irá
economizar em compras e espaço para armazenagem, mas não terá como
atender a todos os seus clientes e poderá perder clientes para seus
concorrentes. Esse conceito se aplica a empresas como lojas de shopping,
padarias, açougues, matérias de construção, papelarias, restaurantes, etc.
Controlar os materiais em estoque consiste em estabelecer quanto, quando e
de quem comprar produtos para revenda ou produção, considerando os custos
para que se evite desperdícios, tornando a empresa mais competitiva perante
seus concorrentes.
Os custos de estoque podem ser divididos conforme a figura a seguir:

Figura 1 – Custos de estoque.

Custo de aquisição
Corresponde ao valor pago na aquisição de uma matéria-prima ou produto
final. É o item mais evidente dos custos de estoque, por ser essencial para
efetivar a compra de materiais e confirmar o reabastecimento de um
armazém.
O cálculo do custo de aquisição pode ser realizado por meio da fórmula a
seguir:

CA = Pr × Q

Onde:
Ca = custo de aquisição
Pr = preço unitário
Q = quantidade
Exemplo I: uma farmácia adquiriu um lote de 182 unidades do medicamento
X para revenda. O preço unitário dos medicamentos é de R$ 15,00. Qual o
custo de aquisição?
Resolução:
CA = Pr × Q
Neste caso, inicialmente teríamos:
CA = ?
Pr = R$ 15,00 (preço)
Q = 182 (quantidade de itens)
Portanto:
CA = R$ 15,00 × 182
CA = R$ 2.700,00
Podemos concluir portanto que a empresa teve um custo de aquisição no
valor de R$ 2.700,00 para adquirir de um lote com 182 medicamentos. É
muito comum, no mercado atual, contarmos com a possibilidade de
descontos. Para tanto, devemos atribuir o percentual de desconto oferecido ao
preço unitário, para que então possamos fazer a aplicação da fórmula.
Exemplo II: uma doçaria adquire constantemente barras de chocolate para a
fabricação de bolos, sorvetes e outros produtos que comercializa. Para a
produção de doces no mês de março, a empresa constatou a necessidade de
compra de 100 kg de chocolate em barras de um 1 kg. Sabendo-se que o
fornecedor concede descontos de 10% para compras superiores a 50 kg deste
material e que cada barra custa R$ 20,00, qual o custo de aquisição?
Resolução:
CA = Pr × Q
Neste caso, inicialmente teríamos:
CA = ?
Pr = R$ 20,00 (preço unitário)
Q = 100 (barras de 1 kg cada = 100 kg) → valor acima de 50 kg
CA = R$ 20,00 × 100 = R$ 2.000,00 → valor sem desconto de 10%
Entretanto, o fornecedor concede 10% de desconto para compras acima de 50
kg. A doçaria programou a compra de 100 kg de chocolate para o mês de
março, portanto ela deve calcular o desconto para encontrar o valor real do
custo de aquisição (CA):
CA = R$ 2.000,00 – (2.000 × 0,10)
CA = R$ 1.800,00 → valor com desconto de 10%
Neste exemplo, observa-se que com os descontos a doçaria terá que
desembolsar R$ 1.800,00 para realizar a compra das 100 barras de chocolate
de 1 kg cada.
Observa-se também que a empresa economizará R$ 200,00 em função do
desconto oferecido pelo fornecedor. Esse resultado é obtido entre a diferença
do valor sem desconto e do valor com desconto (R$ 2.000,00 – R$ 1.800,00
= R$ 200,00).

Custo de armazenagem
Tem como objetivo quantificar o valor da mercadoria quando guardada em
estoque. Para calculá-lo, é necessário considerar não apenas o material
armazenado, mas também os custos com a infraestrutura do estoque e o
tempo de armazenamento. O desafio do profissional de logística que atua na
administração de materiais é torná-lo cada vez menor, para permitir que a
margem de lucro seja maior.
O quadro a seguir mostra alguns fatores que também participam da
composição dos custos de armazenagem:

Quadro 3 – Composição dos custos de armazenagem


Quadro 3 – Composição dos custos de armazenagem

FATORES DESCRIÇÃO

Juros Valor conquistado por meio de aplicações financeiras.

Aluguel Valor pago pela locação do espaço físico do estoque.

Quantia utilizada para proteção do estoque, por meio da contratação de uma


Seguro
seguradora e estabelecimento de contrato.

Valor financeiro de mercadorias que sofreram avarias, venceram,


Perdas
desapareceram, etc.

Impostos Tributos pagos pela empresa em função de suas instalações, localizações, etc.

Movimentação de
Custos com embalagens, transportes, equipamentos de movimentação, etc.
materiais

Salários, encargos sociais e benefícios concedidos aos colaboradores do


Mão de obra
armazém.

Despesas Despesas com luz, telefone, EPIs, materiais de escritório e outros.

O custo de armazenagem pode ser obtido por meio da fórmula a seguir:

CArm = EM × PMU × TEst × CArmUnit

Onde:
CArm = custo de armazenagem
EM = estoque médio
PMU = preço médio
TEst = tempo de estoque
CArmUnit = custo de armazenagem unitário
Exemplo: para melhor compreensão de como esse custo pode ser obtido,
imaginemos o estoque de uma papelaria de médio porte, que possui uma
quantidade grande de materiais, como lápis, cadernos, grampeadores, canetas,
folhas sulfite e outros tipos de materiais de escritório.
Recentemente, essa papelaria adquiriu cadernos universitários para eventual
comercialização. A tabela a seguir mostra a quantidade comprada, em seus
respectivos meses, e o valor de cada aquisição:

Tabela 7 – Histórico de compras – cadernos universitários

DATA JAN. FEV. MAR. ABR.

QTDE. (UNID.) 200 180 350 215

PREÇO (UNID.) R$ 13,50 R$ 15,50 R$ 12,50 R$ 12,50

O estoque médio para esse produto (caderno universitário), nos meses


especificados, é indicado na tabela a seguir:

Tabela 8 – Estoque médio – cadernos universitários

DATA JAN. FEV. MAR. ABR.

QTDE. (UNID.) 120 100 220 170

Além dos elementos mencionados, o valor médio de itens em estoque (não


apenas de cadernos) é de R$ 165.500,00. Para sua administração nesses
quatro meses, é necessário arcar com as despesas mencionadas a seguir:

Tabela 9 – Despesas de infraestrutura e estoque (4 meses)

Juros R$ 2.000,00

Aluguel R$ 6.500,00

Seguro R$ 2.300,00

Perda R$ 1.800,00
Imposto R$ 1.600,00

Movimentação R$ 4.200,00

Mão de obra R$ 8.500,00

Despesas R$ 2.600,00

Tendo conhecimento dessas informações, qual o custo total de armazenagem


desse material?
Resolução: conforme observado, o estabelecimento do custo de
armazenagem é complexo, pois envolve uma série de levantamentos prévios,
como a quantidade do material adquirida e seu estoque médio, bem como os
custos para manter o armazém funcionando de forma adequada. Para
atingirmos tal objetivo, dividiremos o cálculo do custo total de armazenagem
em cinco passos.

Passo 1: cálculo do preço médio unitário (PMU)


Esta etapa consiste em trabalhar com os números apresentados na [tabela 7];
ou seja, será necessário relacionar a quantidade comprada com o respectivo
preço de aquisição, de acordo com a fórmula a seguir:

Onde:
PMU = preço médio unitário
Portanto:
Podemos concluir, portanto, que o custo médio do produto é de R$ 13,28 por
unidade.

Passo 2: cálculo do estoque médio (EM)


O segundo passo para o cálculo do custo de armazenagem consiste no
estabelecimento do estoque médio obtido no intervalo de tempo analisado (4
meses); para isso, utilizaremos como base a tabela Estoque médio – cadernos
universitários.
Para tanto, será utilizada a fórmula a seguir:

Onde:
EM = estoque médio
Em suma, constata-se que teremos um estoque médio de aproximadamente
153 unidades por mês.

Passo 3: intervalo de tempo analisado


No exemplo em análise, o período de avaliação das informações de estoque
compreende 4 meses (de janeiro a abril).

Passo 4: cálculo do custo unitário de armazenagem (CArmUnit)


O custo unitário de armazenagem consiste na divisão dos gastos com
infraestrutura para manter o estoque adequado pelo valor médio total de
materiais em estoque, portanto utilizaremos a seguinte fórmula:
Onde:
CArmUnit = custo de armazenagem unitário
J = juros
Alug. = aluguel
Seg. = seguro
P = perdas
I = impostos
Mov. = custos com movimentação
MDO = custos com mão de obra
Desp. = despesas
Vlr. méd. do est. total = valor médio do estoque total
Nessa etapa, o cálculo é fácil: devemos apenas somar todos os custos
mencionados anteriormente e dividir pelo valor médio de estoque total.
Portanto:

Conclui-se, portanto, que cada produto em estoque tem um custo de


armazenagem de aproximadamente R$ 0,18.

Passo 5: cálculo do custo total de armazenagem


Este passo consiste na multiplicação dos resultados obtidos até o momento,
ou seja, multiplica-se os valores de estoque médio, preço médio, tempo de
estoque e custo de armazenagem unitário. A fórmula para cálculo do custo
total de armazenagem é:

CArm = EM × PMU × TEst × CArmUnit

Onde:
CArm = custo de armazenagem
EM = estoque médio
PMU = preço médio
TEst = tempo de estoque
CArmUnit = custo de armazenagem unitário
Portanto, com base nos resultados anteriores, teremos:
CArm = ? (valor que se deseja encontrar)
EM = 153 unidades
PMU = R$ 13,28
TEst = 4
CArmUnit = 0,18

CArm = 153 × R$ 13,28 × 4 × 0,18


CArm = R$ 1.462,9248

Podemos concluir, portanto, que um estoque médio de 153 cadernos/mês,


com um custo de aquisição médio de R$ 13,28, armazenado por 4 meses,
custará aproximadamente R$ 1.462,92 à empresa. Também é válido ressaltar
que para chegar a esse número precisamos localizar o valor do custo unitário
de armazenagem (passo 4).

Custo de pedido
O custo de pedido é o valor desembolsado para que o material adquirido seja
entregue pela empresa compradora. Ele pode ser obtido por meio da seguinte
fórmula:

CP = n (CPAdm + CPVar)

Onde:
CP = custo de pedido
n = número de pedidos
CPAdm = custo de pedido administrativo unitário
CPVar = custo de pedido variável unitário
Exemplo: para realizar a aquisição de um tipo de matéria-prima, a empresa X
apurou os custos por lote e da área de compras para trazer a mercadoria, e
obteve os seguintes resultados:

Tabela 10 – Custos por lote

FRETE ALFÂNDEGA PESAGEM INSPEÇÃO

R$ 260,00 R$ 120,00 R$ 45,00 R$ 23,50

NÚMERO DE LOTES ENTREGUES = 4

Observa-se, portanto, que a empresa recebeu, até o momento, 4 lotes desse


tipo de matéria-prima e também arcará com os custos de frete e liberação de
carga.
A tabela a seguir demonstra os gastos referentes ao manuseio e impostos
desse produto em um intervalo de 4 meses, em relação à sua área de compras:

Tabela 11 – Custos da área de compras (de jan. a abr.)

MÃO DE OBRA ALUGUEL IMPOSTOS EQUIPAMENTOS DESPESAS

R$ 6.500,00 R$ 5.600,00 R$ 1.300,00 R$ 2.000,00 R$ 3.100,00

NÚMERO TOTAL DE PEDIDOS FEITOS DE JAN. A DEZ.: 650

Faz-se necessário mencionar que foi realizado um levantamento de todos os


custos, ou seja, apurou-se com detalhes todos os itens a serem pagos para que
o trâmite fosse realizado com sucesso, bem como a quantidade de pedidos
realizados nesse intervalo de tempo de 4 meses.
Diante das informações apresentadas, como calcular o custo de pe-dido? Para
facilitar a compreensão, iremos dividir o cálculo do custo de pedido em três
passos, conforme veremos a seguir.

Passo 1: calcular o custo de pedido administrativo unitário


(CPAdm)
O custo de pedido administrativo unitário corresponde à soma do quanto a
área de compras gastou dividido pelo número de pedidos realizados, e pode
ser obtido a partir da seguinte fórmula:

Portanto:
Neste caso, para administrar cada pedido deste material, são gastos R$ 28,46.

Passo 2: calcular o custo de pedido variável unitário


O custo de pedido variável unitário nada mais é do que a soma dos custos de
transporte multiplicada pelo número de lotes.

CPVar = nº de lotes × (frete + alfândega + pesagem + inspeção)

Portanto:

CPVar = 4 × (260 + 120 + 45 + 23,50)


CPVar = 4 × (448,50)
CPVar = R$ 1.794,00

Para a aquisição de 4 lotes desse material, a empresa teve de desembolsar R$


1.794,00. Entretanto, para a compra de apenas um lote, a empresa gastou R$
448,50.
Passo 3: soma dos custos de pedido administrativo unitário e
pedido variável unitário
A última etapa consiste na soma do custo administrativo com o custo de
pedido variável. Para essa etapa, devemos somar os dois custos.
Portanto, aplicaremos a seguinte fórmula:

CP = CPAdm + CPVar

Onde:
CP = custo de pedido
CPAdm = custo de pedido administrativo unitário
CPVar = custo de pedido variável unitário
Logo:

CP = R$ 28,46 + 448,50
CP = R$ 476,96

Portanto, chegamos à conclusão de que para realizar a aquisição do matéria-


prima citada anteriormente, a empresa gasta R$ 476,96/pedido, considerando
suas despesas administrativas e de movimentação do lote.

Custo de falta
O custo de falta tem como objetivo quantificar o valor financeiro perdido
com a ausência de uma matéria-prima ou produto acabado. No entanto, cabe
ressaltar que o levantamento desse custo é algo complexo em função da
quantidade de elementos que necessitam ser analisados para que esse valor
seja localizado com precisão. Entre os principais itens que constituem o custo
de falta, podemos mencionar:

Mão de obra: recursos financeiros (salários, encargos, benefícios, etc.),


despendidos no momento em que uma operação ficou parada.
Equipamentos: gasto com máquinas ociosas por paralisação de uma
linha de produção, em função da ausência de uma matéria-prima, por
exemplo.
Material: matéria-prima ou produto acabado adquirido, emergen‐
cialmente, em outro fornecedor, com preço e formas de pagamento dife‐
rentes do convencional.
Multas: penalizações aplicadas por atraso de entregas, seja por ausência
de matéria-prima para produção, seja por problemas com a atividade de
transportes.
Prejuízos: perda da oportunidade de venda e consequente maior mar‐
gem de lucro, por falta de produto.

Para ilustrar de modo prático a aplicação desse conceito, utilizaremos um


exemplo:
Um fornecedor entregou um lote de produtos com 3 dias de atraso em relação
ao combinado com o fabricante. Tal situação causou atrasos, por parte da
indústria, na fabricação de um produto final e, consequentemente, em seu
prazo de entrega, que foi afetado em 2 dias.
A fábrica possui um controle rigoroso com custos de mão de obra/dia e
equipamentos/dia, como se pode notar na tabela a seguir:

Tabela 12 – Custos de produção/dia

MÃO DE OBRA/DIA EQUIPAMENTOS/DIA

R$ 250,00 R$ 360,00

O cliente da fábrica possui um contrato para se resguardar de eventuais


problemas de abastecimento, segundo o qual cada dia de atraso corresponde a
uma penalização de R$ 80,00. Qual o custo total de falta?
Resolução: de acordo com as informações expressas anteriormente, a fábrica
teve prejuízo com os seguintes atrasos:

Tabela 13 – Custos × dia

CUSTOS MÃO DE OBRA/DIA EQUIPAMENTOS/DIA MULTA

R$/DIA R$ 250,00 R$ 360,00 R$ 80,00

QTDE. DE DIAS (atraso) 3 3 2

Para compreender o custo total de falta, é necessário relacionar os dias de


atraso com os respectivos valores gastos por dia. Para isso, utilizaremos a
fórmula a seguir:

CFa = (nº de dias × $ MDO) + (nº de dias × $ equip.) + (nº de dias × $ multas)

Onde:
CFa = custo de falta
No de dias = quantidade de dias em atraso
$ MDO = gastos com mão de obra/hora
$ equip. = gastos com equipamentos/hora
$ multas = valor da multa/dia

CFa = (3 × 250,00) + (3 × 360,00) + (2 × 80,00)


CFa = R$ 1.990,00
Como podemos observar, a ausência desse material acarretou um custo total
de R$ 1.990,00. Cabe ressaltar que, em grande parte dos casos, muitas
empresas se atentam somente à oportunidade perdida com vendas para
estimar esse custo e esquecem de medir as ociosidades de máquinas, pessoas
e eventuais penalizações.

Custo total: trata-se da somatória do custo de armazenagem e do custo de pedido de compra. Ou


seja, basicamente eles correspondem aos valores desembolsados na gestão de materiais.
CAPÍTULO 5
Custos operacionais de transporte e
distribuição
A matriz de transportes brasileira está concentrada no modal rodoviário:
pouco mais de 60% do transporte de carga em nosso país é realizado por
caminhões, por conta da deterioração das demais infraestruturas de transporte
(ferrovias, hidrovias, etc.). Portanto, em um país de proporções continentais,
temos um elevado custo com o deslocamento de materiais, pelo fato de não
obtermos integração entre os modais de transporte ou alternativas.
Contribuem também para os elevados custos de transporte a condição de vias
existentes, muitas vezes em péssima qualidade de pavimentação, sinalização
e segurança, propiciando um elevado número de acidentes, roubos de cargas
e quebra de veículos, bem como a aceleração dos desgastes de equipamentos
e consequente redução de vida útil.
Custos com transporte
O entendimento dos custos operacionais com transporte permite que a
empresa identifique, de modo preciso, os gastos com as movimentações
materiais para a entrega/coleta de materiais, bem como oferte o serviço de
transporte ao mercado, por meio de um frete que proporciona a cobertura dos
gastos com a operação e propicia eventuais lucros.
A identificação dos recursos utilizados (tipos de veículos, implementos,
demais especificações técnicas, etc.) e a mensuração do custo de cada um
desses elementos proporcionarão ao empreendimento informações úteis para
as tomadas de decisão, como a aquisição de novos veículos ou a terceirização
de frotas, bem como maior clareza e objetividade no gerenciamento de
recursos, definição de prioridades, etc.
Podemos dividir os custos operacionais de transporte em duas categorias:
custos fixos e custos variáveis.
O grupo de custos fixos é constituído pela mensuração dos recursos que não
variam de acordo com a distância percorrida, ou seja, estarão presentes
mesmo com o veículo parado, e geralmente são calculados mensalmente.
Compõem esse grupo custos como:

salário do motorista;
custo de depreciação;
licenciamento;
remuneração de capital.

