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Fernando Parsotam

1 2021 1

ISCAL

LICENCIATURA EM FINANÇAS EMPRESARIAIS

Fiscalidade das Empresas

Docente:
Fernando Parsotam1
Características do Imposto
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 Imposto sobre o rendimento das pessoas colectivas


 Directo - na medida que incide sobra a manifestação directa ou imediata da capacidade contributiva;
 Real - porque visa a tributação dos rendimentos das pessoas colectivas sem atender à sua situação pessoal;
 Periódico - porque se renova nos sucessivos períodos de tributação, que normalmente são anuais;
 Estadual - porque é o Estado o sujeito activo da relação jurídico –tributária;
 Proporcional - já que a taxa se mantém constante, independentemente da matéria coletável apurada;
 Global - porque incide sobre um conjunto de rendimentos provenientes de diversas fontes;
 Principal - porque goza de autonomia quer a nível normativo quer ao nível das relações tributáveis concretas.

Nota: Embora tratando-se de um imposto sobre o rendimento, o IRC integra, contudo, algumas medidas de tributação sobre a
despesa, tendo em vista controlar excessos dos sujeitos passivos relativamente a determinados encargos. ex: artº 88º - Taxas
de tributação autónoma. Ex. Despesas não documentadas, de representação, com ajudas de custo, com viaturas ligeiras de
passageiros, algumas de mercadorias, motos ou motociclos.

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conceito de rendimento
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▪ O conceito de rendimento assenta na teoria do rendimento acréscimo ou incremento patrimonial - noção extensiva
do rendimento que procura tributar o rendimento real e efectivo das empresas, uma vez que todos os ganhos,
independentemente da sua origem ficam sujeitos a uma mesma tributação, o que se afigura justo na medida em que por
princípio concorrerão de forma idêntica para um aumento da capacidade contributiva do sujeito passivo.

▪ imperativo constitucional - artº 104º, nº 2º da CRP


▪ “ a tributação das empresas incide fundamentalmente sobre o seu rendimento real”

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O IRC face à contabilidade
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A determinação do lucro tributável das pessoas colectivas e outras entidades sujeitas ao seu
apuramento, tem como ponto de partida a contabilidade, conforme se retira do exposto no n.º 1 do
artigo 17º do Código do Imposto sobre o Rendimento das Pessoas Colectivas (CIRC):

«O lucro tributável das pessoas colectivas e outras entidades mencionadas na alínea a) do n°1 do
artigo 3º é constituído pela soma algébrica do resultado líquido do período e das variações
patrimoniais positivas e negativas verificadas no mesmo período e não reflectidas naquele resultado,
determinados com base na contabilidade e eventualmente corrigidos nos termos deste Código».

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O IRC face à contabilidade
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Por outro lado, o n.º 1 do artigo 123º do Código do IRC refere que
«As sociedades comerciais ou civis sob forma comercial, as cooperativas, as empresas públicas e as demais
entidades que exerçam, a título principal uma actividade comercial, industrial ou agrícola, com sede ou direcção
efectiva em território português, bem como as entidades que, embora não tendo sede nem direcção efectiva naquele
território, aí possuam estabelecimento estável, são obrigadas a dispor de contabilidade organizada nos termos da lei
que, além dos requisitos indicados no n.º 3 do artigo 17º, permita o controlo do lucro tributável»
Contendo os restantes números do mesmo artigo 123º diversas regras relativas à execução da contabilidade e
respetivos suportes.
Por sua vez o n.º 3 do artigo 17º refere que, de modo a permitir o apuramento referido no n.º 1, a contabilidade deve:
«a) Estar organizada de acordo com a normalização contabilística e outras disposições legais em vigor para o
respetivo sector de atividade, sem prejuízo da observância das disposições previstas neste Código,
b) Refletir todas as operações realizadas pelo sujeito passivo e ser organizada de modo que os resultados das
operações e variações patrimoniais sujeitas ao regime geral do IRC possam claramente distinguir-se dos das
restantes.»
c) Estar organizada com recurso a meios informáticos. (Aditada pela Lei n.º 114/2017, de 29 de dezembro)

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O IRC face à contabilidade
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Paralelamente ao que é preconizado na contabilidade (Normalização Contabilística), vem o artigo 18º do Código do
IRC impor respeito pelo pressuposto da periodização económica (especialização dos exercícios/acréscimo), que
descreve pormenorizadamente.

O nº 1 refere que “Os rendimentos e os gastos, assim como as outras componentes positivas ou negativas do lucro
tributável, são imputáveis ao período de tributação em que sejam obtidos ou suportados, independentemente do seu
recebimento ou pagamento, de acordo com o regime de periodização económica.”

Segundo n.º 2 do referido 18º, «As componentes positivas ou negativas consideradas como respeitando a períodos
anteriores só são imputáveis ao período de tributação quando na data de encerramento das contas daquele a que
deviam ser imputadas eram imprevisíveis ou manifestamente desconhecidas.»

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O IRC face à contabilidade
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No preâmbulo do Decreto-Lei n.º 159/2009 de 17 de Julho, que procedeu à adaptação do CIRC


ao Sistema de Normalização contabilística (SNC), pode ler-se:

«…manutenção do modelo de dependência parcial determina, desde logo, que, sempre que não
estejam estabelecidas regras fiscais próprias, se verifique o acolhimento do tratamento
contabilístico decorrente das novas normas …»

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O IRC face à contabilidade
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Podemos assim concluir que se mantém o modelo de dependência parcial da


fiscalidade em relação à contabilidade e que, sendo cumprido o estipulado no normativo
contabilístico aplicável, o resultado fiscal será coincidente com o contabilístico, sempre
que o CIRC, não determine ajustamentos.

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REGIME GERAL
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Incidência Declaração de Cálculo do IRC


Real ou Rendimentos
Contabilidade
Pessoal Modelo 22
Lucro Contabilístico (LC)
+/-
Variações Patrimoniais
Positivas e Negativas
Quadro 07
Apuramento do
Correcções Fiscais (CF) LT = LC +/- CF
Lucro Tributável/
Prejuízo Fiscal
Determinação Lucro Tributável (LT)
da Matéria
Colectável
Dedução dos Prejuízos Fiscais
Anteriores (PFa) e/ou Quadro 09
Benefícios Fiscais (BF) Apuramento da MC = LT - (BF+PFa)
Matéria Colectável
Matéria Colectável (MC)

Taxa Taxa (T)


C = MC x T
Colecta (C)
Quadro 10
Deduções à Colecta (DC) Cálculo do Imposto
Retenções na Fonte (RF)
Liquidação Pagamentos por Conta (PC) IRC = C -
Outras Correcções (OC) (DC+RF+PC+OC)

IRC a pagar ou a Recuperar


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Os pressupostos de incidência
artº 1º CIRC
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Natureza

Por um sujeito
Objectiva passivo Temporal

A de obtenção de Subjectiva
rendimentos Por um período de
tributação

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Os pressupostos de incidência
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artº 1º CIRC
Assim:

O âmbito da aplicação pessoal:

quem está sujeito a imposto; Incidência subjetiva (artigo 2.º);

A delimitação do objeto da sua incidência:

o que está sujeito; Rendimentos obtidos pelo sujeito passivo - incidência objetiva (artigo 3.º);

E o período de tributação:

quando está sujeito; Elemento temporal do facto tributário vem definido no artigo 8.º.

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Incidência pessoal:
noção de sujeito passivo

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sujeito passivo
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Se entendermos o sujeito passivo da relação jurídica tributária como sendo a pessoa ou a entidade
titular de qualquer situação jurídica regulada pelo Direito Fiscal, então:

um sujeito passivo de IRC é a pessoa ou entidade sobre quem é suscetível de recair o dever de cumprir
uma obrigação de natureza tributária imposta pelo código do IRC, designadamente a obrigação
principal – a obrigação do imposto.

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Incidência Pessoal
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Art. º 2º CIRC
A incidência pessoal está consignada no artigo 2.º indicando o n.º 1 as três categorias de sujeitos passivos, i.e.,
quem está sujeito a imposto.
 RESIDENTES:
a) As pessoas coletivas com personalidade jurídica, com sede ou direção efetiva em território português;
b) As entidades desprovidas de personalidade jurídica com sede ou direção efetiva em território português,
cujos rendimentos não sejam tributáveis diretamente em imposto sobre o rendimento das pessoas singulares
ou em imposto sobre o rendimento das pessoas coletivas na titularidade das pessoas singulares ou coletivas
que as integram.
e
 NÃO RESIDENTES:
c) As entidades com ou sem personalidade jurídica que não tenham sede nem direção efetiva em território
português e cujos rendimentos nele obtidos não estejam sujeitos a imposto sobre o rendimento das pessoas
singulares (IRS).

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Incidência Pessoal
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Art. º 2º CIRC
Um dos primeiros pressupostos do âmbito da sujeição pessoal é o facto de, tal como o
próprio nome indica, IRC - Imposto sobre o Rendimento das Pessoas Coletivas, serem
pessoas coletivas.

No entanto, outros requisitos são necessários à sua distinção:


 • O atributo da personalidade jurídica;
 • O lugar onde se situa a sua sede ou direção efetiva.

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Pessoa Colectiva
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Organização constituída por um agrupamento de pessoas ou por um complexo


patrimonial tendo em vista a prossecução de um interesse comum determinado e
à qual a ordem jurídica atribui a susceptibilidade de ser titular de direitos e
sujeito a obrigações

Personalidade jurídica

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Incidência Pessoal
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Art. º 2º CIRC

A par da personalidade existem outros elementos que pela sua importância na


classificação das pessoas coletivas devem ser destacados. São eles:
• O fim
• O objeto

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Incidência Pessoal
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Art. º 2º CIRC
Os fins das pessoas coletivas podem ser:
 Desinteressados: é o caso das associações de beneficência;
 Interessados: os quais revertem a favor dos membros da pessoa coletiva.
 Não económicos (culturais, desportivos, etc.), é o caso das associações de recreio;
 Económicos, é o caso de qualquer sociedade.
 Os fins interessados económicos podem ainda ser, consoante se traduzam ou não na obtenção de um
saldo positivo, normalmente expressos em moeda e sob a forma de lucro:
 • Lucrativos (as sociedades comerciais);
 • Não lucrativos (ex.: as associações de socorros mútuos).

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Incidência Pessoal
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Art. º 2º CIRC
O objeto é o modo de ação através do qual a pessoa coletiva prossegue os seus fins.
Tomando como exemplo a sociedade, vimos que o seu fim é sempre lucrativo, no entanto, pelo seu objeto, entende-
se que o exercício de uma atividade económica pode revestir as mais diversas naturezas embora deva ser sempre
determinado pelo contrato de sociedade.

O objeto de uma sociedade, noção que interessa para a qualificação de sujeito passivo de IRC, constitui um dos
elementos determinantes da distinção entre sociedades comerciais e sociedades civis.

O âmbito da incidência pessoal do imposto estende-se a todas as pessoas coletivas de direito público ou
privado com sede ou direção efetiva (local a partir do qual se faz a gestão global da empresa) em território
português.

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Incidência Pessoal
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Art. º 2º CIRC
Exemplos de pessoas coletivas de direito público e direito privado:

Entidades públicas:
• Estado e as demais entidades coletivas territoriais — municípios e freguesias —, que são pessoas coletivas públicas
originárias;
• entidades criadas pelo Estado (ou por outras pessoas coletivas públicas) que não sejam qualificadas como entidades
privadas e exerçam poderes de autoridade; e
• outras entidades qualificadas por lei, como é o caso de algumas fundações.

Entidades privadas:
• as qualificadas pela lei;
• as que sejam criadas livremente por particulares segundo os modelos típicos do direito privado (associação, fundação,
cooperativa, etc.); e
• as de criação pública mas sem nenhum traço relevante de um regime de direito público. É o caso, por exemplo de uma
associação recreativa ou de moradores.
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Incidência Pessoal
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Art. º 2º CIRC
Assim, são sujeitos passivos de IRC:

Sociedades comerciais
São sociedades comerciais as que tenham por objeto a prática de atos de comércio e adotem o tipo de sociedade
:
• Por quotas;
• Anónimas;
• Em nome coletivo;
• Em comandita simples;
• Em comandita por ações.

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Incidência Pessoal
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Art. º 2º CIRC
Assim, são sujeitos passivos de IRC:

Sociedades civis
Por exclusão de partes, as sociedades civis são aquelas que não têm por objeto a prática de atos comerciais ou
de qualquer dos tipos de atividade previstos no artigo 230.º do Código Comercial.
As sociedades civis podem adotar qualquer um dos tipos societários já referidos, previstos para as sociedades
comerciais. Neste caso designar-se-ão por sociedades civis sob forma comercial e estarão sujeitas ao regime do
Código das Sociedades Comerciais, adquirindo, por isso, personalidade jurídica própria a partir do registo
definitivo do contrato de sociedade Cf. Artigo 5.º do Código das Sociedades Comerciais

As restantes são sociedades civis sob forma civil ou sociedades civis puras e regular-se-ão pelo disposto nos
artigos 980º e seguintes do Código Civil, não sendo, em princípio, dotadas de personalidade jurídica e não
cabendo portanto no elenco da alínea a) do artigo 2.º. Estas sociedades estarão sujeitas ao regime de
transparência fiscal previsto no artigo 6.º.

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Incidência Pessoal
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Art. º 2º CIRC
Assim, são sujeitos passivos de IRC:

Cooperativas
As cooperativas são pessoas coletivas autónomas, de livre constituição, de capital e composição variáveis, que,
através da cooperação e entreajuda dos seus membros e na observância dos princípios cooperativos, visam, sem
fins lucrativos, a satisfação das necessidades e aspirações económicas, sociais ou culturais daqueles, podendo
ainda, na prossecução dos seus objetivos, realizar operações com terceiros (artigo 2.º da Lei n.º 51/96, de 7 de
setembro - Código Cooperativo ).

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Incidência Pessoal
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Art. º 2º CIRC
Assim, são sujeitos passivos de IRC:
Empresas públicas
 As empresas públicas são as empresas nacionalizadas e as criadas pelo Estado, com capitais próprios ou
fornecidos por outras entidades públicas para a exploração de atividades de natureza económica ou social de
acordo com o interesse público.

 As empresas públicas são, em regra, pessoas coletivas de direito privado a não ser que a lei expressamente as
qualifique de outra maneira (Bancos e Companhias de Seguros nacionalizados) ou tal resulte dos seus estatutos.

 Trata-se de pessoas coletivas de tipo institucional, i.e., não são grupos organizados de pessoas mas sobretudo
massas organizadas de bens.

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Incidência Pessoal
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Art. º 2º CIRC
Assim, são sujeitos passivos de IRC:
Empresas públicas
 Sobre esta matéria ver ainda:
 Lei n.º 50/2012, de 31 de agosto: Aprova o regime jurídico da atividade empresarial local e das participações locais
 Decreto-Lei n.º 133/2013, de 03 de outubro:
 Estabelece os princípios e regras aplicáveis ao setor público empresarial, incluindo as bases gerais do estatuto das empresas
públicas; e
 Cria a unidade Técnica de Acompanhamento e Monitorização do Setor Público Empresarial.
 Este diploma contém ainda:
 Os princípios e regras aplicáveis à constituição, organização e governo das empresas públicas;
 Os princípios e regras aplicáveis ao exercício dos poderes inerentes à titularidade de participações sociais ou a quaisquer
participações em organizações que integrem o setor público empresarial ou que a ele estejam submetidas nos termos da lei;
 Os princípios e regras aplicáveis à monitorização e ao controlo a que estão submetidas as empresas públicas.
 Última atualização pela Lei n.º 53/2014, de 25 de agosto.
 Última atualização pela Lei n.º 75-A/2014, de 30 de setembro.
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Incidência Pessoal
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Art. º 2º CIRC
Assim, são sujeitos passivos de IRC:
Demais pessoas coletivas de direito público ou privado
São também sujeitos passivos de IRC, ainda por força da alínea a) do artigo 2.º, as demais pessoas coletivas de direito público
ou privado.

As pessoas coletivas dizem-se de direito público quando prosseguem primariamente fins de interesse público os quais se
refletem relevantemente na sua constituição ou no seu regime.
São pessoas coletivas de direito público, e como tal sujeitos passivos de IRC, entre outras:
• O Estado;
• As Regiões Autónomas dos Açores e da Madeira;
• As Autarquias Locais.
São pessoas coletivas de direito privado, sujeitas a IRC, sem prejuízo dos benefícios fiscais que lhe sejam atribuídos, as restantes
nomeadamente:
• Os Partidos Políticos;
• Sindicatos e Associações Sindicais;
• Associações Patronais. Fernando Parsotam 2021
Incidência Pessoal
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Art. º 2º CIRC
Sujeitos Passivos
Residentes
Não Residentes

▪ Para efeitos do CIRC, consideram-se residentes as pessoas coletivas e


outras entidades que tenham sede ou direção efetiva em território
português.(Artº 2º nº 3)

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Incidência Pessoal
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Art. º 2º CIRC
Sede e direção efetiva da pessoa coletiva
A sede das pessoas coletivas é um conceito jurídico que se contrapõe como figura afim e paralela ao
domicílio das pessoas singulares.

Assim, a sede da pessoa coletiva é aquela que os respetivos estatutos designem ou, na falta de
designação, o lugar em que funciona a administração principal (artigo 159.º do Código Civil).

Nas sociedades comerciais, a designação da sede em local concretamente definido é um dos elementos
obrigatórios do contrato de sociedade (cf. artigo 9.º n.º 1 alínea e) do Código das Sociedades
Comerciais).

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Incidência Pessoal
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Art. º 2º CIRC
Sede e direção efetiva da pessoa coletiva
Em alternativa à sede, o Código do IRC (à semelhança das convenções sobre dupla tributação
internacional) elegeu a direção efetiva como elemento de conexão determinante para a definição do
conceito de residência.

Direção efetiva é um conceito pelo qual se pretende designar o local onde a empresa é de facto gerida,
i.e., o lugar onde são praticados os atos mais importantes de gestão global da empresa, tais como
reuniões, assembleias, etc. ou até mesmo o próprio lugar de residência dos seus administradores.

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QUALIFICAÇÃO COMO PEQUENA OU
MÉDIA EMPRESA (PME)
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Nos termos do artigo 2.º do anexo ao Decreto-Lei n.° 372/2007, de 6 de novembro, a categoria das
micro, pequenas e médias empresas (PME) é constituída por empresas que empregam menos de 250
pessoas e cujo volume de negócios anual não excede 50 milhões de euros ou cujo balanço total
anual não excede 43 milhões de euros.

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QUALIFICAÇÃO COMO PEQUENA OU
MÉDIA EMPRESA (PME)
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Tratando-se de uma empresa que tenha empresas parceiras e associadas, nos termos definidos no
anexo ao Decreto-Lei n.º 372/2007, de 6 de novembro, a determinação dos resultados da empresa
(cálculo dos efetivos e dos montantes financeiros) é efetuada de acordo com o disposto no artigo 6.º do
anexo ao referido decreto-lei.
Assim, ainda que os dados da empresa se encontrem dentro dos limites para poder ser qualificada como PME,
se os dados agregados (da empresa e das suas parceiras e associadas) ultrapassarem tais limites, as empresas
envolvidas não podem obter a qualificação de PME.

Devem observar-se, ainda, todos os conceitos e critérios a utilizar para aferir o respetivo estatuto de PME que
constam do anexo ao Decreto-Lei n.º 372/2007, de 6 de novembro, alterado pelo Decreto-Lei n.º 143/2009,
de 16 de junho.

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QUALIFICAÇÃO COMO PEQUENA OU
MÉDIA EMPRESA (PME)
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Quadro de preenchimento obrigatório pelos sujeitos passivos residentes que exerçam, diretamente e a título principal, uma atividade
económica de natureza comercial, industrial ou agrícola e pelos não residentes com estabelecimento estável.
Os sujeitos passivos devem assinalar neste quadro o estatuto de micro, pequena ou média empresa, nos termos previstos no anexo ao
Decreto-Lei n.° 372/2007, de 6 de novembro.
Assim, se se qualifica como micro empresa deve assinalar o campo 3, se se qualifica como pequena empresa deve assinalar o campo 4, ou
se se qualifica como média empresa deve assinalar o campo 1.
Os restantes sujeitos passivos assinalam o campo 2.
Caso não tenham solicitado a certificação junto do Instituto de Apoio às Pequenas e Médias Empresas e à Inovação, I.P. (IAPMEI, I.P.), a qual
constitui prova bastante dessa qualificação, devem estar em condições de comprovar a mesma.

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Incidência Pessoal Art. º 2º CIRC
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Sujeito passivo Sociedades comerciais:


. Sociedades civis sob forma comercial
. Cooperativa
C/ personalidade . Empresas públicas
. Outras pessoas colectivas de direito público ou
jurídica (nº 1, al. a)) privado

Cujos rendimentos não sejam tributados


Residente directamente na titularidade de pessoas
singulares ou colectivas, designadamente:
S/ personalidade . Heranças jacentes
. Associações e sociedades civis s/personalidade
jurídica (nº 1, al. b)) jurídica
. Sociedades que ainda não tenham o registo
definitivo

Não Residente Entidades, com ou sem personalidade jurídica


(nº 1, al. c) ,que obtenham em território português
rendimentos não sujeitos a IRS
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Incidência real
Base do Imposto

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Incidência Real
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Rendimentos obtidos por sujeitos passivos de IRC

 A delimitação do objeto é feita no artigo 3.º. Do CIRC

 A obtenção de rendimentos pelos respetivos sujeitos passivos determina o nascimento da obrigação


do imposto.

 O artigo 3.º, ao definir a base tributável, procede a um recorte da incidência real do IRC
distinguindo os sujeitos passivos residentes de não residentes.

 Os sujeitos passivos residentes são, por sua vez, divididos em duas categorias consoante exerçam
ou não, a título principal, uma atividade de natureza comercial, industrial ou agrícola.
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35
Incidência Real (artº 3º)
36

A delimitação do objeto é feita no artigo 3.º. Do


CIRC

SUJEITOS PASSIVOS RESIDENTES

 Exercem a título principal uma actividade de natureza comercial,


industrial ou agrícola - LUCRO
(alínea a) do nº 1)

 Não exercem a título principal uma actividade de natureza comercial,


industrial ou agrícola -Rendimento Global )
(alínea b) do nº 1)
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Incidência Real (artº 3º)
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São atividades de natureza comercial, industrial ou agrícola todas aquelas que


consistam na realização de operações económicas de caráter empresarial, incluindo
as prestações de serviços (n.º 4 do artigo 3.º).

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37
Incidência Real (artº 3º)
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SUJEITOS PASSIVOS NÃO RESIDENTES

 Com estabelecimento estável -Lucro do estabelecimento estável


(alínea c) do nº 1)

 Sem estabelecimento estável - Rendimento das diversas categorias para efeitos de IRS +
Incrementos patrimoniais a título gratuito
(alínea d) do nº 1)
NOTA: Sem prejuízo do previsto nas várias Convenções/Acordos Internacionais sobre dupla tributação, as entidades
não residentes estão sujeitas a IRC apenas quanto aos rendimentos obtidos em território português (ver artigo
4.º - Extensão da obrigação de imposto).

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LUCRO
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( nº 2, art. 3º )

. . . Consiste na diferença entre os valores do


património líquido no fim e no início do período
de tributação, com as correcções estabelecidas
no CIRC.

Conceito de rendimento acréscimo


(Vide ponto 5 do relatório preambular do Código)

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Incidência Real (artº 3º)
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SUJEITOS PASSIVOS NÃO RESIDENTES

Quanto aos sujeitos passivos não residentes, a existência ou não de estabelecimento


estável em território português, constitui, como vimos, o critério de distinção daqueles
sujeitos passivos para efeitos de determinação da respetiva base tributável.

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Estabelecimento estável
(artº 5)
41

▪ Qualquer instalação fixa ou representação permanente através da


qual seja exercida uma actividade de natureza comercial, industrial ou
agrícola (nº 1).

41

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Estabelecimento estável
(artº 5, nº 2 a 6))
42

 Este conceito é alargado pelos n.os 2 a 6 que incluem na noção de


estabelecimento estável:
 Um local de direção,

 Uma sucursal,

 Um escritório,

 Uma fábrica,

 Uma oficina,

 Uma mina, um poço de petróleo ou de gás, uma pedreira ou qualquer outro local
de extração de recursos naturais situado em território português.
42

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Estabelecimento estável
(artº 5, nºs 3, 4 e 5)
43

 Um local ou um estaleiro de construção, de instalação ou de montagem, bem como as atividades de coordenação, fiscalização
e supervisão com eles conexas, quando a duração desse local ou estaleiro ou a duração dessas atividades exceda seis meses
as instalações, plataformas ou barcos de perfuração utilizados para a prospeção ou exploração de recursos naturais – desde
que a duração da obra ou atividade exceder 90 dias

A contagem de prazo, no caso de estaleiros de construção, de instalação


ou montagem, aplica-se:
Individualmente a cada estaleiro
A partir da data do início da atividade, incluindo trabalhos preparatórios
Não são relevantes as interrupções temporárias
Não é relevante a empreitada ter sido encomendada por
diversas pessoas

Em caso de subempreitada, considera-se que o subempreiteiro possui um estabelecimento estável no estaleiro se aí exercer a
sua atividade por um período superior a seis meses.

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Estabelecimento estável
(artº 5, nºs 6 )
44
Considera-se também que existe estabelecimento estável
Sempre que uma pessoa, que não seja um agente independente, atue em território
português por conta de uma empresa, sempre que:
• Tenha e habitualmente exerça poderes de intermediação e de conclusão de contratos
que vinculem a empresa, nomeadamente contratos:
I.Em nome da empresa
II.Relativos à transmissão da propriedade, do direito de uso de bens pertencentes à
empresa ou que a mesma tenha direito de usar;
III.Para prestação de serviços por essa empresa
• Exerça habitualmente um papel determinante para a celebração, pela empresa, de
contratos (referidos anteriormente), de forma rotineira e sem alterações substanciais
ou
• Mantenha em território português um depósito de bens ou mercadorias para entrega
em nome da empresa, ainda que não intervenha
Fernando na2021
Parsotam celebração de contratos
Estabelecimento estável
(artº 5, nº 7 e 8)
45

Nos n.os 7 e 8, há uma delimitação negativa do mesmo conceito, excluindo expressamente as


chamadas “atividades de caráter meramente preparatório ou auxiliar” ao mesmo tempo que se limita a
existência de estabelecimento estável nos estaleiros de construção ou montagem, aos casos em que a
atividade desenvolvida ultrapasse um determinado período (6 meses).

A amplitude do conceito reflete a importância reconhecida ao princípio da fonte em relação ao


princípio da residência, na tributação dos lucros provenientes das atividades empresariais.

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Estabelecimento estável
(artº 5, nº 7)
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Considera-se que não existe estabelecimento estável


Quando a empresa exerce a sua atividade por
intermédio de um comissionista ou qualquer outro
agente independente, desde que essas pessoas atuem
no âmbito normal da sua atividade, suportando o risco
empresarial da mesma

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Estabelecimento estável
(artº 5, nº 8)
47

Com a ressalva do disposto no n.º 3, a expressão «estabelecimento estável» não compreende as


atividades de caráter preparatório ou auxiliar a seguir exemplificadas:
 a) As instalações utilizadas unicamente para armazenar ou expor mercadorias pertencentes à empresa;
 b) Um depósito de mercadorias pertencentes à empresa mantido unicamente para as armazenar ou expor;
 c) Um depósito de mercadorias pertencentes à empresa mantido unicamente para serem transformadas por
outra empresa;
 d) Uma instalação fixa mantida unicamente para comprar mercadorias ou reunir informações para a empresa;
 e) Uma instalação fixa mantida unicamente para exercer, para a empresa, qualquer outra atividade de caráter
preparatório ou auxiliar;
 f) Uma instalação fixa mantida unicamente para o exercício de qualquer combinação das atividades referidas
nas alíneas a) a e), desde que a atividade de conjunto da instalação fixa resultante desta combinação seja de
caráter preparatório ou auxiliar.

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Relativamente à situação abaixo descrita, diga qual a resposta que acha correcta

48

Uma sociedade residente no Canadá que tem por objecto a compra e venda de material electrónico, tem uma sucursal
em Portugal que se dedica à prospecção de mercado e à prestação de informações para a empresa. Esta sucursal:

Exemplo:
a) Configura desde logo um estabelecimento estável, visto a sucursal constituir um dos exemplos paradigmáticos de
estabelecimento estável;

b) Embora se trate de uma instalação fixa, não configura um estabelecimento estável, visto não se exercer, através dela,
uma actividade de natureza comercial, industrial ou agrícola;

c) Não configura um estabelecimento estável, porquanto a actividade exercida através da sucursal tem um carácter
meramente preparatório ou auxiliar;

d) É um estabelecimento estável, sendo o mesmo tributado pelo lucro que lhe é imputável.

48

Fernando Parsotam 2021


Relativamente à situação abaixo descrita, diga qual a resposta que acha correcta

49

Uma sociedade não residente vende mercadorias para o território português dispondo, para o efeito, de um agente neste território que procede à
angariação de clientes para a empresa não residente e lhe presta um serviço de entrega das mercadorias vendidas. Este agente:
Exemplo:
a) É um representante permanente da sociedade não residente, sendo, portanto, um estabelecimento estável desta
sociedade;

b) É um agente independente e, como tal, não configura um estabelecimento estável da sociedade não residente;

c) Não configura um estabelecimento estável, porquanto não dispõe de poderes de intermediação e de celebração de
contratos que vinculem a empresa;

d) É um estabelecimento estável da sociedade não residente, pois esta sociedade realiza as suas vendas em território
português.
49

Fernando Parsotam 2021


Estabelecimento estável
(artº 5, nº 9)
50

Considera-se que os sócios ou membros das entidades não residentes sujeitas


ao regime da transparência fiscal, que não tenham sede nem direcção efectiva
em território português, obtém os rendimentos através de estabelecimento
estável nele situado  nº 9 do artº 5º
É apenas para imputação dos rendimentos previstos no artº 6ºdo CIRC

Não são obrigados a possuir contabilidade


organizada
É permitida a entrega da DM22, sem indicação do
TOC, desde que a mesma apenas evidencie, em
exclusivo, o preenchimento dos campos 709 e/ou 755
do quadro 07

Fernando Parsotam 2021


Incidência Real (artº 3º)
51

Rendimento global e rendimentos das diversas categorias do IRS


Além do lucro, o n.º 1 do artigo 3.º, fixa como base do imposto:

 O rendimento global (entidades residentes que não exerçam a título principal uma atividade de
natureza comercial, industrial ou agrícola) - al. b)

 Os rendimentos das diversas categorias consideradas para efeitos de IRS (não residentes sem
estabelecimento estável em território português ou, possuindo-o os rendimentos não lhe sejam
imputáveis) - al. d)

Fernando Parsotam 2021


51
Incidência Real (artº 3º)
52

Rendimento global e rendimentos das diversas categorias do IRS

 no caso dos residentes, e embora o rendimento global se refira igualmente aos rendimentos das
diversas categorias do IRS, ele corresponde à sua soma algébrica com referência a todo o período
de tributação;

 no caso dos não residentes, o IRC incidirá sobre os rendimentos individualizados daquelas categorias
no momento e à medida em que eles forem sendo auferidos.

Fernando Parsotam 2021


52
Artº 3º CIRC – Base do Imposto
53

Sujeito passivo Base do Imposto


Exerçam a título principal
Uma actividade de natureza comercial, LUCRO
industrial ou agrícola (alínea a)
Residente
(Obrigação pessoal)
Não exerçam a título principal RENDIMENTO
Uma actividade de natureza comercial, GLOBAL
industrial ou agrícola (alínea b))
LUCRO DO
ESTAB. ESTÁVEL e
Com estabelecimento estável em Vendas a residentes
Portugal
de bens e mercadorias
Não Residente (alínea c))
similares
(Obrigação
real/limitada) Sem estabelecimento estável em
Portugal , ou com rendimentos que RENDIMENTO
Fernando
não lhe sejam Parsotam 2014
imputáveis DAS DIVERSAS
(alínea d)) CATEGORIAS DO
IRS
Fernando Parsotam 2021
Incidência (artºs 2º e 3º)
54

Concluindo:
Enquanto no artigo 2.º se distinguem os vários tipos de sujeitos passivos, no artigo 3.º determina-se que a base de
incidência do imposto não é a mesma para todos eles. Procede-se, desta forma, a uma discriminação qualitativa
dos diversos sujeitos passivos em função da sua natureza específica, fazendo-se incidir o imposto sobre realidades
distintas (o lucro, o rendimento global e os rendimentos das diversas categorias), consoante a especificidade do
respetivo sujeito passivo.

Esta diferenciação dos sujeitos passivos e da base do imposto assume especial relevância em toda a restante
estrutura do código. Discriminando, nos termos referidos, o universo de incidência do IRC, o legislador sentiu
necessidade de, ao nível da arrumação sistemática do código, dar seguimento a este recorte da sujeição tributária.
Assim, foram concebidas regras próprias para os diferentes tipos de sujeitos passivos, na determinação da matéria
coletável, nas taxas, na liquidação e no pagamento do IRC.

Fernando Parsotam 2021


54
Extensão da obrigação de Imposto
55

O artigo 4.º, fixa o âmbito da sujeição tributária conforme os sujeitos passivos


tenham, ou não, a sua sede ou direção efetiva em território português.

Fernando Parsotam 2021


Extensão da obrigação de Imposto
56

O artigo 4.º, fixa o âmbito da sujeição tributária conforme os sujeitos passivos


tenham, ou não, a sua sede ou direção efetiva em território português.

Fernando Parsotam 2021


Artº 4º CIRC – Extensão da obrigação de Imposto
57

Sujeito passivo Âmbito da sujeição

Obrigação Pessoal ou ilimitada Todos os rendimentos incluindo


Residente os obtidos fora do território
português
(nº 1)

Apenas os rendimentos obtidos


Obrigação Real ou limitada em território português
Não Residente
(nº 2)
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Rendimentos obtidos em território português
58

 Face à distinção efetuada, no caso de obrigação real, para os não


residentes, é necessário identificar quais os rendimentos considerados
obtidos em território português.

 A identificação é feita nos n.os 3 e 4 do artigo 4.º do CIRC

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Rendimentos obtidos fora do
território português
59

Não serão, no entanto, considerados como obtidos em território português os rendimentos enumerados
na alínea c) do nº 3 do artº 4º, ainda que sendo pagos por entidades residentes, quando os mesmos;
constituam encargo de estabelecimento estável situado fora do território português relativamente à
atividade exercida por seu intermédio,
e bem assim
quando não se verificarem essas condições, os rendimentos referido no n.º 7 da mesma alínea c) do nº 3,
quando os serviços de que derivam, sendo realizados integralmente fora do território português, não
respeitem a bens situados nesse território nem estejam relacionados com estudos, projetos, apoio técnico
ou à gestão, serviços de contabilidade ou auditoria e serviços de consultoria, organização, investigação
e desenvolvimento em qualquer domínio.
(n.º 4 do artigo 4.º).

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território português
60

Para efeitos de IRC, o território português compreende também as zonas onde, em


conformidade com a legislação portuguesa e do direito internacional, a República
Portuguesa tem direitos soberanos relativamente à prospeção, pesquisa e exploração
dos recursos naturais do leito do mar, do seu subsolo e das águas sobrejacentes..
(n.º 5 do artigo 4.º).

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61

Fernando Parsotam 2021


Transparência Fiscal (artº 6º)
62

 Para efeitos de IRC, as sociedades de pessoas têm tratamento idêntico às sociedades de capitais
sendo-lhes, todavia, aplicado um regime especial de tributação designado de transparência fiscal,
consignado no artigo 6.º.

 Este regime de tributação é de aplicação imediata caso estejam verificados os pressupostos


consignados na lei.

62

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Transparência Fiscal (artº 6º)
63

 Nos termos do artigo 6.º, as sociedades transparentes devem imputar aos respetivos
sócios a matéria coletável ou o lucro tributável / prejuízo fiscal, que lhes
corresponder, determinado nos termos do Código do IRC.

63

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Transparência Fiscal (artº 6º)
64

Para além da determinação da matéria coletável, a natureza instrumental desta sujeição revela-se
ainda no cumprimento das restantes obrigações acessórias, por parte destas sociedades.
(Vide última parte do ponto 3 do relatório do preâmbulo do CIRC)

A sociedade considerada transparente não é assim, tributada em sede de IRC, exceto quanto às
tributações autónomas (artigo 12.º), integrando-se os valores imputados no rendimento tributável dos
sócios ou membros, para efeitos de IRC ou IRS, consoante se trate de pessoas coletivas ou singulares.

Em consequência deste método de sujeição meramente instrumental, as sociedades e agrupamentos


abrangidos pelo regime de transparência fiscal não são sujeitos passivos da obrigação principal, i.e.,
o pagamento do imposto é transferido para as pessoas dos respetivos sócios ou membros, em sede de
IRS ou IRC, salvo no que respeita ao pagamento de IRC decorrente da existência de tributação
autónoma. 64

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Transparência Fiscal (artº 6º)
65

 Sociedades Civis sem forma comercial


 Sociedades Profissionais
 A sociedade cujos rendimentos provenham, em mais de 75 %, do exercício conjunto ou isolado de
atividades profissionais especificamente previstas na lista a que se refere o artigo 151.º do Código
do IRS, desde que, cumulativamente, durante mais de 183 dias do período de tributação, o número de
sócios não seja superior a cinco, nenhum deles seja pessoa coletiva de direito público e, pelo menos,
75 % do capital social seja detido por profissionais que exercem as referidas atividades, total ou
parcialmente, através da sociedade; (Redação dada pela Lei n.º 82-C/2014, de 31/12)
 Sociedades de simples administração de bens
 Agrupamentos complementares de empresas (ACE)
 Agrupamentos europeus de interesse económico (AEIE)

65

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Regime de Transparência Fiscal
Art.º 6.º nº 5 CIRC
66

▪ Não são consideradas sociedades de simples administração de bens os que exerçam a


atividade de gestão de participações sociais de outras sociedades e que detenham
participações sociais que cumpram os requisitos previstos no n.º 1 do artigo 51.º, do CIRC.

▪ Tais requisitos são : participações mínima de 10% e detida de modo ininterrupto durante 12
meses

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Transparência Fiscal
67
(artº 6º nº 1)
NAS SOCIEDADES

Imputação aos sócios da matéria colectável ou membros das entidades transparentes.

 Em sede de IRS os valores imputáveis integram-se como rendimento liquido da categoria B

67

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Transparência Fiscal
(artº 6º nº 2)
68

NOS AGRUPAMENTOS
• No caso dos ACE e AEIE a imputação faz-se quer dos
lucros quer dos prejuízos

Q7 da
DM22
Acrescer Deduzir
L709 L755

68

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Transparência Fiscal
69
(artº 6º)
 Exemplo:
A sociedade XPTO, SA é membro de um ACE, do qual recebeu, no período de tributação de 2018, o montante de €
1.000,00, correspondente à sua quota-parte dos lucros apurados em 2017, o qual contabilizou na respetiva conta da
classe 7 - Rendimentos.
Nesse mesmo período 2018, o referido ACE, que é constituído por 20 membros, apurou um lucro tributável de €
15.000,00.

Resolução:
Correções no Quadro 07:
Em 2018
Campo 709 – Acréscimo de € 750,00 (€ 15.000,00 / 20)
Campo 771 – Dedução de € 1.000,00 (como forma de evitar a dupla tributação dos lucros referentes a 2017 e
distribuídos em 2018).

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Transparência Fiscal
70
(artº 6º)
 Embora as entidades sujeitas ao regime de transparência fiscal não sejam tributadas em IRC, exceto no que respeita às
tributações autónomas (conforme art.º 12.º), continuam obrigadas ao cumprimento de todas as restantes obrigações fiscais,
nomeadamente à apresentação da declaração de rendimentos modelo 22 e da declaração de informação empresarial
simplificada (IES) com os anexos respetivos.

 A imputação aos sócios deve ser efetuada no período de tributação a que a matéria coletável ou o lucro tributável /
prejuízo fiscal respeite, pelo que estes devem solicitar, atempadamente, às respetivas entidades, os elementos considerados
indispensáveis para a concretização dessa imputação, quer a nível de matéria coletável ou lucro tributável / prejuízo fiscal,
quer relativamente às deduções à coleta que proporcionalmente lhes corresponder.

Fernando Parsotam 2021


Transparência Fiscal
(artº 6º)
71

Retenções na fonte

Os rendimentos auferidos pelas sociedades sujeitas a este regime estão sujeitos a retenção na fonte nos
mesmos moldes que os dos restantes sujeitos passivos de IRC, retenções essas que são imputadas aos
sócios, independentemente da existência ou não da matéria coletável. Essa imputação é feita nos termos
que resultarem do ato constitutivo ou, na falta de elementos, em partes iguais.

Fernando Parsotam 2021


Transparência Fiscal
(artº 6º)
72

Correções ao lucro tributável/prejuízo fiscal ou à matéria coletável

Sempre que existam correções lucro tributável/prejuízo fiscal (no caso dos agrupamentos) ou à matéria
coletável (no caso das sociedades) sujeitas ao regime de transparência fiscal que implicam alteração
dos montantes imputados aos membros ou sócios, a Autoridade Tributária e Aduaneira promoverá as
correspondentes modificações na liquidação efetuada àqueles, cobrando-se ou anulando-se as
diferenças apuradas.
(artigo 100.º)

Fernando Parsotam 2021


Transparência Fiscal
(artº 6º)
73

Pagamento especial por conta

As sociedades e agrupamentos abrangidos pelo regime de transparência fiscal não


têm de efetuar o PEC (pagamento especial por conta) a que se refere o artigo 106.º.

Fernando Parsotam 2021


Transparência Fiscal
(artº 6º)
74

Derrama

As sociedades e agrupamentos abrangidos pelo regime de transparência fiscal não


têm de efetuar pagamento da Derrama.

Fernando Parsotam 2021


Transparência Fiscal
(artº 6º)
75

. neutralidade fiscal
objectivos . combate à evasão fiscal
. Eliminação da dupla tributação

Obrigatoriedade do . Sociedades e agrupamentos residentes,


referidos no artº 6º.
regime

Imputação aos sócios /


membros
Sociedades:
. Civis sem forma comercial Agrupamentos:
. De profissionais . ACE
. De simples administração de bens . AEIE
(nº 1) (nº 2)

Matéria colectável lucro ou prejuízo

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76

Determinação do Rendimento
Entidades residentes

Fernando Parsotam 2021


77

Rendimentos não sujeitos a IRC

Fernando Parsotam 2021


Rendimentos não sujeitos
a IRC (artº 7º)
78

Não estão sujeitos a IRC os rendimentos diretamente resultantes do exercício de


atividade sujeita ao imposto especial de jogo.

O artigo 7.º afasta da incidência de IRC, os rendimentos que resultem diretamente da atividade sujeita
ao imposto de jogo cujo regime jurídico consta do Decreto-Lei n.º 10/95, de 19 de janeiro (que publica
integralmente em anexo o Decreto-Lei n.º 422/89, de 02 de dezembro).

A não sujeição a IRC atinge apenas os rendimentos resultantes do exercício da atividade do jogo e
de outras atividades a que as empresas concessionárias fiquem obrigadas.

Fernando Parsotam 2021


79

Período de Tributação

Fernando Parsotam 2021


Período de Tributação (Art.º 8.º)
80

Regra geral, o IRC é devido por cada exercício económico o qual coincidirá com o ano
civil (artigo 8.º, n.º 1).

Há porém exceções a esta regra:


• Período de tributação de 12 meses, mas não coincidente com o ano civil
- Em caso de opção por parte do contribuinte;
• Período de tributação inferior a um ano; e
• Período de tributação superior a um ano.

Fernando Parsotam 2021


Período de Tributação (Art.º 8.º)
81

Coincidência entre o exercício Período de tributação Período de tributação


económico e o ano civil (nº 1) inferior a um ano superior a um ano
Exceto:
C/ sede ou direção efetiva em Exercício do início da
território português, bem como as actividade; Sociedades em
PC ou outras entidades sujeitas a Exercício da cessação da liquidação (n.º 8)
IRC que não tenham sede nem actividade;
direção efetiva e nele disponham
de estabelecimento estável, Quando as condições de
podem adotar periódo diferente, o Sujeição a imposto ocorram
qual deve coincidir com o período e deixem de verificar-se no
social de prestação de contas, mesmo exercício ou quando
devendo ser mantido por pelo adoptem um período de
menos 5 periodos de tributação. tributação diferente.
(nº 2)
(n.º 4)

Fernando Parsotam 2021


Cessação da actividade
(nº 5) do artº 8º)
82

O legislador ao estabelecer a data relevante para efeitos de cessação, tem,


também neste aspeto, em consideração o tipo de sujeito passivo:

residente

ou

não residente.

82

Fernando Parsotam 2021


Cessação da actividade
(nºs 5/a) do artº 8º)
83

Entidades com sede ou direção efetiva em território português

 Na data do encerramento da liquidação (releva a data do pedido de registo do


encerramento da liquidação)

 Na data da fusão ou cisão (quanto às sociedades extintas em consequência


destas)

 Na data em que a sede ou direção efetiva se deixam de verificar em território


nacional

 Na data em que se verificar a aceitação da herança jacente ou esta se encontra


vaga a favor do Estado. 83

 Na data em que se deixarem de verificar as condições de sujeição a imposto


Fernando Parsotam 2021
Cessação da actividade
(nº 5/b) do artº 8)
84

Entidades sem sede ou direcção efectiva em território português

 Na data em que cessaram totalmente a atividade, através do estabelecimento estável ou


deixarem de receber rendimentos em território português.

84

Fernando Parsotam 2021


Cessação da actividade
(nº 6 do artº 8º)
85

Cessação oficiosa da atividade

Em casos excecionais, a administração fiscal pode também declarar


oficiosamente a cessação de atividade

85

Fernando Parsotam 2021


Cessação da actividade
(nºs 6 e 7 do artº 8º)
86

Cessação oficiosa da atividade


 Quando for manifesto que esta não está a ser exercida nem há
intenção de a continuar a exercer

Ou

 Sempre que o sujeito passivo tenha declarado o exercício de uma


atividade sem que possua uma adequada estrutura empresarial em
condições de a exercer
86

A cessação oficiosa não desobriga o S.P. do


Cumprimento das obrigações tributárias
Fernando Parsotam 2021
Facto gerador do imposto
(nº 9 do artº 8º)
87

Um dos princípios contemplados na regra geral é o de que o IRC é devido


por cada exercício económico, o qual, como é sabido, nem sempre coincide
com o ano civil.

Assim, torna-se necessário termos uma data de referência de modo a


podermos determinar o momento em que o imposto se torna devido.

87

Fernando Parsotam 2021


Facto gerador do imposto
(nº 9 do artº 8º)
88

Regra geral:
considera-se verificado no último dia do período de tributação.
Excepções (nº 10)
Rendimentos obtidos por entidades não residentes, que não sejam imputados a estabelecimento
estável situado em território português
 Ganhos resultantes da transmissão onerosa de imóveis, – data da transmissão (al. a)
 Rendimentos objecto de retenção a título definitivo – na data em que ocorra a obrigação de efectuar
a retenção (al. b)
 Incrementos patrimoniais adquiridos a título gratuito – na data da aquisição (al. c)

88

Fernando Parsotam 2021


89

Fernando Parsotam 2021


Isenções e outros Benefícios
(artigos 9.º a 14.º)
90

Considerações gerais

Nas normas de isenção estão previstas algumas situações cuja verificação impede a
produção dos efeitos os factos tributários constitutivos da obrigação de imposto,
constituindo, assim, uma exceção às regras de incidência.

Fernando Parsotam 2021


Isenções e outros Benefícios
(artigos 9.º a 14.º)
91

Isenções tributárias e exclusões tributária


▪ A isenção fiscal não se confunde com a exclusão tributária, pois a exclusão tributária

não é uma exceção às regras de incidência na medida em que os factos abrangidos


se situam fora do âmbito genérico da sujeição, isto é, fora do campo do imposto.

Fernando Parsotam 2021


Isenções e outros Benefícios
(artigos 9.º a 14.º)
92

Benefícios fiscais
As isenções são verdadeiros benefícios fiscais tal como o são as reduções de taxas, as
deduções à matéria coletável ou à coleta, as amortizações e reintegrações aceleradas e
outras medidas de caráter excecional instituídas para tutela de interesses públicos
extrafiscais que sejam superiores aos da própria tributação que impedem.
Outros, de caráter menos estrutural, mas ainda assim dotados de alguma estabilidade,
surgem inseridos no EBF.

Fernando Parsotam 2021


Isenções e outros Benefícios
(artigos 9.º a 14.º)
93

 São benefícios que se traduzem numa isenção total ou parcial em


função:

 do tipo de sujeito passivo (isenções pessoais)


ou
 de rendimentos (isenções reais).

Fernando Parsotam 2021


Isenções Automáticas (art.º 9.º)
94

 O Estado, as Regiões Autónomas, as autarquias locais e qualquer dos seus serviços,


estabelecimentos e organismos, ainda que personalizados, incluindo os institutos públicos, ( com
exceção das entidades públicas com natureza empresarial),

 As associações e federações de municípios e as associações de freguesia que não exerçam


atividades comerciais, industriais ou agrícolas;

 As instituições de segurança social e previdência a que se referem os artigos 94.º e 106.º da Lei n.º
4/2007, de 16 de janeiro;

 Os fundos de capitalização e os rendimentos de capitais administrados pelas instituições de


segurança social e de previdência a que se referem os artigos 94.º e 106.º da Lei n.º 4/2007, de 16 de
janeiro.

Fernando Parsotam 2021


Isenções Automáticas (art.º 9.º)
95

Não são abrangidos por esta isenção:


 Os rendimentos dos estabelecimentos fabris das Forças Armadas provenientes de atividades
não relacionadas com a defesa e segurança nacionais;

 Os rendimentos de capitais tal como são definidos para efeitos de IRS, auferidos pelas entidades
indicadas, à exceção dos fundos de capitalização, e os rendimentos de capitais administrados
pelas instituições de segurança social.

O Estado, atuando através da Agência de Gestão da Tesouraria e da Dívida Pública, está isento de
IRC no que respeita a rendimentos de capitais decorrentes de operações de swap, operações
cambiais a prazo e operações de reporte de valores mobiliários, tal como são definidos para efeitos de
IRS.

Fernando Parsotam 2021


Isenções automáticas ou a requerimento dos
interessados (art.º 10.º)
96

 As pessoas colectivas de utilidade pública administrativa (automática);

 As instituições particulares de solidariedade social, bem como as pessoas coletivas àquelas


legalmente equiparadas (automática);

 As pessoas coletivas de mera utilidade pública que prossigam, exclusiva ou


predominantemente, fins científicos ou culturais, de caridade, assistência, beneficência,
solidariedade social, defesa do meio ambiente e interprofissionalismo agroalimentar.
 Esta isenção carece de reconhecimento pelo Ministro das Finanças, a requerimento dos interessados,
mediante despacho publicado no Diário da República. Este deverá definir a respetiva amplitude, de harmonia
com os fins prosseguidos e as atividades desenvolvidas para a sua realização e demais informação que a
Administração Tributária julgue necessária.

Fernando Parsotam 2021


Estatutos dos Benefícios Fiscais
97

O EBF consagra isenções pessoais (art. 55.º) – Associações e


Confederações, que contempla as pessoas coletivas públicas, de tipo
associativo, criadas por lei para assegurar a disciplina e representação
do exercício de profissões liberais (alínea a) do n.º1), bem como
confederações e associações patronais e sindicais (alínea b) do n.º1).

Fernando Parsotam 2021


Isenções Reais
98

As isenções reais ou objectivas traduzem-se em benefícios concedidos fundamentalmente em função


do tipo de rendimento ou factos que a lei considera impeditivos da obrigação de imposto. Naturalmente
que também nestas isenções, muitas das vezes, o beneficio opera sempre em função dos sujeitos
passivos na esfera dos quais se produzem/geram os rendimentos abrangidos pela isenção.

Quando na determinação da isenção, a qualidade do SP que aufere o rendimento isento, e não isento, é
igualmente relevante para esse efeito, dizemos que estamos perante uma isenção mista

Fernando Parsotam 2021


99

Fernando Parsotam 2021


Atividades culturais, recreativas e desportivas - Art.
11.º do CIRC
100

Os rendimentos directamente derivados do exercício de actividades


culturais, recreativas e desportivas estão isentas de IRC, se forem
auferidos por associações legalmente constituídas para o exercício
dessas actividades – isenção mista – desde que respeitem
cumulativamente as seguintes condições:

Fernando Parsotam 2021


Atividades culturais, recreativas e desportivas - Art.
11.º do CIRC- continuação
101

 Em caso algum distribuírem resultados e os membros dos seus órgãos


sociais não tenham por si ou entreposta pessoa, algum interesse directo ou
indirecto nos resultados de exploração das actividades prosseguidas;

 Disponham de contabilidade ou escrituração que abranja todas as suas


actividades e a ponham à disposição dos serviços fiscais, designadamente
para comprovação das condições atrás referidas

(n.º 2 do artigo 11.º)

Fernando Parsotam 2021


Atividades culturais, recreativas e desportivas - Art.
11.º do CIRC- continuação
102

Para efeitos desta isenção não se consideram directamente derivados do


exercício de actividades culturais, recreativas ou desportivas os rendimentos
de:
1. Qualquer actividade comercial, industrial ou agrícola, ainda que a título acessório;
2. Publicidade;
3. Direitos respeitantes a qualquer forma de transmissão;
4. Jogo do bingo;
5. Bens imóveis;
6. Aplicações financeiras.

(n.º 3 do art.º 11.º)

Fernando Parsotam 2021


Atividades culturais, recreativas e desportivas - continuação
103

Conjugando o n.º 3 do art.º 11.º com o o n.º 1 do art.º 54.º do E.B.F.


(coletividades desportivas, de cultura e recreios) isenta de IRC os
rendimentos destas coletividades desde que a totalidade dos seus
rendimentos brutos sujeitos a tributação e não isentos nos termos do
Código, não exceda o montante de 7.500,00€.

Fernando Parsotam 2021


Atividades culturais, recreativas e desportivas - continuação
104

O n.º 2 do art.º 54.º do E.B.F. determina que as importâncias investidas pelos


clubes desportivos em novas infra-estruturas desportivas ou por eles
despendidas em actividades desportivas de recreação e no desporto de
rendimento, não provenientes de subsídios, podem ser deduzidas ao
rendimento global até ao limite de 50% da soma algébrica dos rendimentos
líquidos previstos no n.º 3 do art.º 11.º do CIRC, sendo o eventual excesso
deduzidos até ao final do segundo exercício seguinte ao do investimento.
(Este valor deverá constar do campo 399 do quadro 09 da declaração modelo
22 de IRC)

Fernando Parsotam 2021


Atividades culturais, recreativas e desportivas - continuação
105

Quanto aos incrementos patrimoniais obtidos a título gratuito, destinados à


direta e imediata realização dos fins estatutários os mesmos, estão isentos
por força do disposto no n.º 4 do artigo 54.º CIRC.