Em relação aos custos variáveis, são compostos pelos gastos que variam de
acordo com a distância percorrida, e geralmente são mensurados por
quilômetro rodado. Em outras palavras, esses custos de fato ocorrerão quando
o veículo estiver em movimento. Fazem parte desse grupo:

peças e acessórios de manutenção;


combustível;
lavagem;
lubrificantes;
pneus.

Além dos custos fixos e variáveis, presentes em qualquer operação de


transporte, também há despesas indiretas, que variam de acordo com o
volume de carga transportado, como:

salários e encargos sociais para colaboradores que atuam indiretamente


com as operações de transporte (área comercial, administrativa, etc.);
despesas de infraestrutura que permitam o funcionamento das empresas
(impostos, aluguel, comunicação, água, luz, etc.).

A aplicação do rateio dos custos mencionados, para posterior junção aos


custos fixos e variáveis de uma operação, auxiliará na apuração dos custos
com mais exatidão.
Por fim, os custos relacionados ao gerenciamento de riscos, avarias e
mensuração da possibilidade de roubos. Podemos subdividi-lo nas seguintes
categorias:

gestão de risco e avarias: indenização por extravios, roubos, seguros,


etc.
gerenciamento de risco de roubos: salário de colaboradores atuantes
nesta divisão, custos com escoltas, investimentos, etc.

Custos fixos de transporte

Custo mensal de depreciação


Consiste em verificar o quanto o veículo se desvaloriza em um determinado
período. Pode ser obtido a partir da seguinte fórmula:

Portanto, um veículo cujo valor de aquisição seja de R$ 120.000,00 e que ao


final de 3 anos (36 meses) possua o valor de R$ 60.00,000, terá como custo
de depreciação mensal o valor de:

Custo de remuneração de capital


Corresponde a um custo de oportunidade. Em suma, ao adquirir um veículo, a
empresa deixa de investir o capital empregado em uma aplicação financeira
ou um projeto que poderia proporcionar rendimentos. Logo, mensurar esse
fator é fundamental. A remuneração de capital pode ser obtida com a seguinte
fórmula:

Exemplo: se considerarmos a aquisição de um veículo cujo valor de compra


seja R$ 149.000,00 e ao final de 4 anos (48 meses) seja R$ 109.000,00, qual
seria a remuneração de capital obtida pela empresa, caso a taxa de juros fosse
de 6% a.m?
Salário do motorista
Corresponde ao valor mensal, pago ao(s) condutor(es) do veículo utilizado
para as atividades de coleta e entrega de materiais.

Salário motorista = sal. líquido × (1 + encargos sociais)

Portanto, considerando um motorista, cujo salário mensal seja de R$ 1.800,00


e os encargos sociais e trabalhistas correspondam a 77%, teremos:

Salário motorista = 1.800 × (1 + 0,77) = R$ 3.186,00/mês

Licenciamento do veículo
São os custos com taxas, impostos e seguros anuais, fracionados ao longo de
12 meses. Para calcularmos o licenciamento do veículo, podemos utilizar a
seguinte fórmula:

São considerados impostos e taxas: taxa de licenciamento, IPVA, seguro


obrigatório, mão de obra de despachante, entre outros.
Exemplo: considerando o licenciamento de um determinado veículo, cujo
somatório de impostos e taxas corresponda a R$ 3.200,00, e que possua um
seguro anual no valor de R$ 6.200,00, teremos um custo mensal de:
Custos variáveis de transporte

Custo com peças, acessórios e material de manutenção


Esse custo representa a previsão de despesas com acessórios e manutenção de
veículos. Além do valor de veículo sem os pneus, será considerada a
distância percorrida pelo veículo. Segundo a NTC&Logística (2014), os
custos com peças podem representar 1% do valor do veículo. Confira a seguir
a fórmula utilizada para a estabelecer esse custo:

Portanto, se considerarmos um veículo cujo valor seja de R$ 115.000,00 sem


os pneus, que tenha percorrido uma distância de 15.000 km e que tenha uma
estimativa de custos com peças de 1% do valor do veículo, teremos:

Custo com combustível


Corresponde às despesas existentes com combustível por quilômetro rodado:

Se analisarmos o custo com combustível por quilômetro, considerando um


veículo com autonomia de 12 km/ℓ e o preço do combustível de R$ 4,90/ℓ,
temos:
Custo com lavagem do veículo
Tem por objetivo segregar as despesas com limpeza do veículo por
quilômetro rodado.

Se considerarmos um caminhão-baú que percorreu em um determinado


período 10.000 km e cuja lavagem completa é de R$ 250,00, teremos:

Custo com lubrificação


Corresponde às despesas com as lubrificações internas do motor e da
transmissão do veículo, esta última composta por diferencial e câmbio.
Geralmente, a cada 1.000 km rodados são feitas as reposições parciais.
A lubrificação do motor pode ser calculada a partir da seguinte fórmula:
Logo, se considerarmos um veículo cujo cárter tenha uma capacidade de 12
ℓ, que possua uma necessidade de troca total após 4.500 km rodados,
realizando também trocas parciais de 1,5 ℓ a cada 1.000 km, teremos:

A lubrificação da transmissão pode ser calculada assim:

Se considerarmos um veículo cuja capacidade de acondicionamento de óleo


de diferencial e câmbio seja de 3,50 ℓ, e considerando trocas a cada 15.000
km rodados, teremos:

Por fim, somamos os custos obtidos para quantificarmos os custos com


lubrificação.

Custo com lubrificação = R$ 0,04 + 0,01 = 0,05/km


Custo com pneus
Tem como objetivo identificar as despesas com pneus por quilômetro rodado,
considerando alguns elementos, como: preço do pneu novo, protetor dos
pneus, recauchutagens, número de pneus no veículo e vida útil do pneu.

Exemplo:
Considere os seguintes parâmetros de um veículo da transportadora ABC:

Preço do pneu = R$ 750,00


Preço da recauchutagem = R$ 200,00
Quantidade de pneus no veículo = 4
Probabilidade de perda do pneu = 7%
Vida útil do pneu = 80.000 km

Despesas indiretas
São as despesas administrativas e de terminais. Elas não estão relacionadas à
quilometragem percorrida ou diretamente com o veículo, podendo variar
conforme o volume de carga movimentado. As despesas indiretas podem ser
classificadas em:

Salários: salários, honorários, encargos sociais.


Aluguéis: aluguéis de áreas e equipamentos.
Tarifas (serviços públicos): água, luz, telefone, sistemas de gestão, etc.
Impostos e taxas: IPTU, ICMS, IOF, etc.
Depreciações: depreciação de móveis, equipamentos, etc.
Outros custos: uniformes, paletização de cargas, viagens, material de
escritório e limpeza.

Exemplo:
Para realizar o transporte de materiais, a transportadora XYZ conta com uma
pequena instalação física que possibilita a consolidação de materiais por
região e posterior despacho. Os custos com essa infraestrutura são
apresentados na tabela a seguir:

Tabela 14 – Despesas indiretas × valor mensal

DESPESAS INDIRETAS VALOR MENSAL

Salários + encargos sociais R$ 8.000,00

Aluguel (imóvel) R$ 2.500,00

Aluguel (equipamentos) R$ 1.600,00

Água R$ 550,00

Energia elétrica R$ 860,00

Telefone R$ 400,00

Manutenções R$ 150,00

Limpeza R$ 350,00

Impostos R$ 960,00

Depreciação (equipamentos) R$ 200,00

Outros custos R$ 60,00

TOTAL R$ 15.630,00

Supondo que a transportadora realize mensalmente 500 expedições de carga,


qual o valor das despesas administrativas e de terminais por expedições
realizadas?

Logo:

Em outras palavras, a cada carga expedida, as despesas administrativas


correspondem a R$ 31,26 por expedição.

Taxa de despacho para coleta/entrega


Os custos apresentados nas etapas de coleta e entrega são oriundos do
transporte de cargas fracionadas. Para obtermos o custo mencionado,
necessitamos das seguintes informações: custo de deslocamento dos veículos,
custo do tempo parado em coletas/entregas, custos administrativos nos
processos de coleta/entrega e lucro operacional.
O custo com despacho/coleta pode ser obtido por meio da seguinte fórmula:

Onde:
CF = custo fixo da frota utilizada
CV = custo variável (R$/km)
X = distância percorrida (km)
DA = despesas administrativas
LC = margem de lucro
CE = média de coletas e entregas
Exemplo: vamos estabelecer o custo de coleta/despacho da empresa X,
considerando os seguintes parâmetros:
Custo fixo total da frota = R$ 12.500,00
Custo variável (R$/km) dos veículos utilizados = R$ 0,50/km
Distância percorrida = 700 km
Despesas administrativas mensais = R$ 6.500,00
Lucro operacional = 30%
Média de coletas e entregas realizadas = 1.500

Portanto, a cada entrega ou coleta de material realizada pela empresa X, deve


ser acrescido o custo de despacho/coleta cujo valor é de R$ 33,54.
Custos com distribuição
O custo com distribuição corresponde às despesas existentes para
movimentar um ou mais produtos entre um ponto (origem) e outro (destino).
A operação de distribuição pode ser realizada por meio de terceiros ou de
frota própria.
Em ambos os casos, é necessário apurar os custos existentes, para que
possamos identificar sua representatividade em relação aos demais custos,
bem como seu reflexo no faturamento obtido. O frete quando mal
administrado, estabelecido e monitorado pode tornar uma operação onerosa e,
consequentemente, inviabilizar a competividade de uma organização.

Frete por meio de terceiros


Ao realizarmos o transporte de mercadorias por terceiros (transportadoras ou
operadores logísticos), além de termos e compartilharmos claramente nossa
demanda, prazos de entrega por regiões e o volume máximo em períodos de
alta comercialização, devemos considerar os seguintes elementos na escolha
de parceiros na operação de distribuição:

referências (percepção do mercado em relação ao transportador/operador


logístico);
abrangência (cobertura em nível estadual, nacional e/ou internacional);
agilidade e flexibilidade (rápidas respostas e ações, adaptação a períodos
sazonais que representarão maior demanda pelo serviço e possibilidade
de expansão);
tecnologias empregadas para rastreabilidade, identificação de cargas e
sistemas de comunicação;
aderência e adequação ao tipo de produto a ser transportado;
recursos disponibilizados (plataformas que possibilitem acesso a
relatórios, dashboards e um eficiente sistema de comunicação);
cobrança de taxas (coleta/entrega, difícil acesso, veículo dedicado,
devoluções);
gerenciamento de risco (identificação de parceiro da transportadora ou
operador logístico e sua adesão ao plano estabelecido);
equipe (utilização de uniformes, treinamentos regulares, bom aten‐
dimento, cordialidade, etc.);
características da frota existente (quantidade, qualidade e tipos de veí‐
culo utilizados);
certificações e experiência no setor;
seguro de carga;
contrato (análise minuciosa de cláusulas);
valor do frete.

Em relação ao frete, devemos considerar alguns aspectos intrínsecos ao seu


custo:

peso bruto × peso cubado do produto;


preço do frete em si;
GRIS (Gerenciamento de Risco e Segurança);
taxas de coleta e despacho;
pedágios;
ICMS.

Para melhor entendimento dos elementos mencionados, veja o exemplo a


seguir:
Uma empresa localizada na cidade A necessitará transportar um produto para
entregar ao seu cliente que se encontra na cidade B. A distância entre essas
cidades, localizadas em São Paulo, é de 230 km. O produto a ser
transportado, via modal rodoviário, tem valor equivalente a R$ 260,00 e um
peso bruto total de 35 kg. Ele será movimentado em uma caixa com as
seguintes dimensões:
Comprimento = 60 cm
Largura = 40 cm
Altura = 50 cm
Ao contratar uma transportadora para a distribuição de seus materiais, a
empresa recebeu a seguinte tabela:

Tabela 15 – Distância × peso × frete

Taxa de Despacho: R$ 35,00

PESO
DISTÂNCIA FRETE
(KM) DE 41 A 50 DE 31 A 40 DE 21 A 30 DE 11 A 20 ATÉ 10 VALOR
KG KG KG KG KG

0 – 50 R$ 33,00 R$ 21,00 R$ 15,00 R$ 12,00 R$ 9,00 0,30%

51 – 100 R$ 33,50 R$ 21,50 R$ 15,50 R$ 12,50 R$ 9,50 0,30%

101 – 150 R$ 34,00 R$ 22,00 R$ 16,00 R$ 13,00 R$ 10,00 0,30%

151 – 200 R$ 34,50 R$ 22,50 R$ 16,50 R$ 13,50 R$ 10,50 0,30%

201 – 250 R$ 35,00 R$ 23,00 R$ 17,00 R$ 14,00 R$ 11,00 0,30%

Considerando também que, em São Paulo, a alíquota de ICMS corresponde a


18%, qual o valor do frete a ser pago?
Para chegarmos ao valor do frete, devemos realizar as seguintes etapas:
1) Peso bruto × peso cubado: todo o material transportado necessita dessa
avalição prévia, pois, dependendo da mercadoria, podemos ter um material
volumoso, mas sem peso, e vice-versa. Para melhor compreensão, imagine
uma caixa de papelão utilizada para o transporte de um televisor de 42
polegadas. Se ela estiver de fato com um televisor, será mais pesada do que
se estiver preenchida com algodão (neste caso, teremos uma carga volumosa
pelo tamanho da embalagem, mas com um peso bruto relativamente baixo).
A transportadora costuma realizar este cálculo, denominado cubagem, para
saber como cobrar pelo material transportado. Uma carga volumosa e sem
peso pode subutilizar o espaço disponível no veículo, e isso acarretaria em
perda de oportunidade na atividade de transporte. Portanto, para proceder
com o cálculo de cubagem no modal rodoviário, devemos adotar o proce‐
dimento a seguir:

Volume = comprimento (m) × largura (m) × altura (m)


Volume × 300 kg = peso cubado

Logo, considerando as dimensões da embalagem, temos:

Volume = 0,60(m) × 0,40(m) × 0,50(m) = 0,12 m 3

Peso cubado = 0,12 m × 300 kg = 36 kg


3

Observe que multiplicamos o volume em m por 300 kg. Isso significa que,
3

no modal rodoviário, a cada 1 m é possível alocar esse peso. O fator de


3

cubagem também é aplicado em outros modais, porém a relação peso é


diferente. Observe alguns exemplos:

Tabela 16 – Modal × peso/m 3

MODAL PESO/M3

Aéreo 166,6667 kg

Marítimo 1.000 kg
O resultado obtido demonstra que o peso cubado obtido (36 kg) é maior que
o peso bruto do material (35 kg). Portanto, por ser maior, o peso cubado será
utilizado para o cálculo do frete, pois, se utilizasse o peso bruto, a
transportadora estaria subutilizando o espaço do veículo.
2) Consulte a tabela de frete: de posse do peso a ser utilizado para o cálculo
do frete (36 kg), utilizaremos a tabela fornecida pela transportadora.
Observe a tabela 15 outra vez. A coluna Distância (km) demonstra as faixas
de km percorridos para execução da atividade de transporte. As colunas
subsequentes referem-se ao peso da mercadoria transportada. Observe que
estão divididas por peso (em kg) e que os valores se alteram conforme o peso
do produto a ser movimentado. Por fim, temos a última coluna, denominada
Frete valor, que demonstra o percentual que será aplicado ao valor da
mercadoria.
A localização do valor do frete a ser cobrado será feita pelo cruzamento na
tabela da distância percorrida e o peso do produto. Como já sabemos, a
distância percorrida será de 230 km e o peso a ser utilizado é de 36 kg (peso
cubado).
Portanto, o valor do frete peso será de R$ 23,00.
Além do frete peso, haverá também a necessidade de cálculo do frete valor.
Estes custos consistem em um percentual aplicado sobre o valor da carga
presente na nota fiscal. O objetivo do frete valor é cobrir os custos com
seguro obrigatório, despesas com indenizações de mercadorias não cobertas
por seguros (avarias em manuseio, greves, violações, extravios, etc.).
No exemplo, as informações referentes ao valor do frete se encontram na
tabela 15, na coluna Frete valor.
Portanto, considerando a linha em que há o cruzamento entre distância (km) e
peso (kg), utilizaremos 0,30%. Como já sabemos, o valor do produto a ser
transportado é de R$ 260,00. Logo, o frete valor será de:

Frete valor = 260,00 × 0,30% = R$ 0,78


Observe também que, para a coleta/entrega dos materiais, a empresa
transportadora cobra uma taxa de despacho, cujo valor é de R$ 35,00.
3) Cálculo do gris (Gerenciamento de Risco e Segurança): este custo
corresponde às despesas com rastreamento de veículos, medidas de combate
a roubo de cargas e mão de obra presente neste contexto. A taxa não cobre
atividades de complementação, como escoltas, uso de veículos especiais e/ou
dedicados. O valor mínimo de mercado é de 0,30% sobre o valor presente na
nota fiscal. Portanto:

GRIS = 260,00 × 0,30% = R$ 0,78

4) Identificação dos pedágios: além dos custos mencionados anteriormente,


é preciso identificar os pedágios existentes nos percursos. Para tanto, faz-se
necessário a utilização de sistemas/sites que permitam estimar esse custo. Em
nosso exemplo, consideramos que para a entrega desse material teremos um
custo de R$ 40,00 ao longo do percurso.
5) Soma dos custos parciais: após o levantamento dos valores das etapas 2,
3 e 4, realizaremos a soma de todos os elementos identificados até o
momento:

Tabela 17 – Itens × custo

ITENS CUSTO

Frete peso R$ 23,00

Frete valor R$ 0,78

Taxa de despacho R$ 35,00

GRIS R$ 0,78

Pedágios R$ 40,00

FRETE PARCIAL R$ 99,56


6) Aplicação da alíquota de ICMS e obtenção do custo de frete: por fim,
temos a aplicação da alíquota de ICMS. Para aplicação da alíquota,
deveremos ter em mãos o frete parcial (etapa 5) e a alíquota vigente, cujo
valor corresponde a 18%. O cálculo ocorre por meio da seguinte fórmula:

Logo:

Portanto, o valor final do frete será de R$ 121,41, o que corresponde a


46,70% do valor do produto transportado:

Frete próprio
A empresa, quando possui sua frota, deve estabelecer parâmetros que
viabilizem a criação de sua própria tabela de frete. Essas bases, se bem
estabelecidas, mensuradas e monitoradas, evitarão prejuízos ou estimativas
equivocadas com o consumo de recursos na atividade de transportes.
Para o desenvolvimento da própria tabela de frete, é necessário:

identificar a distância da viagem (percurso) em km;


apurar os custos fixos e variáveis de transporte;
calcular as despesas indiretas (R$/tonelada, R$/kg, R$/expedições);
mensurar o custo de tempo de espera durante a carga/descarga;
verificar o custo de transferência (R$/tonelada);
definir o lucro operacional.