Consideram-se rendimentos não sujeitos a IRC as quotas pagas pelos


associados em conformidade com os estatutos, bem como os subsídios
destinados a financiar a realização dos fins estatutários. n.º 3 do artigo 54.º
CIRC

Fernando Parsotam 2021


Atividades culturais, recreativas e desportivas - continuação
106

Sempre que estas associações obtenham rendimentos sujeitos e não isentos,


para efeitos de determinação do rendimento global e da matéria coletável,
deverá atender-se, entre outros, aos artigos 53.º e 54.º do código.

Fernando Parsotam 2021


Art.º 12.º CIRC
107

Sociedades e outras entidades abrangidas pelo regime de


transparência fiscal

Estas sociedades não são tributadas em IRC, salvo quanto às tributações


autónomas.

Fernando Parsotam 2021


Entidades de navegação marítima ou aérea
- Art.º 13.º CIRC
108

Este artigo prevê uma isenção de IRC quanto aos lucros da exploração de
navios e aeronaves auferidos por entidades não residentes, desde que
se verifique a reciprocidade e a equivalência desta isenção quanto às
empresas da mesma natureza, residentes, e que essa reciprocidade seja
reconhecida por despacho do Ministro das Finanças publicado no Diário da
República.

Note-se que desta isenção só aproveitam os rendimentos que devam ser


havidos como lucros dessas atividades. Outros rendimentos com fonte no
nosso no nosso país, obtidos por estas entidades estarão sujeitos às regras
gerais de tributação.

Fernando Parsotam 2021


Outras isenções - Art.º 14.º CIRC
109

 Entidades a quem tenham sido concedidas isenções no âmbito de acordo celebrado com o Estado (nº
1);

 Estão também isentos de IRC os lucros derivados de obras e trabalhos comuns NATO, realizados em
território português, auferidos por empreiteiros ou arrematantes nacionais ou estrangeiros (nº 1 e 2);

 Lucros de uma entidade residente em território português, nas condições estabelecidas na Diretiva n.º
211/96/UE, que coloque à disposição de uma entidade residente noutro Estado Membro da EU, que
esteja nas mesmas condições e que detenha diretamente uma participação no capital da primeira não
inferior a 10% e desde que esta tenha permanecido na sua titularidade, de modo ininterrupto, durante
1 ano. (nº 3)

Fernando Parsotam 2021


Outras isenções - Art.º 14.º CIRC
110

Lucros/reservas atribuídos a entidades não residentes (n.os 3 a 7 do artigo 14.º)


Nos termos do n.º 3 do artigo 14.º, estão isentos os lucros e reservas que uma entidade residente em território
português, sujeita e não isenta de IRC ou do imposto especial de jogo e não abrangida pelo regime da transparência
fiscal, coloque à disposição de uma entidade que:
a) Seja residente:
1) Noutro Estado-Membro da União Europeia;
2) Num Estado-Membro do EEE70 que esteja vinculado a cooperação administrativa no domínio da
fiscalidade equivalente à estabelecida no âmbito da União Europeia;
3) Num Estado com o qual tenha sido celebrada e se encontre em vigor Convenção para evitar a dupla
tributação que preveja a troca de informações;
b) Esteja sujeita e não isenta de um imposto referido no artigo 2.º da Diretiva n.º 2011/96/UE, do
Conselho, de 30 de novembro, ou de um imposto de natureza idêntica ou similar ao IRC desde que, nas
situações previstas na subalínea 3) da alínea anterior, a taxa legal aplicável à entidade não seja inferior a 60 %
da taxa do IRC prevista no n.º 1 do artigo 87.º;
c) Detenha direta ou direta e indiretamente, nos termos do n.º 6 do artigo 69.º, uma participação não
inferior a 10% do capital social ou dos direitos de voto da entidade que distribui os lucros ou reservas;
d) Detenha a participação referida na alínea anterior de modo ininterrupto, durante o ano anterior à
colocação à disposição;

Fernando Parsotam 2021


Outras isenções - Art.º 14.º CIRC
111

Lucros/reservas atribuídos a entidades não residentes (n.os 3 a 7 do artigo 14.º)


Este preceituado é igualmente aplicável aos lucros e reservas que uma entidade residente em território
português coloque à disposição de um estabelecimento estável , situado noutro Estado-Membro da
União Europeia ou do EEE de uma entidade que cumpra os requisitos do n.º 3 (n.º 6 do artigo 14.º).
Para que esta isenção funcione é ainda necessário que:
• Seja feita prova perante a entidade que se encontra obrigada a efetuar a retenção na fonte,
anteriormente à data da colocação à disposição dos rendimentos ao respetivo titular, da verificação
dos pressupostos legais;
• Seja apresentada declaração confirmada e autenticada pelas autoridades fiscais competentes do
Estado-Membro de que a entidade beneficiária é residente;
• Seja dado cumprimento ao estipulado no artigo 119.º do Código do IRS – Comunicação de
rendimentos e retenções.

Fernando Parsotam 2021


Outras isenções - Art.º 14.º CIRC
112

Lucros/reservas atribuídos a sociedades residentes na Confederação Suíça (n.os 8 e 9 do artigo 14.º)


Nos termos do n.º 8 do artigo 14.º, estão isentos de IRC os lucros que uma entidade residente em território português
coloque à disposição de uma sociedade residente na Confederação Suíça, nos termos e condições referidos no
artigo 15.º do Acordo entre a Comunidade Europeia e a Confederação Suíça, que prevê medidas equivalentes às
previstas na Diretiva n.º 2003/48/CE, do Conselho, de 3 de junho, relativa à tributação dos rendimentos da poupança
sob a forma de juros, sempre que:
A sociedade beneficiária dos lucros tenha uma participação mínima direta de 25 % no capital da sociedade que
a)
distribui os lucros desde há pelo menos dois anos; e
Nos termos das convenções destinadas a evitar a dupla tributação celebradas por Portugal e pela Suíça com
b)
quaisquer Estados terceiros, nenhuma das entidades tenha residência fiscal nesse Estado terceiro; e
Ambas as entidades estejam sujeitas a imposto sobre o rendimento das sociedades sem beneficiarem de
c)
uma qualquer isenção e ambas revistam a forma de sociedade limitada.
Exige-se prova da verificação dos requisitos nos mesmos termos já referidos no nº 4 deste artigo.

Fernando Parsotam 2021


Outras isenções - Art.º 14.º CIRC
113

Juros e royalties

Estão isentos de IRC os juros e royalties (tal como definidos no n.º 14), cujo beneficiário efetivo seja
uma sociedade de outro Estado-Membro da União Europeia ou um estabelecimento estável situado
noutro Estado-Membro de uma sociedade de um Estado-Membro, devidos ou pagos por sociedades
comerciais ou civis sob forma comercial, cooperativas e empresas públicas residentes em território
português ou por um estabelecimento estável aí situado de uma sociedade de outro Estado-Membro,
desde que verificados os termos, requisitos e condições estabelecidos na Diretiva n.º 2003/49/CE, do
Conselho, de 3 de junho.

(nº 12)

Fernando Parsotam 2021


Outras isenções - Art.º 14.º CIRC
114

Juros e royalties
Esta isenção depende da verificação dos requisitos e condições seguintes:
b) A entidade residente em território português ou a sociedade de outro Estado-Membro com
estabelecimento estável aí situado seja uma sociedade associada à sociedade que é o beneficiário
efetivo ou cujo estabelecimento estável é considerado como beneficiário efetivo dos juros ou royalties, o
que se verifica quando:
i) uma sociedade detém uma participação direta de, pelo menos, 25% no capital de outra
sociedade; ou
ii) A outra sociedade detém uma participação direta de, pelo menos, 25 % no seu capital; ou
iii) Quando uma terceira sociedade detém uma participação direta de, pelo menos, 25 % tanto no
seu capital como no capital da outra sociedade e, em qualquer dos casos, a participação seja detida
de modo ininterrupto durante um período mínimo de dois anos;

(nº 13)

Fernando Parsotam 2021


Outras isenções - Art.º 14.º CIRC
115

Juros e royalties
Esta isenção depende da verificação dos requisitos e condições seguintes:
c) Quando o pagamento seja efetuado por um estabelecimento estável, os juros ou os royalties
constituam encargos relativos à atividade exercida por seu intermédio e sejam dedutíveis para efeitos da
determinação do lucro tributável que lhe for imputável;
d) A sociedade a quem são efetuados os pagamentos dos juros ou royalties seja o beneficiário efetivo
desses rendimentos, considerando-se verificado esse requisito quando aufira os rendimentos por conta
própria e não na qualidade de intermediária, seja como representante, gestor fiduciário ou signatário
autorizado de terceiros e no caso de um estabelecimento estável ser considerado o beneficiário efetivo,
o crédito, o direito ou a utilização de informações de que resultam os rendimentos estejam efetivamente
relacionados com a atividade desenvolvida por seu intermédio e constituam rendimento tributável para
efeitos da determinação do lucro que lhe for imputável no Estado-Membro em que esteja situado.
(nº 13)
O n.ºs 15 e 17 preveem algumas exceções a esta isenção.

Fernando Parsotam 2021


Outras isenções – Estatuto dos Benefícios Fiscais (EBF) e
CódigoFiscal do Investimento (CFI)
116

Para além das isenções previstas no código do IRC existe um vasto conjunto de isenções
dispersas pelo Estatuto dos Benefícios Fiscais (EBF) aprovado pelo Decreto-Lei n.º 215/89,
de 1 de julho.
Na sequência da reforma do IRC e com o objetivo de intensificar o apoio ao investimento,
favorecendo o crescimento sustentável, a criação de emprego, e contribuindo para o reforço
da estrutura de capital das empresas, foi publicado o Decreto-Lei n.º 162/2014, de 31 de
outubro, que aprovou um novo Código Fiscal do Investimento e procedeu à revisão dos
regimes de benefícios fiscais ao investimento produtivo, e respetiva regulamentação, tendo
em vista a promoção da competitividade da economia portuguesa e a manutenção de um
contexto fiscal favorável ao investimento, à criação de emprego e ao reforço dos capitais
próprios das empresas.

Fernando Parsotam 2021


117

Fernando Parsotam 2021


Aspetos gerais
118

O Capítulo III do Código do IRC vem introduzir, no ordenamento jurídico-fiscal,


as regras conducentes à determinação da matéria coletável dos sujeitos
passivos deste imposto, tendo como ponto de partida o resultado líquido do
exercício apurado de acordo com a normalização contabilística aplicável.

Dá-se, deste modo, especial relevo à função instrumental desempenhada pela


contabilidade para cujas regras se faz, sistematicamente remissão numa
tentativa de aproximar a fiscalidade da contabilidade e evitar controversos
pontos de vista, não raras vezes eivados de inutilidade.

Fernando Parsotam 2021


Definição de matéria coletável
119

Inicia-se com o artigo 15.º o capítulo que trata da determinação


da matéria coletável, nele se configurando já a
compartimentação que vai operar-se a nível de cada sujeito
passivo, face aos elementos diferenciadores e às regras
específicas que disciplinaram a forma de determinação do lucro
tributável.

Assim, de acordo com o artigo 15.º, a matéria coletável (base


tributável) é obtida do seguinte modo:

Fernando Parsotam 2021


Residentes que exercem a título principal uma actividade C,I ou A, C/
ou S/ personalidade Jurídica - artº 15º nº 1 al. a)
120

A matéria coletável é determinada por dedução ao lucro tributável,


apurado nos termos dos artigos 17.º e seguintes, dos montantes
relativos aos prejuízos fiscais, nos termos do artigo 52.º e dos
benefícios fiscais a que tenham direito, de que aproveitem as mesmas
entidades quando dedutíveis ao lucro tributável.

Fernando Parsotam 2021


Residentes que exercem a título principal uma actividade C,I ou A, C/
ou S/ personalidade Jurídica - artº 15º nº 1 al.a)
121

Esquematizando:

MATÉRIA LUCRO PREJUÍZOS BENEFÍCIOS


COLETÁVEL
artigo 15.º, n.º = TRIBUTÁVEL
artigo 17.º e - FISCAIS
dedutíveis - FISCAIS
dedutíveis ao
1, al. a) seguintes artigo 52.º lucro tributável

Fernando Parsotam 2021


Residentes que não exercem a título principal uma actividade C,I ou A,
C/ ou S/ personalidade Jurídica - artº 15º nº 1 al.b)
122

A matéria coletável obtém-se deduzindo ao rendimento global,


constituído pela soma algébrica dos rendimentos líquidos das várias
categorias de IRS (artigo 53.º), os montantes correspondentes aos
custos comuns e outros imputáveis aos rendimentos sujeitos a
imposto e dele não isentos, nos termos do artigo 54.º, bem como dos
benefícios fiscais de que aproveitem e que a ele se mostrem de
deduzir.

Fernando Parsotam 2021


Residentes que não exercem a título principal uma actividade C,I ou A,
C/ ou S/ personalidade Jurídica - artº 15º nº 1 al.a)
123

Esquematizando:

RENDIMENT GASTOS BENEFÍCIOS


MATÉRIA O GLOBAL COMUNS FISCAIS
COLETÁVEL
artigo 15.º, n.º 1, = INCLUINDO
RENDIMENTOS
OBTIDOS A TÍTULO
- IMPUTÁVEIS AOS
RENDIMENTOSUJEITOS
E DELE NÃO ISENTOS
- dedutíveis ao
Rendimento
al. b) GARTUITO NOS TERMOS DO
Global
artigo 53.º artigo 54.º

Fernando Parsotam 2021


Entidades não Residentes com Estabelecimento Estável -
Base: lucro - artº 15 nº 1 al. c)
124

A matéria coletável será igual ao lucro tributável imputável ao


estabelecimento estável , determinado nos termos do artigo 55.º,
deduzido dos prejuízos fiscais imputáveis a esse estabelecimento
estável, nos termos do artigo 52.º, bem como dos benefícios fiscais
eventualmente existentes.

Fernando Parsotam 2021


Entidades não Residentes com Estabelecimento Estável - Base: lucro -
artº 15 nº 1 al. c) e artº 55º.
125

Esquematizando:

MATÉRIA LUCRO PREJUÍZOS BENEFÍCIOS


COLETÁVEL
artigo 15.º, n.º = TRIBUTÁVEL
artigo 17.º e - FISCAIS
dedutíveis - FISCAIS
dedutíveis ao
1, al. c) seguintes artigo 52.º lucro tributável

Fernando Parsotam 2021


Entidades não Residentes sem Estabelecimento Estável - Base:
Categorias de IRS- artº 15 nº 1 al. d)
126

A matéria coletável será determinada de acordo com as regras


estabelecidas para as categorias correspondentes de IRS bem
como os incrementos patrimoniais obtidos a título gratuito, de
acordo com o disposto no artigo 56.º.

Fernando Parsotam 2021


Entidades não Residentes sem Estabelecimento Estável - Base:
Categorias de IRS- artº 15 nº 1 al. d)
127

Rendimento
Incrementos
MATÉRIA das várias categorias
patrimoniais obtidos a
COLETÁVEL = consideradas para + título gratuito
efeitos de IRS determinado nos termos
artigo 15.º, n.º 1, alínea d) determinado nos termos do artigo 56.º
do artigo 56.º

Fernando Parsotam 2021


MATÉRIA COLETAVEL
128

Entidades

Não
Residentes
residentes

Com
Exerce a título
estabelecimento
principal a actividade
estável ?
comercial, industrial
ou agrícola ? Sim Não
Não Sim

Rendimento Global (IRS) Lucro Tributável Rendimentos (Regras IRS)


(art. 53.º) (art. 17.º e art.º 55º) (art. 56.º)
-
Custos Comuns Prejuízos Fiscais
(art.54.º) (art. 52.º)

Benefícios Fiscais Benefícios Fiscais

=
MATÉRIA COLECTÁVEL
Fernando
(Artº 15º) Parsotam 2021
Métodos e competência para Determinação da Matéria Coletável
(artº 16º)
129

Declaração do
contribuinte
(Nº 1)

Pelos serviços
Na sua falta da ATA
(Nº s 2 e 3)

Ou, Métodos
excepcionalmente Indirectos
(Nº 4)

Fernando Parsotam 2021


130

Fernando Parsotam 2021


Art. 17.º Determinação do lucro tributável
131

O lucro tributável é constituído pela soma algébrica do resultado líquido do


exercício e das variações patrimoniais positivas e negativas verificadas no
mesmo período e não reflectidas naquele resultado, determinados com base
na contabilidade e eventualmente corrigidos nos termos do Código

Fernando Parsotam 2021


Art. 17.º Determinação do lucro tributável
132

CONDIÇÕES A OBSERVAR

 A Contabilidade estar organizada de acordo com a normalização contabilística e demais


disposições legais

 Reflectir todas as operações realizadas pelo s.p.

 Permitir de forma clara distinguir os resultados e as variações patrimoniais sujeitas ao IRC


das restantes

(nº3 do artº 17)

132

Fernando Parsotam 2021


Art. 17.º Determinação do lucro tributável
133

Resultado contabilístico
+ Variações patrimoniais positivas (art.º 21.º)
- Variações patrimoniais negativas (art.º 24.º)
+/ - Correções fiscais
LUCRO TRIBUTÁVEL
(art.º 17º n.º 1) Quadro 7
DM22

133
Fernando Parsotam 2021
Periodização do lucro tributável
134
artigo 18.º CIRC
Os rendimentos e os gastos, assim como as outras componentes positivas ou negativas do lucro tributável, são
imputáveis ao período de tributação em que sejam obtidos ou suportados, independentemente do seu recebimento
ou pagamento, de acordo com o regime de periodização económica. (nº 1)

As componentes positivas ou negativas consideradas como respeitando a períodos anteriores só são imputáveis
ao período de tributação quando na data de encerramento das contas daquele a que deviam ser imputadas eram
imprevisíveis ou manifestamente desconhecidas. (nº 2)

134

Fernando Parsotam 2021


Campo 710 – Correções relativas a períodos de
tributação anteriores (art.º 18.º, n.º 2)
135

O n.º 2 do artº 18º do CIRC permite que as componentes positivas ou negativas consideradas como
respeitando a períodos anteriores sejam imputáveis ao período de tributação quando à data de
encerramento das contas daquele a que deviam ser imputadas eram imprevisíveis ou manifestamente
desconhecidas.

Assim, neste campo devem ser acrescidos os gastos relativos a períodos de tributação anteriores que não
se enquadrem no âmbito do n.º 2 do artº 18º CIRC.

No caso de existirem rendimentos contabilizados nas mesmas condições devem os mesmos ser deduzidos
no campo 756.

Quadro 7
DM22
Fernando Parsotam 2021
Periodização do lucro tributável
136
artigo 18.º CIRC
(artigo 18.º CIRC – IAS 18) NCRF 20:

Mantém-se o princípio da realização, ou seja, devem manter-se as regras actuais: os réditos relativos a vendas e a prestações de
serviços são considerados no período de tributação a que respeitam, pela quantia nominal da contraprestação (nº5)

Não é aceite, para efeitos fiscais, a aplicação contabilística da IAS 18 / NCRF 20 na parte em que permite, quando haja
diferimento do rédito, determinar um justo valor menor que a quantia nominal do dinheiro recebido ou a receber.
Neste caso, a diferença é reconhecida como rédito de juros

Fernando Parsotam 2014 136

Fernando Parsotam 2021


Campo 711 – Vendas e prestações de serviços com pagamento diferido:
Diferença entre a quantia nominal da contraprestação e o justo valor
(art.º 18.º, n.º 5)
137

Por força do disposto no art.º 18.º, n.º 5, os réditos relativos a vendas e a prestações de serviços são
imputáveis ao período de tributação a que respeitam pela quantia nominal da contraprestação, não
aceitando assim o que dispõe a NCRF 20 e a Norma Internacional de Contabilidade (IAS) 18 .
Este campo 711 destina-se, portanto, a corrigir a diferença entre o justo valor e a
quantia nominal da retribuição a receber.
Nos períodos de tributação em que for considerado o rédito dos juros, a respetiva
quantia é deduzida no campo 757.

Quadro 7
DM22
Fernando Parsotam 2021
exemplo
138

Em 30 de junho de 2017, uma sociedade vendeu um bem dos seus inventários por €
10.000,00, permitindo ao adquirente que efetue o pagamento no prazo de 18 meses.
Admitindo que o justo valor da retribuição a receber é de € 9.400,00, a sociedade
reconheceu em 2017, como rédito de vendas, € 9.400,00 e como rédito de juros, por
exemplo, € 200,00. Em 2018 reconheceu como rédito de juros a quantia restante de €
400,00.

Fernando Parsotam 2021


Exemplo - resolução

139

Correções no Quadro 07:

Em 2017
⇒ Campo 711 – Acréscimo de € 600,00 (€ 10.000,00 – € 9.400,00)
⇒ Campo 757 – Dedução de € 200,00 (rédito de juros reconhecido na
respetiva conta da classe 7- Rendimentos).

Em 2018
⇒ Campo 757 – Dedução de € 400,00 (rédito de juros reconhecido na
respetiva conta da classe 7- Rendimentos).
Fernando Parsotam 2021
Campos 782 – Gastos referentes a inventários e a fornecimentos e
serviços externos com pagamento diferido: gastos de juros
(art.º 18.º,n.º 5)
140

Como o n.º 5 do artigo 18.º obriga a que o gasto dos inventários e dos fornecimentos e serviços externos
com pagamento diferido seja considerado pela quantia nominal da contraprestação, (não aceita o
disposto no § 18 da NCRF 18), isso implica que:
i) No período de tributação em que é reconhecido o gasto dos inventários ou o gasto dos
fornecimentos e serviços externos, a diferença entre a quantia nominal da contraprestação e a
quantia contabilizada como gasto deve ser deduzida no campo 791;
ii) No(s) período(s) de tributação em que o gasto dos juros é reconhecido contabilisticamente, acresce-
se o respetivo montante no campo 782.

Quadro 7
DM22
Fernando Parsotam 2021
exemplo

141

Em 30 de junho de 2019, uma sociedade comprou um bem dos seus inventários por €
10.000,00, permitindo o vendedor o pagamento no prazo de 18 meses.
Admitindo que o justo valor da retribuição a pagar é de € 9.400,00, a sociedade
reconheceu em 2019, como despesa de compra, € 9.400,00 e como gasto de juros, por
exemplo, € 200,00. Em 2020 reconheceu como gasto de juros a quantia restante de €
400,00.

Fernando Parsotam 2021


Exemplo - resolução

142

Correções no Quadro 07:

Em 2019
Campo 791 – dedução de € 600,00 (€ 10.000,00 – € 9.400,00)
Campo 782 – Acréscimo de € 200,00 (gasto de juros reconhecido na
respetiva conta da classe 6- Gastos).

Em 2020
Campo 782 – Acréscimo de € 400,00 (gasto de juros reconhecido na
respetiva conta da classe 6- Gastos).
Fernando Parsotam 2021
Periodização do lucro tributável
artigo 18.º, nº9, CIRC
143

(artigo 18.º CIRC – IAS 18) NCRF 20:


 Os ajustamentos decorrentes da aplicação do justo valor não concorrem para a formação do lucro tributável,
sendo imputados como rendimentos ou gastos no período de tributação em que os elementos ou direitos que
lhes deram origem sejam alienados, exercidos, extintos ou liquidados, excepto quando:

 respeitem a instrumentos financeiros reconhecidos pelo justo valor através de resultados, desde que,
tratando-se de instrumentos do capital próprio, tenham um preço formado num mercado regulamentado e o
sujeito passivo não detenha, directa ou indirectamente, uma participação no capital igual ou superior a 5 %
do respectivo capital social; ou

 tal se encontre expressamente previsto no CIRC

Fernando Parsotam 2021


Periodização do lucro tributável
artigo 18.º nº 7, nº 9 al.b) CIRC
144

Agricultura : tratamento fiscal

No que se refere aos activos biológicos consumíveis, está previsto que os ganhos e perdas resultantes da
aplicação do justo valor concorram para a formação do lucro tributável (artºs 20º nº1 al. g) e 23º nº 2 al.
k)
São, porém, excepcionadas as explorações silvícolas plurianuais, mantendo-se o tratamento fiscal
anterior (artigo 18.º n.º 7 do CIRC)

Fernando Parsotam 2014 144

Fernando Parsotam 2021


Campo 713 – Ajustamentos não dedutíveis decorrentes
da aplicação do justo valor
(art.º 18.º, n.º 9)
145

Em regra, os ajustamentos decorrentes da aplicação do justo valor não concorrem para a formação do
lucro tributável, assim sendo:
i) Se esses ajustamentos forem reconhecidos em resultados implicam correções neste campo 713 ou no campo
759, consoante sejam, respetivamente, ajustamentos negativos ou positivos;
ii) Se os ajustamentos forem reconhecidos no capital próprio (como é o caso, por exemplo, dos ativos financeiros
disponíveis para venda referidos na IAS 39 – Instrumentos Financeiros), as respetivas variações patrimoniais não
concorrem para a formação do lucro tributável, pelo que, neste caso, não há lugar a correções no Quadro 07.

Quadro 7
DM22
Fernando Parsotam 2021
Campo 713 – Ajustamentos não dedutíveis decorrentes da
aplicação do justo valor (art.º 18.º, n.º 9)
146

No entanto existem exceções:


No caso de se tratar de instrumentos de capital próprio, só se aceitam os ajustamentos decorrentes da aplicação
do justo valor através de resultados se os mesmos tiverem um preço formado num mercado regulamentado e o
sujeito passivo detiver, direta ou indiretamente, uma participação no capital inferior ou igual a 5%.
se tal estiver expressamente previsto no Código [ver, por exemplo, art.º 20.º, n.º 1, alíneas f) e g) e art.º 23.º,
n.º 1, alíneas j) e k), no que respeita a instrumentos financeiros e a ativos biológicos consumíveis que não sejam
explorações silvícolas plurianuais] e [ por exemplo, os derivados, nos termos do art.º 49.º ].

Quadro 7
DM22
Fernando Parsotam 2021
exemplo

147

A empresa “InvestXPTO, SA” adota a NCRF-PE. Em 2016-10-31 adquiriu um lote de


ações em bolsa, cujo custo de aquisição foi € 650.000,00, correspondentes a 6% do
capital social da participada. As ações foram mensuradas ao justo valor dos termos do §
17.8 da NCRF-PE. Em 2016-12-31, a cotação destas mesmas ações era € 680.000,00 e
consequentemente este ganho potencial (€ 30.000,00) foi reconhecido em resultados.

Fernando Parsotam 2021


Exemplo - resolução

148

Correções no Quadro 07:


Em 2016

Campo 759 – Ajustamentos não tributáveis decorrentes da


aplicação do justo valor (art.º 18.º, n.º 9) - Dedução do ganho de
€30,000,00. Não verifica as condições de exceção.

Fernando Parsotam 2021


Exemplo 2

149

A empresa “InvestXPTO, SA” adota a NCRF-PE. Em 2016-10-31 adquiriu um lote de


ações em bolsa, cujo custo de aquisição foi € 650.000,00, correspondentes a 4% do
capital social da participada. As ações foram mensuradas ao justo valor dos termos do §
17.8 da NCRF-PE. Em 2016-12-31, a cotação destas mesmas ações era € 680.000,00 e
consequentemente este ganho potencial (€ 30.000,00) foi reconhecido em resultados.

Fernando Parsotam 2021


Exemplo - resolução

150

Correções no Quadro 07: não há, visto tratar-se de uma das exceções em que os
ajustamentos decorrentes do justo valor são aceites fiscalmente e concorrem para a
determinação do lucro tributável, nos termos do nº 9, do artº 18º do CIRC.