Com o objetivo de contextualizar e demonstrar a aplicação prática dos


elementos mencionados anteriormente, observe o exemplo:
A transportadora X precisa descobrir o valor de seu frete peso, e para isso
realizou um levantamento prévio das seguintes informações:
Custos fixos = R$ 12.000,00 por mês
Custos variáveis = R$ 0,60 por km rodado
Despesas indiretas = R$ 20,00 por tonelada expedida
Lucro operacional = 20% sobre o custo
Horas trabalhadas (veículo) = 230 horas/mês
Capacidade de carga = 14 toneladas
Velocidade média = 60 km/h
Tempo de deslocamento = 4 horas por viagem
Você deverá auxiliar a transportadora a desenvolver o frete peso da
transportadora X. Por onde você começaria?
A seguir, estabeleceremos um roteiro, com objetivo de ajudá-lo nessa missão.
1) Custo de tempo de espera durante carga/descarga: o objetivo deste
cálculo é identificar o quanto se gasta com a espera entre as operações de
carga e descarga, por meio da seguinte fórmula:
Portanto, de acordo com nosso exemplo:

2) Custo de transferência: serve para mensurar o quanto foi gasto com o


deslocamento físico do produto, desde seu ponto de origem até o destino
final. Ele pode ser obtido a partir das seguintes fórmulas:

Ou seja:
Realizando a soma dos resultados obtidos, temos:

Custo de transferência = 0,062112 + 0,042857 = R$ 0,10

3) Junção dos custos obtidos e construção de fórmula para montagem do


frete valor: após o desenvolvimento das etapas 1 e 2, podemos construir a
equação para o estabelecimento do frete peso.
A fórmula a seguir demonstra os elementos que devem ser considerados:

Frete peso = [(c. espera + desp. indiretas) + c. transf × dist] × (1 + LO)

Onde:
C. espera = custo de espera com carga/descarga (etapa 1)
Desp. indiretas = despesas indiretas
C. transf = custo de transferência (etapa 2)
Dist = quilometragem percorrida (irá variar de acordo com os pontos de
entrega)
LO = lucro operacional (em %)
Portanto, se além dos custos obtidos desejarmos calcular o frete peso para
uma entrega, considerando que sejam percorridos 80 km, teremos:

Dist. = 80 km
Frete peso = [(14,90 + 20) + 0,10 × 80] × (1 + 0,20) = R$ 51,48

Observe que o frete peso a ser cobrado corresponde a R$ 51,48. Entretanto,


ainda não estão incluídos o frete valor, os pedágios, as taxas de coleta/entrega
(obtidas em cotação com a transportadora ou o operador logístico), o GRIS e
o ICMS. O quadro a seguir sintetiza algumas informações sobre esses itens
complementares que formarão o valor final do frete:

Quadro 4 – Para formar o valor final do frete próprio

Frete
Consultar a tabela de alíquotas sugeridas pela NTC&Logística (ver tabela 18).
valor

Utilizar sistemas de cotação ou sites que possibilitem a identificação de pedágios


Pedágios
(considerando a quantidade de eixos, no caso de caminhões).

Taxas de
Obtida mediante cotação com transportadora ou operador logístico.
coleta

GRIS Valor mínimo de referência: 0,30%.

Consultar tabela “Origem-Destino” do ICMS atualizada com alíquotas internas e


ICMS externas. Para obter mais informações, é fundamental acessar o portal da Secretaria da
Fazenda do respectivo estado.

A tabela a seguir demonstra as alíquotas de frete valor, de acordo com a


distância percorrida.

Tabela 18 – Alíquotas sugeridas para o frete do frete valor (% sobre valor de


mercadoria)

PERCURSO %
Até 250 km 0,30

251 a 500 km 0,40

501 a 1.000 km 0,60

1.001 a 1.500 km 0,70

1.501 a 2.000 km 0,80

2.001 a 2.600 km 0,90

2.601 a 3.000 km 1,00

3.001 a 3.400 km 1,10

Acima de 3.400 km 1,20

Boa Vista (RR) 2,50

Manaus/Macapá 2,50

Coleta e entrega 0,15

Fonte: adaptado de NTC&Logística (2014).

Após o levantamento dessas informações e valores, é preciso agregá-los ao


frete peso obtido, seguindo os procedimentos demonstrados anteriormente. A
alíquota de ICMS deve ser somada após o estabelecimento do valor parcial
do frete.

O frete em outros modais


Em relação ao frete cobrado por outros modais de transporte, o quadro a
seguir sintetiza as principais informações:

Quadro 5 – Modal × fretes

MODAL OBSERVAÇÕES SOBRE FRETES

Os preços são regulamentados por órgãos oficiais, como a ANAC (Agência


Nacional da Aviação Civil).
Os valores são influenciados pelas rotas.
Aéreo Há a possibilidade de negociação entre a companhia aérea, o operador logístico
e o cliente.
Valor do frete: totalmente relacionado ao peso da carga e à modalidade de
serviço (prazo de entrega).

O frete é cotado junto ao embarcador, quando global ou total, ou em diversas


parcelas. Podem ser considerados outros custos ou não (valores dispendidos
para embarque ou desembarque).
O armador, responsável pelo transportador marítimo, pode realizar cotações ao
Marítimo embarcador por diversas unidades de medida (tonelada, metro cúbico, por
viagem, etc.).
Ocorrem taxas e sobretaxas (sendo a primeira referente a carga – valores
adicionais por carga perigosa, taxas para volumes pesados e outros; já a segunda
refere-se à navegação – porto congestionado, adicional de combustível, etc.).

O frete é calculado com base em dois itens: distância percorrida e peso da


mercadoria.
Será considerado como fator preponderante para o cálculo do frete o que a
Ferroviário
mercadoria possuir de maior: peso ou volume.
Podem ser considerados também os custos administrativos de transbordo e
eventuais taxas de estadia em vagões.
Custos com logística reversa
O fluxo reverso, destinado ao pós-consumo ou pós-venda, necessita ser
controlado sob o ponto de vista financeiro, com o objetivo de evitarmos uma
atividade onerosa e que impacte significativamente na receita obtida com a
comercialização de produtos e serviços.
Para que possamos mensurar os custos presentes na logística reversa,
devemos:

mapear o fluxo reverso (pós-venda ou pós-consumo);


identificar, minuciosamente, os recursos empregados em cada uma das
etapas;
quantificar os recursos utilizados;
avaliar os motivos de retorno de materiais (pós-venda);
quantificar, monitorar e avaliar os custos existentes (diretos e indiretos)
na coleta, transporte, armazenagem e direcionamento para descarte ou
reaproveitamento.

O quadro a seguir sugere a categorização dos motivos de retorno de


materiais, em uma perspectiva de pós-venda e pós-consumo:

Quadro 6 – Categoria × motivos do retorno

CATEGORIA MOTIVOS DE RETORNO

Comercial Retorno de material em consignação

Comercial Erros na expedição de materiais

Comercial Produtos obsoletos e/ou sazonais

Garantia Equipamento danificado

Garantia Produto fora do prazo de validade


Sustentabilidade Descarte de modo adequado

Sustentabilidade Reciclagem de materiais

Sustentabilidade Canibalização

Observe que a identificação dos motivos de retorno possibilitará verificarmos


os desdobramentos necessários para a execução bem-sucedida de cada
atividade descrita na coluna Motivos de retorno.
Além de destacar os motivos de retorno, podemos também quantificá-los com
o objetivo de verificarmos a incidência de cada categoria ou motivo de
retorno. Tal levantamento nos possibilita saber quais atividades são mais
executadas, para posterior mensuração de seus custos. A tabela a seguir
demonstra uma aplicação prática:

Tabela 19 – Categoria × motivos de retorno × ocorrências

QTDE. DE OCORRÊNCIAS
CATEGORIA MOTIVO DE RETORNO %
(FEV./2018)

Retorno de material em
Comercial 100 27%
consignação

Comercial Erros na expedição de materiais 20 5%

Produtos obsoletos e/ou


Comercial 50 13%
sazonais

Garantia Equipamento danificado 40 11%

Produto fora do prazo de


Garantia 30 8%
validade

Sustentabilidade Descarte de modo adequado 10 3%

Sustentabilidade Reciclagem de materiais 120 32%

Sustentabilidade Canibalização 5 1%

TOTAL 375
Após categorizarmos e identificarmos os motivos de retorno, quantificamos
as ocorrências com o objetivo de saber qual foi a atividade mais executada e,
assim, constatamos que o motivo “reciclagem de materiais” corresponde a
32% do total de ocorrências.
Diante desse cenário, podemos detalhar os custos existentes nessa atividade.
O mapeamento do processo, realizado no início das atividades, auxiliará o
entendimento dos custos existentes. A tabela a seguir mostra as etapas da
empresa para a reciclagem de materiais:

Tabela 20 – Reciclagem de materiais – custo médio mensal por etapa

ETAPAS DESCRIÇÃO CUSTO MÉDIO MENSAL %

1 Solicitação de coleta R$ 500,00 13,7%

2 Transporte de material coletado R$ 1.200,00 32,8%

3 Triagem R$ 950,00 26,0%

4 Avaliação de materiais para reciclagem R$ 600,00 16,4%

5 Reaproveitamento de materiais R$ 250,00 6,8%

6 Destinação de perdas/sucatas R$ 160,00 4,4%

TOTAL R$ 3.660,00

Ao olharmos com mais detalhes a atividade de reciclagem, podemos notar


que boa parte dos custos (32,8%) estão relacionados ao transporte do material
coletado. Com base nessas informações, um gestor ou analista pode
identificar as prioridades para aperfeiçoamento ou correções de etapas.
Talvez os custos de transporte possam ser reduzidos por meio de uma
terceirização de frota ou da busca por novos parceiros. Se considerarmos que
os produtos A, B e C são reciclados, podemos também desmembrar os custos
das etapas mencionadas anteriormente, de modo proporcional. A tabela a
seguir mostra a quantidade de produtos reciclados por tipo no mês de
fevereiro de 2018.

Tabela 21 – Produtos reciclados – fev./2018


Tabela 21 – Produtos reciclados – fev./2018

PRODUTOS QUANTIDADE %

A 600 57%

B 400 38%

C 50 5%

TOTAL 1.050

Com base nos percentuais de cada material produzido, podemos identificar os


custos com as operações de logística reversa. Elas possibilitarão especificar
os custos por produtos e permitirão a segmentação do custo total do processo
de reciclagem; essa lógica pode ser aplicada a todas as demais categorias de
produtos e auxiliará na tomada de decisões ou no aperfeiçoamento de
processos. A tabela a seguir demonstra o rateio dos custos por produtos:

Tabela 22 – Reciclagem de materiais – custo médio mensal por etapa e


produto

CUSTO MÉDIO MENSAL

PROD.
ETAPAS DESCRIÇÃO PROD. A PROD. B TOTAL
C

1 Solicitação de coleta R$ 285,00 R$ 190,00 R$ 25,00 R$ 500,00

R$
2 Transporte de material coletado R$ 684,00 R$ 456,00 R$ 60,00
1.200,00

3 Triagem R$ 541,50 R$ 361,00 R$ 47,50 R$ 950,00

Avaliação de materiais para


4 R$ 342,00 R$ 228,00 R$ 30,00 R$ 600,00
reciclagem

5 Reaproveitamento de materiais R$ 142,50 R$ 95,00 R$ 12,50 R$ 250,00

6 Destinação de perdas/sucatas R$ 91,20 R$ 60,80 R$ 8,00 R$ 160,00

R$ R$ R$ R$
TOTAL
2.086,20 1.390,80 183,00 3.660,00
CAPÍTULO 6
Custos com produção
Entre as várias possibilidades, podemos identificar os custos de produção
como diretos e indiretos. Entende-se por custos diretos aqueles que estão
correlacionados ao desenvolvimento de produto, de modo intrínseco. Já os
custos indiretos são aqueles que compõem o processo de produção, mas não
são aplicados diretamente ao produto acabado.
Como exemplo, na produção de um notebook, os custos diretos
corresponderão aos materiais que fisicamente o integram, como pente de
memória, disco rígido e processador, entre outros. A mão de obra presente no
processo produtivo, que atua na transformação da matéria-prima em produto
acabado, também pode ser considerada um custo direto.
Entretanto, os demais custos, como energia elétrica, telefone, internet,
depreciação, entre outros, compõem os custos indiretos de fabricação, assim
como os salários com mão de obra indireta. Portanto, esses são fatores que
não atuam diretamente na transformação da matéria-prima em produto
acabado, assim como correspondem a colaboradores que não atuam
diretamente na linha de produção (almoxarife, gerentes, seguranças, etc.).
Se analisarmos a produção de um armário de madeira, observaremos que
parafusos e puxadores, bem como a própria madeira, são denominados
materiais diretos. Portanto, para caracterizar um elemento como custo direto
de produção, há a necessidade de identificar se o mesmo foi utilizado
diretamente na confecção de um produto.
Para o desenvolvimento desse produto, também serão utilizadas serras, lixas
e outros itens que não formam o produto físico, por isso são chamados de
materiais indiretos.
Ainda com relação às matérias-primas, é importante ressaltar que em alguns
casos há a necessidade de aplicar o rateio e direcioná-las para os custos
indiretos. No caso do armário, por exemplo, a quantidade de cola ou tinta
nem sempre pode ser mesurada e, nesse caso, o custo com esse material deve
ser compartilhado com a produção de todos produtos no sistema.

O QUE É RATEIO?
O rateio consiste na divisão proporcional de custos pelos recursos envolvidos. Para melhor
compreensão de como isso acontece na prática, imagine que você e quatro amigos resolveram ir a uma
pizzaria. Foram adquiridas duas pizzas do mesmo sabor. Você comeu quatro pedaços, um amigo
consumiu seis pedaços, e os demais, três pedaços cada. É correto que aqueles que comeram menos
paguem o mesmo valor que os que comeram mais? Para evitar a desigualdade, o ideal seria identificar o
valor por fatia e pagar somente o consumido – isso é o que chamamos de rateio. Essa lógica pode ser
ampliada aos produtos ofertados por uma empresa para o mercado: um determinado material pode
consumir mais recursos (matérias-primas) do que outro, e para isso será necessário efetuar o rateio.

As perdas de materiais ao longo de um processo produtivo podem ser


amenizadas, mas não evitadas: estas são denominadas perdas normais. Ao
produzir um bolo em uma confeitaria, por exemplo, sempre haverá uma sobra
de materiais: a quantidade de farinha de trigo nunca será o total da
embalagem industrial; em uma confecção, a quantidade de tecido para a
produção de vestidos irá gerar, também, retalhos, etc.
Na prática, se a sobra permitir a concepção de outros produtos (como as
sobras de tecido, já mencionadas), o custo desse excedente não será aplicado
ao produto desenvolvido.
Custos com matéria-prima
Os custos com matéria-prima não correspondem somente ao valor pago ao
fornecedor. Os impostos, bem como o seguro, a armazenagem, o custo de
compra e outros, podem compor esse custo. Em suma, deve-se considerar
todos os gastos para a obtenção do material.

TRANSAÇÕES COMERCIAIS: CIF OU FOB?


As negociações com fornecedores podem envolver o pagamento de seguros, fretes e outros elementos
que podem tornar o custo de obtenção mais elevado. Nesse contexto, são utilizados comumente duas
siglas, que especificam as características dos trâmites realizados no momento de aquisição:
CIF (Cost, Insurance and Freight): o termo significa “custo, seguro e frete”, ou seja, no valor da
mercadoria já estão incluídos frete e seguro. Em outras palavras, o fornecedor paga e envia a
mercadoria ao cliente. Os custos e riscos estão sob sua responsabilidade.
FOB (Free on Board): o termo significa “livre a bordo”, ou seja, no valor da mercadoria não estão
incluídos os custos com a entrega do produto, e caberá ao comprador arcar com eles. Os custos e riscos,
neste caso, estão sob a responsabilidade do comprador.
Dica: em uma negociação, é importante estar atento a essas expressões, para evitar equívocos acerca de
responsabilidades e custos.

O custo de obtenção do material pode ser obtido considerando a seguinte


estrutura:

Valor pago ao fornecedor


(–) Impostos (IPI, ICMS, etc.)
(+) Frete
(-) ICMS sobre frete
(+) Seguro
(+) Custo de armazenagem
(=) Custo da compra

Para atualizar os valores das mercadorias em estoque, é preciso conhecer e


aplicar os métodos de avaliação de estoque, tornando a apuração de custos
mais coerente e precisa. Entre os métodos mais utilizados para a avaliação de
estoques, os mais utilizados são:

UEPS (último a entrar, primeiro a sair): os valores estipulados para


requisições de materiais são aplicados com base no último custo de
aquisição, considerando o saldo dessa aquisição. Trata-se de um método
mais próximo à realidade, mas não permitido pela legislação tributária
brasileira.
PEPS (primeiro a entrar, primeiro a sair): oposto ao método anterior,
as requisições são valorizadas pelo custo de aquisição mais antigo, con‐
siderando também o saldo dessa aquisição.
Custo médio: quando ocorre uma entrada de material em estoque, há
uma atualização do custo médio do estoque, e as requisições são reali‐
zadas considerando o custo médio do saldo existente. Mais adiante
veremos a aplicação desse método a partir das técnicas de custeio.
Custos com mão de obra direta
O custo com mão de obra direta corresponde ao salário dos colaboradores
que atuam no processo produtivo, acrescido de encargos sociais e
trabalhistas. Em relação a estes últimos, é necessário entender que podem
variar de acordo com o tipo de salário (horalista ou mensalista).
Para identificar e quantificar o custo com mão de obra, devemos averiguar o
montante de encargos pagos por uma empresa para uma determinada função.
O exemplo a seguir demonstra, de modo simplificado, um método para
cálculo:
Exemplo: um colaborador que atua em uma linha de produção possui uma
jornada de trabalho de 44 horas semanais. Sua remuneração corresponde a R$
15,00 por hora, e sabe-se que os encargos representam 100% de seu salário.
Logo:

Salário-hora R$ 15,00

(+) Encargos R$ 15,00

Custo-hora R$ 30,00

Sabemos que esse funcionário esteve presente no trabalho de modo pontual,


com apenas 2 faltas no ano, e que também esteve em período de férias por 30
dias.
Obs.: esse ano foi composto por 52 domingos e 11 feriados.
Logo, para identificarmos o custo anual, temos:

Dias do ano 365 dias


(–) Domingos 52 dias

(–) Feriados 11 dias

(–) Férias 30 dias

(–) Faltas 2 dias

(=) 270 dias

Ao estabelecer sua jornada de trabalho, temos:

Em relação ao salário, consideramos os dias em que o trabalhador esteve


efetivamente presente, bem como a carga horária e o valor da hora
trabalhada. Logo:

Salário = 270 dias × 7,33 h/dia × R$ 15,00/hora = R$ 29.680,50

Em relação ao cálculo para as férias, devemos considerar a quantidade de


horas presentes em um mês de trabalho multiplicada pelo valor da hora de
trabalho. Portanto:

Férias = 220 horas × R$ 15,00 = R$ 33.000,00

O abono de férias corresponde a 1/3 do valor das férias, logo:

Abono de férias = 1/3 × R$ 3.300,00 = R$ 1.100,00


O décimo terceiro corresponde a um mês de trabalho, multiplicado pelo valor
da hora de trabalho:

Décimo terceiro = 220 horas × R$ 15,00 = R$ 3.300,00

Também é preciso apurarmos os valores aplicados aos domingos e feriados.