Fernando Parsotam 2021


Periodização do lucro tributável
artigo 18.º nº8 CIRC
151

Investimentos em associadas:
NCRF 13

A contabilização e divulgação dos investimentos em associadas encontram-se reguladas na NCRF 13 e IAS 28


Segundo estas normas, os investimentos em empresas associadas devem ser contabilizados usando o método da equivalência
patrimonial

Tal como se encontra actualmente estabelecido no n.º 8 do artigo 18.º do Código do IRC, não concorrem para a formação do
lucro tributável os rendimentos e gastos e quaisquer variações patrimoniais relevados na contabilidade em consequência da
utilização do método da equivalência patrimonial, no caso de empreendimentos conjuntos que sejam s.p. de IRC, do método
de consolidação proporcional, devendo os rendimentos provenientes dos lucros distribuídos ser imputados ao período de
tributação em que se adquire o direito ao mesmo.

151

Fernando Parsotam 2021


Campos 712 e 758 – Anulação dos efeitos do método da equivalência
patrimonial e do método de consolidação proporcional no caso de
empreendimentos conjuntos que sejam sujeitos passivos de IRC
152
(art.º 18.º, n.º 8)
Para efeitos fiscais, não são aceites os efeitos decorrentes da utilização do método da equivalência
patrimonial ou, no caso de empreendimentos conjuntos que sejam sujeitos passivos de IRC, do
método de consolidação proporcional previsto nos normativos contabilísticos.
Nestes termos, não concorrem para a formação do lucro tributável os rendimentos e os gastos, assim
como outras variações patrimoniais, relevados na contabilidade em consequência da utilização dos
referidos métodos.

Quadro 7
DM22
Fernando Parsotam 2021
Campos 712 – Anulação dos efeitos do método da equivalência
patrimonial (art.º 18.º, n.º 8)
153

Assim, por exemplo, no período de tributação em que a participante reconhecer


contabilisticamente como rendimento o montante correspondente à sua quota-parte do
resultado da participada, deve deduzi-lo no campo 758, por forma a expurgar do
resultado tributável aquele rendimento.
No período de tributação em que se verificar a atribuição dos lucros, devem estes ser
considerados como rendimentos para efeitos fiscais, pelo que deve proceder-se ao
correspondente acréscimo no campo 712.

Quadro 7
DM22
Fernando Parsotam 2021
exemplo

154

A sociedade Beta, Lda. detém, desde dezembro de 2013, uma parte de capital
correspondente a 20% da sociedade XPTO, Lda.
Em 31 de dezembro de 2016, o resultado líquido do período apurado pela sociedade
XPTO, Lda. foi de € 5.000,00.
Em março de 2017, foi decidida a distribuição dos lucros aos sócios, no montante de €
4.000,00.
Ambas as sociedades cumprem os requisitos exigidos pelo n.º 1 do art.º 51.º.

Fernando Parsotam 2021


Exemplo - resolução

155

Correções no Quadro 07:


Em 2016
Campo 758 – Dedução da quota-parte do resultado líquido do período
apurado por XPTO, Lda e reconhecida contabilisticamente como rendimento - €
1.000,00 (20% x € 5.000,00)
Em 2017
Campo 712 – Acréscimo da quota-parte do resultado distribuído,
referente ao período de tributação de 2013 - € 800,00 (20% x € 4.000,00)
Campo 771 – Dedução de € 800,00 respeitante à eliminação da dupla
tributação económica prevista no art.º 51.º

Fernando Parsotam 2021


Periodização do lucro tributável
Pagamento com base em ações
artigo 18.º nº11 CIRC (Campos +714 e -760)
156

Se a contraparte for um colaborador da empresa


(trabalhador ou membro do órgão social)

Concorrem para a formação do lucro tributável no período de tributação em que as opções ou direitos forem
exercidos, pelas quantias liquidadas ou, se aplicável pela diferença entre o valor dos instrumentos de capital
próprios atribuídos e o respectivo preço de exercício pago.

(Verifica-se assim, para efeitos fiscais, que deve ser coincidente o período em que se verifica o gasto para IRC e o
rendimento sujeito a IRS para o beneficiário)

Fernando Parsotam 2021


Campos 714 e 760 – Pagamentos com base em ações
(art.º 18.º, n.º11)
157

O preenchimento do campo 714 resulta do facto de o momento do reconhecimento contabilístico do pagamento com
base em ações previsto na Norma Internacional de Relato Financeiro (IFRS) 2 – Pagamento com base em ações ser,
em regra, anterior ao momento do reconhecimento fiscal.

Com efeito, o reconhecimento fiscal só opera no período de tributação em que os respetivos direitos ou opções
sejam exercidos, pelas quantias liquidadas ou, se aplicável, pela diferença entre o valor dos instrumentos de capital
próprio atribuídos e o preço de exercício pago, pelo que estas importâncias devem ser deduzidas no campo 760,
no respetivo período de tributação.

Quadro 7
DM22
Fernando Parsotam 2021
Periodização do lucro tributável Benefícios dos Empregados
artigo 18.º nº12 CIRC (Campo +715)
158

 Benefícios de cessação de emprego;


 Benefícios de reforma;
 Outros benefícios pós emprego ou de longo prazo
(Não abrangidos pelo artº 43º e não considerados
rendimentos da cat.A)

O benefício só é GASTO FISCAL


No período em que as importâncias são pagas ou colocadas à
disposição dos respectivos beneficiários
Fernando Parsotam 2021
Campos 715 e 761 – Gastos de benefícios de cessação de emprego,
benefícios de reforma, e outros benefícios pós emprego ou a longo
prazo dos empregados (art.º 18.º, n.º 12)
159

Os gastos relativos a benefícios de cessação de emprego, benefícios de reforma e outros benefícios pós
emprego ou a longo prazo dos empregados, que não sejam considerados rendimentos de trabalho
dependente e não estejam abrangidos pelo disposto no artigo 43.º (realizações de utilidade social), não
são dedutíveis no período de tributação em que são reconhecidos contabilisticamente como gastos,
obrigando a correções neste campo 715.
Estes gastos só são aceites fiscalmente no período de tributação em que as importâncias sejam pagas
ou colocadas à disposição dos respetivos beneficiários, devendo, então, ser deduzidos no campo 761.

Quadro 7
DM22
Fernando Parsotam 2021
Campos 715 e 761 – Gastos de benefícios de cessação de emprego,
benefícios de reforma, e outros benefícios pós emprego ou a longo
prazo dos empregados (art.º 18.º, n.º 12)
160

As indemnizações por despedimento desde que pagas por forma diferida em vários períodos de
tributação são benefícios pós-emprego (§ 51 da NCRF 28).

Esta disposição aplica-se também às remunerações acessórias (prémios e bónus) cujo pagamento seja
diferido por um período superior a um ano, relativamente àquele em que foram atribuídas, como
acontece na situação prevista na alínea b) do n.º13 do artigo 88.º.

Quadro 7
DM22
Fernando Parsotam 2021
Exemplo

161

A empresa Alfa, Lda. acordou com um seu empregado um benefício de


cessação de emprego no valor de 5.000. Em 2017 a empresa só pagou
2.000 e os restantes 3.000 vão ser pagos em 2018.

Fernando Parsotam 2021


Exemplo - resolução

162

Correções no Quadro 07:

2017: Campo 715 acréscimo de 3.000


2018: Campo 761 dedução de 3.000

Fernando Parsotam 2021


Contratos de Construção
163

Relativamente ao reconhecimento dos réditos e gastos referentes aos contratos de


construção, a alínea c) do n.º 3 do art.º 18.º remete para o disposto no art.º 19.º.

Fernando Parsotam 2021


Contratos de Construção
164

Do ponto de vista fiscal, de acordo com o disposto no n.º 1 do art.º 19.º, a determinação dos resultados
de contratos de construção é efetuada segundo o critério da percentagem de acabamento.

Percentagem de acabamento = gastos incorridos ÷ gastos totais (gastos incorridos + gastos


estimados para conclusão do contrato).

Atendendo ao pressuposto de balanceamento dos réditos e dos gastos, sendo o início e a conclusão da
execução de um contrato de construção, por força da natureza da atividade subjacente, geralmente em
períodos fiscais diferentes, o apuramento dos resultados deverá efetuar-se à medida que o trabalho de
construção seja executado, independentemente de estar em causa um período de execução superior
a um ano.

Fernando Parsotam 2021


Contratos de Construção
165

Nos termos do n.º 4 do art.º 19.º, atendendo ao princípio da realização, não são
relevantes as provisões constituídas para a cobertura de perdas esperadas
relativas a contratos de construção, correspondendo a gastos ainda não suportados.

Fernando Parsotam 2021


Rendimentos ou ganhos
(Art.º 20º)
166

Em geral
Para configurar o que é rendimento ou ganho, o legislador optou por uma enumeração exemplificativa
das realidades subsumíveis àquele conceito.

De acordo com o art.º 20.º, são considerados rendimentos ou ganhos, num sentido lato, os derivados de
operações de qualquer natureza, e não apenas os provenientes da atividade normal do sujeito passivo,
nomeadamente:

Fernando Parsotam 2021


Rendimentos ou ganhos
(Art.º 20º)
167

a) Os relativos a vendas ou prestações de serviços, descontos, bónus e abatimentos, comissões e corretagens;


b) Rendimentos de imóveis;
c) De natureza financeira, tais como juros, dividendos, descontos, ágios, transferências, diferenças de câmbio,
prémios de emissão de obrigações e os resultantes da aplicação do método do juro efetivo aos instrumentos
financeiros valorizados pelo custo amortizado;
d) Rendimentos da propriedade industrial ou outros análogos;
e) Prestações de serviços de caráter científico ou técnico;
f) Ganhos por aumentos de justo valor em instrumentos financeiros;
g) Ganhos por aumentos de justo valor em ativos biológicos consumíveis que não sejam explorações silvícolas
plurianuais;
h) Mais-valias realizadas;
i) Indemnizações auferidas, seja a que título for;
j) Subsídios à exploração

Fernando Parsotam 2021


Rendimentos ou ganhos
(Art.º 20º)
168

Estabelece o n.º 2 deste artigo que também se considera rendimento o valor correspondente aos produtos
entregues a título de pagamento do imposto sobre a produção de petróleo.

Por sua vez, o n.º 3 vem excluir dos rendimentos do associante, na associação à quota, o rendimento auferido da
sua participação social correspondente ao valor da prestação por si devida ao associado.

É ainda considerada como rendimento a diferença positiva entre o montante entregue aos sócios em resultado da
redução do capital social e o valor de aquisição das respetivas partes de capital (n.º 4 ).

Fernando Parsotam 2021


Variações Patrimoniais positivas Art.º 21,º
169

Concorrem para a formação do lucro tributável, as variações patrimoniais positivas não refletida no resultado
líquido do período, exceto:
 As entradas de capital, incluindo os prémios de emissão de ações ou quotas, bem como as coberturas de
prejuízos, a qualquer título, feitas pelos titulares do capital;
 Outras variações patrimoniais positivas que decorram de operações sobre ações, quotas e outros instrumentos de
capital próprio da entidade emitente, incluindo as que resultem da atribuição de instrumentos financeiros
derivados que devam ser reconhecidos como instrumentos de capital próprio;
 As mais-valias potenciais ou latentes, ainda que expressas na contabilidade, incluindo as reservas de reavaliação
legalmente autorizadas;
 As contribuições, incluindo as participações nas perdas do associado ao associante, no âmbito da associação em
participação e da associação à quota;
 As relativas a impostos sobre o rendimento;

Fernando Parsotam 2021


Variações Patrimoniais positivas Art.º 21,º
170

Concorrem para a formação do lucro tributável, as variações patrimoniais positivas não refletida no resultado
líquido do período, exceto:
 O aumento de capital próprio da sociedade beneficiária decorrente de operações de fusão, cisão, entrada de
ativos ou permuta de partes sociais, com exclusão da componente que corresponder à anulação das partes de
capital detidas nas sociedades incorporadas ou cindidas (redação introduzida com a reforma do IRC, contudo,
consubstancia uma mera clarificação).
 Contrato de associação em participação: contrato através do qual uma pessoa se associa à atividade económica
exercida por outra pessoa, ficando a primeira a participar nos lucros ou nos lucros e perdas que desse exercício
resultarem para a segunda (cfr. o artigo 21.º do Decreto-Lei n.º 231/81, de 28.07).
 Associação à quota: contrato celebrado entre um sócio de uma sociedade (associante) e uma outra pessoa
(associado) pelo qual o primeiro se obriga a prestar ao segundo uma parte convencionada ou a totalidade dos
frutos futuros da quota de que é titular na sociedade, em contrapartida de uma determinada prestação do
associado.

Fernando Parsotam 2021


Variações Patrimoniais positivas
(Art.º 21º, nº 2)
171

Tendo em consideração que os incrementos patrimoniais, obtidos a título gratuito,


passaram a constituir, com a reforma do património (Decreto-Lei n.º 287/2003, de 12 de novembro),
uma variação patrimonial positiva, para efeitos de determinação do lucro tributável, deve considerar-
se como valor de aquisição o seu valor de mercado, não podendo ser inferior ao que resultar
das regras prevista no Código do Imposto do Selo (VPT).

Fernando Parsotam 2021


Campo 702 – Variações patrimoniais positivas não refletidas no resultado líquido
do período (art.º 21.º) e quota-parte do subsídio respeitante a ativos fixos tangíves
não depreciáveis e ativos intangíveis com vida útil indefenida
172 [art.º 22.º, n.º 1, alínea b)]

Neste campo devem figurar as variações patrimoniais positivas que não se encontrem refletidas nas várias rubricas que compõem
o resultado líquido do período e que não se encontrem excecionadas no artigo 21.º.

Atendendo ao conteúdo deste artigo, dir-se-á que a generalidade das variações patrimoniais não serão de considerar para
efeitos do apuramento do lucro tributável.

Concretizando um pouco, não serão relevantes para efeitos fiscais as seguintes realidades:

- Prestações acessórias/suplementares recebidas; - Aumentos de capital; - Revalorizações de ativos fixos tangíveis e ativos
intangíveis, incluindo o respetivo imposto diferido; - Variações patrimoniais decorrentes da aplicação do método da
equivalência patrimonial.

Quadro 7
DM22
Fernando Parsotam 2021
exemplo
173

Constitui exemplo de uma variação patrimonial positiva a inscrever neste campo o


acréscimo patrimonial resultante da “aquisição” de um bem do ativo fixo tangível na
sequência de uma doação, contabilizada na conta 594 – Doações.

Por força do disposto no n.º 2 do art.º 21.º, a quantia a inscrever neste campo 702 é o
valor de aquisição fiscalmente considerado, o qual corresponde ao valor de mercado,
não podendo ser inferior ao que resultar da aplicação das regras de determinação do
valor tributável previstas no Código do Imposto do Selo.

Fernando Parsotam 2021


exemplo
174

A empresa Sorte, Lda, no ano 2017, obteve a título gratuito um molde que reconheceu
contabilisticamente como AFT e no capital próprio pelo valor de €190.000, sendo o
seu valor de mercado na data da aquisição de €200.000;

Fernando Parsotam 2021


Exemplo - resolução
175

Correcções no Quadro 07:

Acresce 200.000€ campo 702 (artº 21º nº 2 CIRC)

Fernando Parsotam 2021


exemplo
176

A empresa X recebeu gratuitamente um prédio urbano, tendo sido o mesmo registado na


respectiva contabilidade pelo valor de € 500 000. De acordo com a notificação recebida,
o respectivo VPT ascendia, à data da transmissão, a € 750 000.
Pretende‐se saber qual o enquadramento fiscal da referida aquisição gratuita e quais os
ajustamentos a efectuar no quadro 07 da Mod. 22, caso aplicável.

Fernando Parsotam 2021


Exemplo - Resolução
177

As aquisições gratuitas são realidades que não se encontram excepcionadas no


artigo 21.º do CIRC, pelo que consubstanciarão variações patrimoniais
relevantes para efeitos fiscais.
Nos termos do artigo 13.º do Código do Imposto do Selo, o valor tributável dos
imóveis deverá ser apurado nos termos do CIMI, o qual indica como relevante o
VPT.

Correcções no Quadro 07:

campo 702 - acrescido do montante de € 750 000.

Fernando Parsotam 2021


SUBSÍDIOS (artºs 20º e 22º)
178

Para efeitos de IRC, relativamente aos subsídios ou subvenções destinados à exploração (alínea j) do
n.º 1 do art.º 20.º), os mesmos devem ser considerados como rendimentos a incluir no resultado líquido
do período em que são atribuídos (se tornam recebíveis).

Contudo, atendendo ao regime do acréscimo ou da periodização económica, consagrado no n.º 1 do


art.º 18.º, quando o subsídio se destina a comparticipar encargos que ainda vão ser suportados pela
empresa, admite-se igualmente a imputação do subsídio em mais de um período tributação, de forma a
balancear com os gastos associados. É o caso de subsídios para ações de formação com duração
plurianual (ver Circular n.º 6, de 15.02.1991, da DSIRC) ou o caso de subsídios que têm associada uma
componente relativa à criação de postos de trabalho, condicionados à sua manutenção por
determinado número de anos (ver Circular n.º 6, de 10.05.2000, da DSIRC).

Fernando Parsotam 2021


SUBSÍDIOS (artºs 20º e 22º)
179

Para efeitos de IRC, relativamente aos subsídios ou subvenções destinados à exploração (alínea j) do
n.º 1 do art.º 20.º), os mesmos devem ser considerados como rendimentos a incluir no resultado líquido
do período em que são atribuídos (se tornam recebíveis).

Contudo, atendendo ao regime do acréscimo ou da periodização económica, consagrado no n.º 1 do


art.º 18.º, quando o subsídio se destina a comparticipar encargos que ainda vão ser suportados pela
empresa, admite-se igualmente a imputação do subsídio em mais de um período tributação, de forma a
balancear com os gastos associados.
É o caso de subsídios para ações de formação com duração plurianual (ver Circular n.º 6, de
15.02.1991, da DSIRC) ou o caso de subsídios que têm associada uma componente relativa à criação
de postos de trabalho, condicionados à sua manutenção por determinado número de anos (ver Circular
n.º 6, de 10.05.2000, da DSIRC).

Fernando Parsotam 2021


Campo 702 – Variações patrimoniais positivas não refletidas no resultado líquido do
período (art.º 21.º) e quota-parte do subsídio respeitante a ativos fixos tangíves não
depreciáveis e ativos intangíveis com vida útil indefenida [art.º 22.º, n.º 1, alínea b)]
180

No que se refere aos subsídios das Entidades Públicas não reembolsáveis relacionados com ativos fixos
tangíveis e ativos intangíveis e em conformidade com a IAS 20 e a NCRF 22 – Contabilização dos
Subsídios e Outros Apoios das Entidades Públicas, eles são inicialmente reconhecidos nos capitais próprios,
gerando uma variação patrimonial positiva não excecionada no art.º 21.º.
Porém, esta variação patrimonial positiva não requer, só por si, qualquer correção no Quadro 07, uma
vez que a tributação é efetuada de forma faseada, em conformidade com o disposto no art.º 22.º do
CIRC.

Quadro 7
DM22
Fernando Parsotam 2021
Campo 702 – Variações patrimoniais positivas não refletidas no resultado líquido do
período (art.º 21.º) e quota-parte do subsídio respeitante a ativos fixos tangíves não
depreciáveis e ativos intangíveis com vida útil indefenida [art.º 22.º, n.º 1, alínea b)]
181

- Quando o subsídio respeitar a ativos depreciáveis ou amortizáveis, o tratamento


fiscal não diverge (substancialmente) do contabilístico, uma vez que o art.º 22.º, n.º 1,
alínea a) estipula que o subsídio concorre para a formação do lucro tributável na
mesma proporção da depreciação ou amortização calculada sobre o custo de
aquisição ou de produção, sem prejuízo, porém, do limite mínimo previsto no n.º 2 do
mesmo artigo.
 Logo, em princípio, não há lugar a qualquer correção neste campo.

Quadro 7
DM22
Fernando Parsotam 2021
exemplo
182

A sociedade A reconheceu em 2017 em capitais próprios, um subsídio a fundo perdido, no


montante € 20.000,00 destinado à aquisição de um ativo tangível, depreciável por um
período de 10 anos e cujo custo de aquisição foi € 80.000,00. A empresa praticou uma
depreciação contabilística à taxa de 10%, coincidente com a taxa máxima aceite
fiscalmente e reconheceu da parte do subsídio como rendimento do período o valor igual a
10% do mesmo.

Fernando Parsotam 2021


Exemplo - resolução
183

 AFT, Depreciação contabilística e fiscal, reconhecida na conta


642 = 8.000 (80.000 x 10%)

 Reconhecimento na conta 7883 da parte do subsídio como


rendimento do período = 2.000 (20.000 x 10%)
Correções no Quadro 07:

não há – artº 22º nº 1 al. a) e nº 2 do CIRC

Fernando Parsotam 2021


Campo 702 – Variações patrimoniais positivas não refletidas no resultado líquido do
período (art.º 21.º) e quota-parte do subsídio respeitante a ativos fixos tangíves não
depreciáveis e ativos intangíveis com vida útil indefenida [art.º 22.º, n.º 1, alínea b)]
184

Este campo destina-se, pois, à inscrição da quota-parte dos subsídios atribuídos aos
seguintes ativos não correntes, determinada de acordo com as alíneas b) a d) do n.º
1 do artigo 22.º do CIRC:

Quadro 7
DM22
Fernando Parsotam 2021
Campo 702 – Variações patrimoniais positivas não refletidas no resultado líquido do
período (art.º 21.º) e quota-parte do subsídio respeitante a ativos fixos tangíves não
depreciáveis e ativos intangíveis com vida útil indefenida [art.º 22.º, n.º 1, alínea b)]
185

No caso de ativos intangíveis sem vida útil definida, como, em termos contabilísticos, o subsídio era
mantido nos capitais próprios, exceto se a respetiva quantia fosse necessária para compensar qualquer
perda por imparidade, agora é imputável em 10 anos acompanhando a amotização, o artigo 22.º, n.º 1,
alínea b) vem estabelecer que o mesmo deve ser incluído no lucro tributável, independentemente do
recebimento, em partes iguais, na proporção prevista no n.º 1 do artigo 45.º-A, ou seja, durante os
primeiros 20 períodos de tributação após o reconhecimento inicial [artigo 22.º, n.º 1, alínea b)].

Quadro 7
DM22
Fernando Parsotam 2021
Campo 702 – Variações patrimoniais positivas não refletidas no resultado líquido do
período (art.º 21.º) e quota-parte do subsídio respeitante a ativos fixos tangíves não
depreciáveis e ativos intangíveis com vida útil indefenida [art.º 22.º, n.º 1, alínea b)]
186

Relativamente às propriedades de investimento (custo de aquisição, grandes reparações e beneficiações e


benfeitorias) e ativos biológicos não consumíveis (custo de aquisição), mensurados pelo modelo de justo valor,
deve o subsídio ser incluído no lucro tributável, independentemente do recebimento, na proporção prevista nos
n.ºs 2 e 3 do artigo 45.º-A, ou seja,
em partes iguais durante o período de vida útil que se deduz da quota mínima de depreciação que seria fiscalmente aceite caso
esse ativo permanecesse reconhecido ao custo de aquisição [artigo 22.º, n.º 1, alínea c)].

Quadro 7
DM22
Fernando Parsotam 2021
Campo 702 – Variações patrimoniais positivas não refletidas no resultado líquido do
período (art.º 21.º) e quota-parte do subsídio respeitante a ativos fixos tangíves não
depreciáveis e ativos intangíveis com vida útil indefenida [art.º 22.º, n.º 1, alínea b)]
187

Para os restantes ativos não correntes, os subsídios devem ser incluídos no lucro tributável, em frações iguais,
durante os períodos de tributação em que os elementos a que respeitem sejam inalienáveis nos termos da lei ou
do contrato ao abrigo dos quais os mesmos foram concedidos, ou, nos restantes casos, durante 10 anos, sendo o
primeiro o do recebimento do subsídio (artigo 22.º, n.º 1, alínea d).

Quadro 7
DM22
Fernando Parsotam 2021
Exemplo

188

Em 2020, a sociedade A, Lda. recebeu um subsídio não reembolsável para a aquisição de


um terreno (não depreciável) destinado à sua atividade operacional, no montante de €
20.000,00. Nem na lei nem no contrato se estabelece qualquer período obrigatório de
manutenção desse mesmo terreno.
Qual o tratamento fiscal?

Fernando Parsotam 2021


Exemplo
189

Correção no Quadro 07:


Em 2020 (e nos nove períodos de tributação seguintes)

- Campo 702 – Acréscimo de € 2.000,00


(€ 20.000,00/10 anos) (artigo 22.º, n.º 1, alínea d).

Fernando Parsotam 2021


Exemplo
190

A sociedade A recebeu e reconheceu da mesma forma, também em 2020, um outro


subsídio de € 40.000,00 destinado à aquisição de uma marca cujo custo de aquisição foi
de € 160.000,00. Sabe-se que a aquisição do direito não tem vigência temporal definida.
Qual o tratamento fiscal?

Fernando Parsotam 2021


Exemplo - resolução
191

Correção no Quadro 07:


Campo 702 → acréscimo de 2000 (40.000/20 anos) artº 22º nº 1 al. b) do CIRC, se não houve imputação
contabilistica.
ou
Campo 775 → dedução de -2000 (40.000/20 anos)- (40,000/10) artº 22º nº 1 al. b) do CIRC, se houve imputação
contabilistica.

campo 719 → acréscimo de 16.000 (160,000/10) (art.º 34.º, n.º 1/a) e artº 16º nº 1 do DR 25/90),
Campo 792 → dedução de 8.000 (160.000/20 anos) por aplicação do artigo 45º-A nº 1 al. a) do CIRC

Fernando Parsotam 2021


SUBSÍDIOS (artºs 20º e 22º)
192

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Deveres de cooperação dos organismos oficiais
e de outras entidades Artº 127º CIRC
193

As entidades que paguem subsídios ou subvenções não reembolsáveis a sujeitos


passivos de IRC são obrigadas a entregar à ATA, até ao final do mês de Fevereiro de
cada ano, declaração de modelo oficial (Mod.42) referente aos rendimentos
atribuídos do ano anterior. (nº 2)

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Gastos ou Perdas
(Art.º 23º)
194

O n.º 1 do art.º 23.º elenca de uma forma exemplificativa os gastos ou perdas a


considerar para efeitos fiscais desde que incorridos ou suportados pelo sujeito passivo
para obter ou garantir os rendimentos sujeitos a IRC: gastos ou perdas a considerar
para efeitos fiscais desde que incorridos ou suportados pelo sujeito passivo para obter
ou garantir os rendimentos sujeitos a IRC.

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Gastos ou Perdas
(Art.º 23º nº 1)
195

a) Os relativos à produção ou aquisição de quaisquer bens ou serviços, tais como matérias utilizadas, mão de obra, energia e outros
gastos gerais de produção, conservação e reparação;
b) Os relativos à distribuição e venda, abrangendo os de transportes, publicidade e colocação de mercadorias e produtos;
c) De natureza financeira, tais como juros de capitais alheios aplicados na exploração, descontos, ágios, transferências, diferenças de
câmbio, gastos com operações de crédito, cobrança de dívidas e emissão de obrigações e outros títulos, prémios de reembolso e
os resultantes da aplicação do método do juro efetivo aos instrumentos financeiros valorizados pelo custo amortizado;
d) De natureza administrativa, tais como remunerações, incluindo as atribuídas a título de participação nos lucros, ajudas de custo,
material de consumo corrente, transportes e comunicações, rendas, contencioso, seguros, incluindo os de vida, doença ou saúde, e
operações do ramo 'Vida', contribuições para fundos de poupança-reforma, contribuições para fundos de pensões e para
quaisquer regimes complementares da segurança social, bem como gastos com benefícios de cessação de emprego e outros
benefícios pós-emprego ou a longo prazo dos empregados;
e) Os relativos a análises, racionalização, investigação, consulta e projetos de desenvolvimento;
f) De natureza fiscal e parafiscal;

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Gastos ou Perdas
(Art.º 23º nº 1)
196

a) Depreciações e amortizações;
b) Perdas por imparidade;
c) Provisões;
d) Perdas por reduções de justo valor em instrumentos financeiros;
e) Perdas por reduções de justo valor em ativos biológicos consumíveis que não sejam explorações silvícolas plurianuais;
f) Menos-valias realizadas;
g) Indemnizações resultantes de eventos cujo risco não seja segurável.

Fernando Parsotam 2021


Gastos ou Perdas
(Art.º 23º)
197

Contudo, para que os gastos enumerados sejam considerados dedutíveis para efeitos
fiscais, são necessários dois requisitos fundamentais:
 Que sejam comprovados documentalmente (nos termos dos n.ºs 4 e 6);

 Que sejam incorridos ou suportados pelo sujeito passivo para obter ou garantir os

rendimentos sujeitos a IRC.

A ausência de qualquer um destes requisitos implica a sua não consideração como


gasto fiscal.

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Gastos ou Perdas
(Art.º 23º)
198

O n.º4 deste art.º 23.º estabelece os elementos mínimos que o documento comprovativo do gasto deve conter,
quando se refira à aquisição de bens ou serviços:
 Nome ou denominação social do fornecedor dos bens ou prestador dos serviços e do adquirente ou destinatário;
 Números de identificação fiscal do fornecedor dos bens ou prestador dos serviços e do adquirente ou
destinatário, sempre que se tratem de entidades com residência ou estabelecimento estável no território nacional;
 Quantidade e denominação usual dos bens adquiridos ou dos serviços prestados;
 Valor da contraprestação, designadamente o preço;
 Data em que os bens foram adquiridos ou em que os serviços foram realizados.

Conforme disposto no n.º 6 do art.º 23.º, se o fornecedor dos bens ou o prestador do serviço estiver obrigado à emissão de
fatura ou documento legalmente equiparado nos termos do Código do IVA, o documento comprovativo acima referido deve
então assumir essa forma.

Fernando Parsotam 2021


Gastos ou Perdas
(Art.º 23º)
199

O n.º 7 do art.º 23.º estabelecer ainda que os gastos respeitantes a ações preferenciais sem voto classificadas
como passivo financeiro de acordo com a normalização contabilística em vigor, incluindo os gastos com a emissão
destes títulos, são dedutíveis para efeitos da determinação do lucro tributável da entidade emitente.

Fernando Parsotam 2021


Variações Patrimoniais negativas
(Art.º 24º nº 1)
200

Concorrem para a formação do lucro tributável, as variações patrimoniais negativas não refletida no resultado
líquido do período, exceto:
a) As que consistam em liberalidades ou não estejam relacionadas com a atividade do contribuinte sujeita a IRC;
b) As menos-valias potenciais ou latentes, ainda que expressas na contabilidade;
c) As saídas em dinheiro ou em espécie, a favor dos titulares do capital, a título de remuneração ou de redução
do mesmo, ou de partilha do património;
d) Outras variações patrimoniais negativas que decorram de operações sobre ações, quotas e outros instrumentos
de capital próprio da entidade emitente ou da sua reclassificação;
e) As prestações do associante ao associado, no âmbito da associação em participação;
f) As relativas a impostos sobre o rendimento;
g) A diminuição de capital próprio da sociedade beneficiária decorrente de operações de fusão, cisão ou entrada
de ativos, com exclusão da componente que corresponder à anulação das partes de capital detidas nas
sociedades incorporadas ou cindidas.

Fernando Parsotam 2021


Variações Patrimoniais negativas
(Art.º 24º nº 2)
201

Não obstante o disposto na alínea c) do número anterior, concorrem, ainda, para a determinação do
lucro tributável, nas mesmas condições referidas para os gastos e perdas, as variações patrimoniais
negativas não refletidas no resultado líquido do período de tributação relativas à distribuição de
rendimentos de obrigações subordinadas ou outros títulos subordinados, desde que não atribuam
ao respetivo titular o direito a receber dividendos nem direito de voto em assembleia geral de
acionistas e não sejam convertíveis em partes sociais.

Fernando Parsotam 2021


Campo 704 – Variações patrimoniais negativas não refletidas no
resultado líquido do período (art.º 24.º)
202

Devem ser mencionadas neste campo todas as variações patrimoniais negativas não
excecionadas no art.º 24.º, que não se encontrem refletidas nas várias rubricas que
compõem o resultado líquido do período e concorram para a formação do lucro
tributável.

Quadro 7
DM22
Fernando Parsotam 2021
Campo 704 – Variações patrimoniais negativas não refletidas no
resultado líquido do período (art.º 24.º
203

Salienta-se que, face ao disposto na IAS 19 e no § 18 da NCRF 28 – Benefícios dos empregados no


tocante ao reconhecimento como um gasto do custo esperado dos pagamentos de participação nos lucros
e bónus (ao invés do que sucedia na vigência do POC em que eram considerados uma distribuição do
lucro líquido), o Código do IRC deixou de prever, no seu articulado, a antecipação da dedutibilidade
fiscal da respetiva variação patrimonial negativa.
Esses gastos enquadram-se no artigo 23.º, n.º 1, alínea d), sendo dedutíveis no período de tributação em
que os serviços são prestados.

Quadro 7
DM22
Fernando Parsotam 2021
Campo 704 – Variações patrimoniais negativas não refletidas no
resultado líquido do período (art.º 24.º)
204

No entanto, podem existir situações em que não estejam reunidas as condições previstas em (a) e (b)
do § 18 da NCRF, inviabilizando a empresa de reconhecer o gasto no período de tributação a que
respeitam os lucros.
Nestes casos, a variação patrimonial negativa gerada no período seguinte, em consequência da
deliberação (por exemplo, em Assembleia Geral) de atribuição, por distribuição do lucro líquido, de
remunerações a título de participação nos lucros, constitui uma componente negativa do lucro
tributável referente ao período de tributação em que a deliberação ocorre e em que é reconhecido o
facto contabilístico.

Quadro 7
DM22
Fernando Parsotam 2021
exemplo
205

A empresa Y reduziu o capital social por amortização de acções, tendo


implicado uma redução do capital social de € 200 000.
Pretende‐se saber qual o enquadramento fiscal da referida situação e
quais os ajustamentos a efectuar no quadro 07 da Mod. 22, caso
aplicáveis.

Fernando Parsotam 2021


Exemplo - Resolução
206

As saídas de dinheiro a favor dos accionistas estão taxativamente


excluídas do artigo 24.º do CIRC.

- Desta forma, não haverá lugar a qualquer ajustamento a fazer no


quadro 07.
(artº 24º nº 1/c)

Fernando Parsotam 2021


Encargos não dedutíveis para efeitos fiscais (artº 23º-A)
207

Não obstante serem referenciados genericamente os gastos e perdas dedutíveis ao lucro tributável,
pelo artº 23º, existem alguns que, embora classificados e contabilizados como gastos ou perdas,
não assumem essa natureza para efeitos fiscais e, como tal, não são considerados, no todo ou em
parte, para efeitos da determinação do lucro fiscal.

Fernando Parsotam 2021


Encargos não dedutíveis para efeitos fiscais (artº 23º-A)
208

nº 1
a) O IRC, incluindo as tributações autónomas, e quaisquer outros impostos que direta ou indiretamente incidam sobre os lucros;

b) As despesas não documentadas;

c) Os encargos cuja documentação não cumpra o disposto nos n.os 3 e 4 do artigo 23.º, bem como os encargos evidenciados em
documentos emitidos por sujeitos passivos com número de identificação fiscal inexistente ou inválido ou por sujeitos passivos cuja
cessação de atividade tenha sido declarada oficiosamente nos termos do n.º 6 do artigo 8.º;
4 - A Autoridade Tributária e Aduaneira deve disponibilizar a informação relativa à situação cadastral dos sujeitos
passivos, que seja considerada relevante para efeitos do disposto na segunda parte da alínea c) do n.º 1.

d) As despesas ilícitas, designadamente as que decorram de comportamentos que fundadamente indiciem a violação da legislação
penal portuguesa, mesmo que ocorridos fora do alcance territorial da sua aplicação;

Fernando Parsotam 2014

Fernando Parsotam 2021


Encargos não dedutíveis para efeitos fiscais (artº 23º-A)
209

e) As multas, coimas e demais encargos, incluindo os juros compensatórios e moratórios, pela prática de
infrações de qualquer natureza que não tenham origem contratual, bem como por comportamentos
contrários a qualquer regulamentação sobre o exercício da atividade;

f) Os impostos, taxas e outros tributos que incidam sobre terceiros que o sujeito passivo não esteja legalmente
obrigado a suportar;

g) As indemnizações pela verificação de eventos cujo risco seja segurável;

Fernando Parsotam 2021


Encargos não dedutíveis para efeitos fiscais (artº 23º-A)
210

h) As ajudas de custo e os encargos com compensação pela deslocação em viatura própria do trabalhador, ao serviço da entidade
patronal, não faturados a clientes, escriturados a qualquer título, sempre que a entidade patronal não possua, por cada pagamento
efetuado, um mapa através do qual seja possível efetuar o controlo das deslocações a que se referem aqueles encargos,
designadamente os respetivos locais, tempo de permanência, objetivo e, no caso de deslocação em viatura própria do
trabalhador, identificação da viatura e do respetivo proprietário, bem como o número de quilómetros percorridos, exceto na
parte em que haja lugar a tributação em sede de IRS na esfera do respetivo beneficiário;
Para que se verifique a aceitação como gasto destas despesas é necessário que, sendo efetivamente suportadas pela empresa, exista
um mapa de controlo das referidas deslocações. Caso contrário, aquelas despesas não serão dedutíveis, exceto na parte em que
haja tributação em sede de IRS, na esfera do trabalhador.

As ajudas de custo, embora passem a ser dedutíveis na totalidade, sob certas condições, passam a ser objeto de tributação
autónoma nos termos do n.º 9 do art.º 88.º.

Fernando Parsotam 2021


Encargos não dedutíveis para efeitos fiscais (artº 23º-A)
211

Tributação autónoma
Ajudas de custo / KM Gasto
S/ prejuízo C/prejuízo
Tributação em sede de IRS SIM NÃO NÃO
Não tributação em sede de IRS:

Expressamente debitadas a clientes


Com mapa de controlo SIM NÃO NÃO
Sem mapa de controlo NÃO NÃO SIM

Não debitadas a clientes


Com mapa de controlo SIM SIM SIM
Sem mapa de controlo NÃO
Fernando Parsotam 2021 NÃO SIM
Encargos não dedutíveis para efeitos fiscais (artº 23º-A)
212

i) Os encargos com o aluguer sem condutor de viaturas ligeiras de passageiros ou mistas, na parte correspondente ao valor das
depreciações dessas viaturas que, nos termos das alíneas c) e e) do n.º 1 do artigo 34.º, não sejam aceites como gastos;

j) Os encargos com combustíveis na parte em que o sujeito passivo não faça prova de que os mesmos respeitam a bens
pertencentes ao seu ativo ou por ele utilizados em regime de locação e de que não são ultrapassados os consumos normais;

k) Os encargos relativos a barcos de recreio e aeronaves de passageiros que não estejam afetos à exploração do serviço
público de transportes nem se destinem a ser alugados no exercício da atividade normal do sujeito passivo;

l) As menos-valias realizadas relativas a barcos de recreio, aviões de turismo e viaturas ligeiras de passageiros ou mistas, que não
estejam afetos à exploração de serviço público de transportes nem se destinem a ser alugados no exercício da atividade
normal do sujeito passivo, exceto na parte em que correspondam ao valor fiscalmente depreciável nos termos da alínea e)
do n.º 1 do artigo 34.º ainda não aceite como gasto;

Fernando Parsotam 2021


Encargos não dedutíveis para efeitos fiscais (artº 23º-A)
213

m) Os juros e outras formas de remuneração de suprimentos e empréstimos feitos pelos sócios à sociedade, na parte em que excedam a
taxa definida por portaria do membro do Governo responsável pela área das finanças, salvo no caso de se aplicar o regime estabelecido
no artigo 63.º;

Campo 734 – Juros de suprimentos [art.º 23.º-A, n.º 1 , alínea m)]


São acrescidos neste campo os juros e outras formas de remuneração de suprimentos e empréstimos feitos pelos sócios à sociedade, na
parte em que excedam o valor correspondente à taxa Euribor a 12 meses do dia da constituição da dívida acrescida do spread de 2% se
se tratar de uma grande empresa, ou de 6% caso se trate de uma pequena ou média empresa como tal qualificada nos termos previstos no
anexo ao Decreto-Lei n.º 372/2007, de 6 de novembro, conforme artigo 23.º-A, n.º 1, alínea m) do CIRC e Portaria n.º 279/2014, de 30
de dezembro.

Este artigo afasta do seu âmbito as situações a que seja aplicável o regime estabelecido no artigo 63.º do CIRC (preços de
transferência) e na Portaria n.º 1446-C/2001, de 21 de dezembro.

Fernando Parsotam 2021


Encargos não dedutíveis para efeitos fiscais (artº 23º-A)
214

n) Os gastos relativos à participação nos lucros por membros de órgãos sociais e trabalhadores da empresa, quando as
respetivas importâncias não sejam pagas ou colocadas à disposição dos beneficiários até ao fim do período de tributação
seguinte;
5 - No caso de não se verificar o requisito enunciado na alínea n) do n.º 1, ao valor do IRC liquidado relativamente ao
período de tributação seguinte adiciona-se o IRC que deixou de ser liquidado em resultado da dedução das importâncias que
não tenham sido pagas ou colocadas à disposição dos interessados no prazo indicado, acrescido dos juros compensatórios
correspondentes.

o) Sem prejuízo do disposto na alínea anterior, os gastos relativos à participação nos lucros por membros de órgãos sociais,
quando os beneficiários sejam titulares, direta ou indiretamente, de partes representativas de, pelo menos, 1 % do capital
social, na parte em que exceda o dobro da remuneração mensal auferida no período de tributação a que respeita o resultado
em que participam;
6 - Para efeitos da verificação da percentagem fixada na alínea o) do n.º 1, considera-se que o beneficiário detém
indiretamente as partes do capital da sociedade quando as mesmas sejam da titularidade do cônjuge, respetivos ascendentes
ou descendentes até ao 2.º grau, sendo igualmente aplicáveis, com as necessárias adaptações, as regras sobre a equiparação
da titularidade estabelecidas no Código das Sociedades Comerciais.

Fernando Parsotam 2021


Encargos não dedutíveis para efeitos fiscais (artº 23º-A)
215

p) A contribuição sobre o setor bancário;

q) A contribuição extraordinária sobre o setor energético;

r) As importâncias pagas ou devidas, a qualquer título, a pessoas singulares ou coletivas residentes fora do território português e
aí submetidas a um regime fiscal a que se referem os n.os 1 ou 5 do artigo 63.º-D da Lei Geral Tributária, ou cujo pagamento
seja efetuado em contas abertas em instituições financeiras aí residentes ou domiciliadas, salvo se o sujeito passivo provar que
tais encargos correspondem a operações efetivamente realizadas e não têm um caráter anormal ou um montante exagerado.
7 - O disposto na alínea r) do n.º 1 aplica-se igualmente às importâncias indiretamente pagas ou devidas, a qualquer título, às
pessoas singulares ou coletivas residentes fora do território português e aí submetidas a um regime fiscal claramente mais
favorável a que se referem os n.os 1 ou 5 do artigo 63.º-D da Lei Geral Tributária, quando o sujeito passivo tenha ou devesse
ter conhecimento do seu destino, presumindo-se esse conhecimento quando existam relações especiais, nos termos do n.º 4 do
artigo 63.º, entre o sujeito passivo e as referidas pessoas singulares ou coletivas, ou entre o sujeito passivo e o mandatário,
fiduciário ou interposta pessoa que procede ao pagamento às pessoas singulares ou coletivas.
8 - A Autoridade Tributária e Aduaneira notifica o sujeito passivo para produção da prova referida na alínea r) do n.º 1,
devendo, para o efeito, ser fixado um prazo não inferior a 30 dias.

Fernando Parsotam 2014

Fernando Parsotam 2021


Encargos não dedutíveis para efeitos fiscais (artº 23º-A)
216

2 - Não concorrem para a formação do lucro tributável as menos-valias e outras perdas relativas a instrumentos de capital
próprio, na parte do valor que corresponda aos lucros ou reservas distribuídos ou às mais-valias realizadas com a transmissão
onerosa de partes sociais da mesma entidade que tenham beneficiado, no próprio período de tributação ou nos quatro
períodos anteriores, da dedução prevista no artigo 51.º, do crédito por dupla tributação económica internacional prevista
no artigo 91.º-A ou da dedução prevista no artigo 51.º-C.

3 - Não são aceites como gastos do período de tributação os suportados com a transmissão onerosa de instrumentos de capital
próprio, qualquer que seja o título por que se opere, de entidades com residência ou domicílio em país, território ou região
sujeito a um regime fiscal claramente mais favorável constante de lista aprovada por portaria do membro do Governo
responsável pela área das finanças.

9 - Tratando-se de sociedades de profissionais sujeitas ao regime de transparência fiscal, pode ser fixado por portaria do
membro do Governo responsável pela área das finanças o número máximo de veículos e o respetivo valor para efeitos de
dedução dos correspondentes encargos.

Fernando Parsotam 2021


Campo 724 – IRC, incluindo as tributações autónomas, e outros
impostos que direta ou indiretamente incidam sobre os lucros [art.º
23.º-A, n.º 1, al. a)]
217

Deve ser acrescido neste campo o valor da estimativa do IRC, das tributações autónomas e das
respetivas derramas (derrama municipal e estadual).
Quando a estimativa para impostos sobre lucros efetuada no ano anterior se mostrar insuficiente para
fazer face aos impostos efetivamente pagos no período de tributação, a diferença para mais
reconhecida em resultados deve também ser acrescida neste campo.
Caso o sujeito passivo contabilize o imposto sobre o rendimento do período de acordo com a NCRF 25 –
Impostos sobre o rendimento, deve também corrigir o montante do imposto diferido (subconta 8122 -
Imposto diferido) no campo 725 ou no campo 766, consoante o caso.

Fernando Parsotam 2021


exemplo
218
A empresa ABC, Lda foi notificada em 20-05-2017 de uma liquidação adicional de IRC, relativa ao exercício de 2014,
no montante de 20.000, assim decomposta:
Imposto …………………..16.500
Juros compensatórios ….3.500

Tal liquidação resultou de um procedimento de inspecção, cujo relatório final, com os fundamentos das correcções
efectuadas ao resultado fiscal, foi notificado à empresa em 23-05-2017, não tendo registado na conta 291 – Provisão
para impostos qualquer importância relativa a esta contingência.

A liquidação adicional foi objecto do seguinte registo contabilístico em 2017:


Contas Débito Crédito
6885 Insuficiência de estimativa para impostos 16.500
6981 Outros juros 3.500
241 Imposto sobre o rendimento 20.000

Fernando Parsotam 2021


Exemplo - resolução

219

Para efeitos de apuramento do resultado fiscal, temos dois ajustamentos positivos:


Acréscimo dos registos evidenciados nas contas 6885 e 6981, no total de 20.000, dada a
sua não consideração como gasto fiscal, nos termos do artigo 23º-A, n.º 1, alíneas a) e
e), respectivamente.

Correção no Quadro 07:

Campo 724 - acréscimo de €16.000 Insuficiência de estimativa


Campo 728 - acréscimo de €3.500 Juros compensatórios:

Fernando Parsotam 2021


exemplo

220

A empresa ABC, SA durante os trabalhos de fim de exercício de 2020 estimou um IRC a pagar no montante de 25.000, tendo
efectuado o seguinte lançamento contabilístico:

Contas Débito Crédito


8121 Imposto estimado para o período 25.000
241 Imposto sobre o rendimento 25.000

No entanto, em maio de 2021, apurou-se que o IRC relativo a 2020 era afinal de 20.000, isto porque no cálculo da estimativa
não se teve em conta um benefício fiscal que a empresa tinha direito.

Aquando do pagamento do IRC efectuou o seguinte lançamento na contabilidade:


Débito Crédito
241 Imposto sobre o rendimento 25.000
12 Depósitos à ordem 20.000
7882 Excesso da estimativa para impostos 5.000
Fernando Parsotam 2021
Exemplo - resolução

221

Assim, no apuramento do resultado fiscal relativo ao período de 2021:

Correção no Quadro 07:

campo 765 - dedução de 5.000, excesso da estimativa para impostos

Fernando Parsotam 2021


exemplo

222

A empresa ABC, SA durante os trabalhos de fim de exercício de 2020 estimou um IRC a pagar no montante de 20.000, tendo
efectuado o seguinte lançamento contabilístico:

Contas Débito Crédito


8121 Imposto estimado para o período 20.000
241 Imposto sobre o rendimento 20.000

No entanto, em maio de 2021, apurou-se que o IRC relativo a 2020 era afinal de 25.000, isto porque no cálculo da estimativa
não se teve em conta uma perda por imparidade não aceite fiscalmente.

Aquando do pagamento do IRC efectuou o seguinte lançamento na contabilidade:


Débito Crédito
241 Imposto sobre o rendimento 20.000
6885 Insuficiência da estimativa para impostos 5.000
12 Depósitos à ordem 25.000
Fernando Parsotam 2021
Exemplo - resolução

223

Assim, no apuramento do resultado fiscal relativo ao período de 2021:

Correção no Quadro 07:

campo 724 - acréscimo de 5.000, insuficiência da estimativa para impostos

Fernando Parsotam 2021


Campo 725 – Impostos diferidos
[art.º 23.º-A, n.º 1, al. a)]
224

Tal como o IRC estimado para o período (subconta 8121), também não concorre para
a formação do lucro tributável o imposto diferido que figure (com saldo devedor) na
subconta 8122, pelo que tem que ser acrescido neste campo 725. , ou seja:
- Se o saldo da conta 8122 – Imposto diferido for devedor (o que significa um gasto de impostos), o
mesmo será acrescido para efeitos de apuramento do resultado fiscal (Campo 725).
- Se o saldo da conta 8122 – Imposto diferido for credor (o que significa um rendimento de
impostos), o mesmo será deduzido para efeitos de apuramento do resultado fiscal (Campo 766);

Fernando Parsotam 2021


Campo 716 – Despesas não documentadas
[art.º 23.º-A, n.º 1, al. b)]
225

Devem ser acrescidas neste campo as despesas não documentadas que estejam a afetar o resultado líquido do período.

Para além disso, qualquer despesa não documentada, por se desconhecer a origem e o destinatário, está sujeita a tributação
autónoma, à taxa de 50% (art.º 88.º, n.º 1), a incluir no campo 365 do Quadro 10 da declaração de rendimentos modelo 22.

A taxa referida é elevada para 70% nos casos em que a despesa seja efetuada por sujeitos passivos de IRC, total ou
parcialmente isentos, ou que não exerçam, a título principal, atividades de natureza comercial, industrial ou agrícola e ainda por
sujeitos passivos que aufiram rendimentos não sujeitos a IRC, diretamente resultantes do exercício de atividade sujeita ao imposto
especial do jogo (art.º 88.º, n.º 2).
Ver também as referências feitas quanto ao preenchimento do campo 731 – Encargos não devidamente documentados.

Fernando Parsotam 2021


Campo 731 – Encargos não devidamente documentados
[art.º 23.º-A, n.º 1, al. c)]
226

Este campo destina-se a inscrever os encargos cuja documentação não cumpre o


disposto nos n.ºs 3, 4 e 6 do artigo 23.º.

Tais encargos, embora tenham que ser acrescidos para efeitos de determinação do
lucro tributável, não estão sujeitos à tributação autónoma prevista no artigo 88.º.

Fernando Parsotam 2021


Campo 731 – Encargos não devidamente documentados
[art.º 23.º-A, n.º 1, al. c)]
227

Os encargos evidenciados em documentos emitidos por sujeitos passivos com NIF inexistente ou inválido
ou por sujeitos passivos que, por força do disposto no artigo 8.º, n.º 6, tenham sido cessados
oficiosamente são inscritos no campo 726 e também não estão sujeitos a tributação autónoma.

Já as despesas ou os gastos não documentados, em que não é conhecida a sua origem nem o
destinatário das quantias em causa, são acrescidos no campo 716 e são passíveis de tributação
autónoma (ver preenchimento do campo 716).

Fernando Parsotam 2021


Campo 726 – Encargos evidenciados em documentos emitidos por
sujeitos passivos com NIF inexistente ou inválido ou por sujeitos
passivos cessados oficiosamente [art.º 23.º-A, n.º 1 , al. c)]
228

Inscrevem-se neste campo os encargos suportados pela empresa cujos documentos de suporte tenham
sido emitidos por sujeitos passivos com NIF inexistente ou inválido ou por sujeitos passivos que, por força
do disposto no artigo 8.º, n.º 6, tenham sido cessados oficiosamente.
Para se certificar da existência / validade do NIF ou do exercício da atividade dos clientes /
fornecedores, o sujeito passivo deve socorrer-se do Portal das Finanças optando por Consultar,
Identificação, Clientes / Fornecedores.

Fernando Parsotam 2021


exemplo
229

A empresa X, Lda após um procedimento externo de inspecção


tributária, viu cessada oficiosamente a sua atividade, uma vez que a
estrutura empresarial que possuía (instalações, ativos fixos tangíveis,
recursos humanos) não era consistente com o volume de negócios e
materiais transacionados, tendo sido qualificada como emitente de
faturas que não titulavam operações reais.

Fernando Parsotam 2021


Exemplo - resolução
230

Quaisquer gastos evidenciados em documentos com estas características


não são aceites fiscalmente.
Correção no Quadro 07:

campo 726 - acréscimo dos valores dos gastos

Fernando Parsotam 2021


Campo 783 – Despesas ilícitas
[art.º 23.º-A, n.º 1, al. d)]
231

Neste campo devem ser inscritas as despesas ilícitas, designadamente as que decorram de
comportamentos que fundadamente indiciem a violação da legislação penal portuguesa, mesmo que
ocorridos fora do alcance territorial da sua aplicação.

Fernando Parsotam 2021


Campo 728 – Multas, coimas e demais encargos, incluindo
juros compensatórios e moratórios, pela prática de infrações
232
[art.º 23.º-A, n.º 1, al. e)]
Neste campo devem ser incluídas todas as penalidades aplicadas ao sujeito passivo, exceto as que
tenham origem contratual, incluindo os juros compensatórios e moratórios, os demais encargos suportados
pela prática de infrações de qualquer natureza bem como por comportamentos contrários a qualquer
regulamentação sobre o exercício da atividade, nomeadamente, os de natureza fiscal, laboral, de
trânsito, os relacionados com a atividade económica, etc.

Fernando Parsotam 2021


exemplo
233

Os seguintes encargos não são aceites como gastos fiscais:


- Juros compensatórios
- Juros de mora pelo atraso de pagamento de impostos
- Custas dos processos
- Infrações fiscais
- Infrações do Código da Estrada
- Infrações laborais
- Infrações económicas
- Infrações ambientais
- Coimas pelo atraso na entrega de declarações fiscais

Fernando Parsotam 2021


Exemplo - resolução
234

Quaisquer gastos contabilizados, desta natureza, não são aceites fiscalmente.