Para tal, devemos considerar a quantidade de domingos no ano, assim como o
número de feriados presentes no mesmo período. Ambos serão somados e
multiplicados pela quantidade de horas trabalhadas em um dia e,
posteriormente, pelo valor da hora de trabalho.

Domingo e feriados = (52 dias + 11 dias) × 7,33 h/dia × R$ 15,00/hora =


R$ 6.926,85

A soma dos elementos mencionados anteriormente (salário, férias, abono de


férias, décimo terceiro, domingos e feriados) resulta em um total de
remuneração anual no valor de R$ 44.307,35.
Ao aplicarmos as contribuições básicas fixadas em lei (36,30%), teremos:

Contribuições básicas = R$ 44.307,35 × 0,3630 = R$ 16.083,57

Por fim, o custo anual será a soma do custo total de remuneração com as
contribuições básicas. Portanto:

Custo anual = R$ 44.307,35 + R$ 16.083,57 = R$ 60.390,92


Custos indiretos e a importância dos mapas de
custos
Os custos indiretos correspondem àqueles que não podem ser identificados
no produto, na linha de produção ou no departamento. Além de mão de obra
e materiais indiretos, os custos presentes nesta categoria são todos aqueles
que não podem ser diluídos nas unidades produzidas sem algum critério de
rateio.
Para maior compreensão e eficiência na identificação e apuração desses
custos, sugerimos o mapeamento destes custos por meio de uma tabela, que
será denominada mapa de custos indiretos e terá como objetivo diluir esses
gastos nos materiais produzidos.
Na tabela a seguir, as áreas de auxílio correspondem às áreas que atuam
indiretamente na concepção do produto. No exemplo, temos: a gestão
administrativa, responsável por planejar, controlar e monitorar as atividades
em escritório que fornecerão subsídio às etapas de produção; o armazém,
atuante no sistema produtivo, com papel de atender às requisições de
materiais estipuladas pela linha de produção; e o controle da qualidade,
responsável por avaliar se as etapas de produção e o produto acabado seguem
os padrões estipulados e estão aptos para atender aos pedidos solicitados
pelos clientes.
Os setores produtivos consistem nas áreas em que de fato ocorre a produção
dos materiais desenvolvidos pela empresa: corte, costura, tingimento e
acabamento.
Para que o rateio dos custos indiretos ocorra, serão necessárias bases para a
sua aplicação. Observe a seguir que foram definidos e identificados os
seguintes componentes:

quantidade de funcionários existentes em cada departamento (áreas de


auxílio ou setor produtivo);
área em m², que corresponde ao espaço físico ocupado por cada
departamento na planta da fábrica;
energia consumida (em kW) por cada setor;
quantidade de telefones por setor;
número de requisições de materiais por setor;
quantidade de horas trabalhadas por homens na linha de produção
(homem-hora);
quantidade de horas trabalhadas por máquinas na linha de produção
(máquina-hora);

Ainda em um primeiro momento, identificamos também os custos indiretos


de fabricação para o atendimento da demanda, listados a seguir:

Mão de obra indireta: corresponde aos custos com salários e encargos


sociais com colaboradores que não atuam diretamente na linha de
produção, mas são responsáveis por viabilizar, planejar e articular todos
os processos que são necessários para o desenvolvimento e a concepção
do produto (exemplos: gestores administrativos, engenheiros de
produção, funcionários do armazém, inspetores de qualidade, etc.).
Materiais diversos: neste contexto estão presentes os materiais indi‐
retos utilizados no sistema produtivo (agulhas, fitas para medir o tecido,
tesoura, etc.), bem como outros elementos que são essenciais para a
execução das rotinas administrativas de áreas auxiliares (como os
materiais utilizados em escritório).
Depreciação: corresponde à desvalorização do valor financeiro de
máquinas e ferramentas empregadas na linha de produção, bem como
outros recursos existentes em áreas de apoio. Eles devem ser
quantificados para que sejam diluídos com os demais custos de
produção.

Por fim, são também identificados os custos comuns, recursos


compartilhados por todas as áreas. Em nosso exemplo, temos o valor
estipulado nas contas de energia elétrica, água, telefone e aluguel.
Futuramente, esses custos serão segmentados por departamentos.
Observe, a seguir, o nosso mapa de custos indiretos. As etapas mostradas na
figura serão descritas na sequência.

Tabela 23 – Mapa de custos indiretos

Etapa 1 – Identificação dos custos de consumo por


setor
Para a apuração dos custos comuns por setor, procuramos relacionar as
bases com as contas de consumo, conforme o quadro a seguir:

Quadro 7 – Custos comuns × base utilizada

CUSTOS COMUNS BASE UTILIZADA

Energia elétrica Energia consumida (kW)

Água Quantidade de funcionários

Telefone Telefone (equipamentos)


Aluguel Área (m²)

Portanto, para efetuarmos os rateios por área de auxílio e setor produtivo,


devemos realizar os seguintes procedimentos:
a) Energia elétrica: em um primeiro momento, dividimos a quantidade de
kW consumidos da área pelo consumo total de kW. Em seguida, o resultado
obtido será multiplicado pelo valor total da conta de energia elétrica.
Tomemos como exemplo o cálculo para a gestão administrativa.

Esse procedimento será válido para todas as áreas de auxílio, bem como para
todos os setores produtivos. Observe que o setor de costura consumiu mais
energia que os demais (220 kW) e terá um custo maior que todos os outros
departamentos (R$ 27.643,98). A divisão do custo de energia ocorreu de
forma proporcional, ou seja, aquele que consome mais kW possui um custo
maior.
b) Água: neste contexto, consideramos a quantidade de funcionários de cada
setor. O número de colaboradores será dividido pelo total de colaboradores, e
posteriormente o resultado obtido será multiplicado pelo valor total da conta
de água. Observe a seguir a aplicação prática para o armazém.

Esse procedimento será válido para todas as áreas de auxílio, bem como os
setores produtivos. Observe que o setor de costura mais uma vez possui mais
colaboradores que os demais (16), e terá um custo maior que todos os outros
departamentos (R$ 11.000,00).
c) Telefone: para aplicarmos o rateio em relação à conta de telefone,
dividimos o número de equipamentos presentes em cada setor pelo número
total de equipamentos e, em seguida, o resultado obtido será multiplicado
pelo valor total da fatura. Observe o exemplo a seguir, aplicado para a área de
controle da qualidade:

Observe que, nesse custo, a área de gestão administrativa possui o maior


custo de todos os setores (R$ 4.000,00), pelo fato de possuir mais
equipamentos telefônicos no setor (6 aparelhos).
d) Aluguel: assim como nos custos anteriores, o aluguel pode ser rateado
pelo tamanho (em m²) de um dos setores em relação ao valor total do aluguel.
Para efetuar o cálculo, precisaremos dividir o tamanho de cada setor (em m²)
pela área total da fábrica (também em m²). O resultado obtido deverá ser
multiplicado pelo valor total de locação. Observe, a seguir, a execução desse
cálculo para a área de corte da confecção:

Esse raciocínio deve ser aplicado a todas as demais áreas do


empreendimento. A área de acabamento, por ser a menor, fisicamente, dos
setores apresentados (35 m²), terá o menor custo com aluguel (R$ 11.666,67).
Por fim, todos os custos obtidos devem ser somados por departamento, com o
intuito de identificarmos o rateio para cada um dos setores, sejam eles de
auxílio ou aqueles que de fato atuam diretamente na produção.

Etapa 2 – Rateios das áreas de auxílio


Em seguida, são feitos os rateios das áreas de auxílio – em outras palavras,
os custos dessas áreas devem ser estudados, calculados e futuramente
diluídos e agregados ao custo de produção.
a) Custos com gestão administrativa
Em relação ao armazém, devemos dividir o total de custo comum obtido
anteriormente (R$ 121.135,69) pelo número de colaboradores total (80),
menos o número de funcionários da gestão administrativa (12). O resultado
obtido será multiplicado pelo total de funcionários do armazém (15).
Portanto:

Esse mesmo raciocínio será aplicado aos demais, alterando-se apenas o


número de funcionários de outro setor. Observe mais dois exemplos, para
melhor entendimento:

b) Custos com armazém


Os custos com armazém aplicados ao controle de qualidade serão iden‐
tificados e repassados aos demais setores, considerando o custo comum total
de armazém (R$ 159.959,79) acrescido do rateio do custo de gerenciamento
administrativo aplicado ao armazém (R$ 26.721,11). O valor obtido deve ser
dividido pela diferença entre o total de requisição de materiais (660) e total
de requisições existentes nos setores de gestão e armazém (85). Por fim, o
resultado obtido é multiplicado pelo número de requisições do controle de
qualidade (75). Portanto:
Esse mesmo raciocínio será aplicado para os demais, alterando-se apenas o
número de requisições por setor. Observe os dois exemplos a seguir:

c) Custos com controle da qualidade


Este setor atua no acompanhamento das etapas de produção, bem como na
análise de produtos acabados. Portanto, os custos dessa área devem ser
correlacionados com os setores produtivos. Em relação ao setor de corte, por
exemplo, observamos que foram consumidas 120 horas do controle de
qualidade para avaliação dessa etapa. O rateio do custo com controle da
qualidade aplicado ao setor de corte será estabelecido assim:

Em outras palavras, para estabelecer o rateio necessitamos agregar ao custo


comum de controle da qualidade (R$ 86.392,23) os custos rateados
anteriormente com a armazenagem (R$ 24.349,68) e a gestão administrativa
(R$14.251,26). Em seguida, a soma desses três componentes deverá ser
dividida pelo total de horas de atuação da gestão da qualidade no sistema
produtivo (400 horas). E, finalmente, o resultado deve ser multiplicado pela
quantidade de horas de cada setor produtivo, neste caso a área de corte, que
consumiu 120 horas.
Essa fórmula deve ser aplicada nos mesmos moldes para os demais setores,
alterando-se somente a quantidade de horas do departamento de qualidade
dedicadas a cada setor. Observe os exemplos para os setores de acabamento
e costura.

Por fim, os custos obtidos nesta etapa devem ser agregados aos setores
produtivos, para que então tenhamos a junção dos custos indiretos de
fabricação. O total obtido até o momento por setor resulta na soma de todos
os rateios das áreas de auxílio:

Setor de corte: R$ 21.376,89 + R$ 61.685,87 + R$ 37.497,95 = R$ 120.560,71


Setor de costura: R$ 28,502,52 + R$ 38.959,49 + R$ 43.747,61 = R$ 111.209,62
Setor de tingimento: R$ 14.251,26 + R$ 32.466,25 + R$ 24.998,63 = R$ 71.716,14
Setor de acabamento: R$ 16.032,66 + R$ 29.219,62 + R$ 18.748,98 = R$ 64.001,26

Etapa 3 – Rateio dos custos produtivos por hora


Os totais obtidos até o momento poderão ser fracionados por hora e
permitirão a identificação do custo indireto por setor produtivo, considerando
a demanda produzida. Para aplicação prática, suponhamos que a empresa
tenha desenvolvido os seguintes produtos, conforme a tabela a seguir:
Tabela 24 – Produto × quantidade × setor produtivo

SETORES PRODUTIVOS

QTDE. CORTE COSTURA TINGIMENTO ACABAMENTO


PRODUTOS
(UNID.) (H) (H) (H) (H)

P1 10.000 200 250 300 160

P2 9.000 150 190 225 120

P3 8.000 120 150 180 96

P4 12.500 250 310 375 200

P5 6.000 90 115 135 72

TOTAL 810 1.015 1.215 648

Observe que a coluna Qtde. (unid.) demonstra o total de itens produzidos por
categoria de produtos. As demais colunas (Corte (h), Costura (h), Tingimento
(h) e Acabamento (h)) demonstram a quantidade de horas necessárias para a
produção da quantidade especificada na primeira coluna.
Portanto, considerando a produção dos cinco produtos, a área de Corte, por
exemplo, operou por 810 horas. Se considerarmos os custos da Área de
auxílio, obtido na etapa anterior (R$ 120.560,71), poderemos então iden‐
tificar o custo indireto por hora ou taxa de rateio, conforme o seguinte
procedimento:

Aplicando este raciocínio, para as demais etapas, teremos:


Com base nesses valores, podemos identificar os custos indiretos de
fabricação presentes em todas as produções realizadas. Em outras palavras,
embora já saibamos o custo total, poderemos, a partir de agora, identificar os
custos por produto desenvolvido.
Para identificarmos o custo por produto, tomemos como exemplo o produto
P4, cujos valores obtidos por setor podem ser estabelecidos por meio dos
seguintes cálculos:

Corte (P4) = 250 horas × R$ 148,84 = R$ 37.210,00


Costura (P4) = 310 horas × R$ 109,57 = R$ 33.966,70
Tingimento (P4) = 375 horas × R$ 59,03 = R$ 22.136,25
Acabamento (P4) = 200 horas × R$ 79,01 = R$ 19.754,00
Total de custos indiretos de fabricação (P4) = R$ 113.066,95

A tabela a seguir sintetiza os valores dos demais materiais:

Tabela 25 – Custo dos produtos × setor produtivo

SETORES PRODUTIVOS
PRODUTOS CORTE COSTURA TINGIMENTO ACABAMENTO TOTAL

R$
P1 R$ 29.768,00 R$ 27.392,50 R$ 17.709,00 R$ 15.803,20
90.672,70

R$
P2 R$ 22.326,00 R$ 20.818,30 R$ 13.281,75 R$ 11.852,40
68.278,45

R$
P3 R$ 17.860,80 R$ 16.435,50 R$ 10.625,40 R$ 9.481,92
54.403,62

R$
P4 R$ 37.210,00 R$ 33.966,70 R$ 22.136,25 R$ 19.754,00
113.066,95

R$
P5 R$ 13.395,60 R$ 12.600,55 R$ 7.969,05 R$ 7.111,44
41.076,64

R$ R$ R$
TOTAL R$ 71.721,45 R$ 64.002,96
120.560,40 111.213,55 367.498,36

Os valores obtidos, neste simples exemplo, agregados aos custos diretos de


fabricação, permitirão o entendimento do custo total de produção. É muito
importante planejar e aplicar as etapas mencionadas, para obter maior
assertividade acerca dos custos reais da empresa. O desenvolvimento de um
mapa de custos e a participação maciça dos envolvidos é fundamental para a
elaboração e compreensão dos elementos citados. O modelo permitirá o
monitoramento dos custos, bem como identificará necessidades de correções
e/ou aperfeiçoamentos.
Métodos de custeio em produção
O objetivo de identificar os custos em um sistema produtivo é fornecer
subsídios para análises e tomadas de decisões, que serão mais assertivas se
estivermos munidos de informações e indicadores de qualidade, que
permitam contextualizar o cenário ao qual estamos inseridos e suas
perspectivas.
Os custos de produção podem ser analisados sob as perspectivas econômica e
contábil. A primeira perspectiva nos permite o auxílio à tomada de decisões;
a segunda viabiliza a apuração de resultados.

Custeio por absorção


O custeio por absorção busca abordar todos os elementos que compõem o
processo produtivo (diretos e indiretos), excluindo os gastos não fabris, que
passam a ser considerados como despesas. Também permite a valoração dos
estoques, com base nos elementos mencionados.
Para melhor compreensão, observe o exemplo a seguir.
Uma fábrica desenvolveu 22.000 unidades de produto em um ano. Neste
mesmo período, foram comercializadas 20.000 unidades ao preço de R$
200,00 cada. Para desenvolver esse produto, a fábrica utilizou os seguintes
recursos:

Matéria-prima direta R$ 60,00/unid.

Mão de obra direta R$ 35,00/unid.

Custos indiretos variáveis R$ 20,00/unid.

Custos fixos R$ 50.000,00


Despesas de vendas variáveis R$ 21.500,00

Despesas de vendas fixas R$ 12.500,00

Despesas administrativas R$ 30.000,00

Etapa 1 – Custo unitário do produto


O custo unitário é obtido pela divisão dos custos fixos pela quantidade
produzida e o posterior acréscimo dos custos de matéria-prima direta, mão de
obra direta e custos indiretos variáveis.

Etapa 2 – Custo total da produção acabada


Com base no custo unitário obtido (R$ 117,27), basta multiplicar pela
quantidade produzida (22.000 unidades):

Custo total produção acabada = 22.000 × R$ 117,27/unid. = R$


2.579.940,00

Etapa 3 – Demonstração de resultados


Observe que o lucro consiste na diferença entre a receita total obtida e o custo
com produtos vendidos.
Lucro (1 – 2) = R$ 1.645.600,00
1. Receita total = R$ 200,00 × 20.000 = R$ 4.000.000,00
2. Custo com produtos vendidos = R$ 117,27 × 20.000 = R$ 2.345.400,00

Etapa 4 – Despesas operacionais


Em seguida, serão retiradas do lucro as despesas com vendas (variáveis e
fixos), bem como as despesas administrativas fixas.
Lucro operacional (lucro – 3 – 4 – 5) = R$ 1.581.600,00

3. Vendas variáveis = R$ 21.500,00


4. Vendas fixas = R$ 12.500,00
5. Administrativas fixas = R$ 30.000,00

Etapa 5 – Apuração do estoque final


Podemos também identificar o valor do material acondicionado em estoque
considerando o estoque inicial (caso exista), o custo total da produção
acabada e o custo dos produtos vendidos.

Estoque final = estoque inicial + custo total prod. acabada – custo de prod.
vendido
Estoque final = 0 + R$ 2.579.940,00 – R$ 2.345.400,00
Estoque final = R$ 234.540,00
Custeio direto ou variável
O custeio direto ou variável tem como base a margem de contribuição
(diferença entre a receita total e os custos variáveis). A análise por este
método permite a fácil identificação do potencial de cada produto da
organização para absorver custos fixos e, posteriormente, proporcionar lucro.
Observe o exemplo anterior, agora com a aplicação desse método de custeio.