Correção no Quadro 07:

campo 728 - acréscimo dos valores dos gastos

Fernando Parsotam 2021


Campo 727 – Impostos, taxas e outros tributos que incidam
sobre terceiros que o sujeito passivo não esteja legalmente
235
obrigado a suportar [art.º 23.º-A, n.º 1 , al. f)]

Inscrevem-se neste campo os impostos, taxas e outros tributos que incidam sobre terceiros mas que o
sujeito passivo decida, por vontade própria, suportar, como, por exemplo, o IVA que tenha de ser
legalmente repercutido nos clientes ou o IRS ou IRC que tenha de ser obrigatoriamente retido na fonte.

Fernando Parsotam 2021


exemplo
236

A empresa ABC, SA, emitiu uma letra (sacador) sobre o seu cliente Z, lda, que aceitou (aceitante ou
sacado), em 12-09-2020, no valor de 100.000, com vencimento em 10-12-2020.

Sendo o sujeito passivo do imposto, a empresa ABC, SA liquidou e entregou nos cofres do Estado, nos
prazos legais, o montante de 5.000 (0,5% sobre o valor da letra, nos termos da verba 23.1 da Tabela
Geral, anexa ao Código do Imposto do Selo, aprovado pela Lei n.º 150/99, de 11 de Setembro,
dorovante CIS).

Aqueles 5.000 afetaram os gastos do período, pelo registo na conta 6812 – Impostos indirectos.

Fernando Parsotam 2021


Exemplo - resolução
237

Nos termos do artigo 3.º, alínea j), do CIS, o encargo do imposto é do sacado, pelo que a empresa ABC, SA deveria
debitar aqueles 5.000, o que não fez, ao seu cliente, registando tal montante numa apropriada conta de
rendimentos ou na conta 6812 a crédito, neutralizando assim o gasto registado, como não o fez:

Correção no Quadro 07:

campo 727 - acréscimo de € 5.000 nos termos do artigo 23º-A.º, n.º1, alínea f)

Fernando Parsotam 2021


exemplo
238

A empresa X residente em Portugal fez um empréstimo a uma empresa do Grupo sediada na


Holanda. No contrato celebrado ficou definido que o pagamento de juros é líquido de qualquer
encargo ou imposto, ficando o respectivo ónus por conta da empresa portuguesa.
A empresa registou como gasto de juros o montante de € 100 000 e o montante de € 21500
relativo às retenções na fonte devidas no pagamento dos juros.
Pretende‐se saber quais os ajustamentos a efectuar no quadro 07 da Mod. 22, caso aplicável.

Fernando Parsotam 2021


Exemplo - resolução
239

Uma vez que a retenção na fonte é um encargo do beneficiário do rendimento –


empresa holandesa – o gasto não será dedutível na esfera da empresa portuguesa.

- Desta forma, deverá ser acrescido o montante de € 21 500 no campo 727 do


quadro 07.

Fernando Parsotam 2021


Campo 729 – Indemnizações por eventos seguráveis
[art.º 23.º-A, n.º 1, al. g)]
240

Devem ser acrescidas neste campo as indemnizações pagas a terceiros pela verificação
de eventos cujo risco seja segurável, não incluindo as indemnizações de natureza
contratual pagas a terceiros que são consideradas gasto fiscal.

Nas situações de gastos obrigatoriamente suportados pela empresa em virtude de o


valor da franquia estabelecida no contrato de seguro ser superior ao da indemnização,
são os mesmos aceites em termos fiscais, em conformidade com o artigo 23.º do CIRC.

Fernando Parsotam 2021


exemplo
241

A empresa X, registou como gasto, no exercício N, uma indemnização de € 1.500 paga


a um cliente que visitava a obra da empresa, como forma de compensar os estragos
provocados pela queda de um andaime em cima da viatura do cliente.
A empresa não possuía qualquer seguro para este tipo de situação.

Fernando Parsotam 2021


Exemplo - resolução
242

Como a empresa não possuía qualquer seguro para este tipo de


situação. Logo o valor de € 1.500 deve ser acrescido ao resultado
líquido do período para efeitos de apuramento do resultado fiscal, no
campo 729.
Correção no Quadro 07:

campo 729 - acréscimo de € 1.500

Fernando Parsotam 2021


Campo 730 – Ajudas de custo e encargos com compensação
pela deslocação em viatura própria do trabalhador
243
[art.º 23.º-A, n.º 1, al. h)]
Neste campo são acrescidos os encargos com ajudas de custo e com a compensação
pela deslocação em viatura própria do trabalhador, ao serviço da entidade patronal,
não faturados a clientes, escriturados a qualquer título, na parte em que não haja lugar
a tributação em sede de IRS na esfera do beneficiário, sempre que a entidade
patronal não possua, por cada pagamento efetuado, um mapa através do qual seja
possível efetuar o controlo das deslocações a que se referem os encargos.
 Considera-se que estes encargos são faturados a clientes quando são debitados separadamente
na respetiva fatura.

Fernando Parsotam 2021


Campo 732 - Encargos com o aluguer de
viaturas sem condutor [art.º 23.º-A, n.º 1, al. i)]
244

São acrescidos neste campo os encargos com o aluguer sem condutor de viaturas ligeiras de passageiros
ou mistas, na parte correspondente ao valor das depreciações dessas viaturas que, nos termos das
alíneas c) e e) do n.º 1 do artigo 34.º, não sejam aceites como gastos.

No que se refere à parcela da amortização financeira, só é aceite a quantia correspondente à


depreciação que seria fiscalmente dedutível em caso de aquisição direta (ver Portaria n.º 467/2010, de
7 de julho).
Ver Circular n.º 24/91, de 19 de dezembro.

Fernando Parsotam 2021


Campo 732 - Encargos com o aluguer de
viaturas sem condutor [art.º 23.º-A, n.º 1, al. i)]
245

No caso de viaturas ligeiras de passageiros, motos ou motociclos, excluindo os veículos movidos


exclusivamente a energia elétrica, deve ter-se em conta o disposto no artigo 88.º, n.º 3, acrescendo-se,
no campo 365 do Quadro 10, a tributação autónoma resultante da aplicação das taxas previstas nas
suas alíneas a) a c) à totalidade dos encargos (dedutíveis e não dedutíveis) efetuados ou suportados com
o aluguer.

Fernando Parsotam 2021


exemplo
246

Uma sociedade celebrou, em 1 de janeiro de 2020, um contrato de aluguer sem condutor,


de longa duração, relativo a uma viatura ligeira de passageiros, movida a gasóleo. Sabe-
se que:
Valor da viatura: € 45.000,00;
Amortização financeira em 2017: € 12.000,00.

Fernando Parsotam 2021


Exemplo - resolução
247

Limite das depreciações que seriam aceites em 2017, se fosse aquisição direta:
€ 25.000,00 x 25% = € 6.250,00
Em 2017:
Correções no Quadro 07:
⇒ Campo 732 – Acréscimo de € 5.750,00 (12.000,00 – 6.250,00)

Valor a inscrever no Quadro 10 (tributação autónoma):


⇒ Campo 365 – 4.200,00 (12.000,00 x 35%)

NOTA: Para as viaturas adquiridas em 2016, o montante fixado na al. d) n.º 4 do art.º 1.º da Portaria 467/2010, de 7 de julho, é de
€ 25.000,00.
Quanto à tributação autónoma, aplicou-se o disposto na alínea c) do n.º 3 do art.º 88.º do CIRC, uma vez que o custo de aquisição foi
superior a € 35.000,00.

Fernando Parsotam 2021


Campo 733 – Encargos com combustíveis
[art.º 23.º-A, n.º 1 , al. j)]
248

São inscritos neste campo os encargos com combustíveis na parte em que o sujeito
passivo não faça prova de que os mesmos respeitam a bens pertencentes ao seu ativo
ou são por ele utilizados em regime de locação e de que não são ultrapassados os
consumos normais.

Fernando Parsotam 2021


Campo 784 – Encargos relativos a barcos de recreio e
aeronaves de passageiros [art.º 23.º-A, n.º 1, al. k)]
249

Neste campo são inscritos os encargos suportados com este tipo de ativos, com exceção
dos relativos a depreciações, desde que não estejam afetos à exploração do serviço
público de transportes nem se destinem a ser alugados no exercício da atividade
normal do sujeito passivo.

A não dedutibilidade das depreciações destes ativos que se encontra prevista no


artigo 34.º, n.º 1, alínea e) implica que seja feita uma correção no campo 719.

Fernando Parsotam 2021


Campo 734 – Juros e outras formas de remuneração de
suprimentos e empréstimos feitos pelos sócios à sociedade
250
[art.º 23.º-A, n.º 1 , al. m)]

São acrescidos neste campo os juros e outras formas de remuneração de suprimentos e


empréstimos feitos pelos sócios à sociedade, na parte em que excedam o valor
correspondente à taxa Euribor a 12 meses do dia da constituição da dívida acrescida
do spread de 2% se se tratar de uma grande empresa, ou de 6% caso se trate de uma
pequena ou média empresa como tal qualificada nos termos previstos no anexo ao
Decreto-Lei n.º 372/2007, de 6 de novembro, conforme artigo 23.º-A, n.º 1, alínea m)
do CIRC e Portaria n.º 279/2014, de 30 de dezembro.

Fernando Parsotam 2021


exemplo
251

Face a dificuldades financeiras que a sociedade (grande empresa)


atravessou, o sócio Sr. Antunes, que detém 51% do capital social da
empresa, efectuou em Janeiro de 2020, um empréstimo no montante de
€100.000, tendo a empresa suportado como gastos do período o
montante de €6.500. Sabe-se que as taxas Euribor nessa data eram de
0,5% (a 3meses), 1% (a 6 meses) e 2,25 (a 12 meses).

Fernando Parsotam 2021


Exemplo - resolução
252

Limite= 100.000,00 x (2.25%+2%)=4.271,25€


Excesso=6.500,00 – 4.271,25= 2.228,75€

Em 2020:

Correções no Quadro 07:

Acresce 2.228,75€ Campo 734 – Juros de suprimentos [art.º 23.º-A,


n.º 1 , alínea m)
Portaria n.º 279/2014, de 30 de Dezembro, nº 1 do artº único.

Fernando Parsotam 2021


Campo 734 – Juros e outras formas de remuneração de
suprimentos e empréstimos feitos pelos sócios à sociedade
253
[art.º 23.º-A, n.º 1 , al. m)]

Este artigo afasta do seu âmbito as situações a que seja aplicável o regime
estabelecido no artigo 63.º do CIRC (preços de transferência) e na Portaria n.º 1446-
C/2001, de 21 de dezembro.

Fernando Parsotam 2021


exemplo
254

A empresa Y detém uma participação financeira de 50% na empresa X, tendo concedido


um suprimento à taxa definida de Euribor + um spread 10%.
Pretende‐se saber quais os ajustamentos a efectuar no quadro 07 da Mod. 22, caso
aplicáveis.

Fernando Parsotam 2021


Exemplo - resolução
255

Uma vez que se trata de empresas relacionadas (nos termos do artigo 63º
do CIRC), não será aplicável a limitação prevista na alínea m) do nº 1 do
artigo 23º A do CIRC.

Por outro lado, nos termos da Portaria n.º 1 446‐C/01, 21-12-01, por se
tratar de entidades residentes em Portugal, não deverá ser efectuado
qualquer ajustamento, ficando o contribuinte a aguardar que as
autoridades fiscais procedam oficiosamente a uma eventual correcção,
caso aplicável.

Fernando Parsotam 2021


Campo 735 – Gastos não dedutíveis relativos à participação
nos lucros por membros dos órgãos sociais [art.º 23.º-A, n.º 1 ,
256
al. o)]

O Código do IRC acolhe o regime contabilístico dos gastos relativos à participação nos
lucros de membros de órgãos sociais e trabalhadores da empresa previsto na IAS 19 e
no § 18 da NCRF 28 – Benefícios dos empregados.

Assim, em regra, os mesmos são contabilizados e dedutíveis no período de tributação


em que os serviços são prestados.

Fernando Parsotam 2021


Campo 735 – Gastos não dedutíveis relativos à participação
nos lucros por membros dos órgãos sociais [art.º 23.º-A, n.º 1 ,
257
al. o)]
Porém, nos termos do artigo 23.º-A, n.º 1, alínea o) não são dedutíveis (e, portanto, devem ser acrescidos neste campo) os
gastos referentes a participação nos lucros suportados com os titulares do capital da sociedade que preencham,
cumulativamente, as seguintes condições:
a) Sejam membros dos órgãos sociais;

b) Possuam, direta ou indiretamente, uma participação no capital social igual ou superior a 1% (para o efeito, consideram-se
participações indiretas as detidas pelo cônjuge, respetivos ascendentes ou descendentes até ao 2.º grau, aplicando-se,
igualmente, com as necessárias adaptações, as regras sobre a equiparação da titularidade estabelecidas no Código das
Sociedades Comerciais);

c) As importâncias reconhecidas em resultados ultrapassem o dobro da remuneração mensal auferida no período de


tributação a que respeita o resultado em que participam. (Ver Circular n.º 8/2000, de 11 de maio, da DSIRC)

Fernando Parsotam 2021


Campo 735 – Gastos não dedutíveis relativos à participação
nos lucros por membros dos órgãos sociais [art.º 23.º-A, n.º 1 ,
258
al. o)]
Salienta-se que, nos termos do artigo 23.º-A, n.º 1, alínea n), os gastos relativos à participação nos lucros
têm que ser pagos ou colocados à disposição dos seus beneficiários até ao final do período de
tributação seguinte.

Caso não se verifique esta condição, ao valor do IRC liquidado relativamente ao período de tributação
seguinte adiciona-se o IRC que deixou de ser liquidado no período de tributação respetivo, acrescido
dos juros compensatórios correspondentes (art.º 23.º-A, n.º 5).
Esta correção é efetuada no campo 363 do Quadro 10 e os respetivos juros compensatórios são indicados
no campo 366 do mesmo Quadro.

Fernando Parsotam 2021


Campo 735 – Gastos não dedutíveis relativos à participação
nos lucros por membros dos órgãos sociais [art.º 23.º-A, n.º 1 ,
259
al. o)]
Quando não se verifiquem as condições previstas nas alíneas (a) e (b) do § 18 da NCRF 28, a entidade fica inibida de
reconhecer o «custo esperado dos pagamentos de participação nos lucros e bónus» como gasto do período de tributação em
que os colaboradores prestam o serviço.
Neste caso, a atribuição em Assembleia-Geral no período de tributação seguinte origina um débito direto na rubrica de
Resultados transitados, constituindo uma variação patrimonial negativa que concorre para a formação do lucro tributável
deste período.
O pagamento ou colocação à disposição das respetivas importâncias tem de ser efetuado até ao fim de período de
tributação em que a deliberação ocorreu.

Nota: Para efeitos de dedutibilidade fiscal, o prazo para pagamento ou colocação à disposição das quantias atribuídas a título de participação nos lucros é o
mesmo, quer os sujeitos passivos reconheçam o gasto no período de tributação em que os colaboradores prestaram o serviço, quer reconheçam a variação patrimonial
negativa no período de tributação em que se delibera a respetiva atribuição.

Fernando Parsotam 2021


exemplo
260

A empresa Beta, SA reconheceu como gasto do período de 2017 e com


base numa estimativa fiável, a sua obrigação construtiva relativa aos
benefícios dos empregados, a título de participação nos lucros,
fundamentando-se na prática passada efetuados os cálculos do valor a
atribuir a cada empregado, com base na experiência do passado,
constatou-se que o valor da gratificação a receber pelo gerente é €
5.500,00. Este beneficiário é também titular de 2% do capital social da
empresa e a sua remuneração mensal é € 2.100,00. Valor da gratificação
a atribuir ao gerente: 5.500 (a ser pago ou colocado à disposição até ao
fim de 2018.

Fernando Parsotam 2021


Exemplo - resolução
261

Remuneração mensal média do gerente: 2.100 X 14 : 12 = 2.450


(conforme circular n.º 8/2000)
Contabilisticamente: Foi reconhecido como gasto do período: 5.500
Limite do gasto aceite fiscalmente = 2,450 x 2 = 4,900
Correção no Quadro 07:
Campo 735 → acréscimo de 600 (5.500 – 4.900)

Fernando Parsotam 2021


Campo 785 – Contribuição extraordinária sobre o setor
energético [art.º 23.º-A, n.º 1, al. q)]
262

O regime que criou a contribuição extraordinária sobre o setor energético foi aprovado pelo artigo
228.º da Lei n.º 83-C/2013, de 31 de dezembro (OE 2014).
Esta contribuição é liquidada pelo sujeito passivo, através da declaração modelo 27, aprovada pela
Portaria n.º 208/2014, de 10 de outubro, alterada pela Portaria n.º 119 –B/2015, de 30 de abril.

Por força do disposto no artigo 23.º-A, n.º 1, alínea q), esta contribuição não é dedutível para efeitos
de determinação do lucro tributável, pelo que o seu montante deve ser inscrito neste campo 785.

Fernando Parsotam 2021


Campo 746 – Importâncias pagas ou devidas a entidades não
residentes sujeitas a um regime fiscal privilegiado [art.º 23.º-
263
A, n.º 1, al. r) e n.º 7]

Não são dedutíveis para efeitos de determinação do lucro tributável as importâncias


pagas ou devidas, a qualquer título, a pessoas singulares ou coletivas residentes fora
do território português e aí submetidas a um regime fiscal identificado na Portaria n.º
150/2004, de 13 de fevereiro, republicada pela Portaria n.º 292/2011, de 8 de
novembro, salvo se o sujeito passivo puder provar que tais encargos correspondem
a operações efetivamente realizadas e não têm um caráter anormal ou um
montante exagerado.

Fernando Parsotam 2021


Campo 746 – Importâncias pagas ou devidas a entidades não
residentes sujeitas a um regime fiscal privilegiado [art.º 23.º-
264
A, n.º 1, al. r) e n.º 7]
Não são dedutíveis para efeitos de determinação do lucro tributável as importâncias pagas ou
devidas, a qualquer título, a pessoas singulares ou coletivas residentes fora do território português e aí
submetidas a um regime fiscal identificado na Portaria n.º 150/2004, de 13 de fevereiro, republicada
pela Portaria n.º 292/2011, de 8 de novembro, salvo se o sujeito passivo puder provar que tais
encargos correspondem a operações efetivamente realizadas e não têm um caráter anormal ou um
montante exagerado.
Não existindo essa prova, para além da correção do respetivo montante neste campo 746, tais
importâncias estão também sujeitas a tributação autónoma (campo 365 do Quadro 10), por força do
disposto no artigo 88.º, n.º 8.

Fernando Parsotam 2021


Campo 746 – Importâncias pagas ou devidas a entidades não
residentes sujeitas a um regime fiscal privilegiado [art.º 23.º-
265
A, n.º 1, al. r) e n.º 7]

Este regime aplica-se também às importâncias indiretamente pagas ou devidas, a qualquer título, às
pessoas singulares ou coletivas residentes fora do território português e aí submetidas a um regime fiscal
claramente mais favorável, quando o sujeito passivo tenha ou devesse ter conhecimento do seu
destino.
Presume-se esse conhecimento quando existam relações especiais nos termos do n.º 4 do artigo
63.º, entre o sujeito passivo e as referidas pessoas singulares ou coletivas, ou entre o sujeito passivo e
o mandatário, fiduciário ou interposta pessoa que procede ao pagamento às pessoas singulares ou
coletivas.

Fernando Parsotam 2021


Campo 786 – Outras perdas relativas a instrumentos de capital próprio e gastos
suportados com a transmissão onerosa de instrumentos de capital próprio de
entidades não residentes sujeitas a um regime fiscal privilegiado
266
(art.º 23.º-A, n.ºs 2 e 3)

Neste campo são inscritas outras perdas (que não as menos-valias) relativas a instrumentos de capital
próprio, na parte do valor que corresponda aos lucros ou reservas distribuídos ou às mais-valias
realizadas com a transmissão onerosa de partes sociais da mesma entidade que tenha beneficiado, no
próprio período de tributação ou nos quatro períodos anteriores, da dedução prevista no artigo 51.º,
do crédito por dupla tributação económica internacional previsto no artigo 91.º-A ou da dedução
prevista no artigo 51.º-C (art.º 23.º-A, n.º 2).

Fernando Parsotam 2021


Campo 786 – Outras perdas relativas a instrumentos de capital próprio e gastos
suportados com a transmissão onerosa de instrumentos de capital próprio de
entidades não residentes sujeitas a um regime fiscal privilegiado
267
(art.º 23.º-A, n.ºs 2 e 3)

São ainda inscritos neste campo os gastos suportados com a transmissão onerosa de
instrumentos de capital próprio, qualquer que seja o título por que se opere, de
entidades com residência ou domicílio em país, território ou região sujeito a um regime
fiscal claramente mais favorável constante de lista aprovada pela Portaria n.º
150/2004, de 13 de fevereiro, republicada pela Portaria n.º 292/2011, de 8 de
novembro (art.º 23.º-A, n.º 3).

Fernando Parsotam 2021


Campo 786 – Outras perdas relativas a instrumentos de capital próprio e gastos
suportados com a transmissão onerosa de instrumentos de capital próprio de
entidades não residentes sujeitas a um regime fiscal privilegiado
268
(art.º 23.º-A, n.ºs 2 e 3)

Quanto às menos-valias não dedutíveis nos termos do n.º 2 do artigo 23.º-A é-lhes
aplicável o regime específico das mais-valias e das menos-valias, devendo as menos-
valias contabilísticas ser acrescidas no Campo 736, não sendo as menos-valias fiscais
inscritas no Campo 769.

Fernando Parsotam 2021


Relocação financeira e
269
venda com locação de retoma
Determina o art.º 25.º que a relocação financeira de bens nos termos aí previstos não originará, do
ponto de vista fiscal, qualquer resultado, continuando o bem a ser depreciado pelo locatário de acordo
com o regime que vinha sendo seguido até então.

Fernando Parsotam 2021


Relocação financeira e
270
venda com locação de retoma

No n.º 1 do art.º 25.º, teremos:

Relocação

Locador Locatário
Entrega

Continua a depreciar os bens de acordo com


o regime que vinha sendo seguido até aí

Fernando Parsotam 2021


Relocação financeira e
271
venda com locação de retoma

No caso do n.º 2 do art.º 25.º, isto é, no caso de venda de bens seguida de


locação financeira, pelo vendedor desses mesmos bens, observar-se-á o
seguinte:

Venda

Vendedor (A) Locador


Locação

“A” passa de proprietário a locatário. Fernando Parsotam 2021


272
Inventários
273

Custos de aquisição ou produção (al. a) n.º 1 art.º 26º do CIRC)

Uma vez que o código do IRC não define o conceito de custos de aquisição ou produção, e na medida
em que o próprio artigo 26º do CIRC remete para a normalização contabilística em vigor, deveremos
recorrer aos critérios de mensuração estabelecidos na NCRF 18 – Inventários.
Inventários
274

Custos padrões apurados de acordo com as técnicas contabilísticas


adequadas (al. b) n.º 1 art.º 26º do CIRC)

Admite-se a mensuração dos inventários a custos padrões.


Trata-se, em muitos casos, de um método utilizado em empresas industriais
com produções muito diversificadas, cuja complexidade no cálculo do custo da
produção dos produtos é grande, pelo que esta metodologia constitui-se como
um elemento facilitador do uso do sistema de inventário permanente.
O custo padrão deverá ser calculado de acordo com técnicas contabilísticas
adequadas e consistirá em estimar o custo de cada produto.
Em caso de adoção de custos padrões, poderá a Autoridade Tributária e
Aduaneira proceder às correções necessárias, sempre que a sua utilização
conduza a desvios significativos (nº 3 art.º 26.º do CIRC).
Inventários
275

Preços de Venda deduzidos da margem normal de lucro (al. c) n.º 1 art.º 26º do CIRC)

Este critério consiste na valorização dos inventários por um valor que resulte do seu preço normal de
venda deduzido de uma margem comercial normal.

Quanto à adoção deste critério, importa atender ao disposto no nº 4.

O nº 5 determina, que a margem de lucro a deduzir, nos casos em que a mesma não possa ser
facilmente determinável, não poderá ser superior a 20% do preço de venda.
Inventários
276

Preços de venda dos produtos colhidos de ativos biológicos no momento da colheita, deduzidos
dos custos estimados no ponto de venda, excluindo os de transporte e outros necessários para
colocar os produtos no mercado. (al. d) n.º 1 art.º 26º do CIRC)
A mensuração dos produtos agrícolas preconizada pelo IRC segue de perto o previsto para o mesmo
tipo de ativos na NCRF 17 – Agricultura.
De acordo com o §2 da NCRF 17 - Agricultura, esta norma deve ser aplicada na contabilização do
produto agrícola no ponto da colheita, referindo-se deste modo à sua aplicação aos produtos agrícolas
colhidos dos ativos biológicos da entidade, no momento em que é realizada a colheita. Após este
momento, é aplicada a NCRF 18 - Inventários, ou uma outra Norma Contabilística e de Relato Financeiro
aplicável, conforme referido no §4 da NCRF 17.
Inventários
277

Preços de venda dos produtos colhidos de ativos biológicos no momento da colheita, deduzidos
dos custos estimados no ponto de venda, excluindo os de transporte e outros necessários para
colocar os produtos no mercado. (al. d) n.º 1 art.º 26º do CIRC)

Recorde-se que, relativamente aos ativos biológicos, o disposto no art.º 18 do CIRC, impede a aceitação
do impacto nos resultados tributáveis da adoção do justo valor na mensuração dos ativos biológicos, tal
como se encontra previsto na NCRF 17.
Inventários
278

Custos dos empréstimos obtidos (nº 2 do artº 26 do CIRC )

É aceite no que sejam imputados ao custo de aquisição ou produção, os custos de empréstimos obtidos,
bem como outros custos que lhe sejam diretamente atribuíveis de acordo com a normalização
contabilística especificamente aplicável.
Inventários
279

Critérios de mensuração distintos (n.º 6 art.º 26º do CIRC)

A utilização de critérios de mensuração distintos dos que foram referidos carece de autorização da
Autoridade Tributária e Aduaneira, autorização essa que deverá ser solicitada até ao termo do
período de tributação, através de requerimento em que se indiquem os critérios a adotar e as razões
que os justifiquem.
Perdas imparidade fiscalmente dedutíveis
280

 Artigo 28.º Perdas por imparidade em inventários


 Artigo 28.º-A Perdas por imparidade em dívidas a receber
 Artigo 28.º-B Perdas por imparidade em créditos
 Artigo 28.º-C Empresas do setor bancário
 Artigo 31.º-B Perdas por imparidade em ativos não correntes
Perdas por imparidade em inventários
Artigo 28.º
281

1— São dedutíveis no apuramento do lucro tributável as perdas por imparidade em inventários, reconhecidas no mesmo período de tributação
ou em períodos de tributação anteriores, até ao limite da diferença entre o custo de aquisição ou de produção dos inventários e o respetivo
valor realizável líquido referido à data do balanço, quando este for inferior àquele.

2 — Para efeitos do disposto no número anterior, entende-se por valor realizável líquido o preço de venda estimado no decurso normal da
actividade do sujeito passivo nos termos do n.º 4 do artigo 26.º, deduzido dos custos necessários de acabamento e venda.

3— A reversão, parcial ou total, das perdas por imparidade previstas no n.º 1 concorre para a formação do lucro tributável.

4— Para os sujeitos passivos que exerçam a atividade editorial, o montante anual acumulado das perdas por imparidade corresponde à perda
de valor dos fundos editoriais constituídos por obras e elementos complementares, desde que tenham decorrido dois anos após a data da
respetiva publicação, que para este efeito se considera coincidente com a data do depósito legal de cada edição.