Etapa 1 – Custo unitário do produto


O custo unitário do produto, neste método de custeio, é baseado na soma dos
custos com matéria-prima direta, mão de obra direta e custos indiretos
variáveis. Portanto:

Custo unitário = 60,00 + 35,00 + 20,00


Custo unitário = R$ 115,00/unid.

Etapa 2 – Custo total da produção acabada


O custo total de produção acabada consiste na multiplicação do custo unitário
obtido anteriormente (R$ 115,00) pelo total de unidades produzidas (22.000).

Custo total produção acabada = 22.000 × R$ 115,00/unid. = R$


2.530.000,00

Etapa 3 – Demonstração de resultados


Observe que neste modelo, em comparação com o demonstrado
anteriormente (custeio por absorção), é considerada a margem de
contribuição. Retiram-se as despesas operacionais para que se obtenha a
margem de contribuição e, após sua identificação, são retiradas as despesas
com vendas e administração fixas.
Lucro bruto (1 – 2) = R$ 1.700.000,00

1. Receita total (R$ 200,00 × 20.000) = R$ 4.000.000,00


2. Custo dos produtos vendidos (R$ 115,00 × 20.000) = R$ 2.300.000,00

3. Despesas operacionais
Vendas variáveis = R$ 21.500,00
4. Margem de contribuição (lucro bruto – 3) = R$ 1.678.500,00
Vendas fixas = R$ 12.500,00
Administrativas fixas = R$ 30.000,00
5. Custos fixos = R$ 50.000,00
Lucro final (4 – vendas fixas – admin. fixas – 5) = R$ 1.586.000,00

Etapa 4 – Apuração do estoque final


Podemos também identificar o valor do material acondicionado em estoque
considerando o estoque inicial (caso exista), o custo total da produção
acabada e o custo dos produtos vendidos.
Estoque final = R$ 230.000,00

Estoque final = estoque inicial + custo total prod. acabada – custo de prod.
vendido
Estoque final = 0 + R$ 2.530.000,00 – R$ 2.300.000,00

Custeio baseado em atividades (ABC)


O custeio baseado em atividades (ABC) tem como objetivo compreender os
custos indiretos às atividades, bem como correlacioná-los aos
departamentos/seções e identificar/aperfeiçoar os custos das atividades que
agregam valor ao processo produtivo.
Em um primeiro momento, para a adoção desse método de custeio, devemos
identificar os setores envolvidos, bem como suas respectivas atividades-
chave e indicadores. Entende-se por indicadores as métricas que demonstram
a quantidade de recurso (tempo, quantidade, unidade) consumida de um
determinado componente.
Para maior compreensão, vejamos um exemplo de uma fábrica de móveis.

Etapa 1 – Identificação das áreas atuantes na concepção do


produto, bem como suas principais atividades e
indicadores/direcionadores
Em um primeiro momento, devem ser elencados os principais setores que
atuam direta/indiretamente no sistema, bem como suas principais atividades
que contribuem para o processo produtivo. Há também a necessidade de
estabelecer direcionadores e indicadores, para que então possamos ter
parâmetros no compartilhamento de custos. O quadro a seguir detalha essas
etapas.

Quadro 8 – Setor × atividade × indicador

SETORES ATIVIDADES INDICADORES/DIRECIONADORES

Adquirir matérias-primas Número de pedidos


Suprimentos
Avaliar/desenvolver fornecedores Número de fornecedores

Receber materiais Número de recebimentos


Armazém
Movimentar materiais Quantidade de requisições

Preparar máquinas (setup) Tempo para preparação

Produção Desenvolver material Tempo de produção

Pintar produto Tempo de pintura

Inspecionar acabamentos Tempo de inspeção


Qualidade
Inspecionar embalagem Tempo de inspeção

Etapa 2 – Identificação e mapeamento de custos diretos e indiretos


na concepção de produtos para a empresa
Para o desenvolvimento de dois produtos, P1 e P2, a tabela a seguir
demonstra os custos diretos com matérias-primas e mão de obra direta. Além
desse mapeamento, é demonstrado o total de custos indiretos.

Tabela 26 – Custos × produto

PRODUTOS
CUSTOS TOTAL
P1 P2

DIRETOS

Matéria-prima R$ 20.000,00 R$ 5.000,00 R$ 25.000,00

Mão de obra R$ 12.000,00 R$ 8.000,00 R$ 20.000,00

Total R$ 32.000,00 R$ 13.000,00 R$ 45.000,00

INDIRETOS

Depreciação R$ 50.000,00

Aluguel R$ 45.000,00

Mão de obra R$ 35.000,00


Materiais diversos R$ 75.000,00

Manutenção R$ 65.500,00

Total R$ 270.500,00

CUSTO TOTAL R$ 315.500,00

Etapa 3 – Segregação dos custos indiretos por setores


Os custos indiretos mediante rateio, como visto anteriormente (ver item
Custos indiretos e a importância dos mapas de custos), foram identificados e
estabelecidos, conforme apresenta a tabela a seguir.

Tabela 27 – Custos indiretos × setor

SUPRIMENTOS ARMAZÉM PRODUÇÃO QUALIDADE TOTAL

R$
Depreciação R$ 4.000,00 R$ 14.500,00 R$ 17.000,00 R$ 14.500,00
50.000,00

R$
Aluguel R$ 3.500,00 R$ 20.500,00 R$ 16.000,00 R$ 5.000,00
45.000,00

R$
Mão de obra R$ 10.000,00 R$ 8.500,00 R$ 9.500,00 R$ 7.000,00
35.000,00

Materiais R$
R$ 13.000,00 R$ 18.000,00 R$ 25.000,00 R$ 19.000,00
diversos 75.000,00

R$
Manutenção – – R$ 28.000,00 R$ 14.500,00
42.500,00

R$ R$
TOTAL R$ 30.500,00 R$ 95.500,00 R$ 60.000,00
61.500,00 247.500,00

Etapa 4 – Identificação dos custos indiretos por atividade (por


meio de rateio)
O próximo passo consiste em ratear o custo de cada setor por atividade.
Observe que em Suprimentos há duas atividades: adquirir matérias-primas e
avaliar/desenvolver fornecedores. Há a necessidade de atribuir um percentual
a cada custo indireto (depreciação, aluguel, mão de obra, materiais diversos e
manutenção).
Observe que, por meio de análise, verificou-se que o custo de depreciação da
atividade Adquirir matérias-primas corresponde a 70% do custo total de
depreciação vinculado a Suprimentos. Já a atividade Avaliar/desenvolver
fornecedores corresponde a 30% do custo total de depreciação vinculado a
Suprimentos.
Para definir esses percentuais, deve ser feita uma análise minuciosa e
colaborativa, com a participação ativa de todos os setores envolvidos
direta/indiretamente no sistema produtivo. Em algumas atividades pode não
haver incidência de custos. No setor de Suprimentos, por exemplo, as
atividades presentes não absorvem o custo indireto com manutenção.

Tabela 28 – Custos indiretos por rateio × setor × atividade

SUPRIMENTOS ARMAZÉM

RECURSOS ADQUIRIR
AVALIAR/DESENVOLVER RECEBER MOVIMENTAR
MATÉRIAS-
FORNECEDORES MATERIAIS MATERIAIS
PRIMAS

Depreciação 0,7 0,3 0,2 0,8

Aluguel 0,6 0,4 0,3 0,7

Mão de obra 0,8 0,2 0,3 0,7

Materiais
0,6 0,4 0,5 0,5
diversos

Manutenção 0 0 0 0

Etapa 5 – Segregação do custo por percentuais estipulados


anteriormente
Com base nos percentuais estabelecidos, podemos ratear os custos por
atividade. Observe a seguir o exemplo para identificarmos o custo de
depreciação relativo às atividades Adquirir matérias-primas e
Avaliar/desenvolver fornecedores, presente no setor de Suprimentos:

Custo Adquirir matérias-primas (depreciação) = R$ 4.000,00 × 0,7 = R$


2.800,00
Custo Avaliar/desenvolver fornecedores (depreciação) = R$ 4.000,00 ×
0,3=R$ 1.200,00

Esse procedimento pode ser aplicado a todos os setores. Observe na tabela a


seguir que todos os custos indiretos são rateados por atividades que compõem
cada um dos setores. Ao final, podemos consolidar todos os custos e
identificar, por exemplo, qual foi a atividade mais onerosa.

Tabela 29 – Custos consolidados × setor × atividade

SUPRIMENTOS ARMAZÉM

RECURSOS ADQUIRIR
AVALIAR/DESENVOLVER RECEBER MOVIMENTAR
MATÉRIAS-
FORNECEDORES MATERIAIS MATERIAIS
PRIMAS

Depreciação R$ 2.800,00 R$ 1.200,00 R$ 2.900,00 R$ 11.600,00

Aluguel R$ 2.100,00 R$ 1.400,00 R$ 6.150,00 R$ 14.350,00

Mão de obra R$ 8.000,00 R$ 2.000,00 R$ 2.550,00 R$ 5.950,00

Materiais
R$ 7.800,00 R$ 5.200,00 R$ 9.000,00 R$ 9.000,00
diversos

Manutenção – – – –

TOTAL R$ 20.700,00 R$ 9.800,00 R$ 20.600,00 R$ 40.900,00


Etapa 6 – Mensuração dos indicadores/direcionadores
Paralelamente à apuração dos custos por atividade, desenvolvida nas etapas
anteriores, é preciso quantificar os indicadores/direcionadores estabelecidos
no início (etapa 1). Em nosso caso, a empresa desenvolve os produtos P1 e
P2. Para tanto, a empresa registrou os seguintes dados:

Tabela 30 – Indicador × produto

INDICADORES/DIRECIONADORES P1 P2 TOTAL

Número de pedidos 150 200 350

Número de fornecedores 8 4 12

Número de recebimentos 50 80 130

Quantidade de requisições 40 28 68

Tempo para preparação (h) 26 20 46

Tempo de produção (h) 400 560 960

Tempo de pintura (h) 200 260 460

Tempo de inspeção pintura (h) 120 135 255

Tempo de inspeção embalagem (h) 80 95 175

Etapa 7 – Aplicação dos custos por atividade, com base no rateio


Para a aplicação dos custos por atividade, precisamos relacionar os
indicadores às atividades. Observe o quadro a seguir e veja as correlações:

Quadro 9 – Setor × atividade × indicador

SETORES ATIVIDADES INDICADORES/DIRECIONADORES

Adquirir matérias-primas Número de pedidos


Suprimentos
Avaliar/desenvolver fornecedores Número de fornecedores
Receber materiais Número de recebimentos
Armazém
Movimentar materiais Quantidade de requisições

Preparar máquinas (setup) Tempo para preparação

Produção Desenvolver material Tempo de produção

Pintar produto Tempo de pintura

Inspecionar acabamentos Tempo de inspeção


Qualidade
Inspecionar embalagem Tempo de inspeção

Observe que, para atribuirmos os custos de P1 e P2 à atividade Adquirir


matérias-primas, precisamos atrelar o número de pedidos de cada produto
aos custos obtidos com a mesma atividade, na etapa 5 (Adquirir matérias-
primas = R$ 20.700,00).
Logo, aplicando o rateio, obteremos os seguintes valores, proporcionalmente:

A aplicação é similar aos demais indicadores, que precisam ser relacionados


com suas respectivas atividades. A tabela a seguir sintetiza o custo das
atividades para os produtos P1 e P2. Observe, ao final, que é possível somar
todas as atividades e identificar os custos totais para ambos produtos.

Tabela 31 – Indicador × produto

INDICADORES/DIRECIONADORES P1 P2

Adquirir matérias-primas R$ 8.871,43 R$ 11.828,57


Avaliar/desenvolver fornecedores R$ 6.533,33 R$ 3.266,67

Receber materiais R$ 7.923,08 R$ 12.676,92

Movimentar materiais R$ 24.058,82 R$ 16.841,18

Preparar máquinas (setup) R$ 13.197,83 R$ 10.152,17

Desenvolver material R$ 21.135,42 R$ 29.589,58

Pintar produto R$ 9.315,22 R$ 12.109,78

Inspecionar acabamentos R$ 9.047,06 R$ 10.177,94

Inspecionar embalagem R$ 18.640,00 R$ 22.135,00

TOTAL R$ 118.722,19 R$ 128.777,81

Etapa 8 – Soma dos custos diretos e indiretos


Ao final da apuração dos custos indiretos, podemos agregar os custos diretos
para cada produto (P1 e P2). Esse procedimento possibilitará a identificação e
apuração do custo total de produção. A tabela a seguir apresenta a junção de
custos diretos e indiretos.

Tabela 32 – Custos diretos e indiretos × produto

CUSTOS P1 P2 TOTAL

Diretos R$ 32.000,00 R$ 13.000,00 R$ 45.000,00

Indiretos R$ 118.722,18 R$ 128.777,82 R$ 247.500,00

TOTAL R$ 150.722,18 R$ 141.777,82 R$ 292.500,00

Custo por processo


O custo por processo permite a identificação e a mensuração de custos ao
longo do desenvolvimento do material. Para adotar essa técnica de custeio,
será necessário o mapeamento do processo produtivo, bem como a
identificação dos custos com matérias-primas, com mão de obra direta e o
levantamento dos custos indiretos por atividade, que já devem estar rateados.
Para maior contextualização do método de custeio por processo, utilizaremos
como exemplo uma fábrica de bandeiras, que produz materiais com as
seguintes dimensões (comprimentos):

P1 com 100 m de comprimento;


P2 com 150 m de comprimento;
P3 com 200 m de comprimento;
P4 com 250 m de comprimento.

A tabela a seguir mostra os materiais desenvolvidos com a especificação de


tamanho. A coluna Fator de ponderação apresenta a proporção das bandeiras
(por exemplo: a bandeira P4 é 2,5 vezes maior que a bandeira P1).
A coluna denominada Produzida informa a quantidade de material produzido
ao longo de um período; já a coluna Equivalente indica o quanto seria
possível produzir se apenas um tipo de material fosse fabricado.

Tabela 33 – Materiais × tamanho × quantidade

QTDE. (UNID.)

TAMANHO FATOR DE
MATERIAL PRODUZIDA EQUIVALENTE
(M) PONDERAÇÃO

P1 100 1 200 200

P2 150 1,5 100 150

P3 200 2 50 100

P4 250 2,5 25 62,5

TOTAL 375 512,5

A figura a seguir demonstra o sequenciamento das atividades de produção.


Figura 2 – Sequência da atividade produtiva.

Como já mencionado, para realizar o custeio por processo será necessário


identificar como o material é fabricado. Observe que, para produzir o
material P1, o sequenciamento de produção é composto pelas atividades 1,
2P1, 3 e 4 – diferentemente do produto P2, cujo sequenciamento é 1, 2P2, 3 e
4.
A tabela a seguir ilustra a consolidação dos custos de matéria-prima, mão de
obra direta e custos indiretos, rateados por atividade:

Tabela 34 – Custos rateados por atividade

ATIVIDADE ATIVIDADE ATIVIDADE ATIVIDADE ATIVIDADE


ELEMENTOS
1 2P1 2P2 2P3 2P4

Matéria-prima R$ 400,00 R$ 100,00 R$ 120,00 R$ 220,00 R$ 310,00

Mão de obra
R$ 800,00 R$ 650,00 R$ 360,00 R$ 410,00 R$ 600,00
direta

Custos
indiretos R$ 350,00 R$ 45,00 R$ 80,00 R$ 120,00 R$ 210,00
(rateado)

CUSTO
TOTAL DA R$ 1.550,00 R$ 795,00 R$ 560,00 R$ 750,00 R$ 1.120,00
ATIVIDADE
O custo unitário da Atividade 1 pode ser definido com o valor da respectiva
soma do custo total da atividade (R$ 1.550,00) dividido pelo total equivalente
– calculado na tabela anterior.

Para as demais atividades:


Consolidando as etapas por produto, temos:
P1 = (Atividade 1 + Atividade 2P1 + Atividade 3 + Atividade 4) × 200* = R$ 1.666,73
P2 = (Atividade 1 + Atividade 2P2 + Atividade 3 + Atividade 4) × 150* = R$ 1.181,27
P3 = (Atividade 1 + Atividade 2P3 + Atividade 3 + Atividade 4) × 100* = R$ 824,59
P4 = (Atividade 1 + Atividade 2P4 + Atividade 3 + Atividade 4) × 62,5* = R$ 560,49
* Valores da quantidade equivalente
Controle de operações

Lote econômico de fabricação (LEF)


O cálculo do LEF possibilita fazer um levantamento prévio de quantas
unidades podem ser fabricadas a um custo mais adequado. Uma organização,
ao adotá-lo, não terá a necessidade de produzir toda a demanda de uma vez, e
o processo produtivo será realizado com a intercalação de lotes. O LEF
considera as seguintes variáveis:

demanda;
custos de setup;
taxa de juros para estocagem;
custo unitário de produção.

Exemplo: considere um produto cuja demanda anual corresponda a


1.200.000 peças. Para o desenvolvimento desse material, os custos para setup
são de R$ 200,00, e a taxa de juros para os itens de estocagem corresponde a
8% a.a. Também sabemos que a empresa opera em média 20 dias/mês e
possui uma capacidade de 12.000 peças/dia. Qual o modo mais econômico de
produzir para suprir a demanda?
O primeiro cálculo a ser realizado consiste em definir o tamanho do lote
econômico de fabricação:
Logo:

Portanto, considerando as variáveis acima, o ideal seria segregar a demanda


em lotes de aproximadamente 226.843 peças.
O segundo procedimento será a identificação do tempo de fabricação de toda
a demanda, considerando o tamanho do lote, logo:

Embora o valor obtido tenha sido inferior a um mês (18 dias), é importante
ressaltar que a produção desse material será intercalada com os demais
produtos da empresa.
Em seguida, podemos estimar o número de lotes programados para o ano.
Para isso, podemos dividir a demanda anual pelo tamanho do LEF:

Em outras palavras, o número de lotes para o ano é de aproximadamente 5,5


lotes.
Por fim, podemos obter o custo total, considerando o LEF:
Logo:

Considerando o LEF, o custo anual para produzir o material será de R$


2.116,00.