5 — A desvalorização dos fundos editoriais deve ser avaliada com base nos elementos constantes dos registos que evidenciem o movimento
das obras incluídas nos fundos.
Caso exemplo
282

A sociedade Beta, S.A., apresentava no seu inventário os seguintes itens, quantidades e valores:

Mercadoria A 50 un x € 800 € 40 000

Matérias – primas 1000 un x € 500 € 500 000


Produtos acabados 2 000 un x € 1 500 € 3 000 000
Trabalhos em curso 100 un x € 850 € 85 000
Total … € 3 625 000

O valor realizável líquido destes inventários era o seguinte:


Mercadorias € 850 € / unidade
Matérias – primas ………. € 480 / unidade
Produtos acabados € 2 000 / unidade
Trabalhos em curso sem valor/ unidade

Fernando Parsotam 2021


Caso exemplo Resolução
283

Perda por imparidade a registar:


No caso dos produtos acabados e mercadorias, como o valor realizável líquido é superior ao valor do custo, não há
lugar ao registo de qualquer perda por imparidade.
Para os trabalhos em curso, não havendo condições para avaliar qual o seu valor realizável líquido, não é possível
verificar da necessidade de registar ou não a perda por imparidade.
Relativamente às matérias - primas constata-se que há uma diferença negativa entre o valor realizável líquido e o
valor do custo (€ 480 - € 500 = - € 20). Nesta situação pode ser constituída uma perda por imparidade no
montante de 1000 un x € 20 = € 20.000. Esta perda por imparidade apenas releva fiscalmente se a entidade
apresentar prova que o valor realizável líquido é de €480 (nº 4 do artº 26 conjugado com o nº 2 do artº 28, ambos
do CIRC).
Admitindo que a entidade cumpriu a legislação aplicável, será aceite, como gasto para o apuramento do lucro
tributável, a perda por imparidade em inventários no montante de €20.000.

Fernando Parsotam 2021


Perdas por imparidade em dívidas a receber
Artigo 28.º-A
284

1 - Podem ser deduzidas para efeitos fiscais as seguintes perdas por imparidade, quando contabilizadas no mesmo período de tributação ou em
períodos de tributação anteriores:

a) As relacionadas com créditos resultantes da atividade normal, incluindo os juros pelo atraso no cumprimento de obrigação, que, no fim do
período de tributação, possam ser considerados de cobrança duvidosa e sejam evidenciados como tal na contabilidade;
b) As relativas a recibos por cobrar reconhecidas pelas empresas de seguros.

2 - Podem também ser deduzidas para efeitos fiscais as perdas por imparidade, e outras correções de valor, contabilizadas no mesmo período
de tributação ou em períodos de tributação anteriores, quando constituídas obrigatoriamente, por força de normas emanadas pelo Banco de
Portugal, de caráter genérico e abstrato, pelas entidades sujeitas à sua supervisão e pelas sucursais em Portugal de instituições de crédito e
outras instituições financeiras com sede em outro Estado membro da União Europeia, destinadas à cobertura de risco específico de crédito e de
risco-país e para menos-valias de títulos e de outras aplicações.

3 - As perdas por imparidade e outras correções de valor referidas nos números anteriores que não devam subsistir, por deixarem de se
verificar as condições objetivas que as determinaram, consideram-se componentes positivas do lucro tributável do respetivo período de
tributação.

Fernando Parsotam 2014


Perdas por imparidade fiscalmente dedutíveis
Artigo 28.º - A do CIRC
285

 Conceito de atividade normal:


 O CIRC não define este conceito que gera por vezes alguma controvérsia
 A AT entende que os adiantamentos a fornecedores, os créditos relativos a juros moratórios e os
decorrentes das vendas de imobilizado, por exemplo, não são relevantes para efeitos da constituição
de perdas por imparidade para efeitos fiscais (parecer n.º 115/95 do CEF)
Perdas imparidade em Créditos de Cobrança Duvidosa - artº 28º B
286

Para efeitos da determinação das perdas por imparidade previstas na alínea a) do n.º 1 do artigo 28º,
consideram-se créditos de cobrança duvidosa aqueles em que o risco de incobrabilidade esteja devidamente
justificado, o que se verifica nos seguintes casos:
 O devedor tenha pendente processo de execução, processo de insolvência, processo especial de revitalização ou
procedimento de recuperação de empresas por via extrajudicial ao abrigo do Sistema de Recuperação de
Empresas por Via Extrajudicial (SIREVE), aprovado pelo Decreto-Lei n.º 178/2012, de 3 de agosto;
 Os créditos tenham sido reclamados judicialmente ou em tribunal arbitral;
 Os créditos estejam em mora há mais de 6 meses e existam provas objectivas de imparidade e de diligências
efectuadas para a sua cobrança (O facto de um crédito se encontrar em mora há mais de 6 meses não é por si só,
um fator determinante para o considerar de cobrança duvidosa).
(artº 28º-B, nº 1)
Perdas por imparidade em créditos
Artigo 28.º - B do CIRC
287

A prova das diligências necessárias para o recebimento de um crédito,


por forma a permitir a constituição da perda por imparidade, pode ser
feita através de qualquer documento que evidencie a realização das
mesmas ou por qualquer outro meio legalmente admitido,
nomeadamente o testemunhal.
Perdas imparidade em Créditos de Cobrança Duvidosa – artº 28º B
288

O montante anual acumulado da perda por imparidade de créditos referidos na alínea c) do número anterior
não pode ser superior às seguintes percentagens dos créditos em mora:

25% dos créditos que estejam em mora há mais de 6 meses e até 12 meses

50% dos créditos que estejam em mora há mais 12 meses e até 18 meses

75% dos créditos que estejam em mora há mais 18 meses e até 24 meses

100% dos créditos que estejam em mora há mais 24 meses

Estas percentagens aplicam-se, igualmente, aos juros pelo atraso no cumprimento das obrigações, em função da
mora dos créditos a que correspondam. (nº 4)
(nº2 do artº 28º-B)
Perdas por imparidade em Créditos de Cobrança Duvidosa – artº 28º B
289

Não poderão ser objecto de constituição de perda por imparidade


 Os créditos s/ o Estado, reg. Autónomas , autarquias, ou em créditos c/ o seu aval;

 Os créditos cobertos por seguro, c/ excepção da importância correspondente à % de descoberto obrigatório, ou


por qualquer espécie de garantia real;
 Os créditos sobre pessoas sing. ou col. que participem em + de 10% no capital da empresa ou nos membros dos
corpos sociais (salvo nos casos da als. a) e b) do nº1);
 Os créditos s/ sociedades participadas pela empresa em mais de 10% do capital (salvo nos casos da als. a) e b)
do nº1).
▪ Nestas duas últimas situações excetuam-se os resultantes de processo de
insolvência, recuperação ou execução e os reclamados judicialmente.
(nº 3 do artº 28º- B)

289
Perdas por imparidade em créditos
Artigo 28.º - B do CIRC
290

Qual o enquadramento dos créditos titulados por letras?


 Relativamente aos créditos titulados por letras, para efeitos de contagem

da mora, releva a data do vencimento da letra


Exemplo:
291

Em 2020, uma empresa constituiu uma imparidade para créditos de


cobrança duvidosa no montante de 19.000,00 € relativamente aos
seguintes créditos:
a) créditos em que o devedor tem um processo de falência: 10.000,00 €
b) crédito em mora há 7 meses: 6.000,00 €
c) crédito sobre o Estado: 3.000,00 €

Tal montante será inteiramente aceite


como custo para efeitos fiscais?

a) imparidade aceite a 100%: 10.000,00 € IMPARIDA


b) imparidade aceite a 25%: 1.500,00 € DE
c) não é considerado de cobrança duvidosa ACEITE:
11.500,00 €

CORRECÇÃO Acrescer na L 718 do Q7 da DM 22:


FISCAL 19.000,00 - 11.500,00 = 7.500,00 €
Caso
perdas por imparidade em créditos
292

 Uma empresa pretende constituir em 31 de Abri de 2013 perdas por imparidade para créditos de
cobrança duvidosa apresentando em contas a receber o seguinte:
 Clientes em contencioso 200
 Clientes em mora 1.200
 Há mais de 6 meses 800
 Há mais de 12 meses 200

 Há mais de 18 meses 100

 Há mais de 24 meses 100

Relativamente aos clientes em mora foram efectuadas diligências para o recebimento do crédito.
Qual o valor da perda por imparidade aceite fiscalmente?
Resolução Caso
perdas por imparidade em créditos –artº 28º-B
293

Perda por imparidade


 Clientes em contencioso (100%) 200
 Clientes em mora
 Há mais de 6 meses 800x0,25 = 200
 Há mais de 12 meses 200x0,5 = 100
 Há mais de 18 meses 100x0,75= 75
 Há mais de 24 meses 100x1 = 100
Valor da imparidade aceite 675
Perdas por imparidade em créditos
Situações especiais – perdão de dívidas
294

Na ótica do devedor, o perdão de dívida é uma variação patrimonial positiva sujeita a IRC, nos termos
do artigo 21.º do CIRC, devendo por isso ser acrescida ao lucro tributável do respetivo período

Para o credor, ainda que o perdão seja reconhecido contabilisticamente como gasto do período, não é
aceite como gasto fiscal, por inexistência de base legal, amenos que o mesmo resulte de um dos
processos referidos nas alíneas a) e b) do n.º 1 do artigo 28.º - B do CIRC
Perdas por imparidade em créditos
Situações especiais – cedência de créditos
295

Numa dada operação comercial, uma sociedade cede um crédito por 70% do seu valor
 A diferença entre o valor nominal do crédito e o valor recebido tem enquadramento no artigo 23.º do
CIRC, sendo por isso aceite para efeitos fiscais como encargo financeiro.

 A cedência do crédito, para além de anular o risco inerente a uma concessão de créditos,
disponibiliza de imediato o valor cuja aplicação conduzirá à obtenção de rendimentos sujeitos a
imposto.
Perdas por imparidade em
Activos Não Correntes (Artº 31º-B)
296

Quando o abate físico, o desmantelamento, o abandono ou a inutilização destes não ocorram no mesmo
período de tributação

Podem ser aceites como gastos fiscais as PERDAS POR IMPARIDADE em ativos não correntes provenientes de causas anormais
comprovadas, designadamente desastres, fenómenos naturais, inovações técnicas excecionalmente rápidas ou alterações
significativas, com efeito adverso, no contexto legal. (nº 1)
Para efeitos desta disposição do nº 1, o sujeito passivo deve obter :
• a aceitação da Autoridade Tributária e Aduaneira, mediante exposição devidamente fundamentada, a apresentar até ao
fim do 1.º mês do período de tributação seguinte ao da ocorrência dos factos que determinaram as desvalorizações
excecionais, acompanhada de documentação comprovativa dos mesmos, designadamente da decisão do competente órgão de
gestão que confirme aqueles factos, de justificação do respetivo montante, bem como da indicação do destino a dar aos ativos,
quando o abate físico, o desmantelamento, o abandono ou a inutilização destes não ocorram no mesmo período de
tributação. (nº 2)
- Nas situações previstas no n.º 2, no período de tributação em que venha a efetuar-se o abate físico, o desmantelamento, o
abandono ou a inutilização dos ativos, deve observar-se o disposto nas alíneas a) a c) do número 3. (nº 4)
Perdas por imparidade em Activos Não Correntes
(Artº 31º-B, nº 3)
297

Quando o abate físico, o desmantelamento, o abandono ou a inutilização destes


ocorram no mesmo período de tributação

Quando os factos que determinaram as desvalorizações excecionais dos ativos e o abate físico, o desmantelamento, o
abandono ou a inutilização ocorram no mesmo período de tributação, o valor líquido fiscal dos ativos, corrigido de eventuais
valores recuperáveis, pode ser aceite como gasto do período, desde que:

a) Seja comprovado o abate físico, desmantelamento, abandono ou inutilização dos bens, através do respetivo auto, assinado
por duas testemunhas, e identificados e comprovados os factos que originaram as desvalorizações excecionais;
b) O auto seja acompanhado de relação discriminativa dos elementos em causa, contendo, relativamente a cada ativo, a
descrição, o ano e o custo de aquisição, bem como o valor líquido contabilístico e o valor líquido fiscal;
c) Seja comunicado ao serviço de finanças da área do local onde aqueles ativos se encontrem, com a antecedência mínima de
15 dias, o local, a data e a hora do abate físico, o desmantelamento, o abandono ou a inutilização e o total do valor líquido
fiscal dos mesmos;
Ajustamentos no Q.07
(nº 7 do artº 31º-B CIRC)
298

As perdas por imparidade de ativos depreciáveis ou amortizáveis que não sejam aceites fiscalmente
nos termos dos números anteriores são consideradas como gastos, em partes iguais, durante o
período de vida útil restante desse ativo ou, sem prejuízo do disposto no artigo 46.º, até ao período
anterior àquele em que se verificar o abate físico, o desmantelamento, o abandono, a inutilização ou a
transmissão do mesmo.
Caso

299

A sociedade Compradora Lda adquiriu, no ano 2017 um activo fixo tangível (AFT) por €100.000 que
mensurou ao custo. O período de vida útil estimado foi de 4 anos, por acaso coincidente com o regime
fiscal, Decreto Regulamentar 25/2009.
No final de 2018 foi reconhecida uma perda por imparidade de €15.000, não considerada fiscalmente
como desvalorização excepcional (artº 31º-B do CIRC).

Analise as consequências fiscais no apuramento do LT de 2017 a 2020.


Ajustamentos no Q.07
(nº 7 do artº 31º-B CIRC)
300

Descrição/Período 2017 2018 2019 2020

Depreciação contabilística €25 000 €25 000 €17 500 €17 500

Depreciação fiscal €25 000 €25 000 €17 500 €17 500

Acresce Q.07 – campo 719 -------- €15 000(a) -------- ---------

Deduz Q. 07 -------- --------- €7 500 €7 500


– campo 781

(a) Perda por imparidade reconhecida na contabilidade, depois da depreciação


Artigos 29º a 34º do CIRC e
Regime das depreciações e amortizações Dec.Reg. n.º 25/2009

301

O Código do IRC contém uma subsecção própria (art.ºs 29º a 34º), denominada “Depreciações, amortizações e perdas
por imparidades em ativos não correntes”.

Para além do referido no Código do IRC, o Decreto Regulamentar (DR) n.º 25/2009, de 14 de setembro, define
mais pormenorizadamente o tratamento fiscal que deve ser adotado.

O regime fiscal aplicável a cada tipo de ativo sujeito a deperecimento, não pode ser desligado do tratamento dado
em termos contabilísticos, tratamento esse preconizado na Norma Contabilística e de Relato Financeiro (NCFR)
aplicável a cada tipo de ativo.

Sempre que o Código do IRC ou o Decreto Regulamentar nada determinarem sobre a quantia amortizável ou
depreciável em cada período de tributação, prevalece em princípio o previsto na normalização contabilística
aplicável, desde que devidamente observado.

Fernando Parsotam 2021


Artigos 29º a 34º do CIRC e
Regime das depreciações e amortizações Dec.Reg. n.º 25/2009

302

Depreciações e amortizações aceites como gasto fiscal


Não obstante os princípios contabilísticos e de gestão, para efeitos fiscais são impostas regras precisas nesta
matéria. O Código do IRC apresenta de forma bastante desenvolvida princípios e regras básicas a observar, sendo
que remete ainda para diploma autónomo (Decreto Regulamentar n.º 25/2009 de 14.09) a sua clarificação e
especificação.
Nos termos do artigo primeiro deste diploma, só podem ser objeto de depreciação ou amortização os elementos do
ativo sujeitos a deperecimento, considerando-se como tais os ativos fixos tangíveis, os ativos intangíveis, os ativos
biológicos que não sejam consumíveis e as propriedades de investimento contabilizados ao custo histórico que, com
caráter sistemático, sofrerem perdas de valor resultantes da sua utilização ou do decurso do tempo. Sendo que,
salvo razões devidamente justificadas e aceites pela Autoridade Tributária e Aduaneira (AT), as depreciações e
amortizações fiscais só são consideradas:
Relativamente a ativos fixos tangíveis e a propriedades de investimento, a partir da sua entrada em funcionamento
ou utilização;
Relativamente aos ativos biológicos que não sejam consumíveis e aos ativos intangíveis, a partir da sua aquisição ou
do início de atividade, se posterior, ou ainda, no que se refere aos ativos intangíveis, quando se trate de elementos
especificamente associados à obtenção de rendimentos, a partir da sua utilização com esse fim.
Fernando Parsotam 2021
Artigos 29º a 34º do CIRC e
Regime das depreciações e amortizações Dec.Reg. n.º 25/2009

303

Depreciações e amortizações aceites como gasto fiscal


São igualmente depreciáveis, tendo por base os mesmos princípios, os componentes, as grandes
reparações e beneficiações e as benfeitorias reconhecidos como elementos do ativo sujeitos a
deperecimento nos termos gerais.

O próprio Código do IRC, no seu artº 29º, n.º 2, considera sujeitos a deperecimento os ativos que, com
caráter sistemático, sofram perdas de valor resultantes da sua utilização ou do decurso do tempo,
referindo ainda no n.º 3 que as meras flutuações que afetem os valores patrimoniais não relevam para a
qualificação dos respetivos elementos como sujeitos a deperecimento.

Fernando Parsotam 2021


Artigos 29º a 34º do CIRC e
Regime das depreciações e amortizações Dec.Reg. n.º 25/2009

304

Ativos suscetíveis de serem depreciados ou amortizados


Para efeitos fiscais são aceites os gastos com depreciações e amortizações, relativos aos seguintes ativos, desde que
sujeitos a deperecimento:
Ativos fixos tangíveis;
Propriedades de investimento contabilizadas ao custo histórico;
Ativos intangíveis;
Ativos biológicos não consumíveis contabilizados ao custo histórico;
Componentes;
Grandes reparações e beneficiações;
Benfeitorias,
Sendo que:
Para os ativos fixos tangíveis e para as propriedades de investimento, só é considerado o início do deperecimento
fiscal a partir da sua entrada em funcionamento ou utilização;
Para ativo intangível e ativos biológicos não consumíveis, só é considerado o início do deperecimento fiscal a partir
da data da respetiva aquisição ou do início de atividadeFernando Parsotam 2021
se for posterior.
Artigos 29º a 34º do CIRC e
Regime das depreciações e amortizações Dec.Reg. n.º 25/2009

305

Taxas de depreciação e amortização


As taxas de depreciação ou amortização fiscal a utilizar são as que constam do Decreto Regulamentar n.º 25/2009.

Na determinação daquela taxa, deverá recorrer-se preferencialmente às taxas específicas previstas nas tabelas
anexas, em função da atividade desenvolvida (Tabela I) e só subsidiariamente, às taxas genéricas (Tabela II).

Relativamente aos elementos para os quais não se encontrem fixadas taxas, serão aceites as praticadas com base
nos critérios contabilísticos, a não ser que, fundamentadamente, possam ser postas em causa pela AT por não serem
consideradas razoáveis, designadamente tendo em conta o período de utilidade esperada.

Dependendo das taxas utilizadas, a quota anual de depreciação ou amortização vai variar, assim como o período
de vida útil do bem, sendo que, fiscalmente, não devem ser praticadas quotas abaixo da mínima.

Fernando Parsotam 2021


Artigos 29º a 34º do CIRC e
Regime das depreciações e amortizações Dec.Reg. n.º 25/2009

306

Quantia depreciável e quota anual de depreciação e amortização


A quota anual de depreciação ou amortização que pode ser aceite como gasto fiscal do período nos termos do
n.º 1 do art.º 30.º do Código do IRC e do art.º 2.º do DR 25/2009, resulta da aplicação da taxa ao valor dos
ativos que devem ser mensurados do seguinte modo:
• Custo de aquisição ou de produção, consoante se trate, respetivamente de elementos adquiridos a
terceiros a título oneroso ou de elementos fabricados ou construídos pela própria empresa;

• Valor resultante de reavaliação ao abrigo de legislação de caráter fiscal (se existir);

• Valor de mercado, à data da abertura de escrita, para os bens objeto de avaliação para este efeito,
quando não seja conhecido o custo de aquisição ou de produção, podendo esse valor ser objeto de
correção, para efeitos fiscais, quando se considere excedido.

Fernando Parsotam 2021


Artigos 29º a 34º do CIRC e
Regime das depreciações e amortizações Dec.Reg. n.º 25/2009

307

Quantia depreciável e quota anual de depreciação e amortização


Para efeitos fiscais considera-se que:
• custo de aquisição de um elemento do ativo é o respetivo preço de compra, acrescido dos gastos
acessórios suportados até à sua entrada em funcionamento ou utilização;
• custo de produção de um elemento do ativo obtém-se adicionando ao custo de aquisição das matérias-
primas e de consumo e da mão de obra direta, os outros custos diretamente imputáveis ao produto
considerado, assim como a parte dos custos indiretos respeitantes ao período de construção ou produção
que, de acordo com o sistema de custeio utilizado, lhe seja atribuível.

Em ambos os casos (custo de aquisição e custo de produção), havendo IVA não dedutível, designadamente em
consequência de exclusão do direito à dedução, o seu valor acrescerá ao custo do ativo.

Fernando Parsotam 2021


Artigos 29º a 34º do CIRC e
Regime das depreciações e amortizações Dec.Reg. n.º 25/2009

308

Quantia depreciável e quota anual de depreciação e amortização


A aplicação da NCRF 7 (Ativos Fixos Tangíveis), no tocante à quantia depreciável, refere no seu parágrafo 53 que
«A quantia depreciável de um ativo é determinada após dedução do seu valor residual.»

O artº 31º do Código do IRC, no seu n.º 2, refere expressamente que, para efeitos da determinação do valor
depreciável ou amortizável:
• Não são consideradas as despesas de desmantelamento (previstas na alínea c) do §17 da NCRF 7); e
• Deduz-se o valor residual.

Fernando Parsotam 2021


Artigos 29º a 34º do CIRC e
Regime das depreciações e amortizações Dec.Reg. n.º 25/2009

309

Período de vida útil


A vida útil de um elemento do ativo é, para efeitos fiscais, o período durante o qual se deprecia ou
amortiza totalmente o seu valor, sendo de considerar qualquer que seja o método utilizado:

• O período mínimo de vida útil de um elemento do ativo é o que se deduz das taxas de
depreciação ou amortização que podem ser aceites fiscalmente segundo o método das
quotas constantes – taxas constantes das referidas Tabelas I e II (n.º 2 al. a) do art.º 3.º do DR
25/2009);

• O período máximo de vida útil será o que se deduz das quotas mínimas de depreciação e
amortização, ou seja, o correspondente a uma taxa igual a metade das taxas utilizadas no
método das quotas constantes. Será este o período fiscal máximo que o contribuinte terá
para amortizar o bem (n.º 2 al. b) do art.º 3.º do DR 25/2009).
Fernando Parsotam 2021
Artigos 29º a 34º do CIRC e
Regime das depreciações e amortizações Dec.Reg. n.º 25/2009

310

Quotas praticadas abaixo da mínima (taxas perdidas)

Refere o n.º 3 do artº 31º-A do Código do IRC que, sempre que um sujeito passivo
pratique quotas abaixo da mínima, estas não podem ser deduzidas para efeitos de
determinação do lucro tributável de outros períodos, isto é, são consideradas
“perdidas” para todos os efeitos fiscais.

Fernando Parsotam 2021


Artigos 29º a 34º do CIRC e
Regime das depreciações e amortizações Dec.Reg. n.º 25/2009

311

Quotas praticadas abaixo da mínima (taxas perdidas)


Exemplo prático de quotas abaixo da mínima (perdidas)

Um bem (AFT) adquirido em 2019 por € 30.000, foi depreciado na contabilidade pelo método das quotas constantes, linha reta, à taxa de
10%.

Sabendo que a taxa máxima fiscalmente aceite nos termos do Dec. Reg. 25/2009 é de 25%, quais as consequências fiscais deste tratamento
contabilístico?
2019 2018 2019 2020

3.000 3.000 3.000 3.000


Depreciações/amortizações praticadas
(30.000 x 10%) (30.000 x 10%) (30.000 x 10%) (30.000 x 10%)
3.750 3.750 3.750 3.750
Quota mínima
(30.000 x 12,5%) (30.000 x 12,5%) (30.000 x 12,5%) (30.000 x 12,5%)
Quotas perdidas período 750 750 750 750
Quotas perdidas acumuladas 750 1.500 2.250 3.000
Taxas perdidas acumuladas 2,5% 5,0% 2021
Fernando Parsotam 7,5% 10,0%
Artigos 29º a 34º do CIRC e
Regime das depreciações e amortizações Dec.Reg. n.º 25/2009

312

Quotas praticadas abaixo da mínima (taxas perdidas)

Estas taxas perdidas acumuladas (que irão perfazer o total de 20%) não serão
recuperadas nos períodos de tributação seguintes, devendo no caso concreto ser
acrescidas ao apuramento do lucro tributável, no 9º e 10º período de depreciação.

Acresce que, estas taxas também não serão recuperadas aquando do cálculo de
qualquer mais ou menos valia fiscal.

Fernando Parsotam 2021


Artigos 29º a 34º do CIRC e
Regime das depreciações e amortizações Dec.Reg. n.º 25/2009

313

Depreciações e amortizações por duodécimos


Por regra, as quotas de depreciação e amortização são anuais, isto é respeitam a períodos completos,
ainda que o ano de início da utilização do bem corresponda a um período inferior a doze meses.

Assim, no ano de início de utilização dos elementos patrimoniais poderá ser praticada a quota anual de
depreciação ou, uma quota de amortização deduzida da taxa anual, correspondente ao número de
meses contados desde o mês da entrada em funcionamento desses elementos, possibilidade esta que vem
prevista nos n.ºs 7 e 8 do art.º 31.º do Código do IRC e no art.º 7.º do DR 25/2009 (depreciação e
amortizações por duodécimos).

Verificando-se a possibilidade de depreciação e amortizações por duodécimos, no ano em que ocorrer a


transmissão, a inutilização ou o termo de vida útil dos mesmos elementos, apenas serão aceites como
gasto as depreciações ou amortizações correspondentes ao número de meses decorridos até ao mês
anterior ao da verificação desses eventos.
Fernando Parsotam 2021
Artigos 29º a 34º do CIRC e
Regime das depreciações e amortizações Dec.Reg. n.º 25/2009

314

Depreciações e amortizações por duodécimos


Para evitar eventual duplicação de gastos, existem outras situações em que obrigatoriamente se utiliza o regime de
depreciações por duodécimos (n.º 3 do artº 7º do DR 25/2009):
 Relativamente ao período de tributação em que se verifique a cessação da atividade, motivada
pelo facto de a sede e a direção efetiva deixarem de se situar em território português,
continuando, no entanto, os ativos afetos ao exercício da mesma atividade, através de
estabelecimento estável aí situado;
 Relativamente ao período em que seja adotado um período de tributação diferente do que vinha
sendo seguido nos termos gerais;
 Quando se verifique a aplicação do regime especial vigente para a fusão ou cisão de sociedades
relativamente ao número de meses em que, no período de tributação da transmissão, os ativos
estiveram em funcionamento ou utilização nas sociedades fundidas ou cindidas ou na sociedade
contribuidora e na sociedade para a qual se transmitem em consequência da fusão ou cisão ou
entrada de ativos;
 Relativamente ao período de tributação emFernandoque seParsotam
verifique
2021
a dissolução da sociedade (para
efeitos da alínea c) do n.º 2 do art.º 79.º do CIRC).
Método de cálculo
(artº 30º do CIRC e artºs 4, 5º e 6º do Dec.Reg.25/09)
315

Métodos de cálculo das depreciações e amortizações (artigo 30.º do CIRC)

O cálculo das depreciações e amortizações faz-se, em regra, pelo método da linha reta (quotas
constantes), atendendo ao seu período de vida útil.