Ponto de equilíbrio
O ponto de equilíbrio permite estabelecermos a quantidade necessária de
produtos que devemos comercializar, com o intuito de evitarmos prejuízos e,
ao menos, cobrir os custos existentes. Para melhor entendimento,
realizaremos os cálculos a seguir para mostrar suas aplicações em nível
operacional, econômico e financeiro.
Exemplo: considere uma empresa que possui uma taxa de capital de 1,5%
a.a. e que possui um patrimônio de R$ 420.000,00. O produto X,
comercializado por essa organização, possui um preço unitário de venda de
R$ 20,00, com custo variável por unidade de R$ 15,90. Além disso, a
empresa possui os seguintes custos:

Aluguel R$ 3.500,00

Mão de obra direta R$ 5.500,00

Depreciação R$ 8.000,00

Despesas com vendas R$ 3.100,00

Como aplicar o ponto de equilíbrio operacional, econômico e financeiro neste


contexto?
O primeiro passo consiste em apurar os custos gerais, que equivalem à soma
dos seguintes elementos:

Custo gerais = aluguel + mão de obra direta + depreciação + despesas com


vendas

Logo:

Custo gerais = 3.500 + 5.500 + 8.000 + 3.100 = 20.100

Assim conseguimos estabelecer também o ponto de equilíbrio operacional,


que considera os custos gerais divididos pelo preço de venda menos custo
variável por unidade:

Observe que haverá a necessidade de comercializar 4.902 unidades para


cobrirmos os custos gerais.
Já o ponto de equilíbrio econômico consiste na divisão da soma dos custos
gerais com o patrimônio líquido, atualizado pela taxa de capital, pela
diferença entre o preço de venda unitário e o custo variável pelo produto.
Portanto, teremos:

Em outras palavras, para cobrirmos os custos gerais agregados ao patrimônio,


atualizado pela taxa de capital mensal, precisaremos comercializar 6.439
unidades.
Observe que no ponto de equilíbrio operacional são considerados apenas os
custos gerais.
Em relação ao ponto de equilíbrio financeiro, devemos considerar os custos
gerais, porém excluindo as depreciações (R$ 8.000,00). Em seguida, temos
de dividir o resultado obtido pela diferença entre o preço unitário de venda e
o custo variável por produto. Logo, o cálculo será:

Se desejarmos cobrir os custos gerais, exceto as depreciações do período, a


empresa deverá comercializar 2.951 unidades.

Depreciação linear
A depreciação consiste na análise da desvalorização de um recurso ao longo
do tempo. O objetivo da depreciação é atualizar o valor de um recurso para
que possamos quantificar as perdas ao longo do tempo e providenciar ações
que possibilitem respaldos na tomada de decisões, como troca de maquinário
e/ou ferramentas em um sistema produtivo.
O método mais utilizado é a depreciação linear, que pode ser calculada pela
seguinte fórmula:
Onde:
DL = depreciação linear
PV = preço de venda
VR = valor residual
n = intervalo de tempo
Exemplo: considere um maquinário utilizado em uma linha de produção,
cujo preço de venda corresponda a R$ 15.000,00. Sabe-se que, após 4 anos de
utilização, o seu valor de mercado é de R$ 8.500,00. Determine o plano de
depreciação ao longo do período.
Com base na fórmula já apresentada, podemos efetuar o seguinte cálculo:

Logo, é possível concluir que, a cada ano, a partir do primeiro ano do


equipamento na empresa, ele se desvaloriza em R$ 1.625,00. Portanto, se
estabelecermos um plano de depreciação, teremos:

Tabela 35 – Plano de depreciação

N VALOR DE DEPRECIAÇÃO DEPRECIAÇÃO ACUMULADA VALOR RESIDUAL

0 – – R$ 15.000,00

1 R$ 1.625,00 R$ 1.625,00 R$ 13.375,00

2 R$ 1.625,00 R$ 3.250,00 R$ 11.750,00

3 R$ 1.625,00 R$ 4.875,00 R$ 10.125,00

4 R$ 1.625,00 R$ 6.500,00 R$ 8.500,00


A coluna Depreciação acumulada consiste na soma das depreciações a cada
período, e a coluna Valor residual consiste no novo valor de mercado a cada
período (nesse caso, ao final de cada ano).
CAPÍTULO 7
Formação de preço de venda
Depois de já termos conhecido a estrutura dos principais custos logísticos,
precisamos ter como conceito básico que a formação do preço de venda é de
extrema importância para a sobrevivência de qualquer negócio, já que a
formulação do valor de venda deve ser responsável por custear todos os
gastos e despesas da instituição, e ainda proporcionar lucro para os sócios.
Dessa forma, o objetivo deste capítulo é proporcionar a você um
entendimento do assunto de maneira fácil e direta, ajudando-o também a
analisar aspectos como demanda e livre concorrência no mercado de preços.
Para que consigamos alcançar esses objetivos, precisamos entender que a
formação do preço de venda depende de fatores internos da nossa empresa,
como os custos diretos e indiretos, e de fatores externos, como a livre
concorrência de produtos do mesmo segmento e também de produtos
substitutos, que, na ausência do nosso produto ou caso o nosso produto esteja
com um preço superior, pode ser facilmente trocado por esses produtos. Por
exemplo: uma pessoa que precisa de um veículo próprio para se locomover
em razão da grande distância entre sua residência e o trabalho decide comprar
um automóvel, porém o preço está acima de suas condições financeiras. Com
o preço do combustível também elevado, uma alternativa seria comprar uma
motocicleta, que não proporciona uma quantidade de assentos e uma proteção
como um carro, mas que ainda é um meio de transporte acessível, comparado
ao automóvel, e que consome menos combustível.

DICA!
Ao escolher um produto, o consumidor não avalia apenas pelo preço, mas também outros fatores, como
qualidade, disponibilidade e pós-venda.
Componentes do preço de venda
Para entender o que compõe o preço de venda de um produto, é importante
relembrar o que são custos e despesas. Custos abrange tudo o que é gasto pela
empresa para a aquisição e fabricação de um bem ou para a prestação de um
serviço; já as despesas são todos os gastos decorrentes do funcionamento e da
manutenção da empresa, como os salários administrativos, telefones, pró-
labores, etc. Ainda com relação aos custos e despesas, precisamos lembrar
que eles se comportam de maneira fixa ou variável, sendo que os custos fixos
não se alteram conforme a quantidade produzida, porém os custos variáveis
se modificam de acordo com o que será produzido.
Custos e despesas fixas
Os custos e as despesas fixas não se alteram em relação à quantidade vendida
e/ou produzida. Sua variação acontece em relação a fatores principalmente
externos da empresa, como o aluguel do imóvel, que, independentemente da
quantidade produzida, vai se manter o mesmo até que aconteça um reajuste.
Outro exemplo de custos fixos são os salários dos colaboradores que estão
ligados diretamente à produção. Já como despesas fixas podemos citar os
salários administrativos, os pró-labores, os materiais de escritório e de
limpeza, etc.
Custos e despesas variáveis
Os custos e despesas variáveis são aqueles que se alteram em relação à
quantidade produzida. São custos variáveis a matéria-prima, os insumos e as
embalagens; já as despesas variáveis correspondem aos impostos, às
comissões e aos fretes.
Regime tributário
O regime tributário da empresa é de extrema importância para a determinação
do preço de venda, uma vez que a partir dele conseguimos determinar quais
impostos a empresa precisa recolher e quais as alíquotas de pagamento
correspondentes. Os três principais tipos de regimes tributários são:

Lucro real
No lucro real, o IRPJ (Imposto de Renda de Pessoas Jurídicas) e o CSLL
(Contribuição Social sobre o Lucro Líquido) incidem diretamente sobre o
lucro contábil da empresa. Alguns tipos específicos de empresas, pela
legislação atual, são obrigados a optarem por esse sistema, como as empresas
com faturamento anual maior que 78 milhões e as empresas que têm como
atividade principal os financiamentos, como os bancos. No lucro real, as
empresas têm direito a deduções e créditos; nas alíquotas, isso se refere, por
exemplo, aos impostos pagos na aquisição de matéria-prima que podem ser
deduzidos ou creditados dos impostos recolhidos com as vendas dos produtos
manufaturados vendidos.

Lucro presumido
No lucro presumido, a incidência do IRPJ e do CSLL acontece sobre um
lucro estimado pela empresa, predeterminado pela legislação, que varia de
acordo com a atividade da empresa.

Simples nacional
É um regime tributário diferenciado que pode ser optado por empresas que
têm uma receita bruta anual de até 3,6 milhões. É um regime que foi pensado
para auxiliar o desenvolvimento das micro e pequenas empresas e,
posteriormente, dos MEIs (Microempreendedores Individuais), cujo o foco
foi reduzir a carga tributária e unificar os tributos.

DICA!
Quando for determinar a escolha do regime tributário de sua empresa, busque sempre a ajuda de um
contador. Ele é o profissional mais indicado para esse e outros assuntos relacionados a legislação.
Formas de determinação do preço de venda
Para formar o preço de venda de um produto, tendo a empresa já determinado
o seu regime tributário, deve-se definir os custos e despesas fixas, bem como
os custos e despesas variáveis, além do lucro desejado. Vamos mostrar
algumas maneiras de calcular o preço de venda do seu produto, só que, para
facilitar o entendimento, vamos exemplificar a formação do preço de venda
de uma calça jeans, cuja confecção adotou o regime tributário de lucro real.
Dessa forma, os impostos que incidirão sobre o valor do produto serão:

ICMS;
IPI;
PIS;
COFINS.

Na aquisição da matéria-prima, é importante lembrar que, por se tratar do


regime tributário de lucro real, alguns impostos podem ser recuperados e que
no custo da matéria-prima adquirida devem ser subtraídos os impostos
recuperáveis. Exemplo:

Tabela 36 – Valor de compra do tecido jeans

VALOR DA NOTA FISCAL PARA 150 METROS R$ 2.000,00

(–) Descontos obtidos –

(–) Imposto recuperável ICMS 18% R$ 360,00

(+) Imposto não recuperável IPI 10% R$ 200,00

(+) Frete R$ 150,00

(+) Seguro R$ 200,00

(+) Demais custos –


Custo total de aquisição R$ 2.190,00

Esse cálculo tem de ser realizado para todas as matérias-primas adquiridas,


determinando assim o custo total. Porém, para cada produto existe uma
quantidade a ser utilizada de cada matéria-prima, determinando assim o custo
unitário de cada peça. Por exemplo, vamos supor uma compra de 150 m de
tecido jeans, sendo que para fazer uma calça são necessários 1,4 m. O custo
do tecido para cada calça pode ser calculado a partir da seguinte fórmula:

Para o nosso exemplo, vamos estabelecer o custo com matéria-prima para a


fabricação de uma calça somando todos os seus componentes:

Tabela 37 – Descrição × valores

DESCRIÇÃO VALORES

Tecido jeans R$ 20,44

Tecido de algodão para os bolsos dianteiros R$ 4,20

Linha de costura R$ 2,10

Botão R$ 0,50

Zíper R$ 1,70

Embalagem plástica R$ 0,10

Embalagem de papelão (caixa p/ 20 calças) R$ 0,30

TOTAL DA MATÉRIA-PRIMA POR PEÇA R$ 29,34


Para calcular o custo unitário da caixa de papelão, como estamos
determinando o custo de uma calça jeans, foi adotado o valor da caixa de pa‐
pelão, que é de R$ 6,00, dividido pelas 20 calças jeans que cabem na caixa.

Nesse exemplo, além dos custos da matéria-prima, ainda se enquadram como


custos e despesas variáveis a conta de luz elétrica, já que as máquinas de
costura necessitam da energia elétrica para funcionar, e os gastos com
agulhas de costura, entre outros.
A energia elétrica, no caso de uma confecção de roupas, sofre variação
conforme a quantidade produzida. Para esse exemplo, vamos adotar uma
produção de 4.000 peças de calças jeans e uma conta de luz no valor de R$
520,00.

Para determinar o custo da agulha, precisamos fazer um levantamento de


quantas peças podem ser costuradas com uma agulha. Neste exemplo, vamos
considerar que a nossa agulha consiga costurar em média 30 peças. Dessa
forma, se cada agulha custar R$ 1,20, o custo da agulha para cada calça será
de R$ 0,04.

Ainda levando em consideração os custos e despesas variáveis, precisamos


determinar todos os tributos que incidem sobre o preço de venda do produto,
com base no regime tributário adotado pela empresa. Para o nosso exemplo,
serão adotadas as alíquotas gerais para PIS, COFINS e ICMS do estado de
São Paulo. Os tributos são os seguintes:

Tabela 38 – Impostos × alíquotas

IMPOSTOS ALÍQUOTAS

ICMS 18,0%

PIS 1,65%

COFINS 7,60%

IPI –

Total 27,25%

Os próximos custos a serem determinados são os custos e despesas fixas da


empresa, exemplificados a seguir:

Tabela 39 – Custos e despesas fixas

SALÁRIOS E ENCARGOS R$ 12.500,00

Pró-labore R$ 4.000,00

Contador R$ 940,00

Telefone R$ 540,00

Água R$ 140,00

Aluguel R$ 2.100,00

Depreciação R$ 80,00

Material de limpeza R$ 130,00

Material de escritório R$ 90,00

TOTAL DE CUSTOS E DESPESAS FIXAS R$ 20.520,00


Esses são os custos e despesas fixas mensais da empresa, porém precisamos
determinar o quanto representam para cada peça. Dessa forma, existe a
necessidade de se fazer o rateio desses custos, que nada mais é do que a
divisão do valor total desses custos pela quantidade de produtos produzidos,
determinando igualmente o valor dos custos fixos para cada peça.

FIQUE ATENTO!
O rateio ou custeio por absorção é só uma das formas de se determinar custos, mas existem outras
formas de se fazer isso, a partir do custeio variável ou do custeio ABC.

O próximo ponto é o empreendedor determinar a margem de lucro para cada


produto. Para este exemplo, vamos adotar uma margem de lucro de 30%.
O primeiro método que abordaremos para a formação do preço de venda é a
partir do cálculo da margem de lucro sobre o preço de venda. Os dados para o
cálculo são apresentados a seguir:
Custo da matéria-prima = R$ 29,34/unidade
Custo de energia = R$ 0,13/unidade
Custo da agulha = R$ 0,04/unidade
Custos fixos = R$ 5,13/unidade
Lucro pretendido = 30%
Tributos = 27,25%
Mark-up
O mark-up ou taxa de marcação é um coeficiente divisor ou multiplicador
que, adicionado ao custo do produto, resulta no preço de venda da
mercadoria. O mark-up pode ser divisor ou multiplicador, e a forma de
determinação do índice é parecida, o que diferencia uma da outra é a equação
matemática. Para determinar o índice do mark-up divisor, por exemplo,
precisamos conhecer os custos e despesas fixas, os custos e despesas
variáveis e o regime tributário da empresa. Para o cálculo, vamos aplicar os
mesmos valores de referência adotados no cálculo do preço de venda feito
anteriormente:
Custo da matéria-prima = R$ 29,34/unidade
Custo de energia = R$ 0,13/unidade
Custo da agulha = R$ 0,04/unidade
Custos fixos = R$ 5,13/unidade
Lucro pretendido = 30%
Tributos = 27,25%
No exemplo, observe que temos o lucro pretendido de 30% e os tributos no
valor de 27,25%. Dessa forma, sabemos que o preço de venda do nosso
produto vai representar 100%, que é o total de todos os itens. Para
determinarmos o mark-up divisor, precisamos então abater os tributos e o
lucro pretendido, como na fórmula a seguir:

Se considerarmos as despesas incluídas no total dos custos, não vamos


considerá-las na determinação do mark-up divisor. Também é de extrema
importância que, quando for fazer o cálculo do mark-up divisor, não
considere os números como porcentagem, e sim como números inteiros,
conforme apresentado na equação a seguir:

Uma vez obtido o mark-up divisor, vamos então calcular o preço de venda do
nosso produto, utilizando o mark-up. A somatória dos custos e das despesas
do nosso produto é de R$ 34,64, obtidos a partir dos seguintes dados:
Custo da matéria-prima = R$ 29,34/unidade
Custo de energia = R$ 0,13/unidade
Custo da agulha = R$ 0,04/unidade
Custos fixos = R$ 5,13/unidade

Custos totais = 29,34 + 0,13 + 0,04 + 5,13 = R$ 34,64

Determinamos o preço de venda do nosso produto a partir do mark-up


divisor, dividindo os custos totais pelo valor do mark-up:
Observe que o valor obtido é o mesmo já encontrado a partir dos custos de
produção.
Tendo determinado o mark-up divisor, podemos então determinar o mark-up
multiplicador, a partir da fórmula a seguir:

Para determinarmos o preço de venda de nosso produto a partir do mark-up


multiplicador, pegamos os custos totais e multiplicamos pelo valor do mark-
up multiplicador:

Preço de venda = 34,64 × 2,33918 = R$ 81,03

Como já esperado, o preço de venda do nosso produto a partir do mark-up


multiplicador foi igual ao valor obtido com o mark-up divisor e com o preço
de venda a partir dos custos, nossa primeira fórmula utilizada.
Preço versus concorrência
Um aspecto muito importante a ser levado em consideração quando
determinamos o preço de venda dos nossos produtos é comparar o nosso
preço com o de nossos concorrentes diretos, empresas que comercializam o
mesmo produto que comercializamos, com a intenção de verificar se o nosso
produto será competitivo no mercado ou não. Caso o nosso produto não seja
competitivo, precisamos reavaliar todos os fatores que influenciam
diretamente no preço de venda, como custos e lucro, e verificar se podemos
reduzir esses valores. Caso contrário, precisamos avaliar a continuidade do
produto no mercado.
CAPÍTULO 8
Procedimentos e custos da logística
internacional
No capítulo anterior, vimos a estrutura para a formação do preço de venda e
notamos que existem diversos custos e despesas que precisam ser pagos pelo
valor de venda da mercadoria e ainda gerar lucro. Neste capítulo, vamos
analisar os procedimentos e os custos logísticos internacionais mínimos
necessários para realizar vendas entre países, pois, para a empresa que
pretende ingressar em outros mercados, conhecer os custos é parte
fundamental para obter sucesso.
Procedimentos para atuar no comércio exterior
O primeiro passo é realizar um planejamento detalhado contendo a estrutura
atual da empresa e depois analisar o mercado, a fim de conhecer os possíveis
parceiros – caso a empresa pretenda exportar, essa etapa é ainda mais
importante, pois com a nova demanda a empresa pode deixar de atender a
algum de seus clientes nacionais ou internacionais, e isso não pode acontecer.
Superando essa etapa e concretizando a entrada da empresa no comércio
internacional, o passo seguinte é obter a habilitação do Registro e
Rastreamento da Atuação dos Intervenientes Aduaneiros (Radar), o que vai
permitir que a empresa tenha acesso ao sistema “Siscomex”, pelo qual hoje
são realizados os trâmites administrativos, tanto para importação como para
exportação. Uma figura muito importante nesse contexto ainda é o
despachante aduaneiro, principalmente para as empresas que estão
ingressando no mercado internacional, pois ele tem o conhecimento
necessário para que o processo de importação e exportação aconteça dentro
da normalidade e sem nenhum imprevisto. Outro personagem de extrema
importância é o analista em comércio exterior – ou, na sua ausência, o
analista logístico –, responsável pela negociação, acompanhamento e controle
junto ao despachante aduaneiro ou junto aos órgãos intervenientes do
comércio exterior.
Custos logísticos internacionais
Os custos logísticos internacionais são todos os custos e despesas
relacionados à venda de produtos para o mercado externo, exportação, e à
compra de produtos do mercado externo, importação. Esses custos são os
mais diversos possíveis, abrangendo transporte, movimentação, embalagem e
até questões fiscais.
O primeiro passo para a determinação desses custos e despesas acontece na
negociação de compra e venda dos produtos, no momento da determinação
do Incoterm® (International Commercial Terms ou termos internacionais de
comércio), em que se determinam os custos, os riscos e as obrigações do
comprador e do vendedor.
Atualmente são onze Incoterms®, determinados pela ICC (Câmara de
Comércio Internacional), cuja função é desenvolver e assessorar o comércio
internacional.
O primeiro Incoterm® é o EXW (Ex Works ou “à disposição no local
acordado”), quando a mercadoria fica à disposição em um local determinado
na negociação, na empresa do vendedor ou em um armazém da parte do
vendedor. Nesse processo, é o comprador quem precisa retirar a mercadoria e
realizar todo o procedimento documental de sua libera-ção junto aos órgãos
responsáveis e todos os trâmites logísticos para o transporte do material do
vendedor até o local de destino da mercadoria. O comprador fica responsável
por todos os custos e riscos do processo, tendo o vendedor apenas a
responsabilidade de entregar o produto na data acordada, no local
determinado, na quantidade acordada e na qualidade desejada. O EXW pode
ser utilizado em todos os tipos de modais.
Figura 3 – EXW (Ex Works).

FIQUE ATENTO!
No EXW, como o comprador estrangeiro não tem condições legais para realizar o processo de
desembaraço, já que ele não tem acesso ao Siscomex, por não ter o Radar, fica subentendido que na
opção de utilização deste Incoterm® o vendedor providenciaria o desembaraço, assumindo todos os
riscos, no caso da exportação brasileira.

O segundo Incoterm® é o FCA (Free Carrier ou “livre no transportador”),


utilizado em todos os modais de transporte. O vendedor é responsável pelo
desembaraço aduaneiro na exportação e ele encerra as suas obrigações e
responsabilidade quando entrega a mercadoria ao transportador ou indivíduo
indicado pelo comprador.

Figura 4 – FCA (Free Carrier).

O FAS (Free Alongside Ship ou “livre ao lado do navio”) é o terceiro na lista,


sendo utilizado apenas no modal marítimo. O vendedor encerra as suas
obrigações e responsabilidades no momento em que ele coloca a mercadoria
na exportação ao lado do navio, já desembaraçada, no porto indicado pelo
comprador na negociação.
Figura 5 – FAS (Free Alongside Ship).

O quarto Incoterm® é o FOB (Free on Board ou “livre a bordo”), utilizado no


modal marítimo. O vendedor encerra suas responsabilidades e obrigações
quando entrega na data acordada ou no período acordado a mercadoria na
exportação, desembaraçada a bordo do navio e no porto determinado pelo
comprador.

Figura 6 – FOB (Free on Board).

CPT (Carriage Paid to ou “transporte pago até o local acordado”) é um


Incoterm® que pode ser utilizado para todos os tipos de modais. Nele, o
vendedor é responsável por pagar o frete internacional e por fazer o
desembaraço das mercadorias, e suas obrigações e riscos terminam quando
ele entrega a mercadoria para o transportador.

Figura 7 – CPT (Carriage Paid to).

O Incoterm® CIP (Carriage and Insurance Paid to ou “transporte e seguro


pagos até o local acordado”) pode ser utilizado em qualquer tipo de modal,
indicando que o vendedor tem de pagar por todos os custos internos do país
mais o frete internacional e o seguro. Também é de responsabilidade do
vendedor realizar o desembaraço aduaneiro na exportação, porém os riscos se
encerram quando a mercadoria é entregue à custódia do transportador.

Figura 8 – CIP (Carriage and Insurance Paid to).

O CFR (Cost and Freight ou “custo e frete”) é o único Incoterm® do modal


marítimo. O vendedor é responsável pelo custo da mercadoria até ela ser
colocada a bordo do navio, acrescido do custo do frete internacional. Os
riscos e as responsabilidades do vendedor se encerram quando a mercadoria é
colocada a bordo do navio.

Figura 9 – CFR (Cost and Freight).

O Incoterm® CIF (Cost, Insurance and Freight ou “custo, seguro e frete”) é


utilizado no modal marítimo e indica que o vendedor é responsável por todos
os custos, riscos e responsabilidades até a mercadoria ser colocada a bordo do
navio, acrescentando ainda o pagamento do frete e do seguro internacional.
Figura 10 – CIF (Cost, Insurance and Freight).

O DAT (Delivered at Terminal ou “entregue no terminal”) é um Incoterm®


utilizável em todos os modais de transporte. O vendedor é responsável por
entregar a mercadoria no terminal designado na negociação, pagando todos
os custos e assumindo os ricos para que isso aconteça, não estando incluído o
tratamento das formalidades de importação.

Figura 11 – DAT (Delivered at Terminal).

No DAP (Delivered at Place ou “entregue no local acordado”), o vendedor é


responsável por entregar a mercadoria no local acordado na negociação, que
pode ser a empresa do comprador, assumindo todos os riscos e custos, exceto
os custos referentes ao tratamento administrativo da importação e à liberação
na alfândega do país de destino. Este Incoterm® pode ser utilizado em
qualquer tipo de modal de transporte.

Figura 12 – DAP (Delivered at Place).


No Incoterm® DDP (Delivered Duty Paid ou “entregue no local de destino
com direitos pagos”), o vendedor assume todas as responsabilidades, riscos e
custos até a mercadoria ser entregue no local designado pelo comprador. A
responsabilidade de realizar o desembaraço da mercadoria na alfândega e
todo o tratamento administrativo é, portanto, do vendedor. Este Incoterm®
pode ser utilizado em qualquer tipo de modal.

Figura 13 – DDP (Delivered Duty Paid).

FIQUE ATENTO!
No DDP, o vendedor estrangeiro não tem condições legais para realizar o processo de desembaraço, já
que ele não tem acesso ao Siscomex por não ter o Radar. Logo, não existe a possibilidade de ser
utilizado nas importações brasileiras ou, caso ainda queira utilizar o DDP, o importador fica
responsável por realizar os processos administrativos e o desembaraço aduaneiro na importação.

Os Incoterms® são de extrema importância para os custos logísticos na


importação e exportação de mercadorias, pois, como vimos até o momento,
dependendo da escolha do Incoterm®, o vendedor ou o comprador pode ter
um custo maior ou menor. Além disso, outro ponto para ficar atento em uma
negociação é quando você estiver comprando um produto e o vendedor optar
pelo Incoterm® EXW: tome cuidado caso não conheça os trâmites de
desembaraço e os custos no país de origem, já que você será o responsável
pelo processo. Nesta situação, o interessante é negociar um Incoterm®
intermediário, segundo o qual as obrigações do país de origem fiquem por
conta do vendedor, e as obrigações e despesas no país de destino fiquem sob
responsabilidade do comprador.
FIQUE ATENTO!
Em uma negociação internacional, onde você for o comprador e o vendedor optar por um Incoterm®
segundo o qual ele não tenha tanta responsabilidade e custos, você pode negociar um desconto no valor
do produto ou facilidade no pagamento, já que você estará arcando com os custos.

Com a análise dos Incoterms®, pode-se observar alguns custos adicionais,


como o do frete para transporte e seguro interno da empresa ao porto ou
aeroporto, os custos com a movimentação e com a armazenagem no porto,
com o desembaraço aduaneiro, com o transporte e com o seguro internacional
e, dependendo do Incoterm®, os custos com a movimentação e com a
armazenagem no país de destino, com o desembaraço aduaneiro, com o
transporte e com o seguro interno. Também podemos nos deparar com o
custo do aluguel do contêiner e, consequentemente, com o custo da
demurrage, que é uma taxa (espécie de multa) aplicada quando ultrapassamos
os dias acordados de aluguel do contêiner. Ainda com relação ao contêiner,
dependendo do contrato de locação e da mercadoria transportada, precisamos
nos preocupar com um custo a mais com sua limpeza e higienização.
Formação do preço de venda na exportação
Neste capítulo, tendo como base as informações levantadas no capítulo sete,
iremos abordar a formação do preço de venda na exportação. Vamos partir do
princípio que nós já calculamos o preço de venda no mercado interno e que já
temos todas as informações necessárias para o desenvolvimento do preço do
produto para exportação.
Assim, o primeiro passo é determinar todos os custos do produto, para depois
verificar quais são exclusivos do mercado interno, já que esses custos não
podem integrar o preço de venda no mercado internacional. Feita essa
subtração, o próximo passo é calcular os custos exclusivos do mercado
externo e, para isso, conhecer os Incoterms® é parte fundamental desse
processo.

Custos exclusivos do mercado interno


Os custos exclusivos do mercado interno são todos os gastos necessários para
que o produto alcance os clientes. Neles estão incluídos:

custo da embalagem para o mercado interno;


comissão de vendedores, que atuam apenas no mercado interno;
despesas com propagandas para o mercado interno;
custos de distribuição para o mercado interno.

Ainda nessa lista devem ser acrescentados todos os custos que a empresa
possa ter que sejam exclusivos do mercado interno – no nosso caso, do
mercado brasileiro. Nesse mesmo contexto, os custos com tributos, isto é,
alguns impostos, também devem ser retirados do preço de venda do produto,
já que o governo fornece esses atrativos para incentivar as exportações
brasileiras. Os principais tributos que não são recolhidos na exportação são:
ICMS;
COFINS;
PIS;
IPI.

Pensando ainda na retirada de valor do preço do mercado interno para depois


inserir os custos do mercado externo para a formação do preço de exportação,
precisamos retirar o lucro desejado no mercado interno, já que em uma
próxima etapa será inserido o lucro desejado com a venda para o mercado
externo.

Custos exclusivos da exportação


Os custos exclusivos do mercado externo são todos os gastos e despesas
necessárias para que o produto chegue até o cliente – nesse contexto, entram
os custos relacionados aos Incoterms® e ao lucro.
Os principais custos relacionados ao mercado externo que não estão
diretamente atrelados aos Incoterms® são os custos com o marketing, quando
a empresa decide investir em propagandas em um país específico, com o
objetivo de inserir ou alavancar vendas no país importador. O custo com
embalagem também precisa ser considerado, já que em outro país o idioma
pode ser diferente do país exportador – além disso, o próprio layout da
embalagem precisa ser reavaliado, uma vez que a cultura e os gostos dos
consumidores podem variar de um país para o outro, daí a necessidade de um
estudo prévio sobre as principais diferenças entre os países, culturas e gostos.
Outro ponto que precisa ser analisado em uma transação internacional
consiste em verificar se existem barreiras alfandegárias que restrinjam ou
proíbam a exportação: boa parte dessas barreiras têm a ver com normas de
segurança e qualidade dos produtos, sendo que muitas vezes precisamos
providenciar certificados e autorizações prévias para a exportação dos
produtos. Um bom exemplo com relação a essas necessidades especiais são
os brinquedos, que para serem vendidos aqui no Brasil precisam do
certificado do Inmetro, mesmo que este produto seja importado.

Como estabelecer o preço de venda


Para determinarmos o preço de venda na exportação, precisamos considerar o
preço total de venda, excluir desse valor os custos exclusivos do mercado
interno e acrescentar os custos exclusivos do mercado externo, com base no
Incoterm® escolhido.
Vamos supor, por exemplo, que pretendemos exportar uma quantidade de
4.200 calças jeans. O preço de venda da calça jeans que calculamos no
capítulo de formação do preço de venda foi de R$ 81,03 dessa forma, o valor
total da venda será de R$ 340.326,00. Vamos trabalhar com o valor total da
carga, para facilitar o entendimento dos custos no mercado externo, como o
valor do aluguel do contêiner, em vez de fazer a divisão para achar o custo do
contêiner para cada calça.
As primeiras deduções são as dos tributos. Considerando as alíquotas de
impostos já apresentados na tabela 38, o total que vamos deduzir de tributos
do valor da carga será de:

Tabela 40 – Valor da carga pós-dedução dos impostos

Preço da carga no mercado interno = R$ 340.326,00

TRIBUTO ALÍQUOTA DEDUÇÃO

ICMS 18,0% R$ 61.258,68

PIS 1,65% R$ 5.615,38

COFINS 7,60% R$ 25.864,78

IPI – –

Total 27,25% R$ 92.738,84

Como no nosso exemplo, não adotamos o IPI para a calça e também não
apresentamos nenhum gasto com propaganda no mercado interno. Nos custos
com matéria-prima e materiais, podemos observar que temos o custo com a
caixa de papelão, conforme a tabela a seguir:

Tabela 41 – Custos com matéria-prima e embalagem

Tecido jeans R$ 20,44

Tecido de algodão para os bolsos dianteiros R$ 4,20

Linha de costura R$ 2,10

Botão R$ 0,50

Zíper R$ 1,70

Embalagem plástica R$ 0,10

Embalagem de papelão (caixa p/ 20 calças) R$ 0,30

TOTAL DA MATÉRIA-PRIMA POR PEÇA R$ 29,34

O custo da caixa de papelão é de R$ 0,30 por calça; multiplicado pela


quantidade de calças, temos o custo total da embalagem de transporte, que é
de:

Caixa de papelão = 0,30 × 4.200 = R$ 1.260,00

Ainda precisamos calcular o valor do lucro no mercado interno, já que temos


a opção de optar por um lucro maior ou menor, dependendo da situação. O
lucro pretendido para a nossa calça jeans era de 30%. Dessa forma, a dedução
com relação ao lucro é a seguinte:

Lucro mercado interno = 81,03 × 30% = R$ 24,31

O lucro total a ser deduzido do lote de 4.200 calças jeans para exportação
pode ser calculado assim:

Dedução lucro total = 24,31 × 4.200 = R$ 102.102,00

Dessa forma, temos que o valor a ser deduzido, que é exclusivamente do


mercado interno, é de:

Total de deduções = 92.738,84 + 1.260,00 + 102.102,00 = R$ 196.100,84

Sabendo o quanto vamos deduzir, o próximo passo é determinar o Incoterm®


para sabermos o quanto vamos incluir de custos e despesas exclusivas do
mercado externo. Para esse exemplo, vamos adotar o Incoterm® FAS,
segundo o qual o vendedor é responsável pela mercadoria até deixá-la ao lado
do navio, já desembaraçada, no porto indicado pelo comprador.
O primeiro ponto é determinar o valor a ser pago pela nova embalagem que
será utilizada no mercado externo. Vamos supor que o custo da nova caixa
seja de R$ 8,00 reais. Como em cada caixa cabem 20 peças, o custo da caixa
para cada peça pode ser calculado dessa forma:

Sabendo o custo da caixa por peça, podemos então multiplicar pela


quantidade de peças que serão exportadas, e assim determinar o custo da
embalagem para esse lote.

Custo da caixa = 0,4 × 4.200 = R$ 1.618,00/lote

Agora, vamos adotar alguns valores fictícios para a determinação dos custos
na exportação. São eles:
Tabela 42 – Valores-base para o cálculo de custos

Carregamento e transporte interno R$ 2.500,00

Desembaraço aduaneiro na exportação R$ 450,00

Despesas portuárias R$ 960,00

Aluguel do contêiner R$ 3.000,00

Movimentação do contêiner até o costado do navio R$ 750,00

Carga, descarga e estadia do contêiner R$ 540,00

ACRÉSCIMOS PARA A EXPORTAÇÃO R$ 8.200,00

Tendo as informações das deduções do mercado interno e das inclusões do


mercado externo, podemos calcular o preço de exportação para o lote de
2.400 peças de calça jeans. Para esse cálculo, vamos adotar um lucro de 45%,
assim determinamos o preço de exportação do nosso produto:

Preço de venda = valor da mercadoria – deduções + inclusões + lucro

Para sabermos o valor individual do nosso produto no mercado externo,


dividimos o preço de venda do lote pela quantidade de calças:

Recapitulando nossa calça, no mercado interno seria vendida por R$ 81,03


com um lucro de 30%. Na exportação, nossa calça terá um preço de venda de
R$ 66,71 com um lucro de 45%. É importante salientar que o valor de R$
66,71 é exclusivo para essa configuração de custos; se mudarmos o
Incoterm® ou qualquer outro custo, esse valor provavelmente será diferente,
por isso é importante realizar esse cálculo para toda a exportação que será
realizada.
Outro fator importante que merece ser comentado é que no mercado
internacional as negociações geralmente são feitas em dólar, que é a moeda
internacional padrão. Nosso lote de 4.200 calças, no valor de R$ 280.191,20
sendo convertido para dólar, terá um valor de US$ 76.975,60 adotando uma
cotação de R$ 3,64 por dólar. O preço de venda individual de cada peça em
dólar será de:

É interessante fazer o preço de venda unitário para o comércio exterior, para


verificar dessa forma se o nosso preço é competitivo; sobre esse preço ainda
serão acrescentados os custos e o lucro do revendedor externo.
Formação do custo de importação
Diferentemente da exportação, em que não há um limite de valor a ser
exportado, na importação existem valores que são livres de taxação e outros
que sofrem taxação (impostos). Para importações realizadas por pessoas
físicas, vindas de pessoas físicas, o valor limite para importação sem
incidência de impostos é de até US$ 50,00, porém cabe sempre buscar
orientação junto à Receita Federal.
Na importação, os Incoterms® também afetam diretamente o custo do
produto importado. Para exemplificar os custos de importação, vamos adotar
o Incoterms® CIP, segundo o qual as obrigações de custos e riscos do
comprador se iniciam quando o produto é descarregado no porto de destino.
Dessa forma, como importadores, teremos de arcar com os custos de
desembaraço, armazenagem e transporte até a empresa, além de todos os
impostos e taxas existentes.

DICA!
Antes de autorizar o embarque da mercadoria no país do vendedor, é preciso verificar se a mercadoria
precisa de LI (Licença de Importação). Caso seja necessário, deve-se realizar todo o trâmite de
autorização da LI antes do embarque da carga, pois caso a mercadoria chegue ao Brasil e não esteja
com a LI liberada quando for realizado o desembaraço aduaneiro da mercadoria, o importador não
conseguirá efetuar o desembaraço e a mercadoria ficará retida, acarretando em custos, como o de
armazenagem e multa.