Os sujeitos passivos podem, no entanto, optar pelo método das quotas decrescentes relativamente aos
ativos fixos tangíveis que:
a) Não tenham sido adquiridos em estado de uso;
b) Não sejam edifícios, viaturas ligeiras de passageiros ou mistas, exceto quando afetas à exploração
de serviço público de transportes ou destinadas a ser alugadas no exercício da atividade normal do
sujeito passivo, mobiliário e equipamentos sociais.
Método de cálculo
(artº 30º do CIRC e artºs 4, 5º e 6º do Dec.Reg.25/09)
316

Método das quotas constantes

No caso de aplicação do método das quotas constantes, a quota anual de depreciação ou amortização
que pode ser aceite como gasto do período, determina-se aplicando as taxas constantes no DR 25/2009
aos valores dos bens atrás referidos.

As taxas genéricas mencionadas na tabela II daquele diploma são de aplicação supletiva, apenas
quando se trate de elementos do ativo dos ramos de atividade não previstos na tabela I (taxas
específicas).
Método de cálculo
(artº 30º do CIRC e artºs 4, 5º e 6º do Dec.Reg.25/09)
317

Método das quotas constantes - desgaste rápido / laboração em mais do que um turno

Quando os elementos do ativo estiverem sujeitos a um desgaste mais rápido que o normal, em
consequência de laboração em mais do que um turno, a quota de depreciação pode ser acrescida
em:
• 25% se a laboração for em 2 turnos;
• 50% se a laboração for superior a 2 turnos.

De acordo com o artigo 9º do DR 25/2009, este acréscimo não é aplicável a:


• Edifícios e outras construções;
• Bens que, pela sua natureza ou tendo em conta a atividade económica em que especificamente
são utilizados, estão normalmente sujeitos a condições intensivas de exploração.
Quotas degressivas
(Artº 31º nº 4 do CIRC e artº 6º do Dec.Reg.25/09 de 14/09)
318

Apesar do n.º 2 do art.º 30º do Código do IRC permitir a opção pelo método das quotas decrescentes,
nem todos os elementos do ativo poderão ser depreciados por este método. Assim, os sujeitos passivos de
IRC poderão optar pelo método das quotas decrescentes, apenas relativamente aos elementos do
ativo fixo tangível que:
• Não tenham sido adquiridos em estado de uso;
• Não sejam edifícios;
• Não sejam viaturas ligeiras de passageiros ou mistas, exceto quando afetas à exploração de
serviço público de transportes ou destinadas a ser alugadas no exercício da atividade normal
do sujeito passivo;
• Não seja mobiliário e equipamentos sociais.
318
Quotas degressivas
(Artº 31º nº 4 do CIRC e artº 6º do Dec.Reg.25/09 de 14/09)
319

Quando se aplique o método das quotas decrescentes, a quota anual de depreciação que pode ser
aceite como gasto do período de tributação determina-se multiplicando os valores de aquisição, que
ainda não tenham sido depreciados, pelas taxas de depreciação do método da linha reta, corrigidas
pelos seguintes coeficientes máximos:

1,5 - se o período de vida útil é < a 5 anos

2 - se o período de vida útil é de 5 ou 6 anos

2,5 - se o período de vida útil é > a 6 anos


319
Quotas degressivas
(artº 6º do Dec. Reg. 25/2009, de 14/09)
320

A taxa corrigida pelos coeficientes será aplicada no 1º ano ao valor dos bens e nos anos seguintes
sobre o valor residual.

Quando a quota assim determinada for inferior ao valor que se obtém dividindo o valor residual pelos
anos que faltam para amortizar, poderá ser aceite como gasto até ao termo da vida útil do bem um
valor igual ao quociente daquela divisão.

320
Exemplo

321

Uma empresa de construção civil e obras públicas adquiriu em 2016 uma máquina
específica para sondagens e fundações (taxa de 20%), pelo valor correspondente a
10.000 €. Calcule, as depreciações da referida máquina utilizando o método de
quotas degressivas, e refira os condicionalismos para a utilização do referido método
(indique o normativo legal em que se baseou).

Valor de Aquisição = € 10.000,00


Taxa Fixada = 20%
Período (mínimo) de vida útil = 5 anos
Coeficiente = 2 [art.º 31º n.º 4 al. b) + DR 25/2009 – art.º 6º n.º 1 al. b)
Taxa Corrigida = 40%
321
Exemplo

322

MÉTODO DAS QUOTAS DEGRESSIVAS


A no
valor não Quota Valor
Taxa corrigida Quota anual
reintegrad acumulada liquido
2016 10.000,00 40% 4.000,00 4.000,00 6.000,00
2017 6.000,00 40% 2.400,00 6.400,00 3.600,00
2018 3.600,00 40% 1.440,00 7.840,00 2.160,00
2019 2.160,00 (*) 40% 1.080,00 8.920,00 1.080,00
2020 1.080,00 (*) 40% 1.080,00 10.000,00 0,00

(*) A quota de reintegração será determinada pelo maior dos seguintes valores:

• Produto da taxa corrigida pelo valor actual;


• Quociente do valor actual pelo número de anos restantes;
• Produto de metade da taxa fixada pelo valor de aquisição (quota mínima).

Ano 2019: Ano 2020:


2.160,00 x 40% = 864,00 1.080,00 x 40% = 432,00
2.160,00 : 2 = 1.080,00 1.080,00 : 1 = 1.080,00
322
10.000,00 x 10% = 1.000,00 10.000,00 x 10% = 1.000,00
Exemplo

323

CONDICIONALISMOS – Método das quotas degressivas:


Só aplicável a elementos do activo fixo tangível adquiridos em
estado de novo;
Não sejam edifícios, viaturas ligeiras de passageiros ou mistas,
exceto quando afetas a empresas exploradoras de serviço
público de transporte ou destinadas a ser alugadas no exercício
da actividade normal da empresa sua proprietária, mobiliário e
equipamentos sociais.

CIRC – art.º 30º n.º 2 + DR 25/09 – art.º 4º n.º 2


323
Despesas de investigação e desenvolvimento
(artº 32º do CIRC e 17º do DR 25/2009)
324

Despesas de investigação e desenvolvimento :


As despesas com projetos de desenvolvimento podem ser consideradas como gasto fiscal no período de
tributação em que sejam suportadas, ainda que os elementos deles resultantes venham a ser
reconhecidos como ativos intangíveis nas demonstrações financeiras dos sujeitos passivos.

Para este efeito, consideram-se despesas com projetos de desenvolvimento as realizadas pelo sujeito
passivo através da exploração de resultados de trabalhos da investigação ou de outros conhecimentos
científicos ou técnicos com vista à descoberta ou à melhoria substancial de matérias-primas, produtos,
serviços ou processos de produção (artº 32º do CIRC e 17º do DR 25/2009).

Mesmo que nos termos da normalização contabilística aplicável, tais despesas sejam reconhecidas como
ativo, o seu gasto fiscal pode ser considerado no período de tributação em que sejam suportadas.
324
Bens adquiridos em estado de uso
(n.º 2 do art.º 5.º do DR 25/2009)
325

Bens adquiridos em estado de uso:


Relativamente aos bens adquiridos em estado de uso, as taxas de depreciação são calculadas com
base no correspondente período de utilidade esperada, suscetível de correção quando inferior ao que
objetivamente deveria ter sido estimado, sendo certo que é necessário conhecer o ano em que pela
primeira vez entraram em funcionamento e o número de anos já decorrido.
Para além desta, existem outras situações em que terá que ser o sujeito passivo a determinar o período
de utilidade esperada, calculando a taxa em função desse período, o qual poderá ser corrigido pela AT,
sempre que esta o considere inferior ao real. Assim, os casos em que terá que ser o contribuinte a
determinar o período de utilidade esperada são os seguintes:
• Bens adquiridos em estado de uso;
• Bens avaliados para efeitos de abertura de escrita;
• Grandes reparações e beneficiações;
325
• Obras em edifícios e em outras construções de propriedade alheia;
• Consideram-se para este efeito, grandes reparações e beneficiações as que aumentem o valor
real ou a provável duração do bem (al. a) do n.º 5 do art.º 5.º do DR. 25/2009).
Bens adquiridos em estado de uso
(n.º 2 do art.º 5.º do DR 25/2009)
326

Bens adquiridos em estado de uso:

No que respeita a obras em edifícios alheios, são consideradas como tais, as que, tendo sido realizadas
em edifícios de propriedade alheia e não sendo de manutenção, reparação ou conservação, ainda que
de caráter plurianual, não deem origem a elementos removíveis ou, dando-o, estes percam então a sua
função instrumental (al. b) do n.º 5 do art.º 5.º do DR 25/2009).

326
Locação Financeira
( artº 13º do Dec.Reg. 25/09)
327

 As reintegrações dos bens objeto de locação financeira são gastos ou perdas dos
respetivos locatários

 As transmissões verificadas no final do contrato não determina alteração no regime


de reintegrações praticado

327
Bens de reduzido valor
(artº 33 do CIRC e artº 19º do Dec.Reg. 25/09, de 14/09)
328

 Os bens do activo sujeitos a deperecimento, cujo valor unitário não


seja superior a 1.000 € e que não façam parte de um conjunto que
deve ser depreciado ou amortizado como um todo, podem ser
considerados como gasto num só período de tributação

328
Gastos não dedutíveis para efeitos fiscais
(artº 34º do CIRC)
329

Não são aceites como gastos:


a) As depreciações e amortizações de elementos do ativo não sujeitos a deperecimento;
b) As depreciações de imóveis na parte correspondente ao valor dos terrenos ou na não sujeita a
deperecimento;
c) As depreciações e amortizações que excedam os limites estabelecidos na lei;
d) As depreciações e amortizações praticadas para além do período máximo de vida útil, ressalvando-
se os casos especiais devidamente justificados e aceites pela AT;
e) As depreciações das viaturas ligeiras de passageiros ou mistas na parte correspondente ao custo de
aquisição ou ao valor de reavaliação excedente ao montante a definir por portaria do membro do
Governo responsável pela área das finanças, bem como dos barcos de recreio e aviões de turismo e
todos os gastos com estes relacionados, desde que tais bens não estejam afetos à exploração do serviço
público de transportes ou não se destinem a ser alugados no exercício da atividade normal do sujeito
329
passivo.
Gastos não dedutíveis para efeitos fiscais
(artº 34º do CIRC)
330

Artº 34º nº 1 al e) do CIRC e Portaria n.º 467/2010, de 7 de Julho:


Não são aceites como gastos as depreciações das viaturas ligeiras de passageiros ou mistas, na parte
correspondente ao custo de aquisição ou ao valor de reavaliação excedente a:
€ 29.927,87, para veículos adquiridos em períodos anteriores a 1 de janeiro de 2010;
€ 40.000 para veículos adquiridos durante o exercício de 2010;
€ 30.000 para veículos adquiridos durante o exercício de 2011 (relativamente a veículos movidos exclusivamente a energia
elétrica o limite a considerar é de € 45.000);
€ 25.000 para veículos adquiridos nos períodos de tributação que se iniciem em 1 de janeiro de 2012 ou após essa data
(relativamente a veículos movidos exclusivamente a energia elétrica o limite a considerar é de € 50.000).
Para viaturas adquiridas em períodos de tributação que se iniciem em 1 de janeiro de 2015 ou após essa data, são
aplicáveis os seguintes limites:
€ 62.500, para veículos movidos exclusivamente a energia elétrica;
€ 50.000, para veículos híbridos plug-in;
€ 37.500, para veículos movidos a GPL ou GNV.
Gastos não dedutíveis para efeitos fiscais
(artº 34º do CIRC) Exemplo:
331

Limites a aplicar para o cálculo das depreciações das viaturas ligeiras de passageiros ou mistas (alínea
e) do n.º 1 do artigo 34.º do CIRC) conforme Portaria n.º 467/2010, de 7 de Julho:

Exemplo:
A empresa “Só Chapa, SA” adquiriu em 2010, uma viatura ligeira de passageiros por € 50.000, tendo
praticado uma depreciação contabilística no período de 2017, à taxa de 20% (não foi contabilizado
valor residual).

correção no Quadro 07 da declaração modelo 22:


Campo 719 → acréscimo de 5.000 = (50.000 x 20%) – (25.000 x 20%), por aplicação do artigo 34.º
n.º 1 e) e Portaria n.º 467/2010, de 7 de Julho.
Gastos não dedutíveis para efeitos fiscais
(artº 34º do CIRC) Exemplo:
332

Depreciações de imóveis (artigo 34.º n.º 1 alínea b) do CIRC)


No caso de imóveis, para efeitos de cálculo das depreciações é excluído o valor do terreno, devendo
este, na falta de indicação expressa do respetivo valor, ser fixado em 25% do valor global. (nº 3 do artº
10º do DR 25/2009)

Exemplo:
A empresa “Imobem, SA” adquiriu em 2013 imóvel por € 400.000,00. O VPT do imóvel à data da
aquisição é € 460.000,00.
Neste caso, as depreciações fiscais são praticadas apenas sobre € 300.000,00.

Note-se que o VPT não releva para efeitos do cálculo das depreciações, mas apenas para
efeitos do artigo 64.º do Código do IRC.
Depreciações e amortizações tributadas

333

Depreciações e amortizações tributadas (artigo 20.º do DR n.º 25/2009, de 14 de


Setembro)
As depreciações e amortizações que não sejam aceites como gasto fiscal no período em que foram
contabilizadas por excederem as importâncias máximas admitidas são aceites como gasto fiscal nos
períodos seguintes, na medida em que não excedam as quotas máximas de depreciação ou amortização
fixadas.
Esta disposição ilustra muito bem aquilo a que muitas vezes temos chamado o “dossier fiscal ativo”. Com
efeito, após a aprovação do Decreto-Lei n.º 159/2009 que adaptou o Código do IRC ao SNC, o dossier
fiscal deixou de ser um agente passivo, intervindo hoje ativamente no processo de determinação do lucro
tributável do IRC.
Este aspeto torna-se particularmente evidente em todas as situações em que se verificam diferenças
temporais entre a contabilidade e a fiscalidade.
Neste particular, o campo 763 do Quadro 07 da declaração modelo 22 de IRC é também ilustrativo de
várias situações destas.
Exemplo

334

A sociedade “XYZ, Lda.” adquiriu em 2009, um determinado bem que se encontra registado na sua contabilidade
como ativo fixo tangível, pelo valor de 10.000.
A taxa máxima de depreciação do bem, prevista no Decreto Regulamentar, é 20%.
A sociedade depreciou contabilisticamente o bem à taxa de 50%, durante os períodos de 2009 e 2010.
Enquadramento fiscal da situação e efeitos no Quadro 07 da declaração modelo 22:
Ano Dep. Cont. Dep. Fiscal Correção
Q07
2009 5000 2000 + 3000
2010 5000 2000 + 3000
2011 2000 - 2000
2012 2000 - 2000
2013 2000 - 2000

As deduções efetuadas nos períodos de tributação de 2011, 2012 e 2013, resultam da aplicação direta do artigo
20.º do Decreto Regulamentar n.º 25/2009 e vêm diretamente do dossier fiscal para o Quadro 07 dado que em
cada um desses períodos não há registo contabilístico de depreciações.
Provisões
(artigos 39.º e 40º, CIRC)
335

Podem ser dedutíveis para efeitos fiscais as seguintes


Provisões: (artº 39º nº 1)

Obrigações decorrentes de processos judiciais em curso


Para garantias a clientes previstas em contratos de vendas e de prestações de
serviços (vêr nº 5)
As consideradas pelo Instituto de Seguros de Portugal
Recuperação de danos ambientais (para industrias extractivas ou de tratamento e
eliminação de resíduos ) (vêr artº 40º)
Provisões
(artigos 39.º e 40º, CIRC)
336

As provisões para garantias a clientes são aceites para efeitos fiscais com os limites constantes do nº
5 do artº 39º do CIRC.

Limite = Proporção entre a soma dos encargos derivados de garantias a clientes


efectivamente suportados nos últimos 3 anos de tributação e a soma das vendas e prestações de
serviços sujeitas a garantias efectuadas nos mesmos períodos

Limite do ano N = Vendas/PS N x Encargos incorridos com garantias N, N-1 e N-2


Vendas/PS sujeitas a garantia N, N-1 e N-2
Provisões
(artigos 39.º e 40º, CIRC) Exemplo
337

Em 2018, uma sociedade vendeu eletrodomésticos no montante de € 300.000,00, tendo suportado


encargos com garantias a clientes que ascenderam a € 3.300,00 e constituído uma provisão para
garantias a clientes no montante de € 3.500,00.
Sabe-se que nos anos de 2016 e 2017 as vendas ascenderam a € 280.000,00 e € 320.000,00,
respetivamente, e que os encargos derivados de garantia a clientes foram, nesses anos, de € 2.500,00
e € 3.200,00.

Qual a provisão fiscalmente aceite?


Provisões
(artigos 39.º e 40º, CIRC) Exemplo resolução
338

 Soma dos encargos com garantias a clientes efetivamente suportados nos três últimos períodos de tributação (2012 a 2014):
 3.300,00 + 2.500,00 + 3.200,00 = 9.000,00 .

 Soma das vendas efetuadas nos três últimos períodos de tributação (2012 a 2014): 300.000,00 + 280.000,00 + 320.000,00
= 900.000,00

 Percentagem a que refere o art.º 39.º, n.º 5:


 € 9.000,00 x 100 / € 900.000,00 = 1%

 Provisão fiscalmente dedutível: € 300.000,00 x 1% = € 3.000,00


 Provisão contabilizada: € 3.500,00

 Correção no Quadro 07:


 Campo 721 – Acréscimo de € 500,00 (€ 3.500,00 – € 3.000,00)
Créditos incobráveis artº 41º CIRC

339

CRÉDITO INCOBRÁVEL
(art.º 41.º)

Foi
Sim constituída Não
imparidade ?

Não é aceite
gasto do exercício para como gasto
efeitos fiscais Existe prova de do exercício
incobrabilidade? Não
Sim para efeitos
fiscais

gasto do exercício
para efeitos fiscais

CORRECÇÃO Acrescer ao LT num campo 722 Q07 da


FISCAL DM 22 o montante do crédito incobrável.
Realizações de Utilidade social
(artº 43º, nºs 1 e 9º)
340

Gastos do período de tributação, incluindo depreciações ou amortizações e renda dos imóveis com a
manutenção facultativa de creches, lactários, jardins de infância, cantinas, bibliotecas e escolas, bem
como outras realizações de utilidade social, como tal reconhecidas pela ATA em beneficio do pessoal
ou dos reformados da empresa e respectivos familiares, desde que:
 tenham carácter geral
 Não revistam a natureza de rendimentos do trabalho dependente, ou revestindo-o é de difícil
individualização

Quando estes gastos, se reportam à manutenção de creches, lactários e jardins de infância em


benefício do pessoal da empresa, seus familiares ou outros – são majorados em 40% (a inscrever
no campo 774 do Q.07 da M.22)

340
Realizações de Utilidade social
(artº 43º, nºs 1 e 9º)
341

Nos termos do n.º 1 são considerados gastos do período de tributação os suportados com a
manutenção facultativa de creches, lactários, jardins de infância, cantinas, bibliotecas e escolas,
incluindo depreciações ou amortizações e rendas de imóveis, bem como outras realizações de
utilidade social, reconhecidas pela AT, feitas em benefício do pessoal ou dos reformados da empresa
e seus familiares, desde que tenham:
 caráter geral e
 não revistam a natureza de rendimentos do trabalho dependente ou, revestindo-o, sejam de
difícil ou complexa individualização relativamente a cada um dos beneficiários.
Quando estes gastos, se reportam à manutenção de creches, lactários e jardins de infância em
benefício do pessoal da empresa, seus familiares ou outros – são majorados em 40% (a inscrever no
campo 774 do Q.07 da M.22)

341
Realizações de Utilidade social
(artº 43º, nº 1 e 9 )
342

Ainda, enquadrado no n.º1 do artigo 43º do CIRC, encontramos o que se estabelece no Decreto-Lei n.º
26/99, de 28 de janeiro, alterado pela Lei n.º 82 –E/2014 de 31 de dezembro, no que respeita à
atribuição de “vales sociais”, que se agrupam em duas categorias:
Vales infância, destinados ao pagamento de creches, jardins-de-infância e lactários, atribuídos a
trabalhadores que tenham a seu cargo filhos ou equiparados com idade inferior a 7 anos; e

Vales educação, destinados ao pagamento de escolas, estabelecimentos de ensino e outros serviços de


educação, bem como de despesas com manuais e livros escolares, atribuídos a trabalhadores que
tenham a seu cargo filhos ou equiparados com idade compreendida entre os 7 e os 25 anos.
Quando respeitem a creches, lactários e jardins-de-infância em benefício do pessoal da empresa e seus
familiares ou outros (incluindo aqui os vales sociais – infância), os gastos, para efeitos de determinação
do resultado tributável da empresa, podem ser majorados em 40% - nº 9 do artigo 43º do CIRC.
Nestes casos o sujeito passivo deduz a majoração na declaração de rendimentos.

342
Realizações de Utilidade social
(artº 43ºnºs 2, 3 e 4)
343

Nos termos do n.º 2, são também considerados gastos do período de tributação, até ao limite de 15% ou
25% das despesas com o pessoal contabilizadas a título de remunerações, ordenados ou salários
respeitantes ao período de tributação, os suportados com:
 contratos de seguros de acidentes pessoais, bem como contratos de seguros de vida, de doença ou
saúde, contribuições para fundos de pensões e equiparáveis ou para quaisquer regimes
complementares de segurança social, que garantam, exclusivamente, o benefício de reforma, pré-
reforma, complemento de reforma, benefícios de saúde pós-emprego, invalidez ou sobrevivência
a favor dos trabalhadores da empresa;
 contratos de seguros de doença ou saúde em benefício dos trabalhadores, reformados ou
respetivos familiares.
(Quando observados os condicionalismos do nº 4 do artº 43º)

Se não tiverem direito a pensões


da segurança social
343
Realizações de Utilidade social
(artº 43ºnº 13)
344

 Não concorrem para os limites estabelecidos nos nºs 2º e 3º (15% e 25%), as contribuições
suplementares para fundos de pensões e equiparáveis destinados à cobertura de
responsabilidades com benefícios de reforma que resultem da aplicação:
 Das NIC´s por determinação do Banco de Portugal às entidades sujeitas á sua supervisão,
sendo considerados como gastos no período transitório fixado por essa instituição
 Do Plano de Contas para as Empresas de Seguros em vigor, aprovado pelo Instituto de
Portugal, sendo considerado como gastos, de acordo com um plano de amortização de
prestações uniformes anuais, por um período transitório de cinco anos, contados a partir do
exercício de 2008.
 Das NIC´s adoptadas pela EU ou do SNC, consoante os casos, sendo consideradas como
gastos, em partes iguais, no período de tributação em que se aplique pela 1ª vez um destes
referenciais contabilísticos e nos quatro períodos de tributação subsequentes

344
Campo 723 – Realizações de utilidade social não dedutíveis (art.º 43.º CIRC)

345

São acrescidos neste campo os encargos com realizações de utilidade social não previstos ou fora dos
limites previstos no artigo 43.º.

A majoração prevista no n.º 9 deste preceito é inscrita no campo 774 – Benefícios fiscais do Quadro 07.
Realizações de utilidade social – artº 43º nº 15

346

Aquisição de passes sociais

Os gastos suportados com a aquisição de passes sociais em benefício do


pessoal ou dos reformados da empresa e respetivos familiares, são considerados em 130%.
Realizações de utilidade social – artº 43º nº 15

347

Aquisição de passes sociais


Lei n. 119/2019
OE 2020
Os gastos suportados com a aquisição de passes sociais em benefício do
pessoal ou dos reformados da empresa e respetivos familiares, passam a ser considerados em 130%.

Dedução Majoração
100% +
30%
Realizações de utilidade social não dedutíveis (art.º 43.º CIRC)

348

Realizações de utilidade social (sem limite)

São consideradas rendimento do trabalho


Manutenção facultativa de
dependente?
creches, lactários, jardins de
infância, cantinas, bibliotecas e
Não Sim
escolas...
Gasto do período para
efeitos fiscais no âmbito dos
Tem carácter geral?
gastos c/ pessoal e tributado
para efeitos de IRS
Não Sim

Não é aceite como gasto do É aceite como gasto do


período para efeitos fiscais período para efeitos
(L723 Q7) fiscais

Manutenção facultativa de creches, lactários,


Deduzir ao Lucro Tributável
jardins de infância, em benefício do pessoal
majoração de 40% Sim
(L774 Q7) da empresa, seus familiares ou outros
(art.º 43º n.º 9)

348
Realizações de utilidade social não dedutíveis (art.º 43.º CIRC)

349
Realizações de utilidade social
(com limite)

Seguros de doença, de vida, de acidentes


pessoais, contribuições para fundos de pensões,...
(art. 43.º n.º 2)

São consideradas rendimento do trabalho dependente?

Sim Não

Gasto do periodo para


Tem carácter geral e
efeitos fiscais no âmbito dos
preenchem os requisitos?
custos c/ pessoal e tributado
(art. 43.º n.º 4)
para efeitos de IRS
Sim Não

Montante limite: 15% das despesas c/ pessoal


(art. 43.º n.º 2) Não é aceite como gasto
do período para
Sim Não
efeitos fiscais
(L723 Q7)
Não é aceite como gasto
Aceite como gasto do período para efeitos fiscais o
do período excesso acima do limite
Fernando Parsotam
(L723 Q7)2013 349
CASO

350

A empresa “ Utilidades Sociais, Lda” celebrou em 2018 um contrato de seguro de doença a favor da
generalidade dos seus trabalhadores, no montante de € 4.000,00.
As despesas com o pessoal no período (remunerações) foram de € 20.000,00.
Os trabalhadores têm direito a pensões da segurança social.
Pretende-se saber qual o valor do gasto fiscalmente aceite e se no caso haverá lugar a alguma
correção quando do preenchimento da DR Mod. 22.
CASO - resolução

351

 O valor fiscalmente aceite é de:


20.000,00 X 15% = 3.000,00
(artº 43º , nº 2 e nº 4)

Logo, acresce 1.000,00 no campo 723 do Quadro 07 da Mod. 22


Quotizações p/ associações empresariais
( art.º 44.º)
352

É considerado gasto

 150% do total das quotizações pagas pelos associados a favor


da associações empresariais em conformidade com os estatutos
 Limite máximo: 2º/oo x Volume negócios
Majoração de quotizações empresariais
art. 44º
353

 O que se pretende com o nº 2 do art. 44º do CIRC não é limitar o montante das quotizações
pagas a associações empresarias, uma vez que se trata de gastos indispensáveis para a
realização dos rendimentos ( art.º 23º do CIRC)

 Mas, apenas, limitar o acréscimo de gastos fiscais resultante da majoração de 50% permitida
pelo nº 1, quando os gastos, por si só, ou acrescidos da majoração, ultrapassem o limite de
2%o do volume de negócios
Majoração de quotizações empresariais - art.º 44º
Exemplo
354

Exemplo:
 Volume de negócios - € 750 000
 Limite = 2%o x 750 000 = € 1 500

Descrição Hipótese 1 Hipótese 2 Hipótese 3

Quotizações € 1 550 € 550 € 1 150


pagas

Majorações Não há 550 x 1,50% = 1150 x 1,50% =


= € 825 =1 725

Deduções no Zero 825-550 = 1 500 – 1 150 =


quadro 07 -774 = 275 =350

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