Vamos ao cálculo do custo de importação. O primeiro ponto a ser observado


é que a mercadoria, para dar entrada no país, precisa ter o seu imposto de
importação pago e, para tanto, precisamos realizar o desembaraço da
mercadoria. Quando a mercadoria chega ao país, o seu valor vem expresso
em moeda estrangeira, o dólar, sendo necessário fazer a conversão. Para isso,
utilizamos a cotação do dólar do fechamento do dia anterior.
O valor aduaneiro da mercadoria, que é o valor de compra da mercadoria para
a conversão em moeda brasileira e para o pagamento dos impostos, é a
somatória do valor da mercadoria, mais o frete internacional, mais o seguro
internacional. Por exemplo, vamos supor que compramos um lote de
aparelhos de celular cujo o NCM (Nomenclatura Comum do Mercosul), isto
é, o código de identificação do produto que determina sua descrição e os
impostos cobrados, é 85.17.62.62. O valor do lote comprado é de US$
25.000,00, o valor do frete internacional é de US$ 2.200,00 e o valor do
seguro internacional da carga é de US$ 1.100,00. Dessa forma, o valor
aduaneiro, isto é, o valor que os impostos incidirão, será determinado a partir
do seguinte cálculo:

Valor aduaneiro = valor da mercadoria + frete + seguro

Valor aduaneiro = 25.000 + 2.200 + 1.100 = U$ 28.300

Precisamos agora converter o valor de dólar para reais. Para isso, vamos
adotar a cotação do dólar no valor de R$ 3,64. Dessa forma, o valor
aduaneiro em reais será determinado assim:

Valor aduaneiro em reais = 28.300 × 3,64 = R$ 103.012,00

Com base no NCM da mercadoria, os impostos básicos que incidem são:

ICMS (cujas alíquotas dependem do estado origem e destino);


II (Imposto sobre Importação);
IPI;
Cofins;
PIS.

A mercadoria em questão veio pelo transporte marítimo, por isso incide


também o AFRMM (Adicional ao Frete para Renovação da Marinha
Mercante). Além do AFRMM, temos a taxa de utilização do Siscomex, que
sofre acréscimos pela quantidade de NCMs diferentes na declaração de
importação.
Vamos calcular imposto por imposto da nossa importação. O primeiro será o
imposto de importação, que para esse produto, com base na TEC (Tarifa
Externa Comum), tem uma alíquota de 12%. Portanto, o cálculo é realizado
multiplicando o valor aduaneiro pela alíquota da TEC, conforme equação a
seguir:

II = valor aduaneiro × TEC%

II = 103.012,00 × 12% = R$ 12.361,44

O próximo passo é determinar o valor do IPI. A alíquota do IPI é determinada


a partir da TIPI (Tabela de Incidência do Imposto sobre Produtos
Industrializados).

IPI = (valor aduaneiro + II) × TIPI%

IPI = (103.012,00 + 12.361,44) × 15% = R$ 17.306,02

Para o cálculo do PIS, a alíquota será de 2,10%. Dessa forma, deve ser
aplicada a equação a seguir:

PIS = valor aduaneiro × PIS%


PIS = 103.012,00 × 2,1% = R$ 2.163,25

O COFINS segue o mesmo processo do PIS, e sua alíquota para esse produto
é de 10,65%:

COFINS = valor aduaneiro × COFINS%

COFINS = 103.012,00 × 10,65% = R$ 10.670,78

A taxa de utilização do Siscomex para esse exemplo é para apenas um


produto; dessa forma o valor será de R$ 214,50.
Por fim, com relação à tributação, temos de calcular o ICMS. Para esse
cálculo, precisamos levar em conta o valor aduaneiro e todos os impostos já
calculados – isso mesmo, o ICMS incide sobre todos os impostos já vistos. O
ICMS é calculado por dentro, ou seja, o ICMS incide sobre o próprio ICMS.
Dessa forma, o que muda é a fórmula do cálculo. Para tanto, vamos fazer a
somatória do valor aduaneiro e de todos os impostos.

Total parcial = valor aduaneiro + impostos + taxas

Total parcial = 103.012, 00 + 12.361,44 + 17.306,02 + 2.163,25 +


10.670,78 + 214,50
Total parcial = R$ 145.727,99

Vamos adotar o ICMS de 18% para esse nosso exemplo, lembrando que o
ICMS tem valores diferentes para cada estado, devendo ser aplicado o ICMS
do estado pelo qual está sendo feita a entrada dos produtos no país. Para
calcularmos o ICMS, primeiro temos de transformar o 18% em decimal, e
para isso dividimos o 18 por 100. Já para o cálculo do ICMS por dentro,
vamos usar a seguinte equação:

A partir desse cálculo, temos o valor da mercadoria com os impostos, já


acrescido o ICMS.
O próximo cálculo é do AFRMM, que deve ser efetuado a partir da
multiplicação do valor do frete pela alíquota de 25%. Assim, para
determinarmos o valor a ser pago, precisamos primeiro converter o valor do
frete internacional de dólar para reais. Vejamos:

Valor do frete = frete em dólar × câmbio

Valor do frete = 2.200 × 3,64 = R$ 8.008,00

Agora, vamos calcular o valor do AFRMM:

AFRMM = valor do frete × AFRMM%


AFRMM = 8.008 × 25% = R$ 2.002,00

Porém, nossos custos ainda não acabaram, temos os custos de desembaraço e


os custos logísticos referentes à armazenagem, taxa do Siscomex, licenças de
importação (se houver necessidade), transporte e seguro interno, custo com
despachantes, etc. Para o nosso exemplo, vamos adotar os seguintes custos:
Armazenagem = R$ 1.100,00
Transporte e seguro = R$ 1.300,00
Despachante = R$ 850,00

Custos logísticos = 1.100 + 1.300 + 850 = R$ 3.250,00

O custo total da importação é determinado a partir da somatória entre o valor


da mercadoria com o ICMS mais o AFRMM e os custos logísticos:

Custo da importação = 177.717,06 + 2.002,00 + 3.250,00 = R$ 182.969,06

O custo total da importação é de R$ 182.969,06, porém esse não é o preço de


venda. Como vimos no capítulo sete, para determinarmos o preço de venda,
precisamos acrescentar ainda os custos da empresa, o lucro e os impostos
para venda.
Vale ressaltar que esse é um exemplo do custo de importação, mas para cada
importação podemos ter um custo diferente, mesmo sendo um mesmo
produto, já que temos a questão da cotação do dólar, da negociação e
determinação dos Incoterms® e dos diversos custos logísticos.
CAPÍTULO 9
Custos da qualidade: competitividade
e resultados econômicos
Neste capítulo, abordaremos as questões entre custos e qualidade, porém, é
importante saber que quando um produto ou serviço tem qualidade, isso tem
um preço para a empresa – e, na maioria das vezes, esse custo é alto e se
desdobra em algumas etapas, como o preço da conformidade, o fazer correto
da primeira vez, o preço da não conformidade e o custo da correção. Além
disso, em um contexto econômico em que cada vez mais os orçamentos são
curtos e os clientes mais exigentes, o sucesso de uma empresa depende da sua
capacidade em oferecer produtos cuja qualidade atenda ou supere às
expectativas dos clientes, a preços competitivos. Assim, o ideal é buscar o
equilíbrio entre atingir e manter a qualidade sabendo qual é o custo, e que a
não qualidade também custa caro.
Isso porque para todos e quaisquer programas de implementação de
qualidade são necessários investimentos financeiros, porém, o importante é
mensurar o que vale mais a pena: ter um custo com implementação da
qualidade ou ter um custo pela falta dela – normalmente, a falta de qualidade
acarreta prejuízos imensos e algumas vezes incalculáveis. Os principais
custos que envolvem a qualidade são os seguintes:

Custos da qualidade: imposto ou taxa sobre a “boa qualidade”, ou seja,


custos aceitáveis da qualidade, aqueles que a empresa planeja gastar.
Custos da não qualidade: custos da qualidade não aceitável, ou seja,
aqueles que a empresa deseja eliminar ou evitar.
Custos de controle
Trata-se de uma subdivisão entre esses custos, que detalharemos a seguir.

Custos de prevenção
São os custos relacionados com as atividades que visam garantir que produtos
defeituosos e serviços insatisfatórios não sejam produzidos. Esses custos
abrangem:

círculos de qualidade;
manutenção preventiva;
treinamento de pessoal;
revisão e atualização das instruções, especificações e procedimentos;
desenvolvimento do plano de controle da qualidade do processo;
planejamento da qualidade;
análise dos produtos novos;
controle de processos;
auditorias da qualidade;
avaliação da qualidade do fornecedor.

Custos de avaliação
São os custos de inspeções e de testes que determinam o grau de
conformidade dos produtos em relação aos requisitos de qualidade. Esses
custos abrangem, por exemplo:
inspeção no recebimento do material comprado;
inspeção durante o processo;
avaliação de protótipos;
inspeções e auditoria das operações de manufatura;
auditoria de qualidade dos produtos acabados;
avaliação do estoque;
serviços e materiais para inspeção e teste.

Custos de falhas internas


São custos incorridos para corrigir a produção defeituosa antes que ela
chegue ao cliente. Esses custos estão relacionados aos seguintes fatores:

retrabalho;
sucatas e material refugado durante a fabricação;
reclassificação;
atraso na produção e na entrega;
paralisação causada por defeitos;
necessidade de manter estoques suplementares para suprir as peças
potencialmente defeituosas ou lotes rejeitados;
venda das unidades defeituosas a um preço mais baixo.

Custos de falhas externas


São custos associados a falhas/defeitos ocorridos após a entrega do produto
ao cliente. Abrangem:
custo do material devolvido;
concessões;
cancelamento de produtos;
vendas perdidas;
reposição para manter a imagem;
custos com garantia;
recall.
Por que mensurar os custos da qualidade?
Ao mensurar os custos da qualidade, estamos visando:

saber o quanto a empresa está perdendo por falta de qualidade;


identificar e corrigir as falhas, para diminuir a insatisfação do
consumidor;
elaborar orçamentos mais assertivos para os custos da qualidade;
evitar o aparecimento de novos problemas relacionados a qualidade;
direcionar os esforços de melhoria da qualidade para as questões mais
relevantes.

A tabela a seguir exemplifica e sintetiza a aplicação dos custos mencionados


acima:

Tabela 43 – Custo da qualidade × quantidade × etapa

CUSTOS DE CUSTOS DAS FALHAS


UNIDADES PREVENÇÃO CUSTO DA
INTERNAS
DEFEITUOSAS DE VENDAS QUALIDADE
E TOTAL
AVALIAÇÃO PERDIDAS
EXTERNAS

0 R$ 50.000,00 R$ 50.000,00

R$
800 R$ 10.000,00 R$ 10.000,00 R$ 8.000,00 R$ 28.000,00
18.000,00

R$ R$
1600 R$ 6.000,00 R$ 20.000,00 R$ 42.000,00
16.000,00 36.000,00

R$ R$
2400 R$ 4.000,00 R$ 30.000,00 R$ 58.000,00
24.000,00 54.000,00

R$ R$
3200 R$ 1.000,00 R$ 40.000,00 R$ 73.000,00
32.000,00 72.000,00
Com base nas informações sobre os custos da qualidade, as empresas podem
tomar algumas decisões, tais como: quais processos manter, eliminar ou
priorizar. Além de fazer algumas avaliações sobre o retrabalho, verificando se
vale a pena reprocessar uma peça ou produto com defeito ou se é melhor
descartá-lo, por exemplo, também permite decidir sobre questões
relacionadas às melhorias operacionais e à modernização de equipamentos e
processos.
De maneira geral, esse estudo permite analisar o que vale mais a pena:
investir mais em custos de controle para ter um menor gasto em custos de
falhas ou investir pouco no controle a gastar posteriormente, arcando com os
possíveis problemas decorrentes da falta de qualidade.
Efeito da qualidade sobre a receita
Vale lembrar que, quando uma empresa reduz ou elimina possíveis refugos e
sucatas, automaticamente isso reflete em ganhos – além de evitar problemas
como as devoluções de mercadorias, o que, por sua vez, diminui as
reclamações de clientes. Esses fatos podem fazer com que a empresa aumente
o preço do produto ou serviço, por conta da superioridade e destaque em
relação aos seus concorrentes, podendo assim ampliar sua fatia de mercado, o
que refletirá em maior competitividade e melhores resultados econômicos.
Tudo isso ocorre em virtude da qualidade ser uma área com inter-
relacionamento com as demais áreas e setores das empresas, como o
financeiro, o operacional e o administrativo: todos visam à satisfação total
dos clientes internos e externos, trabalhando em conjunto na busca pelo
aumento dos lucros e pela redução dos custos, fatores determinantes no
posicionamento das empresas mediante o seu segmento ou mercado de
atuação.
Considerações finais
Procurou-se ao longo dos capítulos abordar as técnicas e conceitos sobre os
custos logísticos, tema de extrema importância que permeia todos os setores
de forma transversal e que está presente em todas e quaisquer operações de
uma empresa, influenciando diretamente o seu sucesso ou até mesmo o seu
fracasso.
Ao escrever esta publicação, visamos contribuir com o desenvolvimento da
logística empresarial no país, apresentando teorias, técnicas, fórmulas e
exemplos práticos, de maneira que possa auxiliar empresários, estudantes,
professores e os mais diversos profissionais a buscarem soluções para a
gestão eficaz dos custos logísticos e a melhoria contínua dos processos, a fim
de que possam se tornar mais competitivos, atendendo a um mercado cada
vez mais exigente e com margens mais acirradas.
Bibliografia
BOWERSOX, D. & CLOSS, D. Logística empresarial: o processo de
integração da cadeia de suprimento. São Paulo: Atlas, 2001.
BRASIL. Ministério da Fazenda. Secretaria da Receita Federal do Brasil.
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Disponível em
http://www.receita.fazenda.gov.br/Aplicacoes/ATRJO/SimuladorImportacao/
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http://simuladordepreco.mdic.gov.br/. Acesso em 23-5-2018.
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operações: manufatura e serviços: uma abordagem estratégica. São Paulo:
Atlas, 2004.
DUTRA, R. G. Custos: uma abordagem prática. 4. ed. São Paulo: Atlas,
1995.
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serviços? A resposta pode ser o mark-up”. Disponível em
https://endeavor.org.br/markup/. Acesso em 23-5-2018.
KEEDI, S. ABC do comércio exterior: abrindo as primeiras páginas. 5. ed.
São Paulo: Aduaneiras, 2015.
LEITE, P. R. Logística reversa: meio ambiente e competitividade. São Paulo:
Prentice Hall, 2003.
MARION, J. C. & SOARES, A. H. Contabilidade como instrumento para
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MARTINS, P. G. & LAUGENI, F. P. Administração da produção. 2. ed. São
Paulo: Saraiva, 200٦.
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Estudos Técnicos e Econômicos. Manual de cálculo de custos e formação de
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http://www.portalntc.org.br/media/images/publicacoes/manual-de-calculo-e-
formacao-de-precos-rodoviario-
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RODRIGUES, P. R. A. Gestão estratégica da armazenagem. São Paulo:
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SEBRAE MINAS. Como elaborar o preço de venda. Minas Gerais: Sebrae
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SLACK, Nigel et al. Administração da produção. São Paulo: Atlas, 2006.
SOUZA, J. M. Gestão do comércio exterior: exportação/importação, v. 4.
São Paulo: Saraiva, 2010.
TADEU, H. F. B. (org.). Gestão de estoques: fundamentos, modelos
matemáticos e melhores práticas aplicadas. Belo Horizonte: Cengage
Learning, 2010.
TUBINO, D. F. Planejamento e controle da produção: teoria e prática. São
Paulo: Atlas, 2007.
Sobre os autores
Damião Limeira da Silva

Especialista em supply chain management, planejamento, programação e


controle da produção, atuando nas áreas de planejamento e controle de
produção e logística há mais de 14 anos, e docente do Senac Guarulhos, na
área de logística e comércio exterior. Mestre em engenharia mecânica, na
área de produção mecânica. Pós-graduado (MBA) em gestão da qualidade e
docência do ensino superior. Graduado em engenharia de produção mecânica.
Tecnólogo em processos de produção mecânica e técnico em logística. É
coautor dos livros Planejamento e controle da produção e Gestão da
qualidade: diretrizes, ferramentas, métodos e normatização.
Jabson Tamandaré da Cruz

Especialista em docência para educação profissional, engenharia de produção


e logística estratégica. Graduado em administração de empresas e negócios e
técnico em informática. Atuou como supervisor operacional na área de
logística, administração de mercadorias, gestão e controle de estoques e no
gerenciamento de transportes.
É palestrante, consultor em desenvolvimento de materiais didáticos na área
de logística, docente do Senac Guarulhos e professor universitário das
disciplinas de logística empresarial e logística de e-commerce, logística
aplicada, cadeia de suprimentos, produção, gestão empresarial, administração
de materiais e controle de estoques. É coautor do livro Rotinas de estoque e
almoxarifado, publicado pela Editora Senac São Paulo, em 2015.
Leandro Pereira

Especialista em docência para educação profissional e governança em TI.


Graduado em logística e transportes e técnico em processamento de dados.
Experiência em coordenação e supervisão de operações logísticas em
armazéns, transportes, distribuição e planejamento de demanda. Docente do
Senac Guarulhos, nos cursos técnicos de logística e comércio exterior, e da
Etec Zona Leste, no curso técnico de logística, nas disciplinas de tecnologia
da informação aplicada à logística, gestão de recursos materiais e logística
internacional. É coautor do livro Rotinas de estoque e almoxarifado.
Administração Regional do Senac no Estado de São Paulo
Presidente do Conselho Regional: Abram Szajman
Diretor do Departamento Regional: Luiz Francisco de Assis Salgado
Superintendente Universitário e de Desenvolvimento: Luiz Carlos Dourado

Editora Senac São Paulo


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Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)
(Jeane Passos de Souza - CRB 8ª/6189)

Silva, Damião Limeira da


Custos logísticos: gestão e aplicação prática / Damião Limeira
da Silva, Jabson Tamandaré da Cruz e Leandro Pereira. – São
Paulo: Editora Senac São Paulo, 2020.
e-ISBN 978-85-3962-447-8 (ePub/2020)
1. Administração financeira 2. Gestão de custos 3. Custos
logísticos 4. Logística I. Cruz, Jabson Tamandaré da. II. Pereira,
Leandro. III. Título.

18-805s CDD-658.1552
658.78
BISAC BUS001010
BUS000000
BUS078000

Índice para catálogo sistemático


1. Administração financeira: Gestão de custos 658.1552
2. Logística: Administração de materiais 658.78
MODAGASTRONOMIATURIS
MODESIGNTECNOLOGIAEDU
CAÇÃOARTESHOTELARIACIÊ
NCIASHUMANASFOTOGRAFIA
COMUNICAÇÃOARQUITETURA
GESTÃOMEIOAMBIENTESAÚ
DE
Mercados de créditos e de capitais
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